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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATIMESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
PATRICIA REGINA MARTINS M. CAMPILHO
A PREVENÇÃO DE HEMORRAGIA INTRACRANIANA ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE DIRETRIZ E O ACOMPANHAMENTO COMO INDICADOR DE QUALIDADE NA ASSISTÊNCIA PRESTADA AO RECÉM- NASCIDO PRE TERMO.
Rio de Janeiro2016
PATRICIA REGINA MARTINS M. CAMPILHO
A PREVENÇÃO DE HEMORRAGIA INTRACRANIANA ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE DIRETRIZ E O ACOMPANHAMENTO COMO INDICADOR DE QUALIDADE NA ASSISTÊNCIA PRESTADA AO RECÉM- NASCIDO PRE TERMO.
Tese apresentada à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.
Orientador: CLARISSA COELHO
Rio de Janeiro2016
A PREVENÇÃO DE HEMORRAGIA INTRACRANIANA ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE DIRETRIZ E O ACOMPANHAMENTO COMO INDICADOR DE QUALIDADE NA ASSISTÊNCIA PRESTADA AO RECÉM- NASCIDO PRE TERMO
A BLEEDING THROUGH PREVENTION INTRACRIANA THE GUIDELINES
IMPLEMENTATION AND MONITORING AS QUALITY IN PRETSDA
ASSISTANCE INDICATOR TO NEWBORN PRE TERM
Patricia Regina Martins Marsico Campilho I
I Mestranda em Terapia Intensiva (SOBRATI), Especialista em Neonatologia.
Coordenadora de enfermagem da UTI neonatal do Hospital Maternidade Santa
lúcia-CETRIN.
Clarissa Coelho II
I I Orientadora, Mestre em terapia intensiva (SOBRATI).
RESUMO
Trata-se de um estudo sobre a implantação de diretrizes para adequar o
ambiente e individualizar o cuidado, com base em observações
comportamentais que promovam a maior estabilização, organização e
competência para ajudar o RN a conservar energia para crescer e desenvolver-
se com boa qualidade de vida sendo um indicador de qualidade do cuidado da
enfermagem Neonatal. Parte-se dos conceitos do Manual de acreditação
hospitalar sobre qualidade, indicadoras gerais e diretrizes. Visando a melhoria
da técnica, controle de problemas, melhoria de processos, minimização de
riscos e efeitos colaterais, visando à continuidade de cuidados aos recém-
nascidos e seguimento de casos. Apresentando nesta pesquisa as diretrizes
para a implantação na unidade de tratamento intensivo neonatal, na intenção
de reduzir os risco de hemorragia intracraniana no recém- nascido pré termo.
Palavras-chave: Hemorragia intracraniana, Indicadores de Qualidade; Terapia
Intensiva neonatal.
ABSTRACT
It is a study on the implementation of a directive as a quality indicator of the
Neonatal nursing care. It starts with the concepts of hospital accreditation
manual on quality , general indicator and guidelines. Aimed at improving
technique, control problems , process improvement , minimization of risks and
side effects , aiming at continuing care to newborns and follow-up cases.
Presenting this research guidelines for the implementation in the neonatal
intensive care unit , with the intention of reducing the risk of intracranial
hemorrhage in newborn preterm .
Keywords: intracranial hemorrhage, quality indicators; Neonatal intensive care
unit.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................
2 OBJETIVO..................................................................................................
3 MÉTODO.....................................................................................................
4 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................
5 FUNDAMENTAÇÃO DO CUIDADO...........................................................
6 DIRETRIZ ASSISTENCIAL .......................................................................
7 CONCLUSÃO.............................................................................................
8 ABREVIAÇÕES..........................................................................................
9 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, sabe-se que a capacidade de aprendizagem do ser humano
inicia-se no útero, acelera- se após o nascimento e persiste por toda a sua
vida, mas é no período pré-natal e pós-natal precoce que há um rápido
desenvolvimento do cérebro. Nestas fases, o feto encontra-se em um estado
de alta plasticidade e vulnerabilidade, pois são os períodos nos quais o sistema
nervoso central começa a organização e a mielinização dos neurônios3.
Com o nascimento prematuro, existe uma interrupção do processo de
organização do crescimento, podendo comprometer o desenvolvimento
sensorial, já que no ambiente extrauterino, como a Unidade de Tratamento
Intensivo Neonatal, é totalmente diferente do suporte e isolamento fornecido
pelo útero em termos de controle térmico, nutrição adequada, contenção de
movimentos, isolamento sonoro e luminoso. A criança fica exposta a uma série
de eventos excessivos: luz forte e constante, muito ruído e grande quantidade
de procedimentos, podendo repercutir no desenvolvimento adequado de seu
sistema nervoso central e na maturação do padrão de sono e vigília3.
Com as características físicas e funcionais imaturas, o recém-nascido
pré-termo pode, futuramente, sofrer complicações, como doença pulmonar
crônica, displasia broncopulmonar, danos cerebrais e retinopatia de
prematuridade, comprometendo sua qualidade de vida.
O período de hospitalização do pré-termo é prolongado, o que torna de
extrema importância que a equipe perinatal inicie de imediato o tratamento
dessas doenças, pois é frequente a ocorrência de morbidades que levam aos
danos neurológicos e, subsequentemente, a problemas neurocomportamentais.
O crescimento constitui o maior desafio para os prematuros.
Na unidade de tratamento intensivo neonatal com o avanço da tecnologia e
sua complexidade, tanto à família quanto à equipe necessitam reforçar os
cuidados voltados para o seu desenvolvimento; incluindo atividades para
adequar o ambiente e individualizar o cuidado desses bebês, com base em
observações comportamentais que promovam a maior estabilização,
organização e competência para ajudá-lo a conservar energia para crescer e
desenvolver-se com boa qualidade de vida2,3,21.
A hemorragia craniana peri- ventricular (HPIV) ocorre com mais frequência
nos recém- nascidos pré- termo, com idade gestacional menor do que 32
semanas, em decorrência de uma predisposição anatômica para a HPIV. A
matriz germinal é altamente vascularizada, e a hemorragia, quando ocorre,
estende-se para os ventrículos laterais. Sua frequência pode variar de acordo
com a situação local de cada unidade de terapia intensiva e as intervenções às
quais os recém-nascidos de risco são submetidos. No Brasil, a incidência tem
variado entre 26 e 51%2.
2. OBJETIVO:
Este estudo tem como objetivo através dos estudos avaliar diretrizes para o
cuidado com o recém nascidos prevenindo a hemorragia intracraniana na
unidade e aplicando protocolos assistências para padronizar a assistência
garantindo a qualidade do cuidado.
Pretende-se com esse estudo, oferecer subsídios que direcionem a
prevenção de hemorragia intracraniana peri- ventricular, através da
implementação de diretrizes na prevenção a HIPV e alguns componentes da
assistência e principalmente na melhoria da assistência de enfermagem do
recém- nascido pré-termo.
3. MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo exploratório. Esse tipo de método de
pesquisa consiste no exame da literatura científica, para levantamento e
análise do que já se produziu sobre determinado tema em bases de dados
nacionais, revistas por pesquisadores e em indexadores de produção científica
(BIREME, LILACS E SCIELO), assim como busca junto aos principais
periódicos e dissertações da literatura nacional. A presente pesquisa
proporciona maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses. Tem ainda como método de abordagem o
dedutivo, que a partir de uma visão geral chega-se a um fenômeno particular10.
Dos artigos selecionados, realizou-se uma leitura crítica, com necessária
imparcialidade e objetividade, selecionando os de maior significância para a
pesquisa.
Após análise sistemática da literatura, procurou-se realizar um apanhado
de ações de multiprofissionais correlacionadas com a temática necessária para
a prevenção de hemorragia intracraniana na assistência de enfermagem
prestada na unidade de tratamento intensivo neonatal.
4. REVISÃO DE LITERATURA
A hemorragia dentro ou ao redor do cérebro é o problema principal nos
recém-nascidos, especialmente quando prematuros. Atribuídas diretamente a
imaturidade das estruturas cerebrais especialmente nas zonas onde ocorre a
proliferação celular e vascular cerebral: na matriz germinal, podendo ocorrer
ainda em bebês a termo12.
As três principais razões para o surgimento da hemorragia intracraniana são:
Hipóxia;
Pressões exercidas sobre a cabeça do RN durante o trabalho de parto
(tocotraumatismo);
Presença de matriz germinativa em prematuros.
Os fatores de risco para a Hemorragia Intracraniana são:
Trauma obstétrico,
Hipotermia arterial,
Hipóxia,
Asfixia,
Muito baixo peso ao nascer,
Sexo masculino,
Gestação múltipla,
Síndrome do desconforto respiratório,
Defeitos nos fatores da coagulação,
Anormalidade na agregação plaquetária,
Acidose,
Hipercapnia,
Decúbito dorsal com a cabeça rodada para o lado,
Entre outros.
A hemorragia intracraniana é classificada em distintas modalidades clínicas:
hemorragia subdural, hemorragia subaracnóide e hemorragia ventricular. A
incidência, a patogenia, a apresentação, o diagnóstico, o controle e o
prognóstico destas hemorragias variam de acordo com as suas localizações.
5. Fundamentação do cuidado:
São cuidados contingentes aqueles realizados com o bebê, exigindo
uma observação prévia, análise da real necessidade do procedimento,
realização no momento mais adequado ao bebê e modulado de acordo com
suas respostas. Ao final dos cuidados, o RN ficará organizado e tranquilo.
Logo, o cuidado voltado ao desenvolvimento para os RNs prematuros aumenta
a estabilidade fisiológica e o ganho de peso, diminuindo o tempo de
alimentação enteral e de internação, as complicações hemorrágicas, os custos
hospitalares e melhora a organização comportamental, favorecendo o
crescimento da criança prematura e a promoção da adaptação familiar.
6. Diretriz assistencial:
A partir destes dados, foi elaborado diretrizes para prevenção de
hemorragia intracraniana associada aos cuidados multiprofissionais com o
recém- nascido:
1. Cuidados no pré-natal:
As estratégias preventivas envolvem os cuidados pré-natais e perinatais, a fim
de reduzir as taxas de nascimentos prematuros e proporcionar sobrevida com
qualidade. O rastreio, pós-natal precoce para lesões cerebrais em recém-
nascidos pré-termo de muito baixo peso, população mais vulnerável, é de
fundamental importância15.
No pré-natal, é importante o adequado manejo da gestação de alto risco,
como nas situações em que a gestante se apresenta com diabetes,
hipertensão arterial prévia e doença hipertensiva específica da gestação,
nefropatias de diferentes etiologias, doença reumática, malformação uterina,
entre outras situações graves que necessitam de assistência pré-natal
especializada e acompanhamento clínico e laboratorial específico para cada
uma dessas patologias17.
O atendimento no pré-natal pode contribuir para a prevenção da
morbidade e mortalidade neonatal. O maior risco de morte neonatal ocorre nas
crianças nascidas de gestações de alto risco com complicações de anemia,
doenças cardíacas e pulmonares, diabetes, hipertensão crônica, doença renal
ou pré-eclâmpsia em comparação com aquelas nascidas de gestantes
saudáveis3.
A prematuridade como fator de risco:
As alterações neurológicas mais frequentes no prematuro são as lesões
cerebrais, das quais a hemorragia intracraniana (HIC) é a mais comum. Logo,
as estratégias para evitar a HIC são a prevenção de traumatismo no bebê e a
regulação fisiológica do pós-parto imediato, oferecendo oxigenação e fluidos
para minimizar as mudanças danosas na perfusão cerebral e na pressão
sanguínea do neonato. Esta prevenção é essencial para o RN pré- termo, pois
previne os efeitos, em longo prazo sobre seu desenvolvimento, como as
alterações de atividade cerebral, comprometimento das habilidades físicas e do
funcionamento cognitivo. Além dos riscos de desordens comportamentais,
afetivas, cognitivas e sociais.
2. Corticoterapia ante-natal:
Em um estudo clínico controlado e randomizado foi demonstrada uma
redução da incidência de hemorragia intracraniana após o tratamento pré-natal
com corticóides, dado compatível com publicações anteriores. Esta ocorre
mesmo após tratamento parcial e após correção estatística para as outras
variáveis que favoreceriam a ocorrência de HIC em recém-nascidos de 501 a
1.500g. A redução é ainda mais acentuada com a associação de
corticosteróide e surfactante6.
A corticoterapia pré-natal está relacionada com a redução de HPIV grave
porque acelera a maturação da região da matriz germinativa, aumenta a
pressão arterial sistêmica com melhor perfusão cerebral e parece relacionar-se
a casos menos graves de doença da membrana hialina (DMH). É recomendado
um único curso de corticóide para todas as gestações entre 24 e 34 semanas e
com risco de nascimento nas próximas 24 horas, porque reduz a incidência de
DMH, de hemorragia cerebral e a mortalidade neonatal7, 15 .
3. Sulfato de magnésio ante-natal:
Embora a HPIV seja a principal causa de morbidade neurológica em
prematuros, sua incidência parece ser menor em filhos de gestantes que
apresentam doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) ou pré-
eclâmpsia, quando comparados aos filhos de gestantes saudáveis. Como a
DHEG confere esta aparente proteção a estes RNs ainda não está totalmente
claro até o momento. Alguns autores postulam que a administração do sulfato
de magnésio pré-natal possivelmente estaria relacionada com a aceleração dos
fenômenos de maturação do tecido cerebral fetal com consequente redução do
risco de HPIV8.
4. Assistência em sala de parto:
Trata-se de um dos temas mais relevantes e controversos da
prematuridade. O momento do parto aumenta os riscos inerentes da
prematuridade. A boa assistência ao parto prematuro depende, antes de tudo,
da experiência da equipe no acompanhamento do trabalho de parto. Sempre
que possível a presença da equipe da terapia intensiva que irá receber esse
RN na sala de parto.
5. Clampeamento do cordão umbilical:
Permitindo passagem de maior quantidade de hemácia fetal (mais
elástica, passagem mais fácil nos vasos). Permite menor indicação de
transfusão (que oferece hemácias mais rígidas - porque não tem hemoglobina
fetal e sofrem com a estocagem – ficam mais rígidas ainda). A hemácia da
transfusão pode “empilhar” e favorecer a hemorragia.
O insuficiente volume sanguíneo circulante provocado pelo
clampeamento imediato do cordão umbilical pode ter efeitos negativos
imediatos, que são mais evidentes nos prematuros e nos recém-nascidos de
baixo peso devido ao seu menor volume sanguíneo feto-placentário inicial e a
sua adaptação cardiorrespiratória maior e mais lenta. Em recém-nascidos
menores que 32 semanas de idade gestacional verificou uma incidência
significativamente menor de hemorragia intraventricular e de sepse tardia
(sepse que ocorre após a primeira semana de vida) nos recém-nascidos em
que houve clampeamento tardio do cordão.
Os recém-nascidos pré-termo são mais suscetíveis à hemorragia
intraventricular que os recém-nascidos a termo e o clampeamento imediato do
cordão umbilical pode provocar hipotensão, a qual é um fator de risco para
hemorragia intraventricular.
O clampeamento tardio do cordão tem sido associado à redução de dias
necessitando de oxigênio, menos dias ou diminuição da necessidade de
ventilação mecânica, diminuição da necessidade de uso de surfactante e de
transfusões devido à hipotensão ou, anemia24.
6. Transporte:Não há dúvida de que a maneira mais segura de se transportar uma criança
de risco é o útero materno. A mortalidade neonatal é mais baixa quando o
nascimento de um recém-nascido de alto-risco ocorre em centros terciários
bem equipados em termos de recursos materiais e humanos. No entanto, em
algumas situações, o nascimento de um concepto pré-termo pode ocorrer em
centros secundários ou mesmo primários. Nesse caso, tais pacientes devem
ser transferidos para uma unidade mais especializada, respeitando-se a lógica
dos sistemas regionalizados e hierarquizados de atendimento neonatal14.
7. Controle da temperaturaA manutenção da temperatura corporal dentro de uma faixa fisiológica (36,5
- 37,2°C) é uma medida básica de suporte vital. Ao nascimento, é frequente o
pré-termo extremo manter temperatura inferior a 35 °C durante horas, mesmo
com a incubadora regulada para o máximo de oferta de calor.
E possível prevenir a hipotermia com estratégias tais como: temperatura da
sala de parto, incubadora aquecida, colocação de gorro, envolver o RN em
filme transparentes e o uso de colchão térmico se necessário15.
8. Hipocapnia e hipercapnia:O manejo clínico da HPIV inclui as medidas de suporte vital empregadas
em todo pré-termo de muito baixo peso com dificuldade respiratória precoce
e/ou insuficiência ventilatória, com suporte de ventilação mecânica, e alto risco
para ocorrência de hemorragia cerebral grave. A monitorização cuidadosa,
associada às medidas de suporte, evita que a área de hemorragia aumente de
tamanho. A manutenção da perfusão cerebral estável, através do cuidado para
obter volume circulante e pressão arterial sistêmica normal, é fundamental. As
principais medidas de suporte vital são: manutenção da oxigenação e perfusão,
homeostase da temperatura corporal, do balanço metabólico (glicose) e
hidroeletrolítico (principalmente dos íons cálcio, sódio e potássio) e do
equilíbrio ácido- básico, além da nutrição parenteral precoce e do tratamento
das convulsões, quando presentes.
A hiperóxia pode promover redução no fluxo sanguíneo cerebral ou
potencializar a lesão causada pelos radicais livres. A hiperventilação também é
contra- indicada, pois a hipocapnia excessiva, pode reduzir o fluxo sanguíneo
cerebral15.
9. Surfactante exógeno:
A administração de surfactante exógeno para RN pré termo com síndrome
do desconforto respiratório e hoje uma conduta comum e aceita em muitas
unidades de terapia intensiva neonatais em todo o mundo. Diversos ensaios
clínicos abrangendo a administração de surfactante exógeno em RN com
síndrome do desconforto respiratório ou sob risco para o seu desenvolvimento,
demostram melhora nos padrões da gasometria arterial, dos padrões de
ventilação, menor incidência de pneumotórax e de hemorragia intraventricular e
uma redução geral na mortalidade infantil16.
10.Aspiração do tubo traqueal:
A aspiração endotraqueal , não deverá ter horários estabelecidos e sim
requer a avaliação da fisioterapia para avaliar a indicação. Deve ser realizada
quando os RN apresentem sinais de desconforto respiratório. É importante a
escolha correta do calibre da sonda de aspiração, pois a oclusão da via aérea
pela presença de calibre exagerado da sonda de aspiração é causa de
hipoxemia e micro- atelectasias, com alteração do fluxo sanguíneo cerebral,
levando a HPIV11. A aspiração pode ser responsável por traumas na mucosa
traqueobrônquica, atelectasia, hipoxemia transitória, bradicardia, apneia, entre
outros. Alguns desses efeitos podem contribuir para a patogênese das HPIV e
hipóxia cerebral. Porém, estes problemas podem ser minimizados pela
diminuição da frequência de aspiração17.
11.Pneumotórax:
A hemorragia peri-intraventricular no prematuro provavelmente tem uma
origem multifatorial, com cada fator assumindo maior ou menor importância
dependendo da situação clínica global. Os fatores mais relevantes é a
necessidade de ventilação mecânica e a ocorrência de pneumotórax19.
O pneumotórax faz uma alteração súbita da pressão, o uso de parâmetros
ventilatórios mais conservadores diminui a sua frequência. Os principais fatores
de risco são prematuridade, doença das membranas hialinas e uso de
pressões elevadas na assistência ventilatória. Clinicamente, o recém-nascido
pode apresentar-se assintomático ou mostrar graus variáveis de desconforto
respiratório, com gemido, taquipnéia e retrações. Frequentemente, o
pneumotórax se apresenta com piora súbita da insuficiência respiratória,
agitação, cianose e queda da saturação da hemoglobina. Se o diagnóstico
precoce não for realizado, poderá ocorrer o óbito, agravamento da doença já
existente ou hemorragia intraventricular18.
12. Intervenção no canal arterial patente, quando houver repercussão:
A fisiopatologia da persistência do canal arterial é complexa. Ao
nascimento, o aumento da resistência vascular sistêmica e a queda da
resistência pulmonar provocam uma inversão do shunt intraductal, que passa a
ser da esquerda para a direita. As complicações dependem, sobretudo, do
diâmetro do canal arterial, da resistência vascular pulmonar e da função
miocárdica. Esses fatores determinam a magnitude do fluxo esquerdo – direito
transductal, levando a alterações hemodinâmicas. As consequências é
aumento na incidência de hemorragias peri-intraventriculares (HPIV).
13.Uso precoce de cafeína:
O tratamento da apneia da prematuridade inclui a abordagem farmacológica
com cafeína, um poderoso estimulante do sistema nervoso central que reduz
as ocorrências de apneia neonatal, promove a consolidação de um padrão
regular de respiração e aumenta a ventilação alveolar. O tratamento adequado
de apneia no período neonatal é importante, uma vez que há maior incidência
de hemorragia peri-intraventricular (HPIV), hidrocefalia, leucomalácia
periventricular (LPV), necessidade de suporte ventilatório e alterações no
desenvolvimento neurológico no primeiro ano de vida, quando os recém-
nascidos pré-termo com apneia são comparados com os sem apneia23.
Iniciar cafeína venosa (20mg/ml – ampola) nas primeiras horas de vida e
após 24-48h de dieta enteral, passar para cafeína oral. Dose de ataque: 20
mg/kg de citrato de cafeína, EV ou VO / Dose manutenção: 5 mg/kg/dia, 1x/dia,
VO;
14.Mínimo manuseio:
O estresse da manipulação e do manuseio para a realização de
qualquer procedimento aumenta a demanda metabólica e a necessidade de
oxigênio do recém nascido, assim como as repostas fisiológicas e
comportamentais. Portanto, eventos que ocorram na UTI neonatal não
somente podem induzir as alterações agudas, como também podem
apresentar repercussões crônicas, causando muitas vezes, respostas
neurofisiológicas de impacto no desenvolvimento neurocomportamental do
RN 20.
O cuidado individualizado e a busca de racionalizar o manuseio do RN,
utilizando estratégias tais como21:
Evitar dor e estresse: blackout, estratégias não farmacológicas e
farmacológicas para dor;
Manter a cabeça em posição neutra (linha média) e a 30º: O
posicionamento do segmento cefálico do RN pré-termo virado
para o lado pode afetar o retorno venoso jugular e alterar a
pressão intracraniana e o fluxo sanguíneo cerebral;
Agrupar e ser breve na realização dos procedimentos (atentar
para os horários de rotina);
Estabelecer horários de repouso para o RN, reduzindo a
luminosidade som e manuseio desnecessário na UTI neonatal;
Troca de fralda lateralizada: evitar alteração da pressão
intracraniana;
7. CONCLUSÃO
Para a aplicação das diretrizes procurou-se realizar um apanhado de ações
multiprofissionais correlacionadas com a temática necessária para a prevenção
de hemorragia intracraniana, voltados para o cuidado com o recém-nascido,
incluindo atividades para adequar o ambiente e individualizar o cuidado desses
bebês, com base em observações comportamentais que promovam a maior
estabilização, organização e competência para ajudá-lo a conservar energia
para crescer e desenvolver-se com boa qualidade de vida. E acompanhando
com indicador da assistência de enfermagem prestada.
O enfermeiro enquanto integrante e líder da equipe assistencial deve
instituir medidas de educação permanente e treinamento como forma de
associar a teoria à prática.
A conscientização, o compromisso e a educação permanente são fatores
fundamentais para que os profissionais de saúde das UTI se envolvam e
contribuam de maneira efetiva na prevenção da hemorragia intracraniana.
8. ABREVIATURAS
RN – Recém- nascido
HIC – hemorragia intracrania
DBP – Displasia broncopulmonar
DPC – Doença pulmonar crônica
IMV – Ventilação mandatória intermitente
CPAP – pressão positiva continua em via aérea
MAP – pressão alveolar média
FiO2 - fração inspirada de oxigênio
SAT O2 – saturação de oxigênio
HPIV- hemorragias peri-intraventriculares
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