a tardinha - dia de iemanjá
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Jornal A Tarde: suplemento infantil A Tardinha publicado em 01/02/2014TRANSCRIPT
SALVADOR, SÁBADO,1 DE FEVEREIRO DE 2014 4e5
DIA DEPRESENTENO MARTodo mundo quer oferecer lembranças a Iemanjá.Mas para o que acontece com as oferendas?
DARLAN CAIRES
O mar tem uma rainha. Arainha tem um mar. Ela éuma sereia. O nome dela éIemanjá. Todo dia 2 defevereiro, no bairro do RioVermelho, muita gente vaifestejar. De dia até denoite, todos a saúdam:Odoyá.
Amanhã, muitospresentes serão oferecidosa Iemanjá. Flores eperfumes estão na listados mais populares. Alémdeles, bijuterias, espelhos,comidas e até joias emouro serão colocadosdentro de balaios embarcos para serem
lançados ao oceano.Quem dá o presente não
tem intenção de recebernada em troca. Tudo seresume em homenagearIemanjá. No dia, a tradiçãocomeça bem cedinho.Ainda de madrugada, oritual é feito por meio docanto e da dança. Osorixás são divindadescultuadas nas religiõesafrobrasileiras.
Sofia de MoraesMariano, 6, vai pelasegunda vez à festa. Elagosta de ir para jogarflores no mar e fazerpedidos. “Não posso contaro que pedi porque ésegredo”, disse.
Só não vale poluir as águasCom o tempo, os presentesacumulam-se no oceano,poluindo as águas. Issoacontece porque muitosobjetos têm lento processode decomposição.
Decomposição é quandoum objeto se transformaem minerais. Só é possível
Mergulhopara limparUm grupo de mergulhadoresse reúne para limpar a sujeirado fundo do mar. Dessa ideia,surgiu o projeto Fundo Limpo,em 1994. Realizada por umaescola de mergulho localizadana Barra, a ação se mantématé hoje.
No ano passado, elesretiraram 1,5 toneladas delixo em duas ações. Esse pesoequivale ao de,aproximadamente, 19 pessoasadultas de 80 kg cada.
Depois de colhido, esse lixoé separado em reciclável enão-reciclável. Só crianças apartir de 10 anos podemparticipar do projeto. Épreciso ter a autorização deum responsável e énecessário, pelo menos, ummês de treinamento.
“É importante, essalimpeza, para o ecossistema.Muitas tartarugas confundemsacos plásticos com algas eacabam comendo, porexemplo”, lembrou omergulhador Ricardo Saadi.
*QUEM DEU AS INFORMAÇÕES: EBOMI SANDRA BISPO DE IEMANJÁ, BIÓLOGA CLÁUDIALUIZON, QUÍMICA ZENIS NOVAIS, MERGULHADOR RICARDO SAADI.
O ritual de festejar Iemanjá começou em 1923, quando25 pescadores ofereceram presentes ao orixá em umaépoca de falta de peixes no mar. No Candomblé,Iemanjá é a mãe cujos filhos são os peixes.
A prática foi se repetindo com o passar do tempo eficou popular. Agora, todos os anos, não só ospescadores, mas pessoas de várias religiões celebram adata participando do ritual de dar presentes.
Quando um presente é lançado ao mar, no mundoda fé, ele chega até o palácio da deusa das águas.Para a Ebomi Sandra Bispo de Iemanjá, todos ospresentes jogados são recebidos. “Não acredito na voltados presentes. Se você jogar a sua flor na água e elavoltar, Iemanjá recebeu. O que importa é que você deuo seu melhor”, explicou.
Além de oferecer lembranças a Iemanjá, as pessoascostumam ir para a festa vestidas com roupas brancas.“Sair às ruas vestido assim é uma maneira de pedirpaz”, disse Sandra.
Tradição já tem 91 anos
reciclar vida no planeta porcausa dele e é por meiodele que os objetos voltamà natureza.
Alguns objetos nãopoluem tanto. “O mar émuito grande e as flores,por exemplo, diluem-serapidamente. Então, não
há problema com elas.Mas é importante lembrarque tudo é lixo", explicoua bióloga Cláudia Luizon.
Já outros objetos sóatingem o estágio dedecomposição após milanos. Nesse tempo, vocêpoderia viver cerca de 14
vezes, cada vida com 72anos, que é a média deidade dos brasileiros.
Para ajudar a diminuir apoluição, são colocadascestas de lixo a mais nobairro do Rio Vermelho,para jogar os papéis queenvolvem as flores.