a revolução industrial e suas conseqüências - ecg

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  • 7/26/2019 A Revoluo Industrial e Suas Conseqncias - Ecg

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    A REVOLUO INDUSTRIAL E SUAS CONSEQNCIAS:

    DA CORPORAO DE ARTESOS E MANUFATURAS LOCAIS PRODUO EM ESCALA INTERNACIONAL

    Por Elias Celso Galvas

    A Revoluo Industrial foi um fenmeno internacional, tendo acontecido de maneira

    gradativa, a partir de meados do sculo !III" A Revoluo Industrial provocou mudanas

    profundas nos meios de produo #umanos at ento con#ecidos, afetando diretamente nos

    modelos econmicos e sociais de so$revivncia #umana" % modelo feudal, essencialmente

    agr&rio ' e (ue caracteri)ou o per*odo medieval ' comea a entrar em decadncia, cedendo

    lugar, paulatinamente, ao modelo industrial ' primeiramente em n*vel local, regional, para,

    logo em seguida, dar in*cio + Revoluo Industrial em n*vel internacional de larga escala"A grande Revoluo Industrial comeou a acontecer a partir de -./0, na Inglaterra, no

    setor da ind1stria t2til, a princ*pio, por uma ra)o relativamente f&cil de se entender o

    r&pido crescimento da populao e a constante migrao do #omem do campo para as

    grandes cidades aca$aram por provocar um e2cesso de mo'de'o$ra nas mesmas" Isto

    gerou um e2cesso de mo'de'o$ra dispon*vel e $arata ' (ue permitiria a e2plorao e a

    e2panso dos neg3cios (ue proporcionaro a acumulao de capital 4Capitalismo5 pela

    ento $urguesia emergente" Isto tudo, aliado ao avano do desenvolvimento cient*fico '

    principalmente com a inveno da m&(uina + vapor e de in1meras outras inova6es

    tecnol3gicas ' proporcionou o in*cio do fenmeno da industriali)ao mundial 7 ocorrido,

    como 8& foi comentado, primeiramente, na Inglaterra"

    9o sculo !II, no ano de -/00, a populao da Inglaterra passou de (uatro mil#6es

    de #a$itantes para cerca de seis mil#6es: no sculo seguinte, no ano de -.00, a populao 8&

    $eirava os nove mil#6es de #a$itantes; 9a Europa Continental, esse crescimento foi ainda

    mais r&pido na 00" % crescimento demogr&fico em tal escala proporcionou uma forte

    e2panso dos mercados consumidores para $ens manufaturados, especialmente vestu&rios"

    ?m outro fator importante no acontecimento revolucion&rio industrial foi (ue, na

    Inglaterra, o consumo de tecidos de l era muito maior (ue os de algodo" %s tecidos de

    algodo eram importados da *ndia, de modo (ue para proteger a ind1stria local de l, o

    -

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    Parlamento ingls criou tarifas pesadas so$re as importa6es dos tecidos de algodo

    estrangeiros e, dessa forma, aca$ou por incentivar a industriali)ao dos tecidos de algodo

    na pr3pria Inglaterra 7 (ue, com a medida, ficavam sem concorrentes"

    At a segunda metade do sculo !III 4-./05, a fiao, tanto de l como de algodo,costumava ser feita manualmente, em e(uipamentos toscos c#amados rocas, roadoras, e

    apresentavam um $ai2*ssimo rendimento" A partir de -./@, ames Bargreaves inventou e

    introdu)iu no mercado a sua famosa m&(uina Dpinning ennF, (ue consistia numa

    m&(uina de fiar (ue multiplicou a produo em =@ ve)es em relao ao rendimento das

    antigas rocas"

    ogo em seguida, o mesmo inventor colocava + disposio do mercado tin#a uma nova

    inveno a lanadeira volante

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    Entretanto, em ->-, 8& trs (uartos das pessoas ocupadas na manufatura tra$al#avam

    em f&$ricas de mdio e grande porte" Porm, a tecelagem continuou sendo uma industria

    domstica, at (ue surgiu a inveno de um tear mecMnico, (ue era $arato e pr&tico" Comessas inven6es, os tecel6es manuais foram deslocados para as f&$ricas e, praticamente,

    com o passar do tempo, aca$aram por desaparecer"

    As inova6es introdu)idas na ind1stria t2til deram + Inglaterra uma e2traordin&ria

    vantagem no comrcio mundial dos tecidos de algodo, a partir de -.>0" % tecido era

    $arato e podia ser comprado por mil#6es de pessoas (ue 8amais #aviam desfrutado o

    conforto de usar roupas leves e de (ualidade" Em -./0, a Inglaterra e2portava =0 mil

    li$ras esterlinas de tecidos de algodo e, em ->/0, 8& estava e2portando mais de cinco

    mil#6es" Em -./0, a Inglaterra importava =, mil#6es de li$ras'peso de algodo cru, e 8&

    em -.>. importava N// mil#6es"

    Ao lado das grandes inven6es e inova6es no campo da ind1stria t2til, surgiu uma

    outra grande inveno a m&(uina a vapor, de ames Oatts, em -./N" Degundo alguns

    #istoriadores, foi essa com$inao das inven6es no campo da ind1stria t2til e a m&(uina a

    vapor, principalmente na ind1stria de minerao, dos transportes ferrovi&rios e mar*timos,

    (ue, num per*odo de -00 anos 4-..0 a ->.05, caracteri)aram e promoveram a grande

    Revoluo Industrial"Aliados a estes aperfeioamentos tecnol3gicos, o r&pido crescimento da populao no

    continente europeu, nas grandes metr3poles e nas suas respectivas colnias, principalmente

    entre ->00 e ->0, proporcionou, na maioria dos pa*ses europeus, um clima favor&vel +

    proliferao industrial em larga escala 7 (ue gradativamente su$8ugaria as pe(uenas

    manufaturas 4corpora6es de artesos5 de alcance regional"

    %utro elemento muito importante para a promoo da Revoluo Industrial foi a

    mel#oria generali)ada dos sistemas transportes, nas mais variadas partes da Europa naSustria, foram constru*dos mais de @> mil Tm de estradas, entre ->N0 e ->@.: a Hlgica

    (uase do$rou sua rede de estradas no mesmo per*odo: e a

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    num ritmo cada ve) mais velo), depois de ->N0, o total das estradas saltou de N@"000 Tm,

    em ->00, para =.="000 Tm, em ->/"

    Por volta de ->@0, os pa*ses da Europa Continental 8untamente com os Estados

    ?nidos, seguiam mais ou menos lentamente o rumo da industriali)ao dos pioneirosingleses" 9os -0 anos seguintes, porm, o advento das estradas de ferro alterou inteiramente

    essa situao" A e2ploso das ferrovias provocou um surto de e2panso em todas as &reas

    industriais" 9o s3 aumentou em enormes propor6es a demanda de carvo e matrias'

    primas, como tam$m de grande variedade de $ens pesados, como tril#os, locomotivas,

    vag6es, sinais, c#aves de desvio, como tam$m possi$ilitou um transporte mais r&pido das

    mercadorias da f&$rica para o ponto de venda, redu)indo o tempo de distri$uio e o custo

    das mercadorias"

    Entre ->0 e -.0, a Gr'Hretan#a continuou a ser o gigante industrial do %cidente"

    Entretanto, pouco a pouco, a

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    PRINCIPAIS CONSEQUENCIAS DA INDUSTRIALIZAO

    Antes de e2aminarmos as conse(Uncias da Revoluo Industrial, importante

    registrar (ue, nos sculos !I e !II, a Europa vivia um enorme contraste entre o lu2o dos

    pal&cios, a ri(ue)a dos no$res aristocratas: e a po$re)a, a misria em (ue vivia a maior

    parte do povo" & nessa poca e2istia uma ascendente classe de $urgueses (ue

    enri(ueceram, principalmente, com o comrcio nas novas colnias" 9o #avia tra$al#o para

    todos e, mesmo os (ue tra$al#avam, gan#avam sal&rios m*nimos, muitas ve)es

    insuficientes para sua su$sistncia"

    Ao lado desses po$res tra$al#adores, convivia uma multido de mendigos, (ue

    representava o resultado dos custos das prolongadas guerras e da inflao (ue assolou a

    Europa a partir da entrada de ouro e prata vindos da Amrica" Impressionante o registro

    desses fatos em meados do sculo !II, a (uarta parte da populao de Paris era

    constitu*da de mendigos"

    Essa situao agravou'se ainda mais na segunda metade do sculo !III, (uando foi

    registrada uma verdadeira e2ploso demogr&fica" At -.0, a populao da Europa,

    incluindo a R1ssia, era de pouco mais de -00 mil#6es de pessoas, possuindo uma ta2a de

    crescimento lenta (ue no c#egava a mais de um por cento ao ano" A partir de -.0, noentanto, a ta2a de crescimento da populao c#egou a @V ao ano e, seguindo em

    crescimento, atinge mais de -0V na dcada de -.>0" Em -.L0, a cidade de Paris 8& contava

    com .00 mil #a$itantes e ondres, L00 mil"

    % e2cesso de populao (ue respondia pela grande massa dos desempregados nas

    maiores cidades" E o (ue aconteceu a partir da Revoluo industrialW

    Com a Revoluo Industrial, ocorreu um enorme aumento da produtividade, em

    funo da utili)ao dos e(uipamentos mecMnicos, da energia a vapor e, posteriormente, da

    eletricidade, (ue passaram a su$stituir a fora animal e, ainda mais agravante, dispensava o

    tra$al#o #umano" Esse aumento de produtividade aliado ao e2cesso de mo'de'o$ra geram,

    inevitavelmente, desemprego" E novas levas de mil#ares e mil#ares de tra$al#adores

    desempregados vo se incorporar + grande massa dos mendigos"

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    Essa situao foi muito mais dram&tica na Europa Continental do (ue na Inglaterra por

    uma (uesto de emigrao dos ingleses (ue dei2aram as il#as $ritMnicas em direo a outras

    partes do mundo, principalmente Estadas ?nidos, Austr&lia, 9ova XelMndia e algumas

    regi6es da Sfrica" Essa emigrao foi acentuada a partir de ->0, em cu8a dcada alcanoumais de =, mil#6es de pessoas contra apenas =00 mil ingleses (ue emigraram na dcada de

    ->=0"

    A situao s3 no foi mais catastr3fica por (ue ao lado da Revoluo Industrial ocorreu

    tam$m uma Revoluo Agr*cola" A utili)ao de novos mtodos agr*colas, rotao de

    safras, sementes selecionadas e o surgimento de novos e(uipamentos agr*colas, produ)iram

    um e2traordin&rio aumento na produo de alimentos" Isso tornou o preo da alimentao

    mais $arato e a8udou enormemente a so$revivncia dos tra$al#adores" Q $em verdade (ue,

    a* tam$m, #& um aspecto perverso na medida em (ue mel#oraram os preos e as

    condi6es de alimentao, o n1mero de fil#os por fam*lia aumentava assustadoramente"

    Como vimos anteriormente, ocorreu com a Revoluo Industrial um e2traordin&rio

    desenvolvimento da ind1stria t2til, (ue veio acompan#ada de forte e2panso na produo

    agr*cola de algodo ' principalmente nas colnias ' e da pecu&ria de carneiros para a

    produo de l" 9a Inglaterra, essa alterao na estrutura da produo agr*cola representou

    uma transferncia profunda da agricultura de alimentao para su$sistncia por uma nova

    atividade a criao de carneiros, (ue ocupava enormes e2tens6es de terra"Essa mudana na estrutura da produo representou simplesmente a e2pulso de

    mil#ares e mil#ares de camponeses de suas terras, para (ue os grandes propriet&rios

    e2pandissem a produo da l" Esses camponeses e2pulsos de suas terras foram parar nas

    cidades, onde muitos encontravam empregos na ind1stria, mas a maioria peram$ulava

    desempregada"

    % e2cesso de mo'de'o$ra nas cidades industriais fe) com (ue $ai2assem

    tremendamente os sal&rios dos tra$al#adores" Q verdade (ue alguns tra$al#adoresespeciali)ados, nas novas f&$ricas, mel#oravam seus padr6es de vida" Kas a maioria

    gan#ava o suficiente apenas para se alimentar e so$reviver" Degundo a YBist3ria da

    Civili)ao %cidentalY, de EdJard Hurns e outros, na cidade industrial de Holton, na

    Inglaterra, no ano de ->@=, um tecelo manual no conseguia gan#ar mais do (ue cerca de

    /

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    trs 2elins, en(uanto, nessa poca, estimava'se necess&rio pelo menos =0 2elins semanais

    para manter uma fam*lia de cinco pessoas um pouco acima do limite da misria"

    9a &rea da #a$itao, a situao era igualmente constrangedora" Em muitas das

    grandes cidades, #omens e vel#os viviam em casa de cmodos, separados de suas fam*lias(ue #aviam dei2ado no campo" %s tra$al#adores mais po$res, em (uase todas as cidades

    europias, moravam em #orr*veis (uartos de poro, muitas ve)es destitu*dos de lu), de &gua

    e de esgotos"

    Za* a ocorrncia intensa e fre(Uente da c3lera, do tifo e da tu$erculose, (ue produ)iam

    uma enorme mortalidade infantil" %s #istoriadores di)iam e di)em ainda #o8e (ue podiam

    se considerar feli)es os tra$al#adores (ue no morressem de fome"

    Igualmente penosas eram as condi6es de tra$al#o nas f&$ricas antes de ->0, a

    8ornada fa$ril era longa, em geral de -= a -@ #oras di&rias" % am$iente das f&$ricas era su8o

    e perigoso" As m&(uinas eram desprotegidas e ocasionavam fre(Uentes acidentes de

    tra$al#o, muitas ve)es mutilando os tra$al#adores" Por outro lado, #avia um tremendo rigor

    em relao ao #or&rio de tra$al#o e + permanncia dos tra$al#adores 8unto +s m&(uinas" Ao

    lado disso, #avia, na maior parte das f&$ricas, a preferncia na contratao de mul#eres e

    crianas, pois, alm de protestarem menos (uanto +s condi6es de tra$al#o, pareciam

    conformadas em aceitar sal&rios menores"

    Q no conte2to da Revoluo Industrial, da deteriorao das condi6es de vida dostra$al#adores, do desemprego e da misria, (ue a Europa vai se apro2imando da Revoluo

    L" Agravou a situao uma sucesso de m&s col#eitas, resultando na

    escasse) de alimentos e na elevao de seus preos" A fome e a misria so os principais

    ingredientes da revolta do povo (ue levou + Revoluo

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    invadindo os castelos e (ueimando os t*tulos de propriedade" 9as regi6es de Kacon e

    Heau8olais, .= castelos foram incendiados" % medo de perder suas terras levou os $urgueses

    a se unirem aos no$res e a organi)arem tropas armadas para repelir as invas6es gerando

    uma luta de classes violenta e sangrenta"A crise econmica (ue veio na esteira da Revoluo Industrial e da Revoluo

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    PROFESSORES ASSOCIADOS - CONSULTORIA EDUCACIONAL RJPROFESSOR ELIAS CELSO GALVAS (Coor!"#or$%

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