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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Ciências do Envelhecimento A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal domiciliar de idosos São Paulo 2016

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Page 1: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal

domiciliar de idosos

São Paulo

2016

Page 2: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

Rilza Xavier Marigliano

A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal

domiciliar de idosos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Strictu Sensu da Universidade São

Judas Tadeu como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciências do

Envelhecimento.

Área de concentração: Aspectos educacionais,

psicológicos e socioculturais do envelhecimento.

Orientadora: Profª. Dra. Claudia Aranha Gil

São Paulo

2016

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da

Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Tatiane Marques de Assis – CRB8/8967

Marigliano, Rilza Xavier

M335r A relação Cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal domiciliar de idosos/

Rilza Xavier Marigliano – São Paulo, 2016.

230 f. 30 cm

Orientadora: Cláudia Aranha Gil

Dissertação (Mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2016.

1. Cuidadores. 2. Velhice. 3. Qualidade de vida. 4. Técnicas Projetivas

I. Gil, Cláudia Aranha. II Universidade São Judas Tadeu, Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento. III. Título

CDD 22 – 613.7044

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RILZA XAVIER MARIGLIANO

A relação cuidar/idoso segundo a ótica do cuidador formal domiciliar

de idosos

Dissertação defendida e aprovada em: 12/09/2016

Banca Examinadora

Profª. Dra. Leila Salomão de La Plata Cury

Tardivo________________________Instituição: Universidade de São Paulo-USP

Julgamento: ____________________Assinatura:________________________

Profª. Dra. Carla Witter___________Instituição: Universidade São Judas Tadeu

Julgamento: ___________________Assinatura: _________________________

Profª. Dra. Claudia Aranha Gil______Instituição: Universidade São Judas Tadeu

Julgamento: ____________________Assinatura: ________________________

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Strictu Sensu da Universidade São

Judas Tadeu (USJT), como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Ciências do

Envelhecimento.

Área de concentração: Aspectos educacionais,

psicológicos e socioculturais do envelhecimento.

Orientadora: Profª. Dra. Claudia Aranha Gil

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Dedico esse trabalho a minha família, que está

comigo em todos os momentos, às cuidadoras que

participaram com tanta dedicação e a Deus, que

permitiu que eu chegasse até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por cada momento deste curso e por cada vitória conquistada. Por

me proporcionar a oportunidade de ter vivido essa experiência tão enriquecedora e ter

conhecido professores maravilhosos, que realmente amam o que fazem e se dedicaram a me

ensinar sobre a ciência e sobre a vida.

Aprendi lições que eu nunca vou esquecer, e recebi tanto carinho que vou guardar para sempre

em meu coração.

Quero dedicar um agradecimento especial à minha Professora Orientadora Dra. Cláudia

Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si

esse projeto e fazendo dele, seu grande objetivo, assim como eu.

Que se esforçou em me ensinar a dar o meu melhor. Que em muitos momentos, diante das

minhas limitações, me ajudou a acreditar que eu seria capaz de chegar até o fim e concluir esse

projeto.

Gostaria de agradecer a Professora Doutora Carla Witter e a Professora Doutora Leila Salomão

de La. Plata Cury Tardivo, que participaram da minha Banca de Qualificação e com muita

sabedoria, trouxeram contribuições preciosas, que ajudaram a fazer com que esta pesquisa

ficasse ainda mais estruturada, e fosse capaz de trazer alguma contribuição para o mundo

acadêmico e para a sociedade.

Gostaria de agradecer a meu esposo Renato Marigliano, que me apoiou e me ajudou a superar

os momentos difíceis, tendo paciência comigo e me dando forças a cada obstáculo que surgia.

Te amo muito Rê!

Agradeço a minha filha Cássia, que durante todo esse período abriu mão de muitos momentos

de diversão e lazer. Que esteve juntinho comigo, na realização de exercícios, na leitura de

textos e nas muitas correções de trabalhos, que levavam o final de semana todo. Você é muito

preciosa para mim Boneca!

Ao meu filho Daniel, minha nora Carol e aos meus netos Gabriel e Arthur, que ficavam

quietinhos para que a vovó pudesse fazer a “lição de casa”.

Agradeço a minha Chefe, Dra. Maria Cecilia Prospero Dani, por todo o incentivo e por ter

tantas vezes remanejado os horários do consultório, para que eu pudesse cumprir cada

disciplina. Muito obrigada por estar comigo em mais essa empreitada. Que Deus a abençoe!

Deixo aqui um agradecimento especial a minha prima Aline de Freitas, que não faltou um só

dia, cobrindo as minhas ausências no trabalho, para que eu pudesse vir estudar. Só Deus Aline,

poderá te recompensar, pois foi Ele que colocou você no meu caminho!

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Quero agradecer a Mestre Lindanor Jacó Chaves e a Professora Adriane Provazi, que

gentilmente colaboraram comigo nesta pesquisa, muito obrigada, a participação de vocês foi

de extrema importância.

Gostaria de agradecer a todos os alunos que estiveram comigo no decorrer desses anos e

desejar a todos vocês um futuro brilhante e que esse Mestrado seja o começo de uma linda

história na vida de vocês.

Gostaria de agradecer a minha amiga Jádia F. da Silva, pelo ombro amigo e pelas palavras de

conforto. A sua amizade enriqueceu a minha vida, conte sempre comigo!

Agradeço a minha amiga Karina Maffei Marques, por ter compartilhado comigo momentos

tão preciosos de aprendizagem, companheirismo e as muitas alegrias pelas vitórias

conquistadas.

Quero deixar aqui o meu, muito obrigada, a todos os professores que me deram aula nas

disciplinas desse curso e fizeram a diferença na minha vida:

Claudia Aranha Gil

Ana Martha de Almeida Limongelli

Carla Witter

Marcelo de Almeida Buriti

Ana Lúcia Gatti

Maria Luiza de Jesus Miranda

Graciele Massoli Rodrigues

Lívia Marcello (Inglês Instrumental)

Claudia Borim da Silva

Queridos Professores nem todas as palavras do mundo conseguiriam expressar a gratidão que

eu tenho por vocês. Desejo que vocês sejam muito felizes e que as bênçãos de Deus estejam

sobre as suas vidas.

Amo de verdade a todos vocês!

Gostaria de fazer um agradecimento especial à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro que foi primordial para a realização desta

pesquisa.

Muito obrigada!

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A suprema excelência do Amor

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze

que soa ou como o címbalo que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda

que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.

E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu

próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,

Não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se

ressente do mal;

Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão;

havendo ciência, passará;

Porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.

Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino;

quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.

Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora,

conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o

amor.

(1Coríntios, 13: 1-9)

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MARIGLIANO, R. X. A Relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal

domiciliar de idosos. São Paulo. 2016. 230 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade São Judas

Tadeu, São Paulo, 2016.

RESUMO

O envelhecimento populacional tem aumentado de forma progressiva e devido às mudanças no

panorama familiar, no qual o idoso nem sempre pode contar com a família para lhe prestar

cuidados, tem-se recorrido à contratação de profissionais capacitados para exercer essa função,

especialmente frente ao cuidado que a velhice fragilizada demanda. O objetivo geral desse

estudo foi analisar como os cuidadores formais domiciliares concebem a relação com o idoso

sob sua responsabilidade. Participaram da pesquisa 15 cuidadores formais, do gênero feminino,

com faixa etária entre 25 e 59 anos, que estavam cuidando do mesmo idoso há pelos menos seis

meses. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e de levantamento. Para a coleta de dados

foi aplicado o roteiro de caracterização dos participantes e em seguida foi realizada a técnica

projetiva denominada Procedimento Desenhos-Estórias com Tema. Foi realizada também uma

entrevista semidirigida e por fim, foi aplicada a Escala de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref.

As participantes têm uma boa percepção de sua qualidade de vida, destacando-se o Domínio

Físico. A vivência com idosos que necessitam de cuidados e já ter cuidado de um familiar,

foram elementos motivadores para que passassem a exercer a profissão posteriormente. Várias

participantes tinham formação na área de enfermagem, algumas não tiveram nenhum preparo

anterior e aprenderam por meio da prática. No relacionamento com o idoso cuidado, foram

evidenciados os aspectos positivos, principalmente relacionados ao afeto dirigido a esse, bem

como a necessidade de proporcionar conforto e bem-estar. Há o desejo de continuar estudando

e trabalhando na área. Por meio da técnica projetiva utilizada foram observados aspectos

relacionados a visão do idoso como ambivalente em suas características ativas e frágeis, bem

como também à idealização da função de cuidador. Observa-se a necessidade de que mais

pesquisas sobre o tema sejam realizadas, visando traçar estratégias que deem suporte ao

cuidador, a fim de que mantenha uma boa qualidade de vida.

Palavras Chave: Cuidador Formal. Velhice. Fragilidade. Qualidade de Vida. Técnica

Projetiva.

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MARIGLIANO, R. X. The relationship between the caregiver/elderly from the perspective

of the elderly formal home caregiver point of view. São Paulo. 2016. 230 p. Dissertation

(Masters degree) –São Judas Tadeu University, São Paulo, 2016.

ABSTRACT

The population ageing has been increasing progressively and because of changes in the family

panorama, in which elderly cannot always count on the family to take care of him, has been

restoring to hire qualified professionals to perform this function especially facing the elderly

weakened demand. The general goal of this study is to analyse how the household formal

caregivers conceive the relationship with the elderly under their responsibility. Fifteen formal

caregivers are going to participate in the survey, hired professionals, paid for the exercise of

caregiver’s occupation of elderly household caregivers between 25 and 59, who has taken care

of the same elderly for at least six months. This is a descriptive, exploratory and collection of

informations survey. For data collection it was applied a characterization script of the

participants and then was held projective technique called Drawing Story (with Theme)

Procedure. A semi-directed interview was also carried out and ultimately, it was applied the

Quality of Life Scale WHOQOL-Bref. The participants have a good perception of their quality

of life, standing out the Physical Domain. The experiences with elderly that need care and had

already taken care of a family member were the motivating elements for which exercise the

profession later. Several participants were training in the area of nursing; some had no previous

preparation and learned through practice. In the relationship with the elderly care were

highlighted the positive aspects, mainly related to affection directed to that, as well as the need

to provide comfort and well-being. There is the desire to keep studying and working in the area.

Through projective techniques used were observed aspects of the vision of the elderly as

conflicted about its active features and fragile, as well as the idealization of the caregiver. There

is a need for more research on the topic be undertaken, aimed at outlining strategies that support

the caregiver and they can maintain a good quality of life.

Keywords: Formal Caregiver. Old Age. Fragility. Quality of Life. Projective Technique

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Domínios da Escala de Qualidade de vida WHOQOL-Bref das participantes......... 69

Tabela 2. Medidas de qualidade de vida por participante. WHOQOL-Bref............................ 71

Tabela 3. Correlação entre idade e os Domínios da escala WHOQOL-Bref........................... 74

Tabela 4. Correlação entre Tempo de Serviço e os Domínios da escala WHOQOL-Bref...... 75

Tabela 5. Análise de concordância dos Juízes......................................................................... 78

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Caracterização dos participantes......................................................................... 62

Figura 2. Caracterização dos idosos cuidados................................................................... 66

Figura 3. Categorias e Unidades de Significado................................................................. 80

Figura 4. Categoria Temática - Motivação para ser cuidador de idosos............................. 81

Figura 5. Categoria Temática - Preparação para tornar-se cuidador de idosos................... 85

Figura 6. Categoria Temática - Significado de cuidar de idosos......................................... 89

Figura 7. Categoria Temática - Características da função de cuidador de idosos............... 94

Figura 8. Categoria Temática -Relacionamento com o (a) idoso (a) cuidado atualmente.. 98

Figura 9. Categoria Temática -Possíveis impactos à saúde física e mental dos cuidadores. 102

Figura 10.Categoria Temática - Estratégias para lidar com os possíveis impactos ............... 106

Figura 11.Categoria Temática -Perspectivas para o futuro....................................................... 111

Figura 12.Categoria Temática -Produção nº 1 Desenhos-Estórias.......................................... 114

Figura 13. Categoria Temática - Produção nº 2 Desenhos-Estórias........................................ 118

Apêndices: Falas das Participantes....................................................................................... 182

Figura 14. Categoria Temática 1: Motivação para ser cuidador de idosos.......................... 183

Figura 15. Categoria Temática 2: Preparação para tornar-se cuidador de idosos................. 186

Figura 16. Categoria Temática 3: Significado de cuidar de idosos....................................... 188

Figura 17. Categoria Temática 4: Características da função de cuidador (a) de idosos...... 191

Figura 18. Categoria Temática 5: Relacionamento com o (a) idoso (a) cuidado atualmente 193

Figura 19. Categoria Temática 6: Possíveis impactos à saúde física e mental dos

cuidadores.............................................................................................................................

195

Figura 20. Categoria Temática 7. Estratégias para lidar com os possíveis impactos à saúde

física e mental dos Cuidadores .................................................................................

197

Figura 21. Categoria Temática 8. Perspectivas para o futuro.............................................. 200

Figura 22. Categoria Temática 9. Desenhos-Estórias com Tema: Produção nº1. Imaginário

Coletivo sobre o idoso................................................................................................

202

Figura 23. Categoria Temática 10. Desenhos-Estórias com Tema: Produção nº2.

Imaginário Coletivo sobre o trabalho de cuidador de idosos................................................

204

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAS – Comissão de Assuntos Sociais

CBO – Classificação Brasileira de Ocupação

FIBRA – Fragilidade em idosos brasileiros

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPED – Instituto de Ensino e Pedagogia a Distância

ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos

OMS – Organização Mundial de Saúde

PEC – Proposta de emenda à Constituição

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNI – Política Nacional do Idoso

SDCS – Sintomas Depressivos Clinicamente Significativos

WHOQOL – World Health Organization Quality of Life

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................................... VIII

ABSTRACT.......................................................................................................................... IX

APRESENTAÇÃO............................................................................................................... 15

CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA……………………………………………………… 18

1- INTRODUÇÃO………………………………………………………………………… 18

1.1. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE...................................... 18

1.2. FRAGILIDADE E NECESSIDADE DE CUIDADOS NA VELHICE................................................ 26 1.3. CUIDADORES DE IDOSOS................................................................................................................ 32

CAPÍTULO II...................................................................................................................... 52

2- OBJETIVO GERAL....................................................................................................... 52 2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS…………………………………………………………………………. 52

CAPÍTULO III- O PERCURSO METODOLÓGICO............................................................................ 53

3- MÉTODO………………………………………………………………………………. 53 3.1. PARTICIPANTES................................................................................................................................. 54 31. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS............................................................................................ 54 3.3. PLANO DE ANÃLISE DOS DADOS.................................................................................................. 59 3.3.1. ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................................................ 60 3.3.2. JUÍZES........................................................................................................................................... 60

CAPÍTULO IV.................................................................................................................... 61

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 61 4.1. CARARCTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES................................................................................ 61 4.2. MEDIDAS DE QUALIDADE DE VIDA DOS PARTICIPANTES..................................................... 68 4.3. ANÁLISE DE CONCORDÃNCIA DOS JUÍZES................................................................................. 76 4.4. ANÁLISE DAS CATEGORIAS OBTIDAS PELA ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS…........ 79 MOTIVAÇÃO PARA SER CUIDADOR DE IDOSOS........................................................................ 81 PREPARAÇÃO PARA TORNAR-SE CUIDADOR DE IDOSOS...................................................... 85 SIGNIFICADO DE CUIDAR DE IDOSOS.......................................................................................... 89 CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO DE CUIDADOR DE IDOSOS................................................. 94 RELACIONAMENTO COM O IDOSO CUIDADO........................................................................... 98 POSSÍVEIS IMPACTOS Á SAÚDE FÍSICA E MENTAL DO CUIDADOR..................................... 102 ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM OS POSSÍVEIS IMPACTOS Á SAÚDE DO CUIDADOR.................... 106 PERSPECTIVAS PARA O FUTURO.................................................................................................. 111 4.5. ANÁLISE DO CONTEÚDO DO PROCEDIMENTO DESENHOS-ESTÓRIAS COM TEMA........ 114 CATEGORIAS TEMÁTICAS PRODUÇÃO DESENHOS-ESTÓRIAS COM TEMA Nº 1.............. 114 CATEGORIAS TEMÁTICAS PRODUÇÃO DESENHOS-ESTÓRIAS COM TEMA Nº 2.............. 118 4.6. ANÁLISE QUALITATIVA DA PRODUÇÃO DESENHOS-ESTÓRIAS COM TEMA................... 124 4.6.1. ANÃLISE QUALITATIVA DESENHO Nº 1............................................................................... 124 4.6.2. ANÃLISE QUALITATIVA DESENHO Nº 2............................................................................... 126

CAPÍTULO 5- ...................................................................................................................... 132

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………………. 132

6- REFERÊNCIAS............................................................................................................... 136

ANEXOS............................................................................................................................... 163

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ANEXO I- PARECER CONSUBSTANCIADO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA..................................... 165 ANEXO II- ESCALA DE QUALIDADE DE VIDA WHOQOL-BREF……………........................................ 168

APÊNDICES............................................................................................................................... 171 APÊNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)................................... 173 APÊNDICE B ROTEIRO DE CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES.............................................. 176 APÊNDICE C CONJUNTO DO PROCEDIMENTO DESNHOS-ESTÓRIAS COM TEMA......................... 178 APÊNDICE D ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIDIRIGIDA..................................................................... 180 APÊNDICE E FIGURAS COM AS FALAS DAS PARTICIPANTES............................................................ 183 APÊNDICE F DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS E UNIDADES DE SIGNIFICADO................................ 207 APÊNDICE G FICHAS DE VERIFICAÇÃO E FREQUÊNCIA (JUÍZES) ................................................... 218

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APRESENTAÇÃO

Observando o panorama atual em relação ao acelerado crescimento da população idosa,

pode-se perceber que nem todos os seguimentos da sociedade estão preparados para atender às

demandas que surgem nesse período, e assim, dar a assistência devida ao idoso. Com isso, torna-

se necessário compreender como se dá o processo de envelhecimento, a heterogeneidade dessa

população e quais são as soluções que estão sendo encontradas para suprir as principais

necessidades da pessoa idosa, tanto no Brasil como no mundo, visto que esse é um fenômeno que

ocorre também em outros países.

Com relação ao processo de envelhecimento, é primordial que se conheça quais são os

fatores determinantes das perdas inerentes a esse período, e que características fazem com que esse

processo ocorra de maneira diferente para cada indivíduo. Sabendo que quanto maior for a faixa

etária, maiores cuidados deverão ser dispensados ao idoso, surge também a necessidade de

compreender quais estratégias estão sendo utilizadas para realizar esse cuidado, que até bem pouco

tempo, ficava quase que exclusivamente a cargo dos familiares ou de pessoas bem próximas.

Nos dias de hoje, devido a tantas mudanças no panorama social, muitas vezes não é

possível somente aos membros da família prestarem cuidados aos seus idosos. Com isso está

ocorrendo cada vez mais a necessidade da contratação de cuidadores formais, tanto para auxiliar

os familiares no cuidado de um idoso dependente, quanto para ficar com a responsabilidade total

de cuidados dispensados a esse idoso.

Esse contexto sugere a necessidade de compreender como se dá a relação cuidador/idoso,

no que diz respeito ao profissional que é contratado, que não tem nenhum tipo de vínculo familiar

com o idoso. É importante também entender como esses profissionais lidam com os momentos

estressantes, que podem ocorrer no seu cotidiano de trabalho e que estratégias eles usam para dar

conta dessas demandas. Com o objetivo de aprofundar também o conhecimento sobre esse

profissional, buscou-se conhecer as circunstâncias que os levaram a se tornar cuidadores de idosos,

se de alguma maneira fizerem algum curso que os preparasse para exercer essa função, se

pretendem continuar nessa área e quais são suas perspectivas para o futuro.

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Para compreender como é concebida a relação entre cuidador e idoso, foi necessário

entender primeiro como se dá o processo de envelhecimento. Conhecer quem é esse idoso que

necessita de cuidados especiais, como a sociedade vê o processo de envelhecimento e o papel do

Governo no sentido da implementação de Políticas Públicas capazes de lidar com todas as

demandas desse período da vida desses cidadãos.

Buscando fundamentar os objetivos dessa pesquisa e obter maior esclarecimento sobre o

tema, foi realizada uma revisão da literatura e assim, o primeiro capítulo referente à Introdução foi

divido em três subtítulos. O primeiro subtítulo fala sobre o envelhecimento na contemporaneidade,

abordando questões como: dados epidemiológicos mais recentes, a releitura da representação social

do idoso nos nossos dias e apresentação de estudos que buscaram compreender o conceito de

qualidade de vida segundo a população idosa.

No segundo subtítulo é abordada a velhice fragilizada, que ocorre quando há

transformações no organismo que diminuem a capacidade de adaptação e solução de problemas ao

idoso frágil. Mostra a relevância de se diagnosticar a Síndrome da Fragilidade, para que se façam

intervenções a esse respeito. Traz vários estudos sobre a fragilidade em idosos e sobre os vários

tipos de demências que acometem essa população.

Por fim, o terceiro subtítulo mostra a necessidade de cuidados especiais dedicados ao idoso

e da importância da profissão de cuidador de idosos. Apresenta as leis formuladas para assegurar

uma vida mais digna para a população idosa e garantir todos os direitos trabalhistas ao profissional

cuidador, suas características, como também os aspectos relacionados à sobrecarga a que fica

exposto e como esses fatores podem afetar sua saúde mental.

No capítulo dois, são apresentados os objetivos deste estudo e no terceiro capítulo é descrita

a metodologia utilizada, mostrando os critérios para escolha dos participantes, os instrumentos

aplicados e os procedimentos realizados para a coleta dos dados. É apresentado o Plano de Análise

dos Dados, a Análise de Concordância entre os Juízes e a Análise de Conteúdo das Entrevistas

segundo Bardin (2011).

O quarto capítulo traz os resultados encontrados na pesquisa, como também sua discussão.

Para melhor compreensão os dados foram apresentados em tópicos, segundo a seguinte ordem:

Caracterização dos Participantes, Caracterização dos Idosos Cuidados, Medidas de Qualidade de

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Vida dos Participantes, Análise das Categorias da Entrevista semidirigida, Análise das Categorias

dos Desenhos-Estórias com Tema e Análise do conjunto do Procedimento Desenhos-Estórias com

Tema.

Por fim, no quinto capítulo são apresentadas as Considerações Finais, fazendo uma síntese

dos resultados encontrados e possibilitando uma melhor compreensão sobre o tema. Esse

entendimento pode possibilitar a formulação de estratégias, que visem oferecer ao profissional

cuidador uma melhor qualidade de vida e promoção de saúde. Com isso, ele mesmo pode criar

técnicas de autocuidado que o auxilie para dar conta dos eventos estressantes, trazendo benefícios

não só para si, mas também, melhor qualidade do trabalho oferecido ao idoso.

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18

CAPÍTULO I- Fundamentação Teórica

1- Introdução

1.1 O processo de envelhecimento na contemporaneidade

O envelhecimento sempre foi compreendido de diversas maneiras na história da

humanidade, ora como período de sabedoria e perpetuação da cultura de um povo, ora como um

período de perdas que anunciam a finitude. Atualmente observa-se a heterogeneidade desse

processo, tanto com uma velhice marcada por perdas relacionadas às capacidades funcionais e

cognitivas, como também pessoas que vivenciam essa fase do ciclo da vida de maneira mais

saudável, tendo autonomia e controle sobre o meio ambiente. (Neri, 2013; Caljouw, Cools &

Gussekloo, 2014, Limoeiro, 2016).

Muitos são os fatores que tem contribuído para o aumento da longevidade, entre eles a

diminuição da taxa de natalidade e mortalidade, aspectos de ordem social, cultural e econômica, os

avanços da medicina, as campanhas preventivas e a implementação de Políticas Públicas visando

melhor qualidade de vida para o idoso. Outros fatores como características genéticas favoráveis e

a opção por hábitos saudáveis, também tem influência para uma vida mais longa (Fattori,

Santimaria, Neri, Moura & Santos, 2013; Lottmann, Lowenstein & Katz, 2013).

O período de transição demográfica pela qual o mundo está passando tem revelado

populações cada vez mais envelhecidas e a diminuição da população de jovens. Com previsões de

que seja triplicada, a população idosa mundial pode chegar a dois bilhões até 2050 sendo que o

número de pessoas com mais de 80 anos pode somar 400 milhões. Outro dado importante sobre

esse fenômeno é que nos dias atuais 64% dos idosos habitam os países em desenvolvimento e de

acordo com as previsões, em 2050 chegará a 80% da população desses países (Organização das

Nações Unidas-ONU, 2012).

Embora o fenômeno do envelhecimento seja mundial, pode-se observar que no Brasil o

envelhecimento está ocorrendo mais rapidamente que no restante do mundo (World Health

Organization-WHO, 2013). Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2013), apontam que em nosso país a população idosa já soma 20,6 milhões de

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pessoas, cerca de 10,8% da população do país. Há uma projeção para o ano de 2060, quando 8,4

milhões de pessoas estarão com mais de 60 anos e corresponderão a 26,7% da população.

De acordo com esses estudos, em 2060 a média de vida do brasileiro passará de 75 anos

para 81 anos e no que diz respeito ao gênero, a expectativa de vida para as mulheres será de 84,4

anos e para os homens será de 78,03 anos. A junção de todos esses fatores coloca o Brasil em 12º

lugar entre os países que mais dão condições de ganho para pessoas com mais de 60 anos e em 31º

lugar no ranking dos países que oferecem condições de bem-estar para a população idosa (IBGE,

2013).

O fato de a população idosa ter atingido um crescimento muito maior em comparação aos

jovens e crianças tem gerado consequências, como o aumento da prevalência de doenças crônicas

e o consequente aumento dos gastos com os serviços de saúde. Tendo em vista as limitações na

saúde do idoso e sua procura cada vez maior por cuidados no âmbito físico e emocional, faz com

que haja a expectativa de um colapso no Sistema de Saúde (Macuco, Yassuda, Neri & Santos,

2013; Vicini, 2013).

Desse modo a necessidade de buscar uma adaptação a essa nova realidade, leva a criação

de estratégias para prestar melhor atendimento à pessoa idosa. Buscando dar assistência a essa

população, secretarias do Governo em conjunto, realizam campanhas preventivas como a de

vacinação contra a gripe e outras enfermidades, campanhas de conscientização e combate a

diversas doenças como, por exemplo, a hipertensão arterial e o diabetes, além da criação de

programas para cuidadores de idosos em ambiente hospitalar, que depois foi estendido ao

domicílio, entre outras (Vicini, 2013; Areosa S., Henz, Lawisch, & Areosa, R., 2014).

Essas medidas não têm sido suficientes para dar conta da demanda, uma vez que a

população idosa tem aumentado substancialmente e sendo assim, torna-se necessário que novas

estratégias sejam criadas pelos governantes a fim de resolver essa problemática. Uma das propostas

para diminuição futura desses gastos é o investimento em políticas destinadas à recuperação e

manutenção da saúde, não apenas do idoso, mas da população em geral, para garantia de uma

melhor qualidade de vida às gerações que envelhecerão nos próximos vinte anos (Vicini, 2013;

Muniz, Freitas, Albuquerque, & Linhares, 2014).

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Ocorre que os esforços nas estratégias para evitar o colapso do Sistema de Saúde se

concentram em sua maioria em intervenções relativas ao adoecimento físico e à sua prevenção,

como por exemplo, o declínio cognitivo que pode ser responsável pelo aumento da fragilidade e da

vulnerabilidade clínica, levando o idoso muitas vezes a um quadro de incapacidade funcional e a

consequente necessidade de hospitalização e imobilidade (Macuco et al., 2013). Porém, é

necessário que haja uma atenção integral à saúde do idoso com ações centradas também em relação

à sua saúde mental. Com o aumento da longevidade os índices de demência e depressão nessa

população têm aumentado em grandes proporções em toda a América Latina. No Brasil cerca de

1,6% de indivíduos com faixa etária entre 65 e 69 anos e 38,9% dos idosos acima de 85 anos sofrem

de algum tipo de demência. Segundo essa pesquisa constatou-se também que 9,2% da população

idosa sofre de depressão (IBGE, 2010, Zanini, 2010; Witter C., Cristofi & Gatti, 2011; Macuco et

al., 2013; Batistoni et al., 2013).

Outro fato constatado é que os equipamentos de saúde pública nem sempre estão preparados

para atender essa demanda, pois é observada a falta de profissionais preparados para o atendimento

especificamente ao idoso, que atuem na prevenção das enfermidades e na intervenção dos casos já

estabelecidos. De acordo com Shanley et al. (2012), havendo um diagnóstico preciso, o tratamento

se torna mais eficaz, daí a necessidade de um serviço especializado, por exemplo, em demências,

voltado à população idosa.

Outro colapso eminente diz respeito ao Sistema Previdenciário que já passou por três

reformas paramétricas, entre elas, duas reformas constitucionais, buscando diminuir os gastos com

a aposentadoria. Como resultado dessas reformas foi estipulado o aumento da idade para

recebimento do benefício e também o aumento do número de anos para contribuição. Mesmo diante

desses recursos, ainda não foi possível controlar o déficit orçamentário com as aposentadorias, uma

vez que a população está envelhecendo muito rapidamente. Para a Previdência Social torna-se um

desafio muito grande arcar com os altos custos gerados, sendo necessário portando, que

haja reformas estruturais no sistema previdenciário, buscando um equilíbrio entre a entrada das

contribuições e a saída dos benefícios (Rocha & Caetano, 2008; Oliveira, Deascanio e Pinto, 2014).

Mudanças recentes relativas ao fator previdenciário indicam uma pontuação mínima para a

aposentadoria. De acordo com as novas normas, a idade e o tempo de contribuição para as

mulheres, deve somar 85 anos e para os homens 95 anos. Alcançada essa pontuação, o idoso terá

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direito à aposentadoria no valor integral. Com essas medidas o Governo busca fazer com que os

planos de aposentadoria acompanhem o aumento da expectativa de vida, impedindo que os

cidadãos se aposentem muito cedo e recebam o benefício durante muitos anos (Brasil: Ministério

da Previdência e Assistência, 2015).

A mudança na demografia do Brasil está promovendo uma grande transformação cultural,

fazendo com que a atenção do Governo se volte às necessidades do idoso, pois durante muito tempo

a prioridade dos programas públicos era voltada à infância e a juventude. Com isso, a sociedade

está fazendo uma releitura desses comportamentos, propiciando assim, um novo olhar sobre o trato

com a pessoa idosa. Sob esse ponto de vista, é importante ressaltar que não é fácil categorizar o

idoso, visto que essa população não é homogênea, havendo diferenças muito grandes no processo

de envelhecimento de cada indivíduo e dependendo da faixa etária e das condições de vida de cada

um, esse processo ocorrerá de forma diferente acarretando perdas e ganhos (Esteves P., Slongo &

Esteves C., 2012).

O processo de envelhecimento envolve todas as áreas da vida do ser humano em seus

aspectos biológicos, psicológicos e sociais e de acordo com esses fatores é dado um papel social a

esses indivíduos como suas funções no ambiente de trabalho e representação social dentro da

família como mantenedor e chefe, porém no período do envelhecimento esses papéis vão se

modificando. Do ponto de vista biológico, nesse processo ocorre uma perda da funcionalidade e da

capacidade de adaptação devido às mudanças que ocorrem no organismo, devendo ser observadas

as características de envelhecimento de cada indivíduo, pois cada um tem seu próprio ritmo

(Scortegagna & Oliveira, 2012; Witter C., Buriti, Silva, Nogueira & Gama, 2013).

Muitas áreas do conhecimento contribuem para que haja uma compreensão do processo de

envelhecimento. Trazendo a discussão para o imaginário social, com suas coincidências valorativas

que correspondem a características semelhantes encontradas nos indivíduos de determinada faixa

etária, como por exemplo: aos setenta anos muitas pessoas têm significativa diminuição da audição,

fazendo com que seja necessário falar alto para que a pessoa consiga ouvir o que está sendo falado.

Esse tipo de situação cria estereótipos que padronizam e compartilham modelos sociais e formam

o imaginário social que permanece em todas as instâncias e instituições sociais. Sendo assim, pode

se criar o padrão estereotipado de que: diante de uma pessoa de setenta anos é necessário falar mais

alto (Scortegagna & Oliveira, 2012; Cocentino, 2013).

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Ao conhecer como esse imaginário funciona, podem-se entender os comportamentos que

são considerados modelos a serem seguidos, delineando os processos subjetivos individuais e

sociais e determinando assim qual será o conceito que a sociedade terá sobre velhice e o tratamento

que será dispensado ao idoso. Esse processo é subjetivo, mas socialmente compartilhado e desse

ponto de vista a compreensão das perdas inerentes ao envelhecimento traz muitos preconceitos e

faz com que o indivíduo fique socialmente limitado. Pensando assim, a pessoa pode encarar sua

própria velhice de maneira sofrida, não observando que alguns envelhecem saudavelmente usando

de estratégias de enfrentamento, pois o homem ao longo de sua vida constrói seu próprio

envelhecimento (Cocentino, 2013).

Na sociedade contemporânea ser jovem tem uma conotação positiva devido a sua

capacidade de produção de trabalho e reprodução, porém em contraposição há em muitos casos

uma desvalorização e marginalização da velhice, pois ocorre nesse período a perda dessas

capacidades. Com isso ocorre um mal-estar quanto ao conceito de envelhecer, sendo necessária a

busca de uma nova representação social, para que se valorize a produção do idoso, seja no âmbito

cultural, como transmissor de tradições, seja do ponto de vista intelectual, como produção de toda

uma vida, ou mesmo as produções nas áreas do lazer e no campo artístico, fatos que muitas vezes

não tem o merecido reconhecimento (Scortegagna & Oliveira, 2012).

Nesse sentido, torna-se importante considerar o papel do idoso, sendo reinserido na

sociedade com novas oportunidades de trabalho e participação social, uma vez que as pessoas têm

atingido idades acima de 100 anos. Para o idoso essa ressignificação envolve aspectos subjetivos e

culturais na busca de traçar projetos, executá-los e reestruturá-los com a perspectiva de um futuro.

Porém, frente à ideia de final de vida pode haver angustia e fragilidade, que dificultarão a realização

de novos projetos, sendo preciso resgatar a convicção de que em qualquer faixa etária o indivíduo

é capaz de produzir e transpor novos desafios, usando dos recursos de experiências antigas para

modificar e lidar com problemas atuais (Duarte, 2009).

O período do envelhecimento traz novos e constantes desafios de adaptação e superação

das perdas, o que faz com que cada indivíduo tenha uma forma diferente de enfrentamento. Para

que se compreenda o nível dessas dificuldades torna-se necessário que se saiba qual o conceito de

qualidade de vida para a população idosa, visto que esse é um conceito subjetivo e abrangente e

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sua compreensão é de extrema importância, para que cada área de pesquisa sobre o envelhecimento

possa estudar esse fenômeno (Ferreira M., Souza, Ferreira L., Moura, & Costa Júnior, 2015a).

Ter boa qualidade de vida de acordo com a interpretação de muitos idosos está associado

às questões relacionadas à realização das atividades básicas e instrumentais de vida diária. A

independência financeira é um dos fatores que podem cooperar para que se sinta inserido na

sociedade, podendo inclusive ajudar outros membros mais jovens da família. Os idosos não

querem de maneira alguma depender do cuidado de terceiros e sim, poder tomar suas próprias

decisões e coordenar suas vidas, tendo competência física e mental (Monteiro, Zazzetta & Araújo

Júnior, 2015).

De acordo com Neri, Fortes-Burgos, Fontes, Santos e Araújo (2013a), para que haja um

bem-estar subjetivo na velhice, vários recursos internos e externos são disponibilizados para o

enfrentamento das dificuldades inerentes a esse período. Foi observado que há um senso de

ajustamento psicológico, no qual o indivíduo aprende a lidar com suas emoções positivas e

negativas, favorecendo seus aspectos fisiológicos e psicológicos e contribuindo para um

envelhecimento mais saudável. Segundo os estudos realizados por Witter C. et al (2013) e Dal

Bello-Haas, O'Connell e Morgan (2014), boa alimentação, estar envolvido em práticas sociais,

estar engajado em programas de exercícios físicos e poder promover seu autocuidado, também

exerce um bem-estar subjetivo em idosos. A prática de exercícios pode ser adaptada às condições

de funcionalidade de cada idoso, dando ênfase as suas necessidades e visando conquistar maior

resistência aeróbica, aumento da força e massa muscular e maior flexibilidade.

No conceito dos idosos brasileiros sobre qualidade de vida na velhice, verificado no estudo

de Neri et. al., (2013a), está implícita a ideia de que ser saudável além dos fatores já citados,

significa ter um bom relacionamento com os amigos e com a família, possuir bens de consumo e

ter saúde para usufruir de todos esses recursos. Este fator está associado aos afetos positivos e

negativos que são refletidos na personalidade de cada um e são usados no enfrentamento das

demandas do envelhecer, como realizar o autocuidado e se adaptar ao momento vivido. Tudo isso

traz a ideologia da “boa idade” e faz com que o idoso se sinta com um “espírito jovem” (Neri,

Eulálio & Cabral, 2013).

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Desde a década de noventa vem sendo difundido o conceito de Envelhecimento Ativo, que

se sustenta em três pilares: Saúde, Participação e Segurança. Esse conceito tem sido usado nos

países em desenvolvimento para nortear as Políticas Públicas em benefício da população idosa,

com o objetivo de oferecer-lhes uma vida mais digna. Sendo assim, os serviços de saúde têm que

ser otimizados para dar assistência integral ao idoso. Deve ser garantida a participação da pessoa

idosa em todos os eventos sociais, culturais, econômicos e civis, nos quais a sua opinião deve ser

ouvida e respeitada, proporcionando a manutenção de sua autonomia. Essas leis também buscam

garantir a segurança física, social e financeira do idoso, para que ele possa dispor de recursos que

aumentem sua qualidade de vida durante o processo de envelhecimento (Pedro, Cavalcanti-Bandos,

Costa & Antunes, 2013).

O conceito de envelhecimento ativo traz uma conotação positiva a esse período e engloba

todas as áreas da vida do ser humano. Fatores determinantes como o gênero e a cultura de cada

indivíduo vão influenciar na maneira como esse processo é visto. As ações políticas e sociais

programadas com o objetivo de favorecer o envelhecimento ativo devem garantir o acesso aos

serviços de saúde e de assistência social; à participação do idoso em todos os âmbitos da vida em

sociedade, nos aspectos físicos, ambientais, econômicos e de segurança, visando que o idoso tenha

uma maior qualidade de vida no envelhecimento. Este conceito tem sido reformulado e reforçado,

sendo necessário, portanto, um comprometimento do Governo e das autoridades para assegurar que

esses direitos sejam respeitados (Organização Mundial de Saúde-OMS, 2010; Ribeiro, 2012).

Para Nicolau, Mecenas e Freitas (2015), o engajamento no envelhecimento ativo faz com

que o idoso continue realizando suas atividades sociais e isso ameniza os impactos desse período,

pois envolve a interação da saúde física e mental, propiciando a independência para que realize

suas atividades diárias. Segundo Silva (2014), é muito importante que o idoso, dentro de suas

possibilidades, participe de atividades físicas, esse fator colaborará, inclusive, para que esse idoso

fique menos sujeito a apresentar sintomas de fragilidade.

De acordo com Nascimento (2010), outro fenômeno que podemos considerar é a

Feminização da Velhice, essa tendência se dá porque em âmbito mundial e nos vários contextos

históricos, culturais e sociais a taxa de mortalidade do gênero feminino é menor em relação ao

masculino, fato que altera o crescimento das populações em relação ao gênero. Vários fatores

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colaboram para uma maior longevidade feminina, entre eles: a inserção da mulher no âmbito do

trabalho, que proporciona maior possibilidade de autocuidado e manutenção de uma vida mais

saudável e consultas médicas frequentes. Outro fato que concorre para a longevidade feminina é a

propensão que as mulheres têm de desenvolver doenças crônicas incapacitantes em longo prazo,

enquanto que os homens têm a tendência de desenvolverem doenças fatais (Moura, Domingos &

Rassy, 2010; Kemp, Ball & Perkins, 2012).).

A mulher sempre ocupou vários papeis na sociedade e as inúmeras funções que lhe são

imputadas, fazem com que ela tenda a ser dinâmica e arque com muitas tarefas, tanto no contexto

familiar, como na vida em sociedade em geral. Em estudo realizado por Almeida, Mafra, Silva e

Kanso (2015), foi traçado um perfil de mulheres idosas que participam ativamente da vida social e

ajudam suas famílias. Observou-se que além das muitas responsabilidades com as tarefas do lar e

muitas vezes uma jornada dupla, no trabalho e em casa, 40% dessas idosas usavam os benefícios

da aposentadoria para contribuírem com a renda familiar. Ressaltou-se que mesmo vivenciando a

velhice, as idosas estão exercendo ativamente seu papel, sendo responsáveis pelo cuidado dos

cônjuges, da educação dos netos, trabalhando no lar e pelo bem-estar da família.

Diante do exposto, podemos distinguir a velhice que é vivida de forma mais saudável, na

qual as perdas das capacidades funcionais estão dentro do esperado e a velhice mais patológica que

é vivenciada com a presença de doenças que comprometem a qualidade de vida do idoso,

provocando perdas mais aceleradas, evidenciando assim uma velhice mais fragilizada que é o tema

do próximo subtítulo.

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1.2 Fragilidade e necessidade de cuidados na velhice

O processo de envelhecimento muitas vezes fica bem evidenciado por suas características

somáticas e fisiológicas, devido às transformações sofridas pelo organismo. Com a redução das

capacidades morfológicas, funcionais, psicológicas e bioquímicas ocorre a diminuição da

capacidade do indivíduo para se adaptar às condições do ambiente. Com isso, aumenta o risco do

idoso ter resultados negativos à sua saúde, e assim, necessitar de cuidados especiais (Neri, 2013;

Caljouw et al., 2014).

No entanto, cada indivíduo vivencia esse processo de forma diferente. Há aqueles que

demonstram ter um potencial de saúde tanto física quanto mental mais preservado, conquistando

assim uma melhor qualidade de vida na velhice. Essa condição é caracterizada pela presença de

poucas doenças, autonomia na realização de suas atividades e na capacidade de autocuidado. Por

outro lado, existem os indivíduos que pelas mais variadas razões não dispõem de uma boa

qualidade de vida, sendo observado nestes casos sintomas como dores crônicas, inatividade,

sintomas depressivos, entre outros, que podem levar a um quadro de Síndrome da Fragilidade

(Neri, 2013; Costa, Castro & Acioli, 2015).

De acordo com estudos realizados por Macuco et al. (2013) e Muniz et al. (2014), é

prioridade da saúde pública que se tenham critérios para definir a Síndrome de Fragilidade, uma

vez que não se trata de uma doença especifica e sim um declínio na capacidade do organismo para

responder aos eventos estressantes, que se dá devido ao desgaste sofrido ao longo dos anos. É

necessário que se identifique que o idoso realmente esteja sofrendo da síndrome, para que

intervenções pontuais sejam realizadas visando uma melhor qualidade de vida nestes casos.

Foram estabelecidas cinco características fenotípicas para identificar a síndrome, são elas:

perda de peso não intencional, fadiga, baixa força de preensão, lentidão e desequilíbrio durante a

marcha e ao realizar atividades domésticas ou exercícios físicos e por fim, baixa taxa de gasto

calórico. Dentro desta perspectiva se o indivíduo apresentar três das cinco características, pode ser

considerado um idoso frágil e caso apresente apenas duas delas, é considerado um idoso pré-frágil.

(Neri, 2013).

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De acordo com Lourenço (2010), entre 10% e 25% dos idosos com mais de 65 anos

encontram-se no subgrupo de idosos que sofrem da Síndrome da Fragilidade. Entre os vários

sintomas apresentados estão as alterações neuromusculares, resultando num quadro de sarcopenia,

que corresponde à perda de massa muscular esquelética, fazendo com que o idoso não consiga

realizar atividades físicas, tenha dificuldade na absorção de insulina e termorregulação, causando

um desgaste fisiológico muito grande. Outro sintoma apresentado nos quadros de fragilidade são

as disfunções neuroendócrinas, que são responsáveis pela produção hormonal e a diminuição da

capacidade do sistema imunológico.

Muitos fatores estão associados à fragilidade do idoso. Podemos exemplificar com o

trabalho de Silva (2014), que apresenta um estudo com idosos considerados saudáveis e ativos

socialmente, que participam de atividades em quatro centros de convivência em Campina Grande

na Paraíba. Os resultados da pesquisa constataram que as pessoas que faziam exercícios físicos

com maior frequência apresentavam menores características de fragilidade, enquanto que os

indivíduos sedentários alcançaram escores compatíveis ao quadro de fragilidade.

Em outro estudo realizado por Souza, Bezerra, Quental, Sobreira e Feitosa (2014), com

idosos de duas Instituições de Longa Permanências para Idosos (ILPI) na cidade de Sousa na

Paraíba, foi constatado que 80% dos idosos foram classificados como frágeis e 20% pré-frágeis.

Os autores ressaltam que entre os idosos frágeis ficou destacado o grupo de tabagistas e ex-

tabagistas com maior grau de fragilidade, mostrando que as atitudes da vida pregressa têm grande

relevância na qualidade do envelhecimento.

A questão da fragilidade afeta muito a qualidade de vida do idoso, pois o quadro vem

acompanhado de doenças crônicas incapacitantes, o idoso fica mais propenso a sofrer quedas, os

episódios de depressão tendem a se intensificar, além de quadros de desnutrição, incontinência e

demências que podem fazer com que o indivíduo passe por hospitalizações e tenha maior risco de

morte. Ao propor um fenótipo para identificar os casos de fragilidade dá-se a impressão de que

apenas os fatores biológicos são responsáveis pela síndrome, mas outros fatores como hábitos de

vida, características genéticas, padrões socioculturais e doenças sofridas ao longo da vida, poderão

ser fortes desencadeadores da Síndrome da Fragilidade (Carvalho Filho & Alencar, 2010; Fattori

et al., 2013).

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Para descrever quais os aspectos da fragilidade e sua possível associação com os fatores

econômicos, demográficos e psicossociais, foi feito um estudo multicêntrico pioneiro no Brasil, o

Estudo FIBRA- Fragilidade em Idosos Brasileiros. Para que esse estudo fosse realizado, foi firmada

desde 2008 uma parceria com diversas instituições federais, que formam a Rede Fibra. Esta

pesquisa envolveu idosos de 65 anos acima, que moram em diversos locais do país e teve como

principal objetivo, identificar se há relação entre indicadores de fragilidade e variáveis

socioeconômicas e demográficas (Neri et al., 2013b).

Neste estudo observou-se que entre os idosos frágeis em sua maioria, estavam as mulheres

correspondendo a 67% da amostra, idosos viúvos com renda mensal igual ou inferior a um salário

mínimo e idosos com 80 anos ou mais. Comparando mulheres e homens com faixa etária entre 65

e 79 anos, observou-se que as mulheres apresentam maior vulnerabilidade. A proporção de idosos

mais frágeis foi encontrada na população viúva e entre os idosos com situação financeira mais

desfavorável e baixo nível cultural (Neri, Santimaria, Yassuda & Siqueira, 2013c).

Entre os vários fatores que podem fazer com que o idoso fique vulnerável, pode-se se citar

várias patologias que afetam os aspectos cognitivos e emocionais como a depressão e as demências,

que são fortes agentes na diminuição da qualidade de vida do idoso. A depressão consiste em perda

do prazer na realização das mais diversas atividades e um acentuado rebaixamento do humor,

causando assim, um grande sofrimento emocional para o indivíduo. Os sintomas podem variar

muito em relação a cada pessoa, mas a fadiga, a agitação ou lentidão psicomotora e alterações do

apetite e do sono são mais comuns entre os indivíduos idosos se comparado aos de outras faixas

etárias (Paradela, 2011).

Buscando uma melhora nos sintomas depressivos em idosos, muitas vezes se propõe

tratamentos medicamentosos e também psicoterapêuticos. Em seu estudo, Gil C. (2010),

apresentou uma proposta de intervenção terapêutica grupal para idosos utilizando a Oficina de

Cartas, Fotografias e Lembranças. Como resultado observou-se, entre outros aspectos, que houve

uma melhora na qualidade de vida e uma redução dos sintomas depressivos dos idosos que

participaram do enquadre proposto, sendo que essa forma de psicoterapia grupal favoreceu uma

maior integração dos participantes, bem como a possibilidade de recordação saudável.

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Existe uma dificuldade muito grande em diagnosticar a depressão na velhice, pois os

distúrbios de humor são frequentes entre os idosos. O Transtorno de Depressão Maior, os sintomas

depressivos clinicamente significativos (SDCS) e o Transtorno Distímico podem se tornar

crônicos, o que dificulta o tratamento e com isso pode aumentar o risco de suicídio, isolamento

social e dependência funcional (Paradela, 2011; Batistoni et al., 2013; Dal Bello-Haas et al., 2014).

As demências de maneira geral se caracterizam por uma deficiência cognitiva progressiva,

que resulta do declínio das capacidades intelectuais do indivíduo. Ocorre a perda da memória,

distúrbios de atenção e concentração e diminuição da capacidade de resolução de problemas. No

início os sintomas são considerados como pequenas distrações comuns ao envelhecimento. Esse

processo ocorre de forma lenta e muitas vezes não chamam a atenção dos familiares, exceto,

quando o quadro demencial já está instalado. As perdas de memórias, capacidades cognitivas,

confusão de pensamento, dificuldades da fala e da coordenação motora trazem interferências na

execução das atividades de vida diária, na vida em família, nos relacionamentos sociais e

profissionais da pessoa acometida pela patologia (Braga, 2014-2015).

Dentre as muitas enfermidades decorrentes do envelhecimento que causam transtornos

cognitivos significativos está a Doença de Alzheimer, que atualmente pode ser considerada a

enfermidade mais comum. Sua incidência é de três para um em mulheres, podendo ser identificada

pelos seus sintomas inicias a partir dos quarenta anos, sua incidência fica mais evidenciada em

indivíduos a partir dos 65 anos. Os sintomas apresentados, apraxia, alexia, agrafia e afasia, são

detectados desde o início da doença e vão se agravando no seu decorrer, levando o indivíduo à

perda total de todas as suas funcionalidades (Ducharme, Le’Vesque, Lachance, Kergoat &

Coulombe, 2011; Moura, 2011).

Para Delfino e Cachioni (2016), o espectro da Doença de Alzheimer ocorre de maneira

multidimensional, desde um leve comprometimento na cognição, até um avançado estado de

demência. O idoso apresenta comportamentos sociais e sexuais inadequados, se torna agressivo,

queixoso, demonstra estados de ansiedade e depressão, tem o período de sono instável, acordando

várias vezes durante a noite. Para a pessoa que realiza seus cuidados, a tarefa se torna mais difícil,

pois o idoso costuma rejeitar e perseguir o cuidador. Segundo as autoras esses sintomas

psicológicos e comportamentais, se dão pelos fatores neurobiológicos, doenças psiquiátricas já

existentes, traços da personalidade e problemas relacionados ao ambiente que vive e ao cuidador.

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Com isso, a tarefa de cuidar desse idoso acarreta uma sobrecarga muito grande àquele que lhe

presta cuidados.

Segundo Paschoal (2014- 2015), entre as características da Demência de Alzheimer além

de ter maior prevalência no gênero feminino, fatores como os aspectos socioeconômicos, idade e

nível de escolaridade, podem interferir no diagnóstico precoce e no tratamento. Isso se dá, pois

quanto maior for o nível intelectual e financeiro, maior é a probabilidade do idoso ter acesso aos

serviços de saúde e exames específicos que determinem a ocorrência da doença e diante disso, ter

condições para arcar com medicamentos mais caros e de última geração, garantindo assim, uma

melhor qualidade de vida e retardamento dos efeitos da doença.

A doença de Parkinson também tem uma grande incidência e afeta igualmente homens e

mulheres apresentando sintomas como tremores de repouso, instabilidade postural, rigidez

muscular e diminuição da mobilidade. Há também outros tipos de demências decorrentes do

envelhecimento, mas que não são muito divulgadas pela mídia como a Doença de Pick, Demência

na doença de Creutzfeldt-Jacob (Vaca Louca), a Doença de Hurtington, demência vascular causada

pela ruptura de vasos sanguíneos do cérebro entre outras (Moura, 2011).

Em estudo realizado por Araújo e Nicoli (2010), outras demências que ocorrem na

população pré-senil e senil são: Demência do Corpo de Lewy (DCL), Demência Frontotemporal

(DFT), Demência Vascular (DV), entre outras. Foi ressaltado que além da idade, fatores genéticos

e ambientais, assim como o histórico clínico, tem influência direta para traçar o perfil

neuropsicológico de cada indivíduo e diagnosticar as demências.

Todas essas doenças somadas às perdas das funcionalidades fazem com que o idoso não seja

apto para realizar suas atividades, tornando-se muitas vezes dependente do cuidado de outras

pessoas, gerando assim, uma dependência física. Outro tipo de dependência que pode ser

identificada é a comportamental, na qual o indivíduo acha-se incapaz de realizar suas funções

passando esta tarefa a outros (Borges et al., 2015).

Ainda segundo os autores, as dependências também podem ser classificadas como baixa:

quando o idoso realiza suas funções necessitando apenas da supervisão de outros; média: quando

o idoso realiza algumas atividades mais simples, mas precisa que alguém o auxilie em algum

momento para a execução das tarefas mais complicadas e dependência elevada: quando por não ter

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capacidade física ou psicológica, necessita de cuidado intensivo para realização de todas as suas

atividades.

Muitas são as causas que podem tornar o idoso dependente de cuidados especiais e por essa

razão há uma preocupação muito grande das famílias em poder dar conta dessa demanda. Imbuídas

no intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida no envelhecimento, os pesquisadores da

área buscam desenvolver projetos que deem maior sustentação ao idoso e seus familiares, levando

em consideração que no envelhecimento patológico ocorre maior comprometimento do idoso,

fazendo com que haja uma exposição maior aos fatores de risco (Queroz, 2013; Guariento et al.,

2013).

Devido à necessidade de cuidado que a velhice fragilizada requer, justamente pela perda da

autonomia e independência, há a necessidade muitas vezes de oferecer cuidados especiais a esse

idoso. Para que essa demanda seja atendida, torna-se cada vez mais necessário o preparo de pessoas

que possam atuar como cuidadoras de idosos, auxiliando o cuidador primário ou tendo sobre si a

responsabilidade total pelo idoso a seus cuidados.

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1.3 Cuidadores de idosos

Derivada do latim cogitare, “a palavra cuidado significa cogitar a respeito de alguém, dar

assistência, ter cuidado consigo mesmo ou com o outro, refletir, imaginar e pensar, referindo-se ao

zelo e à cautela com que se cuida de outra pessoa, demonstrando responsabilidade e preocupação

com o bem-estar daquele que é cuidado” (Houaiss, 2015, p. 276). Esta relação envolve sentimentos

e atitudes de solidariedade, trazendo sobre a função de cuidador a conotação de um sujeito

diligente, que assume a incumbência de auxiliar e executar as funções em prol de uma pessoa, que

por inúmeras razões, teve diminuída ou perdeu sua autonomia. Embora a fragilidade ou

incapacidade funcional possa acometer qualquer pessoa em qualquer fase de sua vida, é no período

do envelhecimento que essas situações podem ter maior incidência (Queroz, 2013).

As muitas definições atribuídas à palavra “cuidado” exprimem a importância deste ato em

favor do outro, mas também, vem imbuída de muita responsabilidade e uma grande sobrecarga que

pode ser depositada sobre o cuidador. Entre os vários tipos de cuidados prestados à pessoa idosa

pode-se destacar a relevância do “cuidar em saúde”. Este conceito é muito abrangente, pois envolve

dimensões subjetivas e objetivas, não podendo ser interpretada apenas à luz de um saber técnico,

quando, por exemplo, um profissional de saúde ministra uma determinada medicação (Cruz, 2009;

Queroz, 2013).

É importante considerar essa relação também do ponto de vista da intersubjetividade, pois

o ser humano tem capacidade de se inter-relacionar com seu próximo e diante dessa reciprocidade

de ideias, as necessidades do outro são levadas em consideração. Com isso se abre um espaço para

a negociação dos saberes, conciliando técnicas biomédicas e técnicas não científicas, observando

o “ser humano” a quem estão sendo dedicados os cuidados e não apenas uma relação “sujeito-

objeto”, na qual o cuidador veria o idoso apenas como objeto de trabalho, não levando em

consideração sua história de vida e subjetividade (Cruz, 2009; Jacobs, Groenou & Deeg, 2014a).

A procura cada vez maior pela contratação do profissional cuidador de idosos se dá por

inúmeros fatores, entre eles, a mudança no panorama familiar, não havendo a possibilidade de um

parente que cuide do idoso, recorre-se a um profissional capacitado. Com isso, pode-se inferir que

a atividade constante por parte das participantes, ocorre pela quantidade ainda insuficiente de

profissionais capacitados para atuar como cuidadores de idosos (Camarano & Mello, 2010).

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A revisão teórica realizada revelou a dificuldade em encontrar uma definição exata para o

conceito de cuidador, pois muitas vezes os significados são muito diferentes. Alguns autores como

Witter C. e Camilo (2011) e Barbosa, Figueiredo, Sousa e Demain (2011a), trazem o conceito do

cuidador primário, que é aquele que cuida do idoso por um tempo maior e tem sobre ele todas as

responsabilidades inerentes ao idoso e o cuidador secundário, que auxilia o primário tendo uma

menor carga de responsabilidade. Segundo as autoras é denominado cuidador formal um

profissional da área da saúde que se ocupa em prestar cuidados a idosos, ou pessoas com curso

específico para realizar esse trabalho, tanto em ambiente institucional, quanto domiciliar.

Denomina-se cuidador informal qualquer pessoa da família ou amigo que cuide do idoso sem

receber nenhuma remuneração, como também, pessoas leigas que mesmo remuneradas, não tem

nenhum tipo de curso para trabalhar na área (Ferreira, 2015).

Diante dos múltiplos conceitos referentes a essa questão Rocha e Pacheco (2013),

consideram o cuidador formal um profissional contratado e remunerado para exercer o cuidado da

pessoa idosa, seja este da área da saúde, alguém com curso especifico ou não, e cuidador informal

um parente ou pessoa próxima que realiza esse cuidado de maneira gratuita. Na presente pesquisa,

optou-se por essa segunda definição, considerando cuidador formal domiciliar de idosos, as pessoas

com ou sem formação específica, que sejam contratadas e remuneradas para cuidar do idoso.

Devido ao aumento da população idosa, há uma mobilização muito grande por parte do

Governo na constituição de leis que assegurem a este cidadão o direito de envelhecer com todo

cuidado e assistência. Diante desta preocupação, foi aprovada no Brasil em 4 de janeiro de 1994 a

Política Nacional do Idoso (PNI), que traz diretrizes assegurando os direitos sociais à pessoa idosa.

Garantindo sua participação e integração efetivas na vida em comunidade e o exercício de sua

cidadania. Sendo assim, fica por responsabilidade do Estado, da família e de toda a sociedade dar

todos os subsídios para que o idoso tenha uma vida digna, com qualidade e bem-estar, não podendo

passar por nenhum tipo de discriminação devido a sua idade (Magalhães, 2015).

Para que as estratégias da PNI fossem eficazes, foi dada autonomia aos estados e municípios

para instituir órgãos setoriais de assistência a esta população. Foi formulado o Plano de Ação

Conjunta, que tem como diretrizes promover a integração e a participação do idoso com as demais

gerações, dar prioridade ao atendimento do idoso em suas necessidades e promover a realização de

ações preventivas e curativas, divulgar os serviços oferecidos a esse público e fomentar pesquisas

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com relação ao envelhecimento. Entre outras atividades, elaborar ações para reciclar e capacitar

profissionais da área de geriatria e gerontologia e aplicar todas as formas de cuidado ao idoso

(Magalhães, 2015).

Mesmo diante de leis que garantam direitos aos idosos, devido ao caráter gregário do ser

humano, as redes sociais de apoio são vitais para atender às motivações básicas de cada um, pois

todos querem se sentir valorizados, amados e cuidados. Essas redes de apoio podem ser designadas

com formais e informais e vão sofrer influência dos aspectos históricos, sociais e culturais nos

quais estão inseridas e quando se trata da pessoa idosa, essas redes têm características específicas.

Um ponto em comum encontrado nas mais diversas culturas é o cuidado prestado pela família,

embora cada uma tenha suas peculiaridades, é a família de maneira geral, quem se responsabiliza

pela assistência prestada aos seus idosos (Santos, 2013; Costa et al., 2015).

De acordo com Ferreira et al. (2015a) existem vários fatores que atuam na escolha da pessoa

que ficará com a responsabilidade pelo cuidado do idoso: o grau de parentesco, pois muitas vezes

é um dos cônjuges que se encarrega de cuidar do outro; o gênero, pois na maioria dos casos é a

mulher quem exerce este papel, sejam elas esposas noras ou filhas. As autoras ressaltam que

historicamente já fica por conta das mulheres, o cuidado da casa, das crianças, dos enfermos da

família e também dos idosos e esse fato ocorre de forma tão natural, que gera um sentimento de

dever em assumir esse papel diante da família e da sociedade.

De acordo com estudo realizado por Costa et al. (2015), são muitos os fatores que cooperam

para uma visão negativa do cuidado. Segundo o levantamento dos dados, o cuidador familiar muitas

vezes tem uma carga horária de dezesseis horas diárias e sete dias por semana. Entre seus afazeres,

tem que ajudar total ou parcialmente em todas as atividades do idoso, tolerando suas mudanças de

humor, sem poder contar com o auxílio de outros familiares, ainda tendo que lidar com a cobrança

por parte deles, quando à suas atitudes diante do idoso cuidado. Características como essas podem

gerar um quadro de sobrecarga emocional e prejudicar o autocuidado do cuidador.

Devido ao aumento da expectativa de vida, é cada vez mais frequente encontrar idosos que

cuidam de idosos no âmbito da família. Em Estudo realizado por Camilo, (2015) com o objetivo

de caracterizar o perfil de um grupo de idosos cuidadores familiares, observou-se que 93,3% dos

cuidadores eram cônjuges do gênero feminino. Ao analisar a correlação entre o conceito de

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qualidade de vida e habilidades sociais, verificou-se que os participantes de maneira geral, tem boa

concepção sobre sua qualidade de vida e conseguem lidar bem com os fatores estressantes. Embora

reconheçam que há uma grande sobrecarga envolvendo o ato de cuidar do idoso dependente e

conciliar as tarefas da casa, conseguem dar conta dessa demanda.

Outro fator que ficou evidenciado neste estudo foi o fato que os participantes relacionaram

ter uma boa qualidade de vida com autonomia e relações interpessoais. Para manter essas boas

relações pessoais, o cuidador procura dar conta das demandas do idoso e não solicita que outras

pessoas ou parentes o ajudem, ficando extremamente sobrecarregado. Desta maneira, quanto maior

for sua autoeficácia para cuidar do idoso, menor é o controle da agressividade, pois devido à

sobrecarga, o cuidador pode vir a perder o controle e ficar vulnerável à agressão.

Executar o papel de cuidar de um idoso fragilizado pode mobilizar diversas emoções por

parte daquele que exercerá tal função e imprescindivelmente para o idoso dependente também.

Esse cuidado exige que recursos pessoais sejam acionados por parte de todos os envolvidos na

problemática, colocando o indivíduo em contato com toda a sua capacidade de lidar com situações

adversas, lançando mão de estratégias de enfrentamento que funcionarão como mediadoras

cognitivas, que determinarão as decisões e o curso a ser tomado para resolver cada situação (Neri,

2013).

A saúde do cuidador informal de idosos tem sido a pauta de várias pesquisas e pode-se

observar que independente do gênero, essa tarefa traz uma sobrecarga muito grande sobre quem

cuida, seja a esposa, a filha, a nora, o marido ou o filho. Em estudo realizado por Oliveira,

Bernardino e Pagliarde (2013), envolvendo quinze cuidadores familiares de idosos, catorze

mulheres e um homem, ficou constatado que o cuidador sofre uma sobrecarga muito grande e esse

fator influencia em seu conceito de bem-estar subjetivo. Uma das questões levantadas por esses

cuidadores é o excesso na requisição de cuidados feita pelo idoso e a impossibilidade de terem uma

vida privada mais satisfatória, uma vez que embora tenham suas próprias famílias, moram na

mesma casa que os idosos.

A maneira como se dá a relação entre cuidador informal e idoso também é objeto de

interesse dos pesquisadores, pois a compreensão desta relação envolve aspectos emocionais,

sociais e culturais. Em pesquisa feita por Carneiro e França (2011), com a participação de 100

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cuidadores informais residentes no estado do Rio de Janeiro, foram investigados os tipos de conflito

que ocorrem nesta relação. Dois fatores foram analisados: os aborrecimentos do dia a dia e o

criticismo dos idosos, que são fatores que fazem com que ocorram conflitos entre eles e seu

cuidador. Também foi identificado neste estudo, que o idoso que tem um cônjuge provoca menos

conflitos com seus cuidadores, do que os idosos que estão sozinhos. Ressaltou-se a necessidade de

que os cuidadores sejam submetidos a treinamento e atendimento psicológico, para que possam

lidar melhor com esses fatores estressantes.

Mesmo diante de muitas diferenças culturais, sociais e econômicas, observa-se que em

pesquisas realizadas em outros países, a mesma preocupação, quanto à qualidade de vida do

cuidador familiar de idosos exposto (Neri & Sommerhalder, 2011). Em Estudo realizado por

Sanders e Power (2009), na cidade de Iowa, nos E.U.A., mostra que nos últimos 20 anos os

principais cuidadores familiares de idosos são os cônjuges, também já em idade avançada. O estudo

também revela o aumento no número de maridos que cuidam de suas esposas, pois julgam que

devido aos laços afetivos que os unem, estão mais aptos ao cuidado, reforçando ainda mais essa

união.

Uma pesquisa realizada por Pimenta, Costa, Gonçalves e Alvarez (2009), na Região do

Porto em Portugal e replicada em cinco capitais brasileiras, buscou traçar o perfil do cuidador

familiar de idosos fragilizados. O estudo mostrou que havia um sentimento ambíguo entre os

participantes, tanto de sobrecarga pela exigência do cuidado, quando de orgulho e satisfação por

não ter desamparado seu idoso e pelo sentimento de dever cumprido. Foi verificado que o estado

de saúde desses cuidadores também estava alterado e que não conseguiam lidar bem com os

problemas de comportamento dos idosos a seus cuidados, ressaltando neste caso, a necessidade de

serviços assistenciais voltados ao cuidador.

Observa-se que povos de diferentes culturas tem maneiras distintas de lidar com seus idosos.

Em Estudo realizado por Clay (2009), em Washington, U.S.A. com cuidadores idosos de

comunidades e etnias diferentes, mostra que o americano caucasiano, quando percebe que não tem

mais condições de se cuidar sozinho, recorre às Instituições de Longa Permanência para idosos. Já

a colônia chinesa não cogita a ideia de deixar seus idosos a cargo de outras pessoas se não a família,

devido ao respeito que têm aos seus antepassados e ao conceito que é desonroso diante da sociedade

que uma família não zele por seus idosos.

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Neste mesmo estudo, a autora relata que há uma preocupação muito grande quando à saúde

física e psicológica do cuidador de idosos, por esta razão é oferecido um atendimento psicológico

destinado a esses cuidadores, porém a aderência ao programa é muito pequena por parte das

comunidades vietnamitas, chinesas e dos povos que falam a língua espanhola. Segundo a

pesquisadora, os membros dessas comunidades não participam dos atendimentos, porque de acordo

com sua cultura, não se deve falar em público sobre o que acontece no ambiente doméstico. Esses

cuidadores alegam também que poder cuidar de um ente querido ou de uma pessoa que necessita

de cuidados é um ato honroso para quem o executa (Clay, 2009).

Foi realizado na cidade de Faro em Portugal, um estudo que trata sobre a relação entre o

estresse psicológico a que fica submetido o cuidador familiar de idosos e sua adaptação psicológica.

Ficou constatado que todos os agravantes na saúde do idoso, como escaras e lesões corporais

causam preocupação e sensação de incapacidade ao cuidador. Outro fator estressante é a falta de

ajuda de outros familiares ou não poder contar com um cuidador secundário. Para lidar com esses

fatores, de maneira geral, eles lançam mão de seus recursos psicológicos buscando uma visão

menos negativa do ato de cuidar, levando em conta seu comportamento altruísta em poder dar

assistência a um ente querido que necessite (Rocha & Pacheco, 2013).

Devido às mudanças ocorridas no panorama familiar, observa-se cada vez mais a

necessidade da ampliação das redes de apoio ao idoso fragilizado, pois na ausência de familiares

recorre-se à rede formal de apoio. Segundo Camarano e Mello (2010), a Rede de Apoio Formal é

estabelecida por profissionais remunerados para prestar cuidados aos idosos, são elas: clínicas

geriátricas, instituições de longa permanência, hospitais, ambulatórios e unidades de apoio

domiciliar, que garantem melhor qualidade de vida a esta população e seus familiares. Quando se

considera os cuidados domiciliares, a função de cuidador formal pode ser exercida por um

empregado doméstico, que por alguma eventualidade, passa a exercer esse trabalho e

posteriormente pode ou não fazer algum curso específico de aperfeiçoamento ou por um cuidador

especializado.

Desde o ano de 1982 foi criada a ocupação de cuidador de idosos e para que fosse possível

o registro em carteira desde profissional, em 9 de 0utubro de 2002, sob o número 5162 na

Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), designa a função ocupacional de cuidadores de

crianças, jovens, adultos e idosos, sendo o CBO 5162-10 específico para cuidadores de idosos.

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Diante da necessidade de critérios mais estabelecidos para a formação e capacitação de

profissionais, em 12 de setembro de 2012, o Projeto de Lei 284/2011, foi regulamentado pela

Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Nacional, a profissão de Cuidador de Idosos. Essa

regulamentação foi realizada em turno suplementar, seguindo então, para votação pela Câmara dos

Deputados (Brasil: Agência Senado, 2012).

Nesta ocasião foi ressaltada quais são as tarefas que realmente devem ser executadas pelo

profissional cuidador de idosos. Foi designado que o cuidador deve prestar assistência exclusiva

ao idoso a seus cuidados, ajudando-o em suas rotinas nutricionais, ambientais e pessoais, não

cabendo a esse profissional as tarefas comuns de limpeza e serviços domésticos. O profissional

cuidador também deve atuar no auxílio à mobilidade do idoso, na administração de medicamentos,

acompanhamento em consultas, atividades de recreação, cultura, lazer e educação (Brasil: Agência

Senado, 2012).

Para que o cuidador possa desempenhar suas funções com eficiência e qualidade é preciso

que ele desenvolva habilidades como a empatia e a sensibilidade, para atender ao idoso dando-lhe

suporte e acolhimento nas mais diversas circunstâncias. Na grande maioria dos casos, as pessoas

que prestam atendimento ao idoso não tem uma formação adequada, mesmo que seja alguém que

foi contratado especificamente para essa função. No caso do cuidador formal essa falta de preparo

além de desqualificar o trabalho oferecido, pode acarretar uma sobrecarga ao cuidador

despreparado, havendo a necessidade de aprimoramento profissional (Witter G. & Camilo, 2011;

Scarpellini, Loro, Kolankiewicz, Gomes & Zeitoune, 2011).

Segundo Sampaio, Rodrigues F., Pereira, Rodrigues S. e Dias (2011), o cuidador ideal seria

aquele que ao ter conhecimento sobre várias áreas da saúde, apresentasse também domínio sobre

os diversos aspectos do processo de envelhecimentos, podendo assim, dar maior assistência ao

idoso por ele cuidado. Há uma necessidade muito grande de capacitação destes profissionais e

desse modo é preconizada nas diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa a

necessidade que o profissional que presta assistência ao idoso, desenvolva habilidades e ofereça

um atendimento humanizado e ético propiciando ao idoso, um envelhecimento saudável com

qualidade de vida e dignidade.

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De acordo com Garcia S., Panfílio, Córdoba, Grespan e Garcia R. (2011), foram

estabelecidos parâmetros para a formulação de cursos de cuidadores formais com os seguintes

critérios: O conteúdo deve abordar os aspectos do envelhecimento, o conhecimento das doenças

que acometem a pessoa idosa e condições para manter uma boa saúde. Ter informações sobre a

legislação e as redes de serviço, compreender as relações interpessoais envolvendo o idoso, a

família e o trabalho do cuidador, conhecer a ética na função e o autocuidado que ele deve ter

consigo mesmo. A proposta do curso é que o aluno obtenha habilidades técnicas e os

conhecimentos necessários para que possa exercer com propriedade suas funções.

Batista, Almeida e Lancman (2014a), trazem um estudo sobre cursos de capacitação para

cuidadores de idosos em vários níveis, fossem esses cuidadores familiares, não familiares ou

institucionais. Foi criado o Programa Nacional de Cuidadores de Idosos, segundo a Portaria

Interministerial nº 5.153/99, no qual objetivava-se capacitar as pessoas a prestar um atendimento

de qualidade à população idosa, visando a promoção de saúde, manutenção da funcionalidade e

prevenção de incapacidades em idosos.

O Programa visava capacitar cinco mil pessoas no prazo de cinco anos, para prestarem

cuidados e atuarem como formadores de novos cuidadores, porém, embora os cursos tenham sido

ministrados em diferentes regiões do país, a proposta não foi atingida. Isso se deu devido a criação

de cursos com diretrizes diversificadas, trazendo questionamentos dos profissionais da área da

enfermagem sobre quais seriam as atividades possíveis de serem realizadas pelos cuidadores. Outra

questão levantada referia-se a quem delegaria essas funções a eles e os orientaria, uma vez que

muitas das funções realizadas pelos cuidadores, faziam parte do currículo dos profissionais da

enfermagem. Foi sugerido diante disso, que enfermeiros compusessem o quadro docente dos cursos

para cuidadores de idosos e esses cursos fossem adequados às necessidades de cada localidade.

Até bem pouco tempo atrás, na década de noventa, era muito comum que o cuidador de

idosos fosse ou enfermeiro ou técnico em enfermagem, o que supria a necessidade de alguém que

ministrasse os medicamentos e cooperasse com a equipe de saúde na manutenção dos tratamentos

médicos, porém não havia a exigência de uma preparação específica para o cuidado do idoso. Em

estudo realizado por Kawasaki e Diogo (2001a), as pesquisadoras buscaram traçar um perfil sobre

quem eram as pessoas que ofereciam nos jornais de alta circulação de Campinas-SP, seus serviços

como cuidador formal de idosos.

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Foi observado que dos 41 participantes, 39 eram do gênero feminino, com faixa etária entre

31 e 50 anos e 31 deles tinham experiência anterior em cuidar de seus próprios parentes idosos, o

que fazia com que se sentissem capazes para cuidar de outra pessoa idosa. Observou-se que 75,6%

dessas pessoas estavam desempregadas e se anunciavam como cuidadores para suprir suas

necessidades financeiras, 12,1% se ofereciam para realizar o cuidado ao idoso em ambiente

hospitalar, pois tinham conhecimento em enfermagem, com jornada de trabalho de 12 horas na

maioria dos casos. Não foi encontrado entre os participantes, alguém que tivesse feito algum curso

preparatório específico para o cuidado de idosos. Quanto às atividades praticadas pelos

profissionais, correspondiam à área da enfermagem, muitas delas não sendo possíveis de serem

realizadas por um leigo (Kawasaki & Diogo, 2001b).

Anos mais tarde Siewert, Alvarez, Jardim, Valcarenghi e Winters (2014), realizaram uma

pesquisa com o intuito de traçar um perfil dos cuidadores de idosos, envolvendo 35 profissionais

residentes em Joinville, Santa Catarina. Observou-se que 93% dos cuidadores eram do gênero

feminino, 35% só haviam estudado até a quarta série do ensino fundamental e 32% tinham ensino

médio completo. Do total dos profissionais, 48% haviam feito pelo menos um curso preparatório

para Cuidadores de Idosos. Cerca de 51% trabalhavam em média 12 horas por dia. Ficou constatado

que a maioria destes cuidadores, além do cuidado com o idoso, realizava também algum tipo de

tarefa doméstica.

Ao fazer uma comparação entre as pesquisas de Kawasaki e Diogo, (2001a e 2001b) e

Siewert et al. (2014) pode-se observar que com o passar dos anos, ocorreram algumas mudanças

quanto à preparação do profissional cuidador. Uma delas é que atualmente essa área não se

concentra apenas nos profissionais de enfermagem, pois um maior número de pessoas de outras

áreas está buscando o aperfeiçoamento de seus conhecimentos em cursos preparatórios. Porém

muitos padrões ainda se repetem nos dias atuais, como a jornada de 12 horas e a contratação de

pessoas sem preparo específico para a função, indicando a necessidade de maior capacitação do

profissional cuidador, tanto na definição de suas atividades, quanto em lidar com os fatores

estressantes que podem influenciar em sua saúde e na qualidade do seu trabalho (Siewert et al.,

2014).

A demanda por uma rede formal de cuidado a idosos, tem crescido substancialmente, mas

observa-se que ainda há no imaginário das pessoas, uma visão preconceituosa quanto a internar o

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idoso numa Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), sejam elas privadas ou

filantrópicas. Essa imagem negativa pode ter como explicação o fato de que essas instituições

foram criadas no início para abrigar pessoas pobres, com problemas graves de saúde e que não

tinham uma família para lhe prestar cuidados, com isso, se tem a ideia que estar internada em uma

ILPI é sinônimo de abandono e pobreza (Camargos, 2015)

Mesmo com essa visão negativa, aumenta a procura por esse serviço, por idosos que não

possuem uma rede informal de apoio, porém há uma escassez de vagas, uma vez que o Governo

não consegue dar conta da demanda, as instituições particulares têm um custo muito alto e as

instituições filantrópicas, normalmente, carecem de vagas. Com vista nesta problemática foi

realizado por Camargos, (2015) um estudo sobre a quantidade de vagas oferecidas em ILPIs de

Minas Gerais. Foi constatado que 73,1% das instituições filantrópicas tem listas de espera e as

instituições privadas com lista de espera somam 47,6%, denotando que mesmo com os autos

valores cobrados, a necessidade por cuidados aos idosos é muito grande.

Ribeiro, Ferreira R., Magalhães, Moreira, Ferreira E. (2009), realizaram uma pesquisa com

181 cuidadores de ILPI, 83 trabalham em instituições privadas e 98 em instituições filantrópicas

na cidade de Belo Horizonte (MG). Tiveram como objetivo avaliar a qualidade do atendimento

prestado nestas instituições, não visando apenas a estrutura das mesmas, mas qual a percepção que

os cuidadores tinham deste cuidado. De acordo com o que foi levantado, a maioria dos cuidadores

era do gênero feminino, com idade média de 50 anos, tanto solteiros como casados e poucos

fizeram algum curso preparatório. A maioria dos participantes, principalmente das instituições

filantrópicas, relataram ter adquirido suas habilidades no exercício do cuidado aos idosos.

Em pesquisa realizada por Locatelli e Cavedon (2014), buscando identificar o perfil de

pessoas que se candidatavam a vagas para trabalhar em ILPI, foi observada a falta de preparo

específico para a prestação de cuidados ao idoso. Porém, devido à crescente necessidade de

contratação de profissionais e em vista do despreparo das pessoas que desejam exercer a função de

cuidador de idosos, foi sugerido que fossem realizados treinamentos e cursos de especialização

para o profissional cuidador, principalmente os que atuam nas instituições filantrópicas.

Para que seja realizado um atendimento de qualidade, que atenda às necessidades da

população idosa é preciso que o cuidador de idosos em ILPI, além de bem capacitado, tenha

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também um conhecimento sobre as características que envolvem a dependência no período do

envelhecimento. No estudo de Batista, Barros, Almeida, Mângia e Lancman (2014b), foram

encontrados três tipos de dependência que os idosos desenvolvem quando internados: a Física, a

Psicológica e a Comportamental. Essa terceira foi a que mais chamou a atenção dos cuidadores,

pois observaram que com o passar do tempo, os idosos não queriam realizar mais nenhuma

atividade sozinhos, julgando não serem capazes de realizá-las sem a ajuda de terceiros, denotando

uma grande dependência comportamental.

Foi constatado que, embora estes cuidadores tivessem conhecimento na área de

enfermagem, faltava-lhes um preparo específico para cuidar de idosos, havendo assim, a

necessidade da ampliação da capacitação em cuidados gerontológicos. Foi sugerida no final da

pesquisa a implantação de cursos e treinamentos para aperfeiçoar o cuidado prestado pelos

participantes, visto que se mostraram muito despreparados (Batista et al., 2014b).

Nos Estudos realizados por Barbosa, Cruz. Figueiredo, Marques e Sousa (2011b) e Souza

(2014), com a participação de cuidadores formais contratados para cuidar de idosos com Alzheimer

em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), também foi observado que há uma

necessidade muito grande de que se desenvolvam programas de apoio e preparo, para que os

cuidadores possam prestar melhor atendimento aos idosos e ao mesmo tempo que, também

participem de treinamentos e terapias buscando uma melhor qualidade de vida e trabalho para eles.

Observa-se uma concordância entre os trabalhos de Ribeiro et al. (2009), Locatelli e

Cavedon, (2014), Batista et al. (2014b) e Barbosa et al. (2011b), quanto a preparação dos

profissionais cuidadores de idosos que trabalham em ILPI. Os autores ressaltam a necessidade de

cursos específicos voltados à capacitação de cuidadores, preparando-os com conhecimentos

técnicos e referentes ao processo de envelhecimento. Foi abordada também, a necessidade de que

sejam oferecidas terapias a esses cuidadores, visando que eles desenvolvam estratégias de

enfrentamento dos estressores, melhorando assim, sua qualidade de vida e consequentemente, a

qualidade de seu trabalho.

O Estudo realizado por Manna (2013), que buscou conhecer o imaginário coletivo de

participantes de um curso na rede pública para cuidadores de idosos, mostra que o estado de

fragilidade no qual o idoso se encontra, interfere na capacidade de cuidado e gera impactos

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emocionais nos cuidadores. Portanto, é necessário que os cursos de preparação a cuidadores tenham

um foco voltado a esclarecer ao cuidador, todas as fases e dificuldades a que ficará sujeito o idoso

fragilizado e ensinar-lhes como lidar com esses fatores estressantes. Foi sugerido então, que os

cuidadores tenham acompanhamento psicológico continuado, participando de grupos e

consultorias terapêuticas, que lhes proporcionarão capacitação para lidar com as demandas do

cuidado ao idoso frágil.

Do ponto de vista governamental também há uma preocupação com a qualidade dos

serviços prestados por cuidadores e a necessidade de atender às demandas da população idosa.

Diante disto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) implementou o Programa Acompanhante de

Idosos (PAI), que consiste em dar assistência domiciliar ao idoso que sofre algum tipo de

dependência. Assim, quando o idoso não tem recursos financeiros, ou não pode contar com a

assistência de um familiar, pode recorrer a um cuidador de idosos designado pelo serviço público.

Este profissional normalmente não fica a cargo de um único idoso e divide sua carga horária para

prestar cuidados a vários idosos em domicílio (Manna, 2013).

Devido a essa demanda e à sobrecarga a qual fica exposto, o cuidador deve ser capacitado

nas práticas de cuidado para atender as necessidades do idoso, mas também receber cuidados de

suporte emocional, para aprender a lidar com o estresse Esse programa contempla as diretrizes

nacionais e internacionais que norteiam as ações em prol de uma melhor qualidade de vida à pessoa

idosa, com garantia total de todos os seus direitos, equidade e acessibilidade na atenção integral às

necessidades dos idosos. As propostas desse programa são pioneiras e inovadoras, o que fez com

que ele obtivesse vários prêmios de notoriedade (Neri & Sommerhalder, 2011; Batista, 2013).

O acompanhante de idosos (ACI), é um trabalhador da equipe que vai até o domicílio da

pessoa e executa ali suas funções. Na sua maioria, o quadro é composto por mulheres entre trinta

e dois e cinquenta e seis anos, solteiras, que não haviam participado de outro curso preparatório

para a função de cuidador de idosos antes de ingressarem no PAI. Além das tarefas que estão

previstas para sua função, estes trabalhadores devem estar preparados para solucionar problemas

que eventualmente ocorram, como chamar uma ambulância em caso de emergência, enriquecendo

assim, sua experiência profissional (Batista, 2013).

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Em estudo realizado por Del Duca, Thumé e Hallal (2011), no cenário brasileiro embora

seja a família que fica com a maior responsabilidade por cuidar de seus idosos, está ocorrendo cada

vez mais a contratação de cuidadores domiciliares de idosos. Esses profissionais agem muitas vezes

como coadjuvantes, auxiliando no cuidado e diminuindo a sobrecarga do cuidador familiar. Mesmo

assim, ficou constatado que apenas 4,7% dos participantes eram cuidadores contratados, enquanto

que 95,3% dos cuidados ficaram concentrados em membros da família como: cônjuges, filhas,

filhos e parentes bem próximos.

Os estudos de Ferreira, Alexandre e Lemos (2011) e Bauab e Emmel (2014) evidenciam a

necessidade de pesquisas voltadas exclusivamente para o cuidador formal domiciliar de idosos,

uma vez que a quantidade de trabalhos específicos sobre esse tema é muito escassa. Nos dois

estudos observou-se que há uma grande sobrecarga envolvida na função do cuidador e que o

cuidador familiar se queixa mais da falta de oportunidades de lazer, pois além do árduo trabalho

realizado para suprir as necessidades do idoso, tem também a carga emocional de lembranças do

passado que podem agravar esse estresse. Por outro lado, o cuidador formal não tem essa carga o

que pode facilitar na maneira com a qual ele lida com os fatores estressantes, diminuindo assim,

sua sobrecarga.

De acordo com Ferreira (2012), embora a profissão de cuidador domiciliar de idosos

envolva uma grande sobrecarga, há um sentimento muito forte de gratificação ao exercer essa

função. Há uma satisfação muito grande em ver que o idoso está bem cuidado, além do sentimento

de estar fazendo o bem para uma pessoa que necessita de cuidados especiais. A autora ressalta a

importância de que se crie um vínculo entre o cuidador formal e a família do idoso, visando que se

estabeleça um diálogo que facilitará a criação de estratégias para a resolução dos problemas que

envolvem o idoso, possibilitando melhores condições de trabalho e uma melhor qualidade de vida

ao idoso cuidado.

Segundo Batista et al., (2014a), a dedicação de cuidados e provisão das necessidades dos

idosos, faz com que eles tenham maior autonomia e independência permanecendo em seus

domicílios. Assim, a contratação de cuidadores formais implica na diminuição da sobrecarga

depositada no cuidador informal e também, na melhor qualidade de vida do idoso dependente. Por

essa razão, desde a década de noventa, o papel do cuidador formal ganhou notoriedade, havendo a

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partir de então, uma preocupação do Governo em oficializar esta profissão e criar protocolos

específicos de atuação e preparação desses profissionais.

Foi realizada por Ferreira et al., (2011), uma pesquisa sobre a qualidade de vida de

cuidadores informais e cuidadores formais domiciliares, com o foco nas características sócio

demográficas dos idosos sofredores de Alzheimer, que estão em atendimento domiciliário.

Constatou-se neste estudo que há uma sobrecarga muito grande por parte dos cuidadores, sendo

que esta sobrecarga fica mais evidenciada quando o cuidador tem mais de 60 anos e possui algum

grau de parentesco com o idoso. Um dado que chamou a atenção nesta pesquisa foi que, ao aplicar

uma escala de qualidade de vida, os cuidadores formais tiveram pior desempenho no estado geral

de saúde, em relação aos informais, que tinham melhor qualidade de saúde. Ao contrário do que

foi observado nos estudos de Lottman et al. (2013) e Bauab e Emmel (2014), nos quais os resultados

mostravam os cuidadores formais haviam alcançado melhor qualidade de vida em relação aos

informais, alegando que lidavam melhor com as questões de saúde e sobrecarga, pois consideravam

os aspectos estressantes como parte da rotina de trabalho.

Para Bauab e Emmel (2014), um dos grandes fatores que cooperam no aumento do estresse

de cuidadores de idosos que sofrem de doença de Alzheimer e outras demências, são as mudanças

que ocorrem no cotidiano desses idosos. A doença caminha para a perda da capacidade funcional,

alterando a execução das atividades e ocupações cotidianas, trazendo desconforto ao cuidador. Ao

fazer uma comparação entre cuidadores informais e formais, esta pesquisa mostra que os

cuidadores informais dedicam mais horas para exercer o cuidado, enquanto que os cuidadores

formais sentem menos os impactos do cuidado, pois consideram suas funções como parte de sua

vida laborativa.

De acordo com Mendonça (2015), alguns países desenvolvidos, que já vivenciam o

envelhecimento há mais tempo e se prepararam para as demandas decorrentes desse período, têm

Políticas Públicas voltadas à proteção do idoso dependente e auxílio às suas famílias. Essas

estratégias visam ampliar a rede formal de auxílio ao idoso, inclusive, financiando a contratação

de cuidadores formais, para realizar a divisão das tarefas de cuidado, fazendo com que o idoso

permaneça mais tempo em sua residência e evite o alto custo com a institucionalização. Com isso

há uma mobilização por parte dos governantes na implementação de intervenções, visando a

diminuição da sobrecarga do cuidador informal com a participação de cuidadores formais na

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divisão das tarefas. É ressaltada a necessidade da participação de demais profissionais da saúde

como: fisioterapeutas, enfermeiros, médicos e assistentes sociais, para proporcionar melhor

qualidade de vida ao idoso, sem que ele tenha que sair de sua residência.

Kehusmaa, Autti-Rämö, Helenius e Rissanen (2013), realizaram um estudo na Finlândia,

no qual foi verificado que quando o idoso tem cuidadores informais e recebe ajuda de cuidadores

formais e da rede formal de apoio, de maneira geral, há uma redução significativa dos gastos da

despesa pública com essa população. No Estudo de Joyce, Berman e Lau (2014), realizado com

cuidadores de idosos em Chicago, foi observado que o papel do cuidador formal agindo

conjuntamente com o cuidador familiar, melhora a qualidade dos serviços prestados, aumenta o

grau de conhecimento dos familiares a respeito da condição de saúde do idoso e a segurança na

ministração dos medicamentos. Também foi constatado que os custos dispensados aos idosos

dependentes de cuidados paliativos, foi menor para o poder público, se comparado à manutenção

deles em hospitais ou instituições.

Na França, diante do mesmo contexto, o Governo está custeando cuidadores formais, para

ajudar os familiares no cuidado de idosos debilitados. Segundo Bihan (2012), a proposta do

Governo está fundamentada em dois pilares: financiar os cuidados prestados a idosos por

cuidadores contratados pelos familiares, aumentando o período de permanência desses idosos em

seu domicílio e ampliar a política de emprego, capacitando pessoas para a prestação deste serviço,

desenvolvendo assim, novas modalidades de cuidados formais.

No Estudo de Paraponaris, Davin e Verger (2012), relacionado a idosos franceses que

vivem em suas residências, foi observado que 55% dos idosos ficam sob cuidados informais,

geralmente familiares, 20% dependem de cuidadores formais e 25% tem cuidado misto, são

cuidados por seus familiares e recebem auxilio de cuidadores formais. Observa-se que nesse

contexto, a família é a principal responsável pelo cuidado do idoso, porém a assistência de um

cuidador formal, revelou-se de estrema relevância, para a melhoria dos cuidados prestados e para

pôr em prática o plano do Governo, diminuindo o custo dos gastos com a institucionalização dos

idosos e a valorizando o papel do cuidador formal.

Essa característica, da importância dos cuidados formais também foi observada no Estudo

de Kirby e Lau (2010), realizado nos Estados Unidos, que teve como objetivo investigar em quatro

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etnias diferentes: não hispânicos brancos, afro descentes, asiáticos e hispânicos, qual o tipo de

cuidado que essas comunidades dedicavam à pessoa idosa. Foi observado que em sua grande

maioria, os cuidados aos idosos ficavam por parte das famílias, mas que a assistência formal é

particularmente importante, nos casos onde há um grau muito grande de dependência do idoso,

para ajudar os familiares nas mais variadas necessidades.

Litzelman et al. (2014), realizaram um estudo em Wisconsin nos Estados Unidos,

comparando a qualidade de vida de cuidadores informais de idosos e pessoas que não realizavam

esse cuidado. Foi verificado que os níveis de estresse eram maiores nos cuidadores de idosos, como

também altos níveis de tensão psicológica. Foi ressaltada a necessidade desses cuidadores poderem

contar com uma rede de serviços integrados de assistência, visando assim, diminuir a sobrecarga

com obtenção de ajuda na realização de todas as atividades de cuidado aos idosos.

Na pesquisa realizada por Barbosa et al. (2011a), na região de Aveiro, em Portugal, foi

ressaltada a necessidade de haver um cuidador secundário, para ajudar no cuidado ao idoso

dependente, uma vez que o cuidador primário em sua maioria, era constituído de familiares bem

próximos, como esposas, maridos, filhas e filhos. Com essa estratégia, buscar-se-ia diminuir a

sobrecarga do cuidador principal e adiar o máximo possível a institucionalização do idoso, o que

corresponde a uma premissa contemporânea, na qual os Governos investem em políticas de saúde

visando a não internação dos idosos frágeis.

Em seu Estudo Zhu (2015), revela que na China, assim como em grande parte mundo,

devido ao aumento da longevidade e a ausência de familiares, faltam profissionais para atuar como

cuidadores de idosos. Outro fator que o pesquisador relata é que, de maneira geral, um idoso mais

jovem acaba por cuidar de outro mais longevo e para isso, necessita de um cuidador formal para

lhe ajudar a executar as tarefas de cuidado. Essa característica também foi observada no estudo de

Jacobs, Grenou, Boer e Deeg (2014b), no qual foi observado que na Holanda está ocorrendo com

frequência que cuidadores familiares contratem cuidadores formais, para ajudá-los nas atividades

de cuidado ao idoso dependente, pois, como na China, esses cuidadores também já possuem uma

idade avançada e não conseguem dar conta sozinhos do cuidado de seus idosos.

Também visando a não institucionalização e preocupados com a sobrecarga de cuidadores

informais, foi realizado um estudo em Hong Kong por Chan e Chui (2011), no qual analisaram a

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sobrecarga dos cônjuges, que por questões culturais, impõe resistência quanto à contratação de um

profissional cuidador de idosos. Os resultados da pesquisa foram utilizados para o desenvolvimento

de estratégias e intervenções visando minimizar as tensões e os problemas com o autocuidado do

cuidador, buscando convencer as famílias a aceitarem o auxílio de um cuidador contratado. Para

Chiu et al. (2014), essa resistência ocorre, pois normalmente não se cogita a inserção de alguém

que seja estranho à família, pois para os chineses não se deve discutir sobre suas dificuldades

familiares com outras pessoas, principalmente no que se refere a um idoso dependente, para que

não ocorra de este idoso ser estigmatizado pela sociedade.

Em pesquisa realizada por Cohen-Mansfield, Golander e Heinik (2013) em Israel, foi

comparada a percepção de cuidadores formais e informais, com relação a delírios e alucinações de

idosos que sofriam de alguma demência, principalmente, Doença de Alzheimer. Foi observado que

os cuidadores familiares agregavam maior significado aos delírios e alucinações sofridos por seus

parentes, tentando encontrar uma explicação para o problema, ao tempo que os cuidadores formais

não relatavam as ocorrências com tanta gravidade, tendo-as, como fatos esperados para o quadro

de saúde apresentado. Segundo os pesquisadores, há uma diferença muito grande no

comportamento de cada cuidador e assim, diferentes graus de envolvimento e empatia serão

encontrados. Porém, é importante que esses dois pontos de vista sejam observados para que se

estabeleça uma avaliação precisa dos sintomas e se consiga compreender a realidade entre esses

dois tipos de cuidados: formal e informal.

Em estudo realizado por Guimarães, Hirata e Sugita (2011), foi analisado o serviço de

cuidados a idosos em três países: Brasil, França e Japão, com o intuito de observar quais seriam as

tendências que se estabelecem em países com grande taxa de envelhecimento, porém, em contextos

tão diferentes. A primeira característica encontrada foi que nestes três países o cuidado a idosos

tanto em domicílio, quanto em ILPIs, é prestado em sua grande maioria por mulheres, que recebem

salários baixos e com pouca perspectiva de futuro em suas carreiras. No Brasil, essas mulheres são

migrantes internas, na França, são imigrantes e no Japão são mulheres já relativamente idosas.

A segunda característica trata-se do baixo status relacionado à função de cuidador. Isso se

dá devido à pouca qualificação requerida, ao baixo nível de escolaridade, a falta de formação

profissional, e segundo as autoras no caso do Brasil, a facilidade com que as tarefas de uma

cuidadora são confundidas com as de uma empregada doméstica. Com isso, mais uma vez se

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observa a necessidade de que se estabeleçam parâmetros para definir as reais funções de um

profissional cuidador de idosos.

Em Estudo realizado por Ibarra (2013), envolvendo mulheres mexicanas que trabalhavam

em ILPIs e residências em Santa Bárbara na Califórnia, os resultados mostraram que não era

exigido nenhum curso preparatório, nem experiência anterior. Segundo a pesquisadora, além de se

sujeitarem a baixos salários e longas horas de trabalho, um dos fatores que cooperam para essa

escolha, diz respeito aos vínculos emocionais firmados por elas. Após algum tempo cuidando dos

idosos, passavam a nutrir um afeto especial por eles e a defendê-los em situações de abandono e

negligência por parte da família, não deixando de lhes prestar cuidados.

Entre os muitos recursos que estão sendo utilizados para dar melhor qualidade de vida ao

idoso, garantir uma maior autonomia e maior permanência em sua residência, estão os recursos

tecnológicos. Desde os aparelhos de surdez, próteses que facilitam os movimentos e diminuem a

dor, atualmente o idoso também pode contar com a robótica auxiliando-o nas tarefas diárias,

trazendo para dentro de sua casa toda a equipe médica, o contato por videoconferência com seus

filhos ou amigos, monitorando seus movimentos e ao menor sinal de perigo, o próprio robô aciona

o socorro médico e comunica a ocorrência a um parente ou pessoa que se intitule o principal

responsável (Ferreira et al., 2010).

Em estudos realizados por realizados por Wu, Damnée, Kerhervé, Ware e Rigaud, (2015),

Houssain M., Alamri, Almogren, Houssain A. e Parra (2014) e Al-Khathaani et al. (2015), na

Arábia Saudita, foi buscado compreender a aceitação de idosos, quanto à presença de um robô para

auxiliá-los no dia a dia. A tecnologia proposta estava relacionada a questão social de proporcionar

ao idoso maior segurança e bem-estar, como também na redução de custos dos serviços púbicos,

uma vez que constantemente assistidos, os idosos teriam mais segurança. No início houve uma

série de barreiras na aceitação do robô, principalmente pela falta de domínio da tecnologia e

aspectos culturais, mas após um período de adaptação, os idosos reconheceram que a presença do

robô foi muito útil, pois proporcionou contato direto com familiares, que se mostravam aliviados

porque mesmo à distância, sentiam que estavam dedicando cuidados a seus parentes idosos.

Muitas são as utilizações de robôs no cuidado com a população idosa, seja no

monitoramento em domicílio, quanto na atenção aos aspectos psicológicos com uso de robôs em

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contato direto com terapeutas que dialogam com o idoso e até mesmo robôs capazes de conduzir

cadeiras de rodas, dando-lhes mais autonomia e segurança. No Japão, em pesquisa realizada por

Shiomi, Lio, Kamei, Sharma e Hagita (2015), foi verificado que o uso de robôs tem se tornado tão

constante na rotina dos idosos, que estes, preferem solicitar o auxílio de um robô para as atividades

funcionais de vida diária, a um ser humano.

No Estudo de Siegel, Hochgatterer e Dorner (2014), realizado na Áustria, foi observado que

o uso de robôs em diversos países da Europa, tem contribuído para a diminuição da sobrecarga do

cuidador, auxiliado nas relações interpessoais entre equipe médica e familiares e acima de tudo, na

melhoria da qualidade de vida do idoso. Foi estudada a aceitação do idoso com seu robô cuidador,

que o lembra das atividades a serem realizadas, se o gás foi desligado, se pegou a chave de casa e

ainda pede para que o idoso ao sair o leve junto. Segundo os pesquisadores, essa interação promove

maior sensação de segurança, pois faz com que o idoso se sinta mais independente, mantendo sua

autonomia por mais tempo, característica também encontrada no Estudo realizado na Geórgia por

Mitzer, Chen, Kemp e Rogers (2014).

Outro Estudo realizado na Geórgia, (EUA) por Smarr et al. (2014), mostrou que o auxílio

de um robô no cuidado com o idoso, é bem aceito, porém, uma reinvindicação feita pelos

consumidores seria o aumento das tarefas executadas por eles, auxiliando assim, em um maior

número de atividades. Essa característica também foi encontrada da pesquisa de Tiwari, Warren e

Day (2011), da Nova Zelândia, na qual era testada a aceitação do design do robô assistencial e de

acordo com opiniões dos idosos e seus cuidadoras, modificações deveriam ser feitas nas máquinas.

Essa tecnologia, chamada de Robótica de Assistência, embora em menor escala e dedicada

a um público seleto, como pessoas com alto poder aquisitivo e participantes de projetos de

pesquisa, também é utilizada no Brasil. Em sua pesquisa Bastos (2014), faz um levantamento dos

vários robôs utilizados para dar assistência a idosos e outras populações e suas aplicações. Segundo

a autora, esse tipo de tecnologia foi desenvolvido para auxiliar alguém com qualquer tipo de

deficiência. Entre os tipos de assistência que podem ser prestados estão os robôs sociais, de

reabilitação, manipuladores e robôs de mobilidade, que tem a possibilidade de ser utilizados em

escolas, residências e hospitais. Há robôs que são socialmente passivos, mas alguns tem a

capacidade de interagir com o ser humano e com outros computadores, sendo muito úteis no

tratamento de distúrbios neuropsiquiátricos e depressão em idosos.

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Ferreira et al. (2010), realizou no sul do Brasil uma pesquisa com robôs prestando cuidado

a idosos que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC), assim como e Magahim (2015), que

fez um estudo envolvendo a participação de robôs em atividades recreativas com idosos. As autoras

mencionam que a incorporação da robótica no cuidado a idosos no Brasil está se tornando uma

realidade, mesmo que ainda em pequena proporção. Para as autoras uma possível causa na escassa

introdução de robôs para cuidado domiciliar do idoso no Brasil, em comparação ao exterior, pode

se dar pelo grande custo na aquisição do equipamento, o que delimita muito sua utilização. Na

intervenção realizada por Magahim (2015), foram utilizados robôs dançarinos, robôs puppy, que

interagem como se fosse um animal de estimação e robôs de tiro ao alvo. De acordo com os

resultados, observou-se que os idosos se sentiram revigorados e se divertiram muito, mostrando

que a interação com robôs, além do auxílio nas atividades de vida diária e tratamentos médicos,

também pode ser utilizada efetivamente para atividades de lazer.

Diante do que foi apresentado, observamos que o incremento do uso da tecnologia no auxílio

das atividades, na segurança e bem-estar do idoso, traz um aparato necessário, mas ainda de difícil

acesso e longe da realidade da grande maioria dos idosos brasileiros, principalmente devido ao seu

alto custo. Desse modo, devemos considerar que o auxílio humano ainda é a primeira alternativa

no que tange o cuidado ao idoso. Sendo assim, observa-se que o papel do cuidador formal de idosos

é de extrema importância, tanto no contexto do atendimento prestado nas residências, quanto nas

ILPIs, prestando um serviço com conhecimento técnico. Daí a necessidade de se compreenda

melhor esta relação, para que haja um aperfeiçoamento destas capacitações, pois será cada vez mais

frequente, que se contrate um profissional para cuidar de um idoso, o qual a família está ausente

ou mesmo que não tenha esse recurso.

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CAPÍTULO II- Objetivos

2- Objetivo Geral

Analisar como os cuidadores formais domiciliares concebem a relação com o idoso sob sua

responsabilidade.

2.1 Objetivos específicos

Verificar como os cuidadores percebem sua qualidade de vida;

Conhecer quais foram as motivações que os levaram a exercer esta função;

Identificar a formação dos cuidadores;

Compreender as dimensões emocionais que estão ligadas ao ato de cuidar e

Analisar qual a percepção que os cuidadores formais domiciliares têm em relação ao processo de

envelhecimento.

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CAPÍTULO III- O Percurso Metodológico

3- Método

O método utilizado para a realização deste estudo foi de pesquisa descritiva, exploratória e

transversal, buscando compreender as características da relação cuidador/idoso. Devido os

objetivos propostos, compreende-se que os dados coletados podem ser analisados de forma

qualitativa, trazendo uma visão aprofundada sobre o tema e enriquecendo a análise (Gil, 2002;

Oliveira, 2011).

A análise qualitativa trabalha com interpretações, comparações, descrições e busca entender

o fenômeno que está sendo estudado em profundidade. É fundamentada em quatro bases teóricas

que possibilitam a compreensão dos fenômenos. A primeira delas é a realidade social que participa

na construção dos significados e a segunda tem sua ênfase na reflexão. A terceira analisa os

significados subjetivos e as condições objetivas de vida e a quarta tem seu foco no caráter

processual, compreendendo assim, o caráter da realidade social e fazendo dela o ponto de partida

da pesquisa científica sobre determinado tema (Günther, 2006).

Na pesquisa qualitativa os indivíduos podem revelar a intensidade de seus sentimentos,

atitudes e pensamentos e assim possibilita ao pesquisador compreender os estados subjetivos e a

variabilidade dos comportamentos. A área das ciências sociais faz constantemente a utilização

desse método, visando analisar o desenvolvimento do indivíduo ou de grupos estudando o

comportamento destes (Gil A., 2010; Günther, 2006).

Esse tipo de análise pode ser realizado com amostras compostas por poucos participantes

que representem uma determinada subpopulação e suas características. A abordagem qualitativa

tem como objeto de estudo a ênfase na totalidade do indivíduo, assim como no contexto no qual

está inserido. Além da influência de valores de pesquisa, ocorre o envolvimento emocional do

pesquisador com seu tema de investigação e a aceitação de tal envolvimento também é parte da

pesquisa, pois há entre pesquisador e objeto de estudo uma interação dinâmica (Turato, 2005).

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3.1 Participantes

A amostra foi realizada por conveniência composta por 15 participantes do gênero

feminino, cuidadoras formais domiciliares de idosos, ou seja, funcionárias contratadas e

remuneradas para exercer o cuidado a uma pessoa idosa. O critério de inclusão para participação

neste estudo foi que essas cuidadoras tivessem idades entre 25 e 59 anos, estivessem trabalhando

com o mesmo idoso há pelo menos seis meses, com carga horária de no mínimo seis horas por dia

e cinco dias por semana.

3.2 Instrumentos e Procedimentos

Inicialmente o projeto foi apresentado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade São

Judas Tadeu (USJT), obtendo autorização com parecer de número 843.201 e CAAE:

37330514.4.0000.0089, de acordo com o requerido na Resolução 466/12 de 11 e 12 de dezembro

de 2012 (Anexo I). Para que fosse verificado se os instrumentos estavam adequados à proposta da

pesquisa, foi realizado um Projeto Piloto com a participação de três (03) cuidadores formais

domiciliares de idosos, do gênero feminino, que atenderam aos critérios de inclusão. Após a

realização do Projeto Piloto, ficou estabelecido que os instrumentos estavam compatíveis com a

proposta da pesquisa, não sendo necessário nenhum tipo de ajuste, desta maneira, as participantes

do Projeto Piloto foram incluídas na amostra final.

Em primeiro lugar foi feito um contato telefônico com as participantes que foram indicadas

por pessoas do conhecimento da pesquisadora, nesse momento foram esclarecidos os objetivos da

pesquisa e posteriormente foram agendadas as entrevistas no local, hora e data estipulados por elas,

de modo a garantir sua comodidade e privacidade. A pesquisadora foi até o local estabelecido pelas

participantes e a entrevista e as atividades tiveram a duração de aproximadamente uma hora e meia.

Nesta ocasião foi lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi assinado

por cada participante em duas vias (Apêndice A), uma via ficou com a participante e a outra com

a pesquisadora e foi aplicado o roteiro de caracterização dos participantes (Apêndice B).

Em seguida foi realizado o Procedimento Desenhos-Estórias com Tema (Aiello-Vaisberg,

1995) (Apêndice C), que consistiu em solicitar que as participantes fizessem dois desenhos

utilizando lápis grafite em duas folhas de sulfite, sendo possível o uso de uma borracha, que foi

apresentada juntamente com o material proposto para a atividade e contar uma história sobre cada

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um dos desenhos. Para que fosse realizado o primeiro desenho foi dada a seguinte instrução:

“desenhe um idoso nos dias de hoje” e em seguida “conte uma história sobre esse desenho que

você fez”. Para realização do segundo desenho foi dada a seguinte instrução: “desenhe uma pessoa

que trabalhe com idosos” e em seguida: “conte uma história sobre esse desenho que você fez”.

O Procedimento Desenhos-Estórias com Tema (Aiello-Vaisberg, 1995) é derivado do

Procedimento denominado Desenho-Estória criado em 1972, por Walter Trinca. Este

Procedimento, que no início era uma técnica de investigação clínica da personalidade tornou-se um

recurso de compreensão em largo espectro. Atualmente está sendo aplicado em diversas áreas do

conhecimento, assim como a odontologia, a psicologia educacional e social, sendo utilizado por

várias especialidades da área médica e hospitalar, bem como também o setor judiciário (Trinca,

2013).

O procedimento Desenhos-Estórias com Tema (Aiello- Vaisberg, 1995), é um

procedimento clínico, que ao ser aplicado visa facilitar a comunicação emocional em contexto

intersubjetivo ou em grupos de pessoas, buscando-se compreender a representação social e o

imaginário coletivo com relação à temática abordada, como também analisar os aspectos

emocionais do ato de cuidar. O conceito de representação social consiste numa percepção de

realidade que é compartilhada por um grupo social e serve para explicar o conceito que se tem

sobre determinado assunto. Esse conceito sofre a influência de aspectos socioculturais e sua

compreensão vai fornecer subsídios para uma atuação profissional. Pode ser denominado como

saber natural e senso comum, que está continuamente sendo recriado. (Gil, 2005). 1

De acordo com Ribeiro P. (2015), David Émile Durkheim, juntamente com Max Weber

estudioso do individualismo, foi um dos criadores da sociologia, tornando-a uma matéria

acadêmica. Foi o primeiro a trazer o conceito de que o ser humano é educado de acordo com a

sociedade em que vive e que ocorrem fenômenos que devem ser analisados com técnicas sociais.

Ele foi também quem utilizou a expressão “representação coletiva”, mostrando que a consciência

1 Anos mais tarde, Aiello-Vaisberg substituiu o termo Representação Social por Imaginário Coletivo, porém

ambos os termos têm definição semelhante, pois dizem respeito a um conjunto de memórias, símbolos e conceitos

compartilhados por indivíduos pertencentes a mesma comunidade, servindo para explicar os conceitos sobre um

determinado assunto (Aiello-Vaisberg & Ambrosio, 2013).

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individual pode ser influenciada pela consciência social, que por sua vez, é soma das consciências

individuais das várias pessoas que compõem uma sociedade.

A noção de “representação coletiva” ou “representação social”, que pertencia ao campo da

sociologia, foi ampliada para a vertente psicanalítica por Moscovici (1978 p. 26, citado por Gil

2005), que a conceitua da seguinte forma: “uma modalidade de conhecimento particular que tem

por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos” (p.26). Esse

conceito dá a visão de que as representações sociais podem diminuir a angustia existencial, pois dá

ao indivíduo um sentimento de familiaridade aos comportamentos realizados por ele e observados

na sociedade em que vive.

Ainda segundo a autora, Moscovici também traz o conceito de que sendo esse um processo

relacional e dinâmico, não é apenas uma mera produção de comportamentos, e sim, um conjunto

gerado pela interação do indivíduo com seu meio social. Essa ideia corrobora ao pensamento de

Bleger (1977, p. 258, citado por Gil 2005), que afirma: “as representações sociais corresponderiam

a um grupo particular de condutas, definidas por ocorrerem na área mental e em âmbito

sociodinâmico, na medida em que correspondem a manifestações simbólicas de subjetividades

grupais. ” (p.258).

De acordo com Tardivo (2013), a utilização da técnica de Desenhos-Estórias com Tema

pode facilitar a compreensão de como o indivíduo concebe cada situação que ocorre em seu grupo,

e se esta forma de entender as coisas pode lhe provocar algum sofrimento. O uso desse

Procedimento, porém, não permite realizar um psicodiagnóstico mais amplo, como acontece em

outras técnicas com desenho. O Procedimento Desenhos-Estórias com Tema pode ser usado em

atendimentos de contexto grupal, clínico e institucional, além dos atendimentos individuais,

visando enfrentar as limitações desse tipo de atendimento e proporcionar um ambiente terapêutico

favorecedor.

Gil e Tardivo (2007) utilizaram o procedimento de Desenhos-Estórias com Tema para

compreender a concepção de doença mental entre alunos de graduação em Psicologia. Segundo as

autoras, esse procedimento tem sido de extrema valia, para auxiliar nos processos de compreensão

das características psíquicas e compreender a Representação Social que os indivíduos têm sobre

determinado tema. Ao alcançar esta compreensão pode-se traçar estratégias para lidar com o

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sofrimento humano, embora esta técnica não tenha a finalidade de realizar um psicodiagnóstico,

pode ajudar a compreender como os indivíduos entendem determinada situação.

Tardivo (2007) utilizou também esse procedimento em seu estudo de Livre Docência,

quando realizou Consultas Terapêuticas Grupais com jovens indígenas aculturados residentes no

norte do país. Em sua pesquisa, o Procedimento de Desenho-Estórias com Tema foi utilizado não

somente para a compreensão da representação da adolescência, mas também como mediador nos

encontros terapêuticos, favorecendo o encontro entre o psicólogo e os jovens e a expressão do

sofrimento emocional dos participantes.

Esse Procedimento tem sido uma ferramenta muito importante para que se conheça qual a

percepção que cada indivíduo tem a respeito de seu papel em um determinado grupo social, e

utilizado com outros instrumentos, seus resultados podem colaborar para a formulação de

intervenções. Parente, Leoncio e Tardivo (2006), realizaram um estudo com uma mãe social

responsável por crianças internas em sete unidades de abrigamento, buscando compreender qual a

percepção que ela tinha de seu papel social. Foi observado que a percepção dessa mãe era de que

as crianças abrigadas eram totalmente indefesas, e ela por sua vez, teria que ser a supridora imediata

de todas as necessidades que elas apresentassem. Para dar conta dessa demanda, ela se achava no

dever de compensar essas carências, abrindo mão muitas vezes de sua própria vida e família. Após

os resultados e aplicada uma intervenção, a participante teve a percepção de que as crianças tinham

suas próprias defesas e sendo assim, ela poderia dedicar maiores cuidados a sua vida de maneira

geral.

Rodrigues e Aiello-Vaisberg (2014), utilizou o Procedimento de Desenhos-Estórias.com

Tema, para investigar o imaginário coletivo de adolescentes quanto ao esporte, mostrando que esse

Procedimento também pode ser interventivo, pois pode facilitar o contato entre o psicoterapeuta e

o adolescente ou grupo com o qual esteja trabalhando. Para Aiello-Frenandes, Assis, Silva, Leão e

Aiello-Vaisberg (2014), há uma grande versatilidade na utilização do Procedimento Desenhos-

Estórias com Tema, inclusive permitindo a comparação dessa técnica com outras, visando

complementar os resultados das análises. A escolha desse tipo de técnica se dá devido à propriedade

dos procedimentos com desenho permitirem a expressão de atitudes e emoções, sem que seja

necessário o uso da linguagem verbal.

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Buscando compreender o imaginário coletivo de adolescentes sobre gravidez precoce,

Pontes, Barcelos, Tachibana e Aielo-Vaisberg (2010), utilizaram o Procedimento Desenhos-

Estórias com Tema, com intuito de ultrapassar a opinião que elas tinham a respeito do tema e seu

plano de percepção consciente. Como resultado foi observado que para aquelas adolescentes a

gravidez precoce era tida como um castigo, pelo crime de terem se relacionando sexualmente. Para

Ambrosio (2013), o Procedimento Desenhos-Estórias com Tema pode ser utilizado no acontecer

clínico buscando a compreensão de representações sociais, pois é apresentativo-expressivo e de

natureza dialógica.

Esse Procedimento pode ser aplicado em pessoas das mais variadas faixas etárias, níveis

sociais, culturais e quaisquer condições psicopatológicas. Pode ser analisado por uma pessoa que

não participou da aplicação, além de poder ser realizado tanto de forma individual, quanto coletiva,

em grupos de pessoas com diferentes características (Russo, Couto e Aiello-Vaisberg, 2009).

Foi realizada também uma entrevista semidirigida (Apêndice D), composta por oito

questões elaboradas pela pesquisadora, para levantamento de informações a respeito das

participantes. A entrevista semidirigida permite que se obtenham dados objetivos e subjetivos de

cada participante, pois por meio dela o pesquisador pode entrar em contato com aspectos que não

são possíveis dentro de uma observação normal. Analisando o conteúdo das respostas podem ser

levantados os pensamentos, as intenções e os sentimentos das participantes do estudo (Volpato,

2015). As entrevistas foram gravadas em áudio (MP3) e posteriormente transcritas pela

pesquisadora. Esses dados foram transferidos para uma mídia de CD e apagados do aparelho.

Por fim, foi aplicada a Escala de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref (Brief version of World

Health Organization Quality of Life questionnaire), (The WHOQOL Group, 1998), (Anexo II),

composta por 26 questões, na busca de compreender como se sentiam as cuidadoras com relação a

sua qualidade de vida. Essa escala é do tipo Likert, com pontuação de 1 a 5, sendo que nas questões

3, 4 e 26, pertencentes aos Domínios Físico e Psicológico, os valores são invertidos. Após a

inversão da pontuação o valor de cada afirmativa foi padronizado entre 0 e 100 e utilizada a média

aritmética simples.

A escala WHOQOL-Bref é um instrumento genérico usado para fazer a aferição da

qualidade de vida, e se trata da abreviação da escala de qualidade de vida WHOQOL-100 (World

Health Organization Quality of Life), que se mostrou muito eficiente em suas propriedades

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psicométricas, porém, devido à grande quantidade de perguntas, passou a demonstrar várias

limitações para o uso prático. Diante disso, foi criada a Escala WHOQOL-Bref contando com uma

pergunta mais geral de um item de cada uma das 24 facetas da WHOQOL-100, mas que

compreendem uma avaliação abrangente e ampla, formando um domínio coeso de interpretação e

podendo ser um constructo com boa validade (Power, 2008). O instrumento pode ser auto

administrado pelo participante sob a supervisão do pesquisador, ou totalmente administrado pelo

pesquisador, sendo realizada a leitura das questões sem alteração das frases originais

(Chachamovich & Fleck, 2008; Power, 2008). Assim, o WHOQOL-Bref é composto de quatro

domínios e duas questões gerais de qualidade de vida e percepção da saúde:

Domínio Físico

Domínio Psicológico

Domínio Relações Sociais

Domínio Meio Ambiente

Q 1- Qualidade de Vida

Q 2- Percepção geral da saúde

3.3 Plano de Análise dos Dados

As informações levantadas foram analisadas de forma qualitativa. Foi utilizada a análise de

conteúdo de Bardin (2011), técnica que procura condensar o volume amplo de todas as informações

que estão compreendidas, ressaltando categorias conceituais. Na análise realizada, com base na

entrevista e histórias relativas aos desenhos solicitados, foi buscado organizar as falas e agrupar as

palavras em unidades de significados, em seguida foi feita uma reflexão sobre qual o sentido

daquelas palavras para as participantes. Para fazer a análise de conteúdo em suas diferentes fases é

preciso organizá-las em três polos cronológicos:

Pré-análise: que corresponde à fase de organização do material coletado, síntese do conteúdo e

operacionalização das ideias iniciais.

Exploração do material: realizam-se várias leituras do material para que se façam as comparações

e decodificações. Nesse momento, é necessária a leitura exaustiva de um mesmo material, para que

sejam identificados os dados relevantes, na busca de elaborar categorias e unidades de significado.

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Tratamento dos resultados, inferência e interpretação: os dados brutos passam por um tratamento

de forma a serem significativos e válidos.

É importante ressaltar ainda que, além do acima exposto, na análise qualitativa foi levado

em conta o conjunto da produção Desenhos-Estórias com Tema. Com isso objetivou-se analisar

não só as histórias segundo o método de Análise de Conteúdo de Bardin (2011), mas também as

características desse conjunto, considerando dessa forma, também os desenhos.

Para organizar as Categorias Temáticas e as Unidades de Significado foi levada em conta a

frequência com que cada característica era apresentada na fala de cada participante e em trechos

das histórias. Mesmo que uma participante tenha pronunciado mais de uma frase numa determinada

Unidade de Significado, só foi representada uma vez, podendo-se observar nas Unidades de

Significado que o número de frequências normalmente é maior que o número de participantes.

3.3.1 Análise Estatística

Foi utilizada estatística descritiva (Frequência, Média, Desvio Padrão, valores Mínimo e

Máximo), para apresentar os resultados da pontuação da Escala de Qualidade de Vida WHOQOL-

Bref. Foram utilizados os testes de Correlações de Spearman (rs), para verificar a correlação entre

as respostas de cada par de Juízes e foi utilizado o teste de Kendall (W), para verificar a

concordância entre todos os Juízes. Esses dados foram compilados com o uso do software

Statístical Package for the Social Science- SPSS versão 21 e os níveis de significância considerados

neste estudo foram de 5%.

3.3.2 Juízes

Para a realização da Análise do Conteúdo de Bardin (2011), os dados coletados no projeto

foram avaliados e submetidos a uma análise de concordância de categorias, com a participação de

três (3) juízes. O Juiz 1, uma Psicóloga, mestranda em Ciências do Envelhecimento; Juiz 2 uma

Psicóloga docente universitária e mestranda em Ciências do Envelhecimento e Juiz 3, uma

Enfermeira Especialista, Mestre em Ciências do Envelhecimento. Os resultados referentes à

análise de concordância, bem como, a descrição do trabalho dos juízes, são apresentadas nos

resultados, discussão e nos anexos. Para comparação dos resultados dos testes de concordância dos

juízes, foi utilizado o software Statístical Package for the Social Science- SPSS versão 21.

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61

CAPÍTULO 4

4- Resultados e Discussão

Os dados encontrados na pesquisa foram apresentados em tópicos, para facilitar a

compreensão dos resultados, segundo a seguinte ordem: Caracterização dos Participantes,

Caracterização dos Idosos Cuidados, Medidas de Qualidade de Vida dos Participantes, Análise das

Categorias da Entrevista semidirigida, Análise do conjunto do Procedimento Desenhos-Estórias

com Tema, Análise das Categorias dos Desenhos-Estórias com Tema.

4.1 Caracterização dos Participantes da pesquisa

O Estudo foi realizado com a participação de quinze cuidadoras e para que fosse

mantido o sigilo sobre suas verdadeiras identidades, optou-se pelo uso de pseudônimos utilizando-

se nomes de flores. Para uma melhor compreensão da caracterização dos participantes e buscando

compreender o ambiente no qual trabalham, foram feitas duas figuras: Figura 1, na qual os dados

são apresentados de acordo com o gênero, idade, estado civil, escolaridade, formação, tempo de

serviço, número de idosos que cuida e a carga horária diária de trabalho e Figura 2, na qual são

apresentados os dados dos idosos cuidados, de acordo com o gênero, estado civil, faixa etária,

nível de escolaridade, grau de dependência e número de filhos que esses idosos tem e com quem

residem:

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De acordo com os dados sociodemográficos encontrados nesta amostra, 100% das

participantes é do gênero feminino. Embora nos critérios de inclusão estivesse prevista a

participação de cuidadores de ambos os sexos, apenas cuidadoras foram encontradas para fazer

parte deste estudo. Uma característica marcante encontrada nas pesquisas voltadas a cuidadores de

idosos, tanto informais quanto formais, é a predominância do gênero feminino na execução desta

função. Pesquisas como as de Novelli, Nitrini e Caramelli (2010), Küchemann (2012), Araújo et

al. (2013), entre outros, revelam que mesmo diante das mudanças no contexto sociocultural, ainda

Figura 1. Caracterização dos Participantes

Participante Gênero Idade Estado

Civil

Escolaridade Formação Tempo

de

Serviço

Número

de

Idosos

que

Cuida

Carga

Horária

Diária

Acácia Fem. 38 Solteira Ensino

Superior

Incompleto

Auxiliar de

Enfermagem

8 meses 01 12

Horas

Alfazema Fem. 59 Casada Ensino

Fundamental

Nenhuma 5 anos 01 8 Horas

Amarílis Fem. 40 Solteira Ensino Médio Nenhuma 6 meses

e meio

01 9 Horas

Begônia Fem. 45 Casada Ensino Médio Técnica em

Enfermagem

6 meses 01 12

Horas

Camélia Fem. 57 Casada Ensino Fundamental

Nenhuma 5 anos 01 10 Horas

Dália Fem. 45 Casada Ensino Médio Auxiliar de

Enfermagem

8 meses 03 12

Horas

Estrelitzia Fem. 44 Divorcia

da

Ensino

Fundamental

Cuidadora

de Idosos

1 ano e

6 meses

01 9 Horas

Gardênia Fem. 42 Divorcia

da

Ensino

Fundamental

Nenhuma 1 ano 01 9 Horas

Gérbera Fem. 55 Divorcia

da

Ensino Médio Cuidadora

de Idosos

1ano e

2 meses

01 8 Horas

Giesta Fem. 28 Solteira Ensino

Superior

Enfermeira/

Cuidadora

de Idosos

6 meses 01 12

Horas

Glicínia Fem. 58 Casada Ensino Médio Técnica em

Enfermagem

/ Cuidadora

de Idosos

6 meses

e meio

01 9 Horas

Lavanda Fem. 53 Casada Ensino

Fundamental

Nenhuma 1 ano e

3 meses

01 10

Horas

Margarida Fem. 30 União Estável

Ensino Médio Protética em Órteses

7 meses 01 9 Horas

Rosa Fem. 44 Solteira Ensino Médio Técnica em

Enfermagem

8 meses 01 12

Horas

Violeta Fem. 59 Viúva Ensino

Fundamental

Nenhuma 8 anos 01 10

Horas

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há uma forte influência no imaginário social de que o cuidado deve ficar sob a responsabilidade

das mulheres, seja de crianças, enfermos da família ou idosos dependentes.

Observou-se também que sete cuidadoras são casadas e as demais participantes dividem-se

em quatro solteiras, três divorciadas e uma viúva. Exceto por Giesta, todas as outras participantes

relataram ter uma segunda jornada de trabalho e suas casas. Esse fator pode acarretar um nível

maior de estresse, pois em um momento encontram-se expostas às demandas do cuidado ao idoso

fragilizado e num segundo momento, devem dar conta das tarefas domésticas de maneira geral

(Guimarães et al., 2011).

Quanto a faixa etária, 11 das 15 participantes tinham idades entre 41 e 59 anos,

correspondendo a 73,4% da amostra, revela que embora o trabalho exija um preparo físico e

implique num desgaste físico muito grande, mulheres de meia idade são contratadas para a função

e aparentam dar conta da demanda. Em estudo realizado por Silva, Machado, Ferreira e Rodrigues

(2015), com cuidadores de idosos em ILPIs, a faixa etária predominante foi de 40 a 49 anos.

Segundo os autores essa faixa etária seria considerada adequada para a contratação de cuidadores

e que passando disso não seriam indicados, devido principalmente ao esforço físico que demanda

o cuidado de um idoso com dependência, principalmente na realização das atividades de vida

diária. Quanto às cuidadoras formais domiciliares desta pesquisa, pode-se observar que seis

participantes têm idades entre 53 e 59 anos, e alegam que de modo geral, sentem-se dispostas e tem

vigor para lidar com as demandas dos idosos sob seus cuidados.

A análise do nível de escolaridade das participantes do estudo indicou que a maioria delas

possuem nível fundamental e médio completos, somando 86,6% da amostra. Observou-se que

apenas Giesta possui nível superior em Enfermagem e Acácia não completou sua graduação em

Fisioterapia, faltando um semestre para terminar. Essa característica da amostra também foi

observada no Estudo realizado por Manna (2013), sobre cuidadores designados para cuidar de

idosos em tratamento ambulatorial em domicílio, no qual todas as participantes eram mulheres, e,

em geral, tinham seu grau de escolaridade chegando ao máximo a concluir o Ensino Médio.

Observando as semelhanças destes dois estudos: o de Manna (2013) e a presente pesquisa,

tanto a faixa etária, quanto o nível de escolaridade das participantes encontrados foram muito

parecidos, podendo-se inferir que esse fator pode ter ocorrido devido à dificuldade que se tinha há

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20 ou 30 anos atrás, em que se concluísse o nível superior. Ainda mais no que diz respeito às

mulheres, tanto pelas condições econômicas, quanto pelos padrões culturais da época, no qual

casavam-se cedo e tinham filhos, fazendo com que a volta aos estudos ficasse inviável ou fosse

adiada por tempo indeterminado. Sendo assim, cuidar de idosos torna-se uma boa opção de

trabalho, pois dá continuidade à rotina de cuidados já estabelecida.

No que se refere à preparação para cuidar de idosos, observou-se que 60% das participantes

tinham algum tipo de preparo para exercer a função, fosse com cursos de enfermagem, curso de

cuidadores, ou mesmo no caso de Margarida, que fez um curso em Órteses e Próteses, que segundo

ela, lhe deu conhecimentos sobre a anatomia humana, ajudando-a nos cuidados com idosos, porém

40% delas não tinham nenhum tipo de formação. No Estudo de Souza, Vitorino e Ninomya (2015),

é ressaltado que devido ao profissional especializado ter um custo muito alto, ainda se opta por

profissionais não capacitados, mas dispostos a assumir as responsabilidades do cuidado, mas se

torna imprescindível que haja uma especialização desses profissionais, visando uma melhor

prestação desses serviços e o adiamento de uma possível institucionalização, que ainda é

considerado um tabu na sociedade brasileira.

Para Martins e Mello (2013), os custos para manter esse profissional que já é alto, tende a

piorar, dependendo do seu grau de qualificação, tornando sua admissão inviável ao contratante, e

assim, ocorre a busca por profissionais menos capacitados. Neste estudo, das quinze participantes,

apenas Estrelitzia e Gérbera fizeram especificamente um curso de cuidadoras de idosos, já Giesta

e Glicínia, o fizeram como aperfeiçoamento, para lidar com o idoso com mais conhecimento

técnico, além dos conhecimentos em enfermagem que já possuíam.

De acordo com Siewert et al. (2014), nos dias atuais, embora sejam admitidas pessoas sem

preparo para exercer a função, ainda há uma tendência na contratação de cuidadores com

conhecimentos específicos e experiência na área da enfermagem. Comparando os estudos de

Siewert et al. (2014) e Kawasaki (2001a e 2001b), que buscaram traçar o perfil do cuidador de

idosos, mesmo com o decorrer de vários anos, ter algum curso na área de enfermagem, torna-se

um diferencial para quem quer se candidatar a uma vaga como cuidador de idosos. Esse fato foi

trazido por Gérbera, Estrelitzia e Margarida, que pretendem fazer um curso de enfermagem, pois

relataram que ao procurarem emprego, são questionadas se possuem algum curso de enfermagem.

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Essa característica é confirmada na fala de Estrelitzia: “Quando você está procurando emprego, a

primeira coisa que eles perguntam é se você tem enfermagem, então eu pretendo ter.”

Quanto ao tempo de serviço, foi observado que oito, das quinze participantes, ou seja,

53,3% delas estavam trabalhando a menos de um ano com o idoso, o que foi uma grande limitação

deste estudo: encontrar participantes que estivessem trabalhando com o mesmo idoso há pelo

menos seis meses. Durante o período de contatos com as participantes, em vários momentos foi

necessário dirigir-se aos familiares contratantes, para obter permissão para que fosse realizada a

entrevista com suas funcionárias, muitas vezes em seu ambiente de trabalho. Neste momento, uma

queixa trazida pelas contratantes com idosos que possuem alto grau de dependência, foi que as

cuidadoras não permaneciam por muito tempo no trabalho, não importando o que fosse feito para

lhe garantir um bom ambiente de trabalho.

Buscando caracterizar o idoso cuidado, a Figura 2 apresenta de forma mais detalhada os

dados sóciodemográficos dos idosos atendidos pelas participantes, de acordo com o gênero, estado

civil, faixa etária, nível de escolaridade, grau de dependência e número de filhos que esses idosos

têm e com quem residem:

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Figura 2. Caracterização dos idosos cuidados

Idoso e

Cuidador

Gênero Idade Estado

Civil

Escolaridade Grau de

Dependência

Número

de

Filhos

Reside com

quem

Idoso 1

Acácia

Fem. 75 Casada Ensino

Fundamental

Médio 03 Esposo

Idoso 2

Alfazema

Fem. 88 Viúva Ensino

Fundamental

Alto 02 Filha

Idoso 3

Amarílis

Fem. 74 Viúva Ensino

Fundamental

Médio 03 Sozinha

Idoso 4

Begônia

Fem. 93 Viúva Ensino

Médio

Alto 02 Nora e Neta

Idoso 5

Camélia

Fem. 78 Viúva Ensino

Superior

Baixo 02 Sozinha

Idoso 6

Dália

Masc. 64 Divorciado Ensino

Superior

Baixo 01 Mãe e Irmã

Idoso7

Estrelitzia

Fem. 77 Viúva Ensino

Médio

Médio 02 Cuidadora

Idoso 8

Gardênia

Fem. 88 Casada Ensino

Fundamental

Médio 03 Esposo

Idoso 9

Gérbera

Fem. 81 Viúva Ensino Fundamental

Alto 04 Filha

Idoso 10

Giesta

Fem. 93 Viúva Ensino

Médio

Alto 02 Nora e Neta

Idoso 11

Glicínia

Fem. 85 Casada Ensino

Fundamental

Médio 00 Esposo

Idoso 12

Lavanda

Fem. 92 Viúva Ensino

Fundamental

Baixo 04 Sozinha

Idoso 13

Margarida

Masc. 94 Viúvo Ensino

Fundamental

Médio 03 Filha e

Neto

Idoso 14

Rosa

Fem. 81 Viúva Ensino Médio

Médio 02 Sozinha

Idoso 15

Violeta

Fem. 72 Viúva Ensino

Médio

Médio 02 Sozinha

Segundo os dados sóciodemográficos levantados nesta amostra, quanto ao gênero,

observou-se que dos 15 idosos cuidados, 13 são mulheres, correspondendo a 86,6% dos idosos.

Esses dados revelam uma tendência mundial, na qual as mulheres têm alcançado maior longevidade

em relação ao homem, o que faz com que na grande maioria dos casos o número de mulheres

cuidadas seja bem maior do que de homens. Essa característica se confirma ao observar que quanto

ao estado civil dos idosos, 10 idosas eram viúvas, havendo nesta amostra a participação de dois

idosos, apenas um deles era viúvo. Esse dado vai ao encontro da literatura consultada, que mostra

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em vários estudos o fenômeno da feminização da velhice, no qual a quantidade de mulheres

longevas é maior que de homens (Kemp et al., 2012 & Almeida et al., 2015).

Pode-se observar que nove idosos cuidados tinham idades entre 80 e 95 anos e cinco deles

tinham mais que 70 anos, totalizando 93,3% dos participantes, mostrando que os idosos estão

alcançando faixas etárias cada vez maiores, e devido ao grau de dependência, necessitando de

cuidados especiais. No estudo realizado por Lourenço et al. (2012), ressaltou-se que com o aumento

da longevidade há a diminuição das capacidades funcionais e com isso, a necessidade de cuidados

especializados fica maior. Diante deste fato, há uma preocupação muito grande entre as equipes

multidisciplinares de saúde, em desenvolver estratégias de intervenções, buscando orientar a

família e cuidadores quanto a ministração de medicamentos, medidas de prevenção e limitação de

incapacidades, visando uma melhor qualidade de vida aos idosos com idade muito avançada.

Quanto ao nível de escolaridade dos idosos cuidados, observa-se que 53,4% deles tem

apenas o ensino fundamental. Por questões históricas, econômicas e socioculturais, pode-se

observar que na população mais idosa eram poucos os casos nos quais a pessoa conseguia chegar

até o fim do ensino médio e havia uma probabilidade ainda menor de ingresso e conclusão no nível

superior, o qual encontra-se apenas em 13,3% dos idosos cuidados. Lourenço et al. (2012),

pontuam que quanto maior o nível de escolaridade tende a ser menor o grau de incapacidade

funcional, pois o idoso bem instruído tem uma melhor compreensão das mudanças ocorridas em

seu organismo, e assim, busca tratamento médico, enquanto que os idosos analfabetos e com baixa

escolaridade, sofrem pela falta de informação tanto a respeito dessas mudanças, quanto como

encontrar assistência para lidar com essas questões.

De acordo com o levantamento do grau de dependência dos idosos cuidados, observou-se

que oito idosos têm grau de dependência médio, correspondendo a 53,3% deles, quatro (26,6%)

sofrem com um grau de dependência muito alto e dos três idosos (20%) que possuem bastante

autonomia, dois sofrem de alguma demência e uma pela idade muito avançada, 92 anos, tem

problemas cardíacos e necessita ser observada diuturnamente. Esse fato pode levar a inferir que,

de maneira geral, a família busca contratar um cuidador formal, quando observa que o idoso

realmente não tem condições de se manter sozinho.

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No Estudo realizado por Borges et al. (2015), buscou-se compreender como se apresentam

os graus de dependência. Considera-se que o grau leve corresponde ao idoso que tem uma boa

autonomia para realizar suas atividades, o grau médio corresponde ao idoso que pelas mais diversas

razões teve um comprometimento na sua capacidade funcional e por isso depende do cuidador para

realizar várias atividades, entre elas, as atividades básicas e instrumentais de vida diária e o grau

alto, que corresponde ao idoso acamado, com suas funções totalmente debilitadas, sendo

integralmente dependente do cuidado de outros para realização de todas as suas atividades.

O resultado obtido neste estudo, quanto a maioria dos idosos terem grau de dependência

média, vai ao encontro das projeções para a população brasileira, pois de acordo com as previsões

do IBGE (2013), o número de idosos com 65 anos ou mais em 2020 será de 13,5%, numa população

de 212 milhões de habitantes. Com isso, pode-se esperar que quanto mais altas as faixas etárias,

seja cada vez maior o grau de dependência do idoso, fazendo com que os cuidadores necessitem

de um preparo mais específico, para dar-lhes maior suporte.

Quanto ao número de filhos observou-se que 46,7% dos idosos tiveram dois filhos, fato que

corresponde a uma das características da transformação cultural que ocorreu entre os séculos XX

e XXI, na qual há um maior controle da natalidade, maior igualdade entre os sexos e redução do

número de filhos por família. Por outro lado, o fato de as famílias serem cada vez menores, podem

fazer com que os idosos nem sempre, possam contar com um filho para realizar seus cuidados no

período de envelhecimento (Teixeira e Rodrigues, 2009).

4.2 Medidas de Qualidade de Vida dos Participantes

Buscando conhecer qual a concepção que as cuidadoras têm de sua própria qualidade de

vida, foi aplicada a escala de qualidade de vida WHOQOL-Bref, como mostra a Tabela 1:

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69

Tabela 1. Domínios da Escala de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref das participantes

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Domínio 1 Físico

15

35,71

89,29

64,05

15,06

Domínio 2 Psicológico

15 41,67 83,33 60,01 12,26

Domínio 3 Relações Sociais

15 33,33 100,00 63,96 20,88

Domínio 4 Meio Ambiente

15 31,25 100,00 55,63 18,61

Q1

15 50,00 100,00 73,33 14,84

Q2

15 25,00 100,00 63,33 28,14

Para análise dos resultados da escala WHOQOL-Bref, deve-se levar em conta que quando

mais próxima a pontuação for de 100, maior será a percepção de qualidade de vida das cuidadoras.

A questão Q1 que trata especificamente da Auto avaliação da Qualidade de Vida, obteve maior

pontuação, demonstrando que as participantes, em geral, têm uma boa concepção de sua qualidade

de vida. Quanto a questão Q2, que diz respeito a percepção geral da saúde, mesmo tendo um

resultado menor que a percepção da qualidade de vida, ainda assim foi alta, mostrando que de modo

geral as participantes avaliam que sua condição de saúde está boa.

Segundo a OMS, o conceito de qualidade de vida é muito mais amplo, porque engloba toda

a concepção que as cuidadoras têm de sua capacidade para lidar com todos os aspectos de sua vida.

Entre eles, o contexto cultural no qual vivem, as relações sociais e com seu entorno, suas

expectativas futuras e a maneira como elas se posicionam na vida, como um todo, e não apenas sua

carreira profissional (Reis, Neri, Araújo, Lopes e Cândido, 2015).

No que se refere aos domínios, o Domínio Físico obteve uma pontuação mais elevada que

os demais, mostrando que as participantes sentem-se com energia suficiente para lidar com as

atividades do dia a dia. Observando a pontuação alcançada nos Domínios Relações Sociais e

Psicológico, pode-se inferir que a relação com o idoso, a família do idoso, sua própria família e a

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maneira como as cuidadoras lançam mão de seus recursos psicológicos, podem influenciar para a

melhoria de sua percepção sobre a qualidade de vida.

Quanto ao Domínio Meio Ambiente, que corresponde a segurança física, recursos

financeiros, oportunidades de lazer e recreação, aos meios de transporte, ente outros, as

participantes tiveram uma pontuação mais baixa, se comparada às demais, mas ainda assim,

representa uma média satisfatória com 55,63 de pontuação. Mostrando assim, que mesmo diante

das dificuldades encontradas, as participantes conseguem buscar estratégias para contorna-las,

pois, a qualidade de vida do cuidador pode estar associada as condições de salubridade em que

vive, seu tipo de moradia, os meios de transporte que utiliza e as condições de seu ambiente de

trabalho.

No Estudo realizado por Reis et al. (2015), com cuidadores formais que trabalham em

ILPIs, no qual foi aplicada a escala WHOQOL-Bref, também foi observada a menor pontuação no

Domínio Meio Ambiente. As autoras pontuam que os dados sociodemográficos podem estar

diretamente ligados a baixa pontuação nesse domínio, ressaltando que é necessário que as

cuidadoras consigam se ajustar ao ambiente, visando proteger sua saúde e obter uma melhor

qualidade de vida, pois essas características tem contribuído negativamente.

Ao comparar os Estudos com cuidadores de idosos, nos quais foi aplicada a escala de vida

WHOQOL-Bref, como os de Coura et al. (2015), que trata de cuidadores familiares a idosos

octogenários, Anjos et al. (2015), com cuidadores familiares auxiliados pela Equipe de Saúde da

Família (ESF) e de Reis et al. (2015), que pesquisou sobre cuidadores formais em ILPIs, pode-se

observar que nos estudos com cuidadores familiares os Domínios obtiveram pontuações baixas,

enquanto que os estudos envolvendo cuidador formais contratados, incluindo a presente pesquisa,

tiveram pontuações bem superiores, reforçando mais uma vez a ideia de que quando o profissional

é contratado para cuidar de idosos dependentes, tem os fatores estressantes como parte de suas

funções e por isso, conseguem lidar melhor com eles, sofrendo um abalo menor em seu conceito

de qualidade de vida.

A Tabela 2, mostra os valores dos escores dos domínios da escala WHOQOL-Bref obtidos

por cada participante. Foram incluídos nesta tabela os valores correspondentes às questões Q1 e

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Q2, referentes à percepção global da qualidade de vida e satisfação com a saúde, mostrando que

esses resultados reforçam as pontuações obtidas em todos os domínios.

Tabela 2. Medidas de qualidade de vida por participante da escala WHOQOL-Bref

Participantes WHOQOL

Domínio 1

Físico

WHOQOL

Domínio 2

Psicológico

WHOQOL

Domínio 3

Relações Sociais

WHOQOL

Domínio 4

Meio Ambiente

Q1 Q2

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

75,00

89,29

60,71

71,43

53,57

62,50

83,33

41,87

62,50

54,17

50,00

83,33

100,00

83,33

41,67

50,00

84,38

50,00

46,88

50,00

75,0

75,00

75,00

75,00

75,00

25,00

75,00

25,00

100,00

75,00

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

35,71

53,57

57,14

60,71

75,00

85,71

71,43

41,67

54,17

54,17

54,17

75,00

79,17

62,50

41,67

50,00

75,00

33,33

100,00

66,67

58,33

31,25

56,25

31,25

43,75

100,00

75,00

59,38

50,00

75,00

75,00

75,00

100,00

75,00

50,00

75,00

25,00

75,0

75,00

100,00

75,00

25,00

Margarida

Rosa

Violeta

75,00

50,00

46,43

66,67

50,00

58,33

66,67

58,33

50,00

59,38

43,75

53,14

100,00

50,00

75,00

100,00

50,00

25,00

Ao analisar a pontuação individual da escala WHOQOL-Bref, observou-se que a

participante Alfazema alcançou maior pontuação nos Domínios Físico e Psicológico, se comparada

às demais participantes, no que diz respeito a sua percepção de qualidade de vida nesses dois

domínios. A participante Giesta obteve a pontuação máxima de 100 pontos nos seguintes domínios:

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Relações Sociais e Meio Ambiente, como também nas questões Q1 e Q2, denotando que ela tem

uma boa percepção de sua qualidade de vida.

Buscando comparar as participantes com uma idade maior em relação às outras e o Domínio

Físico, que aborda questões referentes a energia, dor, desconforto e sono, observou-se que

Alfazema e Violeta, ambas com 59 anos, tiveram pontuações bem diferentes: Alfazema obteve

89,29 e Violeta 46,83. Nos resultados de vários estudos como os de Cruz (2009), Queróz (2013),

Camilo (2015), Esteves P. et al. (2012), Neri, (2013) e Costa et al. (2015), foi observado que cuidar

de um idoso demanda um gasto de energia muito grande e dependendo da estrutura física de cada

um, ocorre um desgaste maior ou menor. No caso dessas duas participantes, analisando

conjuntamente os dados das entrevistas e da escala, pode-se observar que alfazema, que obteve

maior pontuação, deseja mudar de profissão, mas continuar trabalhando como cozinheira ou em

um buffet, enquanto que Violeta deseja parar de trabalhar, demonstrando um desgaste físico maior.

Ainda analisando o Domínio Físico, observou-se que a participante Dália obteve uma

pontuação abaixo da média. Isso pode se justificar pelo fato de ela ter relatado em sua entrevista

que sofre de bronquite e que por essa razão fica muito cansada ao executar suas tarefas. Um dado

que se encontra no estudo de Reis et al. (2015) e vem ao encontro dessa pesquisa, é que a sobrecarga

de trabalho do cuidador tende a afetar sua saúde, devido ao esforço físico e psicológico que é

necessário para que se preste os cuidados à pessoa idosa. Segundo os autores, já havendo doenças

pré-adquiridas esse estado pode vir a se agravar, isso se confirma na seguinte fala de Dália: “Olha,

na parte física o que me atrapalha é que eu tenho bronquite e fico cansada...”.

A participante Amarílis obteve pontuação abaixo da média, em relação ao Domínio

Psicológico que corresponde a questões que tratam de sentimentos positivos, da autoestima, a

capacidade de aprender, sua memória e concentração e a maneira como elas organizam seus

pensamentos. Amarílis relatou em sua entrevista que depois que passou a exercer esta profissão

ficou mais estressada e ansiosa, porque tem que estar sempre em alerta e devido a essa ansiedade,

acaba se alimentando muito e com isso ganhou muito peso, talvez esse fator possa interferir

diretamente em sua autoestima. Essa queixa foi trazida na seguinte fala: “[...] com o estresse eu

acabei ficando [...] mais ansiosa, eu acabei engordando mais”.

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A participante Acácia obteve uma pontuação menor no Domínio Relações Sociais, que diz

respeito as relações pessoais, a atividade sexual e a rede social de apoio com a qual a pessoa pode

contar, se comparado aos demais. Observou-se também que várias participantes tiveram

pontuações abaixo da média neste Domínio, como é o caso de Gérbera com 33,33. No momento

da caracterização das participantes, verificou-se que a maioria delas trabalha por período de horas

muito grande, o que deixa pouco tempo para atividades de lazer e socialização, fator que pode

explicar a baixa pontuação tanto no Domínio Relações Sociais, quanto no Domínio Meio

Ambiente, que obteve também várias pontuações muito abaixo da média.

Para Dal Bello-Haas et al. (2014), dependendo do grau de dependência do idoso, muitas

vezes o cuidador fica confinado no quarto durante muitas horas, prestando-lhe cuidados. Isso pode

limitar ou prejudicar a maneira como esse profissional trava suas relações sociais, contribuindo

negativamente para sua qualidade de vida, pois dificilmente tem uma rede de apoio em torno de si

nestas circunstâncias.

Na presente pesquisa esse Domínio obteve a segunda melhor pontuação em relação aos

outros, podendo-se inferir o quanto é importante para as participantes, poder contar com uma rede

social de apoio que as auxilie efetivamente. Com base na caracterização das participantes,

verificou-se que dez cuidadoras têm suporte direto dos cuidadores primários, que residem na

mesma casa que o idoso como: esposo, filhos noras e netos. Alguns idosos residem sozinhos, mas

tem o cuidado secundário de algum parente que atuou na contratação do cuidador. Esse é o caso de

Amarílis, Camélia, Lavanda, Rosa e Violeta, que foram contratadas por essas pessoas que arcam

com todas as despesas referentes ao cuidado.

As cuidadoras, de maneira geral, relataram que recebem assistência dos parentes que as

contrataram, mesmo os que não residem com o idoso, porém, a baixa pontuação pode representar

que estão ocorrendo falhas neste suporte, como exemplificado na fala de Alfazema a respeito da

filha da idosa que mora na mesma casa: “...quando eu entrei, vi assim, umas atitudes [...] porque

ela (a filha), é uma pessoa, assim, meio dissimulada...”. Anjos et al. (2015) realizou um estudo no

qual houve a aplicação da escala WHOQOL-Bref, com a participação de 58 cuidadores familiares,

em sua maioria mulheres cuidando em tempo integral de idosos. Observou-se que a maioria dos

participantes estavam satisfeitos com o Domínio Relações Sociais e foi ressaltada a importância da

rede social de apoio na manutenção da saúde e da qualidade de vida dos cuidadores, pois com a

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ajuda de outras pessoas no cuidado ao idoso, permite que eles tenham mais liberdade para suas

atividades de vida diária e possam dar uma assistência melhor ao idoso. Foi verificado também se

há alguma correlação entre a idade das participantes e a Escala de qualidade de vida WHOQOL-

Bref, como mostra a Tabela 3:

Após realizada a correlação entre Idade e Domínios da escala WHOQOL-Bref, observou-

se que não há correlação significativa entre as variáveis, mesmo sabendo-se que com o avançar da

idade o ser humano perde muito de suas capacidades como a força física e algumas habilidades,

levando em conta que as participntes desta pesquisa terem idade média de 46,5 anos. Seis

participantes tem idades entre 53 e 59 anos: Lavanda tem 53 anos, Gérbera 55 anos, Camélia 57

anos, Glicínia 58 anos e Alfazema e Vileta tem 59 anos.

De acordo com os resultados encontrados na analise o contéudo das entrevistas e das

histórias dos desenhos, não foi relatado por nenhuma das cuidadoras que o fator idade, pudesse

afetar a qualidade de vida delas no contexto do trabalho que realizam. Essa característica também

foi encontrada no estudo de Camilo (2015), que abordou o tema idosos cuidadores informais. Os

participantes tinham idade média de 68 anos, e segundo os resultados da pesquisa, o fator idade

não toruxe prejuízos à sua qualidade de vida.

Tabela 3. Correlação entre idade e os Domínios da escala WHOQOL-Bref

Idade e Domínios da WHOQOL-

BREF

r p

Idade X Domínio 1 Físico -0,108 0,701

Idade X Domínio 2 Psicológico 0,121 0,669

Idade X Domínio 3 Relações Sociais -0,337 0,219

Idade X Domínio 4 Meio Ambiente 0,063 0,823

Idade X Q1 -0,363 0,184

Idade X Q2 -0,153 0,586

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Embora esse aspecto não tenha sido encontrado nessa pesquisa e na Camilo (2015), ao

analisar outros estudos semelhantes, foi observado que quando os cuidadores são mais velhos, a

idade parece ter maior influência na sobrecarga apresentada. Esse fato foi ressaltado no estudo

realizado por Oliveira, Carvalho, Stella, Higa e D’Elboux (2011), envonvendo cuidadores 126

cuidaores de idosos fomais e informais em atendimento ambulatorial. Verificou-se que os

participantes com 60 anos ou mais, obtiveram resultados inferiores, quando comparados aos mais

jovens, em sua capacidade funcional, vitalidade e nos aspectos emocionais. O fator idade

relacionado à sobrecarga do cuidador formal e informal também foi ressaltado no estudo de Souza,

Camacho, Joaquim e Espírito Santo (2016), no qual a média de idade dos cuidadores era de 62

anos. Foi verificado que havia maior relato de sobrecarga e de problemas de saúde nos participantes

mais velhos.

Foi feita uma análise de correlação entre Tempo de Serviço e os Domínios da escala

WHOQOL-Bref, como apresentado na Tabela 4:

Tabela 4. Correlação entre Tempo de Serviço e os Domínios da Escala WHOQOL-

Bref

Tempo de serviço e Domínios da WHOQOL-

BREF

r p

Tempo Serviço X Domínio 1 Físico -0,363 0,183

Tempo Serviço X Domínio 2 Psicológico -0,100 0,723

Tempo Serviço X Domínio 3 Relações Sociais -0,531 0,042

Tempo Serviço X Domínio 4 Meio Ambiente -0,018 0,949

Tempo Serviço X Q1 -0,249 0,370

Tempo Serviço X Q2 -0,377 0,165

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Analisando os resultados pode-se observar que não houve correlação significativa entre o

tempo de serviço e os domínios da escala WHOQOL-Bref, exceto no Domínio Relações Sociais,

verificando-se nesse aspecto que quanto maior o tempo de serviço, menor é a qualidade de vida

relacionada ao fator Relações Sociais. Em relação ao Tempo de Serviço com o Domínio Q2, que

diz respeito à percepção geral de saúde, houve uma correlação que não foi significativa devido a

amostra ser muito pequena, porém, não deve ser desprezada, mostrando que o tempo de serviço

pode sim influenciar na maneira que as participantes percebem seu estado geral de saúde. Em seu

estudo envolvendo cuidadores formais e informais Oliveira et al. (2011), aponta que os

participantes que cuidavam do mesmo idoso há mais de 10 anos, apresentavam, além de uma

sobrecarga mais acentuada, uma ou mais enfermidades, entre elas, se destacaram os problemas de

coluna, hipertensão e depressão.

Das quinze participantes desta pesquisa, oito participantes estão trabalhando com o mesmo

idoso entre seis e oito meses, quatro participantes trabalham entre doze e dezoito mesese e somente

três participantes apresentaram um tempo de serviço mais prolongado. Alfazema e Camélia que

trabalham há cinco anos e Violeta que trabalha há oito anos. De maneira geral, parece que o fator

tempo de serviço não alterou a percepção de qualidade de vida das participantes, uma vez que suas

pontuações nos Domínios, foram em sua maioria, acima da média. Quanto são avaliadas as

questões de sobrecarga e estresse, há um número significativo de estudos que indicam que essas

áreas estão mais preservadas nos cuidadores formais, se comparadas aos informais, como já

mencionado anteriormente, talvez pelo fato de não haver laços afetivos anteriores. Assim, leva-se

a inferir que os cuidadores formais conseguem, sob esse ponto de vista, lidar melhor com as

questões do trabalho, obtendo assim, uma melhor qualidade de vida (Coura et al. 2015; Anjos et

al. 2015 & Reis et al.2015).

4.3 Análise das Categorias-Análise de concordância dos Juízes

Buscando obter maior fidedignidade quanto aos resultados da análise do conteúdo das

entrevistas semidirigidas e das histórias do Procedimento Desenhos-Estórias com Tema, foi

realizada uma análise da concordância das Categorias Temáticas e das Unidades de Significado

por meio de juízes. Foram escolhidos para analisar as questões dois juízes além da Pesquisadora

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que será denominada Juiz 1. O Juiz 2 é uma Psicóloga, mestranda em Ciências do Envelhecimento

e Juiz 3 é Enfermeira e mestre em Ciências do Envelhecimento.

Para a organização e a codificação do material, foram seguidos critérios semânticos e

observadas a relevância e a frequência com que as expressões apareciam nas falas dos participantes

e na narrativa das histórias. Após uma leitura exaustiva e repetida do conteúdo das entrevistas e

histórias dos desenhos, foram encontradas 10 (dez) Categorias Temáticas e 55 (cinquenta e cinco)

Unidades de Significado. Após definidos esses constructos, foram transformados em itens

mensuráveis, para que fosse feita a análise de concordância entre os juízes. Foi utilizada a

Correlação de Spearman (rs) para verificar se houve concordância entre os juízes, dois a dois. Foi

utilizado o Teste de Kendall (w), para verificar se havia concordância concomitante entre todos os

juízes. Os resultados da análise de concordância estão apresentados na Tabela 5:

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Nota: *p < 0,05 (rs); **p < 0,01 (rs); + Correlação de Spearmam (rs) concordância entre os pares; #Teste de Kendall

(X2 =Qui - quadrado) concordância simultânea entre todos os juízes.

De acordo com a Tabela 5, após os dados serem submetidos à Correlação de Spearman e o

teste de Kendal, pode-se observar que houve concordância significativa entre os Juízes 1, 2 e 3,

Tabela 5. Análise de concordância dos Juízes

Temas Juízes Juízes + Teste de Kendall#

Juíz1 Juíz2 Juíz3 2 p

Categorias Juíz1 - 0,792** 0,988**

(n=10) Juíz2 - - 0,830** 24,673 0,003

Un. Significado Juiz1 - 0,706** 0,913**

(n=55) Juíz2 - - 0,590** 133,537 0,001

Un. Categoria 1 Juíz1 - -0,174 0,927** (n=7) Juíz2 - - -0,396 7,418 0,284

Un. Categoria 2 Juíz1 - 0,200 1,000** (n=4) Juíz2 - - 0,200 5,800 0,122

Un. Categoria 3 Juíz1 - 0,826* 0,761* (n=7) Juíz2 - - 0,809* 15,585 0,016

Un. Categoria 4 Juíz1 - 0,400 1,000**

(n=4) Juíz2 - - 0,400 6,600 0,086

Un. Categoria 5 Juíz1 - 0,500 1,000**

(n=5) Juíz2 - - 0,500 9,333 0,053

Un. Categoria 6 Juiz1 - 0,700 0,700

(n=5) Juiz2 - - 0,700 9,600 0,048

Un. Categoria 7 Juíz1 - 0,841* 0,982**

(n=7) Juíz2 - - 0,807* 16,519 0,011

Un. Categoria 8 Juíz1 - 0,918* 0,975**

(n=5) Juíz2 - - 0,894* 11,418 0,022

Un. Categoria 9 Juíz1 - 0,289 0,975**

(n=5) Juíz2 - - 0,359 8,345 0,080

Un. Categoria 10

Juíz1 - 0,770 0,893*

(n=6) Juíz2 - - 0,548 12,396 0,030

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quanto às Categorias Temáticas e suas Unidades de Significado. Foram analisadas as Unidades de

Significado correspondentes a cada Categoria Temática. Os resultados foram concordantemente

significativos, exceto pela Categoria 1 e as Unidades de Categoria 2, 4 e 9, nas quais não houve

concordância do Juiz 2 com os Juízes 1 e 3, havendo, porém, concordância significativa entre os

Juízes 1 e 3. Portanto, para fazer a Análise de Conteúdo das Categorias e suas Unidades de

Significado, foram utilizados os dados concordantes dos Juízes 1 e 3.

4.4 Análise das Categorias obtidas pela Análise de Conteúdo das entrevistas

semidirigidas

Para analisar os resultados obtidos nas entrevistas, foi utilizada a Análise de Conteúdo de

Bardin (2011), identificando no material coletado, as categorias e as unidades de significado da

concepção de relação entre cuidador e idoso, segundo a ótica das cuidadoras entrevistadas.

Foram identificadas e agrupadas oito categorias com unidades temáticas, que em seguida

foram divididas em unidades de significado e sua frequência, que estão exemplificadas na Figura

3. Para confecção dos quadros, foram analisadas as seguintes categorias:

Motivação para ser cuidador de idosos;

Preparação para tornar-se cuidador de idosos;

Significado de cuidar de idosos;

Caraterísticas da função de cuidador (a) de idosos;

Relacionamento com o (a) idoso (a) cuidado atualmente;

Possíveis impactos na saúde física e mental dos (as) cuidadores (as);

Estratégias para lidar com os possíveis impactos na saúde física e mental dos (as)

cuidadores (as) e

Perspectivas para o futuro, como mostra a Figura 3:

Para melhor visualização, a Figura 3 apresenta as Categorias Temáticas e as Unidades de

Significado por ordem de relevância, de acordo com a frequência em que as citações ocorreram

na fala das participantes. Assim, de forma descendente, pode-se observar as Unidades de maior

frequência, para as de menor frequência.

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Figura 3. Categorias Temáticas e Unidades de Significado

Categorias Temáticas e Unidades de

Significado das Entrevistas

Motivação para ser cuidador de

idosos

Vivência com idosos que

necessitam de cuidados

Nutrir afeto pelo idoso

Cuidar de um familiar

Continuidade do trabalho

doméstico

Auxílio financeiro

Sentimento de pena pelo idoso

Sentimento de gratidão

Preparação para se tornar cuidador

de idosos

Curso de Enfermagem

Não houve preparação

Aprendizado por meio da prática

Curso de Cuidador

Significado de cuidar de idosos

Ter Afeto

Proporcionar bem-estar

Infantilização do idoso

Ter responsabilidade

sobre o idoso

Ter empatia

Ter paciência

Dar atenção

Características da função de cuidador

Atividade constante

Experiências marcantes no cuidadocom o

idodo

Defesa do idoso frente a maus

tratos

Ansiedade com relação à morte do

idoso

Relaconamento com o idoso cuidado

Bom relacionamento

Necessidade de controle

Reviver aspectos da história pessoal

Afeto sem troca

Gratidão dirigida ao idoso

Possíveis impactos na saúde física e

mental

Impactos negativos na saúde

mental

Mudanças positivas

Impactos negativos na saúde

física

Não houve impacto

Medo da velhice

Estratégia para lidar com os

possíveis impactos

Evitar contrariar o idoso

Exercício da espiritualidade

Convencimento do idoso

Ter paciência com o idoso e familiares

Apoio familiar

Encarar as situações com bom

humor

Não transmitir a própria angústia

Perspectivas para o futuro

Estudar

Continuar trabalhando com

idosos

Mudança de atividade

profissional

Ser cuidada pelos filhos como recompensa

Parar de trabalhar

Imaginário Coletivo sobre o

idoso

Idoso ativo

Idoso solitário

Idoso fragilizado

Idoso bem cuidado

Idoso que sofre maus tratos

Imaginãrio Coletivo do trbalho de cuidadora

Prestar cuidado e conforto ao idoso

Fonte de recompensa

Trabalho relacionado à

diversão

Dificuldades do trabalho

Trabalho relacionado a

auxílio financeiro

Tristeza diante da velhice

Categorias Temáticas e Unidades de Significado das

Histórias dos Desenhos

Page 82: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

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Na análise do conteúdo das entrevistas e do conjunto Desenhos-Estórias com Tema,

exemplificados neste texto da Figura 4 até a Figura 13 serão apresentadas as Categorias Temáticas,

Unidades de Significado que foram encontradas e a Frequência com a qual elas ocorrem. Para

melhor compreensão, foram criadas essas Figuras constando o nome da Categoria Temática

(vertical), suas Unidades de Significado (horizontal), o número de vezes que foi pronunciada uma

frase que identifique aquela Unidade de Significado (frequência) e quantas cuidadoras participaram

daquela Unidade de Significado (participantes), conforme mostra a Figura 4:

Figura 4- Motivação para ser cuidador de idosos

Buscou-se compreender a motivação que levou cada uma das participantes a exercerem

essa profissão. Entre os muitos fatores que cooperaram para isso, pode-se observar que aspectos

relacionados a “vivência com idosos que necessitam de cuidado” e “nutrir afeto pelo idoso”,

Moti

vaçã

o p

ara s

er

cu

idad

or

de i

doso

s

Vivência com idosos que necessitam de cuidados

(Frequência 13 ) (8 participantes)

Nutrir afeto pelo idoso

(Frequência 13) (7 participantes)

Cuidar de um familiar

(Frequência 11) (5 partcipantes)

Continuidade do trabalho doméstico

(Frequência 7) (4 participantes)

Auxílio financeiro

(Frequência 5) (3 participantes)

Sentimento de pena pelo idoso

(Frequência 5) (3 participantes)

Sentimento de gratificação

(Frequência 3) (2 participantes)

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tiveram grande relevância na escolha das participantes. Um número significativo de participantes

relatou vivenciar situações nas quais, tiveram contato com idosos que precisavam de cuidados

especiais e muitas vezes, não tinham quem lhes prestasse alguma assistência.

Algumas das participantes tiveram contato com idosos de sua própria família, que

encontravam-se doentes e dependiam de alguém que lhes cuidasse, como é o caso de Acácia,

Glicínia e Margarida, outras participantes conviveram com idosos que careciam de atenção

especial, porém, não tinham com eles nenhum vínculo anterior, como exemplificado na fala de

Dália: “[...] eu passei a ver a situação das pessoas que estavam internadas [...] alguns pacientes

não conseguiam comer sozinhos, então [...] e dava a comida na boca deles.”

Begônia também vivenciou o contato com idosos em ambiente hospitalar: “[...] eu

trabalhava no hospital, eu ficava na clínica geriátrica [...] eu já tinha uma relação assim, com o

idoso”. Outras participantes trouxeram em seus relatos o carinho que já nutriam anteriormente por

pessoas idosas, com isso, buscaram conhecimento técnico na área da enfermagem, para aprimorar

suas capacidades, segundo os relatos de Gardênia: “[...] eu gostava realmente de cuidar de

idosos.”, de Giesta: “O carinho que eu sempre tive por idosos...” e de Glicínia: “... o meu carinho

era maior por idosos...”.

Essa caraterística também foi encontrada nos estudos de Cruz (2009) e Jacobs et al. (2014a),

mostrando que é muito importante que ocorra uma relação de afeto do cuidador para com o idoso.

Essa empatia aliada aos conhecimentos técnicos vai somar para uma melhor qualidade de trabalho

e com isso, pode ser proporcionado maior bem-estar ao idoso. Neste sentido, os relatos de algumas

das cuidadoras demonstram que elas, influenciadas por esse carinho já nutrido por idosos,

buscaram aperfeiçoar seus conhecimentos na área, visando dedicar-lhes um cuidado de maior

qualidade.

Algumas participantes relataram a experiência de ter cuidado de um familiar e devido a

isso, mais tarde, se tornaram cuidadoras de idosos. Para Santos (2013), em vários contextos da

história o cuidado dos idosos ficava a cargo dos familiares, sendo a família a principal responsável

em fornecer proteção, cuidado e o suprimento das necessidades de seus idosos. Em consonância

com essa afirmação, observa-se que as participantes Acácia, Margarida, Amarílis, Glicínia e Rosa,

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tiveram uma experiência familiar, realizando cuidados a parentes que sofriam de enfermidades

graves, com isso, acharam-se aptas para executar esse cuidado de forma profissional.

Em estudos realizados por Ferreira et al. (2015), foi observado que em muitos casos os

cuidadores tinham experiências anteriores no cuidado com familiares, assim como as participantes

desta pesquisa. Nestes dois estudos, após a experiência de cuidar de um familiar, muitos desses

participantes fizeram curso de auxiliar de enfermagem, na busca de conhecimentos técnicos para

aperfeiçoar o cuidado e posteriormente, tornaram-se profissionais cuidadores de idosos.

Assim, ter vivências com idosos que necessitam de cuidados, nutrir afeto pelo idoso e ter

cuidado anteriormente de um familiar, são aspectos que colaboraram fortemente para que essas

participantes escolhessem exercer a função de cuidadoras de idosos ou se achassem aptas a exercê-

la. A preponderância da frequência maior dessas Categorias Temáticas vai ao encontro dos

resultados dos estudos de Del Duca et al. (2011) e Ferreira (2012), que mostram que os

participantes tiveram que cuidar de um familiar idoso que necessitava, somado ao fato de nutrirem

afeto por pessoas idosas, foi de grande motivação para o exercício desta profissão no futuro.

Duas participantes tornaram-se cuidadoras de idosos dando continuidade ao trabalho

doméstico, esse foi o caso de Camélia e Violeta, que já trabalhavam há muitos anos como

empregadas domésticas e depois passaram a tomar conta de suas empregadoras, enquanto que

Alfazema e Rosa que foram contratadas como cuidadoras e realizavam todas as tarefas da casa,

além da responsabilidade de cuidar do idoso. Desse modo, devido ao envelhecimento de algum

membro da família, inclusive, suas próprias patroas, passaram a exercer a função de cuidadoras de

idosos, agregando mais essa função a seu cargo. Esse fato também foi encontrado no Estudo de

Manna (2013), mostrando que pode ocorrer com certa frequência, que empregados domésticos

possam se tornar cuidadores de idosos da família na qual já trabalham.

Um fator encontrado na literatura, de modo geral, foi a dificuldade em delimitar as funções

do cuidador formal domiciliar e das empregadas domésticas. Isso pode ocorrer devido ao fato de

ele estar trabalhando dentro da residência do idoso, e ser protegido pela Proposta de Emenda à

Constituição- PEC 66/2012, conhecida como “PEC das domésticas”. Com isso, observa-se que as

funções inerentes a essas duas profissões podem facilmente ser confundidas (Martins e Mello,

2013). Na ficha de caracterização das participantes deste estudo foi perguntado se elas realizavam

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alguma tarefa de casa, além de cuidar do idoso. Verificou-se que apenas as participantes Alfazema,

Begônia e Giesta afirmaram cuidar somente do idoso e Margarida disse que só cozinhava e lavava

a roupa do Sr. M. Todas as outras participantes relataram que realizavam também as tarefas da

casa, não havendo aí, um parâmetro tanto por parte delas, quanto de seus empregadores sobre quais

seriam realmente suas tarefas, uma vez que foram contratadas com cuidadoras de idosos e não

como empregadas domésticas (Matias, 2014).

As participantes Alfazema, Begônia e Lavanda apontaram o auxílio financeiro como um

aspecto motivacional para a escolha dessa função, referindo-se à necessidade de sustento que é

inerente a qualquer profissão. No caso de Alfazema, por nunca ter trabalhado fora, diante de uma

necessidade financeira, propôs-se a realizar serviços domésticos e consequentemente, cuidar de

idosos. Begônia, que trabalhava no setor de geriatria de um hospital, não conseguindo emprego em

sua área, por necessidade de ganho financeiro, optou por se tornar cuidadora domiciliar de idosos,

que se reflete em sua fala: “[...]eu fui, no meu caso, obrigada a aceitar esse tipo de trabalho, pela

renda...”.

Determinados sentimentos foram relacionados a ter servido como motivação para que duas

participantes se tornassem cuidadoras, entre eles o sentimento de gratificação e o de pena. A

Unidade de Significado “sentimento de gratificação” refere-se ao bem-estar sentido pelas

cuidadoras diante do serviço prestado ao idoso. Esse sentimento faz com que o cuidador se sinta

revigorado, motivando-o no exercício do seu trabalho, como se vê na fala de Margarida “É muito

bom sentir aquela gratidão”, assim como na fala de Dália, “ O bom é quando você faz um trabalho

e a pessoa fala: obrigado por você ter me ajudado”. Para Ferreira (2012), vários sentimentos estão

envolvidos no ato de cuidar, mesmo havendo uma grande satisfação ao ver que o idoso está bem

cuidado e suas necessidades estão supridas, algumas cuidadoras mencionaram ter um sentimento

de piedade pela condição do idoso.

Quanto ao “sentimento de pena em relação ao idoso”, as participantes colocam que

vivenciaram situações nas quais, tiveram contato com idosos que estavam em situações de

dificuldade que suscitaram sua piedade e o desejo de prestar-lhes cuidado e amparo, como

exemplificado na fala de Lavanda “Ah, porque eu tenho dó, eu tenho dó das pessoas idosas...”.

Segundo Mencarelli (2010), a piedade é um sinônimo de compaixão, porém, esta tem a

característica de um sentido de superioridade por parte de quem a sente, e mesmo que

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inconscientemente, ocorrem sentimentos depreciativos a quem é dirigida, como exemplificado nas

falas de Gérbera: “... quando eu vi o estado de abandono dela senti dó. Toda vez que eu ia levar

meus filhos à escola, passava e cuidava dela. ” e da participante Lavanda que relata: “[...] eu

tenho dó das pessoas idosas [...] por dó eu resolvi ser cuidadora [...] e ajuda-los”.

A segunda Categoria Temática analisada foi a “Preparação para tornar-se cuidador de

idosos” e quatro Unidades de Significado foram encontradas, como observado na Figura 5:

Figura 5: Preparação para tornar-se cuidador de idosos

Das quinze participantes, seis fizeram algum curso da área de enfermagem: Acácia e Dália

fizeram curso de Auxiliar de Enfermagem, Begônia, Glicínia e Rosa de Técnico em Enfermagem

e Giesta fez graduação em Enfermagem. As participantes relataram que os conhecimentos

adquiridos nesses cursos, lhes deram capacitação e conhecimentos técnicos para exercer o cuidado

ao idoso.

Segundo Ribeiro R. (2015), uma das características mais marcantes da função de cuidador

de idosos é que até pouco tempo atrás, essa era praticamente um monopólio dos profissionais da

enfermagem. Esse fato é corroborado pelo estudo de Siewert et al. (2014), que ressalta que

Pre

paração p

ara t

orn

a-s

e c

uid

ad

or

de

idoso

s

Curso de Enfermagem

(Frequência 10) (6 participantes)

Não houve preparação

(Frequência 9) (7 participantes)

Aprendizado por meio da prática

(Frequência 7) (7 participantes)

Curso de Cuidador

(Frequência 5) (4 participantes)

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principalmente nas décadas de 80, 90 e início dos anos 2.000, o cuidador formal de idosos,

normalmente era um profissional da área da enfermagem, pois a família ainda era a principal

cuidadora de seus idosos. Quando havia realmente a necessidade da contratação de um profissional,

tratava-se de alguém apto à ministração de remédios injetáveis, passagem de sondas e outras

funções que eram próprias de um enfermeiro. Nos dias atuais, há uma grande heterogeneidade

quanto a formação dos cuidadores.

Na análise das Unidades de significado verificou-se que quase a metade das participantes

não teve nenhum tipo de preparo para exercer a profissão. Essa característica também se confirma

no estudo de Siewert et al. (2014), no qual apenas 32% dos cuidadores haviam feito algum curso

preparatório. Observa-se assim, um despreparo muito grande por parte das pessoas que por alguma

razão, acham-se aptas a trabalhar no cuidado com idosos e o quanto é necessário que haja uma

melhor formação desses profissionais, com cursos que os capacitem efetivamente para a função.

Devido à demanda cada vez maior, esse profissional cuidador de idosos pode ser alguém

que não concluiu o ensino fundamental, como alguém que tem curso superior. Pode ser um

empregado que já trabalhava na casa, como alguém que apresente vários cursos preparatórios

específicos. O que se vê é que uma grande parcela dos cuidadores formais domiciliares não fez

nenhum curso preparatório, embora o mercado esteja exigindo essa formação e que há ainda a

necessidade da delimitação de suas funções, uma vez que por seu trabalho ser realizado em

domicílio, muitas vezes é confundido com um empregado doméstico, sendo exigido assim que o

cuidador execute as mesmas tarefas (Ribeiro R., 2015).

Sete participantes ressaltaram que o principal meio de preparação para tornarem-se

cuidadoras foi a pratica, lidando no dia a dia com o idoso. Entre elas, as participantes Camélia e

Violeta relataram não ter feito nenhum tipo de preparo para cuidar de idosos, mas exerciam essa

função, pois já trabalhavam há muitos anos como empregadas domésticas e passaram a cuidar de

suas patroas quando idosas.

No Brasil e em outras partes do mundo essa pode ser uma realidade, tanto na transformação

de uma empregada do lar tonar-se cuidadora de idosos quanto haver características semelhantes

entre essas duas funções. Na pesquisa de Guimarães et al. (2011), foi feita a comparação entre os

perfis de cuidadoras domiciliares e empregadas domésticas que também realizam o cuidado de um

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idoso residente. Segundo o estudo, muitas são as características semelhantes encontradas, entre

elas: a falta de preparo anterior, os baixos salários oferecidos e a carga horária de trabalho

excessiva.

Quatro participantes fizeram curso de Cuidadora de Idosos: Estrelitzia, Gérbera, Giesta e

Glicínia. Verificou-se assim, que uma minoria fez o curso, talvez isso se dê devido a um conceito

que está se modificando atualmente, que é expresso na fala de Margarida “[...] cuidador não

precisa de curso...”. Essa mudança é percebida no relato das participantes Amarílis e Gardênia que

manifestaram o desejo de fazer um curso específico para cuidador de idosos, pois estão percebendo

que o mercado de trabalho está se tornando mais exigente e mostrando uma tendência na realização

de cursos para aprimoramento do cuidado.

De acordo com a literatura, observa-se que há uma oferta maior de cursos para essa área,

porém, ainda é necessário que um padrão seja estabelecido. Em estudo realizado por Ribeiro R.

(2015), verificou-se que cada instituição que oferece um Curso de Cuidadores de Idosos, é

responsável por sua duração, conteúdo didático, carga horária, se o curso será presencial ou à

distância, como serão realizados os estágios e que profissionais de quais áreas farão parte do corpo

docente, desta maneira, evidencia-se uma dificuldade muito grande na padronização desses cursos.

A pesquisa realizada por Manna, (2013), mostra que há por parte do Governo uma

mobilização para que aumente a oferta de cursos com a finalidade de preparar pessoas para

exercerem a função de cuidadores de idosos. Entre outros, pode-se recorrer aos cursos gratuitos do

Programa Acompanhante de Idosos (PAI), da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, do

Curso de Cuidador de idosos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

(PRONATEC), cursos oferecidos pelo SENAI, além de cursos presenciais e on line oferecidos a

um baixo custo (Siewert et al., 2014).

Outro fator que talvez possa interferir na realização desses cursos, que foi trazido na fala da

participante Amarílis, diz respeito aos horários nos quais são ministrados, normalmente no período

comercial, deixando pouca opção para quem trabalha nesse horário e durante toda a semana. Essa

falta de opção de dias e horários mais flexíveis, dificulta que as cuidadoras interessadas tenham

acesso à realização desses cursos, como exemplificado nessa fala: “Eu gostaria de fazer um curso

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para cuidar de idosos mesmo, mas é meio difícil para eu fazer agora. Como vou sair de lá só para

fazer um curso? Só se for de sábado, né? ”.

Uma nova modalidade de serviços que estão disponíveis nos sites de busca da pela internet,

são os “cursos para cuidadores de idosos on line”2, alguns mediante pagamento e outros gratuitos,

como é o caso do Curso para Cuidadores de Idosos2 realizado pela instituição Prime Cursos e do

Curso de Cuidador de Idosos do Instituto Pedagógico de Ensino à Distância-IPED. Esses cursos

abrangem uma grande gama de conhecimentos, desde os cuidados com a higiene pessoal e

ministração de medicamentos, até conhecimentos de diversas doenças decorrentes do

envelhecimento e exercícios físicos para o cuidador realizar com o idoso. Porém, em nenhum

momento é exigido um estágio prático para consolidar esses conhecimentos. A ausência desse

treinamento pode colocar em dúvida sua real efetividade, uma vez que não há como avaliar, no

trato com o idoso, a capacidade e a aprendizagem do cuidador.

A Figura 6 trata do “significado de cuidar de um idoso”, sendo que os seguintes conteúdos

foram encontrados nas falas das participantes:

2 Para compreender a didática aplicada nos cursos para cuidadores de idosos on line, a pesquisadora realizou dois

cursos gratuitos nessa modalidade. O primeiro foi o Curso de Cuidador de Idosos do Instituto de Pedagogia e Ensino

a Distância-IPED (www.iped.com.br), e visando comparar os conteúdos oferecidos nesses cursos, realizou o segundo

curso que foi o Cuidadores de Idosos da instituição Prime Cursos (www.primecursos.com.br).

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Figura 6. Significado de cuidar de idosos

Para grande parte das participantes o significado de cuidar de idosos está ligado a ter afeto,

ou seja, o sentimento que nutrem pelo idoso é muito importante e manifesta-se no ato de

proporcionar-lhes bem-estar, que pode estar ligado a questões concretas de cuidado com o corpo e

suprir as necessidades do idoso, como também às questões ligadas à sua subjetividade. Dez

cuidadoras afirmaram sentir afeto pelo idoso. Essa característica pode fazer com que imbuídas de

um sentimento de carinho, elas formem um vínculo que vai além de um contrato de trabalho, ou

uma fonte de renda e possam vivenciar no ato do cuidado, um momento de troca afetiva.

Esse mesmo aspecto relativo a afetividade, foi encontrado no estudo de Medeiros F. (2014),

que buscou traçar o perfil de cuidadores formais contratados para trabalhar em três ILPIs da

Paraíba, e compreender qual seria para eles, o significado de cuidar de um idoso. Segundo a autora,

um dos fatores encontrados foi que o significado de cuidar é cooperar para a manutenção da vida,

que deve ser construído com afetividade e amor, que deve cultivar a sensibilidade humana, com

responsabilidade e paciência no cuidado com o corpo fragilizado.

Sig

nif

icad

o d

e cu

idar

de

idoso

s

Ter afeto

(Frequência 15) (10 participantes)

Proporcionar bem-estar

(Frequência 15) (7 particiantes)

Infantilização do idoso

(Frequência 10) (7 participantes)

Ter responsabilidade sobre o idoso

(Frequência 8) (6 participantes)

Ter empatia

(Frequência 7) (6 participantes)

Ter paciência

(Frequência 7) (4 participantes)

Dar atenção

(Frequência 5) (2 participantes)

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Em outro momento, Medeiros A. (2015), realizou uma pesquisa visando investigar os

fatores ambientais associados à Síndrome de Burnout em cuidadores de idosos que sofriam da

Doença de Alzheimer. Nesse estudo também foi observado que a afetividade cooperou para que

vínculos positivos fossem estabelecidos entre cuidador e idosos, gerando satisfação e bem-estar

aos cuidadores. A autora ressaltou que na ausência de um significado para o cuidado, a sobrecarga

observada era maior, podendo inclusive, acarretar um adoecimento psíquico ao cuidador.

De acordo com o conceito das participantes, entre outros fatores, cuidar de idosos significa

lhes “proporcionar bem-estar”, auxiliando nas atividades que eles não conseguem fazer sozinhos,

proporcionar uma sensação de conforto e suprir as necessidades do idoso cuidado. De acordo com

a percepção das participantes, este bem-estar está ligado ao cuidado concreto com o corpo, como

cuidar da higiene, da alimentação e ter certeza de que o idoso está confortavelmente instalado.

Segundo a visão de vários pesquisadores da área, de maneira geral, os cuidadores associam essa

Unidade de Significado como sendo a maior prioridade de sua função. Isso ocorre, pois diante de

um idoso fragilizado ao qual foi necessário a contratação de um cuidador, está implícito que é

designado a esse profissional garantir o bem-estar desse idoso em todos os sentidos (Souza, 2014;

Silva, 2014; Evangelista & Souza, 2015).

De modo geral, metade das participantes enfatizou que proporcionar bem-estar ao idoso,

mesmo diante das muitas dificuldades que o idoso fragilizado está exposto, é uma forma de

proporcionar-lhe uma melhor qualidade de vida, amenizando as vicissitudes desse período. Essas

mudanças no conceito de olhar o envelhecimento estão expressas nas falas das participantes, como

no exemplo de Acácia: “[...] é prestar conforto, auxiliar nas atividades que eles não conseguem

fazer mais...”, pois buscam o bem-estar físico e subjetivo do idoso, ajudando-o a realizar suas

atividades e motivando-os a superar suas limitações, assim como relatado na fala de Dália: “É isso,

você proporcionar esse bem-estar, dizer que ele está vivo, que ele vai conseguir”. Na pesquisa

realizada por Pedro, Cavalcanti-Bandos, Costa e Antunes (2013), verificou-se que garantir o bem-

estar do idoso em todos os âmbitos, está entre as prioridades para que ele tenha uma qualidade de

vida satisfatória, corroborando ao que foi colocado pelas participantes desta pesquisa.

O bem-estar ligado ao cuidado com o corpo do idoso, foi citado oito vezes pelas

participantes, relacionando esse cuidado à manutenção das necessidades básicas, como

exemplificado na fala de Gérbera: “[...] auxiliando no banho, na hora de preparar a alimentação”.

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Outro aspecto verificado três vezes nas falas das participantes, foi uma preocupação quanto ao

bem-estar subjetivo, relatado como forma de animar o idoso, como mencionado por Dália: “Eu

procuro proporcionar o melhor que eu posso. Eu canto, conto histórias, faço a pessoa rir”. Porém,

em quatro momentos, as participantes não deixam muito claro a que tipo de bem-estar estão se

referindo, falando mais genericamente, como exemplificado por essas falas de Dália: “[...] eu estou

aqui para promover um bem-estar para o senhor ou a senhora...” e de Margarida: “É satisfatório

deixar ele bem...”.

Outra característica encontrada na fala de sete participantes foi a “infantilização da velhice”,

na qual elas relacionam o significado de cuidar de um idoso à maneira de se cuidar de um bebê ou

uma criança, trazendo a ideia de um idoso que se comporta como uma criança. Para Magalhães

(2015) e Gil e Marigliano (2015), no intuito de negar a própria impotência frente a perspectiva da

finitude é que se lança mão do recurso de infantilizar o idoso, trazendo aspectos de alguém que

ainda tem a vida inteira pela frente, ao invés de pensar que está diante de uma pessoa que devido à

idade avançada, já vivencia uma proximidade com a morte.

Algumas participantes que cuidam de pacientes em estado de dependência total e vivenciam

juntamente com o idoso cuidado, todo o sofrimento pelo qual está passando, acabam usando como

recurso a infantilização para lidar com esse contexto tão delicado, como exemplificado nas falas

de Begônia: “Cuidar de um idoso é cuidar de uma criança...” e de Rosa; “[...] eu tratava ela como

se fosse uma criança...”. Algumas participantes também tiveram a experiência de cuidar de um

parente muito próximo, como a mãe ou a tia, que passaram por doenças gravíssimas e um período

de sofrimento muito grande, que culminou com a morte das idosas. Diante dessas situações e dos

aspectos da própria história, o infantilizar a velhice acaba servindo como uma maneira de negar

sua própria angústia e projetar no idoso, a figura de um bebê, que embora use fraldas e dê um

trabalho específico, está no início da vida e ainda terá muito o que aprender e produzir.

Analisando essa característica de infantilização, pode-se reportar a ideia de que assim como

uma criança precisa ser instruída na maneira que deve agir, também o idoso deva obedecer às

instruções dos adultos que estão a seus cuidados. De acordo com Gil C. (2010), há muitas vezes

uma visão assistencialista em torno da figura do idoso e devido a estereótipos, ocorre de outras

pessoas tomarem decisões por eles, como se eles não tivessem mais capacidade para decidir algo

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sobre suas vidas, em uma relação onde predomina o controle da velhice, na qual o idoso é tratado

como uma criança.

Este aspecto fica evidenciado no Estudo de Berzins (2009), que traz aspectos do velho

que volta a ser criança, que ao invés de dar ordens para o filho, recebe e obedece às ordens dele,

afirmando que esse é um mito presente no imaginário coletivo tanto dos idosos, quanto de gerações

mais jovens, como exemplificado na fala de Lavanda “[...] porque uma pessoa idosa vira uma

criança depois de adulto, né? ”. Autores como Abras e Sanches (2010) ressaltam outros aspectos

sob o mesmo tema. Para eles, o modo que alguns cuidadores se comportam no sentido de

infantilizar o idoso, por exemplo, fazendo piadas ou brincadeiras quando eles expõem algum tipo

de incapacidade, revela reações defensivas narcisísticas sádicas, como uma forma de defesa frente

à possibilidade de que um dia isso possa ocorrer com eles também.

Seis participantes compreendem que o ato de cuidar envolve “ter responsabilidade sobre o

idoso”, e essa é uma relação que exige muito do cuidador e pode levar a uma maior sobrecarga,

uma vez que ele se sinta responsável em acolher e suprir todas as necessidades do idoso. Para Silva,

Passos e Barreto (2012), o indivíduo que presta cuidados ininterruptos ao idoso sofre de um

desgaste físico e mental muito grande, devendo ter atenção redobrada sobre sua própria saúde e

dedicar a si um maior autocuidado. Na presente pesquisa observou-se que muitas participantes tem

uma grande carga horária dedicada ao seu trabalho, como o caso de Glicínia que trabalha das 08:00

às 17:00 de segunda a segunda e de Rosa que trabalha doze horas diariamente, exceto aos finais de

semana. Esse fator somado às responsabilidades inerentes à função que exercem, torna-se a razão

de uma grande sobrecarga para essas participantes, podendo inclusive, interferir em sua saúde e na

qualidade do serviço prestado.

Como uma das características do significado de cuidar, foi observado por seis participantes

a necessidade de se “ter empatia” pelo idoso cuidado, como mostra a fala de Giesta: “[...] cuidar

como você gostaria de ser cuidado, se colocar no lugar do idoso...”. Essa característica também

foi ressaltada no estudo de Witter G. e Camilo (2011), que buscou traçar um perfil das qualidades

que, quando encontradas em um cuidador, podem favorecer a um atendimento de melhor qualidade.

Segundo as autoras, para que esse trabalho seja bem executado, é necessário que o cuidador tenha

empatia e se coloque no lugar daquele idoso, compreendendo o momento que ele está vivendo, e,

quando houver condições psíquicas, consultá-lo na tomada de decisões. A empatia pelo idoso

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também pode cooperar para uma relação de respeito, na qual o ato de cuidar se torna mais

prazeroso, fazendo com que o cuidador realize suas atividades com eficiência e proporcione maior

suporte e acolhimento a ele.

Das dez participantes que afirmaram ter afeto pelo idoso como uma característica do

significado de cuidar, três participantes Glicínia, Margarida e Rosa também apontam a empatia

como uma dessas características. Para Glicínia, deve-se cuidar do idoso, não importando o que ele

fez no passado e se colocando em seu lugar, levando em conta o momento de fragilidade no qual

se encontra, como relatado nessa fala “[...] não interessa o que o idoso fez no passado [...] todos

nós vamos passar por essa idade, tem que entender e a gente tem que ajudar”. A participante

Margarida relatou que “toma as dores do idoso”, inclusive, em questões familiares e Rosa disse

que se deixa envolver pela vida do idoso, essa afirmação aparece nessa fala: “Se o idoso tem

Alzheimer, eu acabo esquecendo um pouco”.

Outras duas unidades de significado encontradas nas falas das participantes foram “ter

paciência” e “dar atenção” ao idoso. As participantes trazem em seus relatos, em sua grande

maioria, o carinho que sentem pelos idosos e a necessidade de compreender o momento que estão

vivendo. Sendo assim, ter paciência diante dos comportamentos e situações difíceis que possam

ocorrer, faz parte do significado do cuidar. Também foi colocado pelas cuidadoras a necessidade

de “dar atenção”, auxiliar o idoso a realizar as atividades a seu tempo, motivá-lo nas coisas que ele

ainda pode fazer, ouvir o que o idoso tem a dizer. Nesse sentido, a participante Dália disse que

procura dar muita atenção e que conversa muito com o senhor I. incentivando-o e mostrando que

ele é capaz de realizar suas tarefas, dessa maneira ela faz com que ele sinta que ainda possui

autonomia e assim, consiga lidar melhor com os sintomas de sua doença.

A quarta Categoria Temática analisada foi a “características da função de cuidador de

idosos” e quatro Unidades de Significado foram encontradas, como observado na Figura 7:

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Figura 7. Características da função de cuidador de idosos

Pode-se destacar a Unidade de Significado “atividade constante”, expressão utilizada para

indicar que devido à grande demanda por cuidadores no mercado de trabalho atual, assim que

deixam de cuidar de um determinado idoso, pelas mais variadas razões, logo em seguida já são

contratadas para o cuidado de um novo idoso. Esta característica é confirmada na fala de Acácia:

“Trabalhei até o dia que ela faleceu, depois disso, não parei mais”.

Nesta pesquisa foi observado que nove participantes estão trabalhando com o idoso no

período de seis a oito meses, não chegando a concluir um ano de trabalho. Quando foram realizados

os contatos buscando participantes para esta pesquisa, foi solicitado no mínimo seis meses de

trabalho, o que trouxe uma grande dificuldade para encontrar o total de participantes, pois a maioria

dos cuidadores contatados, que não puderam participar da pesquisa, estava há mais ou menos dois

meses naquele emprego. Uma queixa trazida por algumas contratantes de cuidadores para seus

familiares idosos, principalmente os que sofriam de Doença Alzheimer, foi que as cuidadoras não

permaneciam muito tempo no trabalho, por melhores que fossem as condições oferecidas.

Buscando compreender a razão dessa atividade constante, pode-se destacar duas vertentes:

na primeira observa-se, como já foi dito anteriormente, a grande demanda com uma procura cada

Cara

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cas

da f

un

ção d

e cu

idad

or

de

idoso

s

Atividade constante

(Frequência 14) (12 participantes)

Experiências marcantes no cuidado com o idoso

(Frequência 8) (7 participantes)

Defesa do idoso frente a maus tratos

(Frequência 4) (2 participantes)

Ansiedade com relação à morte do idoso

(Frequência 3) (3 participantes)

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vez maior por esse tipo de profissional, devido à ausência de pessoas para realizar o cuidado de

idosos. A segunda vertente diz respeito à grande rotatividade de cuidadores, que ficam pouco tempo

em um determinado local de trabalho, seja pelo falecimento do idoso cuidado, dificuldades de

relacionamento com o idoso ou familiares, ou ainda, devido a questões ligadas à sua própria saúde

ou porque encontraram uma melhor oportunidade de trabalho. Essas características também foram

verificadas no Estudo realizado por Alencar, Schultze e Souza (2010), e, de acordo com dados da

pesquisa, além dos já citados, as autoras a associam a alta rotatividade ao fato de 62,7% dos

cuidadores participantes sofrerem com dores crônicas, como os distúrbios osteomusculares que

provocam dores lombares, cervicais e nos joelhos que dificultam a realização do trabalho e com

isso, a necessidade de mudança do mesmo.

Além das limitações causadas por problemas de saúde, questões relacionadas a aspectos

psicológicos também são possíveis causadores da rotatividade. Esse aspecto foi encontrado no

estudo de Bocchi, Andrade, Juliani, Berto e Spin (2010), que realizaram uma pesquisa envolvendo

cuidadores de idosos que trabalhavam como voluntários em uma ILPI e observaram que entre esses

voluntários também havia uma rotatividade muito grande. Aspectos como a sensação de

impotência diante da finitude e avanço progressivo das enfermidades, foram ressaltados como

fatores agravantes do declínio do vínculo entre cuidador e idoso e consequentemente, do abandono

da função.

Pode-se observar que com relação à função que exercem, quase metade das participantes,

traz como uma característica da profissão o fato de terem tido “experiências marcantes no cuidado

com o idoso”, relatando vivências que foram importantes no cuidado a determinado idoso. Diante

dos relatos, pode-se observar que as cuidadoras sentem a intensidade da atividade, pois cuidar de

um idoso é participar de sua vida e estar com ele, muitas vezes, em momentos extremamente

difíceis. Quando esse vínculo está estabelecido, observa-se que o cuidador se sente identificado

com a situação do idoso e projeta nele suas próprias ansiedades quanto ao envelhecimento, e sentem

o desejo de amenizar seu sofrimento. Essa característica é exemplificada nas falas da participante

Margarida que afirma: “[...] ela era uma mulher maravilhosa. Ela marcou a minha vida!”, e de

Glicínia que também traz essa afirmação: “[...] cada um tem uma história e que marca mesmo a

vida da gente!”.

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Segundo Ramirez e Schneider (2010), o vínculo corresponde à união entre pessoas ou coisas

que estando ligadas e se completam de maneira concreta ou simbolicamente. Ele pode ser

constituído de uma ligação moral ou afetiva, denotando a proximidade de duas pessoas, porém, os

vínculos podem ser rompidos por diversas situações, uma vez que as relações podem estar sujeitas

a mudanças. A maioria das participantes trouxeram experiências positivas em seus relatos, mas

ocorreram também situações que marcaram negativamente a vida de algumas participantes, como

é o caso de Begônia. Ela contou que a primeira idosa que cuidou sofria de Alzheimer e tinha

momentos de muita agressividade, ela deixa transparecer o sofrimento vivido nessa relação, pois

mesmo depois de ter cuidado de vários idosos, essa experiência ainda estava em sua memória,

conforme exemplificado nessa fala: “A minha primeira experiência foi um pouco difícil [...] tinham

momentos em que ela ficava assim, bem agressiva [...] não parecia que era ela [...] a gente tinha

que ter esse cuidado especial com ela”.

Uma característica encontrada no relato das participantes foi a “defesa do idoso frente a

maus tratos”. Já há alguns anos tem-se observado o aumento na incidência de casos de violência

contra a pessoa idosa e ao mesmo tempo uma subnotificação dos casos, uma vez que o idoso muitas

vezes protege o agressor e acaba por não o denunciar. Segundo Santos, Nicolau, Fernandes e Gil

(2013), essa violência ocorre mais frequentemente no contexto interpessoal e doméstico. Para

Marigliano (2013), talvez pelo fato do aumento da longevidade ter ocorrido de forma muito rápida,

a sociedade não se preparou para atender as demandas do idoso, não havendo assim, uma estrutura

para dar suporte a essa população. O fenômeno da violência contra o idoso é reconhecido como

um dos principais problemas de saúde pública que estão ocorrendo no século XXI.

A participante Alfazema, traz esse tema referindo-se a ideia de proteger a idosa sob seus

cuidados de algum tipo de agressão, segundo exemplificado nessa fala: “[...] quando eu entrei vi

assim, umas atitudes e eu falei: olha eu quero deixar bem claro que nada que diz respeito a você

e sua mãe eu vou compactuar com você [...] Ela é uma pessoa, assim, meio dissimulada [...] então

eu vi a necessidade de dar um breque, antes das coisas começarem”. Já a participante Gérbera,

mencionou que teve um contato muito grande com idosos que foram abandonados por suas

famílias, começando a partir daí, a fazer visitas e prestar cuidados a esses idosos. Ela deixa isso

muito claro nas falas da entrevista e também nas histórias dos desenhos, exemplificando com sua

fala que há outras formas de violência cometida contra o idoso, não apenas a violência física.

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Berzins e Watanabe (2010), mostram em seu estudo que há muitos tipos de violência que

podem ser cometidas contra idosos, entre eles: o abandono, a negligência, a violência física e

psicológica e o abuso financeiro, como visto nos relatos de Gérbera: “... o abandono de uma pessoa

que conheci há muitos anos atrás. Um dos filhos pôs a propriedade para aluguel [...] fui à sua

casa e ela estava acamada, com pulgas e piolhos[...] eu cuido e defendo quando vejo que não estão

cuidando direito dos idosos.” e de Alfazema: “[...] as pessoas dizem: precisa falar para o irmão

dela que a noite acontece isso, mas eu acho que só vai piorar a situação [...] Só que perto de mim

ela não faz nada, mas eu não confio nela”.

Algumas participantes relataram ter “ansiedade quanto à morte dos idosos", referindo-se ao

sentimento de apreensão diante da eminência da morte do idoso cuidado, seja em decorrência da

idade avançada ou a delicada situação de seu estado de saúde. Margarida comentou sobre sua

dificuldade em lidar com a morte “Eu odeio a morte, eu não gosto [...] então fico pensando, porque

ele já tem 94 anos, quanto tempo ele vai durar, dez anos? Eu sei que pelo menos mais um ano ele

vai durar, é aí eu me apego mais ainda”. Em caso de falecimento, esses vínculos afetivos podem

tornar ainda mais sofrido o desligamento, pois a morte do idoso cuidado traz uma conotação

pessoal, à medida que a cuidadora tinha um vínculo afetivo forte com ele. De acordo com Suzuki

(2013), ao ver o idoso cuidado perder suas capacidades progressivamente, ocorre o luto

antecipatório do cuidador, trazendo-lhe um sofrimento muito grande.

A proximidade da morte do idoso faz com que as cuidadoras tenham que lidar com seu

próprio envelhecimento e finitude, embora as participantes que trouxeram esse tema tenham idades

entre 30 e 44 anos, pode-se observar uma grande preocupação delas com esse aspecto. No caso das

três participantes Dália, Margarida e Rosa, possivelmente isso ocorra devido a experiências

anteriores de falecimento de idosos cuidados por elas, e ao ver o quadro delicado dos idosos que

cuidam atualmente, sentem ansiedade quanto à morte deles. Suzuki (2013), ressalta que esse

aspecto deve ser trabalhado, fazendo com que o cuidador possa elaborar psiquicamente essa

questão, para em caso de óbito, conseguir se desligar do idoso.

A Categoria Temática que analisa o “relacionamento com o idoso cuidado atualmente”,

busca compreender como se dá essa relação entre o cuidador e o idoso, segundo mostra a Figura 8:

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Figura 8. Relacionamento com o idoso cuidado

Segundo a ótica da maioria das participantes, o relacionamento com o idoso cuidado é bom,

mostrando a relação de empatia que ocorre entre elas e o idoso sob sua responsabilidade. A fala

da participante Alfazema traz essa afirmação: “Ah, o meu relacionamento com ela é muito bom...”

e Margarida: “Ah, é muito legal, é de amiga ”. As participantes Camélia, Dália, Estrelitzia, Glicínia

e Violeta reconhecem seu relacionamento como bom e fundamentado na amizade. Gardênia relata

que se diverte muito cuidando da idosa, pois ela gosta de dançar e é muito animada.

Embora o aspecto empatia já tenha aparecido como um dos significados atribuídos ao cuidar

de idosos para algumas participantes, aqui esse tema volta a aparecer como uma característica

necessária para se ter um bom relacionamento com o idoso. Para Witter G. & Camilo (2011), é

muito importante para uma relação de respeito e amizade que haja empatia entre o cuidador e o

idoso, como também um domínio pelo cuidador, de diversos aspectos do envelhecimento. Com

isso, o cuidador terá sensibilidade para dar suporte ao idoso nas mais variadas circunstâncias e

fortalecer essa relação de amizade.

A participante Acácia, 38 anos, trouxe em seu relato que no início foi muito difícil ser

aceita por Dona E., mas após um período de insistência, conseguiu transformar essa relação e hoje

Rel

aci

on

am

ento

com

o i

doso

cuid

ad

o

Bom relacionamento

(Frequência 17) (11 participantes)

Necessidade de controle

(Frequência 8) (4 participantes)

Reviver aspectos da história pessoal

(Frequência 5) (3 participantes)

Gratidão dirigida ao idoso

(Frequência 4) (3 participantes)

Afeto sem troca

(Frequência 4) (2 participantes)

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busca manter a boa convivência, principalmente, evitando fazer coisas que a desagradam “[...]

então, eu tive que insistir até que deu certo, aí ela começou a aceitar. Eu tenho medo de destruir

tudo o que eu consegui [...] e assim, colocar tudo por água a baixo”. Nas pesquisas de Carneiro e

França (2011), Rocha e Pacheco (2013) e Loureiro, Pereira, Fernandes e Oliveira (2015), foi

ressaltado que uma das causas que dificultam o relacionamento entre cuidador e idoso é o criticismo

que muitas vezes o idoso tem, requerendo que o cuidador lance mão de seus recursos internos e

externos para lidar com o estresse. Os autores ressaltam que nesse momento, seria importante que

houvesse um acompanhamento psicológico, para que o cuidador aprendesse a lidar com essas

demandas.

Foi identificada, no que diz respeito ao relacionamento com o idoso, uma “necessidade de

controle” por parte das cuidadoras. Essa unidade está relacionada a anterior à medida que um bom

relacionamento pode estar, em alguns casos, ligado ao controle que a cuidadora pode exerce sobre

o idoso. As participantes Acácia, Alfazema e Amarílis se encaixam nessa afirmação, pois dizem

ter um bom relacionamento e ter a necessidade de controle, já a participante Rosa ressalta essa

necessidade, alegando que a idosa sofre de Doença de Alzheimer, é muito exigente e por essa razão,

ela tem que estar no controle da situação para que tudo corra bem. Esse dado foi destacado pelas

expressões utilizadas por elas, que revelam a necessidade de estarem à frente da situação, no trato

com os idosos.

Essa característica pode estar muitas vezes, relacionada ao grau de dependência do idoso e

pela enfermidade a qual está acometido. Das participantes que denotaram essa necessidade, Acácia,

Amarílis e Rosa cuidam de idosas que sofrem de Doença de Alzheimer, que dependendo da fase

na qual se encontra, faz com que o idoso se comporte como uma criança, necessitando assim, que

a cuidadora seja enérgica e tenha o domínio da situação. Enquanto que Alfazema cuida de uma

idosa que têm dependência total de cuidados, por essa razão, ela afirma ter que manter o controle

para que tudo corra bem, como exemplificado nesta fala: “Lá eu organizo a casa e faço tudo [...]

cuido da higiene [...] dos horários de comer, o que ela está comendo...”.

No Estudo realizado por Nascimento e Paulin (2014), sobre e capacidade funcional de

idosos internos numa instituição, observou-se que naquele contexto, havia um certo grau de poder

e controle por parte dos cuidadores formais da ILPI, podendo inclusive assemelhar-se ao controle

que é exercido pelos filhos, quando cuidam de pais idosos. Segundo as autoras, isso ocorre devido

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a necessidade de realizar um serviço rápido e eficiente, então, o cuidador controla e executa tarefas

que poderiam ser feitas pelo próprio idoso. Esse fato foi observado na fala de Rosa: “[...] eu gosto

de cuidar de idosos, mas o fato de eles fazerem tudo devagarinho me deixa estressada [...] me dá

aquela falta de paciência e eu gostaria de resolver logo”.

Ainda segundo os autores, esse tipo de atitude pode fazer com que aumente ainda mais a

perda de autonomia, pois como visto no estudo, devido ao controle exercido pelos cuidadores, com

o passar do tempo formou-se uma dependência comportamental. Com isso, os idosos não faziam

mais as suas atividades sozinhos, e sim, ficavam esperando pelo momento em que o cuidador viesse

ajudá-los. Nesse sentido, foi ressaltado que é muito importante que o idoso mantenha sua

autonomia e possa ele mesmo executar suas tarefas, mesmo que pequenas, o que faz com que ele

continue ativo e se sinta no controle de suas ações.

No estudo realizado por Gil (2005), esse tema foi abordado, mostrando que o desejo de

controlar o idoso parte muitas vezes de ideias estereotipadas, nas quais julga-se saber o que melhor

para o idoso. Essa visão assistencialista faz com que as pessoas do seu convívio, por terem uma

ideia do que é o envelhecer bem, queiram que ele se encaixe em suas propostas. Com isso,

procuram decidir o que o idoso deve fazer e que atividades deve realizar, imaginando que ao ter

uma ocupação e compromissos a cumprir, o idoso se sentirá mais útil e inserido na sociedade. Um

fato, porém, que muitas vezes não é levado em consideração, é se o idoso gostaria ou não de realizar

essas atividades, valorizando apenas o fazer e não a forma como ele percebe esse fazer.

Algumas participantes relataram que ao cuidar do idoso estavam tendo a oportunidade de

“reviver aspectos da vida pessoal”, denotando a possibilidade de entrarem em contato com aspectos

de sua própria história. A participante Margarida disse que ao cuidar do Sr. M., sente que está tendo

uma oportunidade de cuidar de seu avô, que morreu há muitos anos atrás, exemplificado nesta fala:

“Eu gostaria de ter cuidado do meu avô, parece que eu passo esse sentimento para ele...”. Camélia

projeta na idosa que cuida sentimentos maternais, como mostra essa afirmação: “[...] então, é

como uma mãe para mim”. A participante Rosa também relatou sentimentos, projetando na idosa

esse carinho maternal, como indica a seguinte fala: “[…] ela me cuidava como se fosse uma

filha...”.

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Segundo as falas apresentadas, as participantes estão depositando nos idosos cuidados a

oportunidade de satisfazer o desejo de cuidar de um parente, ou sentir que tem essa pessoa a seu

lado. Esse tipo de situação pode gerar uma relação delicada entre cuidador e idoso, uma vez que o

idoso pode não corresponder a esse sentimento, vendo no cuidador apenas um empregado

assalariado, ou não nutrir por ele o mesmo afeto. Em sua pesquisa, Dornófio, Vetter e Vracevic

(2010), pontuam que quando o cuidador é contratado, os vínculos afetivos se formam de maneira

diferente, pois não há grau de parentesco envolvido, nem alianças de vínculo consanguíneo. Porém,

dependendo do tipo de relação que se desenvolve, muitas vezes há a possibilidade de o cuidador

poder reviver aspectos de sua história pessoal.

De acordo com Marques e Quadros (2011), a oportunidade de prestar cuidados a idosos,

suscita em vários cuidadores uma experiência de retomar suas próprias vivências, trazendo a

possibilidade de compartilhar suas experiências pessoais positivas ou negativas, mesmo que,

devido às condições de dependência na relação de cuidado não haja troca de afeto. No estudo

realizado por elas, foi observado que os participantes davam uma importância muito grande à troca

de conhecimentos, experiências pessoais de cuidado e formação de vínculos afetivos, nos quais

pode haver um sentimento de gratidão dirigido tanto ao cuidador, por seus serviços prestados e ao

idoso pela experiência de vida.

Algumas cuidadoras trouxeram em seus relatos que nutrem uma “gratidão dirigida ao

idoso”, essa questão também está relacionada ao reviver aspectos da história pessoal, pois além da

gratidão pode-se observar aspectos de identificação e projeção, nos quais as participantes idealizam

os idosos. Camélia, Margarida e Violeta falaram da gratidão que sentem pelos idosos a seus

cuidados, referindo-se a sentimentos de reconhecimento por algum benefício prestado. Assim

como exemplificado na fala de Camélia: “[...] tudo o que eu aprendi até hoje, é graças a ela, tudo

mesmo”. A participante comentou que sente uma gratidão muito grande, projetando na idosa esse

sentimento e passando a idealiza-la como fonte de conhecimento. Margarida também projeta no

idoso a quem cuida, um sentimento de gratidão dizendo: “Com ele eu aprendo tanto, não é só ser

cuidadora...”, enquanto que Violeta, trabalhando há dezoito anos na mesma casa e há oito anos

cuidando exclusivamente da idosa, manifesta esta gratidão continuando a cuidar dela. Ela disse que

já pensou diversas vezes em se aposentar, sendo inclusive incentivada por seus filhos, mas desiste

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da ideia ao pensar em tudo de bom que a idosa lhe fez nesses tantos anos de convivência, como

mostra essa fala: “Se ela não fosse uma pessoa muito boa, eu não estaria com ela...”.

No que diz respeito ao relacionamento com o idoso cuidado, duas participantes falaram do

“afeto sem troca”. Begônia e Giesta que cuidam de pacientes com Alzheimer em alto grau de

dependência, trouxeram em seus relatos a situação na qual procuram interagir com o idoso, mas

não tem certeza se há alguma troca de afeto, devido não haver a possibilidade de verbalização,

como exemplificado nas falas de Begônia: “[...] ela não responde, não verbaliza, mas a gente vê

que ela olha para a gente...” e de Giesta “A gente conversa com ela, para não entender...”. Na

pesquisa de Ferreira, Aguiar e Meneses (2015b), envolvendo cuidadores informais de idosos com

a Doença de Alzheimer, foi relatada a necessidade de ressignificação dos sentimentos e a

desagregação das relações interpessoais que ocorre com a progressividade da doença, trazendo

angústia e sofrimento ao cuidador. Ao dar novos significados a essa relação, os cuidadores tendem

a enfrentar melhor as questões que envolvem o afeto sem troca, e criar estratégias para lidar melhor

com essa situação.

A Figura 9, trata dos “possíveis impactos que poderiam ser causados pela função de cuidar”,

entre eles, impactos à saúde física e mental:

Figura 9. Possíveis impactos à saúde física e mental dos cuidadores

Po

ssív

eis

imp

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físi

ca e

men

tal

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uid

ad

or

Impactos negativos na saúde mental

(Frequência 22) (7 participantes)

Mudanças positivas

(Frequência 15) (6 participantes)

Impactos negativos na saúde física

(Frequência 8) (7 participantes)

Não houve impacto

(Frequência 6) (5 participantes)

Medo da velhice

(Frequência 4) (1 participante)

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Buscou-se conhecer quais seriam os impactos que poderiam ocorrer na saúde física e mental

das cuidadoras e de acordo com a análise de conteúdo realizada a partir do material retirado das

entrevistas, pode-se observar que sete participantes relataram ter sentido impactos negativos na

saúde mental, referindo-se à presença de fatores psicológicos prejudiciais diante da atividade de

cuidar de um idoso. As participantes Acácia, Amarílis, Begônia, Rosa e Violeta se queixaram de

estresse e ansiedade, alegando que devido a isso, se sentem tensas e ainda, tiveram outros

agravantes, como por exemplo, falta de memória, como no caso de Begônia e Violeta.

Para Rocha e Pacheco (2013), a carga de estresse psicológico do cuidador pode ocorrer por

diversas razões, entre elas está o estado de saúde do idoso e a falta de colaboração por parte dos

familiares, aumentando assim, a sobrecarga sobre o cuidador. Embora as participantes, de modo

geral, tenham relatado ter um bom relacionamento com seus idosos, é sabido que em toda relação

há desgastes. Mesmo lançando mão de seus recursos internos lidar com os fatores estressantes, é

possível é que algumas cuidadoras apresentem algum sintoma desse estresse.

Estudos como o de Clay (2009), Camargo (2010) e Pedreira e Oliveira (2012), que falam

de impactos negativos à saúde do cuidador, principalmente com relação à saúde mental e a

sobrecarga a que ficam expostos, mostram que o ato de cuidar pode trazer complicações à sua

saúde. Para Souza (2014), ficar muitas horas confinado no quarto, não poder dar vazão a seus

próprios projetos em detrimento do cuidado ao idoso, pode fazer com que o cuidador sinta com

mais intensidade uma sobrecarga emocional. Entre os sintomas que podem acometê-lo decorrente

dessa sobrecarga estão o estresse, a fadiga, insônia, aumento ou perda de peso, entre outros. O

estresse e a agitação estão exemplificados nas falas de Violeta: “Ah, eu fico bem estressada...” e

de Amarílis: “Você está sempre agitada, sempre em alerta”.

Por outro lado, foram encontradas no relato de seis participantes “mudanças positivas”,

expressando diferenças benéficas percebidas em sua vida, após começarem a exercer a função de

cuidadoras, trazendo-lhes uma visão mais humanizada da figura do idoso, como exemplificado na

fala de Begônia: “Eu tenho que olhar para ela não só como paciente, mas como alguém que já

viveu também, que teve a história dela e que merece todo o meu respeito”. O vínculo de cuidado

com o outro nesse caso, representou uma fonte de mudanças positivas que trouxeram

amadurecimento para as cuidadoras. Em estudo realizado por Kim et al. (2009), os autores

ressaltam que embora o ato de cuidar muitas vezes traga fortes impactos à saúde física e mental do

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cuidador, quando esse se prevalece de boas condições de saúde e um acompanhamento psicológico,

o cuidado torna-se mais prazeroso e ocorrem mudanças positivas para o cuidador. Para

exemplificar essa afirmativa, foi destacada a fala de Acácia “Depois que eu mudei para essa área,

eu estou mudando o meu comportamento, entendeu, está me deixando mais serena, mais

observadora, procuro não levar as coisas tão ao pé da letra. ” e de Giesta “[...] você começa a

ver as coisas de outra forma [...] valorizar mais a vida com certeza”.

Sete participantes trouxeram em seus relatos terem sentido “impactos negativos na saúde

física”, referindo-se a prejuízos que tiveram em sua saúde nessa área, entre eles, pode-se destacar

a participante Alfazema, que relatou sentir os seguintes sintomas todas as manhãs quando se

preparava para ir ao trabalho: dormência nos pés, aumento da pressão arterial e um mal-estar muito

grande, que só melhorou após um intensivo tratamento médico. A participante Amarílis disse que

após começar a executar essa função, teve aumento de peso significativo, pois devido a pressão de

ter que estar atenta às atitudes da idosa, ficou muito ansiosa e acabou exagerando na alimentação.

Glicínia relata também o impacto físico que sente quando afirma que: “Eu acho que fiquei assim,

mais debilitada...”.

Entre as muitas doenças que podem ser apresentadas pelos cuidadores de idosos podem-se

destacar as doenças psicossomáticas, crônicas, a hérnia de disco, dores na coluna vertebral,

osteoporose e hipertensão arterial. Esses problemas podem ser adquiridos no cotidiano de trabalho

e quando já são preexistentes podem se agravar (Anjos et al., 2015). Para Costa et al. (2015), outra

forma de agravar as doenças, são as muitas horas dedicadas ao cuidado, os esforços realizados na

manipulação dos idosos, alguns com sobrepeso, pode acarretar problemas de saúde nos cuidadores

e até mesmo, trazer complicações a quadros pré-existentes. Esse é o caso da participante Dália, que

relatou ter bronquite e por essa razão sentir um cansaço muito grande, durante as atividades de

cuidado, nas quais precisa fazer toda a higienização do idoso, massagens e locomoção, entre outros

que exigem um grande preparo físico.

Cinco participantes disseram em seus relatos que “não houve impacto”, referindo-se ao fato

de não terem sofrido nenhum tipo de mudança física ou psíquica, após começarem a cuidar de

idosos. Uma das causas dessa ausência de impacto pode estar relacionada com as melhores

condições de saúde dos idosos cuidados por elas. Dália e Camélia relataram que já sofriam de

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algumas enfermidades desde crianças, mas que esses problemas não se agravaram depois de

começarem a exercer essa profissão.

Dália cuida do senhor I. que embora sofra de problemas psiquiátricos, tenha câncer de

próstata e esteja passando por um momento de depressão, tem muita autonomia e consegue realizar

grande parte de suas atividades sozinho. A participante Camélia cuida da senhora M. J., que está

com início de Doença de Alzheimer, mas ainda consegue dirigir, fazer almoços em família e ter

uma vida social ativa. Diante do exposto, pode-se inferir que devido a esses idosos terem uma

condição física boa, mesmo diante das doenças, as cuidadoras não sentiram um maior impacto em

sua saúde física e psíquica.

As participantes Gardênia, Gérbera e Margarida também afirmaram não ter sentido

impacto de qualquer natureza após assumir essa tarefa. Cocentino (2013), ressalta que esse fato

pode se dar devido ao imaginário social relacionado ao trabalho do cuidador, no qual acredita-se

que a pessoa que está aos cuidados de um idoso, deve sempre estar preparada para lidar com os

fatores estressantes e a sobrecarga física, suportando tudo o que ocorre em seu ambiente de

trabalho, como se essas situações estivessem dentro do esperado para a profissão.

A participante Glicínia mencionou ter “medo da velhice” e traz essa angústia na seguinte

fala: “[...] eu fico pensando na minha velhice [...] Isso me dá um pouco de medo...”. Embora tenha

sido apenas essa participante a trazer tal questão, pode-se observar que no imaginário coletivo há

uma inquietação quanto ao envelhecimento. De acordo com Scortegagna e Oliveira (2012), ainda

é fortemente aceita a representação social do período de envelhecimento como sendo só de perdas,

adoecimentos e anuncio da finitude. Com as experiências vividas em seu cotidiano de trabalho no

cuidado de muitos idosos, a participante tem internalizado em si esse conceito e talvez por essa

razão, fica desconfortável com a ideia de envelhecer, tendo desse período expectativas muito

negativas, conforme é relatado nessa fala: “[...]então, eu tenho medo de ficar idosa, velha e

ninguém cuidar de mim.” e também nessa afirmação: “[...] eu sei que não é bom, mas isso me dá

insegurança”.

A Categoria Temática apresentada na Figura 10, aponta para as “estratégias para lidar com

os possíveis impactos” que podem ser causados pelo ato de cuidar:

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106

Figura 10. Estratégias para lidar com os possíveis impactos à saúde física e mental do cuidador

Uma das estratégias utilizadas por nove participantes está representada na Unidade de

Significado “evitar contrariar o idoso”, pois procurando não se opor ao idoso, as cuidadoras tentam

impedir a ocorrência de conflitos. Um exemplo marcante dessa estratégia é a participante Acácia,

que relata que no começo o relacionamento com a senhora E. era bem difícil e agora que as duas

estão se dando bem, ela evita contrariá-la e afirma: “Eu tenho medo de destruir tudo o que já

consegui...”. Outro exemplo a destacar é o de Dália, que procura usar de resiliência para enfrentar

os desafios da profissão e não contrariar o idoso I., ela relata: “[...] quando o paciente está agitado

ou confuso você tenta inverter a situação. O segredo é não contrariar a pessoa, você concorda

com tudo que ela diz e fica tudo bem...”. A resiliência também está presente nas estratégias das

outras participantes, fazendo com que elas passem pelas adversidades do dia a dia de trabalho,

buscando o mínimo de comprometimento de sua saúde de maneira geral, pois abrir mão de seu

ponto de vista para não contrariar o outro, pode também ser considerado um fator estressante.

Segundo Gaioli, Furegato e Santos (2012), entre as muitas estratégias de enfrentamento

usadas pelo cuidador é muito importante que haja resiliência, ou seja, após submetido a uma

Est

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Evitar contrariar o idoso

(Frequência 14) (9 participantes)

Exercício da espiritualidade

(Frequência 14 ) (6 participantes)

Convencimento do idoso

(Frequência 8 ) (7 participantes)

Ter paciência com o idoso e familiares

(Frequência 4) (4 participantes)

Apoio familiar

(Frequência 4) (2 participantes)

Encarar as situações com bom humor

(Frequência 2 ) (2 particiantes)

Não transmitir a própria angústica

(Frequência 2) (1 participante)

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situação de muito estresse, o cuidador possa se refazer e ter capacidade de adaptação para lidar

com novas demandas, que possivelmente vão ocorrer em seu ambiente de trabalho. Ainda segundo

os autores, quanto maior a resiliência por parte do cuidador, melhor será a qualidade do cuidado

prestado ao idoso. É importante destacar que evitar contrariar o idoso é uma forma do cuidador

procurar se preservar de possíveis atritos. Esta situação se reflete na fala de Camélia, que disse: “

Ás vezes ela teima [...] Eu deixo ela falar e fazer do jeito dela.” e Margarida que também disse

procurar resolver os problemas não contrariando o idoso: “[...] eu não posso fazer do meu jeito,

tem que ser do jeito dele...”.

Foi observado que com relação a esse comportamento, do ponto de vista da teoria

psicanalítica, as participantes utilizam um mecanismo de defesa que Perry (1990) denomina

altruísmo, no qual o indivíduo canaliza afetos tais como a raiva e a impotência, em comportamentos

de ajuda social. Trata-se de uma forma de defesa que possibilita que o indivíduo lide com os

conflitos emocionais suprindo as necessidades de outras pessoas e assim, de certa forma, tenha

supridas suas próprias necessidades. As participantes apresentam esse mecanismo, pois ao

buscarem suprir as necessidades do idoso, de maneira a fazer as coisas de acordo com a vontade

deles, de alguma forma também estão suprindo suas próprias necessidades de gratificação. Com

isso elas procuram garantir uma boa convivência com o idoso e evitar o desconforto dos eventos

estressantes, em caso de discussões que poderiam ser evitadas, podendo-se inferir neste caso, que

há uma recompensa direta ou uma razão de auto interesse explicito para suas atitudes altruísticas.

Para lidar com os eventos estressantes, seis participantes mencionaram lançar mão do

“exercício da espiritualidade”, referindo-se à experiência de estabelecer uma relação com o

sagrado, visando conforto e apoio nas situações difíceis. Essa afirmação pode ser confirmada pela

fala de Glicínia: “[...] ponho meu joelho no chão e oro: ‘Senhor me fortalece’, aí eu volto outra

pessoa”. A pesquisa realizada por Chaves (2014), mostra que o exercício da espiritualidade não

está voltado apenas a pratica religiosa, mas também, como forma de sentir-se amparado e protegido

por alguém ou algo, denotando um vínculo afetivo entre os cuidadores que se utilizaram dessa

expressão e o sagrado. Exercer a espiritualidade vai além de ter uma religião ou se afiliar a algum

grupo religioso, é ter uma comunhão especial com o Sagrado e a Transcendência, buscando

fortalecimento em todos os momentos, principalmente nos de angústia. As cuidadoras que

conseguem amadurecer essa relação, podem contar com esse suporte para lhes ajudar no

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enfrentamento das dificuldades e sofrimentos, superando seus limites e beneficiando, inclusive,

sua saúde física e mental.

Entre as estratégias apresentadas pelas participantes está o “convencimento do idoso”,

referindo-se ao ato de procurar persuadir o idoso a realizar algo diferente da maneira em que está

acostumado. As participantes relataram que para não criar atrito com o idoso, aos poucos, elas vão

criando estratégias para que os idosos façam suas atividades da maneira que elas consideram mais

adequada. Com isso, visam proporcionar bem-estar ao idoso e melhor adequação de sua rotina de

trabalho. Essa estratégia é o inverso daquela que busca “evitar contrariar o idoso”, pois conseguem

introduzir novos costumes, sem que haja atritos entre elas e o idoso.

A participante Estrelitzia disse que procura conversar e ser bem paciente com o idoso, no

intuito de convencê-lo a mudar a forma como realiza alguma atividade, como expresso nessa fala:

“[...]eu procuro conversar [...] a estratégia é convencer a pessoa...”. Dália também mencionou

que o idoso I. tinha o costume de tomar os medicamentos com refrigerante, o que em alguns casos,

atrapalhava a eficácia do remédio e depois de muito dialogar fez com que o idoso mudasse esse

hábito, como exemplificado nessa fala: “[...] e eu consegui convencê-lo a tomar os remédios com

água”. Para Duarte (2009) e Scortegagna e Oliveira (2012), procurar dialogar com o idoso, mostrar

novas maneiras de realizar as coisas faz com que o idoso se sinta capaz de usar de suas experiências

antigas para lidar com situações diferentes, conferindo a eles o sentimento de pertencimento à

sociedade.

Outra estratégia utilizada para lidar com possíveis impactos diz respeito a “ter paciência

com o idoso e seus familiares”. Vale lembrar que o aspecto “ter paciência” já foi apresentado como

uma das características do “significado de cuidar de um idoso” por algumas participantes, a

diferença neste caso é que elas incluíram também ter paciência com os familiares do idoso. Por

trabalharem no domicílio dos idosos, muitas vezes as cuidadoras também convivem com os seus

familiares, e essa convivência pode trazer conflitos. As participantes Alfazema e Lavanda que já

haviam apresentado esse aspecto como característica do tema já mencionado, juntamente com

Camélia e Estrelitzia, falaram que diante de situações de conflito, procuram lançar mão de seus

recursos internos e usar de paciência tanto com o idoso, quanto com os familiares dele, buscando

estabelecer uma boa convivência em seu ambiente de trabalho, segundo mostra a fala de Alfazema:

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“Eu procuro ter paciência com ela (a filha)...” e de Estrelitzia: “ [...] eu procuro [...] ser bem

paciente com a pessoa”.

Segundo Maronesi, Silva, Cantu e Santos (2014), os cuidadores que podem contar com

uma boa rede social de apoio, conseguem ter mais resiliência para lidar com as demandas do

cotidiano de trabalho. A participante Alfazema relatou ter sérios problemas com a filha da idosa

que cuida, e embora tenha paciência no trato com ela, já pensou em deixar o trabalho algumas

vezes devido a esses atritos, como mostra sua fala: “Eu cheguei falar: eu vou sair, porque estou

ficando doente e ela (a filha) me pediu: por amor de Deus, não me deixa sozinha!”. Diante disso,

pode-se inferir que haja a necessidade de que limites sejam traçados, para que a família do idoso

não venha a ser um obstáculo na manutenção de uma boa relação entre cuidador e idoso.

É muito importante na utilização de estratégias que o cuidador possa contar com o “apoio

familiar”, para lidar com o estresse causado pelo ambiente de trabalho. As participantes Amarílis

e Giesta relataram que buscam suporte emocional em seus próprios familiares para lidarem com as

situações de estresse, como exemplificado nas falas de Amarílis: “Eu saio de final de semana com

a minha família e recebo minha família em casa, é isso que me distrai.” e de Giesta: “[...] eu vou

para minha família, converso, desabafo”. Esse aspecto também foi encontrado no estudo de Anjos

et al. (2015), que ressaltam que diante da sobrecarga a qual o cuidador fica exposto, a rede social

de apoio serve como base de sustentação. O fato de sentirem-se amparadas pela família pode

favorecer a uma melhor qualidade de vida, e, até mesmo, atuar na prevenção de doenças,

diminuindo o desgaste físico e mental.

Buscando controlar situações que possam trazer conflitos, duas participantes disseram que

usam como estratégia “encarar as situações com bom humor”, demonstrando que há por parte delas,

disposição positiva para lidar com os eventos estressantes. As participantes Acácia e Gardênia

mencionaram que procuram agir com bom humor e dar risada da situação quando ela se tornar

difícil. Ambas cuidam de idosas com Doença de Alzheimer em nível médio e explicaram que essa

estratégia funciona bem em momentos de tensão, tirando o foco de um determinado problema,

como apresentado na fala de Acácia: “[...] a Dona E. fica irritada quando ela faz alguma “arte”

eu dou risada, eu não consigo ficar brava e começo a rir...” e de Gardênia: “Ah, eu faço que nem

ouço [...] procuro brincar, não levo nada a sério...”.

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110

Outra estratégia que foi indicado por uma cuidadora foi “não transmitir a própria angústia”,

visando não expor seus sentimentos. Esse aspecto foi trazido pela participante Glicínia, mostrando

que quando ocorrem momentos de tensão no seu cotidiano de trabalho, ela tenta esconder, mudando

de assunto e tirando o foco do problema que está ocorrendo. É importante conseguir lidar com essa

questão, pois num determinado momento, pode ser que os recursos internos não deem conta,

fazendo com a cuidadora não consiga dominar esse fator de estresse. Pode-se observar isso em sua

fala: “Quando eu começo a ficar muito angustiada [...] Nesse momento eu também estou tentando

fugir, porque eu não posso transmitir o que eu estou sentindo”.

Nestas duas situações nas quais as participantes alegam “encarar as situações com bom

humor” e não “transmitir a própria angústia”, elas relataram passar por momentos angustiantes no

ambiente de trabalho. Acácia, contou que quando Dona E. tem alguma atitude agressiva ela procura

amenizar a situação: “[...] eu começo a dar risada [...] eu contorno assim, desse jeito”. Gardênia

disse que também usa desse subterfúgio para lidar com os momentos de tensão no trabalho: “... eu

procuro brincar, não levo nada a sério...”, com isso elas se utilizam do bom humor para tentar

esconder a angústia. Já Glicínia, busca distrair a idosa tirando o foco de um determinado momento

de tensão, também visando esconder o mesmo sentimento, como exemplificado em seu relato: “

Quando eu começo a ficar muito angustiada e estou junto com o idoso e vejo que ele também não

está bem, a primeira coisa que eu faço é convencê-lo a sair: vamos sair um pouquinho, vamos no

portão olhar o movimento? ”

Esse estresse gera uma demanda de autocuidado para as cuidadoras. Características

semelhantes a estas foram encontradas nos estudos de Kim et al. (2009) cujos autores pontuam que

para lidar com o desgaste emocional, as participantes podem fazer uso de psicoterapia individual

ou em grupo, entre outros procedimentos, visando a diminuição dos fatores estressantes.

Corroborando a essa ideia, Maronesi et al. (2014), ressaltam que os cuidadores que fazem

acompanhamento psicológico têm aumentada sua capacidade para lidar com as mais diversas

situações, enquanto aqueles que não participam de nenhum programa de apoio psicológico, tem

uma sobrecarga de estresse mais acentuada.

Diante do que as participantes trouxeram com relação a suas vivências com os idosos

cuidados, foi levantado também quais eram suas “perspectivas para o futuro”. Conforme observado

na Figura 11:

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111

Figura 11. Perspectivas para o futuro

Entre as Unidades de Significado a que mais se destacou foi “estudar”, referindo-se ao

desejo de dar continuidade ao aprendizado, trazido no relato de dez participantes. Outro fator

encontrado foi o de “continuar trabalhando com idosos”, no qual oito participantes manifestaram

o desejo de continuar trabalhando na mesma área, mas sentem que precisam se preparar melhor e

buscam respaldo nos estudos.

A necessidade de continuar se aprimorando por meio do estudo motiva a quatro

participantes quererem fazer aperfeiçoamento na área da geriatria, três querem fazer cursos na área

de enfermagem e três querem fazer um curso específico para cuidadora de idosos. Esses cursos

lhes trarão mais conhecimentos sobre o processo de envelhecimento, como as transformações que

ocorrem no organismo do idoso, alguns trazem palestras sobre leis de defesa do idoso e estratégias

de como lidar com situações do dia a dia. Porém, de acordo com a literatura encontrada, pode-se

observar que os cursos, nem sempre, são capazes de trazer toda a informação necessária para a

enfrentar prática de trabalho, sendo necessário, as vezes, fazer mais de um curso, além da

Per

spec

tivas

para

o f

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Estudar

(Frequência 19) (10participantes)

Continuar trabalhando com idosos

(Frequência 9) (8 partcicipantes)

Mudança de atividade profissional

(Frequência 2) (1 participante)

Ser cuidada pelos filhos como recompensa

(Frequência 3) (1 participante)

Parar de trabalhar

(Frequência 2) (2 participantes)

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112

experiência que só o exercer da profissão proporcionará (Bittar, Grillo, Mariath, Prospero & Sandri,

2012; Dick & Pinto, 2015).

Mesmo que os cursos não ofereçam informações suficientes para abranger toda a rotina de

trabalho, sendo necessária a realização de vários deles, para que se tenha um aperfeiçoamento,

ainda assim, esses conhecimentos são de extrema importância para a preparação do profissional

cuidador. De acordo com Sampaio et al., (2011), quando o cuidador consegue ter conhecimentos

sobre os aspectos que envolvem o processo de envelhecimento, além de todas as transformações e

limitações que possam ocorrer com os idosos, torna seu trabalho mais aprimorado e com o uso

dessas habilidades técnicas, se torna mais capacitado para exercer sua função.

Várias participantes relataram o desejo de “continuar trabalhando com idosos”, essa

afirmação foi trazida por oito cuidadoras, dando a entender que elas estão bem adaptadas à

profissão e por essa razão pretendem continuar a exercê-la, como é expressaAlze na fala de

Amarílis “[...] eu gostaria de continuar nesta profissão. ” e de Rosa “Eu quero trabalhar em

hospital público ou particular na geriatria”. Para Brunoni (2015), há uma relação de gratificação

muito grande relacionada ao cuidado de um idoso. Os profissionais buscam o desenvolvimento de

práticas que melhorem a qualidade do atendimento e aumentem o bem-estar dos idosos sob seus

cuidados. Partindo desse ponto, observa-se que a maioria das participantes que querem continuar

cuidando de idosos, também são aqueles que disseram querer estudar para aperfeiçoar seus

conhecimentos na área.

A participante Camélia relatou que espera “ser cuidada pelos filhos como recompensa”,

embora tenha medo de não poder contar com eles, como expresso nessa fala: “[...] eu espero que

amanhã possam cuidar de mim [...] Poder contar com meus filhos [...] Eu gostaria de não precisar,

mas Deus é quem sabe”. Talvez isso se dê devido a sua experiência de muitos anos, pelos vários

casos que ela tenha acompanhado de idosos que foram literalmente abandonados por suas famílias,

principalmente quando não tinham uma boa renda para manter-se. Embora apenas uma participante

tenha trazido esta questão, essa é uma angústia presente no imaginário das cuidadoras, pois elas

convivem com o adoecimento, a perda das funções, da capacidade de se manter sozinho, da

necessidade do amparo de alguém que preste cuidados e muitas vezes, da falta desse alguém.

Vivenciar essas situações envolvendo a vida dos idosos com os quais, de alguma maneira ela

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manteve o contato, pode suscitar nela esse medo, pois está percebendo que ela também está

envelhecendo e também poderá precisar de amparo.

O medo do abandono na velhice trazido por Camélia traz à tona um sentimento que mostra

a percepção negativa da velhice frente ao envelhecimento. Esse tem sido tema de vários estudos

que buscam além da compreensão desse fenômeno, a implementação de estratégias para a

diminuição dos casos. No estudo de Nagel, Rohde e Areosa (2016) foi ressaltado que o abandono

e a negligência por parte da família acontecem de forma quase que desapercebida, mas faz parte

da realidade de muitos idosos, que em silêncio, sofrem os mais diversos abusos, mas não

denunciam por medo de retaliação e consequências ainda piores. Para Hernandes (2015-2016), o

temor quanto à velhice também pode ser explicado pelo fato de o ser humano viver todas as fases

da vida com intensidade, porém, não pensar, nem se preparar para a velhice, que embora tenha suas

dificuldades, também é dotada de novas oportunidades de conhecimento e crescimento pessoal.

As participantes Lavanda com 53 anos e Violeta com 59 anos, duas das participantes mais

velhas do estudo, relataram o desejo de “parar de trabalhar”. Nesses dois casos especificamente,

pode-se observar que as participantes, embora afirmassem manter um bom relacionamento com as

idosas cuidadas, já se sentem cansadas e com o apoio da família, gostariam de encerrar suas

atividades aposentando-se, como pode ser confirmado na fala de Lavanda “Pretendo só completar

o tempo para me aposentar.” e de Violeta: “Eu estou com vontade de parar de trabalhar...”.

A participante Alfazema relatou querer uma “Mudança de atividade profissional”, pois se

sente muito cansada com as atividades que realiza e quer se dedicar a uma nova linha de trabalho.

Isso fica expresso em sua fala “Eu prefiro trabalhar em um buffet que mexe com comida...”. O

ambiente de trabalho de Alfazema oferece momentos de muita tensão, tanto pelo alto grau de

fragilidade da idosa, quanto pelo relacionamento conturbado que ela tem com a filha da idosa que

reside na mesma casa. Com isso, pode-se inferir que esses aspectos negativos possam ser um

motivador para essa mudança de atividade.

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4.5 Análise do Conteúdo da produção do Procedimento Desenhos-Estórias com

Tema.

Na primeira produção, para a realização do Procedimento Desenhos-Estórias com Tema

(Apêndice C), foi solicitado que as participantes fizessem um desenho de “um idoso nos dias de

hoje” e em seguida “contasse uma história sobre o desenho que fez”. A análise foi realizada

utilizando a história, com foco no Imaginário Coletivo atual sobre o Idoso3 de acordo com o

material produzido pelas quinze participantes, como mostra a Figura 12:

Figura 12. Imaginário Coletivo sobre o idoso

3 Como já comentado na página 58, Ayello-Vaisberg (1995) utilizava em seus trabalhos iniciais com o Procedimento

Desenhos-Estórias com Tema, a denominação Representação Social, que depois foi substituída por Imaginário

Coletivo, Por essa razão, tanto na análise do conteúdo das histórias relativas ao procedimento de Desenhos-Estórias

com Tema quanto na análise qualitativa da produção conjunta dos mesmos, optou-se por utilizar a mesma terminologia,

uma vez que ela é a autora do Procedimento, lembrando que os dois conceitos têm sentidos semelhantes.

Imagin

ári

o C

ole

tivo

sob

re o

id

oso

Idoso ativo

(Frequência 15) (9 participantes)

Idoso solitário

(Frequência 6) (5 participantes)

Idoso bem cuidado

(Frequência 5) (5 participantes)

Idoso fragilizado

(Frequência 5) (4 participantes)

Idoso que sofre maus tratos

(Frequência 3) (2 participantes)

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O Imaginário Coletivo que as participantes trazem sobre o idoso está de modo geral

relacionado a muitos aspectos que já foram descritos na Análise de Conteúdo das entrevistas. Por

meio de diferentes formas de expressão, muitos dos conteúdos relacionados a determinados temas

levantados pelas participantes possuem pontos em comum. Observou-se que o imaginário que as

participantes têm sobre o idoso está relacionado a sua pratica, como por exemplo, quando elas

mostram conteúdos relativos ao idoso bem cuidado e o idoso fragilizado, que são aspectos que

fazem parte de suas vivências no ambiente de trabalho.

Nove participantes trouxeram o conceito de “idoso ativo”, como uma das características

atribuídas à imagem que se tem do idoso, embora elas vivenciem em seu cotidiano de trabalho o

contato com a velhice vivenciada de forma mais frágil. Elas destacaram em suas histórias o idoso

visto com aspectos positivos e ligado ao conceito de envelhecimento ativo, como é o caso de Acácia

que ressaltou que alguns idosos estão sempre em movimento, pois dispõem de autonomia para

realizar suas atividades, como exemplificado neste trecho da história: “A minha percepção é de

que a vontade de estar sempre em movimento...”. Outro exemplo é o de Dália, pois segundo ela,

mesmo que com um pouco de dificuldade, alguns idosos conseguem manter-se socialmente

atuantes, como observado neste trecho de sua história: “Essa é uma idosa, que mesmo tendo os

problemas que ela tem, está de bem com a vida, gosta de viver [...] no dia a dia ela gosta de tomar

banho, pintar as unhas, cortar o cabelo, ir a um bom restaurante...”.

O estudo realizado por Andrade, Sena e Jesus (2014), mostra que cada vez mais, os idosos

têm alcançado um fortalecimento social, se inserindo em grupos que visam promover um

empoderamento do idoso nas atividades da vida social e com isso, fazer dele um sujeito de direitos.

Nesse estudo foi ressaltada a necessidade de que o idoso seja visto com indivíduo participante das

relações sociais, desmistificando o conceito de velhice com conotação pejorativa, mostrando que

o idoso deve ser respeitado independentemente do papel social que exerce. Sendo assim, não

precisará ser comparado a alguém jovem para ser aceito por outros grupos etários, mas será

valorizado como cidadão que construiu e continua construindo sua própria história.

Analisando a literatura sobre envelhecimento dos últimos anos verificou-se que há uma

mudança na representação social do idoso, se comparando há décadas passadas, nas quais as

características negativas eram mais ressaltadas. Hoje um novo olhar é lançado sobre a velhice, pois

além de aspectos relacionados a fragilidade, são colocadas em evidência também aspectos positivos

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desse período. Essa dicotomia pode ser observada no estudo de Negretti (2015), que analisou as

representações sociais sobre o envelhecimento nas novelas de uma determinada rede de televisão

brasileira. Segundo a autora, as novelas tendem a refletir o imaginário social a respeito de um

determinado tema, e em se falando de envelhecimento, mostram várias facetas desse processo.

Assim, em um momento as novelas trazem a ideia de fragilidade, apresentando um contexto

histórico já instalado na percepção das pessoas, no qual o idoso é incapacitado e marginalizado,

representado por um avô ou avó muito doentes que são responsáveis por parte das despesas de uma

família pobre, e, em contrapartida, trazem a ideia de força, mostrando o idoso como fonte de

sabedoria, realização social e pilar de sustentação da família e das tradições culturais,

exemplificado pelo personagem de um patrono de algum grande império.

Nos estudos de Pereira, Freitas e Ferreira (2014) e Silva e Menandro, (2014), foi ressaltado

que as Representações Sociais são dinâmicas, e diferem de acordo com a sociedade na qual são

criadas podendo se modificar no decorrer da evolução de cada grupo social. Elas se constituem de

acordo com as opiniões e conhecimentos a respeito de um objeto central, remodelando-se pelas

vivências de um determinado grupo e vão influenciar na aceitação deste pela sociedade. Essa

dicotomia que traz aspectos positivos e negativos a respeito do envelhecimento, pode ser verificada

na fala de Gardênia que menciona o “velho”, mas com autonomia: “Esse idoso é muito esperto.

Ele está bem velho, mas faz tudo sozinho...”.

Aspectos do idoso visto como fragilizado foram trazidos por quatro participantes que têm

contato com idosos em situação de dependência Essa característica também foi mencionada na

análise das entrevistas, como uma das motivações para se cuidar de idosos, relacionada a “vivência

com idosos que necessitam de cuidado”. Foi verificado que dependendo do grau de fragilidade no

qual se encontra o idoso, torna-se indispensável a contratação de um profissional cuidador. Para

Fattori et al. (2013), tanto características biológicas, quanto aspectos genéticos, assim como os

hábitos de vida do indivíduo, podem ser desencadeadores da fragilidade. Um fator agravante em

seus efeitos, são as comorbidades que incapacitam o idoso, fazendo-o suscetível a quedas,

desnutrição e uma maior tendência a episódios de depressão, intensificando o quadro de

fragilidade. Com relação as participantes do estudo que mencionaram esse aspecto, Dália, Giesta e

Glicínia atuam na área da enfermagem e tem contato com idosos extremamente debilitados e

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Alfazema, cuida de uma idosa acamada, mostrando que o Imaginário que elas têm do idoso, pode

estar relacionada de modo mais intenso às suas vivências.

Algumas participantes trouxeram nas histórias conteúdos relacionados ao idoso visto como

solitário. Esse aspecto também foi encontrado na análise de conteúdo das entrevistas como uma

das motivações para se tornar um cuidador de idosos. Indiretamente essa característica aparece na

figura do “sentimento de pena com relação ao idoso”, pelos tantos infortúnios que ele pode ter

sofrido na vida e pelo abandono, como também na figura da “vivência com idosos que necessitam

de cuidados”, fazendo alusão à pessoa que precisa de uma assistência especial, porém, muitas vezes

não tem quem preste esse cuidado, como exemplificado na fala de Violeta: “[...] ele fica muito

sozinho, seus filhos nunca vêm para visitar...”.

Outro aspecto trazido pelas participantes foi o “idoso que sofre maus tratos”. Essa mesma

temática já havia sido destacada na análise das entrevistas como uma das características da função

de cuidadora. Nesse momento as cuidadoras trouxeram conteúdos relativos a “defesa do idoso

frente aos maus tratos”, como mostra esse trecho da história de Gérbera: “[...] tenho visto com

frequência maus tratos contra o idoso...”. No estudo de Nagel et al. (2015), são ressaltadas várias

formas de violência que são praticados contra idosos, fazendo com que isso seja um sério agravante

ao direito a um envelhecimento mais digno. Desse modo, a negligência de maneira geral, seja na

administração dos medicamentos, no cuidado com a alimentação e a higiene, ou mesmo atos de

violência física, psicológica, são exemplos de maus tratos aos quais os idosos podem ser

submetidos.

A violência pode se dar, devido a antigos estereótipos nos quais a figura do idoso era vista

apenas como fraca, incapaz de produzir e de se socializar, tornando-o vulnerável a essas ações. As

participantes, em sua grande maioria, estão em contato com essa realidade de incapacidade, pois

estão cuidando de idosos debilitados, carentes de uma atenção especial e sem condições de se

manterem sozinhos, talvez por essa razão tenham expressado essa característica em seus desenhos

e histórias. Em estudo realizado por Vieira e Lima (2015), foi buscado compreender os estereótipos

que são atribuídos à figura do idoso, e foi observado que entre os participantes daquela pesquisa,

havia fortemente o estereótipo desse idoso solitário e fraco, suscetível a maus tratos.

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A visão que as cuidadoras têm da figura do idoso é formada de acordo com sua prática e

suas vivências, e características do idoso bem cuidado fazem parte do que elas entendem como

uma das principais características da função de cuidadora, pois são contratadas para “bem cuidar”

do idoso. Esse aspecto foi encontrado na análise das entrevistas dando ênfase nas diversas formas

de prestar esse bom cuidado, como por exemplo: “proporcionar bem-estar”, “ter afeto”, “ter

empatia”, “ter paciência” e “dar atenção”, as quais denotam uma idealização em torno das funções

de cuidadora, como exemplificado na fala de Estrelitzia: “Quando encontrou em uma cuidadora

carinho, afeto, dedicação, então ficou uma pessoa totalmente diferente para o lado bom da vida”.

Há uma exigência muito grande em torno do cuidador, no sentido de que ele tem a obrigação de

suprir integralmente todas as necessidades do idoso e com a internalização desse conceito, muitas

vezes o cuidador se sente onipotente.

Na segunda produção, para a realização do Desenho-Estórias com Tema, (Apêndice C), foi

solicitado que as participantes fizessem um desenho de “uma pessoa que trabalhasse com idosos”

e em seguida “contasse uma história sobre o desenho que fez”. A análise foi realizada utilizando

a história, com foco no Imaginário Coletivo do Trabalho de Cuidador de Idosos, segundo a visão

das quinze participantes, como mostra a Figura 13:

Figura 13. Imaginário Coletivo sobre o trabalho de cuidador de idosos

Imagin

ári

o C

ole

tivo s

ob

re o

Tra

balh

o d

e

cuid

ad

or

de

idoso

s

Prestar cuidado e conforto ao idoso

(Frequência 17) (12 participantes)

Fonte de recompensa

(Frequência 7) (6 participantes)

Trabalho relacionado à diversão

(Frequência 3) (3 participantes)

Dificuldades do trabalho

(Frequência 2) (2 participantes)

Trabalho relacionado a auxilio finaceiro

(Frequência 2) (2 participantes)

Tristeza diante da velhice

(Frequência 1) (1 participante)

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Doze participantes trouxeram o conceito de “prestar cuidado e conforto ao idoso” como um

dos conteúdos relativos ao Imaginário Coletivo do trabalho de cuidador de idosos, que de modo

geral, também está relacionado a muitos aspectos que já foram descritos na Análise de Conteúdo

das entrevistas, como ocorreu com a Categoria Temática anterior. Embora apresentadas com

diferentes formas de expressão, muitos dos conteúdos relacionados a determinados temas

levantados pelas participantes possuem características semelhantes.

Na Análise do Conteúdo das entrevistas, esse aspecto foi atribuído como um dos

significados da função do cuidador, na Unidade de Significado “proporcionar bem-estar”. As

participantes Dália, Giesta e Lavanda trouxeram estes aspectos nos dois momentos, mostrando que

esta é uma característica marcante com relação ao papel de cuidadora. Uma das definições do termo

cuidado é dar assistência, tendo zelo e cautela a respeito de alguém e essa definição fica expressa

nas histórias de doze participantes (Houaiss, 2015, p.276). É muito importante para as cuidadoras

sentir que estão prestando um bom atendimento ao idoso, pois esse é o compromisso que firmam

com quem as contratou e principalmente com o idoso, que dependerá de sua dedicação para terem

atendidas as suas necessidades. Essa afirmação se expressa na narração da história de Dália: “[...]

estou aqui para ajudar o senhor a fazer suas atividades. ” e de Giesta: “[...] cuidando como deve

ser cuidado, trazendo conforto...”.

Quando as participantes trazem o conceito de “idoso bem cuidado”, observa-se uma

idealização da profissão, trazendo a figura do cuidador como aquele tem poder para solucionar os

problemas, dar apoio, proteger e trazer conforto, muitas vezes sem se preocupar com suas próprias

necessidades. Em estudo realizado por Marques e Quadros (2011), verificou-se que ocorre entre

muitos cuidadores a necessidade de sentir-se um profissional perfeito. Esse aspecto pode ser

confirmado nesse trecho da história de Amarílis: “Meus pacientes são bem cuidados e também

felizes. ” e de Giesta: “[...] tentando alegrar e amenizar o momento.”

O conceito de onipotência e idealização da profissão de cuidador de idosos, pode estar

ligada às muitas funções que exerce e a responsabilidade que é cobrada desse profissional. Rocha

Junior et al. (2011), ressaltam que segundo o Ministério da Saúde, é dever do cuidador profissional

de idosos, além de cuidar das necessidades básicas do idoso, presando por sua qualidade de vida,

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atuar na articulação de conhecimentos e atitudes para a inserção social e valorização do idoso,

respeitando suas escolhas e sua independência.

Diante de tantas exigências e imposições, se torna natural que ao sentir que está executando

bem o seu papel, o cuidador tenha essa idealização e a supervalorização de seu trabalho, como

aparece na fala de Amarílis: “[...] bem confortável e bem cuidado...”. Segundo Silva e Falcão

(2014), o ato de ter que se preocupar e se responsabilizar pelo bem-estar de outra pessoa, traz para

o cuidador um sentimento de orgulho por poder usar suas habilidades em favor do idoso e também

um sentimento de realização, mostrando que há um envolvimento afetivo com o idoso cuidado.

O trabalho como cuidadora de idosos também foi considerado uma “fonte de recompensa”,

trazendo a ideia de gratificação no cuidado com o idoso. Essa característica também foi encontrada

na análise das entrevistas em dois momentos: na motivação para se tornar cuidador de idosos com

a Unidade de Significado “sentimento de gratificação” e no relacionamento com o idoso cuidado

na Unidade “gratidão dirigida ao idoso”. Esse sentimento fica expresso na narrativa das histórias,

como exemplificado na fala de Estrelitzia que atribui ao cuidador a seguinte fala: “[...] pois é uma

profissão muito bonita e gratificante. ” Giesta disse que “O cuidador é uma das profissões mais

lindas...” e a participante Margarida conforme esse trecho da história: “Me lava a alma, é muito

recompensadora! ” Nessas expressões vê-se o quanto é importante para as participantes esse

sentimento de realização ao cuidar do idoso, relevando os aspectos negativos do ato de cuidar,

como a fragilidade na velhice e ressaltando os positivos, como a gratificação, aspecto este, também

encontrado no estudo de Silva e Falcão (2014).

Três participantes trouxeram conteúdos relativos ao “trabalho relacionado à diversão” como

uma característica do trabalho como cuidadora. Ao analisar o conteúdo das entrevistas esse aspecto

apareceu como uma estratégia utilizada por duas participantes para lidar com os possíveis impactos

da profissão, na Unidade de Significado “encarar as situações com bom humor”. Muitas vezes o

ambiente de trabalho pode ser alegre, dependendo do humor do idoso e do relacionamento entre

ele e o cuidador. Gardênia traz em sua história a seguinte fala: “Brinca com ela e se diverte muito

com ela. ” e Margarida disse que: “... ele é muito jovem, alegre, um espírito maravilhoso [...]

Estou adorando cuidar dele!”.

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Duas participantes se referem às “dificuldades encontradas no seu cotidiano de trabalho”,

tais como cuidar de uma idosa com Doença de Alzheimer e momentos nos quais a cuidadora fica

nervosa, diante de algo que possa ter ocorrido em seu ambiente de trabalho. Begônia, que cuida

de uma idosa com Doença de Alzheimer, narra em sua história: “Esta é uma cuidadora que cuida

de uma senhora com Alzheimer. Ela sabe que não é fácil a sua tarefa. ”, mostrando em sua

narrativa o quanto é angustiante para a cuidadora, lidar com uma idosa com essa enfermidade.

Lavanda menciona como uma dessas dificuldades, que há momentos nos quais a cuidadora passa

por situações de estresse: “Essa cuidadora [...]Ela é uma pessoa muito boa, mas ás vezes fica

nervosa [...] Mesmo assim, faz suas atividades...”. Na análise das entrevistas observou-se três

momentos que podem ser considerados de difícil enfrentamento pelas cuidadoras. Diante de um

idoso muito doente vivenciar a “ansiedade com relação à morte do idoso”, para os cuidadores de

idosos com quadro demencial avançado, lidar com a questão do “afeto sem troca” e nos momentos

de estresse intenso “não transmitir a própria angústia”.

Como também observado no Estudo de Ferreira (2012), esses aspectos mostram que mesmo

diante de uma boa convivência, há problemas que são decorrentes do dia a dia de trabalho, até

mesmo, devido a sua própria dinâmica, que podem ser considerados de difícil manejo pelas

participantes, o que faz com que haja uma sobrecarga maior por parte do cuidador e sua vida laboral

se torne mais cansativa. Para poder lidar com essas situações desgastantes, seria necessária uma

rede de apoio psicoterapêutica, dando suporte ao cuidador e fortalecendo-o na formação de

estratégias para dar conta das demandas. A autora ressalta que mesmo não havendo a possibilidade

de terapia, quando há vínculos afetivos positivos entre cuidador, idoso e família do idoso, o

cuidador tem uma sobrecarga menor, pois esses laços de afeto cooperam para uma melhor

resolução dos problemas.

O conteúdo relacionado ao trabalho que realizam estar vinculado ao “auxílio financeiro”

que necessitam, faz parte dos conteúdos relativos ao imaginário coletivo de duas participantes:

Gérbera e Lavanda. Esse aspecto já havia aparecido na análise de conteúdo das entrevistas como

uma das motivações para se tornar cuidador de idosos, na Unidade de Significado “auxílio

financeiro”, trazido pelas participantes Alfazema, Begônia e Lavanda. Na narrativa da história

Gérbera levanta a questão de que “Hoje está em alta cuidar do idoso pelo salário. ” e Lavanda,

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que apresentou a questão financeira tanto na entrevista, quanto nas histórias, mencionou que “Essa

cuidadora ficou viúva e trabalha para pagar as contas”.

A fala da participante Gérbera remete a um fato que está ocorrendo na atualidade, no qual

muitas pessoas que estão desempregadas podem se propor a ser cuidadoras de idosos. Entre as

várias razões que podem ter motivado as participantes a exercerem essa função, podem estar

relacionados a necessidade de remuneração e a grande demanda, podendo-se inferir que, se a

cuidadora exercer essa função somente motivada pela renumeração e não levar em conta outras

questões ligadas ao gostar do que faz, poderá ter dificuldades em exercer a função. Segundo

Alvarez, Polaro e Gonçalves (2015), a falta de recursos humanos especializados abre as portas para

que pessoas sem capacitação específica, e até mesmo sem aptidão, se insiram no mercado de

trabalho e ocupem as vagas oferecidas a cuidadores de idosos.

Entre as várias razões que motivaram os participantes a exercer essa função encontradas na

análise das entrevistas, nutrir afeto pelo idoso foi o aspecto mais apontado pelas participantes, como

fator que as levou a se tornar cuidadoras de idosos. Podendo-se inferir que apenas a necessidade

financeira não é suficiente para que o cuidador consiga vencer todos os obstáculos da profissão,

mas que outros sentimentos são necessários para servir como base de sustentação, ajudando-os a

lidar com eventuais problemas que possam ocorrer no ambiente de trabalho e permanecer

executando suas funções.

A participante Alfazema, que tem 59 anos, trouxe em sua narrativa conteúdos relacionados

a “tristeza diante da velhice”, referindo-se à desolação diante das perdas inerentes ao

envelhecimento, que fica exemplificada nesse trecho da história: “Eu fico pensando que a velhice

é uma coisa muito triste”. Assim, pode-se depreender que ela externa angústias e medos quanto ao

seu próprio processo de envelhecimento, projetando em si mesma, todo o sofrimento que vivencia

com a idosa que cuida. Esse aspecto também surgiu na análise de conteúdo das entrevistas, pela

participante Glicínia, que tem 58 anos, na Unidade de Significado “medo da velhice”. Ao vivenciar

no cuidado a idosos, situações difíceis, as duas participantes temem passar pelos mesmos

problemas, e esse aspecto pode ser agravado pelo fato dessas cuidadoras já terem quase sessenta

anos e estarem mais próximas da velhice

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Essa característica também foi observada nos Estudos de Rosa (2014) e Guarnieri e Lopes

(2015), os autores ressaltam que se torna muito difícil lidar com as muitas limitações do

envelhecimento, a perda do vigor físico, e, ainda, um peso imposto pela sociedade que obriga a

pessoa a ficar eternamente jovem. Embora cada um vivencie o envelhecimento de maneiras

diferentes, como já foi mencionado em vários trechos desse estudo, essas cobranças podem fazer

com que a aceitação desse processo se torne ainda mais difícil.

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4.6 Análise qualitativa do conjunto da Produção Desenhos-Estórias com Tema

4.6.1 Análise produção do Procedimento Desenhos-Estórias com tema: Desenho número 1.

Imaginário Coletivo sobre o idoso.

Na primeira produção do Procedimento Desenhos-Estórias com Tema (Apêndice C),

buscou-se compreender o Imaginário Coletivo atual sobre o idoso, analisando conjuntamente a

produção dos desenhos e das histórias realizadas pelas participantes. No momento da execução dos

desenhos, as quinze participantes afirmaram não saber desenhar perfeitamente e talvez por falta

dessa habilidade, viu-se que bem poucos desenhos traziam características que realmente

representavam uma aparência mais própria de uma pessoa idosa, enquanto que em sua maioria

foram encontradas características mais jovens.

Da mesma maneira como já foi falado na Análise do Conteúdo das entrevistas e das

histórias dos desenhos, percebe-se que também os desenhos sofrem grande influência das vivências

e práticas das cuidadoras em seu cotidiano de trabalho. Desse modo, embora as histórias tragam

em sua maior parte conteúdos relativos ao idoso ativo, nos desenhos observou-se uma ambivalência

concernente ao idoso ativo e o idoso dependente nas produções da maioria das participantes, que

fizeram desenhos com características joviais, porém dependentes do uso de uma bengala ou de

cadeiras de rodas. Observa-se que mesmo atribuindo ao idoso autonomia para realizar várias

atividades, elas o apresentam muitas vezes como dependente de alguma ajuda, seja delas ou de

algum objeto de apoio.

Embora esses equipamentos tragam a ideia de dependência, principalmente a cadeira de

rodas, pode-se observar que nesse contexto a bengala, que pode ser considerada uma espécie de

símbolo da velhice, pois muitas vezes, a presença da bengala no desenho identifica a figura do

idoso. Para muitas participantes ela pode estar relacionada à possibilidade de movimento, pois

apoiando-se em uma bengala o idoso tem condições de realizar suas atividades com bastante

autonomia. Essa característica pode ser confirmada na narrativa de Acácia que desenhou um idoso

esbelto, com muitos cabelos, postura ereta, porém, segurando uma bengala: “[...] a vontade é de

estar em movimento”.

A participante Amarílis fez o desenho do idoso como se fosse um de menino de boné, com

ar de satisfação, sentado em uma cadeira de rodas, mostrando, segundo sua história, que embora

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dependente da cadeira, o idoso está feliz e bem cuidado, ao lado de seus remédios que vão lhe

proporcionar uma vida maior e com melhor qualidade. Características da velhice idealizada

também apareceram nos desenhos e histórias de algumas participantes. Gardênia afirmou que

“Esse idoso é muito esperto [...] faz tudo sozinho. ” Margarida que disse: “Sou alegre,

conversador, sou jovem! ” e Rosa também comentou: “Esse idoso tem mais de 70 anos, ele gosta

de trabalhar...”.

A participante Dália fez o desenho de uma idosa com características jovens, mas numa

posição de desequilíbrio, como se estivesse caindo da folha. Em sua história ela comentou que

embora a idosa tivesse vários problemas de saúde, conseguia se manter ativa, usando do

conhecimento obtido no decorrer dos anos para aconselhar as gerações mais jovens: “É uma pessoa

que apesar de estar com uma patologia, não se esquece dos outros, quer ajudar as pessoas.

Aconselha e fazer regime para emagrecer, a se vestir bem...”.

Três participantes trazem conteúdos referentes ao envelhecimento ativo. Camélia fez o

desenho uma idosa ao lado de seu carro, a caminho da igreja e em sua história narrou que ela vai

ao teatro, ao cinema e faz almoço aos domingos para sua família. Considerando o total dos

desenhos realizados esse é o único que desvincula a figura do idoso de um quadro de dependência

e o mostra como um sujeito de direitos, com saúde e vida social ativa. Lavanda e Rosa, ressaltam

que mesmo diante de dificuldades, os idosos desenhados conseguiram supera-las e alcançar uma

boa condição. Nesse caso, os desenhos mostram o idoso sem nenhum tipo de apoio.

Mostrar a velhice com características de jovialidade pode demostrar o quanto é difícil para

elas, lidar com os aspectos negativos do envelhecimento humano. Para Temóteo (2014), há um

investimento muito grande da mídia na representação social do idoso jovem, autônomo que realiza

várias atividades e é um consumidor em potencial, em detrimento ao idoso fragilizado que necessita

de cuidados especiais. Pode-se assim inferir, que fica mais fácil para as cuidadoras imaginar que o

idoso cuidado ainda é produtivo, mesmo tendo suas limitações.

Apesar dos aspectos positivos que foram ressaltados pela maioria das participantes,

Begônia, Gérbera, Giesta e Glicínia destacaram características negativas, como o sofrimento pela

perda da autonomia, maus tratos, o abandono e a tristeza. A participante Gérbera trouxe conteúdos

da velhice fragilizada e do idoso abandonado e maltratado, que segundo ela, faz parte de suas

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vivências no trabalho voluntário que realizou com muitos idosos. Na análise das entrevistas ela

mencionou que começou a cuidar de uma idosa que foi abandonada pelos e filhos e depois disso,

fez alguns cursos e assistiu a várias palestras sobre os direitos dos idosos, e assim, também cuidou

de outros idosos que sofriam maus tratos. Durante a execução do desenho ela enfatizou que “A

idosa usa fralda, da boca sai baba e dos olhos saem lágrimas”, mostrando uma pessoa

completamente debilitada e dependente do cuidado do outro. O desenho das lágrimas faz alusão à

tristeza que se sente na velhice, o abandono e os maus tratos que ela cita em sua história, podendo-

se inferir que há um temor por parte da cuidadora, quanto ao abandono em sua própria velhice.

Outro fato observado nestes quatro casos, foi que essas cuidadoras não conseguem conceber

que esses idosos a seus cuidados, tenham capacidade para se relacionar com o ambiente ou inserir-

se na vida em sociedade, atribuindo características de exclusão à velhice. Esse fato pode ser

observado nos desenho e história de Estrelítzia, que fez um idoso com fisionomia de mau humor e

afirmou: “Era uma pessoa muito ranzinza [...] ficava zangado por qualquer coisa”. Giesta

desenhou um idoso derramando muitas lágrimas e afirmou em sua história que: “O idoso se sente

só [...] o que fala mais alto é o abandono”.

Esse aspecto também foi encontrado nos estudos de Queroz (2013) e Guariento et al.,

(2013), nos quais foi ressaltado que o envelhecimento patológico pode fazer com que o idoso fique

isolado do convívio social e necessite de cuidados especiais e terapias específicas para a redução

de distúrbios neuropsiquiátricos e reabilitação física, visando fazer com que esse idoso possa

novamente participar de atividades sociais.

4.6.2 Análise produção do Procedimento Desenhos-Estórias com tema: Desenho número 2.

Imaginário Coletivo sobre o Trabalho de cuidador de idosos.

Na segunda produção do Procedimento Desenhos-Estórias com Tema (Apêndice C),

buscando compreender o Imaginário Coletivo sobre o Trabalho de cuidador de idosos, mais uma

vez analisando conjuntamente a produção dos desenhos e das histórias realizadas pelas

participantes. Vários aspectos da profissão foram levantados e observou-se que a maioria das

participantes ressaltaram os aspectos positivos do trabalho como cuidadora, exceto por Begônia,

Lavanda e Gérbera. A participante Begônia mostrou a impotência da cuidadora diante de uma idosa

com temperamento difícil, como já dito na análise da história e exemplificada em sua fala: “Esta

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é uma cuidadora que cuida de uma senhora com Alzheimer. Ela sabe que não é fácil esta tarefa.

”, mostrando que há dificuldades no ambiente de trabalho.

A participante Lavanda apresentou a cuidadora que passa por momentos de nervosismo,

mas que consegue dar conta de suas atividades, como mostra esse trecho da história: “Ela é uma

pessoa muito boa, mas ás vezes fica nervosa. Mesmo assim, faz bem suas atividades de cuidadora”.

Na análise da entrevista ela comentou: “[...] eu era muito nervosa e a gente vê que não é por aí...”,

mostrando que ela própria passa por momentos de nervosismo, projetando esse sentimento para a

personagem de sua história.

Para Silva e Falcão (2014), assim como o conceito de velhice oscila entre a idealização e a

depreciação do idoso, trazendo estereótipos e características ambivalentes sobre sua figura, no

Imaginário Coletivo sobre o trabalho de cuidador de idosos também ocorre essa ambivalência,

havendo aspectos desfavoráveis, com a observação da perda de autonomia, mostrando sua

impotência diante das doenças degenerativas progressivas e da morte do idoso cuidado. Por outro

lado, há a gratificação de prestar cuidados humanitários e a sensação de que se está aprendendo

muito com o idoso em seu dia a dia de trabalho, como ressalta a própria Gérbera: “[...] para cuidar,

cada um faz o seu melhor”.

Das quinze participantes, duas desenharam o cuidador caracterizado como enfermeiro:

Amarílis e Giesta, mostrando que ainda está internalizado em suas concepções, que os enfermeiros

são os cuidadores oficiais de idosos, como se via a décadas atrás. Amarílis que se apresenta de

braços abertos, mostrando que está disposta a realizar o cuidado, também disse na entrevista que

gostaria muito de fazer um curso de cuidadora de idosos, para aperfeiçoar seus conhecimentos.

Giesta que já é graduada em enfermagem, mas que pretende fazer uma especialização nas áreas de

geriatria e gerontologia, visando acrescentar mais conhecimento e capacitação ás suas atividades.

Ao ser solicitado que elas desenhassem uma pessoa que trabalhasse com idosos, apenas

Dália e Giesta fizeram desenho de um cuidador do sexo masculino, enquanto que as outras treze

participantes desenharam mulheres prestando assistência aos idosos. Diante disso observa-se

conteúdos relativos ao Imaginário Coletivo delas, considerando a função de cuidador de idosos

como relativa ao sexo feminino. Como verificado no Estudo de Almeida et al. (2015), em muitas

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culturas ainda fica a cargo da mulher todo o tipo de cuidado, seja a crianças, enfermos e idosos da

família, associando a elas a obrigatoriedade de cuidar.

Algumas participantes falam do quanto é gratificante ver o idoso bem cuidado e do

sentimento de dever cumprido, assim como Acácia, quando disse: “O gesto de auxiliar o outro é

reconfortante e a satisfação ao final do plantão é inexplicável...”. Em seu desenho ela reproduz as

mãos de uma cuidadora segurando as mãos de uma pessoa idosa, demostrando uma situação na

qual o idoso é amparado e mencionando o quão é gratificante prestar esse cuidado. Para Ferreira

(2012), o sentimento de gratificação em cuidar de um idoso, acaba superando as falhas no

relacionamento, pois há uma compreensão maior por parte do cuidador, e isso coopera para uma

melhoria em sua qualidade de vida e no trabalho oferecido ao idoso. Esse sentimento de

gratificação foi encontrado na análise de conteúdo das entrevistas, mostrando que essa é uma

característica muito forte no imaginário do cuidador. Podendo-se inferir que o sentimento de

gratificação pode ser um forte mediador na resolução dos problemas de relacionamento entre

cuidador e idoso, inclusive no caso da própria Acácia, que relatou ter um relacionamento difícil

com a idosa no início, mas ter superado as dificuldades.

Os aspectos idealizados estão presentes na produção de cinco participantes: Amarílis, Dália,

Gardênia, Giesta e Glicínia, mostrando a figura da cuidadora como aquela que consegue resolver

todos os problemas. Esse aspecto pode ser observado no desenho e nas falas de Amarílis, que fez

uma cuidadora com fisionomia de felicidade, símbolo de enfermeira na cabeça e com os braços

abertos, como que a receber o idoso para ser cuidado e curado por ela. Essa característica pode ser

confirmada em sua narrativa: “Oi, sou uma cuidadora muito feliz. Meus pacientes são bem

cuidados e também felizes ”. A participante Giesta também desenhou um cuidador com o símbolo

da enfermagem, profissão na qual ela é graduada, também com os braços abertos e fisionomia feliz,

semelhantemente à Amarílis, trazendo em sua fala: “... o cuidador é uma das profissões mais lindas

do mundo, pois escolhe cuidar de alguém como profissão e dando atenção e cuidado”.

A participante Glicínia mostra em seu desenho uma ligação da idosa cuidada, como se fosse

um cordão com um lacinho, que vai do seu pescoço até a cama da idosa, como se dissesse que

mesmo olhando em outra direção, está conectada à idosa. Em sua história ela ressalta que está:

“Cuidando do idoso acamado com muito amor e dedicação e sempre de olho para não cair da

cama ”, mais uma vez mostrando o quanto suas vivências influenciam na concepção que ela tem a

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respeito do que é cuidar de idosos. Na análise de conteúdo das histórias foi encontrada a Unidades

de Significado “idoso bem cuidado”, na qual as participantes Amarílis e Dália também aparecem,

reflete essa idealização e a necessidade de reconhecimento por seus bons trabalhos prestados. Esses

aspectos também foram encontrados no estudo de Marques e Quadros (2011), envolvendo

cuidadores formais e informais. Os autores ressaltam que quando o cuidador se sente valorizado

em seu trabalho, consegue lidar com mais facilidade com as situações estressantes.

A participante Camélia apresenta uma cuidadora desvinculada de seu ambiente de trabalho,

mesmo mencionando que a cuidador procura executar bem as suas funções, ela encontra tempo

para dedicar cuidados a si, preservando sua autoestima e qualidade de vida, mostrando em seu

desenho uma cuidadora bem arrumada, com bolsa, salto alto e segurando um celular, para se

conectar às redes sociais. Em sua história afirma que a cuidadora “gosta muito de se arrumar e está

sempre de salto alto. Gosta do Zap Zap...”. Estrelitzia demonstra satisfação, mas mostra uma

preocupação com os profissionais da área, quando relata: “Essa cuidadora [...] espera também que

daqui em diante tenham mais possibilidades para novos cuidadores”. Uma característica muito

forte que foi encontrada e permeia a maioria dos casos é a negação das dificuldades inerentes ao

ato de cuidar, pois as participantes ressaltam o quanto é bom dedicar cuidados, ver que o idoso está

sendo bem atendido, mas poucas levantaram a questão da sobrecarga a qual ficam expostas

diariamente.

Embora não seja o objetivo dessa pesquisa, fazer uma avaliação dos aspectos da

personalidade das participantes, pois trata-se de um desenho temático, é interessante observar a

ênfase que elas dão, na execução dos desenhos, às características ligadas às mãos e braços dos

cuidadores. Buck (2003), considera braços e mãos como órgãos de contato, utilizados para

controlar ou realizar mudanças, como esses membros estão enfatizados na maioria das produções,

pode-se apreender o quanto elas se sentem responsabilizadas em mudar a situação na qual se

encontra o idoso cuidado.

Analisando por esse prisma, Acácia não desenhou nenhuma pessoa, apenas apresentou

braços e mãos entrelaçados, como que dando apoio uns aos outros, e em sua história ressalta o

quanto é maravilhoso poder ajudar o próximo. Alfazema tem as mãos grandes em forma de garra,

demonstrando impulsividade e falta de capacidade para um convívio mais refinado. A participante

trouxe em sua entrevista e necessidade de proteger a idosa a qual cuida, dos maus tratos de sua

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filha, mostrando que está sempre com suas “garras” afiadas e prontas para defender a idosa. Essas

mãos grandes também foram encontradas na produção de Lavanda.

Amarílis desenhou uma enfermeira de braços bem abertos, demonstrando um bom

ajustamento, mas traz em sua história aspectos de idealização como exemplificado nesse trecho:

“Oi, sou uma cuidadora muito feliz”. Características como bondade, paciência, respeito, ser muito

capacitada naquilo que faz foram trazidas por praticamente todas as participantes, mostrando o

quanto todas elas idealizam sua função.

Entre as participantes que apresentam a idealização em suas histórias estão: Acácia: “... o

fato de poder auxiliar o outro é reconfortante...”, Estrelítzia, que falou que a cuidadora “...faz de

tudo para cuidar do bem-estar de seu idoso...”, Gardênia que a cuidadora “... é o máximo! Nunca

está triste! ”, Gérbera que menciona que “... para cuidar do idoso a prioridade é gostar e ter

dedicação...”, Giesta que afirma que “...o cuidador é uma das profissões mais lindas...”,

Margarida que disse: “... é uma profissão que me identifiquei e adorei. Me lava a alma! ”.

Dália desenhou um cuidador que “Esse rapaz é uma pessoa que gosta do que faz...”, porém

observa-se no desenho eles tem um olhar de desconfiança, mostrando que é necessário estar atento

a seus atos, para que tudo corra bem no trabalho. Em sua entrevista Dália comenta que as vezes

tem atritos com outros cuidadores do idoso, mas com os idosos nunca teve maiores intercorrências.

Camélia tem os braços abertos, mas nas mãos estão um bolsa e um celular, mostrando que a vida

não se resume apenas as questões do trabalho. Gardênia, Giesta, Lavanda, Margarida e Violeta

também estão com os braços abertos, como que convidando ao cuidado.

Begônia desenhou uma cuidadora com apenas metade dos braços e sem mãos, denotando

um sentimento de inadequação. Em um momento da entrevista ela menciona, que foi impulsionada

por circunstâncias da vida e se tornar cuidadora domiciliar de idosos, pois na realidade sua prática

era no setor de geriatria de um hospital. Seu primeiro trabalho foi com uma idosa que sofria de

Doença de Alzheimer e tinha momentos de violência, podendo-se inferir que ela se sente um pouco

deslocada no serviço domiciliar e a experiência que teve com essa idosa marcou negativamente sua

vida. A participante Rosa desenhou uma cuidadora com os braços escondidos atrás das costas e

sem mãos, demonstrando sentimento de inadequação e esse fato pode ser confirmado em sua

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entrevista quando ela afirma que não quer ficar no cuidado domiciliar do idoso, assim como

Begônia, mas que quer trabalhar em um hospital ou numa casa de repouso.

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CAPITULO V

5. Considerações Finais

A população idosa tem alcançado faixas etárias cada vez maiores e assim tem aumentado a

quantidade de idosos fragilizados e dependente de cuidados. Compreender como se dá a relação

entre cuidador e idoso se torna muito importante, uma vez que é cada vez mais necessária a

contratação de um profissional para executar essa função.

As participantes, de modo geral, têm uma boa concepção de sua qualidade de vida e nesse

contexto percebem sua capacidade física acima da média. Levando em consideração que elas

executam um trabalho que exige muito fisicamente, pois no trato com o idoso, principalmente os

mais comprometidos, elas muitas vezes precisam levantá-los da cama, cuidar de toda a parte da

higiene e auxiliá-los nas mais diversas atividades, com isso, pode-se pressupor que elas acabam

por sofrer um desgaste físico muito grande, contudo, elas de maneira geral, não se sentem

prejudicadas fisicamente.

Dentre os muitos fatores que podem motivar alguém a se tornar cuidador de uma pessoa

idosa, para as participantes, esses estão ligados em sua maioria, às vivências que tiveram com

idosos com os quais conviveram durante sua vida e também aqueles que chamaram sua atenção

por necessitar de cuidados, podendo estes pertencer a sua família ou não. Outro fator que surge

neste contexto domiciliar é que a motivação para exercer essa função está ligada, em alguns casos,

à continuidade dos trabalhos domésticos. Com isso, uma questão muito relevante é apontada: a

dificuldade de delineação da ocupação de cuidador, diferindo-a das atividades ligadas ao serviço

doméstico.

Essa dificuldade de encontrar uma identidade mais estabelecida para o cuidador domiciliar

de idosos fica expressa, inclusive, no currículo dos cursos preparatórios para a função, e, até

mesmo, nas leis que organizam e estabelecem quais as verdadeiras atividades que devem ser

executadas pelo cuidador de idosos, havendo uma divergência muito grande a esse respeito. Na

nossa cultura essas atividades ainda estão muito misturadas, dificultando assim, o delineamento

desses papéis, que não estão muito claros nem mesmo para as pessoas que trabalham na área. Outro

fato observado foi que, de maneira geral, os cursos para formação de cuidadores de idosos são

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muito heterogêneos, nem sempre tem o planejamento adequado, nem todos exigem prática e há

uma necessidade premente em rever essas dificuldades de estruturação.

Mais uma questão que pode ser levantada diante da formação do cuidador, é que o mercado

parece exigir um profissional cada vez mais bem preparado, com conhecimentos técnicos nas áreas

da geriatria e gerontologia. Por outro lado, a emergência na busca por esses profissionais e o alto

custo da mão de obra especializada, faz com que pessoas leigas ou com pouco preparo, mas que

oferecem serviços a custos mais baixos, possam se candidatar e serem contratados para trabalhar

no cuidado ao idoso. Essa ambiguidade revela um mercado em transição, que embora exija

profissionais capacitados, aceita também aqueles que não tem preparo específico, por conta de

oferecer menores salários.

No que diz respeito a relação estabelecida das participantes com o idoso sob os seus

cuidados, ter afeto e proporcionar-lhe bem-estar foi fortemente apontado como um dos significados

de cuidar de idosos, mostrando o quanto é importante para elas que esse tenha, da melhor maneira

possível, uma boa qualidade de vida. Grande parte das cuidadoras comparou o trato com o idoso

ao cuidar de uma criança. Assim, infantilizar a velhice pode ser visto como um recurso utilizado

para lidar com a impotência que sentem diante das dificuldades do envelhecimento, e como uma

maneira de se defender contra o sofrimento que enfrentam, por seu trabalho muitas vezes estar

relacionado a ter que lidar com a finitude do idoso a quem cuidam, e, em última instância, o

envelhecimento delas mesmas.

A relação de cuidado estabelecida com o idoso resulta em experiências marcantes na vida

pessoal das cuidadoras, fazendo com que elas se sintam muitas vezes envolvidas com a história do

idoso, ficando difícil para elas fazerem distinção entre o pessoal e o profissional. Essa característica

mostra o quanto cuidar exige uma aproximação pessoal, pois o ato de cuidar envolve uma

dedicação especial, fazendo com que o cuidador se debruce sobre as questões relacionadas ao

idoso, se tornando difícil nesse momento encontrar o seu lugar como profissional. Esse aspecto foi

ressaltado por algumas cuidadoras que levantaram a questão de se sentirem muito envolvidas com

a história dos idosos cuidados e se preocuparem ao ponto de dizer que precisam separar as coisas,

pois o envolvimento excessivo pode atrapalhar no andamento do trabalho.

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A análise das produções realizadas por meio do Procedimento de Desenho-Estórias com

Tema trouxe contribuições importantes ao estudo. Se por um lado ressaltaram alguns dos conteúdos

já descritos na análise das entrevistas, por outro lado evidenciaram também outros aspectos. Assim,

a respeito do imaginário que as cuidadoras têm sobre o idoso, foram encontradas características

ambivalentes. Embora as participantes tenham sua prática relacionada ao idoso fragilizado e

dependente de cuidados, em seu discurso é ressaltada a visão do idoso ativo. Porém, nos desenhos

essa ambivalência se torna mais intensa, pois enquanto a figura do idoso apresenta-se quase que

em sua totalidade, dependente de algum apoio, nas histórias observam-se características de

independência.

As participantes têm como imaginário coletivo relacionado ao seu trabalho o ato de prestar

cuidado e conforto ao idoso. A idealização da profissão também está presente, mostrando o quanto

o fator de ressaltar as características positivas do ato de cuidar pode ser usado para amenizar os

aspectos negativos. Nesse sentido, podemos observar nas cuidadoras, mais uma vez o aspecto da

ambivalência, entre perceberem características negativas da profissão e ao mesmo tempo se

sentirem gratificadas ao exercer essa função. A ideia que elas têm sobre seu trabalho de cuidadoras

é influenciada por suas vivências, e pode ser que dessa rotina de resolução de problemas venha a

sensação de onipotência por parte delas, pois se colocam numa posição na qual são responsáveis

em suprir todas as necessidades dos idosos.

Diante do exposto, observa-se que cada participante, em singularidade, tem sua maneira de

perceber como se dá a sua relação com o idoso cuidado, mas observa-se, de modo geral, mesmo

diante de fatores estressantes, que essa é percebida predominantemente em seus aspectos positivos,

havendo um empenho para que ocorra da melhor forma. O cuidado se dá em uma relação na qual

a subjetividade do outro é levada em conta, necessitando para isso que a relação sujeito-sujeito seja

respeitada, daí a necessidade que se compreenda como se dá essa relação, para que os cuidadores

possam aprender a lidar com seu próprio processo de envelhecimento e com os fatores estressantes

ligados à sobrecarga do trabalho.

Observando os aspectos emocionais já descritos, que envolvem o ato de cuidar de um idoso,

percebe-se que há uma necessidade muito grande não só de melhorar a identidade profissional dos

cuidadores, como também a formação desses. Torna-se necessário proporcionar o cuidado

emocional a esses profissionais, por meio de acompanhamento por psicólogos e grupos

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psicoeducativos. Essa atenção especial dedicada ao profissional cuidador, além proporcionar

melhor qualidade de vida, poderá favorecer na criação de estratégias para lidar com a sobrecarga

do trabalho e também com seu autocuidado.

Como limitação desse estudo pode-se destacar o pequeno número de participantes e diante

disso, a necessidade de que mais pesquisas sejam feitas sobre o tema com uma amostra maior,

inclusive, com a participação de cuidadores do sexo masculino, os quais não foram encontrados

para realização desta pesquisa. Sugere-se também que esses estudos sejam feitos com a

participação das famílias dos idosos, buscando perceber qual a relação que os cuidadores

estabelecem também com os familiares dos idosos cuidados, visando assim um conhecimento

maior sobre a temática, e também o conhecimento para que intervenções pontuais possam ser

realizadas para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos cuidadores de idosos.

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ANEXOS

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ANEXO I: PARECER CONSUBSTANCIADO

DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA

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-

AMC SERVIÇOS

EDUCACIONAIS S/C LTOA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Relação Cuidador/ldoso Segundo a Ótica do Cuidador Formal de Idosos

Pesquisador: Claudia Aranha Gil

Área Temática:

Versão: 1

CAAE: 37330514.4.0000.0089

Instituição Proponente:AMC Serviços Educacionais S/C Ltda

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 843.201

Data da Relatoria: 21/10/2014

Apresentação do Projeto:

Projeto adequadamente apresentado, em que estão relacionados todos os itens que serão necessários para

que chegue a bom termo.

Objetivo da Pesquisa:

Claramente especificados e condizentes com a metodologia proposta.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Devidamente arrolados e que atendem as diretrizes das Pesquisas com Seres Humanos.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Quanto ao conteúdo apresentado, não há qualquer implicação que desabone o projeto. Poderia ter

explicitado melhor a coleta em duas fases, dado que a leitura supõe um projeto piloto. Também mereceria

maior cuidado quanto à pontuação (em todo o projeto).

No TCLE há palavras que fica,ram sem o devido espaçamento e a mudança de sujeito em um dos itens, a

saber "Como benefício imediato, esta pesquisa oferece a oportunidade ao profissional cuidador (a) de

idosos de ter alguém que o (a) escute e o (a) acolha, possibilitando compartilhar suas vivências com relação

à problemática vivenciada. Como benefício indireto, o presente estudo irá contribuir para a ampliação do

conhecimento a respeito do tema". Sugere-se que seja revisto antes de ser apresentado aos participantes.

Endereço: Rua Taquari, 546

Bairro: Mooca CEP: 03.166-000

UF: SP Município: SAO PAULO

Telefone: (11)2799-1944 Fax: (11)2694-2512 E-mail: [email protected]

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-

Continuação do Parecer: 843.201

AMC SERVIÇOS

EDUCACIONAIS S/C LTOA

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Todos os termos de apresentação obrigatória estão inseridos.

Recomendações:

Sugere-se revisão do TCLE a ser apresentado aos participantes.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Não há qualquer pendência ética, dado os aspectos apresentados quanto ao TCLE não implicarem

problemas de tal natureza.

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

Considerações Finais a critério do CEP:

O CEP/USJT deve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso

normal do estudo. É papel do pesquisador assegurar medidas imediatas adequadas frente ao evento

adverso grave ocorrido e enviar notificações ao CEP.

Eventuais modificações ou emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEP de forma clara e sucinta

identificando a parte do protocolo a ser modificada e suas justificativas.

O relatório parcial deve ser apresentado ao CEP, via Plataforma Brasil -opção Notificação, após a coleta de

dados do estudo.

O relatório final deve ser apresentado ao CEP, via Plataforma Brasil- opção Notificação, após 90 dias do

término do estudo.

SAO PAULO, 23 de Outubro de 2014

Assinado por:

JULIANA VALENTE FRANCICA

(Coordenador)

Endereço: Rua Taquari, 546

Bairro: Mooca CEP: 03.166-000

UF: SP Município: SAO PAULO

Telefone: (11)2799-1944 Fax: · (11)2694-2512 E-mail: [email protected]

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ANEXO II: ESCALA DE QUALIDADE

WHOQOL-BREF (OMS).

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ANEXO II: ESCALA DE QUALIDADE DE VIDA WHOQOL-BREF.

WHOQOL - ABREVIADO

Versão em Português

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de

sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma

questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá

ser sua primeira escolha. Por favor, tenham em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações.

Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas.

Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

Nada muito pouco médio muito completamente

1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que

necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito"

apoio.

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor

resposta.

1 - Como você avaliaria sua qualidade de vida?

Muito ruim nem ruim nem boa ruim boa muito boa

1 2 3 4 5

2 - Quão satisfeito (a) você está com a sua saúde?

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Muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem insatisfeito satisfeito muito satisfeito

1 2 3 4 5

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

nada muito pouco mais ou menos bastante extremamente

1 2 3 4 5

3 - Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?

4 - O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?

5 - O quanto você aproveita a vida?

6 - Em que medida você acha que a sua vida tem sentido?

7 - O quanto você consegue se concentrar?

8 - Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária?

9 - Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas

coisas nestas últimas duas semanas.

Nada muito pouco médio muito completamente

1 2 3 4 5

10 -Você tem energia suficiente para seu dia a dia?

11 - Você é capaz de aceitar sua aparência física?

12 - Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?

13 - Quão disponíveis para você estão as informações de que precisa no seu dia a dia?

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14 - Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos

de sua vida nas últimas duas semanas.

Muito ruim ruim nem ruim nem bom bom muito bom

1 2 3 4 5

15 - Quão bem você é capaz de se locomover?

Muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem insatisfeito satisfeito muito satisfeito

1 2 3 4 5

16 - Quão satisfeito (a) você está com o seu sono?

17 - Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia a dia?

18 - Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade para o trabalho?

19 - Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo?

20 - Quão satisfeito (a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)?

21 - Quão satisfeito (a) você está com sua vida sexual?

22 - Quão satisfeito (a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?

23 - Quão satisfeito (a) você está com as condições do local onde mora?

24 - Quão satisfeito (a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?

25 - Quão satisfeito (a) você está com o seu meio de transporte?

As questões seguintes referem-se à com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas

últimas duas semanas.

26 - Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade,

depressão?

Nunca algumas vezes frequentemente muito frequentemente sempre

1 2 3 4 5

Você tem algum comentário sobre o questionário?

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

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APÊNDICES

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APÊNDICE A. TERMO DE CONSENTIMENTO

LIVRE E ESCLARECIDO

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APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), de uma pesquisa. Após

ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine

ao final deste documento que está em duas vias e rubrique todas as folhas. Uma delas é sua e a

outra é do (a) pesquisador (a) responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma

alguma. Se houver dúvidas ou denúncias você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade São Judas Tadeu que está localizada na Rua Taquari, 546 – Mooca, na cidade

de São Paulo – SP /CEP 03166-000. Tel.: 2799-1944. E-mail: [email protected]

Título do Projeto: Relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal de idosos.

Pesquisador (a) responsável: Profª. Drª. Claudia Aranha Gil (11) 99992 0644 e email

[email protected]

Pesquisador (a) participante: Rilza Xavier Marigliano, telefone (11) 99295 9662 ou email

[email protected].

O objetivo desse projeto é analisar como é concebida a relação cuidador/idoso segundo sua

ótica de cuidador formal de idosos;

A sua participação nesta pesquisa consistirá primeiramente em realizar dois desenhos

utilizando lápis grafite, em uma folha sulfite e contar uma história sobre cada um deles.

Será pedido que você desenhe um idoso nos dias de hoje e depois o desenho de uma pessoa

que trabalhe com idosos. Em seguida serão feitas algumas perguntas que têm como tema,

discutir as questões referentes a sua função de cuidador (a) de uma pessoa idosa. Você

também responderá às perguntas referentes a uma escala de qualidade de vida WHOQOL-

Bref. Essas atividades terão uma duração de aproximadamente uma hora e meia;

A entrevista será gravada com a finalidade permitir a transcrição do discurso falado para o

redigido e de facilitar a documentação passo-a-passo dos relatos obtidos, colaborando desta

forma com a análise que será realizada posteriormente;

Você receberá todas as informações necessárias para responder às perguntas e caso não se

sinta confortável, estará livre para interromper sua participação na pesquisa no momento

em que desejar, não havendo qualquer tipo de penalização por isso;

Essa pesquisa apresenta risco mínimo, dado que pode envolver apenas o possível

surgimento de ansiedade, preocupação ou lembrança desagradável diante das perguntas

apresentadas no momento da pesquisa. Caso algum dos riscos citados ocorra e for do seu

desejo, a pesquisa será imediatamente cancelada;

Como benefício imediato, esta pesquisa oferece a você a oportunidade de ter alguém que o

(a) escute e o (a) acolha, possibilitando compartilhar suas vivências com relação à

problemática vivenciada. Como benefício indireto, o presente estudo irá contribuir para a

ampliação do conhecimento a respeito do tema.

Você terá acesso aos resultados obtidos na pesquisa, se assim o desejar;

Sua participação nesta pesquisa é voluntária e não receberá qualquer tipo de remuneração;

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Caso sinta muito desconforto pela participação na pesquisa, será oferecido atendimento

psicológico no Centro de Psicologia Aplicada (CENPA) da Universidade São Judas;

É garantido o total sigilo dos seus dados pessoais. Quanto aos resultados da pesquisa, estes

poderão ser apresentados em eventos científicos, publicações ou oralmente, mas sempre

garantindo seu anonimato;

Se durante ou após a realização da pesquisa surgir qualquer tipo de dúvida em relação à

pesquisa, você estará livre para buscar os devidos esclarecimentos com a pesquisadora;

Você terá a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento sem prejuízos para si.

Eu, _______________________________________, portador (a) do RG número

____________________, com _______ anos de idade, residente na

________________________________________________, com número de telefone

________________, abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar

como voluntário (a) da pesquisa “Relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador formal de

idosos”, sob responsabilidade da Orientadora Profª. Drª. Claudia Aranha Gil e da pesquisadora

Rilza Xavier Marigliano, formada em Psicologia pela Universidade São Judas Tadeu e mestranda

no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento na mesma

instituição, assinando esse documento em duas vias e rubricando as suas páginas.

São Paulo, _______ de ________________________ de 2015.

______________________________________________________________

Assinatura do voluntário

____________________________ ___________________________

Claudia Aranha Gil Rilza Xavier Marigliano

[email protected] [email protected]

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APÊNDICE B. ROTEIRO DE

CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

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APÊNDICE B: ROTEIRO DE CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Cuidador Formal:

Iniciais do Nome:

Sexo:

Idade:

Estado Civil:

Escolaridade:

Formação:

Duração do Curso:

Profissão anterior a de cuidador (a):

Realiza algumas tarefas da casa, além de cuidar do idoso (a)?

Cuida somente desse idoso (a)?

Idoso cuidado:

Iniciais do nome:

Sexo:

Idade:

Estado Civil:

Número de filhos:

Escolaridade:

Grau de dependência do idoso (a):

Quem mora na casa?

Há quanto tempo cuida desse (a) idoso (a):

Qual a sua carga horária de trabalho?

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APÊNDICE C: PRODUÇÃO DO

PROCEDIMENTO DESENHOS-ESTÓRIAS

COM TEMA.

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APÊNDICE C: Procedimento Desenhos-Estórias com Tema

O Procedimento Desenhos-Estórias com Tema (Aiello-Vaisberg, 1995), é consistuído por

duas unidades de desenhos. Para a realização da atividade é solicitado que os participantes da

pesquisa façam dois desenhos utilizando lápis grafite em duas folhas de sulfite, sendo possível o

uso de uma borracha, para possíveis correções que o participante julgar necessário, que é

apresentada juntamente com o material proposto para a atividade. Tratando especificamente sobre

a temática abordada nessa pesquisa, foram formuladas instruções a serem seguidas por cada

participante.

Na primeira unidade de desenho é dada a seguinte instrução ao participante: “desenhe um

idoso nos dias de hoje” e em seguida é solicitado à pessoa: “conte uma história sobre esse desenho

que você fez”.

Para realização da segunda unidade de desenho é dada a seguinte instrução: “desenhe uma

pessoa que trabalhe com idosos” e em seguida é solicitado à pessoa: “conte uma história sobre esse

desenho que você fez”.

Após a realização das tarefas foram feitas as devidas análises que constam no método

dessa pesquisa.

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APÊNDICE D: ROTEIRO DE ENTREVISTA

SEMIDIRIGIDA

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APÊNDICE D: ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIDIRIGIDA

1. O que o (a) motivou a se tornar um (a) cuidador (a) de idosos?

2. Você fez algum curso preparatório para exercer essa função, e se fez, achou que esse curso

trouxe os conhecimentos que necessitava?

3. Para você o que é cuidar de um idoso?

4. De quantos idosos você já cuidou, conte um pouco da sua trajetória até aqui nesse tipo de

trabalho.

5. Conte um pouco como é esse (a) idoso de quem você está cuidado atualmente e como é o seu

relacionamento com ele (a)?

6. Depois que passou a exercer essa função, você sentiu que houve algum impacto na sua saúde

física e/ou psíquica?

7. Que estratégias você usa para lidar com os possíveis impactos da profissão na sua saúde física

e/ou psíquica?

8. Quais suas perspectivas para o futuro exercendo essa profissão?

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MATERIAL UTILIZADO PARA A

AVALIAÇÃO DOS JUÍZES

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APÊNDICE E. FIGURAS COM AS

CATEGORIAS TEMÁTICAS, UNIDADES DE

SIGNIFICADO, FREQUÊNCIA E AS FALAS

DAS PARTICIPANTES

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Figura 14. Categoria Temática 1: Motivação para ser cuidador de idosos

Categoria

Temática 1

Unidades de significado e

frequência

Exemplos

Motivação

para ser cuidador de

idosos

Nutrir afeto pelo idoso

(13)

Vivência com idosos

Que necessitam de cuidados

(13)

“Eu gostei muito de cuidar dela e aí decidi

cuidar de idosos.” Amarílis, 40

“[...] eu gosto muito de pessoas idosas...”

Estrelitzia, 44

“[...] escolhi esta profissão para estar

mais perto deles.” Estrelitzia, 44

“[...] eu gostava realmente de cuidar de

idosos.” Gardênia, 42

“[...] eu tenho muito carinho por eles.”

Gardênia, 42

“[...] eu e só gosto de velhos.” Gérbera,

55

“Eu tenho uma coisa assim pelos

idosos...” Gérbera, 55

“O carinho que eu sempre tive por

idosos...” Giesta, 28

“Ele precisa de carinho, de atenção e de

conforto.” Giesta, 28

“[...] comecei a pegar carinho em cuidar

das pessoas.” Glicínia, 58

“[...] o meu carinho era maior para com

os idosos...” Glicínia, 58

“Eu gosto muito.” Glicinia, 58

“Eu dei muito carinho e ela ficou como se

fosse da família...” Rosa, 44

“[...] era um idoso que estava precisando

de mim...” Acácia, 38

“[...] eu já trabalhava na área da saúde

[...] como cuidadora de idosos também

fazia parte da minha área ...” Begônia, 45

“[...] mas eu já fazia um trabalho com

idosos.” Begônia, 45

“[...] eu trabalhava no hospital eu ficava

na clínica geriátrica...” Begônia, 45

“[...] eu já tinha meio que uma relação

assim, com o idoso.” Begônia, 45

“[...] eu passei a ver a situação das

pessoas que estavam internadas, eu tinha

pena e percebi as profissionais tratavam

muito mal aquelas pessoas...” Dália, 45

“[...] alguns pacientes não conseguiam

comer sozinhos [...] eu dava a comida na

boca deles.” Dália, 45

“Tinha paciente que chamava porque

tinham feito xixi ou evacuavam [...] e eu

ajudava nisso.” Dália, 45

“É porque eu já conhecia eles, a gente já

se via...” Gardênia, 42

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Figura 14. Categoria Temática 1: Motivação para ser cuidador de idosos

(continuação)

Motivação

para ser cuidador de

idosos

Cuidar de um familiar

(11)

Continuidade do trabalho

doméstico

(7)

“O abandono de uma pessoa que eu conheci há vinte anos atrás.” Gérbera, 55 “[...] isso começou aos meus dezesseis anos de idade [...] eu sempre querendo um velhinho perto de mim.” Glicínia, 58 “Então veio uma moça, a N., mãe de um amigo meu que estava com câncer...” Margarida, 30 “[...] e acabei ficando e cuidando dele no

hospital...” Rosa, 44 “Eu, infelizmente, já tinha uma experiência familiar.” Acácia, 38 “Eu cuidei da minha mãe por cinco anos, ela tinha uma doença bem avançada...” Acácia, 38 “Foi o motivo de cuidar da minha mãe.”

Amarílis, 40 “Eu cuidei da minha mãe por 12 anos...” Amarílis, 40 “Eu gostei muito de cuidar dela...” Amarílis, 40 “O que me incentivou foi através da minha família.” Glicínia, 58 “[...] a minha sogra sofreu um derrame e

ficou acamada e o meu sogro tinha perdido a visão. Cuidei deles até o fim...” Glicínia, 58 “[...] depois cuidei da minha cunhada...” Glicínia, 58 “Depois veio o meu pai, a minha mãe, a minha irmã e assim cuidei de várias pessoas...” Glicínia, 58 “Olha,a primeira foi a minha tia...”

Margarida, 30 “O primeiro idoso que eu cuidei um pouco foi o meu pai.” Rosa, 44 “[...] surgiu uma proposta [...] que eu cuidasse do apartamento dele e fizesse a comida para ele e dos medicamentos. Eu fiquei dois anos cuidando dele.” Alfazema. 59 “Eu já trabalhava na casa [...] aí foi que eu

voltei a trabalhar com ela, há cinco anos...” Camélia, 57 “[...] eu vim morar com ela desde os meus dez anos de idade, eu vim cuidar da filha dela” Camélia, 57 “[...] eu cuidei das filhas dela [...] então a filha dela pediu para eu vir cuidar dela...” Camélia, 57

“[...] no começo eu cuidava da casa e depois passei a ser cuidadora.” Rosa, 44 “... Eu já trabalhava com ela.” Violeta, 59 “Eu cuidei dos netos dela e depois passei a cuidar dela...” Violeta, 59

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Figura 14. Categoria Temática 1: Motivação para ser cuidador de idosos

(continuação)

Motivação

para ser cuidador de

idosos

Auxílio Financeiro

(5)

Sentimento de pena com

relação ao idoso

(5)

Sentimento de gratificação

(3)

“[...] fiquei numa situação financeira muito ruim e eu tive que sair a procura, para ter meu salário...” Alfazema, 59

“ Então eu fiquei, uma que me ajuda financeiramente...” Alfazema, 59

“[...] a necessidade de você ter uma renda...” Alfazema, 59 “[...] eu fui, no meu caso, obrigada a aceitar esse tipo de trabalho pela renda...” Begônia,

45 “[...] eu resolvi ser cuidadora por isso, para ter meu salário e ajuda-los.” Lavanda, 53 “[...] eu passei a ver a situação das pessoas que estavam internadas... eu tinha pena” Dália, 45 “[...] quando eu vi o estado do abandono dela

senti dó. Toda vez que eu ia levar os meus filhos á escola, passava e cuidava dela...” Gérbera, 55 “ Ah, porque eu tenho dó.” Lavanda, 53 “Eu tenho dó das pessoas idosas...” Lavanda, 53 “ [...]por dó eu resolvi ser cuidadora [...] e ajuda-los...” Lavanda, 53

“[...] mas é gratificante quando você cuida da pessoa e ela fala: obrigada, você é meu anjo!” Margarida, 30 “Eu sei que cuidar de alguém é uma recompensa maravilhosa...” Margarida, 30 “Então nesse caso, foi missão cumprida, graças a Deus...” Rosa, 44

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Figura 15. Categoria Temática 2: Preparação para tornar-se cuidador de idosos.

Categoria

Temática 2

Unidades de significado e

frequência Exemplos

Preparação para tornar-

se cuidador de idosos

Curso de enfermagem

(10)

Não houve preparação

(9)

Aprendizado por meio da

prática

(7)

“[...] eu fui para fazer um curso de auxiliar de enfermagem.” Acácia, 38

“Uma coisa que me deu um respaldo maior, foi o curso de auxiliar de enfermagem que eu fiz.” Acácia, 38 “ O trabalho que eu exercia foi o que trouxe a bagagem...” Begônia, 45 “[...] a minha profissão como técnica de enfermagem...” Begônia, 45 “[...] eu me decidi a fazer o curso de Técnica

de Enfermagem.” Dália, 45 “[...] eu fiz a auxiliar de enfermagem que é bem básico...” Dália, 45 “Eu fiz a graduação em Enfermagem...” Giesta, 28 “[...] eu já tinha o curso de enfermagem...” Glicínia, 58 “Por ter cuidado dessa senhora, me despertou

a vontade de fazer a enfermagem.” Rosa, 44 “Eu só fiz o curso de enfermagem.” Rosa,44

“Então, para cuidadora de idosos, especificamente, não.” Acácia, 38

“[...] tive sorte de pegar uma agência que não exigiu o curso” Acácia, 38 “[...] não, eu não fiz o curso...” Begônia, 45 “Não, curso eu não fiz. Eu já trabalhava na casa...” Camélia, 57 “Na verdade curso para cuidador de idosos não...” Dália, 45 “... Não, eu não tive essa oportunidade...” Gardênia, 42

“Não fiz o curso não, mas gostaria de fazer...” Lavanda, 53 “Não, não fiz.” Margarida, 30 “Então, eu não tenho nenhum curso, não.” Violeta, 59

“O aprendizado foi feito no dia a dia mesmo.” Acácia,38 “Então você vai aprendendo no dia a dia...” Alfazema, 59

“Aprendi na prática de 12 anos...” Amarílis, 40 “[...] então eu aprendi na prática mesmo.” Gardênia, 42 “Eu aprendi na prática, sete anos na prática.”

Margarida, 3

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Figura 15. Categoria Temática 2: Preparação para tornar-se cuidador de idosos

(continuação)

Preparação para tornar-

se cuidador de idosos

Curso de Cuidador

(5)

“[...] ela ficou internada [...] eu era muito

curiosa, perguntava as coisas para os médicos

residentes e aprendia...” Rosa, 44

“Aprendi no dia a dia mesmo.” Violeta, 59

“Então, eu fiz o curso de cuidadora...” Estrelitzia, 44 “Sim, para ter orientação...” Gérbera, 55 “[...] eu sempre assisti muitas palestras...

aprendi sobre os direitos dos idosos...” Gérbera, 55 “[...] também fiz curso de cuidador...” Giesta, 28 “[...] fiz vários cursos para cuidadora de idosos.” Glicínia, 58

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Figura 16. Categoria Temática 3: Significado de cuidar de idosos.

Categoria

Temática 3

Unidades de significado

e frequência

Exemplos

Significado de cuidar

de idosos

Ter afeto

(15)

Proporcionar bem-estar

(15)

“ Ah, eu me apeguei...” Alfazema, 59 “É amor pelo idoso em primeiro lugar...” Amarílis, 40

“[...] é ter amor pelo idoso, senão, você não cuida.” Amarílis, 40 “Ah, eu acho que é a gente dar carinho...” Camélia, 57 “[...] eu gosto muito de idosos...” Estrelitizia, 44 “[...] e me dou muito melhor com eles...” Estrelitzia, 44 “Tenho um carinho muito grande por eles...” Gardênia, 42

“Amor, carinho, dedicação, tem que ter.” Gérbera,55 “... Ele precisa de carinho, de atenção e de conforto...” Giesta, 28 “[...] o idoso precisa muito de carinho.” Glicínia, 58 “ Eu gosto, né?” Glicínia, 58 “[...] eu gosto, eu gostei de cuidar.” Margarida, 30

“[...] é aí que eu me apego mais ainda.” Margarida, 30 “... trabalhar com o idoso com amor e com carinho...” Rosa, 44 “[...] então, por isso eu cuido com amor e carinho.” Rosa, 44 “Então, eu procuro deixa-la o mais confortável

possível, né.” Acácia, 38

“Mas o nosso intuito é prestar conforto, auxiliar nas

atividades que eles não conseguem fazer mais...”

Acácia, 38

“É isso, você proporcionar esse bem-estar...”

Dália, 45

“Eu procuro proporcionar o melhor que eu

posso...” Dália, 45

“[...] proporcionar bem-estar, falar que ele está

vivo, que ele vai conseguir...” Dália,45

“Eu uso as minhas experiências para que a pessoa

se anime.” Dália, 45

“[...] eu estou aqui para promover um bem-estar

para o senhor ou a senhora…” Dália, 45

“[...] auxiliando no banho, na hora de preparar a

alimentação. ” Gérbera, 55

“[...] cuidar como você gostaria de ser cuidado [...]

cada um tem sua necessidade.” Giesta, 28

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Figura 16. Categoria Temática 3: Significado de cuidar de idosos (continuação)

Significado de cuidar

de idosos

Infantilização do idoso

(10)

Ter responsabilidade sobre o

idoso

(8)

“Ele precisa de atenção e conforto...” Giesta, 28 “Então precisa de todos os cuidados para não

cair...” Lavanda, 53 “[...] tem que tomar cuidado com a alimentação...” Lavanda, 53 “[...] ele está limpinho [...] está satisfeito [...] É dever cumprido...” Margarida, 30 “É satisfatório você deixar ele bem...” Margarida, 30 “Se ele tem escaras eu faço o curativo, medicamento

[...] passa sondas...” Rosa, 44 “Cuidar de um idoso é cuidar de uma criança...” Begônia, 45 “[...] uma criança que teve uma história...” Begônia, 45 “[...] eles parecem uma criança.” Gardênia, 42

“[...] é como se fosse uma criança de novo.” Giesta, 28 “Eu sou apaixonada pelas minhas crianças.” Glicínia, 58 “[...] porque uma pessoa idosa vira uma criança depois de adulto, né?” Lavanda, 53 “Sabe um bebê, um bebezinho?...” Margarida, 30 “[...] o bebezinho está bem, só falta eu fazer ele

arrotar...” Margarida, 30 “[...] eu acabei cuidando como criança,..” Rosa, 44 “E eu tratava ela como se fosse uma criança...” Rosa, 44 “[...] porque eles vivem sozinhos, cuidar da alimentação....” Caméia,57 “[...] dar os remédios na hora certa.” Camélia, 57

“... Quando você faz o Técnico em Enfermagem, você vai responder por alguma incoerência que aconteça...” Dália, 45 “... É uma responsabilidade muito grande...” Estrelitzia, 44 “Precisa se envolver para poder cuidar do idoso.” Gérbera, 55 “Porque o paciente não pode ser deixado sozinho, é

uma responsabilidade.” Rosa, 44

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Figura 16. Categoria Temática 3: Significado de cuidar de idosos (continuação)

Significado de cuidar de

idosos

Ter paciência

(7)

Ter empatia

(7)

Dar atenção

(5)

“[...] trabalhar muito, durante muitas horas e ficar dia e noite com o idoso...” Rosa, 44 “[...] tem que ser uma pessoa de confiança para ficar com ela...” Violeta, 59 “Ah, cuidar é ter paciência, tolerância...” Alfazema, 59

“Eu procuro ter paciência com ela...” Alfazema,59 “[..]. e paciência.” Amarílis, 40 “[...] aí eu fui exercitando a minha paciência...” Begônia, 45 “É ter paciência...” Lavanda, 53 “[...] fazer de tudo para agradá-lo e ter paciência...” Lavanda, 53 “[...] eu tenho paciência.” Lavanda, 53

“[...] tinha que aceitar aquele momento dela [...]Então para ela aquilo também não era nada fácil...” Begônia, 45 “[...] se colocar no lugar do idoso...” Giesta, 28 “Todos nós vamos passar por essa idade [...] tem que entender e a gente tem que ajudar.” Glicínia, 58 “Ela me entende, eu entendo ela.” Lavanda, 53

“Eu peguei as dores dele...” Margarida, 30 “Eu me comovo com a dor, com o sofrimento...” Rosa, 44 “[...] se eu tivesse no lugar dele não seria legal...” Rosa, 44 “Eu gosto de conversar [...] digo que vou orar pela

pessoa ...” Dália, 45 “ É dar atenção...” Violeta, 59 “[...] porque a pessoa precisa de muita atenção.” Violeta, 59 “ Eu dou atenção...” Violeta, 59 “[...] eu dou atenção para ela...” Violeta, 59

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Figura 17. Categoria Temática 4: Características da função de cuidador (a) de idosos

Categoria

Temática 4

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Características da

função de cuidador (a)

de idosos

Atividade constante

(14)

Experiências marcantes no

cuidado com o idoso

(8)

“Eu cuidei da minha mãe [...] fiquei com uma idosa

[...] depois disso não parei mais..” Acácia, 38

“De dois, essa é a segunda...” Alfazema, 59

“... De três [...] eu decidi continuar cuidando de

idosos...” Amarílis, 40

“[...] cuidei de quatro idosos.” Begônia, 45

“Além de cobrir a folga de alguns colegas...” Dália,

45

“Olha, 99% do tempo eu cuidei de idosos. [...] já

cuidei de pelo menos dez idosos...” Dália, 45

“É cuidei de quatro...” Estrelitzia, 44

“[...] já cuidei de uma senhora até ela falecer [...] e

depois comecei cuidar desses dois...” Gardênia, 42

“[...] foram onze idosos e agora a Dona C....”

Gérbera,55

“Já cuidei de quatro idosos...” Giesta, 28

“[...] já devo ter cuidado de uns quinze idosos.”

Glicínia, 58

“Com essa é três.” Lavanda, 53.

“...a primeira foi a minha tia, depois um senhor [...]

depois um senhor no hospital [...] e agora o Sr. M....”

Margarida, 30

“Essa é a terceira que eu estou cuidando...” Rosa,44

“A minha primeira experiência foi um pouco difícil

[...] tinham momentos que ela ficava assim, bem

agressiva...” Begônia, 45

“[...] vim morar com ela desde os meus dez anos

[...]Já faz cinquenta anos que eu moro com eles...”

Camélia 57

“Nos meus dias de folga eu ajudava dar banho [...]

os familiares iam faze a visita e me davam caixas de

bombom para retribuir” Dália,45

“... Um deles eu cuidei durante oito meses, mas

infelizmente ele faleceu [...] ele tinha 103 anos e eu me

apego muito, sabe?” Estrelitzia, 44

“[...] cada um tem uma história e que marca mesmo a

vida da gente!” Glicínia, 58

“São vários, cada um tem uma história de amor e a

gente vira uma família.” Glicínia, 58

“[...] ela era uma pessoa maravilhosa, marcou a

minha vida!”Margarida, 30

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Figura 17. Categoria Temática 4: Características da função de cuidador (a) de idosos

(continuação)

Características da

função de cuidador (a)

de idosos

Defesa do idoso, frente a

maus tratos

(4)

Ansiedade com relação à

morte dos idosos

(3)

“pedi a conta [...] a família insistiu muito [...] fiquei até

o final com ela e sinto muita paz graças a Deus.” Rosa,

44

“[...]quando eu entrei, vi umas atitudes e falei: olha, eu

quer deixar bem claro que nada que diz respeito a você e

sua mãe eu vou compactuar com você [...] vi a

necessidade de dar um breque...” Alfazema, 59

“[...] eu brigo por ela (a mãe)... quando eu vejo que ela

(a filha) está perdendo a paciência, eu fico brava...”

Alfazema, 59

“Só que perto de mim ela, (a filha,) não faz nada, mas eu

não confio nela [...] eu defendo ela, (a mãe), o tempo

inteiro...” Alfazema, 59

“[...] eu cuido e defendo quando vejo que não estão

cuidando direito dos idosos.” Gérbera, 55

“[...] inclusive, alguns deles já faleceram [...] É nessa

hora que a gente tem que lidar com a razão e a emoção.”

Dália, 45

“Eu odeio a morte, não gosto [...] ele já tem 94 anos,

quanto tempo ele vai durar, dez anos?” Margarida, 30

“[...] quando chegou à parte final do Alzheimer eu fiquei

desesperada...” Rosa, 44

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Figura 18. Categoria Temática 5: Relacionamento com o idoso cuidado

Categoria

Temática 5

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Relacionamento

com o idoso

cuidado

Bom relacionamento

(17)

Necessidade de

controle

(8)

“Hoje, graças a Deus, em vista do que era, é ótimo.” Acácia, 38

“Ah, o meu relacionamento com ela é muito bom.” Alfazema, 59

“Mas meu relacionamento com ela é assim, bom” Alfazema, 59

“Com ela é uma maravilha, ela é muito boazinha...” Amarílis, 40

“[...] ela é um amor, muito educada...” Amarílis, 40

“Bom, é como eu falei [...] ela é muito boa para mim.” Camélia,

57

“[...] o relacionamento é muito bom...” Dália, 45

“[...] e quer que eu esteja com ele todo o tempo.” Dália,45

“[...] eu não tenho nada para falar mal dela..” Estrelitzia, 44

“[...] ela é um amor de pessoa, ela é muito carente, sabe?”

Estrelitzia, 44

“Nossa, é muito divertido eu e ela.” Gardênia, 42

“A gente conversa, brinca, ela fala muita coisa...” Gardênia, 42

“Olha, meu relacionamento com ela é bom...” Glicínia, 58

“Ah,, é bom [...] Ela é bacana!” Lavanda, 53

“Ela é boazinha, fica lá no tricô dela o dia inteiro, ela é

boazinha...” Lavanda, 53

“ Ah, é muito legal, é de amiga.” Margarida, 30

“... Ela é muito boa [...]até ela fala: você tem uma paciência

comigo...” Violeta

“[...] está mandando em mim porque, você é a minha mãe?...”

Acácia, 38

“Então, eu ali é uma segurança para todos eles...” Alfazema, 59

“Lá eu organizo a casa e faço tudo, cuido da higiene [... ] dos

horários de comer, o que ela está comendo...” Alfazema, 59

“[...] a mãe dela ficou internada e ela dizia: pode ir para sua casa

e eu dizia: não, eu vou ficar aqui até quando for preciso.”

Alfazema, 59

“[...] me obedece, só na hora do banho que é terrível! ” Amarílis, 40 “[...] eu quero controlar o horário...” Rosa, 44

“[...] ela falou que eu tenho um jeito autoritário...” Rosa, 44

“[...] eu não percebo, mas sou autoritária...” Rosa, 44

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Figura 18. Categoria Temática 5: Relacionamento com o idoso cuidado (continuação)

Relacionamento com o

idoso cuidado

Reviver aspectos da

história pessoal

(5)

Afeto sem troca

(4)

Gratidão dirigida ao idoso

(4)

“[...] então é como uma mãe para mim....”

Camélia, 57

“Ele me chama de netinha e eu chamo ele de

vovô...” Margarida, 30

“Eu gostaria mesmo de ter cuidado do meu

avô...” Margarida, 30

“[...] é como se realmente eu tivesse cuidando

do meu avô...” Margarida, 30

“Os filhos dela gostavam também e ela me

cuidava como se fosse uma filha, né?” Rosa, 44

“[...] ela não responde, não verbaliza, mas a

gente vê que ela olha para a gente...” Begônia,

45

“[...] ela não verbaliza [...] eu tenho que olhar

para ela [...].como alguém que já viveu [...] e

merece todo o meu respeito.” Begônia, 45

“A gente conversa com ela, para não

entender...” Giesta, 28

“Tem essa relação de carinho da gente para ela,

mas não tem troca...” Giesta, 28

“[...] tudo que eu aprendi até hoje é graças a

ela, tudo mesmo.” Camélia, 57

“Com ele eu aprendo tanto, não é só ser

cuidadora.” Margarida, 30

“Se ela não fosse uma pessoa muito boa, eu não

estaria com ela [...] me deu uma semana para eu

viajar, eu agradeço muito... Violeta, 59

“Então, a gente faz uma pela outra, eu fico

grata.” Violeta, 59

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Figura 19. Categoria Temática 6: Possíveis impactos à saúde física e mental do (a)

cuidador (a).

Categoria

Temática 6

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Possíveis impactos à

saúde física e mental do

(a) Cuidador (a)

Impactos negativos na

saúde mental

(22)

Mudanças positivas

(15)

“Eu sou uma pessoa, assim, estressada...” Acácia, 38

“[...]eu sou muito ansiosa...” Acácia, 38

“Na verdade eu sou estourada sim...” Acácia, 38

“Ah, na minha saúde emocional eu fiquei...”

Alfazema, 59

“... eu andava e parecia que não sentia o chão [...]

fiquei indecisa, não sabia se eu voltava ou

continuava” Alfazema,59

“[...] eu via que era um pânico para sair de casa...”

Alfazema, 59

“Sim bastante, com o estresse...” Amarílis, 40

“[...] eu acabei ficando, mais ansiosa...” Amarílis, 40

“[...] você está sempre agitada, sempre alerta.”

Amarílis, 40

“... é só o estresse assim de vez em quando, de resto é

tudo bem.” Amarílis, 40

“[...] tinha momentos que eu via que estava um pouco

esquecida de algumas coisas...” Begônia, 45

“[...] mas é sim um pouco de estresse...” Begônia, 45

“[...] a gente carrega aquela tensão...” Begônia, 45

“[...] eu sou muito ansiosa...” Margarida, 30

“Se você pega uma pessoa que te deixa mal [...]

humilha [...]passando nervoso, não!” Margarida, 30

“ Eu sou uma pessoa muito ansiosa...” Rosa, 44

“[...] o fato de eles fazerem tudo bem devagarinho me

deixa estressada...” Rosa,44

“[...] me dá aquela falta de paciência...” Rosa, 44

“ Então é isso que me causa algum probleminha, de

eu não ter paciência...” Rosa, 44

“Ah, eu fico bem estressada...” Violeta, 59

“[...] e eu esqueço muito as coisas.” Violeta, 59

“[...] ás vezes eu estou com a coisa anotada e ainda

esqueço...” Violeta, 59

“Parece que eu sou outra F.” Acácia, 38

“[...] eu estou mudando o meu comportamento...”

Acácia, 38

“[...] está me deixando mais serena, mais

observadora...” Acácia, 38

“Olha, na parte psíquica eu melhorei bastante, poruqe

passei por problemas pessoais e isso me ajudou

bastante...” Dália, 45

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Figura 19. Categoria Temática 6: Possíveis impactos à saúde física e mental do (a)

cuidador (a) (continuação)

Possíveis

impactos à

saúde física e

mental do (a)

Cuidador (a)

Impacto negativo na saúde

física

(8)

Não houve impacto

(6)

Medo da velhice

(4)

“Quando a gente está fazendo algo, acaba esquecendo dos

problemas... Dália, 45

“[...] você começa a ver as coisas de outra forma.” Giesta, 28

“Você tem mais amor ao próximo...” Giesta, 28

“[...] valorizar mais a vida com certeza.” Giesta, 28

“[...] eu acho que fiquei mais paciente...” Lavanda, 53

“[...] eu era muito nervosa [...] quando olha para trás vê coisas

piores...” Lavanda, 53

“[...] essa profissão está me fazendo ser mais humana...”

Margarida, 30

“[...] está me fazendo crescermais que todas as outras.”

Margarida, 30

“Cuidar do idoso me deixa muito feliz...” Rosa,44

“[...] cuidar do ser humano é muito bom para mim...” Rosa, 44

“[...] mas eu acho muito gostoso lidar com o ser humano.”

Rosa, 44

“[...] começava os meus pés a ficarem dormentes...” Alfazema,

59

“[...] falei para o meu marido: eu não estou me sentindo bem,

mede a minha pressão...” Alfazema, 59

“[...] acabei engordando mais...” Amarílis, 40

“[...] e mexeu na parte física também.” Begônia, 45

“[...] eu tenho bronquite e fico cansada...” Dália, 45

“Eu acho que eu fiquei assim, mais debilitada... Glicínia, 58

“[...] eu sentia sono, ficava com a cabeça estourando...”

Margarida, 30

“No físico a única coisa que eu não gosto é de ficar muito

parada, muitas horas presa naquele ambiente...” Rosa, 44

“Não, você quer saber se me prejudicou na saúde, essas

coisas?” Camélia, 57

“No meu caso não, não alterei nada ainda, está tudo normal.”

Estrelitzia, 44

“Não, normal.” Gardênia, 42

“Não, isso não me afeta porque eu gosto...” Gérbera, 55

“[...] eu não misturo as coisas, aí eu não me estresso.”

Gérbera, 55

“[...] ficar com dores ou problemas psicológicos, eu não fico

não...” Margarida, 30

“[...] eu fico pensando muito na minha velhice...” Glicínia, 58

“Isso me dá um pouco de medo...” Glicínia, 58

“[...] então eu tenho medo de ficar idosa, velha e ninguém

cuidar de mim...” Glicínia, 58

“[...] mas isso me dá uma insegurança...” Glicínia, 58

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Figura 20. Categoria Temática 7: Estratégias para lidar com os possíveis impactos à saúde

física e mental do (a) cuidador (a)

Categoria

Temática 7

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Estratégias para lidar

com os possíveis

impactos à saúde física e

mental do (a)

Cuidador (a)

Evitar contrariar o idoso

(14)

Exercício da

espiritualidade

(14)

“[...] então você tem que ir moldando a situação.” Acácia, 38 “As vezes ela teima [...] Eu deixo ela falar e fazer do jeito dela...” Camélia, 57 “[...] o segredo é não contrariar a pessoa, você concorda com tudo que ela diz e fica tudo bem.”

Dália, 45 “[...] e disse para ela: não pode falar essas coisas e nem contrariar o paciente...” Dália,45 “Ah, eu faço que nem ouço, eu desvio a conversa...” Gardênia,42 “[...] às vezes eu recuo de uma conversa...” Glicínia, 58 “Ás vezes ela me tira do sério [...] e eu fico bem

quietinha.” Glicínia, 58 “[...] ela faz a comidinha dela, ás vezes ela faz, ás vezes não faz e eu fico quieta.” Lavanda, 53 “[...] eu não posso fazer do meu jeito...” Margarida, 30 “[...] tem que ser do jeito dele...” Margarida, 30 “[...] eu tento me acostumar com o jeito que ele faz as coisas...” Margarida, 30

“... me encaixar na rotina dele...” Margarida, 30 “[...] aí quando eu vou falar com ela, eu vou com cuidado para ela não perceber...” Rosa, 44 “ [..]. ela me grita de lá e eu falo: já vou, mas eu continuo lá e quando vejo, já foi.” Violeta, 59 “[...] é como se Deus tivesse trabalhando mesmo na minha vida...” Acácia, 38 “Eu tenho a impressão que tem alguém me

acompanhando...” Acácia, 38 “Ah, eu uso Deus, né?” Begônia, 45 “Deus acima de tudo...” Begônia, 45 “[...] Deus que diz que temos que amar o próximo...” Begônia, 45 “[...] aí eu tenho que amar a pessoa como se fosse eu...” Begônia, 45 “Graças a Deus eu tenho muita sorte e até hoje não

aconteceu de pegar um idoso mau criado...” Dália, 45 “[...] com esse dom natural que Deus me deu [...] eu consigo fazer um bom trabalho.” Dália, 45

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Figura 20. Categoria Temática 7: Estratégias para lidar com os possíveis impactos à

saúde física e mental do (a) cuidador (a) (continuação)

Estratégias para lidar

com os possíveis

impactos à saúde física e

mental do (a)

Cuidador (a)

Convencimento do idoso

(8)

Apoio Familiar

(4)

“[...] mas graças a Deus, com o familiar ou com

o idoso corre tudo bem...” Dália,45 “[...] ponho meu joelho no chão e oro: ‘Senhor me fortalece’, aí eu volto outra pessoa.” Glicínia, 58 “[...] só podemos contar com um: que é com Deus.” Glicínia, 58 “Olha, o meu futuro só a Deus pertence.” Glicínia, 58 “[...] a gente tem que agradecer a Deus todo dia

por ter saúde e conseguir trabalhar...” Lavanda, 53 “[...] sinto muita paz graças a Deus. É uma missão, um trabalho que você pode desistir... fica aquele sentimento de culpa...” Rosa, 44

“ Eu digo para a minha idosa que ela tem que comer um pouquinho de cada coisa...” Acácia, 38

“[...] e eu consegui convencê-lo a tomar os remédios com água...” Dália, 45 “Converso, aí acaba dando certo...” Estrelitzia, 44 “[...] eu procuro conversar [...] a estratégia é convencer a pessoa...” Estrelitzia,44 “... quando eu começo a ficar angustiada [...] a primeira coisa que eu faço é convencê-lo a sair:

vamos sair um pouquinho?... Aí vamos no portão olhar o movimento...” Glicínia, 58 “... Ela ás vezes concorda com muita coisa também...” Lavanda, 53 “...quando ele ia tomar banho eu ficava preocupada... eu comecei a colocar ele na cadeira de banho,mas ele não reclamou, ele achou que a minha estratégia foi boa.”

Margarida, 30 “Quando ela está muito devagarinho para fazer alguma coisa, eu digo para ela: deixa eu fazer logo...” Rosa, 44 “Eu saio de final de semana com a minha família...” Amarílis, 40

“[...] recebo a família em casa, é isso que me distrai...” Amarílis, 40 “ Eu sou bem família [...] Ali eu acho meu ponto de apoio, meu aconchego.” Giesta, 28 “[...] eu vou para a minha família, converso, desabafo...” Giesta, 28

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Figura 20. Categoria Temática 7: Estratégias para lidar com os possíveis impactos à saúde

física e mental do (a) cuidador (a) (continuação)

Estratégias para lidar

com os possíveis

impactos na saúde física

e mental do (a)

Cuidador (a)

Ter de paciência com o

idoso e familiares

(4)

Encarar as situações com

bom humor

(2)

Não transmitir a própria

angústia

(2)

“Eu procuro ter paciência com ela (a filha)...”

Alfazema, 59

“Ás vezes ela teima com alguma coisa e eu sou muito

calma...” Camélia, 57

“[...]eu procuro [...] ser bem paciente com a pessoa.”

Estrelitzia, 44

“Eu procuro ficar calma...” Lavanda, 53

“[...] eu começo a dar risada [...] eu contorno assim,

desse jeito.” Acácia, 38

“Eu procuro brincar, não levo nada a sério.”

Gardênia, 42

“Porque muitas vezes a gente fica angustiada

mesmo.” Glicínia, 58

“[...] porque eu não posso transmitir o que eu estou

sentindo.” Glicínia, 58

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Figura 21. Categoria Temática 8: Perspectivas para o futuro.

Categoria

Temática 8

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Perspectivas para o

futuro

Estudar

(19)

Continuar

trabalhando com

idosos

(9)

“Ah, a minha vontade é concluir a faculdade de

Fisioterapia e trabalhar na área da geriatria...”Acácia,

38

“Eu gostaria de fazer um curso para cuidar de idosos

mesmo...” Amarílis, 40

“Eu pretendo me especializar...” Dália, 45

“[...] quero fazer faculdade na área de geriatria ou

gerontologia...” Dália, 45

“[...] eu quero estudar mais sobre o idoso...” Dália, 45

“eu pretendo fazer outro curso...” Estrelitzia, 44

“[...] na verdade eu pretendo mesmo fazer enfermagem”

Estrelitzia, 44

“Eu gostaria de fazer um curso para eu cuidar...”

Gardênia, 42

“Eu gostaria de aprender mais para cuidar [...]eu queria

me aperfeiçoar para cuidar melhor.” Gardênia, 42

“Eu quero fazer o curso de enfermagem...” Gérbera, 55

“[...] pegar o certificado para continuar cuidando de

idosos...” Gérbera, 55

“Me voltar totalmente à geriatria...” Giesta, 28

“... fazer pós, mestrado, me tornar uma grande

enfermeira geriátrica...” Giesta, 28

“Eu gostaria de fazer um curso de cuidadora...” Lavanda,

53 “Se eu tiver a condição de fazer um cursinho eu faço...”

Lavanda, 53

“Eu quero fazer uma faculdade de Enfermagem.”

Margarida, 30

“[...] eu adoro estudar...” Margarida, 30

“[...] para 2016 eu pretendo começar a faculdade...”

Margarida, 30

“[...]eu pretendo me especializar...” Rosa, 44

“A minha vontade seria trabalhar com idosos...” Acácia,

38

“[...] eu gostaria de continuar nesta profissão...”

Amarílis, 40

“Eu faço o que eu gosto [...] eu estou prosseguindo,

né?...” Begônia, 45

“[...] para continuar trabalhando nessa área com o

certificado vai ser mais fácil...” Gérbera, 55

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201

Figura 21. Categoria Temática 8: Perspectivas para o futuro. (Continuação)

Perspectivas para o

futuro

Mudança de atividade

profissional

(3)

Ser cuidada pelos filhos como

recompensa

(3)

Parar de trabalhar

(2)

“Eu quero me especializar cada vez mais nessa

área...” Giesta, 28

“... continuar trabalhando... eu tenho que

passar coisas boas e guardar o meu dinheiro...”

Glicínia, 58

“[...] continuar nessa profissão até me

aposentar...” Lavanda, 53

“Eu pretendo mesmo trabalhar em hospital,

também cuidando de idosos...” Rosa, 44

“Eu quero trabalhar em hospital público ou

partícula na geriatria.” Rosa, 44

“ Eu prefiro trabalhar em um buffet que mexe

com comida...” Alfazema,59

“Eu tenho amigas que cozinham para casais

bem ricos [...] .eu pretendo trabalhar com

isso...” Alfazema, 59

“Eu não quero ficar muito tempo, porque eu

quero trabalhar na enfermagem...” Rosa, 44

“[...] eu espero que amanhã possam cuidar de

mim...” Camélia, 57

“Poder contar com meus filhos...” Camélia, 57

“É isso que eu espero que alguém possa cuidar

de mim.” Camélia, 57

“Pretendo só completar o tempo para me

aposentar...” Lavanda, 53

“Eu estou com vontade de parar de

trabalhar...” Violeta, 59

Page 203: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

202

Figura 22. Categoria Temática 9: Desenhos-Estórias com Tema: Produção n°1

Imaginário Coletivo sobre o idoso.

Categoria

Temática 9

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Imaginário Coletivo

sobre o idoso

Idoso ativo

(15)

Idoso solitário

(6)

“A minha percepção é de que a vontade de estar sempre em

movimento...” Acácia, 38

“[...] todos eles já se levantam muito cedo...” Acácia, 38

“Dona M. é uma senhorinha que foi muito educada e muito

ativa...” Alfazema, 59

“Ela vai passear e gosta de viajar...” Camélia,57

“ Essa é uma idosa, que mesmo tendo os problemas que ela tem,

está de bem com a vida, gosta de viver.” Dália, 45

“É uma pessoa que apesar de estar com uma patologia não

esquece dos outros, quer ajudar as pessoas.” Dália, 45

“[...]ela gosta de tomar banho, pintar as unhas, cortar o

cabelo, ir a um bom restaurante...” Dália, 45

“Esse idoso é muito esperto...” Gardênia, 42

“ Ele está bem velho, mas faz tudo sozinho...” Gardênia, 42

“Ela começou a fazer tricô e vender as peças... vive do aluguel

e da aposentadoria...” Lavanda, 53

“Ela participa das atividades da terceira idade e é muito feliz!”

Lavanda, 53

“ Sou alegre, conversador, sou jovem!” Margarida, 30

“Esse idoso já tem mais de 70 anos, ele gosta muito de

trabalhar...” Rosa , 44

“[...] é muito inteligente... uma pessoa muito ativa...” Rosa, 44

“Quando era moço, esse senhor foi muito trabalhador [...] ele

joga na pracinha com os amigos...” Violeta, 59

“[...] vive em um apartamento só com a companhia dos dois

cuidadores...” Begônia, 45

“[...] e hoje se vê praticamente só...” Begônia, 45

“[...] pois a família não lhe dava o carinho merecido...”

Estrelitzia,, 44

“O idoso se sente só... Giesta, 28

“Essa idosa era casada com um caminhoneiro [...] só que ele

morreu...” Lavanda, 53

“[...] ele fica muito sozinho...” Violeta, 59

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203

Figura 22. Categoria Temática 9: Desenhos-Estórias com Tema: Produção n°1

Imaginário Coletivo sobre o idoso (continuação)

Imaginário

Coletivo sobre o

idoso

Idoso fragilizado

(5)

Idoso bem cuidado

(5)

Idoso que sofre maus

tratos

(3)

“... ela não merecia estar nesta situação de saúde...”

Alfazema, 59

“[...] mas infelizmente, agora depende de uma pessoa

para lhe dar banho e medicação...” Dália, 45

“[...] na maioria das vezes é taxado como impotente...”

Giesta, 28

“[... uma idosa que usa uma bengala. Tem dificuldade de

andar...” Glicínia, 58

“Ela precisa de ajuda para andar, tomar banho e

caminhar na rua...” Glicínia, 58

“[...] bem confortável e bem cuidado...” Amarílis, 40

“[...] tem sempre os netos que vão visita-la [...]. chega da

missa e faz o almoço de domingo para os filhos e netos...”

Camélia, 57

“[...] para continuar a mantendo da melhor maneira

possível...” Dália, 45

“Quando encontrou em uma cuidadora carinho, afeto,

dedicação, então ficou uma pessoa totalmente diferente

para o lado bom da vida.” Estrelitzia, 44

“[...] agora eu tenho uma secretária (cuidadora) ...”

Margarida, 30

“[...] são os maus tratos contra o idoso.” Gérbera, 55

“[...] tenho visto com frequência maus tratos contra o

idoso.” Gérbera, 55

“[...] mas na maioria das vezes o que fala mais alto é o

abandono.” Giesta, 28

Page 205: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

204

Figura 23. Categoria Temática 10: Desenhos-Estórias com Tema: Produção n°2

Imaginário Coletivo sobre o Trabalho de cuidador de idosos

Categoria

Temática 10

Unidades de

significado e

frequência

Exemplos

Imaginário

Coletivo sobre o

Trabalho de

cuidador

de idosos

Prestar cuidado e

conforto ao idoso

(17)

“[...] me preocupo com a alimentação dela e com a higiene.”

Alfazema,59

“Meus pacientes são bem cuidados e também felizes.”

Amarílis,40

“[...] fez curso de cuidadora. Agora só cuida de idosos [...]

ela lê a bula, para não ter dúvidas do efeito colateral do

remédio...” Camélia, 57

“[..]. vai tratar o paciente com todo o cuidado e promover o

bem-estar dele.” Dália, 45

“[...] estou aqui para ajudar o senhor a fazer suas atividades.

Dália, 45

“[...] e faz de tudo, para cuidar bem do bem-estar de seu

idoso.” Estrelitzia,44

“Ela faz de tudo com a idosa que ela cuida..” Gardênia, 42

“Para cuidar do idoso, a prioridade é gostar e ter dedicação.”

Gérbera, 55

“[...] para cuidar, cada um faz o seu melhor.” Gérbera, 55

“[...]cuidando como deve ser cuidado, trazendo conforto...”

Giesta, 28

“[...] tentando alegrar e amenizar o momento. ” Giesta, 28

“Cuidando do idoso acamado com muito amor e

dedicação...” Glicínia, 58

“[...] sempre de olho para não cair da cama...” Glicínia, 58

“[...] faz bem suas atividades de cuidadora.” Lava nda, 53

“...Leva ela aos médicos, dá os remédios direitinho...”

Violeta, 59

“[...] agora cuida da mãe que ficou idosa [...] faz companhia

para a idosa...” Violeta, 59

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205

Figura 23. Categoria Temática 10: Desenhos-Estórias com Tema: Produção n°2

Imaginário Coletivo sobre o Trabalho de cuidador de idosos (continuação)

Imaginário Coletivo

sobre o Trabalho de

cuidador

de idosos

Fonte de recompensa

(7)

Trabalho relacionado

à diversão

(3)

Dificuldades do

trabalho

(2)

Trabalho relacionado

a auxílio financeiro

(2)

Tristeza diante da

velhice

(1)

“[...] reconfortante e a satisfação ao final do plantão...”

Acácia, 38

“[...] é inexplicável, quando dever cumprido.” Acácia, 38

“No final do dia, vai dar tchau e obrigado pelo dia que passaram juntos...” Dália, 45

“[...] pois é uma profissão muito bonita e gratificante.” Estrelitzia, 44

“O cuidador é uma das profissões mais lindas, pois escolhe cuidar de alguém como profissão e dando atenção e cuidado...” Giesta, 28

“Me lava a alma, é muito recompensadora!” Margarida, 30

“ Ela sempre foi uma pessoa muito boa e merece ser tratada muito bem.” Violeta, 59

“Brinca com ela e se diverte muito com ela. ” Gardênia, 42

“[...] ele é muito jovem, alegre, um espírito maravilhoso.[...] Estou adorando cuidar dele!” Margarida, 30

“Ela é uma pessoa alegre, dada e barulhenta. ” Rosa, 44“...

“Esta é uma cuidadora que cuida de uma senhora com Alzheimer. Ela sabe que não é fácil esta tarefa.” Begônia, 45

“Essa cuidadora [...]Ela é uma pessoa muito boa, mas ás vezes fica nervosa [...] Mesmo assim, faz suas atividades...” Lavanda, 53

“Hoje está em alta cuidar do idoso pelo salário.” Gérbera, 55

“Essa cuidadora ficou viúva e trabalha para pagar as contas.” Lavanda, 53

“Eu fico pensando que a velhice é uma coisa muito triste.” Alfazema, 59

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206

APÊNDICE F: DESCRIÇÃO DAS

CATEGORIAS TEMÁTICAS E UNIDADES DE

SIGNIFICADO

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207

Categoria Temática 1: Motivação para ser cuidador de idosos

CATEGORIA

TEMÁTICA 1 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

da Motivação

para ser cuidador

de idosos

Nessa categoria foram agrupadas as

expressões dos participantes que destacavam suas concepções, ou

seja, os significados atribuídos pelos mesmos sobre a

temática abordada neste estudo

(Motivação para ser cuidador de

idosos), bem como a relação existente entre os termos e a

importância dada ao constructo

Motivação. O conteúdo dessa categoria, foi

classificado em sete (07) unidades de

significado

Cuidar de um

familiar Atitude de prestar cuidados, ou seja,

dar assistência, demonstrando

responsabilidade e preocupação com o

bem estar de um familiar idoso dependente.

“Eu cuidei da minha mãe por cinco

anos, ela tinha uma doença bem

avançada...” Acácia, 38

Nutrir afeto pelo

idoso Expressão usada pelas participantes

para demonstrar um sentimento de

carinho que se tem pela pessoa idosa.

“[...] eu gosto muito de pessoas

idosas...”Estrelitzia, 44

Vivência com

idosos que

necessitam de

cuidados

Refere-se à experiência de algumas cuidadoras de já ter convivido anteriormente com idosos que

necessitavam de cuidados.

“[...] eu trabalhava no hospital, eu

ficava na clínica geriátrica...”

Begônia, 45

Continuidade do

trabalho

doméstico

Refere-se a pessoas que já trabalhavam

na casa como empregadas domésticas e

se tornaram cuidadoras do idoso residente.

“Eu já trabalhava na casa [...] aí foi

que eu voltei a trabalhar com ela, há

cinco anos...” Camélia, 57

Auxílio

financeiro Pessoa que justifica sua escolha por ser

cuidadora de idosos, com base em

ganho financeiro.

“[...] fiquei numa situação financeira

muito ruim e eu tive que sair a

procura para ter meu salário...”

Alfazema, 59

Sentimento de

gratificação Sentimento de recompensa e bem- estar que as cuidadoras têm, pelos cuidados

prestados ao idoso.

“[...] mas é gratificante quando

você cuida da pessoa e ela fala:

obrigada, você é meu anjo!”

Margarida, 30

Sentimento de

pena com

relação ao idoso

Sentimento de piedade pela condição

desfavorável na qual encontra-se o idoso fragilizado.

“Ah, porque eu tenho dó, eu tenho

dó das pessoas idosas...” Lavanda,

53

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208

Categoria Temática 2: Preparação para tornar-se cuidador de idosos

CATEGORIA

TEMÁTICA 2 UNIDADES DE

SIGNIFICADO

DESCRIÇÃO DAS

UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características da

Preparação para

tornar-se cuidador de

idosos

Nessa categoria foram

agrupadas as expressões

das participantes que

destacavam suas

concepções sobre:

Preparação para tonar-se

cuidador de idosos. O

conteúdo dessa categoria,

foi classificado em quatro

(04) Unidades de

Significado:

Curso de

Enfermagem

Refere-se às participantes que

fizeram um curso de

Enfermagem nas seguintes

áreas: auxiliar, técnico e

graduação.

“[...] a minha profissão como técnica

de enfermagem...” Begônia, 45

Aprendizado por

meio da prática

Expressão utilizada para

justificar que o preparo para

atuar como cuidadora de

idosos, foi realizado no

cotidiano de trabalho.

“Eu aprendi na prática, sete anos na

prática.” Margarida, 30

Curso de

cuidador

Refere-se às participantes que fizeram algum curso

específico para se tornar

cuidadora de idosos.

“[...] fiz vários cursos para cuidadora de idosos.” Glicínia, 58

Não houve

preparação

Refere-se a pessoas que

passaram a exercer a função

de cuidadoras, sem que

houvesse prática ou

formação na área.

“Não fiz o curso não.” Lavanda, 53

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209

Categoria Temática 3: Significado de cuidar de idosos

CATEGORIA

TEMÁTICA 3 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

do Significado

de cuidar de

idosos

Nessa categoria

foram agrupadas

as unidades de

significado

atribuídos pelas

cuidadoras sobre a

temática :

Significado de cuidar

de um idoso. Essa

categoria foi

classificada em

nove (09)

Unidades de

Significado:

Infantilização do

idoso Refere-se à maneira com a qual as

cuidadoras comparam o idoso cuidado a um bebê ou criança.

“[...] o bebezinho está bem, só falta

eu fazer ele arrotar...” Margarida,

30

Ter afeto Expressões usadas pelas cuidadoras que

denotam o amor e carinho que sentem

pelo idoso na tarefa que realizam.

“Amor, carinho, dedicação, tem que

ter...” Gérbera,55

Proporcionar bem

estar Refere-se a proporcionar uma sensação de conforto e suprir as necessidades do

idoso cuidado.

“É isso, você proporcionar esse bem-estar...” Dália, 45

Ter Paciência Refere-se a capacidade de ter tolerância

frente às atitudes dos idosos. “Ah, cuidar é ter paciência,

tolerância...” Alfazema, 59

Ter

responsabilidade

sobre o idoso

Expressão utilizada no sentido ter comprometimento com o idoso

cuidado.

“É uma responsabilidade muito grande...” Estrelitzia, 44

Ter empatia

Refere-se a capacidade de

compreender o que sente o outro,

imaginando-se nas mesmas

circunstâncias.

“[...] se colocar no lugar do

idoso...” Giesta, 28

Dar atenção Expressão que denota o desvelo para

com o idoso.

“É dar atenção...” Violeta, 59

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210

Categoria Temática 4: Característica da função de cuidador de idosos

CATEGORIA TEMÁTICA 4

UNIDADES DE SIGNIFICADO

DESCRIÇÃO DAS

UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

da função de

cuidador de

idosos

Nessa categoria foram agrupadas as expressões das participantes que destacavam suas

concepções sobre: Características da

função de cuidador de idosos. O

conteúdo dessa categoria, foi

classificado em quatro (04) Unidades de Significado:

Atividade

constante Refere-se intensa atividade

profissional das cuidadoras.

“Eu cuidei da minha mãe, fiquei com uma

idosa [...] de não parei mais.” Acácia, 38

Experiências

marcantes no

cuidado com o

idoso

Expressão utilizada por algumas

participantes para relatar

vivências que foram importantes durante o cuidado com

determinado idoso.

“[...] ela era uma mulher maravilhosa.

Marcou a minha vida!”Margarida, 30

Ansiedade com

relação à morte

dos idosos

Refere-se ao sentimento de

apreensão diante da iminência de

morte do idoso cuidado.

“[...]já cuidei de uns dez idosos [...]

inclusive alguns deles já faleceram [...] É

nessa hora que a gente tem que lidar com a

razão e a emoção.” Dália, 45

Defesa do idoso,

frente a maus

tratos

Ato de cuidar para que o idoso

não sofra violência.

“ Só que perto de mim ela, (a filha,) não

faz nada, mas eu não confio nela [...] eu

defendo ela, (a mãe), o tempo inteiro...”

Alfazema, 59

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211

Categoria Temática 5: Relacionamento com o idoso cuidado

CATEGORIA

TEMÁTICA 5 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

do

Relacionamento

com o idoso

cuidado

Nessa categoria foram agrupadas as unidades de

significado atribuídos pelas

cuidadoras sobre a temática :

Relacionamento com o idoso cuidado

Essa categoria foi classificada em

cinco (05) Unidades de Significado:

Bom relacionamento Expressão utilizada para

demonstrar uma relação de confiança e amizade com o idoso

sob seus cuidados

“[...] o relacionamento é muito bom

[...] ele quer que eu fique com ele todo o tempo. ” Dália,45

Reviver aspectos da

história pessoal

Expressões que representam a

retomada de aspectos de sua

própria vivência com familiares

ao cuidar do idoso.

“[...] é como se realmente eu tivesse

cuidando do meu avô...”

Margarida, 30

Necessidade de

controle

Expressões utilizadas que revelam

a necessidade de estarem à frente

da situação no trato com o idoso.

“[...] eu quero controlar o horário

[...] eu tenho um jeito autoritário...”

Rosa, 44

Afeto sem troca

Refere-se à relação onde a

cuidadora demostra carinho com

o idoso cuidado e devido a sua

condição não consegue responder.

“Tem essa relação de carinho da

gente para ela, mas não tem troca...”

Giesta, 28

Gratidão dirigida ao

idoso

Refere-se ao sentimento de

reconhecimento de uma pessoa

por algum benefício prestado a

ela.

“Tudo que eu aprendi até hoje é

graças a ela, tudo mesmo!” Camélia,

57

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212

Categoria Temática 6: Possíveis impactos à saúde física e mental do cuidador

CATEGORIA

TEMÁTICA 6 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

dos Possíveis

impactos à

saúde física e

mental do

cuidador

Nessa categoria

foram agrupadas as unidades de

significado

atribuídos pelas cuidadoras sobre

a temática :

Possíveis impactos à

saúde física e mental dos cuidadores.

Essa categoria foi

classificada em cinco (05)

Unidades de

Significado:

Mudanças positivas Expressões utilizadas para relatar

diferenças benéficas percebidas em suas vidas, após começarem a exercer

a função de cuidadoras de idosos.

“[...] essa profissão está me

fazendo ser mais humana...”

Margarida, 30

Impactos negativos

na saúde mental

Refere-se a presença fatores

psicológicos prejudiciais diante da atividade de cuidar

“Sim bastante, com o estresse eu

acabei ficando, mais ansiosa...”

Amarílis, 40

Não houve impacto Refere-se a relatos nos quais se

afirma que não ocorreu, por parte da

cuidadora, nenhum tipo de mudança

física ou emocional no trato com o

idoso.

“Não, isso não me afeta porque eu

gosto...” Gérbera, 55

Impacto negativo na

saúde física

Expressões que fazem referência a prejuízos na saúde física do cuidador.

“[...] eu tenho bronquite e fico cansada...” Dália, 45

Medo da velhice

Expressão utilizada que denota

preocupação com o próprio processo

de envelhecimento da cuidadora.

“[...] eu fico pensando muito na

minha velhice [...] Isso me dá um

pouco de medo...” Glicínia, 58

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213

Categoria Temática 7: Estratégias para lidar com os possíveis impactos à saúde física e mental do

cuidador

CATEGORIA

TEMÁTICA 7 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

das Estratégias

para lidar com os

possíveis

impactos à saúde

física e mental do

cuidador

Nessa categoria

foram agrupadas as expressões dos

participantes que

destacavam suas concepções, ou

seja, os

significados

atribuídos pelos mesmos sobre a

temática abordada

neste estudo (Estratégias para

lidar com os

possíveis impactos à saúde física e

mental dos

cuidadores). O

conteúdo dessa categoria, foi

classificado em

sete (07) Unidades de Significado:

Evitar contrariar o

idoso Expressões nas quais as

participantes procuram não se

opor ao idoso, impedindo que

haja conflito.

“[...] o segredo é não contrariar a

pessoa, você concorda com tudo que

ela diz e fica tudo bem..” Dália, 45

Ter paciência com o

idoso e familiares

Refere-se ao relato das cuidadoras

que tem como estratégia

tolerância tanto com o idoso,

quanto com familiares,

objetivando uma boa convivência.

“[...] eu procuro [...] ser bem

paciente com a pessoa...”

Estrelitzia, 44

Encarar as situações

com bom humor

Expressões utilizadas para

demonstrar disposição positiva

para lidar com os eventos

estressantes.

“[...] eu dou risada, eu não consigo

ficar brava e começo a rir [...] eu

contorno assim, desse jeito...”

Acácia, 38

Apoio Familiar Estratégia utilizada para lidar com

o estresse causado pelo ambiente de trabalho, buscando suporte

emocional em familiares.

“[...] eu vou para a minha família,

converso, desabafo.” Giesta, 28

Convencimento do

idoso

Refere-se ao ato de procurar

persuadir o idoso a realizar algo

de maneira diferente da de

costume.

“[...] eu procuro conversar [...] a

estratégia é convencer a pessoa...”

Estrelitzia,44

Exercício da

espiritualidade

Refere-se a vivência de

estabelecer relação com o sagrado visando apoio.

“Ah, eu uso Deus, né?...” Begônia,

45

Não transmitir a

própria angústia

Estratégia utilizada para não

expor seus sentimentos. “Quando eu começo a ficar muito

angustiada [...] porque eu não

posso transmitir o que eu estou

sentindo...” Glicínia, 58

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214

Categoria Temática 8: Perspectivas para o futuro CATEGORIA

TEMÁTICA 8 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

das Perspectivas

para o futuro

Nessa categoria

foram agrupadas as unidades de

significado

atribuídos pelas cuidadoras sobre

a temática :

Perspectivas para o futuro. Essa

categoria foi

classificada em

cinco (05) Unidades de

Significado:

Estudar Expressões que relatam o desejo

de dar continuidade ao

aprendizado.

“[...] quero fazer faculdade na

área de geriatria ou

gerontologia...” Dália, 45

Continuar trabalhando

com idosos

Refere-se à vontade de continuar

exercendo a profissão de cuidador

de idosos.

“Eu pretendo mesmo trabalhar em

hospital, também cuidando de

idosos...” Rosa, 44

Ser cuidada pelos filhos

como recompensa

Expressão utilizada pela

cuidadora, que demonstra o desejo de ter a atenção e cuidado

de seus próprios filhos na velhice.

“[...] eu espero que amanhã

possam cuidar de mim [...] poder contar com meus filhos...”

Camélia, 57

Mudança de atividade

profissional

Refere-se ao desejo de ter outra

profissão, que não a de cuidadora. “Eu prefiro trabalhar em um

buffet que mexe com comida...”

Alfazema,59

Parar de trabalhar Expressão que revela o desejo de

encerrar suas atividades como cuidadora.

“Eu estou com vontade de parar

de trabalhar...” Violeta, 59

Page 216: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

215

Categoria Temática 9. Categorias Temáticas dos Desenhos-Estórias com Tema: Produção n°1

Imaginário Coletivo sobre o idoso

CATEGORIA

TEMÁTICA 9

UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características do

Imaginário Coletivo

sobre o idoso

Nessa categoria foram

agrupadas as

expressões das

participantes que

destacavam suas concepções sobre:

Características do

Imaginário Coletivo sobre o idoso. O

conteúdo dessa

categoria, foi classificado em cinco

(05) Unidades de

Significado:

Idoso ativo Refere-se ao idoso que tem

autonomia para realizar suas

atividades e manter-se socialmente

atuante.

“Dona M. é uma senhorinha [...]

muito educada e muito ativa...”

Alfazema, 59

Idoso solitário Expressões que relatam a situação

de abandono e isolamento na qual

se encontra alguns idosos.

“[...]vive em um apartamento só com

a companhia dos dois cuidadores...”

Begônia, 45

Idoso

Fragilizado

Refere-se àquele indivíduo idoso

que está funcionalmente

vulnerável, incapacitado e/ou

debilitado.

“Ela precisa de ajuda para andar,

tomar banho e caminhar na rua...”

Glicínia, 58

Idoso bem

cuidado

Expressões que se referem ao fato

do idoso estar bem amparado. “[...] bem confortável e bem

cuidado...” Amarílis, 40

Idoso que sofre

maus tratos

Refere-se a idosos que são

submetidos a algum tipo de

violência.

“[...] tenho visto com frequência maus

tratos contra o idoso.” Gérbera, 55

Page 217: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

216

Categoria Temática 10. Categorias Temáticas dos Desenhos-Estórias com Tema: Produção n°2

Imaginário Coletivo sobre o trabalho de cuidador de idosos

CATEGORIA

TEMÁTICA 10 UNIDADES DE

SIGNIFICADO DESCRIÇÃO DAS UNIDADES EXEMPLOS DE RESPOSTAS

Características

do Imaginário

Coletivo sobre o

trabalho de

cuidador de

idosos

Nessa categoria

foram agrupadas as expressões das

participantes que

destacavam suas concepções sobre:

Características do

Imaginário coletivo sobre o

Trabalho de

cuidador de

idosos. O conteúdo dessa

categoria, foi

classificado em seis (06) Unidades

de Significado:

Prestar cuidado e

conforto ao idoso

Expressão referente a dedicar

assistência e bem-estar ao idoso

cuidado.

“[...]e faz de tudo, para cuidar bem do

bem-estar de seu idoso.” Estrelitzia,44

Fonte de

recompensa

Expressão que se refere a sentir

gratificação no trabalho com o

idoso

“[...] reconfortante e a satisfação ao

final do plantão é inexplicável, quando

dever cumprido” Acácia, 38

Trabalho

relacionado à

diversão

Expressões que relatam um

ambiente de trabalho onde há

divertimento

“Brinca com ela e se diverte muito com

ela.” Gardênia, 42

Tristeza diante da

velhice Sentimento de desolação diante

das perdas inerentes ao

envelhecimento.

“Eu fico pensando que a velhice é uma

coisa muito triste.” Alfazema, 59

Dificuldades do

trabalho

Complicações que ocorrem na

rotina do ato de cuidar. “..Esta é uma cuidadora que cuida de

uma senhora com Alzheimer. Ela sabe

que não é fácil esta tarefa.” Begônia,

45

Trabalho

relacionado a

auxílio financeiro

Exercício da profissão com a finalidade de arcar com as

despesas da casa.

“Essa cuidadora ficou viúva e trabalha para pagar as contas.” Lavanda, 53

Page 218: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

217

APÊNDICE G- FICHAS DE VERIFICAÇÃO E

FREQUÊNCIA (JUÍZES)

Page 219: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

218

Apêndice G. ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA - JUÍZES

Orientações:

- Por favor, leia as entrevistas com atenção:

- Com base na descrição das Categorias e Unidades de Significado, verifique a existência ou não

de expressões que se adequam aos itens;

- Nas tabelas de Frequência (CATEGORIAS E UNIDADES DE SIGNIFICADO) quantifique

o número de vezes que cada participante revelou em suas expressões ao responder afirmativas que

se enquadram nas Categorias e nas Unidades de Significado, que poderão ser encontradas nas 08

(oito) questões que compõe o Roteiro de Entrevista e no conteúdo das Histórias do Procedimento

Desenhos-Estórias com Tema, que corresponde às Categorias Temáticas 9 e 10.

Exemplo:

Entrevista Participante Margarida – “... eu cuidei da minha tia por sete anos...” e “...mas é

gratificante quando você cuida da pessoa e ela fala: obrigada, você é meu anjo!...”

(trechos/expressões encontradas em resposta a 1ª questão)

Participantes

Categoria

1

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Motivação

para ser

cuidador

de idosos

Cuidar de

um familiar

Nutrir

afeto pelo

idoso

Vivência com

idosos que

necessitam de

cuidados

Continuida-

de do

trabalho

doméstico

Auxílio

financeiro

Sentimento

de

gratificação

Sentimento

de pena com

relação ao

idoso

...

Margarida 2 1 - - - - 1 -

Observação:

- O mesmo participante pode apresentar - diversas expressões na mesma Categoria e expressões em mais de uma Unidade de Significado.

- O valor total da frequência de expressões do participante em cada Categoria é igual à soma das

frequências das Unidades de Significado.

Exemplo:

Participante

s

Categoria 1

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Motivação

para ser

cuidador de

idosos

Cuidar de

um familiar

Nutrir

afeto pelo

idoso

Vivência com

idosos que

necessitam de

cuidados

Continuid

a-de do

trabalho

doméstico

Auxílio

financeiro

Sentimento

de

gratificação

Sentimento

de pena com

relação ao

idoso

...

Margarida 25 10 5 5 - - 5 -

Page 220: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

219

- Nas tabelas de Frequência (CATEGORIAS – UNIDADES DE SIGNIFICADO) destaque a presença

ou ausência (frequência) de expressões que correspondam à descrição das Unidades de Significado em cada

Categoria.

Exemplo:

Entrevista Participante Margarida –“... eu cuidei da minha tia por sete anos...” e “...mas é

gratificante quando você cuida da pessoa e ela fala: obrigada, você é meu anjo!...”

(trechos/expressões encontradas em resposta a 1ª questão)

Participantes

Categoria 1

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Motivação

para ser

cuidador de

idosos

Cuidar de

um familiar

Nutrir

afeto pelo

idoso

Vivência com

idosos que

necessitam de

cuidados

Continuid

a-de do

trabalho

doméstico

Auxílio

financeiro

Sentimento

de

gratificação

Sentimento

de pena com

relação ao

idoso

...

Margarida 2 1 - - - - 1 -

Observação: O mesmo participante pode apresentar expressões em mais de uma unidade de significado.

Exemplo:

Participantes

Categoria 1

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

De

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Unidade

de

significado

Motivação

para ser

cuidador de

idosos

Cuidar de

um familiar

Nutrir

afeto pelo

idoso

Vivência com

idosos que

necessitam de

cuidados

Continuida

-de do

trabalho

doméstico

Auxílio

financeiro

Sentimento

de

gratificação

Sentimento

de pena com

relação ao

idoso

...

Margarida 2 1 0 0 0 0 1 0

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 221: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

220

FICHA DE FREQUÊNCIA POR PARTICIPANTE (CATEGORIAS E UNIDADES DE

SIGNIFICADO)

Tabela de Frequência – Anotar o número de vezes em que o participante fez uma citação que foi

inclusa na categoria a seguir e em suas unidades de significado.

1. Categoria Temática 1 – Motivação para ser cuidador de idosos

Participantes

Categoria

Temática

1

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Motivação

para ser

cuidador

de idosos

Cuidar de

um familiar Nutrir afeto

pelo idoso

Vivência

com idosos

que

necessitam

de cuidados

Continuida-

de do

trabalho

doméstico

Auxílio

financeiro Sentimento

de

gratificação

Sentimento

de pena com

relação ao

idoso

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades de

significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 222: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

221

2. Categoria Temática 2 – Preparação para tornar-se cuidador de idosos

Participantes

Categoria

Temática

2

Unidade de

Significado

Unidade de

Significado

Unidade de

Significado

Unidade de

Significado

Preparação

para tornar-se

cuidador de

idosos Curso de

Enfermagem

Aprendizado por

meio da prática

Curso de

Cuidador

Não houve

preparação

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades de

significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 223: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

222

3. Categoria Temática 3 – Significado de cuidar de idosos

Participantes Categoria

Temática

3

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Significado

de cuidar de

idosos

Infantiliza

ção do

idoso Ter afeto

Proporcio

nar bem-

estar

Ter

Paciência

Ter

responsab

ilidade

sobre o

idoso

Ter

empatia

Dar

atenção

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades de

significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 224: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

223

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

4. Categoria Temática 4 – Características da função de cuidador de idosos

Participantes Categoria

Temática

4

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Características

da função de

cuidador de

idosos

Atividade

Constante

Experiências

marcantes no

cuidado com o

idoso

Ansiedade

com relação

à morte do

idoso

Defesa do

idoso frente a

maus tratos

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Page 225: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

224

5. Categoria Temática 5 – Relacionamento com o idoso cuidado

Participantes

Categoria

Temática

5

Unidade

de Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Relacionamento

com o idoso

cuidado

Bom

relacionament

o

Reviver

aspectos da

história

pessoal

Necessidade

de

controle

Afeto sem

troca

Gratidão

dirigida ao

idoso

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 226: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

225

6. Categoria Temática 6 – Possíveis impactos à saúde física e mental dos cuidadores

Participantes

Categoria

Temática

6

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Possíveis

impactos à

saúde física e

mental dos

cuidadores Mudanças

positivas

Impactos

negativos na

saúde mental

Não houve

impacto

Impacto

negativo na

saúde física

Medo da

velhice

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 227: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

226

7. Categoria Temática 7 – Estratégias para lidar com os possíveis impactos à saúde física e mental

dos cuidadores

Participantes

Categoria

Temática

7

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Estratégias

para lidar

com os

possíveis

impactos

Evitar

contrariar

o idoso

Ter

paciência

com o

idoso e

familiares

Encarar

as

situações

com bom

humor

Apoio

familiar

Convenci-

mento do

idoso

Exercício

da

espirituali

-dade

Não

transmitir

a própria

angustia

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

(2

Page 228: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

227

8. Categoria Temática 8 – Perspectivas para o futuro

Participantes Categoria

Temática

8

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Perspectivas

para o futuro

Estudar

Continuar

trabalhando

com idosos

Ser cuidada

pelos filhos

como

recompensa

Mudança

de

atividade

profissional

Parar de

trabalhar

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 229: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

228

9. Categoria Temática 9 – Desenhos-Estórias com Tema: Produção nº1 – Imaginário

Coletivo sobre o idoso

Participantes Categoria

Temática

9

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Imaginário

Coletivo atual

sobre o idoso

Idoso ativo Idoso solitário Idoso

fragilizado

Idoso

bem

cuidado

Idoso que

sofre maus

tratos

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).

Page 230: A relação cuidador/idoso segundo a ótica do cuidador ... · Aranha Gil, que durante todos esses meses se debruçou sobre a minha causa, tomando para si esse projeto e fazendo dele,

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10. Categoria Temática 10 – Desenhos-Estórias com Tema: Produção nº2 – Imaginário Coletivo

sobre o trabalho de cuidador de idosos

Participantes

Categoria

Temática

10

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Unidade

de

Significado

Imaginário

Coletivo

sobre o

trabalho de

cuidador de

idosos

Prestar

cuidado e

conforto ao

idoso

Fonte

de

recompensa

Trabalho

relacionado

à diversão

Tristeza

diante da

velhice

Dificuldades

do

trabalho

Trabalho

relacionado

a auxílio

financeiro

Acácia

Alfazema

Amarílis

Begônia

Camélia

Dália

Estrelitzia

Gardênia

Gérbera

Giesta

Glicínia

Lavanda

Margarida

Rosa

Violeta

Tabela de Frequência - Anotar a presença ou ausência de citações do participante nas unidades

de significado

(1 = Presença e 0 = Ausência).