a regionalização da saúde no estado de mato grosso: o ... · descritores: 1.regionalização...

209
NEREIDE LÚCIA MARTINELLI A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o processo de implementação e a relação público-privada na região de saúde do Médio Norte Mato-grossense Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências Programa de Medicina Preventiva Orientadora: Profa. Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (Versão corrigida. Resolução CoPGr 6018/11, de 1 de novembro de 2011. A versão original está na Biblioteca da FMPUSP) São Paulo 2014

Upload: others

Post on 28-Mar-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência

NEREIDE LUacuteCIA MARTINELLI

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do

Meacutedio Norte Mato-grossense

Tese apresentada agrave Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Ciecircncias

Programa de Medicina Preventiva

Orientadora Profa Dra Ana Luiza DrsquoAacutevila Viana

(Versatildeo corrigida Resoluccedilatildeo CoPGr 601811 de 1 de novembro de 2011 A versatildeo

original estaacute na Biblioteca da FMPUSP)

Satildeo Paulo

2014

2

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)

Preparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

reproduccedilatildeo autorizada pelo autor

Martinelli Nereide Luacutecia

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte

Mato-grossense Nereide Luacutecia Martinelli -- Satildeo Paulo 2014

Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

Programa de Medicina Preventiva

Orientador Ana Luiza DrsquoAacutevila Viana

Descritores 1Regionalizaccedilatildeo 2Poliacutetica de sauacutede 3Sistema Uacutenico de Sauacutede

4Planejamento em sauacutede 5Assistecircncia agrave sauacutede 6Investimentos em sauacutede

7Anaacutelise qualitativa 8Anaacutelise quantitativa 9Entrevista

USPFMDBD-24714

AGRADECIMENTOS

Este momento eacute muito especial e estou muito feliz por mais esta formaccedilatildeo Foi

prazeroso fazer esta pesquisa Estive motivada o tempo todo Tudo valeu

Agradeccedilo agrave minha orientadora Dra Ana Luiza DrsquoAacutevila Viana a quem admiro

pela habilidade competecircncia e sabedoria ao conduzir-me neste aprendizado Seus

conhecimentos e entusiasmo pela pesquisa sem duacutevida me estimularam para querer

aprender mais e querer fazer melhor Obrigada Vocecirc foi generosa confiando e

acreditando que posso contribuir

Ao professor Joatildeo H G Scatena amigo de trabalho a quem da mesma forma

admiro pelo conhecimento e pela pessoa que eacute Seu profissionalismo simplicidade e

dedicaccedilatildeo satildeo admiraacuteveis Obrigada pela amizade e apoio

Ao meu querido sobrinho Vinicius que me acolheu com tanto carinho em sua

residecircncia em Satildeo Paulo Obrigada vocecirc foi companheiro

Agrave minha matildee Terezinha ao meu pai Antelmo (in memoriam) agrave minha irmatilde

Cristina aos meus irmatildeos Vanderci e Luiz obrigada pelo apoio e dedicaccedilatildeo que me

oferecem por acreditarem em mim e naquilo que faccedilo e por todos os ensinamentos de

vida Ao meu cunhado Jorge obrigada pelo apoio vocecirc foi muito gentil

Ao Geraldo marido amado e companheiro obrigada pela dedicaccedilatildeo a mim

dispensada em todos os momentos desta minha trajetoacuteria de estudo Seu incentivo e

apoio foram determinantes

Aos meus filhos Leonardo e Victor meus priacutencipes e diamantes da minha vida

obrigada por sempre me incentivarem Desculpem-me pelas vezes que precisei privaacute-

los de nossos momentos em famiacutelia

Compartilho com toda minha famiacutelia esta minha vitoacuteria Vocecircs me fortaleceram

para lutar pelo meu objetivo

4

Aos profissionais entrevistados Edna Roberto Claudete Luciana Eli Marcos

Gleice Andreia Clestiane Amarante Nivea a Sueli Coutinho e Juliano obrigada

Vocecircs foram receptivos A todos vocecircs agrave equipe do ERS Tangaraacute da Serra e aos

Secretaacuterios Municipais de sauacutede da regiatildeo obrigada A vocecircs dedico todo este

trabalho

SUMAacuteRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL 17

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO 36

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 57

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA

REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 77

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 93

61 O complexo regional 93

62 Institucionalidade da regiatildeo 109

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 132

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 143

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

10 REFEREcircNCIAS 171

6

LISTA DE SIGLAS

AIH Autorizaccedilatildeo de Internaccedilatildeo Hospitalar

ANS Agecircncia Nacional de Sauacutede

CAP Caixas de Aposentadorias e Pensotildees

CAPS Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial

CGR Colegiado de Gestatildeo Regional

CIB Comissatildeo Intergestores Bipartite

CIES Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo

CIR Comissatildeo Intergestores Regional

CIS Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

CIT Comissatildeo Intergestores Tripartite

CMS Conselho Municipal de Sauacutede

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimento de Sauacutede

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFINS Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

CONASEMS Conselho Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CONASP Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria

CONASS Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede

COSEMS Conselho de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CRR Central Regional de Regulaccedilatildeo

EC-29 Emenda Constitucional 29

ERS Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS)

ESF Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

ESP Escola de Sauacutede Puacuteblica

FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviccedilo

IAP Institutos de Aposentadoria e Pensatildeo

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INAMPS Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia Social

INEMAT Instituto de nefrologia de Mato Grosso

INPS Instituto Nacional da Previdecircncia Social

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuteria

LOA Lei Orccedilamentaacuteria Anual

LOPS Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NOAS Norma Operacional da Assistecircncia a Sauacutede

NOB Normas Operacionais Baacutesicas

OS Organizaccedilatildeo Social

PAB Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

PACIS Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede

PACS Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PAREPS Plano de Accedilatildeo Regional para a Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede

PASCAR Programa de Apoio a Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais

PASF Programa de Apoio a Sauacutede da Famiacutelia

PDI Plano Diretor de Investimentos

PDR Plano Diretor da Regionalizaccedilatildeo

PES Plano Estadual de Sauacutede

PIAMAB Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica

PIB Produto Interno Bruto

PNEP Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

PPA Plano Plurianual

PPI Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

PSB Programa de Sauacutede Bucal

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PTA Plano Anual de Trabalho

RAS Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede

RGM Relatoacuterio de Gestatildeo Municipal

SADT Serviccedilo de Apoio Diagnoacutestico e Terapia

SIA Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais

SAMU Serviccedilo de Apoio a Urgecircncia-Emergecircncia

SECITEC Secretaria de Estado de Ciecircncia e Tecnologia

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SER SUS Sistema de Referecircncia Estadual

SES Secretaria de Estado de Sauacutede

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SIOPS Sistema de informaccedilotildees de orccedilamentos puacuteblicos de sauacutede

8

SISPPI Sistema de Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

SISREG Sistema Nacional de Regulaccedilatildeo

SMS Secretarias Municipais de Sauacutede

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCG Termo de Compromisso de Gestatildeo

TFD Tratamento fora do Domicilio

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UNIC Universidade de Cuiabaacute

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Piracircmide etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010 58

Figura 2 Regiotildees de sauacutede escritoacuterios regionais e respectivos municiacutepios

Mato Grosso 2012 80

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da

regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra 61

Tabela 2 Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e

seus componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008 62

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade

municipal (despesas totais) e despesas com recursos

exclusivamente municipais Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato

Grosso 2002 2005 e 2009 64

Tabela 4 Nuacutemero de estabelecimentos de sauacutede por categorias selecionadas e

tipo de prestador segundo municiacutepios da Regiatildeo de Sauacutede de

Tangaraacute da Serra 2010 66

Tabela 5 Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010 70

Tabela 6 AIH pagas (por 100 habitantes) em triecircnios segundo municiacutepio de

residecircncia e de internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Mato Grosso 2001-2009 71

Tabela 7 Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por

municiacutepio Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso

2000 2005 e 2010 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo

Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 2 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila

da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 3 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da

regionalizaccedilatildeo 13

Quadro 4 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 167

Quadro 5 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede

de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a

2011 168

Quadro 6 Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo

na regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede -

2006 a 2011 168

Quadro 7 Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no

periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 169

12

RESUMO

Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte Mato-

grossense [Tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2014

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute contemplada no artigo 198 da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 e eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs entes federativos para a

conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e a efetivaccedilatildeo do direito agrave sauacutede Na implementaccedilatildeo

do SUS a regionalizaccedilatildeo ganha destaque nos anos 2000 mas no Estado de Mato

Grosso a partir de 1995 a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da Secretaria de Estado da

Sauacutede definiu estrateacutegias para a implementaccedilatildeo do SUS por regiotildees de sauacutede e

fortaleceu as instacircncias puacuteblicas regionalizadas A partir de 2003 houve trocas

sucessivas do gestor estadual de sauacutede com repercussatildeo na maneira de conduzir a

poliacutetica estadual de sauacutede e apesar da institucionalidade anteriormente construiacuteda o

processo de regionalizaccedilatildeo sofre certa estagnaccedilatildeo O presente estudo de caso analisa o

processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico-privado no sistema de sauacutede da

regiatildeo do Meacutedio Norte do Estado no periacuteodo de 2006 a 2011 Tal recorte se justifica

pela ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede 2006 que contempla a regionalizaccedilatildeo Faz-se uso de

anaacutelise qualitativa das entrevistas realizadas com informantes-chave e se utiliza de

anaacutelise quantitativa de dados secundaacuterios Com essas informaccedilotildees pocircde-se caracterizar

os mecanismos e instrumentos adotados bem como as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no

sistema puacuteblico de sauacutede compreender como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a

interaccedilatildeo dos diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Na regiatildeo em estudo na vigecircncia do Pacto a SES preservou e criou novos incentivos

manteve o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede implantou leitos de UTI conservou o

convecircnio com o hospital municipal de referecircncia regional e sustentou os convecircnios com

cliacutenicas e laboratoacuterios de apoio diagnoacutestico do setor privado O CGR foi criado mas sua

governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo eacute parcial e embora seja um espaccedilo de

decisatildeo colegiada ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes e gera as mais

diversas consequecircncias na governanccedila da poliacutetica regionalizada O PDR e o PDI natildeo

foram atualizados a regulaccedilatildeo da assistecircncia que era desenvolvida pela regiatildeo foi

recentralizada a SES atrasou o repasse dos incentivos financeiros aos fundos

municipais de sauacutede e natildeo investiu na construccedilatildeo do hospital regional Apesar da

trajetoacuteria do Estado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede a estrutura da rede puacuteblica de atenccedilatildeo agrave

sauacutede natildeo se expandiu e as parcerias estabelecidas com o setor privado fortaleceram sua

participaccedilatildeo na rede de atenccedilatildeo e tecircm influenciado o sistema regional de sauacutede A

regiatildeo precisa da coordenaccedilatildeo do estado na conduccedilatildeo do processo de regionalizaccedilatildeo

sem a qual seu avanccedilo fica comprometido

Descritores Regionalizaccedilatildeo Poliacutetica de sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Planejamento

em sauacutede Assistecircncia agrave sauacutede Investimentos em sauacutede Anaacutelise qualitativa Anaacutelise

quantitativa Entrevista

ABSTRACT

Martinelli NL The healthrsquos regionalization in the State of Mato Grosso the process of

implementation and the relationship public-private in the regionrsquos health of the Middle

Northrsquos Mato Grosso [Thesis] ldquoFaculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulordquo

2014

The Regional Health Planning is included at Art198 of the Constitution of 1988 and it

is a guideline the SUS that provides for the combination of the three federative for

shaping the health system and the realization of the right to health At the

implementation of SUS Regional Health Planning gained prominence in the 2000s but

in the state of Mato Grosso since 1995 the reorientation political-institutional of the

SES defined strategies to implementation of the SUS by regions the health and

strengthened regionalized public instances Since 2003 there were successive exchanges

of state health manager with repercussions on the manner to conduct the state health

policy and despite the earlier institutional the Regional Health Planning process suffers

certain stagnation This case study analyzes the process of the Regional Health Planning

and public-private mix in the health system of the Middle North region of the state

between the period from 2006 to 2011 The angle is justified by editing the health pact

that include the Regional Health Planning Makes use of a qualitative analysis from

interviews with key informants and uses a quantitative analysis at secondary data With

this information it was possible to characterize the mechanisms and instruments

adopted as well as relations public-private in the public health system understand how

occurs decision process the relationship and interaction of various actors that compose

this complex health At the study region at the presence of the health pact the SES

remained and created new incentives kept the CIS deployed UTI beds kept the

covenants with the municipal hospital of referral regional and with private clinical and

laboratories of support diagnostic The CGR was created but the governance on the

macro policy in the region is partial and although a space of collegial decision also has

characteristics of the sum of the parts and generates the most diverse consequences in

the governance of regionalized policy The PDR and PDI were not updated the

regulation of assistence developed by region was centralized the SES delayed the

transfer of financial incentives to municipal health funds and didnrsquot invested in the

construction of the regional hospital Despite the state trajectory of the Regional Health

Planning the structure of public health care had not expanded and the partnerships with

the private sector strengthened its participation in the care network and had

influenciated the regional health system The region needs the coordination of the state

in the conduct of the regionalization process without which its progress is

compromised

Descriptors Regionalization Health policy Health system Health planning Health

care Investments in health Qualitative analysis Quantitative analysis Interview

1

1 Introduccedilatildeo

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede objeto deste estudo estaacute contemplada no artigo 198 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs

entes federativos para a conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede

Na implementaccedilatildeo do SUS a regionalizaccedilatildeo somente ganha destaque nos anos

2000 posteriormente aos estudos avaliativos que mostraram que a descentralizaccedilatildeo

com ecircnfase na municipalizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 ampliou os serviccedilos com inovaccedilotildees

na gestatildeo e maior participaccedilatildeo da populaccedilatildeo mas apresentou limites e dificuldades para

legitimar o acesso e o direito integral agrave sauacutede

Foi nesta deacutecada que teve iniacutecio o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado

de Mato Grosso Ateacute 1995 a descentralizaccedilatildeo em MT seguindo as diretrizes nacionais

focava a gestatildeo municipal mediante transferecircncias financeiras vinculadas agrave capacidade

de produccedilatildeo dos serviccedilos A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) organizou o territoacuterio

estadual em nove Polos Regionais de Sauacutede tendo por sede municiacutepios de referecircncia

em cada um desses espaccedilos geograacuteficos

Com a nova gestatildeo estadual (1995-2002) a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da

Secretaria de Estado da Sauacutede (SES) define estrateacutegias voltadas para a implementaccedilatildeo

do SUS por regiotildees de sauacutede Os Polos Regionais de Sauacutede existentes na SESMT satildeo

reestruturados assumem novas atribuiccedilotildees na articulaccedilatildeo regional passam a realizar

assessoria planejamento e programaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede por

municiacutepio e regiatildeo Ao mesmo tempo a SES tambeacutem eacute reestruturada para corresponder

agraves necessidades em pauta (MT 2000a)

No periacuteodo de 1995 a 1999 a SES pautada no objetivo de fortalecer os Polos

Regionais de Sauacutede comeccedila a implantar as Comissotildees Intergestores Bipartites

Regionais (CIB Regionais) com a intenccedilatildeo de que os territoacuterios regionais se tornassem

um espaccedilo privilegiado de interlocuccedilatildeo negociaccedilatildeo e pactuaccedilatildeo entre o estado e os

municiacutepios

No acircmbito nacional os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica satildeo apresentados

pelos gestores ampliam-se os debates sobre a regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia necessaacuteria

3

para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e a NOAS eacute editada Quando a NOAS foi editada

este estado jaacute estava com a regionalizaccedilatildeo em processo de estruturaccedilatildeo e ela contribuiu

para aperfeiccediloar e aprofundar os instrumentos de gestatildeo A regionalizaccedilatildeo prevista na

NOAS fortaleceu as pactuaccedilotildees fomentou a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor da

Regionalizaccedilatildeo (PDR) do Plano Diretor de Investimentos (PDI) e da Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) explicitou e organizou o fluxo da assistecircncia viabilizou a

implantaccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais

Na regiatildeo em estudo como nas demais do estado foram realizados foacuteruns no ano

de 2001 com o objetivo de efetuar diagnoacutestico e definir as prioridades e metas de cada

regiatildeo tambeacutem foi organizado o Sistema de Referecircncia e Regulaccedilatildeo Regional e

Estadual mas natildeo o suficiente para captar investimentos a fim de ampliar a capacidade

instalada da rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A partir dos anos 2003 inicia-se um novo governo ocorrem trocas sucessivas do

gestor estadual e a SES enfrenta diversidade na maneira de conduzir a Poliacutetica Estadual

de Sauacutede Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 por induccedilatildeo do governo federal a

regionalizaccedilatildeo retorna agrave agenda do gestor estadual e a SES e o COSEMS realizam

oficinas no interior do estado com o objetivo de ampliar e qualificar o debate da gestatildeo

municipal para subsidiar o gestor na tomada de decisatildeo quanto agrave elaboraccedilatildeo do Termo

de Compromisso de Gestatildeo (Ribeiro 2009) Nesta regiatildeo 100 dos municiacutepios

assinam este termo

A organizaccedilatildeo de serviccedilos regionalizados pressupotildee a gestatildeo cooperativa e

solidaacuteria o compartilhamento de tarefas e a distribuiccedilatildeo de poder negociados e

pactuados no CGR Na regiatildeo em estudo esta governanccedila tem gerado dilemas e

conflitos entre os entes federativos prestadores de serviccedilos e demais atores em especial

quando se depara com problemas de acesso agrave rede na regiatildeo e se necessita recorrer agrave

capital do estado

O Pacto pela Sauacutede contemplou uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo uma nova

forma de gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes

atores sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes

experiecircncias Essa nova maneira de gerir eacute complexa e constitui desafio aos gestores de

sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo Trabalhar as regiotildees de sauacutede eacute lidar com

diversidade de contextos e lugares eacute entender que os determinantes do processo de

4

regionalizaccedilatildeo extrapolam o setor sauacutede que as modalidades e tipos de serviccedilos de

sauacutede puacuteblica diferem nos sistemas locais regionais estaduais e que os sistemas locais

em sua maioria dispotildeem apenas dos serviccedilos da atenccedilatildeo baacutesica (Viana e Lima 2011)

Em 2011 foi editado o Decreto no 7508 que trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm

808090 e seu papel eacute entre outros regular a estrutura organizativa do SUS o

planejamento de sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e articular os entes federativos Pelo

Decreto os serviccedilos de sauacutede deveratildeo ser ofertados nas regiotildees de sauacutede constituiacutedas

pelo estado com capacidade instalada para dispor no miacutenimo de atenccedilatildeo primaacuteria

urgecircncia e emergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo ambulatorial especializada e

hospitalar vigilacircncia em sauacutede articulada com os municiacutepios e organizadas em redes de

atenccedilatildeo agrave sauacutede

As diretrizes da regionalizaccedilatildeo propiciam avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e trabalhar

a governanccedila no territoacuterio aqui entendido como o espaccedilo usado que natildeo considera

apenas os limites territoriais mas um espaccedilo vivido com sua populaccedilatildeo seus atores e

seus problemas sociais de maneira integrada

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e a sua implementaccedilatildeo na regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra fomentaram debates acordos e pactuaccedilotildees com o objetivo de

fortalecer o sistema de sauacutede neste territoacuterio Esta regiatildeo antes do Pacto pela Sauacutede

buscou alternativas para viabilizar o acesso na regiatildeo e para isso estabeleceu interface

com o setor privado criou um modus operandi que determinou a sua forma de

organizaccedilatildeo

A concepccedilatildeo do que vem a ser puacuteblico ou privado e as suas relaccedilotildees dispotildeem de

grande variabilidade de significados Neste estudo o mix publico-privado refere-se agrave

natureza juriacutedica das instituiccedilotildees que fazem parte da rede de serviccedilos SUS Esta

estrateacutegia operacional mix puacuteblico-privado abre espaccedilo para uma regulaccedilatildeo que vai

aleacutem da governabilidade puacuteblica uma vez que envolve outros agentes no processo de

regionalizaccedilatildeo e requer relaccedilotildees intergovernamentais cooperativas para viabilizar a sua

gestatildeo Estas relaccedilotildees satildeo complexas diferem e podem influenciar a dinacircmica

operacional o acesso aos serviccedilos e justifica a realizaccedilatildeo de estudos que possam

contribuir para a tomada de decisatildeo dos entes federativos que agem em situaccedilotildees

diversas com limites teacutecnicos operacionais e financeiros

5

A regiatildeo de sauacutede objeto desta pesquisa tem uma rede puacuteblica constituiacuteda em sua

maioria por unidades de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria natildeo dispotildee de hospital regional e

para suprir a insuficiecircncia do serviccedilo puacuteblico e facilitar o acesso da populaccedilatildeo

implantou o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Mato-

grossense que oferece serviccedilos de apoio diagnoacutestico-laboratorial e imagem internaccedilotildees

e atendimento meacutedico especializado entre outros Estes conformam um complexo

regional entendido neste estudo como ldquoas diferentes estruturas instituiccedilotildees instacircncias e

atores puacuteblicos e privados que participam do processo de constituiccedilatildeo planejamento

organizaccedilatildeo gestatildeo e regulaccedilatildeo da sauacutede no acircmbito regionalrdquo (Viana et al 2008

p100)

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede o federalismo as relaccedilotildees intergovernamentais e o mix

puacuteblico-privado vecircm se tornando objeto de interesse de debates e estudos cientiacuteficos e

mostram que ldquoa dinacircmica dos complexos regionais em sauacutede (as relaccedilotildees puacuteblico-

privadas no interior das regiotildees de sauacutede) tambeacutem influencia o desempenho e os

resultados da regionalizaccedilatildeo no plano estadual e necessita ser avaliada por estudos de

casordquo (Viana et al 2010 p9)

O estudo faz parte da pesquisa ldquoAnaacutelise do processo de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

no Estado de Mato Grossordquo realizada pelo grupo de pesquisa do ISCUFMT em

parceria com o DMPFMUSP e ENSPFIOCRUZ submetido ao Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa do HUJMUFMT e aprovada em 09092009 mediante o parecer no 681CEP-

HUJM09 Este recorte tambeacutem foi submetido ao Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa do

Departamento de Medicina Preventiva (CEP-FMUSP) e aprovado na sessatildeo de

05092012 protocolo de pesquisa nordm 20612 parecer 91726

O presente estudo de caso teve como objetivo analisar o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede da regiatildeo de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo de 2006 a 2011 O recorte justifica-se pela ediccedilatildeo do Pacto

pela Sauacutede em 2006 que entre as suas diretrizes contempla a regionalizaccedilatildeo e pelo

Decreto nordm 75082011 que reitera esta estrateacutegia de conduccedilatildeo do SUS Esta regiatildeo

oficialmente eacute denominada Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do estado de Mato Grosso

mas ao longo deste trabalho ela seraacute referenciada como regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da

Serra como eacute mais conhecida

6

Para analisar o processo de regionalizaccedilatildeo utilizou-se de dados quantitativos e

informaccedilotildees qualitativas para caracterizar a regiatildeo de sauacutede (socioeconocircmica e

demograficamente) a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e as instacircncias relacionadas ao processo

de regionalizaccedilatildeo nesse territoacuterio identificar o processo decisoacuterio os padrotildees de

relacionamento e o papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional com

ecircnfase no CGR caracterizar os mecanismos e instrumentos adotados no processo de

regionalizaccedilatildeo e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no sistema puacuteblico de sauacutede nessa regiatildeo

Tais informaccedilotildees permitiram conhecer a estruturaccedilatildeo do sistema de sauacutede as

instacircncias regionalizadas os atores a participaccedilatildeo e influecircncia destes na

institucionalidade e governanccedila do SUS na regiatildeo Aleacutem disso pocircde-se compreender

no acircmbito da gestatildeo como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Fazem parte desta regiatildeo os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo

Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo Afonso

Sapezal e Tangaraacute da Serra

Eacute um estudo de caso que se utiliza do meacutetodo qualitativo para aprofundar e

responder aos questionamentos de como ocorreu a regionalizaccedilatildeo nesta regiatildeo de sauacutede

Para tanto utilizou-se de entrevistas buscando compreender as relaccedilotildees e o processo da

regionalizaccedilatildeo a partir do Pacto pela Sauacutede no periacuteodo de 2006 a 2011 Recorreu-se

tambeacutem ao periacuteodo anterior sempre que as variaacuteveis de interesse do estudo exigiram

Da pesquisa estadual foi utilizado o banco de dados referente ao questionaacuterio

autoaplicado agraves informaccedilotildees do levantamento de dados secundaacuterios e agrave anaacutelise

documental desta regiatildeo de sauacutede Cinco atores da regiatildeo responderam o questionaacuterio

autoaplicado o Chefe do Escritoacuterio Regional de Sauacutede o Secretaacuterio Executivo do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a Secretaacuteria do Colegiado de Gestatildeo Regional a

Secretaacuteria de Sauacutede e Vice- presidente regional do Conselho de Secretaacuterios Municipais

de Sauacutede (COSEMS) na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de Barra do

Bugres As informaccedilotildees contidas neste questionaacuterio foram totalmente consideradas

nesta pesquisa

O roteiro utilizado para as entrevistas com os atores da regiatildeo eacute especiacutefico para

este estudo de caso mas a sua elaboraccedilatildeo tambeacutem considerou as informaccedilotildees do

7

questionaacuterio autoaplicado da pesquisa estadual O roteiro completo contemplou 84

perguntas (Apecircndice A) e as entrevistas foram realizadas com os atores selecionados

Oitenta e quatro (84) perguntas foram aplicadas aos seguintes gestores Diretor do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS) Teacutecnico do ERS e membro do CGR Secretaacuterio

Executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede (CIS) Secretaacuteria de Sauacutede e Vice-

presidente regional do COSEMS na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de

Barra do Bugres cujo hospital municipal eacute referecircncia para esta regiatildeo Sessenta (60)

perguntas foram dirigidas aos gestores da regulaccedilatildeo Coordenador da Central Regional

de Regulaccedilatildeo (CRR) Meacutedico Regulador da regiatildeo Meacutedico Regulador do Hospital

Municipal de Referecircncia Regional Vinte e trecircs (23) foram feitas ao representante do

maior hospital conveniado da regiatildeo e vinte (20) perguntas num roteiro diferenciado

mas com perguntas relacionadas ao roteiro geral ao Presidente da Unimed e a gestora

da Univida

Estes atores estatildeo referidos nesta pesquisa como gestor estadual (GE) para

aqueles vinculados agrave estrutura estadual gestor municipal (GM) quando vinculados agrave

estrutura municipal e ao consoacutercio gestor privado (GP) quando vinculado ao hospital

privado conveniado agrave UNIVIDA e agrave UNIMED

A gestora da Univida foi selecionada pelo fato de essa empresa dispor de uma

Associaccedilatildeo que contempla os beneficiaacuterios desse plano e oferece meios de acesso ao

serviccedilo particular de sauacutede com descontos especiais Dessa empresa foram utilizadas

apenas as informaccedilotildees da gestora oferecidas no momento da entrevista visto que

apesar de o beneficiaacuterio necessitar da autorizaccedilatildeo da empresa para acessar o serviccedilo

natildeo dispotildee ela de sistema de informaccedilotildees sobre o quantitativo do serviccedilo utilizado Por

sua vez o gestor da Unimed foi escolhido pelo fato de o setor privado tambeacutem se

constituir em objeto desta pesquisa e por dispor de convecircnio com duas unidades

hospitalares puacuteblicas desta regiatildeo de sauacutede

A elaboraccedilatildeo do roteiro de entrevistas da planilha de coleta de informaccedilotildees

secundaacuterias e a anaacutelise de dados secundaacuterios e documentais basearam-se em trecircs

dimensotildees Institucionalidade Governanccedila e Impactos da regionalizaccedilatildeo Para cada

dimensatildeo foram definidos indicadores conforme matrizes em anexo (Apecircndice B)

A institucionalidade da regionalizaccedilatildeo eacute aqui entendida como todas as estrateacutegias

poliacuteticas e institucionais adotadas no periacuteodo a que se refere o estudo Ela foi analisada

8

a partir de subdimensotildees cujo levantamento de informaccedilotildees contemplou o histoacuterico o

desenho as finalidades e escopo as estrateacutegias poliacuteticas o planejamento a regulaccedilatildeo e

o financiamento da regionalizaccedilatildeo Para anaacutelise destas dimensotildees verificaram-se os

objetivos pelas quais a regiatildeo foi organizada a estrutura de funcionamento a interface

com outras poliacuteticas regionais do governo do estado a capacidade de introduccedilatildeo e

desenvolvimento de instrumentos de planejamento e regulaccedilatildeo que contemplam as

necessidades da regiatildeo e os mecanismos de financiamento e investimentos adotados

para efetivar a poliacutetica regional

A governanccedila da regionalizaccedilatildeo foi entendida neste estudo como um conjunto de

regras governamentais voltadas para a accedilatildeo coletiva que requer a divisatildeo de poderes e o

estabelecimento de relaccedilotildees de atores puacuteblicos e privados com interesses

diversificados cujas negociaccedilotildees podem resultar em objetivos comuns e redes entre as

instituiccedilotildees para governar num territoacuterio complexo um campo conformado por atores

independentes com dinacircmicas diferenciadas de governanccedila e com grau variado de

recursos e autonomia poreacutem institucionalizados e regulados Tem como unidade de

anaacutelise o Colegiado de Gestatildeo Regional (CGR) uma instacircncia de gestatildeo formado por

representantes da SESERS e dos municiacutepios que compotildeem a regiatildeo de sauacutede objeto

deste estudo Na governanccedila tambeacutem se considerou o CIS cujos gestores - prefeitos e

secretaacuterios de sauacutede - compartilham interesses comuns e deliberam a poliacutetica neste

espaccedilo

Essa dimensatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar a diversidade dos atores

envolvidos no processo de regionalizaccedilatildeo a forma de participaccedilatildeo nas instacircncias

colegiadas de negociaccedilatildeo o tipo de relaccedilatildeo estabelecida entre os membros as

estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental e entre atores de relevacircncia regional os temas de

consenso e influecircncias os tipos de reuniotildees e o processo decisoacuterio Verificou-se

tambeacutem o papel das instacircncias no CGR o papel do CGR na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo os fatores que facilitam ou dificultam o

funcionamento do CGR a importacircncia e as influecircncias do setor privado na rede e o

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede do SUS na regiatildeo

A dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar

se houve mudanccedilas e inovaccedilotildees no processo de regionalizaccedilatildeo induzidas pela

implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede na atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que integram o complexo

9

regional SES ERS CIS na conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento dos

serviccedilos na capacidade instalada e prestaccedilatildeo de serviccedilos Verificou-se tambeacutem se o

Decreto nordm 75082011 foi implantado

Foram considerados como fontes de informaccedilatildeo todos os dados coletados na

pesquisa estadual de interesse neste estudo de caso Aleacutem disso levantaram-se

informaccedilotildees de documentos de gestatildeo especiacuteficos da regiatildeo como contratualizaccedilatildeo com

hospitais laboratoacuterios cliacutenicas especializadas e medicina diagnoacutestica Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) Plano Diretor Regional (PDR) Plano Diretor de

Investimentos (PDI) Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG) atos e portarias da

SES resoluccedilotildees da Comissatildeo Intergestores Bipartite (CIB)Estadual resoluccedilotildees e

proposiccedilotildees do CGR chamada puacuteblica para contratualizaccedilatildeo Relatoacuterios de Gestatildeo do

ERS da CRR e CIS Plano de trabalho do CIS Sistemas de Informaccedilatildeo (CNES SIOPS

ANS IBGE SIA SIH) atas do CGR pautas do CGR Plano Anual de Trabalho da

SES Plano Anual de Trabalho do ERS planejamento do CIS e outros registros de

interesse do arquivo do ERS que permitiram apreender e dar resposta aos objetivos da

pesquisa

Foram utilizadas as informaccedilotildees das entrevistas e os dados secundaacuterios para

analisar como ocorreu o processo de implantaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede o

processo decisoacuterio como as decisotildees foram e satildeo estabelecidas e cumpridas pelas

instacircncias que fazem parte do complexo regional o funcionamento do CGR as relaccedilotildees

entre as instituiccedilotildees os padrotildees de relacionamento o papel e influecircncias das instacircncias

que fazem parte do complexo regional e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas

Os mecanismos e instrumentos adotados no processo de regionalizaccedilatildeo foram

analisados por meio do PDR PDI PPI Portarias Decretos pactos estabelecidos

contratualizaccedilotildees entre outros que permitiram fazer um inventaacuterio do planejamento e da

gestatildeo regional da sauacutede A combinaccedilatildeo destas informaccedilotildees permitiu identificar a

regionalizaccedilatildeo considerando o processo decisoacuterio os padrotildees de relacionamento e o

papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional

Para caracterizar a regiatildeo de sauacutede utilizou-se a base populacional estimada pelo

IBGE para os anos de 2000 a 2011 Os bancos de dados utilizados para o caacutelculo dos

indicadores foram providos pelo DATASUS Alguns indicadores foram calculados e

permitiram obter um diagnoacutestico situacional da regiatildeo de sauacutede incluindo as

10

caracteriacutesticas socioeconocircmicas e demograacuteficas a disponibilidade de serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo da assistecircncia a capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede indicadores

de produccedilatildeo dos serviccedilos recursos aplicados em sauacutede e cobertura da sauacutede

suplementar

Os indicadores socioeconocircmicos e demograacuteficos utilizados foram populaccedilatildeo

razatildeo de crescimento densidade demograacutefica componentes do IDH (escolaridade

longevidade e renda) cobertura de abastecimento de aacutegua esgotamento sanitaacuterio e

coleta de lixo PIB (agropecuaacuteria induacutestria serviccedilos e impostos)

Foram tambeacutem levantadas informaccedilotildees sobre a organizaccedilatildeo da assistecircncia e

capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede UBS unidades especializadas serviccedilo de

apoio diagnoacutestico e terapia (SADT) hospitais e consultoacuterios cobertura do Programa de

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) disponibilidade de unidades de sauacutede leitos hospitalares por

tipo de prestador leitos SUS e natildeo SUS por municiacutepio disponibilidade de profissionais

vinculados e natildeo vinculados ao SUS Foi verificado o tipo de habilitaccedilatildeo dos

municiacutepios antes do pacto

A oferta de serviccedilos na regiatildeo foi analisada pelas informaccedilotildees do Cadastro

Nacional de Estabelecimento de Sauacutede (CNES) cujos dados estatildeo disponiacuteveis no site

do DATASUS Foram levantadas informaccedilotildees dos estabelecimentos de sauacutede e seus

equipamentos segundo a natureza juriacutedica puacuteblica ou privada e sua relaccedilatildeo com o SUS

na regiatildeo Em relaccedilatildeo aos leitos considerou-se como oferta puacuteblica os de natureza

puacuteblica e aqueles privados contratados eou conveniados ao SUS Em relaccedilatildeo aos

estabelecimentos privados foram considerados exclusivamente privados aqueles que

natildeo estavam contratados ou conveniados ao SUS Os hospitais de direito privado e

geridos por organizaccedilatildeo social ou entidade religiosa foram considerados puacuteblicos

Os indicadores de produccedilatildeo dos serviccedilos analisados foram AIHs por 100

habitantes pagas por local de internaccedilatildeo e local de residecircncia percentual de

atendimentos da atenccedilatildeo baacutesica aprovado e apresentado percentual de atendimento da

meacutedia e alta complexidade aprovado e apresentado

A relaccedilatildeo entre o setor puacuteblico e privado na regiatildeo foi analisada considerando o

roteiro de entrevistas aplicado aos atores puacuteblicos e privados que compotildeem o complexo

regulador desta regiatildeo um bloco especiacutefico com o intuito de investigar 1) como foram

estabelecidas estas relaccedilotildees 2) qual a influecircncia e funccedilatildeo do setor privado e as

11

repercussotildees no processo de regionalizaccedilatildeo 3) como ocorreu o processo de regulaccedilatildeo

governamental sobre o sistema complementar na regiatildeo e se esta regulaccedilatildeo interferiu

no modelo de atenccedilatildeo 5) se os arranjos que ocorreram corresponderam aos objetivos do

sistema de sauacutede e se trouxeram contribuiccedilotildees positivas ou negativas aos resultados da

sauacutede e ao desenvolvimento do sistema de sauacutede

Os indicadores de financiamento do sistema de sauacutede foram calculados com base

no banco de dados do Sistema de Informaccedilotildees de Orccedilamentos Puacuteblicos de Sauacutede

(SIOPS) entre eles o percentual de recursos municipais aplicados em sauacutede (EC-29)

despesas per capita sob responsabilidade municipal e despesas com recursos

exclusivamente municipais

Para analisar os dados qualitativos utilizou-se a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo

tendo como base as dimensotildees e as variaacuteveis constantes nas matrizes apresentadas no

projeto estadual e neste estudo de caso regional Todo material empiacuterico levantado foi

sendo submetido agrave leitura e buscou encontrar elementos eou respostas que permitiram

em face aos indicadores propostos para cada variaacutevel caracterizar e analisar o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede neste espaccedilo regional

No desenvolvimento da pesquisa foi explicada aos gestores a importacircncia da

assinatura de termo de cooperaccedilatildeo e parceria na regiatildeo visto que envolveria vaacuterios

segmentos e os resultados seriam de interesse dos gestores Os entrevistados tiveram

suas entrevistas precedidas de assinaturas do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecida (Apecircndice B)

Os quadros 1 a 3 resumem as matrizes completas de anaacutelise por dimensatildeo a

matriz completa encontra-se no apecircndice C

12

Quadro 1 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico e desenho da

regionalizaccedilatildeo

- Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo

municiacutepios integrantes fatores determinantes capacidade instalada e

organizaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo

2-Finalidades e escopo

da regionalizaccedilatildeo

- finalidades e foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de

sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede regionalizadas

3-Estrateacutegias poliacuteticas

da regionalizaccedilatildeo

- interfaces inserccedilatildeo e lugar que ocupa na agenda poliacutetica da SES e do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede estrateacutegias regionais

4-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

- existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede influecircncias

na regulaccedilatildeo organizaccedilatildeo antes e depois do pacto problemas conflitos

planejamento e regulaccedilatildeo intra e inter-regional

5-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos agrave regionalizaccedilatildeo programaccedilatildeo

distribuiccedilatildeo de recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo

existecircncia de fundos regionais de recursos

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Quadro 2 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Estruturas de

integraccedilatildeo e gestatildeo

regional

- existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo

- CGR consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da

SES CIES cacircmaras teacutecnicas e outros minus caracteriacutesticas finalidades papel e

contribuiccedilatildeo das instacircncias regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus

existecircncia de recursos financeiros disponiacuteveis para instacircncias regionais

O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus

influecircncias e papel do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de

regionalizaccedilatildeominus fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do

CGR

Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS

CIES relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional

Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus participaccedilatildeo e influecircncias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo

sauacutede do SUS na regiatildeo criteacuterios na definiccedilatildeo das referecircncias na regiatildeo de

sauacutede minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o puacuteblico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do

setor privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus

organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema

complementar

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

13

Quadro 3 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela

sauacutede processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508- Mudanccedilas observadas

em relaccedilatildeo aos poderes regionais existentes - avanccedilos dificuldades e

desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Aleacutem do que consta na introduccedilatildeo o presente trabalho estaacute organizado em sete

capiacutetulos e as consideraccedilotildees finais

O capitulo 1 ndash ldquoFederalismo e regionalizaccedilatildeo no Brasilrdquo aborda as caracteriacutesticas

do federalismo brasileiro considerando que a partir da CF de 1988 a uniatildeo os estados e

os municiacutepios passaram a lidar com a soberania e autonomia federativa que alterou as

relaccedilotildees intergovernamentais Evidencia que o SUS foi criado num paiacutes federativo com

heterogeneidade na extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com

desigualdades regionais culturais e politicas e que as federaccedilotildees satildeo marcadas pela

diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo mas que de forma coordenada

podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia

A formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada requer atos juriacutedico-

administrativos e a constituiccedilatildeo de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma

alternativa que facilita aos gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a

complexidade e diversidade do territoacuterio Neste sentido discutem-se os mecanismos

institucionais da implementaccedilatildeo do SUS na deacutecada de 1990 e a importacircncia da

coordenaccedilatildeo da esfera estadual na conformaccedilatildeo de arranjos regionais de forma a evitar

os conflitos intergovernamentais e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

entes federativos

O capitulo 2 ndash ldquoInstitucionalidade e Governanccedila no territoacuteriordquo faz uma discussatildeo

teoacuterica quanto ao papel do Estado na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que possam

assegurar o direito constitucional agrave sauacutede O arcabouccedilo poliacutetico-institucional do SUS

conforma um sistema complexo implica em mudanccedilas no poder redefiniccedilao das

relaccedilotildees entre as esferas de governo entre estado e sociedade e estado e mercado e

requer sustentabilidade estrutural Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila que estaacute

relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e a sua capacidade

14

organizativa ganha espaccedilo no debate e se materializa nos espaccedilos de gestatildeo colegiada

existentes nos complexos regionais Nestes espaccedilos satildeo pactuadas regras para prover de

forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede regionalizada Esses

serviccedilos contam com a participaccedilatildeo privada e resultam em relaccedilotildees complexas

construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

No capitulo 3 ndash ldquoO Estado de Mato Grosso e a regiatildeo de Tangaraacute da Serrardquo

apresentam-se as caracteriacutesticas do estado que eacute constituiacutedo por 141 municiacutepios a

maioria deles (801) com menos de 20000 habitantes e com forte dependecircncia do

governo federal e estadual para implementar o SUS As caracteriacutesticas do sistema de

sauacutede indicam a importacircncia da implementaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede regionalizada para

suprir de forma equacircnime as necessidades da populaccedilatildeo e garantir o seu acesso agrave rede

de atenccedilatildeo agrave sauacutede A regiatildeo objeto deste estudo apresenta deficiecircncias na sua

capacidade instalada desigualdades entre os municiacutepios que dependem do estado para

implementar a politica de sauacutede regionalizada

O capitulo 4 ndash ldquoAs estrateacutegias de regionalizaccedilatildeo no Estado e na regiatildeo de Tangaraacute

da Serrardquo mostra que o complexo regional iniciou sua estruturaccedilatildeo na deacutecada de 1980

quando a regiatildeo foi instituiacuteda pela SES Antes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede a

SES criou novas regiotildees de sauacutede e implantou em todas elas as bases institucionais da

regionalizaccedilatildeo Apresenta como a SES se organizou para implementar o Pacto pela

Sauacutede Nesta regiatildeo 100 dos gestores assinaram o TCGM

O capitulo 5 ndash ldquoO complexo e a institucionalidade da regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serrardquo mostra que a politica de sauacutede regionalizada mesmo instituiacuteda em

instrumentos de planejamento do governo do estado e da SES nesta regiatildeo natildeo contou

com os recursos necessaacuterios para sua implementaccedilatildeo A regiatildeo enfrenta dificuldades de

acesso A insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica e as alternativas encontradas

configuraram um forte mix puacuteblico-privado na regiatildeo A regulaccedilatildeo da assistecircncia eacute

fraacutegil no estado e na regiatildeo e esta precisa constituir rede de atenccedilatildeo puacuteblica integrada e

resolutiva que responda pelas necessidades da populaccedilatildeo para se tornar autocircnoma de

fato

No capitulo 6 ndash ldquoGovernanccedila do processo de regionalizaccedilatildeordquo o relato dos

gestores explicita claramente que a falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo

manteacutem problemas que produzem iniquidades resultam em comportamentos que

15

expressam os interesses de cada gestor e geram fragmentaccedilatildeo e descontinuidade do

cuidado agrave sauacutede ameaccedilando a governanccedila Satildeo indicativos que alertam para o

comprometimento e as repercussotildees desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede nesta regiatildeo

O capitulo 7 ndash ldquoDecisatildeo e intersetorialidaderdquo evidencia que as decisotildees tomadas

pelos entes federativos e demais atores que compotildeem o complexo regional ocorrem no

CGR Este que deveria ser um espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos

compartilhados para a soluccedilatildeo dos problemas coletivos da regiatildeo tem se transformado

num campo de tensotildees e disputas O atraso frequente nas transferecircncias dos incentivos

estadual para os municiacutepios a falta de estrutura puacuteblica na regiatildeo e a solicitaccedilatildeo de

tabelas de valores complementares pelo setor privado tecircm tensionado a tomada de

decisotildees e desmotivado o gestor a participar deste processo

As ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo descrevem as evidecircncias do estudo considerando os

objetivos propostos e apontam desafios para a implementaccedilatildeo da politica de sauacutede

regionalizada

16

2 Federalismo e regionalizaccedilatildeo

no Brasil

17

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL

Com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a estrutura federativa brasileira passou a

contar com a Uniatildeo os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios como entes

federativos autocircnomos (Brasil 1988) A organizaccedilatildeo poliacutetico territorial dos estados

federativos eacute uma forma inovadora de se lidar com o poder e a soberania considerando

as heterogeneidades dos territoacuterios (Abrucio 2002) A singularidade do modelo federal

estaacute na maior horizontalidade entre os entes

As federaccedilotildees satildeo marcadas pela diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e

competiccedilatildeo Neste sentido um arranjo federativo eacute uma parceria um pacto que se

estabelece entre unidades territoriais que divide poder com respeito muacutetuo sem que os

direitos sejam retirados dos pactuantes subnacionais De forma coordenada as

federaccedilotildees podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia entre eles

(Abrucio 2002)

A estruturaccedilatildeo federativa brasileira inspirou-se no modelo norte-americano mas a

conformaccedilatildeo foi diferente e antes de tornar-se uma federaccedilatildeo passou por conflitos entre

o Poder Central e as elites regionais Partiu-se de um Estado Unitaacuterio muito centralizado

para um modelo descentralizado de poder Passou por ciclos de centralizaccedilatildeo e

consolidaccedilatildeo do estado nacional sucedidos de descentralizaccedilatildeo do poder processo que

gerou desigualdades significativas entre os estados brasileiros

Apoacutes o golpe de Estado de 1964 o regime militar fortaleceu o modelo unionista

marcado pelo modelo de relaccedilotildees intergovernamentais autoritaacuterias e verticais Os

governos subnacionais tinham que seguir obrigatoriamente os planos da Uniatildeo sob a

ameaccedila de nos casos de recusa ficar sem as verbas A autonomia poliacutetica e

administrativa soacute foi recuperada com as eleiccedilotildees diretas a governador em 1982

(Abrucio 2002)

As bases do Estado Federativo do Brasil foram recuperadas nos anos 80 e

fortaleceram os governos estaduais nessa deacutecada (Abrucio 2005) O processo de

democratizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo fiscal contemplado na Constituiccedilatildeo de 1988 alterou

18

as relaccedilotildees intergovernamentais e cada niacutevel de governo passou a ser uma autoridade

poliacutetica e soberana

O SUS foi criado nesse contexto um paiacutes federativo com heterogeneidades na

extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com desigualdades regionais

culturais e politicas (Abrucio 2002) cujos preceitos constitucionais de 1988

contemplam que cabe a cada ente federativo a responsabilidade por organizar tal

sistema e de forma compartilhada a assegurar e viabilizar a integralidade da atenccedilatildeo agrave

sauacutede ao individuo

No inicio do processo de descentralizaccedilatildeo o papel do governo federal limitava-se

a um repasse de funccedilotildees aos demais entes federados natildeo havia por parte desse niacutevel de

governo iniciativas no sentido de compartilhar tarefas Os governos estaduais

encontravam-se numa situaccedilatildeo de indefiniccedilatildeo de suas competecircncias em relaccedilatildeo ao SUS

e os municiacutepios entes federativos com o mesmo status juriacutedico que os estados e a uniatildeo

assumindo novas funccedilotildees e procurando encontrar o seu papel

Nesse periacuteodo os estados estavam com a base de sustentaccedilatildeo fiscal enfraquecida

e o governo federal com tendecircncia recentralizadora fiscal e poliacutetica Essa situaccedilatildeo

contribuiu para desencadear um federalismo predatoacuterio ou como denominado por

Abrucio (2002) ldquocompartimentalizadordquo onde cada niacutevel de governo procura o seu papel

especiacutefico ao mesmo tempo natildeo haacute por parte do governo federal uma coordenaccedilatildeo

intergovernamental No campo das poliacuteticas puacuteblicas esse cenaacuterio afetou o processo de

descentralizaccedilatildeo em especial num paiacutes como o Brasil com regiotildees federativas tatildeo

heterogecircneas A condiccedilatildeo federalista consegue manter a estabilidade social e ameniza

as heterogeneidades regionais (Abrucio 2002)

No acircmbito municipal a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS gerou um

municipalismo autaacuterquico acentuou os problemas das relaccedilotildees intermunicipais e natildeo

incentivou a cooperaccedilatildeo Aleacutem disso desencadeou ao longo desse processo competiccedilatildeo

entre os niacuteveis de governo na medida em que os municiacutepios concorrem entre si pelo

dinheiro puacuteblico dos demais niacuteveis de governo Em algumas situaccedilotildees chegam a

repassar seus custos a outros entes atraveacutes do encaminhamento de seus muniacutecipes para

fazerem uso dos serviccedilos de sauacutede de outros municiacutepios (Abrucio 2002) sem a devida

pactuaccedilatildeo

19

Entre as diretrizes do SUS a regionalizaccedilatildeo da sauacutede contemplada no artigo 198

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute uma das estrateacutegias da sua implementaccedilatildeo que

contempla tambeacutem a descentralizaccedilatildeo mas o ecircxito deste processo depende da realizaccedilatildeo

de responsabilidades compartilhadas pelos trecircs entes federativos e de accedilotildees especiacuteficas

e inerentes de cada territoacuterio Teoricamente supotildee-se que se cada ente federativo

desempenhar o seu papel o processo estaraacute garantido mas estas relaccedilotildees natildeo satildeo tatildeo

simples satildeo complexas e se constituem em desafios para os gestores

Com a descentralizaccedilatildeo a Uniatildeo eacute a responsaacutevel pelo financiamento pela

formulaccedilatildeo1 da poliacutetica nacional de sauacutede e coordenaccedilatildeo das accedilotildees intergovernamentais

Atraveacutes do Ministeacuterio da Sauacutede o governo federal tem autoridade para tomar as

decisotildees mais importantes nesta poliacutetica setorial e definir regras para a poliacutetica nacional

mas a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede deve contar com a participaccedilatildeo de conselhos

que representam estados e municiacutepios (Arretche 2004)

Os princiacutepios da universalidade integralidade e equidade bem como os da

descentralizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo da comunidade no SUS fortalecem o

governo local e independentemente do porte municipal requerem capacidade de gestatildeo

planejamento integrado regulaccedilatildeo do sistema e construccedilatildeo de redes assistenciais que

atendam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo considerando a integralidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede Aleacutem disso requerem a implantaccedilatildeo de conselhos de sauacutede de forma a

legitimar a participaccedilatildeo da comunidade

Um sistema de sauacutede com os princiacutepios acima citados requer por parte dos

governos a formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada integrada e organizada

de forma a natildeo ferir os princiacutepios baacutesicos do federalismo entre eles a autonomia o

respeito muacutetuo e os direitos dos governos subnacionais (Abrucio 2002)

Para legitimar esses princiacutepios eacute necessaacuterio que os serviccedilos de sauacutede contemplem

integralmente as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo e

isso representa para a maioria dos municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade

financeira Muitos deles encontram-se em situaccedilotildees que requerem melhoria na

1 No processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas haacute o envolvimento de muitos segmentos que natildeo o

governo como os grupos de interesse as classes sociais e outros mas haacute tambeacutem uma ldquoautonomia

relativa do Estadordquo que gera determinadas capacidades e cria as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

das poliacuteticas publicas (Souza 2007 p72)

20

infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais especializados e aquisiccedilatildeo de equipamentos

para oferecer serviccedilos de sauacutede (Abrucio 2002)

Embora o federalismo pressuponha autonomia de seus entes federativos

autocircnomos prover serviccedilos que respondam agrave integralidade contemplada no SUS requer

atos juriacutedico-administrativos compartilhados (Santos e Andrade 2011) A constituiccedilatildeo

de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma alternativa que facilita aos

gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a complexidade e diversidade do

territoacuterio Requer arranjos cooperativos e compartilhamento de responsabilidades para

otimizar os custos e ampliar a oferta para que sejam alcanccedilados os objetivos e princiacutepios

do SUS

O conceito de regiatildeo natildeo eacute uacutenico e vaacuterias correntes de pensamento tecircm

contribuiacutedo para aprofundar os estudos e conformar um conceito totalizador capaz de

abarcar a complexidade do que vem a ser uma regiatildeo A regiatildeo ligada agrave ideacuteia de espaccedilo

geograacutefico surgiu com os postulados de Immanuel Kant no momento em que foram

criadas as escolas de geografia na Franccedila e na Alemanha no final do seacutec XIX Neste

periacuteodo com base nos princiacutepios positivistas do seacuteculo XVIII afirmou-se que o

fundamento da geografia eacute o espaccedilo geograacutefico que constitui a parte essencial da

histoacuteria dos homens Para Kant eacute no espaccedilo que estabelecemos relaccedilotildees entre os fatos

exteriores a noacutes o espaccedilo eacute condiccedilatildeo de toda experiecircncia dos objetos e natildeo pode ser

percebido empiricamente porque o simples ato de situarmos alguma coisa fora de noacutes

jaacute pressupotildee a representaccedilatildeo do espaccedilo ldquopode-se pensar o espaccedilo sem coisas mas natildeo

as coisas sem o espaccedilordquo Segundo Kant nada pode ser representado sem espaccedilo (Santos

2009 p186)

Na Alemanha o conceito de destaque foi de regiatildeo natural divulgado por Ratzel

que defendia que a ldquoexistecircncia das diferenciaccedilotildees regionais estava vinculada ao poder

que a natureza exercia sobre o homem chegando ao ponto de determinar seu

comportamentordquo (Fonseca 1999 p91)

Esse conceito recebeu muitas criacuteticas da corrente francesa de Vidal de La Blache

que entendia ldquoa regiatildeo enquanto entidade concreta existente por si soacuterdquo um dado puro

da natureza que diante da interaccedilatildeo homem-meio pode tornar-se singular pois a cultura

do homem pode influenciar a natureza e transformar a regiatildeo Para La Blache ao

21

geoacutegrafo caberia apenas a tarefa de delimitar e descrever a regiatildeo (Fonseca 1999

Carvalho 2002 p138)

A corrente de pensamento de Vidal de La Blache defende a regiatildeo como uma

realidade fiacutesica uma referecircncia para a populaccedilatildeo que laacute vive Insere o elemento humano

na caracterizaccedilatildeo da paisagem regional e produz um conceito de regiatildeo diferente

daquele de regiatildeo natural Com o seu posicionamento a relaccedilatildeo homem-meio eacute pela

primeira vez agregado na riqueza da anaacutelise regional (Carvalho 2002)

Na Inglaterra e nos EUA tambeacutem foram realizados estudos sobre regiatildeo Na

deacutecada de 1950 apoiados no positivismo loacutegico os estudos regionais sofrem mudanccedilas

Na nova concepccedilatildeo ldquoa regiatildeo deixa de ser um objeto concreto de anaacutelise para se

transformar numa criaccedilatildeo intelectualrdquo (Fonseca 1999 p92) Na nova geografia uma

nova teoria eacute apresentada por Hartshorne ldquoa regiatildeo natildeo eacute uma realidade evidente dada

a qual caberia apenas ao geoacutegrafo descrever A regiatildeo eacute um produto mental uma forma

de ver o espaccedilo que coloca em evidecircncia os fundamentos da organizaccedilatildeo diferenciada

do espaccedilordquo No entendimento de Hartshorne as regiotildees possuem aspectos que satildeo

singulares na sua espacialidade e o enfoque regional de cada pesquisador implica numa

produccedilatildeo mental uma forma concebida de regiatildeo (Santos 2009 p189)

Opondo-se ao conceito de regiatildeo concreta de Vidal de La Blache Hartshorne

enfatiza a regiatildeo como uma criaccedilatildeo intelectual visto que com o uso de teacutecnicas

estatiacutesticas e afastadas do trabalho de campo pode-se construir regiotildees administrativas

cristalizadas no tempo e no espaccedilo Esta teoria sofre criacuteticas eacute entendida como a-

histoacuterica natildeo considera na regiatildeo os processos sociais a existecircncia do tempo suas

qualidades essenciais e gera rupturas Novas correntes satildeo expressas a partir dos anos

70 quando se considera que diante dos problemas urbanos enfrentados essa geografia

quantitativa natildeo conseguiria compreender os fenocircmenos espaciais em sua plenitude

(Fonseca 1999 Carvalho 2002)

Com as criacuteticas a geografia embasada no positivismo chega ao fim e a partir da

deacutecada de 70 as bases teoacutericas e conceituais referentes agrave anaacutelise regional satildeo

fundamentadas no materialismo histoacuterico e dialeacutetico e nas geografias humanista e

cultural (Fonseca 1999)

Surgem as correntes de base marxista e fenomenoloacutegica que de forma comum

preocupam-se com a ausecircncia do caraacuteter social na geografia atual e entendem o espaccedilo

22

como o loacutecus da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo Assim uma nova

geografia vai se estruturando e valorizando os temas histoacutericos e culturais cuja vertente

tinha se perdido no paradigma quantitativo (Carvalho 2002)

A corrente humanista incorporou o espaccedilo vivido na anaacutelise regional defendendo

que para compreender a regiatildeo eacute necessaacuterio viver na regiatildeo Segundo Ribeiro (1993) a

regiatildeo como espaccedilo vivido pode ser definida como

Uma porccedilatildeo territorial definida pelo senso comum de um determinado grupo social

cuja permanecircncia em uma determinada aacuterea foi suficiente para estabelecer

caracteriacutesticas muito proacuteprias na sua organizaccedilatildeo social cultural e econocircmica Este

espaccedilo eacute portanto socialmente criado e vai se diferenciar de outros espaccedilos vizinhos por

apresentar determinadas caracteriacutesticas comuns que satildeo resultantes das experiecircncias

vividas e historicamente produzidas pelos proacuteprios membros das suas comunidades

(Ribeiro 1993 apud Carvalho 2002 p146)

Com a crise da modernidade e o nascimento da chamada poacutes-modernidade

ocorrem mudanccedilas no conceito de regiatildeo eacute o momento da pluralidade Se antes as

ciecircncias baseavam-se na filosofia iluminista na racionalidade na objetividade na

cientificidade e nas leis universais agora buscam o relativismo a subjetividade a

heterogeneidade e a fragmentaccedilatildeo Satildeo essas caracteriacutesticas que identificam a

contemporaneidade que eacute plural (Carvalho 2002)

Durante muito tempo a regiatildeo foi entendida como uma entidade autocircnoma

limitada ao enfoque da localizaccedilatildeo com poucas relaccedilotildees entre si Com a globalizaccedilatildeo as

regiotildees passaram a estar interligadas e interdependentes com diferenccedilas que emergem

naturalmente natildeo se explicando apenas pelo seu conteuacutedo interno mas pelo territoacuterio

que tem uma historia e que estaacute em contiacutenua renovaccedilatildeo (Santos 1988)

Os estudos das regiotildees segundo Santos (1988) devem contemplar a organizaccedilatildeo

o social o poliacutetico o econocircmico o cultural os fatos concretos Conhecendo estas

questotildees eacute possiacutevel identificar como a regiatildeo estaacute inserida no cenaacuterio econocircmico o que

existe e o que eacute novo e assim captar o elenco de causas e consequecircncias do fenocircmeno

Para este autor o espaccedilo eacute constituiacutedo por um conjunto indissociaacutevel de arranjos de

objetos geograacuteficos objetos naturais e objetos sociais e a vida que os preenche e os

anima ou seja a sociedade em movimento Portanto o espaccedilo usado por todos de todas

as existecircncias eacute sinocircnimo de espaccedilo humano (Santos 1988)

23

Para ter valor e compreender o espaccedilo vivido e as transformaccedilotildees que nele

ocorrem eacute necessaacuterio analisar em conjunto as variaacuteveis interdependentes que compotildeem

o territoacuterio e a sua historia A anaacutelise e compreensatildeo da totalidade somente seratildeo

possiacuteveis se for considerado natildeo apenas o lugar que natildeo se explica por si mas a historia

das relaccedilotildees dos objetos sobre os quais se datildeo as accedilotildees humanas (Santos 1988)

O ldquoespaccedilo vivido pode ser entendido como a rede de manifestaccedilotildees da

cotidianidade desse sistema em torno da intersubjetividade que satildeo por sua vez as

redes nas quais se constituem as existecircncias individuais ndash no trabalho na escola na

famiacutelia nas outras diversas formas da vida societaacuteriardquo (Rego e Reffatti 2004 p78)

O espaccedilo geograacutefico prova a existecircncia o quadro de referecircncias convencional-

latitude e longitude As variaacuteveis podem mudar de um periacuteodo para outro mas se

analisadas num dado corte temporal sua funccedilatildeo e seus valores permanecem inalterados

do olhar escalar Eacute importante considerar a escala geograacutefica que se refere agrave concepccedilatildeo

geomeacutetrica e a escala temporal que se refere ao tempo mas pessoas que habitam este

espaccedilo satildeo seres em metamorfose e satildeo capazes de influenciar a mudanccedila social

(Santos 2000)

Neste sentido o espaccedilo geograacutefico eacute entendido como sinocircnimo de territoacuterio usado

e ldquovisto como uma totalidade eacute um campo privilegiado para a anaacutelise na medida em

que de um lado nos revela a estrutura global da sociedade e de outro lado a proacutepria

complexidade do seu usordquo (Santos 2000 p108)

Assim para entender como ocorrem e se datildeo as relaccedilotildees no interior do espaccedilo

geograacutefico deve-se buscar a visatildeo totalizadora da realidade concreta que considera a

totalidade das causas e dos efeitos do processo soacutecio territorial O desafio eacute entender

como estaacute constituiacutedo ou seja o que como onde quando por quem e para que o

territoacuterio eacute usado Eacute preciso entender o contexto reconhecer as heranccedilas as

intencionalidades qualificar e quantificar os elementos os atores e seus

comportamentos e como as relaccedilotildees ocorrem entre estes elementos Eacute identificar o que eacute

novo e verificar se estaacute em harmonia com o que jaacute existia Se analisado nesta concepccedilatildeo

eacute possiacutevel vislumbrar no territoacuterio sua transformaccedilatildeo2 no tempo e no espaccedilo (Silveira

2011)

2 ldquoEacute a funcionalizaccedilatildeo dos eventos no lugar que produz uma forma um arranjo um tamanho do

acontecer que no instante seguinte cria outra funccedilatildeo outra forma e por conseguinte outros limites

Muda a extensatildeo do fenocircmeno porque muda a constituiccedilatildeo do territoacuterio outros objetos outras

24

Partindo do pressuposto de que o espaccedilo geograacutefico tambeacutem eacute compreendido

como espaccedilo usado constituiacutedo por um arranjo de objetos materiais e imateriais pode-

se compreender a regiatildeo como fato e como ferramenta A regiatildeo como fato independe

das forccedilas econocircmicas e poliacuteticas que dominam o territoacuterio eacute a regiatildeo tal como foi

delimitada com sua histoacuteria seus conflitos suas tensotildees diante dos processos de

modernizaccedilatildeo territorial (Ribeiro 2004 apud Viana et al 2008)

A regiatildeo como ferramenta eacute entendida como aquela que resulta da accedilatildeo

hegemocircnica da conjuntura em que estaacute circunscrita ou seja das forccedilas econocircmicas e

poliacuteticas que dominam o territoacuterio Nela satildeo criadas as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

de poliacuteticas construiacutedas e reconstruiacutedas por accedilotildees verticais para atender os interesses de

alguns setores da economia Muitas vezes os atores hegemocircnicos mudam as condiccedilotildees

materiais e organizacionais do territoacuterio para que ele se ajuste agrave sua conveniecircncia ou

utiliza as condiccedilotildees antigas de forma a garantir a viabilidade das accedilotildees na regiatildeo

(Ribeiro 2004 apu Viana et al 2008)

No Brasil a divisatildeo das regiotildees ocorreu em 1941 atraveacutes do IBGE cuja base de

organizaccedilatildeo dos dados censitaacuterios utilizou o conceito de regiatildeo natural introduzido pelo

professor Delgado de Carvalho em 1913 Posteriormente para fins administrativos

foram modificadas para atender aos limites das unidades poliacuteticas que dividiam o paiacutes

resultando nas grandes regiotildees naturais norte nordeste leste sul e centro-oeste que

foram redefinidas conceitualmente e modificadas em 1967 e em 1991 e utilizadas nos

estudos censitaacuterios (Guimaratildees 2005)

Posteriormente as modificaccedilotildees de divisatildeo propostas pelo IBGE utilizaram a da

corrente do geoacutegrafo Richard Hartshorne da escola americana que considerava a regiatildeo

natildeo como uma realidade dada mas uma construccedilatildeo intelectual um produto mental que

pode tornaacute-la uma regiatildeo administrativa Este entendimento estava em consonacircncia com

os objetivos dos teacutecnicos do IBGE responsaacuteveis pelo planejamento territorial do paiacutes

Mais tarde sob a influecircncia da escola francesa de Vidal de La Blache passou-se a

acreditar que o espaccedilo poderia ser organizado de forma mais harmoniosa e equilibrada

atraveacutes do planejamento regional daiacute o termo ldquogeografia ativardquo destacando o sentido de

uma geografia da accedilatildeo que projeta a regiatildeo como objeto de intervenccedilatildeo Ainda que

implicitamente a divisatildeo regional do IBGE considere a regiatildeo como um espaccedilo de

normas convergem para criar uma organizaccedilatildeo diferente Muda a aacuterea de ocorrecircncia dos eventosrdquo

(Santos 1996 apud Silveira 2004 p90)

25

intervenccedilatildeo do estado e a totalidade espacial como um somatoacuterio das partes e deixa de

considerar as variaacuteveis mais significativas para a identificaccedilatildeo de suas caracteriacutesticas

mais homogecircneas Para o IBGE cabe ao planejador reconhecer a regiatildeo descrevecirc-la e

tornar claros os seus limites (Guimaratildees 2005 p1020)

A regiatildeo entendida como sinocircnimo de territoacuterio usado precisa considerar a

ldquointerdependecircncia e a inseparabilidade entre a materialidade e a accedilatildeo isto eacute o trabalho e

a poliacuteticardquo (Silveira 2011 p156) ou seja a natureza e o seu uso que inclui a accedilatildeo

humana Nesse sentido eacute preciso examinar os fixos e os fluxos Os fixos entendidos

como as vias de acesso estradas ferrovias telecomunicaccedilotildees aacutereas agriacutecolas e outras e

os fluxos como aquilo que eacute moacutevel como o transporte o dinheiro a informaccedilatildeo e as

ordens Esses fluxos de diversas naturezas tecircm deixado os lugares mais proacuteximos (ou

natildeo) uns dos outros

Na sauacutede a discussatildeo sobre a organizaccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos serviccedilos meacutedicos e

afins para uma dada regiatildeo aparece em 1920 quando Dawson apresentou por

solicitaccedilatildeo do governo da Gratilde-Bretanha a proposta de organizaccedilatildeo da provisatildeo de

serviccedilos que deveriam estar agrave disposiccedilatildeo dos habitantes de uma dada regiatildeo Segundo

esse relatoacuterio era indispensaacutevel uma nova organizaccedilatildeo por razotildees de eficiecircncia que

conjugasse esforccedilos e que deveriam concentrar-se numa uacutenica autoridade de sauacutede para

supervisionar a administraccedilatildeo local de todos os serviccedilos Tambeacutem sugeriu que fossem

criados conselhos consultivos meacutedico locais

Para Dawson qualquer plano de serviccedilos meacutedicos preventivos e curativos deve

ser acessiacutevel a todas as classes da comunidade adaptar-se agraves diversas condiccedilotildees locais e

compreender todos aqueles serviccedilos meacutedicos que satildeo necessaacuterios para a sauacutede da

populaccedilatildeo Para ele os serviccedilos meacutedicos de diferentes niacuteveis de complexidade e serviccedilos

complementares devem estar interligados e instalados considerando a distribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo e os meios de comunicaccedilatildeo (Dawson 1920 V) A proposta de Dawson faz

referecircncia quanto agrave importacircncia de se organizar serviccedilos e redes de atenccedilatildeo que

contemplem as necessidades da populaccedilatildeo com comando uacutenico em uma regiatildeo

Embora contemplada na constituiccedilatildeo vigente inicialmente o processo de

descentralizaccedilatildeo do SUS natildeo considerou a regiatildeo utilizou estrateacutegias para reorganizar

as praacuteticas de sauacutede no niacutevel local primeiro como ldquodistrito sanitaacuteriordquo-1988-1993

depois como ldquosistema municipal de sauacutederdquo -1993-2000 (Teixeira 2002 p154)

26

Com a ediccedilatildeo das Normas Operacionais Baacutesicas no inicio da deacutecada de 1990

foram definidos criteacuterios e mecanismos de repasses financeiros entre uniatildeo estados e

municiacutepios instrumentos de prestaccedilatildeo de contas e de acompanhamento das accedilotildees de

sauacutede e criados a Comissatildeo Intergestores Tripartite-CIT e a Comissatildeo Intergestores

Bipartite-CIB na NOB93 Esta conduccedilatildeo foi estruturante no processo de

descentralizaccedilatildeo permitiu ao gestor ter clareza quanto aos custos e benefiacutecios no

cumprimento dos criteacuterios de repasse de recursos financeiros (MS 1993)

A NOB96 instituiu a redistribuiccedilatildeo de recursos financeiros por meio de

transferecircncias per capita do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica (PAB) ndash fixo e variaacutevel da PPI do

incentivo aos municiacutepios que optassem por um modelo de atenccedilatildeo que contemplasse o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia-PSF Entre seus postulados a NOB96 reforccedila a

necessidade de cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira dos Estados e da Uniatildeo com

responsabilidade conjunta na gestatildeo do SUS em suas respectivas competecircncias (Barreto

e Silva 2004)

As NOB foram importantes na descentralizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos sistemas locais

de sauacutede e tambeacutem aumentaram a autonomia dos gestores mas as situaccedilotildees de

desigualdade dos municiacutepios continuaram presentes em especial pela ausecircncia da esfera

estadual como coordenadora ativa do processo A experiecircncia dos gestores na

estruturaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos sistemas locais de sauacutede foi fundamental para aprofundar

os debates quanto agrave necessidade de conduzir a poliacutetica de forma regionalizada uma vez

que os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica jaacute eram evidentes Essa situaccedilatildeo foi

amenizada pela criaccedilatildeo e funcionamento da CIB instacircncia constituiacuteda por gestores

estadual e municipais espaccedilo de discussatildeo do processo de implementaccedilatildeo e conduccedilatildeo

da poliacutetica estadual

Para Viana et al (2010) o processo de municipalizaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1990

trouxe resultados positivos entre eles a expansatildeo do acesso agrave sauacutede a ampliaccedilatildeo da

cobertura dos serviccedilos a incorporaccedilatildeo de praacuteticas inovadoras na gestatildeo e na assistecircncia

a incorporaccedilatildeo de novos atores e o aumento do financiamento puacuteblico em sauacutede por

parte dos estados e municiacutepios Mas a descentralizaccedilatildeo nesse periacuteodo privilegiou os

municiacutepios e natildeo valorizou o papel das Secretarias Estaduais de Sauacutede na conformaccedilatildeo

de arranjos regionais resultando em intensos conflitos intergovernamentais

competiccedilatildeo interesses divergentes e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

27

entes federativos As estrateacutegias de descentralizaccedilatildeo ateacute entatildeo utilizadas natildeo foram

suficientes para evitar os conflitos fortalecer o compartilhamento e os mecanismos de

coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo intergovernamentais de forma a favorecer o equiliacutebrio entre

os pactuantes e amenizar os conflitos (Viana et al 2010 2011)

Naquele periacuteodo cada municiacutepio trabalhava separado dos demais e os problemas

natildeo eram vistos como de micro ou macrorregiatildeo (Abrucio 2005) Tambeacutem foi na

deacutecada de 1990 que novos atores foram inseridos no interior da poliacutetica de sauacutede como

os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede que foram valorizados em relaccedilatildeo agrave

conformaccedilatildeo dos sistemas locorregionais mas natildeo ganharam espaccedilo formal nas

instacircncias governamentais como nas Comissotildees Intergestores (Viana et al 2008) De

natureza privada os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede facilitaram o acesso do

usuaacuterio mas muitos deles contribuiacuteram para a fragmentaccedilatildeo do sistema de sauacutede no

recorte regional que natildeo contou com iniciativas de regulaccedilatildeo

Neste contexto as relaccedilotildees passaram a ocorrer diretamente entre a uniatildeo e os

municiacutepios e os problemas enfrentados pelos gestores municipais ficaram mais

expliacutecitos mostrando os limites da municipalizaccedilatildeo e a necessidade de rediscutir o

modelo de gestatildeo A importacircncia da coordenaccedilatildeo das instacircncias estaduais na regulaccedilatildeo

e na organizaccedilatildeo de redes assistenciais regionalizadas torna-se mais expressiva e as

discussotildees acerca da regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia de conduccedilatildeo da politica de sauacutede

ganham espaccedilo na agenda dos implementadores da politica (Gadelha 2011)

A regionalizaccedilatildeo contemplada na Constituiccedilatildeo de 1988 como estrateacutegia de

organizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede juntamente com a descentralizaccedilatildeo

e hierarquizaccedilatildeo insere-se na agenda do gestor com a ediccedilatildeo da Norma Operacional de

Assistecircncia a Sauacutede em 2001 e 2002 Esta norma foi debatida e consensuada entre o

Ministeacuterio da Sauacutede e instacircncias de representaccedilatildeo de gestores Conselho Nacional de

Sauacutede Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de SauacutedeCONASS e de Secretaacuterios

Municipais de SauacutedeCONASEMS (Souza 2001) e estabelece estrateacutegias de

planejamento para a constituiccedilatildeo de redes regionais de sauacutede

Na NOAS 0102 a regionalizaccedilatildeo eacute definida como uma macroestrateacutegia que deve

entre outros aspectos contar com a coordenaccedilatildeo dos governos estaduais otimizar os

recursos disponiacuteveis fortalecer a capacidade de gestatildeo do SUS viabilizar o

planejamento de sistemas de sauacutede construiacutedos de forma integrada conformar redes

28

articuladas e cooperativas circunscritas a territoacuterios delimitados pelo grau de

complexidade tecnoloacutegica dos serviccedilos existentes entre municiacutepios que compotildeem a

regiatildeo Deve ainda definir a populaccedilatildeo adscrita os fluxos e contra fluxos que garantam

a equidade ao usuaacuterio e seu acesso aos niacuteveis de complexidade necessaacuteria para a

resoluccedilatildeo de seus problemas (MS 2002a)

Entre as diretrizes da NOAS destacam-se os gestores estaduais como

coordenadores da estruturaccedilatildeo de redes regionalizadas a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) a Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e a definiccedilatildeo dos

moacutedulos assistenciais Com a implantaccedilatildeo da PPI o estado passa a coordenar os pactos

intermunicipais por meio das instacircncias regionais que fortalecidas passam a regular o

sistema com adequaccedilatildeo de criteacuterios e mecanismos para a oferta e a demanda de

serviccedilos com base nos fluxos de acesso agraves referecircncias (Barreto e Silva 2004)

A NOAS3 incentivou a construccedilatildeo de redes de serviccedilos de sauacutede aleacutem dos limites

territoriais dos municiacutepios estabeleceu moacutedulos assistenciais constituiacutedos por um ou

mais municiacutepios com capacidade de ofertar agrave populaccedilatildeo adscrita procedimentos do

primeiro niacutevel de referecircncia para apoio agrave atenccedilatildeo primaacuteria definiu as caracteriacutesticas do

municiacutepio sede do modulo assistencial do municiacutepio polo e as microrregiotildees e regiotildees

de sauacutede consideradas como a base de planejamento integrado e regionalizado da

unidade da federaccedilatildeo (MS 2001)

A NOAS contemplou o planejamento integrado entre os municiacutepios e o estado

com a participaccedilatildeo ativa das estruturas de conduccedilatildeo nas regiotildees de sauacutede No entanto a

sua conduccedilatildeo natildeo considerou a dinacircmica do territoacuterio no sentido de estimular os atores

a recriar os espaccedilos considerando as especificidades da regiatildeo a complexidade dos

problemas sociais e a necessidade da articulaccedilatildeo intersetorial para intervir sobre os

problemas

A regionalizaccedilatildeo contemplada na NOAS natildeo trouxe ldquoavanccedilos significativos para a

adequaccedilatildeo regional dos processos de descentralizaccedilatildeo em cursordquo visto que as

exigecircncias normativas na configuraccedilatildeo das microrregiotildees e regiotildees de sauacutede eram

excessivas mas estimulou o planejamento regional atraveacutes do PDR PDI e PPI (Viana

et al 2008 p96) A implementaccedilatildeo da NOAS permitiu ao gestor visualizar seus limites

na municipalizaccedilatildeo autaacuterquica

3 A NOAS estabeleceu dois niacuteveis de atenccedilatildeo para habilitaccedilatildeo de estados e municiacutepios gestatildeo plena

da atenccedilatildeo baacutesica e gestatildeo plena do sistema municipal (NOAS 012001)

29

O PDR e o PDI satildeo instrumentos de planejamento que expressam objetivos

comuns entre os entes federativos que integram a regiatildeo Esse planejamento integrado

identifica as necessidades da regiatildeo propotildee a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo define

as articulaccedilotildees teacutecnicas e poliacuteticas os recursos e a viabilidade econocircmica necessaacuteria

para conformar o sistema regionalizado de assistecircncia agrave sauacutede e garantir na regiatildeo a

integralidade da assistecircncia e o acesso da populaccedilatildeo considerando suas necessidades O

planejamento eacute uma obrigatoriedade dos entes federativos eacute indutor das poliacuteticas deve

ser ascendente deve contar com a participaccedilatildeo do Conselho Municipal de Sauacutede e ser

compatiacutevel com as necessidades de sauacutede

Com a implementaccedilatildeo das NOB e com a NOAS o SUS avanccedilou mas natildeo

favoreceu o federalismo cooperativo O modelo de gestatildeo regional deve ser cooperativo

e as normas nacionais editadas devem ser em menor quantidade de forma a permitir

que sejam recriados nos niacuteveis subnacionais modelos adequados agrave singularidade dos

estados e regiotildees Essas entre outras razotildees indicam a necessidade de se viabilizar

pactos federativos que legitimem a autonomia dos entes (Mendes 2011)

Na vigecircncia das NOB e NOAS os problemas que ocorreram no sistema de sauacutede

foram discutidos pelos gestores no interior das CIB dos COSEMS do CONASEMS e

do CONASS e serviram de reflexatildeo para a elaboraccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 Com a

ediccedilatildeo deste pacto a regionalizaccedilatildeo se insere novamente na agenda do gestor como

estrateacutegia de conduccedilatildeo que agrega a dimensatildeo teacutecnica e a poliacutetica do SUS

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 a importacircncia da regionalizaccedilatildeo como

uma diretriz do SUS eacute reafirmada uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo eacute formulada novas

diretrizes satildeo definidas e o territoacuterio eacute pensado na loacutegica de sistema e de

descentralizaccedilatildeo (Viana et al 2008) O Pacto natildeo propotildee um modelo padratildeo de regiatildeo

de sauacutede e refere que ldquoAs Regiotildees de Sauacutede satildeo recortes territoriais inseridos em um

espaccedilo geograacutefico contiacutenuo identificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir

de identidades culturais econocircmicas e sociais de redes de comunicaccedilatildeo e infraestrutura

de transportes compartilhados do territoacuteriordquo (MS 2006) Nesse documento as diretrizes

da regionalizaccedilatildeo consideram a regiatildeo natildeo apenas como unidade de intervenccedilatildeo do

estado mas as diferentes estruturas da rede de atenccedilatildeo os fixos e os fluxos de forma a

tornar a regiatildeo um territoacuterio com capacidade resolutiva

30

A regiatildeo de sauacutede deve ser pensada a partir do funcionamento do territoacuterio que

natildeo se configura apenas pelos limites territoriais mas um territoacuterio usado um espaccedilo

vivido constituiacutedo por contextos heterogecircneos que pode criar um modus operandi

cooperativo otimizar o custo e o uso de recursos e permitir uma nova maneira de

planejar controlar e regular o sistema de sauacutede (Viana e Lima 2011) Sem ferir a

autonomia dos entes federativos (Abrucio 2002) nestes espaccedilos os pactos satildeo

trabalhados entre os gestores locais regionais e estaduais para ampliar a governanccedila e

propiciar a organizaccedilatildeo e assim garantir acesso igual aos desiguais (Junqueira 2004)

Entende-se que a regiatildeo de sauacutede possui duplo sentido

[1] base territorial cujos elementos engendram o planejamento de uma rede

de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede e os processos de incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica

qualificaccedilatildeo e alocaccedilatildeo de recursos humanos de modo a garantir

autossuficiecircncia do sistema de sauacutede em aacutereas especiacuteficas Configuram-se

ainda como espaccedilos geograacuteficos vinculados agrave conduccedilatildeo poliacutetico-administrativa

do sistema de sauacutede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuterio (Viana e Lima

2011 p13)

Este entendimento evidencia a complexidade da organizaccedilatildeo e do financiamento

para dotar as regiotildees de sauacutede com autossuficiecircncia no sistema de sauacutede

Com a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS foram definidos mecanismos

de distribuiccedilatildeo e transferecircncias de recursos financeiros agraves instacircncias subnacionais

Constitucionalmente coube agrave Uniatildeo o papel de ser o financiador normatizador e

coordenador das relaccedilotildees intergovernamentais da poliacutetica Desta forma tem autoridade

para tomar decisotildees e dispotildee de recursos institucionais que influenciam as escolhas dos

governos locais (Arretche 2004)

Com a ediccedilatildeo do Pacto o instrumento orientador da organizaccedilatildeo e financiamento

dos serviccedilos nos municipais e na regiatildeo eacute o Termo de Compromisso de Gestatildeo o qual

tambeacutem define estiacutemulos financeiros para a regionalizaccedilatildeo O Pacto pela Sauacutede define

responsabilidades no financiamento para os trecircs entes federativos e refere que os

recursos federais para custeio seratildeo transferidos em blocos de recursos aos entes

subnacionais para Atenccedilatildeo baacutesica Atenccedilatildeo de meacutedia e alta complexidade Vigilacircncia

em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica e Gestatildeo do SUS De acordo com as diretrizes

estabelecidas como estiacutemulo agrave regionalizaccedilatildeo seratildeo priorizados investimentos para

fortalececirc-la tendo como base o PDR atualizado (Brasil 2006)

31

O pacto refere que para fortalecer a Atenccedilatildeo Baacutesica conforme disponibilidade

orccedilamentaacuteria seratildeo transferidos recursos fundo a fundo para aqueles municiacutepios que

apresentarem projetos selecionados de acordo com criteacuterios pactuados na Comissatildeo

Intergestores Tripartite Aleacutem disso como parte dos recursos do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

variaacutevel tambeacutem seratildeo destinados recursos aos estados para Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais um montante financeiro igual a 5 do valor miacutenimo do

PAB fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado Para a distribuiccedilatildeo destes recursos os

estados de acordo com suas especificidades deveratildeo definir criteacuterios de utilizaccedilatildeo do

referido recurso devendo estes ser informados ao plenaacuterio da CIT (Brasil 2006)

O Pacto pela Sauacutede amplia a gestatildeo financeira nos municiacutepios e embora o sistema

de transferecircncias fiscais favoreccedila os municiacutepios de pequeno porte as desigualdades das

condiccedilotildees econocircmicas associada agrave baixa capacidade tributaacuteria e capacidade de

sobrevivecircncia com recursos exclusivos proacuteprios torna a estrutura municipal fraacutegil

financeiramente (Abrucio 2005) Nesse sentido desde sua implantaccedilatildeo o SUS vem

alcanccedilando avanccedilos inegaacuteveis mas os problemas relacionados agrave insuficiecircncia de

recursos financeiros frente aos princiacutepios constitucionais deste sistema eacute uma

realidade

Esses municiacutepios de modo geral tecircm necessidade de melhorar a infraestrutura

fiacutesica e de equipamentos da rede de serviccedilos contratar profissionais e capacitar a

equipe manter a rede proacutepria encaminhar pacientes e adquirir medicamentos entre

outros Satildeo serviccedilos cujo custo operacional eacute elevado e sobrecarrega os municiacutepios e o

tornam dependente das transferecircncias da uniatildeo e do estado para implementar a poliacutetica

municipal (Arretche 2004) Para a garantia da integralidade da atenccedilatildeo aos seus

muniacutecipes satildeo requeridos arranjos cooperativos na prestaccedilatildeo de serviccedilos (Santos e

Andrade 2011)

Com o Pacto pela Sauacutede os espaccedilos de pactuaccedilatildeo antes denominados Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais ou Microrregionais existentes em alguns estados

transformam-se em Colegiados de Gestatildeo Regional considerados como espaccedilo

permanente de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa entre entes federativos da

regiatildeo cujas decisotildees devem ser consensuadas para organizar a rede regional de

atenccedilatildeo agrave sauacutede integrada e resolutiva (Brasil 2006)

32

A composiccedilatildeo dos Colegiados de Gestatildeo Regional se daacute por representaccedilatildeo do

estado atraveacutes da Secretaria de Estado da Sauacutede em niacutevel regional e do conjunto de

municiacutepios das regiotildees Os CGR foram criados com o intuito de que o planejamento a

coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos no acircmbito das regiotildees de

sauacutede fossem desenvolvidos de forma cooperativa entre os entes federativos Entre suas

funccedilotildees estatildeo a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede na regiatildeo e a proposiccedilatildeo de

soluccedilotildees o que implica na organizaccedilatildeo da rede assistencial regional (Brasil 2006)

Apesar disso o grau de articulaccedilatildeo entre os entes para viabilizar tais accedilotildees ainda eacute

dependente da iniciativa do gestor estadual condutor do processo

O que inova no pacto eacute a concepccedilatildeo poliacutetica da regionalizaccedilatildeo que prevecirc natildeo

apenas a dimensatildeo teacutecnica do processo mas a pactuaccedilatildeo entre gestores municipais e

estaduais Contempla uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo pressupotildee uma nova forma de

gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes atores

sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes e

experiecircncias

As diretrizes do SUS satildeo uacutenicas para todo o territoacuterio brasileiro mas a sua

implementaccedilatildeo difere e sofre interferecircncia das heranccedilas territoriais e heterogeneidades

das regiotildees o que evidencia a complexidade analiacutetica institucional e poliacutetica do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (Viana et al 2008) Na regionalizaccedilatildeo a conformaccedilatildeo das

redes de atenccedilatildeo eacute uma necessidade e deve considerar a diversidade dos contextos e

lugares que conformam a regiatildeo a unicidade e descentralizaccedilatildeo do SUS as

modalidades e os tipos de serviccedilos de sauacutede existentes e necessaacuterios para garantir o

principio da integralidade na assistecircncia agrave sauacutede

As redes regionalizadas podem proporcionar a interaccedilatildeo entre as poliacuteticas puacuteblicas

e a oportunidade de intervir sobre os determinantes do processo sauacutede-doenccedila Aleacutem

disso melhoram a qualidade da atenccedilatildeo a equidade em sauacutede e reduzem os custos dos

serviccedilos por imprimir uma maior racionalidade sistecircmica na utilizaccedilatildeo dos recursos

(Silva 2011) Podem ainda criar condiccedilotildees estruturais para efetivar os direitos

constitucionais do cidadatildeo mas implantar e operacionalizar as redes impotildeem desafios

visto que os processos de decisatildeo planejamento e avaliaccedilatildeo passam a ter um novo

desenho cujas abordagens devem dar conta da gestatildeo de estruturas gerenciais

policecircntricas (Teixeira e Ouverney 2007)

33

A conformaccedilatildeo de redes construiacutedas entre entes autocircnomos permite que cada

integrante preserve sua identidade que defina os objetivos de forma coletiva entre

agentes puacuteblicos e privados centrais e locais que articule as pessoas e instituiccedilotildees e de

maneira integrada firme compromissos para enfrentar os problemas sociais orientar as

accedilotildees e respeitar as diversidades (Junqueira 2004)

Em dezembro de 2010 o Ministeacuterio da Sauacutede editou a Portaria no 4279 que

estabelece as diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (RAS) do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) Segundo essa Portaria a RAS tem como objetivo

ldquopromover a integraccedilatildeo sistecircmica de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede com provisatildeo de atenccedilatildeo

contiacutenua integral e de qualidade responsaacutevel e humanizada bem como incrementar o

desempenho do Sistema em termos de acesso equidade eficaacutecia cliacutenica e sanitaacuteria e

eficiecircncia econocircmicardquo (MS 2010)

Em 2011 foi editado o Decreto no 75082011

4 que contempla a formaccedilatildeo de

redes nas regiotildees de sauacutede Intervir sobre as regiotildees de sauacutede e construir redes de

atenccedilatildeo regionalizada requer por parte dos gestores accedilatildeo intersetorial jaacute que a

complexidade dos problemas sociais exige diversos olhares e maneiras de abordaacute-los

A intersetorialidade pode ser considerada um fator de inovaccedilatildeo na conduccedilatildeo das

poliacuteticas visto que aleacutem das parcerias natildeo serem estabelecidas de forma isolada muda-

se a loacutegica ou seja passa-se a identificar e considerar os problemas considerar os

saberes e a experiecircncia dos diversos integrantes Aleacutem disso a populaccedilatildeo passa a ser

vista como aquela que pode desempenhar um papel ativo e criativo nesse processo

(Junqueira 2004) A gestatildeo de redes regionalizadas e intersetorializadas pode permitir a

integraccedilatildeo das poliacuteticas de um determinado espaccediloterritoacuterio

Entende-se que a regionalizaccedilatildeo eacute uma estrateacutegia que pode assegurar o direito agrave

sauacutede e integrar os entes federativos sem ferir o princiacutepio da autonomia desde que se

crie um modus operandi que contemple o planejamento a execuccedilatildeo o controle e a

avaliaccedilatildeo na operacionalizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede de forma compartilhada e com

base na realidade vivida da regiatildeo Portanto pressupotildee a organizaccedilatildeo de um complexo

regional constituiacutedo por diferentes estruturas entes federativos autocircnomos instituiccedilotildees

e atores puacuteblicos e privados que participam direta e indiretamente da gestatildeo da sauacutede

4 Este Decreto editado em 28 de junho de 2011 trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm 808090 e refere

que o seu papel eacute dentre outros de regular a estrutura organizativa do SUS (MS 2011)

34

Entende-se tambeacutem que a gestatildeo regionalizada requer mudanccedilas na gestatildeo com

distribuiccedilatildeo de poder inter-relaccedilotildees entre os diferentes atores sociais desse territoacuterio e

que seu sucesso depende de uma accedilatildeo coordenada do estado Eacute neste entendimento que

se analisa o processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra procurando compreender no acircmbito da gestatildeo a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores integrantes do sistema de sauacutede

3 Institucionalidade e Governanccedila

no Territoacuterio

36

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO

Com a nova constituiccedilatildeo um conjunto de direitos sociais foi assegurado

inserindo a sauacutede como um dever do Estado Sendo a sauacutede um direito garantido e

elemento estruturante de bem-estar (Gadelha et al 2012) cabe ao Estado o papel de

provedor regulador e financiador de serviccedilos dessa natureza Aleacutem disso ele tem a

importante funccedilatildeo de formular poliacuteticas puacuteblicas que possam assegurar tais direitos

(Fleury e Ouvrney 2012)

Haacute muitas definiccedilotildees sobre poliacuteticas puacuteblicas mas de modo geral referem-se a

decisotildees que transformadas em um conjunto de medidas orientam a poliacutetica de Estado

para aquilo que se deseja alcanccedilar regulam as atividades governamentais inerentes a

interesses puacuteblicos influenciam e satildeo influenciadas pela realidade econocircmica social e

ambiental que envolve o Estado as pessoas e as instituiccedilotildees

Aleacutem dos direitos sociais a Constituiccedilatildeo brasileira de 1988 trouxe importantes

desafios para os entes federativos Constitucionalmente eles passaram a ter maior

autonomia mas num contexto de mudanccedilas tiveram que enfrentar sucessivas crises e

desequiliacutebrios fiscais que motivaram tentativas de ajustes da economia e a reforma do

estado (Santos 1997) Foi neste contexto de reformas que o SUS foi implantado nos

anos de 1990 num esforccedilo de instituir o pacto federativo incorporado agrave Constituiccedilatildeo de

1988 mas a agenda de reformas econocircmica e politica do paiacutes era naquele momento

desfavoraacutevel agrave construccedilatildeo de poliacuteticas universais

A agenda de reformas econocircmicas associada agrave complexidade dos problemas

daquele periacuteodo com pressotildees crescentes da sociedade sobre os direitos de cidadania

trouxe para a agenda governamental a necessidade de uma nova gestatildeo puacuteblica com

condiccedilotildees de enfrentar os desafios lanccedilados e melhorar o desempenho do Estado

(Knopp 2011) Momento em que foram desencadeados debates sobre o novo papel do

Estado discutidos os requisitos poliacuteticos societais organizacionais e gerenciais para

encontrar alternativas e tornaacute-lo eficiente e eficaz com capacidade para enfrentar os

desafios e dilemas que se apresentavam (Cavalheiro et al 2009)

37

Dentro do formato descentralizado do SUS a importacircncia atribuiacuteda ao papel do

Estado pode ser compreendida na representaccedilatildeo do arcabouccedilo poliacutetico-institucional

desse Sistema (Gadelha et al 2012) O novo desenho conforma um sistema complexo

implica em mudanccedilas no poder e na distribuiccedilatildeo de responsabilidades e requer

sustentabilidade estrutural para legitimar os direitos constitucionais

Como poliacutetica de Estado o SUS foi instituiacutedo num cenaacuterio de mudanccedilas e de

correlaccedilatildeo de forccedilas entre entes federativos autocircnomos com falta de clareza quanto ao

papel de cada ente na sua implementaccedilatildeo A partir da deacutecada de 1990 o MS comeccedila a

editar normas que explicitam sua institucionalidade e a maneira de gerir o sistema de

sauacutede As Normas Operacionais Baacutesicas foram editadas nos anos de 1991 1993 e 1996

a Norma Operacional da Assistecircncia em 2001 e 2002 o Pacto pela Sauacutede em 2006 e

mais recentemente o Decreto no 75082011

Com especificidades todas estas normativas induziram a descentralizaccedilatildeo do

SUS definiram criteacuterios responsabilidades e o papel de cada gestor do SUS por niacutevel

de governo Geraram mudanccedilas nas funccedilotildees e competecircncias do MS da SES e das SMS

e influenciaram a dinacircmica e as estruturas de organizaccedilatildeo e gestatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com a redefiniccedilao das relaccedilotildees entre as esferas de governo entre Estado e

sociedade e Estado e mercado (Fleury e Ouverney 2006)

O processo de descentralizaccedilatildeo propiciou a criaccedilatildeo de estrateacutegias inovadoras na

gestatildeo introduziu mudanccedilas nos modelos e praacuteticas de cuidado e propiciou a

participaccedilatildeo da sociedade civil na gestatildeo do SUS atraveacutes dos Conselhos de Sauacutede e

Conferecircncias de Sauacutede no acircmbito local estadual e nacional (Fleury e Ouverney 2012)

A descentralizaccedilatildeo implicou uma nova maneira de gerir e a criaccedilatildeo das instacircncias

colegiadas interfederativas criou as condiccedilotildees para aproximar as relaccedilotildees buscar

consenso entre os diferentes atores envolvidos na construccedilatildeo do SUS e o

estabelecimento de pactos e decisotildees poliacuteticas e administrativas referentes ao sistema de

sauacutede em acircmbito nacional estadual regional e municipal (Pinto et al 2014)

Estudo realizado por Fleury et al (2010) afirma que de 1996 a 2006 houve

ldquomodificaccedilotildees importantes na relaccedilatildeo Estado-sociedade em direccedilatildeo a um padratildeo mais

democraacutetico de exerciacutecio do poder localrdquo Para os autores se mantida a atual

configuraccedilatildeo institucional do SUS a esfera municipal se tornaraacute o loacutecus privilegiado de

resoluccedilatildeo dos desafios enfrentados pelo SUS Tambeacutem chamam a atenccedilatildeo para a

38

necessidade de construccedilatildeo de bases solidas no acircmbito da governanccedila local pois o

sucesso das intervenccedilotildees dependem de estrateacutegias capazes de oferecer apoio teacutecnico

gerencial e politico na implementaccedilatildeo das politicas de sauacutede Estas estrateacutegias se

viabilizadas atraveacutes da poliacutetica regionalizada da sauacutede que articula diferentes atores

sociais podem fortalecer a governanccedila no acircmbito local e regional (p454)

A governanccedila estaacute relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e sua

capacidade organizativa ou seja a capacidade dos governos para desenvolver o

planejamento a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas e cumprir suas funccedilotildees A

boa governanccedila eacute indispensaacutevel para o desenvolvimento sustentado que associa

crescimento econocircmico equidade social e direitos humanos (Santos 1996)

Segundo as agecircncias internacionais de financiamento entre elas o Banco Mundial

a governanccedila eacute definida como ldquoo exerciacutecio da autoridade controle administraccedilatildeo poder

de governosrdquo tambeacutem entendida como ldquoa maneira pela qual o poder eacute exercido na

administraccedilatildeo dos recursos sociais e econocircmicos de um paiacutes visando o

desenvolvimentordquo (Gomides 1996 p179)

Segundo Santos (1997) os termos governanccedila e governabilidade divergem entre

alguns autores sendo a governabilidade relacionada agraves condiccedilotildees sistecircmicas e

institucionais em que se daacute o exerciacutecio do poder a forma de governo as relaccedilotildees entre

os poderes e o sistema de intermediaccedilatildeo de interesses O termo governanccedila estaacute

basicamente ligado agrave performance dos atores e sua capacidade no exerciacutecio da

autoridade politica Neste sentido a autora considera ser pouco relevante no contexto

atual distinguir os conceitos de governanccedila e governabilidade e para tanto adota o

termo capacidade governativa (Santos 1997) termo utilizado neste trabalho

A capacidade organizativa tambeacutem conhecida como modus operandi das politicas

governamentais eacute fundamental para o desenvolvimento sustentado equitativo e

democraacutetico e natildeo se restringe apenas aos aspectos gerenciais e administrativos do

aparelho do Estado (Santos 1997) O modus operandi das poliacuteticas envolve as questotildees

relativas agrave coordenaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre os atores sociais Pode-se dizer que engloba

tanto as caracteriacutesticas operacionais do Estado como tambeacutem sua dimensatildeo

poliacuteticoinstitucional capaz de mobilizar apoio agraves politicas governamentais a

capacidade financeira instrumental e operacional do Estado

39

O modus operandi das politicas governamentais inclui dentre outras questotildees

aquelas ldquoligadas ao formato poliacutetico-institucional dos processos decisoacuterios agrave definiccedilatildeo

do mix apropriado puacuteblico-privado nas politicas agrave participaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo aos

mecanismos de financiamento das politicas e ao alcance global dos programasrdquo (Melo

1995 apud Santos 1997)

A governanccedila consiste na reparticcedilatildeo de poder entre aqueles que governam e os

que satildeo governados na negociaccedilatildeo entre os atores sociais na descentralizaccedilatildeo da

autoridade e das funccedilotildees relacionadas ao ato de governar (Pereira 2010) Os niacuteveis de

governabilidade podem variar e sofrem o impacto das relaccedilotildees entre os poderes dos

sistemas partidaacuterios do sistema de intermediaccedilatildeo de interesses e da forma de governo

(Cavalheiro et al 2009)

Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila ganha espaccedilo no debate e se materializa

nos espaccedilos de gestatildeo colegiada Nesses colegiados a governanccedila pressupotildee arranjos

envolve diversos contextos institucionais e atores com objetivos particulares mas

inseridos num territoacuterio de uso comum que requer fortalecimento das relaccedilotildees verticais

e horizontais que conformam o complexo regional Eacute uma nova dinacircmica de gestatildeo

Orientados pela institucionalidade da unicidade do SUS a governanccedila na

regionalizaccedilatildeo implica na pactuaccedilatildeo de estrateacutegias que possam convergir os diferentes

interesses em torno dos objetivos comuns (Fleury e Ouverney 2006) Implica em

acordos pactuaccedilotildees consensos e compartilhamentos em relaccedilatildeo agraves regras e aos

mecanismos de planejamento que assegurem o financiamento a regulaccedilatildeo e gestatildeo do

sistema para proverem de forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo

regionalizada

A regulaccedilatildeo do sistema contemplada no Pacto pela Sauacutede guarda interface com o

planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo e com os diversos niacuteveis de complexidade da

assistecircncia (Nascimento 2009) Aleacutem disso contribui para garantir o acesso da

populaccedilatildeo aos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a uma assistecircncia qualificada e cabe aos

entes federativos a importante tarefa compartilhada de regular o sistema de sauacutede a

atenccedilatildeo e o acesso agrave sauacutede (Vilarins 2012)

A regulaccedilatildeo sobre os sistemas de sauacutede define as normas o monitoramento o

controle e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede A regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede estaacute

relacionada com a contratualizaccedilatildeo e a regulaccedilatildeo do acesso a avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

40

sauacutede e a auditoria A regulaccedilatildeo assistencial ou do acesso se responsabiliza pelas accedilotildees

que ajustam as necessidades e a oferta de forma ordenada para garantir o acesso

universal integral e equacircnime (Vilarins 2012 Nascimento 2009)

A regulaccedilatildeo no Pacto pela Sauacutede tambeacutem faz parte dos instrumentos de gestatildeo

compartilhada Sua institucionalidade contribui para tornar mais claras as funccedilotildees e

responsabilidades de cada ente federativo e explicita as relaccedilotildees horizontais a serem

estabelecidas entre os prestadores no territoacuterio de abrangecircncia do complexo regulador

Na regionalizaccedilatildeo da sauacutede o gestor estadual eacute o principal regulador e articulador dos

municiacutepios na provisatildeo dos serviccedilos cujo objetivo eacute fortalecer a interdependecircncia entre

os municiacutepios e ampliar a capacidade regional no sentido de organizar uma rede de

atenccedilatildeo que seja capaz de prover a atenccedilatildeo integral com maior equidade (Fleury e

Ouverney 2006)

A rede de atenccedilatildeo do SUS foi configurada a partir da estruturaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio nos anos 20 sendo os anos 30 o marco do sistema previdenciaacuterio no

Brasil onde se desenvolveu o embriatildeo dos direitos sociais Eacute tambeacutem quando o setor

privado comeccedila a se inserir nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede e na sua governanccedila

A oferta de serviccedilos meacutedicos oferecidos por iniciativa das empresas a

trabalhadores aparece nos registros desde 1911 na cidade de Satildeo Paulo Os conflitos da

classe operaacuteria por condiccedilotildees miacutenimas de trabalho atingiram seu ponto maacuteximo com as

greves de 1917 e 1919 (Possas 1989) Naquele periacuteodo a oferta de tais serviccedilos eram

arranjos considerados necessaacuterios para manter o processo de trabalho parte dos custos

destes serviccedilos era transferida para os trabalhadores um desconto que correspondia a

cerca de 2 dos salaacuterios

A estruturaccedilatildeo e o desenvolvimento da previdecircncia social iniciam-se com a

criaccedilatildeo das Caixas de Aposentadorias e Pensotildees (CAP) em 1923 Concebidas na loacutegica

da capitalizaccedilatildeo tiacutepica de seguro social sustentavam-se a partir da contribuiccedilatildeo de

empregados e empregadores e os benefiacutecios da assistecircncia meacutedica davam-se

principalmente pela compra de serviccedilos (Menicucci 2007 Viana et al 2008)

Ateacute a deacutecada de 1930 a previdecircncia social era deixada para o setor privado

empresarial concedida atraveacutes do contrato estabelecido entre o empregador e o

empregado (Cohn 1980) Foi no Governo Vargas a partir de 1930 que o processo de

configuraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas se inicia momento em que tambeacutem se configura o

41

sistema previdenciaacuterio com repercussotildees na poliacutetica trabalhista incluindo-se tambeacutem a

previdecircncia social que traz para o seu governo o comando das accedilotildees com a criaccedilatildeo dos

Institutos de Aposentadoria e Pensotildees - IAP (Possas 1989)

Com a concepccedilatildeo de uma previdecircncia social mais restrita quanto aos benefiacutecios e

agraves despesas os IAP mantiveram a assistecircncia meacutedica que se expandiu no final dos anos

50 e iniacutecio da deacutecada de 60 Foi neste periacuteodo que se iniciou o sistema de proteccedilatildeo

social com direitos sociais diferenciados entendido como um direito contratual de

proteccedilatildeo contra certos riscos tendo o trabalhador o dever de ajudar a garantir o seu

futuro visto que parte dos seus rendimentos era renunciado para o sistema

previdenciaacuterio (Possas 1989)

O formato de proteccedilatildeo social estabelecido no primeiro governo Vargas assemelha-

se ao modelo bismarckiano que se caracteriza como seguro social com acesso

garantido mediante preacutevio pagamento de uma contribuiccedilatildeo de empregados e

empregadores Em 1940 contrapondo-se a este modelo ganha repercussatildeo o modelo

beveridgeano que natildeo se limita agrave loacutegica do seguro social Seu foco eacute o cidadatildeo e se

caracteriza pelo caraacuteter universal natildeo exige contribuiccedilatildeo individual anterior para a

obtenccedilatildeo de um benefiacutecio baacutesico e afere direitos sociais pela caracteriacutestica definidora da

cidadania (Salvador 2008 apud Pacheco 2012) Esses modelos serviram de subsiacutedios

para a configuraccedilatildeo do arcabouccedilo de proteccedilatildeo social brasileiro seja por parte do

governo seja pelas reivindicaccedilotildees dos trabalhadores

Dentro deste formato a assistecircncia meacutedica vai se configurando com suas origens

incorporadas aos benefiacutecios previdenciaacuterios como um benefiacutecio vinculado ao trabalho

formal com as caracteriacutesticas de seguro natildeo se constituindo como um direito a toda a

populaccedilatildeo e ofertado por empresas privadas Inicia-se aiacute a cidadania regulada cujos

direitos sociais estatildeo vinculados a assalariados urbanos (Santos 1979 apud Viana et al

2008)

A medicina previdenciaacuteria que se expande a partir do final da deacutecada de 1950

sofre influecircncias do desenvolvimento tecnoloacutegico com incorporaccedilatildeo de equipamentos

meacutedicos hospitalares e medicamentos e aumenta os custos das despesas hospitalares ao

tempo que reduz a importacircncia das medidas de sauacutede puacuteblica com reduccedilatildeo do jaacute

precaacuterio orccedilamento do Ministeacuterio da Sauacutede (Menicucci 2007)

42

O projeto da Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social (LOPS) tramitou no congresso

durante 14 anos e a lei foi sancionada em 1960 Com a aprovaccedilatildeo da LOPS o governo

pocircde legitimar uma praacutetica que jaacute existia e permitiu que as empresas atendessem seus

empregados e dependentes com serviccedilos proacuteprios ou contratados (Bahia 2008) Com a

LOPS os benefiacutecios e os serviccedilos meacutedicos passam a assumir a mesma importacircncia na

definiccedilatildeo das finalidades da previdecircncia social A expansatildeo da assistecircncia meacutedica foi

contemplada mas natildeo foi prevista a instalaccedilatildeo de serviccedilos proacuteprios permitindo que os

convecircnios e contratos fossem estabelecidos entre institutos ou com estabelecimentos

hospitalares privados (Menicucci 2007)

As diretrizes contidas na LOPS contemplavam a participaccedilatildeo dos setores

assalariados nos oacutergatildeos de decisatildeo mas ela foi suprimida reflexo das restriccedilotildees de

participaccedilatildeo poliacutetica a partir de 1966 A unificaccedilatildeo do sistema previdenciaacuterio

representou uma ruptura em relaccedilatildeo ao modelo anterior vigente ateacute 1964 (Cohn 1980)

No periacuteodo de 1950 a 1964 a despesa da previdecircncia aumentou mais rapidamente

que a receita agravando sua situaccedilatildeo financeira Segundo Possas (1989) na praacutetica a

Uniatildeo nunca contribuiacutea Aleacutem disso as empresas atrasavam suas contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias e depois podiam pagar com um valor mais baixo Havia tambeacutem

excessos com aposentadorias quando alguns empresaacuterios beneficiavam parentes no

ultimo mecircs com altos salaacuterios porque sabiam que seriam aposentados com este valor

Esses fatores entre outros como tambeacutem o regime de capitalizaccedilatildeo de parte dos

recursos arrecadados pela previdecircncia e investidos em setores da economia

contribuiacuteram com a crise e a previdecircncia que jaacute natildeo conseguia cumprir as obrigaccedilotildees

de pagamento aos aposentados e pensionistas de quase todos os IAP entra em colapso

financeiro no iniacutecio da deacutecada de 1960 Do total das despesas dos IAP as despesas

meacutedicas em 1959 representavam 136 mais que o dobro do percentual de 1947

65 (Cohn 1980 Possas 1989) A maior parte dos recursos para pagamento das

despesas meacutedicas era repassada ao setor privado conveniado por meio dos IAP

Apesar da crise financeira da previdecircncia social que necessitava manter o

equiliacutebrio financeiro do sistema foi transferida para as empresas meacutedicas quase a

totalidade dos recursos previdenciaacuterios A exclusatildeo da participaccedilatildeo dos trabalhadores na

administraccedilatildeo de seu proacuteprio patrimocircnio em 1964 facilitou para que a previdecircncia

social atuasse de forma mais livre Foram transferidos sem restriccedilatildeo recursos do INPS

43

para as empresas meacutedicas privadas do FGTS ao setor imobiliaacuterio e do PIS-PASEP aos

mercados de accedilotildees e tiacutetulos Foi desta forma que na deacutecada de 1960 as empresas

meacutedicas e os hospitais privados impulsionaram a expansatildeo da medicina capitalista no

Brasil (Possas 1989)

Dos serviccedilos previdenciaacuterios em 1969 aproximadamente 93 eram comprados

de terceiros empresas meacutedicas e hospitais privados Com esta poliacutetica o INPS estimula

a participaccedilatildeo da iniciativa privada em detrimento dos serviccedilos proacuteprios O mercado de

convecircnios-empresa eacute impulsionado e o mesmo acontece com as empresas de medicina

de grupo cooperativas meacutedicas e organizaccedilatildeo de sistemas assistenciais proacuteprios de

algumas instituiccedilotildeesempresas empregadoras Segundo Bahia (2008) este mercado

empresarial consolidou-se nas deacutecadas de 1950 a 1970 e ateacute hoje constitui a maior fonte

de receita das empresas de planos e seguros de sauacutede

Foi tambeacutem na deacutecada de 1960 com a ediccedilatildeo da Lei nordm 450664 que o governo

federal permitiu a vinculaccedilatildeo das empresas empregadoras e dos empregados a planos

privados de sauacutede isentou ldquodos rendimentos tributados dos empregadores as

indenizaccedilotildees por acidente de trabalho os precircmios com seguro de vida em grupo pagos

pelo empregador em benefiacutecio de seus empregados os serviccedilos meacutedicos hospitalares e

dentaacuterios mantidos ou pagos pelo empregador em benefiacutecio dos seus empregadosrdquo

Aleacutem disso isentou das deduccedilotildees do trabalho assalariado ldquoas contribuiccedilotildees para

institutos e caixas de aposentadoria e pensotildees ou as contribuiccedilotildees para outros fundos de

beneficecircnciardquo (Bahia 2008) As poliacuteticas neste periacuteodo estiveram voltadas para o

incentivo e apoio agrave oferta privada de estabelecimentos de sauacutede

A isenccedilatildeo fiscal refere-se agraves deduccedilotildees de gastos em sauacutede que pode ocorrer tanto

por parte da pessoa fiacutesica como por parte das empresas tendo como referecircncia a base

sobre a qual eacute calculado o imposto de renda Para a pessoa fiacutesica a renuacutencia fiscal

ocorre quando os gastos com serviccedilos e planos de sauacutede satildeo deduzidos do imposto de

renda da receita tributaacutevel do contribuinte Nas empresas a base de caacutelculo do imposto

de renda tambeacutem deduz da receita tributaacutevel quando estas inserem como custos os

gastos que tecircm com serviccedilos e planos de sauacutede dos seus funcionaacuterios Natildeo daacute para

afirmar que os recursos que o Estado deixa de arrecadar do gasto tributaacuterio ou renuacutencia

fiscal da pessoa fiacutesica e das empresas financiem a totalidade dos gastos privados em

sauacutede mas se pode dizer que a isenccedilatildeo permitida sobre a base de caacutelculo do imposto de

44

renda torna o Estado um dos grandes financiadores dos gastos privados em sauacutede

(Santos 2008)

No Simpoacutesio Brasileiro de Medicina de Grupo em 1972 a Secretaacuteria de

Assistecircncia Meacutedica e Social do Ministeacuterio do Trabalho como representante do INPS

declarou que ldquoa iniciativa () era coerente com a filosofia do Governo traduzida no

entatildeo Projeto de Lei da Reforma Administrativa de os oacutergatildeos da administraccedilatildeo puacuteblica

se eximirem da prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que a iniciativa privada pudesse

assegurar sua condiccedilatildeordquo (Possas 1989 p236) Esse entendimento por parte dos

implementadores da poliacutetica naquele periacuteodo optando por natildeo ampliar a rede proacutepria

favorece a expansatildeo da rede privada Essa escolha seraacute condicionante da evoluccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica nos anos posteriores (Menicucci 2007)

A fala daquela secretaacuteria estaacute em consonacircncia com a Carta Constitucional do

regime militar que priorizava a iniciativa privada em detrimento do puacuteblico O

Decreto-lei nordm 20067 que efetiva a reforma administrativa do governo exime da

responsabilidade puacuteblica a prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que o setor privado

puder executaacute-la Na assistecircncia meacutedica esse Decreto-lei 200 prioriza o estabelecimento

de convecircnios com entidades puacuteblicas e privadas existentes na comunidade Apoacutes a

ediccedilatildeo de tal decreto houve uma crescente vinculaccedilatildeo do setor privado agraves instituiccedilotildees

estatais (Menicucci 2007)

Com o mercado aquecido pela expansatildeo dos benefiacutecios agrave populaccedilatildeo

previdenciaacuteria as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado satildeo fortalecidas a partir da deacutecada

de 1960 e vatildeo-se modificando ao longo dos anos configurando um mix no sistema de

sauacutede uma racionalidade privatizante entre os anos 1960 e 1980 que ldquoembora

tecnicamente justificada desencadeou e exacerbou seus traccedilos perversosrdquo (Almeida

1998 p11) Em 1960 do total de hospitais 621 eram privados entre 1950 e 1975

dobrou o nuacutemero de leitos hospitalares no paiacutes a proporccedilatildeo de leitos particulares sobre

o total de leitos se elevou de 539 em 1950 para 684 em 1975 (Possas 1989

Santos 2004)

Outro incentivo ao setor privado ocorreu em 1974 quando o governo Geisel criou

o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) Esse fundo administrado pela

Caixa Econocircmica Federal tinha os juros subsidiados por recursos da Uniatildeo e a linha de

creacutedito oferecia financiamento para reformas e construccedilotildees de estabelecimentos

45

privados hospitalares inclusive para aqueles vinculados agraves empresas privadas de planos

de sauacutede (Bahia 2008) O FAS em 1977 transferiu aproximadamente 815 de seu

financiamento ao setor privado de sauacutede para instalaccedilotildees de hospitais e cliacutenicas

privadas (Possas 1989) Esse recurso esteve disponiacutevel ao setor privado e permitiu a

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980

A rede hospitalar privada encontrou na poliacutetica de sauacutede a oportunidade de

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980 O governo contratava os serviccedilos e oferecia

subsiacutedios para a construccedilatildeo O valor pago pelos serviccedilos prestados era definido pelo

Estado havia resistecircncia do setor privado agrave sua subordinaccedilatildeo crescente ao Estado

entendo-a como uma estatizaccedilatildeo da medicina Mesmo com este entendimento os

serviccedilos conveniados expandiram-se significativamente (Menicucci 2007)

As atividades das empresas privadas de planos de sauacutede e de assistecircncia agrave sauacutede

que estabeleciam convecircnio com a previdecircncia foram impulsionadas natildeo soacute pelos

convecircnios-empresa mas tambeacutem pelas poliacuteticas de apoio com recursos dos orccedilamentos

puacuteblicos Essas empresas tinham autorizaccedilatildeo para descontar das contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias a parcela das aliacutequotas destinadas agraves empresas de planos de sauacutede ainda

assim os empresaacuterios alegavam que esse recurso natildeo cobria a totalidade dos custos Por

parte do trabalhador ldquoas contribuiccedilotildees eram vinculadas primeiro agrave folha de pagamento

e depois ao salaacuterio miacutenimo Esse esquema de financiamento baseado nos subsiacutedios

diretos agrave demanda foi complementado e mais tarde substituiacutedo pelas deduccedilotildees fiscaisrdquo

(Bahia 2008 p158)

O Estado financiou e favoreceu a configuraccedilatildeo de um complexo meacutedico-

industrial quando repassou recursos para o setor privado atraveacutes das linhas de creacutedito

comprou serviccedilos do setor privado permitiu a isenccedilatildeo fiscal e estimulou a praacutetica

empresarial na provisatildeo da assistecircncia agrave sauacutede de seus empregados (Coelho 2011)

A Previdecircncia Social tornou-se a maior compradora de serviccedilos meacutedicos do paiacutes e

fortaleceu o setor privado na oferta de serviccedilos e equipamentos meacutedico-hospitalares O

sistema previdenciaacuterio ao inveacutes de constituir uma rede prestadora puacuteblica incentivou as

empresas a se responsabilizar pela assistecircncia aos seus empregados justificada pela

intenccedilatildeo de aliviar a rede puacuteblica Essas condutas favoreceram o surgimento da

medicina de grupo das cooperativas meacutedicas e dos sistemas de autogestatildeo vinculados a

empresas empregadoras (Coelho 2011) Aleacutem disso resultou em desigualdades de

46

oferta cobertura qualidade e acesso entre os diferentes estratos de trabalhadores como

tambeacutem quanto ao tipo dos serviccedilos oferecidos (Menicucci 2007)

Em 1980 aproximadamente 10 dos brasileiros jaacute contavam com a cobertura de

esquemas institucionalizados privados de assistecircncia agrave sauacutede (Bahia 2008) A

conjuntura tambeacutem facilitou a inserccedilatildeo dos interesses privados no espaccedilo burocraacutetico e

decisoacuterio interferiu na configuraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo e o governo natildeo conseguiu

desenvolver sua capacidade reguladora (Coelho 2011)

Pode-se dizer que este sistema durante sua fase de consolidaccedilatildeo contou com a

ineficiecircncia do controle puacuteblico com centralizaccedilatildeo clientelismo superposiccedilatildeo de

programas e clientelas com ausecircncia da participaccedilatildeo de sindicatos partidos e

movimentos sociais nos processos de decisatildeo Aleacutem destas questotildees destaca-se a

submissatildeo do gasto social aos criteacuterios econocircmicos e financeiros e o princiacutepio da

privatizaccedilatildeo que propiciou a abertura de espaccedilo para a entrada dos interesses privados

no aparelho do Estado (Draibe 1993)

Tal situaccedilatildeo desencadeou discussotildees quanto aos modelos adotados que

praticamente negavam o bem-estar prometido pelo progresso econocircmico (Draibe

1993) Propostas de reforma dos sistemas foram apresentadas e a agenda de

transformaccedilotildees passou a ser o ajuste fiscal a globalizaccedilatildeo dos mercados e a poliacutetica

para contenccedilatildeo dos custos O sistema de sauacutede passou a ser visto no interior do modelo

de proteccedilatildeo social como uma aacuterea criacutetica com gastos elevados ineficiecircncia na gestatildeo

dos recursos e iniquidades no acesso com perspectivas de manutenccedilatildeo desse padratildeo nos

anos subsequentes Naquele momento tambeacutem eacute visto como um sistema complexo em

expansatildeo associado a um cenaacuterio de transiccedilatildeo epidemioloacutegica demograacutefica e de

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica (Viana et al 2008)

Foi nesse contexto que se criou o Sistema Nacional de Sauacutede pela Lei no

6229

de 17 de julho de 1975 constituiacutedo pelo complexo de serviccedilos do setor puacuteblico e do

setor privado voltado para accedilotildees de interesse da sauacutede que visavam agrave promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento que deu origem a essa Lei deixava claro

a necessidade de uma interferecircncia maior por parte do Estado na definiccedilatildeo e na

articulaccedilatildeo do sistema A referida Lei natildeo se implementou e um dos obstaacuteculos

apontados refere-se agraves dificuldades decorrentes de a prestaccedilatildeo da assistecircncia meacutedica

estar na sua maior parte nas matildeos da iniciativa privada ldquoOs esforccedilos de simplificaccedilatildeo

47

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da praacutetica meacutedica vatildeo esbarrar sempre com os

interesses do setor privado e como natildeo houve alteraccedilatildeo significativa na estrutura

financeira dos componentes do Sistema torna-se difiacutecil esperar mudanccedilas profundas na

rede de serviccedilosrdquo (Oliveira e Fleury 1985 p256)

Posteriormente eacute elaborado o projeto de reformulaccedilatildeo do sistema de Previdecircncia

Social que cria o INAMPS em 1977 uma autarquia vinculada ao Ministeacuterio da

Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) Entre as atribuiccedilotildees do INAMPS cabe

absorver a assistecircncia meacutedica concedida por todos os oacutergatildeos previdenciaacuterios ldquoeacute a maior

expressatildeo da aproximaccedilatildeo da Seguridade Social desvinculando cada vez mais o

atendimento meacutedico da condiccedilatildeo de segurado muito embora natildeo elimine a situaccedilatildeo

financeira cuja base eacute a contribuiccedilatildeo do seguradordquo (Oliveira e Fleury 1985 p258)

Eacute nesse contexto de crise que teacutecnicos do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e do

Ministeacuterio da Previdecircncia Social formulam o PREV-SAUacuteDE - Programa Nacional de

Serviccedilos Baacutesicos de Sauacutede mas que tambeacutem natildeo se efetiva (Oliveira e Fleury 1985)

Ao mesmo tempo propostas de reforma do sistema de sauacutede crescem em diversos

paiacuteses na deacutecada de 80 periacuteodo em que o Banco Mundial insere-se no debate da poliacutetica

de sauacutede produz relatoacuterios das discussotildees setoriais na intenccedilatildeo de racionalizar e ter

maior eficiecircncia na utilizaccedilatildeo dos recursos O referido relatoacuterio aponta ldquoa necessidade

de ajustes econocircmicos e estruturais para o setor sauacutede com o financiamento da atenccedilatildeo

pelo capital privado e a criacutetica contundente agrave universalidade do acesso agrave sauacutederdquo (Viana

et al 2008 p653)

Com a crise acentuada no iniacutecio dos anos 1980 em decorrecircncia entre outros dos

problemas financeiros e das denuacutencias de fraude nos serviccedilos de sauacutede da previdecircncia

social o governo federal edita medidas de intervenccedilatildeo e declara mudanccedilas que satildeo

explicitadas no decreto de instituiccedilatildeo do Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da

Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) Pode-se dizer que neste periacuteodo ocorre ruptura no

modelo considerado privatizante e novos arranjos puacuteblico-privados satildeo estabelecidos

Entre as mudanccedilas destaca-se a definiccedilatildeo de paracircmetros de programaccedilatildeo

assistenciais para racionalizar o credenciamento de serviccedilos privados e readequar a

capacidade instalada dos serviccedilos proacuteprios da previdecircncia social dos hospitais

universitaacuterios dos serviccedilos de sauacutede federais estaduais e municipais de forma a

permitir a ocupaccedilatildeo de toda a capacidade instalada do serviccedilo puacuteblico (Bahia 2008)

48

Com as medidas de intervenccedilatildeo os dirigentes do INAMPS que estavam na

conduccedilatildeo da poliacutetica passam a priorizar o serviccedilo puacuteblico reativar instalaccedilotildees puacuteblicas

ambulatoriais e hospitalares criar terceiros-turnos e serviccedilos de urgecircncias de 24 horas

buscar alternativas para reforccedilar o orccedilamento manter e expandir o custeio dos serviccedilos

puacuteblicos federais estaduais e municipais e investir na estruturaccedilatildeo de uma nova base de

relaccedilatildeo com os prestadores privados As transferecircncias dos recursos federais para

estados e municiacutepios que eram 5 em 1981 aumentaram para 37 em 1987 (Bahia

2008)

O setor privado na deacutecada de 1980 jaacute estava consolidado e criou diferentes

organizaccedilotildees para prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia meacutedica As formas privadas de

assistecircncia agrave sauacutede satildeo ampliadas dentro e fora das empresas por meio dos planos de

sauacutede contratados individualmente se fortalecem independentemente do financiamento

direto do governo e passam a fazer parte do novo mercado de planos empresariais e

individuais em expansatildeo Contribuiacuteram para o fortalecimento do setor privado a

trajetoacuteria dos incentivos puacuteblicos concedidos pelo governo federal os subsiacutedios

financeiros e mecanismos tributaacuterios que associados agrave ausecircncia de intervenccedilotildees

favoreceram investimentos privados na sauacutede e colaboraram para sua

institucionalizaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo (Menicucci 2007)

Aleacutem destas outras decisotildees puacuteblicas fortaleceram a assistecircncia privada entre

elas a compra de serviccedilos privados Esta opccedilatildeo energizou os profissionais as

instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos e suas representaccedilotildees que associada ao

alto custo deste modelo de compra de serviccedilos canalizou percentual significativo de

recursos puacuteblicos para o setor privado Tais decisotildees resultaram no desfinanciamento

puacuteblico em relaccedilotildees perversas entre o setor puacuteblico e privado na maacute qualidade dos

serviccedilos e na opccedilatildeo dos usuaacuterios pela assistecircncia privada (Menicucci 2007)

A clientela dos planos privados e seguros de sauacutede perfazia em 1987 quase 216

milhotildees de beneficiaacuterios (15 da populaccedilatildeo) que se comparados agrave cobertura dos anos

de 1981 (em torno de 10) aumentou expressivamente As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedio indireto editadas pelo governo federal para deduccedilatildeo no imposto de renda de

gastos com sauacutede a favor de servidores puacuteblicos militares pessoas fiacutesicas e empresas

contribuiacuteram para este aumento (Bahia 2008)

49

A experiecircncia a trajetoacuteria e a configuraccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede ateacute vigente entatildeo

orientaram o debate sobre a inserccedilatildeo da sauacutede no texto constitucional e o reordenamento

das relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado Houve embates pressotildees e lobby de

empresaacuterios e outros privatistas que se opunham firmemente agraves propostas de

estatizaccedilatildeo progressiva Como resultado das discussotildees seguiram-se propostas de

participaccedilatildeo do setor privado no SUS sob a forma de serviccedilo puacuteblico concedido cujo

contrato deveria ser regido pelas normas do direito puacuteblico Apesar dos esforccedilos a

substituiccedilatildeo do termo natureza puacuteblica por relevacircncia publica ldquonatildeo contribuiu para

afirmar a precedecircncia do interesse puacuteblico e dos serviccedilos puacuteblicos na perspectiva da

estatizaccedilatildeordquo (Bahia 2008 p162)

As decisotildees tomadas pelos implementadores da poliacutetica ateacute a deacutecada de 1980 a

institucionalizaccedilatildeo das diversas formas empresariais da assistecircncia privada e os diversos

interesses que se constituiacuteram na trajetoacuteria da configuraccedilatildeo do setor sauacutede ateacute este

periacuteodo associadas agrave insuficiecircncia da rede e agrave baixa qualidade dos serviccedilos de sauacutede

puacuteblica subsidiaram o debate preacute-constituinte Estes fatores influenciaram os

posicionamentos a favor da participaccedilatildeo do setor privado no setor puacuteblico quando a

poliacutetica de sauacutede foi redefinida na constituiccedilatildeo e na regulamentaccedilatildeo da assistecircncia

privada no final dos anos 1990 (Menicucci 2007)

A defesa da complementaridade do SUS prevista na Constituiccedilatildeo Federal

considerou o fato de que naquele periacuteodo a administraccedilatildeo puacuteblica ldquocontava com 70

dos serviccedilos privados complementando os serviccedilos puacuteblicosrdquo Esses serviccedilos estavam

inseridos no sistema de sauacutede por intermeacutedio do INAMPS que mantinha esses

contratos e convecircnios com o setor privado lucrativo e sem fins lucrativos A defesa

justificava-se pela intenccedilatildeo de que o puacuteblico pudesse ir superando essa

complementaridade e invertesse esse percentual conforme o financiamento da sauacutede

fosse melhorando (Santos 2010 p80)

A dualidade do sistema de sauacutede estaacute contemplada na Constituiccedilatildeo Federal1988

no artigo 199 ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave iniciativa privadardquo Aleacutem disso a Lei

Orgacircnica da Sauacutede1990 cita no artigo 24 ldquoQuando as suas disponibilidades forem

insuficientes para garantir a cobertura assistencial agrave populaccedilatildeo de uma determinada

aacuterea o Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS poderaacute recorrer aos serviccedilos ofertados pela

50

iniciativa privadardquo mas a prioridade eacute para as entidades filantroacutepicas5 e sem fins

lucrativos (Brasil 1990)

Com a implantaccedilatildeo do SUS o processo de descentralizaccedilatildeo eacute impulsionado e a

municipalizaccedilatildeo da sauacutede propicia a expansatildeo da rede de sauacutede puacuteblica Os municiacutepios

ampliam a capacidade instalada em especial os serviccedilos ambulatoriais mas enfrentam

inuacutemeros problemas para dispor de profissionais e remuneraacute-los manter a rede de

atenccedilatildeo agrave sauacutede as condiccedilotildees fiacutesicas e a capacidade instalada dos estabelecimentos de

sauacutede Essas dificuldades associadas aos determinantes macroestruturais do paiacutes com

poliacuteticas econocircmicas liberalizantes e desregulamentadoras adotadas pelos paiacuteses

perifeacutericos novamente reforccedilam o modelo de atenccedilatildeo fragmentado favorecem o setor

privado que progressivamente vai adquirindo um caraacuteter empresarial tendo como

produtos principais os Planos de Sauacutede (Heimann et al 2010)

As medidas adotadas foram orientadas pelo Banco Mundial e se tornaram

conhecidas como o Consenso de Washington mediante o qual Estados perifeacutericos

endividados deveriam firmar acordos com organismos internacionais Por esse

consenso as poliacuteticas sociais eram consideradas paternalistas geradoras de

desequiliacutebrio fiscal causadoras de custo excessivo de trabalho e poderiam ser

viabilizadas via mercado Neste entendimento o Estado passa a natildeo ser o responsaacutevel

pelas poliacuteticas sociais e pelo seu financiamento sendo estimulados novos modelos de

gestatildeo com parcerias entre Estado mercado e sociedade civil como as Organizaccedilotildees natildeo

governamentais que prestam serviccedilos a sauacutede (Barreto 2004)

Foi nesse contexto que os serviccedilos puacuteblicos e privados expandiram-se no periacuteodo

de implantaccedilatildeo do SUS mas o setor privado tambeacutem cresceu em especial os serviccedilos

sem internaccedilatildeo consultoacuterios cliacutenicas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e terapecircutico ao

passo que se reduziu o nuacutemero de estabelecimentos hospitalares e de leitos privados

entre 1992 e 2005 (IBGE 2005 apud Viana et al 2008) No setor puacuteblico tambeacutem

houve expansatildeo mas a deficiecircncia da sua capacidade instalada e a forccedila do setor

5 ldquoEntidade Filantroacutepica eacute aquela entidade beneficente de assistecircncia social (definida originalmente na

Lei Orgacircnica de Assistecircncia Social Lei no 8742 de 08121993 Art 3ordm como ldquoaquelas que

prestam sem fins lucrativos atendimento e assessoramento aos beneficiaacuterios abrangidos por esta lei

bem como atuam na defesa e garantia de seus direitosrdquo) eou de educaccedilatildeo eou de sauacutede sem fins

lucrativos (definida na Lei no 9718 de 2711 1998 Art 10 sect 3ordm sobre a Legislaccedilatildeo Tributaacuteria

Federal como sendo ldquoa entidade que natildeo apresenta superaacutevit em suas contas ou caso apresente em

determinado exerciacutecio destine o referido resultado integralmente agrave manutenccedilatildeo e ao

desenvolvimento de seus objetivos sociaisrdquo) que cumpre com as exigecircncias da Resoluccedilatildeo CNAS

3299 (Santos 2008 p1437)

51

privado na rede de sauacutede puacuteblica foram evidenciadas no inicio da deacutecada de 1990

quando o MS instituiu paracircmetros de programaccedilatildeo para definiccedilatildeo de tetos financeiros e

repasse de recursos para estados e municiacutepios considerando entre outros a capacidade

instalada de serviccedilos

Ainda assim o governo federal na deacutecada de 1990 continuou com os benefiacutecios

ao setor privado Na assistecircncia hospitalar com a Lei no 86201993 os hospitais que

tinham contratos com o INAMPS tiveram suas diacutevidas tratadas de forma diferenciada

pela Uniatildeo Para os hospitais filantroacutepicos foram definidas novas modalidades de

apoio entre elas destacam-se flexibilizaccedilatildeo do percentual de ocupaccedilatildeo dos leitos para

atendimento universal quando solicitado o certificado de filantropia abertura de linhas

de creacutedito6 e aporte adicional de recursos para o financiamento dos deacutebitos com o

governo e fornecedores (Bahia 2008)

No ano de 1998 o governo federal mediante homologaccedilatildeo das Secretarias

Municipais de Sauacutede libera empreacutestimos para as Santas Casas e hospitais privados

filantroacutepicos que jaacute faziam parte da rede SUS por meio do programa Caixa Hospitais

instituiacutedo em 1997 Ainda na deacutecada de 1990 um novo debate mobiliza diferentes

atores governamentais e da sociedade civil para discutir a regulamentaccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica supletiva que resultou na promulgaccedilatildeo da Lei 9665 de 19061998

que dispocircs sobre os planos privados de assistecircncia agrave sauacutede Essa lei formalizou

legalmente o sistema de sauacutede dual do paiacutes (Menicucci 2007)

Estima-se que as empresas de planos e seguros de sauacutede faturaram em 1998

R$1603 bilhotildees e o Ministeacuterio da Sauacutede R$175 bilhotildees Essas informaccedilotildees geraram

diversas reaccedilotildees Os pesquisadores alertaram quanto aos possiacuteveis enganos de

classificaccedilatildeo de gastos puacuteblicos como privados e outros utilizaram essa informaccedilatildeo

como argumento da inviabilidade do SUS universal (Bahia 2008)

Eacute nesse periacuteodo que um novo padratildeo de regulaccedilatildeo puacuteblico-privada se configura

sustentado sobretudo pela desarticulaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscais as de incentivo agrave

oferta de serviccedilos privados e aquelas voltadas para expandir o setor puacuteblico Outras

medidas reforccedilam esse novo padratildeo de regulaccedilatildeo como a Lei 925095 que prevecirc

deduccedilatildeo das despesas com sauacutede de entidades da previdecircncia privada e o Decreto

300099 no capitulo II Art 39 que isenta do caacutelculo do rendimento bruto os serviccedilos

6 O Governo Federal criou vaacuterias linhas de apoio financeiro para hospitais vinculados ao SUS entre

elas o caixa hospitais criado em 1997 (Bahia 2008)

52

meacutedicos pagos ressarcidos ou mantidos pelo empregador em beneficio de seus

empregados Essas medidas foram justificadas pelo reconhecimento que o aumento do

mercado de planos de sauacutede se dava em decorrecircncia do subfinanciamento do SUS e

eram alternativas para aliviar as despesas puacuteblicas (Brasil 1995 1999)

Com a reforma do Estado na deacutecada de 1990 a regulaccedilatildeo governamental ganhou

significado suas funccedilotildees deixaram de ser produtivas para se tornarem regulatoacuterias em

diferentes setores

No setor sauacutede a regulaccedilatildeo que objetivava corrigir as falhas do mercado definiu

regras expliacutecitas na legislaccedilatildeo regulamentou a assistecircncia meacutedica supletiva e

estabeleceu mecanismos institucionais para monitorar o cumprimento das regras

mediante a criaccedilatildeo da Agecircncia Nacional de Sauacutede (ANS) A regulaccedilatildeo natildeo significou

um reordenamento da produccedilatildeo privada apenas regulou um mercado de interesse

puacuteblico para garantir os direitos do consumidor

De modo geral e refletindo a dupla institucionalidade da assistecircncia agrave sauacutede o MS

passa a ser a instacircncia reguladora de dois sistemas de assistecircncia agrave sauacutede independentes

e com clientelas distintas o SUS fundamentado na concepccedilatildeo do direito agrave sauacutede e a

Sauacutede Suplementar baseados na loacutegica de mercado (Menicucci 2007)

O Decreto no

4481 de 22112002 instituiu a categoria de o hospital estrateacutegico

no SUS para aqueles estabelecimentos que cumprissem os criteacuterios exigidos no referido

Decreto prestar serviccedilos em todas as aacutereas assistenciais comprovar a prestaccedilatildeo de pelo

menos 30 de serviccedilos de alta complexidade com obrigatoriedade de realizar

transplantes de oacutergatildeos dispor de programa de ensino na aacuterea da sauacutede em niacutevel de poacutes-

graduaccedilatildeo reconhecido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ser referecircncia ao Sistema

Hospitalar para atendimento de urgecircncia e emergecircncia ou gestaccedilatildeo de alto risco

desenvolver atividades de pesquisa em tuberculose hanseniacutease AIDS entre outros

criteacuterios (Brasil 2002) Com esta categoria de hospital estrateacutegico abre-se espaccedilo para

hospitais que atendem a clientelas de cooperativas planos e seguros privados de sauacutede

pleitearem o status de filantropia assegurados pela normativa que flexibiliza os

percentuais obrigatoacuterios de ocupaccedilatildeo dos leitos para o atendimento universal (Bahia

2008)

As Medidas Provisoacuterias no 2158 de 2001 e a n

o 148 de 2003 beneficiaram as

empresas de planos e seguros privados de sauacutede Essas medidas concediam aliacutevio fiscal

53

agrave cobranccedila de impostos e contribuiccedilotildees incidentes sobre despesas operacionais e

reservas teacutecnicas Apesar desses benefiacutecios as empresas de planos de sauacutede nada

fizeram para corrigir as falhas de mercado apontadas pela Agecircncia Nacional de Sauacutede

Os contratos antigos permaneceram em vigecircncia e as empresas privadas lutaram para

obter apoio financeiro para pagamento de seus deacutebitos aos fornecedores e tambeacutem

subsiacutedios fiscais e indexaccedilatildeo de aumento dos valores dos precircmios ao valor da

remuneraccedilatildeo de seus procedimentos (Brasil 2001 2003)

Em 2004 o governo federal tentou aumentar a aliacutequota da Contribuiccedilatildeo para o

Financiamento da Seguridade Social (COFINS) para 76 de alguns estabelecimentos

privados de sauacutede mas por influecircncia de parlamentares da sauacutede o governo cedeu e fez

permanecer o percentual anterior de 3 sobre o total das receitas Ainda nesse ano foi

editada a Instruccedilatildeo Normativa da Receita Federal no 4802004

7 que ldquosacramentou a

separaccedilatildeo das contas dos denominados serviccedilos de terceiros (profissionais da sauacutede

especialmente os meacutedicos e estabelecimentos de sauacutede) contratados e ou credenciados

pelas empresas de planos e seguros de sauacutede e autorizou a deduccedilatildeo de impostos e

contribuiccedilotildees sociais de profissionais e estabelecimentos de sauacutederdquo Aleacutem desses

benefiacutecios as empresas privadas jaacute contavam com os da Emenda Constitucional no

33

editada em 2001 ou seja destas empresas natildeo eacute cobrado o Imposto sobre Circulaccedilatildeo de

Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) quando importam equipamentos meacutedico-hospitalares

(Bahia 2008)

Por meio do Decreto 49782004 elaborado no Ministeacuterio do Planejamento o

governo federal fixou a competecircncia do oacutergatildeo para expedir normas complementares e

deu abertura para contornar o preceito da universalizaccedilatildeo do direito agrave sauacutede via

mudanccedilas da Lei no 81121990 Esse decreto permitiu o acesso aos planos privados de

sauacutede a funcionaacuterios puacuteblicos e seus dependentes familiares que foi facilitado pelos

subsiacutedios concedidos por parte do governo (Bahia 2008) As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedios implementadas ao longo desses anos favoreceram as cooperativas os planos e

7 Outras deduccedilotildees sobre ldquoa remuneraccedilatildeo dos profissionais de cooperativas e associaccedilotildees meacutedicas

incide 15 de imposto de renda e 465 (entre a CSLL Cofins PISPasep) sobre o valor total do

documento fiscal Sobre a fatura de profissionais da sauacutede natildeo vinculados a associaccedilotildees ou

cooperativas incidiratildeo 945 e 585 para as faturas dos estabelecimentos de sauacutede extensiva a

pessoas juriacutedicas prestadoras de serviccedilos preacute-hospitalares e prestadoras de serviccedilos de emergecircncias

meacutedicas por meio de UTI moacutevelrdquo (Bahia 2008 p167)

54

seguros privados de sauacutede num entendimento de que a oferta de serviccedilos de

estabelecimentos privados de sauacutede era beneacutefica ao mercado

Com as denuacutencias de irregularidade no atendimento universal dos hospitais

filantroacutepicos eacute editado em 2006 o Decreto no

5895 que ldquoredefine de maneira radical a

natureza da filantropia na sauacutede e subverte as regras de subordinaccedilatildeo puacuteblico-privadasrdquo

Ao mesmo tempo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social abre

linha de creacutedito para atender ao Programa de Fortalecimento e Modernizaccedilatildeo das

Entidades Filantroacutepicas e Hospitais Estrateacutegicos Integrantes do SUS e libera recursos

para reestruturaacute-los financeiramente e sanear as diacutevidas com os fornecedores Nesse

periacuteodo o governo federal criou outra fonte de recurso8 via prognoacutestico de loterias

para atender aos problemas das diacutevidas dos estabelecimentos de sauacutede com o governo

(Bahia 2008 p150)

Os arranjos institucionais ateacute aqui expostos mostram que esse formato hiacutebrido

ainda que justificado beneficiou o setor privado e configura um sistema dual de

assistecircncia agrave sauacutede apesar das rupturas que sofreu com a criaccedilatildeo do SUS As decisotildees

dos implementadores das poliacutetica em especial a partir dos anos 1960 e os benefiacutecios

concedidos pelo governo federal contribuiacuteram para o formato desse padratildeo de

assistecircncia Nesse sentido pesquisadores chamam a atenccedilatildeo para a dependecircncia da

trajetoacuteria ou seja path dependent entendendo que o que acontece num determinado

periacuteodo natildeo estaacute relacionado apenas agraves condiccedilotildees contemporacircneas mas eacute dependente

das decisotildees anteriores e afetaraacute os resultados posteriores (Pierson 2004 apud Viana e

Lima 2011 Menicucci 2007) Ainda que o direito agrave sauacutede seja reconhecido mediante

a instituiccedilatildeo do SUS as escolhas e as decisotildees dos atores envolvidos no periacuteodo anterior

refletem na sua implementaccedilatildeo

Segundo Bahia (2008) os estudos que discutem a participaccedilatildeo direta ou indireta

do componente privado na rede assistencial do SUS constatam o predomiacutenio do puacuteblico

na atenccedilatildeo baacutesica e do privado na assistecircncia hospitalar Ainda persiste uma

dependecircncia estrutural dos gestores em relaccedilatildeo ao setor privado Satildeo relaccedilotildees

estabelecidas por contratos que se baseiam na compra de serviccedilos mediante um plano

operativo que define metas e condiciona o repasse dos recursos conforme a

8 Por meio da Lei Federal 11345 de 14092006 foi instituiacutedo o concurso de prognoacutestico de loteria

cujos recursos arrecadados destinariam 3 para o Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) a fim de ser

redistribuida a hospitais filantroacutepicos

55

produtividade do estabelecimento Tal relaccedilatildeo tem sido conturbada e os gestores no

acircmbito local tecircm enfrentado dificuldades para custear expandir a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica e regular o sistema de sauacutede

Em 2008 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a Portaria no

1559 que institui a

Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do SUS Esta portaria orienta a organizaccedilatildeo dos fluxos

da prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia agrave sauacutede da rede SUS inclusive o sistema

complementar que devem ser regulados de forma compartilhada pelas esferas de

governo atraveacutes da implantaccedilatildeo do complexo regulador que tem atribuiccedilotildees pactuadas

entre gestores (MS 2008) Apesar dessas medidas os complexos reguladores

encontram diversas dificuldades no seu funcionamento e muitas vezes natildeo conseguem

efetivar o acesso do usuaacuterio ao sistema

A ideia de que o SUS eacute formado por uma rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e que o setor

privado entra de forma complementar resulta num falso entendimento de que a maior

influecircncia sobre o modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede e a rede de serviccedilos eacute do setor puacuteblico As

medidas editadas pelo governo federal antes e apoacutes a implantaccedilatildeo do SUS ainda que

justificadas pela garantia do acesso e ampliaccedilatildeo da capacidade de atendimento do SUS

propiciaram a reorganizaccedilatildeo empresarial facilitaram o poder de pressatildeo de empresaacuterios

da sauacutede sobre a gestatildeo local o padratildeo de compra e venda de serviccedilos resultaram em

complexas relaccedilotildees puacuteblico-privadas construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do

sistema de sauacutede brasileiro (Bahia 2008)

Na regiatildeo em estudo o SUS vem se instituindo e se materializando com arranjos

entre o setor puacuteblico e privado nos municiacutepios e na regiatildeo As escolhas e decisotildees dos

diferentes atores que compotildeem o complexo de sauacutede nesta regiatildeo conformaram uma

trajetoacuteria do sistema puacuteblico de sauacutede o qual eacute fortemente ancorado na parceria com o

setor privado conformando um mix puacuteblico-privado para oferta de serviccedilos

ambulatorial hospitalar e laboratorial

Conhecer os atores as estruturas a participaccedilatildeo e a influecircncia do setor puacuteblico e

privado na rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra faz parte dos

objetivos desta pesquisa que busca conhecer como estas relaccedilotildees ocorrem como satildeo

estabelecidas e se respondem aos objetivos do Sistema de Sauacutede deste territoacuterio

considerado como um espaccedilo vivido e em contiacutenua renovaccedilatildeo

56

4 O Estado de Mato Grosso e a Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

57

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute

DA SERRA

O Estado de Mato Grosso localizado na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil eacute constituiacutedo

por 141 municiacutepios que perfazem uma populaccedilatildeo geral de 3033991 de habitantes (2010)

com maior concentraccedilatildeo na zona urbana (8180) baixa densidade demograacutefica 336

habkm2 Sua taxa de crescimento (194) eacute superior agrave da regiatildeo Centro-Oeste (190) e do

Brasil (117) (Tabela 1) Dos municiacutepios mato-grossenses apenas quatro tecircm populaccedilatildeo

superior a 100000 habitantes (Cuiabaacute Vaacuterzea Grande Rondonoacutepolis e Sinop) a grande

maioria (801) tem menos de 20000 habitantes 482 menos de 10000 habitantes e

262 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010)

Desde a deacutecada de 1980 este estado vem se consolidando entre as unidades da

federaccedilatildeo com as maiores taxas de expansatildeo econocircmica principalmente por conta do

agronegoacutecio que tambeacutem contribui para atrair imigrantes motivados pela possibilidade

de melhores oportunidades de trabalho Internamente o movimento migratoacuterio campo-

cidade vem se acentuando como resultado da substituiccedilatildeo das pequenas lavouras por

grandes plantaccedilotildees mecanizadas Tal fato influencia o processo de urbanizaccedilatildeo e aponta

para a possibilidade da reproduccedilatildeo dos problemas dos grandes centros urbanos gerando

a necessidade de atuaccedilatildeo do Poder Puacuteblico no sentido de ordenar essa expansatildeo da

ocupaccedilatildeo do espaccedilo e dotar os municiacutepios com infraestrutura e serviccedilos capazes de

suprir as necessidades da populaccedilatildeo (MT 2003)

Demograficamente Mato Grosso em 2010 apresentou uma piracircmide etaacuteria que

revela reduccedilatildeo da natalidade uma populaccedilatildeo mais envelhecida (Figura 1) com idade

meacutedia de 30 anos No entanto tal estrutura eacute muito diversa quando analisada nas vaacuterias

regiotildees de sauacutede tendo em vista as desigualdades sociais e econocircmicas deste estado

(Scatena et al 2014)

58

FONTE Scatena et al 2014

Figura 1 ndash Piracircmide Etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010

As condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo satildeo determinadas natildeo somente pelas

desigualdades sociais e econocircmicas do estado mas tambeacutem em decorrecircncia de

queimadas desmatamentos uso extensivo de agrotoacutexicos e situaccedilatildeo sanitaacuteria dos

logradouros Em 2000 a maioria dos domiciacutelios natildeo tinha esgotamento por rede geral

sendo a situaccedilatildeo mais criacutetica nas regiotildees do Norte e Nordeste Mato-grossense Das 16

regiotildees de sauacutede do estado em 15 delas as fossas rudimentares (ou negras) eram o

principal sistema de esgotamento sanitaacuterio representando 89 na regiatildeo de Coliacuteder O

abastecimento de aacutegua tambeacutem se constitui em problema e sua cobertura era superior a

70 em apenas trecircs regiotildees Cuiabaacute Rondonoacutepolis e Barra do Graccedilas (Scatena 2011)

No ano de 2010 Mato Grosso ficou em 11ordm lugar entre os estados brasileiros com

melhor Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH (0725) abaixo do Distrito Federal

Satildeo Paulo Santa Catarina Rio de Janeiro Paranaacute Rio Grande do Sul Espiacuterito Santo

Goiaacutes Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (Atlas Brasil 2013) No entanto quando

estratificado por municiacutepios observam-se as consequecircncias das desigualdades

econocircmicas e de infraestrutura puacuteblica

A expansatildeo da ocupaccedilatildeo e produccedilatildeo agriacutecola associada agrave agropecuaacuteria insere o

estado como um importante polo produtor e exportador do Brasil Em 2008 o PIB per

capita estadual era proacuteximo a R$ 1800000 acima da meacutedia brasileira (R$ 1598980)

59

mas inferior ao da regiatildeo Centro-Oeste (R$ 2037210) Jaacute entre as regiotildees do estado o

PIB variou de R$ 865900 a R$ 3106400 (Scatena 2011)

Jaacute em 2010 o PIB per capita de Mato Grosso foi de R$ 1963677 praticamente o

mesmo valor da meacutedia brasileira (Datasus 2014) o que colocou o estado na 14o posiccedilatildeo

nacional Mato Grosso destaca-se internacionalmente como um dos grandes produtores

de soja algodatildeo milho e carne Apesar disso nele tambeacutem se destacam os deacuteficits em

infraestrutura puacuteblica como estradas saneamento baacutesico serviccedilos de sauacutede e a elevada

concentraccedilatildeo de renda (MT 2007a)

A expansatildeo econocircmica o agronegoacutecio a localizaccedilatildeo geograacutefica e o acesso viaacuterio

entre outros fatores tecircm contribuiacutedo para o crescimento populacional de algumas

cidades do estado denominadas polos de referecircncia natural Essas cidades por

disporem de uma rede de serviccedilos de sauacutede puacuteblica eou privada mais estruturada em

relaccedilatildeo agrave oferta e diversidade de serviccedilos satildeo demandadas pelos municiacutepios em seu

entorno de forma organizada ou natildeo

Em Mato Grosso os gastos puacuteblicos com o SUS no geral tecircm sido elevados Os

dados do SIOPS informam que os municiacutepios nos uacuteltimos quatro anos tecircm aplicado

percentuais acima do miacutenimo estabelecido na EC29 e proacuteximos a 20 mas o estado

na seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 cumpriu o percentual miacutenimo apenas no ano de 2010

atingindo 123 (Mendonccedila 2012)

Estudo realizado por Levi e Scatena (2011) mostra que no ano de 2008

contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo o padratildeo de gasto em sauacutede por habitante

pelo governo estadual foi considerado meacutedio ou baixo (R$ 25400) Jaacute o gasto do

conjunto dos municiacutepios quando contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo e do estado

foi considerado elevado (R$ 36400)

Ainda assim o financiamento do sistema de sauacutede puacuteblica dos 141 municiacutepios do

estado tem uma forte dependecircncia das transferecircncias federais e estaduais Para o

conjunto dos municiacutepios no periacuteodo de 2002 a 2008 as transferecircncias do SUS

representaram praticamente metade dos recursos aplicados no setor (49) para o

estado o percentual de transferecircncias variou de 24 em 2002 a 32 em 2008 (Viana et

al 2010a Levi e Scatena 2011)

O complexo de sauacutede da regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde a

deacutecada de 1980 Os fatores determinantes na sua delimitaccedilatildeo foram a posiccedilatildeo

60

geograacutefica o acesso pavimentado entre os municiacutepios e a forccedila natural de atraccedilatildeo do

municiacutepio de Tangaraacute da Serra cidade-polo e referecircncia natural para o comeacutercio e

serviccedilos entre eles o de sauacutede A distacircncia entre os municiacutepios que a integram varia de

60 a 200 km

A implantaccedilatildeo da estrutura administrativa de coordenaccedilatildeo na regiatildeo seguiu os

criteacuterios da Secretaria de Estado da Sauacutede que definiu os municiacutepios e sua abrangecircncia

Uma delimitaccedilatildeo especiacutefica para o setor sauacutede visto que o governo do estado utiliza

para as suas intervenccedilotildees doze regiotildees denominadas regiotildees de planejamento9 cuja

configuraccedilatildeo difere desta

A regiatildeo em estudo sofreu alteraccedilotildees10

na sua configuraccedilatildeo mas na vigecircncia do

Pacto pela Sauacutede mantiveram-se os dez municiacutepios Arenaacutepolis Barra do Bugres

Campo Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo

Afonso Sapezal e Tangaraacute da Serra (Tabela 1)

A regiatildeo estaacute localizada no Centro Norte do estado tem uma populaccedilatildeo de

210816 habitantes (2011) que corresponde a 685 da populaccedilatildeo de MT e sua aacuterea

cobre 541 do territoacuterio do estado Eacute a quarta maior regiatildeo em nuacutemero de habitantes

apresenta baixa densidade demograacutefica 394 habkm2 variando de 133 (Sapezal) a

2477 (Arenaacutepolis) Sua taxa de crescimento 291 para o periacuteodo de 2000 a 2010 eacute

superior agrave do Brasil (117) e da regiatildeo Centro-Oeste (190)

9 No estudo do Zoneamento Soacutecio Econocircmico Ecoloacutegico de Mato Grosso ndash ZSEE foram definidas

doze regiotildees de planejamento no estado Os municiacutepios integrantes desta regiatildeo de sauacutede ficaram

distribuiacutedos em trecircs regiotildees regiatildeo VII - Caacuteceres Sapezal regiatildeo VIII ndash Oeste_Tangaraacute da Serra

com os municiacutepios de Tangaraacute da Serra Porto Estrela Barra do Bugres Nova Oliacutempia Denise

Santo Afonso Campo Novo do Parecis e Brasnorte regiatildeo IX - Diamantino Arenaacutepolis e Nova

Marilacircndia 10

Decreto estadual no

7442 de 12 de abril2006 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da

Secretaria de Estado de Sauacutede - SES define como oacutergatildeos de administraccedilatildeo regionalizada os

Escritoacuterios Regionais de Sauacutede-ERS neste a microrregiatildeo do Meacutedio Norte (Tangaraacute da Serra) fica

composta por apenas oito municiacutepios Em outubro de 2006 a Resoluccedilatildeo CIBMT no

062 ndash dispotildee

sobre o funcionamento das CIB Regionais em consonacircncia com o Pacto pela Sauacutede 2006 Esta

resoluccedilatildeo informa que tal regiatildeo permanece com 10 municiacutepios e o municiacutepio de Arenaacutepolis da

regional de Diamantino passa para a regional de Tangaraacute da Serra e o municiacutepio de Brasnorte

desta transfere-se para a regional de Juiacutena

61

Tabela 1 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da regiatildeo de

Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Municiacutepios

Populaccedilatildeo Razatildeo de

Crescimento

2000-2010

Pop

Regiatildeo

2010

Densidade

Demograacutefica

2010 2000 2010

Arenaacutepolis 11605 10316 -117 499 2477

Barra dos Bugres 27460 31793 147 1537 531

Campo Novo do Parecis 17638 27577 457 1333 292

Denise 7463 8523 133 412 652

Nova Marilacircndia 2354 2951 228 143 152

Nova Oliacutempia 14186 17515 213 847 1130

Porto Estrela 4707 3649 -251 176 177

Santo Afonso 3098 2991 -035 144 255

Sapezal 7866 18094 868 875 133

Tangaraacute da Serra 58840 83431 355 4034 732

Regiatildeo Tangara da Serra 155217 206840 291 100 394

Mato Grosso 2504353 3033991 194 - 336

Centro-Oeste 11636728 14050340 190 - 875

Brasil 169799170 190755799 117 - 2240

FONTE Scatena et al 2011

Dos municiacutepios que a compotildeem apenas um tem populaccedilatildeo superior a 80000

habitantes a grande maioria (70) tem menos de 20000 habitantes 40 menos de

10000 habitantes e 30 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010) Os municiacutepios tecircm

pouco mais de 25 anos de emancipaccedilatildeo apresentam diferenccedilas na extensatildeo e no poder

econocircmico que influenciam o desenvolvimento dos sistemas municipais de sauacutede

A expansatildeo do agronegoacutecio pode ser evidenciada na razatildeo de crescimento de

vaacuterios municiacutepios e reflete natildeo apenas a distribuiccedilatildeo de oportunidades de geraccedilatildeo de

renda mas acompanha a dinacircmica do mercado de trabalho e ao mesmo tempo guarda

relaccedilatildeo com a dinacircmica econocircmica A razatildeo de crescimento eacute maior nos municiacutepios

com mais diversificaccedilatildeo econocircmica Campo Novo do Parecis Sapezal e Tangaraacute da

Serra

Demograficamente a piracircmide etaacuteria da regiatildeo em 2010 tambeacutem reflete esta

dinacircmica Eacute classificada como Tipo III constituiacuteda por uma populaccedilatildeo menos

envelhecida taxa de natalidade elevada baixa mortalidade infantil e elevado percentual

de crianccedilas e jovens e idade meacutedia entre 25 e 30 anos (Scatena et al 2011) As usinas

de aacutelcool e accediluacutecar o frigoriacutefico de abate de aves e bovinos e a intensa produccedilatildeo de

62

gratildeos entre outros setores podem estar estimulando o deslocamento das pessoas em

busca de oportunidade de trabalho e tecircm repercutido no processo de redistribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo na regiatildeo refletindo a tendecircncia da concentraccedilatildeo urbana e de populaccedilatildeo

jovem

Observam-se desigualdades na regiatildeo quando o PIB eacute analisado Os maiores PIB per

capita deram-se em Sapezal (R$ 8992190) e Campo Novo do Parecis (R$ 5941215) e o

menor em Arenaacutepolis (R$ 718648) A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que apresentam

maior PIB per capita (R$ 234743) mas este natildeo eacute alcanccedilado por 80 dos municiacutepios e

que tampouco atingem o PIB estadual (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e seus

componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008

Municiacutepios Componentes do PIB

TOTAL Agropecuaacuteria Induacutestria Serviccedilos Impostos

Arenaacutepolis 1 0232 7923 48887 4823 7 1865

Barra dos Bugres 2 8490 24276 50451 9669 112887

Campo Novo do Parecis 21 1660 66495 249554 66413 594121

Denise 4 2660 5521 36132 3782 88096

Nova Marilacircndia 8 6037 10390 46389 6728 149541

Nova Oliacutempia 2 5257 41620 48678 6939 122494

Porto Estrela 3 8550 5408 36482 3421 83862

Santo Afonso 5 7367 5665 41426 4691 109148

Sapezal 41 4842 28285 350018 106074 899219

Tangaraacute da Serra 2 4976 22061 78241 15318 140596

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 7 7594 27657 104996 24496 234743

Mato Grosso 4 6070 25526 88081 19593 179270

Centro Oeste 1 9818 26502 132362 25039 203721

Brasil 8031 37971 90070 23825 159898

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do IBGE Pesquisa Estadual da Regionalizaccedilatildeo da

Sauacutede no MT 2012

O baixo dinamismo associado ao baixo PIB de parte dos municiacutepios pode

dificultar a aplicaccedilatildeo de investimentos puacuteblicos e explica a insuficiente capacidade

instalada nos municiacutepios e regiatildeo visto que em sua maioria dependem tanto do

governo federal como do estadual no que se refere agrave capacidade teacutecnica e financeira

para a execuccedilatildeo das accedilotildees da poliacutetica de sauacutede (Albuquerque et al 2011)

63

Agropecuaacuteria e serviccedilos (muitos ligados ao agronegoacutecio) satildeo os principais

responsaacuteveis pela riqueza da regiatildeo exceto em Nova Oliacutempia onde a induacutestria tem maior

participaccedilatildeo que a agropecuaacuteria Ainda que incipiente o setor industrial destaca-se nos

municiacutepios de Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia e Sapezal onde estatildeo instaladas

usinas de aacutelcool e empresas de descaroccedilamento de algodatildeo e aproveitamento de resiacuteduos

de gratildeos para criaccedilatildeo de bovinos O municiacutepio de Tangaraacute da Serra sede de regiatildeo tem o

PIB concentrado na agropecuaacuteria e nos serviccedilos

A diversidade na origem da riqueza dos municiacutepios reitera as desigualdades

intrarregionais os municiacutepios de Sapezal Campo Novo do Parecis e Tangaraacute da Serra satildeo

responsaacuteveis por 811 do PIB da regiatildeo e os municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso satildeo os de menor poder econocircmico Na produccedilatildeo da

riqueza a regiatildeo responde por 90 do PIB estadual e estaacute na quarta posiccedilatildeo

Na classificaccedilatildeo estadual do Iacutendice de Desenvolvimento Humano-IDH2000 os

municiacutepios desta regiatildeo ocupam posiccedilotildees extremas Campo Novo do Parecis (080) e

Sapezal (080) estatildeo respectivamente na sexta e na deacutecima posiccedilatildeo enquanto Nova

Marilacircndia (070) e Porto Estrela (065) encontram-se nas 106ordf e 126ordf posiccedilotildees Apesar

das desigualdades entre os municiacutepios a regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do estado

em relaccedilatildeo ao IDH (076)

No que se refere aos gastos com sauacutede excetuando-se o ano de 2002 100 dos

municiacutepios vecircm aplicando recursos financeiros acima dos percentuais miacutenimos

recomendados pela EC29 Os municiacutepios com maior percentual de recursos proacuteprios

aplicados na composiccedilatildeo das despesas totais em 2009 foram Sapezal (728) Nova

Marilacircndia (720) e Barra do Bugres (699)

64

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade municipal

(despesas totais) e despesas com recursos exclusivamente municipais

Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2002 2005 e 2009

Municiacutepios Despesas Totais Despesas com R$ municipais

2002 2005 2009 2002 2005 2009

Arenaacutepolis 1215 1639 2542 809 1018 1253

Barra dos Bugres 1510 2482 3527 867 1661 2462

Campo Novo do Parecis 1923 2459 4293 1535 1917 2690

Denise 1013 1477 2365 690 946 1464

Nova Marilacircndia 2268 4964 5626 1425 3704 4051

Nova Oliacutempia 1991 2638 4088 1510 2044 2428

Porto Estrela 1559 2779 5372 960 1689 2955

Santo Afonso 2671 4615 4154 2123 3539 2686

Sapezal 2260 3724 5903 1853 2854 4299

Tangaraacute da Serra 1088 1480 3329 750 1003 2154

Regiatildeo Tangara da Serra 1477 2171 3733 1040 1546 2422

Mato Grosso 1418 2291 3797 778 1290 1895

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIOPS

Quando satildeo comparadas as despesas per capita totais com sauacutede e as despesas per

capita com recursos exclusivamente municipais estes uacuteltimos tecircm representado valores

que variam de 73 a 49 Em 2009 os maiores dispecircndios per capita com sauacutede

deram-se em Sapezal Nova Marilacircndia e Porto Estrela e os menores foram observados

em Arenaacutepolis Denise e Tangaraacute da Serra (Tabela 3)

Em maior ou menor niacutevel os municiacutepios da regiatildeo tecircm importante dependecircncia

das transferecircncias financeiras intergovernamentais para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede e embora todos os municiacutepios estejam cumprindo o disposto na EC29 quatro

deles natildeo conseguiram atingir a meacutedia per capita da regiatildeo no ano de 2009 Isto pode

estar associado agrave diferenccedila do PIB entre os municiacutepios e ao lugar que o setor sauacutede

ocupa na agenda da gestatildeo municipal

Das categorias profissionais analisadas neste estudo em todos os municiacutepios da

regiatildeo haacute a presenccedila do profissional meacutedico mas em alguns municiacutepios de pequeno

porte este profissional natildeo reside no local vai atender na unidade de sauacutede da famiacutelia e

retorna agrave sua origem onde reside e atende no setor privado Entre os municipios no ano

de 2010 a maior disponibilidade de meacutedicos vinculados ao SUS (por 10000 habitantes)

estaacute no municipio de Sapezal (95) e a menor no municiacutepio de Denise (27) ambas

menores que o recomendado pelo MS

65

Vinculados ao SUS a regiatildeo conta com 56 meacutedicos por 10000 habitantes

colocando-se na seacutetima posiccedilatildeo entre as 16 regiotildees do estado e estaacute entre as trecircs regiotildees

com maior nuacutemero de meacutedicos natildeo vinculados ao SUS (25 meacutedicos por 10000

habitantes) Muitos dos profissionais meacutedicos que trabalham no SUS tecircm consultoacuterio

particular local onde atendem pacientes de convecircnios e do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede

Em Mato Grosso esta eacute a regiatildeo com a menor disponibilidade de enfermeiros

vinculados ao SUS (3810000 habitantes) e estaacute entre as quatro regiotildees com menor

disponibilidade para todos os demais profissionais de niacutevel superior (7410000

habitantes) vinculados ao SUS

Nesta regiatildeo a maior disponibilidade de enfermeiros deu-se no municiacutepio de

Campo Novo do Parecis (5510000 habitantes) e pode estar relacionada ao nuacutemero de

equipes de sauacutede da famiacutelia implantada no municipio Os coeficientes relativos agraves

demais categorias profissionais de niacutevel superior foram mais elevados nos municiacutepios

de Nova Marilandia (213) Santo Afonso (136) e Campo Novo do Parecis (101) Nesta

regiatildeo eacute expressivo o nuacutemero de profissionais com contratos temporaacuterios seja pela falta

de concursos para niacutevel superior seja por natildeo dispor do profissional para pleitear a vaga

devido a remuneraccedilatildeo oferecida em especial para os profissionais meacutedicos

Tangaraacute da Serra eacute uma regiatildeo que se destaca economicamente no estado

apresenta diversidade de profissionais mas parte dos municiacutepios natildeo dispotildee de

infraestrutura e serviccedilos puacuteblicos para inseri-los na rede de sauacutede e cobrir as

necessidades da populaccedilatildeo (Tabela 4) Aleacutem disso os serviccedilos de maior complexidade

estatildeo concentrados geograficamente e os encaminhamentos continuam centralizados no

municiacutepio sede de regiatildeo e na capital do estado e indicam a importacircncia de estabelecer

arranjos regionalizados para suprir de forma equacircnime agraves necessidades e garantir o

acesso da populaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede (Lima et al 2012)

A rede de serviccedilos puacuteblicos da regiatildeo estaacute constituiacuteda pela atenccedilatildeo primaacuteria com

unidades de sauacutede da famiacutelia postos e centros de sauacutede CAPS CTASAE unidades de

coleta e transfusatildeo de sangue laboratoacuterios de exames de baixa complexidade centros de

reabilitaccedilatildeo unidades hospitalares que atendem agraves cliacutenicas baacutesicas e exames de meacutedia

complexidade

66

Tab

ela 4

- N

uacutem

ero d

e es

tabel

ecim

ento

s d

e sa

uacutede

por

cate

go

rias

sel

ecio

nad

as e

tip

o d

e pre

stad

or

seg

undo m

unic

iacutepio

s da

R

egiatilde

o d

e S

auacutede

de

Tan

gar

aacute d

a S

erra

2010

67

Haacute predomiacutenio do nuacutemero de estabelecimentos puacuteblicos na regiatildeo mas em sua

maioria a capacidade instalada eacute constituiacuteda por unidades baacutesicas de sauacutede (Tabela 4)

No periacuteodo de 2002 a 2010 esta regiatildeo situou-se entre as nove do estado onde foi

observado o menor incremento financeiro com a atenccedilatildeo baacutesica totalizando 121

(Mendonccedila 2012)

No ano de 2010 todos os municiacutepios da regiatildeo dispunham de Unidades de Sauacutede

com Equipes de Sauacutede da Famiacutelia e a cobertura do programa era 581 inferior agrave

cobertura do estado (6510) Nesse ano 100 dos municiacutepios tinham equipes de

sauacutede bucal O Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) teve sua cobertura

reduzida quando os municiacutepios implantaram as ESF mas permaneceu nos municiacutepios

de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Porto Estrela Sapezal e Tangaraacute da Serra

Observa-se ainda na tabela 4 que apesar da importante oferta de serviccedilos puacuteblicos

na regiatildeo a rede de atenccedilatildeo de serviccedilos privados eacute significativa A maior

disponibilidade de estabelecimentos puacuteblicos (por 10000 hab) eacute encontrada nos

municiacutepios de Porto Estrela (164) e Santo Afonso (100) e a menor no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra (26) Do setor privado a maior disponibilidade estaacute nos municiacutepios

de Sapezal (497) Denise (469) Tangaraacute da Serra (407) mas a diversidade e a

complexidade dos serviccedilos estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute da Serra Eacute o setor privado

que tem predomiacutenio de unidades especializadas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e

hospitais Portanto eacute uma regiatildeo que necessita planejar e reorganizar a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica contando para isso com o apoio financeiro dos entes federativos municipais

estadual e federal (Silva 2011)

A regiatildeo dispotildee de doze hospitais dos quais quatro satildeo puacuteblicos e estaacute situada

entre as doze regiotildees do estado com maior nuacutemero de hospitais puacuteblicos e entre as trecircs

com maior nuacutemero de hospitais privados Os hospitais puacuteblicos da regiatildeo satildeo de

pequeno porte e atendem em sua maioria apenas as cliacutenicas baacutesicas Natildeo haacute hospital

puacuteblico estadual na regiatildeo

Dos hospitais puacuteblicos existentes um eacute gerido por Organizaccedilatildeo Social (Campo

Novo do Parecis) e outro por entidade religiosa (Sapezal) Os demais o satildeo pelas

respectivas secretarias municipais de sauacutede um no municiacutepio de Barra do Bugres e

outro em Tangaraacute da Serra que natildeo dispotildee de centro ciruacutergico mas de leitos de

estabilizaccedilatildeo

68

O Hospital de Campo Novo do Parecis eacute mantido com recursos da prefeitura tem

centro ciruacutergico leitos de estabilizaccedilatildeo manteacutem convecircnio com a Unimed e eacute referecircncia

para o municiacutepio de Brasnorte que pertence agrave regional de sauacutede de Juiacutena O hospital de

Sapezal eacute mantido com recursos da prefeitura tem convecircnio com a Unimed conta com

centro ciruacutergico e natildeo eacute referecircncia para a regiatildeo apenas para sua proacutepria populaccedilatildeo

Estes dois hospitais preservam as caracteriacutesticas dos estabelecimentos puacuteblicos

O Hospital Municipal de Barra do Bugres a partir do convecircnio estabelecido entre

a SES e a prefeitura em 2001 passou a ser referecircncia na regiatildeo em cirurgia geral e

ortopedia e continuou sendo referecircncia nas cliacutenicas baacutesicas para municiacutepios

circunvizinhos que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar

O municiacutepio de Tangaraacute da Serra eacute referecircncia natural na regiatildeo para os serviccedilos de

sauacutede do setor privado A Unidade Mista de Tangaraacute da Serra eacute tambeacutem referecircncia para

o SAMU mas por natildeo dispor de centro ciruacutergico faz o primeiro atendimento da

urgecircnciaemergecircncia e encaminha para a rede privada conveniada no municiacutepio ou de

outros municiacutepios da regiatildeo ou Cuiabaacute

Dos hospitais privados os de maior complexidade estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra e apenas um deles eacute conveniado ao SUS para atender aos encaminhamentos

do municiacutepio Este hospital tambeacutem atende agrave demanda da regiatildeo encaminhada pelo

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede e para internaccedilatildeo na UTI O municiacutepio dispotildee de

apenas de dez leitos de UTI (adulto) dos quais oito satildeo puacuteblicos e estatildeo instalados no

hospital privado e dois satildeo da Unimed Os leitos puacuteblicos satildeo operacionalizados por

meio de convecircnio11

estabelecido com a SES Os leitos de UTI neonatal satildeo privados e

quando necessaacuterio o acesso ocorre por meio de contratos administrativos para aqueles

casos que natildeo conseguem vaga em Cuiabaacute

Outros serviccedilos do setor privado credenciadoscontratados pelo SUS nefrologia12

(hemodiaacutelise) Cito-patologia13

exames de imagem14

os exames de ressonacircncia

11

A operacionalizaccedilatildeo destes leitos puacuteblicos ocorreu por meio do convecircnio no 012 de 27022004

estabelecido entre a SES e o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede do Meacutedio Norte responsaacutevel pelo

pagamento do Hospital privado onde foram instaladas as UTI 12

Resoluccedilatildeo CIB nordm 054 de 25 de junho de 2009 - Dispotildee sobre o credenciamentohabilitaccedilatildeo no

SIASUS da Cliacutenica INEMAT ndash Instituto Nefroloacutegico de Mato Grosso SC LTDA de Tangaraacute da

Serra - MT junto ao MS A resoluccedilatildeo CIBMT nordm 106 de 06 de maio de 2010 o nuacutemero de

atendimento passa de 66 para 102 pacientes em hemodiaacutelise 13

Resoluccedilatildeo CIB Nordm 009 de 15 de abril de 2005 - Dispotildee sobre o credenciamento do ldquoLaboratoacuterio

Centro Cliacutenicardquo do Municiacutepio de Tangaraacute da Serra no Sistema de Informaccedilatildeo Ambulatorial ndash

SIASUS para realizar Exames de Cito-Patologia

69

magneacutetica e o serviccedilo de anatomia patoloacutegica15

O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute realizado

pela INEMAT empresa privada que funciona em estrutura puacuteblica com gerecircncia

privada e credenciada pelo Ministeacuterio da Sauacutede os exames de densitometria

tomografia ressonacircncia magneacutetica16

e os demais exames de imagem satildeo viabilizados

em cliacutenica particular credenciada pela SES com tabela complementar do CIS Os

exames anatomo-patoloacutegicos satildeo realizados pelo Instituto Diagnoacutestico em Anatomia

Patoloacutegica credenciado pela SES Outros exames desta cliacutenica natildeo contemplados no

credenciamento satildeo contratualizados pelo CIS por meio de tabela especiacutefica solicitada

pelo prestador O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute credenciado mas a consulta de avaliaccedilatildeo natildeo

faz parte do credenciamento

A participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica do SUS tambeacutem eacute significativa na

assistecircncia ambulatorial para cliacutenicas especializadas algumas destas satildeo contratadas

pelo CIS As cirurgias de otorrino e algumas de ortopedia neurologia cirurgia vascular

oftalmoloacutegica e entre outras natildeo satildeo realizadas pelo SUS na regiatildeo Satildeo encaminhadas

via central de regulaccedilatildeo para a rede de referecircncia do estado em Cuiabaacute Em Mato

Grosso todas as regiotildees no periacuteodo de 2002 a 2010 apresentaram aumento das

despesas com assistecircncia ambulatorial e na regiatildeo em estudo o aumento foi de 164

Em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de meacutedia complexidade o incremento foi de 125 ficando

entre as trecircs regiotildees do estado que apresentaram mais incremento e entre as que tiveram

uma menor variaccedilatildeo nos gastos por internaccedilatildeo (Mendonccedila 2012)

A Tabela 5 mostra o nuacutemero de leitos por municiacutepio Observa-se que existem

municiacutepios que natildeo dispotildeem leitos puacuteblicos Do total de leitos existentes a maioria estaacute

concentrada no setor privado

14

Resoluccedilatildeo CIB nordm 042 de 30 de Outubro de 2003 e Resoluccedilotildees CIB no 36 de 04032010

15 Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 026 de 11 de Marccedilo de 2011- Dispotildee sobre o credenciamento do Instituto

Diagnoacutestico em Anatomia Patoloacutegica SS LTDA- INDAP junto ao SUS no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra situado na microrregiatildeo Meacutedio Norte Mato-grossense do Estado de Mato Grosso 16

Resoluccedilotildees CIB no

36 de 04032010 - Dispotildee sobre o credenciamento junto ao Sistema Uacutenico de

Sauacutede - SUS da Cliacutenica Doyon para realizar serviccedilo de Ressonacircncia Magneacutetica no municiacutepio de

Tangara da Serra-MT

70

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010

Municiacutepios

SUS Natildeo SUS

TOTAL Puacuteblicos PrivadoContratado Privados

No

No

No

Arenaacutepolis - - 23 958 1 42 24

Barra do Bugres 78 100 - - - - 78

Campo Novo do Parecis - - 23 822 5 178 28

Denise - - 24 100 - - 24

Nova Oliacutempia - - 20 465 23 535 43

Sapezal - - 40 816 9 184 49

Tangaraacute da Serra 39 223 82 469 54 308 175

TOTAL 117 278 212 504 92 218 421

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados CNESDATASUS

Nesses dois municiacutepios os hospitais satildeo puacuteblicos mas aparecem no CNES como leitos privados

contratados por serem de direito privado e geridos por OSS (CNP) e irmatildes de caridade(Sapezal)

A maioria dos leitos existentes (722) eacute do setor privado destes quase 70

(212) satildeo contratadoscredenciados pelo SUS Do total de leitos da regiatildeo 782 satildeo

utilizados pelo SUS Apenas no municiacutepio de Barra do Bugres os leitos puacuteblicos satildeo a

opccedilatildeo exclusiva de leitos Nos demais existe oferta privada e parte dos leitos eacute

contratada pelo SUS Em Campo Novo do Parecis e Sapezal os leitos existentes satildeo

filantroacutepicos sendo uma parte utilizada pelo SUS e outra para atender ao convecircnio

com operadoras de planos de sauacutede

De 2007 a 2010 foram fechados dois hospitais privados na regiatildeo e reduziram-se

17 leitos mas aumentaram 18 leitos puacuteblicos A maior capacidade de oferta de leitos

pelo SUS estaacute no municiacutepio de Tangaraacute da Serra mas satildeo apenas leitos puacuteblicos de

observaccedilatildeo ficando a rede puacuteblica dependente da rede privadafilantroacutepica

No ano de 201017

os leitos hospitalares da regiatildeo representaram disponibilidade

(por 1000 habitantes) de 055 leitos puacuteblicos 100 leitos privadosfilantroacutepicos 155

leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS e 199 leitos existentes Estas taxas satildeo inferiores ao

paracircmetro estabelecido pelo Ministeacuterio da Sauacutede de 25 a 30 leitos1000 habitantes e

mostram insuficiecircncia na capacidade instalada e desigualdades de oferta quando a

disponibilidade eacute calculada por municiacutepios (MS 2002b)

17

De acordo com o paracircmetro de programaccedilatildeo segundo a Portaria 1101 GMMS2002 para essa

populaccedilatildeo a necessidade de leitos hospitalares na regiatildeo para o ano de 2010 eacute de 527 leitos Para

esse total de leitos a necessidade de leitos de UTI pode variar de 21 a 52

71

Nova Oliacutempia eacute o uacutenico municiacutepio da regiatildeo onde o hospital privado tem a maior

proporccedilatildeo de leitos exclusivos para o setor privado Este municiacutepio tem a maior

cobertura populacional da sauacutede suplementar 593 em 2010 A cobertura de sauacutede

suplementar nos municiacutepios tem relaccedilatildeo com o mercado de trabalho ou seja eacute maior

naqueles municiacutepios que concentram grandes empresas e que oferecem planos de sauacutede

empresarial aos trabalhadores

Os trecircs municiacutepios da regiatildeo que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar (Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso) encaminham seus pacientes respectivamente

para os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres e Tangaraacute da Serra

As internaccedilotildees hospitalares (por 100 habitantes) oscilaram em alguns municiacutepios

e vecircm reduzindo na regiatildeo acompanhando a tendecircncia do estado e do paiacutes (Tabela 6)

Nem todas as internaccedilotildees que acontecem na regiatildeo estatildeo no banco de dados do SIH

pois em muitas das que ocorrem pelo CIS natildeo satildeo utilizadas AIH Aleacutem disso ocorrem

internaccedilotildees acima do teto fisico de AIH

Tabela 6 ndash Percentual de internaccedilotildees em triecircnios segundo municiacutepio de residecircncia e de

internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2001-

2009

Municiacutepios Por municiacutepio de residecircncia Por municiacutepio de internaccedilatildeo

2001-3 2004-6 2007-9 2001-3 2004-6 2007-9

Arenaacutepolis 98 101 81 87 85 81

Barra dos Bugres 77 82 76 78 87 82

Campo Novo do Parecis 73 55 54 68 47 50

Denise 95 76 52 86 65 45

Nova Marilacircndia 55 57 68 - - -

Nova Oliacutempia 82 64 65 72 50 55

Porto Estrela 81 73 54 - - -

Santo Afonso 65 85 70 - - -

Sapezal 22 59 65 17 54 59

Tangaraacute da Serra 81 76 66 72 73 62

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 77 73 66 67 65 60

Mato Grosso 77 69 61 77 69 60

Centro- Oeste 78 74 65 79 75 66

Brasil 69 65 60 69 65 60

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIHDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

No periacuteodo de 2001 a 2009 o municiacutepio de Barra do Bugres que dispotildee de

hospital de referecircncia na regiatildeo registrou maior nuacutemero de AIH pagas por municiacutepio de

de internaccedilatildeo em relaccedilatildeo a municipio de residecircncia Os demais apresentaram maior

72

nuacutemero de internaccedilotildees por municiacutepio de residecircncia mostrando que a regiatildeo tem uma

mobilidade de internaccedilotildees significativa Os dados disponiacuteveis natildeo permitem identificar

se tal mobilidade ocorre intra ou interregional

Entre 2008 e 2011 a maior proporccedilatildeo de internaccedilotildees enquadra-se na categoria de

meacutedia complexidade (985) as de alta complexidade em sua maioria restringem-se

agravequelas que se deram na UTI A oferta de serviccedilo de meacutedia e alta complexidade na

regiatildeo tambeacutem estaacute concentrada no setor privado Entre 2001 e 2009 houve aumento no

atendimento da meacutedia e alta complexidade na regiatildeo e pode indicar que o acesso a

esses serviccedilos foi facilitado pela disponibilidade de profissionais especializados

vinculados ao CIS e pelo acesso agrave UTI

Em 2010 a cobertura do Sistema de Sauacutede Suplementar era significativa na regiatildeo

221 da populaccedilatildeo mas desigual entre os municiacutepios (Tabela 7) A cobertura regional

eacute semelhante agrave do Brasil (225) mas superior agrave do estado (116) e da regiatildeo Centro-

Oeste (149)

Tabela 7 ndash Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por municiacutepio

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2000 2005 e 2010

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados da ANSDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

A Unimed Vale do Sepotuba com sede administrativa em Tangaraacute da Serra

abrange a maioria dos municiacutepios que pertencem a esta regiatildeo de sauacutede Com a sua

implantaccedilatildeo elevou-se a cobertura da populaccedilatildeo com acesso a Planos de Sauacutede em

Municiacutepios Cobertura Sauacutede Suplementar

2000 2005 2010

Arenaacutepolis 23 37 61

Barra dos Bugres 28 39 126

Campo Novo Parecis 27 60 192

Denise 09 18 72

Nova Marilacircndia 16 22 51

Nova Oliacutempia 26 43 593

Porto Estrela 12 15 38

Santo Afonso 02 16 19

Sapezal 40 138 392

Tangaraacute da Serra 81 138 208

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 46 83 221

Mato Grosso 53 102 116

Regiatildeo Centro Oeste 108 128 149

Brasil 178 182 225

73

especial na modalidade de planos coletivos empresariais A cobertura da populaccedilatildeo por

este sistema pode estar relacionada agraves dificuldades da gestatildeo puacuteblica em oferecer

serviccedilos de qualidade e diversidade para as necessidades da populaccedilatildeo (Santos 2010)

pela insuficiecircncia de serviccedilos de sauacutede puacuteblica na regiatildeo ou por natildeo dispor de recursos

financeiros puacuteblicos proporcionais ao aumento populacional da regiatildeo (Menicucci

2007)

Nesta regiatildeo natildeo eacute incomum que os beneficiaacuterios de Planos de Sauacutede empresarial

recorram agrave rede SUS quando a eles satildeo solicitados procedimentos natildeo cobertos pelos

seus planos Nestes casos a mobilidade desses beneficiaacuterios para a rede SUS produz

iniquidades visto que se utilizam dos planos para o acesso mais raacutepido ao serviccedilo em

especial para as consultas meacutedicas especializadas sem ter que ficar aguardando a

liberaccedilatildeo de vaga Tal agilizaccedilatildeo facilita tambeacutem o acesso mais raacutepido a medicamentos

exames e procedimentos da rede SUS que por ser um sistema universal natildeo apresenta

barreiras para este tipo de demanda no sistema puacuteblico Estes beneficiaacuterios usam o

dispositivo constitucional da universalidade para se beneficiar e satisfazer suas

necessidades usufruindo o melhor dos dois sistemas (Castro 2006)

A principal operadora na regiatildeo eacute a Unimed que assim como o setor puacuteblico

encontra dificuldades com a escassez de especialidades e de serviccedilos de maior

complexidade instalados nos municiacutepios visto que os que existem estatildeo concentrados

em alguns municiacutepios da regiatildeo e em quantidade insuficiente para a demanda

populacional A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos da regiatildeo para

atender seus beneficiaacuterios Observa-se nestes casos uma interface puacuteblico-privada em

que a Unimed manifesta o interesse em estabelecer parceria com unidades puacuteblicas

para manter a prestaccedilatildeo de serviccedilos meacutedicos naqueles locais e assim possibilitar a

expansatildeo da sua cartela de planos empresariais

A operadora natildeo tem estrutura hospitalar proacutepria absorve os serviccedilos e as

especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo que correspondam aos seus criteacuterios de

credenciamento A instalaccedilatildeo da cooperativa meacutedica na regiatildeo facilitou a expansatildeo de

adesotildees aos planos de sauacutede aleacutem disso o aumento da cobertura pode estar relacionada

ao nuacutemero de trabalhadores autocircnomos vinculados agraves empresas existentes nos

municiacutepios de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia Sapezal e

Tangaraacute da Serra que juntos perfazem 965 dos beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

74

Nos municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova Marilacircndia Porto Estrela e Santo

Afonso o mercado de planos de sauacutede eacute incipiente ficando a maior parte da populaccedilatildeo

dependente dos serviccedilos do SUS

Ateacute dezembro de 2010 os quase cinquenta mil beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

da regiatildeo estavam assim vinculados agrave sauacutede suplementar 721 - plano coletivo

empresarial 268 - plano coletivo por adesatildeo apenas 07 com plano individual ou

familiar e o restante natildeo informado

Aleacutem das modalidades tradicionais de sauacutede suplementar que existem no

mercado nesta regiatildeo haacute uma denominada Univida que natildeo eacute um plano de sauacutede mas

oferece ao beneficiaacuterio a oportunidade de acesso a serviccedilos de sauacutede da rede privada a

um custo mais acessiacutevel A Univida18

tem a ela vinculada a Associaccedilatildeo Univida que

disponibiliza acesso aos serviccedilos do prestador privado e oferece cobertura a sete

municiacutepios da regiatildeo Essa associaccedilatildeo manteacutem contratos de atendimento com

profissionais laboratoacuterios cliacutenicas e hospitais nos municiacutepios de Tangaraacute Barra do

Bugres Nova Oliacutempia e Cuiabaacute apenas para as especialidades natildeo disponiacuteveis na

regiatildeo

As situaccedilotildees citadas satildeo alternativas para o acesso das pessoas agrave rede de serviccedilos

de sauacutede puacuteblica e privada da regiatildeo mas caracterizam iniquidades no acesso O acesso

destes beneficiaacuterios aos serviccedilos de sauacutede muitas vezes eacute viabilizado com a participaccedilatildeo

do setor puacuteblico que custeia as necessidades oriundas de consultas exames ou

procedimentos Para outros o acesso se viabiliza com recursos das famiacutelias ou das

empresas privadas quando se refere aos planos e seguros de sauacutede ou diretamente pelas

famiacutelias quando se trata de pagamento out-of-pocket (Castro 2006) Direta ou

indiretamente satildeo canalizados recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema

privado

Tanto a Unimed como a Associaccedilatildeo Univida satildeo alternativas importantes e

facilitam o acesso na regiatildeo Por meio da Univida o usuaacuterio do SUS a um menor custo

e tempo de espera tem o seu acesso sem precisar deslocar-se para fora da regiatildeo Aleacutem

do acesso mais raacutepido aos serviccedilos haacute uma crenccedila que atrai a populaccedilatildeo para a

assistecircncia privada a de que ela tem mais qualidade do que os serviccedilos oferecidos pelo

Sistema de Sauacutede Puacuteblica (Bahia 2010)

18

A Univida eacute um plano de assistecircncia funeral que criou uma associaccedilatildeo formada pelos beneficiaacuterios

do plano que permite estabelecer convecircnio com prestadores de serviccedilos de sauacutede

75

Os dados aqui expostos satildeo compatiacuteveis com os indicadores apresentados no

Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 (MT 2007b) que descreve as

caracteriacutesticas das doze regiotildees de planejamento Neste plano em que a regiatildeo VIII-

Oeste contempla oito dos dez municiacutepios da regiatildeo em estudo satildeo citados como pontos

de estrangulamentos a fraacutegil integraccedilatildeo entre os municiacutepios da regiatildeo a pobreza e

desigualdade intrarregional (baixos indicadores sociais principalmente em relaccedilatildeo agrave

mortalidade infantil e analfabetismo funcional) deficiente infraestrutura de serviccedilos

sociais urbanos deficiecircncia de saneamento baacutesico e baixa capacidade de investimento

dos setores puacuteblico e privado locais (MT 2007c) Os pontos citados reiteram as

caracteriacutesticas da regiatildeo jaacute apresentadas constituem fragilidades influenciam a

organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo puacuteblica e mostram as necessidades de intervenccedilatildeo do

estado para que esta regiatildeo de sauacutede possa desenvolver-se e tornar-se de fato autocircnoma

76

5 As Estrateacutegias de Regionalizaccedilatildeo

no Estado e na Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

77

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

As estruturas administrativas descentralizadas da SES de Mato Grosso foram

organizadas por regiotildees desde a deacutecada de 1980 periacuteodo em que essa secretaria

constituiu cinco Polos Regionais de Sauacutede A estes eram designadas as funccedilotildees de

supervisionar as unidades de sauacutede vinculadas e geridas pelo estado nos municiacutepios que

conformavam as regiotildees cobertas pelos polos abastecendo essas unidades com

medicamentos insumos e outros recursos necessaacuterios para seu funcionamento (Gonzaga

2002)

Naquele periacuteodo os polos regionais de sauacutede foram implantados nas regiotildees que jaacute

tinham seu espaccedilo naturalmente consolidado por questotildees geograacuteficas poliacuteticas e ateacute

mesmo por identidades econocircmicas mas a poliacutetica de sauacutede regionalizada somente se

inicia neste estado em meados da deacutecada de 1990 quando as prioridades da poliacutetica

estadual de sauacutede satildeo expressas no documento ldquoPoliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

diretrizes estrateacutegias e projetos prioritaacuteriosrdquo (MT 1995) Este documento define as

estrateacutegias de gestatildeo regionalizada direciona as atividades da SES para o fortalecimento

do espaccedilo regional e avanccedila nas propostas de descentralizaccedilatildeo a partir da cooperaccedilatildeo

intergovernamental considerada necessaacuteria para o fortalecimento da regiatildeo para a

organizaccedilatildeo das estruturas de regulaccedilatildeo e governanccedila regionalizada

Ateacute 1995 as atividades desenvolvidas pelos Polos Regionais de Sauacutede eram

restritas e natildeo estavam articuladas para o desenvolvimento e gestatildeo regionalizada da

sauacutede (Gonzaga 2002) Foi a partir da definiccedilatildeo da poliacutetica de conduccedilatildeo regionalizada

da SES que as Secretarias Municipais de Sauacutede passaram a receber cooperaccedilatildeo teacutecnica

para o fortalecimento da gestatildeo municipal para o planejamento das accedilotildees aleacutem de

incentivo para a participaccedilatildeo ativa dos gestores nas CIB regionais entatildeo instituiacutedas

criando naquele periacuteodo meios para a governanccedila regionalizada

Para o avanccedilo do processo de descentralizaccedilatildeo da sauacutede no estado e para a

ampliaccedilatildeo das relaccedilotildees intergovernamentais a SES criou novas regiotildees de sauacutede e

implantou em todas elas as bases institucionais da regionalizaccedilatildeo Os polos foram

transformados em Escritoacuterios Regionais de Sauacutede (ERS) deu-se sua reestruturaccedilatildeo

78

teacutecnica e operacional suas equipes foram ampliadas e os profissionais capacitados

para o desenvolvimento das accedilotildees contempladas no Plano Estadual de Sauacutede (PES) A

dinacircmica de trabalho da SES e dos ERS foi alterada e o foco passou a ser a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede (Guimaratildees 2002)

De 1995 a 2002 como parte da Poliacutetica Estadual de Sauacutede foram criadas e ou

fortalecidas outras instacircncias de accedilatildeo puacuteblica nos espaccedilos regionais com destaque para

as CIB regionais os CIS e as Cacircmaras de Compensaccedilatildeo de AIH que posteriormente

passaram a ser centrais regionais de regulaccedilatildeo (Muller Neto e Lotufo 2002) A SES

instituiu e incentivou o planejamento elaborou o PDR o PDI viabilizou as pactuaccedilotildees

da atenccedilatildeo baacutesica com os pactos instituiacutedos pelo Ministeacuterio da Sauacutede e criou meios para

a negociaccedilatildeo das referecircncias secundaacuterias utilizando a PPI como instrumento de

negociaccedilatildeo intergestores

Sob a vigecircncia da NOAS2002 todos os municiacutepios do estado foram habilitados

na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada exceto Cuiabaacute habilitado na Gestatildeo

Plena do Sistema Com os criteacuterios previstos na NOAS foram estabelecidas as

referecircncias no estado A capacidade instalada nos municiacutepios foi considerada um dos

criteacuterios para definiccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais e respectivos municiacutepios de

abrangecircncia Na regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra todos os municiacutepios foram

habilitados na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada e foram definidos os

municiacutepios para sede de moacutedulos assistenciais considerando a estrutura puacuteblica e

privada conveniada com capacidade de oferecer o elenco miacutenimo de procedimentos de

meacutedia complexidade para ser referecircncia intermunicipal (MS 2002a)

Nesta regiatildeo ficaram como sede de moacutedulos assistenciais o municiacutepio de Barra

do Bugres para Porto Estrela e Santo Afonso o municiacutepio de Tangaraacute da Serra para

Denise e Nova Marilacircndia os municiacutepios de Nova Oliacutempia Campo Novo do Parecis e

Sapezal ficaram como sede de moacutedulo para sua proacutepria populaccedilatildeo

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede pelo Ministeacuterio da Sauacutede em 2006 a

regionalizaccedilatildeo eacute proposta como estrateacutegia para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo Aleacutem disso

define uma nova dinacircmica de relaccedilotildees intergovernamentais orienta e propotildee diretrizes

para superar a fragmentaccedilatildeo decisoacuteria oferece meios para integrar os sistemas

municipais de sauacutede sob a coordenaccedilatildeo do gestor estadual e prevecirc a pactuaccedilatildeo das

79

responsabilidades compartilhadas entre os trecircs entes federativos expressas nos termos

de compromisso assinado entre os gestores (MS 2006)

Os Termos de Compromisso de Gestatildeo explicitam o processo gradual de

descentralizaccedilatildeo a ser desenvolvido pelos distintos entes federativos e evidenciam a

interdependecircncia entre os governos municipais e entre esses e o estado de modo que

sejam contempladas as desigualdades intermunicipais e regionais Neste sentido a

divisatildeo daquelas responsabilidades compartilhadas requer arranjos que contemplem a

realidade e as necessidades dos municiacutepios Esse processo natildeo eacute faacutecil visto que

ldquoenvolve jogos de cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo acordos vetos e decisotildees conjuntas entre

governos que possuem interesses e projetos frequentemente divergentes na disputa

poliacuteticardquo (Viana e Lima 2011 p15)

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede estavam instituiacutedas em Mato Grosso 16

microrregiotildees de sauacutede cada uma delas contando com um ERS (Figura 2) A

microrregiatildeo de Tangaraacute da Serra19

pertence agrave regiatildeo CentroNorte de Mato Grosso e

na vigecircncia do Decreto nordm 75082011 assim como as demais microrregiotildees do estado

foi transformada em regiatildeo de sauacutede denominaccedilatildeo que se utilizaraacute quando da referecircncia

a qualquer um desses territoacuterios

19

Oficialmente referida como regiatildeo do Meacutedio Norte Com a Resoluccedilatildeo CIBMT 065032012 todas

as microrregiotildees do estado passaram a ser regiotildees de sauacutede

80

Figura 2 - Regiotildees de Sauacutede Escritoacuterios Regionais e respectivos municiacutepios Mato

Grosso 2012

A regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra e as demais regiotildees do estado

acompanhando as caracteriacutesticas do desenvolvimento econocircmico de cada municiacutepio e

seus indicadores econocircmico-sociais apresentam desigualdades na capacidade instalada

e nos investimentos puacuteblicos e privados sobretudo naqueles de baixo dinamismo

econocircmico e com forte dependecircncia das transferecircncias intergovernamentais (federal e

81

estadual) e da rede de serviccedilos dos municiacutepios-sede de regiatildeo em especial para a

assistecircncia de meacutedia e alta complexidade e assistecircncia hospitalar

Quando o Pacto pela Sauacutede foi implantado em MT e nesta regiatildeo de sauacutede ele

natildeo se constituiu em grande novidade para o gestor municipal A regionalizaccedilatildeo do SUS

jaacute era reconhecida e institucionalizada e jaacute se trabalhava com foacuteruns de discussotildees nas

CIB regionais criadas a partir de 1995 No entanto quando se iniciaram os debates para

sua implantaccedilatildeo muitas accedilotildees regionalizadas estavam enfraquecidas e tal normativa

naquele momento representava a oportunidade de retomar as estrateacutegias de

fortalecimento da regiatildeo

Para a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo Municipal (TCGM) a

SES atraveacutes da Portaria no 026 de 9032006 formou um grupo teacutecnico de conduccedilatildeo

com o objetivo de ldquofortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato

Grosso bem como divulgar e implementar as diretrizes operacionais do Pacto pela

Sauacutede 2006 em consonacircncia com a esfera federalrdquo Com a participaccedilatildeo deste grupo a

SES realizou seis macros encontros regionais para discutir o pacto as diretrizes e as

responsabilidades a serem assumidas Aleacutem disso no ano de 2007 o COSEMS com o

projeto Rede SUS em Mato Grosso realizou vinte oficinas de planejamento e orccedilamento

nas 16 regiotildees de sauacutede com o objetivo de discutir os problemas regionais de sauacutede e

subsidiar os gestores na elaboraccedilatildeo do TCG (Ribeiro et al 2009) Essa mobilizaccedilatildeo

resultou na adesatildeo da maioria dos municiacutepios ao Pacto pela Sauacutede entre 2007 e 2010

Nesta regiatildeo apesar das incertezas quanto agraves responsabilidades a serem assumidas a

adesatildeo dos municiacutepios ocorreu no ano de 2008

Com o pacto a CIBMT20

manteve-se e as CIB regionais21

existentes foram

habilitadas a funcionar de acordo com as diretrizes dessa normativa Tais instacircncias

intergestores foram denominadas de Colegiados de Gestatildeo Regional mantendo-se como

espaccedilos de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa contando com a mesma

composiccedilatildeo anterior ou seja com a participaccedilatildeo de gestores de sauacutede dos municiacutepios e

20

A CIB estadual tem 32 membros e composiccedilatildeo paritaacuteria entre SES e gestores municipais A

representaccedilatildeo da SES contempla parcialmente as instacircncias regionais Os municiacutepios satildeo

representados pelos 16 vice-presidentes regionais do COSEMS indicados no processo de eleiccedilatildeo da

diretoria do COSEMS A CIB eacute coordenada pelo Secretaacuterio de Estado de Sauacutede e suas reuniotildees

embora nem sempre ocorram mensalmente satildeo programadas para serem mensais As atas e

resoluccedilotildees satildeo divulgadas no site da SES (httpwwwsaudemtgovbrportalcib) 21

Resoluccedilatildeo CIBMT no 0622006 - dispotildee sobre a habilitaccedilatildeo do funcionamento das Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais do Estado de Mato Grosso de acordo com o Pacto pela Sauacutede

2006

82

da representaccedilatildeo estadual regional Os CGR contam com regimento que disciplina o seu

funcionamento e recebem recursos do MS para sua manutenccedilatildeo A CIB eacute uma unidade

orccedilamentaacuteria mantida com recursos do tesouro estadual (Viana et al 2010a)

Em 2008 foi criada a Cacircmara Bipartite Estadual22

composta pelo Secretaacuterio de

Estado da Sauacutede pelas secretarias adjuntas da SES e pelo COSEMS Atendendo ao

preconizado no Pacto pela Sauacutede consta no regimento aprovado pela Resoluccedilatildeo

CIBMT 0682008 que essa cacircmara foi criada com a finalidade de assessorar a

secretaria executiva e o plenaacuterio da CIB ldquona formulaccedilatildeo de poliacuteticas e estrateacutegias

especiacuteficas relativas agrave gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees inerentes ao setor sauacutede

desenvolvimento de estudos intercacircmbio de experiecircncias e proposiccedilatildeo de normasrdquo

(MT 2008) Em 2009 foi criada na regiatildeo de sauacutede em estudo a Cacircmara Teacutecnica

Regional

A CIES23

estadual surgiu em 2009 e as CIES regionais a partir de 200824

sendo a

de Tangaraacute da Serra em 2009 A CIES estadual tem a funccedilatildeo de discutir as

necessidades e viabilizar a Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente no estado e regiotildees de

Mato Grosso A comissatildeo estadual estaacute vinculada agrave CIBMT e as regionais ao CGR

As atividades programadas nos respectivos planos de educaccedilatildeo permanentes satildeo

desenvolvidas pela Escola de Sauacutede Puacuteblica de Mato Grosso que conta com a parceria

do COSEMS Ateacute 2010 havia no estado 14 CIES constituiacutedas mas nem todas

funcionando regularmente (Viana et al 2010a)

Como parte do Pacto pela Sauacutede e da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

oficializada pela Portaria GM no 19962007 o estado passou a receber recursos do

governo federal para qualificar os profissionais da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede orientado

pela integralidade da atenccedilatildeo Parte destes recursos o estado tem executado por

intermeacutedio da Escola de Sauacutede de Mato Grosso25

e a outra parte eacute transferida para as

CIES regionais Em 2007 a Resoluccedilatildeo CIB no 051 de 15082007 aprovou os projetos

de educaccedilatildeo permanente do SUS no estado para serem executados pela Escola de

22

Resoluccedilatildeo CIB no 030 de 12 de junho de 2008- Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Cacircmara Bipartite

Estadual e Cacircmaras temaacuteticas no acircmbito da Comissatildeo Intergestores Bipartite do Estado de MT 23

Resoluccedilatildeo CIB n 071 de julho de 2009 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo Ensino

Serviccedilo do Estado de Mato Grosso - CIESMT 24

Resoluccedilatildeo CIB no 011 de 17 de abril de 2008 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo

Ensino Serviccedilo ndash CIES Regional do Vale do Arinos no Estado de Mato Grosso 25

Esta escola foi implantada antes do pacto pela sauacutede e eacute o local onde funciona o Polo de

Capacitaccedilatildeo Formaccedilatildeo e Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede de Mato Grosso

83

Sauacutede Puacuteblica e pelas CIES regionais Alguns destes projetos foram realizados em

parceria com o COSEMS

Em 2009 foi aprovado pela CIB o Plano de Accedilatildeo de Educaccedilatildeo Permanente e

Educaccedilatildeo Profissional do Estado de Mato Grosso26

Este plano define que os recursos

somente seratildeo transferidos para as CIES regionais se estas apresentarem ao CGR e agrave

CIESestadual o Plano Regional de Educaccedilatildeo Pemanente - PAREPS Para alocar os

recursos foram considerados os criteacuterios cobertura de sauacutede da familia (30) nuacutemero

de profissionais do SUS na regiatildeo (20) populaccedilatildeo da regiatildeo (20) IDH dos

municipios da regiatildeo (20) e distacircncia da capital (10) Em setembro de 200927

a

Resoluccedilao 108CIBMT aleacutem de disciplinar a distribuiccedilatildeo de recursos e accedilotildees da

poliacutetica de educaccedilatildeo permanente alterou dois criteacuterios da resoluccedilatildeo anterior e definiu

novos valores para que cada uma das CIES das regiotildees pudessem continuar com as

accedilotildees de educaccedilatildeo permanente em sauacutede e fortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo do

SUS em Mato Grosso Em 2011 foi aprovado um novo plano de accedilatildeo da educaccedilatildeo

permanente28

e novos criteacuterios foram definidos

O quantitativo de recursos para cada uma das regiotildees conforme jaacute exposto ocorre

com base nos criteacuterios definidos pela SES e nos planos regionais das respectivas CIES

O valor financeiro definido para cada CIES regional eacute publicado em resoluccedilotildees da CIB

e transferido para a conta do Fundo Municipal de Sauacutede do municiacutepio indicado pelo

CGR Este municiacutepio passa a ser o responsaacutevel pelo pagamento de todas as despesas da

CIES referentes ao desenvolvimento dos projetos de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo

26

Resoluccedilatildeo CIB no 004 de 12 de marccedilo de 2009 - Dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para implementaccedilatildeo

da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT- foram definidos R$

143666754 para formaccedilatildeo teacutecnica executados pela Escola de Sauacutede Puacuteblica da SES Para

educaccedilatildeo permanente R$ 100566754 destes 6927 (R$ 69666764) foram depositados na conta

do fundo estadual de sauacutede para execuccedilatildeo das acotildees de ambito estadual e 3072 (R$30900000)

foram descentralizados para as CIES regionais atendendo agraves diretrizes do Pacto pela Sauacutede 27

Resoluccedilatildeo CIB no 108 de 02 de setembro de 2009 - dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo e a definiccedilatildeo das

accedilotildees da Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT conforme Plano de Accedilatildeo

para Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede - Portaria no 28132008 - para execuccedilatildeo em 2009 dos

recursos destinados aos fundos muncipais de sauacutede 28

Resoluccedilatildeo CIBMT Nordm 127 de 10 de novembro de 2011 - dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para

Implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente no Estado de MT- define que parte

dos recursos seraacute executada pela Escola de Sauacutede Puacuteblica para educaccedilatildeo profissional

(R$143719141) e a outra parte administrada de forma descentralizada conforme os Planos

Regionais de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede das CIES

84

Os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede29

atualmente 15 em funcionamento no

estado atendem a 125 municiacutepios e cobrem 625 da populaccedilatildeo mato-grossense (Botti

et al 2013) Eles foram incentivados e apoiados teacutecnica e financeiramente pela SES a

partir de 1995 para fortalecer as referecircncias nas regiotildees de sauacutede na atenccedilatildeo de meacutedia

complexidade ambulatorial e hospitalar e apoio diagnoacutestico Configuram cinco

modelos diferentes de gestatildeo de serviccedilos e utilizam para a sua implantaccedilatildeo estruturas

puacuteblicas municipais e ou estadual filantroacutepicas e privadas conforme a realidade das

respectivas regiotildees de sauacutede Na regiatildeo em estudo o CIS foi implantado em 1998 no

modelo que prevecirc a parceria com o setor privado

A participaccedilatildeo financeira do estado nos consoacutercios ocorre mediante convecircnio

estabelecido entre a SES e os municiacutepios30

consorciados (Botti 2010) para viabilizar a

oferta de consultas meacutedicas especializadas de internaccedilatildeo hospitalar exames e outros

procedimentos pactuados conforme as necessidades das respectivas regiotildees e modelo

de gestatildeo do consoacutercio

Nesta regiatildeo de sauacutede a contrapartida do estado eacute de 50 sobre a cota total fixa

por municiacutepio31

depositada diretamente na conta do consoacutercio A partir de 2008 a

transferecircncia dos recursos financeiros passou a ser diretamente na conta dos municiacutepios

atendendo ao Decreto32

do Governo de Mato Grosso que dispotildee sobre o Sistema de

Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos

29

Duas leis estaduais regulamentam o funcionamento dos consoacutercios no Estado de Mato Grosso Lei

nordm 81892004 - que dispotildee sobre o funcionamento em regime de cogestatildeo de Hospitais Municipais

que satildeo referecircncia dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e a Lei nordm 81902004 - que instituiu

normas gerais de parceria entre o estado e os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede Os consoacutercios

satildeo fiscalizados pelo Tribunal de contas do Estado de MT satildeo formados pelos municiacutepios da regiatildeo

de sauacutede contam com estrutura administrativa composta pelo Conselho Diretor-prefeitos Conselho

Fiscal ndash conselheiros de sauacutede Conselho Intermunicipal de Sauacutede ndash secretaacuterios de sauacutede e Secretaria

Executiva 30

Para o municiacutepio fazer parte do CIS necessita de lei municipal aprovada pela cacircmara de vereadores

autorizando a Secretaria Municipal de Sauacutede a transferir mensalmente para a conta do consoacutercio os

recursos correspondentes agrave cota fixa mensal 31

Para cada municiacutepio integrante eacute calculado de acordo com a sua populaccedilatildeo um valor per capita

para desembolso mensal fixo tanto por parte do estado como dos municiacutepios que eacute variaacutevel de

acordo com o tipo e complexidade do serviccedilo oferecido As cotas fixas satildeo programadas para cobrir

um percentual pactuado entre os gestores para cobertura das necessidades populacionais que nem

sempre chegam a 100 das necessidades Caso o municiacutepio solicite cota extra o estado natildeo

complementa o valor financeiro a ser transferido 32

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de

Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras

providecircncias Este decreto foi revogado posteriormente pelo Decreto nordm 1455 de 17 de julho de

2008

85

Fundos Municipais de Sauacutede Neste mesmo ano de 2008 o novo organograma da SES33

retirou da sua estrutura administrativa a Gerecircncia dos consoacutercios

No que se refere agrave regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede demandou a reestruturaccedilatildeo do complexo regulador no estado e na regiatildeo e novas

regras foram estabelecidas O sistema estadual e regional de regulaccedilatildeo iniciou suas

atividades em 1998 quando a resoluccedilatildeo da CIBMT no 02198 aprovou as bases

institucionais de organizaccedilatildeo do fluxo de pacientes na rede de atenccedilatildeo SUS (Guimaratildees

2002)

Com base na Lei estadual no 7990 de 2003 foi criado o cargo de meacutedico

regulador do SUS com atribuiccedilotildees entre outras de regular a oferta de serviccedilos de

sauacutede e priorizar o atendimento considerando o grau de complexidade das demandas

eletivas e de urgecircncia e propiciar a interligaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis assistenciais do

sistema estadual e regional de sauacutede Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede a Central

Regional de Regulaccedilatildeo (CRR) de Tangaraacute da Serra contou com meacutedico regulador em

sistema de plantatildeo de 24 horas para ser o contato dos municiacutepios na regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional

As Secretarias Municipais de Sauacutede que natildeo tinham centrais de regulaccedilatildeo tiveram

que organizaacute-la para ordenar o fluxo municipal e intermunicipal com o parecer do

meacutedico regulador municipal e com o apoio da Central Regional de Regulaccedilatildeo Nesta

regiatildeo as internaccedilotildees intra ou intermunicipais satildeo reguladas nos respectivos municiacutepios

e ou pela central regional quando o caso requer encaminhamento A regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional ocorre com base na PPI realizada entre gestores no CGR Sua atualizaccedilatildeo

segue as normas da SES

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Decreto no 2485 de 20042010 muda a

estrutura organizacional da SES e cria nas cinco macrorregiotildees do estado a Gerecircncia

de Gestatildeo Macrorregional com a finalidade de ser a responsaacutevel pelo gerenciamento e

implementaccedilatildeo do Complexo Regulador Regional assim como das Centrais Municipais

de Regulaccedilatildeo em consonacircncia com as normas estabelecidas pela Coordenadoria de

Regulaccedilatildeo

33

Decreto nordm 1431 de 28 de julho de 2008 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da SES a

redistribuiccedilatildeo de cargos em comissatildeo e funccedilotildees de confianccedila

86

De acordo com o Decreto nordm 2916 de outubro de 2010 que aprova o regimento

interno da SES a Coordenadoria de Regulaccedilatildeo ligada agrave Superintendecircncia de

Regulaccedilatildeo Controle e Avaliaccedilatildeo da SES passa a ser a responsaacutevel por organizar o

acesso aos serviccedilos de atenccedilatildeo agrave sauacutede no estado competindo a ela entre outras

medidas propor estrateacutegias de acesso monitorar o processo de regulaccedilatildeo e subsidiar o

planejamento da gestatildeo e assistecircncia Ligado agrave Central Estadual de Regulaccedilatildeo o

Tratamento fora do Domiciacutelio (TFD) estaacute centralizado e o acesso dos municiacutepios

ocorre mediante solicitaccedilatildeo encaminhada pela CRR

A partir de entatildeo a regiatildeo de Tangaraacute da Serra passou a contar com a Gerecircncia de

Gestatildeo Macrorregional mas em 2013 de acordo com o Decreto nordm 1855 de 12 de

julho de 2013 que dispotildee sobre a estruturaccedilatildeo da SES as Gerecircncias de Gestatildeo

Macrorregional nas regiotildees de sauacutede foram extintas as macrorregiotildees deixaram de

existir e todas as microrregiotildees passaram a serem denominadas regiotildees de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos incentivos para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede por parte do governo

federal foram mantidas as transferecircncias dos recursos alocados pela PPI mas tambeacutem

foram criadas novas modalidades como a transferecircncia de recursos para a regiatildeo

desenvolver accedilotildees de educaccedilatildeo permanente por meio da CIES estadual e das CIES

regionais para manter em funcionamento o CGR e o incentivo de Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais34

como parte integrante do Componente Piso da Atenccedilatildeo

Baacutesica (PAB) variaacutevel

Na vigecircncia do pacto o estado manteve a estrateacutegia de criar incentivos financeiros

para serem transferidos aos municiacutepios fundo a fundo Eacute uma forma de fomentar o

processo de regionalizaccedilatildeo avanccedilar na descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

reorientar o modelo de atenccedilatildeo e fortalecer a gestatildeo municipal Entre os anos de 2006 a

2011 a SES referendou alguns incentivos criados a partir da deacutecada de 1990 e instituiu

novos incentivos para municiacutepios que cumprissem os criteacuterios estabelecidos e

publicados nas suas portarias e aprovados pela CIB Foi com base no Decreto estadual

no

765 de 17062003 que a SES continuou a transferir recursos da receita proacutepria do

Fundo Estadual de Sauacutede para os Fundos Municipais de Sauacutede Em 2008 foram

34

Em 2013 essa estrateacutegia passa a incorporar a parte fixa do Componente Piso de Atenccedilatildeo Baacutesica -

PAB Fixo Portaria GABMS nordm 1408 de 10 de julho de 2013

87

publicados novos decretos35

que disciplinam novas regras para as transferecircncias entre

os fundos de sauacutede

Os incentivos financeiros criados pelo estado contribuiacuteram em parte para

implementar a Atenccedilatildeo Primaacuteria de Sauacutede como tambeacutem a meacutedia e alta complexidade

demandadas pela atenccedilatildeo primaacuteria Foram assegurados no PES recursos financeiros

para o desenvolvimento das accedilotildees e ou programas Programa de Apoio e

Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede - PACIS

Microrregionalizaccedilatildeo - para as atividades do CAPS Hemorrede e Reabilitaccedilatildeo

Programa de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia - PASF Programa Sauacutede Bucal na ESF

Programa Diabete Mellitus - Insumos Complementares Programa de controle da

malaacuteria Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais - PASCAR

Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica e Programa de apoio agrave

organizaccedilatildeo estadual de urgecircncia e emergecircncia Alguns desses incentivos natildeo estatildeo

mais sendo implementados

Editada anteriormente ao pacto mas com vigecircncia ateacute 2008 a Portaria nordm 141 de

14082003GABSES foi revogada Esta Portaria disciplinou as transferecircncias

intergovernamentais definiu criteacuterios para que o municiacutepio pudesse receber os incentivos

do Programa de Incentivo agrave Microrregionalizaccedilatildeo da Sauacutede Em 2008 a SES edita a

Portaria nordm 112 de 06072008 que altera a modalidade de financiamento da meacutedia e alta

complexidade e refere que os municiacutepios somente teratildeo direito a esta transferecircncia se

preencherem os criteacuterios de Cobertura de PSF Cobertura de Sauacutede Bucal unidades

cadastradas no CNES ndash Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede existecircncia de

Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial ndash CAPS Para estes criteacuterios foram estabelecidos estratos 1

2 3 4 e 5 conforme a assistecircncia ofertada pelos municiacutepios

O valor a ser transferido para os diferentes estratos eacute diferenciado e considera

coberturas de PSF sauacutede bucal pronto atendimento sob gestatildeo municipal laboratoacuterios

de anaacutelises cliacutenicas de niacutevel primaacuterio e outros conforme a classificaccedilatildeo assistecircncia preacute-

natal atendimento ambulatorial e hospitalar nas aacutereas cliacutenica e pediaacutetrica e assistecircncia

ao parto atendimento ambulatorial e hospitalar em duas ou mais especialidades e

atendimento ambulatorial ou hospitalar como referecircncia macrorregional ou estadual

35

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 Decreto no 1455 de 17 de julho de 2008 que revoga o

anterior - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo

Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras providecircncias

88

Como parte integrante do Pacto pela Sauacutede foi definido que 5 do valor miacutenimo

do PAB-fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado deveria ser utilizado para as

especificidades regionais (MS 2006) Para o valor correspondente a cada regiatildeo foi

aprovado na CIBMT36

a Resoluccedilatildeo 05621092007 que dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo

deste incentivo destinado agrave atenccedilatildeo baacutesica PAB Variaacutevel-Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais Os criteacuterios para os municiacutepios acessarem estes recursos

foram os menores iacutendices na composiccedilatildeo dos seguintes indicadores IDH populaccedilatildeo

rural maior que a urbana coeficientes de mortalidade infantil iacutendice de Gini e renda per

capita abaixo da meacutedia do estado

Os municiacutepios contemplados para receber este incentivo elaboraram um plano de

accedilatildeo e o submeteram agrave aprovaccedilatildeo dos respectivos CGR para posterior encaminhamento

a CIB Este plano detalha a aplicaccedilatildeo exclusiva dos recursos para a melhoria da Atenccedilatildeo

Primaacuteria agrave Sauacutede as metas as accedilotildees a serem desenvolvidas e os prazos de execuccedilatildeo

Para o programa de controle da Malaacuteria a SES instituiu incentivo atraveacutes da

Portaria ndeg 135 de 11062007 que permaneceu ateacute o ano de 2008 Nesse ano foram

tambeacutem instituiacutedos incentivos para Assistecircncia Farmacecircutica na Atenccedilatildeo Baacutesica e para

o Programa Diabetes Mellitus-insumos complementares (Portaria SES ndeg 132 de

09092008) A transferecircncia dos recursos do programa de Diabetes deve ser precedida

de Termo de Compromisso entre Municiacutepios e a SESMT

Em 2008 a SES instituiu o Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica (Portaria nordm 113 de 08082008) definindo que os recursos dos

incentivos seriam liberados somente para os municiacutepios que alcanccedilassem o rol de dez

indicadores37

do Pacto pela Sauacutede ou tivessem IDH inferior a 0702 No ano de 2010

foi criado incentivo para o controle da dengue a municiacutepios que participaram da sala de

situaccedilatildeo da dengue

36

Esta resoluccedilatildeo foi revogada pela Resoluccedilatildeo CIB nordm 075 de 08112007 para a mesma finalidade 37

1 Coeficiente de mortalidade neonatal ou Nuacutemero absoluto de oacutebitos neonatal 2 Proporccedilatildeo de oacutebitos de

mulheres em idade feacutertil investigados 3 Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com 4 ou mais consultas

de preacute-natal ou Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal 4 Razatildeo

de exames citopatoloacutegico ceacutervico-vaginal na faixa etaacuteria de 25 a 59 anos em relaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo-alvo em

determinado local por ano 5 Cobertura de primeira consulta odontoloacutegica programaacutetica 6 Proporccedilatildeo da

populaccedilatildeo cadastrada pela Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia 7 Meacutedia anual de consultas meacutedicashabitante

nas especialidades baacutesicas 8 Cobertura vacinal em tetravalente em menor de 1 ano de idade 9

Proporccedilatildeo de cura dos casos novos de tuberculose pulmonar baciliacutefera 10 Proporccedilatildeo de cura dos casos

novos de hanseniacutease diagnosticados nos anos das coortes

89

Em 2012 a Portaria no 109 GBSES (2012) revoga a Portaria n

o 112 GBSES

(2008) e altera a modalidade de incentivo financeiro que passa a ser incentivo agrave

Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede cujo mecanismo de financiamento eacute efetivado dentro do

Sistema de Transferecircncia Fundo a Fundo Esta refere que os incentivos financeiros

seratildeo destinados apenas aos municiacutepios que garantirem as accedilotildees e serviccedilos nas aacutereas de

Reabilitaccedilatildeo Hemoterapia e Centros de Atenccedilatildeo PsicossocialCAPS ndash com valores

diferenciados para niacutevel I II e III

Em 2013 com a ediccedilatildeo da Portaria no 083 GBSES2013 foram estabelecidas

novas regras de distribuiccedilatildeo de recursos aos fundos municipais de sauacutede Esta refere

que para os municiacutepios receberem incentivos financeiros deveratildeo dispor dos seguintes

programas implantados Programa de Sauacutede Famiacutelia ndash PSF Programa de Sauacutede Bucal ndash

PSB Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais ndash PASCAR

Farmaacutecia Baacutesica e Diabetes Mellitus Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica ndash PIAMAB

Na assistecircncia hospitalar aleacutem dos incentivos transferidos para os CIS a SES

estabeleceu convecircnios com hospitais municipais para se tornarem referecircncia regional

credenciou serviccedilos da meacutedia e alta complexidade instalou UTI nas sedes de regiotildees

por meio de convecircnios com unidades hospitalares proacutepria municipal ou com o setor

privado Nesta regiatildeo de Tangaraacute da Serra foi estabelecido aditivo ao convecircnio com o

Hospital Municipal de Barra do Bugres para ser referecircncia regional aleacutem disso

credenciou serviccedilos de apoio diagnoacutestico unidade de hemodiaacutelise e manteve os oito

leitos de UTI instalados no hospital privado

Ao firmar convecircnios com o setor privado a SES estabeleceu novas relaccedilotildees entre

o puacuteblico e o privado no acircmbito da prestaccedilatildeo dos serviccedilos no estado e nas regiotildees Estas

iniciativas estrateacutegicas ampliam a oferta imediata de serviccedilos e favorecem o acesso em

especial nas regiotildees onde natildeo existe capacidade instalada que possa resolver os

problemas internamente mas satildeo relaccedilotildees que requerem controle monitoramento e

regulaccedilatildeo do setor puacuteblico para assegurar a qualidade dos serviccedilos e o cumprimento das

atividades privadas na condiccedilatildeo de complementaridade ao SUS

Para realizar a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos a SES elaborou o Manual de

Credenciamento e Habilitaccedilatildeo dos Serviccedilos Ambulatoriais e Hospitalares do Estado de

Mato Grosso que foram aprovados pela Resoluccedilatildeo CIBMT no 076 de 23072009

90

Desde 2011 a SES tem realizado chamamento puacuteblico por meio de edital38

para

selecionar instituiccedilotildees sem fins lucrativos interessadas na celebraccedilatildeo de contratos de

gestatildeo das estruturas puacuteblicas estaduais As organizaccedilotildees sociais tecircm atendido a este

chamamento e vaacuterios convecircnios de gestatildeo foram estabelecidos no acircmbito do estado

Estas organizaccedilotildees tecircm sido definidas como o modelo de gestatildeo viaacutevel para gerir o

Hospital Metropolitano do estado com sede em Cuiabaacute os Hospitais Regionais de

Caacuteceres Rondonoacutepolis Coliacuteder e Sorriso e a Farmaacutecia Cidadatilde com sede em Cuiabaacute A

parceria com as Organizaccedilotildees Sociais de Sauacutede tem repercutido de forma negativa no

sistema puacuteblico de sauacutede de Mato Grosso visto que foram detectadas irregularidades na

gestatildeo conduzidas por essas OSS que tecircm sido motivo de vaacuterias denuacutencias ao

Ministeacuterio Puacuteblico

No que se refere agraves estrateacutegias de superaccedilatildeo das iniquidades regionais natildeo existe

um fundo regional especiacutefico para este fim apenas a programaccedilatildeo financeira para

manutenccedilatildeo do ERS para atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica e o incentivo para as

especificidades regionais que nesta regiatildeo contempla apenas dois municiacutepios

No periacuteodo de 2006 a 2010 entre as despesas com assistecircncia hospitalar

realizadas com recursos do estado para PACIS hospitais regionais e convecircnios as

regiotildees que tiveram o maior per capita foram Caacuteceres (de 036 a 25275) Coliacuteder (de

153 a 9881) e Sinop (de 407 a 2815) Satildeo regiotildees onde o estado construiu equipou e

manteacutem os seus hospitais regionais Destas a regiatildeo de Rondonoacutepolis que tambeacutem tem

Hospital Regional do estado teve um per capita menor (224 a 340) Na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra o per capita foi de 222 a 524 (Mendonccedila 2012) provavelmente

devido aos leitos de UTI Observa-se que o quantitativo de recursos transferidos pela

SES por regiotildees difere muito e parece natildeo seguir um criteacuterio teacutecnico mesmo entre as

regiotildees com hospital regional do estado

Na vigecircncia do pacto houve pequenos investimentos na capacidade instalada de

regiotildees e municiacutepios Verifica-se que foram aprovados na CIBMT projetos para

construccedilatildeo e ou reforma de unidades de sauacutede Esses recursos pleiteados junto ao

Ministeacuterio da Sauacutede requerem a contrapartida dos municiacutepios para a sua aprovaccedilatildeo No

estado tambeacutem foram alocados recursos federais e estaduais em algumas regiotildees de

sauacutede para ampliar e construir hospitais regionais centros ciruacutergicos leitos de

38

Edital de seleccedilatildeo nordm 001SESMT2011 e nordm 003SESMT2011

91

estabilizaccedilatildeo e outros equipamentos hospitalares aquisiccedilatildeo de carros e ambulacircncias

investimentos em infraestrutura de unidades natildeo hospitalares e outros (Viana et al

2010a) Nesta regiatildeo de sauacutede natildeo houve investimentos

O Decreto no 75082011 ainda estaacute em processo de discussatildeo no estado mas o

CGR foi renomeado como Comissatildeo Intergestores Regional - CIR Algumas redes

como a rede de urgecircnciaemergecircncia e a rede cegonha por orientaccedilatildeo do MS39

e

resoluccedilatildeo CIB40

comeccedilaram a ser organizadas no estado e na regiatildeo Para organizar a

implantaccedilatildeo de tais redes na regiatildeo em estudo foram enviados questionaacuterios para as

SMS preencherem as informaccedilotildees solicitadas A equipe do ERS de Tangaraacute da Serra

respondeu ao questionaacuterio mas ainda natildeo haacute rede em funcionamento pois natildeo foi

consenso entre os gestores a sua implantaccedilatildeo na regiatildeo

39

A Portaria GMMS nordm 1600 de 7 de julho de 2011 reformula a Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo agraves

Urgecircncias e institui a Rede de Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias no SUS 40

Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 121 de 17 de maio de 2012 dispotildee sobre o Plano Regional da Rede de

Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias da Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do Estado de Mato Grosso

92

6 O Complexo Regional e a

Institucionalidade da Regionalizaccedilatildeo

na Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra

93

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

61 O complexo regional

O complexo regional desta regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde

a deacutecada de 1980 Conta com as seguintes estruturas SMS ERS CGR Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede Central Regional de Regulaccedilatildeo Centrais Municipais de

Regulaccedilatildeo e Prestadores (puacuteblicos privados lucrativos privados filantroacutepicos e

operadora de planos de sauacutede) O funcionamento deste complexo tambeacutem abrange a

atuaccedilatildeo do segmento de representaccedilatildeo dos gestores (COSEMS) e do controle social

(CMS)

As Secretarias Municipais de Sauacutede (SMS) como jaacute caracterizadas quanto agrave sua

estrutura contam com equipe miacutenima de profissionais que atuam na gestatildeo Dos

gestores municipais nem todos tecircm formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede A estrutura

administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas teacutecnicas para coordenaccedilatildeo

e conduccedilatildeo dos trabalhos e os cargos de coordenaccedilatildeo satildeo de indicaccedilatildeo poliacutetica e em

sua maioria ocupados por pessoas sem formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede Contam com central

municipal de regulaccedilatildeo e um meacutedico regulador

Nas SMS os cargos da equipe de conduccedilatildeo satildeo ocupados em sua maioria por

profissionais que natildeo tecircm formaccedilatildeo teacutecnica na sauacutede seja pelo fato de serem cargos de

confianccedila seja pela indisponibilidade de profissionais com este perfil no municiacutepio

Aleacutem disso satildeo municiacutepios de pequeno porte que priorizam a contrataccedilatildeo de teacutecnicos

para o atendimento na rede de atenccedilatildeo municipal Portanto a gestatildeo municipal depende

da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS

No ERS instacircncia de representaccedilatildeo da SES o cargo de diretor eacute de indicaccedilatildeo

poliacutetica mas nesta regiatildeo na vigecircncia do pacto foi ocupado por teacutecnicos do quadro de

funcionaacuterios de carreira da SES Na regiatildeo em estudo o ERS conta com uma equipe de

mais de 30 profissionais e tem a funccedilatildeo de desenvolver accedilotildees de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios acompanhar e monitorar a vigilacircncia de atenccedilatildeo agrave sauacutede realizar as accedilotildees

da VISA coordenar o complexo regulador e regular a assistecircncia agrave sauacutede na regiatildeo

94

orientar a programaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas dos programas e a elaboraccedilatildeo do Planeja

SUS e acompanhar seus indicadores cooperar na elaboraccedilatildeo do Relatoacuterio de Gestatildeo

Municipal e no monitoramento dos indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo

coordenar as pactuaccedilotildees monitorar a execuccedilatildeo da PPI organizar e coordenar as

reuniotildees do CGR

Na vigecircncia do pacto no ERS da regiatildeo em estudo foram criadas pelo Decreto no

1431072008 trecircs gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de Gestatildeo

Macrorregional Estas facilitaram a organizaccedilatildeo interna para a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios No entanto nos uacuteltimos anos as atividades de cooperaccedilatildeo deixaram de

acontecer e o gestor refere que o ERS ldquocontinua sempre meio que esperando algueacutem

dar uma ordem natildeo tem iniciativa ele natildeo estaacute muito ativo nesta questatildeo da

regionalizaccedilatildeordquo (GM) Embora conte com profissionais em sua maioria de niacutevel

superior e que segundo os gestores satildeo profissionais que colaboram e que exercem

suas funccedilotildees o ERS natildeo tem obtido o apoio institucional para exercer a funccedilatildeo de

cooperaccedilatildeo em especial aquelas que exigem deslocamento para os municiacutepios

O ERS natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo tem autonomia seu

funcionamento eacute diretamente afetado pelas regras emanadas da SES que libera ou natildeo

sua programaccedilatildeo de atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios

Como parte do ERS e seguindo as bases organizacionais do Sistema de Referecircncia

Estadual41

(SER-SUS) a Central Regional de Regulaccedilatildeo42

foi reestruturada e foram

definidas regras para o estabelecimento de relaccedilotildees entre prestadores puacuteblicos e

privados Eacute coordenada por teacutecnicos do ERS e atua com base no protocolo da Central

Estadual de Regulaccedilatildeo Com o pacto a Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave

Sauacutede incentivou a implementaccedilatildeo de Complexos Reguladores (CR) para funcionarem

de forma articulada e integrada entre os entes federativos (Brasil 2006)

As Centrais Municipais de Regulaccedilatildeo apoiadas pela Central Regional

readequaram sua organizaccedilatildeo para o fluxo de encaminhamentos de internaccedilotildees

consultas exames especializados e outros procedimentos Alguns municiacutepios foram

contemplados com recursos do Ministeacuterio da Sauacutede para sua reorganizaccedilatildeo e

reestruturaccedilatildeo mas ateacute o momento ldquoningueacutem recebeurdquo (GM)

41

Implantado em 1998 - Resoluccedilatildeo CIBMT ndeg 21 de 1998 42

Tem sua origem a partir da cacircmara de compensaccedilatildeo de AIH criada em 1996

95

O processo de regulaccedilatildeo inicia-se com o meacutedico regulador municipal que analisa

as solicitaccedilotildees e ajusta o acesso do usuaacuterio de forma ordenada utilizando para isto a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada-PPI as guias do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

as Autorizaccedilotildees de Internaccedilatildeo Hospitalar (AIH) sob a gestatildeo municipal e outras guias

resultantes das contratualizaccedilotildees municipais Quando o paciente eacute regulado para fora do

municiacutepio a SMS se responsabiliza pelo transporte

O sistema de informaccedilatildeo utilizado pela Central Regional de Regulaccedilatildeo eacute o

SISREG e estaacute parcialmente implantado A SES pela Resoluccedilatildeo CIBMT no

1222010

definiu o prazo de doze meses para todos os municiacutepios implantarem-no mas nesta

regiatildeo nem todos os municiacutepios tecircm centrais municipais informatizadas e com acesso agrave

internet

O setor privado faz parte dos fluxos assistenciais da rede de atenccedilatildeo e referecircncia

nos municiacutepios e regiatildeo Os serviccedilos que este setor disponibiliza satildeo internaccedilotildees

cirurgia geral parto e UTI consultas meacutedicas ambulatoriais especializadas exames de

imagem e laboratoriais de meacutedia e alta complexidade e o serviccedilo de hemodiaacutelise

Alguns desses serviccedilos privados atendem agrave regiatildeo por meio do CIS ou de

credenciamentos e convecircnios O serviccedilo de hemodiaacutelise estaacute instalado em

estabelecimento puacuteblico gerenciado por empresa privada natildeo eacute regulado pelas centrais

municipal e regional atende a toda a regiatildeo e a consulta eacute paga agrave parte pelo gestor

municipal

Aleacutem da compra na regiatildeo algumas prefeituras compram serviccedilos de Cuiabaacute de

especialistas em oftalmologia cardiologia neurologia e urologia Estes profissionais

ficam de trecircs a quatro dias por mecircs no municiacutepio e atendem duzentos ou mais pacientes

O municiacutepio remunera pelos serviccedilos e custeia todas as despesas de deslocamento

hospedagem e alimentaccedilatildeo Satildeo alternativas utilizadas para reduzir a demanda

reprimida mas individualizadas que rompem com a loacutegica da regionalizaccedilatildeo

Na regiatildeo os estabelecimentos privados em sua maioria estatildeo localizados no

municiacutepio-sede Dependendo da contratualizaccedilatildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo municipal regional e ou estadual

Os leitos de UTI satildeo regulados pela Central Estadual e os da cliacutenica baacutesica pelas

centrais municipais As especialidades meacutedicas reguladas pela central regional satildeo

encaminhadas para Cuiabaacute que marca o atendimento conforme disponibilidade da

96

agenda do meacutedico As internaccedilotildees de referecircncia regional satildeo reguladas para o Hospital

Municipal de Barra Bugres e reguladas entre as centrais municipais As solicitaccedilotildees de

outros procedimentos e ou exames satildeo encaminhadas para a central regional que

analisa e se necessaacuterio envia para a central de regulaccedilatildeo estadual Toda regulaccedilatildeo

ocorre com base no protocolo da regulaccedilatildeo do estado

Nesta regiatildeo foram contratados desde 2005 trecircs meacutedicos reguladores e um

meacutedico supervisor que ficam agrave disposiccedilatildeo dos municiacutepios na central de regulaccedilatildeo

regional regulam a urgecircncia-emergecircncia e demais solicitaccedilotildees eletivas e ciruacutergicas dos

municiacutepios

As solicitaccedilotildees satildeo avaliadas pelos meacutedicos reguladores com base no protocolo

da regulaccedilatildeo e PPI As solicitaccedilotildees ciruacutergicas satildeo encaminhadas para avaliaccedilatildeo por

cirurgiatildeo em Cuiabaacute ou em Barra do Bugres As especialidades reguladas para fora da

regiatildeo geralmente satildeo aquelas natildeo vinculadas ao consoacutercio ou porque a cota do

consoacutercio jaacute foi preenchida que natildeo existem na regiatildeo ou que natildeo atendem agrave

complexidade solicitada Entre elas cirurgia geral cardiologia dermatologia

hepatologia oftalmologia urologia e outras

O fluxo a referecircncia e contrarreferecircncia na regiatildeo foram se definindo

naturalmente a ldquooferta de serviccedilo definiu a logiacutesticardquo (GE) Estes serviccedilos em sua

maioria estatildeo no municiacutepio-sede de regiatildeo Tangaraacute da Serra sendo providos pelo setor

privado e o acesso das demandas ocorre a um custo diferenciado da tabela SUS

financiado em maior proporccedilatildeo pelo gestor municipal e negociado pelo CIS Mesmo

com a existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a regiatildeo natildeo tem a autonomia e

a resolutividade prescrita no Pacto pela Sauacutede Dessa forma os encaminhamentos para a

capital natildeo satildeo escolhas mas a alternativa do gestor cujo cotidiano eacute permeado por

tensotildees e depende da rede de atenccedilatildeo inter-regional para acessar os serviccedilos

Ao encaminhar para a capital o gestor se depara com problemas da falta de

estrutura da rede puacuteblica de referecircncia estadual ldquoquando entra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o

problemardquo (GE) natildeo tem a vaga que foi pactuada na PPI e a regiatildeo que natildeo dispotildee de

estrutura puacuteblica ldquodepende das vagas existentes no municiacutepio de Cuiabaacuterdquo (GM)

Estes problemas se agravam quando relacionados agraves internaccedilotildees de UTI pois

desde que tal serviccedilo foi implantado em 2004 ldquonatildeo aumentou nenhum leito nessa

regiatildeordquo (GE) Aleacutem da falta de leitos de UTI os gestores com frequecircncia pagam agrave parte

97

alguns dos exames de pacientes internados na UTI desta regiatildeo pois natildeo estatildeo

contemplados no convecircnio

Os meacutedicos reguladores da regiatildeo em estudo julgando que o estado natildeo prioriza a

regionalizaccedilatildeo e por se sentirem incapazes para resolver os problemas da regulaccedilatildeo

inter-regional solicitaram exoneraccedilatildeo do cargo Desta forma a regulaccedilatildeo da

urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada na SES e esta regiatildeo perdeu o cargo de meacutedico

regulador Desde entatildeo a central regional passou a natildeo ter informaccedilotildees nem mesmo da

regulaccedilatildeo interna da regiatildeo

Os serviccedilos natildeo disponibilizados nos municiacutepios e nesta regiatildeo satildeo inseridos na

PPI para pactuaccedilatildeo com o gestor de Cuiabaacute Estes serviccedilos satildeo pactuados mas os

gestores dos municiacutepios desta regiatildeo sabem que a rede de Cuiabaacute natildeo dispotildee de

capacidade para o atendimento mas o faz por falta de opccedilotildees na regiatildeo e no estado

Natildeo haacute seguranccedila por parte do gestor municipal quanto ao fluxo dos

encaminhamentos refere que ainda natildeo se tem clareza ldquofica truncado a gente percebe

que nem a regiatildeo entende o que estaacute acontecendordquo (GM) Agraves vezes natildeo se consegue

vaga via central de regulaccedilatildeo mas sim ligando diretamente para o prestador de serviccedilos

em Cuiabaacute ou solicitando ajuda a poliacuteticos A accedilatildeo regulatoacuteria tem um papel importante

pode facilitar o acesso otimizar os recursos disponiacuteveis mas natildeo vai resolver os

problemas de acesso se natildeo houver gestatildeo eficiente e capacidade instalada suficiente

para responder agraves necessidades da populaccedilatildeo no estado e regiatildeo (Vilarins et al 2012)

Nesta regiatildeo a insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica torna imprescindiacutevel

a relaccedilatildeo com o setor privado por meio da contratualizaccedilatildeo do serviccedilo Alguns dos

gestores privados desta regiatildeo por vezes jaacute romperam parcialmente o atendimento e

escolhem os procedimentos a ofertar ao SUS Natildeo rompem totalmente a oferta mas natildeo

demonstram interesse em aceitar novos credenciamentos e solicitam tabela

complementar para continuar atendendo aos serviccedilos jaacute credenciados e ou contratados

Nesta regiatildeo a ausecircncia de investimentos puacuteblicos tem fortalecido a presenccedila do

setor privado na rede puacuteblica de sauacutede e enfraquecido o sistema puacuteblico que manteacutem

uma relaccedilatildeo de dependecircncia Esta situaccedilatildeo gera fragilidades aumenta o custo dos

serviccedilos e resulta em iniquidades de acesso pelas desigualdades sociais e econocircmicas

dos municiacutepios que pagam tabelas complementares

98

O Hospital Municipal de Barra do Bugres manteacutem convecircnio com a SES para ser

referecircncia na regiatildeo mas a SES tem realizado as transferecircncias financeiras com meses

de atraso e a gestora relata dificuldades para manter este atendimento Afirma que os

recursos da PPI natildeo cobrem as despesas e tambeacutem ldquonatildeo se consegue fazer todo esse

atendimento soacute com o valor AIHrdquo (GM) tem que recorrer agrave receita municipal para

manter o hospital em funcionamento e cumprir com o compromisso que o gestor

estadual assumiu na regiatildeo

Diante das dificuldades a gestora procurou resolver o problema na regiatildeo levou

para discussatildeo no CGR propocircs o pagamento da mesma tabela complementar que os

hospitais privados recebem para os atendimentos do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede Seu pedido foi negado sob o argumento de que independentemente do convecircnio

estadual os recursos da PPI estavam sendo transferidos regularmente e portanto era

obrigaccedilatildeo realizar este atendimento

Aleacutem da falta de recursos financeiros a gestora deste hospital refere outros

problemas entre eles o encaminhamento de pacientes por parte dos municiacutepios ldquosem

soro sem nenhum atendimento sem carteira sem documentaccedilatildeo sem nadardquo (GM)

problemas internos com os profissionais do hospital que satildeo resistentes em aceitar a

referecircncia regional alegam ldquonatildeo eacute paciente daqui noacutes natildeo temos a obrigaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a issordquo (GM) Procurou resolver estes problemas mas refere que natildeo contou

com o apoio da SESERS Com sua equipe orientou os municiacutepios mas com pouco

sucesso Observa-se nos relatos que embora seja de referecircncia natildeo se verifica nas

entrevistas reconhecimento deste hospital como regional o comportamento dos entes

federativos natildeo eacute cooperativo O repasse dos custos a outros entes (Abrucio 2002) eacute

comum entre os gestores desta regiatildeo na medida em que enviam pacientes sem nenhum

atendimento e entendem que o outro municiacutepio tem que atender em funccedilatildeo de uma

pactuaccedilatildeo mesmo sabendo que os valores recebidos natildeo cobrem as despesas

Quanto ao encaminhamento do paciente sem o primeiro atendimento o gestor

regulador informa que a regiatildeo precisa se qualificar em praacuteticas cliacutenicas ldquoo estado

precisa investir em capacitaccedilatildeo para noacutes diminuirmos as sequelas e o mau

atendimento nos diferentes municiacutepios Noacutes ainda recebemos complicaccedilotildees que natildeo

deveriam existirrdquo (GE)

99

Os prefeitos da regiatildeo foram ateacute a SES para resolver o atraso na transferecircncia dos

recursos a este hospital mas na reuniatildeo um assessor da SES alegou ldquoo repasse eacute

voluntaacuterio se tem dinheiro eu passo se natildeo tenho eu natildeo passordquo (GM) Observa-se

pelo exposto que natildeo haacute comprometimento com a regionalizaccedilatildeo Esta natildeo se constitui

em prioridade por parte desse assessor da SES em manter o compromisso assumido no

convecircnio Estas questotildees influenciam a regionalizaccedilatildeo dificultam a integraccedilatildeo entre os

entes federativos e resultam em accedilotildees isoladas onde cada um vai procurar resolver o

seu problema jaacute que natildeo conta com accedilotildees coordenadas e de apoio agrave gestatildeo

regionalizada Aleacutem disso geram questionamentos por parte do gestor ldquoeu natildeo sei que

regionalizaccedilatildeo eacute essardquo (GM)

Observa-se por meio do relato dos gestores que os serviccedilos estatildeo

desarticulados Aleacutem disso os fluxos natildeo satildeo respeitados a realidade dos municiacutepios

natildeo eacute considerada na comunicaccedilatildeo do agendamento pela Central de Regulaccedilatildeo de

Cuiabaacute que comunica a liberaccedilatildeo do agendamento de um dia para o outro Nesta regiatildeo

existem municiacutepios que distam 500 quilocircmetros da capital do estado e natildeo eacute possiacutevel

deslocar o paciente a fim de chegar a tempo para o atendimento liberado gerando perda

de vagas aguardadas haacute meses Aleacutem disso os gestores natildeo conseguem ter o controle do

que foi solicitado e liberado e assim natildeo conseguem controlar a demanda reprimida

que eacute significativa na regiatildeo

Tais problemas associados agrave falta de leitos em geral e de UTI baixa capacidade

instalada e oferta de serviccedilos puacuteblicos falta de sistema de informaccedilatildeo interligado entre

os complexos reguladores dificuldade e demora em conseguir vagas da

urgecircnciaemergecircncia e eletivas comunicaccedilatildeo da liberaccedilatildeo do serviccedilo diretamente para

o paciente tecircm implicaccedilotildees na gestatildeo Contribuem para aumentar as iniquidades no

acesso mostram que o planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees em todos os

niacuteveis de complexidade natildeo estatildeo acontecendo Estas questotildees podem interferir no fluxo

e no acesso agrave assistecircncia integral (Nascimento et al 2009) nesta regiatildeo

As lacunas retro referidas comprometem a regionalizaccedilatildeo e no entendimento do

gestor ocorrem devido agrave ldquoomissatildeo do estadordquo (GE) e iniquidades da SES na conduccedilatildeo

da poliacutetica Sem a estruturaccedilatildeo do sistema de regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo do estado os

municiacutepios natildeo conseguem cumprir os compromissos compartilhados no Termo de

Compromisso de Gestatildeo e efetivar os direitos da populaccedilatildeo resolver os problemas na

100

regiatildeo reorganizar e manter os serviccedilos existentes para evitar deslocamentos diminuir

os gastos e as iniquidades no acesso

O apoio do estado na coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica deve ser contiacutenuo e eacute

determinante para reduzir as desigualdades territoriais e sociais facilitar o acesso agraves

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantir a integralidade na atenccedilatildeo potencializar a

descentralizaccedilatildeo fortalecer municiacutepios para exercerem o papel de gestores racionalizar

os gastos e otimizar os recursos (MS 2006)

Neste sentido eacute fundamental a existecircncia e o funcionamento do Colegiado de

Gestatildeo Regional - CGR43

instacircncia deliberativa e restrita agrave aacuterea de abrangecircncia

regional Na regiatildeo em estudo eacute composto pelos gestores com titularidade de secretaacuterio

de sauacutede (10 titulares e 10 suplentes) e pelo diretor e teacutecnicos do ERS (9 titulares e 9

suplentes mais o diretor) Neste colegiado a legislaccedilatildeo natildeo prevecirc a participaccedilatildeo de

prestadores privados conveniados de conselheiros municipais de sauacutede profissionais de

sauacutede e do secretaacuterio executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Com a sua implantaccedilatildeo manteacutem-se na regiatildeo o espaccedilo colegiado para agregar

saberes e inovar a poliacutetica de sauacutede Incrementa-se a possibilidade de negociaccedilatildeo e

decisatildeo intergovernamental permanente na regiatildeo construir arranjos e objetivos

compartilhados retomar o planejamento regional e integrar os serviccedilos (Viana et al

2010a) accedilotildees estas que tinham perdido forccedila entre os anos 2003 e 2005

O coordenador do CGR eacute o diretor do ERS conforme determina o regimento

enviado pela SES Os profissionais do ERS participam representando as aacutereas teacutecnicas

da atenccedilatildeo baacutesica da regulaccedilatildeo da vigilacircncia e da assistecircncia farmacecircutica exercem a

funccedilatildeo de subsidiar as discussotildees A secretaria funciona na sede do ERS e tem

computador especiacutefico para suas atividades

A secretaacuteria executiva eacute funcionaacuteria do ERS confere a existecircncia de pautas preacute-

agendadas faz contato com membros do CGR verifica necessidade de inclusotildees

prepara e encaminha a pauta aos integrantes informa o local das reuniotildees monitora a

gestatildeo dos recursos faz a prestaccedilatildeo de contas e apoia o vice-presidente regional do

COSEMS nas demandas solicitadas

A composiccedilatildeo da pauta eacute flexiacutevel agraves solicitaccedilotildees os temas solicitados para

inclusatildeo devem secirc-lo com cinco dias de antecedecircncia satildeo avaliados pelo coordenador

43

Este colegiado jaacute estava em funcionamento como CIB regional foi recomposto e renomeado a partir

da proposiccedilatildeo da CIBRegional de Tangaraacute da Serra nordm 001 de 03 de fevereiro de 2009

101

do CGR que confere a documentaccedilatildeo e a pertinecircncia e na duacutevida entra em contato

com o solicitante discute o assunto e decide se o manteacutem na pauta A convocaccedilatildeo e o

material da pauta satildeo enviados com antecedecircncia on line

A equipe teacutecnica do ERS realiza reuniatildeo preacute-CGR discute os temas e analisa se a

documentaccedilatildeo enviada pelo gestor estaacute completa Os secretaacuterios municipais tambeacutem

realizavam reuniotildees preacute-colegiado e manifestam a vontade de retomar estas discussotildees

As reuniotildees do CGR ocorrem em salas alugadas nem sempre satildeo mensais

seguem protocolo formal e satildeo iniciadas se houver quorum Satildeo abertas consultivas

deliberativas e informativas O coordenador controla o tempo programado da pauta e

informa o que foi ou natildeo consensuado Os temas natildeo consensuados podem voltar agrave

pauta apoacutes esclarecimentos sobre o assunto Todas as reuniotildees satildeo gravadas

digitalizadas e lidas no iniacutecio da proacutexima reuniatildeo

Os gestores em sua maioria satildeo assiacuteduos mas as faltas natildeo satildeo incomuns A

ausecircncia frequente de gestores nos CGR ainda constitui problemas para a gestatildeo

(Delziovo 2012 Vianna Pestana 2012) pois mesmo que enviem seus representantes

dificulta o processo visto que o colegiado eacute um espaccedilo de esclarecimento e repasse de

informaccedilotildees que subsidia os gestores para a tomada de decisatildeo na conduccedilatildeo da poliacutetica

municipal e regional

As deliberaccedilotildees satildeo por consenso formalizadas por resoluccedilotildees ou proposiccedilotildees

No iniacutecio era frequente a utilizaccedilatildeo ad referendum para situaccedilotildees especiais hoje jaacute natildeo

eacute utilizado O encaminhamento das deliberaccedilotildees para o gestor municipal ocorre apenas

quando se referem a projetos que exigem sua anexaccedilatildeo As resoluccedilotildees satildeo enviadas para

a CIB homologar e o vice-regional do COSEMS que participa das reuniotildees do

COSEMS e da CIB leva as demandas da regiatildeo

Eacute comum nas reuniotildees do CGR a participaccedilatildeo de teacutecnicos das SMS prestadores

do setor privado e outros atores Satildeo participaccedilotildees que a semelhanccedila de outros

colegiados tem por objetivo esclarecer e ou expor assuntos de seu interesse e

congruentes com o tema em pauta (Vianna 2012) mas somente gestores com

titularidade e de forma obrigatoacuteria podem participar do CGR com voz a favor dos

interesses do seu territoacuterio

Como parte do CGR a Cacircmara Teacutecnica Temaacutetica Regional foi criada pela

Resoluccedilatildeo do CGR no

005 de 17032009 composta paritariamente por teacutecnicos das

102

Secretarias Municipais de Sauacutede e do ERS Esta cacircmara natildeo funciona seu papel tem

sido assumido pelas coordenadorias do ERS Na CIB tambeacutem satildeo as aacutereas teacutecnicas da

SES que realizam suas funccedilotildees (Viana et al 2010a)

Foi criada tambeacutem na regiatildeo a Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo-

CIES44

pela Resoluccedilatildeo do CGR no 006 de 15092009 como parte das estrateacutegias de

implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Houve dificuldades no iniacutecio do seu funcionamento

mas hoje haacute maior clareza por parte dos gestores quanto ao seu papel ldquotemos que nos

reportar a noacutes mesmos () agraves nossas necessidadesrdquo (GM) A CIES regional eacute composta

por Secretaacuterios de Sauacutede e teacutecnicos das Secretarias Municipais de Sauacutede teacutecnicos do

ERSTS e da SECITEC professores representantes do SENAC da UNEMAT e da

UNIC Os membros reuacutenem-se no mesmo dia do CGR e a cada 6 meses por

representaccedilatildeo participam das reuniotildees da CIESestadual

Os registros documentais mostram que a sua criaccedilatildeo foi positiva tem contribuiacutedo

e instituiacutedo a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo O planejamento atende agraves necessidades e

para realizar as capacitaccedilotildees programadas tem recebido recursos financeiros geridos

pelo municiacutepio-sede da regiatildeo Destacam-se entre os problemas enfrentados pela CIES

rotatividade entre os membros falta de instrutor capacitado pela ESPSES na regiatildeo

dificuldades para realizar os cursos na regiatildeo inexperiecircncia da SMS responsaacutevel pela

execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria e prestaccedilatildeo de contas recusa dos municiacutepios selecionados para

ser o executor financeiro da regiatildeo entre outros (Viana et al 2010a)

O gestor cita dificuldade para custear o deslocamento dos profissionais para os

cursos ldquoos municiacutepios jaacute estatildeo com sobrecarga de mais de 30 de investimentos de

recursos proacuteprios na sauacutederdquo (GM) Aleacutem disso a Lei de Responsabilidade Fiscal no

1012000 impotildee limites agrave contrataccedilatildeo de pessoal (Santos 2010) Desta forma o gestor

municipal entende que a CIES deveria cobrir o custo total das despesas com as

capacitaccedilotildees pois muitas vezes reduz a disponibilidade de dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para

capacitaccedilatildeo por canalizar seus recursos para outras aacutereas Neste sentido sem apoio

financeiro para este fim seus profissionais natildeo satildeo liberados

44

A CIES desta regiatildeo foi instituiacuteda em 2009 alterado pela Resoluccedilatildeo do CGR nordm 008 de 24112009

e pela Resoluccedilao nordm 010112010

103

O Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede-CIS45

por induccedilatildeo do governo estadual foi

criado estrategicamente em 1998 para suprir deficiecircncias e facilitar o acesso agrave

assistecircncia especializada de meacutedia complexidade na regiatildeo (Motta 2002) Nesta regiatildeo

eacute constituiacutedo por 100 dos municiacutepios aleacutem de Brasnorte que pertence agrave regiatildeo de

Juiacutena Antes do pacto este municiacutepio fazia parte desta regiatildeo

O CIS eacute regido pelas normas puacuteblicas com regras de funcionamento e

financiamento e conta com recursos do estado e dos municiacutepios cuja participaccedilatildeo eacute

regulamentada por lei municipal Nesta regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede agrave

semelhanccedila de outros casos no Brasil tem se consolidado como importante oferta de

serviccedilos e acesso da populaccedilatildeo (Ribeiro e Costa 2000) Aleacutem disso constitui-se em

alternativa de organizaccedilatildeo e acesso a serviccedilos de sauacutede para municiacutepios de pequeno

porte que ampliam sua capacidade de governo na oferta daqueles serviccedilos que

sozinhos natildeo conseguiriam prover (Neves e Ribeiro 2006)

A pauta das reuniotildees do Conselho Diretor do consoacutercio eacute demandada pelos

gestores municipais e pelo secretaacuterio executivo que a prepara Eacute flexiacutevel agrave solicitaccedilatildeo

dos membros do Conselho Intermunicipal e do Conselho Fiscal As reuniotildees do

Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal ocorriam no mesmo dia mas o

Conselho Intermunicipal tem sido convocado para reunir-se depois da reuniatildeo do CGR

O Conselho Fiscal natildeo se tem reunido com a frequecircncia que consta no estatuto As

reuniotildees satildeo convocadas com cinco dias de antecedecircncia antes de iniciar verifica-se

quorum e as discussotildees e deliberaccedilotildees satildeo registradas em atas

Por natildeo dispor de estrutura puacuteblica o consoacutercio foi viabilizado em parceria com o

setor privado e o atendimento ocorre nas cliacutenicas particulares eou nas unidades

hospitalares contratualizadas para internaccedilotildees e cirurgias geradas pelo atendimento das

especialidades Com base na populaccedilatildeo de cada municiacutepio consorciado foi pactuado

que nesta regiatildeo a cobertura miacutenima para o municiacutepio consorciar seria de 30 das

45

Criado nesta regiatildeo em 1998 rege-se pelas normas da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil pelas Leis nordm 808090 nordm 814290 e demais normas correlatas Tem entre outras as

finalidades estatutaacuterias de promover formas articuladas de planejamento e execuccedilatildeo de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede representar os interesses dos municiacutepios perante quaisquer outras entidades de

direito puacuteblico e privado e desenvolver serviccedilos e atividades de interesse dos municiacutepios

consorciados regidas pelas normas puacuteblicas (Estatuto do Consoacutercio) O cargo de presidente do

Conselho Diretor ocorre por eleiccedilatildeo entre os prefeitos em escrutiacutenio secreto para o mandato de um

ano O Conselho Fiscal eacute formado por representantes do Conselho Municipal de Sauacutede de cada

municiacutepio consorciado e segundo o estatuto deve reunir-se no miacutenimo quatro vezes por ano O

Conselho Intermunicipal de Sauacutede eacute formado pelos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e deve reunir-

se no miacutenimo seis vezes ao ano

104

necessidades por especialidade disponiacutevel no consoacutercio O caacutelculo das necessidades por

especialidade dos municiacutepios ocorre com base nos paracircmetros de programaccedilatildeo da SES

ou na Portaria no 11012002 do Ministeacuterio da Sauacutede

Estabeleceu-se o per capita financeiro da regiatildeo com base no custo para

funcionamento do consoacutercio mais a cobertura pactuada para a compra dos serviccedilos Este

per capita gera o valor a ser pago por municiacutepio46

Parte dos recursos do consoacutercio eacute

utilizada para o custeio das despesas fixas administrativas e parte para a compra dos

serviccedilos referentes agrave cota fixa de cada municiacutepio ou seja o quantitativo de consultas

especializadas exames cirurgias internaccedilotildees e outros procedimentos

A contrapartida mensal do estado eacute de 50 sobre o valor da cota fixa mensal do

municiacutepio que pode pactuar cota fixa acima de 30 das suas necessidades e ou solicitar

cotas extras

Nesta regiatildeo mensalmente os gestores municipais solicitam cota extra que dobra

ou triplica os valores definidos como cota fixa47

Nestes casos o custo para o municiacutepio

aumenta jaacute que natildeo recebe a contrapartida do estado A manutenccedilatildeo da cota fixa

reduzida eacute equivocada aumenta ainda mais as despesas e representa para a maioria dos

municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade financeira para estas accedilotildees Este

aumento impacta de forma negativa a gestatildeo municipal que tambeacutem requer melhorias

na infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais capacitaccedilotildees aquisiccedilatildeo de equipamentos

e outros para oferecer serviccedilos de sauacutede de qualidade em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

(Abrucio 2002)

Das especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede contratou aquelas que em sua maioria estatildeo concentradas no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra entre elas otorrinolaringologia dermatologia cardiologia

endocrinologia ginecologia ortopedia obstetriacutecia psiquiatria neurologia geriatria

reabilitaccedilatildeo psicologia fisioterapia e nutriccedilatildeo A programaccedilatildeo dos serviccedilos oferecidos

pelo CIS natildeo se baseia apenas no criteacuterio teacutecnico das necessidades eacute influenciada pela

oferta do serviccedilo disponiacutevel na regiatildeo e pelo profissional que manifesta interesse em ser

46

O valor a ser pago por cada municiacutepio eacute transformado em guia denominada cota fixa e encaminhada

mensalmente para a gestatildeo municipal No final de mecircs a equipe administrativa do consoacutercio

recolhe as guias utilizadas em todos os estabelecimentos para verificar a produtividade e gerar o

pagamento para os prestadores do fixo mais o excedente Para os municiacutepios informa o valor total

ser pago 47

Ver por exemplo uma das portarias da SES que aprova a planilha de pagamentos do PAICI Portaria

GBSES nordm 076 de 19 de maio de 2009

105

contratualizado Tambeacutem contratualizou serviccedilo no municiacutepio de Cuiabaacute consultas de

neurologia e cirurgias de otorrinolaringologia

A vinculaccedilatildeo de alguns especialistas ao consoacutercio contribuiacute para fixaacute-los na

regiatildeo A remuneraccedilatildeo e a regularidade no pagamento da produtividade preacute-estabelecida

pelo consoacutercio e a possibilidade de o paciente ser atendido na cliacutenica particular do

profissional motiva e desperta nos profissionais o interesse pelo contrato

Segundo um gestor ldquotodo serviccedilo que tem no consoacutercio eacute anterior a 2006 com

exceccedilatildeo de algumas especialidades que vieram depois especialidades que noacutes natildeo

tiacutenhamos na regiatildeo que vieram aqui por espontaneidade dos profissionais natildeo que

houve assim um trabalho no puacuteblico para que viessem esses profissionaisrdquo (GM) A

seleccedilatildeo dos profissionais ocorre por meio do chamamento puacuteblico sendo eles

contratualizados sob a forma de pessoa juriacutedica

Quando o profissional natildeo opta por firmar contrato com o consoacutercio ou com a

prefeitura como os da especialidade de neurocirurgia e psiquiatria existentes na regiatildeo

resta a opccedilatildeo de encaminhar a solicitaccedilatildeo via Central de Regulaccedilatildeo para a rede SUS

em Cuiabaacute o que pode levar meses Se for urgecircncia em alguns casos a prefeitura

custeia o atendimento particular em outros o paciente procura os serviccedilos e o

pagamento eacute feito pelo seu desembolso direto

A Gerecircncia do Consoacutercio criada pelo Decreto nordm 270 de 17092007 foi retirada

do organograma da SES e a partir da ediccedilatildeo da Portaria nordm 0872008 em que a SES

Institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede (PAICI) parte dos incentivos municipais que eram

depositados na conta do consoacutercio passaram a ser transferidos diretamente na conta dos

municiacutepios consorciados e geraram rupturas no modo de funcionamento do consoacutercio

O CIS deixou de receber parte dos recursos do estado para a sua manutenccedilatildeo

Com essas mudanccedilas a SES rompeu natildeo apenas o repasse dos recursos na conta

do consoacutercio mas ldquonoacutes ficamos totalmente alheio o contato nosso com o estado hoje eacute

mandar relatoacuterio a relaccedilatildeo estaacute fragilizadardquo (GM) Aleacutem disso o consoacutercio nos

uacuteltimos anos passou a natildeo participar do planejamento da regiatildeo de sauacutede das reuniotildees

de conduccedilatildeo e planejamento da SES e das reuniotildees do CGR (Scatena et al 2014)

106

A contrapartida48

do estado mantida ateacute o iniacutecio de 2009 e transferida diretamente

aos Fundos Municipais de Sauacutede era de 50 sobre a cota fixa dos municiacutepios Essa

contrapartida foi calculada a partir da populaccedilatildeo do ano de 2007IBGE e no per capita

da regiatildeo de R$ 040 O gestor assenta que a SES continuou a publicar as planilhas de

transferecircncias financeiras para o ano de 2008 com base na populaccedilatildeo de 2005 Em maio

de 2009 a SES editou a Portaria no 076 de 19052009 com planilha referente ao mecircs

de marccedilo de 2009 e a sua respectiva contrapartida

Por se basear na cota fixa a contrapartida do estado estaacute muito aqueacutem do valor

pago mensalmente pelos municiacutepios aleacutem disso suas transferecircncias tecircm ocorrido com

meses de atraso Os gestores municipais citam que as cotas extras tecircm sido solicitadas

devido agrave dificuldade de acesso agrave rede puacuteblica de referecircncia no estado ldquoos municiacutepios

acabam desistindo bancando e arcando com esse custo Hoje meu municiacutepio gasta

quase 60 dos recursos com meacutedia e altardquo (GM)

Os atrasos nas transferecircncias dos recursos financeiros do estado para os

municiacutepios repercutem em inadimplecircncias municipais com o CIS Quando o municiacutepio

estaacute inadimplente a SES transfere os recursos financeiros deste municiacutepio para o

municiacutepio-sede de consoacutercio Isso tem gerado complicaccedilotildees orccedilamentaacuterias para o

municiacutepio-sede visto que ldquoestaacute recebendo um recurso que ele nem sabe de onde vem e

pra que vem e por que vemrdquo (GM)

Outra questatildeo que influenciou no funcionamento do consoacutercio nesta regiatildeo foi a

entrada das OSS na gestatildeo de alguns estabelecimentos de sauacutede do estado Os gestores

referem que ldquodificultou para noacutes porque os hospitais comeccedilaram a querer o mesmo

valor que era praticado em outras regiotildees e hoje por exemplo natildeo temos onde fazer

cirurgia de otorrinordquo (GM) O CIS teve que contratualizar o serviccedilo de

otorrinolaringologia em Cuiabaacute

Com o funcionamento do CIS esta regiatildeo conseguiu ampliar os serviccedilos e o

acesso mas natildeo houve por parte da SES conduccedilotildees estrateacutegicas no sentido de fortalececirc-

lo Sua manutenccedilatildeo se deu por interesse dos gestores municipais que alegam ldquohoje o

consoacutercio acho que eacute a nossa soluccedilatildeo () na verdade eacute ele que resolverdquo (GM) Apesar

do custeio quase integral dos serviccedilos do consoacutercio pelos municiacutepios devido ao atraso

48

Portaria nordm 0522009GBSES - Planilha de pagamentos do Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos

Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede ndash PAICI - referente agrave competecircncia de janeiro2009e autoriza a

aplicaccedilatildeo dos valores nela indicados para os efeitos financeiros a que se destinam

107

da SES nas transferecircncias dos incentivos do estado o consoacutercio eacute valorizado pelos

gestores que o consideram como uma instacircncia que ldquotem ouvido os gestoresrdquo (GE) que

sabe das necessidades da regiatildeo que viabiliza a complementaccedilatildeo dos serviccedilos

Segundo os gestores o consoacutercio eacute ldquopositivo na medida em que ele estaacute

conseguindo atender os municiacutepios em determinados serviccedilos que a rede puacuteblica natildeo

conseguerdquo mas ao mesmo tempo eacute negativo pois acaba gerando ldquorecusa da rede

privada em aceitar um convecircnio puacuteblico tabela SUS porque conseguem via consoacutercio

tabela diferenciadardquo (GE)

Pelas dificuldades de acesso agrave rede puacuteblica pela pressatildeo que sofre da populaccedilatildeo

que exige o seu direito agrave sauacutede e pela possibilidade de resolver alguns problemas

atraveacutes do consoacutercio os gestores municipais passaram a assumir responsabilidades que

competem agrave esfera estadual Parte dos problemas eacute resolvido e o atendimento eacute

viabilizado mas para garantir os custos destes atendimentos o gestor racionaliza os

recursos e deixa de aplicar em outras atividades (Ribeiro e Costa 2000) A falta de

recursos para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos ou para investimentos pode indicar que

regionalizaccedilatildeo da sauacutede natildeo eacute prioridade por parte do governo estadual aleacutem pode

inviabilizar o sistema puacuteblico (Menicucci 2007)

No entendimento do gestor o funcionamento do consoacutercio estaacute ameaccedilado em

especial pelas dificuldades financeiras ldquoteve repasse do estado que ficou nove meses

sem transferir um deles eacute o consoacuterciordquo (GM) Essa situaccedilatildeo associada ao aumento nos

custos da atenccedilatildeo meacutedica influencia o seu equiliacutebrio financeiro que dentro dos seus

limites tem procurado manter o seu funcionamento

A criaccedilatildeo do consoacutercio criou um modus operandi cooperativo que contribuiu para

o acesso fortaleceu a regiatildeo e ateacute certo ponto otimizou o custo e o uso de recursos

(Viana e Lima 2011) A oferta de serviccedilos foi ampliada mas haacute sinais de esgotamento

do modelo vigente os custos estatildeo elevados e tecircm gerado tensatildeo no acircmbito da gestatildeo

municipal que envolve o gestor os profissionais e a populaccedilatildeo usuaacuteria dos serviccedilos e

refletem no posicionamento do gestor Seu funcionamento foi modificado enfrenta

crises financeiras e ainda continua sendo a viabilidade de acesso na regiatildeo mas com

desigualdades visto que os municiacutepios apresentam diferenccedilas sociais e econocircmicas que

determinam sua maior ou menor compra de serviccedilos atraveacutes do consoacutercio

108

O gestor afirma que a forma como a rede de atenccedilatildeo estaacute organizada nesta regiatildeo

ldquopassa uma imagem que a gente tem o serviccedilo bem organizado e entatildeo natildeo precisa ter

investimento e isso gerou falta de investimentordquo (GM) e complementa ldquoo consoacutercio

acabou ficando eacute um setor privado maquiado dentro do SUS porque o municiacutepio

compra com recursos proacuteprios consultas exames a diferenccedila entre o consoacutercio e o

particular eacute muito pouca entatildeo eu falo que eacute um setor privado dentro da prefeiturardquo

(GM)

Observa-se pelo relato do gestor que o consoacutercio jaacute natildeo foca a regionalizaccedilatildeo natildeo

se constitui como equipamento da regionalizaccedilatildeo e a tendecircncia eacute seguir com gestores

em busca apenas da resoluccedilatildeo do seu problema a defesa proacutepria de cada ente

federativo A falta de coordenaccedilatildeo do estado se constituiu na principal dificuldade da

sua conduccedilatildeo regionalizada

Nesta regiatildeo foi criado o Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai49

uma instacircncia regionalizada que natildeo faz

parte do complexo regional da sauacutede mas que por vezes o CIS utiliza suas reuniotildees

ordinaacuterias para deliberar questotildees pendentes

Observa-se nesta regiatildeo uma multiplicidade de formas de acesso a

estabelecimentos puacuteblicos e privados tanto internamente quanto externamente agrave regiatildeo

Muitas ocorrem atraveacutes de articulaccedilotildees individualizadas do gestor que refere a ldquonossa

regiatildeo natildeo existe a nossa ponte eacute Cuiabaacute A regiatildeo existe se vocecirc pagar meacutedia

complexidade nem o consoacutercio mais eles estatildeo atendendo soacute faz ambulatoacuteriordquo (GM)

Ao longo dos anos foi configurado nesta regiatildeo um mix puacuteblico-privado que foi

fortalecido pelas caracteriacutesticas histoacuterico-estruturais e poliacuteticas da regiatildeo As

desigualdades sociais e econocircmicas entre os municiacutepios e a falta de investimentos na

regiatildeo resultaram em vazios assistenciais natildeo apenas nos municiacutepios mas na regiatildeo e

tecircm influenciado o modelo de atenccedilatildeo na regiatildeo

49

A Resoluccedilatildeo nordm 0042006 de 07 de julho de 2006 Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai dispotildee sobre sua estrutura administrativa Eacute formado

pelos municiacutepios de Alto Paraguai Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo Novo dos Parecis Denise

Diamantino Nortelacircndia Nova Marilacircndia Nova Maringaacute Nova Oliacutempia Porto Estrela Sapezal

Santo Afonso Satildeo Joseacute do Rio Claro e Tangaraacute da Serra Eacute composto por prefeitos de municiacutepios

desta regiatildeo e de outras regiotildees de sauacutede circunvizinhas Foi criado para resolver os problemas

referentes a questotildees de transporte e de produccedilatildeo agriacutecola delibera para o desenvolvimento de accedilotildees

regionalizadas mas natildeo discute os problemas de sauacutede (MT 2012)

109

Observa-se pelos relatos que a regiatildeo precisa reconhecer-se enquanto tal Os

gestores precisam se posicionar buscar as lideranccedilas teacutecnicas e poliacuteticas para

implementar o complexo regional Os gestores da regiatildeo aduzem ldquonoacutes temos que lutar

para a gente conseguir este hospital puacuteblico aqui na regiatildeo pela falta desse serviccedilo a

gente perde muito recursordquo (GE) Afirmam que a regiatildeo natildeo tem laccedilos fortes mas tem

representaccedilatildeo poliacutetica e que as vaacuterias tentativas de articulaccedilatildeo para instalar o hospital

regional sofreram interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias que foram fortes e decisivas e o

hospital natildeo foi implantado interferiu e fortaleceu as relaccedilotildees puacuteblico-privadas da

regiatildeo

No entendimento do gestor se tivesse hospital regional ldquohoje eu acho que teriacuteamos

mais tranquilidade teriacuteamos avanccedilado muito mais porque teriacuteamos mais facilidade

para fixar os profissionais noacutes teriacuteamos de certa maneira feito com que o privado

buscasse a parceria O privado ia procurar o puacuteblico e natildeo o puacuteblico o privado

Entatildeo como ele se sentiu sozinho e se sentiu o dono da situaccedilatildeo dificultou tudordquo

(GM)

62 Institucionalidade da regiatildeo

Com o Pacto pela Sauacutede as responsabilidades de cada ente federativo ficaram

mais expliacutecitas A regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede passou a ser uma ferramenta de gestatildeo

composta por um conjunto de accedilotildees que orienta ajusta facilita ou limita determinados

processos e pode potencializar a capacidade de gestatildeo conforme o Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os principais instrumentos de planejamento da

Regionalizaccedilatildeo contemplados no Pacto pela Sauacutede nesta regiatildeo satildeo o Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) o Plano Diretor de Investimento (PDI) e a Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada da Atenccedilatildeo em Sauacutede (PPI) e outros relacionados agrave implementaccedilatildeo

do pacto

Em Mato Grosso o planejamento do governo PPA 2004-200750

foi elaborado

com base nos resultados dos foacuteruns regionais realizados nas doze regiotildees de

50

Esse documento refere que todas as accedilotildees do governo devem convergir para a construccedilatildeo de um

futuro onde Mato Grosso possa ldquoConstituir-se em um Estado social e economicamente equilibrado

110

planejamento51

do estado (MTSEFAZ 2007) Jaacute o PPA 2008-2011 contempla accedilotildees

programaacuteticas por regiotildees52

para algumas Secretarias de Estado Neste PPA na Accedilatildeo

2972 consta para a SES ndash accedilotildees de Fortalecimento da Gestatildeo Regionalizada do SUS e

entre os objetivos ldquoViabilizar a microrregionalizaccedilatildeo da sauacutede com base nas

prioridades regionais pactuadasrdquo (MT 2010)

Em 2006 a SES apresentou ao Ministeacuterio da Sauacutede o ldquoProjeto de Fortalecimento

e Qualificaccedilatildeo da Gestatildeo Regionalizada e Solidaacuteria do SUS em Mato Grossordquo

(Fernandes 2014) Foi elaborado com base na Poliacutetica Nacional de Sauacutede que enfatiza

a regionalizaccedilatildeo como eixo central da conduccedilatildeo contempla a governanccedila e o

compromisso compartilhado entre os gestores (MS 2006) Este princiacutepio orienta a

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede e cabe agrave SES a macrofunccedilatildeo de

coordenar articular e regular o sistema de sauacutede (CONASS 2011)

Como parte deste projeto estadual nesta regiatildeo o ldquoGT do Pactordquo e o COSEMS

realizaram o foacuterum de ldquoDiscussotildees Integradas Regionalizadasrdquo (Fernandes 2014) que

contou com a participaccedilatildeo de gestores desta regiatildeo e de outras duas regiotildees

circunvizinhas de Juara e de Juiacutena que integravam a macrorregiatildeo de sauacutede Nesse

foacuterum discutiram-se os problemas do sistema de sauacutede a elaboraccedilatildeo e a importacircncia da

assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo a qualificaccedilatildeo da regiatildeo e o processo

de conduccedilatildeo regionalizada Como resultado deste trabalho em 2008 todos os gestores

desta regiatildeo assinaram o Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG)

A elaboraccedilatildeo e a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo permitiram ao

gestor planejar o compartilhamento de responsabilidades e oficialmente implicaram

em mudanccedilas na distribuiccedilatildeo de poder e nas relaccedilotildees entre os atores da regiatildeo e entre

esses com os atores do estado Apesar dos compromissos assumidos de forma

compartilhada o gestor afirma ldquoeacute difiacutecil ele o estado foi se retirando foi se

retirando e foi deixando praticamente para os municiacutepiosrdquo (GM) A regionalizaccedilatildeo

estimulando as potencialidades regionais e consolidando-se como o maior polo de desenvolvimento

do agronegoacutecio da Ameacuterica Latinardquo (MTRP 2004 a 2006) 51

Estas doze regiotildees descritas no Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 tecircm como

objetivo promover a reorganizaccedilatildeo territorial e contribuir para a desconcentraccedilatildeo regional da

economia da riqueza e da qualidade de vida O Plano de accedilatildeo elaborado para cada regiatildeo explicita

as respectivas prioridades refere que representam a regionalizaccedilatildeo no estado e em certa medida a

distribuiccedilatildeo no territoacuterio de todos os programas e projetos contidos no Plano Estadual 52

Para as secretarias Seguranccedila Puacuteblica Sauacutede Educaccedilatildeo Casa Civil Planejamento e Coordenaccedilatildeo

Geral e Desenvolvimento do Turismo (MTSEPLAN 2010) Natildeo verificamos se nestas secretarias

foram realizadas accedilotildees estrateacutegicas de forma regionalizada e nem mesmo se ocorreram accedilotildees

intersetorializadas

111

contemplada no Pacto pela Sauacutede eacute um processo complexo que requer a ldquocriaccedilatildeo de

novos instrumentos de planejamento integraccedilatildeo gestatildeo regulaccedilatildeo e financiamento de

uma rede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuteriordquo (Viana et al 2010b) com

coordenaccedilatildeo do estado

Quando parte dos municiacutepios assinou o TCG jaacute estava em vigecircncia o Plano

Estadual de Sauacutede-PES 2008-2011 aprovado pelo Conselho Estadual de Sauacutede

Resoluccedilatildeo nordm 022 de 09092009 que contempla na Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (Eixo I)

ldquoEstruturar a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede de forma regionalizadardquo e prevecirc a articulaccedilatildeo da

SES com as macrorregiotildees do estado com os hospitais regionais e o fortalecimento do

papel dos CIS Aleacutem disso na Gestatildeo do SUS (Eixo III) contempla ldquoAprimorar a

gestatildeo do SUSrdquo e o ldquoFortalecimento da regionalizaccedilatildeo solidaacuteria e cooperativardquo

ambos considerados estruturantes no Pacto pela Sauacutede Este PES cita que o PDR seraacute o

instrumento de planejamento regional (MT 2010b)

De 2006 a 2012 vaacuterios decretos foram publicados alterando a estrutura

organizacional da SES Em 2006 o Decreto governamental no

7442 publica sua nova

estrutura e formaliza os 16 ERS Em 2008 ano da implantaccedilatildeo do pacto no estado o

Decreto governamental no 1431 de 03072008 regulamenta nova alteraccedilatildeo na sua

estrutura organizacional e cria nos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Vigilacircncia

em Sauacutede e a Gerecircncia de Gestatildeo Macrorregional

Para adequar o funcionamento da SES agrave nova estrutura oficializada pelo Decreto

no

14312008 eacute elaborado novo regimento regulamentado pelo Decreto governamental

no 1832 de 06032009 a asseverar que a missatildeo da Superintendecircncia de Articulaccedilatildeo

Regional eacute ldquoorientar e apoiar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na implementaccedilatildeo da

Poliacutetica de Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede em consonacircncia com as Diretrizes do Sistema

Uacutenico de Sauacutederdquo definindo para tal superintendecircncia entre outras competecircncias

assessorar e acompanhar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na efetivaccedilatildeo da Poliacutetica de

Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede Puacuteblica apoiar a gestatildeo da sauacutede nos municiacutepios

articulando a cooperaccedilatildeo entre os entes federados observando os aspectos teacutecnicos e

operacionais e coordenar monitorar e avaliar as atividades e accedilotildees de gestatildeo em acircmbito

regional

Esse regimento tambeacutem aduz que os ERS tecircm como missatildeo ldquoviabilizar o processo

de descentralizaccedilatildeo da sauacutede em consonacircncia com as diretrizes do SUSrdquo competindo-

112

lhes entre outras funccedilotildees efetivar a gestatildeo regionalizada da Poliacutetica Estadual de Sauacutede

assessorando e monitorando os municiacutepios no planejamento e execuccedilatildeo das accedilotildees

promover as pactuaccedilotildees regionalizadas e coordenar os Colegiados de Gestatildeo Regional

No ano de 2011 a estrutura organizativa da SES foi alterada53

trecircs vezes mas natildeo

foram encontradas publicaccedilotildees de regimentos atualizados Desta forma considera-se em

vigecircncia a uacuteltima atualizaccedilatildeo do regimento publicado por intermeacutedio do Decreto nordm

2916 de 19102010 a assentar que a Gerecircncia de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede tem a

missatildeo de ldquofomentar a implementaccedilatildeo de instrumentos de gestatildeo garantindo a

operacionalizaccedilatildeo dos princiacutepios do SUS no acircmbito estadualrdquo competindo-lhe

conduzir e acompanhar a implementaccedilatildeo dos instrumentos de gestatildeo estrateacutegicos e

operacionais da regionalizaccedilatildeo e apoiar o fortalecimento da gestatildeo municipal de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos ERS manteacutem a missatildeo descrita naquele de 2009 A uacuteltima modificaccedilatildeo

da estrutura administrativa da SES deu-se em julho de 2013 pelo Decreto no 1855

sendo retiradas dos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de

Gestatildeo da Macrorregional ao tempo que se institui uma Gerecircncia Teacutecnica por ERS

Observa-se nesses documentos que as estruturas responsaacuteveis pela conduccedilatildeo do

planejamento e da gestatildeo regionalizada estavam instituiacutedas na vigecircncia do Pacto pela

Sauacutede e poderiam facilitar para que o estado exercesse seu papel regulador sobre o

sistema de sauacutede e da atenccedilatildeo agrave sauacutede com os recursos necessaacuterios para implementar a

poliacutetica regionalizada

O planejamento regionalizado faz parte das estrateacutegias do pacto para promover a

descentralizaccedilatildeo com equidade no acesso Nesta regiatildeo natildeo tem sido efetivo apresenta

limitaccedilotildees e natildeo se tem constituiacutedo em instrumento integrador do fluxo intermunicipal e

inter-regional Os gestores salientam que a gestatildeo teacutecnica-operacional e financeira da

SES tecircm sofrido influecircncias da troca sucessiva de gestores tem passado por ldquomomentos

poliacuteticos de fragilizaccedilatildeordquo (GE) julgam que as interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias

contribuiacuteram para que as questotildees teacutecnicas fossem deixadas de lado ldquoa gente sente

assim () a coisa foi mais tocada politicamente () perdeu muito forccedilardquo (GM) Essas

questotildees refletiram na conduccedilatildeo da poliacutetica no estado e na regiatildeo e o gestor afirma ldquoas

regionais natildeo tinham muito poder para argumentar para orientarrdquo (GM)

53

Decreto governamental no 157 259 e 669 de 2011

113

Embora a SES tenha contribuiacutedo a fim de mobilizar os gestores para assinar o

Termo de Compromisso de Gestatildeo sua atuaccedilatildeo no processo de execuccedilatildeo das accedilotildees foi

ldquomuito apaacutetica ficou muito a desejarrdquo (GM) Os gestores aderiram no entanto julgam

que tais adesotildees ocorreram sem o devido conhecimento das implicaccedilotildees do termo ldquoateacute

hoje tem muito secretaacuterio que natildeo sabe o que eacute o termo o que eacute o pacto Natildeo tem

estrutura fiacutesica e equipe teacutecnica para assumir issordquo (GE) Referem que receberam

capacitaccedilotildees no iniacutecio de 2007 antes da assinatura do pacto ldquonoacutes sentimos confianccedila

teve um grupo de pessoas da SES e do ERS e noacutes conseguimos avanccedilar Soacute que ficou

nissordquo (GM)

O PDR e o PDI vigentes instrumentos de planejamento contemplados no Pacto

pela Sauacutede explicitam a configuraccedilatildeo das cinco macrorregiotildees de sauacutede e as respectivas

microrregiotildees de sauacutede que perfazem um total de 14 Eles descrevem as caracteriacutesticas

a rede de assistecircncia agrave sauacutede das regiotildees e os moacutedulos assistenciais a organizaccedilatildeo das

redes de serviccedilos de alta complexidade do estado e as referecircncias das DSTHIV e AIDS

a organizaccedilatildeo da rede estadual e as referecircncias para assistecircncia em nefrologia na alta

complexidade a rede estadual e referecircncia para assistecircncia cardiovascular a rede

estadual e referecircncia para assistecircncia traumato-ortopeacutedica

Os desenhos dos fluxos da rede de atenccedilatildeo satildeo aqueles que foram elaborados no

PDR de 2001 e atualizados atraveacutes da Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 055 de 15092005 O PDI

foi atualizado mas natildeo se encontraram documentos que registrem que ele foi

homologado na CIBMT Tais planos estatildeo desatualizados e o gestor refere ldquonoacutes ainda

trabalhamos com projetos e propostas de 12 anos atraacutes e o PDI natildeo existe mais natildeo

houve planejamentordquo (GM) Estes documentos natildeo contemplam a dinamicidade da

regiatildeo natildeo favorecem a organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e natildeo mostram as

referecircncias atualizadas Esses instrumentos precisam ser revistos sofrer ajustes visto

que estatildeo intrinsecamente relacionados ao PPA e suas respectivas leis Lei de Diretrizes

Orccedilamentaacuterias (LDO) e Lei Orccedilamentaacuteria Anual (LOA) dos entes federativos (Ferreira

et al 2011)

O planejamento apresenta limitaccedilotildees e o fato de natildeo se atualizar tais instrumentos

aumenta os riscos de atomizaccedilatildeo dos sistemas municipais de sauacutede e gera

consequecircncias indesejaacuteveis ao sistema (Souza 2001) Aumenta tambeacutem as iniquidades

regionais visto que permite com mais facilidade atender a demandas poliacuteticas

114

favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que natildeo estatildeo formalizadas

as necessidades das regiotildees Aleacutem disso os recursos liberados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

tecircm por base o PDR e o PDI vigentes que desatualizados natildeo consideram a dinacircmica e

as necessidades atuais que satildeo mutaacuteveis

Se o PDR e o PDI natildeo expressam a realidade da regiatildeo comprometem a

descentralizaccedilatildeo influenciam na configuraccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo e alteram a

direcionalidade ldquoa regiatildeo hoje eacute outra quando o PDR foi feito a regiatildeo acho que natildeo

tinha 100 mil habitantes e hoje tecircm mais de 200 mil habitantesrdquo (GM)

Ao assinar o Termo de Compromisso de Gestatildeo foram pactuadas metas prazos

para serem cumpridos com o apoio do estado No entanto o gestor assevera ldquonatildeo

existe uma discussatildeo profunda pactua as metas mas natildeo satildeo pactuadas as estrateacutegias

regionais para cumprir as metas Isso natildeo acontece () natildeo existe uma poliacutetica um

plano regional uma poliacutetica regional para intervenccedilatildeo para atuaccedilatildeo natildeo existe () eacute

difiacutecil eleestado foi se retirando foi se retirando e foi deixando praticamente para

os municiacutepiosrdquo (GM) Se o estado natildeo coordena para dotar os municiacutepios com

capacidade de gestatildeo e planejamento ldquosozinho ele municiacutepio natildeo consegue fazer

nadardquo (GM) e a regionalizaccedilatildeo deixa de acontecer

A pactuaccedilatildeo das metas do Termo de Compromisso de Gestatildeo natildeo se limita a cada

um definir a sua parte requer negociaccedilotildees planejamento pactos coalizotildees e induccedilotildees

da esfera superior de governo seu sucesso associa-se sobretudo a processos de

coordenaccedilatildeo intergovernamental (Abrucio 2005) Demanda equacionamento e

coordenaccedilatildeo por parte do estado para o desenvolvimento do planejamento

programaccedilatildeo da regulaccedilatildeo do controle e avaliaccedilatildeo incluindo o monitoramento dos

instrumentos que estabelecem compromissos entre os gestores O planejamento natildeo

atualizado interfere na regulaccedilatildeo e na construccedilatildeo de redes assistenciais adequadas para o

atendimento da populaccedilatildeo (Souza 2001)

Em 2006 o MS instituiu o PlanejaSUS instrumento oficial do processo de

planejamento do SUS que orienta e contribui com a descentralizaccedilatildeo e auxilia a gestatildeo

no acircmbito dos municiacutepios e regiatildeo para efetivar o acesso agrave equidade agrave integralidade agrave

qualificaccedilatildeo do processo e agrave otimizaccedilatildeo dos recursos Nesta regiatildeo o ERS capacitou os

gestores municipais para realizarem o Plano Municipal de Sauacutede com base nesse

instrumento mas a praacutetica do seu uso como ferramenta para a tomada de decisatildeo

115

alocaccedilatildeo de recursos e monitoramento das accedilotildees eacute incipiente Desta forma natildeo fortalece

a capacidade de gestatildeo municipal (Ferreira et al 2011)

O ERS estrutura regionalizada da SES e instacircncia condutora do processo de

planejamento e gestatildeo na regiatildeo de sauacutede natildeo dispotildee de plano que registre as demandas

da regiatildeo e natildeo acompanha o planejamento municipal Teve seus papeacuteis enfraquecidos

perante os municiacutepios natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo faz a gestatildeo

proacutepria dos recursos financeiros e o seu planejamento ocorre quando a SES convoca

reuniatildeo especiacutefica para este fim

O Plano de Trabalho Anual (PTA) do ERS eacute definido com base nas diretrizes do

Plano Estadual de Sauacutede e eacute o documento que valida apenas a programaccedilatildeo mensal dos

teacutecnicos para realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios e as accedilotildees referentes ao seu

funcionamento interno Para as suas atividades a SES ldquodefiniu uma cota de R$

400000 igual para todos os ERS para a compra de materiais de expediente aacutegua

conserto e outrosrdquo (GE) A cooperaccedilatildeo teacutecnica junto aos municiacutepios natildeo estaacute sendo

realizada ldquodesde 2010 natildeo estaacute sendo liberado diaacuterias para este tipo de atividaderdquo

(GE)

Observa-se que a praacutetica de planejamento natildeo eacute realizada conforme prevecirc o Pacto

pela Sauacutede e isto contribui para aumentar os problemas na regiatildeo O gestor atribui a

esta falta de planejamento na regiatildeo a manutenccedilatildeo do convecircnio estabelecido entre a SES

e o Hospital Municipal de Barra do Bugres de referecircncia regional Esse convecircnio natildeo

contempla investimentos e o hospital tem dificuldades financeiras para manter o

funcionamento e o atendimento por natildeo dispor de capacidade instalada para as

demandas da regiatildeo Desta forma continua tendo que regular os pacientes para Cuiabaacute

Para o gestor esse arranjo por parte da SES ldquosem planejarrdquo foi um ldquoequiacutevoco

atrapalhourdquo (GM) a instalaccedilatildeo do hospital regional e contribuiu a fim de que natildeo

houvesse investimentos para ampliar a rede puacuteblica regionalizada Essa maneira de

conduzir compromete a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves diferentes realidades

existentes entre os municiacutepios (Viana et al2008)

Nesta regiatildeo os investimentos que ocorreram deram-se na rede baacutesica de sauacutede

daqueles municiacutepios que elaboraram projetos para construccedilatildeo e ou reforma de unidades

de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede e pleitearam recursos junto ao Ministeacuterio da Sauacutede De

forma pontual foram distribuiacutedos para os municiacutepios desta regiatildeo ambulacircncias e

116

equipamentos para centros ciruacutergicos mas natildeo vieram os recursos para construir o

hospital regional Natildeo houve investimentos para dotar a regiatildeo resolutiva e autocircnoma

conforme preconiza o Pacto pela Sauacutede e o gestor pontua ldquoo estado precisa olhar e

entender as nossas limitaccedilotildees de exames de bons cursos de capacitaccedilatildeo de

recursosrdquo(GE)

Nesta regiatildeo segundo o gestor ldquonatildeo daacute para se dizer que existe uma pauta

planejamento regionalrdquo (GM) A programaccedilatildeo eacute feita com base na PPI documento que

espelha a disponibilidade de vagas e o fluxo oficial da assistecircncia intra e inter-regional

Oferece a cada gestor a oportunidade de informar na reuniatildeo do CGR as atividades que

realiza ou natildeo no seu municiacutepio e fazer as pactuaccedilotildees conforme suas necessidades Esta

pactuaccedilatildeo eacute coordenada pelo ERS e pautada nas diretrizes da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo e expressa os limites do teto fiacutesico da meacutedia e alta complexidade por

municiacutepio e a parcela financeira a receber referente ao atendimento da populaccedilatildeo

proacutepria e da que seraacute referenciada Esse teto fiacutesico e financeiro depois de aprovado no

CGR e na CIB eacute encaminhado ao Ministeacuterio da Sauacutede

A programaccedilatildeo municipal eacute realizada com base na sua capacidade instalada e nas

informaccedilotildees lanccediladas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede

(CNES) Nesta regiatildeo todos os gestores utilizam o Sistema Informatizado para

Programaccedilatildeo Assistencial de Estados e Municiacutepios (SISPPI)54

Os tetos estabelecidos

seguem os paracircmetros de programaccedilatildeo definidos pelo MS mas o gestor afirma natildeo

serem compatiacuteveis com a produtividade do municiacutepio O caacutelculo das necessidades de

procedimentos e ou especialidades natildeo parametrizados neste sistema ocorre com base

na seacuterie histoacuterica do municiacutepio mas com frequecircncia haacute glosas no sistema que gera

perda de recursos jaacute escassos ao municiacutepio

Com a SISPPI os gestores desta regiatildeo oficializam a programaccedilatildeo municipal e

pactuam no Colegiado de Gestatildeo Regional as necessidades a serem supridas com as

referecircncias intermunicipais e inter-regionais Com a PPI a conformaccedilatildeo e o fluxo da

rede de atenccedilatildeo da regiatildeo ficaram mais expliacutecitos Tanto a programaccedilatildeo municipal

como a regional realizadas com base na oferta de serviccedilos mostra as deficiecircncias da

rede de atenccedilatildeo regional que necessita do setor privado que dispotildee da maior capacidade

54

Programa desenvolvido pelo Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle - DRAC e Datasus

de uso opcional

117

instalada e que eacute acessada principalmente atraveacutes do CIS Nesta regiatildeo a pactuaccedilatildeo natildeo

revela coerecircncia com as referecircncias do PDR por estar desatualizado

As especialidades procedimentos e outros serviccedilos ofertados na rede SUS atraveacutes

do CIS continuam sendo pactuados na PPI com referecircncia para Cuiabaacute e Vaacuterzea

Grande A pactuaccedilatildeo com estes municiacutepios eacute realizada com a intenccedilatildeo de assegurar

serviccedilos especialmente para aqueles tratamentos que satildeo realizados na capital e que

dependendo da avaliaccedilatildeo meacutedica redunda em novos exames e ou procedimentos Nesses

casos o paciente natildeo precisa retornar ao seu municiacutepio de origem visto que muitas

vezes a regiatildeo natildeo disponibiliza tais serviccedilos

No ano de 2009 houve mudanccedilas na PPI atraveacutes das resoluccedilotildees CIBMT no 084 e

no 085 ambas de 13082009 Foram aprovados respectivamente paracircmetros para

caacutelculo das necessidades da alta complexidade da assistecircncia ambulatorial e para

definiccedilatildeo do Teto Fiacutesico do Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar do SUSMT

Com base nesses paracircmetros e na resoluccedilatildeo CIBMT no 0862009 os recursos

financeiros federais da PPI foram macroalocados Em 2010 pela resoluccedilatildeo CIBMT no

122 de 18052010 foi definido o limite dos recursos financeiros federais destinados agrave

assistecircncia ambulatorial especializada e hospitalar do estado Esse limite da assistecircncia agrave

sauacutede transferido aos municiacutepios foi modificado55

A PPI deveria constituir-se em instrumento de anaacutelise por parte do estado para

definir investimentos ampliar a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e tornaacute-la na medida do

possiacutevel autocircnoma para aleacutem dos limites municipais conforme preconiza o Pacto pela

Sauacutede No entanto se observa que natildeo eacute utilizada para monitoramento e avaliaccedilatildeo

quanto ao acesso e agrave adequaccedilatildeo das necessidades da populaccedilatildeo a todos os niacuteveis de

assistecircncia limita-se apenas agrave pactuaccedilatildeo de referecircncias e adequaccedilatildeo dos recursos

financeiros conforme teto estabelecido

O serviccedilo de Tratamento Fora do Domicilio - TFD estaacute centralizado na capital do

estado e eacute coordenado pela central estadual de regulaccedilatildeo Para acessar este serviccedilo as

SMS montam processo enviam para a central regional de regulaccedilatildeo que analisa e

encaminha para a central estadual Quando o procedimento solicitado natildeo eacute realizado

55

Esse teto sofre alteraccedilotildees em decorrecircncia de um novo remanejamento de recursos que estavam sob a

gestatildeo estadual - Resoluccedilatildeo CIB no 332 de 09 de dezembro de 2010 ndash dispotildee sobre o

remanejamentorepactuaccedilatildeo de recursos financeiros destinados agrave Assistecircncia de Meacutedia e Alta

complexidade do Estado de Mato Grosso

118

dentro do estado eacute autorizado e encaminhado para outro estado Nestes casos a equipe

da central estadual articula a vaga os recursos para a viagem e comunica ao paciente

Geralmente satildeo encaminhados para especialidades de oncologia neurologia e ortopedia

em especial casos de parapleacutegicos para a rede Hospital Sarah Kubitschek

Como parte do pacto de gestatildeo a habilitaccedilatildeo de novos serviccedilos e a sua

contratualizaccedilatildeo faz parte da regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede sendo responsabilidade do

ente federativo regular os serviccedilos que complementam a rede SUS Nesta regiatildeo os

contratos com os prestadores ainda satildeo aqueles antigos e muitos gestores natildeo tiveram

acesso a tais contratos sabendo apenas o nuacutemero de leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS Alguns

satildeo realizados pela SES e os novos foram estabelecidos entre a SMS e o prestador mas

o gestor afirma ldquoa gente natildeo consegue fazer () natildeo houve aquele treinamento da

contratualizaccedilatildeordquo (GM)

A formalizaccedilatildeo contratual entre o setor puacuteblico e o privado deve ser planejada e

realizada com base no Plano Municipal de Sauacutede e Plano Regional que expressam as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo O instrumento da contratualizaccedilatildeo oferece clareza

quanto aos direitos e deveres entre as partes legitima a transferecircncia de recursos

puacuteblicos e a subordinaccedilatildeo do processo de contrataccedilatildeo agraves diretrizes das Poliacuteticas de

Sauacutede do SUS Aleacutem disso constitui importante instrumento de gestatildeo regulaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo da prestaccedilatildeo de serviccedilos (MS 2006) Nesta regiatildeo a falta de acesso aos

contratos jaacute formalizados e de capacitaccedilatildeo dos gestores interferiu na loacutegica da

contratualizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo no controle e na avaliaccedilatildeo dos serviccedilos que passaram a

ser estabelecidos apenas com base na oferta dos serviccedilos do estabelecimento natildeo

oferecendo elementos para subsidiar o controle e a avaliaccedilatildeo

A contratualizaccedilatildeo pelo gestor municipal eacute realizada com base na Lei no

86669356

tem como referecircncia a Tabela Nacional de valores do SUS e a produccedilatildeo dos

serviccedilos Muitos dos serviccedilos contratualizados nesta regiatildeo recebem tabela

complementar Os contratos realizados natildeo contecircm metas qualitativas apenas o

quantitativo de procedimentos por tipo de serviccedilo que o prestador oferece e os limites

financeiros do gestor municipal para a compra de serviccedilos

56

Lei 866693 da Presidecircncia da Repuacuteblica de 27 de junho de 1993 - Regulamenta o art 37 inciso

XXI da Constituiccedilatildeo Federal - institui as normas para licitaccedilatildeo e contratos da administraccedilatildeo puacuteblica

e traz no seu artigo 55 as claacuteusulas necessaacuterias para compor qualquer contrato firmado entre o

gestor puacuteblico da sauacutede e os prestadores de serviccedilos de sauacutede

119

A regularizaccedilatildeo desses contratos formaliza as relaccedilotildees entre o gestor do SUS e o

prestador privado oficializa o fluxo operacional e a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo Aleacutem

disso objetiva garantir o acesso agraves necessidades da populaccedilatildeo a qualidade do

atendimento aos pacientes e a alocaccedilatildeo dos recursos meacutedico-hospitalares (Vilarins et

al 2012)

Embora traga benefiacutecios a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos ainda eacute incipiente nesta

regiatildeo No caso dos hospitais por exemplo depois de contratualizados a equipe

municipal apenas controla as internaccedilotildees verificando se ocorreram ou natildeo se tem ou

natildeo a vaga O controle adotado natildeo oferece ao gestor mecanismos efetivos de

monitoramento e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos e sendo assim satildeo insuficientes para gerar

mudanccedilas na gestatildeo e organizaccedilatildeo do SUS (Solla e Paim 2014)

Haacute necessidade de se aprimorar tais instrumentos e capacitar as equipes A

contratualizaccedilatildeo natildeo se limita apenas agrave assinatura de um contrato formal de prestaccedilatildeo de

serviccedilos mas explicita a pactuaccedilatildeo entre gestor e prestador define as metas

quantitativas e qualitativas em consonacircncia com as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

e do tipo de serviccedilo oferecido pelo prestador Aleacutem disso especificam regras claras de

responsabilidade de ambas as partes e estabelece os criteacuterios a serem considerados nas

atividades de avaliaccedilatildeo e monitoramento do desempenho (MS 2006)

O CIS faz a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos realiza o chamamento puacuteblico e utiliza

instrumento proacuteprio de prestaccedilatildeo de serviccedilos para pessoa juriacutedica Os contratos e as

tabelas complementares do consoacutercio desde 2009 satildeo reajustados anualmente com

base no percentual da inflaccedilatildeo do respectivo ano A contratualizaccedilatildeo ocorre com base na

produtividade fixa e para as unidades hospitalares utiliza a tabela SUS acrescida de

25 para alguns procedimentos para outros o valor oscila ldquo3 tabelas para um

procedimento ou 3 AIH por um procedimentordquo Ao ser questionado quanto agrave tabela

complementar o prestador refere que o estado paga ldquopara as Organizaccedilotildees Sociais 4 5

vezes a tabela SUSrdquo (GM) Esta tabela de pagamento diferenciado para as OS

repercutiu de forma negativa na regiatildeo ldquoestaacute sufocando a sauacutede puacuteblicardquo (GM)

As consultas ambulatoriais especializadas e os serviccedilos de apoio diagnoacutestico

imagem e laboratoriais satildeo contratualizados pelo consoacutercio mas realizados por

empresas privadas que recebem tabela complementar Alguns desses serviccedilos de apoio

120

diagnoacutestico credenciados pela SES tambeacutem recebem tabela complementar por meio do

consoacutercio

O serviccedilo de UTI da regiatildeo eacute contratualizado pela SES O primeiro contrato foi

realizado entre a SES e o CIS ficando o CIS responsaacutevel apenas pelo pagamento ao

hospital contratualizado Os recursos financeiros do convecircnio satildeo transferidos pelo

estado conforme as especificaccedilotildees contidas no Plano Operacional Os medicamentos de

alto custo utilizados na UTI natildeo estatildeo contemplados no convecircnio

Este convecircnio recebeu vaacuterios aditivos e no ano de 2010 foi estabelecido

diretamente entre a SES57

e o Hospital A contratualizaccedilatildeo da SES tambeacutem eacute realizada

com base na Lei 866693 e define que o meacutedico regulador do ERS deve elaborar

relatoacuterio mensal dos serviccedilos prestados certificar a nota fiscal e encaminhar para a SES

Os contratos realizados antes e durante o pacto foram para os serviccedilos de UTI

hemodiaacutelise Cito-patologia anatomia patoloacutegica e exames de imagem dentre estes os

de ressonacircncia magneacutetica Estes ampliaram a oferta de serviccedilos e as referecircncias nesta

regiatildeo mas segundo os gestores tanto os meacutedicos reguladores como os gestores natildeo

possuem governabilidade sobre estes ldquoeacute o estado que acompanha isso natildeo passa no

CGR eacute um contrato direto com o estado Natildeo sabemos se as vagas estatildeo sendo

preenchidas se estaacute faltando vagasrdquo (GM) Em relaccedilatildeo agraves UTI os teacutecnicos da regiatildeo

fazem o controle e a avaliaccedilatildeo do realizado ou seja acompanha apenas o fiacutesico

A alternativa para contratualizar serviccedilos privados por meio do consoacutercio tem

fortalecido os profissionais e as instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos na regiatildeo

Com o consoacutercio a oferta de serviccedilos eacute imediata e atende agraves demandas de usuaacuterios mas

tem gerado elevados custos para o gestor municipal que afirma ldquoa regionalizaccedilatildeo

trouxe um ocircnus muito grande para os municiacutepiosrdquo (GM)

A instalaccedilatildeo dos leitos de UTI no hospital privado foi negociada pela SES Essa

parceria puacuteblico-privada ao mesmo tempo em que criou o acesso na regiatildeo oficializou

a continuidade da assistecircncia privada que jaacute pressionava o setor puacuteblico com escolhas

para atendimento e pagamento diferenciado ldquoa resoluccedilatildeo vem no tempo deles da forma

que eles querem fazer dos valores que eles querem cobrarrdquo (GM) A falta de

capacidade instalada puacuteblica associada agrave baixa capacidade regulatoacuteria impede o

57

Convecircnio 0062010 - entre as obrigaccedilotildees do prestador cita que deve atender a todas as constantes na

Lei 866693 Decreto Governo Estado 721706 modificado pelos 721806 819906 e 842606

121

cumprimento da funccedilatildeo puacuteblica na conduccedilatildeo do SUS (Fleury et al 2006) que por

vezes se submete aos interesses privados que nesta regiatildeo satildeo bem organizados

Ao longo dos anos essa parceria foi definindo o comportamento dos atores

puacuteblicos e privados na regiatildeo Motivados pelo acesso e pela resoluccedilatildeo dos problemas a

um menor tempo os gestores desta regiatildeo continuaram pactuando com o prestador

privado os serviccedilos foram ampliados mas com tabelas de pagamento complementar

A expansatildeo da rede privada natildeo foi um processo paralelo e independente da

poliacutetica puacuteblica de sauacutede ou seja as decisotildees governamentais do passado de parceria

com o setor privado contribuiacuteram para aumentar a sua demanda O mix puacuteblico-privado

na rede de serviccedilos da regiatildeo foi instituiacutedo fortaleceu e legitimou a opccedilatildeo privada

Essas decisotildees associadas agraves fragilidades de planejamento regionalizado facilitam para

que sejam canalizados recursos puacuteblicos para o setor privado (Menicucci 2007) em

detrimento da constituiccedilatildeo de uma rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nesta regiatildeo seria diferente se contasse com o apoio do estado

ldquoeacute muito pouco a participaccedilatildeo do estado para o municiacutepio eu acho que ele teria que

participar mais estar mais atuanterdquo (GE) Para o gestor a instalaccedilatildeo dos leitos de UTI

no serviccedilo privado foi ldquotendenciosa () eacute um serviccedilo que poderia ser prestado dentro

de uma estrutura totalmente puacuteblicardquo (GE) A legislaccedilatildeo permite a participaccedilatildeo do setor

privado de forma complementar ao SUS mas se os entes federativos natildeo atuam de

forma ativa para o cumprimento das regras puacuteblicas os resultados podem ser

comprometidos Garantir o acesso a qualidade da assistecircncia e a organizaccedilatildeo dos

serviccedilos implica em maior participaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre entes federativos na

conduccedilatildeo no planejamento e na distribuiccedilatildeo de poder (Viana e Lima 2011)

No entendimento do gestor os instrumentos da regionalizaccedilatildeo estatildeo apenas no

papel A falta de planejamento e investimentos na regiatildeo associada agrave falta de apoio aos

municiacutepios contribui para natildeo efetivar a regionalizaccedilatildeo ldquoainda hoje o tipo de sauacutede

que a gente faz eacute apagar incecircndiordquo Aleacutem disso ldquoos municiacutepios estatildeo cansados

porque na hora que a gente precisa de dinheiro a gente natildeo tem Vocecirc natildeo tem

funcionaacuterio suficiente vocecirc natildeo tem uma equipe treinada A regionalizaccedilatildeo era para

ter o quecirc Quem eacute o suporte teacutecnico A equipe regional natildeo tem diaacuteria para vir no seu

municiacutepio eu mando buscar pago o almoccedilo a diaacuteria e ele natildeo pode vir () natildeo se tem

mais aquela coisa de vir a equipe regional no municiacutepio fazer monitoramento e

122

avaliaccedilatildeo e a gente natildeo consegue parar para fazer isso o municiacutepio eacute muito pequeno

gasta muito para ter profissionais no interior entatildeo natildeo tem como vocecirc ter uma equipe

aquirdquo (GM)

O gestor tem encontrado dificuldades para gerir o Sistema Municipal de Sauacutede

cita insuficiecircncias na quantidade e capacidade teacutecnica de profissionais e de recursos

financeiros para operacionalizar o SUS e natildeo tem contado com a cooperaccedilatildeo teacutecnica do

estado ldquoa equipe da regional conseguia fazer isso em 2006 2005 2004 e e ai eu vejo

assim cadecirc essa regionalizaccedilatildeo () como eu posso pensar numa poliacutetica que eacute

desfinanciadardquo(GM)

A falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica compromete a descentralizaccedilatildeo e o desenvolvimento

da regionalizaccedilatildeo Neste processo cabe aos entes federativos o duplo papel de

executores e articuladores jaacute que as responsabilidades foram compartilhadas para a

busca da eficiecircncia dos serviccedilos para o financiamento para a participaccedilatildeo e conduccedilatildeo

Se um dos entes deixa de exercer a sua parte natildeo se criam as condiccedilotildees para a

implementaccedilatildeo da poliacutetica

Na vigecircncia do pacto a SES criou vaacuterios incentivos como jaacute citados no entanto

desde 2008 as transferecircncias financeiras estatildeo sendo realizadas com meses de atraso e

isto tem repercutido no financiamento da gestatildeo municipal cuja receita depende das

transferecircncias federais e estaduais para operacionalizar os serviccedilos

Nesta regiatildeo o setor privado lidera a oferta diversificada de serviccedilos e o setor

puacuteblico depende do setor privado para o acesso O sistema de sauacutede puacuteblica natildeo eacute

suficientemente regulado o planejamento natildeo eacute atualizado de forma sistematizada natildeo

haacute financiamento para ampliar a oferta de serviccedilos puacuteblicos e as accedilotildees de auditoria

controle e avaliaccedilatildeo satildeo fraacutegeis O Pacto pela Sauacutede reforccedila a importacircncia da regulaccedilatildeo

do sistema natildeo apenas como um instrumento para garantir o acesso mas como uma

ferramenta de gestatildeo Neste sentido eacute preciso implementar o processo de planejamento

nesta regiatildeo Se atualizados o PDR e PDI podem explicitar as necessidades de sauacutede

da regiatildeo as responsabilidades de cada ente federativo as bases para a PPI o formato

do processo regulatoacuterio as estrateacutegias de controle social as linhas de investimento

entre outros (MS 2006)

Observa-se por meio dos relatos uma situaccedilatildeo de corresponsabilidade uma

acomodaccedilatildeo tanto por parte do ente federativo estadual como municipal Cada

123

municiacutepio da regiatildeo busca a soluccedilatildeo do seu problema Se o estado natildeo coordena o

processo pode configurar uma relaccedilatildeo mercantil (Santos e Merhy 2006) um mix

puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo da regiao que interfere na organizaccedilatildeo e oferta dos

serviccedilos

As referecircncias e o fluxo na regiatildeo foram configurados e influenciados pela oferta

de serviccedilos de meacutedia e alta complexidade que estatildeo no setor privado O fortalecimento

deste mix puacuteblico-privado foi facilitado pela baixa capacidade instalada puacuteblica

lideranccedila na capacidade instalada e oferta de serviccedilos de maior complexidade na rede

privada falta de planejamento gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema puacuteblico o que repercutiu

negativamente na regiatildeo O CIS idealizado provisoriamente em parceria com o setor

privado devido agrave falta de estrutura puacuteblica no periacuteodo manteve-se fortaleceu essa

relaccedilatildeo e natildeo se observam por parte da SES e dos gestores municipais iniciativas no

sentido de mudar este modelo de gestatildeo na regiatildeo

Essa maneira de organizar os serviccedilos tem interferido na regulaccedilatildeo da assistecircncia

agrave sauacutede que na maioria das vezes natildeo consegue resolver o problema na rede de

atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo Eacute ldquoo setor privado que demanda Se eles querem atender eles

atendem se eles natildeo querem atender eles natildeo atendem () todo o nosso sistema eacute

demandado pelo privado () se o privado oferecer o serviccedilo tem o serviccedilo se natildeo

oferecer o serviccedilo natildeo tem E noacutes natildeo conseguimos brigar por preccedilo por vaga porque

tudo estaacute laacute no setor privadordquo(GM) Aleacutem disso o pagamento eacute por procedimentos e

estimula o prestador privado a fazer escolhas para a oferta daqueles mais remunerados

mais proacuteximos do valor do mercado o que interfere na regulaccedilatildeo Essa dinacircmica

secundariza a integralidade e contribui para produzir distorccedilotildees nas praacuteticas de sauacutede

(Solla e Paim 2014)

Na regulaccedilatildeo da assistecircncia ldquoaparentemente natildeo haacute conflitosrdquo mas sempre

existem problemas na regiatildeo que surgem no momento em que se solicita a vaga para

internaccedilatildeo tanto na regiatildeo como quando ldquoentra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o problemardquo

(GE) Aleacutem disso depois de regulado para fora da regiatildeo o regulador natildeo consegue

acompanhar o paciente tanto na urgecircnciaemergecircncia como nos casos eletivos Os

reguladores municipais e regionais perdem o contato e as informaccedilotildees Nos casos

eletivos ldquoencaminhamos para a primeira consulta depois o agendamento eacute feito direto

124

com o paciente e vocecirc natildeo consegue mais ter o feedback ()a gente liga se identifica

mas agraves vezes ele foi transferido para outro localrdquo (GE)

Na regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia o gestor refere que eacute comum ouvir do

regulador da capital ldquoeu sei que vocecirc tem a necessidade de regular o paciente mas eu

estou com uns cinco pacientes na mesma situaccedilatildeo que a sua ou pior A rede estaacute

lotada entatildeo assim que surgir a vagardquo (GE) Aleacutem disso agraves vezes eacute liberada a

vaga mas ao chegar ao local eacute informado que natildeo existe vaga e o paciente tem que

retornar ao municiacutepio de origem ldquoa equipe estaacute levando de 8 a 12 hs em Cuiabaacute () e

ela soacute volta quando o paciente realmente foi recebido por um outro profissional

meacutedicordquo(GM)

Eacute tambeacutem relatado pelo gestor que muitas vezes pacientes em estado grave ficam

no municiacutepio aguardando a vaga mas os municiacutepios natildeo dispotildeem de capacidade

instalada para monitorar o paciente e a situaccedilatildeo se agrava ldquochegando a ficar de 5 a 10

dias acaba perdendo o pacienterdquo Entatildeo ldquoque lugar ocupa a regionalizaccedilatildeo () aqui

a gente natildeo tem hemodiaacutelise natildeo tem uma nutriccedilatildeo parenteral a gente natildeo tem uma

forma de dar vida para ele eacute muito difiacutecil () eu percebo que o estado dorme nesse

sentidordquo (GE) Estas situaccedilotildees com frequecircncia geram insatisfaccedilotildees dos reguladores

gestores e usuaacuterios do SUS (Cordeiro et al2010)

Nesta regiatildeo a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada pela SES

Com essa modificaccedilatildeo a Central Regional perdeu parte de suas funccedilotildees e as relaccedilotildees

com os meacutedicos reguladores dos municiacutepios jaacute natildeo acontecem visto que o contato eacute

diretamente com a Central Estadual Isso tem gerado muitas dificuldades para os

reguladores municipais encaminharem suas demandas de urgecircnciaemergecircncia aleacutem da

demora no acesso agrave vaga

Com a recentralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo os problemas continuaram o gestor relata um

caso de traumatismo craniano que ldquofoi regulado por Cuiabaacuterdquo e encaminhado para a

unidade mista de Tangaraacute da Serra que natildeo tem centro ciruacutergico Assim como este

caso outros ocorreram mais de uma vez geraram conflitos e questionamentos quanto agrave

prioridade da SES com a regionalizaccedilatildeo Para o gestor a SES natildeo investe recursos e natildeo

atende agrave regiatildeo como foi o caso do SAMU debatido no CGR Os gestores questionaram

a centralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo e pediram que a regulaccedilatildeo do SAMU ficasse na regiatildeo

mas natildeo foram atendidos

125

Tanto a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia como a dos demais procedimentos

apresenta problemas Foi relatado que em reuniatildeo do Conselho Estadual de Sauacutede a

equipe de auditoria da SES apresentou ldquolista de espera de 1500 pessoasrdquo para

colonoscopia ao mesmo tempo o prestador conveniado afirmou ldquoter cumprido 7 de

colonoscopia porque natildeo havia pacienterdquo e uma participante dessa reuniatildeo relatou que

sua irmatilde com cacircncer estava ldquohaacute 6 meses na fila de espera para realizar este examerdquo

(GM)

Esses casos mostram a fragilidade da regulaccedilatildeo no estado ldquonatildeo existe regulaccedilatildeo

Existem papeacuteis que correm para laacute e para caacute e se perdem e se acham e a demanda natildeo

encontra a ofertardquo (GM) Natildeo haacute como negar que essas citaccedilotildees se referem aos

problemas da gestatildeo puacuteblica do sistema de sauacutede e requerem a atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo

por parte dos atores institucionais e natildeo institucionais A regulaccedilatildeo no estado e nesta

regiatildeo eacute fraacutegil apresenta conflitos problemas na organizaccedilatildeo na gestatildeo e nos fluxos As

gestotildees do sistema nas regiotildees necessitam de iniciativas no sentido de formar redes

integradas regionalizadas e resolutivas conforme as necessidades para de fato tornarem-

se autocircnomas (Viana et al 2010b) Os sistemas de regulaccedilatildeo da assistecircncia no estado e

na regiatildeo precisam de uma gestatildeo mais efetiva

Os serviccedilos contratualizados pelo CIS natildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo como os demais serviccedilos conveniados ao SUS A equipe do CIS apenas

confere as guias liberadas as utilizadas e as cotas extras solicitadas pelos municiacutepios A

regulaccedilatildeo destas guias eacute realizada pelas Centrais Municipais Embora o Pacto pela

Sauacutede contemple como responsabilidades do estado ldquomonitorar e avaliar o

funcionamento dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutederdquo (MS 2006) natildeo se verifica

por parte da Central de Regulaccedilatildeo Regional nem da Central Estadual a utilizaccedilatildeo de

instrumentos que disciplinem as relaccedilotildees de controle regulaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos serviccedilos ofertados pelo CIS Eacute baixa a regulaccedilatildeo institucional em relaccedilatildeo aos

serviccedilos privados vinculados ao consoacutercio

Tais problemas mostram que agrave semelhanccedila de outros estados (Lima et al 2012)

a regulaccedilatildeo da assistecircncia tambeacutem eacute fraacutegil em Mato Grosso A regulaccedilatildeo nesta regiatildeo e

nos municiacutepios requer cooperaccedilatildeo do estado para sua organizaccedilatildeo e funcionamento

O controle e a avaliaccedilatildeo da central regional de regulaccedilatildeo natildeo tecircm sido realizados

a equipe alega ter perdido o controle desde que as atividades foram recentralizadas A

126

Central de Cuiabaacute comunica as solicitaccedilotildees de serviccedilos enviados pela Central Regional

diretamente ao paciente ou municiacutepio ldquoa gente tinha ateacute certo ponto um controle ()

agora a gente natildeo consegue () sabe que o municiacutepio conseguiu () foi uma

negociaccedilatildeo direta do municiacutepio com o prestadorrdquo (GE) Agrava esta questatildeo a ausecircncia

de um sistema de informaccedilatildeo da regulaccedilatildeo interligado de forma a facilitar ao gestor o

acesso ao sistema para identificar o desfecho da sua solicitaccedilatildeo

De forma natildeo estruturada o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

satildeo parcialmente realizadas pelos gestores municipais do SUS que em geral exercem

tais atividades no cotidiano da gestatildeo que realiza atividades de compra e

contratualizaccedilatildeo de serviccedilos acompanha as atividades financeiras realiza

cadastramento dos serviccedilos e alimenta os sistemas de informaccedilatildeo entre outros Na

regiatildeo os principais instrumentos que servem de base para o acompanhamento e

monitoramento das accedilotildees satildeo o Plano Municipal de Sauacutede o Relatoacuterio de Gestatildeo a

PPI o PDR o PDI Termo de Compromisso de Gestatildeo e o Pacto dos indicadores Como

jaacute ressaltados o PDR e o PDI estatildeo desatualizados e natildeo satildeo monitorados

Com o Pacto pela Sauacutede os insumos dos sistemas de informaccedilatildeo que eram

monitorados pelo ERS passaram a ser enviados on line diretamente para o MS ldquoalguns

programas eacute soacute entre o municiacutepio e o Ministeacuteriordquo Desta forma o contato do municiacutepio

eacute direto com o MS e os teacutecnicos do ERS julgam que este fato contribuiu para afastar os

municiacutepios do ERS e afirmam ldquonoacutes monitoramos avaliamos acompanhamos o serviccedilo

pelo sistema nacional de informaccedilatildeordquo (GE) ou por e-mail telefone ou na sede mas o

espaccedilo fiacutesico eacute inadequado pois o ERS natildeo tem estrutura proacutepria funciona nos fundos

do preacutedio do INSS

As atividades de controle e avaliaccedilatildeo que eram realizadas pela equipe do ERS

ficaram prejudicadas os teacutecnicos do ERS soacute acessam ldquoaquilo que eacute puacuteblico para

todosrdquo Gestores municipais tambeacutem atribuem ao distanciamento dos municiacutepios do

ERS o fato de a SES ter mudado a sua conduccedilatildeo e recentralizado muitas accedilotildees que antes

eram desenvolvidas pelo ERS Entatildeo ldquoo municiacutepio trata direto com a SES que tambeacutem

pula o ERS e passa informaccedilotildeesrdquo(GM) No que se refere ao ERS ldquoas coisas satildeo

decididas de cima vem para noacutes noacutes temos que passar para o municiacutepio () muitos

trabalhos foram descentralizados para noacutes mas () falta capacitaccedilatildeordquo (GE) O ERS

127

vem perdendo sua funccedilatildeo e jaacute natildeo haacute clareza quanto ao seu papel ldquoa gente ainda natildeo

conseguiu enxergar o que eacute que a SES quer do ERS esse eacute o pontordquo (GE)

Monitoramento controle e avaliaccedilatildeo fazem parte das atividades da SES de forma

estruturada mas o gestor afirma que aquela conduccedilatildeo da SESERS de monitorar os

indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo para levantar as dificuldades

cooperar para intervir jaacute natildeo eacute realizada No acircmbito dos municiacutepios esse

monitoramento tambeacutem natildeo eacute realizado e justificado pelo gestor pelo despreparo dos

profissionais para tais atividades

Observa-se incipiecircncia da regulaccedilatildeo no estado e na regiatildeo As bases da regulaccedilatildeo

foram instituiacutedas ainda antes do pacto mas na vigecircncia do pacto os instrumentos

regulatoacuterios natildeo foram suficientes para inserir mudanccedilas na gestatildeo e cabe aos entes

federativos a intransferiacutevel macrofunccedilatildeo de prover accedilotildees e serviccedilos de regular o setor

sauacutede em seus vaacuterios aspectos da gestatildeo da prestaccedilatildeo da assistecircncia do financiamento e

da administraccedilatildeo para equilibrar os vazios assistenciais da oferta e da demanda

(CONASS 2011)

As competecircncias e atribuiccedilotildees da regulaccedilatildeo satildeo amplas referem-se natildeo somente agrave

fiscalizaccedilatildeo e ao controle mas tambeacutem ao estabelecimento de regras e mecanismos para

a orientaccedilatildeo deste sistema de sauacutede compreendendo os meios e os fins que possam

melhorar o acesso aumentar a cobertura e aleacutem disso na perspectiva da equidade

atender agraves necessidades e direitos do cidadatildeo (Nascimento 2009)

Nesta regiatildeo natildeo haacute clareza desta importante funccedilatildeo aleacutem disso muitos gestores

pela falta de conhecimento natildeo satildeo comprometidos o suficiente para de fato exercer o

seu papel que se agrava pela falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado Essas praacuteticas

limitam a oferta de serviccedilos puacuteblicos e geram demandas reprimidas

No entendimento do gestor foram ldquoos municiacutepios que assumiram a regionalizaccedilatildeo

e pagam financeiramente um preccedilo muito altordquo(GM) Passaram a ter maior autonomia

em gerir os seus recursos mas tambeacutem a ldquover que eacute difiacutecil planejar a sauacutede () que o

recurso que vem nem sempre eles conseguem gastar naquilo que eacute prioridade entatildeo

essa tambeacutem eacute uma dificuldade e muitas vezes o recurso acaba sendo mal gastordquo (GE)

O PDR o PDI e a PPI que poderiam ser instrumentos de direcionamento da

regionalizaccedilatildeo natildeo se constituem em instrumentos de integraccedilatildeo intermunicipal Aleacutem

disso a conduccedilatildeo da SESERS estaacute muito mais voltada para as suas funccedilotildees internas

128

Sua maneira de executar a poliacutetica natildeo corresponde agravequilo que estaacute contemplado no

PPA o que tem enfraquecido suas funccedilotildees

As funccedilotildees desenvolvidas pelo ERS natildeo tecircm correspondido agrave sua missatildeo que eacute

justificada pela falta de recursos financeiros Suas atividades correspondem muito mais

ao repasse das demandas provenientes da SES e do MS do que ao fortalecimento da

regiatildeo Esse tipo de conduccedilatildeo contribui com o posicionamento individual do gestor

municipal cujos problemas natildeo satildeo percebidos como da regiatildeo buscando-a apenas

quando se vecircem diante de dificuldades frente as quais ele natildeo consegue ser

autossuficiente ldquose eu estou bem no meu municiacutepio com o meu prefeito se eu consigo

me resolver isso eacute problema meurdquo (GM)

Nesta regiatildeo a rede de atenccedilatildeo deixa a desejar natildeo haacute capacidade instalada que a

torne autocircnoma e resolutiva os recursos financeiros satildeo escassos e resultam em

iniquidades no acesso ao ciclo completo de atenccedilatildeo Aleacutem disso o gestor destaca que

nesta regiatildeo ldquofalta aquilo que estaacute na lei aquela solidariedade neacute porque a regiatildeo eacute

feita por solidariedade e eu sinto a ausecircncia disto na regiatildeo solidariedaderdquo (GM)

A falta de solidariedade ocorre em especial pela falta de clareza quanto agraves regras

nas relaccedilotildees interfederativas e tornam-se mais expliacutecitas nas propostas de

regionalizaccedilatildeo que requerem o fortalecimento de tais relaccedilotildees Essa falta de

compartilhamento de responsabilidades entre os entes federativos tende a ser superada

quando haacute um planejamento intergovernamental quando as accedilotildees satildeo coordenadas e

reguladas para organizar os fluxos assistenciais (Silva 2013)

As limitaccedilotildees do planejamento na regiatildeo podem ser evidenciadas quando o gestor

relata ldquoa gente natildeo senta natildeo discute natildeo levanta dados natildeo trabalha com dados

Trabalha no conhecimento do achismo isso eacute uma deficiecircncia muito grande porque eu

penso se noacutes tiveacutessemos sentado e feito o levantamento das necessidades das nossas

potencialidades e saber aonde eacute que queriacuteamos chegar noacutes jaacute conseguiriacuteamos

caminhar Quando fala () vai sentar para negociar eacute toda vez () toda vez

passamos um pouco de vergonha porque natildeo temos dados natildeo temos nuacutemeros a gente

natildeo consegue levantar nem a demanda e nem a oferta Assim uma das maiores

dificuldades que eu acho que eacute isso A regiatildeo natildeo se reconhece natildeo se percebe eacute isso

se conhecer se perceber saber onde estaacute e para onde tem que irrdquo (GM)

129

Estes relatos permitem afirmar que a poliacutetica de regionalizaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede natildeo estaacute sendo trabalhada nesta regiatildeo A regionalizaccedilatildeo em pauta se limita agrave

delimitaccedilatildeo do territoacuterio e natildeo se considera o seu processo que estaacute permeado por

conflitos e tensotildees A regiatildeo natildeo eacute reconhecida pelos seus integrantes natildeo haacute um

sentido de pertencimento natildeo haacute coordenaccedilatildeo regionalizada natildeo haacute motivaccedilatildeo pelo

coletivo e o ERS segue conduzindo a regiatildeo com as demandas oriundas da SES e do

MS

Eacute preciso recriar as condiccedilotildees para implementar a poliacutetica regionalizada nesta

regiatildeo Isto requer arranjos ajustes organizaccedilatildeo planejamento regionalizado

compartilhado para a construccedilatildeo de uma rede de serviccedilos que seja capaz de responder

agraves necessidades da populaccedilatildeo considerando as diversidades econocircmica social

poliacutetico-administrativa e cultural

A participaccedilatildeo do estado na implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo eacute fundamentalldquoo

estado eacute o grande articulador ou pelo menos deveria serrdquo(GM) Sem a participaccedilatildeo do

estado a regionalizaccedilatildeo natildeo acontece Muitos dos gestores ainda estatildeo despreparados

quanto agrave poliacutetica de sauacutede Se natildeo haacute clareza por parte dos entes federativos municipais

a regionalizaccedilatildeo fica comprometida ldquoeles vatildeo ter que entender para decidir de que

forma a regiatildeo vai se organizar ir atraacutes de investimentos e a gente precisa de

influecircncia poliacutetica para trazer algum recurso para a regiatildeo porque do jeito que estaacute a

gente estaacute perdendo recursordquo(GE)

O pacto trouxe maior autonomia para os municiacutepios e possibilidades de realizar

pactuaccedilotildees com flexibilidade entre os gestores mas eacute um processo que requer

participaccedilatildeo conhecimento entendimento sobre o sistema de sauacutede e sobretudo

capacidade para desenvolver o planejamento e articulaccedilatildeo regional com regras claras

quanto agraves relaccedilotildees interfederativas e a responsabilidade compartilhada (Lavras 2011)

Aleacutem da mobilizaccedilatildeo e lideranccedila teacutecnica o processo de regionalizaccedilatildeo nesta

regiatildeo precisa da lideranccedila poliacutetica A regiatildeo tem potencialidades atores natildeo

institucionais a serem considerados e articulados ldquonoacutes temos um suplente de senador na

regiatildeo temos um deputado na regiatildeordquo (GM) e precisam ser mobilizados para os

investimentos regionais

Os relatos aqui explicitados mostram as dificuldades enfrentadas pelos gestores

desta regiatildeo na gestatildeo municipal e na governanccedila regionalizada prevista no Pacto pela

130

Sauacutede Aleacutem disso evidenciam tambeacutem a necessidade de investir em educaccedilatildeo

permanente que fortaleccedila a capacidade de gestatildeo o planejamento o controle a

avaliaccedilatildeo e o monitoramento das accedilotildees de forma a adequaacute-las agraves necessidades Eacute

fundamental capacitar para entender que o processo regulatoacuterio de forma planejada

redimensiona a oferta e qualifica a utilizaccedilatildeo dos recursos assistenciais e financeiros eacute

um salto para a melhoria e eficiecircncia do sistema e pode garantir o direito constitucional

agrave sauacutede

7 Governanccedila do Processo

de Regionalizaccedilatildeo na Regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra

132

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

Com a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo legalmente o gestor local

e as instacircncias regionalizadas passaram a ter maior importacircncia na conduccedilatildeo da poliacutetica

assumiram responsabilidades compartilhadas na gestatildeo na contratualizaccedilatildeo no

planejamento no controle e na regulaccedilatildeo dos serviccedilos da rede de atenccedilatildeo da regiatildeo

Responsabilidades que requerem novas relaccedilotildees entre os diferentes atores envolvidos no

processo aperfeiccediloamento teacutecnico e gerencial (Arretche 2010) e articulaccedilatildeo para a

gestatildeo colegiada

O Pacto pela Sauacutede contempla um novo ciclo da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo Sua efetivaccedilatildeo depende da cooperaccedilatildeo e de pactos interfederativos de

forma solidaacuteria e compartilhada (Machado et al 2010) O papel a ser desempenhado

pela SES como condutora deste processo eacute determinante para o desenvolvimento de

competecircncias e busca de soluccedilotildees intersetoriais (Junqueira 2000) para interesses

coletivos

Na vigecircncia do pacto a gestatildeo estadual passou por trocas sucessivas que

refletiram na sua maneira de gerir e conduzir a Poliacutetica Estadual A gestatildeo tem-se

modificado tem sido permeada por ldquointeresses pessoal e partidaacuterio () tendenciosos a

praacuteticas pessoaisrdquo (GM) e ldquonatildeo existe uma linha da poliacutetica de sauacutederdquo tem gerado

ldquoconflitos de interessesrdquo (GM)

Nesta regiatildeo de sauacutede o papel desempenhado pela SES tem sido ldquomuito

fragmentado aquele projeto da regionalizaccedilatildeo que era feito a vaacuterias matildeos hoje natildeo

existe mais () noacutes natildeo somos ouvidosrdquo (GM) O gestor julga que deve haver ldquoalgum

interesserdquo que faz com que uma regiatildeo com mais de 200 mil habitantes natildeo tenha ldquoo

investimento na sauacutede puacuteblica numa linha continuada satildeo sempre pontuais e

ocorrem quando os gestores se levantam vatildeo laacute apagam o fogo e pronto acabourdquo

(GM) Cita como exemplo as tentativas de transformar a Unidade Mista de Tangaraacute da

Serra em hospital regional mas ldquonatildeo era interesse dele gestor estadual em fazer o

hospital regional em abrir nenhum hospital regional () ele queria terceirizar o

serviccedilordquo (GE)

133

Com a implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede ldquoo estado descentralizou mas natildeo

descentralizou o recurso natildeo quer descentralizar a parte teacutecnica satildeo muitos

conflitos talvez por medo de perder o poder que queira ou natildeo ainda emana este

poder no estado () ele eacute o maior ele eacute o rei e noacutes como somos todos os feudos

temos que ficar pedindo sempre () ele continua da mesma forma () eacute uma relaccedilatildeo

muito autoritaacuteria do governo estadual muito alheia ao problema da assistecircnciardquo (GM)

Oficialmente as responsabilidades foram compartilhadas houve a assinatura do

Termo de Compromisso de Gestatildeo mas o estado natildeo tem cumprido com a sua parte na

cooperaccedilatildeo teacutecnica no financiamento na regulaccedilatildeo e tem repercutido na governanccedila da

regiatildeo Os Sistemas Municipais de Sauacutede natildeo satildeo autossuficientes dependem da

cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado para fortalecer a sua capacidade institucional e da regiatildeo

Esta funccedilatildeo implica mudanccedilas no papel do Estado e dos municiacutepios em dividir

desenvolver competecircncias e cumprir com as responsabilidades compartilhadas O

processo de regionalizaccedilatildeo tem sido permeado por tensotildees interfederativas (Noronha et

al 2012) nesta regiatildeo natildeo tem sido pautado pelo planejamento integrado

regionalizado com base nas necessidades da rede de serviccedilos do territoacuterio com

financiamento regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo teacutecnica

Entre as dificuldades citadas pelo gestor a principal ldquoeacute o financiamentordquo (GM) e

tambeacutem tem refletido na atuaccedilatildeo do ERS junto aos municiacutepios ldquoa gente percebe que

quando um ERS natildeo consegue mais dar suporte para o municiacutepio que natildeo vai mais ao

municiacutepio isso eacute um enfraquecimento do SUS de uma forma geralrdquo e acrescenta

quando ldquoo estado natildeo encampa a educaccedilatildeo ensino em serviccedilo a formaccedilatildeo continuada

do gestor a gente percebe tambeacutem que natildeo quer que aconteccedila o fortalecimento do

SUSrdquo (GM)

O gestor municipal e a equipe do ERS natildeo tecircm recebido capacitaccedilotildees com

suficiecircncia para influenciar positivamente o processo de descentralizaccedilatildeo ldquoos

municiacutepios estatildeo se capacitando sozinhos () os teacutecnicos do ERS natildeo se entendem

eles natildeo se percebem enquanto atores () noacutes percebemos limitaccedilotildees falta de

prioridade do estado em capacitar os profissionaisrdquo (GM) Segundo o gestor

municipal as informaccedilotildees satildeo repassadas pelo COSEMS e eacute comum a equipe do ERS

expressar ldquomas o estado natildeo nos repassou issordquo (GM)

134

No ERS e na SES ainda existem teacutecnicos que participaram do processo de

regionalizaccedilatildeo implantado no periacuteodo anterior ao pacto Segundo o gestor ldquosabem o

que tem que fazer e natildeo conseguem fazerrdquo e isso ldquoeacute velado as pessoas natildeo se sentem

confortaacuteveis para falar o que tem que falar para falar o que pensam para dizer o que

precisa ser ditordquo (GM) e reitera ldquoa gente sabe que estaacute muito difiacutecil para o escritoacuterio

porque eacute corte em cima de corte haacute trecircs anos eles ERS tecircm dificuldade de vir nos

municiacutepios () hoje noacutes percebemos haacute um esfacelamentordquo (GM)

As relaccedilotildees da SES com a regiatildeo e os teacutecnicos do ERS estatildeo distantes e

enfraquecidas ldquoeu acho que falta um pouco deles SES conhecer a nossa realidade

aqui enquanto ERS das atividades da regiatildeo de conhecer a regiatildeo () que se estaacute

falando de interior () a gente tem sentido a falta desse elo da SES com o ERSrdquo (GE)

As relaccedilotildees dos teacutecnicos do ERS com os gestores municipais satildeo formais e

teacutecnicas ocorrem in loco na sede do ERS ou no CGR mas ldquoa gente percebe que existe

um enfraquecimentordquo (GM) Com o pacto muitos dos sistemas de informaccedilotildees foram

modificados e os teacutecnicos natildeo estatildeo preparados para ldquodar este suporterdquo (GM) e nesse

caso os gestores municipais procuram a SES MS ou COSEMS

As relaccedilotildees entre os teacutecnicos do ERS e SMS satildeo importantes em especial pelo

conhecimento que eles tecircm sobre a regiatildeo Satildeo relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo divergentes e

conflitantes sobretudo ldquoquando noacutes colocamos a omissatildeo do estado na poliacuteticardquo e os

membros do ERS defendem o estado Aleacutem disso o gestor afirma que ldquoagraves vezes o ERS

natildeo se percebe enquanto regiatildeo mas como estado e aiacute dentro disto percebemos que

existem discordacircncias Noacutes fazemos cobranccedila principalmente de acesso de recurso e

agraves vezes satildeo conflitantesrdquo (GM)

Satildeo comportamentos influenciados pela falta de clareza dos papeacuteis das instacircncias

em relaccedilatildeo ao processo de regionalizaccedilatildeo No entendimento do gestor os teacutecnicos do

ERS representam ldquoa interface entre o gestor do niacutevel central com o municipal e a

gente segue a poliacutetica de sauacutede conforme eles SES colocam () principalmente aquilo

que chega do Ministeacuteriordquo (GE) mas agraves vezes as accedilotildees propostas natildeo se adequam ao

porte dos municiacutepios e agraves caracteriacutesticas da regiatildeo e ocorrem conflitos resistecircncias e

nestes casos a gestora refere ter que ldquotrabalhar essas adequaccedilotildees para que se chegue a

um acordordquo (GE)

135

Entre os gestores municipais no geral as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias cooperativas e

tambeacutem conflitivas Eacute comum cada um defender a sua realidade o seu proacuteprio

benefiacutecio natildeo havendo preocupaccedilotildees em ldquobeneficiar a regiatildeordquo (GM) Segundo o

gestor estas posiccedilotildees ocorrem nas reuniotildees da CIB estadual e nas do colegiado e

ldquodependendo da eacutepoca em que vocecirc estaacute tem influecircncia das questotildees partidaacuterias e se

houver recurso no meio existem sim interesses particularesrdquo (GE)

Os conflitos estatildeo presentes tambeacutem devido agraves transferecircncias irregulares dos

recursos financeiros por parte do estado aos municiacutepios ldquoa partir do momento que vocecirc

natildeo tem o repasse fidedigno dos incentivos a relaccedilatildeo que mais predomina eacute de

conflito de descreacutedito () eacute uma relaccedilatildeo de desconfianccedila () natildeo pode confiar e

dizer eu assinei um convecircnio e isso vai sair natildeo natildeo tem seguranccedilardquo (GM) A

insuficiecircncia de recursos financeiros locais e regionais associada agrave complexidade e

diversidade do modelo de atenccedilatildeo manteacutem as desigualdades entre os entes federativos

(Viana et al2002) geram tensotildees desconfianccedila intensificam as relaccedilotildees competidoras

e predatoacuterias e fragilizam a poliacutetica regionalizada

Os conflitos intergovernamentais e as relaccedilotildees de desconfianccedila foram construiacutedos

ldquoantes a pactuaccedilatildeo era cumprida os acordos eram cumpridos hoje se faz um acordo e

vocecirc natildeo vecirc assim empenho do estado em cumprir esse acordo () os prefeitos jaacute natildeo

acreditam na administraccedilatildeordquo (GM) Aleacutem de natildeo cumprir o pactuado a SES vem

ldquodescuidando do puacuteblico e privilegiando o privadordquo (GM) Estas relaccedilotildees de

desconfianccedila tecircm resultado em conflitos e comportamentos individualizados cada um

busca resolver apenas os seus problemas municipais de acesso aos serviccedilos

Embora instituiacuteda e contemplada no PES natildeo se observa que a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede seja prioridade na agenda do gestor estadual e da regiatildeo O gestor julga que a

regionalizaccedilatildeo estaacute apenas no papel ldquonoacutes natildeo somos ouvidos isso tudo estaacute ficando

distante da realidade o paciente necessita de consulta de exame de atendimento de

urgecircncia e noacutes temos uma carecircncia imensa na regiatildeo de tudo aquilo que foi planejadordquo

(GM) e afirma ldquonatildeo se observa modificaccedilotildees no comportamento da gestatildeo estadualrdquo

(GE) para cumprir suas responsabilidades assumidas no Termo de Compromisso de

Gestatildeo

Desprovida de accedilotildees coordenadas e de uma rede de atenccedilatildeo que atenda aos

diversos interesses do territoacuterio (Noronha et al 2012) os relatos mostram que esta

136

regiatildeo estaacute desarticulada O equiliacutebrio pode ser obtido mas requer articulaccedilatildeo

coordenaccedilatildeo e iniciativas entre os atores de representaccedilatildeo teacutecnica e poliacutetica do estado e

regiatildeo para planejar a rede regionalizada de atenccedilatildeo agrave sauacutede (Viana e Lima 2011)

A falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo manteacutem seacuterios problemas

que produzem iniquidades as relaccedilotildees estabelecidas e as deliberaccedilotildees expressam os

interesses de cada gestor de forma a atender antes de tudo aos seus objetivos (Abrucio

2002) Satildeo comportamentos que geram fragmentaccedilatildeo descontinuidade do cuidado agrave

sauacutede e ameaccedilam a governanccedila indicativos que comprometem e alertam para as

condiccedilotildees desfavoraacuteveis ao processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As relaccedilotildees entre o gestor puacuteblico e o privado nesta regiatildeo satildeo institucionalizadas

e formais e ocorrem por meio de convecircnios estabelecidos entre o estado o municiacutepio e

o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede com as empresas prestadoras de serviccedilos com o

profissional liberal de sauacutede eou por meio de medidas administrativas demandadas pela

regulaccedilatildeo As relaccedilotildees tambeacutem ocorrem informalmente quando o gestor municipal faz o

pagamento pelo serviccedilo prestado direto para o profissional que natildeo aceita atender as

demandas do SUS

As relaccedilotildees entre os gestores e os prestadores por meio do CIS satildeo permeadas por

tensatildeo tecircm um custo elevado geram dificuldades financeiras mas ldquotem sido a nossa

saiacuteda principalmente frente agrave omissatildeo do estadordquo (GM) O CIS ainda hoje natildeo conta

com estrutura puacuteblica para instalar seus serviccedilos e natildeo haacute previsatildeo de investimentos

puacuteblicos para expansatildeo da rede de atenccedilatildeo

As relaccedilotildees com o setor privado satildeo importantes e significativas ampliam a oferta

imediata dos serviccedilos geram benefiacutecios contribuem para a resoluccedilatildeo dos problemas na

regiatildeo complementam a rede de atenccedilatildeo e o acesso eacute mais raacutepidoldquotira de riscos da

viagem para Cuiabaacuterdquo (GM) Para o gestor esta parceria oferece atendimento

especializado Sem o estabelecimento de pacto com outros gestores dificilmente um

gestor municipal conseguiria trazer para a rede puacuteblica tal especialidade devido ao custo

do serviccedilo que eacute elevado

O gestor privado considera que as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado podem

contribuir para a vinda de novas especialidades e serviccedilos fixar profissionais no

municiacutepio e regiatildeo desenvolver socioeconomicamente o municiacutepio e a regiatildeo

diversificar a oferta e melhorar a complexidade dos serviccedilos oferecidos Uma das

137

dificuldades de adesatildeo das empresas ao plano de sauacutede eacute a falta de profissionais nos

municiacutepios As existentes estatildeo concentradas em Tangaraacute da Serra que dista de 120 a

225 km dos demais municiacutepios No entendimento do gestor puacuteblico quanto mais o setor

privado diversificar os serviccedilos ofertados mais a regiatildeo vai se beneficiar ldquoo privado

consegue trazer muito mais profissionais para a regiatildeordquo (GM)

Por meio das entrevistas pode-se constatar que as diferentes especialidades

concentradas e estruturadas no setor privado permitem ao prestador impor as condiccedilotildees

para atender propor acordos para aumento dos valores da tabela complementar ou

tabela especiacutefica para atendimento A tabela SUS eacute a referecircncia para a contratualizaccedilatildeo

dos serviccedilosldquoa gente sempre paga uma tabela e meia a duas tabelas () eacute uma tabela

de referecircncia mas a maior parte dos procedimentos eles satildeo co-financiadosrdquo (GM)

Embora os gestores valorizem esta parceria como alternativa da regiatildeo e com

muitos benefiacutecios pontuam que o negativo eacute o fato de o setor privado escolher os

serviccedilos que vai colocar agrave disposiccedilatildeo do SUSldquoeles prestadores privado tecircm

sufocado vivemos sob ameaccedilardquo (GM) e influenciam para que natildeo ocorram

investimentos puacuteblicos

Muitas vezes natildeo haacute consenso entre os gestores quanto aos valores propostos pelo

prestador privado e tecircm ocorrido puniccedilotildees Um dos prestadores privado suspendeu o

atendimento aos partos e as cirurgias (geral e eletiva) e o gestor municipal teve que

encaminhar sua demanda para hospitais de outros municiacutepios outro gestor cita que ldquoele

prestador privado fechou as portas noacutes tivemos que encaminhar para Cuiabaacute ()

isso prejudicou e ateacute que chega o resultado o paciente agraves vezes jaacute foi a oacutebitordquo (GE)

Outro exemplo refere-se agrave contratualizaccedilatildeo de um serviccedilo especializado Os

especialistas natildeo aceitavam serem contratados pelo CIS mas quando um terceiro

especialista chegou agrave regiatildeo e aceitou a tabela os demais exigiram que tambeacutem fossem

contratados ldquonoacutes estamos agrave mercecirc do privadordquo (GM) e estes problemas ocorrem ldquopela

falta de outras opccedilotildeesrdquo (GM) O gestor afirma que ou os municiacutepios direcionam tudo

para determinado estabelecimento ou ldquocorre o risco de natildeo atender ningueacutemrdquo (GE)

O negativo eacute a ldquofalta de infraestrutura na regiatildeo tanto no setor puacuteblico como no

privado () cateterismo tem que ser feito em Cuiabaacuterdquo (GP) faltam especialidades

meacutedicas no setor puacuteblico e no privado e diz ldquoa gente vecirc cada vez mais um nuacutemero

reduzido de pessoas conseguindo executar serviccedilos pela tabela federal do SUSrdquo (GP)

138

Este gestor julga que a tabela SUS estaacute defasada e influencia de forma negativa essa

relaccedilatildeo

As relaccedilotildees puacuteblico-privadas satildeo consideradas positivas para o acesso na regiatildeo

mas ao mesmo tempo que representam facilidades satildeo tambeacutem as dificuldades da

regiatildeo O gestor refere que somente agora percebe que a ldquopresenccedila deles prestadores

privados de uma forma em geral natildeo permitiu ao longo do tempo o crescimento

estrutural puacuteblicordquo julgam que satildeo ldquoinfluecircncias negativas com certeza () ele

prestador privado dificulta a inserccedilatildeo do serviccedilo publicordquo (GM)

Segundo a gestora municipal manter essa parceria eacute a alternativa do momento

mas refere que o custo desta parceria parece natildeo ser percebida pelo estado e por

gestores de outras regiotildees que por vezes citam nas reuniotildees da CIB e COSEMS que

esta regiatildeo tem ldquoresolutividaderdquo (GM)

Essa ldquoresolutividaderdquo somente ocorre porque ldquonoacutes compramos esse serviccedilo e

muito caro () a meu ver esta eacute a regional que mais gasta com a iniciativa privada e

ela eacute vista como a mais resolutiva sabia Soacute que ningueacutem sabe o preccedilo que a gente

paga por issordquo (GM) Para esta gestora a ldquoresolutividaderdquo resultou em certa

acomodaccedilatildeo por parte do estado que natildeo tem investido em obras puacuteblicas na regiatildeo A

participaccedilatildeo do setor privado jaacute deveria ter sido substituiacuteda ldquoexiste certo marasmo por

ter o serviccedilo privado eacute mais faacutecil comprar do que proporrdquo (GE) Este tipo de parceria

aparentemente traz resolutividade mas fortalece o subsistema privado de sauacutede (Ockeacute-

Reis e Sophia 2009) Nesta regiatildeo esta parceria tem influenciado o sistema puacuteblico de

sauacutede na medida em que produz efeitos sobre sua regulaccedilatildeo sobre o financiamento

puacuteblico e sobre a incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica entre outros

O ente estadual tem participado timidamente do financiamento dos serviccedilos

atraveacutes dos incentivos da atenccedilatildeo baacutesica e do CIS e enquanto os municiacutepios

continuarem resolvendo os problemas sozinhos natildeo buscando alternativas e

comprometimento do estado para fortalecer a rede puacuteblica da regiatildeo o setor privado vai

se fortalecer vai continuar ampliando sua rede influenciando a demanda da regiatildeo

impondo suas regras e contribuindo para o enfraquecimento e mau desempenho do setor

puacuteblico Se natildeo houver planejamento e investimentos para ampliar a capacidade

instalada puacuteblica se o governo estadual natildeo coordenar e investir na gestatildeo puacuteblica na

139

regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a assistecircncia privada vai continuar influenciando e

fortalecendo-se com a forte transferecircncia de recursos puacuteblicos (Menicucci 2007)

Na regiatildeo a governabilidade da rede de sauacutede conta com vaacuterios atores as

parcerias se ldquobem negociada e contratualizadardquo(GE) podem facilitar para

disponibilizar vaacuterios serviccedilos na regiatildeo e contribuir para a integralidade da atenccedilatildeo No

entanto as fragilidades jaacute apontadas tecircm invertido os papeacuteis e o prestador privado tem

definido a demanda do setor puacuteblico ldquoo que eles concedem noacutes fazemos o que eles natildeo

concedem noacutes natildeo fazemosrdquo (GM) Observa-se uma estrutura regional fragilizada

desarticulada sem lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na conduccedilatildeo do sistema (Viana et al

2008)

As imposiccedilotildees sempre vatildeo acontecer se natildeo haver a ruptura com o poder do gestor

privado Essa situaccedilatildeo requer a intermediaccedilatildeo do estado entre os gestores e entre os

diversos atores presentes no territoacuterio Mesmo que o puacuteblico demonstre vontade de

romper a falta de previsatildeo de recursos para investimentos puacuteblicos aponta para um

cenaacuterio cuja configuraccedilatildeo vai perpetuar a tendecircncia a manter o jogo de quem estaacute com

o poder nas matildeos

Com este cenaacuterio eacute difiacutecil para o gestor municipal e regionalestadual estabelecer

parceria que corresponda aos princiacutepios do SUS aleacutem disso ldquoo estado influencia o

processo de regionalizaccedilatildeo a favor do setor privadordquo Nesta regiatildeo recentemente a

SES manifestou interesse em ldquocolocar uma OS na regiatildeo noacutes tiacutenhamos uma

referecircncia hospitalar privada que ateacute certo ponto nos atendia muito bemrdquo(GM) Esta

possibilidade que natildeo foi implementada resultou em rompimento parcial de convecircnio

com o prestador privado que alegou querer receber a mesma tabela diferenciada com

que o estado remunera as OS

Neste caso o gestor estadual aleacutem de natildeo levar tal proposta para a deliberaccedilatildeo do

CGR fez uma interferecircncia que prejudicou a regiatildeo ldquonoacutes perdemos o contrato com o

hospital regredimos jaacute tiacutenhamos avanccedilado brigado por preccedilo por tabela e isso

retrocedeu totalmente e o municiacutepio sede que eacute Tangaraacute da Serra ficou refeacutem ateacute na

ginecologia Entatildeo assim a influecircncia foi extremamente negativa nesse sentido () o

estado foi laacute e fez issordquo (GM) Posteriormente o gestor estadual retrocedeu na sua

proposta mas a regiatildeo e os municiacutepios ficaram sem o serviccedilo

140

Nesta regiatildeo o que deveria ser complementar ldquoatualmente acaba sendo

substitutivo neacuterdquo (GE) esta parceria ldquoextrapola todos os limites do suportaacutevel o custo eacute

alto () extrapola o que a nossa constituiccedilatildeo colocou e extrapola o que o SUS

acreditava que seria o limiterdquo (GM)

Observa-se que a complementaccedilatildeo da rede de sauacutede puacuteblica pelo setor privado

nesta regiatildeo foi-se institucionalizando e tem resultado em ldquoexternalidades negativasrdquo

que segundo Figueiredo (2012) satildeo as ldquoconsequecircncias do processo de produccedilatildeo ou

consumo de um bem ou serviccedilo qualquer que causam dano agrave sociedade de maneira

geralrdquo(p137) Nesse caso entendemos como um dano a demanda reprimida pelo fato de

restringir o acesso aos serviccedilos apenas a uma pequena parcela da populaccedilatildeo devido aos

valores de tais atendimentos que satildeo custeados pelo gestor puacuteblico municipal cujas

despesas efetuadas com recursos proacuteprios municipais tecircm aumentado progressivamente

no periacuteodo de 2002 a 2010 (Mendonccedila 2012)

As parcerias estabelecidas com o setor privado no acircmbito da regiatildeo mostram e

requerem reorganizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e revisatildeo das regras de contratualizaccedilatildeo eacute

preciso repensar a governanccedila na regiatildeo As estruturas foram criadas a partir de uma

base institucional preacute-existente ainda antes do pacto com regras e princiacutepios puacuteblicos

instituiacutedos No entanto observa-se que estas foram se perdendo e nas relaccedilotildees puacuteblicas

e privadas predominam comportamentos de conflitos e temor onde as regras estatildeo

sendo definidas pelos atores privados Cada ator defende os seus objetivos e interesses

e as relaccedilotildees de complementaridade natildeo estatildeo submetidas agraves regras do direito puacuteblico

mas agraves do direito privado (Figueiredo 2012) Nesta regiatildeo a maneira de conduzir os

diferentes objetivos e interesses tem determinado o desenvolvimento do sistema de

sauacutede e natildeo tem efetivado os objetivos do SUS

Satildeo conflitos natildeo coordenados que dificultam o compartilhamento haacute uma busca

para resolver os problemas mas por natildeo serem mediados natildeo constroem competecircncias

para a gestatildeo regionalizada e conduzem a busca de alternativas individualizadas de

pactuaccedilatildeo com serviccedilos de prestadores privados dentro e fora da regiatildeo Aleacutem disso as

desigualdades econocircmicas dos municiacutepios fazem com que aqueles mesmo de pequeno

porte populacional mas de elevado desenvolvimento econocircmico faccedilam investimentos

puacuteblicos e atuem na loacutegica do municipalismo autaacuterquico onde cada um procura resolver

141

as suas dificuldades como uma unidade separada dos demais natildeo considerando os

problemas em termos de regiatildeo (Abrucio 2002)

As relaccedilotildees e influecircncias do setor privado na direcionalidade da regionalizaccedilatildeo

fazem parte da conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede nesta regiatildeo ldquonoacutes tivemos diferentes

gestores no passado que faziam parte dos serviccedilos privados Entatildeo parte desses

serviccedilos que ateacute hoje satildeo oferecidos foram amarrados laacute atraacutesrdquo (GE) Essas parcerias

satildeo ldquoinjustas natildeo correspondemrdquo (GM) aos objetivos do SUS

Em um quadro de carecircncia de profissionais e de estrutura puacuteblica o formato

institucional da assistecircncia agrave sauacutede nesta regiatildeo foi adquirindo padrotildees de

comportamento do setor privado ao mesmo tempo este setor tem se fortalecido como

prestador de serviccedilos na regiatildeo e influenciado o processo decisoacuterio Se natildeo houver

intervenccedilotildees a poliacutetica de sauacutede puacuteblica vai seguir com tendecircncias a se modelar aos

interesses do setor privado natildeo desenvolvendo capacidades proacuteprias de regulaccedilatildeo e de

busca por alternativas (Menicucci 2007) para fortalecer a rede puacuteblica na regiatildeo

As parcerias podem e devem acontecer mediante a insuficiecircncia dos serviccedilos

puacuteblicos mas estabelecidas sob as regras e princiacutepios puacuteblicos e de forma

complementar (Lenir 2010) Nesta regiatildeo dificilmente ter-se-aacute uma administraccedilatildeo

puramente puacuteblica no setor sauacutede sem o estabelecimento de parcerias com o setor

privado mas a grande questatildeo eacute o cuidado para que natildeo haja uma inversatildeo onde em

nome do direito agrave sauacutede o SUS torne-se o complementar

Nesta regiatildeo os conselheiros natildeo estatildeo contemplados para participar do CGR

mas fazem parte do Conselho Fiscal do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede A relaccedilatildeo

com os conselheiros municipais ocorre quando as demandas municipais precisam ser

aprovadas pelo CGR e exigem resoluccedilatildeo da aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede

142

8 Decisatildeo e Intersetorialidade na

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

143

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA

Nesta regiatildeo as decisotildees tomadas pelos entes federativos e demais atores que

compotildeem o complexo regional ocorrem no CGR As relaccedilotildees estabelecidas entre os

diversos atores da regiatildeo que fazem parte do sistema de sauacutede no geral satildeo formais

distantes teacutecnicas e administrativas Geralmente ocorrem atraveacutes de e-mail portarias e

outros documentos oficiais ou com a participaccedilatildeo de membros da regiatildeo em reuniotildees

que ocorrem na SES ou no COSEMS

Eacute com estas caracteriacutesticas relacionais entre os atores da regiatildeo que as decisotildees

satildeo tomadas entre entes federativos no CGR Eacute neste espaccedilo que o poder tende a ser

compartilhado para a busca de estrateacutegias de intervenccedilotildees (Figueiredo 2012) mas

tambeacutem eacute o local onde se alternam conflitos e cooperaccedilotildees que direcionam a conduccedilatildeo

da poliacutetica de sauacutede regionalizada

Quando o CGR foi reestruturado muitos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede desta

regiatildeo ocupavam o cargo haacute pouco tempo e jaacute participavam das reuniotildees da CIB

regional mas ainda natildeo detinham conhecimentos suficientes sobre o processo de

regionalizaccedilatildeo Pelo despreparo e troca constante de gestores as discussotildees ficavam

centradas em alguns e foi consenso entre eles que para ampliar a discussatildeo deveriam

ser realizadas reuniotildees preacute-colegiado para facilitar a interaccedilatildeo e instrumentalizaacute-los

para as deliberaccedilotildees

As reuniotildees preacute-colegiado entre gestores municipais foram adotadas tanto para as

reuniotildees do CGR como da CIB estadual coordenadas pela equipe do COSEMS no

acircmbito do estado e pelo seu representante no CGR com o objetivo de discutir de forma

antecipada temas da pauta e assim facilitar e preacute-consensuar as decisotildees

Apenas o representante do COSEMS da regiatildeo e o diretor do ERS participam da

reuniatildeo da CIB Os demais membros do CGR mantecircm relaccedilatildeo com a CIBestadual por

meio dos documentos da CIB enviados por e-mail para o ERS ou pelas informaccedilotildees

que estatildeo disponiacuteveis no site da SES As relaccedilotildees entre a CIBestadual e o CGR satildeo

distantes e formais

144

As relaccedilotildees estabelecidas entre a CIBestadual com outras instacircncias regionais satildeo

formais teacutecnicas e administrativas Ainda que nem todos os gestores da regiatildeo possam

participar de todas as reuniotildees e ou eventos realizados pela CIB e COSEMS julgam que

satildeo importantes interferem no processo de regionalizaccedilatildeo e afirmam que a maior

discussatildeo ldquodo processo de regionalizaccedilatildeo acaba acontecendo mais aqui no CGR

porque laacute o que acontece mais eacute a discussatildeo em niacutevel de portarias () a

descentralizaccedilatildeo a municipalizaccedilatildeo () a discussatildeo maior eacute aqui em niacutevel de CGRrdquo

(GE)

Para a gestora municipal ldquoquem nos manteacutem informado eacute o COSEMS a CIB em

si vira resoluccedilotildees se vocecirc quiser acompanhar tem que estar entrando no site Entatildeo eacute

bem distanterdquo (GM) A relaccedilatildeo do COSEMS com as SMS eacute forte O COSEMS se

posiciona com frequecircncia nas reuniotildees da CIB a favor dos municiacutepios e tem buscado

criar redes de discussatildeo quanto agraves questotildees do Pacto pela Sauacutede Tem discutido com os

gestores municipais o repasse irregular dos recursos financeiros por parte do estado aos

municiacutepios ldquomas ele tambeacutem fica muito barrado pelo estadordquo (GM) e seu

posicionamento muitas vezes tensiona suas relaccedilotildees com o estado

Os gestores confiam na orientaccedilatildeo do COSEMS julgam ldquotecnicamente eacute muito

forterdquo e que os debates por ele promovidos tecircm contribuiacutedo para a tomada de decisotildees

dos gestores municipais mas referem que ldquo politicamente eacute muito fraco natildeo tem poder

nenhum natildeo tem uma forccedila poliacuteticardquo (GM)

As relaccedilotildees do CGR com o COSEMS ocorrem por intermeacutedio do vice-regional do

COSEMS Satildeo relaccedilotildees formais teacutecnicas e representam o canal de comunicaccedilatildeo entre o

COSEMS e demais gestores da regiatildeo Para o gestor a equipe teacutecnica do COSEMS

representa a ldquoCIES para os gestoresrdquo (GM) referem sentir-se amparados e capacitados

pelo COSEMS e afirma ldquona nossa regiatildeo noacutes somos afinados () hoje noacutes fazemos

uma conversa frente a frente o COSEMS eacute forte neste sentido sempre noacutes conseguimos

colocar na mesa sentar e fazer discussotildeesrdquo (GM)

O gestor reconhece que o COSEMS tem desenvolvido um papel importante na

conduccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede por ser questionador julgam que ldquoquem mais luta pela

regiatildeo eacute o COSEMS () sabe muito mais que a SES tem um retrato das regiotildees da sua

populaccedilatildeo das suas necessidades () a gente percebe que o COSEMS estaacute muito mais

proacuteximo da regiatildeo muito mais atuante do que o proacuteprio estadordquo (GM)

145

Os entrevistados reconhecem a importacircncia do COSEMS no processo de

regionalizaccedilatildeo exemplificam sua atuaccedilatildeo na reuniatildeo da CIB quando a SES tentou

modificar a maneira de transferir os recursos financeiros aos municiacutepios Os membros e

sua equipe teacutecnica se posicionaram contraacuterios em juntar as transferecircncias fundo a fundo

dos recursos ambulatoriais e hospitalares como proposto pelo estado ldquoeu nunca vi um

COSEMS tatildeo firme e tatildeo forte Ele eacute fraacutegil ele natildeo consegue mudar a linha do estado

mas ele tem conseguido muitas vitoacuteriasrdquo (GM)

Na reuniatildeo do CGR o vice-presidente regional do COSEMS tem um tempo

assegurado para informes gerais oriundos da reuniatildeo preacute-CGR e CIB Muitas vezes o

aprendizado destas reuniotildees fica individualizado pois o gestor tem dificuldades para

repassar tais informaccedilotildees visto que os temas satildeo complexos e exigem conhecimento

para transmissatildeo aos demais

O CGR assim como a CIB satildeo espaccedilos considerados pelos gestores como

importantes as reuniotildees satildeo instrutivas e geram aprendizado mas entende-se que o

gestor precisa ldquose colocar colocar suas necessidades o que a regiatildeo realmente precisa

levar para CIBrdquo (GM) Tambeacutem refere que como entes federativos estatildeo em processo

de descoberta ldquoainda natildeo somos vistos e respeitados como entes federativosrdquo (GM)

Para que isso aconteccedila haacute necessidade de investir em capacitaccedilotildees para o gestor e

equipe inclusive preparaacute-los para a gestatildeo regionalizada

No acircmbito da regiatildeo embora valorizadas as preacute-reuniotildees do CGR deixaram de

acontecer e recentemente os gestores expressaram a necessidade de retomaacute-las

justificando que a formalidade das reuniotildees do CGR natildeo permite que as discussotildees

sejam ampliadas para os problemas locais ldquoa gente natildeo consegue ter temas

transversais dentro da reuniatildeo de colegiado eacute informe muitas resoluccedilotildees

proposiccedilotildees e portariasrdquo (GM) aleacutem disso referem ser uma das alternativas para

preparaacute-los para a gestatildeo O avanccedilo da regionalizaccedilatildeo tambeacutem depende do

posicionamento do gestor municipal do exerciacutecio do seu papel de ente federativo e o

CGR eacute o espaccedilo que cria as condiccedilotildees para as discussotildees e o aprendizado oportuniza

que o gestor se coloque facilita o estabelecimento de pactos interfederativos e contribui

com o processo de descentralizaccedilatildeo do SUS

A coordenadora do CGR reconhece a importacircncia da preacute-reuniatildeo justifica que nas

reuniotildees mensais segue o protocolo para cumprir a agenda ldquonatildeo tem tempo para

146

socializarrdquo como os gestores municipais querem e ldquoeu no papel de coordenadora

acabo falando natildeo pode demorar tem a pauta a ser cumpridardquo (GE) Essas

formalidades podem engessar a gestatildeo e natildeo permitir que a abordagem da discussatildeo flua

para os problemas reais vividos pelos gestores Interferem na conduccedilatildeo da poliacutetica e

natildeo permitem a governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo Estudos mostram que

naqueles locais onde ldquoa implantaccedilatildeo dos CGR foi conduzida de forma burocraacutetica e

cartorial sem que tenha havido a necessaacuteria disposiccedilatildeo para o debate por parte dos

gestoresrdquo houve baixa ou nenhuma repercussatildeo nas praacuteticas institucionais vigentes

(Lima et al 2012)

De acordo com o registro das atas de 2006 a 2011 entre as temaacuteticas abordadas

no CGR as principais estatildeo relacionadas agrave aprovaccedilatildeo dos Termos de Compromisso de

Gestatildeo CIES-capacitaccedilotildees adesatildeo a programas do Ministeacuterio da Sauacutede projetos para

construir ou continuar recebendo parcelas de recursos financeiros para reformas em

andamento prestaccedilotildees de contas municipais de recursos recebidos campanhas de

vacinaccedilatildeo alteraccedilatildeo da PPI e tetos financeiros informes diversos do COSEMS

portarias ministeriais informes do estado criaccedilatildeo de novos serviccedilos pelo MS rede de

urgecircncia rede cegonha projetos de cirurgias eletivas qualificaccedilatildeo aos programas

federais falta de acesso necessidades de recursos financeiros oferta de serviccedilos

demanda reprimida sistemas de informaccedilatildeo credenciamentos transferecircncia de

profissionais

As temaacuteticas que mais aparecem nas pautas satildeo as que envolvem os programas

federais informes do Ministeacuterio da Sauacutede ldquoprevalecem mais aquelas que o estado

precisa da informaccedilatildeo do que resolver o problema da regiatildeordquo (GE) As temaacuteticas

locais estatildeo relacionadas com necessidades de capacitaccedilotildees dificuldade de acesso agrave

rede falta de estrutura puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico-privada O ERS insere mais pauta que

os municiacutepios cumprem as demandadas da SES que nem sempre eacute a demanda do

municiacutepio

As discussotildees satildeo pontuais e relacionadas com aquilo que eacute demandado ldquonatildeo se

tem mais aquela coisa do inovar do agir pelas proacuteprias ideacuteias de uma coisa que surgiu

da regiatildeordquo (GM) A diversidade dos temas e a participaccedilatildeo dos gestores nas reuniotildees

repercutem de forma positiva ldquonoacutes jaacute avanccedilamos muito no sentido de ter os gestores

como realmente atores nesse colegiado A gente percebe que agraves vezes os gestores natildeo

147

se percebem como gestores ficam esperando serem demandados pelo ERS pelo estado

Eu percebo que tem avanccedilado muito os gestores hoje demandam muito mais se

contrapotildeem mais ao estado nas suas necessidades A gente percebe que estaacute mais

politizada menos a poliacutetica partidaacuteria e mais a poliacutetica puacuteblicardquo (GM)

A sobrecarga de emissatildeo de Portarias do MS e da SES induzem agrave poliacutetica no

acircmbito da gestatildeo local (Arretche 2008) Os gestores satildeo atraiacutedos pelos incentivos

financeiros que podem aumentar suas receitas e deixam de propor projetos e accedilotildees

especiacuteficos para a sua realidade Satildeo adesotildees que ocorrem sobretudo naqueles de

pequeno porte que eacute o caso dos municiacutepios desta regiatildeo

Satildeo temas de consenso nas reuniotildees do CGR a dificuldade financeira o atraso

nas transferecircncias financeiras pelo estado ldquoa falta de respeito do estado para com os

municiacutepios () toda reuniatildeo nosso foco eacute falar do financiamento que natildeo vem repasse

vocecirc natildeo pode contar com aquele dinheiro ele vem a cada oito ou nove mesesrdquo (GM)

Este atraso tem afetado significativamente o exerciacutecio das competecircncias municipais

que nesta regiatildeo tecircm implicado em despesas adicionais por parte dos municiacutepios e

contribuiacutedo para aumentar as iniquidades de acesso aos serviccedilos devido agraves diferenccedilas

socioeconocircmicas entre os municiacutepios (Arretche 2010) Aleacutem disso deixam de priorizar

a atenccedilatildeo primaacuteria pelos gastos excessivos com a atenccedilatildeo especializada

A transferecircncia irregular dos recursos aos Fundos Municipais de Sauacutede por parte

da SES tem influenciado o seu papel de condutora da poliacutetica estadual de sauacutede e

gerado conflitos nas relaccedilotildees aleacutem disso tem tensionado as relaccedilotildees entre os

municiacutepios e entre o gestor e a populaccedilatildeo Neste caso a populaccedilatildeo sabendo da

existecircncia do consoacutercio o pressiona para acesso ao serviccedilo com menor tempo de espera

As pressotildees forccedilam os governantes a melhorar seu desempenho administrativo

(Abrucio 2002) como tambeacutem geram gastos progressivos agrave gestatildeo municipal e acesso

com iniquidades pelas condiccedilotildees econocircmicas de cada municiacutepio (Queiroz 2012)

Os conflitos do CGR desgastam as relaccedilotildees e ameaccedilam a governanccedila no

colegiado de gestatildeo visto que ldquocada um defende o seu e isso acaba com tudo com

qualquer relacionamentordquo (GM) e com a poliacutetica regionalizada

O gestor natildeo se sente motivado a participar das reuniotildees refere natildeo ter que

cumprir com esta obrigaccedilatildeo jaacute que o estado natildeo tem cumprido seu papel e afirma

ldquoningueacutem quer ir mais agraves reuniotildees reuniatildeo reuniatildeo e vocecirc natildeo concretiza nada natildeo

148

sai com planejamento executaacutevel natildeo adianta fazer plano para noacutes executarmos () eu

nao quero saber de ouvir o estado o estado natildeo cumpre a parte dele perdeu a moralrdquo

(GM) Aleacutem do estado natildeo estar transferindo mensalmente os recursos para os

municiacutepios a seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 mostra que tambeacutem natildeo estaacute cumprindo o

percentual preconizado pela EC29 exceto no ano de 2010 que atingiu 1228

(Mendonccedila 2012)

Essas irregularidades geram descredibilidade dos gestores em relaccedilatildeo agrave

regionalizaccedilatildeo dificultam a gestatildeo e as relaccedilotildees O gestor afirma ldquoeu natildeo quero mais

saber de alto custo eu quero que o estado pegue tudo ele que monte o processo e ele

que entregue o medicamentordquo (GM) Satildeo posicionamentos incongruentes com as

responsabilidades assumidas pelo gestor municipal mas expressam o conflito nas

relaccedilotildees

Embora os governos locais sejam os executores da poliacutetica a responsabilidade

para viabilizaacute-la eacute compartilhada com o estado que neste caso natildeo tem cumprido com

a sua parte no financiamento na cooperaccedilatildeo na coordenaccedilatildeo e na regulaccedilatildeo do

sistema No SUS a funccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute exclusiva de um dos entes implica em

responsabilidades compartilhadas e requer cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo para garantir e

efetivar o direito agrave sauacutede (Dourado e Elias 2011)

Houve situaccedilotildees em que o processo decisoacuterio do CGR natildeo foi consenso como a

proposta de aumento dos valores da tabela complementar de apoio diagnoacutestico Um dos

gestores natildeo concordou e sofreu ameaccedilas do prestador durante a reuniatildeo Ainda assim a

complementaccedilatildeo solicitada foi aprovada e justificada pelos gestores ldquonoacutes tiacutenhamos que

negociar porque ele prestador ia prejudicar a regiatildeo e que meu municiacutepio estava

prejudicando a regiatildeordquo (GM) O gestor que natildeo concordou procurou alternativas fora

da regiatildeo ldquoele [o prestador] nos ameaccedilou e falou que se meu municiacutepio natildeo deixasse o

que era de SUS laacute ele simplesmente fecharia as portas para as minhas urgecircncias e

realmente eles fecharamrdquo (GM) O acesso a esse estabelecimento foi negado ateacute para

os exames pactuados via consoacutercio

No entendimento da gestora este tipo de prestador deveria ser ldquodescredenciado

ele ameaccedilou a pressatildeo dele foi essa se vocecirc natildeo pactuar noacutes natildeo vamos fazer para

vocecircs nem particularrdquo (GM) Os demais gestores justificaram que a proposta foi aceita

pois sentiram temor diante da expressatildeo ldquofechar as portasrdquo O consenso e o dissenso

149

nestes espaccedilos considerados democraacuteticos satildeo possibilidades que podem ocorrer

naturalmente visto que envolvem relaccedilotildees concepccedilotildees e interesses de diferentes entes

federativos A aceitaccedilatildeo das diferenccedilas deve ser o princiacutepio baacutesico da gestatildeo e o

consenso ou o dissenso natildeo devem ser pautados pelo temor da coerccedilatildeo (Dourado e

Elias 2011)

As ameaccedilas e os consensos demonstram que ldquoos consensos dos CGR podem se

transformar numa forma velada (ou natildeo) de concentraccedilatildeo de autoridaderdquo (Dourado e

Elias 2011) O poder estava com o prestador de serviccedilos detentor da oferta na regiatildeo e

os municiacutepios por natildeo disporem de capacidade instalada nem mesmo outra opccedilatildeo de

oferta indiretamente tambeacutem foram ameaccedilados e natildeo se sentiram seguros para divergir

cederam pelo temor do rompimento da oferta dos serviccedilos para o seu municiacutepio

Estes impasses mostram que o CGR natildeo estaacute desempenhando seu papel que as

deliberaccedilotildees natildeo estatildeo sendo motivadas para resolver os problemas da regiatildeo ldquocada um

resolve o seu problema () natildeo trabalha para a regiatildeordquo (GM) Embora os gestores

tenham argumentado que a defesa era em prol da regiatildeo observa-se que os interesses

divergem e natildeo se verificam iniciativas no sentido de constituir a rede de atenccedilatildeo

regionalizada e ampliar o acesso mas comportamentos de defesa do seu proacuteprio

governo utilizando para isso sua autoridade poliacutetica e soberana de ente federativo Satildeo

situaccedilotildees que mostram a necessidade da coordenaccedilatildeo federativa (Abrucio 2005) para

avanccedilar na descentralizaccedilatildeo

O caso retro citado expotildee a fragilidade do processo a governanccedila foi ameaccedilada

pela preponderacircncia do gestor do setor privado sobre o puacuteblico e levou um colegiado

deliberativo a julgar que a ameaccedila estaacute com o gestor puacuteblico Satildeo situaccedilotildees que

evidenciam a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Aleacutem disso mostra a necessidade de construir

processos de articulaccedilatildeo e de mediaccedilatildeo de conflitos de atuaccedilatildeo dos atores para a

construccedilatildeo de agendas permanentes de compartilhamento de percepccedilotildees e ajustes de

interesses e assim facilitar a construccedilatildeo de competecircncias (Fleury 2010) para o

desenvolvimento do sistema de sauacutede nesta regiatildeo

A situaccedilatildeo relatada gerou desgastes conflitos que interferem nas relaccedilotildees entre os

gestores e ldquosubverte a proacutepria concepccedilatildeo desses colegiadosrdquo (Dourado e Elias 2011)

fragilizam a regiatildeo que diante de tais situaccedilotildees cada gestor comeccedila a buscar

150

alternativas individualizadas pactuar e procurar serviccedilos fora da regiatildeo Geram

situaccedilotildees constrangedoras sentimentos que desmotivam o gestor ldquoeu falei a regiatildeo

natildeo precisa do meu municiacutepio a PPI eacute viva eacute livre eu natildeo sou obrigada a pactuar

com Tangaraacuterdquo (GM) e pactuou os serviccedilos com o gestor de Cuiabaacute e afirma que antes

ldquogastava 178 mil a maisrdquo (GM) No seu entendimento nessa situaccedilatildeo quem tinha que

receber as represaacutelias era o prestador

A regionalizaccedilatildeo natildeo se limita a cada um definir a sua parte Eacute necessaacuterio

desenvolver capacidades administrativas mobilizar recursos financeiros ter clareza do

peso e da necessidade de cooperaccedilatildeo entre os entes federativos para que a

descentralizaccedilatildeo ajude a melhorar o desempenho da gestatildeo puacuteblica (Abrucio 2002)

Essas situaccedilotildees denotam que o processo de regionalizaccedilatildeo precisa ser coordenado

e ter lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na regiatildeo Os colegiados satildeo espaccedilos de consenso e

dissenso mas a autonomia entre os entes federativos deve ser respeitada para que os

consensos possam ser verdadeiramente construiacutedos respeitados e pautados pelos

objetivos da poliacutetica (Dourado e Elias 2011) e pelas especificidades da regiatildeo

Em fevereiro de 2012 a CIBMT por meio da Resoluccedilatildeo no 09 instituiu o Grupo

Condutor Estadual da Rede Cegonha no acircmbito do SUSMT e em 15 de marccedilo de

2012 a resoluccedilatildeo CIBMT no

056 definiu as propostas metodoloacutegicas para

operacionalizar tal rede no estado Quando a SES encaminhou a documentaccedilatildeo para

organizar a rede cegonha e a rede de urgecircncia na regiatildeo gerou impasse no CGR os

gestores ldquodisseram que natildeo iam aderir e ningueacutem aderiurdquo (GE) Criticaram e natildeo

aceitaram montar a rede respondendo o questionaacuterio enviado pela SES Alegaram que a

regiatildeo natildeo dispotildee de estrutura para atendimento da urgecircnciaemergecircncia exceto a

Unidade Mista que natildeo tem centro ciruacutergico e que de fato precisa de uma rede de

urgecircnciaemergecircncia visto que os reguladores encontram dificuldades ldquoo tempo todo eacute

meacutedico implorando porque vocecirc natildeo tem uma tomografia natildeo tem acesso a uma

ressonacircncia vocecirc natildeo tem nada faacutecil Entatildeo que rede de urgecircncia existerdquo (GM)

Para os gestores as responsabilidades assumidas com o que estaacute em

funcionamento natildeo estatildeo sendo cumpridas e neste caso natildeo havia clareza quanto agrave

contrapartida financeira Apesar de o Ministeacuterio da Sauacutede ser o responsaacutevel pela

coordenaccedilatildeo e pelo financiamento intergovernamental das accedilotildees descentralizadas os

governos subnacionais tecircm autonomia e natildeo satildeo obrigados a aderir a estes programas

151

federais (Arretche 2003) O plano da rede de urgecircnciaemergecircncia foi elaborado apenas

pelos teacutecnicos do ERS e ainda hoje natildeo funciona

Implantar uma rede dessa complexidade requer investimentos de ambas as partes

sua conformaccedilatildeo natildeo se resume apenas ao preenchimento de um documento de forma

isolada ao somatoacuterio do que cada um responde individualmente mas requer

negociaccedilotildees e sobretudo planejamento e recursos fiacutesico humanos e financeiros para

sua instalaccedilatildeo

Quando o SAMU foi implantado e a regulaccedilatildeo regional da urgecircnciaemergecircncia

recentralizada houve conflitos nas relaccedilotildees entre os gestores municipais e entre

reguladores da regiatildeo e o estado Estas temaacuteticas foram discutidas no CGR e os

gestores deliberaram que a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia e a central do SAMU

seriam competecircncias da central regional de regulaccedilatildeo mas a SES desconsiderou a

decisatildeo do colegiado e centralizou estes serviccedilos ldquonoacutes fomos vencidos natildeo adiantou

falarrdquo (GM)

O maior problema da regiatildeo ldquoeacute natildeo ser ouvidordquo (GM) O gestor reitera que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade ldquoas discussotildees satildeo impostas pelas necessidades e a

gente acaba discutindo a regionalizaccedilatildeo no meio de outras necessidades porque natildeo a

tem como prioridaderdquo (GM) e afirma ldquoo que se percebeu de 2006 a 2012 eacute que em vez

de melhoria noacutes estamos caminhando para traacutes () eu senti certo abandono por parte

do estado natildeo soacute na nossa regiatildeordquo (GM)

Essas entre outras discussotildees e conflitos ocorrem no CGR e ainda que

contribuam para esclarecer os gestores quanto agrave gestatildeo natildeo contribuem para a

descentralizaccedilatildeo A influecircncia do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo da

macropoliacutetica regionalizada eacute incipiente o CGR ldquoainda natildeo demanda eu penso que a

regionalizaccedilatildeo natildeo tem como acontecer de forma efetiva se natildeo vier demandada pela

regiatildeo () estamos levando mas natildeo estamos conseguindo ser ouvido pelo estadordquo

(GM) A falta de legitimidade do CGR por parte da SES compromete a sustentabilidade

e a direcionalidade do processo de regionalizaccedilatildeo

Para a gestora a dinacircmica das reuniotildees do CGR tem que mudar ldquoo papel do CGR

estaacute muito em passar proposiccedilotildees e resoluccedilotildees para a CIBrdquo (GM) e afirma que haacute

necessidade de ldquoalguma coisa a mais na organizaccedilatildeo do ERS com relaccedilatildeo ao CGR ()

algueacutem que tome a frente para discutir os problemas da UTI da falta de leitosrdquo (GE)

152

algueacutem que discuta os problemas que a regiatildeo vive que esteja ldquoorganizando () uma

lideranccedilardquo (GE) Eacute preciso capacitar informar haacute ldquomuito desconhecimento a maioria

dos municiacutepios vem e nem fala na reuniatildeo Tem que mudar a dinacircmica realmenterdquo

(GE)

Observa-se pelas atas das reuniotildees do CGR que estas ampliaram o debate A

diversidade dos temas discutidos demonstra que ainda que induzidas pelo Ministeacuterio da

Sauacutede as discussotildees apresentam preocupaccedilotildees em ampliar o acesso aos serviccedilos

puacuteblicos e dispor no acircmbito da regiatildeo de uma poliacutetica igualitaacuteria Os registros tambeacutem

sugerem que o CGR tornou-se de fato um espaccedilo importante de negociaccedilatildeo de conflitos

e decisotildees na perspectiva do estabelecimento de parcerias compartilhadas Os conflitos

estatildeo presentes nas negociaccedilotildees mas ainda assim as deliberaccedilotildees satildeo cooperativas

Ainda que natildeo declarada haacute uma crise no funcionamento deste CGR e tem gerado

descredibilidade por parte do gestor a julgar que poderia ser mais efetivo se o cargo de

presidente natildeo fosse ocupado pelo diretor do ERS ldquoeacute estado entatildeo natildeo consigo ver

conduccedilatildeo para a regionalizaccedilatildeo () sempre vai defender a posiccedilatildeo da SESrdquo (GM) e

afirma na resoluccedilatildeo dos problemas na regiatildeo ldquonesse momento () eacute o consorcio que faz

o papel mais centralrdquo (GM)

De forma limitada o CGR tem contribuiacutedo com a regionalizaccedilatildeo seu

funcionamento eacute facilitado pelo fato de os gestores viverem praticamente os mesmos

problemas e julgam que facilitaria ainda mais se a SES de fato ouvisse a regiatildeo se

resolvesse os problemas da falta de acesso se houvesse cooperaccedilatildeo teacutecnica e

solidariedade entre gestores que fazem parte do colegiado O CGR deveria ser um

espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos compartilhados para a soluccedilatildeo dos

problemas coletivos da regiatildeo mas tem se transformado num campo de tensotildees e

disputas e um dos gestores refere que ldquoquando meu municiacutepio precisou de todos taacute

aqui ateacute hoje um municiacutepio foi juntordquo (GM)

No entendimento do gestor os conflitos estatildeo relacionados agrave falta de apoio do

estado que natildeo contribui com ldquocoisas que a gente gostaria que viesse para a regiatildeo a

gente natildeo consegue este apoio atraveacutes da SES e geram conflitosrdquo (GE) isso desmotiva

o gestor satildeo relaccedilotildees ldquoconflitivas semprerdquo e predominam tanto na CIBestadual como

no CGR e enfraquecem a regionalizaccedilatildeo

153

A CIES regional eacute uma instacircncia de deliberaccedilatildeo e decisatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo

permanente na regiatildeo manteacutem relaccedilatildeo formal com a CIBestadual que ocorre atraveacutes

de documentos e entre os membros da CIES estadual e regional a cada seis meses nas

reuniotildees de discussatildeo do PAREPS ou por meio das atas ofiacutecios e outros documentos

encaminhados por e-mails ou malote do ERS Os membros do CGR se relacionam com

as instituiccedilotildees da regiatildeo que tecircm representantes na CIES regional

As relaccedilotildees entre os membros do CGR e membros do CIES satildeo teacutecnicas e

voltadas para os interesses das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Os secretaacuterios julgam que

nestas relaccedilotildees natildeo haacute influecircncia poliacutetica satildeo ldquodistantesrdquo (GM) e o elo maior ocorre

entre o gestor e o representante do seu municiacutepio para repasse das informaccedilotildees Os

problemas afluem devido agrave troca constante de membros da CIES Aleacutem disso haacute

conflitos entre os membros da CIES por divergecircncias de interesses sobre a gestatildeo

ldquoquem estaacute na CIES satildeo os nossos teacutecnicos e eles tecircm uma visatildeo diferente do gestor em

relaccedilatildeo agrave poliacutetica ()tem uma visatildeo restrita querem que aquelas accedilotildees sejam feitas na

sua aacutereardquo (GM)

O CIS que tambeacutem se constitui em instacircncia de decisotildees colegiadas na regiatildeo

natildeo eacute integrado ao CGR ldquoo CGR natildeo interfere no consoacutercio e o consoacutercio natildeo

interfere no colegiado apenas trocam informaccedilotildeesrdquo (GM) O secretaacuterio executivo natildeo eacute

membro e natildeo participa das reuniotildees do CGR O diretor do ERS tambeacutem natildeo participa

das reuniotildees do Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede

do consoacutercio

As relaccedilotildees entre o CGR e os atores do consoacutercio satildeo formais e ocorrem por meio

de relatoacuterios e outros documentos satildeo teacutecnicas e poliacuteticas A CIB natildeo manteacutem relaccedilatildeo

direta com o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede Quando ocorrem deliberaccedilotildees que se

referem ao consoacutercio ou ao Sistema de Regulaccedilatildeo a SES ou o ERS enviam-lhes as

respectivas resoluccedilotildees

A participaccedilatildeo da SES na conduccedilatildeo e decisotildees do consoacutercio deixou de ocorrer

nesta regiatildeo As relaccedilotildees da SES tecircm se limitado agrave transferecircncia da contrapartida

financeira diretamente para a conta dos municiacutepios consorciados As relaccedilotildees e

participaccedilatildeo da SES tecircm sido mais proacuteximas do consoacutercio quando a responsabilidade

pelo hospital regional eacute do estado (Viana et al 2010a) Nesta regiatildeo natildeo haacute hospital

regional e as relaccedilotildees entre a SES e o consoacutercio satildeo distantes

154

Os consoacutercios considerados instacircncias com praacuteticas inovadoras na gestatildeo do SUS

(Lima 2000) compartilham entre os municiacutepios regra que disciplinam o seu

funcionamento e eacute papel dos gestores conduzir para pactuar agendas que correspondam

agraves necessidades da regiatildeo No entanto nesta regiatildeo as mudanccedilas da SES na conduccedilatildeo

do CIS resultaram em perdas a agenda e o consenso passaram a ser o custo do

procedimento a autorizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo do serviccedilo a prestaccedilatildeo de contas entre

outros temas associados

As temaacuteticas mais frequentes nas reuniotildees do CIS satildeo relacionadas agrave contrataccedilatildeo

de novos especialistas reajuste de tabela de valores de procedimentos consultas e

exames prestaccedilotildees financeiras ao tribunal de contas remanejamento de dotaccedilotildees

situaccedilatildeo financeira do consoacutercio inadimplecircncia no repasse dos recursos por parte do

estado e de municiacutepios equipe do consoacutercio chamamento puacuteblico e desvinculaccedilatildeo de

profissionais estatuto

O CIS eacute valorizado pelo gestor mas ele ldquonatildeo eacute regionalizado natildeo tem cunho

regional tem o cunho de resolver nosso problema de consulta a preocupaccedilatildeo eacute

intermediar para que o meacutedico atenda entenderdquo (GM) Esse posicionamento do gestor

mostra o distanciamento da sua conduccedilatildeo com a poliacutetica regionalizada

As relaccedilotildees entre os membros do consoacutercio tambeacutem foram alteradas as reuniotildees

do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede jaacute natildeo ocorrem no mesmo dia da

reuniatildeo do Conselho Diretor de Prefeitos e os gestores julgam que as questotildees teacutecnicas

foram deixadas de lado As relaccedilotildees entre os membros do Conselho Diretor Conselho

Intermunicipal de Sauacutede e ERS satildeo percebidas pelo gestor como ldquoum relacionamento

poliacutetico delesrdquo (GM) Aleacutem disso assentam que ldquotem um pouco do privado

influenciando nissordquo (GE)

A ausecircncia dos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e da equipe do ERS nas reuniotildees

do Conselho Diretor foi retirando da pauta a dimensatildeo teacutecnica do processo gerou

fragilidades perdeu o foco e o consoacutercio jaacute natildeo se constitui num equipamento da

regionalizaccedilatildeo Deixa de ser o ator estrateacutegico de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo e

passa a ser o intermediador da compra e venda de serviccedilos para os gestores Neste caso

contribui para a fragmentaccedilatildeo e ineficiecircncia do sistema puacuteblico (Solla e Paim 2014)

O atraso nas transferecircncias financeiras do estado ao PACIS gerou mais

inadimplecircncia por parte dos municiacutepios por natildeo conseguirem manter o custo total para

155

efetuar o pagamento em dia aos prestadores ldquoo recurso de 2011 chegou agora no mecircs

de julho de 2012rdquo (GM) Agravam o quadro as cotas excedentes solicitadas para

resolver os problemas por natildeo se conseguir acesso agrave rede puacuteblica Embora expresse ldquoa

gente tem um custo muito altordquo (GM) observa-se que o gestor municipal estaacute

mobilizado para esta parceria e compartilha com a direcionalidade da poliacutetica que

segue com a participaccedilatildeo do setor privado motivada pela demanda ao serviccedilo O que

define a direcionalidade para o gestor eacute o grau de necessidade para resolver o seu

problema de acesso que nesta regiatildeo ocorre com a ampliaccedilatildeo do mercado e do

financiamento puacuteblico na prestaccedilatildeo de serviccedilos com retraccedilatildeo do papel do estado atilde

semelhanccedila do que apontam Albuquerque et al (2011)

Verifica-se pelos relatos que o comportamento entre os entes federativos natildeo tem

sido pautado pela solidariedade e gestatildeo compartilhada e tem influenciado o

desenvolvimento do papel e a deliberaccedilatildeo das instacircncias colegiadas quanto agrave poliacutetica

regionalizada Diante das dificuldades em pauta cada ente federativo se posiciona em

defesa do seu governo ao mesmo tempo em que a SESERS deixa de desempenhar o

seu papel de coordenadora intergovernamental e contribui para gerar nestes espaccedilos

comportamentos do federalismo predatoacuterio (Abrucio 2002) Essas questotildees entre

outras interferem de forma negativa no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada

Os problemas de acesso apontados pelos gestores reiteram os relatos de que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade da SES cuja relaccedilatildeo os municiacutepios nos uacuteltimos anos eacute

ldquode divergecircncia mesmo o estado joga para o municiacutepio o municiacutepio natildeo tem

condiccedilotildees e volta tudo laacute no recursordquo (GM) Para o gestor ldquoa regiatildeo estaacute meio

isoladardquo (GM) aleacutem disso ldquoa regiatildeo natildeo tem laccedilos tatildeo fortes e essa discussatildeo em

niacutevel de regiatildeo eacute um conflito haacute ausecircncia de investimento na regiatildeo como um todo ()

entatildeo existe sim abandono do estado em relaccedilatildeo agrave nossa regiatildeordquo (GE)

Nesta regiatildeo as relaccedilotildees foram alteradas a capacidade de planejamento eacute baixa a

gestatildeo e a regulaccedilatildeo por parte do setor puacuteblico satildeo fraacutegeis e tecircm repercutido na

governanccedila da regiatildeo ldquoos secretaacuterios de sauacutede estatildeo desmotivados porque eles estatildeo

bancando a sauacutede praticamente sozinhosrdquo (GE) Os pactos deixaram de acontecer

pactua-se apenas a PPI e o SISPACTO e outros que envolvem apenas indicadores A

situaccedilatildeo financeira dos municiacutepios estaacute comprometida e se agrava com as demandas de

156

liminares judiciais ldquoos municiacutepios acabam gastando o recurso que tecircm e deixam de

investir na atenccedilatildeo baacutesicardquo (GE)

Estes associados a outros problemas de acesso na regiatildeo sobretudo pela falta de

estrutura puacuteblica interferem na direcionalidade e o gestor reitera ldquoa regionalizaccedilatildeo foi

se perdendo natildeo sei mais se a gente pode dizer se existimos enquanto regiatildeo Noacutes natildeo

somos parceiros uns dos outros um natildeo ajuda o outro E se vocecirc precisa de alguma

coisa eacute soacute pagando porque noacutes tambeacutem estamos indo pelo privado A gente tem um

custo muito alto para manter a meacutedia e alta complexidade e ambulatoacuteriordquo (GM) e

ainda refere ldquonatildeo consigo ver prioridade para a regionalizaccedilatildeo () o que noacutes colhemos

ateacute 2008 e 2009 era do plano de 2002 que foi do Plano Estadual de Sauacutederdquo (GM)

9 Consideraccedilotildees Finais

158

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e na regiatildeo em estudo tem uma trajetoacuteria

que se iniciou na deacutecada de 1990 A experiecircncia acumulada na governanccedila

compartilhada com processo decisoacuterio deliberado nas instacircncias colegiadas contribuiu

para que os gestores assinassem o Termo de Compromisso de Gestatildeo Quando o pacto

foi implantado nesta regiatildeo jaacute estavam instituiacutedos o PDR e o PDI o PPA do Governo

do Estado e o PES tambeacutem contemplavam accedilotildees de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede esta regiatildeo avanccedilou naturalmente influenciada

pelo desenvolvimento socioeconocircmico dos municiacutepios que melhorou o IDH aumentou

o PIB ampliou o agronegoacutecio atraiu imigrantes e novos profissionais ampliou a rede

privada de atenccedilatildeo entre outros avanccedilos Os municiacutepios ampliaram a alocaccedilatildeo dos

recursos para o setor sauacutede aplicando acima do miacutenimo recomendado pela EC29

O Complexo Regional do sistema puacuteblico de sauacutede da regiatildeo conta com

estabelecimentos puacuteblicos e privados A rede de atenccedilatildeo primaacuteria de algumas

Secretarias Municipais de Sauacutede foi beneficiada com projetos de reforma ou construccedilatildeo

financiados em parceria com o MS A SES manteve os incentivos para a atenccedilatildeo

primaacuteria que em parte contribuiacuteram para sua implementaccedilatildeo mas a cobertura do PSF

na regiatildeo continua baixa e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta complexidade eacute

incipiente em todos os municiacutepios

A rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede na regiatildeo continua fragmentada os sistemas municipais

atomizados e sem condiccedilotildees para assegurar a integralidade da atenccedilatildeo Parte da

demanda tem acesso atraveacutes do consoacutercio e outra parte por meio da central de

regulaccedilatildeo cujos serviccedilos estatildeo concentrados na capital podendo levar meses para a

obtenccedilatildeo de atendimento A demanda reprimida eacute diretamente influenciada pela

insuficiecircncia da capacidade instalada do municiacutepio da regiatildeo e da rede estadual de

referecircncia O Hospital Municipal de Barra do Bugres embora detenha a maioria das

internaccedilotildees na regiatildeo natildeo eacute reconhecido pelos gestores como um hospital regional

apenas como um hospital de referecircncia na regiatildeo A SES natildeo tem transferido de forma

159

regular os recursos do convecircnio estabelecido com este hospital e dificulta para que este

cumpra seu papel de referecircncia regional gerando conflitos entre os entes federativos

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Complexo Regional natildeo contou com a

construccedilatildeo de unidades regionalizadas e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta

complexidade natildeo dispotildee de estrutura puacuteblica o acesso eacute viabilizado com a

contratualizaccedilatildeo ou convecircnio estabelecido com o setor privado Hospitais leitos de

UTI laboratoacuterios de imagem e apoio diagnoacutestico serviccedilos de bioacutepsia hemodiaacutelise

cirurgias especializadas e especialidades ambulatoriais estatildeo centrados na rede privada

Os leitos de UTI satildeo puacuteblicos mas instalados no hospital privado satildeo insuficientes e

regulados pela Central Estadual fora da governabilidade da regiatildeo que natildeo tem acesso

agrave sua operacionalizaccedilatildeo

No geral houve expansatildeo da oferta de serviccedilos da rede de atenccedilatildeo do SUS na

regiatildeo mas em decorrecircncia da parceria com o setor privado As estrateacutegias de

estabelecer convecircnio com o setor privado da regiatildeo natildeo foram suficientes para resolver

os problemas de acesso que associados agrave ausecircncia de investimentos puacuteblicos tecircm

fortalecido a participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica de sauacutede O setor puacuteblico tem

canalizado parte dos seus recursos para o privado e enfraquecido os investimentos na

estruturaccedilatildeo da sua rede proacutepria de atenccedilatildeo puacuteblica

A interface puacuteblico-privada estaacute presente nesta regiatildeo A relaccedilatildeo eacute de dependecircncia

muacutetua o setor puacuteblico busca suficiecircncia na rede privada assim como a Unimed busca

suficiecircncia de acesso aos seus beneficiaacuterios em hospitais puacuteblicos de municiacutepios que

natildeo tecircm hospital privado A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos

nesta regiatildeo Aleacutem disso a maioria dos leitos privados estaacute na rede SUS Os leitos da

regiatildeo puacuteblicos e privados satildeo insuficientes para as necessidades da populaccedilatildeo

conforme paracircmetros do MS e desiguais na distribuiccedilatildeo por municiacutepio

A insuficiecircncia e a escassez de serviccedilos diversificados associadas agraves dificuldades

de acesso da populaccedilatildeo agrave rede puacuteblica podem explicar a cobertura de sauacutede

suplementar na regiatildeo Em sua maioria satildeo planos empresariais e por natildeo oferecerem

cobertura total aos serviccedilos natildeo eacute incomum que o setor puacuteblico custeie parte destes em

especial os especializados e de apoio diagnoacutestico Tal complementaccedilatildeo ocorre para os

beneficiaacuterios dos planos de sauacutede e da associaccedilatildeo Univida Essas alternativas tambeacutem

160

canalizam recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema privado e geram

iniquidades no acesso

O planejamento natildeo eacute uma cultura institucionalizada nesta regiatildeo e embora a

elaboraccedilatildeo de alguns de seus instrumentos seja uma exigecircncia o PDR e o PDI vigentes

foram atualizados em 2005 com base no que foi elaborado em 2001 Isto repercutiu na

conduccedilatildeo da Poliacutetica Estadual de Sauacutede jaacute que tais planos natildeo se constituiacuteram em

instrumentos de direcionamento intervenccedilatildeo e monitoramento das necessidades da

populaccedilatildeo tanto no estado como na regiatildeo Natildeo se constituiacuteram tambeacutem em

instrumento integrador do fluxo intermunicipal e inter-regional com potencial para

aumentar as iniquidades regionais visto que podem propiciar o atendimento de

demandas poliacuteticas e favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que

natildeo formalizam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

O teto financeiro da PPI continua defasado natildeo corresponde agrave produtividade dos

municiacutepios Somam-se a isso as glosas frequentes pelo sistema que geram perda de

recursos jaacute escassos aos municiacutepios Estas questotildees implicaram de forma negativa na

operacionalizaccedilatildeo teacutecnica e financeira da gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema

comprometeram a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves especificidades da regiatildeo Ainda

assim as mudanccedilas financeiras instituiacutedas com o pacto trouxeram benefiacutecios entre eles

a transferecircncia de recursos ao Fundo Municipal de Sauacutede que natildeo eram gerenciados

pelo municiacutepio

A descontinuidade administrativa na SES associada ao perfil dos gestores

estaduais e agraves interferecircncias poliacutetico partidaacuterias influenciaram sua gestatildeo e interferiram

inclusive no quantitativo financeiro recomendado pela EC-29 jaacute que no periacuteodo de

2002 a 2010 apenas em 2010 o estado aplicou os percentuais miacutenimos recomendados

Tais fatores tambeacutem influenciaram o planejamento e a conduccedilatildeo da poliacutetica de

regionalizaccedilatildeo comprometeram o processo de descentralizaccedilatildeo e natildeo fortaleceram a

gestatildeo municipal e regional Consequentemente a regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou

No acircmbito da gestatildeo municipal os gestores tecircm assumido gradativamente um

conjunto de novas responsabilidades na contratualizaccedilatildeo de serviccedilos na pactuaccedilatildeo dos

indicadores entre outras A autonomia dos gestores aumentou mas de certa forma eles

ainda sofrem imposiccedilotildees do governo federal para acessar os recursos financeiros que

permitem incrementar a receita municipal sem muitas preocupaccedilotildees com as prioridades

161

e especificidades do seu municiacutepio O recurso de Compensaccedilatildeo das Especificidades

Regionais natildeo cobre as necessidades desta regiatildeo em que apenas dois municiacutepios foram

contemplados

Os municiacutepios em sua maioria satildeo de pequeno porte e natildeo contam com

profissionais preparados e ou com formaccedilatildeo para a coordenaccedilatildeo e gestatildeo seja pela

indisponibilidade de tais profissionais no municiacutepio ou pelo custo contratual Dessa

forma a gestatildeo municipal depende da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o

desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS A falta de preparo do gestor municipal eacute

significativa muitos satildeo indicaccedilotildees das lideranccedilas partidaacuterias sem a formaccedilatildeo e o

preparo que o cargo exige o que interfere na descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo O

COSEMS tem instrumentalizado os gestores para a tomada de decisotildees

O ERS condutor do processo na regiatildeo estaacute bem estruturado

administrativamente Na vigecircncia do pacto o cargo de diretor foi ocupado por

profissionais do quadro de carreira da SES Tais fatos poderiam ter facilitado o processo

de regionalizaccedilatildeo mas essa instacircncia desempenhou parcialmente seu papel na

coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica regionalizada teve suas funccedilotildees enfraquecidas em

relaccedilatildeo ao planejamento agrave cooperaccedilatildeo teacutecnica e agrave regulaccedilatildeo do sistema e da assistecircncia

agrave sauacutede na regiatildeo O ERS natildeo realiza cooperaccedilatildeo teacutecnica aos municiacutepios desde 2010

por corte nos recursos financeiros pela SES Suas relaccedilotildees com os gestores municipais

embora cooperativas satildeo tambeacutem conflitivas e estatildeo se tornando distantes razatildeo pela

qual algumas atividades municipais jaacute estatildeo sendo realizadas diretamente com a SES e o

MS

A criaccedilatildeo do CGR foi positiva e contribuiu para retomar a gestatildeo colegiada na

regiatildeo mas a governabilidade sobre a macropoliacutetica eacute parcial Constituiu-se muito mais

num espaccedilo de comunicaccedilatildeo e acesso a informaccedilotildees do cotidiano das praacuteticas de gestatildeo

do que de pactuaccedilotildees e planejamento Embora seja um espaccedilo de decisatildeo colegiada o

CGR ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes Por falta de clareza muitos

gestores se posicionam na defesa da instituiccedilatildeo que representam e tecircm pouco empenho

na defesa daquilo que deve ser compartilhado Se os papeacuteis natildeo estatildeo claros

dificilmente as responsabilidades seratildeo cumpridas porque tais gestores natildeo se

reconhecem como parte do todo o que gera divergecircncias e conflitos na governanccedila da

poliacutetica regionalizada

162

A criaccedilatildeo da CIES foi um avanccedilo e tem mostrado a importacircncia da sua

institucionalidade para viabilizar a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo considerando as

necessidades dos profissionais O recurso financeiro depositado na conta de um dos

municiacutepios para atender as necessidades da regiatildeo ainda eacute um problema e indica

necessidade de encontrar alternativas quanto a sua execuccedilatildeo

A manutenccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede na regiatildeo foi positiva

facilitou o acesso aos serviccedilos que estatildeo concentrados no setor privado e melhorou a

resolutividade na regiatildeo No entanto o CIS jaacute natildeo se constitui em equipamento da

regionalizaccedilatildeo as mudanccedilas na sua conduccedilatildeo por parte da SES tornaram suas relaccedilotildees

distantes ele deixou de fazer parte do planejamento da SES natildeo estaacute envolvido nas

atividades teacutecnico-operacionais do ERS natildeo frequenta as reuniotildees do CGR natildeo foi

implementado natildeo avanccedilou na proposta de fortalecimento da regiatildeo natildeo conseguiu

mobilizar e integrar suas atividades ao processo de regionalizaccedilatildeo continuou sem

estrutura puacuteblica perdeu o foco e a direcionalidade para a regionalizaccedilatildeo O CIS

continua atendendo aos municiacutepios da regiatildeo negociando com o prestador em nome da

regiatildeo mas serve aos interesses individuais de cada municiacutepio e tornou-se um

intermediador para a compra de serviccedilos para as Secretarias Municipais de Sauacutede

O Consoacutercio fortaleceu e consolidou o mix puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo do

SUS nesta regiatildeo Os problemas dessa parceria tecircm gerado conflitos coerccedilatildeo temor e

desgaste nas relaccedilotildees e tecircm influenciado de forma negativa a direcionalidade do

processo de regionalizaccedilatildeo A influecircncia do setor privado natildeo permitiu que a regiatildeo

fosse coordenada pelo setor puacuteblico e planejada conforme as necessidades da

populaccedilatildeo mas pautada pela oferta dos serviccedilos

O estudo demonstra que a conduccedilatildeo estaacute permeada por problemas e que o cenaacuterio

eacute desfavoraacutevel para a regionalizaccedilatildeo A fragilidade institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica

regionalizada teve influecircncia no planejamento na gestatildeo dos serviccedilos e enfraqueceu a

regulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede contribuindo para que natildeo fossem alcanccedilados os

resultados do processo de regionalizaccedilatildeo propostos e pactuados A regiatildeo estaacute sem

direcionamento e sem conduccedilatildeo para a gestatildeo regionalizada A falta de direcionamento

planejamento e de pactuaccedilotildees de metas para a regiatildeo tem repercutido na falta de

empenho participaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do gestor e resulta em lutas individuais limitadas agrave

gestatildeo municipal e que geram desigualdades

163

A SES manteve e criou incentivos financeiros para a atenccedilatildeo baacutesica e para o CIS

mas natildeo cumpriu com suas obrigaccedilotildees nas transferecircncias regulares dos incentivos

financeiros distanciou-se da lideranccedila da conduccedilatildeo natildeo contribuiu para atualizar os

instrumentos de planejamento e programaccedilatildeo intergovernamentais perdeu

credibilidade recentralizou a regulaccedilatildeo da assistecircncia desmobilizou a regiatildeo e reforccedilou

a municipalizaccedilatildeo autaacuterquica Estas questotildees impactaram de forma negativa

interferindo na conduccedilatildeo da poliacutetica municipal e do CIS e aprofundando as

desigualdades na regiatildeo em estudo que eacute formada em sua maioria por municiacutepios de

pequeno porte populacional com forte dependecircncia das transferecircncias federal e

estadual

A falta de clareza por parte dos gestores quanto aos papeacuteis dos entes federativos e

quanto agrave importacircncia dos instrumentos de planejamento para direcionar a

implementaccedilatildeo da poliacutetica na regiatildeo contribuiu para que eles natildeo questionassem e nem

exigissem a sua atualizaccedilatildeo e influenciou para que natildeo fossem mobilizadas as lideranccedilas

no sentido da descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo Resultaram em fragmentaccedilatildeo e

descontinuidade do cuidado agrave sauacutede alerta para o comprometimento e as repercussotildees

desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As instacircncias de decisatildeo colegiada estatildeo enfraquecidas as relaccedilotildees satildeo

conflitivas por vezes a governanccedila eacute ameaccedilada e influenciada pelo setor privado e

mostra a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Entre os gestores municipais as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias

mas tensionam e se tornam conflitivas sobretudo quando se referem aos problemas de

acesso na regiatildeo Eacute preciso que se criem neste espaccedilo as condiccedilotildees para a articulaccedilatildeo e

mediaccedilatildeo de conflitos que se construa agenda permanente de compartilhamento e

ajustes de interesses comuns que se facilite a construccedilatildeo de competecircncias para a gestatildeo

compartilhada e regionalizada

O funcionamento do CIS mostra sinais de enfraquecimento Traz contribuiccedilotildees

mas tambeacutem problemas na medida em que a rede privada natildeo aceita convecircnio puacuteblico e

tabela SUS jaacute que consegue tabela diferenciada via consoacutercio Sua existecircncia

contribuiu para que natildeo houvesse investimentos puacuteblicos na regiatildeo pois de certa

forma ele tem resolvido os problemas na regiatildeo sem gerar ldquoincocircmodosrdquo agrave SES

164

O ERS precisa ter autonomia financeira fortalecer os poderes para exercer seu

papel de lideranccedila e coordenaccedilatildeo na regiatildeo renovar a maneira de conduzir estimular a

participaccedilatildeo dos gestores realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica e capacitar sua equipe Precisa

ser valorizado pela SES que deve desenvolver competecircncias para capacitaacute-lo para

planejar regular auditar realizar o controle avaliaccedilatildeo e monitoramento das accedilotildees

Esses poderes precisam emergir o que implica em alterar a forma de conduzir a

poliacutetica em redistribuir poderes entre as instacircncias municipal regional e estadual

A regiatildeo jaacute tem poderes mas estaacute sem conduccedilatildeo precisa ser conhecida e

reconhecida pelos atores institucionais e natildeo institucionais que fazem parte deste

complexo regional Eacute preciso reconhecer que esta regiatildeo tem uma histoacuteria eacute dinacircmica

tem especificidades econocircmicas e sociais que pode se desenvolver e ser autocircnoma mas

precisa lideranccedila teacutecnica para articular e fortalecer os laccedilos com as lideranccedilas poliacuteticas

da regiatildeo para assegurar recursos no orccedilamento do governo de estado para suprir as

lacunas de sua rede regionalizada de atenccedilatildeo puacuteblica Internamente os gestores

precisam ter clareza do todo eacute preciso organizar-se entender como a rede e a regiatildeo

estaacute constituiacuteda o que disponibiliza quais as suas potencialidades e dificuldades quais

as suas demandas e ofertas enfim quem usa e porque usa esta regiatildeo

O processo de regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou e natildeo se pode afirmar que houve

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e sim uma delegaccedilatildeo de responsabilidades do estado para

os municiacutepios vez que muitas accedilotildees foram transferidas para a execuccedilatildeo local sem o

devido recurso financeiro sem a cooperaccedilatildeo teacutecnica sem a estrutura fiacutesica sem

profissionais e equipes preparadas para as funccedilotildees e contribuiu para a desestruturaccedilatildeo

dos serviccedilos com perda de qualidade que aumentaram as demandas regionais e os

custos para a gestatildeo municipal Aleacutem disso natildeo se observa por parte da SESERS na

vigecircncia do pacto exceto no momento de sua implantaccedilatildeo atividades para promover

discussotildees coletivas para enfrentamento dos problemas regionais A SES como

condutora do processo exerce influecircncia que pode facilitar ou dificultar a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede

Eacute preciso retomar a conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo dar direcionalidade agrave sua

implementaccedilatildeo para que possa ter os resultados esperados e assumidos no Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os fatos aqui apontados aumentaram a vulnerabilidade do

sistema e natildeo contribuiacuteram para a descentralizaccedilatildeo influenciaram as capacidades

165

teacutecnico-operacionais da SESERS e resultaram em perdas de conquistas consolidadas no

processo de regionalizaccedilatildeo do periacuteodo anterior ao pacto Sem o apoio da SES o

processo de regionalizaccedilatildeo fica comprometido e natildeo avanccedila

Observa-se que a gestatildeo da poliacutetica regionalizada no espaccedilo desta regiatildeo estaacute

permeada por problemas a agenda de intervenccedilotildees eacute complexa e envolve os diversos

atores institucionais Sua conduccedilatildeo requer iniciativas interfederativas para se fortalecer

e promover o acesso aos serviccedilos qualificados a governanccedila estaacute tensionada pela

insuficiecircncia da rede puacuteblica e constitui-se em desafios para institucionalizar uma rede

regionalizada e integrada da sauacutede que respeite as diversidades municipais e reduza a

segmentaccedilatildeo do sistema na regiatildeo A loacutegica da rede de serviccedilos eacute organizada a partir da

oferta de serviccedilos em especial do setor privado e requer investimentos para o

fortalecimento da rede puacuteblica e ter o setor privado apenas como complementar Eacute

necessaacuterio fortalecer a gestatildeo compartilhada e solidaacuteria desenvolver uma agenda de

educaccedilatildeo permanente que capacite os gestores e a equipe de conduccedilatildeo que qualifique

os profissionais para as praacuteticas cliacutenicas que desenvolva competecircncias para a

vigilacircncia a regulaccedilatildeo e auditoria Eacute preciso viabilizar o hospital regional que poderaacute

concentrar os serviccedilos atuar com economia de escala e escopo ofertando serviccedilos

ambulatoriais internaccedilotildees especialidades UTI e maternidade

Estes desafios implicam rever os papeacuteis das instacircncias envolvidas integrar e

compartilhar as accedilotildees consideradas baacutesicas e necessaacuterias para o ecircxito da estrateacutegia

regionalizada e assim garantir o equiliacutebrio nas relaccedilotildees reduzir os conflitos e

contribuir para o avanccedilo da poliacutetica puacuteblica nesta regiatildeo de sauacutede Satildeo desafios que

podem contribuir para a implementaccedilatildeo desse processo e que estatildeo contemplados no

Decreto nordm 75082011 mediante o qual a regionalizaccedilatildeo se fortalece como orientaccedilatildeo

para a implementaccedilatildeo do SUS

Em parte a direcionalidade da regionalizaccedilatildeo foi pautada pela ideologia da

equidade e gerencial com preocupaccedilatildeo em aumentar os investimentos na regiatildeo para

melhorar a rede de atenccedilatildeo ampliar os serviccedilos assegurar o acesso e garantir a

integralidade No entanto natildeo se observam condutas democraacuteticas em especial por

parte da SES que natildeo tem ouvido as solicitaccedilotildees dos gestores natildeo tem atendido agraves

demandas ou valorizado a estrutura regional de forma a dotaacute-la com capacidade

institucional para fortalecer a poliacutetica puacuteblica de sauacutede na regiatildeo

166

As dificuldades apontadas acima mostram o quanto esta maneira de conduzir a

poliacutetica tem enfraquecido o Estado de direito agrave sauacutede A regionalizaccedilatildeo contemplada no

pacto pode efetivar este direito mas eacute um processo poliacutetico que implica a busca de

alternativas compartilhadas que fortaleccedilam a regiatildeo de forma a reduzir as iniquidades e

avanccedilar no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada Esta mudanccedila objetiva natildeo

apenas aumentar a autonomia dos municiacutepios como tambeacutem consolidar o papel do

estado como coordenador regional

Os desafios estatildeo relacionados ao eixo das relaccedilotildees intergovernamentais Estas

relaccedilotildees interfederativas satildeo complexas e poliacuteticas requerem capacitaccedilatildeo e

amadurecimento para dividir poderes e assumir de fato as responsabilidades

compartilhadas A resolutividade esperada na regiatildeo poderaacute ser alcanccedilada se houver

investimentos puacuteblicos se as relaccedilotildees verticais e horizontais forem fortalecidas se os

gestores e lideranccedilas se comprometerem com o desenvolvimento de accedilotildees coletivas se

houver coordenaccedilatildeo intergovernamental tendo a SES como protagonista da conduccedilatildeo

Sem a coordenaccedilatildeo do estado as propostas do Pacto pela Sauacutede natildeo satildeo suficientes para

tornar esta regiatildeo autocircnoma Aleacutem disso eacute preciso inserir nos espaccedilos de decisatildeo

colegiada a participaccedilatildeo de conselheiros ampliar a governanccedila e permitir o controle

social

167

QUADROS-SIacuteNTESE

Quadro 4 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Trajetoacuteria e experiecircncia de gestatildeo

regionalizada desde a deacutecada de 1990

Existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede desde 1998

Forte adesatildeo do setor privado ao SUS -

dos leitos privados quase 70 estatildeo

contratadoscredenciados pelo SUS

Presenccedila do profissional meacutedico em todos

os municiacutepios

Regiatildeo que se destaca no estado com o

agronegoacutecio

A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que

apresentam o maior PIB per capita (R$

2347430)

Todos os municiacutepios integrantes nos

uacuteltimos 4 anos tecircm aplicado recursos

financeiros proacuteximos a 20 acima do

recomendado pela EC29

A regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do

Estado em relaccedilatildeo ao IDH (076)

Dos 10 leitos de UTI 8 satildeo puacuteblicos

ERS - bem estruturado teacutecnica e

administrativamente

A maior parte da capacidade instalada puacuteblica

eacute constituiacuteda por unidades de atenccedilatildeo

primaacuteria e com baixa cobertura de PSF ndash rede

de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute de baixa

resolutividade

Falta centro de referecircncia especializada

puacuteblica na regiatildeo para atendimento do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Predomiacutenio da diversidade de serviccedilos no

setor privado que manteacutem forte parceria com

o CIS e prefeituras

Falsa percepccedilatildeo de que a regiatildeo eacute resolutiva ndash

limitou-se agrave busca de investimentos puacuteblicos

Falta hospital regional na regiatildeo

Rede de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute

dependente do setor privado na meacutedia e alta

complexidade

Forte dependecircncia financeira da maioria dos

municiacutepios em relaccedilatildeo ao governo federal e

estadual

Disponibilidade de meacutedicos na regiatildeo

vinculados ao SUS eacute menor que o

recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

Eacute a regiatildeo com menor disponibilidade de

enfermeiros do estado e a deacutecima terceira

regiatildeo do Estado com menor disponibilidade

dos demais profissionais de niacutevel superior

Estaacute entre as nove regiotildees do estado que

totalizam o menor incremento com atenccedilatildeo

baacutesica e entre as que tiveram maior

incremento com despesa ambulatorial de

meacutedia complexidade

Os leitos puacuteblicos de UTI estatildeo instalados no

hospital privado e satildeo insuficientes para as

necessidades da regiatildeo

Desigualdades econocircmicas entre os

municiacutepios

Disponibilidade de leitos em geral da regiatildeo

(199) eacute menor que o recomendado pelo MS

Insuficiecircncia de especialidades meacutedicas na

rede puacuteblica

Especialidades meacutedicas disponiacuteveis na regiatildeo

sem contrato como setor puacuteblico

168

Quadro 5 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Plano de sauacutede UNIMED de abrangecircncia

regional com sede em Tangaraacute da Serra

Plano Univida dispotildee da Associaccedilatildeo

Univida com sede em Tangara da Serra eacute

uma alternativa de acesso dos

beneficiaacuterios ao serviccedilo privado com valor

acessiacutevel pago no ato do uso

Dispor de capacidade instalada de meacutedia e

alta complexidade - hospitalar

laboratorial (Bioquiacutemica citopatologia

anatomopatologia) exames de imagem

hemodiaacutelise UTI adulta e neonatal

Especialidades meacutedicas exames

laboratoriais e de imagem hospitais de

maior porte e leitos de UTI concentradas

no setor privado

Cobertura sauacutede suplementar de

221(2010)

Setor privado ligado agrave vocaccedilatildeo econocircmica

da regiatildeo

Maioria dos planos de sauacutede satildeo coletivos

empresariais

Diversidade de serviccedilos de maior

complexidade

Unimed natildeo possui rede proacutepria

Baixa capacidade instalada de leitos privados

Escassez de especialidades meacutedicas dificulta a

implantaccedilatildeo de serviccedilos no municiacutepio-sede da

regiatildeo

Escassez de especialidades meacutedicas no

interior da regiatildeo dificulta adesatildeo aos planos

de sauacutede

Falta serviccedilos de maior complexidade -

oncologia cateterismo UTI adulta

Quadro 6 - Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo na

regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Fatores que facilitaram Fatores que dificultaram Histoacuterico estrutural da regiatildeo - regionalizaccedilatildeo

da sauacutede implantada na deacutecada de 1990

CIB regional criada em 1996 - passou a

CGR

incentivos criados pelo estado no periacuteodo

anterior ao pacto pela sauacutede e novos

incentivos criados na vigecircncia do pacto

induccedilatildeo da poliacutetica financeira do MS com

criteacuterios que exigiram organizaccedilatildeo

regional e municipal

Criaccedilatildeo do CIS em 1998

parceria com o setor privado na oferta de

serviccedilos especializados

participaccedilatildeo ativa do COSEMS

Criaccedilatildeo da CIES e treinamentos na regiatildeo

inexistecircncia de estrutura puacuteblica antes do

pacto pela sauacutede e na vigecircncia do pacto

o consoacutercio e a parceria com o setor privado

na oferta de serviccedilos especializados

resultaram em acomodaccedilotildees por parte dos

entes federativos e a ldquofalsa ideacuteia de que a

regiatildeo eacute resolutivardquo

falta de planejamento na regiatildeo e no estado

fragilidades na regulaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo

falta capacitaccedilatildeo de gestores e profissionais

trocas sucessivas do gestor estadual

corte nos recursos do ERS - impediu de

realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica in loco

falta de articulaccedilatildeo com as lideranccedilas teacutecnicas

e poliacuteticas na regiatildeo

169

Quadro 7 - Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do

Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Instituiccedilotildees atores Caracterizaccedilatildeo

SMS

A estrutura administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas

teacutecnicas para coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos trabalhos

Dispotildee de Central Municipal de Regulaccedilatildeo

Dispotildee de meacutedico regulador que realiza a regulaccedilatildeo da assistecircncia na

regiatildeo e a urgecircncia-emergecircncia com a Central Estadual

ERS

Instacircncia de representaccedilatildeo da SES na regiatildeo contava com 3 gerecircncias

administrativas agora apenas uma Equipe composta por mais de 30

profissionais tem Central Regional de Regulaccedilatildeo que faz a regulaccedilatildeo

apenas dos procedimentos eletivos consultas especializadas exames e

cirurgias

Central Estadual de

regulaccedilatildeo

Com sede em Cuiabaacute faz a regulaccedilatildeo da urgecircncia-emergecircncia da regiatildeo e

dos leitos de UTI instalados na regiatildeo e o acesso aos leitos de UTI de

Cuiabaacute TFD e medicamentos de alto custo junto com a central regional

faz a regulaccedilatildeo dos procedimentos eletivos

Hospital Municipal de

Barra do Bugres

Manteacutem convecircnio com a SES para ser referecircncia na regiatildeo em ortopedia e

cirurgia geral Eacute referecircncia para internaccedilatildeo nas cliacutenicas baacutesicas para o

municiacutepio de Porto Estrela Denise e Arenaacutepolis

CGR Delibera o credenciamento a contratualizaccedilatildeo realiza a PPI e discute as

necessidades que envolvem o acesso ao complexo regulador

Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede

Abrange os 10 municiacutepios da regiatildeo e um municiacutepio da regiatildeo de Juiacutena

Manteacutem parceria com o setor privado para a oferta dos serviccedilos de

internaccedilotildees cirurgias exames de apoio diagnoacutestico laboratorial e de

imagem bioacutepsia consultas especializadas Todos estes serviccedilos satildeo

contratualizados tecircm como base a tabela SUS mais tabela complementar

para pagamento dos serviccedilos produzidos

Setor Privado lucrativo

(prestadores e

operadoras)

UNIMED

UNIVIDA

Demais operadoras na regiatildeo

Privadoconveniado

Hospitais - oferecem os serviccedilos de internaccedilotildees cirurgias em geral e

partos Alguns atendem agraves demandas geradas pelos especialistas do

consoacutercio Satildeo credenciados ou conveniados ou contratualizados pelo

CIS

Hemodiaacutelise ndash atende agrave demanda da regiatildeo eacute credenciado pelo MS e a

consulta eacute paga agrave parte pelo gestor municipal

Cliacutenicas especializadas ndash atende agraves consultas especializadas

contratualizadas pelo consoacutercio

Cliacutenica de exames de imagem - contratualizada pela SES e pelo CIS

Laboratoacuterios - oferecem os serviccedilos anaacutetomo-patoloacutegico citologia ndash

contratualizado pelo consoacutercio e credenciada pela SES

Prestador puacuteblico

municipal

A regiatildeo dispotildee de 4 hospitais puacuteblicos que oferecem os serviccedilos

hospitalares na cliacutenicas baacutesicas Dispotildeem de unidades baacutesicas de sauacutede

serviccedilos laboratoriais de baixa complexidade e especialidades de

ortopedia cirurgia geral pediatria ginecologia cliacutenica geral

Dois destes hospitais mantecircm convecircnio com a UNIMED

Cliacutenicas privadas de

Cuiabaacute

Atendem a consultas de neurologia e cirurgias de

otorrinolaringologia por meio da compra de serviccedilos diretamente

com as prefeituras

COSEMS e Conselhos

Municipais de Sauacutede

CMS participa por meio das deliberaccedilotildees nos municiacutepios

COSEMS ndash instrumentaliza os gestores para a tomada de decisotildees

170

10 Referecircncias

171

10 REFEREcircNCIAS

Abrucio FL A coordenaccedilatildeo federativa no Brasil a experiecircncia do periacuteodo FHC e os

desafios do governo Lula Rev Sociol Polit 2005

Abrucio FL Descentralizaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo Federativa no Brasil liccedilotildees dos anos FHC

In Abrucio FL Loureiro MR O estado numa era de reformas os Anos FHC - parte 2

Brasiacutelia MP SEGES 2002 316 p

Albuquerque MV Mello GA Iozzi FLldquoO processo de regionalizaccedilatildeo em sauacutede nos

estados brasileirosrdquo In Viana AL drsquoA Lima LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees

federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro Contra Capa 2011 p 117-

72

Almeida C O mercado privado de serviccedilos de sauacutede no Brasil panorama atual e

tendecircncias da assistecircncia meacutedica suplementar Texto para discussatildeo no 599 Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada Brasiacutelia novembro de 1998

Arretche M Descentralizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do fomento puacuteblico Estrateacutegias de

descentralizaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede e educaccedilatildeo no Brasil nota teacutecnica Brasiacutelia DF

junho 2008

Arretche M Federalismo e igualdade territorial uma contradiccedilatildeo em termos Dados ndash

Revista de Ciecircncias Sociais Rio de Janeiro 201053(3)587-620

Arretche M Federalismo e Poliacuteticas Sociais No Brasil problemas de coordenaccedilatildeo e

autonomia Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(2)17-26

Arretche M Financiamento federal e gestatildeo local de poliacuteticas sociais o difiacutecil equiliacutebrio

entre regulaccedilatildeo responsabilidade e autonomia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

20038(2)331-45

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em

wwwatlasbrasilorgbr

Bahia L A demarcheacute do privado e puacuteblico no sistema de atenccedilatildeo agrave sauacutede no Brasil em

tempos de democracia e ajuste fiscal 1988-2008 In Matta GC Lima JCF organizador

Estado sociedade e formaccedilatildeo profissional em sauacutede contradiccedilotildees e desafios em 20

anos de SUS Rio de Janeiro Fiocruz Escola Politeacutecnica de Sauacutede Joaquim Venacircncio

2008

172

Bahia L A privatizaccedilatildeo no sistema de sauacutede brasileiro nos anos 2000 tendecircncias e

justificaccedilatildeo In Santos NR Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Barreto IFJ Silva ZF Reforma do sistema de sauacutede e as novas atribuiccedilotildees do gestor

estadual Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(3)47-56

Botti CS Artmann E Spinelli MAS Scatena JHG Regionalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de

Sauacutede em Mato Grosso um estudo de caso da implantaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede da Regiatildeo do Teles Piresno periacuteodo de 2000 a 2008 Epidemiol Serv Sauacutede

Brasiacutelia 2013 jul-set22(3)491-500

Botti CS Avaliaccedilatildeo do processo de implementaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede da regiatildeo do Teles Pires (Dissertaccedilatildeo) Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Escola

Nacional de Sauacutede Puacuteblica 2010

Brasil Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia Senado Federal 1988

Brasil Decreto ndeg 7508 de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei ndeg 8080 de 19 de

setembro de 1990 para dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS o

planejamento da sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e a articulaccedilatildeo interfederativa e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2011 29 jun

Brasil Decreto no 4481 de 2de novembro de 2002 Dispotildee sobre os criteacuterios para

definiccedilatildeo dos hospitais estrateacutegicos no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS e daacute

outras providecircncias Decreto FederalDOU DE 25112002

Brasil Decreto no

5895 de 18 de setembro de 2006 Dispotildee sobre a concessatildeo do

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

Brasil Decreto no 7508 De 28 de Junho de 2011 Decreto Federal Regulamentaccedilatildeo da

Lei 8080- DOU 2962011

Brasil Decreto nordm 86329 de 2 de setembro de 1981 Institui o Conselho Consultivo da

Administraccedilatildeo de Sauacutede Previdenciaacuteria - CONASP

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os arts 34 35

156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento

das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede

Brasil Instruccedilatildeo Normativa SRF nordm 480 de 15 de dezembro de 2004 Retificada no

DOU de 31122004 Seccedilatildeo 1 paacuteg 79 DOU de 29122004

173

Brasil Lei 9250 de 26 de dezembro de 1995 Altera a legislaccedilatildeo do imposto de renda

das pessoas fiacutesicas e daacute outras providecircncias

Brasil Lei n 8112 de 11 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre o regime juriacutedico dos

servidores puacuteblicos civis da Uniatildeo das autarquias e das fundaccedilotildees puacuteblicas federais

Brasil Lei nordm 3807 - de 26 de agosto de 1960 Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social ndash

LOPS DOU de 5960

Brasil Lei nordm 4506 de 30 de Novembro de 1964 Dispotildee sobre o Imposto que Recai

sobre as Rendas e Proventos de qualquer Natureza

Brasil Lei no

6229 de 17 de julho de 1975 Dispotildee sobre a organizaccedilatildeo do Sistema

Nacional de Sauacutede

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 20 set

Brasil Lei no 8666 de 21 de junho de 1993 Regulamenta o art 37 inciso XXI da

Constituiccedilatildeo Federal institui normas para licitaccedilotildees e contratos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica e daacute outras providecircncias

Brasil Lei nordm 9665 de 19 de junho de 1998 Autoriza o Poder Executivo a conceder

remissatildeo parcial de creacuteditos externos em consonacircncia com paracircmetros estabelecidos

nas Atas de Entendimentos originaacuterias do chamado Clube de Paris ou em

Memorandos de Entendimentos decorrentes de negociaccedilotildees bilaterais negociar tiacutetulos

referentes a creacuteditos externos a valor de mercado e receber tiacutetulos da diacutevida do Brasil e

de outros paiacuteses em pagamento e daacute outras providecircncias

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 148 de 15 de dezembro 2003 - DOU de 16122003 ndash

Convertida na Lei nordm 10850 de 25032004

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 2158-35 de 24 de agosto de 2001 DOU de 2782001

Carvalho GL Regiatildeo a evoluccedilatildeo de uma categoria de anaacutelise da geografia Boletim

Goiano de Geografia 2002 jan-jun22(1)135-53

Castro MHL A relaccedilatildeo entre o puacuteblico e o privado no sistema de sauacutede brasileiro

repensando o papel do Estado [Tese] Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de

Janeiro 2006

Cavalheiro ME Juchem DM Poliacuteticas Puacuteblicas Uma analise mais apurada sobre

Governanccedila e Governabilidade Rev Bras Hist Ciecircncias Sociais Ano I 2009 julI -1-11

174

Coelho APS O puacuteblico e o privado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede processo decisoacuterio e

conduccedilatildeo da poliacutetica no Estado do Espiacuterito Santo (Dissertaccedilatildeo) Escola Nacional de

Sauacutede Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2011 143 f

Cohn A Previdecircncia Social e Processo Politico no Brasil Satildeo Paulo Moderna 1980

Conass Regulaccedilatildeo em sauacutede Coleccedilatildeo para entender a gestatildeo do SUS Conselho

Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede ndash Brasiacutelia v10 2011 126p

Cordeiro HAacute Conil EM Santos IS Bressan AI Por uma reduccedilatildeo nas desigualdades em

sauacutede no Brasil qualidade e regulaccedilatildeo num sistema com utilizaccedilatildeo combinada e

desigual In Santos NRS Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Delziovo CR Colegiado de gestatildeo regional desafios e perspectivas relato de

experiecircncia Sau Transf Soc Florizanoacutepolis 20123(1)102-5 ISSN 2178-7085

Dourado DA Elias PEM Regionalizaccedilatildeo e federalismo sanitaacuterio Rev Sauacutede Publica

201145(1)204-11

Draibe SM O Welfare State no Brasil Caracteriacutesticas e perspectivas Caderno de

Pesquisa no 8 UNICAMP Nuacutecleo de Estudos de Poliacuteticas Publicas ndash NEPP 1993

Fernandes NFF Processo de organizaccedilatildeo e desenvolvimento de estrateacutegias para

divulgaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede em Mato Grosso relatoacuterio de

experiecircncia 2014 In Scatena JHG Kehrig RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede

diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo

Hucitec 2014 565p

Ferreira JBB Bombarda FP Forster AC Chaves LDP Vallin S Almeida TL O

processo de descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado de Satildeo Paulo731-761

In Ibanez N Elias PEM Seixas PHD organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em

sauacutede Satildeo Paulo Hucitec Editora Cealag 2011 816p

Figueiredo WBF Estruturas de governanccedila regionais desenvolvimento sustentaacutevel e

legitimidade notas para a construccedilatildeo de um esquema de referecircncia RDE - Revista de

Desenvolvimento Econocircmico Salvador BA 2012 dezXIV(26)136-44

Fleury S Ouverney AM Gestatildeo de redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da poliacutetica de

sauacutede Rio de Janeiro Editora FGV 2007

Fleury S Ouverney AM O sistema uacutenico de sauacutede brasileiro-Desafios da gestatildeo em

rede Rev Port Bras Gestatildeo Ediccedilatildeo especial 10 anos 200674-83

175

Fleury S Ouverney AM Poliacutetica de Sauacutede uma poliacutetica social In Giovanella L

Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no Brasil 2a ed rev

e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 25-58 p

Fleury S Ouverney AM Kronemberger TS amp Zani FB Governanccedila local no sistema

descentralizado de sauacutede no Brasil Rev Panam Salud Publ 201028(6)446-55

Fonseca AAM et al Em torno do conceito de regiatildeo Sittientibus Feira de Santana

1999 jul-dez2189-100

Gadelha CAG Maldonado JSSV Costa LS O complexo produtivo da sauacutede e sua

relaccedilatildeo com o desenvolvimento um olhar sobre a dinacircmica da inovaccedilatildeo em sauacutede In

In Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 209-239 p

Gadelha CAG Sauacutede e Territorializaccedilatildeo na perspectiva do desenvolvimento Ciecircncia amp

Sauacutede Coletiva 201116(6)3003-16

Gomides JE O surgimento da expressatildeo ldquogovernancerdquo governanccedila e governanccedila

ambiental Um resgate histoacuterico Rev Ciecircncias Gerenciais 2009XIII(18)

Gonzaga AA O papel dos escritoacuterios regionais de sauacutede no processo de

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo do SUS em Mato Grosso In Muumlller Neto JS

Organizador A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade

da atenccedilatildeo Cuiabaacute SES 2002 p 67-87

Guimaratildees L Arquitetura da organizaccedilatildeo regionalizada consoacutercios intermunicipais de

sauacutede em Mato Grosso In Muller Neto JS organizador Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em

Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo Cuiabaacute Secretaria de Estado de

Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 101-12

Guimaratildees RB Regiotildees de sauacutede e escalas geograacuteficas Cad de Sauacutede Puacutebl

200521(4)1017-25

Heimann LS Ibanhes LC Boaretto RC Kavano J A relaccedilatildeo puacuteblico-privado e o Pacto

pela Sauacutede novos desafios para a gestatildeo em sauacutede In Santos NR Amarante PDC

(Org) Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes

2010 p208-219

Informe Dawson sobre el futuro de los servicios meacutedicos y afines Traduccioacuten al

castellano de Dawson Report on the future provision of medical and allied services

1920 Organizacioacuten Panamericana de la Salud Publicacioacuten cientiacutefica 1964 feb93

176

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Contagem da populaccedilatildeo Rio de Janeiro

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2010

Junqueira LP A gestatildeo intersetorial das poliacuteticas sociais e o terceiro setor Sauacutede e

Sociedade 200413(1)25-36

Junqueira LP Intersetorialidade transetorialidade e redes sociais na sauacutede Rev

Administr Puacuteblica 200034(6)35-45

Knopp G Governanccedila social territoacuterio e desenvolvimento Perspectivas em Politicas

Puacuteblicas Belo Horizonte Vol No8 p53-74juldez 2011

Lavras CCC Descentralizaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo de redes regionais de

atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS In Nelson Ibanez Paulo Eduardo Mangeon Elias Paulo

Henrique DrsquoAngelo Seixas organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em sauacutede Satildeo

Paulo Hucitec Editora Cealag 2011p 317-331

Levi ML Scatena JHG Evoluccedilatildeo recente do financiamento do SUS e consideraccedilotildees

sobre o processo de regionalizaccedilatildeo In Viana ALdrsquoAacute Lima LD (Orgs)

Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro

Contra Capa 2011 p 81-113

Lima APG Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e o Sistema Uacutenico de Sauacutede Cad

Sauacutede Puacuteblica 200016(4)985-96

Lima LD Queiroz LFN Machado CV Viana ALAacute Descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo

dinacircmica e condicionantes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede no Brasil Ciecircnc Sauacutede

Coletiva 201217(7)1903-14

Machado CV Baptista TWF Lima LD O planejamento nacional da poliacutetica de sauacutede

no Brasil estrateacutegias e instrumentos nos anos 2000 Ciecircn Sauacutede Coletiva 2010

(15)2367-2382

Mato Grosso Plano de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso MT+20 Plano de

Desenvolvimento regiatildeo de Planejamento VIII ndash Oeste2007c

Mato Grosso Relatoacuterio de Gestatildeo da Receita Puacuteblica referente ao periacuteodo de 2004

a2006 Secretaria Adjunta da Receita PuacuteblicaSecretaria de Estado de FazendaGoverno

do Estado de Mato Grosso Cuiabaacute MT Marccedilo de 2007a 191 paacutegs

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2008 ndash

2011 Consolidado por objetivo estrateacutegico Cuiabaacute ndash Julho2010a

177

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2004 ndash

2007 Mato Grosso matildeos a obra Projeto de Lei Cuiabaacute ndash Agosto2003

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede ndash Poliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

Diretrizes Estrateacutegias e Projetos Prioritaacuterios Documento Teacutecnico nordm 1 CuiabaacuteMT

1995 22 pp

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Avaliaccedilatildeo da Poliacutetica de Sauacutede do Estado

de Mato Grossondash19951998 Cuiabaacute 2000a

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Portaria SES ndeg 13209092008

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Superintendecircncia de Poliacuteticas de Sauacutede

Coordenadoria de Gestatildeo da Poliacutetica de Sauacutede Plano Estadual de Sauacutede Mato Grosso -

2008 2011 Secretaria de Estado de Sauacutede - Cuiabaacute 2010b133 pg

Mato Grosso Secretaria de Planejamento Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso

MT+202007b

Mato Grosso Tribunal de contas de Mato Grosso Secretaria de Controle Externo

Relatoacuterio de Auditoria Contas Anuais de Gestatildeo 2012 Acesso on line em 26 de julho

2013

Mendes EV As redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Pan-Americana da

Sauacutede 2011 549 p Il

Mendonccedila AF O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nas regiotildees de sauacutede do

Estado de Mato Grosso [Dissertaccedilatildeo] Universidade Federal de Mato Grosso Instituto

de Sauacutede Coletiva 2012 116 pg

Menicucci TMG Puacuteblico e privado na politica de assistecircncia atilde sauacutede no Brasil atores

processos e trajetoacuteria Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 2007320p

Ministeacuterio da Sauacutede (BR) Gabinete Ministerial Portaria 1101 12 de junho de 2002

Dispotildee sobre paracircmetros de cobertura assistencial no acircmbito do SUS Brasiacutelia

Ministeacuterio da Sauacutede 2002b

Ministeacuterio da Sauacutede Datasus Informaccedilotildees em sauacutede Disponiacutevel em

httptabnetdatasusgovbr

Ministeacuterio da Sauacutede Manual do SISPPI versatildeo 315 - Moacutedulo Municipal Coordenaccedilatildeo

de Programaccedilatildeo da Assistecircncia Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle

Secretaria de Atenccedilatildeo a Assistecircncia Ministeacuterio da Sauacutede Brasilia novembro de 2004

178

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 196 Portariacutea ndeg 2203 de

5 de novembro de 1996

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 93 Portariacutea ndeg 545 de 20

de maio de 1993

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional da Assistecircncia agrave sauacutede NOAS-SUS 0101 ndash

Portaria MSGM ndeg95 de 26 de janeiro de 2001 - Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente oficializada pela

Portaria GM no 19962007

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS

Portaria nordm 1559 de 1ordm de agosto de 2008

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria GMMS no 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o

Pacto pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do

Referido Pacto Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2006 23 fev

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 4279 de 30 de dezembro de 2010 Estabelece

diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede no acircmbito do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS)

Ministeacuterio da Sauacutede Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede aprofundando a

descentralizaccedilatildeo com equidade no Acesso Norma Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede

NOAS-SUS 0102 (Portaria MSGM nordm 373 de 27012002) Brasiacutelia 2002a

Mota US Os consoacutercios intermunicipais de sauacutede como cerne da estrateacutegia para a

implementaccedilatildeo das regiotildees de sauacutede de Mato Grosso In Muller Neto JS organizador

Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo

Cuiabaacute Secretaria de Estado de Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 92-9

Muumlller Netto JS amp Lotufo M Poliacutetica e regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso

aspectos histoacutericos conceituais metodoloacutegicos e perspectivas In Muumlller Neto JS

(org) A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da

atenccedilatildeo Cuiabaacute SESMT 2002 p 13-25

Nascimento AAM Damasceno AK Silva MJ Silva MVS Feitoza AR Regulaccedilatildeo em

Sauacutede aplicabilidade para concretizaccedilatildeo do pacto de gestatildeo do SUS Cogitare Enferm

2009 AbrJun 14(2)346-52

Neves LA Ribeiro JM Consoacutercios de Sauacutede estudo de caso exitoso Cad Sauacutede

Puacuteblica 200622(10)2207-17

179

Noronha JC Lima LD Machado CV O Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS In In

Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 p435-472

Ockeacute-Reis CO Sophia DC Uma criacutetica agrave privatizaccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

pela constituiccedilatildeo de um modelo de proteccedilatildeo social puacuteblico de atenccedilatildeo agrave sauacutede Sauacutede

em Debate 2009 jan-abr33(81)72-9

Oliveira J Fleury S (Im) Previdecircncia social 60 anos de histoacuteria da Previdecircncia Social

Petroacutepolis Vozes 1985

Pacheco CFF Seguridade social e previdecircncia situaccedilatildeo atual Indic Econ FEE

201239(3)71-84

Pereira JM A governanccedila corporativa aplicada no setor puacuteblico brasileiro APGS 2010

jan-mar2(1)109-34

Pinto ICM Teixeira CF Solla JJSP Reis AAC Organizaccedilao do SUS e diferentes

modalidades de gestatildeo e gerenciamento dos serviccedilos e recursos puacuteblicos de sauacutede In

Paim JS Almeida Filho N oganizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de

Janeiro MedBook 2014 p 231-44 720p

Possas C Sauacutede e trabalho- a crise da Previdecircncia Social 2a ed Hucitec 1989

Queiroz AM Federalismo no Brasil os consoacutercios puacuteblicos intermunicipais no periacuteodo

recente [Tese] Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2012

Rego N Reffatti LV Representaccedilotildees de mundo geografias adversas e manejo

simboacutelico ndash aproximaccedilotildees entre cliacutenica psicopedagoacutegica e ensino de geografia In

Terra livre Temperos da geografia Publicaccedilatildeo semestral da Associaccedilatildeo dos Geoacutegrafos

Brasileiros Goiania- GO Ano 20 2004 jul-dez2(23)176p

Ribeiro JM Costa NR Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede no Brasil os consoacutercios

municipais no Sistema Uacutenico de Sauacutede Planej Polit Publicas 2000 dez(22)173-220

Ribeiro MS Schrader FT Anjos APL Motta AP A rede de apoio ao SUS em Mato

Grosso uma estrateacutegia para fortalecimento do papel do municiacutepio na regionalizaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo do pacto pela sauacutede Sauacutede em Debate 2009 maio(44)62-73

Santos FP Merhy EE A regulaccedilatildeo puacuteblica da sauacutede no Estado brasileiro - uma revisatildeo

Interface Comunic Sauacutede Educ 2006 jan-jun9(18)25-41

180

Santos IS Uga MAD Porto SM O mix puacuteblico-privado no Sistema de Sauacutede

Brasileiro financiamento oferta e utilizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede Ciecircn Sauacutede Coletiva

200813(5)1431-40

Santos L Andrade LOM Redes Interfederativas de sauacutede um desafio para o SUS nos

seus vinte anos Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(3)1671-80

Santos L Administraccedilatildeo puacuteblica e a gestatildeo da sauacutede In Santos NR Amarante PDC

organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro

Cebes 2010 p 68-86

Santos M Metamorfoses do espaccedilo habitado fundamentos teoacutericos e metodoloacutegicos da

geografia Satildeo Paulo Hucitec 1988

Santos MAB amp Gerschman S As segmentaccedilotildees da oferta de serviccedilos de sauacutede no Brasil

ndash arranjos institucionais credores pagadores e provedores Ciecircnc Sauacutede Coletiva

20049(3)795-806

Santos MHC Governabilidade governanccedila e capacidade governativa algumas notas

(Texto para discussatildeo 11) Brasiacutelia MareEnap 1996

Santos MHC Governabilidade governanccedila e democracia criaccedilatildeo de capacidade

governativa e relaccedilotildees executivo-legislativo no Brasil poacutes-constituinte Dados

199740(3)

Santos MO O papel ativo da geografia Um manifesto Revista Territoacuterio Rio de

Janeiro juldez 20009103-9

Santos RGC Nota O espaccedilo em kant e suas influecircncias na definiccedilatildeo do conceito de

regiatildeo em Alfred Hettner e Richard Hartshorne Estudos Geograacuteficos 20097(1)183-

90

Scatena JHG Kehrig RT Oliveira LRG Oliveira JL Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo

sauacutede em Mato Grosso do ponto de vista dos atores regionais In Scatena JHG Kehrig

RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato

Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Hucitec 2014 565p Capiacutetulo 7

Scatena JHG Oliveira LR Galvatildeo ND Neves MAB Caracterizaccedilatildeo demograacutefica

socioeconocircmica epidemioloacutegica e dos serviccedilos de sauacutede das regiotildees de sauacutede do Estado

de Mato Grosso 2011 [relatoacuterio preliminar] mimeo

Silva SF Desafios de sistemas universais de sauacutede sob controle puacuteblico Federalismo e

regionalizaccedilatildeo e o Sistema Uacutenico de Sauacutede no Brasil Sauacutede em Debate 2013

out(49)104-13

181

Silva SF Organizaccedilatildeo de redes regionalizadas e integradas de atenccedilatildeo agrave sauacutede desafios

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (Brasil) Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(6)2753-62

Silveira ML Escala geograacutefica da accedilatildeo ao impeacuterio Terra Livre Temperos da

geografia Associaccedilatildeo dos geoacutegrafos brasileiros Goiacircnia 2004 jul-dez 2(23)87-96

Silveira ML O Brasil territoacuterio e sociedade no iniacutecio do seacuteculo 21ndash a histoacuteria de um

livro ACTA Geograacutefica Ediccedilatildeo Especial Cidades na Amazocircnia Brasileira 2011 p

151-63

Silveira ML O territoacuterio em pedaccedilos Revista Eletrocircnica de Jornalismo Cientiacutefico 10

nov 2011 Disponiacutevel em httpwwwcomcienciabr Acesso em 24 jan 2012

Solla JJSP Paim JS Relaccedilotildees entre atenccedilatildeo baacutesica meacutedia e alta complexidade desafios

para a organizaccedilatildeo do cuidado no sistema uacutenico de sauacutede In Paim JS Almeida Filho

N organizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de Janeiro MedBook 2014 p

343-52

Souza RR A regionalizaccedilatildeo no contexto atual das poliacuteticas de sauacutede Ciecircn Sauacutede

Coletiva 20016(2)451-5

Teixeira CF Promoccedilatildeo e vigilacircncia da sauacutede no contexto da regionalizaccedilatildeo da

assistecircncia agrave sauacutede no SUS Cad Sauacutede Puacuteblica 200218(Supl)153-62

Teixeira SMF Ouverney AM Gestatildeo de Redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da

poliacutetica de sauacutede Rio de Janeiro FGV 2007 Cad Sauacutede Puacuteblica 200824(7)1716-7

Viana ALD Ibantildeez N Elias PEM Lima LD Albuquerque M Iozzi FL Novas

perspectivas para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo Perspec 200822(1)92-106

Viana ALD Lima LD Ferreira MP Condicionantes estruturais da regionalizaccedilatildeo na

sauacutede tipologia dos Colegiados de Gestatildeo Regional Ciecircnc Sauacutede Coletiva

2010b15(5)2317-26

Viana ALD Lima LD Machado CV Scatena JHG Albuquerque MV Oliveira RG et

al Projeto de Pesquisa Avaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites

(CIBs) as CIBs e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUS Relatoacuterio Estadual

Mato Grosso Maio de 2010a

Viana ALDrsquoA Heimann LS Lima LD Oliveira RG Rodrigues SH Mudanccedilas

significativas no processo de descentralizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil Cad Sauacutede

Puacutebl XVIII 2002 p 139-51

182

Viana ALdrsquoA Lima LD O processo de regionalizaccedilatildeo na sauacutede contextos

condicionantes e papel das Comissotildees Intergestores Bipartites In Viana ALdrsquoA Lima

LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de

Janeiro Contra Capa Livraria Ltda 2011 p11-24

Viana ALDrsquoA Machado CV Proteccedilatildeo social em sauacutede um balanccedilo dos 20 anos do

SUS Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 200818(4)645-84

Vianna RP Colegiados de gestatildeo regional no Estado do Rio de Janeiro atores

estrateacutegias e negociaccedilatildeo intergovernamental [Dissertaccedilatildeo] Escola Nacional de Sauacutede

Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2012 155 f

Vilarins GCM Shimizui HE Gutierrez MMU A regulaccedilatildeo em sauacutede aspectos

conceituais e operacionais Sauacutede em Debate Rio de Janeiro 2012 outdez36(95)640-

7

Apecircndices

APEcircNDICE A ndash Roteiro de entrevistas

Pesquisa A Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a

relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte

Roteiro semi-estruturado de entrevista

1 - GESTORES Diretor do Escritoacuterio Regional de Sauacutede Secretaacuterio executivo do CGR Secretaacuterio

executivo do Consorcio Vice-regional do COSEMS na microrregiatildeo Total de perguntas elaboradas

84

2 ndash GESTORES DA REGULACcedilAtildeO - coordenador da Central Regional de Regulaccedilatildeo meacutedico

regulador da regiatildeo meacutedico regulador do hospital municipal de referecircncia regional representante do

hospital municipal de referecircncia regional Total de perguntas elaboradas 60

3 - PRESTADORES CONVENIADOS ndash representante do maior hospital conveniado Total de

perguntas elaboradas 23

4- PLANOS DE SAUacuteDE representante UNIMED e UNIVIDA ndash roteiro separado desta planilha ndash Total

de perguntas elaboradas- 20

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

PERGUNTAS

ENTREVISTADOS

Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

1- Histoacuterico da regionalizaccedilatildeo

Fale como foi definida esta regiatildeo os limites os

criteacuterios e participantes da definiccedilatildeo da microrregiatildeo

Quais os municiacutepios que fazem parte atualmente Houve

mudanccedilas

X X

SUB-TOTAL 1 1 0

2-Desenho da Regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Alguns fatores foram determinantes na delimitaccedilatildeo desta

regiatildeo Quais satildeo estes fatores Comente

X X X

- O desenho regional adotado eacute especifico da sauacutede ou

coincide com o adotado por outras poliacuteticas puacuteblicas do

governo JAacute CONTEMPLADA NA ESTADUAL

SUB-TOTAL 1 1 1

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

3 - Finalidades e escopo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc acha que regionalizaccedilatildeo foi implantada com qual

finalidade ndash comente

X X

- vocecirc acha que o foco da regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute

voltado para que Para organizar a rede de serviccedilos Para

discutir e implementar o conjunto das poliacuteticas de sauacutede

(vigilacircncia formaccedilatildeo de pessoas)

X X

SUB-TOTAL 2 2 0

4 ndash Estrateacutegias poliacuteticas da regionalizaccedilatildeo ndash Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede faz parte de outras poliacuteticas

regionais do governo do Estado com enfoque territorial

Quais e de que forma

X

Vocecirc acha que a regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute inserida na

agenda da poliacutetica estadual de sauacutede Que lugar ocupa

Eacute uma prioridade no plano regional Comente

X X

Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou lotaccedilatildeo de profissionais de

sauacutede para atendimento das necessidades regionais

Existem estrateacutegias regionais para contrataccedilatildeo Como

funcionam

X X

SUB-TOTAL 2 1 0

5 ndash Planejamento e regulaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O que orienta o processo de planejamento da

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Plano estadual de sauacutede plano

de regionalizaccedilatildeo planos ou projetos de investimentos

PPI PPA PLANEJASUS JAacute CONTEMPLADA

ESTADUAL

X X

Vocecirc participa do planejamento regional Como eacute feito

Que instrumento eacute utilizado Quem participa

X X X

Qual a situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado e na regiatildeo Comente

X X

Qual o prestador que exerce maior influecircncia no

planejamento da rede de serviccedilos de sauacutede

X X

Vocecirc acha que os serviccedilos puacuteblicos e privados

disponiacuteveis na regiatildeo influenciam no planejamento

gestatildeo e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede na

microrregiatildeo Como

X X X

Como estaacute constituiacuteda e organizada a rede de sauacutede da

regiatildeo(complexidade redes de serv especificas linhas

de cuidado etc)

X X

Antes do pacto pela sauacutede existiam redes de atenccedilatildeo a

sauacutede Se positivo quais Como eram quem participava

e financiava

X -

Como eacute a regulaccedilatildeo ambulatorial ciruacutergica urgecircncia e

emergecircncia a meacutedia e alta complexidade O Tratamento

Dora do domicilio estaacute organizado Eacute acompanhado o

fluxo de pessoas dentro e fora da regiatildeo-centrais de

agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo de sauacutede

tratamento fora de domiciacutelio Comente

X X X

Como eacute feita a regulaccedilatildeo entre os prestadores -

conveniados SESERS e SMS

X X X

A contratualizaccedilatildeo dos prestadores puacuteblico e privados

como eacute feita quem faz que instrumento utiliza quem

acompanha

X X X

Existe algum sistema de logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo (compras transporte de insumos

materiais para exames)

X X

Vocecirc acha que existem problemasconflitos com o

estadoregiatildeo em relaccedilatildeo ao planejamento e a regulaccedilatildeo

na regionalizaccedilatildeo Que tipo de problema ou conflito

comente

X X X

SUB-TOTAL 12 11 6

6 ndash Financiamento regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc sabe se existem recursos para compensar as

desigualdades desta regiatildeo Que recursos estatildeo

disponiacuteveis para a regiatildeo e para qual finalidade Qual a

fonte e forma de repasse

X

Como eacute feita a programaccedilatildeo dos recursos para a regiatildeo

Satildeo compatiacuteveis com necessidade da regiatildeo

X X

Foi definido algum tipo de distribuiccedilatildeo de recursos

financeiros pelo Estado para incentivo a regionalizaccedilatildeo

Ex revisatildeo de tetos financeiros PPI PDI Que criteacuterios

foram utilizados e as finalidades

X X

Para qualificaccedilatildeo profissional foram definidos recursos

financeiros Quais e qual a origem deste recurso

X X

Existem fundos regionais de recursos Por ex

consoacutercios de sauacutede fundos estaduais compensatoacuterios

ou outros fundos Especifique os tipos a origem e as

finalidades dos recursos Que outros incentivos agrave

regionalizaccedilatildeo esta regiatildeo recebe

X X

Quais os investimentos - construccedilatildeo equipamentos ou

veiacuteculos ampliaccedilatildeo de serviccedilos na rede publica e outros

foram realizados com a regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta

regiatildeo Qual a origem dos recursos

X

SUB-TOTAL 6 4 0

DIMENSAtildeO II ndash GOVERNANCcedilA DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1 ndash Estruturas de integraccedilatildeo e gestatildeo regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc faz parte do CGR(SE POSITIVO FAZER AS

PERGUNTAS ABAIXO) Quem faz parte

X X X

Como funciona o CGR nesta regiatildeo Tem secretaria

executiva Onde e como funciona Quais as atribuiccedilotildees

da secretaria executiva Comente

X X X

Onde o CGR se reuacutene Com que frequecircncia se reuacutene (JAacute

CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

Aleacutem do CIES o CGR tem cacircmara teacutecnicagrupos de

trabalho Quantas Qual o papel delas na

regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR interferiu na definiccedilatildeo do CIES e das cacircmaras

teacutecnicas

X

Como eacute a atuaccedilatildeo do CIES nesta regiatildeo X

Como foi e quais os criteacuterios utilizados para escolher os

representantes do CGR E para a escolha do presidente

do CGR

X

Eacute controlada a existecircncia de quoacuterum para realizaccedilatildeo das

reuniotildees

X

De forma geral quem efetivamente coordenou (a) as

reuniotildees da CGR no periacuteodo a que se refere a pesquisa

(JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

O chefe do ERS participa das reuniotildees Com que

frequecircncia (JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA

ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Qual o nuacutemero de assentos de cada esfera de governo no

CGR no periacuteodo da pesquisa (JAacute CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Vocecirc participa do CGR Quem participa Aleacutem dos

representantes oficiais do CGR que outros atores

participam Como os prestadores (puacuteblicos e privados)

participam no CGR

X

Como tem sido a participaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

e de suas organizaccedilotildees (conselhos de profissionais

cooperativas de profissionais) no processo de

regionalizaccedilatildeo em curso

X

Existe de ad referendum nas reuniotildees Em que situaccedilatildeo

eacute utilizada

X

Os membros do CGR satildeo assiacuteduos as reuniotildees Quando

natildeo participa como eacute comunicado das deliberaccedilotildees X

Em relaccedilatildeo agraves pautas quem define Que criteacuterios satildeo

utilizados(JAacute CONTEMPLADA NA P ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

O que eacute feito para preparar as reuniotildees repartir as

responsabilidades processar os impasses negociar a

poliacutetica e estabelecer acordos

X

Quem influencia na definiccedilatildeo da pauta E o COSEMS e

a SES influenciam Como X X

Quais os principais temas abordados nas reuniotildees X X

Os temas discutidos no CGR se referem a problemas de

natureza de abrangecircncia estadual regional ou municipal

X X

Quais os principais temas de consenso (entre estado e

municiacutepios e entre municiacutepios)

X

Os temas estrateacutegicos para a poliacutetica de sauacutede na regiatildeo

satildeo efetivamente negociados por qual instancia no

acircmbito da CIB ERSSES COSEMS Ou qual a outra

forma

X X

Nas reuniotildees do CGR como ocorre a tomada de decisatildeo

voto consenso Ou outra forma JA CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

As reuniotildees do CGR satildeo informativas consultivas

deliberativas Como satildeo registradas formalizados e

divulgados os resultados

X X

Como tem sido a atuaccedilatildeo do COSEMS junto agrave CIB

Estadual em defesa da regiatildeo E no CGR O COSEMS

eacute forte no estado Como Politicamente eou

tecnicamente Por quecirc

X

Quais os recursos disponiacuteveis para o CGR ndash JAacute

CONTEMPLADA NA ESTADUAL ---------- ---------

-

-------

---

Quais as instacircncias e qual a participaccedilatildeo de cada uma no

planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo de sauacutede

- ex CGR CIS ERS CIES JAacute CONTEMPLADA NA

PES ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

Qual a contribuiccedilatildeo das instancias CGR CIS ERS

CIES com a regionalizaccedilatildeo Qual o papel de cada uma

X

Qual a atuaccedilatildeo da Secretaria de Estado de Sauacutede no

processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Esta regiatildeo conta com o consorcio intermunicipal de

sauacutede Este foi organizado com qual finalidade Como eacute

o funcionamento hoje e qual o papel do consoacutercio na

regionalizaccedilatildeo em curso Quem financia o consoacutercio

X X X

Os Conselhos Municipais de Sauacutede (CMS) participam

das discussotildees do sistema de sauacutede regional Eles

influenciam no processo decisoacuterio do CGR De que

maneira

X

SUB-TOTAL 23 10 4

2 ndash Papel da CGR na regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como eacute a interaccedilatildeo intergovernamental no CGR O que

eacute feito para facilitar essa interaccedilatildeo (discussatildeo preacutevia dos

temas processamento preacutevio dos temas pelas equipes

teacutecnicas formaccedilatildeo de comissotildees especiaisgrupos para

trabalhos interveniecircncia de atores poliacuteticos relevantes

da SES outros

X X

Que papel o CGR tem desempenhado na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo Como eacute

e quais as influecircncias exerce sobre a regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR tem favorecido ou dificultado o processo de

regionalizaccedilatildeo em curso Por quecirc

X X

Pensando no CGR como instacircncia de negociaccedilatildeo e

pactuaccedilatildeo intergovernamental que tipo de parcerias

acordos e ou pactos de cooperaccedilatildeo satildeo estabelecidos

entre os gestores no CGR Que fatores tecircm favorecido

ou dificultado o seu funcionamento

X X

SUB-TOTAL 4 4 0

3 ndash Relaccedilotildees Intergovernamentais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como satildeo estabelecidas as relaccedilotildees entre os membros

do CGR ERS CIES CIS Satildeo teacutecnico-poliacuteticas-

baseadas nas poliacuteticas puacuteblicas e princiacutepios do SUS

poliacutetico-partidaacuterias pessoais- clienteliacutesticas

corporativas- grupos de interesse

X X

Como a CIBestadual se relaciona com o CGR ERS e

CIES Esta relaccedilatildeo interfere no processo de

regionalizaccedilatildeo Como

X X

Como o CGR se relaciona com outros atores de

relevacircncia regional (Ex hospitais regionais operadoras

de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercios de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa)

como acontecem

X X

Como satildeo as relaccedilotildees intergovernamentais (conflitiva

cooperativa marcada por divergecircncias e desacordos ou

por estrateacutegias de negociaccedilatildeo pactuaccedilatildeo convergecircncia e

parceria) Quais destas relaccedilotildees predominam Se haacute

conflitos comente entre quais seguimentos os motivos

dos conflitos e ou da cooperaccedilatildeo

X X

Nas relaccedilotildees entre a SESERS entre ERSCOSEMS ndash haacute

conflitos e convergecircncias Que tipo

X X

Como o ERS e o CGR se relacionam com a SES no

processo de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Quais as aacutereas

envolvidas organizaccedilatildeo interna articulaccedilatildeo entre aacutereas

mecanismos de cooperaccedilatildeo incentivos e recursos

mobilizados

X

As relaccedilotildees que ocorrem entre as instacircncias

governamentais na regiatildeo de sauacutede Satildeo de articulaccedilatildeo

sobreposiccedilotildees ou complementaridade de atribuiccedilotildees

X X

Como eacute a relaccedilatildeo da SESERS junto ao consoacutercio e que

papel exerce

X X

O CGR se relaciona com o CMS Como ocorre Quais

as estrateacutegias utilizadas nesta interaccedilatildeo

X

Quais as relaccedilotildees predominantes entre o CGRRegional e

o CMS Se haacute conflitos como satildeo superados

X

10 7 0

4 ndash Relaccedilotildees puacuteblico-privadas Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O setor privado faz parte da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede do

SUS nesta regiatildeo Essa participaccedilatildeo eacute

importantesignificativa O que representa no processo

de regionalizaccedilatildeo Influencia as negociaccedilotildees

intergovernamentais no processo de regionalizaccedilatildeo De

que forma

X X X

Faz parte da rede de atenccedilatildeo do SUS desta regiatildeo atores

e estruturas do setor publico e privado Quem satildeo estes

atoresestruturas e como satildeo as relaccedilotildees

X X X

Como foi determinada a aacuterea de abrangecircncia as

referecircncias e os papeacuteis dos prestadores puacuteblicos e

privados Quem participou desse processo Quem

influenciou (prestador - puacuteblico ou privado) no fluxo e

na determinaccedilatildeo das referecircncias na microrregiatildeo Por

quecirc Comente

X X X

Quais ou que tipo de convecircnioscontratos a sua

instituiccedilatildeoempresa tem firmado com o SUS Comente

X X X

Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo

do SUS Na regiatildeo haacute algum serviccedilo que natildeo estaacute

disponiacutevel para o SUS Por quecirc

X X X

Como eacute feito a contratualizaccedilatildeo dos prestadores privados

na microrregiatildeo JA CONTEMPLADA NA

DIMENSAO I ITEM- PLANEJAMENTO E

REGULACcedilAtildeO DA REGIONALIZACcedilAtildeO

---------- ---------

-

-------

---

A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de

atenccedilatildeo da microrregiatildeo De que forma

X X X

Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees

entre o puacuteblico e o privado trazem a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos objetivos

sociais

X X X

Os arranjos que vecircm ocorrendo entre o puacuteblico e o

privado corresponde aos objetivos do sistema de sauacutede

puacuteblica Quais as influecircncias do setor privado no

processo decisoacuterio da regionalizaccedilatildeo e nos planos

regionais

X X X

Nas instacircncias regionais de planejamento e gestatildeo quem

representa o setor privado conveniado Como eacute esta

participaccedilatildeo De que forma a relaccedilatildeo puacuteblico-privado se

expressa na Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI)

Existem conflitos Quais (razotildees)

X X X

Existe um espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a

SESERS e os prestadores puacuteblicos e privados da regiatildeo

de sauacutede Como funciona

X X X

A regulaccedilatildeo da Assistecircncia ambulatorial e hospitalar da

regiatildeo - como estaacute organizada Existem diferenccedilas na

participaccedilatildeo dos prestadores puacuteblicos e privados

X X X

Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo da

sauacutede na microrregiatildeo Quais

X X X

Eacute realizado controle avaliaccedilatildeo auditoria sobre o sistema

complementar Quem realiza como realiza

X X X

13 13 13

DIMENSAtildeO IIIndash IMPACTOS DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1ndash Mudanccedilas institucionais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc considera que com a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede houve mudanccedilas no processo de conduccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo Quais as mudanccedilas que ocorreram na

gestatildeo Na organizaccedilatildeo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos ou

outras Comente

X X X

Se houve mudanccedilas as que ocorreram foram em

decorrecircncia de quais estrateacutegias

X X X

Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e a instancia

regional vocecirc observa mudanccedilas com a regionalizaccedilatildeo

da sauacutede Comente a atuaccedilatildeo de ambas e as mudanccedilas

X X X

Em relaccedilatildeo ao Consorcio com a regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

(2006) houve mudanccedilas Quais

X X X

Em 2011 foi editado o decreto no 7508 que

regulamenta a Lei 808090 Como estaacute agrave discussatildeo e o

processo de implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede

considerando as diretrizes do decreto-

X X X

O que estaacute sendo trabalhado na regiatildeo em relaccedilatildeo ao

RENASESRENAME Jaacute foi Pactuado na CIB Como

estaacute sendo organizada a atenccedilatildeo primaacuteria a

urgecircnciaemergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo

ambulatorial e especializada hospitalar e vigilacircncia a

sauacutede

X

O COAPS (Contrato Organizativo da Accedilatildeo Puacuteblica)- jaacute

foi discutido

X

O processo de regionalizaccedilatildeo em curso possibilita a

emergecircncia de novos poderes regionais ou contribui para

o fortalecimento dos poderes regionais existentes

X

No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc

aponta no atual processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Em sua opiniatildeo qual o impacto da regionalizaccedilatildeo em

curso Poderia ter um impacto diferente Qual

X X X

10 6 6

ROTEIRO ESPECIacuteFICO PARA AS OPERADORAS DE PLANOS DE SAUacuteDE -

UNIMED e UNIVIDA

1 Que fatores determinam esta regiatildeo de sauacutede Comente

2 Qual a abrangecircncia regional desta operadora Quais os municiacutepios atendidos

3 A atuaccedilatildeo da operadora eacute de forma regionalizada Como se daacute a regionalizaccedilatildeo

da operadora Comente

4 Quais satildeo os tipos de planos existentes e qual o puacuteblico alvo-classe social

empresas ndash qual delas tem maior percentual de adesatildeo

5 Esta operadora possui hospital proacuteprio Se natildeo possui qual eacute o principal

Hospital que utiliza

6 Que tipos de especialidadesserviccedilos satildeo oferecidos na regiatildeo

7 Os serviccedilos e especialidades ofertados na regiatildeo satildeo definidos com base em

quais criteacuterios (o SUS eacute levado em consideraccedilatildeo)

8 Como eacute feito o credenciamento de novos serviccedilos Eacute feito algum tipo de

exigecircncia Quais

9 Como eacute realizada a regulaccedilatildeo do fluxo de internaccedilotildees ou outros

10 Haacute demanda reprimida Em que aacutereaespecialidade Comente

11 Como eacute a organizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo regional da operadora Enfrenta

problemas em relaccedilatildeo a esta organizaccedilatildeo

12 Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo do SUS Na regiatildeo haacute

algum serviccedilo que natildeo estaacute disponiacutevel para o SUS Por quecirc

13 Haacute convecircnio com hospitais puacuteblicos e filantroacutepicos Existe algum convecircnio com

as prefeituras municipais da regiatildeo E com o estado

14 O paciente SUS eacute atendido por esta operadora Comente como

15 A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de atenccedilatildeo desta regiatildeo De que

forma

16 Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o

privado trazem a regionalizaccedilatildeo da sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos

objetivos sociais

17 Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo e ao funcionamento do

sistema de sauacutede na regiatildeo E com relaccedilatildeo ao SUS Quais

18 Existem conflitos com os prestadores gestores e instacircncias do SUS na regiatildeo

Quais

19 Participa de algum foacuterum regional puacuteblico ou privado de discussatildeo da sauacutede

(como o CRG)

20 Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e ERS vocecirc observa mudanccedilas com a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Comente

21 No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc aponta no atual

processo de regionalizaccedilatildeo

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS DO ENTREVISTADO

Por favor considerando tudo o que conversamos num balanccedilo geral o que eu natildeo

perguntei que vocecirc gostaria de complementar

APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA FACULDADE

DE MEDICINA

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - DMPFMUSP

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O(a) Sr(a) estaacute sendo convidado(a) para participar da pesquisa ldquoA Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado

de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de

sauacutede do Meacutedio Norte Matogrossenserdquo desenvolvida pela aluna Nereide Lucia Martinelli sob

orientaccedilatildeo da Prof Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana para elaboraccedilatildeo da Tese a ser apresentada agrave

Universidade de Satildeo Paulo - DMP como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutora em

Ciecircncias

O(a) Sr(a) foi selecionado(a) pela relevante participaccedilatildeo na gestatildeo formaccedilatildeo ou prestaccedilatildeo de serviccedilos no

sistema de sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A

qualquer momento o Sr(a) pode desistir de participar e retirar seu consentimento sem nenhum prejuiacutezo

em sua relaccedilatildeo com o pesquisador ou com a USPDMP

Esse trabalho tem como objetivo analisar ldquoAnalisar o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede na

microrregiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede

regionalrdquo Sua participaccedilatildeo nesta pesquisa consistiraacute em conceder uma entrevista sobre questotildees relativas

ao funcionamento da instituiccedilatildeoorganizaccedilatildeo no sistema de sauacutede regional que explicitem a relaccedilatildeo entre

o puacuteblico e o privado nos processos relacionados agrave regionalizaccedilatildeo do SUS bem como fornecer

documentos existentes que permitam maior entendimento das questotildees relativas ao tema Caso o Sr(a)

esteja de acordo a entrevista deveraacute ser gravada para transcriccedilatildeo posterior visando facilitar o

processamento do material Entretanto o Sr(a) poderaacute solicitar agrave pesquisadora que natildeo grave ou que

interrompa a gravaccedilatildeo a qualquer momento durante a realizaccedilatildeo da entrevista

As informaccedilotildees fornecidas seratildeo processadas pela pesquisadora e analisadas em conjunto com outras

entrevistas e documentos disponiacuteveis sobre o tema investigado Citaccedilotildees diretas de falas seratildeo evitadas

poreacutem caso seja necessaacuterio para a compreensatildeo da conjuntura o entrevistado poderaacute ser identificado

desde que previamente consultado e esteja de acordo com o material de publicaccedilatildeo Destaque-se que os

resultados da anaacutelise realizada satildeo de inteira responsabilidade da pesquisadora

Todo o material da pesquisa ficaraacute sob a guarda da pesquisadora e seraacute mantido arquivado no prazo

recomendado pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da USP (CEPUSP)

O(a) Sr(a) receberaacute uma coacutepia deste termo onde consta o telefone e o endereccedilo do pesquisador principal

podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer momento

_______________________

Nereide Lucia Martinelli Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana

Pesquisadora Orientadora- USPDMP

USP - Rua Dro Arnaldo Tel +55 11 3061-7000

Tel CEPUSP- CEP 01246903 - Satildeo Paulo - SP - Brasil - Declaro que entendi os objetivos riscos e

benefiacutecios de minha participaccedilatildeo na pesquisa e concordo em participar

______________________________________________

Assinatura legiacutevel do entrevistado e ou chefe do setor onde seraacute coletado informaccedilotildees para a pesquisa-

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Local e data ______________________________________

APEcircNDICE C ndash Matrizes de anaacutelise por dimensatildeo

Quadro I ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico da

regionalizaccedilatildeo

minus Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo municiacutepios

integrantes capacidade instalada e estrutura organizacional do ERS minus continuidades

e rupturas na organizaccedilatildeo e funcionamento da regionalizaccedilatildeo

2- desenho da

regionalizaccedilatildeo

- mapa de recorte da regiatildeo macro micro abrangecircncia territorial limites e

populaccedilatildeo minus recorte da regiatildeo preacute e poacutes-pacto pela sauacutede

minus fatores determinantes e condicionantes na delimitaccedilatildeo da regiatildeo populaccedilatildeo

capacidade instalada da rede de sauacutede e complexidade fluxos populacional rede

viaacuteria parcerias entre municiacutepios perfil epidemioloacutegico dinacircmica econocircmica e

social identidade cultural minus interfaces da regiatildeo de sauacutede com outras poliacuteticas

puacuteblicas do Estado

3-Finalidades e escopo da

regionalizaccedilatildeo

minus finalidades da regionalizaccedilatildeo acesso minimizar desigualdades sociais regionais

desenvolvimento regional minus foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos

de sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (vigilacircncias formaccedilatildeo etc)

4-Estrateacutegias poliacuteticas da

regionalizaccedilatildeo

minus interfaces da poliacutetica de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede com outras poliacuteticas

regionais do governo do estado minus inserccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede e lugar que

ocupa na agenda poliacutetica da SES e do Escritoacuterio Regional de Sauacutede minus Existecircncia de

estrateacutegias regionais - contrataccedilatildeo e lotaccedilatildeo de profissionais logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo ndash transporte compras

5-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede e de organizaccedilatildeo da

regulaccedilatildeo fluxos de pessoas (centrais de agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo

sauacutede tratamento fora domiciacutelio) minus Estrateacutegias e participaccedilotildees no processo de

planejamento regional minus Existecircncia e situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede

- influencias no planejamento e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede

minus organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos antes e depois do pacto complexidade redes de

serviccedilos linhas de cuidado minus contratualizaccedilatildeo de prestadores instrumentos

acompanhamento minus existecircncia de problemas conflitos planejamento e regulaccedilatildeo

intra e inter regional

6-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos a regionalizaccedilatildeo compensaccedilatildeo de

desigualdades na regiatildeo qualificaccedilatildeo profissional investimentos regionais

(construccedilatildeo ampliaccedilatildeo equipamentos veiacuteculos) - origem tipos finalidades e

criteacuterios minus Existecircncia e tipos de mecanismos de programaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de

recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo - criteacuterios e finalidades minus

Existecircncia de fundos regionais de recursos (consoacutercios de sauacutede fundos estaduais

compensatoacuterios outros fundos)

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Quadro II ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra -Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Estruturas de integraccedilatildeo

e gestatildeo regional

minus existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental regiatildeo minus CGR

consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da SES CIES

cacircmaras teacutecnicas e outros minus CGR Consoacutercio CIES - estrutura organizaccedilatildeo e

funcionamento caracteriacutesticas finalidades papel e contribuiccedilatildeo das instacircncias

regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus criteacuterios de escolha dos membros das

instancias regionais minus participaccedilatildeo de profissionais e representantes do prestador

puacuteblico e privado nas instancias regionais minus reuniotildees das instancias regionais

definiccedilatildeo temas de consenso e influencias na pauta tipos de reuniotildees minus papel da

SESERS no processo de regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de recursos financeiros

disponiacuteveis para instancias regionais minus participaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede no processo decisoacuterio minus forma de processo decisoacuterio ndash voto consenso

2 - O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus influencias e papel

do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo minus

influencias do CGR no processo de regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de pactos de cooperaccedilatildeo estabelecidos entre os gestores no CGR minus

fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do CGR

3-Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consorcio Intermunicipal

de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS CIES minus existecircncia e

forma de relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional hospital de

referencia regional operadoras de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercio intermunicipal de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa minus predomiacutenio e

tipos de relaccedilotildees intergovernamentais- conflitiva cooperativa parceria articulaccedilatildeo

sobreposiccedilatildeo ou complementaridade de atribuiccedilotildees outras minus tipo de relaccedilotildees entre a

SESERS ERS COSEMS - conflitos e convergecircncias

4 - Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus importacircncia e influencias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo sauacutede do

SUS na regiatildeo minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus

participaccedilatildeo influencia aacuterea de abrangecircncia e criteacuterios na definiccedilatildeo das referencias

na regiatildeo de sauacutede minus existecircncia e tipos de convecircnioscontratos firmados com o SUS

minus tipos de serviccedilos existentes no setor privado e disponiacutevel ao SUS minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o publico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do setor

privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de

espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a SESERS e prestadores puacuteblicos e

privados minus organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema complementar

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al 2010)

Quadro III ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1 - Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede

conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento capacidade instalada e prestaccedilatildeo de

serviccedilos minus mudanccedilas em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo do estado - SES ERS consorcio

Intermunicipal de sauacutede minus processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508 RENAME

RENASES COAP minus Mudanccedilas observadas em relaccedilatildeo aos poderes regionais

existentes minusavanccedilos dificuldades e desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Page 2: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência

2

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)

Preparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

reproduccedilatildeo autorizada pelo autor

Martinelli Nereide Luacutecia

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte

Mato-grossense Nereide Luacutecia Martinelli -- Satildeo Paulo 2014

Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

Programa de Medicina Preventiva

Orientador Ana Luiza DrsquoAacutevila Viana

Descritores 1Regionalizaccedilatildeo 2Poliacutetica de sauacutede 3Sistema Uacutenico de Sauacutede

4Planejamento em sauacutede 5Assistecircncia agrave sauacutede 6Investimentos em sauacutede

7Anaacutelise qualitativa 8Anaacutelise quantitativa 9Entrevista

USPFMDBD-24714

AGRADECIMENTOS

Este momento eacute muito especial e estou muito feliz por mais esta formaccedilatildeo Foi

prazeroso fazer esta pesquisa Estive motivada o tempo todo Tudo valeu

Agradeccedilo agrave minha orientadora Dra Ana Luiza DrsquoAacutevila Viana a quem admiro

pela habilidade competecircncia e sabedoria ao conduzir-me neste aprendizado Seus

conhecimentos e entusiasmo pela pesquisa sem duacutevida me estimularam para querer

aprender mais e querer fazer melhor Obrigada Vocecirc foi generosa confiando e

acreditando que posso contribuir

Ao professor Joatildeo H G Scatena amigo de trabalho a quem da mesma forma

admiro pelo conhecimento e pela pessoa que eacute Seu profissionalismo simplicidade e

dedicaccedilatildeo satildeo admiraacuteveis Obrigada pela amizade e apoio

Ao meu querido sobrinho Vinicius que me acolheu com tanto carinho em sua

residecircncia em Satildeo Paulo Obrigada vocecirc foi companheiro

Agrave minha matildee Terezinha ao meu pai Antelmo (in memoriam) agrave minha irmatilde

Cristina aos meus irmatildeos Vanderci e Luiz obrigada pelo apoio e dedicaccedilatildeo que me

oferecem por acreditarem em mim e naquilo que faccedilo e por todos os ensinamentos de

vida Ao meu cunhado Jorge obrigada pelo apoio vocecirc foi muito gentil

Ao Geraldo marido amado e companheiro obrigada pela dedicaccedilatildeo a mim

dispensada em todos os momentos desta minha trajetoacuteria de estudo Seu incentivo e

apoio foram determinantes

Aos meus filhos Leonardo e Victor meus priacutencipes e diamantes da minha vida

obrigada por sempre me incentivarem Desculpem-me pelas vezes que precisei privaacute-

los de nossos momentos em famiacutelia

Compartilho com toda minha famiacutelia esta minha vitoacuteria Vocecircs me fortaleceram

para lutar pelo meu objetivo

4

Aos profissionais entrevistados Edna Roberto Claudete Luciana Eli Marcos

Gleice Andreia Clestiane Amarante Nivea a Sueli Coutinho e Juliano obrigada

Vocecircs foram receptivos A todos vocecircs agrave equipe do ERS Tangaraacute da Serra e aos

Secretaacuterios Municipais de sauacutede da regiatildeo obrigada A vocecircs dedico todo este

trabalho

SUMAacuteRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL 17

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO 36

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 57

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA

REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 77

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 93

61 O complexo regional 93

62 Institucionalidade da regiatildeo 109

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 132

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 143

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

10 REFEREcircNCIAS 171

6

LISTA DE SIGLAS

AIH Autorizaccedilatildeo de Internaccedilatildeo Hospitalar

ANS Agecircncia Nacional de Sauacutede

CAP Caixas de Aposentadorias e Pensotildees

CAPS Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial

CGR Colegiado de Gestatildeo Regional

CIB Comissatildeo Intergestores Bipartite

CIES Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo

CIR Comissatildeo Intergestores Regional

CIS Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

CIT Comissatildeo Intergestores Tripartite

CMS Conselho Municipal de Sauacutede

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimento de Sauacutede

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFINS Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

CONASEMS Conselho Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CONASP Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria

CONASS Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede

COSEMS Conselho de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CRR Central Regional de Regulaccedilatildeo

EC-29 Emenda Constitucional 29

ERS Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS)

ESF Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

ESP Escola de Sauacutede Puacuteblica

FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviccedilo

IAP Institutos de Aposentadoria e Pensatildeo

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INAMPS Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia Social

INEMAT Instituto de nefrologia de Mato Grosso

INPS Instituto Nacional da Previdecircncia Social

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuteria

LOA Lei Orccedilamentaacuteria Anual

LOPS Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NOAS Norma Operacional da Assistecircncia a Sauacutede

NOB Normas Operacionais Baacutesicas

OS Organizaccedilatildeo Social

PAB Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

PACIS Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede

PACS Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PAREPS Plano de Accedilatildeo Regional para a Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede

PASCAR Programa de Apoio a Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais

PASF Programa de Apoio a Sauacutede da Famiacutelia

PDI Plano Diretor de Investimentos

PDR Plano Diretor da Regionalizaccedilatildeo

PES Plano Estadual de Sauacutede

PIAMAB Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica

PIB Produto Interno Bruto

PNEP Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

PPA Plano Plurianual

PPI Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

PSB Programa de Sauacutede Bucal

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PTA Plano Anual de Trabalho

RAS Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede

RGM Relatoacuterio de Gestatildeo Municipal

SADT Serviccedilo de Apoio Diagnoacutestico e Terapia

SIA Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais

SAMU Serviccedilo de Apoio a Urgecircncia-Emergecircncia

SECITEC Secretaria de Estado de Ciecircncia e Tecnologia

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SER SUS Sistema de Referecircncia Estadual

SES Secretaria de Estado de Sauacutede

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SIOPS Sistema de informaccedilotildees de orccedilamentos puacuteblicos de sauacutede

8

SISPPI Sistema de Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

SISREG Sistema Nacional de Regulaccedilatildeo

SMS Secretarias Municipais de Sauacutede

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCG Termo de Compromisso de Gestatildeo

TFD Tratamento fora do Domicilio

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UNIC Universidade de Cuiabaacute

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Piracircmide etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010 58

Figura 2 Regiotildees de sauacutede escritoacuterios regionais e respectivos municiacutepios

Mato Grosso 2012 80

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da

regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra 61

Tabela 2 Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e

seus componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008 62

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade

municipal (despesas totais) e despesas com recursos

exclusivamente municipais Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato

Grosso 2002 2005 e 2009 64

Tabela 4 Nuacutemero de estabelecimentos de sauacutede por categorias selecionadas e

tipo de prestador segundo municiacutepios da Regiatildeo de Sauacutede de

Tangaraacute da Serra 2010 66

Tabela 5 Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010 70

Tabela 6 AIH pagas (por 100 habitantes) em triecircnios segundo municiacutepio de

residecircncia e de internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Mato Grosso 2001-2009 71

Tabela 7 Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por

municiacutepio Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso

2000 2005 e 2010 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo

Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 2 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila

da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 3 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da

regionalizaccedilatildeo 13

Quadro 4 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 167

Quadro 5 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede

de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a

2011 168

Quadro 6 Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo

na regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede -

2006 a 2011 168

Quadro 7 Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no

periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 169

12

RESUMO

Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte Mato-

grossense [Tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2014

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute contemplada no artigo 198 da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 e eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs entes federativos para a

conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e a efetivaccedilatildeo do direito agrave sauacutede Na implementaccedilatildeo

do SUS a regionalizaccedilatildeo ganha destaque nos anos 2000 mas no Estado de Mato

Grosso a partir de 1995 a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da Secretaria de Estado da

Sauacutede definiu estrateacutegias para a implementaccedilatildeo do SUS por regiotildees de sauacutede e

fortaleceu as instacircncias puacuteblicas regionalizadas A partir de 2003 houve trocas

sucessivas do gestor estadual de sauacutede com repercussatildeo na maneira de conduzir a

poliacutetica estadual de sauacutede e apesar da institucionalidade anteriormente construiacuteda o

processo de regionalizaccedilatildeo sofre certa estagnaccedilatildeo O presente estudo de caso analisa o

processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico-privado no sistema de sauacutede da

regiatildeo do Meacutedio Norte do Estado no periacuteodo de 2006 a 2011 Tal recorte se justifica

pela ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede 2006 que contempla a regionalizaccedilatildeo Faz-se uso de

anaacutelise qualitativa das entrevistas realizadas com informantes-chave e se utiliza de

anaacutelise quantitativa de dados secundaacuterios Com essas informaccedilotildees pocircde-se caracterizar

os mecanismos e instrumentos adotados bem como as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no

sistema puacuteblico de sauacutede compreender como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a

interaccedilatildeo dos diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Na regiatildeo em estudo na vigecircncia do Pacto a SES preservou e criou novos incentivos

manteve o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede implantou leitos de UTI conservou o

convecircnio com o hospital municipal de referecircncia regional e sustentou os convecircnios com

cliacutenicas e laboratoacuterios de apoio diagnoacutestico do setor privado O CGR foi criado mas sua

governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo eacute parcial e embora seja um espaccedilo de

decisatildeo colegiada ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes e gera as mais

diversas consequecircncias na governanccedila da poliacutetica regionalizada O PDR e o PDI natildeo

foram atualizados a regulaccedilatildeo da assistecircncia que era desenvolvida pela regiatildeo foi

recentralizada a SES atrasou o repasse dos incentivos financeiros aos fundos

municipais de sauacutede e natildeo investiu na construccedilatildeo do hospital regional Apesar da

trajetoacuteria do Estado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede a estrutura da rede puacuteblica de atenccedilatildeo agrave

sauacutede natildeo se expandiu e as parcerias estabelecidas com o setor privado fortaleceram sua

participaccedilatildeo na rede de atenccedilatildeo e tecircm influenciado o sistema regional de sauacutede A

regiatildeo precisa da coordenaccedilatildeo do estado na conduccedilatildeo do processo de regionalizaccedilatildeo

sem a qual seu avanccedilo fica comprometido

Descritores Regionalizaccedilatildeo Poliacutetica de sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Planejamento

em sauacutede Assistecircncia agrave sauacutede Investimentos em sauacutede Anaacutelise qualitativa Anaacutelise

quantitativa Entrevista

ABSTRACT

Martinelli NL The healthrsquos regionalization in the State of Mato Grosso the process of

implementation and the relationship public-private in the regionrsquos health of the Middle

Northrsquos Mato Grosso [Thesis] ldquoFaculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulordquo

2014

The Regional Health Planning is included at Art198 of the Constitution of 1988 and it

is a guideline the SUS that provides for the combination of the three federative for

shaping the health system and the realization of the right to health At the

implementation of SUS Regional Health Planning gained prominence in the 2000s but

in the state of Mato Grosso since 1995 the reorientation political-institutional of the

SES defined strategies to implementation of the SUS by regions the health and

strengthened regionalized public instances Since 2003 there were successive exchanges

of state health manager with repercussions on the manner to conduct the state health

policy and despite the earlier institutional the Regional Health Planning process suffers

certain stagnation This case study analyzes the process of the Regional Health Planning

and public-private mix in the health system of the Middle North region of the state

between the period from 2006 to 2011 The angle is justified by editing the health pact

that include the Regional Health Planning Makes use of a qualitative analysis from

interviews with key informants and uses a quantitative analysis at secondary data With

this information it was possible to characterize the mechanisms and instruments

adopted as well as relations public-private in the public health system understand how

occurs decision process the relationship and interaction of various actors that compose

this complex health At the study region at the presence of the health pact the SES

remained and created new incentives kept the CIS deployed UTI beds kept the

covenants with the municipal hospital of referral regional and with private clinical and

laboratories of support diagnostic The CGR was created but the governance on the

macro policy in the region is partial and although a space of collegial decision also has

characteristics of the sum of the parts and generates the most diverse consequences in

the governance of regionalized policy The PDR and PDI were not updated the

regulation of assistence developed by region was centralized the SES delayed the

transfer of financial incentives to municipal health funds and didnrsquot invested in the

construction of the regional hospital Despite the state trajectory of the Regional Health

Planning the structure of public health care had not expanded and the partnerships with

the private sector strengthened its participation in the care network and had

influenciated the regional health system The region needs the coordination of the state

in the conduct of the regionalization process without which its progress is

compromised

Descriptors Regionalization Health policy Health system Health planning Health

care Investments in health Qualitative analysis Quantitative analysis Interview

1

1 Introduccedilatildeo

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede objeto deste estudo estaacute contemplada no artigo 198 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs

entes federativos para a conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede

Na implementaccedilatildeo do SUS a regionalizaccedilatildeo somente ganha destaque nos anos

2000 posteriormente aos estudos avaliativos que mostraram que a descentralizaccedilatildeo

com ecircnfase na municipalizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 ampliou os serviccedilos com inovaccedilotildees

na gestatildeo e maior participaccedilatildeo da populaccedilatildeo mas apresentou limites e dificuldades para

legitimar o acesso e o direito integral agrave sauacutede

Foi nesta deacutecada que teve iniacutecio o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado

de Mato Grosso Ateacute 1995 a descentralizaccedilatildeo em MT seguindo as diretrizes nacionais

focava a gestatildeo municipal mediante transferecircncias financeiras vinculadas agrave capacidade

de produccedilatildeo dos serviccedilos A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) organizou o territoacuterio

estadual em nove Polos Regionais de Sauacutede tendo por sede municiacutepios de referecircncia

em cada um desses espaccedilos geograacuteficos

Com a nova gestatildeo estadual (1995-2002) a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da

Secretaria de Estado da Sauacutede (SES) define estrateacutegias voltadas para a implementaccedilatildeo

do SUS por regiotildees de sauacutede Os Polos Regionais de Sauacutede existentes na SESMT satildeo

reestruturados assumem novas atribuiccedilotildees na articulaccedilatildeo regional passam a realizar

assessoria planejamento e programaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede por

municiacutepio e regiatildeo Ao mesmo tempo a SES tambeacutem eacute reestruturada para corresponder

agraves necessidades em pauta (MT 2000a)

No periacuteodo de 1995 a 1999 a SES pautada no objetivo de fortalecer os Polos

Regionais de Sauacutede comeccedila a implantar as Comissotildees Intergestores Bipartites

Regionais (CIB Regionais) com a intenccedilatildeo de que os territoacuterios regionais se tornassem

um espaccedilo privilegiado de interlocuccedilatildeo negociaccedilatildeo e pactuaccedilatildeo entre o estado e os

municiacutepios

No acircmbito nacional os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica satildeo apresentados

pelos gestores ampliam-se os debates sobre a regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia necessaacuteria

3

para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e a NOAS eacute editada Quando a NOAS foi editada

este estado jaacute estava com a regionalizaccedilatildeo em processo de estruturaccedilatildeo e ela contribuiu

para aperfeiccediloar e aprofundar os instrumentos de gestatildeo A regionalizaccedilatildeo prevista na

NOAS fortaleceu as pactuaccedilotildees fomentou a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor da

Regionalizaccedilatildeo (PDR) do Plano Diretor de Investimentos (PDI) e da Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) explicitou e organizou o fluxo da assistecircncia viabilizou a

implantaccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais

Na regiatildeo em estudo como nas demais do estado foram realizados foacuteruns no ano

de 2001 com o objetivo de efetuar diagnoacutestico e definir as prioridades e metas de cada

regiatildeo tambeacutem foi organizado o Sistema de Referecircncia e Regulaccedilatildeo Regional e

Estadual mas natildeo o suficiente para captar investimentos a fim de ampliar a capacidade

instalada da rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A partir dos anos 2003 inicia-se um novo governo ocorrem trocas sucessivas do

gestor estadual e a SES enfrenta diversidade na maneira de conduzir a Poliacutetica Estadual

de Sauacutede Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 por induccedilatildeo do governo federal a

regionalizaccedilatildeo retorna agrave agenda do gestor estadual e a SES e o COSEMS realizam

oficinas no interior do estado com o objetivo de ampliar e qualificar o debate da gestatildeo

municipal para subsidiar o gestor na tomada de decisatildeo quanto agrave elaboraccedilatildeo do Termo

de Compromisso de Gestatildeo (Ribeiro 2009) Nesta regiatildeo 100 dos municiacutepios

assinam este termo

A organizaccedilatildeo de serviccedilos regionalizados pressupotildee a gestatildeo cooperativa e

solidaacuteria o compartilhamento de tarefas e a distribuiccedilatildeo de poder negociados e

pactuados no CGR Na regiatildeo em estudo esta governanccedila tem gerado dilemas e

conflitos entre os entes federativos prestadores de serviccedilos e demais atores em especial

quando se depara com problemas de acesso agrave rede na regiatildeo e se necessita recorrer agrave

capital do estado

O Pacto pela Sauacutede contemplou uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo uma nova

forma de gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes

atores sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes

experiecircncias Essa nova maneira de gerir eacute complexa e constitui desafio aos gestores de

sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo Trabalhar as regiotildees de sauacutede eacute lidar com

diversidade de contextos e lugares eacute entender que os determinantes do processo de

4

regionalizaccedilatildeo extrapolam o setor sauacutede que as modalidades e tipos de serviccedilos de

sauacutede puacuteblica diferem nos sistemas locais regionais estaduais e que os sistemas locais

em sua maioria dispotildeem apenas dos serviccedilos da atenccedilatildeo baacutesica (Viana e Lima 2011)

Em 2011 foi editado o Decreto no 7508 que trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm

808090 e seu papel eacute entre outros regular a estrutura organizativa do SUS o

planejamento de sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e articular os entes federativos Pelo

Decreto os serviccedilos de sauacutede deveratildeo ser ofertados nas regiotildees de sauacutede constituiacutedas

pelo estado com capacidade instalada para dispor no miacutenimo de atenccedilatildeo primaacuteria

urgecircncia e emergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo ambulatorial especializada e

hospitalar vigilacircncia em sauacutede articulada com os municiacutepios e organizadas em redes de

atenccedilatildeo agrave sauacutede

As diretrizes da regionalizaccedilatildeo propiciam avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e trabalhar

a governanccedila no territoacuterio aqui entendido como o espaccedilo usado que natildeo considera

apenas os limites territoriais mas um espaccedilo vivido com sua populaccedilatildeo seus atores e

seus problemas sociais de maneira integrada

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e a sua implementaccedilatildeo na regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra fomentaram debates acordos e pactuaccedilotildees com o objetivo de

fortalecer o sistema de sauacutede neste territoacuterio Esta regiatildeo antes do Pacto pela Sauacutede

buscou alternativas para viabilizar o acesso na regiatildeo e para isso estabeleceu interface

com o setor privado criou um modus operandi que determinou a sua forma de

organizaccedilatildeo

A concepccedilatildeo do que vem a ser puacuteblico ou privado e as suas relaccedilotildees dispotildeem de

grande variabilidade de significados Neste estudo o mix publico-privado refere-se agrave

natureza juriacutedica das instituiccedilotildees que fazem parte da rede de serviccedilos SUS Esta

estrateacutegia operacional mix puacuteblico-privado abre espaccedilo para uma regulaccedilatildeo que vai

aleacutem da governabilidade puacuteblica uma vez que envolve outros agentes no processo de

regionalizaccedilatildeo e requer relaccedilotildees intergovernamentais cooperativas para viabilizar a sua

gestatildeo Estas relaccedilotildees satildeo complexas diferem e podem influenciar a dinacircmica

operacional o acesso aos serviccedilos e justifica a realizaccedilatildeo de estudos que possam

contribuir para a tomada de decisatildeo dos entes federativos que agem em situaccedilotildees

diversas com limites teacutecnicos operacionais e financeiros

5

A regiatildeo de sauacutede objeto desta pesquisa tem uma rede puacuteblica constituiacuteda em sua

maioria por unidades de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria natildeo dispotildee de hospital regional e

para suprir a insuficiecircncia do serviccedilo puacuteblico e facilitar o acesso da populaccedilatildeo

implantou o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Mato-

grossense que oferece serviccedilos de apoio diagnoacutestico-laboratorial e imagem internaccedilotildees

e atendimento meacutedico especializado entre outros Estes conformam um complexo

regional entendido neste estudo como ldquoas diferentes estruturas instituiccedilotildees instacircncias e

atores puacuteblicos e privados que participam do processo de constituiccedilatildeo planejamento

organizaccedilatildeo gestatildeo e regulaccedilatildeo da sauacutede no acircmbito regionalrdquo (Viana et al 2008

p100)

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede o federalismo as relaccedilotildees intergovernamentais e o mix

puacuteblico-privado vecircm se tornando objeto de interesse de debates e estudos cientiacuteficos e

mostram que ldquoa dinacircmica dos complexos regionais em sauacutede (as relaccedilotildees puacuteblico-

privadas no interior das regiotildees de sauacutede) tambeacutem influencia o desempenho e os

resultados da regionalizaccedilatildeo no plano estadual e necessita ser avaliada por estudos de

casordquo (Viana et al 2010 p9)

O estudo faz parte da pesquisa ldquoAnaacutelise do processo de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

no Estado de Mato Grossordquo realizada pelo grupo de pesquisa do ISCUFMT em

parceria com o DMPFMUSP e ENSPFIOCRUZ submetido ao Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa do HUJMUFMT e aprovada em 09092009 mediante o parecer no 681CEP-

HUJM09 Este recorte tambeacutem foi submetido ao Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa do

Departamento de Medicina Preventiva (CEP-FMUSP) e aprovado na sessatildeo de

05092012 protocolo de pesquisa nordm 20612 parecer 91726

O presente estudo de caso teve como objetivo analisar o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede da regiatildeo de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo de 2006 a 2011 O recorte justifica-se pela ediccedilatildeo do Pacto

pela Sauacutede em 2006 que entre as suas diretrizes contempla a regionalizaccedilatildeo e pelo

Decreto nordm 75082011 que reitera esta estrateacutegia de conduccedilatildeo do SUS Esta regiatildeo

oficialmente eacute denominada Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do estado de Mato Grosso

mas ao longo deste trabalho ela seraacute referenciada como regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da

Serra como eacute mais conhecida

6

Para analisar o processo de regionalizaccedilatildeo utilizou-se de dados quantitativos e

informaccedilotildees qualitativas para caracterizar a regiatildeo de sauacutede (socioeconocircmica e

demograficamente) a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e as instacircncias relacionadas ao processo

de regionalizaccedilatildeo nesse territoacuterio identificar o processo decisoacuterio os padrotildees de

relacionamento e o papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional com

ecircnfase no CGR caracterizar os mecanismos e instrumentos adotados no processo de

regionalizaccedilatildeo e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no sistema puacuteblico de sauacutede nessa regiatildeo

Tais informaccedilotildees permitiram conhecer a estruturaccedilatildeo do sistema de sauacutede as

instacircncias regionalizadas os atores a participaccedilatildeo e influecircncia destes na

institucionalidade e governanccedila do SUS na regiatildeo Aleacutem disso pocircde-se compreender

no acircmbito da gestatildeo como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Fazem parte desta regiatildeo os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo

Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo Afonso

Sapezal e Tangaraacute da Serra

Eacute um estudo de caso que se utiliza do meacutetodo qualitativo para aprofundar e

responder aos questionamentos de como ocorreu a regionalizaccedilatildeo nesta regiatildeo de sauacutede

Para tanto utilizou-se de entrevistas buscando compreender as relaccedilotildees e o processo da

regionalizaccedilatildeo a partir do Pacto pela Sauacutede no periacuteodo de 2006 a 2011 Recorreu-se

tambeacutem ao periacuteodo anterior sempre que as variaacuteveis de interesse do estudo exigiram

Da pesquisa estadual foi utilizado o banco de dados referente ao questionaacuterio

autoaplicado agraves informaccedilotildees do levantamento de dados secundaacuterios e agrave anaacutelise

documental desta regiatildeo de sauacutede Cinco atores da regiatildeo responderam o questionaacuterio

autoaplicado o Chefe do Escritoacuterio Regional de Sauacutede o Secretaacuterio Executivo do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a Secretaacuteria do Colegiado de Gestatildeo Regional a

Secretaacuteria de Sauacutede e Vice- presidente regional do Conselho de Secretaacuterios Municipais

de Sauacutede (COSEMS) na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de Barra do

Bugres As informaccedilotildees contidas neste questionaacuterio foram totalmente consideradas

nesta pesquisa

O roteiro utilizado para as entrevistas com os atores da regiatildeo eacute especiacutefico para

este estudo de caso mas a sua elaboraccedilatildeo tambeacutem considerou as informaccedilotildees do

7

questionaacuterio autoaplicado da pesquisa estadual O roteiro completo contemplou 84

perguntas (Apecircndice A) e as entrevistas foram realizadas com os atores selecionados

Oitenta e quatro (84) perguntas foram aplicadas aos seguintes gestores Diretor do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS) Teacutecnico do ERS e membro do CGR Secretaacuterio

Executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede (CIS) Secretaacuteria de Sauacutede e Vice-

presidente regional do COSEMS na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de

Barra do Bugres cujo hospital municipal eacute referecircncia para esta regiatildeo Sessenta (60)

perguntas foram dirigidas aos gestores da regulaccedilatildeo Coordenador da Central Regional

de Regulaccedilatildeo (CRR) Meacutedico Regulador da regiatildeo Meacutedico Regulador do Hospital

Municipal de Referecircncia Regional Vinte e trecircs (23) foram feitas ao representante do

maior hospital conveniado da regiatildeo e vinte (20) perguntas num roteiro diferenciado

mas com perguntas relacionadas ao roteiro geral ao Presidente da Unimed e a gestora

da Univida

Estes atores estatildeo referidos nesta pesquisa como gestor estadual (GE) para

aqueles vinculados agrave estrutura estadual gestor municipal (GM) quando vinculados agrave

estrutura municipal e ao consoacutercio gestor privado (GP) quando vinculado ao hospital

privado conveniado agrave UNIVIDA e agrave UNIMED

A gestora da Univida foi selecionada pelo fato de essa empresa dispor de uma

Associaccedilatildeo que contempla os beneficiaacuterios desse plano e oferece meios de acesso ao

serviccedilo particular de sauacutede com descontos especiais Dessa empresa foram utilizadas

apenas as informaccedilotildees da gestora oferecidas no momento da entrevista visto que

apesar de o beneficiaacuterio necessitar da autorizaccedilatildeo da empresa para acessar o serviccedilo

natildeo dispotildee ela de sistema de informaccedilotildees sobre o quantitativo do serviccedilo utilizado Por

sua vez o gestor da Unimed foi escolhido pelo fato de o setor privado tambeacutem se

constituir em objeto desta pesquisa e por dispor de convecircnio com duas unidades

hospitalares puacuteblicas desta regiatildeo de sauacutede

A elaboraccedilatildeo do roteiro de entrevistas da planilha de coleta de informaccedilotildees

secundaacuterias e a anaacutelise de dados secundaacuterios e documentais basearam-se em trecircs

dimensotildees Institucionalidade Governanccedila e Impactos da regionalizaccedilatildeo Para cada

dimensatildeo foram definidos indicadores conforme matrizes em anexo (Apecircndice B)

A institucionalidade da regionalizaccedilatildeo eacute aqui entendida como todas as estrateacutegias

poliacuteticas e institucionais adotadas no periacuteodo a que se refere o estudo Ela foi analisada

8

a partir de subdimensotildees cujo levantamento de informaccedilotildees contemplou o histoacuterico o

desenho as finalidades e escopo as estrateacutegias poliacuteticas o planejamento a regulaccedilatildeo e

o financiamento da regionalizaccedilatildeo Para anaacutelise destas dimensotildees verificaram-se os

objetivos pelas quais a regiatildeo foi organizada a estrutura de funcionamento a interface

com outras poliacuteticas regionais do governo do estado a capacidade de introduccedilatildeo e

desenvolvimento de instrumentos de planejamento e regulaccedilatildeo que contemplam as

necessidades da regiatildeo e os mecanismos de financiamento e investimentos adotados

para efetivar a poliacutetica regional

A governanccedila da regionalizaccedilatildeo foi entendida neste estudo como um conjunto de

regras governamentais voltadas para a accedilatildeo coletiva que requer a divisatildeo de poderes e o

estabelecimento de relaccedilotildees de atores puacuteblicos e privados com interesses

diversificados cujas negociaccedilotildees podem resultar em objetivos comuns e redes entre as

instituiccedilotildees para governar num territoacuterio complexo um campo conformado por atores

independentes com dinacircmicas diferenciadas de governanccedila e com grau variado de

recursos e autonomia poreacutem institucionalizados e regulados Tem como unidade de

anaacutelise o Colegiado de Gestatildeo Regional (CGR) uma instacircncia de gestatildeo formado por

representantes da SESERS e dos municiacutepios que compotildeem a regiatildeo de sauacutede objeto

deste estudo Na governanccedila tambeacutem se considerou o CIS cujos gestores - prefeitos e

secretaacuterios de sauacutede - compartilham interesses comuns e deliberam a poliacutetica neste

espaccedilo

Essa dimensatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar a diversidade dos atores

envolvidos no processo de regionalizaccedilatildeo a forma de participaccedilatildeo nas instacircncias

colegiadas de negociaccedilatildeo o tipo de relaccedilatildeo estabelecida entre os membros as

estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental e entre atores de relevacircncia regional os temas de

consenso e influecircncias os tipos de reuniotildees e o processo decisoacuterio Verificou-se

tambeacutem o papel das instacircncias no CGR o papel do CGR na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo os fatores que facilitam ou dificultam o

funcionamento do CGR a importacircncia e as influecircncias do setor privado na rede e o

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede do SUS na regiatildeo

A dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar

se houve mudanccedilas e inovaccedilotildees no processo de regionalizaccedilatildeo induzidas pela

implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede na atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que integram o complexo

9

regional SES ERS CIS na conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento dos

serviccedilos na capacidade instalada e prestaccedilatildeo de serviccedilos Verificou-se tambeacutem se o

Decreto nordm 75082011 foi implantado

Foram considerados como fontes de informaccedilatildeo todos os dados coletados na

pesquisa estadual de interesse neste estudo de caso Aleacutem disso levantaram-se

informaccedilotildees de documentos de gestatildeo especiacuteficos da regiatildeo como contratualizaccedilatildeo com

hospitais laboratoacuterios cliacutenicas especializadas e medicina diagnoacutestica Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) Plano Diretor Regional (PDR) Plano Diretor de

Investimentos (PDI) Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG) atos e portarias da

SES resoluccedilotildees da Comissatildeo Intergestores Bipartite (CIB)Estadual resoluccedilotildees e

proposiccedilotildees do CGR chamada puacuteblica para contratualizaccedilatildeo Relatoacuterios de Gestatildeo do

ERS da CRR e CIS Plano de trabalho do CIS Sistemas de Informaccedilatildeo (CNES SIOPS

ANS IBGE SIA SIH) atas do CGR pautas do CGR Plano Anual de Trabalho da

SES Plano Anual de Trabalho do ERS planejamento do CIS e outros registros de

interesse do arquivo do ERS que permitiram apreender e dar resposta aos objetivos da

pesquisa

Foram utilizadas as informaccedilotildees das entrevistas e os dados secundaacuterios para

analisar como ocorreu o processo de implantaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede o

processo decisoacuterio como as decisotildees foram e satildeo estabelecidas e cumpridas pelas

instacircncias que fazem parte do complexo regional o funcionamento do CGR as relaccedilotildees

entre as instituiccedilotildees os padrotildees de relacionamento o papel e influecircncias das instacircncias

que fazem parte do complexo regional e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas

Os mecanismos e instrumentos adotados no processo de regionalizaccedilatildeo foram

analisados por meio do PDR PDI PPI Portarias Decretos pactos estabelecidos

contratualizaccedilotildees entre outros que permitiram fazer um inventaacuterio do planejamento e da

gestatildeo regional da sauacutede A combinaccedilatildeo destas informaccedilotildees permitiu identificar a

regionalizaccedilatildeo considerando o processo decisoacuterio os padrotildees de relacionamento e o

papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional

Para caracterizar a regiatildeo de sauacutede utilizou-se a base populacional estimada pelo

IBGE para os anos de 2000 a 2011 Os bancos de dados utilizados para o caacutelculo dos

indicadores foram providos pelo DATASUS Alguns indicadores foram calculados e

permitiram obter um diagnoacutestico situacional da regiatildeo de sauacutede incluindo as

10

caracteriacutesticas socioeconocircmicas e demograacuteficas a disponibilidade de serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo da assistecircncia a capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede indicadores

de produccedilatildeo dos serviccedilos recursos aplicados em sauacutede e cobertura da sauacutede

suplementar

Os indicadores socioeconocircmicos e demograacuteficos utilizados foram populaccedilatildeo

razatildeo de crescimento densidade demograacutefica componentes do IDH (escolaridade

longevidade e renda) cobertura de abastecimento de aacutegua esgotamento sanitaacuterio e

coleta de lixo PIB (agropecuaacuteria induacutestria serviccedilos e impostos)

Foram tambeacutem levantadas informaccedilotildees sobre a organizaccedilatildeo da assistecircncia e

capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede UBS unidades especializadas serviccedilo de

apoio diagnoacutestico e terapia (SADT) hospitais e consultoacuterios cobertura do Programa de

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) disponibilidade de unidades de sauacutede leitos hospitalares por

tipo de prestador leitos SUS e natildeo SUS por municiacutepio disponibilidade de profissionais

vinculados e natildeo vinculados ao SUS Foi verificado o tipo de habilitaccedilatildeo dos

municiacutepios antes do pacto

A oferta de serviccedilos na regiatildeo foi analisada pelas informaccedilotildees do Cadastro

Nacional de Estabelecimento de Sauacutede (CNES) cujos dados estatildeo disponiacuteveis no site

do DATASUS Foram levantadas informaccedilotildees dos estabelecimentos de sauacutede e seus

equipamentos segundo a natureza juriacutedica puacuteblica ou privada e sua relaccedilatildeo com o SUS

na regiatildeo Em relaccedilatildeo aos leitos considerou-se como oferta puacuteblica os de natureza

puacuteblica e aqueles privados contratados eou conveniados ao SUS Em relaccedilatildeo aos

estabelecimentos privados foram considerados exclusivamente privados aqueles que

natildeo estavam contratados ou conveniados ao SUS Os hospitais de direito privado e

geridos por organizaccedilatildeo social ou entidade religiosa foram considerados puacuteblicos

Os indicadores de produccedilatildeo dos serviccedilos analisados foram AIHs por 100

habitantes pagas por local de internaccedilatildeo e local de residecircncia percentual de

atendimentos da atenccedilatildeo baacutesica aprovado e apresentado percentual de atendimento da

meacutedia e alta complexidade aprovado e apresentado

A relaccedilatildeo entre o setor puacuteblico e privado na regiatildeo foi analisada considerando o

roteiro de entrevistas aplicado aos atores puacuteblicos e privados que compotildeem o complexo

regulador desta regiatildeo um bloco especiacutefico com o intuito de investigar 1) como foram

estabelecidas estas relaccedilotildees 2) qual a influecircncia e funccedilatildeo do setor privado e as

11

repercussotildees no processo de regionalizaccedilatildeo 3) como ocorreu o processo de regulaccedilatildeo

governamental sobre o sistema complementar na regiatildeo e se esta regulaccedilatildeo interferiu

no modelo de atenccedilatildeo 5) se os arranjos que ocorreram corresponderam aos objetivos do

sistema de sauacutede e se trouxeram contribuiccedilotildees positivas ou negativas aos resultados da

sauacutede e ao desenvolvimento do sistema de sauacutede

Os indicadores de financiamento do sistema de sauacutede foram calculados com base

no banco de dados do Sistema de Informaccedilotildees de Orccedilamentos Puacuteblicos de Sauacutede

(SIOPS) entre eles o percentual de recursos municipais aplicados em sauacutede (EC-29)

despesas per capita sob responsabilidade municipal e despesas com recursos

exclusivamente municipais

Para analisar os dados qualitativos utilizou-se a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo

tendo como base as dimensotildees e as variaacuteveis constantes nas matrizes apresentadas no

projeto estadual e neste estudo de caso regional Todo material empiacuterico levantado foi

sendo submetido agrave leitura e buscou encontrar elementos eou respostas que permitiram

em face aos indicadores propostos para cada variaacutevel caracterizar e analisar o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede neste espaccedilo regional

No desenvolvimento da pesquisa foi explicada aos gestores a importacircncia da

assinatura de termo de cooperaccedilatildeo e parceria na regiatildeo visto que envolveria vaacuterios

segmentos e os resultados seriam de interesse dos gestores Os entrevistados tiveram

suas entrevistas precedidas de assinaturas do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecida (Apecircndice B)

Os quadros 1 a 3 resumem as matrizes completas de anaacutelise por dimensatildeo a

matriz completa encontra-se no apecircndice C

12

Quadro 1 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico e desenho da

regionalizaccedilatildeo

- Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo

municiacutepios integrantes fatores determinantes capacidade instalada e

organizaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo

2-Finalidades e escopo

da regionalizaccedilatildeo

- finalidades e foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de

sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede regionalizadas

3-Estrateacutegias poliacuteticas

da regionalizaccedilatildeo

- interfaces inserccedilatildeo e lugar que ocupa na agenda poliacutetica da SES e do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede estrateacutegias regionais

4-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

- existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede influecircncias

na regulaccedilatildeo organizaccedilatildeo antes e depois do pacto problemas conflitos

planejamento e regulaccedilatildeo intra e inter-regional

5-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos agrave regionalizaccedilatildeo programaccedilatildeo

distribuiccedilatildeo de recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo

existecircncia de fundos regionais de recursos

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Quadro 2 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Estruturas de

integraccedilatildeo e gestatildeo

regional

- existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo

- CGR consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da

SES CIES cacircmaras teacutecnicas e outros minus caracteriacutesticas finalidades papel e

contribuiccedilatildeo das instacircncias regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus

existecircncia de recursos financeiros disponiacuteveis para instacircncias regionais

O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus

influecircncias e papel do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de

regionalizaccedilatildeominus fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do

CGR

Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS

CIES relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional

Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus participaccedilatildeo e influecircncias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo

sauacutede do SUS na regiatildeo criteacuterios na definiccedilatildeo das referecircncias na regiatildeo de

sauacutede minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o puacuteblico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do

setor privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus

organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema

complementar

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

13

Quadro 3 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela

sauacutede processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508- Mudanccedilas observadas

em relaccedilatildeo aos poderes regionais existentes - avanccedilos dificuldades e

desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Aleacutem do que consta na introduccedilatildeo o presente trabalho estaacute organizado em sete

capiacutetulos e as consideraccedilotildees finais

O capitulo 1 ndash ldquoFederalismo e regionalizaccedilatildeo no Brasilrdquo aborda as caracteriacutesticas

do federalismo brasileiro considerando que a partir da CF de 1988 a uniatildeo os estados e

os municiacutepios passaram a lidar com a soberania e autonomia federativa que alterou as

relaccedilotildees intergovernamentais Evidencia que o SUS foi criado num paiacutes federativo com

heterogeneidade na extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com

desigualdades regionais culturais e politicas e que as federaccedilotildees satildeo marcadas pela

diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo mas que de forma coordenada

podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia

A formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada requer atos juriacutedico-

administrativos e a constituiccedilatildeo de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma

alternativa que facilita aos gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a

complexidade e diversidade do territoacuterio Neste sentido discutem-se os mecanismos

institucionais da implementaccedilatildeo do SUS na deacutecada de 1990 e a importacircncia da

coordenaccedilatildeo da esfera estadual na conformaccedilatildeo de arranjos regionais de forma a evitar

os conflitos intergovernamentais e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

entes federativos

O capitulo 2 ndash ldquoInstitucionalidade e Governanccedila no territoacuteriordquo faz uma discussatildeo

teoacuterica quanto ao papel do Estado na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que possam

assegurar o direito constitucional agrave sauacutede O arcabouccedilo poliacutetico-institucional do SUS

conforma um sistema complexo implica em mudanccedilas no poder redefiniccedilao das

relaccedilotildees entre as esferas de governo entre estado e sociedade e estado e mercado e

requer sustentabilidade estrutural Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila que estaacute

relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e a sua capacidade

14

organizativa ganha espaccedilo no debate e se materializa nos espaccedilos de gestatildeo colegiada

existentes nos complexos regionais Nestes espaccedilos satildeo pactuadas regras para prover de

forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede regionalizada Esses

serviccedilos contam com a participaccedilatildeo privada e resultam em relaccedilotildees complexas

construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

No capitulo 3 ndash ldquoO Estado de Mato Grosso e a regiatildeo de Tangaraacute da Serrardquo

apresentam-se as caracteriacutesticas do estado que eacute constituiacutedo por 141 municiacutepios a

maioria deles (801) com menos de 20000 habitantes e com forte dependecircncia do

governo federal e estadual para implementar o SUS As caracteriacutesticas do sistema de

sauacutede indicam a importacircncia da implementaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede regionalizada para

suprir de forma equacircnime as necessidades da populaccedilatildeo e garantir o seu acesso agrave rede

de atenccedilatildeo agrave sauacutede A regiatildeo objeto deste estudo apresenta deficiecircncias na sua

capacidade instalada desigualdades entre os municiacutepios que dependem do estado para

implementar a politica de sauacutede regionalizada

O capitulo 4 ndash ldquoAs estrateacutegias de regionalizaccedilatildeo no Estado e na regiatildeo de Tangaraacute

da Serrardquo mostra que o complexo regional iniciou sua estruturaccedilatildeo na deacutecada de 1980

quando a regiatildeo foi instituiacuteda pela SES Antes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede a

SES criou novas regiotildees de sauacutede e implantou em todas elas as bases institucionais da

regionalizaccedilatildeo Apresenta como a SES se organizou para implementar o Pacto pela

Sauacutede Nesta regiatildeo 100 dos gestores assinaram o TCGM

O capitulo 5 ndash ldquoO complexo e a institucionalidade da regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serrardquo mostra que a politica de sauacutede regionalizada mesmo instituiacuteda em

instrumentos de planejamento do governo do estado e da SES nesta regiatildeo natildeo contou

com os recursos necessaacuterios para sua implementaccedilatildeo A regiatildeo enfrenta dificuldades de

acesso A insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica e as alternativas encontradas

configuraram um forte mix puacuteblico-privado na regiatildeo A regulaccedilatildeo da assistecircncia eacute

fraacutegil no estado e na regiatildeo e esta precisa constituir rede de atenccedilatildeo puacuteblica integrada e

resolutiva que responda pelas necessidades da populaccedilatildeo para se tornar autocircnoma de

fato

No capitulo 6 ndash ldquoGovernanccedila do processo de regionalizaccedilatildeordquo o relato dos

gestores explicita claramente que a falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo

manteacutem problemas que produzem iniquidades resultam em comportamentos que

15

expressam os interesses de cada gestor e geram fragmentaccedilatildeo e descontinuidade do

cuidado agrave sauacutede ameaccedilando a governanccedila Satildeo indicativos que alertam para o

comprometimento e as repercussotildees desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede nesta regiatildeo

O capitulo 7 ndash ldquoDecisatildeo e intersetorialidaderdquo evidencia que as decisotildees tomadas

pelos entes federativos e demais atores que compotildeem o complexo regional ocorrem no

CGR Este que deveria ser um espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos

compartilhados para a soluccedilatildeo dos problemas coletivos da regiatildeo tem se transformado

num campo de tensotildees e disputas O atraso frequente nas transferecircncias dos incentivos

estadual para os municiacutepios a falta de estrutura puacuteblica na regiatildeo e a solicitaccedilatildeo de

tabelas de valores complementares pelo setor privado tecircm tensionado a tomada de

decisotildees e desmotivado o gestor a participar deste processo

As ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo descrevem as evidecircncias do estudo considerando os

objetivos propostos e apontam desafios para a implementaccedilatildeo da politica de sauacutede

regionalizada

16

2 Federalismo e regionalizaccedilatildeo

no Brasil

17

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL

Com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a estrutura federativa brasileira passou a

contar com a Uniatildeo os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios como entes

federativos autocircnomos (Brasil 1988) A organizaccedilatildeo poliacutetico territorial dos estados

federativos eacute uma forma inovadora de se lidar com o poder e a soberania considerando

as heterogeneidades dos territoacuterios (Abrucio 2002) A singularidade do modelo federal

estaacute na maior horizontalidade entre os entes

As federaccedilotildees satildeo marcadas pela diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e

competiccedilatildeo Neste sentido um arranjo federativo eacute uma parceria um pacto que se

estabelece entre unidades territoriais que divide poder com respeito muacutetuo sem que os

direitos sejam retirados dos pactuantes subnacionais De forma coordenada as

federaccedilotildees podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia entre eles

(Abrucio 2002)

A estruturaccedilatildeo federativa brasileira inspirou-se no modelo norte-americano mas a

conformaccedilatildeo foi diferente e antes de tornar-se uma federaccedilatildeo passou por conflitos entre

o Poder Central e as elites regionais Partiu-se de um Estado Unitaacuterio muito centralizado

para um modelo descentralizado de poder Passou por ciclos de centralizaccedilatildeo e

consolidaccedilatildeo do estado nacional sucedidos de descentralizaccedilatildeo do poder processo que

gerou desigualdades significativas entre os estados brasileiros

Apoacutes o golpe de Estado de 1964 o regime militar fortaleceu o modelo unionista

marcado pelo modelo de relaccedilotildees intergovernamentais autoritaacuterias e verticais Os

governos subnacionais tinham que seguir obrigatoriamente os planos da Uniatildeo sob a

ameaccedila de nos casos de recusa ficar sem as verbas A autonomia poliacutetica e

administrativa soacute foi recuperada com as eleiccedilotildees diretas a governador em 1982

(Abrucio 2002)

As bases do Estado Federativo do Brasil foram recuperadas nos anos 80 e

fortaleceram os governos estaduais nessa deacutecada (Abrucio 2005) O processo de

democratizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo fiscal contemplado na Constituiccedilatildeo de 1988 alterou

18

as relaccedilotildees intergovernamentais e cada niacutevel de governo passou a ser uma autoridade

poliacutetica e soberana

O SUS foi criado nesse contexto um paiacutes federativo com heterogeneidades na

extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com desigualdades regionais

culturais e politicas (Abrucio 2002) cujos preceitos constitucionais de 1988

contemplam que cabe a cada ente federativo a responsabilidade por organizar tal

sistema e de forma compartilhada a assegurar e viabilizar a integralidade da atenccedilatildeo agrave

sauacutede ao individuo

No inicio do processo de descentralizaccedilatildeo o papel do governo federal limitava-se

a um repasse de funccedilotildees aos demais entes federados natildeo havia por parte desse niacutevel de

governo iniciativas no sentido de compartilhar tarefas Os governos estaduais

encontravam-se numa situaccedilatildeo de indefiniccedilatildeo de suas competecircncias em relaccedilatildeo ao SUS

e os municiacutepios entes federativos com o mesmo status juriacutedico que os estados e a uniatildeo

assumindo novas funccedilotildees e procurando encontrar o seu papel

Nesse periacuteodo os estados estavam com a base de sustentaccedilatildeo fiscal enfraquecida

e o governo federal com tendecircncia recentralizadora fiscal e poliacutetica Essa situaccedilatildeo

contribuiu para desencadear um federalismo predatoacuterio ou como denominado por

Abrucio (2002) ldquocompartimentalizadordquo onde cada niacutevel de governo procura o seu papel

especiacutefico ao mesmo tempo natildeo haacute por parte do governo federal uma coordenaccedilatildeo

intergovernamental No campo das poliacuteticas puacuteblicas esse cenaacuterio afetou o processo de

descentralizaccedilatildeo em especial num paiacutes como o Brasil com regiotildees federativas tatildeo

heterogecircneas A condiccedilatildeo federalista consegue manter a estabilidade social e ameniza

as heterogeneidades regionais (Abrucio 2002)

No acircmbito municipal a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS gerou um

municipalismo autaacuterquico acentuou os problemas das relaccedilotildees intermunicipais e natildeo

incentivou a cooperaccedilatildeo Aleacutem disso desencadeou ao longo desse processo competiccedilatildeo

entre os niacuteveis de governo na medida em que os municiacutepios concorrem entre si pelo

dinheiro puacuteblico dos demais niacuteveis de governo Em algumas situaccedilotildees chegam a

repassar seus custos a outros entes atraveacutes do encaminhamento de seus muniacutecipes para

fazerem uso dos serviccedilos de sauacutede de outros municiacutepios (Abrucio 2002) sem a devida

pactuaccedilatildeo

19

Entre as diretrizes do SUS a regionalizaccedilatildeo da sauacutede contemplada no artigo 198

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute uma das estrateacutegias da sua implementaccedilatildeo que

contempla tambeacutem a descentralizaccedilatildeo mas o ecircxito deste processo depende da realizaccedilatildeo

de responsabilidades compartilhadas pelos trecircs entes federativos e de accedilotildees especiacuteficas

e inerentes de cada territoacuterio Teoricamente supotildee-se que se cada ente federativo

desempenhar o seu papel o processo estaraacute garantido mas estas relaccedilotildees natildeo satildeo tatildeo

simples satildeo complexas e se constituem em desafios para os gestores

Com a descentralizaccedilatildeo a Uniatildeo eacute a responsaacutevel pelo financiamento pela

formulaccedilatildeo1 da poliacutetica nacional de sauacutede e coordenaccedilatildeo das accedilotildees intergovernamentais

Atraveacutes do Ministeacuterio da Sauacutede o governo federal tem autoridade para tomar as

decisotildees mais importantes nesta poliacutetica setorial e definir regras para a poliacutetica nacional

mas a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede deve contar com a participaccedilatildeo de conselhos

que representam estados e municiacutepios (Arretche 2004)

Os princiacutepios da universalidade integralidade e equidade bem como os da

descentralizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo da comunidade no SUS fortalecem o

governo local e independentemente do porte municipal requerem capacidade de gestatildeo

planejamento integrado regulaccedilatildeo do sistema e construccedilatildeo de redes assistenciais que

atendam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo considerando a integralidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede Aleacutem disso requerem a implantaccedilatildeo de conselhos de sauacutede de forma a

legitimar a participaccedilatildeo da comunidade

Um sistema de sauacutede com os princiacutepios acima citados requer por parte dos

governos a formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada integrada e organizada

de forma a natildeo ferir os princiacutepios baacutesicos do federalismo entre eles a autonomia o

respeito muacutetuo e os direitos dos governos subnacionais (Abrucio 2002)

Para legitimar esses princiacutepios eacute necessaacuterio que os serviccedilos de sauacutede contemplem

integralmente as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo e

isso representa para a maioria dos municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade

financeira Muitos deles encontram-se em situaccedilotildees que requerem melhoria na

1 No processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas haacute o envolvimento de muitos segmentos que natildeo o

governo como os grupos de interesse as classes sociais e outros mas haacute tambeacutem uma ldquoautonomia

relativa do Estadordquo que gera determinadas capacidades e cria as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

das poliacuteticas publicas (Souza 2007 p72)

20

infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais especializados e aquisiccedilatildeo de equipamentos

para oferecer serviccedilos de sauacutede (Abrucio 2002)

Embora o federalismo pressuponha autonomia de seus entes federativos

autocircnomos prover serviccedilos que respondam agrave integralidade contemplada no SUS requer

atos juriacutedico-administrativos compartilhados (Santos e Andrade 2011) A constituiccedilatildeo

de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma alternativa que facilita aos

gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a complexidade e diversidade do

territoacuterio Requer arranjos cooperativos e compartilhamento de responsabilidades para

otimizar os custos e ampliar a oferta para que sejam alcanccedilados os objetivos e princiacutepios

do SUS

O conceito de regiatildeo natildeo eacute uacutenico e vaacuterias correntes de pensamento tecircm

contribuiacutedo para aprofundar os estudos e conformar um conceito totalizador capaz de

abarcar a complexidade do que vem a ser uma regiatildeo A regiatildeo ligada agrave ideacuteia de espaccedilo

geograacutefico surgiu com os postulados de Immanuel Kant no momento em que foram

criadas as escolas de geografia na Franccedila e na Alemanha no final do seacutec XIX Neste

periacuteodo com base nos princiacutepios positivistas do seacuteculo XVIII afirmou-se que o

fundamento da geografia eacute o espaccedilo geograacutefico que constitui a parte essencial da

histoacuteria dos homens Para Kant eacute no espaccedilo que estabelecemos relaccedilotildees entre os fatos

exteriores a noacutes o espaccedilo eacute condiccedilatildeo de toda experiecircncia dos objetos e natildeo pode ser

percebido empiricamente porque o simples ato de situarmos alguma coisa fora de noacutes

jaacute pressupotildee a representaccedilatildeo do espaccedilo ldquopode-se pensar o espaccedilo sem coisas mas natildeo

as coisas sem o espaccedilordquo Segundo Kant nada pode ser representado sem espaccedilo (Santos

2009 p186)

Na Alemanha o conceito de destaque foi de regiatildeo natural divulgado por Ratzel

que defendia que a ldquoexistecircncia das diferenciaccedilotildees regionais estava vinculada ao poder

que a natureza exercia sobre o homem chegando ao ponto de determinar seu

comportamentordquo (Fonseca 1999 p91)

Esse conceito recebeu muitas criacuteticas da corrente francesa de Vidal de La Blache

que entendia ldquoa regiatildeo enquanto entidade concreta existente por si soacuterdquo um dado puro

da natureza que diante da interaccedilatildeo homem-meio pode tornar-se singular pois a cultura

do homem pode influenciar a natureza e transformar a regiatildeo Para La Blache ao

21

geoacutegrafo caberia apenas a tarefa de delimitar e descrever a regiatildeo (Fonseca 1999

Carvalho 2002 p138)

A corrente de pensamento de Vidal de La Blache defende a regiatildeo como uma

realidade fiacutesica uma referecircncia para a populaccedilatildeo que laacute vive Insere o elemento humano

na caracterizaccedilatildeo da paisagem regional e produz um conceito de regiatildeo diferente

daquele de regiatildeo natural Com o seu posicionamento a relaccedilatildeo homem-meio eacute pela

primeira vez agregado na riqueza da anaacutelise regional (Carvalho 2002)

Na Inglaterra e nos EUA tambeacutem foram realizados estudos sobre regiatildeo Na

deacutecada de 1950 apoiados no positivismo loacutegico os estudos regionais sofrem mudanccedilas

Na nova concepccedilatildeo ldquoa regiatildeo deixa de ser um objeto concreto de anaacutelise para se

transformar numa criaccedilatildeo intelectualrdquo (Fonseca 1999 p92) Na nova geografia uma

nova teoria eacute apresentada por Hartshorne ldquoa regiatildeo natildeo eacute uma realidade evidente dada

a qual caberia apenas ao geoacutegrafo descrever A regiatildeo eacute um produto mental uma forma

de ver o espaccedilo que coloca em evidecircncia os fundamentos da organizaccedilatildeo diferenciada

do espaccedilordquo No entendimento de Hartshorne as regiotildees possuem aspectos que satildeo

singulares na sua espacialidade e o enfoque regional de cada pesquisador implica numa

produccedilatildeo mental uma forma concebida de regiatildeo (Santos 2009 p189)

Opondo-se ao conceito de regiatildeo concreta de Vidal de La Blache Hartshorne

enfatiza a regiatildeo como uma criaccedilatildeo intelectual visto que com o uso de teacutecnicas

estatiacutesticas e afastadas do trabalho de campo pode-se construir regiotildees administrativas

cristalizadas no tempo e no espaccedilo Esta teoria sofre criacuteticas eacute entendida como a-

histoacuterica natildeo considera na regiatildeo os processos sociais a existecircncia do tempo suas

qualidades essenciais e gera rupturas Novas correntes satildeo expressas a partir dos anos

70 quando se considera que diante dos problemas urbanos enfrentados essa geografia

quantitativa natildeo conseguiria compreender os fenocircmenos espaciais em sua plenitude

(Fonseca 1999 Carvalho 2002)

Com as criacuteticas a geografia embasada no positivismo chega ao fim e a partir da

deacutecada de 70 as bases teoacutericas e conceituais referentes agrave anaacutelise regional satildeo

fundamentadas no materialismo histoacuterico e dialeacutetico e nas geografias humanista e

cultural (Fonseca 1999)

Surgem as correntes de base marxista e fenomenoloacutegica que de forma comum

preocupam-se com a ausecircncia do caraacuteter social na geografia atual e entendem o espaccedilo

22

como o loacutecus da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo Assim uma nova

geografia vai se estruturando e valorizando os temas histoacutericos e culturais cuja vertente

tinha se perdido no paradigma quantitativo (Carvalho 2002)

A corrente humanista incorporou o espaccedilo vivido na anaacutelise regional defendendo

que para compreender a regiatildeo eacute necessaacuterio viver na regiatildeo Segundo Ribeiro (1993) a

regiatildeo como espaccedilo vivido pode ser definida como

Uma porccedilatildeo territorial definida pelo senso comum de um determinado grupo social

cuja permanecircncia em uma determinada aacuterea foi suficiente para estabelecer

caracteriacutesticas muito proacuteprias na sua organizaccedilatildeo social cultural e econocircmica Este

espaccedilo eacute portanto socialmente criado e vai se diferenciar de outros espaccedilos vizinhos por

apresentar determinadas caracteriacutesticas comuns que satildeo resultantes das experiecircncias

vividas e historicamente produzidas pelos proacuteprios membros das suas comunidades

(Ribeiro 1993 apud Carvalho 2002 p146)

Com a crise da modernidade e o nascimento da chamada poacutes-modernidade

ocorrem mudanccedilas no conceito de regiatildeo eacute o momento da pluralidade Se antes as

ciecircncias baseavam-se na filosofia iluminista na racionalidade na objetividade na

cientificidade e nas leis universais agora buscam o relativismo a subjetividade a

heterogeneidade e a fragmentaccedilatildeo Satildeo essas caracteriacutesticas que identificam a

contemporaneidade que eacute plural (Carvalho 2002)

Durante muito tempo a regiatildeo foi entendida como uma entidade autocircnoma

limitada ao enfoque da localizaccedilatildeo com poucas relaccedilotildees entre si Com a globalizaccedilatildeo as

regiotildees passaram a estar interligadas e interdependentes com diferenccedilas que emergem

naturalmente natildeo se explicando apenas pelo seu conteuacutedo interno mas pelo territoacuterio

que tem uma historia e que estaacute em contiacutenua renovaccedilatildeo (Santos 1988)

Os estudos das regiotildees segundo Santos (1988) devem contemplar a organizaccedilatildeo

o social o poliacutetico o econocircmico o cultural os fatos concretos Conhecendo estas

questotildees eacute possiacutevel identificar como a regiatildeo estaacute inserida no cenaacuterio econocircmico o que

existe e o que eacute novo e assim captar o elenco de causas e consequecircncias do fenocircmeno

Para este autor o espaccedilo eacute constituiacutedo por um conjunto indissociaacutevel de arranjos de

objetos geograacuteficos objetos naturais e objetos sociais e a vida que os preenche e os

anima ou seja a sociedade em movimento Portanto o espaccedilo usado por todos de todas

as existecircncias eacute sinocircnimo de espaccedilo humano (Santos 1988)

23

Para ter valor e compreender o espaccedilo vivido e as transformaccedilotildees que nele

ocorrem eacute necessaacuterio analisar em conjunto as variaacuteveis interdependentes que compotildeem

o territoacuterio e a sua historia A anaacutelise e compreensatildeo da totalidade somente seratildeo

possiacuteveis se for considerado natildeo apenas o lugar que natildeo se explica por si mas a historia

das relaccedilotildees dos objetos sobre os quais se datildeo as accedilotildees humanas (Santos 1988)

O ldquoespaccedilo vivido pode ser entendido como a rede de manifestaccedilotildees da

cotidianidade desse sistema em torno da intersubjetividade que satildeo por sua vez as

redes nas quais se constituem as existecircncias individuais ndash no trabalho na escola na

famiacutelia nas outras diversas formas da vida societaacuteriardquo (Rego e Reffatti 2004 p78)

O espaccedilo geograacutefico prova a existecircncia o quadro de referecircncias convencional-

latitude e longitude As variaacuteveis podem mudar de um periacuteodo para outro mas se

analisadas num dado corte temporal sua funccedilatildeo e seus valores permanecem inalterados

do olhar escalar Eacute importante considerar a escala geograacutefica que se refere agrave concepccedilatildeo

geomeacutetrica e a escala temporal que se refere ao tempo mas pessoas que habitam este

espaccedilo satildeo seres em metamorfose e satildeo capazes de influenciar a mudanccedila social

(Santos 2000)

Neste sentido o espaccedilo geograacutefico eacute entendido como sinocircnimo de territoacuterio usado

e ldquovisto como uma totalidade eacute um campo privilegiado para a anaacutelise na medida em

que de um lado nos revela a estrutura global da sociedade e de outro lado a proacutepria

complexidade do seu usordquo (Santos 2000 p108)

Assim para entender como ocorrem e se datildeo as relaccedilotildees no interior do espaccedilo

geograacutefico deve-se buscar a visatildeo totalizadora da realidade concreta que considera a

totalidade das causas e dos efeitos do processo soacutecio territorial O desafio eacute entender

como estaacute constituiacutedo ou seja o que como onde quando por quem e para que o

territoacuterio eacute usado Eacute preciso entender o contexto reconhecer as heranccedilas as

intencionalidades qualificar e quantificar os elementos os atores e seus

comportamentos e como as relaccedilotildees ocorrem entre estes elementos Eacute identificar o que eacute

novo e verificar se estaacute em harmonia com o que jaacute existia Se analisado nesta concepccedilatildeo

eacute possiacutevel vislumbrar no territoacuterio sua transformaccedilatildeo2 no tempo e no espaccedilo (Silveira

2011)

2 ldquoEacute a funcionalizaccedilatildeo dos eventos no lugar que produz uma forma um arranjo um tamanho do

acontecer que no instante seguinte cria outra funccedilatildeo outra forma e por conseguinte outros limites

Muda a extensatildeo do fenocircmeno porque muda a constituiccedilatildeo do territoacuterio outros objetos outras

24

Partindo do pressuposto de que o espaccedilo geograacutefico tambeacutem eacute compreendido

como espaccedilo usado constituiacutedo por um arranjo de objetos materiais e imateriais pode-

se compreender a regiatildeo como fato e como ferramenta A regiatildeo como fato independe

das forccedilas econocircmicas e poliacuteticas que dominam o territoacuterio eacute a regiatildeo tal como foi

delimitada com sua histoacuteria seus conflitos suas tensotildees diante dos processos de

modernizaccedilatildeo territorial (Ribeiro 2004 apud Viana et al 2008)

A regiatildeo como ferramenta eacute entendida como aquela que resulta da accedilatildeo

hegemocircnica da conjuntura em que estaacute circunscrita ou seja das forccedilas econocircmicas e

poliacuteticas que dominam o territoacuterio Nela satildeo criadas as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

de poliacuteticas construiacutedas e reconstruiacutedas por accedilotildees verticais para atender os interesses de

alguns setores da economia Muitas vezes os atores hegemocircnicos mudam as condiccedilotildees

materiais e organizacionais do territoacuterio para que ele se ajuste agrave sua conveniecircncia ou

utiliza as condiccedilotildees antigas de forma a garantir a viabilidade das accedilotildees na regiatildeo

(Ribeiro 2004 apu Viana et al 2008)

No Brasil a divisatildeo das regiotildees ocorreu em 1941 atraveacutes do IBGE cuja base de

organizaccedilatildeo dos dados censitaacuterios utilizou o conceito de regiatildeo natural introduzido pelo

professor Delgado de Carvalho em 1913 Posteriormente para fins administrativos

foram modificadas para atender aos limites das unidades poliacuteticas que dividiam o paiacutes

resultando nas grandes regiotildees naturais norte nordeste leste sul e centro-oeste que

foram redefinidas conceitualmente e modificadas em 1967 e em 1991 e utilizadas nos

estudos censitaacuterios (Guimaratildees 2005)

Posteriormente as modificaccedilotildees de divisatildeo propostas pelo IBGE utilizaram a da

corrente do geoacutegrafo Richard Hartshorne da escola americana que considerava a regiatildeo

natildeo como uma realidade dada mas uma construccedilatildeo intelectual um produto mental que

pode tornaacute-la uma regiatildeo administrativa Este entendimento estava em consonacircncia com

os objetivos dos teacutecnicos do IBGE responsaacuteveis pelo planejamento territorial do paiacutes

Mais tarde sob a influecircncia da escola francesa de Vidal de La Blache passou-se a

acreditar que o espaccedilo poderia ser organizado de forma mais harmoniosa e equilibrada

atraveacutes do planejamento regional daiacute o termo ldquogeografia ativardquo destacando o sentido de

uma geografia da accedilatildeo que projeta a regiatildeo como objeto de intervenccedilatildeo Ainda que

implicitamente a divisatildeo regional do IBGE considere a regiatildeo como um espaccedilo de

normas convergem para criar uma organizaccedilatildeo diferente Muda a aacuterea de ocorrecircncia dos eventosrdquo

(Santos 1996 apud Silveira 2004 p90)

25

intervenccedilatildeo do estado e a totalidade espacial como um somatoacuterio das partes e deixa de

considerar as variaacuteveis mais significativas para a identificaccedilatildeo de suas caracteriacutesticas

mais homogecircneas Para o IBGE cabe ao planejador reconhecer a regiatildeo descrevecirc-la e

tornar claros os seus limites (Guimaratildees 2005 p1020)

A regiatildeo entendida como sinocircnimo de territoacuterio usado precisa considerar a

ldquointerdependecircncia e a inseparabilidade entre a materialidade e a accedilatildeo isto eacute o trabalho e

a poliacuteticardquo (Silveira 2011 p156) ou seja a natureza e o seu uso que inclui a accedilatildeo

humana Nesse sentido eacute preciso examinar os fixos e os fluxos Os fixos entendidos

como as vias de acesso estradas ferrovias telecomunicaccedilotildees aacutereas agriacutecolas e outras e

os fluxos como aquilo que eacute moacutevel como o transporte o dinheiro a informaccedilatildeo e as

ordens Esses fluxos de diversas naturezas tecircm deixado os lugares mais proacuteximos (ou

natildeo) uns dos outros

Na sauacutede a discussatildeo sobre a organizaccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos serviccedilos meacutedicos e

afins para uma dada regiatildeo aparece em 1920 quando Dawson apresentou por

solicitaccedilatildeo do governo da Gratilde-Bretanha a proposta de organizaccedilatildeo da provisatildeo de

serviccedilos que deveriam estar agrave disposiccedilatildeo dos habitantes de uma dada regiatildeo Segundo

esse relatoacuterio era indispensaacutevel uma nova organizaccedilatildeo por razotildees de eficiecircncia que

conjugasse esforccedilos e que deveriam concentrar-se numa uacutenica autoridade de sauacutede para

supervisionar a administraccedilatildeo local de todos os serviccedilos Tambeacutem sugeriu que fossem

criados conselhos consultivos meacutedico locais

Para Dawson qualquer plano de serviccedilos meacutedicos preventivos e curativos deve

ser acessiacutevel a todas as classes da comunidade adaptar-se agraves diversas condiccedilotildees locais e

compreender todos aqueles serviccedilos meacutedicos que satildeo necessaacuterios para a sauacutede da

populaccedilatildeo Para ele os serviccedilos meacutedicos de diferentes niacuteveis de complexidade e serviccedilos

complementares devem estar interligados e instalados considerando a distribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo e os meios de comunicaccedilatildeo (Dawson 1920 V) A proposta de Dawson faz

referecircncia quanto agrave importacircncia de se organizar serviccedilos e redes de atenccedilatildeo que

contemplem as necessidades da populaccedilatildeo com comando uacutenico em uma regiatildeo

Embora contemplada na constituiccedilatildeo vigente inicialmente o processo de

descentralizaccedilatildeo do SUS natildeo considerou a regiatildeo utilizou estrateacutegias para reorganizar

as praacuteticas de sauacutede no niacutevel local primeiro como ldquodistrito sanitaacuteriordquo-1988-1993

depois como ldquosistema municipal de sauacutederdquo -1993-2000 (Teixeira 2002 p154)

26

Com a ediccedilatildeo das Normas Operacionais Baacutesicas no inicio da deacutecada de 1990

foram definidos criteacuterios e mecanismos de repasses financeiros entre uniatildeo estados e

municiacutepios instrumentos de prestaccedilatildeo de contas e de acompanhamento das accedilotildees de

sauacutede e criados a Comissatildeo Intergestores Tripartite-CIT e a Comissatildeo Intergestores

Bipartite-CIB na NOB93 Esta conduccedilatildeo foi estruturante no processo de

descentralizaccedilatildeo permitiu ao gestor ter clareza quanto aos custos e benefiacutecios no

cumprimento dos criteacuterios de repasse de recursos financeiros (MS 1993)

A NOB96 instituiu a redistribuiccedilatildeo de recursos financeiros por meio de

transferecircncias per capita do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica (PAB) ndash fixo e variaacutevel da PPI do

incentivo aos municiacutepios que optassem por um modelo de atenccedilatildeo que contemplasse o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia-PSF Entre seus postulados a NOB96 reforccedila a

necessidade de cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira dos Estados e da Uniatildeo com

responsabilidade conjunta na gestatildeo do SUS em suas respectivas competecircncias (Barreto

e Silva 2004)

As NOB foram importantes na descentralizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos sistemas locais

de sauacutede e tambeacutem aumentaram a autonomia dos gestores mas as situaccedilotildees de

desigualdade dos municiacutepios continuaram presentes em especial pela ausecircncia da esfera

estadual como coordenadora ativa do processo A experiecircncia dos gestores na

estruturaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos sistemas locais de sauacutede foi fundamental para aprofundar

os debates quanto agrave necessidade de conduzir a poliacutetica de forma regionalizada uma vez

que os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica jaacute eram evidentes Essa situaccedilatildeo foi

amenizada pela criaccedilatildeo e funcionamento da CIB instacircncia constituiacuteda por gestores

estadual e municipais espaccedilo de discussatildeo do processo de implementaccedilatildeo e conduccedilatildeo

da poliacutetica estadual

Para Viana et al (2010) o processo de municipalizaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1990

trouxe resultados positivos entre eles a expansatildeo do acesso agrave sauacutede a ampliaccedilatildeo da

cobertura dos serviccedilos a incorporaccedilatildeo de praacuteticas inovadoras na gestatildeo e na assistecircncia

a incorporaccedilatildeo de novos atores e o aumento do financiamento puacuteblico em sauacutede por

parte dos estados e municiacutepios Mas a descentralizaccedilatildeo nesse periacuteodo privilegiou os

municiacutepios e natildeo valorizou o papel das Secretarias Estaduais de Sauacutede na conformaccedilatildeo

de arranjos regionais resultando em intensos conflitos intergovernamentais

competiccedilatildeo interesses divergentes e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

27

entes federativos As estrateacutegias de descentralizaccedilatildeo ateacute entatildeo utilizadas natildeo foram

suficientes para evitar os conflitos fortalecer o compartilhamento e os mecanismos de

coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo intergovernamentais de forma a favorecer o equiliacutebrio entre

os pactuantes e amenizar os conflitos (Viana et al 2010 2011)

Naquele periacuteodo cada municiacutepio trabalhava separado dos demais e os problemas

natildeo eram vistos como de micro ou macrorregiatildeo (Abrucio 2005) Tambeacutem foi na

deacutecada de 1990 que novos atores foram inseridos no interior da poliacutetica de sauacutede como

os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede que foram valorizados em relaccedilatildeo agrave

conformaccedilatildeo dos sistemas locorregionais mas natildeo ganharam espaccedilo formal nas

instacircncias governamentais como nas Comissotildees Intergestores (Viana et al 2008) De

natureza privada os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede facilitaram o acesso do

usuaacuterio mas muitos deles contribuiacuteram para a fragmentaccedilatildeo do sistema de sauacutede no

recorte regional que natildeo contou com iniciativas de regulaccedilatildeo

Neste contexto as relaccedilotildees passaram a ocorrer diretamente entre a uniatildeo e os

municiacutepios e os problemas enfrentados pelos gestores municipais ficaram mais

expliacutecitos mostrando os limites da municipalizaccedilatildeo e a necessidade de rediscutir o

modelo de gestatildeo A importacircncia da coordenaccedilatildeo das instacircncias estaduais na regulaccedilatildeo

e na organizaccedilatildeo de redes assistenciais regionalizadas torna-se mais expressiva e as

discussotildees acerca da regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia de conduccedilatildeo da politica de sauacutede

ganham espaccedilo na agenda dos implementadores da politica (Gadelha 2011)

A regionalizaccedilatildeo contemplada na Constituiccedilatildeo de 1988 como estrateacutegia de

organizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede juntamente com a descentralizaccedilatildeo

e hierarquizaccedilatildeo insere-se na agenda do gestor com a ediccedilatildeo da Norma Operacional de

Assistecircncia a Sauacutede em 2001 e 2002 Esta norma foi debatida e consensuada entre o

Ministeacuterio da Sauacutede e instacircncias de representaccedilatildeo de gestores Conselho Nacional de

Sauacutede Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de SauacutedeCONASS e de Secretaacuterios

Municipais de SauacutedeCONASEMS (Souza 2001) e estabelece estrateacutegias de

planejamento para a constituiccedilatildeo de redes regionais de sauacutede

Na NOAS 0102 a regionalizaccedilatildeo eacute definida como uma macroestrateacutegia que deve

entre outros aspectos contar com a coordenaccedilatildeo dos governos estaduais otimizar os

recursos disponiacuteveis fortalecer a capacidade de gestatildeo do SUS viabilizar o

planejamento de sistemas de sauacutede construiacutedos de forma integrada conformar redes

28

articuladas e cooperativas circunscritas a territoacuterios delimitados pelo grau de

complexidade tecnoloacutegica dos serviccedilos existentes entre municiacutepios que compotildeem a

regiatildeo Deve ainda definir a populaccedilatildeo adscrita os fluxos e contra fluxos que garantam

a equidade ao usuaacuterio e seu acesso aos niacuteveis de complexidade necessaacuteria para a

resoluccedilatildeo de seus problemas (MS 2002a)

Entre as diretrizes da NOAS destacam-se os gestores estaduais como

coordenadores da estruturaccedilatildeo de redes regionalizadas a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) a Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e a definiccedilatildeo dos

moacutedulos assistenciais Com a implantaccedilatildeo da PPI o estado passa a coordenar os pactos

intermunicipais por meio das instacircncias regionais que fortalecidas passam a regular o

sistema com adequaccedilatildeo de criteacuterios e mecanismos para a oferta e a demanda de

serviccedilos com base nos fluxos de acesso agraves referecircncias (Barreto e Silva 2004)

A NOAS3 incentivou a construccedilatildeo de redes de serviccedilos de sauacutede aleacutem dos limites

territoriais dos municiacutepios estabeleceu moacutedulos assistenciais constituiacutedos por um ou

mais municiacutepios com capacidade de ofertar agrave populaccedilatildeo adscrita procedimentos do

primeiro niacutevel de referecircncia para apoio agrave atenccedilatildeo primaacuteria definiu as caracteriacutesticas do

municiacutepio sede do modulo assistencial do municiacutepio polo e as microrregiotildees e regiotildees

de sauacutede consideradas como a base de planejamento integrado e regionalizado da

unidade da federaccedilatildeo (MS 2001)

A NOAS contemplou o planejamento integrado entre os municiacutepios e o estado

com a participaccedilatildeo ativa das estruturas de conduccedilatildeo nas regiotildees de sauacutede No entanto a

sua conduccedilatildeo natildeo considerou a dinacircmica do territoacuterio no sentido de estimular os atores

a recriar os espaccedilos considerando as especificidades da regiatildeo a complexidade dos

problemas sociais e a necessidade da articulaccedilatildeo intersetorial para intervir sobre os

problemas

A regionalizaccedilatildeo contemplada na NOAS natildeo trouxe ldquoavanccedilos significativos para a

adequaccedilatildeo regional dos processos de descentralizaccedilatildeo em cursordquo visto que as

exigecircncias normativas na configuraccedilatildeo das microrregiotildees e regiotildees de sauacutede eram

excessivas mas estimulou o planejamento regional atraveacutes do PDR PDI e PPI (Viana

et al 2008 p96) A implementaccedilatildeo da NOAS permitiu ao gestor visualizar seus limites

na municipalizaccedilatildeo autaacuterquica

3 A NOAS estabeleceu dois niacuteveis de atenccedilatildeo para habilitaccedilatildeo de estados e municiacutepios gestatildeo plena

da atenccedilatildeo baacutesica e gestatildeo plena do sistema municipal (NOAS 012001)

29

O PDR e o PDI satildeo instrumentos de planejamento que expressam objetivos

comuns entre os entes federativos que integram a regiatildeo Esse planejamento integrado

identifica as necessidades da regiatildeo propotildee a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo define

as articulaccedilotildees teacutecnicas e poliacuteticas os recursos e a viabilidade econocircmica necessaacuteria

para conformar o sistema regionalizado de assistecircncia agrave sauacutede e garantir na regiatildeo a

integralidade da assistecircncia e o acesso da populaccedilatildeo considerando suas necessidades O

planejamento eacute uma obrigatoriedade dos entes federativos eacute indutor das poliacuteticas deve

ser ascendente deve contar com a participaccedilatildeo do Conselho Municipal de Sauacutede e ser

compatiacutevel com as necessidades de sauacutede

Com a implementaccedilatildeo das NOB e com a NOAS o SUS avanccedilou mas natildeo

favoreceu o federalismo cooperativo O modelo de gestatildeo regional deve ser cooperativo

e as normas nacionais editadas devem ser em menor quantidade de forma a permitir

que sejam recriados nos niacuteveis subnacionais modelos adequados agrave singularidade dos

estados e regiotildees Essas entre outras razotildees indicam a necessidade de se viabilizar

pactos federativos que legitimem a autonomia dos entes (Mendes 2011)

Na vigecircncia das NOB e NOAS os problemas que ocorreram no sistema de sauacutede

foram discutidos pelos gestores no interior das CIB dos COSEMS do CONASEMS e

do CONASS e serviram de reflexatildeo para a elaboraccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 Com a

ediccedilatildeo deste pacto a regionalizaccedilatildeo se insere novamente na agenda do gestor como

estrateacutegia de conduccedilatildeo que agrega a dimensatildeo teacutecnica e a poliacutetica do SUS

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 a importacircncia da regionalizaccedilatildeo como

uma diretriz do SUS eacute reafirmada uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo eacute formulada novas

diretrizes satildeo definidas e o territoacuterio eacute pensado na loacutegica de sistema e de

descentralizaccedilatildeo (Viana et al 2008) O Pacto natildeo propotildee um modelo padratildeo de regiatildeo

de sauacutede e refere que ldquoAs Regiotildees de Sauacutede satildeo recortes territoriais inseridos em um

espaccedilo geograacutefico contiacutenuo identificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir

de identidades culturais econocircmicas e sociais de redes de comunicaccedilatildeo e infraestrutura

de transportes compartilhados do territoacuteriordquo (MS 2006) Nesse documento as diretrizes

da regionalizaccedilatildeo consideram a regiatildeo natildeo apenas como unidade de intervenccedilatildeo do

estado mas as diferentes estruturas da rede de atenccedilatildeo os fixos e os fluxos de forma a

tornar a regiatildeo um territoacuterio com capacidade resolutiva

30

A regiatildeo de sauacutede deve ser pensada a partir do funcionamento do territoacuterio que

natildeo se configura apenas pelos limites territoriais mas um territoacuterio usado um espaccedilo

vivido constituiacutedo por contextos heterogecircneos que pode criar um modus operandi

cooperativo otimizar o custo e o uso de recursos e permitir uma nova maneira de

planejar controlar e regular o sistema de sauacutede (Viana e Lima 2011) Sem ferir a

autonomia dos entes federativos (Abrucio 2002) nestes espaccedilos os pactos satildeo

trabalhados entre os gestores locais regionais e estaduais para ampliar a governanccedila e

propiciar a organizaccedilatildeo e assim garantir acesso igual aos desiguais (Junqueira 2004)

Entende-se que a regiatildeo de sauacutede possui duplo sentido

[1] base territorial cujos elementos engendram o planejamento de uma rede

de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede e os processos de incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica

qualificaccedilatildeo e alocaccedilatildeo de recursos humanos de modo a garantir

autossuficiecircncia do sistema de sauacutede em aacutereas especiacuteficas Configuram-se

ainda como espaccedilos geograacuteficos vinculados agrave conduccedilatildeo poliacutetico-administrativa

do sistema de sauacutede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuterio (Viana e Lima

2011 p13)

Este entendimento evidencia a complexidade da organizaccedilatildeo e do financiamento

para dotar as regiotildees de sauacutede com autossuficiecircncia no sistema de sauacutede

Com a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS foram definidos mecanismos

de distribuiccedilatildeo e transferecircncias de recursos financeiros agraves instacircncias subnacionais

Constitucionalmente coube agrave Uniatildeo o papel de ser o financiador normatizador e

coordenador das relaccedilotildees intergovernamentais da poliacutetica Desta forma tem autoridade

para tomar decisotildees e dispotildee de recursos institucionais que influenciam as escolhas dos

governos locais (Arretche 2004)

Com a ediccedilatildeo do Pacto o instrumento orientador da organizaccedilatildeo e financiamento

dos serviccedilos nos municipais e na regiatildeo eacute o Termo de Compromisso de Gestatildeo o qual

tambeacutem define estiacutemulos financeiros para a regionalizaccedilatildeo O Pacto pela Sauacutede define

responsabilidades no financiamento para os trecircs entes federativos e refere que os

recursos federais para custeio seratildeo transferidos em blocos de recursos aos entes

subnacionais para Atenccedilatildeo baacutesica Atenccedilatildeo de meacutedia e alta complexidade Vigilacircncia

em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica e Gestatildeo do SUS De acordo com as diretrizes

estabelecidas como estiacutemulo agrave regionalizaccedilatildeo seratildeo priorizados investimentos para

fortalececirc-la tendo como base o PDR atualizado (Brasil 2006)

31

O pacto refere que para fortalecer a Atenccedilatildeo Baacutesica conforme disponibilidade

orccedilamentaacuteria seratildeo transferidos recursos fundo a fundo para aqueles municiacutepios que

apresentarem projetos selecionados de acordo com criteacuterios pactuados na Comissatildeo

Intergestores Tripartite Aleacutem disso como parte dos recursos do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

variaacutevel tambeacutem seratildeo destinados recursos aos estados para Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais um montante financeiro igual a 5 do valor miacutenimo do

PAB fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado Para a distribuiccedilatildeo destes recursos os

estados de acordo com suas especificidades deveratildeo definir criteacuterios de utilizaccedilatildeo do

referido recurso devendo estes ser informados ao plenaacuterio da CIT (Brasil 2006)

O Pacto pela Sauacutede amplia a gestatildeo financeira nos municiacutepios e embora o sistema

de transferecircncias fiscais favoreccedila os municiacutepios de pequeno porte as desigualdades das

condiccedilotildees econocircmicas associada agrave baixa capacidade tributaacuteria e capacidade de

sobrevivecircncia com recursos exclusivos proacuteprios torna a estrutura municipal fraacutegil

financeiramente (Abrucio 2005) Nesse sentido desde sua implantaccedilatildeo o SUS vem

alcanccedilando avanccedilos inegaacuteveis mas os problemas relacionados agrave insuficiecircncia de

recursos financeiros frente aos princiacutepios constitucionais deste sistema eacute uma

realidade

Esses municiacutepios de modo geral tecircm necessidade de melhorar a infraestrutura

fiacutesica e de equipamentos da rede de serviccedilos contratar profissionais e capacitar a

equipe manter a rede proacutepria encaminhar pacientes e adquirir medicamentos entre

outros Satildeo serviccedilos cujo custo operacional eacute elevado e sobrecarrega os municiacutepios e o

tornam dependente das transferecircncias da uniatildeo e do estado para implementar a poliacutetica

municipal (Arretche 2004) Para a garantia da integralidade da atenccedilatildeo aos seus

muniacutecipes satildeo requeridos arranjos cooperativos na prestaccedilatildeo de serviccedilos (Santos e

Andrade 2011)

Com o Pacto pela Sauacutede os espaccedilos de pactuaccedilatildeo antes denominados Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais ou Microrregionais existentes em alguns estados

transformam-se em Colegiados de Gestatildeo Regional considerados como espaccedilo

permanente de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa entre entes federativos da

regiatildeo cujas decisotildees devem ser consensuadas para organizar a rede regional de

atenccedilatildeo agrave sauacutede integrada e resolutiva (Brasil 2006)

32

A composiccedilatildeo dos Colegiados de Gestatildeo Regional se daacute por representaccedilatildeo do

estado atraveacutes da Secretaria de Estado da Sauacutede em niacutevel regional e do conjunto de

municiacutepios das regiotildees Os CGR foram criados com o intuito de que o planejamento a

coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos no acircmbito das regiotildees de

sauacutede fossem desenvolvidos de forma cooperativa entre os entes federativos Entre suas

funccedilotildees estatildeo a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede na regiatildeo e a proposiccedilatildeo de

soluccedilotildees o que implica na organizaccedilatildeo da rede assistencial regional (Brasil 2006)

Apesar disso o grau de articulaccedilatildeo entre os entes para viabilizar tais accedilotildees ainda eacute

dependente da iniciativa do gestor estadual condutor do processo

O que inova no pacto eacute a concepccedilatildeo poliacutetica da regionalizaccedilatildeo que prevecirc natildeo

apenas a dimensatildeo teacutecnica do processo mas a pactuaccedilatildeo entre gestores municipais e

estaduais Contempla uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo pressupotildee uma nova forma de

gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes atores

sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes e

experiecircncias

As diretrizes do SUS satildeo uacutenicas para todo o territoacuterio brasileiro mas a sua

implementaccedilatildeo difere e sofre interferecircncia das heranccedilas territoriais e heterogeneidades

das regiotildees o que evidencia a complexidade analiacutetica institucional e poliacutetica do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (Viana et al 2008) Na regionalizaccedilatildeo a conformaccedilatildeo das

redes de atenccedilatildeo eacute uma necessidade e deve considerar a diversidade dos contextos e

lugares que conformam a regiatildeo a unicidade e descentralizaccedilatildeo do SUS as

modalidades e os tipos de serviccedilos de sauacutede existentes e necessaacuterios para garantir o

principio da integralidade na assistecircncia agrave sauacutede

As redes regionalizadas podem proporcionar a interaccedilatildeo entre as poliacuteticas puacuteblicas

e a oportunidade de intervir sobre os determinantes do processo sauacutede-doenccedila Aleacutem

disso melhoram a qualidade da atenccedilatildeo a equidade em sauacutede e reduzem os custos dos

serviccedilos por imprimir uma maior racionalidade sistecircmica na utilizaccedilatildeo dos recursos

(Silva 2011) Podem ainda criar condiccedilotildees estruturais para efetivar os direitos

constitucionais do cidadatildeo mas implantar e operacionalizar as redes impotildeem desafios

visto que os processos de decisatildeo planejamento e avaliaccedilatildeo passam a ter um novo

desenho cujas abordagens devem dar conta da gestatildeo de estruturas gerenciais

policecircntricas (Teixeira e Ouverney 2007)

33

A conformaccedilatildeo de redes construiacutedas entre entes autocircnomos permite que cada

integrante preserve sua identidade que defina os objetivos de forma coletiva entre

agentes puacuteblicos e privados centrais e locais que articule as pessoas e instituiccedilotildees e de

maneira integrada firme compromissos para enfrentar os problemas sociais orientar as

accedilotildees e respeitar as diversidades (Junqueira 2004)

Em dezembro de 2010 o Ministeacuterio da Sauacutede editou a Portaria no 4279 que

estabelece as diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (RAS) do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) Segundo essa Portaria a RAS tem como objetivo

ldquopromover a integraccedilatildeo sistecircmica de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede com provisatildeo de atenccedilatildeo

contiacutenua integral e de qualidade responsaacutevel e humanizada bem como incrementar o

desempenho do Sistema em termos de acesso equidade eficaacutecia cliacutenica e sanitaacuteria e

eficiecircncia econocircmicardquo (MS 2010)

Em 2011 foi editado o Decreto no 75082011

4 que contempla a formaccedilatildeo de

redes nas regiotildees de sauacutede Intervir sobre as regiotildees de sauacutede e construir redes de

atenccedilatildeo regionalizada requer por parte dos gestores accedilatildeo intersetorial jaacute que a

complexidade dos problemas sociais exige diversos olhares e maneiras de abordaacute-los

A intersetorialidade pode ser considerada um fator de inovaccedilatildeo na conduccedilatildeo das

poliacuteticas visto que aleacutem das parcerias natildeo serem estabelecidas de forma isolada muda-

se a loacutegica ou seja passa-se a identificar e considerar os problemas considerar os

saberes e a experiecircncia dos diversos integrantes Aleacutem disso a populaccedilatildeo passa a ser

vista como aquela que pode desempenhar um papel ativo e criativo nesse processo

(Junqueira 2004) A gestatildeo de redes regionalizadas e intersetorializadas pode permitir a

integraccedilatildeo das poliacuteticas de um determinado espaccediloterritoacuterio

Entende-se que a regionalizaccedilatildeo eacute uma estrateacutegia que pode assegurar o direito agrave

sauacutede e integrar os entes federativos sem ferir o princiacutepio da autonomia desde que se

crie um modus operandi que contemple o planejamento a execuccedilatildeo o controle e a

avaliaccedilatildeo na operacionalizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede de forma compartilhada e com

base na realidade vivida da regiatildeo Portanto pressupotildee a organizaccedilatildeo de um complexo

regional constituiacutedo por diferentes estruturas entes federativos autocircnomos instituiccedilotildees

e atores puacuteblicos e privados que participam direta e indiretamente da gestatildeo da sauacutede

4 Este Decreto editado em 28 de junho de 2011 trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm 808090 e refere

que o seu papel eacute dentre outros de regular a estrutura organizativa do SUS (MS 2011)

34

Entende-se tambeacutem que a gestatildeo regionalizada requer mudanccedilas na gestatildeo com

distribuiccedilatildeo de poder inter-relaccedilotildees entre os diferentes atores sociais desse territoacuterio e

que seu sucesso depende de uma accedilatildeo coordenada do estado Eacute neste entendimento que

se analisa o processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra procurando compreender no acircmbito da gestatildeo a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores integrantes do sistema de sauacutede

3 Institucionalidade e Governanccedila

no Territoacuterio

36

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO

Com a nova constituiccedilatildeo um conjunto de direitos sociais foi assegurado

inserindo a sauacutede como um dever do Estado Sendo a sauacutede um direito garantido e

elemento estruturante de bem-estar (Gadelha et al 2012) cabe ao Estado o papel de

provedor regulador e financiador de serviccedilos dessa natureza Aleacutem disso ele tem a

importante funccedilatildeo de formular poliacuteticas puacuteblicas que possam assegurar tais direitos

(Fleury e Ouvrney 2012)

Haacute muitas definiccedilotildees sobre poliacuteticas puacuteblicas mas de modo geral referem-se a

decisotildees que transformadas em um conjunto de medidas orientam a poliacutetica de Estado

para aquilo que se deseja alcanccedilar regulam as atividades governamentais inerentes a

interesses puacuteblicos influenciam e satildeo influenciadas pela realidade econocircmica social e

ambiental que envolve o Estado as pessoas e as instituiccedilotildees

Aleacutem dos direitos sociais a Constituiccedilatildeo brasileira de 1988 trouxe importantes

desafios para os entes federativos Constitucionalmente eles passaram a ter maior

autonomia mas num contexto de mudanccedilas tiveram que enfrentar sucessivas crises e

desequiliacutebrios fiscais que motivaram tentativas de ajustes da economia e a reforma do

estado (Santos 1997) Foi neste contexto de reformas que o SUS foi implantado nos

anos de 1990 num esforccedilo de instituir o pacto federativo incorporado agrave Constituiccedilatildeo de

1988 mas a agenda de reformas econocircmica e politica do paiacutes era naquele momento

desfavoraacutevel agrave construccedilatildeo de poliacuteticas universais

A agenda de reformas econocircmicas associada agrave complexidade dos problemas

daquele periacuteodo com pressotildees crescentes da sociedade sobre os direitos de cidadania

trouxe para a agenda governamental a necessidade de uma nova gestatildeo puacuteblica com

condiccedilotildees de enfrentar os desafios lanccedilados e melhorar o desempenho do Estado

(Knopp 2011) Momento em que foram desencadeados debates sobre o novo papel do

Estado discutidos os requisitos poliacuteticos societais organizacionais e gerenciais para

encontrar alternativas e tornaacute-lo eficiente e eficaz com capacidade para enfrentar os

desafios e dilemas que se apresentavam (Cavalheiro et al 2009)

37

Dentro do formato descentralizado do SUS a importacircncia atribuiacuteda ao papel do

Estado pode ser compreendida na representaccedilatildeo do arcabouccedilo poliacutetico-institucional

desse Sistema (Gadelha et al 2012) O novo desenho conforma um sistema complexo

implica em mudanccedilas no poder e na distribuiccedilatildeo de responsabilidades e requer

sustentabilidade estrutural para legitimar os direitos constitucionais

Como poliacutetica de Estado o SUS foi instituiacutedo num cenaacuterio de mudanccedilas e de

correlaccedilatildeo de forccedilas entre entes federativos autocircnomos com falta de clareza quanto ao

papel de cada ente na sua implementaccedilatildeo A partir da deacutecada de 1990 o MS comeccedila a

editar normas que explicitam sua institucionalidade e a maneira de gerir o sistema de

sauacutede As Normas Operacionais Baacutesicas foram editadas nos anos de 1991 1993 e 1996

a Norma Operacional da Assistecircncia em 2001 e 2002 o Pacto pela Sauacutede em 2006 e

mais recentemente o Decreto no 75082011

Com especificidades todas estas normativas induziram a descentralizaccedilatildeo do

SUS definiram criteacuterios responsabilidades e o papel de cada gestor do SUS por niacutevel

de governo Geraram mudanccedilas nas funccedilotildees e competecircncias do MS da SES e das SMS

e influenciaram a dinacircmica e as estruturas de organizaccedilatildeo e gestatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com a redefiniccedilao das relaccedilotildees entre as esferas de governo entre Estado e

sociedade e Estado e mercado (Fleury e Ouverney 2006)

O processo de descentralizaccedilatildeo propiciou a criaccedilatildeo de estrateacutegias inovadoras na

gestatildeo introduziu mudanccedilas nos modelos e praacuteticas de cuidado e propiciou a

participaccedilatildeo da sociedade civil na gestatildeo do SUS atraveacutes dos Conselhos de Sauacutede e

Conferecircncias de Sauacutede no acircmbito local estadual e nacional (Fleury e Ouverney 2012)

A descentralizaccedilatildeo implicou uma nova maneira de gerir e a criaccedilatildeo das instacircncias

colegiadas interfederativas criou as condiccedilotildees para aproximar as relaccedilotildees buscar

consenso entre os diferentes atores envolvidos na construccedilatildeo do SUS e o

estabelecimento de pactos e decisotildees poliacuteticas e administrativas referentes ao sistema de

sauacutede em acircmbito nacional estadual regional e municipal (Pinto et al 2014)

Estudo realizado por Fleury et al (2010) afirma que de 1996 a 2006 houve

ldquomodificaccedilotildees importantes na relaccedilatildeo Estado-sociedade em direccedilatildeo a um padratildeo mais

democraacutetico de exerciacutecio do poder localrdquo Para os autores se mantida a atual

configuraccedilatildeo institucional do SUS a esfera municipal se tornaraacute o loacutecus privilegiado de

resoluccedilatildeo dos desafios enfrentados pelo SUS Tambeacutem chamam a atenccedilatildeo para a

38

necessidade de construccedilatildeo de bases solidas no acircmbito da governanccedila local pois o

sucesso das intervenccedilotildees dependem de estrateacutegias capazes de oferecer apoio teacutecnico

gerencial e politico na implementaccedilatildeo das politicas de sauacutede Estas estrateacutegias se

viabilizadas atraveacutes da poliacutetica regionalizada da sauacutede que articula diferentes atores

sociais podem fortalecer a governanccedila no acircmbito local e regional (p454)

A governanccedila estaacute relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e sua

capacidade organizativa ou seja a capacidade dos governos para desenvolver o

planejamento a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas e cumprir suas funccedilotildees A

boa governanccedila eacute indispensaacutevel para o desenvolvimento sustentado que associa

crescimento econocircmico equidade social e direitos humanos (Santos 1996)

Segundo as agecircncias internacionais de financiamento entre elas o Banco Mundial

a governanccedila eacute definida como ldquoo exerciacutecio da autoridade controle administraccedilatildeo poder

de governosrdquo tambeacutem entendida como ldquoa maneira pela qual o poder eacute exercido na

administraccedilatildeo dos recursos sociais e econocircmicos de um paiacutes visando o

desenvolvimentordquo (Gomides 1996 p179)

Segundo Santos (1997) os termos governanccedila e governabilidade divergem entre

alguns autores sendo a governabilidade relacionada agraves condiccedilotildees sistecircmicas e

institucionais em que se daacute o exerciacutecio do poder a forma de governo as relaccedilotildees entre

os poderes e o sistema de intermediaccedilatildeo de interesses O termo governanccedila estaacute

basicamente ligado agrave performance dos atores e sua capacidade no exerciacutecio da

autoridade politica Neste sentido a autora considera ser pouco relevante no contexto

atual distinguir os conceitos de governanccedila e governabilidade e para tanto adota o

termo capacidade governativa (Santos 1997) termo utilizado neste trabalho

A capacidade organizativa tambeacutem conhecida como modus operandi das politicas

governamentais eacute fundamental para o desenvolvimento sustentado equitativo e

democraacutetico e natildeo se restringe apenas aos aspectos gerenciais e administrativos do

aparelho do Estado (Santos 1997) O modus operandi das poliacuteticas envolve as questotildees

relativas agrave coordenaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre os atores sociais Pode-se dizer que engloba

tanto as caracteriacutesticas operacionais do Estado como tambeacutem sua dimensatildeo

poliacuteticoinstitucional capaz de mobilizar apoio agraves politicas governamentais a

capacidade financeira instrumental e operacional do Estado

39

O modus operandi das politicas governamentais inclui dentre outras questotildees

aquelas ldquoligadas ao formato poliacutetico-institucional dos processos decisoacuterios agrave definiccedilatildeo

do mix apropriado puacuteblico-privado nas politicas agrave participaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo aos

mecanismos de financiamento das politicas e ao alcance global dos programasrdquo (Melo

1995 apud Santos 1997)

A governanccedila consiste na reparticcedilatildeo de poder entre aqueles que governam e os

que satildeo governados na negociaccedilatildeo entre os atores sociais na descentralizaccedilatildeo da

autoridade e das funccedilotildees relacionadas ao ato de governar (Pereira 2010) Os niacuteveis de

governabilidade podem variar e sofrem o impacto das relaccedilotildees entre os poderes dos

sistemas partidaacuterios do sistema de intermediaccedilatildeo de interesses e da forma de governo

(Cavalheiro et al 2009)

Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila ganha espaccedilo no debate e se materializa

nos espaccedilos de gestatildeo colegiada Nesses colegiados a governanccedila pressupotildee arranjos

envolve diversos contextos institucionais e atores com objetivos particulares mas

inseridos num territoacuterio de uso comum que requer fortalecimento das relaccedilotildees verticais

e horizontais que conformam o complexo regional Eacute uma nova dinacircmica de gestatildeo

Orientados pela institucionalidade da unicidade do SUS a governanccedila na

regionalizaccedilatildeo implica na pactuaccedilatildeo de estrateacutegias que possam convergir os diferentes

interesses em torno dos objetivos comuns (Fleury e Ouverney 2006) Implica em

acordos pactuaccedilotildees consensos e compartilhamentos em relaccedilatildeo agraves regras e aos

mecanismos de planejamento que assegurem o financiamento a regulaccedilatildeo e gestatildeo do

sistema para proverem de forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo

regionalizada

A regulaccedilatildeo do sistema contemplada no Pacto pela Sauacutede guarda interface com o

planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo e com os diversos niacuteveis de complexidade da

assistecircncia (Nascimento 2009) Aleacutem disso contribui para garantir o acesso da

populaccedilatildeo aos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a uma assistecircncia qualificada e cabe aos

entes federativos a importante tarefa compartilhada de regular o sistema de sauacutede a

atenccedilatildeo e o acesso agrave sauacutede (Vilarins 2012)

A regulaccedilatildeo sobre os sistemas de sauacutede define as normas o monitoramento o

controle e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede A regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede estaacute

relacionada com a contratualizaccedilatildeo e a regulaccedilatildeo do acesso a avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

40

sauacutede e a auditoria A regulaccedilatildeo assistencial ou do acesso se responsabiliza pelas accedilotildees

que ajustam as necessidades e a oferta de forma ordenada para garantir o acesso

universal integral e equacircnime (Vilarins 2012 Nascimento 2009)

A regulaccedilatildeo no Pacto pela Sauacutede tambeacutem faz parte dos instrumentos de gestatildeo

compartilhada Sua institucionalidade contribui para tornar mais claras as funccedilotildees e

responsabilidades de cada ente federativo e explicita as relaccedilotildees horizontais a serem

estabelecidas entre os prestadores no territoacuterio de abrangecircncia do complexo regulador

Na regionalizaccedilatildeo da sauacutede o gestor estadual eacute o principal regulador e articulador dos

municiacutepios na provisatildeo dos serviccedilos cujo objetivo eacute fortalecer a interdependecircncia entre

os municiacutepios e ampliar a capacidade regional no sentido de organizar uma rede de

atenccedilatildeo que seja capaz de prover a atenccedilatildeo integral com maior equidade (Fleury e

Ouverney 2006)

A rede de atenccedilatildeo do SUS foi configurada a partir da estruturaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio nos anos 20 sendo os anos 30 o marco do sistema previdenciaacuterio no

Brasil onde se desenvolveu o embriatildeo dos direitos sociais Eacute tambeacutem quando o setor

privado comeccedila a se inserir nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede e na sua governanccedila

A oferta de serviccedilos meacutedicos oferecidos por iniciativa das empresas a

trabalhadores aparece nos registros desde 1911 na cidade de Satildeo Paulo Os conflitos da

classe operaacuteria por condiccedilotildees miacutenimas de trabalho atingiram seu ponto maacuteximo com as

greves de 1917 e 1919 (Possas 1989) Naquele periacuteodo a oferta de tais serviccedilos eram

arranjos considerados necessaacuterios para manter o processo de trabalho parte dos custos

destes serviccedilos era transferida para os trabalhadores um desconto que correspondia a

cerca de 2 dos salaacuterios

A estruturaccedilatildeo e o desenvolvimento da previdecircncia social iniciam-se com a

criaccedilatildeo das Caixas de Aposentadorias e Pensotildees (CAP) em 1923 Concebidas na loacutegica

da capitalizaccedilatildeo tiacutepica de seguro social sustentavam-se a partir da contribuiccedilatildeo de

empregados e empregadores e os benefiacutecios da assistecircncia meacutedica davam-se

principalmente pela compra de serviccedilos (Menicucci 2007 Viana et al 2008)

Ateacute a deacutecada de 1930 a previdecircncia social era deixada para o setor privado

empresarial concedida atraveacutes do contrato estabelecido entre o empregador e o

empregado (Cohn 1980) Foi no Governo Vargas a partir de 1930 que o processo de

configuraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas se inicia momento em que tambeacutem se configura o

41

sistema previdenciaacuterio com repercussotildees na poliacutetica trabalhista incluindo-se tambeacutem a

previdecircncia social que traz para o seu governo o comando das accedilotildees com a criaccedilatildeo dos

Institutos de Aposentadoria e Pensotildees - IAP (Possas 1989)

Com a concepccedilatildeo de uma previdecircncia social mais restrita quanto aos benefiacutecios e

agraves despesas os IAP mantiveram a assistecircncia meacutedica que se expandiu no final dos anos

50 e iniacutecio da deacutecada de 60 Foi neste periacuteodo que se iniciou o sistema de proteccedilatildeo

social com direitos sociais diferenciados entendido como um direito contratual de

proteccedilatildeo contra certos riscos tendo o trabalhador o dever de ajudar a garantir o seu

futuro visto que parte dos seus rendimentos era renunciado para o sistema

previdenciaacuterio (Possas 1989)

O formato de proteccedilatildeo social estabelecido no primeiro governo Vargas assemelha-

se ao modelo bismarckiano que se caracteriza como seguro social com acesso

garantido mediante preacutevio pagamento de uma contribuiccedilatildeo de empregados e

empregadores Em 1940 contrapondo-se a este modelo ganha repercussatildeo o modelo

beveridgeano que natildeo se limita agrave loacutegica do seguro social Seu foco eacute o cidadatildeo e se

caracteriza pelo caraacuteter universal natildeo exige contribuiccedilatildeo individual anterior para a

obtenccedilatildeo de um benefiacutecio baacutesico e afere direitos sociais pela caracteriacutestica definidora da

cidadania (Salvador 2008 apud Pacheco 2012) Esses modelos serviram de subsiacutedios

para a configuraccedilatildeo do arcabouccedilo de proteccedilatildeo social brasileiro seja por parte do

governo seja pelas reivindicaccedilotildees dos trabalhadores

Dentro deste formato a assistecircncia meacutedica vai se configurando com suas origens

incorporadas aos benefiacutecios previdenciaacuterios como um benefiacutecio vinculado ao trabalho

formal com as caracteriacutesticas de seguro natildeo se constituindo como um direito a toda a

populaccedilatildeo e ofertado por empresas privadas Inicia-se aiacute a cidadania regulada cujos

direitos sociais estatildeo vinculados a assalariados urbanos (Santos 1979 apud Viana et al

2008)

A medicina previdenciaacuteria que se expande a partir do final da deacutecada de 1950

sofre influecircncias do desenvolvimento tecnoloacutegico com incorporaccedilatildeo de equipamentos

meacutedicos hospitalares e medicamentos e aumenta os custos das despesas hospitalares ao

tempo que reduz a importacircncia das medidas de sauacutede puacuteblica com reduccedilatildeo do jaacute

precaacuterio orccedilamento do Ministeacuterio da Sauacutede (Menicucci 2007)

42

O projeto da Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social (LOPS) tramitou no congresso

durante 14 anos e a lei foi sancionada em 1960 Com a aprovaccedilatildeo da LOPS o governo

pocircde legitimar uma praacutetica que jaacute existia e permitiu que as empresas atendessem seus

empregados e dependentes com serviccedilos proacuteprios ou contratados (Bahia 2008) Com a

LOPS os benefiacutecios e os serviccedilos meacutedicos passam a assumir a mesma importacircncia na

definiccedilatildeo das finalidades da previdecircncia social A expansatildeo da assistecircncia meacutedica foi

contemplada mas natildeo foi prevista a instalaccedilatildeo de serviccedilos proacuteprios permitindo que os

convecircnios e contratos fossem estabelecidos entre institutos ou com estabelecimentos

hospitalares privados (Menicucci 2007)

As diretrizes contidas na LOPS contemplavam a participaccedilatildeo dos setores

assalariados nos oacutergatildeos de decisatildeo mas ela foi suprimida reflexo das restriccedilotildees de

participaccedilatildeo poliacutetica a partir de 1966 A unificaccedilatildeo do sistema previdenciaacuterio

representou uma ruptura em relaccedilatildeo ao modelo anterior vigente ateacute 1964 (Cohn 1980)

No periacuteodo de 1950 a 1964 a despesa da previdecircncia aumentou mais rapidamente

que a receita agravando sua situaccedilatildeo financeira Segundo Possas (1989) na praacutetica a

Uniatildeo nunca contribuiacutea Aleacutem disso as empresas atrasavam suas contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias e depois podiam pagar com um valor mais baixo Havia tambeacutem

excessos com aposentadorias quando alguns empresaacuterios beneficiavam parentes no

ultimo mecircs com altos salaacuterios porque sabiam que seriam aposentados com este valor

Esses fatores entre outros como tambeacutem o regime de capitalizaccedilatildeo de parte dos

recursos arrecadados pela previdecircncia e investidos em setores da economia

contribuiacuteram com a crise e a previdecircncia que jaacute natildeo conseguia cumprir as obrigaccedilotildees

de pagamento aos aposentados e pensionistas de quase todos os IAP entra em colapso

financeiro no iniacutecio da deacutecada de 1960 Do total das despesas dos IAP as despesas

meacutedicas em 1959 representavam 136 mais que o dobro do percentual de 1947

65 (Cohn 1980 Possas 1989) A maior parte dos recursos para pagamento das

despesas meacutedicas era repassada ao setor privado conveniado por meio dos IAP

Apesar da crise financeira da previdecircncia social que necessitava manter o

equiliacutebrio financeiro do sistema foi transferida para as empresas meacutedicas quase a

totalidade dos recursos previdenciaacuterios A exclusatildeo da participaccedilatildeo dos trabalhadores na

administraccedilatildeo de seu proacuteprio patrimocircnio em 1964 facilitou para que a previdecircncia

social atuasse de forma mais livre Foram transferidos sem restriccedilatildeo recursos do INPS

43

para as empresas meacutedicas privadas do FGTS ao setor imobiliaacuterio e do PIS-PASEP aos

mercados de accedilotildees e tiacutetulos Foi desta forma que na deacutecada de 1960 as empresas

meacutedicas e os hospitais privados impulsionaram a expansatildeo da medicina capitalista no

Brasil (Possas 1989)

Dos serviccedilos previdenciaacuterios em 1969 aproximadamente 93 eram comprados

de terceiros empresas meacutedicas e hospitais privados Com esta poliacutetica o INPS estimula

a participaccedilatildeo da iniciativa privada em detrimento dos serviccedilos proacuteprios O mercado de

convecircnios-empresa eacute impulsionado e o mesmo acontece com as empresas de medicina

de grupo cooperativas meacutedicas e organizaccedilatildeo de sistemas assistenciais proacuteprios de

algumas instituiccedilotildeesempresas empregadoras Segundo Bahia (2008) este mercado

empresarial consolidou-se nas deacutecadas de 1950 a 1970 e ateacute hoje constitui a maior fonte

de receita das empresas de planos e seguros de sauacutede

Foi tambeacutem na deacutecada de 1960 com a ediccedilatildeo da Lei nordm 450664 que o governo

federal permitiu a vinculaccedilatildeo das empresas empregadoras e dos empregados a planos

privados de sauacutede isentou ldquodos rendimentos tributados dos empregadores as

indenizaccedilotildees por acidente de trabalho os precircmios com seguro de vida em grupo pagos

pelo empregador em benefiacutecio de seus empregados os serviccedilos meacutedicos hospitalares e

dentaacuterios mantidos ou pagos pelo empregador em benefiacutecio dos seus empregadosrdquo

Aleacutem disso isentou das deduccedilotildees do trabalho assalariado ldquoas contribuiccedilotildees para

institutos e caixas de aposentadoria e pensotildees ou as contribuiccedilotildees para outros fundos de

beneficecircnciardquo (Bahia 2008) As poliacuteticas neste periacuteodo estiveram voltadas para o

incentivo e apoio agrave oferta privada de estabelecimentos de sauacutede

A isenccedilatildeo fiscal refere-se agraves deduccedilotildees de gastos em sauacutede que pode ocorrer tanto

por parte da pessoa fiacutesica como por parte das empresas tendo como referecircncia a base

sobre a qual eacute calculado o imposto de renda Para a pessoa fiacutesica a renuacutencia fiscal

ocorre quando os gastos com serviccedilos e planos de sauacutede satildeo deduzidos do imposto de

renda da receita tributaacutevel do contribuinte Nas empresas a base de caacutelculo do imposto

de renda tambeacutem deduz da receita tributaacutevel quando estas inserem como custos os

gastos que tecircm com serviccedilos e planos de sauacutede dos seus funcionaacuterios Natildeo daacute para

afirmar que os recursos que o Estado deixa de arrecadar do gasto tributaacuterio ou renuacutencia

fiscal da pessoa fiacutesica e das empresas financiem a totalidade dos gastos privados em

sauacutede mas se pode dizer que a isenccedilatildeo permitida sobre a base de caacutelculo do imposto de

44

renda torna o Estado um dos grandes financiadores dos gastos privados em sauacutede

(Santos 2008)

No Simpoacutesio Brasileiro de Medicina de Grupo em 1972 a Secretaacuteria de

Assistecircncia Meacutedica e Social do Ministeacuterio do Trabalho como representante do INPS

declarou que ldquoa iniciativa () era coerente com a filosofia do Governo traduzida no

entatildeo Projeto de Lei da Reforma Administrativa de os oacutergatildeos da administraccedilatildeo puacuteblica

se eximirem da prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que a iniciativa privada pudesse

assegurar sua condiccedilatildeordquo (Possas 1989 p236) Esse entendimento por parte dos

implementadores da poliacutetica naquele periacuteodo optando por natildeo ampliar a rede proacutepria

favorece a expansatildeo da rede privada Essa escolha seraacute condicionante da evoluccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica nos anos posteriores (Menicucci 2007)

A fala daquela secretaacuteria estaacute em consonacircncia com a Carta Constitucional do

regime militar que priorizava a iniciativa privada em detrimento do puacuteblico O

Decreto-lei nordm 20067 que efetiva a reforma administrativa do governo exime da

responsabilidade puacuteblica a prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que o setor privado

puder executaacute-la Na assistecircncia meacutedica esse Decreto-lei 200 prioriza o estabelecimento

de convecircnios com entidades puacuteblicas e privadas existentes na comunidade Apoacutes a

ediccedilatildeo de tal decreto houve uma crescente vinculaccedilatildeo do setor privado agraves instituiccedilotildees

estatais (Menicucci 2007)

Com o mercado aquecido pela expansatildeo dos benefiacutecios agrave populaccedilatildeo

previdenciaacuteria as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado satildeo fortalecidas a partir da deacutecada

de 1960 e vatildeo-se modificando ao longo dos anos configurando um mix no sistema de

sauacutede uma racionalidade privatizante entre os anos 1960 e 1980 que ldquoembora

tecnicamente justificada desencadeou e exacerbou seus traccedilos perversosrdquo (Almeida

1998 p11) Em 1960 do total de hospitais 621 eram privados entre 1950 e 1975

dobrou o nuacutemero de leitos hospitalares no paiacutes a proporccedilatildeo de leitos particulares sobre

o total de leitos se elevou de 539 em 1950 para 684 em 1975 (Possas 1989

Santos 2004)

Outro incentivo ao setor privado ocorreu em 1974 quando o governo Geisel criou

o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) Esse fundo administrado pela

Caixa Econocircmica Federal tinha os juros subsidiados por recursos da Uniatildeo e a linha de

creacutedito oferecia financiamento para reformas e construccedilotildees de estabelecimentos

45

privados hospitalares inclusive para aqueles vinculados agraves empresas privadas de planos

de sauacutede (Bahia 2008) O FAS em 1977 transferiu aproximadamente 815 de seu

financiamento ao setor privado de sauacutede para instalaccedilotildees de hospitais e cliacutenicas

privadas (Possas 1989) Esse recurso esteve disponiacutevel ao setor privado e permitiu a

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980

A rede hospitalar privada encontrou na poliacutetica de sauacutede a oportunidade de

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980 O governo contratava os serviccedilos e oferecia

subsiacutedios para a construccedilatildeo O valor pago pelos serviccedilos prestados era definido pelo

Estado havia resistecircncia do setor privado agrave sua subordinaccedilatildeo crescente ao Estado

entendo-a como uma estatizaccedilatildeo da medicina Mesmo com este entendimento os

serviccedilos conveniados expandiram-se significativamente (Menicucci 2007)

As atividades das empresas privadas de planos de sauacutede e de assistecircncia agrave sauacutede

que estabeleciam convecircnio com a previdecircncia foram impulsionadas natildeo soacute pelos

convecircnios-empresa mas tambeacutem pelas poliacuteticas de apoio com recursos dos orccedilamentos

puacuteblicos Essas empresas tinham autorizaccedilatildeo para descontar das contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias a parcela das aliacutequotas destinadas agraves empresas de planos de sauacutede ainda

assim os empresaacuterios alegavam que esse recurso natildeo cobria a totalidade dos custos Por

parte do trabalhador ldquoas contribuiccedilotildees eram vinculadas primeiro agrave folha de pagamento

e depois ao salaacuterio miacutenimo Esse esquema de financiamento baseado nos subsiacutedios

diretos agrave demanda foi complementado e mais tarde substituiacutedo pelas deduccedilotildees fiscaisrdquo

(Bahia 2008 p158)

O Estado financiou e favoreceu a configuraccedilatildeo de um complexo meacutedico-

industrial quando repassou recursos para o setor privado atraveacutes das linhas de creacutedito

comprou serviccedilos do setor privado permitiu a isenccedilatildeo fiscal e estimulou a praacutetica

empresarial na provisatildeo da assistecircncia agrave sauacutede de seus empregados (Coelho 2011)

A Previdecircncia Social tornou-se a maior compradora de serviccedilos meacutedicos do paiacutes e

fortaleceu o setor privado na oferta de serviccedilos e equipamentos meacutedico-hospitalares O

sistema previdenciaacuterio ao inveacutes de constituir uma rede prestadora puacuteblica incentivou as

empresas a se responsabilizar pela assistecircncia aos seus empregados justificada pela

intenccedilatildeo de aliviar a rede puacuteblica Essas condutas favoreceram o surgimento da

medicina de grupo das cooperativas meacutedicas e dos sistemas de autogestatildeo vinculados a

empresas empregadoras (Coelho 2011) Aleacutem disso resultou em desigualdades de

46

oferta cobertura qualidade e acesso entre os diferentes estratos de trabalhadores como

tambeacutem quanto ao tipo dos serviccedilos oferecidos (Menicucci 2007)

Em 1980 aproximadamente 10 dos brasileiros jaacute contavam com a cobertura de

esquemas institucionalizados privados de assistecircncia agrave sauacutede (Bahia 2008) A

conjuntura tambeacutem facilitou a inserccedilatildeo dos interesses privados no espaccedilo burocraacutetico e

decisoacuterio interferiu na configuraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo e o governo natildeo conseguiu

desenvolver sua capacidade reguladora (Coelho 2011)

Pode-se dizer que este sistema durante sua fase de consolidaccedilatildeo contou com a

ineficiecircncia do controle puacuteblico com centralizaccedilatildeo clientelismo superposiccedilatildeo de

programas e clientelas com ausecircncia da participaccedilatildeo de sindicatos partidos e

movimentos sociais nos processos de decisatildeo Aleacutem destas questotildees destaca-se a

submissatildeo do gasto social aos criteacuterios econocircmicos e financeiros e o princiacutepio da

privatizaccedilatildeo que propiciou a abertura de espaccedilo para a entrada dos interesses privados

no aparelho do Estado (Draibe 1993)

Tal situaccedilatildeo desencadeou discussotildees quanto aos modelos adotados que

praticamente negavam o bem-estar prometido pelo progresso econocircmico (Draibe

1993) Propostas de reforma dos sistemas foram apresentadas e a agenda de

transformaccedilotildees passou a ser o ajuste fiscal a globalizaccedilatildeo dos mercados e a poliacutetica

para contenccedilatildeo dos custos O sistema de sauacutede passou a ser visto no interior do modelo

de proteccedilatildeo social como uma aacuterea criacutetica com gastos elevados ineficiecircncia na gestatildeo

dos recursos e iniquidades no acesso com perspectivas de manutenccedilatildeo desse padratildeo nos

anos subsequentes Naquele momento tambeacutem eacute visto como um sistema complexo em

expansatildeo associado a um cenaacuterio de transiccedilatildeo epidemioloacutegica demograacutefica e de

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica (Viana et al 2008)

Foi nesse contexto que se criou o Sistema Nacional de Sauacutede pela Lei no

6229

de 17 de julho de 1975 constituiacutedo pelo complexo de serviccedilos do setor puacuteblico e do

setor privado voltado para accedilotildees de interesse da sauacutede que visavam agrave promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento que deu origem a essa Lei deixava claro

a necessidade de uma interferecircncia maior por parte do Estado na definiccedilatildeo e na

articulaccedilatildeo do sistema A referida Lei natildeo se implementou e um dos obstaacuteculos

apontados refere-se agraves dificuldades decorrentes de a prestaccedilatildeo da assistecircncia meacutedica

estar na sua maior parte nas matildeos da iniciativa privada ldquoOs esforccedilos de simplificaccedilatildeo

47

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da praacutetica meacutedica vatildeo esbarrar sempre com os

interesses do setor privado e como natildeo houve alteraccedilatildeo significativa na estrutura

financeira dos componentes do Sistema torna-se difiacutecil esperar mudanccedilas profundas na

rede de serviccedilosrdquo (Oliveira e Fleury 1985 p256)

Posteriormente eacute elaborado o projeto de reformulaccedilatildeo do sistema de Previdecircncia

Social que cria o INAMPS em 1977 uma autarquia vinculada ao Ministeacuterio da

Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) Entre as atribuiccedilotildees do INAMPS cabe

absorver a assistecircncia meacutedica concedida por todos os oacutergatildeos previdenciaacuterios ldquoeacute a maior

expressatildeo da aproximaccedilatildeo da Seguridade Social desvinculando cada vez mais o

atendimento meacutedico da condiccedilatildeo de segurado muito embora natildeo elimine a situaccedilatildeo

financeira cuja base eacute a contribuiccedilatildeo do seguradordquo (Oliveira e Fleury 1985 p258)

Eacute nesse contexto de crise que teacutecnicos do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e do

Ministeacuterio da Previdecircncia Social formulam o PREV-SAUacuteDE - Programa Nacional de

Serviccedilos Baacutesicos de Sauacutede mas que tambeacutem natildeo se efetiva (Oliveira e Fleury 1985)

Ao mesmo tempo propostas de reforma do sistema de sauacutede crescem em diversos

paiacuteses na deacutecada de 80 periacuteodo em que o Banco Mundial insere-se no debate da poliacutetica

de sauacutede produz relatoacuterios das discussotildees setoriais na intenccedilatildeo de racionalizar e ter

maior eficiecircncia na utilizaccedilatildeo dos recursos O referido relatoacuterio aponta ldquoa necessidade

de ajustes econocircmicos e estruturais para o setor sauacutede com o financiamento da atenccedilatildeo

pelo capital privado e a criacutetica contundente agrave universalidade do acesso agrave sauacutederdquo (Viana

et al 2008 p653)

Com a crise acentuada no iniacutecio dos anos 1980 em decorrecircncia entre outros dos

problemas financeiros e das denuacutencias de fraude nos serviccedilos de sauacutede da previdecircncia

social o governo federal edita medidas de intervenccedilatildeo e declara mudanccedilas que satildeo

explicitadas no decreto de instituiccedilatildeo do Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da

Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) Pode-se dizer que neste periacuteodo ocorre ruptura no

modelo considerado privatizante e novos arranjos puacuteblico-privados satildeo estabelecidos

Entre as mudanccedilas destaca-se a definiccedilatildeo de paracircmetros de programaccedilatildeo

assistenciais para racionalizar o credenciamento de serviccedilos privados e readequar a

capacidade instalada dos serviccedilos proacuteprios da previdecircncia social dos hospitais

universitaacuterios dos serviccedilos de sauacutede federais estaduais e municipais de forma a

permitir a ocupaccedilatildeo de toda a capacidade instalada do serviccedilo puacuteblico (Bahia 2008)

48

Com as medidas de intervenccedilatildeo os dirigentes do INAMPS que estavam na

conduccedilatildeo da poliacutetica passam a priorizar o serviccedilo puacuteblico reativar instalaccedilotildees puacuteblicas

ambulatoriais e hospitalares criar terceiros-turnos e serviccedilos de urgecircncias de 24 horas

buscar alternativas para reforccedilar o orccedilamento manter e expandir o custeio dos serviccedilos

puacuteblicos federais estaduais e municipais e investir na estruturaccedilatildeo de uma nova base de

relaccedilatildeo com os prestadores privados As transferecircncias dos recursos federais para

estados e municiacutepios que eram 5 em 1981 aumentaram para 37 em 1987 (Bahia

2008)

O setor privado na deacutecada de 1980 jaacute estava consolidado e criou diferentes

organizaccedilotildees para prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia meacutedica As formas privadas de

assistecircncia agrave sauacutede satildeo ampliadas dentro e fora das empresas por meio dos planos de

sauacutede contratados individualmente se fortalecem independentemente do financiamento

direto do governo e passam a fazer parte do novo mercado de planos empresariais e

individuais em expansatildeo Contribuiacuteram para o fortalecimento do setor privado a

trajetoacuteria dos incentivos puacuteblicos concedidos pelo governo federal os subsiacutedios

financeiros e mecanismos tributaacuterios que associados agrave ausecircncia de intervenccedilotildees

favoreceram investimentos privados na sauacutede e colaboraram para sua

institucionalizaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo (Menicucci 2007)

Aleacutem destas outras decisotildees puacuteblicas fortaleceram a assistecircncia privada entre

elas a compra de serviccedilos privados Esta opccedilatildeo energizou os profissionais as

instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos e suas representaccedilotildees que associada ao

alto custo deste modelo de compra de serviccedilos canalizou percentual significativo de

recursos puacuteblicos para o setor privado Tais decisotildees resultaram no desfinanciamento

puacuteblico em relaccedilotildees perversas entre o setor puacuteblico e privado na maacute qualidade dos

serviccedilos e na opccedilatildeo dos usuaacuterios pela assistecircncia privada (Menicucci 2007)

A clientela dos planos privados e seguros de sauacutede perfazia em 1987 quase 216

milhotildees de beneficiaacuterios (15 da populaccedilatildeo) que se comparados agrave cobertura dos anos

de 1981 (em torno de 10) aumentou expressivamente As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedio indireto editadas pelo governo federal para deduccedilatildeo no imposto de renda de

gastos com sauacutede a favor de servidores puacuteblicos militares pessoas fiacutesicas e empresas

contribuiacuteram para este aumento (Bahia 2008)

49

A experiecircncia a trajetoacuteria e a configuraccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede ateacute vigente entatildeo

orientaram o debate sobre a inserccedilatildeo da sauacutede no texto constitucional e o reordenamento

das relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado Houve embates pressotildees e lobby de

empresaacuterios e outros privatistas que se opunham firmemente agraves propostas de

estatizaccedilatildeo progressiva Como resultado das discussotildees seguiram-se propostas de

participaccedilatildeo do setor privado no SUS sob a forma de serviccedilo puacuteblico concedido cujo

contrato deveria ser regido pelas normas do direito puacuteblico Apesar dos esforccedilos a

substituiccedilatildeo do termo natureza puacuteblica por relevacircncia publica ldquonatildeo contribuiu para

afirmar a precedecircncia do interesse puacuteblico e dos serviccedilos puacuteblicos na perspectiva da

estatizaccedilatildeordquo (Bahia 2008 p162)

As decisotildees tomadas pelos implementadores da poliacutetica ateacute a deacutecada de 1980 a

institucionalizaccedilatildeo das diversas formas empresariais da assistecircncia privada e os diversos

interesses que se constituiacuteram na trajetoacuteria da configuraccedilatildeo do setor sauacutede ateacute este

periacuteodo associadas agrave insuficiecircncia da rede e agrave baixa qualidade dos serviccedilos de sauacutede

puacuteblica subsidiaram o debate preacute-constituinte Estes fatores influenciaram os

posicionamentos a favor da participaccedilatildeo do setor privado no setor puacuteblico quando a

poliacutetica de sauacutede foi redefinida na constituiccedilatildeo e na regulamentaccedilatildeo da assistecircncia

privada no final dos anos 1990 (Menicucci 2007)

A defesa da complementaridade do SUS prevista na Constituiccedilatildeo Federal

considerou o fato de que naquele periacuteodo a administraccedilatildeo puacuteblica ldquocontava com 70

dos serviccedilos privados complementando os serviccedilos puacuteblicosrdquo Esses serviccedilos estavam

inseridos no sistema de sauacutede por intermeacutedio do INAMPS que mantinha esses

contratos e convecircnios com o setor privado lucrativo e sem fins lucrativos A defesa

justificava-se pela intenccedilatildeo de que o puacuteblico pudesse ir superando essa

complementaridade e invertesse esse percentual conforme o financiamento da sauacutede

fosse melhorando (Santos 2010 p80)

A dualidade do sistema de sauacutede estaacute contemplada na Constituiccedilatildeo Federal1988

no artigo 199 ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave iniciativa privadardquo Aleacutem disso a Lei

Orgacircnica da Sauacutede1990 cita no artigo 24 ldquoQuando as suas disponibilidades forem

insuficientes para garantir a cobertura assistencial agrave populaccedilatildeo de uma determinada

aacuterea o Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS poderaacute recorrer aos serviccedilos ofertados pela

50

iniciativa privadardquo mas a prioridade eacute para as entidades filantroacutepicas5 e sem fins

lucrativos (Brasil 1990)

Com a implantaccedilatildeo do SUS o processo de descentralizaccedilatildeo eacute impulsionado e a

municipalizaccedilatildeo da sauacutede propicia a expansatildeo da rede de sauacutede puacuteblica Os municiacutepios

ampliam a capacidade instalada em especial os serviccedilos ambulatoriais mas enfrentam

inuacutemeros problemas para dispor de profissionais e remuneraacute-los manter a rede de

atenccedilatildeo agrave sauacutede as condiccedilotildees fiacutesicas e a capacidade instalada dos estabelecimentos de

sauacutede Essas dificuldades associadas aos determinantes macroestruturais do paiacutes com

poliacuteticas econocircmicas liberalizantes e desregulamentadoras adotadas pelos paiacuteses

perifeacutericos novamente reforccedilam o modelo de atenccedilatildeo fragmentado favorecem o setor

privado que progressivamente vai adquirindo um caraacuteter empresarial tendo como

produtos principais os Planos de Sauacutede (Heimann et al 2010)

As medidas adotadas foram orientadas pelo Banco Mundial e se tornaram

conhecidas como o Consenso de Washington mediante o qual Estados perifeacutericos

endividados deveriam firmar acordos com organismos internacionais Por esse

consenso as poliacuteticas sociais eram consideradas paternalistas geradoras de

desequiliacutebrio fiscal causadoras de custo excessivo de trabalho e poderiam ser

viabilizadas via mercado Neste entendimento o Estado passa a natildeo ser o responsaacutevel

pelas poliacuteticas sociais e pelo seu financiamento sendo estimulados novos modelos de

gestatildeo com parcerias entre Estado mercado e sociedade civil como as Organizaccedilotildees natildeo

governamentais que prestam serviccedilos a sauacutede (Barreto 2004)

Foi nesse contexto que os serviccedilos puacuteblicos e privados expandiram-se no periacuteodo

de implantaccedilatildeo do SUS mas o setor privado tambeacutem cresceu em especial os serviccedilos

sem internaccedilatildeo consultoacuterios cliacutenicas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e terapecircutico ao

passo que se reduziu o nuacutemero de estabelecimentos hospitalares e de leitos privados

entre 1992 e 2005 (IBGE 2005 apud Viana et al 2008) No setor puacuteblico tambeacutem

houve expansatildeo mas a deficiecircncia da sua capacidade instalada e a forccedila do setor

5 ldquoEntidade Filantroacutepica eacute aquela entidade beneficente de assistecircncia social (definida originalmente na

Lei Orgacircnica de Assistecircncia Social Lei no 8742 de 08121993 Art 3ordm como ldquoaquelas que

prestam sem fins lucrativos atendimento e assessoramento aos beneficiaacuterios abrangidos por esta lei

bem como atuam na defesa e garantia de seus direitosrdquo) eou de educaccedilatildeo eou de sauacutede sem fins

lucrativos (definida na Lei no 9718 de 2711 1998 Art 10 sect 3ordm sobre a Legislaccedilatildeo Tributaacuteria

Federal como sendo ldquoa entidade que natildeo apresenta superaacutevit em suas contas ou caso apresente em

determinado exerciacutecio destine o referido resultado integralmente agrave manutenccedilatildeo e ao

desenvolvimento de seus objetivos sociaisrdquo) que cumpre com as exigecircncias da Resoluccedilatildeo CNAS

3299 (Santos 2008 p1437)

51

privado na rede de sauacutede puacuteblica foram evidenciadas no inicio da deacutecada de 1990

quando o MS instituiu paracircmetros de programaccedilatildeo para definiccedilatildeo de tetos financeiros e

repasse de recursos para estados e municiacutepios considerando entre outros a capacidade

instalada de serviccedilos

Ainda assim o governo federal na deacutecada de 1990 continuou com os benefiacutecios

ao setor privado Na assistecircncia hospitalar com a Lei no 86201993 os hospitais que

tinham contratos com o INAMPS tiveram suas diacutevidas tratadas de forma diferenciada

pela Uniatildeo Para os hospitais filantroacutepicos foram definidas novas modalidades de

apoio entre elas destacam-se flexibilizaccedilatildeo do percentual de ocupaccedilatildeo dos leitos para

atendimento universal quando solicitado o certificado de filantropia abertura de linhas

de creacutedito6 e aporte adicional de recursos para o financiamento dos deacutebitos com o

governo e fornecedores (Bahia 2008)

No ano de 1998 o governo federal mediante homologaccedilatildeo das Secretarias

Municipais de Sauacutede libera empreacutestimos para as Santas Casas e hospitais privados

filantroacutepicos que jaacute faziam parte da rede SUS por meio do programa Caixa Hospitais

instituiacutedo em 1997 Ainda na deacutecada de 1990 um novo debate mobiliza diferentes

atores governamentais e da sociedade civil para discutir a regulamentaccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica supletiva que resultou na promulgaccedilatildeo da Lei 9665 de 19061998

que dispocircs sobre os planos privados de assistecircncia agrave sauacutede Essa lei formalizou

legalmente o sistema de sauacutede dual do paiacutes (Menicucci 2007)

Estima-se que as empresas de planos e seguros de sauacutede faturaram em 1998

R$1603 bilhotildees e o Ministeacuterio da Sauacutede R$175 bilhotildees Essas informaccedilotildees geraram

diversas reaccedilotildees Os pesquisadores alertaram quanto aos possiacuteveis enganos de

classificaccedilatildeo de gastos puacuteblicos como privados e outros utilizaram essa informaccedilatildeo

como argumento da inviabilidade do SUS universal (Bahia 2008)

Eacute nesse periacuteodo que um novo padratildeo de regulaccedilatildeo puacuteblico-privada se configura

sustentado sobretudo pela desarticulaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscais as de incentivo agrave

oferta de serviccedilos privados e aquelas voltadas para expandir o setor puacuteblico Outras

medidas reforccedilam esse novo padratildeo de regulaccedilatildeo como a Lei 925095 que prevecirc

deduccedilatildeo das despesas com sauacutede de entidades da previdecircncia privada e o Decreto

300099 no capitulo II Art 39 que isenta do caacutelculo do rendimento bruto os serviccedilos

6 O Governo Federal criou vaacuterias linhas de apoio financeiro para hospitais vinculados ao SUS entre

elas o caixa hospitais criado em 1997 (Bahia 2008)

52

meacutedicos pagos ressarcidos ou mantidos pelo empregador em beneficio de seus

empregados Essas medidas foram justificadas pelo reconhecimento que o aumento do

mercado de planos de sauacutede se dava em decorrecircncia do subfinanciamento do SUS e

eram alternativas para aliviar as despesas puacuteblicas (Brasil 1995 1999)

Com a reforma do Estado na deacutecada de 1990 a regulaccedilatildeo governamental ganhou

significado suas funccedilotildees deixaram de ser produtivas para se tornarem regulatoacuterias em

diferentes setores

No setor sauacutede a regulaccedilatildeo que objetivava corrigir as falhas do mercado definiu

regras expliacutecitas na legislaccedilatildeo regulamentou a assistecircncia meacutedica supletiva e

estabeleceu mecanismos institucionais para monitorar o cumprimento das regras

mediante a criaccedilatildeo da Agecircncia Nacional de Sauacutede (ANS) A regulaccedilatildeo natildeo significou

um reordenamento da produccedilatildeo privada apenas regulou um mercado de interesse

puacuteblico para garantir os direitos do consumidor

De modo geral e refletindo a dupla institucionalidade da assistecircncia agrave sauacutede o MS

passa a ser a instacircncia reguladora de dois sistemas de assistecircncia agrave sauacutede independentes

e com clientelas distintas o SUS fundamentado na concepccedilatildeo do direito agrave sauacutede e a

Sauacutede Suplementar baseados na loacutegica de mercado (Menicucci 2007)

O Decreto no

4481 de 22112002 instituiu a categoria de o hospital estrateacutegico

no SUS para aqueles estabelecimentos que cumprissem os criteacuterios exigidos no referido

Decreto prestar serviccedilos em todas as aacutereas assistenciais comprovar a prestaccedilatildeo de pelo

menos 30 de serviccedilos de alta complexidade com obrigatoriedade de realizar

transplantes de oacutergatildeos dispor de programa de ensino na aacuterea da sauacutede em niacutevel de poacutes-

graduaccedilatildeo reconhecido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ser referecircncia ao Sistema

Hospitalar para atendimento de urgecircncia e emergecircncia ou gestaccedilatildeo de alto risco

desenvolver atividades de pesquisa em tuberculose hanseniacutease AIDS entre outros

criteacuterios (Brasil 2002) Com esta categoria de hospital estrateacutegico abre-se espaccedilo para

hospitais que atendem a clientelas de cooperativas planos e seguros privados de sauacutede

pleitearem o status de filantropia assegurados pela normativa que flexibiliza os

percentuais obrigatoacuterios de ocupaccedilatildeo dos leitos para o atendimento universal (Bahia

2008)

As Medidas Provisoacuterias no 2158 de 2001 e a n

o 148 de 2003 beneficiaram as

empresas de planos e seguros privados de sauacutede Essas medidas concediam aliacutevio fiscal

53

agrave cobranccedila de impostos e contribuiccedilotildees incidentes sobre despesas operacionais e

reservas teacutecnicas Apesar desses benefiacutecios as empresas de planos de sauacutede nada

fizeram para corrigir as falhas de mercado apontadas pela Agecircncia Nacional de Sauacutede

Os contratos antigos permaneceram em vigecircncia e as empresas privadas lutaram para

obter apoio financeiro para pagamento de seus deacutebitos aos fornecedores e tambeacutem

subsiacutedios fiscais e indexaccedilatildeo de aumento dos valores dos precircmios ao valor da

remuneraccedilatildeo de seus procedimentos (Brasil 2001 2003)

Em 2004 o governo federal tentou aumentar a aliacutequota da Contribuiccedilatildeo para o

Financiamento da Seguridade Social (COFINS) para 76 de alguns estabelecimentos

privados de sauacutede mas por influecircncia de parlamentares da sauacutede o governo cedeu e fez

permanecer o percentual anterior de 3 sobre o total das receitas Ainda nesse ano foi

editada a Instruccedilatildeo Normativa da Receita Federal no 4802004

7 que ldquosacramentou a

separaccedilatildeo das contas dos denominados serviccedilos de terceiros (profissionais da sauacutede

especialmente os meacutedicos e estabelecimentos de sauacutede) contratados e ou credenciados

pelas empresas de planos e seguros de sauacutede e autorizou a deduccedilatildeo de impostos e

contribuiccedilotildees sociais de profissionais e estabelecimentos de sauacutederdquo Aleacutem desses

benefiacutecios as empresas privadas jaacute contavam com os da Emenda Constitucional no

33

editada em 2001 ou seja destas empresas natildeo eacute cobrado o Imposto sobre Circulaccedilatildeo de

Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) quando importam equipamentos meacutedico-hospitalares

(Bahia 2008)

Por meio do Decreto 49782004 elaborado no Ministeacuterio do Planejamento o

governo federal fixou a competecircncia do oacutergatildeo para expedir normas complementares e

deu abertura para contornar o preceito da universalizaccedilatildeo do direito agrave sauacutede via

mudanccedilas da Lei no 81121990 Esse decreto permitiu o acesso aos planos privados de

sauacutede a funcionaacuterios puacuteblicos e seus dependentes familiares que foi facilitado pelos

subsiacutedios concedidos por parte do governo (Bahia 2008) As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedios implementadas ao longo desses anos favoreceram as cooperativas os planos e

7 Outras deduccedilotildees sobre ldquoa remuneraccedilatildeo dos profissionais de cooperativas e associaccedilotildees meacutedicas

incide 15 de imposto de renda e 465 (entre a CSLL Cofins PISPasep) sobre o valor total do

documento fiscal Sobre a fatura de profissionais da sauacutede natildeo vinculados a associaccedilotildees ou

cooperativas incidiratildeo 945 e 585 para as faturas dos estabelecimentos de sauacutede extensiva a

pessoas juriacutedicas prestadoras de serviccedilos preacute-hospitalares e prestadoras de serviccedilos de emergecircncias

meacutedicas por meio de UTI moacutevelrdquo (Bahia 2008 p167)

54

seguros privados de sauacutede num entendimento de que a oferta de serviccedilos de

estabelecimentos privados de sauacutede era beneacutefica ao mercado

Com as denuacutencias de irregularidade no atendimento universal dos hospitais

filantroacutepicos eacute editado em 2006 o Decreto no

5895 que ldquoredefine de maneira radical a

natureza da filantropia na sauacutede e subverte as regras de subordinaccedilatildeo puacuteblico-privadasrdquo

Ao mesmo tempo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social abre

linha de creacutedito para atender ao Programa de Fortalecimento e Modernizaccedilatildeo das

Entidades Filantroacutepicas e Hospitais Estrateacutegicos Integrantes do SUS e libera recursos

para reestruturaacute-los financeiramente e sanear as diacutevidas com os fornecedores Nesse

periacuteodo o governo federal criou outra fonte de recurso8 via prognoacutestico de loterias

para atender aos problemas das diacutevidas dos estabelecimentos de sauacutede com o governo

(Bahia 2008 p150)

Os arranjos institucionais ateacute aqui expostos mostram que esse formato hiacutebrido

ainda que justificado beneficiou o setor privado e configura um sistema dual de

assistecircncia agrave sauacutede apesar das rupturas que sofreu com a criaccedilatildeo do SUS As decisotildees

dos implementadores das poliacutetica em especial a partir dos anos 1960 e os benefiacutecios

concedidos pelo governo federal contribuiacuteram para o formato desse padratildeo de

assistecircncia Nesse sentido pesquisadores chamam a atenccedilatildeo para a dependecircncia da

trajetoacuteria ou seja path dependent entendendo que o que acontece num determinado

periacuteodo natildeo estaacute relacionado apenas agraves condiccedilotildees contemporacircneas mas eacute dependente

das decisotildees anteriores e afetaraacute os resultados posteriores (Pierson 2004 apud Viana e

Lima 2011 Menicucci 2007) Ainda que o direito agrave sauacutede seja reconhecido mediante

a instituiccedilatildeo do SUS as escolhas e as decisotildees dos atores envolvidos no periacuteodo anterior

refletem na sua implementaccedilatildeo

Segundo Bahia (2008) os estudos que discutem a participaccedilatildeo direta ou indireta

do componente privado na rede assistencial do SUS constatam o predomiacutenio do puacuteblico

na atenccedilatildeo baacutesica e do privado na assistecircncia hospitalar Ainda persiste uma

dependecircncia estrutural dos gestores em relaccedilatildeo ao setor privado Satildeo relaccedilotildees

estabelecidas por contratos que se baseiam na compra de serviccedilos mediante um plano

operativo que define metas e condiciona o repasse dos recursos conforme a

8 Por meio da Lei Federal 11345 de 14092006 foi instituiacutedo o concurso de prognoacutestico de loteria

cujos recursos arrecadados destinariam 3 para o Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) a fim de ser

redistribuida a hospitais filantroacutepicos

55

produtividade do estabelecimento Tal relaccedilatildeo tem sido conturbada e os gestores no

acircmbito local tecircm enfrentado dificuldades para custear expandir a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica e regular o sistema de sauacutede

Em 2008 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a Portaria no

1559 que institui a

Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do SUS Esta portaria orienta a organizaccedilatildeo dos fluxos

da prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia agrave sauacutede da rede SUS inclusive o sistema

complementar que devem ser regulados de forma compartilhada pelas esferas de

governo atraveacutes da implantaccedilatildeo do complexo regulador que tem atribuiccedilotildees pactuadas

entre gestores (MS 2008) Apesar dessas medidas os complexos reguladores

encontram diversas dificuldades no seu funcionamento e muitas vezes natildeo conseguem

efetivar o acesso do usuaacuterio ao sistema

A ideia de que o SUS eacute formado por uma rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e que o setor

privado entra de forma complementar resulta num falso entendimento de que a maior

influecircncia sobre o modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede e a rede de serviccedilos eacute do setor puacuteblico As

medidas editadas pelo governo federal antes e apoacutes a implantaccedilatildeo do SUS ainda que

justificadas pela garantia do acesso e ampliaccedilatildeo da capacidade de atendimento do SUS

propiciaram a reorganizaccedilatildeo empresarial facilitaram o poder de pressatildeo de empresaacuterios

da sauacutede sobre a gestatildeo local o padratildeo de compra e venda de serviccedilos resultaram em

complexas relaccedilotildees puacuteblico-privadas construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do

sistema de sauacutede brasileiro (Bahia 2008)

Na regiatildeo em estudo o SUS vem se instituindo e se materializando com arranjos

entre o setor puacuteblico e privado nos municiacutepios e na regiatildeo As escolhas e decisotildees dos

diferentes atores que compotildeem o complexo de sauacutede nesta regiatildeo conformaram uma

trajetoacuteria do sistema puacuteblico de sauacutede o qual eacute fortemente ancorado na parceria com o

setor privado conformando um mix puacuteblico-privado para oferta de serviccedilos

ambulatorial hospitalar e laboratorial

Conhecer os atores as estruturas a participaccedilatildeo e a influecircncia do setor puacuteblico e

privado na rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra faz parte dos

objetivos desta pesquisa que busca conhecer como estas relaccedilotildees ocorrem como satildeo

estabelecidas e se respondem aos objetivos do Sistema de Sauacutede deste territoacuterio

considerado como um espaccedilo vivido e em contiacutenua renovaccedilatildeo

56

4 O Estado de Mato Grosso e a Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

57

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute

DA SERRA

O Estado de Mato Grosso localizado na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil eacute constituiacutedo

por 141 municiacutepios que perfazem uma populaccedilatildeo geral de 3033991 de habitantes (2010)

com maior concentraccedilatildeo na zona urbana (8180) baixa densidade demograacutefica 336

habkm2 Sua taxa de crescimento (194) eacute superior agrave da regiatildeo Centro-Oeste (190) e do

Brasil (117) (Tabela 1) Dos municiacutepios mato-grossenses apenas quatro tecircm populaccedilatildeo

superior a 100000 habitantes (Cuiabaacute Vaacuterzea Grande Rondonoacutepolis e Sinop) a grande

maioria (801) tem menos de 20000 habitantes 482 menos de 10000 habitantes e

262 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010)

Desde a deacutecada de 1980 este estado vem se consolidando entre as unidades da

federaccedilatildeo com as maiores taxas de expansatildeo econocircmica principalmente por conta do

agronegoacutecio que tambeacutem contribui para atrair imigrantes motivados pela possibilidade

de melhores oportunidades de trabalho Internamente o movimento migratoacuterio campo-

cidade vem se acentuando como resultado da substituiccedilatildeo das pequenas lavouras por

grandes plantaccedilotildees mecanizadas Tal fato influencia o processo de urbanizaccedilatildeo e aponta

para a possibilidade da reproduccedilatildeo dos problemas dos grandes centros urbanos gerando

a necessidade de atuaccedilatildeo do Poder Puacuteblico no sentido de ordenar essa expansatildeo da

ocupaccedilatildeo do espaccedilo e dotar os municiacutepios com infraestrutura e serviccedilos capazes de

suprir as necessidades da populaccedilatildeo (MT 2003)

Demograficamente Mato Grosso em 2010 apresentou uma piracircmide etaacuteria que

revela reduccedilatildeo da natalidade uma populaccedilatildeo mais envelhecida (Figura 1) com idade

meacutedia de 30 anos No entanto tal estrutura eacute muito diversa quando analisada nas vaacuterias

regiotildees de sauacutede tendo em vista as desigualdades sociais e econocircmicas deste estado

(Scatena et al 2014)

58

FONTE Scatena et al 2014

Figura 1 ndash Piracircmide Etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010

As condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo satildeo determinadas natildeo somente pelas

desigualdades sociais e econocircmicas do estado mas tambeacutem em decorrecircncia de

queimadas desmatamentos uso extensivo de agrotoacutexicos e situaccedilatildeo sanitaacuteria dos

logradouros Em 2000 a maioria dos domiciacutelios natildeo tinha esgotamento por rede geral

sendo a situaccedilatildeo mais criacutetica nas regiotildees do Norte e Nordeste Mato-grossense Das 16

regiotildees de sauacutede do estado em 15 delas as fossas rudimentares (ou negras) eram o

principal sistema de esgotamento sanitaacuterio representando 89 na regiatildeo de Coliacuteder O

abastecimento de aacutegua tambeacutem se constitui em problema e sua cobertura era superior a

70 em apenas trecircs regiotildees Cuiabaacute Rondonoacutepolis e Barra do Graccedilas (Scatena 2011)

No ano de 2010 Mato Grosso ficou em 11ordm lugar entre os estados brasileiros com

melhor Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH (0725) abaixo do Distrito Federal

Satildeo Paulo Santa Catarina Rio de Janeiro Paranaacute Rio Grande do Sul Espiacuterito Santo

Goiaacutes Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (Atlas Brasil 2013) No entanto quando

estratificado por municiacutepios observam-se as consequecircncias das desigualdades

econocircmicas e de infraestrutura puacuteblica

A expansatildeo da ocupaccedilatildeo e produccedilatildeo agriacutecola associada agrave agropecuaacuteria insere o

estado como um importante polo produtor e exportador do Brasil Em 2008 o PIB per

capita estadual era proacuteximo a R$ 1800000 acima da meacutedia brasileira (R$ 1598980)

59

mas inferior ao da regiatildeo Centro-Oeste (R$ 2037210) Jaacute entre as regiotildees do estado o

PIB variou de R$ 865900 a R$ 3106400 (Scatena 2011)

Jaacute em 2010 o PIB per capita de Mato Grosso foi de R$ 1963677 praticamente o

mesmo valor da meacutedia brasileira (Datasus 2014) o que colocou o estado na 14o posiccedilatildeo

nacional Mato Grosso destaca-se internacionalmente como um dos grandes produtores

de soja algodatildeo milho e carne Apesar disso nele tambeacutem se destacam os deacuteficits em

infraestrutura puacuteblica como estradas saneamento baacutesico serviccedilos de sauacutede e a elevada

concentraccedilatildeo de renda (MT 2007a)

A expansatildeo econocircmica o agronegoacutecio a localizaccedilatildeo geograacutefica e o acesso viaacuterio

entre outros fatores tecircm contribuiacutedo para o crescimento populacional de algumas

cidades do estado denominadas polos de referecircncia natural Essas cidades por

disporem de uma rede de serviccedilos de sauacutede puacuteblica eou privada mais estruturada em

relaccedilatildeo agrave oferta e diversidade de serviccedilos satildeo demandadas pelos municiacutepios em seu

entorno de forma organizada ou natildeo

Em Mato Grosso os gastos puacuteblicos com o SUS no geral tecircm sido elevados Os

dados do SIOPS informam que os municiacutepios nos uacuteltimos quatro anos tecircm aplicado

percentuais acima do miacutenimo estabelecido na EC29 e proacuteximos a 20 mas o estado

na seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 cumpriu o percentual miacutenimo apenas no ano de 2010

atingindo 123 (Mendonccedila 2012)

Estudo realizado por Levi e Scatena (2011) mostra que no ano de 2008

contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo o padratildeo de gasto em sauacutede por habitante

pelo governo estadual foi considerado meacutedio ou baixo (R$ 25400) Jaacute o gasto do

conjunto dos municiacutepios quando contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo e do estado

foi considerado elevado (R$ 36400)

Ainda assim o financiamento do sistema de sauacutede puacuteblica dos 141 municiacutepios do

estado tem uma forte dependecircncia das transferecircncias federais e estaduais Para o

conjunto dos municiacutepios no periacuteodo de 2002 a 2008 as transferecircncias do SUS

representaram praticamente metade dos recursos aplicados no setor (49) para o

estado o percentual de transferecircncias variou de 24 em 2002 a 32 em 2008 (Viana et

al 2010a Levi e Scatena 2011)

O complexo de sauacutede da regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde a

deacutecada de 1980 Os fatores determinantes na sua delimitaccedilatildeo foram a posiccedilatildeo

60

geograacutefica o acesso pavimentado entre os municiacutepios e a forccedila natural de atraccedilatildeo do

municiacutepio de Tangaraacute da Serra cidade-polo e referecircncia natural para o comeacutercio e

serviccedilos entre eles o de sauacutede A distacircncia entre os municiacutepios que a integram varia de

60 a 200 km

A implantaccedilatildeo da estrutura administrativa de coordenaccedilatildeo na regiatildeo seguiu os

criteacuterios da Secretaria de Estado da Sauacutede que definiu os municiacutepios e sua abrangecircncia

Uma delimitaccedilatildeo especiacutefica para o setor sauacutede visto que o governo do estado utiliza

para as suas intervenccedilotildees doze regiotildees denominadas regiotildees de planejamento9 cuja

configuraccedilatildeo difere desta

A regiatildeo em estudo sofreu alteraccedilotildees10

na sua configuraccedilatildeo mas na vigecircncia do

Pacto pela Sauacutede mantiveram-se os dez municiacutepios Arenaacutepolis Barra do Bugres

Campo Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo

Afonso Sapezal e Tangaraacute da Serra (Tabela 1)

A regiatildeo estaacute localizada no Centro Norte do estado tem uma populaccedilatildeo de

210816 habitantes (2011) que corresponde a 685 da populaccedilatildeo de MT e sua aacuterea

cobre 541 do territoacuterio do estado Eacute a quarta maior regiatildeo em nuacutemero de habitantes

apresenta baixa densidade demograacutefica 394 habkm2 variando de 133 (Sapezal) a

2477 (Arenaacutepolis) Sua taxa de crescimento 291 para o periacuteodo de 2000 a 2010 eacute

superior agrave do Brasil (117) e da regiatildeo Centro-Oeste (190)

9 No estudo do Zoneamento Soacutecio Econocircmico Ecoloacutegico de Mato Grosso ndash ZSEE foram definidas

doze regiotildees de planejamento no estado Os municiacutepios integrantes desta regiatildeo de sauacutede ficaram

distribuiacutedos em trecircs regiotildees regiatildeo VII - Caacuteceres Sapezal regiatildeo VIII ndash Oeste_Tangaraacute da Serra

com os municiacutepios de Tangaraacute da Serra Porto Estrela Barra do Bugres Nova Oliacutempia Denise

Santo Afonso Campo Novo do Parecis e Brasnorte regiatildeo IX - Diamantino Arenaacutepolis e Nova

Marilacircndia 10

Decreto estadual no

7442 de 12 de abril2006 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da

Secretaria de Estado de Sauacutede - SES define como oacutergatildeos de administraccedilatildeo regionalizada os

Escritoacuterios Regionais de Sauacutede-ERS neste a microrregiatildeo do Meacutedio Norte (Tangaraacute da Serra) fica

composta por apenas oito municiacutepios Em outubro de 2006 a Resoluccedilatildeo CIBMT no

062 ndash dispotildee

sobre o funcionamento das CIB Regionais em consonacircncia com o Pacto pela Sauacutede 2006 Esta

resoluccedilatildeo informa que tal regiatildeo permanece com 10 municiacutepios e o municiacutepio de Arenaacutepolis da

regional de Diamantino passa para a regional de Tangaraacute da Serra e o municiacutepio de Brasnorte

desta transfere-se para a regional de Juiacutena

61

Tabela 1 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da regiatildeo de

Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Municiacutepios

Populaccedilatildeo Razatildeo de

Crescimento

2000-2010

Pop

Regiatildeo

2010

Densidade

Demograacutefica

2010 2000 2010

Arenaacutepolis 11605 10316 -117 499 2477

Barra dos Bugres 27460 31793 147 1537 531

Campo Novo do Parecis 17638 27577 457 1333 292

Denise 7463 8523 133 412 652

Nova Marilacircndia 2354 2951 228 143 152

Nova Oliacutempia 14186 17515 213 847 1130

Porto Estrela 4707 3649 -251 176 177

Santo Afonso 3098 2991 -035 144 255

Sapezal 7866 18094 868 875 133

Tangaraacute da Serra 58840 83431 355 4034 732

Regiatildeo Tangara da Serra 155217 206840 291 100 394

Mato Grosso 2504353 3033991 194 - 336

Centro-Oeste 11636728 14050340 190 - 875

Brasil 169799170 190755799 117 - 2240

FONTE Scatena et al 2011

Dos municiacutepios que a compotildeem apenas um tem populaccedilatildeo superior a 80000

habitantes a grande maioria (70) tem menos de 20000 habitantes 40 menos de

10000 habitantes e 30 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010) Os municiacutepios tecircm

pouco mais de 25 anos de emancipaccedilatildeo apresentam diferenccedilas na extensatildeo e no poder

econocircmico que influenciam o desenvolvimento dos sistemas municipais de sauacutede

A expansatildeo do agronegoacutecio pode ser evidenciada na razatildeo de crescimento de

vaacuterios municiacutepios e reflete natildeo apenas a distribuiccedilatildeo de oportunidades de geraccedilatildeo de

renda mas acompanha a dinacircmica do mercado de trabalho e ao mesmo tempo guarda

relaccedilatildeo com a dinacircmica econocircmica A razatildeo de crescimento eacute maior nos municiacutepios

com mais diversificaccedilatildeo econocircmica Campo Novo do Parecis Sapezal e Tangaraacute da

Serra

Demograficamente a piracircmide etaacuteria da regiatildeo em 2010 tambeacutem reflete esta

dinacircmica Eacute classificada como Tipo III constituiacuteda por uma populaccedilatildeo menos

envelhecida taxa de natalidade elevada baixa mortalidade infantil e elevado percentual

de crianccedilas e jovens e idade meacutedia entre 25 e 30 anos (Scatena et al 2011) As usinas

de aacutelcool e accediluacutecar o frigoriacutefico de abate de aves e bovinos e a intensa produccedilatildeo de

62

gratildeos entre outros setores podem estar estimulando o deslocamento das pessoas em

busca de oportunidade de trabalho e tecircm repercutido no processo de redistribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo na regiatildeo refletindo a tendecircncia da concentraccedilatildeo urbana e de populaccedilatildeo

jovem

Observam-se desigualdades na regiatildeo quando o PIB eacute analisado Os maiores PIB per

capita deram-se em Sapezal (R$ 8992190) e Campo Novo do Parecis (R$ 5941215) e o

menor em Arenaacutepolis (R$ 718648) A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que apresentam

maior PIB per capita (R$ 234743) mas este natildeo eacute alcanccedilado por 80 dos municiacutepios e

que tampouco atingem o PIB estadual (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e seus

componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008

Municiacutepios Componentes do PIB

TOTAL Agropecuaacuteria Induacutestria Serviccedilos Impostos

Arenaacutepolis 1 0232 7923 48887 4823 7 1865

Barra dos Bugres 2 8490 24276 50451 9669 112887

Campo Novo do Parecis 21 1660 66495 249554 66413 594121

Denise 4 2660 5521 36132 3782 88096

Nova Marilacircndia 8 6037 10390 46389 6728 149541

Nova Oliacutempia 2 5257 41620 48678 6939 122494

Porto Estrela 3 8550 5408 36482 3421 83862

Santo Afonso 5 7367 5665 41426 4691 109148

Sapezal 41 4842 28285 350018 106074 899219

Tangaraacute da Serra 2 4976 22061 78241 15318 140596

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 7 7594 27657 104996 24496 234743

Mato Grosso 4 6070 25526 88081 19593 179270

Centro Oeste 1 9818 26502 132362 25039 203721

Brasil 8031 37971 90070 23825 159898

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do IBGE Pesquisa Estadual da Regionalizaccedilatildeo da

Sauacutede no MT 2012

O baixo dinamismo associado ao baixo PIB de parte dos municiacutepios pode

dificultar a aplicaccedilatildeo de investimentos puacuteblicos e explica a insuficiente capacidade

instalada nos municiacutepios e regiatildeo visto que em sua maioria dependem tanto do

governo federal como do estadual no que se refere agrave capacidade teacutecnica e financeira

para a execuccedilatildeo das accedilotildees da poliacutetica de sauacutede (Albuquerque et al 2011)

63

Agropecuaacuteria e serviccedilos (muitos ligados ao agronegoacutecio) satildeo os principais

responsaacuteveis pela riqueza da regiatildeo exceto em Nova Oliacutempia onde a induacutestria tem maior

participaccedilatildeo que a agropecuaacuteria Ainda que incipiente o setor industrial destaca-se nos

municiacutepios de Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia e Sapezal onde estatildeo instaladas

usinas de aacutelcool e empresas de descaroccedilamento de algodatildeo e aproveitamento de resiacuteduos

de gratildeos para criaccedilatildeo de bovinos O municiacutepio de Tangaraacute da Serra sede de regiatildeo tem o

PIB concentrado na agropecuaacuteria e nos serviccedilos

A diversidade na origem da riqueza dos municiacutepios reitera as desigualdades

intrarregionais os municiacutepios de Sapezal Campo Novo do Parecis e Tangaraacute da Serra satildeo

responsaacuteveis por 811 do PIB da regiatildeo e os municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso satildeo os de menor poder econocircmico Na produccedilatildeo da

riqueza a regiatildeo responde por 90 do PIB estadual e estaacute na quarta posiccedilatildeo

Na classificaccedilatildeo estadual do Iacutendice de Desenvolvimento Humano-IDH2000 os

municiacutepios desta regiatildeo ocupam posiccedilotildees extremas Campo Novo do Parecis (080) e

Sapezal (080) estatildeo respectivamente na sexta e na deacutecima posiccedilatildeo enquanto Nova

Marilacircndia (070) e Porto Estrela (065) encontram-se nas 106ordf e 126ordf posiccedilotildees Apesar

das desigualdades entre os municiacutepios a regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do estado

em relaccedilatildeo ao IDH (076)

No que se refere aos gastos com sauacutede excetuando-se o ano de 2002 100 dos

municiacutepios vecircm aplicando recursos financeiros acima dos percentuais miacutenimos

recomendados pela EC29 Os municiacutepios com maior percentual de recursos proacuteprios

aplicados na composiccedilatildeo das despesas totais em 2009 foram Sapezal (728) Nova

Marilacircndia (720) e Barra do Bugres (699)

64

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade municipal

(despesas totais) e despesas com recursos exclusivamente municipais

Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2002 2005 e 2009

Municiacutepios Despesas Totais Despesas com R$ municipais

2002 2005 2009 2002 2005 2009

Arenaacutepolis 1215 1639 2542 809 1018 1253

Barra dos Bugres 1510 2482 3527 867 1661 2462

Campo Novo do Parecis 1923 2459 4293 1535 1917 2690

Denise 1013 1477 2365 690 946 1464

Nova Marilacircndia 2268 4964 5626 1425 3704 4051

Nova Oliacutempia 1991 2638 4088 1510 2044 2428

Porto Estrela 1559 2779 5372 960 1689 2955

Santo Afonso 2671 4615 4154 2123 3539 2686

Sapezal 2260 3724 5903 1853 2854 4299

Tangaraacute da Serra 1088 1480 3329 750 1003 2154

Regiatildeo Tangara da Serra 1477 2171 3733 1040 1546 2422

Mato Grosso 1418 2291 3797 778 1290 1895

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIOPS

Quando satildeo comparadas as despesas per capita totais com sauacutede e as despesas per

capita com recursos exclusivamente municipais estes uacuteltimos tecircm representado valores

que variam de 73 a 49 Em 2009 os maiores dispecircndios per capita com sauacutede

deram-se em Sapezal Nova Marilacircndia e Porto Estrela e os menores foram observados

em Arenaacutepolis Denise e Tangaraacute da Serra (Tabela 3)

Em maior ou menor niacutevel os municiacutepios da regiatildeo tecircm importante dependecircncia

das transferecircncias financeiras intergovernamentais para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede e embora todos os municiacutepios estejam cumprindo o disposto na EC29 quatro

deles natildeo conseguiram atingir a meacutedia per capita da regiatildeo no ano de 2009 Isto pode

estar associado agrave diferenccedila do PIB entre os municiacutepios e ao lugar que o setor sauacutede

ocupa na agenda da gestatildeo municipal

Das categorias profissionais analisadas neste estudo em todos os municiacutepios da

regiatildeo haacute a presenccedila do profissional meacutedico mas em alguns municiacutepios de pequeno

porte este profissional natildeo reside no local vai atender na unidade de sauacutede da famiacutelia e

retorna agrave sua origem onde reside e atende no setor privado Entre os municipios no ano

de 2010 a maior disponibilidade de meacutedicos vinculados ao SUS (por 10000 habitantes)

estaacute no municipio de Sapezal (95) e a menor no municiacutepio de Denise (27) ambas

menores que o recomendado pelo MS

65

Vinculados ao SUS a regiatildeo conta com 56 meacutedicos por 10000 habitantes

colocando-se na seacutetima posiccedilatildeo entre as 16 regiotildees do estado e estaacute entre as trecircs regiotildees

com maior nuacutemero de meacutedicos natildeo vinculados ao SUS (25 meacutedicos por 10000

habitantes) Muitos dos profissionais meacutedicos que trabalham no SUS tecircm consultoacuterio

particular local onde atendem pacientes de convecircnios e do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede

Em Mato Grosso esta eacute a regiatildeo com a menor disponibilidade de enfermeiros

vinculados ao SUS (3810000 habitantes) e estaacute entre as quatro regiotildees com menor

disponibilidade para todos os demais profissionais de niacutevel superior (7410000

habitantes) vinculados ao SUS

Nesta regiatildeo a maior disponibilidade de enfermeiros deu-se no municiacutepio de

Campo Novo do Parecis (5510000 habitantes) e pode estar relacionada ao nuacutemero de

equipes de sauacutede da famiacutelia implantada no municipio Os coeficientes relativos agraves

demais categorias profissionais de niacutevel superior foram mais elevados nos municiacutepios

de Nova Marilandia (213) Santo Afonso (136) e Campo Novo do Parecis (101) Nesta

regiatildeo eacute expressivo o nuacutemero de profissionais com contratos temporaacuterios seja pela falta

de concursos para niacutevel superior seja por natildeo dispor do profissional para pleitear a vaga

devido a remuneraccedilatildeo oferecida em especial para os profissionais meacutedicos

Tangaraacute da Serra eacute uma regiatildeo que se destaca economicamente no estado

apresenta diversidade de profissionais mas parte dos municiacutepios natildeo dispotildee de

infraestrutura e serviccedilos puacuteblicos para inseri-los na rede de sauacutede e cobrir as

necessidades da populaccedilatildeo (Tabela 4) Aleacutem disso os serviccedilos de maior complexidade

estatildeo concentrados geograficamente e os encaminhamentos continuam centralizados no

municiacutepio sede de regiatildeo e na capital do estado e indicam a importacircncia de estabelecer

arranjos regionalizados para suprir de forma equacircnime agraves necessidades e garantir o

acesso da populaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede (Lima et al 2012)

A rede de serviccedilos puacuteblicos da regiatildeo estaacute constituiacuteda pela atenccedilatildeo primaacuteria com

unidades de sauacutede da famiacutelia postos e centros de sauacutede CAPS CTASAE unidades de

coleta e transfusatildeo de sangue laboratoacuterios de exames de baixa complexidade centros de

reabilitaccedilatildeo unidades hospitalares que atendem agraves cliacutenicas baacutesicas e exames de meacutedia

complexidade

66

Tab

ela 4

- N

uacutem

ero d

e es

tabel

ecim

ento

s d

e sa

uacutede

por

cate

go

rias

sel

ecio

nad

as e

tip

o d

e pre

stad

or

seg

undo m

unic

iacutepio

s da

R

egiatilde

o d

e S

auacutede

de

Tan

gar

aacute d

a S

erra

2010

67

Haacute predomiacutenio do nuacutemero de estabelecimentos puacuteblicos na regiatildeo mas em sua

maioria a capacidade instalada eacute constituiacuteda por unidades baacutesicas de sauacutede (Tabela 4)

No periacuteodo de 2002 a 2010 esta regiatildeo situou-se entre as nove do estado onde foi

observado o menor incremento financeiro com a atenccedilatildeo baacutesica totalizando 121

(Mendonccedila 2012)

No ano de 2010 todos os municiacutepios da regiatildeo dispunham de Unidades de Sauacutede

com Equipes de Sauacutede da Famiacutelia e a cobertura do programa era 581 inferior agrave

cobertura do estado (6510) Nesse ano 100 dos municiacutepios tinham equipes de

sauacutede bucal O Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) teve sua cobertura

reduzida quando os municiacutepios implantaram as ESF mas permaneceu nos municiacutepios

de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Porto Estrela Sapezal e Tangaraacute da Serra

Observa-se ainda na tabela 4 que apesar da importante oferta de serviccedilos puacuteblicos

na regiatildeo a rede de atenccedilatildeo de serviccedilos privados eacute significativa A maior

disponibilidade de estabelecimentos puacuteblicos (por 10000 hab) eacute encontrada nos

municiacutepios de Porto Estrela (164) e Santo Afonso (100) e a menor no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra (26) Do setor privado a maior disponibilidade estaacute nos municiacutepios

de Sapezal (497) Denise (469) Tangaraacute da Serra (407) mas a diversidade e a

complexidade dos serviccedilos estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute da Serra Eacute o setor privado

que tem predomiacutenio de unidades especializadas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e

hospitais Portanto eacute uma regiatildeo que necessita planejar e reorganizar a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica contando para isso com o apoio financeiro dos entes federativos municipais

estadual e federal (Silva 2011)

A regiatildeo dispotildee de doze hospitais dos quais quatro satildeo puacuteblicos e estaacute situada

entre as doze regiotildees do estado com maior nuacutemero de hospitais puacuteblicos e entre as trecircs

com maior nuacutemero de hospitais privados Os hospitais puacuteblicos da regiatildeo satildeo de

pequeno porte e atendem em sua maioria apenas as cliacutenicas baacutesicas Natildeo haacute hospital

puacuteblico estadual na regiatildeo

Dos hospitais puacuteblicos existentes um eacute gerido por Organizaccedilatildeo Social (Campo

Novo do Parecis) e outro por entidade religiosa (Sapezal) Os demais o satildeo pelas

respectivas secretarias municipais de sauacutede um no municiacutepio de Barra do Bugres e

outro em Tangaraacute da Serra que natildeo dispotildee de centro ciruacutergico mas de leitos de

estabilizaccedilatildeo

68

O Hospital de Campo Novo do Parecis eacute mantido com recursos da prefeitura tem

centro ciruacutergico leitos de estabilizaccedilatildeo manteacutem convecircnio com a Unimed e eacute referecircncia

para o municiacutepio de Brasnorte que pertence agrave regional de sauacutede de Juiacutena O hospital de

Sapezal eacute mantido com recursos da prefeitura tem convecircnio com a Unimed conta com

centro ciruacutergico e natildeo eacute referecircncia para a regiatildeo apenas para sua proacutepria populaccedilatildeo

Estes dois hospitais preservam as caracteriacutesticas dos estabelecimentos puacuteblicos

O Hospital Municipal de Barra do Bugres a partir do convecircnio estabelecido entre

a SES e a prefeitura em 2001 passou a ser referecircncia na regiatildeo em cirurgia geral e

ortopedia e continuou sendo referecircncia nas cliacutenicas baacutesicas para municiacutepios

circunvizinhos que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar

O municiacutepio de Tangaraacute da Serra eacute referecircncia natural na regiatildeo para os serviccedilos de

sauacutede do setor privado A Unidade Mista de Tangaraacute da Serra eacute tambeacutem referecircncia para

o SAMU mas por natildeo dispor de centro ciruacutergico faz o primeiro atendimento da

urgecircnciaemergecircncia e encaminha para a rede privada conveniada no municiacutepio ou de

outros municiacutepios da regiatildeo ou Cuiabaacute

Dos hospitais privados os de maior complexidade estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra e apenas um deles eacute conveniado ao SUS para atender aos encaminhamentos

do municiacutepio Este hospital tambeacutem atende agrave demanda da regiatildeo encaminhada pelo

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede e para internaccedilatildeo na UTI O municiacutepio dispotildee de

apenas de dez leitos de UTI (adulto) dos quais oito satildeo puacuteblicos e estatildeo instalados no

hospital privado e dois satildeo da Unimed Os leitos puacuteblicos satildeo operacionalizados por

meio de convecircnio11

estabelecido com a SES Os leitos de UTI neonatal satildeo privados e

quando necessaacuterio o acesso ocorre por meio de contratos administrativos para aqueles

casos que natildeo conseguem vaga em Cuiabaacute

Outros serviccedilos do setor privado credenciadoscontratados pelo SUS nefrologia12

(hemodiaacutelise) Cito-patologia13

exames de imagem14

os exames de ressonacircncia

11

A operacionalizaccedilatildeo destes leitos puacuteblicos ocorreu por meio do convecircnio no 012 de 27022004

estabelecido entre a SES e o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede do Meacutedio Norte responsaacutevel pelo

pagamento do Hospital privado onde foram instaladas as UTI 12

Resoluccedilatildeo CIB nordm 054 de 25 de junho de 2009 - Dispotildee sobre o credenciamentohabilitaccedilatildeo no

SIASUS da Cliacutenica INEMAT ndash Instituto Nefroloacutegico de Mato Grosso SC LTDA de Tangaraacute da

Serra - MT junto ao MS A resoluccedilatildeo CIBMT nordm 106 de 06 de maio de 2010 o nuacutemero de

atendimento passa de 66 para 102 pacientes em hemodiaacutelise 13

Resoluccedilatildeo CIB Nordm 009 de 15 de abril de 2005 - Dispotildee sobre o credenciamento do ldquoLaboratoacuterio

Centro Cliacutenicardquo do Municiacutepio de Tangaraacute da Serra no Sistema de Informaccedilatildeo Ambulatorial ndash

SIASUS para realizar Exames de Cito-Patologia

69

magneacutetica e o serviccedilo de anatomia patoloacutegica15

O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute realizado

pela INEMAT empresa privada que funciona em estrutura puacuteblica com gerecircncia

privada e credenciada pelo Ministeacuterio da Sauacutede os exames de densitometria

tomografia ressonacircncia magneacutetica16

e os demais exames de imagem satildeo viabilizados

em cliacutenica particular credenciada pela SES com tabela complementar do CIS Os

exames anatomo-patoloacutegicos satildeo realizados pelo Instituto Diagnoacutestico em Anatomia

Patoloacutegica credenciado pela SES Outros exames desta cliacutenica natildeo contemplados no

credenciamento satildeo contratualizados pelo CIS por meio de tabela especiacutefica solicitada

pelo prestador O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute credenciado mas a consulta de avaliaccedilatildeo natildeo

faz parte do credenciamento

A participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica do SUS tambeacutem eacute significativa na

assistecircncia ambulatorial para cliacutenicas especializadas algumas destas satildeo contratadas

pelo CIS As cirurgias de otorrino e algumas de ortopedia neurologia cirurgia vascular

oftalmoloacutegica e entre outras natildeo satildeo realizadas pelo SUS na regiatildeo Satildeo encaminhadas

via central de regulaccedilatildeo para a rede de referecircncia do estado em Cuiabaacute Em Mato

Grosso todas as regiotildees no periacuteodo de 2002 a 2010 apresentaram aumento das

despesas com assistecircncia ambulatorial e na regiatildeo em estudo o aumento foi de 164

Em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de meacutedia complexidade o incremento foi de 125 ficando

entre as trecircs regiotildees do estado que apresentaram mais incremento e entre as que tiveram

uma menor variaccedilatildeo nos gastos por internaccedilatildeo (Mendonccedila 2012)

A Tabela 5 mostra o nuacutemero de leitos por municiacutepio Observa-se que existem

municiacutepios que natildeo dispotildeem leitos puacuteblicos Do total de leitos existentes a maioria estaacute

concentrada no setor privado

14

Resoluccedilatildeo CIB nordm 042 de 30 de Outubro de 2003 e Resoluccedilotildees CIB no 36 de 04032010

15 Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 026 de 11 de Marccedilo de 2011- Dispotildee sobre o credenciamento do Instituto

Diagnoacutestico em Anatomia Patoloacutegica SS LTDA- INDAP junto ao SUS no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra situado na microrregiatildeo Meacutedio Norte Mato-grossense do Estado de Mato Grosso 16

Resoluccedilotildees CIB no

36 de 04032010 - Dispotildee sobre o credenciamento junto ao Sistema Uacutenico de

Sauacutede - SUS da Cliacutenica Doyon para realizar serviccedilo de Ressonacircncia Magneacutetica no municiacutepio de

Tangara da Serra-MT

70

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010

Municiacutepios

SUS Natildeo SUS

TOTAL Puacuteblicos PrivadoContratado Privados

No

No

No

Arenaacutepolis - - 23 958 1 42 24

Barra do Bugres 78 100 - - - - 78

Campo Novo do Parecis - - 23 822 5 178 28

Denise - - 24 100 - - 24

Nova Oliacutempia - - 20 465 23 535 43

Sapezal - - 40 816 9 184 49

Tangaraacute da Serra 39 223 82 469 54 308 175

TOTAL 117 278 212 504 92 218 421

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados CNESDATASUS

Nesses dois municiacutepios os hospitais satildeo puacuteblicos mas aparecem no CNES como leitos privados

contratados por serem de direito privado e geridos por OSS (CNP) e irmatildes de caridade(Sapezal)

A maioria dos leitos existentes (722) eacute do setor privado destes quase 70

(212) satildeo contratadoscredenciados pelo SUS Do total de leitos da regiatildeo 782 satildeo

utilizados pelo SUS Apenas no municiacutepio de Barra do Bugres os leitos puacuteblicos satildeo a

opccedilatildeo exclusiva de leitos Nos demais existe oferta privada e parte dos leitos eacute

contratada pelo SUS Em Campo Novo do Parecis e Sapezal os leitos existentes satildeo

filantroacutepicos sendo uma parte utilizada pelo SUS e outra para atender ao convecircnio

com operadoras de planos de sauacutede

De 2007 a 2010 foram fechados dois hospitais privados na regiatildeo e reduziram-se

17 leitos mas aumentaram 18 leitos puacuteblicos A maior capacidade de oferta de leitos

pelo SUS estaacute no municiacutepio de Tangaraacute da Serra mas satildeo apenas leitos puacuteblicos de

observaccedilatildeo ficando a rede puacuteblica dependente da rede privadafilantroacutepica

No ano de 201017

os leitos hospitalares da regiatildeo representaram disponibilidade

(por 1000 habitantes) de 055 leitos puacuteblicos 100 leitos privadosfilantroacutepicos 155

leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS e 199 leitos existentes Estas taxas satildeo inferiores ao

paracircmetro estabelecido pelo Ministeacuterio da Sauacutede de 25 a 30 leitos1000 habitantes e

mostram insuficiecircncia na capacidade instalada e desigualdades de oferta quando a

disponibilidade eacute calculada por municiacutepios (MS 2002b)

17

De acordo com o paracircmetro de programaccedilatildeo segundo a Portaria 1101 GMMS2002 para essa

populaccedilatildeo a necessidade de leitos hospitalares na regiatildeo para o ano de 2010 eacute de 527 leitos Para

esse total de leitos a necessidade de leitos de UTI pode variar de 21 a 52

71

Nova Oliacutempia eacute o uacutenico municiacutepio da regiatildeo onde o hospital privado tem a maior

proporccedilatildeo de leitos exclusivos para o setor privado Este municiacutepio tem a maior

cobertura populacional da sauacutede suplementar 593 em 2010 A cobertura de sauacutede

suplementar nos municiacutepios tem relaccedilatildeo com o mercado de trabalho ou seja eacute maior

naqueles municiacutepios que concentram grandes empresas e que oferecem planos de sauacutede

empresarial aos trabalhadores

Os trecircs municiacutepios da regiatildeo que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar (Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso) encaminham seus pacientes respectivamente

para os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres e Tangaraacute da Serra

As internaccedilotildees hospitalares (por 100 habitantes) oscilaram em alguns municiacutepios

e vecircm reduzindo na regiatildeo acompanhando a tendecircncia do estado e do paiacutes (Tabela 6)

Nem todas as internaccedilotildees que acontecem na regiatildeo estatildeo no banco de dados do SIH

pois em muitas das que ocorrem pelo CIS natildeo satildeo utilizadas AIH Aleacutem disso ocorrem

internaccedilotildees acima do teto fisico de AIH

Tabela 6 ndash Percentual de internaccedilotildees em triecircnios segundo municiacutepio de residecircncia e de

internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2001-

2009

Municiacutepios Por municiacutepio de residecircncia Por municiacutepio de internaccedilatildeo

2001-3 2004-6 2007-9 2001-3 2004-6 2007-9

Arenaacutepolis 98 101 81 87 85 81

Barra dos Bugres 77 82 76 78 87 82

Campo Novo do Parecis 73 55 54 68 47 50

Denise 95 76 52 86 65 45

Nova Marilacircndia 55 57 68 - - -

Nova Oliacutempia 82 64 65 72 50 55

Porto Estrela 81 73 54 - - -

Santo Afonso 65 85 70 - - -

Sapezal 22 59 65 17 54 59

Tangaraacute da Serra 81 76 66 72 73 62

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 77 73 66 67 65 60

Mato Grosso 77 69 61 77 69 60

Centro- Oeste 78 74 65 79 75 66

Brasil 69 65 60 69 65 60

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIHDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

No periacuteodo de 2001 a 2009 o municiacutepio de Barra do Bugres que dispotildee de

hospital de referecircncia na regiatildeo registrou maior nuacutemero de AIH pagas por municiacutepio de

de internaccedilatildeo em relaccedilatildeo a municipio de residecircncia Os demais apresentaram maior

72

nuacutemero de internaccedilotildees por municiacutepio de residecircncia mostrando que a regiatildeo tem uma

mobilidade de internaccedilotildees significativa Os dados disponiacuteveis natildeo permitem identificar

se tal mobilidade ocorre intra ou interregional

Entre 2008 e 2011 a maior proporccedilatildeo de internaccedilotildees enquadra-se na categoria de

meacutedia complexidade (985) as de alta complexidade em sua maioria restringem-se

agravequelas que se deram na UTI A oferta de serviccedilo de meacutedia e alta complexidade na

regiatildeo tambeacutem estaacute concentrada no setor privado Entre 2001 e 2009 houve aumento no

atendimento da meacutedia e alta complexidade na regiatildeo e pode indicar que o acesso a

esses serviccedilos foi facilitado pela disponibilidade de profissionais especializados

vinculados ao CIS e pelo acesso agrave UTI

Em 2010 a cobertura do Sistema de Sauacutede Suplementar era significativa na regiatildeo

221 da populaccedilatildeo mas desigual entre os municiacutepios (Tabela 7) A cobertura regional

eacute semelhante agrave do Brasil (225) mas superior agrave do estado (116) e da regiatildeo Centro-

Oeste (149)

Tabela 7 ndash Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por municiacutepio

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2000 2005 e 2010

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados da ANSDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

A Unimed Vale do Sepotuba com sede administrativa em Tangaraacute da Serra

abrange a maioria dos municiacutepios que pertencem a esta regiatildeo de sauacutede Com a sua

implantaccedilatildeo elevou-se a cobertura da populaccedilatildeo com acesso a Planos de Sauacutede em

Municiacutepios Cobertura Sauacutede Suplementar

2000 2005 2010

Arenaacutepolis 23 37 61

Barra dos Bugres 28 39 126

Campo Novo Parecis 27 60 192

Denise 09 18 72

Nova Marilacircndia 16 22 51

Nova Oliacutempia 26 43 593

Porto Estrela 12 15 38

Santo Afonso 02 16 19

Sapezal 40 138 392

Tangaraacute da Serra 81 138 208

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 46 83 221

Mato Grosso 53 102 116

Regiatildeo Centro Oeste 108 128 149

Brasil 178 182 225

73

especial na modalidade de planos coletivos empresariais A cobertura da populaccedilatildeo por

este sistema pode estar relacionada agraves dificuldades da gestatildeo puacuteblica em oferecer

serviccedilos de qualidade e diversidade para as necessidades da populaccedilatildeo (Santos 2010)

pela insuficiecircncia de serviccedilos de sauacutede puacuteblica na regiatildeo ou por natildeo dispor de recursos

financeiros puacuteblicos proporcionais ao aumento populacional da regiatildeo (Menicucci

2007)

Nesta regiatildeo natildeo eacute incomum que os beneficiaacuterios de Planos de Sauacutede empresarial

recorram agrave rede SUS quando a eles satildeo solicitados procedimentos natildeo cobertos pelos

seus planos Nestes casos a mobilidade desses beneficiaacuterios para a rede SUS produz

iniquidades visto que se utilizam dos planos para o acesso mais raacutepido ao serviccedilo em

especial para as consultas meacutedicas especializadas sem ter que ficar aguardando a

liberaccedilatildeo de vaga Tal agilizaccedilatildeo facilita tambeacutem o acesso mais raacutepido a medicamentos

exames e procedimentos da rede SUS que por ser um sistema universal natildeo apresenta

barreiras para este tipo de demanda no sistema puacuteblico Estes beneficiaacuterios usam o

dispositivo constitucional da universalidade para se beneficiar e satisfazer suas

necessidades usufruindo o melhor dos dois sistemas (Castro 2006)

A principal operadora na regiatildeo eacute a Unimed que assim como o setor puacuteblico

encontra dificuldades com a escassez de especialidades e de serviccedilos de maior

complexidade instalados nos municiacutepios visto que os que existem estatildeo concentrados

em alguns municiacutepios da regiatildeo e em quantidade insuficiente para a demanda

populacional A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos da regiatildeo para

atender seus beneficiaacuterios Observa-se nestes casos uma interface puacuteblico-privada em

que a Unimed manifesta o interesse em estabelecer parceria com unidades puacuteblicas

para manter a prestaccedilatildeo de serviccedilos meacutedicos naqueles locais e assim possibilitar a

expansatildeo da sua cartela de planos empresariais

A operadora natildeo tem estrutura hospitalar proacutepria absorve os serviccedilos e as

especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo que correspondam aos seus criteacuterios de

credenciamento A instalaccedilatildeo da cooperativa meacutedica na regiatildeo facilitou a expansatildeo de

adesotildees aos planos de sauacutede aleacutem disso o aumento da cobertura pode estar relacionada

ao nuacutemero de trabalhadores autocircnomos vinculados agraves empresas existentes nos

municiacutepios de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia Sapezal e

Tangaraacute da Serra que juntos perfazem 965 dos beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

74

Nos municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova Marilacircndia Porto Estrela e Santo

Afonso o mercado de planos de sauacutede eacute incipiente ficando a maior parte da populaccedilatildeo

dependente dos serviccedilos do SUS

Ateacute dezembro de 2010 os quase cinquenta mil beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

da regiatildeo estavam assim vinculados agrave sauacutede suplementar 721 - plano coletivo

empresarial 268 - plano coletivo por adesatildeo apenas 07 com plano individual ou

familiar e o restante natildeo informado

Aleacutem das modalidades tradicionais de sauacutede suplementar que existem no

mercado nesta regiatildeo haacute uma denominada Univida que natildeo eacute um plano de sauacutede mas

oferece ao beneficiaacuterio a oportunidade de acesso a serviccedilos de sauacutede da rede privada a

um custo mais acessiacutevel A Univida18

tem a ela vinculada a Associaccedilatildeo Univida que

disponibiliza acesso aos serviccedilos do prestador privado e oferece cobertura a sete

municiacutepios da regiatildeo Essa associaccedilatildeo manteacutem contratos de atendimento com

profissionais laboratoacuterios cliacutenicas e hospitais nos municiacutepios de Tangaraacute Barra do

Bugres Nova Oliacutempia e Cuiabaacute apenas para as especialidades natildeo disponiacuteveis na

regiatildeo

As situaccedilotildees citadas satildeo alternativas para o acesso das pessoas agrave rede de serviccedilos

de sauacutede puacuteblica e privada da regiatildeo mas caracterizam iniquidades no acesso O acesso

destes beneficiaacuterios aos serviccedilos de sauacutede muitas vezes eacute viabilizado com a participaccedilatildeo

do setor puacuteblico que custeia as necessidades oriundas de consultas exames ou

procedimentos Para outros o acesso se viabiliza com recursos das famiacutelias ou das

empresas privadas quando se refere aos planos e seguros de sauacutede ou diretamente pelas

famiacutelias quando se trata de pagamento out-of-pocket (Castro 2006) Direta ou

indiretamente satildeo canalizados recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema

privado

Tanto a Unimed como a Associaccedilatildeo Univida satildeo alternativas importantes e

facilitam o acesso na regiatildeo Por meio da Univida o usuaacuterio do SUS a um menor custo

e tempo de espera tem o seu acesso sem precisar deslocar-se para fora da regiatildeo Aleacutem

do acesso mais raacutepido aos serviccedilos haacute uma crenccedila que atrai a populaccedilatildeo para a

assistecircncia privada a de que ela tem mais qualidade do que os serviccedilos oferecidos pelo

Sistema de Sauacutede Puacuteblica (Bahia 2010)

18

A Univida eacute um plano de assistecircncia funeral que criou uma associaccedilatildeo formada pelos beneficiaacuterios

do plano que permite estabelecer convecircnio com prestadores de serviccedilos de sauacutede

75

Os dados aqui expostos satildeo compatiacuteveis com os indicadores apresentados no

Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 (MT 2007b) que descreve as

caracteriacutesticas das doze regiotildees de planejamento Neste plano em que a regiatildeo VIII-

Oeste contempla oito dos dez municiacutepios da regiatildeo em estudo satildeo citados como pontos

de estrangulamentos a fraacutegil integraccedilatildeo entre os municiacutepios da regiatildeo a pobreza e

desigualdade intrarregional (baixos indicadores sociais principalmente em relaccedilatildeo agrave

mortalidade infantil e analfabetismo funcional) deficiente infraestrutura de serviccedilos

sociais urbanos deficiecircncia de saneamento baacutesico e baixa capacidade de investimento

dos setores puacuteblico e privado locais (MT 2007c) Os pontos citados reiteram as

caracteriacutesticas da regiatildeo jaacute apresentadas constituem fragilidades influenciam a

organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo puacuteblica e mostram as necessidades de intervenccedilatildeo do

estado para que esta regiatildeo de sauacutede possa desenvolver-se e tornar-se de fato autocircnoma

76

5 As Estrateacutegias de Regionalizaccedilatildeo

no Estado e na Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

77

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

As estruturas administrativas descentralizadas da SES de Mato Grosso foram

organizadas por regiotildees desde a deacutecada de 1980 periacuteodo em que essa secretaria

constituiu cinco Polos Regionais de Sauacutede A estes eram designadas as funccedilotildees de

supervisionar as unidades de sauacutede vinculadas e geridas pelo estado nos municiacutepios que

conformavam as regiotildees cobertas pelos polos abastecendo essas unidades com

medicamentos insumos e outros recursos necessaacuterios para seu funcionamento (Gonzaga

2002)

Naquele periacuteodo os polos regionais de sauacutede foram implantados nas regiotildees que jaacute

tinham seu espaccedilo naturalmente consolidado por questotildees geograacuteficas poliacuteticas e ateacute

mesmo por identidades econocircmicas mas a poliacutetica de sauacutede regionalizada somente se

inicia neste estado em meados da deacutecada de 1990 quando as prioridades da poliacutetica

estadual de sauacutede satildeo expressas no documento ldquoPoliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

diretrizes estrateacutegias e projetos prioritaacuteriosrdquo (MT 1995) Este documento define as

estrateacutegias de gestatildeo regionalizada direciona as atividades da SES para o fortalecimento

do espaccedilo regional e avanccedila nas propostas de descentralizaccedilatildeo a partir da cooperaccedilatildeo

intergovernamental considerada necessaacuteria para o fortalecimento da regiatildeo para a

organizaccedilatildeo das estruturas de regulaccedilatildeo e governanccedila regionalizada

Ateacute 1995 as atividades desenvolvidas pelos Polos Regionais de Sauacutede eram

restritas e natildeo estavam articuladas para o desenvolvimento e gestatildeo regionalizada da

sauacutede (Gonzaga 2002) Foi a partir da definiccedilatildeo da poliacutetica de conduccedilatildeo regionalizada

da SES que as Secretarias Municipais de Sauacutede passaram a receber cooperaccedilatildeo teacutecnica

para o fortalecimento da gestatildeo municipal para o planejamento das accedilotildees aleacutem de

incentivo para a participaccedilatildeo ativa dos gestores nas CIB regionais entatildeo instituiacutedas

criando naquele periacuteodo meios para a governanccedila regionalizada

Para o avanccedilo do processo de descentralizaccedilatildeo da sauacutede no estado e para a

ampliaccedilatildeo das relaccedilotildees intergovernamentais a SES criou novas regiotildees de sauacutede e

implantou em todas elas as bases institucionais da regionalizaccedilatildeo Os polos foram

transformados em Escritoacuterios Regionais de Sauacutede (ERS) deu-se sua reestruturaccedilatildeo

78

teacutecnica e operacional suas equipes foram ampliadas e os profissionais capacitados

para o desenvolvimento das accedilotildees contempladas no Plano Estadual de Sauacutede (PES) A

dinacircmica de trabalho da SES e dos ERS foi alterada e o foco passou a ser a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede (Guimaratildees 2002)

De 1995 a 2002 como parte da Poliacutetica Estadual de Sauacutede foram criadas e ou

fortalecidas outras instacircncias de accedilatildeo puacuteblica nos espaccedilos regionais com destaque para

as CIB regionais os CIS e as Cacircmaras de Compensaccedilatildeo de AIH que posteriormente

passaram a ser centrais regionais de regulaccedilatildeo (Muller Neto e Lotufo 2002) A SES

instituiu e incentivou o planejamento elaborou o PDR o PDI viabilizou as pactuaccedilotildees

da atenccedilatildeo baacutesica com os pactos instituiacutedos pelo Ministeacuterio da Sauacutede e criou meios para

a negociaccedilatildeo das referecircncias secundaacuterias utilizando a PPI como instrumento de

negociaccedilatildeo intergestores

Sob a vigecircncia da NOAS2002 todos os municiacutepios do estado foram habilitados

na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada exceto Cuiabaacute habilitado na Gestatildeo

Plena do Sistema Com os criteacuterios previstos na NOAS foram estabelecidas as

referecircncias no estado A capacidade instalada nos municiacutepios foi considerada um dos

criteacuterios para definiccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais e respectivos municiacutepios de

abrangecircncia Na regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra todos os municiacutepios foram

habilitados na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada e foram definidos os

municiacutepios para sede de moacutedulos assistenciais considerando a estrutura puacuteblica e

privada conveniada com capacidade de oferecer o elenco miacutenimo de procedimentos de

meacutedia complexidade para ser referecircncia intermunicipal (MS 2002a)

Nesta regiatildeo ficaram como sede de moacutedulos assistenciais o municiacutepio de Barra

do Bugres para Porto Estrela e Santo Afonso o municiacutepio de Tangaraacute da Serra para

Denise e Nova Marilacircndia os municiacutepios de Nova Oliacutempia Campo Novo do Parecis e

Sapezal ficaram como sede de moacutedulo para sua proacutepria populaccedilatildeo

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede pelo Ministeacuterio da Sauacutede em 2006 a

regionalizaccedilatildeo eacute proposta como estrateacutegia para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo Aleacutem disso

define uma nova dinacircmica de relaccedilotildees intergovernamentais orienta e propotildee diretrizes

para superar a fragmentaccedilatildeo decisoacuteria oferece meios para integrar os sistemas

municipais de sauacutede sob a coordenaccedilatildeo do gestor estadual e prevecirc a pactuaccedilatildeo das

79

responsabilidades compartilhadas entre os trecircs entes federativos expressas nos termos

de compromisso assinado entre os gestores (MS 2006)

Os Termos de Compromisso de Gestatildeo explicitam o processo gradual de

descentralizaccedilatildeo a ser desenvolvido pelos distintos entes federativos e evidenciam a

interdependecircncia entre os governos municipais e entre esses e o estado de modo que

sejam contempladas as desigualdades intermunicipais e regionais Neste sentido a

divisatildeo daquelas responsabilidades compartilhadas requer arranjos que contemplem a

realidade e as necessidades dos municiacutepios Esse processo natildeo eacute faacutecil visto que

ldquoenvolve jogos de cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo acordos vetos e decisotildees conjuntas entre

governos que possuem interesses e projetos frequentemente divergentes na disputa

poliacuteticardquo (Viana e Lima 2011 p15)

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede estavam instituiacutedas em Mato Grosso 16

microrregiotildees de sauacutede cada uma delas contando com um ERS (Figura 2) A

microrregiatildeo de Tangaraacute da Serra19

pertence agrave regiatildeo CentroNorte de Mato Grosso e

na vigecircncia do Decreto nordm 75082011 assim como as demais microrregiotildees do estado

foi transformada em regiatildeo de sauacutede denominaccedilatildeo que se utilizaraacute quando da referecircncia

a qualquer um desses territoacuterios

19

Oficialmente referida como regiatildeo do Meacutedio Norte Com a Resoluccedilatildeo CIBMT 065032012 todas

as microrregiotildees do estado passaram a ser regiotildees de sauacutede

80

Figura 2 - Regiotildees de Sauacutede Escritoacuterios Regionais e respectivos municiacutepios Mato

Grosso 2012

A regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra e as demais regiotildees do estado

acompanhando as caracteriacutesticas do desenvolvimento econocircmico de cada municiacutepio e

seus indicadores econocircmico-sociais apresentam desigualdades na capacidade instalada

e nos investimentos puacuteblicos e privados sobretudo naqueles de baixo dinamismo

econocircmico e com forte dependecircncia das transferecircncias intergovernamentais (federal e

81

estadual) e da rede de serviccedilos dos municiacutepios-sede de regiatildeo em especial para a

assistecircncia de meacutedia e alta complexidade e assistecircncia hospitalar

Quando o Pacto pela Sauacutede foi implantado em MT e nesta regiatildeo de sauacutede ele

natildeo se constituiu em grande novidade para o gestor municipal A regionalizaccedilatildeo do SUS

jaacute era reconhecida e institucionalizada e jaacute se trabalhava com foacuteruns de discussotildees nas

CIB regionais criadas a partir de 1995 No entanto quando se iniciaram os debates para

sua implantaccedilatildeo muitas accedilotildees regionalizadas estavam enfraquecidas e tal normativa

naquele momento representava a oportunidade de retomar as estrateacutegias de

fortalecimento da regiatildeo

Para a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo Municipal (TCGM) a

SES atraveacutes da Portaria no 026 de 9032006 formou um grupo teacutecnico de conduccedilatildeo

com o objetivo de ldquofortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato

Grosso bem como divulgar e implementar as diretrizes operacionais do Pacto pela

Sauacutede 2006 em consonacircncia com a esfera federalrdquo Com a participaccedilatildeo deste grupo a

SES realizou seis macros encontros regionais para discutir o pacto as diretrizes e as

responsabilidades a serem assumidas Aleacutem disso no ano de 2007 o COSEMS com o

projeto Rede SUS em Mato Grosso realizou vinte oficinas de planejamento e orccedilamento

nas 16 regiotildees de sauacutede com o objetivo de discutir os problemas regionais de sauacutede e

subsidiar os gestores na elaboraccedilatildeo do TCG (Ribeiro et al 2009) Essa mobilizaccedilatildeo

resultou na adesatildeo da maioria dos municiacutepios ao Pacto pela Sauacutede entre 2007 e 2010

Nesta regiatildeo apesar das incertezas quanto agraves responsabilidades a serem assumidas a

adesatildeo dos municiacutepios ocorreu no ano de 2008

Com o pacto a CIBMT20

manteve-se e as CIB regionais21

existentes foram

habilitadas a funcionar de acordo com as diretrizes dessa normativa Tais instacircncias

intergestores foram denominadas de Colegiados de Gestatildeo Regional mantendo-se como

espaccedilos de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa contando com a mesma

composiccedilatildeo anterior ou seja com a participaccedilatildeo de gestores de sauacutede dos municiacutepios e

20

A CIB estadual tem 32 membros e composiccedilatildeo paritaacuteria entre SES e gestores municipais A

representaccedilatildeo da SES contempla parcialmente as instacircncias regionais Os municiacutepios satildeo

representados pelos 16 vice-presidentes regionais do COSEMS indicados no processo de eleiccedilatildeo da

diretoria do COSEMS A CIB eacute coordenada pelo Secretaacuterio de Estado de Sauacutede e suas reuniotildees

embora nem sempre ocorram mensalmente satildeo programadas para serem mensais As atas e

resoluccedilotildees satildeo divulgadas no site da SES (httpwwwsaudemtgovbrportalcib) 21

Resoluccedilatildeo CIBMT no 0622006 - dispotildee sobre a habilitaccedilatildeo do funcionamento das Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais do Estado de Mato Grosso de acordo com o Pacto pela Sauacutede

2006

82

da representaccedilatildeo estadual regional Os CGR contam com regimento que disciplina o seu

funcionamento e recebem recursos do MS para sua manutenccedilatildeo A CIB eacute uma unidade

orccedilamentaacuteria mantida com recursos do tesouro estadual (Viana et al 2010a)

Em 2008 foi criada a Cacircmara Bipartite Estadual22

composta pelo Secretaacuterio de

Estado da Sauacutede pelas secretarias adjuntas da SES e pelo COSEMS Atendendo ao

preconizado no Pacto pela Sauacutede consta no regimento aprovado pela Resoluccedilatildeo

CIBMT 0682008 que essa cacircmara foi criada com a finalidade de assessorar a

secretaria executiva e o plenaacuterio da CIB ldquona formulaccedilatildeo de poliacuteticas e estrateacutegias

especiacuteficas relativas agrave gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees inerentes ao setor sauacutede

desenvolvimento de estudos intercacircmbio de experiecircncias e proposiccedilatildeo de normasrdquo

(MT 2008) Em 2009 foi criada na regiatildeo de sauacutede em estudo a Cacircmara Teacutecnica

Regional

A CIES23

estadual surgiu em 2009 e as CIES regionais a partir de 200824

sendo a

de Tangaraacute da Serra em 2009 A CIES estadual tem a funccedilatildeo de discutir as

necessidades e viabilizar a Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente no estado e regiotildees de

Mato Grosso A comissatildeo estadual estaacute vinculada agrave CIBMT e as regionais ao CGR

As atividades programadas nos respectivos planos de educaccedilatildeo permanentes satildeo

desenvolvidas pela Escola de Sauacutede Puacuteblica de Mato Grosso que conta com a parceria

do COSEMS Ateacute 2010 havia no estado 14 CIES constituiacutedas mas nem todas

funcionando regularmente (Viana et al 2010a)

Como parte do Pacto pela Sauacutede e da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

oficializada pela Portaria GM no 19962007 o estado passou a receber recursos do

governo federal para qualificar os profissionais da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede orientado

pela integralidade da atenccedilatildeo Parte destes recursos o estado tem executado por

intermeacutedio da Escola de Sauacutede de Mato Grosso25

e a outra parte eacute transferida para as

CIES regionais Em 2007 a Resoluccedilatildeo CIB no 051 de 15082007 aprovou os projetos

de educaccedilatildeo permanente do SUS no estado para serem executados pela Escola de

22

Resoluccedilatildeo CIB no 030 de 12 de junho de 2008- Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Cacircmara Bipartite

Estadual e Cacircmaras temaacuteticas no acircmbito da Comissatildeo Intergestores Bipartite do Estado de MT 23

Resoluccedilatildeo CIB n 071 de julho de 2009 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo Ensino

Serviccedilo do Estado de Mato Grosso - CIESMT 24

Resoluccedilatildeo CIB no 011 de 17 de abril de 2008 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo

Ensino Serviccedilo ndash CIES Regional do Vale do Arinos no Estado de Mato Grosso 25

Esta escola foi implantada antes do pacto pela sauacutede e eacute o local onde funciona o Polo de

Capacitaccedilatildeo Formaccedilatildeo e Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede de Mato Grosso

83

Sauacutede Puacuteblica e pelas CIES regionais Alguns destes projetos foram realizados em

parceria com o COSEMS

Em 2009 foi aprovado pela CIB o Plano de Accedilatildeo de Educaccedilatildeo Permanente e

Educaccedilatildeo Profissional do Estado de Mato Grosso26

Este plano define que os recursos

somente seratildeo transferidos para as CIES regionais se estas apresentarem ao CGR e agrave

CIESestadual o Plano Regional de Educaccedilatildeo Pemanente - PAREPS Para alocar os

recursos foram considerados os criteacuterios cobertura de sauacutede da familia (30) nuacutemero

de profissionais do SUS na regiatildeo (20) populaccedilatildeo da regiatildeo (20) IDH dos

municipios da regiatildeo (20) e distacircncia da capital (10) Em setembro de 200927

a

Resoluccedilao 108CIBMT aleacutem de disciplinar a distribuiccedilatildeo de recursos e accedilotildees da

poliacutetica de educaccedilatildeo permanente alterou dois criteacuterios da resoluccedilatildeo anterior e definiu

novos valores para que cada uma das CIES das regiotildees pudessem continuar com as

accedilotildees de educaccedilatildeo permanente em sauacutede e fortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo do

SUS em Mato Grosso Em 2011 foi aprovado um novo plano de accedilatildeo da educaccedilatildeo

permanente28

e novos criteacuterios foram definidos

O quantitativo de recursos para cada uma das regiotildees conforme jaacute exposto ocorre

com base nos criteacuterios definidos pela SES e nos planos regionais das respectivas CIES

O valor financeiro definido para cada CIES regional eacute publicado em resoluccedilotildees da CIB

e transferido para a conta do Fundo Municipal de Sauacutede do municiacutepio indicado pelo

CGR Este municiacutepio passa a ser o responsaacutevel pelo pagamento de todas as despesas da

CIES referentes ao desenvolvimento dos projetos de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo

26

Resoluccedilatildeo CIB no 004 de 12 de marccedilo de 2009 - Dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para implementaccedilatildeo

da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT- foram definidos R$

143666754 para formaccedilatildeo teacutecnica executados pela Escola de Sauacutede Puacuteblica da SES Para

educaccedilatildeo permanente R$ 100566754 destes 6927 (R$ 69666764) foram depositados na conta

do fundo estadual de sauacutede para execuccedilatildeo das acotildees de ambito estadual e 3072 (R$30900000)

foram descentralizados para as CIES regionais atendendo agraves diretrizes do Pacto pela Sauacutede 27

Resoluccedilatildeo CIB no 108 de 02 de setembro de 2009 - dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo e a definiccedilatildeo das

accedilotildees da Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT conforme Plano de Accedilatildeo

para Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede - Portaria no 28132008 - para execuccedilatildeo em 2009 dos

recursos destinados aos fundos muncipais de sauacutede 28

Resoluccedilatildeo CIBMT Nordm 127 de 10 de novembro de 2011 - dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para

Implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente no Estado de MT- define que parte

dos recursos seraacute executada pela Escola de Sauacutede Puacuteblica para educaccedilatildeo profissional

(R$143719141) e a outra parte administrada de forma descentralizada conforme os Planos

Regionais de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede das CIES

84

Os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede29

atualmente 15 em funcionamento no

estado atendem a 125 municiacutepios e cobrem 625 da populaccedilatildeo mato-grossense (Botti

et al 2013) Eles foram incentivados e apoiados teacutecnica e financeiramente pela SES a

partir de 1995 para fortalecer as referecircncias nas regiotildees de sauacutede na atenccedilatildeo de meacutedia

complexidade ambulatorial e hospitalar e apoio diagnoacutestico Configuram cinco

modelos diferentes de gestatildeo de serviccedilos e utilizam para a sua implantaccedilatildeo estruturas

puacuteblicas municipais e ou estadual filantroacutepicas e privadas conforme a realidade das

respectivas regiotildees de sauacutede Na regiatildeo em estudo o CIS foi implantado em 1998 no

modelo que prevecirc a parceria com o setor privado

A participaccedilatildeo financeira do estado nos consoacutercios ocorre mediante convecircnio

estabelecido entre a SES e os municiacutepios30

consorciados (Botti 2010) para viabilizar a

oferta de consultas meacutedicas especializadas de internaccedilatildeo hospitalar exames e outros

procedimentos pactuados conforme as necessidades das respectivas regiotildees e modelo

de gestatildeo do consoacutercio

Nesta regiatildeo de sauacutede a contrapartida do estado eacute de 50 sobre a cota total fixa

por municiacutepio31

depositada diretamente na conta do consoacutercio A partir de 2008 a

transferecircncia dos recursos financeiros passou a ser diretamente na conta dos municiacutepios

atendendo ao Decreto32

do Governo de Mato Grosso que dispotildee sobre o Sistema de

Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos

29

Duas leis estaduais regulamentam o funcionamento dos consoacutercios no Estado de Mato Grosso Lei

nordm 81892004 - que dispotildee sobre o funcionamento em regime de cogestatildeo de Hospitais Municipais

que satildeo referecircncia dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e a Lei nordm 81902004 - que instituiu

normas gerais de parceria entre o estado e os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede Os consoacutercios

satildeo fiscalizados pelo Tribunal de contas do Estado de MT satildeo formados pelos municiacutepios da regiatildeo

de sauacutede contam com estrutura administrativa composta pelo Conselho Diretor-prefeitos Conselho

Fiscal ndash conselheiros de sauacutede Conselho Intermunicipal de Sauacutede ndash secretaacuterios de sauacutede e Secretaria

Executiva 30

Para o municiacutepio fazer parte do CIS necessita de lei municipal aprovada pela cacircmara de vereadores

autorizando a Secretaria Municipal de Sauacutede a transferir mensalmente para a conta do consoacutercio os

recursos correspondentes agrave cota fixa mensal 31

Para cada municiacutepio integrante eacute calculado de acordo com a sua populaccedilatildeo um valor per capita

para desembolso mensal fixo tanto por parte do estado como dos municiacutepios que eacute variaacutevel de

acordo com o tipo e complexidade do serviccedilo oferecido As cotas fixas satildeo programadas para cobrir

um percentual pactuado entre os gestores para cobertura das necessidades populacionais que nem

sempre chegam a 100 das necessidades Caso o municiacutepio solicite cota extra o estado natildeo

complementa o valor financeiro a ser transferido 32

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de

Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras

providecircncias Este decreto foi revogado posteriormente pelo Decreto nordm 1455 de 17 de julho de

2008

85

Fundos Municipais de Sauacutede Neste mesmo ano de 2008 o novo organograma da SES33

retirou da sua estrutura administrativa a Gerecircncia dos consoacutercios

No que se refere agrave regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede demandou a reestruturaccedilatildeo do complexo regulador no estado e na regiatildeo e novas

regras foram estabelecidas O sistema estadual e regional de regulaccedilatildeo iniciou suas

atividades em 1998 quando a resoluccedilatildeo da CIBMT no 02198 aprovou as bases

institucionais de organizaccedilatildeo do fluxo de pacientes na rede de atenccedilatildeo SUS (Guimaratildees

2002)

Com base na Lei estadual no 7990 de 2003 foi criado o cargo de meacutedico

regulador do SUS com atribuiccedilotildees entre outras de regular a oferta de serviccedilos de

sauacutede e priorizar o atendimento considerando o grau de complexidade das demandas

eletivas e de urgecircncia e propiciar a interligaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis assistenciais do

sistema estadual e regional de sauacutede Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede a Central

Regional de Regulaccedilatildeo (CRR) de Tangaraacute da Serra contou com meacutedico regulador em

sistema de plantatildeo de 24 horas para ser o contato dos municiacutepios na regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional

As Secretarias Municipais de Sauacutede que natildeo tinham centrais de regulaccedilatildeo tiveram

que organizaacute-la para ordenar o fluxo municipal e intermunicipal com o parecer do

meacutedico regulador municipal e com o apoio da Central Regional de Regulaccedilatildeo Nesta

regiatildeo as internaccedilotildees intra ou intermunicipais satildeo reguladas nos respectivos municiacutepios

e ou pela central regional quando o caso requer encaminhamento A regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional ocorre com base na PPI realizada entre gestores no CGR Sua atualizaccedilatildeo

segue as normas da SES

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Decreto no 2485 de 20042010 muda a

estrutura organizacional da SES e cria nas cinco macrorregiotildees do estado a Gerecircncia

de Gestatildeo Macrorregional com a finalidade de ser a responsaacutevel pelo gerenciamento e

implementaccedilatildeo do Complexo Regulador Regional assim como das Centrais Municipais

de Regulaccedilatildeo em consonacircncia com as normas estabelecidas pela Coordenadoria de

Regulaccedilatildeo

33

Decreto nordm 1431 de 28 de julho de 2008 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da SES a

redistribuiccedilatildeo de cargos em comissatildeo e funccedilotildees de confianccedila

86

De acordo com o Decreto nordm 2916 de outubro de 2010 que aprova o regimento

interno da SES a Coordenadoria de Regulaccedilatildeo ligada agrave Superintendecircncia de

Regulaccedilatildeo Controle e Avaliaccedilatildeo da SES passa a ser a responsaacutevel por organizar o

acesso aos serviccedilos de atenccedilatildeo agrave sauacutede no estado competindo a ela entre outras

medidas propor estrateacutegias de acesso monitorar o processo de regulaccedilatildeo e subsidiar o

planejamento da gestatildeo e assistecircncia Ligado agrave Central Estadual de Regulaccedilatildeo o

Tratamento fora do Domiciacutelio (TFD) estaacute centralizado e o acesso dos municiacutepios

ocorre mediante solicitaccedilatildeo encaminhada pela CRR

A partir de entatildeo a regiatildeo de Tangaraacute da Serra passou a contar com a Gerecircncia de

Gestatildeo Macrorregional mas em 2013 de acordo com o Decreto nordm 1855 de 12 de

julho de 2013 que dispotildee sobre a estruturaccedilatildeo da SES as Gerecircncias de Gestatildeo

Macrorregional nas regiotildees de sauacutede foram extintas as macrorregiotildees deixaram de

existir e todas as microrregiotildees passaram a serem denominadas regiotildees de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos incentivos para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede por parte do governo

federal foram mantidas as transferecircncias dos recursos alocados pela PPI mas tambeacutem

foram criadas novas modalidades como a transferecircncia de recursos para a regiatildeo

desenvolver accedilotildees de educaccedilatildeo permanente por meio da CIES estadual e das CIES

regionais para manter em funcionamento o CGR e o incentivo de Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais34

como parte integrante do Componente Piso da Atenccedilatildeo

Baacutesica (PAB) variaacutevel

Na vigecircncia do pacto o estado manteve a estrateacutegia de criar incentivos financeiros

para serem transferidos aos municiacutepios fundo a fundo Eacute uma forma de fomentar o

processo de regionalizaccedilatildeo avanccedilar na descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

reorientar o modelo de atenccedilatildeo e fortalecer a gestatildeo municipal Entre os anos de 2006 a

2011 a SES referendou alguns incentivos criados a partir da deacutecada de 1990 e instituiu

novos incentivos para municiacutepios que cumprissem os criteacuterios estabelecidos e

publicados nas suas portarias e aprovados pela CIB Foi com base no Decreto estadual

no

765 de 17062003 que a SES continuou a transferir recursos da receita proacutepria do

Fundo Estadual de Sauacutede para os Fundos Municipais de Sauacutede Em 2008 foram

34

Em 2013 essa estrateacutegia passa a incorporar a parte fixa do Componente Piso de Atenccedilatildeo Baacutesica -

PAB Fixo Portaria GABMS nordm 1408 de 10 de julho de 2013

87

publicados novos decretos35

que disciplinam novas regras para as transferecircncias entre

os fundos de sauacutede

Os incentivos financeiros criados pelo estado contribuiacuteram em parte para

implementar a Atenccedilatildeo Primaacuteria de Sauacutede como tambeacutem a meacutedia e alta complexidade

demandadas pela atenccedilatildeo primaacuteria Foram assegurados no PES recursos financeiros

para o desenvolvimento das accedilotildees e ou programas Programa de Apoio e

Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede - PACIS

Microrregionalizaccedilatildeo - para as atividades do CAPS Hemorrede e Reabilitaccedilatildeo

Programa de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia - PASF Programa Sauacutede Bucal na ESF

Programa Diabete Mellitus - Insumos Complementares Programa de controle da

malaacuteria Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais - PASCAR

Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica e Programa de apoio agrave

organizaccedilatildeo estadual de urgecircncia e emergecircncia Alguns desses incentivos natildeo estatildeo

mais sendo implementados

Editada anteriormente ao pacto mas com vigecircncia ateacute 2008 a Portaria nordm 141 de

14082003GABSES foi revogada Esta Portaria disciplinou as transferecircncias

intergovernamentais definiu criteacuterios para que o municiacutepio pudesse receber os incentivos

do Programa de Incentivo agrave Microrregionalizaccedilatildeo da Sauacutede Em 2008 a SES edita a

Portaria nordm 112 de 06072008 que altera a modalidade de financiamento da meacutedia e alta

complexidade e refere que os municiacutepios somente teratildeo direito a esta transferecircncia se

preencherem os criteacuterios de Cobertura de PSF Cobertura de Sauacutede Bucal unidades

cadastradas no CNES ndash Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede existecircncia de

Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial ndash CAPS Para estes criteacuterios foram estabelecidos estratos 1

2 3 4 e 5 conforme a assistecircncia ofertada pelos municiacutepios

O valor a ser transferido para os diferentes estratos eacute diferenciado e considera

coberturas de PSF sauacutede bucal pronto atendimento sob gestatildeo municipal laboratoacuterios

de anaacutelises cliacutenicas de niacutevel primaacuterio e outros conforme a classificaccedilatildeo assistecircncia preacute-

natal atendimento ambulatorial e hospitalar nas aacutereas cliacutenica e pediaacutetrica e assistecircncia

ao parto atendimento ambulatorial e hospitalar em duas ou mais especialidades e

atendimento ambulatorial ou hospitalar como referecircncia macrorregional ou estadual

35

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 Decreto no 1455 de 17 de julho de 2008 que revoga o

anterior - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo

Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras providecircncias

88

Como parte integrante do Pacto pela Sauacutede foi definido que 5 do valor miacutenimo

do PAB-fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado deveria ser utilizado para as

especificidades regionais (MS 2006) Para o valor correspondente a cada regiatildeo foi

aprovado na CIBMT36

a Resoluccedilatildeo 05621092007 que dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo

deste incentivo destinado agrave atenccedilatildeo baacutesica PAB Variaacutevel-Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais Os criteacuterios para os municiacutepios acessarem estes recursos

foram os menores iacutendices na composiccedilatildeo dos seguintes indicadores IDH populaccedilatildeo

rural maior que a urbana coeficientes de mortalidade infantil iacutendice de Gini e renda per

capita abaixo da meacutedia do estado

Os municiacutepios contemplados para receber este incentivo elaboraram um plano de

accedilatildeo e o submeteram agrave aprovaccedilatildeo dos respectivos CGR para posterior encaminhamento

a CIB Este plano detalha a aplicaccedilatildeo exclusiva dos recursos para a melhoria da Atenccedilatildeo

Primaacuteria agrave Sauacutede as metas as accedilotildees a serem desenvolvidas e os prazos de execuccedilatildeo

Para o programa de controle da Malaacuteria a SES instituiu incentivo atraveacutes da

Portaria ndeg 135 de 11062007 que permaneceu ateacute o ano de 2008 Nesse ano foram

tambeacutem instituiacutedos incentivos para Assistecircncia Farmacecircutica na Atenccedilatildeo Baacutesica e para

o Programa Diabetes Mellitus-insumos complementares (Portaria SES ndeg 132 de

09092008) A transferecircncia dos recursos do programa de Diabetes deve ser precedida

de Termo de Compromisso entre Municiacutepios e a SESMT

Em 2008 a SES instituiu o Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica (Portaria nordm 113 de 08082008) definindo que os recursos dos

incentivos seriam liberados somente para os municiacutepios que alcanccedilassem o rol de dez

indicadores37

do Pacto pela Sauacutede ou tivessem IDH inferior a 0702 No ano de 2010

foi criado incentivo para o controle da dengue a municiacutepios que participaram da sala de

situaccedilatildeo da dengue

36

Esta resoluccedilatildeo foi revogada pela Resoluccedilatildeo CIB nordm 075 de 08112007 para a mesma finalidade 37

1 Coeficiente de mortalidade neonatal ou Nuacutemero absoluto de oacutebitos neonatal 2 Proporccedilatildeo de oacutebitos de

mulheres em idade feacutertil investigados 3 Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com 4 ou mais consultas

de preacute-natal ou Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal 4 Razatildeo

de exames citopatoloacutegico ceacutervico-vaginal na faixa etaacuteria de 25 a 59 anos em relaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo-alvo em

determinado local por ano 5 Cobertura de primeira consulta odontoloacutegica programaacutetica 6 Proporccedilatildeo da

populaccedilatildeo cadastrada pela Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia 7 Meacutedia anual de consultas meacutedicashabitante

nas especialidades baacutesicas 8 Cobertura vacinal em tetravalente em menor de 1 ano de idade 9

Proporccedilatildeo de cura dos casos novos de tuberculose pulmonar baciliacutefera 10 Proporccedilatildeo de cura dos casos

novos de hanseniacutease diagnosticados nos anos das coortes

89

Em 2012 a Portaria no 109 GBSES (2012) revoga a Portaria n

o 112 GBSES

(2008) e altera a modalidade de incentivo financeiro que passa a ser incentivo agrave

Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede cujo mecanismo de financiamento eacute efetivado dentro do

Sistema de Transferecircncia Fundo a Fundo Esta refere que os incentivos financeiros

seratildeo destinados apenas aos municiacutepios que garantirem as accedilotildees e serviccedilos nas aacutereas de

Reabilitaccedilatildeo Hemoterapia e Centros de Atenccedilatildeo PsicossocialCAPS ndash com valores

diferenciados para niacutevel I II e III

Em 2013 com a ediccedilatildeo da Portaria no 083 GBSES2013 foram estabelecidas

novas regras de distribuiccedilatildeo de recursos aos fundos municipais de sauacutede Esta refere

que para os municiacutepios receberem incentivos financeiros deveratildeo dispor dos seguintes

programas implantados Programa de Sauacutede Famiacutelia ndash PSF Programa de Sauacutede Bucal ndash

PSB Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais ndash PASCAR

Farmaacutecia Baacutesica e Diabetes Mellitus Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica ndash PIAMAB

Na assistecircncia hospitalar aleacutem dos incentivos transferidos para os CIS a SES

estabeleceu convecircnios com hospitais municipais para se tornarem referecircncia regional

credenciou serviccedilos da meacutedia e alta complexidade instalou UTI nas sedes de regiotildees

por meio de convecircnios com unidades hospitalares proacutepria municipal ou com o setor

privado Nesta regiatildeo de Tangaraacute da Serra foi estabelecido aditivo ao convecircnio com o

Hospital Municipal de Barra do Bugres para ser referecircncia regional aleacutem disso

credenciou serviccedilos de apoio diagnoacutestico unidade de hemodiaacutelise e manteve os oito

leitos de UTI instalados no hospital privado

Ao firmar convecircnios com o setor privado a SES estabeleceu novas relaccedilotildees entre

o puacuteblico e o privado no acircmbito da prestaccedilatildeo dos serviccedilos no estado e nas regiotildees Estas

iniciativas estrateacutegicas ampliam a oferta imediata de serviccedilos e favorecem o acesso em

especial nas regiotildees onde natildeo existe capacidade instalada que possa resolver os

problemas internamente mas satildeo relaccedilotildees que requerem controle monitoramento e

regulaccedilatildeo do setor puacuteblico para assegurar a qualidade dos serviccedilos e o cumprimento das

atividades privadas na condiccedilatildeo de complementaridade ao SUS

Para realizar a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos a SES elaborou o Manual de

Credenciamento e Habilitaccedilatildeo dos Serviccedilos Ambulatoriais e Hospitalares do Estado de

Mato Grosso que foram aprovados pela Resoluccedilatildeo CIBMT no 076 de 23072009

90

Desde 2011 a SES tem realizado chamamento puacuteblico por meio de edital38

para

selecionar instituiccedilotildees sem fins lucrativos interessadas na celebraccedilatildeo de contratos de

gestatildeo das estruturas puacuteblicas estaduais As organizaccedilotildees sociais tecircm atendido a este

chamamento e vaacuterios convecircnios de gestatildeo foram estabelecidos no acircmbito do estado

Estas organizaccedilotildees tecircm sido definidas como o modelo de gestatildeo viaacutevel para gerir o

Hospital Metropolitano do estado com sede em Cuiabaacute os Hospitais Regionais de

Caacuteceres Rondonoacutepolis Coliacuteder e Sorriso e a Farmaacutecia Cidadatilde com sede em Cuiabaacute A

parceria com as Organizaccedilotildees Sociais de Sauacutede tem repercutido de forma negativa no

sistema puacuteblico de sauacutede de Mato Grosso visto que foram detectadas irregularidades na

gestatildeo conduzidas por essas OSS que tecircm sido motivo de vaacuterias denuacutencias ao

Ministeacuterio Puacuteblico

No que se refere agraves estrateacutegias de superaccedilatildeo das iniquidades regionais natildeo existe

um fundo regional especiacutefico para este fim apenas a programaccedilatildeo financeira para

manutenccedilatildeo do ERS para atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica e o incentivo para as

especificidades regionais que nesta regiatildeo contempla apenas dois municiacutepios

No periacuteodo de 2006 a 2010 entre as despesas com assistecircncia hospitalar

realizadas com recursos do estado para PACIS hospitais regionais e convecircnios as

regiotildees que tiveram o maior per capita foram Caacuteceres (de 036 a 25275) Coliacuteder (de

153 a 9881) e Sinop (de 407 a 2815) Satildeo regiotildees onde o estado construiu equipou e

manteacutem os seus hospitais regionais Destas a regiatildeo de Rondonoacutepolis que tambeacutem tem

Hospital Regional do estado teve um per capita menor (224 a 340) Na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra o per capita foi de 222 a 524 (Mendonccedila 2012) provavelmente

devido aos leitos de UTI Observa-se que o quantitativo de recursos transferidos pela

SES por regiotildees difere muito e parece natildeo seguir um criteacuterio teacutecnico mesmo entre as

regiotildees com hospital regional do estado

Na vigecircncia do pacto houve pequenos investimentos na capacidade instalada de

regiotildees e municiacutepios Verifica-se que foram aprovados na CIBMT projetos para

construccedilatildeo e ou reforma de unidades de sauacutede Esses recursos pleiteados junto ao

Ministeacuterio da Sauacutede requerem a contrapartida dos municiacutepios para a sua aprovaccedilatildeo No

estado tambeacutem foram alocados recursos federais e estaduais em algumas regiotildees de

sauacutede para ampliar e construir hospitais regionais centros ciruacutergicos leitos de

38

Edital de seleccedilatildeo nordm 001SESMT2011 e nordm 003SESMT2011

91

estabilizaccedilatildeo e outros equipamentos hospitalares aquisiccedilatildeo de carros e ambulacircncias

investimentos em infraestrutura de unidades natildeo hospitalares e outros (Viana et al

2010a) Nesta regiatildeo de sauacutede natildeo houve investimentos

O Decreto no 75082011 ainda estaacute em processo de discussatildeo no estado mas o

CGR foi renomeado como Comissatildeo Intergestores Regional - CIR Algumas redes

como a rede de urgecircnciaemergecircncia e a rede cegonha por orientaccedilatildeo do MS39

e

resoluccedilatildeo CIB40

comeccedilaram a ser organizadas no estado e na regiatildeo Para organizar a

implantaccedilatildeo de tais redes na regiatildeo em estudo foram enviados questionaacuterios para as

SMS preencherem as informaccedilotildees solicitadas A equipe do ERS de Tangaraacute da Serra

respondeu ao questionaacuterio mas ainda natildeo haacute rede em funcionamento pois natildeo foi

consenso entre os gestores a sua implantaccedilatildeo na regiatildeo

39

A Portaria GMMS nordm 1600 de 7 de julho de 2011 reformula a Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo agraves

Urgecircncias e institui a Rede de Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias no SUS 40

Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 121 de 17 de maio de 2012 dispotildee sobre o Plano Regional da Rede de

Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias da Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do Estado de Mato Grosso

92

6 O Complexo Regional e a

Institucionalidade da Regionalizaccedilatildeo

na Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra

93

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

61 O complexo regional

O complexo regional desta regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde

a deacutecada de 1980 Conta com as seguintes estruturas SMS ERS CGR Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede Central Regional de Regulaccedilatildeo Centrais Municipais de

Regulaccedilatildeo e Prestadores (puacuteblicos privados lucrativos privados filantroacutepicos e

operadora de planos de sauacutede) O funcionamento deste complexo tambeacutem abrange a

atuaccedilatildeo do segmento de representaccedilatildeo dos gestores (COSEMS) e do controle social

(CMS)

As Secretarias Municipais de Sauacutede (SMS) como jaacute caracterizadas quanto agrave sua

estrutura contam com equipe miacutenima de profissionais que atuam na gestatildeo Dos

gestores municipais nem todos tecircm formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede A estrutura

administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas teacutecnicas para coordenaccedilatildeo

e conduccedilatildeo dos trabalhos e os cargos de coordenaccedilatildeo satildeo de indicaccedilatildeo poliacutetica e em

sua maioria ocupados por pessoas sem formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede Contam com central

municipal de regulaccedilatildeo e um meacutedico regulador

Nas SMS os cargos da equipe de conduccedilatildeo satildeo ocupados em sua maioria por

profissionais que natildeo tecircm formaccedilatildeo teacutecnica na sauacutede seja pelo fato de serem cargos de

confianccedila seja pela indisponibilidade de profissionais com este perfil no municiacutepio

Aleacutem disso satildeo municiacutepios de pequeno porte que priorizam a contrataccedilatildeo de teacutecnicos

para o atendimento na rede de atenccedilatildeo municipal Portanto a gestatildeo municipal depende

da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS

No ERS instacircncia de representaccedilatildeo da SES o cargo de diretor eacute de indicaccedilatildeo

poliacutetica mas nesta regiatildeo na vigecircncia do pacto foi ocupado por teacutecnicos do quadro de

funcionaacuterios de carreira da SES Na regiatildeo em estudo o ERS conta com uma equipe de

mais de 30 profissionais e tem a funccedilatildeo de desenvolver accedilotildees de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios acompanhar e monitorar a vigilacircncia de atenccedilatildeo agrave sauacutede realizar as accedilotildees

da VISA coordenar o complexo regulador e regular a assistecircncia agrave sauacutede na regiatildeo

94

orientar a programaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas dos programas e a elaboraccedilatildeo do Planeja

SUS e acompanhar seus indicadores cooperar na elaboraccedilatildeo do Relatoacuterio de Gestatildeo

Municipal e no monitoramento dos indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo

coordenar as pactuaccedilotildees monitorar a execuccedilatildeo da PPI organizar e coordenar as

reuniotildees do CGR

Na vigecircncia do pacto no ERS da regiatildeo em estudo foram criadas pelo Decreto no

1431072008 trecircs gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de Gestatildeo

Macrorregional Estas facilitaram a organizaccedilatildeo interna para a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios No entanto nos uacuteltimos anos as atividades de cooperaccedilatildeo deixaram de

acontecer e o gestor refere que o ERS ldquocontinua sempre meio que esperando algueacutem

dar uma ordem natildeo tem iniciativa ele natildeo estaacute muito ativo nesta questatildeo da

regionalizaccedilatildeordquo (GM) Embora conte com profissionais em sua maioria de niacutevel

superior e que segundo os gestores satildeo profissionais que colaboram e que exercem

suas funccedilotildees o ERS natildeo tem obtido o apoio institucional para exercer a funccedilatildeo de

cooperaccedilatildeo em especial aquelas que exigem deslocamento para os municiacutepios

O ERS natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo tem autonomia seu

funcionamento eacute diretamente afetado pelas regras emanadas da SES que libera ou natildeo

sua programaccedilatildeo de atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios

Como parte do ERS e seguindo as bases organizacionais do Sistema de Referecircncia

Estadual41

(SER-SUS) a Central Regional de Regulaccedilatildeo42

foi reestruturada e foram

definidas regras para o estabelecimento de relaccedilotildees entre prestadores puacuteblicos e

privados Eacute coordenada por teacutecnicos do ERS e atua com base no protocolo da Central

Estadual de Regulaccedilatildeo Com o pacto a Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave

Sauacutede incentivou a implementaccedilatildeo de Complexos Reguladores (CR) para funcionarem

de forma articulada e integrada entre os entes federativos (Brasil 2006)

As Centrais Municipais de Regulaccedilatildeo apoiadas pela Central Regional

readequaram sua organizaccedilatildeo para o fluxo de encaminhamentos de internaccedilotildees

consultas exames especializados e outros procedimentos Alguns municiacutepios foram

contemplados com recursos do Ministeacuterio da Sauacutede para sua reorganizaccedilatildeo e

reestruturaccedilatildeo mas ateacute o momento ldquoningueacutem recebeurdquo (GM)

41

Implantado em 1998 - Resoluccedilatildeo CIBMT ndeg 21 de 1998 42

Tem sua origem a partir da cacircmara de compensaccedilatildeo de AIH criada em 1996

95

O processo de regulaccedilatildeo inicia-se com o meacutedico regulador municipal que analisa

as solicitaccedilotildees e ajusta o acesso do usuaacuterio de forma ordenada utilizando para isto a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada-PPI as guias do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

as Autorizaccedilotildees de Internaccedilatildeo Hospitalar (AIH) sob a gestatildeo municipal e outras guias

resultantes das contratualizaccedilotildees municipais Quando o paciente eacute regulado para fora do

municiacutepio a SMS se responsabiliza pelo transporte

O sistema de informaccedilatildeo utilizado pela Central Regional de Regulaccedilatildeo eacute o

SISREG e estaacute parcialmente implantado A SES pela Resoluccedilatildeo CIBMT no

1222010

definiu o prazo de doze meses para todos os municiacutepios implantarem-no mas nesta

regiatildeo nem todos os municiacutepios tecircm centrais municipais informatizadas e com acesso agrave

internet

O setor privado faz parte dos fluxos assistenciais da rede de atenccedilatildeo e referecircncia

nos municiacutepios e regiatildeo Os serviccedilos que este setor disponibiliza satildeo internaccedilotildees

cirurgia geral parto e UTI consultas meacutedicas ambulatoriais especializadas exames de

imagem e laboratoriais de meacutedia e alta complexidade e o serviccedilo de hemodiaacutelise

Alguns desses serviccedilos privados atendem agrave regiatildeo por meio do CIS ou de

credenciamentos e convecircnios O serviccedilo de hemodiaacutelise estaacute instalado em

estabelecimento puacuteblico gerenciado por empresa privada natildeo eacute regulado pelas centrais

municipal e regional atende a toda a regiatildeo e a consulta eacute paga agrave parte pelo gestor

municipal

Aleacutem da compra na regiatildeo algumas prefeituras compram serviccedilos de Cuiabaacute de

especialistas em oftalmologia cardiologia neurologia e urologia Estes profissionais

ficam de trecircs a quatro dias por mecircs no municiacutepio e atendem duzentos ou mais pacientes

O municiacutepio remunera pelos serviccedilos e custeia todas as despesas de deslocamento

hospedagem e alimentaccedilatildeo Satildeo alternativas utilizadas para reduzir a demanda

reprimida mas individualizadas que rompem com a loacutegica da regionalizaccedilatildeo

Na regiatildeo os estabelecimentos privados em sua maioria estatildeo localizados no

municiacutepio-sede Dependendo da contratualizaccedilatildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo municipal regional e ou estadual

Os leitos de UTI satildeo regulados pela Central Estadual e os da cliacutenica baacutesica pelas

centrais municipais As especialidades meacutedicas reguladas pela central regional satildeo

encaminhadas para Cuiabaacute que marca o atendimento conforme disponibilidade da

96

agenda do meacutedico As internaccedilotildees de referecircncia regional satildeo reguladas para o Hospital

Municipal de Barra Bugres e reguladas entre as centrais municipais As solicitaccedilotildees de

outros procedimentos e ou exames satildeo encaminhadas para a central regional que

analisa e se necessaacuterio envia para a central de regulaccedilatildeo estadual Toda regulaccedilatildeo

ocorre com base no protocolo da regulaccedilatildeo do estado

Nesta regiatildeo foram contratados desde 2005 trecircs meacutedicos reguladores e um

meacutedico supervisor que ficam agrave disposiccedilatildeo dos municiacutepios na central de regulaccedilatildeo

regional regulam a urgecircncia-emergecircncia e demais solicitaccedilotildees eletivas e ciruacutergicas dos

municiacutepios

As solicitaccedilotildees satildeo avaliadas pelos meacutedicos reguladores com base no protocolo

da regulaccedilatildeo e PPI As solicitaccedilotildees ciruacutergicas satildeo encaminhadas para avaliaccedilatildeo por

cirurgiatildeo em Cuiabaacute ou em Barra do Bugres As especialidades reguladas para fora da

regiatildeo geralmente satildeo aquelas natildeo vinculadas ao consoacutercio ou porque a cota do

consoacutercio jaacute foi preenchida que natildeo existem na regiatildeo ou que natildeo atendem agrave

complexidade solicitada Entre elas cirurgia geral cardiologia dermatologia

hepatologia oftalmologia urologia e outras

O fluxo a referecircncia e contrarreferecircncia na regiatildeo foram se definindo

naturalmente a ldquooferta de serviccedilo definiu a logiacutesticardquo (GE) Estes serviccedilos em sua

maioria estatildeo no municiacutepio-sede de regiatildeo Tangaraacute da Serra sendo providos pelo setor

privado e o acesso das demandas ocorre a um custo diferenciado da tabela SUS

financiado em maior proporccedilatildeo pelo gestor municipal e negociado pelo CIS Mesmo

com a existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a regiatildeo natildeo tem a autonomia e

a resolutividade prescrita no Pacto pela Sauacutede Dessa forma os encaminhamentos para a

capital natildeo satildeo escolhas mas a alternativa do gestor cujo cotidiano eacute permeado por

tensotildees e depende da rede de atenccedilatildeo inter-regional para acessar os serviccedilos

Ao encaminhar para a capital o gestor se depara com problemas da falta de

estrutura da rede puacuteblica de referecircncia estadual ldquoquando entra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o

problemardquo (GE) natildeo tem a vaga que foi pactuada na PPI e a regiatildeo que natildeo dispotildee de

estrutura puacuteblica ldquodepende das vagas existentes no municiacutepio de Cuiabaacuterdquo (GM)

Estes problemas se agravam quando relacionados agraves internaccedilotildees de UTI pois

desde que tal serviccedilo foi implantado em 2004 ldquonatildeo aumentou nenhum leito nessa

regiatildeordquo (GE) Aleacutem da falta de leitos de UTI os gestores com frequecircncia pagam agrave parte

97

alguns dos exames de pacientes internados na UTI desta regiatildeo pois natildeo estatildeo

contemplados no convecircnio

Os meacutedicos reguladores da regiatildeo em estudo julgando que o estado natildeo prioriza a

regionalizaccedilatildeo e por se sentirem incapazes para resolver os problemas da regulaccedilatildeo

inter-regional solicitaram exoneraccedilatildeo do cargo Desta forma a regulaccedilatildeo da

urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada na SES e esta regiatildeo perdeu o cargo de meacutedico

regulador Desde entatildeo a central regional passou a natildeo ter informaccedilotildees nem mesmo da

regulaccedilatildeo interna da regiatildeo

Os serviccedilos natildeo disponibilizados nos municiacutepios e nesta regiatildeo satildeo inseridos na

PPI para pactuaccedilatildeo com o gestor de Cuiabaacute Estes serviccedilos satildeo pactuados mas os

gestores dos municiacutepios desta regiatildeo sabem que a rede de Cuiabaacute natildeo dispotildee de

capacidade para o atendimento mas o faz por falta de opccedilotildees na regiatildeo e no estado

Natildeo haacute seguranccedila por parte do gestor municipal quanto ao fluxo dos

encaminhamentos refere que ainda natildeo se tem clareza ldquofica truncado a gente percebe

que nem a regiatildeo entende o que estaacute acontecendordquo (GM) Agraves vezes natildeo se consegue

vaga via central de regulaccedilatildeo mas sim ligando diretamente para o prestador de serviccedilos

em Cuiabaacute ou solicitando ajuda a poliacuteticos A accedilatildeo regulatoacuteria tem um papel importante

pode facilitar o acesso otimizar os recursos disponiacuteveis mas natildeo vai resolver os

problemas de acesso se natildeo houver gestatildeo eficiente e capacidade instalada suficiente

para responder agraves necessidades da populaccedilatildeo no estado e regiatildeo (Vilarins et al 2012)

Nesta regiatildeo a insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica torna imprescindiacutevel

a relaccedilatildeo com o setor privado por meio da contratualizaccedilatildeo do serviccedilo Alguns dos

gestores privados desta regiatildeo por vezes jaacute romperam parcialmente o atendimento e

escolhem os procedimentos a ofertar ao SUS Natildeo rompem totalmente a oferta mas natildeo

demonstram interesse em aceitar novos credenciamentos e solicitam tabela

complementar para continuar atendendo aos serviccedilos jaacute credenciados e ou contratados

Nesta regiatildeo a ausecircncia de investimentos puacuteblicos tem fortalecido a presenccedila do

setor privado na rede puacuteblica de sauacutede e enfraquecido o sistema puacuteblico que manteacutem

uma relaccedilatildeo de dependecircncia Esta situaccedilatildeo gera fragilidades aumenta o custo dos

serviccedilos e resulta em iniquidades de acesso pelas desigualdades sociais e econocircmicas

dos municiacutepios que pagam tabelas complementares

98

O Hospital Municipal de Barra do Bugres manteacutem convecircnio com a SES para ser

referecircncia na regiatildeo mas a SES tem realizado as transferecircncias financeiras com meses

de atraso e a gestora relata dificuldades para manter este atendimento Afirma que os

recursos da PPI natildeo cobrem as despesas e tambeacutem ldquonatildeo se consegue fazer todo esse

atendimento soacute com o valor AIHrdquo (GM) tem que recorrer agrave receita municipal para

manter o hospital em funcionamento e cumprir com o compromisso que o gestor

estadual assumiu na regiatildeo

Diante das dificuldades a gestora procurou resolver o problema na regiatildeo levou

para discussatildeo no CGR propocircs o pagamento da mesma tabela complementar que os

hospitais privados recebem para os atendimentos do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede Seu pedido foi negado sob o argumento de que independentemente do convecircnio

estadual os recursos da PPI estavam sendo transferidos regularmente e portanto era

obrigaccedilatildeo realizar este atendimento

Aleacutem da falta de recursos financeiros a gestora deste hospital refere outros

problemas entre eles o encaminhamento de pacientes por parte dos municiacutepios ldquosem

soro sem nenhum atendimento sem carteira sem documentaccedilatildeo sem nadardquo (GM)

problemas internos com os profissionais do hospital que satildeo resistentes em aceitar a

referecircncia regional alegam ldquonatildeo eacute paciente daqui noacutes natildeo temos a obrigaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a issordquo (GM) Procurou resolver estes problemas mas refere que natildeo contou

com o apoio da SESERS Com sua equipe orientou os municiacutepios mas com pouco

sucesso Observa-se nos relatos que embora seja de referecircncia natildeo se verifica nas

entrevistas reconhecimento deste hospital como regional o comportamento dos entes

federativos natildeo eacute cooperativo O repasse dos custos a outros entes (Abrucio 2002) eacute

comum entre os gestores desta regiatildeo na medida em que enviam pacientes sem nenhum

atendimento e entendem que o outro municiacutepio tem que atender em funccedilatildeo de uma

pactuaccedilatildeo mesmo sabendo que os valores recebidos natildeo cobrem as despesas

Quanto ao encaminhamento do paciente sem o primeiro atendimento o gestor

regulador informa que a regiatildeo precisa se qualificar em praacuteticas cliacutenicas ldquoo estado

precisa investir em capacitaccedilatildeo para noacutes diminuirmos as sequelas e o mau

atendimento nos diferentes municiacutepios Noacutes ainda recebemos complicaccedilotildees que natildeo

deveriam existirrdquo (GE)

99

Os prefeitos da regiatildeo foram ateacute a SES para resolver o atraso na transferecircncia dos

recursos a este hospital mas na reuniatildeo um assessor da SES alegou ldquoo repasse eacute

voluntaacuterio se tem dinheiro eu passo se natildeo tenho eu natildeo passordquo (GM) Observa-se

pelo exposto que natildeo haacute comprometimento com a regionalizaccedilatildeo Esta natildeo se constitui

em prioridade por parte desse assessor da SES em manter o compromisso assumido no

convecircnio Estas questotildees influenciam a regionalizaccedilatildeo dificultam a integraccedilatildeo entre os

entes federativos e resultam em accedilotildees isoladas onde cada um vai procurar resolver o

seu problema jaacute que natildeo conta com accedilotildees coordenadas e de apoio agrave gestatildeo

regionalizada Aleacutem disso geram questionamentos por parte do gestor ldquoeu natildeo sei que

regionalizaccedilatildeo eacute essardquo (GM)

Observa-se por meio do relato dos gestores que os serviccedilos estatildeo

desarticulados Aleacutem disso os fluxos natildeo satildeo respeitados a realidade dos municiacutepios

natildeo eacute considerada na comunicaccedilatildeo do agendamento pela Central de Regulaccedilatildeo de

Cuiabaacute que comunica a liberaccedilatildeo do agendamento de um dia para o outro Nesta regiatildeo

existem municiacutepios que distam 500 quilocircmetros da capital do estado e natildeo eacute possiacutevel

deslocar o paciente a fim de chegar a tempo para o atendimento liberado gerando perda

de vagas aguardadas haacute meses Aleacutem disso os gestores natildeo conseguem ter o controle do

que foi solicitado e liberado e assim natildeo conseguem controlar a demanda reprimida

que eacute significativa na regiatildeo

Tais problemas associados agrave falta de leitos em geral e de UTI baixa capacidade

instalada e oferta de serviccedilos puacuteblicos falta de sistema de informaccedilatildeo interligado entre

os complexos reguladores dificuldade e demora em conseguir vagas da

urgecircnciaemergecircncia e eletivas comunicaccedilatildeo da liberaccedilatildeo do serviccedilo diretamente para

o paciente tecircm implicaccedilotildees na gestatildeo Contribuem para aumentar as iniquidades no

acesso mostram que o planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees em todos os

niacuteveis de complexidade natildeo estatildeo acontecendo Estas questotildees podem interferir no fluxo

e no acesso agrave assistecircncia integral (Nascimento et al 2009) nesta regiatildeo

As lacunas retro referidas comprometem a regionalizaccedilatildeo e no entendimento do

gestor ocorrem devido agrave ldquoomissatildeo do estadordquo (GE) e iniquidades da SES na conduccedilatildeo

da poliacutetica Sem a estruturaccedilatildeo do sistema de regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo do estado os

municiacutepios natildeo conseguem cumprir os compromissos compartilhados no Termo de

Compromisso de Gestatildeo e efetivar os direitos da populaccedilatildeo resolver os problemas na

100

regiatildeo reorganizar e manter os serviccedilos existentes para evitar deslocamentos diminuir

os gastos e as iniquidades no acesso

O apoio do estado na coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica deve ser contiacutenuo e eacute

determinante para reduzir as desigualdades territoriais e sociais facilitar o acesso agraves

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantir a integralidade na atenccedilatildeo potencializar a

descentralizaccedilatildeo fortalecer municiacutepios para exercerem o papel de gestores racionalizar

os gastos e otimizar os recursos (MS 2006)

Neste sentido eacute fundamental a existecircncia e o funcionamento do Colegiado de

Gestatildeo Regional - CGR43

instacircncia deliberativa e restrita agrave aacuterea de abrangecircncia

regional Na regiatildeo em estudo eacute composto pelos gestores com titularidade de secretaacuterio

de sauacutede (10 titulares e 10 suplentes) e pelo diretor e teacutecnicos do ERS (9 titulares e 9

suplentes mais o diretor) Neste colegiado a legislaccedilatildeo natildeo prevecirc a participaccedilatildeo de

prestadores privados conveniados de conselheiros municipais de sauacutede profissionais de

sauacutede e do secretaacuterio executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Com a sua implantaccedilatildeo manteacutem-se na regiatildeo o espaccedilo colegiado para agregar

saberes e inovar a poliacutetica de sauacutede Incrementa-se a possibilidade de negociaccedilatildeo e

decisatildeo intergovernamental permanente na regiatildeo construir arranjos e objetivos

compartilhados retomar o planejamento regional e integrar os serviccedilos (Viana et al

2010a) accedilotildees estas que tinham perdido forccedila entre os anos 2003 e 2005

O coordenador do CGR eacute o diretor do ERS conforme determina o regimento

enviado pela SES Os profissionais do ERS participam representando as aacutereas teacutecnicas

da atenccedilatildeo baacutesica da regulaccedilatildeo da vigilacircncia e da assistecircncia farmacecircutica exercem a

funccedilatildeo de subsidiar as discussotildees A secretaria funciona na sede do ERS e tem

computador especiacutefico para suas atividades

A secretaacuteria executiva eacute funcionaacuteria do ERS confere a existecircncia de pautas preacute-

agendadas faz contato com membros do CGR verifica necessidade de inclusotildees

prepara e encaminha a pauta aos integrantes informa o local das reuniotildees monitora a

gestatildeo dos recursos faz a prestaccedilatildeo de contas e apoia o vice-presidente regional do

COSEMS nas demandas solicitadas

A composiccedilatildeo da pauta eacute flexiacutevel agraves solicitaccedilotildees os temas solicitados para

inclusatildeo devem secirc-lo com cinco dias de antecedecircncia satildeo avaliados pelo coordenador

43

Este colegiado jaacute estava em funcionamento como CIB regional foi recomposto e renomeado a partir

da proposiccedilatildeo da CIBRegional de Tangaraacute da Serra nordm 001 de 03 de fevereiro de 2009

101

do CGR que confere a documentaccedilatildeo e a pertinecircncia e na duacutevida entra em contato

com o solicitante discute o assunto e decide se o manteacutem na pauta A convocaccedilatildeo e o

material da pauta satildeo enviados com antecedecircncia on line

A equipe teacutecnica do ERS realiza reuniatildeo preacute-CGR discute os temas e analisa se a

documentaccedilatildeo enviada pelo gestor estaacute completa Os secretaacuterios municipais tambeacutem

realizavam reuniotildees preacute-colegiado e manifestam a vontade de retomar estas discussotildees

As reuniotildees do CGR ocorrem em salas alugadas nem sempre satildeo mensais

seguem protocolo formal e satildeo iniciadas se houver quorum Satildeo abertas consultivas

deliberativas e informativas O coordenador controla o tempo programado da pauta e

informa o que foi ou natildeo consensuado Os temas natildeo consensuados podem voltar agrave

pauta apoacutes esclarecimentos sobre o assunto Todas as reuniotildees satildeo gravadas

digitalizadas e lidas no iniacutecio da proacutexima reuniatildeo

Os gestores em sua maioria satildeo assiacuteduos mas as faltas natildeo satildeo incomuns A

ausecircncia frequente de gestores nos CGR ainda constitui problemas para a gestatildeo

(Delziovo 2012 Vianna Pestana 2012) pois mesmo que enviem seus representantes

dificulta o processo visto que o colegiado eacute um espaccedilo de esclarecimento e repasse de

informaccedilotildees que subsidia os gestores para a tomada de decisatildeo na conduccedilatildeo da poliacutetica

municipal e regional

As deliberaccedilotildees satildeo por consenso formalizadas por resoluccedilotildees ou proposiccedilotildees

No iniacutecio era frequente a utilizaccedilatildeo ad referendum para situaccedilotildees especiais hoje jaacute natildeo

eacute utilizado O encaminhamento das deliberaccedilotildees para o gestor municipal ocorre apenas

quando se referem a projetos que exigem sua anexaccedilatildeo As resoluccedilotildees satildeo enviadas para

a CIB homologar e o vice-regional do COSEMS que participa das reuniotildees do

COSEMS e da CIB leva as demandas da regiatildeo

Eacute comum nas reuniotildees do CGR a participaccedilatildeo de teacutecnicos das SMS prestadores

do setor privado e outros atores Satildeo participaccedilotildees que a semelhanccedila de outros

colegiados tem por objetivo esclarecer e ou expor assuntos de seu interesse e

congruentes com o tema em pauta (Vianna 2012) mas somente gestores com

titularidade e de forma obrigatoacuteria podem participar do CGR com voz a favor dos

interesses do seu territoacuterio

Como parte do CGR a Cacircmara Teacutecnica Temaacutetica Regional foi criada pela

Resoluccedilatildeo do CGR no

005 de 17032009 composta paritariamente por teacutecnicos das

102

Secretarias Municipais de Sauacutede e do ERS Esta cacircmara natildeo funciona seu papel tem

sido assumido pelas coordenadorias do ERS Na CIB tambeacutem satildeo as aacutereas teacutecnicas da

SES que realizam suas funccedilotildees (Viana et al 2010a)

Foi criada tambeacutem na regiatildeo a Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo-

CIES44

pela Resoluccedilatildeo do CGR no 006 de 15092009 como parte das estrateacutegias de

implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Houve dificuldades no iniacutecio do seu funcionamento

mas hoje haacute maior clareza por parte dos gestores quanto ao seu papel ldquotemos que nos

reportar a noacutes mesmos () agraves nossas necessidadesrdquo (GM) A CIES regional eacute composta

por Secretaacuterios de Sauacutede e teacutecnicos das Secretarias Municipais de Sauacutede teacutecnicos do

ERSTS e da SECITEC professores representantes do SENAC da UNEMAT e da

UNIC Os membros reuacutenem-se no mesmo dia do CGR e a cada 6 meses por

representaccedilatildeo participam das reuniotildees da CIESestadual

Os registros documentais mostram que a sua criaccedilatildeo foi positiva tem contribuiacutedo

e instituiacutedo a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo O planejamento atende agraves necessidades e

para realizar as capacitaccedilotildees programadas tem recebido recursos financeiros geridos

pelo municiacutepio-sede da regiatildeo Destacam-se entre os problemas enfrentados pela CIES

rotatividade entre os membros falta de instrutor capacitado pela ESPSES na regiatildeo

dificuldades para realizar os cursos na regiatildeo inexperiecircncia da SMS responsaacutevel pela

execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria e prestaccedilatildeo de contas recusa dos municiacutepios selecionados para

ser o executor financeiro da regiatildeo entre outros (Viana et al 2010a)

O gestor cita dificuldade para custear o deslocamento dos profissionais para os

cursos ldquoos municiacutepios jaacute estatildeo com sobrecarga de mais de 30 de investimentos de

recursos proacuteprios na sauacutederdquo (GM) Aleacutem disso a Lei de Responsabilidade Fiscal no

1012000 impotildee limites agrave contrataccedilatildeo de pessoal (Santos 2010) Desta forma o gestor

municipal entende que a CIES deveria cobrir o custo total das despesas com as

capacitaccedilotildees pois muitas vezes reduz a disponibilidade de dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para

capacitaccedilatildeo por canalizar seus recursos para outras aacutereas Neste sentido sem apoio

financeiro para este fim seus profissionais natildeo satildeo liberados

44

A CIES desta regiatildeo foi instituiacuteda em 2009 alterado pela Resoluccedilatildeo do CGR nordm 008 de 24112009

e pela Resoluccedilao nordm 010112010

103

O Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede-CIS45

por induccedilatildeo do governo estadual foi

criado estrategicamente em 1998 para suprir deficiecircncias e facilitar o acesso agrave

assistecircncia especializada de meacutedia complexidade na regiatildeo (Motta 2002) Nesta regiatildeo

eacute constituiacutedo por 100 dos municiacutepios aleacutem de Brasnorte que pertence agrave regiatildeo de

Juiacutena Antes do pacto este municiacutepio fazia parte desta regiatildeo

O CIS eacute regido pelas normas puacuteblicas com regras de funcionamento e

financiamento e conta com recursos do estado e dos municiacutepios cuja participaccedilatildeo eacute

regulamentada por lei municipal Nesta regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede agrave

semelhanccedila de outros casos no Brasil tem se consolidado como importante oferta de

serviccedilos e acesso da populaccedilatildeo (Ribeiro e Costa 2000) Aleacutem disso constitui-se em

alternativa de organizaccedilatildeo e acesso a serviccedilos de sauacutede para municiacutepios de pequeno

porte que ampliam sua capacidade de governo na oferta daqueles serviccedilos que

sozinhos natildeo conseguiriam prover (Neves e Ribeiro 2006)

A pauta das reuniotildees do Conselho Diretor do consoacutercio eacute demandada pelos

gestores municipais e pelo secretaacuterio executivo que a prepara Eacute flexiacutevel agrave solicitaccedilatildeo

dos membros do Conselho Intermunicipal e do Conselho Fiscal As reuniotildees do

Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal ocorriam no mesmo dia mas o

Conselho Intermunicipal tem sido convocado para reunir-se depois da reuniatildeo do CGR

O Conselho Fiscal natildeo se tem reunido com a frequecircncia que consta no estatuto As

reuniotildees satildeo convocadas com cinco dias de antecedecircncia antes de iniciar verifica-se

quorum e as discussotildees e deliberaccedilotildees satildeo registradas em atas

Por natildeo dispor de estrutura puacuteblica o consoacutercio foi viabilizado em parceria com o

setor privado e o atendimento ocorre nas cliacutenicas particulares eou nas unidades

hospitalares contratualizadas para internaccedilotildees e cirurgias geradas pelo atendimento das

especialidades Com base na populaccedilatildeo de cada municiacutepio consorciado foi pactuado

que nesta regiatildeo a cobertura miacutenima para o municiacutepio consorciar seria de 30 das

45

Criado nesta regiatildeo em 1998 rege-se pelas normas da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil pelas Leis nordm 808090 nordm 814290 e demais normas correlatas Tem entre outras as

finalidades estatutaacuterias de promover formas articuladas de planejamento e execuccedilatildeo de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede representar os interesses dos municiacutepios perante quaisquer outras entidades de

direito puacuteblico e privado e desenvolver serviccedilos e atividades de interesse dos municiacutepios

consorciados regidas pelas normas puacuteblicas (Estatuto do Consoacutercio) O cargo de presidente do

Conselho Diretor ocorre por eleiccedilatildeo entre os prefeitos em escrutiacutenio secreto para o mandato de um

ano O Conselho Fiscal eacute formado por representantes do Conselho Municipal de Sauacutede de cada

municiacutepio consorciado e segundo o estatuto deve reunir-se no miacutenimo quatro vezes por ano O

Conselho Intermunicipal de Sauacutede eacute formado pelos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e deve reunir-

se no miacutenimo seis vezes ao ano

104

necessidades por especialidade disponiacutevel no consoacutercio O caacutelculo das necessidades por

especialidade dos municiacutepios ocorre com base nos paracircmetros de programaccedilatildeo da SES

ou na Portaria no 11012002 do Ministeacuterio da Sauacutede

Estabeleceu-se o per capita financeiro da regiatildeo com base no custo para

funcionamento do consoacutercio mais a cobertura pactuada para a compra dos serviccedilos Este

per capita gera o valor a ser pago por municiacutepio46

Parte dos recursos do consoacutercio eacute

utilizada para o custeio das despesas fixas administrativas e parte para a compra dos

serviccedilos referentes agrave cota fixa de cada municiacutepio ou seja o quantitativo de consultas

especializadas exames cirurgias internaccedilotildees e outros procedimentos

A contrapartida mensal do estado eacute de 50 sobre o valor da cota fixa mensal do

municiacutepio que pode pactuar cota fixa acima de 30 das suas necessidades e ou solicitar

cotas extras

Nesta regiatildeo mensalmente os gestores municipais solicitam cota extra que dobra

ou triplica os valores definidos como cota fixa47

Nestes casos o custo para o municiacutepio

aumenta jaacute que natildeo recebe a contrapartida do estado A manutenccedilatildeo da cota fixa

reduzida eacute equivocada aumenta ainda mais as despesas e representa para a maioria dos

municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade financeira para estas accedilotildees Este

aumento impacta de forma negativa a gestatildeo municipal que tambeacutem requer melhorias

na infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais capacitaccedilotildees aquisiccedilatildeo de equipamentos

e outros para oferecer serviccedilos de sauacutede de qualidade em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

(Abrucio 2002)

Das especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede contratou aquelas que em sua maioria estatildeo concentradas no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra entre elas otorrinolaringologia dermatologia cardiologia

endocrinologia ginecologia ortopedia obstetriacutecia psiquiatria neurologia geriatria

reabilitaccedilatildeo psicologia fisioterapia e nutriccedilatildeo A programaccedilatildeo dos serviccedilos oferecidos

pelo CIS natildeo se baseia apenas no criteacuterio teacutecnico das necessidades eacute influenciada pela

oferta do serviccedilo disponiacutevel na regiatildeo e pelo profissional que manifesta interesse em ser

46

O valor a ser pago por cada municiacutepio eacute transformado em guia denominada cota fixa e encaminhada

mensalmente para a gestatildeo municipal No final de mecircs a equipe administrativa do consoacutercio

recolhe as guias utilizadas em todos os estabelecimentos para verificar a produtividade e gerar o

pagamento para os prestadores do fixo mais o excedente Para os municiacutepios informa o valor total

ser pago 47

Ver por exemplo uma das portarias da SES que aprova a planilha de pagamentos do PAICI Portaria

GBSES nordm 076 de 19 de maio de 2009

105

contratualizado Tambeacutem contratualizou serviccedilo no municiacutepio de Cuiabaacute consultas de

neurologia e cirurgias de otorrinolaringologia

A vinculaccedilatildeo de alguns especialistas ao consoacutercio contribuiacute para fixaacute-los na

regiatildeo A remuneraccedilatildeo e a regularidade no pagamento da produtividade preacute-estabelecida

pelo consoacutercio e a possibilidade de o paciente ser atendido na cliacutenica particular do

profissional motiva e desperta nos profissionais o interesse pelo contrato

Segundo um gestor ldquotodo serviccedilo que tem no consoacutercio eacute anterior a 2006 com

exceccedilatildeo de algumas especialidades que vieram depois especialidades que noacutes natildeo

tiacutenhamos na regiatildeo que vieram aqui por espontaneidade dos profissionais natildeo que

houve assim um trabalho no puacuteblico para que viessem esses profissionaisrdquo (GM) A

seleccedilatildeo dos profissionais ocorre por meio do chamamento puacuteblico sendo eles

contratualizados sob a forma de pessoa juriacutedica

Quando o profissional natildeo opta por firmar contrato com o consoacutercio ou com a

prefeitura como os da especialidade de neurocirurgia e psiquiatria existentes na regiatildeo

resta a opccedilatildeo de encaminhar a solicitaccedilatildeo via Central de Regulaccedilatildeo para a rede SUS

em Cuiabaacute o que pode levar meses Se for urgecircncia em alguns casos a prefeitura

custeia o atendimento particular em outros o paciente procura os serviccedilos e o

pagamento eacute feito pelo seu desembolso direto

A Gerecircncia do Consoacutercio criada pelo Decreto nordm 270 de 17092007 foi retirada

do organograma da SES e a partir da ediccedilatildeo da Portaria nordm 0872008 em que a SES

Institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede (PAICI) parte dos incentivos municipais que eram

depositados na conta do consoacutercio passaram a ser transferidos diretamente na conta dos

municiacutepios consorciados e geraram rupturas no modo de funcionamento do consoacutercio

O CIS deixou de receber parte dos recursos do estado para a sua manutenccedilatildeo

Com essas mudanccedilas a SES rompeu natildeo apenas o repasse dos recursos na conta

do consoacutercio mas ldquonoacutes ficamos totalmente alheio o contato nosso com o estado hoje eacute

mandar relatoacuterio a relaccedilatildeo estaacute fragilizadardquo (GM) Aleacutem disso o consoacutercio nos

uacuteltimos anos passou a natildeo participar do planejamento da regiatildeo de sauacutede das reuniotildees

de conduccedilatildeo e planejamento da SES e das reuniotildees do CGR (Scatena et al 2014)

106

A contrapartida48

do estado mantida ateacute o iniacutecio de 2009 e transferida diretamente

aos Fundos Municipais de Sauacutede era de 50 sobre a cota fixa dos municiacutepios Essa

contrapartida foi calculada a partir da populaccedilatildeo do ano de 2007IBGE e no per capita

da regiatildeo de R$ 040 O gestor assenta que a SES continuou a publicar as planilhas de

transferecircncias financeiras para o ano de 2008 com base na populaccedilatildeo de 2005 Em maio

de 2009 a SES editou a Portaria no 076 de 19052009 com planilha referente ao mecircs

de marccedilo de 2009 e a sua respectiva contrapartida

Por se basear na cota fixa a contrapartida do estado estaacute muito aqueacutem do valor

pago mensalmente pelos municiacutepios aleacutem disso suas transferecircncias tecircm ocorrido com

meses de atraso Os gestores municipais citam que as cotas extras tecircm sido solicitadas

devido agrave dificuldade de acesso agrave rede puacuteblica de referecircncia no estado ldquoos municiacutepios

acabam desistindo bancando e arcando com esse custo Hoje meu municiacutepio gasta

quase 60 dos recursos com meacutedia e altardquo (GM)

Os atrasos nas transferecircncias dos recursos financeiros do estado para os

municiacutepios repercutem em inadimplecircncias municipais com o CIS Quando o municiacutepio

estaacute inadimplente a SES transfere os recursos financeiros deste municiacutepio para o

municiacutepio-sede de consoacutercio Isso tem gerado complicaccedilotildees orccedilamentaacuterias para o

municiacutepio-sede visto que ldquoestaacute recebendo um recurso que ele nem sabe de onde vem e

pra que vem e por que vemrdquo (GM)

Outra questatildeo que influenciou no funcionamento do consoacutercio nesta regiatildeo foi a

entrada das OSS na gestatildeo de alguns estabelecimentos de sauacutede do estado Os gestores

referem que ldquodificultou para noacutes porque os hospitais comeccedilaram a querer o mesmo

valor que era praticado em outras regiotildees e hoje por exemplo natildeo temos onde fazer

cirurgia de otorrinordquo (GM) O CIS teve que contratualizar o serviccedilo de

otorrinolaringologia em Cuiabaacute

Com o funcionamento do CIS esta regiatildeo conseguiu ampliar os serviccedilos e o

acesso mas natildeo houve por parte da SES conduccedilotildees estrateacutegicas no sentido de fortalececirc-

lo Sua manutenccedilatildeo se deu por interesse dos gestores municipais que alegam ldquohoje o

consoacutercio acho que eacute a nossa soluccedilatildeo () na verdade eacute ele que resolverdquo (GM) Apesar

do custeio quase integral dos serviccedilos do consoacutercio pelos municiacutepios devido ao atraso

48

Portaria nordm 0522009GBSES - Planilha de pagamentos do Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos

Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede ndash PAICI - referente agrave competecircncia de janeiro2009e autoriza a

aplicaccedilatildeo dos valores nela indicados para os efeitos financeiros a que se destinam

107

da SES nas transferecircncias dos incentivos do estado o consoacutercio eacute valorizado pelos

gestores que o consideram como uma instacircncia que ldquotem ouvido os gestoresrdquo (GE) que

sabe das necessidades da regiatildeo que viabiliza a complementaccedilatildeo dos serviccedilos

Segundo os gestores o consoacutercio eacute ldquopositivo na medida em que ele estaacute

conseguindo atender os municiacutepios em determinados serviccedilos que a rede puacuteblica natildeo

conseguerdquo mas ao mesmo tempo eacute negativo pois acaba gerando ldquorecusa da rede

privada em aceitar um convecircnio puacuteblico tabela SUS porque conseguem via consoacutercio

tabela diferenciadardquo (GE)

Pelas dificuldades de acesso agrave rede puacuteblica pela pressatildeo que sofre da populaccedilatildeo

que exige o seu direito agrave sauacutede e pela possibilidade de resolver alguns problemas

atraveacutes do consoacutercio os gestores municipais passaram a assumir responsabilidades que

competem agrave esfera estadual Parte dos problemas eacute resolvido e o atendimento eacute

viabilizado mas para garantir os custos destes atendimentos o gestor racionaliza os

recursos e deixa de aplicar em outras atividades (Ribeiro e Costa 2000) A falta de

recursos para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos ou para investimentos pode indicar que

regionalizaccedilatildeo da sauacutede natildeo eacute prioridade por parte do governo estadual aleacutem pode

inviabilizar o sistema puacuteblico (Menicucci 2007)

No entendimento do gestor o funcionamento do consoacutercio estaacute ameaccedilado em

especial pelas dificuldades financeiras ldquoteve repasse do estado que ficou nove meses

sem transferir um deles eacute o consoacuterciordquo (GM) Essa situaccedilatildeo associada ao aumento nos

custos da atenccedilatildeo meacutedica influencia o seu equiliacutebrio financeiro que dentro dos seus

limites tem procurado manter o seu funcionamento

A criaccedilatildeo do consoacutercio criou um modus operandi cooperativo que contribuiu para

o acesso fortaleceu a regiatildeo e ateacute certo ponto otimizou o custo e o uso de recursos

(Viana e Lima 2011) A oferta de serviccedilos foi ampliada mas haacute sinais de esgotamento

do modelo vigente os custos estatildeo elevados e tecircm gerado tensatildeo no acircmbito da gestatildeo

municipal que envolve o gestor os profissionais e a populaccedilatildeo usuaacuteria dos serviccedilos e

refletem no posicionamento do gestor Seu funcionamento foi modificado enfrenta

crises financeiras e ainda continua sendo a viabilidade de acesso na regiatildeo mas com

desigualdades visto que os municiacutepios apresentam diferenccedilas sociais e econocircmicas que

determinam sua maior ou menor compra de serviccedilos atraveacutes do consoacutercio

108

O gestor afirma que a forma como a rede de atenccedilatildeo estaacute organizada nesta regiatildeo

ldquopassa uma imagem que a gente tem o serviccedilo bem organizado e entatildeo natildeo precisa ter

investimento e isso gerou falta de investimentordquo (GM) e complementa ldquoo consoacutercio

acabou ficando eacute um setor privado maquiado dentro do SUS porque o municiacutepio

compra com recursos proacuteprios consultas exames a diferenccedila entre o consoacutercio e o

particular eacute muito pouca entatildeo eu falo que eacute um setor privado dentro da prefeiturardquo

(GM)

Observa-se pelo relato do gestor que o consoacutercio jaacute natildeo foca a regionalizaccedilatildeo natildeo

se constitui como equipamento da regionalizaccedilatildeo e a tendecircncia eacute seguir com gestores

em busca apenas da resoluccedilatildeo do seu problema a defesa proacutepria de cada ente

federativo A falta de coordenaccedilatildeo do estado se constituiu na principal dificuldade da

sua conduccedilatildeo regionalizada

Nesta regiatildeo foi criado o Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai49

uma instacircncia regionalizada que natildeo faz

parte do complexo regional da sauacutede mas que por vezes o CIS utiliza suas reuniotildees

ordinaacuterias para deliberar questotildees pendentes

Observa-se nesta regiatildeo uma multiplicidade de formas de acesso a

estabelecimentos puacuteblicos e privados tanto internamente quanto externamente agrave regiatildeo

Muitas ocorrem atraveacutes de articulaccedilotildees individualizadas do gestor que refere a ldquonossa

regiatildeo natildeo existe a nossa ponte eacute Cuiabaacute A regiatildeo existe se vocecirc pagar meacutedia

complexidade nem o consoacutercio mais eles estatildeo atendendo soacute faz ambulatoacuteriordquo (GM)

Ao longo dos anos foi configurado nesta regiatildeo um mix puacuteblico-privado que foi

fortalecido pelas caracteriacutesticas histoacuterico-estruturais e poliacuteticas da regiatildeo As

desigualdades sociais e econocircmicas entre os municiacutepios e a falta de investimentos na

regiatildeo resultaram em vazios assistenciais natildeo apenas nos municiacutepios mas na regiatildeo e

tecircm influenciado o modelo de atenccedilatildeo na regiatildeo

49

A Resoluccedilatildeo nordm 0042006 de 07 de julho de 2006 Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai dispotildee sobre sua estrutura administrativa Eacute formado

pelos municiacutepios de Alto Paraguai Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo Novo dos Parecis Denise

Diamantino Nortelacircndia Nova Marilacircndia Nova Maringaacute Nova Oliacutempia Porto Estrela Sapezal

Santo Afonso Satildeo Joseacute do Rio Claro e Tangaraacute da Serra Eacute composto por prefeitos de municiacutepios

desta regiatildeo e de outras regiotildees de sauacutede circunvizinhas Foi criado para resolver os problemas

referentes a questotildees de transporte e de produccedilatildeo agriacutecola delibera para o desenvolvimento de accedilotildees

regionalizadas mas natildeo discute os problemas de sauacutede (MT 2012)

109

Observa-se pelos relatos que a regiatildeo precisa reconhecer-se enquanto tal Os

gestores precisam se posicionar buscar as lideranccedilas teacutecnicas e poliacuteticas para

implementar o complexo regional Os gestores da regiatildeo aduzem ldquonoacutes temos que lutar

para a gente conseguir este hospital puacuteblico aqui na regiatildeo pela falta desse serviccedilo a

gente perde muito recursordquo (GE) Afirmam que a regiatildeo natildeo tem laccedilos fortes mas tem

representaccedilatildeo poliacutetica e que as vaacuterias tentativas de articulaccedilatildeo para instalar o hospital

regional sofreram interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias que foram fortes e decisivas e o

hospital natildeo foi implantado interferiu e fortaleceu as relaccedilotildees puacuteblico-privadas da

regiatildeo

No entendimento do gestor se tivesse hospital regional ldquohoje eu acho que teriacuteamos

mais tranquilidade teriacuteamos avanccedilado muito mais porque teriacuteamos mais facilidade

para fixar os profissionais noacutes teriacuteamos de certa maneira feito com que o privado

buscasse a parceria O privado ia procurar o puacuteblico e natildeo o puacuteblico o privado

Entatildeo como ele se sentiu sozinho e se sentiu o dono da situaccedilatildeo dificultou tudordquo

(GM)

62 Institucionalidade da regiatildeo

Com o Pacto pela Sauacutede as responsabilidades de cada ente federativo ficaram

mais expliacutecitas A regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede passou a ser uma ferramenta de gestatildeo

composta por um conjunto de accedilotildees que orienta ajusta facilita ou limita determinados

processos e pode potencializar a capacidade de gestatildeo conforme o Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os principais instrumentos de planejamento da

Regionalizaccedilatildeo contemplados no Pacto pela Sauacutede nesta regiatildeo satildeo o Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) o Plano Diretor de Investimento (PDI) e a Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada da Atenccedilatildeo em Sauacutede (PPI) e outros relacionados agrave implementaccedilatildeo

do pacto

Em Mato Grosso o planejamento do governo PPA 2004-200750

foi elaborado

com base nos resultados dos foacuteruns regionais realizados nas doze regiotildees de

50

Esse documento refere que todas as accedilotildees do governo devem convergir para a construccedilatildeo de um

futuro onde Mato Grosso possa ldquoConstituir-se em um Estado social e economicamente equilibrado

110

planejamento51

do estado (MTSEFAZ 2007) Jaacute o PPA 2008-2011 contempla accedilotildees

programaacuteticas por regiotildees52

para algumas Secretarias de Estado Neste PPA na Accedilatildeo

2972 consta para a SES ndash accedilotildees de Fortalecimento da Gestatildeo Regionalizada do SUS e

entre os objetivos ldquoViabilizar a microrregionalizaccedilatildeo da sauacutede com base nas

prioridades regionais pactuadasrdquo (MT 2010)

Em 2006 a SES apresentou ao Ministeacuterio da Sauacutede o ldquoProjeto de Fortalecimento

e Qualificaccedilatildeo da Gestatildeo Regionalizada e Solidaacuteria do SUS em Mato Grossordquo

(Fernandes 2014) Foi elaborado com base na Poliacutetica Nacional de Sauacutede que enfatiza

a regionalizaccedilatildeo como eixo central da conduccedilatildeo contempla a governanccedila e o

compromisso compartilhado entre os gestores (MS 2006) Este princiacutepio orienta a

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede e cabe agrave SES a macrofunccedilatildeo de

coordenar articular e regular o sistema de sauacutede (CONASS 2011)

Como parte deste projeto estadual nesta regiatildeo o ldquoGT do Pactordquo e o COSEMS

realizaram o foacuterum de ldquoDiscussotildees Integradas Regionalizadasrdquo (Fernandes 2014) que

contou com a participaccedilatildeo de gestores desta regiatildeo e de outras duas regiotildees

circunvizinhas de Juara e de Juiacutena que integravam a macrorregiatildeo de sauacutede Nesse

foacuterum discutiram-se os problemas do sistema de sauacutede a elaboraccedilatildeo e a importacircncia da

assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo a qualificaccedilatildeo da regiatildeo e o processo

de conduccedilatildeo regionalizada Como resultado deste trabalho em 2008 todos os gestores

desta regiatildeo assinaram o Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG)

A elaboraccedilatildeo e a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo permitiram ao

gestor planejar o compartilhamento de responsabilidades e oficialmente implicaram

em mudanccedilas na distribuiccedilatildeo de poder e nas relaccedilotildees entre os atores da regiatildeo e entre

esses com os atores do estado Apesar dos compromissos assumidos de forma

compartilhada o gestor afirma ldquoeacute difiacutecil ele o estado foi se retirando foi se

retirando e foi deixando praticamente para os municiacutepiosrdquo (GM) A regionalizaccedilatildeo

estimulando as potencialidades regionais e consolidando-se como o maior polo de desenvolvimento

do agronegoacutecio da Ameacuterica Latinardquo (MTRP 2004 a 2006) 51

Estas doze regiotildees descritas no Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 tecircm como

objetivo promover a reorganizaccedilatildeo territorial e contribuir para a desconcentraccedilatildeo regional da

economia da riqueza e da qualidade de vida O Plano de accedilatildeo elaborado para cada regiatildeo explicita

as respectivas prioridades refere que representam a regionalizaccedilatildeo no estado e em certa medida a

distribuiccedilatildeo no territoacuterio de todos os programas e projetos contidos no Plano Estadual 52

Para as secretarias Seguranccedila Puacuteblica Sauacutede Educaccedilatildeo Casa Civil Planejamento e Coordenaccedilatildeo

Geral e Desenvolvimento do Turismo (MTSEPLAN 2010) Natildeo verificamos se nestas secretarias

foram realizadas accedilotildees estrateacutegicas de forma regionalizada e nem mesmo se ocorreram accedilotildees

intersetorializadas

111

contemplada no Pacto pela Sauacutede eacute um processo complexo que requer a ldquocriaccedilatildeo de

novos instrumentos de planejamento integraccedilatildeo gestatildeo regulaccedilatildeo e financiamento de

uma rede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuteriordquo (Viana et al 2010b) com

coordenaccedilatildeo do estado

Quando parte dos municiacutepios assinou o TCG jaacute estava em vigecircncia o Plano

Estadual de Sauacutede-PES 2008-2011 aprovado pelo Conselho Estadual de Sauacutede

Resoluccedilatildeo nordm 022 de 09092009 que contempla na Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (Eixo I)

ldquoEstruturar a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede de forma regionalizadardquo e prevecirc a articulaccedilatildeo da

SES com as macrorregiotildees do estado com os hospitais regionais e o fortalecimento do

papel dos CIS Aleacutem disso na Gestatildeo do SUS (Eixo III) contempla ldquoAprimorar a

gestatildeo do SUSrdquo e o ldquoFortalecimento da regionalizaccedilatildeo solidaacuteria e cooperativardquo

ambos considerados estruturantes no Pacto pela Sauacutede Este PES cita que o PDR seraacute o

instrumento de planejamento regional (MT 2010b)

De 2006 a 2012 vaacuterios decretos foram publicados alterando a estrutura

organizacional da SES Em 2006 o Decreto governamental no

7442 publica sua nova

estrutura e formaliza os 16 ERS Em 2008 ano da implantaccedilatildeo do pacto no estado o

Decreto governamental no 1431 de 03072008 regulamenta nova alteraccedilatildeo na sua

estrutura organizacional e cria nos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Vigilacircncia

em Sauacutede e a Gerecircncia de Gestatildeo Macrorregional

Para adequar o funcionamento da SES agrave nova estrutura oficializada pelo Decreto

no

14312008 eacute elaborado novo regimento regulamentado pelo Decreto governamental

no 1832 de 06032009 a asseverar que a missatildeo da Superintendecircncia de Articulaccedilatildeo

Regional eacute ldquoorientar e apoiar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na implementaccedilatildeo da

Poliacutetica de Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede em consonacircncia com as Diretrizes do Sistema

Uacutenico de Sauacutederdquo definindo para tal superintendecircncia entre outras competecircncias

assessorar e acompanhar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na efetivaccedilatildeo da Poliacutetica de

Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede Puacuteblica apoiar a gestatildeo da sauacutede nos municiacutepios

articulando a cooperaccedilatildeo entre os entes federados observando os aspectos teacutecnicos e

operacionais e coordenar monitorar e avaliar as atividades e accedilotildees de gestatildeo em acircmbito

regional

Esse regimento tambeacutem aduz que os ERS tecircm como missatildeo ldquoviabilizar o processo

de descentralizaccedilatildeo da sauacutede em consonacircncia com as diretrizes do SUSrdquo competindo-

112

lhes entre outras funccedilotildees efetivar a gestatildeo regionalizada da Poliacutetica Estadual de Sauacutede

assessorando e monitorando os municiacutepios no planejamento e execuccedilatildeo das accedilotildees

promover as pactuaccedilotildees regionalizadas e coordenar os Colegiados de Gestatildeo Regional

No ano de 2011 a estrutura organizativa da SES foi alterada53

trecircs vezes mas natildeo

foram encontradas publicaccedilotildees de regimentos atualizados Desta forma considera-se em

vigecircncia a uacuteltima atualizaccedilatildeo do regimento publicado por intermeacutedio do Decreto nordm

2916 de 19102010 a assentar que a Gerecircncia de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede tem a

missatildeo de ldquofomentar a implementaccedilatildeo de instrumentos de gestatildeo garantindo a

operacionalizaccedilatildeo dos princiacutepios do SUS no acircmbito estadualrdquo competindo-lhe

conduzir e acompanhar a implementaccedilatildeo dos instrumentos de gestatildeo estrateacutegicos e

operacionais da regionalizaccedilatildeo e apoiar o fortalecimento da gestatildeo municipal de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos ERS manteacutem a missatildeo descrita naquele de 2009 A uacuteltima modificaccedilatildeo

da estrutura administrativa da SES deu-se em julho de 2013 pelo Decreto no 1855

sendo retiradas dos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de

Gestatildeo da Macrorregional ao tempo que se institui uma Gerecircncia Teacutecnica por ERS

Observa-se nesses documentos que as estruturas responsaacuteveis pela conduccedilatildeo do

planejamento e da gestatildeo regionalizada estavam instituiacutedas na vigecircncia do Pacto pela

Sauacutede e poderiam facilitar para que o estado exercesse seu papel regulador sobre o

sistema de sauacutede e da atenccedilatildeo agrave sauacutede com os recursos necessaacuterios para implementar a

poliacutetica regionalizada

O planejamento regionalizado faz parte das estrateacutegias do pacto para promover a

descentralizaccedilatildeo com equidade no acesso Nesta regiatildeo natildeo tem sido efetivo apresenta

limitaccedilotildees e natildeo se tem constituiacutedo em instrumento integrador do fluxo intermunicipal e

inter-regional Os gestores salientam que a gestatildeo teacutecnica-operacional e financeira da

SES tecircm sofrido influecircncias da troca sucessiva de gestores tem passado por ldquomomentos

poliacuteticos de fragilizaccedilatildeordquo (GE) julgam que as interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias

contribuiacuteram para que as questotildees teacutecnicas fossem deixadas de lado ldquoa gente sente

assim () a coisa foi mais tocada politicamente () perdeu muito forccedilardquo (GM) Essas

questotildees refletiram na conduccedilatildeo da poliacutetica no estado e na regiatildeo e o gestor afirma ldquoas

regionais natildeo tinham muito poder para argumentar para orientarrdquo (GM)

53

Decreto governamental no 157 259 e 669 de 2011

113

Embora a SES tenha contribuiacutedo a fim de mobilizar os gestores para assinar o

Termo de Compromisso de Gestatildeo sua atuaccedilatildeo no processo de execuccedilatildeo das accedilotildees foi

ldquomuito apaacutetica ficou muito a desejarrdquo (GM) Os gestores aderiram no entanto julgam

que tais adesotildees ocorreram sem o devido conhecimento das implicaccedilotildees do termo ldquoateacute

hoje tem muito secretaacuterio que natildeo sabe o que eacute o termo o que eacute o pacto Natildeo tem

estrutura fiacutesica e equipe teacutecnica para assumir issordquo (GE) Referem que receberam

capacitaccedilotildees no iniacutecio de 2007 antes da assinatura do pacto ldquonoacutes sentimos confianccedila

teve um grupo de pessoas da SES e do ERS e noacutes conseguimos avanccedilar Soacute que ficou

nissordquo (GM)

O PDR e o PDI vigentes instrumentos de planejamento contemplados no Pacto

pela Sauacutede explicitam a configuraccedilatildeo das cinco macrorregiotildees de sauacutede e as respectivas

microrregiotildees de sauacutede que perfazem um total de 14 Eles descrevem as caracteriacutesticas

a rede de assistecircncia agrave sauacutede das regiotildees e os moacutedulos assistenciais a organizaccedilatildeo das

redes de serviccedilos de alta complexidade do estado e as referecircncias das DSTHIV e AIDS

a organizaccedilatildeo da rede estadual e as referecircncias para assistecircncia em nefrologia na alta

complexidade a rede estadual e referecircncia para assistecircncia cardiovascular a rede

estadual e referecircncia para assistecircncia traumato-ortopeacutedica

Os desenhos dos fluxos da rede de atenccedilatildeo satildeo aqueles que foram elaborados no

PDR de 2001 e atualizados atraveacutes da Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 055 de 15092005 O PDI

foi atualizado mas natildeo se encontraram documentos que registrem que ele foi

homologado na CIBMT Tais planos estatildeo desatualizados e o gestor refere ldquonoacutes ainda

trabalhamos com projetos e propostas de 12 anos atraacutes e o PDI natildeo existe mais natildeo

houve planejamentordquo (GM) Estes documentos natildeo contemplam a dinamicidade da

regiatildeo natildeo favorecem a organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e natildeo mostram as

referecircncias atualizadas Esses instrumentos precisam ser revistos sofrer ajustes visto

que estatildeo intrinsecamente relacionados ao PPA e suas respectivas leis Lei de Diretrizes

Orccedilamentaacuterias (LDO) e Lei Orccedilamentaacuteria Anual (LOA) dos entes federativos (Ferreira

et al 2011)

O planejamento apresenta limitaccedilotildees e o fato de natildeo se atualizar tais instrumentos

aumenta os riscos de atomizaccedilatildeo dos sistemas municipais de sauacutede e gera

consequecircncias indesejaacuteveis ao sistema (Souza 2001) Aumenta tambeacutem as iniquidades

regionais visto que permite com mais facilidade atender a demandas poliacuteticas

114

favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que natildeo estatildeo formalizadas

as necessidades das regiotildees Aleacutem disso os recursos liberados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

tecircm por base o PDR e o PDI vigentes que desatualizados natildeo consideram a dinacircmica e

as necessidades atuais que satildeo mutaacuteveis

Se o PDR e o PDI natildeo expressam a realidade da regiatildeo comprometem a

descentralizaccedilatildeo influenciam na configuraccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo e alteram a

direcionalidade ldquoa regiatildeo hoje eacute outra quando o PDR foi feito a regiatildeo acho que natildeo

tinha 100 mil habitantes e hoje tecircm mais de 200 mil habitantesrdquo (GM)

Ao assinar o Termo de Compromisso de Gestatildeo foram pactuadas metas prazos

para serem cumpridos com o apoio do estado No entanto o gestor assevera ldquonatildeo

existe uma discussatildeo profunda pactua as metas mas natildeo satildeo pactuadas as estrateacutegias

regionais para cumprir as metas Isso natildeo acontece () natildeo existe uma poliacutetica um

plano regional uma poliacutetica regional para intervenccedilatildeo para atuaccedilatildeo natildeo existe () eacute

difiacutecil eleestado foi se retirando foi se retirando e foi deixando praticamente para

os municiacutepiosrdquo (GM) Se o estado natildeo coordena para dotar os municiacutepios com

capacidade de gestatildeo e planejamento ldquosozinho ele municiacutepio natildeo consegue fazer

nadardquo (GM) e a regionalizaccedilatildeo deixa de acontecer

A pactuaccedilatildeo das metas do Termo de Compromisso de Gestatildeo natildeo se limita a cada

um definir a sua parte requer negociaccedilotildees planejamento pactos coalizotildees e induccedilotildees

da esfera superior de governo seu sucesso associa-se sobretudo a processos de

coordenaccedilatildeo intergovernamental (Abrucio 2005) Demanda equacionamento e

coordenaccedilatildeo por parte do estado para o desenvolvimento do planejamento

programaccedilatildeo da regulaccedilatildeo do controle e avaliaccedilatildeo incluindo o monitoramento dos

instrumentos que estabelecem compromissos entre os gestores O planejamento natildeo

atualizado interfere na regulaccedilatildeo e na construccedilatildeo de redes assistenciais adequadas para o

atendimento da populaccedilatildeo (Souza 2001)

Em 2006 o MS instituiu o PlanejaSUS instrumento oficial do processo de

planejamento do SUS que orienta e contribui com a descentralizaccedilatildeo e auxilia a gestatildeo

no acircmbito dos municiacutepios e regiatildeo para efetivar o acesso agrave equidade agrave integralidade agrave

qualificaccedilatildeo do processo e agrave otimizaccedilatildeo dos recursos Nesta regiatildeo o ERS capacitou os

gestores municipais para realizarem o Plano Municipal de Sauacutede com base nesse

instrumento mas a praacutetica do seu uso como ferramenta para a tomada de decisatildeo

115

alocaccedilatildeo de recursos e monitoramento das accedilotildees eacute incipiente Desta forma natildeo fortalece

a capacidade de gestatildeo municipal (Ferreira et al 2011)

O ERS estrutura regionalizada da SES e instacircncia condutora do processo de

planejamento e gestatildeo na regiatildeo de sauacutede natildeo dispotildee de plano que registre as demandas

da regiatildeo e natildeo acompanha o planejamento municipal Teve seus papeacuteis enfraquecidos

perante os municiacutepios natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo faz a gestatildeo

proacutepria dos recursos financeiros e o seu planejamento ocorre quando a SES convoca

reuniatildeo especiacutefica para este fim

O Plano de Trabalho Anual (PTA) do ERS eacute definido com base nas diretrizes do

Plano Estadual de Sauacutede e eacute o documento que valida apenas a programaccedilatildeo mensal dos

teacutecnicos para realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios e as accedilotildees referentes ao seu

funcionamento interno Para as suas atividades a SES ldquodefiniu uma cota de R$

400000 igual para todos os ERS para a compra de materiais de expediente aacutegua

conserto e outrosrdquo (GE) A cooperaccedilatildeo teacutecnica junto aos municiacutepios natildeo estaacute sendo

realizada ldquodesde 2010 natildeo estaacute sendo liberado diaacuterias para este tipo de atividaderdquo

(GE)

Observa-se que a praacutetica de planejamento natildeo eacute realizada conforme prevecirc o Pacto

pela Sauacutede e isto contribui para aumentar os problemas na regiatildeo O gestor atribui a

esta falta de planejamento na regiatildeo a manutenccedilatildeo do convecircnio estabelecido entre a SES

e o Hospital Municipal de Barra do Bugres de referecircncia regional Esse convecircnio natildeo

contempla investimentos e o hospital tem dificuldades financeiras para manter o

funcionamento e o atendimento por natildeo dispor de capacidade instalada para as

demandas da regiatildeo Desta forma continua tendo que regular os pacientes para Cuiabaacute

Para o gestor esse arranjo por parte da SES ldquosem planejarrdquo foi um ldquoequiacutevoco

atrapalhourdquo (GM) a instalaccedilatildeo do hospital regional e contribuiu a fim de que natildeo

houvesse investimentos para ampliar a rede puacuteblica regionalizada Essa maneira de

conduzir compromete a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves diferentes realidades

existentes entre os municiacutepios (Viana et al2008)

Nesta regiatildeo os investimentos que ocorreram deram-se na rede baacutesica de sauacutede

daqueles municiacutepios que elaboraram projetos para construccedilatildeo e ou reforma de unidades

de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede e pleitearam recursos junto ao Ministeacuterio da Sauacutede De

forma pontual foram distribuiacutedos para os municiacutepios desta regiatildeo ambulacircncias e

116

equipamentos para centros ciruacutergicos mas natildeo vieram os recursos para construir o

hospital regional Natildeo houve investimentos para dotar a regiatildeo resolutiva e autocircnoma

conforme preconiza o Pacto pela Sauacutede e o gestor pontua ldquoo estado precisa olhar e

entender as nossas limitaccedilotildees de exames de bons cursos de capacitaccedilatildeo de

recursosrdquo(GE)

Nesta regiatildeo segundo o gestor ldquonatildeo daacute para se dizer que existe uma pauta

planejamento regionalrdquo (GM) A programaccedilatildeo eacute feita com base na PPI documento que

espelha a disponibilidade de vagas e o fluxo oficial da assistecircncia intra e inter-regional

Oferece a cada gestor a oportunidade de informar na reuniatildeo do CGR as atividades que

realiza ou natildeo no seu municiacutepio e fazer as pactuaccedilotildees conforme suas necessidades Esta

pactuaccedilatildeo eacute coordenada pelo ERS e pautada nas diretrizes da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo e expressa os limites do teto fiacutesico da meacutedia e alta complexidade por

municiacutepio e a parcela financeira a receber referente ao atendimento da populaccedilatildeo

proacutepria e da que seraacute referenciada Esse teto fiacutesico e financeiro depois de aprovado no

CGR e na CIB eacute encaminhado ao Ministeacuterio da Sauacutede

A programaccedilatildeo municipal eacute realizada com base na sua capacidade instalada e nas

informaccedilotildees lanccediladas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede

(CNES) Nesta regiatildeo todos os gestores utilizam o Sistema Informatizado para

Programaccedilatildeo Assistencial de Estados e Municiacutepios (SISPPI)54

Os tetos estabelecidos

seguem os paracircmetros de programaccedilatildeo definidos pelo MS mas o gestor afirma natildeo

serem compatiacuteveis com a produtividade do municiacutepio O caacutelculo das necessidades de

procedimentos e ou especialidades natildeo parametrizados neste sistema ocorre com base

na seacuterie histoacuterica do municiacutepio mas com frequecircncia haacute glosas no sistema que gera

perda de recursos jaacute escassos ao municiacutepio

Com a SISPPI os gestores desta regiatildeo oficializam a programaccedilatildeo municipal e

pactuam no Colegiado de Gestatildeo Regional as necessidades a serem supridas com as

referecircncias intermunicipais e inter-regionais Com a PPI a conformaccedilatildeo e o fluxo da

rede de atenccedilatildeo da regiatildeo ficaram mais expliacutecitos Tanto a programaccedilatildeo municipal

como a regional realizadas com base na oferta de serviccedilos mostra as deficiecircncias da

rede de atenccedilatildeo regional que necessita do setor privado que dispotildee da maior capacidade

54

Programa desenvolvido pelo Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle - DRAC e Datasus

de uso opcional

117

instalada e que eacute acessada principalmente atraveacutes do CIS Nesta regiatildeo a pactuaccedilatildeo natildeo

revela coerecircncia com as referecircncias do PDR por estar desatualizado

As especialidades procedimentos e outros serviccedilos ofertados na rede SUS atraveacutes

do CIS continuam sendo pactuados na PPI com referecircncia para Cuiabaacute e Vaacuterzea

Grande A pactuaccedilatildeo com estes municiacutepios eacute realizada com a intenccedilatildeo de assegurar

serviccedilos especialmente para aqueles tratamentos que satildeo realizados na capital e que

dependendo da avaliaccedilatildeo meacutedica redunda em novos exames e ou procedimentos Nesses

casos o paciente natildeo precisa retornar ao seu municiacutepio de origem visto que muitas

vezes a regiatildeo natildeo disponibiliza tais serviccedilos

No ano de 2009 houve mudanccedilas na PPI atraveacutes das resoluccedilotildees CIBMT no 084 e

no 085 ambas de 13082009 Foram aprovados respectivamente paracircmetros para

caacutelculo das necessidades da alta complexidade da assistecircncia ambulatorial e para

definiccedilatildeo do Teto Fiacutesico do Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar do SUSMT

Com base nesses paracircmetros e na resoluccedilatildeo CIBMT no 0862009 os recursos

financeiros federais da PPI foram macroalocados Em 2010 pela resoluccedilatildeo CIBMT no

122 de 18052010 foi definido o limite dos recursos financeiros federais destinados agrave

assistecircncia ambulatorial especializada e hospitalar do estado Esse limite da assistecircncia agrave

sauacutede transferido aos municiacutepios foi modificado55

A PPI deveria constituir-se em instrumento de anaacutelise por parte do estado para

definir investimentos ampliar a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e tornaacute-la na medida do

possiacutevel autocircnoma para aleacutem dos limites municipais conforme preconiza o Pacto pela

Sauacutede No entanto se observa que natildeo eacute utilizada para monitoramento e avaliaccedilatildeo

quanto ao acesso e agrave adequaccedilatildeo das necessidades da populaccedilatildeo a todos os niacuteveis de

assistecircncia limita-se apenas agrave pactuaccedilatildeo de referecircncias e adequaccedilatildeo dos recursos

financeiros conforme teto estabelecido

O serviccedilo de Tratamento Fora do Domicilio - TFD estaacute centralizado na capital do

estado e eacute coordenado pela central estadual de regulaccedilatildeo Para acessar este serviccedilo as

SMS montam processo enviam para a central regional de regulaccedilatildeo que analisa e

encaminha para a central estadual Quando o procedimento solicitado natildeo eacute realizado

55

Esse teto sofre alteraccedilotildees em decorrecircncia de um novo remanejamento de recursos que estavam sob a

gestatildeo estadual - Resoluccedilatildeo CIB no 332 de 09 de dezembro de 2010 ndash dispotildee sobre o

remanejamentorepactuaccedilatildeo de recursos financeiros destinados agrave Assistecircncia de Meacutedia e Alta

complexidade do Estado de Mato Grosso

118

dentro do estado eacute autorizado e encaminhado para outro estado Nestes casos a equipe

da central estadual articula a vaga os recursos para a viagem e comunica ao paciente

Geralmente satildeo encaminhados para especialidades de oncologia neurologia e ortopedia

em especial casos de parapleacutegicos para a rede Hospital Sarah Kubitschek

Como parte do pacto de gestatildeo a habilitaccedilatildeo de novos serviccedilos e a sua

contratualizaccedilatildeo faz parte da regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede sendo responsabilidade do

ente federativo regular os serviccedilos que complementam a rede SUS Nesta regiatildeo os

contratos com os prestadores ainda satildeo aqueles antigos e muitos gestores natildeo tiveram

acesso a tais contratos sabendo apenas o nuacutemero de leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS Alguns

satildeo realizados pela SES e os novos foram estabelecidos entre a SMS e o prestador mas

o gestor afirma ldquoa gente natildeo consegue fazer () natildeo houve aquele treinamento da

contratualizaccedilatildeordquo (GM)

A formalizaccedilatildeo contratual entre o setor puacuteblico e o privado deve ser planejada e

realizada com base no Plano Municipal de Sauacutede e Plano Regional que expressam as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo O instrumento da contratualizaccedilatildeo oferece clareza

quanto aos direitos e deveres entre as partes legitima a transferecircncia de recursos

puacuteblicos e a subordinaccedilatildeo do processo de contrataccedilatildeo agraves diretrizes das Poliacuteticas de

Sauacutede do SUS Aleacutem disso constitui importante instrumento de gestatildeo regulaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo da prestaccedilatildeo de serviccedilos (MS 2006) Nesta regiatildeo a falta de acesso aos

contratos jaacute formalizados e de capacitaccedilatildeo dos gestores interferiu na loacutegica da

contratualizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo no controle e na avaliaccedilatildeo dos serviccedilos que passaram a

ser estabelecidos apenas com base na oferta dos serviccedilos do estabelecimento natildeo

oferecendo elementos para subsidiar o controle e a avaliaccedilatildeo

A contratualizaccedilatildeo pelo gestor municipal eacute realizada com base na Lei no

86669356

tem como referecircncia a Tabela Nacional de valores do SUS e a produccedilatildeo dos

serviccedilos Muitos dos serviccedilos contratualizados nesta regiatildeo recebem tabela

complementar Os contratos realizados natildeo contecircm metas qualitativas apenas o

quantitativo de procedimentos por tipo de serviccedilo que o prestador oferece e os limites

financeiros do gestor municipal para a compra de serviccedilos

56

Lei 866693 da Presidecircncia da Repuacuteblica de 27 de junho de 1993 - Regulamenta o art 37 inciso

XXI da Constituiccedilatildeo Federal - institui as normas para licitaccedilatildeo e contratos da administraccedilatildeo puacuteblica

e traz no seu artigo 55 as claacuteusulas necessaacuterias para compor qualquer contrato firmado entre o

gestor puacuteblico da sauacutede e os prestadores de serviccedilos de sauacutede

119

A regularizaccedilatildeo desses contratos formaliza as relaccedilotildees entre o gestor do SUS e o

prestador privado oficializa o fluxo operacional e a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo Aleacutem

disso objetiva garantir o acesso agraves necessidades da populaccedilatildeo a qualidade do

atendimento aos pacientes e a alocaccedilatildeo dos recursos meacutedico-hospitalares (Vilarins et

al 2012)

Embora traga benefiacutecios a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos ainda eacute incipiente nesta

regiatildeo No caso dos hospitais por exemplo depois de contratualizados a equipe

municipal apenas controla as internaccedilotildees verificando se ocorreram ou natildeo se tem ou

natildeo a vaga O controle adotado natildeo oferece ao gestor mecanismos efetivos de

monitoramento e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos e sendo assim satildeo insuficientes para gerar

mudanccedilas na gestatildeo e organizaccedilatildeo do SUS (Solla e Paim 2014)

Haacute necessidade de se aprimorar tais instrumentos e capacitar as equipes A

contratualizaccedilatildeo natildeo se limita apenas agrave assinatura de um contrato formal de prestaccedilatildeo de

serviccedilos mas explicita a pactuaccedilatildeo entre gestor e prestador define as metas

quantitativas e qualitativas em consonacircncia com as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

e do tipo de serviccedilo oferecido pelo prestador Aleacutem disso especificam regras claras de

responsabilidade de ambas as partes e estabelece os criteacuterios a serem considerados nas

atividades de avaliaccedilatildeo e monitoramento do desempenho (MS 2006)

O CIS faz a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos realiza o chamamento puacuteblico e utiliza

instrumento proacuteprio de prestaccedilatildeo de serviccedilos para pessoa juriacutedica Os contratos e as

tabelas complementares do consoacutercio desde 2009 satildeo reajustados anualmente com

base no percentual da inflaccedilatildeo do respectivo ano A contratualizaccedilatildeo ocorre com base na

produtividade fixa e para as unidades hospitalares utiliza a tabela SUS acrescida de

25 para alguns procedimentos para outros o valor oscila ldquo3 tabelas para um

procedimento ou 3 AIH por um procedimentordquo Ao ser questionado quanto agrave tabela

complementar o prestador refere que o estado paga ldquopara as Organizaccedilotildees Sociais 4 5

vezes a tabela SUSrdquo (GM) Esta tabela de pagamento diferenciado para as OS

repercutiu de forma negativa na regiatildeo ldquoestaacute sufocando a sauacutede puacuteblicardquo (GM)

As consultas ambulatoriais especializadas e os serviccedilos de apoio diagnoacutestico

imagem e laboratoriais satildeo contratualizados pelo consoacutercio mas realizados por

empresas privadas que recebem tabela complementar Alguns desses serviccedilos de apoio

120

diagnoacutestico credenciados pela SES tambeacutem recebem tabela complementar por meio do

consoacutercio

O serviccedilo de UTI da regiatildeo eacute contratualizado pela SES O primeiro contrato foi

realizado entre a SES e o CIS ficando o CIS responsaacutevel apenas pelo pagamento ao

hospital contratualizado Os recursos financeiros do convecircnio satildeo transferidos pelo

estado conforme as especificaccedilotildees contidas no Plano Operacional Os medicamentos de

alto custo utilizados na UTI natildeo estatildeo contemplados no convecircnio

Este convecircnio recebeu vaacuterios aditivos e no ano de 2010 foi estabelecido

diretamente entre a SES57

e o Hospital A contratualizaccedilatildeo da SES tambeacutem eacute realizada

com base na Lei 866693 e define que o meacutedico regulador do ERS deve elaborar

relatoacuterio mensal dos serviccedilos prestados certificar a nota fiscal e encaminhar para a SES

Os contratos realizados antes e durante o pacto foram para os serviccedilos de UTI

hemodiaacutelise Cito-patologia anatomia patoloacutegica e exames de imagem dentre estes os

de ressonacircncia magneacutetica Estes ampliaram a oferta de serviccedilos e as referecircncias nesta

regiatildeo mas segundo os gestores tanto os meacutedicos reguladores como os gestores natildeo

possuem governabilidade sobre estes ldquoeacute o estado que acompanha isso natildeo passa no

CGR eacute um contrato direto com o estado Natildeo sabemos se as vagas estatildeo sendo

preenchidas se estaacute faltando vagasrdquo (GM) Em relaccedilatildeo agraves UTI os teacutecnicos da regiatildeo

fazem o controle e a avaliaccedilatildeo do realizado ou seja acompanha apenas o fiacutesico

A alternativa para contratualizar serviccedilos privados por meio do consoacutercio tem

fortalecido os profissionais e as instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos na regiatildeo

Com o consoacutercio a oferta de serviccedilos eacute imediata e atende agraves demandas de usuaacuterios mas

tem gerado elevados custos para o gestor municipal que afirma ldquoa regionalizaccedilatildeo

trouxe um ocircnus muito grande para os municiacutepiosrdquo (GM)

A instalaccedilatildeo dos leitos de UTI no hospital privado foi negociada pela SES Essa

parceria puacuteblico-privada ao mesmo tempo em que criou o acesso na regiatildeo oficializou

a continuidade da assistecircncia privada que jaacute pressionava o setor puacuteblico com escolhas

para atendimento e pagamento diferenciado ldquoa resoluccedilatildeo vem no tempo deles da forma

que eles querem fazer dos valores que eles querem cobrarrdquo (GM) A falta de

capacidade instalada puacuteblica associada agrave baixa capacidade regulatoacuteria impede o

57

Convecircnio 0062010 - entre as obrigaccedilotildees do prestador cita que deve atender a todas as constantes na

Lei 866693 Decreto Governo Estado 721706 modificado pelos 721806 819906 e 842606

121

cumprimento da funccedilatildeo puacuteblica na conduccedilatildeo do SUS (Fleury et al 2006) que por

vezes se submete aos interesses privados que nesta regiatildeo satildeo bem organizados

Ao longo dos anos essa parceria foi definindo o comportamento dos atores

puacuteblicos e privados na regiatildeo Motivados pelo acesso e pela resoluccedilatildeo dos problemas a

um menor tempo os gestores desta regiatildeo continuaram pactuando com o prestador

privado os serviccedilos foram ampliados mas com tabelas de pagamento complementar

A expansatildeo da rede privada natildeo foi um processo paralelo e independente da

poliacutetica puacuteblica de sauacutede ou seja as decisotildees governamentais do passado de parceria

com o setor privado contribuiacuteram para aumentar a sua demanda O mix puacuteblico-privado

na rede de serviccedilos da regiatildeo foi instituiacutedo fortaleceu e legitimou a opccedilatildeo privada

Essas decisotildees associadas agraves fragilidades de planejamento regionalizado facilitam para

que sejam canalizados recursos puacuteblicos para o setor privado (Menicucci 2007) em

detrimento da constituiccedilatildeo de uma rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nesta regiatildeo seria diferente se contasse com o apoio do estado

ldquoeacute muito pouco a participaccedilatildeo do estado para o municiacutepio eu acho que ele teria que

participar mais estar mais atuanterdquo (GE) Para o gestor a instalaccedilatildeo dos leitos de UTI

no serviccedilo privado foi ldquotendenciosa () eacute um serviccedilo que poderia ser prestado dentro

de uma estrutura totalmente puacuteblicardquo (GE) A legislaccedilatildeo permite a participaccedilatildeo do setor

privado de forma complementar ao SUS mas se os entes federativos natildeo atuam de

forma ativa para o cumprimento das regras puacuteblicas os resultados podem ser

comprometidos Garantir o acesso a qualidade da assistecircncia e a organizaccedilatildeo dos

serviccedilos implica em maior participaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre entes federativos na

conduccedilatildeo no planejamento e na distribuiccedilatildeo de poder (Viana e Lima 2011)

No entendimento do gestor os instrumentos da regionalizaccedilatildeo estatildeo apenas no

papel A falta de planejamento e investimentos na regiatildeo associada agrave falta de apoio aos

municiacutepios contribui para natildeo efetivar a regionalizaccedilatildeo ldquoainda hoje o tipo de sauacutede

que a gente faz eacute apagar incecircndiordquo Aleacutem disso ldquoos municiacutepios estatildeo cansados

porque na hora que a gente precisa de dinheiro a gente natildeo tem Vocecirc natildeo tem

funcionaacuterio suficiente vocecirc natildeo tem uma equipe treinada A regionalizaccedilatildeo era para

ter o quecirc Quem eacute o suporte teacutecnico A equipe regional natildeo tem diaacuteria para vir no seu

municiacutepio eu mando buscar pago o almoccedilo a diaacuteria e ele natildeo pode vir () natildeo se tem

mais aquela coisa de vir a equipe regional no municiacutepio fazer monitoramento e

122

avaliaccedilatildeo e a gente natildeo consegue parar para fazer isso o municiacutepio eacute muito pequeno

gasta muito para ter profissionais no interior entatildeo natildeo tem como vocecirc ter uma equipe

aquirdquo (GM)

O gestor tem encontrado dificuldades para gerir o Sistema Municipal de Sauacutede

cita insuficiecircncias na quantidade e capacidade teacutecnica de profissionais e de recursos

financeiros para operacionalizar o SUS e natildeo tem contado com a cooperaccedilatildeo teacutecnica do

estado ldquoa equipe da regional conseguia fazer isso em 2006 2005 2004 e e ai eu vejo

assim cadecirc essa regionalizaccedilatildeo () como eu posso pensar numa poliacutetica que eacute

desfinanciadardquo(GM)

A falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica compromete a descentralizaccedilatildeo e o desenvolvimento

da regionalizaccedilatildeo Neste processo cabe aos entes federativos o duplo papel de

executores e articuladores jaacute que as responsabilidades foram compartilhadas para a

busca da eficiecircncia dos serviccedilos para o financiamento para a participaccedilatildeo e conduccedilatildeo

Se um dos entes deixa de exercer a sua parte natildeo se criam as condiccedilotildees para a

implementaccedilatildeo da poliacutetica

Na vigecircncia do pacto a SES criou vaacuterios incentivos como jaacute citados no entanto

desde 2008 as transferecircncias financeiras estatildeo sendo realizadas com meses de atraso e

isto tem repercutido no financiamento da gestatildeo municipal cuja receita depende das

transferecircncias federais e estaduais para operacionalizar os serviccedilos

Nesta regiatildeo o setor privado lidera a oferta diversificada de serviccedilos e o setor

puacuteblico depende do setor privado para o acesso O sistema de sauacutede puacuteblica natildeo eacute

suficientemente regulado o planejamento natildeo eacute atualizado de forma sistematizada natildeo

haacute financiamento para ampliar a oferta de serviccedilos puacuteblicos e as accedilotildees de auditoria

controle e avaliaccedilatildeo satildeo fraacutegeis O Pacto pela Sauacutede reforccedila a importacircncia da regulaccedilatildeo

do sistema natildeo apenas como um instrumento para garantir o acesso mas como uma

ferramenta de gestatildeo Neste sentido eacute preciso implementar o processo de planejamento

nesta regiatildeo Se atualizados o PDR e PDI podem explicitar as necessidades de sauacutede

da regiatildeo as responsabilidades de cada ente federativo as bases para a PPI o formato

do processo regulatoacuterio as estrateacutegias de controle social as linhas de investimento

entre outros (MS 2006)

Observa-se por meio dos relatos uma situaccedilatildeo de corresponsabilidade uma

acomodaccedilatildeo tanto por parte do ente federativo estadual como municipal Cada

123

municiacutepio da regiatildeo busca a soluccedilatildeo do seu problema Se o estado natildeo coordena o

processo pode configurar uma relaccedilatildeo mercantil (Santos e Merhy 2006) um mix

puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo da regiao que interfere na organizaccedilatildeo e oferta dos

serviccedilos

As referecircncias e o fluxo na regiatildeo foram configurados e influenciados pela oferta

de serviccedilos de meacutedia e alta complexidade que estatildeo no setor privado O fortalecimento

deste mix puacuteblico-privado foi facilitado pela baixa capacidade instalada puacuteblica

lideranccedila na capacidade instalada e oferta de serviccedilos de maior complexidade na rede

privada falta de planejamento gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema puacuteblico o que repercutiu

negativamente na regiatildeo O CIS idealizado provisoriamente em parceria com o setor

privado devido agrave falta de estrutura puacuteblica no periacuteodo manteve-se fortaleceu essa

relaccedilatildeo e natildeo se observam por parte da SES e dos gestores municipais iniciativas no

sentido de mudar este modelo de gestatildeo na regiatildeo

Essa maneira de organizar os serviccedilos tem interferido na regulaccedilatildeo da assistecircncia

agrave sauacutede que na maioria das vezes natildeo consegue resolver o problema na rede de

atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo Eacute ldquoo setor privado que demanda Se eles querem atender eles

atendem se eles natildeo querem atender eles natildeo atendem () todo o nosso sistema eacute

demandado pelo privado () se o privado oferecer o serviccedilo tem o serviccedilo se natildeo

oferecer o serviccedilo natildeo tem E noacutes natildeo conseguimos brigar por preccedilo por vaga porque

tudo estaacute laacute no setor privadordquo(GM) Aleacutem disso o pagamento eacute por procedimentos e

estimula o prestador privado a fazer escolhas para a oferta daqueles mais remunerados

mais proacuteximos do valor do mercado o que interfere na regulaccedilatildeo Essa dinacircmica

secundariza a integralidade e contribui para produzir distorccedilotildees nas praacuteticas de sauacutede

(Solla e Paim 2014)

Na regulaccedilatildeo da assistecircncia ldquoaparentemente natildeo haacute conflitosrdquo mas sempre

existem problemas na regiatildeo que surgem no momento em que se solicita a vaga para

internaccedilatildeo tanto na regiatildeo como quando ldquoentra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o problemardquo

(GE) Aleacutem disso depois de regulado para fora da regiatildeo o regulador natildeo consegue

acompanhar o paciente tanto na urgecircnciaemergecircncia como nos casos eletivos Os

reguladores municipais e regionais perdem o contato e as informaccedilotildees Nos casos

eletivos ldquoencaminhamos para a primeira consulta depois o agendamento eacute feito direto

124

com o paciente e vocecirc natildeo consegue mais ter o feedback ()a gente liga se identifica

mas agraves vezes ele foi transferido para outro localrdquo (GE)

Na regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia o gestor refere que eacute comum ouvir do

regulador da capital ldquoeu sei que vocecirc tem a necessidade de regular o paciente mas eu

estou com uns cinco pacientes na mesma situaccedilatildeo que a sua ou pior A rede estaacute

lotada entatildeo assim que surgir a vagardquo (GE) Aleacutem disso agraves vezes eacute liberada a

vaga mas ao chegar ao local eacute informado que natildeo existe vaga e o paciente tem que

retornar ao municiacutepio de origem ldquoa equipe estaacute levando de 8 a 12 hs em Cuiabaacute () e

ela soacute volta quando o paciente realmente foi recebido por um outro profissional

meacutedicordquo(GM)

Eacute tambeacutem relatado pelo gestor que muitas vezes pacientes em estado grave ficam

no municiacutepio aguardando a vaga mas os municiacutepios natildeo dispotildeem de capacidade

instalada para monitorar o paciente e a situaccedilatildeo se agrava ldquochegando a ficar de 5 a 10

dias acaba perdendo o pacienterdquo Entatildeo ldquoque lugar ocupa a regionalizaccedilatildeo () aqui

a gente natildeo tem hemodiaacutelise natildeo tem uma nutriccedilatildeo parenteral a gente natildeo tem uma

forma de dar vida para ele eacute muito difiacutecil () eu percebo que o estado dorme nesse

sentidordquo (GE) Estas situaccedilotildees com frequecircncia geram insatisfaccedilotildees dos reguladores

gestores e usuaacuterios do SUS (Cordeiro et al2010)

Nesta regiatildeo a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada pela SES

Com essa modificaccedilatildeo a Central Regional perdeu parte de suas funccedilotildees e as relaccedilotildees

com os meacutedicos reguladores dos municiacutepios jaacute natildeo acontecem visto que o contato eacute

diretamente com a Central Estadual Isso tem gerado muitas dificuldades para os

reguladores municipais encaminharem suas demandas de urgecircnciaemergecircncia aleacutem da

demora no acesso agrave vaga

Com a recentralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo os problemas continuaram o gestor relata um

caso de traumatismo craniano que ldquofoi regulado por Cuiabaacuterdquo e encaminhado para a

unidade mista de Tangaraacute da Serra que natildeo tem centro ciruacutergico Assim como este

caso outros ocorreram mais de uma vez geraram conflitos e questionamentos quanto agrave

prioridade da SES com a regionalizaccedilatildeo Para o gestor a SES natildeo investe recursos e natildeo

atende agrave regiatildeo como foi o caso do SAMU debatido no CGR Os gestores questionaram

a centralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo e pediram que a regulaccedilatildeo do SAMU ficasse na regiatildeo

mas natildeo foram atendidos

125

Tanto a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia como a dos demais procedimentos

apresenta problemas Foi relatado que em reuniatildeo do Conselho Estadual de Sauacutede a

equipe de auditoria da SES apresentou ldquolista de espera de 1500 pessoasrdquo para

colonoscopia ao mesmo tempo o prestador conveniado afirmou ldquoter cumprido 7 de

colonoscopia porque natildeo havia pacienterdquo e uma participante dessa reuniatildeo relatou que

sua irmatilde com cacircncer estava ldquohaacute 6 meses na fila de espera para realizar este examerdquo

(GM)

Esses casos mostram a fragilidade da regulaccedilatildeo no estado ldquonatildeo existe regulaccedilatildeo

Existem papeacuteis que correm para laacute e para caacute e se perdem e se acham e a demanda natildeo

encontra a ofertardquo (GM) Natildeo haacute como negar que essas citaccedilotildees se referem aos

problemas da gestatildeo puacuteblica do sistema de sauacutede e requerem a atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo

por parte dos atores institucionais e natildeo institucionais A regulaccedilatildeo no estado e nesta

regiatildeo eacute fraacutegil apresenta conflitos problemas na organizaccedilatildeo na gestatildeo e nos fluxos As

gestotildees do sistema nas regiotildees necessitam de iniciativas no sentido de formar redes

integradas regionalizadas e resolutivas conforme as necessidades para de fato tornarem-

se autocircnomas (Viana et al 2010b) Os sistemas de regulaccedilatildeo da assistecircncia no estado e

na regiatildeo precisam de uma gestatildeo mais efetiva

Os serviccedilos contratualizados pelo CIS natildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo como os demais serviccedilos conveniados ao SUS A equipe do CIS apenas

confere as guias liberadas as utilizadas e as cotas extras solicitadas pelos municiacutepios A

regulaccedilatildeo destas guias eacute realizada pelas Centrais Municipais Embora o Pacto pela

Sauacutede contemple como responsabilidades do estado ldquomonitorar e avaliar o

funcionamento dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutederdquo (MS 2006) natildeo se verifica

por parte da Central de Regulaccedilatildeo Regional nem da Central Estadual a utilizaccedilatildeo de

instrumentos que disciplinem as relaccedilotildees de controle regulaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos serviccedilos ofertados pelo CIS Eacute baixa a regulaccedilatildeo institucional em relaccedilatildeo aos

serviccedilos privados vinculados ao consoacutercio

Tais problemas mostram que agrave semelhanccedila de outros estados (Lima et al 2012)

a regulaccedilatildeo da assistecircncia tambeacutem eacute fraacutegil em Mato Grosso A regulaccedilatildeo nesta regiatildeo e

nos municiacutepios requer cooperaccedilatildeo do estado para sua organizaccedilatildeo e funcionamento

O controle e a avaliaccedilatildeo da central regional de regulaccedilatildeo natildeo tecircm sido realizados

a equipe alega ter perdido o controle desde que as atividades foram recentralizadas A

126

Central de Cuiabaacute comunica as solicitaccedilotildees de serviccedilos enviados pela Central Regional

diretamente ao paciente ou municiacutepio ldquoa gente tinha ateacute certo ponto um controle ()

agora a gente natildeo consegue () sabe que o municiacutepio conseguiu () foi uma

negociaccedilatildeo direta do municiacutepio com o prestadorrdquo (GE) Agrava esta questatildeo a ausecircncia

de um sistema de informaccedilatildeo da regulaccedilatildeo interligado de forma a facilitar ao gestor o

acesso ao sistema para identificar o desfecho da sua solicitaccedilatildeo

De forma natildeo estruturada o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

satildeo parcialmente realizadas pelos gestores municipais do SUS que em geral exercem

tais atividades no cotidiano da gestatildeo que realiza atividades de compra e

contratualizaccedilatildeo de serviccedilos acompanha as atividades financeiras realiza

cadastramento dos serviccedilos e alimenta os sistemas de informaccedilatildeo entre outros Na

regiatildeo os principais instrumentos que servem de base para o acompanhamento e

monitoramento das accedilotildees satildeo o Plano Municipal de Sauacutede o Relatoacuterio de Gestatildeo a

PPI o PDR o PDI Termo de Compromisso de Gestatildeo e o Pacto dos indicadores Como

jaacute ressaltados o PDR e o PDI estatildeo desatualizados e natildeo satildeo monitorados

Com o Pacto pela Sauacutede os insumos dos sistemas de informaccedilatildeo que eram

monitorados pelo ERS passaram a ser enviados on line diretamente para o MS ldquoalguns

programas eacute soacute entre o municiacutepio e o Ministeacuteriordquo Desta forma o contato do municiacutepio

eacute direto com o MS e os teacutecnicos do ERS julgam que este fato contribuiu para afastar os

municiacutepios do ERS e afirmam ldquonoacutes monitoramos avaliamos acompanhamos o serviccedilo

pelo sistema nacional de informaccedilatildeordquo (GE) ou por e-mail telefone ou na sede mas o

espaccedilo fiacutesico eacute inadequado pois o ERS natildeo tem estrutura proacutepria funciona nos fundos

do preacutedio do INSS

As atividades de controle e avaliaccedilatildeo que eram realizadas pela equipe do ERS

ficaram prejudicadas os teacutecnicos do ERS soacute acessam ldquoaquilo que eacute puacuteblico para

todosrdquo Gestores municipais tambeacutem atribuem ao distanciamento dos municiacutepios do

ERS o fato de a SES ter mudado a sua conduccedilatildeo e recentralizado muitas accedilotildees que antes

eram desenvolvidas pelo ERS Entatildeo ldquoo municiacutepio trata direto com a SES que tambeacutem

pula o ERS e passa informaccedilotildeesrdquo(GM) No que se refere ao ERS ldquoas coisas satildeo

decididas de cima vem para noacutes noacutes temos que passar para o municiacutepio () muitos

trabalhos foram descentralizados para noacutes mas () falta capacitaccedilatildeordquo (GE) O ERS

127

vem perdendo sua funccedilatildeo e jaacute natildeo haacute clareza quanto ao seu papel ldquoa gente ainda natildeo

conseguiu enxergar o que eacute que a SES quer do ERS esse eacute o pontordquo (GE)

Monitoramento controle e avaliaccedilatildeo fazem parte das atividades da SES de forma

estruturada mas o gestor afirma que aquela conduccedilatildeo da SESERS de monitorar os

indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo para levantar as dificuldades

cooperar para intervir jaacute natildeo eacute realizada No acircmbito dos municiacutepios esse

monitoramento tambeacutem natildeo eacute realizado e justificado pelo gestor pelo despreparo dos

profissionais para tais atividades

Observa-se incipiecircncia da regulaccedilatildeo no estado e na regiatildeo As bases da regulaccedilatildeo

foram instituiacutedas ainda antes do pacto mas na vigecircncia do pacto os instrumentos

regulatoacuterios natildeo foram suficientes para inserir mudanccedilas na gestatildeo e cabe aos entes

federativos a intransferiacutevel macrofunccedilatildeo de prover accedilotildees e serviccedilos de regular o setor

sauacutede em seus vaacuterios aspectos da gestatildeo da prestaccedilatildeo da assistecircncia do financiamento e

da administraccedilatildeo para equilibrar os vazios assistenciais da oferta e da demanda

(CONASS 2011)

As competecircncias e atribuiccedilotildees da regulaccedilatildeo satildeo amplas referem-se natildeo somente agrave

fiscalizaccedilatildeo e ao controle mas tambeacutem ao estabelecimento de regras e mecanismos para

a orientaccedilatildeo deste sistema de sauacutede compreendendo os meios e os fins que possam

melhorar o acesso aumentar a cobertura e aleacutem disso na perspectiva da equidade

atender agraves necessidades e direitos do cidadatildeo (Nascimento 2009)

Nesta regiatildeo natildeo haacute clareza desta importante funccedilatildeo aleacutem disso muitos gestores

pela falta de conhecimento natildeo satildeo comprometidos o suficiente para de fato exercer o

seu papel que se agrava pela falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado Essas praacuteticas

limitam a oferta de serviccedilos puacuteblicos e geram demandas reprimidas

No entendimento do gestor foram ldquoos municiacutepios que assumiram a regionalizaccedilatildeo

e pagam financeiramente um preccedilo muito altordquo(GM) Passaram a ter maior autonomia

em gerir os seus recursos mas tambeacutem a ldquover que eacute difiacutecil planejar a sauacutede () que o

recurso que vem nem sempre eles conseguem gastar naquilo que eacute prioridade entatildeo

essa tambeacutem eacute uma dificuldade e muitas vezes o recurso acaba sendo mal gastordquo (GE)

O PDR o PDI e a PPI que poderiam ser instrumentos de direcionamento da

regionalizaccedilatildeo natildeo se constituem em instrumentos de integraccedilatildeo intermunicipal Aleacutem

disso a conduccedilatildeo da SESERS estaacute muito mais voltada para as suas funccedilotildees internas

128

Sua maneira de executar a poliacutetica natildeo corresponde agravequilo que estaacute contemplado no

PPA o que tem enfraquecido suas funccedilotildees

As funccedilotildees desenvolvidas pelo ERS natildeo tecircm correspondido agrave sua missatildeo que eacute

justificada pela falta de recursos financeiros Suas atividades correspondem muito mais

ao repasse das demandas provenientes da SES e do MS do que ao fortalecimento da

regiatildeo Esse tipo de conduccedilatildeo contribui com o posicionamento individual do gestor

municipal cujos problemas natildeo satildeo percebidos como da regiatildeo buscando-a apenas

quando se vecircem diante de dificuldades frente as quais ele natildeo consegue ser

autossuficiente ldquose eu estou bem no meu municiacutepio com o meu prefeito se eu consigo

me resolver isso eacute problema meurdquo (GM)

Nesta regiatildeo a rede de atenccedilatildeo deixa a desejar natildeo haacute capacidade instalada que a

torne autocircnoma e resolutiva os recursos financeiros satildeo escassos e resultam em

iniquidades no acesso ao ciclo completo de atenccedilatildeo Aleacutem disso o gestor destaca que

nesta regiatildeo ldquofalta aquilo que estaacute na lei aquela solidariedade neacute porque a regiatildeo eacute

feita por solidariedade e eu sinto a ausecircncia disto na regiatildeo solidariedaderdquo (GM)

A falta de solidariedade ocorre em especial pela falta de clareza quanto agraves regras

nas relaccedilotildees interfederativas e tornam-se mais expliacutecitas nas propostas de

regionalizaccedilatildeo que requerem o fortalecimento de tais relaccedilotildees Essa falta de

compartilhamento de responsabilidades entre os entes federativos tende a ser superada

quando haacute um planejamento intergovernamental quando as accedilotildees satildeo coordenadas e

reguladas para organizar os fluxos assistenciais (Silva 2013)

As limitaccedilotildees do planejamento na regiatildeo podem ser evidenciadas quando o gestor

relata ldquoa gente natildeo senta natildeo discute natildeo levanta dados natildeo trabalha com dados

Trabalha no conhecimento do achismo isso eacute uma deficiecircncia muito grande porque eu

penso se noacutes tiveacutessemos sentado e feito o levantamento das necessidades das nossas

potencialidades e saber aonde eacute que queriacuteamos chegar noacutes jaacute conseguiriacuteamos

caminhar Quando fala () vai sentar para negociar eacute toda vez () toda vez

passamos um pouco de vergonha porque natildeo temos dados natildeo temos nuacutemeros a gente

natildeo consegue levantar nem a demanda e nem a oferta Assim uma das maiores

dificuldades que eu acho que eacute isso A regiatildeo natildeo se reconhece natildeo se percebe eacute isso

se conhecer se perceber saber onde estaacute e para onde tem que irrdquo (GM)

129

Estes relatos permitem afirmar que a poliacutetica de regionalizaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede natildeo estaacute sendo trabalhada nesta regiatildeo A regionalizaccedilatildeo em pauta se limita agrave

delimitaccedilatildeo do territoacuterio e natildeo se considera o seu processo que estaacute permeado por

conflitos e tensotildees A regiatildeo natildeo eacute reconhecida pelos seus integrantes natildeo haacute um

sentido de pertencimento natildeo haacute coordenaccedilatildeo regionalizada natildeo haacute motivaccedilatildeo pelo

coletivo e o ERS segue conduzindo a regiatildeo com as demandas oriundas da SES e do

MS

Eacute preciso recriar as condiccedilotildees para implementar a poliacutetica regionalizada nesta

regiatildeo Isto requer arranjos ajustes organizaccedilatildeo planejamento regionalizado

compartilhado para a construccedilatildeo de uma rede de serviccedilos que seja capaz de responder

agraves necessidades da populaccedilatildeo considerando as diversidades econocircmica social

poliacutetico-administrativa e cultural

A participaccedilatildeo do estado na implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo eacute fundamentalldquoo

estado eacute o grande articulador ou pelo menos deveria serrdquo(GM) Sem a participaccedilatildeo do

estado a regionalizaccedilatildeo natildeo acontece Muitos dos gestores ainda estatildeo despreparados

quanto agrave poliacutetica de sauacutede Se natildeo haacute clareza por parte dos entes federativos municipais

a regionalizaccedilatildeo fica comprometida ldquoeles vatildeo ter que entender para decidir de que

forma a regiatildeo vai se organizar ir atraacutes de investimentos e a gente precisa de

influecircncia poliacutetica para trazer algum recurso para a regiatildeo porque do jeito que estaacute a

gente estaacute perdendo recursordquo(GE)

O pacto trouxe maior autonomia para os municiacutepios e possibilidades de realizar

pactuaccedilotildees com flexibilidade entre os gestores mas eacute um processo que requer

participaccedilatildeo conhecimento entendimento sobre o sistema de sauacutede e sobretudo

capacidade para desenvolver o planejamento e articulaccedilatildeo regional com regras claras

quanto agraves relaccedilotildees interfederativas e a responsabilidade compartilhada (Lavras 2011)

Aleacutem da mobilizaccedilatildeo e lideranccedila teacutecnica o processo de regionalizaccedilatildeo nesta

regiatildeo precisa da lideranccedila poliacutetica A regiatildeo tem potencialidades atores natildeo

institucionais a serem considerados e articulados ldquonoacutes temos um suplente de senador na

regiatildeo temos um deputado na regiatildeordquo (GM) e precisam ser mobilizados para os

investimentos regionais

Os relatos aqui explicitados mostram as dificuldades enfrentadas pelos gestores

desta regiatildeo na gestatildeo municipal e na governanccedila regionalizada prevista no Pacto pela

130

Sauacutede Aleacutem disso evidenciam tambeacutem a necessidade de investir em educaccedilatildeo

permanente que fortaleccedila a capacidade de gestatildeo o planejamento o controle a

avaliaccedilatildeo e o monitoramento das accedilotildees de forma a adequaacute-las agraves necessidades Eacute

fundamental capacitar para entender que o processo regulatoacuterio de forma planejada

redimensiona a oferta e qualifica a utilizaccedilatildeo dos recursos assistenciais e financeiros eacute

um salto para a melhoria e eficiecircncia do sistema e pode garantir o direito constitucional

agrave sauacutede

7 Governanccedila do Processo

de Regionalizaccedilatildeo na Regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra

132

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

Com a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo legalmente o gestor local

e as instacircncias regionalizadas passaram a ter maior importacircncia na conduccedilatildeo da poliacutetica

assumiram responsabilidades compartilhadas na gestatildeo na contratualizaccedilatildeo no

planejamento no controle e na regulaccedilatildeo dos serviccedilos da rede de atenccedilatildeo da regiatildeo

Responsabilidades que requerem novas relaccedilotildees entre os diferentes atores envolvidos no

processo aperfeiccediloamento teacutecnico e gerencial (Arretche 2010) e articulaccedilatildeo para a

gestatildeo colegiada

O Pacto pela Sauacutede contempla um novo ciclo da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo Sua efetivaccedilatildeo depende da cooperaccedilatildeo e de pactos interfederativos de

forma solidaacuteria e compartilhada (Machado et al 2010) O papel a ser desempenhado

pela SES como condutora deste processo eacute determinante para o desenvolvimento de

competecircncias e busca de soluccedilotildees intersetoriais (Junqueira 2000) para interesses

coletivos

Na vigecircncia do pacto a gestatildeo estadual passou por trocas sucessivas que

refletiram na sua maneira de gerir e conduzir a Poliacutetica Estadual A gestatildeo tem-se

modificado tem sido permeada por ldquointeresses pessoal e partidaacuterio () tendenciosos a

praacuteticas pessoaisrdquo (GM) e ldquonatildeo existe uma linha da poliacutetica de sauacutederdquo tem gerado

ldquoconflitos de interessesrdquo (GM)

Nesta regiatildeo de sauacutede o papel desempenhado pela SES tem sido ldquomuito

fragmentado aquele projeto da regionalizaccedilatildeo que era feito a vaacuterias matildeos hoje natildeo

existe mais () noacutes natildeo somos ouvidosrdquo (GM) O gestor julga que deve haver ldquoalgum

interesserdquo que faz com que uma regiatildeo com mais de 200 mil habitantes natildeo tenha ldquoo

investimento na sauacutede puacuteblica numa linha continuada satildeo sempre pontuais e

ocorrem quando os gestores se levantam vatildeo laacute apagam o fogo e pronto acabourdquo

(GM) Cita como exemplo as tentativas de transformar a Unidade Mista de Tangaraacute da

Serra em hospital regional mas ldquonatildeo era interesse dele gestor estadual em fazer o

hospital regional em abrir nenhum hospital regional () ele queria terceirizar o

serviccedilordquo (GE)

133

Com a implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede ldquoo estado descentralizou mas natildeo

descentralizou o recurso natildeo quer descentralizar a parte teacutecnica satildeo muitos

conflitos talvez por medo de perder o poder que queira ou natildeo ainda emana este

poder no estado () ele eacute o maior ele eacute o rei e noacutes como somos todos os feudos

temos que ficar pedindo sempre () ele continua da mesma forma () eacute uma relaccedilatildeo

muito autoritaacuteria do governo estadual muito alheia ao problema da assistecircnciardquo (GM)

Oficialmente as responsabilidades foram compartilhadas houve a assinatura do

Termo de Compromisso de Gestatildeo mas o estado natildeo tem cumprido com a sua parte na

cooperaccedilatildeo teacutecnica no financiamento na regulaccedilatildeo e tem repercutido na governanccedila da

regiatildeo Os Sistemas Municipais de Sauacutede natildeo satildeo autossuficientes dependem da

cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado para fortalecer a sua capacidade institucional e da regiatildeo

Esta funccedilatildeo implica mudanccedilas no papel do Estado e dos municiacutepios em dividir

desenvolver competecircncias e cumprir com as responsabilidades compartilhadas O

processo de regionalizaccedilatildeo tem sido permeado por tensotildees interfederativas (Noronha et

al 2012) nesta regiatildeo natildeo tem sido pautado pelo planejamento integrado

regionalizado com base nas necessidades da rede de serviccedilos do territoacuterio com

financiamento regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo teacutecnica

Entre as dificuldades citadas pelo gestor a principal ldquoeacute o financiamentordquo (GM) e

tambeacutem tem refletido na atuaccedilatildeo do ERS junto aos municiacutepios ldquoa gente percebe que

quando um ERS natildeo consegue mais dar suporte para o municiacutepio que natildeo vai mais ao

municiacutepio isso eacute um enfraquecimento do SUS de uma forma geralrdquo e acrescenta

quando ldquoo estado natildeo encampa a educaccedilatildeo ensino em serviccedilo a formaccedilatildeo continuada

do gestor a gente percebe tambeacutem que natildeo quer que aconteccedila o fortalecimento do

SUSrdquo (GM)

O gestor municipal e a equipe do ERS natildeo tecircm recebido capacitaccedilotildees com

suficiecircncia para influenciar positivamente o processo de descentralizaccedilatildeo ldquoos

municiacutepios estatildeo se capacitando sozinhos () os teacutecnicos do ERS natildeo se entendem

eles natildeo se percebem enquanto atores () noacutes percebemos limitaccedilotildees falta de

prioridade do estado em capacitar os profissionaisrdquo (GM) Segundo o gestor

municipal as informaccedilotildees satildeo repassadas pelo COSEMS e eacute comum a equipe do ERS

expressar ldquomas o estado natildeo nos repassou issordquo (GM)

134

No ERS e na SES ainda existem teacutecnicos que participaram do processo de

regionalizaccedilatildeo implantado no periacuteodo anterior ao pacto Segundo o gestor ldquosabem o

que tem que fazer e natildeo conseguem fazerrdquo e isso ldquoeacute velado as pessoas natildeo se sentem

confortaacuteveis para falar o que tem que falar para falar o que pensam para dizer o que

precisa ser ditordquo (GM) e reitera ldquoa gente sabe que estaacute muito difiacutecil para o escritoacuterio

porque eacute corte em cima de corte haacute trecircs anos eles ERS tecircm dificuldade de vir nos

municiacutepios () hoje noacutes percebemos haacute um esfacelamentordquo (GM)

As relaccedilotildees da SES com a regiatildeo e os teacutecnicos do ERS estatildeo distantes e

enfraquecidas ldquoeu acho que falta um pouco deles SES conhecer a nossa realidade

aqui enquanto ERS das atividades da regiatildeo de conhecer a regiatildeo () que se estaacute

falando de interior () a gente tem sentido a falta desse elo da SES com o ERSrdquo (GE)

As relaccedilotildees dos teacutecnicos do ERS com os gestores municipais satildeo formais e

teacutecnicas ocorrem in loco na sede do ERS ou no CGR mas ldquoa gente percebe que existe

um enfraquecimentordquo (GM) Com o pacto muitos dos sistemas de informaccedilotildees foram

modificados e os teacutecnicos natildeo estatildeo preparados para ldquodar este suporterdquo (GM) e nesse

caso os gestores municipais procuram a SES MS ou COSEMS

As relaccedilotildees entre os teacutecnicos do ERS e SMS satildeo importantes em especial pelo

conhecimento que eles tecircm sobre a regiatildeo Satildeo relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo divergentes e

conflitantes sobretudo ldquoquando noacutes colocamos a omissatildeo do estado na poliacuteticardquo e os

membros do ERS defendem o estado Aleacutem disso o gestor afirma que ldquoagraves vezes o ERS

natildeo se percebe enquanto regiatildeo mas como estado e aiacute dentro disto percebemos que

existem discordacircncias Noacutes fazemos cobranccedila principalmente de acesso de recurso e

agraves vezes satildeo conflitantesrdquo (GM)

Satildeo comportamentos influenciados pela falta de clareza dos papeacuteis das instacircncias

em relaccedilatildeo ao processo de regionalizaccedilatildeo No entendimento do gestor os teacutecnicos do

ERS representam ldquoa interface entre o gestor do niacutevel central com o municipal e a

gente segue a poliacutetica de sauacutede conforme eles SES colocam () principalmente aquilo

que chega do Ministeacuteriordquo (GE) mas agraves vezes as accedilotildees propostas natildeo se adequam ao

porte dos municiacutepios e agraves caracteriacutesticas da regiatildeo e ocorrem conflitos resistecircncias e

nestes casos a gestora refere ter que ldquotrabalhar essas adequaccedilotildees para que se chegue a

um acordordquo (GE)

135

Entre os gestores municipais no geral as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias cooperativas e

tambeacutem conflitivas Eacute comum cada um defender a sua realidade o seu proacuteprio

benefiacutecio natildeo havendo preocupaccedilotildees em ldquobeneficiar a regiatildeordquo (GM) Segundo o

gestor estas posiccedilotildees ocorrem nas reuniotildees da CIB estadual e nas do colegiado e

ldquodependendo da eacutepoca em que vocecirc estaacute tem influecircncia das questotildees partidaacuterias e se

houver recurso no meio existem sim interesses particularesrdquo (GE)

Os conflitos estatildeo presentes tambeacutem devido agraves transferecircncias irregulares dos

recursos financeiros por parte do estado aos municiacutepios ldquoa partir do momento que vocecirc

natildeo tem o repasse fidedigno dos incentivos a relaccedilatildeo que mais predomina eacute de

conflito de descreacutedito () eacute uma relaccedilatildeo de desconfianccedila () natildeo pode confiar e

dizer eu assinei um convecircnio e isso vai sair natildeo natildeo tem seguranccedilardquo (GM) A

insuficiecircncia de recursos financeiros locais e regionais associada agrave complexidade e

diversidade do modelo de atenccedilatildeo manteacutem as desigualdades entre os entes federativos

(Viana et al2002) geram tensotildees desconfianccedila intensificam as relaccedilotildees competidoras

e predatoacuterias e fragilizam a poliacutetica regionalizada

Os conflitos intergovernamentais e as relaccedilotildees de desconfianccedila foram construiacutedos

ldquoantes a pactuaccedilatildeo era cumprida os acordos eram cumpridos hoje se faz um acordo e

vocecirc natildeo vecirc assim empenho do estado em cumprir esse acordo () os prefeitos jaacute natildeo

acreditam na administraccedilatildeordquo (GM) Aleacutem de natildeo cumprir o pactuado a SES vem

ldquodescuidando do puacuteblico e privilegiando o privadordquo (GM) Estas relaccedilotildees de

desconfianccedila tecircm resultado em conflitos e comportamentos individualizados cada um

busca resolver apenas os seus problemas municipais de acesso aos serviccedilos

Embora instituiacuteda e contemplada no PES natildeo se observa que a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede seja prioridade na agenda do gestor estadual e da regiatildeo O gestor julga que a

regionalizaccedilatildeo estaacute apenas no papel ldquonoacutes natildeo somos ouvidos isso tudo estaacute ficando

distante da realidade o paciente necessita de consulta de exame de atendimento de

urgecircncia e noacutes temos uma carecircncia imensa na regiatildeo de tudo aquilo que foi planejadordquo

(GM) e afirma ldquonatildeo se observa modificaccedilotildees no comportamento da gestatildeo estadualrdquo

(GE) para cumprir suas responsabilidades assumidas no Termo de Compromisso de

Gestatildeo

Desprovida de accedilotildees coordenadas e de uma rede de atenccedilatildeo que atenda aos

diversos interesses do territoacuterio (Noronha et al 2012) os relatos mostram que esta

136

regiatildeo estaacute desarticulada O equiliacutebrio pode ser obtido mas requer articulaccedilatildeo

coordenaccedilatildeo e iniciativas entre os atores de representaccedilatildeo teacutecnica e poliacutetica do estado e

regiatildeo para planejar a rede regionalizada de atenccedilatildeo agrave sauacutede (Viana e Lima 2011)

A falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo manteacutem seacuterios problemas

que produzem iniquidades as relaccedilotildees estabelecidas e as deliberaccedilotildees expressam os

interesses de cada gestor de forma a atender antes de tudo aos seus objetivos (Abrucio

2002) Satildeo comportamentos que geram fragmentaccedilatildeo descontinuidade do cuidado agrave

sauacutede e ameaccedilam a governanccedila indicativos que comprometem e alertam para as

condiccedilotildees desfavoraacuteveis ao processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As relaccedilotildees entre o gestor puacuteblico e o privado nesta regiatildeo satildeo institucionalizadas

e formais e ocorrem por meio de convecircnios estabelecidos entre o estado o municiacutepio e

o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede com as empresas prestadoras de serviccedilos com o

profissional liberal de sauacutede eou por meio de medidas administrativas demandadas pela

regulaccedilatildeo As relaccedilotildees tambeacutem ocorrem informalmente quando o gestor municipal faz o

pagamento pelo serviccedilo prestado direto para o profissional que natildeo aceita atender as

demandas do SUS

As relaccedilotildees entre os gestores e os prestadores por meio do CIS satildeo permeadas por

tensatildeo tecircm um custo elevado geram dificuldades financeiras mas ldquotem sido a nossa

saiacuteda principalmente frente agrave omissatildeo do estadordquo (GM) O CIS ainda hoje natildeo conta

com estrutura puacuteblica para instalar seus serviccedilos e natildeo haacute previsatildeo de investimentos

puacuteblicos para expansatildeo da rede de atenccedilatildeo

As relaccedilotildees com o setor privado satildeo importantes e significativas ampliam a oferta

imediata dos serviccedilos geram benefiacutecios contribuem para a resoluccedilatildeo dos problemas na

regiatildeo complementam a rede de atenccedilatildeo e o acesso eacute mais raacutepidoldquotira de riscos da

viagem para Cuiabaacuterdquo (GM) Para o gestor esta parceria oferece atendimento

especializado Sem o estabelecimento de pacto com outros gestores dificilmente um

gestor municipal conseguiria trazer para a rede puacuteblica tal especialidade devido ao custo

do serviccedilo que eacute elevado

O gestor privado considera que as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado podem

contribuir para a vinda de novas especialidades e serviccedilos fixar profissionais no

municiacutepio e regiatildeo desenvolver socioeconomicamente o municiacutepio e a regiatildeo

diversificar a oferta e melhorar a complexidade dos serviccedilos oferecidos Uma das

137

dificuldades de adesatildeo das empresas ao plano de sauacutede eacute a falta de profissionais nos

municiacutepios As existentes estatildeo concentradas em Tangaraacute da Serra que dista de 120 a

225 km dos demais municiacutepios No entendimento do gestor puacuteblico quanto mais o setor

privado diversificar os serviccedilos ofertados mais a regiatildeo vai se beneficiar ldquoo privado

consegue trazer muito mais profissionais para a regiatildeordquo (GM)

Por meio das entrevistas pode-se constatar que as diferentes especialidades

concentradas e estruturadas no setor privado permitem ao prestador impor as condiccedilotildees

para atender propor acordos para aumento dos valores da tabela complementar ou

tabela especiacutefica para atendimento A tabela SUS eacute a referecircncia para a contratualizaccedilatildeo

dos serviccedilosldquoa gente sempre paga uma tabela e meia a duas tabelas () eacute uma tabela

de referecircncia mas a maior parte dos procedimentos eles satildeo co-financiadosrdquo (GM)

Embora os gestores valorizem esta parceria como alternativa da regiatildeo e com

muitos benefiacutecios pontuam que o negativo eacute o fato de o setor privado escolher os

serviccedilos que vai colocar agrave disposiccedilatildeo do SUSldquoeles prestadores privado tecircm

sufocado vivemos sob ameaccedilardquo (GM) e influenciam para que natildeo ocorram

investimentos puacuteblicos

Muitas vezes natildeo haacute consenso entre os gestores quanto aos valores propostos pelo

prestador privado e tecircm ocorrido puniccedilotildees Um dos prestadores privado suspendeu o

atendimento aos partos e as cirurgias (geral e eletiva) e o gestor municipal teve que

encaminhar sua demanda para hospitais de outros municiacutepios outro gestor cita que ldquoele

prestador privado fechou as portas noacutes tivemos que encaminhar para Cuiabaacute ()

isso prejudicou e ateacute que chega o resultado o paciente agraves vezes jaacute foi a oacutebitordquo (GE)

Outro exemplo refere-se agrave contratualizaccedilatildeo de um serviccedilo especializado Os

especialistas natildeo aceitavam serem contratados pelo CIS mas quando um terceiro

especialista chegou agrave regiatildeo e aceitou a tabela os demais exigiram que tambeacutem fossem

contratados ldquonoacutes estamos agrave mercecirc do privadordquo (GM) e estes problemas ocorrem ldquopela

falta de outras opccedilotildeesrdquo (GM) O gestor afirma que ou os municiacutepios direcionam tudo

para determinado estabelecimento ou ldquocorre o risco de natildeo atender ningueacutemrdquo (GE)

O negativo eacute a ldquofalta de infraestrutura na regiatildeo tanto no setor puacuteblico como no

privado () cateterismo tem que ser feito em Cuiabaacuterdquo (GP) faltam especialidades

meacutedicas no setor puacuteblico e no privado e diz ldquoa gente vecirc cada vez mais um nuacutemero

reduzido de pessoas conseguindo executar serviccedilos pela tabela federal do SUSrdquo (GP)

138

Este gestor julga que a tabela SUS estaacute defasada e influencia de forma negativa essa

relaccedilatildeo

As relaccedilotildees puacuteblico-privadas satildeo consideradas positivas para o acesso na regiatildeo

mas ao mesmo tempo que representam facilidades satildeo tambeacutem as dificuldades da

regiatildeo O gestor refere que somente agora percebe que a ldquopresenccedila deles prestadores

privados de uma forma em geral natildeo permitiu ao longo do tempo o crescimento

estrutural puacuteblicordquo julgam que satildeo ldquoinfluecircncias negativas com certeza () ele

prestador privado dificulta a inserccedilatildeo do serviccedilo publicordquo (GM)

Segundo a gestora municipal manter essa parceria eacute a alternativa do momento

mas refere que o custo desta parceria parece natildeo ser percebida pelo estado e por

gestores de outras regiotildees que por vezes citam nas reuniotildees da CIB e COSEMS que

esta regiatildeo tem ldquoresolutividaderdquo (GM)

Essa ldquoresolutividaderdquo somente ocorre porque ldquonoacutes compramos esse serviccedilo e

muito caro () a meu ver esta eacute a regional que mais gasta com a iniciativa privada e

ela eacute vista como a mais resolutiva sabia Soacute que ningueacutem sabe o preccedilo que a gente

paga por issordquo (GM) Para esta gestora a ldquoresolutividaderdquo resultou em certa

acomodaccedilatildeo por parte do estado que natildeo tem investido em obras puacuteblicas na regiatildeo A

participaccedilatildeo do setor privado jaacute deveria ter sido substituiacuteda ldquoexiste certo marasmo por

ter o serviccedilo privado eacute mais faacutecil comprar do que proporrdquo (GE) Este tipo de parceria

aparentemente traz resolutividade mas fortalece o subsistema privado de sauacutede (Ockeacute-

Reis e Sophia 2009) Nesta regiatildeo esta parceria tem influenciado o sistema puacuteblico de

sauacutede na medida em que produz efeitos sobre sua regulaccedilatildeo sobre o financiamento

puacuteblico e sobre a incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica entre outros

O ente estadual tem participado timidamente do financiamento dos serviccedilos

atraveacutes dos incentivos da atenccedilatildeo baacutesica e do CIS e enquanto os municiacutepios

continuarem resolvendo os problemas sozinhos natildeo buscando alternativas e

comprometimento do estado para fortalecer a rede puacuteblica da regiatildeo o setor privado vai

se fortalecer vai continuar ampliando sua rede influenciando a demanda da regiatildeo

impondo suas regras e contribuindo para o enfraquecimento e mau desempenho do setor

puacuteblico Se natildeo houver planejamento e investimentos para ampliar a capacidade

instalada puacuteblica se o governo estadual natildeo coordenar e investir na gestatildeo puacuteblica na

139

regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a assistecircncia privada vai continuar influenciando e

fortalecendo-se com a forte transferecircncia de recursos puacuteblicos (Menicucci 2007)

Na regiatildeo a governabilidade da rede de sauacutede conta com vaacuterios atores as

parcerias se ldquobem negociada e contratualizadardquo(GE) podem facilitar para

disponibilizar vaacuterios serviccedilos na regiatildeo e contribuir para a integralidade da atenccedilatildeo No

entanto as fragilidades jaacute apontadas tecircm invertido os papeacuteis e o prestador privado tem

definido a demanda do setor puacuteblico ldquoo que eles concedem noacutes fazemos o que eles natildeo

concedem noacutes natildeo fazemosrdquo (GM) Observa-se uma estrutura regional fragilizada

desarticulada sem lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na conduccedilatildeo do sistema (Viana et al

2008)

As imposiccedilotildees sempre vatildeo acontecer se natildeo haver a ruptura com o poder do gestor

privado Essa situaccedilatildeo requer a intermediaccedilatildeo do estado entre os gestores e entre os

diversos atores presentes no territoacuterio Mesmo que o puacuteblico demonstre vontade de

romper a falta de previsatildeo de recursos para investimentos puacuteblicos aponta para um

cenaacuterio cuja configuraccedilatildeo vai perpetuar a tendecircncia a manter o jogo de quem estaacute com

o poder nas matildeos

Com este cenaacuterio eacute difiacutecil para o gestor municipal e regionalestadual estabelecer

parceria que corresponda aos princiacutepios do SUS aleacutem disso ldquoo estado influencia o

processo de regionalizaccedilatildeo a favor do setor privadordquo Nesta regiatildeo recentemente a

SES manifestou interesse em ldquocolocar uma OS na regiatildeo noacutes tiacutenhamos uma

referecircncia hospitalar privada que ateacute certo ponto nos atendia muito bemrdquo(GM) Esta

possibilidade que natildeo foi implementada resultou em rompimento parcial de convecircnio

com o prestador privado que alegou querer receber a mesma tabela diferenciada com

que o estado remunera as OS

Neste caso o gestor estadual aleacutem de natildeo levar tal proposta para a deliberaccedilatildeo do

CGR fez uma interferecircncia que prejudicou a regiatildeo ldquonoacutes perdemos o contrato com o

hospital regredimos jaacute tiacutenhamos avanccedilado brigado por preccedilo por tabela e isso

retrocedeu totalmente e o municiacutepio sede que eacute Tangaraacute da Serra ficou refeacutem ateacute na

ginecologia Entatildeo assim a influecircncia foi extremamente negativa nesse sentido () o

estado foi laacute e fez issordquo (GM) Posteriormente o gestor estadual retrocedeu na sua

proposta mas a regiatildeo e os municiacutepios ficaram sem o serviccedilo

140

Nesta regiatildeo o que deveria ser complementar ldquoatualmente acaba sendo

substitutivo neacuterdquo (GE) esta parceria ldquoextrapola todos os limites do suportaacutevel o custo eacute

alto () extrapola o que a nossa constituiccedilatildeo colocou e extrapola o que o SUS

acreditava que seria o limiterdquo (GM)

Observa-se que a complementaccedilatildeo da rede de sauacutede puacuteblica pelo setor privado

nesta regiatildeo foi-se institucionalizando e tem resultado em ldquoexternalidades negativasrdquo

que segundo Figueiredo (2012) satildeo as ldquoconsequecircncias do processo de produccedilatildeo ou

consumo de um bem ou serviccedilo qualquer que causam dano agrave sociedade de maneira

geralrdquo(p137) Nesse caso entendemos como um dano a demanda reprimida pelo fato de

restringir o acesso aos serviccedilos apenas a uma pequena parcela da populaccedilatildeo devido aos

valores de tais atendimentos que satildeo custeados pelo gestor puacuteblico municipal cujas

despesas efetuadas com recursos proacuteprios municipais tecircm aumentado progressivamente

no periacuteodo de 2002 a 2010 (Mendonccedila 2012)

As parcerias estabelecidas com o setor privado no acircmbito da regiatildeo mostram e

requerem reorganizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e revisatildeo das regras de contratualizaccedilatildeo eacute

preciso repensar a governanccedila na regiatildeo As estruturas foram criadas a partir de uma

base institucional preacute-existente ainda antes do pacto com regras e princiacutepios puacuteblicos

instituiacutedos No entanto observa-se que estas foram se perdendo e nas relaccedilotildees puacuteblicas

e privadas predominam comportamentos de conflitos e temor onde as regras estatildeo

sendo definidas pelos atores privados Cada ator defende os seus objetivos e interesses

e as relaccedilotildees de complementaridade natildeo estatildeo submetidas agraves regras do direito puacuteblico

mas agraves do direito privado (Figueiredo 2012) Nesta regiatildeo a maneira de conduzir os

diferentes objetivos e interesses tem determinado o desenvolvimento do sistema de

sauacutede e natildeo tem efetivado os objetivos do SUS

Satildeo conflitos natildeo coordenados que dificultam o compartilhamento haacute uma busca

para resolver os problemas mas por natildeo serem mediados natildeo constroem competecircncias

para a gestatildeo regionalizada e conduzem a busca de alternativas individualizadas de

pactuaccedilatildeo com serviccedilos de prestadores privados dentro e fora da regiatildeo Aleacutem disso as

desigualdades econocircmicas dos municiacutepios fazem com que aqueles mesmo de pequeno

porte populacional mas de elevado desenvolvimento econocircmico faccedilam investimentos

puacuteblicos e atuem na loacutegica do municipalismo autaacuterquico onde cada um procura resolver

141

as suas dificuldades como uma unidade separada dos demais natildeo considerando os

problemas em termos de regiatildeo (Abrucio 2002)

As relaccedilotildees e influecircncias do setor privado na direcionalidade da regionalizaccedilatildeo

fazem parte da conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede nesta regiatildeo ldquonoacutes tivemos diferentes

gestores no passado que faziam parte dos serviccedilos privados Entatildeo parte desses

serviccedilos que ateacute hoje satildeo oferecidos foram amarrados laacute atraacutesrdquo (GE) Essas parcerias

satildeo ldquoinjustas natildeo correspondemrdquo (GM) aos objetivos do SUS

Em um quadro de carecircncia de profissionais e de estrutura puacuteblica o formato

institucional da assistecircncia agrave sauacutede nesta regiatildeo foi adquirindo padrotildees de

comportamento do setor privado ao mesmo tempo este setor tem se fortalecido como

prestador de serviccedilos na regiatildeo e influenciado o processo decisoacuterio Se natildeo houver

intervenccedilotildees a poliacutetica de sauacutede puacuteblica vai seguir com tendecircncias a se modelar aos

interesses do setor privado natildeo desenvolvendo capacidades proacuteprias de regulaccedilatildeo e de

busca por alternativas (Menicucci 2007) para fortalecer a rede puacuteblica na regiatildeo

As parcerias podem e devem acontecer mediante a insuficiecircncia dos serviccedilos

puacuteblicos mas estabelecidas sob as regras e princiacutepios puacuteblicos e de forma

complementar (Lenir 2010) Nesta regiatildeo dificilmente ter-se-aacute uma administraccedilatildeo

puramente puacuteblica no setor sauacutede sem o estabelecimento de parcerias com o setor

privado mas a grande questatildeo eacute o cuidado para que natildeo haja uma inversatildeo onde em

nome do direito agrave sauacutede o SUS torne-se o complementar

Nesta regiatildeo os conselheiros natildeo estatildeo contemplados para participar do CGR

mas fazem parte do Conselho Fiscal do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede A relaccedilatildeo

com os conselheiros municipais ocorre quando as demandas municipais precisam ser

aprovadas pelo CGR e exigem resoluccedilatildeo da aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede

142

8 Decisatildeo e Intersetorialidade na

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

143

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA

Nesta regiatildeo as decisotildees tomadas pelos entes federativos e demais atores que

compotildeem o complexo regional ocorrem no CGR As relaccedilotildees estabelecidas entre os

diversos atores da regiatildeo que fazem parte do sistema de sauacutede no geral satildeo formais

distantes teacutecnicas e administrativas Geralmente ocorrem atraveacutes de e-mail portarias e

outros documentos oficiais ou com a participaccedilatildeo de membros da regiatildeo em reuniotildees

que ocorrem na SES ou no COSEMS

Eacute com estas caracteriacutesticas relacionais entre os atores da regiatildeo que as decisotildees

satildeo tomadas entre entes federativos no CGR Eacute neste espaccedilo que o poder tende a ser

compartilhado para a busca de estrateacutegias de intervenccedilotildees (Figueiredo 2012) mas

tambeacutem eacute o local onde se alternam conflitos e cooperaccedilotildees que direcionam a conduccedilatildeo

da poliacutetica de sauacutede regionalizada

Quando o CGR foi reestruturado muitos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede desta

regiatildeo ocupavam o cargo haacute pouco tempo e jaacute participavam das reuniotildees da CIB

regional mas ainda natildeo detinham conhecimentos suficientes sobre o processo de

regionalizaccedilatildeo Pelo despreparo e troca constante de gestores as discussotildees ficavam

centradas em alguns e foi consenso entre eles que para ampliar a discussatildeo deveriam

ser realizadas reuniotildees preacute-colegiado para facilitar a interaccedilatildeo e instrumentalizaacute-los

para as deliberaccedilotildees

As reuniotildees preacute-colegiado entre gestores municipais foram adotadas tanto para as

reuniotildees do CGR como da CIB estadual coordenadas pela equipe do COSEMS no

acircmbito do estado e pelo seu representante no CGR com o objetivo de discutir de forma

antecipada temas da pauta e assim facilitar e preacute-consensuar as decisotildees

Apenas o representante do COSEMS da regiatildeo e o diretor do ERS participam da

reuniatildeo da CIB Os demais membros do CGR mantecircm relaccedilatildeo com a CIBestadual por

meio dos documentos da CIB enviados por e-mail para o ERS ou pelas informaccedilotildees

que estatildeo disponiacuteveis no site da SES As relaccedilotildees entre a CIBestadual e o CGR satildeo

distantes e formais

144

As relaccedilotildees estabelecidas entre a CIBestadual com outras instacircncias regionais satildeo

formais teacutecnicas e administrativas Ainda que nem todos os gestores da regiatildeo possam

participar de todas as reuniotildees e ou eventos realizados pela CIB e COSEMS julgam que

satildeo importantes interferem no processo de regionalizaccedilatildeo e afirmam que a maior

discussatildeo ldquodo processo de regionalizaccedilatildeo acaba acontecendo mais aqui no CGR

porque laacute o que acontece mais eacute a discussatildeo em niacutevel de portarias () a

descentralizaccedilatildeo a municipalizaccedilatildeo () a discussatildeo maior eacute aqui em niacutevel de CGRrdquo

(GE)

Para a gestora municipal ldquoquem nos manteacutem informado eacute o COSEMS a CIB em

si vira resoluccedilotildees se vocecirc quiser acompanhar tem que estar entrando no site Entatildeo eacute

bem distanterdquo (GM) A relaccedilatildeo do COSEMS com as SMS eacute forte O COSEMS se

posiciona com frequecircncia nas reuniotildees da CIB a favor dos municiacutepios e tem buscado

criar redes de discussatildeo quanto agraves questotildees do Pacto pela Sauacutede Tem discutido com os

gestores municipais o repasse irregular dos recursos financeiros por parte do estado aos

municiacutepios ldquomas ele tambeacutem fica muito barrado pelo estadordquo (GM) e seu

posicionamento muitas vezes tensiona suas relaccedilotildees com o estado

Os gestores confiam na orientaccedilatildeo do COSEMS julgam ldquotecnicamente eacute muito

forterdquo e que os debates por ele promovidos tecircm contribuiacutedo para a tomada de decisotildees

dos gestores municipais mas referem que ldquo politicamente eacute muito fraco natildeo tem poder

nenhum natildeo tem uma forccedila poliacuteticardquo (GM)

As relaccedilotildees do CGR com o COSEMS ocorrem por intermeacutedio do vice-regional do

COSEMS Satildeo relaccedilotildees formais teacutecnicas e representam o canal de comunicaccedilatildeo entre o

COSEMS e demais gestores da regiatildeo Para o gestor a equipe teacutecnica do COSEMS

representa a ldquoCIES para os gestoresrdquo (GM) referem sentir-se amparados e capacitados

pelo COSEMS e afirma ldquona nossa regiatildeo noacutes somos afinados () hoje noacutes fazemos

uma conversa frente a frente o COSEMS eacute forte neste sentido sempre noacutes conseguimos

colocar na mesa sentar e fazer discussotildeesrdquo (GM)

O gestor reconhece que o COSEMS tem desenvolvido um papel importante na

conduccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede por ser questionador julgam que ldquoquem mais luta pela

regiatildeo eacute o COSEMS () sabe muito mais que a SES tem um retrato das regiotildees da sua

populaccedilatildeo das suas necessidades () a gente percebe que o COSEMS estaacute muito mais

proacuteximo da regiatildeo muito mais atuante do que o proacuteprio estadordquo (GM)

145

Os entrevistados reconhecem a importacircncia do COSEMS no processo de

regionalizaccedilatildeo exemplificam sua atuaccedilatildeo na reuniatildeo da CIB quando a SES tentou

modificar a maneira de transferir os recursos financeiros aos municiacutepios Os membros e

sua equipe teacutecnica se posicionaram contraacuterios em juntar as transferecircncias fundo a fundo

dos recursos ambulatoriais e hospitalares como proposto pelo estado ldquoeu nunca vi um

COSEMS tatildeo firme e tatildeo forte Ele eacute fraacutegil ele natildeo consegue mudar a linha do estado

mas ele tem conseguido muitas vitoacuteriasrdquo (GM)

Na reuniatildeo do CGR o vice-presidente regional do COSEMS tem um tempo

assegurado para informes gerais oriundos da reuniatildeo preacute-CGR e CIB Muitas vezes o

aprendizado destas reuniotildees fica individualizado pois o gestor tem dificuldades para

repassar tais informaccedilotildees visto que os temas satildeo complexos e exigem conhecimento

para transmissatildeo aos demais

O CGR assim como a CIB satildeo espaccedilos considerados pelos gestores como

importantes as reuniotildees satildeo instrutivas e geram aprendizado mas entende-se que o

gestor precisa ldquose colocar colocar suas necessidades o que a regiatildeo realmente precisa

levar para CIBrdquo (GM) Tambeacutem refere que como entes federativos estatildeo em processo

de descoberta ldquoainda natildeo somos vistos e respeitados como entes federativosrdquo (GM)

Para que isso aconteccedila haacute necessidade de investir em capacitaccedilotildees para o gestor e

equipe inclusive preparaacute-los para a gestatildeo regionalizada

No acircmbito da regiatildeo embora valorizadas as preacute-reuniotildees do CGR deixaram de

acontecer e recentemente os gestores expressaram a necessidade de retomaacute-las

justificando que a formalidade das reuniotildees do CGR natildeo permite que as discussotildees

sejam ampliadas para os problemas locais ldquoa gente natildeo consegue ter temas

transversais dentro da reuniatildeo de colegiado eacute informe muitas resoluccedilotildees

proposiccedilotildees e portariasrdquo (GM) aleacutem disso referem ser uma das alternativas para

preparaacute-los para a gestatildeo O avanccedilo da regionalizaccedilatildeo tambeacutem depende do

posicionamento do gestor municipal do exerciacutecio do seu papel de ente federativo e o

CGR eacute o espaccedilo que cria as condiccedilotildees para as discussotildees e o aprendizado oportuniza

que o gestor se coloque facilita o estabelecimento de pactos interfederativos e contribui

com o processo de descentralizaccedilatildeo do SUS

A coordenadora do CGR reconhece a importacircncia da preacute-reuniatildeo justifica que nas

reuniotildees mensais segue o protocolo para cumprir a agenda ldquonatildeo tem tempo para

146

socializarrdquo como os gestores municipais querem e ldquoeu no papel de coordenadora

acabo falando natildeo pode demorar tem a pauta a ser cumpridardquo (GE) Essas

formalidades podem engessar a gestatildeo e natildeo permitir que a abordagem da discussatildeo flua

para os problemas reais vividos pelos gestores Interferem na conduccedilatildeo da poliacutetica e

natildeo permitem a governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo Estudos mostram que

naqueles locais onde ldquoa implantaccedilatildeo dos CGR foi conduzida de forma burocraacutetica e

cartorial sem que tenha havido a necessaacuteria disposiccedilatildeo para o debate por parte dos

gestoresrdquo houve baixa ou nenhuma repercussatildeo nas praacuteticas institucionais vigentes

(Lima et al 2012)

De acordo com o registro das atas de 2006 a 2011 entre as temaacuteticas abordadas

no CGR as principais estatildeo relacionadas agrave aprovaccedilatildeo dos Termos de Compromisso de

Gestatildeo CIES-capacitaccedilotildees adesatildeo a programas do Ministeacuterio da Sauacutede projetos para

construir ou continuar recebendo parcelas de recursos financeiros para reformas em

andamento prestaccedilotildees de contas municipais de recursos recebidos campanhas de

vacinaccedilatildeo alteraccedilatildeo da PPI e tetos financeiros informes diversos do COSEMS

portarias ministeriais informes do estado criaccedilatildeo de novos serviccedilos pelo MS rede de

urgecircncia rede cegonha projetos de cirurgias eletivas qualificaccedilatildeo aos programas

federais falta de acesso necessidades de recursos financeiros oferta de serviccedilos

demanda reprimida sistemas de informaccedilatildeo credenciamentos transferecircncia de

profissionais

As temaacuteticas que mais aparecem nas pautas satildeo as que envolvem os programas

federais informes do Ministeacuterio da Sauacutede ldquoprevalecem mais aquelas que o estado

precisa da informaccedilatildeo do que resolver o problema da regiatildeordquo (GE) As temaacuteticas

locais estatildeo relacionadas com necessidades de capacitaccedilotildees dificuldade de acesso agrave

rede falta de estrutura puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico-privada O ERS insere mais pauta que

os municiacutepios cumprem as demandadas da SES que nem sempre eacute a demanda do

municiacutepio

As discussotildees satildeo pontuais e relacionadas com aquilo que eacute demandado ldquonatildeo se

tem mais aquela coisa do inovar do agir pelas proacuteprias ideacuteias de uma coisa que surgiu

da regiatildeordquo (GM) A diversidade dos temas e a participaccedilatildeo dos gestores nas reuniotildees

repercutem de forma positiva ldquonoacutes jaacute avanccedilamos muito no sentido de ter os gestores

como realmente atores nesse colegiado A gente percebe que agraves vezes os gestores natildeo

147

se percebem como gestores ficam esperando serem demandados pelo ERS pelo estado

Eu percebo que tem avanccedilado muito os gestores hoje demandam muito mais se

contrapotildeem mais ao estado nas suas necessidades A gente percebe que estaacute mais

politizada menos a poliacutetica partidaacuteria e mais a poliacutetica puacuteblicardquo (GM)

A sobrecarga de emissatildeo de Portarias do MS e da SES induzem agrave poliacutetica no

acircmbito da gestatildeo local (Arretche 2008) Os gestores satildeo atraiacutedos pelos incentivos

financeiros que podem aumentar suas receitas e deixam de propor projetos e accedilotildees

especiacuteficos para a sua realidade Satildeo adesotildees que ocorrem sobretudo naqueles de

pequeno porte que eacute o caso dos municiacutepios desta regiatildeo

Satildeo temas de consenso nas reuniotildees do CGR a dificuldade financeira o atraso

nas transferecircncias financeiras pelo estado ldquoa falta de respeito do estado para com os

municiacutepios () toda reuniatildeo nosso foco eacute falar do financiamento que natildeo vem repasse

vocecirc natildeo pode contar com aquele dinheiro ele vem a cada oito ou nove mesesrdquo (GM)

Este atraso tem afetado significativamente o exerciacutecio das competecircncias municipais

que nesta regiatildeo tecircm implicado em despesas adicionais por parte dos municiacutepios e

contribuiacutedo para aumentar as iniquidades de acesso aos serviccedilos devido agraves diferenccedilas

socioeconocircmicas entre os municiacutepios (Arretche 2010) Aleacutem disso deixam de priorizar

a atenccedilatildeo primaacuteria pelos gastos excessivos com a atenccedilatildeo especializada

A transferecircncia irregular dos recursos aos Fundos Municipais de Sauacutede por parte

da SES tem influenciado o seu papel de condutora da poliacutetica estadual de sauacutede e

gerado conflitos nas relaccedilotildees aleacutem disso tem tensionado as relaccedilotildees entre os

municiacutepios e entre o gestor e a populaccedilatildeo Neste caso a populaccedilatildeo sabendo da

existecircncia do consoacutercio o pressiona para acesso ao serviccedilo com menor tempo de espera

As pressotildees forccedilam os governantes a melhorar seu desempenho administrativo

(Abrucio 2002) como tambeacutem geram gastos progressivos agrave gestatildeo municipal e acesso

com iniquidades pelas condiccedilotildees econocircmicas de cada municiacutepio (Queiroz 2012)

Os conflitos do CGR desgastam as relaccedilotildees e ameaccedilam a governanccedila no

colegiado de gestatildeo visto que ldquocada um defende o seu e isso acaba com tudo com

qualquer relacionamentordquo (GM) e com a poliacutetica regionalizada

O gestor natildeo se sente motivado a participar das reuniotildees refere natildeo ter que

cumprir com esta obrigaccedilatildeo jaacute que o estado natildeo tem cumprido seu papel e afirma

ldquoningueacutem quer ir mais agraves reuniotildees reuniatildeo reuniatildeo e vocecirc natildeo concretiza nada natildeo

148

sai com planejamento executaacutevel natildeo adianta fazer plano para noacutes executarmos () eu

nao quero saber de ouvir o estado o estado natildeo cumpre a parte dele perdeu a moralrdquo

(GM) Aleacutem do estado natildeo estar transferindo mensalmente os recursos para os

municiacutepios a seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 mostra que tambeacutem natildeo estaacute cumprindo o

percentual preconizado pela EC29 exceto no ano de 2010 que atingiu 1228

(Mendonccedila 2012)

Essas irregularidades geram descredibilidade dos gestores em relaccedilatildeo agrave

regionalizaccedilatildeo dificultam a gestatildeo e as relaccedilotildees O gestor afirma ldquoeu natildeo quero mais

saber de alto custo eu quero que o estado pegue tudo ele que monte o processo e ele

que entregue o medicamentordquo (GM) Satildeo posicionamentos incongruentes com as

responsabilidades assumidas pelo gestor municipal mas expressam o conflito nas

relaccedilotildees

Embora os governos locais sejam os executores da poliacutetica a responsabilidade

para viabilizaacute-la eacute compartilhada com o estado que neste caso natildeo tem cumprido com

a sua parte no financiamento na cooperaccedilatildeo na coordenaccedilatildeo e na regulaccedilatildeo do

sistema No SUS a funccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute exclusiva de um dos entes implica em

responsabilidades compartilhadas e requer cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo para garantir e

efetivar o direito agrave sauacutede (Dourado e Elias 2011)

Houve situaccedilotildees em que o processo decisoacuterio do CGR natildeo foi consenso como a

proposta de aumento dos valores da tabela complementar de apoio diagnoacutestico Um dos

gestores natildeo concordou e sofreu ameaccedilas do prestador durante a reuniatildeo Ainda assim a

complementaccedilatildeo solicitada foi aprovada e justificada pelos gestores ldquonoacutes tiacutenhamos que

negociar porque ele prestador ia prejudicar a regiatildeo e que meu municiacutepio estava

prejudicando a regiatildeordquo (GM) O gestor que natildeo concordou procurou alternativas fora

da regiatildeo ldquoele [o prestador] nos ameaccedilou e falou que se meu municiacutepio natildeo deixasse o

que era de SUS laacute ele simplesmente fecharia as portas para as minhas urgecircncias e

realmente eles fecharamrdquo (GM) O acesso a esse estabelecimento foi negado ateacute para

os exames pactuados via consoacutercio

No entendimento da gestora este tipo de prestador deveria ser ldquodescredenciado

ele ameaccedilou a pressatildeo dele foi essa se vocecirc natildeo pactuar noacutes natildeo vamos fazer para

vocecircs nem particularrdquo (GM) Os demais gestores justificaram que a proposta foi aceita

pois sentiram temor diante da expressatildeo ldquofechar as portasrdquo O consenso e o dissenso

149

nestes espaccedilos considerados democraacuteticos satildeo possibilidades que podem ocorrer

naturalmente visto que envolvem relaccedilotildees concepccedilotildees e interesses de diferentes entes

federativos A aceitaccedilatildeo das diferenccedilas deve ser o princiacutepio baacutesico da gestatildeo e o

consenso ou o dissenso natildeo devem ser pautados pelo temor da coerccedilatildeo (Dourado e

Elias 2011)

As ameaccedilas e os consensos demonstram que ldquoos consensos dos CGR podem se

transformar numa forma velada (ou natildeo) de concentraccedilatildeo de autoridaderdquo (Dourado e

Elias 2011) O poder estava com o prestador de serviccedilos detentor da oferta na regiatildeo e

os municiacutepios por natildeo disporem de capacidade instalada nem mesmo outra opccedilatildeo de

oferta indiretamente tambeacutem foram ameaccedilados e natildeo se sentiram seguros para divergir

cederam pelo temor do rompimento da oferta dos serviccedilos para o seu municiacutepio

Estes impasses mostram que o CGR natildeo estaacute desempenhando seu papel que as

deliberaccedilotildees natildeo estatildeo sendo motivadas para resolver os problemas da regiatildeo ldquocada um

resolve o seu problema () natildeo trabalha para a regiatildeordquo (GM) Embora os gestores

tenham argumentado que a defesa era em prol da regiatildeo observa-se que os interesses

divergem e natildeo se verificam iniciativas no sentido de constituir a rede de atenccedilatildeo

regionalizada e ampliar o acesso mas comportamentos de defesa do seu proacuteprio

governo utilizando para isso sua autoridade poliacutetica e soberana de ente federativo Satildeo

situaccedilotildees que mostram a necessidade da coordenaccedilatildeo federativa (Abrucio 2005) para

avanccedilar na descentralizaccedilatildeo

O caso retro citado expotildee a fragilidade do processo a governanccedila foi ameaccedilada

pela preponderacircncia do gestor do setor privado sobre o puacuteblico e levou um colegiado

deliberativo a julgar que a ameaccedila estaacute com o gestor puacuteblico Satildeo situaccedilotildees que

evidenciam a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Aleacutem disso mostra a necessidade de construir

processos de articulaccedilatildeo e de mediaccedilatildeo de conflitos de atuaccedilatildeo dos atores para a

construccedilatildeo de agendas permanentes de compartilhamento de percepccedilotildees e ajustes de

interesses e assim facilitar a construccedilatildeo de competecircncias (Fleury 2010) para o

desenvolvimento do sistema de sauacutede nesta regiatildeo

A situaccedilatildeo relatada gerou desgastes conflitos que interferem nas relaccedilotildees entre os

gestores e ldquosubverte a proacutepria concepccedilatildeo desses colegiadosrdquo (Dourado e Elias 2011)

fragilizam a regiatildeo que diante de tais situaccedilotildees cada gestor comeccedila a buscar

150

alternativas individualizadas pactuar e procurar serviccedilos fora da regiatildeo Geram

situaccedilotildees constrangedoras sentimentos que desmotivam o gestor ldquoeu falei a regiatildeo

natildeo precisa do meu municiacutepio a PPI eacute viva eacute livre eu natildeo sou obrigada a pactuar

com Tangaraacuterdquo (GM) e pactuou os serviccedilos com o gestor de Cuiabaacute e afirma que antes

ldquogastava 178 mil a maisrdquo (GM) No seu entendimento nessa situaccedilatildeo quem tinha que

receber as represaacutelias era o prestador

A regionalizaccedilatildeo natildeo se limita a cada um definir a sua parte Eacute necessaacuterio

desenvolver capacidades administrativas mobilizar recursos financeiros ter clareza do

peso e da necessidade de cooperaccedilatildeo entre os entes federativos para que a

descentralizaccedilatildeo ajude a melhorar o desempenho da gestatildeo puacuteblica (Abrucio 2002)

Essas situaccedilotildees denotam que o processo de regionalizaccedilatildeo precisa ser coordenado

e ter lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na regiatildeo Os colegiados satildeo espaccedilos de consenso e

dissenso mas a autonomia entre os entes federativos deve ser respeitada para que os

consensos possam ser verdadeiramente construiacutedos respeitados e pautados pelos

objetivos da poliacutetica (Dourado e Elias 2011) e pelas especificidades da regiatildeo

Em fevereiro de 2012 a CIBMT por meio da Resoluccedilatildeo no 09 instituiu o Grupo

Condutor Estadual da Rede Cegonha no acircmbito do SUSMT e em 15 de marccedilo de

2012 a resoluccedilatildeo CIBMT no

056 definiu as propostas metodoloacutegicas para

operacionalizar tal rede no estado Quando a SES encaminhou a documentaccedilatildeo para

organizar a rede cegonha e a rede de urgecircncia na regiatildeo gerou impasse no CGR os

gestores ldquodisseram que natildeo iam aderir e ningueacutem aderiurdquo (GE) Criticaram e natildeo

aceitaram montar a rede respondendo o questionaacuterio enviado pela SES Alegaram que a

regiatildeo natildeo dispotildee de estrutura para atendimento da urgecircnciaemergecircncia exceto a

Unidade Mista que natildeo tem centro ciruacutergico e que de fato precisa de uma rede de

urgecircnciaemergecircncia visto que os reguladores encontram dificuldades ldquoo tempo todo eacute

meacutedico implorando porque vocecirc natildeo tem uma tomografia natildeo tem acesso a uma

ressonacircncia vocecirc natildeo tem nada faacutecil Entatildeo que rede de urgecircncia existerdquo (GM)

Para os gestores as responsabilidades assumidas com o que estaacute em

funcionamento natildeo estatildeo sendo cumpridas e neste caso natildeo havia clareza quanto agrave

contrapartida financeira Apesar de o Ministeacuterio da Sauacutede ser o responsaacutevel pela

coordenaccedilatildeo e pelo financiamento intergovernamental das accedilotildees descentralizadas os

governos subnacionais tecircm autonomia e natildeo satildeo obrigados a aderir a estes programas

151

federais (Arretche 2003) O plano da rede de urgecircnciaemergecircncia foi elaborado apenas

pelos teacutecnicos do ERS e ainda hoje natildeo funciona

Implantar uma rede dessa complexidade requer investimentos de ambas as partes

sua conformaccedilatildeo natildeo se resume apenas ao preenchimento de um documento de forma

isolada ao somatoacuterio do que cada um responde individualmente mas requer

negociaccedilotildees e sobretudo planejamento e recursos fiacutesico humanos e financeiros para

sua instalaccedilatildeo

Quando o SAMU foi implantado e a regulaccedilatildeo regional da urgecircnciaemergecircncia

recentralizada houve conflitos nas relaccedilotildees entre os gestores municipais e entre

reguladores da regiatildeo e o estado Estas temaacuteticas foram discutidas no CGR e os

gestores deliberaram que a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia e a central do SAMU

seriam competecircncias da central regional de regulaccedilatildeo mas a SES desconsiderou a

decisatildeo do colegiado e centralizou estes serviccedilos ldquonoacutes fomos vencidos natildeo adiantou

falarrdquo (GM)

O maior problema da regiatildeo ldquoeacute natildeo ser ouvidordquo (GM) O gestor reitera que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade ldquoas discussotildees satildeo impostas pelas necessidades e a

gente acaba discutindo a regionalizaccedilatildeo no meio de outras necessidades porque natildeo a

tem como prioridaderdquo (GM) e afirma ldquoo que se percebeu de 2006 a 2012 eacute que em vez

de melhoria noacutes estamos caminhando para traacutes () eu senti certo abandono por parte

do estado natildeo soacute na nossa regiatildeordquo (GM)

Essas entre outras discussotildees e conflitos ocorrem no CGR e ainda que

contribuam para esclarecer os gestores quanto agrave gestatildeo natildeo contribuem para a

descentralizaccedilatildeo A influecircncia do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo da

macropoliacutetica regionalizada eacute incipiente o CGR ldquoainda natildeo demanda eu penso que a

regionalizaccedilatildeo natildeo tem como acontecer de forma efetiva se natildeo vier demandada pela

regiatildeo () estamos levando mas natildeo estamos conseguindo ser ouvido pelo estadordquo

(GM) A falta de legitimidade do CGR por parte da SES compromete a sustentabilidade

e a direcionalidade do processo de regionalizaccedilatildeo

Para a gestora a dinacircmica das reuniotildees do CGR tem que mudar ldquoo papel do CGR

estaacute muito em passar proposiccedilotildees e resoluccedilotildees para a CIBrdquo (GM) e afirma que haacute

necessidade de ldquoalguma coisa a mais na organizaccedilatildeo do ERS com relaccedilatildeo ao CGR ()

algueacutem que tome a frente para discutir os problemas da UTI da falta de leitosrdquo (GE)

152

algueacutem que discuta os problemas que a regiatildeo vive que esteja ldquoorganizando () uma

lideranccedilardquo (GE) Eacute preciso capacitar informar haacute ldquomuito desconhecimento a maioria

dos municiacutepios vem e nem fala na reuniatildeo Tem que mudar a dinacircmica realmenterdquo

(GE)

Observa-se pelas atas das reuniotildees do CGR que estas ampliaram o debate A

diversidade dos temas discutidos demonstra que ainda que induzidas pelo Ministeacuterio da

Sauacutede as discussotildees apresentam preocupaccedilotildees em ampliar o acesso aos serviccedilos

puacuteblicos e dispor no acircmbito da regiatildeo de uma poliacutetica igualitaacuteria Os registros tambeacutem

sugerem que o CGR tornou-se de fato um espaccedilo importante de negociaccedilatildeo de conflitos

e decisotildees na perspectiva do estabelecimento de parcerias compartilhadas Os conflitos

estatildeo presentes nas negociaccedilotildees mas ainda assim as deliberaccedilotildees satildeo cooperativas

Ainda que natildeo declarada haacute uma crise no funcionamento deste CGR e tem gerado

descredibilidade por parte do gestor a julgar que poderia ser mais efetivo se o cargo de

presidente natildeo fosse ocupado pelo diretor do ERS ldquoeacute estado entatildeo natildeo consigo ver

conduccedilatildeo para a regionalizaccedilatildeo () sempre vai defender a posiccedilatildeo da SESrdquo (GM) e

afirma na resoluccedilatildeo dos problemas na regiatildeo ldquonesse momento () eacute o consorcio que faz

o papel mais centralrdquo (GM)

De forma limitada o CGR tem contribuiacutedo com a regionalizaccedilatildeo seu

funcionamento eacute facilitado pelo fato de os gestores viverem praticamente os mesmos

problemas e julgam que facilitaria ainda mais se a SES de fato ouvisse a regiatildeo se

resolvesse os problemas da falta de acesso se houvesse cooperaccedilatildeo teacutecnica e

solidariedade entre gestores que fazem parte do colegiado O CGR deveria ser um

espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos compartilhados para a soluccedilatildeo dos

problemas coletivos da regiatildeo mas tem se transformado num campo de tensotildees e

disputas e um dos gestores refere que ldquoquando meu municiacutepio precisou de todos taacute

aqui ateacute hoje um municiacutepio foi juntordquo (GM)

No entendimento do gestor os conflitos estatildeo relacionados agrave falta de apoio do

estado que natildeo contribui com ldquocoisas que a gente gostaria que viesse para a regiatildeo a

gente natildeo consegue este apoio atraveacutes da SES e geram conflitosrdquo (GE) isso desmotiva

o gestor satildeo relaccedilotildees ldquoconflitivas semprerdquo e predominam tanto na CIBestadual como

no CGR e enfraquecem a regionalizaccedilatildeo

153

A CIES regional eacute uma instacircncia de deliberaccedilatildeo e decisatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo

permanente na regiatildeo manteacutem relaccedilatildeo formal com a CIBestadual que ocorre atraveacutes

de documentos e entre os membros da CIES estadual e regional a cada seis meses nas

reuniotildees de discussatildeo do PAREPS ou por meio das atas ofiacutecios e outros documentos

encaminhados por e-mails ou malote do ERS Os membros do CGR se relacionam com

as instituiccedilotildees da regiatildeo que tecircm representantes na CIES regional

As relaccedilotildees entre os membros do CGR e membros do CIES satildeo teacutecnicas e

voltadas para os interesses das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Os secretaacuterios julgam que

nestas relaccedilotildees natildeo haacute influecircncia poliacutetica satildeo ldquodistantesrdquo (GM) e o elo maior ocorre

entre o gestor e o representante do seu municiacutepio para repasse das informaccedilotildees Os

problemas afluem devido agrave troca constante de membros da CIES Aleacutem disso haacute

conflitos entre os membros da CIES por divergecircncias de interesses sobre a gestatildeo

ldquoquem estaacute na CIES satildeo os nossos teacutecnicos e eles tecircm uma visatildeo diferente do gestor em

relaccedilatildeo agrave poliacutetica ()tem uma visatildeo restrita querem que aquelas accedilotildees sejam feitas na

sua aacutereardquo (GM)

O CIS que tambeacutem se constitui em instacircncia de decisotildees colegiadas na regiatildeo

natildeo eacute integrado ao CGR ldquoo CGR natildeo interfere no consoacutercio e o consoacutercio natildeo

interfere no colegiado apenas trocam informaccedilotildeesrdquo (GM) O secretaacuterio executivo natildeo eacute

membro e natildeo participa das reuniotildees do CGR O diretor do ERS tambeacutem natildeo participa

das reuniotildees do Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede

do consoacutercio

As relaccedilotildees entre o CGR e os atores do consoacutercio satildeo formais e ocorrem por meio

de relatoacuterios e outros documentos satildeo teacutecnicas e poliacuteticas A CIB natildeo manteacutem relaccedilatildeo

direta com o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede Quando ocorrem deliberaccedilotildees que se

referem ao consoacutercio ou ao Sistema de Regulaccedilatildeo a SES ou o ERS enviam-lhes as

respectivas resoluccedilotildees

A participaccedilatildeo da SES na conduccedilatildeo e decisotildees do consoacutercio deixou de ocorrer

nesta regiatildeo As relaccedilotildees da SES tecircm se limitado agrave transferecircncia da contrapartida

financeira diretamente para a conta dos municiacutepios consorciados As relaccedilotildees e

participaccedilatildeo da SES tecircm sido mais proacuteximas do consoacutercio quando a responsabilidade

pelo hospital regional eacute do estado (Viana et al 2010a) Nesta regiatildeo natildeo haacute hospital

regional e as relaccedilotildees entre a SES e o consoacutercio satildeo distantes

154

Os consoacutercios considerados instacircncias com praacuteticas inovadoras na gestatildeo do SUS

(Lima 2000) compartilham entre os municiacutepios regra que disciplinam o seu

funcionamento e eacute papel dos gestores conduzir para pactuar agendas que correspondam

agraves necessidades da regiatildeo No entanto nesta regiatildeo as mudanccedilas da SES na conduccedilatildeo

do CIS resultaram em perdas a agenda e o consenso passaram a ser o custo do

procedimento a autorizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo do serviccedilo a prestaccedilatildeo de contas entre

outros temas associados

As temaacuteticas mais frequentes nas reuniotildees do CIS satildeo relacionadas agrave contrataccedilatildeo

de novos especialistas reajuste de tabela de valores de procedimentos consultas e

exames prestaccedilotildees financeiras ao tribunal de contas remanejamento de dotaccedilotildees

situaccedilatildeo financeira do consoacutercio inadimplecircncia no repasse dos recursos por parte do

estado e de municiacutepios equipe do consoacutercio chamamento puacuteblico e desvinculaccedilatildeo de

profissionais estatuto

O CIS eacute valorizado pelo gestor mas ele ldquonatildeo eacute regionalizado natildeo tem cunho

regional tem o cunho de resolver nosso problema de consulta a preocupaccedilatildeo eacute

intermediar para que o meacutedico atenda entenderdquo (GM) Esse posicionamento do gestor

mostra o distanciamento da sua conduccedilatildeo com a poliacutetica regionalizada

As relaccedilotildees entre os membros do consoacutercio tambeacutem foram alteradas as reuniotildees

do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede jaacute natildeo ocorrem no mesmo dia da

reuniatildeo do Conselho Diretor de Prefeitos e os gestores julgam que as questotildees teacutecnicas

foram deixadas de lado As relaccedilotildees entre os membros do Conselho Diretor Conselho

Intermunicipal de Sauacutede e ERS satildeo percebidas pelo gestor como ldquoum relacionamento

poliacutetico delesrdquo (GM) Aleacutem disso assentam que ldquotem um pouco do privado

influenciando nissordquo (GE)

A ausecircncia dos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e da equipe do ERS nas reuniotildees

do Conselho Diretor foi retirando da pauta a dimensatildeo teacutecnica do processo gerou

fragilidades perdeu o foco e o consoacutercio jaacute natildeo se constitui num equipamento da

regionalizaccedilatildeo Deixa de ser o ator estrateacutegico de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo e

passa a ser o intermediador da compra e venda de serviccedilos para os gestores Neste caso

contribui para a fragmentaccedilatildeo e ineficiecircncia do sistema puacuteblico (Solla e Paim 2014)

O atraso nas transferecircncias financeiras do estado ao PACIS gerou mais

inadimplecircncia por parte dos municiacutepios por natildeo conseguirem manter o custo total para

155

efetuar o pagamento em dia aos prestadores ldquoo recurso de 2011 chegou agora no mecircs

de julho de 2012rdquo (GM) Agravam o quadro as cotas excedentes solicitadas para

resolver os problemas por natildeo se conseguir acesso agrave rede puacuteblica Embora expresse ldquoa

gente tem um custo muito altordquo (GM) observa-se que o gestor municipal estaacute

mobilizado para esta parceria e compartilha com a direcionalidade da poliacutetica que

segue com a participaccedilatildeo do setor privado motivada pela demanda ao serviccedilo O que

define a direcionalidade para o gestor eacute o grau de necessidade para resolver o seu

problema de acesso que nesta regiatildeo ocorre com a ampliaccedilatildeo do mercado e do

financiamento puacuteblico na prestaccedilatildeo de serviccedilos com retraccedilatildeo do papel do estado atilde

semelhanccedila do que apontam Albuquerque et al (2011)

Verifica-se pelos relatos que o comportamento entre os entes federativos natildeo tem

sido pautado pela solidariedade e gestatildeo compartilhada e tem influenciado o

desenvolvimento do papel e a deliberaccedilatildeo das instacircncias colegiadas quanto agrave poliacutetica

regionalizada Diante das dificuldades em pauta cada ente federativo se posiciona em

defesa do seu governo ao mesmo tempo em que a SESERS deixa de desempenhar o

seu papel de coordenadora intergovernamental e contribui para gerar nestes espaccedilos

comportamentos do federalismo predatoacuterio (Abrucio 2002) Essas questotildees entre

outras interferem de forma negativa no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada

Os problemas de acesso apontados pelos gestores reiteram os relatos de que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade da SES cuja relaccedilatildeo os municiacutepios nos uacuteltimos anos eacute

ldquode divergecircncia mesmo o estado joga para o municiacutepio o municiacutepio natildeo tem

condiccedilotildees e volta tudo laacute no recursordquo (GM) Para o gestor ldquoa regiatildeo estaacute meio

isoladardquo (GM) aleacutem disso ldquoa regiatildeo natildeo tem laccedilos tatildeo fortes e essa discussatildeo em

niacutevel de regiatildeo eacute um conflito haacute ausecircncia de investimento na regiatildeo como um todo ()

entatildeo existe sim abandono do estado em relaccedilatildeo agrave nossa regiatildeordquo (GE)

Nesta regiatildeo as relaccedilotildees foram alteradas a capacidade de planejamento eacute baixa a

gestatildeo e a regulaccedilatildeo por parte do setor puacuteblico satildeo fraacutegeis e tecircm repercutido na

governanccedila da regiatildeo ldquoos secretaacuterios de sauacutede estatildeo desmotivados porque eles estatildeo

bancando a sauacutede praticamente sozinhosrdquo (GE) Os pactos deixaram de acontecer

pactua-se apenas a PPI e o SISPACTO e outros que envolvem apenas indicadores A

situaccedilatildeo financeira dos municiacutepios estaacute comprometida e se agrava com as demandas de

156

liminares judiciais ldquoos municiacutepios acabam gastando o recurso que tecircm e deixam de

investir na atenccedilatildeo baacutesicardquo (GE)

Estes associados a outros problemas de acesso na regiatildeo sobretudo pela falta de

estrutura puacuteblica interferem na direcionalidade e o gestor reitera ldquoa regionalizaccedilatildeo foi

se perdendo natildeo sei mais se a gente pode dizer se existimos enquanto regiatildeo Noacutes natildeo

somos parceiros uns dos outros um natildeo ajuda o outro E se vocecirc precisa de alguma

coisa eacute soacute pagando porque noacutes tambeacutem estamos indo pelo privado A gente tem um

custo muito alto para manter a meacutedia e alta complexidade e ambulatoacuteriordquo (GM) e

ainda refere ldquonatildeo consigo ver prioridade para a regionalizaccedilatildeo () o que noacutes colhemos

ateacute 2008 e 2009 era do plano de 2002 que foi do Plano Estadual de Sauacutederdquo (GM)

9 Consideraccedilotildees Finais

158

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e na regiatildeo em estudo tem uma trajetoacuteria

que se iniciou na deacutecada de 1990 A experiecircncia acumulada na governanccedila

compartilhada com processo decisoacuterio deliberado nas instacircncias colegiadas contribuiu

para que os gestores assinassem o Termo de Compromisso de Gestatildeo Quando o pacto

foi implantado nesta regiatildeo jaacute estavam instituiacutedos o PDR e o PDI o PPA do Governo

do Estado e o PES tambeacutem contemplavam accedilotildees de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede esta regiatildeo avanccedilou naturalmente influenciada

pelo desenvolvimento socioeconocircmico dos municiacutepios que melhorou o IDH aumentou

o PIB ampliou o agronegoacutecio atraiu imigrantes e novos profissionais ampliou a rede

privada de atenccedilatildeo entre outros avanccedilos Os municiacutepios ampliaram a alocaccedilatildeo dos

recursos para o setor sauacutede aplicando acima do miacutenimo recomendado pela EC29

O Complexo Regional do sistema puacuteblico de sauacutede da regiatildeo conta com

estabelecimentos puacuteblicos e privados A rede de atenccedilatildeo primaacuteria de algumas

Secretarias Municipais de Sauacutede foi beneficiada com projetos de reforma ou construccedilatildeo

financiados em parceria com o MS A SES manteve os incentivos para a atenccedilatildeo

primaacuteria que em parte contribuiacuteram para sua implementaccedilatildeo mas a cobertura do PSF

na regiatildeo continua baixa e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta complexidade eacute

incipiente em todos os municiacutepios

A rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede na regiatildeo continua fragmentada os sistemas municipais

atomizados e sem condiccedilotildees para assegurar a integralidade da atenccedilatildeo Parte da

demanda tem acesso atraveacutes do consoacutercio e outra parte por meio da central de

regulaccedilatildeo cujos serviccedilos estatildeo concentrados na capital podendo levar meses para a

obtenccedilatildeo de atendimento A demanda reprimida eacute diretamente influenciada pela

insuficiecircncia da capacidade instalada do municiacutepio da regiatildeo e da rede estadual de

referecircncia O Hospital Municipal de Barra do Bugres embora detenha a maioria das

internaccedilotildees na regiatildeo natildeo eacute reconhecido pelos gestores como um hospital regional

apenas como um hospital de referecircncia na regiatildeo A SES natildeo tem transferido de forma

159

regular os recursos do convecircnio estabelecido com este hospital e dificulta para que este

cumpra seu papel de referecircncia regional gerando conflitos entre os entes federativos

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Complexo Regional natildeo contou com a

construccedilatildeo de unidades regionalizadas e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta

complexidade natildeo dispotildee de estrutura puacuteblica o acesso eacute viabilizado com a

contratualizaccedilatildeo ou convecircnio estabelecido com o setor privado Hospitais leitos de

UTI laboratoacuterios de imagem e apoio diagnoacutestico serviccedilos de bioacutepsia hemodiaacutelise

cirurgias especializadas e especialidades ambulatoriais estatildeo centrados na rede privada

Os leitos de UTI satildeo puacuteblicos mas instalados no hospital privado satildeo insuficientes e

regulados pela Central Estadual fora da governabilidade da regiatildeo que natildeo tem acesso

agrave sua operacionalizaccedilatildeo

No geral houve expansatildeo da oferta de serviccedilos da rede de atenccedilatildeo do SUS na

regiatildeo mas em decorrecircncia da parceria com o setor privado As estrateacutegias de

estabelecer convecircnio com o setor privado da regiatildeo natildeo foram suficientes para resolver

os problemas de acesso que associados agrave ausecircncia de investimentos puacuteblicos tecircm

fortalecido a participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica de sauacutede O setor puacuteblico tem

canalizado parte dos seus recursos para o privado e enfraquecido os investimentos na

estruturaccedilatildeo da sua rede proacutepria de atenccedilatildeo puacuteblica

A interface puacuteblico-privada estaacute presente nesta regiatildeo A relaccedilatildeo eacute de dependecircncia

muacutetua o setor puacuteblico busca suficiecircncia na rede privada assim como a Unimed busca

suficiecircncia de acesso aos seus beneficiaacuterios em hospitais puacuteblicos de municiacutepios que

natildeo tecircm hospital privado A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos

nesta regiatildeo Aleacutem disso a maioria dos leitos privados estaacute na rede SUS Os leitos da

regiatildeo puacuteblicos e privados satildeo insuficientes para as necessidades da populaccedilatildeo

conforme paracircmetros do MS e desiguais na distribuiccedilatildeo por municiacutepio

A insuficiecircncia e a escassez de serviccedilos diversificados associadas agraves dificuldades

de acesso da populaccedilatildeo agrave rede puacuteblica podem explicar a cobertura de sauacutede

suplementar na regiatildeo Em sua maioria satildeo planos empresariais e por natildeo oferecerem

cobertura total aos serviccedilos natildeo eacute incomum que o setor puacuteblico custeie parte destes em

especial os especializados e de apoio diagnoacutestico Tal complementaccedilatildeo ocorre para os

beneficiaacuterios dos planos de sauacutede e da associaccedilatildeo Univida Essas alternativas tambeacutem

160

canalizam recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema privado e geram

iniquidades no acesso

O planejamento natildeo eacute uma cultura institucionalizada nesta regiatildeo e embora a

elaboraccedilatildeo de alguns de seus instrumentos seja uma exigecircncia o PDR e o PDI vigentes

foram atualizados em 2005 com base no que foi elaborado em 2001 Isto repercutiu na

conduccedilatildeo da Poliacutetica Estadual de Sauacutede jaacute que tais planos natildeo se constituiacuteram em

instrumentos de direcionamento intervenccedilatildeo e monitoramento das necessidades da

populaccedilatildeo tanto no estado como na regiatildeo Natildeo se constituiacuteram tambeacutem em

instrumento integrador do fluxo intermunicipal e inter-regional com potencial para

aumentar as iniquidades regionais visto que podem propiciar o atendimento de

demandas poliacuteticas e favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que

natildeo formalizam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

O teto financeiro da PPI continua defasado natildeo corresponde agrave produtividade dos

municiacutepios Somam-se a isso as glosas frequentes pelo sistema que geram perda de

recursos jaacute escassos aos municiacutepios Estas questotildees implicaram de forma negativa na

operacionalizaccedilatildeo teacutecnica e financeira da gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema

comprometeram a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves especificidades da regiatildeo Ainda

assim as mudanccedilas financeiras instituiacutedas com o pacto trouxeram benefiacutecios entre eles

a transferecircncia de recursos ao Fundo Municipal de Sauacutede que natildeo eram gerenciados

pelo municiacutepio

A descontinuidade administrativa na SES associada ao perfil dos gestores

estaduais e agraves interferecircncias poliacutetico partidaacuterias influenciaram sua gestatildeo e interferiram

inclusive no quantitativo financeiro recomendado pela EC-29 jaacute que no periacuteodo de

2002 a 2010 apenas em 2010 o estado aplicou os percentuais miacutenimos recomendados

Tais fatores tambeacutem influenciaram o planejamento e a conduccedilatildeo da poliacutetica de

regionalizaccedilatildeo comprometeram o processo de descentralizaccedilatildeo e natildeo fortaleceram a

gestatildeo municipal e regional Consequentemente a regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou

No acircmbito da gestatildeo municipal os gestores tecircm assumido gradativamente um

conjunto de novas responsabilidades na contratualizaccedilatildeo de serviccedilos na pactuaccedilatildeo dos

indicadores entre outras A autonomia dos gestores aumentou mas de certa forma eles

ainda sofrem imposiccedilotildees do governo federal para acessar os recursos financeiros que

permitem incrementar a receita municipal sem muitas preocupaccedilotildees com as prioridades

161

e especificidades do seu municiacutepio O recurso de Compensaccedilatildeo das Especificidades

Regionais natildeo cobre as necessidades desta regiatildeo em que apenas dois municiacutepios foram

contemplados

Os municiacutepios em sua maioria satildeo de pequeno porte e natildeo contam com

profissionais preparados e ou com formaccedilatildeo para a coordenaccedilatildeo e gestatildeo seja pela

indisponibilidade de tais profissionais no municiacutepio ou pelo custo contratual Dessa

forma a gestatildeo municipal depende da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o

desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS A falta de preparo do gestor municipal eacute

significativa muitos satildeo indicaccedilotildees das lideranccedilas partidaacuterias sem a formaccedilatildeo e o

preparo que o cargo exige o que interfere na descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo O

COSEMS tem instrumentalizado os gestores para a tomada de decisotildees

O ERS condutor do processo na regiatildeo estaacute bem estruturado

administrativamente Na vigecircncia do pacto o cargo de diretor foi ocupado por

profissionais do quadro de carreira da SES Tais fatos poderiam ter facilitado o processo

de regionalizaccedilatildeo mas essa instacircncia desempenhou parcialmente seu papel na

coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica regionalizada teve suas funccedilotildees enfraquecidas em

relaccedilatildeo ao planejamento agrave cooperaccedilatildeo teacutecnica e agrave regulaccedilatildeo do sistema e da assistecircncia

agrave sauacutede na regiatildeo O ERS natildeo realiza cooperaccedilatildeo teacutecnica aos municiacutepios desde 2010

por corte nos recursos financeiros pela SES Suas relaccedilotildees com os gestores municipais

embora cooperativas satildeo tambeacutem conflitivas e estatildeo se tornando distantes razatildeo pela

qual algumas atividades municipais jaacute estatildeo sendo realizadas diretamente com a SES e o

MS

A criaccedilatildeo do CGR foi positiva e contribuiu para retomar a gestatildeo colegiada na

regiatildeo mas a governabilidade sobre a macropoliacutetica eacute parcial Constituiu-se muito mais

num espaccedilo de comunicaccedilatildeo e acesso a informaccedilotildees do cotidiano das praacuteticas de gestatildeo

do que de pactuaccedilotildees e planejamento Embora seja um espaccedilo de decisatildeo colegiada o

CGR ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes Por falta de clareza muitos

gestores se posicionam na defesa da instituiccedilatildeo que representam e tecircm pouco empenho

na defesa daquilo que deve ser compartilhado Se os papeacuteis natildeo estatildeo claros

dificilmente as responsabilidades seratildeo cumpridas porque tais gestores natildeo se

reconhecem como parte do todo o que gera divergecircncias e conflitos na governanccedila da

poliacutetica regionalizada

162

A criaccedilatildeo da CIES foi um avanccedilo e tem mostrado a importacircncia da sua

institucionalidade para viabilizar a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo considerando as

necessidades dos profissionais O recurso financeiro depositado na conta de um dos

municiacutepios para atender as necessidades da regiatildeo ainda eacute um problema e indica

necessidade de encontrar alternativas quanto a sua execuccedilatildeo

A manutenccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede na regiatildeo foi positiva

facilitou o acesso aos serviccedilos que estatildeo concentrados no setor privado e melhorou a

resolutividade na regiatildeo No entanto o CIS jaacute natildeo se constitui em equipamento da

regionalizaccedilatildeo as mudanccedilas na sua conduccedilatildeo por parte da SES tornaram suas relaccedilotildees

distantes ele deixou de fazer parte do planejamento da SES natildeo estaacute envolvido nas

atividades teacutecnico-operacionais do ERS natildeo frequenta as reuniotildees do CGR natildeo foi

implementado natildeo avanccedilou na proposta de fortalecimento da regiatildeo natildeo conseguiu

mobilizar e integrar suas atividades ao processo de regionalizaccedilatildeo continuou sem

estrutura puacuteblica perdeu o foco e a direcionalidade para a regionalizaccedilatildeo O CIS

continua atendendo aos municiacutepios da regiatildeo negociando com o prestador em nome da

regiatildeo mas serve aos interesses individuais de cada municiacutepio e tornou-se um

intermediador para a compra de serviccedilos para as Secretarias Municipais de Sauacutede

O Consoacutercio fortaleceu e consolidou o mix puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo do

SUS nesta regiatildeo Os problemas dessa parceria tecircm gerado conflitos coerccedilatildeo temor e

desgaste nas relaccedilotildees e tecircm influenciado de forma negativa a direcionalidade do

processo de regionalizaccedilatildeo A influecircncia do setor privado natildeo permitiu que a regiatildeo

fosse coordenada pelo setor puacuteblico e planejada conforme as necessidades da

populaccedilatildeo mas pautada pela oferta dos serviccedilos

O estudo demonstra que a conduccedilatildeo estaacute permeada por problemas e que o cenaacuterio

eacute desfavoraacutevel para a regionalizaccedilatildeo A fragilidade institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica

regionalizada teve influecircncia no planejamento na gestatildeo dos serviccedilos e enfraqueceu a

regulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede contribuindo para que natildeo fossem alcanccedilados os

resultados do processo de regionalizaccedilatildeo propostos e pactuados A regiatildeo estaacute sem

direcionamento e sem conduccedilatildeo para a gestatildeo regionalizada A falta de direcionamento

planejamento e de pactuaccedilotildees de metas para a regiatildeo tem repercutido na falta de

empenho participaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do gestor e resulta em lutas individuais limitadas agrave

gestatildeo municipal e que geram desigualdades

163

A SES manteve e criou incentivos financeiros para a atenccedilatildeo baacutesica e para o CIS

mas natildeo cumpriu com suas obrigaccedilotildees nas transferecircncias regulares dos incentivos

financeiros distanciou-se da lideranccedila da conduccedilatildeo natildeo contribuiu para atualizar os

instrumentos de planejamento e programaccedilatildeo intergovernamentais perdeu

credibilidade recentralizou a regulaccedilatildeo da assistecircncia desmobilizou a regiatildeo e reforccedilou

a municipalizaccedilatildeo autaacuterquica Estas questotildees impactaram de forma negativa

interferindo na conduccedilatildeo da poliacutetica municipal e do CIS e aprofundando as

desigualdades na regiatildeo em estudo que eacute formada em sua maioria por municiacutepios de

pequeno porte populacional com forte dependecircncia das transferecircncias federal e

estadual

A falta de clareza por parte dos gestores quanto aos papeacuteis dos entes federativos e

quanto agrave importacircncia dos instrumentos de planejamento para direcionar a

implementaccedilatildeo da poliacutetica na regiatildeo contribuiu para que eles natildeo questionassem e nem

exigissem a sua atualizaccedilatildeo e influenciou para que natildeo fossem mobilizadas as lideranccedilas

no sentido da descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo Resultaram em fragmentaccedilatildeo e

descontinuidade do cuidado agrave sauacutede alerta para o comprometimento e as repercussotildees

desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As instacircncias de decisatildeo colegiada estatildeo enfraquecidas as relaccedilotildees satildeo

conflitivas por vezes a governanccedila eacute ameaccedilada e influenciada pelo setor privado e

mostra a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Entre os gestores municipais as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias

mas tensionam e se tornam conflitivas sobretudo quando se referem aos problemas de

acesso na regiatildeo Eacute preciso que se criem neste espaccedilo as condiccedilotildees para a articulaccedilatildeo e

mediaccedilatildeo de conflitos que se construa agenda permanente de compartilhamento e

ajustes de interesses comuns que se facilite a construccedilatildeo de competecircncias para a gestatildeo

compartilhada e regionalizada

O funcionamento do CIS mostra sinais de enfraquecimento Traz contribuiccedilotildees

mas tambeacutem problemas na medida em que a rede privada natildeo aceita convecircnio puacuteblico e

tabela SUS jaacute que consegue tabela diferenciada via consoacutercio Sua existecircncia

contribuiu para que natildeo houvesse investimentos puacuteblicos na regiatildeo pois de certa

forma ele tem resolvido os problemas na regiatildeo sem gerar ldquoincocircmodosrdquo agrave SES

164

O ERS precisa ter autonomia financeira fortalecer os poderes para exercer seu

papel de lideranccedila e coordenaccedilatildeo na regiatildeo renovar a maneira de conduzir estimular a

participaccedilatildeo dos gestores realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica e capacitar sua equipe Precisa

ser valorizado pela SES que deve desenvolver competecircncias para capacitaacute-lo para

planejar regular auditar realizar o controle avaliaccedilatildeo e monitoramento das accedilotildees

Esses poderes precisam emergir o que implica em alterar a forma de conduzir a

poliacutetica em redistribuir poderes entre as instacircncias municipal regional e estadual

A regiatildeo jaacute tem poderes mas estaacute sem conduccedilatildeo precisa ser conhecida e

reconhecida pelos atores institucionais e natildeo institucionais que fazem parte deste

complexo regional Eacute preciso reconhecer que esta regiatildeo tem uma histoacuteria eacute dinacircmica

tem especificidades econocircmicas e sociais que pode se desenvolver e ser autocircnoma mas

precisa lideranccedila teacutecnica para articular e fortalecer os laccedilos com as lideranccedilas poliacuteticas

da regiatildeo para assegurar recursos no orccedilamento do governo de estado para suprir as

lacunas de sua rede regionalizada de atenccedilatildeo puacuteblica Internamente os gestores

precisam ter clareza do todo eacute preciso organizar-se entender como a rede e a regiatildeo

estaacute constituiacuteda o que disponibiliza quais as suas potencialidades e dificuldades quais

as suas demandas e ofertas enfim quem usa e porque usa esta regiatildeo

O processo de regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou e natildeo se pode afirmar que houve

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e sim uma delegaccedilatildeo de responsabilidades do estado para

os municiacutepios vez que muitas accedilotildees foram transferidas para a execuccedilatildeo local sem o

devido recurso financeiro sem a cooperaccedilatildeo teacutecnica sem a estrutura fiacutesica sem

profissionais e equipes preparadas para as funccedilotildees e contribuiu para a desestruturaccedilatildeo

dos serviccedilos com perda de qualidade que aumentaram as demandas regionais e os

custos para a gestatildeo municipal Aleacutem disso natildeo se observa por parte da SESERS na

vigecircncia do pacto exceto no momento de sua implantaccedilatildeo atividades para promover

discussotildees coletivas para enfrentamento dos problemas regionais A SES como

condutora do processo exerce influecircncia que pode facilitar ou dificultar a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede

Eacute preciso retomar a conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo dar direcionalidade agrave sua

implementaccedilatildeo para que possa ter os resultados esperados e assumidos no Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os fatos aqui apontados aumentaram a vulnerabilidade do

sistema e natildeo contribuiacuteram para a descentralizaccedilatildeo influenciaram as capacidades

165

teacutecnico-operacionais da SESERS e resultaram em perdas de conquistas consolidadas no

processo de regionalizaccedilatildeo do periacuteodo anterior ao pacto Sem o apoio da SES o

processo de regionalizaccedilatildeo fica comprometido e natildeo avanccedila

Observa-se que a gestatildeo da poliacutetica regionalizada no espaccedilo desta regiatildeo estaacute

permeada por problemas a agenda de intervenccedilotildees eacute complexa e envolve os diversos

atores institucionais Sua conduccedilatildeo requer iniciativas interfederativas para se fortalecer

e promover o acesso aos serviccedilos qualificados a governanccedila estaacute tensionada pela

insuficiecircncia da rede puacuteblica e constitui-se em desafios para institucionalizar uma rede

regionalizada e integrada da sauacutede que respeite as diversidades municipais e reduza a

segmentaccedilatildeo do sistema na regiatildeo A loacutegica da rede de serviccedilos eacute organizada a partir da

oferta de serviccedilos em especial do setor privado e requer investimentos para o

fortalecimento da rede puacuteblica e ter o setor privado apenas como complementar Eacute

necessaacuterio fortalecer a gestatildeo compartilhada e solidaacuteria desenvolver uma agenda de

educaccedilatildeo permanente que capacite os gestores e a equipe de conduccedilatildeo que qualifique

os profissionais para as praacuteticas cliacutenicas que desenvolva competecircncias para a

vigilacircncia a regulaccedilatildeo e auditoria Eacute preciso viabilizar o hospital regional que poderaacute

concentrar os serviccedilos atuar com economia de escala e escopo ofertando serviccedilos

ambulatoriais internaccedilotildees especialidades UTI e maternidade

Estes desafios implicam rever os papeacuteis das instacircncias envolvidas integrar e

compartilhar as accedilotildees consideradas baacutesicas e necessaacuterias para o ecircxito da estrateacutegia

regionalizada e assim garantir o equiliacutebrio nas relaccedilotildees reduzir os conflitos e

contribuir para o avanccedilo da poliacutetica puacuteblica nesta regiatildeo de sauacutede Satildeo desafios que

podem contribuir para a implementaccedilatildeo desse processo e que estatildeo contemplados no

Decreto nordm 75082011 mediante o qual a regionalizaccedilatildeo se fortalece como orientaccedilatildeo

para a implementaccedilatildeo do SUS

Em parte a direcionalidade da regionalizaccedilatildeo foi pautada pela ideologia da

equidade e gerencial com preocupaccedilatildeo em aumentar os investimentos na regiatildeo para

melhorar a rede de atenccedilatildeo ampliar os serviccedilos assegurar o acesso e garantir a

integralidade No entanto natildeo se observam condutas democraacuteticas em especial por

parte da SES que natildeo tem ouvido as solicitaccedilotildees dos gestores natildeo tem atendido agraves

demandas ou valorizado a estrutura regional de forma a dotaacute-la com capacidade

institucional para fortalecer a poliacutetica puacuteblica de sauacutede na regiatildeo

166

As dificuldades apontadas acima mostram o quanto esta maneira de conduzir a

poliacutetica tem enfraquecido o Estado de direito agrave sauacutede A regionalizaccedilatildeo contemplada no

pacto pode efetivar este direito mas eacute um processo poliacutetico que implica a busca de

alternativas compartilhadas que fortaleccedilam a regiatildeo de forma a reduzir as iniquidades e

avanccedilar no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada Esta mudanccedila objetiva natildeo

apenas aumentar a autonomia dos municiacutepios como tambeacutem consolidar o papel do

estado como coordenador regional

Os desafios estatildeo relacionados ao eixo das relaccedilotildees intergovernamentais Estas

relaccedilotildees interfederativas satildeo complexas e poliacuteticas requerem capacitaccedilatildeo e

amadurecimento para dividir poderes e assumir de fato as responsabilidades

compartilhadas A resolutividade esperada na regiatildeo poderaacute ser alcanccedilada se houver

investimentos puacuteblicos se as relaccedilotildees verticais e horizontais forem fortalecidas se os

gestores e lideranccedilas se comprometerem com o desenvolvimento de accedilotildees coletivas se

houver coordenaccedilatildeo intergovernamental tendo a SES como protagonista da conduccedilatildeo

Sem a coordenaccedilatildeo do estado as propostas do Pacto pela Sauacutede natildeo satildeo suficientes para

tornar esta regiatildeo autocircnoma Aleacutem disso eacute preciso inserir nos espaccedilos de decisatildeo

colegiada a participaccedilatildeo de conselheiros ampliar a governanccedila e permitir o controle

social

167

QUADROS-SIacuteNTESE

Quadro 4 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Trajetoacuteria e experiecircncia de gestatildeo

regionalizada desde a deacutecada de 1990

Existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede desde 1998

Forte adesatildeo do setor privado ao SUS -

dos leitos privados quase 70 estatildeo

contratadoscredenciados pelo SUS

Presenccedila do profissional meacutedico em todos

os municiacutepios

Regiatildeo que se destaca no estado com o

agronegoacutecio

A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que

apresentam o maior PIB per capita (R$

2347430)

Todos os municiacutepios integrantes nos

uacuteltimos 4 anos tecircm aplicado recursos

financeiros proacuteximos a 20 acima do

recomendado pela EC29

A regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do

Estado em relaccedilatildeo ao IDH (076)

Dos 10 leitos de UTI 8 satildeo puacuteblicos

ERS - bem estruturado teacutecnica e

administrativamente

A maior parte da capacidade instalada puacuteblica

eacute constituiacuteda por unidades de atenccedilatildeo

primaacuteria e com baixa cobertura de PSF ndash rede

de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute de baixa

resolutividade

Falta centro de referecircncia especializada

puacuteblica na regiatildeo para atendimento do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Predomiacutenio da diversidade de serviccedilos no

setor privado que manteacutem forte parceria com

o CIS e prefeituras

Falsa percepccedilatildeo de que a regiatildeo eacute resolutiva ndash

limitou-se agrave busca de investimentos puacuteblicos

Falta hospital regional na regiatildeo

Rede de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute

dependente do setor privado na meacutedia e alta

complexidade

Forte dependecircncia financeira da maioria dos

municiacutepios em relaccedilatildeo ao governo federal e

estadual

Disponibilidade de meacutedicos na regiatildeo

vinculados ao SUS eacute menor que o

recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

Eacute a regiatildeo com menor disponibilidade de

enfermeiros do estado e a deacutecima terceira

regiatildeo do Estado com menor disponibilidade

dos demais profissionais de niacutevel superior

Estaacute entre as nove regiotildees do estado que

totalizam o menor incremento com atenccedilatildeo

baacutesica e entre as que tiveram maior

incremento com despesa ambulatorial de

meacutedia complexidade

Os leitos puacuteblicos de UTI estatildeo instalados no

hospital privado e satildeo insuficientes para as

necessidades da regiatildeo

Desigualdades econocircmicas entre os

municiacutepios

Disponibilidade de leitos em geral da regiatildeo

(199) eacute menor que o recomendado pelo MS

Insuficiecircncia de especialidades meacutedicas na

rede puacuteblica

Especialidades meacutedicas disponiacuteveis na regiatildeo

sem contrato como setor puacuteblico

168

Quadro 5 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Plano de sauacutede UNIMED de abrangecircncia

regional com sede em Tangaraacute da Serra

Plano Univida dispotildee da Associaccedilatildeo

Univida com sede em Tangara da Serra eacute

uma alternativa de acesso dos

beneficiaacuterios ao serviccedilo privado com valor

acessiacutevel pago no ato do uso

Dispor de capacidade instalada de meacutedia e

alta complexidade - hospitalar

laboratorial (Bioquiacutemica citopatologia

anatomopatologia) exames de imagem

hemodiaacutelise UTI adulta e neonatal

Especialidades meacutedicas exames

laboratoriais e de imagem hospitais de

maior porte e leitos de UTI concentradas

no setor privado

Cobertura sauacutede suplementar de

221(2010)

Setor privado ligado agrave vocaccedilatildeo econocircmica

da regiatildeo

Maioria dos planos de sauacutede satildeo coletivos

empresariais

Diversidade de serviccedilos de maior

complexidade

Unimed natildeo possui rede proacutepria

Baixa capacidade instalada de leitos privados

Escassez de especialidades meacutedicas dificulta a

implantaccedilatildeo de serviccedilos no municiacutepio-sede da

regiatildeo

Escassez de especialidades meacutedicas no

interior da regiatildeo dificulta adesatildeo aos planos

de sauacutede

Falta serviccedilos de maior complexidade -

oncologia cateterismo UTI adulta

Quadro 6 - Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo na

regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Fatores que facilitaram Fatores que dificultaram Histoacuterico estrutural da regiatildeo - regionalizaccedilatildeo

da sauacutede implantada na deacutecada de 1990

CIB regional criada em 1996 - passou a

CGR

incentivos criados pelo estado no periacuteodo

anterior ao pacto pela sauacutede e novos

incentivos criados na vigecircncia do pacto

induccedilatildeo da poliacutetica financeira do MS com

criteacuterios que exigiram organizaccedilatildeo

regional e municipal

Criaccedilatildeo do CIS em 1998

parceria com o setor privado na oferta de

serviccedilos especializados

participaccedilatildeo ativa do COSEMS

Criaccedilatildeo da CIES e treinamentos na regiatildeo

inexistecircncia de estrutura puacuteblica antes do

pacto pela sauacutede e na vigecircncia do pacto

o consoacutercio e a parceria com o setor privado

na oferta de serviccedilos especializados

resultaram em acomodaccedilotildees por parte dos

entes federativos e a ldquofalsa ideacuteia de que a

regiatildeo eacute resolutivardquo

falta de planejamento na regiatildeo e no estado

fragilidades na regulaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo

falta capacitaccedilatildeo de gestores e profissionais

trocas sucessivas do gestor estadual

corte nos recursos do ERS - impediu de

realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica in loco

falta de articulaccedilatildeo com as lideranccedilas teacutecnicas

e poliacuteticas na regiatildeo

169

Quadro 7 - Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do

Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Instituiccedilotildees atores Caracterizaccedilatildeo

SMS

A estrutura administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas

teacutecnicas para coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos trabalhos

Dispotildee de Central Municipal de Regulaccedilatildeo

Dispotildee de meacutedico regulador que realiza a regulaccedilatildeo da assistecircncia na

regiatildeo e a urgecircncia-emergecircncia com a Central Estadual

ERS

Instacircncia de representaccedilatildeo da SES na regiatildeo contava com 3 gerecircncias

administrativas agora apenas uma Equipe composta por mais de 30

profissionais tem Central Regional de Regulaccedilatildeo que faz a regulaccedilatildeo

apenas dos procedimentos eletivos consultas especializadas exames e

cirurgias

Central Estadual de

regulaccedilatildeo

Com sede em Cuiabaacute faz a regulaccedilatildeo da urgecircncia-emergecircncia da regiatildeo e

dos leitos de UTI instalados na regiatildeo e o acesso aos leitos de UTI de

Cuiabaacute TFD e medicamentos de alto custo junto com a central regional

faz a regulaccedilatildeo dos procedimentos eletivos

Hospital Municipal de

Barra do Bugres

Manteacutem convecircnio com a SES para ser referecircncia na regiatildeo em ortopedia e

cirurgia geral Eacute referecircncia para internaccedilatildeo nas cliacutenicas baacutesicas para o

municiacutepio de Porto Estrela Denise e Arenaacutepolis

CGR Delibera o credenciamento a contratualizaccedilatildeo realiza a PPI e discute as

necessidades que envolvem o acesso ao complexo regulador

Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede

Abrange os 10 municiacutepios da regiatildeo e um municiacutepio da regiatildeo de Juiacutena

Manteacutem parceria com o setor privado para a oferta dos serviccedilos de

internaccedilotildees cirurgias exames de apoio diagnoacutestico laboratorial e de

imagem bioacutepsia consultas especializadas Todos estes serviccedilos satildeo

contratualizados tecircm como base a tabela SUS mais tabela complementar

para pagamento dos serviccedilos produzidos

Setor Privado lucrativo

(prestadores e

operadoras)

UNIMED

UNIVIDA

Demais operadoras na regiatildeo

Privadoconveniado

Hospitais - oferecem os serviccedilos de internaccedilotildees cirurgias em geral e

partos Alguns atendem agraves demandas geradas pelos especialistas do

consoacutercio Satildeo credenciados ou conveniados ou contratualizados pelo

CIS

Hemodiaacutelise ndash atende agrave demanda da regiatildeo eacute credenciado pelo MS e a

consulta eacute paga agrave parte pelo gestor municipal

Cliacutenicas especializadas ndash atende agraves consultas especializadas

contratualizadas pelo consoacutercio

Cliacutenica de exames de imagem - contratualizada pela SES e pelo CIS

Laboratoacuterios - oferecem os serviccedilos anaacutetomo-patoloacutegico citologia ndash

contratualizado pelo consoacutercio e credenciada pela SES

Prestador puacuteblico

municipal

A regiatildeo dispotildee de 4 hospitais puacuteblicos que oferecem os serviccedilos

hospitalares na cliacutenicas baacutesicas Dispotildeem de unidades baacutesicas de sauacutede

serviccedilos laboratoriais de baixa complexidade e especialidades de

ortopedia cirurgia geral pediatria ginecologia cliacutenica geral

Dois destes hospitais mantecircm convecircnio com a UNIMED

Cliacutenicas privadas de

Cuiabaacute

Atendem a consultas de neurologia e cirurgias de

otorrinolaringologia por meio da compra de serviccedilos diretamente

com as prefeituras

COSEMS e Conselhos

Municipais de Sauacutede

CMS participa por meio das deliberaccedilotildees nos municiacutepios

COSEMS ndash instrumentaliza os gestores para a tomada de decisotildees

170

10 Referecircncias

171

10 REFEREcircNCIAS

Abrucio FL A coordenaccedilatildeo federativa no Brasil a experiecircncia do periacuteodo FHC e os

desafios do governo Lula Rev Sociol Polit 2005

Abrucio FL Descentralizaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo Federativa no Brasil liccedilotildees dos anos FHC

In Abrucio FL Loureiro MR O estado numa era de reformas os Anos FHC - parte 2

Brasiacutelia MP SEGES 2002 316 p

Albuquerque MV Mello GA Iozzi FLldquoO processo de regionalizaccedilatildeo em sauacutede nos

estados brasileirosrdquo In Viana AL drsquoA Lima LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees

federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro Contra Capa 2011 p 117-

72

Almeida C O mercado privado de serviccedilos de sauacutede no Brasil panorama atual e

tendecircncias da assistecircncia meacutedica suplementar Texto para discussatildeo no 599 Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada Brasiacutelia novembro de 1998

Arretche M Descentralizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do fomento puacuteblico Estrateacutegias de

descentralizaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede e educaccedilatildeo no Brasil nota teacutecnica Brasiacutelia DF

junho 2008

Arretche M Federalismo e igualdade territorial uma contradiccedilatildeo em termos Dados ndash

Revista de Ciecircncias Sociais Rio de Janeiro 201053(3)587-620

Arretche M Federalismo e Poliacuteticas Sociais No Brasil problemas de coordenaccedilatildeo e

autonomia Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(2)17-26

Arretche M Financiamento federal e gestatildeo local de poliacuteticas sociais o difiacutecil equiliacutebrio

entre regulaccedilatildeo responsabilidade e autonomia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

20038(2)331-45

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em

wwwatlasbrasilorgbr

Bahia L A demarcheacute do privado e puacuteblico no sistema de atenccedilatildeo agrave sauacutede no Brasil em

tempos de democracia e ajuste fiscal 1988-2008 In Matta GC Lima JCF organizador

Estado sociedade e formaccedilatildeo profissional em sauacutede contradiccedilotildees e desafios em 20

anos de SUS Rio de Janeiro Fiocruz Escola Politeacutecnica de Sauacutede Joaquim Venacircncio

2008

172

Bahia L A privatizaccedilatildeo no sistema de sauacutede brasileiro nos anos 2000 tendecircncias e

justificaccedilatildeo In Santos NR Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Barreto IFJ Silva ZF Reforma do sistema de sauacutede e as novas atribuiccedilotildees do gestor

estadual Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(3)47-56

Botti CS Artmann E Spinelli MAS Scatena JHG Regionalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de

Sauacutede em Mato Grosso um estudo de caso da implantaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede da Regiatildeo do Teles Piresno periacuteodo de 2000 a 2008 Epidemiol Serv Sauacutede

Brasiacutelia 2013 jul-set22(3)491-500

Botti CS Avaliaccedilatildeo do processo de implementaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede da regiatildeo do Teles Pires (Dissertaccedilatildeo) Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Escola

Nacional de Sauacutede Puacuteblica 2010

Brasil Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia Senado Federal 1988

Brasil Decreto ndeg 7508 de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei ndeg 8080 de 19 de

setembro de 1990 para dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS o

planejamento da sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e a articulaccedilatildeo interfederativa e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2011 29 jun

Brasil Decreto no 4481 de 2de novembro de 2002 Dispotildee sobre os criteacuterios para

definiccedilatildeo dos hospitais estrateacutegicos no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS e daacute

outras providecircncias Decreto FederalDOU DE 25112002

Brasil Decreto no

5895 de 18 de setembro de 2006 Dispotildee sobre a concessatildeo do

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

Brasil Decreto no 7508 De 28 de Junho de 2011 Decreto Federal Regulamentaccedilatildeo da

Lei 8080- DOU 2962011

Brasil Decreto nordm 86329 de 2 de setembro de 1981 Institui o Conselho Consultivo da

Administraccedilatildeo de Sauacutede Previdenciaacuteria - CONASP

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os arts 34 35

156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento

das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede

Brasil Instruccedilatildeo Normativa SRF nordm 480 de 15 de dezembro de 2004 Retificada no

DOU de 31122004 Seccedilatildeo 1 paacuteg 79 DOU de 29122004

173

Brasil Lei 9250 de 26 de dezembro de 1995 Altera a legislaccedilatildeo do imposto de renda

das pessoas fiacutesicas e daacute outras providecircncias

Brasil Lei n 8112 de 11 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre o regime juriacutedico dos

servidores puacuteblicos civis da Uniatildeo das autarquias e das fundaccedilotildees puacuteblicas federais

Brasil Lei nordm 3807 - de 26 de agosto de 1960 Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social ndash

LOPS DOU de 5960

Brasil Lei nordm 4506 de 30 de Novembro de 1964 Dispotildee sobre o Imposto que Recai

sobre as Rendas e Proventos de qualquer Natureza

Brasil Lei no

6229 de 17 de julho de 1975 Dispotildee sobre a organizaccedilatildeo do Sistema

Nacional de Sauacutede

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 20 set

Brasil Lei no 8666 de 21 de junho de 1993 Regulamenta o art 37 inciso XXI da

Constituiccedilatildeo Federal institui normas para licitaccedilotildees e contratos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica e daacute outras providecircncias

Brasil Lei nordm 9665 de 19 de junho de 1998 Autoriza o Poder Executivo a conceder

remissatildeo parcial de creacuteditos externos em consonacircncia com paracircmetros estabelecidos

nas Atas de Entendimentos originaacuterias do chamado Clube de Paris ou em

Memorandos de Entendimentos decorrentes de negociaccedilotildees bilaterais negociar tiacutetulos

referentes a creacuteditos externos a valor de mercado e receber tiacutetulos da diacutevida do Brasil e

de outros paiacuteses em pagamento e daacute outras providecircncias

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 148 de 15 de dezembro 2003 - DOU de 16122003 ndash

Convertida na Lei nordm 10850 de 25032004

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 2158-35 de 24 de agosto de 2001 DOU de 2782001

Carvalho GL Regiatildeo a evoluccedilatildeo de uma categoria de anaacutelise da geografia Boletim

Goiano de Geografia 2002 jan-jun22(1)135-53

Castro MHL A relaccedilatildeo entre o puacuteblico e o privado no sistema de sauacutede brasileiro

repensando o papel do Estado [Tese] Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de

Janeiro 2006

Cavalheiro ME Juchem DM Poliacuteticas Puacuteblicas Uma analise mais apurada sobre

Governanccedila e Governabilidade Rev Bras Hist Ciecircncias Sociais Ano I 2009 julI -1-11

174

Coelho APS O puacuteblico e o privado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede processo decisoacuterio e

conduccedilatildeo da poliacutetica no Estado do Espiacuterito Santo (Dissertaccedilatildeo) Escola Nacional de

Sauacutede Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2011 143 f

Cohn A Previdecircncia Social e Processo Politico no Brasil Satildeo Paulo Moderna 1980

Conass Regulaccedilatildeo em sauacutede Coleccedilatildeo para entender a gestatildeo do SUS Conselho

Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede ndash Brasiacutelia v10 2011 126p

Cordeiro HAacute Conil EM Santos IS Bressan AI Por uma reduccedilatildeo nas desigualdades em

sauacutede no Brasil qualidade e regulaccedilatildeo num sistema com utilizaccedilatildeo combinada e

desigual In Santos NRS Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Delziovo CR Colegiado de gestatildeo regional desafios e perspectivas relato de

experiecircncia Sau Transf Soc Florizanoacutepolis 20123(1)102-5 ISSN 2178-7085

Dourado DA Elias PEM Regionalizaccedilatildeo e federalismo sanitaacuterio Rev Sauacutede Publica

201145(1)204-11

Draibe SM O Welfare State no Brasil Caracteriacutesticas e perspectivas Caderno de

Pesquisa no 8 UNICAMP Nuacutecleo de Estudos de Poliacuteticas Publicas ndash NEPP 1993

Fernandes NFF Processo de organizaccedilatildeo e desenvolvimento de estrateacutegias para

divulgaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede em Mato Grosso relatoacuterio de

experiecircncia 2014 In Scatena JHG Kehrig RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede

diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo

Hucitec 2014 565p

Ferreira JBB Bombarda FP Forster AC Chaves LDP Vallin S Almeida TL O

processo de descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado de Satildeo Paulo731-761

In Ibanez N Elias PEM Seixas PHD organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em

sauacutede Satildeo Paulo Hucitec Editora Cealag 2011 816p

Figueiredo WBF Estruturas de governanccedila regionais desenvolvimento sustentaacutevel e

legitimidade notas para a construccedilatildeo de um esquema de referecircncia RDE - Revista de

Desenvolvimento Econocircmico Salvador BA 2012 dezXIV(26)136-44

Fleury S Ouverney AM Gestatildeo de redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da poliacutetica de

sauacutede Rio de Janeiro Editora FGV 2007

Fleury S Ouverney AM O sistema uacutenico de sauacutede brasileiro-Desafios da gestatildeo em

rede Rev Port Bras Gestatildeo Ediccedilatildeo especial 10 anos 200674-83

175

Fleury S Ouverney AM Poliacutetica de Sauacutede uma poliacutetica social In Giovanella L

Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no Brasil 2a ed rev

e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 25-58 p

Fleury S Ouverney AM Kronemberger TS amp Zani FB Governanccedila local no sistema

descentralizado de sauacutede no Brasil Rev Panam Salud Publ 201028(6)446-55

Fonseca AAM et al Em torno do conceito de regiatildeo Sittientibus Feira de Santana

1999 jul-dez2189-100

Gadelha CAG Maldonado JSSV Costa LS O complexo produtivo da sauacutede e sua

relaccedilatildeo com o desenvolvimento um olhar sobre a dinacircmica da inovaccedilatildeo em sauacutede In

In Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 209-239 p

Gadelha CAG Sauacutede e Territorializaccedilatildeo na perspectiva do desenvolvimento Ciecircncia amp

Sauacutede Coletiva 201116(6)3003-16

Gomides JE O surgimento da expressatildeo ldquogovernancerdquo governanccedila e governanccedila

ambiental Um resgate histoacuterico Rev Ciecircncias Gerenciais 2009XIII(18)

Gonzaga AA O papel dos escritoacuterios regionais de sauacutede no processo de

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo do SUS em Mato Grosso In Muumlller Neto JS

Organizador A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade

da atenccedilatildeo Cuiabaacute SES 2002 p 67-87

Guimaratildees L Arquitetura da organizaccedilatildeo regionalizada consoacutercios intermunicipais de

sauacutede em Mato Grosso In Muller Neto JS organizador Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em

Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo Cuiabaacute Secretaria de Estado de

Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 101-12

Guimaratildees RB Regiotildees de sauacutede e escalas geograacuteficas Cad de Sauacutede Puacutebl

200521(4)1017-25

Heimann LS Ibanhes LC Boaretto RC Kavano J A relaccedilatildeo puacuteblico-privado e o Pacto

pela Sauacutede novos desafios para a gestatildeo em sauacutede In Santos NR Amarante PDC

(Org) Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes

2010 p208-219

Informe Dawson sobre el futuro de los servicios meacutedicos y afines Traduccioacuten al

castellano de Dawson Report on the future provision of medical and allied services

1920 Organizacioacuten Panamericana de la Salud Publicacioacuten cientiacutefica 1964 feb93

176

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Contagem da populaccedilatildeo Rio de Janeiro

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2010

Junqueira LP A gestatildeo intersetorial das poliacuteticas sociais e o terceiro setor Sauacutede e

Sociedade 200413(1)25-36

Junqueira LP Intersetorialidade transetorialidade e redes sociais na sauacutede Rev

Administr Puacuteblica 200034(6)35-45

Knopp G Governanccedila social territoacuterio e desenvolvimento Perspectivas em Politicas

Puacuteblicas Belo Horizonte Vol No8 p53-74juldez 2011

Lavras CCC Descentralizaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo de redes regionais de

atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS In Nelson Ibanez Paulo Eduardo Mangeon Elias Paulo

Henrique DrsquoAngelo Seixas organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em sauacutede Satildeo

Paulo Hucitec Editora Cealag 2011p 317-331

Levi ML Scatena JHG Evoluccedilatildeo recente do financiamento do SUS e consideraccedilotildees

sobre o processo de regionalizaccedilatildeo In Viana ALdrsquoAacute Lima LD (Orgs)

Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro

Contra Capa 2011 p 81-113

Lima APG Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e o Sistema Uacutenico de Sauacutede Cad

Sauacutede Puacuteblica 200016(4)985-96

Lima LD Queiroz LFN Machado CV Viana ALAacute Descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo

dinacircmica e condicionantes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede no Brasil Ciecircnc Sauacutede

Coletiva 201217(7)1903-14

Machado CV Baptista TWF Lima LD O planejamento nacional da poliacutetica de sauacutede

no Brasil estrateacutegias e instrumentos nos anos 2000 Ciecircn Sauacutede Coletiva 2010

(15)2367-2382

Mato Grosso Plano de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso MT+20 Plano de

Desenvolvimento regiatildeo de Planejamento VIII ndash Oeste2007c

Mato Grosso Relatoacuterio de Gestatildeo da Receita Puacuteblica referente ao periacuteodo de 2004

a2006 Secretaria Adjunta da Receita PuacuteblicaSecretaria de Estado de FazendaGoverno

do Estado de Mato Grosso Cuiabaacute MT Marccedilo de 2007a 191 paacutegs

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2008 ndash

2011 Consolidado por objetivo estrateacutegico Cuiabaacute ndash Julho2010a

177

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2004 ndash

2007 Mato Grosso matildeos a obra Projeto de Lei Cuiabaacute ndash Agosto2003

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede ndash Poliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

Diretrizes Estrateacutegias e Projetos Prioritaacuterios Documento Teacutecnico nordm 1 CuiabaacuteMT

1995 22 pp

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Avaliaccedilatildeo da Poliacutetica de Sauacutede do Estado

de Mato Grossondash19951998 Cuiabaacute 2000a

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Portaria SES ndeg 13209092008

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Superintendecircncia de Poliacuteticas de Sauacutede

Coordenadoria de Gestatildeo da Poliacutetica de Sauacutede Plano Estadual de Sauacutede Mato Grosso -

2008 2011 Secretaria de Estado de Sauacutede - Cuiabaacute 2010b133 pg

Mato Grosso Secretaria de Planejamento Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso

MT+202007b

Mato Grosso Tribunal de contas de Mato Grosso Secretaria de Controle Externo

Relatoacuterio de Auditoria Contas Anuais de Gestatildeo 2012 Acesso on line em 26 de julho

2013

Mendes EV As redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Pan-Americana da

Sauacutede 2011 549 p Il

Mendonccedila AF O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nas regiotildees de sauacutede do

Estado de Mato Grosso [Dissertaccedilatildeo] Universidade Federal de Mato Grosso Instituto

de Sauacutede Coletiva 2012 116 pg

Menicucci TMG Puacuteblico e privado na politica de assistecircncia atilde sauacutede no Brasil atores

processos e trajetoacuteria Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 2007320p

Ministeacuterio da Sauacutede (BR) Gabinete Ministerial Portaria 1101 12 de junho de 2002

Dispotildee sobre paracircmetros de cobertura assistencial no acircmbito do SUS Brasiacutelia

Ministeacuterio da Sauacutede 2002b

Ministeacuterio da Sauacutede Datasus Informaccedilotildees em sauacutede Disponiacutevel em

httptabnetdatasusgovbr

Ministeacuterio da Sauacutede Manual do SISPPI versatildeo 315 - Moacutedulo Municipal Coordenaccedilatildeo

de Programaccedilatildeo da Assistecircncia Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle

Secretaria de Atenccedilatildeo a Assistecircncia Ministeacuterio da Sauacutede Brasilia novembro de 2004

178

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 196 Portariacutea ndeg 2203 de

5 de novembro de 1996

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 93 Portariacutea ndeg 545 de 20

de maio de 1993

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional da Assistecircncia agrave sauacutede NOAS-SUS 0101 ndash

Portaria MSGM ndeg95 de 26 de janeiro de 2001 - Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente oficializada pela

Portaria GM no 19962007

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS

Portaria nordm 1559 de 1ordm de agosto de 2008

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria GMMS no 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o

Pacto pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do

Referido Pacto Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2006 23 fev

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 4279 de 30 de dezembro de 2010 Estabelece

diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede no acircmbito do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS)

Ministeacuterio da Sauacutede Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede aprofundando a

descentralizaccedilatildeo com equidade no Acesso Norma Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede

NOAS-SUS 0102 (Portaria MSGM nordm 373 de 27012002) Brasiacutelia 2002a

Mota US Os consoacutercios intermunicipais de sauacutede como cerne da estrateacutegia para a

implementaccedilatildeo das regiotildees de sauacutede de Mato Grosso In Muller Neto JS organizador

Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo

Cuiabaacute Secretaria de Estado de Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 92-9

Muumlller Netto JS amp Lotufo M Poliacutetica e regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso

aspectos histoacutericos conceituais metodoloacutegicos e perspectivas In Muumlller Neto JS

(org) A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da

atenccedilatildeo Cuiabaacute SESMT 2002 p 13-25

Nascimento AAM Damasceno AK Silva MJ Silva MVS Feitoza AR Regulaccedilatildeo em

Sauacutede aplicabilidade para concretizaccedilatildeo do pacto de gestatildeo do SUS Cogitare Enferm

2009 AbrJun 14(2)346-52

Neves LA Ribeiro JM Consoacutercios de Sauacutede estudo de caso exitoso Cad Sauacutede

Puacuteblica 200622(10)2207-17

179

Noronha JC Lima LD Machado CV O Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS In In

Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 p435-472

Ockeacute-Reis CO Sophia DC Uma criacutetica agrave privatizaccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

pela constituiccedilatildeo de um modelo de proteccedilatildeo social puacuteblico de atenccedilatildeo agrave sauacutede Sauacutede

em Debate 2009 jan-abr33(81)72-9

Oliveira J Fleury S (Im) Previdecircncia social 60 anos de histoacuteria da Previdecircncia Social

Petroacutepolis Vozes 1985

Pacheco CFF Seguridade social e previdecircncia situaccedilatildeo atual Indic Econ FEE

201239(3)71-84

Pereira JM A governanccedila corporativa aplicada no setor puacuteblico brasileiro APGS 2010

jan-mar2(1)109-34

Pinto ICM Teixeira CF Solla JJSP Reis AAC Organizaccedilao do SUS e diferentes

modalidades de gestatildeo e gerenciamento dos serviccedilos e recursos puacuteblicos de sauacutede In

Paim JS Almeida Filho N oganizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de

Janeiro MedBook 2014 p 231-44 720p

Possas C Sauacutede e trabalho- a crise da Previdecircncia Social 2a ed Hucitec 1989

Queiroz AM Federalismo no Brasil os consoacutercios puacuteblicos intermunicipais no periacuteodo

recente [Tese] Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2012

Rego N Reffatti LV Representaccedilotildees de mundo geografias adversas e manejo

simboacutelico ndash aproximaccedilotildees entre cliacutenica psicopedagoacutegica e ensino de geografia In

Terra livre Temperos da geografia Publicaccedilatildeo semestral da Associaccedilatildeo dos Geoacutegrafos

Brasileiros Goiania- GO Ano 20 2004 jul-dez2(23)176p

Ribeiro JM Costa NR Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede no Brasil os consoacutercios

municipais no Sistema Uacutenico de Sauacutede Planej Polit Publicas 2000 dez(22)173-220

Ribeiro MS Schrader FT Anjos APL Motta AP A rede de apoio ao SUS em Mato

Grosso uma estrateacutegia para fortalecimento do papel do municiacutepio na regionalizaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo do pacto pela sauacutede Sauacutede em Debate 2009 maio(44)62-73

Santos FP Merhy EE A regulaccedilatildeo puacuteblica da sauacutede no Estado brasileiro - uma revisatildeo

Interface Comunic Sauacutede Educ 2006 jan-jun9(18)25-41

180

Santos IS Uga MAD Porto SM O mix puacuteblico-privado no Sistema de Sauacutede

Brasileiro financiamento oferta e utilizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede Ciecircn Sauacutede Coletiva

200813(5)1431-40

Santos L Andrade LOM Redes Interfederativas de sauacutede um desafio para o SUS nos

seus vinte anos Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(3)1671-80

Santos L Administraccedilatildeo puacuteblica e a gestatildeo da sauacutede In Santos NR Amarante PDC

organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro

Cebes 2010 p 68-86

Santos M Metamorfoses do espaccedilo habitado fundamentos teoacutericos e metodoloacutegicos da

geografia Satildeo Paulo Hucitec 1988

Santos MAB amp Gerschman S As segmentaccedilotildees da oferta de serviccedilos de sauacutede no Brasil

ndash arranjos institucionais credores pagadores e provedores Ciecircnc Sauacutede Coletiva

20049(3)795-806

Santos MHC Governabilidade governanccedila e capacidade governativa algumas notas

(Texto para discussatildeo 11) Brasiacutelia MareEnap 1996

Santos MHC Governabilidade governanccedila e democracia criaccedilatildeo de capacidade

governativa e relaccedilotildees executivo-legislativo no Brasil poacutes-constituinte Dados

199740(3)

Santos MO O papel ativo da geografia Um manifesto Revista Territoacuterio Rio de

Janeiro juldez 20009103-9

Santos RGC Nota O espaccedilo em kant e suas influecircncias na definiccedilatildeo do conceito de

regiatildeo em Alfred Hettner e Richard Hartshorne Estudos Geograacuteficos 20097(1)183-

90

Scatena JHG Kehrig RT Oliveira LRG Oliveira JL Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo

sauacutede em Mato Grosso do ponto de vista dos atores regionais In Scatena JHG Kehrig

RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato

Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Hucitec 2014 565p Capiacutetulo 7

Scatena JHG Oliveira LR Galvatildeo ND Neves MAB Caracterizaccedilatildeo demograacutefica

socioeconocircmica epidemioloacutegica e dos serviccedilos de sauacutede das regiotildees de sauacutede do Estado

de Mato Grosso 2011 [relatoacuterio preliminar] mimeo

Silva SF Desafios de sistemas universais de sauacutede sob controle puacuteblico Federalismo e

regionalizaccedilatildeo e o Sistema Uacutenico de Sauacutede no Brasil Sauacutede em Debate 2013

out(49)104-13

181

Silva SF Organizaccedilatildeo de redes regionalizadas e integradas de atenccedilatildeo agrave sauacutede desafios

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (Brasil) Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(6)2753-62

Silveira ML Escala geograacutefica da accedilatildeo ao impeacuterio Terra Livre Temperos da

geografia Associaccedilatildeo dos geoacutegrafos brasileiros Goiacircnia 2004 jul-dez 2(23)87-96

Silveira ML O Brasil territoacuterio e sociedade no iniacutecio do seacuteculo 21ndash a histoacuteria de um

livro ACTA Geograacutefica Ediccedilatildeo Especial Cidades na Amazocircnia Brasileira 2011 p

151-63

Silveira ML O territoacuterio em pedaccedilos Revista Eletrocircnica de Jornalismo Cientiacutefico 10

nov 2011 Disponiacutevel em httpwwwcomcienciabr Acesso em 24 jan 2012

Solla JJSP Paim JS Relaccedilotildees entre atenccedilatildeo baacutesica meacutedia e alta complexidade desafios

para a organizaccedilatildeo do cuidado no sistema uacutenico de sauacutede In Paim JS Almeida Filho

N organizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de Janeiro MedBook 2014 p

343-52

Souza RR A regionalizaccedilatildeo no contexto atual das poliacuteticas de sauacutede Ciecircn Sauacutede

Coletiva 20016(2)451-5

Teixeira CF Promoccedilatildeo e vigilacircncia da sauacutede no contexto da regionalizaccedilatildeo da

assistecircncia agrave sauacutede no SUS Cad Sauacutede Puacuteblica 200218(Supl)153-62

Teixeira SMF Ouverney AM Gestatildeo de Redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da

poliacutetica de sauacutede Rio de Janeiro FGV 2007 Cad Sauacutede Puacuteblica 200824(7)1716-7

Viana ALD Ibantildeez N Elias PEM Lima LD Albuquerque M Iozzi FL Novas

perspectivas para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo Perspec 200822(1)92-106

Viana ALD Lima LD Ferreira MP Condicionantes estruturais da regionalizaccedilatildeo na

sauacutede tipologia dos Colegiados de Gestatildeo Regional Ciecircnc Sauacutede Coletiva

2010b15(5)2317-26

Viana ALD Lima LD Machado CV Scatena JHG Albuquerque MV Oliveira RG et

al Projeto de Pesquisa Avaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites

(CIBs) as CIBs e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUS Relatoacuterio Estadual

Mato Grosso Maio de 2010a

Viana ALDrsquoA Heimann LS Lima LD Oliveira RG Rodrigues SH Mudanccedilas

significativas no processo de descentralizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil Cad Sauacutede

Puacutebl XVIII 2002 p 139-51

182

Viana ALdrsquoA Lima LD O processo de regionalizaccedilatildeo na sauacutede contextos

condicionantes e papel das Comissotildees Intergestores Bipartites In Viana ALdrsquoA Lima

LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de

Janeiro Contra Capa Livraria Ltda 2011 p11-24

Viana ALDrsquoA Machado CV Proteccedilatildeo social em sauacutede um balanccedilo dos 20 anos do

SUS Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 200818(4)645-84

Vianna RP Colegiados de gestatildeo regional no Estado do Rio de Janeiro atores

estrateacutegias e negociaccedilatildeo intergovernamental [Dissertaccedilatildeo] Escola Nacional de Sauacutede

Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2012 155 f

Vilarins GCM Shimizui HE Gutierrez MMU A regulaccedilatildeo em sauacutede aspectos

conceituais e operacionais Sauacutede em Debate Rio de Janeiro 2012 outdez36(95)640-

7

Apecircndices

APEcircNDICE A ndash Roteiro de entrevistas

Pesquisa A Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a

relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte

Roteiro semi-estruturado de entrevista

1 - GESTORES Diretor do Escritoacuterio Regional de Sauacutede Secretaacuterio executivo do CGR Secretaacuterio

executivo do Consorcio Vice-regional do COSEMS na microrregiatildeo Total de perguntas elaboradas

84

2 ndash GESTORES DA REGULACcedilAtildeO - coordenador da Central Regional de Regulaccedilatildeo meacutedico

regulador da regiatildeo meacutedico regulador do hospital municipal de referecircncia regional representante do

hospital municipal de referecircncia regional Total de perguntas elaboradas 60

3 - PRESTADORES CONVENIADOS ndash representante do maior hospital conveniado Total de

perguntas elaboradas 23

4- PLANOS DE SAUacuteDE representante UNIMED e UNIVIDA ndash roteiro separado desta planilha ndash Total

de perguntas elaboradas- 20

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

PERGUNTAS

ENTREVISTADOS

Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

1- Histoacuterico da regionalizaccedilatildeo

Fale como foi definida esta regiatildeo os limites os

criteacuterios e participantes da definiccedilatildeo da microrregiatildeo

Quais os municiacutepios que fazem parte atualmente Houve

mudanccedilas

X X

SUB-TOTAL 1 1 0

2-Desenho da Regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Alguns fatores foram determinantes na delimitaccedilatildeo desta

regiatildeo Quais satildeo estes fatores Comente

X X X

- O desenho regional adotado eacute especifico da sauacutede ou

coincide com o adotado por outras poliacuteticas puacuteblicas do

governo JAacute CONTEMPLADA NA ESTADUAL

SUB-TOTAL 1 1 1

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

3 - Finalidades e escopo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc acha que regionalizaccedilatildeo foi implantada com qual

finalidade ndash comente

X X

- vocecirc acha que o foco da regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute

voltado para que Para organizar a rede de serviccedilos Para

discutir e implementar o conjunto das poliacuteticas de sauacutede

(vigilacircncia formaccedilatildeo de pessoas)

X X

SUB-TOTAL 2 2 0

4 ndash Estrateacutegias poliacuteticas da regionalizaccedilatildeo ndash Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede faz parte de outras poliacuteticas

regionais do governo do Estado com enfoque territorial

Quais e de que forma

X

Vocecirc acha que a regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute inserida na

agenda da poliacutetica estadual de sauacutede Que lugar ocupa

Eacute uma prioridade no plano regional Comente

X X

Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou lotaccedilatildeo de profissionais de

sauacutede para atendimento das necessidades regionais

Existem estrateacutegias regionais para contrataccedilatildeo Como

funcionam

X X

SUB-TOTAL 2 1 0

5 ndash Planejamento e regulaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O que orienta o processo de planejamento da

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Plano estadual de sauacutede plano

de regionalizaccedilatildeo planos ou projetos de investimentos

PPI PPA PLANEJASUS JAacute CONTEMPLADA

ESTADUAL

X X

Vocecirc participa do planejamento regional Como eacute feito

Que instrumento eacute utilizado Quem participa

X X X

Qual a situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado e na regiatildeo Comente

X X

Qual o prestador que exerce maior influecircncia no

planejamento da rede de serviccedilos de sauacutede

X X

Vocecirc acha que os serviccedilos puacuteblicos e privados

disponiacuteveis na regiatildeo influenciam no planejamento

gestatildeo e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede na

microrregiatildeo Como

X X X

Como estaacute constituiacuteda e organizada a rede de sauacutede da

regiatildeo(complexidade redes de serv especificas linhas

de cuidado etc)

X X

Antes do pacto pela sauacutede existiam redes de atenccedilatildeo a

sauacutede Se positivo quais Como eram quem participava

e financiava

X -

Como eacute a regulaccedilatildeo ambulatorial ciruacutergica urgecircncia e

emergecircncia a meacutedia e alta complexidade O Tratamento

Dora do domicilio estaacute organizado Eacute acompanhado o

fluxo de pessoas dentro e fora da regiatildeo-centrais de

agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo de sauacutede

tratamento fora de domiciacutelio Comente

X X X

Como eacute feita a regulaccedilatildeo entre os prestadores -

conveniados SESERS e SMS

X X X

A contratualizaccedilatildeo dos prestadores puacuteblico e privados

como eacute feita quem faz que instrumento utiliza quem

acompanha

X X X

Existe algum sistema de logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo (compras transporte de insumos

materiais para exames)

X X

Vocecirc acha que existem problemasconflitos com o

estadoregiatildeo em relaccedilatildeo ao planejamento e a regulaccedilatildeo

na regionalizaccedilatildeo Que tipo de problema ou conflito

comente

X X X

SUB-TOTAL 12 11 6

6 ndash Financiamento regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc sabe se existem recursos para compensar as

desigualdades desta regiatildeo Que recursos estatildeo

disponiacuteveis para a regiatildeo e para qual finalidade Qual a

fonte e forma de repasse

X

Como eacute feita a programaccedilatildeo dos recursos para a regiatildeo

Satildeo compatiacuteveis com necessidade da regiatildeo

X X

Foi definido algum tipo de distribuiccedilatildeo de recursos

financeiros pelo Estado para incentivo a regionalizaccedilatildeo

Ex revisatildeo de tetos financeiros PPI PDI Que criteacuterios

foram utilizados e as finalidades

X X

Para qualificaccedilatildeo profissional foram definidos recursos

financeiros Quais e qual a origem deste recurso

X X

Existem fundos regionais de recursos Por ex

consoacutercios de sauacutede fundos estaduais compensatoacuterios

ou outros fundos Especifique os tipos a origem e as

finalidades dos recursos Que outros incentivos agrave

regionalizaccedilatildeo esta regiatildeo recebe

X X

Quais os investimentos - construccedilatildeo equipamentos ou

veiacuteculos ampliaccedilatildeo de serviccedilos na rede publica e outros

foram realizados com a regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta

regiatildeo Qual a origem dos recursos

X

SUB-TOTAL 6 4 0

DIMENSAtildeO II ndash GOVERNANCcedilA DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1 ndash Estruturas de integraccedilatildeo e gestatildeo regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc faz parte do CGR(SE POSITIVO FAZER AS

PERGUNTAS ABAIXO) Quem faz parte

X X X

Como funciona o CGR nesta regiatildeo Tem secretaria

executiva Onde e como funciona Quais as atribuiccedilotildees

da secretaria executiva Comente

X X X

Onde o CGR se reuacutene Com que frequecircncia se reuacutene (JAacute

CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

Aleacutem do CIES o CGR tem cacircmara teacutecnicagrupos de

trabalho Quantas Qual o papel delas na

regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR interferiu na definiccedilatildeo do CIES e das cacircmaras

teacutecnicas

X

Como eacute a atuaccedilatildeo do CIES nesta regiatildeo X

Como foi e quais os criteacuterios utilizados para escolher os

representantes do CGR E para a escolha do presidente

do CGR

X

Eacute controlada a existecircncia de quoacuterum para realizaccedilatildeo das

reuniotildees

X

De forma geral quem efetivamente coordenou (a) as

reuniotildees da CGR no periacuteodo a que se refere a pesquisa

(JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

O chefe do ERS participa das reuniotildees Com que

frequecircncia (JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA

ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Qual o nuacutemero de assentos de cada esfera de governo no

CGR no periacuteodo da pesquisa (JAacute CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Vocecirc participa do CGR Quem participa Aleacutem dos

representantes oficiais do CGR que outros atores

participam Como os prestadores (puacuteblicos e privados)

participam no CGR

X

Como tem sido a participaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

e de suas organizaccedilotildees (conselhos de profissionais

cooperativas de profissionais) no processo de

regionalizaccedilatildeo em curso

X

Existe de ad referendum nas reuniotildees Em que situaccedilatildeo

eacute utilizada

X

Os membros do CGR satildeo assiacuteduos as reuniotildees Quando

natildeo participa como eacute comunicado das deliberaccedilotildees X

Em relaccedilatildeo agraves pautas quem define Que criteacuterios satildeo

utilizados(JAacute CONTEMPLADA NA P ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

O que eacute feito para preparar as reuniotildees repartir as

responsabilidades processar os impasses negociar a

poliacutetica e estabelecer acordos

X

Quem influencia na definiccedilatildeo da pauta E o COSEMS e

a SES influenciam Como X X

Quais os principais temas abordados nas reuniotildees X X

Os temas discutidos no CGR se referem a problemas de

natureza de abrangecircncia estadual regional ou municipal

X X

Quais os principais temas de consenso (entre estado e

municiacutepios e entre municiacutepios)

X

Os temas estrateacutegicos para a poliacutetica de sauacutede na regiatildeo

satildeo efetivamente negociados por qual instancia no

acircmbito da CIB ERSSES COSEMS Ou qual a outra

forma

X X

Nas reuniotildees do CGR como ocorre a tomada de decisatildeo

voto consenso Ou outra forma JA CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

As reuniotildees do CGR satildeo informativas consultivas

deliberativas Como satildeo registradas formalizados e

divulgados os resultados

X X

Como tem sido a atuaccedilatildeo do COSEMS junto agrave CIB

Estadual em defesa da regiatildeo E no CGR O COSEMS

eacute forte no estado Como Politicamente eou

tecnicamente Por quecirc

X

Quais os recursos disponiacuteveis para o CGR ndash JAacute

CONTEMPLADA NA ESTADUAL ---------- ---------

-

-------

---

Quais as instacircncias e qual a participaccedilatildeo de cada uma no

planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo de sauacutede

- ex CGR CIS ERS CIES JAacute CONTEMPLADA NA

PES ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

Qual a contribuiccedilatildeo das instancias CGR CIS ERS

CIES com a regionalizaccedilatildeo Qual o papel de cada uma

X

Qual a atuaccedilatildeo da Secretaria de Estado de Sauacutede no

processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Esta regiatildeo conta com o consorcio intermunicipal de

sauacutede Este foi organizado com qual finalidade Como eacute

o funcionamento hoje e qual o papel do consoacutercio na

regionalizaccedilatildeo em curso Quem financia o consoacutercio

X X X

Os Conselhos Municipais de Sauacutede (CMS) participam

das discussotildees do sistema de sauacutede regional Eles

influenciam no processo decisoacuterio do CGR De que

maneira

X

SUB-TOTAL 23 10 4

2 ndash Papel da CGR na regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como eacute a interaccedilatildeo intergovernamental no CGR O que

eacute feito para facilitar essa interaccedilatildeo (discussatildeo preacutevia dos

temas processamento preacutevio dos temas pelas equipes

teacutecnicas formaccedilatildeo de comissotildees especiaisgrupos para

trabalhos interveniecircncia de atores poliacuteticos relevantes

da SES outros

X X

Que papel o CGR tem desempenhado na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo Como eacute

e quais as influecircncias exerce sobre a regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR tem favorecido ou dificultado o processo de

regionalizaccedilatildeo em curso Por quecirc

X X

Pensando no CGR como instacircncia de negociaccedilatildeo e

pactuaccedilatildeo intergovernamental que tipo de parcerias

acordos e ou pactos de cooperaccedilatildeo satildeo estabelecidos

entre os gestores no CGR Que fatores tecircm favorecido

ou dificultado o seu funcionamento

X X

SUB-TOTAL 4 4 0

3 ndash Relaccedilotildees Intergovernamentais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como satildeo estabelecidas as relaccedilotildees entre os membros

do CGR ERS CIES CIS Satildeo teacutecnico-poliacuteticas-

baseadas nas poliacuteticas puacuteblicas e princiacutepios do SUS

poliacutetico-partidaacuterias pessoais- clienteliacutesticas

corporativas- grupos de interesse

X X

Como a CIBestadual se relaciona com o CGR ERS e

CIES Esta relaccedilatildeo interfere no processo de

regionalizaccedilatildeo Como

X X

Como o CGR se relaciona com outros atores de

relevacircncia regional (Ex hospitais regionais operadoras

de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercios de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa)

como acontecem

X X

Como satildeo as relaccedilotildees intergovernamentais (conflitiva

cooperativa marcada por divergecircncias e desacordos ou

por estrateacutegias de negociaccedilatildeo pactuaccedilatildeo convergecircncia e

parceria) Quais destas relaccedilotildees predominam Se haacute

conflitos comente entre quais seguimentos os motivos

dos conflitos e ou da cooperaccedilatildeo

X X

Nas relaccedilotildees entre a SESERS entre ERSCOSEMS ndash haacute

conflitos e convergecircncias Que tipo

X X

Como o ERS e o CGR se relacionam com a SES no

processo de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Quais as aacutereas

envolvidas organizaccedilatildeo interna articulaccedilatildeo entre aacutereas

mecanismos de cooperaccedilatildeo incentivos e recursos

mobilizados

X

As relaccedilotildees que ocorrem entre as instacircncias

governamentais na regiatildeo de sauacutede Satildeo de articulaccedilatildeo

sobreposiccedilotildees ou complementaridade de atribuiccedilotildees

X X

Como eacute a relaccedilatildeo da SESERS junto ao consoacutercio e que

papel exerce

X X

O CGR se relaciona com o CMS Como ocorre Quais

as estrateacutegias utilizadas nesta interaccedilatildeo

X

Quais as relaccedilotildees predominantes entre o CGRRegional e

o CMS Se haacute conflitos como satildeo superados

X

10 7 0

4 ndash Relaccedilotildees puacuteblico-privadas Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O setor privado faz parte da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede do

SUS nesta regiatildeo Essa participaccedilatildeo eacute

importantesignificativa O que representa no processo

de regionalizaccedilatildeo Influencia as negociaccedilotildees

intergovernamentais no processo de regionalizaccedilatildeo De

que forma

X X X

Faz parte da rede de atenccedilatildeo do SUS desta regiatildeo atores

e estruturas do setor publico e privado Quem satildeo estes

atoresestruturas e como satildeo as relaccedilotildees

X X X

Como foi determinada a aacuterea de abrangecircncia as

referecircncias e os papeacuteis dos prestadores puacuteblicos e

privados Quem participou desse processo Quem

influenciou (prestador - puacuteblico ou privado) no fluxo e

na determinaccedilatildeo das referecircncias na microrregiatildeo Por

quecirc Comente

X X X

Quais ou que tipo de convecircnioscontratos a sua

instituiccedilatildeoempresa tem firmado com o SUS Comente

X X X

Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo

do SUS Na regiatildeo haacute algum serviccedilo que natildeo estaacute

disponiacutevel para o SUS Por quecirc

X X X

Como eacute feito a contratualizaccedilatildeo dos prestadores privados

na microrregiatildeo JA CONTEMPLADA NA

DIMENSAO I ITEM- PLANEJAMENTO E

REGULACcedilAtildeO DA REGIONALIZACcedilAtildeO

---------- ---------

-

-------

---

A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de

atenccedilatildeo da microrregiatildeo De que forma

X X X

Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees

entre o puacuteblico e o privado trazem a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos objetivos

sociais

X X X

Os arranjos que vecircm ocorrendo entre o puacuteblico e o

privado corresponde aos objetivos do sistema de sauacutede

puacuteblica Quais as influecircncias do setor privado no

processo decisoacuterio da regionalizaccedilatildeo e nos planos

regionais

X X X

Nas instacircncias regionais de planejamento e gestatildeo quem

representa o setor privado conveniado Como eacute esta

participaccedilatildeo De que forma a relaccedilatildeo puacuteblico-privado se

expressa na Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI)

Existem conflitos Quais (razotildees)

X X X

Existe um espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a

SESERS e os prestadores puacuteblicos e privados da regiatildeo

de sauacutede Como funciona

X X X

A regulaccedilatildeo da Assistecircncia ambulatorial e hospitalar da

regiatildeo - como estaacute organizada Existem diferenccedilas na

participaccedilatildeo dos prestadores puacuteblicos e privados

X X X

Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo da

sauacutede na microrregiatildeo Quais

X X X

Eacute realizado controle avaliaccedilatildeo auditoria sobre o sistema

complementar Quem realiza como realiza

X X X

13 13 13

DIMENSAtildeO IIIndash IMPACTOS DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1ndash Mudanccedilas institucionais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc considera que com a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede houve mudanccedilas no processo de conduccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo Quais as mudanccedilas que ocorreram na

gestatildeo Na organizaccedilatildeo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos ou

outras Comente

X X X

Se houve mudanccedilas as que ocorreram foram em

decorrecircncia de quais estrateacutegias

X X X

Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e a instancia

regional vocecirc observa mudanccedilas com a regionalizaccedilatildeo

da sauacutede Comente a atuaccedilatildeo de ambas e as mudanccedilas

X X X

Em relaccedilatildeo ao Consorcio com a regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

(2006) houve mudanccedilas Quais

X X X

Em 2011 foi editado o decreto no 7508 que

regulamenta a Lei 808090 Como estaacute agrave discussatildeo e o

processo de implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede

considerando as diretrizes do decreto-

X X X

O que estaacute sendo trabalhado na regiatildeo em relaccedilatildeo ao

RENASESRENAME Jaacute foi Pactuado na CIB Como

estaacute sendo organizada a atenccedilatildeo primaacuteria a

urgecircnciaemergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo

ambulatorial e especializada hospitalar e vigilacircncia a

sauacutede

X

O COAPS (Contrato Organizativo da Accedilatildeo Puacuteblica)- jaacute

foi discutido

X

O processo de regionalizaccedilatildeo em curso possibilita a

emergecircncia de novos poderes regionais ou contribui para

o fortalecimento dos poderes regionais existentes

X

No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc

aponta no atual processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Em sua opiniatildeo qual o impacto da regionalizaccedilatildeo em

curso Poderia ter um impacto diferente Qual

X X X

10 6 6

ROTEIRO ESPECIacuteFICO PARA AS OPERADORAS DE PLANOS DE SAUacuteDE -

UNIMED e UNIVIDA

1 Que fatores determinam esta regiatildeo de sauacutede Comente

2 Qual a abrangecircncia regional desta operadora Quais os municiacutepios atendidos

3 A atuaccedilatildeo da operadora eacute de forma regionalizada Como se daacute a regionalizaccedilatildeo

da operadora Comente

4 Quais satildeo os tipos de planos existentes e qual o puacuteblico alvo-classe social

empresas ndash qual delas tem maior percentual de adesatildeo

5 Esta operadora possui hospital proacuteprio Se natildeo possui qual eacute o principal

Hospital que utiliza

6 Que tipos de especialidadesserviccedilos satildeo oferecidos na regiatildeo

7 Os serviccedilos e especialidades ofertados na regiatildeo satildeo definidos com base em

quais criteacuterios (o SUS eacute levado em consideraccedilatildeo)

8 Como eacute feito o credenciamento de novos serviccedilos Eacute feito algum tipo de

exigecircncia Quais

9 Como eacute realizada a regulaccedilatildeo do fluxo de internaccedilotildees ou outros

10 Haacute demanda reprimida Em que aacutereaespecialidade Comente

11 Como eacute a organizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo regional da operadora Enfrenta

problemas em relaccedilatildeo a esta organizaccedilatildeo

12 Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo do SUS Na regiatildeo haacute

algum serviccedilo que natildeo estaacute disponiacutevel para o SUS Por quecirc

13 Haacute convecircnio com hospitais puacuteblicos e filantroacutepicos Existe algum convecircnio com

as prefeituras municipais da regiatildeo E com o estado

14 O paciente SUS eacute atendido por esta operadora Comente como

15 A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de atenccedilatildeo desta regiatildeo De que

forma

16 Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o

privado trazem a regionalizaccedilatildeo da sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos

objetivos sociais

17 Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo e ao funcionamento do

sistema de sauacutede na regiatildeo E com relaccedilatildeo ao SUS Quais

18 Existem conflitos com os prestadores gestores e instacircncias do SUS na regiatildeo

Quais

19 Participa de algum foacuterum regional puacuteblico ou privado de discussatildeo da sauacutede

(como o CRG)

20 Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e ERS vocecirc observa mudanccedilas com a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Comente

21 No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc aponta no atual

processo de regionalizaccedilatildeo

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS DO ENTREVISTADO

Por favor considerando tudo o que conversamos num balanccedilo geral o que eu natildeo

perguntei que vocecirc gostaria de complementar

APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA FACULDADE

DE MEDICINA

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - DMPFMUSP

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O(a) Sr(a) estaacute sendo convidado(a) para participar da pesquisa ldquoA Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado

de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de

sauacutede do Meacutedio Norte Matogrossenserdquo desenvolvida pela aluna Nereide Lucia Martinelli sob

orientaccedilatildeo da Prof Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana para elaboraccedilatildeo da Tese a ser apresentada agrave

Universidade de Satildeo Paulo - DMP como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutora em

Ciecircncias

O(a) Sr(a) foi selecionado(a) pela relevante participaccedilatildeo na gestatildeo formaccedilatildeo ou prestaccedilatildeo de serviccedilos no

sistema de sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A

qualquer momento o Sr(a) pode desistir de participar e retirar seu consentimento sem nenhum prejuiacutezo

em sua relaccedilatildeo com o pesquisador ou com a USPDMP

Esse trabalho tem como objetivo analisar ldquoAnalisar o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede na

microrregiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede

regionalrdquo Sua participaccedilatildeo nesta pesquisa consistiraacute em conceder uma entrevista sobre questotildees relativas

ao funcionamento da instituiccedilatildeoorganizaccedilatildeo no sistema de sauacutede regional que explicitem a relaccedilatildeo entre

o puacuteblico e o privado nos processos relacionados agrave regionalizaccedilatildeo do SUS bem como fornecer

documentos existentes que permitam maior entendimento das questotildees relativas ao tema Caso o Sr(a)

esteja de acordo a entrevista deveraacute ser gravada para transcriccedilatildeo posterior visando facilitar o

processamento do material Entretanto o Sr(a) poderaacute solicitar agrave pesquisadora que natildeo grave ou que

interrompa a gravaccedilatildeo a qualquer momento durante a realizaccedilatildeo da entrevista

As informaccedilotildees fornecidas seratildeo processadas pela pesquisadora e analisadas em conjunto com outras

entrevistas e documentos disponiacuteveis sobre o tema investigado Citaccedilotildees diretas de falas seratildeo evitadas

poreacutem caso seja necessaacuterio para a compreensatildeo da conjuntura o entrevistado poderaacute ser identificado

desde que previamente consultado e esteja de acordo com o material de publicaccedilatildeo Destaque-se que os

resultados da anaacutelise realizada satildeo de inteira responsabilidade da pesquisadora

Todo o material da pesquisa ficaraacute sob a guarda da pesquisadora e seraacute mantido arquivado no prazo

recomendado pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da USP (CEPUSP)

O(a) Sr(a) receberaacute uma coacutepia deste termo onde consta o telefone e o endereccedilo do pesquisador principal

podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer momento

_______________________

Nereide Lucia Martinelli Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana

Pesquisadora Orientadora- USPDMP

USP - Rua Dro Arnaldo Tel +55 11 3061-7000

Tel CEPUSP- CEP 01246903 - Satildeo Paulo - SP - Brasil - Declaro que entendi os objetivos riscos e

benefiacutecios de minha participaccedilatildeo na pesquisa e concordo em participar

______________________________________________

Assinatura legiacutevel do entrevistado e ou chefe do setor onde seraacute coletado informaccedilotildees para a pesquisa-

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Local e data ______________________________________

APEcircNDICE C ndash Matrizes de anaacutelise por dimensatildeo

Quadro I ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico da

regionalizaccedilatildeo

minus Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo municiacutepios

integrantes capacidade instalada e estrutura organizacional do ERS minus continuidades

e rupturas na organizaccedilatildeo e funcionamento da regionalizaccedilatildeo

2- desenho da

regionalizaccedilatildeo

- mapa de recorte da regiatildeo macro micro abrangecircncia territorial limites e

populaccedilatildeo minus recorte da regiatildeo preacute e poacutes-pacto pela sauacutede

minus fatores determinantes e condicionantes na delimitaccedilatildeo da regiatildeo populaccedilatildeo

capacidade instalada da rede de sauacutede e complexidade fluxos populacional rede

viaacuteria parcerias entre municiacutepios perfil epidemioloacutegico dinacircmica econocircmica e

social identidade cultural minus interfaces da regiatildeo de sauacutede com outras poliacuteticas

puacuteblicas do Estado

3-Finalidades e escopo da

regionalizaccedilatildeo

minus finalidades da regionalizaccedilatildeo acesso minimizar desigualdades sociais regionais

desenvolvimento regional minus foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos

de sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (vigilacircncias formaccedilatildeo etc)

4-Estrateacutegias poliacuteticas da

regionalizaccedilatildeo

minus interfaces da poliacutetica de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede com outras poliacuteticas

regionais do governo do estado minus inserccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede e lugar que

ocupa na agenda poliacutetica da SES e do Escritoacuterio Regional de Sauacutede minus Existecircncia de

estrateacutegias regionais - contrataccedilatildeo e lotaccedilatildeo de profissionais logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo ndash transporte compras

5-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede e de organizaccedilatildeo da

regulaccedilatildeo fluxos de pessoas (centrais de agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo

sauacutede tratamento fora domiciacutelio) minus Estrateacutegias e participaccedilotildees no processo de

planejamento regional minus Existecircncia e situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede

- influencias no planejamento e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede

minus organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos antes e depois do pacto complexidade redes de

serviccedilos linhas de cuidado minus contratualizaccedilatildeo de prestadores instrumentos

acompanhamento minus existecircncia de problemas conflitos planejamento e regulaccedilatildeo

intra e inter regional

6-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos a regionalizaccedilatildeo compensaccedilatildeo de

desigualdades na regiatildeo qualificaccedilatildeo profissional investimentos regionais

(construccedilatildeo ampliaccedilatildeo equipamentos veiacuteculos) - origem tipos finalidades e

criteacuterios minus Existecircncia e tipos de mecanismos de programaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de

recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo - criteacuterios e finalidades minus

Existecircncia de fundos regionais de recursos (consoacutercios de sauacutede fundos estaduais

compensatoacuterios outros fundos)

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Quadro II ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra -Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Estruturas de integraccedilatildeo

e gestatildeo regional

minus existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental regiatildeo minus CGR

consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da SES CIES

cacircmaras teacutecnicas e outros minus CGR Consoacutercio CIES - estrutura organizaccedilatildeo e

funcionamento caracteriacutesticas finalidades papel e contribuiccedilatildeo das instacircncias

regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus criteacuterios de escolha dos membros das

instancias regionais minus participaccedilatildeo de profissionais e representantes do prestador

puacuteblico e privado nas instancias regionais minus reuniotildees das instancias regionais

definiccedilatildeo temas de consenso e influencias na pauta tipos de reuniotildees minus papel da

SESERS no processo de regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de recursos financeiros

disponiacuteveis para instancias regionais minus participaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede no processo decisoacuterio minus forma de processo decisoacuterio ndash voto consenso

2 - O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus influencias e papel

do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo minus

influencias do CGR no processo de regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de pactos de cooperaccedilatildeo estabelecidos entre os gestores no CGR minus

fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do CGR

3-Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consorcio Intermunicipal

de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS CIES minus existecircncia e

forma de relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional hospital de

referencia regional operadoras de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercio intermunicipal de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa minus predomiacutenio e

tipos de relaccedilotildees intergovernamentais- conflitiva cooperativa parceria articulaccedilatildeo

sobreposiccedilatildeo ou complementaridade de atribuiccedilotildees outras minus tipo de relaccedilotildees entre a

SESERS ERS COSEMS - conflitos e convergecircncias

4 - Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus importacircncia e influencias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo sauacutede do

SUS na regiatildeo minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus

participaccedilatildeo influencia aacuterea de abrangecircncia e criteacuterios na definiccedilatildeo das referencias

na regiatildeo de sauacutede minus existecircncia e tipos de convecircnioscontratos firmados com o SUS

minus tipos de serviccedilos existentes no setor privado e disponiacutevel ao SUS minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o publico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do setor

privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de

espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a SESERS e prestadores puacuteblicos e

privados minus organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema complementar

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al 2010)

Quadro III ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1 - Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede

conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento capacidade instalada e prestaccedilatildeo de

serviccedilos minus mudanccedilas em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo do estado - SES ERS consorcio

Intermunicipal de sauacutede minus processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508 RENAME

RENASES COAP minus Mudanccedilas observadas em relaccedilatildeo aos poderes regionais

existentes minusavanccedilos dificuldades e desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Page 3: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência

AGRADECIMENTOS

Este momento eacute muito especial e estou muito feliz por mais esta formaccedilatildeo Foi

prazeroso fazer esta pesquisa Estive motivada o tempo todo Tudo valeu

Agradeccedilo agrave minha orientadora Dra Ana Luiza DrsquoAacutevila Viana a quem admiro

pela habilidade competecircncia e sabedoria ao conduzir-me neste aprendizado Seus

conhecimentos e entusiasmo pela pesquisa sem duacutevida me estimularam para querer

aprender mais e querer fazer melhor Obrigada Vocecirc foi generosa confiando e

acreditando que posso contribuir

Ao professor Joatildeo H G Scatena amigo de trabalho a quem da mesma forma

admiro pelo conhecimento e pela pessoa que eacute Seu profissionalismo simplicidade e

dedicaccedilatildeo satildeo admiraacuteveis Obrigada pela amizade e apoio

Ao meu querido sobrinho Vinicius que me acolheu com tanto carinho em sua

residecircncia em Satildeo Paulo Obrigada vocecirc foi companheiro

Agrave minha matildee Terezinha ao meu pai Antelmo (in memoriam) agrave minha irmatilde

Cristina aos meus irmatildeos Vanderci e Luiz obrigada pelo apoio e dedicaccedilatildeo que me

oferecem por acreditarem em mim e naquilo que faccedilo e por todos os ensinamentos de

vida Ao meu cunhado Jorge obrigada pelo apoio vocecirc foi muito gentil

Ao Geraldo marido amado e companheiro obrigada pela dedicaccedilatildeo a mim

dispensada em todos os momentos desta minha trajetoacuteria de estudo Seu incentivo e

apoio foram determinantes

Aos meus filhos Leonardo e Victor meus priacutencipes e diamantes da minha vida

obrigada por sempre me incentivarem Desculpem-me pelas vezes que precisei privaacute-

los de nossos momentos em famiacutelia

Compartilho com toda minha famiacutelia esta minha vitoacuteria Vocecircs me fortaleceram

para lutar pelo meu objetivo

4

Aos profissionais entrevistados Edna Roberto Claudete Luciana Eli Marcos

Gleice Andreia Clestiane Amarante Nivea a Sueli Coutinho e Juliano obrigada

Vocecircs foram receptivos A todos vocecircs agrave equipe do ERS Tangaraacute da Serra e aos

Secretaacuterios Municipais de sauacutede da regiatildeo obrigada A vocecircs dedico todo este

trabalho

SUMAacuteRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL 17

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO 36

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 57

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA

REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 77

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 93

61 O complexo regional 93

62 Institucionalidade da regiatildeo 109

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 132

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 143

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

10 REFEREcircNCIAS 171

6

LISTA DE SIGLAS

AIH Autorizaccedilatildeo de Internaccedilatildeo Hospitalar

ANS Agecircncia Nacional de Sauacutede

CAP Caixas de Aposentadorias e Pensotildees

CAPS Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial

CGR Colegiado de Gestatildeo Regional

CIB Comissatildeo Intergestores Bipartite

CIES Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo

CIR Comissatildeo Intergestores Regional

CIS Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

CIT Comissatildeo Intergestores Tripartite

CMS Conselho Municipal de Sauacutede

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimento de Sauacutede

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFINS Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

CONASEMS Conselho Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CONASP Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria

CONASS Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede

COSEMS Conselho de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CRR Central Regional de Regulaccedilatildeo

EC-29 Emenda Constitucional 29

ERS Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS)

ESF Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

ESP Escola de Sauacutede Puacuteblica

FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviccedilo

IAP Institutos de Aposentadoria e Pensatildeo

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INAMPS Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia Social

INEMAT Instituto de nefrologia de Mato Grosso

INPS Instituto Nacional da Previdecircncia Social

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuteria

LOA Lei Orccedilamentaacuteria Anual

LOPS Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NOAS Norma Operacional da Assistecircncia a Sauacutede

NOB Normas Operacionais Baacutesicas

OS Organizaccedilatildeo Social

PAB Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

PACIS Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede

PACS Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PAREPS Plano de Accedilatildeo Regional para a Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede

PASCAR Programa de Apoio a Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais

PASF Programa de Apoio a Sauacutede da Famiacutelia

PDI Plano Diretor de Investimentos

PDR Plano Diretor da Regionalizaccedilatildeo

PES Plano Estadual de Sauacutede

PIAMAB Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica

PIB Produto Interno Bruto

PNEP Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

PPA Plano Plurianual

PPI Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

PSB Programa de Sauacutede Bucal

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PTA Plano Anual de Trabalho

RAS Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede

RGM Relatoacuterio de Gestatildeo Municipal

SADT Serviccedilo de Apoio Diagnoacutestico e Terapia

SIA Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais

SAMU Serviccedilo de Apoio a Urgecircncia-Emergecircncia

SECITEC Secretaria de Estado de Ciecircncia e Tecnologia

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SER SUS Sistema de Referecircncia Estadual

SES Secretaria de Estado de Sauacutede

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SIOPS Sistema de informaccedilotildees de orccedilamentos puacuteblicos de sauacutede

8

SISPPI Sistema de Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

SISREG Sistema Nacional de Regulaccedilatildeo

SMS Secretarias Municipais de Sauacutede

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCG Termo de Compromisso de Gestatildeo

TFD Tratamento fora do Domicilio

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UNIC Universidade de Cuiabaacute

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Piracircmide etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010 58

Figura 2 Regiotildees de sauacutede escritoacuterios regionais e respectivos municiacutepios

Mato Grosso 2012 80

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da

regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra 61

Tabela 2 Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e

seus componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008 62

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade

municipal (despesas totais) e despesas com recursos

exclusivamente municipais Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato

Grosso 2002 2005 e 2009 64

Tabela 4 Nuacutemero de estabelecimentos de sauacutede por categorias selecionadas e

tipo de prestador segundo municiacutepios da Regiatildeo de Sauacutede de

Tangaraacute da Serra 2010 66

Tabela 5 Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010 70

Tabela 6 AIH pagas (por 100 habitantes) em triecircnios segundo municiacutepio de

residecircncia e de internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Mato Grosso 2001-2009 71

Tabela 7 Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por

municiacutepio Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso

2000 2005 e 2010 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo

Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 2 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila

da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 3 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da

regionalizaccedilatildeo 13

Quadro 4 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 167

Quadro 5 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede

de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a

2011 168

Quadro 6 Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo

na regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede -

2006 a 2011 168

Quadro 7 Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no

periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 169

12

RESUMO

Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte Mato-

grossense [Tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2014

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute contemplada no artigo 198 da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 e eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs entes federativos para a

conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e a efetivaccedilatildeo do direito agrave sauacutede Na implementaccedilatildeo

do SUS a regionalizaccedilatildeo ganha destaque nos anos 2000 mas no Estado de Mato

Grosso a partir de 1995 a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da Secretaria de Estado da

Sauacutede definiu estrateacutegias para a implementaccedilatildeo do SUS por regiotildees de sauacutede e

fortaleceu as instacircncias puacuteblicas regionalizadas A partir de 2003 houve trocas

sucessivas do gestor estadual de sauacutede com repercussatildeo na maneira de conduzir a

poliacutetica estadual de sauacutede e apesar da institucionalidade anteriormente construiacuteda o

processo de regionalizaccedilatildeo sofre certa estagnaccedilatildeo O presente estudo de caso analisa o

processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico-privado no sistema de sauacutede da

regiatildeo do Meacutedio Norte do Estado no periacuteodo de 2006 a 2011 Tal recorte se justifica

pela ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede 2006 que contempla a regionalizaccedilatildeo Faz-se uso de

anaacutelise qualitativa das entrevistas realizadas com informantes-chave e se utiliza de

anaacutelise quantitativa de dados secundaacuterios Com essas informaccedilotildees pocircde-se caracterizar

os mecanismos e instrumentos adotados bem como as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no

sistema puacuteblico de sauacutede compreender como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a

interaccedilatildeo dos diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Na regiatildeo em estudo na vigecircncia do Pacto a SES preservou e criou novos incentivos

manteve o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede implantou leitos de UTI conservou o

convecircnio com o hospital municipal de referecircncia regional e sustentou os convecircnios com

cliacutenicas e laboratoacuterios de apoio diagnoacutestico do setor privado O CGR foi criado mas sua

governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo eacute parcial e embora seja um espaccedilo de

decisatildeo colegiada ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes e gera as mais

diversas consequecircncias na governanccedila da poliacutetica regionalizada O PDR e o PDI natildeo

foram atualizados a regulaccedilatildeo da assistecircncia que era desenvolvida pela regiatildeo foi

recentralizada a SES atrasou o repasse dos incentivos financeiros aos fundos

municipais de sauacutede e natildeo investiu na construccedilatildeo do hospital regional Apesar da

trajetoacuteria do Estado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede a estrutura da rede puacuteblica de atenccedilatildeo agrave

sauacutede natildeo se expandiu e as parcerias estabelecidas com o setor privado fortaleceram sua

participaccedilatildeo na rede de atenccedilatildeo e tecircm influenciado o sistema regional de sauacutede A

regiatildeo precisa da coordenaccedilatildeo do estado na conduccedilatildeo do processo de regionalizaccedilatildeo

sem a qual seu avanccedilo fica comprometido

Descritores Regionalizaccedilatildeo Poliacutetica de sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Planejamento

em sauacutede Assistecircncia agrave sauacutede Investimentos em sauacutede Anaacutelise qualitativa Anaacutelise

quantitativa Entrevista

ABSTRACT

Martinelli NL The healthrsquos regionalization in the State of Mato Grosso the process of

implementation and the relationship public-private in the regionrsquos health of the Middle

Northrsquos Mato Grosso [Thesis] ldquoFaculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulordquo

2014

The Regional Health Planning is included at Art198 of the Constitution of 1988 and it

is a guideline the SUS that provides for the combination of the three federative for

shaping the health system and the realization of the right to health At the

implementation of SUS Regional Health Planning gained prominence in the 2000s but

in the state of Mato Grosso since 1995 the reorientation political-institutional of the

SES defined strategies to implementation of the SUS by regions the health and

strengthened regionalized public instances Since 2003 there were successive exchanges

of state health manager with repercussions on the manner to conduct the state health

policy and despite the earlier institutional the Regional Health Planning process suffers

certain stagnation This case study analyzes the process of the Regional Health Planning

and public-private mix in the health system of the Middle North region of the state

between the period from 2006 to 2011 The angle is justified by editing the health pact

that include the Regional Health Planning Makes use of a qualitative analysis from

interviews with key informants and uses a quantitative analysis at secondary data With

this information it was possible to characterize the mechanisms and instruments

adopted as well as relations public-private in the public health system understand how

occurs decision process the relationship and interaction of various actors that compose

this complex health At the study region at the presence of the health pact the SES

remained and created new incentives kept the CIS deployed UTI beds kept the

covenants with the municipal hospital of referral regional and with private clinical and

laboratories of support diagnostic The CGR was created but the governance on the

macro policy in the region is partial and although a space of collegial decision also has

characteristics of the sum of the parts and generates the most diverse consequences in

the governance of regionalized policy The PDR and PDI were not updated the

regulation of assistence developed by region was centralized the SES delayed the

transfer of financial incentives to municipal health funds and didnrsquot invested in the

construction of the regional hospital Despite the state trajectory of the Regional Health

Planning the structure of public health care had not expanded and the partnerships with

the private sector strengthened its participation in the care network and had

influenciated the regional health system The region needs the coordination of the state

in the conduct of the regionalization process without which its progress is

compromised

Descriptors Regionalization Health policy Health system Health planning Health

care Investments in health Qualitative analysis Quantitative analysis Interview

1

1 Introduccedilatildeo

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede objeto deste estudo estaacute contemplada no artigo 198 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs

entes federativos para a conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede

Na implementaccedilatildeo do SUS a regionalizaccedilatildeo somente ganha destaque nos anos

2000 posteriormente aos estudos avaliativos que mostraram que a descentralizaccedilatildeo

com ecircnfase na municipalizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 ampliou os serviccedilos com inovaccedilotildees

na gestatildeo e maior participaccedilatildeo da populaccedilatildeo mas apresentou limites e dificuldades para

legitimar o acesso e o direito integral agrave sauacutede

Foi nesta deacutecada que teve iniacutecio o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado

de Mato Grosso Ateacute 1995 a descentralizaccedilatildeo em MT seguindo as diretrizes nacionais

focava a gestatildeo municipal mediante transferecircncias financeiras vinculadas agrave capacidade

de produccedilatildeo dos serviccedilos A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) organizou o territoacuterio

estadual em nove Polos Regionais de Sauacutede tendo por sede municiacutepios de referecircncia

em cada um desses espaccedilos geograacuteficos

Com a nova gestatildeo estadual (1995-2002) a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da

Secretaria de Estado da Sauacutede (SES) define estrateacutegias voltadas para a implementaccedilatildeo

do SUS por regiotildees de sauacutede Os Polos Regionais de Sauacutede existentes na SESMT satildeo

reestruturados assumem novas atribuiccedilotildees na articulaccedilatildeo regional passam a realizar

assessoria planejamento e programaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede por

municiacutepio e regiatildeo Ao mesmo tempo a SES tambeacutem eacute reestruturada para corresponder

agraves necessidades em pauta (MT 2000a)

No periacuteodo de 1995 a 1999 a SES pautada no objetivo de fortalecer os Polos

Regionais de Sauacutede comeccedila a implantar as Comissotildees Intergestores Bipartites

Regionais (CIB Regionais) com a intenccedilatildeo de que os territoacuterios regionais se tornassem

um espaccedilo privilegiado de interlocuccedilatildeo negociaccedilatildeo e pactuaccedilatildeo entre o estado e os

municiacutepios

No acircmbito nacional os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica satildeo apresentados

pelos gestores ampliam-se os debates sobre a regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia necessaacuteria

3

para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e a NOAS eacute editada Quando a NOAS foi editada

este estado jaacute estava com a regionalizaccedilatildeo em processo de estruturaccedilatildeo e ela contribuiu

para aperfeiccediloar e aprofundar os instrumentos de gestatildeo A regionalizaccedilatildeo prevista na

NOAS fortaleceu as pactuaccedilotildees fomentou a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor da

Regionalizaccedilatildeo (PDR) do Plano Diretor de Investimentos (PDI) e da Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) explicitou e organizou o fluxo da assistecircncia viabilizou a

implantaccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais

Na regiatildeo em estudo como nas demais do estado foram realizados foacuteruns no ano

de 2001 com o objetivo de efetuar diagnoacutestico e definir as prioridades e metas de cada

regiatildeo tambeacutem foi organizado o Sistema de Referecircncia e Regulaccedilatildeo Regional e

Estadual mas natildeo o suficiente para captar investimentos a fim de ampliar a capacidade

instalada da rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A partir dos anos 2003 inicia-se um novo governo ocorrem trocas sucessivas do

gestor estadual e a SES enfrenta diversidade na maneira de conduzir a Poliacutetica Estadual

de Sauacutede Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 por induccedilatildeo do governo federal a

regionalizaccedilatildeo retorna agrave agenda do gestor estadual e a SES e o COSEMS realizam

oficinas no interior do estado com o objetivo de ampliar e qualificar o debate da gestatildeo

municipal para subsidiar o gestor na tomada de decisatildeo quanto agrave elaboraccedilatildeo do Termo

de Compromisso de Gestatildeo (Ribeiro 2009) Nesta regiatildeo 100 dos municiacutepios

assinam este termo

A organizaccedilatildeo de serviccedilos regionalizados pressupotildee a gestatildeo cooperativa e

solidaacuteria o compartilhamento de tarefas e a distribuiccedilatildeo de poder negociados e

pactuados no CGR Na regiatildeo em estudo esta governanccedila tem gerado dilemas e

conflitos entre os entes federativos prestadores de serviccedilos e demais atores em especial

quando se depara com problemas de acesso agrave rede na regiatildeo e se necessita recorrer agrave

capital do estado

O Pacto pela Sauacutede contemplou uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo uma nova

forma de gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes

atores sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes

experiecircncias Essa nova maneira de gerir eacute complexa e constitui desafio aos gestores de

sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo Trabalhar as regiotildees de sauacutede eacute lidar com

diversidade de contextos e lugares eacute entender que os determinantes do processo de

4

regionalizaccedilatildeo extrapolam o setor sauacutede que as modalidades e tipos de serviccedilos de

sauacutede puacuteblica diferem nos sistemas locais regionais estaduais e que os sistemas locais

em sua maioria dispotildeem apenas dos serviccedilos da atenccedilatildeo baacutesica (Viana e Lima 2011)

Em 2011 foi editado o Decreto no 7508 que trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm

808090 e seu papel eacute entre outros regular a estrutura organizativa do SUS o

planejamento de sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e articular os entes federativos Pelo

Decreto os serviccedilos de sauacutede deveratildeo ser ofertados nas regiotildees de sauacutede constituiacutedas

pelo estado com capacidade instalada para dispor no miacutenimo de atenccedilatildeo primaacuteria

urgecircncia e emergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo ambulatorial especializada e

hospitalar vigilacircncia em sauacutede articulada com os municiacutepios e organizadas em redes de

atenccedilatildeo agrave sauacutede

As diretrizes da regionalizaccedilatildeo propiciam avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e trabalhar

a governanccedila no territoacuterio aqui entendido como o espaccedilo usado que natildeo considera

apenas os limites territoriais mas um espaccedilo vivido com sua populaccedilatildeo seus atores e

seus problemas sociais de maneira integrada

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e a sua implementaccedilatildeo na regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra fomentaram debates acordos e pactuaccedilotildees com o objetivo de

fortalecer o sistema de sauacutede neste territoacuterio Esta regiatildeo antes do Pacto pela Sauacutede

buscou alternativas para viabilizar o acesso na regiatildeo e para isso estabeleceu interface

com o setor privado criou um modus operandi que determinou a sua forma de

organizaccedilatildeo

A concepccedilatildeo do que vem a ser puacuteblico ou privado e as suas relaccedilotildees dispotildeem de

grande variabilidade de significados Neste estudo o mix publico-privado refere-se agrave

natureza juriacutedica das instituiccedilotildees que fazem parte da rede de serviccedilos SUS Esta

estrateacutegia operacional mix puacuteblico-privado abre espaccedilo para uma regulaccedilatildeo que vai

aleacutem da governabilidade puacuteblica uma vez que envolve outros agentes no processo de

regionalizaccedilatildeo e requer relaccedilotildees intergovernamentais cooperativas para viabilizar a sua

gestatildeo Estas relaccedilotildees satildeo complexas diferem e podem influenciar a dinacircmica

operacional o acesso aos serviccedilos e justifica a realizaccedilatildeo de estudos que possam

contribuir para a tomada de decisatildeo dos entes federativos que agem em situaccedilotildees

diversas com limites teacutecnicos operacionais e financeiros

5

A regiatildeo de sauacutede objeto desta pesquisa tem uma rede puacuteblica constituiacuteda em sua

maioria por unidades de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria natildeo dispotildee de hospital regional e

para suprir a insuficiecircncia do serviccedilo puacuteblico e facilitar o acesso da populaccedilatildeo

implantou o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Mato-

grossense que oferece serviccedilos de apoio diagnoacutestico-laboratorial e imagem internaccedilotildees

e atendimento meacutedico especializado entre outros Estes conformam um complexo

regional entendido neste estudo como ldquoas diferentes estruturas instituiccedilotildees instacircncias e

atores puacuteblicos e privados que participam do processo de constituiccedilatildeo planejamento

organizaccedilatildeo gestatildeo e regulaccedilatildeo da sauacutede no acircmbito regionalrdquo (Viana et al 2008

p100)

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede o federalismo as relaccedilotildees intergovernamentais e o mix

puacuteblico-privado vecircm se tornando objeto de interesse de debates e estudos cientiacuteficos e

mostram que ldquoa dinacircmica dos complexos regionais em sauacutede (as relaccedilotildees puacuteblico-

privadas no interior das regiotildees de sauacutede) tambeacutem influencia o desempenho e os

resultados da regionalizaccedilatildeo no plano estadual e necessita ser avaliada por estudos de

casordquo (Viana et al 2010 p9)

O estudo faz parte da pesquisa ldquoAnaacutelise do processo de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

no Estado de Mato Grossordquo realizada pelo grupo de pesquisa do ISCUFMT em

parceria com o DMPFMUSP e ENSPFIOCRUZ submetido ao Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa do HUJMUFMT e aprovada em 09092009 mediante o parecer no 681CEP-

HUJM09 Este recorte tambeacutem foi submetido ao Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa do

Departamento de Medicina Preventiva (CEP-FMUSP) e aprovado na sessatildeo de

05092012 protocolo de pesquisa nordm 20612 parecer 91726

O presente estudo de caso teve como objetivo analisar o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede da regiatildeo de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo de 2006 a 2011 O recorte justifica-se pela ediccedilatildeo do Pacto

pela Sauacutede em 2006 que entre as suas diretrizes contempla a regionalizaccedilatildeo e pelo

Decreto nordm 75082011 que reitera esta estrateacutegia de conduccedilatildeo do SUS Esta regiatildeo

oficialmente eacute denominada Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do estado de Mato Grosso

mas ao longo deste trabalho ela seraacute referenciada como regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da

Serra como eacute mais conhecida

6

Para analisar o processo de regionalizaccedilatildeo utilizou-se de dados quantitativos e

informaccedilotildees qualitativas para caracterizar a regiatildeo de sauacutede (socioeconocircmica e

demograficamente) a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e as instacircncias relacionadas ao processo

de regionalizaccedilatildeo nesse territoacuterio identificar o processo decisoacuterio os padrotildees de

relacionamento e o papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional com

ecircnfase no CGR caracterizar os mecanismos e instrumentos adotados no processo de

regionalizaccedilatildeo e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no sistema puacuteblico de sauacutede nessa regiatildeo

Tais informaccedilotildees permitiram conhecer a estruturaccedilatildeo do sistema de sauacutede as

instacircncias regionalizadas os atores a participaccedilatildeo e influecircncia destes na

institucionalidade e governanccedila do SUS na regiatildeo Aleacutem disso pocircde-se compreender

no acircmbito da gestatildeo como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Fazem parte desta regiatildeo os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo

Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo Afonso

Sapezal e Tangaraacute da Serra

Eacute um estudo de caso que se utiliza do meacutetodo qualitativo para aprofundar e

responder aos questionamentos de como ocorreu a regionalizaccedilatildeo nesta regiatildeo de sauacutede

Para tanto utilizou-se de entrevistas buscando compreender as relaccedilotildees e o processo da

regionalizaccedilatildeo a partir do Pacto pela Sauacutede no periacuteodo de 2006 a 2011 Recorreu-se

tambeacutem ao periacuteodo anterior sempre que as variaacuteveis de interesse do estudo exigiram

Da pesquisa estadual foi utilizado o banco de dados referente ao questionaacuterio

autoaplicado agraves informaccedilotildees do levantamento de dados secundaacuterios e agrave anaacutelise

documental desta regiatildeo de sauacutede Cinco atores da regiatildeo responderam o questionaacuterio

autoaplicado o Chefe do Escritoacuterio Regional de Sauacutede o Secretaacuterio Executivo do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a Secretaacuteria do Colegiado de Gestatildeo Regional a

Secretaacuteria de Sauacutede e Vice- presidente regional do Conselho de Secretaacuterios Municipais

de Sauacutede (COSEMS) na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de Barra do

Bugres As informaccedilotildees contidas neste questionaacuterio foram totalmente consideradas

nesta pesquisa

O roteiro utilizado para as entrevistas com os atores da regiatildeo eacute especiacutefico para

este estudo de caso mas a sua elaboraccedilatildeo tambeacutem considerou as informaccedilotildees do

7

questionaacuterio autoaplicado da pesquisa estadual O roteiro completo contemplou 84

perguntas (Apecircndice A) e as entrevistas foram realizadas com os atores selecionados

Oitenta e quatro (84) perguntas foram aplicadas aos seguintes gestores Diretor do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS) Teacutecnico do ERS e membro do CGR Secretaacuterio

Executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede (CIS) Secretaacuteria de Sauacutede e Vice-

presidente regional do COSEMS na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de

Barra do Bugres cujo hospital municipal eacute referecircncia para esta regiatildeo Sessenta (60)

perguntas foram dirigidas aos gestores da regulaccedilatildeo Coordenador da Central Regional

de Regulaccedilatildeo (CRR) Meacutedico Regulador da regiatildeo Meacutedico Regulador do Hospital

Municipal de Referecircncia Regional Vinte e trecircs (23) foram feitas ao representante do

maior hospital conveniado da regiatildeo e vinte (20) perguntas num roteiro diferenciado

mas com perguntas relacionadas ao roteiro geral ao Presidente da Unimed e a gestora

da Univida

Estes atores estatildeo referidos nesta pesquisa como gestor estadual (GE) para

aqueles vinculados agrave estrutura estadual gestor municipal (GM) quando vinculados agrave

estrutura municipal e ao consoacutercio gestor privado (GP) quando vinculado ao hospital

privado conveniado agrave UNIVIDA e agrave UNIMED

A gestora da Univida foi selecionada pelo fato de essa empresa dispor de uma

Associaccedilatildeo que contempla os beneficiaacuterios desse plano e oferece meios de acesso ao

serviccedilo particular de sauacutede com descontos especiais Dessa empresa foram utilizadas

apenas as informaccedilotildees da gestora oferecidas no momento da entrevista visto que

apesar de o beneficiaacuterio necessitar da autorizaccedilatildeo da empresa para acessar o serviccedilo

natildeo dispotildee ela de sistema de informaccedilotildees sobre o quantitativo do serviccedilo utilizado Por

sua vez o gestor da Unimed foi escolhido pelo fato de o setor privado tambeacutem se

constituir em objeto desta pesquisa e por dispor de convecircnio com duas unidades

hospitalares puacuteblicas desta regiatildeo de sauacutede

A elaboraccedilatildeo do roteiro de entrevistas da planilha de coleta de informaccedilotildees

secundaacuterias e a anaacutelise de dados secundaacuterios e documentais basearam-se em trecircs

dimensotildees Institucionalidade Governanccedila e Impactos da regionalizaccedilatildeo Para cada

dimensatildeo foram definidos indicadores conforme matrizes em anexo (Apecircndice B)

A institucionalidade da regionalizaccedilatildeo eacute aqui entendida como todas as estrateacutegias

poliacuteticas e institucionais adotadas no periacuteodo a que se refere o estudo Ela foi analisada

8

a partir de subdimensotildees cujo levantamento de informaccedilotildees contemplou o histoacuterico o

desenho as finalidades e escopo as estrateacutegias poliacuteticas o planejamento a regulaccedilatildeo e

o financiamento da regionalizaccedilatildeo Para anaacutelise destas dimensotildees verificaram-se os

objetivos pelas quais a regiatildeo foi organizada a estrutura de funcionamento a interface

com outras poliacuteticas regionais do governo do estado a capacidade de introduccedilatildeo e

desenvolvimento de instrumentos de planejamento e regulaccedilatildeo que contemplam as

necessidades da regiatildeo e os mecanismos de financiamento e investimentos adotados

para efetivar a poliacutetica regional

A governanccedila da regionalizaccedilatildeo foi entendida neste estudo como um conjunto de

regras governamentais voltadas para a accedilatildeo coletiva que requer a divisatildeo de poderes e o

estabelecimento de relaccedilotildees de atores puacuteblicos e privados com interesses

diversificados cujas negociaccedilotildees podem resultar em objetivos comuns e redes entre as

instituiccedilotildees para governar num territoacuterio complexo um campo conformado por atores

independentes com dinacircmicas diferenciadas de governanccedila e com grau variado de

recursos e autonomia poreacutem institucionalizados e regulados Tem como unidade de

anaacutelise o Colegiado de Gestatildeo Regional (CGR) uma instacircncia de gestatildeo formado por

representantes da SESERS e dos municiacutepios que compotildeem a regiatildeo de sauacutede objeto

deste estudo Na governanccedila tambeacutem se considerou o CIS cujos gestores - prefeitos e

secretaacuterios de sauacutede - compartilham interesses comuns e deliberam a poliacutetica neste

espaccedilo

Essa dimensatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar a diversidade dos atores

envolvidos no processo de regionalizaccedilatildeo a forma de participaccedilatildeo nas instacircncias

colegiadas de negociaccedilatildeo o tipo de relaccedilatildeo estabelecida entre os membros as

estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental e entre atores de relevacircncia regional os temas de

consenso e influecircncias os tipos de reuniotildees e o processo decisoacuterio Verificou-se

tambeacutem o papel das instacircncias no CGR o papel do CGR na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo os fatores que facilitam ou dificultam o

funcionamento do CGR a importacircncia e as influecircncias do setor privado na rede e o

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede do SUS na regiatildeo

A dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar

se houve mudanccedilas e inovaccedilotildees no processo de regionalizaccedilatildeo induzidas pela

implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede na atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que integram o complexo

9

regional SES ERS CIS na conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento dos

serviccedilos na capacidade instalada e prestaccedilatildeo de serviccedilos Verificou-se tambeacutem se o

Decreto nordm 75082011 foi implantado

Foram considerados como fontes de informaccedilatildeo todos os dados coletados na

pesquisa estadual de interesse neste estudo de caso Aleacutem disso levantaram-se

informaccedilotildees de documentos de gestatildeo especiacuteficos da regiatildeo como contratualizaccedilatildeo com

hospitais laboratoacuterios cliacutenicas especializadas e medicina diagnoacutestica Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) Plano Diretor Regional (PDR) Plano Diretor de

Investimentos (PDI) Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG) atos e portarias da

SES resoluccedilotildees da Comissatildeo Intergestores Bipartite (CIB)Estadual resoluccedilotildees e

proposiccedilotildees do CGR chamada puacuteblica para contratualizaccedilatildeo Relatoacuterios de Gestatildeo do

ERS da CRR e CIS Plano de trabalho do CIS Sistemas de Informaccedilatildeo (CNES SIOPS

ANS IBGE SIA SIH) atas do CGR pautas do CGR Plano Anual de Trabalho da

SES Plano Anual de Trabalho do ERS planejamento do CIS e outros registros de

interesse do arquivo do ERS que permitiram apreender e dar resposta aos objetivos da

pesquisa

Foram utilizadas as informaccedilotildees das entrevistas e os dados secundaacuterios para

analisar como ocorreu o processo de implantaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede o

processo decisoacuterio como as decisotildees foram e satildeo estabelecidas e cumpridas pelas

instacircncias que fazem parte do complexo regional o funcionamento do CGR as relaccedilotildees

entre as instituiccedilotildees os padrotildees de relacionamento o papel e influecircncias das instacircncias

que fazem parte do complexo regional e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas

Os mecanismos e instrumentos adotados no processo de regionalizaccedilatildeo foram

analisados por meio do PDR PDI PPI Portarias Decretos pactos estabelecidos

contratualizaccedilotildees entre outros que permitiram fazer um inventaacuterio do planejamento e da

gestatildeo regional da sauacutede A combinaccedilatildeo destas informaccedilotildees permitiu identificar a

regionalizaccedilatildeo considerando o processo decisoacuterio os padrotildees de relacionamento e o

papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional

Para caracterizar a regiatildeo de sauacutede utilizou-se a base populacional estimada pelo

IBGE para os anos de 2000 a 2011 Os bancos de dados utilizados para o caacutelculo dos

indicadores foram providos pelo DATASUS Alguns indicadores foram calculados e

permitiram obter um diagnoacutestico situacional da regiatildeo de sauacutede incluindo as

10

caracteriacutesticas socioeconocircmicas e demograacuteficas a disponibilidade de serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo da assistecircncia a capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede indicadores

de produccedilatildeo dos serviccedilos recursos aplicados em sauacutede e cobertura da sauacutede

suplementar

Os indicadores socioeconocircmicos e demograacuteficos utilizados foram populaccedilatildeo

razatildeo de crescimento densidade demograacutefica componentes do IDH (escolaridade

longevidade e renda) cobertura de abastecimento de aacutegua esgotamento sanitaacuterio e

coleta de lixo PIB (agropecuaacuteria induacutestria serviccedilos e impostos)

Foram tambeacutem levantadas informaccedilotildees sobre a organizaccedilatildeo da assistecircncia e

capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede UBS unidades especializadas serviccedilo de

apoio diagnoacutestico e terapia (SADT) hospitais e consultoacuterios cobertura do Programa de

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) disponibilidade de unidades de sauacutede leitos hospitalares por

tipo de prestador leitos SUS e natildeo SUS por municiacutepio disponibilidade de profissionais

vinculados e natildeo vinculados ao SUS Foi verificado o tipo de habilitaccedilatildeo dos

municiacutepios antes do pacto

A oferta de serviccedilos na regiatildeo foi analisada pelas informaccedilotildees do Cadastro

Nacional de Estabelecimento de Sauacutede (CNES) cujos dados estatildeo disponiacuteveis no site

do DATASUS Foram levantadas informaccedilotildees dos estabelecimentos de sauacutede e seus

equipamentos segundo a natureza juriacutedica puacuteblica ou privada e sua relaccedilatildeo com o SUS

na regiatildeo Em relaccedilatildeo aos leitos considerou-se como oferta puacuteblica os de natureza

puacuteblica e aqueles privados contratados eou conveniados ao SUS Em relaccedilatildeo aos

estabelecimentos privados foram considerados exclusivamente privados aqueles que

natildeo estavam contratados ou conveniados ao SUS Os hospitais de direito privado e

geridos por organizaccedilatildeo social ou entidade religiosa foram considerados puacuteblicos

Os indicadores de produccedilatildeo dos serviccedilos analisados foram AIHs por 100

habitantes pagas por local de internaccedilatildeo e local de residecircncia percentual de

atendimentos da atenccedilatildeo baacutesica aprovado e apresentado percentual de atendimento da

meacutedia e alta complexidade aprovado e apresentado

A relaccedilatildeo entre o setor puacuteblico e privado na regiatildeo foi analisada considerando o

roteiro de entrevistas aplicado aos atores puacuteblicos e privados que compotildeem o complexo

regulador desta regiatildeo um bloco especiacutefico com o intuito de investigar 1) como foram

estabelecidas estas relaccedilotildees 2) qual a influecircncia e funccedilatildeo do setor privado e as

11

repercussotildees no processo de regionalizaccedilatildeo 3) como ocorreu o processo de regulaccedilatildeo

governamental sobre o sistema complementar na regiatildeo e se esta regulaccedilatildeo interferiu

no modelo de atenccedilatildeo 5) se os arranjos que ocorreram corresponderam aos objetivos do

sistema de sauacutede e se trouxeram contribuiccedilotildees positivas ou negativas aos resultados da

sauacutede e ao desenvolvimento do sistema de sauacutede

Os indicadores de financiamento do sistema de sauacutede foram calculados com base

no banco de dados do Sistema de Informaccedilotildees de Orccedilamentos Puacuteblicos de Sauacutede

(SIOPS) entre eles o percentual de recursos municipais aplicados em sauacutede (EC-29)

despesas per capita sob responsabilidade municipal e despesas com recursos

exclusivamente municipais

Para analisar os dados qualitativos utilizou-se a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo

tendo como base as dimensotildees e as variaacuteveis constantes nas matrizes apresentadas no

projeto estadual e neste estudo de caso regional Todo material empiacuterico levantado foi

sendo submetido agrave leitura e buscou encontrar elementos eou respostas que permitiram

em face aos indicadores propostos para cada variaacutevel caracterizar e analisar o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede neste espaccedilo regional

No desenvolvimento da pesquisa foi explicada aos gestores a importacircncia da

assinatura de termo de cooperaccedilatildeo e parceria na regiatildeo visto que envolveria vaacuterios

segmentos e os resultados seriam de interesse dos gestores Os entrevistados tiveram

suas entrevistas precedidas de assinaturas do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecida (Apecircndice B)

Os quadros 1 a 3 resumem as matrizes completas de anaacutelise por dimensatildeo a

matriz completa encontra-se no apecircndice C

12

Quadro 1 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico e desenho da

regionalizaccedilatildeo

- Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo

municiacutepios integrantes fatores determinantes capacidade instalada e

organizaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo

2-Finalidades e escopo

da regionalizaccedilatildeo

- finalidades e foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de

sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede regionalizadas

3-Estrateacutegias poliacuteticas

da regionalizaccedilatildeo

- interfaces inserccedilatildeo e lugar que ocupa na agenda poliacutetica da SES e do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede estrateacutegias regionais

4-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

- existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede influecircncias

na regulaccedilatildeo organizaccedilatildeo antes e depois do pacto problemas conflitos

planejamento e regulaccedilatildeo intra e inter-regional

5-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos agrave regionalizaccedilatildeo programaccedilatildeo

distribuiccedilatildeo de recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo

existecircncia de fundos regionais de recursos

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Quadro 2 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Estruturas de

integraccedilatildeo e gestatildeo

regional

- existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo

- CGR consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da

SES CIES cacircmaras teacutecnicas e outros minus caracteriacutesticas finalidades papel e

contribuiccedilatildeo das instacircncias regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus

existecircncia de recursos financeiros disponiacuteveis para instacircncias regionais

O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus

influecircncias e papel do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de

regionalizaccedilatildeominus fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do

CGR

Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS

CIES relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional

Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus participaccedilatildeo e influecircncias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo

sauacutede do SUS na regiatildeo criteacuterios na definiccedilatildeo das referecircncias na regiatildeo de

sauacutede minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o puacuteblico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do

setor privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus

organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema

complementar

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

13

Quadro 3 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela

sauacutede processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508- Mudanccedilas observadas

em relaccedilatildeo aos poderes regionais existentes - avanccedilos dificuldades e

desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Aleacutem do que consta na introduccedilatildeo o presente trabalho estaacute organizado em sete

capiacutetulos e as consideraccedilotildees finais

O capitulo 1 ndash ldquoFederalismo e regionalizaccedilatildeo no Brasilrdquo aborda as caracteriacutesticas

do federalismo brasileiro considerando que a partir da CF de 1988 a uniatildeo os estados e

os municiacutepios passaram a lidar com a soberania e autonomia federativa que alterou as

relaccedilotildees intergovernamentais Evidencia que o SUS foi criado num paiacutes federativo com

heterogeneidade na extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com

desigualdades regionais culturais e politicas e que as federaccedilotildees satildeo marcadas pela

diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo mas que de forma coordenada

podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia

A formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada requer atos juriacutedico-

administrativos e a constituiccedilatildeo de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma

alternativa que facilita aos gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a

complexidade e diversidade do territoacuterio Neste sentido discutem-se os mecanismos

institucionais da implementaccedilatildeo do SUS na deacutecada de 1990 e a importacircncia da

coordenaccedilatildeo da esfera estadual na conformaccedilatildeo de arranjos regionais de forma a evitar

os conflitos intergovernamentais e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

entes federativos

O capitulo 2 ndash ldquoInstitucionalidade e Governanccedila no territoacuteriordquo faz uma discussatildeo

teoacuterica quanto ao papel do Estado na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que possam

assegurar o direito constitucional agrave sauacutede O arcabouccedilo poliacutetico-institucional do SUS

conforma um sistema complexo implica em mudanccedilas no poder redefiniccedilao das

relaccedilotildees entre as esferas de governo entre estado e sociedade e estado e mercado e

requer sustentabilidade estrutural Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila que estaacute

relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e a sua capacidade

14

organizativa ganha espaccedilo no debate e se materializa nos espaccedilos de gestatildeo colegiada

existentes nos complexos regionais Nestes espaccedilos satildeo pactuadas regras para prover de

forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede regionalizada Esses

serviccedilos contam com a participaccedilatildeo privada e resultam em relaccedilotildees complexas

construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

No capitulo 3 ndash ldquoO Estado de Mato Grosso e a regiatildeo de Tangaraacute da Serrardquo

apresentam-se as caracteriacutesticas do estado que eacute constituiacutedo por 141 municiacutepios a

maioria deles (801) com menos de 20000 habitantes e com forte dependecircncia do

governo federal e estadual para implementar o SUS As caracteriacutesticas do sistema de

sauacutede indicam a importacircncia da implementaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede regionalizada para

suprir de forma equacircnime as necessidades da populaccedilatildeo e garantir o seu acesso agrave rede

de atenccedilatildeo agrave sauacutede A regiatildeo objeto deste estudo apresenta deficiecircncias na sua

capacidade instalada desigualdades entre os municiacutepios que dependem do estado para

implementar a politica de sauacutede regionalizada

O capitulo 4 ndash ldquoAs estrateacutegias de regionalizaccedilatildeo no Estado e na regiatildeo de Tangaraacute

da Serrardquo mostra que o complexo regional iniciou sua estruturaccedilatildeo na deacutecada de 1980

quando a regiatildeo foi instituiacuteda pela SES Antes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede a

SES criou novas regiotildees de sauacutede e implantou em todas elas as bases institucionais da

regionalizaccedilatildeo Apresenta como a SES se organizou para implementar o Pacto pela

Sauacutede Nesta regiatildeo 100 dos gestores assinaram o TCGM

O capitulo 5 ndash ldquoO complexo e a institucionalidade da regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serrardquo mostra que a politica de sauacutede regionalizada mesmo instituiacuteda em

instrumentos de planejamento do governo do estado e da SES nesta regiatildeo natildeo contou

com os recursos necessaacuterios para sua implementaccedilatildeo A regiatildeo enfrenta dificuldades de

acesso A insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica e as alternativas encontradas

configuraram um forte mix puacuteblico-privado na regiatildeo A regulaccedilatildeo da assistecircncia eacute

fraacutegil no estado e na regiatildeo e esta precisa constituir rede de atenccedilatildeo puacuteblica integrada e

resolutiva que responda pelas necessidades da populaccedilatildeo para se tornar autocircnoma de

fato

No capitulo 6 ndash ldquoGovernanccedila do processo de regionalizaccedilatildeordquo o relato dos

gestores explicita claramente que a falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo

manteacutem problemas que produzem iniquidades resultam em comportamentos que

15

expressam os interesses de cada gestor e geram fragmentaccedilatildeo e descontinuidade do

cuidado agrave sauacutede ameaccedilando a governanccedila Satildeo indicativos que alertam para o

comprometimento e as repercussotildees desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede nesta regiatildeo

O capitulo 7 ndash ldquoDecisatildeo e intersetorialidaderdquo evidencia que as decisotildees tomadas

pelos entes federativos e demais atores que compotildeem o complexo regional ocorrem no

CGR Este que deveria ser um espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos

compartilhados para a soluccedilatildeo dos problemas coletivos da regiatildeo tem se transformado

num campo de tensotildees e disputas O atraso frequente nas transferecircncias dos incentivos

estadual para os municiacutepios a falta de estrutura puacuteblica na regiatildeo e a solicitaccedilatildeo de

tabelas de valores complementares pelo setor privado tecircm tensionado a tomada de

decisotildees e desmotivado o gestor a participar deste processo

As ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo descrevem as evidecircncias do estudo considerando os

objetivos propostos e apontam desafios para a implementaccedilatildeo da politica de sauacutede

regionalizada

16

2 Federalismo e regionalizaccedilatildeo

no Brasil

17

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL

Com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a estrutura federativa brasileira passou a

contar com a Uniatildeo os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios como entes

federativos autocircnomos (Brasil 1988) A organizaccedilatildeo poliacutetico territorial dos estados

federativos eacute uma forma inovadora de se lidar com o poder e a soberania considerando

as heterogeneidades dos territoacuterios (Abrucio 2002) A singularidade do modelo federal

estaacute na maior horizontalidade entre os entes

As federaccedilotildees satildeo marcadas pela diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e

competiccedilatildeo Neste sentido um arranjo federativo eacute uma parceria um pacto que se

estabelece entre unidades territoriais que divide poder com respeito muacutetuo sem que os

direitos sejam retirados dos pactuantes subnacionais De forma coordenada as

federaccedilotildees podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia entre eles

(Abrucio 2002)

A estruturaccedilatildeo federativa brasileira inspirou-se no modelo norte-americano mas a

conformaccedilatildeo foi diferente e antes de tornar-se uma federaccedilatildeo passou por conflitos entre

o Poder Central e as elites regionais Partiu-se de um Estado Unitaacuterio muito centralizado

para um modelo descentralizado de poder Passou por ciclos de centralizaccedilatildeo e

consolidaccedilatildeo do estado nacional sucedidos de descentralizaccedilatildeo do poder processo que

gerou desigualdades significativas entre os estados brasileiros

Apoacutes o golpe de Estado de 1964 o regime militar fortaleceu o modelo unionista

marcado pelo modelo de relaccedilotildees intergovernamentais autoritaacuterias e verticais Os

governos subnacionais tinham que seguir obrigatoriamente os planos da Uniatildeo sob a

ameaccedila de nos casos de recusa ficar sem as verbas A autonomia poliacutetica e

administrativa soacute foi recuperada com as eleiccedilotildees diretas a governador em 1982

(Abrucio 2002)

As bases do Estado Federativo do Brasil foram recuperadas nos anos 80 e

fortaleceram os governos estaduais nessa deacutecada (Abrucio 2005) O processo de

democratizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo fiscal contemplado na Constituiccedilatildeo de 1988 alterou

18

as relaccedilotildees intergovernamentais e cada niacutevel de governo passou a ser uma autoridade

poliacutetica e soberana

O SUS foi criado nesse contexto um paiacutes federativo com heterogeneidades na

extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com desigualdades regionais

culturais e politicas (Abrucio 2002) cujos preceitos constitucionais de 1988

contemplam que cabe a cada ente federativo a responsabilidade por organizar tal

sistema e de forma compartilhada a assegurar e viabilizar a integralidade da atenccedilatildeo agrave

sauacutede ao individuo

No inicio do processo de descentralizaccedilatildeo o papel do governo federal limitava-se

a um repasse de funccedilotildees aos demais entes federados natildeo havia por parte desse niacutevel de

governo iniciativas no sentido de compartilhar tarefas Os governos estaduais

encontravam-se numa situaccedilatildeo de indefiniccedilatildeo de suas competecircncias em relaccedilatildeo ao SUS

e os municiacutepios entes federativos com o mesmo status juriacutedico que os estados e a uniatildeo

assumindo novas funccedilotildees e procurando encontrar o seu papel

Nesse periacuteodo os estados estavam com a base de sustentaccedilatildeo fiscal enfraquecida

e o governo federal com tendecircncia recentralizadora fiscal e poliacutetica Essa situaccedilatildeo

contribuiu para desencadear um federalismo predatoacuterio ou como denominado por

Abrucio (2002) ldquocompartimentalizadordquo onde cada niacutevel de governo procura o seu papel

especiacutefico ao mesmo tempo natildeo haacute por parte do governo federal uma coordenaccedilatildeo

intergovernamental No campo das poliacuteticas puacuteblicas esse cenaacuterio afetou o processo de

descentralizaccedilatildeo em especial num paiacutes como o Brasil com regiotildees federativas tatildeo

heterogecircneas A condiccedilatildeo federalista consegue manter a estabilidade social e ameniza

as heterogeneidades regionais (Abrucio 2002)

No acircmbito municipal a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS gerou um

municipalismo autaacuterquico acentuou os problemas das relaccedilotildees intermunicipais e natildeo

incentivou a cooperaccedilatildeo Aleacutem disso desencadeou ao longo desse processo competiccedilatildeo

entre os niacuteveis de governo na medida em que os municiacutepios concorrem entre si pelo

dinheiro puacuteblico dos demais niacuteveis de governo Em algumas situaccedilotildees chegam a

repassar seus custos a outros entes atraveacutes do encaminhamento de seus muniacutecipes para

fazerem uso dos serviccedilos de sauacutede de outros municiacutepios (Abrucio 2002) sem a devida

pactuaccedilatildeo

19

Entre as diretrizes do SUS a regionalizaccedilatildeo da sauacutede contemplada no artigo 198

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute uma das estrateacutegias da sua implementaccedilatildeo que

contempla tambeacutem a descentralizaccedilatildeo mas o ecircxito deste processo depende da realizaccedilatildeo

de responsabilidades compartilhadas pelos trecircs entes federativos e de accedilotildees especiacuteficas

e inerentes de cada territoacuterio Teoricamente supotildee-se que se cada ente federativo

desempenhar o seu papel o processo estaraacute garantido mas estas relaccedilotildees natildeo satildeo tatildeo

simples satildeo complexas e se constituem em desafios para os gestores

Com a descentralizaccedilatildeo a Uniatildeo eacute a responsaacutevel pelo financiamento pela

formulaccedilatildeo1 da poliacutetica nacional de sauacutede e coordenaccedilatildeo das accedilotildees intergovernamentais

Atraveacutes do Ministeacuterio da Sauacutede o governo federal tem autoridade para tomar as

decisotildees mais importantes nesta poliacutetica setorial e definir regras para a poliacutetica nacional

mas a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede deve contar com a participaccedilatildeo de conselhos

que representam estados e municiacutepios (Arretche 2004)

Os princiacutepios da universalidade integralidade e equidade bem como os da

descentralizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo da comunidade no SUS fortalecem o

governo local e independentemente do porte municipal requerem capacidade de gestatildeo

planejamento integrado regulaccedilatildeo do sistema e construccedilatildeo de redes assistenciais que

atendam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo considerando a integralidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede Aleacutem disso requerem a implantaccedilatildeo de conselhos de sauacutede de forma a

legitimar a participaccedilatildeo da comunidade

Um sistema de sauacutede com os princiacutepios acima citados requer por parte dos

governos a formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada integrada e organizada

de forma a natildeo ferir os princiacutepios baacutesicos do federalismo entre eles a autonomia o

respeito muacutetuo e os direitos dos governos subnacionais (Abrucio 2002)

Para legitimar esses princiacutepios eacute necessaacuterio que os serviccedilos de sauacutede contemplem

integralmente as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo e

isso representa para a maioria dos municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade

financeira Muitos deles encontram-se em situaccedilotildees que requerem melhoria na

1 No processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas haacute o envolvimento de muitos segmentos que natildeo o

governo como os grupos de interesse as classes sociais e outros mas haacute tambeacutem uma ldquoautonomia

relativa do Estadordquo que gera determinadas capacidades e cria as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

das poliacuteticas publicas (Souza 2007 p72)

20

infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais especializados e aquisiccedilatildeo de equipamentos

para oferecer serviccedilos de sauacutede (Abrucio 2002)

Embora o federalismo pressuponha autonomia de seus entes federativos

autocircnomos prover serviccedilos que respondam agrave integralidade contemplada no SUS requer

atos juriacutedico-administrativos compartilhados (Santos e Andrade 2011) A constituiccedilatildeo

de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma alternativa que facilita aos

gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a complexidade e diversidade do

territoacuterio Requer arranjos cooperativos e compartilhamento de responsabilidades para

otimizar os custos e ampliar a oferta para que sejam alcanccedilados os objetivos e princiacutepios

do SUS

O conceito de regiatildeo natildeo eacute uacutenico e vaacuterias correntes de pensamento tecircm

contribuiacutedo para aprofundar os estudos e conformar um conceito totalizador capaz de

abarcar a complexidade do que vem a ser uma regiatildeo A regiatildeo ligada agrave ideacuteia de espaccedilo

geograacutefico surgiu com os postulados de Immanuel Kant no momento em que foram

criadas as escolas de geografia na Franccedila e na Alemanha no final do seacutec XIX Neste

periacuteodo com base nos princiacutepios positivistas do seacuteculo XVIII afirmou-se que o

fundamento da geografia eacute o espaccedilo geograacutefico que constitui a parte essencial da

histoacuteria dos homens Para Kant eacute no espaccedilo que estabelecemos relaccedilotildees entre os fatos

exteriores a noacutes o espaccedilo eacute condiccedilatildeo de toda experiecircncia dos objetos e natildeo pode ser

percebido empiricamente porque o simples ato de situarmos alguma coisa fora de noacutes

jaacute pressupotildee a representaccedilatildeo do espaccedilo ldquopode-se pensar o espaccedilo sem coisas mas natildeo

as coisas sem o espaccedilordquo Segundo Kant nada pode ser representado sem espaccedilo (Santos

2009 p186)

Na Alemanha o conceito de destaque foi de regiatildeo natural divulgado por Ratzel

que defendia que a ldquoexistecircncia das diferenciaccedilotildees regionais estava vinculada ao poder

que a natureza exercia sobre o homem chegando ao ponto de determinar seu

comportamentordquo (Fonseca 1999 p91)

Esse conceito recebeu muitas criacuteticas da corrente francesa de Vidal de La Blache

que entendia ldquoa regiatildeo enquanto entidade concreta existente por si soacuterdquo um dado puro

da natureza que diante da interaccedilatildeo homem-meio pode tornar-se singular pois a cultura

do homem pode influenciar a natureza e transformar a regiatildeo Para La Blache ao

21

geoacutegrafo caberia apenas a tarefa de delimitar e descrever a regiatildeo (Fonseca 1999

Carvalho 2002 p138)

A corrente de pensamento de Vidal de La Blache defende a regiatildeo como uma

realidade fiacutesica uma referecircncia para a populaccedilatildeo que laacute vive Insere o elemento humano

na caracterizaccedilatildeo da paisagem regional e produz um conceito de regiatildeo diferente

daquele de regiatildeo natural Com o seu posicionamento a relaccedilatildeo homem-meio eacute pela

primeira vez agregado na riqueza da anaacutelise regional (Carvalho 2002)

Na Inglaterra e nos EUA tambeacutem foram realizados estudos sobre regiatildeo Na

deacutecada de 1950 apoiados no positivismo loacutegico os estudos regionais sofrem mudanccedilas

Na nova concepccedilatildeo ldquoa regiatildeo deixa de ser um objeto concreto de anaacutelise para se

transformar numa criaccedilatildeo intelectualrdquo (Fonseca 1999 p92) Na nova geografia uma

nova teoria eacute apresentada por Hartshorne ldquoa regiatildeo natildeo eacute uma realidade evidente dada

a qual caberia apenas ao geoacutegrafo descrever A regiatildeo eacute um produto mental uma forma

de ver o espaccedilo que coloca em evidecircncia os fundamentos da organizaccedilatildeo diferenciada

do espaccedilordquo No entendimento de Hartshorne as regiotildees possuem aspectos que satildeo

singulares na sua espacialidade e o enfoque regional de cada pesquisador implica numa

produccedilatildeo mental uma forma concebida de regiatildeo (Santos 2009 p189)

Opondo-se ao conceito de regiatildeo concreta de Vidal de La Blache Hartshorne

enfatiza a regiatildeo como uma criaccedilatildeo intelectual visto que com o uso de teacutecnicas

estatiacutesticas e afastadas do trabalho de campo pode-se construir regiotildees administrativas

cristalizadas no tempo e no espaccedilo Esta teoria sofre criacuteticas eacute entendida como a-

histoacuterica natildeo considera na regiatildeo os processos sociais a existecircncia do tempo suas

qualidades essenciais e gera rupturas Novas correntes satildeo expressas a partir dos anos

70 quando se considera que diante dos problemas urbanos enfrentados essa geografia

quantitativa natildeo conseguiria compreender os fenocircmenos espaciais em sua plenitude

(Fonseca 1999 Carvalho 2002)

Com as criacuteticas a geografia embasada no positivismo chega ao fim e a partir da

deacutecada de 70 as bases teoacutericas e conceituais referentes agrave anaacutelise regional satildeo

fundamentadas no materialismo histoacuterico e dialeacutetico e nas geografias humanista e

cultural (Fonseca 1999)

Surgem as correntes de base marxista e fenomenoloacutegica que de forma comum

preocupam-se com a ausecircncia do caraacuteter social na geografia atual e entendem o espaccedilo

22

como o loacutecus da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo Assim uma nova

geografia vai se estruturando e valorizando os temas histoacutericos e culturais cuja vertente

tinha se perdido no paradigma quantitativo (Carvalho 2002)

A corrente humanista incorporou o espaccedilo vivido na anaacutelise regional defendendo

que para compreender a regiatildeo eacute necessaacuterio viver na regiatildeo Segundo Ribeiro (1993) a

regiatildeo como espaccedilo vivido pode ser definida como

Uma porccedilatildeo territorial definida pelo senso comum de um determinado grupo social

cuja permanecircncia em uma determinada aacuterea foi suficiente para estabelecer

caracteriacutesticas muito proacuteprias na sua organizaccedilatildeo social cultural e econocircmica Este

espaccedilo eacute portanto socialmente criado e vai se diferenciar de outros espaccedilos vizinhos por

apresentar determinadas caracteriacutesticas comuns que satildeo resultantes das experiecircncias

vividas e historicamente produzidas pelos proacuteprios membros das suas comunidades

(Ribeiro 1993 apud Carvalho 2002 p146)

Com a crise da modernidade e o nascimento da chamada poacutes-modernidade

ocorrem mudanccedilas no conceito de regiatildeo eacute o momento da pluralidade Se antes as

ciecircncias baseavam-se na filosofia iluminista na racionalidade na objetividade na

cientificidade e nas leis universais agora buscam o relativismo a subjetividade a

heterogeneidade e a fragmentaccedilatildeo Satildeo essas caracteriacutesticas que identificam a

contemporaneidade que eacute plural (Carvalho 2002)

Durante muito tempo a regiatildeo foi entendida como uma entidade autocircnoma

limitada ao enfoque da localizaccedilatildeo com poucas relaccedilotildees entre si Com a globalizaccedilatildeo as

regiotildees passaram a estar interligadas e interdependentes com diferenccedilas que emergem

naturalmente natildeo se explicando apenas pelo seu conteuacutedo interno mas pelo territoacuterio

que tem uma historia e que estaacute em contiacutenua renovaccedilatildeo (Santos 1988)

Os estudos das regiotildees segundo Santos (1988) devem contemplar a organizaccedilatildeo

o social o poliacutetico o econocircmico o cultural os fatos concretos Conhecendo estas

questotildees eacute possiacutevel identificar como a regiatildeo estaacute inserida no cenaacuterio econocircmico o que

existe e o que eacute novo e assim captar o elenco de causas e consequecircncias do fenocircmeno

Para este autor o espaccedilo eacute constituiacutedo por um conjunto indissociaacutevel de arranjos de

objetos geograacuteficos objetos naturais e objetos sociais e a vida que os preenche e os

anima ou seja a sociedade em movimento Portanto o espaccedilo usado por todos de todas

as existecircncias eacute sinocircnimo de espaccedilo humano (Santos 1988)

23

Para ter valor e compreender o espaccedilo vivido e as transformaccedilotildees que nele

ocorrem eacute necessaacuterio analisar em conjunto as variaacuteveis interdependentes que compotildeem

o territoacuterio e a sua historia A anaacutelise e compreensatildeo da totalidade somente seratildeo

possiacuteveis se for considerado natildeo apenas o lugar que natildeo se explica por si mas a historia

das relaccedilotildees dos objetos sobre os quais se datildeo as accedilotildees humanas (Santos 1988)

O ldquoespaccedilo vivido pode ser entendido como a rede de manifestaccedilotildees da

cotidianidade desse sistema em torno da intersubjetividade que satildeo por sua vez as

redes nas quais se constituem as existecircncias individuais ndash no trabalho na escola na

famiacutelia nas outras diversas formas da vida societaacuteriardquo (Rego e Reffatti 2004 p78)

O espaccedilo geograacutefico prova a existecircncia o quadro de referecircncias convencional-

latitude e longitude As variaacuteveis podem mudar de um periacuteodo para outro mas se

analisadas num dado corte temporal sua funccedilatildeo e seus valores permanecem inalterados

do olhar escalar Eacute importante considerar a escala geograacutefica que se refere agrave concepccedilatildeo

geomeacutetrica e a escala temporal que se refere ao tempo mas pessoas que habitam este

espaccedilo satildeo seres em metamorfose e satildeo capazes de influenciar a mudanccedila social

(Santos 2000)

Neste sentido o espaccedilo geograacutefico eacute entendido como sinocircnimo de territoacuterio usado

e ldquovisto como uma totalidade eacute um campo privilegiado para a anaacutelise na medida em

que de um lado nos revela a estrutura global da sociedade e de outro lado a proacutepria

complexidade do seu usordquo (Santos 2000 p108)

Assim para entender como ocorrem e se datildeo as relaccedilotildees no interior do espaccedilo

geograacutefico deve-se buscar a visatildeo totalizadora da realidade concreta que considera a

totalidade das causas e dos efeitos do processo soacutecio territorial O desafio eacute entender

como estaacute constituiacutedo ou seja o que como onde quando por quem e para que o

territoacuterio eacute usado Eacute preciso entender o contexto reconhecer as heranccedilas as

intencionalidades qualificar e quantificar os elementos os atores e seus

comportamentos e como as relaccedilotildees ocorrem entre estes elementos Eacute identificar o que eacute

novo e verificar se estaacute em harmonia com o que jaacute existia Se analisado nesta concepccedilatildeo

eacute possiacutevel vislumbrar no territoacuterio sua transformaccedilatildeo2 no tempo e no espaccedilo (Silveira

2011)

2 ldquoEacute a funcionalizaccedilatildeo dos eventos no lugar que produz uma forma um arranjo um tamanho do

acontecer que no instante seguinte cria outra funccedilatildeo outra forma e por conseguinte outros limites

Muda a extensatildeo do fenocircmeno porque muda a constituiccedilatildeo do territoacuterio outros objetos outras

24

Partindo do pressuposto de que o espaccedilo geograacutefico tambeacutem eacute compreendido

como espaccedilo usado constituiacutedo por um arranjo de objetos materiais e imateriais pode-

se compreender a regiatildeo como fato e como ferramenta A regiatildeo como fato independe

das forccedilas econocircmicas e poliacuteticas que dominam o territoacuterio eacute a regiatildeo tal como foi

delimitada com sua histoacuteria seus conflitos suas tensotildees diante dos processos de

modernizaccedilatildeo territorial (Ribeiro 2004 apud Viana et al 2008)

A regiatildeo como ferramenta eacute entendida como aquela que resulta da accedilatildeo

hegemocircnica da conjuntura em que estaacute circunscrita ou seja das forccedilas econocircmicas e

poliacuteticas que dominam o territoacuterio Nela satildeo criadas as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

de poliacuteticas construiacutedas e reconstruiacutedas por accedilotildees verticais para atender os interesses de

alguns setores da economia Muitas vezes os atores hegemocircnicos mudam as condiccedilotildees

materiais e organizacionais do territoacuterio para que ele se ajuste agrave sua conveniecircncia ou

utiliza as condiccedilotildees antigas de forma a garantir a viabilidade das accedilotildees na regiatildeo

(Ribeiro 2004 apu Viana et al 2008)

No Brasil a divisatildeo das regiotildees ocorreu em 1941 atraveacutes do IBGE cuja base de

organizaccedilatildeo dos dados censitaacuterios utilizou o conceito de regiatildeo natural introduzido pelo

professor Delgado de Carvalho em 1913 Posteriormente para fins administrativos

foram modificadas para atender aos limites das unidades poliacuteticas que dividiam o paiacutes

resultando nas grandes regiotildees naturais norte nordeste leste sul e centro-oeste que

foram redefinidas conceitualmente e modificadas em 1967 e em 1991 e utilizadas nos

estudos censitaacuterios (Guimaratildees 2005)

Posteriormente as modificaccedilotildees de divisatildeo propostas pelo IBGE utilizaram a da

corrente do geoacutegrafo Richard Hartshorne da escola americana que considerava a regiatildeo

natildeo como uma realidade dada mas uma construccedilatildeo intelectual um produto mental que

pode tornaacute-la uma regiatildeo administrativa Este entendimento estava em consonacircncia com

os objetivos dos teacutecnicos do IBGE responsaacuteveis pelo planejamento territorial do paiacutes

Mais tarde sob a influecircncia da escola francesa de Vidal de La Blache passou-se a

acreditar que o espaccedilo poderia ser organizado de forma mais harmoniosa e equilibrada

atraveacutes do planejamento regional daiacute o termo ldquogeografia ativardquo destacando o sentido de

uma geografia da accedilatildeo que projeta a regiatildeo como objeto de intervenccedilatildeo Ainda que

implicitamente a divisatildeo regional do IBGE considere a regiatildeo como um espaccedilo de

normas convergem para criar uma organizaccedilatildeo diferente Muda a aacuterea de ocorrecircncia dos eventosrdquo

(Santos 1996 apud Silveira 2004 p90)

25

intervenccedilatildeo do estado e a totalidade espacial como um somatoacuterio das partes e deixa de

considerar as variaacuteveis mais significativas para a identificaccedilatildeo de suas caracteriacutesticas

mais homogecircneas Para o IBGE cabe ao planejador reconhecer a regiatildeo descrevecirc-la e

tornar claros os seus limites (Guimaratildees 2005 p1020)

A regiatildeo entendida como sinocircnimo de territoacuterio usado precisa considerar a

ldquointerdependecircncia e a inseparabilidade entre a materialidade e a accedilatildeo isto eacute o trabalho e

a poliacuteticardquo (Silveira 2011 p156) ou seja a natureza e o seu uso que inclui a accedilatildeo

humana Nesse sentido eacute preciso examinar os fixos e os fluxos Os fixos entendidos

como as vias de acesso estradas ferrovias telecomunicaccedilotildees aacutereas agriacutecolas e outras e

os fluxos como aquilo que eacute moacutevel como o transporte o dinheiro a informaccedilatildeo e as

ordens Esses fluxos de diversas naturezas tecircm deixado os lugares mais proacuteximos (ou

natildeo) uns dos outros

Na sauacutede a discussatildeo sobre a organizaccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos serviccedilos meacutedicos e

afins para uma dada regiatildeo aparece em 1920 quando Dawson apresentou por

solicitaccedilatildeo do governo da Gratilde-Bretanha a proposta de organizaccedilatildeo da provisatildeo de

serviccedilos que deveriam estar agrave disposiccedilatildeo dos habitantes de uma dada regiatildeo Segundo

esse relatoacuterio era indispensaacutevel uma nova organizaccedilatildeo por razotildees de eficiecircncia que

conjugasse esforccedilos e que deveriam concentrar-se numa uacutenica autoridade de sauacutede para

supervisionar a administraccedilatildeo local de todos os serviccedilos Tambeacutem sugeriu que fossem

criados conselhos consultivos meacutedico locais

Para Dawson qualquer plano de serviccedilos meacutedicos preventivos e curativos deve

ser acessiacutevel a todas as classes da comunidade adaptar-se agraves diversas condiccedilotildees locais e

compreender todos aqueles serviccedilos meacutedicos que satildeo necessaacuterios para a sauacutede da

populaccedilatildeo Para ele os serviccedilos meacutedicos de diferentes niacuteveis de complexidade e serviccedilos

complementares devem estar interligados e instalados considerando a distribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo e os meios de comunicaccedilatildeo (Dawson 1920 V) A proposta de Dawson faz

referecircncia quanto agrave importacircncia de se organizar serviccedilos e redes de atenccedilatildeo que

contemplem as necessidades da populaccedilatildeo com comando uacutenico em uma regiatildeo

Embora contemplada na constituiccedilatildeo vigente inicialmente o processo de

descentralizaccedilatildeo do SUS natildeo considerou a regiatildeo utilizou estrateacutegias para reorganizar

as praacuteticas de sauacutede no niacutevel local primeiro como ldquodistrito sanitaacuteriordquo-1988-1993

depois como ldquosistema municipal de sauacutederdquo -1993-2000 (Teixeira 2002 p154)

26

Com a ediccedilatildeo das Normas Operacionais Baacutesicas no inicio da deacutecada de 1990

foram definidos criteacuterios e mecanismos de repasses financeiros entre uniatildeo estados e

municiacutepios instrumentos de prestaccedilatildeo de contas e de acompanhamento das accedilotildees de

sauacutede e criados a Comissatildeo Intergestores Tripartite-CIT e a Comissatildeo Intergestores

Bipartite-CIB na NOB93 Esta conduccedilatildeo foi estruturante no processo de

descentralizaccedilatildeo permitiu ao gestor ter clareza quanto aos custos e benefiacutecios no

cumprimento dos criteacuterios de repasse de recursos financeiros (MS 1993)

A NOB96 instituiu a redistribuiccedilatildeo de recursos financeiros por meio de

transferecircncias per capita do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica (PAB) ndash fixo e variaacutevel da PPI do

incentivo aos municiacutepios que optassem por um modelo de atenccedilatildeo que contemplasse o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia-PSF Entre seus postulados a NOB96 reforccedila a

necessidade de cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira dos Estados e da Uniatildeo com

responsabilidade conjunta na gestatildeo do SUS em suas respectivas competecircncias (Barreto

e Silva 2004)

As NOB foram importantes na descentralizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos sistemas locais

de sauacutede e tambeacutem aumentaram a autonomia dos gestores mas as situaccedilotildees de

desigualdade dos municiacutepios continuaram presentes em especial pela ausecircncia da esfera

estadual como coordenadora ativa do processo A experiecircncia dos gestores na

estruturaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos sistemas locais de sauacutede foi fundamental para aprofundar

os debates quanto agrave necessidade de conduzir a poliacutetica de forma regionalizada uma vez

que os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica jaacute eram evidentes Essa situaccedilatildeo foi

amenizada pela criaccedilatildeo e funcionamento da CIB instacircncia constituiacuteda por gestores

estadual e municipais espaccedilo de discussatildeo do processo de implementaccedilatildeo e conduccedilatildeo

da poliacutetica estadual

Para Viana et al (2010) o processo de municipalizaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1990

trouxe resultados positivos entre eles a expansatildeo do acesso agrave sauacutede a ampliaccedilatildeo da

cobertura dos serviccedilos a incorporaccedilatildeo de praacuteticas inovadoras na gestatildeo e na assistecircncia

a incorporaccedilatildeo de novos atores e o aumento do financiamento puacuteblico em sauacutede por

parte dos estados e municiacutepios Mas a descentralizaccedilatildeo nesse periacuteodo privilegiou os

municiacutepios e natildeo valorizou o papel das Secretarias Estaduais de Sauacutede na conformaccedilatildeo

de arranjos regionais resultando em intensos conflitos intergovernamentais

competiccedilatildeo interesses divergentes e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

27

entes federativos As estrateacutegias de descentralizaccedilatildeo ateacute entatildeo utilizadas natildeo foram

suficientes para evitar os conflitos fortalecer o compartilhamento e os mecanismos de

coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo intergovernamentais de forma a favorecer o equiliacutebrio entre

os pactuantes e amenizar os conflitos (Viana et al 2010 2011)

Naquele periacuteodo cada municiacutepio trabalhava separado dos demais e os problemas

natildeo eram vistos como de micro ou macrorregiatildeo (Abrucio 2005) Tambeacutem foi na

deacutecada de 1990 que novos atores foram inseridos no interior da poliacutetica de sauacutede como

os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede que foram valorizados em relaccedilatildeo agrave

conformaccedilatildeo dos sistemas locorregionais mas natildeo ganharam espaccedilo formal nas

instacircncias governamentais como nas Comissotildees Intergestores (Viana et al 2008) De

natureza privada os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede facilitaram o acesso do

usuaacuterio mas muitos deles contribuiacuteram para a fragmentaccedilatildeo do sistema de sauacutede no

recorte regional que natildeo contou com iniciativas de regulaccedilatildeo

Neste contexto as relaccedilotildees passaram a ocorrer diretamente entre a uniatildeo e os

municiacutepios e os problemas enfrentados pelos gestores municipais ficaram mais

expliacutecitos mostrando os limites da municipalizaccedilatildeo e a necessidade de rediscutir o

modelo de gestatildeo A importacircncia da coordenaccedilatildeo das instacircncias estaduais na regulaccedilatildeo

e na organizaccedilatildeo de redes assistenciais regionalizadas torna-se mais expressiva e as

discussotildees acerca da regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia de conduccedilatildeo da politica de sauacutede

ganham espaccedilo na agenda dos implementadores da politica (Gadelha 2011)

A regionalizaccedilatildeo contemplada na Constituiccedilatildeo de 1988 como estrateacutegia de

organizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede juntamente com a descentralizaccedilatildeo

e hierarquizaccedilatildeo insere-se na agenda do gestor com a ediccedilatildeo da Norma Operacional de

Assistecircncia a Sauacutede em 2001 e 2002 Esta norma foi debatida e consensuada entre o

Ministeacuterio da Sauacutede e instacircncias de representaccedilatildeo de gestores Conselho Nacional de

Sauacutede Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de SauacutedeCONASS e de Secretaacuterios

Municipais de SauacutedeCONASEMS (Souza 2001) e estabelece estrateacutegias de

planejamento para a constituiccedilatildeo de redes regionais de sauacutede

Na NOAS 0102 a regionalizaccedilatildeo eacute definida como uma macroestrateacutegia que deve

entre outros aspectos contar com a coordenaccedilatildeo dos governos estaduais otimizar os

recursos disponiacuteveis fortalecer a capacidade de gestatildeo do SUS viabilizar o

planejamento de sistemas de sauacutede construiacutedos de forma integrada conformar redes

28

articuladas e cooperativas circunscritas a territoacuterios delimitados pelo grau de

complexidade tecnoloacutegica dos serviccedilos existentes entre municiacutepios que compotildeem a

regiatildeo Deve ainda definir a populaccedilatildeo adscrita os fluxos e contra fluxos que garantam

a equidade ao usuaacuterio e seu acesso aos niacuteveis de complexidade necessaacuteria para a

resoluccedilatildeo de seus problemas (MS 2002a)

Entre as diretrizes da NOAS destacam-se os gestores estaduais como

coordenadores da estruturaccedilatildeo de redes regionalizadas a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) a Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e a definiccedilatildeo dos

moacutedulos assistenciais Com a implantaccedilatildeo da PPI o estado passa a coordenar os pactos

intermunicipais por meio das instacircncias regionais que fortalecidas passam a regular o

sistema com adequaccedilatildeo de criteacuterios e mecanismos para a oferta e a demanda de

serviccedilos com base nos fluxos de acesso agraves referecircncias (Barreto e Silva 2004)

A NOAS3 incentivou a construccedilatildeo de redes de serviccedilos de sauacutede aleacutem dos limites

territoriais dos municiacutepios estabeleceu moacutedulos assistenciais constituiacutedos por um ou

mais municiacutepios com capacidade de ofertar agrave populaccedilatildeo adscrita procedimentos do

primeiro niacutevel de referecircncia para apoio agrave atenccedilatildeo primaacuteria definiu as caracteriacutesticas do

municiacutepio sede do modulo assistencial do municiacutepio polo e as microrregiotildees e regiotildees

de sauacutede consideradas como a base de planejamento integrado e regionalizado da

unidade da federaccedilatildeo (MS 2001)

A NOAS contemplou o planejamento integrado entre os municiacutepios e o estado

com a participaccedilatildeo ativa das estruturas de conduccedilatildeo nas regiotildees de sauacutede No entanto a

sua conduccedilatildeo natildeo considerou a dinacircmica do territoacuterio no sentido de estimular os atores

a recriar os espaccedilos considerando as especificidades da regiatildeo a complexidade dos

problemas sociais e a necessidade da articulaccedilatildeo intersetorial para intervir sobre os

problemas

A regionalizaccedilatildeo contemplada na NOAS natildeo trouxe ldquoavanccedilos significativos para a

adequaccedilatildeo regional dos processos de descentralizaccedilatildeo em cursordquo visto que as

exigecircncias normativas na configuraccedilatildeo das microrregiotildees e regiotildees de sauacutede eram

excessivas mas estimulou o planejamento regional atraveacutes do PDR PDI e PPI (Viana

et al 2008 p96) A implementaccedilatildeo da NOAS permitiu ao gestor visualizar seus limites

na municipalizaccedilatildeo autaacuterquica

3 A NOAS estabeleceu dois niacuteveis de atenccedilatildeo para habilitaccedilatildeo de estados e municiacutepios gestatildeo plena

da atenccedilatildeo baacutesica e gestatildeo plena do sistema municipal (NOAS 012001)

29

O PDR e o PDI satildeo instrumentos de planejamento que expressam objetivos

comuns entre os entes federativos que integram a regiatildeo Esse planejamento integrado

identifica as necessidades da regiatildeo propotildee a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo define

as articulaccedilotildees teacutecnicas e poliacuteticas os recursos e a viabilidade econocircmica necessaacuteria

para conformar o sistema regionalizado de assistecircncia agrave sauacutede e garantir na regiatildeo a

integralidade da assistecircncia e o acesso da populaccedilatildeo considerando suas necessidades O

planejamento eacute uma obrigatoriedade dos entes federativos eacute indutor das poliacuteticas deve

ser ascendente deve contar com a participaccedilatildeo do Conselho Municipal de Sauacutede e ser

compatiacutevel com as necessidades de sauacutede

Com a implementaccedilatildeo das NOB e com a NOAS o SUS avanccedilou mas natildeo

favoreceu o federalismo cooperativo O modelo de gestatildeo regional deve ser cooperativo

e as normas nacionais editadas devem ser em menor quantidade de forma a permitir

que sejam recriados nos niacuteveis subnacionais modelos adequados agrave singularidade dos

estados e regiotildees Essas entre outras razotildees indicam a necessidade de se viabilizar

pactos federativos que legitimem a autonomia dos entes (Mendes 2011)

Na vigecircncia das NOB e NOAS os problemas que ocorreram no sistema de sauacutede

foram discutidos pelos gestores no interior das CIB dos COSEMS do CONASEMS e

do CONASS e serviram de reflexatildeo para a elaboraccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 Com a

ediccedilatildeo deste pacto a regionalizaccedilatildeo se insere novamente na agenda do gestor como

estrateacutegia de conduccedilatildeo que agrega a dimensatildeo teacutecnica e a poliacutetica do SUS

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 a importacircncia da regionalizaccedilatildeo como

uma diretriz do SUS eacute reafirmada uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo eacute formulada novas

diretrizes satildeo definidas e o territoacuterio eacute pensado na loacutegica de sistema e de

descentralizaccedilatildeo (Viana et al 2008) O Pacto natildeo propotildee um modelo padratildeo de regiatildeo

de sauacutede e refere que ldquoAs Regiotildees de Sauacutede satildeo recortes territoriais inseridos em um

espaccedilo geograacutefico contiacutenuo identificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir

de identidades culturais econocircmicas e sociais de redes de comunicaccedilatildeo e infraestrutura

de transportes compartilhados do territoacuteriordquo (MS 2006) Nesse documento as diretrizes

da regionalizaccedilatildeo consideram a regiatildeo natildeo apenas como unidade de intervenccedilatildeo do

estado mas as diferentes estruturas da rede de atenccedilatildeo os fixos e os fluxos de forma a

tornar a regiatildeo um territoacuterio com capacidade resolutiva

30

A regiatildeo de sauacutede deve ser pensada a partir do funcionamento do territoacuterio que

natildeo se configura apenas pelos limites territoriais mas um territoacuterio usado um espaccedilo

vivido constituiacutedo por contextos heterogecircneos que pode criar um modus operandi

cooperativo otimizar o custo e o uso de recursos e permitir uma nova maneira de

planejar controlar e regular o sistema de sauacutede (Viana e Lima 2011) Sem ferir a

autonomia dos entes federativos (Abrucio 2002) nestes espaccedilos os pactos satildeo

trabalhados entre os gestores locais regionais e estaduais para ampliar a governanccedila e

propiciar a organizaccedilatildeo e assim garantir acesso igual aos desiguais (Junqueira 2004)

Entende-se que a regiatildeo de sauacutede possui duplo sentido

[1] base territorial cujos elementos engendram o planejamento de uma rede

de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede e os processos de incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica

qualificaccedilatildeo e alocaccedilatildeo de recursos humanos de modo a garantir

autossuficiecircncia do sistema de sauacutede em aacutereas especiacuteficas Configuram-se

ainda como espaccedilos geograacuteficos vinculados agrave conduccedilatildeo poliacutetico-administrativa

do sistema de sauacutede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuterio (Viana e Lima

2011 p13)

Este entendimento evidencia a complexidade da organizaccedilatildeo e do financiamento

para dotar as regiotildees de sauacutede com autossuficiecircncia no sistema de sauacutede

Com a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS foram definidos mecanismos

de distribuiccedilatildeo e transferecircncias de recursos financeiros agraves instacircncias subnacionais

Constitucionalmente coube agrave Uniatildeo o papel de ser o financiador normatizador e

coordenador das relaccedilotildees intergovernamentais da poliacutetica Desta forma tem autoridade

para tomar decisotildees e dispotildee de recursos institucionais que influenciam as escolhas dos

governos locais (Arretche 2004)

Com a ediccedilatildeo do Pacto o instrumento orientador da organizaccedilatildeo e financiamento

dos serviccedilos nos municipais e na regiatildeo eacute o Termo de Compromisso de Gestatildeo o qual

tambeacutem define estiacutemulos financeiros para a regionalizaccedilatildeo O Pacto pela Sauacutede define

responsabilidades no financiamento para os trecircs entes federativos e refere que os

recursos federais para custeio seratildeo transferidos em blocos de recursos aos entes

subnacionais para Atenccedilatildeo baacutesica Atenccedilatildeo de meacutedia e alta complexidade Vigilacircncia

em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica e Gestatildeo do SUS De acordo com as diretrizes

estabelecidas como estiacutemulo agrave regionalizaccedilatildeo seratildeo priorizados investimentos para

fortalececirc-la tendo como base o PDR atualizado (Brasil 2006)

31

O pacto refere que para fortalecer a Atenccedilatildeo Baacutesica conforme disponibilidade

orccedilamentaacuteria seratildeo transferidos recursos fundo a fundo para aqueles municiacutepios que

apresentarem projetos selecionados de acordo com criteacuterios pactuados na Comissatildeo

Intergestores Tripartite Aleacutem disso como parte dos recursos do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

variaacutevel tambeacutem seratildeo destinados recursos aos estados para Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais um montante financeiro igual a 5 do valor miacutenimo do

PAB fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado Para a distribuiccedilatildeo destes recursos os

estados de acordo com suas especificidades deveratildeo definir criteacuterios de utilizaccedilatildeo do

referido recurso devendo estes ser informados ao plenaacuterio da CIT (Brasil 2006)

O Pacto pela Sauacutede amplia a gestatildeo financeira nos municiacutepios e embora o sistema

de transferecircncias fiscais favoreccedila os municiacutepios de pequeno porte as desigualdades das

condiccedilotildees econocircmicas associada agrave baixa capacidade tributaacuteria e capacidade de

sobrevivecircncia com recursos exclusivos proacuteprios torna a estrutura municipal fraacutegil

financeiramente (Abrucio 2005) Nesse sentido desde sua implantaccedilatildeo o SUS vem

alcanccedilando avanccedilos inegaacuteveis mas os problemas relacionados agrave insuficiecircncia de

recursos financeiros frente aos princiacutepios constitucionais deste sistema eacute uma

realidade

Esses municiacutepios de modo geral tecircm necessidade de melhorar a infraestrutura

fiacutesica e de equipamentos da rede de serviccedilos contratar profissionais e capacitar a

equipe manter a rede proacutepria encaminhar pacientes e adquirir medicamentos entre

outros Satildeo serviccedilos cujo custo operacional eacute elevado e sobrecarrega os municiacutepios e o

tornam dependente das transferecircncias da uniatildeo e do estado para implementar a poliacutetica

municipal (Arretche 2004) Para a garantia da integralidade da atenccedilatildeo aos seus

muniacutecipes satildeo requeridos arranjos cooperativos na prestaccedilatildeo de serviccedilos (Santos e

Andrade 2011)

Com o Pacto pela Sauacutede os espaccedilos de pactuaccedilatildeo antes denominados Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais ou Microrregionais existentes em alguns estados

transformam-se em Colegiados de Gestatildeo Regional considerados como espaccedilo

permanente de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa entre entes federativos da

regiatildeo cujas decisotildees devem ser consensuadas para organizar a rede regional de

atenccedilatildeo agrave sauacutede integrada e resolutiva (Brasil 2006)

32

A composiccedilatildeo dos Colegiados de Gestatildeo Regional se daacute por representaccedilatildeo do

estado atraveacutes da Secretaria de Estado da Sauacutede em niacutevel regional e do conjunto de

municiacutepios das regiotildees Os CGR foram criados com o intuito de que o planejamento a

coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos no acircmbito das regiotildees de

sauacutede fossem desenvolvidos de forma cooperativa entre os entes federativos Entre suas

funccedilotildees estatildeo a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede na regiatildeo e a proposiccedilatildeo de

soluccedilotildees o que implica na organizaccedilatildeo da rede assistencial regional (Brasil 2006)

Apesar disso o grau de articulaccedilatildeo entre os entes para viabilizar tais accedilotildees ainda eacute

dependente da iniciativa do gestor estadual condutor do processo

O que inova no pacto eacute a concepccedilatildeo poliacutetica da regionalizaccedilatildeo que prevecirc natildeo

apenas a dimensatildeo teacutecnica do processo mas a pactuaccedilatildeo entre gestores municipais e

estaduais Contempla uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo pressupotildee uma nova forma de

gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes atores

sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes e

experiecircncias

As diretrizes do SUS satildeo uacutenicas para todo o territoacuterio brasileiro mas a sua

implementaccedilatildeo difere e sofre interferecircncia das heranccedilas territoriais e heterogeneidades

das regiotildees o que evidencia a complexidade analiacutetica institucional e poliacutetica do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (Viana et al 2008) Na regionalizaccedilatildeo a conformaccedilatildeo das

redes de atenccedilatildeo eacute uma necessidade e deve considerar a diversidade dos contextos e

lugares que conformam a regiatildeo a unicidade e descentralizaccedilatildeo do SUS as

modalidades e os tipos de serviccedilos de sauacutede existentes e necessaacuterios para garantir o

principio da integralidade na assistecircncia agrave sauacutede

As redes regionalizadas podem proporcionar a interaccedilatildeo entre as poliacuteticas puacuteblicas

e a oportunidade de intervir sobre os determinantes do processo sauacutede-doenccedila Aleacutem

disso melhoram a qualidade da atenccedilatildeo a equidade em sauacutede e reduzem os custos dos

serviccedilos por imprimir uma maior racionalidade sistecircmica na utilizaccedilatildeo dos recursos

(Silva 2011) Podem ainda criar condiccedilotildees estruturais para efetivar os direitos

constitucionais do cidadatildeo mas implantar e operacionalizar as redes impotildeem desafios

visto que os processos de decisatildeo planejamento e avaliaccedilatildeo passam a ter um novo

desenho cujas abordagens devem dar conta da gestatildeo de estruturas gerenciais

policecircntricas (Teixeira e Ouverney 2007)

33

A conformaccedilatildeo de redes construiacutedas entre entes autocircnomos permite que cada

integrante preserve sua identidade que defina os objetivos de forma coletiva entre

agentes puacuteblicos e privados centrais e locais que articule as pessoas e instituiccedilotildees e de

maneira integrada firme compromissos para enfrentar os problemas sociais orientar as

accedilotildees e respeitar as diversidades (Junqueira 2004)

Em dezembro de 2010 o Ministeacuterio da Sauacutede editou a Portaria no 4279 que

estabelece as diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (RAS) do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) Segundo essa Portaria a RAS tem como objetivo

ldquopromover a integraccedilatildeo sistecircmica de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede com provisatildeo de atenccedilatildeo

contiacutenua integral e de qualidade responsaacutevel e humanizada bem como incrementar o

desempenho do Sistema em termos de acesso equidade eficaacutecia cliacutenica e sanitaacuteria e

eficiecircncia econocircmicardquo (MS 2010)

Em 2011 foi editado o Decreto no 75082011

4 que contempla a formaccedilatildeo de

redes nas regiotildees de sauacutede Intervir sobre as regiotildees de sauacutede e construir redes de

atenccedilatildeo regionalizada requer por parte dos gestores accedilatildeo intersetorial jaacute que a

complexidade dos problemas sociais exige diversos olhares e maneiras de abordaacute-los

A intersetorialidade pode ser considerada um fator de inovaccedilatildeo na conduccedilatildeo das

poliacuteticas visto que aleacutem das parcerias natildeo serem estabelecidas de forma isolada muda-

se a loacutegica ou seja passa-se a identificar e considerar os problemas considerar os

saberes e a experiecircncia dos diversos integrantes Aleacutem disso a populaccedilatildeo passa a ser

vista como aquela que pode desempenhar um papel ativo e criativo nesse processo

(Junqueira 2004) A gestatildeo de redes regionalizadas e intersetorializadas pode permitir a

integraccedilatildeo das poliacuteticas de um determinado espaccediloterritoacuterio

Entende-se que a regionalizaccedilatildeo eacute uma estrateacutegia que pode assegurar o direito agrave

sauacutede e integrar os entes federativos sem ferir o princiacutepio da autonomia desde que se

crie um modus operandi que contemple o planejamento a execuccedilatildeo o controle e a

avaliaccedilatildeo na operacionalizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede de forma compartilhada e com

base na realidade vivida da regiatildeo Portanto pressupotildee a organizaccedilatildeo de um complexo

regional constituiacutedo por diferentes estruturas entes federativos autocircnomos instituiccedilotildees

e atores puacuteblicos e privados que participam direta e indiretamente da gestatildeo da sauacutede

4 Este Decreto editado em 28 de junho de 2011 trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm 808090 e refere

que o seu papel eacute dentre outros de regular a estrutura organizativa do SUS (MS 2011)

34

Entende-se tambeacutem que a gestatildeo regionalizada requer mudanccedilas na gestatildeo com

distribuiccedilatildeo de poder inter-relaccedilotildees entre os diferentes atores sociais desse territoacuterio e

que seu sucesso depende de uma accedilatildeo coordenada do estado Eacute neste entendimento que

se analisa o processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra procurando compreender no acircmbito da gestatildeo a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores integrantes do sistema de sauacutede

3 Institucionalidade e Governanccedila

no Territoacuterio

36

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO

Com a nova constituiccedilatildeo um conjunto de direitos sociais foi assegurado

inserindo a sauacutede como um dever do Estado Sendo a sauacutede um direito garantido e

elemento estruturante de bem-estar (Gadelha et al 2012) cabe ao Estado o papel de

provedor regulador e financiador de serviccedilos dessa natureza Aleacutem disso ele tem a

importante funccedilatildeo de formular poliacuteticas puacuteblicas que possam assegurar tais direitos

(Fleury e Ouvrney 2012)

Haacute muitas definiccedilotildees sobre poliacuteticas puacuteblicas mas de modo geral referem-se a

decisotildees que transformadas em um conjunto de medidas orientam a poliacutetica de Estado

para aquilo que se deseja alcanccedilar regulam as atividades governamentais inerentes a

interesses puacuteblicos influenciam e satildeo influenciadas pela realidade econocircmica social e

ambiental que envolve o Estado as pessoas e as instituiccedilotildees

Aleacutem dos direitos sociais a Constituiccedilatildeo brasileira de 1988 trouxe importantes

desafios para os entes federativos Constitucionalmente eles passaram a ter maior

autonomia mas num contexto de mudanccedilas tiveram que enfrentar sucessivas crises e

desequiliacutebrios fiscais que motivaram tentativas de ajustes da economia e a reforma do

estado (Santos 1997) Foi neste contexto de reformas que o SUS foi implantado nos

anos de 1990 num esforccedilo de instituir o pacto federativo incorporado agrave Constituiccedilatildeo de

1988 mas a agenda de reformas econocircmica e politica do paiacutes era naquele momento

desfavoraacutevel agrave construccedilatildeo de poliacuteticas universais

A agenda de reformas econocircmicas associada agrave complexidade dos problemas

daquele periacuteodo com pressotildees crescentes da sociedade sobre os direitos de cidadania

trouxe para a agenda governamental a necessidade de uma nova gestatildeo puacuteblica com

condiccedilotildees de enfrentar os desafios lanccedilados e melhorar o desempenho do Estado

(Knopp 2011) Momento em que foram desencadeados debates sobre o novo papel do

Estado discutidos os requisitos poliacuteticos societais organizacionais e gerenciais para

encontrar alternativas e tornaacute-lo eficiente e eficaz com capacidade para enfrentar os

desafios e dilemas que se apresentavam (Cavalheiro et al 2009)

37

Dentro do formato descentralizado do SUS a importacircncia atribuiacuteda ao papel do

Estado pode ser compreendida na representaccedilatildeo do arcabouccedilo poliacutetico-institucional

desse Sistema (Gadelha et al 2012) O novo desenho conforma um sistema complexo

implica em mudanccedilas no poder e na distribuiccedilatildeo de responsabilidades e requer

sustentabilidade estrutural para legitimar os direitos constitucionais

Como poliacutetica de Estado o SUS foi instituiacutedo num cenaacuterio de mudanccedilas e de

correlaccedilatildeo de forccedilas entre entes federativos autocircnomos com falta de clareza quanto ao

papel de cada ente na sua implementaccedilatildeo A partir da deacutecada de 1990 o MS comeccedila a

editar normas que explicitam sua institucionalidade e a maneira de gerir o sistema de

sauacutede As Normas Operacionais Baacutesicas foram editadas nos anos de 1991 1993 e 1996

a Norma Operacional da Assistecircncia em 2001 e 2002 o Pacto pela Sauacutede em 2006 e

mais recentemente o Decreto no 75082011

Com especificidades todas estas normativas induziram a descentralizaccedilatildeo do

SUS definiram criteacuterios responsabilidades e o papel de cada gestor do SUS por niacutevel

de governo Geraram mudanccedilas nas funccedilotildees e competecircncias do MS da SES e das SMS

e influenciaram a dinacircmica e as estruturas de organizaccedilatildeo e gestatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com a redefiniccedilao das relaccedilotildees entre as esferas de governo entre Estado e

sociedade e Estado e mercado (Fleury e Ouverney 2006)

O processo de descentralizaccedilatildeo propiciou a criaccedilatildeo de estrateacutegias inovadoras na

gestatildeo introduziu mudanccedilas nos modelos e praacuteticas de cuidado e propiciou a

participaccedilatildeo da sociedade civil na gestatildeo do SUS atraveacutes dos Conselhos de Sauacutede e

Conferecircncias de Sauacutede no acircmbito local estadual e nacional (Fleury e Ouverney 2012)

A descentralizaccedilatildeo implicou uma nova maneira de gerir e a criaccedilatildeo das instacircncias

colegiadas interfederativas criou as condiccedilotildees para aproximar as relaccedilotildees buscar

consenso entre os diferentes atores envolvidos na construccedilatildeo do SUS e o

estabelecimento de pactos e decisotildees poliacuteticas e administrativas referentes ao sistema de

sauacutede em acircmbito nacional estadual regional e municipal (Pinto et al 2014)

Estudo realizado por Fleury et al (2010) afirma que de 1996 a 2006 houve

ldquomodificaccedilotildees importantes na relaccedilatildeo Estado-sociedade em direccedilatildeo a um padratildeo mais

democraacutetico de exerciacutecio do poder localrdquo Para os autores se mantida a atual

configuraccedilatildeo institucional do SUS a esfera municipal se tornaraacute o loacutecus privilegiado de

resoluccedilatildeo dos desafios enfrentados pelo SUS Tambeacutem chamam a atenccedilatildeo para a

38

necessidade de construccedilatildeo de bases solidas no acircmbito da governanccedila local pois o

sucesso das intervenccedilotildees dependem de estrateacutegias capazes de oferecer apoio teacutecnico

gerencial e politico na implementaccedilatildeo das politicas de sauacutede Estas estrateacutegias se

viabilizadas atraveacutes da poliacutetica regionalizada da sauacutede que articula diferentes atores

sociais podem fortalecer a governanccedila no acircmbito local e regional (p454)

A governanccedila estaacute relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e sua

capacidade organizativa ou seja a capacidade dos governos para desenvolver o

planejamento a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas e cumprir suas funccedilotildees A

boa governanccedila eacute indispensaacutevel para o desenvolvimento sustentado que associa

crescimento econocircmico equidade social e direitos humanos (Santos 1996)

Segundo as agecircncias internacionais de financiamento entre elas o Banco Mundial

a governanccedila eacute definida como ldquoo exerciacutecio da autoridade controle administraccedilatildeo poder

de governosrdquo tambeacutem entendida como ldquoa maneira pela qual o poder eacute exercido na

administraccedilatildeo dos recursos sociais e econocircmicos de um paiacutes visando o

desenvolvimentordquo (Gomides 1996 p179)

Segundo Santos (1997) os termos governanccedila e governabilidade divergem entre

alguns autores sendo a governabilidade relacionada agraves condiccedilotildees sistecircmicas e

institucionais em que se daacute o exerciacutecio do poder a forma de governo as relaccedilotildees entre

os poderes e o sistema de intermediaccedilatildeo de interesses O termo governanccedila estaacute

basicamente ligado agrave performance dos atores e sua capacidade no exerciacutecio da

autoridade politica Neste sentido a autora considera ser pouco relevante no contexto

atual distinguir os conceitos de governanccedila e governabilidade e para tanto adota o

termo capacidade governativa (Santos 1997) termo utilizado neste trabalho

A capacidade organizativa tambeacutem conhecida como modus operandi das politicas

governamentais eacute fundamental para o desenvolvimento sustentado equitativo e

democraacutetico e natildeo se restringe apenas aos aspectos gerenciais e administrativos do

aparelho do Estado (Santos 1997) O modus operandi das poliacuteticas envolve as questotildees

relativas agrave coordenaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre os atores sociais Pode-se dizer que engloba

tanto as caracteriacutesticas operacionais do Estado como tambeacutem sua dimensatildeo

poliacuteticoinstitucional capaz de mobilizar apoio agraves politicas governamentais a

capacidade financeira instrumental e operacional do Estado

39

O modus operandi das politicas governamentais inclui dentre outras questotildees

aquelas ldquoligadas ao formato poliacutetico-institucional dos processos decisoacuterios agrave definiccedilatildeo

do mix apropriado puacuteblico-privado nas politicas agrave participaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo aos

mecanismos de financiamento das politicas e ao alcance global dos programasrdquo (Melo

1995 apud Santos 1997)

A governanccedila consiste na reparticcedilatildeo de poder entre aqueles que governam e os

que satildeo governados na negociaccedilatildeo entre os atores sociais na descentralizaccedilatildeo da

autoridade e das funccedilotildees relacionadas ao ato de governar (Pereira 2010) Os niacuteveis de

governabilidade podem variar e sofrem o impacto das relaccedilotildees entre os poderes dos

sistemas partidaacuterios do sistema de intermediaccedilatildeo de interesses e da forma de governo

(Cavalheiro et al 2009)

Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila ganha espaccedilo no debate e se materializa

nos espaccedilos de gestatildeo colegiada Nesses colegiados a governanccedila pressupotildee arranjos

envolve diversos contextos institucionais e atores com objetivos particulares mas

inseridos num territoacuterio de uso comum que requer fortalecimento das relaccedilotildees verticais

e horizontais que conformam o complexo regional Eacute uma nova dinacircmica de gestatildeo

Orientados pela institucionalidade da unicidade do SUS a governanccedila na

regionalizaccedilatildeo implica na pactuaccedilatildeo de estrateacutegias que possam convergir os diferentes

interesses em torno dos objetivos comuns (Fleury e Ouverney 2006) Implica em

acordos pactuaccedilotildees consensos e compartilhamentos em relaccedilatildeo agraves regras e aos

mecanismos de planejamento que assegurem o financiamento a regulaccedilatildeo e gestatildeo do

sistema para proverem de forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo

regionalizada

A regulaccedilatildeo do sistema contemplada no Pacto pela Sauacutede guarda interface com o

planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo e com os diversos niacuteveis de complexidade da

assistecircncia (Nascimento 2009) Aleacutem disso contribui para garantir o acesso da

populaccedilatildeo aos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a uma assistecircncia qualificada e cabe aos

entes federativos a importante tarefa compartilhada de regular o sistema de sauacutede a

atenccedilatildeo e o acesso agrave sauacutede (Vilarins 2012)

A regulaccedilatildeo sobre os sistemas de sauacutede define as normas o monitoramento o

controle e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede A regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede estaacute

relacionada com a contratualizaccedilatildeo e a regulaccedilatildeo do acesso a avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

40

sauacutede e a auditoria A regulaccedilatildeo assistencial ou do acesso se responsabiliza pelas accedilotildees

que ajustam as necessidades e a oferta de forma ordenada para garantir o acesso

universal integral e equacircnime (Vilarins 2012 Nascimento 2009)

A regulaccedilatildeo no Pacto pela Sauacutede tambeacutem faz parte dos instrumentos de gestatildeo

compartilhada Sua institucionalidade contribui para tornar mais claras as funccedilotildees e

responsabilidades de cada ente federativo e explicita as relaccedilotildees horizontais a serem

estabelecidas entre os prestadores no territoacuterio de abrangecircncia do complexo regulador

Na regionalizaccedilatildeo da sauacutede o gestor estadual eacute o principal regulador e articulador dos

municiacutepios na provisatildeo dos serviccedilos cujo objetivo eacute fortalecer a interdependecircncia entre

os municiacutepios e ampliar a capacidade regional no sentido de organizar uma rede de

atenccedilatildeo que seja capaz de prover a atenccedilatildeo integral com maior equidade (Fleury e

Ouverney 2006)

A rede de atenccedilatildeo do SUS foi configurada a partir da estruturaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio nos anos 20 sendo os anos 30 o marco do sistema previdenciaacuterio no

Brasil onde se desenvolveu o embriatildeo dos direitos sociais Eacute tambeacutem quando o setor

privado comeccedila a se inserir nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede e na sua governanccedila

A oferta de serviccedilos meacutedicos oferecidos por iniciativa das empresas a

trabalhadores aparece nos registros desde 1911 na cidade de Satildeo Paulo Os conflitos da

classe operaacuteria por condiccedilotildees miacutenimas de trabalho atingiram seu ponto maacuteximo com as

greves de 1917 e 1919 (Possas 1989) Naquele periacuteodo a oferta de tais serviccedilos eram

arranjos considerados necessaacuterios para manter o processo de trabalho parte dos custos

destes serviccedilos era transferida para os trabalhadores um desconto que correspondia a

cerca de 2 dos salaacuterios

A estruturaccedilatildeo e o desenvolvimento da previdecircncia social iniciam-se com a

criaccedilatildeo das Caixas de Aposentadorias e Pensotildees (CAP) em 1923 Concebidas na loacutegica

da capitalizaccedilatildeo tiacutepica de seguro social sustentavam-se a partir da contribuiccedilatildeo de

empregados e empregadores e os benefiacutecios da assistecircncia meacutedica davam-se

principalmente pela compra de serviccedilos (Menicucci 2007 Viana et al 2008)

Ateacute a deacutecada de 1930 a previdecircncia social era deixada para o setor privado

empresarial concedida atraveacutes do contrato estabelecido entre o empregador e o

empregado (Cohn 1980) Foi no Governo Vargas a partir de 1930 que o processo de

configuraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas se inicia momento em que tambeacutem se configura o

41

sistema previdenciaacuterio com repercussotildees na poliacutetica trabalhista incluindo-se tambeacutem a

previdecircncia social que traz para o seu governo o comando das accedilotildees com a criaccedilatildeo dos

Institutos de Aposentadoria e Pensotildees - IAP (Possas 1989)

Com a concepccedilatildeo de uma previdecircncia social mais restrita quanto aos benefiacutecios e

agraves despesas os IAP mantiveram a assistecircncia meacutedica que se expandiu no final dos anos

50 e iniacutecio da deacutecada de 60 Foi neste periacuteodo que se iniciou o sistema de proteccedilatildeo

social com direitos sociais diferenciados entendido como um direito contratual de

proteccedilatildeo contra certos riscos tendo o trabalhador o dever de ajudar a garantir o seu

futuro visto que parte dos seus rendimentos era renunciado para o sistema

previdenciaacuterio (Possas 1989)

O formato de proteccedilatildeo social estabelecido no primeiro governo Vargas assemelha-

se ao modelo bismarckiano que se caracteriza como seguro social com acesso

garantido mediante preacutevio pagamento de uma contribuiccedilatildeo de empregados e

empregadores Em 1940 contrapondo-se a este modelo ganha repercussatildeo o modelo

beveridgeano que natildeo se limita agrave loacutegica do seguro social Seu foco eacute o cidadatildeo e se

caracteriza pelo caraacuteter universal natildeo exige contribuiccedilatildeo individual anterior para a

obtenccedilatildeo de um benefiacutecio baacutesico e afere direitos sociais pela caracteriacutestica definidora da

cidadania (Salvador 2008 apud Pacheco 2012) Esses modelos serviram de subsiacutedios

para a configuraccedilatildeo do arcabouccedilo de proteccedilatildeo social brasileiro seja por parte do

governo seja pelas reivindicaccedilotildees dos trabalhadores

Dentro deste formato a assistecircncia meacutedica vai se configurando com suas origens

incorporadas aos benefiacutecios previdenciaacuterios como um benefiacutecio vinculado ao trabalho

formal com as caracteriacutesticas de seguro natildeo se constituindo como um direito a toda a

populaccedilatildeo e ofertado por empresas privadas Inicia-se aiacute a cidadania regulada cujos

direitos sociais estatildeo vinculados a assalariados urbanos (Santos 1979 apud Viana et al

2008)

A medicina previdenciaacuteria que se expande a partir do final da deacutecada de 1950

sofre influecircncias do desenvolvimento tecnoloacutegico com incorporaccedilatildeo de equipamentos

meacutedicos hospitalares e medicamentos e aumenta os custos das despesas hospitalares ao

tempo que reduz a importacircncia das medidas de sauacutede puacuteblica com reduccedilatildeo do jaacute

precaacuterio orccedilamento do Ministeacuterio da Sauacutede (Menicucci 2007)

42

O projeto da Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social (LOPS) tramitou no congresso

durante 14 anos e a lei foi sancionada em 1960 Com a aprovaccedilatildeo da LOPS o governo

pocircde legitimar uma praacutetica que jaacute existia e permitiu que as empresas atendessem seus

empregados e dependentes com serviccedilos proacuteprios ou contratados (Bahia 2008) Com a

LOPS os benefiacutecios e os serviccedilos meacutedicos passam a assumir a mesma importacircncia na

definiccedilatildeo das finalidades da previdecircncia social A expansatildeo da assistecircncia meacutedica foi

contemplada mas natildeo foi prevista a instalaccedilatildeo de serviccedilos proacuteprios permitindo que os

convecircnios e contratos fossem estabelecidos entre institutos ou com estabelecimentos

hospitalares privados (Menicucci 2007)

As diretrizes contidas na LOPS contemplavam a participaccedilatildeo dos setores

assalariados nos oacutergatildeos de decisatildeo mas ela foi suprimida reflexo das restriccedilotildees de

participaccedilatildeo poliacutetica a partir de 1966 A unificaccedilatildeo do sistema previdenciaacuterio

representou uma ruptura em relaccedilatildeo ao modelo anterior vigente ateacute 1964 (Cohn 1980)

No periacuteodo de 1950 a 1964 a despesa da previdecircncia aumentou mais rapidamente

que a receita agravando sua situaccedilatildeo financeira Segundo Possas (1989) na praacutetica a

Uniatildeo nunca contribuiacutea Aleacutem disso as empresas atrasavam suas contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias e depois podiam pagar com um valor mais baixo Havia tambeacutem

excessos com aposentadorias quando alguns empresaacuterios beneficiavam parentes no

ultimo mecircs com altos salaacuterios porque sabiam que seriam aposentados com este valor

Esses fatores entre outros como tambeacutem o regime de capitalizaccedilatildeo de parte dos

recursos arrecadados pela previdecircncia e investidos em setores da economia

contribuiacuteram com a crise e a previdecircncia que jaacute natildeo conseguia cumprir as obrigaccedilotildees

de pagamento aos aposentados e pensionistas de quase todos os IAP entra em colapso

financeiro no iniacutecio da deacutecada de 1960 Do total das despesas dos IAP as despesas

meacutedicas em 1959 representavam 136 mais que o dobro do percentual de 1947

65 (Cohn 1980 Possas 1989) A maior parte dos recursos para pagamento das

despesas meacutedicas era repassada ao setor privado conveniado por meio dos IAP

Apesar da crise financeira da previdecircncia social que necessitava manter o

equiliacutebrio financeiro do sistema foi transferida para as empresas meacutedicas quase a

totalidade dos recursos previdenciaacuterios A exclusatildeo da participaccedilatildeo dos trabalhadores na

administraccedilatildeo de seu proacuteprio patrimocircnio em 1964 facilitou para que a previdecircncia

social atuasse de forma mais livre Foram transferidos sem restriccedilatildeo recursos do INPS

43

para as empresas meacutedicas privadas do FGTS ao setor imobiliaacuterio e do PIS-PASEP aos

mercados de accedilotildees e tiacutetulos Foi desta forma que na deacutecada de 1960 as empresas

meacutedicas e os hospitais privados impulsionaram a expansatildeo da medicina capitalista no

Brasil (Possas 1989)

Dos serviccedilos previdenciaacuterios em 1969 aproximadamente 93 eram comprados

de terceiros empresas meacutedicas e hospitais privados Com esta poliacutetica o INPS estimula

a participaccedilatildeo da iniciativa privada em detrimento dos serviccedilos proacuteprios O mercado de

convecircnios-empresa eacute impulsionado e o mesmo acontece com as empresas de medicina

de grupo cooperativas meacutedicas e organizaccedilatildeo de sistemas assistenciais proacuteprios de

algumas instituiccedilotildeesempresas empregadoras Segundo Bahia (2008) este mercado

empresarial consolidou-se nas deacutecadas de 1950 a 1970 e ateacute hoje constitui a maior fonte

de receita das empresas de planos e seguros de sauacutede

Foi tambeacutem na deacutecada de 1960 com a ediccedilatildeo da Lei nordm 450664 que o governo

federal permitiu a vinculaccedilatildeo das empresas empregadoras e dos empregados a planos

privados de sauacutede isentou ldquodos rendimentos tributados dos empregadores as

indenizaccedilotildees por acidente de trabalho os precircmios com seguro de vida em grupo pagos

pelo empregador em benefiacutecio de seus empregados os serviccedilos meacutedicos hospitalares e

dentaacuterios mantidos ou pagos pelo empregador em benefiacutecio dos seus empregadosrdquo

Aleacutem disso isentou das deduccedilotildees do trabalho assalariado ldquoas contribuiccedilotildees para

institutos e caixas de aposentadoria e pensotildees ou as contribuiccedilotildees para outros fundos de

beneficecircnciardquo (Bahia 2008) As poliacuteticas neste periacuteodo estiveram voltadas para o

incentivo e apoio agrave oferta privada de estabelecimentos de sauacutede

A isenccedilatildeo fiscal refere-se agraves deduccedilotildees de gastos em sauacutede que pode ocorrer tanto

por parte da pessoa fiacutesica como por parte das empresas tendo como referecircncia a base

sobre a qual eacute calculado o imposto de renda Para a pessoa fiacutesica a renuacutencia fiscal

ocorre quando os gastos com serviccedilos e planos de sauacutede satildeo deduzidos do imposto de

renda da receita tributaacutevel do contribuinte Nas empresas a base de caacutelculo do imposto

de renda tambeacutem deduz da receita tributaacutevel quando estas inserem como custos os

gastos que tecircm com serviccedilos e planos de sauacutede dos seus funcionaacuterios Natildeo daacute para

afirmar que os recursos que o Estado deixa de arrecadar do gasto tributaacuterio ou renuacutencia

fiscal da pessoa fiacutesica e das empresas financiem a totalidade dos gastos privados em

sauacutede mas se pode dizer que a isenccedilatildeo permitida sobre a base de caacutelculo do imposto de

44

renda torna o Estado um dos grandes financiadores dos gastos privados em sauacutede

(Santos 2008)

No Simpoacutesio Brasileiro de Medicina de Grupo em 1972 a Secretaacuteria de

Assistecircncia Meacutedica e Social do Ministeacuterio do Trabalho como representante do INPS

declarou que ldquoa iniciativa () era coerente com a filosofia do Governo traduzida no

entatildeo Projeto de Lei da Reforma Administrativa de os oacutergatildeos da administraccedilatildeo puacuteblica

se eximirem da prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que a iniciativa privada pudesse

assegurar sua condiccedilatildeordquo (Possas 1989 p236) Esse entendimento por parte dos

implementadores da poliacutetica naquele periacuteodo optando por natildeo ampliar a rede proacutepria

favorece a expansatildeo da rede privada Essa escolha seraacute condicionante da evoluccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica nos anos posteriores (Menicucci 2007)

A fala daquela secretaacuteria estaacute em consonacircncia com a Carta Constitucional do

regime militar que priorizava a iniciativa privada em detrimento do puacuteblico O

Decreto-lei nordm 20067 que efetiva a reforma administrativa do governo exime da

responsabilidade puacuteblica a prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que o setor privado

puder executaacute-la Na assistecircncia meacutedica esse Decreto-lei 200 prioriza o estabelecimento

de convecircnios com entidades puacuteblicas e privadas existentes na comunidade Apoacutes a

ediccedilatildeo de tal decreto houve uma crescente vinculaccedilatildeo do setor privado agraves instituiccedilotildees

estatais (Menicucci 2007)

Com o mercado aquecido pela expansatildeo dos benefiacutecios agrave populaccedilatildeo

previdenciaacuteria as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado satildeo fortalecidas a partir da deacutecada

de 1960 e vatildeo-se modificando ao longo dos anos configurando um mix no sistema de

sauacutede uma racionalidade privatizante entre os anos 1960 e 1980 que ldquoembora

tecnicamente justificada desencadeou e exacerbou seus traccedilos perversosrdquo (Almeida

1998 p11) Em 1960 do total de hospitais 621 eram privados entre 1950 e 1975

dobrou o nuacutemero de leitos hospitalares no paiacutes a proporccedilatildeo de leitos particulares sobre

o total de leitos se elevou de 539 em 1950 para 684 em 1975 (Possas 1989

Santos 2004)

Outro incentivo ao setor privado ocorreu em 1974 quando o governo Geisel criou

o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) Esse fundo administrado pela

Caixa Econocircmica Federal tinha os juros subsidiados por recursos da Uniatildeo e a linha de

creacutedito oferecia financiamento para reformas e construccedilotildees de estabelecimentos

45

privados hospitalares inclusive para aqueles vinculados agraves empresas privadas de planos

de sauacutede (Bahia 2008) O FAS em 1977 transferiu aproximadamente 815 de seu

financiamento ao setor privado de sauacutede para instalaccedilotildees de hospitais e cliacutenicas

privadas (Possas 1989) Esse recurso esteve disponiacutevel ao setor privado e permitiu a

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980

A rede hospitalar privada encontrou na poliacutetica de sauacutede a oportunidade de

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980 O governo contratava os serviccedilos e oferecia

subsiacutedios para a construccedilatildeo O valor pago pelos serviccedilos prestados era definido pelo

Estado havia resistecircncia do setor privado agrave sua subordinaccedilatildeo crescente ao Estado

entendo-a como uma estatizaccedilatildeo da medicina Mesmo com este entendimento os

serviccedilos conveniados expandiram-se significativamente (Menicucci 2007)

As atividades das empresas privadas de planos de sauacutede e de assistecircncia agrave sauacutede

que estabeleciam convecircnio com a previdecircncia foram impulsionadas natildeo soacute pelos

convecircnios-empresa mas tambeacutem pelas poliacuteticas de apoio com recursos dos orccedilamentos

puacuteblicos Essas empresas tinham autorizaccedilatildeo para descontar das contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias a parcela das aliacutequotas destinadas agraves empresas de planos de sauacutede ainda

assim os empresaacuterios alegavam que esse recurso natildeo cobria a totalidade dos custos Por

parte do trabalhador ldquoas contribuiccedilotildees eram vinculadas primeiro agrave folha de pagamento

e depois ao salaacuterio miacutenimo Esse esquema de financiamento baseado nos subsiacutedios

diretos agrave demanda foi complementado e mais tarde substituiacutedo pelas deduccedilotildees fiscaisrdquo

(Bahia 2008 p158)

O Estado financiou e favoreceu a configuraccedilatildeo de um complexo meacutedico-

industrial quando repassou recursos para o setor privado atraveacutes das linhas de creacutedito

comprou serviccedilos do setor privado permitiu a isenccedilatildeo fiscal e estimulou a praacutetica

empresarial na provisatildeo da assistecircncia agrave sauacutede de seus empregados (Coelho 2011)

A Previdecircncia Social tornou-se a maior compradora de serviccedilos meacutedicos do paiacutes e

fortaleceu o setor privado na oferta de serviccedilos e equipamentos meacutedico-hospitalares O

sistema previdenciaacuterio ao inveacutes de constituir uma rede prestadora puacuteblica incentivou as

empresas a se responsabilizar pela assistecircncia aos seus empregados justificada pela

intenccedilatildeo de aliviar a rede puacuteblica Essas condutas favoreceram o surgimento da

medicina de grupo das cooperativas meacutedicas e dos sistemas de autogestatildeo vinculados a

empresas empregadoras (Coelho 2011) Aleacutem disso resultou em desigualdades de

46

oferta cobertura qualidade e acesso entre os diferentes estratos de trabalhadores como

tambeacutem quanto ao tipo dos serviccedilos oferecidos (Menicucci 2007)

Em 1980 aproximadamente 10 dos brasileiros jaacute contavam com a cobertura de

esquemas institucionalizados privados de assistecircncia agrave sauacutede (Bahia 2008) A

conjuntura tambeacutem facilitou a inserccedilatildeo dos interesses privados no espaccedilo burocraacutetico e

decisoacuterio interferiu na configuraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo e o governo natildeo conseguiu

desenvolver sua capacidade reguladora (Coelho 2011)

Pode-se dizer que este sistema durante sua fase de consolidaccedilatildeo contou com a

ineficiecircncia do controle puacuteblico com centralizaccedilatildeo clientelismo superposiccedilatildeo de

programas e clientelas com ausecircncia da participaccedilatildeo de sindicatos partidos e

movimentos sociais nos processos de decisatildeo Aleacutem destas questotildees destaca-se a

submissatildeo do gasto social aos criteacuterios econocircmicos e financeiros e o princiacutepio da

privatizaccedilatildeo que propiciou a abertura de espaccedilo para a entrada dos interesses privados

no aparelho do Estado (Draibe 1993)

Tal situaccedilatildeo desencadeou discussotildees quanto aos modelos adotados que

praticamente negavam o bem-estar prometido pelo progresso econocircmico (Draibe

1993) Propostas de reforma dos sistemas foram apresentadas e a agenda de

transformaccedilotildees passou a ser o ajuste fiscal a globalizaccedilatildeo dos mercados e a poliacutetica

para contenccedilatildeo dos custos O sistema de sauacutede passou a ser visto no interior do modelo

de proteccedilatildeo social como uma aacuterea criacutetica com gastos elevados ineficiecircncia na gestatildeo

dos recursos e iniquidades no acesso com perspectivas de manutenccedilatildeo desse padratildeo nos

anos subsequentes Naquele momento tambeacutem eacute visto como um sistema complexo em

expansatildeo associado a um cenaacuterio de transiccedilatildeo epidemioloacutegica demograacutefica e de

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica (Viana et al 2008)

Foi nesse contexto que se criou o Sistema Nacional de Sauacutede pela Lei no

6229

de 17 de julho de 1975 constituiacutedo pelo complexo de serviccedilos do setor puacuteblico e do

setor privado voltado para accedilotildees de interesse da sauacutede que visavam agrave promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento que deu origem a essa Lei deixava claro

a necessidade de uma interferecircncia maior por parte do Estado na definiccedilatildeo e na

articulaccedilatildeo do sistema A referida Lei natildeo se implementou e um dos obstaacuteculos

apontados refere-se agraves dificuldades decorrentes de a prestaccedilatildeo da assistecircncia meacutedica

estar na sua maior parte nas matildeos da iniciativa privada ldquoOs esforccedilos de simplificaccedilatildeo

47

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da praacutetica meacutedica vatildeo esbarrar sempre com os

interesses do setor privado e como natildeo houve alteraccedilatildeo significativa na estrutura

financeira dos componentes do Sistema torna-se difiacutecil esperar mudanccedilas profundas na

rede de serviccedilosrdquo (Oliveira e Fleury 1985 p256)

Posteriormente eacute elaborado o projeto de reformulaccedilatildeo do sistema de Previdecircncia

Social que cria o INAMPS em 1977 uma autarquia vinculada ao Ministeacuterio da

Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) Entre as atribuiccedilotildees do INAMPS cabe

absorver a assistecircncia meacutedica concedida por todos os oacutergatildeos previdenciaacuterios ldquoeacute a maior

expressatildeo da aproximaccedilatildeo da Seguridade Social desvinculando cada vez mais o

atendimento meacutedico da condiccedilatildeo de segurado muito embora natildeo elimine a situaccedilatildeo

financeira cuja base eacute a contribuiccedilatildeo do seguradordquo (Oliveira e Fleury 1985 p258)

Eacute nesse contexto de crise que teacutecnicos do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e do

Ministeacuterio da Previdecircncia Social formulam o PREV-SAUacuteDE - Programa Nacional de

Serviccedilos Baacutesicos de Sauacutede mas que tambeacutem natildeo se efetiva (Oliveira e Fleury 1985)

Ao mesmo tempo propostas de reforma do sistema de sauacutede crescem em diversos

paiacuteses na deacutecada de 80 periacuteodo em que o Banco Mundial insere-se no debate da poliacutetica

de sauacutede produz relatoacuterios das discussotildees setoriais na intenccedilatildeo de racionalizar e ter

maior eficiecircncia na utilizaccedilatildeo dos recursos O referido relatoacuterio aponta ldquoa necessidade

de ajustes econocircmicos e estruturais para o setor sauacutede com o financiamento da atenccedilatildeo

pelo capital privado e a criacutetica contundente agrave universalidade do acesso agrave sauacutederdquo (Viana

et al 2008 p653)

Com a crise acentuada no iniacutecio dos anos 1980 em decorrecircncia entre outros dos

problemas financeiros e das denuacutencias de fraude nos serviccedilos de sauacutede da previdecircncia

social o governo federal edita medidas de intervenccedilatildeo e declara mudanccedilas que satildeo

explicitadas no decreto de instituiccedilatildeo do Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da

Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) Pode-se dizer que neste periacuteodo ocorre ruptura no

modelo considerado privatizante e novos arranjos puacuteblico-privados satildeo estabelecidos

Entre as mudanccedilas destaca-se a definiccedilatildeo de paracircmetros de programaccedilatildeo

assistenciais para racionalizar o credenciamento de serviccedilos privados e readequar a

capacidade instalada dos serviccedilos proacuteprios da previdecircncia social dos hospitais

universitaacuterios dos serviccedilos de sauacutede federais estaduais e municipais de forma a

permitir a ocupaccedilatildeo de toda a capacidade instalada do serviccedilo puacuteblico (Bahia 2008)

48

Com as medidas de intervenccedilatildeo os dirigentes do INAMPS que estavam na

conduccedilatildeo da poliacutetica passam a priorizar o serviccedilo puacuteblico reativar instalaccedilotildees puacuteblicas

ambulatoriais e hospitalares criar terceiros-turnos e serviccedilos de urgecircncias de 24 horas

buscar alternativas para reforccedilar o orccedilamento manter e expandir o custeio dos serviccedilos

puacuteblicos federais estaduais e municipais e investir na estruturaccedilatildeo de uma nova base de

relaccedilatildeo com os prestadores privados As transferecircncias dos recursos federais para

estados e municiacutepios que eram 5 em 1981 aumentaram para 37 em 1987 (Bahia

2008)

O setor privado na deacutecada de 1980 jaacute estava consolidado e criou diferentes

organizaccedilotildees para prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia meacutedica As formas privadas de

assistecircncia agrave sauacutede satildeo ampliadas dentro e fora das empresas por meio dos planos de

sauacutede contratados individualmente se fortalecem independentemente do financiamento

direto do governo e passam a fazer parte do novo mercado de planos empresariais e

individuais em expansatildeo Contribuiacuteram para o fortalecimento do setor privado a

trajetoacuteria dos incentivos puacuteblicos concedidos pelo governo federal os subsiacutedios

financeiros e mecanismos tributaacuterios que associados agrave ausecircncia de intervenccedilotildees

favoreceram investimentos privados na sauacutede e colaboraram para sua

institucionalizaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo (Menicucci 2007)

Aleacutem destas outras decisotildees puacuteblicas fortaleceram a assistecircncia privada entre

elas a compra de serviccedilos privados Esta opccedilatildeo energizou os profissionais as

instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos e suas representaccedilotildees que associada ao

alto custo deste modelo de compra de serviccedilos canalizou percentual significativo de

recursos puacuteblicos para o setor privado Tais decisotildees resultaram no desfinanciamento

puacuteblico em relaccedilotildees perversas entre o setor puacuteblico e privado na maacute qualidade dos

serviccedilos e na opccedilatildeo dos usuaacuterios pela assistecircncia privada (Menicucci 2007)

A clientela dos planos privados e seguros de sauacutede perfazia em 1987 quase 216

milhotildees de beneficiaacuterios (15 da populaccedilatildeo) que se comparados agrave cobertura dos anos

de 1981 (em torno de 10) aumentou expressivamente As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedio indireto editadas pelo governo federal para deduccedilatildeo no imposto de renda de

gastos com sauacutede a favor de servidores puacuteblicos militares pessoas fiacutesicas e empresas

contribuiacuteram para este aumento (Bahia 2008)

49

A experiecircncia a trajetoacuteria e a configuraccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede ateacute vigente entatildeo

orientaram o debate sobre a inserccedilatildeo da sauacutede no texto constitucional e o reordenamento

das relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado Houve embates pressotildees e lobby de

empresaacuterios e outros privatistas que se opunham firmemente agraves propostas de

estatizaccedilatildeo progressiva Como resultado das discussotildees seguiram-se propostas de

participaccedilatildeo do setor privado no SUS sob a forma de serviccedilo puacuteblico concedido cujo

contrato deveria ser regido pelas normas do direito puacuteblico Apesar dos esforccedilos a

substituiccedilatildeo do termo natureza puacuteblica por relevacircncia publica ldquonatildeo contribuiu para

afirmar a precedecircncia do interesse puacuteblico e dos serviccedilos puacuteblicos na perspectiva da

estatizaccedilatildeordquo (Bahia 2008 p162)

As decisotildees tomadas pelos implementadores da poliacutetica ateacute a deacutecada de 1980 a

institucionalizaccedilatildeo das diversas formas empresariais da assistecircncia privada e os diversos

interesses que se constituiacuteram na trajetoacuteria da configuraccedilatildeo do setor sauacutede ateacute este

periacuteodo associadas agrave insuficiecircncia da rede e agrave baixa qualidade dos serviccedilos de sauacutede

puacuteblica subsidiaram o debate preacute-constituinte Estes fatores influenciaram os

posicionamentos a favor da participaccedilatildeo do setor privado no setor puacuteblico quando a

poliacutetica de sauacutede foi redefinida na constituiccedilatildeo e na regulamentaccedilatildeo da assistecircncia

privada no final dos anos 1990 (Menicucci 2007)

A defesa da complementaridade do SUS prevista na Constituiccedilatildeo Federal

considerou o fato de que naquele periacuteodo a administraccedilatildeo puacuteblica ldquocontava com 70

dos serviccedilos privados complementando os serviccedilos puacuteblicosrdquo Esses serviccedilos estavam

inseridos no sistema de sauacutede por intermeacutedio do INAMPS que mantinha esses

contratos e convecircnios com o setor privado lucrativo e sem fins lucrativos A defesa

justificava-se pela intenccedilatildeo de que o puacuteblico pudesse ir superando essa

complementaridade e invertesse esse percentual conforme o financiamento da sauacutede

fosse melhorando (Santos 2010 p80)

A dualidade do sistema de sauacutede estaacute contemplada na Constituiccedilatildeo Federal1988

no artigo 199 ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave iniciativa privadardquo Aleacutem disso a Lei

Orgacircnica da Sauacutede1990 cita no artigo 24 ldquoQuando as suas disponibilidades forem

insuficientes para garantir a cobertura assistencial agrave populaccedilatildeo de uma determinada

aacuterea o Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS poderaacute recorrer aos serviccedilos ofertados pela

50

iniciativa privadardquo mas a prioridade eacute para as entidades filantroacutepicas5 e sem fins

lucrativos (Brasil 1990)

Com a implantaccedilatildeo do SUS o processo de descentralizaccedilatildeo eacute impulsionado e a

municipalizaccedilatildeo da sauacutede propicia a expansatildeo da rede de sauacutede puacuteblica Os municiacutepios

ampliam a capacidade instalada em especial os serviccedilos ambulatoriais mas enfrentam

inuacutemeros problemas para dispor de profissionais e remuneraacute-los manter a rede de

atenccedilatildeo agrave sauacutede as condiccedilotildees fiacutesicas e a capacidade instalada dos estabelecimentos de

sauacutede Essas dificuldades associadas aos determinantes macroestruturais do paiacutes com

poliacuteticas econocircmicas liberalizantes e desregulamentadoras adotadas pelos paiacuteses

perifeacutericos novamente reforccedilam o modelo de atenccedilatildeo fragmentado favorecem o setor

privado que progressivamente vai adquirindo um caraacuteter empresarial tendo como

produtos principais os Planos de Sauacutede (Heimann et al 2010)

As medidas adotadas foram orientadas pelo Banco Mundial e se tornaram

conhecidas como o Consenso de Washington mediante o qual Estados perifeacutericos

endividados deveriam firmar acordos com organismos internacionais Por esse

consenso as poliacuteticas sociais eram consideradas paternalistas geradoras de

desequiliacutebrio fiscal causadoras de custo excessivo de trabalho e poderiam ser

viabilizadas via mercado Neste entendimento o Estado passa a natildeo ser o responsaacutevel

pelas poliacuteticas sociais e pelo seu financiamento sendo estimulados novos modelos de

gestatildeo com parcerias entre Estado mercado e sociedade civil como as Organizaccedilotildees natildeo

governamentais que prestam serviccedilos a sauacutede (Barreto 2004)

Foi nesse contexto que os serviccedilos puacuteblicos e privados expandiram-se no periacuteodo

de implantaccedilatildeo do SUS mas o setor privado tambeacutem cresceu em especial os serviccedilos

sem internaccedilatildeo consultoacuterios cliacutenicas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e terapecircutico ao

passo que se reduziu o nuacutemero de estabelecimentos hospitalares e de leitos privados

entre 1992 e 2005 (IBGE 2005 apud Viana et al 2008) No setor puacuteblico tambeacutem

houve expansatildeo mas a deficiecircncia da sua capacidade instalada e a forccedila do setor

5 ldquoEntidade Filantroacutepica eacute aquela entidade beneficente de assistecircncia social (definida originalmente na

Lei Orgacircnica de Assistecircncia Social Lei no 8742 de 08121993 Art 3ordm como ldquoaquelas que

prestam sem fins lucrativos atendimento e assessoramento aos beneficiaacuterios abrangidos por esta lei

bem como atuam na defesa e garantia de seus direitosrdquo) eou de educaccedilatildeo eou de sauacutede sem fins

lucrativos (definida na Lei no 9718 de 2711 1998 Art 10 sect 3ordm sobre a Legislaccedilatildeo Tributaacuteria

Federal como sendo ldquoa entidade que natildeo apresenta superaacutevit em suas contas ou caso apresente em

determinado exerciacutecio destine o referido resultado integralmente agrave manutenccedilatildeo e ao

desenvolvimento de seus objetivos sociaisrdquo) que cumpre com as exigecircncias da Resoluccedilatildeo CNAS

3299 (Santos 2008 p1437)

51

privado na rede de sauacutede puacuteblica foram evidenciadas no inicio da deacutecada de 1990

quando o MS instituiu paracircmetros de programaccedilatildeo para definiccedilatildeo de tetos financeiros e

repasse de recursos para estados e municiacutepios considerando entre outros a capacidade

instalada de serviccedilos

Ainda assim o governo federal na deacutecada de 1990 continuou com os benefiacutecios

ao setor privado Na assistecircncia hospitalar com a Lei no 86201993 os hospitais que

tinham contratos com o INAMPS tiveram suas diacutevidas tratadas de forma diferenciada

pela Uniatildeo Para os hospitais filantroacutepicos foram definidas novas modalidades de

apoio entre elas destacam-se flexibilizaccedilatildeo do percentual de ocupaccedilatildeo dos leitos para

atendimento universal quando solicitado o certificado de filantropia abertura de linhas

de creacutedito6 e aporte adicional de recursos para o financiamento dos deacutebitos com o

governo e fornecedores (Bahia 2008)

No ano de 1998 o governo federal mediante homologaccedilatildeo das Secretarias

Municipais de Sauacutede libera empreacutestimos para as Santas Casas e hospitais privados

filantroacutepicos que jaacute faziam parte da rede SUS por meio do programa Caixa Hospitais

instituiacutedo em 1997 Ainda na deacutecada de 1990 um novo debate mobiliza diferentes

atores governamentais e da sociedade civil para discutir a regulamentaccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica supletiva que resultou na promulgaccedilatildeo da Lei 9665 de 19061998

que dispocircs sobre os planos privados de assistecircncia agrave sauacutede Essa lei formalizou

legalmente o sistema de sauacutede dual do paiacutes (Menicucci 2007)

Estima-se que as empresas de planos e seguros de sauacutede faturaram em 1998

R$1603 bilhotildees e o Ministeacuterio da Sauacutede R$175 bilhotildees Essas informaccedilotildees geraram

diversas reaccedilotildees Os pesquisadores alertaram quanto aos possiacuteveis enganos de

classificaccedilatildeo de gastos puacuteblicos como privados e outros utilizaram essa informaccedilatildeo

como argumento da inviabilidade do SUS universal (Bahia 2008)

Eacute nesse periacuteodo que um novo padratildeo de regulaccedilatildeo puacuteblico-privada se configura

sustentado sobretudo pela desarticulaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscais as de incentivo agrave

oferta de serviccedilos privados e aquelas voltadas para expandir o setor puacuteblico Outras

medidas reforccedilam esse novo padratildeo de regulaccedilatildeo como a Lei 925095 que prevecirc

deduccedilatildeo das despesas com sauacutede de entidades da previdecircncia privada e o Decreto

300099 no capitulo II Art 39 que isenta do caacutelculo do rendimento bruto os serviccedilos

6 O Governo Federal criou vaacuterias linhas de apoio financeiro para hospitais vinculados ao SUS entre

elas o caixa hospitais criado em 1997 (Bahia 2008)

52

meacutedicos pagos ressarcidos ou mantidos pelo empregador em beneficio de seus

empregados Essas medidas foram justificadas pelo reconhecimento que o aumento do

mercado de planos de sauacutede se dava em decorrecircncia do subfinanciamento do SUS e

eram alternativas para aliviar as despesas puacuteblicas (Brasil 1995 1999)

Com a reforma do Estado na deacutecada de 1990 a regulaccedilatildeo governamental ganhou

significado suas funccedilotildees deixaram de ser produtivas para se tornarem regulatoacuterias em

diferentes setores

No setor sauacutede a regulaccedilatildeo que objetivava corrigir as falhas do mercado definiu

regras expliacutecitas na legislaccedilatildeo regulamentou a assistecircncia meacutedica supletiva e

estabeleceu mecanismos institucionais para monitorar o cumprimento das regras

mediante a criaccedilatildeo da Agecircncia Nacional de Sauacutede (ANS) A regulaccedilatildeo natildeo significou

um reordenamento da produccedilatildeo privada apenas regulou um mercado de interesse

puacuteblico para garantir os direitos do consumidor

De modo geral e refletindo a dupla institucionalidade da assistecircncia agrave sauacutede o MS

passa a ser a instacircncia reguladora de dois sistemas de assistecircncia agrave sauacutede independentes

e com clientelas distintas o SUS fundamentado na concepccedilatildeo do direito agrave sauacutede e a

Sauacutede Suplementar baseados na loacutegica de mercado (Menicucci 2007)

O Decreto no

4481 de 22112002 instituiu a categoria de o hospital estrateacutegico

no SUS para aqueles estabelecimentos que cumprissem os criteacuterios exigidos no referido

Decreto prestar serviccedilos em todas as aacutereas assistenciais comprovar a prestaccedilatildeo de pelo

menos 30 de serviccedilos de alta complexidade com obrigatoriedade de realizar

transplantes de oacutergatildeos dispor de programa de ensino na aacuterea da sauacutede em niacutevel de poacutes-

graduaccedilatildeo reconhecido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ser referecircncia ao Sistema

Hospitalar para atendimento de urgecircncia e emergecircncia ou gestaccedilatildeo de alto risco

desenvolver atividades de pesquisa em tuberculose hanseniacutease AIDS entre outros

criteacuterios (Brasil 2002) Com esta categoria de hospital estrateacutegico abre-se espaccedilo para

hospitais que atendem a clientelas de cooperativas planos e seguros privados de sauacutede

pleitearem o status de filantropia assegurados pela normativa que flexibiliza os

percentuais obrigatoacuterios de ocupaccedilatildeo dos leitos para o atendimento universal (Bahia

2008)

As Medidas Provisoacuterias no 2158 de 2001 e a n

o 148 de 2003 beneficiaram as

empresas de planos e seguros privados de sauacutede Essas medidas concediam aliacutevio fiscal

53

agrave cobranccedila de impostos e contribuiccedilotildees incidentes sobre despesas operacionais e

reservas teacutecnicas Apesar desses benefiacutecios as empresas de planos de sauacutede nada

fizeram para corrigir as falhas de mercado apontadas pela Agecircncia Nacional de Sauacutede

Os contratos antigos permaneceram em vigecircncia e as empresas privadas lutaram para

obter apoio financeiro para pagamento de seus deacutebitos aos fornecedores e tambeacutem

subsiacutedios fiscais e indexaccedilatildeo de aumento dos valores dos precircmios ao valor da

remuneraccedilatildeo de seus procedimentos (Brasil 2001 2003)

Em 2004 o governo federal tentou aumentar a aliacutequota da Contribuiccedilatildeo para o

Financiamento da Seguridade Social (COFINS) para 76 de alguns estabelecimentos

privados de sauacutede mas por influecircncia de parlamentares da sauacutede o governo cedeu e fez

permanecer o percentual anterior de 3 sobre o total das receitas Ainda nesse ano foi

editada a Instruccedilatildeo Normativa da Receita Federal no 4802004

7 que ldquosacramentou a

separaccedilatildeo das contas dos denominados serviccedilos de terceiros (profissionais da sauacutede

especialmente os meacutedicos e estabelecimentos de sauacutede) contratados e ou credenciados

pelas empresas de planos e seguros de sauacutede e autorizou a deduccedilatildeo de impostos e

contribuiccedilotildees sociais de profissionais e estabelecimentos de sauacutederdquo Aleacutem desses

benefiacutecios as empresas privadas jaacute contavam com os da Emenda Constitucional no

33

editada em 2001 ou seja destas empresas natildeo eacute cobrado o Imposto sobre Circulaccedilatildeo de

Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) quando importam equipamentos meacutedico-hospitalares

(Bahia 2008)

Por meio do Decreto 49782004 elaborado no Ministeacuterio do Planejamento o

governo federal fixou a competecircncia do oacutergatildeo para expedir normas complementares e

deu abertura para contornar o preceito da universalizaccedilatildeo do direito agrave sauacutede via

mudanccedilas da Lei no 81121990 Esse decreto permitiu o acesso aos planos privados de

sauacutede a funcionaacuterios puacuteblicos e seus dependentes familiares que foi facilitado pelos

subsiacutedios concedidos por parte do governo (Bahia 2008) As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedios implementadas ao longo desses anos favoreceram as cooperativas os planos e

7 Outras deduccedilotildees sobre ldquoa remuneraccedilatildeo dos profissionais de cooperativas e associaccedilotildees meacutedicas

incide 15 de imposto de renda e 465 (entre a CSLL Cofins PISPasep) sobre o valor total do

documento fiscal Sobre a fatura de profissionais da sauacutede natildeo vinculados a associaccedilotildees ou

cooperativas incidiratildeo 945 e 585 para as faturas dos estabelecimentos de sauacutede extensiva a

pessoas juriacutedicas prestadoras de serviccedilos preacute-hospitalares e prestadoras de serviccedilos de emergecircncias

meacutedicas por meio de UTI moacutevelrdquo (Bahia 2008 p167)

54

seguros privados de sauacutede num entendimento de que a oferta de serviccedilos de

estabelecimentos privados de sauacutede era beneacutefica ao mercado

Com as denuacutencias de irregularidade no atendimento universal dos hospitais

filantroacutepicos eacute editado em 2006 o Decreto no

5895 que ldquoredefine de maneira radical a

natureza da filantropia na sauacutede e subverte as regras de subordinaccedilatildeo puacuteblico-privadasrdquo

Ao mesmo tempo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social abre

linha de creacutedito para atender ao Programa de Fortalecimento e Modernizaccedilatildeo das

Entidades Filantroacutepicas e Hospitais Estrateacutegicos Integrantes do SUS e libera recursos

para reestruturaacute-los financeiramente e sanear as diacutevidas com os fornecedores Nesse

periacuteodo o governo federal criou outra fonte de recurso8 via prognoacutestico de loterias

para atender aos problemas das diacutevidas dos estabelecimentos de sauacutede com o governo

(Bahia 2008 p150)

Os arranjos institucionais ateacute aqui expostos mostram que esse formato hiacutebrido

ainda que justificado beneficiou o setor privado e configura um sistema dual de

assistecircncia agrave sauacutede apesar das rupturas que sofreu com a criaccedilatildeo do SUS As decisotildees

dos implementadores das poliacutetica em especial a partir dos anos 1960 e os benefiacutecios

concedidos pelo governo federal contribuiacuteram para o formato desse padratildeo de

assistecircncia Nesse sentido pesquisadores chamam a atenccedilatildeo para a dependecircncia da

trajetoacuteria ou seja path dependent entendendo que o que acontece num determinado

periacuteodo natildeo estaacute relacionado apenas agraves condiccedilotildees contemporacircneas mas eacute dependente

das decisotildees anteriores e afetaraacute os resultados posteriores (Pierson 2004 apud Viana e

Lima 2011 Menicucci 2007) Ainda que o direito agrave sauacutede seja reconhecido mediante

a instituiccedilatildeo do SUS as escolhas e as decisotildees dos atores envolvidos no periacuteodo anterior

refletem na sua implementaccedilatildeo

Segundo Bahia (2008) os estudos que discutem a participaccedilatildeo direta ou indireta

do componente privado na rede assistencial do SUS constatam o predomiacutenio do puacuteblico

na atenccedilatildeo baacutesica e do privado na assistecircncia hospitalar Ainda persiste uma

dependecircncia estrutural dos gestores em relaccedilatildeo ao setor privado Satildeo relaccedilotildees

estabelecidas por contratos que se baseiam na compra de serviccedilos mediante um plano

operativo que define metas e condiciona o repasse dos recursos conforme a

8 Por meio da Lei Federal 11345 de 14092006 foi instituiacutedo o concurso de prognoacutestico de loteria

cujos recursos arrecadados destinariam 3 para o Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) a fim de ser

redistribuida a hospitais filantroacutepicos

55

produtividade do estabelecimento Tal relaccedilatildeo tem sido conturbada e os gestores no

acircmbito local tecircm enfrentado dificuldades para custear expandir a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica e regular o sistema de sauacutede

Em 2008 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a Portaria no

1559 que institui a

Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do SUS Esta portaria orienta a organizaccedilatildeo dos fluxos

da prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia agrave sauacutede da rede SUS inclusive o sistema

complementar que devem ser regulados de forma compartilhada pelas esferas de

governo atraveacutes da implantaccedilatildeo do complexo regulador que tem atribuiccedilotildees pactuadas

entre gestores (MS 2008) Apesar dessas medidas os complexos reguladores

encontram diversas dificuldades no seu funcionamento e muitas vezes natildeo conseguem

efetivar o acesso do usuaacuterio ao sistema

A ideia de que o SUS eacute formado por uma rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e que o setor

privado entra de forma complementar resulta num falso entendimento de que a maior

influecircncia sobre o modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede e a rede de serviccedilos eacute do setor puacuteblico As

medidas editadas pelo governo federal antes e apoacutes a implantaccedilatildeo do SUS ainda que

justificadas pela garantia do acesso e ampliaccedilatildeo da capacidade de atendimento do SUS

propiciaram a reorganizaccedilatildeo empresarial facilitaram o poder de pressatildeo de empresaacuterios

da sauacutede sobre a gestatildeo local o padratildeo de compra e venda de serviccedilos resultaram em

complexas relaccedilotildees puacuteblico-privadas construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do

sistema de sauacutede brasileiro (Bahia 2008)

Na regiatildeo em estudo o SUS vem se instituindo e se materializando com arranjos

entre o setor puacuteblico e privado nos municiacutepios e na regiatildeo As escolhas e decisotildees dos

diferentes atores que compotildeem o complexo de sauacutede nesta regiatildeo conformaram uma

trajetoacuteria do sistema puacuteblico de sauacutede o qual eacute fortemente ancorado na parceria com o

setor privado conformando um mix puacuteblico-privado para oferta de serviccedilos

ambulatorial hospitalar e laboratorial

Conhecer os atores as estruturas a participaccedilatildeo e a influecircncia do setor puacuteblico e

privado na rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra faz parte dos

objetivos desta pesquisa que busca conhecer como estas relaccedilotildees ocorrem como satildeo

estabelecidas e se respondem aos objetivos do Sistema de Sauacutede deste territoacuterio

considerado como um espaccedilo vivido e em contiacutenua renovaccedilatildeo

56

4 O Estado de Mato Grosso e a Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

57

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute

DA SERRA

O Estado de Mato Grosso localizado na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil eacute constituiacutedo

por 141 municiacutepios que perfazem uma populaccedilatildeo geral de 3033991 de habitantes (2010)

com maior concentraccedilatildeo na zona urbana (8180) baixa densidade demograacutefica 336

habkm2 Sua taxa de crescimento (194) eacute superior agrave da regiatildeo Centro-Oeste (190) e do

Brasil (117) (Tabela 1) Dos municiacutepios mato-grossenses apenas quatro tecircm populaccedilatildeo

superior a 100000 habitantes (Cuiabaacute Vaacuterzea Grande Rondonoacutepolis e Sinop) a grande

maioria (801) tem menos de 20000 habitantes 482 menos de 10000 habitantes e

262 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010)

Desde a deacutecada de 1980 este estado vem se consolidando entre as unidades da

federaccedilatildeo com as maiores taxas de expansatildeo econocircmica principalmente por conta do

agronegoacutecio que tambeacutem contribui para atrair imigrantes motivados pela possibilidade

de melhores oportunidades de trabalho Internamente o movimento migratoacuterio campo-

cidade vem se acentuando como resultado da substituiccedilatildeo das pequenas lavouras por

grandes plantaccedilotildees mecanizadas Tal fato influencia o processo de urbanizaccedilatildeo e aponta

para a possibilidade da reproduccedilatildeo dos problemas dos grandes centros urbanos gerando

a necessidade de atuaccedilatildeo do Poder Puacuteblico no sentido de ordenar essa expansatildeo da

ocupaccedilatildeo do espaccedilo e dotar os municiacutepios com infraestrutura e serviccedilos capazes de

suprir as necessidades da populaccedilatildeo (MT 2003)

Demograficamente Mato Grosso em 2010 apresentou uma piracircmide etaacuteria que

revela reduccedilatildeo da natalidade uma populaccedilatildeo mais envelhecida (Figura 1) com idade

meacutedia de 30 anos No entanto tal estrutura eacute muito diversa quando analisada nas vaacuterias

regiotildees de sauacutede tendo em vista as desigualdades sociais e econocircmicas deste estado

(Scatena et al 2014)

58

FONTE Scatena et al 2014

Figura 1 ndash Piracircmide Etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010

As condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo satildeo determinadas natildeo somente pelas

desigualdades sociais e econocircmicas do estado mas tambeacutem em decorrecircncia de

queimadas desmatamentos uso extensivo de agrotoacutexicos e situaccedilatildeo sanitaacuteria dos

logradouros Em 2000 a maioria dos domiciacutelios natildeo tinha esgotamento por rede geral

sendo a situaccedilatildeo mais criacutetica nas regiotildees do Norte e Nordeste Mato-grossense Das 16

regiotildees de sauacutede do estado em 15 delas as fossas rudimentares (ou negras) eram o

principal sistema de esgotamento sanitaacuterio representando 89 na regiatildeo de Coliacuteder O

abastecimento de aacutegua tambeacutem se constitui em problema e sua cobertura era superior a

70 em apenas trecircs regiotildees Cuiabaacute Rondonoacutepolis e Barra do Graccedilas (Scatena 2011)

No ano de 2010 Mato Grosso ficou em 11ordm lugar entre os estados brasileiros com

melhor Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH (0725) abaixo do Distrito Federal

Satildeo Paulo Santa Catarina Rio de Janeiro Paranaacute Rio Grande do Sul Espiacuterito Santo

Goiaacutes Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (Atlas Brasil 2013) No entanto quando

estratificado por municiacutepios observam-se as consequecircncias das desigualdades

econocircmicas e de infraestrutura puacuteblica

A expansatildeo da ocupaccedilatildeo e produccedilatildeo agriacutecola associada agrave agropecuaacuteria insere o

estado como um importante polo produtor e exportador do Brasil Em 2008 o PIB per

capita estadual era proacuteximo a R$ 1800000 acima da meacutedia brasileira (R$ 1598980)

59

mas inferior ao da regiatildeo Centro-Oeste (R$ 2037210) Jaacute entre as regiotildees do estado o

PIB variou de R$ 865900 a R$ 3106400 (Scatena 2011)

Jaacute em 2010 o PIB per capita de Mato Grosso foi de R$ 1963677 praticamente o

mesmo valor da meacutedia brasileira (Datasus 2014) o que colocou o estado na 14o posiccedilatildeo

nacional Mato Grosso destaca-se internacionalmente como um dos grandes produtores

de soja algodatildeo milho e carne Apesar disso nele tambeacutem se destacam os deacuteficits em

infraestrutura puacuteblica como estradas saneamento baacutesico serviccedilos de sauacutede e a elevada

concentraccedilatildeo de renda (MT 2007a)

A expansatildeo econocircmica o agronegoacutecio a localizaccedilatildeo geograacutefica e o acesso viaacuterio

entre outros fatores tecircm contribuiacutedo para o crescimento populacional de algumas

cidades do estado denominadas polos de referecircncia natural Essas cidades por

disporem de uma rede de serviccedilos de sauacutede puacuteblica eou privada mais estruturada em

relaccedilatildeo agrave oferta e diversidade de serviccedilos satildeo demandadas pelos municiacutepios em seu

entorno de forma organizada ou natildeo

Em Mato Grosso os gastos puacuteblicos com o SUS no geral tecircm sido elevados Os

dados do SIOPS informam que os municiacutepios nos uacuteltimos quatro anos tecircm aplicado

percentuais acima do miacutenimo estabelecido na EC29 e proacuteximos a 20 mas o estado

na seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 cumpriu o percentual miacutenimo apenas no ano de 2010

atingindo 123 (Mendonccedila 2012)

Estudo realizado por Levi e Scatena (2011) mostra que no ano de 2008

contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo o padratildeo de gasto em sauacutede por habitante

pelo governo estadual foi considerado meacutedio ou baixo (R$ 25400) Jaacute o gasto do

conjunto dos municiacutepios quando contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo e do estado

foi considerado elevado (R$ 36400)

Ainda assim o financiamento do sistema de sauacutede puacuteblica dos 141 municiacutepios do

estado tem uma forte dependecircncia das transferecircncias federais e estaduais Para o

conjunto dos municiacutepios no periacuteodo de 2002 a 2008 as transferecircncias do SUS

representaram praticamente metade dos recursos aplicados no setor (49) para o

estado o percentual de transferecircncias variou de 24 em 2002 a 32 em 2008 (Viana et

al 2010a Levi e Scatena 2011)

O complexo de sauacutede da regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde a

deacutecada de 1980 Os fatores determinantes na sua delimitaccedilatildeo foram a posiccedilatildeo

60

geograacutefica o acesso pavimentado entre os municiacutepios e a forccedila natural de atraccedilatildeo do

municiacutepio de Tangaraacute da Serra cidade-polo e referecircncia natural para o comeacutercio e

serviccedilos entre eles o de sauacutede A distacircncia entre os municiacutepios que a integram varia de

60 a 200 km

A implantaccedilatildeo da estrutura administrativa de coordenaccedilatildeo na regiatildeo seguiu os

criteacuterios da Secretaria de Estado da Sauacutede que definiu os municiacutepios e sua abrangecircncia

Uma delimitaccedilatildeo especiacutefica para o setor sauacutede visto que o governo do estado utiliza

para as suas intervenccedilotildees doze regiotildees denominadas regiotildees de planejamento9 cuja

configuraccedilatildeo difere desta

A regiatildeo em estudo sofreu alteraccedilotildees10

na sua configuraccedilatildeo mas na vigecircncia do

Pacto pela Sauacutede mantiveram-se os dez municiacutepios Arenaacutepolis Barra do Bugres

Campo Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo

Afonso Sapezal e Tangaraacute da Serra (Tabela 1)

A regiatildeo estaacute localizada no Centro Norte do estado tem uma populaccedilatildeo de

210816 habitantes (2011) que corresponde a 685 da populaccedilatildeo de MT e sua aacuterea

cobre 541 do territoacuterio do estado Eacute a quarta maior regiatildeo em nuacutemero de habitantes

apresenta baixa densidade demograacutefica 394 habkm2 variando de 133 (Sapezal) a

2477 (Arenaacutepolis) Sua taxa de crescimento 291 para o periacuteodo de 2000 a 2010 eacute

superior agrave do Brasil (117) e da regiatildeo Centro-Oeste (190)

9 No estudo do Zoneamento Soacutecio Econocircmico Ecoloacutegico de Mato Grosso ndash ZSEE foram definidas

doze regiotildees de planejamento no estado Os municiacutepios integrantes desta regiatildeo de sauacutede ficaram

distribuiacutedos em trecircs regiotildees regiatildeo VII - Caacuteceres Sapezal regiatildeo VIII ndash Oeste_Tangaraacute da Serra

com os municiacutepios de Tangaraacute da Serra Porto Estrela Barra do Bugres Nova Oliacutempia Denise

Santo Afonso Campo Novo do Parecis e Brasnorte regiatildeo IX - Diamantino Arenaacutepolis e Nova

Marilacircndia 10

Decreto estadual no

7442 de 12 de abril2006 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da

Secretaria de Estado de Sauacutede - SES define como oacutergatildeos de administraccedilatildeo regionalizada os

Escritoacuterios Regionais de Sauacutede-ERS neste a microrregiatildeo do Meacutedio Norte (Tangaraacute da Serra) fica

composta por apenas oito municiacutepios Em outubro de 2006 a Resoluccedilatildeo CIBMT no

062 ndash dispotildee

sobre o funcionamento das CIB Regionais em consonacircncia com o Pacto pela Sauacutede 2006 Esta

resoluccedilatildeo informa que tal regiatildeo permanece com 10 municiacutepios e o municiacutepio de Arenaacutepolis da

regional de Diamantino passa para a regional de Tangaraacute da Serra e o municiacutepio de Brasnorte

desta transfere-se para a regional de Juiacutena

61

Tabela 1 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da regiatildeo de

Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Municiacutepios

Populaccedilatildeo Razatildeo de

Crescimento

2000-2010

Pop

Regiatildeo

2010

Densidade

Demograacutefica

2010 2000 2010

Arenaacutepolis 11605 10316 -117 499 2477

Barra dos Bugres 27460 31793 147 1537 531

Campo Novo do Parecis 17638 27577 457 1333 292

Denise 7463 8523 133 412 652

Nova Marilacircndia 2354 2951 228 143 152

Nova Oliacutempia 14186 17515 213 847 1130

Porto Estrela 4707 3649 -251 176 177

Santo Afonso 3098 2991 -035 144 255

Sapezal 7866 18094 868 875 133

Tangaraacute da Serra 58840 83431 355 4034 732

Regiatildeo Tangara da Serra 155217 206840 291 100 394

Mato Grosso 2504353 3033991 194 - 336

Centro-Oeste 11636728 14050340 190 - 875

Brasil 169799170 190755799 117 - 2240

FONTE Scatena et al 2011

Dos municiacutepios que a compotildeem apenas um tem populaccedilatildeo superior a 80000

habitantes a grande maioria (70) tem menos de 20000 habitantes 40 menos de

10000 habitantes e 30 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010) Os municiacutepios tecircm

pouco mais de 25 anos de emancipaccedilatildeo apresentam diferenccedilas na extensatildeo e no poder

econocircmico que influenciam o desenvolvimento dos sistemas municipais de sauacutede

A expansatildeo do agronegoacutecio pode ser evidenciada na razatildeo de crescimento de

vaacuterios municiacutepios e reflete natildeo apenas a distribuiccedilatildeo de oportunidades de geraccedilatildeo de

renda mas acompanha a dinacircmica do mercado de trabalho e ao mesmo tempo guarda

relaccedilatildeo com a dinacircmica econocircmica A razatildeo de crescimento eacute maior nos municiacutepios

com mais diversificaccedilatildeo econocircmica Campo Novo do Parecis Sapezal e Tangaraacute da

Serra

Demograficamente a piracircmide etaacuteria da regiatildeo em 2010 tambeacutem reflete esta

dinacircmica Eacute classificada como Tipo III constituiacuteda por uma populaccedilatildeo menos

envelhecida taxa de natalidade elevada baixa mortalidade infantil e elevado percentual

de crianccedilas e jovens e idade meacutedia entre 25 e 30 anos (Scatena et al 2011) As usinas

de aacutelcool e accediluacutecar o frigoriacutefico de abate de aves e bovinos e a intensa produccedilatildeo de

62

gratildeos entre outros setores podem estar estimulando o deslocamento das pessoas em

busca de oportunidade de trabalho e tecircm repercutido no processo de redistribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo na regiatildeo refletindo a tendecircncia da concentraccedilatildeo urbana e de populaccedilatildeo

jovem

Observam-se desigualdades na regiatildeo quando o PIB eacute analisado Os maiores PIB per

capita deram-se em Sapezal (R$ 8992190) e Campo Novo do Parecis (R$ 5941215) e o

menor em Arenaacutepolis (R$ 718648) A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que apresentam

maior PIB per capita (R$ 234743) mas este natildeo eacute alcanccedilado por 80 dos municiacutepios e

que tampouco atingem o PIB estadual (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e seus

componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008

Municiacutepios Componentes do PIB

TOTAL Agropecuaacuteria Induacutestria Serviccedilos Impostos

Arenaacutepolis 1 0232 7923 48887 4823 7 1865

Barra dos Bugres 2 8490 24276 50451 9669 112887

Campo Novo do Parecis 21 1660 66495 249554 66413 594121

Denise 4 2660 5521 36132 3782 88096

Nova Marilacircndia 8 6037 10390 46389 6728 149541

Nova Oliacutempia 2 5257 41620 48678 6939 122494

Porto Estrela 3 8550 5408 36482 3421 83862

Santo Afonso 5 7367 5665 41426 4691 109148

Sapezal 41 4842 28285 350018 106074 899219

Tangaraacute da Serra 2 4976 22061 78241 15318 140596

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 7 7594 27657 104996 24496 234743

Mato Grosso 4 6070 25526 88081 19593 179270

Centro Oeste 1 9818 26502 132362 25039 203721

Brasil 8031 37971 90070 23825 159898

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do IBGE Pesquisa Estadual da Regionalizaccedilatildeo da

Sauacutede no MT 2012

O baixo dinamismo associado ao baixo PIB de parte dos municiacutepios pode

dificultar a aplicaccedilatildeo de investimentos puacuteblicos e explica a insuficiente capacidade

instalada nos municiacutepios e regiatildeo visto que em sua maioria dependem tanto do

governo federal como do estadual no que se refere agrave capacidade teacutecnica e financeira

para a execuccedilatildeo das accedilotildees da poliacutetica de sauacutede (Albuquerque et al 2011)

63

Agropecuaacuteria e serviccedilos (muitos ligados ao agronegoacutecio) satildeo os principais

responsaacuteveis pela riqueza da regiatildeo exceto em Nova Oliacutempia onde a induacutestria tem maior

participaccedilatildeo que a agropecuaacuteria Ainda que incipiente o setor industrial destaca-se nos

municiacutepios de Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia e Sapezal onde estatildeo instaladas

usinas de aacutelcool e empresas de descaroccedilamento de algodatildeo e aproveitamento de resiacuteduos

de gratildeos para criaccedilatildeo de bovinos O municiacutepio de Tangaraacute da Serra sede de regiatildeo tem o

PIB concentrado na agropecuaacuteria e nos serviccedilos

A diversidade na origem da riqueza dos municiacutepios reitera as desigualdades

intrarregionais os municiacutepios de Sapezal Campo Novo do Parecis e Tangaraacute da Serra satildeo

responsaacuteveis por 811 do PIB da regiatildeo e os municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso satildeo os de menor poder econocircmico Na produccedilatildeo da

riqueza a regiatildeo responde por 90 do PIB estadual e estaacute na quarta posiccedilatildeo

Na classificaccedilatildeo estadual do Iacutendice de Desenvolvimento Humano-IDH2000 os

municiacutepios desta regiatildeo ocupam posiccedilotildees extremas Campo Novo do Parecis (080) e

Sapezal (080) estatildeo respectivamente na sexta e na deacutecima posiccedilatildeo enquanto Nova

Marilacircndia (070) e Porto Estrela (065) encontram-se nas 106ordf e 126ordf posiccedilotildees Apesar

das desigualdades entre os municiacutepios a regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do estado

em relaccedilatildeo ao IDH (076)

No que se refere aos gastos com sauacutede excetuando-se o ano de 2002 100 dos

municiacutepios vecircm aplicando recursos financeiros acima dos percentuais miacutenimos

recomendados pela EC29 Os municiacutepios com maior percentual de recursos proacuteprios

aplicados na composiccedilatildeo das despesas totais em 2009 foram Sapezal (728) Nova

Marilacircndia (720) e Barra do Bugres (699)

64

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade municipal

(despesas totais) e despesas com recursos exclusivamente municipais

Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2002 2005 e 2009

Municiacutepios Despesas Totais Despesas com R$ municipais

2002 2005 2009 2002 2005 2009

Arenaacutepolis 1215 1639 2542 809 1018 1253

Barra dos Bugres 1510 2482 3527 867 1661 2462

Campo Novo do Parecis 1923 2459 4293 1535 1917 2690

Denise 1013 1477 2365 690 946 1464

Nova Marilacircndia 2268 4964 5626 1425 3704 4051

Nova Oliacutempia 1991 2638 4088 1510 2044 2428

Porto Estrela 1559 2779 5372 960 1689 2955

Santo Afonso 2671 4615 4154 2123 3539 2686

Sapezal 2260 3724 5903 1853 2854 4299

Tangaraacute da Serra 1088 1480 3329 750 1003 2154

Regiatildeo Tangara da Serra 1477 2171 3733 1040 1546 2422

Mato Grosso 1418 2291 3797 778 1290 1895

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIOPS

Quando satildeo comparadas as despesas per capita totais com sauacutede e as despesas per

capita com recursos exclusivamente municipais estes uacuteltimos tecircm representado valores

que variam de 73 a 49 Em 2009 os maiores dispecircndios per capita com sauacutede

deram-se em Sapezal Nova Marilacircndia e Porto Estrela e os menores foram observados

em Arenaacutepolis Denise e Tangaraacute da Serra (Tabela 3)

Em maior ou menor niacutevel os municiacutepios da regiatildeo tecircm importante dependecircncia

das transferecircncias financeiras intergovernamentais para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede e embora todos os municiacutepios estejam cumprindo o disposto na EC29 quatro

deles natildeo conseguiram atingir a meacutedia per capita da regiatildeo no ano de 2009 Isto pode

estar associado agrave diferenccedila do PIB entre os municiacutepios e ao lugar que o setor sauacutede

ocupa na agenda da gestatildeo municipal

Das categorias profissionais analisadas neste estudo em todos os municiacutepios da

regiatildeo haacute a presenccedila do profissional meacutedico mas em alguns municiacutepios de pequeno

porte este profissional natildeo reside no local vai atender na unidade de sauacutede da famiacutelia e

retorna agrave sua origem onde reside e atende no setor privado Entre os municipios no ano

de 2010 a maior disponibilidade de meacutedicos vinculados ao SUS (por 10000 habitantes)

estaacute no municipio de Sapezal (95) e a menor no municiacutepio de Denise (27) ambas

menores que o recomendado pelo MS

65

Vinculados ao SUS a regiatildeo conta com 56 meacutedicos por 10000 habitantes

colocando-se na seacutetima posiccedilatildeo entre as 16 regiotildees do estado e estaacute entre as trecircs regiotildees

com maior nuacutemero de meacutedicos natildeo vinculados ao SUS (25 meacutedicos por 10000

habitantes) Muitos dos profissionais meacutedicos que trabalham no SUS tecircm consultoacuterio

particular local onde atendem pacientes de convecircnios e do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede

Em Mato Grosso esta eacute a regiatildeo com a menor disponibilidade de enfermeiros

vinculados ao SUS (3810000 habitantes) e estaacute entre as quatro regiotildees com menor

disponibilidade para todos os demais profissionais de niacutevel superior (7410000

habitantes) vinculados ao SUS

Nesta regiatildeo a maior disponibilidade de enfermeiros deu-se no municiacutepio de

Campo Novo do Parecis (5510000 habitantes) e pode estar relacionada ao nuacutemero de

equipes de sauacutede da famiacutelia implantada no municipio Os coeficientes relativos agraves

demais categorias profissionais de niacutevel superior foram mais elevados nos municiacutepios

de Nova Marilandia (213) Santo Afonso (136) e Campo Novo do Parecis (101) Nesta

regiatildeo eacute expressivo o nuacutemero de profissionais com contratos temporaacuterios seja pela falta

de concursos para niacutevel superior seja por natildeo dispor do profissional para pleitear a vaga

devido a remuneraccedilatildeo oferecida em especial para os profissionais meacutedicos

Tangaraacute da Serra eacute uma regiatildeo que se destaca economicamente no estado

apresenta diversidade de profissionais mas parte dos municiacutepios natildeo dispotildee de

infraestrutura e serviccedilos puacuteblicos para inseri-los na rede de sauacutede e cobrir as

necessidades da populaccedilatildeo (Tabela 4) Aleacutem disso os serviccedilos de maior complexidade

estatildeo concentrados geograficamente e os encaminhamentos continuam centralizados no

municiacutepio sede de regiatildeo e na capital do estado e indicam a importacircncia de estabelecer

arranjos regionalizados para suprir de forma equacircnime agraves necessidades e garantir o

acesso da populaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede (Lima et al 2012)

A rede de serviccedilos puacuteblicos da regiatildeo estaacute constituiacuteda pela atenccedilatildeo primaacuteria com

unidades de sauacutede da famiacutelia postos e centros de sauacutede CAPS CTASAE unidades de

coleta e transfusatildeo de sangue laboratoacuterios de exames de baixa complexidade centros de

reabilitaccedilatildeo unidades hospitalares que atendem agraves cliacutenicas baacutesicas e exames de meacutedia

complexidade

66

Tab

ela 4

- N

uacutem

ero d

e es

tabel

ecim

ento

s d

e sa

uacutede

por

cate

go

rias

sel

ecio

nad

as e

tip

o d

e pre

stad

or

seg

undo m

unic

iacutepio

s da

R

egiatilde

o d

e S

auacutede

de

Tan

gar

aacute d

a S

erra

2010

67

Haacute predomiacutenio do nuacutemero de estabelecimentos puacuteblicos na regiatildeo mas em sua

maioria a capacidade instalada eacute constituiacuteda por unidades baacutesicas de sauacutede (Tabela 4)

No periacuteodo de 2002 a 2010 esta regiatildeo situou-se entre as nove do estado onde foi

observado o menor incremento financeiro com a atenccedilatildeo baacutesica totalizando 121

(Mendonccedila 2012)

No ano de 2010 todos os municiacutepios da regiatildeo dispunham de Unidades de Sauacutede

com Equipes de Sauacutede da Famiacutelia e a cobertura do programa era 581 inferior agrave

cobertura do estado (6510) Nesse ano 100 dos municiacutepios tinham equipes de

sauacutede bucal O Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) teve sua cobertura

reduzida quando os municiacutepios implantaram as ESF mas permaneceu nos municiacutepios

de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Porto Estrela Sapezal e Tangaraacute da Serra

Observa-se ainda na tabela 4 que apesar da importante oferta de serviccedilos puacuteblicos

na regiatildeo a rede de atenccedilatildeo de serviccedilos privados eacute significativa A maior

disponibilidade de estabelecimentos puacuteblicos (por 10000 hab) eacute encontrada nos

municiacutepios de Porto Estrela (164) e Santo Afonso (100) e a menor no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra (26) Do setor privado a maior disponibilidade estaacute nos municiacutepios

de Sapezal (497) Denise (469) Tangaraacute da Serra (407) mas a diversidade e a

complexidade dos serviccedilos estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute da Serra Eacute o setor privado

que tem predomiacutenio de unidades especializadas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e

hospitais Portanto eacute uma regiatildeo que necessita planejar e reorganizar a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica contando para isso com o apoio financeiro dos entes federativos municipais

estadual e federal (Silva 2011)

A regiatildeo dispotildee de doze hospitais dos quais quatro satildeo puacuteblicos e estaacute situada

entre as doze regiotildees do estado com maior nuacutemero de hospitais puacuteblicos e entre as trecircs

com maior nuacutemero de hospitais privados Os hospitais puacuteblicos da regiatildeo satildeo de

pequeno porte e atendem em sua maioria apenas as cliacutenicas baacutesicas Natildeo haacute hospital

puacuteblico estadual na regiatildeo

Dos hospitais puacuteblicos existentes um eacute gerido por Organizaccedilatildeo Social (Campo

Novo do Parecis) e outro por entidade religiosa (Sapezal) Os demais o satildeo pelas

respectivas secretarias municipais de sauacutede um no municiacutepio de Barra do Bugres e

outro em Tangaraacute da Serra que natildeo dispotildee de centro ciruacutergico mas de leitos de

estabilizaccedilatildeo

68

O Hospital de Campo Novo do Parecis eacute mantido com recursos da prefeitura tem

centro ciruacutergico leitos de estabilizaccedilatildeo manteacutem convecircnio com a Unimed e eacute referecircncia

para o municiacutepio de Brasnorte que pertence agrave regional de sauacutede de Juiacutena O hospital de

Sapezal eacute mantido com recursos da prefeitura tem convecircnio com a Unimed conta com

centro ciruacutergico e natildeo eacute referecircncia para a regiatildeo apenas para sua proacutepria populaccedilatildeo

Estes dois hospitais preservam as caracteriacutesticas dos estabelecimentos puacuteblicos

O Hospital Municipal de Barra do Bugres a partir do convecircnio estabelecido entre

a SES e a prefeitura em 2001 passou a ser referecircncia na regiatildeo em cirurgia geral e

ortopedia e continuou sendo referecircncia nas cliacutenicas baacutesicas para municiacutepios

circunvizinhos que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar

O municiacutepio de Tangaraacute da Serra eacute referecircncia natural na regiatildeo para os serviccedilos de

sauacutede do setor privado A Unidade Mista de Tangaraacute da Serra eacute tambeacutem referecircncia para

o SAMU mas por natildeo dispor de centro ciruacutergico faz o primeiro atendimento da

urgecircnciaemergecircncia e encaminha para a rede privada conveniada no municiacutepio ou de

outros municiacutepios da regiatildeo ou Cuiabaacute

Dos hospitais privados os de maior complexidade estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra e apenas um deles eacute conveniado ao SUS para atender aos encaminhamentos

do municiacutepio Este hospital tambeacutem atende agrave demanda da regiatildeo encaminhada pelo

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede e para internaccedilatildeo na UTI O municiacutepio dispotildee de

apenas de dez leitos de UTI (adulto) dos quais oito satildeo puacuteblicos e estatildeo instalados no

hospital privado e dois satildeo da Unimed Os leitos puacuteblicos satildeo operacionalizados por

meio de convecircnio11

estabelecido com a SES Os leitos de UTI neonatal satildeo privados e

quando necessaacuterio o acesso ocorre por meio de contratos administrativos para aqueles

casos que natildeo conseguem vaga em Cuiabaacute

Outros serviccedilos do setor privado credenciadoscontratados pelo SUS nefrologia12

(hemodiaacutelise) Cito-patologia13

exames de imagem14

os exames de ressonacircncia

11

A operacionalizaccedilatildeo destes leitos puacuteblicos ocorreu por meio do convecircnio no 012 de 27022004

estabelecido entre a SES e o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede do Meacutedio Norte responsaacutevel pelo

pagamento do Hospital privado onde foram instaladas as UTI 12

Resoluccedilatildeo CIB nordm 054 de 25 de junho de 2009 - Dispotildee sobre o credenciamentohabilitaccedilatildeo no

SIASUS da Cliacutenica INEMAT ndash Instituto Nefroloacutegico de Mato Grosso SC LTDA de Tangaraacute da

Serra - MT junto ao MS A resoluccedilatildeo CIBMT nordm 106 de 06 de maio de 2010 o nuacutemero de

atendimento passa de 66 para 102 pacientes em hemodiaacutelise 13

Resoluccedilatildeo CIB Nordm 009 de 15 de abril de 2005 - Dispotildee sobre o credenciamento do ldquoLaboratoacuterio

Centro Cliacutenicardquo do Municiacutepio de Tangaraacute da Serra no Sistema de Informaccedilatildeo Ambulatorial ndash

SIASUS para realizar Exames de Cito-Patologia

69

magneacutetica e o serviccedilo de anatomia patoloacutegica15

O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute realizado

pela INEMAT empresa privada que funciona em estrutura puacuteblica com gerecircncia

privada e credenciada pelo Ministeacuterio da Sauacutede os exames de densitometria

tomografia ressonacircncia magneacutetica16

e os demais exames de imagem satildeo viabilizados

em cliacutenica particular credenciada pela SES com tabela complementar do CIS Os

exames anatomo-patoloacutegicos satildeo realizados pelo Instituto Diagnoacutestico em Anatomia

Patoloacutegica credenciado pela SES Outros exames desta cliacutenica natildeo contemplados no

credenciamento satildeo contratualizados pelo CIS por meio de tabela especiacutefica solicitada

pelo prestador O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute credenciado mas a consulta de avaliaccedilatildeo natildeo

faz parte do credenciamento

A participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica do SUS tambeacutem eacute significativa na

assistecircncia ambulatorial para cliacutenicas especializadas algumas destas satildeo contratadas

pelo CIS As cirurgias de otorrino e algumas de ortopedia neurologia cirurgia vascular

oftalmoloacutegica e entre outras natildeo satildeo realizadas pelo SUS na regiatildeo Satildeo encaminhadas

via central de regulaccedilatildeo para a rede de referecircncia do estado em Cuiabaacute Em Mato

Grosso todas as regiotildees no periacuteodo de 2002 a 2010 apresentaram aumento das

despesas com assistecircncia ambulatorial e na regiatildeo em estudo o aumento foi de 164

Em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de meacutedia complexidade o incremento foi de 125 ficando

entre as trecircs regiotildees do estado que apresentaram mais incremento e entre as que tiveram

uma menor variaccedilatildeo nos gastos por internaccedilatildeo (Mendonccedila 2012)

A Tabela 5 mostra o nuacutemero de leitos por municiacutepio Observa-se que existem

municiacutepios que natildeo dispotildeem leitos puacuteblicos Do total de leitos existentes a maioria estaacute

concentrada no setor privado

14

Resoluccedilatildeo CIB nordm 042 de 30 de Outubro de 2003 e Resoluccedilotildees CIB no 36 de 04032010

15 Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 026 de 11 de Marccedilo de 2011- Dispotildee sobre o credenciamento do Instituto

Diagnoacutestico em Anatomia Patoloacutegica SS LTDA- INDAP junto ao SUS no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra situado na microrregiatildeo Meacutedio Norte Mato-grossense do Estado de Mato Grosso 16

Resoluccedilotildees CIB no

36 de 04032010 - Dispotildee sobre o credenciamento junto ao Sistema Uacutenico de

Sauacutede - SUS da Cliacutenica Doyon para realizar serviccedilo de Ressonacircncia Magneacutetica no municiacutepio de

Tangara da Serra-MT

70

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010

Municiacutepios

SUS Natildeo SUS

TOTAL Puacuteblicos PrivadoContratado Privados

No

No

No

Arenaacutepolis - - 23 958 1 42 24

Barra do Bugres 78 100 - - - - 78

Campo Novo do Parecis - - 23 822 5 178 28

Denise - - 24 100 - - 24

Nova Oliacutempia - - 20 465 23 535 43

Sapezal - - 40 816 9 184 49

Tangaraacute da Serra 39 223 82 469 54 308 175

TOTAL 117 278 212 504 92 218 421

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados CNESDATASUS

Nesses dois municiacutepios os hospitais satildeo puacuteblicos mas aparecem no CNES como leitos privados

contratados por serem de direito privado e geridos por OSS (CNP) e irmatildes de caridade(Sapezal)

A maioria dos leitos existentes (722) eacute do setor privado destes quase 70

(212) satildeo contratadoscredenciados pelo SUS Do total de leitos da regiatildeo 782 satildeo

utilizados pelo SUS Apenas no municiacutepio de Barra do Bugres os leitos puacuteblicos satildeo a

opccedilatildeo exclusiva de leitos Nos demais existe oferta privada e parte dos leitos eacute

contratada pelo SUS Em Campo Novo do Parecis e Sapezal os leitos existentes satildeo

filantroacutepicos sendo uma parte utilizada pelo SUS e outra para atender ao convecircnio

com operadoras de planos de sauacutede

De 2007 a 2010 foram fechados dois hospitais privados na regiatildeo e reduziram-se

17 leitos mas aumentaram 18 leitos puacuteblicos A maior capacidade de oferta de leitos

pelo SUS estaacute no municiacutepio de Tangaraacute da Serra mas satildeo apenas leitos puacuteblicos de

observaccedilatildeo ficando a rede puacuteblica dependente da rede privadafilantroacutepica

No ano de 201017

os leitos hospitalares da regiatildeo representaram disponibilidade

(por 1000 habitantes) de 055 leitos puacuteblicos 100 leitos privadosfilantroacutepicos 155

leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS e 199 leitos existentes Estas taxas satildeo inferiores ao

paracircmetro estabelecido pelo Ministeacuterio da Sauacutede de 25 a 30 leitos1000 habitantes e

mostram insuficiecircncia na capacidade instalada e desigualdades de oferta quando a

disponibilidade eacute calculada por municiacutepios (MS 2002b)

17

De acordo com o paracircmetro de programaccedilatildeo segundo a Portaria 1101 GMMS2002 para essa

populaccedilatildeo a necessidade de leitos hospitalares na regiatildeo para o ano de 2010 eacute de 527 leitos Para

esse total de leitos a necessidade de leitos de UTI pode variar de 21 a 52

71

Nova Oliacutempia eacute o uacutenico municiacutepio da regiatildeo onde o hospital privado tem a maior

proporccedilatildeo de leitos exclusivos para o setor privado Este municiacutepio tem a maior

cobertura populacional da sauacutede suplementar 593 em 2010 A cobertura de sauacutede

suplementar nos municiacutepios tem relaccedilatildeo com o mercado de trabalho ou seja eacute maior

naqueles municiacutepios que concentram grandes empresas e que oferecem planos de sauacutede

empresarial aos trabalhadores

Os trecircs municiacutepios da regiatildeo que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar (Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso) encaminham seus pacientes respectivamente

para os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres e Tangaraacute da Serra

As internaccedilotildees hospitalares (por 100 habitantes) oscilaram em alguns municiacutepios

e vecircm reduzindo na regiatildeo acompanhando a tendecircncia do estado e do paiacutes (Tabela 6)

Nem todas as internaccedilotildees que acontecem na regiatildeo estatildeo no banco de dados do SIH

pois em muitas das que ocorrem pelo CIS natildeo satildeo utilizadas AIH Aleacutem disso ocorrem

internaccedilotildees acima do teto fisico de AIH

Tabela 6 ndash Percentual de internaccedilotildees em triecircnios segundo municiacutepio de residecircncia e de

internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2001-

2009

Municiacutepios Por municiacutepio de residecircncia Por municiacutepio de internaccedilatildeo

2001-3 2004-6 2007-9 2001-3 2004-6 2007-9

Arenaacutepolis 98 101 81 87 85 81

Barra dos Bugres 77 82 76 78 87 82

Campo Novo do Parecis 73 55 54 68 47 50

Denise 95 76 52 86 65 45

Nova Marilacircndia 55 57 68 - - -

Nova Oliacutempia 82 64 65 72 50 55

Porto Estrela 81 73 54 - - -

Santo Afonso 65 85 70 - - -

Sapezal 22 59 65 17 54 59

Tangaraacute da Serra 81 76 66 72 73 62

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 77 73 66 67 65 60

Mato Grosso 77 69 61 77 69 60

Centro- Oeste 78 74 65 79 75 66

Brasil 69 65 60 69 65 60

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIHDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

No periacuteodo de 2001 a 2009 o municiacutepio de Barra do Bugres que dispotildee de

hospital de referecircncia na regiatildeo registrou maior nuacutemero de AIH pagas por municiacutepio de

de internaccedilatildeo em relaccedilatildeo a municipio de residecircncia Os demais apresentaram maior

72

nuacutemero de internaccedilotildees por municiacutepio de residecircncia mostrando que a regiatildeo tem uma

mobilidade de internaccedilotildees significativa Os dados disponiacuteveis natildeo permitem identificar

se tal mobilidade ocorre intra ou interregional

Entre 2008 e 2011 a maior proporccedilatildeo de internaccedilotildees enquadra-se na categoria de

meacutedia complexidade (985) as de alta complexidade em sua maioria restringem-se

agravequelas que se deram na UTI A oferta de serviccedilo de meacutedia e alta complexidade na

regiatildeo tambeacutem estaacute concentrada no setor privado Entre 2001 e 2009 houve aumento no

atendimento da meacutedia e alta complexidade na regiatildeo e pode indicar que o acesso a

esses serviccedilos foi facilitado pela disponibilidade de profissionais especializados

vinculados ao CIS e pelo acesso agrave UTI

Em 2010 a cobertura do Sistema de Sauacutede Suplementar era significativa na regiatildeo

221 da populaccedilatildeo mas desigual entre os municiacutepios (Tabela 7) A cobertura regional

eacute semelhante agrave do Brasil (225) mas superior agrave do estado (116) e da regiatildeo Centro-

Oeste (149)

Tabela 7 ndash Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por municiacutepio

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2000 2005 e 2010

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados da ANSDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

A Unimed Vale do Sepotuba com sede administrativa em Tangaraacute da Serra

abrange a maioria dos municiacutepios que pertencem a esta regiatildeo de sauacutede Com a sua

implantaccedilatildeo elevou-se a cobertura da populaccedilatildeo com acesso a Planos de Sauacutede em

Municiacutepios Cobertura Sauacutede Suplementar

2000 2005 2010

Arenaacutepolis 23 37 61

Barra dos Bugres 28 39 126

Campo Novo Parecis 27 60 192

Denise 09 18 72

Nova Marilacircndia 16 22 51

Nova Oliacutempia 26 43 593

Porto Estrela 12 15 38

Santo Afonso 02 16 19

Sapezal 40 138 392

Tangaraacute da Serra 81 138 208

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 46 83 221

Mato Grosso 53 102 116

Regiatildeo Centro Oeste 108 128 149

Brasil 178 182 225

73

especial na modalidade de planos coletivos empresariais A cobertura da populaccedilatildeo por

este sistema pode estar relacionada agraves dificuldades da gestatildeo puacuteblica em oferecer

serviccedilos de qualidade e diversidade para as necessidades da populaccedilatildeo (Santos 2010)

pela insuficiecircncia de serviccedilos de sauacutede puacuteblica na regiatildeo ou por natildeo dispor de recursos

financeiros puacuteblicos proporcionais ao aumento populacional da regiatildeo (Menicucci

2007)

Nesta regiatildeo natildeo eacute incomum que os beneficiaacuterios de Planos de Sauacutede empresarial

recorram agrave rede SUS quando a eles satildeo solicitados procedimentos natildeo cobertos pelos

seus planos Nestes casos a mobilidade desses beneficiaacuterios para a rede SUS produz

iniquidades visto que se utilizam dos planos para o acesso mais raacutepido ao serviccedilo em

especial para as consultas meacutedicas especializadas sem ter que ficar aguardando a

liberaccedilatildeo de vaga Tal agilizaccedilatildeo facilita tambeacutem o acesso mais raacutepido a medicamentos

exames e procedimentos da rede SUS que por ser um sistema universal natildeo apresenta

barreiras para este tipo de demanda no sistema puacuteblico Estes beneficiaacuterios usam o

dispositivo constitucional da universalidade para se beneficiar e satisfazer suas

necessidades usufruindo o melhor dos dois sistemas (Castro 2006)

A principal operadora na regiatildeo eacute a Unimed que assim como o setor puacuteblico

encontra dificuldades com a escassez de especialidades e de serviccedilos de maior

complexidade instalados nos municiacutepios visto que os que existem estatildeo concentrados

em alguns municiacutepios da regiatildeo e em quantidade insuficiente para a demanda

populacional A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos da regiatildeo para

atender seus beneficiaacuterios Observa-se nestes casos uma interface puacuteblico-privada em

que a Unimed manifesta o interesse em estabelecer parceria com unidades puacuteblicas

para manter a prestaccedilatildeo de serviccedilos meacutedicos naqueles locais e assim possibilitar a

expansatildeo da sua cartela de planos empresariais

A operadora natildeo tem estrutura hospitalar proacutepria absorve os serviccedilos e as

especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo que correspondam aos seus criteacuterios de

credenciamento A instalaccedilatildeo da cooperativa meacutedica na regiatildeo facilitou a expansatildeo de

adesotildees aos planos de sauacutede aleacutem disso o aumento da cobertura pode estar relacionada

ao nuacutemero de trabalhadores autocircnomos vinculados agraves empresas existentes nos

municiacutepios de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia Sapezal e

Tangaraacute da Serra que juntos perfazem 965 dos beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

74

Nos municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova Marilacircndia Porto Estrela e Santo

Afonso o mercado de planos de sauacutede eacute incipiente ficando a maior parte da populaccedilatildeo

dependente dos serviccedilos do SUS

Ateacute dezembro de 2010 os quase cinquenta mil beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

da regiatildeo estavam assim vinculados agrave sauacutede suplementar 721 - plano coletivo

empresarial 268 - plano coletivo por adesatildeo apenas 07 com plano individual ou

familiar e o restante natildeo informado

Aleacutem das modalidades tradicionais de sauacutede suplementar que existem no

mercado nesta regiatildeo haacute uma denominada Univida que natildeo eacute um plano de sauacutede mas

oferece ao beneficiaacuterio a oportunidade de acesso a serviccedilos de sauacutede da rede privada a

um custo mais acessiacutevel A Univida18

tem a ela vinculada a Associaccedilatildeo Univida que

disponibiliza acesso aos serviccedilos do prestador privado e oferece cobertura a sete

municiacutepios da regiatildeo Essa associaccedilatildeo manteacutem contratos de atendimento com

profissionais laboratoacuterios cliacutenicas e hospitais nos municiacutepios de Tangaraacute Barra do

Bugres Nova Oliacutempia e Cuiabaacute apenas para as especialidades natildeo disponiacuteveis na

regiatildeo

As situaccedilotildees citadas satildeo alternativas para o acesso das pessoas agrave rede de serviccedilos

de sauacutede puacuteblica e privada da regiatildeo mas caracterizam iniquidades no acesso O acesso

destes beneficiaacuterios aos serviccedilos de sauacutede muitas vezes eacute viabilizado com a participaccedilatildeo

do setor puacuteblico que custeia as necessidades oriundas de consultas exames ou

procedimentos Para outros o acesso se viabiliza com recursos das famiacutelias ou das

empresas privadas quando se refere aos planos e seguros de sauacutede ou diretamente pelas

famiacutelias quando se trata de pagamento out-of-pocket (Castro 2006) Direta ou

indiretamente satildeo canalizados recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema

privado

Tanto a Unimed como a Associaccedilatildeo Univida satildeo alternativas importantes e

facilitam o acesso na regiatildeo Por meio da Univida o usuaacuterio do SUS a um menor custo

e tempo de espera tem o seu acesso sem precisar deslocar-se para fora da regiatildeo Aleacutem

do acesso mais raacutepido aos serviccedilos haacute uma crenccedila que atrai a populaccedilatildeo para a

assistecircncia privada a de que ela tem mais qualidade do que os serviccedilos oferecidos pelo

Sistema de Sauacutede Puacuteblica (Bahia 2010)

18

A Univida eacute um plano de assistecircncia funeral que criou uma associaccedilatildeo formada pelos beneficiaacuterios

do plano que permite estabelecer convecircnio com prestadores de serviccedilos de sauacutede

75

Os dados aqui expostos satildeo compatiacuteveis com os indicadores apresentados no

Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 (MT 2007b) que descreve as

caracteriacutesticas das doze regiotildees de planejamento Neste plano em que a regiatildeo VIII-

Oeste contempla oito dos dez municiacutepios da regiatildeo em estudo satildeo citados como pontos

de estrangulamentos a fraacutegil integraccedilatildeo entre os municiacutepios da regiatildeo a pobreza e

desigualdade intrarregional (baixos indicadores sociais principalmente em relaccedilatildeo agrave

mortalidade infantil e analfabetismo funcional) deficiente infraestrutura de serviccedilos

sociais urbanos deficiecircncia de saneamento baacutesico e baixa capacidade de investimento

dos setores puacuteblico e privado locais (MT 2007c) Os pontos citados reiteram as

caracteriacutesticas da regiatildeo jaacute apresentadas constituem fragilidades influenciam a

organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo puacuteblica e mostram as necessidades de intervenccedilatildeo do

estado para que esta regiatildeo de sauacutede possa desenvolver-se e tornar-se de fato autocircnoma

76

5 As Estrateacutegias de Regionalizaccedilatildeo

no Estado e na Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

77

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

As estruturas administrativas descentralizadas da SES de Mato Grosso foram

organizadas por regiotildees desde a deacutecada de 1980 periacuteodo em que essa secretaria

constituiu cinco Polos Regionais de Sauacutede A estes eram designadas as funccedilotildees de

supervisionar as unidades de sauacutede vinculadas e geridas pelo estado nos municiacutepios que

conformavam as regiotildees cobertas pelos polos abastecendo essas unidades com

medicamentos insumos e outros recursos necessaacuterios para seu funcionamento (Gonzaga

2002)

Naquele periacuteodo os polos regionais de sauacutede foram implantados nas regiotildees que jaacute

tinham seu espaccedilo naturalmente consolidado por questotildees geograacuteficas poliacuteticas e ateacute

mesmo por identidades econocircmicas mas a poliacutetica de sauacutede regionalizada somente se

inicia neste estado em meados da deacutecada de 1990 quando as prioridades da poliacutetica

estadual de sauacutede satildeo expressas no documento ldquoPoliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

diretrizes estrateacutegias e projetos prioritaacuteriosrdquo (MT 1995) Este documento define as

estrateacutegias de gestatildeo regionalizada direciona as atividades da SES para o fortalecimento

do espaccedilo regional e avanccedila nas propostas de descentralizaccedilatildeo a partir da cooperaccedilatildeo

intergovernamental considerada necessaacuteria para o fortalecimento da regiatildeo para a

organizaccedilatildeo das estruturas de regulaccedilatildeo e governanccedila regionalizada

Ateacute 1995 as atividades desenvolvidas pelos Polos Regionais de Sauacutede eram

restritas e natildeo estavam articuladas para o desenvolvimento e gestatildeo regionalizada da

sauacutede (Gonzaga 2002) Foi a partir da definiccedilatildeo da poliacutetica de conduccedilatildeo regionalizada

da SES que as Secretarias Municipais de Sauacutede passaram a receber cooperaccedilatildeo teacutecnica

para o fortalecimento da gestatildeo municipal para o planejamento das accedilotildees aleacutem de

incentivo para a participaccedilatildeo ativa dos gestores nas CIB regionais entatildeo instituiacutedas

criando naquele periacuteodo meios para a governanccedila regionalizada

Para o avanccedilo do processo de descentralizaccedilatildeo da sauacutede no estado e para a

ampliaccedilatildeo das relaccedilotildees intergovernamentais a SES criou novas regiotildees de sauacutede e

implantou em todas elas as bases institucionais da regionalizaccedilatildeo Os polos foram

transformados em Escritoacuterios Regionais de Sauacutede (ERS) deu-se sua reestruturaccedilatildeo

78

teacutecnica e operacional suas equipes foram ampliadas e os profissionais capacitados

para o desenvolvimento das accedilotildees contempladas no Plano Estadual de Sauacutede (PES) A

dinacircmica de trabalho da SES e dos ERS foi alterada e o foco passou a ser a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede (Guimaratildees 2002)

De 1995 a 2002 como parte da Poliacutetica Estadual de Sauacutede foram criadas e ou

fortalecidas outras instacircncias de accedilatildeo puacuteblica nos espaccedilos regionais com destaque para

as CIB regionais os CIS e as Cacircmaras de Compensaccedilatildeo de AIH que posteriormente

passaram a ser centrais regionais de regulaccedilatildeo (Muller Neto e Lotufo 2002) A SES

instituiu e incentivou o planejamento elaborou o PDR o PDI viabilizou as pactuaccedilotildees

da atenccedilatildeo baacutesica com os pactos instituiacutedos pelo Ministeacuterio da Sauacutede e criou meios para

a negociaccedilatildeo das referecircncias secundaacuterias utilizando a PPI como instrumento de

negociaccedilatildeo intergestores

Sob a vigecircncia da NOAS2002 todos os municiacutepios do estado foram habilitados

na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada exceto Cuiabaacute habilitado na Gestatildeo

Plena do Sistema Com os criteacuterios previstos na NOAS foram estabelecidas as

referecircncias no estado A capacidade instalada nos municiacutepios foi considerada um dos

criteacuterios para definiccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais e respectivos municiacutepios de

abrangecircncia Na regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra todos os municiacutepios foram

habilitados na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada e foram definidos os

municiacutepios para sede de moacutedulos assistenciais considerando a estrutura puacuteblica e

privada conveniada com capacidade de oferecer o elenco miacutenimo de procedimentos de

meacutedia complexidade para ser referecircncia intermunicipal (MS 2002a)

Nesta regiatildeo ficaram como sede de moacutedulos assistenciais o municiacutepio de Barra

do Bugres para Porto Estrela e Santo Afonso o municiacutepio de Tangaraacute da Serra para

Denise e Nova Marilacircndia os municiacutepios de Nova Oliacutempia Campo Novo do Parecis e

Sapezal ficaram como sede de moacutedulo para sua proacutepria populaccedilatildeo

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede pelo Ministeacuterio da Sauacutede em 2006 a

regionalizaccedilatildeo eacute proposta como estrateacutegia para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo Aleacutem disso

define uma nova dinacircmica de relaccedilotildees intergovernamentais orienta e propotildee diretrizes

para superar a fragmentaccedilatildeo decisoacuteria oferece meios para integrar os sistemas

municipais de sauacutede sob a coordenaccedilatildeo do gestor estadual e prevecirc a pactuaccedilatildeo das

79

responsabilidades compartilhadas entre os trecircs entes federativos expressas nos termos

de compromisso assinado entre os gestores (MS 2006)

Os Termos de Compromisso de Gestatildeo explicitam o processo gradual de

descentralizaccedilatildeo a ser desenvolvido pelos distintos entes federativos e evidenciam a

interdependecircncia entre os governos municipais e entre esses e o estado de modo que

sejam contempladas as desigualdades intermunicipais e regionais Neste sentido a

divisatildeo daquelas responsabilidades compartilhadas requer arranjos que contemplem a

realidade e as necessidades dos municiacutepios Esse processo natildeo eacute faacutecil visto que

ldquoenvolve jogos de cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo acordos vetos e decisotildees conjuntas entre

governos que possuem interesses e projetos frequentemente divergentes na disputa

poliacuteticardquo (Viana e Lima 2011 p15)

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede estavam instituiacutedas em Mato Grosso 16

microrregiotildees de sauacutede cada uma delas contando com um ERS (Figura 2) A

microrregiatildeo de Tangaraacute da Serra19

pertence agrave regiatildeo CentroNorte de Mato Grosso e

na vigecircncia do Decreto nordm 75082011 assim como as demais microrregiotildees do estado

foi transformada em regiatildeo de sauacutede denominaccedilatildeo que se utilizaraacute quando da referecircncia

a qualquer um desses territoacuterios

19

Oficialmente referida como regiatildeo do Meacutedio Norte Com a Resoluccedilatildeo CIBMT 065032012 todas

as microrregiotildees do estado passaram a ser regiotildees de sauacutede

80

Figura 2 - Regiotildees de Sauacutede Escritoacuterios Regionais e respectivos municiacutepios Mato

Grosso 2012

A regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra e as demais regiotildees do estado

acompanhando as caracteriacutesticas do desenvolvimento econocircmico de cada municiacutepio e

seus indicadores econocircmico-sociais apresentam desigualdades na capacidade instalada

e nos investimentos puacuteblicos e privados sobretudo naqueles de baixo dinamismo

econocircmico e com forte dependecircncia das transferecircncias intergovernamentais (federal e

81

estadual) e da rede de serviccedilos dos municiacutepios-sede de regiatildeo em especial para a

assistecircncia de meacutedia e alta complexidade e assistecircncia hospitalar

Quando o Pacto pela Sauacutede foi implantado em MT e nesta regiatildeo de sauacutede ele

natildeo se constituiu em grande novidade para o gestor municipal A regionalizaccedilatildeo do SUS

jaacute era reconhecida e institucionalizada e jaacute se trabalhava com foacuteruns de discussotildees nas

CIB regionais criadas a partir de 1995 No entanto quando se iniciaram os debates para

sua implantaccedilatildeo muitas accedilotildees regionalizadas estavam enfraquecidas e tal normativa

naquele momento representava a oportunidade de retomar as estrateacutegias de

fortalecimento da regiatildeo

Para a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo Municipal (TCGM) a

SES atraveacutes da Portaria no 026 de 9032006 formou um grupo teacutecnico de conduccedilatildeo

com o objetivo de ldquofortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato

Grosso bem como divulgar e implementar as diretrizes operacionais do Pacto pela

Sauacutede 2006 em consonacircncia com a esfera federalrdquo Com a participaccedilatildeo deste grupo a

SES realizou seis macros encontros regionais para discutir o pacto as diretrizes e as

responsabilidades a serem assumidas Aleacutem disso no ano de 2007 o COSEMS com o

projeto Rede SUS em Mato Grosso realizou vinte oficinas de planejamento e orccedilamento

nas 16 regiotildees de sauacutede com o objetivo de discutir os problemas regionais de sauacutede e

subsidiar os gestores na elaboraccedilatildeo do TCG (Ribeiro et al 2009) Essa mobilizaccedilatildeo

resultou na adesatildeo da maioria dos municiacutepios ao Pacto pela Sauacutede entre 2007 e 2010

Nesta regiatildeo apesar das incertezas quanto agraves responsabilidades a serem assumidas a

adesatildeo dos municiacutepios ocorreu no ano de 2008

Com o pacto a CIBMT20

manteve-se e as CIB regionais21

existentes foram

habilitadas a funcionar de acordo com as diretrizes dessa normativa Tais instacircncias

intergestores foram denominadas de Colegiados de Gestatildeo Regional mantendo-se como

espaccedilos de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa contando com a mesma

composiccedilatildeo anterior ou seja com a participaccedilatildeo de gestores de sauacutede dos municiacutepios e

20

A CIB estadual tem 32 membros e composiccedilatildeo paritaacuteria entre SES e gestores municipais A

representaccedilatildeo da SES contempla parcialmente as instacircncias regionais Os municiacutepios satildeo

representados pelos 16 vice-presidentes regionais do COSEMS indicados no processo de eleiccedilatildeo da

diretoria do COSEMS A CIB eacute coordenada pelo Secretaacuterio de Estado de Sauacutede e suas reuniotildees

embora nem sempre ocorram mensalmente satildeo programadas para serem mensais As atas e

resoluccedilotildees satildeo divulgadas no site da SES (httpwwwsaudemtgovbrportalcib) 21

Resoluccedilatildeo CIBMT no 0622006 - dispotildee sobre a habilitaccedilatildeo do funcionamento das Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais do Estado de Mato Grosso de acordo com o Pacto pela Sauacutede

2006

82

da representaccedilatildeo estadual regional Os CGR contam com regimento que disciplina o seu

funcionamento e recebem recursos do MS para sua manutenccedilatildeo A CIB eacute uma unidade

orccedilamentaacuteria mantida com recursos do tesouro estadual (Viana et al 2010a)

Em 2008 foi criada a Cacircmara Bipartite Estadual22

composta pelo Secretaacuterio de

Estado da Sauacutede pelas secretarias adjuntas da SES e pelo COSEMS Atendendo ao

preconizado no Pacto pela Sauacutede consta no regimento aprovado pela Resoluccedilatildeo

CIBMT 0682008 que essa cacircmara foi criada com a finalidade de assessorar a

secretaria executiva e o plenaacuterio da CIB ldquona formulaccedilatildeo de poliacuteticas e estrateacutegias

especiacuteficas relativas agrave gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees inerentes ao setor sauacutede

desenvolvimento de estudos intercacircmbio de experiecircncias e proposiccedilatildeo de normasrdquo

(MT 2008) Em 2009 foi criada na regiatildeo de sauacutede em estudo a Cacircmara Teacutecnica

Regional

A CIES23

estadual surgiu em 2009 e as CIES regionais a partir de 200824

sendo a

de Tangaraacute da Serra em 2009 A CIES estadual tem a funccedilatildeo de discutir as

necessidades e viabilizar a Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente no estado e regiotildees de

Mato Grosso A comissatildeo estadual estaacute vinculada agrave CIBMT e as regionais ao CGR

As atividades programadas nos respectivos planos de educaccedilatildeo permanentes satildeo

desenvolvidas pela Escola de Sauacutede Puacuteblica de Mato Grosso que conta com a parceria

do COSEMS Ateacute 2010 havia no estado 14 CIES constituiacutedas mas nem todas

funcionando regularmente (Viana et al 2010a)

Como parte do Pacto pela Sauacutede e da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

oficializada pela Portaria GM no 19962007 o estado passou a receber recursos do

governo federal para qualificar os profissionais da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede orientado

pela integralidade da atenccedilatildeo Parte destes recursos o estado tem executado por

intermeacutedio da Escola de Sauacutede de Mato Grosso25

e a outra parte eacute transferida para as

CIES regionais Em 2007 a Resoluccedilatildeo CIB no 051 de 15082007 aprovou os projetos

de educaccedilatildeo permanente do SUS no estado para serem executados pela Escola de

22

Resoluccedilatildeo CIB no 030 de 12 de junho de 2008- Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Cacircmara Bipartite

Estadual e Cacircmaras temaacuteticas no acircmbito da Comissatildeo Intergestores Bipartite do Estado de MT 23

Resoluccedilatildeo CIB n 071 de julho de 2009 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo Ensino

Serviccedilo do Estado de Mato Grosso - CIESMT 24

Resoluccedilatildeo CIB no 011 de 17 de abril de 2008 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo

Ensino Serviccedilo ndash CIES Regional do Vale do Arinos no Estado de Mato Grosso 25

Esta escola foi implantada antes do pacto pela sauacutede e eacute o local onde funciona o Polo de

Capacitaccedilatildeo Formaccedilatildeo e Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede de Mato Grosso

83

Sauacutede Puacuteblica e pelas CIES regionais Alguns destes projetos foram realizados em

parceria com o COSEMS

Em 2009 foi aprovado pela CIB o Plano de Accedilatildeo de Educaccedilatildeo Permanente e

Educaccedilatildeo Profissional do Estado de Mato Grosso26

Este plano define que os recursos

somente seratildeo transferidos para as CIES regionais se estas apresentarem ao CGR e agrave

CIESestadual o Plano Regional de Educaccedilatildeo Pemanente - PAREPS Para alocar os

recursos foram considerados os criteacuterios cobertura de sauacutede da familia (30) nuacutemero

de profissionais do SUS na regiatildeo (20) populaccedilatildeo da regiatildeo (20) IDH dos

municipios da regiatildeo (20) e distacircncia da capital (10) Em setembro de 200927

a

Resoluccedilao 108CIBMT aleacutem de disciplinar a distribuiccedilatildeo de recursos e accedilotildees da

poliacutetica de educaccedilatildeo permanente alterou dois criteacuterios da resoluccedilatildeo anterior e definiu

novos valores para que cada uma das CIES das regiotildees pudessem continuar com as

accedilotildees de educaccedilatildeo permanente em sauacutede e fortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo do

SUS em Mato Grosso Em 2011 foi aprovado um novo plano de accedilatildeo da educaccedilatildeo

permanente28

e novos criteacuterios foram definidos

O quantitativo de recursos para cada uma das regiotildees conforme jaacute exposto ocorre

com base nos criteacuterios definidos pela SES e nos planos regionais das respectivas CIES

O valor financeiro definido para cada CIES regional eacute publicado em resoluccedilotildees da CIB

e transferido para a conta do Fundo Municipal de Sauacutede do municiacutepio indicado pelo

CGR Este municiacutepio passa a ser o responsaacutevel pelo pagamento de todas as despesas da

CIES referentes ao desenvolvimento dos projetos de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo

26

Resoluccedilatildeo CIB no 004 de 12 de marccedilo de 2009 - Dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para implementaccedilatildeo

da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT- foram definidos R$

143666754 para formaccedilatildeo teacutecnica executados pela Escola de Sauacutede Puacuteblica da SES Para

educaccedilatildeo permanente R$ 100566754 destes 6927 (R$ 69666764) foram depositados na conta

do fundo estadual de sauacutede para execuccedilatildeo das acotildees de ambito estadual e 3072 (R$30900000)

foram descentralizados para as CIES regionais atendendo agraves diretrizes do Pacto pela Sauacutede 27

Resoluccedilatildeo CIB no 108 de 02 de setembro de 2009 - dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo e a definiccedilatildeo das

accedilotildees da Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT conforme Plano de Accedilatildeo

para Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede - Portaria no 28132008 - para execuccedilatildeo em 2009 dos

recursos destinados aos fundos muncipais de sauacutede 28

Resoluccedilatildeo CIBMT Nordm 127 de 10 de novembro de 2011 - dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para

Implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente no Estado de MT- define que parte

dos recursos seraacute executada pela Escola de Sauacutede Puacuteblica para educaccedilatildeo profissional

(R$143719141) e a outra parte administrada de forma descentralizada conforme os Planos

Regionais de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede das CIES

84

Os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede29

atualmente 15 em funcionamento no

estado atendem a 125 municiacutepios e cobrem 625 da populaccedilatildeo mato-grossense (Botti

et al 2013) Eles foram incentivados e apoiados teacutecnica e financeiramente pela SES a

partir de 1995 para fortalecer as referecircncias nas regiotildees de sauacutede na atenccedilatildeo de meacutedia

complexidade ambulatorial e hospitalar e apoio diagnoacutestico Configuram cinco

modelos diferentes de gestatildeo de serviccedilos e utilizam para a sua implantaccedilatildeo estruturas

puacuteblicas municipais e ou estadual filantroacutepicas e privadas conforme a realidade das

respectivas regiotildees de sauacutede Na regiatildeo em estudo o CIS foi implantado em 1998 no

modelo que prevecirc a parceria com o setor privado

A participaccedilatildeo financeira do estado nos consoacutercios ocorre mediante convecircnio

estabelecido entre a SES e os municiacutepios30

consorciados (Botti 2010) para viabilizar a

oferta de consultas meacutedicas especializadas de internaccedilatildeo hospitalar exames e outros

procedimentos pactuados conforme as necessidades das respectivas regiotildees e modelo

de gestatildeo do consoacutercio

Nesta regiatildeo de sauacutede a contrapartida do estado eacute de 50 sobre a cota total fixa

por municiacutepio31

depositada diretamente na conta do consoacutercio A partir de 2008 a

transferecircncia dos recursos financeiros passou a ser diretamente na conta dos municiacutepios

atendendo ao Decreto32

do Governo de Mato Grosso que dispotildee sobre o Sistema de

Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos

29

Duas leis estaduais regulamentam o funcionamento dos consoacutercios no Estado de Mato Grosso Lei

nordm 81892004 - que dispotildee sobre o funcionamento em regime de cogestatildeo de Hospitais Municipais

que satildeo referecircncia dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e a Lei nordm 81902004 - que instituiu

normas gerais de parceria entre o estado e os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede Os consoacutercios

satildeo fiscalizados pelo Tribunal de contas do Estado de MT satildeo formados pelos municiacutepios da regiatildeo

de sauacutede contam com estrutura administrativa composta pelo Conselho Diretor-prefeitos Conselho

Fiscal ndash conselheiros de sauacutede Conselho Intermunicipal de Sauacutede ndash secretaacuterios de sauacutede e Secretaria

Executiva 30

Para o municiacutepio fazer parte do CIS necessita de lei municipal aprovada pela cacircmara de vereadores

autorizando a Secretaria Municipal de Sauacutede a transferir mensalmente para a conta do consoacutercio os

recursos correspondentes agrave cota fixa mensal 31

Para cada municiacutepio integrante eacute calculado de acordo com a sua populaccedilatildeo um valor per capita

para desembolso mensal fixo tanto por parte do estado como dos municiacutepios que eacute variaacutevel de

acordo com o tipo e complexidade do serviccedilo oferecido As cotas fixas satildeo programadas para cobrir

um percentual pactuado entre os gestores para cobertura das necessidades populacionais que nem

sempre chegam a 100 das necessidades Caso o municiacutepio solicite cota extra o estado natildeo

complementa o valor financeiro a ser transferido 32

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de

Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras

providecircncias Este decreto foi revogado posteriormente pelo Decreto nordm 1455 de 17 de julho de

2008

85

Fundos Municipais de Sauacutede Neste mesmo ano de 2008 o novo organograma da SES33

retirou da sua estrutura administrativa a Gerecircncia dos consoacutercios

No que se refere agrave regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede demandou a reestruturaccedilatildeo do complexo regulador no estado e na regiatildeo e novas

regras foram estabelecidas O sistema estadual e regional de regulaccedilatildeo iniciou suas

atividades em 1998 quando a resoluccedilatildeo da CIBMT no 02198 aprovou as bases

institucionais de organizaccedilatildeo do fluxo de pacientes na rede de atenccedilatildeo SUS (Guimaratildees

2002)

Com base na Lei estadual no 7990 de 2003 foi criado o cargo de meacutedico

regulador do SUS com atribuiccedilotildees entre outras de regular a oferta de serviccedilos de

sauacutede e priorizar o atendimento considerando o grau de complexidade das demandas

eletivas e de urgecircncia e propiciar a interligaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis assistenciais do

sistema estadual e regional de sauacutede Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede a Central

Regional de Regulaccedilatildeo (CRR) de Tangaraacute da Serra contou com meacutedico regulador em

sistema de plantatildeo de 24 horas para ser o contato dos municiacutepios na regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional

As Secretarias Municipais de Sauacutede que natildeo tinham centrais de regulaccedilatildeo tiveram

que organizaacute-la para ordenar o fluxo municipal e intermunicipal com o parecer do

meacutedico regulador municipal e com o apoio da Central Regional de Regulaccedilatildeo Nesta

regiatildeo as internaccedilotildees intra ou intermunicipais satildeo reguladas nos respectivos municiacutepios

e ou pela central regional quando o caso requer encaminhamento A regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional ocorre com base na PPI realizada entre gestores no CGR Sua atualizaccedilatildeo

segue as normas da SES

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Decreto no 2485 de 20042010 muda a

estrutura organizacional da SES e cria nas cinco macrorregiotildees do estado a Gerecircncia

de Gestatildeo Macrorregional com a finalidade de ser a responsaacutevel pelo gerenciamento e

implementaccedilatildeo do Complexo Regulador Regional assim como das Centrais Municipais

de Regulaccedilatildeo em consonacircncia com as normas estabelecidas pela Coordenadoria de

Regulaccedilatildeo

33

Decreto nordm 1431 de 28 de julho de 2008 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da SES a

redistribuiccedilatildeo de cargos em comissatildeo e funccedilotildees de confianccedila

86

De acordo com o Decreto nordm 2916 de outubro de 2010 que aprova o regimento

interno da SES a Coordenadoria de Regulaccedilatildeo ligada agrave Superintendecircncia de

Regulaccedilatildeo Controle e Avaliaccedilatildeo da SES passa a ser a responsaacutevel por organizar o

acesso aos serviccedilos de atenccedilatildeo agrave sauacutede no estado competindo a ela entre outras

medidas propor estrateacutegias de acesso monitorar o processo de regulaccedilatildeo e subsidiar o

planejamento da gestatildeo e assistecircncia Ligado agrave Central Estadual de Regulaccedilatildeo o

Tratamento fora do Domiciacutelio (TFD) estaacute centralizado e o acesso dos municiacutepios

ocorre mediante solicitaccedilatildeo encaminhada pela CRR

A partir de entatildeo a regiatildeo de Tangaraacute da Serra passou a contar com a Gerecircncia de

Gestatildeo Macrorregional mas em 2013 de acordo com o Decreto nordm 1855 de 12 de

julho de 2013 que dispotildee sobre a estruturaccedilatildeo da SES as Gerecircncias de Gestatildeo

Macrorregional nas regiotildees de sauacutede foram extintas as macrorregiotildees deixaram de

existir e todas as microrregiotildees passaram a serem denominadas regiotildees de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos incentivos para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede por parte do governo

federal foram mantidas as transferecircncias dos recursos alocados pela PPI mas tambeacutem

foram criadas novas modalidades como a transferecircncia de recursos para a regiatildeo

desenvolver accedilotildees de educaccedilatildeo permanente por meio da CIES estadual e das CIES

regionais para manter em funcionamento o CGR e o incentivo de Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais34

como parte integrante do Componente Piso da Atenccedilatildeo

Baacutesica (PAB) variaacutevel

Na vigecircncia do pacto o estado manteve a estrateacutegia de criar incentivos financeiros

para serem transferidos aos municiacutepios fundo a fundo Eacute uma forma de fomentar o

processo de regionalizaccedilatildeo avanccedilar na descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

reorientar o modelo de atenccedilatildeo e fortalecer a gestatildeo municipal Entre os anos de 2006 a

2011 a SES referendou alguns incentivos criados a partir da deacutecada de 1990 e instituiu

novos incentivos para municiacutepios que cumprissem os criteacuterios estabelecidos e

publicados nas suas portarias e aprovados pela CIB Foi com base no Decreto estadual

no

765 de 17062003 que a SES continuou a transferir recursos da receita proacutepria do

Fundo Estadual de Sauacutede para os Fundos Municipais de Sauacutede Em 2008 foram

34

Em 2013 essa estrateacutegia passa a incorporar a parte fixa do Componente Piso de Atenccedilatildeo Baacutesica -

PAB Fixo Portaria GABMS nordm 1408 de 10 de julho de 2013

87

publicados novos decretos35

que disciplinam novas regras para as transferecircncias entre

os fundos de sauacutede

Os incentivos financeiros criados pelo estado contribuiacuteram em parte para

implementar a Atenccedilatildeo Primaacuteria de Sauacutede como tambeacutem a meacutedia e alta complexidade

demandadas pela atenccedilatildeo primaacuteria Foram assegurados no PES recursos financeiros

para o desenvolvimento das accedilotildees e ou programas Programa de Apoio e

Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede - PACIS

Microrregionalizaccedilatildeo - para as atividades do CAPS Hemorrede e Reabilitaccedilatildeo

Programa de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia - PASF Programa Sauacutede Bucal na ESF

Programa Diabete Mellitus - Insumos Complementares Programa de controle da

malaacuteria Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais - PASCAR

Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica e Programa de apoio agrave

organizaccedilatildeo estadual de urgecircncia e emergecircncia Alguns desses incentivos natildeo estatildeo

mais sendo implementados

Editada anteriormente ao pacto mas com vigecircncia ateacute 2008 a Portaria nordm 141 de

14082003GABSES foi revogada Esta Portaria disciplinou as transferecircncias

intergovernamentais definiu criteacuterios para que o municiacutepio pudesse receber os incentivos

do Programa de Incentivo agrave Microrregionalizaccedilatildeo da Sauacutede Em 2008 a SES edita a

Portaria nordm 112 de 06072008 que altera a modalidade de financiamento da meacutedia e alta

complexidade e refere que os municiacutepios somente teratildeo direito a esta transferecircncia se

preencherem os criteacuterios de Cobertura de PSF Cobertura de Sauacutede Bucal unidades

cadastradas no CNES ndash Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede existecircncia de

Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial ndash CAPS Para estes criteacuterios foram estabelecidos estratos 1

2 3 4 e 5 conforme a assistecircncia ofertada pelos municiacutepios

O valor a ser transferido para os diferentes estratos eacute diferenciado e considera

coberturas de PSF sauacutede bucal pronto atendimento sob gestatildeo municipal laboratoacuterios

de anaacutelises cliacutenicas de niacutevel primaacuterio e outros conforme a classificaccedilatildeo assistecircncia preacute-

natal atendimento ambulatorial e hospitalar nas aacutereas cliacutenica e pediaacutetrica e assistecircncia

ao parto atendimento ambulatorial e hospitalar em duas ou mais especialidades e

atendimento ambulatorial ou hospitalar como referecircncia macrorregional ou estadual

35

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 Decreto no 1455 de 17 de julho de 2008 que revoga o

anterior - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo

Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras providecircncias

88

Como parte integrante do Pacto pela Sauacutede foi definido que 5 do valor miacutenimo

do PAB-fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado deveria ser utilizado para as

especificidades regionais (MS 2006) Para o valor correspondente a cada regiatildeo foi

aprovado na CIBMT36

a Resoluccedilatildeo 05621092007 que dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo

deste incentivo destinado agrave atenccedilatildeo baacutesica PAB Variaacutevel-Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais Os criteacuterios para os municiacutepios acessarem estes recursos

foram os menores iacutendices na composiccedilatildeo dos seguintes indicadores IDH populaccedilatildeo

rural maior que a urbana coeficientes de mortalidade infantil iacutendice de Gini e renda per

capita abaixo da meacutedia do estado

Os municiacutepios contemplados para receber este incentivo elaboraram um plano de

accedilatildeo e o submeteram agrave aprovaccedilatildeo dos respectivos CGR para posterior encaminhamento

a CIB Este plano detalha a aplicaccedilatildeo exclusiva dos recursos para a melhoria da Atenccedilatildeo

Primaacuteria agrave Sauacutede as metas as accedilotildees a serem desenvolvidas e os prazos de execuccedilatildeo

Para o programa de controle da Malaacuteria a SES instituiu incentivo atraveacutes da

Portaria ndeg 135 de 11062007 que permaneceu ateacute o ano de 2008 Nesse ano foram

tambeacutem instituiacutedos incentivos para Assistecircncia Farmacecircutica na Atenccedilatildeo Baacutesica e para

o Programa Diabetes Mellitus-insumos complementares (Portaria SES ndeg 132 de

09092008) A transferecircncia dos recursos do programa de Diabetes deve ser precedida

de Termo de Compromisso entre Municiacutepios e a SESMT

Em 2008 a SES instituiu o Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica (Portaria nordm 113 de 08082008) definindo que os recursos dos

incentivos seriam liberados somente para os municiacutepios que alcanccedilassem o rol de dez

indicadores37

do Pacto pela Sauacutede ou tivessem IDH inferior a 0702 No ano de 2010

foi criado incentivo para o controle da dengue a municiacutepios que participaram da sala de

situaccedilatildeo da dengue

36

Esta resoluccedilatildeo foi revogada pela Resoluccedilatildeo CIB nordm 075 de 08112007 para a mesma finalidade 37

1 Coeficiente de mortalidade neonatal ou Nuacutemero absoluto de oacutebitos neonatal 2 Proporccedilatildeo de oacutebitos de

mulheres em idade feacutertil investigados 3 Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com 4 ou mais consultas

de preacute-natal ou Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal 4 Razatildeo

de exames citopatoloacutegico ceacutervico-vaginal na faixa etaacuteria de 25 a 59 anos em relaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo-alvo em

determinado local por ano 5 Cobertura de primeira consulta odontoloacutegica programaacutetica 6 Proporccedilatildeo da

populaccedilatildeo cadastrada pela Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia 7 Meacutedia anual de consultas meacutedicashabitante

nas especialidades baacutesicas 8 Cobertura vacinal em tetravalente em menor de 1 ano de idade 9

Proporccedilatildeo de cura dos casos novos de tuberculose pulmonar baciliacutefera 10 Proporccedilatildeo de cura dos casos

novos de hanseniacutease diagnosticados nos anos das coortes

89

Em 2012 a Portaria no 109 GBSES (2012) revoga a Portaria n

o 112 GBSES

(2008) e altera a modalidade de incentivo financeiro que passa a ser incentivo agrave

Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede cujo mecanismo de financiamento eacute efetivado dentro do

Sistema de Transferecircncia Fundo a Fundo Esta refere que os incentivos financeiros

seratildeo destinados apenas aos municiacutepios que garantirem as accedilotildees e serviccedilos nas aacutereas de

Reabilitaccedilatildeo Hemoterapia e Centros de Atenccedilatildeo PsicossocialCAPS ndash com valores

diferenciados para niacutevel I II e III

Em 2013 com a ediccedilatildeo da Portaria no 083 GBSES2013 foram estabelecidas

novas regras de distribuiccedilatildeo de recursos aos fundos municipais de sauacutede Esta refere

que para os municiacutepios receberem incentivos financeiros deveratildeo dispor dos seguintes

programas implantados Programa de Sauacutede Famiacutelia ndash PSF Programa de Sauacutede Bucal ndash

PSB Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais ndash PASCAR

Farmaacutecia Baacutesica e Diabetes Mellitus Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica ndash PIAMAB

Na assistecircncia hospitalar aleacutem dos incentivos transferidos para os CIS a SES

estabeleceu convecircnios com hospitais municipais para se tornarem referecircncia regional

credenciou serviccedilos da meacutedia e alta complexidade instalou UTI nas sedes de regiotildees

por meio de convecircnios com unidades hospitalares proacutepria municipal ou com o setor

privado Nesta regiatildeo de Tangaraacute da Serra foi estabelecido aditivo ao convecircnio com o

Hospital Municipal de Barra do Bugres para ser referecircncia regional aleacutem disso

credenciou serviccedilos de apoio diagnoacutestico unidade de hemodiaacutelise e manteve os oito

leitos de UTI instalados no hospital privado

Ao firmar convecircnios com o setor privado a SES estabeleceu novas relaccedilotildees entre

o puacuteblico e o privado no acircmbito da prestaccedilatildeo dos serviccedilos no estado e nas regiotildees Estas

iniciativas estrateacutegicas ampliam a oferta imediata de serviccedilos e favorecem o acesso em

especial nas regiotildees onde natildeo existe capacidade instalada que possa resolver os

problemas internamente mas satildeo relaccedilotildees que requerem controle monitoramento e

regulaccedilatildeo do setor puacuteblico para assegurar a qualidade dos serviccedilos e o cumprimento das

atividades privadas na condiccedilatildeo de complementaridade ao SUS

Para realizar a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos a SES elaborou o Manual de

Credenciamento e Habilitaccedilatildeo dos Serviccedilos Ambulatoriais e Hospitalares do Estado de

Mato Grosso que foram aprovados pela Resoluccedilatildeo CIBMT no 076 de 23072009

90

Desde 2011 a SES tem realizado chamamento puacuteblico por meio de edital38

para

selecionar instituiccedilotildees sem fins lucrativos interessadas na celebraccedilatildeo de contratos de

gestatildeo das estruturas puacuteblicas estaduais As organizaccedilotildees sociais tecircm atendido a este

chamamento e vaacuterios convecircnios de gestatildeo foram estabelecidos no acircmbito do estado

Estas organizaccedilotildees tecircm sido definidas como o modelo de gestatildeo viaacutevel para gerir o

Hospital Metropolitano do estado com sede em Cuiabaacute os Hospitais Regionais de

Caacuteceres Rondonoacutepolis Coliacuteder e Sorriso e a Farmaacutecia Cidadatilde com sede em Cuiabaacute A

parceria com as Organizaccedilotildees Sociais de Sauacutede tem repercutido de forma negativa no

sistema puacuteblico de sauacutede de Mato Grosso visto que foram detectadas irregularidades na

gestatildeo conduzidas por essas OSS que tecircm sido motivo de vaacuterias denuacutencias ao

Ministeacuterio Puacuteblico

No que se refere agraves estrateacutegias de superaccedilatildeo das iniquidades regionais natildeo existe

um fundo regional especiacutefico para este fim apenas a programaccedilatildeo financeira para

manutenccedilatildeo do ERS para atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica e o incentivo para as

especificidades regionais que nesta regiatildeo contempla apenas dois municiacutepios

No periacuteodo de 2006 a 2010 entre as despesas com assistecircncia hospitalar

realizadas com recursos do estado para PACIS hospitais regionais e convecircnios as

regiotildees que tiveram o maior per capita foram Caacuteceres (de 036 a 25275) Coliacuteder (de

153 a 9881) e Sinop (de 407 a 2815) Satildeo regiotildees onde o estado construiu equipou e

manteacutem os seus hospitais regionais Destas a regiatildeo de Rondonoacutepolis que tambeacutem tem

Hospital Regional do estado teve um per capita menor (224 a 340) Na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra o per capita foi de 222 a 524 (Mendonccedila 2012) provavelmente

devido aos leitos de UTI Observa-se que o quantitativo de recursos transferidos pela

SES por regiotildees difere muito e parece natildeo seguir um criteacuterio teacutecnico mesmo entre as

regiotildees com hospital regional do estado

Na vigecircncia do pacto houve pequenos investimentos na capacidade instalada de

regiotildees e municiacutepios Verifica-se que foram aprovados na CIBMT projetos para

construccedilatildeo e ou reforma de unidades de sauacutede Esses recursos pleiteados junto ao

Ministeacuterio da Sauacutede requerem a contrapartida dos municiacutepios para a sua aprovaccedilatildeo No

estado tambeacutem foram alocados recursos federais e estaduais em algumas regiotildees de

sauacutede para ampliar e construir hospitais regionais centros ciruacutergicos leitos de

38

Edital de seleccedilatildeo nordm 001SESMT2011 e nordm 003SESMT2011

91

estabilizaccedilatildeo e outros equipamentos hospitalares aquisiccedilatildeo de carros e ambulacircncias

investimentos em infraestrutura de unidades natildeo hospitalares e outros (Viana et al

2010a) Nesta regiatildeo de sauacutede natildeo houve investimentos

O Decreto no 75082011 ainda estaacute em processo de discussatildeo no estado mas o

CGR foi renomeado como Comissatildeo Intergestores Regional - CIR Algumas redes

como a rede de urgecircnciaemergecircncia e a rede cegonha por orientaccedilatildeo do MS39

e

resoluccedilatildeo CIB40

comeccedilaram a ser organizadas no estado e na regiatildeo Para organizar a

implantaccedilatildeo de tais redes na regiatildeo em estudo foram enviados questionaacuterios para as

SMS preencherem as informaccedilotildees solicitadas A equipe do ERS de Tangaraacute da Serra

respondeu ao questionaacuterio mas ainda natildeo haacute rede em funcionamento pois natildeo foi

consenso entre os gestores a sua implantaccedilatildeo na regiatildeo

39

A Portaria GMMS nordm 1600 de 7 de julho de 2011 reformula a Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo agraves

Urgecircncias e institui a Rede de Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias no SUS 40

Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 121 de 17 de maio de 2012 dispotildee sobre o Plano Regional da Rede de

Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias da Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do Estado de Mato Grosso

92

6 O Complexo Regional e a

Institucionalidade da Regionalizaccedilatildeo

na Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra

93

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

61 O complexo regional

O complexo regional desta regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde

a deacutecada de 1980 Conta com as seguintes estruturas SMS ERS CGR Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede Central Regional de Regulaccedilatildeo Centrais Municipais de

Regulaccedilatildeo e Prestadores (puacuteblicos privados lucrativos privados filantroacutepicos e

operadora de planos de sauacutede) O funcionamento deste complexo tambeacutem abrange a

atuaccedilatildeo do segmento de representaccedilatildeo dos gestores (COSEMS) e do controle social

(CMS)

As Secretarias Municipais de Sauacutede (SMS) como jaacute caracterizadas quanto agrave sua

estrutura contam com equipe miacutenima de profissionais que atuam na gestatildeo Dos

gestores municipais nem todos tecircm formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede A estrutura

administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas teacutecnicas para coordenaccedilatildeo

e conduccedilatildeo dos trabalhos e os cargos de coordenaccedilatildeo satildeo de indicaccedilatildeo poliacutetica e em

sua maioria ocupados por pessoas sem formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede Contam com central

municipal de regulaccedilatildeo e um meacutedico regulador

Nas SMS os cargos da equipe de conduccedilatildeo satildeo ocupados em sua maioria por

profissionais que natildeo tecircm formaccedilatildeo teacutecnica na sauacutede seja pelo fato de serem cargos de

confianccedila seja pela indisponibilidade de profissionais com este perfil no municiacutepio

Aleacutem disso satildeo municiacutepios de pequeno porte que priorizam a contrataccedilatildeo de teacutecnicos

para o atendimento na rede de atenccedilatildeo municipal Portanto a gestatildeo municipal depende

da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS

No ERS instacircncia de representaccedilatildeo da SES o cargo de diretor eacute de indicaccedilatildeo

poliacutetica mas nesta regiatildeo na vigecircncia do pacto foi ocupado por teacutecnicos do quadro de

funcionaacuterios de carreira da SES Na regiatildeo em estudo o ERS conta com uma equipe de

mais de 30 profissionais e tem a funccedilatildeo de desenvolver accedilotildees de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios acompanhar e monitorar a vigilacircncia de atenccedilatildeo agrave sauacutede realizar as accedilotildees

da VISA coordenar o complexo regulador e regular a assistecircncia agrave sauacutede na regiatildeo

94

orientar a programaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas dos programas e a elaboraccedilatildeo do Planeja

SUS e acompanhar seus indicadores cooperar na elaboraccedilatildeo do Relatoacuterio de Gestatildeo

Municipal e no monitoramento dos indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo

coordenar as pactuaccedilotildees monitorar a execuccedilatildeo da PPI organizar e coordenar as

reuniotildees do CGR

Na vigecircncia do pacto no ERS da regiatildeo em estudo foram criadas pelo Decreto no

1431072008 trecircs gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de Gestatildeo

Macrorregional Estas facilitaram a organizaccedilatildeo interna para a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios No entanto nos uacuteltimos anos as atividades de cooperaccedilatildeo deixaram de

acontecer e o gestor refere que o ERS ldquocontinua sempre meio que esperando algueacutem

dar uma ordem natildeo tem iniciativa ele natildeo estaacute muito ativo nesta questatildeo da

regionalizaccedilatildeordquo (GM) Embora conte com profissionais em sua maioria de niacutevel

superior e que segundo os gestores satildeo profissionais que colaboram e que exercem

suas funccedilotildees o ERS natildeo tem obtido o apoio institucional para exercer a funccedilatildeo de

cooperaccedilatildeo em especial aquelas que exigem deslocamento para os municiacutepios

O ERS natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo tem autonomia seu

funcionamento eacute diretamente afetado pelas regras emanadas da SES que libera ou natildeo

sua programaccedilatildeo de atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios

Como parte do ERS e seguindo as bases organizacionais do Sistema de Referecircncia

Estadual41

(SER-SUS) a Central Regional de Regulaccedilatildeo42

foi reestruturada e foram

definidas regras para o estabelecimento de relaccedilotildees entre prestadores puacuteblicos e

privados Eacute coordenada por teacutecnicos do ERS e atua com base no protocolo da Central

Estadual de Regulaccedilatildeo Com o pacto a Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave

Sauacutede incentivou a implementaccedilatildeo de Complexos Reguladores (CR) para funcionarem

de forma articulada e integrada entre os entes federativos (Brasil 2006)

As Centrais Municipais de Regulaccedilatildeo apoiadas pela Central Regional

readequaram sua organizaccedilatildeo para o fluxo de encaminhamentos de internaccedilotildees

consultas exames especializados e outros procedimentos Alguns municiacutepios foram

contemplados com recursos do Ministeacuterio da Sauacutede para sua reorganizaccedilatildeo e

reestruturaccedilatildeo mas ateacute o momento ldquoningueacutem recebeurdquo (GM)

41

Implantado em 1998 - Resoluccedilatildeo CIBMT ndeg 21 de 1998 42

Tem sua origem a partir da cacircmara de compensaccedilatildeo de AIH criada em 1996

95

O processo de regulaccedilatildeo inicia-se com o meacutedico regulador municipal que analisa

as solicitaccedilotildees e ajusta o acesso do usuaacuterio de forma ordenada utilizando para isto a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada-PPI as guias do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

as Autorizaccedilotildees de Internaccedilatildeo Hospitalar (AIH) sob a gestatildeo municipal e outras guias

resultantes das contratualizaccedilotildees municipais Quando o paciente eacute regulado para fora do

municiacutepio a SMS se responsabiliza pelo transporte

O sistema de informaccedilatildeo utilizado pela Central Regional de Regulaccedilatildeo eacute o

SISREG e estaacute parcialmente implantado A SES pela Resoluccedilatildeo CIBMT no

1222010

definiu o prazo de doze meses para todos os municiacutepios implantarem-no mas nesta

regiatildeo nem todos os municiacutepios tecircm centrais municipais informatizadas e com acesso agrave

internet

O setor privado faz parte dos fluxos assistenciais da rede de atenccedilatildeo e referecircncia

nos municiacutepios e regiatildeo Os serviccedilos que este setor disponibiliza satildeo internaccedilotildees

cirurgia geral parto e UTI consultas meacutedicas ambulatoriais especializadas exames de

imagem e laboratoriais de meacutedia e alta complexidade e o serviccedilo de hemodiaacutelise

Alguns desses serviccedilos privados atendem agrave regiatildeo por meio do CIS ou de

credenciamentos e convecircnios O serviccedilo de hemodiaacutelise estaacute instalado em

estabelecimento puacuteblico gerenciado por empresa privada natildeo eacute regulado pelas centrais

municipal e regional atende a toda a regiatildeo e a consulta eacute paga agrave parte pelo gestor

municipal

Aleacutem da compra na regiatildeo algumas prefeituras compram serviccedilos de Cuiabaacute de

especialistas em oftalmologia cardiologia neurologia e urologia Estes profissionais

ficam de trecircs a quatro dias por mecircs no municiacutepio e atendem duzentos ou mais pacientes

O municiacutepio remunera pelos serviccedilos e custeia todas as despesas de deslocamento

hospedagem e alimentaccedilatildeo Satildeo alternativas utilizadas para reduzir a demanda

reprimida mas individualizadas que rompem com a loacutegica da regionalizaccedilatildeo

Na regiatildeo os estabelecimentos privados em sua maioria estatildeo localizados no

municiacutepio-sede Dependendo da contratualizaccedilatildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo municipal regional e ou estadual

Os leitos de UTI satildeo regulados pela Central Estadual e os da cliacutenica baacutesica pelas

centrais municipais As especialidades meacutedicas reguladas pela central regional satildeo

encaminhadas para Cuiabaacute que marca o atendimento conforme disponibilidade da

96

agenda do meacutedico As internaccedilotildees de referecircncia regional satildeo reguladas para o Hospital

Municipal de Barra Bugres e reguladas entre as centrais municipais As solicitaccedilotildees de

outros procedimentos e ou exames satildeo encaminhadas para a central regional que

analisa e se necessaacuterio envia para a central de regulaccedilatildeo estadual Toda regulaccedilatildeo

ocorre com base no protocolo da regulaccedilatildeo do estado

Nesta regiatildeo foram contratados desde 2005 trecircs meacutedicos reguladores e um

meacutedico supervisor que ficam agrave disposiccedilatildeo dos municiacutepios na central de regulaccedilatildeo

regional regulam a urgecircncia-emergecircncia e demais solicitaccedilotildees eletivas e ciruacutergicas dos

municiacutepios

As solicitaccedilotildees satildeo avaliadas pelos meacutedicos reguladores com base no protocolo

da regulaccedilatildeo e PPI As solicitaccedilotildees ciruacutergicas satildeo encaminhadas para avaliaccedilatildeo por

cirurgiatildeo em Cuiabaacute ou em Barra do Bugres As especialidades reguladas para fora da

regiatildeo geralmente satildeo aquelas natildeo vinculadas ao consoacutercio ou porque a cota do

consoacutercio jaacute foi preenchida que natildeo existem na regiatildeo ou que natildeo atendem agrave

complexidade solicitada Entre elas cirurgia geral cardiologia dermatologia

hepatologia oftalmologia urologia e outras

O fluxo a referecircncia e contrarreferecircncia na regiatildeo foram se definindo

naturalmente a ldquooferta de serviccedilo definiu a logiacutesticardquo (GE) Estes serviccedilos em sua

maioria estatildeo no municiacutepio-sede de regiatildeo Tangaraacute da Serra sendo providos pelo setor

privado e o acesso das demandas ocorre a um custo diferenciado da tabela SUS

financiado em maior proporccedilatildeo pelo gestor municipal e negociado pelo CIS Mesmo

com a existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a regiatildeo natildeo tem a autonomia e

a resolutividade prescrita no Pacto pela Sauacutede Dessa forma os encaminhamentos para a

capital natildeo satildeo escolhas mas a alternativa do gestor cujo cotidiano eacute permeado por

tensotildees e depende da rede de atenccedilatildeo inter-regional para acessar os serviccedilos

Ao encaminhar para a capital o gestor se depara com problemas da falta de

estrutura da rede puacuteblica de referecircncia estadual ldquoquando entra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o

problemardquo (GE) natildeo tem a vaga que foi pactuada na PPI e a regiatildeo que natildeo dispotildee de

estrutura puacuteblica ldquodepende das vagas existentes no municiacutepio de Cuiabaacuterdquo (GM)

Estes problemas se agravam quando relacionados agraves internaccedilotildees de UTI pois

desde que tal serviccedilo foi implantado em 2004 ldquonatildeo aumentou nenhum leito nessa

regiatildeordquo (GE) Aleacutem da falta de leitos de UTI os gestores com frequecircncia pagam agrave parte

97

alguns dos exames de pacientes internados na UTI desta regiatildeo pois natildeo estatildeo

contemplados no convecircnio

Os meacutedicos reguladores da regiatildeo em estudo julgando que o estado natildeo prioriza a

regionalizaccedilatildeo e por se sentirem incapazes para resolver os problemas da regulaccedilatildeo

inter-regional solicitaram exoneraccedilatildeo do cargo Desta forma a regulaccedilatildeo da

urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada na SES e esta regiatildeo perdeu o cargo de meacutedico

regulador Desde entatildeo a central regional passou a natildeo ter informaccedilotildees nem mesmo da

regulaccedilatildeo interna da regiatildeo

Os serviccedilos natildeo disponibilizados nos municiacutepios e nesta regiatildeo satildeo inseridos na

PPI para pactuaccedilatildeo com o gestor de Cuiabaacute Estes serviccedilos satildeo pactuados mas os

gestores dos municiacutepios desta regiatildeo sabem que a rede de Cuiabaacute natildeo dispotildee de

capacidade para o atendimento mas o faz por falta de opccedilotildees na regiatildeo e no estado

Natildeo haacute seguranccedila por parte do gestor municipal quanto ao fluxo dos

encaminhamentos refere que ainda natildeo se tem clareza ldquofica truncado a gente percebe

que nem a regiatildeo entende o que estaacute acontecendordquo (GM) Agraves vezes natildeo se consegue

vaga via central de regulaccedilatildeo mas sim ligando diretamente para o prestador de serviccedilos

em Cuiabaacute ou solicitando ajuda a poliacuteticos A accedilatildeo regulatoacuteria tem um papel importante

pode facilitar o acesso otimizar os recursos disponiacuteveis mas natildeo vai resolver os

problemas de acesso se natildeo houver gestatildeo eficiente e capacidade instalada suficiente

para responder agraves necessidades da populaccedilatildeo no estado e regiatildeo (Vilarins et al 2012)

Nesta regiatildeo a insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica torna imprescindiacutevel

a relaccedilatildeo com o setor privado por meio da contratualizaccedilatildeo do serviccedilo Alguns dos

gestores privados desta regiatildeo por vezes jaacute romperam parcialmente o atendimento e

escolhem os procedimentos a ofertar ao SUS Natildeo rompem totalmente a oferta mas natildeo

demonstram interesse em aceitar novos credenciamentos e solicitam tabela

complementar para continuar atendendo aos serviccedilos jaacute credenciados e ou contratados

Nesta regiatildeo a ausecircncia de investimentos puacuteblicos tem fortalecido a presenccedila do

setor privado na rede puacuteblica de sauacutede e enfraquecido o sistema puacuteblico que manteacutem

uma relaccedilatildeo de dependecircncia Esta situaccedilatildeo gera fragilidades aumenta o custo dos

serviccedilos e resulta em iniquidades de acesso pelas desigualdades sociais e econocircmicas

dos municiacutepios que pagam tabelas complementares

98

O Hospital Municipal de Barra do Bugres manteacutem convecircnio com a SES para ser

referecircncia na regiatildeo mas a SES tem realizado as transferecircncias financeiras com meses

de atraso e a gestora relata dificuldades para manter este atendimento Afirma que os

recursos da PPI natildeo cobrem as despesas e tambeacutem ldquonatildeo se consegue fazer todo esse

atendimento soacute com o valor AIHrdquo (GM) tem que recorrer agrave receita municipal para

manter o hospital em funcionamento e cumprir com o compromisso que o gestor

estadual assumiu na regiatildeo

Diante das dificuldades a gestora procurou resolver o problema na regiatildeo levou

para discussatildeo no CGR propocircs o pagamento da mesma tabela complementar que os

hospitais privados recebem para os atendimentos do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede Seu pedido foi negado sob o argumento de que independentemente do convecircnio

estadual os recursos da PPI estavam sendo transferidos regularmente e portanto era

obrigaccedilatildeo realizar este atendimento

Aleacutem da falta de recursos financeiros a gestora deste hospital refere outros

problemas entre eles o encaminhamento de pacientes por parte dos municiacutepios ldquosem

soro sem nenhum atendimento sem carteira sem documentaccedilatildeo sem nadardquo (GM)

problemas internos com os profissionais do hospital que satildeo resistentes em aceitar a

referecircncia regional alegam ldquonatildeo eacute paciente daqui noacutes natildeo temos a obrigaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a issordquo (GM) Procurou resolver estes problemas mas refere que natildeo contou

com o apoio da SESERS Com sua equipe orientou os municiacutepios mas com pouco

sucesso Observa-se nos relatos que embora seja de referecircncia natildeo se verifica nas

entrevistas reconhecimento deste hospital como regional o comportamento dos entes

federativos natildeo eacute cooperativo O repasse dos custos a outros entes (Abrucio 2002) eacute

comum entre os gestores desta regiatildeo na medida em que enviam pacientes sem nenhum

atendimento e entendem que o outro municiacutepio tem que atender em funccedilatildeo de uma

pactuaccedilatildeo mesmo sabendo que os valores recebidos natildeo cobrem as despesas

Quanto ao encaminhamento do paciente sem o primeiro atendimento o gestor

regulador informa que a regiatildeo precisa se qualificar em praacuteticas cliacutenicas ldquoo estado

precisa investir em capacitaccedilatildeo para noacutes diminuirmos as sequelas e o mau

atendimento nos diferentes municiacutepios Noacutes ainda recebemos complicaccedilotildees que natildeo

deveriam existirrdquo (GE)

99

Os prefeitos da regiatildeo foram ateacute a SES para resolver o atraso na transferecircncia dos

recursos a este hospital mas na reuniatildeo um assessor da SES alegou ldquoo repasse eacute

voluntaacuterio se tem dinheiro eu passo se natildeo tenho eu natildeo passordquo (GM) Observa-se

pelo exposto que natildeo haacute comprometimento com a regionalizaccedilatildeo Esta natildeo se constitui

em prioridade por parte desse assessor da SES em manter o compromisso assumido no

convecircnio Estas questotildees influenciam a regionalizaccedilatildeo dificultam a integraccedilatildeo entre os

entes federativos e resultam em accedilotildees isoladas onde cada um vai procurar resolver o

seu problema jaacute que natildeo conta com accedilotildees coordenadas e de apoio agrave gestatildeo

regionalizada Aleacutem disso geram questionamentos por parte do gestor ldquoeu natildeo sei que

regionalizaccedilatildeo eacute essardquo (GM)

Observa-se por meio do relato dos gestores que os serviccedilos estatildeo

desarticulados Aleacutem disso os fluxos natildeo satildeo respeitados a realidade dos municiacutepios

natildeo eacute considerada na comunicaccedilatildeo do agendamento pela Central de Regulaccedilatildeo de

Cuiabaacute que comunica a liberaccedilatildeo do agendamento de um dia para o outro Nesta regiatildeo

existem municiacutepios que distam 500 quilocircmetros da capital do estado e natildeo eacute possiacutevel

deslocar o paciente a fim de chegar a tempo para o atendimento liberado gerando perda

de vagas aguardadas haacute meses Aleacutem disso os gestores natildeo conseguem ter o controle do

que foi solicitado e liberado e assim natildeo conseguem controlar a demanda reprimida

que eacute significativa na regiatildeo

Tais problemas associados agrave falta de leitos em geral e de UTI baixa capacidade

instalada e oferta de serviccedilos puacuteblicos falta de sistema de informaccedilatildeo interligado entre

os complexos reguladores dificuldade e demora em conseguir vagas da

urgecircnciaemergecircncia e eletivas comunicaccedilatildeo da liberaccedilatildeo do serviccedilo diretamente para

o paciente tecircm implicaccedilotildees na gestatildeo Contribuem para aumentar as iniquidades no

acesso mostram que o planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees em todos os

niacuteveis de complexidade natildeo estatildeo acontecendo Estas questotildees podem interferir no fluxo

e no acesso agrave assistecircncia integral (Nascimento et al 2009) nesta regiatildeo

As lacunas retro referidas comprometem a regionalizaccedilatildeo e no entendimento do

gestor ocorrem devido agrave ldquoomissatildeo do estadordquo (GE) e iniquidades da SES na conduccedilatildeo

da poliacutetica Sem a estruturaccedilatildeo do sistema de regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo do estado os

municiacutepios natildeo conseguem cumprir os compromissos compartilhados no Termo de

Compromisso de Gestatildeo e efetivar os direitos da populaccedilatildeo resolver os problemas na

100

regiatildeo reorganizar e manter os serviccedilos existentes para evitar deslocamentos diminuir

os gastos e as iniquidades no acesso

O apoio do estado na coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica deve ser contiacutenuo e eacute

determinante para reduzir as desigualdades territoriais e sociais facilitar o acesso agraves

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantir a integralidade na atenccedilatildeo potencializar a

descentralizaccedilatildeo fortalecer municiacutepios para exercerem o papel de gestores racionalizar

os gastos e otimizar os recursos (MS 2006)

Neste sentido eacute fundamental a existecircncia e o funcionamento do Colegiado de

Gestatildeo Regional - CGR43

instacircncia deliberativa e restrita agrave aacuterea de abrangecircncia

regional Na regiatildeo em estudo eacute composto pelos gestores com titularidade de secretaacuterio

de sauacutede (10 titulares e 10 suplentes) e pelo diretor e teacutecnicos do ERS (9 titulares e 9

suplentes mais o diretor) Neste colegiado a legislaccedilatildeo natildeo prevecirc a participaccedilatildeo de

prestadores privados conveniados de conselheiros municipais de sauacutede profissionais de

sauacutede e do secretaacuterio executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Com a sua implantaccedilatildeo manteacutem-se na regiatildeo o espaccedilo colegiado para agregar

saberes e inovar a poliacutetica de sauacutede Incrementa-se a possibilidade de negociaccedilatildeo e

decisatildeo intergovernamental permanente na regiatildeo construir arranjos e objetivos

compartilhados retomar o planejamento regional e integrar os serviccedilos (Viana et al

2010a) accedilotildees estas que tinham perdido forccedila entre os anos 2003 e 2005

O coordenador do CGR eacute o diretor do ERS conforme determina o regimento

enviado pela SES Os profissionais do ERS participam representando as aacutereas teacutecnicas

da atenccedilatildeo baacutesica da regulaccedilatildeo da vigilacircncia e da assistecircncia farmacecircutica exercem a

funccedilatildeo de subsidiar as discussotildees A secretaria funciona na sede do ERS e tem

computador especiacutefico para suas atividades

A secretaacuteria executiva eacute funcionaacuteria do ERS confere a existecircncia de pautas preacute-

agendadas faz contato com membros do CGR verifica necessidade de inclusotildees

prepara e encaminha a pauta aos integrantes informa o local das reuniotildees monitora a

gestatildeo dos recursos faz a prestaccedilatildeo de contas e apoia o vice-presidente regional do

COSEMS nas demandas solicitadas

A composiccedilatildeo da pauta eacute flexiacutevel agraves solicitaccedilotildees os temas solicitados para

inclusatildeo devem secirc-lo com cinco dias de antecedecircncia satildeo avaliados pelo coordenador

43

Este colegiado jaacute estava em funcionamento como CIB regional foi recomposto e renomeado a partir

da proposiccedilatildeo da CIBRegional de Tangaraacute da Serra nordm 001 de 03 de fevereiro de 2009

101

do CGR que confere a documentaccedilatildeo e a pertinecircncia e na duacutevida entra em contato

com o solicitante discute o assunto e decide se o manteacutem na pauta A convocaccedilatildeo e o

material da pauta satildeo enviados com antecedecircncia on line

A equipe teacutecnica do ERS realiza reuniatildeo preacute-CGR discute os temas e analisa se a

documentaccedilatildeo enviada pelo gestor estaacute completa Os secretaacuterios municipais tambeacutem

realizavam reuniotildees preacute-colegiado e manifestam a vontade de retomar estas discussotildees

As reuniotildees do CGR ocorrem em salas alugadas nem sempre satildeo mensais

seguem protocolo formal e satildeo iniciadas se houver quorum Satildeo abertas consultivas

deliberativas e informativas O coordenador controla o tempo programado da pauta e

informa o que foi ou natildeo consensuado Os temas natildeo consensuados podem voltar agrave

pauta apoacutes esclarecimentos sobre o assunto Todas as reuniotildees satildeo gravadas

digitalizadas e lidas no iniacutecio da proacutexima reuniatildeo

Os gestores em sua maioria satildeo assiacuteduos mas as faltas natildeo satildeo incomuns A

ausecircncia frequente de gestores nos CGR ainda constitui problemas para a gestatildeo

(Delziovo 2012 Vianna Pestana 2012) pois mesmo que enviem seus representantes

dificulta o processo visto que o colegiado eacute um espaccedilo de esclarecimento e repasse de

informaccedilotildees que subsidia os gestores para a tomada de decisatildeo na conduccedilatildeo da poliacutetica

municipal e regional

As deliberaccedilotildees satildeo por consenso formalizadas por resoluccedilotildees ou proposiccedilotildees

No iniacutecio era frequente a utilizaccedilatildeo ad referendum para situaccedilotildees especiais hoje jaacute natildeo

eacute utilizado O encaminhamento das deliberaccedilotildees para o gestor municipal ocorre apenas

quando se referem a projetos que exigem sua anexaccedilatildeo As resoluccedilotildees satildeo enviadas para

a CIB homologar e o vice-regional do COSEMS que participa das reuniotildees do

COSEMS e da CIB leva as demandas da regiatildeo

Eacute comum nas reuniotildees do CGR a participaccedilatildeo de teacutecnicos das SMS prestadores

do setor privado e outros atores Satildeo participaccedilotildees que a semelhanccedila de outros

colegiados tem por objetivo esclarecer e ou expor assuntos de seu interesse e

congruentes com o tema em pauta (Vianna 2012) mas somente gestores com

titularidade e de forma obrigatoacuteria podem participar do CGR com voz a favor dos

interesses do seu territoacuterio

Como parte do CGR a Cacircmara Teacutecnica Temaacutetica Regional foi criada pela

Resoluccedilatildeo do CGR no

005 de 17032009 composta paritariamente por teacutecnicos das

102

Secretarias Municipais de Sauacutede e do ERS Esta cacircmara natildeo funciona seu papel tem

sido assumido pelas coordenadorias do ERS Na CIB tambeacutem satildeo as aacutereas teacutecnicas da

SES que realizam suas funccedilotildees (Viana et al 2010a)

Foi criada tambeacutem na regiatildeo a Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo-

CIES44

pela Resoluccedilatildeo do CGR no 006 de 15092009 como parte das estrateacutegias de

implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Houve dificuldades no iniacutecio do seu funcionamento

mas hoje haacute maior clareza por parte dos gestores quanto ao seu papel ldquotemos que nos

reportar a noacutes mesmos () agraves nossas necessidadesrdquo (GM) A CIES regional eacute composta

por Secretaacuterios de Sauacutede e teacutecnicos das Secretarias Municipais de Sauacutede teacutecnicos do

ERSTS e da SECITEC professores representantes do SENAC da UNEMAT e da

UNIC Os membros reuacutenem-se no mesmo dia do CGR e a cada 6 meses por

representaccedilatildeo participam das reuniotildees da CIESestadual

Os registros documentais mostram que a sua criaccedilatildeo foi positiva tem contribuiacutedo

e instituiacutedo a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo O planejamento atende agraves necessidades e

para realizar as capacitaccedilotildees programadas tem recebido recursos financeiros geridos

pelo municiacutepio-sede da regiatildeo Destacam-se entre os problemas enfrentados pela CIES

rotatividade entre os membros falta de instrutor capacitado pela ESPSES na regiatildeo

dificuldades para realizar os cursos na regiatildeo inexperiecircncia da SMS responsaacutevel pela

execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria e prestaccedilatildeo de contas recusa dos municiacutepios selecionados para

ser o executor financeiro da regiatildeo entre outros (Viana et al 2010a)

O gestor cita dificuldade para custear o deslocamento dos profissionais para os

cursos ldquoos municiacutepios jaacute estatildeo com sobrecarga de mais de 30 de investimentos de

recursos proacuteprios na sauacutederdquo (GM) Aleacutem disso a Lei de Responsabilidade Fiscal no

1012000 impotildee limites agrave contrataccedilatildeo de pessoal (Santos 2010) Desta forma o gestor

municipal entende que a CIES deveria cobrir o custo total das despesas com as

capacitaccedilotildees pois muitas vezes reduz a disponibilidade de dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para

capacitaccedilatildeo por canalizar seus recursos para outras aacutereas Neste sentido sem apoio

financeiro para este fim seus profissionais natildeo satildeo liberados

44

A CIES desta regiatildeo foi instituiacuteda em 2009 alterado pela Resoluccedilatildeo do CGR nordm 008 de 24112009

e pela Resoluccedilao nordm 010112010

103

O Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede-CIS45

por induccedilatildeo do governo estadual foi

criado estrategicamente em 1998 para suprir deficiecircncias e facilitar o acesso agrave

assistecircncia especializada de meacutedia complexidade na regiatildeo (Motta 2002) Nesta regiatildeo

eacute constituiacutedo por 100 dos municiacutepios aleacutem de Brasnorte que pertence agrave regiatildeo de

Juiacutena Antes do pacto este municiacutepio fazia parte desta regiatildeo

O CIS eacute regido pelas normas puacuteblicas com regras de funcionamento e

financiamento e conta com recursos do estado e dos municiacutepios cuja participaccedilatildeo eacute

regulamentada por lei municipal Nesta regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede agrave

semelhanccedila de outros casos no Brasil tem se consolidado como importante oferta de

serviccedilos e acesso da populaccedilatildeo (Ribeiro e Costa 2000) Aleacutem disso constitui-se em

alternativa de organizaccedilatildeo e acesso a serviccedilos de sauacutede para municiacutepios de pequeno

porte que ampliam sua capacidade de governo na oferta daqueles serviccedilos que

sozinhos natildeo conseguiriam prover (Neves e Ribeiro 2006)

A pauta das reuniotildees do Conselho Diretor do consoacutercio eacute demandada pelos

gestores municipais e pelo secretaacuterio executivo que a prepara Eacute flexiacutevel agrave solicitaccedilatildeo

dos membros do Conselho Intermunicipal e do Conselho Fiscal As reuniotildees do

Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal ocorriam no mesmo dia mas o

Conselho Intermunicipal tem sido convocado para reunir-se depois da reuniatildeo do CGR

O Conselho Fiscal natildeo se tem reunido com a frequecircncia que consta no estatuto As

reuniotildees satildeo convocadas com cinco dias de antecedecircncia antes de iniciar verifica-se

quorum e as discussotildees e deliberaccedilotildees satildeo registradas em atas

Por natildeo dispor de estrutura puacuteblica o consoacutercio foi viabilizado em parceria com o

setor privado e o atendimento ocorre nas cliacutenicas particulares eou nas unidades

hospitalares contratualizadas para internaccedilotildees e cirurgias geradas pelo atendimento das

especialidades Com base na populaccedilatildeo de cada municiacutepio consorciado foi pactuado

que nesta regiatildeo a cobertura miacutenima para o municiacutepio consorciar seria de 30 das

45

Criado nesta regiatildeo em 1998 rege-se pelas normas da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil pelas Leis nordm 808090 nordm 814290 e demais normas correlatas Tem entre outras as

finalidades estatutaacuterias de promover formas articuladas de planejamento e execuccedilatildeo de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede representar os interesses dos municiacutepios perante quaisquer outras entidades de

direito puacuteblico e privado e desenvolver serviccedilos e atividades de interesse dos municiacutepios

consorciados regidas pelas normas puacuteblicas (Estatuto do Consoacutercio) O cargo de presidente do

Conselho Diretor ocorre por eleiccedilatildeo entre os prefeitos em escrutiacutenio secreto para o mandato de um

ano O Conselho Fiscal eacute formado por representantes do Conselho Municipal de Sauacutede de cada

municiacutepio consorciado e segundo o estatuto deve reunir-se no miacutenimo quatro vezes por ano O

Conselho Intermunicipal de Sauacutede eacute formado pelos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e deve reunir-

se no miacutenimo seis vezes ao ano

104

necessidades por especialidade disponiacutevel no consoacutercio O caacutelculo das necessidades por

especialidade dos municiacutepios ocorre com base nos paracircmetros de programaccedilatildeo da SES

ou na Portaria no 11012002 do Ministeacuterio da Sauacutede

Estabeleceu-se o per capita financeiro da regiatildeo com base no custo para

funcionamento do consoacutercio mais a cobertura pactuada para a compra dos serviccedilos Este

per capita gera o valor a ser pago por municiacutepio46

Parte dos recursos do consoacutercio eacute

utilizada para o custeio das despesas fixas administrativas e parte para a compra dos

serviccedilos referentes agrave cota fixa de cada municiacutepio ou seja o quantitativo de consultas

especializadas exames cirurgias internaccedilotildees e outros procedimentos

A contrapartida mensal do estado eacute de 50 sobre o valor da cota fixa mensal do

municiacutepio que pode pactuar cota fixa acima de 30 das suas necessidades e ou solicitar

cotas extras

Nesta regiatildeo mensalmente os gestores municipais solicitam cota extra que dobra

ou triplica os valores definidos como cota fixa47

Nestes casos o custo para o municiacutepio

aumenta jaacute que natildeo recebe a contrapartida do estado A manutenccedilatildeo da cota fixa

reduzida eacute equivocada aumenta ainda mais as despesas e representa para a maioria dos

municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade financeira para estas accedilotildees Este

aumento impacta de forma negativa a gestatildeo municipal que tambeacutem requer melhorias

na infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais capacitaccedilotildees aquisiccedilatildeo de equipamentos

e outros para oferecer serviccedilos de sauacutede de qualidade em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

(Abrucio 2002)

Das especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede contratou aquelas que em sua maioria estatildeo concentradas no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra entre elas otorrinolaringologia dermatologia cardiologia

endocrinologia ginecologia ortopedia obstetriacutecia psiquiatria neurologia geriatria

reabilitaccedilatildeo psicologia fisioterapia e nutriccedilatildeo A programaccedilatildeo dos serviccedilos oferecidos

pelo CIS natildeo se baseia apenas no criteacuterio teacutecnico das necessidades eacute influenciada pela

oferta do serviccedilo disponiacutevel na regiatildeo e pelo profissional que manifesta interesse em ser

46

O valor a ser pago por cada municiacutepio eacute transformado em guia denominada cota fixa e encaminhada

mensalmente para a gestatildeo municipal No final de mecircs a equipe administrativa do consoacutercio

recolhe as guias utilizadas em todos os estabelecimentos para verificar a produtividade e gerar o

pagamento para os prestadores do fixo mais o excedente Para os municiacutepios informa o valor total

ser pago 47

Ver por exemplo uma das portarias da SES que aprova a planilha de pagamentos do PAICI Portaria

GBSES nordm 076 de 19 de maio de 2009

105

contratualizado Tambeacutem contratualizou serviccedilo no municiacutepio de Cuiabaacute consultas de

neurologia e cirurgias de otorrinolaringologia

A vinculaccedilatildeo de alguns especialistas ao consoacutercio contribuiacute para fixaacute-los na

regiatildeo A remuneraccedilatildeo e a regularidade no pagamento da produtividade preacute-estabelecida

pelo consoacutercio e a possibilidade de o paciente ser atendido na cliacutenica particular do

profissional motiva e desperta nos profissionais o interesse pelo contrato

Segundo um gestor ldquotodo serviccedilo que tem no consoacutercio eacute anterior a 2006 com

exceccedilatildeo de algumas especialidades que vieram depois especialidades que noacutes natildeo

tiacutenhamos na regiatildeo que vieram aqui por espontaneidade dos profissionais natildeo que

houve assim um trabalho no puacuteblico para que viessem esses profissionaisrdquo (GM) A

seleccedilatildeo dos profissionais ocorre por meio do chamamento puacuteblico sendo eles

contratualizados sob a forma de pessoa juriacutedica

Quando o profissional natildeo opta por firmar contrato com o consoacutercio ou com a

prefeitura como os da especialidade de neurocirurgia e psiquiatria existentes na regiatildeo

resta a opccedilatildeo de encaminhar a solicitaccedilatildeo via Central de Regulaccedilatildeo para a rede SUS

em Cuiabaacute o que pode levar meses Se for urgecircncia em alguns casos a prefeitura

custeia o atendimento particular em outros o paciente procura os serviccedilos e o

pagamento eacute feito pelo seu desembolso direto

A Gerecircncia do Consoacutercio criada pelo Decreto nordm 270 de 17092007 foi retirada

do organograma da SES e a partir da ediccedilatildeo da Portaria nordm 0872008 em que a SES

Institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede (PAICI) parte dos incentivos municipais que eram

depositados na conta do consoacutercio passaram a ser transferidos diretamente na conta dos

municiacutepios consorciados e geraram rupturas no modo de funcionamento do consoacutercio

O CIS deixou de receber parte dos recursos do estado para a sua manutenccedilatildeo

Com essas mudanccedilas a SES rompeu natildeo apenas o repasse dos recursos na conta

do consoacutercio mas ldquonoacutes ficamos totalmente alheio o contato nosso com o estado hoje eacute

mandar relatoacuterio a relaccedilatildeo estaacute fragilizadardquo (GM) Aleacutem disso o consoacutercio nos

uacuteltimos anos passou a natildeo participar do planejamento da regiatildeo de sauacutede das reuniotildees

de conduccedilatildeo e planejamento da SES e das reuniotildees do CGR (Scatena et al 2014)

106

A contrapartida48

do estado mantida ateacute o iniacutecio de 2009 e transferida diretamente

aos Fundos Municipais de Sauacutede era de 50 sobre a cota fixa dos municiacutepios Essa

contrapartida foi calculada a partir da populaccedilatildeo do ano de 2007IBGE e no per capita

da regiatildeo de R$ 040 O gestor assenta que a SES continuou a publicar as planilhas de

transferecircncias financeiras para o ano de 2008 com base na populaccedilatildeo de 2005 Em maio

de 2009 a SES editou a Portaria no 076 de 19052009 com planilha referente ao mecircs

de marccedilo de 2009 e a sua respectiva contrapartida

Por se basear na cota fixa a contrapartida do estado estaacute muito aqueacutem do valor

pago mensalmente pelos municiacutepios aleacutem disso suas transferecircncias tecircm ocorrido com

meses de atraso Os gestores municipais citam que as cotas extras tecircm sido solicitadas

devido agrave dificuldade de acesso agrave rede puacuteblica de referecircncia no estado ldquoos municiacutepios

acabam desistindo bancando e arcando com esse custo Hoje meu municiacutepio gasta

quase 60 dos recursos com meacutedia e altardquo (GM)

Os atrasos nas transferecircncias dos recursos financeiros do estado para os

municiacutepios repercutem em inadimplecircncias municipais com o CIS Quando o municiacutepio

estaacute inadimplente a SES transfere os recursos financeiros deste municiacutepio para o

municiacutepio-sede de consoacutercio Isso tem gerado complicaccedilotildees orccedilamentaacuterias para o

municiacutepio-sede visto que ldquoestaacute recebendo um recurso que ele nem sabe de onde vem e

pra que vem e por que vemrdquo (GM)

Outra questatildeo que influenciou no funcionamento do consoacutercio nesta regiatildeo foi a

entrada das OSS na gestatildeo de alguns estabelecimentos de sauacutede do estado Os gestores

referem que ldquodificultou para noacutes porque os hospitais comeccedilaram a querer o mesmo

valor que era praticado em outras regiotildees e hoje por exemplo natildeo temos onde fazer

cirurgia de otorrinordquo (GM) O CIS teve que contratualizar o serviccedilo de

otorrinolaringologia em Cuiabaacute

Com o funcionamento do CIS esta regiatildeo conseguiu ampliar os serviccedilos e o

acesso mas natildeo houve por parte da SES conduccedilotildees estrateacutegicas no sentido de fortalececirc-

lo Sua manutenccedilatildeo se deu por interesse dos gestores municipais que alegam ldquohoje o

consoacutercio acho que eacute a nossa soluccedilatildeo () na verdade eacute ele que resolverdquo (GM) Apesar

do custeio quase integral dos serviccedilos do consoacutercio pelos municiacutepios devido ao atraso

48

Portaria nordm 0522009GBSES - Planilha de pagamentos do Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos

Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede ndash PAICI - referente agrave competecircncia de janeiro2009e autoriza a

aplicaccedilatildeo dos valores nela indicados para os efeitos financeiros a que se destinam

107

da SES nas transferecircncias dos incentivos do estado o consoacutercio eacute valorizado pelos

gestores que o consideram como uma instacircncia que ldquotem ouvido os gestoresrdquo (GE) que

sabe das necessidades da regiatildeo que viabiliza a complementaccedilatildeo dos serviccedilos

Segundo os gestores o consoacutercio eacute ldquopositivo na medida em que ele estaacute

conseguindo atender os municiacutepios em determinados serviccedilos que a rede puacuteblica natildeo

conseguerdquo mas ao mesmo tempo eacute negativo pois acaba gerando ldquorecusa da rede

privada em aceitar um convecircnio puacuteblico tabela SUS porque conseguem via consoacutercio

tabela diferenciadardquo (GE)

Pelas dificuldades de acesso agrave rede puacuteblica pela pressatildeo que sofre da populaccedilatildeo

que exige o seu direito agrave sauacutede e pela possibilidade de resolver alguns problemas

atraveacutes do consoacutercio os gestores municipais passaram a assumir responsabilidades que

competem agrave esfera estadual Parte dos problemas eacute resolvido e o atendimento eacute

viabilizado mas para garantir os custos destes atendimentos o gestor racionaliza os

recursos e deixa de aplicar em outras atividades (Ribeiro e Costa 2000) A falta de

recursos para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos ou para investimentos pode indicar que

regionalizaccedilatildeo da sauacutede natildeo eacute prioridade por parte do governo estadual aleacutem pode

inviabilizar o sistema puacuteblico (Menicucci 2007)

No entendimento do gestor o funcionamento do consoacutercio estaacute ameaccedilado em

especial pelas dificuldades financeiras ldquoteve repasse do estado que ficou nove meses

sem transferir um deles eacute o consoacuterciordquo (GM) Essa situaccedilatildeo associada ao aumento nos

custos da atenccedilatildeo meacutedica influencia o seu equiliacutebrio financeiro que dentro dos seus

limites tem procurado manter o seu funcionamento

A criaccedilatildeo do consoacutercio criou um modus operandi cooperativo que contribuiu para

o acesso fortaleceu a regiatildeo e ateacute certo ponto otimizou o custo e o uso de recursos

(Viana e Lima 2011) A oferta de serviccedilos foi ampliada mas haacute sinais de esgotamento

do modelo vigente os custos estatildeo elevados e tecircm gerado tensatildeo no acircmbito da gestatildeo

municipal que envolve o gestor os profissionais e a populaccedilatildeo usuaacuteria dos serviccedilos e

refletem no posicionamento do gestor Seu funcionamento foi modificado enfrenta

crises financeiras e ainda continua sendo a viabilidade de acesso na regiatildeo mas com

desigualdades visto que os municiacutepios apresentam diferenccedilas sociais e econocircmicas que

determinam sua maior ou menor compra de serviccedilos atraveacutes do consoacutercio

108

O gestor afirma que a forma como a rede de atenccedilatildeo estaacute organizada nesta regiatildeo

ldquopassa uma imagem que a gente tem o serviccedilo bem organizado e entatildeo natildeo precisa ter

investimento e isso gerou falta de investimentordquo (GM) e complementa ldquoo consoacutercio

acabou ficando eacute um setor privado maquiado dentro do SUS porque o municiacutepio

compra com recursos proacuteprios consultas exames a diferenccedila entre o consoacutercio e o

particular eacute muito pouca entatildeo eu falo que eacute um setor privado dentro da prefeiturardquo

(GM)

Observa-se pelo relato do gestor que o consoacutercio jaacute natildeo foca a regionalizaccedilatildeo natildeo

se constitui como equipamento da regionalizaccedilatildeo e a tendecircncia eacute seguir com gestores

em busca apenas da resoluccedilatildeo do seu problema a defesa proacutepria de cada ente

federativo A falta de coordenaccedilatildeo do estado se constituiu na principal dificuldade da

sua conduccedilatildeo regionalizada

Nesta regiatildeo foi criado o Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai49

uma instacircncia regionalizada que natildeo faz

parte do complexo regional da sauacutede mas que por vezes o CIS utiliza suas reuniotildees

ordinaacuterias para deliberar questotildees pendentes

Observa-se nesta regiatildeo uma multiplicidade de formas de acesso a

estabelecimentos puacuteblicos e privados tanto internamente quanto externamente agrave regiatildeo

Muitas ocorrem atraveacutes de articulaccedilotildees individualizadas do gestor que refere a ldquonossa

regiatildeo natildeo existe a nossa ponte eacute Cuiabaacute A regiatildeo existe se vocecirc pagar meacutedia

complexidade nem o consoacutercio mais eles estatildeo atendendo soacute faz ambulatoacuteriordquo (GM)

Ao longo dos anos foi configurado nesta regiatildeo um mix puacuteblico-privado que foi

fortalecido pelas caracteriacutesticas histoacuterico-estruturais e poliacuteticas da regiatildeo As

desigualdades sociais e econocircmicas entre os municiacutepios e a falta de investimentos na

regiatildeo resultaram em vazios assistenciais natildeo apenas nos municiacutepios mas na regiatildeo e

tecircm influenciado o modelo de atenccedilatildeo na regiatildeo

49

A Resoluccedilatildeo nordm 0042006 de 07 de julho de 2006 Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai dispotildee sobre sua estrutura administrativa Eacute formado

pelos municiacutepios de Alto Paraguai Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo Novo dos Parecis Denise

Diamantino Nortelacircndia Nova Marilacircndia Nova Maringaacute Nova Oliacutempia Porto Estrela Sapezal

Santo Afonso Satildeo Joseacute do Rio Claro e Tangaraacute da Serra Eacute composto por prefeitos de municiacutepios

desta regiatildeo e de outras regiotildees de sauacutede circunvizinhas Foi criado para resolver os problemas

referentes a questotildees de transporte e de produccedilatildeo agriacutecola delibera para o desenvolvimento de accedilotildees

regionalizadas mas natildeo discute os problemas de sauacutede (MT 2012)

109

Observa-se pelos relatos que a regiatildeo precisa reconhecer-se enquanto tal Os

gestores precisam se posicionar buscar as lideranccedilas teacutecnicas e poliacuteticas para

implementar o complexo regional Os gestores da regiatildeo aduzem ldquonoacutes temos que lutar

para a gente conseguir este hospital puacuteblico aqui na regiatildeo pela falta desse serviccedilo a

gente perde muito recursordquo (GE) Afirmam que a regiatildeo natildeo tem laccedilos fortes mas tem

representaccedilatildeo poliacutetica e que as vaacuterias tentativas de articulaccedilatildeo para instalar o hospital

regional sofreram interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias que foram fortes e decisivas e o

hospital natildeo foi implantado interferiu e fortaleceu as relaccedilotildees puacuteblico-privadas da

regiatildeo

No entendimento do gestor se tivesse hospital regional ldquohoje eu acho que teriacuteamos

mais tranquilidade teriacuteamos avanccedilado muito mais porque teriacuteamos mais facilidade

para fixar os profissionais noacutes teriacuteamos de certa maneira feito com que o privado

buscasse a parceria O privado ia procurar o puacuteblico e natildeo o puacuteblico o privado

Entatildeo como ele se sentiu sozinho e se sentiu o dono da situaccedilatildeo dificultou tudordquo

(GM)

62 Institucionalidade da regiatildeo

Com o Pacto pela Sauacutede as responsabilidades de cada ente federativo ficaram

mais expliacutecitas A regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede passou a ser uma ferramenta de gestatildeo

composta por um conjunto de accedilotildees que orienta ajusta facilita ou limita determinados

processos e pode potencializar a capacidade de gestatildeo conforme o Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os principais instrumentos de planejamento da

Regionalizaccedilatildeo contemplados no Pacto pela Sauacutede nesta regiatildeo satildeo o Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) o Plano Diretor de Investimento (PDI) e a Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada da Atenccedilatildeo em Sauacutede (PPI) e outros relacionados agrave implementaccedilatildeo

do pacto

Em Mato Grosso o planejamento do governo PPA 2004-200750

foi elaborado

com base nos resultados dos foacuteruns regionais realizados nas doze regiotildees de

50

Esse documento refere que todas as accedilotildees do governo devem convergir para a construccedilatildeo de um

futuro onde Mato Grosso possa ldquoConstituir-se em um Estado social e economicamente equilibrado

110

planejamento51

do estado (MTSEFAZ 2007) Jaacute o PPA 2008-2011 contempla accedilotildees

programaacuteticas por regiotildees52

para algumas Secretarias de Estado Neste PPA na Accedilatildeo

2972 consta para a SES ndash accedilotildees de Fortalecimento da Gestatildeo Regionalizada do SUS e

entre os objetivos ldquoViabilizar a microrregionalizaccedilatildeo da sauacutede com base nas

prioridades regionais pactuadasrdquo (MT 2010)

Em 2006 a SES apresentou ao Ministeacuterio da Sauacutede o ldquoProjeto de Fortalecimento

e Qualificaccedilatildeo da Gestatildeo Regionalizada e Solidaacuteria do SUS em Mato Grossordquo

(Fernandes 2014) Foi elaborado com base na Poliacutetica Nacional de Sauacutede que enfatiza

a regionalizaccedilatildeo como eixo central da conduccedilatildeo contempla a governanccedila e o

compromisso compartilhado entre os gestores (MS 2006) Este princiacutepio orienta a

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede e cabe agrave SES a macrofunccedilatildeo de

coordenar articular e regular o sistema de sauacutede (CONASS 2011)

Como parte deste projeto estadual nesta regiatildeo o ldquoGT do Pactordquo e o COSEMS

realizaram o foacuterum de ldquoDiscussotildees Integradas Regionalizadasrdquo (Fernandes 2014) que

contou com a participaccedilatildeo de gestores desta regiatildeo e de outras duas regiotildees

circunvizinhas de Juara e de Juiacutena que integravam a macrorregiatildeo de sauacutede Nesse

foacuterum discutiram-se os problemas do sistema de sauacutede a elaboraccedilatildeo e a importacircncia da

assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo a qualificaccedilatildeo da regiatildeo e o processo

de conduccedilatildeo regionalizada Como resultado deste trabalho em 2008 todos os gestores

desta regiatildeo assinaram o Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG)

A elaboraccedilatildeo e a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo permitiram ao

gestor planejar o compartilhamento de responsabilidades e oficialmente implicaram

em mudanccedilas na distribuiccedilatildeo de poder e nas relaccedilotildees entre os atores da regiatildeo e entre

esses com os atores do estado Apesar dos compromissos assumidos de forma

compartilhada o gestor afirma ldquoeacute difiacutecil ele o estado foi se retirando foi se

retirando e foi deixando praticamente para os municiacutepiosrdquo (GM) A regionalizaccedilatildeo

estimulando as potencialidades regionais e consolidando-se como o maior polo de desenvolvimento

do agronegoacutecio da Ameacuterica Latinardquo (MTRP 2004 a 2006) 51

Estas doze regiotildees descritas no Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 tecircm como

objetivo promover a reorganizaccedilatildeo territorial e contribuir para a desconcentraccedilatildeo regional da

economia da riqueza e da qualidade de vida O Plano de accedilatildeo elaborado para cada regiatildeo explicita

as respectivas prioridades refere que representam a regionalizaccedilatildeo no estado e em certa medida a

distribuiccedilatildeo no territoacuterio de todos os programas e projetos contidos no Plano Estadual 52

Para as secretarias Seguranccedila Puacuteblica Sauacutede Educaccedilatildeo Casa Civil Planejamento e Coordenaccedilatildeo

Geral e Desenvolvimento do Turismo (MTSEPLAN 2010) Natildeo verificamos se nestas secretarias

foram realizadas accedilotildees estrateacutegicas de forma regionalizada e nem mesmo se ocorreram accedilotildees

intersetorializadas

111

contemplada no Pacto pela Sauacutede eacute um processo complexo que requer a ldquocriaccedilatildeo de

novos instrumentos de planejamento integraccedilatildeo gestatildeo regulaccedilatildeo e financiamento de

uma rede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuteriordquo (Viana et al 2010b) com

coordenaccedilatildeo do estado

Quando parte dos municiacutepios assinou o TCG jaacute estava em vigecircncia o Plano

Estadual de Sauacutede-PES 2008-2011 aprovado pelo Conselho Estadual de Sauacutede

Resoluccedilatildeo nordm 022 de 09092009 que contempla na Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (Eixo I)

ldquoEstruturar a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede de forma regionalizadardquo e prevecirc a articulaccedilatildeo da

SES com as macrorregiotildees do estado com os hospitais regionais e o fortalecimento do

papel dos CIS Aleacutem disso na Gestatildeo do SUS (Eixo III) contempla ldquoAprimorar a

gestatildeo do SUSrdquo e o ldquoFortalecimento da regionalizaccedilatildeo solidaacuteria e cooperativardquo

ambos considerados estruturantes no Pacto pela Sauacutede Este PES cita que o PDR seraacute o

instrumento de planejamento regional (MT 2010b)

De 2006 a 2012 vaacuterios decretos foram publicados alterando a estrutura

organizacional da SES Em 2006 o Decreto governamental no

7442 publica sua nova

estrutura e formaliza os 16 ERS Em 2008 ano da implantaccedilatildeo do pacto no estado o

Decreto governamental no 1431 de 03072008 regulamenta nova alteraccedilatildeo na sua

estrutura organizacional e cria nos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Vigilacircncia

em Sauacutede e a Gerecircncia de Gestatildeo Macrorregional

Para adequar o funcionamento da SES agrave nova estrutura oficializada pelo Decreto

no

14312008 eacute elaborado novo regimento regulamentado pelo Decreto governamental

no 1832 de 06032009 a asseverar que a missatildeo da Superintendecircncia de Articulaccedilatildeo

Regional eacute ldquoorientar e apoiar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na implementaccedilatildeo da

Poliacutetica de Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede em consonacircncia com as Diretrizes do Sistema

Uacutenico de Sauacutederdquo definindo para tal superintendecircncia entre outras competecircncias

assessorar e acompanhar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na efetivaccedilatildeo da Poliacutetica de

Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede Puacuteblica apoiar a gestatildeo da sauacutede nos municiacutepios

articulando a cooperaccedilatildeo entre os entes federados observando os aspectos teacutecnicos e

operacionais e coordenar monitorar e avaliar as atividades e accedilotildees de gestatildeo em acircmbito

regional

Esse regimento tambeacutem aduz que os ERS tecircm como missatildeo ldquoviabilizar o processo

de descentralizaccedilatildeo da sauacutede em consonacircncia com as diretrizes do SUSrdquo competindo-

112

lhes entre outras funccedilotildees efetivar a gestatildeo regionalizada da Poliacutetica Estadual de Sauacutede

assessorando e monitorando os municiacutepios no planejamento e execuccedilatildeo das accedilotildees

promover as pactuaccedilotildees regionalizadas e coordenar os Colegiados de Gestatildeo Regional

No ano de 2011 a estrutura organizativa da SES foi alterada53

trecircs vezes mas natildeo

foram encontradas publicaccedilotildees de regimentos atualizados Desta forma considera-se em

vigecircncia a uacuteltima atualizaccedilatildeo do regimento publicado por intermeacutedio do Decreto nordm

2916 de 19102010 a assentar que a Gerecircncia de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede tem a

missatildeo de ldquofomentar a implementaccedilatildeo de instrumentos de gestatildeo garantindo a

operacionalizaccedilatildeo dos princiacutepios do SUS no acircmbito estadualrdquo competindo-lhe

conduzir e acompanhar a implementaccedilatildeo dos instrumentos de gestatildeo estrateacutegicos e

operacionais da regionalizaccedilatildeo e apoiar o fortalecimento da gestatildeo municipal de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos ERS manteacutem a missatildeo descrita naquele de 2009 A uacuteltima modificaccedilatildeo

da estrutura administrativa da SES deu-se em julho de 2013 pelo Decreto no 1855

sendo retiradas dos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de

Gestatildeo da Macrorregional ao tempo que se institui uma Gerecircncia Teacutecnica por ERS

Observa-se nesses documentos que as estruturas responsaacuteveis pela conduccedilatildeo do

planejamento e da gestatildeo regionalizada estavam instituiacutedas na vigecircncia do Pacto pela

Sauacutede e poderiam facilitar para que o estado exercesse seu papel regulador sobre o

sistema de sauacutede e da atenccedilatildeo agrave sauacutede com os recursos necessaacuterios para implementar a

poliacutetica regionalizada

O planejamento regionalizado faz parte das estrateacutegias do pacto para promover a

descentralizaccedilatildeo com equidade no acesso Nesta regiatildeo natildeo tem sido efetivo apresenta

limitaccedilotildees e natildeo se tem constituiacutedo em instrumento integrador do fluxo intermunicipal e

inter-regional Os gestores salientam que a gestatildeo teacutecnica-operacional e financeira da

SES tecircm sofrido influecircncias da troca sucessiva de gestores tem passado por ldquomomentos

poliacuteticos de fragilizaccedilatildeordquo (GE) julgam que as interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias

contribuiacuteram para que as questotildees teacutecnicas fossem deixadas de lado ldquoa gente sente

assim () a coisa foi mais tocada politicamente () perdeu muito forccedilardquo (GM) Essas

questotildees refletiram na conduccedilatildeo da poliacutetica no estado e na regiatildeo e o gestor afirma ldquoas

regionais natildeo tinham muito poder para argumentar para orientarrdquo (GM)

53

Decreto governamental no 157 259 e 669 de 2011

113

Embora a SES tenha contribuiacutedo a fim de mobilizar os gestores para assinar o

Termo de Compromisso de Gestatildeo sua atuaccedilatildeo no processo de execuccedilatildeo das accedilotildees foi

ldquomuito apaacutetica ficou muito a desejarrdquo (GM) Os gestores aderiram no entanto julgam

que tais adesotildees ocorreram sem o devido conhecimento das implicaccedilotildees do termo ldquoateacute

hoje tem muito secretaacuterio que natildeo sabe o que eacute o termo o que eacute o pacto Natildeo tem

estrutura fiacutesica e equipe teacutecnica para assumir issordquo (GE) Referem que receberam

capacitaccedilotildees no iniacutecio de 2007 antes da assinatura do pacto ldquonoacutes sentimos confianccedila

teve um grupo de pessoas da SES e do ERS e noacutes conseguimos avanccedilar Soacute que ficou

nissordquo (GM)

O PDR e o PDI vigentes instrumentos de planejamento contemplados no Pacto

pela Sauacutede explicitam a configuraccedilatildeo das cinco macrorregiotildees de sauacutede e as respectivas

microrregiotildees de sauacutede que perfazem um total de 14 Eles descrevem as caracteriacutesticas

a rede de assistecircncia agrave sauacutede das regiotildees e os moacutedulos assistenciais a organizaccedilatildeo das

redes de serviccedilos de alta complexidade do estado e as referecircncias das DSTHIV e AIDS

a organizaccedilatildeo da rede estadual e as referecircncias para assistecircncia em nefrologia na alta

complexidade a rede estadual e referecircncia para assistecircncia cardiovascular a rede

estadual e referecircncia para assistecircncia traumato-ortopeacutedica

Os desenhos dos fluxos da rede de atenccedilatildeo satildeo aqueles que foram elaborados no

PDR de 2001 e atualizados atraveacutes da Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 055 de 15092005 O PDI

foi atualizado mas natildeo se encontraram documentos que registrem que ele foi

homologado na CIBMT Tais planos estatildeo desatualizados e o gestor refere ldquonoacutes ainda

trabalhamos com projetos e propostas de 12 anos atraacutes e o PDI natildeo existe mais natildeo

houve planejamentordquo (GM) Estes documentos natildeo contemplam a dinamicidade da

regiatildeo natildeo favorecem a organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e natildeo mostram as

referecircncias atualizadas Esses instrumentos precisam ser revistos sofrer ajustes visto

que estatildeo intrinsecamente relacionados ao PPA e suas respectivas leis Lei de Diretrizes

Orccedilamentaacuterias (LDO) e Lei Orccedilamentaacuteria Anual (LOA) dos entes federativos (Ferreira

et al 2011)

O planejamento apresenta limitaccedilotildees e o fato de natildeo se atualizar tais instrumentos

aumenta os riscos de atomizaccedilatildeo dos sistemas municipais de sauacutede e gera

consequecircncias indesejaacuteveis ao sistema (Souza 2001) Aumenta tambeacutem as iniquidades

regionais visto que permite com mais facilidade atender a demandas poliacuteticas

114

favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que natildeo estatildeo formalizadas

as necessidades das regiotildees Aleacutem disso os recursos liberados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

tecircm por base o PDR e o PDI vigentes que desatualizados natildeo consideram a dinacircmica e

as necessidades atuais que satildeo mutaacuteveis

Se o PDR e o PDI natildeo expressam a realidade da regiatildeo comprometem a

descentralizaccedilatildeo influenciam na configuraccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo e alteram a

direcionalidade ldquoa regiatildeo hoje eacute outra quando o PDR foi feito a regiatildeo acho que natildeo

tinha 100 mil habitantes e hoje tecircm mais de 200 mil habitantesrdquo (GM)

Ao assinar o Termo de Compromisso de Gestatildeo foram pactuadas metas prazos

para serem cumpridos com o apoio do estado No entanto o gestor assevera ldquonatildeo

existe uma discussatildeo profunda pactua as metas mas natildeo satildeo pactuadas as estrateacutegias

regionais para cumprir as metas Isso natildeo acontece () natildeo existe uma poliacutetica um

plano regional uma poliacutetica regional para intervenccedilatildeo para atuaccedilatildeo natildeo existe () eacute

difiacutecil eleestado foi se retirando foi se retirando e foi deixando praticamente para

os municiacutepiosrdquo (GM) Se o estado natildeo coordena para dotar os municiacutepios com

capacidade de gestatildeo e planejamento ldquosozinho ele municiacutepio natildeo consegue fazer

nadardquo (GM) e a regionalizaccedilatildeo deixa de acontecer

A pactuaccedilatildeo das metas do Termo de Compromisso de Gestatildeo natildeo se limita a cada

um definir a sua parte requer negociaccedilotildees planejamento pactos coalizotildees e induccedilotildees

da esfera superior de governo seu sucesso associa-se sobretudo a processos de

coordenaccedilatildeo intergovernamental (Abrucio 2005) Demanda equacionamento e

coordenaccedilatildeo por parte do estado para o desenvolvimento do planejamento

programaccedilatildeo da regulaccedilatildeo do controle e avaliaccedilatildeo incluindo o monitoramento dos

instrumentos que estabelecem compromissos entre os gestores O planejamento natildeo

atualizado interfere na regulaccedilatildeo e na construccedilatildeo de redes assistenciais adequadas para o

atendimento da populaccedilatildeo (Souza 2001)

Em 2006 o MS instituiu o PlanejaSUS instrumento oficial do processo de

planejamento do SUS que orienta e contribui com a descentralizaccedilatildeo e auxilia a gestatildeo

no acircmbito dos municiacutepios e regiatildeo para efetivar o acesso agrave equidade agrave integralidade agrave

qualificaccedilatildeo do processo e agrave otimizaccedilatildeo dos recursos Nesta regiatildeo o ERS capacitou os

gestores municipais para realizarem o Plano Municipal de Sauacutede com base nesse

instrumento mas a praacutetica do seu uso como ferramenta para a tomada de decisatildeo

115

alocaccedilatildeo de recursos e monitoramento das accedilotildees eacute incipiente Desta forma natildeo fortalece

a capacidade de gestatildeo municipal (Ferreira et al 2011)

O ERS estrutura regionalizada da SES e instacircncia condutora do processo de

planejamento e gestatildeo na regiatildeo de sauacutede natildeo dispotildee de plano que registre as demandas

da regiatildeo e natildeo acompanha o planejamento municipal Teve seus papeacuteis enfraquecidos

perante os municiacutepios natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo faz a gestatildeo

proacutepria dos recursos financeiros e o seu planejamento ocorre quando a SES convoca

reuniatildeo especiacutefica para este fim

O Plano de Trabalho Anual (PTA) do ERS eacute definido com base nas diretrizes do

Plano Estadual de Sauacutede e eacute o documento que valida apenas a programaccedilatildeo mensal dos

teacutecnicos para realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios e as accedilotildees referentes ao seu

funcionamento interno Para as suas atividades a SES ldquodefiniu uma cota de R$

400000 igual para todos os ERS para a compra de materiais de expediente aacutegua

conserto e outrosrdquo (GE) A cooperaccedilatildeo teacutecnica junto aos municiacutepios natildeo estaacute sendo

realizada ldquodesde 2010 natildeo estaacute sendo liberado diaacuterias para este tipo de atividaderdquo

(GE)

Observa-se que a praacutetica de planejamento natildeo eacute realizada conforme prevecirc o Pacto

pela Sauacutede e isto contribui para aumentar os problemas na regiatildeo O gestor atribui a

esta falta de planejamento na regiatildeo a manutenccedilatildeo do convecircnio estabelecido entre a SES

e o Hospital Municipal de Barra do Bugres de referecircncia regional Esse convecircnio natildeo

contempla investimentos e o hospital tem dificuldades financeiras para manter o

funcionamento e o atendimento por natildeo dispor de capacidade instalada para as

demandas da regiatildeo Desta forma continua tendo que regular os pacientes para Cuiabaacute

Para o gestor esse arranjo por parte da SES ldquosem planejarrdquo foi um ldquoequiacutevoco

atrapalhourdquo (GM) a instalaccedilatildeo do hospital regional e contribuiu a fim de que natildeo

houvesse investimentos para ampliar a rede puacuteblica regionalizada Essa maneira de

conduzir compromete a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves diferentes realidades

existentes entre os municiacutepios (Viana et al2008)

Nesta regiatildeo os investimentos que ocorreram deram-se na rede baacutesica de sauacutede

daqueles municiacutepios que elaboraram projetos para construccedilatildeo e ou reforma de unidades

de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede e pleitearam recursos junto ao Ministeacuterio da Sauacutede De

forma pontual foram distribuiacutedos para os municiacutepios desta regiatildeo ambulacircncias e

116

equipamentos para centros ciruacutergicos mas natildeo vieram os recursos para construir o

hospital regional Natildeo houve investimentos para dotar a regiatildeo resolutiva e autocircnoma

conforme preconiza o Pacto pela Sauacutede e o gestor pontua ldquoo estado precisa olhar e

entender as nossas limitaccedilotildees de exames de bons cursos de capacitaccedilatildeo de

recursosrdquo(GE)

Nesta regiatildeo segundo o gestor ldquonatildeo daacute para se dizer que existe uma pauta

planejamento regionalrdquo (GM) A programaccedilatildeo eacute feita com base na PPI documento que

espelha a disponibilidade de vagas e o fluxo oficial da assistecircncia intra e inter-regional

Oferece a cada gestor a oportunidade de informar na reuniatildeo do CGR as atividades que

realiza ou natildeo no seu municiacutepio e fazer as pactuaccedilotildees conforme suas necessidades Esta

pactuaccedilatildeo eacute coordenada pelo ERS e pautada nas diretrizes da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo e expressa os limites do teto fiacutesico da meacutedia e alta complexidade por

municiacutepio e a parcela financeira a receber referente ao atendimento da populaccedilatildeo

proacutepria e da que seraacute referenciada Esse teto fiacutesico e financeiro depois de aprovado no

CGR e na CIB eacute encaminhado ao Ministeacuterio da Sauacutede

A programaccedilatildeo municipal eacute realizada com base na sua capacidade instalada e nas

informaccedilotildees lanccediladas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede

(CNES) Nesta regiatildeo todos os gestores utilizam o Sistema Informatizado para

Programaccedilatildeo Assistencial de Estados e Municiacutepios (SISPPI)54

Os tetos estabelecidos

seguem os paracircmetros de programaccedilatildeo definidos pelo MS mas o gestor afirma natildeo

serem compatiacuteveis com a produtividade do municiacutepio O caacutelculo das necessidades de

procedimentos e ou especialidades natildeo parametrizados neste sistema ocorre com base

na seacuterie histoacuterica do municiacutepio mas com frequecircncia haacute glosas no sistema que gera

perda de recursos jaacute escassos ao municiacutepio

Com a SISPPI os gestores desta regiatildeo oficializam a programaccedilatildeo municipal e

pactuam no Colegiado de Gestatildeo Regional as necessidades a serem supridas com as

referecircncias intermunicipais e inter-regionais Com a PPI a conformaccedilatildeo e o fluxo da

rede de atenccedilatildeo da regiatildeo ficaram mais expliacutecitos Tanto a programaccedilatildeo municipal

como a regional realizadas com base na oferta de serviccedilos mostra as deficiecircncias da

rede de atenccedilatildeo regional que necessita do setor privado que dispotildee da maior capacidade

54

Programa desenvolvido pelo Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle - DRAC e Datasus

de uso opcional

117

instalada e que eacute acessada principalmente atraveacutes do CIS Nesta regiatildeo a pactuaccedilatildeo natildeo

revela coerecircncia com as referecircncias do PDR por estar desatualizado

As especialidades procedimentos e outros serviccedilos ofertados na rede SUS atraveacutes

do CIS continuam sendo pactuados na PPI com referecircncia para Cuiabaacute e Vaacuterzea

Grande A pactuaccedilatildeo com estes municiacutepios eacute realizada com a intenccedilatildeo de assegurar

serviccedilos especialmente para aqueles tratamentos que satildeo realizados na capital e que

dependendo da avaliaccedilatildeo meacutedica redunda em novos exames e ou procedimentos Nesses

casos o paciente natildeo precisa retornar ao seu municiacutepio de origem visto que muitas

vezes a regiatildeo natildeo disponibiliza tais serviccedilos

No ano de 2009 houve mudanccedilas na PPI atraveacutes das resoluccedilotildees CIBMT no 084 e

no 085 ambas de 13082009 Foram aprovados respectivamente paracircmetros para

caacutelculo das necessidades da alta complexidade da assistecircncia ambulatorial e para

definiccedilatildeo do Teto Fiacutesico do Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar do SUSMT

Com base nesses paracircmetros e na resoluccedilatildeo CIBMT no 0862009 os recursos

financeiros federais da PPI foram macroalocados Em 2010 pela resoluccedilatildeo CIBMT no

122 de 18052010 foi definido o limite dos recursos financeiros federais destinados agrave

assistecircncia ambulatorial especializada e hospitalar do estado Esse limite da assistecircncia agrave

sauacutede transferido aos municiacutepios foi modificado55

A PPI deveria constituir-se em instrumento de anaacutelise por parte do estado para

definir investimentos ampliar a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e tornaacute-la na medida do

possiacutevel autocircnoma para aleacutem dos limites municipais conforme preconiza o Pacto pela

Sauacutede No entanto se observa que natildeo eacute utilizada para monitoramento e avaliaccedilatildeo

quanto ao acesso e agrave adequaccedilatildeo das necessidades da populaccedilatildeo a todos os niacuteveis de

assistecircncia limita-se apenas agrave pactuaccedilatildeo de referecircncias e adequaccedilatildeo dos recursos

financeiros conforme teto estabelecido

O serviccedilo de Tratamento Fora do Domicilio - TFD estaacute centralizado na capital do

estado e eacute coordenado pela central estadual de regulaccedilatildeo Para acessar este serviccedilo as

SMS montam processo enviam para a central regional de regulaccedilatildeo que analisa e

encaminha para a central estadual Quando o procedimento solicitado natildeo eacute realizado

55

Esse teto sofre alteraccedilotildees em decorrecircncia de um novo remanejamento de recursos que estavam sob a

gestatildeo estadual - Resoluccedilatildeo CIB no 332 de 09 de dezembro de 2010 ndash dispotildee sobre o

remanejamentorepactuaccedilatildeo de recursos financeiros destinados agrave Assistecircncia de Meacutedia e Alta

complexidade do Estado de Mato Grosso

118

dentro do estado eacute autorizado e encaminhado para outro estado Nestes casos a equipe

da central estadual articula a vaga os recursos para a viagem e comunica ao paciente

Geralmente satildeo encaminhados para especialidades de oncologia neurologia e ortopedia

em especial casos de parapleacutegicos para a rede Hospital Sarah Kubitschek

Como parte do pacto de gestatildeo a habilitaccedilatildeo de novos serviccedilos e a sua

contratualizaccedilatildeo faz parte da regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede sendo responsabilidade do

ente federativo regular os serviccedilos que complementam a rede SUS Nesta regiatildeo os

contratos com os prestadores ainda satildeo aqueles antigos e muitos gestores natildeo tiveram

acesso a tais contratos sabendo apenas o nuacutemero de leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS Alguns

satildeo realizados pela SES e os novos foram estabelecidos entre a SMS e o prestador mas

o gestor afirma ldquoa gente natildeo consegue fazer () natildeo houve aquele treinamento da

contratualizaccedilatildeordquo (GM)

A formalizaccedilatildeo contratual entre o setor puacuteblico e o privado deve ser planejada e

realizada com base no Plano Municipal de Sauacutede e Plano Regional que expressam as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo O instrumento da contratualizaccedilatildeo oferece clareza

quanto aos direitos e deveres entre as partes legitima a transferecircncia de recursos

puacuteblicos e a subordinaccedilatildeo do processo de contrataccedilatildeo agraves diretrizes das Poliacuteticas de

Sauacutede do SUS Aleacutem disso constitui importante instrumento de gestatildeo regulaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo da prestaccedilatildeo de serviccedilos (MS 2006) Nesta regiatildeo a falta de acesso aos

contratos jaacute formalizados e de capacitaccedilatildeo dos gestores interferiu na loacutegica da

contratualizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo no controle e na avaliaccedilatildeo dos serviccedilos que passaram a

ser estabelecidos apenas com base na oferta dos serviccedilos do estabelecimento natildeo

oferecendo elementos para subsidiar o controle e a avaliaccedilatildeo

A contratualizaccedilatildeo pelo gestor municipal eacute realizada com base na Lei no

86669356

tem como referecircncia a Tabela Nacional de valores do SUS e a produccedilatildeo dos

serviccedilos Muitos dos serviccedilos contratualizados nesta regiatildeo recebem tabela

complementar Os contratos realizados natildeo contecircm metas qualitativas apenas o

quantitativo de procedimentos por tipo de serviccedilo que o prestador oferece e os limites

financeiros do gestor municipal para a compra de serviccedilos

56

Lei 866693 da Presidecircncia da Repuacuteblica de 27 de junho de 1993 - Regulamenta o art 37 inciso

XXI da Constituiccedilatildeo Federal - institui as normas para licitaccedilatildeo e contratos da administraccedilatildeo puacuteblica

e traz no seu artigo 55 as claacuteusulas necessaacuterias para compor qualquer contrato firmado entre o

gestor puacuteblico da sauacutede e os prestadores de serviccedilos de sauacutede

119

A regularizaccedilatildeo desses contratos formaliza as relaccedilotildees entre o gestor do SUS e o

prestador privado oficializa o fluxo operacional e a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo Aleacutem

disso objetiva garantir o acesso agraves necessidades da populaccedilatildeo a qualidade do

atendimento aos pacientes e a alocaccedilatildeo dos recursos meacutedico-hospitalares (Vilarins et

al 2012)

Embora traga benefiacutecios a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos ainda eacute incipiente nesta

regiatildeo No caso dos hospitais por exemplo depois de contratualizados a equipe

municipal apenas controla as internaccedilotildees verificando se ocorreram ou natildeo se tem ou

natildeo a vaga O controle adotado natildeo oferece ao gestor mecanismos efetivos de

monitoramento e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos e sendo assim satildeo insuficientes para gerar

mudanccedilas na gestatildeo e organizaccedilatildeo do SUS (Solla e Paim 2014)

Haacute necessidade de se aprimorar tais instrumentos e capacitar as equipes A

contratualizaccedilatildeo natildeo se limita apenas agrave assinatura de um contrato formal de prestaccedilatildeo de

serviccedilos mas explicita a pactuaccedilatildeo entre gestor e prestador define as metas

quantitativas e qualitativas em consonacircncia com as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

e do tipo de serviccedilo oferecido pelo prestador Aleacutem disso especificam regras claras de

responsabilidade de ambas as partes e estabelece os criteacuterios a serem considerados nas

atividades de avaliaccedilatildeo e monitoramento do desempenho (MS 2006)

O CIS faz a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos realiza o chamamento puacuteblico e utiliza

instrumento proacuteprio de prestaccedilatildeo de serviccedilos para pessoa juriacutedica Os contratos e as

tabelas complementares do consoacutercio desde 2009 satildeo reajustados anualmente com

base no percentual da inflaccedilatildeo do respectivo ano A contratualizaccedilatildeo ocorre com base na

produtividade fixa e para as unidades hospitalares utiliza a tabela SUS acrescida de

25 para alguns procedimentos para outros o valor oscila ldquo3 tabelas para um

procedimento ou 3 AIH por um procedimentordquo Ao ser questionado quanto agrave tabela

complementar o prestador refere que o estado paga ldquopara as Organizaccedilotildees Sociais 4 5

vezes a tabela SUSrdquo (GM) Esta tabela de pagamento diferenciado para as OS

repercutiu de forma negativa na regiatildeo ldquoestaacute sufocando a sauacutede puacuteblicardquo (GM)

As consultas ambulatoriais especializadas e os serviccedilos de apoio diagnoacutestico

imagem e laboratoriais satildeo contratualizados pelo consoacutercio mas realizados por

empresas privadas que recebem tabela complementar Alguns desses serviccedilos de apoio

120

diagnoacutestico credenciados pela SES tambeacutem recebem tabela complementar por meio do

consoacutercio

O serviccedilo de UTI da regiatildeo eacute contratualizado pela SES O primeiro contrato foi

realizado entre a SES e o CIS ficando o CIS responsaacutevel apenas pelo pagamento ao

hospital contratualizado Os recursos financeiros do convecircnio satildeo transferidos pelo

estado conforme as especificaccedilotildees contidas no Plano Operacional Os medicamentos de

alto custo utilizados na UTI natildeo estatildeo contemplados no convecircnio

Este convecircnio recebeu vaacuterios aditivos e no ano de 2010 foi estabelecido

diretamente entre a SES57

e o Hospital A contratualizaccedilatildeo da SES tambeacutem eacute realizada

com base na Lei 866693 e define que o meacutedico regulador do ERS deve elaborar

relatoacuterio mensal dos serviccedilos prestados certificar a nota fiscal e encaminhar para a SES

Os contratos realizados antes e durante o pacto foram para os serviccedilos de UTI

hemodiaacutelise Cito-patologia anatomia patoloacutegica e exames de imagem dentre estes os

de ressonacircncia magneacutetica Estes ampliaram a oferta de serviccedilos e as referecircncias nesta

regiatildeo mas segundo os gestores tanto os meacutedicos reguladores como os gestores natildeo

possuem governabilidade sobre estes ldquoeacute o estado que acompanha isso natildeo passa no

CGR eacute um contrato direto com o estado Natildeo sabemos se as vagas estatildeo sendo

preenchidas se estaacute faltando vagasrdquo (GM) Em relaccedilatildeo agraves UTI os teacutecnicos da regiatildeo

fazem o controle e a avaliaccedilatildeo do realizado ou seja acompanha apenas o fiacutesico

A alternativa para contratualizar serviccedilos privados por meio do consoacutercio tem

fortalecido os profissionais e as instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos na regiatildeo

Com o consoacutercio a oferta de serviccedilos eacute imediata e atende agraves demandas de usuaacuterios mas

tem gerado elevados custos para o gestor municipal que afirma ldquoa regionalizaccedilatildeo

trouxe um ocircnus muito grande para os municiacutepiosrdquo (GM)

A instalaccedilatildeo dos leitos de UTI no hospital privado foi negociada pela SES Essa

parceria puacuteblico-privada ao mesmo tempo em que criou o acesso na regiatildeo oficializou

a continuidade da assistecircncia privada que jaacute pressionava o setor puacuteblico com escolhas

para atendimento e pagamento diferenciado ldquoa resoluccedilatildeo vem no tempo deles da forma

que eles querem fazer dos valores que eles querem cobrarrdquo (GM) A falta de

capacidade instalada puacuteblica associada agrave baixa capacidade regulatoacuteria impede o

57

Convecircnio 0062010 - entre as obrigaccedilotildees do prestador cita que deve atender a todas as constantes na

Lei 866693 Decreto Governo Estado 721706 modificado pelos 721806 819906 e 842606

121

cumprimento da funccedilatildeo puacuteblica na conduccedilatildeo do SUS (Fleury et al 2006) que por

vezes se submete aos interesses privados que nesta regiatildeo satildeo bem organizados

Ao longo dos anos essa parceria foi definindo o comportamento dos atores

puacuteblicos e privados na regiatildeo Motivados pelo acesso e pela resoluccedilatildeo dos problemas a

um menor tempo os gestores desta regiatildeo continuaram pactuando com o prestador

privado os serviccedilos foram ampliados mas com tabelas de pagamento complementar

A expansatildeo da rede privada natildeo foi um processo paralelo e independente da

poliacutetica puacuteblica de sauacutede ou seja as decisotildees governamentais do passado de parceria

com o setor privado contribuiacuteram para aumentar a sua demanda O mix puacuteblico-privado

na rede de serviccedilos da regiatildeo foi instituiacutedo fortaleceu e legitimou a opccedilatildeo privada

Essas decisotildees associadas agraves fragilidades de planejamento regionalizado facilitam para

que sejam canalizados recursos puacuteblicos para o setor privado (Menicucci 2007) em

detrimento da constituiccedilatildeo de uma rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nesta regiatildeo seria diferente se contasse com o apoio do estado

ldquoeacute muito pouco a participaccedilatildeo do estado para o municiacutepio eu acho que ele teria que

participar mais estar mais atuanterdquo (GE) Para o gestor a instalaccedilatildeo dos leitos de UTI

no serviccedilo privado foi ldquotendenciosa () eacute um serviccedilo que poderia ser prestado dentro

de uma estrutura totalmente puacuteblicardquo (GE) A legislaccedilatildeo permite a participaccedilatildeo do setor

privado de forma complementar ao SUS mas se os entes federativos natildeo atuam de

forma ativa para o cumprimento das regras puacuteblicas os resultados podem ser

comprometidos Garantir o acesso a qualidade da assistecircncia e a organizaccedilatildeo dos

serviccedilos implica em maior participaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre entes federativos na

conduccedilatildeo no planejamento e na distribuiccedilatildeo de poder (Viana e Lima 2011)

No entendimento do gestor os instrumentos da regionalizaccedilatildeo estatildeo apenas no

papel A falta de planejamento e investimentos na regiatildeo associada agrave falta de apoio aos

municiacutepios contribui para natildeo efetivar a regionalizaccedilatildeo ldquoainda hoje o tipo de sauacutede

que a gente faz eacute apagar incecircndiordquo Aleacutem disso ldquoos municiacutepios estatildeo cansados

porque na hora que a gente precisa de dinheiro a gente natildeo tem Vocecirc natildeo tem

funcionaacuterio suficiente vocecirc natildeo tem uma equipe treinada A regionalizaccedilatildeo era para

ter o quecirc Quem eacute o suporte teacutecnico A equipe regional natildeo tem diaacuteria para vir no seu

municiacutepio eu mando buscar pago o almoccedilo a diaacuteria e ele natildeo pode vir () natildeo se tem

mais aquela coisa de vir a equipe regional no municiacutepio fazer monitoramento e

122

avaliaccedilatildeo e a gente natildeo consegue parar para fazer isso o municiacutepio eacute muito pequeno

gasta muito para ter profissionais no interior entatildeo natildeo tem como vocecirc ter uma equipe

aquirdquo (GM)

O gestor tem encontrado dificuldades para gerir o Sistema Municipal de Sauacutede

cita insuficiecircncias na quantidade e capacidade teacutecnica de profissionais e de recursos

financeiros para operacionalizar o SUS e natildeo tem contado com a cooperaccedilatildeo teacutecnica do

estado ldquoa equipe da regional conseguia fazer isso em 2006 2005 2004 e e ai eu vejo

assim cadecirc essa regionalizaccedilatildeo () como eu posso pensar numa poliacutetica que eacute

desfinanciadardquo(GM)

A falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica compromete a descentralizaccedilatildeo e o desenvolvimento

da regionalizaccedilatildeo Neste processo cabe aos entes federativos o duplo papel de

executores e articuladores jaacute que as responsabilidades foram compartilhadas para a

busca da eficiecircncia dos serviccedilos para o financiamento para a participaccedilatildeo e conduccedilatildeo

Se um dos entes deixa de exercer a sua parte natildeo se criam as condiccedilotildees para a

implementaccedilatildeo da poliacutetica

Na vigecircncia do pacto a SES criou vaacuterios incentivos como jaacute citados no entanto

desde 2008 as transferecircncias financeiras estatildeo sendo realizadas com meses de atraso e

isto tem repercutido no financiamento da gestatildeo municipal cuja receita depende das

transferecircncias federais e estaduais para operacionalizar os serviccedilos

Nesta regiatildeo o setor privado lidera a oferta diversificada de serviccedilos e o setor

puacuteblico depende do setor privado para o acesso O sistema de sauacutede puacuteblica natildeo eacute

suficientemente regulado o planejamento natildeo eacute atualizado de forma sistematizada natildeo

haacute financiamento para ampliar a oferta de serviccedilos puacuteblicos e as accedilotildees de auditoria

controle e avaliaccedilatildeo satildeo fraacutegeis O Pacto pela Sauacutede reforccedila a importacircncia da regulaccedilatildeo

do sistema natildeo apenas como um instrumento para garantir o acesso mas como uma

ferramenta de gestatildeo Neste sentido eacute preciso implementar o processo de planejamento

nesta regiatildeo Se atualizados o PDR e PDI podem explicitar as necessidades de sauacutede

da regiatildeo as responsabilidades de cada ente federativo as bases para a PPI o formato

do processo regulatoacuterio as estrateacutegias de controle social as linhas de investimento

entre outros (MS 2006)

Observa-se por meio dos relatos uma situaccedilatildeo de corresponsabilidade uma

acomodaccedilatildeo tanto por parte do ente federativo estadual como municipal Cada

123

municiacutepio da regiatildeo busca a soluccedilatildeo do seu problema Se o estado natildeo coordena o

processo pode configurar uma relaccedilatildeo mercantil (Santos e Merhy 2006) um mix

puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo da regiao que interfere na organizaccedilatildeo e oferta dos

serviccedilos

As referecircncias e o fluxo na regiatildeo foram configurados e influenciados pela oferta

de serviccedilos de meacutedia e alta complexidade que estatildeo no setor privado O fortalecimento

deste mix puacuteblico-privado foi facilitado pela baixa capacidade instalada puacuteblica

lideranccedila na capacidade instalada e oferta de serviccedilos de maior complexidade na rede

privada falta de planejamento gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema puacuteblico o que repercutiu

negativamente na regiatildeo O CIS idealizado provisoriamente em parceria com o setor

privado devido agrave falta de estrutura puacuteblica no periacuteodo manteve-se fortaleceu essa

relaccedilatildeo e natildeo se observam por parte da SES e dos gestores municipais iniciativas no

sentido de mudar este modelo de gestatildeo na regiatildeo

Essa maneira de organizar os serviccedilos tem interferido na regulaccedilatildeo da assistecircncia

agrave sauacutede que na maioria das vezes natildeo consegue resolver o problema na rede de

atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo Eacute ldquoo setor privado que demanda Se eles querem atender eles

atendem se eles natildeo querem atender eles natildeo atendem () todo o nosso sistema eacute

demandado pelo privado () se o privado oferecer o serviccedilo tem o serviccedilo se natildeo

oferecer o serviccedilo natildeo tem E noacutes natildeo conseguimos brigar por preccedilo por vaga porque

tudo estaacute laacute no setor privadordquo(GM) Aleacutem disso o pagamento eacute por procedimentos e

estimula o prestador privado a fazer escolhas para a oferta daqueles mais remunerados

mais proacuteximos do valor do mercado o que interfere na regulaccedilatildeo Essa dinacircmica

secundariza a integralidade e contribui para produzir distorccedilotildees nas praacuteticas de sauacutede

(Solla e Paim 2014)

Na regulaccedilatildeo da assistecircncia ldquoaparentemente natildeo haacute conflitosrdquo mas sempre

existem problemas na regiatildeo que surgem no momento em que se solicita a vaga para

internaccedilatildeo tanto na regiatildeo como quando ldquoentra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o problemardquo

(GE) Aleacutem disso depois de regulado para fora da regiatildeo o regulador natildeo consegue

acompanhar o paciente tanto na urgecircnciaemergecircncia como nos casos eletivos Os

reguladores municipais e regionais perdem o contato e as informaccedilotildees Nos casos

eletivos ldquoencaminhamos para a primeira consulta depois o agendamento eacute feito direto

124

com o paciente e vocecirc natildeo consegue mais ter o feedback ()a gente liga se identifica

mas agraves vezes ele foi transferido para outro localrdquo (GE)

Na regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia o gestor refere que eacute comum ouvir do

regulador da capital ldquoeu sei que vocecirc tem a necessidade de regular o paciente mas eu

estou com uns cinco pacientes na mesma situaccedilatildeo que a sua ou pior A rede estaacute

lotada entatildeo assim que surgir a vagardquo (GE) Aleacutem disso agraves vezes eacute liberada a

vaga mas ao chegar ao local eacute informado que natildeo existe vaga e o paciente tem que

retornar ao municiacutepio de origem ldquoa equipe estaacute levando de 8 a 12 hs em Cuiabaacute () e

ela soacute volta quando o paciente realmente foi recebido por um outro profissional

meacutedicordquo(GM)

Eacute tambeacutem relatado pelo gestor que muitas vezes pacientes em estado grave ficam

no municiacutepio aguardando a vaga mas os municiacutepios natildeo dispotildeem de capacidade

instalada para monitorar o paciente e a situaccedilatildeo se agrava ldquochegando a ficar de 5 a 10

dias acaba perdendo o pacienterdquo Entatildeo ldquoque lugar ocupa a regionalizaccedilatildeo () aqui

a gente natildeo tem hemodiaacutelise natildeo tem uma nutriccedilatildeo parenteral a gente natildeo tem uma

forma de dar vida para ele eacute muito difiacutecil () eu percebo que o estado dorme nesse

sentidordquo (GE) Estas situaccedilotildees com frequecircncia geram insatisfaccedilotildees dos reguladores

gestores e usuaacuterios do SUS (Cordeiro et al2010)

Nesta regiatildeo a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada pela SES

Com essa modificaccedilatildeo a Central Regional perdeu parte de suas funccedilotildees e as relaccedilotildees

com os meacutedicos reguladores dos municiacutepios jaacute natildeo acontecem visto que o contato eacute

diretamente com a Central Estadual Isso tem gerado muitas dificuldades para os

reguladores municipais encaminharem suas demandas de urgecircnciaemergecircncia aleacutem da

demora no acesso agrave vaga

Com a recentralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo os problemas continuaram o gestor relata um

caso de traumatismo craniano que ldquofoi regulado por Cuiabaacuterdquo e encaminhado para a

unidade mista de Tangaraacute da Serra que natildeo tem centro ciruacutergico Assim como este

caso outros ocorreram mais de uma vez geraram conflitos e questionamentos quanto agrave

prioridade da SES com a regionalizaccedilatildeo Para o gestor a SES natildeo investe recursos e natildeo

atende agrave regiatildeo como foi o caso do SAMU debatido no CGR Os gestores questionaram

a centralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo e pediram que a regulaccedilatildeo do SAMU ficasse na regiatildeo

mas natildeo foram atendidos

125

Tanto a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia como a dos demais procedimentos

apresenta problemas Foi relatado que em reuniatildeo do Conselho Estadual de Sauacutede a

equipe de auditoria da SES apresentou ldquolista de espera de 1500 pessoasrdquo para

colonoscopia ao mesmo tempo o prestador conveniado afirmou ldquoter cumprido 7 de

colonoscopia porque natildeo havia pacienterdquo e uma participante dessa reuniatildeo relatou que

sua irmatilde com cacircncer estava ldquohaacute 6 meses na fila de espera para realizar este examerdquo

(GM)

Esses casos mostram a fragilidade da regulaccedilatildeo no estado ldquonatildeo existe regulaccedilatildeo

Existem papeacuteis que correm para laacute e para caacute e se perdem e se acham e a demanda natildeo

encontra a ofertardquo (GM) Natildeo haacute como negar que essas citaccedilotildees se referem aos

problemas da gestatildeo puacuteblica do sistema de sauacutede e requerem a atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo

por parte dos atores institucionais e natildeo institucionais A regulaccedilatildeo no estado e nesta

regiatildeo eacute fraacutegil apresenta conflitos problemas na organizaccedilatildeo na gestatildeo e nos fluxos As

gestotildees do sistema nas regiotildees necessitam de iniciativas no sentido de formar redes

integradas regionalizadas e resolutivas conforme as necessidades para de fato tornarem-

se autocircnomas (Viana et al 2010b) Os sistemas de regulaccedilatildeo da assistecircncia no estado e

na regiatildeo precisam de uma gestatildeo mais efetiva

Os serviccedilos contratualizados pelo CIS natildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo como os demais serviccedilos conveniados ao SUS A equipe do CIS apenas

confere as guias liberadas as utilizadas e as cotas extras solicitadas pelos municiacutepios A

regulaccedilatildeo destas guias eacute realizada pelas Centrais Municipais Embora o Pacto pela

Sauacutede contemple como responsabilidades do estado ldquomonitorar e avaliar o

funcionamento dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutederdquo (MS 2006) natildeo se verifica

por parte da Central de Regulaccedilatildeo Regional nem da Central Estadual a utilizaccedilatildeo de

instrumentos que disciplinem as relaccedilotildees de controle regulaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos serviccedilos ofertados pelo CIS Eacute baixa a regulaccedilatildeo institucional em relaccedilatildeo aos

serviccedilos privados vinculados ao consoacutercio

Tais problemas mostram que agrave semelhanccedila de outros estados (Lima et al 2012)

a regulaccedilatildeo da assistecircncia tambeacutem eacute fraacutegil em Mato Grosso A regulaccedilatildeo nesta regiatildeo e

nos municiacutepios requer cooperaccedilatildeo do estado para sua organizaccedilatildeo e funcionamento

O controle e a avaliaccedilatildeo da central regional de regulaccedilatildeo natildeo tecircm sido realizados

a equipe alega ter perdido o controle desde que as atividades foram recentralizadas A

126

Central de Cuiabaacute comunica as solicitaccedilotildees de serviccedilos enviados pela Central Regional

diretamente ao paciente ou municiacutepio ldquoa gente tinha ateacute certo ponto um controle ()

agora a gente natildeo consegue () sabe que o municiacutepio conseguiu () foi uma

negociaccedilatildeo direta do municiacutepio com o prestadorrdquo (GE) Agrava esta questatildeo a ausecircncia

de um sistema de informaccedilatildeo da regulaccedilatildeo interligado de forma a facilitar ao gestor o

acesso ao sistema para identificar o desfecho da sua solicitaccedilatildeo

De forma natildeo estruturada o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

satildeo parcialmente realizadas pelos gestores municipais do SUS que em geral exercem

tais atividades no cotidiano da gestatildeo que realiza atividades de compra e

contratualizaccedilatildeo de serviccedilos acompanha as atividades financeiras realiza

cadastramento dos serviccedilos e alimenta os sistemas de informaccedilatildeo entre outros Na

regiatildeo os principais instrumentos que servem de base para o acompanhamento e

monitoramento das accedilotildees satildeo o Plano Municipal de Sauacutede o Relatoacuterio de Gestatildeo a

PPI o PDR o PDI Termo de Compromisso de Gestatildeo e o Pacto dos indicadores Como

jaacute ressaltados o PDR e o PDI estatildeo desatualizados e natildeo satildeo monitorados

Com o Pacto pela Sauacutede os insumos dos sistemas de informaccedilatildeo que eram

monitorados pelo ERS passaram a ser enviados on line diretamente para o MS ldquoalguns

programas eacute soacute entre o municiacutepio e o Ministeacuteriordquo Desta forma o contato do municiacutepio

eacute direto com o MS e os teacutecnicos do ERS julgam que este fato contribuiu para afastar os

municiacutepios do ERS e afirmam ldquonoacutes monitoramos avaliamos acompanhamos o serviccedilo

pelo sistema nacional de informaccedilatildeordquo (GE) ou por e-mail telefone ou na sede mas o

espaccedilo fiacutesico eacute inadequado pois o ERS natildeo tem estrutura proacutepria funciona nos fundos

do preacutedio do INSS

As atividades de controle e avaliaccedilatildeo que eram realizadas pela equipe do ERS

ficaram prejudicadas os teacutecnicos do ERS soacute acessam ldquoaquilo que eacute puacuteblico para

todosrdquo Gestores municipais tambeacutem atribuem ao distanciamento dos municiacutepios do

ERS o fato de a SES ter mudado a sua conduccedilatildeo e recentralizado muitas accedilotildees que antes

eram desenvolvidas pelo ERS Entatildeo ldquoo municiacutepio trata direto com a SES que tambeacutem

pula o ERS e passa informaccedilotildeesrdquo(GM) No que se refere ao ERS ldquoas coisas satildeo

decididas de cima vem para noacutes noacutes temos que passar para o municiacutepio () muitos

trabalhos foram descentralizados para noacutes mas () falta capacitaccedilatildeordquo (GE) O ERS

127

vem perdendo sua funccedilatildeo e jaacute natildeo haacute clareza quanto ao seu papel ldquoa gente ainda natildeo

conseguiu enxergar o que eacute que a SES quer do ERS esse eacute o pontordquo (GE)

Monitoramento controle e avaliaccedilatildeo fazem parte das atividades da SES de forma

estruturada mas o gestor afirma que aquela conduccedilatildeo da SESERS de monitorar os

indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo para levantar as dificuldades

cooperar para intervir jaacute natildeo eacute realizada No acircmbito dos municiacutepios esse

monitoramento tambeacutem natildeo eacute realizado e justificado pelo gestor pelo despreparo dos

profissionais para tais atividades

Observa-se incipiecircncia da regulaccedilatildeo no estado e na regiatildeo As bases da regulaccedilatildeo

foram instituiacutedas ainda antes do pacto mas na vigecircncia do pacto os instrumentos

regulatoacuterios natildeo foram suficientes para inserir mudanccedilas na gestatildeo e cabe aos entes

federativos a intransferiacutevel macrofunccedilatildeo de prover accedilotildees e serviccedilos de regular o setor

sauacutede em seus vaacuterios aspectos da gestatildeo da prestaccedilatildeo da assistecircncia do financiamento e

da administraccedilatildeo para equilibrar os vazios assistenciais da oferta e da demanda

(CONASS 2011)

As competecircncias e atribuiccedilotildees da regulaccedilatildeo satildeo amplas referem-se natildeo somente agrave

fiscalizaccedilatildeo e ao controle mas tambeacutem ao estabelecimento de regras e mecanismos para

a orientaccedilatildeo deste sistema de sauacutede compreendendo os meios e os fins que possam

melhorar o acesso aumentar a cobertura e aleacutem disso na perspectiva da equidade

atender agraves necessidades e direitos do cidadatildeo (Nascimento 2009)

Nesta regiatildeo natildeo haacute clareza desta importante funccedilatildeo aleacutem disso muitos gestores

pela falta de conhecimento natildeo satildeo comprometidos o suficiente para de fato exercer o

seu papel que se agrava pela falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado Essas praacuteticas

limitam a oferta de serviccedilos puacuteblicos e geram demandas reprimidas

No entendimento do gestor foram ldquoos municiacutepios que assumiram a regionalizaccedilatildeo

e pagam financeiramente um preccedilo muito altordquo(GM) Passaram a ter maior autonomia

em gerir os seus recursos mas tambeacutem a ldquover que eacute difiacutecil planejar a sauacutede () que o

recurso que vem nem sempre eles conseguem gastar naquilo que eacute prioridade entatildeo

essa tambeacutem eacute uma dificuldade e muitas vezes o recurso acaba sendo mal gastordquo (GE)

O PDR o PDI e a PPI que poderiam ser instrumentos de direcionamento da

regionalizaccedilatildeo natildeo se constituem em instrumentos de integraccedilatildeo intermunicipal Aleacutem

disso a conduccedilatildeo da SESERS estaacute muito mais voltada para as suas funccedilotildees internas

128

Sua maneira de executar a poliacutetica natildeo corresponde agravequilo que estaacute contemplado no

PPA o que tem enfraquecido suas funccedilotildees

As funccedilotildees desenvolvidas pelo ERS natildeo tecircm correspondido agrave sua missatildeo que eacute

justificada pela falta de recursos financeiros Suas atividades correspondem muito mais

ao repasse das demandas provenientes da SES e do MS do que ao fortalecimento da

regiatildeo Esse tipo de conduccedilatildeo contribui com o posicionamento individual do gestor

municipal cujos problemas natildeo satildeo percebidos como da regiatildeo buscando-a apenas

quando se vecircem diante de dificuldades frente as quais ele natildeo consegue ser

autossuficiente ldquose eu estou bem no meu municiacutepio com o meu prefeito se eu consigo

me resolver isso eacute problema meurdquo (GM)

Nesta regiatildeo a rede de atenccedilatildeo deixa a desejar natildeo haacute capacidade instalada que a

torne autocircnoma e resolutiva os recursos financeiros satildeo escassos e resultam em

iniquidades no acesso ao ciclo completo de atenccedilatildeo Aleacutem disso o gestor destaca que

nesta regiatildeo ldquofalta aquilo que estaacute na lei aquela solidariedade neacute porque a regiatildeo eacute

feita por solidariedade e eu sinto a ausecircncia disto na regiatildeo solidariedaderdquo (GM)

A falta de solidariedade ocorre em especial pela falta de clareza quanto agraves regras

nas relaccedilotildees interfederativas e tornam-se mais expliacutecitas nas propostas de

regionalizaccedilatildeo que requerem o fortalecimento de tais relaccedilotildees Essa falta de

compartilhamento de responsabilidades entre os entes federativos tende a ser superada

quando haacute um planejamento intergovernamental quando as accedilotildees satildeo coordenadas e

reguladas para organizar os fluxos assistenciais (Silva 2013)

As limitaccedilotildees do planejamento na regiatildeo podem ser evidenciadas quando o gestor

relata ldquoa gente natildeo senta natildeo discute natildeo levanta dados natildeo trabalha com dados

Trabalha no conhecimento do achismo isso eacute uma deficiecircncia muito grande porque eu

penso se noacutes tiveacutessemos sentado e feito o levantamento das necessidades das nossas

potencialidades e saber aonde eacute que queriacuteamos chegar noacutes jaacute conseguiriacuteamos

caminhar Quando fala () vai sentar para negociar eacute toda vez () toda vez

passamos um pouco de vergonha porque natildeo temos dados natildeo temos nuacutemeros a gente

natildeo consegue levantar nem a demanda e nem a oferta Assim uma das maiores

dificuldades que eu acho que eacute isso A regiatildeo natildeo se reconhece natildeo se percebe eacute isso

se conhecer se perceber saber onde estaacute e para onde tem que irrdquo (GM)

129

Estes relatos permitem afirmar que a poliacutetica de regionalizaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede natildeo estaacute sendo trabalhada nesta regiatildeo A regionalizaccedilatildeo em pauta se limita agrave

delimitaccedilatildeo do territoacuterio e natildeo se considera o seu processo que estaacute permeado por

conflitos e tensotildees A regiatildeo natildeo eacute reconhecida pelos seus integrantes natildeo haacute um

sentido de pertencimento natildeo haacute coordenaccedilatildeo regionalizada natildeo haacute motivaccedilatildeo pelo

coletivo e o ERS segue conduzindo a regiatildeo com as demandas oriundas da SES e do

MS

Eacute preciso recriar as condiccedilotildees para implementar a poliacutetica regionalizada nesta

regiatildeo Isto requer arranjos ajustes organizaccedilatildeo planejamento regionalizado

compartilhado para a construccedilatildeo de uma rede de serviccedilos que seja capaz de responder

agraves necessidades da populaccedilatildeo considerando as diversidades econocircmica social

poliacutetico-administrativa e cultural

A participaccedilatildeo do estado na implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo eacute fundamentalldquoo

estado eacute o grande articulador ou pelo menos deveria serrdquo(GM) Sem a participaccedilatildeo do

estado a regionalizaccedilatildeo natildeo acontece Muitos dos gestores ainda estatildeo despreparados

quanto agrave poliacutetica de sauacutede Se natildeo haacute clareza por parte dos entes federativos municipais

a regionalizaccedilatildeo fica comprometida ldquoeles vatildeo ter que entender para decidir de que

forma a regiatildeo vai se organizar ir atraacutes de investimentos e a gente precisa de

influecircncia poliacutetica para trazer algum recurso para a regiatildeo porque do jeito que estaacute a

gente estaacute perdendo recursordquo(GE)

O pacto trouxe maior autonomia para os municiacutepios e possibilidades de realizar

pactuaccedilotildees com flexibilidade entre os gestores mas eacute um processo que requer

participaccedilatildeo conhecimento entendimento sobre o sistema de sauacutede e sobretudo

capacidade para desenvolver o planejamento e articulaccedilatildeo regional com regras claras

quanto agraves relaccedilotildees interfederativas e a responsabilidade compartilhada (Lavras 2011)

Aleacutem da mobilizaccedilatildeo e lideranccedila teacutecnica o processo de regionalizaccedilatildeo nesta

regiatildeo precisa da lideranccedila poliacutetica A regiatildeo tem potencialidades atores natildeo

institucionais a serem considerados e articulados ldquonoacutes temos um suplente de senador na

regiatildeo temos um deputado na regiatildeordquo (GM) e precisam ser mobilizados para os

investimentos regionais

Os relatos aqui explicitados mostram as dificuldades enfrentadas pelos gestores

desta regiatildeo na gestatildeo municipal e na governanccedila regionalizada prevista no Pacto pela

130

Sauacutede Aleacutem disso evidenciam tambeacutem a necessidade de investir em educaccedilatildeo

permanente que fortaleccedila a capacidade de gestatildeo o planejamento o controle a

avaliaccedilatildeo e o monitoramento das accedilotildees de forma a adequaacute-las agraves necessidades Eacute

fundamental capacitar para entender que o processo regulatoacuterio de forma planejada

redimensiona a oferta e qualifica a utilizaccedilatildeo dos recursos assistenciais e financeiros eacute

um salto para a melhoria e eficiecircncia do sistema e pode garantir o direito constitucional

agrave sauacutede

7 Governanccedila do Processo

de Regionalizaccedilatildeo na Regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra

132

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

Com a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo legalmente o gestor local

e as instacircncias regionalizadas passaram a ter maior importacircncia na conduccedilatildeo da poliacutetica

assumiram responsabilidades compartilhadas na gestatildeo na contratualizaccedilatildeo no

planejamento no controle e na regulaccedilatildeo dos serviccedilos da rede de atenccedilatildeo da regiatildeo

Responsabilidades que requerem novas relaccedilotildees entre os diferentes atores envolvidos no

processo aperfeiccediloamento teacutecnico e gerencial (Arretche 2010) e articulaccedilatildeo para a

gestatildeo colegiada

O Pacto pela Sauacutede contempla um novo ciclo da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo Sua efetivaccedilatildeo depende da cooperaccedilatildeo e de pactos interfederativos de

forma solidaacuteria e compartilhada (Machado et al 2010) O papel a ser desempenhado

pela SES como condutora deste processo eacute determinante para o desenvolvimento de

competecircncias e busca de soluccedilotildees intersetoriais (Junqueira 2000) para interesses

coletivos

Na vigecircncia do pacto a gestatildeo estadual passou por trocas sucessivas que

refletiram na sua maneira de gerir e conduzir a Poliacutetica Estadual A gestatildeo tem-se

modificado tem sido permeada por ldquointeresses pessoal e partidaacuterio () tendenciosos a

praacuteticas pessoaisrdquo (GM) e ldquonatildeo existe uma linha da poliacutetica de sauacutederdquo tem gerado

ldquoconflitos de interessesrdquo (GM)

Nesta regiatildeo de sauacutede o papel desempenhado pela SES tem sido ldquomuito

fragmentado aquele projeto da regionalizaccedilatildeo que era feito a vaacuterias matildeos hoje natildeo

existe mais () noacutes natildeo somos ouvidosrdquo (GM) O gestor julga que deve haver ldquoalgum

interesserdquo que faz com que uma regiatildeo com mais de 200 mil habitantes natildeo tenha ldquoo

investimento na sauacutede puacuteblica numa linha continuada satildeo sempre pontuais e

ocorrem quando os gestores se levantam vatildeo laacute apagam o fogo e pronto acabourdquo

(GM) Cita como exemplo as tentativas de transformar a Unidade Mista de Tangaraacute da

Serra em hospital regional mas ldquonatildeo era interesse dele gestor estadual em fazer o

hospital regional em abrir nenhum hospital regional () ele queria terceirizar o

serviccedilordquo (GE)

133

Com a implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede ldquoo estado descentralizou mas natildeo

descentralizou o recurso natildeo quer descentralizar a parte teacutecnica satildeo muitos

conflitos talvez por medo de perder o poder que queira ou natildeo ainda emana este

poder no estado () ele eacute o maior ele eacute o rei e noacutes como somos todos os feudos

temos que ficar pedindo sempre () ele continua da mesma forma () eacute uma relaccedilatildeo

muito autoritaacuteria do governo estadual muito alheia ao problema da assistecircnciardquo (GM)

Oficialmente as responsabilidades foram compartilhadas houve a assinatura do

Termo de Compromisso de Gestatildeo mas o estado natildeo tem cumprido com a sua parte na

cooperaccedilatildeo teacutecnica no financiamento na regulaccedilatildeo e tem repercutido na governanccedila da

regiatildeo Os Sistemas Municipais de Sauacutede natildeo satildeo autossuficientes dependem da

cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado para fortalecer a sua capacidade institucional e da regiatildeo

Esta funccedilatildeo implica mudanccedilas no papel do Estado e dos municiacutepios em dividir

desenvolver competecircncias e cumprir com as responsabilidades compartilhadas O

processo de regionalizaccedilatildeo tem sido permeado por tensotildees interfederativas (Noronha et

al 2012) nesta regiatildeo natildeo tem sido pautado pelo planejamento integrado

regionalizado com base nas necessidades da rede de serviccedilos do territoacuterio com

financiamento regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo teacutecnica

Entre as dificuldades citadas pelo gestor a principal ldquoeacute o financiamentordquo (GM) e

tambeacutem tem refletido na atuaccedilatildeo do ERS junto aos municiacutepios ldquoa gente percebe que

quando um ERS natildeo consegue mais dar suporte para o municiacutepio que natildeo vai mais ao

municiacutepio isso eacute um enfraquecimento do SUS de uma forma geralrdquo e acrescenta

quando ldquoo estado natildeo encampa a educaccedilatildeo ensino em serviccedilo a formaccedilatildeo continuada

do gestor a gente percebe tambeacutem que natildeo quer que aconteccedila o fortalecimento do

SUSrdquo (GM)

O gestor municipal e a equipe do ERS natildeo tecircm recebido capacitaccedilotildees com

suficiecircncia para influenciar positivamente o processo de descentralizaccedilatildeo ldquoos

municiacutepios estatildeo se capacitando sozinhos () os teacutecnicos do ERS natildeo se entendem

eles natildeo se percebem enquanto atores () noacutes percebemos limitaccedilotildees falta de

prioridade do estado em capacitar os profissionaisrdquo (GM) Segundo o gestor

municipal as informaccedilotildees satildeo repassadas pelo COSEMS e eacute comum a equipe do ERS

expressar ldquomas o estado natildeo nos repassou issordquo (GM)

134

No ERS e na SES ainda existem teacutecnicos que participaram do processo de

regionalizaccedilatildeo implantado no periacuteodo anterior ao pacto Segundo o gestor ldquosabem o

que tem que fazer e natildeo conseguem fazerrdquo e isso ldquoeacute velado as pessoas natildeo se sentem

confortaacuteveis para falar o que tem que falar para falar o que pensam para dizer o que

precisa ser ditordquo (GM) e reitera ldquoa gente sabe que estaacute muito difiacutecil para o escritoacuterio

porque eacute corte em cima de corte haacute trecircs anos eles ERS tecircm dificuldade de vir nos

municiacutepios () hoje noacutes percebemos haacute um esfacelamentordquo (GM)

As relaccedilotildees da SES com a regiatildeo e os teacutecnicos do ERS estatildeo distantes e

enfraquecidas ldquoeu acho que falta um pouco deles SES conhecer a nossa realidade

aqui enquanto ERS das atividades da regiatildeo de conhecer a regiatildeo () que se estaacute

falando de interior () a gente tem sentido a falta desse elo da SES com o ERSrdquo (GE)

As relaccedilotildees dos teacutecnicos do ERS com os gestores municipais satildeo formais e

teacutecnicas ocorrem in loco na sede do ERS ou no CGR mas ldquoa gente percebe que existe

um enfraquecimentordquo (GM) Com o pacto muitos dos sistemas de informaccedilotildees foram

modificados e os teacutecnicos natildeo estatildeo preparados para ldquodar este suporterdquo (GM) e nesse

caso os gestores municipais procuram a SES MS ou COSEMS

As relaccedilotildees entre os teacutecnicos do ERS e SMS satildeo importantes em especial pelo

conhecimento que eles tecircm sobre a regiatildeo Satildeo relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo divergentes e

conflitantes sobretudo ldquoquando noacutes colocamos a omissatildeo do estado na poliacuteticardquo e os

membros do ERS defendem o estado Aleacutem disso o gestor afirma que ldquoagraves vezes o ERS

natildeo se percebe enquanto regiatildeo mas como estado e aiacute dentro disto percebemos que

existem discordacircncias Noacutes fazemos cobranccedila principalmente de acesso de recurso e

agraves vezes satildeo conflitantesrdquo (GM)

Satildeo comportamentos influenciados pela falta de clareza dos papeacuteis das instacircncias

em relaccedilatildeo ao processo de regionalizaccedilatildeo No entendimento do gestor os teacutecnicos do

ERS representam ldquoa interface entre o gestor do niacutevel central com o municipal e a

gente segue a poliacutetica de sauacutede conforme eles SES colocam () principalmente aquilo

que chega do Ministeacuteriordquo (GE) mas agraves vezes as accedilotildees propostas natildeo se adequam ao

porte dos municiacutepios e agraves caracteriacutesticas da regiatildeo e ocorrem conflitos resistecircncias e

nestes casos a gestora refere ter que ldquotrabalhar essas adequaccedilotildees para que se chegue a

um acordordquo (GE)

135

Entre os gestores municipais no geral as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias cooperativas e

tambeacutem conflitivas Eacute comum cada um defender a sua realidade o seu proacuteprio

benefiacutecio natildeo havendo preocupaccedilotildees em ldquobeneficiar a regiatildeordquo (GM) Segundo o

gestor estas posiccedilotildees ocorrem nas reuniotildees da CIB estadual e nas do colegiado e

ldquodependendo da eacutepoca em que vocecirc estaacute tem influecircncia das questotildees partidaacuterias e se

houver recurso no meio existem sim interesses particularesrdquo (GE)

Os conflitos estatildeo presentes tambeacutem devido agraves transferecircncias irregulares dos

recursos financeiros por parte do estado aos municiacutepios ldquoa partir do momento que vocecirc

natildeo tem o repasse fidedigno dos incentivos a relaccedilatildeo que mais predomina eacute de

conflito de descreacutedito () eacute uma relaccedilatildeo de desconfianccedila () natildeo pode confiar e

dizer eu assinei um convecircnio e isso vai sair natildeo natildeo tem seguranccedilardquo (GM) A

insuficiecircncia de recursos financeiros locais e regionais associada agrave complexidade e

diversidade do modelo de atenccedilatildeo manteacutem as desigualdades entre os entes federativos

(Viana et al2002) geram tensotildees desconfianccedila intensificam as relaccedilotildees competidoras

e predatoacuterias e fragilizam a poliacutetica regionalizada

Os conflitos intergovernamentais e as relaccedilotildees de desconfianccedila foram construiacutedos

ldquoantes a pactuaccedilatildeo era cumprida os acordos eram cumpridos hoje se faz um acordo e

vocecirc natildeo vecirc assim empenho do estado em cumprir esse acordo () os prefeitos jaacute natildeo

acreditam na administraccedilatildeordquo (GM) Aleacutem de natildeo cumprir o pactuado a SES vem

ldquodescuidando do puacuteblico e privilegiando o privadordquo (GM) Estas relaccedilotildees de

desconfianccedila tecircm resultado em conflitos e comportamentos individualizados cada um

busca resolver apenas os seus problemas municipais de acesso aos serviccedilos

Embora instituiacuteda e contemplada no PES natildeo se observa que a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede seja prioridade na agenda do gestor estadual e da regiatildeo O gestor julga que a

regionalizaccedilatildeo estaacute apenas no papel ldquonoacutes natildeo somos ouvidos isso tudo estaacute ficando

distante da realidade o paciente necessita de consulta de exame de atendimento de

urgecircncia e noacutes temos uma carecircncia imensa na regiatildeo de tudo aquilo que foi planejadordquo

(GM) e afirma ldquonatildeo se observa modificaccedilotildees no comportamento da gestatildeo estadualrdquo

(GE) para cumprir suas responsabilidades assumidas no Termo de Compromisso de

Gestatildeo

Desprovida de accedilotildees coordenadas e de uma rede de atenccedilatildeo que atenda aos

diversos interesses do territoacuterio (Noronha et al 2012) os relatos mostram que esta

136

regiatildeo estaacute desarticulada O equiliacutebrio pode ser obtido mas requer articulaccedilatildeo

coordenaccedilatildeo e iniciativas entre os atores de representaccedilatildeo teacutecnica e poliacutetica do estado e

regiatildeo para planejar a rede regionalizada de atenccedilatildeo agrave sauacutede (Viana e Lima 2011)

A falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo manteacutem seacuterios problemas

que produzem iniquidades as relaccedilotildees estabelecidas e as deliberaccedilotildees expressam os

interesses de cada gestor de forma a atender antes de tudo aos seus objetivos (Abrucio

2002) Satildeo comportamentos que geram fragmentaccedilatildeo descontinuidade do cuidado agrave

sauacutede e ameaccedilam a governanccedila indicativos que comprometem e alertam para as

condiccedilotildees desfavoraacuteveis ao processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As relaccedilotildees entre o gestor puacuteblico e o privado nesta regiatildeo satildeo institucionalizadas

e formais e ocorrem por meio de convecircnios estabelecidos entre o estado o municiacutepio e

o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede com as empresas prestadoras de serviccedilos com o

profissional liberal de sauacutede eou por meio de medidas administrativas demandadas pela

regulaccedilatildeo As relaccedilotildees tambeacutem ocorrem informalmente quando o gestor municipal faz o

pagamento pelo serviccedilo prestado direto para o profissional que natildeo aceita atender as

demandas do SUS

As relaccedilotildees entre os gestores e os prestadores por meio do CIS satildeo permeadas por

tensatildeo tecircm um custo elevado geram dificuldades financeiras mas ldquotem sido a nossa

saiacuteda principalmente frente agrave omissatildeo do estadordquo (GM) O CIS ainda hoje natildeo conta

com estrutura puacuteblica para instalar seus serviccedilos e natildeo haacute previsatildeo de investimentos

puacuteblicos para expansatildeo da rede de atenccedilatildeo

As relaccedilotildees com o setor privado satildeo importantes e significativas ampliam a oferta

imediata dos serviccedilos geram benefiacutecios contribuem para a resoluccedilatildeo dos problemas na

regiatildeo complementam a rede de atenccedilatildeo e o acesso eacute mais raacutepidoldquotira de riscos da

viagem para Cuiabaacuterdquo (GM) Para o gestor esta parceria oferece atendimento

especializado Sem o estabelecimento de pacto com outros gestores dificilmente um

gestor municipal conseguiria trazer para a rede puacuteblica tal especialidade devido ao custo

do serviccedilo que eacute elevado

O gestor privado considera que as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado podem

contribuir para a vinda de novas especialidades e serviccedilos fixar profissionais no

municiacutepio e regiatildeo desenvolver socioeconomicamente o municiacutepio e a regiatildeo

diversificar a oferta e melhorar a complexidade dos serviccedilos oferecidos Uma das

137

dificuldades de adesatildeo das empresas ao plano de sauacutede eacute a falta de profissionais nos

municiacutepios As existentes estatildeo concentradas em Tangaraacute da Serra que dista de 120 a

225 km dos demais municiacutepios No entendimento do gestor puacuteblico quanto mais o setor

privado diversificar os serviccedilos ofertados mais a regiatildeo vai se beneficiar ldquoo privado

consegue trazer muito mais profissionais para a regiatildeordquo (GM)

Por meio das entrevistas pode-se constatar que as diferentes especialidades

concentradas e estruturadas no setor privado permitem ao prestador impor as condiccedilotildees

para atender propor acordos para aumento dos valores da tabela complementar ou

tabela especiacutefica para atendimento A tabela SUS eacute a referecircncia para a contratualizaccedilatildeo

dos serviccedilosldquoa gente sempre paga uma tabela e meia a duas tabelas () eacute uma tabela

de referecircncia mas a maior parte dos procedimentos eles satildeo co-financiadosrdquo (GM)

Embora os gestores valorizem esta parceria como alternativa da regiatildeo e com

muitos benefiacutecios pontuam que o negativo eacute o fato de o setor privado escolher os

serviccedilos que vai colocar agrave disposiccedilatildeo do SUSldquoeles prestadores privado tecircm

sufocado vivemos sob ameaccedilardquo (GM) e influenciam para que natildeo ocorram

investimentos puacuteblicos

Muitas vezes natildeo haacute consenso entre os gestores quanto aos valores propostos pelo

prestador privado e tecircm ocorrido puniccedilotildees Um dos prestadores privado suspendeu o

atendimento aos partos e as cirurgias (geral e eletiva) e o gestor municipal teve que

encaminhar sua demanda para hospitais de outros municiacutepios outro gestor cita que ldquoele

prestador privado fechou as portas noacutes tivemos que encaminhar para Cuiabaacute ()

isso prejudicou e ateacute que chega o resultado o paciente agraves vezes jaacute foi a oacutebitordquo (GE)

Outro exemplo refere-se agrave contratualizaccedilatildeo de um serviccedilo especializado Os

especialistas natildeo aceitavam serem contratados pelo CIS mas quando um terceiro

especialista chegou agrave regiatildeo e aceitou a tabela os demais exigiram que tambeacutem fossem

contratados ldquonoacutes estamos agrave mercecirc do privadordquo (GM) e estes problemas ocorrem ldquopela

falta de outras opccedilotildeesrdquo (GM) O gestor afirma que ou os municiacutepios direcionam tudo

para determinado estabelecimento ou ldquocorre o risco de natildeo atender ningueacutemrdquo (GE)

O negativo eacute a ldquofalta de infraestrutura na regiatildeo tanto no setor puacuteblico como no

privado () cateterismo tem que ser feito em Cuiabaacuterdquo (GP) faltam especialidades

meacutedicas no setor puacuteblico e no privado e diz ldquoa gente vecirc cada vez mais um nuacutemero

reduzido de pessoas conseguindo executar serviccedilos pela tabela federal do SUSrdquo (GP)

138

Este gestor julga que a tabela SUS estaacute defasada e influencia de forma negativa essa

relaccedilatildeo

As relaccedilotildees puacuteblico-privadas satildeo consideradas positivas para o acesso na regiatildeo

mas ao mesmo tempo que representam facilidades satildeo tambeacutem as dificuldades da

regiatildeo O gestor refere que somente agora percebe que a ldquopresenccedila deles prestadores

privados de uma forma em geral natildeo permitiu ao longo do tempo o crescimento

estrutural puacuteblicordquo julgam que satildeo ldquoinfluecircncias negativas com certeza () ele

prestador privado dificulta a inserccedilatildeo do serviccedilo publicordquo (GM)

Segundo a gestora municipal manter essa parceria eacute a alternativa do momento

mas refere que o custo desta parceria parece natildeo ser percebida pelo estado e por

gestores de outras regiotildees que por vezes citam nas reuniotildees da CIB e COSEMS que

esta regiatildeo tem ldquoresolutividaderdquo (GM)

Essa ldquoresolutividaderdquo somente ocorre porque ldquonoacutes compramos esse serviccedilo e

muito caro () a meu ver esta eacute a regional que mais gasta com a iniciativa privada e

ela eacute vista como a mais resolutiva sabia Soacute que ningueacutem sabe o preccedilo que a gente

paga por issordquo (GM) Para esta gestora a ldquoresolutividaderdquo resultou em certa

acomodaccedilatildeo por parte do estado que natildeo tem investido em obras puacuteblicas na regiatildeo A

participaccedilatildeo do setor privado jaacute deveria ter sido substituiacuteda ldquoexiste certo marasmo por

ter o serviccedilo privado eacute mais faacutecil comprar do que proporrdquo (GE) Este tipo de parceria

aparentemente traz resolutividade mas fortalece o subsistema privado de sauacutede (Ockeacute-

Reis e Sophia 2009) Nesta regiatildeo esta parceria tem influenciado o sistema puacuteblico de

sauacutede na medida em que produz efeitos sobre sua regulaccedilatildeo sobre o financiamento

puacuteblico e sobre a incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica entre outros

O ente estadual tem participado timidamente do financiamento dos serviccedilos

atraveacutes dos incentivos da atenccedilatildeo baacutesica e do CIS e enquanto os municiacutepios

continuarem resolvendo os problemas sozinhos natildeo buscando alternativas e

comprometimento do estado para fortalecer a rede puacuteblica da regiatildeo o setor privado vai

se fortalecer vai continuar ampliando sua rede influenciando a demanda da regiatildeo

impondo suas regras e contribuindo para o enfraquecimento e mau desempenho do setor

puacuteblico Se natildeo houver planejamento e investimentos para ampliar a capacidade

instalada puacuteblica se o governo estadual natildeo coordenar e investir na gestatildeo puacuteblica na

139

regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a assistecircncia privada vai continuar influenciando e

fortalecendo-se com a forte transferecircncia de recursos puacuteblicos (Menicucci 2007)

Na regiatildeo a governabilidade da rede de sauacutede conta com vaacuterios atores as

parcerias se ldquobem negociada e contratualizadardquo(GE) podem facilitar para

disponibilizar vaacuterios serviccedilos na regiatildeo e contribuir para a integralidade da atenccedilatildeo No

entanto as fragilidades jaacute apontadas tecircm invertido os papeacuteis e o prestador privado tem

definido a demanda do setor puacuteblico ldquoo que eles concedem noacutes fazemos o que eles natildeo

concedem noacutes natildeo fazemosrdquo (GM) Observa-se uma estrutura regional fragilizada

desarticulada sem lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na conduccedilatildeo do sistema (Viana et al

2008)

As imposiccedilotildees sempre vatildeo acontecer se natildeo haver a ruptura com o poder do gestor

privado Essa situaccedilatildeo requer a intermediaccedilatildeo do estado entre os gestores e entre os

diversos atores presentes no territoacuterio Mesmo que o puacuteblico demonstre vontade de

romper a falta de previsatildeo de recursos para investimentos puacuteblicos aponta para um

cenaacuterio cuja configuraccedilatildeo vai perpetuar a tendecircncia a manter o jogo de quem estaacute com

o poder nas matildeos

Com este cenaacuterio eacute difiacutecil para o gestor municipal e regionalestadual estabelecer

parceria que corresponda aos princiacutepios do SUS aleacutem disso ldquoo estado influencia o

processo de regionalizaccedilatildeo a favor do setor privadordquo Nesta regiatildeo recentemente a

SES manifestou interesse em ldquocolocar uma OS na regiatildeo noacutes tiacutenhamos uma

referecircncia hospitalar privada que ateacute certo ponto nos atendia muito bemrdquo(GM) Esta

possibilidade que natildeo foi implementada resultou em rompimento parcial de convecircnio

com o prestador privado que alegou querer receber a mesma tabela diferenciada com

que o estado remunera as OS

Neste caso o gestor estadual aleacutem de natildeo levar tal proposta para a deliberaccedilatildeo do

CGR fez uma interferecircncia que prejudicou a regiatildeo ldquonoacutes perdemos o contrato com o

hospital regredimos jaacute tiacutenhamos avanccedilado brigado por preccedilo por tabela e isso

retrocedeu totalmente e o municiacutepio sede que eacute Tangaraacute da Serra ficou refeacutem ateacute na

ginecologia Entatildeo assim a influecircncia foi extremamente negativa nesse sentido () o

estado foi laacute e fez issordquo (GM) Posteriormente o gestor estadual retrocedeu na sua

proposta mas a regiatildeo e os municiacutepios ficaram sem o serviccedilo

140

Nesta regiatildeo o que deveria ser complementar ldquoatualmente acaba sendo

substitutivo neacuterdquo (GE) esta parceria ldquoextrapola todos os limites do suportaacutevel o custo eacute

alto () extrapola o que a nossa constituiccedilatildeo colocou e extrapola o que o SUS

acreditava que seria o limiterdquo (GM)

Observa-se que a complementaccedilatildeo da rede de sauacutede puacuteblica pelo setor privado

nesta regiatildeo foi-se institucionalizando e tem resultado em ldquoexternalidades negativasrdquo

que segundo Figueiredo (2012) satildeo as ldquoconsequecircncias do processo de produccedilatildeo ou

consumo de um bem ou serviccedilo qualquer que causam dano agrave sociedade de maneira

geralrdquo(p137) Nesse caso entendemos como um dano a demanda reprimida pelo fato de

restringir o acesso aos serviccedilos apenas a uma pequena parcela da populaccedilatildeo devido aos

valores de tais atendimentos que satildeo custeados pelo gestor puacuteblico municipal cujas

despesas efetuadas com recursos proacuteprios municipais tecircm aumentado progressivamente

no periacuteodo de 2002 a 2010 (Mendonccedila 2012)

As parcerias estabelecidas com o setor privado no acircmbito da regiatildeo mostram e

requerem reorganizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e revisatildeo das regras de contratualizaccedilatildeo eacute

preciso repensar a governanccedila na regiatildeo As estruturas foram criadas a partir de uma

base institucional preacute-existente ainda antes do pacto com regras e princiacutepios puacuteblicos

instituiacutedos No entanto observa-se que estas foram se perdendo e nas relaccedilotildees puacuteblicas

e privadas predominam comportamentos de conflitos e temor onde as regras estatildeo

sendo definidas pelos atores privados Cada ator defende os seus objetivos e interesses

e as relaccedilotildees de complementaridade natildeo estatildeo submetidas agraves regras do direito puacuteblico

mas agraves do direito privado (Figueiredo 2012) Nesta regiatildeo a maneira de conduzir os

diferentes objetivos e interesses tem determinado o desenvolvimento do sistema de

sauacutede e natildeo tem efetivado os objetivos do SUS

Satildeo conflitos natildeo coordenados que dificultam o compartilhamento haacute uma busca

para resolver os problemas mas por natildeo serem mediados natildeo constroem competecircncias

para a gestatildeo regionalizada e conduzem a busca de alternativas individualizadas de

pactuaccedilatildeo com serviccedilos de prestadores privados dentro e fora da regiatildeo Aleacutem disso as

desigualdades econocircmicas dos municiacutepios fazem com que aqueles mesmo de pequeno

porte populacional mas de elevado desenvolvimento econocircmico faccedilam investimentos

puacuteblicos e atuem na loacutegica do municipalismo autaacuterquico onde cada um procura resolver

141

as suas dificuldades como uma unidade separada dos demais natildeo considerando os

problemas em termos de regiatildeo (Abrucio 2002)

As relaccedilotildees e influecircncias do setor privado na direcionalidade da regionalizaccedilatildeo

fazem parte da conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede nesta regiatildeo ldquonoacutes tivemos diferentes

gestores no passado que faziam parte dos serviccedilos privados Entatildeo parte desses

serviccedilos que ateacute hoje satildeo oferecidos foram amarrados laacute atraacutesrdquo (GE) Essas parcerias

satildeo ldquoinjustas natildeo correspondemrdquo (GM) aos objetivos do SUS

Em um quadro de carecircncia de profissionais e de estrutura puacuteblica o formato

institucional da assistecircncia agrave sauacutede nesta regiatildeo foi adquirindo padrotildees de

comportamento do setor privado ao mesmo tempo este setor tem se fortalecido como

prestador de serviccedilos na regiatildeo e influenciado o processo decisoacuterio Se natildeo houver

intervenccedilotildees a poliacutetica de sauacutede puacuteblica vai seguir com tendecircncias a se modelar aos

interesses do setor privado natildeo desenvolvendo capacidades proacuteprias de regulaccedilatildeo e de

busca por alternativas (Menicucci 2007) para fortalecer a rede puacuteblica na regiatildeo

As parcerias podem e devem acontecer mediante a insuficiecircncia dos serviccedilos

puacuteblicos mas estabelecidas sob as regras e princiacutepios puacuteblicos e de forma

complementar (Lenir 2010) Nesta regiatildeo dificilmente ter-se-aacute uma administraccedilatildeo

puramente puacuteblica no setor sauacutede sem o estabelecimento de parcerias com o setor

privado mas a grande questatildeo eacute o cuidado para que natildeo haja uma inversatildeo onde em

nome do direito agrave sauacutede o SUS torne-se o complementar

Nesta regiatildeo os conselheiros natildeo estatildeo contemplados para participar do CGR

mas fazem parte do Conselho Fiscal do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede A relaccedilatildeo

com os conselheiros municipais ocorre quando as demandas municipais precisam ser

aprovadas pelo CGR e exigem resoluccedilatildeo da aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede

142

8 Decisatildeo e Intersetorialidade na

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

143

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA

Nesta regiatildeo as decisotildees tomadas pelos entes federativos e demais atores que

compotildeem o complexo regional ocorrem no CGR As relaccedilotildees estabelecidas entre os

diversos atores da regiatildeo que fazem parte do sistema de sauacutede no geral satildeo formais

distantes teacutecnicas e administrativas Geralmente ocorrem atraveacutes de e-mail portarias e

outros documentos oficiais ou com a participaccedilatildeo de membros da regiatildeo em reuniotildees

que ocorrem na SES ou no COSEMS

Eacute com estas caracteriacutesticas relacionais entre os atores da regiatildeo que as decisotildees

satildeo tomadas entre entes federativos no CGR Eacute neste espaccedilo que o poder tende a ser

compartilhado para a busca de estrateacutegias de intervenccedilotildees (Figueiredo 2012) mas

tambeacutem eacute o local onde se alternam conflitos e cooperaccedilotildees que direcionam a conduccedilatildeo

da poliacutetica de sauacutede regionalizada

Quando o CGR foi reestruturado muitos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede desta

regiatildeo ocupavam o cargo haacute pouco tempo e jaacute participavam das reuniotildees da CIB

regional mas ainda natildeo detinham conhecimentos suficientes sobre o processo de

regionalizaccedilatildeo Pelo despreparo e troca constante de gestores as discussotildees ficavam

centradas em alguns e foi consenso entre eles que para ampliar a discussatildeo deveriam

ser realizadas reuniotildees preacute-colegiado para facilitar a interaccedilatildeo e instrumentalizaacute-los

para as deliberaccedilotildees

As reuniotildees preacute-colegiado entre gestores municipais foram adotadas tanto para as

reuniotildees do CGR como da CIB estadual coordenadas pela equipe do COSEMS no

acircmbito do estado e pelo seu representante no CGR com o objetivo de discutir de forma

antecipada temas da pauta e assim facilitar e preacute-consensuar as decisotildees

Apenas o representante do COSEMS da regiatildeo e o diretor do ERS participam da

reuniatildeo da CIB Os demais membros do CGR mantecircm relaccedilatildeo com a CIBestadual por

meio dos documentos da CIB enviados por e-mail para o ERS ou pelas informaccedilotildees

que estatildeo disponiacuteveis no site da SES As relaccedilotildees entre a CIBestadual e o CGR satildeo

distantes e formais

144

As relaccedilotildees estabelecidas entre a CIBestadual com outras instacircncias regionais satildeo

formais teacutecnicas e administrativas Ainda que nem todos os gestores da regiatildeo possam

participar de todas as reuniotildees e ou eventos realizados pela CIB e COSEMS julgam que

satildeo importantes interferem no processo de regionalizaccedilatildeo e afirmam que a maior

discussatildeo ldquodo processo de regionalizaccedilatildeo acaba acontecendo mais aqui no CGR

porque laacute o que acontece mais eacute a discussatildeo em niacutevel de portarias () a

descentralizaccedilatildeo a municipalizaccedilatildeo () a discussatildeo maior eacute aqui em niacutevel de CGRrdquo

(GE)

Para a gestora municipal ldquoquem nos manteacutem informado eacute o COSEMS a CIB em

si vira resoluccedilotildees se vocecirc quiser acompanhar tem que estar entrando no site Entatildeo eacute

bem distanterdquo (GM) A relaccedilatildeo do COSEMS com as SMS eacute forte O COSEMS se

posiciona com frequecircncia nas reuniotildees da CIB a favor dos municiacutepios e tem buscado

criar redes de discussatildeo quanto agraves questotildees do Pacto pela Sauacutede Tem discutido com os

gestores municipais o repasse irregular dos recursos financeiros por parte do estado aos

municiacutepios ldquomas ele tambeacutem fica muito barrado pelo estadordquo (GM) e seu

posicionamento muitas vezes tensiona suas relaccedilotildees com o estado

Os gestores confiam na orientaccedilatildeo do COSEMS julgam ldquotecnicamente eacute muito

forterdquo e que os debates por ele promovidos tecircm contribuiacutedo para a tomada de decisotildees

dos gestores municipais mas referem que ldquo politicamente eacute muito fraco natildeo tem poder

nenhum natildeo tem uma forccedila poliacuteticardquo (GM)

As relaccedilotildees do CGR com o COSEMS ocorrem por intermeacutedio do vice-regional do

COSEMS Satildeo relaccedilotildees formais teacutecnicas e representam o canal de comunicaccedilatildeo entre o

COSEMS e demais gestores da regiatildeo Para o gestor a equipe teacutecnica do COSEMS

representa a ldquoCIES para os gestoresrdquo (GM) referem sentir-se amparados e capacitados

pelo COSEMS e afirma ldquona nossa regiatildeo noacutes somos afinados () hoje noacutes fazemos

uma conversa frente a frente o COSEMS eacute forte neste sentido sempre noacutes conseguimos

colocar na mesa sentar e fazer discussotildeesrdquo (GM)

O gestor reconhece que o COSEMS tem desenvolvido um papel importante na

conduccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede por ser questionador julgam que ldquoquem mais luta pela

regiatildeo eacute o COSEMS () sabe muito mais que a SES tem um retrato das regiotildees da sua

populaccedilatildeo das suas necessidades () a gente percebe que o COSEMS estaacute muito mais

proacuteximo da regiatildeo muito mais atuante do que o proacuteprio estadordquo (GM)

145

Os entrevistados reconhecem a importacircncia do COSEMS no processo de

regionalizaccedilatildeo exemplificam sua atuaccedilatildeo na reuniatildeo da CIB quando a SES tentou

modificar a maneira de transferir os recursos financeiros aos municiacutepios Os membros e

sua equipe teacutecnica se posicionaram contraacuterios em juntar as transferecircncias fundo a fundo

dos recursos ambulatoriais e hospitalares como proposto pelo estado ldquoeu nunca vi um

COSEMS tatildeo firme e tatildeo forte Ele eacute fraacutegil ele natildeo consegue mudar a linha do estado

mas ele tem conseguido muitas vitoacuteriasrdquo (GM)

Na reuniatildeo do CGR o vice-presidente regional do COSEMS tem um tempo

assegurado para informes gerais oriundos da reuniatildeo preacute-CGR e CIB Muitas vezes o

aprendizado destas reuniotildees fica individualizado pois o gestor tem dificuldades para

repassar tais informaccedilotildees visto que os temas satildeo complexos e exigem conhecimento

para transmissatildeo aos demais

O CGR assim como a CIB satildeo espaccedilos considerados pelos gestores como

importantes as reuniotildees satildeo instrutivas e geram aprendizado mas entende-se que o

gestor precisa ldquose colocar colocar suas necessidades o que a regiatildeo realmente precisa

levar para CIBrdquo (GM) Tambeacutem refere que como entes federativos estatildeo em processo

de descoberta ldquoainda natildeo somos vistos e respeitados como entes federativosrdquo (GM)

Para que isso aconteccedila haacute necessidade de investir em capacitaccedilotildees para o gestor e

equipe inclusive preparaacute-los para a gestatildeo regionalizada

No acircmbito da regiatildeo embora valorizadas as preacute-reuniotildees do CGR deixaram de

acontecer e recentemente os gestores expressaram a necessidade de retomaacute-las

justificando que a formalidade das reuniotildees do CGR natildeo permite que as discussotildees

sejam ampliadas para os problemas locais ldquoa gente natildeo consegue ter temas

transversais dentro da reuniatildeo de colegiado eacute informe muitas resoluccedilotildees

proposiccedilotildees e portariasrdquo (GM) aleacutem disso referem ser uma das alternativas para

preparaacute-los para a gestatildeo O avanccedilo da regionalizaccedilatildeo tambeacutem depende do

posicionamento do gestor municipal do exerciacutecio do seu papel de ente federativo e o

CGR eacute o espaccedilo que cria as condiccedilotildees para as discussotildees e o aprendizado oportuniza

que o gestor se coloque facilita o estabelecimento de pactos interfederativos e contribui

com o processo de descentralizaccedilatildeo do SUS

A coordenadora do CGR reconhece a importacircncia da preacute-reuniatildeo justifica que nas

reuniotildees mensais segue o protocolo para cumprir a agenda ldquonatildeo tem tempo para

146

socializarrdquo como os gestores municipais querem e ldquoeu no papel de coordenadora

acabo falando natildeo pode demorar tem a pauta a ser cumpridardquo (GE) Essas

formalidades podem engessar a gestatildeo e natildeo permitir que a abordagem da discussatildeo flua

para os problemas reais vividos pelos gestores Interferem na conduccedilatildeo da poliacutetica e

natildeo permitem a governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo Estudos mostram que

naqueles locais onde ldquoa implantaccedilatildeo dos CGR foi conduzida de forma burocraacutetica e

cartorial sem que tenha havido a necessaacuteria disposiccedilatildeo para o debate por parte dos

gestoresrdquo houve baixa ou nenhuma repercussatildeo nas praacuteticas institucionais vigentes

(Lima et al 2012)

De acordo com o registro das atas de 2006 a 2011 entre as temaacuteticas abordadas

no CGR as principais estatildeo relacionadas agrave aprovaccedilatildeo dos Termos de Compromisso de

Gestatildeo CIES-capacitaccedilotildees adesatildeo a programas do Ministeacuterio da Sauacutede projetos para

construir ou continuar recebendo parcelas de recursos financeiros para reformas em

andamento prestaccedilotildees de contas municipais de recursos recebidos campanhas de

vacinaccedilatildeo alteraccedilatildeo da PPI e tetos financeiros informes diversos do COSEMS

portarias ministeriais informes do estado criaccedilatildeo de novos serviccedilos pelo MS rede de

urgecircncia rede cegonha projetos de cirurgias eletivas qualificaccedilatildeo aos programas

federais falta de acesso necessidades de recursos financeiros oferta de serviccedilos

demanda reprimida sistemas de informaccedilatildeo credenciamentos transferecircncia de

profissionais

As temaacuteticas que mais aparecem nas pautas satildeo as que envolvem os programas

federais informes do Ministeacuterio da Sauacutede ldquoprevalecem mais aquelas que o estado

precisa da informaccedilatildeo do que resolver o problema da regiatildeordquo (GE) As temaacuteticas

locais estatildeo relacionadas com necessidades de capacitaccedilotildees dificuldade de acesso agrave

rede falta de estrutura puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico-privada O ERS insere mais pauta que

os municiacutepios cumprem as demandadas da SES que nem sempre eacute a demanda do

municiacutepio

As discussotildees satildeo pontuais e relacionadas com aquilo que eacute demandado ldquonatildeo se

tem mais aquela coisa do inovar do agir pelas proacuteprias ideacuteias de uma coisa que surgiu

da regiatildeordquo (GM) A diversidade dos temas e a participaccedilatildeo dos gestores nas reuniotildees

repercutem de forma positiva ldquonoacutes jaacute avanccedilamos muito no sentido de ter os gestores

como realmente atores nesse colegiado A gente percebe que agraves vezes os gestores natildeo

147

se percebem como gestores ficam esperando serem demandados pelo ERS pelo estado

Eu percebo que tem avanccedilado muito os gestores hoje demandam muito mais se

contrapotildeem mais ao estado nas suas necessidades A gente percebe que estaacute mais

politizada menos a poliacutetica partidaacuteria e mais a poliacutetica puacuteblicardquo (GM)

A sobrecarga de emissatildeo de Portarias do MS e da SES induzem agrave poliacutetica no

acircmbito da gestatildeo local (Arretche 2008) Os gestores satildeo atraiacutedos pelos incentivos

financeiros que podem aumentar suas receitas e deixam de propor projetos e accedilotildees

especiacuteficos para a sua realidade Satildeo adesotildees que ocorrem sobretudo naqueles de

pequeno porte que eacute o caso dos municiacutepios desta regiatildeo

Satildeo temas de consenso nas reuniotildees do CGR a dificuldade financeira o atraso

nas transferecircncias financeiras pelo estado ldquoa falta de respeito do estado para com os

municiacutepios () toda reuniatildeo nosso foco eacute falar do financiamento que natildeo vem repasse

vocecirc natildeo pode contar com aquele dinheiro ele vem a cada oito ou nove mesesrdquo (GM)

Este atraso tem afetado significativamente o exerciacutecio das competecircncias municipais

que nesta regiatildeo tecircm implicado em despesas adicionais por parte dos municiacutepios e

contribuiacutedo para aumentar as iniquidades de acesso aos serviccedilos devido agraves diferenccedilas

socioeconocircmicas entre os municiacutepios (Arretche 2010) Aleacutem disso deixam de priorizar

a atenccedilatildeo primaacuteria pelos gastos excessivos com a atenccedilatildeo especializada

A transferecircncia irregular dos recursos aos Fundos Municipais de Sauacutede por parte

da SES tem influenciado o seu papel de condutora da poliacutetica estadual de sauacutede e

gerado conflitos nas relaccedilotildees aleacutem disso tem tensionado as relaccedilotildees entre os

municiacutepios e entre o gestor e a populaccedilatildeo Neste caso a populaccedilatildeo sabendo da

existecircncia do consoacutercio o pressiona para acesso ao serviccedilo com menor tempo de espera

As pressotildees forccedilam os governantes a melhorar seu desempenho administrativo

(Abrucio 2002) como tambeacutem geram gastos progressivos agrave gestatildeo municipal e acesso

com iniquidades pelas condiccedilotildees econocircmicas de cada municiacutepio (Queiroz 2012)

Os conflitos do CGR desgastam as relaccedilotildees e ameaccedilam a governanccedila no

colegiado de gestatildeo visto que ldquocada um defende o seu e isso acaba com tudo com

qualquer relacionamentordquo (GM) e com a poliacutetica regionalizada

O gestor natildeo se sente motivado a participar das reuniotildees refere natildeo ter que

cumprir com esta obrigaccedilatildeo jaacute que o estado natildeo tem cumprido seu papel e afirma

ldquoningueacutem quer ir mais agraves reuniotildees reuniatildeo reuniatildeo e vocecirc natildeo concretiza nada natildeo

148

sai com planejamento executaacutevel natildeo adianta fazer plano para noacutes executarmos () eu

nao quero saber de ouvir o estado o estado natildeo cumpre a parte dele perdeu a moralrdquo

(GM) Aleacutem do estado natildeo estar transferindo mensalmente os recursos para os

municiacutepios a seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 mostra que tambeacutem natildeo estaacute cumprindo o

percentual preconizado pela EC29 exceto no ano de 2010 que atingiu 1228

(Mendonccedila 2012)

Essas irregularidades geram descredibilidade dos gestores em relaccedilatildeo agrave

regionalizaccedilatildeo dificultam a gestatildeo e as relaccedilotildees O gestor afirma ldquoeu natildeo quero mais

saber de alto custo eu quero que o estado pegue tudo ele que monte o processo e ele

que entregue o medicamentordquo (GM) Satildeo posicionamentos incongruentes com as

responsabilidades assumidas pelo gestor municipal mas expressam o conflito nas

relaccedilotildees

Embora os governos locais sejam os executores da poliacutetica a responsabilidade

para viabilizaacute-la eacute compartilhada com o estado que neste caso natildeo tem cumprido com

a sua parte no financiamento na cooperaccedilatildeo na coordenaccedilatildeo e na regulaccedilatildeo do

sistema No SUS a funccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute exclusiva de um dos entes implica em

responsabilidades compartilhadas e requer cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo para garantir e

efetivar o direito agrave sauacutede (Dourado e Elias 2011)

Houve situaccedilotildees em que o processo decisoacuterio do CGR natildeo foi consenso como a

proposta de aumento dos valores da tabela complementar de apoio diagnoacutestico Um dos

gestores natildeo concordou e sofreu ameaccedilas do prestador durante a reuniatildeo Ainda assim a

complementaccedilatildeo solicitada foi aprovada e justificada pelos gestores ldquonoacutes tiacutenhamos que

negociar porque ele prestador ia prejudicar a regiatildeo e que meu municiacutepio estava

prejudicando a regiatildeordquo (GM) O gestor que natildeo concordou procurou alternativas fora

da regiatildeo ldquoele [o prestador] nos ameaccedilou e falou que se meu municiacutepio natildeo deixasse o

que era de SUS laacute ele simplesmente fecharia as portas para as minhas urgecircncias e

realmente eles fecharamrdquo (GM) O acesso a esse estabelecimento foi negado ateacute para

os exames pactuados via consoacutercio

No entendimento da gestora este tipo de prestador deveria ser ldquodescredenciado

ele ameaccedilou a pressatildeo dele foi essa se vocecirc natildeo pactuar noacutes natildeo vamos fazer para

vocecircs nem particularrdquo (GM) Os demais gestores justificaram que a proposta foi aceita

pois sentiram temor diante da expressatildeo ldquofechar as portasrdquo O consenso e o dissenso

149

nestes espaccedilos considerados democraacuteticos satildeo possibilidades que podem ocorrer

naturalmente visto que envolvem relaccedilotildees concepccedilotildees e interesses de diferentes entes

federativos A aceitaccedilatildeo das diferenccedilas deve ser o princiacutepio baacutesico da gestatildeo e o

consenso ou o dissenso natildeo devem ser pautados pelo temor da coerccedilatildeo (Dourado e

Elias 2011)

As ameaccedilas e os consensos demonstram que ldquoos consensos dos CGR podem se

transformar numa forma velada (ou natildeo) de concentraccedilatildeo de autoridaderdquo (Dourado e

Elias 2011) O poder estava com o prestador de serviccedilos detentor da oferta na regiatildeo e

os municiacutepios por natildeo disporem de capacidade instalada nem mesmo outra opccedilatildeo de

oferta indiretamente tambeacutem foram ameaccedilados e natildeo se sentiram seguros para divergir

cederam pelo temor do rompimento da oferta dos serviccedilos para o seu municiacutepio

Estes impasses mostram que o CGR natildeo estaacute desempenhando seu papel que as

deliberaccedilotildees natildeo estatildeo sendo motivadas para resolver os problemas da regiatildeo ldquocada um

resolve o seu problema () natildeo trabalha para a regiatildeordquo (GM) Embora os gestores

tenham argumentado que a defesa era em prol da regiatildeo observa-se que os interesses

divergem e natildeo se verificam iniciativas no sentido de constituir a rede de atenccedilatildeo

regionalizada e ampliar o acesso mas comportamentos de defesa do seu proacuteprio

governo utilizando para isso sua autoridade poliacutetica e soberana de ente federativo Satildeo

situaccedilotildees que mostram a necessidade da coordenaccedilatildeo federativa (Abrucio 2005) para

avanccedilar na descentralizaccedilatildeo

O caso retro citado expotildee a fragilidade do processo a governanccedila foi ameaccedilada

pela preponderacircncia do gestor do setor privado sobre o puacuteblico e levou um colegiado

deliberativo a julgar que a ameaccedila estaacute com o gestor puacuteblico Satildeo situaccedilotildees que

evidenciam a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Aleacutem disso mostra a necessidade de construir

processos de articulaccedilatildeo e de mediaccedilatildeo de conflitos de atuaccedilatildeo dos atores para a

construccedilatildeo de agendas permanentes de compartilhamento de percepccedilotildees e ajustes de

interesses e assim facilitar a construccedilatildeo de competecircncias (Fleury 2010) para o

desenvolvimento do sistema de sauacutede nesta regiatildeo

A situaccedilatildeo relatada gerou desgastes conflitos que interferem nas relaccedilotildees entre os

gestores e ldquosubverte a proacutepria concepccedilatildeo desses colegiadosrdquo (Dourado e Elias 2011)

fragilizam a regiatildeo que diante de tais situaccedilotildees cada gestor comeccedila a buscar

150

alternativas individualizadas pactuar e procurar serviccedilos fora da regiatildeo Geram

situaccedilotildees constrangedoras sentimentos que desmotivam o gestor ldquoeu falei a regiatildeo

natildeo precisa do meu municiacutepio a PPI eacute viva eacute livre eu natildeo sou obrigada a pactuar

com Tangaraacuterdquo (GM) e pactuou os serviccedilos com o gestor de Cuiabaacute e afirma que antes

ldquogastava 178 mil a maisrdquo (GM) No seu entendimento nessa situaccedilatildeo quem tinha que

receber as represaacutelias era o prestador

A regionalizaccedilatildeo natildeo se limita a cada um definir a sua parte Eacute necessaacuterio

desenvolver capacidades administrativas mobilizar recursos financeiros ter clareza do

peso e da necessidade de cooperaccedilatildeo entre os entes federativos para que a

descentralizaccedilatildeo ajude a melhorar o desempenho da gestatildeo puacuteblica (Abrucio 2002)

Essas situaccedilotildees denotam que o processo de regionalizaccedilatildeo precisa ser coordenado

e ter lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na regiatildeo Os colegiados satildeo espaccedilos de consenso e

dissenso mas a autonomia entre os entes federativos deve ser respeitada para que os

consensos possam ser verdadeiramente construiacutedos respeitados e pautados pelos

objetivos da poliacutetica (Dourado e Elias 2011) e pelas especificidades da regiatildeo

Em fevereiro de 2012 a CIBMT por meio da Resoluccedilatildeo no 09 instituiu o Grupo

Condutor Estadual da Rede Cegonha no acircmbito do SUSMT e em 15 de marccedilo de

2012 a resoluccedilatildeo CIBMT no

056 definiu as propostas metodoloacutegicas para

operacionalizar tal rede no estado Quando a SES encaminhou a documentaccedilatildeo para

organizar a rede cegonha e a rede de urgecircncia na regiatildeo gerou impasse no CGR os

gestores ldquodisseram que natildeo iam aderir e ningueacutem aderiurdquo (GE) Criticaram e natildeo

aceitaram montar a rede respondendo o questionaacuterio enviado pela SES Alegaram que a

regiatildeo natildeo dispotildee de estrutura para atendimento da urgecircnciaemergecircncia exceto a

Unidade Mista que natildeo tem centro ciruacutergico e que de fato precisa de uma rede de

urgecircnciaemergecircncia visto que os reguladores encontram dificuldades ldquoo tempo todo eacute

meacutedico implorando porque vocecirc natildeo tem uma tomografia natildeo tem acesso a uma

ressonacircncia vocecirc natildeo tem nada faacutecil Entatildeo que rede de urgecircncia existerdquo (GM)

Para os gestores as responsabilidades assumidas com o que estaacute em

funcionamento natildeo estatildeo sendo cumpridas e neste caso natildeo havia clareza quanto agrave

contrapartida financeira Apesar de o Ministeacuterio da Sauacutede ser o responsaacutevel pela

coordenaccedilatildeo e pelo financiamento intergovernamental das accedilotildees descentralizadas os

governos subnacionais tecircm autonomia e natildeo satildeo obrigados a aderir a estes programas

151

federais (Arretche 2003) O plano da rede de urgecircnciaemergecircncia foi elaborado apenas

pelos teacutecnicos do ERS e ainda hoje natildeo funciona

Implantar uma rede dessa complexidade requer investimentos de ambas as partes

sua conformaccedilatildeo natildeo se resume apenas ao preenchimento de um documento de forma

isolada ao somatoacuterio do que cada um responde individualmente mas requer

negociaccedilotildees e sobretudo planejamento e recursos fiacutesico humanos e financeiros para

sua instalaccedilatildeo

Quando o SAMU foi implantado e a regulaccedilatildeo regional da urgecircnciaemergecircncia

recentralizada houve conflitos nas relaccedilotildees entre os gestores municipais e entre

reguladores da regiatildeo e o estado Estas temaacuteticas foram discutidas no CGR e os

gestores deliberaram que a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia e a central do SAMU

seriam competecircncias da central regional de regulaccedilatildeo mas a SES desconsiderou a

decisatildeo do colegiado e centralizou estes serviccedilos ldquonoacutes fomos vencidos natildeo adiantou

falarrdquo (GM)

O maior problema da regiatildeo ldquoeacute natildeo ser ouvidordquo (GM) O gestor reitera que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade ldquoas discussotildees satildeo impostas pelas necessidades e a

gente acaba discutindo a regionalizaccedilatildeo no meio de outras necessidades porque natildeo a

tem como prioridaderdquo (GM) e afirma ldquoo que se percebeu de 2006 a 2012 eacute que em vez

de melhoria noacutes estamos caminhando para traacutes () eu senti certo abandono por parte

do estado natildeo soacute na nossa regiatildeordquo (GM)

Essas entre outras discussotildees e conflitos ocorrem no CGR e ainda que

contribuam para esclarecer os gestores quanto agrave gestatildeo natildeo contribuem para a

descentralizaccedilatildeo A influecircncia do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo da

macropoliacutetica regionalizada eacute incipiente o CGR ldquoainda natildeo demanda eu penso que a

regionalizaccedilatildeo natildeo tem como acontecer de forma efetiva se natildeo vier demandada pela

regiatildeo () estamos levando mas natildeo estamos conseguindo ser ouvido pelo estadordquo

(GM) A falta de legitimidade do CGR por parte da SES compromete a sustentabilidade

e a direcionalidade do processo de regionalizaccedilatildeo

Para a gestora a dinacircmica das reuniotildees do CGR tem que mudar ldquoo papel do CGR

estaacute muito em passar proposiccedilotildees e resoluccedilotildees para a CIBrdquo (GM) e afirma que haacute

necessidade de ldquoalguma coisa a mais na organizaccedilatildeo do ERS com relaccedilatildeo ao CGR ()

algueacutem que tome a frente para discutir os problemas da UTI da falta de leitosrdquo (GE)

152

algueacutem que discuta os problemas que a regiatildeo vive que esteja ldquoorganizando () uma

lideranccedilardquo (GE) Eacute preciso capacitar informar haacute ldquomuito desconhecimento a maioria

dos municiacutepios vem e nem fala na reuniatildeo Tem que mudar a dinacircmica realmenterdquo

(GE)

Observa-se pelas atas das reuniotildees do CGR que estas ampliaram o debate A

diversidade dos temas discutidos demonstra que ainda que induzidas pelo Ministeacuterio da

Sauacutede as discussotildees apresentam preocupaccedilotildees em ampliar o acesso aos serviccedilos

puacuteblicos e dispor no acircmbito da regiatildeo de uma poliacutetica igualitaacuteria Os registros tambeacutem

sugerem que o CGR tornou-se de fato um espaccedilo importante de negociaccedilatildeo de conflitos

e decisotildees na perspectiva do estabelecimento de parcerias compartilhadas Os conflitos

estatildeo presentes nas negociaccedilotildees mas ainda assim as deliberaccedilotildees satildeo cooperativas

Ainda que natildeo declarada haacute uma crise no funcionamento deste CGR e tem gerado

descredibilidade por parte do gestor a julgar que poderia ser mais efetivo se o cargo de

presidente natildeo fosse ocupado pelo diretor do ERS ldquoeacute estado entatildeo natildeo consigo ver

conduccedilatildeo para a regionalizaccedilatildeo () sempre vai defender a posiccedilatildeo da SESrdquo (GM) e

afirma na resoluccedilatildeo dos problemas na regiatildeo ldquonesse momento () eacute o consorcio que faz

o papel mais centralrdquo (GM)

De forma limitada o CGR tem contribuiacutedo com a regionalizaccedilatildeo seu

funcionamento eacute facilitado pelo fato de os gestores viverem praticamente os mesmos

problemas e julgam que facilitaria ainda mais se a SES de fato ouvisse a regiatildeo se

resolvesse os problemas da falta de acesso se houvesse cooperaccedilatildeo teacutecnica e

solidariedade entre gestores que fazem parte do colegiado O CGR deveria ser um

espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos compartilhados para a soluccedilatildeo dos

problemas coletivos da regiatildeo mas tem se transformado num campo de tensotildees e

disputas e um dos gestores refere que ldquoquando meu municiacutepio precisou de todos taacute

aqui ateacute hoje um municiacutepio foi juntordquo (GM)

No entendimento do gestor os conflitos estatildeo relacionados agrave falta de apoio do

estado que natildeo contribui com ldquocoisas que a gente gostaria que viesse para a regiatildeo a

gente natildeo consegue este apoio atraveacutes da SES e geram conflitosrdquo (GE) isso desmotiva

o gestor satildeo relaccedilotildees ldquoconflitivas semprerdquo e predominam tanto na CIBestadual como

no CGR e enfraquecem a regionalizaccedilatildeo

153

A CIES regional eacute uma instacircncia de deliberaccedilatildeo e decisatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo

permanente na regiatildeo manteacutem relaccedilatildeo formal com a CIBestadual que ocorre atraveacutes

de documentos e entre os membros da CIES estadual e regional a cada seis meses nas

reuniotildees de discussatildeo do PAREPS ou por meio das atas ofiacutecios e outros documentos

encaminhados por e-mails ou malote do ERS Os membros do CGR se relacionam com

as instituiccedilotildees da regiatildeo que tecircm representantes na CIES regional

As relaccedilotildees entre os membros do CGR e membros do CIES satildeo teacutecnicas e

voltadas para os interesses das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Os secretaacuterios julgam que

nestas relaccedilotildees natildeo haacute influecircncia poliacutetica satildeo ldquodistantesrdquo (GM) e o elo maior ocorre

entre o gestor e o representante do seu municiacutepio para repasse das informaccedilotildees Os

problemas afluem devido agrave troca constante de membros da CIES Aleacutem disso haacute

conflitos entre os membros da CIES por divergecircncias de interesses sobre a gestatildeo

ldquoquem estaacute na CIES satildeo os nossos teacutecnicos e eles tecircm uma visatildeo diferente do gestor em

relaccedilatildeo agrave poliacutetica ()tem uma visatildeo restrita querem que aquelas accedilotildees sejam feitas na

sua aacutereardquo (GM)

O CIS que tambeacutem se constitui em instacircncia de decisotildees colegiadas na regiatildeo

natildeo eacute integrado ao CGR ldquoo CGR natildeo interfere no consoacutercio e o consoacutercio natildeo

interfere no colegiado apenas trocam informaccedilotildeesrdquo (GM) O secretaacuterio executivo natildeo eacute

membro e natildeo participa das reuniotildees do CGR O diretor do ERS tambeacutem natildeo participa

das reuniotildees do Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede

do consoacutercio

As relaccedilotildees entre o CGR e os atores do consoacutercio satildeo formais e ocorrem por meio

de relatoacuterios e outros documentos satildeo teacutecnicas e poliacuteticas A CIB natildeo manteacutem relaccedilatildeo

direta com o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede Quando ocorrem deliberaccedilotildees que se

referem ao consoacutercio ou ao Sistema de Regulaccedilatildeo a SES ou o ERS enviam-lhes as

respectivas resoluccedilotildees

A participaccedilatildeo da SES na conduccedilatildeo e decisotildees do consoacutercio deixou de ocorrer

nesta regiatildeo As relaccedilotildees da SES tecircm se limitado agrave transferecircncia da contrapartida

financeira diretamente para a conta dos municiacutepios consorciados As relaccedilotildees e

participaccedilatildeo da SES tecircm sido mais proacuteximas do consoacutercio quando a responsabilidade

pelo hospital regional eacute do estado (Viana et al 2010a) Nesta regiatildeo natildeo haacute hospital

regional e as relaccedilotildees entre a SES e o consoacutercio satildeo distantes

154

Os consoacutercios considerados instacircncias com praacuteticas inovadoras na gestatildeo do SUS

(Lima 2000) compartilham entre os municiacutepios regra que disciplinam o seu

funcionamento e eacute papel dos gestores conduzir para pactuar agendas que correspondam

agraves necessidades da regiatildeo No entanto nesta regiatildeo as mudanccedilas da SES na conduccedilatildeo

do CIS resultaram em perdas a agenda e o consenso passaram a ser o custo do

procedimento a autorizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo do serviccedilo a prestaccedilatildeo de contas entre

outros temas associados

As temaacuteticas mais frequentes nas reuniotildees do CIS satildeo relacionadas agrave contrataccedilatildeo

de novos especialistas reajuste de tabela de valores de procedimentos consultas e

exames prestaccedilotildees financeiras ao tribunal de contas remanejamento de dotaccedilotildees

situaccedilatildeo financeira do consoacutercio inadimplecircncia no repasse dos recursos por parte do

estado e de municiacutepios equipe do consoacutercio chamamento puacuteblico e desvinculaccedilatildeo de

profissionais estatuto

O CIS eacute valorizado pelo gestor mas ele ldquonatildeo eacute regionalizado natildeo tem cunho

regional tem o cunho de resolver nosso problema de consulta a preocupaccedilatildeo eacute

intermediar para que o meacutedico atenda entenderdquo (GM) Esse posicionamento do gestor

mostra o distanciamento da sua conduccedilatildeo com a poliacutetica regionalizada

As relaccedilotildees entre os membros do consoacutercio tambeacutem foram alteradas as reuniotildees

do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede jaacute natildeo ocorrem no mesmo dia da

reuniatildeo do Conselho Diretor de Prefeitos e os gestores julgam que as questotildees teacutecnicas

foram deixadas de lado As relaccedilotildees entre os membros do Conselho Diretor Conselho

Intermunicipal de Sauacutede e ERS satildeo percebidas pelo gestor como ldquoum relacionamento

poliacutetico delesrdquo (GM) Aleacutem disso assentam que ldquotem um pouco do privado

influenciando nissordquo (GE)

A ausecircncia dos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e da equipe do ERS nas reuniotildees

do Conselho Diretor foi retirando da pauta a dimensatildeo teacutecnica do processo gerou

fragilidades perdeu o foco e o consoacutercio jaacute natildeo se constitui num equipamento da

regionalizaccedilatildeo Deixa de ser o ator estrateacutegico de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo e

passa a ser o intermediador da compra e venda de serviccedilos para os gestores Neste caso

contribui para a fragmentaccedilatildeo e ineficiecircncia do sistema puacuteblico (Solla e Paim 2014)

O atraso nas transferecircncias financeiras do estado ao PACIS gerou mais

inadimplecircncia por parte dos municiacutepios por natildeo conseguirem manter o custo total para

155

efetuar o pagamento em dia aos prestadores ldquoo recurso de 2011 chegou agora no mecircs

de julho de 2012rdquo (GM) Agravam o quadro as cotas excedentes solicitadas para

resolver os problemas por natildeo se conseguir acesso agrave rede puacuteblica Embora expresse ldquoa

gente tem um custo muito altordquo (GM) observa-se que o gestor municipal estaacute

mobilizado para esta parceria e compartilha com a direcionalidade da poliacutetica que

segue com a participaccedilatildeo do setor privado motivada pela demanda ao serviccedilo O que

define a direcionalidade para o gestor eacute o grau de necessidade para resolver o seu

problema de acesso que nesta regiatildeo ocorre com a ampliaccedilatildeo do mercado e do

financiamento puacuteblico na prestaccedilatildeo de serviccedilos com retraccedilatildeo do papel do estado atilde

semelhanccedila do que apontam Albuquerque et al (2011)

Verifica-se pelos relatos que o comportamento entre os entes federativos natildeo tem

sido pautado pela solidariedade e gestatildeo compartilhada e tem influenciado o

desenvolvimento do papel e a deliberaccedilatildeo das instacircncias colegiadas quanto agrave poliacutetica

regionalizada Diante das dificuldades em pauta cada ente federativo se posiciona em

defesa do seu governo ao mesmo tempo em que a SESERS deixa de desempenhar o

seu papel de coordenadora intergovernamental e contribui para gerar nestes espaccedilos

comportamentos do federalismo predatoacuterio (Abrucio 2002) Essas questotildees entre

outras interferem de forma negativa no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada

Os problemas de acesso apontados pelos gestores reiteram os relatos de que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade da SES cuja relaccedilatildeo os municiacutepios nos uacuteltimos anos eacute

ldquode divergecircncia mesmo o estado joga para o municiacutepio o municiacutepio natildeo tem

condiccedilotildees e volta tudo laacute no recursordquo (GM) Para o gestor ldquoa regiatildeo estaacute meio

isoladardquo (GM) aleacutem disso ldquoa regiatildeo natildeo tem laccedilos tatildeo fortes e essa discussatildeo em

niacutevel de regiatildeo eacute um conflito haacute ausecircncia de investimento na regiatildeo como um todo ()

entatildeo existe sim abandono do estado em relaccedilatildeo agrave nossa regiatildeordquo (GE)

Nesta regiatildeo as relaccedilotildees foram alteradas a capacidade de planejamento eacute baixa a

gestatildeo e a regulaccedilatildeo por parte do setor puacuteblico satildeo fraacutegeis e tecircm repercutido na

governanccedila da regiatildeo ldquoos secretaacuterios de sauacutede estatildeo desmotivados porque eles estatildeo

bancando a sauacutede praticamente sozinhosrdquo (GE) Os pactos deixaram de acontecer

pactua-se apenas a PPI e o SISPACTO e outros que envolvem apenas indicadores A

situaccedilatildeo financeira dos municiacutepios estaacute comprometida e se agrava com as demandas de

156

liminares judiciais ldquoos municiacutepios acabam gastando o recurso que tecircm e deixam de

investir na atenccedilatildeo baacutesicardquo (GE)

Estes associados a outros problemas de acesso na regiatildeo sobretudo pela falta de

estrutura puacuteblica interferem na direcionalidade e o gestor reitera ldquoa regionalizaccedilatildeo foi

se perdendo natildeo sei mais se a gente pode dizer se existimos enquanto regiatildeo Noacutes natildeo

somos parceiros uns dos outros um natildeo ajuda o outro E se vocecirc precisa de alguma

coisa eacute soacute pagando porque noacutes tambeacutem estamos indo pelo privado A gente tem um

custo muito alto para manter a meacutedia e alta complexidade e ambulatoacuteriordquo (GM) e

ainda refere ldquonatildeo consigo ver prioridade para a regionalizaccedilatildeo () o que noacutes colhemos

ateacute 2008 e 2009 era do plano de 2002 que foi do Plano Estadual de Sauacutederdquo (GM)

9 Consideraccedilotildees Finais

158

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e na regiatildeo em estudo tem uma trajetoacuteria

que se iniciou na deacutecada de 1990 A experiecircncia acumulada na governanccedila

compartilhada com processo decisoacuterio deliberado nas instacircncias colegiadas contribuiu

para que os gestores assinassem o Termo de Compromisso de Gestatildeo Quando o pacto

foi implantado nesta regiatildeo jaacute estavam instituiacutedos o PDR e o PDI o PPA do Governo

do Estado e o PES tambeacutem contemplavam accedilotildees de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede esta regiatildeo avanccedilou naturalmente influenciada

pelo desenvolvimento socioeconocircmico dos municiacutepios que melhorou o IDH aumentou

o PIB ampliou o agronegoacutecio atraiu imigrantes e novos profissionais ampliou a rede

privada de atenccedilatildeo entre outros avanccedilos Os municiacutepios ampliaram a alocaccedilatildeo dos

recursos para o setor sauacutede aplicando acima do miacutenimo recomendado pela EC29

O Complexo Regional do sistema puacuteblico de sauacutede da regiatildeo conta com

estabelecimentos puacuteblicos e privados A rede de atenccedilatildeo primaacuteria de algumas

Secretarias Municipais de Sauacutede foi beneficiada com projetos de reforma ou construccedilatildeo

financiados em parceria com o MS A SES manteve os incentivos para a atenccedilatildeo

primaacuteria que em parte contribuiacuteram para sua implementaccedilatildeo mas a cobertura do PSF

na regiatildeo continua baixa e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta complexidade eacute

incipiente em todos os municiacutepios

A rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede na regiatildeo continua fragmentada os sistemas municipais

atomizados e sem condiccedilotildees para assegurar a integralidade da atenccedilatildeo Parte da

demanda tem acesso atraveacutes do consoacutercio e outra parte por meio da central de

regulaccedilatildeo cujos serviccedilos estatildeo concentrados na capital podendo levar meses para a

obtenccedilatildeo de atendimento A demanda reprimida eacute diretamente influenciada pela

insuficiecircncia da capacidade instalada do municiacutepio da regiatildeo e da rede estadual de

referecircncia O Hospital Municipal de Barra do Bugres embora detenha a maioria das

internaccedilotildees na regiatildeo natildeo eacute reconhecido pelos gestores como um hospital regional

apenas como um hospital de referecircncia na regiatildeo A SES natildeo tem transferido de forma

159

regular os recursos do convecircnio estabelecido com este hospital e dificulta para que este

cumpra seu papel de referecircncia regional gerando conflitos entre os entes federativos

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Complexo Regional natildeo contou com a

construccedilatildeo de unidades regionalizadas e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta

complexidade natildeo dispotildee de estrutura puacuteblica o acesso eacute viabilizado com a

contratualizaccedilatildeo ou convecircnio estabelecido com o setor privado Hospitais leitos de

UTI laboratoacuterios de imagem e apoio diagnoacutestico serviccedilos de bioacutepsia hemodiaacutelise

cirurgias especializadas e especialidades ambulatoriais estatildeo centrados na rede privada

Os leitos de UTI satildeo puacuteblicos mas instalados no hospital privado satildeo insuficientes e

regulados pela Central Estadual fora da governabilidade da regiatildeo que natildeo tem acesso

agrave sua operacionalizaccedilatildeo

No geral houve expansatildeo da oferta de serviccedilos da rede de atenccedilatildeo do SUS na

regiatildeo mas em decorrecircncia da parceria com o setor privado As estrateacutegias de

estabelecer convecircnio com o setor privado da regiatildeo natildeo foram suficientes para resolver

os problemas de acesso que associados agrave ausecircncia de investimentos puacuteblicos tecircm

fortalecido a participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica de sauacutede O setor puacuteblico tem

canalizado parte dos seus recursos para o privado e enfraquecido os investimentos na

estruturaccedilatildeo da sua rede proacutepria de atenccedilatildeo puacuteblica

A interface puacuteblico-privada estaacute presente nesta regiatildeo A relaccedilatildeo eacute de dependecircncia

muacutetua o setor puacuteblico busca suficiecircncia na rede privada assim como a Unimed busca

suficiecircncia de acesso aos seus beneficiaacuterios em hospitais puacuteblicos de municiacutepios que

natildeo tecircm hospital privado A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos

nesta regiatildeo Aleacutem disso a maioria dos leitos privados estaacute na rede SUS Os leitos da

regiatildeo puacuteblicos e privados satildeo insuficientes para as necessidades da populaccedilatildeo

conforme paracircmetros do MS e desiguais na distribuiccedilatildeo por municiacutepio

A insuficiecircncia e a escassez de serviccedilos diversificados associadas agraves dificuldades

de acesso da populaccedilatildeo agrave rede puacuteblica podem explicar a cobertura de sauacutede

suplementar na regiatildeo Em sua maioria satildeo planos empresariais e por natildeo oferecerem

cobertura total aos serviccedilos natildeo eacute incomum que o setor puacuteblico custeie parte destes em

especial os especializados e de apoio diagnoacutestico Tal complementaccedilatildeo ocorre para os

beneficiaacuterios dos planos de sauacutede e da associaccedilatildeo Univida Essas alternativas tambeacutem

160

canalizam recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema privado e geram

iniquidades no acesso

O planejamento natildeo eacute uma cultura institucionalizada nesta regiatildeo e embora a

elaboraccedilatildeo de alguns de seus instrumentos seja uma exigecircncia o PDR e o PDI vigentes

foram atualizados em 2005 com base no que foi elaborado em 2001 Isto repercutiu na

conduccedilatildeo da Poliacutetica Estadual de Sauacutede jaacute que tais planos natildeo se constituiacuteram em

instrumentos de direcionamento intervenccedilatildeo e monitoramento das necessidades da

populaccedilatildeo tanto no estado como na regiatildeo Natildeo se constituiacuteram tambeacutem em

instrumento integrador do fluxo intermunicipal e inter-regional com potencial para

aumentar as iniquidades regionais visto que podem propiciar o atendimento de

demandas poliacuteticas e favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que

natildeo formalizam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

O teto financeiro da PPI continua defasado natildeo corresponde agrave produtividade dos

municiacutepios Somam-se a isso as glosas frequentes pelo sistema que geram perda de

recursos jaacute escassos aos municiacutepios Estas questotildees implicaram de forma negativa na

operacionalizaccedilatildeo teacutecnica e financeira da gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema

comprometeram a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves especificidades da regiatildeo Ainda

assim as mudanccedilas financeiras instituiacutedas com o pacto trouxeram benefiacutecios entre eles

a transferecircncia de recursos ao Fundo Municipal de Sauacutede que natildeo eram gerenciados

pelo municiacutepio

A descontinuidade administrativa na SES associada ao perfil dos gestores

estaduais e agraves interferecircncias poliacutetico partidaacuterias influenciaram sua gestatildeo e interferiram

inclusive no quantitativo financeiro recomendado pela EC-29 jaacute que no periacuteodo de

2002 a 2010 apenas em 2010 o estado aplicou os percentuais miacutenimos recomendados

Tais fatores tambeacutem influenciaram o planejamento e a conduccedilatildeo da poliacutetica de

regionalizaccedilatildeo comprometeram o processo de descentralizaccedilatildeo e natildeo fortaleceram a

gestatildeo municipal e regional Consequentemente a regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou

No acircmbito da gestatildeo municipal os gestores tecircm assumido gradativamente um

conjunto de novas responsabilidades na contratualizaccedilatildeo de serviccedilos na pactuaccedilatildeo dos

indicadores entre outras A autonomia dos gestores aumentou mas de certa forma eles

ainda sofrem imposiccedilotildees do governo federal para acessar os recursos financeiros que

permitem incrementar a receita municipal sem muitas preocupaccedilotildees com as prioridades

161

e especificidades do seu municiacutepio O recurso de Compensaccedilatildeo das Especificidades

Regionais natildeo cobre as necessidades desta regiatildeo em que apenas dois municiacutepios foram

contemplados

Os municiacutepios em sua maioria satildeo de pequeno porte e natildeo contam com

profissionais preparados e ou com formaccedilatildeo para a coordenaccedilatildeo e gestatildeo seja pela

indisponibilidade de tais profissionais no municiacutepio ou pelo custo contratual Dessa

forma a gestatildeo municipal depende da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o

desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS A falta de preparo do gestor municipal eacute

significativa muitos satildeo indicaccedilotildees das lideranccedilas partidaacuterias sem a formaccedilatildeo e o

preparo que o cargo exige o que interfere na descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo O

COSEMS tem instrumentalizado os gestores para a tomada de decisotildees

O ERS condutor do processo na regiatildeo estaacute bem estruturado

administrativamente Na vigecircncia do pacto o cargo de diretor foi ocupado por

profissionais do quadro de carreira da SES Tais fatos poderiam ter facilitado o processo

de regionalizaccedilatildeo mas essa instacircncia desempenhou parcialmente seu papel na

coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica regionalizada teve suas funccedilotildees enfraquecidas em

relaccedilatildeo ao planejamento agrave cooperaccedilatildeo teacutecnica e agrave regulaccedilatildeo do sistema e da assistecircncia

agrave sauacutede na regiatildeo O ERS natildeo realiza cooperaccedilatildeo teacutecnica aos municiacutepios desde 2010

por corte nos recursos financeiros pela SES Suas relaccedilotildees com os gestores municipais

embora cooperativas satildeo tambeacutem conflitivas e estatildeo se tornando distantes razatildeo pela

qual algumas atividades municipais jaacute estatildeo sendo realizadas diretamente com a SES e o

MS

A criaccedilatildeo do CGR foi positiva e contribuiu para retomar a gestatildeo colegiada na

regiatildeo mas a governabilidade sobre a macropoliacutetica eacute parcial Constituiu-se muito mais

num espaccedilo de comunicaccedilatildeo e acesso a informaccedilotildees do cotidiano das praacuteticas de gestatildeo

do que de pactuaccedilotildees e planejamento Embora seja um espaccedilo de decisatildeo colegiada o

CGR ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes Por falta de clareza muitos

gestores se posicionam na defesa da instituiccedilatildeo que representam e tecircm pouco empenho

na defesa daquilo que deve ser compartilhado Se os papeacuteis natildeo estatildeo claros

dificilmente as responsabilidades seratildeo cumpridas porque tais gestores natildeo se

reconhecem como parte do todo o que gera divergecircncias e conflitos na governanccedila da

poliacutetica regionalizada

162

A criaccedilatildeo da CIES foi um avanccedilo e tem mostrado a importacircncia da sua

institucionalidade para viabilizar a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo considerando as

necessidades dos profissionais O recurso financeiro depositado na conta de um dos

municiacutepios para atender as necessidades da regiatildeo ainda eacute um problema e indica

necessidade de encontrar alternativas quanto a sua execuccedilatildeo

A manutenccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede na regiatildeo foi positiva

facilitou o acesso aos serviccedilos que estatildeo concentrados no setor privado e melhorou a

resolutividade na regiatildeo No entanto o CIS jaacute natildeo se constitui em equipamento da

regionalizaccedilatildeo as mudanccedilas na sua conduccedilatildeo por parte da SES tornaram suas relaccedilotildees

distantes ele deixou de fazer parte do planejamento da SES natildeo estaacute envolvido nas

atividades teacutecnico-operacionais do ERS natildeo frequenta as reuniotildees do CGR natildeo foi

implementado natildeo avanccedilou na proposta de fortalecimento da regiatildeo natildeo conseguiu

mobilizar e integrar suas atividades ao processo de regionalizaccedilatildeo continuou sem

estrutura puacuteblica perdeu o foco e a direcionalidade para a regionalizaccedilatildeo O CIS

continua atendendo aos municiacutepios da regiatildeo negociando com o prestador em nome da

regiatildeo mas serve aos interesses individuais de cada municiacutepio e tornou-se um

intermediador para a compra de serviccedilos para as Secretarias Municipais de Sauacutede

O Consoacutercio fortaleceu e consolidou o mix puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo do

SUS nesta regiatildeo Os problemas dessa parceria tecircm gerado conflitos coerccedilatildeo temor e

desgaste nas relaccedilotildees e tecircm influenciado de forma negativa a direcionalidade do

processo de regionalizaccedilatildeo A influecircncia do setor privado natildeo permitiu que a regiatildeo

fosse coordenada pelo setor puacuteblico e planejada conforme as necessidades da

populaccedilatildeo mas pautada pela oferta dos serviccedilos

O estudo demonstra que a conduccedilatildeo estaacute permeada por problemas e que o cenaacuterio

eacute desfavoraacutevel para a regionalizaccedilatildeo A fragilidade institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica

regionalizada teve influecircncia no planejamento na gestatildeo dos serviccedilos e enfraqueceu a

regulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede contribuindo para que natildeo fossem alcanccedilados os

resultados do processo de regionalizaccedilatildeo propostos e pactuados A regiatildeo estaacute sem

direcionamento e sem conduccedilatildeo para a gestatildeo regionalizada A falta de direcionamento

planejamento e de pactuaccedilotildees de metas para a regiatildeo tem repercutido na falta de

empenho participaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do gestor e resulta em lutas individuais limitadas agrave

gestatildeo municipal e que geram desigualdades

163

A SES manteve e criou incentivos financeiros para a atenccedilatildeo baacutesica e para o CIS

mas natildeo cumpriu com suas obrigaccedilotildees nas transferecircncias regulares dos incentivos

financeiros distanciou-se da lideranccedila da conduccedilatildeo natildeo contribuiu para atualizar os

instrumentos de planejamento e programaccedilatildeo intergovernamentais perdeu

credibilidade recentralizou a regulaccedilatildeo da assistecircncia desmobilizou a regiatildeo e reforccedilou

a municipalizaccedilatildeo autaacuterquica Estas questotildees impactaram de forma negativa

interferindo na conduccedilatildeo da poliacutetica municipal e do CIS e aprofundando as

desigualdades na regiatildeo em estudo que eacute formada em sua maioria por municiacutepios de

pequeno porte populacional com forte dependecircncia das transferecircncias federal e

estadual

A falta de clareza por parte dos gestores quanto aos papeacuteis dos entes federativos e

quanto agrave importacircncia dos instrumentos de planejamento para direcionar a

implementaccedilatildeo da poliacutetica na regiatildeo contribuiu para que eles natildeo questionassem e nem

exigissem a sua atualizaccedilatildeo e influenciou para que natildeo fossem mobilizadas as lideranccedilas

no sentido da descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo Resultaram em fragmentaccedilatildeo e

descontinuidade do cuidado agrave sauacutede alerta para o comprometimento e as repercussotildees

desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As instacircncias de decisatildeo colegiada estatildeo enfraquecidas as relaccedilotildees satildeo

conflitivas por vezes a governanccedila eacute ameaccedilada e influenciada pelo setor privado e

mostra a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Entre os gestores municipais as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias

mas tensionam e se tornam conflitivas sobretudo quando se referem aos problemas de

acesso na regiatildeo Eacute preciso que se criem neste espaccedilo as condiccedilotildees para a articulaccedilatildeo e

mediaccedilatildeo de conflitos que se construa agenda permanente de compartilhamento e

ajustes de interesses comuns que se facilite a construccedilatildeo de competecircncias para a gestatildeo

compartilhada e regionalizada

O funcionamento do CIS mostra sinais de enfraquecimento Traz contribuiccedilotildees

mas tambeacutem problemas na medida em que a rede privada natildeo aceita convecircnio puacuteblico e

tabela SUS jaacute que consegue tabela diferenciada via consoacutercio Sua existecircncia

contribuiu para que natildeo houvesse investimentos puacuteblicos na regiatildeo pois de certa

forma ele tem resolvido os problemas na regiatildeo sem gerar ldquoincocircmodosrdquo agrave SES

164

O ERS precisa ter autonomia financeira fortalecer os poderes para exercer seu

papel de lideranccedila e coordenaccedilatildeo na regiatildeo renovar a maneira de conduzir estimular a

participaccedilatildeo dos gestores realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica e capacitar sua equipe Precisa

ser valorizado pela SES que deve desenvolver competecircncias para capacitaacute-lo para

planejar regular auditar realizar o controle avaliaccedilatildeo e monitoramento das accedilotildees

Esses poderes precisam emergir o que implica em alterar a forma de conduzir a

poliacutetica em redistribuir poderes entre as instacircncias municipal regional e estadual

A regiatildeo jaacute tem poderes mas estaacute sem conduccedilatildeo precisa ser conhecida e

reconhecida pelos atores institucionais e natildeo institucionais que fazem parte deste

complexo regional Eacute preciso reconhecer que esta regiatildeo tem uma histoacuteria eacute dinacircmica

tem especificidades econocircmicas e sociais que pode se desenvolver e ser autocircnoma mas

precisa lideranccedila teacutecnica para articular e fortalecer os laccedilos com as lideranccedilas poliacuteticas

da regiatildeo para assegurar recursos no orccedilamento do governo de estado para suprir as

lacunas de sua rede regionalizada de atenccedilatildeo puacuteblica Internamente os gestores

precisam ter clareza do todo eacute preciso organizar-se entender como a rede e a regiatildeo

estaacute constituiacuteda o que disponibiliza quais as suas potencialidades e dificuldades quais

as suas demandas e ofertas enfim quem usa e porque usa esta regiatildeo

O processo de regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou e natildeo se pode afirmar que houve

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e sim uma delegaccedilatildeo de responsabilidades do estado para

os municiacutepios vez que muitas accedilotildees foram transferidas para a execuccedilatildeo local sem o

devido recurso financeiro sem a cooperaccedilatildeo teacutecnica sem a estrutura fiacutesica sem

profissionais e equipes preparadas para as funccedilotildees e contribuiu para a desestruturaccedilatildeo

dos serviccedilos com perda de qualidade que aumentaram as demandas regionais e os

custos para a gestatildeo municipal Aleacutem disso natildeo se observa por parte da SESERS na

vigecircncia do pacto exceto no momento de sua implantaccedilatildeo atividades para promover

discussotildees coletivas para enfrentamento dos problemas regionais A SES como

condutora do processo exerce influecircncia que pode facilitar ou dificultar a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede

Eacute preciso retomar a conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo dar direcionalidade agrave sua

implementaccedilatildeo para que possa ter os resultados esperados e assumidos no Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os fatos aqui apontados aumentaram a vulnerabilidade do

sistema e natildeo contribuiacuteram para a descentralizaccedilatildeo influenciaram as capacidades

165

teacutecnico-operacionais da SESERS e resultaram em perdas de conquistas consolidadas no

processo de regionalizaccedilatildeo do periacuteodo anterior ao pacto Sem o apoio da SES o

processo de regionalizaccedilatildeo fica comprometido e natildeo avanccedila

Observa-se que a gestatildeo da poliacutetica regionalizada no espaccedilo desta regiatildeo estaacute

permeada por problemas a agenda de intervenccedilotildees eacute complexa e envolve os diversos

atores institucionais Sua conduccedilatildeo requer iniciativas interfederativas para se fortalecer

e promover o acesso aos serviccedilos qualificados a governanccedila estaacute tensionada pela

insuficiecircncia da rede puacuteblica e constitui-se em desafios para institucionalizar uma rede

regionalizada e integrada da sauacutede que respeite as diversidades municipais e reduza a

segmentaccedilatildeo do sistema na regiatildeo A loacutegica da rede de serviccedilos eacute organizada a partir da

oferta de serviccedilos em especial do setor privado e requer investimentos para o

fortalecimento da rede puacuteblica e ter o setor privado apenas como complementar Eacute

necessaacuterio fortalecer a gestatildeo compartilhada e solidaacuteria desenvolver uma agenda de

educaccedilatildeo permanente que capacite os gestores e a equipe de conduccedilatildeo que qualifique

os profissionais para as praacuteticas cliacutenicas que desenvolva competecircncias para a

vigilacircncia a regulaccedilatildeo e auditoria Eacute preciso viabilizar o hospital regional que poderaacute

concentrar os serviccedilos atuar com economia de escala e escopo ofertando serviccedilos

ambulatoriais internaccedilotildees especialidades UTI e maternidade

Estes desafios implicam rever os papeacuteis das instacircncias envolvidas integrar e

compartilhar as accedilotildees consideradas baacutesicas e necessaacuterias para o ecircxito da estrateacutegia

regionalizada e assim garantir o equiliacutebrio nas relaccedilotildees reduzir os conflitos e

contribuir para o avanccedilo da poliacutetica puacuteblica nesta regiatildeo de sauacutede Satildeo desafios que

podem contribuir para a implementaccedilatildeo desse processo e que estatildeo contemplados no

Decreto nordm 75082011 mediante o qual a regionalizaccedilatildeo se fortalece como orientaccedilatildeo

para a implementaccedilatildeo do SUS

Em parte a direcionalidade da regionalizaccedilatildeo foi pautada pela ideologia da

equidade e gerencial com preocupaccedilatildeo em aumentar os investimentos na regiatildeo para

melhorar a rede de atenccedilatildeo ampliar os serviccedilos assegurar o acesso e garantir a

integralidade No entanto natildeo se observam condutas democraacuteticas em especial por

parte da SES que natildeo tem ouvido as solicitaccedilotildees dos gestores natildeo tem atendido agraves

demandas ou valorizado a estrutura regional de forma a dotaacute-la com capacidade

institucional para fortalecer a poliacutetica puacuteblica de sauacutede na regiatildeo

166

As dificuldades apontadas acima mostram o quanto esta maneira de conduzir a

poliacutetica tem enfraquecido o Estado de direito agrave sauacutede A regionalizaccedilatildeo contemplada no

pacto pode efetivar este direito mas eacute um processo poliacutetico que implica a busca de

alternativas compartilhadas que fortaleccedilam a regiatildeo de forma a reduzir as iniquidades e

avanccedilar no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada Esta mudanccedila objetiva natildeo

apenas aumentar a autonomia dos municiacutepios como tambeacutem consolidar o papel do

estado como coordenador regional

Os desafios estatildeo relacionados ao eixo das relaccedilotildees intergovernamentais Estas

relaccedilotildees interfederativas satildeo complexas e poliacuteticas requerem capacitaccedilatildeo e

amadurecimento para dividir poderes e assumir de fato as responsabilidades

compartilhadas A resolutividade esperada na regiatildeo poderaacute ser alcanccedilada se houver

investimentos puacuteblicos se as relaccedilotildees verticais e horizontais forem fortalecidas se os

gestores e lideranccedilas se comprometerem com o desenvolvimento de accedilotildees coletivas se

houver coordenaccedilatildeo intergovernamental tendo a SES como protagonista da conduccedilatildeo

Sem a coordenaccedilatildeo do estado as propostas do Pacto pela Sauacutede natildeo satildeo suficientes para

tornar esta regiatildeo autocircnoma Aleacutem disso eacute preciso inserir nos espaccedilos de decisatildeo

colegiada a participaccedilatildeo de conselheiros ampliar a governanccedila e permitir o controle

social

167

QUADROS-SIacuteNTESE

Quadro 4 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Trajetoacuteria e experiecircncia de gestatildeo

regionalizada desde a deacutecada de 1990

Existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede desde 1998

Forte adesatildeo do setor privado ao SUS -

dos leitos privados quase 70 estatildeo

contratadoscredenciados pelo SUS

Presenccedila do profissional meacutedico em todos

os municiacutepios

Regiatildeo que se destaca no estado com o

agronegoacutecio

A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que

apresentam o maior PIB per capita (R$

2347430)

Todos os municiacutepios integrantes nos

uacuteltimos 4 anos tecircm aplicado recursos

financeiros proacuteximos a 20 acima do

recomendado pela EC29

A regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do

Estado em relaccedilatildeo ao IDH (076)

Dos 10 leitos de UTI 8 satildeo puacuteblicos

ERS - bem estruturado teacutecnica e

administrativamente

A maior parte da capacidade instalada puacuteblica

eacute constituiacuteda por unidades de atenccedilatildeo

primaacuteria e com baixa cobertura de PSF ndash rede

de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute de baixa

resolutividade

Falta centro de referecircncia especializada

puacuteblica na regiatildeo para atendimento do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Predomiacutenio da diversidade de serviccedilos no

setor privado que manteacutem forte parceria com

o CIS e prefeituras

Falsa percepccedilatildeo de que a regiatildeo eacute resolutiva ndash

limitou-se agrave busca de investimentos puacuteblicos

Falta hospital regional na regiatildeo

Rede de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute

dependente do setor privado na meacutedia e alta

complexidade

Forte dependecircncia financeira da maioria dos

municiacutepios em relaccedilatildeo ao governo federal e

estadual

Disponibilidade de meacutedicos na regiatildeo

vinculados ao SUS eacute menor que o

recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

Eacute a regiatildeo com menor disponibilidade de

enfermeiros do estado e a deacutecima terceira

regiatildeo do Estado com menor disponibilidade

dos demais profissionais de niacutevel superior

Estaacute entre as nove regiotildees do estado que

totalizam o menor incremento com atenccedilatildeo

baacutesica e entre as que tiveram maior

incremento com despesa ambulatorial de

meacutedia complexidade

Os leitos puacuteblicos de UTI estatildeo instalados no

hospital privado e satildeo insuficientes para as

necessidades da regiatildeo

Desigualdades econocircmicas entre os

municiacutepios

Disponibilidade de leitos em geral da regiatildeo

(199) eacute menor que o recomendado pelo MS

Insuficiecircncia de especialidades meacutedicas na

rede puacuteblica

Especialidades meacutedicas disponiacuteveis na regiatildeo

sem contrato como setor puacuteblico

168

Quadro 5 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Plano de sauacutede UNIMED de abrangecircncia

regional com sede em Tangaraacute da Serra

Plano Univida dispotildee da Associaccedilatildeo

Univida com sede em Tangara da Serra eacute

uma alternativa de acesso dos

beneficiaacuterios ao serviccedilo privado com valor

acessiacutevel pago no ato do uso

Dispor de capacidade instalada de meacutedia e

alta complexidade - hospitalar

laboratorial (Bioquiacutemica citopatologia

anatomopatologia) exames de imagem

hemodiaacutelise UTI adulta e neonatal

Especialidades meacutedicas exames

laboratoriais e de imagem hospitais de

maior porte e leitos de UTI concentradas

no setor privado

Cobertura sauacutede suplementar de

221(2010)

Setor privado ligado agrave vocaccedilatildeo econocircmica

da regiatildeo

Maioria dos planos de sauacutede satildeo coletivos

empresariais

Diversidade de serviccedilos de maior

complexidade

Unimed natildeo possui rede proacutepria

Baixa capacidade instalada de leitos privados

Escassez de especialidades meacutedicas dificulta a

implantaccedilatildeo de serviccedilos no municiacutepio-sede da

regiatildeo

Escassez de especialidades meacutedicas no

interior da regiatildeo dificulta adesatildeo aos planos

de sauacutede

Falta serviccedilos de maior complexidade -

oncologia cateterismo UTI adulta

Quadro 6 - Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo na

regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Fatores que facilitaram Fatores que dificultaram Histoacuterico estrutural da regiatildeo - regionalizaccedilatildeo

da sauacutede implantada na deacutecada de 1990

CIB regional criada em 1996 - passou a

CGR

incentivos criados pelo estado no periacuteodo

anterior ao pacto pela sauacutede e novos

incentivos criados na vigecircncia do pacto

induccedilatildeo da poliacutetica financeira do MS com

criteacuterios que exigiram organizaccedilatildeo

regional e municipal

Criaccedilatildeo do CIS em 1998

parceria com o setor privado na oferta de

serviccedilos especializados

participaccedilatildeo ativa do COSEMS

Criaccedilatildeo da CIES e treinamentos na regiatildeo

inexistecircncia de estrutura puacuteblica antes do

pacto pela sauacutede e na vigecircncia do pacto

o consoacutercio e a parceria com o setor privado

na oferta de serviccedilos especializados

resultaram em acomodaccedilotildees por parte dos

entes federativos e a ldquofalsa ideacuteia de que a

regiatildeo eacute resolutivardquo

falta de planejamento na regiatildeo e no estado

fragilidades na regulaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo

falta capacitaccedilatildeo de gestores e profissionais

trocas sucessivas do gestor estadual

corte nos recursos do ERS - impediu de

realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica in loco

falta de articulaccedilatildeo com as lideranccedilas teacutecnicas

e poliacuteticas na regiatildeo

169

Quadro 7 - Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do

Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Instituiccedilotildees atores Caracterizaccedilatildeo

SMS

A estrutura administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas

teacutecnicas para coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos trabalhos

Dispotildee de Central Municipal de Regulaccedilatildeo

Dispotildee de meacutedico regulador que realiza a regulaccedilatildeo da assistecircncia na

regiatildeo e a urgecircncia-emergecircncia com a Central Estadual

ERS

Instacircncia de representaccedilatildeo da SES na regiatildeo contava com 3 gerecircncias

administrativas agora apenas uma Equipe composta por mais de 30

profissionais tem Central Regional de Regulaccedilatildeo que faz a regulaccedilatildeo

apenas dos procedimentos eletivos consultas especializadas exames e

cirurgias

Central Estadual de

regulaccedilatildeo

Com sede em Cuiabaacute faz a regulaccedilatildeo da urgecircncia-emergecircncia da regiatildeo e

dos leitos de UTI instalados na regiatildeo e o acesso aos leitos de UTI de

Cuiabaacute TFD e medicamentos de alto custo junto com a central regional

faz a regulaccedilatildeo dos procedimentos eletivos

Hospital Municipal de

Barra do Bugres

Manteacutem convecircnio com a SES para ser referecircncia na regiatildeo em ortopedia e

cirurgia geral Eacute referecircncia para internaccedilatildeo nas cliacutenicas baacutesicas para o

municiacutepio de Porto Estrela Denise e Arenaacutepolis

CGR Delibera o credenciamento a contratualizaccedilatildeo realiza a PPI e discute as

necessidades que envolvem o acesso ao complexo regulador

Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede

Abrange os 10 municiacutepios da regiatildeo e um municiacutepio da regiatildeo de Juiacutena

Manteacutem parceria com o setor privado para a oferta dos serviccedilos de

internaccedilotildees cirurgias exames de apoio diagnoacutestico laboratorial e de

imagem bioacutepsia consultas especializadas Todos estes serviccedilos satildeo

contratualizados tecircm como base a tabela SUS mais tabela complementar

para pagamento dos serviccedilos produzidos

Setor Privado lucrativo

(prestadores e

operadoras)

UNIMED

UNIVIDA

Demais operadoras na regiatildeo

Privadoconveniado

Hospitais - oferecem os serviccedilos de internaccedilotildees cirurgias em geral e

partos Alguns atendem agraves demandas geradas pelos especialistas do

consoacutercio Satildeo credenciados ou conveniados ou contratualizados pelo

CIS

Hemodiaacutelise ndash atende agrave demanda da regiatildeo eacute credenciado pelo MS e a

consulta eacute paga agrave parte pelo gestor municipal

Cliacutenicas especializadas ndash atende agraves consultas especializadas

contratualizadas pelo consoacutercio

Cliacutenica de exames de imagem - contratualizada pela SES e pelo CIS

Laboratoacuterios - oferecem os serviccedilos anaacutetomo-patoloacutegico citologia ndash

contratualizado pelo consoacutercio e credenciada pela SES

Prestador puacuteblico

municipal

A regiatildeo dispotildee de 4 hospitais puacuteblicos que oferecem os serviccedilos

hospitalares na cliacutenicas baacutesicas Dispotildeem de unidades baacutesicas de sauacutede

serviccedilos laboratoriais de baixa complexidade e especialidades de

ortopedia cirurgia geral pediatria ginecologia cliacutenica geral

Dois destes hospitais mantecircm convecircnio com a UNIMED

Cliacutenicas privadas de

Cuiabaacute

Atendem a consultas de neurologia e cirurgias de

otorrinolaringologia por meio da compra de serviccedilos diretamente

com as prefeituras

COSEMS e Conselhos

Municipais de Sauacutede

CMS participa por meio das deliberaccedilotildees nos municiacutepios

COSEMS ndash instrumentaliza os gestores para a tomada de decisotildees

170

10 Referecircncias

171

10 REFEREcircNCIAS

Abrucio FL A coordenaccedilatildeo federativa no Brasil a experiecircncia do periacuteodo FHC e os

desafios do governo Lula Rev Sociol Polit 2005

Abrucio FL Descentralizaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo Federativa no Brasil liccedilotildees dos anos FHC

In Abrucio FL Loureiro MR O estado numa era de reformas os Anos FHC - parte 2

Brasiacutelia MP SEGES 2002 316 p

Albuquerque MV Mello GA Iozzi FLldquoO processo de regionalizaccedilatildeo em sauacutede nos

estados brasileirosrdquo In Viana AL drsquoA Lima LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees

federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro Contra Capa 2011 p 117-

72

Almeida C O mercado privado de serviccedilos de sauacutede no Brasil panorama atual e

tendecircncias da assistecircncia meacutedica suplementar Texto para discussatildeo no 599 Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada Brasiacutelia novembro de 1998

Arretche M Descentralizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do fomento puacuteblico Estrateacutegias de

descentralizaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede e educaccedilatildeo no Brasil nota teacutecnica Brasiacutelia DF

junho 2008

Arretche M Federalismo e igualdade territorial uma contradiccedilatildeo em termos Dados ndash

Revista de Ciecircncias Sociais Rio de Janeiro 201053(3)587-620

Arretche M Federalismo e Poliacuteticas Sociais No Brasil problemas de coordenaccedilatildeo e

autonomia Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(2)17-26

Arretche M Financiamento federal e gestatildeo local de poliacuteticas sociais o difiacutecil equiliacutebrio

entre regulaccedilatildeo responsabilidade e autonomia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

20038(2)331-45

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em

wwwatlasbrasilorgbr

Bahia L A demarcheacute do privado e puacuteblico no sistema de atenccedilatildeo agrave sauacutede no Brasil em

tempos de democracia e ajuste fiscal 1988-2008 In Matta GC Lima JCF organizador

Estado sociedade e formaccedilatildeo profissional em sauacutede contradiccedilotildees e desafios em 20

anos de SUS Rio de Janeiro Fiocruz Escola Politeacutecnica de Sauacutede Joaquim Venacircncio

2008

172

Bahia L A privatizaccedilatildeo no sistema de sauacutede brasileiro nos anos 2000 tendecircncias e

justificaccedilatildeo In Santos NR Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Barreto IFJ Silva ZF Reforma do sistema de sauacutede e as novas atribuiccedilotildees do gestor

estadual Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(3)47-56

Botti CS Artmann E Spinelli MAS Scatena JHG Regionalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de

Sauacutede em Mato Grosso um estudo de caso da implantaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede da Regiatildeo do Teles Piresno periacuteodo de 2000 a 2008 Epidemiol Serv Sauacutede

Brasiacutelia 2013 jul-set22(3)491-500

Botti CS Avaliaccedilatildeo do processo de implementaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede da regiatildeo do Teles Pires (Dissertaccedilatildeo) Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Escola

Nacional de Sauacutede Puacuteblica 2010

Brasil Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia Senado Federal 1988

Brasil Decreto ndeg 7508 de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei ndeg 8080 de 19 de

setembro de 1990 para dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS o

planejamento da sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e a articulaccedilatildeo interfederativa e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2011 29 jun

Brasil Decreto no 4481 de 2de novembro de 2002 Dispotildee sobre os criteacuterios para

definiccedilatildeo dos hospitais estrateacutegicos no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS e daacute

outras providecircncias Decreto FederalDOU DE 25112002

Brasil Decreto no

5895 de 18 de setembro de 2006 Dispotildee sobre a concessatildeo do

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

Brasil Decreto no 7508 De 28 de Junho de 2011 Decreto Federal Regulamentaccedilatildeo da

Lei 8080- DOU 2962011

Brasil Decreto nordm 86329 de 2 de setembro de 1981 Institui o Conselho Consultivo da

Administraccedilatildeo de Sauacutede Previdenciaacuteria - CONASP

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os arts 34 35

156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento

das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede

Brasil Instruccedilatildeo Normativa SRF nordm 480 de 15 de dezembro de 2004 Retificada no

DOU de 31122004 Seccedilatildeo 1 paacuteg 79 DOU de 29122004

173

Brasil Lei 9250 de 26 de dezembro de 1995 Altera a legislaccedilatildeo do imposto de renda

das pessoas fiacutesicas e daacute outras providecircncias

Brasil Lei n 8112 de 11 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre o regime juriacutedico dos

servidores puacuteblicos civis da Uniatildeo das autarquias e das fundaccedilotildees puacuteblicas federais

Brasil Lei nordm 3807 - de 26 de agosto de 1960 Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social ndash

LOPS DOU de 5960

Brasil Lei nordm 4506 de 30 de Novembro de 1964 Dispotildee sobre o Imposto que Recai

sobre as Rendas e Proventos de qualquer Natureza

Brasil Lei no

6229 de 17 de julho de 1975 Dispotildee sobre a organizaccedilatildeo do Sistema

Nacional de Sauacutede

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 20 set

Brasil Lei no 8666 de 21 de junho de 1993 Regulamenta o art 37 inciso XXI da

Constituiccedilatildeo Federal institui normas para licitaccedilotildees e contratos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica e daacute outras providecircncias

Brasil Lei nordm 9665 de 19 de junho de 1998 Autoriza o Poder Executivo a conceder

remissatildeo parcial de creacuteditos externos em consonacircncia com paracircmetros estabelecidos

nas Atas de Entendimentos originaacuterias do chamado Clube de Paris ou em

Memorandos de Entendimentos decorrentes de negociaccedilotildees bilaterais negociar tiacutetulos

referentes a creacuteditos externos a valor de mercado e receber tiacutetulos da diacutevida do Brasil e

de outros paiacuteses em pagamento e daacute outras providecircncias

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 148 de 15 de dezembro 2003 - DOU de 16122003 ndash

Convertida na Lei nordm 10850 de 25032004

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 2158-35 de 24 de agosto de 2001 DOU de 2782001

Carvalho GL Regiatildeo a evoluccedilatildeo de uma categoria de anaacutelise da geografia Boletim

Goiano de Geografia 2002 jan-jun22(1)135-53

Castro MHL A relaccedilatildeo entre o puacuteblico e o privado no sistema de sauacutede brasileiro

repensando o papel do Estado [Tese] Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de

Janeiro 2006

Cavalheiro ME Juchem DM Poliacuteticas Puacuteblicas Uma analise mais apurada sobre

Governanccedila e Governabilidade Rev Bras Hist Ciecircncias Sociais Ano I 2009 julI -1-11

174

Coelho APS O puacuteblico e o privado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede processo decisoacuterio e

conduccedilatildeo da poliacutetica no Estado do Espiacuterito Santo (Dissertaccedilatildeo) Escola Nacional de

Sauacutede Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2011 143 f

Cohn A Previdecircncia Social e Processo Politico no Brasil Satildeo Paulo Moderna 1980

Conass Regulaccedilatildeo em sauacutede Coleccedilatildeo para entender a gestatildeo do SUS Conselho

Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede ndash Brasiacutelia v10 2011 126p

Cordeiro HAacute Conil EM Santos IS Bressan AI Por uma reduccedilatildeo nas desigualdades em

sauacutede no Brasil qualidade e regulaccedilatildeo num sistema com utilizaccedilatildeo combinada e

desigual In Santos NRS Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Delziovo CR Colegiado de gestatildeo regional desafios e perspectivas relato de

experiecircncia Sau Transf Soc Florizanoacutepolis 20123(1)102-5 ISSN 2178-7085

Dourado DA Elias PEM Regionalizaccedilatildeo e federalismo sanitaacuterio Rev Sauacutede Publica

201145(1)204-11

Draibe SM O Welfare State no Brasil Caracteriacutesticas e perspectivas Caderno de

Pesquisa no 8 UNICAMP Nuacutecleo de Estudos de Poliacuteticas Publicas ndash NEPP 1993

Fernandes NFF Processo de organizaccedilatildeo e desenvolvimento de estrateacutegias para

divulgaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede em Mato Grosso relatoacuterio de

experiecircncia 2014 In Scatena JHG Kehrig RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede

diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo

Hucitec 2014 565p

Ferreira JBB Bombarda FP Forster AC Chaves LDP Vallin S Almeida TL O

processo de descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado de Satildeo Paulo731-761

In Ibanez N Elias PEM Seixas PHD organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em

sauacutede Satildeo Paulo Hucitec Editora Cealag 2011 816p

Figueiredo WBF Estruturas de governanccedila regionais desenvolvimento sustentaacutevel e

legitimidade notas para a construccedilatildeo de um esquema de referecircncia RDE - Revista de

Desenvolvimento Econocircmico Salvador BA 2012 dezXIV(26)136-44

Fleury S Ouverney AM Gestatildeo de redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da poliacutetica de

sauacutede Rio de Janeiro Editora FGV 2007

Fleury S Ouverney AM O sistema uacutenico de sauacutede brasileiro-Desafios da gestatildeo em

rede Rev Port Bras Gestatildeo Ediccedilatildeo especial 10 anos 200674-83

175

Fleury S Ouverney AM Poliacutetica de Sauacutede uma poliacutetica social In Giovanella L

Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no Brasil 2a ed rev

e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 25-58 p

Fleury S Ouverney AM Kronemberger TS amp Zani FB Governanccedila local no sistema

descentralizado de sauacutede no Brasil Rev Panam Salud Publ 201028(6)446-55

Fonseca AAM et al Em torno do conceito de regiatildeo Sittientibus Feira de Santana

1999 jul-dez2189-100

Gadelha CAG Maldonado JSSV Costa LS O complexo produtivo da sauacutede e sua

relaccedilatildeo com o desenvolvimento um olhar sobre a dinacircmica da inovaccedilatildeo em sauacutede In

In Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 209-239 p

Gadelha CAG Sauacutede e Territorializaccedilatildeo na perspectiva do desenvolvimento Ciecircncia amp

Sauacutede Coletiva 201116(6)3003-16

Gomides JE O surgimento da expressatildeo ldquogovernancerdquo governanccedila e governanccedila

ambiental Um resgate histoacuterico Rev Ciecircncias Gerenciais 2009XIII(18)

Gonzaga AA O papel dos escritoacuterios regionais de sauacutede no processo de

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo do SUS em Mato Grosso In Muumlller Neto JS

Organizador A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade

da atenccedilatildeo Cuiabaacute SES 2002 p 67-87

Guimaratildees L Arquitetura da organizaccedilatildeo regionalizada consoacutercios intermunicipais de

sauacutede em Mato Grosso In Muller Neto JS organizador Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em

Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo Cuiabaacute Secretaria de Estado de

Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 101-12

Guimaratildees RB Regiotildees de sauacutede e escalas geograacuteficas Cad de Sauacutede Puacutebl

200521(4)1017-25

Heimann LS Ibanhes LC Boaretto RC Kavano J A relaccedilatildeo puacuteblico-privado e o Pacto

pela Sauacutede novos desafios para a gestatildeo em sauacutede In Santos NR Amarante PDC

(Org) Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes

2010 p208-219

Informe Dawson sobre el futuro de los servicios meacutedicos y afines Traduccioacuten al

castellano de Dawson Report on the future provision of medical and allied services

1920 Organizacioacuten Panamericana de la Salud Publicacioacuten cientiacutefica 1964 feb93

176

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Contagem da populaccedilatildeo Rio de Janeiro

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2010

Junqueira LP A gestatildeo intersetorial das poliacuteticas sociais e o terceiro setor Sauacutede e

Sociedade 200413(1)25-36

Junqueira LP Intersetorialidade transetorialidade e redes sociais na sauacutede Rev

Administr Puacuteblica 200034(6)35-45

Knopp G Governanccedila social territoacuterio e desenvolvimento Perspectivas em Politicas

Puacuteblicas Belo Horizonte Vol No8 p53-74juldez 2011

Lavras CCC Descentralizaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo de redes regionais de

atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS In Nelson Ibanez Paulo Eduardo Mangeon Elias Paulo

Henrique DrsquoAngelo Seixas organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em sauacutede Satildeo

Paulo Hucitec Editora Cealag 2011p 317-331

Levi ML Scatena JHG Evoluccedilatildeo recente do financiamento do SUS e consideraccedilotildees

sobre o processo de regionalizaccedilatildeo In Viana ALdrsquoAacute Lima LD (Orgs)

Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro

Contra Capa 2011 p 81-113

Lima APG Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e o Sistema Uacutenico de Sauacutede Cad

Sauacutede Puacuteblica 200016(4)985-96

Lima LD Queiroz LFN Machado CV Viana ALAacute Descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo

dinacircmica e condicionantes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede no Brasil Ciecircnc Sauacutede

Coletiva 201217(7)1903-14

Machado CV Baptista TWF Lima LD O planejamento nacional da poliacutetica de sauacutede

no Brasil estrateacutegias e instrumentos nos anos 2000 Ciecircn Sauacutede Coletiva 2010

(15)2367-2382

Mato Grosso Plano de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso MT+20 Plano de

Desenvolvimento regiatildeo de Planejamento VIII ndash Oeste2007c

Mato Grosso Relatoacuterio de Gestatildeo da Receita Puacuteblica referente ao periacuteodo de 2004

a2006 Secretaria Adjunta da Receita PuacuteblicaSecretaria de Estado de FazendaGoverno

do Estado de Mato Grosso Cuiabaacute MT Marccedilo de 2007a 191 paacutegs

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2008 ndash

2011 Consolidado por objetivo estrateacutegico Cuiabaacute ndash Julho2010a

177

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2004 ndash

2007 Mato Grosso matildeos a obra Projeto de Lei Cuiabaacute ndash Agosto2003

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede ndash Poliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

Diretrizes Estrateacutegias e Projetos Prioritaacuterios Documento Teacutecnico nordm 1 CuiabaacuteMT

1995 22 pp

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Avaliaccedilatildeo da Poliacutetica de Sauacutede do Estado

de Mato Grossondash19951998 Cuiabaacute 2000a

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Portaria SES ndeg 13209092008

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Superintendecircncia de Poliacuteticas de Sauacutede

Coordenadoria de Gestatildeo da Poliacutetica de Sauacutede Plano Estadual de Sauacutede Mato Grosso -

2008 2011 Secretaria de Estado de Sauacutede - Cuiabaacute 2010b133 pg

Mato Grosso Secretaria de Planejamento Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso

MT+202007b

Mato Grosso Tribunal de contas de Mato Grosso Secretaria de Controle Externo

Relatoacuterio de Auditoria Contas Anuais de Gestatildeo 2012 Acesso on line em 26 de julho

2013

Mendes EV As redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Pan-Americana da

Sauacutede 2011 549 p Il

Mendonccedila AF O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nas regiotildees de sauacutede do

Estado de Mato Grosso [Dissertaccedilatildeo] Universidade Federal de Mato Grosso Instituto

de Sauacutede Coletiva 2012 116 pg

Menicucci TMG Puacuteblico e privado na politica de assistecircncia atilde sauacutede no Brasil atores

processos e trajetoacuteria Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 2007320p

Ministeacuterio da Sauacutede (BR) Gabinete Ministerial Portaria 1101 12 de junho de 2002

Dispotildee sobre paracircmetros de cobertura assistencial no acircmbito do SUS Brasiacutelia

Ministeacuterio da Sauacutede 2002b

Ministeacuterio da Sauacutede Datasus Informaccedilotildees em sauacutede Disponiacutevel em

httptabnetdatasusgovbr

Ministeacuterio da Sauacutede Manual do SISPPI versatildeo 315 - Moacutedulo Municipal Coordenaccedilatildeo

de Programaccedilatildeo da Assistecircncia Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle

Secretaria de Atenccedilatildeo a Assistecircncia Ministeacuterio da Sauacutede Brasilia novembro de 2004

178

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 196 Portariacutea ndeg 2203 de

5 de novembro de 1996

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 93 Portariacutea ndeg 545 de 20

de maio de 1993

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional da Assistecircncia agrave sauacutede NOAS-SUS 0101 ndash

Portaria MSGM ndeg95 de 26 de janeiro de 2001 - Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente oficializada pela

Portaria GM no 19962007

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS

Portaria nordm 1559 de 1ordm de agosto de 2008

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria GMMS no 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o

Pacto pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do

Referido Pacto Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2006 23 fev

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 4279 de 30 de dezembro de 2010 Estabelece

diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede no acircmbito do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS)

Ministeacuterio da Sauacutede Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede aprofundando a

descentralizaccedilatildeo com equidade no Acesso Norma Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede

NOAS-SUS 0102 (Portaria MSGM nordm 373 de 27012002) Brasiacutelia 2002a

Mota US Os consoacutercios intermunicipais de sauacutede como cerne da estrateacutegia para a

implementaccedilatildeo das regiotildees de sauacutede de Mato Grosso In Muller Neto JS organizador

Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo

Cuiabaacute Secretaria de Estado de Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 92-9

Muumlller Netto JS amp Lotufo M Poliacutetica e regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso

aspectos histoacutericos conceituais metodoloacutegicos e perspectivas In Muumlller Neto JS

(org) A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da

atenccedilatildeo Cuiabaacute SESMT 2002 p 13-25

Nascimento AAM Damasceno AK Silva MJ Silva MVS Feitoza AR Regulaccedilatildeo em

Sauacutede aplicabilidade para concretizaccedilatildeo do pacto de gestatildeo do SUS Cogitare Enferm

2009 AbrJun 14(2)346-52

Neves LA Ribeiro JM Consoacutercios de Sauacutede estudo de caso exitoso Cad Sauacutede

Puacuteblica 200622(10)2207-17

179

Noronha JC Lima LD Machado CV O Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS In In

Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 p435-472

Ockeacute-Reis CO Sophia DC Uma criacutetica agrave privatizaccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

pela constituiccedilatildeo de um modelo de proteccedilatildeo social puacuteblico de atenccedilatildeo agrave sauacutede Sauacutede

em Debate 2009 jan-abr33(81)72-9

Oliveira J Fleury S (Im) Previdecircncia social 60 anos de histoacuteria da Previdecircncia Social

Petroacutepolis Vozes 1985

Pacheco CFF Seguridade social e previdecircncia situaccedilatildeo atual Indic Econ FEE

201239(3)71-84

Pereira JM A governanccedila corporativa aplicada no setor puacuteblico brasileiro APGS 2010

jan-mar2(1)109-34

Pinto ICM Teixeira CF Solla JJSP Reis AAC Organizaccedilao do SUS e diferentes

modalidades de gestatildeo e gerenciamento dos serviccedilos e recursos puacuteblicos de sauacutede In

Paim JS Almeida Filho N oganizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de

Janeiro MedBook 2014 p 231-44 720p

Possas C Sauacutede e trabalho- a crise da Previdecircncia Social 2a ed Hucitec 1989

Queiroz AM Federalismo no Brasil os consoacutercios puacuteblicos intermunicipais no periacuteodo

recente [Tese] Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2012

Rego N Reffatti LV Representaccedilotildees de mundo geografias adversas e manejo

simboacutelico ndash aproximaccedilotildees entre cliacutenica psicopedagoacutegica e ensino de geografia In

Terra livre Temperos da geografia Publicaccedilatildeo semestral da Associaccedilatildeo dos Geoacutegrafos

Brasileiros Goiania- GO Ano 20 2004 jul-dez2(23)176p

Ribeiro JM Costa NR Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede no Brasil os consoacutercios

municipais no Sistema Uacutenico de Sauacutede Planej Polit Publicas 2000 dez(22)173-220

Ribeiro MS Schrader FT Anjos APL Motta AP A rede de apoio ao SUS em Mato

Grosso uma estrateacutegia para fortalecimento do papel do municiacutepio na regionalizaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo do pacto pela sauacutede Sauacutede em Debate 2009 maio(44)62-73

Santos FP Merhy EE A regulaccedilatildeo puacuteblica da sauacutede no Estado brasileiro - uma revisatildeo

Interface Comunic Sauacutede Educ 2006 jan-jun9(18)25-41

180

Santos IS Uga MAD Porto SM O mix puacuteblico-privado no Sistema de Sauacutede

Brasileiro financiamento oferta e utilizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede Ciecircn Sauacutede Coletiva

200813(5)1431-40

Santos L Andrade LOM Redes Interfederativas de sauacutede um desafio para o SUS nos

seus vinte anos Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(3)1671-80

Santos L Administraccedilatildeo puacuteblica e a gestatildeo da sauacutede In Santos NR Amarante PDC

organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro

Cebes 2010 p 68-86

Santos M Metamorfoses do espaccedilo habitado fundamentos teoacutericos e metodoloacutegicos da

geografia Satildeo Paulo Hucitec 1988

Santos MAB amp Gerschman S As segmentaccedilotildees da oferta de serviccedilos de sauacutede no Brasil

ndash arranjos institucionais credores pagadores e provedores Ciecircnc Sauacutede Coletiva

20049(3)795-806

Santos MHC Governabilidade governanccedila e capacidade governativa algumas notas

(Texto para discussatildeo 11) Brasiacutelia MareEnap 1996

Santos MHC Governabilidade governanccedila e democracia criaccedilatildeo de capacidade

governativa e relaccedilotildees executivo-legislativo no Brasil poacutes-constituinte Dados

199740(3)

Santos MO O papel ativo da geografia Um manifesto Revista Territoacuterio Rio de

Janeiro juldez 20009103-9

Santos RGC Nota O espaccedilo em kant e suas influecircncias na definiccedilatildeo do conceito de

regiatildeo em Alfred Hettner e Richard Hartshorne Estudos Geograacuteficos 20097(1)183-

90

Scatena JHG Kehrig RT Oliveira LRG Oliveira JL Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo

sauacutede em Mato Grosso do ponto de vista dos atores regionais In Scatena JHG Kehrig

RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato

Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Hucitec 2014 565p Capiacutetulo 7

Scatena JHG Oliveira LR Galvatildeo ND Neves MAB Caracterizaccedilatildeo demograacutefica

socioeconocircmica epidemioloacutegica e dos serviccedilos de sauacutede das regiotildees de sauacutede do Estado

de Mato Grosso 2011 [relatoacuterio preliminar] mimeo

Silva SF Desafios de sistemas universais de sauacutede sob controle puacuteblico Federalismo e

regionalizaccedilatildeo e o Sistema Uacutenico de Sauacutede no Brasil Sauacutede em Debate 2013

out(49)104-13

181

Silva SF Organizaccedilatildeo de redes regionalizadas e integradas de atenccedilatildeo agrave sauacutede desafios

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (Brasil) Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(6)2753-62

Silveira ML Escala geograacutefica da accedilatildeo ao impeacuterio Terra Livre Temperos da

geografia Associaccedilatildeo dos geoacutegrafos brasileiros Goiacircnia 2004 jul-dez 2(23)87-96

Silveira ML O Brasil territoacuterio e sociedade no iniacutecio do seacuteculo 21ndash a histoacuteria de um

livro ACTA Geograacutefica Ediccedilatildeo Especial Cidades na Amazocircnia Brasileira 2011 p

151-63

Silveira ML O territoacuterio em pedaccedilos Revista Eletrocircnica de Jornalismo Cientiacutefico 10

nov 2011 Disponiacutevel em httpwwwcomcienciabr Acesso em 24 jan 2012

Solla JJSP Paim JS Relaccedilotildees entre atenccedilatildeo baacutesica meacutedia e alta complexidade desafios

para a organizaccedilatildeo do cuidado no sistema uacutenico de sauacutede In Paim JS Almeida Filho

N organizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de Janeiro MedBook 2014 p

343-52

Souza RR A regionalizaccedilatildeo no contexto atual das poliacuteticas de sauacutede Ciecircn Sauacutede

Coletiva 20016(2)451-5

Teixeira CF Promoccedilatildeo e vigilacircncia da sauacutede no contexto da regionalizaccedilatildeo da

assistecircncia agrave sauacutede no SUS Cad Sauacutede Puacuteblica 200218(Supl)153-62

Teixeira SMF Ouverney AM Gestatildeo de Redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da

poliacutetica de sauacutede Rio de Janeiro FGV 2007 Cad Sauacutede Puacuteblica 200824(7)1716-7

Viana ALD Ibantildeez N Elias PEM Lima LD Albuquerque M Iozzi FL Novas

perspectivas para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo Perspec 200822(1)92-106

Viana ALD Lima LD Ferreira MP Condicionantes estruturais da regionalizaccedilatildeo na

sauacutede tipologia dos Colegiados de Gestatildeo Regional Ciecircnc Sauacutede Coletiva

2010b15(5)2317-26

Viana ALD Lima LD Machado CV Scatena JHG Albuquerque MV Oliveira RG et

al Projeto de Pesquisa Avaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites

(CIBs) as CIBs e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUS Relatoacuterio Estadual

Mato Grosso Maio de 2010a

Viana ALDrsquoA Heimann LS Lima LD Oliveira RG Rodrigues SH Mudanccedilas

significativas no processo de descentralizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil Cad Sauacutede

Puacutebl XVIII 2002 p 139-51

182

Viana ALdrsquoA Lima LD O processo de regionalizaccedilatildeo na sauacutede contextos

condicionantes e papel das Comissotildees Intergestores Bipartites In Viana ALdrsquoA Lima

LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de

Janeiro Contra Capa Livraria Ltda 2011 p11-24

Viana ALDrsquoA Machado CV Proteccedilatildeo social em sauacutede um balanccedilo dos 20 anos do

SUS Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 200818(4)645-84

Vianna RP Colegiados de gestatildeo regional no Estado do Rio de Janeiro atores

estrateacutegias e negociaccedilatildeo intergovernamental [Dissertaccedilatildeo] Escola Nacional de Sauacutede

Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2012 155 f

Vilarins GCM Shimizui HE Gutierrez MMU A regulaccedilatildeo em sauacutede aspectos

conceituais e operacionais Sauacutede em Debate Rio de Janeiro 2012 outdez36(95)640-

7

Apecircndices

APEcircNDICE A ndash Roteiro de entrevistas

Pesquisa A Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a

relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte

Roteiro semi-estruturado de entrevista

1 - GESTORES Diretor do Escritoacuterio Regional de Sauacutede Secretaacuterio executivo do CGR Secretaacuterio

executivo do Consorcio Vice-regional do COSEMS na microrregiatildeo Total de perguntas elaboradas

84

2 ndash GESTORES DA REGULACcedilAtildeO - coordenador da Central Regional de Regulaccedilatildeo meacutedico

regulador da regiatildeo meacutedico regulador do hospital municipal de referecircncia regional representante do

hospital municipal de referecircncia regional Total de perguntas elaboradas 60

3 - PRESTADORES CONVENIADOS ndash representante do maior hospital conveniado Total de

perguntas elaboradas 23

4- PLANOS DE SAUacuteDE representante UNIMED e UNIVIDA ndash roteiro separado desta planilha ndash Total

de perguntas elaboradas- 20

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

PERGUNTAS

ENTREVISTADOS

Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

1- Histoacuterico da regionalizaccedilatildeo

Fale como foi definida esta regiatildeo os limites os

criteacuterios e participantes da definiccedilatildeo da microrregiatildeo

Quais os municiacutepios que fazem parte atualmente Houve

mudanccedilas

X X

SUB-TOTAL 1 1 0

2-Desenho da Regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Alguns fatores foram determinantes na delimitaccedilatildeo desta

regiatildeo Quais satildeo estes fatores Comente

X X X

- O desenho regional adotado eacute especifico da sauacutede ou

coincide com o adotado por outras poliacuteticas puacuteblicas do

governo JAacute CONTEMPLADA NA ESTADUAL

SUB-TOTAL 1 1 1

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

3 - Finalidades e escopo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc acha que regionalizaccedilatildeo foi implantada com qual

finalidade ndash comente

X X

- vocecirc acha que o foco da regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute

voltado para que Para organizar a rede de serviccedilos Para

discutir e implementar o conjunto das poliacuteticas de sauacutede

(vigilacircncia formaccedilatildeo de pessoas)

X X

SUB-TOTAL 2 2 0

4 ndash Estrateacutegias poliacuteticas da regionalizaccedilatildeo ndash Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede faz parte de outras poliacuteticas

regionais do governo do Estado com enfoque territorial

Quais e de que forma

X

Vocecirc acha que a regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute inserida na

agenda da poliacutetica estadual de sauacutede Que lugar ocupa

Eacute uma prioridade no plano regional Comente

X X

Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou lotaccedilatildeo de profissionais de

sauacutede para atendimento das necessidades regionais

Existem estrateacutegias regionais para contrataccedilatildeo Como

funcionam

X X

SUB-TOTAL 2 1 0

5 ndash Planejamento e regulaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O que orienta o processo de planejamento da

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Plano estadual de sauacutede plano

de regionalizaccedilatildeo planos ou projetos de investimentos

PPI PPA PLANEJASUS JAacute CONTEMPLADA

ESTADUAL

X X

Vocecirc participa do planejamento regional Como eacute feito

Que instrumento eacute utilizado Quem participa

X X X

Qual a situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado e na regiatildeo Comente

X X

Qual o prestador que exerce maior influecircncia no

planejamento da rede de serviccedilos de sauacutede

X X

Vocecirc acha que os serviccedilos puacuteblicos e privados

disponiacuteveis na regiatildeo influenciam no planejamento

gestatildeo e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede na

microrregiatildeo Como

X X X

Como estaacute constituiacuteda e organizada a rede de sauacutede da

regiatildeo(complexidade redes de serv especificas linhas

de cuidado etc)

X X

Antes do pacto pela sauacutede existiam redes de atenccedilatildeo a

sauacutede Se positivo quais Como eram quem participava

e financiava

X -

Como eacute a regulaccedilatildeo ambulatorial ciruacutergica urgecircncia e

emergecircncia a meacutedia e alta complexidade O Tratamento

Dora do domicilio estaacute organizado Eacute acompanhado o

fluxo de pessoas dentro e fora da regiatildeo-centrais de

agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo de sauacutede

tratamento fora de domiciacutelio Comente

X X X

Como eacute feita a regulaccedilatildeo entre os prestadores -

conveniados SESERS e SMS

X X X

A contratualizaccedilatildeo dos prestadores puacuteblico e privados

como eacute feita quem faz que instrumento utiliza quem

acompanha

X X X

Existe algum sistema de logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo (compras transporte de insumos

materiais para exames)

X X

Vocecirc acha que existem problemasconflitos com o

estadoregiatildeo em relaccedilatildeo ao planejamento e a regulaccedilatildeo

na regionalizaccedilatildeo Que tipo de problema ou conflito

comente

X X X

SUB-TOTAL 12 11 6

6 ndash Financiamento regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc sabe se existem recursos para compensar as

desigualdades desta regiatildeo Que recursos estatildeo

disponiacuteveis para a regiatildeo e para qual finalidade Qual a

fonte e forma de repasse

X

Como eacute feita a programaccedilatildeo dos recursos para a regiatildeo

Satildeo compatiacuteveis com necessidade da regiatildeo

X X

Foi definido algum tipo de distribuiccedilatildeo de recursos

financeiros pelo Estado para incentivo a regionalizaccedilatildeo

Ex revisatildeo de tetos financeiros PPI PDI Que criteacuterios

foram utilizados e as finalidades

X X

Para qualificaccedilatildeo profissional foram definidos recursos

financeiros Quais e qual a origem deste recurso

X X

Existem fundos regionais de recursos Por ex

consoacutercios de sauacutede fundos estaduais compensatoacuterios

ou outros fundos Especifique os tipos a origem e as

finalidades dos recursos Que outros incentivos agrave

regionalizaccedilatildeo esta regiatildeo recebe

X X

Quais os investimentos - construccedilatildeo equipamentos ou

veiacuteculos ampliaccedilatildeo de serviccedilos na rede publica e outros

foram realizados com a regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta

regiatildeo Qual a origem dos recursos

X

SUB-TOTAL 6 4 0

DIMENSAtildeO II ndash GOVERNANCcedilA DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1 ndash Estruturas de integraccedilatildeo e gestatildeo regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc faz parte do CGR(SE POSITIVO FAZER AS

PERGUNTAS ABAIXO) Quem faz parte

X X X

Como funciona o CGR nesta regiatildeo Tem secretaria

executiva Onde e como funciona Quais as atribuiccedilotildees

da secretaria executiva Comente

X X X

Onde o CGR se reuacutene Com que frequecircncia se reuacutene (JAacute

CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

Aleacutem do CIES o CGR tem cacircmara teacutecnicagrupos de

trabalho Quantas Qual o papel delas na

regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR interferiu na definiccedilatildeo do CIES e das cacircmaras

teacutecnicas

X

Como eacute a atuaccedilatildeo do CIES nesta regiatildeo X

Como foi e quais os criteacuterios utilizados para escolher os

representantes do CGR E para a escolha do presidente

do CGR

X

Eacute controlada a existecircncia de quoacuterum para realizaccedilatildeo das

reuniotildees

X

De forma geral quem efetivamente coordenou (a) as

reuniotildees da CGR no periacuteodo a que se refere a pesquisa

(JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

O chefe do ERS participa das reuniotildees Com que

frequecircncia (JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA

ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Qual o nuacutemero de assentos de cada esfera de governo no

CGR no periacuteodo da pesquisa (JAacute CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Vocecirc participa do CGR Quem participa Aleacutem dos

representantes oficiais do CGR que outros atores

participam Como os prestadores (puacuteblicos e privados)

participam no CGR

X

Como tem sido a participaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

e de suas organizaccedilotildees (conselhos de profissionais

cooperativas de profissionais) no processo de

regionalizaccedilatildeo em curso

X

Existe de ad referendum nas reuniotildees Em que situaccedilatildeo

eacute utilizada

X

Os membros do CGR satildeo assiacuteduos as reuniotildees Quando

natildeo participa como eacute comunicado das deliberaccedilotildees X

Em relaccedilatildeo agraves pautas quem define Que criteacuterios satildeo

utilizados(JAacute CONTEMPLADA NA P ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

O que eacute feito para preparar as reuniotildees repartir as

responsabilidades processar os impasses negociar a

poliacutetica e estabelecer acordos

X

Quem influencia na definiccedilatildeo da pauta E o COSEMS e

a SES influenciam Como X X

Quais os principais temas abordados nas reuniotildees X X

Os temas discutidos no CGR se referem a problemas de

natureza de abrangecircncia estadual regional ou municipal

X X

Quais os principais temas de consenso (entre estado e

municiacutepios e entre municiacutepios)

X

Os temas estrateacutegicos para a poliacutetica de sauacutede na regiatildeo

satildeo efetivamente negociados por qual instancia no

acircmbito da CIB ERSSES COSEMS Ou qual a outra

forma

X X

Nas reuniotildees do CGR como ocorre a tomada de decisatildeo

voto consenso Ou outra forma JA CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

As reuniotildees do CGR satildeo informativas consultivas

deliberativas Como satildeo registradas formalizados e

divulgados os resultados

X X

Como tem sido a atuaccedilatildeo do COSEMS junto agrave CIB

Estadual em defesa da regiatildeo E no CGR O COSEMS

eacute forte no estado Como Politicamente eou

tecnicamente Por quecirc

X

Quais os recursos disponiacuteveis para o CGR ndash JAacute

CONTEMPLADA NA ESTADUAL ---------- ---------

-

-------

---

Quais as instacircncias e qual a participaccedilatildeo de cada uma no

planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo de sauacutede

- ex CGR CIS ERS CIES JAacute CONTEMPLADA NA

PES ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

Qual a contribuiccedilatildeo das instancias CGR CIS ERS

CIES com a regionalizaccedilatildeo Qual o papel de cada uma

X

Qual a atuaccedilatildeo da Secretaria de Estado de Sauacutede no

processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Esta regiatildeo conta com o consorcio intermunicipal de

sauacutede Este foi organizado com qual finalidade Como eacute

o funcionamento hoje e qual o papel do consoacutercio na

regionalizaccedilatildeo em curso Quem financia o consoacutercio

X X X

Os Conselhos Municipais de Sauacutede (CMS) participam

das discussotildees do sistema de sauacutede regional Eles

influenciam no processo decisoacuterio do CGR De que

maneira

X

SUB-TOTAL 23 10 4

2 ndash Papel da CGR na regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como eacute a interaccedilatildeo intergovernamental no CGR O que

eacute feito para facilitar essa interaccedilatildeo (discussatildeo preacutevia dos

temas processamento preacutevio dos temas pelas equipes

teacutecnicas formaccedilatildeo de comissotildees especiaisgrupos para

trabalhos interveniecircncia de atores poliacuteticos relevantes

da SES outros

X X

Que papel o CGR tem desempenhado na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo Como eacute

e quais as influecircncias exerce sobre a regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR tem favorecido ou dificultado o processo de

regionalizaccedilatildeo em curso Por quecirc

X X

Pensando no CGR como instacircncia de negociaccedilatildeo e

pactuaccedilatildeo intergovernamental que tipo de parcerias

acordos e ou pactos de cooperaccedilatildeo satildeo estabelecidos

entre os gestores no CGR Que fatores tecircm favorecido

ou dificultado o seu funcionamento

X X

SUB-TOTAL 4 4 0

3 ndash Relaccedilotildees Intergovernamentais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como satildeo estabelecidas as relaccedilotildees entre os membros

do CGR ERS CIES CIS Satildeo teacutecnico-poliacuteticas-

baseadas nas poliacuteticas puacuteblicas e princiacutepios do SUS

poliacutetico-partidaacuterias pessoais- clienteliacutesticas

corporativas- grupos de interesse

X X

Como a CIBestadual se relaciona com o CGR ERS e

CIES Esta relaccedilatildeo interfere no processo de

regionalizaccedilatildeo Como

X X

Como o CGR se relaciona com outros atores de

relevacircncia regional (Ex hospitais regionais operadoras

de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercios de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa)

como acontecem

X X

Como satildeo as relaccedilotildees intergovernamentais (conflitiva

cooperativa marcada por divergecircncias e desacordos ou

por estrateacutegias de negociaccedilatildeo pactuaccedilatildeo convergecircncia e

parceria) Quais destas relaccedilotildees predominam Se haacute

conflitos comente entre quais seguimentos os motivos

dos conflitos e ou da cooperaccedilatildeo

X X

Nas relaccedilotildees entre a SESERS entre ERSCOSEMS ndash haacute

conflitos e convergecircncias Que tipo

X X

Como o ERS e o CGR se relacionam com a SES no

processo de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Quais as aacutereas

envolvidas organizaccedilatildeo interna articulaccedilatildeo entre aacutereas

mecanismos de cooperaccedilatildeo incentivos e recursos

mobilizados

X

As relaccedilotildees que ocorrem entre as instacircncias

governamentais na regiatildeo de sauacutede Satildeo de articulaccedilatildeo

sobreposiccedilotildees ou complementaridade de atribuiccedilotildees

X X

Como eacute a relaccedilatildeo da SESERS junto ao consoacutercio e que

papel exerce

X X

O CGR se relaciona com o CMS Como ocorre Quais

as estrateacutegias utilizadas nesta interaccedilatildeo

X

Quais as relaccedilotildees predominantes entre o CGRRegional e

o CMS Se haacute conflitos como satildeo superados

X

10 7 0

4 ndash Relaccedilotildees puacuteblico-privadas Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O setor privado faz parte da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede do

SUS nesta regiatildeo Essa participaccedilatildeo eacute

importantesignificativa O que representa no processo

de regionalizaccedilatildeo Influencia as negociaccedilotildees

intergovernamentais no processo de regionalizaccedilatildeo De

que forma

X X X

Faz parte da rede de atenccedilatildeo do SUS desta regiatildeo atores

e estruturas do setor publico e privado Quem satildeo estes

atoresestruturas e como satildeo as relaccedilotildees

X X X

Como foi determinada a aacuterea de abrangecircncia as

referecircncias e os papeacuteis dos prestadores puacuteblicos e

privados Quem participou desse processo Quem

influenciou (prestador - puacuteblico ou privado) no fluxo e

na determinaccedilatildeo das referecircncias na microrregiatildeo Por

quecirc Comente

X X X

Quais ou que tipo de convecircnioscontratos a sua

instituiccedilatildeoempresa tem firmado com o SUS Comente

X X X

Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo

do SUS Na regiatildeo haacute algum serviccedilo que natildeo estaacute

disponiacutevel para o SUS Por quecirc

X X X

Como eacute feito a contratualizaccedilatildeo dos prestadores privados

na microrregiatildeo JA CONTEMPLADA NA

DIMENSAO I ITEM- PLANEJAMENTO E

REGULACcedilAtildeO DA REGIONALIZACcedilAtildeO

---------- ---------

-

-------

---

A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de

atenccedilatildeo da microrregiatildeo De que forma

X X X

Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees

entre o puacuteblico e o privado trazem a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos objetivos

sociais

X X X

Os arranjos que vecircm ocorrendo entre o puacuteblico e o

privado corresponde aos objetivos do sistema de sauacutede

puacuteblica Quais as influecircncias do setor privado no

processo decisoacuterio da regionalizaccedilatildeo e nos planos

regionais

X X X

Nas instacircncias regionais de planejamento e gestatildeo quem

representa o setor privado conveniado Como eacute esta

participaccedilatildeo De que forma a relaccedilatildeo puacuteblico-privado se

expressa na Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI)

Existem conflitos Quais (razotildees)

X X X

Existe um espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a

SESERS e os prestadores puacuteblicos e privados da regiatildeo

de sauacutede Como funciona

X X X

A regulaccedilatildeo da Assistecircncia ambulatorial e hospitalar da

regiatildeo - como estaacute organizada Existem diferenccedilas na

participaccedilatildeo dos prestadores puacuteblicos e privados

X X X

Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo da

sauacutede na microrregiatildeo Quais

X X X

Eacute realizado controle avaliaccedilatildeo auditoria sobre o sistema

complementar Quem realiza como realiza

X X X

13 13 13

DIMENSAtildeO IIIndash IMPACTOS DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1ndash Mudanccedilas institucionais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc considera que com a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede houve mudanccedilas no processo de conduccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo Quais as mudanccedilas que ocorreram na

gestatildeo Na organizaccedilatildeo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos ou

outras Comente

X X X

Se houve mudanccedilas as que ocorreram foram em

decorrecircncia de quais estrateacutegias

X X X

Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e a instancia

regional vocecirc observa mudanccedilas com a regionalizaccedilatildeo

da sauacutede Comente a atuaccedilatildeo de ambas e as mudanccedilas

X X X

Em relaccedilatildeo ao Consorcio com a regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

(2006) houve mudanccedilas Quais

X X X

Em 2011 foi editado o decreto no 7508 que

regulamenta a Lei 808090 Como estaacute agrave discussatildeo e o

processo de implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede

considerando as diretrizes do decreto-

X X X

O que estaacute sendo trabalhado na regiatildeo em relaccedilatildeo ao

RENASESRENAME Jaacute foi Pactuado na CIB Como

estaacute sendo organizada a atenccedilatildeo primaacuteria a

urgecircnciaemergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo

ambulatorial e especializada hospitalar e vigilacircncia a

sauacutede

X

O COAPS (Contrato Organizativo da Accedilatildeo Puacuteblica)- jaacute

foi discutido

X

O processo de regionalizaccedilatildeo em curso possibilita a

emergecircncia de novos poderes regionais ou contribui para

o fortalecimento dos poderes regionais existentes

X

No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc

aponta no atual processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Em sua opiniatildeo qual o impacto da regionalizaccedilatildeo em

curso Poderia ter um impacto diferente Qual

X X X

10 6 6

ROTEIRO ESPECIacuteFICO PARA AS OPERADORAS DE PLANOS DE SAUacuteDE -

UNIMED e UNIVIDA

1 Que fatores determinam esta regiatildeo de sauacutede Comente

2 Qual a abrangecircncia regional desta operadora Quais os municiacutepios atendidos

3 A atuaccedilatildeo da operadora eacute de forma regionalizada Como se daacute a regionalizaccedilatildeo

da operadora Comente

4 Quais satildeo os tipos de planos existentes e qual o puacuteblico alvo-classe social

empresas ndash qual delas tem maior percentual de adesatildeo

5 Esta operadora possui hospital proacuteprio Se natildeo possui qual eacute o principal

Hospital que utiliza

6 Que tipos de especialidadesserviccedilos satildeo oferecidos na regiatildeo

7 Os serviccedilos e especialidades ofertados na regiatildeo satildeo definidos com base em

quais criteacuterios (o SUS eacute levado em consideraccedilatildeo)

8 Como eacute feito o credenciamento de novos serviccedilos Eacute feito algum tipo de

exigecircncia Quais

9 Como eacute realizada a regulaccedilatildeo do fluxo de internaccedilotildees ou outros

10 Haacute demanda reprimida Em que aacutereaespecialidade Comente

11 Como eacute a organizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo regional da operadora Enfrenta

problemas em relaccedilatildeo a esta organizaccedilatildeo

12 Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo do SUS Na regiatildeo haacute

algum serviccedilo que natildeo estaacute disponiacutevel para o SUS Por quecirc

13 Haacute convecircnio com hospitais puacuteblicos e filantroacutepicos Existe algum convecircnio com

as prefeituras municipais da regiatildeo E com o estado

14 O paciente SUS eacute atendido por esta operadora Comente como

15 A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de atenccedilatildeo desta regiatildeo De que

forma

16 Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o

privado trazem a regionalizaccedilatildeo da sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos

objetivos sociais

17 Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo e ao funcionamento do

sistema de sauacutede na regiatildeo E com relaccedilatildeo ao SUS Quais

18 Existem conflitos com os prestadores gestores e instacircncias do SUS na regiatildeo

Quais

19 Participa de algum foacuterum regional puacuteblico ou privado de discussatildeo da sauacutede

(como o CRG)

20 Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e ERS vocecirc observa mudanccedilas com a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Comente

21 No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc aponta no atual

processo de regionalizaccedilatildeo

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS DO ENTREVISTADO

Por favor considerando tudo o que conversamos num balanccedilo geral o que eu natildeo

perguntei que vocecirc gostaria de complementar

APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA FACULDADE

DE MEDICINA

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - DMPFMUSP

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O(a) Sr(a) estaacute sendo convidado(a) para participar da pesquisa ldquoA Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado

de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de

sauacutede do Meacutedio Norte Matogrossenserdquo desenvolvida pela aluna Nereide Lucia Martinelli sob

orientaccedilatildeo da Prof Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana para elaboraccedilatildeo da Tese a ser apresentada agrave

Universidade de Satildeo Paulo - DMP como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutora em

Ciecircncias

O(a) Sr(a) foi selecionado(a) pela relevante participaccedilatildeo na gestatildeo formaccedilatildeo ou prestaccedilatildeo de serviccedilos no

sistema de sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A

qualquer momento o Sr(a) pode desistir de participar e retirar seu consentimento sem nenhum prejuiacutezo

em sua relaccedilatildeo com o pesquisador ou com a USPDMP

Esse trabalho tem como objetivo analisar ldquoAnalisar o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede na

microrregiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede

regionalrdquo Sua participaccedilatildeo nesta pesquisa consistiraacute em conceder uma entrevista sobre questotildees relativas

ao funcionamento da instituiccedilatildeoorganizaccedilatildeo no sistema de sauacutede regional que explicitem a relaccedilatildeo entre

o puacuteblico e o privado nos processos relacionados agrave regionalizaccedilatildeo do SUS bem como fornecer

documentos existentes que permitam maior entendimento das questotildees relativas ao tema Caso o Sr(a)

esteja de acordo a entrevista deveraacute ser gravada para transcriccedilatildeo posterior visando facilitar o

processamento do material Entretanto o Sr(a) poderaacute solicitar agrave pesquisadora que natildeo grave ou que

interrompa a gravaccedilatildeo a qualquer momento durante a realizaccedilatildeo da entrevista

As informaccedilotildees fornecidas seratildeo processadas pela pesquisadora e analisadas em conjunto com outras

entrevistas e documentos disponiacuteveis sobre o tema investigado Citaccedilotildees diretas de falas seratildeo evitadas

poreacutem caso seja necessaacuterio para a compreensatildeo da conjuntura o entrevistado poderaacute ser identificado

desde que previamente consultado e esteja de acordo com o material de publicaccedilatildeo Destaque-se que os

resultados da anaacutelise realizada satildeo de inteira responsabilidade da pesquisadora

Todo o material da pesquisa ficaraacute sob a guarda da pesquisadora e seraacute mantido arquivado no prazo

recomendado pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da USP (CEPUSP)

O(a) Sr(a) receberaacute uma coacutepia deste termo onde consta o telefone e o endereccedilo do pesquisador principal

podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer momento

_______________________

Nereide Lucia Martinelli Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana

Pesquisadora Orientadora- USPDMP

USP - Rua Dro Arnaldo Tel +55 11 3061-7000

Tel CEPUSP- CEP 01246903 - Satildeo Paulo - SP - Brasil - Declaro que entendi os objetivos riscos e

benefiacutecios de minha participaccedilatildeo na pesquisa e concordo em participar

______________________________________________

Assinatura legiacutevel do entrevistado e ou chefe do setor onde seraacute coletado informaccedilotildees para a pesquisa-

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Local e data ______________________________________

APEcircNDICE C ndash Matrizes de anaacutelise por dimensatildeo

Quadro I ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico da

regionalizaccedilatildeo

minus Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo municiacutepios

integrantes capacidade instalada e estrutura organizacional do ERS minus continuidades

e rupturas na organizaccedilatildeo e funcionamento da regionalizaccedilatildeo

2- desenho da

regionalizaccedilatildeo

- mapa de recorte da regiatildeo macro micro abrangecircncia territorial limites e

populaccedilatildeo minus recorte da regiatildeo preacute e poacutes-pacto pela sauacutede

minus fatores determinantes e condicionantes na delimitaccedilatildeo da regiatildeo populaccedilatildeo

capacidade instalada da rede de sauacutede e complexidade fluxos populacional rede

viaacuteria parcerias entre municiacutepios perfil epidemioloacutegico dinacircmica econocircmica e

social identidade cultural minus interfaces da regiatildeo de sauacutede com outras poliacuteticas

puacuteblicas do Estado

3-Finalidades e escopo da

regionalizaccedilatildeo

minus finalidades da regionalizaccedilatildeo acesso minimizar desigualdades sociais regionais

desenvolvimento regional minus foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos

de sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (vigilacircncias formaccedilatildeo etc)

4-Estrateacutegias poliacuteticas da

regionalizaccedilatildeo

minus interfaces da poliacutetica de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede com outras poliacuteticas

regionais do governo do estado minus inserccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede e lugar que

ocupa na agenda poliacutetica da SES e do Escritoacuterio Regional de Sauacutede minus Existecircncia de

estrateacutegias regionais - contrataccedilatildeo e lotaccedilatildeo de profissionais logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo ndash transporte compras

5-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede e de organizaccedilatildeo da

regulaccedilatildeo fluxos de pessoas (centrais de agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo

sauacutede tratamento fora domiciacutelio) minus Estrateacutegias e participaccedilotildees no processo de

planejamento regional minus Existecircncia e situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede

- influencias no planejamento e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede

minus organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos antes e depois do pacto complexidade redes de

serviccedilos linhas de cuidado minus contratualizaccedilatildeo de prestadores instrumentos

acompanhamento minus existecircncia de problemas conflitos planejamento e regulaccedilatildeo

intra e inter regional

6-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos a regionalizaccedilatildeo compensaccedilatildeo de

desigualdades na regiatildeo qualificaccedilatildeo profissional investimentos regionais

(construccedilatildeo ampliaccedilatildeo equipamentos veiacuteculos) - origem tipos finalidades e

criteacuterios minus Existecircncia e tipos de mecanismos de programaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de

recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo - criteacuterios e finalidades minus

Existecircncia de fundos regionais de recursos (consoacutercios de sauacutede fundos estaduais

compensatoacuterios outros fundos)

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Quadro II ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra -Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Estruturas de integraccedilatildeo

e gestatildeo regional

minus existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental regiatildeo minus CGR

consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da SES CIES

cacircmaras teacutecnicas e outros minus CGR Consoacutercio CIES - estrutura organizaccedilatildeo e

funcionamento caracteriacutesticas finalidades papel e contribuiccedilatildeo das instacircncias

regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus criteacuterios de escolha dos membros das

instancias regionais minus participaccedilatildeo de profissionais e representantes do prestador

puacuteblico e privado nas instancias regionais minus reuniotildees das instancias regionais

definiccedilatildeo temas de consenso e influencias na pauta tipos de reuniotildees minus papel da

SESERS no processo de regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de recursos financeiros

disponiacuteveis para instancias regionais minus participaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede no processo decisoacuterio minus forma de processo decisoacuterio ndash voto consenso

2 - O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus influencias e papel

do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo minus

influencias do CGR no processo de regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de pactos de cooperaccedilatildeo estabelecidos entre os gestores no CGR minus

fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do CGR

3-Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consorcio Intermunicipal

de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS CIES minus existecircncia e

forma de relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional hospital de

referencia regional operadoras de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercio intermunicipal de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa minus predomiacutenio e

tipos de relaccedilotildees intergovernamentais- conflitiva cooperativa parceria articulaccedilatildeo

sobreposiccedilatildeo ou complementaridade de atribuiccedilotildees outras minus tipo de relaccedilotildees entre a

SESERS ERS COSEMS - conflitos e convergecircncias

4 - Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus importacircncia e influencias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo sauacutede do

SUS na regiatildeo minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus

participaccedilatildeo influencia aacuterea de abrangecircncia e criteacuterios na definiccedilatildeo das referencias

na regiatildeo de sauacutede minus existecircncia e tipos de convecircnioscontratos firmados com o SUS

minus tipos de serviccedilos existentes no setor privado e disponiacutevel ao SUS minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o publico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do setor

privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de

espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a SESERS e prestadores puacuteblicos e

privados minus organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema complementar

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al 2010)

Quadro III ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1 - Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede

conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento capacidade instalada e prestaccedilatildeo de

serviccedilos minus mudanccedilas em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo do estado - SES ERS consorcio

Intermunicipal de sauacutede minus processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508 RENAME

RENASES COAP minus Mudanccedilas observadas em relaccedilatildeo aos poderes regionais

existentes minusavanccedilos dificuldades e desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Page 4: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência

4

Aos profissionais entrevistados Edna Roberto Claudete Luciana Eli Marcos

Gleice Andreia Clestiane Amarante Nivea a Sueli Coutinho e Juliano obrigada

Vocecircs foram receptivos A todos vocecircs agrave equipe do ERS Tangaraacute da Serra e aos

Secretaacuterios Municipais de sauacutede da regiatildeo obrigada A vocecircs dedico todo este

trabalho

SUMAacuteRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUCcedilAtildeO 2

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL 17

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO 36

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 57

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA

REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 77

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 93

61 O complexo regional 93

62 Institucionalidade da regiatildeo 109

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA 132

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA 143

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

10 REFEREcircNCIAS 171

6

LISTA DE SIGLAS

AIH Autorizaccedilatildeo de Internaccedilatildeo Hospitalar

ANS Agecircncia Nacional de Sauacutede

CAP Caixas de Aposentadorias e Pensotildees

CAPS Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial

CGR Colegiado de Gestatildeo Regional

CIB Comissatildeo Intergestores Bipartite

CIES Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo

CIR Comissatildeo Intergestores Regional

CIS Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

CIT Comissatildeo Intergestores Tripartite

CMS Conselho Municipal de Sauacutede

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimento de Sauacutede

CNS Conselho Nacional de Sauacutede

COFINS Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

CONASEMS Conselho Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CONASP Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria

CONASS Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede

COSEMS Conselho de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede

CRR Central Regional de Regulaccedilatildeo

EC-29 Emenda Constitucional 29

ERS Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS)

ESF Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

ESP Escola de Sauacutede Puacuteblica

FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviccedilo

IAP Institutos de Aposentadoria e Pensatildeo

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Serviccedilos

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INAMPS Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da Previdecircncia Social

INEMAT Instituto de nefrologia de Mato Grosso

INPS Instituto Nacional da Previdecircncia Social

LDO Lei de Diretrizes Orccedilamentaacuteria

LOA Lei Orccedilamentaacuteria Anual

LOPS Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NOAS Norma Operacional da Assistecircncia a Sauacutede

NOB Normas Operacionais Baacutesicas

OS Organizaccedilatildeo Social

PAB Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

PACIS Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede

PACS Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PAREPS Plano de Accedilatildeo Regional para a Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede

PASCAR Programa de Apoio a Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais

PASF Programa de Apoio a Sauacutede da Famiacutelia

PDI Plano Diretor de Investimentos

PDR Plano Diretor da Regionalizaccedilatildeo

PES Plano Estadual de Sauacutede

PIAMAB Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica

PIB Produto Interno Bruto

PNEP Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

PPA Plano Plurianual

PPI Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

PSB Programa de Sauacutede Bucal

PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia

PTA Plano Anual de Trabalho

RAS Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede

RGM Relatoacuterio de Gestatildeo Municipal

SADT Serviccedilo de Apoio Diagnoacutestico e Terapia

SIA Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais

SAMU Serviccedilo de Apoio a Urgecircncia-Emergecircncia

SECITEC Secretaria de Estado de Ciecircncia e Tecnologia

SENAC Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Comercial

SER SUS Sistema de Referecircncia Estadual

SES Secretaria de Estado de Sauacutede

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SIOPS Sistema de informaccedilotildees de orccedilamentos puacuteblicos de sauacutede

8

SISPPI Sistema de Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada

SISREG Sistema Nacional de Regulaccedilatildeo

SMS Secretarias Municipais de Sauacutede

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCG Termo de Compromisso de Gestatildeo

TFD Tratamento fora do Domicilio

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

UNIC Universidade de Cuiabaacute

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Piracircmide etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010 58

Figura 2 Regiotildees de sauacutede escritoacuterios regionais e respectivos municiacutepios

Mato Grosso 2012 80

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da

regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra 61

Tabela 2 Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e

seus componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008 62

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade

municipal (despesas totais) e despesas com recursos

exclusivamente municipais Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato

Grosso 2002 2005 e 2009 64

Tabela 4 Nuacutemero de estabelecimentos de sauacutede por categorias selecionadas e

tipo de prestador segundo municiacutepios da Regiatildeo de Sauacutede de

Tangaraacute da Serra 2010 66

Tabela 5 Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010 70

Tabela 6 AIH pagas (por 100 habitantes) em triecircnios segundo municiacutepio de

residecircncia e de internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Mato Grosso 2001-2009 71

Tabela 7 Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por

municiacutepio Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso

2000 2005 e 2010 72

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo

Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 2 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila

da regionalizaccedilatildeo 12

Quadro 3 Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da

regionalizaccedilatildeo 13

Quadro 4 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 167

Quadro 5 Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede

de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a

2011 168

Quadro 6 Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo

na regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede -

2006 a 2011 168

Quadro 7 Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no

periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011 169

12

RESUMO

Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de

implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico-privada na regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte Mato-

grossense [Tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2014

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute contemplada no artigo 198 da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 e eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs entes federativos para a

conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e a efetivaccedilatildeo do direito agrave sauacutede Na implementaccedilatildeo

do SUS a regionalizaccedilatildeo ganha destaque nos anos 2000 mas no Estado de Mato

Grosso a partir de 1995 a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da Secretaria de Estado da

Sauacutede definiu estrateacutegias para a implementaccedilatildeo do SUS por regiotildees de sauacutede e

fortaleceu as instacircncias puacuteblicas regionalizadas A partir de 2003 houve trocas

sucessivas do gestor estadual de sauacutede com repercussatildeo na maneira de conduzir a

poliacutetica estadual de sauacutede e apesar da institucionalidade anteriormente construiacuteda o

processo de regionalizaccedilatildeo sofre certa estagnaccedilatildeo O presente estudo de caso analisa o

processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico-privado no sistema de sauacutede da

regiatildeo do Meacutedio Norte do Estado no periacuteodo de 2006 a 2011 Tal recorte se justifica

pela ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede 2006 que contempla a regionalizaccedilatildeo Faz-se uso de

anaacutelise qualitativa das entrevistas realizadas com informantes-chave e se utiliza de

anaacutelise quantitativa de dados secundaacuterios Com essas informaccedilotildees pocircde-se caracterizar

os mecanismos e instrumentos adotados bem como as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no

sistema puacuteblico de sauacutede compreender como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a

interaccedilatildeo dos diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Na regiatildeo em estudo na vigecircncia do Pacto a SES preservou e criou novos incentivos

manteve o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede implantou leitos de UTI conservou o

convecircnio com o hospital municipal de referecircncia regional e sustentou os convecircnios com

cliacutenicas e laboratoacuterios de apoio diagnoacutestico do setor privado O CGR foi criado mas sua

governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo eacute parcial e embora seja um espaccedilo de

decisatildeo colegiada ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes e gera as mais

diversas consequecircncias na governanccedila da poliacutetica regionalizada O PDR e o PDI natildeo

foram atualizados a regulaccedilatildeo da assistecircncia que era desenvolvida pela regiatildeo foi

recentralizada a SES atrasou o repasse dos incentivos financeiros aos fundos

municipais de sauacutede e natildeo investiu na construccedilatildeo do hospital regional Apesar da

trajetoacuteria do Estado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede a estrutura da rede puacuteblica de atenccedilatildeo agrave

sauacutede natildeo se expandiu e as parcerias estabelecidas com o setor privado fortaleceram sua

participaccedilatildeo na rede de atenccedilatildeo e tecircm influenciado o sistema regional de sauacutede A

regiatildeo precisa da coordenaccedilatildeo do estado na conduccedilatildeo do processo de regionalizaccedilatildeo

sem a qual seu avanccedilo fica comprometido

Descritores Regionalizaccedilatildeo Poliacutetica de sauacutede Sistema Uacutenico de Sauacutede Planejamento

em sauacutede Assistecircncia agrave sauacutede Investimentos em sauacutede Anaacutelise qualitativa Anaacutelise

quantitativa Entrevista

ABSTRACT

Martinelli NL The healthrsquos regionalization in the State of Mato Grosso the process of

implementation and the relationship public-private in the regionrsquos health of the Middle

Northrsquos Mato Grosso [Thesis] ldquoFaculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulordquo

2014

The Regional Health Planning is included at Art198 of the Constitution of 1988 and it

is a guideline the SUS that provides for the combination of the three federative for

shaping the health system and the realization of the right to health At the

implementation of SUS Regional Health Planning gained prominence in the 2000s but

in the state of Mato Grosso since 1995 the reorientation political-institutional of the

SES defined strategies to implementation of the SUS by regions the health and

strengthened regionalized public instances Since 2003 there were successive exchanges

of state health manager with repercussions on the manner to conduct the state health

policy and despite the earlier institutional the Regional Health Planning process suffers

certain stagnation This case study analyzes the process of the Regional Health Planning

and public-private mix in the health system of the Middle North region of the state

between the period from 2006 to 2011 The angle is justified by editing the health pact

that include the Regional Health Planning Makes use of a qualitative analysis from

interviews with key informants and uses a quantitative analysis at secondary data With

this information it was possible to characterize the mechanisms and instruments

adopted as well as relations public-private in the public health system understand how

occurs decision process the relationship and interaction of various actors that compose

this complex health At the study region at the presence of the health pact the SES

remained and created new incentives kept the CIS deployed UTI beds kept the

covenants with the municipal hospital of referral regional and with private clinical and

laboratories of support diagnostic The CGR was created but the governance on the

macro policy in the region is partial and although a space of collegial decision also has

characteristics of the sum of the parts and generates the most diverse consequences in

the governance of regionalized policy The PDR and PDI were not updated the

regulation of assistence developed by region was centralized the SES delayed the

transfer of financial incentives to municipal health funds and didnrsquot invested in the

construction of the regional hospital Despite the state trajectory of the Regional Health

Planning the structure of public health care had not expanded and the partnerships with

the private sector strengthened its participation in the care network and had

influenciated the regional health system The region needs the coordination of the state

in the conduct of the regionalization process without which its progress is

compromised

Descriptors Regionalization Health policy Health system Health planning Health

care Investments in health Qualitative analysis Quantitative analysis Interview

1

1 Introduccedilatildeo

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede objeto deste estudo estaacute contemplada no artigo 198 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Eacute uma diretriz do SUS que prevecirc a articulaccedilatildeo dos trecircs

entes federativos para a conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede e efetivaccedilatildeo do direito agrave

sauacutede

Na implementaccedilatildeo do SUS a regionalizaccedilatildeo somente ganha destaque nos anos

2000 posteriormente aos estudos avaliativos que mostraram que a descentralizaccedilatildeo

com ecircnfase na municipalizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 ampliou os serviccedilos com inovaccedilotildees

na gestatildeo e maior participaccedilatildeo da populaccedilatildeo mas apresentou limites e dificuldades para

legitimar o acesso e o direito integral agrave sauacutede

Foi nesta deacutecada que teve iniacutecio o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado

de Mato Grosso Ateacute 1995 a descentralizaccedilatildeo em MT seguindo as diretrizes nacionais

focava a gestatildeo municipal mediante transferecircncias financeiras vinculadas agrave capacidade

de produccedilatildeo dos serviccedilos A Secretaria de Estado de Sauacutede (SES) organizou o territoacuterio

estadual em nove Polos Regionais de Sauacutede tendo por sede municiacutepios de referecircncia

em cada um desses espaccedilos geograacuteficos

Com a nova gestatildeo estadual (1995-2002) a reorientaccedilatildeo poliacutetico-institucional da

Secretaria de Estado da Sauacutede (SES) define estrateacutegias voltadas para a implementaccedilatildeo

do SUS por regiotildees de sauacutede Os Polos Regionais de Sauacutede existentes na SESMT satildeo

reestruturados assumem novas atribuiccedilotildees na articulaccedilatildeo regional passam a realizar

assessoria planejamento e programaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede por

municiacutepio e regiatildeo Ao mesmo tempo a SES tambeacutem eacute reestruturada para corresponder

agraves necessidades em pauta (MT 2000a)

No periacuteodo de 1995 a 1999 a SES pautada no objetivo de fortalecer os Polos

Regionais de Sauacutede comeccedila a implantar as Comissotildees Intergestores Bipartites

Regionais (CIB Regionais) com a intenccedilatildeo de que os territoacuterios regionais se tornassem

um espaccedilo privilegiado de interlocuccedilatildeo negociaccedilatildeo e pactuaccedilatildeo entre o estado e os

municiacutepios

No acircmbito nacional os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica satildeo apresentados

pelos gestores ampliam-se os debates sobre a regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia necessaacuteria

3

para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e a NOAS eacute editada Quando a NOAS foi editada

este estado jaacute estava com a regionalizaccedilatildeo em processo de estruturaccedilatildeo e ela contribuiu

para aperfeiccediloar e aprofundar os instrumentos de gestatildeo A regionalizaccedilatildeo prevista na

NOAS fortaleceu as pactuaccedilotildees fomentou a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor da

Regionalizaccedilatildeo (PDR) do Plano Diretor de Investimentos (PDI) e da Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) explicitou e organizou o fluxo da assistecircncia viabilizou a

implantaccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais

Na regiatildeo em estudo como nas demais do estado foram realizados foacuteruns no ano

de 2001 com o objetivo de efetuar diagnoacutestico e definir as prioridades e metas de cada

regiatildeo tambeacutem foi organizado o Sistema de Referecircncia e Regulaccedilatildeo Regional e

Estadual mas natildeo o suficiente para captar investimentos a fim de ampliar a capacidade

instalada da rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A partir dos anos 2003 inicia-se um novo governo ocorrem trocas sucessivas do

gestor estadual e a SES enfrenta diversidade na maneira de conduzir a Poliacutetica Estadual

de Sauacutede Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 por induccedilatildeo do governo federal a

regionalizaccedilatildeo retorna agrave agenda do gestor estadual e a SES e o COSEMS realizam

oficinas no interior do estado com o objetivo de ampliar e qualificar o debate da gestatildeo

municipal para subsidiar o gestor na tomada de decisatildeo quanto agrave elaboraccedilatildeo do Termo

de Compromisso de Gestatildeo (Ribeiro 2009) Nesta regiatildeo 100 dos municiacutepios

assinam este termo

A organizaccedilatildeo de serviccedilos regionalizados pressupotildee a gestatildeo cooperativa e

solidaacuteria o compartilhamento de tarefas e a distribuiccedilatildeo de poder negociados e

pactuados no CGR Na regiatildeo em estudo esta governanccedila tem gerado dilemas e

conflitos entre os entes federativos prestadores de serviccedilos e demais atores em especial

quando se depara com problemas de acesso agrave rede na regiatildeo e se necessita recorrer agrave

capital do estado

O Pacto pela Sauacutede contemplou uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo uma nova

forma de gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes

atores sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes

experiecircncias Essa nova maneira de gerir eacute complexa e constitui desafio aos gestores de

sauacutede em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo Trabalhar as regiotildees de sauacutede eacute lidar com

diversidade de contextos e lugares eacute entender que os determinantes do processo de

4

regionalizaccedilatildeo extrapolam o setor sauacutede que as modalidades e tipos de serviccedilos de

sauacutede puacuteblica diferem nos sistemas locais regionais estaduais e que os sistemas locais

em sua maioria dispotildeem apenas dos serviccedilos da atenccedilatildeo baacutesica (Viana e Lima 2011)

Em 2011 foi editado o Decreto no 7508 que trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm

808090 e seu papel eacute entre outros regular a estrutura organizativa do SUS o

planejamento de sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e articular os entes federativos Pelo

Decreto os serviccedilos de sauacutede deveratildeo ser ofertados nas regiotildees de sauacutede constituiacutedas

pelo estado com capacidade instalada para dispor no miacutenimo de atenccedilatildeo primaacuteria

urgecircncia e emergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo ambulatorial especializada e

hospitalar vigilacircncia em sauacutede articulada com os municiacutepios e organizadas em redes de

atenccedilatildeo agrave sauacutede

As diretrizes da regionalizaccedilatildeo propiciam avanccedilar na descentralizaccedilatildeo e trabalhar

a governanccedila no territoacuterio aqui entendido como o espaccedilo usado que natildeo considera

apenas os limites territoriais mas um espaccedilo vivido com sua populaccedilatildeo seus atores e

seus problemas sociais de maneira integrada

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e a sua implementaccedilatildeo na regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra fomentaram debates acordos e pactuaccedilotildees com o objetivo de

fortalecer o sistema de sauacutede neste territoacuterio Esta regiatildeo antes do Pacto pela Sauacutede

buscou alternativas para viabilizar o acesso na regiatildeo e para isso estabeleceu interface

com o setor privado criou um modus operandi que determinou a sua forma de

organizaccedilatildeo

A concepccedilatildeo do que vem a ser puacuteblico ou privado e as suas relaccedilotildees dispotildeem de

grande variabilidade de significados Neste estudo o mix publico-privado refere-se agrave

natureza juriacutedica das instituiccedilotildees que fazem parte da rede de serviccedilos SUS Esta

estrateacutegia operacional mix puacuteblico-privado abre espaccedilo para uma regulaccedilatildeo que vai

aleacutem da governabilidade puacuteblica uma vez que envolve outros agentes no processo de

regionalizaccedilatildeo e requer relaccedilotildees intergovernamentais cooperativas para viabilizar a sua

gestatildeo Estas relaccedilotildees satildeo complexas diferem e podem influenciar a dinacircmica

operacional o acesso aos serviccedilos e justifica a realizaccedilatildeo de estudos que possam

contribuir para a tomada de decisatildeo dos entes federativos que agem em situaccedilotildees

diversas com limites teacutecnicos operacionais e financeiros

5

A regiatildeo de sauacutede objeto desta pesquisa tem uma rede puacuteblica constituiacuteda em sua

maioria por unidades de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria natildeo dispotildee de hospital regional e

para suprir a insuficiecircncia do serviccedilo puacuteblico e facilitar o acesso da populaccedilatildeo

implantou o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Mato-

grossense que oferece serviccedilos de apoio diagnoacutestico-laboratorial e imagem internaccedilotildees

e atendimento meacutedico especializado entre outros Estes conformam um complexo

regional entendido neste estudo como ldquoas diferentes estruturas instituiccedilotildees instacircncias e

atores puacuteblicos e privados que participam do processo de constituiccedilatildeo planejamento

organizaccedilatildeo gestatildeo e regulaccedilatildeo da sauacutede no acircmbito regionalrdquo (Viana et al 2008

p100)

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede o federalismo as relaccedilotildees intergovernamentais e o mix

puacuteblico-privado vecircm se tornando objeto de interesse de debates e estudos cientiacuteficos e

mostram que ldquoa dinacircmica dos complexos regionais em sauacutede (as relaccedilotildees puacuteblico-

privadas no interior das regiotildees de sauacutede) tambeacutem influencia o desempenho e os

resultados da regionalizaccedilatildeo no plano estadual e necessita ser avaliada por estudos de

casordquo (Viana et al 2010 p9)

O estudo faz parte da pesquisa ldquoAnaacutelise do processo de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

no Estado de Mato Grossordquo realizada pelo grupo de pesquisa do ISCUFMT em

parceria com o DMPFMUSP e ENSPFIOCRUZ submetido ao Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa do HUJMUFMT e aprovada em 09092009 mediante o parecer no 681CEP-

HUJM09 Este recorte tambeacutem foi submetido ao Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa do

Departamento de Medicina Preventiva (CEP-FMUSP) e aprovado na sessatildeo de

05092012 protocolo de pesquisa nordm 20612 parecer 91726

O presente estudo de caso teve como objetivo analisar o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede da regiatildeo de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo de 2006 a 2011 O recorte justifica-se pela ediccedilatildeo do Pacto

pela Sauacutede em 2006 que entre as suas diretrizes contempla a regionalizaccedilatildeo e pelo

Decreto nordm 75082011 que reitera esta estrateacutegia de conduccedilatildeo do SUS Esta regiatildeo

oficialmente eacute denominada Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do estado de Mato Grosso

mas ao longo deste trabalho ela seraacute referenciada como regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da

Serra como eacute mais conhecida

6

Para analisar o processo de regionalizaccedilatildeo utilizou-se de dados quantitativos e

informaccedilotildees qualitativas para caracterizar a regiatildeo de sauacutede (socioeconocircmica e

demograficamente) a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e as instacircncias relacionadas ao processo

de regionalizaccedilatildeo nesse territoacuterio identificar o processo decisoacuterio os padrotildees de

relacionamento e o papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional com

ecircnfase no CGR caracterizar os mecanismos e instrumentos adotados no processo de

regionalizaccedilatildeo e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas no sistema puacuteblico de sauacutede nessa regiatildeo

Tais informaccedilotildees permitiram conhecer a estruturaccedilatildeo do sistema de sauacutede as

instacircncias regionalizadas os atores a participaccedilatildeo e influecircncia destes na

institucionalidade e governanccedila do SUS na regiatildeo Aleacutem disso pocircde-se compreender

no acircmbito da gestatildeo como ocorre o processo decisoacuterio a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores que compotildeem o complexo regional desta regiatildeo de sauacutede

Fazem parte desta regiatildeo os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo

Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo Afonso

Sapezal e Tangaraacute da Serra

Eacute um estudo de caso que se utiliza do meacutetodo qualitativo para aprofundar e

responder aos questionamentos de como ocorreu a regionalizaccedilatildeo nesta regiatildeo de sauacutede

Para tanto utilizou-se de entrevistas buscando compreender as relaccedilotildees e o processo da

regionalizaccedilatildeo a partir do Pacto pela Sauacutede no periacuteodo de 2006 a 2011 Recorreu-se

tambeacutem ao periacuteodo anterior sempre que as variaacuteveis de interesse do estudo exigiram

Da pesquisa estadual foi utilizado o banco de dados referente ao questionaacuterio

autoaplicado agraves informaccedilotildees do levantamento de dados secundaacuterios e agrave anaacutelise

documental desta regiatildeo de sauacutede Cinco atores da regiatildeo responderam o questionaacuterio

autoaplicado o Chefe do Escritoacuterio Regional de Sauacutede o Secretaacuterio Executivo do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a Secretaacuteria do Colegiado de Gestatildeo Regional a

Secretaacuteria de Sauacutede e Vice- presidente regional do Conselho de Secretaacuterios Municipais

de Sauacutede (COSEMS) na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de Barra do

Bugres As informaccedilotildees contidas neste questionaacuterio foram totalmente consideradas

nesta pesquisa

O roteiro utilizado para as entrevistas com os atores da regiatildeo eacute especiacutefico para

este estudo de caso mas a sua elaboraccedilatildeo tambeacutem considerou as informaccedilotildees do

7

questionaacuterio autoaplicado da pesquisa estadual O roteiro completo contemplou 84

perguntas (Apecircndice A) e as entrevistas foram realizadas com os atores selecionados

Oitenta e quatro (84) perguntas foram aplicadas aos seguintes gestores Diretor do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede (ERS) Teacutecnico do ERS e membro do CGR Secretaacuterio

Executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede (CIS) Secretaacuteria de Sauacutede e Vice-

presidente regional do COSEMS na regiatildeo e a Secretaacuteria de Sauacutede do Municiacutepio de

Barra do Bugres cujo hospital municipal eacute referecircncia para esta regiatildeo Sessenta (60)

perguntas foram dirigidas aos gestores da regulaccedilatildeo Coordenador da Central Regional

de Regulaccedilatildeo (CRR) Meacutedico Regulador da regiatildeo Meacutedico Regulador do Hospital

Municipal de Referecircncia Regional Vinte e trecircs (23) foram feitas ao representante do

maior hospital conveniado da regiatildeo e vinte (20) perguntas num roteiro diferenciado

mas com perguntas relacionadas ao roteiro geral ao Presidente da Unimed e a gestora

da Univida

Estes atores estatildeo referidos nesta pesquisa como gestor estadual (GE) para

aqueles vinculados agrave estrutura estadual gestor municipal (GM) quando vinculados agrave

estrutura municipal e ao consoacutercio gestor privado (GP) quando vinculado ao hospital

privado conveniado agrave UNIVIDA e agrave UNIMED

A gestora da Univida foi selecionada pelo fato de essa empresa dispor de uma

Associaccedilatildeo que contempla os beneficiaacuterios desse plano e oferece meios de acesso ao

serviccedilo particular de sauacutede com descontos especiais Dessa empresa foram utilizadas

apenas as informaccedilotildees da gestora oferecidas no momento da entrevista visto que

apesar de o beneficiaacuterio necessitar da autorizaccedilatildeo da empresa para acessar o serviccedilo

natildeo dispotildee ela de sistema de informaccedilotildees sobre o quantitativo do serviccedilo utilizado Por

sua vez o gestor da Unimed foi escolhido pelo fato de o setor privado tambeacutem se

constituir em objeto desta pesquisa e por dispor de convecircnio com duas unidades

hospitalares puacuteblicas desta regiatildeo de sauacutede

A elaboraccedilatildeo do roteiro de entrevistas da planilha de coleta de informaccedilotildees

secundaacuterias e a anaacutelise de dados secundaacuterios e documentais basearam-se em trecircs

dimensotildees Institucionalidade Governanccedila e Impactos da regionalizaccedilatildeo Para cada

dimensatildeo foram definidos indicadores conforme matrizes em anexo (Apecircndice B)

A institucionalidade da regionalizaccedilatildeo eacute aqui entendida como todas as estrateacutegias

poliacuteticas e institucionais adotadas no periacuteodo a que se refere o estudo Ela foi analisada

8

a partir de subdimensotildees cujo levantamento de informaccedilotildees contemplou o histoacuterico o

desenho as finalidades e escopo as estrateacutegias poliacuteticas o planejamento a regulaccedilatildeo e

o financiamento da regionalizaccedilatildeo Para anaacutelise destas dimensotildees verificaram-se os

objetivos pelas quais a regiatildeo foi organizada a estrutura de funcionamento a interface

com outras poliacuteticas regionais do governo do estado a capacidade de introduccedilatildeo e

desenvolvimento de instrumentos de planejamento e regulaccedilatildeo que contemplam as

necessidades da regiatildeo e os mecanismos de financiamento e investimentos adotados

para efetivar a poliacutetica regional

A governanccedila da regionalizaccedilatildeo foi entendida neste estudo como um conjunto de

regras governamentais voltadas para a accedilatildeo coletiva que requer a divisatildeo de poderes e o

estabelecimento de relaccedilotildees de atores puacuteblicos e privados com interesses

diversificados cujas negociaccedilotildees podem resultar em objetivos comuns e redes entre as

instituiccedilotildees para governar num territoacuterio complexo um campo conformado por atores

independentes com dinacircmicas diferenciadas de governanccedila e com grau variado de

recursos e autonomia poreacutem institucionalizados e regulados Tem como unidade de

anaacutelise o Colegiado de Gestatildeo Regional (CGR) uma instacircncia de gestatildeo formado por

representantes da SESERS e dos municiacutepios que compotildeem a regiatildeo de sauacutede objeto

deste estudo Na governanccedila tambeacutem se considerou o CIS cujos gestores - prefeitos e

secretaacuterios de sauacutede - compartilham interesses comuns e deliberam a poliacutetica neste

espaccedilo

Essa dimensatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar a diversidade dos atores

envolvidos no processo de regionalizaccedilatildeo a forma de participaccedilatildeo nas instacircncias

colegiadas de negociaccedilatildeo o tipo de relaccedilatildeo estabelecida entre os membros as

estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental e entre atores de relevacircncia regional os temas de

consenso e influecircncias os tipos de reuniotildees e o processo decisoacuterio Verificou-se

tambeacutem o papel das instacircncias no CGR o papel do CGR na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo os fatores que facilitam ou dificultam o

funcionamento do CGR a importacircncia e as influecircncias do setor privado na rede e o

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede do SUS na regiatildeo

A dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo permitiu levantar informaccedilotildees e analisar

se houve mudanccedilas e inovaccedilotildees no processo de regionalizaccedilatildeo induzidas pela

implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede na atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que integram o complexo

9

regional SES ERS CIS na conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento dos

serviccedilos na capacidade instalada e prestaccedilatildeo de serviccedilos Verificou-se tambeacutem se o

Decreto nordm 75082011 foi implantado

Foram considerados como fontes de informaccedilatildeo todos os dados coletados na

pesquisa estadual de interesse neste estudo de caso Aleacutem disso levantaram-se

informaccedilotildees de documentos de gestatildeo especiacuteficos da regiatildeo como contratualizaccedilatildeo com

hospitais laboratoacuterios cliacutenicas especializadas e medicina diagnoacutestica Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada (PPI) Plano Diretor Regional (PDR) Plano Diretor de

Investimentos (PDI) Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG) atos e portarias da

SES resoluccedilotildees da Comissatildeo Intergestores Bipartite (CIB)Estadual resoluccedilotildees e

proposiccedilotildees do CGR chamada puacuteblica para contratualizaccedilatildeo Relatoacuterios de Gestatildeo do

ERS da CRR e CIS Plano de trabalho do CIS Sistemas de Informaccedilatildeo (CNES SIOPS

ANS IBGE SIA SIH) atas do CGR pautas do CGR Plano Anual de Trabalho da

SES Plano Anual de Trabalho do ERS planejamento do CIS e outros registros de

interesse do arquivo do ERS que permitiram apreender e dar resposta aos objetivos da

pesquisa

Foram utilizadas as informaccedilotildees das entrevistas e os dados secundaacuterios para

analisar como ocorreu o processo de implantaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede o

processo decisoacuterio como as decisotildees foram e satildeo estabelecidas e cumpridas pelas

instacircncias que fazem parte do complexo regional o funcionamento do CGR as relaccedilotildees

entre as instituiccedilotildees os padrotildees de relacionamento o papel e influecircncias das instacircncias

que fazem parte do complexo regional e as relaccedilotildees puacuteblico-privadas

Os mecanismos e instrumentos adotados no processo de regionalizaccedilatildeo foram

analisados por meio do PDR PDI PPI Portarias Decretos pactos estabelecidos

contratualizaccedilotildees entre outros que permitiram fazer um inventaacuterio do planejamento e da

gestatildeo regional da sauacutede A combinaccedilatildeo destas informaccedilotildees permitiu identificar a

regionalizaccedilatildeo considerando o processo decisoacuterio os padrotildees de relacionamento e o

papel das instacircncias que fazem parte do complexo regional

Para caracterizar a regiatildeo de sauacutede utilizou-se a base populacional estimada pelo

IBGE para os anos de 2000 a 2011 Os bancos de dados utilizados para o caacutelculo dos

indicadores foram providos pelo DATASUS Alguns indicadores foram calculados e

permitiram obter um diagnoacutestico situacional da regiatildeo de sauacutede incluindo as

10

caracteriacutesticas socioeconocircmicas e demograacuteficas a disponibilidade de serviccedilos de sauacutede

a organizaccedilatildeo da assistecircncia a capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede indicadores

de produccedilatildeo dos serviccedilos recursos aplicados em sauacutede e cobertura da sauacutede

suplementar

Os indicadores socioeconocircmicos e demograacuteficos utilizados foram populaccedilatildeo

razatildeo de crescimento densidade demograacutefica componentes do IDH (escolaridade

longevidade e renda) cobertura de abastecimento de aacutegua esgotamento sanitaacuterio e

coleta de lixo PIB (agropecuaacuteria induacutestria serviccedilos e impostos)

Foram tambeacutem levantadas informaccedilotildees sobre a organizaccedilatildeo da assistecircncia e

capacidade instalada dos serviccedilos de sauacutede UBS unidades especializadas serviccedilo de

apoio diagnoacutestico e terapia (SADT) hospitais e consultoacuterios cobertura do Programa de

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) disponibilidade de unidades de sauacutede leitos hospitalares por

tipo de prestador leitos SUS e natildeo SUS por municiacutepio disponibilidade de profissionais

vinculados e natildeo vinculados ao SUS Foi verificado o tipo de habilitaccedilatildeo dos

municiacutepios antes do pacto

A oferta de serviccedilos na regiatildeo foi analisada pelas informaccedilotildees do Cadastro

Nacional de Estabelecimento de Sauacutede (CNES) cujos dados estatildeo disponiacuteveis no site

do DATASUS Foram levantadas informaccedilotildees dos estabelecimentos de sauacutede e seus

equipamentos segundo a natureza juriacutedica puacuteblica ou privada e sua relaccedilatildeo com o SUS

na regiatildeo Em relaccedilatildeo aos leitos considerou-se como oferta puacuteblica os de natureza

puacuteblica e aqueles privados contratados eou conveniados ao SUS Em relaccedilatildeo aos

estabelecimentos privados foram considerados exclusivamente privados aqueles que

natildeo estavam contratados ou conveniados ao SUS Os hospitais de direito privado e

geridos por organizaccedilatildeo social ou entidade religiosa foram considerados puacuteblicos

Os indicadores de produccedilatildeo dos serviccedilos analisados foram AIHs por 100

habitantes pagas por local de internaccedilatildeo e local de residecircncia percentual de

atendimentos da atenccedilatildeo baacutesica aprovado e apresentado percentual de atendimento da

meacutedia e alta complexidade aprovado e apresentado

A relaccedilatildeo entre o setor puacuteblico e privado na regiatildeo foi analisada considerando o

roteiro de entrevistas aplicado aos atores puacuteblicos e privados que compotildeem o complexo

regulador desta regiatildeo um bloco especiacutefico com o intuito de investigar 1) como foram

estabelecidas estas relaccedilotildees 2) qual a influecircncia e funccedilatildeo do setor privado e as

11

repercussotildees no processo de regionalizaccedilatildeo 3) como ocorreu o processo de regulaccedilatildeo

governamental sobre o sistema complementar na regiatildeo e se esta regulaccedilatildeo interferiu

no modelo de atenccedilatildeo 5) se os arranjos que ocorreram corresponderam aos objetivos do

sistema de sauacutede e se trouxeram contribuiccedilotildees positivas ou negativas aos resultados da

sauacutede e ao desenvolvimento do sistema de sauacutede

Os indicadores de financiamento do sistema de sauacutede foram calculados com base

no banco de dados do Sistema de Informaccedilotildees de Orccedilamentos Puacuteblicos de Sauacutede

(SIOPS) entre eles o percentual de recursos municipais aplicados em sauacutede (EC-29)

despesas per capita sob responsabilidade municipal e despesas com recursos

exclusivamente municipais

Para analisar os dados qualitativos utilizou-se a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo

tendo como base as dimensotildees e as variaacuteveis constantes nas matrizes apresentadas no

projeto estadual e neste estudo de caso regional Todo material empiacuterico levantado foi

sendo submetido agrave leitura e buscou encontrar elementos eou respostas que permitiram

em face aos indicadores propostos para cada variaacutevel caracterizar e analisar o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede neste espaccedilo regional

No desenvolvimento da pesquisa foi explicada aos gestores a importacircncia da

assinatura de termo de cooperaccedilatildeo e parceria na regiatildeo visto que envolveria vaacuterios

segmentos e os resultados seriam de interesse dos gestores Os entrevistados tiveram

suas entrevistas precedidas de assinaturas do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecida (Apecircndice B)

Os quadros 1 a 3 resumem as matrizes completas de anaacutelise por dimensatildeo a

matriz completa encontra-se no apecircndice C

12

Quadro 1 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico e desenho da

regionalizaccedilatildeo

- Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo

municiacutepios integrantes fatores determinantes capacidade instalada e

organizaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo

2-Finalidades e escopo

da regionalizaccedilatildeo

- finalidades e foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de

sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede regionalizadas

3-Estrateacutegias poliacuteticas

da regionalizaccedilatildeo

- interfaces inserccedilatildeo e lugar que ocupa na agenda poliacutetica da SES e do

Escritoacuterio Regional de Sauacutede estrateacutegias regionais

4-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

- existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede influecircncias

na regulaccedilatildeo organizaccedilatildeo antes e depois do pacto problemas conflitos

planejamento e regulaccedilatildeo intra e inter-regional

5-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos agrave regionalizaccedilatildeo programaccedilatildeo

distribuiccedilatildeo de recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo

existecircncia de fundos regionais de recursos

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Quadro 2 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Estruturas de

integraccedilatildeo e gestatildeo

regional

- existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo

- CGR consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da

SES CIES cacircmaras teacutecnicas e outros minus caracteriacutesticas finalidades papel e

contribuiccedilatildeo das instacircncias regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus

existecircncia de recursos financeiros disponiacuteveis para instacircncias regionais

O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus

influecircncias e papel do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de

regionalizaccedilatildeominus fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do

CGR

Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS

CIES relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional

Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus participaccedilatildeo e influecircncias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo

sauacutede do SUS na regiatildeo criteacuterios na definiccedilatildeo das referecircncias na regiatildeo de

sauacutede minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o puacuteblico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do

setor privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus

organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema

complementar

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

13

Quadro 3 ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de Tangaraacute da

Serra Estado de Mato Grosso-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela

sauacutede processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508- Mudanccedilas observadas

em relaccedilatildeo aos poderes regionais existentes - avanccedilos dificuldades e

desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites (CIBS)

as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo (Viana et al 2010)

Aleacutem do que consta na introduccedilatildeo o presente trabalho estaacute organizado em sete

capiacutetulos e as consideraccedilotildees finais

O capitulo 1 ndash ldquoFederalismo e regionalizaccedilatildeo no Brasilrdquo aborda as caracteriacutesticas

do federalismo brasileiro considerando que a partir da CF de 1988 a uniatildeo os estados e

os municiacutepios passaram a lidar com a soberania e autonomia federativa que alterou as

relaccedilotildees intergovernamentais Evidencia que o SUS foi criado num paiacutes federativo com

heterogeneidade na extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com

desigualdades regionais culturais e politicas e que as federaccedilotildees satildeo marcadas pela

diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo mas que de forma coordenada

podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia

A formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada requer atos juriacutedico-

administrativos e a constituiccedilatildeo de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma

alternativa que facilita aos gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a

complexidade e diversidade do territoacuterio Neste sentido discutem-se os mecanismos

institucionais da implementaccedilatildeo do SUS na deacutecada de 1990 e a importacircncia da

coordenaccedilatildeo da esfera estadual na conformaccedilatildeo de arranjos regionais de forma a evitar

os conflitos intergovernamentais e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

entes federativos

O capitulo 2 ndash ldquoInstitucionalidade e Governanccedila no territoacuteriordquo faz uma discussatildeo

teoacuterica quanto ao papel do Estado na formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que possam

assegurar o direito constitucional agrave sauacutede O arcabouccedilo poliacutetico-institucional do SUS

conforma um sistema complexo implica em mudanccedilas no poder redefiniccedilao das

relaccedilotildees entre as esferas de governo entre estado e sociedade e estado e mercado e

requer sustentabilidade estrutural Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila que estaacute

relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e a sua capacidade

14

organizativa ganha espaccedilo no debate e se materializa nos espaccedilos de gestatildeo colegiada

existentes nos complexos regionais Nestes espaccedilos satildeo pactuadas regras para prover de

forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede regionalizada Esses

serviccedilos contam com a participaccedilatildeo privada e resultam em relaccedilotildees complexas

construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

No capitulo 3 ndash ldquoO Estado de Mato Grosso e a regiatildeo de Tangaraacute da Serrardquo

apresentam-se as caracteriacutesticas do estado que eacute constituiacutedo por 141 municiacutepios a

maioria deles (801) com menos de 20000 habitantes e com forte dependecircncia do

governo federal e estadual para implementar o SUS As caracteriacutesticas do sistema de

sauacutede indicam a importacircncia da implementaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede regionalizada para

suprir de forma equacircnime as necessidades da populaccedilatildeo e garantir o seu acesso agrave rede

de atenccedilatildeo agrave sauacutede A regiatildeo objeto deste estudo apresenta deficiecircncias na sua

capacidade instalada desigualdades entre os municiacutepios que dependem do estado para

implementar a politica de sauacutede regionalizada

O capitulo 4 ndash ldquoAs estrateacutegias de regionalizaccedilatildeo no Estado e na regiatildeo de Tangaraacute

da Serrardquo mostra que o complexo regional iniciou sua estruturaccedilatildeo na deacutecada de 1980

quando a regiatildeo foi instituiacuteda pela SES Antes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede a

SES criou novas regiotildees de sauacutede e implantou em todas elas as bases institucionais da

regionalizaccedilatildeo Apresenta como a SES se organizou para implementar o Pacto pela

Sauacutede Nesta regiatildeo 100 dos gestores assinaram o TCGM

O capitulo 5 ndash ldquoO complexo e a institucionalidade da regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de

Tangaraacute da Serrardquo mostra que a politica de sauacutede regionalizada mesmo instituiacuteda em

instrumentos de planejamento do governo do estado e da SES nesta regiatildeo natildeo contou

com os recursos necessaacuterios para sua implementaccedilatildeo A regiatildeo enfrenta dificuldades de

acesso A insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica e as alternativas encontradas

configuraram um forte mix puacuteblico-privado na regiatildeo A regulaccedilatildeo da assistecircncia eacute

fraacutegil no estado e na regiatildeo e esta precisa constituir rede de atenccedilatildeo puacuteblica integrada e

resolutiva que responda pelas necessidades da populaccedilatildeo para se tornar autocircnoma de

fato

No capitulo 6 ndash ldquoGovernanccedila do processo de regionalizaccedilatildeordquo o relato dos

gestores explicita claramente que a falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo

manteacutem problemas que produzem iniquidades resultam em comportamentos que

15

expressam os interesses de cada gestor e geram fragmentaccedilatildeo e descontinuidade do

cuidado agrave sauacutede ameaccedilando a governanccedila Satildeo indicativos que alertam para o

comprometimento e as repercussotildees desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede nesta regiatildeo

O capitulo 7 ndash ldquoDecisatildeo e intersetorialidaderdquo evidencia que as decisotildees tomadas

pelos entes federativos e demais atores que compotildeem o complexo regional ocorrem no

CGR Este que deveria ser um espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos

compartilhados para a soluccedilatildeo dos problemas coletivos da regiatildeo tem se transformado

num campo de tensotildees e disputas O atraso frequente nas transferecircncias dos incentivos

estadual para os municiacutepios a falta de estrutura puacuteblica na regiatildeo e a solicitaccedilatildeo de

tabelas de valores complementares pelo setor privado tecircm tensionado a tomada de

decisotildees e desmotivado o gestor a participar deste processo

As ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo descrevem as evidecircncias do estudo considerando os

objetivos propostos e apontam desafios para a implementaccedilatildeo da politica de sauacutede

regionalizada

16

2 Federalismo e regionalizaccedilatildeo

no Brasil

17

2 FEDERALISMO E REGIONALIZACcedilAtildeO NO BRASIL

Com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a estrutura federativa brasileira passou a

contar com a Uniatildeo os Estados o Distrito Federal e os Municiacutepios como entes

federativos autocircnomos (Brasil 1988) A organizaccedilatildeo poliacutetico territorial dos estados

federativos eacute uma forma inovadora de se lidar com o poder e a soberania considerando

as heterogeneidades dos territoacuterios (Abrucio 2002) A singularidade do modelo federal

estaacute na maior horizontalidade entre os entes

As federaccedilotildees satildeo marcadas pela diversidade e pelo conflito por cooperaccedilatildeo e

competiccedilatildeo Neste sentido um arranjo federativo eacute uma parceria um pacto que se

estabelece entre unidades territoriais que divide poder com respeito muacutetuo sem que os

direitos sejam retirados dos pactuantes subnacionais De forma coordenada as

federaccedilotildees podem estabelecer relaccedilotildees de equiliacutebrio e interdependecircncia entre eles

(Abrucio 2002)

A estruturaccedilatildeo federativa brasileira inspirou-se no modelo norte-americano mas a

conformaccedilatildeo foi diferente e antes de tornar-se uma federaccedilatildeo passou por conflitos entre

o Poder Central e as elites regionais Partiu-se de um Estado Unitaacuterio muito centralizado

para um modelo descentralizado de poder Passou por ciclos de centralizaccedilatildeo e

consolidaccedilatildeo do estado nacional sucedidos de descentralizaccedilatildeo do poder processo que

gerou desigualdades significativas entre os estados brasileiros

Apoacutes o golpe de Estado de 1964 o regime militar fortaleceu o modelo unionista

marcado pelo modelo de relaccedilotildees intergovernamentais autoritaacuterias e verticais Os

governos subnacionais tinham que seguir obrigatoriamente os planos da Uniatildeo sob a

ameaccedila de nos casos de recusa ficar sem as verbas A autonomia poliacutetica e

administrativa soacute foi recuperada com as eleiccedilotildees diretas a governador em 1982

(Abrucio 2002)

As bases do Estado Federativo do Brasil foram recuperadas nos anos 80 e

fortaleceram os governos estaduais nessa deacutecada (Abrucio 2005) O processo de

democratizaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo fiscal contemplado na Constituiccedilatildeo de 1988 alterou

18

as relaccedilotildees intergovernamentais e cada niacutevel de governo passou a ser uma autoridade

poliacutetica e soberana

O SUS foi criado nesse contexto um paiacutes federativo com heterogeneidades na

extensatildeo e diversidade dos territoacuterios socioeconocircmicos com desigualdades regionais

culturais e politicas (Abrucio 2002) cujos preceitos constitucionais de 1988

contemplam que cabe a cada ente federativo a responsabilidade por organizar tal

sistema e de forma compartilhada a assegurar e viabilizar a integralidade da atenccedilatildeo agrave

sauacutede ao individuo

No inicio do processo de descentralizaccedilatildeo o papel do governo federal limitava-se

a um repasse de funccedilotildees aos demais entes federados natildeo havia por parte desse niacutevel de

governo iniciativas no sentido de compartilhar tarefas Os governos estaduais

encontravam-se numa situaccedilatildeo de indefiniccedilatildeo de suas competecircncias em relaccedilatildeo ao SUS

e os municiacutepios entes federativos com o mesmo status juriacutedico que os estados e a uniatildeo

assumindo novas funccedilotildees e procurando encontrar o seu papel

Nesse periacuteodo os estados estavam com a base de sustentaccedilatildeo fiscal enfraquecida

e o governo federal com tendecircncia recentralizadora fiscal e poliacutetica Essa situaccedilatildeo

contribuiu para desencadear um federalismo predatoacuterio ou como denominado por

Abrucio (2002) ldquocompartimentalizadordquo onde cada niacutevel de governo procura o seu papel

especiacutefico ao mesmo tempo natildeo haacute por parte do governo federal uma coordenaccedilatildeo

intergovernamental No campo das poliacuteticas puacuteblicas esse cenaacuterio afetou o processo de

descentralizaccedilatildeo em especial num paiacutes como o Brasil com regiotildees federativas tatildeo

heterogecircneas A condiccedilatildeo federalista consegue manter a estabilidade social e ameniza

as heterogeneidades regionais (Abrucio 2002)

No acircmbito municipal a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS gerou um

municipalismo autaacuterquico acentuou os problemas das relaccedilotildees intermunicipais e natildeo

incentivou a cooperaccedilatildeo Aleacutem disso desencadeou ao longo desse processo competiccedilatildeo

entre os niacuteveis de governo na medida em que os municiacutepios concorrem entre si pelo

dinheiro puacuteblico dos demais niacuteveis de governo Em algumas situaccedilotildees chegam a

repassar seus custos a outros entes atraveacutes do encaminhamento de seus muniacutecipes para

fazerem uso dos serviccedilos de sauacutede de outros municiacutepios (Abrucio 2002) sem a devida

pactuaccedilatildeo

19

Entre as diretrizes do SUS a regionalizaccedilatildeo da sauacutede contemplada no artigo 198

da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 eacute uma das estrateacutegias da sua implementaccedilatildeo que

contempla tambeacutem a descentralizaccedilatildeo mas o ecircxito deste processo depende da realizaccedilatildeo

de responsabilidades compartilhadas pelos trecircs entes federativos e de accedilotildees especiacuteficas

e inerentes de cada territoacuterio Teoricamente supotildee-se que se cada ente federativo

desempenhar o seu papel o processo estaraacute garantido mas estas relaccedilotildees natildeo satildeo tatildeo

simples satildeo complexas e se constituem em desafios para os gestores

Com a descentralizaccedilatildeo a Uniatildeo eacute a responsaacutevel pelo financiamento pela

formulaccedilatildeo1 da poliacutetica nacional de sauacutede e coordenaccedilatildeo das accedilotildees intergovernamentais

Atraveacutes do Ministeacuterio da Sauacutede o governo federal tem autoridade para tomar as

decisotildees mais importantes nesta poliacutetica setorial e definir regras para a poliacutetica nacional

mas a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede deve contar com a participaccedilatildeo de conselhos

que representam estados e municiacutepios (Arretche 2004)

Os princiacutepios da universalidade integralidade e equidade bem como os da

descentralizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo da comunidade no SUS fortalecem o

governo local e independentemente do porte municipal requerem capacidade de gestatildeo

planejamento integrado regulaccedilatildeo do sistema e construccedilatildeo de redes assistenciais que

atendam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo considerando a integralidade da atenccedilatildeo

agrave sauacutede Aleacutem disso requerem a implantaccedilatildeo de conselhos de sauacutede de forma a

legitimar a participaccedilatildeo da comunidade

Um sistema de sauacutede com os princiacutepios acima citados requer por parte dos

governos a formaccedilatildeo de arranjos para a gestatildeo compartilhada integrada e organizada

de forma a natildeo ferir os princiacutepios baacutesicos do federalismo entre eles a autonomia o

respeito muacutetuo e os direitos dos governos subnacionais (Abrucio 2002)

Para legitimar esses princiacutepios eacute necessaacuterio que os serviccedilos de sauacutede contemplem

integralmente as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo e

isso representa para a maioria dos municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade

financeira Muitos deles encontram-se em situaccedilotildees que requerem melhoria na

1 No processo de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas haacute o envolvimento de muitos segmentos que natildeo o

governo como os grupos de interesse as classes sociais e outros mas haacute tambeacutem uma ldquoautonomia

relativa do Estadordquo que gera determinadas capacidades e cria as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

das poliacuteticas publicas (Souza 2007 p72)

20

infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais especializados e aquisiccedilatildeo de equipamentos

para oferecer serviccedilos de sauacutede (Abrucio 2002)

Embora o federalismo pressuponha autonomia de seus entes federativos

autocircnomos prover serviccedilos que respondam agrave integralidade contemplada no SUS requer

atos juriacutedico-administrativos compartilhados (Santos e Andrade 2011) A constituiccedilatildeo

de regiotildees conforme define o Pacto pela Sauacutede eacute uma alternativa que facilita aos

gestores implementar poliacuteticas puacuteblicas que abarcam a complexidade e diversidade do

territoacuterio Requer arranjos cooperativos e compartilhamento de responsabilidades para

otimizar os custos e ampliar a oferta para que sejam alcanccedilados os objetivos e princiacutepios

do SUS

O conceito de regiatildeo natildeo eacute uacutenico e vaacuterias correntes de pensamento tecircm

contribuiacutedo para aprofundar os estudos e conformar um conceito totalizador capaz de

abarcar a complexidade do que vem a ser uma regiatildeo A regiatildeo ligada agrave ideacuteia de espaccedilo

geograacutefico surgiu com os postulados de Immanuel Kant no momento em que foram

criadas as escolas de geografia na Franccedila e na Alemanha no final do seacutec XIX Neste

periacuteodo com base nos princiacutepios positivistas do seacuteculo XVIII afirmou-se que o

fundamento da geografia eacute o espaccedilo geograacutefico que constitui a parte essencial da

histoacuteria dos homens Para Kant eacute no espaccedilo que estabelecemos relaccedilotildees entre os fatos

exteriores a noacutes o espaccedilo eacute condiccedilatildeo de toda experiecircncia dos objetos e natildeo pode ser

percebido empiricamente porque o simples ato de situarmos alguma coisa fora de noacutes

jaacute pressupotildee a representaccedilatildeo do espaccedilo ldquopode-se pensar o espaccedilo sem coisas mas natildeo

as coisas sem o espaccedilordquo Segundo Kant nada pode ser representado sem espaccedilo (Santos

2009 p186)

Na Alemanha o conceito de destaque foi de regiatildeo natural divulgado por Ratzel

que defendia que a ldquoexistecircncia das diferenciaccedilotildees regionais estava vinculada ao poder

que a natureza exercia sobre o homem chegando ao ponto de determinar seu

comportamentordquo (Fonseca 1999 p91)

Esse conceito recebeu muitas criacuteticas da corrente francesa de Vidal de La Blache

que entendia ldquoa regiatildeo enquanto entidade concreta existente por si soacuterdquo um dado puro

da natureza que diante da interaccedilatildeo homem-meio pode tornar-se singular pois a cultura

do homem pode influenciar a natureza e transformar a regiatildeo Para La Blache ao

21

geoacutegrafo caberia apenas a tarefa de delimitar e descrever a regiatildeo (Fonseca 1999

Carvalho 2002 p138)

A corrente de pensamento de Vidal de La Blache defende a regiatildeo como uma

realidade fiacutesica uma referecircncia para a populaccedilatildeo que laacute vive Insere o elemento humano

na caracterizaccedilatildeo da paisagem regional e produz um conceito de regiatildeo diferente

daquele de regiatildeo natural Com o seu posicionamento a relaccedilatildeo homem-meio eacute pela

primeira vez agregado na riqueza da anaacutelise regional (Carvalho 2002)

Na Inglaterra e nos EUA tambeacutem foram realizados estudos sobre regiatildeo Na

deacutecada de 1950 apoiados no positivismo loacutegico os estudos regionais sofrem mudanccedilas

Na nova concepccedilatildeo ldquoa regiatildeo deixa de ser um objeto concreto de anaacutelise para se

transformar numa criaccedilatildeo intelectualrdquo (Fonseca 1999 p92) Na nova geografia uma

nova teoria eacute apresentada por Hartshorne ldquoa regiatildeo natildeo eacute uma realidade evidente dada

a qual caberia apenas ao geoacutegrafo descrever A regiatildeo eacute um produto mental uma forma

de ver o espaccedilo que coloca em evidecircncia os fundamentos da organizaccedilatildeo diferenciada

do espaccedilordquo No entendimento de Hartshorne as regiotildees possuem aspectos que satildeo

singulares na sua espacialidade e o enfoque regional de cada pesquisador implica numa

produccedilatildeo mental uma forma concebida de regiatildeo (Santos 2009 p189)

Opondo-se ao conceito de regiatildeo concreta de Vidal de La Blache Hartshorne

enfatiza a regiatildeo como uma criaccedilatildeo intelectual visto que com o uso de teacutecnicas

estatiacutesticas e afastadas do trabalho de campo pode-se construir regiotildees administrativas

cristalizadas no tempo e no espaccedilo Esta teoria sofre criacuteticas eacute entendida como a-

histoacuterica natildeo considera na regiatildeo os processos sociais a existecircncia do tempo suas

qualidades essenciais e gera rupturas Novas correntes satildeo expressas a partir dos anos

70 quando se considera que diante dos problemas urbanos enfrentados essa geografia

quantitativa natildeo conseguiria compreender os fenocircmenos espaciais em sua plenitude

(Fonseca 1999 Carvalho 2002)

Com as criacuteticas a geografia embasada no positivismo chega ao fim e a partir da

deacutecada de 70 as bases teoacutericas e conceituais referentes agrave anaacutelise regional satildeo

fundamentadas no materialismo histoacuterico e dialeacutetico e nas geografias humanista e

cultural (Fonseca 1999)

Surgem as correntes de base marxista e fenomenoloacutegica que de forma comum

preocupam-se com a ausecircncia do caraacuteter social na geografia atual e entendem o espaccedilo

22

como o loacutecus da reproduccedilatildeo das relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo Assim uma nova

geografia vai se estruturando e valorizando os temas histoacutericos e culturais cuja vertente

tinha se perdido no paradigma quantitativo (Carvalho 2002)

A corrente humanista incorporou o espaccedilo vivido na anaacutelise regional defendendo

que para compreender a regiatildeo eacute necessaacuterio viver na regiatildeo Segundo Ribeiro (1993) a

regiatildeo como espaccedilo vivido pode ser definida como

Uma porccedilatildeo territorial definida pelo senso comum de um determinado grupo social

cuja permanecircncia em uma determinada aacuterea foi suficiente para estabelecer

caracteriacutesticas muito proacuteprias na sua organizaccedilatildeo social cultural e econocircmica Este

espaccedilo eacute portanto socialmente criado e vai se diferenciar de outros espaccedilos vizinhos por

apresentar determinadas caracteriacutesticas comuns que satildeo resultantes das experiecircncias

vividas e historicamente produzidas pelos proacuteprios membros das suas comunidades

(Ribeiro 1993 apud Carvalho 2002 p146)

Com a crise da modernidade e o nascimento da chamada poacutes-modernidade

ocorrem mudanccedilas no conceito de regiatildeo eacute o momento da pluralidade Se antes as

ciecircncias baseavam-se na filosofia iluminista na racionalidade na objetividade na

cientificidade e nas leis universais agora buscam o relativismo a subjetividade a

heterogeneidade e a fragmentaccedilatildeo Satildeo essas caracteriacutesticas que identificam a

contemporaneidade que eacute plural (Carvalho 2002)

Durante muito tempo a regiatildeo foi entendida como uma entidade autocircnoma

limitada ao enfoque da localizaccedilatildeo com poucas relaccedilotildees entre si Com a globalizaccedilatildeo as

regiotildees passaram a estar interligadas e interdependentes com diferenccedilas que emergem

naturalmente natildeo se explicando apenas pelo seu conteuacutedo interno mas pelo territoacuterio

que tem uma historia e que estaacute em contiacutenua renovaccedilatildeo (Santos 1988)

Os estudos das regiotildees segundo Santos (1988) devem contemplar a organizaccedilatildeo

o social o poliacutetico o econocircmico o cultural os fatos concretos Conhecendo estas

questotildees eacute possiacutevel identificar como a regiatildeo estaacute inserida no cenaacuterio econocircmico o que

existe e o que eacute novo e assim captar o elenco de causas e consequecircncias do fenocircmeno

Para este autor o espaccedilo eacute constituiacutedo por um conjunto indissociaacutevel de arranjos de

objetos geograacuteficos objetos naturais e objetos sociais e a vida que os preenche e os

anima ou seja a sociedade em movimento Portanto o espaccedilo usado por todos de todas

as existecircncias eacute sinocircnimo de espaccedilo humano (Santos 1988)

23

Para ter valor e compreender o espaccedilo vivido e as transformaccedilotildees que nele

ocorrem eacute necessaacuterio analisar em conjunto as variaacuteveis interdependentes que compotildeem

o territoacuterio e a sua historia A anaacutelise e compreensatildeo da totalidade somente seratildeo

possiacuteveis se for considerado natildeo apenas o lugar que natildeo se explica por si mas a historia

das relaccedilotildees dos objetos sobre os quais se datildeo as accedilotildees humanas (Santos 1988)

O ldquoespaccedilo vivido pode ser entendido como a rede de manifestaccedilotildees da

cotidianidade desse sistema em torno da intersubjetividade que satildeo por sua vez as

redes nas quais se constituem as existecircncias individuais ndash no trabalho na escola na

famiacutelia nas outras diversas formas da vida societaacuteriardquo (Rego e Reffatti 2004 p78)

O espaccedilo geograacutefico prova a existecircncia o quadro de referecircncias convencional-

latitude e longitude As variaacuteveis podem mudar de um periacuteodo para outro mas se

analisadas num dado corte temporal sua funccedilatildeo e seus valores permanecem inalterados

do olhar escalar Eacute importante considerar a escala geograacutefica que se refere agrave concepccedilatildeo

geomeacutetrica e a escala temporal que se refere ao tempo mas pessoas que habitam este

espaccedilo satildeo seres em metamorfose e satildeo capazes de influenciar a mudanccedila social

(Santos 2000)

Neste sentido o espaccedilo geograacutefico eacute entendido como sinocircnimo de territoacuterio usado

e ldquovisto como uma totalidade eacute um campo privilegiado para a anaacutelise na medida em

que de um lado nos revela a estrutura global da sociedade e de outro lado a proacutepria

complexidade do seu usordquo (Santos 2000 p108)

Assim para entender como ocorrem e se datildeo as relaccedilotildees no interior do espaccedilo

geograacutefico deve-se buscar a visatildeo totalizadora da realidade concreta que considera a

totalidade das causas e dos efeitos do processo soacutecio territorial O desafio eacute entender

como estaacute constituiacutedo ou seja o que como onde quando por quem e para que o

territoacuterio eacute usado Eacute preciso entender o contexto reconhecer as heranccedilas as

intencionalidades qualificar e quantificar os elementos os atores e seus

comportamentos e como as relaccedilotildees ocorrem entre estes elementos Eacute identificar o que eacute

novo e verificar se estaacute em harmonia com o que jaacute existia Se analisado nesta concepccedilatildeo

eacute possiacutevel vislumbrar no territoacuterio sua transformaccedilatildeo2 no tempo e no espaccedilo (Silveira

2011)

2 ldquoEacute a funcionalizaccedilatildeo dos eventos no lugar que produz uma forma um arranjo um tamanho do

acontecer que no instante seguinte cria outra funccedilatildeo outra forma e por conseguinte outros limites

Muda a extensatildeo do fenocircmeno porque muda a constituiccedilatildeo do territoacuterio outros objetos outras

24

Partindo do pressuposto de que o espaccedilo geograacutefico tambeacutem eacute compreendido

como espaccedilo usado constituiacutedo por um arranjo de objetos materiais e imateriais pode-

se compreender a regiatildeo como fato e como ferramenta A regiatildeo como fato independe

das forccedilas econocircmicas e poliacuteticas que dominam o territoacuterio eacute a regiatildeo tal como foi

delimitada com sua histoacuteria seus conflitos suas tensotildees diante dos processos de

modernizaccedilatildeo territorial (Ribeiro 2004 apud Viana et al 2008)

A regiatildeo como ferramenta eacute entendida como aquela que resulta da accedilatildeo

hegemocircnica da conjuntura em que estaacute circunscrita ou seja das forccedilas econocircmicas e

poliacuteticas que dominam o territoacuterio Nela satildeo criadas as condiccedilotildees para a implementaccedilatildeo

de poliacuteticas construiacutedas e reconstruiacutedas por accedilotildees verticais para atender os interesses de

alguns setores da economia Muitas vezes os atores hegemocircnicos mudam as condiccedilotildees

materiais e organizacionais do territoacuterio para que ele se ajuste agrave sua conveniecircncia ou

utiliza as condiccedilotildees antigas de forma a garantir a viabilidade das accedilotildees na regiatildeo

(Ribeiro 2004 apu Viana et al 2008)

No Brasil a divisatildeo das regiotildees ocorreu em 1941 atraveacutes do IBGE cuja base de

organizaccedilatildeo dos dados censitaacuterios utilizou o conceito de regiatildeo natural introduzido pelo

professor Delgado de Carvalho em 1913 Posteriormente para fins administrativos

foram modificadas para atender aos limites das unidades poliacuteticas que dividiam o paiacutes

resultando nas grandes regiotildees naturais norte nordeste leste sul e centro-oeste que

foram redefinidas conceitualmente e modificadas em 1967 e em 1991 e utilizadas nos

estudos censitaacuterios (Guimaratildees 2005)

Posteriormente as modificaccedilotildees de divisatildeo propostas pelo IBGE utilizaram a da

corrente do geoacutegrafo Richard Hartshorne da escola americana que considerava a regiatildeo

natildeo como uma realidade dada mas uma construccedilatildeo intelectual um produto mental que

pode tornaacute-la uma regiatildeo administrativa Este entendimento estava em consonacircncia com

os objetivos dos teacutecnicos do IBGE responsaacuteveis pelo planejamento territorial do paiacutes

Mais tarde sob a influecircncia da escola francesa de Vidal de La Blache passou-se a

acreditar que o espaccedilo poderia ser organizado de forma mais harmoniosa e equilibrada

atraveacutes do planejamento regional daiacute o termo ldquogeografia ativardquo destacando o sentido de

uma geografia da accedilatildeo que projeta a regiatildeo como objeto de intervenccedilatildeo Ainda que

implicitamente a divisatildeo regional do IBGE considere a regiatildeo como um espaccedilo de

normas convergem para criar uma organizaccedilatildeo diferente Muda a aacuterea de ocorrecircncia dos eventosrdquo

(Santos 1996 apud Silveira 2004 p90)

25

intervenccedilatildeo do estado e a totalidade espacial como um somatoacuterio das partes e deixa de

considerar as variaacuteveis mais significativas para a identificaccedilatildeo de suas caracteriacutesticas

mais homogecircneas Para o IBGE cabe ao planejador reconhecer a regiatildeo descrevecirc-la e

tornar claros os seus limites (Guimaratildees 2005 p1020)

A regiatildeo entendida como sinocircnimo de territoacuterio usado precisa considerar a

ldquointerdependecircncia e a inseparabilidade entre a materialidade e a accedilatildeo isto eacute o trabalho e

a poliacuteticardquo (Silveira 2011 p156) ou seja a natureza e o seu uso que inclui a accedilatildeo

humana Nesse sentido eacute preciso examinar os fixos e os fluxos Os fixos entendidos

como as vias de acesso estradas ferrovias telecomunicaccedilotildees aacutereas agriacutecolas e outras e

os fluxos como aquilo que eacute moacutevel como o transporte o dinheiro a informaccedilatildeo e as

ordens Esses fluxos de diversas naturezas tecircm deixado os lugares mais proacuteximos (ou

natildeo) uns dos outros

Na sauacutede a discussatildeo sobre a organizaccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos serviccedilos meacutedicos e

afins para uma dada regiatildeo aparece em 1920 quando Dawson apresentou por

solicitaccedilatildeo do governo da Gratilde-Bretanha a proposta de organizaccedilatildeo da provisatildeo de

serviccedilos que deveriam estar agrave disposiccedilatildeo dos habitantes de uma dada regiatildeo Segundo

esse relatoacuterio era indispensaacutevel uma nova organizaccedilatildeo por razotildees de eficiecircncia que

conjugasse esforccedilos e que deveriam concentrar-se numa uacutenica autoridade de sauacutede para

supervisionar a administraccedilatildeo local de todos os serviccedilos Tambeacutem sugeriu que fossem

criados conselhos consultivos meacutedico locais

Para Dawson qualquer plano de serviccedilos meacutedicos preventivos e curativos deve

ser acessiacutevel a todas as classes da comunidade adaptar-se agraves diversas condiccedilotildees locais e

compreender todos aqueles serviccedilos meacutedicos que satildeo necessaacuterios para a sauacutede da

populaccedilatildeo Para ele os serviccedilos meacutedicos de diferentes niacuteveis de complexidade e serviccedilos

complementares devem estar interligados e instalados considerando a distribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo e os meios de comunicaccedilatildeo (Dawson 1920 V) A proposta de Dawson faz

referecircncia quanto agrave importacircncia de se organizar serviccedilos e redes de atenccedilatildeo que

contemplem as necessidades da populaccedilatildeo com comando uacutenico em uma regiatildeo

Embora contemplada na constituiccedilatildeo vigente inicialmente o processo de

descentralizaccedilatildeo do SUS natildeo considerou a regiatildeo utilizou estrateacutegias para reorganizar

as praacuteticas de sauacutede no niacutevel local primeiro como ldquodistrito sanitaacuteriordquo-1988-1993

depois como ldquosistema municipal de sauacutederdquo -1993-2000 (Teixeira 2002 p154)

26

Com a ediccedilatildeo das Normas Operacionais Baacutesicas no inicio da deacutecada de 1990

foram definidos criteacuterios e mecanismos de repasses financeiros entre uniatildeo estados e

municiacutepios instrumentos de prestaccedilatildeo de contas e de acompanhamento das accedilotildees de

sauacutede e criados a Comissatildeo Intergestores Tripartite-CIT e a Comissatildeo Intergestores

Bipartite-CIB na NOB93 Esta conduccedilatildeo foi estruturante no processo de

descentralizaccedilatildeo permitiu ao gestor ter clareza quanto aos custos e benefiacutecios no

cumprimento dos criteacuterios de repasse de recursos financeiros (MS 1993)

A NOB96 instituiu a redistribuiccedilatildeo de recursos financeiros por meio de

transferecircncias per capita do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica (PAB) ndash fixo e variaacutevel da PPI do

incentivo aos municiacutepios que optassem por um modelo de atenccedilatildeo que contemplasse o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia-PSF Entre seus postulados a NOB96 reforccedila a

necessidade de cooperaccedilatildeo teacutecnica e financeira dos Estados e da Uniatildeo com

responsabilidade conjunta na gestatildeo do SUS em suas respectivas competecircncias (Barreto

e Silva 2004)

As NOB foram importantes na descentralizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos sistemas locais

de sauacutede e tambeacutem aumentaram a autonomia dos gestores mas as situaccedilotildees de

desigualdade dos municiacutepios continuaram presentes em especial pela ausecircncia da esfera

estadual como coordenadora ativa do processo A experiecircncia dos gestores na

estruturaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos sistemas locais de sauacutede foi fundamental para aprofundar

os debates quanto agrave necessidade de conduzir a poliacutetica de forma regionalizada uma vez

que os limites da municipalizaccedilatildeo autaacuterquica jaacute eram evidentes Essa situaccedilatildeo foi

amenizada pela criaccedilatildeo e funcionamento da CIB instacircncia constituiacuteda por gestores

estadual e municipais espaccedilo de discussatildeo do processo de implementaccedilatildeo e conduccedilatildeo

da poliacutetica estadual

Para Viana et al (2010) o processo de municipalizaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1990

trouxe resultados positivos entre eles a expansatildeo do acesso agrave sauacutede a ampliaccedilatildeo da

cobertura dos serviccedilos a incorporaccedilatildeo de praacuteticas inovadoras na gestatildeo e na assistecircncia

a incorporaccedilatildeo de novos atores e o aumento do financiamento puacuteblico em sauacutede por

parte dos estados e municiacutepios Mas a descentralizaccedilatildeo nesse periacuteodo privilegiou os

municiacutepios e natildeo valorizou o papel das Secretarias Estaduais de Sauacutede na conformaccedilatildeo

de arranjos regionais resultando em intensos conflitos intergovernamentais

competiccedilatildeo interesses divergentes e ateacute mesmo comportamentos predatoacuterios entre os

27

entes federativos As estrateacutegias de descentralizaccedilatildeo ateacute entatildeo utilizadas natildeo foram

suficientes para evitar os conflitos fortalecer o compartilhamento e os mecanismos de

coordenaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo intergovernamentais de forma a favorecer o equiliacutebrio entre

os pactuantes e amenizar os conflitos (Viana et al 2010 2011)

Naquele periacuteodo cada municiacutepio trabalhava separado dos demais e os problemas

natildeo eram vistos como de micro ou macrorregiatildeo (Abrucio 2005) Tambeacutem foi na

deacutecada de 1990 que novos atores foram inseridos no interior da poliacutetica de sauacutede como

os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede que foram valorizados em relaccedilatildeo agrave

conformaccedilatildeo dos sistemas locorregionais mas natildeo ganharam espaccedilo formal nas

instacircncias governamentais como nas Comissotildees Intergestores (Viana et al 2008) De

natureza privada os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede facilitaram o acesso do

usuaacuterio mas muitos deles contribuiacuteram para a fragmentaccedilatildeo do sistema de sauacutede no

recorte regional que natildeo contou com iniciativas de regulaccedilatildeo

Neste contexto as relaccedilotildees passaram a ocorrer diretamente entre a uniatildeo e os

municiacutepios e os problemas enfrentados pelos gestores municipais ficaram mais

expliacutecitos mostrando os limites da municipalizaccedilatildeo e a necessidade de rediscutir o

modelo de gestatildeo A importacircncia da coordenaccedilatildeo das instacircncias estaduais na regulaccedilatildeo

e na organizaccedilatildeo de redes assistenciais regionalizadas torna-se mais expressiva e as

discussotildees acerca da regionalizaccedilatildeo como estrateacutegia de conduccedilatildeo da politica de sauacutede

ganham espaccedilo na agenda dos implementadores da politica (Gadelha 2011)

A regionalizaccedilatildeo contemplada na Constituiccedilatildeo de 1988 como estrateacutegia de

organizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede juntamente com a descentralizaccedilatildeo

e hierarquizaccedilatildeo insere-se na agenda do gestor com a ediccedilatildeo da Norma Operacional de

Assistecircncia a Sauacutede em 2001 e 2002 Esta norma foi debatida e consensuada entre o

Ministeacuterio da Sauacutede e instacircncias de representaccedilatildeo de gestores Conselho Nacional de

Sauacutede Conselho Nacional de Secretaacuterios Estaduais de SauacutedeCONASS e de Secretaacuterios

Municipais de SauacutedeCONASEMS (Souza 2001) e estabelece estrateacutegias de

planejamento para a constituiccedilatildeo de redes regionais de sauacutede

Na NOAS 0102 a regionalizaccedilatildeo eacute definida como uma macroestrateacutegia que deve

entre outros aspectos contar com a coordenaccedilatildeo dos governos estaduais otimizar os

recursos disponiacuteveis fortalecer a capacidade de gestatildeo do SUS viabilizar o

planejamento de sistemas de sauacutede construiacutedos de forma integrada conformar redes

28

articuladas e cooperativas circunscritas a territoacuterios delimitados pelo grau de

complexidade tecnoloacutegica dos serviccedilos existentes entre municiacutepios que compotildeem a

regiatildeo Deve ainda definir a populaccedilatildeo adscrita os fluxos e contra fluxos que garantam

a equidade ao usuaacuterio e seu acesso aos niacuteveis de complexidade necessaacuteria para a

resoluccedilatildeo de seus problemas (MS 2002a)

Entre as diretrizes da NOAS destacam-se os gestores estaduais como

coordenadores da estruturaccedilatildeo de redes regionalizadas a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) a Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI) e a definiccedilatildeo dos

moacutedulos assistenciais Com a implantaccedilatildeo da PPI o estado passa a coordenar os pactos

intermunicipais por meio das instacircncias regionais que fortalecidas passam a regular o

sistema com adequaccedilatildeo de criteacuterios e mecanismos para a oferta e a demanda de

serviccedilos com base nos fluxos de acesso agraves referecircncias (Barreto e Silva 2004)

A NOAS3 incentivou a construccedilatildeo de redes de serviccedilos de sauacutede aleacutem dos limites

territoriais dos municiacutepios estabeleceu moacutedulos assistenciais constituiacutedos por um ou

mais municiacutepios com capacidade de ofertar agrave populaccedilatildeo adscrita procedimentos do

primeiro niacutevel de referecircncia para apoio agrave atenccedilatildeo primaacuteria definiu as caracteriacutesticas do

municiacutepio sede do modulo assistencial do municiacutepio polo e as microrregiotildees e regiotildees

de sauacutede consideradas como a base de planejamento integrado e regionalizado da

unidade da federaccedilatildeo (MS 2001)

A NOAS contemplou o planejamento integrado entre os municiacutepios e o estado

com a participaccedilatildeo ativa das estruturas de conduccedilatildeo nas regiotildees de sauacutede No entanto a

sua conduccedilatildeo natildeo considerou a dinacircmica do territoacuterio no sentido de estimular os atores

a recriar os espaccedilos considerando as especificidades da regiatildeo a complexidade dos

problemas sociais e a necessidade da articulaccedilatildeo intersetorial para intervir sobre os

problemas

A regionalizaccedilatildeo contemplada na NOAS natildeo trouxe ldquoavanccedilos significativos para a

adequaccedilatildeo regional dos processos de descentralizaccedilatildeo em cursordquo visto que as

exigecircncias normativas na configuraccedilatildeo das microrregiotildees e regiotildees de sauacutede eram

excessivas mas estimulou o planejamento regional atraveacutes do PDR PDI e PPI (Viana

et al 2008 p96) A implementaccedilatildeo da NOAS permitiu ao gestor visualizar seus limites

na municipalizaccedilatildeo autaacuterquica

3 A NOAS estabeleceu dois niacuteveis de atenccedilatildeo para habilitaccedilatildeo de estados e municiacutepios gestatildeo plena

da atenccedilatildeo baacutesica e gestatildeo plena do sistema municipal (NOAS 012001)

29

O PDR e o PDI satildeo instrumentos de planejamento que expressam objetivos

comuns entre os entes federativos que integram a regiatildeo Esse planejamento integrado

identifica as necessidades da regiatildeo propotildee a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo define

as articulaccedilotildees teacutecnicas e poliacuteticas os recursos e a viabilidade econocircmica necessaacuteria

para conformar o sistema regionalizado de assistecircncia agrave sauacutede e garantir na regiatildeo a

integralidade da assistecircncia e o acesso da populaccedilatildeo considerando suas necessidades O

planejamento eacute uma obrigatoriedade dos entes federativos eacute indutor das poliacuteticas deve

ser ascendente deve contar com a participaccedilatildeo do Conselho Municipal de Sauacutede e ser

compatiacutevel com as necessidades de sauacutede

Com a implementaccedilatildeo das NOB e com a NOAS o SUS avanccedilou mas natildeo

favoreceu o federalismo cooperativo O modelo de gestatildeo regional deve ser cooperativo

e as normas nacionais editadas devem ser em menor quantidade de forma a permitir

que sejam recriados nos niacuteveis subnacionais modelos adequados agrave singularidade dos

estados e regiotildees Essas entre outras razotildees indicam a necessidade de se viabilizar

pactos federativos que legitimem a autonomia dos entes (Mendes 2011)

Na vigecircncia das NOB e NOAS os problemas que ocorreram no sistema de sauacutede

foram discutidos pelos gestores no interior das CIB dos COSEMS do CONASEMS e

do CONASS e serviram de reflexatildeo para a elaboraccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 Com a

ediccedilatildeo deste pacto a regionalizaccedilatildeo se insere novamente na agenda do gestor como

estrateacutegia de conduccedilatildeo que agrega a dimensatildeo teacutecnica e a poliacutetica do SUS

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede2006 a importacircncia da regionalizaccedilatildeo como

uma diretriz do SUS eacute reafirmada uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo eacute formulada novas

diretrizes satildeo definidas e o territoacuterio eacute pensado na loacutegica de sistema e de

descentralizaccedilatildeo (Viana et al 2008) O Pacto natildeo propotildee um modelo padratildeo de regiatildeo

de sauacutede e refere que ldquoAs Regiotildees de Sauacutede satildeo recortes territoriais inseridos em um

espaccedilo geograacutefico contiacutenuo identificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir

de identidades culturais econocircmicas e sociais de redes de comunicaccedilatildeo e infraestrutura

de transportes compartilhados do territoacuteriordquo (MS 2006) Nesse documento as diretrizes

da regionalizaccedilatildeo consideram a regiatildeo natildeo apenas como unidade de intervenccedilatildeo do

estado mas as diferentes estruturas da rede de atenccedilatildeo os fixos e os fluxos de forma a

tornar a regiatildeo um territoacuterio com capacidade resolutiva

30

A regiatildeo de sauacutede deve ser pensada a partir do funcionamento do territoacuterio que

natildeo se configura apenas pelos limites territoriais mas um territoacuterio usado um espaccedilo

vivido constituiacutedo por contextos heterogecircneos que pode criar um modus operandi

cooperativo otimizar o custo e o uso de recursos e permitir uma nova maneira de

planejar controlar e regular o sistema de sauacutede (Viana e Lima 2011) Sem ferir a

autonomia dos entes federativos (Abrucio 2002) nestes espaccedilos os pactos satildeo

trabalhados entre os gestores locais regionais e estaduais para ampliar a governanccedila e

propiciar a organizaccedilatildeo e assim garantir acesso igual aos desiguais (Junqueira 2004)

Entende-se que a regiatildeo de sauacutede possui duplo sentido

[1] base territorial cujos elementos engendram o planejamento de uma rede

de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede e os processos de incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica

qualificaccedilatildeo e alocaccedilatildeo de recursos humanos de modo a garantir

autossuficiecircncia do sistema de sauacutede em aacutereas especiacuteficas Configuram-se

ainda como espaccedilos geograacuteficos vinculados agrave conduccedilatildeo poliacutetico-administrativa

do sistema de sauacutede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuterio (Viana e Lima

2011 p13)

Este entendimento evidencia a complexidade da organizaccedilatildeo e do financiamento

para dotar as regiotildees de sauacutede com autossuficiecircncia no sistema de sauacutede

Com a descentralizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do SUS foram definidos mecanismos

de distribuiccedilatildeo e transferecircncias de recursos financeiros agraves instacircncias subnacionais

Constitucionalmente coube agrave Uniatildeo o papel de ser o financiador normatizador e

coordenador das relaccedilotildees intergovernamentais da poliacutetica Desta forma tem autoridade

para tomar decisotildees e dispotildee de recursos institucionais que influenciam as escolhas dos

governos locais (Arretche 2004)

Com a ediccedilatildeo do Pacto o instrumento orientador da organizaccedilatildeo e financiamento

dos serviccedilos nos municipais e na regiatildeo eacute o Termo de Compromisso de Gestatildeo o qual

tambeacutem define estiacutemulos financeiros para a regionalizaccedilatildeo O Pacto pela Sauacutede define

responsabilidades no financiamento para os trecircs entes federativos e refere que os

recursos federais para custeio seratildeo transferidos em blocos de recursos aos entes

subnacionais para Atenccedilatildeo baacutesica Atenccedilatildeo de meacutedia e alta complexidade Vigilacircncia

em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica e Gestatildeo do SUS De acordo com as diretrizes

estabelecidas como estiacutemulo agrave regionalizaccedilatildeo seratildeo priorizados investimentos para

fortalececirc-la tendo como base o PDR atualizado (Brasil 2006)

31

O pacto refere que para fortalecer a Atenccedilatildeo Baacutesica conforme disponibilidade

orccedilamentaacuteria seratildeo transferidos recursos fundo a fundo para aqueles municiacutepios que

apresentarem projetos selecionados de acordo com criteacuterios pactuados na Comissatildeo

Intergestores Tripartite Aleacutem disso como parte dos recursos do Piso da Atenccedilatildeo Baacutesica

variaacutevel tambeacutem seratildeo destinados recursos aos estados para Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais um montante financeiro igual a 5 do valor miacutenimo do

PAB fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado Para a distribuiccedilatildeo destes recursos os

estados de acordo com suas especificidades deveratildeo definir criteacuterios de utilizaccedilatildeo do

referido recurso devendo estes ser informados ao plenaacuterio da CIT (Brasil 2006)

O Pacto pela Sauacutede amplia a gestatildeo financeira nos municiacutepios e embora o sistema

de transferecircncias fiscais favoreccedila os municiacutepios de pequeno porte as desigualdades das

condiccedilotildees econocircmicas associada agrave baixa capacidade tributaacuteria e capacidade de

sobrevivecircncia com recursos exclusivos proacuteprios torna a estrutura municipal fraacutegil

financeiramente (Abrucio 2005) Nesse sentido desde sua implantaccedilatildeo o SUS vem

alcanccedilando avanccedilos inegaacuteveis mas os problemas relacionados agrave insuficiecircncia de

recursos financeiros frente aos princiacutepios constitucionais deste sistema eacute uma

realidade

Esses municiacutepios de modo geral tecircm necessidade de melhorar a infraestrutura

fiacutesica e de equipamentos da rede de serviccedilos contratar profissionais e capacitar a

equipe manter a rede proacutepria encaminhar pacientes e adquirir medicamentos entre

outros Satildeo serviccedilos cujo custo operacional eacute elevado e sobrecarrega os municiacutepios e o

tornam dependente das transferecircncias da uniatildeo e do estado para implementar a poliacutetica

municipal (Arretche 2004) Para a garantia da integralidade da atenccedilatildeo aos seus

muniacutecipes satildeo requeridos arranjos cooperativos na prestaccedilatildeo de serviccedilos (Santos e

Andrade 2011)

Com o Pacto pela Sauacutede os espaccedilos de pactuaccedilatildeo antes denominados Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais ou Microrregionais existentes em alguns estados

transformam-se em Colegiados de Gestatildeo Regional considerados como espaccedilo

permanente de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa entre entes federativos da

regiatildeo cujas decisotildees devem ser consensuadas para organizar a rede regional de

atenccedilatildeo agrave sauacutede integrada e resolutiva (Brasil 2006)

32

A composiccedilatildeo dos Colegiados de Gestatildeo Regional se daacute por representaccedilatildeo do

estado atraveacutes da Secretaria de Estado da Sauacutede em niacutevel regional e do conjunto de

municiacutepios das regiotildees Os CGR foram criados com o intuito de que o planejamento a

coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos no acircmbito das regiotildees de

sauacutede fossem desenvolvidos de forma cooperativa entre os entes federativos Entre suas

funccedilotildees estatildeo a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede na regiatildeo e a proposiccedilatildeo de

soluccedilotildees o que implica na organizaccedilatildeo da rede assistencial regional (Brasil 2006)

Apesar disso o grau de articulaccedilatildeo entre os entes para viabilizar tais accedilotildees ainda eacute

dependente da iniciativa do gestor estadual condutor do processo

O que inova no pacto eacute a concepccedilatildeo poliacutetica da regionalizaccedilatildeo que prevecirc natildeo

apenas a dimensatildeo teacutecnica do processo mas a pactuaccedilatildeo entre gestores municipais e

estaduais Contempla uma nova configuraccedilatildeo de regiatildeo pressupotildee uma nova forma de

gerir e intervir sobre a realidade social interagindo e articulando os diferentes atores

sociais ou seja instituiccedilotildees e pessoas para integrar conhecimentos saberes e

experiecircncias

As diretrizes do SUS satildeo uacutenicas para todo o territoacuterio brasileiro mas a sua

implementaccedilatildeo difere e sofre interferecircncia das heranccedilas territoriais e heterogeneidades

das regiotildees o que evidencia a complexidade analiacutetica institucional e poliacutetica do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (Viana et al 2008) Na regionalizaccedilatildeo a conformaccedilatildeo das

redes de atenccedilatildeo eacute uma necessidade e deve considerar a diversidade dos contextos e

lugares que conformam a regiatildeo a unicidade e descentralizaccedilatildeo do SUS as

modalidades e os tipos de serviccedilos de sauacutede existentes e necessaacuterios para garantir o

principio da integralidade na assistecircncia agrave sauacutede

As redes regionalizadas podem proporcionar a interaccedilatildeo entre as poliacuteticas puacuteblicas

e a oportunidade de intervir sobre os determinantes do processo sauacutede-doenccedila Aleacutem

disso melhoram a qualidade da atenccedilatildeo a equidade em sauacutede e reduzem os custos dos

serviccedilos por imprimir uma maior racionalidade sistecircmica na utilizaccedilatildeo dos recursos

(Silva 2011) Podem ainda criar condiccedilotildees estruturais para efetivar os direitos

constitucionais do cidadatildeo mas implantar e operacionalizar as redes impotildeem desafios

visto que os processos de decisatildeo planejamento e avaliaccedilatildeo passam a ter um novo

desenho cujas abordagens devem dar conta da gestatildeo de estruturas gerenciais

policecircntricas (Teixeira e Ouverney 2007)

33

A conformaccedilatildeo de redes construiacutedas entre entes autocircnomos permite que cada

integrante preserve sua identidade que defina os objetivos de forma coletiva entre

agentes puacuteblicos e privados centrais e locais que articule as pessoas e instituiccedilotildees e de

maneira integrada firme compromissos para enfrentar os problemas sociais orientar as

accedilotildees e respeitar as diversidades (Junqueira 2004)

Em dezembro de 2010 o Ministeacuterio da Sauacutede editou a Portaria no 4279 que

estabelece as diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (RAS) do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) Segundo essa Portaria a RAS tem como objetivo

ldquopromover a integraccedilatildeo sistecircmica de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede com provisatildeo de atenccedilatildeo

contiacutenua integral e de qualidade responsaacutevel e humanizada bem como incrementar o

desempenho do Sistema em termos de acesso equidade eficaacutecia cliacutenica e sanitaacuteria e

eficiecircncia econocircmicardquo (MS 2010)

Em 2011 foi editado o Decreto no 75082011

4 que contempla a formaccedilatildeo de

redes nas regiotildees de sauacutede Intervir sobre as regiotildees de sauacutede e construir redes de

atenccedilatildeo regionalizada requer por parte dos gestores accedilatildeo intersetorial jaacute que a

complexidade dos problemas sociais exige diversos olhares e maneiras de abordaacute-los

A intersetorialidade pode ser considerada um fator de inovaccedilatildeo na conduccedilatildeo das

poliacuteticas visto que aleacutem das parcerias natildeo serem estabelecidas de forma isolada muda-

se a loacutegica ou seja passa-se a identificar e considerar os problemas considerar os

saberes e a experiecircncia dos diversos integrantes Aleacutem disso a populaccedilatildeo passa a ser

vista como aquela que pode desempenhar um papel ativo e criativo nesse processo

(Junqueira 2004) A gestatildeo de redes regionalizadas e intersetorializadas pode permitir a

integraccedilatildeo das poliacuteticas de um determinado espaccediloterritoacuterio

Entende-se que a regionalizaccedilatildeo eacute uma estrateacutegia que pode assegurar o direito agrave

sauacutede e integrar os entes federativos sem ferir o princiacutepio da autonomia desde que se

crie um modus operandi que contemple o planejamento a execuccedilatildeo o controle e a

avaliaccedilatildeo na operacionalizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede de forma compartilhada e com

base na realidade vivida da regiatildeo Portanto pressupotildee a organizaccedilatildeo de um complexo

regional constituiacutedo por diferentes estruturas entes federativos autocircnomos instituiccedilotildees

e atores puacuteblicos e privados que participam direta e indiretamente da gestatildeo da sauacutede

4 Este Decreto editado em 28 de junho de 2011 trata da regulamentaccedilatildeo da Lei nordm 808090 e refere

que o seu papel eacute dentre outros de regular a estrutura organizativa do SUS (MS 2011)

34

Entende-se tambeacutem que a gestatildeo regionalizada requer mudanccedilas na gestatildeo com

distribuiccedilatildeo de poder inter-relaccedilotildees entre os diferentes atores sociais desse territoacuterio e

que seu sucesso depende de uma accedilatildeo coordenada do estado Eacute neste entendimento que

se analisa o processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra procurando compreender no acircmbito da gestatildeo a relaccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos

diversos atores integrantes do sistema de sauacutede

3 Institucionalidade e Governanccedila

no Territoacuterio

36

3 INSTITUCIONALIDADE E GOVERNANCcedilA NO TERRITOacuteRIO

Com a nova constituiccedilatildeo um conjunto de direitos sociais foi assegurado

inserindo a sauacutede como um dever do Estado Sendo a sauacutede um direito garantido e

elemento estruturante de bem-estar (Gadelha et al 2012) cabe ao Estado o papel de

provedor regulador e financiador de serviccedilos dessa natureza Aleacutem disso ele tem a

importante funccedilatildeo de formular poliacuteticas puacuteblicas que possam assegurar tais direitos

(Fleury e Ouvrney 2012)

Haacute muitas definiccedilotildees sobre poliacuteticas puacuteblicas mas de modo geral referem-se a

decisotildees que transformadas em um conjunto de medidas orientam a poliacutetica de Estado

para aquilo que se deseja alcanccedilar regulam as atividades governamentais inerentes a

interesses puacuteblicos influenciam e satildeo influenciadas pela realidade econocircmica social e

ambiental que envolve o Estado as pessoas e as instituiccedilotildees

Aleacutem dos direitos sociais a Constituiccedilatildeo brasileira de 1988 trouxe importantes

desafios para os entes federativos Constitucionalmente eles passaram a ter maior

autonomia mas num contexto de mudanccedilas tiveram que enfrentar sucessivas crises e

desequiliacutebrios fiscais que motivaram tentativas de ajustes da economia e a reforma do

estado (Santos 1997) Foi neste contexto de reformas que o SUS foi implantado nos

anos de 1990 num esforccedilo de instituir o pacto federativo incorporado agrave Constituiccedilatildeo de

1988 mas a agenda de reformas econocircmica e politica do paiacutes era naquele momento

desfavoraacutevel agrave construccedilatildeo de poliacuteticas universais

A agenda de reformas econocircmicas associada agrave complexidade dos problemas

daquele periacuteodo com pressotildees crescentes da sociedade sobre os direitos de cidadania

trouxe para a agenda governamental a necessidade de uma nova gestatildeo puacuteblica com

condiccedilotildees de enfrentar os desafios lanccedilados e melhorar o desempenho do Estado

(Knopp 2011) Momento em que foram desencadeados debates sobre o novo papel do

Estado discutidos os requisitos poliacuteticos societais organizacionais e gerenciais para

encontrar alternativas e tornaacute-lo eficiente e eficaz com capacidade para enfrentar os

desafios e dilemas que se apresentavam (Cavalheiro et al 2009)

37

Dentro do formato descentralizado do SUS a importacircncia atribuiacuteda ao papel do

Estado pode ser compreendida na representaccedilatildeo do arcabouccedilo poliacutetico-institucional

desse Sistema (Gadelha et al 2012) O novo desenho conforma um sistema complexo

implica em mudanccedilas no poder e na distribuiccedilatildeo de responsabilidades e requer

sustentabilidade estrutural para legitimar os direitos constitucionais

Como poliacutetica de Estado o SUS foi instituiacutedo num cenaacuterio de mudanccedilas e de

correlaccedilatildeo de forccedilas entre entes federativos autocircnomos com falta de clareza quanto ao

papel de cada ente na sua implementaccedilatildeo A partir da deacutecada de 1990 o MS comeccedila a

editar normas que explicitam sua institucionalidade e a maneira de gerir o sistema de

sauacutede As Normas Operacionais Baacutesicas foram editadas nos anos de 1991 1993 e 1996

a Norma Operacional da Assistecircncia em 2001 e 2002 o Pacto pela Sauacutede em 2006 e

mais recentemente o Decreto no 75082011

Com especificidades todas estas normativas induziram a descentralizaccedilatildeo do

SUS definiram criteacuterios responsabilidades e o papel de cada gestor do SUS por niacutevel

de governo Geraram mudanccedilas nas funccedilotildees e competecircncias do MS da SES e das SMS

e influenciaram a dinacircmica e as estruturas de organizaccedilatildeo e gestatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas com a redefiniccedilao das relaccedilotildees entre as esferas de governo entre Estado e

sociedade e Estado e mercado (Fleury e Ouverney 2006)

O processo de descentralizaccedilatildeo propiciou a criaccedilatildeo de estrateacutegias inovadoras na

gestatildeo introduziu mudanccedilas nos modelos e praacuteticas de cuidado e propiciou a

participaccedilatildeo da sociedade civil na gestatildeo do SUS atraveacutes dos Conselhos de Sauacutede e

Conferecircncias de Sauacutede no acircmbito local estadual e nacional (Fleury e Ouverney 2012)

A descentralizaccedilatildeo implicou uma nova maneira de gerir e a criaccedilatildeo das instacircncias

colegiadas interfederativas criou as condiccedilotildees para aproximar as relaccedilotildees buscar

consenso entre os diferentes atores envolvidos na construccedilatildeo do SUS e o

estabelecimento de pactos e decisotildees poliacuteticas e administrativas referentes ao sistema de

sauacutede em acircmbito nacional estadual regional e municipal (Pinto et al 2014)

Estudo realizado por Fleury et al (2010) afirma que de 1996 a 2006 houve

ldquomodificaccedilotildees importantes na relaccedilatildeo Estado-sociedade em direccedilatildeo a um padratildeo mais

democraacutetico de exerciacutecio do poder localrdquo Para os autores se mantida a atual

configuraccedilatildeo institucional do SUS a esfera municipal se tornaraacute o loacutecus privilegiado de

resoluccedilatildeo dos desafios enfrentados pelo SUS Tambeacutem chamam a atenccedilatildeo para a

38

necessidade de construccedilatildeo de bases solidas no acircmbito da governanccedila local pois o

sucesso das intervenccedilotildees dependem de estrateacutegias capazes de oferecer apoio teacutecnico

gerencial e politico na implementaccedilatildeo das politicas de sauacutede Estas estrateacutegias se

viabilizadas atraveacutes da poliacutetica regionalizada da sauacutede que articula diferentes atores

sociais podem fortalecer a governanccedila no acircmbito local e regional (p454)

A governanccedila estaacute relacionada agrave forma como o governo exerce o seu poder e sua

capacidade organizativa ou seja a capacidade dos governos para desenvolver o

planejamento a formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas e cumprir suas funccedilotildees A

boa governanccedila eacute indispensaacutevel para o desenvolvimento sustentado que associa

crescimento econocircmico equidade social e direitos humanos (Santos 1996)

Segundo as agecircncias internacionais de financiamento entre elas o Banco Mundial

a governanccedila eacute definida como ldquoo exerciacutecio da autoridade controle administraccedilatildeo poder

de governosrdquo tambeacutem entendida como ldquoa maneira pela qual o poder eacute exercido na

administraccedilatildeo dos recursos sociais e econocircmicos de um paiacutes visando o

desenvolvimentordquo (Gomides 1996 p179)

Segundo Santos (1997) os termos governanccedila e governabilidade divergem entre

alguns autores sendo a governabilidade relacionada agraves condiccedilotildees sistecircmicas e

institucionais em que se daacute o exerciacutecio do poder a forma de governo as relaccedilotildees entre

os poderes e o sistema de intermediaccedilatildeo de interesses O termo governanccedila estaacute

basicamente ligado agrave performance dos atores e sua capacidade no exerciacutecio da

autoridade politica Neste sentido a autora considera ser pouco relevante no contexto

atual distinguir os conceitos de governanccedila e governabilidade e para tanto adota o

termo capacidade governativa (Santos 1997) termo utilizado neste trabalho

A capacidade organizativa tambeacutem conhecida como modus operandi das politicas

governamentais eacute fundamental para o desenvolvimento sustentado equitativo e

democraacutetico e natildeo se restringe apenas aos aspectos gerenciais e administrativos do

aparelho do Estado (Santos 1997) O modus operandi das poliacuteticas envolve as questotildees

relativas agrave coordenaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre os atores sociais Pode-se dizer que engloba

tanto as caracteriacutesticas operacionais do Estado como tambeacutem sua dimensatildeo

poliacuteticoinstitucional capaz de mobilizar apoio agraves politicas governamentais a

capacidade financeira instrumental e operacional do Estado

39

O modus operandi das politicas governamentais inclui dentre outras questotildees

aquelas ldquoligadas ao formato poliacutetico-institucional dos processos decisoacuterios agrave definiccedilatildeo

do mix apropriado puacuteblico-privado nas politicas agrave participaccedilatildeo e descentralizaccedilatildeo aos

mecanismos de financiamento das politicas e ao alcance global dos programasrdquo (Melo

1995 apud Santos 1997)

A governanccedila consiste na reparticcedilatildeo de poder entre aqueles que governam e os

que satildeo governados na negociaccedilatildeo entre os atores sociais na descentralizaccedilatildeo da

autoridade e das funccedilotildees relacionadas ao ato de governar (Pereira 2010) Os niacuteveis de

governabilidade podem variar e sofrem o impacto das relaccedilotildees entre os poderes dos

sistemas partidaacuterios do sistema de intermediaccedilatildeo de interesses e da forma de governo

(Cavalheiro et al 2009)

Com o Pacto pela Sauacutede a governanccedila ganha espaccedilo no debate e se materializa

nos espaccedilos de gestatildeo colegiada Nesses colegiados a governanccedila pressupotildee arranjos

envolve diversos contextos institucionais e atores com objetivos particulares mas

inseridos num territoacuterio de uso comum que requer fortalecimento das relaccedilotildees verticais

e horizontais que conformam o complexo regional Eacute uma nova dinacircmica de gestatildeo

Orientados pela institucionalidade da unicidade do SUS a governanccedila na

regionalizaccedilatildeo implica na pactuaccedilatildeo de estrateacutegias que possam convergir os diferentes

interesses em torno dos objetivos comuns (Fleury e Ouverney 2006) Implica em

acordos pactuaccedilotildees consensos e compartilhamentos em relaccedilatildeo agraves regras e aos

mecanismos de planejamento que assegurem o financiamento a regulaccedilatildeo e gestatildeo do

sistema para proverem de forma corresponsaacutevel os serviccedilos da rede de atenccedilatildeo

regionalizada

A regulaccedilatildeo do sistema contemplada no Pacto pela Sauacutede guarda interface com o

planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo e com os diversos niacuteveis de complexidade da

assistecircncia (Nascimento 2009) Aleacutem disso contribui para garantir o acesso da

populaccedilatildeo aos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a uma assistecircncia qualificada e cabe aos

entes federativos a importante tarefa compartilhada de regular o sistema de sauacutede a

atenccedilatildeo e o acesso agrave sauacutede (Vilarins 2012)

A regulaccedilatildeo sobre os sistemas de sauacutede define as normas o monitoramento o

controle e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede A regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede estaacute

relacionada com a contratualizaccedilatildeo e a regulaccedilatildeo do acesso a avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave

40

sauacutede e a auditoria A regulaccedilatildeo assistencial ou do acesso se responsabiliza pelas accedilotildees

que ajustam as necessidades e a oferta de forma ordenada para garantir o acesso

universal integral e equacircnime (Vilarins 2012 Nascimento 2009)

A regulaccedilatildeo no Pacto pela Sauacutede tambeacutem faz parte dos instrumentos de gestatildeo

compartilhada Sua institucionalidade contribui para tornar mais claras as funccedilotildees e

responsabilidades de cada ente federativo e explicita as relaccedilotildees horizontais a serem

estabelecidas entre os prestadores no territoacuterio de abrangecircncia do complexo regulador

Na regionalizaccedilatildeo da sauacutede o gestor estadual eacute o principal regulador e articulador dos

municiacutepios na provisatildeo dos serviccedilos cujo objetivo eacute fortalecer a interdependecircncia entre

os municiacutepios e ampliar a capacidade regional no sentido de organizar uma rede de

atenccedilatildeo que seja capaz de prover a atenccedilatildeo integral com maior equidade (Fleury e

Ouverney 2006)

A rede de atenccedilatildeo do SUS foi configurada a partir da estruturaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio nos anos 20 sendo os anos 30 o marco do sistema previdenciaacuterio no

Brasil onde se desenvolveu o embriatildeo dos direitos sociais Eacute tambeacutem quando o setor

privado comeccedila a se inserir nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede e na sua governanccedila

A oferta de serviccedilos meacutedicos oferecidos por iniciativa das empresas a

trabalhadores aparece nos registros desde 1911 na cidade de Satildeo Paulo Os conflitos da

classe operaacuteria por condiccedilotildees miacutenimas de trabalho atingiram seu ponto maacuteximo com as

greves de 1917 e 1919 (Possas 1989) Naquele periacuteodo a oferta de tais serviccedilos eram

arranjos considerados necessaacuterios para manter o processo de trabalho parte dos custos

destes serviccedilos era transferida para os trabalhadores um desconto que correspondia a

cerca de 2 dos salaacuterios

A estruturaccedilatildeo e o desenvolvimento da previdecircncia social iniciam-se com a

criaccedilatildeo das Caixas de Aposentadorias e Pensotildees (CAP) em 1923 Concebidas na loacutegica

da capitalizaccedilatildeo tiacutepica de seguro social sustentavam-se a partir da contribuiccedilatildeo de

empregados e empregadores e os benefiacutecios da assistecircncia meacutedica davam-se

principalmente pela compra de serviccedilos (Menicucci 2007 Viana et al 2008)

Ateacute a deacutecada de 1930 a previdecircncia social era deixada para o setor privado

empresarial concedida atraveacutes do contrato estabelecido entre o empregador e o

empregado (Cohn 1980) Foi no Governo Vargas a partir de 1930 que o processo de

configuraccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas se inicia momento em que tambeacutem se configura o

41

sistema previdenciaacuterio com repercussotildees na poliacutetica trabalhista incluindo-se tambeacutem a

previdecircncia social que traz para o seu governo o comando das accedilotildees com a criaccedilatildeo dos

Institutos de Aposentadoria e Pensotildees - IAP (Possas 1989)

Com a concepccedilatildeo de uma previdecircncia social mais restrita quanto aos benefiacutecios e

agraves despesas os IAP mantiveram a assistecircncia meacutedica que se expandiu no final dos anos

50 e iniacutecio da deacutecada de 60 Foi neste periacuteodo que se iniciou o sistema de proteccedilatildeo

social com direitos sociais diferenciados entendido como um direito contratual de

proteccedilatildeo contra certos riscos tendo o trabalhador o dever de ajudar a garantir o seu

futuro visto que parte dos seus rendimentos era renunciado para o sistema

previdenciaacuterio (Possas 1989)

O formato de proteccedilatildeo social estabelecido no primeiro governo Vargas assemelha-

se ao modelo bismarckiano que se caracteriza como seguro social com acesso

garantido mediante preacutevio pagamento de uma contribuiccedilatildeo de empregados e

empregadores Em 1940 contrapondo-se a este modelo ganha repercussatildeo o modelo

beveridgeano que natildeo se limita agrave loacutegica do seguro social Seu foco eacute o cidadatildeo e se

caracteriza pelo caraacuteter universal natildeo exige contribuiccedilatildeo individual anterior para a

obtenccedilatildeo de um benefiacutecio baacutesico e afere direitos sociais pela caracteriacutestica definidora da

cidadania (Salvador 2008 apud Pacheco 2012) Esses modelos serviram de subsiacutedios

para a configuraccedilatildeo do arcabouccedilo de proteccedilatildeo social brasileiro seja por parte do

governo seja pelas reivindicaccedilotildees dos trabalhadores

Dentro deste formato a assistecircncia meacutedica vai se configurando com suas origens

incorporadas aos benefiacutecios previdenciaacuterios como um benefiacutecio vinculado ao trabalho

formal com as caracteriacutesticas de seguro natildeo se constituindo como um direito a toda a

populaccedilatildeo e ofertado por empresas privadas Inicia-se aiacute a cidadania regulada cujos

direitos sociais estatildeo vinculados a assalariados urbanos (Santos 1979 apud Viana et al

2008)

A medicina previdenciaacuteria que se expande a partir do final da deacutecada de 1950

sofre influecircncias do desenvolvimento tecnoloacutegico com incorporaccedilatildeo de equipamentos

meacutedicos hospitalares e medicamentos e aumenta os custos das despesas hospitalares ao

tempo que reduz a importacircncia das medidas de sauacutede puacuteblica com reduccedilatildeo do jaacute

precaacuterio orccedilamento do Ministeacuterio da Sauacutede (Menicucci 2007)

42

O projeto da Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social (LOPS) tramitou no congresso

durante 14 anos e a lei foi sancionada em 1960 Com a aprovaccedilatildeo da LOPS o governo

pocircde legitimar uma praacutetica que jaacute existia e permitiu que as empresas atendessem seus

empregados e dependentes com serviccedilos proacuteprios ou contratados (Bahia 2008) Com a

LOPS os benefiacutecios e os serviccedilos meacutedicos passam a assumir a mesma importacircncia na

definiccedilatildeo das finalidades da previdecircncia social A expansatildeo da assistecircncia meacutedica foi

contemplada mas natildeo foi prevista a instalaccedilatildeo de serviccedilos proacuteprios permitindo que os

convecircnios e contratos fossem estabelecidos entre institutos ou com estabelecimentos

hospitalares privados (Menicucci 2007)

As diretrizes contidas na LOPS contemplavam a participaccedilatildeo dos setores

assalariados nos oacutergatildeos de decisatildeo mas ela foi suprimida reflexo das restriccedilotildees de

participaccedilatildeo poliacutetica a partir de 1966 A unificaccedilatildeo do sistema previdenciaacuterio

representou uma ruptura em relaccedilatildeo ao modelo anterior vigente ateacute 1964 (Cohn 1980)

No periacuteodo de 1950 a 1964 a despesa da previdecircncia aumentou mais rapidamente

que a receita agravando sua situaccedilatildeo financeira Segundo Possas (1989) na praacutetica a

Uniatildeo nunca contribuiacutea Aleacutem disso as empresas atrasavam suas contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias e depois podiam pagar com um valor mais baixo Havia tambeacutem

excessos com aposentadorias quando alguns empresaacuterios beneficiavam parentes no

ultimo mecircs com altos salaacuterios porque sabiam que seriam aposentados com este valor

Esses fatores entre outros como tambeacutem o regime de capitalizaccedilatildeo de parte dos

recursos arrecadados pela previdecircncia e investidos em setores da economia

contribuiacuteram com a crise e a previdecircncia que jaacute natildeo conseguia cumprir as obrigaccedilotildees

de pagamento aos aposentados e pensionistas de quase todos os IAP entra em colapso

financeiro no iniacutecio da deacutecada de 1960 Do total das despesas dos IAP as despesas

meacutedicas em 1959 representavam 136 mais que o dobro do percentual de 1947

65 (Cohn 1980 Possas 1989) A maior parte dos recursos para pagamento das

despesas meacutedicas era repassada ao setor privado conveniado por meio dos IAP

Apesar da crise financeira da previdecircncia social que necessitava manter o

equiliacutebrio financeiro do sistema foi transferida para as empresas meacutedicas quase a

totalidade dos recursos previdenciaacuterios A exclusatildeo da participaccedilatildeo dos trabalhadores na

administraccedilatildeo de seu proacuteprio patrimocircnio em 1964 facilitou para que a previdecircncia

social atuasse de forma mais livre Foram transferidos sem restriccedilatildeo recursos do INPS

43

para as empresas meacutedicas privadas do FGTS ao setor imobiliaacuterio e do PIS-PASEP aos

mercados de accedilotildees e tiacutetulos Foi desta forma que na deacutecada de 1960 as empresas

meacutedicas e os hospitais privados impulsionaram a expansatildeo da medicina capitalista no

Brasil (Possas 1989)

Dos serviccedilos previdenciaacuterios em 1969 aproximadamente 93 eram comprados

de terceiros empresas meacutedicas e hospitais privados Com esta poliacutetica o INPS estimula

a participaccedilatildeo da iniciativa privada em detrimento dos serviccedilos proacuteprios O mercado de

convecircnios-empresa eacute impulsionado e o mesmo acontece com as empresas de medicina

de grupo cooperativas meacutedicas e organizaccedilatildeo de sistemas assistenciais proacuteprios de

algumas instituiccedilotildeesempresas empregadoras Segundo Bahia (2008) este mercado

empresarial consolidou-se nas deacutecadas de 1950 a 1970 e ateacute hoje constitui a maior fonte

de receita das empresas de planos e seguros de sauacutede

Foi tambeacutem na deacutecada de 1960 com a ediccedilatildeo da Lei nordm 450664 que o governo

federal permitiu a vinculaccedilatildeo das empresas empregadoras e dos empregados a planos

privados de sauacutede isentou ldquodos rendimentos tributados dos empregadores as

indenizaccedilotildees por acidente de trabalho os precircmios com seguro de vida em grupo pagos

pelo empregador em benefiacutecio de seus empregados os serviccedilos meacutedicos hospitalares e

dentaacuterios mantidos ou pagos pelo empregador em benefiacutecio dos seus empregadosrdquo

Aleacutem disso isentou das deduccedilotildees do trabalho assalariado ldquoas contribuiccedilotildees para

institutos e caixas de aposentadoria e pensotildees ou as contribuiccedilotildees para outros fundos de

beneficecircnciardquo (Bahia 2008) As poliacuteticas neste periacuteodo estiveram voltadas para o

incentivo e apoio agrave oferta privada de estabelecimentos de sauacutede

A isenccedilatildeo fiscal refere-se agraves deduccedilotildees de gastos em sauacutede que pode ocorrer tanto

por parte da pessoa fiacutesica como por parte das empresas tendo como referecircncia a base

sobre a qual eacute calculado o imposto de renda Para a pessoa fiacutesica a renuacutencia fiscal

ocorre quando os gastos com serviccedilos e planos de sauacutede satildeo deduzidos do imposto de

renda da receita tributaacutevel do contribuinte Nas empresas a base de caacutelculo do imposto

de renda tambeacutem deduz da receita tributaacutevel quando estas inserem como custos os

gastos que tecircm com serviccedilos e planos de sauacutede dos seus funcionaacuterios Natildeo daacute para

afirmar que os recursos que o Estado deixa de arrecadar do gasto tributaacuterio ou renuacutencia

fiscal da pessoa fiacutesica e das empresas financiem a totalidade dos gastos privados em

sauacutede mas se pode dizer que a isenccedilatildeo permitida sobre a base de caacutelculo do imposto de

44

renda torna o Estado um dos grandes financiadores dos gastos privados em sauacutede

(Santos 2008)

No Simpoacutesio Brasileiro de Medicina de Grupo em 1972 a Secretaacuteria de

Assistecircncia Meacutedica e Social do Ministeacuterio do Trabalho como representante do INPS

declarou que ldquoa iniciativa () era coerente com a filosofia do Governo traduzida no

entatildeo Projeto de Lei da Reforma Administrativa de os oacutergatildeos da administraccedilatildeo puacuteblica

se eximirem da prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que a iniciativa privada pudesse

assegurar sua condiccedilatildeordquo (Possas 1989 p236) Esse entendimento por parte dos

implementadores da poliacutetica naquele periacuteodo optando por natildeo ampliar a rede proacutepria

favorece a expansatildeo da rede privada Essa escolha seraacute condicionante da evoluccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica nos anos posteriores (Menicucci 2007)

A fala daquela secretaacuteria estaacute em consonacircncia com a Carta Constitucional do

regime militar que priorizava a iniciativa privada em detrimento do puacuteblico O

Decreto-lei nordm 20067 que efetiva a reforma administrativa do governo exime da

responsabilidade puacuteblica a prestaccedilatildeo direta de serviccedilos sempre que o setor privado

puder executaacute-la Na assistecircncia meacutedica esse Decreto-lei 200 prioriza o estabelecimento

de convecircnios com entidades puacuteblicas e privadas existentes na comunidade Apoacutes a

ediccedilatildeo de tal decreto houve uma crescente vinculaccedilatildeo do setor privado agraves instituiccedilotildees

estatais (Menicucci 2007)

Com o mercado aquecido pela expansatildeo dos benefiacutecios agrave populaccedilatildeo

previdenciaacuteria as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado satildeo fortalecidas a partir da deacutecada

de 1960 e vatildeo-se modificando ao longo dos anos configurando um mix no sistema de

sauacutede uma racionalidade privatizante entre os anos 1960 e 1980 que ldquoembora

tecnicamente justificada desencadeou e exacerbou seus traccedilos perversosrdquo (Almeida

1998 p11) Em 1960 do total de hospitais 621 eram privados entre 1950 e 1975

dobrou o nuacutemero de leitos hospitalares no paiacutes a proporccedilatildeo de leitos particulares sobre

o total de leitos se elevou de 539 em 1950 para 684 em 1975 (Possas 1989

Santos 2004)

Outro incentivo ao setor privado ocorreu em 1974 quando o governo Geisel criou

o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) Esse fundo administrado pela

Caixa Econocircmica Federal tinha os juros subsidiados por recursos da Uniatildeo e a linha de

creacutedito oferecia financiamento para reformas e construccedilotildees de estabelecimentos

45

privados hospitalares inclusive para aqueles vinculados agraves empresas privadas de planos

de sauacutede (Bahia 2008) O FAS em 1977 transferiu aproximadamente 815 de seu

financiamento ao setor privado de sauacutede para instalaccedilotildees de hospitais e cliacutenicas

privadas (Possas 1989) Esse recurso esteve disponiacutevel ao setor privado e permitiu a

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980

A rede hospitalar privada encontrou na poliacutetica de sauacutede a oportunidade de

expansatildeo dos serviccedilos ateacute os anos 1980 O governo contratava os serviccedilos e oferecia

subsiacutedios para a construccedilatildeo O valor pago pelos serviccedilos prestados era definido pelo

Estado havia resistecircncia do setor privado agrave sua subordinaccedilatildeo crescente ao Estado

entendo-a como uma estatizaccedilatildeo da medicina Mesmo com este entendimento os

serviccedilos conveniados expandiram-se significativamente (Menicucci 2007)

As atividades das empresas privadas de planos de sauacutede e de assistecircncia agrave sauacutede

que estabeleciam convecircnio com a previdecircncia foram impulsionadas natildeo soacute pelos

convecircnios-empresa mas tambeacutem pelas poliacuteticas de apoio com recursos dos orccedilamentos

puacuteblicos Essas empresas tinham autorizaccedilatildeo para descontar das contribuiccedilotildees

previdenciaacuterias a parcela das aliacutequotas destinadas agraves empresas de planos de sauacutede ainda

assim os empresaacuterios alegavam que esse recurso natildeo cobria a totalidade dos custos Por

parte do trabalhador ldquoas contribuiccedilotildees eram vinculadas primeiro agrave folha de pagamento

e depois ao salaacuterio miacutenimo Esse esquema de financiamento baseado nos subsiacutedios

diretos agrave demanda foi complementado e mais tarde substituiacutedo pelas deduccedilotildees fiscaisrdquo

(Bahia 2008 p158)

O Estado financiou e favoreceu a configuraccedilatildeo de um complexo meacutedico-

industrial quando repassou recursos para o setor privado atraveacutes das linhas de creacutedito

comprou serviccedilos do setor privado permitiu a isenccedilatildeo fiscal e estimulou a praacutetica

empresarial na provisatildeo da assistecircncia agrave sauacutede de seus empregados (Coelho 2011)

A Previdecircncia Social tornou-se a maior compradora de serviccedilos meacutedicos do paiacutes e

fortaleceu o setor privado na oferta de serviccedilos e equipamentos meacutedico-hospitalares O

sistema previdenciaacuterio ao inveacutes de constituir uma rede prestadora puacuteblica incentivou as

empresas a se responsabilizar pela assistecircncia aos seus empregados justificada pela

intenccedilatildeo de aliviar a rede puacuteblica Essas condutas favoreceram o surgimento da

medicina de grupo das cooperativas meacutedicas e dos sistemas de autogestatildeo vinculados a

empresas empregadoras (Coelho 2011) Aleacutem disso resultou em desigualdades de

46

oferta cobertura qualidade e acesso entre os diferentes estratos de trabalhadores como

tambeacutem quanto ao tipo dos serviccedilos oferecidos (Menicucci 2007)

Em 1980 aproximadamente 10 dos brasileiros jaacute contavam com a cobertura de

esquemas institucionalizados privados de assistecircncia agrave sauacutede (Bahia 2008) A

conjuntura tambeacutem facilitou a inserccedilatildeo dos interesses privados no espaccedilo burocraacutetico e

decisoacuterio interferiu na configuraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo e o governo natildeo conseguiu

desenvolver sua capacidade reguladora (Coelho 2011)

Pode-se dizer que este sistema durante sua fase de consolidaccedilatildeo contou com a

ineficiecircncia do controle puacuteblico com centralizaccedilatildeo clientelismo superposiccedilatildeo de

programas e clientelas com ausecircncia da participaccedilatildeo de sindicatos partidos e

movimentos sociais nos processos de decisatildeo Aleacutem destas questotildees destaca-se a

submissatildeo do gasto social aos criteacuterios econocircmicos e financeiros e o princiacutepio da

privatizaccedilatildeo que propiciou a abertura de espaccedilo para a entrada dos interesses privados

no aparelho do Estado (Draibe 1993)

Tal situaccedilatildeo desencadeou discussotildees quanto aos modelos adotados que

praticamente negavam o bem-estar prometido pelo progresso econocircmico (Draibe

1993) Propostas de reforma dos sistemas foram apresentadas e a agenda de

transformaccedilotildees passou a ser o ajuste fiscal a globalizaccedilatildeo dos mercados e a poliacutetica

para contenccedilatildeo dos custos O sistema de sauacutede passou a ser visto no interior do modelo

de proteccedilatildeo social como uma aacuterea criacutetica com gastos elevados ineficiecircncia na gestatildeo

dos recursos e iniquidades no acesso com perspectivas de manutenccedilatildeo desse padratildeo nos

anos subsequentes Naquele momento tambeacutem eacute visto como um sistema complexo em

expansatildeo associado a um cenaacuterio de transiccedilatildeo epidemioloacutegica demograacutefica e de

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica (Viana et al 2008)

Foi nesse contexto que se criou o Sistema Nacional de Sauacutede pela Lei no

6229

de 17 de julho de 1975 constituiacutedo pelo complexo de serviccedilos do setor puacuteblico e do

setor privado voltado para accedilotildees de interesse da sauacutede que visavam agrave promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento que deu origem a essa Lei deixava claro

a necessidade de uma interferecircncia maior por parte do Estado na definiccedilatildeo e na

articulaccedilatildeo do sistema A referida Lei natildeo se implementou e um dos obstaacuteculos

apontados refere-se agraves dificuldades decorrentes de a prestaccedilatildeo da assistecircncia meacutedica

estar na sua maior parte nas matildeos da iniciativa privada ldquoOs esforccedilos de simplificaccedilatildeo

47

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da praacutetica meacutedica vatildeo esbarrar sempre com os

interesses do setor privado e como natildeo houve alteraccedilatildeo significativa na estrutura

financeira dos componentes do Sistema torna-se difiacutecil esperar mudanccedilas profundas na

rede de serviccedilosrdquo (Oliveira e Fleury 1985 p256)

Posteriormente eacute elaborado o projeto de reformulaccedilatildeo do sistema de Previdecircncia

Social que cria o INAMPS em 1977 uma autarquia vinculada ao Ministeacuterio da

Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) Entre as atribuiccedilotildees do INAMPS cabe

absorver a assistecircncia meacutedica concedida por todos os oacutergatildeos previdenciaacuterios ldquoeacute a maior

expressatildeo da aproximaccedilatildeo da Seguridade Social desvinculando cada vez mais o

atendimento meacutedico da condiccedilatildeo de segurado muito embora natildeo elimine a situaccedilatildeo

financeira cuja base eacute a contribuiccedilatildeo do seguradordquo (Oliveira e Fleury 1985 p258)

Eacute nesse contexto de crise que teacutecnicos do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e do

Ministeacuterio da Previdecircncia Social formulam o PREV-SAUacuteDE - Programa Nacional de

Serviccedilos Baacutesicos de Sauacutede mas que tambeacutem natildeo se efetiva (Oliveira e Fleury 1985)

Ao mesmo tempo propostas de reforma do sistema de sauacutede crescem em diversos

paiacuteses na deacutecada de 80 periacuteodo em que o Banco Mundial insere-se no debate da poliacutetica

de sauacutede produz relatoacuterios das discussotildees setoriais na intenccedilatildeo de racionalizar e ter

maior eficiecircncia na utilizaccedilatildeo dos recursos O referido relatoacuterio aponta ldquoa necessidade

de ajustes econocircmicos e estruturais para o setor sauacutede com o financiamento da atenccedilatildeo

pelo capital privado e a criacutetica contundente agrave universalidade do acesso agrave sauacutederdquo (Viana

et al 2008 p653)

Com a crise acentuada no iniacutecio dos anos 1980 em decorrecircncia entre outros dos

problemas financeiros e das denuacutencias de fraude nos serviccedilos de sauacutede da previdecircncia

social o governo federal edita medidas de intervenccedilatildeo e declara mudanccedilas que satildeo

explicitadas no decreto de instituiccedilatildeo do Conselho Consultivo de Administraccedilatildeo da

Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) Pode-se dizer que neste periacuteodo ocorre ruptura no

modelo considerado privatizante e novos arranjos puacuteblico-privados satildeo estabelecidos

Entre as mudanccedilas destaca-se a definiccedilatildeo de paracircmetros de programaccedilatildeo

assistenciais para racionalizar o credenciamento de serviccedilos privados e readequar a

capacidade instalada dos serviccedilos proacuteprios da previdecircncia social dos hospitais

universitaacuterios dos serviccedilos de sauacutede federais estaduais e municipais de forma a

permitir a ocupaccedilatildeo de toda a capacidade instalada do serviccedilo puacuteblico (Bahia 2008)

48

Com as medidas de intervenccedilatildeo os dirigentes do INAMPS que estavam na

conduccedilatildeo da poliacutetica passam a priorizar o serviccedilo puacuteblico reativar instalaccedilotildees puacuteblicas

ambulatoriais e hospitalares criar terceiros-turnos e serviccedilos de urgecircncias de 24 horas

buscar alternativas para reforccedilar o orccedilamento manter e expandir o custeio dos serviccedilos

puacuteblicos federais estaduais e municipais e investir na estruturaccedilatildeo de uma nova base de

relaccedilatildeo com os prestadores privados As transferecircncias dos recursos federais para

estados e municiacutepios que eram 5 em 1981 aumentaram para 37 em 1987 (Bahia

2008)

O setor privado na deacutecada de 1980 jaacute estava consolidado e criou diferentes

organizaccedilotildees para prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia meacutedica As formas privadas de

assistecircncia agrave sauacutede satildeo ampliadas dentro e fora das empresas por meio dos planos de

sauacutede contratados individualmente se fortalecem independentemente do financiamento

direto do governo e passam a fazer parte do novo mercado de planos empresariais e

individuais em expansatildeo Contribuiacuteram para o fortalecimento do setor privado a

trajetoacuteria dos incentivos puacuteblicos concedidos pelo governo federal os subsiacutedios

financeiros e mecanismos tributaacuterios que associados agrave ausecircncia de intervenccedilotildees

favoreceram investimentos privados na sauacutede e colaboraram para sua

institucionalizaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo (Menicucci 2007)

Aleacutem destas outras decisotildees puacuteblicas fortaleceram a assistecircncia privada entre

elas a compra de serviccedilos privados Esta opccedilatildeo energizou os profissionais as

instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos e suas representaccedilotildees que associada ao

alto custo deste modelo de compra de serviccedilos canalizou percentual significativo de

recursos puacuteblicos para o setor privado Tais decisotildees resultaram no desfinanciamento

puacuteblico em relaccedilotildees perversas entre o setor puacuteblico e privado na maacute qualidade dos

serviccedilos e na opccedilatildeo dos usuaacuterios pela assistecircncia privada (Menicucci 2007)

A clientela dos planos privados e seguros de sauacutede perfazia em 1987 quase 216

milhotildees de beneficiaacuterios (15 da populaccedilatildeo) que se comparados agrave cobertura dos anos

de 1981 (em torno de 10) aumentou expressivamente As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedio indireto editadas pelo governo federal para deduccedilatildeo no imposto de renda de

gastos com sauacutede a favor de servidores puacuteblicos militares pessoas fiacutesicas e empresas

contribuiacuteram para este aumento (Bahia 2008)

49

A experiecircncia a trajetoacuteria e a configuraccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede ateacute vigente entatildeo

orientaram o debate sobre a inserccedilatildeo da sauacutede no texto constitucional e o reordenamento

das relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado Houve embates pressotildees e lobby de

empresaacuterios e outros privatistas que se opunham firmemente agraves propostas de

estatizaccedilatildeo progressiva Como resultado das discussotildees seguiram-se propostas de

participaccedilatildeo do setor privado no SUS sob a forma de serviccedilo puacuteblico concedido cujo

contrato deveria ser regido pelas normas do direito puacuteblico Apesar dos esforccedilos a

substituiccedilatildeo do termo natureza puacuteblica por relevacircncia publica ldquonatildeo contribuiu para

afirmar a precedecircncia do interesse puacuteblico e dos serviccedilos puacuteblicos na perspectiva da

estatizaccedilatildeordquo (Bahia 2008 p162)

As decisotildees tomadas pelos implementadores da poliacutetica ateacute a deacutecada de 1980 a

institucionalizaccedilatildeo das diversas formas empresariais da assistecircncia privada e os diversos

interesses que se constituiacuteram na trajetoacuteria da configuraccedilatildeo do setor sauacutede ateacute este

periacuteodo associadas agrave insuficiecircncia da rede e agrave baixa qualidade dos serviccedilos de sauacutede

puacuteblica subsidiaram o debate preacute-constituinte Estes fatores influenciaram os

posicionamentos a favor da participaccedilatildeo do setor privado no setor puacuteblico quando a

poliacutetica de sauacutede foi redefinida na constituiccedilatildeo e na regulamentaccedilatildeo da assistecircncia

privada no final dos anos 1990 (Menicucci 2007)

A defesa da complementaridade do SUS prevista na Constituiccedilatildeo Federal

considerou o fato de que naquele periacuteodo a administraccedilatildeo puacuteblica ldquocontava com 70

dos serviccedilos privados complementando os serviccedilos puacuteblicosrdquo Esses serviccedilos estavam

inseridos no sistema de sauacutede por intermeacutedio do INAMPS que mantinha esses

contratos e convecircnios com o setor privado lucrativo e sem fins lucrativos A defesa

justificava-se pela intenccedilatildeo de que o puacuteblico pudesse ir superando essa

complementaridade e invertesse esse percentual conforme o financiamento da sauacutede

fosse melhorando (Santos 2010 p80)

A dualidade do sistema de sauacutede estaacute contemplada na Constituiccedilatildeo Federal1988

no artigo 199 ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave iniciativa privadardquo Aleacutem disso a Lei

Orgacircnica da Sauacutede1990 cita no artigo 24 ldquoQuando as suas disponibilidades forem

insuficientes para garantir a cobertura assistencial agrave populaccedilatildeo de uma determinada

aacuterea o Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS poderaacute recorrer aos serviccedilos ofertados pela

50

iniciativa privadardquo mas a prioridade eacute para as entidades filantroacutepicas5 e sem fins

lucrativos (Brasil 1990)

Com a implantaccedilatildeo do SUS o processo de descentralizaccedilatildeo eacute impulsionado e a

municipalizaccedilatildeo da sauacutede propicia a expansatildeo da rede de sauacutede puacuteblica Os municiacutepios

ampliam a capacidade instalada em especial os serviccedilos ambulatoriais mas enfrentam

inuacutemeros problemas para dispor de profissionais e remuneraacute-los manter a rede de

atenccedilatildeo agrave sauacutede as condiccedilotildees fiacutesicas e a capacidade instalada dos estabelecimentos de

sauacutede Essas dificuldades associadas aos determinantes macroestruturais do paiacutes com

poliacuteticas econocircmicas liberalizantes e desregulamentadoras adotadas pelos paiacuteses

perifeacutericos novamente reforccedilam o modelo de atenccedilatildeo fragmentado favorecem o setor

privado que progressivamente vai adquirindo um caraacuteter empresarial tendo como

produtos principais os Planos de Sauacutede (Heimann et al 2010)

As medidas adotadas foram orientadas pelo Banco Mundial e se tornaram

conhecidas como o Consenso de Washington mediante o qual Estados perifeacutericos

endividados deveriam firmar acordos com organismos internacionais Por esse

consenso as poliacuteticas sociais eram consideradas paternalistas geradoras de

desequiliacutebrio fiscal causadoras de custo excessivo de trabalho e poderiam ser

viabilizadas via mercado Neste entendimento o Estado passa a natildeo ser o responsaacutevel

pelas poliacuteticas sociais e pelo seu financiamento sendo estimulados novos modelos de

gestatildeo com parcerias entre Estado mercado e sociedade civil como as Organizaccedilotildees natildeo

governamentais que prestam serviccedilos a sauacutede (Barreto 2004)

Foi nesse contexto que os serviccedilos puacuteblicos e privados expandiram-se no periacuteodo

de implantaccedilatildeo do SUS mas o setor privado tambeacutem cresceu em especial os serviccedilos

sem internaccedilatildeo consultoacuterios cliacutenicas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e terapecircutico ao

passo que se reduziu o nuacutemero de estabelecimentos hospitalares e de leitos privados

entre 1992 e 2005 (IBGE 2005 apud Viana et al 2008) No setor puacuteblico tambeacutem

houve expansatildeo mas a deficiecircncia da sua capacidade instalada e a forccedila do setor

5 ldquoEntidade Filantroacutepica eacute aquela entidade beneficente de assistecircncia social (definida originalmente na

Lei Orgacircnica de Assistecircncia Social Lei no 8742 de 08121993 Art 3ordm como ldquoaquelas que

prestam sem fins lucrativos atendimento e assessoramento aos beneficiaacuterios abrangidos por esta lei

bem como atuam na defesa e garantia de seus direitosrdquo) eou de educaccedilatildeo eou de sauacutede sem fins

lucrativos (definida na Lei no 9718 de 2711 1998 Art 10 sect 3ordm sobre a Legislaccedilatildeo Tributaacuteria

Federal como sendo ldquoa entidade que natildeo apresenta superaacutevit em suas contas ou caso apresente em

determinado exerciacutecio destine o referido resultado integralmente agrave manutenccedilatildeo e ao

desenvolvimento de seus objetivos sociaisrdquo) que cumpre com as exigecircncias da Resoluccedilatildeo CNAS

3299 (Santos 2008 p1437)

51

privado na rede de sauacutede puacuteblica foram evidenciadas no inicio da deacutecada de 1990

quando o MS instituiu paracircmetros de programaccedilatildeo para definiccedilatildeo de tetos financeiros e

repasse de recursos para estados e municiacutepios considerando entre outros a capacidade

instalada de serviccedilos

Ainda assim o governo federal na deacutecada de 1990 continuou com os benefiacutecios

ao setor privado Na assistecircncia hospitalar com a Lei no 86201993 os hospitais que

tinham contratos com o INAMPS tiveram suas diacutevidas tratadas de forma diferenciada

pela Uniatildeo Para os hospitais filantroacutepicos foram definidas novas modalidades de

apoio entre elas destacam-se flexibilizaccedilatildeo do percentual de ocupaccedilatildeo dos leitos para

atendimento universal quando solicitado o certificado de filantropia abertura de linhas

de creacutedito6 e aporte adicional de recursos para o financiamento dos deacutebitos com o

governo e fornecedores (Bahia 2008)

No ano de 1998 o governo federal mediante homologaccedilatildeo das Secretarias

Municipais de Sauacutede libera empreacutestimos para as Santas Casas e hospitais privados

filantroacutepicos que jaacute faziam parte da rede SUS por meio do programa Caixa Hospitais

instituiacutedo em 1997 Ainda na deacutecada de 1990 um novo debate mobiliza diferentes

atores governamentais e da sociedade civil para discutir a regulamentaccedilatildeo da

assistecircncia meacutedica supletiva que resultou na promulgaccedilatildeo da Lei 9665 de 19061998

que dispocircs sobre os planos privados de assistecircncia agrave sauacutede Essa lei formalizou

legalmente o sistema de sauacutede dual do paiacutes (Menicucci 2007)

Estima-se que as empresas de planos e seguros de sauacutede faturaram em 1998

R$1603 bilhotildees e o Ministeacuterio da Sauacutede R$175 bilhotildees Essas informaccedilotildees geraram

diversas reaccedilotildees Os pesquisadores alertaram quanto aos possiacuteveis enganos de

classificaccedilatildeo de gastos puacuteblicos como privados e outros utilizaram essa informaccedilatildeo

como argumento da inviabilidade do SUS universal (Bahia 2008)

Eacute nesse periacuteodo que um novo padratildeo de regulaccedilatildeo puacuteblico-privada se configura

sustentado sobretudo pela desarticulaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscais as de incentivo agrave

oferta de serviccedilos privados e aquelas voltadas para expandir o setor puacuteblico Outras

medidas reforccedilam esse novo padratildeo de regulaccedilatildeo como a Lei 925095 que prevecirc

deduccedilatildeo das despesas com sauacutede de entidades da previdecircncia privada e o Decreto

300099 no capitulo II Art 39 que isenta do caacutelculo do rendimento bruto os serviccedilos

6 O Governo Federal criou vaacuterias linhas de apoio financeiro para hospitais vinculados ao SUS entre

elas o caixa hospitais criado em 1997 (Bahia 2008)

52

meacutedicos pagos ressarcidos ou mantidos pelo empregador em beneficio de seus

empregados Essas medidas foram justificadas pelo reconhecimento que o aumento do

mercado de planos de sauacutede se dava em decorrecircncia do subfinanciamento do SUS e

eram alternativas para aliviar as despesas puacuteblicas (Brasil 1995 1999)

Com a reforma do Estado na deacutecada de 1990 a regulaccedilatildeo governamental ganhou

significado suas funccedilotildees deixaram de ser produtivas para se tornarem regulatoacuterias em

diferentes setores

No setor sauacutede a regulaccedilatildeo que objetivava corrigir as falhas do mercado definiu

regras expliacutecitas na legislaccedilatildeo regulamentou a assistecircncia meacutedica supletiva e

estabeleceu mecanismos institucionais para monitorar o cumprimento das regras

mediante a criaccedilatildeo da Agecircncia Nacional de Sauacutede (ANS) A regulaccedilatildeo natildeo significou

um reordenamento da produccedilatildeo privada apenas regulou um mercado de interesse

puacuteblico para garantir os direitos do consumidor

De modo geral e refletindo a dupla institucionalidade da assistecircncia agrave sauacutede o MS

passa a ser a instacircncia reguladora de dois sistemas de assistecircncia agrave sauacutede independentes

e com clientelas distintas o SUS fundamentado na concepccedilatildeo do direito agrave sauacutede e a

Sauacutede Suplementar baseados na loacutegica de mercado (Menicucci 2007)

O Decreto no

4481 de 22112002 instituiu a categoria de o hospital estrateacutegico

no SUS para aqueles estabelecimentos que cumprissem os criteacuterios exigidos no referido

Decreto prestar serviccedilos em todas as aacutereas assistenciais comprovar a prestaccedilatildeo de pelo

menos 30 de serviccedilos de alta complexidade com obrigatoriedade de realizar

transplantes de oacutergatildeos dispor de programa de ensino na aacuterea da sauacutede em niacutevel de poacutes-

graduaccedilatildeo reconhecido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ser referecircncia ao Sistema

Hospitalar para atendimento de urgecircncia e emergecircncia ou gestaccedilatildeo de alto risco

desenvolver atividades de pesquisa em tuberculose hanseniacutease AIDS entre outros

criteacuterios (Brasil 2002) Com esta categoria de hospital estrateacutegico abre-se espaccedilo para

hospitais que atendem a clientelas de cooperativas planos e seguros privados de sauacutede

pleitearem o status de filantropia assegurados pela normativa que flexibiliza os

percentuais obrigatoacuterios de ocupaccedilatildeo dos leitos para o atendimento universal (Bahia

2008)

As Medidas Provisoacuterias no 2158 de 2001 e a n

o 148 de 2003 beneficiaram as

empresas de planos e seguros privados de sauacutede Essas medidas concediam aliacutevio fiscal

53

agrave cobranccedila de impostos e contribuiccedilotildees incidentes sobre despesas operacionais e

reservas teacutecnicas Apesar desses benefiacutecios as empresas de planos de sauacutede nada

fizeram para corrigir as falhas de mercado apontadas pela Agecircncia Nacional de Sauacutede

Os contratos antigos permaneceram em vigecircncia e as empresas privadas lutaram para

obter apoio financeiro para pagamento de seus deacutebitos aos fornecedores e tambeacutem

subsiacutedios fiscais e indexaccedilatildeo de aumento dos valores dos precircmios ao valor da

remuneraccedilatildeo de seus procedimentos (Brasil 2001 2003)

Em 2004 o governo federal tentou aumentar a aliacutequota da Contribuiccedilatildeo para o

Financiamento da Seguridade Social (COFINS) para 76 de alguns estabelecimentos

privados de sauacutede mas por influecircncia de parlamentares da sauacutede o governo cedeu e fez

permanecer o percentual anterior de 3 sobre o total das receitas Ainda nesse ano foi

editada a Instruccedilatildeo Normativa da Receita Federal no 4802004

7 que ldquosacramentou a

separaccedilatildeo das contas dos denominados serviccedilos de terceiros (profissionais da sauacutede

especialmente os meacutedicos e estabelecimentos de sauacutede) contratados e ou credenciados

pelas empresas de planos e seguros de sauacutede e autorizou a deduccedilatildeo de impostos e

contribuiccedilotildees sociais de profissionais e estabelecimentos de sauacutederdquo Aleacutem desses

benefiacutecios as empresas privadas jaacute contavam com os da Emenda Constitucional no

33

editada em 2001 ou seja destas empresas natildeo eacute cobrado o Imposto sobre Circulaccedilatildeo de

Mercadorias e Serviccedilos (ICMS) quando importam equipamentos meacutedico-hospitalares

(Bahia 2008)

Por meio do Decreto 49782004 elaborado no Ministeacuterio do Planejamento o

governo federal fixou a competecircncia do oacutergatildeo para expedir normas complementares e

deu abertura para contornar o preceito da universalizaccedilatildeo do direito agrave sauacutede via

mudanccedilas da Lei no 81121990 Esse decreto permitiu o acesso aos planos privados de

sauacutede a funcionaacuterios puacuteblicos e seus dependentes familiares que foi facilitado pelos

subsiacutedios concedidos por parte do governo (Bahia 2008) As poliacuteticas puacuteblicas de

subsiacutedios implementadas ao longo desses anos favoreceram as cooperativas os planos e

7 Outras deduccedilotildees sobre ldquoa remuneraccedilatildeo dos profissionais de cooperativas e associaccedilotildees meacutedicas

incide 15 de imposto de renda e 465 (entre a CSLL Cofins PISPasep) sobre o valor total do

documento fiscal Sobre a fatura de profissionais da sauacutede natildeo vinculados a associaccedilotildees ou

cooperativas incidiratildeo 945 e 585 para as faturas dos estabelecimentos de sauacutede extensiva a

pessoas juriacutedicas prestadoras de serviccedilos preacute-hospitalares e prestadoras de serviccedilos de emergecircncias

meacutedicas por meio de UTI moacutevelrdquo (Bahia 2008 p167)

54

seguros privados de sauacutede num entendimento de que a oferta de serviccedilos de

estabelecimentos privados de sauacutede era beneacutefica ao mercado

Com as denuacutencias de irregularidade no atendimento universal dos hospitais

filantroacutepicos eacute editado em 2006 o Decreto no

5895 que ldquoredefine de maneira radical a

natureza da filantropia na sauacutede e subverte as regras de subordinaccedilatildeo puacuteblico-privadasrdquo

Ao mesmo tempo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social abre

linha de creacutedito para atender ao Programa de Fortalecimento e Modernizaccedilatildeo das

Entidades Filantroacutepicas e Hospitais Estrateacutegicos Integrantes do SUS e libera recursos

para reestruturaacute-los financeiramente e sanear as diacutevidas com os fornecedores Nesse

periacuteodo o governo federal criou outra fonte de recurso8 via prognoacutestico de loterias

para atender aos problemas das diacutevidas dos estabelecimentos de sauacutede com o governo

(Bahia 2008 p150)

Os arranjos institucionais ateacute aqui expostos mostram que esse formato hiacutebrido

ainda que justificado beneficiou o setor privado e configura um sistema dual de

assistecircncia agrave sauacutede apesar das rupturas que sofreu com a criaccedilatildeo do SUS As decisotildees

dos implementadores das poliacutetica em especial a partir dos anos 1960 e os benefiacutecios

concedidos pelo governo federal contribuiacuteram para o formato desse padratildeo de

assistecircncia Nesse sentido pesquisadores chamam a atenccedilatildeo para a dependecircncia da

trajetoacuteria ou seja path dependent entendendo que o que acontece num determinado

periacuteodo natildeo estaacute relacionado apenas agraves condiccedilotildees contemporacircneas mas eacute dependente

das decisotildees anteriores e afetaraacute os resultados posteriores (Pierson 2004 apud Viana e

Lima 2011 Menicucci 2007) Ainda que o direito agrave sauacutede seja reconhecido mediante

a instituiccedilatildeo do SUS as escolhas e as decisotildees dos atores envolvidos no periacuteodo anterior

refletem na sua implementaccedilatildeo

Segundo Bahia (2008) os estudos que discutem a participaccedilatildeo direta ou indireta

do componente privado na rede assistencial do SUS constatam o predomiacutenio do puacuteblico

na atenccedilatildeo baacutesica e do privado na assistecircncia hospitalar Ainda persiste uma

dependecircncia estrutural dos gestores em relaccedilatildeo ao setor privado Satildeo relaccedilotildees

estabelecidas por contratos que se baseiam na compra de serviccedilos mediante um plano

operativo que define metas e condiciona o repasse dos recursos conforme a

8 Por meio da Lei Federal 11345 de 14092006 foi instituiacutedo o concurso de prognoacutestico de loteria

cujos recursos arrecadados destinariam 3 para o Fundo Nacional de Sauacutede (FNS) a fim de ser

redistribuida a hospitais filantroacutepicos

55

produtividade do estabelecimento Tal relaccedilatildeo tem sido conturbada e os gestores no

acircmbito local tecircm enfrentado dificuldades para custear expandir a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica e regular o sistema de sauacutede

Em 2008 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a Portaria no

1559 que institui a

Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do SUS Esta portaria orienta a organizaccedilatildeo dos fluxos

da prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia agrave sauacutede da rede SUS inclusive o sistema

complementar que devem ser regulados de forma compartilhada pelas esferas de

governo atraveacutes da implantaccedilatildeo do complexo regulador que tem atribuiccedilotildees pactuadas

entre gestores (MS 2008) Apesar dessas medidas os complexos reguladores

encontram diversas dificuldades no seu funcionamento e muitas vezes natildeo conseguem

efetivar o acesso do usuaacuterio ao sistema

A ideia de que o SUS eacute formado por uma rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede e que o setor

privado entra de forma complementar resulta num falso entendimento de que a maior

influecircncia sobre o modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede e a rede de serviccedilos eacute do setor puacuteblico As

medidas editadas pelo governo federal antes e apoacutes a implantaccedilatildeo do SUS ainda que

justificadas pela garantia do acesso e ampliaccedilatildeo da capacidade de atendimento do SUS

propiciaram a reorganizaccedilatildeo empresarial facilitaram o poder de pressatildeo de empresaacuterios

da sauacutede sobre a gestatildeo local o padratildeo de compra e venda de serviccedilos resultaram em

complexas relaccedilotildees puacuteblico-privadas construiacutedas desde o inicio da configuraccedilatildeo do

sistema de sauacutede brasileiro (Bahia 2008)

Na regiatildeo em estudo o SUS vem se instituindo e se materializando com arranjos

entre o setor puacuteblico e privado nos municiacutepios e na regiatildeo As escolhas e decisotildees dos

diferentes atores que compotildeem o complexo de sauacutede nesta regiatildeo conformaram uma

trajetoacuteria do sistema puacuteblico de sauacutede o qual eacute fortemente ancorado na parceria com o

setor privado conformando um mix puacuteblico-privado para oferta de serviccedilos

ambulatorial hospitalar e laboratorial

Conhecer os atores as estruturas a participaccedilatildeo e a influecircncia do setor puacuteblico e

privado na rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra faz parte dos

objetivos desta pesquisa que busca conhecer como estas relaccedilotildees ocorrem como satildeo

estabelecidas e se respondem aos objetivos do Sistema de Sauacutede deste territoacuterio

considerado como um espaccedilo vivido e em contiacutenua renovaccedilatildeo

56

4 O Estado de Mato Grosso e a Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

57

4 O ESTADO DE MATO GROSSO E A REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute

DA SERRA

O Estado de Mato Grosso localizado na regiatildeo Centro-Oeste do Brasil eacute constituiacutedo

por 141 municiacutepios que perfazem uma populaccedilatildeo geral de 3033991 de habitantes (2010)

com maior concentraccedilatildeo na zona urbana (8180) baixa densidade demograacutefica 336

habkm2 Sua taxa de crescimento (194) eacute superior agrave da regiatildeo Centro-Oeste (190) e do

Brasil (117) (Tabela 1) Dos municiacutepios mato-grossenses apenas quatro tecircm populaccedilatildeo

superior a 100000 habitantes (Cuiabaacute Vaacuterzea Grande Rondonoacutepolis e Sinop) a grande

maioria (801) tem menos de 20000 habitantes 482 menos de 10000 habitantes e

262 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010)

Desde a deacutecada de 1980 este estado vem se consolidando entre as unidades da

federaccedilatildeo com as maiores taxas de expansatildeo econocircmica principalmente por conta do

agronegoacutecio que tambeacutem contribui para atrair imigrantes motivados pela possibilidade

de melhores oportunidades de trabalho Internamente o movimento migratoacuterio campo-

cidade vem se acentuando como resultado da substituiccedilatildeo das pequenas lavouras por

grandes plantaccedilotildees mecanizadas Tal fato influencia o processo de urbanizaccedilatildeo e aponta

para a possibilidade da reproduccedilatildeo dos problemas dos grandes centros urbanos gerando

a necessidade de atuaccedilatildeo do Poder Puacuteblico no sentido de ordenar essa expansatildeo da

ocupaccedilatildeo do espaccedilo e dotar os municiacutepios com infraestrutura e serviccedilos capazes de

suprir as necessidades da populaccedilatildeo (MT 2003)

Demograficamente Mato Grosso em 2010 apresentou uma piracircmide etaacuteria que

revela reduccedilatildeo da natalidade uma populaccedilatildeo mais envelhecida (Figura 1) com idade

meacutedia de 30 anos No entanto tal estrutura eacute muito diversa quando analisada nas vaacuterias

regiotildees de sauacutede tendo em vista as desigualdades sociais e econocircmicas deste estado

(Scatena et al 2014)

58

FONTE Scatena et al 2014

Figura 1 ndash Piracircmide Etaacuteria do Estado de Mato Grosso 2010

As condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo satildeo determinadas natildeo somente pelas

desigualdades sociais e econocircmicas do estado mas tambeacutem em decorrecircncia de

queimadas desmatamentos uso extensivo de agrotoacutexicos e situaccedilatildeo sanitaacuteria dos

logradouros Em 2000 a maioria dos domiciacutelios natildeo tinha esgotamento por rede geral

sendo a situaccedilatildeo mais criacutetica nas regiotildees do Norte e Nordeste Mato-grossense Das 16

regiotildees de sauacutede do estado em 15 delas as fossas rudimentares (ou negras) eram o

principal sistema de esgotamento sanitaacuterio representando 89 na regiatildeo de Coliacuteder O

abastecimento de aacutegua tambeacutem se constitui em problema e sua cobertura era superior a

70 em apenas trecircs regiotildees Cuiabaacute Rondonoacutepolis e Barra do Graccedilas (Scatena 2011)

No ano de 2010 Mato Grosso ficou em 11ordm lugar entre os estados brasileiros com

melhor Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH (0725) abaixo do Distrito Federal

Satildeo Paulo Santa Catarina Rio de Janeiro Paranaacute Rio Grande do Sul Espiacuterito Santo

Goiaacutes Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (Atlas Brasil 2013) No entanto quando

estratificado por municiacutepios observam-se as consequecircncias das desigualdades

econocircmicas e de infraestrutura puacuteblica

A expansatildeo da ocupaccedilatildeo e produccedilatildeo agriacutecola associada agrave agropecuaacuteria insere o

estado como um importante polo produtor e exportador do Brasil Em 2008 o PIB per

capita estadual era proacuteximo a R$ 1800000 acima da meacutedia brasileira (R$ 1598980)

59

mas inferior ao da regiatildeo Centro-Oeste (R$ 2037210) Jaacute entre as regiotildees do estado o

PIB variou de R$ 865900 a R$ 3106400 (Scatena 2011)

Jaacute em 2010 o PIB per capita de Mato Grosso foi de R$ 1963677 praticamente o

mesmo valor da meacutedia brasileira (Datasus 2014) o que colocou o estado na 14o posiccedilatildeo

nacional Mato Grosso destaca-se internacionalmente como um dos grandes produtores

de soja algodatildeo milho e carne Apesar disso nele tambeacutem se destacam os deacuteficits em

infraestrutura puacuteblica como estradas saneamento baacutesico serviccedilos de sauacutede e a elevada

concentraccedilatildeo de renda (MT 2007a)

A expansatildeo econocircmica o agronegoacutecio a localizaccedilatildeo geograacutefica e o acesso viaacuterio

entre outros fatores tecircm contribuiacutedo para o crescimento populacional de algumas

cidades do estado denominadas polos de referecircncia natural Essas cidades por

disporem de uma rede de serviccedilos de sauacutede puacuteblica eou privada mais estruturada em

relaccedilatildeo agrave oferta e diversidade de serviccedilos satildeo demandadas pelos municiacutepios em seu

entorno de forma organizada ou natildeo

Em Mato Grosso os gastos puacuteblicos com o SUS no geral tecircm sido elevados Os

dados do SIOPS informam que os municiacutepios nos uacuteltimos quatro anos tecircm aplicado

percentuais acima do miacutenimo estabelecido na EC29 e proacuteximos a 20 mas o estado

na seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 cumpriu o percentual miacutenimo apenas no ano de 2010

atingindo 123 (Mendonccedila 2012)

Estudo realizado por Levi e Scatena (2011) mostra que no ano de 2008

contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo o padratildeo de gasto em sauacutede por habitante

pelo governo estadual foi considerado meacutedio ou baixo (R$ 25400) Jaacute o gasto do

conjunto dos municiacutepios quando contabilizadas as transferecircncias da Uniatildeo e do estado

foi considerado elevado (R$ 36400)

Ainda assim o financiamento do sistema de sauacutede puacuteblica dos 141 municiacutepios do

estado tem uma forte dependecircncia das transferecircncias federais e estaduais Para o

conjunto dos municiacutepios no periacuteodo de 2002 a 2008 as transferecircncias do SUS

representaram praticamente metade dos recursos aplicados no setor (49) para o

estado o percentual de transferecircncias variou de 24 em 2002 a 32 em 2008 (Viana et

al 2010a Levi e Scatena 2011)

O complexo de sauacutede da regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde a

deacutecada de 1980 Os fatores determinantes na sua delimitaccedilatildeo foram a posiccedilatildeo

60

geograacutefica o acesso pavimentado entre os municiacutepios e a forccedila natural de atraccedilatildeo do

municiacutepio de Tangaraacute da Serra cidade-polo e referecircncia natural para o comeacutercio e

serviccedilos entre eles o de sauacutede A distacircncia entre os municiacutepios que a integram varia de

60 a 200 km

A implantaccedilatildeo da estrutura administrativa de coordenaccedilatildeo na regiatildeo seguiu os

criteacuterios da Secretaria de Estado da Sauacutede que definiu os municiacutepios e sua abrangecircncia

Uma delimitaccedilatildeo especiacutefica para o setor sauacutede visto que o governo do estado utiliza

para as suas intervenccedilotildees doze regiotildees denominadas regiotildees de planejamento9 cuja

configuraccedilatildeo difere desta

A regiatildeo em estudo sofreu alteraccedilotildees10

na sua configuraccedilatildeo mas na vigecircncia do

Pacto pela Sauacutede mantiveram-se os dez municiacutepios Arenaacutepolis Barra do Bugres

Campo Novo do Parecis Denise Nova Marilacircndia Nova Oliacutempia Porto Estrela Santo

Afonso Sapezal e Tangaraacute da Serra (Tabela 1)

A regiatildeo estaacute localizada no Centro Norte do estado tem uma populaccedilatildeo de

210816 habitantes (2011) que corresponde a 685 da populaccedilatildeo de MT e sua aacuterea

cobre 541 do territoacuterio do estado Eacute a quarta maior regiatildeo em nuacutemero de habitantes

apresenta baixa densidade demograacutefica 394 habkm2 variando de 133 (Sapezal) a

2477 (Arenaacutepolis) Sua taxa de crescimento 291 para o periacuteodo de 2000 a 2010 eacute

superior agrave do Brasil (117) e da regiatildeo Centro-Oeste (190)

9 No estudo do Zoneamento Soacutecio Econocircmico Ecoloacutegico de Mato Grosso ndash ZSEE foram definidas

doze regiotildees de planejamento no estado Os municiacutepios integrantes desta regiatildeo de sauacutede ficaram

distribuiacutedos em trecircs regiotildees regiatildeo VII - Caacuteceres Sapezal regiatildeo VIII ndash Oeste_Tangaraacute da Serra

com os municiacutepios de Tangaraacute da Serra Porto Estrela Barra do Bugres Nova Oliacutempia Denise

Santo Afonso Campo Novo do Parecis e Brasnorte regiatildeo IX - Diamantino Arenaacutepolis e Nova

Marilacircndia 10

Decreto estadual no

7442 de 12 de abril2006 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da

Secretaria de Estado de Sauacutede - SES define como oacutergatildeos de administraccedilatildeo regionalizada os

Escritoacuterios Regionais de Sauacutede-ERS neste a microrregiatildeo do Meacutedio Norte (Tangaraacute da Serra) fica

composta por apenas oito municiacutepios Em outubro de 2006 a Resoluccedilatildeo CIBMT no

062 ndash dispotildee

sobre o funcionamento das CIB Regionais em consonacircncia com o Pacto pela Sauacutede 2006 Esta

resoluccedilatildeo informa que tal regiatildeo permanece com 10 municiacutepios e o municiacutepio de Arenaacutepolis da

regional de Diamantino passa para a regional de Tangaraacute da Serra e o municiacutepio de Brasnorte

desta transfere-se para a regional de Juiacutena

61

Tabela 1 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo variaacuteveis demograacuteficas da regiatildeo de

Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Municiacutepios

Populaccedilatildeo Razatildeo de

Crescimento

2000-2010

Pop

Regiatildeo

2010

Densidade

Demograacutefica

2010 2000 2010

Arenaacutepolis 11605 10316 -117 499 2477

Barra dos Bugres 27460 31793 147 1537 531

Campo Novo do Parecis 17638 27577 457 1333 292

Denise 7463 8523 133 412 652

Nova Marilacircndia 2354 2951 228 143 152

Nova Oliacutempia 14186 17515 213 847 1130

Porto Estrela 4707 3649 -251 176 177

Santo Afonso 3098 2991 -035 144 255

Sapezal 7866 18094 868 875 133

Tangaraacute da Serra 58840 83431 355 4034 732

Regiatildeo Tangara da Serra 155217 206840 291 100 394

Mato Grosso 2504353 3033991 194 - 336

Centro-Oeste 11636728 14050340 190 - 875

Brasil 169799170 190755799 117 - 2240

FONTE Scatena et al 2011

Dos municiacutepios que a compotildeem apenas um tem populaccedilatildeo superior a 80000

habitantes a grande maioria (70) tem menos de 20000 habitantes 40 menos de

10000 habitantes e 30 menos de 5000 habitantes (IBGE 2010) Os municiacutepios tecircm

pouco mais de 25 anos de emancipaccedilatildeo apresentam diferenccedilas na extensatildeo e no poder

econocircmico que influenciam o desenvolvimento dos sistemas municipais de sauacutede

A expansatildeo do agronegoacutecio pode ser evidenciada na razatildeo de crescimento de

vaacuterios municiacutepios e reflete natildeo apenas a distribuiccedilatildeo de oportunidades de geraccedilatildeo de

renda mas acompanha a dinacircmica do mercado de trabalho e ao mesmo tempo guarda

relaccedilatildeo com a dinacircmica econocircmica A razatildeo de crescimento eacute maior nos municiacutepios

com mais diversificaccedilatildeo econocircmica Campo Novo do Parecis Sapezal e Tangaraacute da

Serra

Demograficamente a piracircmide etaacuteria da regiatildeo em 2010 tambeacutem reflete esta

dinacircmica Eacute classificada como Tipo III constituiacuteda por uma populaccedilatildeo menos

envelhecida taxa de natalidade elevada baixa mortalidade infantil e elevado percentual

de crianccedilas e jovens e idade meacutedia entre 25 e 30 anos (Scatena et al 2011) As usinas

de aacutelcool e accediluacutecar o frigoriacutefico de abate de aves e bovinos e a intensa produccedilatildeo de

62

gratildeos entre outros setores podem estar estimulando o deslocamento das pessoas em

busca de oportunidade de trabalho e tecircm repercutido no processo de redistribuiccedilatildeo da

populaccedilatildeo na regiatildeo refletindo a tendecircncia da concentraccedilatildeo urbana e de populaccedilatildeo

jovem

Observam-se desigualdades na regiatildeo quando o PIB eacute analisado Os maiores PIB per

capita deram-se em Sapezal (R$ 8992190) e Campo Novo do Parecis (R$ 5941215) e o

menor em Arenaacutepolis (R$ 718648) A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que apresentam

maior PIB per capita (R$ 234743) mas este natildeo eacute alcanccedilado por 80 dos municiacutepios e

que tampouco atingem o PIB estadual (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Municiacutepios de Mato Grosso segundo PIB (em R$ per capita) e seus

componentes da regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra 2008

Municiacutepios Componentes do PIB

TOTAL Agropecuaacuteria Induacutestria Serviccedilos Impostos

Arenaacutepolis 1 0232 7923 48887 4823 7 1865

Barra dos Bugres 2 8490 24276 50451 9669 112887

Campo Novo do Parecis 21 1660 66495 249554 66413 594121

Denise 4 2660 5521 36132 3782 88096

Nova Marilacircndia 8 6037 10390 46389 6728 149541

Nova Oliacutempia 2 5257 41620 48678 6939 122494

Porto Estrela 3 8550 5408 36482 3421 83862

Santo Afonso 5 7367 5665 41426 4691 109148

Sapezal 41 4842 28285 350018 106074 899219

Tangaraacute da Serra 2 4976 22061 78241 15318 140596

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 7 7594 27657 104996 24496 234743

Mato Grosso 4 6070 25526 88081 19593 179270

Centro Oeste 1 9818 26502 132362 25039 203721

Brasil 8031 37971 90070 23825 159898

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do IBGE Pesquisa Estadual da Regionalizaccedilatildeo da

Sauacutede no MT 2012

O baixo dinamismo associado ao baixo PIB de parte dos municiacutepios pode

dificultar a aplicaccedilatildeo de investimentos puacuteblicos e explica a insuficiente capacidade

instalada nos municiacutepios e regiatildeo visto que em sua maioria dependem tanto do

governo federal como do estadual no que se refere agrave capacidade teacutecnica e financeira

para a execuccedilatildeo das accedilotildees da poliacutetica de sauacutede (Albuquerque et al 2011)

63

Agropecuaacuteria e serviccedilos (muitos ligados ao agronegoacutecio) satildeo os principais

responsaacuteveis pela riqueza da regiatildeo exceto em Nova Oliacutempia onde a induacutestria tem maior

participaccedilatildeo que a agropecuaacuteria Ainda que incipiente o setor industrial destaca-se nos

municiacutepios de Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia e Sapezal onde estatildeo instaladas

usinas de aacutelcool e empresas de descaroccedilamento de algodatildeo e aproveitamento de resiacuteduos

de gratildeos para criaccedilatildeo de bovinos O municiacutepio de Tangaraacute da Serra sede de regiatildeo tem o

PIB concentrado na agropecuaacuteria e nos serviccedilos

A diversidade na origem da riqueza dos municiacutepios reitera as desigualdades

intrarregionais os municiacutepios de Sapezal Campo Novo do Parecis e Tangaraacute da Serra satildeo

responsaacuteveis por 811 do PIB da regiatildeo e os municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso satildeo os de menor poder econocircmico Na produccedilatildeo da

riqueza a regiatildeo responde por 90 do PIB estadual e estaacute na quarta posiccedilatildeo

Na classificaccedilatildeo estadual do Iacutendice de Desenvolvimento Humano-IDH2000 os

municiacutepios desta regiatildeo ocupam posiccedilotildees extremas Campo Novo do Parecis (080) e

Sapezal (080) estatildeo respectivamente na sexta e na deacutecima posiccedilatildeo enquanto Nova

Marilacircndia (070) e Porto Estrela (065) encontram-se nas 106ordf e 126ordf posiccedilotildees Apesar

das desigualdades entre os municiacutepios a regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do estado

em relaccedilatildeo ao IDH (076)

No que se refere aos gastos com sauacutede excetuando-se o ano de 2002 100 dos

municiacutepios vecircm aplicando recursos financeiros acima dos percentuais miacutenimos

recomendados pela EC29 Os municiacutepios com maior percentual de recursos proacuteprios

aplicados na composiccedilatildeo das despesas totais em 2009 foram Sapezal (728) Nova

Marilacircndia (720) e Barra do Bugres (699)

64

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das despesas per capita sob responsabilidade municipal

(despesas totais) e despesas com recursos exclusivamente municipais

Regiatildeo de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2002 2005 e 2009

Municiacutepios Despesas Totais Despesas com R$ municipais

2002 2005 2009 2002 2005 2009

Arenaacutepolis 1215 1639 2542 809 1018 1253

Barra dos Bugres 1510 2482 3527 867 1661 2462

Campo Novo do Parecis 1923 2459 4293 1535 1917 2690

Denise 1013 1477 2365 690 946 1464

Nova Marilacircndia 2268 4964 5626 1425 3704 4051

Nova Oliacutempia 1991 2638 4088 1510 2044 2428

Porto Estrela 1559 2779 5372 960 1689 2955

Santo Afonso 2671 4615 4154 2123 3539 2686

Sapezal 2260 3724 5903 1853 2854 4299

Tangaraacute da Serra 1088 1480 3329 750 1003 2154

Regiatildeo Tangara da Serra 1477 2171 3733 1040 1546 2422

Mato Grosso 1418 2291 3797 778 1290 1895

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIOPS

Quando satildeo comparadas as despesas per capita totais com sauacutede e as despesas per

capita com recursos exclusivamente municipais estes uacuteltimos tecircm representado valores

que variam de 73 a 49 Em 2009 os maiores dispecircndios per capita com sauacutede

deram-se em Sapezal Nova Marilacircndia e Porto Estrela e os menores foram observados

em Arenaacutepolis Denise e Tangaraacute da Serra (Tabela 3)

Em maior ou menor niacutevel os municiacutepios da regiatildeo tecircm importante dependecircncia

das transferecircncias financeiras intergovernamentais para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede e embora todos os municiacutepios estejam cumprindo o disposto na EC29 quatro

deles natildeo conseguiram atingir a meacutedia per capita da regiatildeo no ano de 2009 Isto pode

estar associado agrave diferenccedila do PIB entre os municiacutepios e ao lugar que o setor sauacutede

ocupa na agenda da gestatildeo municipal

Das categorias profissionais analisadas neste estudo em todos os municiacutepios da

regiatildeo haacute a presenccedila do profissional meacutedico mas em alguns municiacutepios de pequeno

porte este profissional natildeo reside no local vai atender na unidade de sauacutede da famiacutelia e

retorna agrave sua origem onde reside e atende no setor privado Entre os municipios no ano

de 2010 a maior disponibilidade de meacutedicos vinculados ao SUS (por 10000 habitantes)

estaacute no municipio de Sapezal (95) e a menor no municiacutepio de Denise (27) ambas

menores que o recomendado pelo MS

65

Vinculados ao SUS a regiatildeo conta com 56 meacutedicos por 10000 habitantes

colocando-se na seacutetima posiccedilatildeo entre as 16 regiotildees do estado e estaacute entre as trecircs regiotildees

com maior nuacutemero de meacutedicos natildeo vinculados ao SUS (25 meacutedicos por 10000

habitantes) Muitos dos profissionais meacutedicos que trabalham no SUS tecircm consultoacuterio

particular local onde atendem pacientes de convecircnios e do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede

Em Mato Grosso esta eacute a regiatildeo com a menor disponibilidade de enfermeiros

vinculados ao SUS (3810000 habitantes) e estaacute entre as quatro regiotildees com menor

disponibilidade para todos os demais profissionais de niacutevel superior (7410000

habitantes) vinculados ao SUS

Nesta regiatildeo a maior disponibilidade de enfermeiros deu-se no municiacutepio de

Campo Novo do Parecis (5510000 habitantes) e pode estar relacionada ao nuacutemero de

equipes de sauacutede da famiacutelia implantada no municipio Os coeficientes relativos agraves

demais categorias profissionais de niacutevel superior foram mais elevados nos municiacutepios

de Nova Marilandia (213) Santo Afonso (136) e Campo Novo do Parecis (101) Nesta

regiatildeo eacute expressivo o nuacutemero de profissionais com contratos temporaacuterios seja pela falta

de concursos para niacutevel superior seja por natildeo dispor do profissional para pleitear a vaga

devido a remuneraccedilatildeo oferecida em especial para os profissionais meacutedicos

Tangaraacute da Serra eacute uma regiatildeo que se destaca economicamente no estado

apresenta diversidade de profissionais mas parte dos municiacutepios natildeo dispotildee de

infraestrutura e serviccedilos puacuteblicos para inseri-los na rede de sauacutede e cobrir as

necessidades da populaccedilatildeo (Tabela 4) Aleacutem disso os serviccedilos de maior complexidade

estatildeo concentrados geograficamente e os encaminhamentos continuam centralizados no

municiacutepio sede de regiatildeo e na capital do estado e indicam a importacircncia de estabelecer

arranjos regionalizados para suprir de forma equacircnime agraves necessidades e garantir o

acesso da populaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede (Lima et al 2012)

A rede de serviccedilos puacuteblicos da regiatildeo estaacute constituiacuteda pela atenccedilatildeo primaacuteria com

unidades de sauacutede da famiacutelia postos e centros de sauacutede CAPS CTASAE unidades de

coleta e transfusatildeo de sangue laboratoacuterios de exames de baixa complexidade centros de

reabilitaccedilatildeo unidades hospitalares que atendem agraves cliacutenicas baacutesicas e exames de meacutedia

complexidade

66

Tab

ela 4

- N

uacutem

ero d

e es

tabel

ecim

ento

s d

e sa

uacutede

por

cate

go

rias

sel

ecio

nad

as e

tip

o d

e pre

stad

or

seg

undo m

unic

iacutepio

s da

R

egiatilde

o d

e S

auacutede

de

Tan

gar

aacute d

a S

erra

2010

67

Haacute predomiacutenio do nuacutemero de estabelecimentos puacuteblicos na regiatildeo mas em sua

maioria a capacidade instalada eacute constituiacuteda por unidades baacutesicas de sauacutede (Tabela 4)

No periacuteodo de 2002 a 2010 esta regiatildeo situou-se entre as nove do estado onde foi

observado o menor incremento financeiro com a atenccedilatildeo baacutesica totalizando 121

(Mendonccedila 2012)

No ano de 2010 todos os municiacutepios da regiatildeo dispunham de Unidades de Sauacutede

com Equipes de Sauacutede da Famiacutelia e a cobertura do programa era 581 inferior agrave

cobertura do estado (6510) Nesse ano 100 dos municiacutepios tinham equipes de

sauacutede bucal O Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) teve sua cobertura

reduzida quando os municiacutepios implantaram as ESF mas permaneceu nos municiacutepios

de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Porto Estrela Sapezal e Tangaraacute da Serra

Observa-se ainda na tabela 4 que apesar da importante oferta de serviccedilos puacuteblicos

na regiatildeo a rede de atenccedilatildeo de serviccedilos privados eacute significativa A maior

disponibilidade de estabelecimentos puacuteblicos (por 10000 hab) eacute encontrada nos

municiacutepios de Porto Estrela (164) e Santo Afonso (100) e a menor no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra (26) Do setor privado a maior disponibilidade estaacute nos municiacutepios

de Sapezal (497) Denise (469) Tangaraacute da Serra (407) mas a diversidade e a

complexidade dos serviccedilos estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute da Serra Eacute o setor privado

que tem predomiacutenio de unidades especializadas serviccedilos de apoio diagnoacutestico e

hospitais Portanto eacute uma regiatildeo que necessita planejar e reorganizar a rede de atenccedilatildeo

puacuteblica contando para isso com o apoio financeiro dos entes federativos municipais

estadual e federal (Silva 2011)

A regiatildeo dispotildee de doze hospitais dos quais quatro satildeo puacuteblicos e estaacute situada

entre as doze regiotildees do estado com maior nuacutemero de hospitais puacuteblicos e entre as trecircs

com maior nuacutemero de hospitais privados Os hospitais puacuteblicos da regiatildeo satildeo de

pequeno porte e atendem em sua maioria apenas as cliacutenicas baacutesicas Natildeo haacute hospital

puacuteblico estadual na regiatildeo

Dos hospitais puacuteblicos existentes um eacute gerido por Organizaccedilatildeo Social (Campo

Novo do Parecis) e outro por entidade religiosa (Sapezal) Os demais o satildeo pelas

respectivas secretarias municipais de sauacutede um no municiacutepio de Barra do Bugres e

outro em Tangaraacute da Serra que natildeo dispotildee de centro ciruacutergico mas de leitos de

estabilizaccedilatildeo

68

O Hospital de Campo Novo do Parecis eacute mantido com recursos da prefeitura tem

centro ciruacutergico leitos de estabilizaccedilatildeo manteacutem convecircnio com a Unimed e eacute referecircncia

para o municiacutepio de Brasnorte que pertence agrave regional de sauacutede de Juiacutena O hospital de

Sapezal eacute mantido com recursos da prefeitura tem convecircnio com a Unimed conta com

centro ciruacutergico e natildeo eacute referecircncia para a regiatildeo apenas para sua proacutepria populaccedilatildeo

Estes dois hospitais preservam as caracteriacutesticas dos estabelecimentos puacuteblicos

O Hospital Municipal de Barra do Bugres a partir do convecircnio estabelecido entre

a SES e a prefeitura em 2001 passou a ser referecircncia na regiatildeo em cirurgia geral e

ortopedia e continuou sendo referecircncia nas cliacutenicas baacutesicas para municiacutepios

circunvizinhos que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar

O municiacutepio de Tangaraacute da Serra eacute referecircncia natural na regiatildeo para os serviccedilos de

sauacutede do setor privado A Unidade Mista de Tangaraacute da Serra eacute tambeacutem referecircncia para

o SAMU mas por natildeo dispor de centro ciruacutergico faz o primeiro atendimento da

urgecircnciaemergecircncia e encaminha para a rede privada conveniada no municiacutepio ou de

outros municiacutepios da regiatildeo ou Cuiabaacute

Dos hospitais privados os de maior complexidade estatildeo no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra e apenas um deles eacute conveniado ao SUS para atender aos encaminhamentos

do municiacutepio Este hospital tambeacutem atende agrave demanda da regiatildeo encaminhada pelo

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede e para internaccedilatildeo na UTI O municiacutepio dispotildee de

apenas de dez leitos de UTI (adulto) dos quais oito satildeo puacuteblicos e estatildeo instalados no

hospital privado e dois satildeo da Unimed Os leitos puacuteblicos satildeo operacionalizados por

meio de convecircnio11

estabelecido com a SES Os leitos de UTI neonatal satildeo privados e

quando necessaacuterio o acesso ocorre por meio de contratos administrativos para aqueles

casos que natildeo conseguem vaga em Cuiabaacute

Outros serviccedilos do setor privado credenciadoscontratados pelo SUS nefrologia12

(hemodiaacutelise) Cito-patologia13

exames de imagem14

os exames de ressonacircncia

11

A operacionalizaccedilatildeo destes leitos puacuteblicos ocorreu por meio do convecircnio no 012 de 27022004

estabelecido entre a SES e o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede do Meacutedio Norte responsaacutevel pelo

pagamento do Hospital privado onde foram instaladas as UTI 12

Resoluccedilatildeo CIB nordm 054 de 25 de junho de 2009 - Dispotildee sobre o credenciamentohabilitaccedilatildeo no

SIASUS da Cliacutenica INEMAT ndash Instituto Nefroloacutegico de Mato Grosso SC LTDA de Tangaraacute da

Serra - MT junto ao MS A resoluccedilatildeo CIBMT nordm 106 de 06 de maio de 2010 o nuacutemero de

atendimento passa de 66 para 102 pacientes em hemodiaacutelise 13

Resoluccedilatildeo CIB Nordm 009 de 15 de abril de 2005 - Dispotildee sobre o credenciamento do ldquoLaboratoacuterio

Centro Cliacutenicardquo do Municiacutepio de Tangaraacute da Serra no Sistema de Informaccedilatildeo Ambulatorial ndash

SIASUS para realizar Exames de Cito-Patologia

69

magneacutetica e o serviccedilo de anatomia patoloacutegica15

O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute realizado

pela INEMAT empresa privada que funciona em estrutura puacuteblica com gerecircncia

privada e credenciada pelo Ministeacuterio da Sauacutede os exames de densitometria

tomografia ressonacircncia magneacutetica16

e os demais exames de imagem satildeo viabilizados

em cliacutenica particular credenciada pela SES com tabela complementar do CIS Os

exames anatomo-patoloacutegicos satildeo realizados pelo Instituto Diagnoacutestico em Anatomia

Patoloacutegica credenciado pela SES Outros exames desta cliacutenica natildeo contemplados no

credenciamento satildeo contratualizados pelo CIS por meio de tabela especiacutefica solicitada

pelo prestador O serviccedilo de hemodiaacutelise eacute credenciado mas a consulta de avaliaccedilatildeo natildeo

faz parte do credenciamento

A participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica do SUS tambeacutem eacute significativa na

assistecircncia ambulatorial para cliacutenicas especializadas algumas destas satildeo contratadas

pelo CIS As cirurgias de otorrino e algumas de ortopedia neurologia cirurgia vascular

oftalmoloacutegica e entre outras natildeo satildeo realizadas pelo SUS na regiatildeo Satildeo encaminhadas

via central de regulaccedilatildeo para a rede de referecircncia do estado em Cuiabaacute Em Mato

Grosso todas as regiotildees no periacuteodo de 2002 a 2010 apresentaram aumento das

despesas com assistecircncia ambulatorial e na regiatildeo em estudo o aumento foi de 164

Em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de meacutedia complexidade o incremento foi de 125 ficando

entre as trecircs regiotildees do estado que apresentaram mais incremento e entre as que tiveram

uma menor variaccedilatildeo nos gastos por internaccedilatildeo (Mendonccedila 2012)

A Tabela 5 mostra o nuacutemero de leitos por municiacutepio Observa-se que existem

municiacutepios que natildeo dispotildeem leitos puacuteblicos Do total de leitos existentes a maioria estaacute

concentrada no setor privado

14

Resoluccedilatildeo CIB nordm 042 de 30 de Outubro de 2003 e Resoluccedilotildees CIB no 36 de 04032010

15 Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 026 de 11 de Marccedilo de 2011- Dispotildee sobre o credenciamento do Instituto

Diagnoacutestico em Anatomia Patoloacutegica SS LTDA- INDAP junto ao SUS no municiacutepio de Tangaraacute

da Serra situado na microrregiatildeo Meacutedio Norte Mato-grossense do Estado de Mato Grosso 16

Resoluccedilotildees CIB no

36 de 04032010 - Dispotildee sobre o credenciamento junto ao Sistema Uacutenico de

Sauacutede - SUS da Cliacutenica Doyon para realizar serviccedilo de Ressonacircncia Magneacutetica no municiacutepio de

Tangara da Serra-MT

70

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo de leitos por municiacutepio segundo tipo de prestador e

disponibilidade para o SUS Regiatildeo de Sauacutede Meacutedio Norte MT

dezembro de 2010

Municiacutepios

SUS Natildeo SUS

TOTAL Puacuteblicos PrivadoContratado Privados

No

No

No

Arenaacutepolis - - 23 958 1 42 24

Barra do Bugres 78 100 - - - - 78

Campo Novo do Parecis - - 23 822 5 178 28

Denise - - 24 100 - - 24

Nova Oliacutempia - - 20 465 23 535 43

Sapezal - - 40 816 9 184 49

Tangaraacute da Serra 39 223 82 469 54 308 175

TOTAL 117 278 212 504 92 218 421

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados CNESDATASUS

Nesses dois municiacutepios os hospitais satildeo puacuteblicos mas aparecem no CNES como leitos privados

contratados por serem de direito privado e geridos por OSS (CNP) e irmatildes de caridade(Sapezal)

A maioria dos leitos existentes (722) eacute do setor privado destes quase 70

(212) satildeo contratadoscredenciados pelo SUS Do total de leitos da regiatildeo 782 satildeo

utilizados pelo SUS Apenas no municiacutepio de Barra do Bugres os leitos puacuteblicos satildeo a

opccedilatildeo exclusiva de leitos Nos demais existe oferta privada e parte dos leitos eacute

contratada pelo SUS Em Campo Novo do Parecis e Sapezal os leitos existentes satildeo

filantroacutepicos sendo uma parte utilizada pelo SUS e outra para atender ao convecircnio

com operadoras de planos de sauacutede

De 2007 a 2010 foram fechados dois hospitais privados na regiatildeo e reduziram-se

17 leitos mas aumentaram 18 leitos puacuteblicos A maior capacidade de oferta de leitos

pelo SUS estaacute no municiacutepio de Tangaraacute da Serra mas satildeo apenas leitos puacuteblicos de

observaccedilatildeo ficando a rede puacuteblica dependente da rede privadafilantroacutepica

No ano de 201017

os leitos hospitalares da regiatildeo representaram disponibilidade

(por 1000 habitantes) de 055 leitos puacuteblicos 100 leitos privadosfilantroacutepicos 155

leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS e 199 leitos existentes Estas taxas satildeo inferiores ao

paracircmetro estabelecido pelo Ministeacuterio da Sauacutede de 25 a 30 leitos1000 habitantes e

mostram insuficiecircncia na capacidade instalada e desigualdades de oferta quando a

disponibilidade eacute calculada por municiacutepios (MS 2002b)

17

De acordo com o paracircmetro de programaccedilatildeo segundo a Portaria 1101 GMMS2002 para essa

populaccedilatildeo a necessidade de leitos hospitalares na regiatildeo para o ano de 2010 eacute de 527 leitos Para

esse total de leitos a necessidade de leitos de UTI pode variar de 21 a 52

71

Nova Oliacutempia eacute o uacutenico municiacutepio da regiatildeo onde o hospital privado tem a maior

proporccedilatildeo de leitos exclusivos para o setor privado Este municiacutepio tem a maior

cobertura populacional da sauacutede suplementar 593 em 2010 A cobertura de sauacutede

suplementar nos municiacutepios tem relaccedilatildeo com o mercado de trabalho ou seja eacute maior

naqueles municiacutepios que concentram grandes empresas e que oferecem planos de sauacutede

empresarial aos trabalhadores

Os trecircs municiacutepios da regiatildeo que natildeo dispotildeem de unidade hospitalar (Nova

Marilacircndia Porto Estrela e Santo Afonso) encaminham seus pacientes respectivamente

para os municiacutepios de Arenaacutepolis Barra do Bugres e Tangaraacute da Serra

As internaccedilotildees hospitalares (por 100 habitantes) oscilaram em alguns municiacutepios

e vecircm reduzindo na regiatildeo acompanhando a tendecircncia do estado e do paiacutes (Tabela 6)

Nem todas as internaccedilotildees que acontecem na regiatildeo estatildeo no banco de dados do SIH

pois em muitas das que ocorrem pelo CIS natildeo satildeo utilizadas AIH Aleacutem disso ocorrem

internaccedilotildees acima do teto fisico de AIH

Tabela 6 ndash Percentual de internaccedilotildees em triecircnios segundo municiacutepio de residecircncia e de

internaccedilatildeo Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2001-

2009

Municiacutepios Por municiacutepio de residecircncia Por municiacutepio de internaccedilatildeo

2001-3 2004-6 2007-9 2001-3 2004-6 2007-9

Arenaacutepolis 98 101 81 87 85 81

Barra dos Bugres 77 82 76 78 87 82

Campo Novo do Parecis 73 55 54 68 47 50

Denise 95 76 52 86 65 45

Nova Marilacircndia 55 57 68 - - -

Nova Oliacutempia 82 64 65 72 50 55

Porto Estrela 81 73 54 - - -

Santo Afonso 65 85 70 - - -

Sapezal 22 59 65 17 54 59

Tangaraacute da Serra 81 76 66 72 73 62

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 77 73 66 67 65 60

Mato Grosso 77 69 61 77 69 60

Centro- Oeste 78 74 65 79 75 66

Brasil 69 65 60 69 65 60

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados do SIHDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

No periacuteodo de 2001 a 2009 o municiacutepio de Barra do Bugres que dispotildee de

hospital de referecircncia na regiatildeo registrou maior nuacutemero de AIH pagas por municiacutepio de

de internaccedilatildeo em relaccedilatildeo a municipio de residecircncia Os demais apresentaram maior

72

nuacutemero de internaccedilotildees por municiacutepio de residecircncia mostrando que a regiatildeo tem uma

mobilidade de internaccedilotildees significativa Os dados disponiacuteveis natildeo permitem identificar

se tal mobilidade ocorre intra ou interregional

Entre 2008 e 2011 a maior proporccedilatildeo de internaccedilotildees enquadra-se na categoria de

meacutedia complexidade (985) as de alta complexidade em sua maioria restringem-se

agravequelas que se deram na UTI A oferta de serviccedilo de meacutedia e alta complexidade na

regiatildeo tambeacutem estaacute concentrada no setor privado Entre 2001 e 2009 houve aumento no

atendimento da meacutedia e alta complexidade na regiatildeo e pode indicar que o acesso a

esses serviccedilos foi facilitado pela disponibilidade de profissionais especializados

vinculados ao CIS e pelo acesso agrave UTI

Em 2010 a cobertura do Sistema de Sauacutede Suplementar era significativa na regiatildeo

221 da populaccedilatildeo mas desigual entre os municiacutepios (Tabela 7) A cobertura regional

eacute semelhante agrave do Brasil (225) mas superior agrave do estado (116) e da regiatildeo Centro-

Oeste (149)

Tabela 7 ndash Cobertura populacional do setor de sauacutede suplementar por municiacutepio

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra Mato Grosso 2000 2005 e 2010

FONTE Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir de dados da ANSDATASUS e da pesquisa estadual (Scatena

2011)

A Unimed Vale do Sepotuba com sede administrativa em Tangaraacute da Serra

abrange a maioria dos municiacutepios que pertencem a esta regiatildeo de sauacutede Com a sua

implantaccedilatildeo elevou-se a cobertura da populaccedilatildeo com acesso a Planos de Sauacutede em

Municiacutepios Cobertura Sauacutede Suplementar

2000 2005 2010

Arenaacutepolis 23 37 61

Barra dos Bugres 28 39 126

Campo Novo Parecis 27 60 192

Denise 09 18 72

Nova Marilacircndia 16 22 51

Nova Oliacutempia 26 43 593

Porto Estrela 12 15 38

Santo Afonso 02 16 19

Sapezal 40 138 392

Tangaraacute da Serra 81 138 208

Regiatildeo Tangaraacute da Serra 46 83 221

Mato Grosso 53 102 116

Regiatildeo Centro Oeste 108 128 149

Brasil 178 182 225

73

especial na modalidade de planos coletivos empresariais A cobertura da populaccedilatildeo por

este sistema pode estar relacionada agraves dificuldades da gestatildeo puacuteblica em oferecer

serviccedilos de qualidade e diversidade para as necessidades da populaccedilatildeo (Santos 2010)

pela insuficiecircncia de serviccedilos de sauacutede puacuteblica na regiatildeo ou por natildeo dispor de recursos

financeiros puacuteblicos proporcionais ao aumento populacional da regiatildeo (Menicucci

2007)

Nesta regiatildeo natildeo eacute incomum que os beneficiaacuterios de Planos de Sauacutede empresarial

recorram agrave rede SUS quando a eles satildeo solicitados procedimentos natildeo cobertos pelos

seus planos Nestes casos a mobilidade desses beneficiaacuterios para a rede SUS produz

iniquidades visto que se utilizam dos planos para o acesso mais raacutepido ao serviccedilo em

especial para as consultas meacutedicas especializadas sem ter que ficar aguardando a

liberaccedilatildeo de vaga Tal agilizaccedilatildeo facilita tambeacutem o acesso mais raacutepido a medicamentos

exames e procedimentos da rede SUS que por ser um sistema universal natildeo apresenta

barreiras para este tipo de demanda no sistema puacuteblico Estes beneficiaacuterios usam o

dispositivo constitucional da universalidade para se beneficiar e satisfazer suas

necessidades usufruindo o melhor dos dois sistemas (Castro 2006)

A principal operadora na regiatildeo eacute a Unimed que assim como o setor puacuteblico

encontra dificuldades com a escassez de especialidades e de serviccedilos de maior

complexidade instalados nos municiacutepios visto que os que existem estatildeo concentrados

em alguns municiacutepios da regiatildeo e em quantidade insuficiente para a demanda

populacional A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos da regiatildeo para

atender seus beneficiaacuterios Observa-se nestes casos uma interface puacuteblico-privada em

que a Unimed manifesta o interesse em estabelecer parceria com unidades puacuteblicas

para manter a prestaccedilatildeo de serviccedilos meacutedicos naqueles locais e assim possibilitar a

expansatildeo da sua cartela de planos empresariais

A operadora natildeo tem estrutura hospitalar proacutepria absorve os serviccedilos e as

especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo que correspondam aos seus criteacuterios de

credenciamento A instalaccedilatildeo da cooperativa meacutedica na regiatildeo facilitou a expansatildeo de

adesotildees aos planos de sauacutede aleacutem disso o aumento da cobertura pode estar relacionada

ao nuacutemero de trabalhadores autocircnomos vinculados agraves empresas existentes nos

municiacutepios de Barra do Bugres Campo Novo do Parecis Nova Oliacutempia Sapezal e

Tangaraacute da Serra que juntos perfazem 965 dos beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

74

Nos municiacutepios de Arenaacutepolis Denise Nova Marilacircndia Porto Estrela e Santo

Afonso o mercado de planos de sauacutede eacute incipiente ficando a maior parte da populaccedilatildeo

dependente dos serviccedilos do SUS

Ateacute dezembro de 2010 os quase cinquenta mil beneficiaacuterios dos planos de sauacutede

da regiatildeo estavam assim vinculados agrave sauacutede suplementar 721 - plano coletivo

empresarial 268 - plano coletivo por adesatildeo apenas 07 com plano individual ou

familiar e o restante natildeo informado

Aleacutem das modalidades tradicionais de sauacutede suplementar que existem no

mercado nesta regiatildeo haacute uma denominada Univida que natildeo eacute um plano de sauacutede mas

oferece ao beneficiaacuterio a oportunidade de acesso a serviccedilos de sauacutede da rede privada a

um custo mais acessiacutevel A Univida18

tem a ela vinculada a Associaccedilatildeo Univida que

disponibiliza acesso aos serviccedilos do prestador privado e oferece cobertura a sete

municiacutepios da regiatildeo Essa associaccedilatildeo manteacutem contratos de atendimento com

profissionais laboratoacuterios cliacutenicas e hospitais nos municiacutepios de Tangaraacute Barra do

Bugres Nova Oliacutempia e Cuiabaacute apenas para as especialidades natildeo disponiacuteveis na

regiatildeo

As situaccedilotildees citadas satildeo alternativas para o acesso das pessoas agrave rede de serviccedilos

de sauacutede puacuteblica e privada da regiatildeo mas caracterizam iniquidades no acesso O acesso

destes beneficiaacuterios aos serviccedilos de sauacutede muitas vezes eacute viabilizado com a participaccedilatildeo

do setor puacuteblico que custeia as necessidades oriundas de consultas exames ou

procedimentos Para outros o acesso se viabiliza com recursos das famiacutelias ou das

empresas privadas quando se refere aos planos e seguros de sauacutede ou diretamente pelas

famiacutelias quando se trata de pagamento out-of-pocket (Castro 2006) Direta ou

indiretamente satildeo canalizados recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema

privado

Tanto a Unimed como a Associaccedilatildeo Univida satildeo alternativas importantes e

facilitam o acesso na regiatildeo Por meio da Univida o usuaacuterio do SUS a um menor custo

e tempo de espera tem o seu acesso sem precisar deslocar-se para fora da regiatildeo Aleacutem

do acesso mais raacutepido aos serviccedilos haacute uma crenccedila que atrai a populaccedilatildeo para a

assistecircncia privada a de que ela tem mais qualidade do que os serviccedilos oferecidos pelo

Sistema de Sauacutede Puacuteblica (Bahia 2010)

18

A Univida eacute um plano de assistecircncia funeral que criou uma associaccedilatildeo formada pelos beneficiaacuterios

do plano que permite estabelecer convecircnio com prestadores de serviccedilos de sauacutede

75

Os dados aqui expostos satildeo compatiacuteveis com os indicadores apresentados no

Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 (MT 2007b) que descreve as

caracteriacutesticas das doze regiotildees de planejamento Neste plano em que a regiatildeo VIII-

Oeste contempla oito dos dez municiacutepios da regiatildeo em estudo satildeo citados como pontos

de estrangulamentos a fraacutegil integraccedilatildeo entre os municiacutepios da regiatildeo a pobreza e

desigualdade intrarregional (baixos indicadores sociais principalmente em relaccedilatildeo agrave

mortalidade infantil e analfabetismo funcional) deficiente infraestrutura de serviccedilos

sociais urbanos deficiecircncia de saneamento baacutesico e baixa capacidade de investimento

dos setores puacuteblico e privado locais (MT 2007c) Os pontos citados reiteram as

caracteriacutesticas da regiatildeo jaacute apresentadas constituem fragilidades influenciam a

organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo puacuteblica e mostram as necessidades de intervenccedilatildeo do

estado para que esta regiatildeo de sauacutede possa desenvolver-se e tornar-se de fato autocircnoma

76

5 As Estrateacutegias de Regionalizaccedilatildeo

no Estado e na Regiatildeo

de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

77

5 AS ESTRATEacuteGIAS DE REGIONALIZACcedilAtildeO NO ESTADO E NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

As estruturas administrativas descentralizadas da SES de Mato Grosso foram

organizadas por regiotildees desde a deacutecada de 1980 periacuteodo em que essa secretaria

constituiu cinco Polos Regionais de Sauacutede A estes eram designadas as funccedilotildees de

supervisionar as unidades de sauacutede vinculadas e geridas pelo estado nos municiacutepios que

conformavam as regiotildees cobertas pelos polos abastecendo essas unidades com

medicamentos insumos e outros recursos necessaacuterios para seu funcionamento (Gonzaga

2002)

Naquele periacuteodo os polos regionais de sauacutede foram implantados nas regiotildees que jaacute

tinham seu espaccedilo naturalmente consolidado por questotildees geograacuteficas poliacuteticas e ateacute

mesmo por identidades econocircmicas mas a poliacutetica de sauacutede regionalizada somente se

inicia neste estado em meados da deacutecada de 1990 quando as prioridades da poliacutetica

estadual de sauacutede satildeo expressas no documento ldquoPoliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

diretrizes estrateacutegias e projetos prioritaacuteriosrdquo (MT 1995) Este documento define as

estrateacutegias de gestatildeo regionalizada direciona as atividades da SES para o fortalecimento

do espaccedilo regional e avanccedila nas propostas de descentralizaccedilatildeo a partir da cooperaccedilatildeo

intergovernamental considerada necessaacuteria para o fortalecimento da regiatildeo para a

organizaccedilatildeo das estruturas de regulaccedilatildeo e governanccedila regionalizada

Ateacute 1995 as atividades desenvolvidas pelos Polos Regionais de Sauacutede eram

restritas e natildeo estavam articuladas para o desenvolvimento e gestatildeo regionalizada da

sauacutede (Gonzaga 2002) Foi a partir da definiccedilatildeo da poliacutetica de conduccedilatildeo regionalizada

da SES que as Secretarias Municipais de Sauacutede passaram a receber cooperaccedilatildeo teacutecnica

para o fortalecimento da gestatildeo municipal para o planejamento das accedilotildees aleacutem de

incentivo para a participaccedilatildeo ativa dos gestores nas CIB regionais entatildeo instituiacutedas

criando naquele periacuteodo meios para a governanccedila regionalizada

Para o avanccedilo do processo de descentralizaccedilatildeo da sauacutede no estado e para a

ampliaccedilatildeo das relaccedilotildees intergovernamentais a SES criou novas regiotildees de sauacutede e

implantou em todas elas as bases institucionais da regionalizaccedilatildeo Os polos foram

transformados em Escritoacuterios Regionais de Sauacutede (ERS) deu-se sua reestruturaccedilatildeo

78

teacutecnica e operacional suas equipes foram ampliadas e os profissionais capacitados

para o desenvolvimento das accedilotildees contempladas no Plano Estadual de Sauacutede (PES) A

dinacircmica de trabalho da SES e dos ERS foi alterada e o foco passou a ser a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede (Guimaratildees 2002)

De 1995 a 2002 como parte da Poliacutetica Estadual de Sauacutede foram criadas e ou

fortalecidas outras instacircncias de accedilatildeo puacuteblica nos espaccedilos regionais com destaque para

as CIB regionais os CIS e as Cacircmaras de Compensaccedilatildeo de AIH que posteriormente

passaram a ser centrais regionais de regulaccedilatildeo (Muller Neto e Lotufo 2002) A SES

instituiu e incentivou o planejamento elaborou o PDR o PDI viabilizou as pactuaccedilotildees

da atenccedilatildeo baacutesica com os pactos instituiacutedos pelo Ministeacuterio da Sauacutede e criou meios para

a negociaccedilatildeo das referecircncias secundaacuterias utilizando a PPI como instrumento de

negociaccedilatildeo intergestores

Sob a vigecircncia da NOAS2002 todos os municiacutepios do estado foram habilitados

na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada exceto Cuiabaacute habilitado na Gestatildeo

Plena do Sistema Com os criteacuterios previstos na NOAS foram estabelecidas as

referecircncias no estado A capacidade instalada nos municiacutepios foi considerada um dos

criteacuterios para definiccedilatildeo dos moacutedulos assistenciais e respectivos municiacutepios de

abrangecircncia Na regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra todos os municiacutepios foram

habilitados na Gestatildeo Plena da Atenccedilatildeo Baacutesica Ampliada e foram definidos os

municiacutepios para sede de moacutedulos assistenciais considerando a estrutura puacuteblica e

privada conveniada com capacidade de oferecer o elenco miacutenimo de procedimentos de

meacutedia complexidade para ser referecircncia intermunicipal (MS 2002a)

Nesta regiatildeo ficaram como sede de moacutedulos assistenciais o municiacutepio de Barra

do Bugres para Porto Estrela e Santo Afonso o municiacutepio de Tangaraacute da Serra para

Denise e Nova Marilacircndia os municiacutepios de Nova Oliacutempia Campo Novo do Parecis e

Sapezal ficaram como sede de moacutedulo para sua proacutepria populaccedilatildeo

Com a ediccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede pelo Ministeacuterio da Sauacutede em 2006 a

regionalizaccedilatildeo eacute proposta como estrateacutegia para avanccedilar na descentralizaccedilatildeo Aleacutem disso

define uma nova dinacircmica de relaccedilotildees intergovernamentais orienta e propotildee diretrizes

para superar a fragmentaccedilatildeo decisoacuteria oferece meios para integrar os sistemas

municipais de sauacutede sob a coordenaccedilatildeo do gestor estadual e prevecirc a pactuaccedilatildeo das

79

responsabilidades compartilhadas entre os trecircs entes federativos expressas nos termos

de compromisso assinado entre os gestores (MS 2006)

Os Termos de Compromisso de Gestatildeo explicitam o processo gradual de

descentralizaccedilatildeo a ser desenvolvido pelos distintos entes federativos e evidenciam a

interdependecircncia entre os governos municipais e entre esses e o estado de modo que

sejam contempladas as desigualdades intermunicipais e regionais Neste sentido a

divisatildeo daquelas responsabilidades compartilhadas requer arranjos que contemplem a

realidade e as necessidades dos municiacutepios Esse processo natildeo eacute faacutecil visto que

ldquoenvolve jogos de cooperaccedilatildeo e competiccedilatildeo acordos vetos e decisotildees conjuntas entre

governos que possuem interesses e projetos frequentemente divergentes na disputa

poliacuteticardquo (Viana e Lima 2011 p15)

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede estavam instituiacutedas em Mato Grosso 16

microrregiotildees de sauacutede cada uma delas contando com um ERS (Figura 2) A

microrregiatildeo de Tangaraacute da Serra19

pertence agrave regiatildeo CentroNorte de Mato Grosso e

na vigecircncia do Decreto nordm 75082011 assim como as demais microrregiotildees do estado

foi transformada em regiatildeo de sauacutede denominaccedilatildeo que se utilizaraacute quando da referecircncia

a qualquer um desses territoacuterios

19

Oficialmente referida como regiatildeo do Meacutedio Norte Com a Resoluccedilatildeo CIBMT 065032012 todas

as microrregiotildees do estado passaram a ser regiotildees de sauacutede

80

Figura 2 - Regiotildees de Sauacutede Escritoacuterios Regionais e respectivos municiacutepios Mato

Grosso 2012

A regiatildeo de sauacutede de Tangaraacute da Serra e as demais regiotildees do estado

acompanhando as caracteriacutesticas do desenvolvimento econocircmico de cada municiacutepio e

seus indicadores econocircmico-sociais apresentam desigualdades na capacidade instalada

e nos investimentos puacuteblicos e privados sobretudo naqueles de baixo dinamismo

econocircmico e com forte dependecircncia das transferecircncias intergovernamentais (federal e

81

estadual) e da rede de serviccedilos dos municiacutepios-sede de regiatildeo em especial para a

assistecircncia de meacutedia e alta complexidade e assistecircncia hospitalar

Quando o Pacto pela Sauacutede foi implantado em MT e nesta regiatildeo de sauacutede ele

natildeo se constituiu em grande novidade para o gestor municipal A regionalizaccedilatildeo do SUS

jaacute era reconhecida e institucionalizada e jaacute se trabalhava com foacuteruns de discussotildees nas

CIB regionais criadas a partir de 1995 No entanto quando se iniciaram os debates para

sua implantaccedilatildeo muitas accedilotildees regionalizadas estavam enfraquecidas e tal normativa

naquele momento representava a oportunidade de retomar as estrateacutegias de

fortalecimento da regiatildeo

Para a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo Municipal (TCGM) a

SES atraveacutes da Portaria no 026 de 9032006 formou um grupo teacutecnico de conduccedilatildeo

com o objetivo de ldquofortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede no Estado de Mato

Grosso bem como divulgar e implementar as diretrizes operacionais do Pacto pela

Sauacutede 2006 em consonacircncia com a esfera federalrdquo Com a participaccedilatildeo deste grupo a

SES realizou seis macros encontros regionais para discutir o pacto as diretrizes e as

responsabilidades a serem assumidas Aleacutem disso no ano de 2007 o COSEMS com o

projeto Rede SUS em Mato Grosso realizou vinte oficinas de planejamento e orccedilamento

nas 16 regiotildees de sauacutede com o objetivo de discutir os problemas regionais de sauacutede e

subsidiar os gestores na elaboraccedilatildeo do TCG (Ribeiro et al 2009) Essa mobilizaccedilatildeo

resultou na adesatildeo da maioria dos municiacutepios ao Pacto pela Sauacutede entre 2007 e 2010

Nesta regiatildeo apesar das incertezas quanto agraves responsabilidades a serem assumidas a

adesatildeo dos municiacutepios ocorreu no ano de 2008

Com o pacto a CIBMT20

manteve-se e as CIB regionais21

existentes foram

habilitadas a funcionar de acordo com as diretrizes dessa normativa Tais instacircncias

intergestores foram denominadas de Colegiados de Gestatildeo Regional mantendo-se como

espaccedilos de pactuaccedilatildeo e cogestatildeo solidaacuteria e cooperativa contando com a mesma

composiccedilatildeo anterior ou seja com a participaccedilatildeo de gestores de sauacutede dos municiacutepios e

20

A CIB estadual tem 32 membros e composiccedilatildeo paritaacuteria entre SES e gestores municipais A

representaccedilatildeo da SES contempla parcialmente as instacircncias regionais Os municiacutepios satildeo

representados pelos 16 vice-presidentes regionais do COSEMS indicados no processo de eleiccedilatildeo da

diretoria do COSEMS A CIB eacute coordenada pelo Secretaacuterio de Estado de Sauacutede e suas reuniotildees

embora nem sempre ocorram mensalmente satildeo programadas para serem mensais As atas e

resoluccedilotildees satildeo divulgadas no site da SES (httpwwwsaudemtgovbrportalcib) 21

Resoluccedilatildeo CIBMT no 0622006 - dispotildee sobre a habilitaccedilatildeo do funcionamento das Comissotildees

Intergestores Bipartites Regionais do Estado de Mato Grosso de acordo com o Pacto pela Sauacutede

2006

82

da representaccedilatildeo estadual regional Os CGR contam com regimento que disciplina o seu

funcionamento e recebem recursos do MS para sua manutenccedilatildeo A CIB eacute uma unidade

orccedilamentaacuteria mantida com recursos do tesouro estadual (Viana et al 2010a)

Em 2008 foi criada a Cacircmara Bipartite Estadual22

composta pelo Secretaacuterio de

Estado da Sauacutede pelas secretarias adjuntas da SES e pelo COSEMS Atendendo ao

preconizado no Pacto pela Sauacutede consta no regimento aprovado pela Resoluccedilatildeo

CIBMT 0682008 que essa cacircmara foi criada com a finalidade de assessorar a

secretaria executiva e o plenaacuterio da CIB ldquona formulaccedilatildeo de poliacuteticas e estrateacutegias

especiacuteficas relativas agrave gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees inerentes ao setor sauacutede

desenvolvimento de estudos intercacircmbio de experiecircncias e proposiccedilatildeo de normasrdquo

(MT 2008) Em 2009 foi criada na regiatildeo de sauacutede em estudo a Cacircmara Teacutecnica

Regional

A CIES23

estadual surgiu em 2009 e as CIES regionais a partir de 200824

sendo a

de Tangaraacute da Serra em 2009 A CIES estadual tem a funccedilatildeo de discutir as

necessidades e viabilizar a Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente no estado e regiotildees de

Mato Grosso A comissatildeo estadual estaacute vinculada agrave CIBMT e as regionais ao CGR

As atividades programadas nos respectivos planos de educaccedilatildeo permanentes satildeo

desenvolvidas pela Escola de Sauacutede Puacuteblica de Mato Grosso que conta com a parceria

do COSEMS Ateacute 2010 havia no estado 14 CIES constituiacutedas mas nem todas

funcionando regularmente (Viana et al 2010a)

Como parte do Pacto pela Sauacutede e da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente

oficializada pela Portaria GM no 19962007 o estado passou a receber recursos do

governo federal para qualificar os profissionais da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede orientado

pela integralidade da atenccedilatildeo Parte destes recursos o estado tem executado por

intermeacutedio da Escola de Sauacutede de Mato Grosso25

e a outra parte eacute transferida para as

CIES regionais Em 2007 a Resoluccedilatildeo CIB no 051 de 15082007 aprovou os projetos

de educaccedilatildeo permanente do SUS no estado para serem executados pela Escola de

22

Resoluccedilatildeo CIB no 030 de 12 de junho de 2008- Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Cacircmara Bipartite

Estadual e Cacircmaras temaacuteticas no acircmbito da Comissatildeo Intergestores Bipartite do Estado de MT 23

Resoluccedilatildeo CIB n 071 de julho de 2009 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo Ensino

Serviccedilo do Estado de Mato Grosso - CIESMT 24

Resoluccedilatildeo CIB no 011 de 17 de abril de 2008 - Dispotildee sobre a criaccedilatildeo da Comissatildeo de Integraccedilatildeo

Ensino Serviccedilo ndash CIES Regional do Vale do Arinos no Estado de Mato Grosso 25

Esta escola foi implantada antes do pacto pela sauacutede e eacute o local onde funciona o Polo de

Capacitaccedilatildeo Formaccedilatildeo e Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede de Mato Grosso

83

Sauacutede Puacuteblica e pelas CIES regionais Alguns destes projetos foram realizados em

parceria com o COSEMS

Em 2009 foi aprovado pela CIB o Plano de Accedilatildeo de Educaccedilatildeo Permanente e

Educaccedilatildeo Profissional do Estado de Mato Grosso26

Este plano define que os recursos

somente seratildeo transferidos para as CIES regionais se estas apresentarem ao CGR e agrave

CIESestadual o Plano Regional de Educaccedilatildeo Pemanente - PAREPS Para alocar os

recursos foram considerados os criteacuterios cobertura de sauacutede da familia (30) nuacutemero

de profissionais do SUS na regiatildeo (20) populaccedilatildeo da regiatildeo (20) IDH dos

municipios da regiatildeo (20) e distacircncia da capital (10) Em setembro de 200927

a

Resoluccedilao 108CIBMT aleacutem de disciplinar a distribuiccedilatildeo de recursos e accedilotildees da

poliacutetica de educaccedilatildeo permanente alterou dois criteacuterios da resoluccedilatildeo anterior e definiu

novos valores para que cada uma das CIES das regiotildees pudessem continuar com as

accedilotildees de educaccedilatildeo permanente em sauacutede e fortalecer o processo de regionalizaccedilatildeo do

SUS em Mato Grosso Em 2011 foi aprovado um novo plano de accedilatildeo da educaccedilatildeo

permanente28

e novos criteacuterios foram definidos

O quantitativo de recursos para cada uma das regiotildees conforme jaacute exposto ocorre

com base nos criteacuterios definidos pela SES e nos planos regionais das respectivas CIES

O valor financeiro definido para cada CIES regional eacute publicado em resoluccedilotildees da CIB

e transferido para a conta do Fundo Municipal de Sauacutede do municiacutepio indicado pelo

CGR Este municiacutepio passa a ser o responsaacutevel pelo pagamento de todas as despesas da

CIES referentes ao desenvolvimento dos projetos de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo

26

Resoluccedilatildeo CIB no 004 de 12 de marccedilo de 2009 - Dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para implementaccedilatildeo

da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT- foram definidos R$

143666754 para formaccedilatildeo teacutecnica executados pela Escola de Sauacutede Puacuteblica da SES Para

educaccedilatildeo permanente R$ 100566754 destes 6927 (R$ 69666764) foram depositados na conta

do fundo estadual de sauacutede para execuccedilatildeo das acotildees de ambito estadual e 3072 (R$30900000)

foram descentralizados para as CIES regionais atendendo agraves diretrizes do Pacto pela Sauacutede 27

Resoluccedilatildeo CIB no 108 de 02 de setembro de 2009 - dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo e a definiccedilatildeo das

accedilotildees da Poliacutetica de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede no Estado de MT conforme Plano de Accedilatildeo

para Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede - Portaria no 28132008 - para execuccedilatildeo em 2009 dos

recursos destinados aos fundos muncipais de sauacutede 28

Resoluccedilatildeo CIBMT Nordm 127 de 10 de novembro de 2011 - dispotildee sobre o Plano de Accedilatildeo para

Implementaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente no Estado de MT- define que parte

dos recursos seraacute executada pela Escola de Sauacutede Puacuteblica para educaccedilatildeo profissional

(R$143719141) e a outra parte administrada de forma descentralizada conforme os Planos

Regionais de Educaccedilatildeo Permanente em Sauacutede das CIES

84

Os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede29

atualmente 15 em funcionamento no

estado atendem a 125 municiacutepios e cobrem 625 da populaccedilatildeo mato-grossense (Botti

et al 2013) Eles foram incentivados e apoiados teacutecnica e financeiramente pela SES a

partir de 1995 para fortalecer as referecircncias nas regiotildees de sauacutede na atenccedilatildeo de meacutedia

complexidade ambulatorial e hospitalar e apoio diagnoacutestico Configuram cinco

modelos diferentes de gestatildeo de serviccedilos e utilizam para a sua implantaccedilatildeo estruturas

puacuteblicas municipais e ou estadual filantroacutepicas e privadas conforme a realidade das

respectivas regiotildees de sauacutede Na regiatildeo em estudo o CIS foi implantado em 1998 no

modelo que prevecirc a parceria com o setor privado

A participaccedilatildeo financeira do estado nos consoacutercios ocorre mediante convecircnio

estabelecido entre a SES e os municiacutepios30

consorciados (Botti 2010) para viabilizar a

oferta de consultas meacutedicas especializadas de internaccedilatildeo hospitalar exames e outros

procedimentos pactuados conforme as necessidades das respectivas regiotildees e modelo

de gestatildeo do consoacutercio

Nesta regiatildeo de sauacutede a contrapartida do estado eacute de 50 sobre a cota total fixa

por municiacutepio31

depositada diretamente na conta do consoacutercio A partir de 2008 a

transferecircncia dos recursos financeiros passou a ser diretamente na conta dos municiacutepios

atendendo ao Decreto32

do Governo de Mato Grosso que dispotildee sobre o Sistema de

Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos

29

Duas leis estaduais regulamentam o funcionamento dos consoacutercios no Estado de Mato Grosso Lei

nordm 81892004 - que dispotildee sobre o funcionamento em regime de cogestatildeo de Hospitais Municipais

que satildeo referecircncia dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e a Lei nordm 81902004 - que instituiu

normas gerais de parceria entre o estado e os Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede Os consoacutercios

satildeo fiscalizados pelo Tribunal de contas do Estado de MT satildeo formados pelos municiacutepios da regiatildeo

de sauacutede contam com estrutura administrativa composta pelo Conselho Diretor-prefeitos Conselho

Fiscal ndash conselheiros de sauacutede Conselho Intermunicipal de Sauacutede ndash secretaacuterios de sauacutede e Secretaria

Executiva 30

Para o municiacutepio fazer parte do CIS necessita de lei municipal aprovada pela cacircmara de vereadores

autorizando a Secretaria Municipal de Sauacutede a transferir mensalmente para a conta do consoacutercio os

recursos correspondentes agrave cota fixa mensal 31

Para cada municiacutepio integrante eacute calculado de acordo com a sua populaccedilatildeo um valor per capita

para desembolso mensal fixo tanto por parte do estado como dos municiacutepios que eacute variaacutevel de

acordo com o tipo e complexidade do serviccedilo oferecido As cotas fixas satildeo programadas para cobrir

um percentual pactuado entre os gestores para cobertura das necessidades populacionais que nem

sempre chegam a 100 das necessidades Caso o municiacutepio solicite cota extra o estado natildeo

complementa o valor financeiro a ser transferido 32

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de

Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras

providecircncias Este decreto foi revogado posteriormente pelo Decreto nordm 1455 de 17 de julho de

2008

85

Fundos Municipais de Sauacutede Neste mesmo ano de 2008 o novo organograma da SES33

retirou da sua estrutura administrativa a Gerecircncia dos consoacutercios

No que se refere agrave regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede demandou a reestruturaccedilatildeo do complexo regulador no estado e na regiatildeo e novas

regras foram estabelecidas O sistema estadual e regional de regulaccedilatildeo iniciou suas

atividades em 1998 quando a resoluccedilatildeo da CIBMT no 02198 aprovou as bases

institucionais de organizaccedilatildeo do fluxo de pacientes na rede de atenccedilatildeo SUS (Guimaratildees

2002)

Com base na Lei estadual no 7990 de 2003 foi criado o cargo de meacutedico

regulador do SUS com atribuiccedilotildees entre outras de regular a oferta de serviccedilos de

sauacutede e priorizar o atendimento considerando o grau de complexidade das demandas

eletivas e de urgecircncia e propiciar a interligaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis assistenciais do

sistema estadual e regional de sauacutede Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede a Central

Regional de Regulaccedilatildeo (CRR) de Tangaraacute da Serra contou com meacutedico regulador em

sistema de plantatildeo de 24 horas para ser o contato dos municiacutepios na regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional

As Secretarias Municipais de Sauacutede que natildeo tinham centrais de regulaccedilatildeo tiveram

que organizaacute-la para ordenar o fluxo municipal e intermunicipal com o parecer do

meacutedico regulador municipal e com o apoio da Central Regional de Regulaccedilatildeo Nesta

regiatildeo as internaccedilotildees intra ou intermunicipais satildeo reguladas nos respectivos municiacutepios

e ou pela central regional quando o caso requer encaminhamento A regulaccedilatildeo intra ou

inter-regional ocorre com base na PPI realizada entre gestores no CGR Sua atualizaccedilatildeo

segue as normas da SES

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Decreto no 2485 de 20042010 muda a

estrutura organizacional da SES e cria nas cinco macrorregiotildees do estado a Gerecircncia

de Gestatildeo Macrorregional com a finalidade de ser a responsaacutevel pelo gerenciamento e

implementaccedilatildeo do Complexo Regulador Regional assim como das Centrais Municipais

de Regulaccedilatildeo em consonacircncia com as normas estabelecidas pela Coordenadoria de

Regulaccedilatildeo

33

Decreto nordm 1431 de 28 de julho de 2008 - Dispotildee sobre a estrutura organizacional da SES a

redistribuiccedilatildeo de cargos em comissatildeo e funccedilotildees de confianccedila

86

De acordo com o Decreto nordm 2916 de outubro de 2010 que aprova o regimento

interno da SES a Coordenadoria de Regulaccedilatildeo ligada agrave Superintendecircncia de

Regulaccedilatildeo Controle e Avaliaccedilatildeo da SES passa a ser a responsaacutevel por organizar o

acesso aos serviccedilos de atenccedilatildeo agrave sauacutede no estado competindo a ela entre outras

medidas propor estrateacutegias de acesso monitorar o processo de regulaccedilatildeo e subsidiar o

planejamento da gestatildeo e assistecircncia Ligado agrave Central Estadual de Regulaccedilatildeo o

Tratamento fora do Domiciacutelio (TFD) estaacute centralizado e o acesso dos municiacutepios

ocorre mediante solicitaccedilatildeo encaminhada pela CRR

A partir de entatildeo a regiatildeo de Tangaraacute da Serra passou a contar com a Gerecircncia de

Gestatildeo Macrorregional mas em 2013 de acordo com o Decreto nordm 1855 de 12 de

julho de 2013 que dispotildee sobre a estruturaccedilatildeo da SES as Gerecircncias de Gestatildeo

Macrorregional nas regiotildees de sauacutede foram extintas as macrorregiotildees deixaram de

existir e todas as microrregiotildees passaram a serem denominadas regiotildees de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos incentivos para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede por parte do governo

federal foram mantidas as transferecircncias dos recursos alocados pela PPI mas tambeacutem

foram criadas novas modalidades como a transferecircncia de recursos para a regiatildeo

desenvolver accedilotildees de educaccedilatildeo permanente por meio da CIES estadual e das CIES

regionais para manter em funcionamento o CGR e o incentivo de Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais34

como parte integrante do Componente Piso da Atenccedilatildeo

Baacutesica (PAB) variaacutevel

Na vigecircncia do pacto o estado manteve a estrateacutegia de criar incentivos financeiros

para serem transferidos aos municiacutepios fundo a fundo Eacute uma forma de fomentar o

processo de regionalizaccedilatildeo avanccedilar na descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

reorientar o modelo de atenccedilatildeo e fortalecer a gestatildeo municipal Entre os anos de 2006 a

2011 a SES referendou alguns incentivos criados a partir da deacutecada de 1990 e instituiu

novos incentivos para municiacutepios que cumprissem os criteacuterios estabelecidos e

publicados nas suas portarias e aprovados pela CIB Foi com base no Decreto estadual

no

765 de 17062003 que a SES continuou a transferir recursos da receita proacutepria do

Fundo Estadual de Sauacutede para os Fundos Municipais de Sauacutede Em 2008 foram

34

Em 2013 essa estrateacutegia passa a incorporar a parte fixa do Componente Piso de Atenccedilatildeo Baacutesica -

PAB Fixo Portaria GABMS nordm 1408 de 10 de julho de 2013

87

publicados novos decretos35

que disciplinam novas regras para as transferecircncias entre

os fundos de sauacutede

Os incentivos financeiros criados pelo estado contribuiacuteram em parte para

implementar a Atenccedilatildeo Primaacuteria de Sauacutede como tambeacutem a meacutedia e alta complexidade

demandadas pela atenccedilatildeo primaacuteria Foram assegurados no PES recursos financeiros

para o desenvolvimento das accedilotildees e ou programas Programa de Apoio e

Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede - PACIS

Microrregionalizaccedilatildeo - para as atividades do CAPS Hemorrede e Reabilitaccedilatildeo

Programa de Apoio agrave Sauacutede da Famiacutelia - PASF Programa Sauacutede Bucal na ESF

Programa Diabete Mellitus - Insumos Complementares Programa de controle da

malaacuteria Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais - PASCAR

Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da Atenccedilatildeo Baacutesica e Programa de apoio agrave

organizaccedilatildeo estadual de urgecircncia e emergecircncia Alguns desses incentivos natildeo estatildeo

mais sendo implementados

Editada anteriormente ao pacto mas com vigecircncia ateacute 2008 a Portaria nordm 141 de

14082003GABSES foi revogada Esta Portaria disciplinou as transferecircncias

intergovernamentais definiu criteacuterios para que o municiacutepio pudesse receber os incentivos

do Programa de Incentivo agrave Microrregionalizaccedilatildeo da Sauacutede Em 2008 a SES edita a

Portaria nordm 112 de 06072008 que altera a modalidade de financiamento da meacutedia e alta

complexidade e refere que os municiacutepios somente teratildeo direito a esta transferecircncia se

preencherem os criteacuterios de Cobertura de PSF Cobertura de Sauacutede Bucal unidades

cadastradas no CNES ndash Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede existecircncia de

Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial ndash CAPS Para estes criteacuterios foram estabelecidos estratos 1

2 3 4 e 5 conforme a assistecircncia ofertada pelos municiacutepios

O valor a ser transferido para os diferentes estratos eacute diferenciado e considera

coberturas de PSF sauacutede bucal pronto atendimento sob gestatildeo municipal laboratoacuterios

de anaacutelises cliacutenicas de niacutevel primaacuterio e outros conforme a classificaccedilatildeo assistecircncia preacute-

natal atendimento ambulatorial e hospitalar nas aacutereas cliacutenica e pediaacutetrica e assistecircncia

ao parto atendimento ambulatorial e hospitalar em duas ou mais especialidades e

atendimento ambulatorial ou hospitalar como referecircncia macrorregional ou estadual

35

Decreto nordm 1328 de 14 de maio de 2008 Decreto no 1455 de 17 de julho de 2008 que revoga o

anterior - Dispotildee sobre o Sistema de Transferecircncia Voluntaacuteria de Recursos Financeiros do Fundo

Estadual de Sauacutede aos Fundos Municipais de Sauacutede e daacute outras providecircncias

88

Como parte integrante do Pacto pela Sauacutede foi definido que 5 do valor miacutenimo

do PAB-fixo multiplicado pela populaccedilatildeo do estado deveria ser utilizado para as

especificidades regionais (MS 2006) Para o valor correspondente a cada regiatildeo foi

aprovado na CIBMT36

a Resoluccedilatildeo 05621092007 que dispotildee sobre a distribuiccedilatildeo

deste incentivo destinado agrave atenccedilatildeo baacutesica PAB Variaacutevel-Compensaccedilatildeo de

Especificidades Regionais Os criteacuterios para os municiacutepios acessarem estes recursos

foram os menores iacutendices na composiccedilatildeo dos seguintes indicadores IDH populaccedilatildeo

rural maior que a urbana coeficientes de mortalidade infantil iacutendice de Gini e renda per

capita abaixo da meacutedia do estado

Os municiacutepios contemplados para receber este incentivo elaboraram um plano de

accedilatildeo e o submeteram agrave aprovaccedilatildeo dos respectivos CGR para posterior encaminhamento

a CIB Este plano detalha a aplicaccedilatildeo exclusiva dos recursos para a melhoria da Atenccedilatildeo

Primaacuteria agrave Sauacutede as metas as accedilotildees a serem desenvolvidas e os prazos de execuccedilatildeo

Para o programa de controle da Malaacuteria a SES instituiu incentivo atraveacutes da

Portaria ndeg 135 de 11062007 que permaneceu ateacute o ano de 2008 Nesse ano foram

tambeacutem instituiacutedos incentivos para Assistecircncia Farmacecircutica na Atenccedilatildeo Baacutesica e para

o Programa Diabetes Mellitus-insumos complementares (Portaria SES ndeg 132 de

09092008) A transferecircncia dos recursos do programa de Diabetes deve ser precedida

de Termo de Compromisso entre Municiacutepios e a SESMT

Em 2008 a SES instituiu o Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica (Portaria nordm 113 de 08082008) definindo que os recursos dos

incentivos seriam liberados somente para os municiacutepios que alcanccedilassem o rol de dez

indicadores37

do Pacto pela Sauacutede ou tivessem IDH inferior a 0702 No ano de 2010

foi criado incentivo para o controle da dengue a municiacutepios que participaram da sala de

situaccedilatildeo da dengue

36

Esta resoluccedilatildeo foi revogada pela Resoluccedilatildeo CIB nordm 075 de 08112007 para a mesma finalidade 37

1 Coeficiente de mortalidade neonatal ou Nuacutemero absoluto de oacutebitos neonatal 2 Proporccedilatildeo de oacutebitos de

mulheres em idade feacutertil investigados 3 Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com 4 ou mais consultas

de preacute-natal ou Proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal 4 Razatildeo

de exames citopatoloacutegico ceacutervico-vaginal na faixa etaacuteria de 25 a 59 anos em relaccedilatildeo agrave populaccedilatildeo-alvo em

determinado local por ano 5 Cobertura de primeira consulta odontoloacutegica programaacutetica 6 Proporccedilatildeo da

populaccedilatildeo cadastrada pela Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia 7 Meacutedia anual de consultas meacutedicashabitante

nas especialidades baacutesicas 8 Cobertura vacinal em tetravalente em menor de 1 ano de idade 9

Proporccedilatildeo de cura dos casos novos de tuberculose pulmonar baciliacutefera 10 Proporccedilatildeo de cura dos casos

novos de hanseniacutease diagnosticados nos anos das coortes

89

Em 2012 a Portaria no 109 GBSES (2012) revoga a Portaria n

o 112 GBSES

(2008) e altera a modalidade de incentivo financeiro que passa a ser incentivo agrave

Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede cujo mecanismo de financiamento eacute efetivado dentro do

Sistema de Transferecircncia Fundo a Fundo Esta refere que os incentivos financeiros

seratildeo destinados apenas aos municiacutepios que garantirem as accedilotildees e serviccedilos nas aacutereas de

Reabilitaccedilatildeo Hemoterapia e Centros de Atenccedilatildeo PsicossocialCAPS ndash com valores

diferenciados para niacutevel I II e III

Em 2013 com a ediccedilatildeo da Portaria no 083 GBSES2013 foram estabelecidas

novas regras de distribuiccedilatildeo de recursos aos fundos municipais de sauacutede Esta refere

que para os municiacutepios receberem incentivos financeiros deveratildeo dispor dos seguintes

programas implantados Programa de Sauacutede Famiacutelia ndash PSF Programa de Sauacutede Bucal ndash

PSB Programa de Apoio agrave Sauacutede Comunitaacuteria de Assentados Rurais ndash PASCAR

Farmaacutecia Baacutesica e Diabetes Mellitus Programa de Incentivo ao Alcance de Metas da

Atenccedilatildeo Baacutesica ndash PIAMAB

Na assistecircncia hospitalar aleacutem dos incentivos transferidos para os CIS a SES

estabeleceu convecircnios com hospitais municipais para se tornarem referecircncia regional

credenciou serviccedilos da meacutedia e alta complexidade instalou UTI nas sedes de regiotildees

por meio de convecircnios com unidades hospitalares proacutepria municipal ou com o setor

privado Nesta regiatildeo de Tangaraacute da Serra foi estabelecido aditivo ao convecircnio com o

Hospital Municipal de Barra do Bugres para ser referecircncia regional aleacutem disso

credenciou serviccedilos de apoio diagnoacutestico unidade de hemodiaacutelise e manteve os oito

leitos de UTI instalados no hospital privado

Ao firmar convecircnios com o setor privado a SES estabeleceu novas relaccedilotildees entre

o puacuteblico e o privado no acircmbito da prestaccedilatildeo dos serviccedilos no estado e nas regiotildees Estas

iniciativas estrateacutegicas ampliam a oferta imediata de serviccedilos e favorecem o acesso em

especial nas regiotildees onde natildeo existe capacidade instalada que possa resolver os

problemas internamente mas satildeo relaccedilotildees que requerem controle monitoramento e

regulaccedilatildeo do setor puacuteblico para assegurar a qualidade dos serviccedilos e o cumprimento das

atividades privadas na condiccedilatildeo de complementaridade ao SUS

Para realizar a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos a SES elaborou o Manual de

Credenciamento e Habilitaccedilatildeo dos Serviccedilos Ambulatoriais e Hospitalares do Estado de

Mato Grosso que foram aprovados pela Resoluccedilatildeo CIBMT no 076 de 23072009

90

Desde 2011 a SES tem realizado chamamento puacuteblico por meio de edital38

para

selecionar instituiccedilotildees sem fins lucrativos interessadas na celebraccedilatildeo de contratos de

gestatildeo das estruturas puacuteblicas estaduais As organizaccedilotildees sociais tecircm atendido a este

chamamento e vaacuterios convecircnios de gestatildeo foram estabelecidos no acircmbito do estado

Estas organizaccedilotildees tecircm sido definidas como o modelo de gestatildeo viaacutevel para gerir o

Hospital Metropolitano do estado com sede em Cuiabaacute os Hospitais Regionais de

Caacuteceres Rondonoacutepolis Coliacuteder e Sorriso e a Farmaacutecia Cidadatilde com sede em Cuiabaacute A

parceria com as Organizaccedilotildees Sociais de Sauacutede tem repercutido de forma negativa no

sistema puacuteblico de sauacutede de Mato Grosso visto que foram detectadas irregularidades na

gestatildeo conduzidas por essas OSS que tecircm sido motivo de vaacuterias denuacutencias ao

Ministeacuterio Puacuteblico

No que se refere agraves estrateacutegias de superaccedilatildeo das iniquidades regionais natildeo existe

um fundo regional especiacutefico para este fim apenas a programaccedilatildeo financeira para

manutenccedilatildeo do ERS para atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica e o incentivo para as

especificidades regionais que nesta regiatildeo contempla apenas dois municiacutepios

No periacuteodo de 2006 a 2010 entre as despesas com assistecircncia hospitalar

realizadas com recursos do estado para PACIS hospitais regionais e convecircnios as

regiotildees que tiveram o maior per capita foram Caacuteceres (de 036 a 25275) Coliacuteder (de

153 a 9881) e Sinop (de 407 a 2815) Satildeo regiotildees onde o estado construiu equipou e

manteacutem os seus hospitais regionais Destas a regiatildeo de Rondonoacutepolis que tambeacutem tem

Hospital Regional do estado teve um per capita menor (224 a 340) Na regiatildeo de

Tangaraacute da Serra o per capita foi de 222 a 524 (Mendonccedila 2012) provavelmente

devido aos leitos de UTI Observa-se que o quantitativo de recursos transferidos pela

SES por regiotildees difere muito e parece natildeo seguir um criteacuterio teacutecnico mesmo entre as

regiotildees com hospital regional do estado

Na vigecircncia do pacto houve pequenos investimentos na capacidade instalada de

regiotildees e municiacutepios Verifica-se que foram aprovados na CIBMT projetos para

construccedilatildeo e ou reforma de unidades de sauacutede Esses recursos pleiteados junto ao

Ministeacuterio da Sauacutede requerem a contrapartida dos municiacutepios para a sua aprovaccedilatildeo No

estado tambeacutem foram alocados recursos federais e estaduais em algumas regiotildees de

sauacutede para ampliar e construir hospitais regionais centros ciruacutergicos leitos de

38

Edital de seleccedilatildeo nordm 001SESMT2011 e nordm 003SESMT2011

91

estabilizaccedilatildeo e outros equipamentos hospitalares aquisiccedilatildeo de carros e ambulacircncias

investimentos em infraestrutura de unidades natildeo hospitalares e outros (Viana et al

2010a) Nesta regiatildeo de sauacutede natildeo houve investimentos

O Decreto no 75082011 ainda estaacute em processo de discussatildeo no estado mas o

CGR foi renomeado como Comissatildeo Intergestores Regional - CIR Algumas redes

como a rede de urgecircnciaemergecircncia e a rede cegonha por orientaccedilatildeo do MS39

e

resoluccedilatildeo CIB40

comeccedilaram a ser organizadas no estado e na regiatildeo Para organizar a

implantaccedilatildeo de tais redes na regiatildeo em estudo foram enviados questionaacuterios para as

SMS preencherem as informaccedilotildees solicitadas A equipe do ERS de Tangaraacute da Serra

respondeu ao questionaacuterio mas ainda natildeo haacute rede em funcionamento pois natildeo foi

consenso entre os gestores a sua implantaccedilatildeo na regiatildeo

39

A Portaria GMMS nordm 1600 de 7 de julho de 2011 reformula a Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo agraves

Urgecircncias e institui a Rede de Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias no SUS 40

Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 121 de 17 de maio de 2012 dispotildee sobre o Plano Regional da Rede de

Atenccedilatildeo agraves Urgecircncias da Regiatildeo de Sauacutede do Meacutedio Norte do Estado de Mato Grosso

92

6 O Complexo Regional e a

Institucionalidade da Regionalizaccedilatildeo

na Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da

Serra

93

6 O COMPLEXO REGIONAL E A INSTITUCIONALIDADE DA

REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

61 O complexo regional

O complexo regional desta regiatildeo de Tangaraacute da Serra tem sido constituiacutedo desde

a deacutecada de 1980 Conta com as seguintes estruturas SMS ERS CGR Consoacutercio

Intermunicipal de Sauacutede Central Regional de Regulaccedilatildeo Centrais Municipais de

Regulaccedilatildeo e Prestadores (puacuteblicos privados lucrativos privados filantroacutepicos e

operadora de planos de sauacutede) O funcionamento deste complexo tambeacutem abrange a

atuaccedilatildeo do segmento de representaccedilatildeo dos gestores (COSEMS) e do controle social

(CMS)

As Secretarias Municipais de Sauacutede (SMS) como jaacute caracterizadas quanto agrave sua

estrutura contam com equipe miacutenima de profissionais que atuam na gestatildeo Dos

gestores municipais nem todos tecircm formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede A estrutura

administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas teacutecnicas para coordenaccedilatildeo

e conduccedilatildeo dos trabalhos e os cargos de coordenaccedilatildeo satildeo de indicaccedilatildeo poliacutetica e em

sua maioria ocupados por pessoas sem formaccedilatildeo na aacuterea da sauacutede Contam com central

municipal de regulaccedilatildeo e um meacutedico regulador

Nas SMS os cargos da equipe de conduccedilatildeo satildeo ocupados em sua maioria por

profissionais que natildeo tecircm formaccedilatildeo teacutecnica na sauacutede seja pelo fato de serem cargos de

confianccedila seja pela indisponibilidade de profissionais com este perfil no municiacutepio

Aleacutem disso satildeo municiacutepios de pequeno porte que priorizam a contrataccedilatildeo de teacutecnicos

para o atendimento na rede de atenccedilatildeo municipal Portanto a gestatildeo municipal depende

da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS

No ERS instacircncia de representaccedilatildeo da SES o cargo de diretor eacute de indicaccedilatildeo

poliacutetica mas nesta regiatildeo na vigecircncia do pacto foi ocupado por teacutecnicos do quadro de

funcionaacuterios de carreira da SES Na regiatildeo em estudo o ERS conta com uma equipe de

mais de 30 profissionais e tem a funccedilatildeo de desenvolver accedilotildees de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios acompanhar e monitorar a vigilacircncia de atenccedilatildeo agrave sauacutede realizar as accedilotildees

da VISA coordenar o complexo regulador e regular a assistecircncia agrave sauacutede na regiatildeo

94

orientar a programaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de contas dos programas e a elaboraccedilatildeo do Planeja

SUS e acompanhar seus indicadores cooperar na elaboraccedilatildeo do Relatoacuterio de Gestatildeo

Municipal e no monitoramento dos indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo

coordenar as pactuaccedilotildees monitorar a execuccedilatildeo da PPI organizar e coordenar as

reuniotildees do CGR

Na vigecircncia do pacto no ERS da regiatildeo em estudo foram criadas pelo Decreto no

1431072008 trecircs gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de Gestatildeo

Macrorregional Estas facilitaram a organizaccedilatildeo interna para a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos

municiacutepios No entanto nos uacuteltimos anos as atividades de cooperaccedilatildeo deixaram de

acontecer e o gestor refere que o ERS ldquocontinua sempre meio que esperando algueacutem

dar uma ordem natildeo tem iniciativa ele natildeo estaacute muito ativo nesta questatildeo da

regionalizaccedilatildeordquo (GM) Embora conte com profissionais em sua maioria de niacutevel

superior e que segundo os gestores satildeo profissionais que colaboram e que exercem

suas funccedilotildees o ERS natildeo tem obtido o apoio institucional para exercer a funccedilatildeo de

cooperaccedilatildeo em especial aquelas que exigem deslocamento para os municiacutepios

O ERS natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo tem autonomia seu

funcionamento eacute diretamente afetado pelas regras emanadas da SES que libera ou natildeo

sua programaccedilatildeo de atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios

Como parte do ERS e seguindo as bases organizacionais do Sistema de Referecircncia

Estadual41

(SER-SUS) a Central Regional de Regulaccedilatildeo42

foi reestruturada e foram

definidas regras para o estabelecimento de relaccedilotildees entre prestadores puacuteblicos e

privados Eacute coordenada por teacutecnicos do ERS e atua com base no protocolo da Central

Estadual de Regulaccedilatildeo Com o pacto a Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo da Atenccedilatildeo agrave

Sauacutede incentivou a implementaccedilatildeo de Complexos Reguladores (CR) para funcionarem

de forma articulada e integrada entre os entes federativos (Brasil 2006)

As Centrais Municipais de Regulaccedilatildeo apoiadas pela Central Regional

readequaram sua organizaccedilatildeo para o fluxo de encaminhamentos de internaccedilotildees

consultas exames especializados e outros procedimentos Alguns municiacutepios foram

contemplados com recursos do Ministeacuterio da Sauacutede para sua reorganizaccedilatildeo e

reestruturaccedilatildeo mas ateacute o momento ldquoningueacutem recebeurdquo (GM)

41

Implantado em 1998 - Resoluccedilatildeo CIBMT ndeg 21 de 1998 42

Tem sua origem a partir da cacircmara de compensaccedilatildeo de AIH criada em 1996

95

O processo de regulaccedilatildeo inicia-se com o meacutedico regulador municipal que analisa

as solicitaccedilotildees e ajusta o acesso do usuaacuterio de forma ordenada utilizando para isto a

Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada-PPI as guias do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

as Autorizaccedilotildees de Internaccedilatildeo Hospitalar (AIH) sob a gestatildeo municipal e outras guias

resultantes das contratualizaccedilotildees municipais Quando o paciente eacute regulado para fora do

municiacutepio a SMS se responsabiliza pelo transporte

O sistema de informaccedilatildeo utilizado pela Central Regional de Regulaccedilatildeo eacute o

SISREG e estaacute parcialmente implantado A SES pela Resoluccedilatildeo CIBMT no

1222010

definiu o prazo de doze meses para todos os municiacutepios implantarem-no mas nesta

regiatildeo nem todos os municiacutepios tecircm centrais municipais informatizadas e com acesso agrave

internet

O setor privado faz parte dos fluxos assistenciais da rede de atenccedilatildeo e referecircncia

nos municiacutepios e regiatildeo Os serviccedilos que este setor disponibiliza satildeo internaccedilotildees

cirurgia geral parto e UTI consultas meacutedicas ambulatoriais especializadas exames de

imagem e laboratoriais de meacutedia e alta complexidade e o serviccedilo de hemodiaacutelise

Alguns desses serviccedilos privados atendem agrave regiatildeo por meio do CIS ou de

credenciamentos e convecircnios O serviccedilo de hemodiaacutelise estaacute instalado em

estabelecimento puacuteblico gerenciado por empresa privada natildeo eacute regulado pelas centrais

municipal e regional atende a toda a regiatildeo e a consulta eacute paga agrave parte pelo gestor

municipal

Aleacutem da compra na regiatildeo algumas prefeituras compram serviccedilos de Cuiabaacute de

especialistas em oftalmologia cardiologia neurologia e urologia Estes profissionais

ficam de trecircs a quatro dias por mecircs no municiacutepio e atendem duzentos ou mais pacientes

O municiacutepio remunera pelos serviccedilos e custeia todas as despesas de deslocamento

hospedagem e alimentaccedilatildeo Satildeo alternativas utilizadas para reduzir a demanda

reprimida mas individualizadas que rompem com a loacutegica da regionalizaccedilatildeo

Na regiatildeo os estabelecimentos privados em sua maioria estatildeo localizados no

municiacutepio-sede Dependendo da contratualizaccedilatildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo municipal regional e ou estadual

Os leitos de UTI satildeo regulados pela Central Estadual e os da cliacutenica baacutesica pelas

centrais municipais As especialidades meacutedicas reguladas pela central regional satildeo

encaminhadas para Cuiabaacute que marca o atendimento conforme disponibilidade da

96

agenda do meacutedico As internaccedilotildees de referecircncia regional satildeo reguladas para o Hospital

Municipal de Barra Bugres e reguladas entre as centrais municipais As solicitaccedilotildees de

outros procedimentos e ou exames satildeo encaminhadas para a central regional que

analisa e se necessaacuterio envia para a central de regulaccedilatildeo estadual Toda regulaccedilatildeo

ocorre com base no protocolo da regulaccedilatildeo do estado

Nesta regiatildeo foram contratados desde 2005 trecircs meacutedicos reguladores e um

meacutedico supervisor que ficam agrave disposiccedilatildeo dos municiacutepios na central de regulaccedilatildeo

regional regulam a urgecircncia-emergecircncia e demais solicitaccedilotildees eletivas e ciruacutergicas dos

municiacutepios

As solicitaccedilotildees satildeo avaliadas pelos meacutedicos reguladores com base no protocolo

da regulaccedilatildeo e PPI As solicitaccedilotildees ciruacutergicas satildeo encaminhadas para avaliaccedilatildeo por

cirurgiatildeo em Cuiabaacute ou em Barra do Bugres As especialidades reguladas para fora da

regiatildeo geralmente satildeo aquelas natildeo vinculadas ao consoacutercio ou porque a cota do

consoacutercio jaacute foi preenchida que natildeo existem na regiatildeo ou que natildeo atendem agrave

complexidade solicitada Entre elas cirurgia geral cardiologia dermatologia

hepatologia oftalmologia urologia e outras

O fluxo a referecircncia e contrarreferecircncia na regiatildeo foram se definindo

naturalmente a ldquooferta de serviccedilo definiu a logiacutesticardquo (GE) Estes serviccedilos em sua

maioria estatildeo no municiacutepio-sede de regiatildeo Tangaraacute da Serra sendo providos pelo setor

privado e o acesso das demandas ocorre a um custo diferenciado da tabela SUS

financiado em maior proporccedilatildeo pelo gestor municipal e negociado pelo CIS Mesmo

com a existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede a regiatildeo natildeo tem a autonomia e

a resolutividade prescrita no Pacto pela Sauacutede Dessa forma os encaminhamentos para a

capital natildeo satildeo escolhas mas a alternativa do gestor cujo cotidiano eacute permeado por

tensotildees e depende da rede de atenccedilatildeo inter-regional para acessar os serviccedilos

Ao encaminhar para a capital o gestor se depara com problemas da falta de

estrutura da rede puacuteblica de referecircncia estadual ldquoquando entra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o

problemardquo (GE) natildeo tem a vaga que foi pactuada na PPI e a regiatildeo que natildeo dispotildee de

estrutura puacuteblica ldquodepende das vagas existentes no municiacutepio de Cuiabaacuterdquo (GM)

Estes problemas se agravam quando relacionados agraves internaccedilotildees de UTI pois

desde que tal serviccedilo foi implantado em 2004 ldquonatildeo aumentou nenhum leito nessa

regiatildeordquo (GE) Aleacutem da falta de leitos de UTI os gestores com frequecircncia pagam agrave parte

97

alguns dos exames de pacientes internados na UTI desta regiatildeo pois natildeo estatildeo

contemplados no convecircnio

Os meacutedicos reguladores da regiatildeo em estudo julgando que o estado natildeo prioriza a

regionalizaccedilatildeo e por se sentirem incapazes para resolver os problemas da regulaccedilatildeo

inter-regional solicitaram exoneraccedilatildeo do cargo Desta forma a regulaccedilatildeo da

urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada na SES e esta regiatildeo perdeu o cargo de meacutedico

regulador Desde entatildeo a central regional passou a natildeo ter informaccedilotildees nem mesmo da

regulaccedilatildeo interna da regiatildeo

Os serviccedilos natildeo disponibilizados nos municiacutepios e nesta regiatildeo satildeo inseridos na

PPI para pactuaccedilatildeo com o gestor de Cuiabaacute Estes serviccedilos satildeo pactuados mas os

gestores dos municiacutepios desta regiatildeo sabem que a rede de Cuiabaacute natildeo dispotildee de

capacidade para o atendimento mas o faz por falta de opccedilotildees na regiatildeo e no estado

Natildeo haacute seguranccedila por parte do gestor municipal quanto ao fluxo dos

encaminhamentos refere que ainda natildeo se tem clareza ldquofica truncado a gente percebe

que nem a regiatildeo entende o que estaacute acontecendordquo (GM) Agraves vezes natildeo se consegue

vaga via central de regulaccedilatildeo mas sim ligando diretamente para o prestador de serviccedilos

em Cuiabaacute ou solicitando ajuda a poliacuteticos A accedilatildeo regulatoacuteria tem um papel importante

pode facilitar o acesso otimizar os recursos disponiacuteveis mas natildeo vai resolver os

problemas de acesso se natildeo houver gestatildeo eficiente e capacidade instalada suficiente

para responder agraves necessidades da populaccedilatildeo no estado e regiatildeo (Vilarins et al 2012)

Nesta regiatildeo a insuficiecircncia da capacidade instalada puacuteblica torna imprescindiacutevel

a relaccedilatildeo com o setor privado por meio da contratualizaccedilatildeo do serviccedilo Alguns dos

gestores privados desta regiatildeo por vezes jaacute romperam parcialmente o atendimento e

escolhem os procedimentos a ofertar ao SUS Natildeo rompem totalmente a oferta mas natildeo

demonstram interesse em aceitar novos credenciamentos e solicitam tabela

complementar para continuar atendendo aos serviccedilos jaacute credenciados e ou contratados

Nesta regiatildeo a ausecircncia de investimentos puacuteblicos tem fortalecido a presenccedila do

setor privado na rede puacuteblica de sauacutede e enfraquecido o sistema puacuteblico que manteacutem

uma relaccedilatildeo de dependecircncia Esta situaccedilatildeo gera fragilidades aumenta o custo dos

serviccedilos e resulta em iniquidades de acesso pelas desigualdades sociais e econocircmicas

dos municiacutepios que pagam tabelas complementares

98

O Hospital Municipal de Barra do Bugres manteacutem convecircnio com a SES para ser

referecircncia na regiatildeo mas a SES tem realizado as transferecircncias financeiras com meses

de atraso e a gestora relata dificuldades para manter este atendimento Afirma que os

recursos da PPI natildeo cobrem as despesas e tambeacutem ldquonatildeo se consegue fazer todo esse

atendimento soacute com o valor AIHrdquo (GM) tem que recorrer agrave receita municipal para

manter o hospital em funcionamento e cumprir com o compromisso que o gestor

estadual assumiu na regiatildeo

Diante das dificuldades a gestora procurou resolver o problema na regiatildeo levou

para discussatildeo no CGR propocircs o pagamento da mesma tabela complementar que os

hospitais privados recebem para os atendimentos do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede Seu pedido foi negado sob o argumento de que independentemente do convecircnio

estadual os recursos da PPI estavam sendo transferidos regularmente e portanto era

obrigaccedilatildeo realizar este atendimento

Aleacutem da falta de recursos financeiros a gestora deste hospital refere outros

problemas entre eles o encaminhamento de pacientes por parte dos municiacutepios ldquosem

soro sem nenhum atendimento sem carteira sem documentaccedilatildeo sem nadardquo (GM)

problemas internos com os profissionais do hospital que satildeo resistentes em aceitar a

referecircncia regional alegam ldquonatildeo eacute paciente daqui noacutes natildeo temos a obrigaccedilatildeo em

relaccedilatildeo a issordquo (GM) Procurou resolver estes problemas mas refere que natildeo contou

com o apoio da SESERS Com sua equipe orientou os municiacutepios mas com pouco

sucesso Observa-se nos relatos que embora seja de referecircncia natildeo se verifica nas

entrevistas reconhecimento deste hospital como regional o comportamento dos entes

federativos natildeo eacute cooperativo O repasse dos custos a outros entes (Abrucio 2002) eacute

comum entre os gestores desta regiatildeo na medida em que enviam pacientes sem nenhum

atendimento e entendem que o outro municiacutepio tem que atender em funccedilatildeo de uma

pactuaccedilatildeo mesmo sabendo que os valores recebidos natildeo cobrem as despesas

Quanto ao encaminhamento do paciente sem o primeiro atendimento o gestor

regulador informa que a regiatildeo precisa se qualificar em praacuteticas cliacutenicas ldquoo estado

precisa investir em capacitaccedilatildeo para noacutes diminuirmos as sequelas e o mau

atendimento nos diferentes municiacutepios Noacutes ainda recebemos complicaccedilotildees que natildeo

deveriam existirrdquo (GE)

99

Os prefeitos da regiatildeo foram ateacute a SES para resolver o atraso na transferecircncia dos

recursos a este hospital mas na reuniatildeo um assessor da SES alegou ldquoo repasse eacute

voluntaacuterio se tem dinheiro eu passo se natildeo tenho eu natildeo passordquo (GM) Observa-se

pelo exposto que natildeo haacute comprometimento com a regionalizaccedilatildeo Esta natildeo se constitui

em prioridade por parte desse assessor da SES em manter o compromisso assumido no

convecircnio Estas questotildees influenciam a regionalizaccedilatildeo dificultam a integraccedilatildeo entre os

entes federativos e resultam em accedilotildees isoladas onde cada um vai procurar resolver o

seu problema jaacute que natildeo conta com accedilotildees coordenadas e de apoio agrave gestatildeo

regionalizada Aleacutem disso geram questionamentos por parte do gestor ldquoeu natildeo sei que

regionalizaccedilatildeo eacute essardquo (GM)

Observa-se por meio do relato dos gestores que os serviccedilos estatildeo

desarticulados Aleacutem disso os fluxos natildeo satildeo respeitados a realidade dos municiacutepios

natildeo eacute considerada na comunicaccedilatildeo do agendamento pela Central de Regulaccedilatildeo de

Cuiabaacute que comunica a liberaccedilatildeo do agendamento de um dia para o outro Nesta regiatildeo

existem municiacutepios que distam 500 quilocircmetros da capital do estado e natildeo eacute possiacutevel

deslocar o paciente a fim de chegar a tempo para o atendimento liberado gerando perda

de vagas aguardadas haacute meses Aleacutem disso os gestores natildeo conseguem ter o controle do

que foi solicitado e liberado e assim natildeo conseguem controlar a demanda reprimida

que eacute significativa na regiatildeo

Tais problemas associados agrave falta de leitos em geral e de UTI baixa capacidade

instalada e oferta de serviccedilos puacuteblicos falta de sistema de informaccedilatildeo interligado entre

os complexos reguladores dificuldade e demora em conseguir vagas da

urgecircnciaemergecircncia e eletivas comunicaccedilatildeo da liberaccedilatildeo do serviccedilo diretamente para

o paciente tecircm implicaccedilotildees na gestatildeo Contribuem para aumentar as iniquidades no

acesso mostram que o planejamento o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees em todos os

niacuteveis de complexidade natildeo estatildeo acontecendo Estas questotildees podem interferir no fluxo

e no acesso agrave assistecircncia integral (Nascimento et al 2009) nesta regiatildeo

As lacunas retro referidas comprometem a regionalizaccedilatildeo e no entendimento do

gestor ocorrem devido agrave ldquoomissatildeo do estadordquo (GE) e iniquidades da SES na conduccedilatildeo

da poliacutetica Sem a estruturaccedilatildeo do sistema de regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo do estado os

municiacutepios natildeo conseguem cumprir os compromissos compartilhados no Termo de

Compromisso de Gestatildeo e efetivar os direitos da populaccedilatildeo resolver os problemas na

100

regiatildeo reorganizar e manter os serviccedilos existentes para evitar deslocamentos diminuir

os gastos e as iniquidades no acesso

O apoio do estado na coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica deve ser contiacutenuo e eacute

determinante para reduzir as desigualdades territoriais e sociais facilitar o acesso agraves

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantir a integralidade na atenccedilatildeo potencializar a

descentralizaccedilatildeo fortalecer municiacutepios para exercerem o papel de gestores racionalizar

os gastos e otimizar os recursos (MS 2006)

Neste sentido eacute fundamental a existecircncia e o funcionamento do Colegiado de

Gestatildeo Regional - CGR43

instacircncia deliberativa e restrita agrave aacuterea de abrangecircncia

regional Na regiatildeo em estudo eacute composto pelos gestores com titularidade de secretaacuterio

de sauacutede (10 titulares e 10 suplentes) e pelo diretor e teacutecnicos do ERS (9 titulares e 9

suplentes mais o diretor) Neste colegiado a legislaccedilatildeo natildeo prevecirc a participaccedilatildeo de

prestadores privados conveniados de conselheiros municipais de sauacutede profissionais de

sauacutede e do secretaacuterio executivo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Com a sua implantaccedilatildeo manteacutem-se na regiatildeo o espaccedilo colegiado para agregar

saberes e inovar a poliacutetica de sauacutede Incrementa-se a possibilidade de negociaccedilatildeo e

decisatildeo intergovernamental permanente na regiatildeo construir arranjos e objetivos

compartilhados retomar o planejamento regional e integrar os serviccedilos (Viana et al

2010a) accedilotildees estas que tinham perdido forccedila entre os anos 2003 e 2005

O coordenador do CGR eacute o diretor do ERS conforme determina o regimento

enviado pela SES Os profissionais do ERS participam representando as aacutereas teacutecnicas

da atenccedilatildeo baacutesica da regulaccedilatildeo da vigilacircncia e da assistecircncia farmacecircutica exercem a

funccedilatildeo de subsidiar as discussotildees A secretaria funciona na sede do ERS e tem

computador especiacutefico para suas atividades

A secretaacuteria executiva eacute funcionaacuteria do ERS confere a existecircncia de pautas preacute-

agendadas faz contato com membros do CGR verifica necessidade de inclusotildees

prepara e encaminha a pauta aos integrantes informa o local das reuniotildees monitora a

gestatildeo dos recursos faz a prestaccedilatildeo de contas e apoia o vice-presidente regional do

COSEMS nas demandas solicitadas

A composiccedilatildeo da pauta eacute flexiacutevel agraves solicitaccedilotildees os temas solicitados para

inclusatildeo devem secirc-lo com cinco dias de antecedecircncia satildeo avaliados pelo coordenador

43

Este colegiado jaacute estava em funcionamento como CIB regional foi recomposto e renomeado a partir

da proposiccedilatildeo da CIBRegional de Tangaraacute da Serra nordm 001 de 03 de fevereiro de 2009

101

do CGR que confere a documentaccedilatildeo e a pertinecircncia e na duacutevida entra em contato

com o solicitante discute o assunto e decide se o manteacutem na pauta A convocaccedilatildeo e o

material da pauta satildeo enviados com antecedecircncia on line

A equipe teacutecnica do ERS realiza reuniatildeo preacute-CGR discute os temas e analisa se a

documentaccedilatildeo enviada pelo gestor estaacute completa Os secretaacuterios municipais tambeacutem

realizavam reuniotildees preacute-colegiado e manifestam a vontade de retomar estas discussotildees

As reuniotildees do CGR ocorrem em salas alugadas nem sempre satildeo mensais

seguem protocolo formal e satildeo iniciadas se houver quorum Satildeo abertas consultivas

deliberativas e informativas O coordenador controla o tempo programado da pauta e

informa o que foi ou natildeo consensuado Os temas natildeo consensuados podem voltar agrave

pauta apoacutes esclarecimentos sobre o assunto Todas as reuniotildees satildeo gravadas

digitalizadas e lidas no iniacutecio da proacutexima reuniatildeo

Os gestores em sua maioria satildeo assiacuteduos mas as faltas natildeo satildeo incomuns A

ausecircncia frequente de gestores nos CGR ainda constitui problemas para a gestatildeo

(Delziovo 2012 Vianna Pestana 2012) pois mesmo que enviem seus representantes

dificulta o processo visto que o colegiado eacute um espaccedilo de esclarecimento e repasse de

informaccedilotildees que subsidia os gestores para a tomada de decisatildeo na conduccedilatildeo da poliacutetica

municipal e regional

As deliberaccedilotildees satildeo por consenso formalizadas por resoluccedilotildees ou proposiccedilotildees

No iniacutecio era frequente a utilizaccedilatildeo ad referendum para situaccedilotildees especiais hoje jaacute natildeo

eacute utilizado O encaminhamento das deliberaccedilotildees para o gestor municipal ocorre apenas

quando se referem a projetos que exigem sua anexaccedilatildeo As resoluccedilotildees satildeo enviadas para

a CIB homologar e o vice-regional do COSEMS que participa das reuniotildees do

COSEMS e da CIB leva as demandas da regiatildeo

Eacute comum nas reuniotildees do CGR a participaccedilatildeo de teacutecnicos das SMS prestadores

do setor privado e outros atores Satildeo participaccedilotildees que a semelhanccedila de outros

colegiados tem por objetivo esclarecer e ou expor assuntos de seu interesse e

congruentes com o tema em pauta (Vianna 2012) mas somente gestores com

titularidade e de forma obrigatoacuteria podem participar do CGR com voz a favor dos

interesses do seu territoacuterio

Como parte do CGR a Cacircmara Teacutecnica Temaacutetica Regional foi criada pela

Resoluccedilatildeo do CGR no

005 de 17032009 composta paritariamente por teacutecnicos das

102

Secretarias Municipais de Sauacutede e do ERS Esta cacircmara natildeo funciona seu papel tem

sido assumido pelas coordenadorias do ERS Na CIB tambeacutem satildeo as aacutereas teacutecnicas da

SES que realizam suas funccedilotildees (Viana et al 2010a)

Foi criada tambeacutem na regiatildeo a Comissatildeo Interinstitucional de Ensino e Serviccedilo-

CIES44

pela Resoluccedilatildeo do CGR no 006 de 15092009 como parte das estrateacutegias de

implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Houve dificuldades no iniacutecio do seu funcionamento

mas hoje haacute maior clareza por parte dos gestores quanto ao seu papel ldquotemos que nos

reportar a noacutes mesmos () agraves nossas necessidadesrdquo (GM) A CIES regional eacute composta

por Secretaacuterios de Sauacutede e teacutecnicos das Secretarias Municipais de Sauacutede teacutecnicos do

ERSTS e da SECITEC professores representantes do SENAC da UNEMAT e da

UNIC Os membros reuacutenem-se no mesmo dia do CGR e a cada 6 meses por

representaccedilatildeo participam das reuniotildees da CIESestadual

Os registros documentais mostram que a sua criaccedilatildeo foi positiva tem contribuiacutedo

e instituiacutedo a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo O planejamento atende agraves necessidades e

para realizar as capacitaccedilotildees programadas tem recebido recursos financeiros geridos

pelo municiacutepio-sede da regiatildeo Destacam-se entre os problemas enfrentados pela CIES

rotatividade entre os membros falta de instrutor capacitado pela ESPSES na regiatildeo

dificuldades para realizar os cursos na regiatildeo inexperiecircncia da SMS responsaacutevel pela

execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria e prestaccedilatildeo de contas recusa dos municiacutepios selecionados para

ser o executor financeiro da regiatildeo entre outros (Viana et al 2010a)

O gestor cita dificuldade para custear o deslocamento dos profissionais para os

cursos ldquoos municiacutepios jaacute estatildeo com sobrecarga de mais de 30 de investimentos de

recursos proacuteprios na sauacutederdquo (GM) Aleacutem disso a Lei de Responsabilidade Fiscal no

1012000 impotildee limites agrave contrataccedilatildeo de pessoal (Santos 2010) Desta forma o gestor

municipal entende que a CIES deveria cobrir o custo total das despesas com as

capacitaccedilotildees pois muitas vezes reduz a disponibilidade de dotaccedilatildeo orccedilamentaacuteria para

capacitaccedilatildeo por canalizar seus recursos para outras aacutereas Neste sentido sem apoio

financeiro para este fim seus profissionais natildeo satildeo liberados

44

A CIES desta regiatildeo foi instituiacuteda em 2009 alterado pela Resoluccedilatildeo do CGR nordm 008 de 24112009

e pela Resoluccedilao nordm 010112010

103

O Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede-CIS45

por induccedilatildeo do governo estadual foi

criado estrategicamente em 1998 para suprir deficiecircncias e facilitar o acesso agrave

assistecircncia especializada de meacutedia complexidade na regiatildeo (Motta 2002) Nesta regiatildeo

eacute constituiacutedo por 100 dos municiacutepios aleacutem de Brasnorte que pertence agrave regiatildeo de

Juiacutena Antes do pacto este municiacutepio fazia parte desta regiatildeo

O CIS eacute regido pelas normas puacuteblicas com regras de funcionamento e

financiamento e conta com recursos do estado e dos municiacutepios cuja participaccedilatildeo eacute

regulamentada por lei municipal Nesta regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede agrave

semelhanccedila de outros casos no Brasil tem se consolidado como importante oferta de

serviccedilos e acesso da populaccedilatildeo (Ribeiro e Costa 2000) Aleacutem disso constitui-se em

alternativa de organizaccedilatildeo e acesso a serviccedilos de sauacutede para municiacutepios de pequeno

porte que ampliam sua capacidade de governo na oferta daqueles serviccedilos que

sozinhos natildeo conseguiriam prover (Neves e Ribeiro 2006)

A pauta das reuniotildees do Conselho Diretor do consoacutercio eacute demandada pelos

gestores municipais e pelo secretaacuterio executivo que a prepara Eacute flexiacutevel agrave solicitaccedilatildeo

dos membros do Conselho Intermunicipal e do Conselho Fiscal As reuniotildees do

Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal ocorriam no mesmo dia mas o

Conselho Intermunicipal tem sido convocado para reunir-se depois da reuniatildeo do CGR

O Conselho Fiscal natildeo se tem reunido com a frequecircncia que consta no estatuto As

reuniotildees satildeo convocadas com cinco dias de antecedecircncia antes de iniciar verifica-se

quorum e as discussotildees e deliberaccedilotildees satildeo registradas em atas

Por natildeo dispor de estrutura puacuteblica o consoacutercio foi viabilizado em parceria com o

setor privado e o atendimento ocorre nas cliacutenicas particulares eou nas unidades

hospitalares contratualizadas para internaccedilotildees e cirurgias geradas pelo atendimento das

especialidades Com base na populaccedilatildeo de cada municiacutepio consorciado foi pactuado

que nesta regiatildeo a cobertura miacutenima para o municiacutepio consorciar seria de 30 das

45

Criado nesta regiatildeo em 1998 rege-se pelas normas da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do

Brasil pelas Leis nordm 808090 nordm 814290 e demais normas correlatas Tem entre outras as

finalidades estatutaacuterias de promover formas articuladas de planejamento e execuccedilatildeo de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede representar os interesses dos municiacutepios perante quaisquer outras entidades de

direito puacuteblico e privado e desenvolver serviccedilos e atividades de interesse dos municiacutepios

consorciados regidas pelas normas puacuteblicas (Estatuto do Consoacutercio) O cargo de presidente do

Conselho Diretor ocorre por eleiccedilatildeo entre os prefeitos em escrutiacutenio secreto para o mandato de um

ano O Conselho Fiscal eacute formado por representantes do Conselho Municipal de Sauacutede de cada

municiacutepio consorciado e segundo o estatuto deve reunir-se no miacutenimo quatro vezes por ano O

Conselho Intermunicipal de Sauacutede eacute formado pelos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e deve reunir-

se no miacutenimo seis vezes ao ano

104

necessidades por especialidade disponiacutevel no consoacutercio O caacutelculo das necessidades por

especialidade dos municiacutepios ocorre com base nos paracircmetros de programaccedilatildeo da SES

ou na Portaria no 11012002 do Ministeacuterio da Sauacutede

Estabeleceu-se o per capita financeiro da regiatildeo com base no custo para

funcionamento do consoacutercio mais a cobertura pactuada para a compra dos serviccedilos Este

per capita gera o valor a ser pago por municiacutepio46

Parte dos recursos do consoacutercio eacute

utilizada para o custeio das despesas fixas administrativas e parte para a compra dos

serviccedilos referentes agrave cota fixa de cada municiacutepio ou seja o quantitativo de consultas

especializadas exames cirurgias internaccedilotildees e outros procedimentos

A contrapartida mensal do estado eacute de 50 sobre o valor da cota fixa mensal do

municiacutepio que pode pactuar cota fixa acima de 30 das suas necessidades e ou solicitar

cotas extras

Nesta regiatildeo mensalmente os gestores municipais solicitam cota extra que dobra

ou triplica os valores definidos como cota fixa47

Nestes casos o custo para o municiacutepio

aumenta jaacute que natildeo recebe a contrapartida do estado A manutenccedilatildeo da cota fixa

reduzida eacute equivocada aumenta ainda mais as despesas e representa para a maioria dos

municiacutepios custos superiores agrave sua capacidade financeira para estas accedilotildees Este

aumento impacta de forma negativa a gestatildeo municipal que tambeacutem requer melhorias

na infraestrutura contrataccedilatildeo de profissionais capacitaccedilotildees aquisiccedilatildeo de equipamentos

e outros para oferecer serviccedilos de sauacutede de qualidade em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo

(Abrucio 2002)

Das especialidades meacutedicas existentes na regiatildeo o Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede contratou aquelas que em sua maioria estatildeo concentradas no municiacutepio de

Tangaraacute da Serra entre elas otorrinolaringologia dermatologia cardiologia

endocrinologia ginecologia ortopedia obstetriacutecia psiquiatria neurologia geriatria

reabilitaccedilatildeo psicologia fisioterapia e nutriccedilatildeo A programaccedilatildeo dos serviccedilos oferecidos

pelo CIS natildeo se baseia apenas no criteacuterio teacutecnico das necessidades eacute influenciada pela

oferta do serviccedilo disponiacutevel na regiatildeo e pelo profissional que manifesta interesse em ser

46

O valor a ser pago por cada municiacutepio eacute transformado em guia denominada cota fixa e encaminhada

mensalmente para a gestatildeo municipal No final de mecircs a equipe administrativa do consoacutercio

recolhe as guias utilizadas em todos os estabelecimentos para verificar a produtividade e gerar o

pagamento para os prestadores do fixo mais o excedente Para os municiacutepios informa o valor total

ser pago 47

Ver por exemplo uma das portarias da SES que aprova a planilha de pagamentos do PAICI Portaria

GBSES nordm 076 de 19 de maio de 2009

105

contratualizado Tambeacutem contratualizou serviccedilo no municiacutepio de Cuiabaacute consultas de

neurologia e cirurgias de otorrinolaringologia

A vinculaccedilatildeo de alguns especialistas ao consoacutercio contribuiacute para fixaacute-los na

regiatildeo A remuneraccedilatildeo e a regularidade no pagamento da produtividade preacute-estabelecida

pelo consoacutercio e a possibilidade de o paciente ser atendido na cliacutenica particular do

profissional motiva e desperta nos profissionais o interesse pelo contrato

Segundo um gestor ldquotodo serviccedilo que tem no consoacutercio eacute anterior a 2006 com

exceccedilatildeo de algumas especialidades que vieram depois especialidades que noacutes natildeo

tiacutenhamos na regiatildeo que vieram aqui por espontaneidade dos profissionais natildeo que

houve assim um trabalho no puacuteblico para que viessem esses profissionaisrdquo (GM) A

seleccedilatildeo dos profissionais ocorre por meio do chamamento puacuteblico sendo eles

contratualizados sob a forma de pessoa juriacutedica

Quando o profissional natildeo opta por firmar contrato com o consoacutercio ou com a

prefeitura como os da especialidade de neurocirurgia e psiquiatria existentes na regiatildeo

resta a opccedilatildeo de encaminhar a solicitaccedilatildeo via Central de Regulaccedilatildeo para a rede SUS

em Cuiabaacute o que pode levar meses Se for urgecircncia em alguns casos a prefeitura

custeia o atendimento particular em outros o paciente procura os serviccedilos e o

pagamento eacute feito pelo seu desembolso direto

A Gerecircncia do Consoacutercio criada pelo Decreto nordm 270 de 17092007 foi retirada

do organograma da SES e a partir da ediccedilatildeo da Portaria nordm 0872008 em que a SES

Institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento e Implementaccedilatildeo dos Consoacutercios

Intermunicipais de Sauacutede (PAICI) parte dos incentivos municipais que eram

depositados na conta do consoacutercio passaram a ser transferidos diretamente na conta dos

municiacutepios consorciados e geraram rupturas no modo de funcionamento do consoacutercio

O CIS deixou de receber parte dos recursos do estado para a sua manutenccedilatildeo

Com essas mudanccedilas a SES rompeu natildeo apenas o repasse dos recursos na conta

do consoacutercio mas ldquonoacutes ficamos totalmente alheio o contato nosso com o estado hoje eacute

mandar relatoacuterio a relaccedilatildeo estaacute fragilizadardquo (GM) Aleacutem disso o consoacutercio nos

uacuteltimos anos passou a natildeo participar do planejamento da regiatildeo de sauacutede das reuniotildees

de conduccedilatildeo e planejamento da SES e das reuniotildees do CGR (Scatena et al 2014)

106

A contrapartida48

do estado mantida ateacute o iniacutecio de 2009 e transferida diretamente

aos Fundos Municipais de Sauacutede era de 50 sobre a cota fixa dos municiacutepios Essa

contrapartida foi calculada a partir da populaccedilatildeo do ano de 2007IBGE e no per capita

da regiatildeo de R$ 040 O gestor assenta que a SES continuou a publicar as planilhas de

transferecircncias financeiras para o ano de 2008 com base na populaccedilatildeo de 2005 Em maio

de 2009 a SES editou a Portaria no 076 de 19052009 com planilha referente ao mecircs

de marccedilo de 2009 e a sua respectiva contrapartida

Por se basear na cota fixa a contrapartida do estado estaacute muito aqueacutem do valor

pago mensalmente pelos municiacutepios aleacutem disso suas transferecircncias tecircm ocorrido com

meses de atraso Os gestores municipais citam que as cotas extras tecircm sido solicitadas

devido agrave dificuldade de acesso agrave rede puacuteblica de referecircncia no estado ldquoos municiacutepios

acabam desistindo bancando e arcando com esse custo Hoje meu municiacutepio gasta

quase 60 dos recursos com meacutedia e altardquo (GM)

Os atrasos nas transferecircncias dos recursos financeiros do estado para os

municiacutepios repercutem em inadimplecircncias municipais com o CIS Quando o municiacutepio

estaacute inadimplente a SES transfere os recursos financeiros deste municiacutepio para o

municiacutepio-sede de consoacutercio Isso tem gerado complicaccedilotildees orccedilamentaacuterias para o

municiacutepio-sede visto que ldquoestaacute recebendo um recurso que ele nem sabe de onde vem e

pra que vem e por que vemrdquo (GM)

Outra questatildeo que influenciou no funcionamento do consoacutercio nesta regiatildeo foi a

entrada das OSS na gestatildeo de alguns estabelecimentos de sauacutede do estado Os gestores

referem que ldquodificultou para noacutes porque os hospitais comeccedilaram a querer o mesmo

valor que era praticado em outras regiotildees e hoje por exemplo natildeo temos onde fazer

cirurgia de otorrinordquo (GM) O CIS teve que contratualizar o serviccedilo de

otorrinolaringologia em Cuiabaacute

Com o funcionamento do CIS esta regiatildeo conseguiu ampliar os serviccedilos e o

acesso mas natildeo houve por parte da SES conduccedilotildees estrateacutegicas no sentido de fortalececirc-

lo Sua manutenccedilatildeo se deu por interesse dos gestores municipais que alegam ldquohoje o

consoacutercio acho que eacute a nossa soluccedilatildeo () na verdade eacute ele que resolverdquo (GM) Apesar

do custeio quase integral dos serviccedilos do consoacutercio pelos municiacutepios devido ao atraso

48

Portaria nordm 0522009GBSES - Planilha de pagamentos do Programa de Apoio e Implementaccedilatildeo dos

Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede ndash PAICI - referente agrave competecircncia de janeiro2009e autoriza a

aplicaccedilatildeo dos valores nela indicados para os efeitos financeiros a que se destinam

107

da SES nas transferecircncias dos incentivos do estado o consoacutercio eacute valorizado pelos

gestores que o consideram como uma instacircncia que ldquotem ouvido os gestoresrdquo (GE) que

sabe das necessidades da regiatildeo que viabiliza a complementaccedilatildeo dos serviccedilos

Segundo os gestores o consoacutercio eacute ldquopositivo na medida em que ele estaacute

conseguindo atender os municiacutepios em determinados serviccedilos que a rede puacuteblica natildeo

conseguerdquo mas ao mesmo tempo eacute negativo pois acaba gerando ldquorecusa da rede

privada em aceitar um convecircnio puacuteblico tabela SUS porque conseguem via consoacutercio

tabela diferenciadardquo (GE)

Pelas dificuldades de acesso agrave rede puacuteblica pela pressatildeo que sofre da populaccedilatildeo

que exige o seu direito agrave sauacutede e pela possibilidade de resolver alguns problemas

atraveacutes do consoacutercio os gestores municipais passaram a assumir responsabilidades que

competem agrave esfera estadual Parte dos problemas eacute resolvido e o atendimento eacute

viabilizado mas para garantir os custos destes atendimentos o gestor racionaliza os

recursos e deixa de aplicar em outras atividades (Ribeiro e Costa 2000) A falta de

recursos para a manutenccedilatildeo dos serviccedilos ou para investimentos pode indicar que

regionalizaccedilatildeo da sauacutede natildeo eacute prioridade por parte do governo estadual aleacutem pode

inviabilizar o sistema puacuteblico (Menicucci 2007)

No entendimento do gestor o funcionamento do consoacutercio estaacute ameaccedilado em

especial pelas dificuldades financeiras ldquoteve repasse do estado que ficou nove meses

sem transferir um deles eacute o consoacuterciordquo (GM) Essa situaccedilatildeo associada ao aumento nos

custos da atenccedilatildeo meacutedica influencia o seu equiliacutebrio financeiro que dentro dos seus

limites tem procurado manter o seu funcionamento

A criaccedilatildeo do consoacutercio criou um modus operandi cooperativo que contribuiu para

o acesso fortaleceu a regiatildeo e ateacute certo ponto otimizou o custo e o uso de recursos

(Viana e Lima 2011) A oferta de serviccedilos foi ampliada mas haacute sinais de esgotamento

do modelo vigente os custos estatildeo elevados e tecircm gerado tensatildeo no acircmbito da gestatildeo

municipal que envolve o gestor os profissionais e a populaccedilatildeo usuaacuteria dos serviccedilos e

refletem no posicionamento do gestor Seu funcionamento foi modificado enfrenta

crises financeiras e ainda continua sendo a viabilidade de acesso na regiatildeo mas com

desigualdades visto que os municiacutepios apresentam diferenccedilas sociais e econocircmicas que

determinam sua maior ou menor compra de serviccedilos atraveacutes do consoacutercio

108

O gestor afirma que a forma como a rede de atenccedilatildeo estaacute organizada nesta regiatildeo

ldquopassa uma imagem que a gente tem o serviccedilo bem organizado e entatildeo natildeo precisa ter

investimento e isso gerou falta de investimentordquo (GM) e complementa ldquoo consoacutercio

acabou ficando eacute um setor privado maquiado dentro do SUS porque o municiacutepio

compra com recursos proacuteprios consultas exames a diferenccedila entre o consoacutercio e o

particular eacute muito pouca entatildeo eu falo que eacute um setor privado dentro da prefeiturardquo

(GM)

Observa-se pelo relato do gestor que o consoacutercio jaacute natildeo foca a regionalizaccedilatildeo natildeo

se constitui como equipamento da regionalizaccedilatildeo e a tendecircncia eacute seguir com gestores

em busca apenas da resoluccedilatildeo do seu problema a defesa proacutepria de cada ente

federativo A falta de coordenaccedilatildeo do estado se constituiu na principal dificuldade da

sua conduccedilatildeo regionalizada

Nesta regiatildeo foi criado o Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai49

uma instacircncia regionalizada que natildeo faz

parte do complexo regional da sauacutede mas que por vezes o CIS utiliza suas reuniotildees

ordinaacuterias para deliberar questotildees pendentes

Observa-se nesta regiatildeo uma multiplicidade de formas de acesso a

estabelecimentos puacuteblicos e privados tanto internamente quanto externamente agrave regiatildeo

Muitas ocorrem atraveacutes de articulaccedilotildees individualizadas do gestor que refere a ldquonossa

regiatildeo natildeo existe a nossa ponte eacute Cuiabaacute A regiatildeo existe se vocecirc pagar meacutedia

complexidade nem o consoacutercio mais eles estatildeo atendendo soacute faz ambulatoacuteriordquo (GM)

Ao longo dos anos foi configurado nesta regiatildeo um mix puacuteblico-privado que foi

fortalecido pelas caracteriacutesticas histoacuterico-estruturais e poliacuteticas da regiatildeo As

desigualdades sociais e econocircmicas entre os municiacutepios e a falta de investimentos na

regiatildeo resultaram em vazios assistenciais natildeo apenas nos municiacutepios mas na regiatildeo e

tecircm influenciado o modelo de atenccedilatildeo na regiatildeo

49

A Resoluccedilatildeo nordm 0042006 de 07 de julho de 2006 Consoacutercio Intermunicipal de Desenvolvimento

Econocircmico e Social do Alto do Rio Paraguai dispotildee sobre sua estrutura administrativa Eacute formado

pelos municiacutepios de Alto Paraguai Arenaacutepolis Barra do Bugres Campo Novo dos Parecis Denise

Diamantino Nortelacircndia Nova Marilacircndia Nova Maringaacute Nova Oliacutempia Porto Estrela Sapezal

Santo Afonso Satildeo Joseacute do Rio Claro e Tangaraacute da Serra Eacute composto por prefeitos de municiacutepios

desta regiatildeo e de outras regiotildees de sauacutede circunvizinhas Foi criado para resolver os problemas

referentes a questotildees de transporte e de produccedilatildeo agriacutecola delibera para o desenvolvimento de accedilotildees

regionalizadas mas natildeo discute os problemas de sauacutede (MT 2012)

109

Observa-se pelos relatos que a regiatildeo precisa reconhecer-se enquanto tal Os

gestores precisam se posicionar buscar as lideranccedilas teacutecnicas e poliacuteticas para

implementar o complexo regional Os gestores da regiatildeo aduzem ldquonoacutes temos que lutar

para a gente conseguir este hospital puacuteblico aqui na regiatildeo pela falta desse serviccedilo a

gente perde muito recursordquo (GE) Afirmam que a regiatildeo natildeo tem laccedilos fortes mas tem

representaccedilatildeo poliacutetica e que as vaacuterias tentativas de articulaccedilatildeo para instalar o hospital

regional sofreram interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias que foram fortes e decisivas e o

hospital natildeo foi implantado interferiu e fortaleceu as relaccedilotildees puacuteblico-privadas da

regiatildeo

No entendimento do gestor se tivesse hospital regional ldquohoje eu acho que teriacuteamos

mais tranquilidade teriacuteamos avanccedilado muito mais porque teriacuteamos mais facilidade

para fixar os profissionais noacutes teriacuteamos de certa maneira feito com que o privado

buscasse a parceria O privado ia procurar o puacuteblico e natildeo o puacuteblico o privado

Entatildeo como ele se sentiu sozinho e se sentiu o dono da situaccedilatildeo dificultou tudordquo

(GM)

62 Institucionalidade da regiatildeo

Com o Pacto pela Sauacutede as responsabilidades de cada ente federativo ficaram

mais expliacutecitas A regulaccedilatildeo do sistema de sauacutede passou a ser uma ferramenta de gestatildeo

composta por um conjunto de accedilotildees que orienta ajusta facilita ou limita determinados

processos e pode potencializar a capacidade de gestatildeo conforme o Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os principais instrumentos de planejamento da

Regionalizaccedilatildeo contemplados no Pacto pela Sauacutede nesta regiatildeo satildeo o Plano Diretor de

Regionalizaccedilatildeo (PDR) o Plano Diretor de Investimento (PDI) e a Programaccedilatildeo

Pactuada e Integrada da Atenccedilatildeo em Sauacutede (PPI) e outros relacionados agrave implementaccedilatildeo

do pacto

Em Mato Grosso o planejamento do governo PPA 2004-200750

foi elaborado

com base nos resultados dos foacuteruns regionais realizados nas doze regiotildees de

50

Esse documento refere que todas as accedilotildees do governo devem convergir para a construccedilatildeo de um

futuro onde Mato Grosso possa ldquoConstituir-se em um Estado social e economicamente equilibrado

110

planejamento51

do estado (MTSEFAZ 2007) Jaacute o PPA 2008-2011 contempla accedilotildees

programaacuteticas por regiotildees52

para algumas Secretarias de Estado Neste PPA na Accedilatildeo

2972 consta para a SES ndash accedilotildees de Fortalecimento da Gestatildeo Regionalizada do SUS e

entre os objetivos ldquoViabilizar a microrregionalizaccedilatildeo da sauacutede com base nas

prioridades regionais pactuadasrdquo (MT 2010)

Em 2006 a SES apresentou ao Ministeacuterio da Sauacutede o ldquoProjeto de Fortalecimento

e Qualificaccedilatildeo da Gestatildeo Regionalizada e Solidaacuteria do SUS em Mato Grossordquo

(Fernandes 2014) Foi elaborado com base na Poliacutetica Nacional de Sauacutede que enfatiza

a regionalizaccedilatildeo como eixo central da conduccedilatildeo contempla a governanccedila e o

compromisso compartilhado entre os gestores (MS 2006) Este princiacutepio orienta a

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede e cabe agrave SES a macrofunccedilatildeo de

coordenar articular e regular o sistema de sauacutede (CONASS 2011)

Como parte deste projeto estadual nesta regiatildeo o ldquoGT do Pactordquo e o COSEMS

realizaram o foacuterum de ldquoDiscussotildees Integradas Regionalizadasrdquo (Fernandes 2014) que

contou com a participaccedilatildeo de gestores desta regiatildeo e de outras duas regiotildees

circunvizinhas de Juara e de Juiacutena que integravam a macrorregiatildeo de sauacutede Nesse

foacuterum discutiram-se os problemas do sistema de sauacutede a elaboraccedilatildeo e a importacircncia da

assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo a qualificaccedilatildeo da regiatildeo e o processo

de conduccedilatildeo regionalizada Como resultado deste trabalho em 2008 todos os gestores

desta regiatildeo assinaram o Termo de Compromisso de Gestatildeo (TCG)

A elaboraccedilatildeo e a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo permitiram ao

gestor planejar o compartilhamento de responsabilidades e oficialmente implicaram

em mudanccedilas na distribuiccedilatildeo de poder e nas relaccedilotildees entre os atores da regiatildeo e entre

esses com os atores do estado Apesar dos compromissos assumidos de forma

compartilhada o gestor afirma ldquoeacute difiacutecil ele o estado foi se retirando foi se

retirando e foi deixando praticamente para os municiacutepiosrdquo (GM) A regionalizaccedilatildeo

estimulando as potencialidades regionais e consolidando-se como o maior polo de desenvolvimento

do agronegoacutecio da Ameacuterica Latinardquo (MTRP 2004 a 2006) 51

Estas doze regiotildees descritas no Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT+20 tecircm como

objetivo promover a reorganizaccedilatildeo territorial e contribuir para a desconcentraccedilatildeo regional da

economia da riqueza e da qualidade de vida O Plano de accedilatildeo elaborado para cada regiatildeo explicita

as respectivas prioridades refere que representam a regionalizaccedilatildeo no estado e em certa medida a

distribuiccedilatildeo no territoacuterio de todos os programas e projetos contidos no Plano Estadual 52

Para as secretarias Seguranccedila Puacuteblica Sauacutede Educaccedilatildeo Casa Civil Planejamento e Coordenaccedilatildeo

Geral e Desenvolvimento do Turismo (MTSEPLAN 2010) Natildeo verificamos se nestas secretarias

foram realizadas accedilotildees estrateacutegicas de forma regionalizada e nem mesmo se ocorreram accedilotildees

intersetorializadas

111

contemplada no Pacto pela Sauacutede eacute um processo complexo que requer a ldquocriaccedilatildeo de

novos instrumentos de planejamento integraccedilatildeo gestatildeo regulaccedilatildeo e financiamento de

uma rede de accedilotildees e serviccedilos de sauacutede no territoacuteriordquo (Viana et al 2010b) com

coordenaccedilatildeo do estado

Quando parte dos municiacutepios assinou o TCG jaacute estava em vigecircncia o Plano

Estadual de Sauacutede-PES 2008-2011 aprovado pelo Conselho Estadual de Sauacutede

Resoluccedilatildeo nordm 022 de 09092009 que contempla na Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (Eixo I)

ldquoEstruturar a rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede de forma regionalizadardquo e prevecirc a articulaccedilatildeo da

SES com as macrorregiotildees do estado com os hospitais regionais e o fortalecimento do

papel dos CIS Aleacutem disso na Gestatildeo do SUS (Eixo III) contempla ldquoAprimorar a

gestatildeo do SUSrdquo e o ldquoFortalecimento da regionalizaccedilatildeo solidaacuteria e cooperativardquo

ambos considerados estruturantes no Pacto pela Sauacutede Este PES cita que o PDR seraacute o

instrumento de planejamento regional (MT 2010b)

De 2006 a 2012 vaacuterios decretos foram publicados alterando a estrutura

organizacional da SES Em 2006 o Decreto governamental no

7442 publica sua nova

estrutura e formaliza os 16 ERS Em 2008 ano da implantaccedilatildeo do pacto no estado o

Decreto governamental no 1431 de 03072008 regulamenta nova alteraccedilatildeo na sua

estrutura organizacional e cria nos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Vigilacircncia

em Sauacutede e a Gerecircncia de Gestatildeo Macrorregional

Para adequar o funcionamento da SES agrave nova estrutura oficializada pelo Decreto

no

14312008 eacute elaborado novo regimento regulamentado pelo Decreto governamental

no 1832 de 06032009 a asseverar que a missatildeo da Superintendecircncia de Articulaccedilatildeo

Regional eacute ldquoorientar e apoiar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na implementaccedilatildeo da

Poliacutetica de Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede em consonacircncia com as Diretrizes do Sistema

Uacutenico de Sauacutederdquo definindo para tal superintendecircncia entre outras competecircncias

assessorar e acompanhar os Escritoacuterios Regionais de Sauacutede na efetivaccedilatildeo da Poliacutetica de

Descentralizaccedilatildeo da Sauacutede Puacuteblica apoiar a gestatildeo da sauacutede nos municiacutepios

articulando a cooperaccedilatildeo entre os entes federados observando os aspectos teacutecnicos e

operacionais e coordenar monitorar e avaliar as atividades e accedilotildees de gestatildeo em acircmbito

regional

Esse regimento tambeacutem aduz que os ERS tecircm como missatildeo ldquoviabilizar o processo

de descentralizaccedilatildeo da sauacutede em consonacircncia com as diretrizes do SUSrdquo competindo-

112

lhes entre outras funccedilotildees efetivar a gestatildeo regionalizada da Poliacutetica Estadual de Sauacutede

assessorando e monitorando os municiacutepios no planejamento e execuccedilatildeo das accedilotildees

promover as pactuaccedilotildees regionalizadas e coordenar os Colegiados de Gestatildeo Regional

No ano de 2011 a estrutura organizativa da SES foi alterada53

trecircs vezes mas natildeo

foram encontradas publicaccedilotildees de regimentos atualizados Desta forma considera-se em

vigecircncia a uacuteltima atualizaccedilatildeo do regimento publicado por intermeacutedio do Decreto nordm

2916 de 19102010 a assentar que a Gerecircncia de Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede tem a

missatildeo de ldquofomentar a implementaccedilatildeo de instrumentos de gestatildeo garantindo a

operacionalizaccedilatildeo dos princiacutepios do SUS no acircmbito estadualrdquo competindo-lhe

conduzir e acompanhar a implementaccedilatildeo dos instrumentos de gestatildeo estrateacutegicos e

operacionais da regionalizaccedilatildeo e apoiar o fortalecimento da gestatildeo municipal de sauacutede

Em relaccedilatildeo aos ERS manteacutem a missatildeo descrita naquele de 2009 A uacuteltima modificaccedilatildeo

da estrutura administrativa da SES deu-se em julho de 2013 pelo Decreto no 1855

sendo retiradas dos ERS as gerecircncias de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede de Vigilacircncia em Sauacutede e de

Gestatildeo da Macrorregional ao tempo que se institui uma Gerecircncia Teacutecnica por ERS

Observa-se nesses documentos que as estruturas responsaacuteveis pela conduccedilatildeo do

planejamento e da gestatildeo regionalizada estavam instituiacutedas na vigecircncia do Pacto pela

Sauacutede e poderiam facilitar para que o estado exercesse seu papel regulador sobre o

sistema de sauacutede e da atenccedilatildeo agrave sauacutede com os recursos necessaacuterios para implementar a

poliacutetica regionalizada

O planejamento regionalizado faz parte das estrateacutegias do pacto para promover a

descentralizaccedilatildeo com equidade no acesso Nesta regiatildeo natildeo tem sido efetivo apresenta

limitaccedilotildees e natildeo se tem constituiacutedo em instrumento integrador do fluxo intermunicipal e

inter-regional Os gestores salientam que a gestatildeo teacutecnica-operacional e financeira da

SES tecircm sofrido influecircncias da troca sucessiva de gestores tem passado por ldquomomentos

poliacuteticos de fragilizaccedilatildeordquo (GE) julgam que as interferecircncias poliacutetico-partidaacuterias

contribuiacuteram para que as questotildees teacutecnicas fossem deixadas de lado ldquoa gente sente

assim () a coisa foi mais tocada politicamente () perdeu muito forccedilardquo (GM) Essas

questotildees refletiram na conduccedilatildeo da poliacutetica no estado e na regiatildeo e o gestor afirma ldquoas

regionais natildeo tinham muito poder para argumentar para orientarrdquo (GM)

53

Decreto governamental no 157 259 e 669 de 2011

113

Embora a SES tenha contribuiacutedo a fim de mobilizar os gestores para assinar o

Termo de Compromisso de Gestatildeo sua atuaccedilatildeo no processo de execuccedilatildeo das accedilotildees foi

ldquomuito apaacutetica ficou muito a desejarrdquo (GM) Os gestores aderiram no entanto julgam

que tais adesotildees ocorreram sem o devido conhecimento das implicaccedilotildees do termo ldquoateacute

hoje tem muito secretaacuterio que natildeo sabe o que eacute o termo o que eacute o pacto Natildeo tem

estrutura fiacutesica e equipe teacutecnica para assumir issordquo (GE) Referem que receberam

capacitaccedilotildees no iniacutecio de 2007 antes da assinatura do pacto ldquonoacutes sentimos confianccedila

teve um grupo de pessoas da SES e do ERS e noacutes conseguimos avanccedilar Soacute que ficou

nissordquo (GM)

O PDR e o PDI vigentes instrumentos de planejamento contemplados no Pacto

pela Sauacutede explicitam a configuraccedilatildeo das cinco macrorregiotildees de sauacutede e as respectivas

microrregiotildees de sauacutede que perfazem um total de 14 Eles descrevem as caracteriacutesticas

a rede de assistecircncia agrave sauacutede das regiotildees e os moacutedulos assistenciais a organizaccedilatildeo das

redes de serviccedilos de alta complexidade do estado e as referecircncias das DSTHIV e AIDS

a organizaccedilatildeo da rede estadual e as referecircncias para assistecircncia em nefrologia na alta

complexidade a rede estadual e referecircncia para assistecircncia cardiovascular a rede

estadual e referecircncia para assistecircncia traumato-ortopeacutedica

Os desenhos dos fluxos da rede de atenccedilatildeo satildeo aqueles que foram elaborados no

PDR de 2001 e atualizados atraveacutes da Resoluccedilatildeo CIBMT nordm 055 de 15092005 O PDI

foi atualizado mas natildeo se encontraram documentos que registrem que ele foi

homologado na CIBMT Tais planos estatildeo desatualizados e o gestor refere ldquonoacutes ainda

trabalhamos com projetos e propostas de 12 anos atraacutes e o PDI natildeo existe mais natildeo

houve planejamentordquo (GM) Estes documentos natildeo contemplam a dinamicidade da

regiatildeo natildeo favorecem a organizaccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e natildeo mostram as

referecircncias atualizadas Esses instrumentos precisam ser revistos sofrer ajustes visto

que estatildeo intrinsecamente relacionados ao PPA e suas respectivas leis Lei de Diretrizes

Orccedilamentaacuterias (LDO) e Lei Orccedilamentaacuteria Anual (LOA) dos entes federativos (Ferreira

et al 2011)

O planejamento apresenta limitaccedilotildees e o fato de natildeo se atualizar tais instrumentos

aumenta os riscos de atomizaccedilatildeo dos sistemas municipais de sauacutede e gera

consequecircncias indesejaacuteveis ao sistema (Souza 2001) Aumenta tambeacutem as iniquidades

regionais visto que permite com mais facilidade atender a demandas poliacuteticas

114

favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que natildeo estatildeo formalizadas

as necessidades das regiotildees Aleacutem disso os recursos liberados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

tecircm por base o PDR e o PDI vigentes que desatualizados natildeo consideram a dinacircmica e

as necessidades atuais que satildeo mutaacuteveis

Se o PDR e o PDI natildeo expressam a realidade da regiatildeo comprometem a

descentralizaccedilatildeo influenciam na configuraccedilatildeo da rede de atenccedilatildeo e alteram a

direcionalidade ldquoa regiatildeo hoje eacute outra quando o PDR foi feito a regiatildeo acho que natildeo

tinha 100 mil habitantes e hoje tecircm mais de 200 mil habitantesrdquo (GM)

Ao assinar o Termo de Compromisso de Gestatildeo foram pactuadas metas prazos

para serem cumpridos com o apoio do estado No entanto o gestor assevera ldquonatildeo

existe uma discussatildeo profunda pactua as metas mas natildeo satildeo pactuadas as estrateacutegias

regionais para cumprir as metas Isso natildeo acontece () natildeo existe uma poliacutetica um

plano regional uma poliacutetica regional para intervenccedilatildeo para atuaccedilatildeo natildeo existe () eacute

difiacutecil eleestado foi se retirando foi se retirando e foi deixando praticamente para

os municiacutepiosrdquo (GM) Se o estado natildeo coordena para dotar os municiacutepios com

capacidade de gestatildeo e planejamento ldquosozinho ele municiacutepio natildeo consegue fazer

nadardquo (GM) e a regionalizaccedilatildeo deixa de acontecer

A pactuaccedilatildeo das metas do Termo de Compromisso de Gestatildeo natildeo se limita a cada

um definir a sua parte requer negociaccedilotildees planejamento pactos coalizotildees e induccedilotildees

da esfera superior de governo seu sucesso associa-se sobretudo a processos de

coordenaccedilatildeo intergovernamental (Abrucio 2005) Demanda equacionamento e

coordenaccedilatildeo por parte do estado para o desenvolvimento do planejamento

programaccedilatildeo da regulaccedilatildeo do controle e avaliaccedilatildeo incluindo o monitoramento dos

instrumentos que estabelecem compromissos entre os gestores O planejamento natildeo

atualizado interfere na regulaccedilatildeo e na construccedilatildeo de redes assistenciais adequadas para o

atendimento da populaccedilatildeo (Souza 2001)

Em 2006 o MS instituiu o PlanejaSUS instrumento oficial do processo de

planejamento do SUS que orienta e contribui com a descentralizaccedilatildeo e auxilia a gestatildeo

no acircmbito dos municiacutepios e regiatildeo para efetivar o acesso agrave equidade agrave integralidade agrave

qualificaccedilatildeo do processo e agrave otimizaccedilatildeo dos recursos Nesta regiatildeo o ERS capacitou os

gestores municipais para realizarem o Plano Municipal de Sauacutede com base nesse

instrumento mas a praacutetica do seu uso como ferramenta para a tomada de decisatildeo

115

alocaccedilatildeo de recursos e monitoramento das accedilotildees eacute incipiente Desta forma natildeo fortalece

a capacidade de gestatildeo municipal (Ferreira et al 2011)

O ERS estrutura regionalizada da SES e instacircncia condutora do processo de

planejamento e gestatildeo na regiatildeo de sauacutede natildeo dispotildee de plano que registre as demandas

da regiatildeo e natildeo acompanha o planejamento municipal Teve seus papeacuteis enfraquecidos

perante os municiacutepios natildeo se constitui em unidade descentralizada natildeo faz a gestatildeo

proacutepria dos recursos financeiros e o seu planejamento ocorre quando a SES convoca

reuniatildeo especiacutefica para este fim

O Plano de Trabalho Anual (PTA) do ERS eacute definido com base nas diretrizes do

Plano Estadual de Sauacutede e eacute o documento que valida apenas a programaccedilatildeo mensal dos

teacutecnicos para realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica nos municiacutepios e as accedilotildees referentes ao seu

funcionamento interno Para as suas atividades a SES ldquodefiniu uma cota de R$

400000 igual para todos os ERS para a compra de materiais de expediente aacutegua

conserto e outrosrdquo (GE) A cooperaccedilatildeo teacutecnica junto aos municiacutepios natildeo estaacute sendo

realizada ldquodesde 2010 natildeo estaacute sendo liberado diaacuterias para este tipo de atividaderdquo

(GE)

Observa-se que a praacutetica de planejamento natildeo eacute realizada conforme prevecirc o Pacto

pela Sauacutede e isto contribui para aumentar os problemas na regiatildeo O gestor atribui a

esta falta de planejamento na regiatildeo a manutenccedilatildeo do convecircnio estabelecido entre a SES

e o Hospital Municipal de Barra do Bugres de referecircncia regional Esse convecircnio natildeo

contempla investimentos e o hospital tem dificuldades financeiras para manter o

funcionamento e o atendimento por natildeo dispor de capacidade instalada para as

demandas da regiatildeo Desta forma continua tendo que regular os pacientes para Cuiabaacute

Para o gestor esse arranjo por parte da SES ldquosem planejarrdquo foi um ldquoequiacutevoco

atrapalhourdquo (GM) a instalaccedilatildeo do hospital regional e contribuiu a fim de que natildeo

houvesse investimentos para ampliar a rede puacuteblica regionalizada Essa maneira de

conduzir compromete a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves diferentes realidades

existentes entre os municiacutepios (Viana et al2008)

Nesta regiatildeo os investimentos que ocorreram deram-se na rede baacutesica de sauacutede

daqueles municiacutepios que elaboraram projetos para construccedilatildeo e ou reforma de unidades

de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede e pleitearam recursos junto ao Ministeacuterio da Sauacutede De

forma pontual foram distribuiacutedos para os municiacutepios desta regiatildeo ambulacircncias e

116

equipamentos para centros ciruacutergicos mas natildeo vieram os recursos para construir o

hospital regional Natildeo houve investimentos para dotar a regiatildeo resolutiva e autocircnoma

conforme preconiza o Pacto pela Sauacutede e o gestor pontua ldquoo estado precisa olhar e

entender as nossas limitaccedilotildees de exames de bons cursos de capacitaccedilatildeo de

recursosrdquo(GE)

Nesta regiatildeo segundo o gestor ldquonatildeo daacute para se dizer que existe uma pauta

planejamento regionalrdquo (GM) A programaccedilatildeo eacute feita com base na PPI documento que

espelha a disponibilidade de vagas e o fluxo oficial da assistecircncia intra e inter-regional

Oferece a cada gestor a oportunidade de informar na reuniatildeo do CGR as atividades que

realiza ou natildeo no seu municiacutepio e fazer as pactuaccedilotildees conforme suas necessidades Esta

pactuaccedilatildeo eacute coordenada pelo ERS e pautada nas diretrizes da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo e expressa os limites do teto fiacutesico da meacutedia e alta complexidade por

municiacutepio e a parcela financeira a receber referente ao atendimento da populaccedilatildeo

proacutepria e da que seraacute referenciada Esse teto fiacutesico e financeiro depois de aprovado no

CGR e na CIB eacute encaminhado ao Ministeacuterio da Sauacutede

A programaccedilatildeo municipal eacute realizada com base na sua capacidade instalada e nas

informaccedilotildees lanccediladas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sauacutede

(CNES) Nesta regiatildeo todos os gestores utilizam o Sistema Informatizado para

Programaccedilatildeo Assistencial de Estados e Municiacutepios (SISPPI)54

Os tetos estabelecidos

seguem os paracircmetros de programaccedilatildeo definidos pelo MS mas o gestor afirma natildeo

serem compatiacuteveis com a produtividade do municiacutepio O caacutelculo das necessidades de

procedimentos e ou especialidades natildeo parametrizados neste sistema ocorre com base

na seacuterie histoacuterica do municiacutepio mas com frequecircncia haacute glosas no sistema que gera

perda de recursos jaacute escassos ao municiacutepio

Com a SISPPI os gestores desta regiatildeo oficializam a programaccedilatildeo municipal e

pactuam no Colegiado de Gestatildeo Regional as necessidades a serem supridas com as

referecircncias intermunicipais e inter-regionais Com a PPI a conformaccedilatildeo e o fluxo da

rede de atenccedilatildeo da regiatildeo ficaram mais expliacutecitos Tanto a programaccedilatildeo municipal

como a regional realizadas com base na oferta de serviccedilos mostra as deficiecircncias da

rede de atenccedilatildeo regional que necessita do setor privado que dispotildee da maior capacidade

54

Programa desenvolvido pelo Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle - DRAC e Datasus

de uso opcional

117

instalada e que eacute acessada principalmente atraveacutes do CIS Nesta regiatildeo a pactuaccedilatildeo natildeo

revela coerecircncia com as referecircncias do PDR por estar desatualizado

As especialidades procedimentos e outros serviccedilos ofertados na rede SUS atraveacutes

do CIS continuam sendo pactuados na PPI com referecircncia para Cuiabaacute e Vaacuterzea

Grande A pactuaccedilatildeo com estes municiacutepios eacute realizada com a intenccedilatildeo de assegurar

serviccedilos especialmente para aqueles tratamentos que satildeo realizados na capital e que

dependendo da avaliaccedilatildeo meacutedica redunda em novos exames e ou procedimentos Nesses

casos o paciente natildeo precisa retornar ao seu municiacutepio de origem visto que muitas

vezes a regiatildeo natildeo disponibiliza tais serviccedilos

No ano de 2009 houve mudanccedilas na PPI atraveacutes das resoluccedilotildees CIBMT no 084 e

no 085 ambas de 13082009 Foram aprovados respectivamente paracircmetros para

caacutelculo das necessidades da alta complexidade da assistecircncia ambulatorial e para

definiccedilatildeo do Teto Fiacutesico do Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar do SUSMT

Com base nesses paracircmetros e na resoluccedilatildeo CIBMT no 0862009 os recursos

financeiros federais da PPI foram macroalocados Em 2010 pela resoluccedilatildeo CIBMT no

122 de 18052010 foi definido o limite dos recursos financeiros federais destinados agrave

assistecircncia ambulatorial especializada e hospitalar do estado Esse limite da assistecircncia agrave

sauacutede transferido aos municiacutepios foi modificado55

A PPI deveria constituir-se em instrumento de anaacutelise por parte do estado para

definir investimentos ampliar a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo e tornaacute-la na medida do

possiacutevel autocircnoma para aleacutem dos limites municipais conforme preconiza o Pacto pela

Sauacutede No entanto se observa que natildeo eacute utilizada para monitoramento e avaliaccedilatildeo

quanto ao acesso e agrave adequaccedilatildeo das necessidades da populaccedilatildeo a todos os niacuteveis de

assistecircncia limita-se apenas agrave pactuaccedilatildeo de referecircncias e adequaccedilatildeo dos recursos

financeiros conforme teto estabelecido

O serviccedilo de Tratamento Fora do Domicilio - TFD estaacute centralizado na capital do

estado e eacute coordenado pela central estadual de regulaccedilatildeo Para acessar este serviccedilo as

SMS montam processo enviam para a central regional de regulaccedilatildeo que analisa e

encaminha para a central estadual Quando o procedimento solicitado natildeo eacute realizado

55

Esse teto sofre alteraccedilotildees em decorrecircncia de um novo remanejamento de recursos que estavam sob a

gestatildeo estadual - Resoluccedilatildeo CIB no 332 de 09 de dezembro de 2010 ndash dispotildee sobre o

remanejamentorepactuaccedilatildeo de recursos financeiros destinados agrave Assistecircncia de Meacutedia e Alta

complexidade do Estado de Mato Grosso

118

dentro do estado eacute autorizado e encaminhado para outro estado Nestes casos a equipe

da central estadual articula a vaga os recursos para a viagem e comunica ao paciente

Geralmente satildeo encaminhados para especialidades de oncologia neurologia e ortopedia

em especial casos de parapleacutegicos para a rede Hospital Sarah Kubitschek

Como parte do pacto de gestatildeo a habilitaccedilatildeo de novos serviccedilos e a sua

contratualizaccedilatildeo faz parte da regulaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave sauacutede sendo responsabilidade do

ente federativo regular os serviccedilos que complementam a rede SUS Nesta regiatildeo os

contratos com os prestadores ainda satildeo aqueles antigos e muitos gestores natildeo tiveram

acesso a tais contratos sabendo apenas o nuacutemero de leitos agrave disposiccedilatildeo do SUS Alguns

satildeo realizados pela SES e os novos foram estabelecidos entre a SMS e o prestador mas

o gestor afirma ldquoa gente natildeo consegue fazer () natildeo houve aquele treinamento da

contratualizaccedilatildeordquo (GM)

A formalizaccedilatildeo contratual entre o setor puacuteblico e o privado deve ser planejada e

realizada com base no Plano Municipal de Sauacutede e Plano Regional que expressam as

necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo O instrumento da contratualizaccedilatildeo oferece clareza

quanto aos direitos e deveres entre as partes legitima a transferecircncia de recursos

puacuteblicos e a subordinaccedilatildeo do processo de contrataccedilatildeo agraves diretrizes das Poliacuteticas de

Sauacutede do SUS Aleacutem disso constitui importante instrumento de gestatildeo regulaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo da prestaccedilatildeo de serviccedilos (MS 2006) Nesta regiatildeo a falta de acesso aos

contratos jaacute formalizados e de capacitaccedilatildeo dos gestores interferiu na loacutegica da

contratualizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo no controle e na avaliaccedilatildeo dos serviccedilos que passaram a

ser estabelecidos apenas com base na oferta dos serviccedilos do estabelecimento natildeo

oferecendo elementos para subsidiar o controle e a avaliaccedilatildeo

A contratualizaccedilatildeo pelo gestor municipal eacute realizada com base na Lei no

86669356

tem como referecircncia a Tabela Nacional de valores do SUS e a produccedilatildeo dos

serviccedilos Muitos dos serviccedilos contratualizados nesta regiatildeo recebem tabela

complementar Os contratos realizados natildeo contecircm metas qualitativas apenas o

quantitativo de procedimentos por tipo de serviccedilo que o prestador oferece e os limites

financeiros do gestor municipal para a compra de serviccedilos

56

Lei 866693 da Presidecircncia da Repuacuteblica de 27 de junho de 1993 - Regulamenta o art 37 inciso

XXI da Constituiccedilatildeo Federal - institui as normas para licitaccedilatildeo e contratos da administraccedilatildeo puacuteblica

e traz no seu artigo 55 as claacuteusulas necessaacuterias para compor qualquer contrato firmado entre o

gestor puacuteblico da sauacutede e os prestadores de serviccedilos de sauacutede

119

A regularizaccedilatildeo desses contratos formaliza as relaccedilotildees entre o gestor do SUS e o

prestador privado oficializa o fluxo operacional e a rede de atenccedilatildeo na regiatildeo Aleacutem

disso objetiva garantir o acesso agraves necessidades da populaccedilatildeo a qualidade do

atendimento aos pacientes e a alocaccedilatildeo dos recursos meacutedico-hospitalares (Vilarins et

al 2012)

Embora traga benefiacutecios a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos ainda eacute incipiente nesta

regiatildeo No caso dos hospitais por exemplo depois de contratualizados a equipe

municipal apenas controla as internaccedilotildees verificando se ocorreram ou natildeo se tem ou

natildeo a vaga O controle adotado natildeo oferece ao gestor mecanismos efetivos de

monitoramento e avaliaccedilatildeo dos serviccedilos e sendo assim satildeo insuficientes para gerar

mudanccedilas na gestatildeo e organizaccedilatildeo do SUS (Solla e Paim 2014)

Haacute necessidade de se aprimorar tais instrumentos e capacitar as equipes A

contratualizaccedilatildeo natildeo se limita apenas agrave assinatura de um contrato formal de prestaccedilatildeo de

serviccedilos mas explicita a pactuaccedilatildeo entre gestor e prestador define as metas

quantitativas e qualitativas em consonacircncia com as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

e do tipo de serviccedilo oferecido pelo prestador Aleacutem disso especificam regras claras de

responsabilidade de ambas as partes e estabelece os criteacuterios a serem considerados nas

atividades de avaliaccedilatildeo e monitoramento do desempenho (MS 2006)

O CIS faz a contratualizaccedilatildeo dos serviccedilos realiza o chamamento puacuteblico e utiliza

instrumento proacuteprio de prestaccedilatildeo de serviccedilos para pessoa juriacutedica Os contratos e as

tabelas complementares do consoacutercio desde 2009 satildeo reajustados anualmente com

base no percentual da inflaccedilatildeo do respectivo ano A contratualizaccedilatildeo ocorre com base na

produtividade fixa e para as unidades hospitalares utiliza a tabela SUS acrescida de

25 para alguns procedimentos para outros o valor oscila ldquo3 tabelas para um

procedimento ou 3 AIH por um procedimentordquo Ao ser questionado quanto agrave tabela

complementar o prestador refere que o estado paga ldquopara as Organizaccedilotildees Sociais 4 5

vezes a tabela SUSrdquo (GM) Esta tabela de pagamento diferenciado para as OS

repercutiu de forma negativa na regiatildeo ldquoestaacute sufocando a sauacutede puacuteblicardquo (GM)

As consultas ambulatoriais especializadas e os serviccedilos de apoio diagnoacutestico

imagem e laboratoriais satildeo contratualizados pelo consoacutercio mas realizados por

empresas privadas que recebem tabela complementar Alguns desses serviccedilos de apoio

120

diagnoacutestico credenciados pela SES tambeacutem recebem tabela complementar por meio do

consoacutercio

O serviccedilo de UTI da regiatildeo eacute contratualizado pela SES O primeiro contrato foi

realizado entre a SES e o CIS ficando o CIS responsaacutevel apenas pelo pagamento ao

hospital contratualizado Os recursos financeiros do convecircnio satildeo transferidos pelo

estado conforme as especificaccedilotildees contidas no Plano Operacional Os medicamentos de

alto custo utilizados na UTI natildeo estatildeo contemplados no convecircnio

Este convecircnio recebeu vaacuterios aditivos e no ano de 2010 foi estabelecido

diretamente entre a SES57

e o Hospital A contratualizaccedilatildeo da SES tambeacutem eacute realizada

com base na Lei 866693 e define que o meacutedico regulador do ERS deve elaborar

relatoacuterio mensal dos serviccedilos prestados certificar a nota fiscal e encaminhar para a SES

Os contratos realizados antes e durante o pacto foram para os serviccedilos de UTI

hemodiaacutelise Cito-patologia anatomia patoloacutegica e exames de imagem dentre estes os

de ressonacircncia magneacutetica Estes ampliaram a oferta de serviccedilos e as referecircncias nesta

regiatildeo mas segundo os gestores tanto os meacutedicos reguladores como os gestores natildeo

possuem governabilidade sobre estes ldquoeacute o estado que acompanha isso natildeo passa no

CGR eacute um contrato direto com o estado Natildeo sabemos se as vagas estatildeo sendo

preenchidas se estaacute faltando vagasrdquo (GM) Em relaccedilatildeo agraves UTI os teacutecnicos da regiatildeo

fazem o controle e a avaliaccedilatildeo do realizado ou seja acompanha apenas o fiacutesico

A alternativa para contratualizar serviccedilos privados por meio do consoacutercio tem

fortalecido os profissionais e as instituiccedilotildees privadas prestadoras de serviccedilos na regiatildeo

Com o consoacutercio a oferta de serviccedilos eacute imediata e atende agraves demandas de usuaacuterios mas

tem gerado elevados custos para o gestor municipal que afirma ldquoa regionalizaccedilatildeo

trouxe um ocircnus muito grande para os municiacutepiosrdquo (GM)

A instalaccedilatildeo dos leitos de UTI no hospital privado foi negociada pela SES Essa

parceria puacuteblico-privada ao mesmo tempo em que criou o acesso na regiatildeo oficializou

a continuidade da assistecircncia privada que jaacute pressionava o setor puacuteblico com escolhas

para atendimento e pagamento diferenciado ldquoa resoluccedilatildeo vem no tempo deles da forma

que eles querem fazer dos valores que eles querem cobrarrdquo (GM) A falta de

capacidade instalada puacuteblica associada agrave baixa capacidade regulatoacuteria impede o

57

Convecircnio 0062010 - entre as obrigaccedilotildees do prestador cita que deve atender a todas as constantes na

Lei 866693 Decreto Governo Estado 721706 modificado pelos 721806 819906 e 842606

121

cumprimento da funccedilatildeo puacuteblica na conduccedilatildeo do SUS (Fleury et al 2006) que por

vezes se submete aos interesses privados que nesta regiatildeo satildeo bem organizados

Ao longo dos anos essa parceria foi definindo o comportamento dos atores

puacuteblicos e privados na regiatildeo Motivados pelo acesso e pela resoluccedilatildeo dos problemas a

um menor tempo os gestores desta regiatildeo continuaram pactuando com o prestador

privado os serviccedilos foram ampliados mas com tabelas de pagamento complementar

A expansatildeo da rede privada natildeo foi um processo paralelo e independente da

poliacutetica puacuteblica de sauacutede ou seja as decisotildees governamentais do passado de parceria

com o setor privado contribuiacuteram para aumentar a sua demanda O mix puacuteblico-privado

na rede de serviccedilos da regiatildeo foi instituiacutedo fortaleceu e legitimou a opccedilatildeo privada

Essas decisotildees associadas agraves fragilidades de planejamento regionalizado facilitam para

que sejam canalizados recursos puacuteblicos para o setor privado (Menicucci 2007) em

detrimento da constituiccedilatildeo de uma rede de atenccedilatildeo puacuteblica regionalizada

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nesta regiatildeo seria diferente se contasse com o apoio do estado

ldquoeacute muito pouco a participaccedilatildeo do estado para o municiacutepio eu acho que ele teria que

participar mais estar mais atuanterdquo (GE) Para o gestor a instalaccedilatildeo dos leitos de UTI

no serviccedilo privado foi ldquotendenciosa () eacute um serviccedilo que poderia ser prestado dentro

de uma estrutura totalmente puacuteblicardquo (GE) A legislaccedilatildeo permite a participaccedilatildeo do setor

privado de forma complementar ao SUS mas se os entes federativos natildeo atuam de

forma ativa para o cumprimento das regras puacuteblicas os resultados podem ser

comprometidos Garantir o acesso a qualidade da assistecircncia e a organizaccedilatildeo dos

serviccedilos implica em maior participaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre entes federativos na

conduccedilatildeo no planejamento e na distribuiccedilatildeo de poder (Viana e Lima 2011)

No entendimento do gestor os instrumentos da regionalizaccedilatildeo estatildeo apenas no

papel A falta de planejamento e investimentos na regiatildeo associada agrave falta de apoio aos

municiacutepios contribui para natildeo efetivar a regionalizaccedilatildeo ldquoainda hoje o tipo de sauacutede

que a gente faz eacute apagar incecircndiordquo Aleacutem disso ldquoos municiacutepios estatildeo cansados

porque na hora que a gente precisa de dinheiro a gente natildeo tem Vocecirc natildeo tem

funcionaacuterio suficiente vocecirc natildeo tem uma equipe treinada A regionalizaccedilatildeo era para

ter o quecirc Quem eacute o suporte teacutecnico A equipe regional natildeo tem diaacuteria para vir no seu

municiacutepio eu mando buscar pago o almoccedilo a diaacuteria e ele natildeo pode vir () natildeo se tem

mais aquela coisa de vir a equipe regional no municiacutepio fazer monitoramento e

122

avaliaccedilatildeo e a gente natildeo consegue parar para fazer isso o municiacutepio eacute muito pequeno

gasta muito para ter profissionais no interior entatildeo natildeo tem como vocecirc ter uma equipe

aquirdquo (GM)

O gestor tem encontrado dificuldades para gerir o Sistema Municipal de Sauacutede

cita insuficiecircncias na quantidade e capacidade teacutecnica de profissionais e de recursos

financeiros para operacionalizar o SUS e natildeo tem contado com a cooperaccedilatildeo teacutecnica do

estado ldquoa equipe da regional conseguia fazer isso em 2006 2005 2004 e e ai eu vejo

assim cadecirc essa regionalizaccedilatildeo () como eu posso pensar numa poliacutetica que eacute

desfinanciadardquo(GM)

A falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica compromete a descentralizaccedilatildeo e o desenvolvimento

da regionalizaccedilatildeo Neste processo cabe aos entes federativos o duplo papel de

executores e articuladores jaacute que as responsabilidades foram compartilhadas para a

busca da eficiecircncia dos serviccedilos para o financiamento para a participaccedilatildeo e conduccedilatildeo

Se um dos entes deixa de exercer a sua parte natildeo se criam as condiccedilotildees para a

implementaccedilatildeo da poliacutetica

Na vigecircncia do pacto a SES criou vaacuterios incentivos como jaacute citados no entanto

desde 2008 as transferecircncias financeiras estatildeo sendo realizadas com meses de atraso e

isto tem repercutido no financiamento da gestatildeo municipal cuja receita depende das

transferecircncias federais e estaduais para operacionalizar os serviccedilos

Nesta regiatildeo o setor privado lidera a oferta diversificada de serviccedilos e o setor

puacuteblico depende do setor privado para o acesso O sistema de sauacutede puacuteblica natildeo eacute

suficientemente regulado o planejamento natildeo eacute atualizado de forma sistematizada natildeo

haacute financiamento para ampliar a oferta de serviccedilos puacuteblicos e as accedilotildees de auditoria

controle e avaliaccedilatildeo satildeo fraacutegeis O Pacto pela Sauacutede reforccedila a importacircncia da regulaccedilatildeo

do sistema natildeo apenas como um instrumento para garantir o acesso mas como uma

ferramenta de gestatildeo Neste sentido eacute preciso implementar o processo de planejamento

nesta regiatildeo Se atualizados o PDR e PDI podem explicitar as necessidades de sauacutede

da regiatildeo as responsabilidades de cada ente federativo as bases para a PPI o formato

do processo regulatoacuterio as estrateacutegias de controle social as linhas de investimento

entre outros (MS 2006)

Observa-se por meio dos relatos uma situaccedilatildeo de corresponsabilidade uma

acomodaccedilatildeo tanto por parte do ente federativo estadual como municipal Cada

123

municiacutepio da regiatildeo busca a soluccedilatildeo do seu problema Se o estado natildeo coordena o

processo pode configurar uma relaccedilatildeo mercantil (Santos e Merhy 2006) um mix

puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo da regiao que interfere na organizaccedilatildeo e oferta dos

serviccedilos

As referecircncias e o fluxo na regiatildeo foram configurados e influenciados pela oferta

de serviccedilos de meacutedia e alta complexidade que estatildeo no setor privado O fortalecimento

deste mix puacuteblico-privado foi facilitado pela baixa capacidade instalada puacuteblica

lideranccedila na capacidade instalada e oferta de serviccedilos de maior complexidade na rede

privada falta de planejamento gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema puacuteblico o que repercutiu

negativamente na regiatildeo O CIS idealizado provisoriamente em parceria com o setor

privado devido agrave falta de estrutura puacuteblica no periacuteodo manteve-se fortaleceu essa

relaccedilatildeo e natildeo se observam por parte da SES e dos gestores municipais iniciativas no

sentido de mudar este modelo de gestatildeo na regiatildeo

Essa maneira de organizar os serviccedilos tem interferido na regulaccedilatildeo da assistecircncia

agrave sauacutede que na maioria das vezes natildeo consegue resolver o problema na rede de

atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo Eacute ldquoo setor privado que demanda Se eles querem atender eles

atendem se eles natildeo querem atender eles natildeo atendem () todo o nosso sistema eacute

demandado pelo privado () se o privado oferecer o serviccedilo tem o serviccedilo se natildeo

oferecer o serviccedilo natildeo tem E noacutes natildeo conseguimos brigar por preccedilo por vaga porque

tudo estaacute laacute no setor privadordquo(GM) Aleacutem disso o pagamento eacute por procedimentos e

estimula o prestador privado a fazer escolhas para a oferta daqueles mais remunerados

mais proacuteximos do valor do mercado o que interfere na regulaccedilatildeo Essa dinacircmica

secundariza a integralidade e contribui para produzir distorccedilotildees nas praacuteticas de sauacutede

(Solla e Paim 2014)

Na regulaccedilatildeo da assistecircncia ldquoaparentemente natildeo haacute conflitosrdquo mas sempre

existem problemas na regiatildeo que surgem no momento em que se solicita a vaga para

internaccedilatildeo tanto na regiatildeo como quando ldquoentra Cuiabaacute aiacute eacute que vem o problemardquo

(GE) Aleacutem disso depois de regulado para fora da regiatildeo o regulador natildeo consegue

acompanhar o paciente tanto na urgecircnciaemergecircncia como nos casos eletivos Os

reguladores municipais e regionais perdem o contato e as informaccedilotildees Nos casos

eletivos ldquoencaminhamos para a primeira consulta depois o agendamento eacute feito direto

124

com o paciente e vocecirc natildeo consegue mais ter o feedback ()a gente liga se identifica

mas agraves vezes ele foi transferido para outro localrdquo (GE)

Na regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia o gestor refere que eacute comum ouvir do

regulador da capital ldquoeu sei que vocecirc tem a necessidade de regular o paciente mas eu

estou com uns cinco pacientes na mesma situaccedilatildeo que a sua ou pior A rede estaacute

lotada entatildeo assim que surgir a vagardquo (GE) Aleacutem disso agraves vezes eacute liberada a

vaga mas ao chegar ao local eacute informado que natildeo existe vaga e o paciente tem que

retornar ao municiacutepio de origem ldquoa equipe estaacute levando de 8 a 12 hs em Cuiabaacute () e

ela soacute volta quando o paciente realmente foi recebido por um outro profissional

meacutedicordquo(GM)

Eacute tambeacutem relatado pelo gestor que muitas vezes pacientes em estado grave ficam

no municiacutepio aguardando a vaga mas os municiacutepios natildeo dispotildeem de capacidade

instalada para monitorar o paciente e a situaccedilatildeo se agrava ldquochegando a ficar de 5 a 10

dias acaba perdendo o pacienterdquo Entatildeo ldquoque lugar ocupa a regionalizaccedilatildeo () aqui

a gente natildeo tem hemodiaacutelise natildeo tem uma nutriccedilatildeo parenteral a gente natildeo tem uma

forma de dar vida para ele eacute muito difiacutecil () eu percebo que o estado dorme nesse

sentidordquo (GE) Estas situaccedilotildees com frequecircncia geram insatisfaccedilotildees dos reguladores

gestores e usuaacuterios do SUS (Cordeiro et al2010)

Nesta regiatildeo a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia foi recentralizada pela SES

Com essa modificaccedilatildeo a Central Regional perdeu parte de suas funccedilotildees e as relaccedilotildees

com os meacutedicos reguladores dos municiacutepios jaacute natildeo acontecem visto que o contato eacute

diretamente com a Central Estadual Isso tem gerado muitas dificuldades para os

reguladores municipais encaminharem suas demandas de urgecircnciaemergecircncia aleacutem da

demora no acesso agrave vaga

Com a recentralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo os problemas continuaram o gestor relata um

caso de traumatismo craniano que ldquofoi regulado por Cuiabaacuterdquo e encaminhado para a

unidade mista de Tangaraacute da Serra que natildeo tem centro ciruacutergico Assim como este

caso outros ocorreram mais de uma vez geraram conflitos e questionamentos quanto agrave

prioridade da SES com a regionalizaccedilatildeo Para o gestor a SES natildeo investe recursos e natildeo

atende agrave regiatildeo como foi o caso do SAMU debatido no CGR Os gestores questionaram

a centralizaccedilatildeo da regulaccedilatildeo e pediram que a regulaccedilatildeo do SAMU ficasse na regiatildeo

mas natildeo foram atendidos

125

Tanto a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia como a dos demais procedimentos

apresenta problemas Foi relatado que em reuniatildeo do Conselho Estadual de Sauacutede a

equipe de auditoria da SES apresentou ldquolista de espera de 1500 pessoasrdquo para

colonoscopia ao mesmo tempo o prestador conveniado afirmou ldquoter cumprido 7 de

colonoscopia porque natildeo havia pacienterdquo e uma participante dessa reuniatildeo relatou que

sua irmatilde com cacircncer estava ldquohaacute 6 meses na fila de espera para realizar este examerdquo

(GM)

Esses casos mostram a fragilidade da regulaccedilatildeo no estado ldquonatildeo existe regulaccedilatildeo

Existem papeacuteis que correm para laacute e para caacute e se perdem e se acham e a demanda natildeo

encontra a ofertardquo (GM) Natildeo haacute como negar que essas citaccedilotildees se referem aos

problemas da gestatildeo puacuteblica do sistema de sauacutede e requerem a atenccedilatildeo e intervenccedilatildeo

por parte dos atores institucionais e natildeo institucionais A regulaccedilatildeo no estado e nesta

regiatildeo eacute fraacutegil apresenta conflitos problemas na organizaccedilatildeo na gestatildeo e nos fluxos As

gestotildees do sistema nas regiotildees necessitam de iniciativas no sentido de formar redes

integradas regionalizadas e resolutivas conforme as necessidades para de fato tornarem-

se autocircnomas (Viana et al 2010b) Os sistemas de regulaccedilatildeo da assistecircncia no estado e

na regiatildeo precisam de uma gestatildeo mais efetiva

Os serviccedilos contratualizados pelo CIS natildeo estatildeo submetidos agraves regras da

regulaccedilatildeo como os demais serviccedilos conveniados ao SUS A equipe do CIS apenas

confere as guias liberadas as utilizadas e as cotas extras solicitadas pelos municiacutepios A

regulaccedilatildeo destas guias eacute realizada pelas Centrais Municipais Embora o Pacto pela

Sauacutede contemple como responsabilidades do estado ldquomonitorar e avaliar o

funcionamento dos Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutederdquo (MS 2006) natildeo se verifica

por parte da Central de Regulaccedilatildeo Regional nem da Central Estadual a utilizaccedilatildeo de

instrumentos que disciplinem as relaccedilotildees de controle regulaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos serviccedilos ofertados pelo CIS Eacute baixa a regulaccedilatildeo institucional em relaccedilatildeo aos

serviccedilos privados vinculados ao consoacutercio

Tais problemas mostram que agrave semelhanccedila de outros estados (Lima et al 2012)

a regulaccedilatildeo da assistecircncia tambeacutem eacute fraacutegil em Mato Grosso A regulaccedilatildeo nesta regiatildeo e

nos municiacutepios requer cooperaccedilatildeo do estado para sua organizaccedilatildeo e funcionamento

O controle e a avaliaccedilatildeo da central regional de regulaccedilatildeo natildeo tecircm sido realizados

a equipe alega ter perdido o controle desde que as atividades foram recentralizadas A

126

Central de Cuiabaacute comunica as solicitaccedilotildees de serviccedilos enviados pela Central Regional

diretamente ao paciente ou municiacutepio ldquoa gente tinha ateacute certo ponto um controle ()

agora a gente natildeo consegue () sabe que o municiacutepio conseguiu () foi uma

negociaccedilatildeo direta do municiacutepio com o prestadorrdquo (GE) Agrava esta questatildeo a ausecircncia

de um sistema de informaccedilatildeo da regulaccedilatildeo interligado de forma a facilitar ao gestor o

acesso ao sistema para identificar o desfecho da sua solicitaccedilatildeo

De forma natildeo estruturada o controle e a avaliaccedilatildeo das accedilotildees e serviccedilos de sauacutede

satildeo parcialmente realizadas pelos gestores municipais do SUS que em geral exercem

tais atividades no cotidiano da gestatildeo que realiza atividades de compra e

contratualizaccedilatildeo de serviccedilos acompanha as atividades financeiras realiza

cadastramento dos serviccedilos e alimenta os sistemas de informaccedilatildeo entre outros Na

regiatildeo os principais instrumentos que servem de base para o acompanhamento e

monitoramento das accedilotildees satildeo o Plano Municipal de Sauacutede o Relatoacuterio de Gestatildeo a

PPI o PDR o PDI Termo de Compromisso de Gestatildeo e o Pacto dos indicadores Como

jaacute ressaltados o PDR e o PDI estatildeo desatualizados e natildeo satildeo monitorados

Com o Pacto pela Sauacutede os insumos dos sistemas de informaccedilatildeo que eram

monitorados pelo ERS passaram a ser enviados on line diretamente para o MS ldquoalguns

programas eacute soacute entre o municiacutepio e o Ministeacuteriordquo Desta forma o contato do municiacutepio

eacute direto com o MS e os teacutecnicos do ERS julgam que este fato contribuiu para afastar os

municiacutepios do ERS e afirmam ldquonoacutes monitoramos avaliamos acompanhamos o serviccedilo

pelo sistema nacional de informaccedilatildeordquo (GE) ou por e-mail telefone ou na sede mas o

espaccedilo fiacutesico eacute inadequado pois o ERS natildeo tem estrutura proacutepria funciona nos fundos

do preacutedio do INSS

As atividades de controle e avaliaccedilatildeo que eram realizadas pela equipe do ERS

ficaram prejudicadas os teacutecnicos do ERS soacute acessam ldquoaquilo que eacute puacuteblico para

todosrdquo Gestores municipais tambeacutem atribuem ao distanciamento dos municiacutepios do

ERS o fato de a SES ter mudado a sua conduccedilatildeo e recentralizado muitas accedilotildees que antes

eram desenvolvidas pelo ERS Entatildeo ldquoo municiacutepio trata direto com a SES que tambeacutem

pula o ERS e passa informaccedilotildeesrdquo(GM) No que se refere ao ERS ldquoas coisas satildeo

decididas de cima vem para noacutes noacutes temos que passar para o municiacutepio () muitos

trabalhos foram descentralizados para noacutes mas () falta capacitaccedilatildeordquo (GE) O ERS

127

vem perdendo sua funccedilatildeo e jaacute natildeo haacute clareza quanto ao seu papel ldquoa gente ainda natildeo

conseguiu enxergar o que eacute que a SES quer do ERS esse eacute o pontordquo (GE)

Monitoramento controle e avaliaccedilatildeo fazem parte das atividades da SES de forma

estruturada mas o gestor afirma que aquela conduccedilatildeo da SESERS de monitorar os

indicadores do Termo de Compromisso de Gestatildeo para levantar as dificuldades

cooperar para intervir jaacute natildeo eacute realizada No acircmbito dos municiacutepios esse

monitoramento tambeacutem natildeo eacute realizado e justificado pelo gestor pelo despreparo dos

profissionais para tais atividades

Observa-se incipiecircncia da regulaccedilatildeo no estado e na regiatildeo As bases da regulaccedilatildeo

foram instituiacutedas ainda antes do pacto mas na vigecircncia do pacto os instrumentos

regulatoacuterios natildeo foram suficientes para inserir mudanccedilas na gestatildeo e cabe aos entes

federativos a intransferiacutevel macrofunccedilatildeo de prover accedilotildees e serviccedilos de regular o setor

sauacutede em seus vaacuterios aspectos da gestatildeo da prestaccedilatildeo da assistecircncia do financiamento e

da administraccedilatildeo para equilibrar os vazios assistenciais da oferta e da demanda

(CONASS 2011)

As competecircncias e atribuiccedilotildees da regulaccedilatildeo satildeo amplas referem-se natildeo somente agrave

fiscalizaccedilatildeo e ao controle mas tambeacutem ao estabelecimento de regras e mecanismos para

a orientaccedilatildeo deste sistema de sauacutede compreendendo os meios e os fins que possam

melhorar o acesso aumentar a cobertura e aleacutem disso na perspectiva da equidade

atender agraves necessidades e direitos do cidadatildeo (Nascimento 2009)

Nesta regiatildeo natildeo haacute clareza desta importante funccedilatildeo aleacutem disso muitos gestores

pela falta de conhecimento natildeo satildeo comprometidos o suficiente para de fato exercer o

seu papel que se agrava pela falta de cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado Essas praacuteticas

limitam a oferta de serviccedilos puacuteblicos e geram demandas reprimidas

No entendimento do gestor foram ldquoos municiacutepios que assumiram a regionalizaccedilatildeo

e pagam financeiramente um preccedilo muito altordquo(GM) Passaram a ter maior autonomia

em gerir os seus recursos mas tambeacutem a ldquover que eacute difiacutecil planejar a sauacutede () que o

recurso que vem nem sempre eles conseguem gastar naquilo que eacute prioridade entatildeo

essa tambeacutem eacute uma dificuldade e muitas vezes o recurso acaba sendo mal gastordquo (GE)

O PDR o PDI e a PPI que poderiam ser instrumentos de direcionamento da

regionalizaccedilatildeo natildeo se constituem em instrumentos de integraccedilatildeo intermunicipal Aleacutem

disso a conduccedilatildeo da SESERS estaacute muito mais voltada para as suas funccedilotildees internas

128

Sua maneira de executar a poliacutetica natildeo corresponde agravequilo que estaacute contemplado no

PPA o que tem enfraquecido suas funccedilotildees

As funccedilotildees desenvolvidas pelo ERS natildeo tecircm correspondido agrave sua missatildeo que eacute

justificada pela falta de recursos financeiros Suas atividades correspondem muito mais

ao repasse das demandas provenientes da SES e do MS do que ao fortalecimento da

regiatildeo Esse tipo de conduccedilatildeo contribui com o posicionamento individual do gestor

municipal cujos problemas natildeo satildeo percebidos como da regiatildeo buscando-a apenas

quando se vecircem diante de dificuldades frente as quais ele natildeo consegue ser

autossuficiente ldquose eu estou bem no meu municiacutepio com o meu prefeito se eu consigo

me resolver isso eacute problema meurdquo (GM)

Nesta regiatildeo a rede de atenccedilatildeo deixa a desejar natildeo haacute capacidade instalada que a

torne autocircnoma e resolutiva os recursos financeiros satildeo escassos e resultam em

iniquidades no acesso ao ciclo completo de atenccedilatildeo Aleacutem disso o gestor destaca que

nesta regiatildeo ldquofalta aquilo que estaacute na lei aquela solidariedade neacute porque a regiatildeo eacute

feita por solidariedade e eu sinto a ausecircncia disto na regiatildeo solidariedaderdquo (GM)

A falta de solidariedade ocorre em especial pela falta de clareza quanto agraves regras

nas relaccedilotildees interfederativas e tornam-se mais expliacutecitas nas propostas de

regionalizaccedilatildeo que requerem o fortalecimento de tais relaccedilotildees Essa falta de

compartilhamento de responsabilidades entre os entes federativos tende a ser superada

quando haacute um planejamento intergovernamental quando as accedilotildees satildeo coordenadas e

reguladas para organizar os fluxos assistenciais (Silva 2013)

As limitaccedilotildees do planejamento na regiatildeo podem ser evidenciadas quando o gestor

relata ldquoa gente natildeo senta natildeo discute natildeo levanta dados natildeo trabalha com dados

Trabalha no conhecimento do achismo isso eacute uma deficiecircncia muito grande porque eu

penso se noacutes tiveacutessemos sentado e feito o levantamento das necessidades das nossas

potencialidades e saber aonde eacute que queriacuteamos chegar noacutes jaacute conseguiriacuteamos

caminhar Quando fala () vai sentar para negociar eacute toda vez () toda vez

passamos um pouco de vergonha porque natildeo temos dados natildeo temos nuacutemeros a gente

natildeo consegue levantar nem a demanda e nem a oferta Assim uma das maiores

dificuldades que eu acho que eacute isso A regiatildeo natildeo se reconhece natildeo se percebe eacute isso

se conhecer se perceber saber onde estaacute e para onde tem que irrdquo (GM)

129

Estes relatos permitem afirmar que a poliacutetica de regionalizaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede natildeo estaacute sendo trabalhada nesta regiatildeo A regionalizaccedilatildeo em pauta se limita agrave

delimitaccedilatildeo do territoacuterio e natildeo se considera o seu processo que estaacute permeado por

conflitos e tensotildees A regiatildeo natildeo eacute reconhecida pelos seus integrantes natildeo haacute um

sentido de pertencimento natildeo haacute coordenaccedilatildeo regionalizada natildeo haacute motivaccedilatildeo pelo

coletivo e o ERS segue conduzindo a regiatildeo com as demandas oriundas da SES e do

MS

Eacute preciso recriar as condiccedilotildees para implementar a poliacutetica regionalizada nesta

regiatildeo Isto requer arranjos ajustes organizaccedilatildeo planejamento regionalizado

compartilhado para a construccedilatildeo de uma rede de serviccedilos que seja capaz de responder

agraves necessidades da populaccedilatildeo considerando as diversidades econocircmica social

poliacutetico-administrativa e cultural

A participaccedilatildeo do estado na implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo eacute fundamentalldquoo

estado eacute o grande articulador ou pelo menos deveria serrdquo(GM) Sem a participaccedilatildeo do

estado a regionalizaccedilatildeo natildeo acontece Muitos dos gestores ainda estatildeo despreparados

quanto agrave poliacutetica de sauacutede Se natildeo haacute clareza por parte dos entes federativos municipais

a regionalizaccedilatildeo fica comprometida ldquoeles vatildeo ter que entender para decidir de que

forma a regiatildeo vai se organizar ir atraacutes de investimentos e a gente precisa de

influecircncia poliacutetica para trazer algum recurso para a regiatildeo porque do jeito que estaacute a

gente estaacute perdendo recursordquo(GE)

O pacto trouxe maior autonomia para os municiacutepios e possibilidades de realizar

pactuaccedilotildees com flexibilidade entre os gestores mas eacute um processo que requer

participaccedilatildeo conhecimento entendimento sobre o sistema de sauacutede e sobretudo

capacidade para desenvolver o planejamento e articulaccedilatildeo regional com regras claras

quanto agraves relaccedilotildees interfederativas e a responsabilidade compartilhada (Lavras 2011)

Aleacutem da mobilizaccedilatildeo e lideranccedila teacutecnica o processo de regionalizaccedilatildeo nesta

regiatildeo precisa da lideranccedila poliacutetica A regiatildeo tem potencialidades atores natildeo

institucionais a serem considerados e articulados ldquonoacutes temos um suplente de senador na

regiatildeo temos um deputado na regiatildeordquo (GM) e precisam ser mobilizados para os

investimentos regionais

Os relatos aqui explicitados mostram as dificuldades enfrentadas pelos gestores

desta regiatildeo na gestatildeo municipal e na governanccedila regionalizada prevista no Pacto pela

130

Sauacutede Aleacutem disso evidenciam tambeacutem a necessidade de investir em educaccedilatildeo

permanente que fortaleccedila a capacidade de gestatildeo o planejamento o controle a

avaliaccedilatildeo e o monitoramento das accedilotildees de forma a adequaacute-las agraves necessidades Eacute

fundamental capacitar para entender que o processo regulatoacuterio de forma planejada

redimensiona a oferta e qualifica a utilizaccedilatildeo dos recursos assistenciais e financeiros eacute

um salto para a melhoria e eficiecircncia do sistema e pode garantir o direito constitucional

agrave sauacutede

7 Governanccedila do Processo

de Regionalizaccedilatildeo na Regiatildeo de Sauacutede

de Tangaraacute da Serra

132

7 GOVERNANCcedilA DO PROCESSO DE REGIONALIZACcedilAtildeO NA REGIAtildeO

DE SAUacuteDE DE TANGARAacute DA SERRA

Com a assinatura do Termo de Compromisso de Gestatildeo legalmente o gestor local

e as instacircncias regionalizadas passaram a ter maior importacircncia na conduccedilatildeo da poliacutetica

assumiram responsabilidades compartilhadas na gestatildeo na contratualizaccedilatildeo no

planejamento no controle e na regulaccedilatildeo dos serviccedilos da rede de atenccedilatildeo da regiatildeo

Responsabilidades que requerem novas relaccedilotildees entre os diferentes atores envolvidos no

processo aperfeiccediloamento teacutecnico e gerencial (Arretche 2010) e articulaccedilatildeo para a

gestatildeo colegiada

O Pacto pela Sauacutede contempla um novo ciclo da descentralizaccedilatildeo e

regionalizaccedilatildeo Sua efetivaccedilatildeo depende da cooperaccedilatildeo e de pactos interfederativos de

forma solidaacuteria e compartilhada (Machado et al 2010) O papel a ser desempenhado

pela SES como condutora deste processo eacute determinante para o desenvolvimento de

competecircncias e busca de soluccedilotildees intersetoriais (Junqueira 2000) para interesses

coletivos

Na vigecircncia do pacto a gestatildeo estadual passou por trocas sucessivas que

refletiram na sua maneira de gerir e conduzir a Poliacutetica Estadual A gestatildeo tem-se

modificado tem sido permeada por ldquointeresses pessoal e partidaacuterio () tendenciosos a

praacuteticas pessoaisrdquo (GM) e ldquonatildeo existe uma linha da poliacutetica de sauacutederdquo tem gerado

ldquoconflitos de interessesrdquo (GM)

Nesta regiatildeo de sauacutede o papel desempenhado pela SES tem sido ldquomuito

fragmentado aquele projeto da regionalizaccedilatildeo que era feito a vaacuterias matildeos hoje natildeo

existe mais () noacutes natildeo somos ouvidosrdquo (GM) O gestor julga que deve haver ldquoalgum

interesserdquo que faz com que uma regiatildeo com mais de 200 mil habitantes natildeo tenha ldquoo

investimento na sauacutede puacuteblica numa linha continuada satildeo sempre pontuais e

ocorrem quando os gestores se levantam vatildeo laacute apagam o fogo e pronto acabourdquo

(GM) Cita como exemplo as tentativas de transformar a Unidade Mista de Tangaraacute da

Serra em hospital regional mas ldquonatildeo era interesse dele gestor estadual em fazer o

hospital regional em abrir nenhum hospital regional () ele queria terceirizar o

serviccedilordquo (GE)

133

Com a implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede ldquoo estado descentralizou mas natildeo

descentralizou o recurso natildeo quer descentralizar a parte teacutecnica satildeo muitos

conflitos talvez por medo de perder o poder que queira ou natildeo ainda emana este

poder no estado () ele eacute o maior ele eacute o rei e noacutes como somos todos os feudos

temos que ficar pedindo sempre () ele continua da mesma forma () eacute uma relaccedilatildeo

muito autoritaacuteria do governo estadual muito alheia ao problema da assistecircnciardquo (GM)

Oficialmente as responsabilidades foram compartilhadas houve a assinatura do

Termo de Compromisso de Gestatildeo mas o estado natildeo tem cumprido com a sua parte na

cooperaccedilatildeo teacutecnica no financiamento na regulaccedilatildeo e tem repercutido na governanccedila da

regiatildeo Os Sistemas Municipais de Sauacutede natildeo satildeo autossuficientes dependem da

cooperaccedilatildeo teacutecnica do estado para fortalecer a sua capacidade institucional e da regiatildeo

Esta funccedilatildeo implica mudanccedilas no papel do Estado e dos municiacutepios em dividir

desenvolver competecircncias e cumprir com as responsabilidades compartilhadas O

processo de regionalizaccedilatildeo tem sido permeado por tensotildees interfederativas (Noronha et

al 2012) nesta regiatildeo natildeo tem sido pautado pelo planejamento integrado

regionalizado com base nas necessidades da rede de serviccedilos do territoacuterio com

financiamento regulaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo teacutecnica

Entre as dificuldades citadas pelo gestor a principal ldquoeacute o financiamentordquo (GM) e

tambeacutem tem refletido na atuaccedilatildeo do ERS junto aos municiacutepios ldquoa gente percebe que

quando um ERS natildeo consegue mais dar suporte para o municiacutepio que natildeo vai mais ao

municiacutepio isso eacute um enfraquecimento do SUS de uma forma geralrdquo e acrescenta

quando ldquoo estado natildeo encampa a educaccedilatildeo ensino em serviccedilo a formaccedilatildeo continuada

do gestor a gente percebe tambeacutem que natildeo quer que aconteccedila o fortalecimento do

SUSrdquo (GM)

O gestor municipal e a equipe do ERS natildeo tecircm recebido capacitaccedilotildees com

suficiecircncia para influenciar positivamente o processo de descentralizaccedilatildeo ldquoos

municiacutepios estatildeo se capacitando sozinhos () os teacutecnicos do ERS natildeo se entendem

eles natildeo se percebem enquanto atores () noacutes percebemos limitaccedilotildees falta de

prioridade do estado em capacitar os profissionaisrdquo (GM) Segundo o gestor

municipal as informaccedilotildees satildeo repassadas pelo COSEMS e eacute comum a equipe do ERS

expressar ldquomas o estado natildeo nos repassou issordquo (GM)

134

No ERS e na SES ainda existem teacutecnicos que participaram do processo de

regionalizaccedilatildeo implantado no periacuteodo anterior ao pacto Segundo o gestor ldquosabem o

que tem que fazer e natildeo conseguem fazerrdquo e isso ldquoeacute velado as pessoas natildeo se sentem

confortaacuteveis para falar o que tem que falar para falar o que pensam para dizer o que

precisa ser ditordquo (GM) e reitera ldquoa gente sabe que estaacute muito difiacutecil para o escritoacuterio

porque eacute corte em cima de corte haacute trecircs anos eles ERS tecircm dificuldade de vir nos

municiacutepios () hoje noacutes percebemos haacute um esfacelamentordquo (GM)

As relaccedilotildees da SES com a regiatildeo e os teacutecnicos do ERS estatildeo distantes e

enfraquecidas ldquoeu acho que falta um pouco deles SES conhecer a nossa realidade

aqui enquanto ERS das atividades da regiatildeo de conhecer a regiatildeo () que se estaacute

falando de interior () a gente tem sentido a falta desse elo da SES com o ERSrdquo (GE)

As relaccedilotildees dos teacutecnicos do ERS com os gestores municipais satildeo formais e

teacutecnicas ocorrem in loco na sede do ERS ou no CGR mas ldquoa gente percebe que existe

um enfraquecimentordquo (GM) Com o pacto muitos dos sistemas de informaccedilotildees foram

modificados e os teacutecnicos natildeo estatildeo preparados para ldquodar este suporterdquo (GM) e nesse

caso os gestores municipais procuram a SES MS ou COSEMS

As relaccedilotildees entre os teacutecnicos do ERS e SMS satildeo importantes em especial pelo

conhecimento que eles tecircm sobre a regiatildeo Satildeo relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo divergentes e

conflitantes sobretudo ldquoquando noacutes colocamos a omissatildeo do estado na poliacuteticardquo e os

membros do ERS defendem o estado Aleacutem disso o gestor afirma que ldquoagraves vezes o ERS

natildeo se percebe enquanto regiatildeo mas como estado e aiacute dentro disto percebemos que

existem discordacircncias Noacutes fazemos cobranccedila principalmente de acesso de recurso e

agraves vezes satildeo conflitantesrdquo (GM)

Satildeo comportamentos influenciados pela falta de clareza dos papeacuteis das instacircncias

em relaccedilatildeo ao processo de regionalizaccedilatildeo No entendimento do gestor os teacutecnicos do

ERS representam ldquoa interface entre o gestor do niacutevel central com o municipal e a

gente segue a poliacutetica de sauacutede conforme eles SES colocam () principalmente aquilo

que chega do Ministeacuteriordquo (GE) mas agraves vezes as accedilotildees propostas natildeo se adequam ao

porte dos municiacutepios e agraves caracteriacutesticas da regiatildeo e ocorrem conflitos resistecircncias e

nestes casos a gestora refere ter que ldquotrabalhar essas adequaccedilotildees para que se chegue a

um acordordquo (GE)

135

Entre os gestores municipais no geral as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias cooperativas e

tambeacutem conflitivas Eacute comum cada um defender a sua realidade o seu proacuteprio

benefiacutecio natildeo havendo preocupaccedilotildees em ldquobeneficiar a regiatildeordquo (GM) Segundo o

gestor estas posiccedilotildees ocorrem nas reuniotildees da CIB estadual e nas do colegiado e

ldquodependendo da eacutepoca em que vocecirc estaacute tem influecircncia das questotildees partidaacuterias e se

houver recurso no meio existem sim interesses particularesrdquo (GE)

Os conflitos estatildeo presentes tambeacutem devido agraves transferecircncias irregulares dos

recursos financeiros por parte do estado aos municiacutepios ldquoa partir do momento que vocecirc

natildeo tem o repasse fidedigno dos incentivos a relaccedilatildeo que mais predomina eacute de

conflito de descreacutedito () eacute uma relaccedilatildeo de desconfianccedila () natildeo pode confiar e

dizer eu assinei um convecircnio e isso vai sair natildeo natildeo tem seguranccedilardquo (GM) A

insuficiecircncia de recursos financeiros locais e regionais associada agrave complexidade e

diversidade do modelo de atenccedilatildeo manteacutem as desigualdades entre os entes federativos

(Viana et al2002) geram tensotildees desconfianccedila intensificam as relaccedilotildees competidoras

e predatoacuterias e fragilizam a poliacutetica regionalizada

Os conflitos intergovernamentais e as relaccedilotildees de desconfianccedila foram construiacutedos

ldquoantes a pactuaccedilatildeo era cumprida os acordos eram cumpridos hoje se faz um acordo e

vocecirc natildeo vecirc assim empenho do estado em cumprir esse acordo () os prefeitos jaacute natildeo

acreditam na administraccedilatildeordquo (GM) Aleacutem de natildeo cumprir o pactuado a SES vem

ldquodescuidando do puacuteblico e privilegiando o privadordquo (GM) Estas relaccedilotildees de

desconfianccedila tecircm resultado em conflitos e comportamentos individualizados cada um

busca resolver apenas os seus problemas municipais de acesso aos serviccedilos

Embora instituiacuteda e contemplada no PES natildeo se observa que a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede seja prioridade na agenda do gestor estadual e da regiatildeo O gestor julga que a

regionalizaccedilatildeo estaacute apenas no papel ldquonoacutes natildeo somos ouvidos isso tudo estaacute ficando

distante da realidade o paciente necessita de consulta de exame de atendimento de

urgecircncia e noacutes temos uma carecircncia imensa na regiatildeo de tudo aquilo que foi planejadordquo

(GM) e afirma ldquonatildeo se observa modificaccedilotildees no comportamento da gestatildeo estadualrdquo

(GE) para cumprir suas responsabilidades assumidas no Termo de Compromisso de

Gestatildeo

Desprovida de accedilotildees coordenadas e de uma rede de atenccedilatildeo que atenda aos

diversos interesses do territoacuterio (Noronha et al 2012) os relatos mostram que esta

136

regiatildeo estaacute desarticulada O equiliacutebrio pode ser obtido mas requer articulaccedilatildeo

coordenaccedilatildeo e iniciativas entre os atores de representaccedilatildeo teacutecnica e poliacutetica do estado e

regiatildeo para planejar a rede regionalizada de atenccedilatildeo agrave sauacutede (Viana e Lima 2011)

A falta de uma rede de atenccedilatildeo estruturada nesta regiatildeo manteacutem seacuterios problemas

que produzem iniquidades as relaccedilotildees estabelecidas e as deliberaccedilotildees expressam os

interesses de cada gestor de forma a atender antes de tudo aos seus objetivos (Abrucio

2002) Satildeo comportamentos que geram fragmentaccedilatildeo descontinuidade do cuidado agrave

sauacutede e ameaccedilam a governanccedila indicativos que comprometem e alertam para as

condiccedilotildees desfavoraacuteveis ao processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As relaccedilotildees entre o gestor puacuteblico e o privado nesta regiatildeo satildeo institucionalizadas

e formais e ocorrem por meio de convecircnios estabelecidos entre o estado o municiacutepio e

o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede com as empresas prestadoras de serviccedilos com o

profissional liberal de sauacutede eou por meio de medidas administrativas demandadas pela

regulaccedilatildeo As relaccedilotildees tambeacutem ocorrem informalmente quando o gestor municipal faz o

pagamento pelo serviccedilo prestado direto para o profissional que natildeo aceita atender as

demandas do SUS

As relaccedilotildees entre os gestores e os prestadores por meio do CIS satildeo permeadas por

tensatildeo tecircm um custo elevado geram dificuldades financeiras mas ldquotem sido a nossa

saiacuteda principalmente frente agrave omissatildeo do estadordquo (GM) O CIS ainda hoje natildeo conta

com estrutura puacuteblica para instalar seus serviccedilos e natildeo haacute previsatildeo de investimentos

puacuteblicos para expansatildeo da rede de atenccedilatildeo

As relaccedilotildees com o setor privado satildeo importantes e significativas ampliam a oferta

imediata dos serviccedilos geram benefiacutecios contribuem para a resoluccedilatildeo dos problemas na

regiatildeo complementam a rede de atenccedilatildeo e o acesso eacute mais raacutepidoldquotira de riscos da

viagem para Cuiabaacuterdquo (GM) Para o gestor esta parceria oferece atendimento

especializado Sem o estabelecimento de pacto com outros gestores dificilmente um

gestor municipal conseguiria trazer para a rede puacuteblica tal especialidade devido ao custo

do serviccedilo que eacute elevado

O gestor privado considera que as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o privado podem

contribuir para a vinda de novas especialidades e serviccedilos fixar profissionais no

municiacutepio e regiatildeo desenvolver socioeconomicamente o municiacutepio e a regiatildeo

diversificar a oferta e melhorar a complexidade dos serviccedilos oferecidos Uma das

137

dificuldades de adesatildeo das empresas ao plano de sauacutede eacute a falta de profissionais nos

municiacutepios As existentes estatildeo concentradas em Tangaraacute da Serra que dista de 120 a

225 km dos demais municiacutepios No entendimento do gestor puacuteblico quanto mais o setor

privado diversificar os serviccedilos ofertados mais a regiatildeo vai se beneficiar ldquoo privado

consegue trazer muito mais profissionais para a regiatildeordquo (GM)

Por meio das entrevistas pode-se constatar que as diferentes especialidades

concentradas e estruturadas no setor privado permitem ao prestador impor as condiccedilotildees

para atender propor acordos para aumento dos valores da tabela complementar ou

tabela especiacutefica para atendimento A tabela SUS eacute a referecircncia para a contratualizaccedilatildeo

dos serviccedilosldquoa gente sempre paga uma tabela e meia a duas tabelas () eacute uma tabela

de referecircncia mas a maior parte dos procedimentos eles satildeo co-financiadosrdquo (GM)

Embora os gestores valorizem esta parceria como alternativa da regiatildeo e com

muitos benefiacutecios pontuam que o negativo eacute o fato de o setor privado escolher os

serviccedilos que vai colocar agrave disposiccedilatildeo do SUSldquoeles prestadores privado tecircm

sufocado vivemos sob ameaccedilardquo (GM) e influenciam para que natildeo ocorram

investimentos puacuteblicos

Muitas vezes natildeo haacute consenso entre os gestores quanto aos valores propostos pelo

prestador privado e tecircm ocorrido puniccedilotildees Um dos prestadores privado suspendeu o

atendimento aos partos e as cirurgias (geral e eletiva) e o gestor municipal teve que

encaminhar sua demanda para hospitais de outros municiacutepios outro gestor cita que ldquoele

prestador privado fechou as portas noacutes tivemos que encaminhar para Cuiabaacute ()

isso prejudicou e ateacute que chega o resultado o paciente agraves vezes jaacute foi a oacutebitordquo (GE)

Outro exemplo refere-se agrave contratualizaccedilatildeo de um serviccedilo especializado Os

especialistas natildeo aceitavam serem contratados pelo CIS mas quando um terceiro

especialista chegou agrave regiatildeo e aceitou a tabela os demais exigiram que tambeacutem fossem

contratados ldquonoacutes estamos agrave mercecirc do privadordquo (GM) e estes problemas ocorrem ldquopela

falta de outras opccedilotildeesrdquo (GM) O gestor afirma que ou os municiacutepios direcionam tudo

para determinado estabelecimento ou ldquocorre o risco de natildeo atender ningueacutemrdquo (GE)

O negativo eacute a ldquofalta de infraestrutura na regiatildeo tanto no setor puacuteblico como no

privado () cateterismo tem que ser feito em Cuiabaacuterdquo (GP) faltam especialidades

meacutedicas no setor puacuteblico e no privado e diz ldquoa gente vecirc cada vez mais um nuacutemero

reduzido de pessoas conseguindo executar serviccedilos pela tabela federal do SUSrdquo (GP)

138

Este gestor julga que a tabela SUS estaacute defasada e influencia de forma negativa essa

relaccedilatildeo

As relaccedilotildees puacuteblico-privadas satildeo consideradas positivas para o acesso na regiatildeo

mas ao mesmo tempo que representam facilidades satildeo tambeacutem as dificuldades da

regiatildeo O gestor refere que somente agora percebe que a ldquopresenccedila deles prestadores

privados de uma forma em geral natildeo permitiu ao longo do tempo o crescimento

estrutural puacuteblicordquo julgam que satildeo ldquoinfluecircncias negativas com certeza () ele

prestador privado dificulta a inserccedilatildeo do serviccedilo publicordquo (GM)

Segundo a gestora municipal manter essa parceria eacute a alternativa do momento

mas refere que o custo desta parceria parece natildeo ser percebida pelo estado e por

gestores de outras regiotildees que por vezes citam nas reuniotildees da CIB e COSEMS que

esta regiatildeo tem ldquoresolutividaderdquo (GM)

Essa ldquoresolutividaderdquo somente ocorre porque ldquonoacutes compramos esse serviccedilo e

muito caro () a meu ver esta eacute a regional que mais gasta com a iniciativa privada e

ela eacute vista como a mais resolutiva sabia Soacute que ningueacutem sabe o preccedilo que a gente

paga por issordquo (GM) Para esta gestora a ldquoresolutividaderdquo resultou em certa

acomodaccedilatildeo por parte do estado que natildeo tem investido em obras puacuteblicas na regiatildeo A

participaccedilatildeo do setor privado jaacute deveria ter sido substituiacuteda ldquoexiste certo marasmo por

ter o serviccedilo privado eacute mais faacutecil comprar do que proporrdquo (GE) Este tipo de parceria

aparentemente traz resolutividade mas fortalece o subsistema privado de sauacutede (Ockeacute-

Reis e Sophia 2009) Nesta regiatildeo esta parceria tem influenciado o sistema puacuteblico de

sauacutede na medida em que produz efeitos sobre sua regulaccedilatildeo sobre o financiamento

puacuteblico e sobre a incorporaccedilatildeo tecnoloacutegica entre outros

O ente estadual tem participado timidamente do financiamento dos serviccedilos

atraveacutes dos incentivos da atenccedilatildeo baacutesica e do CIS e enquanto os municiacutepios

continuarem resolvendo os problemas sozinhos natildeo buscando alternativas e

comprometimento do estado para fortalecer a rede puacuteblica da regiatildeo o setor privado vai

se fortalecer vai continuar ampliando sua rede influenciando a demanda da regiatildeo

impondo suas regras e contribuindo para o enfraquecimento e mau desempenho do setor

puacuteblico Se natildeo houver planejamento e investimentos para ampliar a capacidade

instalada puacuteblica se o governo estadual natildeo coordenar e investir na gestatildeo puacuteblica na

139

regulaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede a assistecircncia privada vai continuar influenciando e

fortalecendo-se com a forte transferecircncia de recursos puacuteblicos (Menicucci 2007)

Na regiatildeo a governabilidade da rede de sauacutede conta com vaacuterios atores as

parcerias se ldquobem negociada e contratualizadardquo(GE) podem facilitar para

disponibilizar vaacuterios serviccedilos na regiatildeo e contribuir para a integralidade da atenccedilatildeo No

entanto as fragilidades jaacute apontadas tecircm invertido os papeacuteis e o prestador privado tem

definido a demanda do setor puacuteblico ldquoo que eles concedem noacutes fazemos o que eles natildeo

concedem noacutes natildeo fazemosrdquo (GM) Observa-se uma estrutura regional fragilizada

desarticulada sem lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na conduccedilatildeo do sistema (Viana et al

2008)

As imposiccedilotildees sempre vatildeo acontecer se natildeo haver a ruptura com o poder do gestor

privado Essa situaccedilatildeo requer a intermediaccedilatildeo do estado entre os gestores e entre os

diversos atores presentes no territoacuterio Mesmo que o puacuteblico demonstre vontade de

romper a falta de previsatildeo de recursos para investimentos puacuteblicos aponta para um

cenaacuterio cuja configuraccedilatildeo vai perpetuar a tendecircncia a manter o jogo de quem estaacute com

o poder nas matildeos

Com este cenaacuterio eacute difiacutecil para o gestor municipal e regionalestadual estabelecer

parceria que corresponda aos princiacutepios do SUS aleacutem disso ldquoo estado influencia o

processo de regionalizaccedilatildeo a favor do setor privadordquo Nesta regiatildeo recentemente a

SES manifestou interesse em ldquocolocar uma OS na regiatildeo noacutes tiacutenhamos uma

referecircncia hospitalar privada que ateacute certo ponto nos atendia muito bemrdquo(GM) Esta

possibilidade que natildeo foi implementada resultou em rompimento parcial de convecircnio

com o prestador privado que alegou querer receber a mesma tabela diferenciada com

que o estado remunera as OS

Neste caso o gestor estadual aleacutem de natildeo levar tal proposta para a deliberaccedilatildeo do

CGR fez uma interferecircncia que prejudicou a regiatildeo ldquonoacutes perdemos o contrato com o

hospital regredimos jaacute tiacutenhamos avanccedilado brigado por preccedilo por tabela e isso

retrocedeu totalmente e o municiacutepio sede que eacute Tangaraacute da Serra ficou refeacutem ateacute na

ginecologia Entatildeo assim a influecircncia foi extremamente negativa nesse sentido () o

estado foi laacute e fez issordquo (GM) Posteriormente o gestor estadual retrocedeu na sua

proposta mas a regiatildeo e os municiacutepios ficaram sem o serviccedilo

140

Nesta regiatildeo o que deveria ser complementar ldquoatualmente acaba sendo

substitutivo neacuterdquo (GE) esta parceria ldquoextrapola todos os limites do suportaacutevel o custo eacute

alto () extrapola o que a nossa constituiccedilatildeo colocou e extrapola o que o SUS

acreditava que seria o limiterdquo (GM)

Observa-se que a complementaccedilatildeo da rede de sauacutede puacuteblica pelo setor privado

nesta regiatildeo foi-se institucionalizando e tem resultado em ldquoexternalidades negativasrdquo

que segundo Figueiredo (2012) satildeo as ldquoconsequecircncias do processo de produccedilatildeo ou

consumo de um bem ou serviccedilo qualquer que causam dano agrave sociedade de maneira

geralrdquo(p137) Nesse caso entendemos como um dano a demanda reprimida pelo fato de

restringir o acesso aos serviccedilos apenas a uma pequena parcela da populaccedilatildeo devido aos

valores de tais atendimentos que satildeo custeados pelo gestor puacuteblico municipal cujas

despesas efetuadas com recursos proacuteprios municipais tecircm aumentado progressivamente

no periacuteodo de 2002 a 2010 (Mendonccedila 2012)

As parcerias estabelecidas com o setor privado no acircmbito da regiatildeo mostram e

requerem reorganizaccedilatildeo sistematizaccedilatildeo e revisatildeo das regras de contratualizaccedilatildeo eacute

preciso repensar a governanccedila na regiatildeo As estruturas foram criadas a partir de uma

base institucional preacute-existente ainda antes do pacto com regras e princiacutepios puacuteblicos

instituiacutedos No entanto observa-se que estas foram se perdendo e nas relaccedilotildees puacuteblicas

e privadas predominam comportamentos de conflitos e temor onde as regras estatildeo

sendo definidas pelos atores privados Cada ator defende os seus objetivos e interesses

e as relaccedilotildees de complementaridade natildeo estatildeo submetidas agraves regras do direito puacuteblico

mas agraves do direito privado (Figueiredo 2012) Nesta regiatildeo a maneira de conduzir os

diferentes objetivos e interesses tem determinado o desenvolvimento do sistema de

sauacutede e natildeo tem efetivado os objetivos do SUS

Satildeo conflitos natildeo coordenados que dificultam o compartilhamento haacute uma busca

para resolver os problemas mas por natildeo serem mediados natildeo constroem competecircncias

para a gestatildeo regionalizada e conduzem a busca de alternativas individualizadas de

pactuaccedilatildeo com serviccedilos de prestadores privados dentro e fora da regiatildeo Aleacutem disso as

desigualdades econocircmicas dos municiacutepios fazem com que aqueles mesmo de pequeno

porte populacional mas de elevado desenvolvimento econocircmico faccedilam investimentos

puacuteblicos e atuem na loacutegica do municipalismo autaacuterquico onde cada um procura resolver

141

as suas dificuldades como uma unidade separada dos demais natildeo considerando os

problemas em termos de regiatildeo (Abrucio 2002)

As relaccedilotildees e influecircncias do setor privado na direcionalidade da regionalizaccedilatildeo

fazem parte da conformaccedilatildeo do sistema de sauacutede nesta regiatildeo ldquonoacutes tivemos diferentes

gestores no passado que faziam parte dos serviccedilos privados Entatildeo parte desses

serviccedilos que ateacute hoje satildeo oferecidos foram amarrados laacute atraacutesrdquo (GE) Essas parcerias

satildeo ldquoinjustas natildeo correspondemrdquo (GM) aos objetivos do SUS

Em um quadro de carecircncia de profissionais e de estrutura puacuteblica o formato

institucional da assistecircncia agrave sauacutede nesta regiatildeo foi adquirindo padrotildees de

comportamento do setor privado ao mesmo tempo este setor tem se fortalecido como

prestador de serviccedilos na regiatildeo e influenciado o processo decisoacuterio Se natildeo houver

intervenccedilotildees a poliacutetica de sauacutede puacuteblica vai seguir com tendecircncias a se modelar aos

interesses do setor privado natildeo desenvolvendo capacidades proacuteprias de regulaccedilatildeo e de

busca por alternativas (Menicucci 2007) para fortalecer a rede puacuteblica na regiatildeo

As parcerias podem e devem acontecer mediante a insuficiecircncia dos serviccedilos

puacuteblicos mas estabelecidas sob as regras e princiacutepios puacuteblicos e de forma

complementar (Lenir 2010) Nesta regiatildeo dificilmente ter-se-aacute uma administraccedilatildeo

puramente puacuteblica no setor sauacutede sem o estabelecimento de parcerias com o setor

privado mas a grande questatildeo eacute o cuidado para que natildeo haja uma inversatildeo onde em

nome do direito agrave sauacutede o SUS torne-se o complementar

Nesta regiatildeo os conselheiros natildeo estatildeo contemplados para participar do CGR

mas fazem parte do Conselho Fiscal do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede A relaccedilatildeo

com os conselheiros municipais ocorre quando as demandas municipais precisam ser

aprovadas pelo CGR e exigem resoluccedilatildeo da aprovaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede

142

8 Decisatildeo e Intersetorialidade na

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

143

8 DECISAtildeO E INTERSETORIALIDADE NA REGIAtildeO DE SAUacuteDE DE

TANGARAacute DA SERRA

Nesta regiatildeo as decisotildees tomadas pelos entes federativos e demais atores que

compotildeem o complexo regional ocorrem no CGR As relaccedilotildees estabelecidas entre os

diversos atores da regiatildeo que fazem parte do sistema de sauacutede no geral satildeo formais

distantes teacutecnicas e administrativas Geralmente ocorrem atraveacutes de e-mail portarias e

outros documentos oficiais ou com a participaccedilatildeo de membros da regiatildeo em reuniotildees

que ocorrem na SES ou no COSEMS

Eacute com estas caracteriacutesticas relacionais entre os atores da regiatildeo que as decisotildees

satildeo tomadas entre entes federativos no CGR Eacute neste espaccedilo que o poder tende a ser

compartilhado para a busca de estrateacutegias de intervenccedilotildees (Figueiredo 2012) mas

tambeacutem eacute o local onde se alternam conflitos e cooperaccedilotildees que direcionam a conduccedilatildeo

da poliacutetica de sauacutede regionalizada

Quando o CGR foi reestruturado muitos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede desta

regiatildeo ocupavam o cargo haacute pouco tempo e jaacute participavam das reuniotildees da CIB

regional mas ainda natildeo detinham conhecimentos suficientes sobre o processo de

regionalizaccedilatildeo Pelo despreparo e troca constante de gestores as discussotildees ficavam

centradas em alguns e foi consenso entre eles que para ampliar a discussatildeo deveriam

ser realizadas reuniotildees preacute-colegiado para facilitar a interaccedilatildeo e instrumentalizaacute-los

para as deliberaccedilotildees

As reuniotildees preacute-colegiado entre gestores municipais foram adotadas tanto para as

reuniotildees do CGR como da CIB estadual coordenadas pela equipe do COSEMS no

acircmbito do estado e pelo seu representante no CGR com o objetivo de discutir de forma

antecipada temas da pauta e assim facilitar e preacute-consensuar as decisotildees

Apenas o representante do COSEMS da regiatildeo e o diretor do ERS participam da

reuniatildeo da CIB Os demais membros do CGR mantecircm relaccedilatildeo com a CIBestadual por

meio dos documentos da CIB enviados por e-mail para o ERS ou pelas informaccedilotildees

que estatildeo disponiacuteveis no site da SES As relaccedilotildees entre a CIBestadual e o CGR satildeo

distantes e formais

144

As relaccedilotildees estabelecidas entre a CIBestadual com outras instacircncias regionais satildeo

formais teacutecnicas e administrativas Ainda que nem todos os gestores da regiatildeo possam

participar de todas as reuniotildees e ou eventos realizados pela CIB e COSEMS julgam que

satildeo importantes interferem no processo de regionalizaccedilatildeo e afirmam que a maior

discussatildeo ldquodo processo de regionalizaccedilatildeo acaba acontecendo mais aqui no CGR

porque laacute o que acontece mais eacute a discussatildeo em niacutevel de portarias () a

descentralizaccedilatildeo a municipalizaccedilatildeo () a discussatildeo maior eacute aqui em niacutevel de CGRrdquo

(GE)

Para a gestora municipal ldquoquem nos manteacutem informado eacute o COSEMS a CIB em

si vira resoluccedilotildees se vocecirc quiser acompanhar tem que estar entrando no site Entatildeo eacute

bem distanterdquo (GM) A relaccedilatildeo do COSEMS com as SMS eacute forte O COSEMS se

posiciona com frequecircncia nas reuniotildees da CIB a favor dos municiacutepios e tem buscado

criar redes de discussatildeo quanto agraves questotildees do Pacto pela Sauacutede Tem discutido com os

gestores municipais o repasse irregular dos recursos financeiros por parte do estado aos

municiacutepios ldquomas ele tambeacutem fica muito barrado pelo estadordquo (GM) e seu

posicionamento muitas vezes tensiona suas relaccedilotildees com o estado

Os gestores confiam na orientaccedilatildeo do COSEMS julgam ldquotecnicamente eacute muito

forterdquo e que os debates por ele promovidos tecircm contribuiacutedo para a tomada de decisotildees

dos gestores municipais mas referem que ldquo politicamente eacute muito fraco natildeo tem poder

nenhum natildeo tem uma forccedila poliacuteticardquo (GM)

As relaccedilotildees do CGR com o COSEMS ocorrem por intermeacutedio do vice-regional do

COSEMS Satildeo relaccedilotildees formais teacutecnicas e representam o canal de comunicaccedilatildeo entre o

COSEMS e demais gestores da regiatildeo Para o gestor a equipe teacutecnica do COSEMS

representa a ldquoCIES para os gestoresrdquo (GM) referem sentir-se amparados e capacitados

pelo COSEMS e afirma ldquona nossa regiatildeo noacutes somos afinados () hoje noacutes fazemos

uma conversa frente a frente o COSEMS eacute forte neste sentido sempre noacutes conseguimos

colocar na mesa sentar e fazer discussotildeesrdquo (GM)

O gestor reconhece que o COSEMS tem desenvolvido um papel importante na

conduccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede por ser questionador julgam que ldquoquem mais luta pela

regiatildeo eacute o COSEMS () sabe muito mais que a SES tem um retrato das regiotildees da sua

populaccedilatildeo das suas necessidades () a gente percebe que o COSEMS estaacute muito mais

proacuteximo da regiatildeo muito mais atuante do que o proacuteprio estadordquo (GM)

145

Os entrevistados reconhecem a importacircncia do COSEMS no processo de

regionalizaccedilatildeo exemplificam sua atuaccedilatildeo na reuniatildeo da CIB quando a SES tentou

modificar a maneira de transferir os recursos financeiros aos municiacutepios Os membros e

sua equipe teacutecnica se posicionaram contraacuterios em juntar as transferecircncias fundo a fundo

dos recursos ambulatoriais e hospitalares como proposto pelo estado ldquoeu nunca vi um

COSEMS tatildeo firme e tatildeo forte Ele eacute fraacutegil ele natildeo consegue mudar a linha do estado

mas ele tem conseguido muitas vitoacuteriasrdquo (GM)

Na reuniatildeo do CGR o vice-presidente regional do COSEMS tem um tempo

assegurado para informes gerais oriundos da reuniatildeo preacute-CGR e CIB Muitas vezes o

aprendizado destas reuniotildees fica individualizado pois o gestor tem dificuldades para

repassar tais informaccedilotildees visto que os temas satildeo complexos e exigem conhecimento

para transmissatildeo aos demais

O CGR assim como a CIB satildeo espaccedilos considerados pelos gestores como

importantes as reuniotildees satildeo instrutivas e geram aprendizado mas entende-se que o

gestor precisa ldquose colocar colocar suas necessidades o que a regiatildeo realmente precisa

levar para CIBrdquo (GM) Tambeacutem refere que como entes federativos estatildeo em processo

de descoberta ldquoainda natildeo somos vistos e respeitados como entes federativosrdquo (GM)

Para que isso aconteccedila haacute necessidade de investir em capacitaccedilotildees para o gestor e

equipe inclusive preparaacute-los para a gestatildeo regionalizada

No acircmbito da regiatildeo embora valorizadas as preacute-reuniotildees do CGR deixaram de

acontecer e recentemente os gestores expressaram a necessidade de retomaacute-las

justificando que a formalidade das reuniotildees do CGR natildeo permite que as discussotildees

sejam ampliadas para os problemas locais ldquoa gente natildeo consegue ter temas

transversais dentro da reuniatildeo de colegiado eacute informe muitas resoluccedilotildees

proposiccedilotildees e portariasrdquo (GM) aleacutem disso referem ser uma das alternativas para

preparaacute-los para a gestatildeo O avanccedilo da regionalizaccedilatildeo tambeacutem depende do

posicionamento do gestor municipal do exerciacutecio do seu papel de ente federativo e o

CGR eacute o espaccedilo que cria as condiccedilotildees para as discussotildees e o aprendizado oportuniza

que o gestor se coloque facilita o estabelecimento de pactos interfederativos e contribui

com o processo de descentralizaccedilatildeo do SUS

A coordenadora do CGR reconhece a importacircncia da preacute-reuniatildeo justifica que nas

reuniotildees mensais segue o protocolo para cumprir a agenda ldquonatildeo tem tempo para

146

socializarrdquo como os gestores municipais querem e ldquoeu no papel de coordenadora

acabo falando natildeo pode demorar tem a pauta a ser cumpridardquo (GE) Essas

formalidades podem engessar a gestatildeo e natildeo permitir que a abordagem da discussatildeo flua

para os problemas reais vividos pelos gestores Interferem na conduccedilatildeo da poliacutetica e

natildeo permitem a governabilidade sobre a macropoliacutetica da regiatildeo Estudos mostram que

naqueles locais onde ldquoa implantaccedilatildeo dos CGR foi conduzida de forma burocraacutetica e

cartorial sem que tenha havido a necessaacuteria disposiccedilatildeo para o debate por parte dos

gestoresrdquo houve baixa ou nenhuma repercussatildeo nas praacuteticas institucionais vigentes

(Lima et al 2012)

De acordo com o registro das atas de 2006 a 2011 entre as temaacuteticas abordadas

no CGR as principais estatildeo relacionadas agrave aprovaccedilatildeo dos Termos de Compromisso de

Gestatildeo CIES-capacitaccedilotildees adesatildeo a programas do Ministeacuterio da Sauacutede projetos para

construir ou continuar recebendo parcelas de recursos financeiros para reformas em

andamento prestaccedilotildees de contas municipais de recursos recebidos campanhas de

vacinaccedilatildeo alteraccedilatildeo da PPI e tetos financeiros informes diversos do COSEMS

portarias ministeriais informes do estado criaccedilatildeo de novos serviccedilos pelo MS rede de

urgecircncia rede cegonha projetos de cirurgias eletivas qualificaccedilatildeo aos programas

federais falta de acesso necessidades de recursos financeiros oferta de serviccedilos

demanda reprimida sistemas de informaccedilatildeo credenciamentos transferecircncia de

profissionais

As temaacuteticas que mais aparecem nas pautas satildeo as que envolvem os programas

federais informes do Ministeacuterio da Sauacutede ldquoprevalecem mais aquelas que o estado

precisa da informaccedilatildeo do que resolver o problema da regiatildeordquo (GE) As temaacuteticas

locais estatildeo relacionadas com necessidades de capacitaccedilotildees dificuldade de acesso agrave

rede falta de estrutura puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico-privada O ERS insere mais pauta que

os municiacutepios cumprem as demandadas da SES que nem sempre eacute a demanda do

municiacutepio

As discussotildees satildeo pontuais e relacionadas com aquilo que eacute demandado ldquonatildeo se

tem mais aquela coisa do inovar do agir pelas proacuteprias ideacuteias de uma coisa que surgiu

da regiatildeordquo (GM) A diversidade dos temas e a participaccedilatildeo dos gestores nas reuniotildees

repercutem de forma positiva ldquonoacutes jaacute avanccedilamos muito no sentido de ter os gestores

como realmente atores nesse colegiado A gente percebe que agraves vezes os gestores natildeo

147

se percebem como gestores ficam esperando serem demandados pelo ERS pelo estado

Eu percebo que tem avanccedilado muito os gestores hoje demandam muito mais se

contrapotildeem mais ao estado nas suas necessidades A gente percebe que estaacute mais

politizada menos a poliacutetica partidaacuteria e mais a poliacutetica puacuteblicardquo (GM)

A sobrecarga de emissatildeo de Portarias do MS e da SES induzem agrave poliacutetica no

acircmbito da gestatildeo local (Arretche 2008) Os gestores satildeo atraiacutedos pelos incentivos

financeiros que podem aumentar suas receitas e deixam de propor projetos e accedilotildees

especiacuteficos para a sua realidade Satildeo adesotildees que ocorrem sobretudo naqueles de

pequeno porte que eacute o caso dos municiacutepios desta regiatildeo

Satildeo temas de consenso nas reuniotildees do CGR a dificuldade financeira o atraso

nas transferecircncias financeiras pelo estado ldquoa falta de respeito do estado para com os

municiacutepios () toda reuniatildeo nosso foco eacute falar do financiamento que natildeo vem repasse

vocecirc natildeo pode contar com aquele dinheiro ele vem a cada oito ou nove mesesrdquo (GM)

Este atraso tem afetado significativamente o exerciacutecio das competecircncias municipais

que nesta regiatildeo tecircm implicado em despesas adicionais por parte dos municiacutepios e

contribuiacutedo para aumentar as iniquidades de acesso aos serviccedilos devido agraves diferenccedilas

socioeconocircmicas entre os municiacutepios (Arretche 2010) Aleacutem disso deixam de priorizar

a atenccedilatildeo primaacuteria pelos gastos excessivos com a atenccedilatildeo especializada

A transferecircncia irregular dos recursos aos Fundos Municipais de Sauacutede por parte

da SES tem influenciado o seu papel de condutora da poliacutetica estadual de sauacutede e

gerado conflitos nas relaccedilotildees aleacutem disso tem tensionado as relaccedilotildees entre os

municiacutepios e entre o gestor e a populaccedilatildeo Neste caso a populaccedilatildeo sabendo da

existecircncia do consoacutercio o pressiona para acesso ao serviccedilo com menor tempo de espera

As pressotildees forccedilam os governantes a melhorar seu desempenho administrativo

(Abrucio 2002) como tambeacutem geram gastos progressivos agrave gestatildeo municipal e acesso

com iniquidades pelas condiccedilotildees econocircmicas de cada municiacutepio (Queiroz 2012)

Os conflitos do CGR desgastam as relaccedilotildees e ameaccedilam a governanccedila no

colegiado de gestatildeo visto que ldquocada um defende o seu e isso acaba com tudo com

qualquer relacionamentordquo (GM) e com a poliacutetica regionalizada

O gestor natildeo se sente motivado a participar das reuniotildees refere natildeo ter que

cumprir com esta obrigaccedilatildeo jaacute que o estado natildeo tem cumprido seu papel e afirma

ldquoningueacutem quer ir mais agraves reuniotildees reuniatildeo reuniatildeo e vocecirc natildeo concretiza nada natildeo

148

sai com planejamento executaacutevel natildeo adianta fazer plano para noacutes executarmos () eu

nao quero saber de ouvir o estado o estado natildeo cumpre a parte dele perdeu a moralrdquo

(GM) Aleacutem do estado natildeo estar transferindo mensalmente os recursos para os

municiacutepios a seacuterie histoacuterica de 2002 a 2010 mostra que tambeacutem natildeo estaacute cumprindo o

percentual preconizado pela EC29 exceto no ano de 2010 que atingiu 1228

(Mendonccedila 2012)

Essas irregularidades geram descredibilidade dos gestores em relaccedilatildeo agrave

regionalizaccedilatildeo dificultam a gestatildeo e as relaccedilotildees O gestor afirma ldquoeu natildeo quero mais

saber de alto custo eu quero que o estado pegue tudo ele que monte o processo e ele

que entregue o medicamentordquo (GM) Satildeo posicionamentos incongruentes com as

responsabilidades assumidas pelo gestor municipal mas expressam o conflito nas

relaccedilotildees

Embora os governos locais sejam os executores da poliacutetica a responsabilidade

para viabilizaacute-la eacute compartilhada com o estado que neste caso natildeo tem cumprido com

a sua parte no financiamento na cooperaccedilatildeo na coordenaccedilatildeo e na regulaccedilatildeo do

sistema No SUS a funccedilatildeo puacuteblica natildeo eacute exclusiva de um dos entes implica em

responsabilidades compartilhadas e requer cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo para garantir e

efetivar o direito agrave sauacutede (Dourado e Elias 2011)

Houve situaccedilotildees em que o processo decisoacuterio do CGR natildeo foi consenso como a

proposta de aumento dos valores da tabela complementar de apoio diagnoacutestico Um dos

gestores natildeo concordou e sofreu ameaccedilas do prestador durante a reuniatildeo Ainda assim a

complementaccedilatildeo solicitada foi aprovada e justificada pelos gestores ldquonoacutes tiacutenhamos que

negociar porque ele prestador ia prejudicar a regiatildeo e que meu municiacutepio estava

prejudicando a regiatildeordquo (GM) O gestor que natildeo concordou procurou alternativas fora

da regiatildeo ldquoele [o prestador] nos ameaccedilou e falou que se meu municiacutepio natildeo deixasse o

que era de SUS laacute ele simplesmente fecharia as portas para as minhas urgecircncias e

realmente eles fecharamrdquo (GM) O acesso a esse estabelecimento foi negado ateacute para

os exames pactuados via consoacutercio

No entendimento da gestora este tipo de prestador deveria ser ldquodescredenciado

ele ameaccedilou a pressatildeo dele foi essa se vocecirc natildeo pactuar noacutes natildeo vamos fazer para

vocecircs nem particularrdquo (GM) Os demais gestores justificaram que a proposta foi aceita

pois sentiram temor diante da expressatildeo ldquofechar as portasrdquo O consenso e o dissenso

149

nestes espaccedilos considerados democraacuteticos satildeo possibilidades que podem ocorrer

naturalmente visto que envolvem relaccedilotildees concepccedilotildees e interesses de diferentes entes

federativos A aceitaccedilatildeo das diferenccedilas deve ser o princiacutepio baacutesico da gestatildeo e o

consenso ou o dissenso natildeo devem ser pautados pelo temor da coerccedilatildeo (Dourado e

Elias 2011)

As ameaccedilas e os consensos demonstram que ldquoos consensos dos CGR podem se

transformar numa forma velada (ou natildeo) de concentraccedilatildeo de autoridaderdquo (Dourado e

Elias 2011) O poder estava com o prestador de serviccedilos detentor da oferta na regiatildeo e

os municiacutepios por natildeo disporem de capacidade instalada nem mesmo outra opccedilatildeo de

oferta indiretamente tambeacutem foram ameaccedilados e natildeo se sentiram seguros para divergir

cederam pelo temor do rompimento da oferta dos serviccedilos para o seu municiacutepio

Estes impasses mostram que o CGR natildeo estaacute desempenhando seu papel que as

deliberaccedilotildees natildeo estatildeo sendo motivadas para resolver os problemas da regiatildeo ldquocada um

resolve o seu problema () natildeo trabalha para a regiatildeordquo (GM) Embora os gestores

tenham argumentado que a defesa era em prol da regiatildeo observa-se que os interesses

divergem e natildeo se verificam iniciativas no sentido de constituir a rede de atenccedilatildeo

regionalizada e ampliar o acesso mas comportamentos de defesa do seu proacuteprio

governo utilizando para isso sua autoridade poliacutetica e soberana de ente federativo Satildeo

situaccedilotildees que mostram a necessidade da coordenaccedilatildeo federativa (Abrucio 2005) para

avanccedilar na descentralizaccedilatildeo

O caso retro citado expotildee a fragilidade do processo a governanccedila foi ameaccedilada

pela preponderacircncia do gestor do setor privado sobre o puacuteblico e levou um colegiado

deliberativo a julgar que a ameaccedila estaacute com o gestor puacuteblico Satildeo situaccedilotildees que

evidenciam a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Aleacutem disso mostra a necessidade de construir

processos de articulaccedilatildeo e de mediaccedilatildeo de conflitos de atuaccedilatildeo dos atores para a

construccedilatildeo de agendas permanentes de compartilhamento de percepccedilotildees e ajustes de

interesses e assim facilitar a construccedilatildeo de competecircncias (Fleury 2010) para o

desenvolvimento do sistema de sauacutede nesta regiatildeo

A situaccedilatildeo relatada gerou desgastes conflitos que interferem nas relaccedilotildees entre os

gestores e ldquosubverte a proacutepria concepccedilatildeo desses colegiadosrdquo (Dourado e Elias 2011)

fragilizam a regiatildeo que diante de tais situaccedilotildees cada gestor comeccedila a buscar

150

alternativas individualizadas pactuar e procurar serviccedilos fora da regiatildeo Geram

situaccedilotildees constrangedoras sentimentos que desmotivam o gestor ldquoeu falei a regiatildeo

natildeo precisa do meu municiacutepio a PPI eacute viva eacute livre eu natildeo sou obrigada a pactuar

com Tangaraacuterdquo (GM) e pactuou os serviccedilos com o gestor de Cuiabaacute e afirma que antes

ldquogastava 178 mil a maisrdquo (GM) No seu entendimento nessa situaccedilatildeo quem tinha que

receber as represaacutelias era o prestador

A regionalizaccedilatildeo natildeo se limita a cada um definir a sua parte Eacute necessaacuterio

desenvolver capacidades administrativas mobilizar recursos financeiros ter clareza do

peso e da necessidade de cooperaccedilatildeo entre os entes federativos para que a

descentralizaccedilatildeo ajude a melhorar o desempenho da gestatildeo puacuteblica (Abrucio 2002)

Essas situaccedilotildees denotam que o processo de regionalizaccedilatildeo precisa ser coordenado

e ter lideranccedila teacutecnica e poliacutetica na regiatildeo Os colegiados satildeo espaccedilos de consenso e

dissenso mas a autonomia entre os entes federativos deve ser respeitada para que os

consensos possam ser verdadeiramente construiacutedos respeitados e pautados pelos

objetivos da poliacutetica (Dourado e Elias 2011) e pelas especificidades da regiatildeo

Em fevereiro de 2012 a CIBMT por meio da Resoluccedilatildeo no 09 instituiu o Grupo

Condutor Estadual da Rede Cegonha no acircmbito do SUSMT e em 15 de marccedilo de

2012 a resoluccedilatildeo CIBMT no

056 definiu as propostas metodoloacutegicas para

operacionalizar tal rede no estado Quando a SES encaminhou a documentaccedilatildeo para

organizar a rede cegonha e a rede de urgecircncia na regiatildeo gerou impasse no CGR os

gestores ldquodisseram que natildeo iam aderir e ningueacutem aderiurdquo (GE) Criticaram e natildeo

aceitaram montar a rede respondendo o questionaacuterio enviado pela SES Alegaram que a

regiatildeo natildeo dispotildee de estrutura para atendimento da urgecircnciaemergecircncia exceto a

Unidade Mista que natildeo tem centro ciruacutergico e que de fato precisa de uma rede de

urgecircnciaemergecircncia visto que os reguladores encontram dificuldades ldquoo tempo todo eacute

meacutedico implorando porque vocecirc natildeo tem uma tomografia natildeo tem acesso a uma

ressonacircncia vocecirc natildeo tem nada faacutecil Entatildeo que rede de urgecircncia existerdquo (GM)

Para os gestores as responsabilidades assumidas com o que estaacute em

funcionamento natildeo estatildeo sendo cumpridas e neste caso natildeo havia clareza quanto agrave

contrapartida financeira Apesar de o Ministeacuterio da Sauacutede ser o responsaacutevel pela

coordenaccedilatildeo e pelo financiamento intergovernamental das accedilotildees descentralizadas os

governos subnacionais tecircm autonomia e natildeo satildeo obrigados a aderir a estes programas

151

federais (Arretche 2003) O plano da rede de urgecircnciaemergecircncia foi elaborado apenas

pelos teacutecnicos do ERS e ainda hoje natildeo funciona

Implantar uma rede dessa complexidade requer investimentos de ambas as partes

sua conformaccedilatildeo natildeo se resume apenas ao preenchimento de um documento de forma

isolada ao somatoacuterio do que cada um responde individualmente mas requer

negociaccedilotildees e sobretudo planejamento e recursos fiacutesico humanos e financeiros para

sua instalaccedilatildeo

Quando o SAMU foi implantado e a regulaccedilatildeo regional da urgecircnciaemergecircncia

recentralizada houve conflitos nas relaccedilotildees entre os gestores municipais e entre

reguladores da regiatildeo e o estado Estas temaacuteticas foram discutidas no CGR e os

gestores deliberaram que a regulaccedilatildeo da urgecircnciaemergecircncia e a central do SAMU

seriam competecircncias da central regional de regulaccedilatildeo mas a SES desconsiderou a

decisatildeo do colegiado e centralizou estes serviccedilos ldquonoacutes fomos vencidos natildeo adiantou

falarrdquo (GM)

O maior problema da regiatildeo ldquoeacute natildeo ser ouvidordquo (GM) O gestor reitera que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade ldquoas discussotildees satildeo impostas pelas necessidades e a

gente acaba discutindo a regionalizaccedilatildeo no meio de outras necessidades porque natildeo a

tem como prioridaderdquo (GM) e afirma ldquoo que se percebeu de 2006 a 2012 eacute que em vez

de melhoria noacutes estamos caminhando para traacutes () eu senti certo abandono por parte

do estado natildeo soacute na nossa regiatildeordquo (GM)

Essas entre outras discussotildees e conflitos ocorrem no CGR e ainda que

contribuam para esclarecer os gestores quanto agrave gestatildeo natildeo contribuem para a

descentralizaccedilatildeo A influecircncia do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo da

macropoliacutetica regionalizada eacute incipiente o CGR ldquoainda natildeo demanda eu penso que a

regionalizaccedilatildeo natildeo tem como acontecer de forma efetiva se natildeo vier demandada pela

regiatildeo () estamos levando mas natildeo estamos conseguindo ser ouvido pelo estadordquo

(GM) A falta de legitimidade do CGR por parte da SES compromete a sustentabilidade

e a direcionalidade do processo de regionalizaccedilatildeo

Para a gestora a dinacircmica das reuniotildees do CGR tem que mudar ldquoo papel do CGR

estaacute muito em passar proposiccedilotildees e resoluccedilotildees para a CIBrdquo (GM) e afirma que haacute

necessidade de ldquoalguma coisa a mais na organizaccedilatildeo do ERS com relaccedilatildeo ao CGR ()

algueacutem que tome a frente para discutir os problemas da UTI da falta de leitosrdquo (GE)

152

algueacutem que discuta os problemas que a regiatildeo vive que esteja ldquoorganizando () uma

lideranccedilardquo (GE) Eacute preciso capacitar informar haacute ldquomuito desconhecimento a maioria

dos municiacutepios vem e nem fala na reuniatildeo Tem que mudar a dinacircmica realmenterdquo

(GE)

Observa-se pelas atas das reuniotildees do CGR que estas ampliaram o debate A

diversidade dos temas discutidos demonstra que ainda que induzidas pelo Ministeacuterio da

Sauacutede as discussotildees apresentam preocupaccedilotildees em ampliar o acesso aos serviccedilos

puacuteblicos e dispor no acircmbito da regiatildeo de uma poliacutetica igualitaacuteria Os registros tambeacutem

sugerem que o CGR tornou-se de fato um espaccedilo importante de negociaccedilatildeo de conflitos

e decisotildees na perspectiva do estabelecimento de parcerias compartilhadas Os conflitos

estatildeo presentes nas negociaccedilotildees mas ainda assim as deliberaccedilotildees satildeo cooperativas

Ainda que natildeo declarada haacute uma crise no funcionamento deste CGR e tem gerado

descredibilidade por parte do gestor a julgar que poderia ser mais efetivo se o cargo de

presidente natildeo fosse ocupado pelo diretor do ERS ldquoeacute estado entatildeo natildeo consigo ver

conduccedilatildeo para a regionalizaccedilatildeo () sempre vai defender a posiccedilatildeo da SESrdquo (GM) e

afirma na resoluccedilatildeo dos problemas na regiatildeo ldquonesse momento () eacute o consorcio que faz

o papel mais centralrdquo (GM)

De forma limitada o CGR tem contribuiacutedo com a regionalizaccedilatildeo seu

funcionamento eacute facilitado pelo fato de os gestores viverem praticamente os mesmos

problemas e julgam que facilitaria ainda mais se a SES de fato ouvisse a regiatildeo se

resolvesse os problemas da falta de acesso se houvesse cooperaccedilatildeo teacutecnica e

solidariedade entre gestores que fazem parte do colegiado O CGR deveria ser um

espaccedilo de gestatildeo e busca de encaminhamentos compartilhados para a soluccedilatildeo dos

problemas coletivos da regiatildeo mas tem se transformado num campo de tensotildees e

disputas e um dos gestores refere que ldquoquando meu municiacutepio precisou de todos taacute

aqui ateacute hoje um municiacutepio foi juntordquo (GM)

No entendimento do gestor os conflitos estatildeo relacionados agrave falta de apoio do

estado que natildeo contribui com ldquocoisas que a gente gostaria que viesse para a regiatildeo a

gente natildeo consegue este apoio atraveacutes da SES e geram conflitosrdquo (GE) isso desmotiva

o gestor satildeo relaccedilotildees ldquoconflitivas semprerdquo e predominam tanto na CIBestadual como

no CGR e enfraquecem a regionalizaccedilatildeo

153

A CIES regional eacute uma instacircncia de deliberaccedilatildeo e decisatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo

permanente na regiatildeo manteacutem relaccedilatildeo formal com a CIBestadual que ocorre atraveacutes

de documentos e entre os membros da CIES estadual e regional a cada seis meses nas

reuniotildees de discussatildeo do PAREPS ou por meio das atas ofiacutecios e outros documentos

encaminhados por e-mails ou malote do ERS Os membros do CGR se relacionam com

as instituiccedilotildees da regiatildeo que tecircm representantes na CIES regional

As relaccedilotildees entre os membros do CGR e membros do CIES satildeo teacutecnicas e

voltadas para os interesses das poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Os secretaacuterios julgam que

nestas relaccedilotildees natildeo haacute influecircncia poliacutetica satildeo ldquodistantesrdquo (GM) e o elo maior ocorre

entre o gestor e o representante do seu municiacutepio para repasse das informaccedilotildees Os

problemas afluem devido agrave troca constante de membros da CIES Aleacutem disso haacute

conflitos entre os membros da CIES por divergecircncias de interesses sobre a gestatildeo

ldquoquem estaacute na CIES satildeo os nossos teacutecnicos e eles tecircm uma visatildeo diferente do gestor em

relaccedilatildeo agrave poliacutetica ()tem uma visatildeo restrita querem que aquelas accedilotildees sejam feitas na

sua aacutereardquo (GM)

O CIS que tambeacutem se constitui em instacircncia de decisotildees colegiadas na regiatildeo

natildeo eacute integrado ao CGR ldquoo CGR natildeo interfere no consoacutercio e o consoacutercio natildeo

interfere no colegiado apenas trocam informaccedilotildeesrdquo (GM) O secretaacuterio executivo natildeo eacute

membro e natildeo participa das reuniotildees do CGR O diretor do ERS tambeacutem natildeo participa

das reuniotildees do Conselho Diretor e do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede

do consoacutercio

As relaccedilotildees entre o CGR e os atores do consoacutercio satildeo formais e ocorrem por meio

de relatoacuterios e outros documentos satildeo teacutecnicas e poliacuteticas A CIB natildeo manteacutem relaccedilatildeo

direta com o Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede Quando ocorrem deliberaccedilotildees que se

referem ao consoacutercio ou ao Sistema de Regulaccedilatildeo a SES ou o ERS enviam-lhes as

respectivas resoluccedilotildees

A participaccedilatildeo da SES na conduccedilatildeo e decisotildees do consoacutercio deixou de ocorrer

nesta regiatildeo As relaccedilotildees da SES tecircm se limitado agrave transferecircncia da contrapartida

financeira diretamente para a conta dos municiacutepios consorciados As relaccedilotildees e

participaccedilatildeo da SES tecircm sido mais proacuteximas do consoacutercio quando a responsabilidade

pelo hospital regional eacute do estado (Viana et al 2010a) Nesta regiatildeo natildeo haacute hospital

regional e as relaccedilotildees entre a SES e o consoacutercio satildeo distantes

154

Os consoacutercios considerados instacircncias com praacuteticas inovadoras na gestatildeo do SUS

(Lima 2000) compartilham entre os municiacutepios regra que disciplinam o seu

funcionamento e eacute papel dos gestores conduzir para pactuar agendas que correspondam

agraves necessidades da regiatildeo No entanto nesta regiatildeo as mudanccedilas da SES na conduccedilatildeo

do CIS resultaram em perdas a agenda e o consenso passaram a ser o custo do

procedimento a autorizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo do serviccedilo a prestaccedilatildeo de contas entre

outros temas associados

As temaacuteticas mais frequentes nas reuniotildees do CIS satildeo relacionadas agrave contrataccedilatildeo

de novos especialistas reajuste de tabela de valores de procedimentos consultas e

exames prestaccedilotildees financeiras ao tribunal de contas remanejamento de dotaccedilotildees

situaccedilatildeo financeira do consoacutercio inadimplecircncia no repasse dos recursos por parte do

estado e de municiacutepios equipe do consoacutercio chamamento puacuteblico e desvinculaccedilatildeo de

profissionais estatuto

O CIS eacute valorizado pelo gestor mas ele ldquonatildeo eacute regionalizado natildeo tem cunho

regional tem o cunho de resolver nosso problema de consulta a preocupaccedilatildeo eacute

intermediar para que o meacutedico atenda entenderdquo (GM) Esse posicionamento do gestor

mostra o distanciamento da sua conduccedilatildeo com a poliacutetica regionalizada

As relaccedilotildees entre os membros do consoacutercio tambeacutem foram alteradas as reuniotildees

do Conselho Intermunicipal de Secretaacuterios de Sauacutede jaacute natildeo ocorrem no mesmo dia da

reuniatildeo do Conselho Diretor de Prefeitos e os gestores julgam que as questotildees teacutecnicas

foram deixadas de lado As relaccedilotildees entre os membros do Conselho Diretor Conselho

Intermunicipal de Sauacutede e ERS satildeo percebidas pelo gestor como ldquoum relacionamento

poliacutetico delesrdquo (GM) Aleacutem disso assentam que ldquotem um pouco do privado

influenciando nissordquo (GE)

A ausecircncia dos Secretaacuterios Municipais de Sauacutede e da equipe do ERS nas reuniotildees

do Conselho Diretor foi retirando da pauta a dimensatildeo teacutecnica do processo gerou

fragilidades perdeu o foco e o consoacutercio jaacute natildeo se constitui num equipamento da

regionalizaccedilatildeo Deixa de ser o ator estrateacutegico de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo e

passa a ser o intermediador da compra e venda de serviccedilos para os gestores Neste caso

contribui para a fragmentaccedilatildeo e ineficiecircncia do sistema puacuteblico (Solla e Paim 2014)

O atraso nas transferecircncias financeiras do estado ao PACIS gerou mais

inadimplecircncia por parte dos municiacutepios por natildeo conseguirem manter o custo total para

155

efetuar o pagamento em dia aos prestadores ldquoo recurso de 2011 chegou agora no mecircs

de julho de 2012rdquo (GM) Agravam o quadro as cotas excedentes solicitadas para

resolver os problemas por natildeo se conseguir acesso agrave rede puacuteblica Embora expresse ldquoa

gente tem um custo muito altordquo (GM) observa-se que o gestor municipal estaacute

mobilizado para esta parceria e compartilha com a direcionalidade da poliacutetica que

segue com a participaccedilatildeo do setor privado motivada pela demanda ao serviccedilo O que

define a direcionalidade para o gestor eacute o grau de necessidade para resolver o seu

problema de acesso que nesta regiatildeo ocorre com a ampliaccedilatildeo do mercado e do

financiamento puacuteblico na prestaccedilatildeo de serviccedilos com retraccedilatildeo do papel do estado atilde

semelhanccedila do que apontam Albuquerque et al (2011)

Verifica-se pelos relatos que o comportamento entre os entes federativos natildeo tem

sido pautado pela solidariedade e gestatildeo compartilhada e tem influenciado o

desenvolvimento do papel e a deliberaccedilatildeo das instacircncias colegiadas quanto agrave poliacutetica

regionalizada Diante das dificuldades em pauta cada ente federativo se posiciona em

defesa do seu governo ao mesmo tempo em que a SESERS deixa de desempenhar o

seu papel de coordenadora intergovernamental e contribui para gerar nestes espaccedilos

comportamentos do federalismo predatoacuterio (Abrucio 2002) Essas questotildees entre

outras interferem de forma negativa no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada

Os problemas de acesso apontados pelos gestores reiteram os relatos de que a

regionalizaccedilatildeo natildeo eacute prioridade da SES cuja relaccedilatildeo os municiacutepios nos uacuteltimos anos eacute

ldquode divergecircncia mesmo o estado joga para o municiacutepio o municiacutepio natildeo tem

condiccedilotildees e volta tudo laacute no recursordquo (GM) Para o gestor ldquoa regiatildeo estaacute meio

isoladardquo (GM) aleacutem disso ldquoa regiatildeo natildeo tem laccedilos tatildeo fortes e essa discussatildeo em

niacutevel de regiatildeo eacute um conflito haacute ausecircncia de investimento na regiatildeo como um todo ()

entatildeo existe sim abandono do estado em relaccedilatildeo agrave nossa regiatildeordquo (GE)

Nesta regiatildeo as relaccedilotildees foram alteradas a capacidade de planejamento eacute baixa a

gestatildeo e a regulaccedilatildeo por parte do setor puacuteblico satildeo fraacutegeis e tecircm repercutido na

governanccedila da regiatildeo ldquoos secretaacuterios de sauacutede estatildeo desmotivados porque eles estatildeo

bancando a sauacutede praticamente sozinhosrdquo (GE) Os pactos deixaram de acontecer

pactua-se apenas a PPI e o SISPACTO e outros que envolvem apenas indicadores A

situaccedilatildeo financeira dos municiacutepios estaacute comprometida e se agrava com as demandas de

156

liminares judiciais ldquoos municiacutepios acabam gastando o recurso que tecircm e deixam de

investir na atenccedilatildeo baacutesicardquo (GE)

Estes associados a outros problemas de acesso na regiatildeo sobretudo pela falta de

estrutura puacuteblica interferem na direcionalidade e o gestor reitera ldquoa regionalizaccedilatildeo foi

se perdendo natildeo sei mais se a gente pode dizer se existimos enquanto regiatildeo Noacutes natildeo

somos parceiros uns dos outros um natildeo ajuda o outro E se vocecirc precisa de alguma

coisa eacute soacute pagando porque noacutes tambeacutem estamos indo pelo privado A gente tem um

custo muito alto para manter a meacutedia e alta complexidade e ambulatoacuteriordquo (GM) e

ainda refere ldquonatildeo consigo ver prioridade para a regionalizaccedilatildeo () o que noacutes colhemos

ateacute 2008 e 2009 era do plano de 2002 que foi do Plano Estadual de Sauacutederdquo (GM)

9 Consideraccedilotildees Finais

158

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O processo de regionalizaccedilatildeo no estado e na regiatildeo em estudo tem uma trajetoacuteria

que se iniciou na deacutecada de 1990 A experiecircncia acumulada na governanccedila

compartilhada com processo decisoacuterio deliberado nas instacircncias colegiadas contribuiu

para que os gestores assinassem o Termo de Compromisso de Gestatildeo Quando o pacto

foi implantado nesta regiatildeo jaacute estavam instituiacutedos o PDR e o PDI o PPA do Governo

do Estado e o PES tambeacutem contemplavam accedilotildees de fortalecimento da regionalizaccedilatildeo da

sauacutede

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede esta regiatildeo avanccedilou naturalmente influenciada

pelo desenvolvimento socioeconocircmico dos municiacutepios que melhorou o IDH aumentou

o PIB ampliou o agronegoacutecio atraiu imigrantes e novos profissionais ampliou a rede

privada de atenccedilatildeo entre outros avanccedilos Os municiacutepios ampliaram a alocaccedilatildeo dos

recursos para o setor sauacutede aplicando acima do miacutenimo recomendado pela EC29

O Complexo Regional do sistema puacuteblico de sauacutede da regiatildeo conta com

estabelecimentos puacuteblicos e privados A rede de atenccedilatildeo primaacuteria de algumas

Secretarias Municipais de Sauacutede foi beneficiada com projetos de reforma ou construccedilatildeo

financiados em parceria com o MS A SES manteve os incentivos para a atenccedilatildeo

primaacuteria que em parte contribuiacuteram para sua implementaccedilatildeo mas a cobertura do PSF

na regiatildeo continua baixa e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta complexidade eacute

incipiente em todos os municiacutepios

A rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede na regiatildeo continua fragmentada os sistemas municipais

atomizados e sem condiccedilotildees para assegurar a integralidade da atenccedilatildeo Parte da

demanda tem acesso atraveacutes do consoacutercio e outra parte por meio da central de

regulaccedilatildeo cujos serviccedilos estatildeo concentrados na capital podendo levar meses para a

obtenccedilatildeo de atendimento A demanda reprimida eacute diretamente influenciada pela

insuficiecircncia da capacidade instalada do municiacutepio da regiatildeo e da rede estadual de

referecircncia O Hospital Municipal de Barra do Bugres embora detenha a maioria das

internaccedilotildees na regiatildeo natildeo eacute reconhecido pelos gestores como um hospital regional

apenas como um hospital de referecircncia na regiatildeo A SES natildeo tem transferido de forma

159

regular os recursos do convecircnio estabelecido com este hospital e dificulta para que este

cumpra seu papel de referecircncia regional gerando conflitos entre os entes federativos

Na vigecircncia do Pacto pela Sauacutede o Complexo Regional natildeo contou com a

construccedilatildeo de unidades regionalizadas e a assistecircncia agrave sauacutede de meacutedia e alta

complexidade natildeo dispotildee de estrutura puacuteblica o acesso eacute viabilizado com a

contratualizaccedilatildeo ou convecircnio estabelecido com o setor privado Hospitais leitos de

UTI laboratoacuterios de imagem e apoio diagnoacutestico serviccedilos de bioacutepsia hemodiaacutelise

cirurgias especializadas e especialidades ambulatoriais estatildeo centrados na rede privada

Os leitos de UTI satildeo puacuteblicos mas instalados no hospital privado satildeo insuficientes e

regulados pela Central Estadual fora da governabilidade da regiatildeo que natildeo tem acesso

agrave sua operacionalizaccedilatildeo

No geral houve expansatildeo da oferta de serviccedilos da rede de atenccedilatildeo do SUS na

regiatildeo mas em decorrecircncia da parceria com o setor privado As estrateacutegias de

estabelecer convecircnio com o setor privado da regiatildeo natildeo foram suficientes para resolver

os problemas de acesso que associados agrave ausecircncia de investimentos puacuteblicos tecircm

fortalecido a participaccedilatildeo do setor privado na rede puacuteblica de sauacutede O setor puacuteblico tem

canalizado parte dos seus recursos para o privado e enfraquecido os investimentos na

estruturaccedilatildeo da sua rede proacutepria de atenccedilatildeo puacuteblica

A interface puacuteblico-privada estaacute presente nesta regiatildeo A relaccedilatildeo eacute de dependecircncia

muacutetua o setor puacuteblico busca suficiecircncia na rede privada assim como a Unimed busca

suficiecircncia de acesso aos seus beneficiaacuterios em hospitais puacuteblicos de municiacutepios que

natildeo tecircm hospital privado A Unimed manteacutem convecircnio com dois hospitais puacuteblicos

nesta regiatildeo Aleacutem disso a maioria dos leitos privados estaacute na rede SUS Os leitos da

regiatildeo puacuteblicos e privados satildeo insuficientes para as necessidades da populaccedilatildeo

conforme paracircmetros do MS e desiguais na distribuiccedilatildeo por municiacutepio

A insuficiecircncia e a escassez de serviccedilos diversificados associadas agraves dificuldades

de acesso da populaccedilatildeo agrave rede puacuteblica podem explicar a cobertura de sauacutede

suplementar na regiatildeo Em sua maioria satildeo planos empresariais e por natildeo oferecerem

cobertura total aos serviccedilos natildeo eacute incomum que o setor puacuteblico custeie parte destes em

especial os especializados e de apoio diagnoacutestico Tal complementaccedilatildeo ocorre para os

beneficiaacuterios dos planos de sauacutede e da associaccedilatildeo Univida Essas alternativas tambeacutem

160

canalizam recursos financeiros do setor puacuteblico para o sistema privado e geram

iniquidades no acesso

O planejamento natildeo eacute uma cultura institucionalizada nesta regiatildeo e embora a

elaboraccedilatildeo de alguns de seus instrumentos seja uma exigecircncia o PDR e o PDI vigentes

foram atualizados em 2005 com base no que foi elaborado em 2001 Isto repercutiu na

conduccedilatildeo da Poliacutetica Estadual de Sauacutede jaacute que tais planos natildeo se constituiacuteram em

instrumentos de direcionamento intervenccedilatildeo e monitoramento das necessidades da

populaccedilatildeo tanto no estado como na regiatildeo Natildeo se constituiacuteram tambeacutem em

instrumento integrador do fluxo intermunicipal e inter-regional com potencial para

aumentar as iniquidades regionais visto que podem propiciar o atendimento de

demandas poliacuteticas e favorecer determinadas regiotildees em detrimento de outras jaacute que

natildeo formalizam as necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo

O teto financeiro da PPI continua defasado natildeo corresponde agrave produtividade dos

municiacutepios Somam-se a isso as glosas frequentes pelo sistema que geram perda de

recursos jaacute escassos aos municiacutepios Estas questotildees implicaram de forma negativa na

operacionalizaccedilatildeo teacutecnica e financeira da gestatildeo e regulaccedilatildeo do sistema

comprometeram a descentralizaccedilatildeo e sua adequaccedilatildeo agraves especificidades da regiatildeo Ainda

assim as mudanccedilas financeiras instituiacutedas com o pacto trouxeram benefiacutecios entre eles

a transferecircncia de recursos ao Fundo Municipal de Sauacutede que natildeo eram gerenciados

pelo municiacutepio

A descontinuidade administrativa na SES associada ao perfil dos gestores

estaduais e agraves interferecircncias poliacutetico partidaacuterias influenciaram sua gestatildeo e interferiram

inclusive no quantitativo financeiro recomendado pela EC-29 jaacute que no periacuteodo de

2002 a 2010 apenas em 2010 o estado aplicou os percentuais miacutenimos recomendados

Tais fatores tambeacutem influenciaram o planejamento e a conduccedilatildeo da poliacutetica de

regionalizaccedilatildeo comprometeram o processo de descentralizaccedilatildeo e natildeo fortaleceram a

gestatildeo municipal e regional Consequentemente a regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou

No acircmbito da gestatildeo municipal os gestores tecircm assumido gradativamente um

conjunto de novas responsabilidades na contratualizaccedilatildeo de serviccedilos na pactuaccedilatildeo dos

indicadores entre outras A autonomia dos gestores aumentou mas de certa forma eles

ainda sofrem imposiccedilotildees do governo federal para acessar os recursos financeiros que

permitem incrementar a receita municipal sem muitas preocupaccedilotildees com as prioridades

161

e especificidades do seu municiacutepio O recurso de Compensaccedilatildeo das Especificidades

Regionais natildeo cobre as necessidades desta regiatildeo em que apenas dois municiacutepios foram

contemplados

Os municiacutepios em sua maioria satildeo de pequeno porte e natildeo contam com

profissionais preparados e ou com formaccedilatildeo para a coordenaccedilatildeo e gestatildeo seja pela

indisponibilidade de tais profissionais no municiacutepio ou pelo custo contratual Dessa

forma a gestatildeo municipal depende da cooperaccedilatildeo teacutecnica da SESERS para o

desenvolvimento teacutecnico-gerencial da SMS A falta de preparo do gestor municipal eacute

significativa muitos satildeo indicaccedilotildees das lideranccedilas partidaacuterias sem a formaccedilatildeo e o

preparo que o cargo exige o que interfere na descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo O

COSEMS tem instrumentalizado os gestores para a tomada de decisotildees

O ERS condutor do processo na regiatildeo estaacute bem estruturado

administrativamente Na vigecircncia do pacto o cargo de diretor foi ocupado por

profissionais do quadro de carreira da SES Tais fatos poderiam ter facilitado o processo

de regionalizaccedilatildeo mas essa instacircncia desempenhou parcialmente seu papel na

coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo da poliacutetica regionalizada teve suas funccedilotildees enfraquecidas em

relaccedilatildeo ao planejamento agrave cooperaccedilatildeo teacutecnica e agrave regulaccedilatildeo do sistema e da assistecircncia

agrave sauacutede na regiatildeo O ERS natildeo realiza cooperaccedilatildeo teacutecnica aos municiacutepios desde 2010

por corte nos recursos financeiros pela SES Suas relaccedilotildees com os gestores municipais

embora cooperativas satildeo tambeacutem conflitivas e estatildeo se tornando distantes razatildeo pela

qual algumas atividades municipais jaacute estatildeo sendo realizadas diretamente com a SES e o

MS

A criaccedilatildeo do CGR foi positiva e contribuiu para retomar a gestatildeo colegiada na

regiatildeo mas a governabilidade sobre a macropoliacutetica eacute parcial Constituiu-se muito mais

num espaccedilo de comunicaccedilatildeo e acesso a informaccedilotildees do cotidiano das praacuteticas de gestatildeo

do que de pactuaccedilotildees e planejamento Embora seja um espaccedilo de decisatildeo colegiada o

CGR ainda tem caracteriacutesticas do somatoacuterio das partes Por falta de clareza muitos

gestores se posicionam na defesa da instituiccedilatildeo que representam e tecircm pouco empenho

na defesa daquilo que deve ser compartilhado Se os papeacuteis natildeo estatildeo claros

dificilmente as responsabilidades seratildeo cumpridas porque tais gestores natildeo se

reconhecem como parte do todo o que gera divergecircncias e conflitos na governanccedila da

poliacutetica regionalizada

162

A criaccedilatildeo da CIES foi um avanccedilo e tem mostrado a importacircncia da sua

institucionalidade para viabilizar a educaccedilatildeo permanente na regiatildeo considerando as

necessidades dos profissionais O recurso financeiro depositado na conta de um dos

municiacutepios para atender as necessidades da regiatildeo ainda eacute um problema e indica

necessidade de encontrar alternativas quanto a sua execuccedilatildeo

A manutenccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede na regiatildeo foi positiva

facilitou o acesso aos serviccedilos que estatildeo concentrados no setor privado e melhorou a

resolutividade na regiatildeo No entanto o CIS jaacute natildeo se constitui em equipamento da

regionalizaccedilatildeo as mudanccedilas na sua conduccedilatildeo por parte da SES tornaram suas relaccedilotildees

distantes ele deixou de fazer parte do planejamento da SES natildeo estaacute envolvido nas

atividades teacutecnico-operacionais do ERS natildeo frequenta as reuniotildees do CGR natildeo foi

implementado natildeo avanccedilou na proposta de fortalecimento da regiatildeo natildeo conseguiu

mobilizar e integrar suas atividades ao processo de regionalizaccedilatildeo continuou sem

estrutura puacuteblica perdeu o foco e a direcionalidade para a regionalizaccedilatildeo O CIS

continua atendendo aos municiacutepios da regiatildeo negociando com o prestador em nome da

regiatildeo mas serve aos interesses individuais de cada municiacutepio e tornou-se um

intermediador para a compra de serviccedilos para as Secretarias Municipais de Sauacutede

O Consoacutercio fortaleceu e consolidou o mix puacuteblico-privado na rede de atenccedilatildeo do

SUS nesta regiatildeo Os problemas dessa parceria tecircm gerado conflitos coerccedilatildeo temor e

desgaste nas relaccedilotildees e tecircm influenciado de forma negativa a direcionalidade do

processo de regionalizaccedilatildeo A influecircncia do setor privado natildeo permitiu que a regiatildeo

fosse coordenada pelo setor puacuteblico e planejada conforme as necessidades da

populaccedilatildeo mas pautada pela oferta dos serviccedilos

O estudo demonstra que a conduccedilatildeo estaacute permeada por problemas e que o cenaacuterio

eacute desfavoraacutevel para a regionalizaccedilatildeo A fragilidade institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica

regionalizada teve influecircncia no planejamento na gestatildeo dos serviccedilos e enfraqueceu a

regulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede contribuindo para que natildeo fossem alcanccedilados os

resultados do processo de regionalizaccedilatildeo propostos e pactuados A regiatildeo estaacute sem

direcionamento e sem conduccedilatildeo para a gestatildeo regionalizada A falta de direcionamento

planejamento e de pactuaccedilotildees de metas para a regiatildeo tem repercutido na falta de

empenho participaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do gestor e resulta em lutas individuais limitadas agrave

gestatildeo municipal e que geram desigualdades

163

A SES manteve e criou incentivos financeiros para a atenccedilatildeo baacutesica e para o CIS

mas natildeo cumpriu com suas obrigaccedilotildees nas transferecircncias regulares dos incentivos

financeiros distanciou-se da lideranccedila da conduccedilatildeo natildeo contribuiu para atualizar os

instrumentos de planejamento e programaccedilatildeo intergovernamentais perdeu

credibilidade recentralizou a regulaccedilatildeo da assistecircncia desmobilizou a regiatildeo e reforccedilou

a municipalizaccedilatildeo autaacuterquica Estas questotildees impactaram de forma negativa

interferindo na conduccedilatildeo da poliacutetica municipal e do CIS e aprofundando as

desigualdades na regiatildeo em estudo que eacute formada em sua maioria por municiacutepios de

pequeno porte populacional com forte dependecircncia das transferecircncias federal e

estadual

A falta de clareza por parte dos gestores quanto aos papeacuteis dos entes federativos e

quanto agrave importacircncia dos instrumentos de planejamento para direcionar a

implementaccedilatildeo da poliacutetica na regiatildeo contribuiu para que eles natildeo questionassem e nem

exigissem a sua atualizaccedilatildeo e influenciou para que natildeo fossem mobilizadas as lideranccedilas

no sentido da descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo Resultaram em fragmentaccedilatildeo e

descontinuidade do cuidado agrave sauacutede alerta para o comprometimento e as repercussotildees

desfavoraacuteveis para o processo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta regiatildeo

As instacircncias de decisatildeo colegiada estatildeo enfraquecidas as relaccedilotildees satildeo

conflitivas por vezes a governanccedila eacute ameaccedilada e influenciada pelo setor privado e

mostra a pouca ou nenhuma atuaccedilatildeo regulatoacuteria do estado sobre o privado para a

complementaridade do sistema Entre os gestores municipais as relaccedilotildees satildeo solidaacuterias

mas tensionam e se tornam conflitivas sobretudo quando se referem aos problemas de

acesso na regiatildeo Eacute preciso que se criem neste espaccedilo as condiccedilotildees para a articulaccedilatildeo e

mediaccedilatildeo de conflitos que se construa agenda permanente de compartilhamento e

ajustes de interesses comuns que se facilite a construccedilatildeo de competecircncias para a gestatildeo

compartilhada e regionalizada

O funcionamento do CIS mostra sinais de enfraquecimento Traz contribuiccedilotildees

mas tambeacutem problemas na medida em que a rede privada natildeo aceita convecircnio puacuteblico e

tabela SUS jaacute que consegue tabela diferenciada via consoacutercio Sua existecircncia

contribuiu para que natildeo houvesse investimentos puacuteblicos na regiatildeo pois de certa

forma ele tem resolvido os problemas na regiatildeo sem gerar ldquoincocircmodosrdquo agrave SES

164

O ERS precisa ter autonomia financeira fortalecer os poderes para exercer seu

papel de lideranccedila e coordenaccedilatildeo na regiatildeo renovar a maneira de conduzir estimular a

participaccedilatildeo dos gestores realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica e capacitar sua equipe Precisa

ser valorizado pela SES que deve desenvolver competecircncias para capacitaacute-lo para

planejar regular auditar realizar o controle avaliaccedilatildeo e monitoramento das accedilotildees

Esses poderes precisam emergir o que implica em alterar a forma de conduzir a

poliacutetica em redistribuir poderes entre as instacircncias municipal regional e estadual

A regiatildeo jaacute tem poderes mas estaacute sem conduccedilatildeo precisa ser conhecida e

reconhecida pelos atores institucionais e natildeo institucionais que fazem parte deste

complexo regional Eacute preciso reconhecer que esta regiatildeo tem uma histoacuteria eacute dinacircmica

tem especificidades econocircmicas e sociais que pode se desenvolver e ser autocircnoma mas

precisa lideranccedila teacutecnica para articular e fortalecer os laccedilos com as lideranccedilas poliacuteticas

da regiatildeo para assegurar recursos no orccedilamento do governo de estado para suprir as

lacunas de sua rede regionalizada de atenccedilatildeo puacuteblica Internamente os gestores

precisam ter clareza do todo eacute preciso organizar-se entender como a rede e a regiatildeo

estaacute constituiacuteda o que disponibiliza quais as suas potencialidades e dificuldades quais

as suas demandas e ofertas enfim quem usa e porque usa esta regiatildeo

O processo de regionalizaccedilatildeo natildeo avanccedilou e natildeo se pode afirmar que houve

descentralizaccedilatildeo das accedilotildees e sim uma delegaccedilatildeo de responsabilidades do estado para

os municiacutepios vez que muitas accedilotildees foram transferidas para a execuccedilatildeo local sem o

devido recurso financeiro sem a cooperaccedilatildeo teacutecnica sem a estrutura fiacutesica sem

profissionais e equipes preparadas para as funccedilotildees e contribuiu para a desestruturaccedilatildeo

dos serviccedilos com perda de qualidade que aumentaram as demandas regionais e os

custos para a gestatildeo municipal Aleacutem disso natildeo se observa por parte da SESERS na

vigecircncia do pacto exceto no momento de sua implantaccedilatildeo atividades para promover

discussotildees coletivas para enfrentamento dos problemas regionais A SES como

condutora do processo exerce influecircncia que pode facilitar ou dificultar a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede

Eacute preciso retomar a conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo dar direcionalidade agrave sua

implementaccedilatildeo para que possa ter os resultados esperados e assumidos no Termo de

Compromisso de Gestatildeo Os fatos aqui apontados aumentaram a vulnerabilidade do

sistema e natildeo contribuiacuteram para a descentralizaccedilatildeo influenciaram as capacidades

165

teacutecnico-operacionais da SESERS e resultaram em perdas de conquistas consolidadas no

processo de regionalizaccedilatildeo do periacuteodo anterior ao pacto Sem o apoio da SES o

processo de regionalizaccedilatildeo fica comprometido e natildeo avanccedila

Observa-se que a gestatildeo da poliacutetica regionalizada no espaccedilo desta regiatildeo estaacute

permeada por problemas a agenda de intervenccedilotildees eacute complexa e envolve os diversos

atores institucionais Sua conduccedilatildeo requer iniciativas interfederativas para se fortalecer

e promover o acesso aos serviccedilos qualificados a governanccedila estaacute tensionada pela

insuficiecircncia da rede puacuteblica e constitui-se em desafios para institucionalizar uma rede

regionalizada e integrada da sauacutede que respeite as diversidades municipais e reduza a

segmentaccedilatildeo do sistema na regiatildeo A loacutegica da rede de serviccedilos eacute organizada a partir da

oferta de serviccedilos em especial do setor privado e requer investimentos para o

fortalecimento da rede puacuteblica e ter o setor privado apenas como complementar Eacute

necessaacuterio fortalecer a gestatildeo compartilhada e solidaacuteria desenvolver uma agenda de

educaccedilatildeo permanente que capacite os gestores e a equipe de conduccedilatildeo que qualifique

os profissionais para as praacuteticas cliacutenicas que desenvolva competecircncias para a

vigilacircncia a regulaccedilatildeo e auditoria Eacute preciso viabilizar o hospital regional que poderaacute

concentrar os serviccedilos atuar com economia de escala e escopo ofertando serviccedilos

ambulatoriais internaccedilotildees especialidades UTI e maternidade

Estes desafios implicam rever os papeacuteis das instacircncias envolvidas integrar e

compartilhar as accedilotildees consideradas baacutesicas e necessaacuterias para o ecircxito da estrateacutegia

regionalizada e assim garantir o equiliacutebrio nas relaccedilotildees reduzir os conflitos e

contribuir para o avanccedilo da poliacutetica puacuteblica nesta regiatildeo de sauacutede Satildeo desafios que

podem contribuir para a implementaccedilatildeo desse processo e que estatildeo contemplados no

Decreto nordm 75082011 mediante o qual a regionalizaccedilatildeo se fortalece como orientaccedilatildeo

para a implementaccedilatildeo do SUS

Em parte a direcionalidade da regionalizaccedilatildeo foi pautada pela ideologia da

equidade e gerencial com preocupaccedilatildeo em aumentar os investimentos na regiatildeo para

melhorar a rede de atenccedilatildeo ampliar os serviccedilos assegurar o acesso e garantir a

integralidade No entanto natildeo se observam condutas democraacuteticas em especial por

parte da SES que natildeo tem ouvido as solicitaccedilotildees dos gestores natildeo tem atendido agraves

demandas ou valorizado a estrutura regional de forma a dotaacute-la com capacidade

institucional para fortalecer a poliacutetica puacuteblica de sauacutede na regiatildeo

166

As dificuldades apontadas acima mostram o quanto esta maneira de conduzir a

poliacutetica tem enfraquecido o Estado de direito agrave sauacutede A regionalizaccedilatildeo contemplada no

pacto pode efetivar este direito mas eacute um processo poliacutetico que implica a busca de

alternativas compartilhadas que fortaleccedilam a regiatildeo de forma a reduzir as iniquidades e

avanccedilar no processo de descentralizaccedilatildeo regionalizada Esta mudanccedila objetiva natildeo

apenas aumentar a autonomia dos municiacutepios como tambeacutem consolidar o papel do

estado como coordenador regional

Os desafios estatildeo relacionados ao eixo das relaccedilotildees intergovernamentais Estas

relaccedilotildees interfederativas satildeo complexas e poliacuteticas requerem capacitaccedilatildeo e

amadurecimento para dividir poderes e assumir de fato as responsabilidades

compartilhadas A resolutividade esperada na regiatildeo poderaacute ser alcanccedilada se houver

investimentos puacuteblicos se as relaccedilotildees verticais e horizontais forem fortalecidas se os

gestores e lideranccedilas se comprometerem com o desenvolvimento de accedilotildees coletivas se

houver coordenaccedilatildeo intergovernamental tendo a SES como protagonista da conduccedilatildeo

Sem a coordenaccedilatildeo do estado as propostas do Pacto pela Sauacutede natildeo satildeo suficientes para

tornar esta regiatildeo autocircnoma Aleacutem disso eacute preciso inserir nos espaccedilos de decisatildeo

colegiada a participaccedilatildeo de conselheiros ampliar a governanccedila e permitir o controle

social

167

QUADROS-SIacuteNTESE

Quadro 4 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor puacuteblico na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Trajetoacuteria e experiecircncia de gestatildeo

regionalizada desde a deacutecada de 1990

Existecircncia do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede desde 1998

Forte adesatildeo do setor privado ao SUS -

dos leitos privados quase 70 estatildeo

contratadoscredenciados pelo SUS

Presenccedila do profissional meacutedico em todos

os municiacutepios

Regiatildeo que se destaca no estado com o

agronegoacutecio

A regiatildeo estaacute entre as trecircs do estado que

apresentam o maior PIB per capita (R$

2347430)

Todos os municiacutepios integrantes nos

uacuteltimos 4 anos tecircm aplicado recursos

financeiros proacuteximos a 20 acima do

recomendado pela EC29

A regiatildeo estaacute entre as cinco melhores do

Estado em relaccedilatildeo ao IDH (076)

Dos 10 leitos de UTI 8 satildeo puacuteblicos

ERS - bem estruturado teacutecnica e

administrativamente

A maior parte da capacidade instalada puacuteblica

eacute constituiacuteda por unidades de atenccedilatildeo

primaacuteria e com baixa cobertura de PSF ndash rede

de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute de baixa

resolutividade

Falta centro de referecircncia especializada

puacuteblica na regiatildeo para atendimento do

Consoacutercio Intermunicipal de Sauacutede

Predomiacutenio da diversidade de serviccedilos no

setor privado que manteacutem forte parceria com

o CIS e prefeituras

Falsa percepccedilatildeo de que a regiatildeo eacute resolutiva ndash

limitou-se agrave busca de investimentos puacuteblicos

Falta hospital regional na regiatildeo

Rede de atenccedilatildeo puacuteblica da regiatildeo eacute

dependente do setor privado na meacutedia e alta

complexidade

Forte dependecircncia financeira da maioria dos

municiacutepios em relaccedilatildeo ao governo federal e

estadual

Disponibilidade de meacutedicos na regiatildeo

vinculados ao SUS eacute menor que o

recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede

Eacute a regiatildeo com menor disponibilidade de

enfermeiros do estado e a deacutecima terceira

regiatildeo do Estado com menor disponibilidade

dos demais profissionais de niacutevel superior

Estaacute entre as nove regiotildees do estado que

totalizam o menor incremento com atenccedilatildeo

baacutesica e entre as que tiveram maior

incremento com despesa ambulatorial de

meacutedia complexidade

Os leitos puacuteblicos de UTI estatildeo instalados no

hospital privado e satildeo insuficientes para as

necessidades da regiatildeo

Desigualdades econocircmicas entre os

municiacutepios

Disponibilidade de leitos em geral da regiatildeo

(199) eacute menor que o recomendado pelo MS

Insuficiecircncia de especialidades meacutedicas na

rede puacuteblica

Especialidades meacutedicas disponiacuteveis na regiatildeo

sem contrato como setor puacuteblico

168

Quadro 5 - Potencialidades e limitaccedilotildees do setor privado na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Potencialidades Limitaccedilotildees Plano de sauacutede UNIMED de abrangecircncia

regional com sede em Tangaraacute da Serra

Plano Univida dispotildee da Associaccedilatildeo

Univida com sede em Tangara da Serra eacute

uma alternativa de acesso dos

beneficiaacuterios ao serviccedilo privado com valor

acessiacutevel pago no ato do uso

Dispor de capacidade instalada de meacutedia e

alta complexidade - hospitalar

laboratorial (Bioquiacutemica citopatologia

anatomopatologia) exames de imagem

hemodiaacutelise UTI adulta e neonatal

Especialidades meacutedicas exames

laboratoriais e de imagem hospitais de

maior porte e leitos de UTI concentradas

no setor privado

Cobertura sauacutede suplementar de

221(2010)

Setor privado ligado agrave vocaccedilatildeo econocircmica

da regiatildeo

Maioria dos planos de sauacutede satildeo coletivos

empresariais

Diversidade de serviccedilos de maior

complexidade

Unimed natildeo possui rede proacutepria

Baixa capacidade instalada de leitos privados

Escassez de especialidades meacutedicas dificulta a

implantaccedilatildeo de serviccedilos no municiacutepio-sede da

regiatildeo

Escassez de especialidades meacutedicas no

interior da regiatildeo dificulta adesatildeo aos planos

de sauacutede

Falta serviccedilos de maior complexidade -

oncologia cateterismo UTI adulta

Quadro 6 - Fatores que facilitaram e dificultaram o processo de regionalizaccedilatildeo na

regiatildeo de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Fatores que facilitaram Fatores que dificultaram Histoacuterico estrutural da regiatildeo - regionalizaccedilatildeo

da sauacutede implantada na deacutecada de 1990

CIB regional criada em 1996 - passou a

CGR

incentivos criados pelo estado no periacuteodo

anterior ao pacto pela sauacutede e novos

incentivos criados na vigecircncia do pacto

induccedilatildeo da poliacutetica financeira do MS com

criteacuterios que exigiram organizaccedilatildeo

regional e municipal

Criaccedilatildeo do CIS em 1998

parceria com o setor privado na oferta de

serviccedilos especializados

participaccedilatildeo ativa do COSEMS

Criaccedilatildeo da CIES e treinamentos na regiatildeo

inexistecircncia de estrutura puacuteblica antes do

pacto pela sauacutede e na vigecircncia do pacto

o consoacutercio e a parceria com o setor privado

na oferta de serviccedilos especializados

resultaram em acomodaccedilotildees por parte dos

entes federativos e a ldquofalsa ideacuteia de que a

regiatildeo eacute resolutivardquo

falta de planejamento na regiatildeo e no estado

fragilidades na regulaccedilatildeo controle e avaliaccedilatildeo

falta capacitaccedilatildeo de gestores e profissionais

trocas sucessivas do gestor estadual

corte nos recursos do ERS - impediu de

realizar a cooperaccedilatildeo teacutecnica in loco

falta de articulaccedilatildeo com as lideranccedilas teacutecnicas

e poliacuteticas na regiatildeo

169

Quadro 7 - Complexo Regional da Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra no periacuteodo do

Pacto pela Sauacutede - 2006 a 2011

Instituiccedilotildees atores Caracterizaccedilatildeo

SMS

A estrutura administrativo-organizacional contempla uma ou duas aacutereas

teacutecnicas para coordenaccedilatildeo e conduccedilatildeo dos trabalhos

Dispotildee de Central Municipal de Regulaccedilatildeo

Dispotildee de meacutedico regulador que realiza a regulaccedilatildeo da assistecircncia na

regiatildeo e a urgecircncia-emergecircncia com a Central Estadual

ERS

Instacircncia de representaccedilatildeo da SES na regiatildeo contava com 3 gerecircncias

administrativas agora apenas uma Equipe composta por mais de 30

profissionais tem Central Regional de Regulaccedilatildeo que faz a regulaccedilatildeo

apenas dos procedimentos eletivos consultas especializadas exames e

cirurgias

Central Estadual de

regulaccedilatildeo

Com sede em Cuiabaacute faz a regulaccedilatildeo da urgecircncia-emergecircncia da regiatildeo e

dos leitos de UTI instalados na regiatildeo e o acesso aos leitos de UTI de

Cuiabaacute TFD e medicamentos de alto custo junto com a central regional

faz a regulaccedilatildeo dos procedimentos eletivos

Hospital Municipal de

Barra do Bugres

Manteacutem convecircnio com a SES para ser referecircncia na regiatildeo em ortopedia e

cirurgia geral Eacute referecircncia para internaccedilatildeo nas cliacutenicas baacutesicas para o

municiacutepio de Porto Estrela Denise e Arenaacutepolis

CGR Delibera o credenciamento a contratualizaccedilatildeo realiza a PPI e discute as

necessidades que envolvem o acesso ao complexo regulador

Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede

Abrange os 10 municiacutepios da regiatildeo e um municiacutepio da regiatildeo de Juiacutena

Manteacutem parceria com o setor privado para a oferta dos serviccedilos de

internaccedilotildees cirurgias exames de apoio diagnoacutestico laboratorial e de

imagem bioacutepsia consultas especializadas Todos estes serviccedilos satildeo

contratualizados tecircm como base a tabela SUS mais tabela complementar

para pagamento dos serviccedilos produzidos

Setor Privado lucrativo

(prestadores e

operadoras)

UNIMED

UNIVIDA

Demais operadoras na regiatildeo

Privadoconveniado

Hospitais - oferecem os serviccedilos de internaccedilotildees cirurgias em geral e

partos Alguns atendem agraves demandas geradas pelos especialistas do

consoacutercio Satildeo credenciados ou conveniados ou contratualizados pelo

CIS

Hemodiaacutelise ndash atende agrave demanda da regiatildeo eacute credenciado pelo MS e a

consulta eacute paga agrave parte pelo gestor municipal

Cliacutenicas especializadas ndash atende agraves consultas especializadas

contratualizadas pelo consoacutercio

Cliacutenica de exames de imagem - contratualizada pela SES e pelo CIS

Laboratoacuterios - oferecem os serviccedilos anaacutetomo-patoloacutegico citologia ndash

contratualizado pelo consoacutercio e credenciada pela SES

Prestador puacuteblico

municipal

A regiatildeo dispotildee de 4 hospitais puacuteblicos que oferecem os serviccedilos

hospitalares na cliacutenicas baacutesicas Dispotildeem de unidades baacutesicas de sauacutede

serviccedilos laboratoriais de baixa complexidade e especialidades de

ortopedia cirurgia geral pediatria ginecologia cliacutenica geral

Dois destes hospitais mantecircm convecircnio com a UNIMED

Cliacutenicas privadas de

Cuiabaacute

Atendem a consultas de neurologia e cirurgias de

otorrinolaringologia por meio da compra de serviccedilos diretamente

com as prefeituras

COSEMS e Conselhos

Municipais de Sauacutede

CMS participa por meio das deliberaccedilotildees nos municiacutepios

COSEMS ndash instrumentaliza os gestores para a tomada de decisotildees

170

10 Referecircncias

171

10 REFEREcircNCIAS

Abrucio FL A coordenaccedilatildeo federativa no Brasil a experiecircncia do periacuteodo FHC e os

desafios do governo Lula Rev Sociol Polit 2005

Abrucio FL Descentralizaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo Federativa no Brasil liccedilotildees dos anos FHC

In Abrucio FL Loureiro MR O estado numa era de reformas os Anos FHC - parte 2

Brasiacutelia MP SEGES 2002 316 p

Albuquerque MV Mello GA Iozzi FLldquoO processo de regionalizaccedilatildeo em sauacutede nos

estados brasileirosrdquo In Viana AL drsquoA Lima LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees

federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro Contra Capa 2011 p 117-

72

Almeida C O mercado privado de serviccedilos de sauacutede no Brasil panorama atual e

tendecircncias da assistecircncia meacutedica suplementar Texto para discussatildeo no 599 Instituto de

Pesquisa Econocircmica Aplicada Brasiacutelia novembro de 1998

Arretche M Descentralizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do fomento puacuteblico Estrateacutegias de

descentralizaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede e educaccedilatildeo no Brasil nota teacutecnica Brasiacutelia DF

junho 2008

Arretche M Federalismo e igualdade territorial uma contradiccedilatildeo em termos Dados ndash

Revista de Ciecircncias Sociais Rio de Janeiro 201053(3)587-620

Arretche M Federalismo e Poliacuteticas Sociais No Brasil problemas de coordenaccedilatildeo e

autonomia Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(2)17-26

Arretche M Financiamento federal e gestatildeo local de poliacuteticas sociais o difiacutecil equiliacutebrio

entre regulaccedilatildeo responsabilidade e autonomia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva

20038(2)331-45

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em

wwwatlasbrasilorgbr

Bahia L A demarcheacute do privado e puacuteblico no sistema de atenccedilatildeo agrave sauacutede no Brasil em

tempos de democracia e ajuste fiscal 1988-2008 In Matta GC Lima JCF organizador

Estado sociedade e formaccedilatildeo profissional em sauacutede contradiccedilotildees e desafios em 20

anos de SUS Rio de Janeiro Fiocruz Escola Politeacutecnica de Sauacutede Joaquim Venacircncio

2008

172

Bahia L A privatizaccedilatildeo no sistema de sauacutede brasileiro nos anos 2000 tendecircncias e

justificaccedilatildeo In Santos NR Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Barreto IFJ Silva ZF Reforma do sistema de sauacutede e as novas atribuiccedilotildees do gestor

estadual Satildeo Paulo em Perspectiva 200418(3)47-56

Botti CS Artmann E Spinelli MAS Scatena JHG Regionalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de

Sauacutede em Mato Grosso um estudo de caso da implantaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal

de Sauacutede da Regiatildeo do Teles Piresno periacuteodo de 2000 a 2008 Epidemiol Serv Sauacutede

Brasiacutelia 2013 jul-set22(3)491-500

Botti CS Avaliaccedilatildeo do processo de implementaccedilatildeo do Consoacutercio Intermunicipal de

Sauacutede da regiatildeo do Teles Pires (Dissertaccedilatildeo) Brasiacutelia Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Escola

Nacional de Sauacutede Puacuteblica 2010

Brasil Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia Senado Federal 1988

Brasil Decreto ndeg 7508 de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei ndeg 8080 de 19 de

setembro de 1990 para dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS o

planejamento da sauacutede a assistecircncia agrave sauacutede e a articulaccedilatildeo interfederativa e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2011 29 jun

Brasil Decreto no 4481 de 2de novembro de 2002 Dispotildee sobre os criteacuterios para

definiccedilatildeo dos hospitais estrateacutegicos no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS e daacute

outras providecircncias Decreto FederalDOU DE 25112002

Brasil Decreto no

5895 de 18 de setembro de 2006 Dispotildee sobre a concessatildeo do

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

Brasil Decreto no 7508 De 28 de Junho de 2011 Decreto Federal Regulamentaccedilatildeo da

Lei 8080- DOU 2962011

Brasil Decreto nordm 86329 de 2 de setembro de 1981 Institui o Conselho Consultivo da

Administraccedilatildeo de Sauacutede Previdenciaacuteria - CONASP

Brasil Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000 Altera os arts 34 35

156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees

Constitucionais Transitoacuterias para assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento

das accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede

Brasil Instruccedilatildeo Normativa SRF nordm 480 de 15 de dezembro de 2004 Retificada no

DOU de 31122004 Seccedilatildeo 1 paacuteg 79 DOU de 29122004

173

Brasil Lei 9250 de 26 de dezembro de 1995 Altera a legislaccedilatildeo do imposto de renda

das pessoas fiacutesicas e daacute outras providecircncias

Brasil Lei n 8112 de 11 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre o regime juriacutedico dos

servidores puacuteblicos civis da Uniatildeo das autarquias e das fundaccedilotildees puacuteblicas federais

Brasil Lei nordm 3807 - de 26 de agosto de 1960 Lei Orgacircnica da Previdecircncia Social ndash

LOPS DOU de 5960

Brasil Lei nordm 4506 de 30 de Novembro de 1964 Dispotildee sobre o Imposto que Recai

sobre as Rendas e Proventos de qualquer Natureza

Brasil Lei no

6229 de 17 de julho de 1975 Dispotildee sobre a organizaccedilatildeo do Sistema

Nacional de Sauacutede

Brasil Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990 20 set

Brasil Lei no 8666 de 21 de junho de 1993 Regulamenta o art 37 inciso XXI da

Constituiccedilatildeo Federal institui normas para licitaccedilotildees e contratos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica e daacute outras providecircncias

Brasil Lei nordm 9665 de 19 de junho de 1998 Autoriza o Poder Executivo a conceder

remissatildeo parcial de creacuteditos externos em consonacircncia com paracircmetros estabelecidos

nas Atas de Entendimentos originaacuterias do chamado Clube de Paris ou em

Memorandos de Entendimentos decorrentes de negociaccedilotildees bilaterais negociar tiacutetulos

referentes a creacuteditos externos a valor de mercado e receber tiacutetulos da diacutevida do Brasil e

de outros paiacuteses em pagamento e daacute outras providecircncias

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 148 de 15 de dezembro 2003 - DOU de 16122003 ndash

Convertida na Lei nordm 10850 de 25032004

Brasil Medida Provisoacuteria nordm 2158-35 de 24 de agosto de 2001 DOU de 2782001

Carvalho GL Regiatildeo a evoluccedilatildeo de uma categoria de anaacutelise da geografia Boletim

Goiano de Geografia 2002 jan-jun22(1)135-53

Castro MHL A relaccedilatildeo entre o puacuteblico e o privado no sistema de sauacutede brasileiro

repensando o papel do Estado [Tese] Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de

Janeiro 2006

Cavalheiro ME Juchem DM Poliacuteticas Puacuteblicas Uma analise mais apurada sobre

Governanccedila e Governabilidade Rev Bras Hist Ciecircncias Sociais Ano I 2009 julI -1-11

174

Coelho APS O puacuteblico e o privado na regionalizaccedilatildeo da sauacutede processo decisoacuterio e

conduccedilatildeo da poliacutetica no Estado do Espiacuterito Santo (Dissertaccedilatildeo) Escola Nacional de

Sauacutede Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2011 143 f

Cohn A Previdecircncia Social e Processo Politico no Brasil Satildeo Paulo Moderna 1980

Conass Regulaccedilatildeo em sauacutede Coleccedilatildeo para entender a gestatildeo do SUS Conselho

Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede ndash Brasiacutelia v10 2011 126p

Cordeiro HAacute Conil EM Santos IS Bressan AI Por uma reduccedilatildeo nas desigualdades em

sauacutede no Brasil qualidade e regulaccedilatildeo num sistema com utilizaccedilatildeo combinada e

desigual In Santos NRS Amarante PDC organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo

puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes 2010 324p

Delziovo CR Colegiado de gestatildeo regional desafios e perspectivas relato de

experiecircncia Sau Transf Soc Florizanoacutepolis 20123(1)102-5 ISSN 2178-7085

Dourado DA Elias PEM Regionalizaccedilatildeo e federalismo sanitaacuterio Rev Sauacutede Publica

201145(1)204-11

Draibe SM O Welfare State no Brasil Caracteriacutesticas e perspectivas Caderno de

Pesquisa no 8 UNICAMP Nuacutecleo de Estudos de Poliacuteticas Publicas ndash NEPP 1993

Fernandes NFF Processo de organizaccedilatildeo e desenvolvimento de estrateacutegias para

divulgaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede em Mato Grosso relatoacuterio de

experiecircncia 2014 In Scatena JHG Kehrig RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede

diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo

Hucitec 2014 565p

Ferreira JBB Bombarda FP Forster AC Chaves LDP Vallin S Almeida TL O

processo de descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado de Satildeo Paulo731-761

In Ibanez N Elias PEM Seixas PHD organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em

sauacutede Satildeo Paulo Hucitec Editora Cealag 2011 816p

Figueiredo WBF Estruturas de governanccedila regionais desenvolvimento sustentaacutevel e

legitimidade notas para a construccedilatildeo de um esquema de referecircncia RDE - Revista de

Desenvolvimento Econocircmico Salvador BA 2012 dezXIV(26)136-44

Fleury S Ouverney AM Gestatildeo de redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da poliacutetica de

sauacutede Rio de Janeiro Editora FGV 2007

Fleury S Ouverney AM O sistema uacutenico de sauacutede brasileiro-Desafios da gestatildeo em

rede Rev Port Bras Gestatildeo Ediccedilatildeo especial 10 anos 200674-83

175

Fleury S Ouverney AM Poliacutetica de Sauacutede uma poliacutetica social In Giovanella L

Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no Brasil 2a ed rev

e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 25-58 p

Fleury S Ouverney AM Kronemberger TS amp Zani FB Governanccedila local no sistema

descentralizado de sauacutede no Brasil Rev Panam Salud Publ 201028(6)446-55

Fonseca AAM et al Em torno do conceito de regiatildeo Sittientibus Feira de Santana

1999 jul-dez2189-100

Gadelha CAG Maldonado JSSV Costa LS O complexo produtivo da sauacutede e sua

relaccedilatildeo com o desenvolvimento um olhar sobre a dinacircmica da inovaccedilatildeo em sauacutede In

In Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 v 1100 209-239 p

Gadelha CAG Sauacutede e Territorializaccedilatildeo na perspectiva do desenvolvimento Ciecircncia amp

Sauacutede Coletiva 201116(6)3003-16

Gomides JE O surgimento da expressatildeo ldquogovernancerdquo governanccedila e governanccedila

ambiental Um resgate histoacuterico Rev Ciecircncias Gerenciais 2009XIII(18)

Gonzaga AA O papel dos escritoacuterios regionais de sauacutede no processo de

descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo do SUS em Mato Grosso In Muumlller Neto JS

Organizador A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade

da atenccedilatildeo Cuiabaacute SES 2002 p 67-87

Guimaratildees L Arquitetura da organizaccedilatildeo regionalizada consoacutercios intermunicipais de

sauacutede em Mato Grosso In Muller Neto JS organizador Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em

Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo Cuiabaacute Secretaria de Estado de

Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 101-12

Guimaratildees RB Regiotildees de sauacutede e escalas geograacuteficas Cad de Sauacutede Puacutebl

200521(4)1017-25

Heimann LS Ibanhes LC Boaretto RC Kavano J A relaccedilatildeo puacuteblico-privado e o Pacto

pela Sauacutede novos desafios para a gestatildeo em sauacutede In Santos NR Amarante PDC

(Org) Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro Cebes

2010 p208-219

Informe Dawson sobre el futuro de los servicios meacutedicos y afines Traduccioacuten al

castellano de Dawson Report on the future provision of medical and allied services

1920 Organizacioacuten Panamericana de la Salud Publicacioacuten cientiacutefica 1964 feb93

176

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Contagem da populaccedilatildeo Rio de Janeiro

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2010

Junqueira LP A gestatildeo intersetorial das poliacuteticas sociais e o terceiro setor Sauacutede e

Sociedade 200413(1)25-36

Junqueira LP Intersetorialidade transetorialidade e redes sociais na sauacutede Rev

Administr Puacuteblica 200034(6)35-45

Knopp G Governanccedila social territoacuterio e desenvolvimento Perspectivas em Politicas

Puacuteblicas Belo Horizonte Vol No8 p53-74juldez 2011

Lavras CCC Descentralizaccedilatildeo regionalizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo de redes regionais de

atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS In Nelson Ibanez Paulo Eduardo Mangeon Elias Paulo

Henrique DrsquoAngelo Seixas organizadores Poliacutetica e gestatildeo puacuteblica em sauacutede Satildeo

Paulo Hucitec Editora Cealag 2011p 317-331

Levi ML Scatena JHG Evoluccedilatildeo recente do financiamento do SUS e consideraccedilotildees

sobre o processo de regionalizaccedilatildeo In Viana ALdrsquoAacute Lima LD (Orgs)

Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de Janeiro

Contra Capa 2011 p 81-113

Lima APG Consoacutercios Intermunicipais de Sauacutede e o Sistema Uacutenico de Sauacutede Cad

Sauacutede Puacuteblica 200016(4)985-96

Lima LD Queiroz LFN Machado CV Viana ALAacute Descentralizaccedilatildeo e regionalizaccedilatildeo

dinacircmica e condicionantes da implantaccedilatildeo do Pacto pela Sauacutede no Brasil Ciecircnc Sauacutede

Coletiva 201217(7)1903-14

Machado CV Baptista TWF Lima LD O planejamento nacional da poliacutetica de sauacutede

no Brasil estrateacutegias e instrumentos nos anos 2000 Ciecircn Sauacutede Coletiva 2010

(15)2367-2382

Mato Grosso Plano de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso MT+20 Plano de

Desenvolvimento regiatildeo de Planejamento VIII ndash Oeste2007c

Mato Grosso Relatoacuterio de Gestatildeo da Receita Puacuteblica referente ao periacuteodo de 2004

a2006 Secretaria Adjunta da Receita PuacuteblicaSecretaria de Estado de FazendaGoverno

do Estado de Mato Grosso Cuiabaacute MT Marccedilo de 2007a 191 paacutegs

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2008 ndash

2011 Consolidado por objetivo estrateacutegico Cuiabaacute ndash Julho2010a

177

Mato Grosso Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenaccedilatildeo geral PPA 2004 ndash

2007 Mato Grosso matildeos a obra Projeto de Lei Cuiabaacute ndash Agosto2003

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede ndash Poliacutetica de Sauacutede em Mato Grosso

Diretrizes Estrateacutegias e Projetos Prioritaacuterios Documento Teacutecnico nordm 1 CuiabaacuteMT

1995 22 pp

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Avaliaccedilatildeo da Poliacutetica de Sauacutede do Estado

de Mato Grossondash19951998 Cuiabaacute 2000a

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Portaria SES ndeg 13209092008

Mato Grosso Secretaria de Estado de Sauacutede Superintendecircncia de Poliacuteticas de Sauacutede

Coordenadoria de Gestatildeo da Poliacutetica de Sauacutede Plano Estadual de Sauacutede Mato Grosso -

2008 2011 Secretaria de Estado de Sauacutede - Cuiabaacute 2010b133 pg

Mato Grosso Secretaria de Planejamento Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso

MT+202007b

Mato Grosso Tribunal de contas de Mato Grosso Secretaria de Controle Externo

Relatoacuterio de Auditoria Contas Anuais de Gestatildeo 2012 Acesso on line em 26 de julho

2013

Mendes EV As redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Pan-Americana da

Sauacutede 2011 549 p Il

Mendonccedila AF O financiamento do Sistema Uacutenico de Sauacutede nas regiotildees de sauacutede do

Estado de Mato Grosso [Dissertaccedilatildeo] Universidade Federal de Mato Grosso Instituto

de Sauacutede Coletiva 2012 116 pg

Menicucci TMG Puacuteblico e privado na politica de assistecircncia atilde sauacutede no Brasil atores

processos e trajetoacuteria Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 2007320p

Ministeacuterio da Sauacutede (BR) Gabinete Ministerial Portaria 1101 12 de junho de 2002

Dispotildee sobre paracircmetros de cobertura assistencial no acircmbito do SUS Brasiacutelia

Ministeacuterio da Sauacutede 2002b

Ministeacuterio da Sauacutede Datasus Informaccedilotildees em sauacutede Disponiacutevel em

httptabnetdatasusgovbr

Ministeacuterio da Sauacutede Manual do SISPPI versatildeo 315 - Moacutedulo Municipal Coordenaccedilatildeo

de Programaccedilatildeo da Assistecircncia Departamento de Regulaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Controle

Secretaria de Atenccedilatildeo a Assistecircncia Ministeacuterio da Sauacutede Brasilia novembro de 2004

178

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 196 Portariacutea ndeg 2203 de

5 de novembro de 1996

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional Baacutesica NOB-SUS 93 Portariacutea ndeg 545 de 20

de maio de 1993

Ministeacuterio da Sauacutede Norma Operacional da Assistecircncia agrave sauacutede NOAS-SUS 0101 ndash

Portaria MSGM ndeg95 de 26 de janeiro de 2001 - Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Permanente oficializada pela

Portaria GM no 19962007

Ministeacuterio da Sauacutede Poliacutetica Nacional de Regulaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS

Portaria nordm 1559 de 1ordm de agosto de 2008

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria GMMS no 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o

Pacto pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do

Referido Pacto Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 2006 23 fev

Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 4279 de 30 de dezembro de 2010 Estabelece

diretrizes para a organizaccedilatildeo da Rede de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede no acircmbito do Sistema Uacutenico

de Sauacutede (SUS)

Ministeacuterio da Sauacutede Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede aprofundando a

descentralizaccedilatildeo com equidade no Acesso Norma Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede

NOAS-SUS 0102 (Portaria MSGM nordm 373 de 27012002) Brasiacutelia 2002a

Mota US Os consoacutercios intermunicipais de sauacutede como cerne da estrateacutegia para a

implementaccedilatildeo das regiotildees de sauacutede de Mato Grosso In Muller Neto JS organizador

Regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da atenccedilatildeo

Cuiabaacute Secretaria de Estado de Sauacutede de Mato Grosso 2002 p 92-9

Muumlller Netto JS amp Lotufo M Poliacutetica e regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso

aspectos histoacutericos conceituais metodoloacutegicos e perspectivas In Muumlller Neto JS

(org) A regionalizaccedilatildeo da sauacutede em Mato Grosso em busca da integralidade da

atenccedilatildeo Cuiabaacute SESMT 2002 p 13-25

Nascimento AAM Damasceno AK Silva MJ Silva MVS Feitoza AR Regulaccedilatildeo em

Sauacutede aplicabilidade para concretizaccedilatildeo do pacto de gestatildeo do SUS Cogitare Enferm

2009 AbrJun 14(2)346-52

Neves LA Ribeiro JM Consoacutercios de Sauacutede estudo de caso exitoso Cad Sauacutede

Puacuteblica 200622(10)2207-17

179

Noronha JC Lima LD Machado CV O Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS In In

Giovanella L Escorel S Lobato LVC et al (org) Poliacuteticas e sistema de sauacutede no

Brasil 2a ed rev e amp Rio de Janeiro Fiocruz 2012 p435-472

Ockeacute-Reis CO Sophia DC Uma criacutetica agrave privatizaccedilatildeo do sistema de sauacutede brasileiro

pela constituiccedilatildeo de um modelo de proteccedilatildeo social puacuteblico de atenccedilatildeo agrave sauacutede Sauacutede

em Debate 2009 jan-abr33(81)72-9

Oliveira J Fleury S (Im) Previdecircncia social 60 anos de histoacuteria da Previdecircncia Social

Petroacutepolis Vozes 1985

Pacheco CFF Seguridade social e previdecircncia situaccedilatildeo atual Indic Econ FEE

201239(3)71-84

Pereira JM A governanccedila corporativa aplicada no setor puacuteblico brasileiro APGS 2010

jan-mar2(1)109-34

Pinto ICM Teixeira CF Solla JJSP Reis AAC Organizaccedilao do SUS e diferentes

modalidades de gestatildeo e gerenciamento dos serviccedilos e recursos puacuteblicos de sauacutede In

Paim JS Almeida Filho N oganizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de

Janeiro MedBook 2014 p 231-44 720p

Possas C Sauacutede e trabalho- a crise da Previdecircncia Social 2a ed Hucitec 1989

Queiroz AM Federalismo no Brasil os consoacutercios puacuteblicos intermunicipais no periacuteodo

recente [Tese] Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2012

Rego N Reffatti LV Representaccedilotildees de mundo geografias adversas e manejo

simboacutelico ndash aproximaccedilotildees entre cliacutenica psicopedagoacutegica e ensino de geografia In

Terra livre Temperos da geografia Publicaccedilatildeo semestral da Associaccedilatildeo dos Geoacutegrafos

Brasileiros Goiania- GO Ano 20 2004 jul-dez2(23)176p

Ribeiro JM Costa NR Regionalizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede no Brasil os consoacutercios

municipais no Sistema Uacutenico de Sauacutede Planej Polit Publicas 2000 dez(22)173-220

Ribeiro MS Schrader FT Anjos APL Motta AP A rede de apoio ao SUS em Mato

Grosso uma estrateacutegia para fortalecimento do papel do municiacutepio na regionalizaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo do pacto pela sauacutede Sauacutede em Debate 2009 maio(44)62-73

Santos FP Merhy EE A regulaccedilatildeo puacuteblica da sauacutede no Estado brasileiro - uma revisatildeo

Interface Comunic Sauacutede Educ 2006 jan-jun9(18)25-41

180

Santos IS Uga MAD Porto SM O mix puacuteblico-privado no Sistema de Sauacutede

Brasileiro financiamento oferta e utilizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede Ciecircn Sauacutede Coletiva

200813(5)1431-40

Santos L Andrade LOM Redes Interfederativas de sauacutede um desafio para o SUS nos

seus vinte anos Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(3)1671-80

Santos L Administraccedilatildeo puacuteblica e a gestatildeo da sauacutede In Santos NR Amarante PDC

organizadores Gestatildeo puacuteblica e relaccedilatildeo puacuteblico privado na sauacutede Rio de Janeiro

Cebes 2010 p 68-86

Santos M Metamorfoses do espaccedilo habitado fundamentos teoacutericos e metodoloacutegicos da

geografia Satildeo Paulo Hucitec 1988

Santos MAB amp Gerschman S As segmentaccedilotildees da oferta de serviccedilos de sauacutede no Brasil

ndash arranjos institucionais credores pagadores e provedores Ciecircnc Sauacutede Coletiva

20049(3)795-806

Santos MHC Governabilidade governanccedila e capacidade governativa algumas notas

(Texto para discussatildeo 11) Brasiacutelia MareEnap 1996

Santos MHC Governabilidade governanccedila e democracia criaccedilatildeo de capacidade

governativa e relaccedilotildees executivo-legislativo no Brasil poacutes-constituinte Dados

199740(3)

Santos MO O papel ativo da geografia Um manifesto Revista Territoacuterio Rio de

Janeiro juldez 20009103-9

Santos RGC Nota O espaccedilo em kant e suas influecircncias na definiccedilatildeo do conceito de

regiatildeo em Alfred Hettner e Richard Hartshorne Estudos Geograacuteficos 20097(1)183-

90

Scatena JHG Kehrig RT Oliveira LRG Oliveira JL Martinelli NL A regionalizaccedilatildeo

sauacutede em Mato Grosso do ponto de vista dos atores regionais In Scatena JHG Kehrig

RT Spinelli MA Regiotildees de Sauacutede diversidade e processo de regionalizaccedilatildeo em Mato

Grosso ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Hucitec 2014 565p Capiacutetulo 7

Scatena JHG Oliveira LR Galvatildeo ND Neves MAB Caracterizaccedilatildeo demograacutefica

socioeconocircmica epidemioloacutegica e dos serviccedilos de sauacutede das regiotildees de sauacutede do Estado

de Mato Grosso 2011 [relatoacuterio preliminar] mimeo

Silva SF Desafios de sistemas universais de sauacutede sob controle puacuteblico Federalismo e

regionalizaccedilatildeo e o Sistema Uacutenico de Sauacutede no Brasil Sauacutede em Debate 2013

out(49)104-13

181

Silva SF Organizaccedilatildeo de redes regionalizadas e integradas de atenccedilatildeo agrave sauacutede desafios

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (Brasil) Ciecircn Sauacutede Coletiva 201116(6)2753-62

Silveira ML Escala geograacutefica da accedilatildeo ao impeacuterio Terra Livre Temperos da

geografia Associaccedilatildeo dos geoacutegrafos brasileiros Goiacircnia 2004 jul-dez 2(23)87-96

Silveira ML O Brasil territoacuterio e sociedade no iniacutecio do seacuteculo 21ndash a histoacuteria de um

livro ACTA Geograacutefica Ediccedilatildeo Especial Cidades na Amazocircnia Brasileira 2011 p

151-63

Silveira ML O territoacuterio em pedaccedilos Revista Eletrocircnica de Jornalismo Cientiacutefico 10

nov 2011 Disponiacutevel em httpwwwcomcienciabr Acesso em 24 jan 2012

Solla JJSP Paim JS Relaccedilotildees entre atenccedilatildeo baacutesica meacutedia e alta complexidade desafios

para a organizaccedilatildeo do cuidado no sistema uacutenico de sauacutede In Paim JS Almeida Filho

N organizadores Sauacutede coletiva teoria e praacutetica Rio de Janeiro MedBook 2014 p

343-52

Souza RR A regionalizaccedilatildeo no contexto atual das poliacuteticas de sauacutede Ciecircn Sauacutede

Coletiva 20016(2)451-5

Teixeira CF Promoccedilatildeo e vigilacircncia da sauacutede no contexto da regionalizaccedilatildeo da

assistecircncia agrave sauacutede no SUS Cad Sauacutede Puacuteblica 200218(Supl)153-62

Teixeira SMF Ouverney AM Gestatildeo de Redes a estrateacutegia de regionalizaccedilatildeo da

poliacutetica de sauacutede Rio de Janeiro FGV 2007 Cad Sauacutede Puacuteblica 200824(7)1716-7

Viana ALD Ibantildeez N Elias PEM Lima LD Albuquerque M Iozzi FL Novas

perspectivas para a regionalizaccedilatildeo da sauacutede Satildeo Paulo Perspec 200822(1)92-106

Viana ALD Lima LD Ferreira MP Condicionantes estruturais da regionalizaccedilatildeo na

sauacutede tipologia dos Colegiados de Gestatildeo Regional Ciecircnc Sauacutede Coletiva

2010b15(5)2317-26

Viana ALD Lima LD Machado CV Scatena JHG Albuquerque MV Oliveira RG et

al Projeto de Pesquisa Avaliaccedilatildeo Nacional das Comissotildees Intergestores Bipartites

(CIBs) as CIBs e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUS Relatoacuterio Estadual

Mato Grosso Maio de 2010a

Viana ALDrsquoA Heimann LS Lima LD Oliveira RG Rodrigues SH Mudanccedilas

significativas no processo de descentralizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil Cad Sauacutede

Puacutebl XVIII 2002 p 139-51

182

Viana ALdrsquoA Lima LD O processo de regionalizaccedilatildeo na sauacutede contextos

condicionantes e papel das Comissotildees Intergestores Bipartites In Viana ALdrsquoA Lima

LD (org) Regionalizaccedilatildeo e relaccedilotildees federativas na poliacutetica de sauacutede do Brasil Rio de

Janeiro Contra Capa Livraria Ltda 2011 p11-24

Viana ALDrsquoA Machado CV Proteccedilatildeo social em sauacutede um balanccedilo dos 20 anos do

SUS Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro 200818(4)645-84

Vianna RP Colegiados de gestatildeo regional no Estado do Rio de Janeiro atores

estrateacutegias e negociaccedilatildeo intergovernamental [Dissertaccedilatildeo] Escola Nacional de Sauacutede

Puacuteblica Sergio Arouca Rio de Janeiro 2012 155 f

Vilarins GCM Shimizui HE Gutierrez MMU A regulaccedilatildeo em sauacutede aspectos

conceituais e operacionais Sauacutede em Debate Rio de Janeiro 2012 outdez36(95)640-

7

Apecircndices

APEcircNDICE A ndash Roteiro de entrevistas

Pesquisa A Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a

relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de sauacutede do Meacutedio Norte

Roteiro semi-estruturado de entrevista

1 - GESTORES Diretor do Escritoacuterio Regional de Sauacutede Secretaacuterio executivo do CGR Secretaacuterio

executivo do Consorcio Vice-regional do COSEMS na microrregiatildeo Total de perguntas elaboradas

84

2 ndash GESTORES DA REGULACcedilAtildeO - coordenador da Central Regional de Regulaccedilatildeo meacutedico

regulador da regiatildeo meacutedico regulador do hospital municipal de referecircncia regional representante do

hospital municipal de referecircncia regional Total de perguntas elaboradas 60

3 - PRESTADORES CONVENIADOS ndash representante do maior hospital conveniado Total de

perguntas elaboradas 23

4- PLANOS DE SAUacuteDE representante UNIMED e UNIVIDA ndash roteiro separado desta planilha ndash Total

de perguntas elaboradas- 20

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

PERGUNTAS

ENTREVISTADOS

Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

1- Histoacuterico da regionalizaccedilatildeo

Fale como foi definida esta regiatildeo os limites os

criteacuterios e participantes da definiccedilatildeo da microrregiatildeo

Quais os municiacutepios que fazem parte atualmente Houve

mudanccedilas

X X

SUB-TOTAL 1 1 0

2-Desenho da Regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Alguns fatores foram determinantes na delimitaccedilatildeo desta

regiatildeo Quais satildeo estes fatores Comente

X X X

- O desenho regional adotado eacute especifico da sauacutede ou

coincide com o adotado por outras poliacuteticas puacuteblicas do

governo JAacute CONTEMPLADA NA ESTADUAL

SUB-TOTAL 1 1 1

DIMENSAtildeO I ndash INSTITUCIONALIDADE DA REGIONALIZACcedilAtildeO

3 - Finalidades e escopo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc acha que regionalizaccedilatildeo foi implantada com qual

finalidade ndash comente

X X

- vocecirc acha que o foco da regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute

voltado para que Para organizar a rede de serviccedilos Para

discutir e implementar o conjunto das poliacuteticas de sauacutede

(vigilacircncia formaccedilatildeo de pessoas)

X X

SUB-TOTAL 2 2 0

4 ndash Estrateacutegias poliacuteticas da regionalizaccedilatildeo ndash Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

A regionalizaccedilatildeo da sauacutede faz parte de outras poliacuteticas

regionais do governo do Estado com enfoque territorial

Quais e de que forma

X

Vocecirc acha que a regionalizaccedilatildeo da sauacutede estaacute inserida na

agenda da poliacutetica estadual de sauacutede Que lugar ocupa

Eacute uma prioridade no plano regional Comente

X X

Em relaccedilatildeo a distribuiccedilatildeo ou lotaccedilatildeo de profissionais de

sauacutede para atendimento das necessidades regionais

Existem estrateacutegias regionais para contrataccedilatildeo Como

funcionam

X X

SUB-TOTAL 2 1 0

5 ndash Planejamento e regulaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O que orienta o processo de planejamento da

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Plano estadual de sauacutede plano

de regionalizaccedilatildeo planos ou projetos de investimentos

PPI PPA PLANEJASUS JAacute CONTEMPLADA

ESTADUAL

X X

Vocecirc participa do planejamento regional Como eacute feito

Que instrumento eacute utilizado Quem participa

X X X

Qual a situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo de

regionalizaccedilatildeo da sauacutede no estado e na regiatildeo Comente

X X

Qual o prestador que exerce maior influecircncia no

planejamento da rede de serviccedilos de sauacutede

X X

Vocecirc acha que os serviccedilos puacuteblicos e privados

disponiacuteveis na regiatildeo influenciam no planejamento

gestatildeo e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede na

microrregiatildeo Como

X X X

Como estaacute constituiacuteda e organizada a rede de sauacutede da

regiatildeo(complexidade redes de serv especificas linhas

de cuidado etc)

X X

Antes do pacto pela sauacutede existiam redes de atenccedilatildeo a

sauacutede Se positivo quais Como eram quem participava

e financiava

X -

Como eacute a regulaccedilatildeo ambulatorial ciruacutergica urgecircncia e

emergecircncia a meacutedia e alta complexidade O Tratamento

Dora do domicilio estaacute organizado Eacute acompanhado o

fluxo de pessoas dentro e fora da regiatildeo-centrais de

agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo de sauacutede

tratamento fora de domiciacutelio Comente

X X X

Como eacute feita a regulaccedilatildeo entre os prestadores -

conveniados SESERS e SMS

X X X

A contratualizaccedilatildeo dos prestadores puacuteblico e privados

como eacute feita quem faz que instrumento utiliza quem

acompanha

X X X

Existe algum sistema de logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo (compras transporte de insumos

materiais para exames)

X X

Vocecirc acha que existem problemasconflitos com o

estadoregiatildeo em relaccedilatildeo ao planejamento e a regulaccedilatildeo

na regionalizaccedilatildeo Que tipo de problema ou conflito

comente

X X X

SUB-TOTAL 12 11 6

6 ndash Financiamento regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc sabe se existem recursos para compensar as

desigualdades desta regiatildeo Que recursos estatildeo

disponiacuteveis para a regiatildeo e para qual finalidade Qual a

fonte e forma de repasse

X

Como eacute feita a programaccedilatildeo dos recursos para a regiatildeo

Satildeo compatiacuteveis com necessidade da regiatildeo

X X

Foi definido algum tipo de distribuiccedilatildeo de recursos

financeiros pelo Estado para incentivo a regionalizaccedilatildeo

Ex revisatildeo de tetos financeiros PPI PDI Que criteacuterios

foram utilizados e as finalidades

X X

Para qualificaccedilatildeo profissional foram definidos recursos

financeiros Quais e qual a origem deste recurso

X X

Existem fundos regionais de recursos Por ex

consoacutercios de sauacutede fundos estaduais compensatoacuterios

ou outros fundos Especifique os tipos a origem e as

finalidades dos recursos Que outros incentivos agrave

regionalizaccedilatildeo esta regiatildeo recebe

X X

Quais os investimentos - construccedilatildeo equipamentos ou

veiacuteculos ampliaccedilatildeo de serviccedilos na rede publica e outros

foram realizados com a regionalizaccedilatildeo da sauacutede nesta

regiatildeo Qual a origem dos recursos

X

SUB-TOTAL 6 4 0

DIMENSAtildeO II ndash GOVERNANCcedilA DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1 ndash Estruturas de integraccedilatildeo e gestatildeo regional Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc faz parte do CGR(SE POSITIVO FAZER AS

PERGUNTAS ABAIXO) Quem faz parte

X X X

Como funciona o CGR nesta regiatildeo Tem secretaria

executiva Onde e como funciona Quais as atribuiccedilotildees

da secretaria executiva Comente

X X X

Onde o CGR se reuacutene Com que frequecircncia se reuacutene (JAacute

CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

Aleacutem do CIES o CGR tem cacircmara teacutecnicagrupos de

trabalho Quantas Qual o papel delas na

regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR interferiu na definiccedilatildeo do CIES e das cacircmaras

teacutecnicas

X

Como eacute a atuaccedilatildeo do CIES nesta regiatildeo X

Como foi e quais os criteacuterios utilizados para escolher os

representantes do CGR E para a escolha do presidente

do CGR

X

Eacute controlada a existecircncia de quoacuterum para realizaccedilatildeo das

reuniotildees

X

De forma geral quem efetivamente coordenou (a) as

reuniotildees da CGR no periacuteodo a que se refere a pesquisa

(JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

O chefe do ERS participa das reuniotildees Com que

frequecircncia (JAacute CONTEMPLADA NA PESQUISA

ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Qual o nuacutemero de assentos de cada esfera de governo no

CGR no periacuteodo da pesquisa (JAacute CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL)

---------- ---------

-

-------

---

Vocecirc participa do CGR Quem participa Aleacutem dos

representantes oficiais do CGR que outros atores

participam Como os prestadores (puacuteblicos e privados)

participam no CGR

X

Como tem sido a participaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

e de suas organizaccedilotildees (conselhos de profissionais

cooperativas de profissionais) no processo de

regionalizaccedilatildeo em curso

X

Existe de ad referendum nas reuniotildees Em que situaccedilatildeo

eacute utilizada

X

Os membros do CGR satildeo assiacuteduos as reuniotildees Quando

natildeo participa como eacute comunicado das deliberaccedilotildees X

Em relaccedilatildeo agraves pautas quem define Que criteacuterios satildeo

utilizados(JAacute CONTEMPLADA NA P ESTADUAL) ---------- ---------

-

-------

---

O que eacute feito para preparar as reuniotildees repartir as

responsabilidades processar os impasses negociar a

poliacutetica e estabelecer acordos

X

Quem influencia na definiccedilatildeo da pauta E o COSEMS e

a SES influenciam Como X X

Quais os principais temas abordados nas reuniotildees X X

Os temas discutidos no CGR se referem a problemas de

natureza de abrangecircncia estadual regional ou municipal

X X

Quais os principais temas de consenso (entre estado e

municiacutepios e entre municiacutepios)

X

Os temas estrateacutegicos para a poliacutetica de sauacutede na regiatildeo

satildeo efetivamente negociados por qual instancia no

acircmbito da CIB ERSSES COSEMS Ou qual a outra

forma

X X

Nas reuniotildees do CGR como ocorre a tomada de decisatildeo

voto consenso Ou outra forma JA CONTEMPLADA

NA PESQUISA ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

As reuniotildees do CGR satildeo informativas consultivas

deliberativas Como satildeo registradas formalizados e

divulgados os resultados

X X

Como tem sido a atuaccedilatildeo do COSEMS junto agrave CIB

Estadual em defesa da regiatildeo E no CGR O COSEMS

eacute forte no estado Como Politicamente eou

tecnicamente Por quecirc

X

Quais os recursos disponiacuteveis para o CGR ndash JAacute

CONTEMPLADA NA ESTADUAL ---------- ---------

-

-------

---

Quais as instacircncias e qual a participaccedilatildeo de cada uma no

planejamento e gestatildeo governamental na regiatildeo de sauacutede

- ex CGR CIS ERS CIES JAacute CONTEMPLADA NA

PES ESTADUAL

---------- ---------

-

-------

---

Qual a contribuiccedilatildeo das instancias CGR CIS ERS

CIES com a regionalizaccedilatildeo Qual o papel de cada uma

X

Qual a atuaccedilatildeo da Secretaria de Estado de Sauacutede no

processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Esta regiatildeo conta com o consorcio intermunicipal de

sauacutede Este foi organizado com qual finalidade Como eacute

o funcionamento hoje e qual o papel do consoacutercio na

regionalizaccedilatildeo em curso Quem financia o consoacutercio

X X X

Os Conselhos Municipais de Sauacutede (CMS) participam

das discussotildees do sistema de sauacutede regional Eles

influenciam no processo decisoacuterio do CGR De que

maneira

X

SUB-TOTAL 23 10 4

2 ndash Papel da CGR na regionalizaccedilatildeo Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como eacute a interaccedilatildeo intergovernamental no CGR O que

eacute feito para facilitar essa interaccedilatildeo (discussatildeo preacutevia dos

temas processamento preacutevio dos temas pelas equipes

teacutecnicas formaccedilatildeo de comissotildees especiaisgrupos para

trabalhos interveniecircncia de atores poliacuteticos relevantes

da SES outros

X X

Que papel o CGR tem desempenhado na formulaccedilatildeo e

implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo Como eacute

e quais as influecircncias exerce sobre a regionalizaccedilatildeo

X X

O CGR tem favorecido ou dificultado o processo de

regionalizaccedilatildeo em curso Por quecirc

X X

Pensando no CGR como instacircncia de negociaccedilatildeo e

pactuaccedilatildeo intergovernamental que tipo de parcerias

acordos e ou pactos de cooperaccedilatildeo satildeo estabelecidos

entre os gestores no CGR Que fatores tecircm favorecido

ou dificultado o seu funcionamento

X X

SUB-TOTAL 4 4 0

3 ndash Relaccedilotildees Intergovernamentais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Como satildeo estabelecidas as relaccedilotildees entre os membros

do CGR ERS CIES CIS Satildeo teacutecnico-poliacuteticas-

baseadas nas poliacuteticas puacuteblicas e princiacutepios do SUS

poliacutetico-partidaacuterias pessoais- clienteliacutesticas

corporativas- grupos de interesse

X X

Como a CIBestadual se relaciona com o CGR ERS e

CIES Esta relaccedilatildeo interfere no processo de

regionalizaccedilatildeo Como

X X

Como o CGR se relaciona com outros atores de

relevacircncia regional (Ex hospitais regionais operadoras

de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercios de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa)

como acontecem

X X

Como satildeo as relaccedilotildees intergovernamentais (conflitiva

cooperativa marcada por divergecircncias e desacordos ou

por estrateacutegias de negociaccedilatildeo pactuaccedilatildeo convergecircncia e

parceria) Quais destas relaccedilotildees predominam Se haacute

conflitos comente entre quais seguimentos os motivos

dos conflitos e ou da cooperaccedilatildeo

X X

Nas relaccedilotildees entre a SESERS entre ERSCOSEMS ndash haacute

conflitos e convergecircncias Que tipo

X X

Como o ERS e o CGR se relacionam com a SES no

processo de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo Quais as aacutereas

envolvidas organizaccedilatildeo interna articulaccedilatildeo entre aacutereas

mecanismos de cooperaccedilatildeo incentivos e recursos

mobilizados

X

As relaccedilotildees que ocorrem entre as instacircncias

governamentais na regiatildeo de sauacutede Satildeo de articulaccedilatildeo

sobreposiccedilotildees ou complementaridade de atribuiccedilotildees

X X

Como eacute a relaccedilatildeo da SESERS junto ao consoacutercio e que

papel exerce

X X

O CGR se relaciona com o CMS Como ocorre Quais

as estrateacutegias utilizadas nesta interaccedilatildeo

X

Quais as relaccedilotildees predominantes entre o CGRRegional e

o CMS Se haacute conflitos como satildeo superados

X

10 7 0

4 ndash Relaccedilotildees puacuteblico-privadas Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

O setor privado faz parte da rede de atenccedilatildeo agrave sauacutede do

SUS nesta regiatildeo Essa participaccedilatildeo eacute

importantesignificativa O que representa no processo

de regionalizaccedilatildeo Influencia as negociaccedilotildees

intergovernamentais no processo de regionalizaccedilatildeo De

que forma

X X X

Faz parte da rede de atenccedilatildeo do SUS desta regiatildeo atores

e estruturas do setor publico e privado Quem satildeo estes

atoresestruturas e como satildeo as relaccedilotildees

X X X

Como foi determinada a aacuterea de abrangecircncia as

referecircncias e os papeacuteis dos prestadores puacuteblicos e

privados Quem participou desse processo Quem

influenciou (prestador - puacuteblico ou privado) no fluxo e

na determinaccedilatildeo das referecircncias na microrregiatildeo Por

quecirc Comente

X X X

Quais ou que tipo de convecircnioscontratos a sua

instituiccedilatildeoempresa tem firmado com o SUS Comente

X X X

Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo

do SUS Na regiatildeo haacute algum serviccedilo que natildeo estaacute

disponiacutevel para o SUS Por quecirc

X X X

Como eacute feito a contratualizaccedilatildeo dos prestadores privados

na microrregiatildeo JA CONTEMPLADA NA

DIMENSAO I ITEM- PLANEJAMENTO E

REGULACcedilAtildeO DA REGIONALIZACcedilAtildeO

---------- ---------

-

-------

---

A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de

atenccedilatildeo da microrregiatildeo De que forma

X X X

Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees

entre o puacuteblico e o privado trazem a regionalizaccedilatildeo da

sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos objetivos

sociais

X X X

Os arranjos que vecircm ocorrendo entre o puacuteblico e o

privado corresponde aos objetivos do sistema de sauacutede

puacuteblica Quais as influecircncias do setor privado no

processo decisoacuterio da regionalizaccedilatildeo e nos planos

regionais

X X X

Nas instacircncias regionais de planejamento e gestatildeo quem

representa o setor privado conveniado Como eacute esta

participaccedilatildeo De que forma a relaccedilatildeo puacuteblico-privado se

expressa na Programaccedilatildeo Pactuada e Integrada (PPI)

Existem conflitos Quais (razotildees)

X X X

Existe um espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a

SESERS e os prestadores puacuteblicos e privados da regiatildeo

de sauacutede Como funciona

X X X

A regulaccedilatildeo da Assistecircncia ambulatorial e hospitalar da

regiatildeo - como estaacute organizada Existem diferenccedilas na

participaccedilatildeo dos prestadores puacuteblicos e privados

X X X

Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo da

sauacutede na microrregiatildeo Quais

X X X

Eacute realizado controle avaliaccedilatildeo auditoria sobre o sistema

complementar Quem realiza como realiza

X X X

13 13 13

DIMENSAtildeO IIIndash IMPACTOS DA REGIONALIZACcedilAtildeO

1ndash Mudanccedilas institucionais Gestores Gest

Reg

Prest

Conv

Rep

Plan S

Vocecirc considera que com a implantaccedilatildeo do Pacto pela

Sauacutede houve mudanccedilas no processo de conduccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo Quais as mudanccedilas que ocorreram na

gestatildeo Na organizaccedilatildeo na prestaccedilatildeo dos serviccedilos ou

outras Comente

X X X

Se houve mudanccedilas as que ocorreram foram em

decorrecircncia de quais estrateacutegias

X X X

Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e a instancia

regional vocecirc observa mudanccedilas com a regionalizaccedilatildeo

da sauacutede Comente a atuaccedilatildeo de ambas e as mudanccedilas

X X X

Em relaccedilatildeo ao Consorcio com a regionalizaccedilatildeo da Sauacutede

(2006) houve mudanccedilas Quais

X X X

Em 2011 foi editado o decreto no 7508 que

regulamenta a Lei 808090 Como estaacute agrave discussatildeo e o

processo de implementaccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede

considerando as diretrizes do decreto-

X X X

O que estaacute sendo trabalhado na regiatildeo em relaccedilatildeo ao

RENASESRENAME Jaacute foi Pactuado na CIB Como

estaacute sendo organizada a atenccedilatildeo primaacuteria a

urgecircnciaemergecircncia atenccedilatildeo psicossocial atenccedilatildeo

ambulatorial e especializada hospitalar e vigilacircncia a

sauacutede

X

O COAPS (Contrato Organizativo da Accedilatildeo Puacuteblica)- jaacute

foi discutido

X

O processo de regionalizaccedilatildeo em curso possibilita a

emergecircncia de novos poderes regionais ou contribui para

o fortalecimento dos poderes regionais existentes

X

No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc

aponta no atual processo de regionalizaccedilatildeo

X X X

Em sua opiniatildeo qual o impacto da regionalizaccedilatildeo em

curso Poderia ter um impacto diferente Qual

X X X

10 6 6

ROTEIRO ESPECIacuteFICO PARA AS OPERADORAS DE PLANOS DE SAUacuteDE -

UNIMED e UNIVIDA

1 Que fatores determinam esta regiatildeo de sauacutede Comente

2 Qual a abrangecircncia regional desta operadora Quais os municiacutepios atendidos

3 A atuaccedilatildeo da operadora eacute de forma regionalizada Como se daacute a regionalizaccedilatildeo

da operadora Comente

4 Quais satildeo os tipos de planos existentes e qual o puacuteblico alvo-classe social

empresas ndash qual delas tem maior percentual de adesatildeo

5 Esta operadora possui hospital proacuteprio Se natildeo possui qual eacute o principal

Hospital que utiliza

6 Que tipos de especialidadesserviccedilos satildeo oferecidos na regiatildeo

7 Os serviccedilos e especialidades ofertados na regiatildeo satildeo definidos com base em

quais criteacuterios (o SUS eacute levado em consideraccedilatildeo)

8 Como eacute feito o credenciamento de novos serviccedilos Eacute feito algum tipo de

exigecircncia Quais

9 Como eacute realizada a regulaccedilatildeo do fluxo de internaccedilotildees ou outros

10 Haacute demanda reprimida Em que aacutereaespecialidade Comente

11 Como eacute a organizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo regional da operadora Enfrenta

problemas em relaccedilatildeo a esta organizaccedilatildeo

12 Que tipo de serviccedilo o setor privado coloca a disposiccedilatildeo do SUS Na regiatildeo haacute

algum serviccedilo que natildeo estaacute disponiacutevel para o SUS Por quecirc

13 Haacute convecircnio com hospitais puacuteblicos e filantroacutepicos Existe algum convecircnio com

as prefeituras municipais da regiatildeo E com o estado

14 O paciente SUS eacute atendido por esta operadora Comente como

15 A relaccedilatildeo puacuteblico-privada interfere no modelo de atenccedilatildeo desta regiatildeo De que

forma

16 Que contribuiccedilotildees (positivas ou negativas) as relaccedilotildees entre o puacuteblico e o

privado trazem a regionalizaccedilatildeo da sauacutede ao desenvolvimento do sistema e aos

objetivos sociais

17 Existem problemasconflitos relacionados agrave regulaccedilatildeo e ao funcionamento do

sistema de sauacutede na regiatildeo E com relaccedilatildeo ao SUS Quais

18 Existem conflitos com os prestadores gestores e instacircncias do SUS na regiatildeo

Quais

19 Participa de algum foacuterum regional puacuteblico ou privado de discussatildeo da sauacutede

(como o CRG)

20 Em relaccedilatildeo a atuaccedilatildeo do EstadoSES e ERS vocecirc observa mudanccedilas com a

regionalizaccedilatildeo da sauacutede Comente

21 No geral quais os avanccedilos dificuldades e desafios vocecirc aponta no atual

processo de regionalizaccedilatildeo

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS DO ENTREVISTADO

Por favor considerando tudo o que conversamos num balanccedilo geral o que eu natildeo

perguntei que vocecirc gostaria de complementar

APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA FACULDADE

DE MEDICINA

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO - DMPFMUSP

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O(a) Sr(a) estaacute sendo convidado(a) para participar da pesquisa ldquoA Regionalizaccedilatildeo da Sauacutede no Estado

de Mato Grosso o processo de implementaccedilatildeo e a relaccedilatildeo puacuteblico privada na micro-regiatildeo de

sauacutede do Meacutedio Norte Matogrossenserdquo desenvolvida pela aluna Nereide Lucia Martinelli sob

orientaccedilatildeo da Prof Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana para elaboraccedilatildeo da Tese a ser apresentada agrave

Universidade de Satildeo Paulo - DMP como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutora em

Ciecircncias

O(a) Sr(a) foi selecionado(a) pela relevante participaccedilatildeo na gestatildeo formaccedilatildeo ou prestaccedilatildeo de serviccedilos no

sistema de sauacutede da Regiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A

qualquer momento o Sr(a) pode desistir de participar e retirar seu consentimento sem nenhum prejuiacutezo

em sua relaccedilatildeo com o pesquisador ou com a USPDMP

Esse trabalho tem como objetivo analisar ldquoAnalisar o processo de regionalizaccedilatildeo da sauacutede na

microrregiatildeo do Meacutedio Norte Matogrossense e o mix puacuteblico privado no sistema de sauacutede

regionalrdquo Sua participaccedilatildeo nesta pesquisa consistiraacute em conceder uma entrevista sobre questotildees relativas

ao funcionamento da instituiccedilatildeoorganizaccedilatildeo no sistema de sauacutede regional que explicitem a relaccedilatildeo entre

o puacuteblico e o privado nos processos relacionados agrave regionalizaccedilatildeo do SUS bem como fornecer

documentos existentes que permitam maior entendimento das questotildees relativas ao tema Caso o Sr(a)

esteja de acordo a entrevista deveraacute ser gravada para transcriccedilatildeo posterior visando facilitar o

processamento do material Entretanto o Sr(a) poderaacute solicitar agrave pesquisadora que natildeo grave ou que

interrompa a gravaccedilatildeo a qualquer momento durante a realizaccedilatildeo da entrevista

As informaccedilotildees fornecidas seratildeo processadas pela pesquisadora e analisadas em conjunto com outras

entrevistas e documentos disponiacuteveis sobre o tema investigado Citaccedilotildees diretas de falas seratildeo evitadas

poreacutem caso seja necessaacuterio para a compreensatildeo da conjuntura o entrevistado poderaacute ser identificado

desde que previamente consultado e esteja de acordo com o material de publicaccedilatildeo Destaque-se que os

resultados da anaacutelise realizada satildeo de inteira responsabilidade da pesquisadora

Todo o material da pesquisa ficaraacute sob a guarda da pesquisadora e seraacute mantido arquivado no prazo

recomendado pelo Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa da USP (CEPUSP)

O(a) Sr(a) receberaacute uma coacutepia deste termo onde consta o telefone e o endereccedilo do pesquisador principal

podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer momento

_______________________

Nereide Lucia Martinelli Dra Ana Luiza Drsquo Aacutevila Viana

Pesquisadora Orientadora- USPDMP

USP - Rua Dro Arnaldo Tel +55 11 3061-7000

Tel CEPUSP- CEP 01246903 - Satildeo Paulo - SP - Brasil - Declaro que entendi os objetivos riscos e

benefiacutecios de minha participaccedilatildeo na pesquisa e concordo em participar

______________________________________________

Assinatura legiacutevel do entrevistado e ou chefe do setor onde seraacute coletado informaccedilotildees para a pesquisa-

Regiatildeo de Sauacutede de Tangaraacute da Serra

Local e data ______________________________________

APEcircNDICE C ndash Matrizes de anaacutelise por dimensatildeo

Quadro I ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra - Dimensatildeo Institucionalidade da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

Histoacuterico da

regionalizaccedilatildeo

minus Definiccedilatildeo da regiatildeo de sauacutede limites aacuterea geograacutefica localizaccedilatildeo municiacutepios

integrantes capacidade instalada e estrutura organizacional do ERS minus continuidades

e rupturas na organizaccedilatildeo e funcionamento da regionalizaccedilatildeo

2- desenho da

regionalizaccedilatildeo

- mapa de recorte da regiatildeo macro micro abrangecircncia territorial limites e

populaccedilatildeo minus recorte da regiatildeo preacute e poacutes-pacto pela sauacutede

minus fatores determinantes e condicionantes na delimitaccedilatildeo da regiatildeo populaccedilatildeo

capacidade instalada da rede de sauacutede e complexidade fluxos populacional rede

viaacuteria parcerias entre municiacutepios perfil epidemioloacutegico dinacircmica econocircmica e

social identidade cultural minus interfaces da regiatildeo de sauacutede com outras poliacuteticas

puacuteblicas do Estado

3-Finalidades e escopo da

regionalizaccedilatildeo

minus finalidades da regionalizaccedilatildeo acesso minimizar desigualdades sociais regionais

desenvolvimento regional minus foco da regionalizaccedilatildeo organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos

de sauacutede implementaccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede (vigilacircncias formaccedilatildeo etc)

4-Estrateacutegias poliacuteticas da

regionalizaccedilatildeo

minus interfaces da poliacutetica de conduccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede com outras poliacuteticas

regionais do governo do estado minus inserccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo da sauacutede e lugar que

ocupa na agenda poliacutetica da SES e do Escritoacuterio Regional de Sauacutede minus Existecircncia de

estrateacutegias regionais - contrataccedilatildeo e lotaccedilatildeo de profissionais logiacutestica de apoio a

regionalizaccedilatildeo ndash transporte compras

5-Planejamento e

regulaccedilatildeo da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de instrumentos de planejamento regional de sauacutede e de organizaccedilatildeo da

regulaccedilatildeo fluxos de pessoas (centrais de agendamento leitos e regulaccedilatildeo cartatildeo

sauacutede tratamento fora domiciacutelio) minus Estrateacutegias e participaccedilotildees no processo de

planejamento regional minus Existecircncia e situaccedilatildeo dos planos que orientam o processo

de regionalizaccedilatildeo da sauacutede

- influencias no planejamento e regulaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede

minus organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos antes e depois do pacto complexidade redes de

serviccedilos linhas de cuidado minus contratualizaccedilatildeo de prestadores instrumentos

acompanhamento minus existecircncia de problemas conflitos planejamento e regulaccedilatildeo

intra e inter regional

6-Financiamento da

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de recursos e incentivos a regionalizaccedilatildeo compensaccedilatildeo de

desigualdades na regiatildeo qualificaccedilatildeo profissional investimentos regionais

(construccedilatildeo ampliaccedilatildeo equipamentos veiacuteculos) - origem tipos finalidades e

criteacuterios minus Existecircncia e tipos de mecanismos de programaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de

recursos financeiros compatiacuteveis com a regionalizaccedilatildeo - criteacuterios e finalidades minus

Existecircncia de fundos regionais de recursos (consoacutercios de sauacutede fundos estaduais

compensatoacuterios outros fundos)

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Quadro II ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra -Dimensatildeo Governanccedila da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1-Estruturas de integraccedilatildeo

e gestatildeo regional

minus existecircncia de instacircncias de planejamento e gestatildeo governamental regiatildeo minus CGR

consoacutercio intermunicipal estruturas de representaccedilatildeo regional da SES CIES

cacircmaras teacutecnicas e outros minus CGR Consoacutercio CIES - estrutura organizaccedilatildeo e

funcionamento caracteriacutesticas finalidades papel e contribuiccedilatildeo das instacircncias

regionais no processo de regionalizaccedilatildeo minus criteacuterios de escolha dos membros das

instancias regionais minus participaccedilatildeo de profissionais e representantes do prestador

puacuteblico e privado nas instancias regionais minus reuniotildees das instancias regionais

definiccedilatildeo temas de consenso e influencias na pauta tipos de reuniotildees minus papel da

SESERS no processo de regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de recursos financeiros

disponiacuteveis para instancias regionais minus participaccedilatildeo do Conselho Municipal de

Sauacutede no processo decisoacuterio minus forma de processo decisoacuterio ndash voto consenso

2 - O Papel do CGR na

regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de estrateacutegias de interaccedilatildeo governamental no CGR minus influencias e papel

do CGR na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo das poliacuteticas de regionalizaccedilatildeo minus

influencias do CGR no processo de regionalizaccedilatildeo

minus existecircncia de pactos de cooperaccedilatildeo estabelecidos entre os gestores no CGR minus

fatores que facilitam ou dificultam o funcionamento do CGR

3-Relaccedilotildees Intergoverna-

mentais

minus tipos de relaccedilotildees entre os membros do CGR ERS CIES Consorcio Intermunicipal

de Sauacutede (CIS) minus relaccedilotildees da CIBEstadual com CGR ERS CIES minus existecircncia e

forma de relaccedilotildees do CGR com outros atores de relevacircncia regional hospital de

referencia regional operadoras de planos de sauacutede organizaccedilotildees profissionais

consoacutercio intermunicipal de sauacutede instituiccedilotildees de ensino e pesquisa minus predomiacutenio e

tipos de relaccedilotildees intergovernamentais- conflitiva cooperativa parceria articulaccedilatildeo

sobreposiccedilatildeo ou complementaridade de atribuiccedilotildees outras minus tipo de relaccedilotildees entre a

SESERS ERS COSEMS - conflitos e convergecircncias

4 - Relaccedilotildees Puacuteblico-

privada

minus importacircncia e influencias do setor privado na rede e modelo de atenccedilatildeo sauacutede do

SUS na regiatildeo minus atores e estruturas do setor puacuteblico e privado na regiatildeo minus

participaccedilatildeo influencia aacuterea de abrangecircncia e criteacuterios na definiccedilatildeo das referencias

na regiatildeo de sauacutede minus existecircncia e tipos de convecircnioscontratos firmados com o SUS

minus tipos de serviccedilos existentes no setor privado e disponiacutevel ao SUS minus relaccedilotildees

estabelecidas entre o publico e privado e objetivo do SUS minus participaccedilatildeo do setor

privado no processo de planejamento e gestatildeo da regionalizaccedilatildeo minus existecircncia de

espaccedilo de pactuaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre a SESERS e prestadores puacuteblicos e

privados minus organizaccedilatildeo funcionamento e conflitos na regulaccedilatildeo minus existecircncia de

mecanismos de controle avaliaccedilatildeo e auditoria sobre o sistema complementar

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta

e anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al 2010)

Quadro III ndash Matriz de anaacutelise do processo de regionalizaccedilatildeo na regiatildeo de sauacutede de

Tangaraacute da Serra-Dimensatildeo Impactos da regionalizaccedilatildeo

SUB DIMENSOtildeES INDICADORES

1 - Mudanccedilas

Institucionais

minus estrateacutegias e mudanccedilas observadas com implantaccedilatildeo do pacto pela sauacutede

conduccedilatildeo gestatildeo organizaccedilatildeo e funcionamento capacidade instalada e prestaccedilatildeo de

serviccedilos minus mudanccedilas em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo do estado - SES ERS consorcio

Intermunicipal de sauacutede minus processo de implantaccedilatildeo do decreto 7508 RENAME

RENASES COAP minus Mudanccedilas observadas em relaccedilatildeo aos poderes regionais

existentes minusavanccedilos dificuldades e desafios do processo de regionalizaccedilatildeo

FONTE elaboraccedilatildeo proacutepria com base na Matriz de referecircncia para elaboraccedilatildeo de instrumentos de coleta e

anaacutelise de informaccedilotildees (moacutedulos 1 e 2 da pesquisa) da pesquisa ldquoavaliaccedilatildeo nacional das Comissotildees

Intergestores Bipartites (CIBS) as CIBS e os modelos de induccedilatildeo da regionalizaccedilatildeo no SUSrdquo(Viana et

al2010)

Page 5: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 6: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 7: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 8: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 9: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 10: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 11: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 12: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 13: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 14: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 15: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 16: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 17: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 18: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 19: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 20: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 21: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 22: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 23: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 24: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 25: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 26: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 27: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 28: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 29: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 30: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 31: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 32: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 33: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 34: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 35: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 36: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 37: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 38: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 39: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 40: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 41: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 42: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 43: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 44: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 45: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 46: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 47: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 48: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 49: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 50: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 51: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 52: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 53: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 54: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 55: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 56: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 57: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 58: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 59: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 60: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 61: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 62: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 63: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 64: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 65: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 66: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 67: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 68: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 69: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 70: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 71: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 72: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 73: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 74: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 75: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 76: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 77: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 78: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 79: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 80: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 81: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 82: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 83: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 84: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 85: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 86: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 87: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 88: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 89: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 90: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 91: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 92: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 93: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 94: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 95: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 96: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 97: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 98: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 99: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 100: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 101: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 102: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 103: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 104: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 105: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 106: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 107: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 108: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 109: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 110: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 111: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 112: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 113: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 114: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 115: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 116: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 117: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 118: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 119: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 120: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 121: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 122: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 123: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 124: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 125: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 126: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 127: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 128: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 129: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 130: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 131: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 132: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 133: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 134: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 135: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 136: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 137: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 138: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 139: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 140: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 141: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 142: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 143: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 144: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 145: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 146: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 147: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 148: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 149: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 150: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 151: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 152: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 153: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 154: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 155: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 156: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 157: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 158: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 159: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 160: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 161: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 162: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 163: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 164: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 165: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 166: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 167: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 168: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 169: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 170: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 171: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 172: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 173: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 174: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 175: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 176: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 177: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 178: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 179: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 180: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 181: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 182: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 183: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 184: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 185: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 186: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 187: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 188: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 189: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 190: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 191: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 192: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 193: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 194: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 195: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 196: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 197: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 198: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 199: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 200: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 201: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 202: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 203: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 204: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 205: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 206: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 207: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência
Page 208: A regionalização da saúde no Estado de Mato Grosso: o ... · Descritores: 1.Regionalização 2.Política de saúde 3.Sistema Único de Saúde 4.Planejamento em saúde 5.Assistência