a tardinha - carnaval de salvador

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SALVADOR, SÁBADO, 22 DE FEVEREIRO DE 2014 4e5 Fotos Fernando Vivas/ Ag. A TARDE Giuliano Franco, 10, já dividiu o palco com Caetano Veloso e recebeu elogio da presidente DARLAN CAIRES Chegou a hora de vestir fantasia, jogar confete para cima e chamar o amigo para dançar na avenida, certo? Nem sempre. Cada um gosta de uma coisa. Deixar de ir para a rua no Carnaval não significa deixar de aproveitá-lo. Viajar ou tornar-se um dos artistas da festa também é um jeito de curtir a temporada. Todo ano, nesta época, Isabel Costa, 8, aproveita a festa conhecendo outros lugares. Ela e a família vão para Foz do Iguaçu, no sul do país. Isabel está curiosa para visitar as cachoeiras de lá. “Faço natação desde os 3 anos, tenho essa vantagem, quando nado em cachoeiras. Posso ir a lugares mais fundos que meus amigos”. A festa da cidade O Carnaval começou na Grécia por volta dos 600 a 520 a.C. em agradecimento aos deuses. De lá para cá, vem sempre mudando. “Nos anos de 1980 até o início dos anos de 1990, era mais animado. Hoje, os foliões descem para a avenida e ficam parados. Estão preocupados em ver celebridades. Sem falar na sensação de insegurança causada pela violência”, criticou o historiador Milton Moura. Em Salvador, o Carnaval virou um superevento. O historiador acha que esse novo modelo não serve para as crianças. “Cada vez mais as pessoas estão morando longe, a cidade não facilita o deslocamento. E como as pessoas são muitas, então fica difícil andar no meio da multidão”. Ainda assim, Ana Beatriz Soto, 4, vai para a avenida com a mãe e já tem coreografia ensaiada. “Aprendi a dançar Lepo Lepo, do Psirico, sozinha”, disse a menina, que vai sair no Bloco Happy. A música não é um problema, mas a letra, sim. Tem conteúdo “impróprio para crianças”, disse o doutor em música Alexandre Espinheira. Na rua, toca de tudo. O desafio é encontrar o que tem a ver com você. “Nossa seleção quer agradar às crianças e também aos pais. Vai ter Galinha Pintadinha e Chiquititas”, adiantou a cantora do Babado Novo, Mari Antunes. Alguns começam desde cedo a subir no palco e ver a multidão do outro lado. Vamarlei José dos Santos, 10, é um desses. Ele faz parte do grupo Quabales há mais de dois anos e toca o instrumento musical surdo, que parece um balde grande. Vamarlei também compõe músicas e canta. “Sempre fico emocionado quando me apresento. Gosto muito, É proibido trabalhar Enquanto foliões pulam, lixo também é produzido e jogado nas ruas. Durante a festa, não é difícil ver gente catando latinhas de refrigerante, por exemplo. Esse tipo de trabalho é feito porque as latinhas são recicláveis e, por isso, dá para vender. Mas, se você vir uma criança fazendo isso, peça para o seu responsável denunciar para a polícia militar ou a civil que estiver no circuito. Ela, assim como você, tem o direito de brincar e aproveitar a avenida. Fazer parte de projetos como o Quabales e o Olodum Mirim pode, porque são atividades que [agenda] Blocos e atrações infantis no Carnaval 2014 BLOCOS 28/2 e 1º/3 – Bloco Happy 1º/3 – Todo Menino é um Rei 1º/3 – Pequeno Príncipe de Airá 1º/3 e 2/3 – Algodão Doce 2/3 – Bloco Oficina 2/3 e 4/3 – Bloco Ibéji, após o Algodão Doce APRESENTAÇÕES Grupo Quabales 26/2 – Em frente ao Farol da Barra, das 17h às 19h 28/2 – Carlos Gomes, a partir das 13h30 3/3 – Circuito da Barra, a partir das 21h Olodum Mirim 3/3 – Pç. Pedro Arcanjo, Pelourinho, a partir das 16h Sair da cidade, pular atrás do trio elétrico, subir no palco, vale tudo, menos trabalhar Qual a sua fantasia Cada lugar do Brasil tem um jeito de fazer o Carnaval. Desfiles fantasiados, pessoas dançando frevo, trios elétricos pelas ruas e shows em bairros. Sair da cidade não impede que Isabel aproveite essas comemorações. “Nos lugares que visitamos, ela sempre acaba conhecendo uma bandinha ou um festejo. Por agora, prefiro que ela viaje do que saia em blocos infantis”, disse a mãe, Ana Lina. ? estimulam o desenvolvimento de cada um e quem participa não recebe dinheiro por isso. “Crianças com menos de 14 anos não podem trabalhar de jeito nenhum. Se a família incentivar, será investigada e corre o risco de perder o direito à proteção sobre a criança”, disse a advogada Michelle Moura. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um documento que reúne os direitos por meio de leis e normas, diz que a criança e o adolescente têm direito a cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos. porque estou no meio de artistas. Eu me acho um deles”. Desde o início deste mês, os ensaios para as apresentações do Quabales acontecem no bairro Nordeste de Amaralina. Assim como Vamarlei, Giuliano Franco Silva, 10, também vai se apresentar neste Carnaval. Ele sobe no palco no dia 3 de março com o Olodum Mirim, do qual faz parte há quatro anos. Giuliano já dividiu o palco com Maria Gadú e Caetano Veloso e foi elogiado pela presidente Dilma Rousseff. “Fui tocar em Brasília e a presidente disse que ficou surpresa ao me ver tocar sendo tão pequeno”. Já é a quinta vez que Giuliano vai tocar no Carnaval e ele contou que não se sente nervoso por causa disso. Ele gosta. “Quando vou me apresentar, eu me sinto normal”. Vamarlei dos Santos, 10, do grupo Quabales, sempre se emociona ao tocar no Carnaval Isabel Costa, 8, viaja durante o Carnaval, mas sempre aproveita as festinhas e bailes aonde vai Estrelas do Carnaval

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Jornal A Tarde: suplemento infantil A Tardinha publicado em 22/02/2014

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Page 1: A Tardinha - Carnaval de Salvador

SALVADOR, SÁBADO,22 DE FEVEREIRO DE 2014 4e5Fotos Fernando Vivas/ Ag. A TARDE

Giuliano Franco, 10, jádividiu o palco comCaetano Veloso e recebeuelogio da presidente

DARLAN CAIRES

Chegou a hora de vestir fantasia, jogar confetepara cima e chamar o amigo para dançar naavenida, certo? Nem sempre. Cada um gosta deuma coisa. Deixar de ir para a rua no Carnavalnão significa deixar de aproveitá-lo. Viajar outornar-se um dos artistas da festa também é umjeito de curtir a temporada.

Todo ano, nesta época, Isabel Costa, 8, aproveitaa festa conhecendo outros lugares. Ela e a famíliavão para Foz do Iguaçu, no sul do país. Isabel estácuriosa para visitar as cachoeiras de lá. “Façonatação desde os 3 anos, tenho essa vantagem,quando nado em cachoeiras. Posso ir a lugaresmais fundos que meus amigos”.

A festa da cidadeO Carnaval começou na Grécia por volta dos 600 a 520 a.C.em agradecimento aos deuses. De lá para cá, vem sempremudando. “Nos anos de 1980 até o início dos anos de1990, era mais animado. Hoje, os foliões descem para aavenida e ficam parados. Estão preocupados em vercelebridades. Sem falar na sensação de insegurançacausada pela violência”, criticou o historiador Milton Moura.

Em Salvador, o Carnaval virou um superevento. Ohistoriador acha que esse novo modelo não serve para ascrianças. “Cada vez mais as pessoas estão morando longe,a cidade não facilita o deslocamento. E como as pessoassão muitas, então fica difícil andar no meio da multidão”.

Ainda assim, Ana Beatriz Soto, 4, vai para a avenida coma mãe e já tem coreografia ensaiada. “Aprendi a dançarLepo Lepo, do Psirico, sozinha”, disse a menina, que vai sairno Bloco Happy. A música não é um problema, mas a letra,sim. Tem conteúdo “impróprio para crianças”, disse odoutor em música Alexandre Espinheira. Na rua, tocade tudo. O desafio é encontrar o que tema ver com você. “Nossa seleção queragradar às crianças e também aospais. Vai ter Galinha Pintadinha eChiquititas”, adiantou a cantora doBabado Novo, Mari Antunes.

Alguns começam desde cedo a subir nopalco e ver a multidão do outro lado.Vamarlei José dos Santos, 10, é umdesses. Ele faz parte do grupoQuabales há mais de dois anos e tocao instrumento musical surdo, queparece um balde grande.

Vamarlei também compõe músicas ecanta. “Sempre fico emocionadoquando me apresento. Gosto muito,

É proibido trabalharEnquanto foliões pulam, lixo tambémé produzido e jogado nas ruas.Durante a festa, não é difícil ver gentecatando latinhas de refrigerante, porexemplo. Esse tipo de trabalho é feitoporque as latinhas são recicláveis e,por isso, dá para vender. Mas, se vocêvir uma criança fazendo isso, peçapara o seu responsável denunciarpara a polícia militar ou a civil queestiver no circuito.

Ela, assim como você, tem odireito de brincar e aproveitar aavenida. Fazer parte de projetoscomo o Quabales e o Olodum Mirimpode, porque são atividades que

[agenda]Blocos e atrações infantis no Carnaval 2014

BLOCOS28/2 e 1º/3 – Bloco Happy1º/3 – Todo Menino é um Rei1º/3 – Pequeno Príncipe de Airá1º/3 e 2/3 – Algodão Doce2/3 – Bloco Oficina2/3 e 4/3 – Bloco Ibéji, após o Algodão Doce

APRESENTAÇÕESGrupo Quabales26/2 – Em frente ao Farol da Barra, das 17h às 19h28/2 – Carlos Gomes, a partir das 13h303/3 – Circuito da Barra, a partir das 21h

Olodum Mirim3/3 – Pç. Pedro Arcanjo, Pelourinho, a partir das 16h

Sair da cidade, pular atrás do trio elétrico,subir no palco, vale tudo, menos trabalhar

Qual a suafantasia

Cada lugar do Brasil tem um jeito defazer o Carnaval. Desfiles fantasiados,pessoas dançando frevo, trios elétricospelas ruas e shows em bairros. Sair dacidade não impede que Isabel aproveiteessas comemorações. “Nos lugares quevisitamos, ela sempre acaba conhecendouma bandinha ou um festejo. Por agora,prefiro que ela viaje do que saia em blocosinfantis”, disse a mãe, Ana Lina.

?

estimulam o desenvolvimento decada um e quem participa nãorecebe dinheiro por isso. “Criançascom menos de 14 anos não podemtrabalhar de jeito nenhum. Se afamília incentivar, será investigada ecorre o risco de perder o direito àproteção sobre a criança”, disse aadvogada Michelle Moura.

O Estatuto da Criança e doAdolescente (ECA), um documentoque reúne os direitos por meio deleis e normas, diz que a criança e oadolescente têm direito a cultura,lazer, esportes, diversões,espetáculos.

porque estou no meio deartistas. Eu me acho um deles”.Desde o início deste mês, os

ensaios para as apresentações doQuabales acontecem no bairro

Nordeste de Amaralina.Assim como Vamarlei, Giuliano

Franco Silva, 10, também vai seapresentar neste Carnaval. Ele sobe nopalco no dia 3 de março com oOlodum Mirim, do qual faz parte háquatro anos. Giuliano já dividiu o palcocom Maria Gadú e Caetano Veloso e foielogiado pela presidente DilmaRousseff. “Fui tocar em Brasília e apresidente disse que ficou surpresa aome ver tocar sendo tão pequeno”.

Já é a quinta vez que Giuliano vaitocar no Carnaval e ele contou que nãose sente nervoso por causa disso. Elegosta. “Quando vou me apresentar, eume sinto normal”.

Vamarlei dos Santos,10, do grupo Quabales,sempre se emocionaao tocar no Carnaval

Isabel Costa, 8, viajadurante o Carnaval, massempre aproveita asfestinhas e bailes aonde vai

Estrelasdo Carnaval