a tardinha - aula de música

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Salvador, SÁBADO, 16 de agosto de 2008 4 e 5 Vem aí uma lei que obriga escolas a ensinarem música da primeira à quarta série. Alunos que já têm essas aulas contam sobre como a música faz parte de suas vidas Giz, DIEGO DAMASCENO E MIRELA PORTUGAL [email protected] [email protected] Em algumas escolas de Salvador, o dia tem trilha sonora. Na Escola Municipal do Pau Miúdo, se tem aula de dança, os corredores se enchem de sons. Se começou o recreio, os alto-falantes tocam rádio para animar. E se já é hora de ir embora, a sirene grita bem alto. No Colégio Antônio Vieira, a sala de aula também vira sala de música. Os alunos cantam e praticam instrumentos como pandeiro e reco-reco. No piano ou no violão, os professores acompanham. Nessa aula se fala da música feita em várias partes do mundo. É DE LEI – O que acontece nessas escolas está para se tornar regra em todo o Brasil. No dia 4 de agosto o Senado Federal aprovou uma lei que obriga todas as escolas do ensino básico (primeira à quarta série) a terem aulas de música. Agora, só falta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinar a lei. Depois disso, escolas que ainda não ensinam música terão três anos para começar a ensinar. A aprovação da lei foi comemorada pelo professor de teoria musical da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia Flávio José Gomes de Queiroz. “O ensino da música é indispensável para uma educação saudável e humana”, disse. A professora do Instituto de Educação Musical Carmen Mettig lamenta que a lei seja tão nova. “Há muito tempo o papel da música na educação deveria ser notado. Ela ajuda na concentração e na criatividade”, explicou. COMPOSITOR – A idéia também agrada alunos que já estudam música. “É bom porque a gente aprende a ler música que nem a ler livro”, contou Lucas Santana, 10, da Escola Municipal do Pau Miúdo. Gabriel Celino, 10, aluno do Vieira, acha que ”os professores dão muita lição, mas isso nos deixa mais envolvidos“. No caso de Aurélio Cézar, 10, também do Vieira, a aula de música revelou uma vocação. “Antes, achava que nunca tocaria. Hoje, invento músicas próprias“. Companheira de todas as horas Se a música na escola vai virar lei, na vida de muitas crianças ela já é regra. Assim que chega em casa, Laís Silva, 11, aluna da Escola Municipal de Pau Miúdo, liga o som do computador e faz o dever de casa. “Às vezes, ouço um CD, outras vezes, rádio online”, disse. Seu colega Ivan Ribeiro Junior, 10, faz o mesmo, quase sempre ouvindo forró. Seu colega Uma música vale mais que mil palavras Se há uma coisa que une os povos mais antigos aos atuais é a música. Quase todas as civilizações conhecidas hoje produziram algum tipo de música. Mas mesmo passados tantos séculos, uma pergunta permanece sem resposta: o que é música? O professor de música Rubinho Alves do Colégio Antônio Vieira disse que não há um, mas vários modos de definir música. Um modo simples e muito aceito hoje em dia é ensinado pelo professor de teoria musical da Ufba Flávio José Gomes de Queiroz: “Música é a organização humana de sons e silêncios”. Alberto Alves, 9, aluno da Escola Municipal Pau Miúdo, tem outra idéia: ele acha que “música é uma sucessão de sons agradáveis aos ouvidos". Isso incluiria quase tudo: de instrumentos a animais, mas nem todos. "Cachorro e gato, por exemplo, conversam. Já o lobo canta", explicou. Seu colega Ivan Ribeiro Junior, 10, lembrou: “Tem o papagaio, que imita”. Já Isabela Carvalho, 12, tenta explicar melhor: "Animal que canta é diferente de animal que conversa, por causa do ritmo". Lucas Santana, 10, fala de um jeito mais pessoal. “Música é um jeito da gente se incentivar mais", contou. HAROLDO ABRANTES | AG A TARDE Mesmo antes de a lei ser aprovada, colégios como o Antônio Vieira e a Escola Municipal do Pau Miúdo já oferecem aula de música a seus alunos de sala Felipe Marques Britto, 7, ouve música de um jeito diferente: em vez de rádio, prefere ligar a televisão. ”Gosto das músicas de desenhos animados, como Pókemon e Naruto“. VIOLÃO – Enquanto uns gostam de ouvir, outros preferem também tocar. Giovanna Perereira Belitardo, 11, aluna do Vieira, toca piano há quatro anos, por incentivo da família. ”Comecei no violão, mas não gostei e troquei“. O violão também é o instrumento escolhido por Lucas Santana, 10, da Escola Municipal do Pau Miúdo. Fora da escola, ele toca na igreja que freqüenta. Seu objetivo é participar das missas cantando hinos e canções religiosas. Q uadro e som { SOM} Resultado de vibrações de uma fonte sonora (uma corda, uma pele de animal usada como parte de um tambor etc.) { TIMBRE} Aquilo que diferencia um som de outro { NOTA MUSICAL} Forma escrita de representar um som { MELODIA} Seqüência organizada de notas { ACORDE } Sons simultâneos e que se combinam formam um acorde { HARMONIA} Combinação de acordes HAROLDO ABRANTES | AG A TARDE FOTOS WALTER DE CARVALHO| AG A TARDE

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Reportagem de capa do suplemento semanal infantil do jornal A Tarde

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Page 1: A Tardinha - Aula de música

Salvador, SÁBADO, 16 de agosto de 2008

4e5

Vem aí uma lei que obriga escolas a ensinarem música da primeira à quarta série.

Alunos que já têm essas aulas contam sobre como a música faz parte de suas vidas

Giz,DIEGO DAMASCENO E MIRELAP O RT U G A Ld d a m a s c e n o @ g r u p o a t a rd e . c o m . b r

m p o r t u g a l @ g r u p o a t a rd e . c o m . b r

Em algumas escolas deSalvador, o dia tem trilhasonora. Na EscolaMunicipal do Pau Miúdo,se tem aula de dança, oscorredores se enchem desons. Se começou orecreio, os alto-falantestocam rádio para animar. Ese já é hora de ir embora,a sirene grita bem alto.

No Colégio AntônioVieira, a sala de aulatambém vira sala demúsica. Os alunos cantame praticam instrumentoscomo pandeiro ereco-reco. No piano ou noviolão, os professoresacompanham. Nessa aulase fala da música feita emvárias partes do mundo.

É DE LEI – O que acontecenessas escolas está para setornar regra em todo oBrasil. No dia 4 de agostoo Senado Federal aprovouuma lei que obriga todasas escolas do ensino básico(primeira à quarta série) aterem aulas de música.Agora, só falta opresidente Luiz Inácio Lulada Silva assinar a lei.Depois disso, escolas queainda não ensinam música

terão três anos paracomeçar a ensinar.

A aprovação da lei foicomemorada peloprofessor de teoria musicalda Escola de Música daUniversidade Federal daBahia Flávio José Gomesde Queiroz. “O ensino damúsica é indispensávelpara uma educaçãosaudável e humana”, disse.

A professora doInstituto de EducaçãoMusical Carmen Mettiglamenta que a lei seja tãonova. “Há muito tempo opapel da música naeducação deveria sernotado. Ela ajuda naconcentração e nacriatividade”, explicou.

COMPOSITOR – A idéiatambém agrada alunosque já estudam música. “Ébom porque a genteaprende a ler música quenem a ler livro”, contouLucas Santana, 10, daEscola Municipal do PauMiúdo. Gabriel Celino, 10,aluno do Vieira, acha que”os professores dão muitalição, mas isso nos deixamais envolvidos“. No casode Aurélio Cézar, 10,também do Vieira, a aulade música revelou umavocação. “Antes, achavaque nunca tocaria. Hoje,invento músicas próprias“.

Companheira de todas as horasSe a música na escola vaivirar lei, na vida de muitascrianças ela já é regra.

Assim que chega emcasa, Laís Silva, 11, alunada Escola Municipal dePau Miúdo, liga o som docomputador e faz o deverde casa. “Às vezes, ouçoum CD, outras vezes, rádioonline”, disse. Seu colegaIvan Ribeiro Junior, 10, fazo mesmo, quase sempreouvindo forró. Seu colega

Uma música vale mais que mil palavrasSe há uma coisa que une ospovos mais antigos aosatuais é a música. Quasetodas as civilizaçõesconhecidas hojeproduziram algum tipo demúsica. Mas mesmopassados tantos séculos,uma pergunta permanecesem resposta: o que émúsica?

O professor de músicaRubinho Alves do ColégioAntônio Vieira disse quenão há um, mas váriosmodos de definir música.

Um modo simples e muitoaceito hoje em dia éensinado pelo professor deteoria musical da UfbaFlávio José Gomes deQueiroz: “Música é aorganização humana desons e silêncios”.

Alberto Alves, 9, alunoda Escola Municipal PauMiúdo, tem outra idéia: eleacha que “música é umasucessão de sonsagradáveis aos ouvidos".Isso incluiria quase tudo:de instrumentos a animais,

mas nem todos. "Cachorroe gato, por exemplo,conversam. Já o lobocanta", explicou. Seucolega Ivan Ribeiro Junior,10, lembrou: “Tem opapagaio, que imita”. JáIsabela Carvalho, 12, tentaexplicar melhor: "Animalque canta é diferente deanimal que conversa, porcausa do ritmo". LucasSantana, 10, fala de umjeito mais pessoal. “Músicaé um jeito da gente seincentivar mais", contou.

HAROLDO ABRANTES | AG A TARDE

Mesmo antes de a lei seraprovada, colégios comoo Antônio Vieira e aEscola Municipal do PauMiúdo já oferecem aulade música a seus alunos

de sala Felipe MarquesBritto, 7, ouve música deum jeito diferente: em vezde rádio, prefere ligar atelevisão. ”Gosto dasmúsicas de desenhosanimados, como Pókemone Naruto“.

VIOLÃO – Enquanto unsgostam de ouvir, outrospreferem também tocar.Giovanna PerereiraBelitardo, 11, aluna do

Vieira, toca piano háquatro anos, por incentivoda família. ”Comecei noviolão, mas não gostei etroquei“. O violãotambém é o instrumentoescolhido por LucasSantana, 10, da EscolaMunicipal do Pau Miúdo.Fora da escola, ele toca naigreja que freqüenta. Seuobjetivo é participar dasmissas cantando hinos ecanções religiosas.

Quadro e som

{ SOM} Resultado de vibrações de uma fontesonora (uma corda, uma pele de animalusada como parte de um tambor etc.)

{ TIMBRE} Aquilo quediferencia um som de outro

{ NOTA MUSICAL} Forma escrita derepresentar um som

{ MELODIA} Seqüênciaorganizada de notas

{ ACORDE } Sons simultâneos e quese combinam formam um acorde

{ HARMONIA}Combinação de acordes

HAROLDO ABRANTES | AG A TARDE

FOTOS WALTER DE CARVALHO| AG A TARDE