apostila de cuidador

93
ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 1 PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS Curso de cuidador“Dinâmica de convivência” O treinamento de pessoas para o cuidado faz-se necessário, face à situação de desamparo em que se encontram os idosos, no sentido de facilitar o atendimento imediato às suas necessidades básicas quando doentes fragilizados. Tendo em vista o aumento progressivo da população idosa, o resgate do papel dos "cuidadores" é uma questão a ser pensada. Entretanto, em razão da complexidade cada vez maior na organização das sociedades, enfatiza-se a necessidade de preparo e aprendizadoespecíficos para exercer o papel de "cuidador". Para cuidar de idosos, espera-se que haja alguém capaz de desenvolver ações de ajuda naquilo que estes não podem mais fazer por si só; essa pessoa assume a responsabilidade de dar apoio e ajuda para satisfazer às suas necessidades, visando a melhoria da condição de vida. Não se pode esquecer que, em muitas situações, o "cuidador" nem sempre é um ente da família, e que introduzir pessoas externas ao contexto familiar implica em reconhecer valores de respeito e discrição, para não interferir na dinâmica familiar. Princípios orientadores O preparo de cuidadores exige a definição de uma base conceitual norte adora dos valores e princípios filosóficos, que podem ser reconhecidos pelos pressupostos de Gonçalves e col (1997): 1. O cuidado humano ou "cuidar de si" representa a essência do viver humano; assim, exercer o autocuidado é uma condição humana. E ainda "cuidar do outro" sempre representa uma condição temporária e circunstancial, na medida em que o "outro" está impossibilitado de se cuidar . 2. O "cuidador" é uma pessoa, envolvida no processo de "cuidar do outro" - o idoso, com quem vivência uma experiência contínua de aprendizagem e que resulta na descoberta de potencialidades mútuas: É nesta relação íntima e humana que se revelam potenciais, muitas

Upload: giba-santos

Post on 20-Jul-2015

93 views

Category:

Health & Medicine


9 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 1

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

“Curso de cuidador” “Dinâmica de convivência”

O treinamento de pessoas para o cuidado faz-se necessário, face à situação de desamparo

em que se encontram os idosos, no sentido de facilitar o atendimento imediato às suas

necessidades básicas quando doentes fragilizados.

Tendo em vista o aumento progressivo da população idosa, o resgate do papel dos

"cuidadores" é uma questão a ser pensada. Entretanto, em razão da complexidade cada vez

maior na organização das sociedades, enfatiza-se a necessidade de preparo e

aprendizadoespecíficos para exercer o papel de "cuidador".

Para cuidar de idosos, espera-se que haja alguém capaz de desenvolver ações de ajuda

naquilo que estes não podem mais fazer por si só; essa pessoa assume a responsabilidade

de dar apoio e ajuda para satisfazer às suas necessidades, visando a melhoria da condição

de vida.

Não se pode esquecer que, em muitas situações, o "cuidador" nem sempre é um ente da

família, e que introduzir pessoas externas ao contexto familiar implica em reconhecer valores

de respeito e discrição, para não interferir na dinâmica familiar.

Princípios orientadores

O preparo de cuidadores exige a definição de uma base conceitual norte adora dos valores e

princípios filosóficos, que podem ser reconhecidos pelos pressupostos de Gonçalves e col

(1997):

1. O cuidado humano ou "cuidar de si" representa a essência do viver humano; assim,

exercer o autocuidado é uma condição humana. E ainda "cuidar do outro" sempre

representa uma condição temporária e circunstancial, na medida em que o "outro" está

impossibilitado de se cuidar .

2. O "cuidador" é uma pessoa, envolvida no processo de "cuidar do outro" - o idoso, com

quem vivência uma experiência contínua de aprendizagem e que resulta na descoberta de

potencialidades mútuas: É nesta relação íntima e humana que se revelam potenciais, muitas

Page 2: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 2

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

vezes encobertos, do idoso e do cuidador. O idoso se sentirá capaz de se cuidar e

reconhecerá suas reais capacidades;

3. O cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor

à humanidade, de solidariedade e de doação. Costuma doar-se ou voluntariar-se para as

áreas de sua vocação ou inclinação. Seus préstimos têm sempre um cunho de ajuda e apoio

humanos, com relações afetivas e compromissos positivos.

Funções - Ajudar nas atividades da vida diária; administrar medicamentos por via oral

prescritos pelo especialista; auxiliar na deambulação e mobilidade; cuidados com a

organização do ambiente protetor e seguro, acesso a dispositivos de ajuda ( equipamentos )

para a atenção ao idoso; propiciar conforto físico e psíquico; estimular o relacionamento e

contato com a realidade e levar o idoso a participar de atividades recreativas e sociais.

Conferir sinais vitais, reconhecer sinais de alterações (alerta) e prestar socorro em situações

de urgência (os primeiros).

Cuidador Profissional

Conceito - O cuidador profissional é a pessoa que possui educação formal com diploma

conferido por instituição de ensino reconhecida em organismos oficiais, e que presta

assistência profissional ao idoso, família e comunidade.

Perfil - Ter cursado Ensino Médio ou Superior e tido treinamento específico em cuidado do

idoso, em instituições oficialmente reconhecidas.

Destacam-se as habilidades e qualidades pessoais para o cuidado.

Funções - Os cuidadores profissionais seguem funções específicas em conformidade com

as legislações das categorias profissionais.

Os cuidadores "informais" e "formais" devem desenvolver algumas habilidades e qualidades

para prestar cuidado, especificadas a seguir:

Habilidades técnicas: É o conjunto de conhecimentos teóricos e práticos, adquiridos por

meio da orientação de profissionais especializados. Esses conhecimentos irão preparar o

cuidador para prestar atenção e cuidados ao idoso (descritas nas funções).

Qualidades éticas e morais: São atributos necessários para permitir relações de confiança,

dignidade, respeito e ser capaz de assumir responsabilidades com iniciativa. Quando não for

parente, deve procurar adaptar-se aos hábitos familiares, respeitar a intimidade, a

organização e crenças da família, evitando interferência.

Qualidades emocionais: Deve possuir domínio e equilíbrio emocional, facilidade de

relacionamento humano, capacidade de compreender os momentos difíceis vividos pelo

idoso, adaptação às mudanças sofridas por ele e família, tolerância ante situações de

frustração pessoal.

Page 3: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 3

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Qualidades físicas e intelectuais: Deve possuir saúde física, incluindo força e energia,

condições essenciais nas situações em que há necessidade de carregar o idoso ou dar

apoio para vestir-se e cuidar da higiene pessoal. Ser capaz de avaliar e administrar

situações que envolvem ações e tomada de decisões.

Motivação: É condição fundamental a empatia por idosos. Valorizá-los como grupo social,

considerando que o "cuidado" deve ser um compromisso prioritário, pessoal e também da

sociedade.

O cuidador de idosos dependentes deve organizar suas tarefas de cuidado de modo a ter

oportunidades de se autocuidar. Muitas vezes, o cuidador se sobrecarrega nas suas

atividades e se esquece de que é uma pessoa que também necessita de cuidados. A família

deve avaliar esse trabalho, em conjunto com profissionais e planejar atividades para idosos

e cuidadores. Cursos são necessários, visando a orientação aos cuidadores do cuidado com

o outro e consigo mesmo.

Fonte: BRASIL, Presidência Social. Idosos: Problemas e cuidados básicos. Brasília:

MPAS/SAS, 1999.

O cuidado, com frequência, começa em forma gradual. Provavelmente você já esta

ajudando a alguém a:

Levar ao Médico; Fazer as compras no supermercado; Pagar as contas; Lavar a roupa ou limpar a casa ou Cozinhar.

Com o tempo, você poderia oferecer maiores cuidados. Quem sabe compartilhe a

responsabilidade com outros membros da família ou com amigos, ou quem sabe se

encarregue de tudo você mesmo, inclusive ate dedicar às 24 horas do dia ao cuidado dessa

pessoa. É provável que o cuidado de outra pessoa compreenda:

Alimentá-la ou dar-lhe banho; Ajudá-la a usar o banheiro; Supervisionar o horário de tomar as medicações; Contratar a outras pessoas que a cuidem; Programar todo o atendimento médico ou; Administrar todos os seus assuntos econômicos e legais.

REFLEXÃO Respeito e Dignidade

Page 4: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 4

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Antes de começar a realização deste curso, vamos nos deter alguns minutos para

considerar seu papel especial como ajudador. A diferença de um cuidador profissional, você

conhece na pessoa que cuida. Conhece a pessoa por completo, o que ela gosta e o que ela

não gosta também, suas fortalezas e suas fraquezas individuais, além de seus desejos e

necessidades.

É muito fácil cair numa atitude ―protetora‖ quando se cuida de outra pessoa, especialmente

se tratar de um membro da família. Mas precisamos compreender que a não ser que a

pessoa esteja passando por um transtorno cognitivo (Distúrbio cerebral devido a um

derrame cerebral, demência ou outro problema de saúde), ELE, entretanto toma as decisões

sobre sua vida. Às vezes, a pessoa poderia tomar decisões que você não tomaria, mas é

sua decisão. Isto pode ser difícil para você, como cuidador, mas deve ter cuidado e estar

alerta para não cair na superproteção.

Uma das necessidades humanas mais importantes é o respeito e a dignidade e essa

necessidade não muda quando a pessoa adoece e fica incapacitada, de fato, esta poderia

inclusive acentuar-se mais.

Existem muitas coisas que você pode fazer para se assegurar que a pessoa sob seus

cuidados receba respeito e dignidade, direito básicos de todo ser humano.

Respeitar sua privacidade física e emocional.

Fechar a porta quando o ajuda a vestir-se ou usar o banheiro; Bater a porta antes de entrar; Não comentar informação privada com outras pessoas, mesmo que estas sejam membros

da família, sem sua permissão.

Respeitar seu direito de escolher.

Ao tomar decisões, sentimos certo controle sobre nossa vida. Por exemplo, se a pessoa

pode fazê-lo, permita que decida o que e quando comer; Se a pessoa tem problemas cognoscitivos, ofereça-lhe opções sobre o que comer, quando

comer e o que usar. Se a pessoa insiste em usar a mesma camisa todos os dias, use uma toalha como proteção

quando coma e lave a roupa de noite. Se pensar que é uma decisão boba ou de pouca importância, trate de ver porque isso é

importante para a pessoa. Se a pessoa se nega a tomar seus medicamentos ou toma decisões que possam ser

perigosas, trate de negociar uma possível solução. Ofereça-lhe os comprimidos com seu suco favorito (se a receita permite), aceite dar-lhe banho com a frequência absolutamente

Page 5: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 5

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

necessária, planeje tempo para que alguém a leve a caminhar com ele se não é seguro que o faça sozinho.

Trate-o com dignidade.

Ouça suas preocupações; Peça sua opinião e faça-o saber que esta e importante para você; Faça-o participar de tantas decisões quanto possível; Inclua-o na conversação. Não fale dele como se não tivesse presente.

Converse com ele como um adulto, mesmo que você não esteja certo do quanto ele

entende.

Filosofia de vida independente

A filosofia de vida independente é um conceito que tem surgido do desejo natural que as

pessoas incapacitadas têm de exercer o controle sobre sua vida. Em uma visão mais

abrangente, esta filosofia afirma que todos, incapacitados ou não, tem direito e oportunidade

de seguir um curso de ação em particular e isto implica na liberdade de aprender de nossas

experiências, incluindo nossos erros.

Cuide de si mesmo Cuidar de outra pessoa é a responsabilidade mais difícil que terá na sua vida. Se bem que

cuidar de uma pessoa traz muitas satisfações, mas existem sacrifícios e exigências que

poderiam chegar a ser muito fortes.

Dado ao fato que cuidar de outra pessoa pode ser exaustivo, é importante que se controle.

No geral, é difícil saber por quanto tempo deverá cuidar desta pessoa ou se sua tarefa se

tornará mais exigente ao longo do tempo e deve-se levar em conta que esse trabalho não

vem com uma descrição trabalhista!

Cuidar de suas próprias necessidades é tão importante como cuidar de outra pessoa.

Se você adoece ou tem estafa emocional ou física, não poderá cuidar dos outros.

Agora veja a apresentação a seguir sobre como fazer!

A Importância de fazer exercício

Page 6: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 6

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Ninguém pode estar tão fora de forma, tão cansado ou ocupado como para não se beneficiar

com um programa regular de exercícios. O que ouvimos geralmente são os benefícios...

Se você tem desculpas do tipo: ―Eu nunca fiz exercícios antes‖, ―Meus joelhos e meus pés

doem muito‖ ou ―Não tenho tempo‖, faça a você mesmo um favor: com tão somente 10

minutos por dia e em pelo menos 3 dias por semana, o exercício correto te ajudará a sentir-

se melhor, a reduzir o estresse e a gozar mais da vida.

Algumas observações importantes para quando você fizer exercício: Programe uma hora específica cada dia para fazer exercício; Seja constante. Para obter benefícios de qualquer programa de exercício, deves fazê-lo de

forma regular; Faça exercícios de alongamento e de relaxamento antes e depois de teu exercício; Comeces com uns 10 minutos de exercício ao dia e aumente gradualmente ate 30 minutos

para obter o máximo benefício; Faça o teste do falar/cantar para saber se estás fazendo o exercício de forma

demasiadamente forte ou não o suficiente, utilize este simples teste. Se não pode falar ao fazer exercício ao mesmo tempo, está se extenuando. Se você pode cantar e fazer exercício, não está se esforçando o suficiente;

Sempre comece lentamente a atividade durante os primeiros 5 minutos e diminua o ritmo durante os 5 últimos minutos em vez de parar abruptamente.

Exercícios recomendados.

Nota de advertência: Sempre consulte seu médico antes de começar qualquer

programa de exercícios.

Dê um passeio diário.

Procure um amigo com quem caminhar. Motivar-se-ão mutuamente quando estiverem

tentados há ter o dia livre sem o exercício.

Veja um vídeo de exercícios.

Procure vídeos para principiantes. Evite começar com programas que incluam saltar ou

dobrar-se. Melhor ainda, use vídeos para fazer alongamento, tonificação muscular e

relaxamento.

Informe-se sobre aulas oferecidas através dos centros comunitários, ginásios e

centros para idosos.

Consulte sobre Yoga, tai-chi ou outros programas de exercícios não tradicionais. Estes são

uma forma excelente de melhorar a flexibilidade, tonificar os músculos e relaxar. Veja se tem

disponível piscina comunitária e consulte sobre horário de natação para idosos ou aulas de

Page 7: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 7

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

hidroginástica. Muitas piscinas oferecem aulas só para idosos ou para pessoas que desejem

um ritmo mais lento.

Dance, para ter uma saúde melhor.

Os bailes de São João, de salão ou tradicionais são uma excelente forma de incrementar

sua resistência e melhorar seu equilíbrio.

Se você necessita ajuda para encontrar um programa de exercícios adequado, consulte seu

médico.

Consulte sobre programas sociais em sua comunidade.

Os centros de cuidado diurno podem proporcionar um descanso programado com

regularidade.

Disponíveis em muitas comunidades, estes centros proporcionam programas sociais e

comidas. Alguns proporcionam transporte para aqueles idosos que necessitam atividade sob

supervisão. Os participantes podem frequentar 1 ou 2 vezes por semana ou todos os dias,

dependendo do programa individual.

Também poderia conseguir programas noturnos.

Alguns lugares de repouso, lar de idosos e comunidades de aluguel com ajuda oferecem

estadias de até duas semanas.

Consulte sobre atenção domiciliar.

Se a pessoa não puder frequentar um centro de atendimento diurno, poderia haver a

possibilidade que assistentes capacitados possam proporcionar cuidado em turnos na sua

casa.

Convivendo com o estresse

Estabeleça limites e faça-os saber.

Assegure-se de ter metas e expectativas realistas.

Não espere ter a casa perfeita ou ter uma vida social como a que tinha antes de assumir o

papel de cuidador. Provavelmente tenha que simplificar as folgas nos feriados ou repartir as

responsabilidades com outros membros da família.

O Bom Humor é geralmente o melhor remédio.

Page 8: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 8

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Loque um filme ou olhe programas de televisão que o façam sorrir. Leia um livro de piadas.

O humor pode fazer milagres para reduzir o estresse.

Busque apoio.

Através de amigos compreensivos, grupos de apoio ou um conselheiro profissional. Participe

também das comunidades na internet sobre esse tema.

Evite pessoas difíceis.

Como por exemplo, amigos que o criticam o tempo todo.

Descubra o que lhe ajuda a aliviar o estresse.

Algumas ideias poderiam ser exercícios de respiração, yoga, meditação, escrever um diário

de vida ou sair para caminhar. Feche os olhos e se imagine em um lugar bonito, rodeado

por suas coisas favoritas.

Faça uma lista das coisas que aliviam o seu estresse.

E depois o mantenha a mão e utilize!

Como saber se você precisa de ajuda profissional? (cuidador).

Alguns sinais de advertências poderiam ser:

Uso abusivo de bebidas alcoólicas ou de medicamentos como pílulas para dormir; Perda ou aumento considerável de apetite; Depressão, perda das esperanças, sentimento de alienação; Pensamentos suicidas; Perda do controle físico e emocional; Tratar mal outras pessoas ou ignorá-las.

Se apresentar quaisquer destes sintomas, você está levando uma carga demasiadamente

grande. Consulte um conselheiro ou converse com seu médico sobre seus sentimentos.

Seu médico poderá recomendar-lhe um conselheiro ou você poderia se por em contato com

um hospital local ou secretaria de saúde.

Higiene Pessoal

Page 9: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 9

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

BANHO

Tomar banho pode ser uma atividade agradável durante o dia. Depois do banho nos

sentimos bem, limpos e relaxados. Se você cuida de alguém que precisa de ajuda para

tomar banho, faça com que a ocasião seja a mais agradável possível. Depois, ambos se

sentirão melhor.

Quando tomar banho for um problema...

Tentar identificar a(s) causa (as) da recusa é um bom começo.

O idoso pode estar com dificuldade para caminhar, ter medo da água, medo de cair, pode

estar deprimido; com infecções que geram mal-estar, dor, tontura ou mesmo sentir-se

envergonhado por expor seu corpo diante de um cuidador estranho, especialmente se for do

sexo oposto.

ADAPTANDO O AMBIENTE Todas as adaptações deverão ser feitas mediante o grau de dependência apresentado; Mantenha o piso seco e no interior do Box utilize tapetes antiderrapantes (emborrachados)

para evitar quedas; A colocação de barras de segurança na parede (semelhante àquelas utilizadas em

academias de balé) é de grande ajuda, pois permitem que o paciente se apoie nelas durante o banho, fazendo-o sentir-se mais seguro;

Se for difícil para ele manter-se em pé por muito tempo, pense que talvez uma cadeira de banho vá auxiliá-lo e permitir maior conforto.

RESPEITE SEUS HÁBITOS

Os que apresentam dependência leve devem ter seus hábitos de higiene respeitados como:

horário do banho, marca do sabonete, xampu, etc. Não há razão para se ―obrigar‖ o paciente a banhar-se pela manha se é seu hábito fazê-lo à

tarde; É interessante se criar uma rotina para aqueles que apresentam dependências severas, isto

facilita o trabalho do cuidador e cria um hábito para o paciente; Mesmo os acamados devem ser levados ao banheiro para que seja realizado o banho de

chuveiro, esta é uma ótima oportunidade de mobilização; Banhos no leito devem ser evitados, sendo indicados apenas para aqueles pacientes com

prescrição de repouso rigoroso no leito.

INDO PARA O BANHEIRO Prepare o banheiro previamente e leve para lá todos os objetos necessários à higiene; Elimine correntes de ar fechando portas e janelas; Separe as roupas pessoais antecipadamente; Regule a temperatura da água que deve ser morna;

Page 10: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 10

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Se possível, o paciente deve ser despido no quarto e conduzido ao banheiro protegido por um roupão, neste momento, evite fixar os olhos em seu corpo (isto pode constrangê-lo), observe-o sutilmente.

O BANHO PROPRIAMENTE DITO Oriente-o para iniciar o banho e auxilie-o, se necessário; Não faça por ele. Estimule, oriente, supervisione, auxilie. Apenas nos estágios mais

avançados da doença o cuidador deve assumir a responsabilidade de dar o banho; Aproveite a oportunidade para massagear suavemente a sua pele, isto favorece a circulação

sanguínea e produz grande conforto; Não utilize buchas de banho, lembre-se que a pele é muito sensível e você pode provocar

lesões; Lave a cabeça no mínimo 3 X por semana, utilize xampu neutro, observe se há lesões no

couro cabeludo. Mantenha se possível, os cabelos curtos; Observe se há necessidade de cortar as unhas das mãos e dos pés, em caso positivo,

posteriormente, corte-as retas com todo cuidado especialmente nos pacientes diabéticos; Após o banho, seque bem o corpo, principalmente as regiões de genitais, articulares (dobra

de joelho, cotovelos, axilas) e interdigitais (entre os dedos).

CUIDANDO DA PELE A pele merece atenção especial e o momento do banho é o mais apropriado para se

observar a presença de hematomas (manchas roxas), hiperemia (vermelhidão), pruridos

(coceiras), assaduras ou qualquer outro tipo de lesão, as quais se tratadas adequadamente

e a tempo evitam complicações e previnem a ocorrência de úlceras por pressão (escaras).

Manter a higiene da pele é de suma importância, pois se trata de uma barreira natural de que dispõe o organismo contra infecções, portanto, trabalhe para manter sua integridade;

Idosos apresentam fragilidade de vasos capilares, que se rompe com facilidade, causando manchas avermelhadas na pele. Aumente a oferta de alimentos ricos em vitamina C , ela melhora a resistência dos vasos capilares;

Ao segurar o paciente pelos braços ou mãos, não exerça demasiada pressão, lembre-se, a sua pele é frágil, e muitas vezes, rompe-se com uma simples pressão;

Manter a pele hidratada é de fundamental importância, existem no mercado bons cremes hidratantes, de perfume suave, que umidificam adequadamente, evitando seu ressecamento;

Mantenha o paciente hidratado, ofereça líquidos à vontade; Evite a exposição à luz solar após as 9 horas da manhã (10 no horário de verão); Pruridos (coceiras) podem ser causados por vestuário confeccionado com tecidos sintéticos,

dê preferência às roupas de algodão ou tecidos antialérgicos; Assaduras podem surgir devido a má higienização ou a longa permanência com fraldas

molhadas; Após eliminações urinárias ou intestinais, deve-se providenciar uma higiene íntima; Pacientes incontinentes devem ter suas fraldas trocadas de 3/3 horas ou antes se

necessário; Evite cosméticos com perfume forte, eles costumam produzir alergias respiratórias;

Page 11: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 11

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Não use talcos, se aspirados inadvertidamente podem produzir alergias respiratórias; Evite banhos muito quentes, eles provocam o ressecamento, além de causar queimaduras

em peles muito sensíveis.

HIGIENE ORAL A Higiene Oral é um hábito saudável e agradável que deve ser mantido ao longo de toda a

vida.

Alterações da mucosa oral, perda de dentes, próteses mal ajustadas, gengivites (inflamação

das gengivas), diminuição do fluxo salivar, são fatores que podem ocasionar infecções na

cavidade oral.

A Higiene Oral deve ser realizada após cada refeição ou num mínimo de 3 X ao dia; A boca deve ser inspecionada imediatamente após cada refeição, para que dessa forma,

possa ser removido todo e qualquer resíduo alimentar; Utilizar escovas de dente de cerdas macias, massageando as gengivas verticalmente com

suavidade; Pode-se utilizar após cada escovação antissépticos orais, mantendo assim um hálito

agradável; Algumas vezes é muito difícil fazer com que o paciente abra a boca para se fazer a higiene

oral. Tente introduzir delicadamente uma espátula entre os dentes e faça um movimento rotatório, caso não seja possível, utilize o próprio dedo indicador envolto em gaze para que seja possível a higienização.

A LÍNGUA

A Língua deve ser massageada com escova macia, para remoção de sujidades.

Em caso de haver presença de uma crosta branca sobre a língua – saburra – removê-la

utilizando uma solução de bicarbonato de sódio, na proporção de 1 colher de café de

bicarbonato em 1 copo d água. Para executar a limpeza da língua, molhar na solução a

escova de dente, ou uma espátula envolvida em gaze, ou mesmo o próprio dedo indicador

envolto em gaze e proceder a limpeza. Esta deve ser feita com movimentos suaves, sem

esfregar.

O QUE OBSERVAR

Deve-se observar cuidadosamente a presença de lesões na cavidade oral manchas

brancas, vermelhas, pequenos ferimentos que sangram e não cicatrizam – e nesse caso,

alertar o médico responsável.

Page 12: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 12

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

CUIDE BEM DAS PRÓTESES Deve-se ter maior atenção para a higiene oral naqueles pacientes que usam próteses

dentárias. Estas devem ser retiradas após cada refeição, higienizadas fora da boca, e após limpeza da cavidade oral, recolocadas;

Pacientes muito confusos devem ter suas próteses retiradas à noite, colocadas em solução antisséptica, e após higienização, recolocadas pela manhã;

Observar a estabilidade da prótese na boca do paciente, lembrar que com o envelhecimento ocorre perda de massa óssea, fazendo com que as próteses fiquem frouxas e se desestabilizem. É conveniente, neste caso, aconselhar-se com um dentista;

Observar a presença de cáries ou dentes quebrados que causam dor. Existem equipes de profissionais (dentistas), que atendem no domicílio aqueles pacientes que se encontram impossibilitados de comparecer ao consultório;

Muitas vezes, a recusa do paciente em alimentar-se ou sua agitação no horário de refeições deve-se ao fato de próteses mal ajustadas ou significar simplesmente uma dor de dentes.

ALIMENTAÇÃO Nem sempre alimentar o portador da doença de Alzheimer é tarefa fácil. Horários regulares,

ambiente tranquilo, especialmente muita calma e paciência, da parte do cuidador, são

fatores imprescindíveis para que a alimentação seja bem aceita pelo paciente.

O paciente deverá estar sentado confortavelmente para receber a alimentação; O ambiente deverá ser calmo, livre de ruídos; Jamais ofereça alimentos ao paciente quando este estiver deitado; Os pacientes que ainda conservam a independência para alimentarem-se sozinhos devem

continuar a receber estímulos para esta ação, não importando o tempo que levem para fazê-lo;

O Cuidador nunca deverá criticar ou apressar o paciente durante as refeições. As instruções passadas ao paciente deverão ser claras e o comando suave; Para aqueles pacientes que demoram a alimentar-se, o uso de baixelas térmicas, que

mantém o alimento aquecido por mais tempo, é bastante útil. Independentemente da apresentação da dieta – sólida, pastosa ou líquida – deve-se,

sempre que possível, respeitar as preferências do paciente. Uma pessoa que sempre gostou de comer carne, mas que já não consegue deglutir pequenos pedaços deve ter a carne liquidificada e servida em consistência de purê. O mesmo artifício deve ser utilizado para os outros alimentos.

O convívio com a família é de extrema importância. Sempre que possível, deve-se permitir que o paciente alimente-se em companhia de seus familiares.

A vida social deve ser mantida enquanto possível. Se for hábito do paciente almoçar fora, os restaurantes devem ser selecionados e a opção por um local tranquilo é a ideal.

Os utensílios utilizados durante a refeição devem ser preferencialmente lisos e claros. As estampas – de pratos, por exemplo – podem distraí-lo e reduzir sua concentração naquilo que lhe é explicado no momento (mastigação e deglutição).

Aqueles que apresentam dependência severa devem ser alimentados com colheres, em lugar de garfos.

Os alimentos crus e secos devem ser evitados, pois o perigo de engasgamento é maior. Doces e salgados serão permitidos, desde que não haja restrição médica. Os temperos

devem ser suaves e os molhos picantes evitados.

Page 13: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 13

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Caso haja engasgamento, mantenha a calma, coloque-se imediatamente atrás do paciente e abraçando-o com as duas mãos juntas, comprima o abdome, fazendo pressão sobre o diafragma.

Após cada refeição, a higiene oral é indispensável e deve ser realizada uma inspeção cuidadosa da boca, a fim de que possa ser removido todo e qualquer resíduo alimentar.

NUTRIÇÃO Nutrição não deve ser confundida com alimentação, na maioria dos casos as pessoas bem

alimentadas estão mal nutridas. Os idosos podem necessitar de uma maior oferta de proteínas (carnes brancas, como peixes

e aves; carnes vermelhas, desde que sem gordura; leite desnatado; queijo fresco etc.); além

de carboidratos (açúcares, massas) e reguladores, fontes de vitaminas e minerais (vegetais,

frutas e legumes).

No entanto, a nutrição adequada a cada paciente deve ser orientada por profissional

competente, uma nutricionista.

Lembrar que o suprimento das necessidades nutricionais é um fator que deve ser analisado clinicamente, considerando-se hábitos e gasto energético individuais, sendo que esses fatores variam de indivíduo a indivíduo.

As refeições devem conter pelo menos um alimento de cada grupo, a saber: construtores (proteínas), energéticos (carboidratos) e reguladores (frutas, legumes e vegetais).

É importante analisar hábitos antigos do paciente e mantê-los, desde que não haja prejuizo nutricional para ele.

Alguns pacientes mudam seus hábitos alimentares com a evolução da doença, dando preferência a pequenos lanchinhos ou guloseimas que alimentam, porém não nutrem. Tente incrementar estes lanches garantindo que ele receba quantidades adequadas de proteínas, carboidratos e reguladores.

É importante chamar a atenção do cuidador para que as informações de como nutrir o paciente deve advir de profissionais capacitados (nutricionista), que após avaliação terão condições de prescrever uma dieta adequada a cada paciente individualmente.

Rotineiramente o paciente deve (sob orientação médica), realizar exames laboratoriais para que seja analisado seu estado nutricional. A frequência destes exames irá variar de acordo com o quadro clínico apresentado.

A presença de edemas (inchaços) pode, em alguns casos, significar desnutrição. É conveniente consultar um médico.

Atenção para perda de apetite pode estar relacionada a várias causas que devem ser investigadas e tratadas. Lesão da boca, infecções, doenças crônicas ou refeições que não estejam do agrado do paciente são alguns exemplos.

Deve-se aumentar a oferta de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais, quando em presença de infecções, permitindo assim, uma reabilitação precoce.

O controle do peso corporal deve ser feito mensalmente, alterações súbitas (ganho ou perda ponderal), merecem investigação clínica.

Page 14: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 14

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

HIDRATAÇÃO Queixas de hipotensão (pressão baixa), acúmulo de secreções bronco-pulmonares

(catarro), obstipação intestinal (prisão de ventre), são algumas das complicações que na

maioria das vezes estão relacionadas a quadros de desidratação, que nos pacientes idosos

pode dar origem a complicações clínicas sérias e de difícil manejo.

Oferecer líquidos é de extrema importância, não se deve esquecer que eles

colaboram para o equilíbrio de todos os sistemas orgânicos.

Deve-se oferecer uma quantidade de líquidos equivalente a 2 litros por dia, na forma

de água, chás, sucos, vitaminas etc.

O volume indicado deve ser fracionado em pequenas doses que ao fim do dia devem

somar 2000 ml.

Deve-se garantir que a quantidade de líquidos ingerida seja mais ou menos igual às

perdas (urina, suor, lágrimas, saliva).

Oferecer copos cheios de água causa uma sensação de plenitude gástrica

desconfortável para o paciente, ofereça pequenas quantidades, várias vezes ao dia.

Lembrar que a maioria dos idosos ingere pouca quantidade de água pura. Colocar

sabor na água como os sucos, refrescos etc. é uma estratégia eficaz.

A ingestão adequada de líquidos também é de extrema importância para a

manutenção do adequado turgor cutâneo (elasticidade da pele), melhorando

consequentemente a resistência da pele.

Pacientes diabéticos devem receber líquidos adoçados artificialmente.

Aqueles que possuem restrição de líquidos prescrita por médico devem respeitá-la

com rigor.

Idosos acumulam facilmente secreções bronco-pulmonares, a oferta adequada de

líquidos possibilita uma expectoração mais rápida, prevenindo infecções.

Nas fases mais avançadas, devem ser servidos sucos espessos – como vitaminas, ou

engrossados com gelatina, por exemplo – eles reduzem os riscos de engasgamentos.

Jamais ofereça líquidos com o paciente deitado, este deve estar em posição sentada

ou recostada em travesseiros. Esta medida reduz o risco de aspirações e otites (dor de

ouvido).

Page 15: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 15

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Atenção! Quedas de pressão arterial, diurese concentrada (urina escura) e baixo

débito urinário (pouco volume de urina) podem estar associados à baixa ingestão de

líquidos.

A obstipação intestinal (intestino preso) é outra queixa comum que também pode

estar associada a baixa ingesta de líquidos, imobilidade e dieta inadequada.

Lembre-se de que o coração (assim como uma bomba d’água) necessita de volume

para trabalhar adequadamente. A falta de líquidos pode trazer consequências graves para o

paciente.

Pacientes que apresentam dificuldade para digerir alimentos (disfagia) devem receber

alimentação específica, orientadas por profissionais especializados (fonoaudiólogos e

nutricionistas).

Em determinados momentos da evolução da doença pode haver necessidade da colocação

de sondas para alimentação e especialmente para hidratação.

CUIDANDO DA ROUPA Manter um vestuário simples e confortável, criando sempre que possível a oportunidade de escolha pelo próprio paciente é de fundamental importância; essa rotina permite a preservação da personalidade elevando a autoestima e a independência.

Estimular a independência é fundamental;

As roupas devem ser simples, confeccionadas com tecidos próprios ao clima;

O paciente pode ter perdido a capacidade de expressar sensações de frio ou

calor, dessa forma, nunca se esquecer de tirar ou colocar agasalhos, conforme a

variação da temperatura;

O cuidador deve, ao falar com o paciente, colocar-se no seu campo visual, ou

seja, diante dele, orientando-o calmamente e gesticulando, se necessário;

Deve-se estimular o ato de vestir-se sozinho, dando instruções com palavras

fáceis de serem entendidas;

Dê a ele a oportunidade de optar pelo tipo de vestuário e as cores que mais lhe

agradem. Apenas supervisione, pois pode ser que haja necessidade de auxiliá-lo na

combinação de cores;

Page 16: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 16

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Tenha calma e paciência, não o apresse enquanto ele executa sua rotina de

vestir-se;

Para que ele mesmo possa procurar suas roupas, nos armários, cole fotos de

peças e ou objetos pessoais na parte externa da gaveta ou guarda-roupas. Isso o

ajudará a encontrar rapidamente o que procura;

Roupas como blusas, camisas ou suéteres, deverão ser preferencialmente

abertas na parte da frente, para facilitar a colocação ou retirada;

Evite roupas com botões, zíperes e presilhas, elas dificultam o trabalho do

paciente para abri-los ou fechá-los. De preferência às roupas com elástico ou velcro;

Nas fases mais avançadas da doença, deve-se dar preferência aos conjuntos

do tipo moletom, em função de sua praticidade;

Pacientes limitados à cadeira de rodas ou poltronas, o critério para a escolha

do vestuário é ainda mais rigoroso. Deve-se optar por roupas confortáveis, largas,

especialmente nos quadris;

O uso de objetos pessoais (acessórios), pode ser mantido, porém, com a

evolução da doença, as joias deverão ser substituídas por bijuterias;

Na medida do possível, deve-se providenciar um roupão, para que o paciente

possa se despir no quarto e, protegido, ser conduzido ao banho;

Deve-se evitar o uso de chinelos, pois eles facilitam as quedas;

Todos os tipos de sapatos devem ser providos por solados antiderrapantes, os

mais indicados são aqueles que possuem elástico na parte superior, pois além de

serem fáceis de tirar e colocar, evitam que o paciente tropece e caia, caso o cadarço

se desamarre.

A Identidade do Idoso Brasileiro O conceito de identidade é demasiadamente complexo. Na verdade, a identidade é

relacional, ou seja, a identidade se constrói e reconstrói naquelas identidades já existentes,

por isso elas são abertas a mudanças. Elas se formam a partir de três questões principais: a

escolha de uma ocupação; a adoção de valores os quais acreditar e viver; e o

desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória.

No começo do século XXI, com a crescente globalização, as tecnologias disponíveis à

população, possibilitaram melhor qualidade de vida para as pessoas de modo que essas

foram envelhecendo de maneira mais segura e saudável. No âmbito de alcançar a velhice

bem sucedida, as pessoas frequentemente planejam novas ocupações para suas vidas pós-

aposentadoria. Essa nova busca proporciona uma transição para uma identidade diferente

daquelas visadas há alguns anos atrás.

Page 17: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 17

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Preconceitos sobre o envelhecimento

Em nosso país, hoje em dia, vivemos um período de muitas conturbações. São vários os

problemas econômicos e sociais que envolvem os campos da saúde, mercado de trabalho e

educacional. Dentre todos esses problemas, a questão do idoso brasileiro é um de difícil

solução, o qual vem sendo um grande desafio.

O envelhecimento pode ser entendido como um processo múltiplo e complexo de contínuas

mudanças ao longo do curso da vida, influenciado pela integração de fatores sociais e

comportamentais. A ideia pré-concebida sobre a velhice aponta para uma etapa da vida que

pode ser caracterizada, entre outros aspectos, pela decadência física e ausência de papéis

sociais.

Cada vez o brasileiro está vivendo mais, pois hoje, no país, os idosos ultrapassam o número

de 15 milhões, correspondendo a 8,6% da população total do país. Segundo projeções

demográficas, iremos ser a sexta população mundial de idosos, e isso é alentador. Muitas

vezes o idoso é visto pela sociedade como um indivíduo ―inútil‖ e ―fraco‖ para compor a força

de trabalho, que por valores sociais impedem a participação do mesmo em vários cenários

da sociedade.

De acordo com Mercadante (1996), na nossa sociedade, ser velho significa na maioria das

vezes estar excluído de vários lugares sociais. Um desses lugares densamente valorizado é

aquele relativo ao mundo produtivo, o mundo do trabalho.

A nova imagem do idoso

A imagem que possuímos dos idosos vem mudando devido ao avanço das tecnologias na

área da saúde proporcionando uma elevação da expectativa de vida, o ―novo idoso‖ é

influenciado por hábitos saudáveis. Não é apenas com a saúde física que o idoso do século

XXI está mais cuidadoso. Ciente de que o corpo e a mente estão muitos associados, eles

buscam manter ambos em atividade, como voltar a estudar, fazer cursos de informática,

hidroginástica, teatro, jardinagem, etc.

Os chamados ―programas para a Terceira Idade‖, oferecem diferentes propostas para o

lazer e ocupação do tempo livre, são espaços nos quais o convívio e a interação com e entre

os idosos permitem a construção de laços simbólicos de identificação, e onde é possível

partilhar e negociar os significados da velhice, construindo novos

modelos, paradigmas de envelhecimento e construção de novas identidades sociais.

Mercadante (1996) afirma ainda que, (...) a identidade de idosos se constrói pela

contraposição a identidades dejovens, como consequências, se têm também a

contraposição das

qualidades: atividade, força, memória, beleza,potência e produtividade como características

típicas e geralmente imputadas aos jovens e as qualidades opostas a esta última, presentes

nos idosos.

Os direitos do idoso

Page 18: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 18

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Conforme o Estatuto do idoso, que entrou em vigor no dia primeiro de outubro de dois mil e

três:

Art. 10 § 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica

e moralabrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,

de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetivos pessoais.

Os direitos do idoso são garantidos por lei federal e cabe a cada um de nós também poder

dar sua contribuição, incentivando-os e apoiando-os sem qualquer distinção deste.

Idosos, criativos, produtivos, estimados, ...

São inúmeros os exemplos de pessoas que continuam a ter uma vida produtiva e criadora

mesmo após terem entrado no estágio da vida em que são consideradas idosas. Em muitos

casos, é neste período que se dá a sua contribuição mais significativa para a sociedade.

São exemplos que mobilizam uma mudança da visão do idoso em nossa sociedade !!!

Conferir entre outras algumas destas biografias: Cora Coralina; Dalai Lama; Fernanda

Montenegro; Jorge Luis Borges; Liu Pai Lin; Madre Teresa de Calcutá; Oscar

Niemeyer; Pablo Picasso; Paulo Autran; e tantos outros...

Saúde na Terceira Idade

Cuidados com o aparelho locomotor

O aparelho locomotor é formado por ossos, articulações e músculos, sendo responsável

pela sustentação e pela movimentação do corpo. Divide-se em:

tronco;

pernas e pés (membros inferiores);

braços e mãos (membros superiores).

A locomoção é fundamental para a saúde de todo ser humano, e principalmente para o

paciente geriátrico. A falta de locomoção pode causar:

aumento da osteoporose;

úlceras de pressão — feridas de atrito, por passar muito tempo na mesma posição;

prisão de ventre;

problemas urinários e respiratórios;

redução da força e do tônus muscular;

aumento do risco de infecções e embolias.

A prevenção de problemas no aparelho locomotor deve garantir a movimentação apropriada

e manter a postura sempre correta, evitando assim danos à coluna vertebral.

Page 19: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 19

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Como orientar a correta movimentação do idoso

Os idosos em repouso tendem a se movimentar pouco na cama, mas é recomendável que

sejam incentivados a fazer rotações e mudar de posição, para evitar sérios problemas de

saúde. O processo de rotação é bastante simples de ser orientado, mas, para facilitá-lo, o

cuidador deve colocar uma tábua por baixo caso o colchão seja muito mole. Siga as

instruções para cada movimento específico:

Mover-se na cama

Sentar

Levantar

Levantar da cama

Ficar de pé

Andar

Mover-se na cama

Os pacientes que ainda se movem sozinhos podem fazer estes movimentos sem auxílio:

1. flexionar os joelhos, apoiando os pés sobre a cama e virando as pernas para o lado que se pretende girar;

2. entrelaçar as mãos e levantá-las, esticando os cotovelos simultaneamente. 3. finalmente, rodar a cabeça para este mesmo lado.

Se o paciente for incapaz de realizar este exercício sozinho, o profissional ou o cuidador

deve ajudá-lo, ficando a seu lado e seguindo as instruções do item acima. Para dar

continuidade:

1. segurar com firmeza o paciente, colocando as mãos sobre o lado do corpo que ficará para cima após o movimento;

2. apoiar uma mão na altura do ombro e a outra nos quadris; 3. depois, mover com delicadeza o paciente para o lado desejado, solicitando que ele olhe para

as mãos, para que mova a cabeça ao mesmo tempo.

Sentar

A maioria dos idosos, mesmo tendo boa saúde e independência para locomover-se, sofre de

problemas nas articulações e no sistema circulatório, de falta de vigor muscular e

coordenação motora, principalmente para a sustentação do tronco.

Reunimos algumas recomendações importantes sobre os tipos de assento aconselháveis:

os apoios para os braços são essenciais, para a maior comodidade e para facilitar os

movimentos de levantar e sentar;

o encosto deve proporcionar um bom apoio para as costas, os ombros e a cabeça,

deixando o idoso realmente confortável;

Page 20: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 20

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

o material do estofado do assento deve ser firme, para facilitar a movimentação do

idoso, e de fácil lavagem.

Realizando o movimento

se o paciente estiver muito incapacitado, o cuidador, ao sentá-lo, deve usar seus

próprios pés e joelhos para firmar os do paciente;

o idoso precisa aproximar-se o suficiente do assento até encostar nele com a parte de

trás dos joelhos;

a seguir, deve colocar as mãos sobre os braços da poltrona e inclinar-se para frente,

flexionando os joelhos até se sentar.

Caso o idoso seja incapaz de se sentar sozinho, e para que não escorregue no assento, o

cuidador deve pegá-lo por debaixo das axilas, até que toque com toda a parte das costas o

encosto da poltrona.

Postura correta do idoso sentado

. Apoiar completamente os pés no chão, evitando que eles fiquem pendurados. Caso seja

preciso, colocar um suporte, como um banquinho ou almofada;

Distribuir o peso do corpo, para que o idoso se sente com a postura correta;

Manter as costas completamente apoiadas no encosto;

Manter quadris, joelhos e pés formando um ângulo de 90°.

Levantar

Em muitos casos, os idosos necessitam usar bengalas ou se apoiar em qualquer outro

objeto para se levantarem do assento. Isto pode ser muito perigoso, além de difícil e

incômodo. Então leia esta seção abaixo e saiba como ajudar nestes casos:

O idoso deve ir até a beirada da cama, inclinar a cabeça e o tronco para frente com

os pés apoiados no chão e ligeiramente separados, segurar os braços de apoio do assento

com as mãos e dar impulso;

Caso o paciente não seja capaz de se levantar sozinho, o cuidador deve segurá-lo

pelas costas, usar seus próprios joelhos e pés para firmar os do paciente e colocar uma das

pernas entre as dele, com o mesmo intuito;

Quando o idoso tiver alguma deficiência em um dos braços, é recomendável que

apoie o braço saudável no braço do assento, e dê um impulso sobre a perna mais hábil;

Page 21: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 21

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Não é aconselhável superproteger o idoso quando for auxiliá-lo, tanto no sentar como

no levantar. O cuidador deve prestar a ajuda mínima necessária para motivá-lo a fazer por si

próprio.

Levantar da cama

O idoso com dificuldade, porém com movimentação independente, deve:

1. Colocar as pernas para a beirada da cama; 2. Apoiar os cotovelos e as mãos, e erguer a cabeça; 3. Baixar os pés ao chão, sentando na cama.

Caso o paciente precise de auxílio, o cuidador deve:

1. Posicionar-se de frente para ele, com os joelhos flexionados junto aos dele e usando os pés para firmar os do paciente;

2. Abraçando o idoso, por baixo das axilas, motivá-lo a se levantar, ao mesmo tempo que é puxado para cima até que fique de pé;

Para sentar o paciente quando estiver deitado, pode-se usar uma escada de corda,

graduando-a de acordo com a necessidade, ou também trapézios que auxiliam no levantar.

Ficar de pé

As maiorias dos idosos tendem a ficar curvados quando estão em pé. Por isso, deve-se

sempre policiá-los e conscientizá-los da importância de manter a postura ereta. Ou seja:

1. Colocar os pés afastados, com um ligeiramente à frente do outro; 2. Posicionar os quadris paralelos ao tronco ereto, ainda que com uma ligeira flexão, e os pés

apoiados no chão.

Andar

O andar nos idosos pode ser dificultado por diversos fatores, como doenças físicas ou

psíquicas e o próprio envelhecimento, entre outros.

Caso o idoso precise de ajuda para andar

O cuidador deve caminhar ao seu lado, segurando-o pela mão para que ele sinta mais

segurança, mas mesmo assim deixando que ele faça esforço; desta forma, o idoso não irá

se acostumar mal.

Page 22: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 22

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Caso o idoso precise de meio auxiliar para andar

Em muitos casos o paciente deve usar bengalas e muletas como auxílio para caminhar, o

que requer muito cuidado e alguns conhecimentos básicos. Os meios auxiliares mais usados

pelos idosos são:

Tripé e bengala de quatro pés: São recomendados para pessoas com idade mais

avançada e com muita instabilidade, e são considerados muito estáveis;

Muletas: São consideradas de uso simples, mas em muitos casos não oferecem a

estabilidade necessária, e por isso alguns idosos não se adaptam a elas. É fundamental que

se faça o uso correto das muletas: o paciente deve colocar o braço na braçadeira de apoio e

a mão no punho;

Bengala: é o meio mais utilizado. Deve ser usada do lado oposto ao lado lesado, e funciona

como uma extensão do braço: deve-se posicioná-la pouco à frente do corpo e paralela a ele,

a fim de melhorar a sustentação. É necessário atentar para o peso e a altura do paciente,

além de conferir se a bengala possui uma ponteira com borracha antiderrapante;

Andadores: eles podem ou não possuir rodas. Para que seu uso seja correto, é necessário

fazer pressão com as mãos, segurar nos punhos e posicionar o aparelho próximo ao corpo.

Isto porque o idoso, em muitos casos, fica longe do andador, o que favorece o risco de

quedas e acidentes. Os andadores são recomendados em situações mais graves, quando o

grau de instabilidade é alto.

Caso o idoso não precise de ajuda para andar

Mesmo que o idoso consiga caminhar sozinho, ainda precisa de orientação sobre sua

postura ao andar, que deve ser ereta e acompanhada do balançar dos braços. É preciso

sempre lembrá-lo de que deve levantar os pés para andar, colocando primeiro o calcanhar e

depois a ponta do pé.

Incontinência Urinária A incontinência urinária é a perda incontrolável de urina.

A incontinência urinária pode ocorrer e ocorre em qualquer idade, mas as suas causas

tendem a ser diferentes entre as faixas etárias. A incidência global da incontinência urinária

aumenta progressivamente com a idade.

Aproximadamente um em cada três indivíduos idosos apresenta algum problema com o

controle da bexiga. As mulheres apresentam o dobro de probabilidade que os homens de

Page 23: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 23

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

serem afetadas. Mais de 50% dos residentes de asilos de velhos apresentam incontinência.

A incontinência urinária pode ser um motivo de internação de indivíduos idosos e contribui

para o desenvolvimento de úlceras de decúbito, de infecções vesicais e da depressão. A

incontinência urinária também produz situações embaraçosas e é frustrante.

Os rins produzem urina constantemente, a qual flui através de dois longos tubos (os

ureteres) até a bexiga, onde ela é armazenada. A parte mais baixa da bexiga (o colo) está

circundada por um músculo (o esfíncter urinário) que permanece contraído para manter

fechado o canal que leva a urina para fora do corpo (a uretra), de modo que a urina fica

retida no interior da bexiga até que ela encha. Quando a bexiga enche, estímulos são

transmitidos ao longo de certos nervos que ligam a bexiga à medula espinhal e, em seguida,

são enviados ao cérebro e o indivíduo toma consciência da necessidade de urinar. Ele pode

então, de modo consciente e voluntário, decidir se irá urinar ou não. Quando a decisão

tomada é a de urinar, o músculo do esfíncter relaxa, permitindo que a urina flua através da

uretra ao mesmo tempo em que os músculos da bexiga contraem para empurrar a urina

para fora. Esta força de expulsão pode ser aumentada com a contração dos músculos da

parede abdominal e do assoalho pélvico para aumentar a pressão sobre a bexiga.

O processo completo de retenção e liberação da urina (micção) é complexo e a capacidade

de controlar a micção pode ser comprometida em diferentes etapas do processo devido a

várias anormalidades. O resultado dessas anormalidades é a incontinência urinária (perda

de controle).

Os tipos de incontinência urinária são classificados de acordo com o modo e o momento do

início da incontinência: incontinência recente e repentina e incontinência de início gradual e

persistente. A incontinência urinária de início súbito frequentemente indica um problema de

bexiga. A cistite (infecção da bexiga) é a causa mais comum. Outras causas incluem os

efeitos colaterais de medicamentos, os distúrbios que afetam a mobilidade ou causam

confusão mental, o consumo excessivo de bebidas que contêm cafeína ou de álcool e as

condições que irritam a bexiga ou a uretra (p.ex., vaginite atrófica, constipação grave). A

incontinência urinária persistente (crônica) pode ser decorrente de alterações cerebrais,

alterações vesicais ou uretrais ou problemas dos nervos que inervam a bexiga. Essas

alterações são particularmente comuns em idosos e mulheres na pós-menopausa.

O Que Causa Incontinência?

Incapacidade de postergar a micção por mais que alguns minutos após sentir

a necessidade de urinar.

Tipo Descrição Algumas Causas Possíveis

Incontinência de

urgência

• Infecção do trato urinário

• Bexiga hiperativa

• Obstrução do fluxo urinário

Page 24: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 24

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

• Cálculos e tumores na bexiga

• Medicamentos, especialmente

os diuréticos

Incontinência

por esforço

Escape de urina,

habitualmente em pequenos

jatos, causado pelo aumento

da pressão abdominal, o qual

ocorre quando o indivíduo

tosse, ri, faz força, espirra ou

levanta um objeto pesado

• Fraqueza do esfíncter urinário

(o músculo que controla o fluxo

urinário da bexiga)

• Nas mulheres, diminuição da

resistência ao fluxo urinário

através da uretra; comumente

causada pela deficiência de

estrogênio

• Alterações anatômicas

causadas por múltiplos partos ou

por uma cirurgia pélvica

• Nos homens, remoção da

próstata ou uma lesão da parte

superior da uretra ou do colo da

bexiga

Incontinência

por

transbordamento

Acúmulo de urina na bexiga

que se torna muito grande

para que o esfíncter urinário

consiga reter e,

consequentemente, a urina

escapa intermitentemente,

frequentemente sem

sensação da bexiga

• Obstrução do fluxo urinário,

usualmente causada pelo

aumento benigno ou pelo câncer

de próstata nos homens e pela

estenose uretral (defeito

congênito) nas crianças

• Musculatura da bexiga

enfraquecida

• Disfunção nervosa

• Medicamentos

Incontinência

total

Escape contínuo, pois o

esfíncter urinário não fecha

• Defeito congênito

• Lesão do colo da bexiga (p.ex.,

durante uma cirurgia)

Incontinência

psicogênica

Perda de controle por razões

psicológicas

• Distúrbios emocionais (p.ex.,

depressão)

Incontinência

mista

Combinação dos problemas

acima (p.ex., muitas mulheres

apresentam incontinência

mista, isto é, por esforço e de

urgência)

• Combinação das causas acima

A incontinência urinária também é classificada de acordo com a sintomatologia. Ela pode ser

de urgência, de esforço, de transbordamento ou total.

Page 25: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 25

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Causas e Tipos

A incontinência de urgência é um desejo urgente de urinar seguido pela perda incontrolável

de urina. Normalmente, os indivíduos conseguem conter a urina durante algum tempo após

a primeira sensação de que a bexiga está cheia. Em contraste, os indivíduos com

incontinência de urgência normalmente têm pouco tempo para chegar ao banheiro. Uma

mulher pode apresentar esta condição isoladamente ou concomitante com um grau variado

de incontinência por esforço (incontinência mista).

A causa aguda mais comum é a infecção do trato urinário. No entanto, a incontinência de

urgência não acompanhada por uma infecção é o tipo mais comum de incontinência em

indivíduos idosos e, frequentemente, não apresenta uma causa evidente. As causas comuns

de incontinência de urgência em indivíduos idosos são a hiperatividade da bexiga e

distúrbios neurológicos (p.ex., acidente vascular e demência), os quais interferem na

capacidade do cérebro de inibir a bexiga. A incontinência urinária de urgência torna-se um

problema especial quando uma doença ou uma lesão impede que o indivíduo consiga

chegar rapidamente ao banheiro.

A incontinência por esforço é a perda incontrolável de urina durante a tosse, o esforço, o

espirro, o levantamento de objetos pesados ou qualquer manobra que aumente a pressão

intra-abdominal. A incontinência urinária por esforço é o tipo mais comum de incontinência

entre as mulheres. Ela pode ser causada por um enfraquecimento do esfíncter urinário.

Algumas vezes, a causa são alterações uretrais resultantes do trabalho de parto ou de uma

cirurgia pélvica. Nas mulheres que se encontram na pós-menopausa, a incontinência por

esforço ocorre devido ao fato da carência de estrogênio (um hormônio) contribuir para o

enfraquecimento da uretra e, consequentemente, reduzindo a resistência ao fluxo urinário

através desse canal.

Nos homens, a incontinência por esforço pode ocorrer após uma cirurgia de remoção da

próstata (prostatectomia, ressecção transuretral da próstata) durante a qual ocorreu uma

lesão da parte superior da bexiga ou do colo da bexiga.

A incontinência por transbordamento (ou paradoxal) é o escape incontrolável de pequenas

quantidades de urina de uma bexiga cheia. O escape ocorre quando a bexiga torna-se

dilatada e insensível devido à retenção crônica de urina. A pressão na bexiga aumenta tanto

que ocorre um gotejamento de pequenas quantidades de urina. Ao exame físico, o médico

frequentemente consegue apalpar a bexiga cheia.

Em última instância, o indivíduo pode tornar-se incapaz de urinar porque o fluxo encontra-se

bloqueado ou porque os músculos da parede da bexiga não conseguem mais contrair. Nas

crianças, a obstrução do trato urinário inferior pode ser causada pela estenose da

extremidade da uretra ou do colo da bexiga. Nos adultos do sexo masculino, a obstrução da

Page 26: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 26

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

saída da bexiga (a abertura da bexiga para a uretra) é normalmente causada por um

aumento benigno da próstata ou pelo câncer prostático.

Menos comumente, a obstrução pode ser causada pela estenose do colo da bexiga ou da

uretra, a qual pode ocorrer após uma cirurgia prostática. Mesmo a constipação pode causar

incontinência por transbordamento, pois quando as fezes enchem o reto, o colo da bexiga e

a uretra são pressionados. Diversos medicamentos que afetam o cérebro ou a medula

espinhal ou que interferem na transmissão nervosa (p.ex., drogas anticolinérgicos e

narcóticos) podem comprometer a capacidade de contração da bexiga, acarretando

distensão da bexiga e incontinência por transbordamento.

A disfunção nervosa que acarreta a bexiga neurogênica também pode causar incontinência

por transbordamento. A bexiga neurogênica pode ser decorrente de várias causas como, por

exemplo, uma lesão medular, uma lesão nervosa causada pela esclerose múltipla, o

diabetes, traumatismos, alcoolismo e intoxicação medicamentosa.

A incontinência total é a condição na qual a urina escapa constantemente da uretra, dia e

noite. Ela ocorre quando o esfíncter urinário não fecha adequadamente. Algumas crianças

apresentam esse tipo de incontinência devido a um defeito congênito no qual a uretra não se

fecha como um tubo. Nas mulheres, a incontinência total normalmente é causada por uma

lesão do colo da bexiga e da uretra ocorrida durante o trabalho de parto. Nos homens, a

causa mais comum é uma lesão do colo da bexiga e da uretra resultante de uma cirurgia,

principalmente a prostatectomia devido a um câncer.

A incontinência psicogênica é a incontinência decorrente de causas emocionais e não de

causas físicas. Este tipo ocorre ocasionalmente em crianças e mesmo em adultos que

apresentam problemas emocionais. A enurese (ato de urinar na cama) persistente pode ser

um exemplo. O médico pode suspeitar de uma causa psicológica quando o sofrimento

emocional ou a depressão é evidente e as outras causas de incontinência foram

descartadas.

Algumas vezes, ocorrem tipos mistos de incontinência. Por exemplo, uma criança pode

apresentar uma incontinência decorrente tanto de uma disfunção nervosa quanto de fatores

psicológicos. Um homem pode apresentar uma incontinência por transbordamento devido ao

aumento da próstata juntamente com uma incontinência de esforço devido a um acidente

vascular cerebral. As mulheres idosas frequentemente apresentam um misto de

incontinência de urgência e por esforço.

Diagnóstico

Comumente, os indivíduos tendem a conviver com a incontinência sem buscar auxílio

profissional por terem medo ou por sentirem-se embaraçados para discutir o problema com

o médico ou porque eles acreditam equivocadamente que a incontinência faz parte do

processo de envelhecimento normal. No entanto, muitos casos de incontinência podem ser

Page 27: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 27

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

curados ou controlados, especialmente quanto o tratamento é iniciado precocemente.

Normalmente, a causa pode ser descoberta e um plano terapêutico pode ser elaborado após

a realização de uma anamnese (história clínica) e de um exame físico. Deve ser realizado

um exame de urina para se verificar a presença de infecção. A quantidade de urina que

permanece na bexiga após a micção (urina residual) é frequentemente mensurada com o a

auxílio da ultra-sonografia ou da sondagem vesical (colocação de um pequeno tubo,

denominado sonda ou cateter, no interior da bexiga). Um grande volume de urina residual

indica uma obstrução ou algum problema dos nervos ou da musculatura da bexiga.

Algumas vezes, pode ser necessária a realização da avaliação urodinâmica (exames

especiais realizados durante a micção). Esses exames mensuram a pressão da bexiga em

repouso e quando ela enche, sendo particularmente úteis nos casos de incontinência

crônica. É realizada a passagem de uma sonda vesical e, enquanto a bexiga é cheia com

água através da sonda, é realizada a mensuração da pressão no seu interior. Normalmente,

a pressão aumenta lentamente. Em alguns indivíduos, a pressão aumenta em espasmos

súbitos ou aumenta muito rapidamente antes da bexiga estar completamente cheia. O

registro das alterações da pressão ajuda o médico a determinar o mecanismo da

incontinência e o melhor tratamento.

Outro exame mensura a velocidade do fluxo urinário. Este exame pode ajudar a determinar

se o fluxo urinário encontra-se obstruído e se os músculos da bexiga conseguem contrair

com uma força suficiente para expulsar a urina.

A incontinência por esforço é diagnosticada através da história clínica do problema, do

exame vaginal nas mulheres e da observação da perda de urina durante a tosse ou durante

a realização de um esforço. O exame ginecológico também ajuda a determinar se o

revestimento uretral ou vaginal sofreu um adelgaçamento devido à falta de estrogênio.

Tratamento

O tratamento ideal depende da análise minuciosa do problema de forma individualizada e

varia de acordo com a natureza específica do problema. A maioria dos indivíduos com

insuficiência urinária pode ser curada ou podem ser ajudados consideravelmente.

Frequentemente, o tratamento exige apenas a instituição de medidas simples para mudar o

comportamento. Muitos indivíduos podem recuperar o controle vesical através de técnicas

de modificação comportamental como, por exemplo, urinar em intervalos regulares (a cada 2

a 3 horas) para manter a bexiga relativamente vazia. Evitar irritantes da bexiga (p.ex.,

bebidas que contêm cafeína) e a ingestão de uma quantidade de líquido (6 a 8 copos de 240

ml por dia) para evitar que a urina se torne concentrada (o que pode irritar a bexiga) pode

ser medidas úteis. Frequentemente, o uso de medicações que afetam a função da bexiga de

modo adverso pode ser interrompido.

Page 28: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 28

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Tratamentos específicos (descritos a seguir) devem ser tentados. Quando é impossível

controlar totalmente a incontinência urinária com tratamentos específicos, absorventes e

roupas de baixo especialmente projetadas para incontinência urinária podem proteger a

pele, permitindo que os indivíduos permaneçam secos, confortáveis e socialmente ativos.

Esses dispositivos são discretos e podem ser facilmente adquiridos.

Os episódios de incontinência de urgência frequentemente podem ser evitados através da

micção em intervalos regulares, antes do surgimento da urgência miccional. As técnicas de

treinamento vesical, os quais incluem os exercícios da musculatura pélvica e o biofeedback,

podem ser muito úteis. Alguns medicamentos que relaxam a bexiga (p.ex., propantelina,

imipramina, hiosciamina, oxibutinina e diciclomina) também podem ser úteis. Apesar de

muitas das drogas disponíveis poderem ser muito úteis, cada uma atua de forma diferente e

pode causar efeitos adversos. Por exemplo, um medicamento que relaxa a bexiga pode

reduzir a irritabilidade desse órgão e a forte urgência para urinar, mas pode causar

ressecamento da boca ou uma retenção excessiva de urina. Algumas vezes, os outros

efeitos do medicamento podem ser utilizados de modo vantajoso. Por exemplo, a imipramina

é um antidepressivo eficaz e pode ser particularmente útil no tratamento de um indivíduo que

apresenta incontinência urinária e depressão. Às vezes, as combinações de medicamentos

podem ajudar. O tratamento medicamentoso deve ser controlado e ajustado segundo as

necessidades individuais.

Em muitas mulheres com incontinência por esforço, o problema pode ser aliviado com a

aplicação de um creme vaginal de estrogênio ou o uso oral de comprimidos de estrogênio.

Os adesivos cutâneos de estrogênio ainda não foram estudados para o tratamento da

incontinência. Outros medicamentos que ajudam a contrair o esfíncter (p.ex., fenilpro-

panolamina, pseudo-efedrina) devem ser concomitantemente com o estrogênio. Para as

mulheres com fraqueza da musculatura pélvica, os exercícios (de Kegel) que reforçam essa

musculatura podem ser úteis. O auto-aprendizado dessas técnicas de contração muscular

não é fácil e, por essa razão, são freqüentemente utilizados mecanismos de biofeedback

para ajudar no treinamento. Os enfermeiros ou os fisioterapeutas podem auxiliar no ensino

desses exercícios. Os exercícios implicam na contração repetida da musculatura, várias

vezes ao dia, para desenvolver a resistência e aprender a utilização adequada da

musculatura, nas situações que provocam incontinência (p.ex., tosse). Podem ser utilizados

absorventes para reter as pequenas quantidades de urina que geralmente escapam durante

os exercícios.

Os casos mais graves, os quais não respondem aos tratamentos não-cirúrgicos, podem ser

corrigidos cirurgicamente através da utilização de qualquer um dos vários procedimentos de

levantamento da bexiga e do fortalecimento do fluxo urinário de saída. Em alguns casos, a

injeção de colágeno em torno da uretra é eficaz.

Para a incontinência por transbordamento causada pelo aumento da próstata ou por uma

outra obstrução, a cirurgia normalmente é necessária. Existem disponíveis vários

Page 29: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 29

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

procedimentos de remoção parcial ou total da próstata. O medicamento finasterida

frequentemente consegue reduzir o tamanho da próstata ou interromper o seu crescimento,

de modo que a cirurgia pode ser evitada ou postergada. As drogas que relaxam o esfíncter

(p.ex., terazosina) também são frequentemente úteis.

Quando a causa é a contração fraca da musculatura da bexiga, os medicamentos que

aumentam a contração vesical (p.ex., betanecol) podem ser úteis. A aplicação de uma leve

pressão através da compressão da região abdominal inferior com as mãos, logo acima da

bexiga, também pode ser útil, especialmente para os indivíduos que conseguem esvaziar a

bexiga, mas apresentam dificuldade para esvaziá-la completamente. Em alguns casos, é

necessária a sondagem (cateterização) vesical pra drenar a bexiga e prevenir complicações

(p.ex., infecções recorrentes e lesão renal). A sonda pode ser mantida de modo permanente

ou pode ser inserida e removida de acordo com a necessidade.

A incontinência urinária total pode ser tratada através de diversos procedimentos cirúrgicos.

Por exemplo, um esfíncter urinário que não fecha adequadamente pode ser substituído por

um esfíncter artificial.

O tratamento da incontinência psicogênica consiste de psicoterapia, normalmente

coordenada com a modificação comportamental e o uso dos dispositivos que despertam a

criança quando a enurese começa ou com o uso de medicamentos que inibem as

contrações da bexiga. O indivíduo com incontinência e depressão pode ser beneficiado com

o uso de medicamentos antidepressivos.

Medicamentos e Envelhecimento

Com o envelhecimento, aumenta a probabilidade de ocorrência de doenças crônicas; por

isso, as pessoas idosas em geral tomam mais medicamento que os adultos jovens. Em

média, uma pessoa idosa toma quatro ou cinco medicamentos de receita obrigatória e dois

de venda livre. Os idosos são duas vezes mais suscetíveis a reações medicamentosas

adversas que os adultos jovens. Também a probabilidade de reações adversas serem mais

severas é maior para os idosos.

À medida que as pessoas vão envelhecendo, a quantidade de água no organismo diminui.

Como muitas drogas se dissolvem na água e há menos água disponível para sua

dissolução, essas drogas atingem níveis mais elevados de concentração nas pessoas

idosas. Além disso, os rins tornam-se menos capazes de excretar as drogas na urina, e o

fígado, menos capaz de metabolizar muitas delas. Por essas razões, muitos medicamentos

tendem a permanecer no corpo das pessoas idosas durante um tempo muito maior do que

ocorreria no organismo de uma pessoa mais jovem.

Page 30: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 30

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Em decorrência disso, os médicos devem prescrever doses menores de muitos

medicamentos para pacientes idosos ou um menor número de doses diárias. O organismo

do idoso também é mais sensível aos efeitos de muitos medicamentos. Por exemplo, as

pessoas idosas tendem a ficar mais sonolentas e apresentam maior possibilidade de ficar

confusas ao tomar drogas ansiolíticas ou indutores do sono.

Medicamentos que baixam a pressão arterial por meio do relaxamento das artérias e de

redução da tensão sobre o coração tendem a baixar a pressão de forma muito mais

acentuada nos idosos que nas pessoas jovens. Cérebro, olhos, coração, vasos sanguíneos,

bexiga e intestinos tornam-se consideravelmente mais sensíveis aos efeitos colaterais

anticolinérgicos de alguns medicamentos de uso frequente. As drogas com efeitos

anticolinérgicos bloqueiam a ação normal da parte do sistema nervoso, denominada sistema

nervoso colinérgico.

Certos medicamentos tendem a causar reações adversas com mais frequência e

intensidade nos idosos, devendo por isso ser evitados. Em quase todos os casos, existem

substitutos mais seguros à disposição. Pode ser arriscado não seguir as orientações do

médico em relação ao uso de medicamentos. No entanto, a não adesão às orientações

clínicas não é mais comum entre idosos do que entre pessoas mais jovens. Não tomar um

remédio, ou tomá-lo em doses erradas, pode causar problemas; por exemplo, provocando o

surgimento de outra doença ou levando o médico a mudar o tratamento por acreditar que o

remédio não funcionou. Uma pessoa idosa que não deseja seguir as orientações clínicas

deve discutir a situação com seu médico em vez de agir sozinha.

Drogas que Representam Aumento de Risco em Pessoas Idosas.

Analgésicos

O propoxifeno não oferece maior alívio da dor que o acetaminofeno e provoca efeitos

colaterais narcóticos. Pode causar constipação, tontura, confusão e (raramente) respiração

lenta. Como os outros narcóticos (opióides), essa substância pode causar dependência.

Entre todas as drogas antiinflamatórias não esteróides, a indometacina é a que mais afeta o

cérebro. Às vezes, essa substância provoca confusão mental ou tontura. Quando injetada, a

meperidina é um analgésico potente, mas, quando administrada por via oral, não é muito

eficaz contra a dor e frequentemente produz confusão mental.

A pentazocina é um analgésico narcótico que apresenta maior possibilidade de provocar

confusão mental e alucinações, em comparação com outros narcóticos.

Substâncias Anticoagulantes

No idoso, o dipiridamol pode provocar tontura quando o indivíduo se levanta (hipotensão

ortostática). Para a maioria das pessoas, essa substância oferece pouca vantagem, em

comparação com a aspirina, na prevenção da formação de coágulos sangüíneos.

Page 31: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 31

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Para a maioria das pessoas, a ticlopidina não é mais eficaz que a aspirina na prevenção de

coágulos sanguíneos, sendo consideravelmente mais tóxica. A ticlopidina pode ter utilidade

como alternativa para pessoas que não podem tomar aspirina.

Drogas Antiulcerosas

Doses usuais de alguns bloqueadores da histamina (em especial de cimetidina e, até certo

ponto, de ranitidina, nizatidina e famotidina) podem causar efeitos adversos, principalmente

confusão mental.

Antidepressivos

Em razão de suas fortes propriedades anticolinérgicas e sedativas, a amitriptilina geralmente

não é o melhor antidepressivo para pessoas idosas. A doxepina também é um potente

anticolinérgico.

Medicamentos contra Náusea (antieméticos)

A trimetobenzamida é uma das drogas menos eficazes contra a náusea e pode provocar

efeitos adversos, como movimentos anormais dos braços, das pernas e do corpo.

Anti-histamínicos

Todos os anti-histamínicos de venda livre e muitos de receita obrigatória produzem efeitos

anticolinérgicos potentes. As drogas incluem: clorfeniramina, difenidramina, hidroxizina,

ciproeptadina, prometazina, tripelenamina, dexclorfeniramina e medicamentos combinados

contra resfriado. Mesmo que possam ser úteis no tratamento de reações alérgicas e alergias

sazonais, em geral os anti-histamínicos não são apropriados para combater a coriza e outros

sintomas de infecção viral. Nos casos em que há necessidade de anti-histamínicos, dá-se

preferência aos que não produzem efeitos anticolinérgicos (loratadina e astemizol).

Normalmente os medicamentos contra tosse e resfriado que não incluem anti-histamínicos

em suas fórmulas são mais seguros para pessoas idosas.

Anti-hipertensivos

A metildopa, isoladamente ou em combinação com outros medicamentos, pode reduzir os

batimentos cardíacos e agravar a depressão. O uso de reserpina é arriscado, pois pode

induzir à depressão, impotência, sedação e tontura quando a pessoa se levanta.

Antipsicóticos

Embora antipsicóticos como clorpromazina, haloperidol, tioridazina e tiotixeno sejam

eficazes no tratamento dos distúrbios psicóticos, não foi estabelecida sua eficácia no

tratamento de distúrbios comportamentais associados à demência (como agitação,

devaneios, repetição de perguntas, arremesso de objetos e agressão). Frequentemente

essas drogas são tóxicas, provocando sedação, distúrbios do movimento e efeitos colaterais

anticolinérgicos. No caso de o uso ser imprescindível, as pessoas idosas devem usar

antipsicóticos em doses pequenas. A necessidade do tratamento deve ser frequentemente

reavaliada, e os medicamentos devem ser interrompidos o mais rápido possível.

Antiespasmódicos Gastrintestinais

Page 32: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 32

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Antiespasmódicos gastrintestinais, como diciclomina, hiosciamina, propantelina, alcalóides

da beladona e clidínio-clordiazepóxido são administrados no tratamento das cólicas e dores

estomacais. Essas substâncias são altamente anticolinérgicas, e sua utilidade – em especial

nas baixas doses toleradas pelas pessoas idosas – é questionável.

Drogas Antidiabéticas (hipoglicemiantes)

A clorpropamida tem efeitos prolongados, que são exagerados nas pessoas idosas e podem

causar longos períodos de baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Por promover

a retenção de água pelo organismo, a clorpropamida também diminui o nível de sódio no

sangue.

Suplementos de Ferro

Doses de sulfato ferroso que excedam 325 miligramas diários não melhoram muito sua

absorção e podem causar constipação.

Relaxantes Musculares e Antiespasmódicos

Quase todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos, como metocarbamol,

carisoprodol, oxibutinina, clorzoxazona metaxalona e ciclobenzaprina provocam efeitos

colaterais anticolinérgicos, sedação e debilidade. É questionável a utilidade de todos os

relaxantes musculares e antiespasmódicos nas baixas doses toleradas pelos idosos.

Sedativos, Ansiolíticos e Indutores do Sono

O meprobamato, além de não oferecer vantagens em relação aos benzodiazepínicos,

apresenta muitas desvantagens.

Clordiazepóxido, diazepam e flurazepam – benzodiazepínicos utilizados no tratamento da

ansiedade e insônia – têm efeitos extremamente prolongados nos idosos (em geral, por mais

de 96 horas). Essas drogas, isoladamente ou em combinação com outras, podem causar

sonolência prolongada e aumentam o risco de quedas e fraturas.

A difenidramina, um anti-histamínico, é o ingrediente ativo em muitos sedativos de venda

livre. Mas a difenidramina produz efeitos anticolinérgicos potentes.

Barbitúricos, como o secobarbital e o fenobarbital, produzem mais efeitos adversos que

outras drogas utilizadas no tratamento da ansiedade e da insônia. Também interagem com

muitas outras substâncias. Em geral, os idosos devem evitar os barbitúricos, exceto para o

tratamento de distúrbios convulsivos.

Anticolinérgico: O Que Isso Significa?

A acetilcolina é um dos muitos neurotransmissores do organismo. Neurotransmissor é uma

substância química utilizada pelas células nervosas para a intercomunicação e para a

comunicação com os músculos e com muitas glândulas. Diz-se que as drogas que

bloqueiam a ação do neurotransmissor acetilcolina têm efeitos anticolinérgicos. A maioria

dessas substâncias, no entanto, não foi projetada para bloquear a acetilcolina; seus efeitos

anticolinérgicos são efeitos colaterais. Pessoas idosas são particularmente sensíveis às

Page 33: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 33

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

drogas com efeitos anticolinérgicos porque, com a idade, diminui tanto a quantidade de

acetilcolina no organismo quanto a capacidade orgânica de utilização da acetilcolina

existente no corpo. Drogas com efeitos anticolinérgicos podem provocar confusão mental,

turvamento da vista, constipação, boca seca, tontura e dificuldade de micção ou perda do

controle da bexiga.

Atividade Física Nesta seção, apresentamos conceitos relacionados à atividade física para idosos. O enfoque

principal é treinamento de equilíbrio, mas outras capacidades e habilidades também serão

abordadas, uma vez que o equilíbrio em seres humanos é dependente de inúmeros fatores.

1. Treinamento do equilíbrio Fundamentos de treinamento (equilíbrio) Exercícios para treinar o equilíbrio 1. Treinamento de força Exercícios para treinar a força 1. Treinamento de resistência aeróbia Fundamentos de treinamento (resistência) Exercícios para treinar a resistência aeróbia 1. Treinamento de flexibilidade Fundamentos de treinamento (flexibilidade) Exercícios para treinar a flexibilidade

Fundamentos de treinamento (equilíbrio)

Alguns exercícios utilizados para o treinamento de força dos membros inferiores podem

também ser utilizados para o treinamento do equilíbrio. Para tal, pode-se adotar uma

sequência de estágios que desafia com dificuldade progressiva a capacidade de se

equilibrar. Os estágios a seguir trazem uma progressão que pode ser facilmente utilizada

durante os exercícios de treinamento de força:

Estágio I – apoiar as duas mãos em uma cadeira (ou qualquer outro apoio); Estágio II – apoiar apenas uma mão na cadeira; Estágio III – apoiar apenas um dedo na cadeira; Estágio IV – realizar o exercício sem apoio dos membros superiores; Estágio V – se houver grande estabilidade no estágio IV, os exercícios podem ser realizados

sem o apoio das mãos e de olhos fechados. Como neste estágio há um maior risco de instabilidade, é importante haver alguém acompanhando o executante para evitar possíveis acidentes.

No entanto, é essencial ter em mente que, apesar de os exercícios estarem sendo

direcionados para o treinamento do equilíbrio, as mesmas precauções tomadas durante o

treinamento de força devem ser consideradas antes de se iniciar uma sessão dessa

atividade.

Page 34: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 34

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

É importante treinar todos os grupos musculares principais, evitando treinar o mesmo grupo muscular dois dias consecutivos.

Cada repetição deve ser executada da seguinte maneira: 3 segundos para realizar o movimento, 1 segundo mantendo a posição alcançada, e mais 3 segundos para retornar à posição inicial.

Antes do treinamento deve ser realizado um aquecimento, que pode consistir em uma caminhada leve e movimentação dos membros utilizados nos exercícios (aproximadamente 10 minutos de duração).

A respiração deve se dar normalmente durante a execução dos exercícios. Prender a respiração pode gerar variações na pressão sanguínea, tornando o exercício perigoso para portadores de problemas cardiovasculares. Nos exercícios de elevação do membro inferior, é importante expirar durante o levantamento, e inspirar enquanto o membro volta à posição inicial.

As cargas utilizadas devem ser iguais para ambos os lados do corpo. É importante remover os pesos utilizados nos membros inferiores para andar, pois sua

utilização durante o andar aumenta o risco de quedas. Quando os pesos não estiverem sendo usados, é importante colocá-los em lugares

apropriados, para que não haja o risco de alguém tropeçar neles. Pequena dor muscular e alguma fadiga são normais nos dias seguintes à prática, mas se

esses sintomas aparecerem de maneira excessiva, provavelmente a intensidade do treinamento está alta demais.

Se houver qualquer dor nas articulações durante a execução dos exercícios (principalmente com relação à utilização de pesos), deve-se para o treino. Se a dor ocorrer apenas em ângulos extremos nas articulações, os exercícios devem ser feitos de maneira a não atingi-los;

A amplitude dos movimentos deve ser a maior possível, de maneira que simultaneamente haja alongamento da musculatura oposta àquela realizando o movimento. Essa amplitude deve ser regulada pela flexibilidade de cada um, além de ser feita em limites nos quais não ocorrem dores nas articulações.

As primeiras sessões devem sempre ser realizadas sem carga extra, para que haja um devido aprendizado dos exercícios.

Como o enfoque principal do PEQUI é a prevenção de quedas na população idosa, é

interessante disponibilizar exercícios que contribuam para tal de maneira prática, e de fácil

entendimento de todos. Mas é também importante fornecer orientação sobre como os

exercícios devem ser feitos.

A literatura voltada para exercícios em idosos mostra muita coerência no que diz respeito às

suas características. A cada sessão, deve ser executado um exercício para cada grupo

muscular principal, sendo que as sessões devem ocorrer duas vezes por semana. Cada

exercício deve ser executado em séries, sendo que cada série corresponde a um grupo de

repetições desenvolvidas de forma contínua, sem interrupções, e, neste caso em particular,

devem possuir de 8 a 15 repetições. O número de séries pode variar entre um e três por

sessão de treinamento. É importante haver um descanso entre cada série, sendo que a

literatura relata que esse tempo deve estar entre 1 min e 3 min (é importante lembrar que

esse tempo de descanso corresponde à recuperação do músculo, ou seja, o tempo que ele

leva para estar metabolicamente preparado para novamente realizar o exercício; assim,

quanto maior a intensidade/ repetições realizadas, maior deverá ser o descanso entre as

séries). Cada repetição deve ser feita em aproximadamente 6 segundos, que correspondem

Page 35: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 35

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

a: 3 segundos para realizar o movimento e 3 segundos para retornar à posição inicial

(lembrando que é mais válido realizar um exercício lentamente e de maneira correta que

realizá-lo rapidamente, o que diminui o controle do movimento, podendo assim não estimular

os músculos da maneira adequada para os objetivos do exercício).

Os itens apresentados acima são muito simples e práticos. No entanto, decidir a carga

utilizada nesse treinamento é um fator importantíssimo para que haja eficiência e segurança

durante a sua execução. O controle de carga se dá essencialmente de duas maneiras

distintas: pesos anexados ao membro executando o movimento, o número de repetições por

série, e o número de séries. Inicialmente, é importante que não haja nenhum peso extra.

Além de o peso dos próprios membros já servirem como uma ótima carga inicial, essa

ausência de cargas extras permite uma facilidade maior para executar os exercícios,

levando assim a um melhor aprendizado e consequente aproveitamento dos exercícios.

Também é interessante que no início seja executada apenas uma série por exercício, com

oito repetições cada. Após ser criada uma intimidade entre o executante e os exercícios,

mudam-se as regras para carga, como descrito a seguir.

Neste momento, é importante selecionar uma carga mais adequada à pessoa em questão,

ficando difícilportanto definir dados de maneira absoluta. O número de repetições que

apresenta um ganho interessante na força em idosos está entre 8 e 15. Assim, a carga deve

ser escolhida de maneira que, em cada série, o indivíduo consiga realizar de 8 a 15

repetições. Se não for possível realizar 8 repetições, a carga está muito alta, e deve ser

diminuída. Se mais de 15 repetições forem alcançadas, significa que a carga está muito

baixa, e deve ser aumentada. É importante lembrar que esse número não está relacionado

ao momento em que o músculo não mais consegue realizar o movimento, e sim ao momento

em que ocorre um grande desconforto em realizar o movimento (devido ao cansaço do

músculo). À medida que o treinamento ocorre, a tendência é que cada vez fique mais fácil

realizar o número de séries e de repetições estipulados inicialmente.

Como só há ganho de força à medida que o corpo é desafiado, essa maior facilidade em

realizar os exercícios deve ser acompanhada por um aumento da carga das sessões de

treinamento. Isso pode ocorrer de duas maneiras. O primeiro modo de fazê-lo é

simplesmente aumentar o peso levantado, o que pode ser feito também baseado no número

de repetições. À medida que ocorre aumento da força, o número de repetições possíveis

com uma mesma carga também aumenta. Como uma carga que permita mais de 15

repetições não trará os mesmos benefícios que uma carga que corresponda a um máximo

de 8 a 15 repetições, quando um exercício se torna muito fácil de ser executado (sendo

possível realizar mais de 15 repetições), o ideal seria ajustar a carga, de maneira que só

fosse possível realizar 8 repetições (portanto, deveria haver um aumento de peso). Assim,

apenas depois de um grande período de treinamento novamente essa carga permitiria mais

de 15 repetições por série, e novamente deveria ser ajustada.

A outra alternativa, seria aumentar o número de séries por exercício, o que deve ser feito

simultâneo a um pequeno decréscimo na quantidade de pesos utilizada. Mas o número de

Page 36: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 36

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

séries não deve ultrapassar 3 (quando estiverem sendo feitas 3 séries com 15 repetições, a

única alternativa é aumentar a carga, sendo que neste caso deve haver uma diminuição no

número de séries), e o número de repetições nunca deve ultrapassar 15 ou ficar inferior a 8.

Exercícios para treinar o equilíbrio Nesta seção apresentamos alguns exercícios para treinamento de equilíbrio e esses

exercícios podem ser ministrados obedecendo aos princípios de treinamento. A ideia é

que em cada sessão de treinamento todos os exercícios abaixo devem ser executados. É

importante ressaltar que nem todos idosos são capazes de realizar tais movimentos, mas

adaptações são possíveis a cada exercício.

Flexão Plantar

Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do tornozelo e da região posterior da

perna (panturrilha). O executante deve estar na posição ereta, com os pés totalmente

apoiados no chão, segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio (por exemplo o

encosto de uma cadeira). O executante deve ficar nas pontas dos pés, o mais alto que

puder. Deve levar 3 segundos para subir, permanecer no alto por 1 segundo, e levar mais 3

segundos para voltar à posição inicial. A carga deste exercício pode ser aumentada

colocando pesos extras nos tornozelos. À medida que a força e o equilíbrio aumentarem

suficientemente, o executante pode passar a realizar este exercício com uma perna de cada

vez (mas é importante o mesmo número de repetições seja realizado para cada perna), mas

é importante lembrar que neste caso o aumento de carga é muito grande (só deve ser feito

quando realmente a carga estiver muito baixa, mesmo com pesos extras, ao realizar o

exercício com as duas pernas simultaneamente).

Resumo:

1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; 2. Lentamente fique nas pontas dos pés, o mais alto que conseguir (expirando); 3. Mantenha a posição um pouco; 4. Lentamente desça os calcanhares até o chão (inspirando).

Flexão de Joelho

Page 37: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 37

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e da

panturrilha. O executante deve manter-se na postura ereta, segurando em um apoio para

aumentar o equilíbrio. O executante deve levar 3 segundos para flexionar o joelho, tirando o

pé do chão, de maneira que o tornozelo vá o mais alto possível (como ilustrado na figura). A

coxa deve permanecer imóvel durante a execução do exercício, apenas o joelho deve ser

flexionado. A volta à posição inicial também deve levar 3 segundos, terminando então uma

repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos.

Resumo:

1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; 2. Lentamente flexione o joelho até o limite (expirando); 3. Mantenha a posição um pouco; 4. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando); 5. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.

Flexão de Quadril

Page 38: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 38

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício tem como objetivo fortalecer os músculos da coxa e do quadril. O executante

deve se posicionar atrás ou ao lado de uma cadeira (ou outro apoio qualquer). O movimento

de levantar a perna deve levar 3 segundos. A posição deve ser mantida por 1 segundo, e a

descida deve levar mais 3 segundos. A maneira de aumentar a carga do exercício é

adicionando pesos extras nos tornozelos.

Resumo:

1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; 2. Lentamente erga seu joelho na direção do peito, sem deixar o tronco descer em direção à

coxa (expirando); 3. Mantenha a posição um pouco; 4. Lentamente abaixe a perna até o chão (inspirando); 5. Ao terminar as séries com uma perna, repita com a outra.

Extensão de Quadril

Page 39: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 39

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e da região

glútea. O executante deve ficar de 30 a 45 cm afastado de uma cadeira ou mesa (ou outro

apoio para os membros superiores), com os pés ligeiramente afastados um do outro. O

tronco deve estar inclinado a aproximadamente 45º (na direção do apoio). A perna deve ser

erguida para trás sem flexão de joelhos, e este movimento deve levar aproximadamente 3

segundos. Durante a subida é importante não ficar nas pontas dos pés e nem levar o tronco

mais à frente. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à posição

inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga pode

ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos.

Resumo:

1. Se posicione entre 30 e 45 cm afastado de um apoio para os membros superiores; 2. Incline o corpo à frente e segure no apoio; 3. Lentamente erga a perna (extendida) para trás (expirando); 4. Mantenha a posição um pouco; 5. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando); 6. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.

Elevação Lateral do Membro Inferior

Page 40: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 40

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região lateral da coxa e do quadril. O

executante deve manter-se na postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o

equilíbrio, com os pés ligeiramente afastados. O executante deve levar 3 segundos para

elevar lateralmente a perna, sendo que o movimento deve ter um alcance de 15 a 30 cm.

O tronco deve permanecer sempre reto, e as duas pernas extendidas. Os pés devem estar

apontando para a frente. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à

posição inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga

pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos.

Resumo:

1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; 2. Lentamente eleve uma perna para o lado, de 15 a 30 cm (expirando); 3. Mantenha a posição um pouco; 4. Lentamente volte à posição inicial (inspirando); 5. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra; 6. O tronco e os dois joelhos devem estar estendidos durante toda a execução do exercício.

Levantar e sentar sem a utilização das mãos

Page 41: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 41

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do abdômen, das costas, do quadril e

da coxa. O executante deve sentar-se na metade anterior do assento da cadeira e reclinar

seu corpo até os ombros tocarem o encosto. As costas devem estar retas (apesar de o

tronco estar reclinado), o que é facilitado colocando um apoio para a região lombar (como

exemplificado na figura por um travesseiro). Os joelhos devem estar flexionados, e os pés

devem estar com toda a planta em contato com o chão. Usando minimamente os membros

inferiores (ou até mesmo sem usá-los, se possível), o executante deve trazer o tronco à

frente, desencostando do encosto da cadeira e do apoio lombar.

Para trabalhar adequadamente a musculatura abdominal, o tronco deve ser trazido à frente

com as costas retas (sem que os ombros se inclinem à frente durante a subida). Partindo

então desta posição sentada, com os pés totalmente apoiados no chão, o executante deve

levar 3 segundos para se erguer até a posição ereta (usando minimamente as mãos), e mais

3 segundos para sentar. Durante a subida e a descida do corpo, é importante também

manter as costas retas. Neste exercício, uma maneira de aumentar a carga é utilizar cada

vez menos as mãos para auxiliar o movimento do corpo. Após estar sentado, o corpo deve

novamente ser reclinado até o encosto da cadeira, terminando assim uma repetição do

exercício.

Resumo:

1. Coloque um travesseiro no encosto de uma cadeira; 2. Sente na metade anterior do assento da cadeira, com os joelhos flexionados e com os pés

totalmente apoiados no chão; 3. Recline sobre o travesseiro, permanecendo com o tronco inclinado e com as costas retas; 4. Leve o tronco à frente até ficar sentado com as costas retas, usando minimamente as mãos

(inspirando); 5. Levante lentamente, usando minimamente as mãos (expirando); 6. Sente lentamente, usando minimamente as mãos (inspirando); 7. Recline novamente o corpo, apoiando as costas no travesseiro, retornando assim à posição

inicial (expirando); 8. Mantenha as costas e os ombros retos durante toda a execução do exercício.

Page 42: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 42

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Adaptação 1 o exercício também pode ser feito sem a fase de trazer o corpo à frente, mas

isso implica em um menor ganho de força nos músculos abdominais, que são extremamente

importantes para manter um bom equilíbrio.

Adaptação 2: Como nem todos conseguem realizar muitas repetições desse exercício, pode

ser necessário adaptá-lo da seguinte maneira: ao invés de o idoso levantar por completo, ele

deve somente iniciar o movimento de subida, perdendo assim o contato com a cadeira. A

posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e então o idoso retorna à posição

sentada (podendo também reclinar se estiver utilizando um apoio lombar). Dessa maneira, o

desgaste do exercício fica reduzido (permitindo assim um maior número de repetições), mas

os mesmos músculos são trabalhados. Conforme o idoso ganha força e resistência

muscular, essa adaptação deve ser deixada de lado para que ocorram maiores ganhos.

Outros exercícios

Há ainda alguns exercícios que treinam o equilíbrio e podem ser praticados a qualquer hora,

em qualquer lugar e quanto for desejado. Mas é importante que haja algum apoio por perto

para gerar segurança em uma eventual instabilidade durante sua execução:

Permanecer ereto em apenas um pé (alternando-os), o que pode ser feito durante atividades do cotidiano.

Andar com passos bem curtos, de maneira que o pé que executou o passo encosta o calcanhar nos artelhos (dedos do pé) do pé de apoio.

Page 43: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 43

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Exercícios para treinar a força

Os exercícios aqui sugeridos correspondem a exercícios de treinamento de força para os

membros superiores. Como os exercícios para treinar o equilíbrio são também exercícios

para treinamento de força para os membros inferiores, um treinamento completo será

alcançado somando os exercícios deste item com os de equilíbrio. Assim, ao realizar seu

treinamento de força, simultaneamente a capacidade de manter o equilíbrio também será

treinada, tornando assim o treinamento mais simples. É importante lembrar que os mesmos

cuidados necessários para o treinamento de força para os membros inferiores também

devem ser tomados para o treinamento de força para os membros superiores. Estes

cuidados estão descritos em fundamentos de treinamento (equilíbrio). Estes exercícios

também podem ser executados em pé, sendo a cadeira apenas um facilitador.

Este exercício serve para fortalecer a musculatura do ombro. O executante deve estar

sentado em uma cadeira sem braços, com as costas retas (apoiadas no encosto) e os pés

totalmente apoiados no chão, separados um do outro na largura dos ombros. O exercício

deve se iniciar com os braços relaxados ao lado do corpo, com as palmas das mãos

voltadas para dentro (para o próprio corpo). Os braços então devem ser elevados

lateralmente durante 3 segundos, até ficarem paralelos ao solo. A posição deve ser mantida

por 1 segundo, e então os braços devem ser abaixados durante 3 segundos, até ficarem

extendidos ao lado do corpo novamente (finalizando assim uma repetição). A posição das

mãos não varia durante o exercício, tomando como referência o braço.

A carga deste exercício pode ser aumentada segurando pesos com as mãos. No caso de a

carga estar muito grande, mesmo sem pesos extras, uma estratégia para diminuí-la é fazer

uma flexão de cotovelo ao realizar o exercício. Quanto mais longe do corpo está o peso,

maior será a força necessária para levantá-lo. Flexionar o cotovelo permite regular a

distância da mão ao corpo durante a elevação lateral do membro superior, e, portanto,

regular a força necessária para realizar o movimento. Quanto mais flexionado estiver o

cotovelo, mais próxima do corpo estará a mão, e menor será a carga do exercício. Um outro

ponto importante deste exercício é que ele pode ocasionar dores nos ombros. Ao invés de

cessar a atividade, uma alternativa é não elevar os braços tão lateralmente.

Quanto mais à frente do corpo forem elevados os braços, menor será a sobrecarga nos

ombros, e menor será a carga do exercício. Mas essa adaptação deve ser feita com no

máximo com um ângulo de 45º de diferença (à partir desse ângulo o exercício estará mais

próximo de uma flexão de ombro, que será descrita mais adiante), e apenas se houver dor

durante sua execução.

Resumo:

Page 44: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 44

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

1. Sente em uma cadeira; 2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros; 3. Os braços devem estar extendidos ao lado do corpo; 4. Eleve os braços lateralmente até a altura dos ombros; 5. Mantenha a posição um pouco; 6. Lentamente retorne à posição inicial.

Extensão de Cotovelo

Este exercício tem por objetivo fortalecer o músculo posterior do braço (tríceps). O

executante deve estar sentado em uma cadeira, com os pés totalmente apoiados no chão e

afastados um do outro na largura dos ombros. O braço deve ser elevado com o cotovelo

flexionado, até que o cotovelo aponte para o teto (como na primeira figura). A mão do braço

realizando o movimento deve inicialmente estar próxima ao ombro, com a palma da mão

voltada para dentro. O braço deve ser sustentado pela mão do braço oposto, que deve

fornecer um apoio logo abaixo do cotovelo (não apoiar na articulação). O cotovelo deve

então ser extendido durante 3 segundos, até que fique completamente extendido, de

maneira que a mão aponte para o teto. Apenas a articulação do cotovelo deve se

movimentar. A posição deve ser mantida por 1 segundo, e então o cotovelo deve ser

flexionado (durante 3 segundos), voltando assim à posição inicial (finalizando assim uma

repetição). O apoio dado pela mão do braço oposto deve ser mantido durante toda a

execução do exercício. Uma maneira de aumentar a carga deste exercício é segurando

pesos extras na mão do braço executando o movimento.

Resumo:

1. Sente em uma cadeira; 2. Mantenha os pés totalmente apoiados no chão, separados na largura do ombro; 3. Levante um braço com o cotovelo flexionado, até este ficar apontando para o teto (e a mão

deve estar próxima ao ombro); 4. Apoie a mão do braço oposto logo abaixo do cotovelo para dar suporte para o exercício; 5. Extenda o cotovelo lentamente; 6. Mantenha a posição um pouco; 7. Flexione o cotovelo lentamente, voltando à posição inicial; 8. Repita o exercício com o outro braço após terminar as séries;

Flexão de Cotovelo

Page 45: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 45

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício tem por objetivo fortalecer a musculatura anterior do braço (bíceps) e os

músculos do antebraço. O executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com

as costas apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão

e afastados um do outro na largura dos ombros. O braço deve estar extendido para baixo,

ao lado do corpo, com a palma da mão voltada para a frente. O cotovelo deve então ser

flexionado, mantendo a posição da mão em relação ao braço ( a articulação do ombro não

se mexe, apenas a do cotovelo). Esse movimento deve levar 3 segundos para ser efetuado,

e o executante deve tomar cuidado para que seu corpo não se movimente lateralmente

durante a flexão de cotovelo. Atingido a flexão máxima, a posição deve ser mantida por 1

segundo, e o cotovelo deve então ser extendido, voltando à posição inicial, em mais 3

segundos (finalizando assim uma repetição). Para aumentar a carga deste exercício, basta

segurar um peso extra na mão do braço realizando a flexão.

Resumo:

1. Sente em uma cadeira sem braços, apoiando as costas em seu encosto; 2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros; 3. Deixe o braço extendido para baixo, ao lado do corpo, com a palma da mão para a frente; 4. Lentamente flexione o cotovelo, trazendo a mão para perto do peito; 5. Mantenha a posição um pouco; 6. Lentamente extenda o cotovelo, voltando à posição inicial; 7. Repita o exercício com o outro braço após finalizar as séries.

Flexão de Ombro

Este exercício serve para fortalecer a musculatura dos ombros. O executante deve estar

sentado em uma cadeira sem braços, com as costas retas apoiadas no encosto da cadeira.

Os pés devem estar totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na largura dos

ombros. Os braços devem, inicialmente, estar estendidos ao lado do corpo, com as palmas

da mão voltadas para dentro. Os braços devem então ser levantados para a frente durante 3

segundos, mantendo-os estendidos e girando os punhos para que as mão fiquem voltadas

para cima. Quando os braços ficarem paralelos com o chão, a posição deve ser mantida por

1 segundo. O executante deve então descer os braços até a posição inicial, girando

novamente os punhos para que as palmas das mãos fiquem voltadas para dentro, o que

Page 46: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 46

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

deve levar mais 3 segundos. Para aumentar a carga deste, basta segurar pesos extras com

as mãos.

Resumo:

1. Sente em uma cadeira; 2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro; 3. Posicione os braços estendidos ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para

dentro; 4. Eleve ambos os braços à sua frente até a altura dos ombros, girando as palmas das mãos

para cima; 5. Mantenha a posição um pouco; 6. Lentamente desça os braços até a posição inicial, girando as palmas das mãos para dentro

novamente;

Empurrar a Cadeira

Este exercício serve para fortalecer os músculos da parte de trás dos braços (tríceps), das

costas, do antebraço e do peito. O executante deve estar sentado em uma cadeira com

braços, com o corpo pendendo levemente à frente, com as costas retas (mas sem encostá-

las no encosto da cadeira). O executante deve então segurar nos braços da cadeira,

alinhando suas mãos e o tronco, ou posicionando-as levemente à frente do tronco. Os pés

devem estar posicionados embaixo da cadeira, com os calcanhares levantados, de modo

que o peso dos pés esteja distribuído somente sobre os artelhos (dedos do pé) e sobre o a

parte anterior do pé. Lentamente, o executante deve levantar seu corpo usando os braços, o

mais alto que conseguir, tentando manter a posição em que o corpo se encontrava sentado

(com flexão de quadril e de joelho). Mesmo que o executante não consiga se levantar, o

esforço necessário para tentar é suficiente para fortalecer progressivamente os músculos em

questão. O ideal é que os membros inferiores não sejam utilizados para ajudar o movimento

de subida, ou ainda que sejam utilizados minimamente. A carga deste exercício pode ser

aumentada colocando pesos extras sobre as coxas.

Resumo:

Page 47: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 47

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

1. Sente em uma cadeira com braços; 2. Incline o corpo ligeiramente à frente, mantendo as costas retas; 3. Segure nos braços da cadeira; 4. Posicione os pés abaixo da cadeira, com o peso sobre os artelhos; 5. Lentamente levante o corpo utilizando apenas os braços (expirando); 6. Lentamente desça os braços até a posição inicial (inspirando).

Fundamentos de Treinamento (Resistência)

A capacidade aeróbia consiste, basicamente, na capacidade de absorver, transportar e

utilizar o oxigênio do ar para realizar as reações bioquímicas necessárias para gerar a

energia que será utilizada durante a atividade física. Essa capacidade corresponde a uma

via metabólica específica, e esses mecanismos se tornam mais eficientes quando se pratica

atividades de baixa intensidade e longa duração. Uma maneira de quantificar essa

capacidade é medindo o VO2max, que corresponde ao consumo máximo de oxigênio

durante atividades físicas, ou seja, o quanto do oxigênio a pessoa é capaz de retirar do ar e

aproveitar para gerar energia. Assim como qualquer atividade física, o treinamento de

resistência aeróbia deve seguir algumas regras, tanto para que o treinamento alcance os

objetivos buscados, quanto para preservar a integridade física de quem o está praticando.

A resistência aeróbia é uma capacidade que deve ser desenvolvida gradualmente. Para se

iniciar um treinamento, um tempo mínimo diário por sessão de treinamento é de 5 minutos.

Apesar de este tempo não ser suficiente para trazer os ganhos de um treinamento de

resistência aeróbia, começar o treinamento com um baixo nível de esforço e ir aumentando-

o gradualmente é especialmente importante para aqueles que estão inativos há muito

tempo. A idéia é que com o devido tempo, essa leve atividade se torne uma atividade de

dificuldade de moderada a vigorosa, apesar de ainda continuar com um curto tempo de

duração (5 minutos).

Quando for possível realizar atividades com intensidade de moderada a vigorosa por 5

minutos, é hora de aumentar esse tempo por sessão de treinamento para pelo menos 10

minutos, já que realizar atividades por tempos menores que esses não trará os benefícios

cardiovasculares e respiratórios desse tipo de treinamento. O objetivo nesta progressão é

que o executante chegue a pelo menos 30 minutos de atividade em cada sessão de

treinamento. Uma progressão possível seria aumentar em 5 minutos o tempo de atividade a

cada mês, até atingir 30 minutos (ou mais). Dividir esses 30 minutos em três fases de 10

minutos de duração também traz benefícios cardiovasculares e respiratório, sendo uma

estratégia interessante para indivíduos com pouca tolerância a atividades com longa

duração. Quanto mais leve a atividade, maior deve ser sua duração, e quanto maior sua

Page 48: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 48

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

intensidade, menor pode ser sua duração. Uma faixa de tempo válida para que os benefícios

desse tipo de treinamento sejam alcançados é de 20 a 60 minutos por sessão.

Inicialmente, o treinamento aeróbio deve ser feito pelo menos 3 vezes por semana, em dias

não consecutivos (se possível). Ao longo dos meses de treinamento, conforme o indivíduo

vai ganhando condicionamento, o número de dias de atividade aeróbia por semana deve

aumentar progressivamente, até 5 dias por semana. Mas é importante manter em mente que

o mínimo necessário para trazer os benefícios desse tipo de treinamento é realizar 3

sessões por semana.

A intensidade dos exercícios, para que o maior benefício seja alcançado, deve estar em,

uma faixa de 50% a 70% do VO2max. Uma outra maneira de ajustar facilmente essa

intensidade é através do controle a freqüência cardíaca. Inicialmente, o indivíduo deve medir

sua freqüência cardíaca de repouso (FC rep), que corresponde ao número de vezes que o

coração bate por minuto após 10 minutos de inatividade (de preferência, a pessoa deve ficar

deitada relaxando durante esse período de tempo). É necessário conhecer também a

freqüência cardíaca máxima (FC max), que pode ser quantificada em testes ergométricos,

ou ainda estimada subtraindo a idade do indivíduo de 220. É importante medir esse valor

através do teste ergométrico, pois através dele é possível detectar problemas cardíacos,

além de identificar em qual freqüência cardíaca eles começam a aparecer. Isso torna

possível considerar como freqüência cardíaca máxima a freqüência na qual aparecem

sintomas de problemas cardíacos, permitindo uma maior segurança no treinamento (que

estará sempre abaixo dessa freqüência). A faixa de treinamento deve então ser calculada da

seguinte maneira:

Freqüência mínima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.5 + FC rep Freqüência máxima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.7 + FC rep

Dessa maneira, fica assegurando que o indivíduo estará treinando em uma faixa entre 50%

e 70% da sua freqüência cardíaca de reserva (FC max – FC rep), sendo essa faixa a zona

ideal para o treinamento da capacidade aeróbia.

Seguem agora algumas regras de segurança básicas para o treinamento de resistência

aeróbia:

As atividades aeróbias não devem fazer o executante respirar tão rapidamente de maneira que seja muito difícil falar durante sua execução. Sua intensidade também não pode causar vertigem e dor no peito (para respirar);

O executante deve realizar uma atividade leve antes de iniciar a sessão de treinamento para aquecer e outra para voltar à calma no final da atividade. Um bom exemplo é andar vagarosamente;

Exercícios de alongamento devem ser feitos após as atividades, enquanto os músculos ainda estão quentes;

Com o aumento da idade, o mecanismo que gera a sede passa a funcionar mais lentamente. Isso pode fazer com que, apesar de um indivíduo precisar de água, ele não sinta sede. O executante deve ter uma preocupação em beber líquidos durante atividades que causem transpiração. Se o indivíduo chegar a sentir sede, significa que seu corpo já está levemente desidratado. Mas é importante atentar que algumas pessoas possuem limitações de

Page 49: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 49

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

ingestão de líquidos (como em patologias envolvendo o coração e o fígado), e esse controle de ingestão durante a atividade física deve ser feito juntamente com seu médico.

Idosos são mais afetados pelo frio e pelo calor que adultos (devido a um sistema termo-regulador menos eficiente), o que pode trazer riscos à saúde. É interessante que um idosos, ao se exercitar, vistas as roupas em ―camadas‖, de maneira que fique protegido contra o frio, mas se vir a sentir calor seja possível remover algumas peças para regular a temperatura.

Antes de aumentar a dificuldade da atividade executada é mais aconselhável aumentar a duração da atividade.

Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia

Seguem alguns exemplos de atividades e exercícios de treinamento da resistência aeróbia:

Dificuldade moderada:

Nadar Pedalar Andar rapidamente em superfície plana Fazer faxina Jogar golfe a pé Jogar tênis em duplas Jogar voleibol Remar Dançar.

Dificuldade vigorosa:

Subir escadas Andar rapidamente em superfícies íngremes (subidas) Subir superfícies íngremes de bicicleta Jogar tênis Nadar rapidamente Marcha atlética Correr lentamente.

Fundamentos de Treinamento (Flexibilidade)

Exercícios de alongamento muscular têm por objetivo aumentar a flexibilidade, trazendo

assim uma maior liberdade de movimentos para executar as tarefas do cotidiano e outras

tarefas mais específicas. Assim como qualquer tipo de atividade física, ao treinar a

flexibilidade o executante deve atentar para algumas regras, assegurando assim uma maior

eficiência do treinamento e uma maior segurança na execução dos exercícios.

Os exercícios de alongamento devem ser executados após o término das sessões de

treinamento aeróbio ou de treinamento de força para resultarem em ganhos na flexibilidade.

No caso de não ser possível realizar esses dois tipos de treinamento, o treinamento de

Page 50: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 50

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

flexibilidade deve ser executado pelo menos duas vezes por semana, podendo chegar a até

sete vezes por semana, e as sessões devem durar ao menos 20 minutos cada. Para um

iniciante é interessante treinar poucas vezes por semana para ganhar alguma intimidade

com os exercícios e para perceber seus limites. Um treinamento visando um grande

aumento de flexibilidade deve consistir em sessões diárias de treinamento, ou ainda um

número grande de sessões por semana (de 5 a 7). Treinar de duas a três vezes por semana

é uma boa maneira de manter a flexibilidade alcançada. É importante ressaltar que

exercícios de alongamento não servem para implementar a força ou a resistência aeróbia.

Cada exercício de alongamento deve ser feito de 3 a 5 vezes em cada sessão de

treinamento. O executante deve chegar à posição desejada lentamente, alcançando a maior

amplitude possível sem que haja dor. A posição deve então ser mantida de 10 a 30

segundos, e então o executante deve relaxar e voltar lentamente para uma posição mais

confortável (posição inicial), terminando assim uma repetição.

Segurança Se o executante já sofreu alguma lesão, fratura ou cirurgia nos ossos do quadril

(principalmente na articulação coxo-femoral, que corresponde à junção do quadril com o fêmur), é importante consultar um médico antes de executar os exercícios para treinar a flexibilidade dos membros inferiores;

Se o executante sofreu fratura da cabeça do fêmur, ele não deve cruzar as pernas em ângulos superiores a 90 graus;

Se a sessão de treinamento for realizada separada de outros tipos de treinamento, é importante realizar um leve aquecimento antes de iniciá-la. Isso pode ser feito com alguns minutos de caminhada e movimentação dos membros superiores. Alongar os músculos sem aquecimento prévio pode resultar em alguma lesão;

Alongar os músculos não deve resultar em dor, principalmente nas articulações. Se isso ocorrer, provavelmente a amplitude do alongamento está muito grande, e deve ser reduzida;

Uma leve sensação de desconforto é normal durante o alongamento (mas não de dor); O alongamento nunca deve ser feito rapidamente ou com "trancos" (alongamento balístico),

pois esticar o músculo rapidamente faz com que um mecanismo reflexo seja disparado, e o músculo então se contrai involuntariamente. Além de isso prejudicar a amplitude que poderia ser alcançada com o músculo relaxado, ainda há algum risco de lesão se o alongamento for executado desta maneira;

Durante o alongamento, o membro alongado deve estar esticado, mas manter uma pequena folga na articulação é aconselhável para diminuir um pouco a carga sobre os tendões e ligamentos (as articulações não devem ser hiper-estendidas).

O executante deve respirar profunda e lentamente durante a execução dos exercícios. Se o executante sentir alguma tontura, mesmo que leve, ele deve voltar a respirar naturalmente.

Realizar os exercícios seguindo as recomendações acima descritas resultará em um aumento da flexibilidade, e a maneira de progredir no treinamento é sempre tentar alcançar a maior amplitude articular sem que ocorra dor;

Os exercícios de flexibilidade também podem ser utilizados no aquecimento, antes das

sessões de treinamento, com a função de preparar o corpo para o exercício. Nesse caso os

exercícios devem ser feitos após o corpo já estar aquecido, pois alongar músculos "frios"

pode resultar em lesões musculares a articulares.

Page 51: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 51

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Os exercícios devem ser realizados com apenas uma repetição, e devem durar poucos

segundos. Além disso, devem ser escolhidos de acordo com a atividade a ser realizada, pois

como o intuito é apenas de preparar o músculo para o exercício, somente devem ser

alongados os membros a serem utilizados durante a atividade. Uma outra alternativa é

incorporar exercícios dinâmicos multiarticulares durante o aquecimento, pois apesar de não

buscar uma amplitude grande de movimento, aquece e alonga levemente um grande

número de músculos.

Exercícios para Treinar a Flexibilidade

Isquiotibiais

Este exercício tem por objetivo alongar a musculatura posterior da coxa, sendo que o

conjunto dos músculos dessa região também é denominado de isquiotibiais. O executante

deve sentar-se em um banco ou outra superfície rígida que lhe permita apoiar toda a perna

(como duas cadeiras colocadas lado a lado). Uma das pernas deve então descansar sobre o

banco, com a ponta do pé apontando para cima (as costas devem ser mantidas retas). A

outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé totalmente apoiado no solo. O joelho da

perna apoiada no banco deve ser totalmente estendido. Se neste ponto o executante já

sentir o alongamento, essa é a posição que deve ser mantida pelo tempo determinado para

esse tipo de treinamento. Se o executante não sentir o leve desconforto nessa posição, deve

levar o tronco à frente, como se fosse deitá-lo sobre a perna estendida, mantendo sempre as

costas retas (a única articulação que se movimenta é o quadril). No caso de o executante ter

sofrido uma fratura na cabeça do fêmur, não é seguro levar o corpo à frente neste exercício

(a não ser que haja aprovação do médico ou fisioterapeuta responsável). Após manter a

posição de 10 a 30 segundos, o executante deve retornar lentamente à posição inicial,

terminando uma repetição.

Resumo:

1. Sente de lado em um banco; 2. Mantenha uma perna esticada sobre o banco; 3. A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé apoiado totalmente no chão; 4. Mantenha as costas retas; 5. Leve o tronco à frente, flexionando o quadril, até sentir o alongamento (não faça esse

movimento se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no quadril); 6. Mantenha a posição; 7. Repita com a outra perna.

Isquitibiais (alternativa)

Page 52: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 52

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Uma alternativa ao exercício anterior é se posicionar em pé atrás de uma cadeira com os

joelhos em extensão. O executante deve segurar o encosto da cadeira com as duas mãos e

flexionar o quadril levando o tronco para frente, mantendo as costas retas durante toda a

execução do exercício. Quando o corpo estiver paralelo com o solo, a posição deve ser

mantida. Após 10-30 s, o executante deve retornar lentamente usando como apoio o

encosto da cadeira para subir.

Resumo:

1. Fique em pé atrás de uma cadeira, segurando seu encosto com as duas mãos; 2. Flexione o quadril levando o tronco à frente; 3. As costas devem estar retas durante todo o tempo; 4. Quando o tronco estiver paralelo com o solo, mantenha a posição.

Tríceps Sural (Panturrilha)

Este exercício alonga a musculatura posterior da perna. O executante deve estar em pé,

apoiando as duas mãos em uma parede, com os cotovelos estendidos. Mantenha o joelho

de uma das pernas levemente flexionado e leve o pé da outra perna atrás

(aproximadamente meio metro), mantendo os pés totalmente em contato com o solo (o pé

da perna levada atrás deve estar levemente virado para dentro). O executante então deverá

sentir o alongamento da musculatura da panturrilha. Se isso não ocorrer, a perna

posicionada atrás deve ser ainda mais distanciada da outra, fazendo com que os músculos

se alonguem ainda mais. A posição alcançada deve então ser mantida por 10 a 30

segundos. Então o executante deve flexionar levemente o joelho da perna que está atrás

(como na segunda figura), e manter novamente a postura alcançada pelo mesmo tempo.

Resumo:

1. Fique em pé com ambas as mãos apoiadas em uma parede e com os cotovelos estendidos; 2. Dê um passo de aproximadamente 50 cm para trás com uma das pernas, e mantenha

ambos os pés totalmente apoiados no chão; 3. Mantenha a posição; 4. Flexione levemente o joelho da perna que está atrás; 5. Mantenha a posição; 6. Repita com a outra perna.

Tornozelo

Este exercício tem como objetivo alongar a musculatura envolvida na articulação do

tornozelo. Deve ser realizado com os pés descalços, já que o calçado limita a movimentação

Page 53: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 53

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

do pé. O executante deve estar sentado na parte anterior do assento de uma cadeira,

inclinando o corpo para trás até apoiar o tronco no encosto da cadeira (um travesseiro deve

ser utilizado para fornecer apoio lombar, como exemplificado na figura). As pernas devem

então ser estendidas ―escorregando‖ os pés para frente ao longo do chão.

Mantendo os calcanhares em contato com o chão, o executante deve apontar os artelhos

(dedos do pé) para frente até sentir o alongamento na parte anterior do tornozelo. Se nessa

posição o executante ainda não sentir o alongamento, ele deve levantar um pouco os pés do

chão, permitindo uma maior variação do ângulo do tornozelo. Após manter essa posição, o

executante deve agora mover os pés em sua própria direção, sentindo assim o alongamento

na região posterior do tornozelo.

Resumo:

1. Sente-se em uma cadeira; 2. Estenda as pernas à sua frente, mantendo os calcanhares no chão; 3. Flexione os pés, apontando os artelhos para frente; 4. Mantenha a posição; 5. Flexione os pés, apontando os artelhos para trás; 6. Mantenha a posição. 7. Se o alongamento não for sentido, faça com os pés um pouco levantados, sem encostá-los

no chão.

Tríceps Braquial

Este exercício alonga o músculo da região posterior do braço. O executante deve segurar a

ponta de uma toalha com uma das mãos. Deve então levantar o braço que está segurando a

toalha, e flexionar o cotovelo de maneira a deixar a toalha cair ao longo das costas. Com a

outra mão, deve alcançar, por trás das costas, a ponta da toalha que está sendo segurada

pela outra mão.

Gradualmente, o executante deve, com a mão posicionada atrás das costas (mais embaixo),

tentar alcançar pontos mais altos da toalha, encurtando assim a diferença entre as duas

mãos (simultaneamente a mão que estiver em cima vai descer). Quando o alongamento for

sentido, a posição deve ser mantida (o limite é o ponto onde as duas mãos se tocam). Após

terminar a série, a posição deve ser invertida.

Resumo:

1. Segure a toalha com uma das mãos; 2. Levante o braço e flexione o cotovelo, fazendo a toalha ficar atrás das costas; 3. Com a outra mão, segure a ponta da toalha que está livre; 4. Suba a mão de baixo progressivamente, tentando alcançar o ponto mais alto possível;

Page 54: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 54

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

5. Inverta a posição.

Pulso

O executante deve empurrar as palmas das mãos um contra a outra,mantendo os cotovelos

apontando para baixo. Deve então elevar os cotovelos tentando deixá-los paralelos ao solo

(ou o mais próximo disso que sua flexibilidade permitir), mantendo as palmas das mão em

total contato uma com a outra. A posição deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então os

cotovelos devem ser novamente baixados, terminando assim uma repetição.

Resumo:

1. Junte as mãos, tocando uma palma na outra (posição de rezar); 2. Lentamente eleve os cotovelos até ficarem paralelos ao solo, e mantenha as mãos unidas; 3. Mantenha a posição.

Quadríceps

Este exercício tem como objetivo alongar os músculos da parte anterior da coxa, sendo que

o conjunto destes músculos é chamado de quadríceps femoral. O executante deve deitar-se

de lado no chão (podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto), alinhando os

quadris, de maneira que um dos lados esteja posicionado exatamente acima do outro. A

cabeça deve ser colocada em cima de um travesseiro, ou pode-se usar a mão como apoio.

O joelho da perna posicionada acima deve ser flexionado.

O executante deve então alcançar o pé da perna flexionada com a mão, segurando no

calcanhar. Se o executante não consegue alcançar o próprio calcanhar com a mão nesta

posição, a alternativa é colocar um cinto (ou faixa de pano) em volta do pé, podendo assim

segurá-lo a uma maior distância. O executante deve então puxar o pé lentamente, até que o

alongamento seja sentido na parte anterior da coxa, mantendo então a posição. Se houver

cãibras na parte posterior da coxa durante o exercício, este deve ser parado e a região

afetada alongada (podendo ser utilizados os exercícios para alongar os músculos

isquiotibiais descritos acima), para mais tarde retomar o alongamento de quadríceps.

Resumo:

1. Dente-se de lado no chão; 2. Descanse a cabeça em um travesseiro ou na mão; 3. Flexione o joelho da perna de cima; 4. Segure no calcanhar da perna flexionada; 5. Lentamente puxe a perna flexionada até alongar os músculos da parte anterior da coxa; 6. Mantenha a posição; 7. Inverta a posição e repita com a outra perna.

Page 55: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 55

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Rotação Dupla de Quadril

Este exercício deve ser evitado se o executante tiver sofrido uma fratura ou cirurgia no

quadril, a não ser que o médico responsável concorde com sua execução. Seu objetivo é

alongar os músculos externos (laterais) do quadril e das coxas. O executante deve deitar-se

de costas no chão (decúbito dorsal), podendo utilizar um colchonete para aumentar o

conforto. Os joelhos devem estar flexionados, e os pés devem ter suas plantas em total

contato com o solo.

Um travesseiro deve ser usado para apoiar a cabeça, aumentando ainda mais o conforto

para executar o exercício. O executante deve então manter os dois ombros em contato com

o solo, os joelhos flexionados e unidos um ao outro, e descer lentamente os dois joelhos

para um dos lados na maior amplitude possível sem forçá-los. A posição alcançada deve ser

mantida por 10 a 30 segundos, e então os joelhos, ainda unidos, devem ser trazidos à

posição inicial, e o mesmo exercício deve ser feito para o outro lado.

Resumo:

1. Não faça esse exercício se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no quadril; 2. Dente-se de costas no chão com os joelhos flexionados; 3. Mantenha os ombros em contato com o solo todo o tempo; 4. Mantendo os joelhos unidos, baixe lateralmente as pernas para um dos lados; 5. Mantenha a posição; 6. Volte as pernas para cima; 7. Repita com o outro lado.

Rotação simples de quadril

Este exercício tem por objetivo alongar os músculos da pelve e da região interna (medial)

das coxas. O executante deve deitar-se de costas (decúbito dorsal), com os joelhos

flexionados, podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto. Deve então descer

um dos joelhos lentamente para o lado, mantendo a outra perna e a pelve imóveis. A

posição alcançada deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então o executante deve trazer

seu joelho de volta à posição inicial. Os ombros devem ser mantidos em contato com o chão

durante toda a execução do exercício.

Resumo:

1. Deite-se de costas no chão; 2. Flexione os joelhos;

Page 56: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 56

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

3. Desça um dos joelhos lentamente para o lado; 4. Mantenha a posição; 5. Traga o joelho de volta à posição inicial; 6. Mantenha os ombros em contato com o chão durante todo o exercício; 7. Repita com a outra perna.

Rotação de Ombro

Este exercício alonga a musculatura envolvida na articulação do ombro. O executante deve

deitar-se de costas (decúbito dorsal) no solo e colocar um travesseiro para apoiar a cabeça.

Também é importante colocar uma almofada embaixo dos joelhos, mantendo-os levemente

flexionados (o que serve para diminuir a tensão na coluna vertebral enquanto o indivíduo

está deitado). O executante deve então esticar os braços para os lados, mantendo-os

alinhados na altura dos ombros. Os cotovelos devem então ser flexionados, de maneira que

as pontas dos dedos devem apontar o teto (os antebraços perdem o contato com o solo,

mas os braços devem continuar em contato com ele durante toda a execução do exercício),

e os antebraços devem estar paralelos.

O executante deve então fazer uma rotação de ombro, lentamente deitando seus antebraços

para trás, ao lado da cabeça (mantendo-os paralelos), até sentir alongar o ombro. Se houver

qualquer sensação de dor aguda ou de pinçamento no ombro durante a execução deste

exercício, ele deve ser parado imediatamente. A posição alcançada deve ser mantida de 10

a 30 segundos, e então o executante deve lentamente levantar os antebraços até a posição

inicial e fazer uma rotação de ombro para a frente, tentando levar os antebraços até os lados

do corpo (mantendo-os paralelos). Quando o alongamento for sentido, a posição deve ser

mantida pelo mesmo tempo. Após o tempo de alongamento, os antebraços devem ser

levados até a posição inicial para que o exercício se repita.

Resumo:

1. Deite-se de costas no chão com uma almofada embaixo dos joelhos; 2. Estenda os braços para os lados; 3. Flexione os cotovelos até formarem um ângulo reto, com as mãos apontando para o teto; 4. Gire os ombros, tentando posicionar os antebraços ao lado da cabeça; 5. Mantenha a posição; 6. Gire no outro sentido, tentando posicionar os antebraços ao lado do corpo; 7. Mantenha a posição; 8. Mantenha os ombros em contato com o solo durante todo o exercício.

Rotação de Pescoço

Page 57: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 57

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Este exercício alonga a musculatura do pescoço. O executante deve deitar-se no chão,

apoiando a cabeça em um livro grosso (um colchonete pode ser usado para aumentar o

conforto). O exercício consiste em virar a cabeça de um lado para o outro, mantendo a

posição de 10 a 20 segundos em cada lado (extremidade do movimento). A cabeça não

deve estar pendendo para frente ou para trás durante a execução do exercício, o que torna

necessário encontrar um livro com uma espessura ideal para manter a cabeça alinhada com

o tronco. Para aumentar o conforto, ainda é aconselhável manter os joelhos flexionados, o

que diminui a tensão na região lombar da coluna vertebral.

Resumo:

1. Dente-se de costas no chão (decúbito dorsal); 2. Apóie a cabeça em um livro grosso (por exemplo, uma lista telefônica);

Vire a cabeça de um lado para o outro, mantendo a posição em cada lado.

Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso

Introdução

Queda é um evento freqüente e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade,

morte, institucionalização e de declínio na saúde de idosos (8,18,39).

O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade, o que coloca esta

síndrome geriátrica como um dos grandes problemas de saúde pública devido ao aumento

expressivo do número de idosos na população e à sua maior longevidade, competindo por

recursos já escassos e aumentando a demanda por cuidados de longa duração.

Diversos fatores de risco e múltiplas causas interagem como agentes determinantes e

predisponentes, tanto para quedas acidentais quanto para quedas recorrentes, impondo aos

profissionais de saúde, especialmente ao médico o grande desafio de identificar os possíveis

fatores de risco modificáveis e tratar os fatores etiológicos e comorbidades presentes

(35,45,51).

As intervenções mais eficazes baseiam-se na identificação precoce dos idosos com maior

chance de sofrerem quedas e particularmente, aqueles que além do risco de queda

apresentem também um risco aumentado de sofrem lesões graves decorrentes da mesma

(13,23,50).

Geralmente, idosos tendem a sub-relatar quedas. Além disso, creditam à idade seus

problemas de equilíbrio e marcha, fazendo com que com que estas dificuldades de

mobilidade não sejam detectadas, até que uma queda com uma conseqüência grave ocorra.

Page 58: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 58

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Evitar o evento de queda é considerado hoje uma conduta de boa prática geriátrico-

gerontológica, tanto em hospitais quanto em instituições de longa permanência, sendo

considerado um dos indicadores de qualidade de serviços para idosos. Além disso, constitui-

se em política pública indispensável, não só porque afeta de maneira desastrosa a vida dos

idosos e de suas famílias, como também drena montantes expressivos de recursos

econômicos no tratamento de suas conseqüências, como a fratura de quadril (19,42,45).

Cenário do problema

Cerca de 30% a 60% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e cerca da metade cai de

forma recorrente, variando de acordo com a precisão do monitoramento realizado pelo

estudo (39,44).

No Brasil cerca de 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma

recorrente, sendo que somente 52% dos idosos não relataram nenhum evento de queda

durante um seguimento de dois anos (39).

A incidência de quedas em idosos residentes na comunidade varia de 0,2 a 1,6 quedas/por

pessoa/por ano, com uma média de aproximadamente 0,7 quedas por ano. Em idosos

hospitalizados a média é de 1,4 quedas/por leito/por ano, variando de 0,5 a 2,7 quedas e em

idosos institucionalizados a prevalência é consideravelmente maior chegando até 75%, com

uma incidência de 0,2 a 3,6 quedas/por leito/por ano devido a maior vulnerabilidade desta

população e a maior acurácia nas notificações dos eventos (44).

Os acidentes são a quinta causa de morte entre os idosos e as quedas são responsáveis por

dois terços destas mortes acidentais. Aproximadamente 75% das mortes decorrentes de

quedas nos Estados Unidos ocorrem em 14% da população acima de 65 anos de idade, e o

índice de mortalidade aumenta dramaticamente após os 70 anos, principalmente em

homens. (8,44,45).

A maior suscetibilidade dos idosos a sofrerem lesões decorrentes de uma queda se deve a

alta prevalência de comorbidades presentes nesta população, associado ao declínio

funcional decorrente do processo de envelhecimento, como o aumento do tempo reação e

diminuição da eficácia das estratégias motoras do equilíbrio corporal, fazendo de uma queda

leve um evento potencialmente perigoso.

Dos que caem a cada ano, entre 5% a 10% dos idosos residentes na comunidade tem como

conseqüência lesões severas como fratura, traumatismo craniano e lacerações sérias, que

reduzem sua mobilidade e independência, aumentando as chances de morte prematura.

Cerca de metade dos idosos hospitalizados por fratura de quadril não recuperam a

mobilidade prévia ao evento. (1,8).

Cerca de 90% das fraturas de quadril são causadas por quedas e o custo atual estimado do

tratamento das fraturas de quadril é da ordem de 10 bilhões de dólares. Entre 1988 e 1996 a

Page 59: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 59

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

taxa de hospitalização por fratura de quadril em mulheres acima de 65 anos nos EUA

aumentou 23% (7,8).

Além da alta mortalidade, destacam-se ainda como conseqüências relevantes o fato da

queda causar restrição de mobilidade, incapacidade funcional, isolamento social,

insegurança e medo, detonando um mecanismo cumulativo e em efeito dominó de eventos

prejudiciais a saúde e qualidade de vida dos idosos(28,31).

Em um estudo populacional multicêntrico, a razão de chance bruta de idosos com

dependência em quatro ou mais atividades de vida diária ou prática ter experimentado ao

menos uma queda no ano anterior foi 1,9 vez a chance quando comparados aos idosos

independentes (43).

Entre as pessoas que caíram e foram atendidas em unidades de emergência, cerca de 40%

tiveram dor contínua ou incapacidade funcional por dois meses e 16% tiveram queixa de dor

por cerca de 7 meses após o evento (19).

Um estudo prospectivo de dois anos aponta que 32% dos idosos que caem referem medo

de cair novamente e são marcadamente mulheres. Os fatores fortemente associados ao

medo de cair novamente são a presença de distúrbios de marcha, um relato de percepção

subjetiva de saúde física e mental ruim e condições econômicas desfavoráveis (53).

Definição e classificação

Queda é uma mudança de posição inesperada, não intencional que faz com que o indivíduo

permaneça em um nível inferior, por exemplo, sobre o mobiliário ou no chão. Este evento

não é conseqüência de uma paralisia súbita, ataque epilético ou força externa extrema (25).

Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem e do tipo de conseqüência

advinda do evento. A queda acidental é aquele evento único que dificilmente voltará a se

repetir e é decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, em geral pela presença de um

fator de risco ambiental danoso, como um piso escorregadio, um degrau sem sinalização ou

devido à atitudes de risco como por exemplo,subir em banquinhos. Em contrapartida, a

queda recorrente, expressa a presença de fatores etiológicos intrínsecos como doenças

crônicas, poli farmácia, distúrbios do equilíbrio corporal, déficits sensoriais, dentre outros.

A queda pode ainda ser dividida de acordo com a presença ou não de lesões. As quedas

com lesões graves são consideradas aquelas cuja conseqüência é uma fratura, trauma

crânio-encefálico ou luxação. Abrasões, cortes, escoriações e hematomas são considerados

lesões leves.

Há ainda, a classificação de acordo com o tempo de permanência no chão. A queda

prolongada no chão é aquela em que o idoso permanece caído por mais de 15 a 20 minutos

por incapacidade de levantar-se sem ajuda. Os idosos que são mais predispostos a

sofrerem quedas prolongadas são os idosos com 80 anos ou mais, com dificuldade em

Page 60: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 60

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

atividades de vida diária, que têm disfunções em membros inferiores, tomam sedativos e

moram sozinhos ou permanecem por longos períodos do dia ou noite desacompanhados.

Hoje, busca-se não só identificar o perfil dos idosos mais vulneráveis a cair, como também

procura-se distinguir quais terão maior suscetibilidade a sofrerem uma lesão grave

decorrente deste evento ou que têm uma maior propensão a experimentarem quedas

recorrentes o que aumenta a probabilidade de perda de capacidade funcional, seja ela

decorrente de um único evento grave ou da perda de confiança e do senso de auto-eficácia

o que com o tempo acaba por provocar uma restrição de atividades e um declínio na

mobilidade, expondo este idoso a um maior risco de tornar-se frágil.

Fatores de risco e Causas

Há necessidade de se dividir os fatores determinantes de quedas em idosos em dois grupos:

Fatores de risco ou fatores predisponentes: são aqueles que impõe aos idosos uma maior

chance de experimentarem quedas. O levantamento destes fatores permite a identificação

de idosos com maior suscetibilidade a caírem. A estratificação do risco possibilita a

implementação de estratégias de prevenção definidas para cada grupo - alto, médio e baixo

risco.

Fatores causais: são aqueles agentes etiológicos presentes na determinação da ocorrência

de um evento de queda específico. Constituem-se nas razões que levaram aquele idoso a

cair e são potencializados pela presença de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos.

Os fatores de risco são derivados de estudos populacionais tipo caso-controle ou estudos

longitudinais. Embora, existam umas séries de questões metodológicas a serem

consideradas na análise destes fatores, a aplicabilidade clínica é imediata, no que tange ao

fato de que há um aumento significativo do risco com o aumento do número de fatores de

risco individuais presentes. Além disso, o levantamento da existência de fatores que possam

ser modificados por meio de intervenções específicas é essencial tanto na prevenção de

futuros episódios, como também no manejo do processo de reabilitação.

O Quadro 1, abaixo, lista os fatores de risco encontrados em estudos populacionais, com

idosos da comunidade. Os fatores foram classificados de acordo com peso da sua evidência

e se estão relacionados a quedas acidentais, quedas recorrentes ou quedas com lesão

(2,5,6,9,11,18,21,27,29,32,35,,37,39,46,51,52,54)

O peso da evidência foi construído a partir da freqüência com que o fator aparece nos

estudos analisados. Salienta-se que não há uma homogeneidade quanto aos fatores de

risco apontados nos estudos. Trata-se apenas de um guia para que se possa valorizar com

maior ou menor intensidade determinados fatores.

Os fatores de risco considerados de peso alto, ou seja, apontados na maioria dos estudos

como fatores determinantes de quedas foram: idade igual ou maior a 75 anos, sexo

Page 61: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 61

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

feminino, presença de declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza muscular e de

distúrbios do equilíbrio corporal, marcha ou de mobilidade, história prévia de acidente

vascular cerebral, de quedas anteriores e de fraturas, comprometimento na capacidade de

realizar atividades de vida diária e o uso de medicações psicotrópicas, em especial os

benzodiazepínicos, assim como o uso de várias medicações concomitantes.

Dentre estes estudos, destaca-se o realizado no município de São Paulo que aponta que os

idosos que caíram de forma recorrente tiveram sua chance aumentada em 1,6 vezes (95%

IC 1,00-2,52) por serem viúvos, separados ou desquitados, em 1,5 vezes por não terem o

hábito de ler como atividade de lazer (95%IC 1,03-2,37), em 4,6 vezes por terem história de

fratura (95% CI 2,23-9,69) e em 2,37 vezes por apresentarem comprometimento em 1 a 3

atividades de vida diária (95% CI 1,49-3,78), em 3,31 vezes a chance por apresentarem

dificuldade em 4 ou mais atividades de vida diária (95%CI 1,58-6,93) e em 1,53 vezes a

chance por relatarem ter visão ruim ou péssima (95%CI 1,00-2,34) quando comparados aos

idosos que tinham boa percepção subjetiva de visão. Este modelo explicou 73% dos eventos

(39).

Rubenstein e Josephson analisando 16 estudos de idosos vivendo na comunidade e de

idosos institucionalizados, apontam um aumento do risco com a presença dos seguintes

fatores, por ordem de importância: presença de fraqueza muscular, história de quedas,

déficit de marcha e de equilíbrio, uso de dispositivo de auxílio à marcha, déficit visual, artrite,

comprometimento em atividades de vida diária, depressão, declínio cognitivo e idade igual

ou superior a 80 anos (440.

Em uma revisão sistemática de 11 estudos de coorte ou casos-controle a cerca dos fatores

de risco para quedas em ambiente hospitalar foram levantados como os mais freqüentes:

alteração do estado mental, em especial os estados de confusão e desorientação (9/11), uso

de medicações como sedativos, tranqüilizantes e benzodiazepínicos (4/11), limitações de

mobilidade, como distúrbios de marcha, equilíbrio e fraqueza muscular (4/11), história de

quedas (4/11), necessidade especial com toalete ou eliminações (4/11), idade avançada

(4/11), necessidade de dispositivos de auxílio a mobilidade (3/11) e fraqueza geral, tontura,

depressão e tempo maior de hospitalização (2/11). Os fatores de menor relevância foram

mês da internação, ter tido três ou mais transferências de unidade, sonolência, abuso de

drogas, terapia endovenosa, condições médicas gerais, anemias, condições pós-

operatórias, evidência de estado confusional agudo, dentre outros. Os autores concluem que

as intervenções a serem priorizadas nos idosos hospitalizados são aquelas direcionadas a

identificar e tratar as limitações relacionadas ao estado mental e ás alterações de mobilidade

(15).

As principais causas de quedas estão dispostas no Quadro 2. Há, no entanto, uma grande

dificuldade em estabelecer uma única causa, visto que a etiologia das quedas nos idosos é

em geral multifatorial, particularmente nos idosos frágeis. Mas, a busca ativa de causas que

levaram o idoso a cair é fundamental para que uma intervenção apropriada seja realizada.

Page 62: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 62

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Quadro 1- Fatores de risco, classificados de acordo com o peso da evidência, além da

classificação de acordo com o tipo de queda.

Fatores Sócio-demográficos Peso da evidência e tipo de queda

Sexo feminino Alto (acidentais, recorrentes e com lesões

sérias)

Idade ≥ 75 anos Alto (acidentais, recorrentes e com lesões

sérias)

Ausência de Cônjuge Baixo (recorrentes)

Raça Branca Baixo (com lesões sérias)

Baixa Renda Baixo (acidentais)

Morar só Baixo (com lesões sérias)

Psico-Cognitivos

Declínio Cognitivo Alto (acidentais, recorrentes)

Depressão Baixo (acidentais)

Medo de Cair Baixo (recorrentes)

Condições de saúde/Doenças Crônicas

AVC prévio Alto (acidentais, recorrentes)

Diabetes Baixo (acidentais)

Queixa de Tontura Médio (acidentais e recorrentes)

Hipotensão Postural Baixo (recorrentes)

Baixo Índice de massa corpóreo Médio (acidentais, com lesões sérias)

Anemia Baixo (com lesões sérias)

Insônia Baixo (recorrentes, com lesões sérias)

Incontinência ou urgência miccional Médio (recorrentes, com lesões sérias)

Artrite/osteoartrose Baixo (acidentais)

História prévia de quedas Alto (recorrentes, com lesões sérias)

História prévia de fratura Alto (recorrentes, com lesões sérias)

Page 63: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 63

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Neuropatia Baixo (com lesões sérias)

Funcionalidade

Comprometimento em AVD Alto (acidentais,recorrentes, com lesões

sérias)

Necessidade de dispositivo de auxílio a marcha Baixo (acidentais)

Inatividade Alto (acidentais,recorrentes, com lesões

sérias)

Comprometimento sensorial

Comprometimento visual Moderado (acidentais,recorrentes,com

lesões sérias)

Equilíbrio corporal, marcha e mobilidade Alto (acidentais,recorrentes, com lesões

sérias)

Distúrbio neuromuscular

Fraqueza muscular de MMII Alto (acidentais, recorrentes)

Fraqueza muscular de preensão Alto (acidentais, recorrentes, com lesões

sérias)

Diminuição de reflexos Baixo (acidentais)

Dor em joelho ou quadril Baixo (acidentais)

Problemas nos pés Baixo (acidentais)

Tempo de reação Baixo (com lesões sérias)

Uso de medicações

Psicotrópicas :Benzodiazepínicos Alto (recorrentes, com lesões sérias)

Bloqueadores de canal de cálcio Baixo (com lesões sérias)

Analgésicos Baixo (com lesões sérias)

Número de medicações Alto (recorrentes, com lesões sérias)

Page 64: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 64

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Condição médica prévia

Hospitalizações Baixo (acidentais)

(se alta: fator presente na maioria dos estudos, se moderada: fator presente em boa parte

dos estudos, mas não na maioria e se baixa: fator presente em um ou dois estudos

apenas)

Quadro 2 – Causas de quedas em idosos: resumo de 12 estudos levantados por

Rubenstein, Josephson, 2002.

Acidentais ou relacionadas ao ambiente Distúrbios do equilíbrio e marcha

Fraqueza muscular Tontura e vertigem

Artrite Doenças agudas

Epilepsia Dor

Medicamentos Álcool

―drop attack‖ Confusão ou Delirium

Hipotensão Postural Distúrbios visuais

Queda da cama

Síncope

Para que este levantamento sobre as causas possa ser realizado de forma sistematizada,

faz-se necessário identificar todo o contexto, como mecanismo da queda, atividade que

estava sendo realizada no momento do evento, hora do dia ou noite, tipo de calçado, local

onde ocorreu a queda, e qualquer sinal ou sintoma pré ou pós-evento que possa ter

relevância na determinação do mesmo. Aspectos como se houve ou não perda da

consciência ou escurecimento da visão podem descartar síncopes.

Outros mecanismos envolvidos, como falseamento dos joelhos pode estar relacionado à

fraqueza muscular, osteoartrose de joelhos e ao drop attack; a sensação de tontura

relacionada à posição da cabeça ou a movimentos do corpo pode estar associada à

presença de disfunções vestibulares. O roteiro apresenta as principais perguntas a serem

realizadas na investigação do evento de queda. A queda pode ser o reflexo de uma doença

aguda como infecção urinária ou respiratória, arritmia cardíaca, acidente vascular encefálico,

delirium, dentre outras. A mesma pessoa pode cair em diferentes momentos por várias

Page 65: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 65

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

razões. A queda de causa desconhecida deve ser amplamente investigada até que um fator

ou vários fatores seja apontado como agentes etiológicos ou precipitantes do evento.

Nunca, especialmente, nos idosos que caem recorrentemente devê-se assumir como causa

aquela relacionada a um evento anterior. A busca sistematizada de fatores causais permite o

adequado manejo, previne novos eventos e trata doenças associadas, evitando

comorbidades e o escalonamento de incapacidades (26).

Roteiro sugerido para investigação do evento de queda: o Quantas vezes o Sr.(a) caiu no último ano? o Houve alguma conseqüência como fratura, luxação, trauma craniano ou escoriação,

contusão, corte? o Houve necessidade de procurar um médico ou serviço de emergência em um hospital? o O Sr. (a) restringiu suas atividades habituais por causa da queda? o Se sim, o Sr. (a) o fez por dor, insegurança, medo, dificuldade para andar, dentre outros. o Agora vamos falar sobre sua última queda. o O Sr. (a) sabe precisar quando ela ocorreu? o A queda aconteceu de dia ou de noite? o O evento ocorreu após a refeição? o Em que lugar aconteceu a queda? o Houve perda da consciência? o Que movimentos o Sr.(a) estava fazendo no momento da queda? Andando, levantando-se

da cadeira, inclinando-se, virando-se, etc. o Que atividade o Sr.(a) estava realizando no momento da queda? Tomando banho, andando

até o banheiro, voltando para o quarto, subindo no banquinho, calçando o chinelo, descendo do ônibus, dentre outras.

o Como a queda ocorreu? Desequilibrou-se, os joelhos falsearam, sentiu-se fraco subitamente, sentiu-se tonto ?

o Que parte do corpo bateu primeiro no chão ou no mobiliário? o Estava usando óculos ou aparelho auditivo (quando se aplicar)? o Como estava se sentindo antes de cair (na semana prévia)? Houve alguma modificação na

sua saúde? Como fraqueza generalizada, cansaço, apatia, falta de ar, problemas de memória, febre, taquicardia, dor no peito, etc.

o Houve alguma modificação na medicação usada habitualmente? Algum medicamento novo foi introduzido ou retirado? Fez uso de alguma medicação por conta própria?

o No último ano, o Sr.(a) esteve hospitalizado? o O Sr.(a) diria que tem tido maior dificuldade para andar dentro de casa, vestir-se, tomar

banho, andar fora de casa, ir ao banheiro em tempo, tomar remédios na hora certa ?

Com o objetivo de facilitar a exclusão de fatores causais foi proposto o algoritmo descrito

abaixo como um modelo para tomada de decisão clínica em relação ao diagnóstico. Levar

em conta a presença de fatores extrínsecos precipitantes. O crédito do evento a um fator

ambiental deve ser vastamente pesquisado. A exclusão de outros fatores intrínsecos pode

classificar o evento como tipicamente acidental (38).

Page 66: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 66

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Figura 1 - Algoritmo adaptado proposto pela OPAS,2002.

Avaliação do risco para quedas e testes de equilíbrio e marcha

Um screening de risco para quedas é um instrumento eficaz na identificação de idosos com

maior chance de sofrerem um evento no futuro. Deve ser realizado em todos os idosos

admitidos em hospitais, em assistência domiciliar, centro de reabilitação, instituições de

longa e curta permanência e em unidades de acompanhamento ambulatorial (15,42,46,50).

Nenhum instrumento aplicado de forma isolada é capaz de identificar idosos de risco para

quedas, assim como estratificar este risco. Uma combinação de instrumentos em geral

contidos na avaliação geriátrico-gerontológica abrangente deve ser utilizada como rastreio

para maior vulnerabilidade a quedas.

Page 67: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 67

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

É consenso que quanto maior o número de fatores de risco presentes maior será a chance

de queda. A queixa de dificuldade de equilíbrio e marcha, assim como as histórias prévias

de quedas têm sido apontadas como fatores de risco para idosos que vivem na comunidade.

Vários testes têm sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar funcionalmente o equilíbrio e

a marcha e busca estabelecer parâmetros para identificação de idosos com maior

suscetibilidade a cair. Dentre estes, destacam-se: Timed Up &Go Test (PODSIADLO &

RICHARDSON (1991), a escala de Equilíbrio de Berg - Berg Functional Balance Scale

(BERG et al., 1992), o POMA -– Performance-Oreinted Assessement of Mobility (TINETTI,

1986,1988) o Functional Reach e o Dynamic Gait Index (SHUMWAY-COOK et al. (1997).

As escalas de Berg, o POMA e o Dynamic Gait Index são testes funcionais de avaliação do

equilíbrio e da marcha que contém um maior número de tarefas motoras e necessitam de

um maior treinamento e expertise na sua aplicação. Em geral, são aplicados por

fisioterapeutas dentro de um espectro maior de avaliação físico-funcional de idosos. Todos

têm sido largamente apontados na literatura internacional como instrumentos válidos na

determinação de idosos com maior chance de quedas.

O POMA consiste de nove itens como contra-reação ao desequilíbrio aplicado ao esterno,

passar de sentado para de pé, virar 360 graus, os quais são categorizados em uma escala

de três pontos. A Berg Balance Scale foi desenvolvida para monitorar o desempenho dos

idosos quanto à tarefas motoras de equilíbrio em idosos, para identificar indivíduos que se

beneficiariam de um encaminhamento para fisioterapia e para prever quedas em idosos da

comunidade e institucionalizados (3,4,20). A escala consiste de 14 tarefas, categorizadas

numa escala ordinal de cinco pontos, que vai desde 0 - incapaz de realizar a tarefa, até 5 -

realiza de forma independente, baseada na qualidade e necessidade de assistência para

realizar a tarefa de forma assim como, no tempo para completar a prova. Os escores dos 14

itens são combinados em um escore total que vai de 0 a 56 pontos, com um escore maior

relacionado a um melhor desempenho. Os elementos do teste são representativos de

atividades do dia a dia como sentar, levantar, inclinar-se à frente, virar-se, dentre outros.

BERG et al.,1992 demonstraram que o escore de 45 ou menos foi preditivo de quedas

recorrentes em um estudo de meta-análise com 110 sujeitos.

O Índice dinâmico da marcha é composto por oito tarefas de deambulação que avaliam

velocidade e instabilidade na marcha durante o acelerar e desacelerar, em movimento de

rotação e flexo-extensão da cabeça, em movimentos de rotação axial do corpo, em

movimentos de ultrapassar e circundar obstáculos e em subir e descer degraus. Uma

pontuação de 19 ou menos foi associada a quedas em idosos na comunidade (47). Assim,

estratégias compensatórias devem ser elucidadas com objetivo de avaliar se são as mais

indicadas para dado paciente no seu contexto funcional diário. Assim, os fisioterapeutas

devem perguntar-se se seus pacientes estão utilizando as melhores estratégias dada suas

limitações primárias e se uma intervenção terapêutica poderia melhorar os mecanismos de

controle postural.

Page 68: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 68

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

O Timed up &go test é bastante simples e não exige nenhuma expertise específica,

necessitando apenas de um procedimento sistematizado que consiste em medir o tempo

gasto na tarefa de levantar-se de uma cadeira (a partir da posição encostada), andar 3

metros até um demarcador no solo, girar e voltar andando no mesmo percurso, sentado-se

novamente com as costas apoiadas no encosto da cadeira. a instrução dada é que o idoso

execute a tarefa de forma segura e o mais rapidamente possível. Os autores admitiram

como tempo normal para a realização da tarefa por adultos saudáveis, um tempo de 10

segundos; considera-se que 11 a 20 segundos sejam os limites normais de tempo para

idosos frágeis ou pacientes deficientes; mais de 20 segundos na execução da atividade é

considerado um valor indicativo da necessidade de intervenção adequada.

“Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos

Page 69: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 69

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

O diagrama acima tem como objetivo nortear as intervenções para idosos vivendo na

comunidade. A partir do levantamento da ocorrência de queda no último ano e da suspeita

de alterações de marcha ou equilíbrio, é necessária uma avaliação sistematizada por meio

de uma avaliação geriátrico-gerontológica abrangente e de avaliações do equilíbrio funcional

e da marcha, que em conjunto possam classificar os idosos em função risco de queda. A

partir daí, implementa-se intervenções específicas para cada grupo. O monitoramento

subseqüente diz respeito não só a ocorrência, a freqüência, a gravidade como também do

intervalo entre os eventos.

De forma geral preconiza-se que:

Todos os idosos devem ser perguntados quanto a ocorrência de qualquer evento no último

ano e rastreados quanto ao risco de quedas (13,22,23,44,45,46);

Todos os idosos devem ser classificados quanto ao grau do risco para que se possa

determinar o nível de intervenção a ser prescrita (39,42,46);

Devem-se enumerar todos os fatores de risco presentes e separá-los em modificáveis e não

modificáveis (39,36);

Deve-se avaliar o equilíbrio e a marcha, usando teste válidos e confiáveis de acordo com a

população estudada (21,26,36, 38,45,49);

Uma avaliação do evento de queda deve ser desencadeada para a busca sistematizada de

fatores etiológicos (21,38);

Deve-se atuar de maneira personalizada sobre os fatores de risco modificáveis,

estabelecendo intervenções baseadas em evidências;

É recomendável que se promovam intervenções multidimensionais. A intervenção isolada

tem pouco impacto sobre a diminuição no risco relativo de quedas. Não há comprovação de

que exercícios, adequação de medicação, ou adaptação ambiental isoladamente diminuam

o risco de queda (13 ,16,22,23, 46,50);

Programas multidimensionais bem-sucedidos incluem avaliação e aconselhamento médico e

ambiental, mudança na prescrição medicamentosa, exercícios individualizados, treino de

transferências posturais e de marcha e, encaminhamento a especialistas de acordo com a

necessidade (7,10, 16, 22, 23, 53);

Uma vez estabelecido um protocolo de intervenção, é imprescindível monitorar a ocorrência

de eventos, sua freqüência e a presença de conseqüências adversas ao menos

mensalmente. A melhor forma é utilizar o sistema do tipo calendário (13);

Estabelecer medidas educacionais visando à diminuição de comportamentos de risco (42);

Ensinar ao paciente como se levantar após uma queda (42);

Page 70: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 70

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Avaliar, quando necessário, o medo de cair e a percepção de auto-eficácia em atividades do

cotidiano (42);

Quando o paciente for identificado como sendo de alto risco e possuir um declínio cognitivo,

um sistema de vigilância contínua deve ser iniciado com a presença de alarmes sonoros ou

de cuidadores em tempo integral. A restrição ou contenção física deve ser evitada(42, 13);

As intervenções para prevenção de quedas são mais eficazes se forem direcionadas a

idosos de alto risco de cair e que vivem na comunidade. Seis de oito ensaios clínicos que

envolveram pessoas com estas características relataram uma significativa redução no risco

relativo de queda. Dois destes ensaios envolveram intervenções multidimensionais, dois

envolveram exercícios, um envolveu a redução no uso de medicações psicotrópicas e um

relacionou-se com a redução de riscos ambientais por meio da avaliação de uma terapeuta

ocupacional (13,) .

No entanto, há ainda dificuldades metodológicas que não permitem a adequada comparação

entre os estudos. Há estudos apontando que mesmo com intervenções multidimensionais,

que variam tremendamente entre os estudos, não se encontrou diferença entre o grupo que

sofreu intervenção e o grupo controle quanto ao número cumulativo de quedas, o número

médio de quedas e quanto à freqüência das quedas. Encontrou-se uma diferença

significante quanto ao intervalo entre os eventos de queda. Em uma meta-análise recente

envolvendo 12 estudos, os resultados apontam que houve uma redução de 4% na

ocorrência de quedas para os idosos que estavam no grupo de tratamento que receberam

várias e diferentes intervenções. Reforçou-se ainda que intervenções isoladas tem um

menor impacto na redução das quedas, independentemente da intervenção realizada, e que

os programas direcionados para idosos de risco mas, vivendo na comunidade têm maior

eficácia do que aqueles direcionados à idosos institucionalizados (22,23).

O quadro abaixo enumera intervenções específicas de acordo com evidências existentes na

literatura.

Quadro 4 – Intervenções recomendadas para tratamento de fatores de risco/ causas de

quedas em idosos

Fator de risco ou causa presente Intervenção

Fraqueza muscular de MMII

Programa de fortalecimento muscular de

quadríceps e dorsi-flexores de tornozelo.

Exercícios excêntricos são recomendados.

A eficácia é maior se forem realizados para

grupos de idosos de alto risco e se forem

supervisionados por fisioterapeuta

Page 71: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 71

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Distúrbio de equilíbrio

Distúrbios de marcha

Déficit visual

Déficit auditivo

Hipotensão Postural: queda

sintomática de 20 mmHg na PA

sistólica mensurada entre 1 a 5

minutos após ficar de pé a partir da

Treino de equilíbrio em relação à integração das

informações sensoriais, ao controle dos limites

de estabilidade, ao controle da rotação de tronco

e na eficácia das estratégias motoras.

Recomenda-se a prática de Tai Chi.

Podem ser realizados em casa mas, devem ser

monitorados por fisioterapeuta.

Adequação e ou prescrição de dispositivos de

auxílio à marcha. O treino de uso adequado é

recomendável.

Visita regular ao podólogo.

Adequação de lentes corretivas. Visita anual ao

oftalmologista.

Evitar o uso de lentes bifocais.

Acompanhamento cuidadoso do equilíbrio

corporal após cirurgia de catarata.

Prescrição e uso adequados do aparelho de

amplificação sonora.

Revisão da medicação, elevação da cabeceira

da cama, orientação de movimentos de MMII

antes de se levantar.

Page 72: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 72

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

posição deitada ou sentada

Uso de medicações psicotrópicas

Presença de riscos ambientais

Presença de queixa de tontura

Necessidades específicas nas

eliminações

Distúrbios de comportamento:

agitação psicomotora. Confusão

mental

Rever a necessidade de uso de anti-psicóticos,

anti-depressivos e benzodiazepínicos (curta e

longa duração). Prescrever um número reduzido

de medicações e levantar o uso de medicações

sem prescrição médica

Modificação ambiental só foi eficaz na redução

das quedas quando realizada após avaliação

feita por profissional de terapia ocupacional e

fornecido as adaptações necessárias.

Inquérito sobre tontura. Se presença de quadro

de tontura (vertigem, cabeça oca, flutuação,

afundamento, etc) encaminhamento ao

otoneurologista. Se diagnosticada síndrome

vestibular, implementar Reabilitação Vestibular.

Evitar ingesta hídrica antes de dormir.

Acender luz ao ir ao banheiro durante a noite ou

deixar luz noturna acesa.

Utilização de fraldas noturnas

Realizar reabilitação funcional do assoalho

pélvico.

Avaliar se há presença de quadro de estado

confusional agudo.

Adequar o ciclo vigília-sono.

Implementar medidas de higiene do sono.

Evitar eventos estressores.

Usar terapia de validação.

Page 73: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 73

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Doença de Parkinson,

parkinsonismo, acidente vascular

encefálico, artrite, neuropatias,

demência

Distúrbio de atenção: dificuldade

em dupla tarefa: motora e cognitiva

concomitantes

Evitar restrição física ou medicamentosa.

Vigilância contínua

Manejo farmacológico específico.

Fisioterapia especializada.

Avaliação específica do desempenho por meio

do Timed up &go modificado.

Treino de Equilíbrio associado ao treino cognitivo

Transtornos Mentais em Idosos

A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas,

mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração pois algumas alterações

nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há

alguns transtornos que são mais comuns em idosos como transtornos depressivos,

transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool. Além disso, os idosos

apresentam risco de suicídio e risco de desenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por

medicamentos.

Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos.

Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do

quadro apresentado pelo idoso.

Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais.

Esses fatores de risco incluem:

o Perda de papéis sociais

o Perda da autonomia

o Morte de amigos e parentes

o Saúde em declínio

o Isolamento social

Page 74: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 74

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

o Restrições financeiras

o Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma

forma lógica, com prejuízo na memória).

Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos

o Demência

o Demência tipo Alzheimer

o Demência vascular

o Esquizofrenia

o Transtornos depressivos

o Transtorno bipolar (do humor)

o Transtorno delirante

o Transtornos de ansiedade

o Transtornos somatoformes

o Transtornos por uso de álcool e outras substâncias

Demência

Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As

funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da

idade a demência torna-se mais freqüente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65

anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos.

Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência

na família, Sexo feminino

Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se.

Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva,

violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento

ilógico e alucinações.

As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência

adquirida (AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças

Page 75: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 75

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

inflamatórias. Na maioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas

primárias do sistema nervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos

pacientes com sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças

sistêmicas (doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de

medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão).

As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto

as mais comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.

Demência tipo Alzheimer

De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais

comum de demência. É mais freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por

um início gradual e pelo declínio progressivo das funções cognitivas. A memória é a função

cognitiva mais afetada, mas a linguagem e noção de orientação do indivíduo também são

afetadas. Inicialmente, a pessoa pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar

novas informações.

As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento,

idéia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos

violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe

de casa em uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas

como problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na

compreensão do que lhe é falado.

O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As técnicas de

imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser

úteis.

O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das

perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas.

Demência vascular

É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da

demência tipo Alzheimer mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante.

Pode ser prevenida através da redução de fatores de risco como hipertensão, diabete,

tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e

fluxo sangüíneo cerebral.

Esquizofrenia (esquizofrenia e outras psicoses)

Page 76: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 76

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a

vida. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65

anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos

acentuada à medida que o paciente envelhece.

Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico,

alucinações e afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com

drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico com cautela.

Transtornos depressivos

A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser

viúvo ou viúva e ter uma doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos

transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários

episódios repetidos.

Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono

especialmente despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite,

perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um aspecto importante no

quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada sobre as queixas somáticas.

Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de síndrome

demência da depressão que pode ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a

depressão pode estar associada com uma doença física e com uso de medicamentos.

Transtorno bipolar (transtornos do humor)

Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e

incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração,

impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool. Pode haver um

comportamento hostil e desconfiado. Quando um primeiro episódio de comportamento

maníaco ocorre após os 65 anos, deve-se alertar para uma causa orgânica associada. O

tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada pelo médico.

Transtorno delirante

A idade de início ocorre por volta da meia-idade mas pode ocorrer em idosos. Os sintomas

são alterações do pensamento mais comumente de natureza persecutória (os pacientes

Page 77: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 77

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

crêem que estão sendo espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo

assediados). Podem tornar-se violentos contra seus supostos perseguidores, trancarem-se

em seus aposentos e viverem em reclusão. A natureza dos pensamentos pode ser em

relação ao corpo, como acreditar ter uma doença fatal (hipocondria).

Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos vulneráveis e pode ser precipitado

pela morte do cônjuge, perda do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias

financeiras adversas, doenças médicas que debilitam ou por cirurgia, comprometimento

visual e surdez.

As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças psiquiátricas que devem

ser descartadas como demência tipo Alzheimer, transtornos por uso de álcool, esquizofrenia,

transtornos depressivos e transtorno bipolar. Além disso, podem ser secundárias ao uso de

medicamentos ou sinais precoces de um tumor cerebral.

Transtornos de ansiedade

Inclui transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse agudo e de

estresse pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias.

Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período intermediário da idade

adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos.

As características são as mesmas das descritas em transtornos de ansiedade em outras

faixas etárias.

Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o desenvolvimento de

ansiedade após um estressor importante. O transtorno de estresse pós-traumático

freqüentemente é mais severo nos idosos que em indivíduos mais jovens em vista da

debilidade física concomitante nos idosos.

As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e

compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um

pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em

idosos, embora geralmente seja possível encontrar esses sintomas em pessoas que eram

mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas. Tornam-se excessivos em seu

desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de manter rotinas. Podem ter

compulsões para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e

rígidos.

Transtornos Somatoformes

Page 78: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 78

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e

tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que

são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo

à capacidade do paciente para funcionar em papéis sociais e ocupacionais. Nesses

transtornos, os fatores psicológicos são grandes contribuidores para o início, a severidade e

a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente.

A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais freqüente

entre 40 e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que

eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo

paciente. Ao tratamento, deve-se dar um enfoque psicológico ou farmacológico.

Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias

Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma história de

consumo excessivo que começou na idade adulta e apresenta uma doença médica,

principalmente doença hepática. Além disso, um grande número tem demência causada

pelo álcool.

A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os

pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para

garantirem uma noite de sono.

A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal,

depressão e desnutrição.

Depressão

Sinônimos e nomes relacionados:

Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda tipos

diferenciados de depressão, como depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica,

depressão endógena, melancolia, depressão sazonal.

O que é a depressão?

Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa,

deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e mulheres,

de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais

afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem características particulares,

sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente.

Page 79: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 79

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Como se desenvolve a depressão?

Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível haver clareza

sobre quais acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das

reações depressivas normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é

possível localizar o evento desencadeador.

As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença.

Deve-se a questões constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos

(neurotransmissores cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como:

o Estresse

o Estilo de vida

o Acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família,

climatério, crise da meia-idade, entre outros.

Como se diagnostica a depressão?

Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo

menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim. O

mais importante é saber como a pessoa se sente, como ela continua organizando a sua vida

(trabalho, cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e

como ela está se relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se

iniciar um tratamento médico eficaz.

O que sente a pessoa deprimida?

Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado, desanimado,

abatido ou " na fossa ", com " baixo-astral ". Muitas pessoas com depressão, contudo,

negam a existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por

um sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os

outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas médicas que as

justifiquem. Pode ocorrer também uma perda de interesse por atividades que antes eram

capazes de dar prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros

sociais e prática de esportes. Tais eventos deixam de ser agradáveis. Geralmente o sono e

a alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o

oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em relação ao sono pode ocorrer

insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da

noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a dormir. São

comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por

algum outro problema físico.

Como é o pensamento da pessoa deprimida?

Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas deprimidas são os de se

sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por

Page 80: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 80

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

acontecimentos do passado. Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam os

indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter ainda dificuldade em pensar,

sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para tomar decisões antes corriqueiras,

sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os efeitos "catastróficos" de suas

possíveis decisões erradas.

Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio

Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já

morreram, ou na sua própria morte. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com

tentativas de se matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento,

sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-

se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja uma das

principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem

solitariamente. É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da

depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em

melhorar naquelas pessoas que não iniciam um tratamento médico adequado.

Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos pessoais

Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é difícil iniciar

o dia, pelo desânimo e pela tristeza ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode

tornar-se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros

afazeres podem tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis,

dependendo da gravidade dos sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras

pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuar-se, inclusive

com a diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e por convívio social podem

fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de ajuda médica.

Como se trata a depressão?

O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado à

intensidade dos problemas que a doença traz. Pode haver depressões leves, com poucos

aspectos dos problemas mostrados anteriormente, ou pode haver depressões bem mais

graves, prejudicando de forma importante a vida do indivíduo. De qualquer forma,

depressões leves ou mais graves necessitam de tratamento médico, geralmente

medicamentoso (com medicações antidepressivas), ou psicoterápico, ou a combinação de

ambos, de acordo com a intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos.

Doença de Alzheimer - Dúvidas Frequentes

O que é doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é a mais freqüente forma de demência entre idosos. É caracterizada

por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória,

Page 81: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 81

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de

realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de

realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem, mudança da personalidade e da

capacidade de julgamento.

Erroneamente conhecida pela população como ―esclerose‖ ou como o ―velhinho gagá‖ não

está relacionada com problemas circulatórios.

O que é demência?

Demência é um grupo de sintomas caracterizado por um declínio progressivo das funções

intelectuais, severo o bastante para interferir com as atividades sociais e do cotidiano. A

doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. A segunda causa mais freqüente

de demência é a demência por múltiplos infartos cerebrais, uma série de pequenos

derrames. A demência pode ocorrer também a partir de outras doenças do sistema nervoso

como a doença de Parkinson e a Aids.

O que é Demência Senil?

Demência Senil é um termo ultrapassado que foi usado para definir demências que ocorriam

em idosos.

Quantas pessoas sofrem de doença de Alzheimer?

Estima-se no Brasil 1 milhão e 200 mil pessoas.

A proporção de pessoas com a doença dobra a cada 5 anos a partir dos 65 anos de idade.

Qual é a idade da maioria das pessoas com doença de Alzheimer?

Na maioria das pessoas os sintomas iniciam depois dos 60 anos de idade.

Cerca de 3% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tem a doença mas quase a metade

das que tem 85 ou mais são acometidas. Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um

ano depois dos primeiros sintomas que costumam ser leves e confundidos como normais no

envelhecimento.

O que causa a doença de Alzheimer ?

Os cientistas ainda não sabem exatamente qual é a causa da doença de Alzheimer. O que

se sabe é que a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos complexos

que ocorrem no interior do cérebro.

A idade é o maior fator de risco para a doença. Quanto mais idade maior o risco.

Se uma pessoa da minha família tem Alzheimer eu tenho maior risco de ter a doença?

Page 82: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 82

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Existem dois tipos de doença de Alzheimer: a doença de Alzheimer familiar que ocorre em

adultos jovens e parece ter um caráter hereditário importante e a forma esporádica na qual o

fator hereditário não é óbvio.

Aproximadamente apenas 5 % da doença de Alzheimer é familiar e 95% esporádica.

Na forma familiar da doença de Alzheimer, vários membros de uma mesma geração são

afetados. Na forma esporádica a doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de

fatores que os cientistas ainda estão tentando determinar.

A idade é o fator de risco mais conhecido e importante para a forma esporádica da doença

de Alzheimer. Ter um familiar com Alzheimer aumenta o risco duas ou três vezes na forma

esporádica, mas não há como prever se você irá ter a doença ou não.

Fora a genética, que outros fatores contribuem para que a doença se desenvolva?

Se bem que a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja completamente esclarecida,

alguns pesquisadores sugerem que traumas cranianos repetidos, especialmente os com

perda da consciência no passado, processos inflamatórios cerebrais e o chamado ―stress

oxidativo‖ podem estar envolvidos na causa da doença.

São os homens ou as mulheres os mais afetados?

Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. Porém, como a expectativa de

vida das mulheres é pelo menos 5 anos superior a dos homens não se sabe se o risco está

no sexo em si ou no fato das mulheres viverem mais do que os homens.

De que modo os traumas cranianos podem contribuir para que a doença de Alzheimer se

desenvolva?

Alguns estudos sugerem que a pessoa que sofreu um trauma craniano com perda da

consciência no passado, têm duas vezes mais probabilidade de ter a doença, mas outros

estudos não confirmaram essa associação.

O nível educacional está relacionado com o risco de se ter à doença de Alzheimer?

Pesquisas sugerem que quanto maior o número de anos de educação formal que uma

pessoa tem, menor é a chance dela ou dele desenvolver a doença quando for idoso. Alguns

estudos sugerem que manter uma atividade intelectual como fazer palavras cruzadas por

exemplo pode reduzir a probabilidade de se adquirir a doença de Alzheimer.

Qual é a relação entre o alumínio e a doença de Alzheimer?

Uma das mais controvertidas hipóteses veiculada pela mídia é sobre a correlação entre o

alumínio e a doença de Alzheimer. Essa suspeita foi originada a partir da constatação de

que portadores da doença de Alzheimer possuíam traços de alumínio em seus cérebros.

Inúmeros estudos não foram capazes de demonstrar conclusivamente essa correlação. Não

se pode afirmar que esse metal desempenhe um papel na gênese da enfermidade. Algumas

pessoas, desinformadas ou mal intencionadas, baseiam seus pseudo-tratamentos, no

mínimo duvidosos como a quelação, apoiados nessa equivocada premissa.

Page 83: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 83

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Quais são os sintomas da doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e os sintomas agravam-se à medida

que o tempo passa. Mas é também uma doença cujos sintomas, sua gravidade e velocidade

variam de pessoa para pessoa.

Os sintomas mais comuns são :

o Perda de memória, confusão e desorientação.

o Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança.

o Alteração da personalidade e do senso crítico.

o Dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se.

o Dificuldade em reconhecer familiares e amigos.

o Dificuldade em tomar decisões.

o Perder-se em ambientes conhecidos.

o Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal.

o Dificuldades com a fala e a comunicação.

o Movimentos e fala repetitiva.

Perder memória não é normal em nenhuma idade. É comum à medida que vamos

envelhecendo. Problemas com a memória podem ser devidos a uma ampla gama de fatores.

É normal em qualquer idade esquecer de vez em quando nomes, compromissos ou objetos

como chaves, guarda-chuva etc... A causa pode ser: certos medicamentos (calmantes e

hipnóticos principalmente), estresse, distração, tristeza, cansaço, problemas de visão ou

audição, uso de álcool, uma doença grave ou a tentativa de se lembrar de muitas coisas ao

mesmo tempo.

Como a doença de Alzheimer é diagnosticada?

A doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza através do exame

microscópico do tecido cerebral por biópsia ou necropsia, para demonstrar a presença das

lesões características: as placas neuríticas e os novelos neurofibrilares em certas áreas do

cérebro. Os médicos podem fazer o diagnóstico de ―possível‖ ou ―provável‖ doença de

Alzheimer.

Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao diagnóstico: uma história médica

completa, testes para avaliar a memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e

concentração e das habilidades em resolver problemas e nível de comunicação. Testes

Page 84: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 84

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

laboratoriais como exames de sangue e urina são usados para excluir outras causas de

demência, algumas delas passíveis de serem curadas.

Exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética,

spect e pet, são utilizados para determinar o tipo de demência e/ou avaliar sua gravidade.

Qual o nível de certeza do diagnóstico clínico?

Médicos experientes em doença de Alzheimer fazem o diagnóstico correto em cerca de 90%

dos casos.

Quais as outras doenças que têm sintomas parecidos com a doença de Alzheimer?

Tumores cerebrais, derrames, depressão maior, doenças da tireóide, o uso de certos

medicamentos, problemas nutricionais, e outras condições podem imitar os sintomas da

doença de Alzheimer. O diagnóstico precoce aumenta em muito a chance de se tratar essas

doenças com sucesso.

Esquecer onde coloquei as chaves, óculos é um processo natural do envelhecimento ou da

doença de Alzheimer?

A depressão pode comprometer a concentração, causar distúrbios do sono que levam à

perda de memória em pessoas não portadoras de doença de Alzheimer.

Pessoas nas fases iniciais da doença de Alzheimer freqüentemente apresentam

comprometimento da memória. Podem ter dificuldades em lembrar de eventos recentes, de

atividades, de pessoas familiares e de objetos. A perda de memória que se associa com a

doença de Alzheimer acaba por interferir seriamente na execução das atividades da vida

diária.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas

corretamente, retardando a evolução da doença e assim oferecer uma oportunidade digna

para a pessoa portadora da doença de Alzheimer poder inclusive, tomar parte nas decisões

que lhe diz respeito , especialmente na fase inicial da enfermidade.

Existem fases ou estágios na doença de Alzheimer?

Existem 4 fases:

Na fase inicial os sintomas mais importantes são:

perda de memória, confusão e desorientação.

ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança.

alteração da personalidade e do senso crítico.

Page 85: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 85

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se.

alguma dificuldade com ações mais complexas como cozinhar, fazer compras, dirigir,

telefonar.

Na fase intermediária os sintomas da fase inicial se agravam e também pode ocorrer:

dificuldade em reconhecer familiares e amigos.

perder-se em ambientes conhecidos.

alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária

dificuldades com a fala e a comunicação.

movimentos e fala repetitiva.

distúrbios do sono.

problemas com ações rotineiras.

dependência progressiva.

vagância.

Início de dificuldades motoras.

Na fase final:

Dependência total.

Imobilidade crescente.

Incontinência urinária e fecal.

Tendência em assumir a posição fetal.

Mutismo.

Restrito a poltrona ou ao leito.

Presença de úlceras por pressão (escaras).

Perda progressiva de peso.

Infecções urinárias e respiratórias freqüentes.

Término da comunicação.

Page 86: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 86

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Na fase terminal:

Agravamento dos sintomas da fase final

Incontinência dupla

Restrito ao leito

Posição fetal

Mutismo

Úlceras por pressão

Alimentação enterall

Infecções de repetição

Morte

A partir do diagnóstico, quanto tempo uma pessoa com doença de Alzheimer tem de vida?

Pessoas com doença de Alzheimer podem viver por muitos anos e freqüentemente morrem

de pneumonia. A duração da doença pode ser de 20 anos ou mais. A média de vida varia

entre 4 a 8 anos.

Por que as pessoas com a doença de Alzheimer costumam morrer de pneumonia?

Realmente a pneumonia é uma das principais causas de morte em pacientes com doença

de Alzheimer.

O primeiro fator se relaciona com a idade uma vez que na maioria das vezes as pessoas

acometidas são idosas.

O sistema imunológico normalmente está comprometido facilitando a ocorrência de

infecções, especialmente as respiratórias e urinárias.

O estado nutricional e o nível de hidratação também desempenham um papel decisivo .

É imperioso que esses pacientes estejam bem nutridos seja com o uso de suplementos ou

com medidas dietéticas eficazes.

A questão da comunicação se soma a esses fatores uma vez que podem não se queixar de

frio,fome, sede etc.

Nas fases mais adiantadas o paciente se movimenta menos, os sintomas motores começam

a aparecer e a imobilidade propicia a instalação de infecções pulmonares, muitas vezes

fatais.

Page 87: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 87

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Esse fato demonstra a importância dos cuidados gerais uma vez que essa complicação

pode ser evitada.

Como a doença de Alzheimer é tratada?

Não existe nenhuma droga que garanta a cura, ou que interrompa definitivamente o curso da

doença de Alzheimer.

Uma parcela dos doentes, especialmente nas fases iniciais e intermediárias, pode se

beneficiar de alguns medicamentos específicos.

Outros medicamentos podem ajudar a controlar distúrbios de comportamento, insônia,

agitação, vagância, ansiedade e depressão. O tratamento correto desses sintomas deixam o

paciente e seu cuidador mais tranqüilos e confortáveis. Há ainda uma outra gama de opções

de drogas que podem colaborar no retardamento da doença. Várias drogas encontram-se

em experiência em laboratórios por todas as partes do mundo.

Existe uma vacina contra a doença de Alzheimer?

Não há uma vacina disponível para a doença de Alzheimer. Essa abordagem está sendo

investigada e é muito promissora. A vacina estimularia o sistema imunológico para

reconhecer, detectar e evitar a formação das placas neuríticas e da deposição de amilóide,

substância tóxica para os neurônios.

Os antiinflamatórios não hormonais podem tratar a doença de Alzheimer?

Existem fortes evidências de que a doença de Alzheimer está associada com processos

inflamatórios cerebrais e que esse tipo de droga pode ajudar.

Alguns cientistas defendem a tese de que pessoas com alto risco de desenvolverem a

doença poderiam evitar ou no mínimo retardar a evolução utilizando essa estratégia

terapêutica. Casos de evolução muito rápida seriam candidatos naturais a esse tipo de

abordagem. Os efeitos colaterais são muitos e bastante sérios fazendo com que esses

pacientes devam ser acompanhados com muito cuidado e sob estrita supervisão médica.

A reposição hormonal pode ser usada para tratar a doença de Alzheimer?

Várias pesquisas estão sendo conduzidas no sentido de determinar se a administração de

estrógenos retarda a evolução e/ou reduz o risco de se desenvolver a doença.

Estudo recente concluiu que a administração de estrógeno em conjunto com progesterona

aumentou o risco da doença em duas vezes quando comparada com o grupo que não fez

uso da medicação.

Existem compostos como as isoflavonas que mimetizam a ação dos hormônios femininos.

Parece que, por serem naturais, obtidos através da soja, beneficiam os pacientes sem

apresentar os efeitos indesejáveis dos hormônios.

Mais estudos precisam ser realizados mas essa não deixa de ser uma opção interessante.

Page 88: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 88

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

O colesterol alto representa algum risco para a doença de Alzheimer?

Recentemente alguns estudos sugerem fortemente a associação de níveis elevados de

colesterol com a doença de Alzheimer. Atualmente estão em curso estudos controlados para

determinar se essa correlação é verdadeira. Por outro lado, sabe-se que o colesterol sérico

elevado é comprovadamente um importante fator de risco para doenças cardiovasculares

devendo ser tratado independente dessa possível correlação.

É verdade que alguns nutrientes e vitaminas devem ser administradas em conjunto com o

tratamento convencional?

Existem demências relacionadas com níveis baixos de vitaminas do complexo B,

especialmente a vitamina B12, B1 e ácido fólico. Estudos recentes demonstraram que

pacientes com doença de Alzheimer apresentam níveis elevados de Homocisteína

(substância passível de ser quantificada por exame de sangue). Essa substância estaria

relacionada com a teoria do ―stress oxidativo‖ e seus níveis podem ser controlados com

orientação nutricional e/ou com a administração de folato. Com base nesse mesma teoria, a

suplementação de Vitamina C e de Vitamina E pode resultar em neuroproteção.

Como o familiar e cuidador (a) pode encontrar informações e ajuda sobre a doença?

A informação correta associada à solidariedade ainda são as armas mais poderosas no

enfrentamento dessa grave questão humana e de saúde pública. Um site foi construído

exatamente para preencher essa lacuna definitivamentewww.alzheimermed.com.br

Bibliografia/Links Recomendados

Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento. Porto Alegre, v.1, p. 77-89, 1999.

Scharfstein, Eloísa Adler. A construção da identidade social de uma pessoa idosa

através do discurso.

Moreira, Marilda Maria da Silva. Trabalho, qualidade de vida e envelhecimento.

Hall, Stuart. A Identidade em Questão.

MERCADANTE, E. Aspectos antropológicos do envelhecimento. In: PAPALÉO

NETTO, M. Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 73-76.

FLECK, J.S., KRAEMER, W.J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular.

Editora Artmed, 2ª Edição, São Paulo. 1997.

BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders.

Human Kinetics, United States of America. 2003.

Page 89: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 89

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness

professionals. Human Kinetics, United States of America. 1998.

Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-

4258.

ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and Mobility Training Program.

Human Kinetics, United States of America. 2003.

COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA – Posicionamento Oficial

Exercício e Atividade Física para pessoas idosas.

Alexander BH, Rivara FP, Wolf ME. The cost and frequency of hospitalization for fall-related injuries in older adults. Am J Public Helath 1992;82:1020-3.

Aoyagi K, Ross PD, Davis JW, Wasnich RD, Hayashi T, Takemoto T. Falls among

community-dwelling elderly in Japan. Journal of Bone and Mineral Research 1998;

13(9):1468-1474.

Berg KO, Wood-dauphinee SL, Williams JT, Maki B. Measuring Balance in the elderly:

validation of na

instrument. Can J Public Health 1992; 83:S7-S11.

Berg KO, Maki BE, Williams JL. et al. Clinical and laboratory measures of postural

balance in an elderly

population. Arch Phys Med Rehabil 1992; 73:1073-1080.

Bergland A, Pettersen AM, Laake K. Falls reported among elderly Norwegians living at

home. Physioterapy

Res. Int 1998;3(3):164-74.

Campbell AJ, Borrie MJ, Spears GF. Risk factors for falls in a community-based

prospective study of people 70 years and older. Journal of Gerontology: Medical Sciences

1989; 44(4):M112-M117.

Carter ND, Kannus P, Khan KM. Exercise in the prevention of falls in older people: a

systematic literature

review examining the rationale and the evidence. Sports Med 2001; 31(6):427-38.

Centers for Disease Control and Prevention.CDC Recommendations Regarding

Selected Conditions Affecting Women’s Health.MMWR 2000;49(no. RR-2).

Chaimowicz F, Ferreira TJXM, Miguel DFA. Uso de mdeicamentos psicoativos e seu

relacionamento com quedas em idosos. Rev. Saúde Pública 2000;34(6):631-35.

Page 90: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 90

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Close J, EllisM, Hooper R, et al. Prevention of Falls in the Elderly trial (PROFET): a

randomized contolled

trial. Lancet 1999; 353:93-7.

Coutinho ESF, da Silva SD. Uso de medicamentos como fator de risco para fratura

grave decorrente de queda em idosos. Cad. Saúde Pública 2002; 18(5):1359-1366.

Cumming RG, Thomas M, Szonyi G, et al. Home visits by an occupational therapist for

assessment and

modification of environmental hazards: a randomized trial of falls prevention. J AM Geriatr

Soc 1999;47:1397-402.

Cumming RG. Intervention strategies and risk-factor modification for falls prevention: a

review of recent

interventions studies. Clinics in Geriatric Medicine 2002;18(2).

Daubney ME, Gulham EG. Lower-Extremety Muscle Force and Blance Performance in

Adults Aged 65 years and older. Physical Therapy 1999; 79(12):1177-1185.

Evans D, Hodgkinson B, Lambert L, Wood J. Fall risk factors in the hospital setting: a

Systematic Review.

International Journal of Nursing Practice 2001; 7:38-45.

Feder G, Cryer C, Donovan S, Carter Y. Guidelines for the prevention of falls in people

over 65. BMJ 2000; 321(21):1007-11.

Gillespie LD, Gillespie WJ, Cumming R, Lamb SE, Rowe BH. Interventions for

preventing falls in the Elderly (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2000.

Graafmans WC, Ooms, ME, Hofstee HMA, Bezemer PD, Bouter LM, Lips P. Falls in

the elderly: A prospective study of risk factors and risk profiles. Am. J. Epidemiol

1996;143(11):1129-1136.

Grisso JA, Schwarz DF, Wolfson V, Polansky M, Lapann K. The impact of falls in an

inner-city elderly African-american population. JAGS 1992;40(7):673-78.

Harada N, Chiu V, Damron-Rodriguez J et al. Screening for balance and mobility

impairment in elederly individuals living in residential care facilities. Physical Therapy 1995;

75:462-69.

Hill K, Schwarz J, Flicker L, Carrol S. Falls among healthy, community-dwelling older

women: a prospective study of frequency, circunstances, consequences and prediction

accuracy. Australian and New Zealand Journal of Public Health 1989;23(1):4148.

Page 91: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 91

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Hill-Westmoreland EE, Soeken K, Spellbring AM. A meta-analysis of fall prevention

programs for the

elderly:how effective aret they? Nurs Res 2002; 51(1):1-8.

Hogan DB, MacDonald FA, Betts J, Bricker S, Delarue B, Hunter M et al. A

ramdomized controlled trial of a community-based consultation service to prevent falls.

Canadian medical Association Journal 2001; 165(5).

Kannus P, Parkkari J, Niemi S, Pasanen M, Palvanen M, Järvinen M, Vuori I.

Prevention of Hip Fracture in Elderly People with use of a Hip Protector. The New England

Journal of Medicine 2000;343(21):1506-1513.

Kellog International Work Group on the Prevention of Falls by the Elderly. The

prevention of falls in later

life. Dan. Med. Bull 1987;34(4):1-24.

King MB. Evaluating the older person who falls. In: Masdeu JC, Sudarsky L,Wolfson L.

Gait disorders of aging: falls and therapeutic strategies, Lippincott-Raven, Philadelphia, 1997,

p.297-307.

Koski K, Luukinen, Laippala LK. Physiological factors and medications as predictors of

injurious falls by eldelry people: a prospective population-based study. Age and Ageing 1996;

25:29-38.

Lachman ME, Howland J,Tennstedt S, Jette A, Assmann S,.Peterson EW. Fear of

falling and activity restriction: the survey of activities and fear of falling in the elderly (SAFE).

Journal of Gerontology:Psychological Sciences 1998;53B(1):P43-P50.

Langlois JA, Smith GS, Nelson DE, Sattin RW, Stevens JA, De Vito CA.Dependence

in activities of daliy living as a risk factor for fall injury events among older people living in the

community. JAGS 1995;43(3):275-78.

LaStayo PC, Ewy GA, Pierotti DD, Johns RK, Lindstedt S. The Positive effect of

negative Work: increased

Muscle Strength and decreased Fall risk in a Frail Elderly Population. Journal of

Gerontology: Medical Sciences 2003; 58A(5):419-24.

Legters K. Fear of Falling. Physical Therapy 2002; 82(3):264-272.

Leipizig RM, Cumming RG, Tinetti, ME. Drugs and Falls in older people: a systematic

review and meta-analysis. Psycotropic drugs. J.A. Geriatr Soc 1999;47:30-9.

Lord SR, Ward JA, Williams P. The effect of a 12-month exercise trial on balance,

strength, and falls in older women: a randomized controlled trial. J Am Geriatr Soc. 1995;

43:1198-206.

Page 92: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 92

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Lundin-Olsson NL, Nyberg L, Gustafson Y. Attention, Frailty, and falls: the effect of a

manual task on basic mobility. JAGS. 1998;46(6):758-61.

Nevitt MC, Cummings SR, Hude ES.Risk factors for injurious falls: a prospective

study. Journal of Gerontology:Medical Sciences 1991; 46(5):M164-M170.

Nevitt MC. Falls in the elderly: risk factors and prevention. In: Masdeu JC, Sudarsky

L,Wolfson L. Gait disorders of aging: falls and therapeutic strategies, Lippincott-Raven,

Philadelphia, 1997,p.13-36.

O’Loughin JL, Robitaille Y, Boivin JF, Suissa S. Incidence of and risk factors for falls

and injurious falls among the community-dwelling elderly. American Journal of Epidemiology

1993;137(3):342-354.

OPAS. Guia Clínica para Atención Primaria a las personas Adultas Mayores,

405p,2002.

Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos

residents na comunidade.Revista de Saúde Pública 2002;36(6):709-16.

Podsiadlo D, Richardson S. The Timed ―Up & Go‖: a test of basic functional mobility

for frail elderly persons. J Am Geriatr Soc 1991; 39:142-148.

Province MA, Hadley EC, Hornbrook MC, et al. The Effects of exercise on falls in the

elderly patients: a preplanned meta-analisys of the FICSIT trials. JAMA 1995;273:1341-7.

Registered Nurses Association of Ontario. Prevention of fall injuries in the older adult.

In: Nursing Best Practice Guideline, 2002

Rosa TEC, Benício MHD, Latorre MDR, Ramos LR. Fatores determinantes da

capacidade funcional entre idosos. Rev. Saúde Pública 2003;37(1):40-8.

Rubeinstein LZ, Josephson KR. The Epidemiology of falls and syncope. Clin Geriatr.

Med 2002; 18:141-158.

Rubenstein LZ, Powers C, MacLean CH. Quality Indicators for the Management and

Prevention of Falls and Mobility Problems in Vulnerable Elders. Ann Intern Med

2001;135:686-693.

Rubeistein ZL,Robbins AS,Josephoson KR, Schulman BL, Osterweild D. The value of

assessing falls in an elderly population: a randomized clinical trial. Ann Intern Med

1990;113(4).

Shumway-Cook A et al. Predicting the probability for falls in community-dwelling older

adults. Phys Therapy 1997; 77:812.

Swauger K, Tomlin C. Best Care for the Elderly at Forsyth Medical Center. Geriatric

Nursing 2002; 23(3):145-150.

Page 93: Apostila de cuidador

ANHANGUERA EDUCACIONAL /OAB SANTO ANDRÉ 93

PROFº ENFº GILBERTO DE JESUS

Tinetti ME, Speechley M. Prevention of falls among the elderly. N Engl J Med

1989;320:1055-9.

Tinetti ME, Baker DI, McAvay G et al.A multifactorial intervention to reduce the risk of

falling among elderly people living in the community. N Engl J Med 1994;331:821-7.

Tinetti ME, Speechley M, Ginter SF. Risk factors for falls among elderly persons living

in the community. N Engl J Med 1988;319:170-7.

Tromp AM, Smit JH, Deeg LM, Bouter Lm, Lips,P. Predictors for falls and fractures in

the longitudinal agingstudy Amsterdam. Journal of Bone and Mineral Research

1998;(12):1932-39.

Wolf SL, Barnhart HX, Kutner NG, et al. Reducing frailty and falls in older persons: an

investigation of Tai Chi and computerized balance training. J Am Geriatr Soc 1996; 44:489-

97.

Vellas JB, Wayne SJ, Garry PJ, Baumgartner RN. A Two-year longitudinal study of

falls in 482 community- dwelling elderly adults. Journal of Gerontology: Medical

Science.1998;53A(4):M264-M274.