a tardinha - como funciona uma carta?

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SALVADOR, SÁBADO, 5 DE ABRIL DE 2014 4e5 CAPA Na ponta do lápis Ilustração Bruno Aziz Quem deu as informações: Wander Emediato, especialista em ciências da linguagem e professor do departamento de letras da UFMG; Luciana Moreno, professora do Departamento de Letras da Uneb; Heitor Japyassú, biólogo; Associação de Criadores de Aves, Correios e o livro A Origem das Datas e Festas, de Maurício Duarte. DARLAN CAIRES Lápis e papel na mão, uma folha em branco diante dos olhos e pronto, só escrever. Uma mensagem de amor, um recado para um amigo, um registro do dia a dia. É assim que nascem as cartas. Esse meio de comunicação traz recordações e é bom para refletir e ler. Você já pensou em escrever uma? O desafio é transmitir as ideias. Depois, imagine receber a resposta? Isso inspira a criar outras. E, de tanto praticar, você vai saber de cor o que toda carta deve ter: data, destinatário, texto, saudação de fechamento e a assinatura de quem escreve. Depois do e-mail, do SMS e do WhatsApp, é bem verdade que o envio de cartas diminuiu bastante. Hoje, 47% dos serviços destinam-se a mensagens, mas não é só cartas. Contam também telegramas e outros documentos. Segundo o pesquisador André Lemos, uma das diferenças entre o SMS do celular e as cartas é a materialidade. Isso quer dizer que, além de um meio ser mais rápido que outro, na carta é possível tocar na mensagem com as mãos. Ao contrário do WhatsApp, que está no meio digital. As redes sociais também são uma opção para se comunicar. Às vezes, é preferível usar o Facebook ou Twitter pela rapidez oferecida. O que, no caso da carta, não acontece. No próximo dia 8, passe a mensagem adiante: escrever cartas também é coisa do nosso tempo Tempo Uma carta demora até cinco dias úteis para chegar. Em um dia útil, não contamos fins de semana nem feriados. Por meio eletrônico, isso é resolvido em segundos. Mas, com a carta, comprovamos que o documento é verdadeiro e ainda dá para monitorar se ela chegou ao destino final. Importante saber: o conteúdo de uma carta é secreto. Ninguém pode abrir, a não ser a pessoa para quem ela foi escrita. Isso é lei. Colecionador de selo O selo é a garantia de que a carta foi paga. Quando não existia, quem recebia pagava. Mas, como muita gente não aceitava, o correio ficava no prejuízo. Com o tempo, as pessoas passaram a colecionar os quadradinhos ilustrados. João Victor Silva, 11, gosta de selos por causa da mãe. Ela trabalha numa filatelia, onde colecionadores compram, trocam e expõem selos. “Gosto de esportes e animais”, contou João. Os de tiranossauro e dos jogadores Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo são os preferidos. Correio com asas Sabia que os pombos já foram correio? Na primeira e segunda guerras mundiais, os pombos-correio (Columba livia) carregavam recados amarrados nas pernas ou em uma mochila. Ao contrário do que se pensa, eles não iam ao destino por vontade. Estavam apenas voltando para casa, e isso era tudo o que sabiam fazer. Hoje, os pombos-correio já não são mais usados como mensageiros. Alguns criadores promovem competições entre eles. Cada criador leva os pombos para um lugar e, de lá, eles voam para casa. O que chegar mais rápido ganha.

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Jornal A Tarde: suplemento infantil A Tardinha publicado em 05/04/2014

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Page 1: A Tardinha - Como funciona uma carta?

SALVADOR, SÁBADO,5 DE ABRIL DE 20144e5

CAPA

Na pontado lápis

Ilustração Bruno AzizQuem deu as informações: Wander Emediato, especialista em ciências da linguagem e professor do departamento de letras da UFMG; Luciana Moreno, professora do Departamento de Letras da Uneb; Heitor Japyassú, biólogo; Associação de Criadores de Aves, Correios e o livro A Origem das Datas e Festas, de Maurício Duarte.

DARLAN CAIRES

Lápis e papel na mão, umafolha em branco diante dosolhos e pronto, só escrever.Uma mensagem de amor,um recado para um amigo,um registro do dia a dia. Éassim que nascem as cartas.Esse meio de comunicaçãotraz recordações e é bompara refletir e ler. Você jápensou em escrever uma?

O desafio é transmitir asideias. Depois, imaginereceber a resposta? Issoinspira a criar outras. E, de

tanto praticar, você vaisaber de cor o que todacarta deve ter: data,destinatário, texto,saudação de fechamento ea assinatura de quemescreve.

Depois do e-mail, do SMSe do WhatsApp, é bemverdade que o envio decartas diminuiu bastante.Hoje, 47% dos serviçosdestinam-se a mensagens,mas não é só cartas.Contam também telegramase outros documentos.

Segundo o pesquisador

André Lemos, uma dasdiferenças entre o SMS docelular e as cartas é amaterialidade. Isso querdizer que, além de um meioser mais rápido que outro,na carta é possível tocar namensagem com as mãos.Ao contrário do WhatsApp,que está no meio digital.

As redes sociais tambémsão uma opção para secomunicar. Às vezes, épreferível usar o Facebookou Twitter pela rapidezoferecida. O que, no casoda carta, não acontece.

No próximo dia 8, passe a mensagem adiante:escrever cartas também é coisa do nosso tempo Tempo

Uma carta demora até cincodias úteis para chegar. Emum dia útil, não contamosfins de semana nem feriados.Por meio eletrônico, isso éresolvido em segundos. Mas,com a carta, comprovamosque o documento éverdadeiro e ainda dá paramonitorar se ela chegou aodestino final. Importantesaber: o conteúdo de umacarta é secreto. Ninguémpode abrir, a não ser apessoa para quem ela foiescrita. Isso é lei.

Colecionador de selo

O selo é a garantia de que acarta foi paga. Quando nãoexistia, quem recebia pagava.Mas, como muita gente nãoaceitava, o correio ficava noprejuízo. Com o tempo, aspessoas passaram acolecionar os quadradinhosilustrados. João Victor Silva,11, gosta de selos por causada mãe. Ela trabalha numafilatelia, onde colecionadorescompram, trocam e expõemselos. “Gosto de esportes eanimais”, contou João. Os detiranossauro e dos jogadoresNeymar, Messi e CristianoRonaldo são os preferidos.

Correio com asas

Sabia que os pombos jáforam correio? Na primeirae segunda guerrasmundiais, ospombos-correio (Columbalivia) carregavam recadosamarrados nas pernas ouem uma mochila.

Ao contrário do que sepensa, eles não iam aodestino por vontade.Estavam apenas voltandopara casa, e isso era tudo oque sabiam fazer. Hoje, ospombos-correio já não sãomais usados como

mensageiros.Alguns criadores

promovem competiçõesentre eles. Cada criador levaos pombos para um lugare, de lá, eles voam paracasa. O que chegar maisrápido ganha.