a preservação da informação arquivística governamental nas políticas públicas do brasil -...
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DOUTORADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CONVÊNIO
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL (UFF)
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
SÉRGIO CONDE DE ALBITE SILVA
A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA GOVERNAMENTAL NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL
Niterói
Rio de Janeiro
2008
A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA GOVERNAMENTAL NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL
SÉRGIO CONDE DE ALBITE SILVA
A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA GOVERNAMENTAL NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense em convênio com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciência da Informação.
Orientador: Professor Doutor José Maria Jardim
Niterói
Rio de Janeiro
2008
FOLHA DE APROVAÇÃO
TÍTULO: A preservação da informação arquivística governamental nas políticas públicas do Brasil
AUTOR: Sérgio Conde de Albite Silva
Tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense em convênio com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
ORIENTADOR: Professor Doutor José Maria Jardim Universidade Federal Fluminense - UFF Doutor em Ciência da Informação / UFRJ-IBICT
BANCA EXAMINADORA
Doutora Maria Luisa Ramos de Oliveira Soares Fundação Casa de Rui Barbosa - FCRB Doutora em Conservação-Restauração – Universidade Politécnica de Valência, Espanha.
Doutora Maria Celina Soares de Mello e Silva Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST Doutora em História Social / USP
Professora Doutora Lídia Silva de Freitas Universidade Federal Fluminense - UFF Doutora em Ciência da Informação / UFRJ-IBICT
Professora Doutora Sandra Lucia Rebel Gomes Universidade Federal Fluminense - UFF Doutora em Ciência da Informação / UFRJ-IBICT
SUPLENTES: Professora Doutora Nailda Marinho da Costa Bonato Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO Doutora em Educação / UNICAMP Professor Doutor Carlos Henrique Marcondes Universidade Federal Fluminense - UFF Doutor em Ciência da Informação / UFRJ-IBICT
À minha mãe, Edith, e ao meu pai, José (in memoriam).
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os administrativos, técnicos e docentes do PPGCI que me acolheram nestes anos, em especial à bibliotecária Sonia Regina Burnier de Souza, sempre disponível; mais especificamente, aos professores
Maria Nélida Gonzáles de Gomes Lena Vania Ribeiro Pinheiro Gilda Olinto de Oliveira Carlos Henrique Marcondes, Rosali Fernandez de Souza Sarita Albagli Liz-Rejane Issberner Legey
pelas disciplinas ministradas.
a todos os colegas de curso e, em especial, a Rafael Simone Nharreluga companheiro constante nas leituras.
aos parceiros de doutorado
Luisa Maria Gomes de Mattos Rocha, Luciana de Souza Gracioso Cláudio José Silva Ribeiro
pelos debates e pelos momentos de descontração; aos professores da banca de qualificação,
Maria Odila Kahl Fonseca (in memoriam) Sandra Rebel Gomes Lídia Silva de Freitas
ao professor José Maria Jardim porque, mais que o orientador deste meu
doutoramento, tem sido uma referência profissional desde o início de meus estudos na
graduação em Arquivologia. Agradeço, ainda, porque a sua orientação acadêmica é inspirada
e inspiradora. E, além de tudo, agradeço ao professor José Maria Jardim por repartir o seu
conhecimento de forma generosa e bem humorada.
à minha mulher, Rosiane, pela paciência com que me ouviu e pelas inúmeras
sugestões de redação, sempre acompanhadas das respectivas explicações e justificativas
baseadas na norma culta do idioma.
Deus pode fazer o que quiser. Para ele não há compreensão nem crítica. É a entrega pura e simples do escravo. (...) É o diabo quem inspira aos homens o desejo da ciência e foi esse desejo que causou o pecado original. (...) A ciência e a técnica procuram produzir na terra o céu longa e desanimadoramente prometido pelo messianismo.
Oswald de Andrade, A Crise da Filosofia Messiânica. Tese para concurso da cadeira de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 1950.
O espírito científico deve formar-se contra a Natureza, contra o que é, em nós e fora de nós, o impulso e a informação da Natureza, contra o arrebatamento natural, contra o fato colorido e corriqueiro. O espírito científico deve formar-se enquanto se reforma. (...) Na construção da ciência, só se ama aquilo que se destrói, só se pode continuar o passado, negando-o, só se pode venerar ao mestre, contradizendo-o.
Gaston Bachelard, A Formação do Espírito Científico, 1938.
Tempo: o devorador de todas as coisas. Ovídio, Romano, 43-17 a.C
RESUMO
Investiga a preservação da informação arquivística do Poder Executivo federal brasileiro entre
1995 e 2005 em sua relação com as políticas públicas arquivísticas. A preservação da
informação arquivística é entendida como necessariamente contínua e de longo prazo e como
um dos procedimentos operacionais da gestão de documentos, e sua implementação está
condicionada pela formulação de políticas públicas pertinentes. Foram tomadas como
referências as ações do Conselho Nacional de Arquivos e do Arquivo Nacional no período.
Conclui que sem políticas públicas arquivísticas é menor a possibilidade de preservação e de
acesso à informação do Poder Executivo federal. Conclui também que um conjunto de
intervenções de preservação isoladas e intermitentes não é capaz de assegurar permanência e
durabilidade à informação arquivística governamental. E que políticas públicas arquivísticas
que contemplem a preservação da informação governamental não se concretizam sem
recursos financeiros orçamentários.
Palavras-chave: preservação, informação arquivística, políticas públicas, Conselho Nacional
de Arquivos, Arquivo Nacional.
ABSTRACT
This research investigates the preservation of the governmental information (records and
archives) of the Brazilian federal Executive Branch between 1995 and 2005 in its relationship
with an Archival public policy. The preservation of the archival information stated-owned,
understood as necessarily continuous and in a long term and as a records management’s
procedure, is conditioned by the formulation of a pertinent public policy. This thesis studies
the actions developed by the Brazilian National Archives Council and the National Archives.
It concludes that without an Archival public policy will be more difficult to preserve and to
offer access to the governmental information of the Executive Branch. It also concludes that a
group of isolated and intermittent preservation actions is not capable to assure permanence
and durability to the governmental, and that an Archival public policy is not rendered without
financial resources.
Key-words: archives preservation, public records custody, public policy, governmental
information.
SUMÁRIO página
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 21 2 2.1 2.2 2.2.1 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2
ESTADO, SOCIEDADE CIVIL, DEMOCRACIA E INFORMAÇÃO..... O ESTADO COMO CONCEITO E O CONCEITO DE ESTADO................. SOCIEDADE CIVIL NA REALIDADE HISTÓRICA BRASILEIRA...........
Regime político......................................................................................... DEMOCRACIA E CIDADANIA – DOIS CONCEITOS, UM MESMO SENTIDO.......................................................................................................... INFORMAÇÃO – DO ARTEFATO AO MENTEFATO................................
Informação, Estado e políticas.................................................................. Informação arquivística.............................................................................
40445152
54555863
3 3.1 3.2 3.3
POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................ POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITUAÇÃO GERAL E HISTÓRICA......... ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL................................. A QUESTÃO POLÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS...............................
67688089
4 4.1 4.2 4.3 4.3.1 4.3.2
PRESERVAÇÃO NOS ARQUIVOS E NA ARQUIVOLOGIA................. A PERSPECTIVA DA LITERATURA INTERNACIONAL.......................... PRESERVAÇÃO NO BRASIL – UM DEBATE EM ABERTO..................... PRESERVAÇÃO COMO FUNÇÃO ARQUIVÍSTICA..................................
No cenário arquivístico internacional........................................................ No cenário arquivístico nacional................................................................
100103121130131137
5 5.1 5.1.1 5.2 5.3 5.4
ORÇAMENTO, POLÍTICAS PÚBLICAS E PRESERVAÇÃO................ SOBRE O ORÇAMENTO................................................................................
Aspectos metodológicos............................................................................ O ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO ENTRE 1995 E 2005........................ AS INSTITUIÇÕES DE PRESERVAÇÃO E RESPECTIVOS ORÇAMENTOS................................................................................................ O ARQUIVO NACIONAL NO ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO...........
148149150152
158169
6 6.1 6.1.1 6.1.1.1 6.1.1.2 6.1.1.3 6.2 6.2.1
O CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS E O ARQUIVO NACIONAL..................................................................................................... O CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS – CONARQ...........................
Preservação e política nas atas e resoluções do CONARQ........................ As atas do CONARQ............................................................................ Preservação, política e financiamento................................................. As resoluções do CONARQ..................................................................
O ARQUIVO NACIONAL............................................................................... O relato das atividades...............................................................................
190193199201207217219224
7 7.1 7.2 7.2.1 7.2.2
AS ENTREVISTAS.........................................................................................CONARQ, POLÍTICA NACIONAL DE ARQUIVOS E PRESERVAÇÃO... PRESERVAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE DOCUMENTOS................
A questão conceitual da preservação......................................................... A preservação e a gestão de documentos...................................................
240245253253257
7.2.3 7.2.4 7.3 7.4
A preservação e as políticas, públicas e institucionais............................... O significado da expressão “acervo preservado”......................................
O ARQUIVO NACIONAL E A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA DO EXECUTIVO FEDERAL............................................. PRESERVAÇÃO, ARQUIVO NACIONAL E OS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS.........................................................................................
260262
264
267 8 REFLEXÕES FINAIS.................................................................................... 273 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 281
APÊNDICES.................................................................................................... A – Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo
Federal por órgão e unidade orçamentária..................................... B – Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo
Federal por programa.................................................................... C – Planos Plurianuais – programas de preservação de acervos
documentais.................................................................................... D – Sites do Governo que apresentam as dotações orçamentárias dos
programas e ações analisados......................................................... E – Datas das atas e resoluções CONARQ entre 1995 e 2005............. F – Os conselheiros do CONARQ, as instituições que representam e
a freqüência de participação nas plenárias..................................... G – Síntese das atas e resoluções do CONARQ................................... H – Comunicações em Congressos, artigos de periódicos e
dissertações e teses que abordam o tema pesquisado..................... I – A íntegra das entrevistas................................................................
297
297
307
325
339343
344346
390398
1 INTRODUÇÃO A pergunta mais difícil de ser respondida é aquela cuja resposta é óbvia.
Bernard Shaw
Esta tese de doutorado foi desenvolvida na linha de pesquisa “Informação,
Conhecimento, Sociedade” na área de concentração “O Conhecimento da Informação e a
Informação para o Conhecimento” e tem como objeto a preservação da informação
arquivística governamental, especialmente aquela produzida pelo Poder Executivo federal
brasileiro, tendo em vista a formulação e implementação de políticas públicas no Estado
brasileiro, entre 1995 e 2005.
Apresentam-se aqui, a circunstância que levou ao problema de pesquisa, a questão de
pesquisa em si e os respectivos marco teórico-conceitual, campo empírico, objetivos,
hipóteses e metodologia. Um breve resumo do conteúdo de cada um das seções da tese
encerra a introdução.
A preservação, hoje em dia, reúne uma série de procedimentos e intervenções de
tratamento que tendem a considerar não apenas o documento, mas principalmente a função
social da informação materialmente registrada no suporte. A questão não é mais como
preservar, mas o que e por que preservar. Esta tese pretende analisar o estágio atual das
questões que tratam da preservação da informação arquivística governamental, procurando
identificar limites e interseções possíveis entre a preservação dessa informação, a
Arquivística, a Ciência da Informação e os aspectos políticos relacionados. Isto significa a
necessidade de se considerar mudanças que alteram a ênfase da preservação do suporte para
as garantias de processabilidade da informação no tempo e no espaço. Nesse sentido, esta
pesquisa aponta para o papel crescente que as políticas públicas podem passar a desempenhar
na preservação da informação governamental produzida e acumulada hoje, seja ela em
22
formato e suporte tradicional (manuscrita, impressa, gravada, em papel, fotografias, filmes,
fitas magnéticas etc.) ou em registros eletrônicos/digitais em suportes óticos/magnéticos.
A preservação da informação arquivística governamental registrada em suporte
convencional e acumulada há décadas não é ainda uma questão resolvida no Brasil. Ou seja,
os arquivos públicos brasileiros ainda têm sérios problemas de preservação dos documentos
tradicionais sob sua custódia, que vão desde ataques de fungos, térmitas, anóbios, acidez do
papel, até a inexistência ou inconsistência nos procedimentos de avaliação, levantamento e
controle de acervos, além de carência de inventários, de recursos humanos e orçamentários
etc. De outro lado, o advento dos documentos digitais na administração pública tem sido um
fator adicional que complica ainda mais a preservação da informação arquivística
governamental. Em um primeiro momento, as perdas dos registros eletrônicos/digitais em
suportes óticos/magnéticos se dão da mesma forma que as perdas dos registros nos
documentos analógicos/convencionais. Como nos documentos convencionais, ocorrem no
universo microscópico, em um processo lento, silencioso, sendo, no início, imperceptíveis. O
diferencial agravante é que a preservação dos registros eletrônicos/digitais não contempla a
possibilidade do acaso, pois depende de escolhas e decisões anteriores, que remetam ao
momento em que a informação é produzida.
Tanto em um caso com no outro, o conhecimento e os recursos financeiros disponíveis
e as estratégias adotadas não têm sido suficientes e eficazes para assegurar durabilidade e
permanência às informações arquivísticas governamentais de forma contínua e a longo prazo.
Partindo desse pressuposto e circunstância, esta pesquisa tratou de aprofundar os
estudos nesses aspectos. Para isso, adotou-se o entendimento de que a preservação da
informação arquivística do Executivo federal deve ser tratada como uma questão de Estado e
de governo. Uma questão de Estado, porque é no ambiente relacional do Estado que o
indivíduo (sociedade civil, no conceito ampliado de Estado de Gramsci) terá, pelo menos de
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forma potencial, a possibilidade de, por meio do acesso à informação produzida e preservada
pelo Estado (sociedade política, no sentido estrito, no mesmo conceito de Gramsci), buscar e
exigir direitos fundamentais de liberdade pessoal, política e econômica e direitos sociais de
participação política e distribuição da riqueza social. Seria essa, pois, uma função de Estado
que, em um ambiente democrático, teria a sociedade como co-partícipe (JARDIM, 2003, p.
40). Uma questão de governo porque o exercício cotidiano do poder e o funcionamento
institucional burocrático dependem da informação produzida, recebida e acumulada pelo
governo. E é a preservação dessa informação arquivística que poderá garantir, tanto esse
exercício cotidiano do poder, como ainda possibilitar a recuperação da memória de atos e
decisões governamentais ao longo do tempo.
Para compreender como o Estado e o governo brasileiros têm atuado em relação ao
tema e em que grau e extensão têm investido em políticas públicas voltadas para a
preservação da informação arquivística do Executivo federal, elegeu-se, como principais
referências de estudo, as ações empreendidas pelo Conselho Nacional de Arquivos -
CONARQ, órgão nacional colegiado com representantes do governo e da sociedade, e pelo
Arquivo Nacional - AN, órgão federal integrante da estrutura da Casa Civil da Presidência da
República, entre os anos 1995 e 2005.
Considera-se que a informação arquivística governamental é um recurso estratégico
para as tomadas de decisão na administração pública e para a consolidação da cidadania. A
preservação dessa informação é entendida nesta pesquisa como um elemento fundamental
para o desenvolvimento individual e da sociedade. Privilegiou-se, portanto, uma visão de
preservação que leva em conta o uso e o acesso dos registros informacionais do Estado e do
governo capazes de garantir direitos sociais e individuais em detrimento da preservação de
sentido cultural e de memória, que ainda predomina no Brasil.
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Espera-se que as verificações produzidas e apontadas nesta tese possam oferecer
algum tipo de contribuição à compreensão do tema e contribuir para a preservação da
informação arquivística governamental.
Quivy e Campenhoudt (2003, p. 31) ensinam:
O primeiro problema que se põe ao investigador é muito simplesmente o de saber como começar bem o seu trabalho. [...] Uma investigação é, por definição, algo que se procura. É um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal, com todas as hesitações, desvios e incertezas, que isso implica. Muitos vivem esta realidade como uma angústia paralisante; outros, pelo contrário, reconhecem-na como um fenômeno normal e, numa palavra, estimulante.
O desenvolvimento de uma área de conhecimento envolve, para além dos recursos
materiais, uma intensa atividade intelectual, que não acontecerá anonimamente nem de uma
hora para outra. Os atores devem se apresentar e o produto será resultado de um processo de
construção. A Arquivologia e a Ciência da Informação, como áreas do conhecimento das
Ciências Sociais Aplicadas, nas quais se estruturam histórica e conceitualmente, configuram-
se como o lócus adequado para obterem-se os referenciais epistemológicos necessários à
compreensão do problema e às possíveis diretrizes que apontem para a integridade dos
registros e subseqüente uso seguro da informação governamental, nesse processo de
construção. A compreensão teórica dessa realidade reforça as possibilidades da preservação
da informação arquivística governamental. Assim, o estudo desenvolvido nesta pesquisa é de
caráter interdisciplinar e envolve, principalmente, aspectos da Arquivologia e da Ciência da
Informação, se estende à Análise das Políticas Públicas e a alguns aspectos da Sociologia e da
Administração.
Sobre a proximidade entre a Arquivologia e a Ciência da Informação, Fonseca (2005,
p. 101) percebeu que as relações interdisciplinares entre essas áreas do conhecimento são
mais fortes no Brasil do que no restante do mundo. A homogeneidade com que teses e
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dissertações com temáticas arquivísticas são acolhidas em diferentes programas de pós-
graduação em Ciência da Informação no Brasil ratifica a existência de efetivas relações
interdisciplinares entre ambas as áreas.
Os anteparos teóricos recolhidos nas disciplinas mencionadas subsidiaram o
pesquisador no complexo universo das idéias e dos sentidos. A questão conceitual foi
recorrente em todo o trabalho. Isto é, aparece nesta tese em vários momentos e em diferentes
graus de profundidade. Está nas seções iniciais, que dão forma ao quadro teórico-conceitual, e
estende-se até às entrevistas, que encerram o estudo do campo empírico. Preservação e
políticas públicas são os temas enfatizados.
A preservação da informação, do ponto de vista das políticas públicas, é um tema que
vêm ocupando com cada vez mais freqüência e abrangência a pauta de organismos
internacionais. A atual diversidade dos suportes e a proliferação dos meios de produção,
controle, armazenamento e distribuição da informação ratificam a necessidade de ampliação
proporcional do conhecimento, do desempenho e da participação efetiva do profissional da
informação nas questões relativas à preservação, no Brasil e no mundo.
Em documento intitulado “Diretrizes políticas para o desenvolvimento e a promoção
da informação governamental de domínio público”1, resultado da Conferência Geral da
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO2, realizada
em Paris, em 1997, cuja versão final foi compilada e redigida em 20043 por Paul F. Uhlir, são
1No original: Policy guidelines for the development and promotion of governmental public domain information.
A informação governamental de domínio público é aquela parcela da informação do Estado que é publicamente acessível e cuja utilização não infringe quaisquer restrições de segurança do Estado, da sociedade e da vida privada, nem qualquer direito legal ou obrigação de confidencialidade (UHLIR, 2006, p. 28).
2Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - fundada em 1945, é uma agência especializada das Nações Unidas, que, por meio da Educação, Ciências Sociais e Naturais, Cultura e Comunicação, funciona como um laboratório de idéias e como uma agência de padronização para formar acordos universais nos assuntos éticos emergentes. A UNESCO também serve como uma agência do conhecimento – para disseminar e compartilhar informação e conhecimento – enquanto colabora com os Estados-membro na construção de suas capacidades humanas e institucionais em diversos campos. Em suma, a UNESCO promove a cooperação internacional entre seus 191 Estados Membros e seis Membros Associados nas áreas de educação, ciências, cultura e comunicação. Disponível em: <http://www.unesco.org.br/unesco/nomundo/index_html/mostra_documento>. Acesso em: 13 set. 2006.
3A tradução brasileira é de 2006.
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apresentadas orientações aos Estados membros sobre as políticas destinadas a elaborar e
promover informação de domínio público4, levando em conta as necessidades dos países e os
procedimentos utilizados no plano internacional. Sobre uma primeira minuta, apresentada em
2003, manifestaram-se as comissões nacionais da Alemanha, Eslováquia, Espanha, Finlândia,
França, Geórgia, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Lituânia, México, Países Baixos e Paquistão, o
governo dos Estados Unidos, a Organização Mundial da Propriedade Intelectual e
especialistas da Universidade de Buenos Aires – Argentina, da Universidade de Oxford – UK,
do National Commission on Libraries and Information Science (NCLIS) – EUA, o Ministro
da Educação, Cultura e Ciência dos Países Baixos, o Departamento para o Desenvolvimento
Internacional do UK, o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação da Dinamarca e a
National Academy of Engineering dos EUA. O Brasil, apesar de país membro, não se
manifestou.
Nesse documento, entre outros aspectos, constam dez princípios considerados
essenciais e básicos para elaborar e promover informação governamental de domínio público,
dos quais destacam-se os cinco a seguir reproduzidos e analisados:
a) A informação do setor público é um recurso nacional valioso. A disponibilidade dessa informação, reconhecida por lei, ajuda a assegurar a liberdade de expressão dos cidadãos, bem como a responsabilidade do governo e de seus órgãos públicos em gerir as operações governamentais, manter o desempenho saudável da economia e prover os serviços essenciais à sociedade. A maximização do fluxo aberto e irrestrito de informação entre o governo e o público é um aspecto fundamental para uma sociedade democrática e para a promoção de uma boa governança5 (UHLIR, 2006, p. 37) .
4A informação de domínio público refere-se à informação publicamente acessível, cuja utilização não infringe
qualquer direito legal, ou qualquer obrigação de confidencialidade. Refere-se, portanto, por um lado, ao domínio de todos os trabalhos, ou objetos de direitos relativos, que podem ser explorados por todos sem qualquer autorização, por exemplo quando a proteção não é concedida por lei nacional ou internacional, ou devido à expiração do termo de proteção. Refere-se, por outro lado, a dados públicos e informações oficiais produzidos e voluntariamente disponibilizados por governos ou organizações internacionais (UHLIR, 2006, p. 12).
5“[...] a discussão mais recente do conceito de governance ultrapassa o marco operacional para incorporar questões relativas a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico (Hollingsworth, Schmitter e Streeck apud Melo, 1999). Incluem-se aí, não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e
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Não é por acaso que o reconhecimento da informação como um recurso nacional
valioso aparece como a frase inicial do primeiro princípio do documento da UNESCO. Nas
sociedades democráticas, um dos aspectos que mais caros à cidadania é a prestação de contas
dos governos à sociedade. Quando a UNESCO, uma instituição prioritariamente dedicada à
educação, à ciência e à cultura, reconhece que a informação governamental é um fator
fundamental para a boa governança e para o controle dos governos, evidencia sua disposição
de ampliar suas responsabilidades com a preservação e acesso da informação governamental.
Ao explicitar que a informação governamental é também um recurso estratégico para o
desenvolvimento social e econômico, a UNESCO aponta novos usos e possibilidades para a
informação produzida pelos governos. O reconhecimento da informação governamental como
recurso e meio para, por exemplo, aumento de receita e de investimentos de um país, com
uma subseqüente melhora nos serviços sociais prestados, pode e deve ser considerado não
apenas por seus aspectos de ordem prática, mas também pelo componente político desse fato.
Ou seja, a informação governamental se torna explicitamente uma variável endógena da
economia e das decisões econômicas. Ganha visibilidade social, estratégica e econômica,
serve à democracia, antes mesmo de atender as demandas da construção da memória e da
história. Entre as diversas alterações metodológicas, técnicas, científicas e políticas sugeridas,
a UNESCO salienta a necessidade de os governos aumentarem o financiamento e o
investimento nas rubricas orçamentárias para a preservação da informação governamental.
Investir na preservação da informação governamental não é exatamente uma idéia nova, mas,
nos termos acima apresentados, pode tornar-se um fator decisivo para a recomposição dos
articulação de interesses, tais como partidos políticos e grupos de pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos.” (SANTOS, 1997) Ou ainda: “Governança refere-se à capacidade governativa em sentido mais amplo ‘envolvendo a capacidade da ação estatal na implantação das políticas e na consecução das metas coletivas’, incluindo ‘o conjunto dos mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade’”(DINIZ, 1996, p. 12-13 apud JARDIM, 2000a, grifo do autor).
28
investimentos na área e um sinal da viabilidade financeira de uma política pública de
informação, ou de arquivos.
O segundo princípio registra:
b) Em quase todos os países, o setor público é o maior produtor individual, coletor, consumidor e disseminador de informação. Devido à extensão das atividades de informação do setor público e da dependência dessas atividades da cooperação pública, a gestão dos recursos de informação do setor público é uma questão de importância contínua para todas as entidades governamentais e para o público (UHLIR, 2006, p. 37).
O volume de informação produzida pelo governo e a utilização dessa informação não
apenas pelo público, mas pelo próprio governo, indicam, segundo a UNESCO, a necessidade
da adoção de intervenções técnicas no tratamento da informação de forma contínua e
permanente. De que maneira tais características poderiam ser asseguradas, fora de uma
política pública? Simples mudanças ou ajustes na gestão governamental seriam capazes de
substituir a descontinuidade e efemeridade, observadas historicamente na preservação e
acesso da informação governamental, pela permanência e continuidade?
O quinto princípio do documento da UNESCO refere-se à gestão e à preservação.
e) A gestão estratégica e sistemática dos registros oficiais de organizações públicas é essencial. A preservação desses dados a longo prazo protege os registros históricos de entidades públicas, ajuda a garantir a responsabilidade pública e protege os direitos legais e financeiros do setor público e do público em geral (UHLIR, 2006, p. 38).
O documento da UNESCO considera essencial que a gestão e a preservação da
informação governamental se dê de maneira sistemática. E não apenas por seus aspectos
históricos e de memória, mas por que protegeria direitos legais e financeiros. A destinação de
verbas públicas orçamentárias para a preservação da informação governamental, arquivística
ou não, obedece a critérios econômicos e financeiros, mas também depende de decisões
políticas que a viabilize. Isto é, a materialização da preservação estratégica e sistemática da
29
informação arquivística governamental no escopo de uma política pública de arquivos
depende da disposição do governo de, entre outras escolhas, destinar-lhe recursos financeiros
também de forma sistemática e contínua. É, portanto, uma escolha política. Inclusive, para
suprir as necessidades de infra-estrutura técnica, como bem salienta o último princípio do
documento da UNESCO.
j) É fundamental que o governo esteja disposto a promover o acesso à informação e a estabelecer uma política compreensiva. Contudo, uma política de informação pública6 eficiente e moderna requer a implementação de uma infra-estrutura técnica de informação em nível nacional (UHLIR, 2006, p. 39).
A indicação de que a adoção de uma política abrangente depende da disposição do
governo remete ao componente político dessa decisão. Da mesma forma, o alerta de que uma
política de informação requer uma infra-estrutura técnica, o que implica verbas, investimentos
e financiamentos, remete ao papel que o orçamento de um país tem nessa circunstância. O que
implica compreender o universo das políticas públicas formuladas e as decisões e escolhas
feitas para a sua implementação.
O enfoque dado nesta pesquisa deriva dos pressupostos acima arrolados. Isto significa
que, nesta tese, a preservação da informação governamental foi analisada, prioritariamente,
sob a ótica das escolhas e decisões epistemológicas, orçamentárias e políticas produzidas para
preservar a informação arquivística do Poder Executivo federal brasileiro. As políticas
públicas de preservação ficaram como pano de fundo do estudo.
A revisão da literatura proporcionou a delimitação de um marco teórico-conceitual que
embasou a investigação sobre as relações entre as políticas públicas e a preservação da
6A UNESCO define apenas “informação do setor público” como sendo qualquer informação que seja produzida
por uma entidade do setor público. Por entidade do setor público, a UNESCO entende todo órgão governamental de nível nacional, regional ou local, salientando que a noção de setor público difere de país para país, profundamente influenciada pelas respectivas cultura e história. Assim, podem abranger desde organizações encarregadas por lei com autoridade estadual ou funções de serviço público; por organizações especificamente definidas para fazer parte do setor público em uma lei específica; ou por todos os órgãos substancialmente financiados com recursos públicos (UHLIR, 2006, p. 25).
30
informação arquivística do Executivo federal, objeto desta pesquisa. São abordados, portanto,
no âmbito do marco teórico-conceitual desta tese, o conceito de Estado; a sociedade civil na
realidade histórica brasileira e a noção de regime político; democracia e cidadania;
informação; informação, Estado e políticas; informação arquivística e preservação nos
arquivos e na Arquivologia.
O campo empírico escolhido ofereceu a possibilidade de se verificar como, entre 1995
e 2005, a preservação da informação arquivística do Poder Executivo federal se apresenta no
Estado brasileiro, considerado este em sua dimensão informacional. Para isso, elegeram-se
documentos oficiais, atores e narrativas que materializaram as ações empreendidas pelo
Conselho Nacional de Arquivos, órgão nacional colegiado com representantes do governo e
da sociedade, e pelo Arquivo Nacional, órgão federal integrante da estrutura da Casa Civil da
Presidência da República. Assim, atas, relatórios de atividades, instrumentos legais (portarias,
resoluções, instruções normativas), documentos relativos a programas e projetos, relatórios
com recursos orçamentários recebidos e aplicados, bem como as falas de conselheiros do
Conselho Nacional de Arquivos e de dirigentes do Arquivo Nacional foram analisados e
criticados.
O objetivo geral da pesquisa foi refletir sobre a preservação da informação arquivística
do Executivo federal, mapeando o papel do Estado brasileiro na questão a partir da atuação do
CONARQ e do Arquivo Nacional, entre 1995 e 2005. O objetivo geral desdobrou-se em seis
objetivos específicos:
1 Identificar como, no Estado brasileiro, a preservação da informação arquivística
governamental, especialmente, a do Poder Executivo federal, se apresentou entre
1995 e 2005;
31
2 Mapear as ações e os “vazios” na atuação do CONARQ e do Arquivo Nacional
entre 1995 e 2005 para confrontar com os eventuais resultados obtidos na
preservação da informação arquivística do Executivo federal brasileiro;
3 Levantar os argumentos e narrativas dos membros do CONARQ e dos dirigentes
do AN que atuaram entre 1995 e 2005 e explicitar o entendimento da questão da
preservação da informação arquivística do ponto de vista dessas instituições;
4 Incluir a análise quantitativa e qualitativa do Orçamento Geral da União no período
demarcado como um dos elementos para o estudo da preservação da informação
arquivística do governo federal no Brasil;
5 Identificar possíveis estruturas conceituais e metodológicas que articulem a
Arquivologia, a Ciência da Informação e a Preservação, com vistas à ampliação
da pesquisa sobre a preservação da informação arquivística governamental;
6 Reforçar o vínculo entre a preservação da informação arquivística governamental e
o campo das políticas públicas no Brasil.
A tese que norteia esta pesquisa é que a preservação contínua e a longo prazo da
informação arquivística produzida e acumulada pelo Poder Executivo federal do Brasil está
condicionada à formulação e implementação de políticas públicas. Sem políticas públicas
arquivísticas, tende a ser menor a possibilidade de se preservar, de forma contínua, a
informação arquivística governamental, como tende a ser maior a dificuldade de se garantir o
seu acesso a longo prazo. As ações empreendidas entre os anos 1995 e 2005 pelo Arquivo
Nacional (órgão federal integrante da estrutura da Casa Civil da Presidência da República) e
pelo Conselho Nacional de Arquivos (órgão nacional colegiado com representantes do
governo e da sociedade) mostraram-se insuficientes para garantir a preservação e o acesso dos
registros informacionais arquivísticos produzidos pelo Executivo federal do Brasil.
32
Identifica-se a existência de um discurso no Brasil que afirma que preservar é
fundamental. Esse discurso é manifestado de diferentes formas e em diferentes lugares.
Aparece tanto em setores da sociedade política como em parte da sociedade civil. Surgiu nos
últimos 20 anos. Pode ser associado, portanto, à democratização do país. Está presente em
movimentos sociais7 que defendem a preservação do meio-ambiente e a proteção de matas e
de animais ameaçados de extinção. Passa pela arquitetura urbana com argumentos prós e
contras as APACs (Área de Proteção ao Ambiente Cultural) das grandes cidades. O
tombamento de monumentos e cidades históricas cada vez mais ocupa espaço na mídia e
freqüenta as discussões cotidianas dos cidadãos. Faz parte das preocupações de técnicos de
arquivos, bibliotecas e museus, responsáveis pela conservação de acervos. A preservação
consta da legislação brasileira, integra muitos pronunciamentos de governos e de políticos,
está redigida em estatutos de muitas instituições públicas e é identificada como uma das
funções das agências governamentais. Pode-se afirmar, portanto, que a preservação é um
valor reconhecido, tanto pelo Estado (sociedade política, conforme Gramsci) como pela
sociedade civil. Verifica-se que o discurso da democratização da informação tende a carregar
junto o discurso da preservação da informação. Percebe-se, ainda, um certo grau de unidade e
coesão nessas narrativas. Mas as ações de preservação empreendidas no Estado brasileiro,
capitaneadas pelas agências governamentais e instituições públicas, são realizadas de maneira
intermitente. Raramente são avaliadas.
Especificamente em relação à informação arquivística governamental, o Estado
brasileiro tem sido incapaz, historicamente, de garantir a sua preservação, apesar de suas
responsabilidades legais e operacionais na questão. Ou seja, o Estado brasileiro tem
legislação para o tema, da Constituição federal de 1988 à Lei no 8.159, de 1991, entre tantas
7Entendidos como tentativas fundadas num conjunto de valores comuns e destinadas a definir as formas de ação
social e a influir nos seus resultados. (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 787).
33
outras. Destina anualmente recursos do Orçamento Geral da União8 para programas e projetos
de preservação. Eventualmente, contrata e treina técnicos e especialistas na área. Apesar
disso, constata-se que a informação arquivística governamental não tem assegurada a sua
preservação e acesso.
O retorno da democracia em 1985, a “Constituição cidadã” de 1988 e a criação do
Conselho Nacional de Arquivos em 1991, não foram capazes de alterar esse quadro. O Estado
brasileiro continua sem promover políticas públicas que contemplem a preservação da
informação arquivística governamental. Dessa forma, constata-se a vocação histórica do
Estado brasileiro de tratar a questão de forma periférica. Realidade que não se verifica em
países como, por exemplo, a França e os Estado Unidos, onde a preservação é uma questão de
Estado.
A persistir nessa forma, o Estado brasileiro tende a sacramentar, no século XXI, os
mesmos processos de decomposição e de perda irreversível da informação, negando, a priori,
um dos elementos fundamentais para a consolidação da cidadania e da democracia
contemporâneas: uma informação governamental preservada e passível de ser acessada. A
ausência de uma política pública de arquivos dificulta a preservação contínua e a longo prazo
da informação arquivística do governo federal do Brasil. Registre-se que a informação
governamental nos estados e municípios passa pelos mesmos problemas.
Para compreender essa circunstância foram consideradas para este estudo
• uma dimensão histórica relacionada com a trajetória do Estado brasileiro na
última década, representada pela atuação do CONARQ e do AN entre 1995-
8O Orçamento-Geral da União é o instrumento utilizado pelo Governo Federal para definir como os recursos
arrecadados dos cidadãos por meio dos tributos (impostos, taxas etc.) são aplicados em projetos e políticas públicas, que visam melhorar a vida do brasileiro, pelo atendimento de necessidades ou de demandas da sociedade. No conjunto do Orçamento-Geral da União, cada órgão federal é beneficiado com orçamento próprio, para que possa desenvolver aquelas atividades relacionadas à sua área de atuação. (Advocacia Geral da União. Disponível em: <http://www1.transparencia.gov.br/TransparenciaCliente/execucao.jsp?CodigoOrgao=20114&TipoOrgao=2>. Acesso em: 15 nov. 2006.
34
2005. Considerou-se o Estado como um campo informacional, e neste, a
preservação da informação arquivística do Poder Executivo federal;
e
• uma dimensão política, na qual a análise das políticas públicas, ou da sua
ausência expressa em ações isoladas, será enfocada em seus aspectos políticos,
cognitivos e institucionais.
Para alcançar os objetivos anteriormente referidos recorreu-se a recursos
metodológicos e operacionais que nortearam o percurso para a produção desta tese. A
metodologia de pesquisa é uma escolha e, assim, uma construção de quem investiga.
Na visão de Megale (1989, p. 66), a metodologia abrange o método – conjunto de
referências teóricas e idéias que orientam a investigação de um problema – e as técnicas de
pesquisa – conjunto de instrumentos de coleta, tabulação, análise e interpretação de dados. Já
para Lakatos e Marconi depreende-se que metodologia científica é o conjunto de teorias,
hipóteses, variáveis, conhecimento e métodos científicos para planejar e executar uma
pesquisa, e o método científico é
[...] o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (LAKATOS; MARCONI, 1983, p. 41).
A abordagem e a perspectiva metodológicas utilizadas nesta tese recorreram de forma
combinada, basicamente, a dispositivos e recursos qualitativos, ainda que elementos
quantitativos tenham sido utilizados para subsidiar as interpretações realizadas. Serão
expostos a seguir alguns elementos específicos dos métodos e das técnicas de pesquisa que
subsidiaram este trabalho. Antecipa-se, entretanto, que nas seções da tese discorre-se sobre
outros elementos metodológicos, específicos e complementares.
35
Os métodos e as técnicas que compuseram a metodologia da pesquisa foram a análise
bibliográfica, a análise documental e a entrevista.
A análise bibliográfica, realizada na forma de uma revisão de literatura sobre o tema,
configurou e consubstanciou o quadro teórico-conceitual que sustentou a investigação do
problema. Além da literatura técnica e científica, foram ainda analisadas a Constituição
federal e a legislação que trata do tema. A par da revisão da literatura, levantou-se a
quantidade da produção bibliográfica acadêmica disponível sobre o tema no Brasil. A leitura
de 2.231 títulos de artigos de periódicos, comunicações em Congressos, dissertações e teses
de Programa de Pós-Graduação brasileiros, na área da Arquivologia e da Ciência da
Informação, entre 1972 (ano do I Congresso Brasileiro de Arquivologia) e 2007, revelou
quantos trabalhos abordaram a relação entre preservação/políticas,
arquivo/informação/políticas e preservação/conservação/restauração. O resultado do
levantamento com 165 trabalhos identificados está no Apêndice H desta tese.
A análise documental abrangeu três universos: o Orçamento Geral da União, o
CONARQ e o Arquivo Nacional.
Com o estudo do Orçamento Geral da União, tratou-se de conhecer a qualidade e
quantidade dos recursos públicos distribuídos para a preservação de acervos custodiados em
cinco instituições públicas federais: Arquivo Nacional, Fundação Biblioteca Nacional,
Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Nacional de Artes e Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. Algumas dificuldades surgiram na análise do OGU. Para
examinar o conteúdo dos relatórios orçamentários foi necessário recorrer-se a conhecimentos
e aspectos da Contabilidade. Além disso, a forma como os relatórios orçamentários são
produzidos em nada facilita a tarefa de quem se dedica a compreendê-los. De um ano para o
outro são muitas e variadas as alterações de forma e de conteúdo. À dificuldade de lidar com
números e cifras contábeis se juntam as constantes mudanças nas denominações utilizadas nas
36
tabelas orçamentárias: o que era “dotação”, passa a ser “dotação anual”, depois, “dotação do
exercício” ou “dotação para o exercício”; “execução” passa a ser “despesa liquidada”, a qual é
acrescido “valor pago” etc. Um outro problema é que, à medida que se retroage no tempo, fica
mais difícil ter acesso aos relatórios orçamentários do governo. Os relatórios a partir do ano
de 1999 estão quase todos disponíveis em sites dos Ministérios, na internet. O mesmo já não
ocorre com aqueles dos anos anteriores. Exemplo disso, têm-se em relação aos dois principais
tipos de relatórios analisados: o Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal,
produzido pelo Ministério da Fazenda - MF; e o Relatório de Acompanhamento dos Planos
Plurianuais, produzido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG. Os do
primeiro tipo (Execução Orçamentária - MF) estão disponíveis em sites do governo federal
desde 1995. Já os relatórios do PPA (MPOG) estão disponíveis somente a partir do segundo
Plano (1996-1999). Mesmo assim, são inúmeras as lacunas existentes.
Um outro problema diz respeito a algumas cifras e valores apresentados, que nem
sempre coincidem. Há cifras nos relatórios do Ministério da Fazenda, que, apesar de se
referirem à mesma rubrica, apresentam valores diferentes das registradas nos relatórios do
Ministério do Planejamento. O mesmo acontece com os dados dos relatórios institucionais,
que nem sempre batem com os dos Ministérios. De todo modo, apesar dessas e outras
dificuldades, este estudo foi facilitado pelo recurso da internet. Os dados e cifras das rubricas
orçamentárias consideradas mais relevantes para a pesquisa foram relacionadas
quantitativamente e expressas em termos absolutos e percentuais, o que resultou em quadros e
gráficos que, por sua vez, subsidiaram as abordagens qualitativas dos dados do OGU. A opção
pelo recurso quantitativo em uma pesquisa essencialmente qualitativa justifica-se pelo
subsídio que as relações quantitativas nas contas públicas proporcionam à análise qualitativa
das políticas públicas.
37
Em relação ao CONARQ e ao Arquivo Nacional, a análise documental foi realizada
em fontes primárias e secundárias, arquivísticas e bibliográficas, constituídas pelas atas,
relatórios, portarias, resoluções, instruções normativas, programas e projetos produzidos e
disponibilizados pelos dois organismos. O estudo desses documentos possibilitou conhecer,
reconhecer e analisar as estruturas e as ações do CONARQ e do Arquivo Nacional.
A leitura das atas e das resoluções do CONARQ iniciou-se com a busca das palavras-
chave “preservação” e “política”. O anteparo teórico-metodológico que apontou para os dois
termos escolhidos levou em consideração que ambos configuram e delimitam a essência do
que se investiga e são fundamentais para a defesa da tese. Todas as atas e resoluções do
CONARQ estão disponíveis na internet. Isso possibilitou o uso de ferramenta digital na busca
das palavras-chave. Quadros e gráficos com números absolutos e percentuais apresentam o
resultado quantitativo do levantamento, revelando algumas linhas de tendência. Após a
localização e a quantificação das palavras-chave, partiu-se para a identificação do sentido em
que tais palavras foram usadas e para a interpretação do contexto a que se referiam. Com isso
foi possível criticar tais documentos. As frases das atas do CONARQ consideradas mais
importantes para a pesquisa foram transcritas na seção. Dessa forma, deixou-se explícito o
contexto frasal em que cada palavra-chave aparece. No Apêndice G desta tese há uma síntese
das atas e resoluções do CONARQ com os parágrafos das palavras-chave levantadas.
Os relatórios de atividades do AN referentes ao período 1995-2005 foram
disponibilizados pelo próprio Arquivo Nacional na forma de impressos sobre papel. São onze
relatórios anuais com um total de 348 páginas seqüenciais, constituindo uma unidade de
arquivamento9 da instituição. O Arquivo Nacional permitiu e providenciou a reprodução
xerográfica dos relatórios. Como os relatórios não mantêm um padrão na forma e no
conteúdo, foi necessário, inicialmente, identificar as diferentes formas em que foram
9 “Documento(s) tomado(s) por base, para fins de classificação, arranjo, armazenamento e notação” (ARQUIVO
NACIONAL, 2005, p. 167).
38
estruturados, para depois selecionar, interpretar e criticar os dados de interesse para a
pesquisa. A redação da seção reproduz esse percurso.
As entrevistas realizadas foram do tipo semi-estruturado. Entrevistaram-se cinco
profissionais que atuaram no CONARQ e/ou no Arquivo Nacional no período delimitado pela
pesquisa. Os detalhes de seus cargos e funções estão descritos na respectiva seção. As
entrevistas basearam-se em um roteiro previamente elaborado que orientou o pesquisador no
encontro com os entrevistados e foram gravadas com a aquiescência de todos, resultando em
mais de 5 horas de gravação. A íntegra das entrevistas conta do Apêndice I.
Com o tema circunscrito e o objeto de pesquisa exposto, cabe agora detalhar a
estrutura redacional da tese. Esta tese compõe-se de seis seções: as três primeiras seções
apresentam o marco teórico-conceitual delimitado pelo pesquisador e as três últimas, o campo
empírico perquirido.
A seção dois trata do universo em que se deu a pesquisa – Estado, Sociedade Civil,
Democracia e Informação –, e a três, concentra-se na análise das políticas públicas, buscando,
em ambas, relacionar, teórica e conceitualmente, as escolhas feitas na revisão de literatura
realizada e trazer as questões para o campo dos estudos da informação. A seção quatro
apresenta o estado da arte da preservação no Brasil e no mundo e circunstancia os aspectos
que relacionam preservação e políticas públicas, concluindo com a preservação da informação
arquivística.
A seção cinco aborda o Orçamento Geral da União do Brasil e compara os recursos
públicos aplicados na preservação de acervos custodiados por cinco instituições nacionais
(Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Nacional
de Artes e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), detalhando a situação do
Arquivo Nacional. A seção seis apresenta o Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ e o
Arquivo Nacional, órgãos responsáveis, respectivamente, pela formulação da Política
39
Nacional de Arquivos públicos e privados e pela gestão e recolhimento dos documentos
produzidos e recebidos pelo Poder Executivo federal brasileiro. A exposição e análise de
dados e fatos registrados nas atas, resoluções, relatórios de atividades e orçamentos fornecem
o grau de concretude necessário para a pesquisa. A seção sete explicita, criticamente, o
resultado das entrevistas com membros do CONARQ e com dirigentes do Arquivo Nacional,
revelando a fala de seus principais atores e tratando de identificar o que dizem e fazem e o
que dizem, mas não fazem.
As Reflexões Finais, com uma abordagem retrospectiva e prospectiva, recapitulam o
percurso, recolocam as questões, projetam o problema e sugerem alternativas e possibilidades
para a questão da preservação da informação arquivística governamental, com especial
atenção à do Poder Executivo federal.
2 ESTADO, SOCIEDADE CIVIL, DEMOCRACIA E INFORMAÇÃO
Estudar a informação nas formações políticas modernas e contemporâneas significa
conhecer o papel do Estado e de suas agências de informação e reconhecer a existência de
mediação informacional nas relações entre Estado e políticas públicas. Mesmo que a relação
entre Estado e políticas públicas esteja evidente para aquele que se propõe a tratar do tema, é
necessário estabelecer os conceitos e fundamentos teóricos pertinentes, que devem antecipar a
pesquisa em si. Nem tão evidente é a relação de dependência entre a formulação do quadro
teórico-conceitual com as escolhas do pesquisador e a delimitação do objeto empírico e
construção da metodologia da pesquisa. O propósito desta seção é equacionar essa
circunstância.
Diversos autores (Castells, Giddens, Bobbio, Nogueira, Habermas, entre outros)
identificam hoje uma certa flexibilidade nas fronteiras territoriais tradicionais e nas políticas
convencionais das nações que acabam afetando a noção que se tem de Estado. Entre outros,
um dos elementos causadores disso é o advento e o crescimento no uso das novas tecnologias
de informação e comunicação - TICs, tanto pela sociedade civil como pelos governos. O uso
das TICs na mobilidade de capitais faz com que as nacionalidades sejam cada vez mais
entendidas em sua dimensão cultural e menos em sua dimensão econômica. Tal circunstância,
de um lado, dá uma boa medida do que é conhecido como a crise do Estado-nação, e de outro,
faz com que o papel das políticas públicas de cada país ganhe relevância no atendimentos dos
interesses e necessidades da sociedade.
Assim, nesta tese, o Estado é ponto de partida e de chegada.
De partida, por que o Estado pode e deve ser entendido como o terreno onde
interesses, fragmentos e segmentos se entrechocam, disputam, compartilham e cooperam. É
41
nesse cenário de luta que a definição das questões podem ser buscadas e onde posições
hegemônicas se alternam na busca de influência e domínio. Estão aí envolvidas dimensões
como legitimação1 e consenso, coação e consentimento, sociedade política e sociedade civil,
todos conceitos circunscritos e delimitados pela idéia de Estado.
De chegada, por que a formulação de políticas públicas pode ser percebida como
resultado e produto desses embates. Sua efetiva implementação se dará também nesse terreno.
Terreno este onde deverão ser ainda avaliadas. É o caso das políticas públicas arquivísticas
que trazem em seu bojo a questão da preservação da informação.
Tratar do Estado como campo informacional remete ao entendimento de que a
informação, cf. Jardim, é um recurso estratégico para as tomadas de decisão na administração
pública e para a consolidação da cidadania, sendo, pois, um recurso fundamental para o
desenvolvimento individual e das sociedades.
Jardim (1999, p. 33) afirma que há
[...] uma relação profunda entre a gestão da informação arquivística2 como um recurso e a qualidade dos serviços prestados pelo Estado à sociedade civil. [...] Essa complexa relação envolvendo os agentes do Estado e a sociedade civil mediados pela informação arquivística, remete-nos necessariamente a uma abordagem teórica do Estado, visando à sua compreensão como campo informacional. [...] A abordagem do Estado insere-se num conjunto de referências teóricas cuja escolha pelo cientista social implica diretamente na construção do seu objeto.
A compreensão do Estado como campo informacional e a análise da configuração das
políticas públicas abrem a possibilidade de identificar que elementos levam o Estado a agir
1Atributo do Estado, que consiste na presença, em uma parcela significativa da população, de um grau de consenso capaz de assegurar a obediência sem a necessidade de recorrer ao uso da força, a não ser em casos esporádicos” (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 675). 2O Dicionário brasileiro de terminologia arquivística publicado pelo Arquivo Nacional em 2005 não inclui o
verbete “gestão da informação”. No entanto, é cada vez mais freqüente na literatura arquivística o uso de “gestão da informação arquivística”. Isso deriva das discussões sobre o objeto da Arquivologia ser os arquivos, os documentos de arquivo ou, mais recentemente, a informação arquivística. Autores como Jardim (1999, p. 29), Fonseca (2005, p. 59), Couture e Rosseau (1998, v. 30, p. 24, 64-67) e Thomassen (1999), entre outros, abordam o tema. O próprio CONARQ, na Carta para Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital, utiliza tanto o termo “informação arquivística” como “documento arquivístico”. É usual ainda a expressão “gestão documental”
42
como age, ou a não agir, na preservação da informação arquivística. Mapear as ações e os
“vazios” da atuação das agências governamentais responsáveis pela preservação desses
conjuntos informacionais no Estado contemporâneo (1995-2005) é um dos caminhos para se
compreender essa relação no Brasil.
Em linhas gerais, as reflexões realizadas por Jardim em relação às políticas
informacionais e arquivísticas servirão de base para verificar se a preservação da informação
arquivística do Executivo federal brasileiro é também uma manifestação da opacidade do
Estado. O direito de acesso à informação passa pela preservação física da informação a ser
acessada. Verificar se no Estado brasileiro há algum tipo de controle sobre a informação
arquivística governamental do Executivo federal do ponto de vista de sua preservação se
impõe como um dos aspectos a ser perscrutado. A opacidade do Estado, observada por
Jardim, pode se dar, também, pela inexistência material dos registros.
A questão de partida que tem norteado esta pesquisa pode ser assim expressa: Por que
o Estado brasileiro tem sido, historicamente, incapaz de preservar a informação arquivística
governamental? Se o Estado brasileiro é historicamente negligente com seus registros
informacionais, que elementos levariam a uma nova postura que assegure a preservação da
informação arquivística do Executivo federal?
A preservação da informação arquivística governamental não pode mais ser
considerada apenas como um recurso potencial para prover um possível celeiro da memória
social. Deve, primeiramente, ser considerada como um componente estratégico na gestão do
Estado.
Ao comentar que o direito à informação é um direito civil e um direito político, Jardim
acrescenta ser também um direito social e difuso:
Dado que o direito à informação pressupõe a existência de serviços públicos responsáveis pelo atendimento ao cidadão, trata-se também de um direito social. E, por trazer em si, elementos dos direitos civis, políticos e sociais, trata-se também de um ‘direito difuso’, uma
43
dimensão historicamente nova da cidadania (JARDIM, 1999, p. 69, grifo do autor).
A análise das decisões e das não-decisões de Estado em relação à preservação da
informação arquivística governamental ocupa papel central nesta tese em virtude do
significado que a informação assume nas relações entre sociedade política e sociedade civil. O
estudo das relações entre o Estado (no caso, o Estado brasileiro) e as estruturas e agências
estatais de informação possibilita identificar o grau de influência e domínio que decorre dessa
circunstância.
E, se, como afirma Jardim (1999, p. 24), as políticas públicas de informação são um
tema contemplado em menor escala na Ciência da Informação, a preservação da informação e
as políticas públicas para a preservação da informação para a gestão do Estado são temas
raros na Ciência da Informação e nas Ciências Sociais em geral. Portanto, o estudo da
preservação da informação governamental, a partir da Ciência da Informação e da
Arquivologia, pode contribuir para a compreensão do papel do Estado, do governo e das
agências e estruturas informacionais com vista ao direito de acesso à informação arquivística
no Brasil.
No âmbito desta tese, prioriza-se o conceito de Estado, ainda que em muitos
momentos se tenha feito menção a assuntos e aspectos de governo. Apesar de diferentes, é
comum na literatura a associação entre o conceito de governo o de Estado. Aqui, entende-se
governo como o conjunto de pessoas que exercem o poder político, bem como o complexo
dos órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder. Os órgãos do governo são, entre
as instituições estatais que organizam a política da sociedade, aqueles que têm a missão de
exprimir a orientação política do Estado. (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p.
553)
44
2.1 O ESTADO COMO CONCEITO E O CONCEITO DE ESTADO
Mesmo considerado de forma abstrata e geral, o Estado é uma forma muito complexa de organização política para permitir conclusões simples.
Christopher W. Morris, 2005.
A que Estado estamos nos referindo? A questão do Estado é uma necessária escolha
teórica, mas também política daquele que investiga. Distinguir o que é o discurso dos agentes
de Estado e o que é o discurso do sujeito que investiga é parte do processo.
Para Bordieu (2005, p. 91), de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, todos
são “estatais” e, portanto, corre-se o risco de “não compreender a verdade mais fundamental
do Estado”. Bordieu diz que uma ruptura é, ao mesmo tempo, necessária e difícil e que o
cientista social deve estar atento para isso quando trabalhar com a questão do Estado.
Para Bordieu (2005, p. 95) “é no domínio da produção simbólica que particularmente
se faz sentir a influência do Estado: as administrações públicas e seus representantes são
grandes produtores de ‘problemas sociais’”.
O pesquisador funcionário estatal tem seu pensamento atravessado pela representação
oficial do oficial, ou seja, pela representação de Estado. Bordieu sugere que quando se pensa
o Estado, ou “sob a aparência de pensá-lo”, se está participando da construção do pensamento
de Estado, e que, em última análise, o cientista social deve “usar contra o Estado a liberdade
(relativa) que o próprio Estado lhe garante”. Para Bordieu, além da violência física do Estado
(Weber), a violência simbólica está encarnada nas mentes e em esquemas de percepção e de
pensamento. (BORDIEU, 2005, p. 97) O que leva a Jardim (1999, p. 44) observar que a
violência simbólica tende a não ser reconhecida como uma violência.
É evidente para Bordieu (2005, p. 117-121) que as injunções do Estado só se impõem
de maneira tão poderosa por que é o próprio Estado que aponta as estruturas cognitivas
segundo as quais é percebido. O reconhecimento da legitimidade, portanto, não é um ato livre
45
de consciência esclarecida, como era para Weber, mas está enraizada em estruturas
incorporadas e inconscientes, possibilitando aos dominantes imporem a sua dominação. Em
síntese, o que se aprende com Bordieu é que para estudar a dimensão simbólica do poder
estatal é preciso estudar o funcionamento específico do microcosmo burocrático e analisar a
gênese e a estrutura do universo dos agentes de Estado.
Pois, como afirma
O espaço me engloba como um ponto. Mas esse ponto é um ponto de vista, princípio de uma visão assumida a partir de um ponto situado no espaço social, de uma perspectiva definida em sua forma e em seu conteúdo pela posição objetiva a partir da qual é assumida. O espaço social é a realidade primeira e última já que comanda até as representações que os agentes sociais podem ter dele (BORDIEU, 2005, p. 27, grifos do autor).
É por isso mesmo que Bordieu (BORDIEU, 2005, p. 92) alerta que nunca duvidamos
demais quando pensamos na questão do Estado. Esse ponto de vista é também um ponto de
vista formado no e pelo Estado, o que implica na possibilidade perigosa, segundo Bordieu
(BORDIEU, 2005, p. 91), de sermos pensado por um Estado que acreditamos pensar.
Munido da relativa liberdade que o Estado garante ao pesquisador que pensa o Estado
(BORDIEU, 2005, p. 97), o Estado e, no caso deste trabalho, o Estado brasileiro, se apresenta
como um universo e circunstância de observação do sujeito que investiga ao mesmo tempo
em que tal é sujeito e objeto do universo investigado. Nesta tese, considera-se o Estado
brasileiro como o conjunto das estruturas burocráticas com o poder de coerção (sociedade
política) e dos ambientes ideológico, cultural e epistemológico (sociedade civil), como será
visto adiante, no qual o autor está inserido.
A fina linha fronteiriça entre o tratamento político de uma questão que é e quer ser
epistemológica, um ponto metodológico essencial a ser esclarecido, conforme Bordieu (2005,
p. 92-93), não pode ser desconsiderada. O que se quer esclarecer é que a necessária e difícil
ruptura com o pensamento de Estado, a desnaturalização das coisas, fatos e idéias de Estado e
46
o esforço epistemológico de compreender essa circunstância, não excluem o componente
político do processo.
É o caso deste estudo. O pesquisador, que estuda as políticas públicas e a preservação
da informação arquivística no Estado brasileiro a partir das ações do Conselho Nacional de
Arquivos – CONARQ e das atividades do Arquivo Nacional, instituições públicas de
informação, é funcionário público federal, e realiza sua pesquisa no âmbito de uma
Universidade pública federal brasileira.
Isto posto, parte-se para conhecer o conceito de Estado. Como ensina Bornheim (2003,
p. 217), “O Estado, entre tantas coisas, é principalmente isto: um conceito”.
A abordagem de Bornheim para Estado é bastante peculiar. O Estado no século XX
volta a assumir, para Bornheim (BORDIEU, 2005, p. 225), um caráter absolutista com a
proliferação das ditaduras, inclusive, as de esquerda, indo além das “violências simbólicas”
de Bordieu e ostensivamente assumindo a violência física, chegando mesmo a “desrespeitar
todos os limites”. A perplexidade política em decorrência disso provocou, segundo Bornheim,
uma espécie de paralisia na revisão dos entendimentos e conceitos de Estado, nação,
nacionalismo, capitalismo, capitalismo de Estado etc, que caracterizam a crise do Estado.
Bornheim pergunta: o Estado se tornará dispensável?
Morris (2005, p. 89) lembra de uma tradição na filosofia política: tende-se a escrever
sobre formas particulares de organização política no momento em que elas começam a
morrer. Por isso diz que é possível que a atenção dada hoje ao Estado seja um prenúncio de
que seu crepúsculo não esteja muito distante. De qualquer forma, o que importa para Morris é
que se busque uma justificativa para a existência do Estado moderno. Para isso, entende ser
necessário desnaturalizar o conceito de Estado e reconhecer que o Estado moderno é uma
forma de organização política que “varreu o mundo”, mas que nem sempre foi assim. “Por
47
que deveríamos organizar a nossa comunidade da forma como fazemos, em Estados?”,
pergunta Morris (2005, p. 33).
Morris (2005, p. 23) tem uma concepção instrumental de Estado. Concebido de forma
“artificial”, o Estado “deve ser entendido como criado para nossos fins, nossa proteção e
defesa”. Isso pressupõe a existência de um direito natural anterior a essa criação artificial de
Estado. Morris denomina tais direitos naturais de “direitos prévios”, no sentido de que os
“direitos prévios” existem antes e independentemente do Estado e seus sistemas legais.
“muitos negam a existência de tais direitos e supõem que todos os direitos são criados pelo
Estado”. (MORRIS, 2005, p. 26-27) O que leva Morris (2005, p. 41) afirmar que “não
podemos supor que exista uma única noção de Estado”. Assim, Estado, para Morris (2005, p.
45, 77 – grifo do autor), é, antes de tudo,
uma particular forma de organização política. [...] formas territoriais características de organização política, características da modernidade, que reivindicam soberania sobre seus domínios e independência dos outros Estados.
Em Giddens (2001, p. 33), o Estado se apresenta como poder e dominação. “Ser
humano é ser um agente e ser um agente é ter poder. O poder significa a capacidade
transformadora, a capacidade de intervir em um determinado cenário de eventos de forma a
alterá-los”. Os sistemas sociais são sistemas de poder. Daí ser necessário estudar os modos de
dominação para investigar o poder. Para Giddens (2001, p. 35, 72), o poder pode ser
alarmante quando utilizado como represália, mas é mais intenso e durável quando se faz
presente, silenciosamente, na repetição das práticas institucionais. Todos os sistemas sociais
envolvem uma mediação institucional de poder. A sistematização e o uso da informação com
propósitos administrativos é um dos recursos políticos de controle e poder.
Nesse sentido, um dos conceitos mais utilizados nas Ciências Sociais é o conceito de
Gramsci, que, no entanto, como alerta Jardim (1999, p. 33), não dedicou qualquer de seus
48
estudos para tratar especificamente do conceito de Estado. É ao discutir as relações
conceituais entre Sociologia e Ciência Política, que Gramsci (1968, p. 87) afirma que o
Estado
[...] é todo o complexo de atividades práticas e teóricas com as quais a classe dirigente (sociedade política = Estado sentido estrito) justifica e mantém não só o seu domínio, mas consegue obter o consentimento ativo dos governados [...].
Ao tratar da concepção “do Estado gendarme-guarda noturno” e “da confusão entre
sociedade civil e sociedade política”, Gramsci (1968, p. 149) produz o que ficou conhecido
como conceito ampliado de Estado (em relação ao conceito de Marx):
[...] na concepção geral de Estado entram elementos que também são comuns à noção de sociedade civil (neste sentido, poder-se-ia dizer que Estado = sociedade política + sociedade civil [= sentido ampliado], isto é hegemonia revestida de coerção).
O entendimento de Gramsci para sociedade civil é registrado na literatura como um
alargamento à concepção de Marx, para quem a sociedade civil era sinônimo de sociedade
burguesa, isto é, uma sociedade emancipada do Estado, formada por sujeitos independentes,
na esfera das relações econômicas. O conceito de Gramsci, que não abandona a concepção
econômica de Marx, oferece algo mais que o complexo dessas relações materiais, ao
acrescentar que a sociedade civil compreende todo o complexo das relações ideológico-
culturais. As instituições e “organismos vulgarmente denominados privados”, como os meios
de comunicação, as escolas, as editoras, institutos culturais e científicos, a Igreja, teriam por
finalidade a transmissão dos valores, por meio dos quais a classe dominante exerce a
hegemonia. Sociedade política em Gramsci é “a função de hegemonia que o grupo dominante
exerce em toda a sociedade, e ao domínio direto ou de comando que se expressa no Estado ou
no Governo jurídico”. O que Gramsci pretende é salientar o papel da sociedade civil na
49
hegemonia, distinguindo o momento de direção cultural do momento de simples domínio
político (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 1.210).
Os dois elementos do conceito de Gramsci evidenciam uma relação dialética e não
uma dicotomia, uma vez que a “sociedade civil” é uma das partes na luta pelo poder
hegemônico e, ao mesmo tempo, provedora do “consentimento ativo” de dominação. Assim,
Gramsci (apud JARDIM, 1999, p. 34) deixa claro que “o Estado não se reduz a uma simples
máquina de opressão”, mas que a sociedade dos homens, como um todo, é parte indissociável
e co-responsável pelos feitos do e no Estado.
O papel da sociedade civil em relação ao conceito de Estado é retomado em outros
termos por Nogueira (2004, p. 87, grifo do autor), para quem a questão do Estado aparece
vinculada às perspectivas e possibilidades da sociedade civil expressa na frase “Um Estado da
e para a sociedade civil”.
Para Nogueira (2004), a crise do Estado é uma crise essencialmente política porque
deriva de opções políticas e de projetos de hegemonia e dominação. Um projeto democrático
supõe soberania popular, regras para todos, livre competição política e participação nas
tomadas de decisão. Em tese, os cidadãos organizados participam e controlam seus governos.
Mas este tipo de cidadão não é um cidadão “natural”. Pelo contrário, é constantemente
“criado” e “organizado”. O que significa materializar pressupostos teóricos e filosóficos em
instituições, estruturas e procedimentos para governar, para organizar o poder, para realizar a
cidadania. A idéia de Nogueira de um “Estado para uma sociedade civil” depende de que a
sociedade civil se valorize de tal forma que passe de coadjuvante despolitizada em
protagonista politizada, mais longe das amarras dos interesses particulares, e próxima dos
interesses gerais. Isto é, dos interesses do Estado, conforme o sentido ampliado de Gramsci.
Nogueira salienta que sem Estado, sem vínculo com o Estado e sem uma perspectiva de
Estado, não há sociedade civil, nem hegemonia. Nenhuma sociedade civil é imediatamente
50
política. A dimensão política da sociedade civil existirá se for também construída. E a
sociedade civil, por ser um “território de interesses” tanto do tipo “bons e justos” como dos
escusos, perversos, egoísticos, deve ser percebida como um campo de resistência não-unitário
e múltiplo. Tal projeto democrático implica em gestão participativa com papel preponderante.
Assim, a participação democrática direta, representativa ou deliberativa, o espaço público, a
reforma do Estado surgem como questões pautadas quer pela insatisfação social e decepção
com a gestão pública, quer como resultado da “desmontagem” do Estado pelo projeto
neoliberal (NOGUEIRA, 2004, p. 90-122).
Para encerrar a discussão sobre o conceito de Estado, e antes de apontar algumas
característica da sociedade civil brasileira, buscou-se na legislação do país, o entendimento de
Estado.
O Estado, na lei do Brasil, é um ente personalizado ou, de acordo com o Código Civil,
uma pessoa jurídica de Direito Público, formado por três elementos indissociáveis e
indispensáveis: população, território e governo soberano. A Constituição federal brasileira de
1988 registra, no seu preâmbulo, ter instituído um Estado democrático de direito a que
denomina República Federativa do Brasil. A partir do seu Título III “Da organização do
Estado”, a Constituição federal passa a usar o termo União para designar a República
Federativa do Brasil. Jorge Miranda (1990, p. 138 apud MORAES, 2003, p. 35), ao definir
Direito Constitucional, preceitua que o Estado é comunidade e poder.
51
2.2 SOCIEDADE CIVIL NA REALIDADE HISTÓRICA BRASILEIRA
De forma semelhante ao Estado, o conceito de sociedade civil também abrange
diferentes significados. Interessa aqui discuti-lo a partir da perspectiva recente com que se
apresentou no Brasil, no bojo do processo de redemocratização, na década de 1980.
Coutinho3 lembra que o conceito de “sociedade civil” começa a ganhar evidência no
Brasil no ocaso da ditadura militar, iniciada em 1964. Surge, então, com forte sentido de
oposição ao Estado ditatorial, contrapondo a noção de “civil” a de “militar”. É nessa
circunstância e tempo que os movimentos sociais (principalmente, sindicatos do ABC)
recuperam o conceito Gramsci para sociedade civil, ainda que este muitas vezes tenha sido
usado e aplicado de forma equivocada, assumindo “traços de uma dicotomia radical, marcada
ademais por uma ênfase maniqueísta.”. Isso, que Coutinho chama de “deslizamento
conceitual”, acabou por resultar, de um lado, em uma compreensão simplificada das relações
sociais e no obscurecimento do caráter contraditório de formação da sociedade civil no Brasil,
e, de outro, abriu espaço para a hegemonia das forças liberais na reconstrução da democracia,
produzindo o que se veio a conhecer por “demonização do Estado”.
Para Coutinho, a
sociedade civil de Gramsci é uma arena privilegiada da luta de classe, uma esfera do ser social onde se dá uma intensa luta pela hegemonia; e, precisamente por isso, ela não é o ‘outro’ do Estado, mas - juntamente com a ‘sociedade política’ ou o ‘Estado-coerção’ - um dos seus inelimináveis momentos constitutivos.4
Este quadro é percebido também por Sorj (2004, p. 68-71), para quem o debate sobre
“sociedade civil” no Brasil foi promovido por cientistas sociais para introduzir uma dimensão
sociológica no momento da redemocratização. A valorização e a expansão de organizações
3Em crítica ao livro Gramsci e a sociedade civil, de Giovanni Semeraro (2006). Disponível em: <http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv93.htm>. Acesso em: 22 ago. 2006. 4Disponível em: <http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv93.htm>. Acesso em: 22 ago. 2006.
52
que se autodefiniam, então, como “sociedade civil” resultou em uma espécie de sacralização
da noção, fazendo com a “sociedade civil” ocupasse o imaginário social e político como a
única portadora de virtudes. A dificuldade de projetos políticos contemplarem consenso social
e políticas sociais implicou na dissociação, entre outros aspectos, da administração do Estado
da produção de ideais morais. A “sociedade civil” assim concebida passou a ocupar o
imaginário social e político em detrimento das instituições de representação política, passando
a ser entendida como a autêntica representação da sociedade frente a um sistema político
deslegitimado. Quer dizer, por oposição a um Estado violento e corrupto se contrapõe uma
virtuosa e monolítica “sociedade civil”. No entanto, Sorj alerta que na vida social, as virtudes
e os vícios nunca são monopólios de instituições precisas. Em última instância, corre-se o
risco de se criar a ilusão de uma “sociedade civil” que poderia existir voltando as costas para
o Estado, separada do sistema político, dos partidos, do parlamento representativo etc. (SORJ,
2004, p. 71)
Assim, no escopo deste trabalho, a noção de sociedade civil é considerada como um
dos elementos do conceito de Estado ampliado de Gramsci. Caracteriza-se pelas relações
ideológicas, epistemológicas, políticas e culturais do momento, e pelas forças contraditórias,
internas e próprias, que a compõem. Relações e forças na luta pelo poder. Compõe, assim,
com a noção de Estado trabalhada anteriormente.
2.2.1 Regime político
Regime político é definido por Bobbio, Matteucci e Pasquino (2004, p. 1081) como
um conjunto de instituições que regulam a luta pelo poder e pelo seu exercício, bem como a
53
prática dos valores que animam tais instituições. A escolha de um regime político implica na
escolha de determinados valores. A escolha da classe dirigente e de sua organização
determinam a formação da vontade política e a realização desses valores. A composição
hegemônica do poder, quer pela força, quer pelo consenso buscado, é exercido pela classe
dominante em função de tais valores terem sido propalados e incorporados pela sociedade
civil, dentro do complexo de relações ideológico-culturais.
Evidentemente, que as políticas públicas formuladas em um regime político, na esfera
de uma sociedade civil, no escopo de um Estado, não podem refletir senão esses valores
dominantes.
Melo (1999, p. 65 – nota 10) registra que os estudos universitários no Brasil, que
relacionam o regime político com a produção de políticas, foram alimentados também pela
democratização dos anos 80 no país. Na perspectiva de que o processo de democratização
influenciara a formulação de políticas públicas, Melo (1999, p. 80) constata que a pesquisa
acadêmica universitária produzida então passa a abastecer o que chama de “projeto reformista
da Nova República”. É nessa situação que começam a aparecer expressões, e seus respectivos
problemas, como transparência, participação, organização comunitária, provocando uma
valorização dos elementos formais da democracia. Mas, ao mesmo tempo, Melo observa que
o fim do regime autoritário não foi suficiente para superar os problemas de desigualdade e
pobreza, nem para fomentar a implementação de políticas sociais (MELO, 1999, p. 81), o que
reforça o quadro acima desenhado por Coutinho. Mudou o regime político brasileiro, mas o
Estado continuou sendo visto pela própria sociedade como algo a que a sociedade civil deve
se opor. Dessa forma, a sociedade civil continua percebendo-se como algo estranho ao
Estado, e não como parte do Estado.
54
2.3 DEMOCRACIA E CIDADANIA – DOIS CONCEITOS, UM MESMO SENTIDO
Lembra-nos Dahl (2001, p. 61) que, antes de tudo, uma democracia pressupõe que
todos os membros sejam considerados politicamente iguais, isto é, reconhecidos como
capazes de participar da tomada de decisões. Dahl (2001) atenta para os binômios da
igualdade/desigualdade, da justiça/injustiça, do poder/direito querendo dizer que “O poder da
maioria não faz o direito da maioria”. A democracia é um sistema de direitos fundamentais:
direito de participar, de se expressar, de votar, de escolher, de decidir etc. Cabe-lhe garantir a
seus cidadãos uma liberdade pessoal mais ampla, a possibilidade do consenso e do dissenso,
o exercício da autodeterminação, a proteção dos interesses fundamentais e o desenvolvimento
humano amplo. Países democráticos, ao formarem uma força de trabalho instruída, têm mais
possibilidades de prosperar economicamente. E, como a economia moderna depende em
grande parte da comunicação, é mais fácil procurar e trocar informação em uma democracia
(DAHL, 2001, p. 62-72).
Para Jardim (1999, p. 81) a cidadania está relacionada à luta contra as desigualdades e
à ampliação dos direitos. O cidadão mantém um vínculo com o Estado, que lhe garante uma
nacionalidade, estrutura e aparatos jurídicos reguladores de direitos e deveres. Mas, além
dessa cidadania passiva (BENEVIDES, 1994, p. 14 apud JARDIM, 1999, p. 83) outorgada
pelo Estado, há uma cidadania ativa, onde o cidadão é criador de direitos. Jardim observa que
a participação política é fundamental para a cidadania, o que significa que a participação
política depende, pelo menos em parte, de educação política. A informação é perpassa todos
esses aspectos. A informação, em uma sociedade urbana, industrializada e democrática, é
parte fundamental das atividades humanas aí desenvolvidas.
55
A defesa do Estado constitucional de direito e a defesa dos direitos públicos, entre eles
o direito à informação, implicam na compreensão da relação entre direito, política e sociedade
civil. A vontade política racional expressa em políticas públicas quase sempre é resultado do
processo de argumentação e negociação públicas em uma sociedade educada e informada.
Ainda que o Estado constitucional de direito seja reconhecido como uma realidade dada,
políticas públicas, que sejam capazes de contemplar o interesse geral e promover
regulamentações igualitárias, dependem em grande medida da participação democrática da
sociedade. O cidadão, consciente de seus direitos e deveres, participa democraticamente da
construção do Estado e controla as ações dos governos. A informação governamental é um
dos aspectos desse processo.
2.4 INFORMAÇÃO: DO ARTEFATO AO MENTEFATO
Informação é um recurso social vital. Do acesso à informação, de seu processamento pelos mais variados meios, de sua distribuição eficiente, depende toda e qualquer decisão de grupos ou instituições sociais nas sociedades modernas.
Deputada Cristina Tavares Assembléia Nacional Constituinte, 1987
A literatura contemporânea registra com freqüência que “informação” é um termo
polissêmico. Na própria Ciência da Informação, não há consenso tanto em relação ao conceito
em si do termo, como na definição de que informação é seu objeto de estudo.
Em trabalho publicado como um ensaio epistemológico para um novo modelo
curricular do curso de graduação em Ciência da Informação da Universidade do Porto,
Portugal, Silva e Ribeiro (2002) propõem uma definição para o termo “informação”.
Entendem este como um fenômeno humano e social, possível de ser conhecido
cientificamente.
56
Para Silva e Ribeiro (2002, p. 37), informação é o
[...] conjunto estruturado de representações mentais codificadas (símbolos, significantes) socialmente contextualizadas e passíveis de serem registradas num qualquer suporte material (papel, filme, banda magnética, discos compacto, etc.) e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidireccionada.
A informação envolve, assim, o processo cognitivo, as idéias, as impressões, os
assuntos formalizados e expressos por um código lingüístico, mas não se confunde com este
nem a com a sua comunicação. A língua é um produto simultaneamente
psicológico/individual e coletivo/social e a comunicação existe como potência que só emerge
no processo de trocas entre relações interindividuais e coletivas. “A ‘matéria’ dessas trocas e
relações é outra ‘coisa’ distincta e precedente – é a Informação” (SILVA; RIBEIRO, 2002, p.
26).
Ao que perguntam:
[...] pode conceber-se o suporte material ou tecnológico como estando ao mesmo nível ontológico que o discurso codificado nele contido? Pode classificar-se o fenômeno discursivo como similar do fenômeno tecnológico da impressão tipográfica ou da gravação sonora em banda magnética? Pode-se, em suma, reduzir-se a Informação à Documentação? (SILVA; RIBEIRO, 2002, p. 27).
Ambos tentam, assim, traçar a linha que separa a “essência” (informação) de sua mera
base instrumental.
O registro material ou físico faz a informação existir, mas não a faz ser. A sua ‘essência’ é de raiz psíquica e social, ou seja, radica, por um lado, na mente humana e, por outro, na interacção dos sujeitos com o meio natural e entre si, interacção esta ‘coisificada’ num código, como a língua, que é parte integrante do fenômeno, e do qual difere a materialização num suporte físico externo à pessoa humana (SILVA; RIBEIRO, 2002, p. 38).
57
A identificação da informação como um recurso “não-material” implica e aumenta a
dificuldade de se reconhecer que a informação, nesse sentido, seja capaz de portar valores
econômico e financeiro.
A esse respeito, Marques (1999, p. 196) é claro quando exemplifica o momento em
que o “virtual” supera o real na atividade econômica.
Quando o consumidor vai ao mercado, compra e paga um produto, ele está supostamente cobrindo, além da margem de lucro do produtor e do comerciante, os custos tanto do material quanto da informação ali incorporada. Não há novidade nisto e pode-se bem dizer que, pelo menos no capitalismo, sempre foi assim. Ao pagar por um jornal ou um livro, paga-se pelo material, papel e tinta, e paga-se pela informação ali contida. Ao comprar um refrigerante, paga-se pelo líquido (material) e pela publicidade (informação). Ao comprar um carro, também paga-se pelo material (as subestruturas materiais que estão ali fisicamente montadas) e pela informação (as subestruturas matemáticas que combinadas logicamente constituem o projeto do carro e de sua fabricação — números, tabelas, desenhos, instruções que compõem o planejamento, marketing, pesquisa e desenvolvimento do produto e de seu processo de produção e circulação). A novidade das últimas décadas, principalmente da de 1970 para cá, é a aceleração do aumento do trabalho sobre a informação em relação ao aumento do trabalho sobre a matéria. É o resultado dessa aceleração que faz com que hoje não seja mais claro se, ao comprarmos um carro, não estejamos pagando mais pela informação do que pelo material. Pelo menos para muitas pessoas, pagar mais pela informação do que pelo material parece claro e natural no caso do livro, mas obscuro e surpreendente no caso do carro.
Quando essa circunstância é estendida à informação governamental, uma informação
pública, a sociedade também tem dificuldades de perceber o papel econômico e estratégico
dessa informação. Não percebe, em linhas gerais, que a informação governamental é pública e
que, portanto, lhe pertence. Serve, entre outras coisas, tanto para garantir a sua própria
cidadania, como para a administração do país em que vive. A ameaça à informação pública,
de alguma forma, ameaça os próprios alicerces da democracia, ou como afirma Schiller (1986
apud DANTAS, 1999, p. 257) “Com a destruição da informação pública, as bases da
democracia desaparecem”.
58
2.4.1 Informação, Estado e políticas
A análise que segue circunstancia a relação entre informação, Estado e decisões
políticas. Pretende-se com isso contextualizar o problema da informação no Estado
contemporâneo e introduzir alguns aspectos mais gerais das políticas de informação. Dessa
forma, prepara-se o terreno para a discussão mais específica sobre informação dos itens
seguintes.
Como visto, o uso da informação é parte do processo de construção democrática, de
novas formas de organizar a vida, de controlar o poder, e de compartilhar destinos. A
informação, ou a sua inexistência, ou ainda a sua indisponibilidade, é um elemento
fundamental para a participação democrática. Os diversos enfoques dados pelos autores
citados a seguir proporcionaram a construção de um panorama da questão.
Marilena Chauí, no programa Observatório da Imprensa do dia 18 de outubro de 2005,
na TV Cultura, afirmou que
Nós não vivemos mais no mundo da possibilidade da democracia direta, mas a democracia representativa pode incluir momentos de democracia participativa e, sob esse aspecto, o direito à informação. Recebê-la, produzida e analisá-la é decisivo. Desse ponto de vista acho que há uma discussão importante... Nós temos novos meios tecnológicos que permitiriam, efetivamente uma ampliação, um alargamento do direito à informação. Ao mesmo tempo eles têm controles e formas de circular e de interpretar essa informação que podem ser desinformadoras. Então é um problema fascinante que nos concerne a todos porque isso está ligado ao destino da democracia.
Giddens (2001) produziu uma interessante retrospectiva histórica do uso e recursos
informacionais na formação do Estado moderno. Para Giddens (2001), o poder administrativo
59
do Estado-nação ocorreu antes do advento da comunicação eletrônica. As sociedades
modernas foram desde o início “sociedades de informação”, assim como todos os Estados
também foram “sociedades de informação”.
[...] a geração do poder de Estado supõe um sistema de reprodução reflexivamente monitorado, envolvendo a reunião regularizada, armazenamento, e controle da informação voltados para fins administrativos (GIDDENS, 2001, p. 199).
Ao tratar da comunicação e do armazenamento da informação como base para a
formação do poder administrativo do Estado-nação, poder este diretamente influenciado pelo
advento do industrialismo e urbanismo, Giddens diz que a consolidação da unidade
administrativa desse Estado está “profundamente envolvida” com a comunicação. Entre os
diversos fatores que contribuíram para isso estão a
[...] mecanização do transporte; a separação entre comunicação e transporte pela invenção da mídia eletrônica; e a expansão das atividades ‘documentais’ do Estado, envolvendo uma reviravolta na coleção e confrontação de informações dirigidas a propósitos administrativos (GIDDENS, 2001, p. 194).
Para analisar o impacto da inovação no transporte, Giddens (2001) recorre à noção de
convergência de tempo-espaço de Janelle. Apesar de as estradas de rodagem capazes de
diminuir o tempo necessário para percorrer trajetos de um ponto a outro existirem desde o
século XVIII, foi apenas no fim do século XIX que uma rede de estradas organizadas
proporcionou um transporte comercial ágil e barato. Foi também nesse momento que surgiram
os meios de transporte com horários coordenados e controlados. Giddens reconhece, via
Zerubavel, que “O horário é um instrumento de ordenação do tempo-espaço5 que está no
centro das organizações modernas”. Mesmo assim, os efeitos da mecanização dos transportes
seriam mais limitados sem a invenção do telégrafo e das demais comunicações eletrônicas.
5O padrão mundial de tempo foi criado em 1884, mas apenas na conferência Internacional sobre o Tempo, em
Paris, em 1912 é que se definiu um método uniforme de especificar sinais de tempo e transmiti-los pelo mundo (GIDDENS, 2001, p. 196-197).
60
Ou seja, foi a separação da comunicação em relação ao transporte, pelo advento do telégrafo,
que iniciou o processo de redução do tempo gasto em percursos de longa distância,
diminuindo ainda despesas de custos e esforços. É a comunicação instantânea. Assim, a
comunicação da informação passava a não mais depender dos transportes (GIDDENS, 2001,
p. 195-196).
Três aspectos chamam atenção na abordagem de Giddens: o primeiro, o
reconhecimento explícito da tecnologia, sentido amplo, como fator importante na
configuração do Estado moderno; o segundo, o transporte como elemento a ser observado na
comunicação; e o terceiro, o encurtamento do tempo necessário para comunicar e a
possibilidade de a comunicação chegar a “todos” os espaços.
Innis (1950, p. 7 apud GIDDENS, 2001, p. 199), ao discutir os Estados tradicionais
(aqueles que precedem os Estados-nação) faz uma distinção entre meios de comunicação que
“enfatizam o tempo” e os que “enfatizam o espaço”. Os meios de comunicação que
“enfatizam o tempo” são mais duráveis, mas mais pesados (pedra, cerâmica, pergaminho).
Isto é, são materiais difíceis de transportar, mas mais resistentes fisicamente às ações do
tempo. Possibilitam a durabilidade e a permanência dos registros por longos períodos de
tempo, mas não contribuem para a geração de poder administrativo se utilizados em vastas
extensões de espaço. Os meios de comunicação que “enfatizam o espaço” não têm tanta
durabilidade e permanência, mas, por serem mais leves, possibilitam o seu transporte de
maneira mais fácil, são mais facilmente reproduzíveis e têm maior alcance espacial (são
chamados na preservação de “suportes de matéria branda”). Estes últimos, possibilitam a
geração de maior poder administrativo por vastas extensões de espaço.
O primeiro grande passo para a mecanização da comunicação foi a imprensa de
Guttemberg. Com a imprensa de Guttemberg e o subseqüente aumento na manufatura dos
suportes de matéria branda, principalmente o papel, ocorreu o alargamento da esfera do
61
político. Para Giddens (2001, p. 200), o crescimento da esfera pública da administração do
Estado é inseparável da organização textualmente mediatizada. A imprensa produziu um
avanço profundo nas operações de vigilância do Estado e foi essencial para o Direito. As leis
passaram a ser mais difundidas. Os códigos de leis impressos, então, em um ambiente cultural
mais letrado, aumentaram a integração da interpretação do Direito nas práticas administrativas
do Estado, ampliando a padronização nos procedimentos jurídicos. Giddens (2001) observa
mudanças para além da esfera das leis, pois registros, relatórios e coleta rotineira de dados
passaram a fazer parte das operações diárias do Estado. Surgiram as estatísticas oficiais,
principalmente, as de finanças e impostos, e a de população. Tais estatísticas oficiais, a partir
da metade do século XVIII, passaram a ser guardadas por todos os Estados. Giddens (2001)
afirma que “O poder administrativo gerado pelo Estado-nação não poderia existir sem a base
de informação que são os meios de sua auto-regulação reflexiva”. Há inclusive reflexos nas
Ciências Sociais, que passaram a usar as estatísticas oficiais para interpretar processos sociais.
Giddens salienta que as estatísticas oficiais não são apenas um universo de objetos e eventos
sociais, mas partes constitutivas destes. Isto leva a uma persistente relação ente as Ciências
Sociais e o fenômeno que estas se propõem a estudar. Assim, no século XIX, a economia, a
sociologia e a psicologia acabam profundamente envolvidas com o surgimento do poder
administrativo do Estado-nação. O desenvolvimento do capitalismo industrial, os processos
de pacificação interna, a vigilância que mobiliza o poder administrativo por meio do
armazenamento e o controle da informação são considerados por Giddens como o meio básico
de concentração de recursos políticos envolvidos na formação do Estado-nação (GIDDENS,
2001, p. 199-202).
Giddens (2001, p. 205) vincula a lei e a ordem aos desvios para dizer que o “poder
disciplinatório”, como descrito por Foucault, “depende basicamente da vigilância, no sentido
de manutenção da informação especialmente na forma de registros pessoais de história de
62
vida mantidas pelas autoridades administrativas”. O poder disciplinatório soma, portanto, a
vigilância, no sentido de supervisão direta, a violência física, como prerrogativa do Estado à
manutenção da informação. A prerrogativa do Estado no uso manifesto da violência é em
parte transferida para o uso abrangente do poder administrativo.
Na sociedade contemporânea, o controle do capital informacional do Estado – do qual
os arquivos constituem parte significativa – continua como um fator decisivo para a produção
e reprodução de hegemonia. A transparência e a opacidade do Estado e os usos e desusos da
informação governamental são partes do projeto de gestão hegemônica, como afirma Jardim
(1999, p. 47). Ao analisar a questão, Sorj (2001, p. 84) pensa que, no Brasil, a limitada
capacidade de absorção de informação pela população é uma das razões da fragilidade da
representação política e da cultura política. Ao referir-se a América Latina e a seus Estados-
nação periféricos, Cubillo (2003) diz que se o terreno das políticas públicas em geral é frágil,
ainda maior é a fragilidade no terreno das políticas públicas de informação. As políticas
públicas de informação foram e são preteridas pelos governos, desprestigiadas pelas
organizações e instituições e desconhecidas da população. Nesse sentido, Araújo e Gomes
(2005) constatam uma carência de textos teórico-conceituais produzidos em países da
América Latina como Argentina, Brasil, Chile e México, o que faz com que se recorra a
textos e autores de países centrais. Isso nem sempre produz os resultados esperados, uma vez
que as estruturas organizacionais e orçamentárias, a educação e a cultura política desses
países são muito diferentes. A simples relativização dos conceitos utilizados não é garantia de
acerto. Compreender a questão do Estado depende da compreensão do contexto em que o
Estado é pensado. Sem o estudo das características peculiares e específicas da sociedade
política e da sociedade civil em que as questões se inserem, as chances de resultados
satisfatórios diminuem consideravelmente.
63
Ao analisar mais especificamente as políticas arquivísticas no Brasil, percebidas como
um das dimensões das políticas públicas informacionais, Jardim (2003, p. 39) entende que a
sua definição e implementação requerem atuação política. Ou seja, a formulação e
implementação de políticas arquivísticas exige um conjunto de conhecimentos
simultaneamente técnico-científicos e legais, uma vez que tais políticas existem para
responder a problemas políticos no campo dos arquivos.
Como visto, a informação, o controle, o armazenamento e o uso da informação estão
nas raízes da formação do Estado moderno. A comunicação, a informação e a comunicação
das informações são partes constituintes do Estado, quer como referenciais teóricos e
conceituais que podem contribuir para a compreensão de processo, quer como possibilidades
e alternativas a serem consideradas na análise das políticas públicas. A formulação e a
implementação de políticas públicas que contemplem a preservação da informação como um
dos aspectos da gestão da informação e do controle do fluxo informacional apresentam-se
como uma condição para a visibilidade do Estado, conforme Jardim, e um recurso para
corrigir distorções informacionais em uma democracia. Especialmente, aquelas que venham a
se referir à informação arquivística.
2.4.2 Informação arquivística
No fim da década de 1990, Jardim (1999, p. 29) constatava que a noção de informação
arquivística, recente na literatura da área, carecia de aprofundamento teórico. Apesar de a
Arquivologia continuar, de forma predominante, a considerar os arquivos como seu objeto, a
64
expressão informação arquivística vinha aparecendo com maior freqüência nos discursos e
publicações na área, ainda que sem a reclamada verticalização teórica e conceitual.
É o que constata, em 2005, Fonseca (2005, p. 10) quando afirma que a informação não
é considerada como objeto privilegiado da Arquivologia6, aparecendo na literatura da área
apenas como conseqüência do documento de arquivo. Fonseca registra o esforço do Groupe
Interdisciplinaire de Recherche em Archivistique, da Universidade de Montreal, em construir
um conceito de informação arquivística, que denominam de “informação registrada orgânica”:
[...] a arquivologia parece, hoje, como uma disciplina cuja razão de ser situa-se no seio da gestão da informação, recurso vital das organizações. Todos os membros da organização têm necessidade de informação para cumprir suas funções respectivas. As informações necessárias serão buscadas no interior ou no exterior da organização. Estas informações podem ser verbais ou registradas sobre suportes como, por exemplo, o papel, a fita magnética, o disco ótico ou o microfilme. Podem ser orgânicas, quer dizer, elaboradas, expedidas ou recebidas nos quadros das funções do organismo, ou não orgânicas, quer dizer, produzidas fora do quadro das funções do organismo. As informações registradas orgânicas nascem no arquivo do organismo (COUTURE; ROUSSEAU; DUCHARME, 1998, P. 53-54 apud FONSECA, 2005, p. 11, grifo do autor).
Mesmo reconhecendo um certo grau de renovação nas questões pautadas pela
Arquivologia contemporânea, nacional e internacional, Fonseca (2005, p. 98) considera a
questão terminológica da área um “território bastante delicado, uma vez que a relação entre
termo e conceito nem sempre é clara e ‘amigável’”.
Malheiro da Silva, no I Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica,
realizado pelo Arquivo Nacional do auditório do BNDES, Rio de Janeiro, em 2000, dizia não
que o “salto semântico” da expressão “documento de arquivo” para a ‘informação
arquivística” (ou informação de arquivo) não é irrelevante. Pelo contrário, pois pressupõe uma
666A expressão “informação arquivística” não consta na Lei no 8.159, conhecida com a Lei de Arquivos, de
1991, nem é verbete do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, publicado em 2005, pelo Arquivo Nacional, apesar de o principal programa orçamentário do Arquivo Nacional intitular-se Democratização do Acesso à Informação Arquivística Governamental.
65
nítida predominância do conteúdo sobre o suporte. Na hipótese de Silva (2000, p. 3), a
Ciência da Informação incorpora a Arquivologia e a Biblioteconomia e acaba com a distinção
entre “informação arquivística” e “informação bibliográfica”. Para Silva, o fato é que a falta
de uma conceituação mais sólida da expressão “informação arquivística” exige cuidados na
sua aplicação, ao mesmo tempo em que desautoriza a crescente proliferação de seu uso na
Arquivologia contemporânea.
Tais cuidados são tomados por Jardim quando discute o tema. Ao abordar a noção de
informação arquivística, para Jardim, o que Ampudia Mello (1988) chama de “informação
institucional”, Couture, Ducharme e Rousseau (1998) denominam “informação orgânica
registrada”. Portanto, os arquivos expressam o conjunto dessas informações orgânicas,
produzidas e acumuladas em decorrência das ações de uma organização ou pessoa física
(JARDIM, 1999, p. 30).
Dois elementos são comuns às mais variadas e diversificadas definições de
“documento de arquivo” ou de “informação de arquivo” existentes na literatura: a sua
natureza orgânica e a sua natureza funcional. A natureza orgânica da informação arquivística
se relaciona ao fato de que tal informação é produzida a partir de uma estrutura organizacional
com setores, departamentos e divisões interdependentes com objetivos comuns, e a natureza
funcional diz respeito às diferentes funções e usos dessas informações produzidas.
Entende-se, portanto, no escopo deste trabalho, informação arquivística como aquela
produzida, recebida e acumulada por um organismo em razão das competências e atividades
necessárias para a realização de seus objetivos.
Não foi identificada na literatura analisada qualquer conceito para informação
arquivística governamental.
Por informação arquivística governamental entende-se a informação acumulada pelo
Estado, registrada em qualquer suporte material, produzida e recebida em razão de atividades
66
próprias e específicas de governo e em atenção às respectivas competências e funções das
estruturas administrativas e burocráticas existentes para a realização dos objetivos de governo.
3 POLÍTICAS PÚBLICAS
Estudar o problema da preservação da informação arquivística governamental
brasileira em suas relações com as políticas públicas não deixa ao pesquisador da Ciência da
Informação alternativa que correr o risco de se aventurar por conceitos de outras áreas. Isto
implica reconhecer que essas questões são objeto específico de estudo e estão contempladas
em áreas do conhecimento mais bem munidas de artefatos teóricos, conceituais e
metodológicos, como a Sociologia e a Ciência Política, por exemplo. Entretanto, a Ciência da
Informação, por sua característica interdisciplinar, ao mesmo tempo em que justifica tal
incursão, poderá vir a se beneficiar dos resultados obtidos. Assim, a idéia central que esta
seção tem em perspectiva é o reconhecimento do objeto de pesquisa e sua respectiva
delimitação teórico-conceitual, baseada na revisão de literatura empreendida.
A questão do Estado, do regime político, da democracia, da cidadania e da sociedade
civil são aspectos incontornáveis e alicerce para uma análise deste tipo. Ao privilegiar-se com
uma seção exclusiva o universo teórico e conceitual das políticas públicas pretendeu-se
sinalizar o grau de relevância que o tema tem para a pesquisa em curso, mas, principalmente,
apresentar o que se entende como política pública.
Por isso, o enfoque aqui adotado se aproxima do que Muller e Surel (2004, p. 10)
chamam de “descentramento da questão do Estado em si” para um “centramento” na questão
do “Estado em ação”, isto é, as políticas públicas. No caso específico desta tese, tais políticas
públicas foram pensadas tendo como pano de fundo a preservação da informação arquivística
do Poder Executivo federal brasileiro.
Nesse sentido, retomamos a abordagem de Jardim em que o Estado se apresenta como
cenário e campo informacional e, portanto, pode ser entendido como uma unidade de análise.
68
Assim, se a informação governamental é um recurso estratégico para a tomada de decisões,
para a gestão dos negócios de Estado e para a consolidação da democracia, a preservação da
informação arquivística governamental passa a ser um elemento de análise a ser considerado.
Assim, pressupõe-se que a preservação da informação arquivística do Executivo
federal brasileiro está diretamente relacionada à formulação e implementação de políticas
públicas, uma vez que é no âmbito destas que a preservação contínua e a longo prazo melhor
se aloca. Nesses termos, a preservação se efetivará se for pensada e implementada através de
um planejamento estratégico abrangente, configurado no escopo de uma política pública.
Para compreender como o Estado e os governos brasileiros se posicionam em relação à
preservação da informação arquivística governamental e em que grau e forma recorrem às
políticas públicas para isso, implica, de um lado, a construção de um quadro teórico-
conceitual que sustente uma investigação sobre políticas públicas e, de outro, a identificação
dos elementos políticos que compõem uma política pública e, assim, pensar as conseqüências
práticas da questão teórica.
3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITUAÇÃO GERAL E HISTÓRICA
O estudo das políticas públicas se insere, hoje, nos esforços para compreender o papel
do Estado e o seu tamanho na sociedade contemporânea. Isto significa observar as lógicas
existentes nas diferentes formas de mútua intervenção entre Estado e sociedade, identificar as
relações existentes entre os diversos atores e compreender a dinâmica da ação pública. Apesar
de ser relativamente recente1, o estudo atual das políticas públicas já comporta uma mudança
1A literatura da área dá os anos de 1950, nos Estados Unidos, como a data e local quando e onde as políticas
públicas passaram a ser objeto de preocupação e estudo.
69
importante na forma de abordar o tema: a tendência que se afasta da orientação operacional
inicial para aproximar-se de uma abordagem cognitiva, na qual as políticas públicas são
entendidas com o “Estado em ação”, conforme Muller e Surel (2004, p. 11):
[...] a ação do Estado pode ser considerada como o lugar privilegiado em que as sociedades modernas, enquanto sociedades complexas, vão colocar o problema crucial de sua relação com o mundo através da construção de paradigmas ou de referenciais, sendo que este conjunto de matrizes cognitivas e normativas intelectuais determina, ao mesmo tempo, os instrumentos graças aos quais as sociedades agem sobre elas mesmas e os espaços de sentido no interior das quais os grupos sociais vão interagir.
Com isso, passa-se a trabalhar novos elementos de análise considerados dentro de um
complexo de relações de conflito e de busca de consenso à medida que a sociedade, ou pelo
menos, parte dela, por meio da informação e do conhecimento, tende a apropriar-se de novas
formas de manifestação e de influência nas decisões e ações públicas.
Expressões como “política” e “políticas públicas” comportam variadas acepções,
concepções e definições. Se há algo em comum a elas, é justamente o seu caráter polissêmico.
A língua inglesa recorre a três termos para identificar as nuances do tema: polity, para a esfera
da política e para diferenciar o mundo da política da sociedade civil2; politics, como a
atividade política na disputa por cargos políticos, o debate partidário etc.; policies, para a ação
pública, ou seja, os processos que elaboram e implementam programas e projetos públicos
(MULLER; SUREL, 2004, p. 13).
Dagnino (2002) reconhece essa circunstância e, junto com outros autores, se esforça
para formular um conceito de política. Cita Easton (1953, p. 130) que afirma ser uma política
(policy) “uma teia de decisões que alocam valor”; Heclo (1972, p. 84-85) entende que “uma
política [policy] pode ser considerada como um curso de uma ação ou inação (ou ‘não-ação’),
mais do que decisões ou ações específicas”; para Jenkins (1978, p. 15) é um “conjunto de
2 Do conceito de Gramsci de “Estado ampliado” formado pela sociedade política mais a sociedade civil.
70
decisões inter-relacionadas, concernindo à seleção de metas e aos meios para alcançá-las,
dentro de uma situação especificada”; para Wildavsky (1979, p. 387) é “um processo de
tomada de decisões, mas, também, o produto desse processo” e para Ham e Hill (1993, p. 13)
uma “política envolve antes um curso de ação ou uma teia de decisões que uma decisão”
(DAGNINO, 2002, p. 2).
No Brasil, Eisenberg (2000), em palestra proferida na Escola do Legislativo de Minas
Gerais, dizia ser a política
um conjunto de atividades que constituem a formação de consensos deliberativos no seio da sociedade [...] a política é mais bem entendida como um conjunto de relações de adjudicação de conflito em sociedade e de formação de consensos, consensos que possam ser convertidos depois em decisões, em deliberações, que se convertem, subseqüentemente, em políticas públicas — maneiras pelas quais o Estado, nas suas diversas dimensões, age sobre a sociedade, intervém na sociedade, reorganiza relações sociais.
Para Muller e Surel (2004), uma política é, simultaneamente, um constructo social e
um constructo de pesquisa. Assim, se o objeto científico de investigação é uma construção, é,
também, uma representação. Ao construir um objeto científico, ganha-se muito em precisão e
clareza se essa construção for explicitada também como uma representação do pesquisador.
Isso obriga o pesquisador a definir e expor claramente o que entende por política.
Da mesma forma, as políticas públicas. Na literatura analisada, foi identificada uma
gama de expressões que buscavam situar a questão das políticas públicas em termos
científicos, mas que muito mais sinalizam para o que o termo tem ainda de contraditório e de
indefinido. As “políticas públicas”, ou melhor, o estudo das políticas públicas, também
chamado de “análise de políticas públicas”, foram consideradas e referidas na literatura
revisada como: área, campo disciplinar, disciplina, subdisciplina, tema, objeto, especialização,
ciência, subárea, campo de pesquisa, programa, subárea disciplinar, supradisciplina e
disciplina científica.
71
É preciso ressaltar que a literatura que trata do tema o faz quase em sua totalidade do
ponto de vista do que é denominado de “análise das políticas públicas” e não das políticas
públicas como objeto cognoscível em si mesmo. Isso sugere que as preocupações dos
estudiosos de políticas públicas referem-se muito mais aos efeitos de políticas formuladas e
implementadas, e assim objetos tangíveis de avaliação, do que ao estudo do processo político
e da circunstância política em que estas são pensadas e decididas. Ou seja, tal abordagem se
concentra na identificação do que é considerada uma política pública e nos custos e efeitos
por ela produzidos ou não. E traz uma conseqüência: uma extensa gama de citações apud que
confirma o caráter incipiente dos estudos na área e que se estende também ao conceito de
“políticas públicas”.
Dagnino (2002, p. 4), por exemplo, não conceitua “políticas públicas”, mas sim a
“análise de políticas públicas” como o “conjunto de conhecimentos proporcionado por
diversas disciplinas das ciências humanas utilizados para buscar resolver ou analisar
problemas concretos em política (policy) pública”. Da mesma forma, isso aparece nos autores
citados por Dagnino, como Wildavsky (1979), para quem a análise da política tem o propósito
de “interpretar as causas e conseqüências da ação do governo, em particular, ao voltar sua
atenção ao processo de formulação de política”; para Dye (1976), “fazer ‘Análise de Política é
descobrir o que os governos fazem, porque fazem e que diferença isto faz’. Para ele, ‘Análise
de Política é a descrição e explicação das causas e conseqüências da ação do governo’”.
Para Ferri Durá (2004), Baena define políticas públicas ao afirmar serem estas “toda
decisão conformadora, em princípio de caráter inovador, que é acompanhada das medidas
necessárias para a sua continuidade e execução”. No entanto, Ferri Durá percebe que, por sua
vez, Subirats não chega a produzir uma definição concreta, pois apenas lista as características
e qualidades de uma política pública ao afirmar que uma política pública “Normalmente
implica uma série de decisões. Decidir que existe um problema. Decidir que se deve tentar
72
resolver. Decidir a melhor maneira de resolver. Decidir legislar sobre o tema”. O mesmo
ocorre quando Ferri Durá cita Mény e Thoening, para dizer que a doutrina francesa prefere
atribuir características a definir políticas públicas. Entretanto, Mény e Thoenig, no trecho
citado por Ferri Durá (2004), consideram uma “definição teórica” a que fazem para política
pública
Uma política pública se apresenta como um programa de ação governamental em um setor da sociedade ou em um espaço geográfico: a segurança, a saúde, os trabalhadores imigrantes, a cidade de Paris, a Comunidade Européia, o oceano Pacífico etc.
Kostka Fernández (2004) confirma esse panorama ao dizer que as políticas públicas
têm um acentuado caráter polissêmico. Considera que a tradução da expressão anglo-saxônica
public policy para “políticas públicas” em Espanhol (como em Português) é, no mínimo, um
equívoco etimológico. Kostka Fernández (2004, p. 1) apresenta a definição de Yehezekel
Dror para quem as políticas públicas são “uma supradisciplina orientada para a busca do
aproveitamento da elaboração de políticas”. Ou seja, uma disciplina científica com o objetivo
de prover informação útil para a tomada de decisão e para resolver problemas em
circunstâncias políticas concretas.
Garcia Palácios (2005) apresenta a definição de políticas públicas de Peters (1978)
recolhida por Frances Pallares, na qual consta que as políticas públicas são “o conjunto de
atividade das instituições de governo, atuando diretamente ou através de agentes, e que são
direcionadas a ter uma influência sobre a vida dos cidadãos”, para imediatamente explicar
que, segundo Pallares, essa “concepção genérica” exige que lhe sejam acrescentadas algumas
considerações complementares, logo a seguir arroladas.
Raras são as abordagens que vão a busca de regularidades e propriedades específicas
das políticas públicas. Isso implica que muitos autores afirmem que as políticas públicas são
meras “categorias analíticas” (JONES, 1970 apud MULLER; SUREL, 2004, p. 15)
73
construídas pelos pesquisadores que dela se ocupam ou pelos atores políticos envolvidos na
sua formulação e implementação. Ou seja, a definição precisa do que venha a ser políticas
públicas não fica estabelecida. Pelo contrário, a própria natureza do tema é identificado como
provocador das dificuldades em se definir políticas públicas.
Afirmando que intuitivamente todos têm uma noção do que pode ser uma política
pública, Muller e Surel (2004, p. 38) chamam atenção para uma certa tendência em se
associar políticas públicas com textos legislativos e reguladores. Um conjunto de textos legais
ou reguladores de uma determinada atividade ou setor não é suficiente para caracterizar uma
política pública. Jardim reconhece na legislação um dos fundamentos das políticas públicas
(no caso, arquivísticas), mas para que aquela não acabe em “letra morta”, a legislação deve
ser, simultaneamente, instrumento e objeto de uma política.
Os objetivos e procedimentos estabelecidos nesses textos legais e reguladores podem
ser questionados e prejudicados em seus efeitos por uma declaração precipitada de uma
autoridade do setor, por exemplo. Ou seja, o texto legal regulador poderia ter os seus
objetivos e preceitos alterados, em razão de uma intervenção não programada (MULLER;
SUREL, 2004, p. 15). O registro literal de uma lei, regulamento ou norma, impresso e
publicado em qualquer meio não tem o caráter e o componente dinâmicos de uma política
pública. A letra “morta” da lei possibilita interpretações múltiplas, o que exige, com
freqüência, mediação. Tende, assim, a se afastar daquilo que se entende por política pública.
Por outro lado, mesmo na ausência de uma estrutura governamental especializada para
a formulação e implementação de uma política pública, esta pode existir. As políticas de meio
ambiente existiam antes da criação dos ministérios do meio ambiente (MULLER; SUREL,
2004, p. 15).
Observa-se, assim, que muitas vezes aquilo que é denominado, inclusive, pelos
próprios governos que a formulam, como uma política pública, nem sempre configura-se
74
como tal e, de outro lado, alguns programas e projetos governamentais, com todas as
características de uma política pública não são assim anunciados ou assumidos pelos governos
que os implementam.
Em algumas das leituras realizadas, observou-se a tendência de se estudar apenas os
resultados práticos e efetivos das políticas públicas, privilegiando e expondo seus aspectos
descritivos, operacionais, pragmáticos e resultados quantitativos, desvalorizando, dessa forma,
aspectos qualitativos da circunstância e do contexto de formulação de tais políticas.
Dagnino (2002) enxerga uma tensão entre o descritivo e o prescritivo na análise das
políticas públicas e apresenta uma classificação formulada em 1993 por Ham e Hill, na qual
as abordagens e perspectivas dos estudos de análise política são divididas em duas categorias:
• a análise que tem como objetivo desenvolver conhecimentos sobre o processo de elaboração políticas (formulação, implementação e avaliação) em si mesmo - estudos sobre as características das políticas e o processo de elaboração de políticas – que revelam, portanto, uma orientação predominantemente descritiva;
• a análise voltada a apoiar os fazedores de política, agregando conhecimento ao processo de elaboração de políticas, envolvendo-se diretamente na tomada de decisões, revelando assim um caráter mais prescritivo ou propositivo.
Ainda que uma classificação desse tipo possa indicar elementos objetivos importantes
de serem considerados na análise de políticas públicas é preciso considerar os aspectos
conflitantes, próprios da realidade humana e social em que são pensadas e produzidas as
políticas públicas e que, portanto, são também partes dessas políticas públicas. A análise de
uma política pública tem, portanto, uma dimensão política, uma vez que o processo de
formulação de uma política é, acima de tudo, um processo político.
Nessa circunstância, alguns autores entendem que os estudos das políticas públicas são
muito mais uma “categoria analítica” do que um objeto em si, cuja análise e compreensão
depende, ou da atuação do pesquisador, ou da atuação dos atores políticos envolvidos,
relativizando a necessidade de um verbete conceitual definitivo. Isso sugere e implica que,
75
para equacionar o problema, o estudioso do tema se concentre na investigação dos
mecanismos de construção e no contexto de formulação das políticas públicas em seu trabalho
de investigação. Analogamente ao que escreveu Habermas sobre as leis, poderíamos dizer que
no estudo das políticas públicas em uma democracia importa mais saber como essas políticas
são feitas do que o que exatamente são.
Apesar do seu caráter indefinido e contraditório, parece ser possível identificar
algumas características comuns às políticas públicas ainda que estas ocorram em diferentes
graus: relações de poder e legitimidade, espaços de trocas, elementos de valor e
conhecimento, normas, regulamentos e procedimentos, necessidades de escolhas, sentidos e
valores culturais, uma ideologia que a gere e a sustente; planejamento orçamentário;
organograma e estrutura organizacional hierárquica setorial; integração e inter-relacionamento
entre seus vários aspectos e níveis (federal, estadual e municipal); programas e projetos
específicos; dinamismo para as necessárias atualizações; participação dos setores
interessados; representação democrática da sociedade na sua formulação e implementação;
atendimento de diferentes demandas; critérios de aferição e avaliação de seus resultados;
atenção para as correções necessárias ao longo de sua trajetória (SILVA, 1998a).
Uma política pública é, portanto, dinâmica e mutante. Isto significa que ela tende a ir
alterando-se ao longo do tempo, redefinindo diretrizes e propondo novos objetivos.
Dagnino (2002) sintetiza em um decálogo o que é necessário para se entender o
conceito de “política”:
1 a distinção entre política e decisão: a política é gerada por uma série de interações entre decisões mais ou menos conscientes de diversos atores sociais (e não somente dos tomadores de decisão)
2 a distinção entre política e administração 3 que política envolve tanto intenções quanto comportamentos 4 tanto ação como não-ação 5 que pode determinar impactos não esperados 6 que os propósitos podem ser definidos ex post: racionalização 7 que ela é um processo que se estabelece ao longo do tempo 8 que envolve relações intra e inter organizações
76
9 que é estabelecida no âmbito governamental, mas envolve múltiplos atores
10 que é definida subjetivamente segundo as visões conceituais adotadas.
Muller (2004, p. 22), por sua vez, recorre a Yves Mény e a Jean-Claude Thoenig para
apontar cinco elementos que possibilitam identificar uma “política pública”:
1 existência de um conjunto de medidas concretas; 2 decisões de natureza mais ou menos autoritária; 3 estar inscrita em um quadro geral de ação, nunca é uma ação
isolada; 4 possuir sempre um público; 5 possuir objetivos definidos.
A identificação e exposição das lógicas utilizadas no processo de formulação e
implementação das políticas públicas, é o caminho apontado por Muller e Surel (2004, p. 20)
para que o pesquisador consiga superar dois impasses teórico-metodológicos observados nos
estudos de políticas públicas:
O primeiro consiste em considerar que somente se está na presença de uma política pública a partir do momento em que as ações e as decisões estudadas formam um todo coerente, o que não acontece jamais. O segundo consiste em negar qualquer racionalidade da ação pública, em vista das múltiplas incoerências que ela manifesta.
Os dois extremos acima mencionados antecedem e se reproduzem na ação do Estado,
sinalizando ao pesquisador de políticas públicas a necessidade de estender essa compreensão
no estudo das políticas públicas e do Estado em ação.
Ao sugerirem uma abordagem cognitiva das políticas públicas, Muller e Surel (2004,
p. 34-41) reconhecem que a questão do Estado voltou à pauta pelo viés das políticas públicas.
Esses autores percebem duas perspectivas no campo da teoria do Estado: “a abordagem estatal
ou a sociedade produzida pelo Estado” e “a abordagem pluralista ou o Estado produzido pela
sociedade”. Essas duas abordagens apresentariam uma compreensão da verdade do Estado e
do Estado em ação, nas quais o Estado expressaria, ao mesmo tempo, “a unidade e a
77
diversidade da sociedade, sua existência enquanto totalidade pensada e sua tendência
inevitável à explosão.” Por isso, propõem uma via alternativa a esses dois extremos como
forma de dar conta da complexidade da ação pública.
A abordagem cognitiva, considerada como uma corrente de análise, “se esforça para
apreender as políticas públicas como matrizes cognitivas e normativas, construindo sistemas
de interpretação do real, no interior dos quais os diferentes autores públicos e privados
poderão inscrever sua ação.” Essa linha de investigação prioriza em sua análise o peso das
idéias, dos preceitos gerais e das representações sobre a evolução social, partilhando de “um
ponto comum essencial, que é o de estabelecer a importância das dinâmicas de construção
social da realidade na determinação dos quadros e das práticas socialmente legítimas num
instante preciso” (MULLER; SUREL, 2004, p. 47). Trata-se de um processo cognitivo que
possibilita compreender a realidade em sua complexidade e um processo prescritivo que
possibilita agir sobre a realidade.
Bordieu de alguma forma corrobora essa idéia quando ensina que o “real é relacional”
(2005, p. 16). O modelo que apresenta trata de prevenir contra uma leitura substancialista (o
modo de pensar do senso comum), adjetivada como “ingenuamente realista”, toda a vez que
uma atividade humana é considerada por si mesma ou em si mesma, numa relação mecânica
e direta, desprezando-se os múltiplos nuances de uma sociedade complexa e tomando algumas
preferências de indivíduos ou grupos como “uma espécie de essência biológica ou cultural”,
nas palavras de Bordieu.
Muller (2004, p. 5-7, tradução nossa) formula três questões de pesquisa, entre outras,
que pareceram pertinentes. A primeira tem um sentido mais geral, aborda a relação do Estado
com as políticas públicas e procura saber o que levou ao advento do problema das políticas
públicas na contemporaneidade:
em que a transformação nos modos de agir do Estado no curso dos últimos cinqüenta anos modificou o lugar e papel dessa ação nas
78
sociedades industriais ocidentais? Ou posto de outra forma, as políticas públicas mudaram a política? (MULLER, 2004, p. 5)
A segunda pergunta considera que as sociedades contemporâneas são basicamente
sociedades reguladas e busca identificar as transformações que originaram a multiplicação das
políticas públicas:
Quais transformações produziram a multiplicação das intervenções públicas às quais a análise das políticas públicas procura dar conta? (MULLER, 2004,, p. 7)
A terceira questão trata de identificar a origem intelectual e metodológica da análise
das políticas públicas:
De qual corrente de pensamento, de quais interrogações sociológicas ou filosóficas são elas [as análises de políticas públicas] herdeiras? (MULLER, 2004, p. 7)
Muller e Surel (2004) entendem ser possível esclarecer a influência exercida pelas
normas sociais globais sobre os comportamentos sociais e sobre as políticas públicas. O
modelo proposto se firma sobre a convicção de que é possível identificar valores e princípios
gerais que definem uma visão de mundo, bem como identificar princípios específicos que
permitiriam operacionalizar esses valores gerais, como também identificar as escolhas
instrumentais. Dessa forma, Muller e Surel (2004, p. 50) entendem ser possível “isolar,
analiticamente, os processos pelos quais são produzidas e legitimadas as representações, as
crenças, os comportamentos, principalmente sob a forma de políticas públicas particulares no
caso do Estado”.
Com isso, seria possível colocar à luz a existência de uma matriz cognitiva e
normativa capaz de produzir uma “consciência coletiva”, um certo sentimento subjetivo de
pertença, produtor, portanto, de uma identidade específica, o que facilitaria a identificação de
grupos ou organizações envolvidos no processo de formulação de políticas públicas. Isto
79
permitiria ainda mapear as mobilizações de tais grupos identitários no momento de crise de
uma política de seu interesse. Um outro aspecto dessa matriz cognitiva seria a possibilidade
de observação das lógicas de poder no processo de elaboração de uma política pública,
quando e onde determinados atores fariam valer seus interesses.
Muller e Surel (2004, p. 53) sugerem que a abordagem cognitiva possibilitaria
ultrapassar o dilema do determinismo e do voluntarismo ao combinar aspectos de ambos em
uma grade de análise que
combina uma certa forma de determinismo estrutural (os atores não são totalmente livres de suas escolhas) e uma certa forma de voluntarismo (as escolhas políticas não são totalmente determinadas pelas suas estruturas).
A abordagem cognitiva estudaria as políticas públicas como um processo de
interpretação do mundo a ser percebido pelo pesquisador, o que lhe permitiria compreender as
relações aí estabelecidas, os conflitos expostos e o contexto em que as políticas públicas são
formuladas e implementadas.
Por sua vez, para caracterizar, latu sensu, as políticas públicas, Melo (1999, p. 3) vai à
idéia de Jobert e Muller (1989) de “o Estado em ação”, chamando atenção para que essa linha
de pensamento recorre ao conhecimento social como forma de equacionar os problemas de
governo. Da mesma forma que os anteriormente citados Muller e Surel, Melo entende que é
difícil defender a análise das políticas públicas como uma disciplina acadêmica, stricto sensu.
No entanto, discorda de ambos, quando diz que, ao contrário do que “um conjunto influente
de autores” afirma, não se pode falar em volta do tema Estado nas preocupações acadêmicas
das Ciências Sociais. Melo recorre ao caso do Brasil para dizer que a história do pensamento
político e a questão do Estado se confundem ao longo do século XX. O que Melo percebe é
uma alteração cognitiva na abordagem do Estado, pelo menos no caso brasileiro, que passa de
uma compreensão monolítica do Estado para uma visão mais flexível, não globalizante, na
80
qual as políticas públicas são privilegiadas. Atribui a isso uma maior especialização na
produção científica e ao advento do liberalismo, mas não considera que isso signifique uma
retomada do tema Estado.
3.2 ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL
Ao passar a tratar das políticas públicas, Melo (1999, p. 65) assegura que a recente
difusão e popularização da expressão “políticas públicas” vem a reboque dos processos de
democratização e da institucionalização liberal. E alerta que, conforme Lowi (1994), a própria
expressão seria resultado direto da onda liberal que cunhou um “termo engenhoso” para
sugerir uma aproximação entre governo e sociedade, justamente por ser uma expressão mais
palatável do que leis, estatutos e éditos. Mesmo assim, a popularização do tema “políticas
públicas”, com reflexos na academia, revela, para Melo (1999), novos valores na cultura
política, como a noção de necessidade de publicização das decisões e a distinção entre esfera
pública e esfera estatal. A essa constatação, poderíamos acrescentar ainda como novos valores
da cultura política com reflexos na universidade, as noções de transparência e accountability3,
3De acordo com o Tribunal de Constas da União: “A troca de informações entre governo e sociedade deve ser
um processo contínuo, uma via de mão dupla, com o intuito de defender o Erário e cobrar dos gestores de recursos públicos uma aplicação eficiente, eficaz e efetiva dos recursos da sociedade. Portanto, a Administração Pública tem o dever de prestar contas perante a sociedade e esta tem o direito de controlar a ação do governo. Este é exatamente o conceito de accountability, próprio do sistema anglo-saxão, que contribui fortemente para as discussões do controle social e, embora sem possuir uma tradução exata para a língua portuguesa, tem por finalidades fundamentais:
a. direcionar e orientar a ação administrativa; b. aferir o desempenho e os resultados da gestão pública; e c. garantir sua probidade e integridade.
O conceito pressupõe, ainda, a integração dos meios de controle formais e informais e a soma das prestações de contas oficiais exercidas pelas casas legislativas e pelos tribunais de contas com a fiscalização direta da sociedade. Os dois tipos de controle devem ser sobrepostos, de modo que ocorra uma superexposição da administração pública, e esta deve ter suas contas submetidas anualmente ao exame dos fiscais, em linguagem técnica e, também diariamente, a toda a população, por meio de demonstrativos de fácil compreensão. [...] Accountability é, então, o processo pelo qual os indivíduos responsáveis pelas entidades do
81
que passaram a freqüentar as universidades, em um primeiro momento, e os jornais diários e
revistas semanais, logo a seguir.
Um segundo alerta faz Melo (1999, p. 66), em nota de rodapé, quando registra que no
Brasil, a análise das políticas públicas está, em grande medida, restrita à burocracia pública
por esta deter um virtual monopólio em relação ao acesso às informações relevantes.
Reconhece que isso vem diminuindo, ainda que de maneira insuficiente, pelo advento das
novas tecnologias de informação e comunicação. Este registro é mais um viés a ser
considerado e contornado pelo pesquisador que se aventura a investigar as políticas públicas
brasileiras.
Ao apresentar uma análise da literatura brasileira, cujos trabalhos tratam da conexão
entre o Estado e as políticas públicas, Melo (1999, p. 67) arrola três subconjuntos:
1 as pesquisas que têm como objeto o regime político4, as instituições políticas ou o
Estado brasileiro, e o estudo de uma política específica, realizadas a partir de comparações ou
estudos de caso como forma de se compreender uma problemática política e institucional;
2 os trabalhos sobre políticas setoriais e suas circunstâncias, nos quais predomina a
identificação do padrão de intervenção do Estado, envolvendo temas como cidadania,
participação política, grupos de interesses, e disciplinas com a Sociologia e a Ciência Política;
3 a análise de avaliação de políticas, com predomínio de trabalhos de especialistas
setoriais da burocracia pública, sem maiores preocupações políticas e institucionais.
Fiel ao título geral da obra (O que se ler na Ciência Social brasileira 1970-1995), Melo
(1999, p. 75), entre outras citações, menciona o trabalho de Wanderley G. dos Santos que
setor público são chamados a prestar contas de todos os aspectos de seu desempenho como administradores públicos. Essa obrigação do administrador de prestar contas pela responsabilidade que lhe é conferida como gestor público é, também, um direito do cidadão comum, ou seja, é o exercício pleno da cidadania.” Disponível em: <http://www2.tcu.gov.br/portal/page?_pageid=33,494540&_dad=portal&_schema=PORTAL>. Acesso em: 5 jan. 2008.
4Regime político é definido no Dicionário de Política de Bobbio, Matteucci e Pasquino (2004, p. 1081) como um conjunto de instituições que regulam a luta pelo poder e pelo seu exercício, bem como a prática dos valores que animam tais instituições. A escolha de um regime político implica na escolha de determinados valores e a organização e a seleção da classe dirigente determinam a formação da vontade política.
82
trata da formação da cidadania no Brasil (trabalho que introduziu o conceito de “cidadania
regulada”), salientando que, no trabalho de Santos, ganha importância na estrutura de sua
argumentação a combinação dos conceitos relativos ao tempo do desenvolvimento político e
mecanismos de estruturação de demandas. Com esses mecanismos, a expansão da cidadania
social é balizada pelo reconhecimento por parte do Estado de demandas da sociedade.
Naquele momento (1979), tais demandas estavam centradas nos direitos das profissões e na
regulamentação estatal das profissões, e resultariam em iniciativas governamentais na
promoção da eqüidade.
Por que alguns tipos de demanda sociais resultam em políticas públicas e outras não?
Quais são as características dessas demandas que resultam em políticas públicas? Ou mais
radicalmente, por que a preservação da informação arquivística governamental não é, ainda,
no Brasil, objeto de uma política pública?
Empiricamente, e de forma análoga, a questão do direito à informação começa a
despontar como uma nova demanda social. De um lado, uma pequena parcela da sociedade
começa a exigir transparência do governo no tema, e, de outro, o Estado trata de regular a
questão do acesso aos documentos públicos. Alguns sinais dessa situação podem ser
observados na produção bibliográfica acadêmica sobre o assunto, ou nas reivindicações pela
abertura dos arquivos da repressão5, ora em pauta, apesar dos percalços intermitentes.
Mesmo reconhecendo a existência de uma maior produção acadêmica sobre políticas
públicas, Melo (1999, p. 79) estranha o pouco uso da literatura da sociologia das organizações
para os estudos no Brasil das políticas públicas, salientando que, mesmo os estudos sobre a
burocracia pública e agências burocráticas não fizeram uso dessa literatura. Isto pode ser
considerado como um terceiro alerta, e ser interpretado como uma janela metodológica para
quem se envolve com a pesquisa acadêmica do tema. 5Sem apresentar resultados, a Justiça Militar brasileira encerrou o inquérito que apurava a incineração de
documentos do período da ditadura militar (1964-1985) na Base Aérea de Salvador (O Globo de 21/11/2006, p. 9).
83
Da mesma forma, é interessante quando Melo (1999) registra que os estudos que
relacionam o regime político com a produção de políticas foram alimentados pela
democratização dos anos 80. Apesar de estar se referindo apenas ao Brasil, é possível
perceber que essa relação ocorre na América Latina mais ou menos nos mesmos parâmetros,
conforme será visto e comentado mais adiante, a partir de texto de Pedro Medellín. Na
perspectiva de que o processo de democratização influenciara a formulação de políticas
públicas no Brasil, Melo (1999) constata que a pesquisa produzida então passa a abastecer o
que chama de “projeto reformista da Nova República”. É nessa situação que começam a
aparecer expressões e seus respectivos problemas como transparência, participação,
organização comunitária, o que acaba provocando uma valorização dos elementos formais da
democracia. Mas, ao mesmo tempo, Melo observa que o fim do regime autoritário não é
suficiente para superar os problemas de desigualdade e pobreza e fomentar a implementação
de políticas sociais. A constatação desse fato estimula, mais uma vez, os estudos sobre
políticas naquele momento (MELO, 1999, p. 81).
A questão da cultura política não tarda a aparecer, e vem expressa, por exemplo, na
pergunta que tenta saber se é a cultura política que determina o desenho institucional ou se é o
contrário, se são as instituições que determinam a cultura política. Ou então, se a questão da
cultura política aparece quando se analisa a participação da sociedade em uma democracia
incipiente6. Ao abordar esse tema, muitos são induzidos a uma visão simplista das relações de
poder. Qualificando este tipo de reflexão como “apressada e ‘redentora’ da sociedade civil”,
Melo (1999, p. 82) lembra que isso chegou a levar Boschi (1999) a cunhar a frase “a quem
pode o poder, a quem não pode a participação”. 6Um estudo da revista britânica “The Economist” (The World in 2007) coloca o Brasil no 42º lugar em um
ranking do status democrático de 167 países analisados em 2006. As 28 primeiras nações (Na América Latina, Costa Rica em 25º e Uruguai em 27º) no ranking foram consideradas completamente democráticas com base em 60 critérios sócio-político-econômicos utilizados na pesquisa. O Brasil foi classificado como uma “democracia falha”, obtendo nas cinco categorias principais as seguintes notas: pluralismo eleitoral – 9,58; eficiência governamental – 7,86; participação política – 4,44; cultura política – 5,63; liberdades civis – 9,41. Disponível em:<http://www.economist.com/media/pdf/DEMOCRACY_INDEX_2007_v3.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2007.
84
Para Melo (1999), falta à análise das políticas públicas um programa normal de
pesquisa no sentido de Kuhn. A expansão horizontal da área, com o advento de novos objetos
empíricos, é desproporcional à sua verticalização teórica. Melo chama também atenção para a
proximidade da disciplina com órgãos do governo, o que pode levar a agenda de pesquisa ser
pautada pela agenda do governo, o que lembra Bordieu (2005, p. 91) para quem corremos o
risco de sermos “pensados por um Estado que acreditamos pensar”.
Medellín (2004, p. 7-8) também propõe um modelo teórico-metodológico para o
estudo das políticas públicas em países de frágil desenvolvimento político e institucional. Para
Medellín, as políticas públicas não devem ser estudadas de forma independente dos regimes
políticos, principalmente, se o pesquisador entender que as políticas públicas existem para
melhorar a vida dos cidadãos. O pesquisador de políticas públicas que estuda o regime
político em que elas são produzidas, tem a possibilidade de perceber o grau de persistência e
consistência da democracia que o envolve. De outro lado, ao investigar a função
governamental, o pesquisador será capaz de dimensionar a capacidade estrutural do Estado
em produzir tais políticas públicas. Medellín (2004, p. 5) parte da hipótese de que “a natureza
específica de um regime político determina, de maneira crucial, a estruturação das políticas
públicas”. Dialeticamente, a estruturação das políticas públicas determinaria, também, o teor
dos regimes políticos. É o que se pode depreender do que Medellín (2004, p. 31) diz:
É importante observar que os processos de estruturação das políticas públicas não apenas modificam os contextos dos governados. Também devem modificar os contextos em que atuam os governantes. Tanto os que conduzem o governo como os que realizam as tarefas concretas da ação públicas. [...] Na estruturação das políticas públicas, cada avanço da política se produz de acordo com cada novo contexto gerado. [...] Mas os contextos não são permanentes.
A estruturação de políticas públicas nos países com sólidas estruturas políticas e
instituições regidas de maneira formal são completamente diferentes da estruturação de
políticas públicas em países com estruturas políticas frágeis e instituições arbitradas pela
85
informalidade. Nesse sentido, a primeira dificuldade que se apresenta ao pesquisador é
simplesmente a de se abordar uma questão com alto grau de complexidade em um país cuja
dinâmica política pauta-se pela precariedade e onde as instituições públicas atuam na
informalidade. Nesse ambiente e circunstância, é menor a possibilidade de que as políticas
públicas consigam modificar a vida política. Medellín (2004, p. 8) chama atenção para a
tendência em países subdesenvolvidos e periféricos de “importar” a produção intelectual
sobre o tema, realizada pelos países centrais. Seria possível falar em políticas públicas em
países com estruturas frágeis da mesma forma que se trata do assunto em países com
instituições consolidadas? Essas políticas são as mesmas em um e outro país?
As políticas não podem ser entendidas senão da perspectiva do tipo de regime político e da ação do governo de que emergem. Não são variáveis independentes que possam ser explicadas de maneira alheia ao conjunto de fatores políticos e institucionais em que se estruturam. As políticas públicas têm de ser examinadas a partir do regime político e do governo (MEDELLÍN, 2004, p. 8).
A importância de se estudar as políticas públicas a partir do regime político reside no
fato de que este marca os limites e as possibilidades de estruturação das políticas públicas,
determina a natureza e o caráter do ambiente em que são formuladas as políticas públicas, o
que proporciona uma compreensão melhor da democracia que as origina, bem como
possibilita que se perceba a capacidade estrutural do Estado e dos governos de atender as
demandas da sociedade. O regime político é o ordenamento que confere materialidade e
identidade à idéia “abstrata” de Estado (o Estado é um conceito). O regime político normaliza
as relações sociais por meio do ordenamento constitucional, de princípios, códigos e normas e
estrutura hierarquicamente o poder que rege e regula a ação do Estado. É o regime político
que garante a ordem interna e externa do Estado. É por meio do regime político que o Estado
confere poder e autoridade formal aos governantes para que estes decidam, fiscalizem e
apliquem recursos públicos humanos, técnicos e financeiros (MEDELLÍN, 2004, p. 14).
86
O reconhecimento das características de regime político, governo e Estado, de um
lado, justificativa a proposta metodológica de Medellín (2004), e de outro, ilustra alguns
limites entre um e outro.
Estudar políticas públicas implica ainda compreender os governos, uma vez que é o
governo que articula os regimes políticos e as políticas públicas. Isto é, o governo é a forma
concreta pela qual os regimes políticos se expressam e exercem o poder político, definem as
prioridades e tentam conduzir a sociedade por meio das políticas públicas. Assim, nos estudos
das políticas públicas tão importante quanto perceber que as políticas públicas dependem da
natureza do regime político e da função governamental, é também identificar o grau dessa
relação de interdependência. Em sua forma institucional, os regimes estabelecem os laços que
une governantes e o aparato de governo, o campo de ação entre os governantes e os
governados, a forma como os governantes podem ascender ao governo, e a forma de atribuir
poder institucional ao governante para que suas decisões sejam aceitas pelos governados. Em
relação ao modo de governar, como prática cultural, estão implicados tanto a cultura como o
projeto político que prevalece em determinada sociedade. Essa cultura política e institucional
se manifesta na maneira como se dá o diálogo entre governantes e governados em relação a
definição e gestão dos assuntos políticos e institucionais, no modo como são adotadas táticas e
estratégias governativas para alcançar certos objetivos e no grau de consenso e repressão
exigido para realizar os propósitos definidos. No limite, o exercício do governo sinaliza para a
consistência ou não da democracia existente, e as políticas públicas para o nível de
democracia alcançado.
Ainda de acordo com Medellín, as políticas públicas são os dispositivos que o governo
tem para tocar a máquina governativa e para resolver, em certo grau, conflitos sociais. E é
assim que as políticas públicas acabam sendo determinadas pelo modo como os governos
decidem usar e usam os recursos institucionais e culturais na sua relação com a sociedade
87
(MEDELLÍN, 2004, p. 16). A comunicação e a informação são exemplos desses recursos, das
quais surgem questões como accountability, transparência, e o uso das novas tecnologias de
informação.
Em sua relação com a sociedade civil, as políticas públicas se constituem em um poderoso instrumento de comunicação. E em sua relação com o exercício de governo se constituem no dispositivo crucial através do qual os governantes conseguem impor um rumo definido ao Estado e às sociedades que governam (MEDELLÍN, 2004, p. 17).
Medellín (2004, p. 47) conclui que compreender as políticas públicas a partir do
estudo dos regimes políticos possibilita:
1 tomar a ação governativa (ou a governança, ou ainda, a capacidade governativa,
conforme SANTOS, 1997 apud Jardim, 2000a) como referencial único e concreto na
formulação, implementação e avaliação das políticas públicas em razão das conexões
existentes entre os estudos das políticas com o estudo do Estado. Ou seja, estudar as políticas
públicas a partir da ação governativa possibilita conhecer o sentido, o alcance, a natureza das
políticas pública e diferenciar as relações entre Estado e sociedade.
2 que se compreenda melhor os problemas de governança e governabilidade7, dos
problemas da centralização ou descentralização do poder político e dos problemas da
capacidade de regulação e controle social por parte do governo.
3 recuperar o conceito de público, o que reafirma a natureza pública das políticas
públicas, ou seja, o objeto das políticas públicas está situado na relação entre sociedade e
Estado, diferenciando-se das políticas estatais e das políticas privadas8.
7Governança: capacidade de implementar políticas públicas; Governabilidade: condições institucionais de
legitimação (NOGUEIRA, 2004, p. 41). 8De uma maneira geral, a bibliografia lida considera esses termos como equivalentes. Apenas em Londres
Fonseca (1997, p. 21 e na nota 11 de fim de capítulo) a autora faz distinção entre os dois termos, construído por ela como um “recurso analítico para esclarecer certos aspectos da questão do patrimônio”. Essa distinção apresenta-se como um “pressuposto fundamental” para Londres Fonseca. Política estatal seria a atividade concentrada e conduzida no interior do aparelho estatal e política pública, uma atividade vinculada aos interesses múltiplos da sociedade, articulada por mecanismos informais e formais. O que Fonseca pretende com essa distinção é, ao trabalhar com políticas públicas de preservação do patrimônio nacional (ou, como no
88
4 estabelecer que a produção de políticas públicas é um processo permanente de
produção de contextos, nos quais interesses, tensões e conflitos estão sempre mudando.
Caminha-se, assim, para estender o estudo das políticas públicas em países de “frágil
desenvolvimento político e institucional” como o Brasil ao conhecimento da circunstância
histórica e do modo de atuação do regime político existente no marco temporal delimitado
pela pesquisa. A Constituição federal brasileira de 1988 antecede e prepara o ambiente da
pesquisa (1995-2005) ao iniciar e regular o processo de democratização de então. O regime
político e a própria Constituição se apresentam, neste estudo de políticas públicas, como a
substância na qual se travam os conflitos e a busca de consenso, mencionados anteriormente,
bem como a razão de ser das políticas públicas. A compreensão da extensão e do alcance
dessa substância contrabalança-se com o entendimento das particularidades dos fenômenos e
processos desenvolvidos na sociedade, mais especificamente, na atuação do CONARQ, órgão
nacional colegiado formado por representantes do governo e da sociedade e responsável pela
formulação das políticas públicas arquivísticas e do Arquivo Nacional, órgão federal,
integrante da estrutura básica da Casa Civil da Presidência da República, e responsável pela
gestão e recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal,
pela preservação e acesso dos documentos sob sua guarda, e por acompanhar e implementar a
Política Nacional de Arquivos.
O estudo do viés político das políticas públicas possibilitará ao pesquisador analisar
um fenômeno por outro fenômeno, ou um processo por um outro processo.
subtítulo do livro, “política federal de preservação no Brasil”), que estas sejam consideradas não apenas do ponto de vista daquilo que é formulado e implementados pelo aparato estatal (sociedade política, em Gramsci) mas também, e principalmente, do ponto de vista daquilo que é mais caro à sociedade, ou seja, aquelas representações da diversidade cultural brasileira efetivamente apropriadas pela sociedade. Em síntese, para Londres, uma política estatal de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional se tornaria em uma política pública de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional quando estas estivessem diretamente relacionadas às práticas sociais e à construção das identidades coletivas, com os inerentes interesses conflitantes, entre si e entre o projeto estatal. Em outras palavras, o sentido dado por Londres Fonseca a essa distinção remete que uma política estatal de preservação teria como objeto aquilo que o Estado, sentido estrito, estabelece como patrimônio oficial e uma política pública de preservação contemplaria o patrimônio das realizações ordinárias da sociedade.
89
3.3 A QUESTÃO POLÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Ao analisar criticamente o pluralismo9, Habermas (1992, p. 59) ensina que este
compreende a política como um instrumento do poder social, manifestado no poder
administrativo e político, o que formaria o elo entre o modelo liberal de democracia e a
realidade social. O poder social seria medido pela capacidade de impor seus interesses
organizados, por meio dos partidos e de eleições. O poder político implementaria as políticas
nascidas desse jogo social. Os interesses organizados teriam a capacidade de influenciar na
formação da política e no uso do poder administrativo para, assim, também influenciar a
vontade parlamentar, em um processo circular. Na análise de Habermas (1992), a teoria
pluralista entenderia que todos os atores coletivos organizados teriam a mesma chance de
influir nos processos de decisão que lhes interessam. Esse equilíbrio social do poder faria
pressupor que a política levaria em consideração “um amplo leque de interesses simétricos”.
Habermas sugere que a revisão dessa circunstância levou à teoria da elite, isto é, que a luta
pelo poder é uma luta entre as elites, e que o papel do processo democrático fica reduzido à
escolha plebiscitária entre dirigentes, ou restrito a uma “seleção de condutores”. Com os
eleitores passivos no processo, “a única garantia de que as funções do Estado visam ao bem
comum reside na racionalidade das elites capazes de decidir”. A sociologia vê que “nasce
aqui um sistema de administração relativamente independente da sociedade [...] que
determina, de forma mais ou menos própria, as funções e fins políticos”. Para atender as
9Pluralismo é a “concepção que propõe como modelo a sociedade composta de vários grupos ou centros de
poder, mesmo que em conflito entre si, aos quais é atribuída a função de limitar, controlar e contrastar, até o ponto de eliminar, o centro do poder dominante, historicamente identificado com o Estado” (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 928).
90
expectativas sociais, ocorreria uma sensibilização do Estado para as necessidades públicas
relevantes, uma vez que o Estado não seria dirigido pelo poder social. Assim, o sistema de
administração passaria a ser independente da sociedade. A partir de 1960, uma terceira
concepção surge e evidências passam a indicar que o sistema administrativo operaria num
espaço muito estreito e agiria “mais no nível reativo de uma política que tenta contornar crises
do que de uma política que planeja” (HABERMAS, 1992, p. 60-61).
Empiricamente, observa-se que muitas ações empreendidas por diversas instituições
públicas brasileiras não podem ser consideradas como políticas públicas, stricto sensu,
justamente porque são, na maioria das vezes, intervenções específicas e singulares,
intermitentes e de curto alcance, formuladas e promovidas de forma não sistemática e restrita.
Tentam resolver problemas imediatos e emergenciais em curto prazo, em um processo reativo
a uma situação posta.
Uma política pública não é apenas um conjunto de decisões. Uma política pública é
concebida, formulada e implementada a partir de personagens que se relacionam, que se
influenciam mutuamente, em um ambiente de conflitos e consensos. Se, para Muler e Surel
(2004) estudar uma política pública pressupõe levar “em conta o conjunto dos indivíduos,
grupos ou organizações cuja posição é afetada pela ação do Estado”, naquilo que Cobb e
Elder (1983) chamaram de o “público” de uma política, por extensão, estudar uma política
pública significa também estudar os “indivíduos e/ou grupos, que são os atores, homens
políticos, funcionários de todos os níveis, grupos de interesse”, um espaço de relações
interorganizacionais que ultrapassa a visão estritamente jurídica (MULER; SUREL, 2004, p.
22).
[...] uma política pública constitui uma “ordem local”, isto é, um “constructo político relativamente autônomo que opera, em seu nível, a regulação dos conflitos entre os interessados, e assegura entre eles a articulação e a harmonização de seus interesses e seus fins individuais, assim como dos interesses coletivos” (FRIEDBERG, 1993 apud MULER; SUREL, 2004, p. 22).
91
Jardim percebe que as políticas públicas acontecem em territórios de divergências e
tentativas de convergências, ao comentar o entendimento equivocado de que a legislação
arquivística poderia controlar as políticas arquivísticas de um país.
Políticas públicas são exercidas num território de divergências e de tentativas de convergências. Podem e devem ser balizadas pela lei, mas não são integralmente ‘controladas’ naquilo que constitui a dinâmica própria do jogo político democrático. São tais processos políticos que ocasionam freqüentemente a emergência de novas alternativas legais (JARDIM, 2003, p. 38).
Assim, temos, de um lado, uma realidade que é relacional (BORDIEU, 2005, p. 16) e,
de outro, mas complementar, um território que é político, algo mais que formular e aprovar
leis e regulamentos, elaborar planos e distribuir responsabilidades. É nessa circunstância
dinâmica que a noção de público remete tanto aos beneficiários de uma política como aos
atores envolvidos na ação pública. O modo e a intensidade de participação de uns e outros
variam no tempo e no espaço, assim como a sua capacidade de influenciar. Os fatores que
determinam essa capacidade podem ser estruturais ou de mobilizar recursos.
A aptidão de um ator coletivo, para influir no conteúdo ou na implementação de uma política pública, pode, com efeito, variar fortemente em função do grau de mobilização que é capaz de suscitar [...]. [...] Um dos desafios da análise da ação do Estado será, assim, o de constituir e construir o continuum dos modos de ação dos grupos sociais no quadro das políticas públicas, partindo dos grupos mais difusos, dos menos organizados, que intervêm, eventualmente, no campo de certas políticas, até grupos mais estáveis [...] (MULER; SUREL, 2004, p. 23).
Assim, a questão da formulação e implementação das políticas públicas é também uma
questão política que, como vimos, implica e relaciona confiança, influência, divergências e
convergências.
92
Habermas (1992, p. 95) lembra que foi Parsons (1967) quem introduziu a ‘influência”
como uma forma simbolicamente generalizada de comunicação que regula interações através
da convicção ou da persuasão e que é possível entender-se a influência como uma
[...] forma simbólica de comunicação que regula interações através da convicção e da persuasão. [...] opiniões públicas representam potenciais de influência política, que podem ser utilizados para interferir no comportamento eleitoral das pessoas ou na formação da vontade nas corporações parlamentares, governos e tribunais. A influência publicitária, apoiada em convicções públicas, só se transforma em poder político, ou seja, num potencial capaz de levar a decisões impositivas, quando se deposita nas convicções de membros autorizados do sistema político [...] Do mesmo modo que o poder social, a influência político-publicitária só pode ser transformada em poder político através dos processos institucionalizados. Na esfera pública10 luta-se por influência, pois ela se forma nessa esfera. Nessa luta não se aplica somente a influência política já adquirida (de funcionários comprovados, de partidos estabelecidos ou de grupos conhecidos...) mas também o prestígio de grupos de pessoas e de especialistas que conquistaram sua influência através de esferas públicas especiais (HABERMAS, 1992, p. 95).
Habermas (1992, p. 96) chama atenção para a diferença entre atores que surgem na
esfera pública e para os atores que já ocupam uma esfera pública constituída. Estes últimos
atuariam com o fim oportunista, com a intenção de influenciar o sistema político por meio da
esfera pública.
Para contabilizar seu poder social em termos de poder político, eles têm que fazer campanha a favor de seus interesses, utilizando uma linguagem capaz de mobilizar convicções, como é o caso, por exemplo, dos grupos envolvidos com tarifas, que procuram esclarecer a esfera pública sobre as exigências, estratégias e resultados de negociações.
Mas Habermas (1992, p. 97) sabe que
[...] nenhuma esfera pública pode ser produzida a bel-prazer. Antes de ser assumida por atores que agem estrategicamente, a esfera pública tem que reproduzir-se a partir de si mesma [...] E essa regularidade, que acompanha a formação de uma esfera pública [...] só reaparece nos momentos em que uma esfera pública é mobilizada.
10“A esfera pública pode ser descrita como uma rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de
posição e opiniões; nela os fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados a ponto de se condensarem em opiniões públicas enfeixadas em temas específicos” (HABERMAS, 1992, p. 92).
93
Habermas (1992, p. 104-105) recorre a Cohen e Arato (1992), para lembrar que, na
esfera pública liberal, “os atores não podem exercer poder político, apenas influência” e que
“essa influência pública e política tem que passar antes pelo filtro dos processos
institucionalizados da formação democrática da opinião e da vontade, transformar-se em
poder comunicativo e infiltrar-se numa legislação legítima [...]” para só depois ser capaz de
legitimar decisões políticas.
E acrescenta
Ora, a soberania do povo, diluída comunicativamente, não pode impor-se apenas através do poder dos discursos públicos informais [...]. Para gerar um poder político, sua influência tem que abranger também as deliberações de instituições democráticas da formação de opinião e da vontade, assumindo uma forma autorizada (Habermas, 1992, p. 105).
Habermas (1992, p. 106) comenta que essa autolimitação da sociedade civil não
significa perda de autonomia, e que o saber necessário para a regulação política em
sociedades complexas é raro.
E a administração estatal não detém o monopólio do saber relevante necessário, tendo que extraí-lo do sistema das ciências ou de outras agências. Por isso, a sociedade civil, [...] tem a chance de mobilizar um saber alternativo de preparar traduções próprias, apoiando-se em avaliações técnicas especializadas. O fato de o público ser composto de leigos e de a comunicação pública se dar em uma linguagem compreensível a todos não significa necessariamente um obscurecimento das questões essenciais ou das razões que levam a uma decisão. Porém, a tecnocracia pode tomar isso como pretexto para enfraquecer a autonomia da esfera pública, uma vez que as iniciativas da sociedade civil não conseguem fornecer um saber especializado suficiente para regular as questões discutidas publicamente, nem traduções adequadas.
O que, em suma, aumenta a responsabilidades das instituições públicas na formulação
das políticas públicas com vistas aos interesses do Estado.
94
A promoção de políticas públicas de longo prazo, ou seja, políticas públicas numa
perspectiva temporal mais estendida, implica na mudança do comportamento dos políticos e
em novos arranjos institucionais nas atitudes de governo. Isto significa que o foco se desloca
do atendimento das necessidades dos diferentes órgãos da administração pública para as
tentativas de solucionar os problemas da sociedade, como entendem Cunha; Resende (2005,
p. 65).
Reconhecida a realidade e a circunstância em que as políticas públicas são formuladas
e pretendem surtir efeito, sua implementação depende de planejamento estratégico, o que, por
sua vez, significa também atuação política sustentada e prolongada no tempo. Este é um
elemento fundamental para as políticas públicas que visem a preservação da informação
arquivística governamental.
A questão do planejamento como um elemento basilar da política aparece em estudo
de Oliveira (2006) que analisa a relação entre planejamento e políticas públicas. Oliveira
(2006, p. 190) parte da pergunta/título do estudo “Repensando as políticas públicas: por que
freqüentemente falhamos no planejamento?” para afirmar que o planejamento em políticas
públicas deve ser visto como um processo e não como um produto técnico somente. Para
Oliveira, somente a partir da década de 1970 o conceito de planejamento começa a se
transformar, deixando de ser entendido como um instrumento técnico para ser um instrumento
político, capaz de moldar e articular os interesses envolvidos no processo de intervenção de
políticas públicas. De um lado, o planejador passa a ser o mediador dos interesses da
sociedade no processo, cujo resultado seria obtido por consenso e, de outro, o planejamento
passa a ser um processo acoplado às interações dos atores envolvidos e um processo de
construção de confiança nas decisões sobre políticas públicas. O planejamento passa a
depender da maneira como são estabelecidas as relações de confiança entre as partes
interessadas e influenciadas pelas decisões. Com isso, Oliveira (2006, p. 200) assegura que o
95
planejamento deixa de ser encarado como uma ferramenta para prever e controlar o futuro e
consolida-se com um “processo político que depende de informações precisas, transparência,
ética, temperança, aceitação de visões diferentes e vontade de negociar e buscar soluções.”.
Produto, portanto, de uma ação política.
Uma política pública com vistas à preservação não surtirá efeito no curto prazo, o que
resulta num complicador nas decisões políticas sobre políticas públicas. Isto é, os benefícios
dos investimentos em preservação eventualmente feitos agora somente serão obtidos no longo
prazo. Assim, uma política pública nesses moldes, requer investimentos e recursos de
variados tipos. Como já mencionado anteriormente, ao investigar a função governamental, o
pesquisador deverá ser capaz de dimensionar a capacidade estrutural do Estado em produzir
tais políticas públicas. Um desses elementos estruturais é a capacidade e a decisão do Estado
em investir dinheiro público de forma perene em função de políticas públicas planejadas e
implementadas no longo prazo. Ainda que uma política pública seja muito mais que apenas
investimento financeiro, este é um elemento a ser considerado na análise das políticas
públicas. Investimentos financeiros específicos em ações de preservação podem ocorrer e
ocorrem fora do âmbito de uma política pública, mas uma política pública para a preservação
da informação não se concretiza sem recursos financeiros. A obtenção desses recursos se dá
na arena política, onde, mais uma vez, a capacidade de influenciar aparece. Em países de
desenvolvimento lento, a distribuição dos poucos recursos orçamentários que não estão de
antemão comprometidos constitucionalmente, dificulta investimentos em políticas públicas,
principalmente, naquelas que, ou ainda não foram sequer formuladas, ou naquelas carentes de
planejamento11.
11Tratando do caso específico das emendas individuais ao orçamento da União, o deputado José Carlos Aleluia,
líder da minoria, no jornal O Globo de 3/8/2006, p. 2, diz que “Emendas só podem ser feitas, como é prática em outros países, dentro de um programa, uma política pública em execução, obedecendo a planejamento, diagnóstico de necessidade e benefício”.
96
O estudo de políticas públicas no âmbito da Ciência da Informação possibilita trazer
para essa circunstância política o processo e o fenômeno da preservação da informação.
Estudar a preservação da informação arquivística do Executivo federal brasileiro implica
observar o grau de sustentabilidade e fragilidade das instituições públicas da área, as ações
dos governos e o regime político dentro do marco temporal traçado como parâmetro para
verificar a capacidade do Estado na preservação da informação arquivística governamental. É
possível observar empiricamente que a fragilidade e a informalidade das instituições
arquivísticas no período republicano brasileiro está reproduzido na preservação dos registros
arquivísticos governamentais produzidos e acumulados ao longo da história. Essa fragilidade
institucional é decorrência de um Estado fortemente patrimonialista, no qual se confunde, no
macro e no microcosmo, aquilo que é público com o que é privado. A soma de uma cultura
política frágil, ainda dependente de uma formação educacional regulamentar generalizada,
com uma democracia incipiente e insipiente, resulta em um governo no qual predomina a
opacidade administrativa, a inexistência de accountability, e onde a participação política do
cidadão resume-se ao voto obrigatório.
Do lado do governo, a norma é a descontinuidade de programas governamentais,
explicitada, entre inúmeros outros aspectos, pelo alto índice de renovação de funcionários
públicos a cada eleição. Isto leva à desvalorização das agências e instituições públicas e a
desprofissionalização do servidor público, resultando num dos elementos que compõe a
fragilidade e informalidade institucional. Assim, não há de se estranhar que a questão
informacional não esteja contemplada nem pelo governo, nem pela sociedade, nem pelo
Estado.
Se a consolidação de um regime político é resultado de um processo histórico que
demanda tempo e educação e se observarmos que as políticas públicas surgem e consolidam-
se nos Estados capitalistas centrais e não nos países periféricos de frágil cultura política,
97
conclui-se que os problemas e respectivas soluções tendem a ser produtos da história e da
cultura de cada país.
Pesquisar sobre políticas públicas no Brasil implica perceber, para escapar da
abordagem determinista e mecanicista, a diferença entre a análise das políticas públicas e a
análise política das políticas públicas. Uma coisa é avaliar e descrever os resultados
quantitativos de políticas públicas implementadas, e outra é avaliar politicamente o contexto
social, cultural e político em que foram formuladas as políticas públicas sob análise.
Contexto este em que se inclui a questão da informação: da informação arquivística,
da preservação da informação e das políticas públicas relacionadas.
Sylvia Andrychuk (2004, p. 3) percebe, a partir de Hernon e Relyea (1991), a natureza
complexa das políticas12 de informação:
Hernon e Relyea também observam a sua natureza complexa: “políticas de informação tendem a focar questões específicas e, às vezes, a serem fragmentadas, sobrepostas e contraditórias.” Reconhecendo que não existe “uma única política (policy) que abarque tudo,” Hernon e Relyea apresentam uma definição funcional da qual se visualiza o conceito:
“Política de informação tem sido definida como um conjunto de princípios, leis, diretrizes, regras, regulamentos e procedimentos inter-relacionados que orientam a supervisão e gestão do ciclo vital da informação: a produção, coleção, organização, distribuição/disseminação, recuperação, uso e preservação da informação” (tradução nossa).13
12Muller (2004, p. 3) diz que a tradução literal para o Francês da expressão inglesa public policy soa como um
pleonasmo, uma vez que, para os franceses as políticas seriam sempre públicas. 13No original: “Hernon and Relyea also note its complex nature: ‘information policies tend to address specific
issues and at times, to be fragmented, overlapping, and contradictory.’ Recognizing that there is ‘no single all-encompassing policy,’ Hernon and Relyea do present a good working definition from which to view the concept: ‘Information policy has been defined as a set of interrelated principles, laws, guidelines, rules, regulations, and procedures guiding the oversight and management of the information life cycle: the creation, collection, organization, distribution/dissemination, retrieval, use and preservation of information. No artigo de Andrychuk, a referência bibliográfica dessa citação, sem a data, é “Peter Hernon and Harold C. Relyea, “Information Policy”, in Encyclopedia of Library and Information Science, 2nd ed.: 1300”. É provável que a citação completa seja “Peter Hernon and Harold C. Relyea, "Information Policy," in DRAKE, Miriam A. Encyclopedia of Library and Information Science. New York: Marcel Dekker, 2003. 2nd ed., p. 1300”. Disponível em: <http://www.slais.ubc.ca/courses/libr559f/03-04-wt2/projects/S_Andrychuk/Content/InformationPolicy.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2006.
98
Uma segunda definição dos mesmos autores para Information policy aparece em outra
obra. Observe-se que a palavra preservation não consta desta segunda definição, na qual é
acrescentada a expressão “access to information”.
Política de informação constitui então um conjunto de princípios, leis, diretrizes, regras, regulamentos e procedimentos inter-relacionados que orientam a supervisão e gestão do ciclo vital da informação: a produção, coleção, organização, distribuição/disseminação, recuperação e eliminação da informação. Política de informação compreende o acesso à, e uso da informação (HERNON; RELYEA, 1991, p. 176, tradução nossa).14
Ao afirmar que as políticas públicas arquivísticas constituem uma das dimensões das
políticas públicas de informação, Jardim (2003, p. 40) observa que, no Brasil, ambas se
ignoram e se desconhecem e estranha que assim seja, por entender que políticas públicas em
geral, ou uma política pública de informação, em particular, podem ser difusas, mas devem
ser explícitas. A não ser que, tornar uma política pública implícita, seja uma “política”, como
observa Briquet de Lemos citado por Jardim. Por reconhecer que as políticas públicas de
informação devem envolver as questões relacionadas aos arquivos, às bibliotecas e às
tecnologias da informação, Jardim conclui que uma política pública de arquivo é assim parte
de uma política pública de informação. Isto significa que ambas as políticas, apesar de
algumas particularidades e especificidades, estão imbricadas uma na outra, são
complementares e co-relacionadas. A imbricação entre a política pública de arquivo e a
política pública de informação se dá tanto pelas especificidades de cada uma dessas políticas
públicas como pelos elementos em comum.
Jardim (2003, p. 38) não somente reconhece como entende ser a preservação um
elemento integrante das políticas públicas arquivísticas, para quem estas são
14No original: “Information policy then is a set of interrelated principles, laws, guidelines, rules, regulations, and
procedures guiding the oversight and management of the information life-cycle: the production, collection, distribuition/dissemination, retrieval, and retirement of information. Information policy also embraces access to, and use of, information” (HERNON; RELYEA, 1991. p. 176-204).
99
[...] o conjunto de premissas, decisões e ações – produzidas pelo Estado e inseridas nas agendas governamentais em nome do interesse social – que contemplam os diversos aspectos (administrativo, legal, científico, cultural, tecnológico etc.) relativos à produção, uso e preservação da informação arquivística de natureza pública e privada.
Jardim (2003, p. 39) enumera outras características de uma política pública de arquivo,
como o “alto grau de transversatilidade, ou seja, interseção com outras políticas públicas”; a
existência de políticas públicas de arquivo como resposta a problemas políticos do campo dos
arquivos, o que exige, “conhecimentos simultaneamente técnico-científicos e políticos.”; e
que sistemas arquivísticos são produto e não causa de políticas arquivísticas.
Ao analisar as relações entre legislação e políticas públicas de arquivos, Jardim (2003,
p. 38) percebe que não são raros os equívocos que levam a acreditar que uma legislação
arquivística anteceda e controle uma política pública de arquivo. Pelo contrário, Jardim
entende que as políticas públicas se desenvolvem entre divergências e esforços de
convergências no ambiente democrático. E que mais do que controlar uma política pública, a
legislação pertinente é muitas vezes produto de uma política. Jardim indica ainda que, mesmo
assim, uma legislação somente provoca impactos quando vai além de princípios conceituais
ou redefinições institucionais. Reconhece a legislação como um dos fundamentos para a
definição e implementação de políticas públicas arquivísticas, mas alerta que tal legislação
acabaria comprometida se não fosse, simultaneamente, instrumento e objeto de uma política
arquivística.
4 PRESERVAÇÃO NOS ARQUIVOS E NA ARQUIVOLOGIA
Historicamente, a intervenção ou a aplicação específica de tratamento em documentos
ou monumentos, com o sentido de recuperação física de suporte, surge nos museus como
restauração e assume um sentido de intervenção estética, concentrado nas obras de arte e nos
monumentos arquitetônicos.
Com a passagem do tempo, as técnicas de recuperar ou prolongar a vida útil dos
monumentos e documentos experimentaram um alto grau de desenvolvimento. Hoje, há um
sofisticado conjunto de conhecimento técnico, equipamentos e materiais específicos para
aplicação nas intervenções de preservação, conservação e restauração. No entanto, o mesmo
não ocorreu em relação ao seu quadro teórico-conceitual. As poucas abordagens teóricas
sobre preservação versam sobre a proteção de monumentos arquitetônicos, do patrimônio
artístico, da memória e da herança cultural dos povos. Raras são as que contemplam a
preservação da informação, estrito senso. Menos ainda a preservação da informação
arquivística. O reflexo mais evidente disso é que a terminologia da área mantém-se com um
considerável grau de nebulosidade.
Ward (1992, p. 67) chama atenção para os limites e significados poucos nítidos entre
os termos “preservação, conservação e restauração”. Conservación (em Espanhol)
corresponde a conservation/preservation (no Inglês) e a conservation (em Francês). Já o
especialista en conservación (em Espanhol) tem como correspondente (em Inglês)
conservator/conservation scientist, ou professionnel de la conservation (em Francês). Um
conservator atua tanto na conservação, como na preservação, e o restorer, apenas na
restauração.
Zúñiga (2005, p. 29) confirma que
101
O quadro conceitual que envolve procedimentos do que se convencionou chamar de preservação só recentemente começa a se delinear de forma mais clara, com a adesão de alguns países europeus, como a França e a Inglaterra, aos métodos e técnicas preconizados pela chamada conservação preventiva. Aos poucos, seguindo linha de trabalho desenvolvida a partir dos Estados Unidos, em oposição à nossa matriz cultural européia, vão se firmando os conceitos referentes à preservação, conservação e restauração de bens culturais móveis, bem como o de conservação preventiva, o mais recente de todos.
O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (ARQUIVO NACIONAL,
2005, p. 135) define preservação como a “Prevenção da deterioração e danos em documentos,
por meio do adequado controle ambiental e/ou tratamento físico ou químico”. Quando inclui
explicitamente o “tratamento físico e químico” como um dos meios de prevenção a danos de
documentos de arquivo, o verbete retoma a idéia de preservação como conservação-
restauração para documentos de arquivo, deixando de lado a tendência mundial que considera
a preservação no seu sentido amplo e abrangente. Isto é, um conjunto de decisões estratégicas,
que envolve opções políticas e tecnológicas, como, por exemplo, a reformatação de suporte
por meio da microfilmagem e da digitalização.
Para Conway (2001, p. 14), a preservação, hoje, é uma noção que abarca inúmeras
políticas e opções de ação, inclui os tratamentos de conservação, a aquisição, a organização, a
distribuição e a operacionalização de recursos humanos, financeiros e materiais para a devida
proteção às fontes de informação, com o objetivo de retardar o início da deterioração e de
renovar a possibilidade de utilização dos acervos dentro do que chama de gerenciamento de
preservação. A preservação se preocupa com os suportes, mas em função do seu uso e
conteúdo intelectual.
A essência do gerenciamento de preservação está na alocação de recursos. Pessoas, fundos e materiais devem ser requeridos, organizados e postos em operação para assegurar que será dada proteção adequada às fontes de informação. A Preservação preocupa-se com os objetos propriamente ditos e com a evidência - que Michael Buckland (1991) chama de ‘informação enquanto coisa’ - embutida no
102
conteúdo intelectual dos objetos. Investimentos eficazes em processos de preservação não podem ser adotados sem um compromisso com a obtenção de resultados ideais. O gerenciamento de preservação compreende todas as políticas, procedimentos e processos que, juntos, evitam a deterioração ulterior do material de que são compostos os objetos, prorrogam a informação que contêm e intensificam sua importância funcional. A distinção entre a importância do conteúdo e a importância do artefato está no centro vital de um processo de tomada de decisão que, por si só, é fundamental para um gerenciamento eficaz (CONWAY, 2001, p. 14).
Desse modo, os conceitos, as noções e as estratégias técnicas, científicas e políticas
apresentadas ao longo desta seção procuram refletir, prioritária, mas não exclusivamente, o
“estado da arte” da preservação nos arquivos. A seção está dividida em três partes. A primeira
parte aborda a preservação em arquivos do ponto de vista de diversos autores estrangeiros. A
segunda parte da seção trata das políticas públicas de preservação no Brasil, em seu sentido
amplo. Na terceira e última parte, a discussão é verticalizada: trata a preservação da
informação arquivística como uma função específica da Arquivologia e a situa no cenário
arquivístico internacional e nacional.
Foram analisados textos de conferências e comunicações publicados nos Anais da
International Conferences of the Round Table on Archives – CITRA, uma reunião anual de
diretores de arquivos nacionais e presidentes de associações profissionais de arquivistas de
todo o mundo, promovida pelo International Council of Archives – ICA. Pesquisou-se em
periódicos como o COMMA, também do ICA, além de periódicos brasileiros como a Revista
Acervo, do Arquivo Nacional, e a Revista Arquivo e Administração, da Associação dos
Arquivistas Brasileiros.
As obras analisadas têm diversas origens, realidades e escolas. Procurou-se identificar
os aspectos mais relevantes para esta pesquisa. A interpretação dos trechos citados levou em
conta o contexto em que foram produzidos ou aos quais se referiam. A riqueza dos relatos e
noções está, portanto, vinculada à conjuntura em que foram formulados e às experiências dos
103
autores citados. A revisão de literatura foi dos aspectos mais amplos e genéricos da questão à
compreensão de alguns de seus elementos singulares e específicos. A apreciação crítica dos
textos resultou em um quadro comparativo dos enfoques, conceitos e entendimentos sobre a
preservação nos arquivos.
O pressuposto de que a preservação é componente indissociável do fazer e do pensar
arquivísticos deriva da idéia de que somente é possível classificar, avaliar, organizar,
descrever, recuperar, disseminar e dar acesso à informação arquivística que esteja registrada e
preservada em algum suporte material.
4.1 A PERSPECTIVA DA LITERATURA INTERNACIONAL
Uma pesquisa realizada internacionalmente no fim da década de 1990 sobre políticas
de preservação em arquivos nacionais revelou que muitos desses arquivos consideravam que a
existência de legislação de arquivos em seus países ou até mesmo a simples existência de uma
instituição de arquivo era prova de que alguma política de preservação havia sido
implementada. Na verdade, essa pesquisa apenas confirmou algo possível de ser observado
empiricamente, inclusive no Brasil (FORDE, 1999, p. 21).
Para Forde, o aspecto essencial na preservação de arquivos é o estabelecimento de um
gerenciamento de preservação capaz de prover o acesso contínuo da informação, o que requer
investimento financeiro de longo prazo. E essa é ainda uma questão delicada. Mesmo em um
país de capitalismo e democracia desenvolvidas, com um regime político estável e uma
reconhecida cultura política, como o Reino Unido, essa não é uma idéia facilmente aceita,
frente à disputa por verbas para a educação e saúde, por exemplo. A questão pode ser
104
equacionada a partir de dois pontos. De um lado, o gerenciamento de preservação deve
quantificar custos e prover benefícios de uma forma mais sofisticada e precisa para
demonstrar a importância da preservação dos acervos. De outro lado, os políticos têm de
entender que o acesso à informação é um valor não apenas monetário. E que manter a
informação acessível tem um custo a ser pago, de um jeito ou de outro. É nesse sentido que
Forde percebe que a preservação está inexoravelmente associada a todas as outras funções de
um arquivo. Sem estratégias de preservação, o acesso aos documentos não será possível e
estes, ao deixarem de existir, direitos humanos básicos seriam negados. Quando os
profissionais, do primeiro ao último escalão, entenderem isso, as medidas de preservação
serão muito mais eficazes (FORDE, 1999, p. 21-29).
Na essência, preservar documentos de arquivos não é reagir ou agir em função de algo,
nem mesmo reparar documentos danificados. Preservar, como a própria origem latina1 do
termo sugere, é antecipar, proteger ou evitar os perigos das perdas e da deterioração, entende
Grimard (1999, p. 31). No enfoque de Grimard, o gerenciamento de preservação não se
restringe apenas à informação de valor permanente, mas deve considerar todo o ciclo vital da
informação.
Gordon Neavill (1991, p. 47 apud GRIMARD, 1999, p. 32), retoma a comparação
entre as tecnologias de comunicação, a preservação e as relações de tempo e espaço, em
termos semelhantes a Innis (1950, p. 7 apud GIDDENS, 2001, p. 199), como registrado
anteriormente.
Muitas das tecnologias de informação que surgiram nos séculos XIX e XX, como telégrafo, telefone, rádio e a televisão, relacionavam-se básica ou exclusivamente com a transmissão através do espaço. [...] A preservação está muito mais relacionada à transmissão da informação no tempo do que no espaço.
1Praeservare: prae (antes); servare (salvar) (GONZÁLES-VARAS, 1999, p. 543)
105
Assim, de acordo com tais entendimentos desta tese, a preservação reúne medidas para
garantir a transmissão da informação através dos tempos, e, a partir dessas medidas, assegurar
que, ao longo do tempo, a informação seja transmitida e comunicada através do espaço,
estando disponível para todos que a queiram usar. Estes elementos têm aparecido nas
definições de “informação” produzidas nos últimos anos, como, por exemplo, no conceito de
Silva e Ribeiro citado anteriormente.2
Para Grimard, a razão de ser da preservação pode ser resumida em quatro palavras:
continuidade, acessibilidade, autenticidade e confiabilidade. Três estruturas compõem, hoje, o
universo da preservação: a estrutura legal (legal framework), a ética e a tecnológica. Legal
framework é “tanto o aparato judicial como o arsenal de normas e padrões que regulam a
prática e definem os limites e os termos dessa constelação de atividades que é a preservação”.
(GRIMARD, 1999, p. 32, tradução nossa). Ou seja, os acordos internacionais, protocolos e
convenções que objetivam a proteção do patrimônio cultural, bem como os regulamentos e a
legislação dos arquivos nacionais. Acrescente-se a isso os padrões da preservação, tanto em
relação a normas técnicas para a fabricação de acessórios e equipamentos para a preservação
da informação, como em relação a práticas de específicas formas de preservação. Grimard
(1999, p. 33) chama atenção que, em geral, na legislação referente aos arquivos nacionais, a
preservação não consta tão explicitamente quanto outras funções arquivísticas, lembrando que
Ketelaar já afirmava em 1986 que a atenção dada à conservação nas legislações em vigor
estava na razão inversa da importância dessa função primordial da arquivística. Assim, além
de leis, regulamentos e procedimentos, essas estruturas legais devem contemplar normas e
padrões de preservação que orientem as práticas governamentais para a preservação. Esses
são elementos capazes de proporcionar resultados satisfatórios (GRIMARD, 1999, p. 35).
2“Informação é o conjunto estruturado de representações mentais codificadas (símbolos significantes)
socialmente contextualizadas e passíveis de serem registadas num qualquer suporte material (papel, filme, banda magnética, disco compacto, etc.) e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidireccionada” (SILVA; RIBEIRO, 2002, p. 37).
106
Quando aborda a questão da ética na preservação, Grimard considera que a mais
significativa mudança se deu nas práticas profissionais, alteradas com o advento da
conservação preventiva. O desafio passou a ser não mais produzir uma “obra-prima de
restauro”, mas conceber e implementar políticas e estratégias que possibilitassem transformar
uma multiforme massa de informação em uma “obra-prima de preservação”. A conservação
preventiva, por ser um tratamento que leva em conta a massa e o conjunto do acervo, é
desenvolvida de forma contínua. Visa retardar a degradação dos materiais que contêm a
informação, por meio da melhoria das condições do meio ambiente nas áreas de guarda de
acervo, dos meios de armazenagem, da educação e treinamento de usuários e técnicos. Evita o
recurso extremo da restauração, uma intervenção corretiva (realizada após o dano ter
ocorrido), com altos custos financeiros e que demanda tempo de execução (GRIMARD, 1999,
p. 37).
A terceira e última estrutura, que Grimard (1999, p. 39, tradução nossa) denomina de
“contexto teconológico”, trata da fragilidade da tecnologia eletrônica/digital. Mas Grimard
não sucumbe ao discurso que tende privilegiar a preservação dos documentos digitais. Pelo
contrário, procura relativizar e contextualizar a tecnologia com o tempo histórico de seu
surgimento. Para Grimard (1999), a fragilidade da tecnologia eletrônica/digital não é algo
exatamente novo e que os desafios hoje enfrentados em relação à preservação dos documentos
digitais também não são inteiramente novos. Grimard (1999) cita um artigo do The New
Yorker em que Alexander Stille3 apresenta “duas verdades” sobre a questão. A primeira, é
que há uma relação direta entre o surgimento de uma nova tecnologia e a sua fragilidade. Isto
3Stille é um escritor e jornalista norte-americano especializado em política e sociedade italianas, com livros
premiados (Benevolence and Betrayal: Five Italian Jewish Families under Faciscm, 1992), que escreve regularmente para jornais como The Boston Globe, The New Yor Times e The New Yorker e que publicou em 2002 o livro “The future of the past” um extenso estudo sobre vários aspectos que envolvem a herança cultural da humanidade, com reflexões sobre memória, esquecimento, permanência e transitoriedade.
107
é, toda nova tecnologia tem aspectos frágeis exatamente por ser nova.4 A segunda, é que a
tecnologia digital, por ser baseada em um código matemático preciso, ou funciona
perfeitamente ou não funciona de jeito algum. Este segundo elemento tem sido motivo de
preocupação nas instituições que utilizam a informática para produzir e gerenciar informações
(GRIMARD, 1999, p. 39-41).
Como não há a possibilidade do acaso na preservação dos registros produzidos em
suporte ótico/magnético em formato digital, isto exige, do ponto de vista da preservação da
informação, que se antecipe o risco da deterioração da informação registrada, o que pressupõe
planejamento. Estas são medidas que devem ser assumidas de forma contínua e a longo prazo,
o que demanda decisão política, conhecimento técnico-científico, rubricas orçamentárias
permanentes, instituições públicas sólidas, combinados e fornidos em regimes políticos
consolidados. Em síntese, políticas públicas.
Krikhaar (1999, p. 109), ao analisar o Plano Delta5, registra que a preservação somente
tornou-se um objeto de uma política governamental na Holanda quando The Auditot
General’s Office foi encarregada de verificar a correta aplicação do dinheiro vindo dos
impostos. O relatório da auditoria foi publicado em 1988 e apresentou uma avaliação nada
favorável da situação verificada em 19 museus estatais e suas instituições financiadoras. O
gerenciamento era frágil, havia poucos instrumentos administrativos que dessem suporte às
políticas e as coleções encontravam-se em diversos níveis de negligência. Dois foram os
fatores apontados por Krikhaar (1999) para o surgimento do Plano Delta. O primeiro,
diretamente vinculado a uma dimensão política, produto de uma circunstância política: o
relatório surgiu pouco antes de uma eleição e da subseqüente formação de um novo governo.
Conseqüência disso foi um aumento no orçamento da área cultural. O segundo fator estava
4A respeito disso e como exemplo Grimard relata as preocupações de um monge beneditino com a durabilidade
do papel que, com o advento da imprensa no séc. XV, começava a substituir o pergaminho nos mosteiros (GRIMARD, 1999, p. 41).
5O Plano Delta foi desenvolvido na Holanda entre 1990 e 2000 para preservar o patrimônio cultural holandês e durante essa década foi o tema central na política governamental para arquivos e museus.
108
vinculado à atuação dos técnicos e funcionários dos arquivos e museus. Isto é, o relatório
revelou algo que os técnicos de museus e arquivos já sabiam: o péssimo estado de
conservação dos acervos. Assim, como o assunto já era conhecido pelos especialista técnicos,
foi mais fácil e rápido fazer um mapeamento das dimensões do problema, bem como apontar
as soluções (KRIKHAAR, 1999, p. 110).
O Plano Delta teve dois objetivos principais: 1) Eliminar a defasagem na conservação
dos acervos do patrimônio cultural da Holanda; 2) Salientar a importância da preservação
entre os administradores de coleções para evitar futuras defasagens. Um alto investimento
financeiro com dinheiro público foi obtido. O State Archive Division holandês se empenhou
na execução do Plano Delta e praticamente todos os objetivos foram alcançados.
Armazenamento adequado, controle ambiental, acondicionamento ou re-acondicionamento
em 140 de 170 km de documentos foram realizados; pesquisas foram desenvolvidas; foi dada
maior atenção por parte dos arquivistas, funcionários públicos, à conservação dos acervos;
um maior número de pessoas e mais bem treinadas passaram atuar na conservação dos
documentos, e foram estabelecidos padrões de atuação. Até o Ministério da Habitação e da
Construção participou do Plano Delta investindo dinheiro na construção de edifícios de
arquivos. Entretanto, em 1998, um novo ministro da cultura assumiu a pasta e mudou as
prioridades originais do Plano Delta. Entre as novas prioridades, a conservação não constava.
Duas outras questões surgiram então: como preservar os ganhos obtidos com o Plano Delta e
como lidar com novos problemas de conservação que adviriam. A conclusão de Krikhaar é
que dinheiro ajuda muito, mas mais que isso, é fundamental que os administradores de
acervos tenham condições de seguir uma equilibrada e integrada política de coleções. Esta é
uma atuação que não pode ocorrer de forma isolada: a preservação deve ser parte de uma
política institucional (KRIKHAAR, 1999, p. 110-113).
109
Apesar do sucesso do Plano Delta, os seus dez anos de existência revelam que ele não
passou de um plano com prazo de execução e orçamento delimitados. No sentido do que se
tem tentado referir, e mesmo considerando ser a Holanda um país de capitalismo e regime
político desenvolvidos e uma democracia consolidada, o Plano Delta tampouco, nos moldes
do que já foi referido em relação à atuação do Arquivo Nacional e do CONARQ no Brasil,
pode ser considerado uma política pública de preservação assumida no e pelo Estado. Isto por
que, apesar dos altos investimentos financeiros de recursos públicos, no momento em que
muda o ministro, mudam as prioridades, as estratégias e os orçamentos têm outros destinos. O
que, em um primeiro momento pode denotar pessimismo em relação à preservação, deve ser
interpretado como sinal da importância de se consolidar politicamente as decisões antes de
implementá-las. Uma vez definidas, por exemplo, em uma política pública de arquivo, mais
difícil seria alterar prioridades politicamente consolidadas.
Na Hungria, segundo Albrecht-Kunszeri (1999), não há uma política nacional de
preservação a qual os arquivos possam seguir. Mesmo assim, e apesar de não estarem escritas,
políticas de preservação existem na forma de normas e diretrizes básicas criadas por arquivos
e bibliotecas nacionais. Ao contrário da Holanda, um levantamento realizado nos arquivos do
país mostrou que a maioria das equipes dos arquivos desconhecia ou estava desatualizada em
relação aos problemas e medidas de preservação. A constatação de que maioria dos danos aos
documentos de arquivos era resultado da ignorância, tornou evidente que a formulação e a
implementação de qualquer política de preservação na rotina dos arquivos somente seria
possível se a equipe de técnicos fosse atualizada sobre as principais questões da preservação.
O treinamento em preservação tornou-se, então, a prioridade (ALBRECHT-KUNSZERI,
1999, p. 121).
Albrecht-Kunszeri (1999) relata que foi a Associação dos Arquivistas Húngaros que
optou por fazer um amplo levantamento para identificar inadequações e necessidades nos
110
arquivos. Mais do que estabelecer prioridades de investimento, a opção foi conhecer as
carências de preservação. A partir da aplicação de um questionário bastante completo, havia a
expectativa de que as respostas ajudariam tanto no desenvolvimento de uma política nacional
como na formulação de políticas e estratégias institucionais. O resultado do levantamento foi
uma longa e diversificada lista de providências a serem tomadas, com custos diversos. Muitos
dos problemas apontados pela pesquisa, vieram não da falta de orçamento, mas da lacuna no
conhecimento sobre preservação. O resultado imediato dessa movimentação nacional foi uma
maior aceitação por parte dos políticos da importância da preservação do patrimônio cultural.
Houve um aumento no orçamento da área e um colégio de arquivistas notáveis recebeu a
responsabilidade de avaliar as solicitações de verbas. Ainda sem uma política formal (escrita)
nacional, ou mesmo institucional, de preservação, muitas providências foram tomadas. A
destacar, a ampliação dos recursos destinados à aplicação de medidas de preservação e um
programa contínuo de treinamento implementado pelo Arquivo Nacional da Hungria
(ALBRECHT-KUNSZERI, 1999, p. 122-126).
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 50, tradução nossa), no estudo que
apontou problemas em arquivos de países de clima tropical na Ásia e ilhas do Pacífico,
ressaltam a lacuna no reconhecimento da necessidade de preservação por parte dos governos.
Os governos devem reconhecer a importância dos arquivos e bibliotecas e a necessidade de preservar o patrimônio cultural da nação antes que efetivos programas de preservação venham a ser desenvolvidos. Os recursos financeiros para as atividades de uma biblioteca estão vinculados ao sistema político em operação. Os orçamentos de bibliotecas e arquivos são muitas vezes tão pequenos que não há como adquirir os materiais necessários [...] a preservação é vista como um luxo. Mesmo nos países desenvolvidos os orçamentos de bibliotecas e arquivos diminuem e as atividades de preservação são freqüentemente cortadas. Nesse sentido, os problemas de preservação na América Latina, na verdade, não são tão diferentes da América do Norte.
111
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 52) afirmam que uma das razões
específicas para a preservação dos arquivos é que eles contribuem para a boa governança por
meio da manutenção dos documentos e que isso é essencial para um efetivo e eficaz sistema
de administração pública. Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 52) chamam atenção
para o importante papel dos levantamentos e pesquisas nacionais e internacionais que podem
indicar as necessidades de conservação dos arquivos nacionais ao fornecer dados qualitativos
e quantitativos do estado da arte na conservação, pré-requisito para qualquer programa de
preservação. Dão como exemplo as pesquisas realizadas entre 1978 a 1999, em países do
Oriente Médio, da Ásia, da África e da América Latina que constataram que poucos países
tinham uma política de preservação para materiais de arquivos e bibliotecas. Em uma outra
pesquisa, com os países membros do CIA – Conselho Internacional de Arquivos, em 1993
ficou claro “[...] que fatores como forças econômicas, acontecimentos políticos e desastres
naturais, eram os de maior impacto no desenvolvimento dos arquivos” (TEYGELER;
BRUIN; WASSINK; ZANEN, 2001, p. 53, tradução nossa).
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001) reconhecem o problema conceitual e
terminológico da área, a que denominam de uma verdadeira Torre de Babel. Por isso dizem
que é importante que autores e conservadores definam seus próprios termos de forma clara
para que todos possam entender o que querem dizer. Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen
(2001) apresentam dois conjuntos de conceitos.
O primeiro, são os conceitos de MacKenzie (1996 apud TEYGELER; BRUIN;
WASSINK; ZANEN, 2001, p. 59, tradução nossa):
preservação: o sentido atualmente mais aceito no mundo dos arquivos refere-se a tudo aquilo que contribui para o bom estado das coleções; conservação: ou a intervenção física direta no material, é apenas uma parte da preservação; preservação indireta: inclui o edifício, os métodos de armazenamento em arquivo, segurança contra sinistros e manuseio;
112
preservação de substituição ou reformatação: significa a cópia dos registros, normalmente em microfilme, e o uso das cópias no lugar dos originais, reduzindo o uso e o desgaste.
O segundo, são os do programa “Memória do Mundo”6, da UNESCO:
preservação: é a organização e a programação de todos os tipos de atividades referentes à conservação das coleções em geral; conservação: é um conceito que inclui a conservação preventiva que objetiva reduzir os riscos de deterioração: controle ambiental, manutenção regular e proteção das coleções pelo uso de tratamento apropriado, esquema antifurtos e criação de documentos substitutos (reformatação) para os documentos originais muitos utilizados. (TEYGELER; BRUIN; WASSINK; ZANEN, 2001, p. 59, tradução nossa)
Ainda que o sentido tenha sido o de esclarecer aspectos terminológicos e conceituais,
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001) acabam confirmando e reforçando a tendência da
área de, a cada vez que o tema vem à tona, apresentar ou promover mais um novo termo ou
conceito. Preservação indireta ou preservação de substituição e reformatação são funções,
geral e amplamente aceitas, como elementos típicos da conservação preventiva.
Os Arquivos Nacionais da Holanda ofereceram a Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen
(2001, p. 60, tradução nossa) o conceito de conservação preventiva:
conservação preventiva: É constituída por todos os passos diretos ou indiretos e providências que otimizarão as condições ambientais, a preservação e o acesso do objeto no sentido de prolongar o seu tempo de vida. Começa por traçar uma clara linha política que inclui treinamento e profissionalização da equipe.
Teygeler, Bruin, Wassink e Zanen (2001, p. 66) dizem que o Estado somente investirá
na salvaguarda do patrimônio nacional quando a sociedade civil reconhecer o significado de
sua tradição escrita. E que o conhecimento técnico é um pequeno fragmento do processo, pois
a preservação é, basicamente, uma questão de administrar situações políticas e econômicas.
6O Programa Memória do Mundo da Unesco tem por objetivo identificar documentos ou conjuntos documentais
considerados em situação de risco que tenham valor de patrimônio documental da humanidade. Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em:10 jan. 2008.
113
Para Lavoie (2005), a rápida proliferação das tecnologias digitais e a disseminação da
informação provocaram uma nova crise na preservação. Lavoie (2005, p. 43, tradução nossa)
reconhece algum grau de semelhança com o problema da degradação dos suportes
tradicionais, mas constata que “Um conjunto significativo de materiais caiu em um estado de
degradação devido à incapacidade de antecipar a necessidade de dar passos para assegurar a
sua retenção a longo termo”.
Long-term retention é definida por Lavoie como o “[...] desenvolvimento e
refinamento de técnicas pelas quais seja possível manter essas matérias frágeis por longos
períodos de tempo”, mas adverte que os processos técnicos são apenas um aspecto que
sustentam as atividades de preservação. O processo de preservação dos documentos digitais,
“precisa começar no momento da criação e se desenvolver como um processo contínuo ao
longo do tempo, sem desvincular-se do gerenciamento cotidiano dos materiais coletados”.
(LAVOIE, 2005, p. 44, tradução nossa)
O advento e a rápida proliferação das novas tecnologias digitais de informação e
comunicação acabou produzindo uma adjetivação do termo e uma complementação do
conceito de preservação: a preservação contínua e a longo prazo. Por preservação contínua e a
longo prazo entende-se o conjunto de ações implementadas para garantir durabilidade e
permanência aos suportes que contêm a informação. Tais ações constituem um amplo
espectro de atividades, estratégias e decisões que reúnem desde as possibilidades oferecidas
pela plataforma tecnológica disponível (intervenções de conservação física, microfilmagem,
digitalização, reformatação e reprodução etc.) até planejamentos, programas e projetos que
envolvem responsabilidades técnicas, administrativas, recursos financeiros e humanos. A
preservação é caracterizada por ser uma intervenção abrangente e que requer continuidade no
tempo. Isso se torna premente com as novas tecnologias de informação e comunicação, por
que a recuperação da informação registrada nesses novos suportes exige que, além da
114
preservação desses novos materiais7, sejam preservados também os respectivos elementos
lógicos (software, aplicativos, sistemas operacionais, redes etc.). Para isso, a preservação não
pode mais ser realizada de forma intermitente e inconstante. A preservação contínua e a longo
prazo precisa acontecer no momento da produção da informação e acompanhá-la ao longo de
todo o seu percurso funcional, de trâmite e de utilização.
Por isso, para Lavoie (2005), a preservação no século XXI apresentará uma ruptura
com as práticas tradicionais vigentes. Os processos técnicos deverão estar concatenados com
os processos econômicos no controle e organização dos recursos necessários para alcançar os
objetivos da preservação. Lavoie (2005, p. 44) prevê que, de uma perspectiva econômica, a
preservação do século XXI será redefinida em três áreas: 1) responsabilidades, 2) incentivos
e 3) organização.
1 Responsabilidades: A preservação deverá ser construída como uma atividade
econômica, no sentido de que os tomadores de decisões avaliem os custos e benefícios, e, à
luz dos resultados alcançados, determinem o nível dos recursos, quando e se estes forem
definidos. Abstrai-se daí que a destinação de recursos em diferentes níveis para a preservação
seja uma escolha política, o que é sugerido, inclusive, pelo uso da expressão “if any” (se
algum), uma vez que o autor insinua que a decisão poderá ser por nenhum recurso à
preservação.
7Os materiais de que são compostos e com os quais são fabricados os suportes da informação, tanto os
considerados suportes analógicos/convencionais – pergaminho: produzido do couro de animais; papel: produzido de fibras de celulose de plantas têxteis ou de árvores; tintas: corantes e pigmentos; fotografia: gelatina e sais de prata; filmes e fitas: produzidas, inicialmente, de celulose quimicamente modificada, e, depois, de matéria plástica (policloreto de vinila) com micro-agulhas de ferro e cromo etc. –, como os suportes óticos/magnéticos – fitas-rolo magnéticas (inicialmente): produzidas com matéria plástica (policloreto de vinila) e micro-agulhas de ferro e cromo; CDs e DVDs: plástico transparente (policarbonato), alumínio, silício, ouro, prata, acrílico e corantes como cianina e ftalocianina; HDs: alumínio, vidro e ferro magnetizável (Disponível em: <http://www.itl.nist.gov/div895/carefordisc/CDandDVDCareandHandlingGuide.pdf>. Acesso em: 10 set. 2006) – são passíveis de decomposição química e física ocasionadas pelo manuseio, por fatores intrínsecos (manufatura/industrialização na origem) e extrínsecos (fatores ambientais como temperatura, umidade do ar, luz e poluentes do ambiente de guarda), pela passagem do tempo, o que, em última análise, põe em risco a informação ali registrada. Nos caso dos suportes óticos/magnéticos, a deterioração da informação produzida em formato eletrônico/digital pode ocorrer com a decomposição ou com as obsolescências dos elementos lógicos usados na sua produção (softwares), de forma independente ou simultânea com a degradação do suporte físico.
115
Lavoie (2005, p. 46, tradução nossa) apresenta uma declaração conjunta da
International Federation of Library Associations Institutions-IFLA e da International
Publishers Association-IPA de 2002 na qual estes organismos observam que:
Bibliotecas costumam tradicionalmente cuidar das publicações que adquirem, e têm salvado artefatos físicos para salvaguardar a informação neles contidas. Com a informação digital, a salvaguarda do conteúdo vai além das co-responsabilidades do produtor e do acumulador (colletor) da informação.
O que Lavoie (2005) sugere é que as responsabilidades de preservar a informação
digital envolverão mais do que as duas partes tradicionais do processo: (a) as instituições
responsáveis pelo recolhimento e custódia dos documentos e (b) os produtores de informação.
Nesse sentido e especificamente nos arquivos, tende a desaparecer a divisão entre records
management e archives (gestão de documentos/arquivo corrente e arquivos
permanentes/históricos).
2 Incentivos: considerando que a preservação hoje não pode mais ficar restrita a
intervenções específicas; considerando que a preservação hoje deve fazer parte da
administração profissional e do planejamento do ciclo da criação, gerenciamento e
perpetuação da informação e considerando haver maiores e mais co-responsabilidades, Lavoie
(2005) defende que cada tomador de decisão deverá ser incentivado a participar do processo
de preservação. A preservação passa a ser entendida como um processo contínuo e não mais
uma atividade exercida em intervalos irregulares. Conclui que a preservação é um processo e
não um evento (LAVOIE, 2005, p. 46). A expressão “incentivos” é usada por Lavoie (2005)
no sentido de uma preservação proativa, gerenciada e planejada e não uma preservação
reativa, baseada em esforços informais.
Isto implica em dois caminhos: de um lado, o aumento dos recursos a serem aplicados
em preservação; de outro, tornar esses recursos disponíveis de forma contínua e não mais de
forma ocasional. As motivações subjacentes que coletivamente induzem uma instituição ou
116
um conjunto delas a contribuir para alcançar os objetivos da preservação, devem refletir esses
dois novos imperativos. Lavoie (2005, p. 47) chama atenção para que embora seja cada vez
mais importante demonstrar aos que decidem a importância de preservar, no sentido da
obtenção de mais e maiores aplicações de recursos na preservação em bases contínuas, esses
recursos são cada vez menos certos e garantidos. Isto é, antes, com os acervos tradicionais,
uma instituição era a titular, a proprietária ou recebia para custódia um acervo. Dessa forma,
promovia o acesso a esse acervo, garantida pelos direitos legais de propriedade e uso do
acervo. Hoje, as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs criaram uma brecha entre
os incentivos à preservação e os incentivos para realizá-los. Antes, os incentivos para
preservar um acervo tradicional e os direitos de preservar estavam restritos a uma mesma
instituição. Com o aumento de coleções em que diversas instituições podem promover o
acesso e a sua disseminação (websites, redes, bases de dados), mas não necessariamente têm
sua posse física, os incentivos para preservar e os direitos de preservar têm de ser distribuídos,
e envolvem múltiplas instituições. Assim, para que um acervo ameaçado seja realmente
preservado é necessário analisar a forma e o grau dos incentivos para preservar que os que
decidem recebem como partes interessadas (no Inglês, stakeholders)8 na preservação desses
acervos. Quer dizer, para preservar um acervo, é preciso conhecer os incentivos que os que
decidem, ou não, pela preservação, recebem. Nesse sentido, Lavoie (2005) lista 3 aspectos
determinantes na tomada de decisão: a necessidade de preservar, no sentido de reconhecer um
valor para assegurar a retenção de longo termo ao material em questão; a vontade de
preservar, no sentido de estabelecer e administrar o processo de preservação necessário; o
direito de preservar, no sentido de estar investido da autoridade para permitir (ou não
permitir) o desenvolvimento do processo de preservação.
8Nas Ciências Sociais, este neologismo algumas vezes é traduzido como “partes interessadas” e outras como
“grupos de interesses”. Grupos de interesses é, segundo Truman (1951 apud BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 564) “qualquer grupo que, à base de um ou vários comportamentos de participação, leva adiante certas reivindicações em relação a outros grupos sociais, com o fim de instaurar, manter ou ampliar formas de comportamento que são inerentes às atitudes condivididas.”
117
3 Organização: além dos incentivos, é fundamental organizar os recursos existentes e
disponíveis para realizar os objetivos da preservação da maneira mais eficiente. (LAVOIE,
2005, p. 48) Lavoie sugere, a partir de Darnton (2002), a criação de uma agência nacional
capaz e com a responsabilidade de manter preservados todos os tipos de registros na esfera
pública. Uma idéia típica e recorrente, concebida e implementada no formato neoliberal de
governo, no qual as instituições públicas tradicionais cedem espaço e poder de decisão para
agências nacionais.
O meio em que a informação é registrada vem se tornando cada vez mais sofisticado e
funcional, mas também mais frágil e dependente da tecnologia. Por isso, o horizonte de tempo
da preservação encolhe. Isto significa que a preservação estará em todos os lugares da
administração e exigirá mais orçamentos. Assim, é razoável imaginar a preservação
transformando-se em algo como uma pequena indústria, sustentada por um pequeno grupo de
pessoas altamente treinado. Muitas organizações, instituições, empresas e indivíduos passarão
a se ver como responsáveis pelos processos de preservação. A maior freqüência e a maior
escala das atividades de preservação encorajarão o desenvolvimento de um consenso do que
seja uma preservação de sucesso em relação a tipos particulares de fontes informacionais. A
emergência desse consenso eliminará muito da natural idiossincrasia que hoje caracteriza a
preservação dos complexos materiais digitais, levando os processos de preservação que
estejam consolidados e padronizados para muitas comunidades e partes interessadas na
preservação dos acervos. Isso resultará em vantajosas infra-estruturas comuns, custos
menores, e eliminação de redundâncias (LAVOIE, 2005, p. 49-50).
O que Lavoie (2005) observa é que as instituições públicas, principalmente, as de
nível nacional, ainda não conseguiram equacionar como evitar a preservação duplicada de
acervos, com custos e esforços produzidos e reproduzidos, equivocadamente, duas ou mais
vezes. É o que se denomina “duplicação de acervos”. Ou seja, sem uma coordenação
118
centralizada, diversas instituições públicas realizam, quase sempre com financiamento público
direto ou via incentivo fiscal, programas e projetos de preservação, reproduzindo, por meio da
microfilmagem ou da digitalização, exatamente o mesmo acervo.
De toda maneira, a preservação sempre será uma atividade cara. Deverá ser vista como
um investimento a longo prazo, cuja relação custo/benefício poderá levar décadas para ser
conhecida. Os riscos de fracasso são potencialmente enormes, não somente no sentido
monetário, mas em relação às incalculáveis perdas na destruição de parte dos acervos que não
resistiram até à chegada da preservação. As instituições que desejam investir em preservação
necessitarão assegurar que esses investimentos sejam garantidos ao longo dos anos (LAVOIE,
2005, p. 50).
Schouten (2005) analisa um outro programa desenvolvido na Holanda com
investimentos públicos. É o Programa Nacional Holandês para Preservação do Patrimônio em
Papel, que começou em 1997 e que baseia-se, principalmente, na reformatação via
microfilmagem e digitalização dos acervos escolhidos para serem preservados em arquivos e
bibliotecas, sob a coordenação da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional holandeses.
Schouten (2005, p. 200) registra que a Holanda é o único país do mundo em que o governo
financia praticamente todos os custos de um programa nacional de preservação de papel.
Schouten (2005, p. 201, tradução nossa) ratifica a importância que o investimento
público e governamental têm na preservação da informação.
Um fundo substancial para lidar com problemas de preservação em nível nacional é necessário. Fundos privados ou institucionais dificilmente são suficientes. Assim, um fundo governamental tem de ser obtido. Isto significa que o problema deve ser incluído firmemente na agenda política. Isso também foi uma tarefa do NPO [National Preservation Office].
Schouten (2005) lista diversos outros aspectos que influem na preservação dos acervos
(alertar as instituições de que os acervos estão necessitando de preservação; as instituições
119
envolvidas devem compartilhar conhecimentos; métodos de preservação aplicados
anteriormente devem ser avaliados por especialistas para verificar o que houve de bom e de
ruim; a necessidade de infra-estrutura e logística; pesquisas técnicas sobre a acidez do papel,
por ex.; produção de inventários; criação de uma plataforma na internet para discutir o
assunto; a cooperação entre a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional; realização de
encontros, oficinas, conferências e relatórios) e que foram e têm sido desenvolvidos na
Holanda por muitos anos, o que acaba chamando atenção dos políticos. Schouten reconhece
que, no início dos anos 90, havia na Holanda um certo grau de preocupação da política e dos
políticos com a preservação do patrimônio em papel. O Ministério da Educação e Cultura
holandês deu algum recurso para pesquisa e para a produção de inventários. Para a
preservação dos arquivos e museus surgiu o Plano Delta com grandes recursos públicos. Em
1996, este cenário estava construído e decisões políticas foram tomadas: o ministério proveu 8
milhões de euros para o Programa Nacional de Preservação a ser desenvolvido em 4 anos.
Mas para isso, o ministério exigia saber o número exato de quantas obras seriam preservadas
em 4 anos e qual seria o quadro depois da conclusão do projeto. Somente instituições que já
possuíam algum tipo de serviço e de política de preservação puderam participar
(SCHOUTEN, 2005, p. 205).
Um dos fatores de sucesso do Programa foi a sua divulgação. Duas equipes dedicavam
seu tempo a produzir boletins, a manter os websites e as listas de discussão atualizadas, a
escrever artigos, organizar oficinas, conferências e seminários e a promover o Programa de
forma constante. Schouten relata que explicar a necessidade do Programa apenas uma vez não
foi suficiente. Foi preciso contar a mesma história muitas vezes às instituições do patrimônio,
aos políticos e ao público em geral. O Programa foi desenvolvido em parceria com o Fundo
Nacional de Bibliotecas, um influente grupo de antigos políticos e administradores que
fizeram um bem sucedido lobby em nome do Programa (SCHOUTEN, 2005, p. 206).
120
Os problemas identificados pelo Programa foram: dificuldades dos participantes de
organizar e administrar o projeto; a pouca precisão dos dados levantados; a extrapolação do
prazo estabelecido; a dificuldade da contrapartida de 30% das instituições; e a qualidade dos
microfilmes e da digitalização, produzidas por firmas contratadas, o que acabava exigindo
mais tempo e maior atenção dos técnicos, que acabavam deixando de lado outras atividades
(SCHOUTEN, 2005, p. 207).
Schouten conclui que alguns fatores devem ser levados em conta em um programa de
preservação. Entre outros, o de que é preciso obter recursos do governo e que, para isso, é
preciso selecionar e estabelecer prioridades de forma clara e objetiva. “Nenhum governo
proverá bilhões de Euros e nenhum governo financiará um projeto que não esteja bem
delimitado” (SCHOUTEN, 2005, p. 207, tradução nossa). Manter informadas, de forma
permanente e constante, as instituições, os políticos e o público também é apontado por
Schouten como importante. Os resultados alcançados pelo programa devem ser claros,
tangíveis e visíveis e capazes de explicar de maneira clara ao governo o que foi feito com o
dinheiro aplicado, através de números e percentuais (SCHOUTEN, 2005, p. 208).
Apesar de um certo caráter prescritivo dessas observações, elas são elementos a serem
considerados tanto quando da realização de um programa de preservação como,
principalmente, no diálogo com os políticos e na influência para as decisões políticas a serem
tomadas.
121
4.2 PRESERVAÇÃO NO BRASIL – UM DEBATE EM ABERTO
As políticas públicas de preservação são analisadas por Fonseca (1997) do ponto de
vista patrimonialista e cultural e tratadas a partir, principalmente, da atuação do IPHAN. Diz
Fonseca (1997, p. 249):
Procurei analisar de um ponto de vista sociológico, as noções de patrimônio e de preservação, partindo do pressuposto de que a prática de proteção aos bens culturais constitui, nas sociedades modernas do Ocidente, um fato social [...]. No Brasil, essa questão emergiu no bojo do movimento modernista, e foram intelectuais vinculados a esse movimento cultural que implementaram, na administração federal, uma política pública que tinha como objetivo a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.
Fonseca (1997) reconhece no Decreto no 25 de 1937, que instituiu a figura do
tombamento no Brasil, uma política pública de preservação. Fonseca (1997) usa diversas
expressões em seu livro (política de preservação, política cultural, política pública de
preservação, política federal de patrimônio, política pública, política estatal e política federal
de preservação), mas apenas distingue política pública e política estatal.
Essa distinção é, para Fonseca (1997, p. 21, 24), um “pressuposto fundamental” de sua
reflexão, construída como um “recurso analítico para esclarecer certos aspectos da questão do
patrimônio”. Política estatal seria a atividade concentrada e conduzida no interior do aparelho
estatal e política pública, uma atividade vinculada aos interesses múltiplos da sociedade,
articulada por mecanismos informais e formais. O que Fonseca (1997) pretende com essa
distinção é, ao trabalhar com políticas públicas de preservação do patrimônio nacional, ou,
como no subtítulo do livro, “política federal de preservação no Brasil”, que essas sejam
consideradas não apenas do ponto de vista daquilo que é formulado e implementado pelo
aparato estatal (sociedade política, em Gramsci) mas também, e principalmente, assumidas do
122
ponto de vista daquilo que é mais caro à sociedade, ou seja, as representações da diversidade
cultural efetivamente apropriadas pela sociedade. Em síntese, uma política estatal de
preservação do patrimônio histórico e artístico nacional se tornaria em uma política pública de
preservação do patrimônio histórico e artístico nacional quando estas estivessem diretamente
relacionadas às práticas sociais e à construção das identidades coletivas, com os inerentes
interesses conflitantes, tanto entre si como com o projeto estatal. O sentido dado por Londres
Fonseca a essa distinção remete a que uma política estatal de preservação teria como objeto
aquilo que o Estado, sentido estrito, estabelece como patrimônio oficial. Uma política pública
de preservação contemplaria o patrimônio das realizações ordinárias da sociedade.
Fonseca (1997, p. 11) percebe que a constituição dos patrimônios históricos e
artísticos nacionais é uma prática característica dos Estados modernos que delimitam um
conjunto de bens no espaço público em função do valor que lhes é atribuído como
manifestação cultural ou símbolos da nação. Por isso, seriam merecedores de proteção, de tal
forma que chegassem às gerações futuras.
Nesse sentido, as políticas de preservação se propõem a atuar, basicamente, no nível simbólico, tendo como objetivo reforçar uma identidade coletiva, a educação e a formação de cidadãos. Esse é, pelo menos, o discurso que costuma justificar a constituição desses patrimônios e o desenvolvimento de políticas públicas de preservação. Aparentemente, essas políticas alcançaram um alto grau de eficácia simbólica: é muito raro ocorrerem contestações quanto ao valor dos monumentos que são objetos de proteção.
Fonseca (1997, p. 13) alerta para o alcance limitado desse poder simbólico que, apesar
de se referir a toda a sociedade nacional, o campo de sua produção é bastante restrito.
Em geral, as políticas de preservação são conduzidas por intelectuais de perfil tradicional (historiadores, artistas, arquitetos, escritores etc.) que se propõe a atuar no Estado em nome do interesse público, na defesa da cultura, identificada aos valores das camadas cultas.
123
Para Fonseca (1997, p. 14), o IPHAN surge nessa e dessa circunstância que vigorou,
sem maiores contestações, até a década de 1970, quando o seu caráter nacional e elitista
começou a ser contestado. Isso provocou a politização da prática de preservação no Brasil,
com o surgimento de agentes institucionais que assumiram o papel de mediadores entre os
grupos sociais marginalizados e o Estado. Fonseca (1997, p. 16) vê aí que “[...] o grande
desafio, ainda hoje [1997], de uma política federal de preservação no Brasil é desenvolver,
numa sociedade como a brasileira, uma política de patrimônio que seja, efetivamente, uma
política pública”. Fonseca questiona se tais políticas não teriam funcionado como uma forma
de o Estado obter consenso para legitimar um projeto nacional do próprio Estado.
A proteção da integridade dos bens patrimoniais não é por si só suficiente para sustentar uma política pública de preservação. Isso por que a leitura de bens enquanto bens patrimoniais pressupõe as condições de acesso a significações e valores que justifiquem sua preservação (FONSECA, 1997, p. 38).
Fonseca (1997, p. 16-18) observa que a questão cultural raramente aparece na agenda
dos partidos políticos e nos discursos dos candidatos e que os cargos públicos da área não
despertavam maiores interesses na classe política. O próprio tema do patrimônio e a questão
das políticas de preservação despertam “pouquíssimo interesse entre os cientistas sociais” no
Brasil.
A abordagem das políticas públicas de preservação em Fonseca, como visto, se dá
pelo viés cultural e do patrimônio em seu sentido amplo. Não se refere, especifica e
explicitamente, ao universo dos arquivos. No entanto, tal abordagem proporcionou a esta tese
um panorama que circunstancia e introduz a questão da preservação em arquivos no Brasil,
que passa a ser analisada.
Em 1984, o Ministério da Educação e Cultura, via Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – SPHAN, hoje, IPHAN, lança o Pró-Documento, um programa que tinha
“por finalidade preservar, em todo o território nacional, os acervos documentais privados de
124
valor permanente. [...] Isso se fará através de uma política nacional, que está consubstanciada
neste programa” (FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 3-4). Assim, é
possível perceber que o próprio Pró-Documento considera-se uma política nacional, o que
permite subentender-se que, para o Pró-Documento, os termos programa e política são
consideradas como sinônimos ou equivalentes.
O Pró-Documento salienta a atuação do Estado brasileiro na defesa da documentação
dos arquivos privados de interesse público, mas também reconhece e explicita que, apesar da
“legislação citada, nem o Estado nem a sociedade civil ofereceram uma proteção efetiva” à
essa documentação (FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 6).
Para o Pró-Documento
Há duas formas de se conduzir uma política de preservação documental, no que diz respeito às relações entre o Estado e as instituições da sociedade: ou o Estado amplia o seu controle por meio de legislação específica de uma política de estímulo à doação e ao depósito; ou reconhece às instituições civis o direito e o dever de conservar seus arquivos permanentes, com o apoio do Estado, garantindo-se, em contrapartida, o acesso para a consulta. (FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 7)
No sentido contrário da literatura até aqui analisada, o Pró-Documento preconiza que a
condução de uma política de preservação implica que o Estado, por meio da legislação,
controle e determine o recolhimento às instituições públicas de custódia (Biblioteca Nacional
e Arquivo Nacional, entre outras) de acervos privados de interesse público. Como alternativa,
sugere que o Estado financie a conservação dos acervos no seu local de produção. Apesar de o
Pró-Documento afirmar que seu “objeto básico, a documentação privada, origina-se da
própria sociedade civil” não há, no entanto, menção no Pró-Documento a qualquer instituição,
empresa ou organismo da sociedade civil. Todos os órgãos citados são públicos e estatais
(FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 9). O Pró-Documento segue as
diretrizes gerais da Secretaria de Cultura do MEC para o setor cultural com a tarefa de
125
operacionalizar a política cultural do Ministério. Ora, isso sugere que o Pró-Documento, na
verdade, assume-se, não como uma política nacional em si, mas como um recurso para
operacionalizar a política cultural do MEC.
Apesar de reconhecer o papel fundamental da população na “produção, usufruto e
gerência dos bens culturais [...] que lhe pertence” e de que “é adequado chamar-se devolução
à orientação que deve presidir os trabalhos”, não há qualquer sinal no Pró-Documento que
indique a participação da sociedade na concepção, discussão ou formulação do Pró-
Documento (FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 11).
Pelo contrário, a leitura do programa revela o seu caráter normativo, estatal e tutelar,
no sentido de que partiram da sociedade política (MEC, SPHAN, Pró-Memória) as diretrizes e
os objetivos formulados e registrados no Pró-Documento, chegando mesmo a definir quais
“grupos documentais” o Pró-Documento deveria atuar prioritariamente (FUNDAÇÃO
NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 19).
Por fim, o Pró-Documento apresenta-se como “[...] um conjunto de ações destinadas à
preservação[...]” e imediatamente a seguir como “[...] uma política preservacionista” de uso
social, revestido de um “caráter essencialmente civilizatório” (FUNDAÇÃO NACIONAL
PRÓ-MEMÓRIA, 1984, p. 40). Não há no documento qualquer definição, conceito ou noção
do que é entendido como preservação nem como política preservacionista.
Em uma mesa-redonda realizada em 1987, portanto três anos após a criação do Pró-
Documento, Jaelson Bitran Trindade, então no SPHAN e na Pró-Memória, reconhece que as
políticas de preservação no Brasil, sejam elas institucionais, estatais ou públicas não têm
avançado (ANTUNES; TRINDADE; JARDIM; DREIFUSS, 1987, p. 173).
Jardim (ANTUNES; TRINDADE; JARDIM; DREIFUSS, 1987, p. 181), na mesma
mesa, lembra que a Comissão de Preservação do Acervo Documental formada por
126
profissionais de arquivos, bibliotecas e museus, ao fazer um diagnóstico nas respectivas áreas,
reconheceram que
[...] jamais se estabeleceu uma política arquivística ou uma política bibliográfica ou museológica dentro da administração federal, para daí se chegar à conclusão de que jamais houve uma política de informação dentro da administração federal.
Jardim (ANTUNES; TRINDADE; JARDIM; DREIFUSS, 1987) chamava a atenção
para uma questão crucial da preservação não apenas dos acervos recolhidos, mas também dos
que estão sendo e que serão produzidos. Ainda hoje, 20 anos depois, essa questão não só não
foi resolvida, como se agravou em função do aumento na quantidade de documentos
arquivísticos digitais9 produzidos.
[...] por que, quando você levanta o problema da preservação do acervo, você levanta o problema da quantidade e da qualidade dos documentos que são produzidos hoje. Enfim, você tem que, por um lado, fazer um corte para impedir a reprodução ad aeternum dessa situação, ter também, por outro lado, um equilíbrio muito grande em termo de iniciativas para prover a preservação do que está acumulado e do que está sendo produzido hoje. E entra aí, uma questão da teoria da gestão de documentos, que se volta para tudo o que se refere a produção, uso e tramitação de documentos na sua fase corrente e intermediária (ANTUNES; TRINDADE; JARDIM; DREIFUSS, 1987, p. 181).
Em 1995, o Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST, do Ministério da Ciência
e Tecnologia, publicou um documento de 35 páginas intitulado “Política de preservação de
acervos institucionais”. Esta publicação foi desenvolvida por profissionais de diversas
instituições entre junho e novembro de 1995. Tinha como “finalidade servir de base para que
cada instituição cultural crie sua própria política de preservação.” Sua formulação partiu “[...]
9Documento arquivístico codificado em dígitos binários, produzido, tramitado e armazenado por sistema
computacional. São exemplos de documentos arquivísticos digitais: textos, imagens fixas, imagens em movimento, gravações sonoras, mensagens de correio eletrônico, páginas web, bases de dados, dentre outras possibilidades de um vasto repertório de diversidade crescente (Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do CONARQ). Disponível em: <http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/2007glossario_set2007__reunio_ctde.pdf>. Acesso em: 31 out. 2007.
127
da experiência dos profissionais no campo da preservação” que dela participaram. O
documento justifica sua formulação por constatar a “inexistência de documentos que
orientassem e/ou normalizassem as ações ligadas à preservação da integridade dos bens
culturais”. O documento objetivava “a formulação de uma política que auxiliasse outras
instituições na elaboração de normas e critérios gerais” em relação à preservação do bem
cultural (MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS, 1995, p. 11).
As quinze instituições que participaram da elaboração desse documento (predominam
os museus) são todas públicas (federais, estaduais ou municipais). Apesar da publicação trazer
um capítulo chamado “Princípios gerais” e um “Glossário”, em nenhum dos dois defini-se
“política de preservação”.
Bellotto (2002), por sua vez, entende que os arquivos têm também uma função cultural
e defende uma política cultural e educativa para divulgação cultural dos acervos arquivísticos.
Citando Vasquez (1991), Bellotto (2002, p. 14) indica que objetivos específicos de uma
política governamental de arquivos
deveriam atender tanto a vertente administrativa dos arquivos (na qual os grandes objetivos seriam os direitos e deveres, a transparência administrativa e a racionalização da informação) como a vertente de patrimônio cultural dos arquivos (conservação, regulamentação, dinamização da informação de ordem cultural).
Bellotto (2002, p. 14) relembra o documento final do Congresso “Patrimônio Histórico
e Cidadania” de 1992, publicado na obra “O direito à memória: patrimônio histórico e
cidadania”, onde consta que
as instituições que atuam na área de preservação do patrimônio histórico e cultual devem promover uma política de divulgação de suas atividades e de esclarecimento de suas práticas e instrumentos de ação a fim de estabelecer amplos canais de comunicação com todos os segmentos da sociedade, de modo claro e direto.
Para Chauí (1992, p. 39 apud Bellotto, 2002, p. 15)
128
Ao definirmos a política cultural como cidadania cultural e a cultura como um direito, estamos operando com dois sentidos de cultura: como um fato ao qual temos direito como agentes ou sujeitos históricos; como um valor ao qual todos têm direito numa sociedade de classes que exclui uma parte de seus cidadãos do direito à criação e à fruição das obras do pensamento e das obras de arte [...] a cultura é simultaneamente um fato e um valor, a enfrentar o paradoxo no qual a cultura é o modo de ser dos humanos e, no entanto, precisa ser tomada como um direito daqueles humanos que não a podem exercer plenamente[...]
Bellotto conclui que, assim, uma política cultural, não pode ignorar o papel do
arquivo:
O objetivo de organizar e conservar adequadamente os arquivos adquire toda a sua dimensão cidadã, se assumirmos que estes centros colaboram muito diretamente no crescimento, entre outros, dos valores do patrimônio público, memória, identidade e conhecimento, os quais, e não por acaso, se associam normalmente às finalidades irrenunciáveis o moderno conceito de cultura (FULGUERAS, 2001, p. 13 apud BELLOTTO, 2002, p. 16).
Zúñiga (2005), em tese de doutorado defendida neste programa, aborda o problema
dos documentos como objeto de políticas públicas em preservação e o acesso à informação
em bibliotecas e arquivos. A questão principal de sua tese concentra-se na “análise das
tentativas de implantação de políticas de preservação no âmbito do Ministério da Cultura e
seus antecessores, responsáveis pela salvaguarda de acervos de bibliotecas e arquivos”
(ZÚÑIGA, 2005, p. 1). Registre-se que os acervos de bibliotecas e arquivos, cuja preservação
é considerada por Zúñiga (2005, p. 51) como responsabilidade do MinC, são tratados nessa
tese como acervos culturais, protegidos sob a ótica do patrimônio, sendo o Estado um “agente
cultural”. No entanto, Zúñiga (2005, p. 71) constata que “No Brasil as políticas públicas
voltadas para a preservação de materiais de bibliotecas e arquivos não conseguiram, salvo
raras exceções, desenvolver-se de forma eficaz [...]”, e que a Fundação Vitae, ao atuar
sistematicamente junto a arquivos, bibliotecas e museus públicos e privados ocupa “o vazio
129
deixado pelos poderes públicos” e acaba, na prática, por implementar o que seria uma política
de preservação.
Ao mesmo tempo, considera que o direito à memória, nos termos do Congresso
realizado em 1991 em São Paulo10, constitui uma dimensão fundamental da cidadania e está
implicado nas políticas públicas de preservação do patrimônio histórico e cultural (ZÚÑIGA,
2005, p. 54). A memória da identidade de um povo, a questão do patrimônio cultural, a
política de proteção aos bens culturais, a preservação da identidade cultural são considerados
conceitos inter-relacionados e diretamente vinculados à consolidação da cidadania. Para tal é
preciso “saber quem somos” (TOLEDO, 1984, p. 29 apud ZÚÑIGA, 2005, p. 57).
A partir desses pressupostos, Zúñiga (2005) sinaliza que uma política de preservação
seria basicamente um programa de escolhas e decisões ante a impossibilidade de se preservar
tudo o que o homem produz, em termos culturais. Segundo sua interpretação, isso ocorre tanto
nos EUA, onde há a força do associativismo, como na França, onde o Estado é mais presente,
ambos países estudados em sua tese.
Ao historiar as instituições brasileiras responsáveis pela preservação de acervos,
Zúñiga (2005, p. 92-93) verificou que a tentativa do SPHAN de implantar uma política
cultural em 1937 é a mais conhecida, e, de acordo com Miceli (1987, p. 44) a mais bem
sucedida. No entanto, Zúñiga (2005) afirma que uma política de Estado voltada à preservação
do acervo documental nunca chegou a ser formulada no Brasil e que apenas “políticas
específicas ou técnicas de preservação” foram propostas e implantadas de forma segmentada,
por iniciativa de distintas instituições. (ZÚÑIGA, 2005, p. 197) Ao mencionar a “preservação
de acervos documentais”, Zúñiga (2005, p. 204) informa que as atividades do CONARQ não
foram tratadas em sua tese porque estão fora dos marcos da pesquisa, mas identifica a criação
do CONARQ como uma manifestação do “Estado em ação” para a preservação.
10“Congresso do Patrimônio Histórico e Cidadania”. A esse respeito ver São Paulo (1992).
130
4.3 PRESERVAÇÃO COMO FUNÇÃO ARQUIVÍSTICA
Apesar de citada como uma das responsabilidades dos arquivos ou mesmo como
objeto de pesquisa na Arquivologia, ainda é escassa, na literatura da área, a produção sobre a
preservação como uma das funções arquivísticas específicas. Os estudos que associam a
preservação da informação arquivística à gestão de documentos, à eficácia administrativa ou
ao acesso e uso social das informações apenas começam a serem produzidos. Sem ocupar uma
posição de destaque na produção acadêmica da área, a preservação da informação
arquivística, no entanto, tem sido mencionada, com relativa freqüência, em artigos que tratam
de outras funções arquivísticas. Tanto no cenário arquivístico internacional como nacional.
No Brasil, há um outro dado relevante. Observa-se empiricamente que são raros os
profissionais oriundos da Arquivologia que atuam no setor de preservação dos arquivos.
Estima-se que a maioria desses profissionais seja formada em outras áreas do conhecimento,
como Museologia, História, Belas Artes, Biblioteconomia, Química etc. De outro lado, só
recentemente começaram a ser incluídos nos currículos dos cursos universitários brasileiros
de Arquivologia aspectos do planejamento e gerenciamento de preservação, e elementos da
conservação preventiva.11
11A respeito desse tema, consultar a dissertação de mestrado “O ensino da preservação documental nos cursos de
arquivologia e biblioteconomia: perspectivas para formar um novo profissional”, de Ingrid Beck, desenvolvida neste Programa em 2006.
131
4.3.1 No cenário arquivístico internacional
Ao explorar as relações entre a pós-modernidade e a Arquivística, Cook (2000, p. 12)
identifica um rompimento paradigmático e a necessidade de novas abordagens na área, de tal
forma que a Arquivística dê conta da análise das propriedades e características dos
documentos, de suas funções, processos e transações no século XXI. Lembra que o pós-
modernismo se preocupa também com a preservação dos arquivos, mas chama atenção para
um fator adicional a ser preservado nos arquivos: o contexto e a ordem original dos
documentos de arquivo. Com isso, Cook (2000) vai além da preocupação com a preservação
dos aspectos físicos dos documentos ou da informação registrada nos documentos. Ao apontar
para a necessidade de se preservar um tipo de informação que, apesar de não estar registrada
em nenhum suporte, é parte essencial do arquivo, Cook (2000) explicita a preservação como
uma função arquivística. Cook refere-se ao contexto em que os documentos de arquivos são
produzidos e à sua ordem original. A preservação desse contexto e dessa ordem é considerado
por Cook como mais um dos objetivos da preservação nos arquivos. Ora, nesse sentido, o
papel do arquivista e do conhecimento técnico-científico específico da disciplina passam a ser
fundamentais para essa preservação.
Em outro artigo, Cook (1997b, tradução nossa) esclareceu melhor esse aspecto.
Os métodos tradicionais de preservação de documentos de arquivo eram baseados em padrões apropriados de reparos, restauração, armazenagem e uso dos seus suportes físicos. Com os documentos eletrônicos, os suportes físicos tornam-se quase que totalmente irrelevantes, na medida em que os documentos terão seus conteúdos migrados muito antes da deterioração física de seus suportes. O que passa a ser importante é a reconfiguração do documento original em
132
relação à sua funcionalidade, proveniência e originalidade, e é sobre estes problemas que os arquivistas deverão focar a sua atenção.
Cook (2000, p. 13) chama também atenção para a alteração das intervenções de
preservação em um mundo de documentos digitais, onde a função “avaliação arquivística”12
ganha destaque. Pensa que a preservação tradicional deverá ser substituída por uma que
garanta a permanência da leitura, uso e compreensão com o passar do tempo também dos
documentos digitais. O suporte perde importância. O foco da preservação desloca-se dos
reparos, da conservação ou da guarda do meio físico (suporte), para a migração contínua dos
virtual records and virtual fonds e para novos programas e aplicativos.
Os arquivistas passaram, durante o último século, de guardiões passivos de um resíduo documentário, deixado pelos produtores de documentos, a criadores e formadores do patrimônio arquivístico. Evoluíram de ascéticos e imparciais guardiões de uma herança documental para se transformarem em agentes intervenientes, que determinam padrões de manutenção e gestão, selecionando para preservação somente uma minúscula parcela do grande universo de informações registradas. Arquivistas transformaram-se, dessa forma, em ativos construtores de suas ‘casas de memória’. Assim, devem estar atentos, a cada dia, com o exame das suas políticas nos processos de criação e formação da memória arquivística (COOK, 1997b – tradução nossa).
O que Cook propõe é a necessidade e a urgência de modificações nos dispositivos
metodológicos da área e na atuação dos arquivistas. A dimensão política do fazer arquivístico
é um aspecto importante nesse processo.
Outros autores reforçam a perspectiva desta tese.
Em uma ampla revisão da literatura produzida em Francês e Inglês sobre a pesquisa
arquivística, Couture e Ducharme (1998-1999) observam que a Arquivologia divide-se entre o
privilégio à conservação da memória, o acesso à informação e à eficácia administrativa. Nesse
quadro, a conservação aparece como uma função arquivística específica, junto à avaliação e à 12Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, a avaliação, um dos procedimentos da gestão
de documentos, é o “Processo de análise de documentos de arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a destinação, de acordo com os valores que lhes são atribuídos” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 41).
133
difusão e é reconhecida como um campo de pesquisa da Arquivologia. Entre os diversos
autores mencionados na revisão de literatura realizada por Couture e Ducharme (1998-1999),
Richard Cox tem papel de destaque. Para Cox, as funções arquivísticas de avaliação e seleção
são a base para a preservação na Arquivologia. Muito mais do que apenas preocupar-se com
os prazos e a sua relação com as idades do ciclo documental, Cox preocupa-se com a
qualidade da pesquisa a ser feita para identificação dos documentos que receberão os
privilégios da preservação. A reformulação metodológica da avaliação de documentos para a
preservação pressupõe, entre outros aspectos:
• reavaliar os conceitos de coleção e de preservação com ênfase mais na qualidade da informação do que na quantidade;
• desenvolver estudos de usuários nos quais a utilização da informação sirva de instrumento para a preservação de documentos;
• desenvolver os sistemas automatizados para facilitar a identificação e a análise do valor da informação;
• incentivar a interação ente os diferentes especialistas da informação para resolver os problemas da preservação dos documentos;
• avaliar o impacto da reformatação dos programas informáticos utilizados na gestão da informação (COX, 1990, p. 256-257 apud COUTURE; DUCHARME, 1998-1999, p. 19, tradução nossa).
Em outro estudo, Couture e Martineau (2000) tratam da questão do ensino, da
docência e da Universidade. Para estes autores, a Arquivologia tende a se tornar uma
disciplina autônoma, mais próxima, da Ciência da Informação do que da abordagem
historicista até então predominante.13 Nessa circunstância, Couture e Martineau (2000)
constatam, em relação ao ensino da conservação-preservação, duas situações: uma,
generalista, apregoa que a disciplina conservação-preservação deveria ser parte integrante do
programa de um curso de Arquivologia e uma outra, tecnicista, propõe que a conservação-
preservação seja motivo de uma especialização à parte.
13A respeito dessa relação no Brasil, ver Fonseca (2005).
134
Não se discute que a preservação desempenha um papel central na manutenção dos
acervos arquivísticos. Nem que deva constar da grade curricular dos cursos de Arquivologia,
como sugerido por Couture e Martineau (2000). No entanto, uma vez considerada como uma
função arquivística (tanto quanto a classificação e a avaliação, por exemplo), como frisou Cox
anteriormente, a preservação ensinada nos cursos de Arquivologia deve voltar-se mais para os
aspectos de sua administração e planejamento do que para as intervenções na estrutura dos
suportes materiais. Estas, devem ser reservadas aos conservadores. Aos arquivistas cabe
atender a expectativa lógica da instituição arquivo e da sociedade em geral em relação às
demandas informacionais. Para a sociedade, pouco importa o processo. Importa que a
informação arquivística, principalmente, a governamental, esteja preservada e acessível.
Nessa linha, Thomassen (2001, p. 375) salienta o papel da sociedade na preservação
da informação arquivística ao dizer que apesar de a sociedade, como ente coletivo, não criar
documento algum, incentiva a criação e a preservação dos documentos porque percebe que
eles têm a função de registrar a “memória dos indivíduos, das organizações e da sociedade” e
que é por isso que devem ser preservados.
Por fim, na visão de Delmas (2001, p. 29, 36) as expectativas da sociedade alteraram,
com o passar do tempo, os objetivos da preservação nos arquivos. Há novos usos dos
arquivos, lembra Delmas. Originalmente, a preservação nos arquivos visava a manutenção de
títulos de propriedade e de direitos; depois, passou a preocupar-se com a memória
institucional; mais tarde, passou a fonte da história. Hoje, o uso dos arquivos remete a uma
enorme gama de possibilidades, e a preservação somente tem sentido se for para assegurar a
comunicação da informação. Passa-se a considerar a preservação independentemente do
suporte da informação. Isso implica que as diferenças de suporte não são mais determinantes
para a preservação. A expectativa é que a informação seja preservada.
135
Esses são indícios que permitem afirmar que a preservação da informação arquivística
começa a superar diretrizes metodológicas tradicionais que têm reduzido o campo de suas
intervenções, restringindo-as à manutenção das fontes históricas e da memória social, de
sentido patrimonialista e cultural. A preservação da memória contida nos documentos de
arquivos produzidos hoje, será resultado mais da gestão de documentos e do controle do fluxo
informacional, independentemente do lugar e do suporte em que a informação tenha sido
produzida, recebida e acumulada, do que da conservação de acervos. Ou seja, a possibilidade
mais concreta e eficaz de preservação está hoje vinculada à aplicação de critérios e
parâmetros da gestão de documentos. Com a gestão, preserva-se a memória, a história, as
questões do Estado, a comprovação dos direitos, o atendimento dos objetivos da
administração pública, a possibilidade do accountability, e a atuação dos governos. Preserva-
se a informação social, tecnológica, científica, cultural...
Na hipótese de Silva e Ribeiro (2002), a Arquivística é entendida no âmbito da
Ciência da Informação. Em 2002, ambos entendiam que a preservação não seria uma função
arquivística, mas produto de uma cooperação interdisciplinar.
No sector preventivo e prático da conservação e restauro, a pesquisa é liderada por físico-químicos e biólogos no que concerne aos suportes tradicionais (pergaminho, papel, madeira...) e por engenheiros mecânicos, electrotécnicos e da computação no que respeita a novos suportes (filme, fotografia, microfilmagem, audiovisual e electrónico-digital), colhendo aí o especialista em C. I. dados ricos, variados e densos a integrar no seu conhecimento essencialmente prático face às necessidades de conservação e durabilidade da informação armazenada (SILVA; RIBEIRO, 2002, p. 127).
No enfoque acima, a preservação da informação não consta entre os interesses e
responsabilidades do arquivista/cientista da informação, uma vez que é compreendida apenas
como intervenção na estrutura material dos suportes. Dessa forma, a esse cientista da
informação caberia a cooperação e a atuação interdisciplinar com as outras áreas
mencionadas.
136
Quatro anos depois, essa compreensão se amplia. Silva passa a considerar que as
estratégias e procedimentos com vista a garantir a preservação da informação estariam,
também, afetas ao cientista da informação. Incluiriam uma abordagem política e a
preservação da organicidade da informação arquivística, nos moldes defendidos também por
Cook em relação ao contexto em que os documentos de arquivos são produzidos.
Na óptica da Ciência da Informação preservação implica três planos distintos: a conservação e o restauro do suporte, sendo este plano dominado pelo contributo de Ciências Naturais com suas técnicas e procedimentos testados e padronizados, gerando-se potenciais estratégias interdisciplinares; a adopção de medidas de gestão (políticas públicas) através de legislação e de organismos regulamentadores e fiscalizadores; e a intencionalidade orgânica de preservar para usar face a necessidades e imperativos orgânico-funcionais vários. Só este terceiro plano entra no objecto de estudo próprio ou exclusivo da Ciência da Informação e liga-se a outros tópicos fundamentais como a Memória orgânica, a Organicidade e o Sistema de Informação (SILVA, 2006, p. 159).
Se, na Ciência da Informação proposta por Silva, a preservação estaria apenas nesse
terceiro plano, na Arquivologia, entendida como disciplina autônoma, relacionada e próxima
da Ciência da Informação, autores como Terry Cook, Theo Thomassen, Carol Couture, Daniel
Ducharme, Bruno Delmas, Jocelyne Martineau, Eric Ketelaar, Maria Odila Fonseca, José
Maria Jardim afirmam que a preservação é um dos elementos do fazer e pensar arquivísticos.
A preservação, como função arquivística contemplada pela Arquivologia, envolve elementos
técnico-científicos e políticos, e está entre as responsabilidades profissionais dos arquivistas.
Dessa forma, diferentemente do que propõe Malheiro da Silva, não apenas o último, mas os
dois últimos “planos” fariam parte da Arquivologia, entendida esta como uma área do
conhecimento autônoma. Assim, os arquivistas, além de atuarem interdisciplinarmente,
cooperando com conservadores e restauradores, participariam na formulação e implementação
de políticas públicas e na preservação da organicidade dos conjuntos arquivísticos.
137
4.3.2 – No cenário arquivístico nacional
Um levantamento realizado por esta pesquisa em outubro de 2007 evidenciou que a
produção científica sobre temas como “Preservação e Políticas”, “Arquivo, Informação e
Políticas” e “Preservação, Conservação e Restauração” nas áreas da Arquivologia e da
Ciência da Informação no Brasil ainda é de pequena monta. Foram analisados 2.231 títulos e
respectivos subtítulos14 de diversos tipos de trabalhos (Quadro 1), tais como:
• conferências, palestras e comunicações apresentadas em Congressos de
Arquivologia no Brasil;
• artigos publicados na Revista Arquivo & Administração15 e na Revista Acervo16; e
• teses e dissertações desenvolvidas em nove programas de pós-graduação em
Ciência da Informação em Universidade brasileiras.
Dos sete títulos17 que relacionam “preservação, políticas”, quatro são dissertações e
teses, três foram trabalhos apresentados em congressos e apenas um artigo publicado na
Revista Acervo, do Arquivo Nacional. Os cento e vinte e seis títulos de trabalhos sobre
“preservação/conservação/restauração” (total da coluna 3 do Quadro 1) referem-se a
intervenções técnicas de reparos e recuperação de materiais, evidenciando a pouca abordagem
da preservação sob o ponto de vista das políticas, uma vez que do total de 134 trabalhos sobre
14A metodologia do levantamento consistiu na leitura dos títulos e subtítulos registrados nos sumários com a
programação dos Congressos e nos sumários das revistas pesquisadas. Em relação aos Programas de Pós-Graduação, a busca foi feita nos sites de cada programa em links que listam as dissertações e teses defendidas. Os títulos e subtítulos com a expressão “política de preservação” não foram considerados na contagem para a identificação da ocorrência dos termos “preservação/conservação/restauração”.
15Publicada pela Associação dos Arquivistas Brasileiros – AAB. 16Publicada pelo Arquivo Nacional. 17Para conhecer a lista completa dos 134 trabalhos identificados, ver Apêndice H desta tese.
138
preservação, sentido amplo (“preservação, políticas + “preservação/
conservação/restauração”), apenas 5,2% relacionam preservação com políticas. Dos trinta e
dois trabalhos que relacionam “arquivo, informação, políticas”, 40,6% (13 títulos) aparecem
em apresentações do Congresso Brasileiro de Arquivologia e 28,1% (9 títulos) são
dissertações e teses de programas de pós-graduação em Ciência da Informação. Quando
considerado o montante da produção analisada (2.231 trabalhos), o total dos títulos (165) que
abordam um ou mais dos temas (“preservação, políticas, arquivo, informação, conservação,
restauração”) representa 7,39% do universo pesquisado.
Em 1976, no 3º Congresso Brasileiro de Arquivologia, dois trabalhos apresentados
então, introduzem o tema das políticas brasileiras de arquivos, que só volta dez anos depois,
em 1986, no 6º Congresso Brasileiro de Arquivologia agora já como Política Nacional de
Arquivos. Em 1998, no 12º Congresso Brasileiro de Arquivologia é apresentado, o trabalho
“Atividades de preservação do acervo do Arquivo Público Mineiro: uma política de
conservação preventiva” que relaciona, pela primeira vez, preservação e política. O primeiro
artigo sobre política arquivística foi publicado em 1987, na revista Acervo (“Política
municipal de arquivos: considerações sobre um modelo sistêmico para a cidade do Rio de
Janeiro”) e sobre preservação e política, foi publicado em 2004, na mesma revista (“Ciência e
tecnologia na preservação da informação: um desafio político”).
139
Quadro 1
Levantamento em sumários de programas de congressos e de periódicos de Arquivologia e nas listagens dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação de Universidades brasileiras de títulos de trabalhos que
relacionam “Preservação, Políticas”, “Arquivo, Informação, Políticas” e “Preservação/Conservação/Restauração”
Eventos
Títulos analisados
PreservaçãoPolíticas
Arquivo Informação
Políticas
Preservação Conservação Restauração
Congresso Brasileiro de Arquivologia – AAB - 11 eventos, realizados entre 1972 e 2006*
535
1
13
73
Congresso Nacional de Arquivologia – 2 eventos, realizados em 2004 e em 2006
184
1
7
24
Revista Arquivo & Administração / AAB – 39 números publicados entre 1973 e 2006
210
0
1
10
Revista Acervo / Arquivo Nacional – 24 números publicados entre 1986 e 2006
211
1
2
7
Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação
UFRJ-IBICT (dissertações18 e teses19 1972-2005) 416 1 7 2 UnB (dissertações e teses20 1978-2005) 68 1 - 1
UFMG (dissertações21 e teses22 1978-2005) 249 1 2 2 UNIRIO** (dissertações23 1991-2005) 179 1 - 6
UFRGS*** (dissertações e teses24 1996-2005) 95 - - - USP-ECA (dissertações e teses25 1998-2005) 15 - - -
UNESP Marília (dissertações26 2001-2005) 44 - - 1 UFBA (dissertações27 2001-2005) 16 - - - UFSC (dissertações28 2003-2005) 9 - - -
Total 2.231 7 32 126 * Não foram localizados o programa oficial do 2º e 5º CBA. ** O Programa de Pós-Graduação da UNIRIO é em Memória Social. *** O Programa de Pós-Graduação da UFRGS é em Comunicação e Informação. Fonte: O autor.
Em relação a teses e dissertações, o primeiro trabalho produzido cujo título relaciona
preservação e política é a dissertação de mestrado “Subsídios para uma política de
preservação e conservação de acervos em bibliotecas universitárias brasileiras”, apresentada
18Disponível em: <http://www.ibict.br/anexos_secoes/rel.diss.atual.2004nov.doc>. Acesso em: 02 nov. 2007. 19Disponível em: <http://www.ibict.br/anexos_secoes/teses.doutor.atual2005.doc>. Acesso em: 02 nov. 2007. 20Disponível em: <http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/resultado-tdes-prog.php?ver=1&programa=1&ano_inicio=&mes_inicio=&mes_fim=&ano_fim=2007&grau=Todos>. Acesso em: 02 nov. 2007. 21Disponível em: <http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Disserta%E7%F5es>. Acesso
em: 02 nov. 2007. 22Disponível em: <http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Teses>. Acesso em: 02 nov. 2007. 23Disponível em: <http://www.unirio.br/memoriasocial/estante/dissertacoes/dissert.htm>. Acesso em 02 nov. 2007. 24Disponível em: <http://www.ppgcom.ufrgs.br/ted.php>. Acesso em: 02 nov. 2007. 25Disponível em: <http://www.teses.usp.br/area_pesquisa.php?area=27143>. Acesso em: 02 nov. 2007. 26Disponível em: <http://polo1.marilia.unesp.br/pos-
graduacao/stricto_sensu/ci/index.php?Meio=dissertacoes.php>. Acesso em: 02 nov. 2007. 27Disponível em: <http://www.posici.ufba.br>. Acesso em: 02 nov. 2007. 28Disponível em: <http://www.cin.ufsc.br/pgcin/pgcin.htm>. Acesso em: 02 nov. 2007.
140
no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UnB, em 1991. A leitura do
trabalho, entretanto, evidencia que o conceito de política utilizado prende-se a normas e
orientações gerais para intervenções técnicas de reparos e controle climático, distanciando-se
do conceito de política defendido nesta tese. O segundo, em 1992, é também uma dissertação
de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFMG cujo título
praticamente reproduz o da dissertação da UnB: “Subsídios para a formulação de políticas de
preservação de acervos de bibliotecas: um estudo de caso”, e ao qual não se teve acesso. O
terceiro e último, é a tese defendida em 2005 neste Programa, intitulada “Documentos como
objeto de políticas públicas em preservação e o acesso à informação: o caso das bibliotecas e
arquivos”, de Solange Zúñiga, citada no primeiro item desta seção.
Uma das conclusões que Fonseca (2005, p. 98) chega em sua tese de doutorado é que a
Arquivologia não pensa a Arquivologia, ou seja, que “os limites e a configuração disciplinar
da Arquivologia não são objeto de suas investigações”. Se a Arquivologia brasileira ainda
carece de reflexões mais profundas sobre si mesma, a preservação, entendida como uma
função arquivística, é parte dessa circunstância.
Ao observar que a “Arquivologia foi profundamente marcada, em suas origens, pelos
seus aspectos pragmáticos, vinculado às práticas burocráticas, visando a eficácia e eficiência
na guarda e preservação de arquivos, notadamente os públicos”, Fonseca (2005, p. 55), a um
só tempo, reconhece que a preservação é uma função basilar da área, indica que o
conhecimento arquivístico ganha contornos formais a partir das atividades e funções
desenvolvidas nos arquivos públicos e salienta a influência do pragmatismo na construção da
área.
A influência do pragmatismo na construção da Arquivologia como área do
conhecimento mencionado por Fonseca manifesta-se também na preservação da informação
arquivística, fazendo com que a preservação nos arquivos acabe sendo percebida,
141
principalmente, em sua dimensão técnica. Isto é, os aspetos teórico-conceituais da
preservação e, principalmente, os políticos, ficam diluídos em razão dos apelos visuais
proporcionados pelas técnicas de intervenção direta (conservação, restauração). Uma das
estratégias utilizadas para isso é a comparação do estado do acervo antes e depois do
tratamento de conservação, por exemplo. Este recurso equivocado é ainda bastante utilizado
nos arquivos para demonstrar a importância da conservação-restauração, e para, desse modo,
obter mais visibilidade ou melhorar a quantidade e a qualidade dos investimentos na área. A
combinação de tais critérios e estratégias de influência reforçam a noção de que a preservação
nos arquivos é sinônimo de intervenção na estrutura material dos documentos. No entanto,
sabe-se os melhores resultados são obtidos quando investe-se na preservação, sentido amplo,
e na gestão de documentos como processos combinados e interdependentes capazes de
garantir acesso contínuo e a longo prazo.
Essa circunstância começou a ser alterada pelo advento das novas tecnologias de
informação e comunicação. A partir dos anos 1990, a enorme produção de documentos
arquivísticos digitais iniciou um processo de questionamento de diversas atividades e funções
desenvolvidas nos arquivos, entre elas, a preservação, o que levou a comunidade arquivística
a discutir alterações nos dispositivos metodológicos tradicionais utilizados até então.
Jardim (2000b) produz uma análise conjuntural sobre isso:
A Arquivística estaria atualmente sob uma era pós-custódia: sem excluir o foco tradicional do arquivista sobre o documento físico, a ênfase estaria deslocada para o contexto da produção da informação, suas inter-relações, seu produtor, independentemente do local físico onde tal ocorra. Este etapa pós-custodial encontra relações com as novas formas de produção da informação arquivística, especialmente no que se refere aos chamados documentos eletrônicos e seus impactos:
• Novos formatos físicos • Novas formas de organização dos documentos • Novas formas de transferência da informação
142
De acordo com Jardim (2000b), o acesso à informação nessa nova circunstância exige
reconsiderar o conceito de “lugar”, que torna-se secundário. Arquivos e bibliotecas teriam
necessidade de renovar funções históricas, uma vez que a ênfase na gestão da informação
desloca-se do acervo para o acesso e do estoque para o fluxo da informação.
Nogueira (2004, p. 123) descreve com propriedade essa circunstância quando indica
que a inovação tecnológica é fator importante que pressiona fortemente a gestão pública,
determinando o surgimento de uma espécie de “obsolescência prematura generalizada”. Mais
do que a substituição de equipamentos, de novas formas de trabalho e de conhecimentos, isso
significa o advento de um novo ritmo de vida e atuação, acelerado, multifacetado, com
diversas conseqüências, entre elas, a amplificação das informações. O governo eletrônico29,
por exemplo, surge nessa circunstância e pode ser entendido como uma forma adotada pelo
Estado na tentativa de acompanhar a tal aceleração no ritmo de vida. Nogueira (2004) afirma
que o alvo principal do governo eletrônico é “acelerar o acesso a certas informação e
serviços” para dar conta da impaciência e pressa decorrentes dessa aceleração de ritmo de
vida.
Jardim (2000b) alerta que a discussão e a preocupação com os acervos arquivísticos
digitais e a abordagem pós-custodial não devem desconsiderar a existência de milhares de
quilômetros lineares de documentação convencional já recolhida aos depósitos arquivísticos e
ainda com sérios problemas de deterioração. Por isso, para Jardim (2000b), não basta a
simples adoção de uma abordagem pós-custodial nos arquivos. Também é fundamental que os
arquivos se movam dos “‘arquivos direcionados para os arquivistas’ para ‘arquivos
direcionados para os usuários’, enfatizando, cada vez mais, que arquivistas não servem aos
arquivos, mas à sociedade e seus diversos agentes”.
29“Governo Eletrônico é uma noção que ainda carece de maior aprofundamento teórico. Na literatura a respeito,
é freqüentemente identificado com a estratégia pela qual os governantes fazem usos das novas tecnologias para oferecerem à sociedade melhores condições de acesso à informação e aos serviços governamentais” (JARDIM, 2004, p. 13).
143
Grande parte dos nossos arquivos carece ainda da devida custódia. As soluções dos países centrais estão calcadas em conceitos e práticas informacionais que pressupõem graus de gestão da informação periféricos entre nós. [...] A realidade latino-americana confronta-se com a perspectiva de era arquivística pós-custodial, tendo em conta que a maior parte das nossas instituições arquivísticas sequer realiza as atividades custodiais clássicas (JARDIM, 2000b).
Como, por exemplo, a avaliação arquivística. Ou seja, muitos dos acervos recolhidos
aos arquivos públicos receberam a denominação de “arquivos permanentes” a posteriori.
Uma vez considerados “arquivos permanentes”, passaram a ser considerados também como
patrimônio arquivístico, pelo simples fato de fisicamente terem sido depositados em arquivos
públicos, sem que ter sido avaliados e selecionados anteriormente. Isto é, foram “tornados”
patrimônio arquivístico à revelia de procedimentos consolidados pela Arquivologia.
Jardim (1995a, p. 7) chama atenção para o assunto, pelo menos, desde 1995:
As instituições arquivísticas públicas brasileiras apresentam aspectos comuns no que se refere às suas características fundamentais. Trata-se de organizações voltadas quase exclusivamente para a guarda e acesso de documentos considerados, sem parâmetros científicos, como de valor histórico, ignorando a gestão de documentos correntes e intermediários na administração que os produziu. A lógica de constituição desses acervos de valor “permanente” resulta, em geral, menos de uma política de recolhimento por parte dos arquivos públicos do que de ações isoladas, associadas a determinadas situações, como a extinção de órgãos públicos, falta de espaço físico em determinadas repartições etc. A prática de avaliação é quase sempre desconhecida por parte das instituições arquivísticas, quando ocorrem estes recolhimentos. Após o recolhimento, atividade pouco freqüente nos arquivos públicos brasileiros, a salvaguarda dos documentos na instituição confunde-se com um processo de sacralização que implica sua transmutação em acervo ‘histórico’. Paralelamente, quilômetros de documentos tendem a ser acumulados sem critérios junto aos serviços arquivísticos da administração pública, dada a inexistência de programas básicos de avaliação, eliminação e recolhimento às instituições arquivísticas.
144
Do ponto de vista da preservação, mais do que produto de uma intervenção técnica,
esses acervos são resultado de uma decisão política: uma decisão pela inação ou “não-ação”,
conforme Heclo (1972 apud DAGNINO, 2002).30
A concepção de patrimônio, produto do Estado moderno pós-século XIX, reúne
aspectos, marcas e sinais do contexto histórico, político e técnico-científico em que foi
formulada. No Brasil, a idéia de patrimônio se consolida em meados do século XX como uma
concepção estatal, materializada em um discurso oficial, veiculada e assumida, a partir de
narrativas que se perpetuam no tempo. Concepção veiculada e assumida, em certa medida,
também pelas instituições arquivísticas públicas. Para Gonçalves (2002, p. 8), analisar o
patrimônio significa não tratá-lo como um dado histórico, cultural ou natural, mas como uma
categoria de pensamento, como um discurso, como uma narrativa.
João Reginaldo Gonçalves (2002) associa a noção de “patrimônio” à de “apropriação”
para constatar que a noção de “apropriação” desempenha uma função central nos discursos do
patrimônio. Apropriar-se de alguma coisa implica uma atitude de poder, de controle sobre
aquilo que é objeto dessa apropriação. Apropriar-se seria, assim, sinônimo de preservação.
Preservar um patrimônio pressupõe que alguém, algum sujeito individual ou coletivo, esteja
agindo em relação a isso como uma propriedade. (GONÇALVES, 2002, p. 63-65)
O que significa “patrimônio arquivístico”? A que nos referimos quando falamos de
“preservação do patrimônio arquivístico”?
A literatura brasileira que aborda a concepção de patrimônio arquivístico tem servido
de referência para a preservação da informação arquivística no Brasil. Os acervos
considerados como “patrimônio arquivístico” nessa literatura são aqueles tidos como de valor
histórico, cultural e de memória, recolhidos a instituições arquivísticas, quase sempre
públicas, onde supostamente recebem proteção. Não há evidências da existência dos critérios
30A esse respeito, ver a seção Políticas Públicas desta tese.
145
que determinam quais acervos formam tal “patrimônio arquivístico”. Como não são claros os
métodos de recolhimento, forma de armazenamento e condições de guarda a que são
submetidos esses acervos. De um modo geral, basta que alguma instituição arquivística se
“aproprie” (conforme Gonçalves) de um conjunto de documentos arquivísticos para que este
passe a ser considerado “patrimônio arquivístico”.
O Dicionário brasileiro de terminologia arquivística define “patrimônio arquivístico”
como “o conjunto de arquivos de valor permanente, públicos ou privados, existentes no
âmbito de uma nação, de um estado ou de um município” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.
130, grifo do autor). O Dicionário registra ainda um verbete para “patrimônio arquivístico
comum”, cuja definição é: “Arquivo que constitui o patrimônio arquivístico de duas ou
mais unidades territoriais, não podendo ser dividido sob pena de perda de sua integridade”.
(ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 130, grifo do autor)
O CONARQ (2004) na “Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital -
Preservar para garantir o acesso” propõe a noção de “patrimônio arquivístico digital” nos
seguintes termos: “[...] a informação arquivística, produzida, recebida, utilizada e conservada
em sistemas informatizados, vem constituindo um novo tipo de legado: o patrimônio
arquivístico digital;”.
A noção de patrimônio arquivístico, bem como os atos, os fatos e os discursos que a
envolvem, não tem se apresentado, historicamente no Brasil, como a melhor opção para
preservar e dar acesso à informação arquivística. Classificar os conjuntos arquivísticos sob a
rubrica genérica de “patrimônio” compromete o seu potencial de uso. A informação
arquivística contemporânea é considerada hoje um recurso fundamental para o
desenvolvimento da cidadania e da sociedade democrática. Tem, portanto, possibilidades de
uso bem mais amplas que as tradicionalmente associadas ao “patrimônio arquivístico”,
aquelas que remetem à memória, à história, à erudição ou à identidade cultural. No entanto,
146
ainda mais grave, é continuar, hoje, a tratar a informação arquivística digital, como
“patrimônio arquivístico”. Isso pode se constituir em um risco sério para a sua preservação,
uma vez que não há mais como esperar pela acumulação de documentos, nem, sequer, pela
avaliação de documentos.
A preservação da informação arquivística governamental, produzida e utilizada para a
administração do Brasil, considerada, portanto, de valor instrumental e estratégico, requer que
os riscos de sua deterioração sejam, de um lado, percebidos antecipadamente, e, de outro,
preservados de forma contínua e a longo prazo.
O fato é que, no Brasil, a preservação raramente aparece associada, pelo menos, de
forma explícita, à gestão de documentos. Permanece entendida como uma operação típica dos
arquivos permanentes, logo, de proteção ao chamado patrimônio arquivístico, em que pese os
riscos de deterioração advindos com o uso das tecnologias de informação e comunicação
eletrônicas/digitais na produção da informação arquivística digital.
Os elementos analisados se articulam e justificam os pressupostos desta tese que
relacionam a preservação da informação arquivística governamental com as políticas públicas,
ou melhor, com a ausência de políticas públicas de arquivos no Brasil .
Jardim (2000b) observou que “O uso das diversas possibilidades das tecnologias da
informação têm como requisito políticas públicas de informação. Caso contrário, todo aparato
tecnológico tende a reconfigurar novas formas de periferização real e virtual.” Ou seja, a
discussão sobre a custódia e a pós-custódia não dispensa a formulação e implementação de
políticas públicas de informação ou de políticas públicas arquivísticas. Ou corre-se o risco de
se reproduzir com os acervos arquivísticos digitais o que foi feito com os acervos
convencionais.
Entende-se, portanto, que a preservação da informação arquivística governamental
contemporânea está mais afeta e dependente de uma política pública de informação ou de
147
arquivos do que de políticas culturais. Dito de outra forma, as atenções direcionadas à
preservação dos documentos de arquivo apenas quando considerados “históricos” e integrados
ao “patrimônio arquivístico” devem voltar-se para a preservação da informação arquivística
de uso corrente, administrativo, funcional e estratégico na expectativa de atender, no presente
e no futuro, a sociedade e o Estado. Isso implica que as orientações técnico-científicas da
preservação efetivamente acompanhem as da gestão de documentos. Com a gestão de
documentos, preservam-se todos os demais possíveis valores potenciais, inclusive aqueles
preconizados na Constituição federal e nas leis aqui referidas (o valor histórico, probatório,
informativo, cultural e de memória). Sem a gestão de documentos, corre-se o risco de se
perder em ambos os aspectos.
Em relação à definição de uma política pública de arquivos, é útil que se conheçam o
contexto e as razões nas quais se baseiam as decisões administrativas e políticas (ou as não-
decisões) de governo, quando das escolhas para a preservação. Em outras palavras: conhecer
como e por que os governos decidem ou não pela preservação dos registros informacionais,
pode evidenciar, por exemplo, que as prioridades naquele momento histórico são outras. As
rubricas do Orçamento Geral da União e a respectiva distribuição dos valores é um desses
elementos a ser conhecido.
5 ORÇAMENTO, POLÍTICAS PÚBLICAS E PRESERVAÇÃO
Esta seção apresenta uma análise quantitativa e qualitativa do Orçamento Geral da
União - OGU no período entre 1995 e 2005 com o objetivo de demonstrar que o estudo do
OGU é um dos elementos que podem contribuir para a compreensão do que ocorre com a
preservação da informação arquivística do Poder Executivo federal no Brasil.
Como visto anteriormente, as intervenções de preservação somente têm sentido se
implementadas de forma contínua. Isto significa que os benefícios dos investimentos em
preservação eventualmente feitos no presente somente serão obtidos e visíveis no longo prazo.
Tem-se tentado demonstrar que essa circunstância vincula a preservação às políticas públicas,
o que requer, entre outros elementos, investimentos e recursos financeiros. Assim, estudar a
capacidade estrutural do Estado em produzir políticas públicas nesses moldes, significa
conhecer a capacidade e a disposição do governo em investir dinheiro público de forma
perene. Sabe-se que uma política pública é muito mais do que investimento financeiro, mas
defende-se que este é um elemento a ser considerado na análise das políticas públicas de
arquivos que contemplem a preservação como um de seus aspectos. Como mencionado
anteriormente, investimentos financeiros específicos em ações de preservação podem ocorrer
e ocorrem fora do âmbito de uma política pública, mas a preservação contínua e a longo prazo
da informação arquivística depende de uma política pública de arquivo, e assim, ambas, a
preservação e a política, não se concretizarão sem recursos financeiros.
Justifica-se, dessa forma, a inclusão da análise sobre o orçamento público brasileiro
nos termos desta seção.
149
5.1 SOBRE O ORÇAMENTO
O Orçamento Geral da União é definido pela Advocacia Geral da União como:
[...] o instrumento utilizado pelo Governo Federal para definir como os recursos arrecadados dos cidadãos por meio dos tributos (impostos, taxas etc.) são aplicados em projetos e políticas públicas, que visam melhorar a vida do brasileiro, pelo atendimento de necessidades ou de demandas da sociedade. No conjunto do Orçamento-Geral da União, cada órgão federal é beneficiado com orçamento próprio, para que possa desenvolver aquelas atividades relacionadas à sua área de atuação (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO).1
No Brasil, o orçamento é elaborado, anualmente, pelo Poder Executivo e a aprovado
pelo Poder Legislativo na forma de três leis orçamentárias: o Plano Plurianual - PPA, a Lei de
Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA.
A Constituição federal de 1988 determina que ao Poder Executivo cabe estabelecer:
Art. 165 – Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. §1º – A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. § 2º – A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (BRASIL, 2007, p. 120).
Para Freitas (2003, p. 19)
Tanto o Plano Plurianual como a Lei de Diretrizes Orçamentárias são instrumentos legais superordenadores da lei orçamentária anual, cabendo ao primeiro a explicitação das diretrizes, objetivos e metas na
1Disponível em:
<http://www1.transparencia.gov.br/TransparenciaCliente/execucao.jsp?CodigoOrgao=20114&TipoOrgao=2>. Acesso em: 15 nov. 2006.
150
perspectiva do planejamento de médio prazo e ao segundo instrumento, como articulador, constituir-se numa ponte programático-legal entre o planejamento de médio prazo (PPA) e o planejamento de curto prazo (Lei Orçamentária Anual).
Freitas (2003, p. 19) chama atenção para outro aspecto importante estipulado também
pela Constituição de 1988: a integração entre planejamento e orçamento, reforçado pela
instituição dos Planos Plurianuais. No Brasil, os PPAs foram concebidos com a duração de
quatro anos. Assim, o primeiro Plano Plurianual referia-se ao planejamento para o período
1992-1995; o segundo, a 1996-1999, o terceiro, 2000-2003 e o quarto PPA, para 2004-2007.
5.1.1 Aspectos Metodológicos
O OGU foi analisado nesta tese sob a circunstância e perspectiva de que é um
instrumento político cuja obtenção dos recursos orçamentários e definição das rubricas
financeiras se dão na arena política.
Os dados orçamentários analisados foram obtidos em dois tipos de relatórios
produzidos pelo governo federal: Relatório de Avaliação dos PPAs e Relatório da Execução
Orçamentária do Governo Federal.2 Os Relatórios de Avaliação dos PPAs, produzidos pelo
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, além de apresentar cifras e valores
absolutos e percentuais em suas respectivas tabelas, contêm comentários, análises, resultados
obtidos e recomendações. Já os Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal,
2Observou-se a falta de padrão na forma e no conteúdo dos relatórios consultados, disponíveis na Internet em
sites do governo. Os relatórios de 1995 e 1996, por exemplo, estão disponíveis na Internet na forma de imagem de documento, ou seja, o documento original foi datilografado e depois escaneado. Há, inclusive, páginas escaneadas fora da ordem seqüencial. Há relatórios com pouco mais de 40 páginas e relatórios com quase duas mil páginas. Alguns têm poucas dezenas de KB outros chegam a mais de 50 MB. Alguns estão em formato PDF outros em HTML. Os títulos e os conteúdos das colunas da tabelas dos relatórios variam, de ano para ano, como também varia o uso de um ou dois zeros após a vírgula nas colunas com percentuais.
151
produzidos pelos setores de contabilidade do Ministério da Fazenda, recorrem a tabelas e
gráficos para listar os valores autorizados, corrigidos, executados e os respectivos percentuais
dos gastos da União.
Dos Relatórios de Avaliação dos PPAs, usou-se, basicamente, as tabelas com os dados
da execução financeira dos programas, subprogramas (ou projetos) e ações (ou atividades)
desenvolvidas. Dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal, foram usados
os dados das tabelas denominadas “Demonstrativo da Execução das Despesas por Unidade
Orçamentária” e “Demonstrativo das Despesas da União por Programa”.3
Execução orçamentária e execução financeira são lados de uma mesma moeda.
Execução orçamentária é a previsão de gastos autorizados pelo Congresso pela Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei do Orçamento Anual (LOA) e execução financeira
é o gasto efetivo do dinheiro de acordo com a previsão orçamentária. Assim, se não houver
previsão de gasto no orçamento, mesmo que haja dinheiro, este não poderá ser realizado. A
expressão “Orçamento Fiscal e da Seguridade Social” encabeça todas as tabelas pesquisadas
em ambos os tipos de relatórios. Orçamento Fiscal e da Seguridade Social é o conjunto de
dotações estabelecidas para as unidades orçamentárias, de acordo com a Lei Orçamentária
Anual, acrescidas dos créditos adicionais abertos e reabertos até 31 de dezembro.4
Um dos objetivos específicos desta pesquisa é apresentar elementos que possibilitem
incluir a análise orçamentária como uma referência para o estudo da preservação da
informação arquivística do Poder Executivo federal brasileiro. Assim, com a análise do
Orçamento Geral da União foi possível verificar algumas prioridades e opções do Estado
3Programa, subprograma ou projeto, atividade ou ação são subdivisões dos níveis orçamentários. Assim, um
programa pode ser composto por mais de um subprograma, que, por sua vez, pode ser composto por várias ações ou atividades. No entanto, nos relatórios estudados, uma mesma atividade aparece denominada de ação ou mesmo de subprograma, sugerindo que todas essas denominações indicariam um mesmo nível orçamentário. Apenas com o passar do tempo essa nomenclatura se consolida e se uniformiza, como de resto acontece com os relatórios em si.
4Notas Explicativas, p. 6 do Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal de 2005. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume1.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2007.
152
brasileiro, em relação à preservação dessa informação entre 1995 e 2005. Parte-se do
pressuposto de que a formulação e implementação de uma política pública que contemple a
preservação dependem, entre outros aspectos, de disponibilidade orçamentária.
Dessa forma, a análise orçamentária nesta seção está dividida em quatro partes:
• a primeira parte traz uma breve visão geral do orçamento brasileiro entre
1995 e 2005, onde procurou-se apresentar a evolução tanto no
surgimento dos programas como nos respectivos recursos financeiros;
• a segunda parte apresenta e compara os recursos orçamentários
destinados a cinco instituições públicas federais brasileiras que têm
como missão institucional, entre outros aspectos, a preservação de
acervos;
• a terceira parte trata especificamente dos programas, subprogramas e
atividades/ações do Arquivo Nacional, contemplados no OGU no
período;
• encerra-se a seção com um resumo do percurso feito.
5.2 O ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO ENTRE 1995 E 2005
Após a leitura completa de todos os documentos selecionados sobre o OGU, o
primeiro passo exploratório dos relatórios referidos consistiu na identificação da ocorrência de
algumas palavras-chave significativas para esta pesquisa. Os termos procurados na leitura dos
relatórios foram:
• Política
153
• Preservação
• Conservação
• Restauração
• Patrimônio Histórico
• Patrimônio Cultural
• Documentação(ões)
• Informação(ões)
Com a identificação de tais palavras-chave foi possível conhecer a denominação das
rubricas orçamentárias e as respectivas instituições a que estavam subordinadas, bem como os
programas, subprogramas e atividades/ações contempladas com recursos financeiros públicos.
O Quadro 2 abaixo sintetiza os dados levantados. A segunda linha do quadro apresenta
a variação no número total de programas contemplados com recursos orçamentários do
governo federal em cada ano pesquisado. A terceira linha registra a dotação orçamentária
total a cada ano e a quarta linha o aumento ou a diminuição, em termos percentuais, da
dotação orçamentária total em relação ao ano anterior. Desse modo, é possível acompanhar a
evolução da quantidade de programas no período e ter uma ordem de grandeza do montante
total de recursos financeiros distribuídos no orçamento federal.
Quadro 2 Evolução na quantidade total de programas na dotação orçamentária anual existente nos Relatórios da Execução
Orçamentária do Governo Federal entre 1995 e 2005
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total de programas 58 59 57 57 57 360 360 360 360 369 267
Dotação orçamentária total
em bilhões de Reais
357
221
338
345
363
393
438
468
560
646
698
Variação da dotação orçamentária
-
-38%
+53%
+2%
+5%
+8%
+11%
+7%
+20%
+15%
+8%
Fonte: O autor.
154
Nos dois primeiros Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal
analisados (1995 e 1996), a busca das palavras-chave (grifadas em negrito) resultou na
identificação de apenas três programas5:
• Preservação de Recursos Naturais Renováveis;
• Serviços de Informações6;
• Política Exterior.
Os três programas foram desconsiderados por esta análise porque não dizem respeito
ao objeto de pesquisa. No entanto, evidenciam a variedade dos temas e a amplitude dos
respectivos programas contemplados pelo OGU.
Nos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal dos três anos seguintes
(1997, 1998 e 1999), a tabela de programas foi desdobrada em uma tabela de subprogramas.
Assim, além dos três programas acima citados, a busca pelas palavras-chave resultou na
identificação de oito subprogramas:
• Documentação e Bibliografia7
• Informação Científica e Tecnológica
• Execução da Política de Preços Agrícolas
• Conservação do Solo
• Serviços de Informação e Contra-Informação
• Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
• Conservação de Rodovias
5Ver Apêndice B desta tese para conhecer a lista completa dos programas identificados pela pesquisa e suas
respectivas dotações orçamentárias. 6A rubrica Serviços de Informações à época referia-se às chamadas “atividades de inteligência” da Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE) que, em 1990, sucedeu ao Sistema Nacional de Informações (SNI). Hoje, essas atividades são desenvolvidas pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
7Nos Relatórios de Acompanhamento dos PPAs (produzidos pelo Ministério do Planejamento) o “subprograma Documentação e Bibliografia” é denominado de “ação Documentação e Bibliografia”, em mais um sinal da falta de padrão nos relatórios governamentais, como mencionado anteriormente.
155
• Restauração de Rodovias
Destes, apenas o subprograma “Documentação e Bibliografia”, desenvolvido pelo
Arquivo Nacional, relaciona-se diretamente com o objeto da pesquisa.8
No ano 2000, há um salto na quantidade total de programas registrados no Relatório
da Execução Orçamentária do Governo Federal9: nesse ano, o OGU distribuiu recursos para
360 programas, o que significa um aumento de 631,57% em relação ao número total de
programas do relatório do ano anterior (1999, com 57 programas). No entanto, a dotação
orçamentária total do país em 2000 teve um aumento de apenas 8%. Ou seja, passou de R$
363 bilhões (1999) para apenas R$ 393 bilhões (2000). A desproporção entre o aumento no
número de programas listado pelo relatório (631,57%) e o aumento no montante dos recursos
orçamentários do país (8%) sugere uma alteração na metodologia e na configuração dos
Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal a partir do ano 2000, mas não a
ampliação efetiva na quantidade de programas.
Acompanhando esse aumento no número total de programas em 2000, aumentou
também a quantidade de programas com uma das palavras-chave pesquisadas. Foram
identificados no Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal de 2000, 31
programas com uma das palavras-chave procuradas. Desses 31, vinte e quatro programas
usavam o termo “Política” (Gestão da Política de Saúde - Gestão da Política Fundiária,
Gestão da Política de Direitos Humanos, Gestão da Política de Regulação de Mercados etc.).
O aumento significativo do uso do termo “Política” na denominação dos programas do OGU
indica, por si só, uma alteração instigante na forma e conteúdo do orçamento, e sugere uma
janela de pesquisa.
8Este subprograma/ação é detalhadamente abordado mais adiante ainda nesta seção no item “5.4 O Arquivo
Nacional no Orçamento Geral da União”. 9Disponível em:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto2000.PDF>. Acesso em: 18 mar. 2007. 74 páginas – 798,85 KB.
156
Os outros sete programas com uma das palavras-chave pesquisadas que completam a
lista de trinta e um programas são:
• Conservação de Solos na Agricultura;
• Brasil Patrimônio Cultural;
• Sociedade da Informação-Internet II;
• Conservação Ambiental de Regiões Mineradas;
• Informações Estatísticas e Geográficas;
• Informação e Conhecimento em Políticas Públicas;
• Monumenta - Preservação do Patrimônio Histórico.
É sob a rubrica do programa “Brasil Patrimônio Cultural” que ações de preservação de
acervos do Arquivo Nacional foram desenvolvidas entre 2000 e 2003, como será visto mais
adiante.
Não há alterações significativas nos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo
Federal dos anos de 2001, 2002 e 2003.
No Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal de 200410, novamente
constatou-se um aumento significativo no uso da palavra política na listagem com a
denominação dos programas do OGU. Do total de 369 programas listados, 51 programas têm
em seu título pelo menos uma das palavras-chave pesquisadas, ou seja, vinte programas a
mais do que em 2000. Entre esses 51 programas, o termo “Política” está presente em 38, isto
é, são 14 programas a mais que em 2000 que recorrem ao termo para batizar suas atividades, o
que confirma a tendência ao uso do termo “política” no OGU, iniciada em 2000.
Há ainda outros treze programas com as palavras-chave pesquisadas:
• Brasil Patrimônio Cultural;
10Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2007.
157
• Manejo e Conservação de Solos na Agricultura;
• Sociedade da Informação;
• Conservação, Uso Sustentável e Recuperação da Biodiversidade;
• Informações Estatísticas e Geocientíficas;
• Monumenta - Preservação do Patrimônio Histórico;
• Democratização do Acesso à Informação Arquivística
Governamental;
• Democratização do Acesso à Informação Jornalística, Educacional e
Cultural;
• Conservação e Uso Sustentável de Recursos Genéticos;
• Democratização do Acesso à Informação Legislativa;
• Conservação, Uso Racional e Qualidade das Águas;
• Conservação e Recuperação dos Biomas Brasileiros;
• Revitalização de Bens do Patrimônio Histórico Nacional.
Além do mencionado Brasil Patrimônio Cultural, chamam atenção os programas
Sociedade da Informação, Democratização do Acesso à Informação Jornalística, Educacional
e Cultural e Democratização do Acesso à Informação Legislativa, que, apesar de não estarem
contemplados no objeto desta pesquisa, relacionam-se com o universo temático estudado. Mas
é com o advento do programa do Arquivo Nacional “Democratização do Acesso à Informação
Arquivística Governamental” que o termo “arquivística” (ou mesmo o radical “arquiv”)
aparece pela primeira vez no OGU.
Apesar do termo política aparecer no OGU diversas vezes para batizar programas
com variados objetivos, estranha-se que não haja no OGU, no período pesquisado, qualquer
referência explícita a uma política de informação ou a uma política arquivística. A ausência de
158
um programa de política de informação, de uma política arquivística, ou mesmo, para usar a
terminologia do OGU, de um programa de “Gestão de uma política de informação” ou de
“Gestão de uma política de arquivos” (como nas rubricas orçamentárias da Gestão da Política
de Saúde, Gestão da Política de Transportes, Gestão da Política de Energia, Gestão da Política
Agropecuária, Gestão das Políticas de Esporte e de Lazer, Gestão da Política de Comunicação
de Governo..., entre outras tantas), não pode ser desprezada. Pelo contrário, permite abstrair o
grau de importância dado pelo Estado à questão da informação governamental, arquivística ou
não.
Tendo assim apresentado, em linhas gerais, o universo do OGU pesquisado, parte-se
para a identificação e análise comparativa de unidades orçamentárias do governo federal com
responsabilidade e atuação no trato da informação pública na tentativa de reconhecer as
escolhas que resultaram na destinação de recursos orçamentários para a preservação.
5.3 AS INSTITUIÇÕES DE PRESERVAÇÃO E RESPECTIVOS ORÇAMENTOS
Foram escolhidas para o estudo comparativo que segue, além do Arquivo Nacional,
principal instituição arquivística do Brasil, e, nessa condição, protagonista no universo desta
pesquisa, outras quatro instituições da Administração pública federal brasileira, consideradas
referências na preservação de acervos: Fundação Biblioteca Nacional - FBN, Fundação Casa
de Rui Barbosa - FCRB, Fundação Nacional de Artes - FUNARTE e Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Estas cinco instituições têm a missão regimentar de
preservar ou fazer preservar o chamado patrimônio documental público. Delas emanam
normas, regulamentações e procedimentos técnicos de preservação, adotados intra e
159
extramuros. Possuem, ainda, importantes acervos públicos e privados sob sua custódia, o que
significa que, direta ou indiretamente, a preservação ou não desses acervos dependem em
grande parte, dos recursos públicos orçamentários a elas destinados.
O Arquivo Nacional – AN é um órgão da administração pública federal, integrante da
estrutura básica e subordinado à Secretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da
República11 (até junho de 2000, o Arquivo Nacional fazia parte da estrutura do Ministério da
Justiça). De acordo com o seu Regimento Interno12, o Arquivo Nacional tem por finalidade
implementar e acompanhar a Política Nacional de Arquivos, definida pelo Conselho Nacional
de Arquivos - CONARQ, por meio da gestão, do recolhimento, do tratamento técnico, da
preservação e da divulgação do patrimônio documental do País13, garantindo pleno acesso à
informação, visando apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo, o
cidadão na defesa de seus direitos e de incentivar a produção de conhecimento científico e
cultural.
A Fundação Biblioteca Nacional – FBN também é uma fundação pública, constituída
com base na Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, vinculada ao Ministério da Cultura,
responsável pela execução da política governamental de recolhimento, guarda e preservação
da produção intelectual do País, tem por finalidade adquirir, preservar e difundir os registros
da memória bibliográfica e documental nacional; promover a difusão do livro, incentivando a
criação literária nacional, no País e no exterior, em colaboração com as instituições que a isto
se dediquem; atuar como centro referencial de informações bibliográficas; registrar obras
11Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em: 17 abr. 2007. 12Disponível em: <http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/RegimentoInterno.pdf>. Acesso em: 17
abr. 2007. 13Jardim (1999, p. 124, em nota de rodapé) chama atenção para o que sugere ser “um equívoco, no mínimo,
jurídico” entre o Art. 1º da Portaria no 496, de 06 de agosto de 1996 e o Art. 18 da Lei no 8.159, de 08 de janeiro de 1991, uma vez que “a função de gestão e recolhimento do Arquivo Nacional refere-se exclusivamente à documentação do Poder Executivo Federal” e não do patrimônio documental do País. A versão do Regimento Interno do AN, atualmente “em tramitação na Casa Civil da PR [Presidência da República]”, como informa o site do AN, mantém os mesmos termos da Portaria 496, criticada por Jardim. Disponível em <http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/RegimentoInterno.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2007.
160
intelectuais e averbar a cessão dos direitos patrimoniais do autor; assegurar o cumprimento da
legislação relativa ao Depósito Legal; coordenar, orientar e apoiar o Programa Nacional de
Incentivo à Leitura de que trata o Decreto nº 519, de 13 de maio de 1992; coordenar o Sistema
Nacional de Bibliotecas Públicas de que trata o Decreto nº 520, de 13 de maio de 1992;
elaborar e divulgar a bibliografia nacional; e subsidiar a formulação de políticas e diretrizes
voltadas para a produção e o amplo acesso ao livro.14
A Fundação Casa de Rui Barbosa – FCRB é uma fundação pública vinculada ao
Ministério da Cultura, que tem por finalidade o desenvolvimento da cultura, por meio da
pesquisa, do ensino, da preservação e da difusão, cumprindo-lhe, especialmente promover o
conhecimento da vida e da obra de Rui Barbosa, manter, ampliar e preservar os acervos
museológicos, bibliográficos, arquivísticos e iconográficos de Rui Barbosa e da cultura
brasileira, sob sua guarda, por intermédio de ações exemplares continuadas de conservação,
preservação e acesso aos bens culturais; e promover estudos e cursos sobre temas pertinentes
à sua área de atuação e que visem ao estabelecimento de padrões de eficiência e qualidade na
área de conservação, preservação e acesso a bens culturais, assim como na elaboração de
normas, tecnologias e procedimentos técnicos relacionados à gestão de seu patrimônio
cultural.15
A Fundação Nacional de Artes – FUNARTE é outra fundação pública, constituída
com base na Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, vinculada ao Ministério da Cultura, tem por
finalidade promover e incentivar a produção, a prática e o desenvolvimento das atividades
artísticas e culturais no território nacional; formular, coordenar e executar programas de apoio
aos produtores e criadores culturais, isolada ou coletivamente, e às demais manifestações
artísticas e tradicionais representativas do povo brasileiro; promover ações destinadas à
14Conforme os artigos 1º e 2º do Estatuto da FBN aprovado pelo Decreto nº 5.038, de 7 de abril de 2004 -
Disponível em: <http://www.dji.com.br/decretos/2004-005038/2004-005038.htm>. Acesso em: 26 jun. 2007. 15Conforme os artigos 1º e 2º do Estatuto da FCRB aprovado pelo Decreto nº 5.039, de 7 de abril de 2004 -
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5039.htm>. Acesso em: 26 jun. 2007.
161
difusão do produto e da produção cultural; prestar orientação normativa, consulta e assistência
no que diz respeito aos direitos do autor e direitos que lhe são conexos; prestar orientação
normativa referente à produção e exibição cinematográfica, videográfica e fonográfica. No
âmbito de suas competências, a FUNARTE adotará linhas programáticas de ação que atendam
às necessidades do teatro, do circo, da ópera, da dança, das artes plásticas, do folclore, da
música, das atividades audiovisuais e demais atividades artísticas e culturais; mecanismos de
coordenação e articulação institucional que lhe assegurem a efetiva integração com o
Ministério da Cultura e demais entidades vinculadas; descentralização do apoio à produção
artística e cultural; linhas de apoio e incentivo à produção, pesquisa e conservação da
documentação, no campo das atividades artísticas e culturais, visando à identidade cultural do
País.16
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – originalmente criado em
1937, sob a denominação de Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN
é uma autarquia federal constituída pelo Decreto nº 99.492, de 3 de setembro de 1990 e pela
Lei no 8.113, de 12 de dezembro de 1990, com base na Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990. É
vinculado ao Ministério da Cultura, com a finalidade institucional de proteger, fiscalizar,
promover, estudar e pesquisar o patrimônio cultural brasileiro, e, especialmente coordenar a
execução da política de preservação, promoção e proteção do patrimônio cultural, em
consonância com as diretrizes do Ministério da Cultura; desenvolver estudos e pesquisas,
visando a geração e incorporação de metodologias, normas e procedimentos para preservação
do patrimônio cultural; e promover a identificação, o inventário, a documentação, o registro, a
difusão, a vigilância, o tombamento, a conservação, a preservação, a devolução, o uso e a
16Conforme os artigos 1º, 2º e 3º do Estatuto da FUNARTE, aprovado pelo Decreto nº 2.323, de 9 de setembro
de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/decreto/1997/D2323.htm>. Acesso em: 28 jun. 2007. A FUNARTE foi instituída em virtude da Lei nº 6.312, de 16 de dezembro de 1975, conforme o Decreto no 77.300, de 16 de março de 1976 - Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=206417>. Acesso em: 28 jun. 2007.
162
revitalização do patrimônio cultural, exercendo o poder de polícia administrativa para a
proteção deste patrimônio.17
O Quadro 3 sintetiza a subordinação hierárquico-administrativa e a natureza jurídica
das cinco instituições governamentais responsáveis pela preservação de parcela do acervo
público nacional analisadas nesta tese.
Quadro 3 Subordinação hierárquico-administrativa e a natureza jurídica das instituições públicas de preservação
pesquisadas
INSTITUIÇÃO
SUBORDINAÇÃO
NATUREZA JURÍDICA
Arquivo Nacional Presidência da República Administração direta Fundação Biblioteca Nacional Ministério da Cultura Fundação pública Fundação Casa de Rui Barbosa Ministério da Cultura Fundação pública Fundação Nacional de Artes Ministério da Cultura Fundação pública Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Ministério da Cultura Autarquia federal Fonte: O autor.
O levantamento e a identificação das dotações orçamentárias recebidas por essas
estruturas organizacionais ao longo dos 11 anos estudados nesta pesquisa foram considerados
elementos importantes para se conhecer o quanto de investimentos públicos na preservação de
acervos também públicos foram feitos pelo governo federal do Brasil no período. Observe-se
que quatro dessas cinco instituições são subordinadas ao Ministério da Cultura. Apenas o
Arquivo Nacional é órgão da administração direta e, de acordo com o seu Regimento Interno
e respectiva Portaria, tem sob sua responsabilidade acervos tais que devem ser preservado,
visando à proteção do “patrimônio documental do País” e a “apoiar as decisões
governamentais de caráter político-administrativo”. Esta observação ganha relevância em
vista de que, nesta tese, defende-se que a preservação da informação arquivística do
Executivo federal brasileiro é um dos procedimentos da gestão de documentos arquivísticos
(como visto na seção anterior), e não restrita aos arquivos permanentes, de sentido e uso
cultural, histórico e de memória.
17Conforme os artigos 1º e 2º da Estrutura regimental do IPHAN - Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/seges/decretos_estruturas/dec_4811_190803_anexo_I.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2007.
163
O levantamento do montante de recursos orçamentários destinados a essas cinco
instituições ao longo do período estudado evidenciou alguns aspectos que apontam para o que
se tenta demonstrar.
O Quadro 4 mostra a evolução da execução orçamentária das cinco unidades
orçamentárias analisadas pela pesquisa entre 1995 e 2005. Os dados demonstram que no
período, o setor obteve uma melhora, em termos gerais, no volume das dotações
orçamentárias por unidades orçamentárias, sem que isso significasse a superação dos graves
problemas de preservação que persistem na informação pública.
Quadro 4 Valores da dotação por unidade orçamentária e sua variação percentual em relação ao ano anterior com os
respectivos totais
Fonte: O autor. Em 11 anos (1995 a 2005), as dotações orçamentárias das instituições pesquisadas
totalizaram mais de 1,8 bilhão de reais. Observou-se, ao longo desses anos, algumas variações
nas dotações orçamentárias por unidade. Em termos gerais, apenas os anos de 1998 e de 2000
apresentaram totais menores na soma das dotações das cinco instituições analisadas em
comparação aos respectivos anos anteriores. Em 1998, a dotação total teve um recuo
significativo em relação a 1997, tendo sido 24,1 % menor. Em 2000, o recuo foi de apenas
0,58 %.
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 TOTAL
R$ mi 10,9 9,2 9,6 9,6 11,3 11,1 13,3 30,3 18,2 21,6 26,1 171,2 AN
% -6,4 +4,3 0 +17,7 -1,7 +19,8 +127,8 -39,6 +18,6 +20,8
R$ mi 18,5 22,2 26,3 22,0 24,6 26,1 27,0 30,9 32,9 38,4 62,5 331,4 FBN
% +20,0 +18,4 -16,3 +11,8 +6,0 +3,4 +14,4 +6,4 +16,7 +62,7
R$ mi 4,8 6,7 7,1 8,6 9,0 9,8 11,8 13,0 13,1 16,6 17,3 117,8 FCRB
% +39,5 +5,9 +21,1 +4,6 +8,8 +20,4 +10,1 +0,7 +26,7 +4,2
R$ mi 20,7 20,6 33,2 25,5 24,9 24,6 31,7 29,1 32,2 33,5 34,8 310,8
FUN ARTE
% -0,48 +61,1 -23,1 +2,3 -1,2 +28,8 -8,2 +10,6 +4,0 +3,8
R$ mi 58,2 65,6 92,5 62,2 67,2 64,6 74,1 82,6 90,2 103,6 111,3 872,1 IPHAN
% +12,7 +41,0 -32,7 +8,0 -3,8 +14,7 +11,4 +9,2 +14,8 +7,4
R$ mi 113,1 124,3 168,7 127,9 137,0 136,2 157,9 185,9 186,6 213,7 252,0 1.803,3 TOTAL
% +9,9 +35,7 -24,1 +7,1 -0,58 +15,9 +17,7 +0,37 +14,5 +17,9
164
Quando se consideram as dotações individuais das unidades orçamentárias, percebe-se
que em 1996 (AN e FUNARTE), em 1998 (FBN, FUNARTE e IPHAN) e em 2000 (AN e
IPHAN) apresentaram diminuição nos valores de suas respectivas dotações orçamentárias.
Em 1996, o orçamento do Arquivo Nacional caiu 6,4% em relação a 1995, e o da
FUNARTE diminuiu em menos de meio ponto percentual.
Em 1998, apenas a FCRB teve um aumento nos valores de sua dotação orçamentária
(mais 21,1% sobre 1997). Todas as outras três instituições tiveram um decréscimo nos
respectivos orçamentos, sendo que o Arquivo Nacional recebeu a mesma dotação de 1997.
Em 2000, o Arquivo Nacional (menos 1,7%), o IPHAN (menos 3,8%) e a FUNARTE
(menos 1,2%) tiveram suas dotações orçamentárias diminuídas.
Em 2003, o percentual de menos 39,6 % na dotação do Arquivo Nacional deveu-se às
verbas aplicadas em 2002 na restauração do prédio da nova sede do AN.
Os dados do Quadro 4 mostram ainda que, nos 11 anos analisados, a FCRB foi a única
instituição das cinco analisadas que não teve diminuição nos valores de sua dotação
orçamentária no período. Por quatro vezes (1996, 1998, 2000 e 2002), a FUNARTE, e, por
duas vezes, o IPHAN (1998 e 2000), tiveram seus orçamentos diminuídos. A dotação
orçamentária do Arquivo Nacional foi minorada em duas vezes: 1996 (6,4 % em relação a
1995) e em 2000 (menos 1,7 % do que em 1999), sendo que em 1998 a sua dotação
orçamentária não se alterou, nem para mais nem para menos, em relação a 1997.
Entre 1995 e 2005 (Quadro 5), foram gastos, portanto, mais de um bilhão e oitocentos
milhões de Reais apenas nestas cinco instituições. Ao comparar os recursos orçamentários de
1995 com os recursos destinados onze anos depois (2005), novas constatações são possíveis.
O aumento percentual do valor total da Execução Orçamentária do Governo Federal,
considerando-se os anos de 1995 e 2005 foi de 95,75%.
165
Quadro 5 Variação entre as dotações orçamentárias do ano de 1995 e a do ano de 2005 na Execução Orçamentária do
Governo Federal nas unidades orçamentárias analisadas pela pesquisa.
1995 2005 Variação
R$ bilhões Unidades
Orçamentárias
R$ bilhões Unidades
Orçamentárias
R$ bilhões
% Governo Federal 357,06 355 698, 95 370 + 341,89 + 95,75
1995 2005 Variação
R$ milhões R$ milhões R$ milhões % Arquivo Nacional 10,9 26,1 + 15,2 + 139,4 FBN 18,5 62,5 + 44,0 + 237,8 FCRB 4,8 17,3 + 12,5 + 260,4 FUNARTE 20,7 34,8 + 14,1 + 68,1 IPHAN 58,2 111,3 + 53,1 + 91,2
Total 113,1 252,0 + 138,9 + 112,8 Fonte: O autor.
A última coluna do Quadro 5 demonstra que todas as cinco unidades orçamentárias
analisadas tiveram suas dotações aumentadas no período. A maior variação percentual foi a da
FCRB, majorada em 260,4%, e o menor percentual de aumento foi o da FUNARTE, com
68,1% a mais, no intervalo de 11 anos.
Comparadas as dotações orçamentárias do Arquivo Nacional nos anos de 1995 e 2005,
a variação foi de 139,4% a mais de recursos, sendo, portanto, 43,65 pontos percentuais maior
do que a evolução do valor total da Execução Orçamentária do Governo Federal, mas menor
que o aumento na dotação orçamentária da FCRB (260,4%) e da FBN (237,8%). Constata-se
que o conjunto das dotações orçamentárias dessas unidades no período não apenas
acompanharam o crescimento do total de recursos do governo federal, entre 1995 e 2005,
como, proporcionalmente, tiveram aumentos maiores do que a variação do total dos recursos
do governo (112,80% contra 95,75%), como se observa ainda no Quadro 5.
Os dados evidenciam a ampliação considerável da participação relativa da FCRB que
multiplicou em mais de três vezes e meia os valores ali investidos, considerados os anos de
1995 e 2005, apesar de ser esta instituição a menor estrutura entre as cinco analisadas, com
166
116 servidores efetivos18, atuando em uma única sede localizada à rua São Clemente na
cidade do Rio de Janeiro. Assim, observa-se que a Fundação Casa de Rui Barbosa - FCRB:
(1) foi a única instituição que em nenhum dos anos do período analisado teve sua dotação
orçamentária diminuída; (2) foi a instituição com o maior aumento percentual de seu
orçamento entre as cinco analisadas.
A Fundação Biblioteca Nacional – FBN também teve significativo aumento, tendo, em
2005, multiplicado em 3,3 vezes os recursos recebidos em 1995.
A evolução das dotações orçamentárias acima analisadas pode ser constatada
visualmente no Gráfico 1. As linhas tornam claro, graficamente, o aumento das dotações por
unidade orçamentária. Além dos aspectos relatados acima, evidenciam o acentuado
crescimento do orçamento da Fundação Biblioteca Nacional, principalmente, de 2004 para
2005, bem como a uma acentuada tendência de crescimento na dotação orçamentária do
IPHAN a partir de 2000. O IPHAN é a instituição com a maior dotação orçamentária em
termos absolutos, o que a distancia, consideravelmente, das demais, como demonstra o
Gráfico 1. De forma menos acentuada, mas também com tendência crescente, a dotação
orçamentária do Arquivo Nacional aproxima-se, em 2005, dos valores orçamentários de 2002,
ano em que foram substancialmente reforçados para as obras de conclusão da restauração da
sua nova sede. Comparada com a dotação de 1995, o Arquivo Nacional teve a sua dotação
orçamentária multiplicada por quase duas vezes e meia em 2005. A FUNARTE, entre as
cinco instituições analisadas, foi a que se manteve, principalmente, entre 2001 e 2005, com as
menores variações dos valores investidos, mas ainda assim, em uma tendência crescente.
18Disponível em:
<http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/ralat_gest/FCRB_Relatorio_de_Gestao2006.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2007. Dados de 2006.
167
Gráfico 1 Evolução das dotações por unidade orçamentária entre 1995 e 2005 em milhões de Reais
Fonte: O autor.
A seguir, o Gráfico 2 permite comparar, com os mesmos dados anteriores, a proporção
das dotações de cada unidade orçamentária, ano a ano. Percebe-se que a dotação orçamentária
do Arquivo Nacional fica, em média, à metade da dotação da Biblioteca Nacional, exceto em
2002, quando há o mencionado reforço orçamentário para a conclusão das obras de
restauração da nova sede do Arquivo. Mesmo assim, permanece, em 2002, um pouco abaixo
do orçamento da BN (cerca de R$ 600 mil – ver Quadro 4). O Gráfico 2 permite perceber com
mais facilidade do que no Gráfico 1 a proporção significativa do aumento da dotação
orçamentária da Fundação Casa de Rui Barbosa, se comparados os anos de 1995 e o de 2005.
Gráfico 2 Comparação proporcional das dotações de cada unidade orçamentária entre 1995 e 2005
Fonte: O autor.
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,045,050,055,060,065,070,075,080,085,090,095,0
100,0105,0110,0115,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
ANFBNFCRBFUNARTEIPHAN
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,045,050,055,060,065,070,075,080,085,090,095,0
100,0105,0110,0115,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
ANFBNFCRBFUNARTEIPHAN
168
Em síntese, percebe-se que, apesar de algumas variações, os recursos orçamentários
destinados às cinco instituições analisadas cresceram entre 1995 e 2005. E cresceram mais do
que cresceu o montante total do OGU. No entanto, as dificuldades de preservação dos
respectivos acervos se mantêm. Isso permite abstrair que as prioridades institucionais para a
destinação dos recursos são de outro tipo que não a preservação dos acervos. Ou então, como
se defende nesta tese, que os recursos destinados acabam pulverizados em ações de
preservação fragmentadas e descontínuas, pensadas e desenvolvidas à revelia de políticas
públicas pertinentes.
É o que sugere o Relatório de Acompanhamento de 200519 do Plano Plurianual 2004-
2007. Esse relatório reforça de maneira explícita e direta a vinculação entre recursos
orçamentários, políticas e preservação. O relatório é enfático ao salientar que não é possível
implementar uma política de preservação com recursos orçamentários insuficientes.
O IPHAN passa por problemas relacionados ao seu orçamento, tendo em vista a amplitude e diversificação de suas atribuições. As deficiências são inúmeras [...]. A atuação da unidade ocorre, primordialmente, por intermédio de ações emergenciais, e não há como implementar uma política permanente de recuperação e de preservação patrimonial com o atual orçamento. O risco de perdas e danos irreparáveis ao patrimônio histórico do país é uma realidade concreta, que decorre, basicamente, das precárias condições do IPHAN (grifo nosso).
O relatório do PPA de 2005 reconhece que as instituições diretamente subordinadas ao
MinC, como a Fundação Biblioteca Nacional, a Fundação Nacional de Artes e a Casa de Rui
Barbosa têm desenvolvido ações de preservação de acervos culturais que apresentaram
desempenho conforme o previsto no PPA. No entanto, uma das Recomendações que encerra
o relatório do PPA, volta a afirmar ser necessário
Desenvolver e gerir políticas com os demais Ministérios, visando a incluir a preservação no planejamento das ações de Governo, prevendo destinação orçamentária, de forma a evitar desgastes
19Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume1.pdf>.
Acesso em: 23 mar. 2007. p. 262-264.
169
previsíveis, quando da implantação de projetos de grande porte que impliquem em impacto ambiental (grifo nosso).
Essa relação de dependência entre o desenvolvimento e gerenciamento de políticas, a
preservação e o orçamento, relatada acima, é um dos aspectos que se tem tentado demonstrar
nesta tese. Um outro aspecto implícito é a relevância da análise das questões orçamentárias
para a compreensão da preservação, ou seja, o estudo da preservação de acervos em
instituições públicas fica comprometido se a questão orçamentária não for considerada.
Muitos e variados são os exemplos e fatos ocorridos nos últimos anos20, fartamente noticiados
pelos meios de comunicação, que resultaram em graves prejuízos na preservação de acervos
públicos brasileiros. Em todos eles, a carência de recursos orçamentários é apontada como
uma das principais causas.
5.4 O ARQUIVO NACIONAL NO ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO
O quadro geral orçamentário apresentado até aqui, ao situar, comparativamente, as
dotações orçamentárias das instituições analisadas, antecipa e oferece elementos que ajudam a
elucidar e a perceber de que forma foram distribuídas as dotações orçamentárias dos
programas, subprogramas e ações especificamente desenvolvidas pelo Arquivo Nacional entre
1995 e 2005. Segue, assim, uma análise dos programas do Arquivo Nacional em função de
suas respectivas rubricas orçamentárias.
Os dois próximos quadros (Quadro 6 e Quadro 7) apresentam uma síntese do conjunto
de programas, subprogramas e ações desenvolvidas pelo Arquivo Nacional e os recursos
20Furtos no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional, na Mapoteca do Itamarati, no
Museu Chácara do Céu e no Museu de Arte de São Paulo, entre muitos outros no interior do Brasil.
170
orçamentários recebidos. O Quadro 6 mostra as diferentes denominações de subprogramas ou
ações empreendidas pelo Arquivo Nacional ao longo dos 11 anos analisados, os programas a
que essas ações estavam subordinadas e os respectivos vínculos orçamentários. Esse quadro
oferece, portanto, um panorama da evolução das atividades finalísticas do Arquivo Nacional
contemplada com verbas públicas no período.
Quadro 6 As principais ações/atividades finalísticas do Arquivo Nacional ente 1995 e 2005
Subprograma / Atividade / Ação Tema / Programa Vínculo 1995 Serviços de Documentação e Comunicação Ministério da Justiça AN-MJ 1996 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ 1997 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ 1998 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ 1999 Documentação e Bibliografia Justiça. Segurança e Cidadania AN-MJ
2000 2810 - Preservação do Acervo do Arquivo Nacional
0167 - Brasil Patrimônio Cultural
AN / MinC
2001 2810 - Preservação do Acervo do Arquivo Nacional
0167 - Brasil Patrimônio Cultural
AN / MinC
2002 2810 - Preservação do Acervo Documental de Interesse Público
0167 - Brasil Patrimônio Cultural
AN / MinC
2003 2810 - Preservação do Acervo Documental de Interesse Público
0167 - Brasil Patrimônio Cultural
AN / MinC
2004
2810 - Preservação do Acervo Nacional 1030 - Democratização do Acesso à Informação Arquivística Governamental
AN-CC-PR
2005
2810 - Preservação do Acervo Nacional 1030 - Democratização do Acesso à Informação Arquivística Governamental
AN-CC-PR
Legendas: AN-MJ – Arquivo Nacional - Ministério da Justiça AN / MinC – Arquivo Nacional e Ministério da Cultura AN-CC-PR – Arquivo Nacional - Casa Civil da Presidência da República
Fonte: O autor.
O Quadro 7, abaixo, apresenta as dotações orçamentárias desses programas,
subprogramas e ações. Na segunda coluna, estão os valores totais dos recursos recebidos pelo
Arquivo Nacional a cada ano. Na terceira coluna, estão as dotações da atividade Serviços de
Documentação e Comunicação e do subprograma/ação Documentação e Bibliografia, e da
Ação 2810, em suas diferentes denominações. Na quarta coluna, constam, em números
percentuais, as variações, para mais ou para menos, das dotações orçamentárias dos
subprogramas ou ações do AN de um ano para outro. A quinta coluna apresenta a proporção
que os recursos dos subprogramas e ações representaram em relação ao total orçamentário
recebido, anualmente, pelo Arquivo Nacional. Por fim, a sexta coluna registra o total dos
recursos recebidos pelo “Programa Brasil Cultural” e pelo “Programa Democratização do
171
Acesso à Informação Arquivística Governamental” nos anos em que passaram a existir (2000
e 2004, respectivamente.
Quadro 7 Valores orçamentários dos programas, subprogramas e ações do Arquivo Nacional
valores em Reais
Arquivo Nacional
Subprograma / Atividade / Ação
Variação percentual da
dotação do subprograma/ação
sobre o ano anterior
Percentual entre as
dotações dos subprogramas/ atividades / ações e as do
AN
Programas
Serviços de Documentação e
Comunicação
1995 10.935.000,00 19.000,00* -- 0,17 % - Documentação e
Bibliografia
1996 9.267.000,00 140.826,00** + 641,18% 1,51 % - 1997 9.637.000,00 670.000,00 + 375 % 6,95 % - 1998 9.662.000,00 126.000,00 - 81 % 1,30 % -
1999
11.353.000,00
1.565.000,00 / 437.564,00
+ 1.142 % + 247 %
13,78 % 3,85 %
-
Ação 2810
0167 Brasil Patrimônio
Cultural 2000 11.146.000,00 628.239,00 - 60 % / + 43 % 5,63 % 21.041.000,00 2001 13.362.000,00 246.959,00 - 60 % 1,84 % 33.986.000,00 2002 30.330.000,00 1.310.018,00 + 430 % 4,31 % 39.123.000,00 2003 18.280.000,00 373.230,00 - 71 % 2,04 % 57.776.000,00
1030 Democratização
do Acesso a Informação Arquivística
Governamental 2004 21.666.000,00 1.120.507,00 + 200 % 5,17 % 19.652.000,00 2005 26.110.000,00 961.956,00 - 14 % 3,68 % 23.938.000,00
* SIAFI/Arquivo Nacional-Tesouro Nacional. **Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf> Dados Financeiros >
Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1996. Acesso em: 28 mar. 2007.
Fonte: O autor.
172
O PPA 1991-199521 registra que a “Constituição [de 1988] e a reforma administrativa
em curso atribuíram novas responsabilidades e funções ao Ministério da Justiça”, entre outras,
a “documentação, publicação, divulgação e arquivo de atos oficiais”. Em “Objetivos e Metas”
ganham destaque a segurança pública, o trânsito e a questão indígena. Entre os “principais
subprogramas” aparecem projetos da Polícia Civil (“Reequipamento da Política Federal”), da
Funai (“Assistência ao silvícola – demarcar áreas indígenas”) e da Radiobrás
(“Implementação da Agência Brasil – melhoria da agência oficial de notícias do governo
brasileiro”). O Arquivo Nacional é citado apenas no tópico “Diretrizes” no item sobre
propriedade industrial e metrologia, onde consta:
f) na área de propriedade industrial e metrologia: [...] - implementação de um programa de regionalização das atividades do Arquivo Nacional, assim como de recolhimento de documentos”.22
Assim, no PPA 1991-1995, não há qualquer menção a programas, subprogramas ou
ações do Arquivo Nacional. Estranha-se ainda que o Arquivo Nacional apareça em um item
cujo título (“área de propriedade industrial e metrologia”) indica atividades diferentes e
distantes de suas funções arquivísticas.
Entre 1996 e 1999, segundo o Relatório de Acompanhamento do PPA, a principal
ação desenvolvida pelo Arquivo Nacional denominava-se “Documentação e Bibliografia” e
tinha como objetivo
21A Lei no 8.173 (Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8173.htm>. Acesso em: 04 jan.
2008), de 30 de janeiro de 1991 (publicada no Diário Oficial da União em 31/01/1991), que “Dispõe sobre o Plano Plurianual para o qüinqüênio 1991-1995” (este PPA foi o único cujo planejamento considerou o período de 5 anos), é um dos raros documentos disponíveis sobre o primeiro PPA do Brasil. Não foram localizados Relatórios de Acompanhamento do PPA 1991-1995. Dessa forma, a Lei no 8.173 e a Lei no 8.931 (de 22 de setembro de 1994, publicada no Diário oficial da União de 23/09/1994) foram os principais documentos de análise do ano de 1995, último ano do primeiro PPA e primeiro ano do marco temporal desta pesquisa. É importante lembrar que entre 1991 e 1995 o Brasil teve três Presidentes da República (Fernando Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso) e três moedas (Cruzeiro: de 16/03/1990 a 31/07/1993; Cruzeiro Real: de 01/08/1993 a 30/06/1994; e Real: desde 01/07/1994. Banco Central do Brasil. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?MCEDMOEBR>. Acesso em 05 jan. 2008).
22Páginas 121 a 127 do Anexo II da Lei 8.173, de 30 de janeiro de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1989_1994/anexo/ANL8173-1991.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2008.
173
Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional, Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do País.23
Entre essas “condições estruturais e técnicas” estava a preservação, como pode ser lido
no item “Análise Temática” do relatório referido:
[...] De igual modo, visando a preservação da memória oficial do País, a disseminação das informações contidas no acervo documental e o apoio ao processo decisório do governo, mediante a facilitação de pesquisas, foram realizadas ações de adequação das condições de armazenamento de, aproximadamente, dez km lineares de documentos, bem como a conexão das bases de dados do Arquivo Nacional à Internet24 (grifo nosso).
Dois aspectos chamam atenção. O primeiro, os termos escolhidos para denominar o
subprograma/ação: Documentação e Bibliografia, termos que, por si só, são, no mínimo,
imprecisos, se forem considerados os seus objetivos e a instituição responsável por sua
implementação. O segundo aspecto, é que não há, nos relatórios analisados da Execução
Orçamentária do Governo Federal ou nos Relatórios de Acompanhamento dos PPAs (onde o
subprograma é denominado de “ação”), qualquer menção a um programa a que estivesse
subordinado o subprograma ou a ação “Documentação e Bibliografia”. Estranha-se ainda que
o subprograma ou a ação Documentação e Bibliografia também não tenha sido mencionado
em qualquer dos Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional analisados. Além disso, a
dotação do subprograma/ação Documentação e Bibliografia de 1996 aparece única e
exclusivamente no Relatório de Acompanhamento do PPA 1996-1999, no site do Ministério
do Planejamento. Não há registros desse subprograma/ação nos relatórios do Tesouro
Nacional – Ministério da Fazenda.
23Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf> Dados Financeiros > Objetivo >
Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1996. Acesso em: 28 mar. 2007.
24Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf >Análise Temática > Tema > Justiça, Segurança, Cidadania. Acesso em: 28 mar. 2007.
174
Em relação às dotações orçamentárias obtidas, estranharam-se as grandes variações
nas cifras registradas. Na comparação dos valores nos dois primeiros anos analisados
contatou-se que o valor destinado, em 1996, à ação Documentação e Bibliografia foi 641,18
% a mais do que a destinada à atividade finalística “Serviços de Documentação e
Comunicação” (de R$ 19 mil para mais de R$ 140 mil). Em 1997, o subprograma/ação
Documentação e Bibliografia recebeu uma dotação orçamentária de R$ 670.000,00, ou seja,
375% a mais que em 1996, mas executou R$ 186.000,00, o que significa a realização de
apenas 27,7% da dotação prevista.25 O valor executado de centro e oitenta e seis mil reais,
bastante próximo da dotação de 1996, que havia sido de pouco mais de centro e quarenta mil
reais, parece ser bem mais realista do que a dotação orçamentária prevista de 670 mil reais.
Aceitando-se que os valores tenham sido registrados corretamente no relatório, é de se
questionar o porque de um aumento dessa proporção na previsão orçamentária. A dotação
orçamentária do subprograma para o ano seguinte reforça essa percepção: em 1998, a dotação
do subprograma/ação Documentação e Bibliografia foi de 126 mil reais.
No relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal de 1999 constatou-se que
os valores da dotação orçamentária do subprograma/ação Documentação e Bibliografia são
ainda mais discrepantes. Segundo o relatório, o Arquivo Nacional recebeu, em 1999, na
rubrica do subprograma Documentação e Bibliografia, uma dotação de R$ 1.565.000,00 (um
milhão, quinhentos e sessenta e cinco mil reais)26, o que significa 1.142% a mais do que em
1998, um salto que alçou o subprograma à casa do milhão de reais. A realização orçamentária
também alcançou os sete dígitos, chegando a R$ 1.320.000,00, o que equivale a 84,3% da
25Disponível em:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto97.PDF>. Acesso em: 19 mar. 2007 - 57 páginas – 522,96 KB – p. 36.
26Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto99.PDF>. Acesso em: 19 mar. 2007 - 66 páginas – 510,6 KB – p. 43.
175
dotação prevista. O ano de 1999 é o último ano do subprograma/ação Documentação e
Bibliografia (que desaparece do orçamento federal em 2000) e é também o último ano do
segundo Plano Plurianual. A consulta ao Relatório de Acompanhamento do PPA 1996-1999
do Ministério do Planejamento referente ao ano de 1999 revelou outros valores orçamentários
na rubrica do subprograma/ação Documentação e Bibliografia: R$ 437.564,00 (quatrocentos e
trinta e sete mil, quinhentos e sessenta e quatro reais)27, uma diferença de R$ 1.127.436,00
(um milhão, cento e vinte e sete mil, quatrocentos e trinta e seis reais) para os dados do
relatório do Ministério da Fazenda.
As discrepâncias aparecem também na relação percentual que mede a proporção entre
a dotação orçamentária total do Arquivo Nacional e a dotação do subprograma/ação
Documentação e Bibliografia. No ano de 1997, a dotação do subprograma/ação atinge a
6,95% do orçamento total do Arquivo Nacional, o que significa um aumento de mais de
quatro vezes e meia, ou de 5,44 pontos percentuais em relação a 1996. Em 1999,
considerando o valor informado pelo Ministério da Fazenda (R$ 1.565.000,00), a variação
percentual da dotação do subprograma/ação Documentação e Bibliografia é ainda maior,
chegando a 13,78% da dotação total do Arquivo Nacional. Se considerar-se o valor informado
pelo Ministério do Planejamento (R$ 437.564,00), percebe-se que a discrepância é menor,
mas ainda significativa, uma vez que os recursos destinados ao subprograma/ação chega a
3,85% da dotação total do Arquivo Nacional, um aumento de praticamente três vezes em
relação ao percentual de 1998 (que foi 1,30 pontos percentuais). Nada foi encontrado que
pudesse explicar esses números.
Em 2000, o subprograma/ação Documentação e Bibliografia desaparece. É neste ano
que surge o Programa Brasil Patrimônio Cultural, vinculado ao Ministério da Cultura. E é a
esse programa e Ministério que, nos anos 2000, 2001, 2002 e 2003, a principal ação de 27Disponível em: <http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1999.nsf> Dados Financeiros > Objetivo >
Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1999. Acesso em: 28 mar. 2007.
176
preservação (Ação 2810) desenvolvida pelo Arquivo Nacional esteve subordinada. O número
identificador da ação (2810) permanece o mesmo até hoje, mas a sua denominação variou
nesses anos.
Em 2000 e 2001, essa ação teve o nome de “Ação 2810 - Preservação do Acervo do
Arquivo Nacional”. A primeira dotação orçamentária da Ação 2810 (ano 200028) foi de 628
mil reais, ou seja, 43% a mais do que o ano anterior. Isso, se for considerada para comparação
a cifra mais conservadora do subprograma/ação Documentação e Bibliografia (437.564,00 em
1999) como consta do Relatório de Acompanhamento do PPA, produzido pelo Ministério do
Planejamento. Se for tomada para comparação o valor de 1999 informado pelo Ministério da
Fazenda (R$ 1.565.000,00) a dotação orçamentária para a Ação 2810 corresponde a cerca de
40% desse montante, ou 60 % menos.
No ano 2001, apesar de um aumento de 62% na dotação destinada ao Programa Brasil
Patrimônio Cultural, os recursos destinados à Ação 2810 - Preservação do Acervo do Arquivo
Nacional diminuíram, tanto em relação à dotação do Programa Brasil Patrimônio Cultural, ao
qual estava subordinada, como em relação à dotação total do Arquivo Nacional no ano
(2001)29 como ainda em relação à dotação no ano anterior (2000). Em termos percentuais, a
dotação da Ação 2810 passou de 3% (em 2000) para 0,72% (em 2001) do total do Programa
Brasil Patrimônio Cultural.
Observa-se o mesmo em relação à dotação do Arquivo Nacional. O Quadro 7 mostra
que, nos dois anos em que Ação 2810 foi denominada Preservação do Acervo do Arquivo
Nacional, a relação entre os recursos investidos na Ação para o tratamento do acervo e o total
dos recursos orçamentários do Arquivo Nacional foi desproporcional. Enquanto que a dotação
orçamentária do AN aumentou 19,8% de 2000 para 2001, os recursos destinados à Ação 2810
28Em junho de 2000, o Arquivo Nacional deixava a estrutura administrativa do Ministério da Justiça e passava a
fazer parte da Presidência da República. 29Disponível em: <http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/07/02/prog0702_anexo1.htm>.
Acesso em: 13 mar. 2007.
177
foram 60% menores, passando de 5,63% em relação ao total do AN em 2000 para 1,84% em
2001. Em valores absolutos, em 2001, o Arquivo Nacional recebeu dois milhões duzentos e
dezesseis reais a mais do que em 2000, e a Ação 2810 Preservação do Acervo do Arquivo
Nacional recebeu trezentos e oitenta e um mil duzentos e oitenta reais a menos do que em
2000, como consta do Quadro 7.
Em 2002 e 2003, a Ação 2810 desenvolvida pelo Arquivo Nacional passou a
denominar-se Preservação do Acervo Documental de Interesse Público, permanecendo
vinculada ao programa Brasil Patrimônio Cultural do MinC.
A Ação 2810 executou, em 2002, um orçamento de R$ 1.310.018,0030, valor que
representa 3,34% do Programa Brasil Patrimônio Cultural e 4,31% da dotação total que o
Arquivo Nacional recebeu em 2002. Em termos percentuais, as flutuações das dotações
orçamentárias da Ação 2810 continuaram. O valor recebido em 2002 significou um aumento
de 430% em relação ao valor recebido em 2001. Neste ano, o Arquivo Nacional recebeu a sua
maior dotação orçamentária, em razão das obras de restauração de sua nova sede. Foram trinta
milhões, trezentos e trinta mil reais, dos quais quinze milhões e seiscentos mil repassados pela
UNESCO no Projeto Modernização do Arquivo Nacional, como consta da página 16 do
Relatório de Atividades do Arquivo Nacional de 2002.31 Dessa dotação total (R$
30.330.000,00), o Arquivo Nacional destinou R$ 4.495.647,00 a várias atividades, projetos e
operações especiais, entre elas, a Ação 2810 Preservação do Acervo Documental de Interesse
Público. O valor destinado à Ação 2810 (R$ 1.310.018,00) representou 29,14% desses R$
4.495.647,00, destinados às demais atividades técnicas de tratamento de acervos do AN. Isto
30Disponível em: <http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002/content/av_prog/089/prog089_anexo1.htm>. Acesso em:
13 mar. 2007. 31Aqui, torna-se necessário um esclarecimento. Em relação aos dados do próximo parágrafo, deixa-se de lado os
relatórios até então citados como fonte (Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal e Relatório de Acompanhamento do PPA) para recorrer-se ao Relatório de Atividades do Arquivo Nacional de 2002. Justifica-se essa decisão por que é no Relatório de Atividades do Arquivo Nacional que as cifras do ano 2002 aparecem detalhadas, o que contribui decisivamente para o que está se pretendendo analisar. Para mais detalhes sobre o relatório de Atividades do Arquivo Nacional do ano de 2002, ver a próxima seção desta tese.
178
significa que quase 1/3 dos recursos para tratamento do acervo do AN foram destinados à
preservação.
Os altos valores orçamentários destinados à Ação 2810 em 2002 (R$ 1.310.018,00)
fizeram com que a dotação da Ação em 2003, de R$ 373.230,00, fosse 71,5% menor,
ratificando a grande variação nos valores orçamentários destinados à preservação.
Em 2004, é criado o Programa 1030 Democratização do Acesso à Informação
Arquivística Governamental32, e o Arquivo Nacional é a unidade administrativa responsável
pelo seu desenvolvimento. O Programa 1030 tem sob sua responsabilidade orçamentária,
entre outros projetos e ações, a Ação 2810, que passa, então, a ser denominada Preservação do
Acervo Nacional.
O objetivo do Programa 1030 Democratização do Acesso à Informação Arquivística
Governamental é
Garantir o pleno acesso à informação arquivística governamental com a finalidade de apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo e o cidadão na defesa dos seus direitos, bem como contribuir para a produção de conhecimento científico e cultural.33
Com a instituição do Programa 1030 - Democratização do Acesso a Informação
Arquivística Governamental, as ações de preservação de acervo vinculadas ou desenvolvidas
pelo Arquivo Nacional deixam o Programa Brasil Patrimônio Cultural do Ministério da
Cultura e passam a integrar um programa próprio e específico subordinado à Presidência da
República, tendo o Arquivo Nacional como a unidade administrativa responsável. Com isso, o
Arquivo Nacional passa a ser a unidade administrativa responsável também pelas respectivas
dotações orçamentárias.
32Nos onze anos analisados de relatórios com a Execução Orçamentária do Governo Federal, o Programa 1030 é
o único cuja denominação faz referência explícita a um termo relativo a arquivos. 33Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2007. p. 70.
179
Nessa nova configuração, a dotação orçamentária do Programa 1030 Democratização
do Acesso a Informação Arquivística Governamental em 2004 foi de R$ 19.652.000,0034, e a
dotação prevista para a Ação 2810 Preservação do Acervo Nacional foi de R$ 1.120.507,00
(5,17% do Programa), tendo sido realizado R$ 1.101.729,0035, o que significou um saldo não
utilizado de R$ 18.778,00.
A criação de um primeiro programa orçamentário cujo título faz referência explícita à
informação arquivística governamental (Programa 1030 Democratização do Acesso a
Informação Arquivística Governamental) exige alguns esclarecimentos adicionais.
O Programa 1030 - Democratização do Acesso à Informação Arquivística
Governamental, implantado em 2004, é formado por nove ações propostas pelo Arquivo
Nacional à Comissão Mista do Orçamento da Câmara Federal e são apresentadas no
“Mapeamento das Ações Orçamentárias Integrantes da Proposta Orçamentária para 2005”
pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Apesar de indicar como público alvo o governo e a sociedade e ter como indicador o
“atendimento à demanda de acesso à informação por parte dos cidadãos e órgãos públicos”,
das nove ações orçamentárias propostas, cinco solicitam recursos orçamentários para atender
custeio da previdência dos servidores, assistência médica e odontológica, assistência pré-
escolar, auxílio transporte e auxílio alimentação de servidores, empregados e dependentes.
Uma outra ação orçamentária mescla solicitação de recursos para a manutenção da frota de
veículos e de imóveis e despesas com viagens e locomoção à aplicação de tecnologias de
informação e formulação e divulgação de políticas de informação. Apenas as últimas três
ações propostas tratam da preservação do acervo, da assistência ao usuário e da capacitação
dos técnicos do Arquivo Nacional, respectivamente.
34Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2007. p. 85. 35Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2007. 1.924 páginas – 4,84 MB – p. 604.
180
Quadro 8 Identificação das ações orçamentárias que compuseram o Programa 1030 - Democratização do Acesso à
Informação Arquivística Governamental em 200436
Ações
1 Contribuição da União, de suas Autarquias e Fundações para o Custeio do Regime de Previdência dos Servidores Públicos Federais
2 Assistência Médica e Odontológica aos Servidores, Empregados e seus Dependentes 3 Assistência Pré-Escolar aos Dependentes dos Servidores e Empregados 4 Auxílio-Transporte aos Servidores e Empregados 5 Auxílio-Alimentação aos Servidores e Empregados 6 Gestão e Administração do Programa 7 Preservação do Acervo Nacional 8 Sistema de Atendimento ao Usuário 9 Capacitação de Recursos Humanos na Área de Informação Documental
Fonte: O autor.
Quando o PPA 2004-2007 foi concebido, o Arquivo Nacional já integrava a estrutura
da Casa Civil da Presidência da República. Assim, no Relatório de Acompanhamento do PPA
do ano de 2004, a Casa Civil relata que o Programa 1030 - Democratização do Acesso à
Informação Arquivística Governamental produziu um dos cinco principais resultados entre
todos os demais programas sob a responsabilidade da Casa Civil, qual seja:
Melhoria das condições de acesso à informação arquivística ao Estado e ao cidadão, por meio da instalação no Rio de Janeiro da Nova Sede do Arquivo, a qual conta com requisitos adequados para controle, preservação e difusão de informações, tais como modernos sistemas de segurança e detecção de sinistros e pleno funcionamento de sua rede de fibra ótica (viabilizando o intercâmbio de dados e imagens). Tal fato permitiu o aumento da eficácia no controle das informações contidas nos acervos sob custódia do Arquivo Nacional.37
Além disso, consta que o Programa 1030 possibilitou:
Aumento da eficácia no controle das informações contidas nos acervos sob custódia do Arquivo Nacional (AN), por meio da preservação do acervo, a qual possibilitou ao usuário acesso a uma gama maior de serviços, tanto pelo uso de suas bases de dados, quanto pela adequada utilização da tecnologia de informação aplicada aos arquivos, como, por exemplo, os modernos equipamentos de microfilmagem e digitalização de imagens. [...]
36Disponível em: <http://sidornet.planejamento.gov.br/docs/cadacao/cadacao2004/downloads/1030.PDF>.
Acesso em: 29 out. 2007. 37Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2007. p. 5.
181
Aperfeiçoamento das atividades de gestão documental nos diversos órgãos e entidades do poder executivo federal, por meio da criação do SIGA (Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo, decreto n 4915), o qual facilitou a ação do Arquivo Nacional, como órgão central do sistema. Em decorrência da criação do Siga, criaram-se canais de comunicação do Arquivo Nacional com as unidades setoriais do sistema nos diversos ministérios, o que possibilitou a prestação de assistência técnica para o acompanhamento de programas de gestão de documentos em 58 órgãos e entidades da Administração Pública Federal.38
No entanto, o mesmo relatório (Relatório de Acompanhamento do PPA - ano 2004)
frisa que a avaliação dos resultados fica comprometida pela impossibilidade de aferição mais
precisa do Programa 1030. O Relatório informa que a instalação da nova sede do Arquivo
Nacional no Rio de Janeiro significou melhorias nas “condições de acesso à informação, de
preservação e segurança dos documentos, devido à instalação de modernos sistemas de
segurança e detecção de sinistro” e que a disponibilidade de “modernos equipamentos de
microfilmagem e digitalização de imagens demais” ampliou a gama de serviços oferecidos
aos usuários. Mesmo assim, o relatório indica “a necessidade de construção de um mecanismo
formal que avaliasse de forma mais apurada a satisfação dos seus beneficiários, o que
possibilitaria uma melhor avaliação do alcance dos objetivos do programa.”.
O relatório do PPA de 2004 aponta, ainda, a “necessidade de se construir uma ação
específica referente à atuação do Arquivo Nacional como agente de modernização dos
serviços arquivísticos governamentais” uma vez que, apesar de constar na Lei 8.159/91 e no
Decreto 4.073/2002, essa atividade não aparece explicitada no conjunto atual de ações do
programa. Da mesma forma, aponta para a necessidade de se criar uma ação específica que
abranja as atividades de divulgação do acervo, que não se confunde com as atividades de
acesso e atendimento ao usuário.
38Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2007. p. 70.
182
Abstrai-se que o relatório do PPA de 2004, ao apontar a necessidade de o Programa
1030 criar novas ações em razão das funções sociais e legais do Arquivo Nacional, esteja
abrindo uma janela orçamentária para investimentos de recursos públicos nessas novas ações.
Até onde alcançou esta pesquisa, essas novas ações não foram criadas.
O mesmo relatório destaca que entre as atribuições do Arquivo Nacional está a de
orientar e supervisionar os órgãos e entidades da Administração Pública Federal na aplicação
de normas e procedimentos técnicos relativos à gestão e acesso da informação pública, o que
exige que se aperfeiçoe a forma de articulação com outros Ministérios por meio do
aprimoramento do Sistema de Gestão da Administração Pública Federal (SIGA). Para que o
Arquivo Nacional se articule com estados e municípios, o relatório do PPA indica ser
“necessário consolidar uma rede de instituições arquivísticas para implementar políticas
definidas pelo Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ)”. No entanto, essa indicação do
relatório fica comprometida uma vez que o CONARQ ainda não formulou tais políticas,
impossibilitando a implementação sugerida.
Um outro aspecto causa também estranheza. Apesar de apontar a necessidade de
“aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão para a racionalização da execução
orçamentária”, o relatório PPA de 2004 registra que, em relação à preservação do acervo
(Ação 2810 - Preservação do Acervo Nacional) e ao atendimento do usuário (Ação Sistema
de Atendimento ao Usuário), o Arquivo Nacional foi além das metas traçadas, utilizando um
volume de recursos menor do que o inicialmente previsto. Ou seja, o relatório informava que
o Arquivo Nacional preservou mais com menos recursos. Esta observação acaba provocando
um efeito perverso, uma vez que pode ser interpretada como um sinal de que não há
necessidade de tantos recursos para a preservação do acervo do Arquivo Nacional. Ou então,
que o Arquivo Nacional superestimou a projeção dos recursos necessários no momento de
formular o orçamento e subestimou as metas de preservação do acervo. Em ambos os casos, e
183
a par da realidade precária em relação à preservação dos acervos sob sua custódia, tal
constatação acaba por ser uma ameaça a mais à preservação dos acervos em pauta.
Não por coincidência, o Relatório de Atividades do Arquivo Nacional do mesmo ano,
2004, na página 35, informa que R$ 113.000,00 foram remanejados da atividade Preservação
do Acervo para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do Arquivo
Nacional (Lei no 11.010 de 17 de dezembro de 2004, que aprovou um crédito suplementar
nesse valor)39.
Por fim, em 2005, em seu segundo ano de existência, o Programa 1030
Democratização do Acesso a Informação Arquivística Governamental recebeu uma dotação
21,8% maior do que em 2004, perfazendo R$ 23.938.000,00.40 No entanto, a Ação 2810
Preservação do Acervo Nacional recebeu 14% a menos do que em 2004, isto é, R$
961.956,0041 (3,68% do Programa), tendo realizado R$ 892.245,00, deixando de utilizar,
portanto, a quantia de R$ 69.711,00. Assim, pelo segundo ano consecutivo do novo programa,
a Ação 2810 de preservação não utilizou todos os recursos orçamentários disponíveis,
confirmando, de alguma forma, que o OGU tem destinado mais recursos para a preservação
do que o necessário, ou, pelo menos, mais do que a capacidade do Arquivo Nacional em
utilizá-los.
Nos onze anos estudados, foram destinados mais de cento e setenta e um milhões de
reais de recursos públicos orçamentários para o Arquivo Nacional, que, por sua vez, desse
montante, destinou pouco mais de seis milhões de reais para ações de preservação do acervo
no mesmo período. Esses valores revelam um investimento médio em preservação de acervo
39O diretor-geral do Arquivo Nacional, entrevistado nesta pesquisa, explicou o fato, como pode ser lido na
página 271 desta tese. 40Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2005.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2007. 100 páginas – 6,54 MB – p. 86. 41Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf>.
Acesso em: 23 mar. 2007. 863 páginas – 61 MB – p. 516.
184
de 548 mil reais por ano. Isso significa que, nesses onze anos, apenas 3,51% da dotação total
recebida pelo AN no período foi destinada ao tratamento do acervo.
O Quadro 9 mostra o total da soma de todos os valores recebidos pelo Arquivo
Nacional e o total da soma dos valores destinados à preservação do acervo institucional.
Quadro 9 Soma das dotações orçamentárias do Arquivo Nacional e das diferentes ações de preservação ao longo de 11
anos, entre 1995 e 2005
Total 1995-2005 Arquivo Nacional 171.748.000,00
6.034.309,00 Ações de Preservação Proporção 3,51%
Fonte: O autor.
O Gráfico 3 permite enxergar a distância e a evolução dos recursos totais aplicados no
AN e aqueles destinados a ações para tratamento do acervo, representados pelo subprograma
Documentação e Bibliografia e pela Ação 2810. Observa-se que apesar do aumento na
dotação do Arquivo Nacional em 2004 e 2005, os recursos orçamentários destinados à Ação
2810 nesses anos permanecem praticamente os mesmos, com uma tendência de queda, como
pode ser visto com mais nitidez no Gráfico 4, logo a seguir.
Gráfico 3 Linhas comparativas da evolução e da proporção da dotação orçamentária do Arquivo Nacional e dos recursos
aplicados nas ações de preservação.
Fonte: O autor.
-2-10123456789
1011121314151617181920212223242526272829303132
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
ANDocumentação e Comunicação / Documentação e Bibliografia / Ação 2810
185
Quando os recursos da dotação orçamentária do AN aplicados no tratamento do seu
acervo são transpostos para um gráfico em separado, onde a unidade principal da escala do
eixo dos valores (Y) tem um intervalo maior, a flutuação dos valores destinados ao
subprograma Documentação e Bibliografia e à Ação 2810 fica visualmente mais nítida. O
Gráfico 4 mostra que essas oscilações são constantes e significativas. Apenas entre 1998 e
2000 houve uma breve seqüência contínua de aumentos na dotação orçamentária da ação (de
126 mil para 437 mil e para 628 mil reais). No restante do período, as dotações oscilam,
alternadamente, entre mais verbas e menos verbas. Analisando todos os valores do período,
observa-se uma leve tendência de aumento nos recursos destinados ao subprograma e à ação,
principalmente, a partir do ano 2001, quando o patamar mais baixo foi de 247 mil reais,
sendo, a partir daí, sempre maior. Isto parece indicar que, de qualquer forma, ainda que com
oscilações acentuadas e constantes, os recursos destinados ao tratamento do acervo do AN
têm sido e tendem a ser maiores com o passar do tempo, ainda que não acompanhem
proporcionalmente, os aumentos na dotação orçamentária total da instituição.
Gráfico 4 Variação das dotações orçamentárias dos subprogramas / ações Serviços de Documentação e Comunicação e
Documentação e Bibliografia, e da Ação 2810, realizadas pelo Arquivo Nacional (valores R$ mil)
Fonte: O autor.
141
670
126
437
1.120
628
247
1.310
373
962
0100200300400500600700800900
10001100120013001400
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Atividade Serviços de Documentação e ComunicaçãoSubprograma/Ação Documentação e BibliografiaAção 2810
19
186
Nos países periféricos, como o Brasil, onde os recursos financeiros públicos
disponíveis são desproporcionais às necessidades da sociedade e da administração
governamental, a disputa por mais e maiores dotações orçamentárias se repete a cada ano.
Mercê dessa disputa, estão as políticas públicas, que dependem de investimento financeiro, se
não para a sua formulação, certamente, para a sua implementação. Em relação à preservação,
a simples decisão legal (Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual, Planos
Plurianuais) com a previsão e a efetiva destinação de recursos públicos para unidades,
programa ou ações orçamentárias governamentais não tem se mostrado suficiente. No caso
específico da preservação da informação arquivística, há um outro aspecto a ser considerado,
como se tentou demonstrar: a preservação deve ser contínua, e isso depende de planejamento.
Planejar significar considerar o médio e o longo prazo, o que remete, por sua vez, à
formulação e implementação de políticas públicas. Quando recursos públicos orçamentários
previstos e disponibilizados ficam à mercê de oscilações como as demonstradas, o
planejamento de preservação tende à fragmentação e à descontinuidade e a informação
arquivística corre mais riscos de se deteriorar.
Esquadrinhar o OGU não foi uma tarefa simples. Da falta de padrão na apresentação
dos dados apresentados a cada ano ao intricado conjunto de números, valores e cifras, cujas
parcelas nem sempre coincidem com os totais, aumentaram os riscos de quem se aventurou
em um percurso desse tipo. Por isso, a opção de encerrar a seção com uma síntese, onde
algumas das principais lacunas registradas e estranhamentos observados fossem listados, se
impôs como o melhor caminho a ser deixado.
A primeira questão surge quando se trata de saber se é possível quantificar a
preservação de acervos. Nos relatórios do governo federal, para prestar contas do resultado
alcançado com a destinação de recursos públicos para a preservação, usa-se a expressão
“acervo preservado” ou “bem preservado” na coluna “Produto” da tabela com as cifras dos
187
investimentos financeiros realizados. O que é um “acervo preservado” ou um “bem
preservado”? Como discriminar e quantificar os acervos ou os bens preservados? Como ou
quando pode se considerar que um acervo está preservado, sem desconsiderar que a passagem
do tempo e o cumprimento da função social da informação por meio do acesso são fatores
permanentes e contínuos de deterioração dos acervos?42
A segunda, diz respeito ao entendimento de que a questão orçamentária para a
preservação da informação arquivística do Executivo federal sob responsabilidade técnica e
estratégica do Arquivo Nacional não deve ser vista ou considerada fora da capacidade
institucional de influenciar politicamente. Ou seja, é na arena política que a obtenção contínua
de recursos financeiros necessários para a preservação também contínua dessa informação se
dá.
A destinação de recursos para a execução de programas e ações pelo Arquivo Nacional
comporta um outro elemento a ser considerado: a gestão administrativa-financeira e a
avaliação do próprio empreendimento. É provável que esta seja a melhor maneira de se
garantir a aplicação dos recursos obtidos pelo Arquivo Nacional. Uma metodologia assim
integrada pode proporcionar um protagonismo à área em relação ao OGU, abrindo espaço
político para a manutenção nos níveis dos recursos destinados ao tratamento da informação
arquivística. Os investimentos, mesmos os públicos, tendem a crescer quando comprova-se
que os agentes beneficiados são elementos de desenvolvimento e transformação social. Nesse
sentido, o papel de uma política pública de arquivos que concatene e explicite conceitos,
diretrizes e objetivos envolvidos é central.
Assim, recapitulando alguns dados, pode-se perceber as distorções mais significativas:
• em 1997, o subprograma/ação Documentação e Bibliografia executou apenas
27,7% da dotação orçamentária obtida;
42Essa questão é um dos aspectos levantados nas entrevistas realizadas por esta pesquisa (ver seção 7).
188
• em 1998, 2001, 2003 e 2005, os recursos destinados ao tratamento do acervo
foram menores que nos anos anteriores;
• em 2004, a Ação 2810 - Preservação do Acervo Nacional e a Ação Sistema de
Atendimento ao Usuário foram além das metas traçadas utilizando um volume de
recursos menor do que o inicialmente previsto;
• ainda em 2004, R$ 113.000,00 foram remanejados da atividade Preservação do
Acervo para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do
Arquivo Nacional (Lei 11.010 de 17/12/2004).
• Por fim, o acentuado grau de oscilação percentual e a enorme variação nas cifras
orçamentárias absolutas destinadas a cada ano às ações de preservação dificultam a
efetiva preservação contínua da informação arquivística governamental sob
responsabilidade do Arquivo Nacional.
São conhecidas e reconhecidas as causas dessas oscilações e escolhas orçamentárias?
Os recursos orçamentários disponíveis para a preservação dos acervos do Arquivo Nacional
são suficientes? Não utilizar todos os recursos financeiros disponíveis e, mesmo assim,
ultrapassar as metas traçadas, significa que os recursos financeiros para a preservação do
acervo são excessivos? A carência de recursos orçamentários do Arquivo Nacional refere-se
apenas à infra-estrutura institucional?
Mesmo reconhecendo avanços em termos absolutos e percentuais entre as dotações
orçamentárias de 1995 e 2005 destinadas ao Arquivo Nacional, há que se registrar que a
preservação da informação arquivística, principalmente, a produzida e acumulada pelo
Executivo federal brasileiro não está devidamente assegurada, entre outros motivos, pela
descontinuidade e fragmentação dos recursos financeiros destinados pelo OGU. Entende-se
que, ao assim problematizar a questão orçamentária da área, atingiu-se o objetivo de incluir a
análise do OGU como um dos elementos a ser considerado na preservação da informação
189
arquivística do Poder Executivo, bem como o de reforçar o vínculo entre orçamento,
planejamento e políticas públicas.
6 O CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS E O ARQUIVO NACIONAL
O Conselho Nacional de Arquivo - CONARQ e o Arquivo Nacional - AN configuram
o marco empírico da pesquisa. A análise apresentada nesta seção toma como referência as
ações e os discursos de ambos, materializados nas atas e resoluções do CONARQ e nos
Relatórios de Atividades do AN. Relaciona e interpreta os relatos registrados nesses
documentos na tentativa de compreender como atuaram em relação à preservação da
informação arquivística governamental, produzida e acumulada pelo Poder Executivo federal
brasileiro.
O recorte pela informação arquivística do Executivo federal se justifica não apenas por
exigência da natureza da própria pesquisa, mas, principalmente, porque considera-se que o
Poder Executivo no Brasil é, dos três poderes, o que maior influência exerce sobre os
demais1. O Executivo é, especialmente, influente sobre o Poder Legislativo. A forte influência
do Executivo sobre o Legislativo brasileiros resulta no que Pereira e Muller (2000, p. 46)
denominaram de Teoria da predominância do Poder Executivo, em um estudo sobre o papel
das comissões da Câmara Federal. Para esses autores,
[...] a existência e o funcionamento do sistema de comissões estão subordinados às preferências do Executivo. Ou seja, se as comissões estão prestando algum papel no processo legislativo, este não pode ser contrário aos interesses do Executivo [...].
Pereira e Muller (2000) entendem que o Executivo brasileiro detém significativo poder
de influenciar o processo legislativo para assegurar resultados consistentes com suas
1O líder do PSB, Alexandre Cardoso, constatou que na legislatura 2002-2006, na Câmara federal, os deputados
apresentaram cerca de 7.500 propostas de lei, tendo sido aprovadas apenas 70 delas (0,93%). O Executivo federal apresentou 400 propostas e aprovou duzentas (50%). Concluiu o deputado: “Na verdade, o Executivo executou e legislou” (O GLOBO, 05/12/2006, p. 2).
191
preferências. Entre muitos outros dados e estatísticas, Pereira e Muller (2000, p. 47) informam
que
Do total de 805 propostas que tramitaram no Congresso brasileiro entre 1995 e 1998, 648 (80,49%) foram iniciadas pelo Executivo, 141 (17,51%) foram iniciadas pelo Legislativo e apenas 16 (1,98%) pelo Judiciário. (Como foi mostrado por Figueiredo e Limongi (1995), este padrão de controle do Executivo sobre a agenda do Legislativo não é privilégio do atual governo. Presidentes dominam o processo legislativo desde 1989. De 1.259 leis aprovadas entre 1989 e 1994, 997 foram iniciadas pelo Executivo, contra 176 iniciadas pelos legisladores e 86 pelo Judiciário.). O tempo médio para uma proposta do Executivo ser sancionada pelo Congresso foi de 183 dias; no caso das propostas iniciadas pelo Legislativo e pelo Judiciário, este prazo estendeu-se para 1.194 e 550 dias, respectivamente. A situação assim descrita mostra que há uma clara divisão de trabalho dentro do Congresso determinando quem legisla sobre cada tema. Das 648 propostas iniciadas pelo Executivo, 484 (74,69%) são sobre temas ligados diretamente à economia, 110 (16,97%) são administrativas, e só 54 (8,33%) são relacionadas a temas políticos ou sociais. Por outro lado, das 141 propostas iniciadas pelos próprios parlamentares, 79 (56,02%) são das áreas política e social, 42 (29,78%) são administrativas e 20 (14,18%) são sobre a área econômica. Observa-se, assim, que a área de atuação do Congresso é restringida pela agenda do presidente.
Se levarmos em conta que a informação arquivística, objeto deste trabalho, tem origem
nas atividades próprias e específicas de governo para a realização dos objetivos de governo e
de Estado, a predominância do Executivo federal sobre o Legislativo federal, nos termos
acima, justifica e reforça o marco empírico da pesquisa concentrado no CONARQ e no
Arquivo Nacional.
As seções anteriores desta tese evidenciaram que, em linhas gerais, as más condições
de preservação dos acervos podem ser caracterizadas, entre outros aspectos, pela guarda ou
acondicionamento inadequados ou inexistentes e pelo descompasso entre a velocidade com
que se confeccionam inventários e instrumentos de controle e a produção e acumulação da
informação dos documentos arquivísticos custodiados por instituições públicas com essa
função específica (arquivos públicos municipais e estaduais e, no nível federal, o Arquivo
192
Nacional). Além disso, viu-se que são insuficientes as rubricas e parcos os recursos do
Orçamento Geral da União destinados à preservação da informação arquivística
governamental de forma fragmentada e com valores que oscilam de ano para ano. Instituições
como o Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa etc.,
protagonistas em termos de preservação, acabam, por necessidade, indo à busca de recursos
financeiros privados, na forma, por exemplo, de mecenato2, para financiar as intervenções de
preservação de uma informação que é pública, produzida pelo governo federal e custodiada
pelo Estado.
Parcelas consideráveis da sociedade política e da sociedade civil brasileiras parecem
reconhecer que, em sentido geral, é importante preservar. Existem leis que tratam da questão.
Mais especificamente, em relação à preservação dos arquivos e às políticas arquivísticas, há
um conselho nacional para tal, o Arquivo Nacional existe desde 1838, diversas ações isoladas
são periodicamente desenvolvidas, há razoável conhecimento técnico disponível, mas não há
políticas públicas voltadas para a preservação da informação arquivística governamental. Ou
seja, a preservação da informação arquivística governamental freqüenta o discurso do Estado
e tem sido objeto de ações no Estado, mas isso não se configura em políticas públicas que
contemplem a sua preservação.
O tema central desta seção é a inexistência de políticas públicas arquivísticas no Brasil
e as conseqüências para a preservação da informação arquivística, a partir da análise da
atuação do CONARQ e do Arquivo Nacional. O texto que segue divide-se em três partes: a
primeira, começa com a apresentação do CONARQ e continua com a análise de suas atas e
2O mecenato é um mecanismo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313/91), conhecida como Lei
Rouanet. A Lei Federal de Incentivo à Cultura permite o investimento em projetos culturais mediante doações, patrocínios, ou contribuições ao Fundo nacional de Cultura, com a possibilidade do abatimento no imposto de renda devido do contribuinte investidor. O contribuinte pessoa física pode aplicar até 6% e o contribuinte pessoa jurídica até 4% do imposto de renda devido. (Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/apoio_a_projetos/lei_rouanet/index.php?p=233&more=1&c=1&pb=1>. Acesso em: 16 nov. 2006.
193
resoluções. A segunda parte, apresenta a estrutura e competências do Arquivo Nacional e o
esquadrinhamento de seus relatórios de atividades. Conclui-se a seção com uma síntese crítica
dos registros e observações produzidas.
6.1 O CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS - CONARQ
O Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ, criado em 1991 pela Lei 8.159,
começou a funcionar regulamente em dezembro de 1994. É um órgão nacional colegiado,
incumbido de formular a Política Nacional de Arquivos e de exercer orientação normativa,
visando à gestão de documentos e à proteção especial aos documentos de arquivo. No entanto,
nos 13 anos de sua existência e atuação, o CONARQ não formulou a Política Nacional de
Arquivos, sob a qual deveriam estar contempladas diretrizes para a preservação da informação
arquivística do Executivo federal.
O CONARQ é formado por seis Câmaras Técnicas3 e, de acordo com o seu
regimento4, compete ao CONARQ,
I - estabelecer diretrizes para o funcionamento do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos de arquivos;
II - promover o inter-relacionamento de arquivos públicos e privados com vistas ao intercâmbio e à integração sistêmica das atividades arquivísticas;
III - propor ao Chefe da Casa Civil da Presidência da República normas legais necessárias ao aperfeiçoamento e à implementação da Política Nacional de Arquivos públicos e privados;
IV - zelar pelo cumprimento dos dispositivos constitucionais e legais que norteiem o funcionamento e acesso aos arquivos públicos;
3Câmara Técnica de Normalização da Descrição Arquivística - Câmara Técnica de Classificação de Documentos
- Câmara Técnica de Avaliação de Documentos - Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos - Câmara Técnica de Conservação de Documentos - Câmara Técnica de Capacitação de Recursos Humanos.
4Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br/conarq/legisla/casacivil-port5.htm>. Acesso em: 19 dez. 2006.
194
V - estimular programas de gestão e de preservação de documentos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, produzidos ou recebidos em decorrência de suas funções executiva, legislativa e judiciária;
VI - subsidiar a elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo metas e prioridades da Política Nacional de Arquivos públicos e privados;
VII - estimular a implantação de sistemas de arquivos nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Poderes Executivo e Legislativo dos Municípios;
VIII - estimular a integração e modernização dos arquivos públicos e privados;
IX - propor ao Presidente da República, por intermédio do Chefe da Casa Civil da Presidência da República, a declaração de interesse público e social de arquivos privados, nos termos do art. 12 da Lei nº 8.159, de 1991, e do art. 23 do Decreto nº 4.073, de 2002;
X - estimular a capacitação técnica dos recursos humanos que desenvolvam atividades de arquivo nas instituições integrantes do SINAR;
XI - recomendar providências para a apuração e a reparação de atos lesivos à Política Nacional de Arquivos públicos e privados;
XII - promover a elaboração do cadastro Nacional de arquivos públicos e privados, bem como desenvolver atividades censitárias referentes a arquivos;
XIII - manter intercâmbio com outros conselhos e instituições cujas finalidades sejam relacionadas ou complementares às suas, para prover e receber elementos de informação e juízo, conjugar esforços e encadear ações;
XIV - articular-se com outros órgãos do Poder Público formuladores de políticas nacionais nas áreas de educação, cultura, ciência e tecnologia, informação e informática.
O CONARQ é constituído por dezessete membros conselheiros, sendo:
I - o Diretor-Geral do Arquivo Nacional, que o presidirá; II - dois representantes do Poder Executivo Federal; III - dois representantes do Poder Judiciário Federal; IV - dois representantes do Poder Legislativo Federal; V - um representante do Arquivo Nacional; VI - dois representantes dos Arquivos Públicos Estaduais e do Distrito
Federal; VII - dois representantes dos Arquivos Públicos Municipais; VIII - um representante das instituições mantenedoras de curso
superior de Arquivologia; IX - um representante de associações de arquivistas; X - três representantes de instituições que congreguem profissionais
que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais.”
195
O mandato dos conselheiros é de dois anos, permitida uma recondução.
O CONARQ tem como sua estrutura básica o Plenário, as Câmaras Técnicas (entre
elas, a Câmara Técnica de Conservação de Documentos, que foi criada e passou a atuar em
agosto de 1995), as Câmaras Setoriais5 e as Comissões Especiais. Os integrantes das câmaras
e das comissões são designados pelo Presidente do CONARQ, ad referendum do Plenário.
O CONARQ não aparece em qualquer rubrica orçamentária do OGU. O
gerenciamento rotineiro das atividades do CONARQ, suas instalações físicas e sua
manutenção administrativa e seu pessoal de apoio são providenciados e mantidos pelo
Arquivo Nacional. O Decreto no 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei no
8.159, determina em seu Art. 4º que “Caberá ao Arquivo Nacional dar o apoio técnico e
administrativo ao CONARQ.”, e o parágrafo primeiro do Art. 5º preceitua que “O CONARQ
funcionará na sede do Arquivo Nacional.” No Art. 8º do mesmo decreto consta que “É
considerado de natureza relevante, não ensejando qualquer remuneração, o exercício das
atividades de Conselheiro do CONARQ e de integrante das câmaras e comissões.”.6
Administrativamente, o CONARQ funciona através da Coordenação de Apoio ao CONARQ
– COACO, uma pequena estrutura administrativa que ocupa uma sala no segundo andar do
edifício-sede do AN, e tem como função assessorar o Diretor-Geral do AN no planejamento,
na coordenação, na supervisão, no acompanhamento e na avaliação das atividades do
CONARQ7. A equipe do COACO é constituída pela coordenadora (cargo de confiança
remunerado por DAS) e por outros sete funcionários do AN. A COACO aparece no
5Câmara Setorial sobre Arquivos Privados - Câmara Setorial sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou em
Processo de Privatização - Câmara Setorial sobre Arquivos Médicos - Câmara Setorial sobre Arquivos do Judiciário - Câmara Setorial sobre Arquivos Municipais.
6Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em: 23 out. 2007.
7Disponível em: <http://portalan.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5&sid=24>. Acesso em: 23 out. 2007.
196
organograma8 do AN no mesmo nível do Gabinete da Direção Geral – GABIN, ambos
subordinados diretamente à Direção-Geral do AN.
Em síntese, compete ao plenário do CONARQ, entre outras funções, definir a Política
Nacional de Arquivos Públicos e Privados; baixar normas necessárias à regulamentação e
implementação da Política Nacional de Arquivos e do SINAR, e decidir sobre os assuntos
encaminhados à sua apreciação pelas câmaras técnicas, câmaras setoriais, comissões
especiais, conselheiros e representantes da sociedade civil.
O plenário se reúne, pelo menos, a cada quatro meses. As Câmaras Técnicas são de
caráter permanente e visam a elaborar estudos e normas necessárias à implementação da
Política Nacional de Arquivos públicos e privados e ao funcionamento do SINAR. São
integradas por especialistas, conselheiros ou não, designados pelo presidente do CONARQ,
ad referendum do plenário. As Câmaras Setoriais são também de caráter permanente e visam
a identificar, discutir e propor soluções para questões temáticas em relação a estrutura e
organização de segmentos específicos de arquivos. São integradas por especialistas,
conselheiros ou não, designados pelo presidente do CONARQ, ad referendum do Plenário. As
Comissões Especiais são de caráter temporário e têm a função de examinar assuntos
específicos. As Câmaras Técnicas, as Câmaras Setoriais e as Comissões Especiais se reúnem
de acordo com o cronograma estabelecido por seus membros. De cada reunião do plenário,
das Câmaras Técnicas, das Câmaras Setoriais e das Comissões Especiais será lavrada uma ata
que, após aprovação, é arquivada pelo CONARQ.
Apesar de a idéia de preservar constar de inúmeros documentos e atividades
desenvolvidas pelo CONARQ e de ser uma preocupação constante em suas manifestações, a
informação arquivística do governo federal continua o seu processo de deterioração, entre
outros fatores, por ainda não haver sido formulada e implementada uma política pública
8Disponível em: <http://portalan.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=24>. Acesso em: 25
out. 2007.
197
arquivística que contemple a preservação dessa informação. A demora na formulação e
implementação de tal política implica na perda e deterioração de forma irreversível de grande
quantidade de informação arquivística produzida, recebida e acumulada pelo governo federal
brasileiro. Assim, as legítimas e apropriadas preocupações com o direto à informação, o
direito à memória e a eficiência do aparelho de Estado acabam submetidas à permanência
material dos registros arquivísticos.
Como, no Brasil, não existe uma política pública de informação, e a Política Nacional
de Arquivos não foi ainda formulada, a preservação da informação arquivística
governamental, na qual se inclui a do Poder executivo federal, fica ao sabor de intervenções
específicas e singulares, intermitentes e de curto alcance, executadas e promovidas de forma
não sistemática e restrita, que tentam, na maioria das vezes, resolver problemas imediatos e
emergenciais a curto prazo.
Exemplo recente dessa circunstância é a Carta de Preservação do Patrimônio
Arquivístico Digital do CONARQ produzida pela Câmara Técnica de Documentos Digital e
aprovada pelo plenário do CONARQ. A apresentação da Carta registra que esta
[...] tem o objetivo de conscientizar e ampliar a discussão sobre a instabilidade do legado digital, que se encontra em perigo de perda e de falta de confiabilidade. Manifesta ainda a necessidade de estabelecer políticas, estratégias e ações, que garantam a preservação de longo prazo e o acesso contínuo aos documentos arquivísticos digitais9 (grifo nosso).
Apesar de reconhecer a necessidade e a importância do estabelecimento de políticas
para a preservação da informação arquivística digital e explicitar isso em oito tópicos nas
cinco páginas da Carta, registrando, inclusive, que cabe ao CONARQ a formulação de tais
políticas, a Câmara Técnica e o próprio CONARQ não indicam ou situam a Carta em
qualquer política pública. Ou seja, a Carta não tem uma política a que esteja referida. 9Disponível em:
<http://www.arquivonacional.gov.br/conarq/cam_tec_doc_ele/preservacao/cartapreservacao.asp>. Acesso em: 15 nov. 2006.
198
A Carta de Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital do CONARQ tornou-se
pública em 2004 e teve como base a Carta para a Preservação do Patrimônio Digital da
UNESCO de 2003. Seu objeto é, exclusivamente, a informação arquivística digital. Ao
aprovar a Carta, o CONARQ permite abstrair que a preservação dos demais tipos
documentais produzidos e acumulados ao longo de décadas, muitos deles custodiados pelo
próprio Arquivo Nacional, seria uma questão resolvida. Não é. Ao mesmo tempo em que o
CONARQ não se refere à preservação da informação arquivística registrada em qualquer
suporte, o próprio texto da Carta salienta e confirma que cabe ao CONARQ definir a Política
Nacional de Arquivos públicos e privados, independentemente do suporte em que a
informação está registrada. Ao reconhecer a necessidade de políticas, observa que isso “só
será possível se houver uma ampla articulação entre os diversos setores comprometidos com a
preservação do patrimônio arquivístico digital...”. Em um item intitulado “Elaboração de
estratégias e políticas”, a Carta apresenta uma série de indicações, mas não chega a definir o
que chama de “estratégias e políticas”, como também não diferencia umas das outras, nem diz
o que são ou como podem ser aplicadas. O documento se encerra, registrando que
O CONARQ reafirma o seu compromisso com a aplicação de políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio arquivístico digital... condição fundamental para a democratização da informação arquivística em nosso país e a preservação da memória nacional (ROCHA; SILVA, 2004, p. 12 - grifo nosso).
Entretanto, as políticas públicas, com as quais o CONARQ reafirma o seu
compromisso de forma explícita na Carta, não foram ainda formuladas. Constata-se isso com
a leitura das atas de suas reuniões plenárias e das resoluções emitidas.
199
6.1.1 Preservação e política nas atas e resoluções do CONARQ
Os dados coletados nas atas e resoluções do CONARQ entre 1995 e 2005 e
relacionados sistematicamente neste texto pretendem subsidiar uma análise que permita
compreender as ações e as omissões do CONARQ em relação à formulação da Política
Nacional de Arquivos, uma política pública em cujo escopo deveria estar contemplada, entre
outros aspectos, a preservação da informação arquivística produzida, recebida e acumulada
pelo Executivo federal do Brasil.
Dentro do marco temporal estabelecido pela pesquisa (1995-2005) foram realizadas 39
reuniões plenárias do CONARQ (entre 25 de maio de 1995 e 18 outubro de 2005) de um total
de 44 reuniões entre a primeira reunião em 15 de dezembro de 1994 e a mais recente realizada
em 5 de dezembro de 2006. Atualmente, o CONARQ se reúne duas vezes por ano, na sede do
Arquivo Nacional.10 Foram produzidas e estão disponíveis no site institucional 42 atas dessas
reuniões, sendo que as atas da 17ª e 18ª reunião são apenas extratos das atas.11 No mesmo
período de tempo (1995-2005), o CONARQ produziu vinte e duas resoluções. Todas estão
disponíveis no site, inclusive as revogadas.12
A análise das atas e resoluções do CONARQ se iniciou com a identificação da
extensão e grau com que os termos “preservação” e “política” aparecem nas atas das reuniões
plenárias e nas resoluções emitidas pelo CONARQ entre 1995 e 2005. Como todas as atas e
resoluções estão em formato digital, optou-se por fazer uma busca automática via
10Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm> Reuniões do
CONARQ. Acesso em: 11 abr. 2007. 11Disponível em <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm> Reuniões do
CONARQ > Atas. Acesso em: 10 abr. 2007. 12Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm> Legislação
Arquivística Brasileira > Resoluções do CONARQ. Acesso em: 10 abr. 2007. O Apêndice E desta tese apresenta um quadro resumido com as datas das reuniões plenárias e das resoluções do CONARQ.
200
microcomputador. Para isso, foram digitadas no instrumento de busca do equipamento os
radicais das palavras-chave preservação e política, como consta do Quadro 10.
Quadro 10 Palavras-chave e suas derivações pesquisadas
Palavra-Chave Radical Pesquisado Preservação Preservada(s) Preserva Preservado(s) Política(s) Político(s)
Polític
Fonte: O autor.
Dessa forma, pretendeu-se abranger todas as possibilidades de uso das palavras-chave
e assim identificar o número de vezes que esses termos e suas derivações aparecem nas atas e
nas resoluções analisadas, bem como conhecer o sentido e o contexto em foram produzidas e
a relação entre ambas. Entendeu-se que a identificação de tais palavras-chave indicaria com
um mínimo de segurança aqueles momentos registrados em ata em que foram tratados os
temas pesquisados. Após a busca automática das palavras-chave, foi realizada a leitura
integral de cada ata e resolução, na tentativa de identificar aspectos relevantes para a pesquisa
eventualmente não apontados pela pesquisa das palavras-chave.
Produto desse trabalho, o texto a seguir compõe-se, primeiramente, dos dados que
revelam a quantidade de vezes que as palavras-chave aparecem nas atas do CONARQ e da
classificação dessas palavras-chave de acordo com os temas ou assuntos em que foram
utilizadas. Logo a seguir, identificam-se os conselheiros que participaram das reuniões
plenárias do Conselho e os respectivos organismos e instituições que representavam, para, a
partir daí, analisar aquelas falas que, registradas em ata, abordaram a questão da preservação
da informação arquivística, da Política Nacional de Arquivos e a relação entre ambas.
201
6.1.1.1 As atas do CONARQ
O Quadro 11 apresenta a quantidade de vezes que as palavras-chave pesquisadas
foram grafadas nas atas do CONARQ a cada ano. Os algarismos entre parênteses indicam o
número de reuniões realizadas naquele ano, e, subseqüentemente, o número de atas
produzidas.
Quadro 11 Totalização das expressões pesquisadas nas Atas do CONARQ
1995 (3)
1996 (3)
1997(3)
1998(2)
1999(4)
2000(4)
2001(4)
2002(4)
2003 (4)
2004 (4)
2005(4)
Total (39)
Preserva (cão/do/da)
6
21
21
10
7
3
17
21
17
11
12
146
Polític (o/a) 7 15 10 3 9 11 15 9 3 0 6 88 Totais 13 36 31 13 16 14 32 30 20 11 18 234
Fonte: O autor.
A distribuição do uso da palavra-chave “preservação” nas plenárias do CONARQ ao
longo de onze anos mantém-se praticamente estável, apenas com leve aumento nos últimos
anos como mostra o Gráfico 5. Os anos de 1996, 1997 e 2002 foram aqueles em que a
palavra-chave “preservação” mais vezes foi usada (21 vezes), sendo que em 1996 e 1997
ocorreram três reuniões do CONARQ e em 2002, quatro reuniões. Em 2000, a palavra
preservação aparece apenas três vezes nas quatro reuniões realizadas então. A média do
emprego do termo foi de 3,7 por reunião. No entanto, essa média cai para 2,7 quando se
considera que pelo menos uma vez por reunião a palavra preservação é grafada para indicar a
presença do conselheiro-representante da área na plenária, como revela o Quadro 11.
202
Gráfico 5 Linha de tendência do uso da palavra-chave “Preservação” nas Atas do CONARQ
Fonte: O autor.
Constata-se assim que o tema preservação, de alguma maneira, freqüenta com uma
certa regularidade os assuntos discutidos nas plenárias do CONARQ.
A palavra-chave “política” aparece 15 vezes citada em 1996 e em 2001. Em 2002,
passa para nove citações, depois para três vezes em 2003, e em 2004, em quatro reuniões
realizadas, a palavra-chave “política” não foi registrada em ata alguma, voltando, em 2005, a
ser citada seis vezes. A média de emprego do termo foi de 2,2 por reunião, portanto inferior à
média do uso da palavra preservação. Apesar de nos dois últimos anos analisados o uso do
termo ter aumentado, o Gráfico 6, por considerar todo o período, indica uma clara linha de
tendência decrescente no uso do termo.
0123456789
10111213141516171819202122
1995(3)
1996(3)
1997(3)
1998(2)
1999(4)
2000(4)
2001(4)
2002(4)
2003(4)
2004(4)
2005(4)
Preservação Linear (Preservação)
203
Gráfico 6 Linha de tendência do uso da palavra-chave “Política” nas Atas do CONARQ
Fonte: O autor.
Ao compararem-se os Gráficos 5 e 6, percebe-se que, apesar de a linha de tendência do
Gráfico 5, referente ao uso da palavra-chave “preservação”, manter-se ao longo do tempo
praticamente no mesmo nível, apenas com um leve crescimento ao fim do período, a linha de
tendência do Gráfico 6, referente ao uso da palavra-chave “política” nas plenárias do
CONARQ, mostra, nitidamente, uma diminuição acentuada do uso do termo, o que pode ser
interpretado como um indicador de que o tema “política” tenha sido menos debatido nas
plenárias do CONARQ com o passar do tempo. Outra leitura sugere e permite abstrair que a
preservação é um tema constante, mas raramente relacionada à política.
Para tentar esquadrinhar o contexto em que foram utilizadas as palavras-chave
pesquisadas e identificar o sentido em que foram aplicadas, optou por uma classificação a
partir da leitura da ata e da análise da frase em que a palavra foi empregada. Como toda
classificação, esta também tem um grau de arbitrariedade. No entanto, considera-se que esta é
apenas uma entre outras estratégias metodológicas utilizadas pela pesquisa para tentar
conhecer de que maneira as plenárias do CONARQ abordaram o tema, e que, portanto, não
0123456789
10111213141516171819202122
1995(3)
1996(3)
1997(3)
1998(2)
1999(4)
2000(4)
2001(4)
2002(4)
2003(4)
2004(4)
2005(4)
Política Linear (Política)
204
chega a comprometer o esforço feito. A consulta ao Apêndice G desta tese possibilita que se
leia na íntegra todos os parágrafos selecionados por conterem as palavras-chave pesquisadas.
Nos Quadros 12 e 13 estão os números de vezes que as respectivas palavras-chave
preservação e política aparecem nas atas do CONARQ de acordo com o sentido ou o contexto
em que são usadas e o que cada um desses usos representam percentualmente em relação ao
total do número de vezes em que a palavra foi registrada.
Quadro 12 Contexto e sentidos em que aparece a palavra-chave Preservação13
Contexto / sentido Quantidade Percentual 1 Presença de representantes e/ou profissionais da área de preservação 39 26,71 % 2 Preservação como prescrição legal, normativa, regimental 33 22,60 % 3 Preservação de patrimônio / acervo / documento / informação 25 17,73 % 4 Preservação como função técnica 13 8,90 % 5 Carta de Preservação do Patrimônio Digital 11 7,53% 6 Preservação e memória 7 4,79 % 7 Preservação e orçamento / financiamentos / investimentos 4 2,73 % 8 Instituições de preservação 4 2,73 % 9 Preservação e acesso 3 2,73 % 10 Preservação e tecnologia 3 2,05 % 11 Preservação, política e financiamento 2 1,36% 12 Preservação e política 1 0,68 % 13 Preservação como conceito 1 0,68 %
Total 146 100 % Fonte: O autor.
A palavra-chave Preservação foi utilizada 146 vezes nas 37 atas do CONARQ
analisadas, com treze sentidos ou contextos diferentes. O maior número de vezes do termo
Preservação (39 vezes – 26,71%) é utilizado para identificar a(s) pessoa(s) da área que
participa(m) da reunião, seja na lista de presenças (“...estando presentes os seguintes
Conselheiros: [...] representantes de entidades não-governamentais da área de ensino,
pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais”), seja em alguma intervenção
proferida por esse representante ou profissional, cuja fala foi identificada com de um
representante da área de preservação. Logo a seguir, o termo Preservação aparece trinta e três
vezes (22,60%) em textos de leis, normas e regimentos (“...face ao disposto no Cap. III, arts.
12 e 15, da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e da Lei nº 8.394, de dezembro de 1991, que 13Para conhecer as frases das atas na íntegra, ver Apêndice G desta tese onde os parágrafos com a palavra-chave
“preservação” foram reproduzidos.
205
dispõe sobre a preservação, organização e proteção dos acervos documentais dos presidentes
da República... etc.”) discutidos, citados e mencionados nas reuniões ou reproduzidos como
anexo às atas do CONARQ. Em outras 26 vezes (17,8%) a palavra preservação é utilizada
para indicar a preservação de um patrimônio, ou de um acervo, documento ou informação
(“...concretizar uma proposta específica do Judiciário, no sentido de preservar seu patrimônio
documental.”). Outras treze vezes (8,90%), a palavra é usada para indicar a função técnica de
preservar (“...envolvendo, também, os arquivos municipais, que poderiam contribuir nesse
trabalho de preservação.”). Por onze vezes (7,53%), o termo preservação aparece quando a
Carta de Preservação do Patrimônio Digital é mencionada nas atas.
O resultado da identificação do contexto ou sentido em que a palavra-chave “política”
aparece nas atas do CONARQ está no Quadro 13.
Quadro 13 Sentido em que aparece a palavra-chave Política14
Contexto / sentido Quantidade Percentual 1 CONARQ e a Política Nacional de Arquivos 17 19,31 % 2 CONARQ e política 11 12,50 % 3 Política na legislação 10 11,36 % 4 “Subsídios para a implantação de uma política municipal de arquivos” 10 11,36 % 5 Política municipal de arquivos 8 9,09 % 6 Política, Arquivística/Arquivologia, arquivos 5 5,68 % 7 Política e informação 4 4,54 % 8 Política, movimentos e organizações 3 3,40 % 9 Política nacional de saúde 3 3,40 % 10 Relação “político-administrativa” 3 3,40 % 11 Política e gestão de documentos 2 2,27 % 12 Política e governo 2 2,27 % 13 Política, preservação e financiamento 2 2,27 % 14 Política e preservação 1 1,13 % 15 Política e técnica 1 1,13 % 16 Política e profissões 1 1,13 % 17 Projeto político 1 1,13 % 18 Objetivos de uma Política Nacional de Arquivos 1 1,13 % 19 Política e tecnologias 1 1,13 % 20 Configuração política do Estado 1 1,13 % 21 Exploração política 1 1,13% Total 88 100 % Fonte: O autor.
14Para conhecer as frases das atas na íntegra, ver Apêndice G desta tese onde os parágrafos com as palavras-
chave “política” foram reproduzidos.
206
A palavra-chave “política” foi utilizada 88 vezes nas 37 atas do CONARQ analisadas,
com vinte e um sentidos ou contextos diferentes. O maior número de vezes do termo Política
(17 vezes – 19,31%) é utilizado para reafirmar o principal objetivo e função do CONARQ,
isto é, a Política Nacional de Arquivos (“...tendo presente que o Conselho é responsável pela
definição da Política Nacional de Arquivos...”). Logo a seguir, a palavra-chave “política”
aparece também vinculada ao CONARQ, mas, dessa vez, chamando atenção para o papel
político (11 vezes – 12,50%) do CONARQ (“A seguir, informou sobre as ações políticas que
empreendeu, na qualidade de Presidente do CONARQ, junto ao governo do Estado de São
Paulo...” ou “A Conselheira [...] sugeriu que o CONARQ desenvolva ações políticas junto às
autoridades estaduais e municipais com o objetivo de sensibilizá-las sobre a importância dos
arquivos...”). Em dez vezes (11,36%) o termo “política” está registrado nas atas do CONARQ
na legislação citada ou transcrito nas atas (Art. 1º - [...] Parágrafo único - Integram
necessariamente esta categoria de instituição as empresas públicas, as sociedades de economia
mista, as fundações privadas instituídas por entes políticos territoriais e as concessionárias e
permissionárias de serviços públicos.”). Em outras dez vezes, a palavra-chave “política” é
computada quando o documento “Subsídios para a implantação de uma política municipal de
arquivos” é citado.
O Poder Executivo Federal se fez representar por 17 diferentes conselheiros oriundos
de nove órgãos de sua estrutura administrativa, o que totaliza 67 presenças nas reuniões
plenárias do Conselho; o Poder Judiciário Federal teve 13 representantes de 4 tribunais que
estiveram presentes em 64 reuniões; e o Poder Legislativo Federal, 11 representantes divididos
entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, com 66 participações15.
Entre os 18 conselheiros com o maior percentual de presença nas reuniões plenárias do
CONARQ, apenas dois são representantes do Poder Executivo Federal: o representante do
15Para conhecer nominalmente os conselheiros, os organismos que representavam e o número de reuniões nas
quais estiveram presentes, ver Apêndice G desta tese.
207
IPHAN, estando presente em 14 (37,8%) reuniões, e o representante do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, presente em dez reuniões (27%). Todas as reuniões foram
presididas pelo Diretor-geral do Arquivo Nacional.
Quadro 14 Os conselheiros com o maior número de presença nas plenárias do CONARQ entre 1995 e 2005
Conselheiro Órgão Freqüência Jaime Antunes da Silva Presidente do Conselho Nacional de Arquivos 37 - (100%) Maria Izabel de Oliveira Arquivo Nacional 36 - (97,2%) Célia Maria Leite Costa Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas 18 - (48,6%)
Ivana Denise Parrela Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte 16 - (43,2%) Francisco Maurício da Paz Senado Federal 15 - (40,5%) Francisca Helena Barbosa Lima Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 14 - (37,8%) Júnia Guimarães e Silva Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro 13 - (35,1%) Rosemary de Almeida Supremo Tribunal Federal 12 - (32,4%) Antonio Alberto de Carvalho Senado Federal 12 - (32,4%) Maria Hilda Pinto de Araújo Associação dos Arquivistas Brasileiros 12 - (32,4%) Ismênia de Lima Martins Associação Nacional dos Professores Universitários de
História 12 - (32,4%)
Geraldo Mártires Coelho Arquivo Público Estadual do Pará 11 - (29,7%) Mariza Bottino Associação dos Arquivistas Brasileiros 11 - (29,7%) Maria Odila Kahl Fonseca Universidade Federal Fluminense 11 - (29,7%) Lana Lage Gama Lima Associação Nacional dos Professores Universitários de
História 11 - (29,7%)
Maria Celina D'Araújo Associação Nacional de Pós-Graduação em Pesquisa e Ciências Sociais
11 - (29,7%)
Oswaldo Noman Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 10 - (27,0%) Eliane Braga de Oliveira Universidade de Brasília 10 - (27,0%) Fonte: O autor.
Esquadrinhada as atas do ponto de vista quantitativo, partiu-se, então, para a análise
qualitativa das diferentes manifestações de diversos conselheiros, a partir dos registros
existentes nas atas das reuniões plenárias do CONARQ entre 1995 e 2005.
6.1.1.2 Preservação, política e financiamento
As falas de conselheiros consideradas mais significativas para esta pesquisa foram
aquelas que relacionaram a preservação a aspectos políticos e financeiros. Estas falas estão
transcritas e analisadas a seguir. As demais falas abordam a preservação do ponto de vista
208
estritamente técnico de intervenção, que apesar de importante, não é objeto desta pesquisa.
Foram, por isso, desconsideradas.
As intervenções de conselheiros que relacionam preservação, políticas e
financiamento, registradas nas atas do CONARQ no período, são raras (apenas 7 vezes) e
intermitentes (uma, em 1995, outra em 1996, duas em 2001, duas em 2002 e uma em 2003),
como pode ser visto no Quadro 15.
Quadro 15 Cronologia dos registros em ata que relacionam preservação, políticas e financiamento
Fonte: O autor.
Na Ata da 4ª reunião, de 14 de dezembro de 1995, o conselheiro Pedro Paulo Lemos
Machado, representante do Ministério da Administração e Reforma do Estado – MARE,
salientou a importância da Tabela de Temporalidade elaborada pelo CONARQ para a
preservação de documentos governamentais relevantes. Afirmou que essa documentação, por
falta de regulamentação específica não vinha recebendo tratamento adequado e muitos
documentos se perdiam ao longo do tempo, causando, inclusive, “prejuízos financeiros
elevados para a Administração Pública”. Ao vincular a ameaça da perda de documentos a
“prejuízos financeiros elevados”, a fala do conselheiro indicaria a necessidade de se investigar
a relação custo/benefício entre investimentos orçamentários e a preservação ou não da
informação arquivística do governo federal, nos termos aqui defendidos. A proposta de
mensurar metodologicamente os recursos públicos investidos na preservação de acervos
arquivísticos governamentais é uma das possibilidades de conhecer a relação custo/benefício e
assim tentar demonstrar a necessidade ou não de aumentar o valor das rubricas orçamentárias
para a preservação. No entanto, tal metodologia ainda não existe e sequer é motivo de
Ano Reunião Assunto 1 1995 4ª Preservação e prejuízos financeiros 2 1996 5ª Preservação e dotação orçamentária 3 24ª Preservação e obtenção de recursos financeiros 4
2001 24ª Preservação, política e obtenção de recursos financeiros
5 25ª Preservação, políticas públicas e linhas de financiamento 6
2002 25ª Preservação e políticas públicas
7 2003 29ª Preservação e investimentos a serem aplicados
209
discussão. Usada nos relatórios financeiros para indicar o produto realizado (como visto na
seção anterior e como pode ser lido na próxima seção), a noção de “acervo preservado”
mostrou-se inconsistente e insuficiente para quantificar a preservação de acervos.
Em 1996, novamente, o conselheiro Pedro Paulo Lemos Machado, do MARE, vincula
preservação a finanças ao citar explicitamente a necessidade de dotação orçamentária para a
preservação e acesso de acervos:
O Conselheiro Pedro Paulo Lemos Machado concordou com o parecer elaborado por técnicos do Arquivo Nacional, e que, para custódia de tão importante acervo, a instituição terá que dispor de instalações adequadas e corpo técnico especializado para preservação e dotação orçamentária necessários à preservação e disponibilização do acervo para consulta, pré-requisitos que o recém criado Arquivo Municipal de Ouro Preto, parece não dispor (CONARQ, Ata da 5ª reunião – 21 de maio de 1996, grifo nosso).
Em 2001, após um hiato de 4 anos e 18 reuniões plenárias, volta-se a mencionar a
relação da preservação com financiamento. O conselheiro Antônio Carlos de Souza Lima, da
ANPOCS, ao tratar dos cursos de formação e capacitação para organização de arquivos,
lembrou as dificuldades encontradas pelo CONARQ na obtenção de recursos financeiros e
Célia Corsino, do IPHAN, organismo que viria a integrar o CONARQ representando o Poder
Executivo federal, e que participava dessa reunião como convidada, ponderou que “a questão
relativa à obtenção dos recursos é política”, e que o argumento a ser utilizado para a obtenção
desses recursos deveria ser a “preservação do acervo cultural, que é ação do governo por estar
inserida no projeto de modernização do Estado Brasileiro” (CONARQ, Ata da 24ª reunião, 11
de dezembro de 2001).
Seis meses depois, o tema que relaciona preservação e obtenção de recursos
financeiros, voltou à pauta da plenária do CONARQ, na 25ª reunião, realizada em 3 de julho
de 2002, ratificando, mais uma vez, a relação entre preservação, orçamento e política. Isso
ocorreu no momento em que foi discutida a constituição de uma Comissão Especial para
210
elaborar estudo sobre linhas de financiamento com vistas à criação e modernização de
arquivos públicos.
Constituição da Comissão Especial para elaborar estudo referente à proposição de linhas de financiamento com vistas à criação e/ou modernização de arquivos públicos. O Presidente esclareceu que a proposta visa a estimular os arquivos públicos na elaboração de projetos para as agências de financiamento. Esta Comissão Especial tem como objetivo verificar, junto às agências de fomento nacionais e internacionais, as linhas de financiamento a projetos na área de arquivo, os prazos para entrega e preenchimento dos formulários, além de divulgar técnicas para elaboração de projetos e estimular a criação de linhas de financiamento a projetos na área de políticas públicas nas várias agências de fomento que não atendem a esta demanda, muitas vezes por desconhecimento da importância da preservação do patrimônio público (CONARQ, Ata da 25ª reunião – 3 de julho de 2002, grifo nosso).
Sobre isso, e após os esclarecimentos do presidente do CONARQ, a conselheira Ana
Célia Rodrigues, do APM Campinas-SP, informou que o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID tinham aberto linhas de financiamento na área de gestão no serviço
público. No entanto, nas 15 atas seguintes, até 40ª reunião em dezembro de 2005, não há
qualquer registro que informe se essas linhas de financiamento foram obtidas ou não. Nem
mesmo se a Comissão Especial alcançou o seu objetivo de “estimular os arquivos públicos na
elaboração de projetos para as agências de financiamento.”.
Há, ainda, mais uma ocorrência que relaciona as palavras-chave “preservação” e
“política”. No entanto, como é possível ler abaixo, essa relação é fruto de uma mera citação
do regimento do Conselho Estadual de Arquivos do Rio de Janeiro:
[...] alertando sobre a importância do Conselho Estadual de Arquivos - CONEARQ, órgão colegiado, vinculado ao Gabinete Civil do Estado, que tem por finalidade elaborar e implementar políticas públicas voltadas para gestão, preservação e acesso aos documentos oriundos do Poder Executivo Estadual [...] (CONARQ, Ata da 25ª reunião – 3 de julho de 2002 – grifo nosso).
211
Por fim, em 2003, na reunião plenária do CONARQ em que é apresentada a Câmara
Setorial sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou em Processo de Privatização uma das
atividades listada pela presidente da Câmara é a de “dimensionar os investimentos a serem
aplicados visando à preservação dos acervos” (CONARQ, Ata da 29ª reunião – 19 de maio
de 2003, grifo nosso).
As sete citações destacadas por esta pesquisa não apenas deixam clara a relação entre
políticas públicas e preservação, como ratificam e salientam a necessidade de recursos
financeiros, orçamentários ou não, para a preservação dos acervos. No entanto,
contraditoriamente, a discussão sobre o tema não progride nas reuniões do CONARQ. Diga-se
a propósito, que a análise das atas das reuniões plenárias do CONARQ possibilitou perceber
uma certa tendência de o plenário não retomar as discussões sobre temas que ficaram
pendentes. A descontinuidade e a não conclusão de assuntos relevantes não são características
exclusivas das discussões sobre a preservação de acervos. Raras são as vezes que uma
discussão inacabada sobre qualquer assunto é retomada nas reuniões subseqüentes e, em
algum momento, dada como concluída.
É também o que acontece com a Política Nacional de Arquivos.
Na Ata da 3ª reunião do CONARQ de 27 de setembro de 1995, o Presidente do
Conselho lembrava que o CONARQ era “responsável pela definição da Política Nacional de
Arquivos e pela gestão do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR” e os Conselheiros Pedro
Paulo Lemos Machado [MARE], Célia Maria Leite Costa e Priscila Moraes Varella Fraiz
[CPDOC-FGV] observavam que verdadeira finalidade do CONARQ “é exercer orientação
normativa, bem como articular e estimular ações que visem ao desenvolvimento da Política
Nacional de Arquivos.” A expressão “articular e estimular ações que visem ao
desenvolvimento da Política Nacional de Arquivos” leva ao entendimento que, pelo menos
para essas conselheiras, a Política Nacional de Arquivos estaria ainda por ser desenvolvida.
212
Mas é na fala de Milton Seligman, Secretário Executivo do Ministério da Justiça,
representante do Ministro de Estado da Justiça, Nelson Jobim, como consta da Ata da 4ª
reunião do CONARQ, realizada em 14 de dezembro de 1995, que encontra-se um nítido sinal
de que tal política ainda não havia sido até então formulada: “[...] desejando ao Arquivo
Nacional, por intermédio do CONARQ, sucesso na definição e delineamento de uma Política
Nacional de Arquivos a ser desenvolvida em parceria com a sociedade”. A Ata registra que
Milton Seligman colocou-se “pessoalmente, e o Ministério da Justiça à disposição para
colaborar nessa missão”. Assim, até o primeiro aniversário do CONARQ (dezembro de 1995),
data das manifestações acima, o plenário reconhecia que a Política Nacional de Arquivos
ainda estava por ser formulada.
Na Ata da 5ª reunião do CONARQ de 21 de maio de 1996, o presidente do Conselho,
ao comentar a sua participação no XVII Fórum Nacional de Diretores de Arquivos Públicos
Estaduais, informou que nesse evento “foram divulgadas as ações desenvolvidas pelo
Conselho desde a sua instalação, em dezembro de 1994, em prol do delineamento e
implementação da Política Nacional de Arquivos.”. No entanto, tais ações não aparecem na
Ata e nem foram explicitamente citadas em qualquer outro documento estudado.
Em um parecer técnico solicitado pela Secretária de Estado da Cultura de Minas
Gerais ao Conselho Nacional de Arquivos, sobre a devolução, ao Município de Ouro Preto,
dos documentos produzidos e acumulados pela sua Câmara Municipal, nos séculos XVIII e
XIX, e que estavam sob a guarda do Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, consta
que
Uma Política Nacional de Arquivos precisa ter por objetivo menos a revisão de ações passadas do que o estabelecimento de uma metodologia unificada de gestão e controle de documentos, que racionalize a produção documental e possibilite ao usuário obter a informação desejada, esteja onde estiver (CONARQ, Ata da 5ª reunião, 21 de maio de 1996 – grifo nosso).
213
A frase contém uma das raras afirmações explícitas formuladas no CONARQ sobre o
que seria o objetivo de uma Política Nacional de Arquivos. Resta saber se, hoje, esse
entendimento permanece. Ou posto de outra forma, o objetivo da Política Nacional de
Arquivos é estabelecer uma “metodologia unificada de gestão e controle de documentos, que
racionalize a produção documental” e possibilite o acesso?
Sobre esse aspecto, um parecer elaborado pela Conselheira Marisa Delapievi Rossi, da
[ABADI], ainda sobre a referida disputa pela custódia dos documentos de Ouro Preto,
confirma a carência de material que fundamente as decisões a serem tomadas.
[...] as considerações apresentadas não representam ‘conclusões decorrentes de uma análise jurídica e legal aprofundada’, uma vez que são fundamentadas a partir do pouco material disponível sobre a matéria, enviado pela Coordenação do CONARQ. A Conselheira afirmou não caber questionamentos quanto à custódia efetuada no passado, pelo Arquivo Público Mineiro, sobre a qual não pairam dúvidas, uma vez que a Lei nº 126/95 é clara. Trata-se, isto sim, de avaliar se seus dispositivos ainda estão em vigor’, diante da legislação vigente, avaliando, igualmente, ‘a melhor forma, no que respeita a custódia do fundo, de serem atingidos os objetivos de organização, preservação e de garantia de amplo acesso pela coletividade’. A Lei nº 8.159/91, afirma, “impõe os limites de competência dos arquivos públicos segundo as respectivas esferas de atuação dos diferentes órgãos, isto é, federal, estadual, municipal e Distrito Federal. Resta saber, se a incidência de norma desse quilate retroage, para suportar a alteração das situações de fato anteriores, como a do caso em tela. Essa questão não é simples, mas é capaz de motivar as mais profundas e acirradas indagações de ordem legal e doutrinária” (CONARQ, Ata da 5ª reunião – 21 de maio de 1996 – grifo nosso).
A conselheira Célia Maria Leite Costa (CPDOC-FGV) afirmou, ao considerar o
interesse do município pela preservação de sua memória local, ser esta questão “de ordem
política e não de ordem técnica” (CONARQ, Ata da 5ª reunião – 21 de maio de 1996).
Muito mais do que uma indagação de ordem legal, doutrinária, técnica ou mesmo
política, a situação registrada na Ata indica as lacunas deixadas pela ausência de uma política
arquivística de alcance nacional. Indagações de ordem legal e doutrinária tendem a ganhar
214
destaque em um ambiente onde uma política pública de arquivos não foi ainda formulada e
implementada. Isto é, recorre-se à lei quando não há entendimento político.
Mas esse tipo de contradição não é atípico, nem exclusivo das reuniões do CONARQ.
Em 2003, Jardim dizia que a legislação e as políticas públicas andam juntas e se influenciam
mutuamente e que muitas vezes são os processos políticos que ocasionam o surgimento de
alternativas legais.
A idéia de que a legislação arquivística normaliza e controla as políticas públicas no campo dos arquivos sinaliza equivocadamente a perspectiva de que estes territórios são, no mínimo, paralelos. Políticas públicas são exercidas num território de divergências e de tentativas de convergências. Podem e devem ser balizadas pela lei, mas não são integralmente ‘controladas’ naquilo que constitui a dinâmica própria do jogo político democrático (JARDIM, 2003, p. 38).
Aspectos legais, doutrinários, técnicos e políticos são elementos distintos, mas formam
uma única realidade.
Ainda na 5ª reunião e Ata, o Conselheiro Pedro Paulo Lemos Machado, do MARE,
lembra que a instituição que custodiar o acervo terá que dispor, além de instalações adequadas
e de corpo técnico especializado, uma “dotação orçamentária” compatível com a preservação
e o acesso do acervo em disputa. Antes de se encerrar a discussão, o próprio CONARQ
registra o aumento no número de solicitações de assistência técnica vindas de municípios
brasileiros, preocupados com a preservação de sua memória, o que pode ser interpretado
como um sinal da crescente expectativa social de uma Política Nacional de Arquivos, cuja
formulação acaba por ser sempre postergada.
Em 1997, três anos após a instituição do CONARQ, na Ata da 10ª reunião do
CONARQ de 4 de dezembro de 1997, ao discutir-se a questão dos documentos do judiciário, a
Conselheira Maria das Graças Nascimento, do STF, disse que “o presidente do STF está
sensível à questão documental e tem demonstrado toda a sua preocupação com a preservação
215
dos documentos” ao mesmo tempo em que a Conselheira Angela Castro Gomes, da SBPC,
propôs que o Fórum Nacional sobre Arquivos do Poder Judiciário desenvolva uma reflexão
“sobre o que é a própria Política Nacional de Arquivos”, sinalizando que a Política Nacional
de Arquivos, na interpretação do Poder Judiciário, no mínimo, não estava bem definida. Mais
uma vez, sinaliza-se para a inexistência da Política Nacional de Arquivos e, paradoxalmente,
para a necessidade premente de sua formulação e implementação.
Mais tarde, na 12ª reunião, em 12 de agosto de 1998, o presidente do CONARQ
ressaltou que os pareceres sobre assuntos específicos produzidos individualmente pelos
conselheiros seriam fundamentais para consolidar “progressivamente, a Política Nacional de
Arquivos”. A fala do presidente do CONARQ permite deduzir que, de um lado, a Política
Nacional de Arquivos já havia sido formulada e implementada e que era preciso, então,
apenas consolidar essa política e, de outro lado, que pareceres individuais de conselheiros
fariam parte de uma Política Nacional de Arquivos. Uma política nacional pode ser
consolidada a partir dos pareceres individuais?
Em 11 de junho de 2001, conforme consta da Ata da 21ª reunião do CONARQ, o
presidente do CONARQ afirmou que a terceirização dos serviços de arquivos públicos não
encontra amparo legal, e que, para afirmar isso, baseou-se nos “aspectos legais vigentes, não
só da norma constitucional como dos dispositivos regulamentadores da Política Nacional de
Arquivos”. Deduz-se que, para o presidente do CONARQ, a Política Nacional de Arquivos
era uma realidade em junho de 2001.
Passados seis meses, na Ata da 23ª reunião do CONARQ, de 10 de dezembro de 2001,
ao apresentar os novos membros da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, o presidente
do CONARQ agradeceu aos conselheiros
[...] a colaboração relevante que vêm prestando para a construção da Política Nacional de Arquivos, criando instrumentos legais, visando à preservação da documentação de interesse, não só para a nossa história como também para a administração pública, garantindo a
216
defesa dos direitos do cidadão e a preservação do patrimônio documental do nosso país (CONARQ, Ata da 23ª reunião, 10 de dezembro de 2001).
Da forma como está registrada a manifestação do presidente, subentende-se que a
Política Nacional de Arquivos, no fim de 2001, estava em construção e que instrumentos
legais criados então seriam elementos importantes dessa construção, o que não confere com o
dados recolhidos.
Na Ata da 26ª reunião do CONARQ, de 3 de julho de 2002, sete anos e meio após a
instituição do CONARQ, consta que a Plenária discutiu sobre a “alteração da estrutura e
funcionamento do CONARQ, transformando-o em órgão político, visto que suas funções
técnicas foram concluídas.” O entendimento do presidente era que o CONARQ, ao ser
transformado em órgão político e deixar de ser vinculado ao Arquivo Nacional, passando a ser
vinculado à Casa Civil da Presidência da República, sairia fortalecido como “órgão político e
não técnico, na definição e implementação da Política Nacional de Arquivos.” Depreende-se
de tal proposta que, para o seu presidente, o CONARQ não formulara a Política Nacional de
Arquivos por não ser um órgão político e por estar vinculado ao Arquivo Nacional. Contrária
à proposta, a conselheira Maria Odila Fonseca, da Universidade Federal Fluminense,
ponderou que “o Conselho cumpre sua finalidade na definição da Política Nacional de
Arquivos, demonstrada pela edição de vários decretos e resoluções”. O Presidente do
CONARQ propôs então que o plenário estudasse a questão e que voltasse à discussão. Não foi
localizado nas atas analisadas qualquer registro de retomada da discussão. Mais uma vez, as
atas do CONARQ não revelam o desfecho para uma matéria de relevância como essa. Fica-se
sem saber se os estudos propostos pelo presidente foram realizados. E, em caso de terem sido
realizados, quais as conclusões que tais estudos chegaram.
Na Ata da 30ª reunião do CONARQ de 20 de maio de 2003, o presidente do
CONARQ, ao tratar do Decreto nº 4.553, de 2002, que dispõe sobre a salvaguarda de dados,
217
informações, documentos e materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do
Estado, no âmbito da Administração Pública Federal, e dá outras providências, diz que entre
as competências do Conselho está a de propor ao Chefe da Casa Civil da Presidência da
República “normas legais necessárias ao aperfeiçoamento e à implementação da Política
Nacional de Arquivos públicos e privados”. O uso do termo “aperfeiçoamento” sugeriria que
a Política Nacional de Arquivos já havia sido formulada, faltando, apenas, ser implementada.
Isso não confere com o que foi constatado nesta pesquisa. E, se o estudo das atas do
CONARQ indica que a Política Nacional de Arquivos não foi formulada, resta buscar nas
resoluções emitidas alguma pista, nesse sentido.
6.1.1.3 As resoluções do CONARQ
Entre 1995 e 2005, o CONARQ produziu vinte e duas resoluções, mas nenhuma
refere-se à preservação ou à Política Nacional de Arquivos.
No Quadro 16, consta a quantidade de vezes que as palavras-chave pesquisadas foram
registradas nas resoluções do CONARQ em cada ano. Os algarismos entre parênteses indicam
o número de resoluções produzidas no ano.
Quadro 16 Totalização das expressões pesquisadas nas Resoluções do CONARQ
1995 (3)
1996 (2)
1997 (4)
1998(0)
1999(3)
2000(0)
2001 (2)
2002(1)
2003 (4)
2004 (2)
2005 (1)
Total
Preserva (cão/do/da)
5
0
0
0
0
0
0
0
2
8
0
15
Polític (o/a) 0 0 1 0 0 0 3 0 1 2 1 8 Totais 5 0 1 0 0 0 3 0 3 10 1 23
Fonte: O autor. Em dois anos (1998 e 2000), nenhuma resolução foi emitida pelo CONARQ. Das 22
resoluções produzidas entre 1995 e 2005, seis resoluções foram revogadas, as de no 4, 8, 9,
218
11, 12 e 18. Em 2005, portanto, vigoravam 16 resoluções, sendo que a Resolução no 15
apenas revogava a Resolução no 9.
Quadro 17 Apresenta os assuntos das resoluções do CONARQ em vigor
Dispõe sobre Quantidade Resolução Código de Classificação de Documentos e Tabela de Temporalidade 3 no 1, 14, 21 Eliminação de documentos 2 no 5, 7 CONARQ 2 no 3, 16 Transferência e recolhimento de acervos 1 no 2 Terceirização de serviços arquivísticos 1 no 6 Microfilmagem (sinaléticas ISO) 1 no 10 Política municipal de arquivos, construção de arquivos e websites 1 no 13 Arquivos privados 1 no 17 Documentos digitais 1 no 20 Avaliação de documentos de instituições de saúde 1 no 22 Documentos de empresas desestatizadas 1 no 19 Revoga resolução 1 no 15 Total 16
Fonte: O autor. Assim, entre as 22 resoluções emitidas pelo CONARQ em 11 anos de atuação,
nenhuma dispôs, especificamente, sobre preservação, seja da informação arquivística, sentido
amplo, seja da informação arquivística governamental, apesar de o tema “preservação” ter
sido freqüente nas reuniões plenárias do CONARQ.
Esta pesquisa teve acesso ainda a um documento denominado Relatório de Gestão
1994-2004, produzido pelo CONARQ no qual consta um breve histórico do CONARQ, as
suas competências, a sua composição e as suas principais atividades. De acordo com esse
relatório, o CONARQ realizou 35 reuniões plenárias, produziu 22 resoluções, elaborou e
apresentou para sanção presidencial 7 Decretos e 3 Projetos de Lei, promoveu 14 cursos,
seminários e mesas-redondas, editou diversas publicações e desenvolveu vários projetos,
convênios e exposições, mas não formulou ou instituiu a Política Nacional de Arquivos.
Confirma-se, seis anos mais tarde, o que Jardim constatou em 1999: a atuação do
CONARQ continua privilegiando a sua dimensão técnica em detrimento de sua dimensão
política (JARDIM, 1999, p. 144), o que acaba refletido e expresso na inexistência da Política
219
Nacional de Arquivos e, como conseqüência, na fragmentação das intervenções de
preservação.
6.2 O ARQUIVO NACIONAL
O Arquivo Nacional é a mais importante e antiga estrutura arquivística pública do
país. Tem suas responsabilidades e competências expressas em lei. Desempenha um
importante papel como órgão irradiador de normas, procedimentos e diretrizes técnicas que
servem de parâmetro para arquivos públicos (e privados) em praticamente todas regiões do
país.
A preservação da informação arquivística produzida pelo Poder Executivo do governo
federal é competência do Arquivo Nacional, órgão subordinado à Casa Civil da Presidência
da República. O Arquivo Nacional tem como missão o recolhimento e a gestão dos
documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal, bem como o
acompanhamento e implementação da Política Nacional de Arquivos, na forma do disposto no
art. 2o do Decreto no 3.843, de 13 de junho de 2002, e de acordo com a Portaria no 42, de 8 de
novembro de 2002 e com o artigo 18 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
Atualmente, a estrutura organizacional do Arquivo Nacional16 é composta por:
Diretoria-Geral Gabinete da Diretoria-Geral
Coordenação de Gestão de Documentos - com a competência de prestar orientação técnica a órgãos e entidades da Administração Pública Federal quanto à implantação de programas de gestão, analisar códigos de classificação, tabelas de temporalidade e destinação de documentos.
16Disponível em: <http://www.arquivonacional.gov.br>. Acesso em: 23 dez. 2006.
220
Coordenação-Geral de Processamento e Preservação do Acervo com a competência de supervisionar e executar as atividades de tratamento técnico e preservação dos documentos sob sua guarda.
• Coordenação de Documentos Escritos • Coordenação de Documentos Audiovisuais e Cartográficos • Coordenação de Preservação do Acervo
Coordenação-Geral de Divulgação e Acesso à Informação Documental com a competência de realizar pesquisa histórico-culturais com vistas à divulgação do acervo, e promover atendimento a consultas de usuário.
• Coordenação de Pesquisa e Difusão Cultural; • Coordenação de Atendimento ao Usuário
Coordenação-Geral de Administração com a competência de supervisionar atividades de administração de recursos humanos, de recursos logísticos, de orçamento e finanças e de tecnologia da informação.
• Divisão de Recursos Humanos • Divisão de Recursos Orçamentários e Financeiros • Divisão de Recursos Logísticos • Divisão de Tecnologia da Informação
Coordenação Regional no Distrito Federal
Os dados coletados nos relatórios Anuais de Atividades do Arquivo Nacional entre
1995 e 2005 e sua respectiva análise possibilitaram conhecer, de uma maneira geral, as
atividades desenvolvidas pelo Arquivo Nacional no período, mas também possibilitou
identificar que tipo de dados e informações foi privilegiado pela instituição para constar de
seus relatórios anuais. A análise dos Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional teve por
objetivo conhecer a forma e o grau de relevância que têm a preservação da informação
arquivística (principalmente, aquela produzida, recebida e acumulada pelo Executivo federal
do Brasil) entre as suas múltiplas e variadas atividades, programas e projetos desenvolvidos
pelo Arquivo Nacional e relatados pela instituição. Foram analisadas as versões finais17 dos
Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional (às vezes, denominados Relatório Anual ou
Relatório de Gestão), ou seja, aquelas enviadas a estrutura administrativa a qual o Arquivo
17Conforme a assistente da direção-geral do AN, Maria Elisa Bustamante.
221
Nacional estava subordinado: o Ministério da Justiça (1995-1999), e à Casa Civil da
Presidência da República (2000-2005).
Optou-se por apresentar, inicialmente, um panorama geral dos relatórios, com os tipos
de estrutura utilizados e os principais elementos que os compõem18, para somente então expor
aquelas atividades e dados considerados relevantes para esta pesquisa. Tal panorama
possibilita que se tenha uma noção de todos os temas abordados nos relatórios, as
classificações adotadas e as alterações que a estrutura dos relatórios sofreu ao longo do tempo.
A configuração dos onze Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional analisados varia entre
as 3 páginas do relatório de 2000 e as 79 páginas do relatório de 1999, como também variam
as suas formatações e conteúdos.
Os relatórios de 1995 a 1999 repetem a estrutura descrita abaixo, com variações
mínimas. As atividades do Arquivo Nacional foram classificadas, nesses relatórios, em
Programas Institucionais, subdivididos em subprogramas, como segue.
1. POLÍTICA NACIONAL DE ARQUIVOS 1.1 Subprograma Coordenação do Conselho Nacional de Arquivos 1.2 Subprograma Sistema Nacional de Arquivos – SINAR 1.3 Subprograma Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio Documental
2. ASSISTÊNCIA TÉCNICA
3. GESTÃO DE DOCUMENTOS 3.1 Subprograma Gestão de Documentos Federais 3.2 Subprograma Avaliação e Seleção de Documentos 3.3 Subprograma Entrada de Documentos
4. ORGANIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DA INFORMAÇÃO 4.1 Subprograma Tratamento da Informação: arranjo e descrição 4.2 Subprograma Gestão de Depósitos
5. CONTROLE E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO 5.1 Subprograma Informatização do Arquivo Nacional 5.2 Subprograma Alimentação, Manutenção e Desenvolvimento de Bases
de Dados 5.3 Subprograma Atendimento ao Usuário
6. CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS
18Foram desconsiderados itens dos relatórios como Sumário, Apresentação, Introdução, Histórico da Instituição,
Missão etc.
222
6.1 Subprograma Preservação de Documentos 6.2 Subprograma Restauração e Desenvolvimento Técnico 6.3 Subprograma Reprodução de Documentos
7. PESQUISA, DIVULGAÇÃO E PROMOÇÕES CULTURAIS 7.1 Subprograma Pesquisa 7.2 Subprograma Editoração 7.3 Subprograma Divulgação
8. SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS 8.1 Subprograma Segurança, Manutenção e Melhorias das Instalações 8.2 Subprograma Ampliação da área de Estocagem 8.3 Subprograma Gestão de Recursos Humanos
Nos relatórios de 2000 e 2001, as atividades desenvolvidas pelo Arquivo Nacional
foram classificadas como “Ações Institucionais” da seguinte forma:
4. AÇÕES INSTITUCIONAIS 4.1 Preservação do Acervo (em 2000) e Preservação do Acervo Documental de
Interesse Público (em 2001) 4.2 Implantação de Sistema de Informações Arquivísticas 4.3 Capacitação de Recursos Humanos na Área de Informação Documental 4.4 Reaparelhamento do Arquivo Nacional 4.5 Sistema de Atendimento ao Usuário 4.6 Restauração do conjunto Arquitetônico Tombado 4.7 Divulgação do Acervo Documental
5. SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS
No item “5. Serviços Administrativos” do relatório de 2001, pela primeira vez foram
apresentados dados da execução financeira do Arquivo Nacional em uma tabela denominada
Execução Financeira. Por outro lado, o item intitulado “Política Nacional de Arquivos”,
existente nos relatórios dos quatro anos anteriores, não consta dos relatórios de 2000 e 2001.
Nos relatórios de 2002, 2003 e 2004, as atividades foram divididas em “Ações
Institucionais: projetos e atividades” e “Ações Administrativas”, e trouxeram de volta o item
“Política Nacional de Arquivos”.
2. AÇÕES INSTITUCIONAIS: PROJETOS E ATIVIDADES 2.1 Política Nacional de Arquivos 2.2 Gestão de Documentos 2.3 Preservação do Acervo Documental de Interesse Público
223
2.4 Divulgação do Acervo Documental 2.5 Sistema de Atendimento ao Usuário 2.6 Implantação de Sistemas de Informações Arquivísticas 2.7 Capacitação de Recursos Humanos na Área de Informação Documental 2.8 Restauração do conjunto Arquitetônico Tombado 2.9 Reaparelhamento do Arquivo Nacional
3. AÇÕES ADMINISTRATIVAS
Não há dados da Execução Financeira nos relatórios de 2002, 2003 e 2004. Os dados
financeiros relatados se restringiram à cifra da dotação orçamentária total e à menção de três
decretos e seus respectivos valores de crédito suplementar.
O Relatório de Atividades de 2005 é o primeiro relatório disponível no site do Arquivo
Nacional19. Neste relatório, todas as atividades desenvolvidas pelo Arquivo Nacional estão
relatadas sob o item “Programa 1030 – Democratização do Acesso à Informação Arquivística
Governamental” que, por sua vez, está subdividido em “Ações Institucionais Orçamentárias”
e “Ações Institucionais Não Orçamentárias” (o relatório não explica ou justifica essa
classificação), da seguinte forma:
2. OBJETIVOS E METAS
2.1 PROGRAMA: 1030 - DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA GOVERNAMENTAL
2.1.1 - Ações Institucionais Orçamentárias Ação: 2810 – Preservação do acervo nacional Ação: 4900 – Capacitação de recursos humanos na área de informação documental Ação: 4282 – Sistema de atendimento ao usuário Ação: 2272 – Gestão e administração do programa
2.1.2 – Ações Institucionais Não Orçamentárias
2.1.2.1 – Política Nacional de Arquivos 2.1.2.2 – Gestão de documentos 2.1.2.3 – Divulgação do acervo documental 2.1.2.4 – Promoções de eventos
3. CONCLUSÃO.
19Disponível em: <http://www.portalan.arquivonacional.gov.br/Media/Relatoriodeatividades2005.pdf>. Acesso
em: 29 mar. 2007.
224
6.2.1 O relato das atividades
Em linhas gerais, considerando-se as estruturas dos relatórios acima, percebe-se que a
Política Nacional de Arquivos aparece como “programa institucional” ou como “ação
institucional” do Arquivo Nacional e o CONARQ como um subprograma dessa política. Não
há qualquer explicação ou justificativa sobre a adoção dessa classificação. Os relatórios do
AN consideram a preservação como uma das linhas de ação do Arquivo Nacional, cujas
atividades contemplam da “restauração, encadernação, microfilmagem e reprodução
fotográfica” a “pesquisas técnico-científico” em química, entomologia e microbiologia. Não
há qualquer menção à dimensão política da preservação.
Ao estudar cada um dos relatórios anuais do Arquivo Nacional algumas
particularidades sobressaem.
No relatório de 1995, o Sistema Nacional de Arquivos – SINAR aparece como um
subprograma. No entanto, ao ler o respectivo texto, percebe-se que todas as atividades
relatadas como do SINAR se referem a atividades do CONARQ, apesar deste constar em item
próprio no relatório. Entre as atividades do SINAR consta, por exemplo, resoluções e
normas20 que foram produzidas pelo CONARQ ou por suas Câmaras Técnicas. Tais
resoluções e normas emitidas pelo CONARQ foram consideradas pelo relatório como de
“significativa importância para a Política Nacional de Arquivos”. (ARQUIVO NACIONAL,
Relatório de Atividades de 1995, p. 1/40)21 Entretanto, o relatório não explica ou justifica por
20Resoluções no 1, 2 e 3 e Código de Classificação e Tabela de Temporalidade da Atividade-meio da
Administração Pública. 21Os Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional, disponibilizados para esta pesquisa, têm duas numerações
de páginas: a original, impressa, iniciada a cada relatório; e uma atribuída posteriormente, manuscrita, e que numera em seqüência contínua todas as páginas de todos os relatórios (1995 a 2005) de 1 a 348. Optou-se, neste trabalho, fazer referência às duas numerações separadas por uma barra, onde o primeiro algarismo é o da página original e o segundo, a numeração atribuída posteriormente à subsérie arquivística.
225
que o CONARQ aparece sob a rubrica do SINAR, nem por que essas resoluções e normas
foram consideradas de “significativa importância” para a Política Nacional de Arquivos.
O relatório de 1996 afirma que o Arquivo Nacional é um “agente de modernização da
máquina administrativa do Estado, com ênfase na organização da documentação
governamental”, nos “direitos da cidadania” e no “acesso e democratização da informação”
com competência para implementar a “política arquivística do Governo Federal”. Segundo o
relatório, para implementar tal política, o Arquivo Nacional teria “amparo legal para
desenvolver amplo programa de ação técnica junto aos órgãos e entidades da Administração
Pública Federal” para orientar no gerenciamento de seus arquivos. Mais adiante, o relatório
registra que o Arquivo Nacional tem, como a sua primeira linha de ação, a “interveniência
técnico-normativa no acompanhamento da Política Nacional de Arquivos”. Duas observações
emergem: (1) o uso da expressão “acompanhamento da Política Nacional de Arquivos” sugere
que essa política já existia então, necessitando apenas ser acompanhada. Como se tem tentado
demonstrar, ainda hoje não há uma Política Nacional de Arquivos; (2) o relatório não faz
qualquer distinção conceitual entre a chamada “política arquivística do Governo Federal” e a
Política Nacional de Arquivos, o que torna inevitável questionar se são políticas diferentes ou
não.
Ao detalhar as atividades desenvolvidas em 1996 pelo “Programa Política Nacional de
Arquivos”, o relatório ratificou que “as ações com vistas à consolidação da Política Nacional
de Arquivos deverão ser emanadas do Conselho Nacional de Arquivos”. Informou que a
Câmara Técnica de Conservação de Documentos do CONARQ produziu em 1996 o texto
“Recomendações para a Construção de Arquivos” e que o Projeto Conservação Preventiva de
Documentos proporcionou “Assistência técnica para a preservação de acervos documentais de
18 instituições públicas”. No item sobre o “Programa Conservação de Documentos”, além das
atividades rotineiras típicas da área, consta a tradução, revisão e editoração de 52 textos, a
226
construção de um banco de dados e o planejamento de cinco seminários regionais para a
disseminação do conhecimento de preservação.22
Nos relatórios de 1997 e de 1998 não foram percebidos quaisquer fatos que
justificassem uma menção nesta tese.
O relatório de 1999, denominado de Relatório de Gestão, foi o primeiro a se referir a
um Plano Plurianual para informar que as ações e projetos implementados pelo Arquivo
Nacional e pelo Conselho Federal de Arquivos estavam inseridos em quatro Programas do
Plano Plurianual do Governo Federal:
• Programa Brasil Patrimônio Cultural;
• Programa Relações do Brasil com Estados Estrangeiros e Organizações
Internacionais;
• Programa de Apoio Administrativo;
• Programa Previdência de Inativos e Pensionista da União.
Em todos os onze relatórios analisados, esta foi a única menção feita ao Programa
Brasil Patrimônio Cultural. No item sobre a Política Nacional de Arquivos, informa-se que o
CONARQ funciona
[...] por intermédio de suas Câmaras Técnicas, Comissões Especiais e Grupos de Trabalho que, após examinarem as questões que lhes são propostas, elaboram e submetem ao Plenário do Conselho minutas de decretos, resoluções, instruções normativas e outros instrumentos de trabalho que viabilizam as atividades arquivísticas (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 1999, p. 3/146).
O relatório de 1999 considera como parte da Política Nacional de Arquivos as
“atividades desenvolvidas pelo CONARQ” os “estudos sobre a definição de estratégias para a
institucionalização e implantação de arquivos municipais e estratégias para a criação e
22Estas foram atividades do Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos – CPBA, fruto da
cooperação interinstitucional entre o Arquivo Nacional, FUNARTE, Fundação Getulio Vargas, com financiamento da Fundação Vitae, do Brasil e a The Andrew Mellon Fundation e a Commission on Preservation and Access, dos Estados Unidos.
227
implantação de arquivos do Poder Judiciário”, com vista à modernização dos arquivos
públicos integrantes do SINAR (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 1999,
p. 3/146). Em relação à preservação, as atividades relatadas são as de rotina técnica, como
microfilmagem, restauração, encadernação, desenvolvimento de papéis e implantação de
controle ambiental. Na conclusão do relatório, o diretor-geral do Arquivo Nacional informa
que o CONARQ, por meio de suas Câmaras Técnicas e Comissões Especiais, produziu “uma
série de instrumentos normativos que vêm contribuindo, progressivamente, para a
consolidação de uma Política Nacional de Arquivos no país”, o que, novamente, sugere a
existência de tal política. Informa ainda que o Arquivo Nacional tem investido na sua
homepage para que ela se transforme em instrumento de disseminação de informações e de
prestação de serviços na intenção de que “os serviços arquivísticos de todos os Ministérios,
nos informem, via WEB, dados estratégicos sobre os acervos públicos por eles gerados e
custodiados, facilitando assim o acesso às informações fundamentais para a consolidação da
política federal de arquivos.” Frisa que outra estratégia importante para a “consolidação de
uma política de governo na área de gestão documental” é tornar obrigatório o preenchimento
anual, “via WEB”, do Cadastro Nacional de Arquivos Federais. Mesmo assim, o diretor-geral
do AN reconhece, nesse relatório, que estudos para viabilizar a contratação de serviços na
área de informática não foram desenvolvidos, entre outros fatores, por questões
orçamentárias, e que o Arquivo Nacional é a “menor unidade orçamentária do Ministério da
Justiça” (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 1999, p. 10/152, 11/153).
Em 2000, o Arquivo Nacional passou a integrar a estrutura administrativa da Casa
Civil da Presidência da República. No relatório de atividades desse ano, a preservação do
acervo é considerada como uma atividade que “visa à gestão de documentos junto aos órgãos
e entidades do Poder Executivo Federal, objetivando o planejamento e controle” (ARQUIVO
NACIONAL, Relatório de Atividades de 2000, p. 9/215 – grifo nosso) das atividades de
228
produção, tramitação, avaliação, arranjo, descrição e conservação do acervo. Ao
explicitamente incluir a preservação como uma atividade da gestão de documentos, o relatório
acaba reforçando o argumento defendido nesta tese de que a preservação é um dos
procedimentos da gestão de documentos, ainda que na Lei no 8.159 conste de modo diferente.
Ainda no relatório do AN de 2000, registra-se que o Plano Diretor da Informática e a
contratação de serviços de informática novamente não foram realizados por “insuficiência
orçamentária”. Em relação ao CONARQ, este é citado uma única vez no relatório para
informar sobre a publicação de dois livros: Recomendações para a construção de arquivos,
produzido pela Câmara Técnica de Conservação de Documentos do CONARQ, e Subsídios
para Implantação de uma Política Municipal de Arquivos: o arquivo municipal a serviço dos
cidadãos, aprovado e distribuído pelo CONARQ como uma “estratégia para a divulgação do
tema junto às Prefeituras e Câmaras de Vereadores dos mais de 5.507 municípios brasileiros,
visando à criação de instituições arquivísticas públicas municipais” (ARQUIVO
NACIONAL, Relatório de Atividades de 2000, p. 2/216). No relato sobre a ação institucional
“Reaparelhamento do Arquivo Nacional”, registra-se a “insignificância da dotação
orçamentária inicialmente atribuída”, o que impediu a aquisição do mobiliário e equipamentos
necessários, somente realizada posteriormente com o “remanejamento de recursos
orçamentários”. O relatório se encerra dizendo que, em 2000, foi destinado ao AN um
“orçamento reduzido em 12,62% em relação às necessidades apresentadas” (ARQUIVO
NACIONAL, Relatório de Atividades de 2000, p. 3/217). Aqui, fica claro, primeiramente, a
importância dos recursos orçamentários para o alcance dos objetivos traçados, e depois, que
esses recursos, em 2000, não foram suficientes para o desempenho pretendido.
229
O Relatório de Gestão de 2001 apresenta diversos e variados dados orçamentários e
financeiros, traz o quadro de funcionários da instituição23 e relaciona as ações institucionais
do Arquivo Nacional ao Plano Plurianual 2000-2003. Na Ação Preservação do Acervo
Documental de Interesse Público, o relatório assinala que “os recursos investidos priorizaram
a renovação dos equipamentos do laboratório de microfilmagem e a implantação de um
laboratório de digitalização de imagens” e alerta que os “dados físicos previstos para essa
atividade no PPA 2000/2003 foram subestimados quando este foi elaborado, em 1999”
(ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2001, p. 2/219).
Ou seja, em 1999, quando o PPA 2000/2003 foi concebido, previu-se preservar 9.500
documentos em 4 anos (de 2000 a 2003) a um custo total previsto para os 4 anos do PPA de
R$ 766.151,00 (setecentos e sessenta e seis mil cento e cinqüenta e um reais). Segundo o
relatório do Arquivo Nacional, apenas nos dois primeiros anos do PPA (2000 e 2001) foram
“preservados” 402.724 documentos, ou seja, 4.239 % a mais do que os 4.100 documentos
inicialmente previstos, para o que foram gastos R$ 946.262,00 (novecentos e quarenta e seis
mil duzentos e sessenta e dois reais), ou seja, 296,54% a mais do que os R$ 319.106,00
(trezentos e dezenove mil cento e seis reais) previstos. Se for considerado somente o ano de
2001, a discrepância dos números apresentados é ainda maior. Segundo o relatório, em 2001
foram “preservados” s 400.796 documentos, quando fora previsto a preservação de 2.100
documentos, o que significa que foram “preservados” 19.085 % a mais de documentos. Os
recursos financeiros inicialmente previstos para a preservação dos 2.100 documentos era de
R$ 263.478,00 (duzentos e sessenta e três mil quatrocentos e setenta e oito reais). Entretanto,
segundo o relatório, foram gastos R$ 246.958,83 (duzentos e quarenta e seis mil novecentos e
cinqüenta e oito reais e oitenta e três centavos), o que significa que foram utilizados cerca de
6,27 % a menos que o previsto. 23Segundo o relatório, em 2001, o Arquivo Nacional tinha 286 funcionários ativos (11 funcionários a menos que
em 2000), sendo 3 arquivistas, 11 técnicos de arquivo e 43 agentes administrativos. (ARQUIVO NACIONAL, 2001, p. 13-15).
230
Repetindo, em síntese, no ano de 2001, o AN previu que seriam “preservados” 2.100
documentos ao custo de R$ 263.478,00, mas foram “preservados” 400.796 documentos
(19.085% a mais do que o previsto) a um custo de R$ 246.958,83, isto é, R$ 16.519,17
(dezesseis mil quinhentos e dezenove reais e dezessete centavos) a menos do que o previsto.
Ou seja, o relatório informa que, em 2001, apesar de se ter “preservado” 398.696 documentos
a mais, gastou-se cerca de 6,27 % menos dinheiro do que o previsto.24
O alerta feito pelo Arquivo Nacional de que os dados “foram subestimados” minimiza
a questão, uma vez que a dimensão e a proporção das diferenças é muito grande, como
demonstram os números apresentados pelo relatório de 2001, sistematizados no Quadro 18.
Além disso, os relatórios do Arquivo Nacional são documentos públicos e para o consulente
comum que acessar tais relatórios essa circunstância permanecerá obscura.
Quadro 18 A ação “Preservação do Acervo Documental de Interesse Público” 2000 e 2001 no Plano Plurianual 2000-2003
Previsto Realizado Físico/Documentos Financeiro/Reais Físico/Documentos Financeiro/Reais
2000-2003 9.500 766.151,00 - -
1.928 699.303,17
2000
2.000
55.628,00 - 3,6 % + 1.157,10 %
400.796 246.958,83 2001
2.100
263.478,00 + 19.085 % - 6,27 %
402.724 946.262,00
2000-2001
4.100
319.106,00 + 4.239,20 % +296,54 % Fonte: O autor.
Ainda em 2001, o relatório salientou que o orçamento do Arquivo Nacional foi
suplementado com financiamentos via Mecenato obtidos por convênios entre o Ministério da
Cultura e a Associação Cultural do Arquivo Nacional – ACAN, o que permitiu a
informatização do AN e a “democratização do acesso às bases de dados do órgão e a
preservação dos originais” (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2001, p.
3/220) uma vez que o acesso aos documentos passaria a ser feito pelas reproduções
24A respeito desse assunto, ver a seção 7 desta tese.
231
microfilmadas e digitalizadas. Sem dúvida, essa é uma importante estratégia de preservação.
No entanto, os relatórios não informam se isso foi efetivamente alcançado, nem qual a
proporção do acervo está disponível para ser acessado por meio de reproduções
microfilmadas e digitalizadas.
O Relatório de Atividades de 2002 é rico em dados quantitativos sobre acesso,
consulta e divulgação do acervo, mas sintético sobre o orçamento financeiro, informando,
apenas, que a dotação orçamentária do Arquivo Nacional foi de R$ 30.329.545,0025 assim
distribuídos:
Atividades, projetos e operações especiais (Lei 10.407, 10/01/2002): R$ 4.495.647,00 Despesas com pessoal (Lei 10.407, 10/01/2002): R$ 7.860.898,00 Projeto de Modernização do Arquivo Nacional (Lei 10.502, 08/07/2002): R$ 15.600.000,00 Crédito suplementar, sem especificação (Decreto de 11/10/2002): R$ 160.000,00 Crédito suplementar para despesas com pessoal (Decreto de 27/12/2002): R$ 1.250.000,00 (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2002, p. 16/250)
As atividades relatadas na ação “Preservação do Acervo Documental de Interesse
Público” são todas intervenções técnicas rotineiras de conservação ou reprodução de acervo.
Em 2003, o Arquivo Nacional anuncia a criação do Sistema de Gestão de
Documentos de Arquivo da Administração Pública Federal – SIGA, mas duas informações
chamam atenção e, em conseqüência, duas questões se impõem. A primeira informação indica
que o Projeto Censo de Arquivos Brasileiros Públicos e Privados, vinculado à ação
institucional Gestão de Documentos, visa a
reunir informações quantitativas e qualitativas sobre a situação das instituições arquivísticas e seus acervos, permitindo a formulação de políticas de organização, preservação, avaliação e capacitação de
25Observou-se que a soma das parcelas e o total apresentado pelo Relatório do AN não conferem. A totalização
das parcelas que constam do relatório resulta em R$ 29.366.545,00, uma diferença a menos de R$ 963.000,00 (ARQUIVO NACIONAL, 2002, p.16/250).
232
profissionais, além de sugerir investimentos operacionais mínimos que viabilizem a implementação dessas políticas (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2003, p. 10/261).
Não há aqui uma coincidência, uma sobreposição e uma duplicação de esforços em
relação a uma possível Política Nacional de Arquivos, uma vez que o Censo refere-se a
arquivos brasileiros públicos e privados e visa a formular políticas de organização,
preservação e avaliação de documentos de arquivo?
A segunda informação está relatada na ação institucional “Promoção de Eventos”,
trata da realização da Reunião da Comissão Especial de Preservação da Memória da Ciência e
Tecnologia, da qual participaram as principais instituições de guarda e preservação de acervos
situadas no Rio de Janeiro com o “objetivo de apresentar proposta de política nacional de
preservação da memória da ciência e tecnologia” (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de
Atividades de 2003, p. 16/267).
Considerando que a ação Promoção de Eventos é uma das ações institucionais do
Arquivo Nacional; considerando que essa ação tem por “objetivo a realização de eventos
institucionais tanto interna como externamente, reforçando a imagem pública, na área
arquivística, e o diálogo da instituição com seus usuários”; e considerando-se que a produção
científica e tecnológica somente acontece institucionalmente, ou seja, não se produz ciência e
tecnologia no vácuo, mas em um organismo ou instituição, a proposta de “apresentar uma
política nacional de preservação”, novamente, não se sobreporia a uma Política Nacional de
Arquivos, que deveria dar conta dessas expectativas?
As duas situações são exemplos nítidos de possíveis ou potenciais problemas da área
provocados pelas lacunas deixadas pela não formulação e implementação da Política Nacional
de Arquivos.
233
Em 2004, é criado o Programa 103026 – Democratização do Acesso à Informação
Arquivística Governamental, o primeiro sob responsabilidade técnica, administrativa e
orçamentária exclusiva do Arquivo Nacional, sendo seu objetivo:
Garantir o pleno acesso à informação arquivística governamental com a finalidade de apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo e o cidadão na defesa dos seus direitos, bem como contribuir para a produção de conhecimento científico e cultural.
No entanto, não há uma única menção ou referência ao Programa 1030 no Relatório de
Atividades de 2004 do Arquivo Nacional.
Esse relatório destaca a implantação do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo
da Administração Pública Federal - SIGA, criado pelo Decreto no 4.915 de 12 de dezembro de
2003 que tem, entre outras finalidades, “preservar o patrimônio documental arquivístico da
administração pública federal”. O SIGA, da mesma forma que o CONARQ, é presidido pelo
diretor-geral do AN. Assim, três organismos passam a orbitar o Arquivo Nacional: o Sistema
Nacional de Arquivos – SINAR; o Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ e agora o
Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo da Administração Pública Federal – SIGA. Ou
seja, o órgão central do SINAR é o CONARQ. O CONARQ, por sua vez, é vinculado ao
Arquivo Nacional e presidido pelo diretor-geral do Arquivo Nacional que, em 2004, passa
também a presidir a Comissão de Coordenação do SIGA, do qual o Arquivo Nacional é
também o órgão central. Assim, o Arquivo Nacional centraliza poder e influência sobre os
três principais organismos existentes no Brasil para tratar da questão dos arquivos públicos
brasileiros. Essa concentração de poder é proficiente? Como fica o Arquivo Nacional no
centro dessas órbitas? Como visto anteriormente, o próprio diretor-geral do Arquivo Nacional,
na 26ª reunião do CONARQ, de 3 de julho de 2002, propôs a desvinculação do CONARQ ao
Arquivo Nacional, o que foi rejeitado pelo plenário. 26Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2007. p. 70.
234
O relatório de 2004 é rico em dados quantitativos sobre acesso, consulta e divulgação
do acervo (constam do relatório 26 atividades técnicas rotineiras de preservação), mas
sintético sobre o orçamento financeiro. Informa que a dotação orçamentária do AN em 2004
foi de R$ 21.665.939,00, assim distribuídos:
Atividades, projetos e operações especiais (Lei 10.837, 16/01/2004): R$ 9.000.000,00 Despesas com pessoal (Lei 10.837, 16/01/2004): R$ 11.686.640,00 Crédito suplementar para despesas com pessoal inativo e pensionistas (Decretos de 25/10/2004 e 16/12/2004): R$ 979.299,00 (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2004, p. 35/315)
Neste item, o relatório de 2004 informa ainda que a Lei no 11.010, de 17 de dezembro
de 2004 aprovou um “crédito suplementar no valor de R$ 113.000,00, sendo o mesmo
remanejado da atividade Preservação do Acervo, para reforçar os auxílios alimentação e
transporte aos servidores do Arquivo Nacional.”. Essa decisão exige que se pergunte quais os
critérios que levaram a essa escolha e decisão? Por que a rubrica escolhida foi a de
Preservação do Acervo? Isso significa que há excesso de recursos para a preservação ou então
que os acervos do Arquivo Nacional estão todos preservados?27
O Relatório de Atividades de 2005 inova ao classificar as ações institucionais do
Programa 1030 – Democratização do Acesso à Informação Arquivística Governamental em
Ações Institucionais Orçamentárias e Ações Institucionais Não Orçamentárias. A primeira das
ações institucionais orçamentárias relatada é a Ação 2810 – Preservação do Acervo Nacional,
onde consta que a ação “reúne uma série de atividades que visam criar condições técnicas que
permitam disponibilizar os documentos à consulta pública, viabilizar o acesso às informações
e garantir a preservação do acervo custodiado pelo Arquivo Nacional.” O relatório considera
como “atividades técnicas de processamento e preservação”:
27A respeito desse aspecto, ver a seção 7 desta tese.
235
• a organização e tratamento arquivístico de documentos textuais, cartográficos, iconográficos, sonoros e de imagens em movimento;
• o monitoramento ambiental nos depósitos de guarda; • a higienização e a conservação preventiva do acervo; • a restauração e a encadernação de documentos; • a produção de negativos e ampliações fotográficas; • a reprodução de documentos textuais e audiovisuais; • a digitalização e a microfilmagem do acervo; • a guarda e a preservação de matrizes e de microfilmes de
segurança; • o desenvolvimento de estudos e pesquisas nas áreas de
entomologia, microbiologia, química, e na produção de papéis especiais, aplicáveis à conservação de documentos
(ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2005, p. 1/318).
Segundo o relatório, os investimentos em 2005 na Ação 2810 – Preservação do
Acervo Nacional priorizaram a execução de serviços especializados, que foram contratados
com recursos do Projeto de Cooperação Técnica entre o Governo Brasileiro e a Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura – UNESCO, mas alerta que
Em razão da mudança de metodologia para a contratação de serviços via UNESCO, alguns serviços sofreram solução de continuidade, que resultou no não atingimento da meta prevista no PPA, notadamente aqueles voltados para o preparo, a microfilmagem e digitalização de documentos (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2005, p. 2/319).
Mesmo assim, os dados são realistas e proporcionais, o que não ocorreu em 2001,
como visto. Em 2005, estavam previstas a preservação de 245.233 unidades documentais,
tendo sido preservadas 220.141 unidades (89,77% do previsto), ao custo de R$ 892.244,00
(oitocentos e noventa e dois mil duzentos e quarenta e quatro reais), 92,75% do total previsto
de R$ 961.956,00.
Apesar de a Política Nacional de Arquivos e as atividades do CONARQ estarem
relatadas em “Ações institucionais não orçamentárias”, o relatório informa que a Ação 2272 –
236
Gestão e Administração do Programa28 tem a finalidade de assegurar as condições mínimas
para a manutenção e o funcionamento satisfatório do Arquivo Nacional e dar “suporte
financeiro para que sejam empreendidas atividades de suma importância para a instituição
como as executadas pelo Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ, seu Plenário e suas
Câmaras Técnicas e Setoriais;” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 13/330). Esta foi a única
referência encontrada em todos os estudos feitos e documentos analisados nesta pesquisa que
menciona a necessidade de suporte financeiro para as atividades do CONARQ.
Por fim, o relatório registra que o total da dotação orçamentária do AN em 2005 foi de
R$ 26.109.779,0029 assim distribuídos:
Dotação orçamentária (Lei no 11.100 de 25/01/2005): R$ 25.092.544,00 Crédito suplementar para remuneração de pessoal (Decreto de 26/10/2005): R$ 1.015.000,00 Crédito suplementar para remuneração de pessoal (Decreto de 03/11/2005): R$ 1.832,00 (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2005, p. 13/330 e p. 14/331)
Mais uma vez, ressente-se a falta de detalhes sobre a destinação e aplicação de verbas
orçamentárias públicas recebidas pela instituição. Isto é, os relatórios de atividades do AN são
parcimoniosos nesse sentido, o que dificulta, paradoxalmente, o acesso a esse tipo de
informação, tanto por parte do pesquisador como do cidadão/contribuinte.
De qualquer forma, a análise das atas e resoluções do CONARQ e dos relatórios de
atividades do AN possibilitou que se construísse um conjunto de observações, gerais e
específicas, inter-relacionadas, retomadas aqui em vista de sua relevância para esta tese.
28Mesmo não estando explícito no relatório, é possível se deduzir que a Ação 2272 refere-se à gestão e
administração do Programa 1030 – Democratização do Acesso à Informação Arquivística Governamental que encerra e engloba todas as atividades do AN desenvolvidas em 2005 e apresentadas no respectivo Relatório de Atividades.
29Novamente, há um erro na soma, pois o total das parcelas apresentadas resulta em R$ 26.109.376,00, uma diferença de menos R$ 403,00 (ARQUIVO NACIONAL, Relatório de Atividades de 2005, p. 13/330 e p. 14/331).
237
O uso persuasivo da linguagem e da retórica é um componente clássico no universo
que envolve escolhas e decisões políticas. Embora essa maneira de se posicionar na arena
política não seja necessariamente improdutiva, é preciso considerar que os discursos carregam
consigo doses de conteúdo ideológico que, muitas vezes, acabam por contaminar as próprias
ações que se está discutindo. Isso foi constatado nas atas do CONARQ quando diversas vezes
as falas sugerem a existência de uma Política Nacional de Arquivos, muitas vezes referindo-se
a ela como se efetivamente existisse. De fato, na ausência de tal política, o CONARQ acaba
por desenvolver uma espécie de assistencialismo técnico, tratando de questões específicas, o
que, em conseqüência, contamina e dificulta a formulação da Política Nacional de Arquivos.
Um dos mais recentes reflexos dessa circunstância é a Carta de Preservação do
Patrimônio Arquivístico Digital, produzida antes e à revelia da Política Nacional de Arquivos.
A Carta privilegia o documento arquivístico digital, desconsiderando que a questão da
preservação dos documentos convencionais/analógicos não é uma questão resolvida no Brasil.
A iniciativa da Câmara Técnica do CONARQ que formulou a referida carta é elogiável. Essa
era e é a sua competência, e o papel regimentar assumido foi cumprido. O problema é que
uma ação desse tipo, com um razoável grau de visibilidade e glamour, tende a se sobrepor à
lacuna deixada pela inexistência da Política Nacional de Arquivos, desviando a atenção e
esforços para outras ações e confirmando a preferência do CONARQ por ações de sentido
assistencialista, acima referido. Continua-se, dessa forma, preso a estratégias do tipo “apaga
incêndio” com prejuízo dos debates e esforços para a formulação da Política Nacional de
Arquivos que contemple documentos de todos os tipos, independentemente dos suportes ou
técnicas de produção.
Em relação ao Arquivo Nacional, o estudo dos relatórios de atividades da instituição
também provocou alguns estranhamentos.
238
A preservação aparece referida apenas aos tipos de intervenções técnicas adotadas e à
quantificação dos itens tratados. Os relatórios não registraram, explicitamente, relações entre
as ações de preservação de acervo desenvolvidas com diretrizes políticas ou com políticas
públicas arquivísticas. Raras foram as referências aos programas que constam do Orçamento
Geral da União e que são levados em conta no momento da destinação de recursos
orçamentários, inclusive para a preservação, especificamente. Com exceção dos relatórios de
1995 e 1996, em todos os demais há um item denominado “Conclusão” ou “Considerações
Finais”30, nos quais o diretor-geral do Arquivo Nacional relata, na primeira pessoa do
singular, suas impressões sobre as atividades institucionais desenvolvidas. Em três dos onze
relatórios (1997, 1999 e 2000), produzidos com o Arquivo Nacional ainda sob a hierarquia do
Ministério da Justiça, o diretor-geral do AN fez menção à insuficiência dos recursos
orçamentários destinados à instituição. A partir de 2001, quando o AN encontrava-se já
plenamente estabelecido na estrutura administrativa da Casa Civil, as menções sobre as
carências orçamentárias do Arquivo Nacional no item “Conclusão” nos cinco relatórios do
período (2001, 2002, 2003, 2004 e 2005) desapareceram.
Nesse sentido, algumas questões tomaram forma no decorrer da análise. Ainda que
não se tenha a pretensão de responder especificamente a cada questão, as dúvidas que
suscitaram acabaram confirmando o acerto na adoção da estratégia metodológica de
entrevistas.
Assim, indaga-se:
• Para os conselheiros do CONARQ a Política Nacional de Arquivos existe? Se
existe, o que é a Política Nacional de Arquivos? O CONARQ considera a Lei
8.159 que “Dispõe sobre a Política Nacional de Arquivos públicos e privados e dá
outras providências” a própria a Política Nacional de Arquivos?
30O item “Considerações Finais” do Relatório de 1997 está em branco.
239
• Se não há uma Política Nacional de Arquivos no Brasil, por que não há, após 13
anos da implantação do CONARQ? Propor a transformação do CONARQ em
órgão político desvinculado do Arquivo Nacional, significa que o CONARQ não
formulou a Política Nacional de Arquivos por que ser um órgão técnico e não
político? O CONARQ privilegiou as suas ações técnicas em detrimento de sua
atuação política?
• O CONARQ reconhece que sem a Política Nacional de Arquivos, a preservação da
informação arquivística, inclusive e principalmente, a produzida pelo Executivo
federal brasileiro, responsabilidade legal e direta do Arquivo Nacional, tende a não
ser devidamente preservada e acessada?
• Para o CONARQ, um conjunto múltiplo e variado de normas e regulamentações
pode ser considerado a Política Nacional de Arquivos? A Política Nacional de
Arquivos tem de necessariamente se plasmar em um texto legal específico? A
Política Nacional de Arquivos pode ser constituída por decretos e resoluções?
• É possível quantificar a preservação de acervos? O que é um “acervo preservado”?
• É possível conceber-se a preservação contínua e a longo prazo fora de uma política
pública de arquivo?
• O que mudou em relação aos recursos financeiros orçamentários do AN com a sua
subordinação à Casa Civil em 2001? Os recursos orçamentários destinados ao AN
foram considerados suficientes a partir de então?
As entrevistas realizadas com membros do CONARQ e do AN, cujas respostas estão
na próxima seção desta tese, trataram de buscar esclarecimentos para algumas dessas lacunas
e dúvidas.
7 AS ENTREVISTAS
Cada qual é livre para dizer o que quer, mas sob a condição de ser compreendido por aquele a quem se dirija. A linguagem é comunicação, e nada é comunicável se o discurso não é compreendido. Toda mensagem deve ser inteligível.
Jean Cohen, Structure du langage poétique
As entrevistas desta pesquisa foram realizadas na expectativa de conhecer a visão do
“lado de dentro” em relação às atividades e decisões tomadas nas respectivas instituições onde
os entrevistados atuavam e elucidar alguns aspectos levantados ao longo da pesquisa.
A entrevista é uma ferramenta própria da metodologia de pesquisa qualitativa que
possibilita avaliar, qualificar e confrontar as narrativas dos entrevistados com os documentos
estudados. Nessa circunstância, entende-se que a entrevista é um recurso essencial para o
levantamento de dados e de valores capazes de pôr à prova a hipótese formulada.
Haguette (1990, p. 75-76 apud RIBEIRO, 1992, p. 36) diz que
A entrevista pode ser definida como um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado. As informações são obtidas através de um roteiro de entrevista contando de uma lista de pontos ou tópicos previamente estabelecidos de acordo com uma problemática central e que deve ser seguida. O processo de interação contém quatro componentes que devem ser explicitados, enfatizando-se suas vantagens, desvantagens e limitações. São eles: a) o entrevistador; b) o entrevistado; c) a situação da entrevista; d) o instrumento de captação de dados, ou roteiro de entrevista. [...] deve-se ter em mente que nenhum dos elementos ‘faz sentido’ separado da totalidade. Cada um está em ‘relação’ a um outro. [...] a entrevista, como qualquer outro instrumento, está submetido aos cânones do método científico, um dos quais é a busca de objetividade, ou seja, a tentativa de captação do real, sem contaminações indesejáveis, nem da parte do pesquisador, nem de fatores externos que possam modificar aquele real original.
Se o método da entrevista proporciona, de um lado, contato direto entre o pesquisador
e seu interlocutor, possibilitando a obtenção de informações e elementos de reflexão ricos e
matizados, de outro, exige que o espírito teórico do pesquisador permaneça continuamente
241
atento, de modo que as suas intervenções provoquem reações que tragam elementos de análise
os mais fecundos possíveis (QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003, p. 192).
As entrevistas realizadas nesta pesquisa foram do tipo semidirigidas (ou semi-
estruturadas), reconhecidas como as mais usadas na investigação social. É semidirigida por
não ser inteiramente aberta, nem com grande número de perguntas precisas, mas sim
constituída de perguntas-guia, sem importar a ordem em que serão feitas (QUIVY;
CAMPENHOUDT, 2003, p. 192). Esse tipo de entrevista caracteriza-se pelo entrevistador
manter o controle do processo. A entrevista semi-estruturada aproxima-se, em linhas gerais,
segundo Powney e Watts, da entrevista clínica, pois ambas são orientadas para a resposta, isto
é, o investigador pautado “por questões ou hipóteses de investigação, tenta suscitar, à medida
que as entrevistas se desenrolam, a revelação que lhe permita testar as hipóteses que
formulou” (LESSARD-HÉBERT; GOYETTE; BOUTIN, 1994, p. 164).
Nesta tese, foram entrevistados cinco profissionais que tiveram participação nos
processos decisórios do CONARQ e/ou do Arquivo Nacional entre 1995 e 2005. São eles1:
• Jaime Antunes da Silva (JAS): presidente do CONARQ e diretor-geral do Arquivo
Nacional, com formação em História e em Arquivologia - Entrevista realizada em
14/11/2007, das 16h às 17h20 (80 minutos) na sede do Arquivo Nacional, no Rio de
Janeiro;
• Célia Maria Leite Costa (CMC): conselheira do CONARQ entre 1995 e 2006,
representando o Centro de Pesquisa e Documentação Histórica da Fundação Getulio
Vargas do Rio de Janeiro na quota das instituições que congregam profissionais que
atuem nas áreas de ensino, pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais. É
graduada em Serviço Social, especialista em Arquivos, mestre em Sociologia e
doutora em História Social. Atuou durante 30 anos no CPDOC-FGV e atualmente é
1As siglas entre parênteses reúnem as iniciais dos nomes dos entrevistados e identificam as falas citadas mais à
frente.
242
diretora técnica do Museu da Imagem e do Som do Estado do Rio de Janeiro – MIS -
Entrevista realizada em 21/11/2007, das 14h20 às 14h58 (38 minutos) na sede Lapa do
MIS, no Rio de Janeiro;
• Marilena Leite Paes (MLP): foi assessora do diretor-geral do Arquivo Nacional para a
implantação do CONARQ e atualmente é coordenadora da Coordenação de Apoio ao
CONARQ - COACO. Tem formação em Biblioteconomia e atuou como arquivista da
Fundação Getulio Vargas durante 38 anos - Entrevista realizada em 14/11/2007, das
14h05 às 15h31 (86 minutos) na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro;
• Ingrid Beck (IB): foi chefe do Laboratório de Conservação e Restauração do Arquivo
Nacional e coordenadora da Coordenação de Preservação do Acervo do Arquivo
Nacional até 2000 e é presidente da Câmara Técnica de Conservação de Documentos
do CONARQ desde 1995. É bacharel em Museologia, especialista em conservação e
restauração de documentos e mestre em Ciência da Informação - Entrevista realizada
em 13/11/2007, das 10h45 às 11h35 (50 minutos), em sua residência particular, no Rio
de Janeiro;
• Adriana Cox Hollós (ACH): foi chefe do Laboratório de Conservação e Restauração
do Arquivo Nacional, assistente da coordenadora e, mais tarde, coordenadora da
Coordenação de Preservação de Acervo do Arquivo Nacional. Atualmente é assistente
da Coordenação de Apoio ao CONARQ. É museóloga, especialista em Educação e
mestre em Memória Social - Entrevista feita em 22/11/2007, das 14h15 às 15h17 (62
minutos) na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
A escolha dos cinco entrevistados baseou-se na relevância e constância de sua
participação e atuação em ambos os organismos no período correspondente ao marco
temporal da pesquisa.
Dois dos entrevistados ocupam cargo de direção no CONARQ desde 1995:
243
• Jaime Antunes da Silva: presidente do CONARQ e diretor-geral do Arquivo Nacional;
• Ingrid Beck: presidente da Câmara Técnica de Conservação de Documentos do
CONARQ. Foi, também, Coordenadora da Preservação de Acervos do Arquivo
Nacional até o ano 2000.
O terceiro entrevistado, Célia Maria Leite Costa, atuou no CONARQ como
representante da sociedade civil, tendo sido o segundo conselheiro com maior freqüência2
(48,6%) nas reuniões plenárias do CONARQ. Marilena Leite Paes, o quarto entrevistado,
além de ter atuado como assessora da direção-geral do Arquivo Nacional para a implantação
do CONARQ e ser a coordenadora de Apoio ao CONARQ, participou em 37 das 39 reuniões
plenárias do CONARQ estudadas pela pesquisa, seja secretariando as reuniões, seja redigindo
as respectivas atas. O quinto entrevistado, Adriana Cox Hollós, coordenou a Preservação de
Acervos do Arquivo Nacional de 2000 a junho de 2007.
O tempo total das entrevistas foi de 5h26min de gravação, o que dá, em média, pouco
mais de uma hora (1h05min) por entrevistado. Foi produzido um roteiro norteador que desse
conta de encaminhar as questões concebidas para as entrevistas. No entanto, as perguntas
apresentadas não necessariamente foram as mesmas para todos os entrevistados. O roteiro
referido foi formado pelos seguintes tópicos3:
• CONARQ, Política Nacional de Arquivos e Preservação – as entrevistas iniciaram-
se procurando saber de quatro dos entrevistados (um dos entrevistados não havia
atuado no CONARQ) se, no seu entendimento, o CONARQ havia cumprido com a sua
finalidade de formular a Política Nacional de Arquivos. Solicitou-se uma avaliação do
papel do CONARQ em relação à preservação da informação arquivística contrapondo
que o CONARQ emitiu 25 resoluções, mas nenhuma sobre preservação.
2Para conhecer a freqüência dos conselheiros, ver o Quadro 14 na página 207 desta tese. 3As perguntas e a íntegra de cada uma das entrevistas encontram-se no Apêndice I desta tese.
244
• Preservação, políticas e gestão de documentos – solicitou-se que os entrevistados
comentassem sobre a relação entre preservação, políticas públicas e gestão de
documentos. Argumentou-se que a Lei no 8.159, de 1991, o Decreto no 4.915 (SIGA),
de 2003, e a mais recente Resolução do CONARQ, a de no 25, de 2007, não incluem a
preservação no conjunto de procedimentos e operações técnicas da gestão de
documentos e que é rara na literatura da área a relação entre preservação e políticas
públicas,
• Sobre “acervos preservados” – indagou-se dos dois especialistas em preservação
entrevistados qual o significado da expressão “acervo preservado”, informando que os
Relatórios de Atividades do AN e do OGU usam a expressão “acervo preservado” ou
“documento preservado” para se referirem aos resultados alcançados.
• O Arquivo Nacional e a preservação da informação arquivística do Executivo
federal – perguntou-se se o Arquivo Nacional cumpre com a sua finalidade
regimentar de preservar e dar acesso à informação arquivística do Executivo federal.
Solicitou-se uma avaliação da situação da informação arquivística do Executivo
federal brasileiro do ponto de vista de sua preservação, bem como sobre a mudança da
vinculação hierárquico-administrativa do Arquivo Nacional para a Casa Civil.
• Preservação, Arquivo Nacional e recursos orçamentários – solicitou-se aos
entrevistados que comentassem sobre os recursos orçamentários disponíveis para a
preservação dos acervos do Arquivo Nacional, indagando, por exemplo, se os recursos
eram suficientes. Teve-se ainda a oportunidade de solicitar o esclarecimento de
algumas lacunas e contradições existentes nos relatórios orçamentários estudados.
O recurso metodológico das entrevistas possibilitou conhecer o que pensam e dizem
sobre o problema da preservação da informação arquivística do Executivo federal alguns dos
mais importantes e ativos membros do CONARQ e do Arquivo Nacional. Possibilitou, ainda,
245
evidenciar alguns aspectos que confirmam a insuficiência nas ações do CONARQ e do
Arquivo Nacional para garantir a preservação e o acesso dos registros informacionais
arquivísticos produzidos pelo Executivo federal do Brasil.
A seguir, apresenta-se o que se obteve dos entrevistados: o que dizem e fazem; o que
dizem e não fazem e o que não dizem e fazem.
7.1 CONARQ, POLÍTICA NACIONAL DE ARQUIVOS E PRESERVAÇÃO
Quando perguntados se o CONARQ havia cumprido com a finalidade de formular a
Política Nacional de Arquivos, quatro dos entrevistados iniciaram suas respostas falando
sobre as funções, a produção e as principais características do Conselho Nacional de Arquivos
para, logo a seguir, manifestarem insatisfação em relação ao modo com que foi implantado o
CONARQ. Isto é, na visão dos entrevistados, o CONARQ teria sido concebido originalmente
como um órgão de natureza política, subordinado à Casa Civil, mas foi implantado com um
perfil predominantemente técnico, vinculado ao Arquivo Nacional. Ainda que essa
circunstância (contrária ao projeto original) não tenha impedido a instalação e o
desenvolvimento das atividades do CONARQ, dois dos entrevistados a consideram como um
dos motivos que levaram à não formulação da Política Nacional de Arquivos.
A visão era um Conselho Superior de Arquivos do qual participava o ministro-chefe da Casa Civil, e teria representantes dos ministérios, e dos tribunais, e dos outros, mas num nível político. [...] Isso não aconteceu, e aí [o CONARQ] virou um órgão técnico [...] Então, embora conscientes disso, nós tínhamos de fazer o besouro voar. Por que o besouro, na aerodinâmica do vôo, ninguém imagina que aquilo possa voar. Um treco redondo, asinha curta, barrigudinho, pesado... como é que aquilo balança a asa e voa? Nós tínhamos que fazer voar, de qualquer maneira, mesmo sabendo que o ideal era termos um órgão político. [...] Mas eu propus [à plenária do CONARQ, em 2003, que o
246
Conselho se desvinculasse do Arquivo Nacional] o CONARQ ser [um órgão “político”], por que eu acho que era o caminho, ainda acho que é o caminho. (JAS)
O CONARQ seria um órgão mais político, teria essa representação política, que é importantíssima. Com a secretaria-executiva e com as suas Câmaras etc., você faria a parte técnica. Esse é um sonho que eu também tenho. [...] Quer dizer, a cúpula ser mais política, depois você ter os órgãos mais técnicos. Teríamos órgãos técnicos. E esses órgãos produziriam os trabalhos técnicos. Aí sim, nós produziríamos uma política de alto nível para levar à plenária do CONARQ, que seria constituída dessas personalidades, que aí teriam uma penetração muito maior nos órgãos públicos. (MLP)
A vinculação do CONARQ ao AN é apontada como um dos elementos que tem
dificultado a atuação política do CONARQ e o seu desempenho na formulação da Política
Nacional de Arquivos. Essa questão volta à discussão quase oito anos depois da implantação
do CONARQ. O plenário não chega a uma conclusão, e o presidente propõe que se analise o
assunto e se volte a discuti-lo.4
O plenário resiste. Houve posições que achavam que podia ser um risco. Que bem ou mal, o CONARQ, subordinado ao Arquivo, tinha avançado em tantas coisas, que a sua desvinculação do Arquivo podia ser um risco. [...] Embora a vinculação do Conselho Nacional de Arquivos ao Arquivo Nacional seja uma excrescência normativa. (JAS)
Eu nunca vi com bons olhos essa vinculação. O Arquivo Nacional pode até ocupar a presidência do Conselho, como instituição cabeça do sistema, mas não do jeito que é, que a legislação vincula. (CMC)
Ainda sobre a estrutura hierárquica e subordinação administrativa do Conselho, a falta
de uma rubrica orçamentária exclusiva para o CONARQ é apontada também como um
problema. Transparece das falas que a inexistência de tal rubrica orçamentária determina a
falta de autonomia do CONARQ, com conseqüências em suas responsabilidades operacionais.
Ou seja, quando perguntados se o CONARQ havia cumprido com sua função regimentar de
formular a Política Nacional de Arquivos, argumenta-se que, se o CONARQ não tem
4Ata da 26ª reunião do CONARQ – 3 de julho de 2002.
247
orçamento e estrutura operacional próprios, não opera satisfatoriamente, isto é, não formula a
Política Nacional de Arquivos.
Talvez, seja... pegar o CONARQ e vincular à Casa Civil, à ministra, à ministra da Casa Civil e criar uma espécie de secretaria-executiva, com orçamento, com área de pessoal etc. [...] E aí você teria autonomia. [...] Eu acho, primeiro, o CONARQ não tem orçamento. Então, como é que você vai fazer um certo tipo de planejamento? Você conta com que? Tem que contar com a boa vontade do Arquivo que tem pela Lei a obrigação de nos dar assistência. Nós não temos quadro de pessoal. Os funcionários são do Arquivo Nacional colocado à disposição do CONARQ. (MLP)
E eu acho que nós temos de ter uma outra estrutura no CONARQ para trabalhar. Eu senti uma enorme dificuldade depois que eu saí do Arquivo Nacional para continuar trabalhando. Em vários momentos eu sugeri que a presidência [da Câmara Técnica de Conservação de Documentos] do CONARQ voltasse para uma pessoa de dentro do Arquivo Nacional [...] Eu poderia colaborar perfeitamente como membro da Câmara Técnica, mas, como presidente, não estando dentro do Arquivo, eu não tenho mais acesso a uma série de facilidades que eu tinha antes para levar esse trabalho à frente. [...] Eu acho que a estrutura não é adequada. Não é satisfatória. A gente não tem o apoio. Nós estamos realmente trabalhando com orçamento zero. É o meu e-mail, é o meu telefone, é o meu papel, é tudo meu, meu e dos meus colegas [de Câmara Técnica] [...] Se o CONARQ é nacional, ele deveria ter uma estrutura diferente, de não estar só com o apoio do Arquivo Nacional. (IB)
O CONARQ revelado nas principais falas dos entrevistados é o lócus da “não
formulação” da Política Nacional de Arquivos. Quando confrontados com a afirmação de que
o CONARQ não formulou a Política Nacional de Arquivos, as respostas insistem em justificar
a existência e atuação técnica do CONARQ, salientando as realizações do Conselho
(resoluções, normas, portarias, consultorias). No entanto, essa não é a questão. O que está em
pauta é a formulação da Política Nacional de Arquivos, conforme estabelecido em lei, sob a
qual estaria abrigada, entre outros elementos, a preservação contínua da informação
arquivística governamental. No Brasil, certo ou errado, justificada ou não, adequada ou não,
há uma lei que determina que o CONARQ formule a Política Nacional de Arquivos e que o
Arquivo Nacional a implemente.
248
Ainda que não tenha cumprido a sua principal finalidade regimentar, isto é, a de
formular a Política Nacional de Arquivos, a atuação do CONARQ é vista como proficiente,
inclusive, em relação à preservação.
[...] mas que assim mesmo, cumpriu uma função importantíssima, para o momento de ausência de instrumentais básicos de avaliação de documentos, de uma normativa mais adequada para a microfilmagem, de metodologias para destinação de acervos, ao mesmo tempo, questões voltadas para as questões de preservação lato sensu, às questões ligadas à gestão de documentos eletrônicos... [...] A partir dessas questões todas, saíram resoluções sobre sinaléticas de microfilme, textos sobre preservação. Isso, de alguma maneira, criou um conjunto de indicativos técnicos que delineiam as diretrizes que estão na competência do CONARQ para a Política Nacional de Arquivos, no que tange à gestão, à preservação, e aos mecanismos de difusão da informação. [...] O Conselho Nacional de Arquivos, nesse período, eu não tenho dúvida de que ele foi e tem sido um instrumento extremamente importante para a gestão da informação pública do país. [...] Mas, eu não tenho dúvida, que, mesmo sendo um órgão técnico que tem que definir a base da política, ele fez um trabalho meritório para as questões voltadas para as normas gerais, as diretrizes gerais da gestão da informação arquivística [...]. (JAS)
O que a Lei no 8.159, de 1991 e o Decreto no 4.073, de 2002 determinam é que o
CONARQ tem de definir a Política Nacional de Arquivo e não a base dessa política.
De uma maneira geral, as falas obtidas com as entrevistas manifestam uma posição
bastante próxima da constatada nos registros textuais das atas das reuniões plenárias do
Conselho, analisadas na seção anterior desta tese. As falas dos entrevistados oscilam entre o
reconhecimento explícito da inexistência da Política Nacional de Arquivos e as justificativas
para as conseqüências dessa lacuna. Isto é, não afirmam explicitamente que não há uma
Política Nacional de Arquivos, mas justificam a atuação técnica do CONARQ.
O Conselho não tem no papel [a Política Nacional de Arquivos], mas tem na prática, as diretrizes que tem que ser acompanhadas e seguidas para a implantação das questões determinadas em lei, para que haja cumprimento da norma. [...] Então, o que eu percebo, e que é a nossa missão 2008, é uma sistematização de todas essas questões, voltadas em um texto que seja a... a... de que forma esses instrumentais todos se aplicam dentro de uma política de arquivos, para que a gente tenha um documento basilar que sirva de referência. [...] Então, isso é a
249
missão do CONARQ em 2008, é a produção de um grande texto que seja a Política Nacional de Arquivos a serviço da visibilidade do próprio Estado. Além de avançar nas questões que estão pendentes, dos instrumentais, [...] é traçar uma série de textos que culminem, primeiro, com a questão da Política [Nacional] de Arquivos e o uso da informação pública, a serviço do Estado e do cidadão, como instrumental democrático, e resgate da função social dos arquivos, as questões voltadas para sistematizar dados ligados à preservação, à segurança, à gestão... (JAS)
[...] E o que a gente precisa agora, no âmbito da Câmara Técnica de Capacitação, é pensar qual a melhor estratégia para alcançar um número maior de arquivos em termos de uma política que está delineada através dos trabalhos e das próprias Câmaras Técnicas. Mas elas não estão articuladas para dizer que existe uma política, uma Política Nacional de Arquivos. Tem aí um campo fértil muito grande no CONARQ [...]. (ACH)
Eu acho que a gente saiu de um estado de total ausência de uma política pública nesse setor [...]. Eu acho que a gente andou léguas, mas tem muito para fazer ainda. Eu penso que a gente começou, engatinhou, está engatinhando, ainda, no sentido de estabelecer políticas públicas, de definir uma Política Nacional de Arquivos [...]. Eu acho que [a Política Nacional de Arquivos] é precária, ainda. Ainda é precária. Precisa fortalecer. Sobretudo, eu acho que a gente precisa conscientizar o Estado da importância de uma Política Nacional de Arquivos, importância do Arquivo Nacional como instituição dentro do Estado. Ainda tem que fazer muito, mas o trabalho está começando, mas eu acho que existe. [...] Então, eu acho que o papel do CONARQ, nesses dez anos... Trabalhou como um louco, fez muita coisa. Mas não há uma política sistemática, apesar de existir legislação [...] Quando a gente começou a pensar em políticas de arquivos neste país, a gente estava com duzentos anos de atraso. Então, em dez, em quinze, que seja, não dá para se fazer grandes coisas. Eu acho que a gente saiu, assim, do limbo. (CMC)
Para um dos entrevistados, a definição de “política” aparece como um imperativo e
condição.
Essa é uma pergunta que não está acabada. Acho que esta pergunta não está pronta para ser respondida. [...] Eu estou colecionando definições sobre política. [...] Eu já tenho em casa algumas definições. [...] Porque até hoje eu não consegui achar nenhuma definição que me satisfizesse. Por que? A gente abre a televisão e você vê... qualquer coisa neste país que está com dificuldade, que é difícil, que não anda, eles dizem que é falta de uma política de. Então, você não tem uma política de transporte, por isso que as estradas estão do jeito que estão, você não tem uma política de educação, por isso que a educação está
250
nessa situação, não tem política de saúde, por isso a saúde está péssima... Tudo o que não dá certo, é por que falta uma política. Aí eu pergunto: o que é política? Por isso é que eu estou colecionando. (MLP)
Há antecedentes que exemplificam processos de definição de políticas públicas no
Brasil que podem inspirar decisões no momento da formulação da Política Nacional de
Arquivos, tais como: a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, aprovada pela Portaria
n.o 710, de 10 de junho de 1999, do Ministério da Saúde5; a Política Nacional de Defesa Civil
do Ministério da Integração Nacional6; a Política Nacional de Assistência Social do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome produzida pelo Conselho Nacional
de Assistência Social – CNAS7; a Política Nacional de Desenvolvimento Regional do
Ministério da Integração Nacional8; Política de Segurança da Informação nos órgãos e
entidades da Administração Pública Federal (Decreto 3.505, de 13 de junho de 2000)9, e a
Política Nacional de Museus – memória e cidadania10, entre outras. No exterior, os Arquivos
Nacionais do Reino Unido11, (Austrália12 e Canadá13) e da Nova Zelândia14 possuem material
que também pode ser tomado como referência e modelo.
5Disponível em: <http://sisvan.datasus.gov.br/documentos_sisvan/pnan.pdf> ou em: <http://www.anvisa.gov.br/
legis/portarias/710_99.pdf>. Acesso em 23 out. 2007. 6Disponível em:
<http://www.defesacivil.gov.br/download/download.asp?endereco=/publicacoes/publicacoes/pndc.pdf&nome_arquivo=pndc.pdf>. Acesso em 23 out. 2007.
7Disponível em: <http://www.mds.gov.br/institucional/conselhos1/conselho-nacional-de-assistencia-social-cnas-1/resolveUid/775358a172747cc5b2ec731e9e898027>. Acesso em: 23 out. 2007.
8Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/download/download.asp?endereco=/pdf/desenvolvimentoregional/pndr.pdf&nome_arquivo=pndr.pdf>. Acesso em: 23 out. 2007.
9Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/decreto/D3505.htm>. Acesso em: 28 out. 2007. 10Disponível em: <http://www.museus.gov.br/politica_apresentacao.htm>. Acesso em: 07 ago. 2007. 11Disponível em: <http://www.nationalarchives.gov.uk/documents/preservation_pol.pdf>. Acesso em: 22 nov.
2007. 12Disponível em: <http://www.naa.gov.au/images/naa%20rk_policy%202005_tcm2-4905.pdf>. Acesso em: 22
nov. 2007. 13Disponível em: <http://www.collectionscanada.gc.ca/preservation/1304_e.html>. Acesso em: 22 nov. 2007.
<http://www.collectionscanada.gc.ca/preservation/1304/docs/preservationpolicy_e.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2007. <http://www.tbs-sct.gc.ca/pubs_pol/ciopubs/tb_gih/pim-pgi01_e.asp#pim-pgi1>. Acesso em: 22 nov. 2007.
14Disponível em: <http://www.natlib.govt.nz/about-us/policies-strategy/our-policy-about-preservation>. Acesso em: 22 nov. 2007.
251
Para outro entrevistado, o problema da indefinição em relação à Política Nacional de
Arquivos, além de conceitual, é também operacional.
Por que as instituições não conseguem estabelecer políticas? Por que eles não conseguem escrever? Não conseguem. Por que existe, realmente, um desconhecimento do próprio conceito. Quando o CONARQ diz que a sua função é criar a Política Nacional [de Arquivos], por que ele até hoje não escreveu a Política Nacional? Por que não? Não escreveu por que não entende o que é política. Não existe um consenso do que é política. Só que já existe um consenso internacional... já existe clareza do que é uma política. Esses termos... É só abrir um dicionário que se vê o que é política. Mas nós não conseguimos transferir isso para a nossa realidade. É muito mais fácil você trabalhar no miudinho, viu? É muito mais fácil. E nós estamos todos trabalhando no miudinho. Mas se a gente não tiver esse macro... que seria praticamente uma norma, uma normalização, uma padronização de procedimentos... Se nós não tivermos uma padronização de entendimento e de procedimentos, de conceitos, a gente não pode ter uma política. (IB)
As dificuldades encontradas para definir a Política Nacional de Arquivos extrapolam
os limites teóricos e objetivos do conhecimento acadêmico para se projetarem na vontade e
desejo dos indivíduos envolvidos no esforço de melhorar a situação dos acervos arquivísticos
no Brasil.
Isso aqui você tem de misturar em um panelão, para fazer depois... eu não tenho também a definição de política. A minha cabeça está aberta. Para mim, na minha cabeça... isto é puramente meu, não está baseado em nada cientificamente. É um sentimento que eu tenho. Para mim, uma política não é uma missão, não é só diretriz, não é só norma, nada disso... Não é nem missão, eu acho que é... Política para mim é um conjunto, é quase um sonho, sabe? Na minha cabeça, é quase que um sonho. Porque o sonho... ele tem... você quer traçar um objetivo... é difícil você dizer quais são essas partes que compõem o sonho, as várias etapas do sonho. Para mim, quase que um sonho. Por que, realmente, é difícil. [...] a pergunta objetivamente que você fez, eu não sei responder, se a gente está cumprindo, se não está [...]. Eu também acho que não tem um consenso muito grande. Tudo o que eu já li de política... Eu confesso a você que eu termino como comecei, sem tirar conclusões que me satisfaçam. [...] Agora, eu acho que é importante a teoria, mas às vezes, a gente é obrigada a dar mais atenção até para a prática do que para a teoria para salvar os acervos. Porque tem muita coisa para fazer. Eu não tenho a menor dúvida. Agora, eu continuo pesquisando o que é a política arquivística. (MLP)
252
Uma das percepções é de que a preservação dos acervos está vinculada,
necessariamente, às políticas, mas que este tema é ainda pouco explorado e compreendido, e
que o papel do CONARQ aumenta com o passar do tempo.
Eu posso falar da minha área [da preservação]. Eu vejo toda essa demanda não atendida. Não estou nada satisfeita. Nós estamos apenas começando. A dificuldade é enorme. [...] Agora, eu sei que a sua preocupação está com a política. E eu acho que nesse ponto o CONARQ ainda não fez muita coisa. Eu não sei se... por exemplo, a parte de preservação documental, você acha que a política está contemplada? Uma política de preservação documental? Você considera satisfatório? Pois é... então, da minha parte, eu posso te dizer que nós [da Câmara Técnica] tivemos dez anos em que nós trabalhamos não só pelo CONARQ, mas pelo Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos..., fizemos um trabalho de conscientização... Hoje em dia existe uma consciência de preservação, as pessoas entendem melhor o que é preservação, no sentido mais amplo... Mas não sabem como implementá-la. Mesmo essas ações... eu sinto a dificuldade enorme, mesmo que elas estejam de fato associadas à metodologia que garantiria uma certa orientação para a aplicação, monitoramento de condições ambientais, que leva à melhoria de condições ambientais... Mas atrás disso tem de haver, por parte da instituição, uma política, que oriente essas ações, que estabeleça parâmetros, que estabeleça diretrizes, que dê uma normalização adequada à realidade da instituição, que seria a política institucional. E o CONARQ ainda não trabalhou nessa questão. [...] Pergunte às pessoas o que é uma política. [...] porque as pessoas não sabem sequer... confundem política com estratégia, com programa, com projeto, com plano... Esses conceitos precisam primeiro ser trabalhados. Talvez o CONARQ deveria partir do trabalho, da conceituação, de tudo o que ela denomina ali, para que a gente tenha clareza do que é política. Você tem uma política, CONARQ? Você produziu uma política para preservação de arquivos, ou para a gestão? [...] até para que nós tenhamos uma diretriz de produção. Porque o conceito de política não está ainda incorporado por ninguém, por ninguém. (IB)
As dificuldades conceituais manifestadas acima não dizem respeito apenas ao conceito
de “política”. Extrapolam essa circunstância e estendem-se também à preservação. Tem-se,
portanto, um problema conceitual.
O próximo item trata de circunstanciar os conceitos e fazeres entre preservação,
políticas e gestão de documentos na visão dos entrevistados.
253
7.2 PRESERVAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE DOCUMENTOS
As dificuldades da área de preservação em produzir um quadro conceitual consistente
(como registrado anteriormente nesta tese) acabam refletidas nos depoimentos dos
entrevistados. Evidentemente, que a nebulosidade em torno de conceitos centrais como os de
política, preservação, gestão, que aqui se está tratando, acaba por reduzir as possibilidades de
sucesso nas ações empreendidas, evidenciando a insuficiência dos esforços no sentido de
garantir a durabilidade e permanência dos registros informacionais arquivísticos, entre eles, os
do Poder Executivo federal brasileiro. No entanto, o diagnóstico de qualquer situação pode ser
entendido como o primeiro passo para a reversão dos problemas de uma área. Em outras
palavras, constatada e reconhecida a dificuldade conceitual e terminológica, abre-se a
possibilidade de superação dos entraves na questão.
Os três subitens a seguir reúnem trechos das falas dos entrevistados sobre o conceito e
entendimento de preservação, sobre as relações entre a função “preservação” e os
procedimentos e operações da gestão de documentos e sobre a vinculação entre preservação e
as políticas, públicas e institucionais.
7.2.1 A questão conceitual da preservação
A preservação da informação arquivística é um tema que freqüenta as preocupações
dos entrevistados. É o que se constata na falas. Mesmo que tratada com relativa imprecisão, a
254
preservação é percebida como uma necessidade. No entanto, essa percepção não tem sido
suficiente para a concretização de estratégias que venham a garantir a preservação contínua
dos registros informacionais arquivísticos produzidos pelo governo brasileiro. A preservação
dessa informação, por exigir continuidade e alcance a longo prazo, terá mais possibilidades de
sucesso se implementada no escopo de uma política pública perene, ainda que dinâmica. No
processo que envolve a formulação e implementação de uma política pública de arquivos que
abarque a preservação da informação arquivística, conhecer os conceitos envolvidos com um
certo grau de precisão é uma das condições iniciais. No entanto, verificou-se que, mesmo na
visão dos entrevistados, essa não é uma questão resolvida.
Eu acho interessante que a preservação é um termo, um conceito que está presente em nossa vida em tudo. Todo o dia você liga a televisão e todo o dia você ouve a palavra preservação. Porque, cada vez mais, estão todos preocupados com o aquecimento global, a preservação da natureza, a questão da água, é a questão da vida... A preservação é um termo muito forte, muito presente, na vida de qualquer criança, de qualquer adulto. É um termo muito fácil de ser assimilado pelas pessoas. Eu não vejo nenhum texto do Arquivo Nacional que não saia, como sua missão precípua a divulgação e a preservação como os dois grandes desafios. A missão do Arquivo é preservar e divulgar o acervo arquivístico nacional. No entanto, na hora que você transpõe esse termo, que é um termo cotidiano, para uma situação de uma organização que trabalha com a preservação dos acervos, você percebe que existe uma tentativa de manter uma atividade no nível operacional, no nível técnico-operacional. (ACH)
Há dez anos atrás o projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos tratou disso exatamente para abrir esse conceito, mostrar o que é preservação, a preservação nas suas diferentes ações, a importância da conservação preventiva, como o único meio de você salvaguardar os acervos a longo prazo. Se isto ainda não está entendido pelos dirigentes é por que falta o conceito. Você escrever uma política e não fechar o conceito você também não tem essa política assegurada. Cada um vai entendê-la de uma maneira diferente. E a preservação, novamente, vai ser compreendida de uma maneira... Um vai entender preservação como restauro, outro vai entender preservação como microfilmagem, ou isso, ou aquilo, ou apenas como práticas e não como uma necessidade de se tentar preservação dentro de um escopo bem mais amplo, dentro das atividades dentro de uma política arquivística, mesmo. (IB)
255
As dificuldades que a própria área da preservação tem em formular conceitos e
consolidar uma terminologia minimamente precisa acabam provocando conflitos e dúvidas
nos entendimentos, e aparecendo nas falas dos entrevistados.
Se você está falando de avaliação, você está falando de preservação. Ou não? Você está falando de preservação física? Aí você tem que falar com uma especialista da área. Você fala da preservação em que sentido? Da Preservação física? Do documento? Climatização? Essas coisas? [...] Especificamente, no sentido de: os arquivos devem ser climatizados, devem ter tanto de temperatura, resolução, nesse sentido, eu acho que a gente não tem [uma resolução do CONARQ específica sobre preservação]... Mas nós temos um livrinho sobre isso. Eu acho que isso vai crescendo de acordo com a evolução da mentalidade sobre gestão de documentos. A preservação... a gente não pode dizer que uma é mais que a outra... eu acho que elas têm de caminhar juntas. (MLP)
Eu estou entendendo a preservação, assim como você está colocando, como medidas políticas. Impedir que a documentação vá para o brejo. [...] E há a outra preservação, a preservação física ela é objeto, inclusive, de uma Câmara Técnica. [...] A preservação está tão presente, que, para mim, quando a gente fala especificamente em preservação, eu estou pensando no ato de preservar fisicamente. Da outra forma, a preservação da informação, ela faz sentido para mim automaticamente. Quer dizer, minha preocupação com o acesso sempre foi enorme, mas é claro que a gente não pode acessar o que não está preservado, e que você preserva para acessar, para disponibilizar. (CMC)
De forma explícita, um dos entrevistados, profissional da área, condiciona a
preservação e a formulação de políticas à construção de um quadro conceitual.
Voltando ao texto da política de preservação do Arquivo Nacional do Canadá, tem um caderno com ‘n’ número de folhas só com a conceituação, o que é preservação, todos os seus diferentes entendimentos de preservação. A política só é possível de ser estabelecida se você associa a ela a conceitos. Porque você pode ter uma política escrita, maravilhosa, mas se ela não se refere a um único conceito, se cada um entende preservação de um jeito, é impossível implementar de uma maneira uniforme essa política. [...] Eu acho que, assim, como há dez anos atrás, nós não sabíamos sequer o que era preservação, só se entendia uma palavra chamada 'restauro'... Hoje em dia a gente entende a preservação como uma ação completamente abrangente, e impregnada dentro das diferentes ações da Arquivística... Nós ficamos na questão da prática, da boa prática, do fazer, e não estamos preocupados... E não vamos conseguir implementar nada disso, na verdade, porque nós não cuidamos de uma outra questão que se chama ‘política’. [...] Você, no
256
momento em que trabalha com a gestão você está fazendo preservação. No momento em que você dá acesso, você está trabalhando com preservação. Você não justifica um trabalho de preservação se você não tem uma finalidade, que é o acesso. Tudo isso é um grande plano. É algo completo, é um conjunto. (IB)
Para um dos entrevistados, a preservação, entendida como um conjunto de
procedimentos gerais e abrangentes, está condicionada à obtenção de poder (empoderamento,
é a palavra usada pelo entrevistado). Isto é, a preservação em seu sentido amplo, que reúne
desde elementos tecnológicos, conhecimento e aspectos políticos depende da capacidade que
as pessoas envolvidas têm de influenciar nas decisões, tanto nas escolhas técnicas, como, e
principalmente, nas políticas e administrativas. E esse empoderamento da preservação é
considerado pelo entrevistado ainda mais importante quando trata-se de preservar acervos
arquivísticos.
Nós entendemos a preservação documental como um grande guarda-chuva que inclui, inclusive, o processamento técnico. O processamento técnico é uma atividade subordinada à preservação. Isso não quer dizer que seja subordinada ao conservador. Não é isso. Mas a uma atividade que vai buscar um ambiente favorável para que aquele documento dure o máximo tempo possível e esteja acessível ao maior número de pessoas interessadas. Como é que você faz isso em uma coordenação, em uma estrutura que você não tem o reconhecimento das atribuições que lhe são pertinentes? [...] O que eu acho que precisa ser feito é o empoderamento da preservação documental, não dos conservadores, mas da preservação de uma forma que ela possa ter cada vez mais uma atuação mais sistêmica, abrangente. Porque não há outra forma de você garantir. O tempo todo você tem que estar olhando o todo. Não tem outra possibilidade de você... Eu sempre disse que dirigir um departamento como o da COPAC [Coordenação de Preservação do Acervo] era como dirigir um carro, onde você não pode olhar só para frente, você tem de estar o tempo todo, olhando pelo retrovisor, vendo o que está à sua volta, quem está dirigindo ali... Tem de ficar o tempo todo ligado no que está à sua volta. Ou a gente corre o risco de voltar a ser um balcão de serviço, onde a gente está tão bem equipado, tão bem aparelhado, que seremos capazes de fazer um milhão de folhas a cada ano, e digitalizar outros tantos, e microfilmar outros tantos e ficar em um trabalho muito... bitolado. [...] Arquivo é uma lógica diferente, por esse todo orgânico, pelo volume documental com que a gente trabalha. A gente tem que ter uma abordagem diferente e menos estética, menos
257
preciosista, a gente tem que ser muito pragmático nessa administração. E isso não me parece bem entendido. (ACH)
Dessa forma, é possível afirmar que, em linhas gerais, os entrevistados percebem a
necessidade de fortalecer a produção de conhecimento científico na área.
Então, eu acho que os instrumentos que o Conselho vem aprovando, vem nos possibilitando que se aplique, para determinados segmentos, a sua incorporação dentro do cotidiano dos diversos profissionais, normas e reflexão, que são os produtos de pesquisa arquivística e de produção de conhecimento arquivístico. O negócio não surge assim. Surge por que tem equipes que se dedicam, estudam, produzem, elocubram e estão fazendo pesquisa arquivística, como você desenvolve qualquer produto científico para a sua aplicação. Então, eu vejo nisso, que todos os instrumentos produzidos no âmbito do Conselho, de alguma maneira, eles têm, no seu escopo, a questão da preservação e do acesso. Porque não adianta você ter acesso sem ter a preservação, e também você tem que preservar com vista a instrumentalizar melhor esse acesso. (JAS)
Nesse sentido, um dos aspectos que necessita ainda ser mais bem explorado é
justamente a forma como a preservação se apresenta na gestão de documentos.
7.2.2 A preservação e a gestão de documentos
A preservação nos arquivos continua marcada por duas características: de um lado,
ainda é predominantemente entendida como uma intervenção meramente técnica e de
tratamento físico dos suportes; e, de outro, ela permanece restrita aos arquivos permanentes (a
terceira e última fase do ciclo vital de documentos15).
15O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística define ciclo vital de documentos como as “Sucessivas
fases por que passam os documentos de um arquivo, da sua produção à guarda permanente ou eliminação” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 47).
258
Ora, o advento e o uso das tecnologias digitais na produção de documentos
arquivísticos contemporâneos de há muito sinalizam para a alteração desse quadro. Hoje, de
forma quase hegemônica no mundo inteiro, compreende-se que a preservação contínua e a
longo prazo da informação arquivística digital somente tem alguma chance de acontecer se as
estratégias, as escolhas e as decisões de preservação forem implementadas já no início do
processo documental, no momento da criação do documento (a primeira fase do ciclo vital de
documentos).
No entanto, contraditoriamente, a preservação continua a não constar explicitamente
entre os procedimentos e operações da gestão de documentos, a função arquivística
encarregada de acompanhar a produção da informação arquivística desde a sua concepção e
registro.
Todos os entrevistados reconhecem que, a princípio, a preservação é um dos
procedimentos da gestão de documentos, mas também reconhecem que isso não é explicitado.
É por que na gestão entra a preservação. Não está explícito na definição, mas deveria estar explícito. A preservação é uma etapa, é uma operação, vamos dizer assim, da gestão. [...] na definição da Lei tem, entra preservação, quase como se fosse uma coisa natural. Eu sei que você está dizendo que teria de ser uma coisa específica. A nossa preocupação muito grande é com a avaliação, que acaba dando, vai bater na preservação do acervo, mas não nesse sentido físico. A preservação do acervo para guarda. Então realmente, isso... mas não é que não seja dado importância. O Arquivo Nacional trabalha muito nessa área de preservação... integrada à gestão. [...] Eu não sei bem o que você está pensando... Eu acho que esse conjunto de resoluções, mesmo que não esteja explicitamente citado isso, no fundo, no fundo, a intenção disso é o cuidado de preservar a memória nacional, nesse sentido. [...] Mas tudo que a gente faz no CONARQ, a nossa idéia é a preservação do patrimônio documental. O nosso interesse nos arquivos municipais, uma cartilha que nós fizemos, é a preservação, sempre voltada para a preservação do patrimônio documental do país. Pode não estar escrito lá na resolução que a preservação..., mas todas as ações são voltadas para preservar. O medo e o perigo que os órgãos estão correndo se não preservarem a documentação. É a preservação... então, tudo o que tem que ser feito, é para a preservação. A preservação é o principal. Você tem que preservar para dar acesso. Para mim, esse é o ponto chave, dar acesso. [...] Eu acho que a palavra ‘arquivamento’ não devia ser usada, devia ser ‘achamento’. Porque eu
259
acho que tudo que se faz em matéria de arquivo só tem um objetivo: preservar para dar acesso. Preservar e, quando eu digo preservar, inclui, preservar, descrevendo corretamente, para dar acesso, a disponibilização pelos meios de divulgação que a gente tem hoje disponíveis. Então, às vezes, é difícil você definir, porque eu não vejo preservação separada. Eu vejo junto. Acho que precisava ficar explícito. [...] Eu vejo tudo muito junto. Mas eu priorizo o acesso. Quer dizer, você preserva, preserva bem para você dar acesso. [...] Existem muitos documentos... quando a gente escreve, quando a gente fala, fala muito nisso, a preservação do patrimônio documental do país. [...] É a questão da coisa implícita. Quer dizer, você faz a eliminação, elimina aquilo que já é considerado, aquilo que não tem mais interesse, e você recolhe aquilo que é para ser guardado, porque é patrimônio documental. [...] Tem que ter preservação. Com certeza. Isso tem na nossa cabeça, mas não está materializada em uma coisa escrita. [...] Em alguns trabalhos que a gente faz, a gente fala muito na preservação do patrimônio documental como objetivo final. O objetivo é preservar para você poder dar o acesso. (MLP)
Eu não sei se eu entendi bem o seu questionamento. O que você coloca é que a visão de preservação não fica muito clara nos atos. Nós trabalhamos, nós baixamos resoluções de textos técnicos que levam à preservação e eles são baixados por resolução. Porque o próprio texto é a norma. O dado final, seja do processo, é a preservação e a difusão. [...] O objetivo da gestão é a preservação. [...] Por que a Lei de Arquivos e a Lei do Meio-Ambiente definem, com clareza, que documentos de valor permanente tem que ser preservados indefinidamente e não pode haver mudança de suporte, da mesma forma que a Lei de Microfilme, que define isso. Então, também no escopo da gestão, embora não explícita a palavra preservação, quando se fala recolhimento para a guarda permanente, está subentendido que na guarda permanente você tem um conjunto de ações, inclusive, guarda, preservação, tratamento e difusão desses acervos. Logicamente, a preservação está, pode ser que seja muito subliminar, mas está presente nisso, porque, quando você usa os bons recursos, e de forma adequada, a tecnologia da informação aplicada aos arquivos, você tem uma meta da preservação e da difusão [...]. (JAS)
Eu não sei te dizer por que a palavra [preservação] não aparece, mas se você for pegar cada uma [resoluções e portarias do CONARQ], certamente, a preservação vai estar presente. [...] A preservação está presente em tudo. Se você for ler os capítulos das leis, dos decretos, está lá: preservar a informação, etc e tal... creio eu. Não precisa estar no enunciado... acho eu. Porque, no final das contas, tudo isso que se faz visa a preservar. [...] É, de fato, eu não sei te dizer por que [a preservação] não aparece explicitamente. Eu sei que a preocupação está presente. Por que você faz isso tudo? É claro que é para preservar. [...] Eu estaria mentido se eu dissesse que essa questão, do jeito que você está explicitando, tenha sido uma preocupação minha em algum momento. Está tão embutido na minha cabeça. Eu estou dizendo que
260
eu nunca pensei. Você está me colocando uma questão que eu vou começar a pensar agora. É possível que a gente pare para pensar e veja que, de fato, é preciso que a gente coloque isso na ordem do dia. (CMC)
Assim, ainda que a preservação da informação arquivística não esteja explicitada
como um procedimento da gestão de documentos e que ainda não esteja implantada como
prática cotidiana dos setores de arquivos correntes das instituições do governo federal
brasileiro, se reconhece que a preservação deveria estar presente desde o momento da
produção da informação arquivística até à sua destinação final.
7.2.3 A preservação e as políticas, públicas e institucionais
Quando se questiona sobre a relação entre preservação e políticas, as respostas tendem
a reproduzir o que foi dito sobre a relação entre preservação e gestão de documentos. A
relação é reconhecida pelos entrevistados, embora não esteja explicitada. Isto é, para os
entrevistados, a preservação também aparece vinculado às políticas institucionais, às decisões
políticas e até à Política Nacional de Arquivos.
Você fala da política. Eu acho que nós temos de ter, em primeiro lugar, por parte do CONARQ, uma orientação para que todas as Câmaras Técnicas trabalhem nisso [na política]. Não adianta eu, sozinha, preparar uma política de preservação, se ela não abrange apenas o campo da preservação, mas permeia todas as atividades da Arquivística. Se você lê o que é a política de preservação, por exemplo, do Arquivo do Canadá, ele te dá os conceitos, em que ele coloca preservação... E ele não diz ‘preservação digital é isso, preservação de documentos textuais é aquilo’, ele diz que ‘preservação é isto, isto e isto”, e pega o escopo todo da preservação. E aí você vê como nós temos que trabalhar. Se não, não tem sentido. Vamos voltar, novamente, para a boa prática se a gente não tiver como pano de fundo uma política institucional. Agora, como implementá-la? Como as instituições implementam uma política?
261
Então você veja que isso é uma coisa que a gente vê muito também como um reflexo do que é o CIA, que também publica, tem as suas Câmaras Técnicas para preparar os manuais de boas práticas. E isto pode ser muito importante, desde que você tenha, antes disso, uma política institucional. Se não, você não consegue nem implementar isso. [...] Preservação, então, passa a ser apenas possível se você tem um planejamento. Um planejamento abrangendo todos os tipos de acervos, as urgências em cima das fragilidades, fator risco, fator segurança, fator risco de perda de informação... Então, em cima disso você tem que ter um plano de ações, uma conversa conjunta, um acordo conjunto do planejamento... Isso aí, você só consegue fazer se você tem uma política institucional. O programa institucional só vai acontecer no momento em que você tiver uma política implementada. Então, você acha que deveria o CONARQ parar toda essa parte da prática do bom fazer e pensar, talvez, em trabalhar em política, discutir uma política [...] A preservação está dentro da Política Nacional de Arquivos. [...] Mas eu acho que ainda nos falta em todos, em todos os setores da Câmara Técnica falta exatamente essa questão da política. Eu acho que isso tem que ser muito bem enfatizado. (IB)
A própria Política de Arquivos é uma política de preservação. E acesso. A questão do acesso, essa sim, aparece bastante, é bastante contemplada. E você não dá acesso sem preservar. E você acha que isso [a preservação não aparecer explicitamente] nas políticas de arquivos interfere? Eu nunca pensei sobre isso, para ser honesta. Para mim é tão óbvio que você trabalha no sentido de preservar... (CMC)
Política de preservação... A gente fala da Política Nacional de Arquivos... Se não tem uma Política Nacional de Arquivos, tampouco tem uma política de preservação. O que tem são iniciativas, que foram tomadas pelo grupo de conservadores do Arquivo Nacional, em inter-relação, porque gente não vive sozinho, com todas as outras áreas do Arquivo e em uma permanente negociação... Então, nós temos hoje um programa compreensível da preservação, um programa interno. E que também não está escrito. [...] O que eu vejo, é que a preservação não entendeu. A gente está bem equipado, tem material de consumo, recursos humanos... O que falta para gente é uma questão muito mais política, de um empoderamento, de uma responsabilização da área de preservação, para poder atuar de uma forma mais autônoma em relação ao todo e, ao mesmo tempo, integrada. (ACH)
As falas evidenciam que os entrevistados reconhecem a existência de uma relação
entre preservação e políticas públicas de arquivo e, ainda que não literalmente, indicam que
tais políticas também não existem. Na ausência de políticas públicas, a preservação restringe-
se a intervenções fragmentadas de “boas práticas”, como apontou um dos entrevistados. Ou
262
seja, um procedimento de alcance limitado e reduzidas possibilidades de garantir a
manutenção da informação e dos documentos arquivísticos governamentais de modo contínuo
e a longo prazo.
7.2.4 O significado da expressão “acervo preservado”
Solicitou-se aos dois entrevistados que são especialistas em preservação que
comentassem o uso da expressão “acervo preservado”, recorrente nos relatórios orçamentários
(OGU e PPA) e de atividades (AN), na tentativa de verificar se o sentido dado a essa
expressão reflete a realidade dos fatos. Essa preocupação decorre do entendimento que a
passagem do tempo e o uso social dos acervos impossibilita que um conjunto documental seja
dado como “preservado”. As implicações de um entendimento desse tipo são muitas, mas no
caso desta pesquisa, referem-se, essencialmente, à necessidade de investimentos financeiros
contínuos, estáveis e permanentes, orçamentários ou não, para que a preservação da
informação arquivística seja concretizada. Ou seja, a noção de que um determinado acervo
possa ser dado como “preservado” pode levar à compreensão de que, tendo-se alcançado o
objetivo de produzir um “acervo preservado” (como consta dos relatórios), não haja mais
necessidade de destinar e investir recursos financeiros na proteção desse acervo. Ambos
entrevistados abordaram uma questão também relevante, relacionada e complementar ao
significado de “acervo preservado”: a de como quantificar o produto da preservação.
É absurdo que a gente ainda pense em preservação como unidades, como itens. Você está ainda naquela que preservado é aquele documento que você lavou, planificou, prensou, encadernou, melhorou, fez fisicamente melhorias. Isso é ‘tantos documentos preservados’. Eu acho que não. Eu acho que, em primeiro lugar, não são dois mil, você não pode quantificar. [...] Se você pensa que
263
preservar é só restaurar 2 mil itens... cadê o orçamento para manter as condições... isso é preservação... o orçamento para manter a estabilidade, o monitoramento, a melhoria das condições através de ventiladores, de desumidificadores, embalagens especiais... O benefício de uma embalagem de boa qualidade é tão grande, tão enorme... você cria uma estabilidade, dentro de uma embalagem, fantástica, que você poderia apenas com investimento em um bom sistema de acondicionamento... você reduz, assim, em décadas, o processo de envelhecimento de um acervo, talvez até mais. Então, eu acho que nós estamos completamente equivocados em todo o conceito de preservação. (IB)
A imprecisão da expressão “acervo preservado” retoma o problema conceitual e
terminológico detectado anteriormente.
Existe aí, também uma questão conceitual, que foi também o que me mobilizou a fazer o mestrado, que foi uma busca de uma linguagem comum, que não existe até hoje no Arquivo Nacional. As pessoas continuam se referindo à área de preservação como sendo restauração, como sendo conservação... Quer dizer, as pessoas não sabem exatamente como aplicar adequadamente o conceito. Eu concordo com você que o documento preservado é um termo muito “megalô”, porque o “preservar” é aquela história que eu discuto na minha dissertação, é o “para sempre” e o “para sempre” não existe. Então, na verdade, esse conceito de sustentabilidade me parece bem porque ele denota uma continuidade, um processo, uma coisa que está sempre em curso. Eu acho que é a Conservação Preventiva que nos dá esse fôlego. [...] Durante muitos anos, os nossos relatórios eram numéricos, eram quantitativos. Ainda é assim, mas você já consegue explicitar melhor no que consiste aquele trabalho. Quando você dá uma palestra para conscientizar os funcionários que eles não devem se alimentar nas salas de trabalho, não devem fumar no interior do edifício, que eles devem observar se tem algum tipo de contaminação, avisar a área... Isso tudo é trabalho que você não quantifica em itens de documentos preservados. Isso é uma questão que é do próprio governo federal que, desde o Fernando Henrique, estipulou uma metodologia de planejamento, o famoso Plano Plurianual, que é como uma camisa de força que agente tem de se encaixar ali. (ACH)
Não menos importante, é conhecer como os entrevistados vêem a atuação do Arquivo
Nacional na preservação da informação arquivística do Poder Executivo federal.
264
7.3 O ARQUIVO NACIONAL E A PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO
ARQUIVÍSTICA DO EXECUTIVO FEDERAL
A edição da Resolução no 4 do CONARQ, de 20 de março de 199616, revogada pela
Resolução no 14, de 24 de outubro de 200117, que dispõe sobre o Código de Classificação é
considerada um marco no tratamento da informação arquivística do Poder Executivo federal
brasileiro.
A partir daí, o Arquivo começa a receber não mais o que a administração queria mandar para cá, mas sim a gente começou a ter contato com o que a administração estava produzindo na sua fase corrente. Havia uma coisa dicotômica: o corrente era antagônico do intermediário e do permanente, e não a coisa encarada como um único fluxo informacional do processo de documentar, do processo arquivístico. [...] Então, a partir daí, começa a se criar uma nova relação mais orgânica, com uma identificação mais clara, do que cabia ao Arquivo Nacional no processo de promover a gestão documental dos órgãos e entidades do Poder Executivo federal. (JAS)
A dicotomia explicitada na fala registrada acima remete às questões tratadas
anteriormente nesta tese como a questão da formação do patrimônio arquivístico e da
preservação como uma função arquivística vinculada à gestão de documentos, aplicada desde
os arquivos correntes e não destinada exclusivamente aos documentos recolhidos aos arquivos
permanentes.
16“Dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública:
Atividades-Meio, a ser adotado como um modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR., e aprova os prazos de guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio da Administração Pública.”
17“Aprova a versão revisada e ampliada da Resolução nº 4, de 28 de março de 1996, que dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública: Atividades-Meio, a ser adotado como modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR), e os prazos de guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos as Atividades-Meio da Administração Pública.”
265
Por que a meta era isso: ‘Livre-se dos fungos, livre-se dos ácaros, antes. Se você não pode ter ambiente empoeirado, não tem mais espaço, microfilme que os seus arquivos estão organizados’. O que era um blefe, mas, tudo o que é ‘muderno’ em tecnologia, o administrador embarca, como se aquilo fosse a panacéia de todos os males e resolução de todos os problemas. Como acontece, também, com o uso da digitalização, que é o mesmo processo. [...] O que é melhor para a preservação? O que é melhor para a retenção e preservação do acervo? E o que é melhor em termo de custo/benefício para a própria administração? [...] O que a gente vem percebendo, é que progressivamente, os ministérios começam a implantar os seus programas de gestão documental, alguns mais avançados, outros menos. (JAS)
Para descrever a situação atual da preservação da informação arquivística do Poder
Executivo federal brasileiro, alguns ministérios são mencionados como exemplos de
intervenção bem sucedida, ainda que a preservação, estrito senso, não esteja entre os
procedimentos listados. Ou seja, destacam os procedimentos típicos da gestão de documentos,
como classificação e avaliação, mas a preservação nos arquivos correntes não é mencionada.
Por exemplo, no Ministério da Saúde [...] eles vêm implantando programas e tabelas e códigos que atendam não só a atividade-meio, como a atividade finalística do órgão. O Ministério do Planejamento também empreendeu ações nesse sentido [...]. O Ministério da Defesa implanta, junto com os comandos militares uma série de ações voltadas para gestão da documentação meio e da documentação finalística. Hoje, há uma série de encontros, e a gente espera que até o ano que vem, tenhamos um código de classificação e uma tabela de temporalidade da produção documental das universidades federais. [...] Há uma proposta do Ministério da Saúde de fazer a mesma coisa com os hospitais federais em conjunto com a Câmara Setorial de Arquivos Médicos, o Arquivo Nacional e o Conselho [Nacional de Arquivos] [...]. Há uma discussão com o setor elétrico de encaminhar questões semelhantes, de buscar junto com a Memória da Eletricidade, algo que seja comum e que venha a virar um certo padrão, que facilite o trabalho de avaliação e de destinação. (JAS)
Em que condição estarão esses documentos quando forem recolhidos ao Arquivo
Nacional? E em relação à preservação da informação arquivística produzida em meio
eletrônico/digital? Isso está sendo pensado? Os responsáveis pela informação arquivística
corrente conhecem ou tem acesso aos procedimentos de preservação necessários?
266
A re-alocação administrativa e hierárquica do Arquivo Nacional, a legislação, as
resoluções e uma mudança de mentalidade são apontados como sinais de transformação em
relação ao estágio em que se encontra a preservação da informação arquivística do Poder
Executivo federal.
O Arquivo Nacional não tinha fôlego nem competência para enfrentar aquilo. Hoje, bem ou mal, o Arquivo ocupa esse espaço. Tem dificuldades, porque ainda não tem um quadro técnico suficiente para... Eu acho que ainda não ocupa uma posição de força na constelação do poder, mas acho que já é muito mais ouvido, muito mais chamado para... E tem uma legislação em curso que está sendo... Tem coisas para serem feitas ainda, mas eu acho que a gente andou. Resoluções, portarias, que são muitas. [...] Quer dizer, a gente pode fazer mil críticas, pode melhorar, mas não dá para dizer que não existe... um interesse, hoje, nessas questões. (CMC)
Ao mesmo tempo em que se confirma uma nova posição do Arquivo Nacional, surgem
outras questões e problemas a serem enfrentados na preservação dessa informação. Questões
que vão desde o uso de novas tecnologias, de formação de uma mentalidade mais engajada,
até um novo modelo de gestão, sentido amplo, isto é, de gerenciamento público.
Olha, eu acho que isso ainda não está resolvido, não só no âmbito do Arquivo Nacional, mas em termos da tecnologia em si. Nós temos hoje um sistema de armazenamento que é o ponto vulnerável de qualquer projeto, de qualquer programa de digitalização, que é o armazenamento. [...] Existe uma falta de visão dos nossos governantes. Acho que o Arquivo Nacional tem sido bastante pró-ativo, em se fazer visível, em se fazer reconhecido. Acho que existe um trabalho, um crescimento institucional muito grande do Arquivo Nacional nos últimos anos, mas, de forma alguma, ainda não é suficiente para nada. [...] O que realmente impressiona, é o charme que é a preservação, o charme que é o Arquivo Nacional, cada visita que vem aqui, de ministros a Clara Sverner [pianista famosa], todos ficam absolutamente encantados com essa coisa da memória... Tem um apego das pessoas a esse trabalho da gente, existe toda uma magia que cerca o Arquivo Nacional... Mas eu acho que aquele projeto de modernização, que foi tão falado na época da Celina Vargas [diretora-geral do Arquivo Nacional entre 1980 e 1990] ainda não alcançou a cabeça das pessoas, a forma de trabalhar, os métodos... Isso não é uma questão do Arquivo Nacional... Eu acho que existe uma grande crise nas instituições... [...] Falta um novo modelo de gestão. Não estou falando de Arquivo Nacional, estou falando em termos, realmente, de Brasil. (ACH)
267
Em relação à preservação da informação arquivística do Poder Executivo federal
brasileiro, o SIGA – Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo da Administração Pública
Federal é apontado como um fator diferencial, capaz de concretizar o que não foi conseguido
até então, uma vez que é entendido como um elemento catalisador da Lei no 8.159.
Em algum momento poderemos implementar, via o SIGA, os códigos de classificação da atividade-meio, que já os temos, das atividades-meio mais específicas, como é o caso do pessoal militar, mas para que os documentos possam nascer codificados e temporalizados. [...] E com isso, o SIGA é o instrumento importante. Porque a nossa relação com a administração pública se fazia na determinação dos ditames da Lei no 8.159 e um pouco no varejo. Agora, não. A gente tem uma comissão do SIGA, uma comissão de coordenação que define uma série de questões voltadas para o interesse dos arquivos da administração pública federal. (JAS)
Assim, há no Brasil quatro organismos com objetivos e funções muito semelhantes
para equacionar a questão dos arquivos: o Arquivo Nacional e o SIGA – Sistema de Gestão de
Documentos de Arquivo da Administração Pública Federal, no âmbito federal; e o CONARQ
– Conselho Nacional de Arquivos e o SINAR – Sistema Nacional de Arquivos, de alcance
nacional. É possível que com o advento do SIGA a gestão e a preservação da informação
arquivística do governo federal do Brasil avance. Entretanto, a simples criação de mais uma
estrutura governamental não tem se mostrado a melhor solução para enfrentar o problema.
Principalmente, se considerar-se a disponibilidade orçamentária para área, nos termos
apresentados neste trabalho.
7.4 PRESERVAÇÃO, ARQUIVO NACIONAL E OS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS
As falas que seguem confirmam que o orçamento, independentemente do grau de
investimento feito, é um fator importante na adoção de uma preservação contínua e de longo
268
prazo. Do ponto de vista dos dois especialistas em preservação, o orçamento público é tido
como uma condição inicial para a preservação e entendido como um processo que não admite
interrupções.
Você veja, nos EUA, o Arquivo Nacional dos EUA, toda a questão normativa está dentro do Arquivo Nacional dos EUA. O Arquivo Nacional dos EUA assina os termos de qualidade técnica dos serviços, ele é responsável pela normalização. Eu acho que o Arquivo Nacional [do Brasil] poderia fazer isso no âmbito federal, desde que ele tivesse realmente um orçamento, uma estrutura mais adequada para isso. [...] O orçamento não é entendido para a preservação como um orçamento que cuida da questão profilática, o orçamento não é planejado, no sentido da preservação, no sentido da profilaxia... Porque, no Brasil, com essas condições, só é aceitável um investimento de preservação na forma de profilaxia. Eu estou me referindo à conservação preventiva, mesmo. Só ela é possível economicamente, ela tem um resultado, um benefício, uma eficácia a longo prazo, muito mais justificável... Ela só implementada a partir de um planejamento que depende de uma política estabelecida. (IB)
Eu acredito que o Arquivo Nacional talvez seja uma das instituições brasileiras, hoje, que esteja mais bem aparelhada em termos de infra-estrutura, de pessoal... são 70 conservadores trabalhando na COPAC [Coordenação de Preservação do Acervo]. Existe uma prioridade, por parte da seleção, muito grande nessa área de preservação, inclusive com investimentos altos. Eu acredito que, nestes sete anos [2000-2007], mais de 5 milhões de reais tenham sido investidos no aparelhamento da preservação [...] Agora, essa questão da sustentabilidade, que é um termo que está em moda, que é de que maneira que a pessoa pode garantir que o seu investimento em uma plataforma digital, entre aspas, porque eu não acredito nisso, “dure para sempre”? É uma questão que você tem que estar o tempo todo negociando com a direção investimentos para atualizar todo o seu ambiente tecnológico para garantir que você não fique atrasado em relação aos novos lançamentos. Então, é uma questão que você tem que estar sempre muito atento e com um poder de barganha na administração pública para você manter esse investimento. [...] [O Arquivo Nacional] Continua tendo robustez, continua tendo investimentos... Agora, com o Centro de Memórias Reveladas, que é um projeto do governo para dar acesso à sociedade aos documentos do período da ditadura, a gente está recebendo mais investimentos para poder ampliar o nosso parque de equipamentos. Agora, eu, realmente, sempre tive e sempre vou ter um receio que, se muda a direção, se muda a política, se muda o status quo, a gente pode ficar 5 anos sem investimentos na área digital e isso vai ser suficiente para a gente caducar. E aí, os investimentos todos desses anos correm um sério risco. (ACH)
269
Quando questionados sobre aspectos mais específicos na administração dos recursos
orçamentários destinados ao Arquivo Nacional para a preservação do acervo sob sua custódia,
dois depoimentos são significativos para se entender a aplicação dos recursos financeiros
destinado ao AN. No primeiro caso, mais genérico, aparece o problema da forma como os
recursos devem ser aplicados, o que nem sempre atende às expectativas da área.
[...] Eu não diria que [os recursos orçamentários] foram insuficientes [em sua gestão 2000-2007], mas não foram suficientes para fazer tudo o que precisava fazer. [...] Você veja o PAC [Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal], eles têm lá o dinheiro e as pessoas não conseguem gastar. Por que? São tantos impedimentos. É projeto básico que você tem de fazer, você tem que ter uma descrição pormenorizada de cada item. Por exemplo, nós tivemos isso para comprar um escaner de negativos de multiformato. Fizemos tudo, todo o dever de casa perfeito. Conseguimos. Porque era o único equipamento existente no mercado, nós fizemos uma descrição muito detalhada do projeto básico, que é aquilo que vai instruir o processo de licitação. E quem ganhou não foi o revendedor autorizado, vamos dizer assim. Foi alguém que recomprou e que agora não é capaz de dar a assistência técnica. Então, tem pequenas armadilhas no serviço público, que, por mais que você queira o seu trabalho bem feito, você tem dificuldades de conseguir as coisas. É complicado. (ACH)
Em outra situação, mais específica, mas que também remete a um certo grau de
engessamento na distribuição dos investimentos públicos, observa-se a necessidade de um
certo malabarismo administrativo e estratégico na aplicação dos recursos solicitados e
disponibilizados. Ao explicar por que e como recursos originalmente destinado à preservação
de acervos acabam sendo remanejados para atender outras demandas fora dessa área18, revela-
se um problema de planejamento, algo relativamente comum na administração pública
brasileira: o remanejamento de verbas.
Havia uma previsão feita pela área de preservação de uma quantidade de recursos para contratação de serviços de terceiros. [...] Então, como esse recursos, nós tínhamos certeza que nós não iríamos utilizar voltados para esse fim, porque as equipes foram contratadas pela
18O Relatório de Atividades do Arquivo Nacional de 2004, à página 35/315, registra que R$ 113.000,00 foram
remanejados da atividade Preservação do Acervo para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do Arquivo Nacional (Lei no 11.010 de 17 de dezembro de 2004, que aprovou um crédito suplementar nesse valor).
270
UNESCO. Então, o dinheiro da UNESCO supriu esse recurso que estava na preservação e que nós não poderíamos executar. Então, remaneja-se e vai para a gestão e administração do programa, o que é melhor do que perder. A gente tem análise progressiva da aplicação orçamentária e a área que está com uma certa dificuldade de uso, ou por que aquilo foi planejado além do que se podia, a gente tem que promover... [...] Por isso, há um remanejamento sempre que necessário para que não haja perda [...] Por isso que o remanejamento foi da área de preservação. Não que eles foram desfalcados, porque, na realidade eles já estavam supridos, por outro mecanismo e nós precisávamos reforçar todas. Não foi ‘guindou da preservação’. Saiu da preservação porque havia... a área estava suprida e não teria capacidade operacional de gastos e a gente remaneja para que não haja perda. (JAS)
Uma terceira situação chancela a estreita vinculação entre preservação e orçamento. O
salto gigantesco de mais de dezenove mil por cento19 na previsão inicial para a preservação de
acervo do AN em 2001 é computado ao trinômio “dinheiro, equipamento e gente”.
Em 2001, nós tivemos um grande investimento feito pelo Ministério da Cultura em equipamentos de microfilmagem. É quando o Arquivo adquire microfilmadoras Zeutschel e havia possibilidade de contratação de equipes que foram treinadas para a microfilmagem. A microfilmagem entra como um item de preservação. E aí, as máquinas obsoletas saíram do ar e entraram máquinas com muito mais capacidade operacional. [...] foram contratadas equipes de microfilmadores, equipes de higienizadores, equipe de preparo de microfilmes, e aí foi um boom. O mistério está aí: dinheiro, equipamento e gente. E aí, pôde-se organizar acervos, botar acervo em seqüência, microfilmagem em conjunto, em série, assim, numa linha de montagem. Tinha equipes para organizar, equipes para preparar, controlar intelectualmente, e tome máquina. Por que as microfilmadoras modernas tinham compensação de lombadas, o que era códice, se microfilmava com muito mais agilidade. Nós tínhamos câmaras planetárias para digitalizar mapas de até um metro e meio... E aí, foi o boom. [...] Na realidade, foi um crescimento espetacular, mas não foi milagre. Foi à custa de investimento mesmo [...]. (JAS)
A importância da questão orçamentária para o Arquivo Nacional e para a preservação
da informação arquivística é retomada quando os entrevistados são solicitados a comparar o
19A esse respeito, ver página 230 desta tese.
271
status do Arquivo Nacional quando subordinado ao Ministério da Justiça e depois, sob a Casa
Civil da Presidência da República.
Para dois dos entrevistados, ao passar para a estrutura da Casa Civil, o Arquivo ganha
visibilidade, aproxima-se do poder e adquire novas responsabilidades técnicas.
Eu não tenho dúvida, como já não tinha na década de 80, que uma instituição se projeta se ela está no centro do comando, junto com quem tem poder, para bater na chapa e dizer: é isso. [...] aqui [na Casa Civil], o Arquivo promove a gestão, e isso é um braço importante político para a própria Casa Civil, na medida em que o Arquivo tem tentáculos em todos os ministérios. (JAS)
[...] agora, neste momento da Dilma [Rousseff, ministra da Casa Civil] eu acho que o CONARQ e o Arquivo Nacional estão um pouco mais fortalecidos. É a impressão que me dá. (CMC)
Mas é o aumento nas verbas orçamentárias o elemento mais citado na análise da sua
mudança de hierarquia na estrutura administrativa do governo (grifo nosso).
Na Casa Civil, a gente vem experimentando, até hoje, um processo de investimento, que nós não teríamos se tivéssemos ido parar, seja no Ministério do Planejamento, seja no Ministério da Cultura [...]. Então, para o Arquivo Nacional, orçamentariamente, de visibilidade, eu não tenho dúvida de que nós não estaríamos neste patamar, hoje, se nós continuássemos no Ministério da Justiça. Efetivamente. [...] Você pode estar no ministério mais forte, ter o melhor orçamento, se você não tem visão, perspectiva do que você quer atingir, também não adianta nada. [...] A gente tem de estar sempre buscando o melhor, a melhoria, as condições de melhoria. Por exemplo, todos os investimentos que começam a ser feitos agora no F [prédio F] é para transformar os depósitos para que eles tenham mais qualidade de preservação. E está dentro do escopo do programa de modernização do Arquivo, que é esse projeto que está gerido com a UNESCO, que termina, infelizmente, em dezembro de 2008. [...] Mas aí, o Arquivo já terá feito os investimentos necessários para que ele possa ir conquistando, progressivamente, ampliação orçamentária. Embora seja disputado no tapa, o orçamento, dentro da Casa Civil também, mas é substancial a nossa melhoria orçamentária em relação ao que se tinha dentro do Ministério da Justiça. Todos os ministros adoravam o Arquivo, mas dinheiro que é bom, nada. (JAS)
Em síntese, o conjunto das falas evidenciou desde dificuldades conceituais em relação
ao entendimento de “preservação” e de “políticas”, até o reconhecimento da necessidade de
272
recursos orçamentários contínuos para a preservação. Em diversos momentos ao longo das
entrevistas, quando questionados sobre a falta de definição da Política Nacional de Arquivos,
os entrevistados chamaram atenção para o avanço nas técnicas, nas operações e na legislação
arquivísticas nas últimas décadas. No entanto, esses avanços não têm sido suficientes para
garantir a preservação contínua e a longo prazo da informação arquivística do governo federal
e nem eximem o CONARQ de cumprir a lei, isto é, formular a Política Nacional de Arquivos.
8 REFLEXÕES FINAIS
Refletir sobre a preservação da informação arquivística governamental no Brasil
significa entrar em uma área de pouca visibilidade. Mais problemático ainda é abordar essa
questão do ponto de vista das políticas públicas.
Para retomar o problema de pesquisa, aponta-se que os diversos aspectos, gerais e
específicos, expostos em diferentes graus de profundidade e amplitude ao longo desta tese,
demonstraram que a preservação da informação arquivística governamental, principalmente, a
produzida e acumulada pelo Poder Executivo federal, estudada a partir da atuação do
CONARQ e do Arquivo Nacional, entre 1995 e 2005, terá possibilidades de ser alcançada a
partir da formulação e implementação de políticas públicas de arquivos. Ou seja, até prova em
contrário, a preservação, do tipo contínua, tida de forma praticamente hegemônica no mundo
todo, porque capaz de dar acesso a longo prazo à informação arquivística governamental,
depende de uma política pública de arquivos.
Em vista dos objetivos traçados nesta tese, as reflexões finais aqui expostas trazem dois
tipos de abordagem: uma retrospectiva e outra prospectiva, como segue.
Retrospectivamente, verificou-se que, no Estado brasileiro, a preservação da informação
arquivística do governo federal entre 1995 e 2005 baseou-se:
• na aplicação de intervenções técnicas intermitentes:
• no atendimento descontínuo de demandas emergenciais;
• no uso de recursos orçamentários cujas somas foram instáveis e oscilantes;
• na adoção de estratégias de curto prazo;
• na ausência de planejamento de longo prazo.
274
Todos esses procedimentos foram executados à revelia de qualquer política pública
arquivística.
Nesse sentido, entende-se que as inúmeras ações do CONARQ (leis, resoluções,
pareceres, consultorias, portarias, instruções normativas e publicações técnicas etc.) e do
Arquivo Nacional (gestão de documentos, aquisição de equipamentos, publicações técnicas,
assessorias e visitas técnicas etc.) entre 1995 e 2005 não foram suficientes para alterar
significativamente o “vazio” na preservação da informação arquivística do Executivo federal
provocado pela inexistência da Política Nacional de Arquivos. Os documentos analisados
(relatórios, atas e resoluções) e os argumentos e narrativas dos membros do CONARQ e dos
dirigentes do AN entrevistados explicitam e ratificam, do ponto de vista dessas instituições, tal
quadro.
A análise qualitativa dos recursos orçamentários públicos aplicados em preservação no
período demarcado evidenciou ser este um elemento relevante para a compreensão da
preservação da informação arquivística governamental. O vínculo entre a implementação de
políticas públicas (no caso, políticas públicas de arquivo) e a disponibilidade orçamentária
reforça a proposta defendida nesta tese de que a questão orçamentária é um dos elementos a ser
considerado no estudo do tema.
Ações isoladas de preservação podem ser desenvolvidas e implementadas com pouco ou
nenhum suporte financeiro, mas a formulação e implementação de uma política pública têm
profundos vínculos com algum suporte financeiro. Ainda que uma política pública seja muito
mais do que apenas investimento financeiro, este é um elemento a ser considerado na análise
das políticas públicas. Investimentos financeiros específicos em ações de preservação podem
ocorrer e ocorrem fora do âmbito de uma política pública, mas uma política pública que tenha
como um dos seus objetivos a preservação da informação não se concretiza sem recursos
financeiros. O governo federal brasileiro nos últimos 10 anos (1995-2005) não formulou
políticas públicas de arquivos que contemplassem a preservação da informação arquivística
275
governamental. E mesmo as ações de preservação desenvolvidas de forma isolada, receberam
poucos, variáveis e inconstantes recursos financeiros públicos.
Quando da distribuição e disputa de recursos e rubricas orçamentárias na votação do
Orçamento Geral da União no Congresso Nacional, as verbas orçamentárias destinadas à
preservação da informação, em quantidade e qualidade, são insignificantes, em comparação
com áreas consideradas vitais como saúde, educação e segurança públicas. Ainda assim, algum
recurso é destinado. No entanto, pouco se sabe quanto do Orçamento da União é
especificamente destinado à preservação da informação arquivística do governo federal
brasileiro. Raras são as informações sobre como são e em que são aplicados tais recursos, ou
ainda quais são os resultados obtidos e qual a relação custo/benefício entre os recursos
aplicados e os efeitos obtidos. Esta avaliação também não é uma questão posta na área. Se
relatórios existem, dando conta desses números, eles não são divulgados. A avaliação dos
resultados obtidos com a aplicação dos recursos orçamentários em preservação também é um
ponto problemático. É difícil quantificar a preservação. A passagem do tempo é inexorável
também para os documentos. Isso exige continuidade nos investimentos.
Na já referida “Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital - Preservar
para garantir o acesso”, produzida pelo CONARQ consta:
A preservação de documentos digitais pressupõe uma constante atualização de suporte e de formato, além de estratégias para possibilitar a recuperação das informações, que passam pela preservação da plataforma de hardware e software em que foram criados, pela migração ou pela emulação. Estas são algumas iniciativas que vêm sendo tomadas, mas que não são ainda respostas definitivas para o problema da preservação de longo prazo. Não há soluções únicas e todas elas exigem investimento financeiro elevado e contínuo em infra-estrutura tecnológica, pesquisa científica aplicada e capacitação de recursos humanos”1 (grifo nosso).
As ações do CONARQ e do Arquivo Nacional foram muitas e diversificadas,
abrangentes e específicas, e, no seu conjunto, alteraram a situação dos arquivos no Brasil, na 1Disponível em:
<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/cartapreservpatrimarqdigitalconarq2004.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2007.
276
maioria das vezes para melhor, mas, ainda assim, não são suficientes para garantir a
preservação contínua e a longo prazo da informação arquivística governamental já produzida e
acumulada e a que continua sendo produzida e acumulada ininterruptamente. As ações
fragmentadas e descontínuas de preservação de acervos empreendidas pelo CONARQ e
Arquivo Nacional não devem ser consideradas como políticas públicas. A simples soma de
ações de agências governamentais não constitui uma política pública que garanta a preservação
da informação arquivística governamental, nos moldes do que frisou Jardim (2003, p. 40) em
relação a uma política de informação.
Desde a sua criação em 1991 e de sua instalação em 1994, o CONARQ, na prática, mais
subordinado do que vinculado ao Arquivo Nacional, tem, por lei, a responsabilidade de
formular da Política Nacional de Arquivos. O CONARQ tem se auto-apresentado como um
núcleo de reflexão, de estudos e de pesquisa sobre arquivos no Brasil. No entanto, não
formulou a Política Nacional de Arquivos. Como visto, as carências são múltiplas e resistentes,
mas a ameaça de deterioração da informação governamental é um dado concreto, o que exige
ações claras e urgentes, entre elas, a definição de uma política pública de arquivos.
A análise das atas do CONARQ levou à percepção de que vários assuntos tratados nas
reuniões plenárias do Conselho inscreveram-se muito mais como um conjunto de intenções
declaratórias do que de ações, e assim permaneceram. Entre elas, a principal missão
institucional do CONARQ estabelecida em lei: formular a Política Nacional de Arquivos. Ou
seja, em relação à Política Nacional de Arquivos, os conselheiros foram pródigos em discursos
e parcimoniosos nas decisões.
Sem definir a Política Nacional de Arquivos, não há o que se implementar, função que,
por lei, cabe ao Arquivo Nacional. Da mesma forma, sem uma política pública de arquivo não
há como se preservar de forma contínua e a longo prazo a informação arquivística produzida
pelo governo federal brasileiro. O reconhecimento e o enfrentamento desse quadro, bem como
o exame aprofundado dos limites e possibilidades do CONARQ e do Arquivo Nacional
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fortalecem a ambos os organismos e a comunidade arquivística brasileira. É nesse sentido que
esta tese, dentro de suas enormes limitações, se propõe a colaborar.
Assim, prospectivamente, são três os aspectos a serem considerados: orçamentário,
institucional e conceitual.
São fortes os indícios detectados pela pesquisa que apontam para a necessidade do
orçamento público destinado à preservação da informação arquivística e sua execução
deixarem de ser concebidos e realizados a partir de necessidades fragmentadas para se tornarem
integrados, contínuos e estáveis, visando à preservação e ao acesso dessa informação. O
sucesso na disputa por recursos orçamentários para a preservação dos acervos, quase sempre
menores do que as necessidades, destinados de maneira irregular e com grandes variações nos
valores programados entre um ano e outro, poderá ser alcançado se pensado no escopo de
estratégias mais abrangentes, de maior alcance, cujos objetivos sejam mais nítidos e
explicitamente apresentados. A escassez e a flutuação dos recursos orçamentários públicos
podem diminuir se planejadas a partir da visão integradora de uma política pública de arquivos.
Os recursos orçamentários para atender às demandas e investimentos necessários são e serão
proporcionais à capacidade de influenciar politicamente. Principalmente, no momento da
definição do Orçamento Geral da União.
Outro desafio é a institucionalização da preservação da informação governamental. Até
hoje, nem o CONARQ nem o AN tornaram-se o que deveriam ser em suas respectivas
competências e campo de ação: a autoridade institucional com o poder de preservar a
informação arquivística governamental a partir, respectivamente, da formulação e
implementação da Política Nacional de Arquivos. Ou a preservação se institucionaliza a partir
da formulação e implementação da Política Nacional de Arquivos ou continua-se a postergar a
preservação contínua e a longo prazo da informação arquivística governamental com todos os
riscos decorrentes. Um dos aspectos dessa fragilidade institucional explicita-se na relação entre
o CONARQ e o Arquivo Nacional. Quando o CONARQ, formal e praticamente, assume a sua
278
subordinação ao Arquivo Nacional, revela uma opção política e conceitual, deixando assim de
atuar como uma instituição de assessoramento do Estado em relação aos arquivos públicos e
privados. Pela lei, o papel do CONARQ e do AN está dado. Cabe tão somente que ambos,
respectivamente, formulem e implementem a Política Nacional de Arquivos. Dessa forma,
ambos se fortalecerão institucionalmente. E, ao regularem, de forma eficaz, a área sob suas
respectivas responsabilidades, melhorando a qualidade dos serviços, defendendo os interesses
do governo e da sociedade, contribuem para o aperfeiçoamento da democracia no Brasil.
Em relação à questão conceitual, são três os elementos a serem pensados: a noção de
“acervo preservado”, a preservação como função arquivística da primeira fase da gestão de
documentos e a definição de políticas públicas.
A noção de “acervo preservado” ou de “documento preservado” como constam nos
relatórios do Arquivo Nacional e do Orçamento Geral da União é uma impossibilidade em si.
Não há “acervo preservado”. Não há como se considerar uma intervenção de preservação como
um fato conclusivo ou concluído. O tempo e o uso são devoradores de todas as coisas. A
preservação, por ser necessariamente contínua, vincula-se hoje muito mais ao planejamento e
às decisões e escolhas políticas do que a intervenções pontuais para a recuperação de danos nos
acervos. A compreensão disso faz a diferença naquilo que se entende e se pretende como
preservação. A preservação está muito mais próxima dos que tomam as decisões, promovem as
políticas e disputam os orçamentos do que daqueles que intervêm nos acervos.
O segundo ponto refere-se aos procedimentos e operações técnicas da gestão de
documentos. Ora, a maior parte das referências à preservação de documentos arquivísticos
digitais disponíveis na literatura internacional e nacional, inclusive em publicações do
CONARQ, afirma ser fundamental preservá-los desde a sua produção. Ou, na terminologia
arquivística, desde a idade corrente do ciclo vital de documentos. Isto pode e deve ser estendido
a todos os demais tipos de documentos. No entanto, há indicadores de que tal não ocorre nos
arquivos correntes da administração pública federal. A preservação não está sendo aplicada e
279
nem é percebida como uma função arquivística que deve iniciar-se nos arquivos correntes e
acompanhar todo o ciclo vital dos documentos. Isso não acontece com a informação
arquivística digital do governo federal brasileiro, hoje, como raramente aconteceu ao longo do
tempo com os outros tipos de documentos. A preservação tem sido entendida como uma
operação restrita aos arquivos permanentes. A alteração desse quadro passa por tratar,
explicitamente, a preservação como uma função da gestão de documentos tanto quanto a
classificação, a avaliação, a seleção e o arquivamento.
De outro modo, a preservação permanece fragmentada nas intervenções e inócua em
suas intenções. Em conseqüência, diminui-se a possibilidade de permanência e durabilidade da
informação arquivística governamental na mesma proporção em que se aumenta a dificuldade
de acessá-la no futuro.
Por fim, o terceiro elemento conceitual desta abordagem prospectiva é o que envolve a
noção de política pública, e, por extensão a de Política Nacional de Arquivos. Essa não é uma
questão nova. Em 1995, Jardim (1995b, p. 142), ao analisar o Sistema Nacional de Arquivos,
constatou uma “escassa densidade teórica na abordagem de alguns tópicos.”, entre estes, a
noção de Política Nacional de Arquivos. Quatro anos mais tarde, em 1999, ao estudar a
transparência e a opacidade informacional do Estado brasileiro, uma das conclusões a que
Jardim chegou foi que “A discussão sobre as políticas públicas de informação encontra-se
praticamente ausente da agenda política dos governos pós-85, além de ignoradas pela sociedade
civil” (JARDIM, 1999, p. 197). Em 2007, contata-se que, em ambos os casos, pouco se
avançou no Brasil.
Em um país onde são crescentes e múltiplas as demandas sociais, a preservação da
informação governamental não ocupa lugar de destaque. No entanto, isso não significa menor
relevância da questão. Pelo contrário. Cabe aos agentes e instituições responsáveis pela
preservação da informação governamental, no caso específico estudado, o CONARQ e o
Arquivo Nacional, deixar de ver a preservação como momentos ou fragmentos, para começar a
280
construí-la de maneira permanente. Atuar politicamente também significa demonstrar
claramente que os resultados dos investimentos financeiros, humanos e tecnológicos feitos hoje
em preservação, serão conhecidos no futuro. Por isso é necessário que se aprofunde o
conhecimento sobre políticas públicas.
Estas reflexões, longe de serem conclusivas, são, na verdade, preliminares e provisórias,
e exigem mais pesquisa. Exemplo disso é a questão que relaciona preservação, patrimônio
arquivístico, gestão de documentos e arquivos permanentes, nos termos explorados nesta tese.
São também escassos os estudos produzidos no Brasil sobre a preservação da informação
arquivística e políticas públicas. Há, portanto, um amplo campo a ser explorado. A
proximidade interdisciplinar entre a Ciência da Informação e a Arquivologia subsidia um
aparato epistemológico necessário para o desenvolvimento de estudos sobre o objeto
compartilhado por ambas as disciplinas: a informação. Circunstância que, em última análise,
também favorece o ensino, um fator crítico para o desenvolvimento tanto da Arquivologia
como da Ciência da Informação.
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297
APÊNDICES
Todos os apêndices desta tese são partes de documentos originais e foram produzidos
durante esta pesquisa e no seu interesse. Isto significa que tais apêndices não existem em
qualquer outro lugar na forma como estão aqui. Eles reúnem as partes mais significativas dos
documentos originais consultados. São, portanto, frutos da escolha do pesquisador. Optou-se
por integrá-los a esta tese por conterem informações complementares relevantes e, muitas
vezes, contextualizarem os fragmentos citados.
Apêndice A Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal por órgão e unidade orçamentária
RELATÓRIO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO GOVERNO FEDERAL 1995 a 2005
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/gestao_orcamentaria.asp. Acesso em: 15/03/2007)
DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR PODER E ÓRGÃO E POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA
1995 MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL - STN COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO Execução orçamentária do Governo Federal Portaria no 064 de 26 de fevereiro de 1996. (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto95.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 43 páginas – 3,30 MB.) DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR FUNÇÃO* ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO 1995 * Na Execução Orçamentária do Governo Federal dos anos de 1995 e 1996, não há registro dos dados por Poder
e Órgão. Apenas em 1997 a Execução Orçamentária do Governo Federal passa a apresentar tabelas com dados por Poder e Órgão. No ano 2000, também não há registro de dados por Poder e Órgão. Nesse ano, os dados foram novamente apresentados por função (como em 1995 e 1996) e, ainda, por subfunção.
R$ mil EXECUÇÃO (B) B/A DENOMINAÇÃO DOTAÇÃO
(A) VALOR % % (...) Judiciária (p. 27) 3.201.067 2.968.123 1,3 92,7 Educação e Cultura (p. 27) 11.345.602 9.373.431 4,2 88,5 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN
Total de Funções da tabela: 17 Total da Dotação de todas as Funções da tabela: R$ 357.065.745.000,00 DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO 1995
R$ mil DENOMINAÇÃO DOTAÇÃO EXECUÇÃO (B) B/A
298
(A) VALOR % % (...) Arquivo Nacional (p. 24) 10.935 10.409 0,0 95,2 Fundação Casa Rui Barbosa (p. 25) 4.873 4.731 0,0 97,1 Biblioteca Nacional (p. 25) 18.546 18.195 0,0 96,1 Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural* (p. 25) 58.279 53.535 0,0 91,9 Instituto Brasileiro de Arte e Cultura** (p. 25) 20.794 19.189 0,0 92,3 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN * Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, a partir do Orçamento de 1997. ** Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, a partir do Orçamento de 1997
Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 355 Total da Dotação de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 357.065.745.000,00 1996 MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL - STN COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO Execução orçamentária do Governo Federal Portaria no 86 de 28 de fevereiro de 1997. (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto96.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 48 páginas – 5,44 MB.) DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR FUNÇÃO ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO 1996
R$ mil EXECUÇÃO (B) B/A DENOMINAÇÃO DOTAÇÃO
(A) VALOR % % (...) Judiciária (p. 28) 4.011.360 3.752.911 2,1 93,6 Educação e Cultura (p. 28) 11.140.695 9.494.946 5,3 85,2 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Funções da tabela: 17 Total da Dotação de todas as Funções da tabela: R$ 221.293.442.000,00 DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1996
R$ mil EXECUÇÃO (B) B/A DENOMINAÇÃO DOTAÇÃO
(A) VALOR % % (...) Arquivo Nacional (p. 24) 9.267 8.000 0,0 86,3 Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 25) 6.710 6.436 0,0 95,9 Biblioteca Nacional (p. 25) 22.225 20.352 0,0 91,6 Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural* (p. 25) 65.630 57.113 0,0 87,0 Instituto Brasileiro de Arte e Cultura** (p. 25) 20.636 13.031 0,0 62,2 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN * Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, a partir do Orçamento de 1997. ** Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, a partir do Orçamento de 1997 Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 340 Total da Dotação de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 221.293.442.000,00
299
1997 MINISTÉRIO DA FAZENDA - MF SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL - STN COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal Port. nr. 082, de 04 de março de 1998 (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto97.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 57 páginas – 522,96 KB) DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1997
R$ mil EXECUÇÃO (B) B/A PODER / ÓRGÃO
DOTAÇÃO
(A) VALOR % % (...) Ministério da Justiça (p. 23) 2.317.833 2.100.417 0,8 90,6 Ministério da Cultura (p. 23) 276.479 203.983 0,1 73,8 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Órgãos da tabela: 22 Total da Dotação de todos os Órgãos da tabela: R$ 338.679.705.000,00 DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1997
R$ mil EXECUÇÃO (B) B/A UNIDADE ORÇAMENTÁRIA DOTAÇÃO
(A) VALOR % % (...) Arquivo Nacional (p. 29) 9.637 8.245 0,0 85,5 Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 30) 7.163 6.285 0,0 87,7 Biblioteca Nacional (p. 30) 26.350 22.232 0,0 84,4 IPHAN (p. 30) 92.559 61.182 0,0 66,1 FUNARTE (p. 30) 33.219 26.419 0,0 79,5 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 411 Total da Dotação de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 338.679.704.000,00 1998 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal Port. n.° 052, de 25 de fevereiro de 1999 (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/conjunto98.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 64 páginas – 524,95 KB) TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1998
R$ milhares
300
DOTAÇÃO DO EXERCÍCIO EMPENHO EMITIDO EXECUÇÃO
%
PODER / ÓRGÃO
A B C % C/A (...) Ministério da Justiça (p. 28) 2.578.160 2.179.678 2.178.065 0,7 84,5 Ministério da Cultura (p. 28) 264.328 196.187 196.187 0,1 74,2 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Órgãos da tabela: 34 Total da Dotação do Exercício de todos os Órgãos da tabela: R$ 345.112.614.000,00 TABELA 13 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1998
R$ milhares DOTAÇÃO DO EXERCÍCIO EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO
%
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA A B C % C/A
(...) Arquivo Nacional (p. 35) 9.662 8.979 8.979 0,0 92,9 Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 36) 8.626 8.074 8.074 0,0 93,6 Biblioteca Nacional (p. 36) 22.033 20.343 20.343 0,0 92,3 IPHAN (p. 36) 62.229 57.883 57.883 0,0 93,0 FUNARTE (p. 36) 25.521 23.937 23.937 0,0 93,8 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 333 Total da Dotação do Exercício de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 345.112.614.000,00 1999 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO Execução Orçamentária do Governo Federal Portaria no 81 CCONT/DINCO de 02 de março de 2000. (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto99.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 66 páginas – 510,6 KB) TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1999
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO DO
EXERCÍCIO EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO
%
PODER / ÓRGÃO
A B C D % D/B (...) Ministério da Justiça (p. 29)
2.320.610 2.529.720 2.223.581 2.219.666 0,7 87,7
Ministério da Cultura (p. 29)
263.731 266.809 228.191 226.051 0,1 84,7
(...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Órgãos da tabela: 34 Total da Dotação do Exercício de todos os Órgãos da tabela: R$ 363.063.344.000,00 Total de Órgãos listados pela pesquisa: 2
301
Total da Dotação do Exercício de Órgãos listados pela pesquisa: R$ 2.584.341.000,00 TABELA 13 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 1999
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO DO
EXERCÍCIO EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO
%
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA
A B C D % D/B (...) Arquivo Nacional (p. 36) 11.293 11.353 10.971 10.971 0,0 96,6 Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 37)
9.381 9.018 8.323 8.323 0,0 92,3
Biblioteca Nacional (p. 37) 24.036 24.689 24.628 24.628 0,0 99,8 IPHAN (p. 37) 64.333 67.291 66.623 66.623 0,0 99,0 FUNARTE (p. 37) 25.532 24.919 23.384 23.384 0,0 93,8 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 373 Total da Dotação do Exercício de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 363.063.344.000,00 2000 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO Execução Orçamentária do Governo Federal Portaria no 46 CCONT/DINCO de 16 de fevereiro de 2001. (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto2000.PDF. Acesso em: 15/03/2007 – 74 páginas – 798,85 KB) TABELA 13 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2000
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA A B C D % D/B E
(...) Arquivo Nacional* (p. 39)
11.146 11.146 10.667 10.667 0,0 95,7 9.076
Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 40)
9.306 9.877 9.788 9.788 0,0 99,1 9.543
Biblioteca Nacional (p. 40)
24.317 26.125 25.881 25.881 0,0 99,1 23.039
IPHAN (p. 40) 62.798 64.677 64.227 64.227 0,0 99,3 61.677 FUNARTE (p. 40) 24.317 24.657 23.937 23.937 0,0 97,1 23.348 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN *Neste demonstrativo de despesas o Arquivo Nacional aparece duas vezes, na página 35, logo abaixo do Gabinete da Presidência da República e na página 39, logo abaixo do Ministério da Justiça. Na página 35 não foram registrados quaisquer valores ao AN. Total de Unidades Orçamentárias da tabela: Total da Dotação para o Exercício de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ R$ 393.035.190.000,00 TABELA 14 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR FUNÇÃO / SUBFUNÇÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2000
R$ milhares
302
DOTAÇÃOINICIAL DOTAÇÃO P/O EXERCÍCIO
DESPESA EMPENHADA
DESPESA LIQUIDADA
%
VALORES PAGOS
FUNÇÃO /
SUBFUNÇÃO A B C D % D/B E (...) Função Cultura (p. 46)
256.560 292.603 238.219 238.219 0,1 0,0 193.113
(...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN [OBS.: As funções e subfunções do Ministério da Justiça estão espalhadas por vários itens da tabela, impossibilitando a identificação com precisão daquelas que efetivamente estão subordinadas ao Ministério da Justiça e, nessa condição, participam do orçamento total da pasta.] Total de Subfunções da tabela: 423 Total da Dotação para o Exercício de todas as Funções e Subfunções da tabela: R$ 393.035.190.000,00 2001 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal Portaria no 54 de 29 de janeiro de 2002. (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/eodez01.pdf. Acesso em: 15/03/2007 – 82 páginas – 756,33 KB) TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2001
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
PODER / ÓRGÃO A B C D % D/B E
(...) Gabinete da Presidência da República (p. 32)
2.043.994 2.087.044 1.467.026 1.467.026 0,4 70,3 1.463.774
Ministério da Cultura (p. 32)
339.189 365.589 316.792 316.792 0,1 86,7 314.434
(...) FONTE: SIAFI - GEINC/CCONT/STN Total de Órgãos da tabela: 34 Total da Dotação do Exercício de todos os Órgãos da tabela: R$ 438.023.907.000,00 TABELA 13 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2001
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA A B C D % D/B E
(...) Arquivo Nacional* (p. 35)
11.376 13.362 12.965 12.965 0,0 97,0 12.918
Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 40)
11.699
11.832
10.635
10.635
0,0
89,9
10.629
Biblioteca Nacional (p. 40)
25.384 27.014 26.949 26.949 0,0 99,8 26.419
303
IPHAN (p. 40) 67.541 74.186 72.675 72.675 0,0 98,0 71.440 FUNARTE (p. 40) 27.991 31.721 28.873 28.873 0,0 91,0 28.871 (...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC *Neste demonstrativo de despesas, o Arquivo Nacional aparece logo abaixo do Gabinete da Presidência da República, sinalizando para a sua nova subordinação a esse órgão. Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 349 Total da Dotação para o Exercício de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 438.023.907.000,00 2002 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 21, de 29 de janeiro de 2003 (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2002.pdf. Acesso em: 15/03/2007 – 96 páginas – 1,26 MB) TABELA 10 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO DE 2002
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
PODER / ÓRGÃO A B C D % D/B E
(...) Gabinete da Presidência da República (p. 63)
1.912.218 2.083.214 1.515.592 1.515.592 0,3 72,8 750.331
Ministério da Cultura (p. 63)
391.277 415.232 276.363 276.363 0,1 66,6 245.368
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Órgãos da tabela: 33 Total da Dotação do Exercício de todos os Órgãos da tabela: R$ 468.224.260.000,00 TABELA 11 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2002
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA A B C D % D/B E
(...) Arquivo Nacional (p. 67)
12.357 30.330 29.924 29.924 0,0 98,7 29.650
Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 73)
11.544
13.085
12.385
12.385
0,0
94,7
12.150
Biblioteca Nacional (p. 73)
27.517 30.927 29.785 29.785 0,0 96,3 29.001
IPHAN (p. 73) 73.267 82.649 76.700 76.700 0,0 92,8 75.668 FUNARTE (p. 73) 27.470 30.920 29.182 29.182 0,0 94,4 28.775 (...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 353 Total da Dotação para o Exercício de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 468.224.260.000,00
304
2003 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 60, de 29 de janeiro de 2004 (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2003.pdf. Acesso em: 16/03/2007 – 96 páginas – 521,83 KB) TABELA 10 - DEMONSTRATIVO DAS DESPES AS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO DE 2003
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO
ATUALIZADA DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
PODER / ÓRGÃO A B C D % D/B E
(...) Gabinete da Presidência da República (p. 63)
4.404.340 2.796.832 1.487.904 1.487.904 0,3 53,2 1.318.553
Ministério da Cultura (p. 63)
450.230 452.193 291.791 291.790 0,1 64,5 243.812
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Órgãos da tabela: 37 Total da Dotação Atualizada de todos os Órgãos da tabela: R$ 560.572.611.000,00 TABELA 11 – DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO – 2003
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO DESPESA
EMPENHADA DESPESA
LIQUIDADA
% VALORES
PAGOS
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA A B C D % D/B E
(...) Arquivo Nacional (p. 67)
14.134 18.280 18.026 18.026 0,0 98,6 17.740
Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 73)
12.916
13.199
12.589
12.589
0,0 95,4
12.308
Biblioteca Nacional (p. 73)
31.669 32.965 29.907 29.907 0,0 90,7 29.243
IPHAN (p. 73) 83.246 90.261 86.515 86.515 0,0 95,8 82.046 FUNARTE (p. 73) 29.175 32.289 29.336 29.336 0,0 90,9 27.597 (...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 369 Total da Dotação para o Exercício de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 560.572.611.000,00 2004 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 57, de 26 de janeiro de 2005.
305
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf. Acesso em: 16/03/2007 – 99 páginas – 550, 21 KB.) TABELA 10 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO DE 2004
R$ milhares DESPESA LIQUIDADA DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO
ATUALIZADA DESPESA
EMPENHADA Valor % % VALORES
PAGOS
PODER / ÓRGÃO a b c d d/total
d d/b e
(...) Gabinete da Presidência da República (p. 66)
6.196.027 1 .403.700 1.850.748 1.850.748 0,3 131,8 1.747.018
Ministério da Cultura (p. 63)
507.840 523.659 395.925 395.925 0,1 75,6 303.846
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Órgãos da tabela: 37 Total da Dotação Atualizada de todos os Órgãos da tabela: R$ 646.712.876.000,00 TABELA 11 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2004
R$ milhares DESPESA LIQUIDADA DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO
ATUALIZADA DESPESA
EMPENHADA Valor % % VALORES
PAGOS UNIDADE
ORÇAMENTÁRIA a b c d d/total
d d/b e
(...) Arquivo Nacional (p. 70)
20.687 21.666 20.915 20.915 0,0 96,5 19.760
Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 76)
14.503
16.614
16.168
16.168
0,0
97,3
14.040
Biblioteca Nacional (p. 76)
34.993 38.438 37.815 37.815 0,0 98,4 34.618
IPHAN (p. 76) 95.922 103.655 101.487 101.487 0,0 97,9 90.196 FUNARTE (p. 76) 33.662 33.563 31.464 31.464 0,0 93,7 29.129 (...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 372 Total da Dotação Atualizada de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 646.712.876.000,00 2005 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 165, de 27 de janeiro de 2006. (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2005.pdf. Acesso em: 16/03/2007 – 100 páginas – 6,64 MB) TABELA 10 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PODER E ÓRGÃO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO DE 2005
R$ milhares DESPESA LIQUIDADA
306
DOTAÇÃO INICIAL
DOTAÇÃO ATUALIZADA
DESPESA EMPENHADA
Valor % % VALORES PAGOS
PODER /ÓRGÃO
a b c d d/total d
d/b e
(...) Gabinete da Presidência da República (p. 69)
1.871.213
1.989.928
1.163.016
1.163.016
0,2
58,4
1.009.064 Ministério da Cultura (p. 69)
633.169
670.824
523.337
523.337
0,1
78,0
385.813
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Órgãos da tabela: 37 Total da Dotação Atualizada de todos os Órgãos da tabela: R$ 698.950.487.000,00 TABELA 11 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2005
R$ milhares DESPESA LIQUIDADA DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO
ATUALIZADA DESPESA
EMPENHADA Valor % % VALORES
PAGOS
UNIDADE ORÇAMENTÁRIA a b c d d/total
d d/b e
(...) Arquivo Nacional (p. 73)
25.093 26.110 22.817 22.817
0,0
87,4 19.628
Fundação Casa de Rui Barbosa (p. 78)
16.923
17.330
15.018
15.018
0,0
86,7
13.832
Biblioteca Nacional (p. 78)
62.424 62.552 54.887 54.887 0,0 87,7 31.129
IPHAN (p. 78) 110.072 111.328 103.368 103.368 0,0 92,8 95.943 FUNARTE (p. 78) 34.403 34.834 32.065 32.065 0,0 92,1 29.739 (...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Unidades Orçamentárias da tabela: 370 Total da Dotação Atualizada de todas as Unidades Orçamentárias da tabela: R$ 698.950.487.000,00
307
Apêndice B Síntese dos Relatórios da Execução Orçamentária do Governo Federal por programa (e subprograma)
RELATÓRIO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO GOVERNO FEDERAL – 1995 a 2005 Disponível em:: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/gestao_orcamentaria.asp. Acesso em: 15/03/2007.
DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA
1995 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Execução orçamentária do Governo Federal Portaria no 064 de 23 de fevereiro de 1996.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto95.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 43 páginas – 3,30 MB)
DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR PROGRAMA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO - 1995 R$ mil
EXECUÇÃO (B) B/A DENOMINAÇÃO DOTAÇÃO (A) VALOR % %
(...) Preservação de Recursos Naturais Renováveis (p. 29)
39.631 22.276 0,0 56,2
Serviços de Informações (p. 29) 1.807 1.211 0,0 67,0 Política Exterior (p. 29) 411.472 393.264 0,2 95,6 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Programas da tabela: 58 Total da Dotação de todos os Programas: R$ 357.065.745.000,00 1996 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Execução orçamentária do Governo Federal Portaria no 86 de 28 de fevereiro de 1997.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto96.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 48 páginas – 5,44 MB.)
DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR PROGRAMA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO - 1996 R$ mil
308
EXECUÇÃO (B) B/A DENOMINAÇÃO DOTAÇÃO (A) VALOR % %
(...) Preservação de Recursos Naturais Renováveis (p. 30)
42.142 24.960 0,0 59,2
Serviços de Informações (p. 30) 4.959 2.400 0,0 49,9 Política Exterior (p. 30) 449.328 417.274 0,2 92,8 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Programas da tabela: 59 Total da Dotação de todos os Programas: R$ 221.293.442.000,00 1997 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal Port. nr. 082, de 04 de março de 1998
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto97.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 57 páginas – 522,96 KB)
DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR PROGRAMA* ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO - 1997 *Nos relatórios de 1997, 1998 e 1999 há uma tabela “por Programa” e outra “por Subprograma” no item Demonstrativo das Despesas.
R$ mil EXECUÇÃO (B) B/A PROGRAMA DOTAÇÃO
(A) VALOR % % (...) Preservação de Recursos Naturais Renováveis (p. 34) 46.140 34.636 0,0 75,1 Serviços de Informações (p. 34) 307 216 0,0 70,4 Política Exterior (p. 34) 465.286 449.170 0,2 96,5 (...) FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Programas da tabela: 57 Total da Dotação do Exercício de todos os Programas da tabela: R$ 338.679.705.000,00
DEMONSTRAÇÃO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR SUBPROGRAMA ORÇAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO - 1997 R$ mil
EXECUÇÃO (B) B/A SUBPROGRAMA DOTAÇÃO (A) VALOR % %
(...) Documentação e Bibliografia (p. 36) 670 186 0,0 27,7 Informação Científica e Tecnológica (p. 36) 14.346 12.115 0,0 84,5 Execução da Política de Preços Agrícolas (p. 36) 918.345 811.495 0,3 88,4 Conservação do Solo (p. 36) 1.000 0 0,0 0 Serviços de Informação e Contra-Informação (p. 36) 307 216 0,0 70,4 Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico (p. 37) 68.481 37.304 0,0 54,5 Conservação de Rodovias (p. 38) 172.450 159.101 0,1 92,3 Restauração de Rodovias (p. 38) 582.601 276.082 0,1 47,4 (...)
309
FONTE: SIAFI - CCONT/STN Total de Subprogramas da tabela: 145 Total da Dotação do Exercício de todos os Subprogramas da tabela: R$ 338.679.705.000,00
1998 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal Port. n.° 052, de 25 de fevereiro de 1999
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/conjunto98.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 64 páginas – 524,95 KB)
TABELA 15 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO – 1998
R$ milhares DOTAÇÃO
DO EXERCÍCIO
EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO % PROGRAMA
A B C % C/A
(...) Preservação de Recursos Naturais Renováveis (p. 40) 69.073 43.295 43.289 0,0 62,7 Serviços de Informações (p. 40) 150 131 131 0,0 87,1 Política Exterior (p. 40) 507.778 459.666 459.666 0,2 90,5 (...) F O N T E : S IA F I - C C O N T /S T N
Total de Programas da tabela: 57 Total da Dotação do Exercício de todos os Programas da tabela: R$ 345.112.614.000,00
TABELA 16 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR SUBPROGRAMA ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO – 1998 R$ milhares
DOTAÇÃO DO
EXERCÍCIO
EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO
%
SUBPROGRAMA
A B C % C/A
(...) Documentação e Bibliografia (p. 42) 126 81 81 0,0 64,6 Informação Cientifica e Tecnológica (p. 42) 10.094 8.364 8.364 0,0 82,9 Execução da Política de Preços Agrícolas (p. 42) 847.493 823.630 441.929 0,1 52,1 Serviços de Informação e Contra-Informação (p. 42) 150 131 131 0,0 87,1 Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico (p. 43) 63.673
26.938 26.938 0,0 42,3
Conservação de Rodovias (p. 44) 144.732 123.187 123.187 0,0 85,1 Restauração de Rodovias (p. 44) 568.423 296.631 296.625 0,1 52,2 (...) F O N T E : S IA F I - C C O N T /S T N
Total de Subprogramas da tabela: 143 Total da Dotação do Exercício de todos os Subprogramas da tabela: R$ 345.112.614.000,00
310
1999 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal Portaria no 81 CCONT/DINCO de 02 de março de 2000.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto99.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 66 páginas – 510,6 KB)
TABELA 15 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO – 1999
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL
DOTAÇÃO DO
EXERCÍCIO
EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO
%
PROGRAMA
A B C D % D/B
(...) Preservação de Recursos Naturais Renováveis (p. 41)
30.721
42.558
30.672
30.672
0,0
72,1
Serviços de Informações (p. 41) 191 191 185 185 0,0 97,1 Política Exterior (p. 41) 249.896 405.909 410.205 410.205 0,1 101,1 (...) F O N T E : S IA F I - C C O N T /S T N Total de Programas da tabela: 57 Total da Dotação do Exercício de todos os Programas da tabela: R$ 363.063.344.000,00
TABELA 16 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR SUBPROGRAMA ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO – 1999
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL
DOTAÇÃO DO
EXERCÍCIO
EMPENHO EMITIDO
EXECUÇÃO
%
SUBPROGRAMA
A B C D % D/B
(...) Documentação e Bibliografia (p. 43) 1.565 1.565 1.320 1.320 0,0 84,3 Informação Cientifica e Tecnológica (p. 43)
9.740 11.080 10.530 10.530 0,0 95,0
Execução da Política de Preços Agrícolas (p. 43)
809.100
809.100
508.904
475.647
0,1
58,8
Serviços de Informação e Contra-Informação (p. 43)
191
191
185
185
0,0
97,1
Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico (p. 44) 88.344 85.636 71.060
71.060
0,0 83,0
Conservação de Rodovias (p. 45) 87.617 90.927 87.100 87.100 0,0 95,8 Restauração de Rodovias (p. 45) 312.042 451.582 331.609 331.609 0,1 73,4 (...) F O N T E : S IA F I - C C O N T /S T N Total de Subprogramas da tabela: 143 Total da Dotação do Exercício de todos os Subprogramas da tabela: R$ 363.063.344.000,00
311
2000 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO GERAL DE CONTABILIDADE - CCONT DIVISÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS - DINCO
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal Portaria no 46 CCONT/DINCO de 16 de fevereiro de 2001.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto2000.PDF. Acesso em: 18/03/2007 - 74 páginas – 798,85 KB)
TABELA 15 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA
ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO – 2000
R$ milhares DOTAÇÃO
INICIAL
DOTAÇÃO DO
EXERCÍCIO
DESPESA EMPENHADA
DESPESA LIQUIDADA
%
VALORES PAGOS
PROGRAMA
A B C D % D/B E (...) Gestão da Política de Saúde (P. 52)
43.768
42.668
38.403
38.403
0,00
90,0
25.215
Gestão da Política de Educação (p. 52)
10.435
10.496
9.342
9.342
0,00
89,0
8.465
Gestão da Política de Assistência Social (p. 52)
6.363
7.148
6.863
6.863
0,00
96,0
5.996
Gestão da Política de Previdência Social (p. 53)
4.976
5.235
4.545
4.545
0,00
86,8
2.720 Gestão da Política de Trabalho e Emprego (p. 53)
21.785
21.785
16.768
13.088
0,00
60,1
11.387 Gestão da Política Fundiária (p. 53)
6.401
6.401
6.147
6.147
0,00
96,0
5.795
Gestão da Política de Direitos Humanos (p. 53)
211
211
0
0
0,00
0,00
0
Brasil Patrimônio Cultural (p. 53) 15.550 21.041 17.075
17.075
0,00
81,2 10.048
Gestão da Política de Cultura (p. 53)
2.221
1.796
1.667
1.667
0,00
92,8
1.390
Gestão da Política de Transportes (p. 54)
27.507
30.305
16.064
16.064
0,00
53,0
11.296
Gestão da Política de Energia e Mineração (p. 54)
1.773
1.773
0
0
0,00
0,00
0 Gestão da Política de Desenvolv. Urbano (p. 54)
2.311
2.311
1.645
1.645
0,00
71,2
1.462 Gestão da Política Agropecuária (p. 54)
25.703
25.173
19.092
19.092
0,0
75,8
14.691
Conservação de Solos na Agricultura (p. 54)
6.490
6.490
5.281
5.276
0,00
81,3
4.839
Gestão das Políticas de Ind., Comércio e Serviços (p. 55)
5.138
5.138
3.986
3.986
0,00
77,6
3.500 Gestão das Políticas de Esporte e Turismo (p.55)
4.533
4.360
3.291
3.291
0,00
75,5
2.455
Sociedade da Informação–Internet II
312
(p. 55) 48.476 33.374 32.381 32.381 0,00 97,0 28.819 Gestão da Política de Ciência e Tecnologia (p. 55)
2.158
2.158
1.994
1.994
0,00
92,4
1.891 Conserv.[ação] Ambiental de Regiões Mineradas (p. 56)
4.173
1.799
1.006
1.006
0,00
55,9
929 Gestão da Política do Meio Ambiente (p. 56)
11.452
31.052
22.041
22.041
0,00
71,0
18.225
Gestão da Política das Forcas Armadas (p. 56)
18.917
18.997
17.575
17.575
0,00
92,5
11.137
Gestão da Política Externa (p. 57)
4.059
4.272
3.013
3.013
0,00
70,5
3.013
Gestão da Política na Área da Justiça (p. 57)
905
905
730
730
0,00
80,7
347
Gestão da Política de Comun. de Governo (p. 57)
91.956
101.436
91.522
91.522
0,00
90,2
71.618 Gestão da Política de Integração Nacional (p. 57)
8.441
12.855
4.412
4.412
0,00
34,3
1.391 Gestão da Política Econômica (p. 57)
290.685
364.649
303.696
303.695
0,1
83,3
108.787
Gestão/[da] Polít.[ica] de Exec. Financ.,Contábil e Contr. Int. (p. 57)
59.831
59.831
57.793
57.793
0,00
96,6
56.646 Gestão da Polít.[ica] Regulação de Mercados (p. 57)
1.091
1.091
966
966
0,00
88,5
881 Informações Estatísticas e Geográficas (p. 58)
22.998
23.798
17.335
17.335
0,0
72,8
14.880
Informação e Conhec. em Polít.[icas] Públicas (p. 58)
19.284 18.411 13.087 13.087
0,00
71,1 13.087 Monumenta - Preservação Patr. Histórico (p. 58)
22.902 22.902 3.433 3.433
0,00
15,0 3.111 (...) F O N T E : SIA F I - D I N C O /C C O N T /STN
Total de Programas da tabela: 360 Total da Dotação do Exercício de todos os Programas da tabela: R$ 393.035.190.000,00 2001 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal Portaria no 54 de 29 de janeiro de 2002.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_De
monstracoes/Quadros_Demonstrativos/eodez01.pdf. Acesso em: 17/03/2007 - 82 páginas – 756,33 KB)
TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
JANEIRO A DEZEMBRO - 2001
313
R$ milhares
DESPESA DOTAÇÃO INICIAL
DOTAÇÃO P/O
EXERCÍCIO EMPENHADA LIQUIDADA
%
VALORES PAGOS
PROGRAMA
A B C D % D/B E
(...) Gestão da Política de Saúde (p. 52)
54.830
54.780
52.761
52.761
0,00
96,3
52.736
Gestão da Política de Educação (p. 52)
15.154
15.100
12.439
12.439
0,00
82,4
12.329
Gestão da Política de Assistência Social (p. 52)
6.829
7.912
6.594
6.594
0,00
83,3
6.536
Gestão da Política de Previdência Social (p. 53)
16.387
16.387
15.482
15.482
0,00
94,5
11.797 Gestão da Política de Trabalho e Emprego (p. 53)
35.731
31.731
17.429
17.429
0,00
54,9
17.166 Gestão da Política Fundiária (p. 53)
6.916
6.916
6.476
6.476
0,00
93,6
6.433
Gestão da Política de Direitos Humanos (p. 53)
323
323
321
321
0,00
99,4
321
Brasil Patrimônio Cultural (p. 53) 36.671 33.986 31.134
31.134
0,00
91,6 30.363
Gestão da Política de Cultura (p. 53)
2.194
2.239
2.076
2.076
0,00
92,7
2.039
Gestão da Política de Transportes (p. 54)
50.674
49.857
28.243
28.243
0,00
56,6
27.430
Gestão da Política de Energia e Mineração (p. 54)
16.868
16.819
15.611
15.611
0,00
92,8
15.611 Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano (p. 54)
4.099
4.099
2.820
2.820
0,00
68,8
2.703 Gestão da Política Agropecuária (p. 54)
12.722
13.715
13.259
13.259
0,00
96,7
13.178
Conservação de Solos na Agricultura (p. 54)
8.446 0,0
8.686
7.579
7.576
0,00
87,2
6.545
Gestão das Políticas de Ind., Comércio e Serviços (p. 55)
7.445
7.445
6.510
6.510
0,00
87,4
6.193 Gestão das Políticas de Esporte e Turismo (p.55)
5.238
6.397
5.758
5.758
0,0
90,0
4.132
Sociedade da Informação- Internet II (p. 55)
93.768 102.318 54.775
54.775
0,00
53,5 53.817 Gestão da Política de Ciência e Tecnologia (p. 55)
14.079
11.379
7.342
7.342
0,00
64,5
6.611 Conserv.[ação] Ambiental de Regiões Mineradas (p. 56)
2.274 0,0
2.123
1.351
1.351
0,00
63,6
1.351 Gestão da Política do Meio Ambiente (p. 56)
28.913
28.442
23.622
23.622
0,00
83,1
23.615
Gestão da Política das Forcas Armadas (p. 56)
50.579
54.773
45.543
45.543
0,00
83,1
43.075
Gestão da Política Externa (p. 57)
2.679
2.679
2.163
2.163
0,00
80,7
2.163
314
Gestão da Política na Área da Justiça (p. 57)
833
833
236
236
0,00
28,3
236
Gestão da Política de Comum. de Governo (p. 57)
119.180
124.643
115.305
115.305
0,00
92,5
111.605 Gestão da Política de Integração Nacional (p. 57)
9.862
9.862
8.392
8.392
0,00
85,1
8.392 Gestão da Política Econômica (p. 57)
338.018
355.443
295.675
295.675
0,1
83,2
295.653
Gestão/[da] Polít.[ica] de Exec. Financ.,Contábil e Contr. Int. (p. 57)
180.741
181.163
177.149
177.149
0,00
97,8
177.012 Gestão da Polít.[ica] Regulação de Mercados (p. 57)
1.431
1.678
1.569
1.569
0,00
93,5
1.566 Gestão Polít.[ica] Controle Interno Poder Executivo (p. 57)
10.999
10.028
9.885
9.885
0,00
98,6
9.829 Informações Estatísticas e Geográficas (p. 58)
33.468
29.823
28.783
28.783
0,00
96,5
28.617
Informação e Conhec. em Polít.[icas] Públicas (p. 58)
22.216 21.885 15.139 15.139
0,00
69,2 15.139 Monumenta - Preservação Patr. Histórico (p. 58)
26.647 26.647 14.405 14.405
0,00
54,1 14.405 (...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT/GEINC Total de Programas da tabela: 360 Total da Dotação p/o Exercício de todos os Programas da tabela: R$ 438.023.907.000,00 2002 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 21, de 29 de janeiro de 2003
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2002.pdf. Acesso em: 17/03/2007 - 96 páginas – 1,26 MB)
TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA
ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2002
R$ milhares
DESPESA DOTAÇÃO INICIAL
DOTAÇÃO ATUALIZADA
EMPENHADA LIQUIDADA
% VALORES PAGOS
PROGRAMA
A B C D % D/B E (...) Gestão da Política de Saúde (p. 76)
61.998
79.854
73.402
73.402
0,02
91,92
68.335
Gestão da Política de Educação (p. 77)
17.590
17.954
14.423
14.423
0,00
80,33
13.405
Gestão da Política de
315
Assistência Social (p. 77) 8.145 8.916 8.347 8.347 0,00 93,62 7.388 Gestão da Política de Previdência Social (p. 77)
10.821
10.229
7.831
7.831
0,00
76,56
5.036
Gestão da Política de Trabalho e Emprego (p. 78)
28.895
28.895
22.245
22.245
0,01
76,99
22.226
Gestão da Política Fundiária (p. 78)
9.038
9.038
8.127
8.127
0,00
89,92
7.377
Gestão da Política de Direitos Humanos (p. 78)
1.097
988
402
402
0,00
40,69
302
Brasil Patrimônio Cultural (p. 78)
41.292 39.123 18.795
18.795
0,00
48,04 16.080
Gestão da Política de Cultura (p. 78)
3.214
3.123
2.677
2.677
0,00
85,72
2.413
Gestão da Política de Transportes (p. 79)
89.747
248.855
167.827
167.827
0,04
67,44
119.864
Gestão da Política de Energia (p. 79)
11.699
12.039
825
825
0,00
6,85
733
Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano (p. 79)
7.384
8.988
5.140
5.140
0,00
57,19
4.930 Gestão da Política Agropecuária (p. 80)
11.315 11.245
11.162
11.162
0,00
99,26
10.721
Conservação de Solos na Agricultura (p. 80)
9.720
9.720
7.985
7.724
0,00
79,47
7.259
Gestão das Políticas Industrial, de Comércio e de Serviços (p. 81)
7.912
7.892
6.726
6.726
0,00
85,23
6.285 Gestão das Políticas de Esporte e Turismo (p. 81)
33.676
37.172
36.661
36.661
0,01
98,63
36.638 Sociedade da Informação- Internet II (p. 81)
89.270 89.270 65.473
65.473
0,01
73,34 59.896 Gestão da Política de Ciência e Tecnologia (p. 81)
16.886
16.886
12.869
12.869
0,00
76,21
12.634 Conservação Ambiental de Regiões Mineradas (p. 82)
2.587
2.587
1.014
1.014
0,00
39,20
934 Gestão da Política do Meio Ambiente (p. 82)
26.870
27.762
23.937
23.937
0,01
86,22
17.820
Gestão da Política de Defesa Nacional (p. 83)
15.740
15.787
15.340
15.340
0,00
97,17
14.431
Gestão da Política Externa (p. 84)
3.120
3.160
1.494
1.494
0,00
47,28
1.471
Gestão da Política na Área da Justiça (p. 84)
735
735
302
302
0,00
41,09
292
Gestão da Política de Comunicação de Governo (p. 84)
147.099
177.928
122.297
122.297
0,03
68,73
110.139 Gestão da Política de Integração Nacional (p. 84)
57.929
57.929
31.210
31.210
0,01
53,88
22.000 Gestão das Políticas Monetária, Cambial e de Crédito (p. 84)
6.779
6.779
5.008
5.008
0,00
73,88
728 Gestão da Política de
316
Administração Financeira e Contábil da União (p. 84)
97.763
109.963
80.704
80.704
0,02
73,39
71.114 Gestão da Política de Regulação de Mercados (p. 84)
7.282
7.282
4.591
4.591
0,00
63,05
4.161 Gestão da Política de Controle Interno do Poder Executivo Federal (p. 84)
10.835
10.835
8.815
8.815
0,00
81,36
8.631 Informações Estatísticas e Geográficas (p. 85)
49.262
29.710
27.642
27.642
0,01
93,04
24.209
Informação e Conhecimento em Políticas Públicas (p. 85)
11.984 10.354 4.326 4.326
0,00
41,78 4.256 Monumenta: Preservação do Patrimônio Histórico (p. 85)
16.021 16.715 12.098 12.098
0,00
72,38 6.167 Governo Eletrônico (p. 85)
71.777 84.618 48.562 48.562
0,00
57,39 34.885
Gestão da Política de Comunicações (p. 85)
5.580
5.580
0
0
0,00
0,00
0
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT/GEINC Total de Programas da tabela: 360 Total da Dotação Atualizada de todos os Programas da tabela: R$ 468.224.260.000,00 2003 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 60, de 29 de janeiro de 2004
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2003.pdf. Acesso em: 17/03/2007 - 96 páginas – 521,83 KB)
TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA
ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2003
R$ milhares
DESPESA DOTAÇÃO INICIAL
DOTAÇÃO ATUALIZADA
EMPENHADA LIQUIDADA
%
VALORES PAGOS
PROGRAMA
A B C D % D/B E (...) Gestão da Política de Saúde (p. 76)
77.295
83.355
81.894
81.894
0,02
98,25
64.716
Gestão da Política de Educação (p. 77)
19.551
17.848
12.185
12.110
0,00
67,85
10.493
Gestão da Política de Assistência Social (p. 77)
8.550
9.098
7.370
7.371
0,00
81,02
5.324
Gestão da Política de Previdência Social (p. 77)
19.454
14.261
3.386
3.386
0,00
23,74
1.638
317
Gestão da Política de Trabalho e Emprego (p. 78)
20.315
16.315
9.833
9.833
0,00
60,27
9.378 Gestão da Política Fundiária (p. 78)
9.038
9.000
7.420
7.420
0,00
82,44
7.278
Gestão da Política de Direitos Humanos (p. 78)
1.057
1.057
0
0
0,00
0,00
0
Brasil Patrimônio Cultural (p. 78)
58.108 57.776 40.261
40.253
0,01
69,67 21.812
Gestão da Política de Cultura (p. 78)
3.718
4.247
2.952
2.952
0,00
69,51
1.982
Gestão da Política de Transportes (p. 79)
131.472
189.291
152.571
152.571
0,03
80,60
126.470
Gestão da Política de Energia (p. 79)
13.096
13.096
247
247
0,00
1,89
206
Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano (p. 79)
4.655
6.369
2.997
2.997
0,00
47,06
875 Gestão da Política Agropecuária (p. 80)
56.897
56.897
22.085
22.085
0,00
38,82
20.337
Conservação de Solos na Agricultura (p. 80)
8.482
8.482
7.516
7.516
0,00
88,61
6.076
Gestão das Políticas Industrial, de Comércio e de Serviços (p. 81)
7.280
7.280
4.923
4.923
0,00
67,62
4.772 Gestão das Políticas de Esporte e Turismo (p. 81)
34.196
38.780
35.742
35.742
0,01
92,17
35.505 Sociedade da Informação- Internet II (p. 81)
73.253 100.853 94.660
94.559
0,02
93,76 74.404 Gestão da Política de Ciência e Tecnologia (p. 81)
19.846
21.346
19.582
19.582
0,00
91,74
17.983 Conservação Ambiental de Regiões Mineradas (p. 82)
2.303
12.303
496
496
0,00
4,03
414 Gestão da Política do Meio Ambiente (p. 82)
28.160
24.133
12.082
12.082
0,00
50,06
11.487
Gestão da Política de Defesa Nacional (p. 83)
14.648
15.639
15.304
15.304
0,00
97,86
13.699
Gestão da Política Externa (p. 84)
3.038
2.552
2.437
2.412
0,00
94,51
2.411
Gestão da Política na Área da Justiça (p. 84)
1.150
1.150
228
228
0,00
19,83
77
Gestão da Política de Comunicação de Governo (p. 84)
111.905
109.305
70.978
70.978
0,01
64,94
50.137 Gestão da Política de Integração Nacional (p. 84)
109.433
109.433
17.839
17.839
0,00
16,30
1.504 Gestão das Políticas Monetária, Cambial e de Crédito (p. 84)
11.825
8.225
6.699
6.699
0,00
81,45
6.454 Gestão da Política de Administração Financeira e Contábil da União (p. 84)
88.348
95.316
78.106
78.106
0,02
81,94
75.086 Gestão da Política de
318
Regulação de Mercados (p. 84)
6.277
6.277
3.782
3.782
0,00
60,25
3.663
Gestão da Política de Controle Interno do Poder Executivo Federal (p. 84)
12.001
19.667
12.654
12.648
0,00
64,31
8.807 Informações Estatísticas e Geográficas (p. 85)
26.224
26.246
26.001
26.001
0,01
99,07
25.583
Informação e Conhecimento em Políticas Públicas (p. 85)
57.046 61.196 56.690 56.690
0,01
92,64 56.089 Monumenta: Preservação do Patrimônio Histórico (p. 85)
21.078 21.078 14.517 14.417
0,00
68,40 7.239 Governo Eletrônico (p. 85)
67.986 46.894 16.879 16.879
0,00
35,99 14.255
Gestão da Política de Comunicações (p. 85)
3.395
3.233
1.000
1.000
0,00
30,93
1.000
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT/GEINC Total de Programas da tabela: 360 Total da Dotação Atualizada de todos os Programas da tabela: R$ 560.572.611.000,00 2004 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 57, de 26 de janeiro de 2005.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf. Acesso em: 16/03/2007 - 99 páginas – 550,21 KB)
TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA
ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2004
R$ milhares
DESPESA LIQUIDADA PROGRAMA
DOTAÇÃO INICIAL
(a)
DOTAÇÃO ATUALIZADA
(b)
DESPESA EMPENHADA
(c) Valor (d)
% (d/total
d)
% (d/b)
VALORES PAGOS
(e)
(...) Gestão da Política de Saúde (p. 79)
147.008
138.612
96.367
96.367
0,02
69,52
73.814
Gestão da Política de Assistência Social (p. 79)
8.625
6.325
5.227
5.227
0,00
82,64
4.131 Gestão da Política de Previdência Social (p. 79)
13.871
12.892
10.225
10.225
0,00
79,31
9.633 Integração das Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda (p. 79)
9.305.104
9.884.235
9.562.637
9.562.637
1,76
96,75
9.396.717
319
Gestão da Política de Trabalho e Emprego (p. 79)
144.805
160.369
135.787
135.787
0,02
84,67
125.761 Gestão da Política de Desenvolvimento Agrário (p. 79)
14.104
13.192
11.710
11.710
0,00
88,77
10.691 Gestão da Política de Direitos Humanos (p. 79)
321
215
175
175
0,00
81,40
54 Brasil Patrimônio Cultural (p. 80)
56.885 56.344 32.937 32.937
0,01
58,46 12.087
Gestão da Política de Cultura (p. 80)
17.470
15.924
15.000
15.000
0,00
94,20
10.373
Gestão da Política de Transportes (p. 80)
175.769
263.077
165.519
165.519
0,03
62,92
141.318
Gestão da Política de Energia (p. 80)
34.597
52.597
19.671
19.671
0,00
37,40
18.287
Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano (p. 81)
15.456
14.223
11.888
11.888
0,00
83,58
9.135 Gestão da Política Agropecuária (p. 81)
21.931
28.996
25.242
25.204
0,00
86,92
23.310
Manejo e Conservação de Solos na Agricultura (p. 81)
5.641
5.641
3.307
3.307
0,00
58,62
2.724 Gestão das Políticas Industrial, de Comércio e de Serviços (p. 81)
18.742
28.742
9.203
9.203
0,00
32,02
8.006 Gestão das Políticas de Esporte e de Lazer (p. 81)
1.744
1.694
1.254
1.254
0,00
74,03
1.143 Sociedade da Informação (p. 82)
71.751 66 .954 65.393 65.393
0,01
97,67 57.998
Gestão da Política de Ciência e Tecnologia (p. 82)
24.440
23.965
21.331
21.331
0,00
89,01
20.101 Gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos (p. 82)
7.401
7.951
5.398
5.398
0,00
67,89
5.078 Conservação, Uso Sustentável e Recuperação da Biodiversidade (p. 82)
21.008
23.683
16.238
16.230
0,00
68,53
10.626 Gestão da Política do Meio Ambiente (p. 84)
38.789
45.626
33.208
33.208
0,01
72,78
20.965
Gestão da Política de Defesa Nacional (p. 83)
10.043
23.934
23.898
23.898
0,00
99,85
19.896
Gestão da Política Externa (p. 83)
16.200
26.200
21.908
21.908
0,00
83,62
18.482
Gestão da Política na Área da Justiça (p. 84)
2.640
1.990
867
867
0,00
43,57
404
Gestão da Política de Comunicação de Governo (p. 84)
118.000
146.050
135.942
135. 942
0,03
93,08
121.226 Gestão da Política de Desenvolvimento Regional e Ordenamento (p. 84)
8.960
7.916
6.053
6.053
0,00
76,47
4.212
320
Gestão das Políticas Monetária, Cambial e de Crédito (p. 84)
16.777
15.212
10.276
10.276
0,00
67,55
10.261 Gestão da Política de Administração Financeira e Contábil da União (p. 84)
487.487
542.750
234.581
234.581
0,04
43,22
233.059 Gestão da Política de Regulação de Mercados (p. 84)
5.082
5.082
2.835
2.835
0,00
55,79
2.692 Informações Estatísticas e Geocientíficas (p. 84)
34.114
32.635
30.658
30.658
0,01
93,94
25.395 Prospecção e Avaliação de Políticas Públicas (p. 84)
66.664 76.829 73.851 73.851
0,01
96,12 72.774 Monumenta (p. 84) 24.240 24.240 22.650 22.650 0,00 93,44 9.163 Gestão da Política de Turismo (p. 85)
16.641
16.041
9.911
9.911
0,00
61,79
7.486
Gestão da Política na Área de Planejamento (p. 85)
168.701
179.506
165.526
165.526
0,03
92,21
1.708 Gestão das Políticas de Governo (p. 85)
6.700
6.679
2.166
2.166
0,00
32,43
1.791
Gestão da Política de Segurança Alimentar e Nutricional (p. 85)
8.634
8.584
5.760
5.760
0,00
67,10
5.369 Democratização do Acesso a Informação Arquivística Governamental (p. 85)
19.042 19.652 19.061 19.061
0,00
96,99 17.906
Democratização do Acesso a Informação Jornalística, Educacional e Cultural (p. 85)
138.153 150.686 139.301 139.301
0,03
92,44 131.993 Gestão da Política de Educação (p. 86)
82.950
66.118
59.691
59.691
0,01
90,28
47.064
Gestão da Política de Gênero (p. 86)
5.240
4.822
3.714
3.714
0,00
77,02
3.530
Gestão da Política Mineral (p. 86)
26.340
25.540
17.911
17.911
0,00
70,13
14.330
Avaliação de Políticas Sociais do Governo Federal (p. 86)
12.000
13.028
11.717
11.717
0,00
89,94
11.709 Conservação e Uso Sustentável de Recursos Genéticos (p. 87)
3.001
4.072
2.663
2.663
0,00
65,40
2.297 Democratização do Acesso a Informação Legislativa (p. 86)
1.000 1.000 0 0
0,00
0,00 0 Gestão da Política de Promoção da Igualdade Racial (p. 88)
18.932
18.682
14.610
14.610
0,00
78,20
14.101 Gestão da Política Econômica (p. 88)
1.564
2.209
1.903
1.903
0,00
86,15
1.210
Análise e Difusão da
321
Política Externa Brasileira (p. 88)
3.937
4.358
3.759
3.759
0,00
86,26
3.215
Conservação, Uso Racional e Qualidade das Águas (p. 88)
27.130
26.379
10.046
10.046
0,00
38,08
1.018 Conservação e Recuperação dos Biomas Brasileiros (p. 88)
1.525
4.085
3.310
3.310
0,00
81,03
1.145 Revitalização de Bens do Patrimônio Histórico Nacional (p. 89)
500 500 0 0
0,00
0,00 0 Gestão da Política de Comunicações (p. 89)
22.611
22.115
11.394
11.394
0,00
51,52
8.295
Governo Eletrônico (p. 90)
42.304 61.619 55.979 55.979
0,01
90,85 36.286
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC
Total de Programas da tabela: 369 Total da Dotação Atualizada de todos os Programas da tabela: R$ 646.712.876.000,00 2005 MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTABILIDADE GERÊNCIA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos Portaria nº 165, de 27 de janeiro de 2006.
(Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2005.pdf. Acesso em: 16/03/2007 - 100 páginas – 6,54 MB)
TABELA 12 - DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS DA UNIÃO POR PROGRAMA
ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL JANEIRO A DEZEMBRO - 2005
R$ milhares
DESPESA LIQUIDADA
DOTAÇÃO INICIAL
DOTAÇÃO ATUALIZADA
DESPESA EMPENHADA
VALORES PAGOS
PROGRAMA
a b c Valor
d %
d/total d
% d/b e
(...) Gestão da Política de Saúde (p. 81)
240.045
215.419
185.264
185.264
0,03
86,00
125.446
Gestão da Política de Previdência Social (p. 81)
149.651
41.648
31.578
31.578
0,01
75,82
26.987 Integração das Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda (p. 81)
10.641.503
11.517.418
11.464.036
11.464.036
1,89
99,54
11.44 2.716
Gestão da Política de Trabalho e Emprego (p. 81)
147.664
158.481
149.452
149.452
0,02
94,32
144.866 Gestão da Política de
322
Desenvolvimento Agrário (p. 81)
15.339
15.338
14.366
14.366
0,00
93,66
11.474
Gestão da Política de Direitos Humanos (p. 81)
1.972
1.972
1.624
1.624
0,00
82,35
991 Brasil Patrimônio Cultural (p. 81)
57.080 53.503 33.028 33.028
0,01
61,7 314.121
Gestão da Política de Cultura (p. 82)
35.845
58.001
53.540
53.540
0,01
92,31
51.376
Gestão da Política de Transportes (p. 82)
224.773
279.902
236.437
236.437
0,04
84,47
163.859
Gestão da Política de Energia (p. 82)
177.270
177.270
81.355
81.355
0,01
45,89
74.196
Gestão da Política de Desenvolvimento Urbano (p. 82)
31.549
31.549
29.400
29.400
0,00
93,19
27.954 Gestão da Política Agropecuária (p. 83)
54.066
53.671
43.330
43.318
0,01
80,71
37.286
Manejo e Conservação de Solos na Agricultura (p. 83)
3.655
2.251
2.046
2.046
0,00
90,89
619
Gestão das Políticas Industrial, de Comércio e de Serviços (p. 83)
16.553
16.035
12.189
12.189
0,00
76,01
9.301
Gestão das Políticas de Esporte e de Lazer (p. 83)
7.900
7.854
3.550
3.550
0,00
45,20
3.473 Sociedade da Informação (p. 83)
106.645 105.413 96.182 96.182
0,02
91,2 481.815
Gestão da Política de Ciência e Tecnologia (p. 83)
31.284
26.384
21.506
21.506
0,00
81,51
19.033 Gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos (p. 83)
7.966
7.966
6.959
6.959
0,00
87,36
6.409
Conservação, Uso Sustentável e Recuperação da Biodiversidade (p. 84)
35.383
35.383
23.731
23.717
0,00
67,03
14.803
Gestão da Política do Meio Ambiente (p. 84)
55.612
55.673
32.485
32.485
0,01
58,35
24.252
Gestão da Política de Defesa Nacional (p. 84)
41.834
41.952
40.782
40.782
0,01
97,21
21.184
Gestão da Política Externa (p. 85)
37.261
32.890
24.974
24.974
0,00
75,93
24.206
Gestão da Política na Área da Justiça (p. 85)
13.374
7.821
493
493
0,00
6,30
356
Gestão da Política de Comunicação de Governo (p. 85)
131.841
162.050
146.884
146.884
0,02
90,64
82.395 Gestão da Política de Desenvolvimento
323
Regional e Ordenamento (p. 85)
25.801
25.661
22.046
22 046
0,00
85,91
10.557
Gestão das Políticas Monetária, Cambial e de Crédito (p. 85)
18.074
18.074
8.068
8.068
0,00
44,64
8.029 Gestão da Política de Administração Financeira e Contábil da União (p. 85)
307.902
333.175
172.860
172.860
0,03
51,88
168.662 Gestão da Política de Regulação de Mercados (p. 86)
5.891
5.891
3.488
3.488
0,00
59,21
2.910 Informações Estatísticas e Geocientíficas (p. 86)
43.450
40.432
29.936
29.936
0,00
74,04
22.517
Prospecção e Avaliação de Políticas Públicas (p. 86)
79.710 93.884 79.564 79.564
0,01
84,75 78.385
Monumenta (p. 86) 37.240 47.240 37.880 37.880 0,01 80,19 25.725 Gestão da Política de Turismo (p. 86)
21.270
21.137
14.606
14.606
0,00
69,10
11.916
Gestão da Política na Área de Planejamento (p. 86)
77.975
79.186
50.513
50.513
0,01
63,79
32.514 Gestão das Políticas de Governo (p. 86)
8.700
8.700
3.820
3.820
0,00
43,91
3.442
Gestão da Política de Segurança Alimentar e Nutricional (p. 86)
37.505
38.114
37.980
37.980
0,01
99,65
37.812 Democratização do Acesso a Informação Arquivística Governamental (p. 86)
22.920 23.938 21.347 21.3 47
0,0
89,18 18.407
Democratização do Acesso a Informação Jornalística, Educacional e Cultural (p. 86)
157.239 161.357 140.914 140.914
0,02
87,33 136.079
Gestão da Política de Educação (p. 87)
569.998
492.943
463.651
463.651
0,08
94,06
451.916
Gestão da Política de Gênero (p. 87)
5.155
5.155
3.275
3.275
0,00
63,53
3.091
Gestão da Política Mineral (p. 87)
13.565
13.565
10.694
10.694
0,00
78,84
10.103
Democratização do Acesso a Informação Legislativa (p. 87)
1.100 1.100 3 3
0,00
0,27 3
Avaliação de Políticas Sociais do Governo Federal (p. 87)
1.300
1.300
1.300
0,00
100,00
1.300
Conservação e Uso Sustentável de Recursos Genéticos
324
(p. 88) 2.648 2.648 2.147 2.147 0,00 81,08 1.626 Gestão da Política de Promoção da Igualdade Racial (p. 88)
12.544
13.598
10.158
10.158
0,00
74,70
9.826
Gestão da Política Econômica (p. 89)
5.022
5.385
4.933
4.933
0,00
91,61
4.759
Análise e Difusão da Política Externa Brasileira (p. 89)
4.648
4.650
3.497
3.497
0,00
75,20
3.157 Conservação, Uso Racional e Qualidade das Águas (p. 89)
32.809
32.661
11.808
11.808
0,00
36,15
511 Conservação e Recuperação dos Biomas Brasileiros (p. 89)
18.056
18.056
7.181
7.181
0,00
39,77
3.403 Gestão da Política Pesqueira (p. 89)
6.166
11.566
5.3 6 7
5.366
0,00
46,39
3.219
Revitalização de Bens do Patrimônio Histórico Nacional (p. 90)
20.340 20.340 2.438 2.438
0,00
11,99 0 Governo Eletrônico (p. 90)
137.593 137.383 46.703 46.703
0,01
33,99 31.039
Gestão da Política de Comunicações (p. 90)
53.731
53.731
8.964
8.964
0,00
16,68
3.532
(...) FONTE: SIAFI - ST N/CCONT /GE INC Total de Programas da tabela: 367 Total da Dotação Atualizada de todos os Programas da tabela: R$ 698.950.487.000,00
325
Apêndice C Planos Plurianuais – programas de preservação de acervos documentais
OS PLANOS PLURIANUAIS E OS PROGRAMAS E AÇÕES DE PRESERVAÇÃO DE ACERVOS DOCUMENTAIS 1995-2005
PPA 1992-1995 Não foram encontrados dados disponíveis sobre este PPA.
PPA 1996-1999 Brasil em Ação
1996 Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Educação, Cultura e Desporto Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
R$ 1,00 ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 9 9 6
Fiscal Seguridade Estatais Outros Recursos
56.988.926
0
0
56.894.738
0
0
56.034.891
0
0 T O T A L 56.988.926 56.894.738 56.034.891
(Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Ação > Educação, Cultura e Desportos > Patrimônio Artístico, Histórico e Arqueológico > Resumo 1996. Acesso em: 28/03/2007) Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Educação, Cultura e Desporto Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Objetivo : Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
Escolha a Informação Desejada
1996 1997 1998 1999 Acumulado Fiscal Seguridade * Clique Aqui * * Clique Aqui Estatais * * * * * Outros Recursos * * * * * Resumo * Clique Aqui * * Clique Aqui * - Sem Informação (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Educação, Cultura e Desportos > Patrimônio Artístico, Histórico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio Cultural.... Acesso em: 28/03/2007) Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Justiça, Segurança e Cidadania Ação: Documentação e Bibliografia Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do País
R$ 1,00 ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 Fiscal Seguridade 140.836 140.836 140.836
326
9 9 6
Estatais Outros Recursos
0
0
0
0
0
0
TOTAL 140.836 140.836 140.836 (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1996. Acesso em: 28/03/2007) ________________ 1997 [Cultura] Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Educação, Cultura e Desporto Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Objetivo: Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
R$ 1,00 ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 9 9 7
Fiscal Seguridade Estatais Outros Recursos
14.839.689
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14.610.803
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0
11.897.238
0
0
T O T A L 14.839.689 14.610.803 11.897.238 (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf, Dados Financeiros > Objetivo > Educação, Cultura e Desportos > Patrimônio Artístico, Histórico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio Cultural... > Resumo 1997. Acesso em: 28/03/2007) [Justiça] Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Justiça, Segurança e Cidadania Ação: Documentação e Bibliografia Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do País
Escolha a Informação Desejada 1996 1997 1998 1999 Acumulado Fiscal Seguridade Clique Aqui * * * Clique Aqui Estatais * * * * * Outros Recursos * * * * * Resumo Clique Aqui * * * Clique Aqui * - Sem Informação (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf, Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional.... Acesso em: 28/03/2007) ______________
1998
[Cultura] Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Educação, Cultura e Desporto Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Objetivo: Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
327
R$ 1,00 ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 9 9 8
Fiscal Seguridade Estatais Outros Recursos
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6.854.098
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T O T A L 6.854.098 6.854.098 6.854.098 (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1998.nsf, Dados Financeiros > Objetivo > Educação, Cultura e Desporto > Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio Cultural... > Resumo 1998. Acesso em: 28/03/2007) [Justiça] Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Justiça, Segurança e Cidadania Ação: Documentação e Bibliografia Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do País
Escolha a Informação Desejada 1996 1997 1998 1999 Acumulado Fiscal Seguridade Clique Aqui * * * Clique Aqui Estatais * * * * * Outros Recursos * * * * * Resumo Clique Aqui * * * Clique Aqui * - Sem Informação (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional.... Acesso em: 28/03/2007) _____________
1999
[Cultura] Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Educação, Cultura e Desporto Ação: Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Objetivo: Preservar o Patrimônio Cultural Brasileiro por Meio de Instrumentos Jurídicos, Técnicos e
Administrativos e Ações de Identificação, Pesquisa, Conservação, Revitalização e Promoção, a Fim de Propiciar a Sociedade Conhecimento e Uso Adequado dos Bens e Manifestações Culturais
R$ 1,00 ANO RECURSOS DOTAÇÃO INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
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Fiscal Seguridade Estatais Outros Recursos
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0 T O T A L 40.674.617 38.082.913 32.019.901 (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1999.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Educação, Cultura e Desporto > Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico > Preservar o Patrimônio Cultural... > Resumo 1999. Acesso em: 28/03/2007)
[Justiça] Dados Financeiros: FISCAL SEGURIDADE Tema: Justiça, Segurança e Cidadania Ação: Documentação e Bibliografia Objetivo: Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional,
Inclusive para Permitir a Incorporação de Acervos Governamentais Inadequadamente Arquivados ou
328
Por Incorporar, Gerando Facilidades para Pesquisa e para o Desenvolvimento Social-Cultural do País
R$ 1,00 ANO RECURSOS DOTAÇÃO
INICIAL DOTAÇÃO ATUAL EXECUTADO
1 9 9 9
Fiscal Seguridade Estatais Outros Recursos
437.564
0
0
437.564
0
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437.564
0
0 T O T A L 437.564 437.564 437.564 (Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1999.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1999. Acesso em: 28/03/2007)
PPA 2000-2003 Avança Brasil
2000 PROGRAMA 0167 - BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL
Macroobjetivo 07: Desenvolver a Indústria Cultural Macroobjetivo 25: Promover a Cultura para fortalecer a cidadania Órgão responsável: Ministério da Cultura (Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/frameset.htm, Programas > Programas em Ordem Alfabética > Brasil Patrimônio Cultural. Acesso em: 25/03/2007)
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2000 (...) 2630 – Preservação de acervos culturais Bem preservado 2.401.296 2810 - Preservação do acervo do Arquivo Nacional* Bem preservado 628.239 (...)
(Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/content/programas/07/03/prog0703.htm > Realização Física e Financeira. Acesso em: 13/03/2007)
* Este projeto, no relatório do ano 2001, apesar de continuar listado entre os projetos do MinC, aparece como sendo um projeto da Presidência da República. Em 2001, o Arquivo Nacional saiu da hierarquia do Ministério da Justiça e passou a ser subordinado à Casa Civil da Presidência da República.
PROGRAMA 0172 - CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direitos Humanos Órgão responsável: Ministério da Cultura (Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/frameset.htm, Programas > Programas em Ordem Alfabética > Cultura Afro-Brasileira. Acesso em: 25/03/2007)
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2000
(...) 2637 - Preservação de bens do patrimônio histórico, artístico e
arqueológico afro-brasileiro Bem
preservado 113.458
2644 - Preservação de acervos bibliográficos e documentais da memória afro-brasileira
Bem preservado
2.962
2643 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e acervos Bem 10.000
329
bibliográficos afro-brasileiros preservado (...)
(Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/content/programas/26/04/prog2604.htm, Realização Física e Financeira. Acesso em: 25/03/2007) PROGRAMA 0151 - TERRITÓRIO E CULTURA INDÍGENAS
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direito Humanos Órgão responsável: Ministério da Justiça (Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/frameset.htm, Programas > Programas em Ordem Alfabética > Território e Cultura Indígenas. Acesso em: 25/03/2007)
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2000 (...) 2630 - Preservação de acervos culturais Bem preservado 129.370 (...)
(Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/content/programas/26/12/prog2612.htm, Realização Física e Financeira. Acesso em: 25/03/2007) ______________ 2001 PROGRAMA 0167 - BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL
Macroobjetivo 07: Desenvolver a Indústria Cultural Macroobjetivo 25: Promover a Cultura para fortalecer a cidadania Órgão responsável: Ministério da Cultura
Realização física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2001
(...) 2225 - Preservação dos acervos documentais privados de Presidentes
da República Acervo
preservado 464.651
2630 - Preservação de acervos culturais - Ministério da Educação Bem preservado 538.553 2630 - Preservação de acervos culturais Bem preservado 1.266.142 2630 - Preservação de acervos culturais - Ministério da Defesa Bem preservado 973.844 2642 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e acervos
de arte e cultura Bem protegido 260.901
2810 - Preservação do acervo do Arquivo Nacional – Presidência da República
Bem preservado 246.959
(...) (Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/07/02/prog0702_anexo1.htm. Acesso em: 13/03/2007) PROGRAMA 0172 - CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direitos Humanos Órgão responsável: Ministério da Cultura
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2001
(...) 2637 - Preservação de bens do patrimônio histórico, artístico e
arqueológico afro-brasileiro Bem
preservado 112.605
330
2643 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e acervos bibliográficos afro-brasileiros
Bem preservado
10.000
2644 - Preservação de acervos bibliográficos e documentais da memória afro-brasileira
Bem preservado
3.168
(...) (Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/26/05/prog2605_anexo1.htm. Acesso em: 26/03/2007) PROGRAMA 0151 - TERRITÓRIO E CULTURA INDÍGENAS
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direito Humanos Órgão responsável: Ministério da Justiça
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2001
(...) 2630 - Preservação de acervos culturais Bem preservado 99.626 6487 - Organização, preservação e divulgação dos acervos
documentais sobre índios e a política indigenista Documento preservado
68.858
(...) (Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/26/13/prog2613_anexo1.htm. Acesso em: 26/03/2007) _______________ 2002 PROGRAMA 0167 - BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL
Macroobjetivo 07: Desenvolver a Indústria Cultural Macroobjetivo 25: Promover a Cultura para fortalecer a cidadania Órgão responsável: Ministério da Cultura
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2002
(...) 2225 - Preservação dos acervos documentais privados de
Presidentes da República Acervo preservado 4.948
2630 - Preservação de acervos culturais Bem preservado 469.997 2630 - Preservação de acervos culturais - Ministério da Defesa Bem preservado 1.078.370 2642 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e
acervos de arte e cultura Bem protegido 60.047
2810 - Preservação do acervo documental de interesse público1 - Presidência da República
Documento preservado
1.310.018
4013 - Preservação de acervos na Fundação Joaquim Nabuco - Ministério da Educação
Acervo preservado 777.769
(...) (Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002/content/av_prog/089/prog089_anexo1.htm. Acesso em: 13/03/2007) PROGRAMA 0172 - CULTURA AFRO-BRASILEIRA
1 Mantém-se código do projeto, mas altera-se a denominação do programa em relação a 2001.
331
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direitos Humanos Órgão responsável: Ministério da Cultura
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2001
(...) 2637 - Preservação de bens do patrimônio histórico, artístico e
arqueológico afro-brasileiro Bem
preservado 0
2643 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e acervos bibliográficos afro-brasileiros
Bem preservado
0
2644 - Preservação de acervos bibliográficos e documentais da memória afro-brasileira
Bem preservado
0
(...) (Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002/content/av_prog/306/prog306_anexo1.htm. Acesso em: 26/03/2007) PROGRAMA 0151 - TERRITÓRIO E CULTURA INDÍGENAS
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direito Humanos Órgão responsável: Ministério da Justiça
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2001 (...) 2630 - Preservação de acervos culturais Bem preservado 97.203 6487 - Organização, preservação e divulgação dos acervos
documentais sobre índios e a política indigenista Documento preservado 158.284
(...) (Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002/content/av_prog/314/prog314_anexo1.htm, acessado em 26/03/2007) ______________ 2003 PROGRAMA 0167 - BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL
Macroobjetivo 07: Desenvolver a Indústria Cultural Macroobjetivo 25: Promover a Cultura para fortalecer a cidadania Órgão responsável: Ministério da Cultura
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2003 (...) 2225 - Preservação dos acervos documentais privados de
Presidentes da República Acervo preservado 0
2630 - Preservação de acervos culturais Bem preservado 730.906 2630 - Preservação de acervos culturais - Ministério da Defesa Bem preservado 1.022.260 2642 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e
acervos de arte e cultura Bem protegido 39.973
2810 - Preservação do acervo documental de interesse público – Presidência da República
Bem preservado 373.230
332
4013 - Preservação de acervos na Fundação Joaquim Nabuco - Ministério da Educação
Acervo preservado 277.561
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/planejamento_investimento/conteudo/relatorio_ppa/v1/index.htm, > Programas ou Órgãos > Ministério da Cultura > Brasil Patrimônio Cultural > Anexo I. Acesso em: 22/03/2007) PROGRAMA 0169 – CINEMA, SOM E VÍDEO
Macroobjetivo 07: Desenvolver a Indústria Cultural Órgão responsável: Ministério da Cultura
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
(...) 4709 – Preservação de Acervos Audiovisuais Acervo preservado 994.784 (...)
(Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/planejamento_investimento/conteudo/relatorio_ppa/v1/index.htm, > Programas ou Órgãos > Ministério da Cultura > Cinema, Som e Vídeo > Anexo I. Acesso em: 22/03/2007) PROGRAMA 0172 - CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Macroobjetivo 26: Promover a garantia dos Direitos Humanos Órgão responsável: Ministério da Cultura
Realização Física e Financeira de Programas e Ações
Valores em R$ 1,00 PROJETO / AÇÃO PRODUTO FINANCEIRO
Realizado em 2001
(...) 2637 - Preservação de bens do patrimônio histórico, artístico e
arqueológico afro-brasileiro Bem
preservado 0
2643 - Tratamento técnico para salvaguarda de documentos e acervos bibliográficos afro-brasileiros
Bem preservado
0
2644 - Preservação de acervos bibliográficos e documentais da memória afro-brasileira
Bem preservado
0
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/planejamento_investimento/conteudo/relatorio_ppa/v1/index.htm, > Programas ou Órgãos > Ministério da Cultura > Cultura Afro-Brasileira > Anexo I. Acesso em: 22/03/2007)
PPA 2004-2007* Brasil de Todos
*(de acordo com o marco temporal da pesquisa, foram considerados apenas os anos de 2004 e 2005) 2004 PROGRAMA 0167 – BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL
Objetivo: Preservar e revitalizar o patrimônio cultural brasileiro Público-alvo: Sociedade Órgão Responsável: Ministério da Cultura
333
Ações do Orçamento Fiscal Valores em R$ 1,00
FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 2630 - Preservação de Acervos Culturais (p. 297) Bem
preservado 2.332.800
2.173.622
2630 - Preservação de Acervos Culturais - Ministério da Defesa
(p. 297) Bem
preservado 1.095.700
1.095.688
2630 - Preservação de Acervos Culturais - Ministério do Meio
Ambiente (p. 297) Bem
preservado 20.000 0
6647 - Preservação de acervos documentais, arquivísticos e bibliográficos do Patrimônio Cultural (p. 298)
Acervo preservado
0 0
4013 - Preservação de acervos históricos, administrativos e artísticos (p. 298)
Acervo preservado
433.972
291.986
2636 - Preservação de bens culturais de natureza material (p. 299)
Bem preservado
15.761.881 12.176.767
2225 - Preservação dos acervos Documentais privados de Presidentes da República (p. 300)
Acervo preservado
200.000 194.237
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB) PROGRAMA 0169 - BRASIL, SOM E IMAGEM
Objetivo: Ampliar a produção, a difusão, a exibição, a preservação e o acesso às obras audiovisuais brasileiras e promover a auto-sustentabilidade da indústria cinematográfica Público-alvo: Sociedade brasileira Órgão Responsável: Ministério da Cultura
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 4709 - Preservação de acervos audiovisuais (p. 311) Acervo preservado 500.000 302.160 (...)
(Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB) PROGRAMA 0172 - CULTURA AFRO-BRASILEIRA (p. 551)
Objetivo: Preservar e promover a cultura e o patrimônio afro-brasileiro. Público-alvo: Sociedade em geral, com prioridade para os/as afro-brasileiros/as. Órgão Responsável: Ministério da Cultura
Ações do Orçamento Fiscal Valores em R$ 1,00
FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 8205 - Preservação de Bens Culturais Materiais e Imateriais do
Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Afro-Brasileiro (p. 557)
Bem preservado
0 0
4059 - Preservação de Bens e Acervos do Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Afro-Brasileiro (p. 557)
Bem preservado
1.016.000
830.042
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB)
334
PROGRAMA 1030 - DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA
GOVERNAMENTAL Objetivo: Garantir o pleno acesso à informação arquivística governamental com a finalidade de
apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo e o cidadão na defesa dos seus direitos, bem como contribuir para a produção de conhecimento científico e cultural
Público-alvo: Governo e sociedade Órgão Responsável: Presidência da República
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 2810 - Preservação do Acervo Nacional (p. 604) Documento preservado 1.120.507 1.101.729 (...)
(Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB) PROGRAMA 0016 GESTÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE
Objetivo: Coordenar o planejamento e a formulação de políticas setoriais e a avaliação e controle dos programas na área da saúde
Público-alvo: Governo Órgão Responsável: Ministério da Saúde
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 2B40 - Preservação do Patrimônio Científico, Cultural e
Histórico da Saúde no Brasil (p. 1.084) Acervo
preservado 0 0
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB) PROGRAMA 0150 - IDENTIDADE ÉTNICA E PATRIMÔNIO CULTURAL DOS POVOS INDÍGENAS
Objetivo Garantir o pleno exercício dos direitos sociais básicos dos índios e a preservação do patrimônio cultural das sociedades indígenas
Público-alvo Sociedades indígenas Órgão Responsável: Ministério da Justiça
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 6487 - Organização, Preservação e Divulgação dos Acervos
Documentais sobre Índios e a Política Indigenista (p. 1.183)
Documento tratado
450.000 148.291
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB)
335
PROGRAMA 0696 - MIGRAÇÃO E ACORDOS INTERNACIONAIS Objetivo: Formular e implementar a política governamental referente à regularização migratória Público-alvo: Estrangeiros e brasileiros no Brasil e comunidades brasileiras no exterior Órgão Responsável: Ministério da Justiça
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO/FÍSICO PROJETO / AÇÃO PRODUTO Previsto Realizado
(...) 2A87 - Preservação e Disponibilização do Acervo Documental
do Departamento de Estrangeiros (p. 1.298) Acervo
preservado e disponibilizado
0
0
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB) ____________ 2005 PROGRAMA [0167]* - BRASIL PATRIMÔNIO CULTURAL (p. 259)
Objetivo: Preservar e revitalizar o patrimônio cultural brasileiro. Público-Alvo: Sociedade. Órgão responsável: Ministério da Cultura Execução do Programa
Autorizado: R$ 53.502.852,00 Empenho liquidado: R$ 33.028.287,00 Previsto não orçamentário: R$ 81.100.000,00 Realizado não orçamentário: R$ 65.846.012,00
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 2630 - Preservação de Acervos Culturais (p. 243) Bem
preservado 1.221.000 771.288
2630 - Preservação de Acervos Culturais - Ministério da Defesa (p. 243)
Bem
preservado
1.972.340
1.972.343
2630 - Preservação de Acervos Culturais - Ministério do Meio Ambiente (p. 243)
Bem
preservado
84.501
84.502
6647 - Preservação de acervos documentais, arquivísticos e bibliográficos do Patrimônio Cultural (p. 244)
Acervo
preservado
380.000
354.076
4013 - Preservação de acervos históricos, administrativos e artísticos (p. 244)
Acervo
preservado
656.190
500.188
2636 - Preservação de bens culturais de natureza material (p. 244) Bem preservado
13.252.386 8.719.241
2225 - Preservação dos acervos privados de Presidentes da República (p. 245)
Acervo
preservado
100.000
0
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf. Acesso em: 23/03/2007 – 863 páginas – 61 MB)
336
PROGRAMA [0169] - BRASIL, SOM E IMAGEM (p. 265) Objetivo: Ampliar a produção, a difusão, a exibição, a preservação e o acesso às obras
audiovisuais brasileiras e promover a auto-sustentabilidade da indústria cinematográfica.
Público-Alvo: Sociedade brasileira Órgão responsável: Ministério da Cultura Execução do Programa
Autorizado R$ 56.628.155,00 Empenho liquidado: R$ 51.939.550,00 Previsto não orçamentário: R$ 15.000.000,00
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 4709 - Preservação de acervos audiovisuais (p. 253) Acervo preservado 500.000 485.000 (...)
(Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf. Acesso em: 23/03/2007 – 863 páginas – 61 MB) PROGRAMA [0172] - CULTURA AFRO-BRASILEIRA (p. 269)
Objetivo: Preservar e promover a cultura e o patrimônio afro-brasileiro. Público-Alvo: Sociedade em geral, com prioridade para os/as afro-brasileiros/as. Órgão responsável: Ministério da Cultura Execução do Programa
Autorizado: R$ 16.047.883,00 Empenho Liquidado: R$ 9.385.517,00
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 8205 - Preservação de Bens Culturais Materiais e Imateriais do
Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico Afro-Brasileiro (p. 475)
Bem preservado
1.016.000
877.299
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf. Acesso em: 23/03/2007 – 863 páginas – 61 MB) PROGRAMA [sem código numérico]- ESTRANGEIROS NO BRASIL
Objetivo: Prestar atendimento aos estrangeiros residentes ou que se encontrem no país, com vistas à regularização de sua situação, controlar o fluxo imigratório e promover as medidas compulsórias e de transferências transnacionais de presos.
Público-Alvo: Estrangeiros no Brasil Órgão responsável: Ministério da Justiça Execução do Programa
Autorizado: R$ 360.000,00 Empenho liquidado: R$ 326.685,00
PROGRAMA [0150] – IDENTIDADE ÉTNICA E PATRIMÔNIO CULTURAL DOS POVOS
INDÍGENAS (p. 586) Objetivo: Garantir o pleno exercício dos direitos sociais básicos aos índios e a preservação do patrimônio cultural das sociedades indígenas.
337
Público-Alvo: Sociedades indígenas. Órgão responsável: Ministério da Justiça Execução do Programa
Autorizado R$ 255.581.049,00 Empenho liquidado: R$ 247.033.059,00
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 6487 - Organização, Preservação e Divulgação dos Acervos
Documentais sobre Índios e a Política Indigenista (p. 1.029)
Documento tratado
290.000
163.828
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume3.pdf. Acesso em: 24/03/2007 - 876 páginas – 36,5 MB) PROGRAMA [1030] - DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO ARQUIVÍSTICA
GOVERNAMENTAL (p. 1.412) Objetivo: Garantir o pleno acesso à informação arquivística governamental com a finalidade de
apoiar as decisões governamentais de caráter político-administrativo e o cidadão na defesa dos seus direitos.
Público-Alvo: Governo e sociedade. Órgão responsável: Presidência da República Execução do Programa
Autorizado: R$ 23.937.560,00 Empenho Liquidado: R$ 21.346.876,00
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 2810 - Preservação do Acervo Nacional* (p. 516) Documento preservado 961.956 892.245 (...)
(Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf. Acesso em: 23/03/2007 – 863 páginas – 61 MB)
*Provavelmente, Preservação do Acervo do Arquivo Nacional, como no relatório de 2001. PROGRAMA 0016 - GESTÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE
Objetivo: Coordenar o planejamento e a formulação de políticas setoriais e a avaliação e controle dos programas na área da saúde
Público-alvo: Governo Órgão responsável: Ministério da Saúde
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 2B40 - Preservação do Patrimônio Científico, Cultural e Histórico
da Saúde no Brasil (p. 937)*
Acervo preservado
-
-
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume3.pdf. Acesso em: 24/03/2007 – 876 páginas – 36,5 MB)
338
* Há uma previsão orçamentária apenas para o ano 2006. PROGRAMA 0696 - MIGRAÇÃO E ACORDOS INTERNACIONAIS (p. 1.141)
Objetivo: Formular e implementar a política governamental referente à regularização migratória Público-alvo: Estrangeiros e brasileiros no Brasil e comunidades brasileiras no exterior Órgão Responsável: Ministério da Justiça
Ações do Orçamento Fiscal
Valores em R$ 1,00 FINANCEIRO PROJETO / AÇÃO PRODUTO
Previsto Realizado (...) 2A87 - Preservação e Disponibilização do Acervo Documental do
Departamento de Estrangeiros (p. 1.142)* Acervo
preservado e disponibilizado
-
-
(...) (Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume3.pdf. Acesso em: 24/03/2007 – 876 páginas – 36,5 MB) * Há uma previsão orçamentária apenas para o ano 2006.
339
Apêndice D Sites do Governo que apresentam as dotações orçamentárias dos programas e ações analisados 1995
Programa/Subprograma/Ação
Execução Orçamentária do Governo Federal - Portaria no 064 de 23 de fevereiro de 1996 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto95.PDF, acessado em 19/03/2007 - 43 páginas – 3,30 MB
Não há relatório de acompanhamento ou de avaliação do PPA 1992-1995
Documentação e Bibliografia -------- --------
1996
Programa/Subprograma/Ação
Execução Orçamentária do Governo Federal - Portaria no 86 de 28 de fevereiro de 1997 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto96.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 48 páginas – 5,44 MB
Relatório de Acompanhamento do PPA 1996-1999 - Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1996. Acesso em: 28/03/2007
Documentação e Bibliografia -------- R$ 140.836,00 (dotação atual)
1997
Programa/Subprograma/Ação
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal - Port. nr. 082, de 04 de março de 1998 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto97.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 57 páginas – 522,96 KB
Relatório de Acompanhamento do PPA 1996-1999 - Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf, Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional.... Acesso em: 28/03/2007
Documentação e Bibliografia R$ 670.000,00 (dotação – p. 36) --------
1998
Programa/Subprograma/Ação
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal - Port. n.° 052, de 25 de fevereiro de 1999 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/conjunto98.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 64 páginas – 524,95 KB
Relatório de Acompanhamento do PPA 1996-1999 - Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1997.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional.... Acesso em: 28/03/2007
Documentação e Bibliografia R$ 126.000,00 (dotação – p. 42) --------
340
1999
Programa/Subprograma/Ação
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal - Portaria no 81 CCONT/DINCO de 02 de março de 2000 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto99.PDF. Acesso em: 19/03/2007 - 66 páginas – 510,6 KB
Relatório de Acompanhamento do PPA 1996-1999 - Disponível em: http://aplicativos.planejamento.gov.br/Siappa1999.nsf > Dados Financeiros > Objetivo > Justiça, Segurança e Cidadania > Documentação e Bibliografia > Criar Condições Estruturais e Técnicas para o Desenvolvimento das Atividades do Arquivo Nacional... > Resumo 1999. Acesso em: 28/03/2007
Documentação e Bibliografia R$ 1.565.000,00 (dotação – p.
43)????? R$ 437.564,00 (dotação atual)?????
2000
Programa/Subprograma/Ação
Relatório da Execução Orçamentária do Governo Federal - Portaria no 46 CCONT/DINCO de 16 de fevereiro de 2001 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/Conjunto2000.PDF. Acesso em: 18/03/2007 - 74 páginas – 798,85 KB
Relatório de Acompanhamento do PPA 2000-2003 - Disponível em: http://aval_ppa2000.planejamento.gov.br/content/programas/07/03/prog0703.htm > Realização Física e Financeira. Acesso em: 13/03/2007
Documentação e Bibliografia desaparece desaparece
Ação 2810 - Preservação do
Acervo do Arquivo Nacional.
_______
R$ 628.239,00 (realizado)
2001
Programa/Subprograma/Ação
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal - Portaria no 54 de 29 de janeiro de 2002 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/Balancos_Demonstracoes/Quadros_Demonstrativos/eodez01.pdf. Acesso em: 17/03/2007 - 82 páginas – 756,33 KB
Relatório de Acompanhamento do PPA 2000-2003 - Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/07/02/prog0702_anexo1.htm. Acesso em: 13/03/2007
Ação 2810 - Preservação do
Acervo do Arquivo Nacional.
_______
R$ 246.959,00 (realizado)
2002
Programa/Subprograma/Ação
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos - Portaria nº 21, de 29 de janeiro de 2003 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2002.pdf. Acesso em: 17/03/2007 - 96 páginas – 1,26 MB
Relatório de Acompanhamento do PPA 2000-2003 - Disponível em: http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002/content/av_prog/089/prog089_anexo1.htm. Acesso em: 13/03/2007
341
Ação 2810 - Preservação do acervo documental
de interesse público -
Presidência da República
_______
R$ 1.310.018,00 (realizado)
2003
Programa/Subprograma/Ação
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos - Portaria nº 60, de 29 de janeiro de 2004 - Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2003.pdf. Acesso em: 17/03/2007 - 96 páginas – 521,83 KB)
Relatório de Acompanhamento do PPA 2000-2003 - Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/planejamento_investimento/conteudo/relatorio_ppa/v1/index.htm, > Programas ou Órgãos > Ministério da Cultura > Brasil Patrimônio Cultural > Anexo I. Acesso em: 22/03/2007
Ação 2810 - Preservação do
acervo documental de interesse
público - Presidência da
República
_______
R$ 373.230,00 (realizado)
2004
Programa/Subprograma/Ação
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos - Portaria nº 57, de 26 de janeiro de 2005 - (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2004.pdf. Acesso em: 16/03/2007 - 99 páginas – 550,21 KB
Relatório de Acompanhamento do PPA 2000-2003 - Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/001_AnexoI.pdf. Acesso em: 22/03/2007 - 1.924 páginas – 4,84 MB
Programa 1030 - Democratização do Acesso a
Informação Arquivística Governamental
R$ 19.652.000,00 (dotação – p. 85)
R$ 19,6 milhões (contemplado)
R$ 19 milhões (realizado) (p. 70 – Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/Relatorio_Anual_Avaliacao_ex2005/000_PR.pdf acessado em 27/03/2007 – 48 páginas – 150,15 KB)
Ação 2810 - Preservação do
Acervo Nacional ________
R$ 1.120.507,00 (previsto – p.
70) R$ 1.101.729,00 (realizado – p.
70)
2005
Programa/Subprograma/Ação
Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos - Portaria nº 165, de 27 de janeiro de 2006 - (Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/downloads/lei_responsabilidade/RROdez2005.pdf. Acesso em: 16/03/2007 - 100 páginas – 6,54 MB
Relatório de Acompanhamento do PPA 2004-2007 p. 516 - Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Volume2.pdf. Acesso em: 23/03/2007 – 863 páginas – 61 MB
342
Programa 1030 -
Democratização do Acesso a Informação Arquivística
Governamental
R$ 23.938.000,00 (dotação – p. 86)
R$ 23.937.560,00 (autorizado) R$ 21.346.876,00 (liquidado)
(p. 1.412 - Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/spi/relatorio_anual_2006/Vol
ume1.pdf. Acesso em: 23/03/2007 – 1.568 páginas – 52 MB)
Ação 2810 - Preservação do
Acervo Nacional _______ R$ 961.956,00 (previsto – p.
516) R$ 892.245,00 (realizado – p.
516)
343
Apêndice E Datas das atas e resoluções CONARQ ente 1995 e 2005
Reuniões / Atas Resoluções
Ano Quantidade Identificação
Data Quantidade Identificação
Data
2ª reunião 25 de maio no 1 3ª reunião 27 de setembro no 2
18 de outubro (2) 1995
3
4ª reunião 14 de dezembro
3
no 3 26 de dezembro
5ª reunião 21 de maio no 4 28 de março 6ª reunião 22 de agosto
1996
3
7ª reunião 28 de novembro
2
no 5 30 de setembro
8ª reunião 12 de maio no 6 15 de maio 9ª reunião 4 de setembro no 7 e no 8 20 de maio (2)
1997
3
10ª reunião 4 de dezembro
4
no 9 1 de julho
11ª reunião 7 de abril
1998
2 12ª reunião 12 de agosto
Zero
13ª reunião 25 de março 14ª reunião 12 de julho
no 10
6 de dezembro
15ª reunião 6 de dezembro no 11
1999
4
16ª reunião 7 de dezembro
3
no 12
7 de dezembro (2)
17ª reunião 10 de outubro 18ª reunião 11 de outubro 19ª reunião 18 de dezembro
2000
4
20ª reunião 19 de dezembro
Zero
21ª reunião 11 de junho 22ª reunião 12 de junho
no 13
9 de fevereiro
23ª reunião 10 de dezembro
2001
4
24ª reunião 11 de dezembro
2
no 14
24 de outubro
25ª reunião 3 de julho 26ª reunião 3 de julho 27ª reunião 23 de novembro
2002
4
28ª reunião 23 de novembro
1
no 15
15 de fevereiro
29ª reunião 19 de maio no 16 23 de julho 30ª reunião 20 de maio no 17 25 de julho 31ª reunião 2 de dezembro no 18 28 de julho
2003
4
32ª reunião 3 de dezembro
4
no 19 28 de outubro
33ª reunião 5 de julho 34ª reunião 6 de julho
no 20
16 de julho
35ª reunião 6 de dezembro
2004
4
36ª reunião 7 de dezembro
2
no 21
4 de agosto
37ª reunião 4 de julho 38ª reunião 5 de julho 39ª reunião 5 de dezembro
2005
4
40ª reunião 6 de dezembro
1
no 22
30 de junho
Total 39 reuniões 22 resoluções
344
Apêndice F Os conselheiros do CONARQ, as instituições que representam e a freqüência de participação nas plenárias
PODER / ÓRGÃO CONSELHEIRO REPRESENTANTE FREQÜÊNCIA* CONARQ** Jaime Antunes da Silva (presidente) 37
Dielson Freitas de Lima 5 Luiz Alberto Chaves 2 Dilencar Silva Martins 4 José Luiz Pôncio Tristão 1
EMFA
Wilson José da Silva 2 ENAP Adelaide Ramos e Corte 1
Heloísa Tricate 2
MARE Pedro Paulo Lemos Machado 5 Luiz Augusto da Paz 2
MD Antonio Thomaz L.Garcia Junior 2 IBICT Sueli Amélia Maffia 2 IPHAN Francisca Helena Barbosa Lima 14 CC-PR Marta Célia Bezerra Vale 6 CNPq Manuel Domingos Neto 4
Patrícia Pessi 3 Oswaldo Noman 10
Poder Executivo Federal
MPOG
Ricardo Sigaud 2 Neuzi Coutinho dos Santos 6 Maria das Graças B. Nascimento 3 Almeria Machado Godoi 4 Rosemary de Almeida 12 Marcelo Jesus dos Santos 6
STF
Kathya S. O. Campelo Bezerra 2 Jacqueline Neiva de Lima 2 Josiane Cury Nasser Loureiro 7
STJ
Nelson Ferreira da Silva 4 Maria Inês Gonçalves de O. Muller 4 Wadson Silva Faria 6
TSE
Julio César Sousa Gomes 2
Poder Judiciário Federal
TST Regina Lúcia Brandão L. Jaeger 6 Gracinda Assucena Vasconcelos 3 Teresa de Jesus Teixeira 1 Frederico Silveira dos Santos 4 Kátia Isabelli de B. M. de Souza 8 Laila Monaiar 6 Inaldo Barbosa Marinho Junior 4 Daniela Francescutti Martins Hott 2
CD
Lamberto Ricarte Serra Júnior 2 Maria Helena Ruy Ferreira 9 Antonio Alberto de Carvalho 12
Poder Legislativo Federal
SF
Francisco Maurício da Paz 15 Maria Izabel de Oliveira 36 Ana Maria Varela Cascardo Campos 3 Verone Gonçalves Cauville 3
Arquivo Nacional
Maria Esperança de Rezende 7 Eliana Rezende Furtado de Mendonça
8
RJ
Jessie Jane Vieira de Sousa 4 ES Maria Inês Ribeiro Pupa 1
Márcio Augusto Freitas de Meira 2
345
PA Geraldo Mártires Coelho 11 PR Regina Rottemberg Gouvêa 8 DF Zeneide de Souza Pantoja 1 SC Talita de Almeida Telemberg 2 BA Marli Geralda Teixeira 6 MG Edilane Maria D'Almeida Carneiro 6 RS Rosani Gorete Feron 8
Arquivos Públicos Estaduais
MT Clementino Nogueira de Sousa 2 São Paulo-SP Daíse Apparecida Oliveira 4 Indaiatuba-SP Janice Gonçalves 3 Campinas-SP Ana Célia Rodrigues 6
Campo Belo-SP Ana Célia Rodrigues 2 Alexandre Mendes Nazareth 3 Lélia Gontijo Soares 1
Rio de Janeiro-RJ
Júnia Guimarães e Silva 13 Campos-RJ Carlos Roberto Bastos Freitas 4 Vitória-ES Waney Tadeu Motta 3
Belo Horizonte-MG Ivana Denise Parrela 16 Uberaba-MG Maria Aparecida Rodrigues Manzan 5
Florianópolis-SC Suely Veiga Quinteiro 2 Blumenau-SC Sueli Petry 4
Caxias do Sul-RS Tânia Maria Zardo Tonet 2
Arquivos Públicos Municipais
Canoas-RS Lara Simone Rusczyk de Miranda 4 Lia Temporal Malcher 3 Maria Hilda Pinto de Araújo 12
AAB
Mariza Bottino 11 AAB-RS Clara Marli Scherer Kurtz 2
Euler Frank Lacerda Barros 4
ABARQ José Adilson Dantas 4 AAERGS Clara Marli Scherer Kurtz 4
Associação de arquivistas
AASP Ana Maria de Almeida Camargo 2 UNIRIO Luiz Cleber Gak 4 UFSM Jorge Eduardo Enríquez Vivar 7 UFF Maria Odila Kahl Fonseca 11 UnB Eliane Braga de Oliveira 10 UEL Wilmara Rodrigues Calderon 2
Instituições mantenedoras de curso superior de Arquivologia
UFBA Zeny Duarte 2 ABADI Mariza Delapieve Rossi 3
Célia Maria Leite Costa 18 Priscila Moraes Varella Fraiz 6 Luciana Quillet Heymann 7
CPDOC
Regina da Luz Moreira 7 Ismênia de Lima Martins 12 Lana Lage Gama Lima 11
ANPUH
Jessie Jane Vieira de Souza 7 Francisco Carlos Teixeira da Silva 1 Angela Castro Gomes 4 Maria de Fátima Silva Gouveia 2
SBPC
Alzira Alves Abreu 3 Joaquim Falcão 1
FRM Maria Eduarda Marques 3 Maria Celina D'Araújo 11
Instituições que congregam profissionais que atuam nas áreas de ensino, pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais
ANPOCS Antonio Carlos de Souza Lima 7
* Foram realizadas 39 reuniões do CONARQ no período estudado, mas apenas em 37 atas há lista de presença. ** Marilena Leite Paes (36), Carlos Augusto Silva Ditadi (3), Simone Frieiro da Silva (4), Rosina Iannibelli de Almeida (12), Sergio Augusto Ligiero Gomes (2), todos da Coordenação do CONARQ, participaram de duas ou mais reuniões como secretários das reuniões e redatores das atas. Fonte: Atas do CONARQ de 1995 a 2005.
346
Apêndice G
Síntese das atas e resoluções do CONARQ AS ATAS Ata da 2ª Reunião do CONARQ – 25 de maio de 1995
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) estando presentes os seguintes Conselheiros: (...) representantes de entidades não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais (...)” “Quanto às instituições não-governamentais que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais julgou-se oportuna a participação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC.”
Polític (a/o)
-
Conservação -
TOTAL 7
Ata da 3ª Reunião do CONARQ – 27 de setembro de 1995
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de entidades não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais (...)”
Polític (a/o)
4
“Continuando, o Presidente do Conselho informou aos Conselheiros sobre o "Protocolo de Colaboração entre o Ministério da Justiça da República Federativa do Brasil e a Presidência do Conselho de Ministros da República Portuguesa", firmado no Rio de Janeiro (...) Essa comunicação se justifica, principalmente pelo fato de o Ministro da Justiça ter designado, pela Portaria nº 1.248, de 25 de setembro corrente, o CONARQ como órgão executor do mencionado Protocolo, tendo presente que o Conselho é responsável pela definição da POLÍTICA nacional de arquivos e pela gestão do Sistema Nacional de Arquivos-SINAR.” “A seguir, informou sobre as ações POLÍTICAS que empreendeu, na qualidade de Presidente do CONARQ, junto ao Governo do Estado de São Paulo, face à situação do Arquivo Público do Estado de São Paulo e junto ao Ministro da Justiça, relativamente às notícias veiculadas pela imprensa sobre os arquivos do DOPS do Estado de Goiás. Quanto à celeuma criada na imprensa sobre o recolhimento, tratamento e a divulgação dos documentos do DOPS de Goiás, o Conselheiro (...), do EMFA, esclareceu que a entrevista do General Luciano Casales sobre a queima dos arquivos do DOPS não corresponde à realidade e que o mesmo não fizera tal afirmação. Concluiu seus comentários, afirmando ter havido grande exploração da imprensa sobre o fato.” “A Conselheira (...) relatou que havia contatado o grupo da Universidade de Goiás, responsável pelo tratamento da documentação do DOPS recentemente recolhida àquela Universidade, para transmitir sua preocupação, coincidente com a do grupo Tortura Nunca Mais, relativamente à divulgação dos documentos ora em estudos, a qual poderá ser usada como forma de exploração POLÍTICA. O Conselheiro (...) endossou a posição da Conselheira (...) e sugeriu ação do CONARQ, junto a todos os demais Estados que têm sob sua guarda documentação sobre o DOPS, no sentido de se acautelarem contra o uso indevido das informações contidas nesses acervos.” “O Conselheiro Pedro Paulo Lemos Machado [MARE] e as Conselheiras Célia Maria Leite Costa e Priscila Moraes Varella Fraiz [CPADOC] observaram que da forma como o Programa de Assistência Técnica estava redigido, se depreendia que o CONARQ, além de coordenar o Programa, exerceria funções
347
de executor e prestador de serviços, quando sua finalidade é exercer orientação normativa, bem como articular e estimular ações que visem ao desenvolvimento da POLÍTICA nacional de arquivos.”
Conservação
1
“Abordou, então, o item 7, que trata das Câmaras Técnicas e Comissões Especiais, começando pelas Câmaras de CONSERVAÇÃO de Documentos e de Documentos Eletrônicos, constituídas, ad referendum do Plenário do CONARQ, por intermédio das Portarias nº 7 e 8, de 21 e 23 de agosto, respectivamente, firmadas pelo Presidente do Conselho. Procedida a leitura das referidas Portarias, foram as mesmas aprovadas por unanimidade.”
TOTAL 6
Ata da 4ª Reunião do CONARQ – 14 de dezembro de 1995
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
3
“(...) representantes de entidades não- governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...) o Presidente do CONARQ deu a palavra à Conselheira (...), Presidente da Câmara Técnica de Avaliação de Documentos, para fazer a apresentação da "Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-meio da Administração Pública", elaborada por aquela Câmara. Concluída a excelente explanação da Conselheira (...), o Presidente do CONARQ colocou a matéria em discussão. (...) Antes de ser encerrada a sessão, o Conselheiro Pedro Paulo [MARE] se manifestou sobre a importância da Tabela de Temporalidade apresentada, que garantirá aos órgãos públicos a correta destinação e PRESERVAÇÃO de documentos relevantes, como, por exemplo, relatórios técnicos que representam custos financeiros elevados para a Administração e que, por falta de regulamentação específica não vêm recebendo tratamento adequado e se perdem ao longo do tempo. O Presidente do CONARQ afirma que, implantados sistemas de arquivo devidamente controlados por codificações próprias, evitar-se-á que documentos dessa natureza sejam tratados como documentos de propriedade particular de quem os produziu, deixando de ser encaminhados aos arquivos da instituição.” “(...)chamou a atenção dos Conselheiros para as empresas de consultoria e de prestação de serviços de arquivo, onde atuam pessoas sem formação especializada ou mesmo sem conhecimentos na área pública, que se candidatam e firmam contratos com órgãos e instituições públicas para executar serviços de gestão de documentos, com sérios riscos para a correta PRESERVAÇÃO dos acervos arquivísticos.”
Polític (a/o)
3
“A sessão foi aberta pelo Dr. Milton Seligman, Secretário Executivo do Ministério da Justiça, representante do Senhor Ministro de Estado da Justiça, Dr. Nelson Jobim, que parabenizou os Conselheiros pelo transcurso do primeiro aniversário de instalação do Conselho Nacional de Arquivos e pelos resultados significativos de sua atuação durante esse período. Falou, ainda, da importância que o Ministério da Justiça confere não só ao CONARQ, como ao Arquivo Nacional e à Arquivologia, em geral, por meio dos quais torna-se possível a construção de nossa história e de nossos destinos. Ressaltou, também, a significação de um bem estruturado sistema de arquivos para o poder público. Concluiu sua exposição, desejando ao Arquivo Nacional, por intermédio do CONARQ, sucesso na definição e delineamento de uma POLÍTICA nacional de arquivos a ser desenvolvida em parceria com a sociedade. Colocou-se, pessoalmente, e o Ministério da Justiça à disposição para colaborar nessa missão.” “Uma das metas do programa de trabalho do CONARQ, para 1996, contempla a capacitação profissional, promovendo cursos, seminários, workshops, em todo o território nacional, priorizando as regiões mais carentes, com a colaboração e a participação de todos os órgãos e entidades integrantes do SINAR. A propósito, informou aos Conselheiros sobre a realização da 1ª
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Reunião Brasileira de Ensino de Arquivologia - 1ª REBRARQ, realizada no Rio de Janeiro, nos dias 28 e 29 de novembro passado, onde proferiu palestra sobre ‘Formação Profissional e POLÍTICAS Públicas’.” “A Conselheira (...) sugeriu que o CONARQ desenvolva ações POLÍTICAS junto às autoridades estaduais e municipais com o objetivo de sensibilizá-las sobre a importância dos arquivos, estimulando-as a enviarem e/ou organizarem arquivos públicos em suas esferas de atuação. Acrescenta que, neste momento, em que nos municípios já se vive a atmosfera de campanhas eleitorais, seria interessante promover tais ações junto aos candidatos a prefeito no sentido de que incluam em seus programas de campanha a constituição e organização dos arquivos municipais. Os Conselheiros apoiaram a idéia de serem promovidos workshops, seminários e cursos, visando a capacitação profissional de servidores públicos para desenvolverem com eficácia e eficiência os trabalhos arquivísticos.”
Conservação -
TOTAL 6 Ata da 5ª Reunião do CONARQ – 21 de maio de 1996
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
14
“(...)representantes de entidades não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...)os Manuais de Sistemas, por conterem as relações lógicas dos aplicativos, deverão ser PRESERVADOS pelo mesmo prazo que forem mantidos os registros eletrônicos a que se referem.” “O CONARQ vê aumentar o número de solicitações de assistência técnica vindas de municípios brasileiros. Alguns estados como Sergipe, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia vêm estimulando a interiorização de suas ações, apoiando as municipalidades na PRESERVAÇÃO de sua memória.” “O Presidente do Conselho passou a relatar a consulta formulada pela Secretária de Estado da Cultura de Minas Gerais, (...), a ser consubstanciada em parecer técnico sobre o pleito da Câmara dos Vereadores de Ouro Preto quanto à devolução ao referido município, para custódia do recém criado Arquivo Público Municipal, dos documentos produzidos e acumulados pela antiga Câmara Municipal de Ouro Preto, sob a custódia do Arquivo Público Mineiro. (...) O Presidente do Conselho procedeu à leitura, na íntegra, do texto elaborado. Abertos os debates sobre o assunto, o Presidente do Conselho leu o parecer elaborado pela Conselheira Marisa Delapievi Rossi [ABADI] onde destaca que as considerações apresentadas não representam "conclusões decorrentes de uma análise jurídica e legal aprofundada", uma vez que são fundamentadas a partir do pouco material disponível sobre a matéria, enviado pela Coordenação do CONARQ. A Conselheira afirmou não caber questionamentos quanto à custódia efetuada no passado, pelo Arquivo Público Mineiro, sobre a qual não pairam dúvidas, uma vez que a Lei nº 126/95 é clara. "Trata-se, isto sim, de avaliar se seus dispositivos ainda estão em vigor", diante da legislação vigente, avaliando, igualmente, "a melhor forma, no que respeita a custódia do fundo, de serem atingidos os objetivos de organização, PRESERVAÇÃO e de garantia de amplo acesso pela coletividade. A Lei nº 8 159/91, afirma, "impõe os limites de competência dos arquivos públicos segundo as respectivas esferas de atuação dos diferentes órgãos, isto é, federal, estadual, municipal e Distrito Federal. Resta saber, se a incidência de norma desse quilate retroage, para suportar a alteração das situações de fato anteriores, como a do caso em tela. Essa questão não é simples, mas é capaz de motivar as mais profundas e acirradas indagações de ordem legal e doutrinária. (...)” “A Conselheira Eliana Resende Furtado de Mendonça [APERJ] lembrou que o Arquivo Público Mineiro produziu um inventário da referida documentação, e que o acervo já está custodiado por um arquivo público, portanto, PRESERVADO e acessível aos cidadãos. Seria, pois, de mais importância para a municipalidade, a preocupação com a documentação produzida e acumulada pela administração local, a partir da data final dos documentos transferidos para
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o Arquivo Público Mineiro e que representa, certamente, mais um século de produção documental.” “Célia Maria Leite Costa [CPDOC] afirmou ser favorável à permanência do acervo em questão no Arquivo Público Mineiro, considerando que o Arquivo Municipal de Ouro Preto não está, ainda, devidamente estruturado e que uma mudança, neste momento, poderia pôr em risco os documentos. Julgou legítima, entretanto, a reivindicação da municipalidade de Ouro Preto, uma vez que traduz o interesse pelo resgate e PRESERVAÇÃO da memória local. Assim, a eventual decisão pelo retorno a Ouro Preto, da referida documentação, estaria fundamentada em questões de ordem política e não de ordem técnica. O Conselheiro Pedro Paulo Lemos Machado concordou com o parecer elaborado por técnicos do Arquivo Nacional, e que, para custódia de tão importante acervo, a instituição terá que dispor de instalações adequadas e corpo técnico especializado para PRESERVAÇÃO e dotação orçamentária necessários à PRESERVAÇÃO e disponibilização do acervo para consulta, pré-requisitos que o recém criado Arquivo Municipal de Ouro Preto, parece não dispor. É, portanto, favorável à permanência do acervo em questão no Arquivo Público Mineiro.” “Parecer técnico do Conselho Nacional de Arquivos, solicitado pela Secretária de Estado da Cultura de Minas Gerais, (...), sobre a proposição de devolução, ao Município de Ouro Preto, dos documentos produzidos e acumulados pela sua Câmara Municipal, nos séculos XVIII e XIX, e sob a guarda do Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte (...):
A centralização político-administrativa, a preocupação com a formação de uma identidade nacional/regional e a pouca importância dada, até nossos dias, aos arquivos como instrumento de apoio a decisões administrativas, fez com que os acervos das instituições de guarda e PRESERVAÇÃO de documentos de arquivo adquirissem um caráter misto, não só no que diz respeito à formação de seu acervo (com coleções temáticas, além de fundos arquivísticos) como quanto à proveniência de seus conjuntos documentais. Não só o Arquivo Público Mineiro, mas a esmagadora maioria das instituições arquivísticas nacionais, possui sob sua guarda, além de documentos que podem ser enquadrados dentro da nova visão sobre suas finalidades regimentais, acervos provenientes de outras esferas do poder público.
A construção de um Sistema Nacional de Arquivos supera a visão setorizada sobre os acervos arquivísticos, transformando cada instituição de guarda em co-responsável pela garantia do acesso a todo o patrimônio documental brasileiro e a sua PRESERVAÇÃO. A finalidade dos arquivos passa a ser, portanto, a PRESERVAÇÃO do documento enquanto fonte de informação que precisa ser disponibilizada, estando a questão da guarda vinculada diretamente às condições de tratamento técnico do acervo.”
A transferência física dos documentos não é uma necessidade técnica, além de poder acarretar danos à conservação dos mesmos. A fim de ampliar as condições de acesso e garantir a PRESERVAÇÃO dos documentos, propõe-se como alternativa a microfilmagem do conjunto e a guarda, pelo Arquivo Municipal de Ouro Preto, recém criado, dos negativos matrizes de segurança, além de cópias em positivo, para consulta. Com o Arquivo Público Mineiro ficariam os originais em papel, para onde foram enviados para custódia com anuência das autoridades municipais à época, além de negativos de segunda geração e cópias em positivo, para consulta. A utilização do microfilme como recurso tecnológico de garantia da PRESERVAÇÃO e do acesso a conjuntos documentais é opção largamente utilizada, inclusive internacionalmente, e possibilita a complementação de acervos sem sua transferência física.”
Cabe registrar que todo o exposto está baseado em considerações de ordem técnica e em experiências nacionais e internacionais quanto à PRESERVAÇÃO de patrimônio documental de interesse de mais de uma nação.”
350
Polític (a/o)
9
“O Presidente do CONARQ teceu comentários sobre o CONARQ INFORMA, distribuído durante a sessão, que registra as ações do Conselho no primeiro quadrimestre deste ano, a saber:
1) (...) 4) participação do Presidente do Conselho no XVII Fórum Nacional de Diretores de Arquivos Públicos Estaduais, realizado em Curitiba, PR, de 8 a 10 de maio e no I Seminário de Arquivos Municipais do Rio Grande do Sul, realizado em Porto Alegre, RS, nos dias 9 e 10 do mesmo mês, eventos em que foram divulgadas as ações desenvolvidas pelo Conselho desde a sua instalação, em dezembro de 1994, em prol do delineamento e implementação da POLÍTICA nacional de arquivos.”
“Prosseguiu em seu parecer afirmando que "o fato de o Arquivo Público Mineiro ter exercido tais funções [guarda, organização e conservação], com relação ao acervo de Ouro Preto, não desfigura a natureza municipal daquele acervo, nem tampouco atribui ao mencionado órgão qualquer direito de propriedade sobre o mesmo. O Arquivo meramente cumpriu obrigação que, à época, lhe foi imposta por lei e que, pela atual legislação, é imposta aos arquivos de âmbito municipal." A Conselheira (...), declarando seu voto, propõe "que os acervos documentais de Ouro Preto deveriam ser mantidos pela municipalidade, independentemente do momento em que foram gerados." A Conselheira (...) concordou com o parecer da Conselheira (...) quando afirma ter tido poucos subsídios legais para exame da matéria de tal importância. Afirmou, igualmente, que um parecer do CONARQ, órgão responsável pela POLÍTICA nacional de arquivos, terá muito peso. Declarou não se julgar capaz, neste momento, de votar qualquer diretiva a ser tomada pelo Plenário, uma vez que os documentos enviados pela Coordenação do Conselho, para exame prévio, foram poucos e que o parecer agora lido foi entregue pela manhã, quando da abertura dos trabalhos e indaga qual a urgência de se encaminhar um parecer do CONARQ sobre a matéria.” “A Conselheira (...) afirmou ser favorável à permanência do acervo em questão no Arquivo Público Mineiro, considerando que o Arquivo Municipal de Ouro Preto não está, ainda, devidamente estruturado e que uma mudança, neste momento, poderia pôr em risco os documentos. Julgou legítima, entretanto, a reivindicação da municipalidade de Ouro Preto, uma vez que traduz o interesse pelo resgate e preservação da memória local. Assim, a eventual decisão pelo retorno a Ouro Preto, da referida documentação, estaria fundamentada em questões de ordem POLÍTICA e não de ordem técnica. O Conselheiro (...) concordou com o parecer elaborado por técnicos do Arquivo Nacional, e que, para custódia de tão importante acervo, a instituição terá que dispor de instalações adequadas e corpo técnico especializado para preservação e dotação orçamentária necessários à preservação e disponibilização do acervo para consulta, pré-requisitos que o recém criado Arquivo Municipal de Ouro Preto, parece não dispor. É, portanto, favorável à permanência do acervo em questão no Arquivo Público Mineiro.” “Parecer técnico do Conselho Nacional de Arquivos, solicitado pela Secretária de Estado da Cultura de Minas Gerais, (...), sobre a proposição de devolução, ao Município de Ouro Preto, dos documentos produzidos e acumulados pela sua Câmara Municipal, nos séculos XVIII e XIX, e sob a guarda do Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte (...):
A Constituição republicana de 1891, no seu artigo 68, consagrava a organização dos Estados de forma a assegurar a autonomia municipal no que fosse pertinente às suas peculiaridades administrativas. Esta fase fez-se acompanhar por uma intensificação da bandeira federalista, a transformação de uma idéia em projeto POLÍTICO, onde os estados-membros da União reafirmavam suas diferenças regionais, suas particularidades no todo nacional. Nesta conjuntura é que devemos proceder à leitura da transferência da capital do Estado de Minas Gerais, bem como da criação do Arquivo Público Mineiro em 1895, que, como
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em outras unidades da federação, estabelecia uma instituição de guarda de sua memória. (...)
A realidade da formação do patrimônio arquivístico nacional, hoje, representa, em nível macro, a trajetória de formação do acervo do Arquivo Público Mineiro. A análise do regimento deste arquivo demonstra a preocupação, partilhada pelo poder público de Minas Gerais e pelo de seus municípios, em constituir a Instituição como um centro de documentação sobre Minas Gerais, reunindo qualquer registro da produção literária, científica e POLÍTICO-administrativa relacionado com a história de Minas. A idéia de se instituir um centro sobre a mineiridade legou à Instituição a missão de reunir em seu acervo qualquer documento oriundo das câmaras municipais, além de quaisquer outros identificados nos demais Estados da federação, em instituições públicas ou não, sobre Minas Gerais.
Além disso, a falta de visão dos arquivos como instrumento de apoio à administração, contribuiu para a criação de uma Instituição que buscava valorizar seu acervo com documentos que possuíssem valor histórico mais do que administrativo. A centralização POLÍTICO-administrativa, a preocupação com a formação de uma identidade nacional/regional e a pouca importância dada, até nossos dias, aos arquivos como instrumento de apoio a decisões administrativas, fez com que os acervos das instituições de guarda e preservação de documentos de arquivo adquirissem um caráter misto, não só no que diz respeito à formação de seu acervo (com coleções temáticas, além de fundos arquivísticos) como quanto à proveniência de seus conjuntos documentais.”
A partir da lei nº 8159, de 8/1/1991, que dispõe sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados, foram delimitadas as finalidades e competências das instituições arquivísticas. (...)
A ocorrência de situações que fogem à regra estabelecida assim entendidas do ponto-de-vista atual, também datado historicamente decorre de conjunturas POLÍTICO-administrativas do país e constitui um testemunho de sua trajetória. "Corrigi-las" poderá acarretar grandes danos à recuperação de informações, tendo em vista o volume de documentos passíveis de permuta entre instituições.” (...)
Uma POLÍTICA nacional de arquivos precisa ter por objetivo menos a revisão de ações passadas do que o estabelecimento de uma metodologia unificada de gestão e controle de documentos, que racionalize a produção documental e possibilite ao usuário obter a informação desejada, esteja onde estiver.”
Conserva (cão/do/da)
4
“(...) convidou Ingrid Beck, Presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, para relatar os trabalhos até então desenvolvidos.” “A Presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos afirma que (...)” “(...) ‘o fato de o Arquivo Público Mineiro ter exercido tais funções [guarda, organização e CONSERVAÇÃO], com relação ao acervo de Ouro Preto, não desfigura a natureza municipal daquele acervo (...)’ ” “A transferência física dos documentos não é uma necessidade técnica, além de poder acarretar danos à CONSERVAÇÃO dos mesmos.”
TOTAL 27 Ata da 6ª Reunião do CONARQ – 22 de agosto de 1996
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de entidades não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Política -
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Conserva (cão/do/da)
1
“Passou-se, em seguida, à apresentação do texto sobre normas para construção e instalação de arquivos, produzido pela Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, por sua Presidente, (...). A Presidente da Câmara esclareceu que o texto deverá chegar a sua versão final até a próxima reunião do Conselho, em dezembro, e que convidará a arquiteta do Arquivo Nacional, (...), para participar das discussões do texto final a ser apresentado.”
TOTAL 2 Ata da 7ª Reunião do CONARQ – 28 de novembro de 1996
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
6
“(...) representante de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...) passou a palavra à Conselheira (...) para proceder à apresentação da minuta de decreto que estabelece normas para a transferência e recolhimento de acervos arquivísticos públicos federais para o Arquivo Nacional, esclarecendo que tal iniciativa decorreu de sugestão da Dra. (...), da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça. Antes de entrar no mérito da questão, a Conselheira (...) fez um relato sobre a situação precária que caracteriza essas atividades. Relembrou a legislação vigente sobre a matéria, de modo especial a Lei nº 8.159/91 e as Resoluções nº 2 e 4 do CONARQ. Iniciou-se, então, a leitura da minuta do decreto. Após aprovação e discussão de cada artigo, foi aprovado o texto final com as sugestões, e retificações apresentadas, o qual se transcreve, na íntegra, a seguir: ‘Decreto nº , de de de 1996, que estabelece normas para a transferência e recolhimento de acervos arquivísticos públicos federais para o Arquivo Nacional. (...)
Art. 1º Os acervos arquivísticos públicos de âmbito federal ao serem transferidos ou recolhidos para o Arquivo Nacional deverão (...) (...)
V - Higienização técnica de conservação que consiste na retirada de poeira e outros resíduos estranhos aos documentos, com vistas à sua PRESERVAÇÃO.
VI - Acondicionamento, procedimento que consiste na embalagem e na guarda de documentos de arquivo de forma apropriada à sua PRESERVAÇÃO.
(...) Art. 3º O Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado deverá,
tão logo sejam nomeados os inventariantes/liquidantes para os órgãos e entidades extintos, solicitar ao Ministério da Justiça a assistência técnica do Arquivo Nacional para a orientação necessária à PRESERVAÇÃO e à destinação do patrimônio documental acumulado à destinação do patrimônio documental acumulado.
“Quanto às instituições não-governamentais que atuam nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais, foram enviados convites para participar do CONARQ, no biênio 1996-1998, ao IUPERJ, à ANPUH e à SBPC, sendo que o IUPERJ não se manifestou até a presente data. ” “Em seguida, submeteu à apreciação dos Conselheiros o teor do Ofício nº 032, do Secretário-Geral da Presidência da República, em que solicita orientação do CONARQ a propósito da classificação e conceituação dos arquivos presidenciais - se públicos ou privados - face ao disposto no Cap. III, arts. 12 e 15, da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e da Lei 8.394, de dezembro de 1991, que dispõe sobre a PRESERVAÇÃO, organização e proteção dos acervos documentais dos presidentes da República. O Presidente do Conselho fez algumas considerações sobre a pertinência e a oportunidade da consulta formulada pela Presidência da República, visto que, coincidentemente, o assunto foi incluído na agenda desta 7ª reunião do CONARQ, no item 8. Iniciou-se, então, ampla discussão sobre a necessidade de se definir, com precisão, conceitos implícitos nos dispositivos não só do Cap. III, como também do Cap. II da Lei nº 8.159/91, mais precisamente os conceitos de público, privado e privado de interesse público.”
353
Polític (a/o)
6
“Em seguida, o Presidente submeteu à consideração dos Conselheiros o item 5 da Agenda "Análise dos sistemas de arquivo e de informação para a Administração Pública Federal", informando que a matéria fora incluída para exame do CONARQ por sugestão do Dr. (...), Secretário Executivo do Ministério da Justiça, formulada durante o XI Congresso Brasileiro de Arquivologia, realizado no Hotel Glória, RJ, de 21 a 25 de outubro passado, em decorrência de trabalho apresentado pela Profª Marilena Leite Paes sobre a "POLÍTICA Arquivística em Âmbito Federal: Problemas e soluções", no qual a conferencista analisou as superposições e conflitos de competências resultantes da coexistência dos diversos sistemas de arquivo e informação. Isto posto, passou a palavra à Conselheira (...) para submeter à apreciação dos Conselheiros um estudo comparativo entre o Sistema Nacional de Arquivos - SINAR, o Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática - SISP e o Sistema de Serviços Gerais - SISG, bem como proposta de criação de um Sistema Federal de Arquivos do Poder Executivo - SIFAR, com o objetivo de solucionar definitivamente a situação conflituosa que hoje caracteriza as atividades arquivísticas do Poder Executivo Federal. O assunto foi amplamente discutido e, após sugestões apresentadas pelos Conselheiros, ficou decidido que o Presidente do CONARQ encaminharia expediente ao Ministro da Justiça, relatando a matéria em discussão e propondo ao Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado - MARE a realização de uma reunião conjunta do Departamento de Informação e Informática (DINFOR) daquele Ministério com o Arquivo Nacional para, juntos, examinarem o assunto, cuja solução poderia estar configurada na criação do já mencionado SIFAR, para exercer, em plenitude, a gestão documental do Poder Executivo Federal..” “(...) procedeu à leitura do documento encaminhado ao CONARQ pela Comissão dos Familiares dos Mortos e Desaparecidos POLÍTICOS e pelo Grupo Tortura Nunca Mais(...)” “(...) a posição do Exército, já divulgada pela imprensa e conhecida por todos, sobre a pessoa de Carlos Lamarca, considerado um desertor pela sua atuação nos movimentos POLÍTICOS do país durante o regime militar. Reconhece, entretanto, que esse episódio como outros semelhantes não justificam a destruição arbitrária de documentos.” “(...) Comissão dos Familiares dos Mortos e Desaparecidos POLÍTICOS, ao Grupo Tortura Nunca Mais(...)” “(...) o Presidente informou que estivera no escritório do Dr. Célio Borja, em companhia de dois técnicos do Arquivo Nacional, com o objetivo de colher subsídios para estabelecer POLÍTICAS e procedimentos sobre o destino dos arquivos de empresas públicas em processo de privatização. O Dr. Célio Borja sugeriu que a solução correta seria a regulamentação dos artigos da Lei nº 8.159/91, que tratam do assunto.” “Com a palavra, a Conselheira (...) fez um detalhado relato sobre a constituição, estrutura e funcionamento de uma Comissão criada na Comunidade Européia para examinar em que medida seria desejável uma maior coordenação da POLÍTICA e da prática arquivística dentro da Comunidade. Destacou o decálogo de temas segundo os quais os membros da Comissão julgaram oportuno analisar a situação de cada país. Concluído o relato, a Conselheira Priscila estabeleceu algumas comparações entre a CCE e o MERCOSUL. Em sua opinião, a grande diferença entre as duas instituições é que o MERCOSUL, talvez por ser recente a sua criação, está voltado apenas para a área econômica.”
“(...) o Arquivo Nacional, órgão específico integrante da Estrutura Regimental do Ministério da Justiça, como órgão central do Sistema Nacional de Arquivos, exercido por meio do Conselho Nacional de Arquivos, que lhe é vinculado, tem por finalidade executar a gestão, a guarda, a organização, a CONSERVAÇÃO e a divulgação do acervo arquivístico público de âmbito federal(...)” “(...) foi aprovado o texto final com as sugestões, e retificações apresentadas, o qual se transcreve, na íntegra, a seguir: ‘Decreto nº , de de de 1996, que
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Conserva (cão/do/da)
4
estabelece normas para a transferência e recolhimento de acervos arquivísticos públicos federais para o Arquivo Nacional. (...)
Art. 1º Os acervos arquivísticos públicos de âmbito federal ao serem transferidos ou recolhidos para o Arquivo Nacional deverão(...) (...)
V - Higienização técnica de CONSERVAÇÃO que consiste na retirada de poeira e outros resíduos estranhos aos documentos, com vistas à sua preservação. (...)’”
“A seguir, o Presidente pediu à Sra. (...) para falar sobre o andamento dos trabalhos da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, a qual preside. A Sra. (...) informou que, embora os membros da Câmara não tivessem chegado a um consenso quanto a certos parâmetros, o texto está em condições de ser divulgado via Internet ou mesmo como artigo, solicitando-se sugestões a serem encaminhadas à Câmara Técnica, com vistas ao seu aperfeiçoamento antes de conferir-lhe a forma definitiva.” “Dando cumprimento à Agenda, o Presidente expõe aos Conselheiros outra recomendação do XI Congresso Brasileiro de Arquivologia: "Criação de uma publicação, simples, para divulgação de textos de arquivologia e áreas afins, desde que ligadas ao tema arquivos", sugerindo o título de Cadernos de Arquivologia. A Conselheira (...) indagou da possibilidade de se utilizar as próprias publicações do Arquivo Nacional para atender à recomendação do XI Congresso. O assunto foi, então, discutido, ficando decidido editar-se uma publicação bem simples, a título experimental, e que os trabalhos produzidos pelas Câmaras Técnicas de CONSERVAÇÃO de Documentos e de Documentos Eletrônicos, apresentados durante esta reunião, poderiam já integrar a primeira edição dos Cadernos que se julgou mais conveniente denominar de Cadernos do CONARQ”
TOTAL 16
Ata da 8ª Reunião do CONARQ – 12 de maio de 1997
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
3
“(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...) distribuição, a cada Conselheiro, de 52 textos técnicos, abordando diversos enfoques da área de conservação preventiva. Esses textos são o resultado do referido projeto, que conta com a parceria da Commission on PRESERVATION and Access, uma organização não governamental norte-americana, que tem por objetivo estimular e dar apoio à colaboração entre bibliotecas, arquivos e instituições acadêmicas, bem como com o suporte financeiro da The Andrew W. Mellon Foundation e da Fundação Vitae, Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social.” “Quanto à observação sobre o Capítulo V, do Decreto nº 2.134/97, relativo à reprodução de documentos, esclarece-se que seu objetivo foi garantir o acesso aos documentos sigilosos, desde que PRESERVADAS as informações sobre a intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como a conservação desses documentos, muitas vezes deteriorados por meios inadequados de reprodução.”
Polític
4
“Continuando, o Presidente informou ao Plenário que o Ministério da Aeronáutica havia apresentado ao Ministério da Justiça um questionamento sobre o Decreto nº 2.134, de 24.1.97, que regulamenta o art. 23 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, dispondo sobre a categoria dos documentos públicos sigilosos e o acesso a eles, cuja minuta foi preparada pela Comissão Especial de Acesso à Informação de Arquivos e encaminhada pelo CONARQ para sanção presidencial. Para habilitá-lo a dar uma resposta consistente, o Presidente informou que constituiu, pela Portaria nº 23, de 30 de abril de 1997, uma Comissão Especial, integrada por dois membros da referida Comissão Especial de Acesso à Informação de Arquivos – (...)- e por (...), da assessoria jurídica do Arquivo Nacional para redigir um parecer técnico sobre as contestações então
355
(a/o) apresentadas. (...) o Conselheiro (...) informou que não se manifestaria sobre o questionamento do Ministério da Aeronáutica e que, na próxima reunião do CONARQ traria uma posição oficial do Poder Executivo Federal. O Tenente-Coronel (...) endossou a posição do Conselheiro (...). A propósito do assunto, lembrou que, na 5ª reunião do Conselho, já manifestara sua posição contrária aos trabalhos da Comissão Especial de Acesso à Informação de Arquivos do CONARQ, sem a articulação com o representante do Ministro da Justiça no Grupo Técnico Interministerial - GTI, criado para elaborar uma proposta de POLÍTICA Nacional de Privacidade e Sigilo das Informações e Comunicações (Dec. 1906/96), temendo pelos resultados de iniciativas distintas e das quais participava diretamente, a saber: a do CONARQ e a do GTI” “ANEXO 2 PARECER TÉCNICO RELATIVO AOS QUESTIONAMENTOS APRESENTADOS PELO MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA, SOBRE O DECRETO Nº 2.134, DE 24 DE JANEIRO DE 1997, APROVADO PELO PLENÁRIO DO CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, EM SUA REUNIÃO ORDINÁRIA, REALIZADA NO RIO DE JANEIRO, NA SEDE DO ARQUIVO NACIONAL, EM 13 DE MAIO DE 1997.
(...) Item 7 - No que diz respeito à definição de área sigilosa considera-se que não cabe a um Decreto, que regula aspectos da POLÍTICA nacional de arquivos públicos, legislar sobre a matéria.[AH! ISSO ENTÃO SIGNIFICA QUE JÁ EXISTE UMA PNA(P)? (...)
Não compete a um decreto relativo a aspectos de uma lei sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados, como é o caso, regulamentar o "emprego de criptografia (segurança das comunicações e do equipamento, material e controle)".”
A Comissão Especial constituída por Portaria nº 23, de 30 de abril de 1997, pelo Presidente do CONARQ, é de parecer que o Decreto nº 2.134, de 24 de janeiro de 1997, fruto de quatro meses de trabalho da Comissão Especial de Acesso à Informação de Arquivos, constituída por 15 membros e aprovada pela plenária do CONARQ e pelo próprio Ministério da Justiça, é imprescindível para o pleno desenvolvimento de uma POLÍTICA nacional de arquivos. A manutenção da integridade do seu texto é essencial para garantir os direitos da sociedade, do Estado e do cidadão, contribuindo para o processo democrático e compreensão dos atos do Poder Público, atualmente empenhado em garantir sua transparência administrativa, conforme preceitua a Constituição de 1988.”
Conserva (cão/do/da)
5
“(...) a Coordenadora da Coordenação de CONSERVAÇÃO de Documentos do Arquivo Nacional, (...), fez uma apresentação do projeto CONSERVAÇÃO Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, da qual é Coordenadora. Em seguida, procedeu à distribuição, a cada Conselheiro, de 52 textos técnicos, abordando diversos enfoques da área de CONSERVAÇÃO preventiva.” “(...) o Presidente deu prosseguimento à agenda programada, passando a palavra à Conselheira (...), por ele designada para visitar a Fundação Cultural Simonense, a Prefeitura Municipal de São Simão e a Câmara de Vereadores, com vistas a reunir dados sobre a demanda entre as três instituições envolvidas na "doação" do acervo da Prefeitura de São Simão, pela administração anterior, à Fundação Cultural Simonense. A Conselheira apresentou, então, um resumo de seu exaustivo relatório sobre a matéria, encaminhado ao Presidente do CONARQ. Vários Conselheiros se manifestaram, havendo consenso de que lugar de documento público é na instituição arquivística pública. Assim, foi proposto, que o Presidente do CONARQ encaminhasse, à Prefeitura Municipal de São Simão e à Fundação Cultural Simonense, parecer manifestando a posição do CONARQ sobre o assunto, evocando-se os dispositivos da lei nº 8.159, de 8.1.91, e recomendando à Prefeitura providências urgentes no sentido de que seja criado o Arquivo Municipal de São Simão, dotando-o das instalações, recursos humanos e materiais adequados para garantir a
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CONSERVAÇÃO da documentação produzida, recebida ou acumulada em decorrência de suas atividades. O Presidente, na qualidade de Diretor-Geral do Arquivo Nacional, acrescentou que o Arquivo poderia colaborar com a Prefeitura na implantação do Arquivo Municipal, oferecendo cursos de treinamento ou assistência técnica na construção/adaptação de prédios e na organização do acervo..” “ANEXO 2 PARECER TÉCNICO RELATIVO AOS QUESTIONAMENTOS APRESENTADOS PELO MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA, SOBRE O DECRETO Nº 2.134, DE 24 DE JANEIRO DE 1997, APROVADO PELO PLENÁRIO DO CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, EM SUA REUNIÃO ORDINÁRIA, REALIZADA NO RIO DE JANEIRO, NA SEDE DO ARQUIVO NACIONAL, EM 13 DE MAIO DE 1997.
(...) Quanto à observação sobre o Capítulo V, do Decreto nº 2.134/97,
relativo à reprodução de documentos, esclarece-se que seu objetivo foi garantir o acesso aos documentos sigilosos, desde que preservadas as informações sobre a intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como a CONSERVAÇÃO desses documentos, muitas vezes deteriorados por meios inadequados de reprodução.”
TOTAL 12
Ata da 9ª Reunião do CONARQ – 4 de setembro de 1997
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
9
“(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “O Presidente, anunciou que, como de hábito, procederia à leitura da minuta do decreto, solicitando que as sugestões fossem sendo apresentadas pelos Conselheiros, na medida em que se procedesse a sua leitura. Solicitou, também, à Secretária que transcrevesse em ata o texto submetido ao Plenário, para que ficassem registrados documentalmente, além do texto original, as alterações eventualmente propostas pelos Conselheiros, bem como, ao final, se for o caso, o texto definitivo a ser encaminhado ao Ministro da Justiça para sanção presidencial. Assim, transcreve-se, a seguir, o texto elaborado pela Comissão Especial para isso designada, submetido nesta data ao Plenário do CONARQ. MINUTA Decreto n de de 1997 Regulamenta os artigos 7 e 12 a 16 da Lei n 8. 159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõem sobre os arquivos de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social. (...) Também o art. 2º sofreu alterações em sua redação: "Art. 2º - Compete às instituições de caráter público a responsabilidade pela guarda e PRESERVAÇÃO adequada dos documentos produzidos e recebidos no exercício de atividades públicas". “O art. 3º foi aprovado sem alterações e o seu parágrafo único teve a palavra "conservação" substituída por "PRESERVAÇÃO". (...) No art. 11, alterou-se a redação a partir da frase "ajustes e acordos com o CONARQ", que ficou assim redigida: "ajustes e acordos com o CONARQ e com outras instituições, objetivando o apoio para o desenvolvimento de atividades relacionadas à organização, manutenção, PRESERVAÇÃO e divulgação do acervo". (...) No art. 12, suprimiu-se o vocábulo "organizados" e substituiu-se "conservados" por "PRESERVADOS".” “(...) o Presidente colocou em votação a versão final da minuta do decreto, tendo sido a mesma aprovada, a qual se transcreve a seguir: MINUTA
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Decreto n , de de 1997 Regulamenta os artigos 7 e 11 a 16 da Lei n 8. 159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõem sobre os arquivos públicos e de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social.
(...) Art. 3º - Compete às instituições de caráter público a responsabilidade pela PRESERVAÇÃO adequada dos documentos produzidos e recebidos no exercício de atividades públicas. Art. 4º - (...) Parágrafo único - A declaração de interesse público e social de que trata este artigo não implica a transferência do respectivo acervo para instituição arquivística pública, nem exclui a responsabilidade por parte de seus detentores para com a guarda e a PRESERVAÇÃO do acervo. (...) Art. 10 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social devem manter PRESERVADOS os acervos sob sua custódia, observada a responsabilidade prevista no art. 25 da Lei nº 8.159/91. Art. 11 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social poderão firmar convênios, ajustes e acordos com o CONARQ ou com outras instituições, objetivando o apoio para o desenvolvimento de atividades relacionadas à organização, PRESERVAÇÃO e divulgação do acervo.”
Polític (a/o)
4
“O Presidente, anunciou que, como de hábito, procederia à leitura da minuta do decreto (...) MINUTA Decreto n de de 1997 Regulamenta os artigos 7 e 12 a 16 da Lei n 8. 159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõem sobre os arquivos de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social.
Art. 1º - (...) Parágrafo único - Integram necessariamente esta categoria de instituição as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as fundações privadas instituídas por entes POLÍTICOS territoriais e as concessionárias e permissionárias de serviços públicos.” “(...) pediu esclarecimentos sobre a expressão "entes POLÍTICOS territoriais"” “(...) procedeu à leitura do art. 1º e seu parágrafo único, os quais, após algumas sugestões, receberam uma nova redação, a saber: "Art. 1º - Para efeito do disposto no § 1º do art. 7º da Lei nº 8.159/91, consideram-se também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por pessoas físicas e jurídicas que, por força de lei, desenvolvam atividades públicas e cujo regime jurídico seja de direito privado". "Parágrafo único - Integram necessariamente esta categoria os documentos das empresas públicas, das sociedades de economia mista, das fundações privadas instituídas por entes POLÍTICOS territoriais e das concessionárias e permissionárias de serviços públicos".”
“[O presidente do CONARQ] Discorreu, ainda, sobre as demandas que a Coordenação do CONARQ vem recebendo sobre diversos assuntos, como, por exemplo, pedidos de orientação sobre a utilização da microfilmagem e que a idéia, é reunir os pareceres que vêm sendo emitidos pela Coordenação do CONARQ e pelo Arquivo Nacional, transformando-os em orientações normativas e, assim, por intermédio delas, ir construindo a POLÍTICA nacional de arquivos.”
“Assim, transcreve-se, a seguir, o texto elaborado pela Comissão Especial para isso designada, submetido nesta data ao Plenário do CONARQ. MINUTA Decreto n de de 1997 Regulamenta os artigos 7 e 12 a 16 da Lei n 8. 159, de 8 de janeiro de 1991,
358
Conserva (cão/do/da)
10
que dispõem sobre os arquivos de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social.
(...) Art. 2º - Compete às instituições de caráter público a responsabilidade pela guarda e CONSERVAÇÃO adequadas dos documentos produzidos e recebidos no exercício de atividades públicas. Art. 3º - (...) Parágrafo único - A declaração de interesse público e social de que trata este artigo não implica a transferência do respectivo acervo para instituição arquivística pública, nem exclui a responsabilidade por parte de seus detentores para com a guarda e CONSERVAÇÃO do acervo. (...) Art. 11 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social poderão firmar convênios, ajustes e acordos com o CONARQ e com instituições arquivísticas, objetivando o apoio desses órgãos ao desenvolvimento de atividades relacionadas à organização, manutenção, CONSERVAÇÃO, restauração e divulgação do acervo. Art. 12 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social devem manter organizados e CONSERVADOS os acervos sob sua custódia, observada a responsabilidade prevista no art. 25 da Lei nº 8.159/91.
“O Presidente, após indagar se os Conselheiros desejavam ainda se manifestar, propôs que se iniciasse a leitura da minuta do decreto (...) O art. 3º foi aprovado sem alterações e o seu parágrafo único teve a palavra "CONSERVAÇÃO" substituída por "preservação".” “No art. 12, suprimiu-se o vocábulo "organizados" e substituiu-se "CONSERVADOS" por "preservados".” “Continuando, o Presidente colocou em votação a versão final da minuta do decreto, tendo sido a mesma aprovada, a qual se transcreve a seguir: MINUTA Decreto n , de de 1997 Regulamenta os artigos 7 e 11 a 16 da Lei n 8. 159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõem sobre os arquivos públicos e de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social.
Art. 2º - Compete às instituições de caráter público a responsabilidade pela guarda e CONSERVAÇÃO adequadas dos documentos produzidos e recebidos no exercício de atividades públicas. Art. 3º - (...)
Parágrafo único - A declaração de interesse público e social de que trata este artigo não implica a transferência do respectivo acervo para instituição arquivística pública, nem exclui a responsabilidade por parte de seus detentores para com a guarda e CONSERVAÇÃO do acervo.
(...) Art. 11 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social poderão firmar convênios, ajustes e acordos com o CONARQ e com instituições arquivísticas, objetivando o apoio desses órgãos ao desenvolvimento de atividades relacionadas à organização, manutenção, CONSERVAÇÃO, restauração e divulgação do acervo. Art. 12 - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social devem manter organizados e CONSERVADOS os acervos sob sua custódia, observada a responsabilidade prevista no art. 25 da Lei nº 8.159/91.”
TOTAL 23
Ata da 10ª Reunião do CONARQ – 4 de dezembro de 1997
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO “(...) representante de instituições não-governamentais da área de ensino,
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Preserva (ção/do/da)
9
pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “O Presidente abriu a sessão saudando os Conselheiros e agradecendo a participação de todos em nome do Ministério da Justiça. Em seguida, solicitou a inclusão, na pauta da reunião, de quatro documentos a serem submetidos ao Plenário para apreciação: 1. (...) 4. Paper a ser apresentado pelos Conselheiros (...), representantes do STF e STJ, sobre as providências tomadas para concretizar uma proposta específica do Judiciário, no sentido de PRESERVAR seu patrimônio documental.” “O Conselheiro Nelson [STJ] confirmou as informações já prestadas pelo Presidente sobre a realização do Fórum Nacional sobre Arquivos do Poder Judiciário e do interesse que o mesmo despertou em todos os Tribunais, especialmente no ministro Fontes de Alencar, que, realmente, conforme já havia sido noticiado, sustou a vigência da Resolução nº 192. Continuando, informou que o programa do Fórum ainda está em aberto a sugestões, não só quanto aos temas como também quanto aos palestrantes a serem convidados. A Conselheira Maria das Graças [STF] complementou as informações do Conselheiro Nelson [STJ] sobre o programa e disse que o presidente do STF está sensível à questão documental e tem demonstrado toda a sua preocupação com a PRESERVAÇÃO dos documentos. Em seguida teceu considerações sobre a já citada Resolução nº 192, que disciplina a seleção, guarda e eliminação, dando, porém, maior ênfase à eliminação de documentos, com prevalência dos suportes eletrônicos. O Presidente esclareceu que o trabalho arquivístico não deve priorizar a eliminação, entretanto, quando se pratica a eliminação, o que se busca, na verdade, é a PRESERVAÇÃO dos documentos julgados de valor permanente. Quando os documentos são produzidos em meio eletrônico, e são considerados de valor permanente, o que se recomenda é que, após a sua tramitação, se mude de mídia, isto é, que se proceda à transferência das informações contidas em meio eletrônico para microfilme ou papel, e que essa matéria deveria ser amplamente discutida durante o Fórum..” “Prestados todos os esclarecimentos sobre as dúvidas levantadas quanto ao conceito de sistemas de arquivo, o Conselheiro Márcio [APEPA], referindo-se ao programa do Fórum, propôs a inclusão de um painel que discutisse as justiças estaduais, envolvendo, também, os arquivos municipais, que poderiam contribuir nesse trabalho de PRESERVAÇÃO. A propósito, a Conselheira Janice [APM Indaiatuba-SP] falou dos problemas dos Fóruns Municipais que decidem sobre quais documentos eliminar, sem que os arquivos municipais possam exercer qualquer interferência. Neste momento, o Presidente suspendeu a sessão para o almoço dos Conselheiros.” “Continuando a análise do programa do Fórum, a Conselheira Verone [AN] opinou no sentido de que o painel sobre Critérios legais e históricos para a PRESERVAÇÃO dos documentos e processos judiciais e o de Avaliação e eliminação de documentos poderiam ser fundidos num só, por tratarem de atividades arquivísticas da mesma natureza. A Conselheira Lana [ANPUH] discordou, acrescentando que o enfoque desses painéis é distinto: um é filosófico e o outro técnico. A Conselheira Verone [AN] chama a atenção para o fato de que o estabelecimento de critérios para PRESERVAÇÃO de documentos está inserido no conceito de gestão de documentos tal qual a avaliação e a eliminação, e que, no seu entender, o programa enfatiza os arquivos permanentes. A Conselheira Lana [ANPUH] voltou a argumentar que, no seu ponto de vista, os dois painéis são totalmente diferentes na sua concepção, e que o perfil dos painelistas citados no programa indicava o aspecto mais técnico do painel de avaliação e eliminação de documentos. A Conselheira Verone [AN], diante dessa dupla interpretação sugeriu, então, que o programa deixasse bem clara essa posição para que os temas fossem corretamente desenvolvidos. A Conselheira Gracinda [CD] acrescentou que, na verdade, os referidos critérios são valores e, portanto, objeto da avaliação, e o que importa mesmo, no momento, é dar-se início ao trabalho. O Presidente voltou a se referir à importância do Diagnóstico e a Conselheira Ângela [SBPC],conveniente que o Fórum partisse de um diagnóstico, passando por uma reflexão sobre o que é a própria política nacional de arquivos, por que
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acredita que o Fórum teria um importante papel informativo para dentro do próprio Poder Judiciário, mostrando as dificuldades e carências que existem em geral, e que estas não são peculiares só do Poder Judiciário. Passou-se, em seguida (...)” “A Conselheira Janice [APM Indaiatuba-SP] disse, então, que, a seu juízo, tudo o que fora dito a propósito dos arquivos do Judiciário poderia ser resumido a três questões básicas: 1. Qual a importância dos arquivos judiciários para a PRESERVAÇÃO do patrimônio e para o exercício da cidadania. 2. (...) 3. De que forma devem ser organizados para que seja garantido o exercício da cidadania e a PRESERVAÇÃO do patrimônio.”
Polític (a/o)
2
“O Presidente voltou a se referir à importância do Diagnóstico e a Conselheira (...), reforçando essa opinião, destacou que seria altamente conveniente que o Fórum partisse de um diagnóstico, passando por uma reflexão sobre o que é a própria POLÍTICA nacional de arquivos, por que acredita que o Fórum teria um importante papel informativo para dentro do próprio Poder Judiciário, mostrando as dificuldades e carências que existem em geral, e que estas não são peculiares só do Poder Judiciário. Passou-se, em seguida (...)” “Tendo presente que o Decreto nº 2.134 regulamenta dispositivos da Lei nº 8.159, de abrangência nacional e, portanto, atingindo os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como os estados e os municípios, não seria pertinente que um decreto baixando rotinas e instruções específicas para o Poder Executivo fosse aplicado também aos outros Poderes, aos estados e municípios. Assim, ficou decidido que não se alteraria o corpo do Decreto mas que se remeteria uma proposta de novo decreto alterando o art. 35. Recuperava-se, dessa forma, o Decreto do RSAS, sem convalidar o que fosse de encontro ao Decreto nº 2.134, bem como aos já emanados do Poder Executivo, contendo dispositivos complementares à POLÍTICA de arquivos. Procedeu, então, à leitura do texto do novo decreto, alterando a redação do art. 35, encaminhado ao Ministério da Justiça para ser submetido à apreciação da Casa Militar, bem como do despacho do Subchefe Executivo daquela Casa, (...), considerando que a nossa proposta de nova redação do art. 35 só atendia parcialmente à solicitação da Casa Militar e insistindo em sua proposta anterior, já rejeitada pelo CONARQ. Diante disso, o Presidente informou que iria a Brasília na próxima semana e agendaria uma reunião com o (...) para esclarecer pessoalmente a matéria e sugerir que a Casa Militar criasse uma comissão específica para elaborar um novo RSAS, e que se editasse um decreto específico, aprovando esse Regulamento. Nas questões referentes à gestão de documentos o CONARQ estaria à disposição para colaborar. A (...)”
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 11
Ata da 11ª Reunião do CONARQ – 7 de abril de 1998
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
“(...) representante de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Quanto à conservação, a questão é mais complicada no que se refere à confiabilidade e a autenticidade, uma vez que envolve a migração. Como se sabe, num processo de migração, altera-se o original. Pergunta-se, então, como fica o valor testemunhal de quem produziu determinado original? O produtor poderá alegar que não fez o documento tal qual se apresenta após o processo de migração. Assim, a migração, isto é, a transferência de um suporte para outro, tem que ser um processo legal. Luciana Duranti também trata do assunto. Sugere que, a nível de Governo, toda transferência de mídia seja auditada por outra instância do próprio Governo, isto é, que haja um testemunho, um ‘de acordo’ quanto aos meios utilizados, uma vez que toda transferência de mídia altera o original. Assim, a questão da PRESERVAÇÃO está resolvida apenas
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Preserva (ção/do/da)
7
em parte. O Presidente perguntou se os textos de Luciana Duranti, especialista em diplomática de documentos contemporâneos, estavam disponíveis na Internet. O Sr. (...) respondeu afirmativamente e que o endereço dela estava na lista de referências técnicas, que seria distribuída. Concluindo, o Sr. (...) informou que o Arquivo Nacional Americano e a NASA estavam trabalhando na preparação de uma norma ISO de padronização de arquivo, com o objetivo de utilizar uma só linguagem na documentação convencional e eletrônica.” “Cumprindo o último item da agenda, o Presidente colocou em pauta a discussão da nova versão da minuta de decreto que regulamenta os Capítulos II e III da Lei nº 8.159/91 (...) O art. 10 transformou-se em 8º e sofreu alteração por sugestão das Conselheiras (...), ficando assim redigido: Art. 8º - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social devem manter PRESERVADOS os acervos sob sua custódia (...) O Presidente solicitou, então, à Secretária que transcrevesse em ata o texto que acabara de ser aprovado, para que ficasse documentado o texto definitivo a ser encaminhado ao Ministério da Justiça. Assim, transcreve-se, a seguir, o novo texto da minuta de decreto que regulamenta os artigos 7º e 11 a 16 da Lei nº 8.159/91. MINUTA Decreto n„a , de de 1998 Regulamenta dispositivos dos artigos 7„a e 11 a 16 da Lei n„a 8. 159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõem sobre os arquivos públicos e de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social.
(...) Art. 2º (...)
§ 2º - Às pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput deste artigo compete a responsabilidade pela PRESERVAÇÃO adequada dos documentos produzidos e recebidos no exercício de atividades públicas.
(...) Art. 4º (...)
Parágrafo único - A declaração de interesse público e social de que trata este artigo não implica a transferência do respectivo acervo para guarda em instituição arquivística pública, nem exclui a responsabilidade por parte de seus detentores para com a guarda e a PRESERVAÇÃO do acervo.
(...) Art. 8º - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social devem manter PRESERVADOS os acervos sob sua custódia, ficando sujeitos à responsabilidade penal, civil e administrativa, na forma da legislação em vigor. Art. 9º - Os proprietários ou detentores de arquivos privados declarados de interesse público e social poderão firmar convênios, ajustes e acordos com o CONARQ ou com outras instituições, objetivando o apoio para o desenvolvimento de atividades relacionadas à organização, PRESERVAÇÃO e divulgação do acervo.”
Polític (a/o)
1
“(...) o novo texto da minuta de decreto que regulamenta os artigos 7º e 11 a 16 da Lei nº 8.159/91. MINUTA Decreto n„a , de de 1998 Regulamenta dispositivos dos artigos 7„a e 11 a 16 da Lei n„a 8. 159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõem sobre os arquivos públicos e de instituições de caráter público e sobre os arquivos privados de interesse público e social. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 7º e 11 a 16 , da Lei n.º 8.159, de 8 de janeiro de 1991, DECRETA: (...)
Art. 2º - § 1º - Integram necessariamente esta categoria os documentos das
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empresas públicas, das sociedades de economia mista, das fundações privadas instituídas por entes POLÍTICOS territoriais e das concessionárias e permissionárias de serviços públicos.
(...)” Conserva (cão/do/da)
1
“(...) destacou o Manual para Administração de Registros Eletrônicos, que trata o assunto sob o ponto de vista arquivístico, isto é, da gestão de documentos. Não aborda softwares ou hardwares. Preocupa-se só com o conceito do trabalho. Se adotarmos essa postura, mesmo sem que exista uma lei, estaremos dando um caráter mais lícito ao registro eletrônico. Insistiu que as instituições devem ter uma metodologia de trabalho bem definida relativamente à produção, tramitação e arquivamento de seus documentos. Quanto à CONSERVAÇÃO, a questão é mais complicada no que se refere à confiabilidade e a autenticidade, uma vez que envolve a migração. Como se sabe, num processo de migração, altera-se o original.”
TOTAL 9
Ata da 12ª Reunião do CONARQ – 12 de agosto de 1998
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
3
“(...) representante de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...) Josiane Cury Nasser do Superior Tribunal de Justiça e Maria das Graças B. Nascimento, do Supremo Tribunal Federal do Supremo Tribunal Federal, estão articulando a criação de um Grupo de Trabalho com a finalidade de encaminhar e discutir os problemas e as demandas dos arquivos do Poder Judiciário, bem como propor diretrizes no que se refere à organização, à guarda, à PRESERVAÇÃO e ao acesso aos documentos, propiciando a implementação de sistemas de arquivo em cada Tribunal.” “Continuando, o Presidente enfatizou que a criação desse grupo de trabalho, no âmbito do próprio Poder Judiciário, poderá, mais facilmente, contar com o apoio dos presidentes dos Tribunais, mesmo que ele fique ao abrigo do Centro de Estudos Judiciários, presidido pelo Ministro (...), que tem demonstrado interesse especial pelo assunto. O referido Centro poderia ser o consolidador desse grupo e contar com o apoio irrestrito do Conselho, uma vez que seus membros vêem, com preocupação, a necessidade de se dar passos efetivos no sentido de se sistematizar as informações do Judiciário e de PRESERVAR a sua documentação de valor legal, patrimonial, administrativo e histórico.”
Polític (a/o)
2
“Apresentação do documento "Subsídios para a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos: o arquivo municipal a serviço dos cidadãos", elaborado pela (...), a pedido do Presidente do CONARQ, e distribuída antecipadamente aos Conselheiros. Lembrou que o assunto, há bastante tempo vem sendo objeto das preocupações do Conselho. Informou, ainda, sobre as ações e contatos que vem mantendo, com autoridades, em Brasília, junto ao Ministério da Justiça e da Imprensa Nacional, no sentido de estabelecer estratégias para atingir adequadamente as municipalidades brasileiras, visando à criação de seus arquivos públicos municipais, fundamentais para o fortalecimento de uma rede sistêmica de arquivos no país, envolvendo também os arquivos estaduais.” “Os textos seriam disponibilizados na Internet, os Conselheiros proporiam as suas sugestões e alterações, e o CONARQ procederia à devida consolidação, a qual seria, então, submetida à apreciação final do Plenário. Se necessário, o texto consolidado circulará novamente entre os Conselheiros. Chegando-se a um consenso, o texto será considerado aprovado, sempre, porém, ad referendum do Conselho, apesar da consulta prévia. O Presidente ressaltou a importância desse procedimento, uma vez que qualquer orientação emanada do CONARQ poderá ser adotada pelos órgãos integrantes do SINAR, consolidando, progressivamente, a POLÍTICA nacional de arquivos. Colocada em discussão, a proposta do Presidente foi aprovada.”
363
Conserva (cão/do/da)
3
“Dando prosseguimento aos trabalhos, o Presidente colocou em pauta, para discussão, o item 4 da agenda: Apresentação do documento "Subsídios para a implantação de uma política municipal de arquivos: o arquivo municipal a serviço dos cidadãos", elaborado pela Profª (...), a pedido do Presidente do CONARQ (...) O anexo III reproduz o texto submetido ao Plenário, o qual recebeu as alterações que se seguem: (...)
O item 3.1.4.1 foi substituído pela seguinte redação: "3.1.4.1 Recursos Humanos. Além de profissionais para exercerem as atividades administrativas (recursos humanos, materiais e financeiros etc.) e de apoio técnico (microfilmagem, informática etc.) serão necessários, ainda, profissionais de nível superior e médio para desenvolver as seguintes atividades: Gestão de documentos: elaboração de normas sobre produção, registro, controle da tramitação, classificação, arquivamento, avaliação e destinação, bem como dar orientação aos arquivos setoriais das unidades orgânicas da Prefeitura; Arquivamento permanente: arranjo, descrição, conservação, reprodução, divulgação e acesso aos documentos. Arquivamento permanente: arranjo, descrição, CONSERVAÇÃO, reprodução, divulgação e acesso aos documentos. As categorias profissionais regulamentadas, como no caso dos arquivistas e técnicos de arquivo (Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978 e Decreto Nº 82.590, de 6 de novembro de 1978), poderão ser substituídos por outros profissionais devidamente treinados, quando não exista, na região, cursos regulares de Arquivologia. Nem todos os profissionais precisam ser admitidos. Pode-se considerar a possibilidade de terceirização, em alguns casos, como por exemplo: microfilmagem, informática, CONSERVAÇÃO de documentos, limpeza, vigilância etc".” “O item "3.2 Criação do Arquivo Municipal" sofreu alterações e supressões, cuja redação passou a ser conforme se registra a seguir "3.2 Criação do Arquivo Municipal. Finalizado o levantamento e a análise dos dados e constatada a existência de recursos para apoiar o projeto de criação, estará a equipe responsável apta a examinar modelos de estrutura organizacional para escolher a que mais se adapte à realidade municipal. Convém, ainda, nesta etapa, lembrar do volume, estado de CONSERVAÇÃO e da organização dos documentos, do porte demográfico do município, dos recursos disponíveis, elementos que terão decisiva influência na escolha da referida estrutura organizacional. (...)”
TOTAL 8
Ata da 13ª Reunião do CONARQ – 25 de março de 1999
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Polític (a/o)
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“(...) opinou no sentido de que o Conselho Nacional de Arquivos, como órgão que define POLÍTICAS, deveria se situar hierarquicamente acima do Arquivo Nacional, e este se restringir aos órgãos do Poder Executivo, criando-se outros "arquivos nacionais" para o Legislativo e o Judiciário.” “O Conselheiro (...) voltou ao problema do Arquivo Nacional diante das demandas do Poder Judiciário. Segundo o Conselheiro, a questão de fato atropelou a questão de direito, sendo a única solução o estabelecimento de um fórum que se estenda efetivamente aos três poderes, ultrapassando a configuração POLÍTICA e jurídica do Estado. O Presidente, a seguir, propôs aos Conselheiros que indicassem caminhos para estas questões, como, por exemplo, a revisão da Lei nº 8.159/91, a revisão da vinculação do CONARQ e da sua composição, buscando sempre representações significativas.” “O Conselheiro (...) ressaltou que a discussão em torno do perfil, vinculação e posição do CONARQ não pode estar desvinculada de uma análise dos seus quatro anos de atividades, item presente na pauta desta reunião. Citou o avanço
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alcançado pela legislação de arquivos e sua abrangência na definição de POLÍTICAS para o Poder Executivo, primeiramente, e também para os outros poderes. Continuando, colocou que antes de se discutir o posicionamento hierárquico, é necessário que se defina, para o Conselho, estratégias para que efetivamente se implantem tais POLÍTICAS nos estados e nos municípios. A palavra é passada ao Conselheiro (...), que destacou a importância da disseminação das ações do CONARQ.” “Ressaltou o papel dos Conselheiros, que deve ser contínuo e atuante tecnicamente, não se resumindo apenas nas decisões em Plenário. A repercussão dessa atuação é vital para assegurar a força POLÍTICA e a representatividade do Conselho. (...) o CONARQ possui hoje um reconhecimento e uma visibilidade demonstrada principalmente pelas mais diversas instituições que o procuram. A sua força POLÍTICA vem tanto dessa eficiência técnica como de sua posição hierárquica. A elevação dessa posição pode significar ganhos para os membros do CONARQ, os quais devem continuar sendo representantes da área técnica e acadêmica.”
Conserva (cão/do/da)
5
“(...) a Presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos (...)” “(...) Presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos (...)” “(...) o documento preparado pela Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos (...)” “(...) Presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos (...)” “Analisou os programas discutidos, colocando-os como partes de um tripé, que abrange: a ação junto à Administração para melhor orientar o nascimento e o processamento da informação, com uma boa qualidade de Avaliação para os arquivos de gestão, garantindo melhores resultados para os arquivos permanentes; uma área de tratamento técnico que inclui a tecnologia da informação e padronização da descrição no campo dos arquivos permanentes; e a CONSERVAÇÃO, que permeia todos eles.”
TOTAL 12
Ata da 14ª Reunião do CONARQ – 12 de julho de 1999
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
3
“Representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Pela Portaria nº 31, de 28 de abril deste ano, o referido grupo de trabalho já criado, sob a presidência de nossa Conselheira Almeria Machado Godoi, representante do Supremo Tribunal Federal, a quem o Presidente solicitou que relatasse as reuniões já havidas e quais as propostas que vêm sendo formuladas para encaminhamento e discussão no CONARQ com vistas à implantação de sistemas específicos nos diversos Tribunais Federais e, por extensão, nos tribunais ligados aos Tribunais Estaduais interessados na PRESERVAÇÃO de seu patrimônio documental.” “A Conselheira Jessie [APERJ] se manifestou sobre a situação dos arquivos do Poder Judiciário, acrescentando que os depoimentos que acabaram de ser apresentados refletem a realidade do Estado brasileiro que não tem a menor consciência e responsabilidade em relação à documentação. Em seguida sugere que, no próximo ano, quando se comemoram os 500 anos do descobrimento, o CONARQ faça uma grande campanha publicitária sobre a PRESERVAÇÃO da memória nacional.”
Política
2
“A seguir, deu início à leitura, item por item, do referido documento, anexado a esta ata, o qual foi objeto das alterações que se seguem. Acrescentar, no preâmbulo, em seguida à expressão Regimento Interno, de conformidade com deliberação do Plenário, em 12 de julho de 1999. O primeiro "Considerando" passou a ter a seguinte redação: Considerando a Lei Federal nº 8.l59, de 8 de
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janeiro de 1991, que dispõe sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados. O segundo "Considerando" ficou assim redigido: Considerando a Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, que (...)” “Antes de passar a palavra, falou sobre a Mesa Redonda Nacional de Arquivos, realizada (...) os propósitos do encontro que seriam os de divulgar os problemas enfrentados pelos arquivos no Brasil, especialmente no tocante a infra-estrutura, formação e capacitação de recursos humanos, POLÍTICA de arquivos, estratégias de gestão de arquivos municipais e arquivos eclesiásticos, criação e utilização de normas de descrição arquivística, entre outras questões, e de sensibilizar tanto as agências de fomento quanto aos representantes da iniciativa privada ali representados, para a importância de se buscar estratégias de incentivo à modernização dos arquivos brasileiros. Chamou a atenção para a necessidade de se realizar um censo de arquivos brasileiros, para a posterior formação de uma rede de informações sobre arquivos no país, sendo este também um dos principais objetos da Mesa Redonda.”
Conserva (cão/do/da)
2
“A seguir, informou que, conforme sugestões dos Conselheiros, o trabalho sobre Construção e Instalação de Arquivos, produzido pela Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, foi encaminhado à Sociedade de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos - SEAERJ para apreciação da parte técnica. Infelizmente, por impossibilidade daquela Sociedade, o texto ainda não nos foi remetido.” “Acrescentou que a área de conhecimento que mais se destacou nesse encontro foi Documentação e que foi convidada pela FAPERJ para ser a relatora de uma comissão para avaliar a situação do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de futuros financiamentos. Continuando, a Conselheira elogiou o empenho da antiga direção do Arquivo Público em conseguir a atual sede e manifestou a opinião de que a mesma fora ludibriada a respeito das pretensas reformas na parte elétrica e hidráulica do edifício, promessas nunca cumpridas. No intuito de reverter este quadro, informou que irá ao Governador do Estado com um abaixo assinado que reunirá presidentes e diretores de entidades e associações culturais, que se solidarizaram com os problemas deste patrimônio documental, submetido a excessivos deslocamentos e a condições precárias de CONSERVAÇÃO. A seguir, apresentou o documento e o disponibilizou para assinaturas dos Conselheiros e Presidente do CONARQ.”
TOTAL 7
Ata da 15ª Reunião do CONARQ – 6 de dezembro de 1999
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representante de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Polític (a/o)
1
“(...) informou que os dois trabalhos já aprovados pelo Plenário: “Subsídios para a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos: o arquivo municipal a serviço dos cidadãos” e “Recomendações para a construção de arquivos” estão em fase final de sua produção editorial estão em fase final de sua produção editorial e que, tão logo esteja a mesma concluída, os originais serão encaminhados ao Conselheiro (...), representante do Senado Federal, para que sejam iniciados os entendimentos com a Gráfica do Senado, com vistas a sua impressão.”
Conserva (cão/do/da)
1 “Prosseguindo, o Presidente comunicou que as Sras. (...), presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, e (...), presidente do Grupo de Trabalho de Arquivos Municipais, não poderiam comparecer a esta reunião e justificaram suas ausências.”
TOTAL 3
Ata da 16ª Reunião do CONARQ – 7 de dezembro de 1999
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EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) o Presidente passou a palavra à Srª (...), presidente da Comissão Especial, criada pela Portaria nº 33, de 13 de julho de 1999, com o objetivo de estabelecer instruções complementares para a execução do Decreto nº 2.942, de 18 de janeiro de 1999, a qual fez um breve relato sobre o desenvolvimento dos trabalhos da Comissão. Informou que, para melhor consecução de seus objetivos, a Comissão decidiu dividir-se em dois subgrupos responsáveis, respectivamente, pelos estudos relativos aos arquivos privados de interesse público e social e pelos arquivos públicos das agências reguladoras, das empresas em processo de desestatização, das empresas desestatizadas, das concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços públicos e das pessoas jurídicas de direito privado. Assim, cada subgrupo elaborou uma minuta de Resolução, para apreciação deste Plenário. (...) Feitos os esclarecimentos, a Srª (...) deu início à leitura da primeira resolução. (...) Continuando, passou a palavra à Conselheira (...) para apresentar a minuta da segunda resolução. Concluída a leitura, o Presidente colocou a matéria em discussão. Após minuciosa análise e apresentação de propostas, o texto foi aprovado com as seguintes alterações. (...) "VI - Arquivo Permanente: conjunto de documentos públicos de valor permanente que deve ser PRESERVADO pelo seu valor histórico, probatório e informativo"; "VII - PRESERVAÇÃO de arquivos: tratamento de acervos documentais que permita a prevenção da deterioração física dos documentos, com vistas à recuperação da informação"; (...)”
Polític (a/o)
-
Conserva (cão/do/da)
1 “(...) impossibilitada de comparecer à reunião de ontem por estar participando de um Seminário sobre CONSERVAÇÃO preventiva de documentos(...)”
TOTAL 3
Ata (extrato de ata) da 17ª Reunião do CONARQ – 10 de outubro de 2000
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1
“4. Relato sobre estratégias de distribuição da publicação "Subsídios para a implantação de uma política municipal de arquivos": (...) Poder-se-ia, ainda, promover uma campanha institucional, em colaboração com a área de comunicação social da Presidência da República, que falasse da importância dos municípios e da PRESERVAÇÃO dos acervos documentais.”
Polític (a/o)
1 “4. Relato sobre estratégias de distribuição da publicação "Subsídios para a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos":”
Conserva (cão/do/da)
_
TOTAL 2
Ata da (extrato de ata) 18ª Reunião do CONARQ – 11 de outubro de 2000
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
1 “2. POLÍTICA de Segurança da Informação do Poder Executivo Federal: Exposição do Comandante Ivan Nascimento Auzier, do Gabinete de Segurança Institucional e membro do Comitê Gestor de Segurança da Informação, da Presidência da República, sobre a recente legislação que regulamenta a
367
matéria.” Conserva (cão/do/da)
_
TOTAL 1
Ata da 19ª Reunião do CONARQ – 18 de dezembro de 2000
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Polític (a/o)
5
“A Comissão constituída para elaborar as normas para a criação dos sites concluiu sua missão, devendo apresentar os resultados de seu trabalho na sessão desta tarde. Se aprovado, deverá constar da home-page do CONARQ - publicações virtuais, a exemplo da publicação sobre POLÍTICA municipal de arquivos e a de recomendações para construção de arquivos.” “Distribuição da Publicação Subsídios para a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos. A Coordenação do CONARQ está preparando disquetes, contendo as etiquetas e os textos de correspondência que deverão ser encaminhados aos arquivos estaduais para distribuição dessa publicação, em final de fevereiro, início de março.” “A Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos foi apenas registrada, sem destaque para qualquer ação, considerando que a mesma será reformulada para modificar o perfil de seus integrantes, compatibilizando-os com os avanços da POLÍTICA governamental em tecnologia da informação.” “(...) será publicado em papel, a exemplo das publicações sobre a POLÍTICA municipal de arquivos e a de recomendações para construção de arquivos.” “A capa da publicação será semelhante às anteriores sobre POLÍTICAS municipais e sobre recomendações para construção de arquivos.”
Conserva (cão/do/da)
2
“Solicitou à Conselheira (...) para entrar em contato com os membros da Câmara de Classificação, enquanto ele falaria com os Presidentes das Câmaras de Capacitação de Recursos Humanos e de CONSERVAÇÃO de Documentos Eletrônicos numa só Câmara de Gestão de Documentos para saber se têm algum programa plurianual que queiram incluir na programação do CONARQ.” “Prosseguindo, o Presidente procedeu à leitura da programação das Câmaras Técnicas de CONSERVAÇÃO e de Capacitação de Recursos Humanos. Embora as ações tenham sido arroladas, não foram indicadas as datas para sua realização.”
TOTAL 8
Ata da 20ª Reunião do CONARQ – 19 de dezembro de 2000
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Polític
4
“Passou a palavra ao Conselheiro (...) para falar sobre a "POLÍTICA de Governo Eletrônico para o Poder Executivo Federal". Iniciou esclarecendo que a matéria que discorrerá em seguida, foi a mesma apresentada ao Presidente da República e que foi objeto de sua aprovação. Mencionou, em sua palestra, a Lei nº 9.983, que trata dos crimes eletrônicos contra a administração pública, o Decreto nº 3.505, sobre a POLÍTICA e gestão da segurança da informação, o Decreto nº 3.585 sobre tramitação de documentos por meio eletrônico, Decreto nº 3.587, sobre infra-estrutura de chaves públicas, Portaria Interministerial nº 47, que trata do Comitê Executivo de Comércio Eletrônico, bem como o projeto de lei que dispõe sobre a autenticidade e valor jurídico dos documentos eletrônicos. Além da legislação, mencionou também a criação do curso de gestores da tecnologia da informação, com 360 horas/aula, para formar pessoas
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(a/o) de carreira do estado, a fim de se especializarem em administração e gestão de tecnologias da informação e comunicação. Informou, também, sobre outros tipos de capacitação de pessoal, inclusive de treinamento, mediante cursos à distância.” “Concluindo, o Conselheiro (...) esclareceu que o projeto de POLÍTICA de divulgação de informações que estão desenvolvendo, está calcado em dois pilares básicos: - o primeiro, que é a informação como recurso estratégico da organização; o segundo, que a informação pública é de domínio público; pertence à sociedade, não é de nenhum gestor, órgão ou organismo. Concluindo, agradeceu a atenção de todos e se colocou à disposição para qualquer esclarecimento e que também estão receptivos a contribuições e sugestões para implementar os projetos em andamento. Em seguida, o Presidente parabenizou e agradeceu o Conselheiro (...) pela sua apresentação, comentando que o CONARQ, na qualidade de órgão colegiado está não só preocupado com a transferência, com a permanência das informações públicas, como também com os projetos governamentais e disposto a colaborar para o êxito dos mesmos. Dando continuidade aos trabalhos, o Presidente passou ao item seguinte (...)” “(...) Sugeriu-se indagar sobre as possibilidades de sua eventual participação no CONARQ. Continuando informou aos Conselheiros sobre as providências que estavam sendo tomadas pela coordenação do CONARQ relativamente à distribuição, pelos Arquivos Estaduais, da publicação "Subsídios para a Implantação de uma POLÍTICA Municipal de Arquivos".”
Conserva (cão/do/da)
_
TOTAL 5
Ata da 21ª Reunião do CONARQ – 11 de junho de 2001
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...) sugeriu que além do art. 23 da Constituição, que trata da PRESERVAÇÃO documental e patrimonial, dever-se-ia citar também a legislação que dispõe sobre o Meio Ambiente.”
Polític (a/o)
7
“Prosseguindo, o Presidente passou ao item 7 da agenda, relativo a uma representação formulada pela empresa STORE - Sistema de Armazenagem S/C Ltda. encaminhada ao CONARQ, (...) Antes de passar a palavra ao Conselheiro (...), designado relator da matéria, o Presidente prestou os esclarecimentos que se seguem: Em síntese, alega a peticionária a ilegalidade da licitação promovida, em 3 de julho de 2000, pela Secretaria de Administração e Reforma do Estado de Pernambuco, para contratação de serviços técnicos na área de arquivos, com vistas à "organização e higienização, identificação, avaliação, informatização, digitalização por demanda, guarda, auditoria de dossiês, gerenciamento e manutenção de documentos de maneira sistemática e segura". Segundo a empresa, a referida Secretaria de Estado, ao incluir no objeto da licitação a guarda de sua documentação, inobservou o disposto no art. 216, § 2º da Constituição Federal, no art. 1º da Lei nº 8.159, de 8-1-1991 e na Resolução nº 6, de 1997, do CONARQ, que estabelece diretrizes para a terceirização de serviços arquivísticos públicos. O Presidente e vários Conselheiros teceram comentários sobre os problemas atuais dos arquivos, especialmente no que diz respeito à terceirização da guarda de acervos, bem como das demais operações arquivísticas como organização, acesso e avaliação de documentos. Recapitulando o parecer do Conselheiro Geraldo [APEPA], o Presidente enfatizou os aspectos legais vigentes, não só da norma constitucional como dos dispositivos regulamentadores da POLÍTICA nacional de arquivos, segundo os quais a terceirização não encontra amparo legal. Há dúvidas, também, quanto às informações prestadas pela Secretaria de Administração de Pernambuco, que
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não deixa claro se o acervo daquele órgão estaria sob risco iminente de perda, o que poderia justificar a terceirização da guarda do acervo. Daí a proposta do Conselheiro (...) condenando a terceirização.” “Dando prosseguimento aos itens da agenda, o Presidente passou a palavra à Assistente Jurídica do Arquivo Nacional Drª (...) para relatar o resultado dos estudos realizados, relativamente ao projeto de lei submetido ao Plenário do CONARQ pelo Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, dispondo sobre a POLÍTICA municipal de arquivos públicos e privados, e sobre o acesso aos documentos públicos municipais. O parecer da Drª (...) foi anexado à ata desta reunião, passando a integrá-la.” “Caberá, ainda, ao Grupo definir métodos de arquivamento, especialmente digital, e propor reformas para o Arquivo Geral. No mérito, para a efetiva aplicabilidade da lei e o conseqüente êxito do alcance da POLÍTICA municipal de arquivos, há que se considerar quais são realmente as competências da Superintendência de Documentação, em vista das atribuições que se quer conferir ao Arquivo Geral. Com efeito, feita tal distinção, é recomendável que a nova lei mencione expressamente quais os dispositivos do decreto municipal que estabelece as competências daquela Superintendência que serão objeto de revogação.” “A Conselheira (...) disse que, sob seu ponto de vista a iniciativa do Município de apresentar um projeto de lei dispondo sobre a POLÍTICA municipal de arquivos, embora não esteja claro, tem também por objetivo dotar o Arquivo da Cidade de personalidade jurídica própria.” “A propósito, a Conselheira (...) questionou o fato do Conselho Municipal de Arquivos, proposto no art. 18, não ter incluído representantes dos órgãos municipais e nem da Câmara de Vereadores. O âmbito do Conselho, na sua opinião, deverá ser melhor definido, incluindo também, como argumentou o Presidente do CONARQ, representantes do Poder Legislativo Municipal. Por outro lado, lembrou que o Conselho Municipal de Arquivo não é deliberativo. É apenas consultivo, cabendo ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro baixar normas sobre gestão de documentos e implementar a POLÍTICA municipal de arquivos. De qualquer forma, porém, há uma lacuna. Dever-se-ia, pois, sugerir a ampliação do âmbito desse Conselho, incluindo, também, representação do Poder Legislativo.” “Dando prosseguimento, o Presidente passou ao exame do Capítulo IV - Da POLÍTICA Municipal de Arquivos, comentando que, embora o art. 18 estabeleça que o referido Conselho tem função consultiva, no art. 19 o Conselho aparece com função deliberativa, quando estabelece que "caberá ao Conselho Municipal de Arquivos avaliar(...)., emitir parecer, encaminhando-o ao Secretário(...).", o que configura uma contradição (...)” “Concluindo, o Presidente apresentou um resumo dos principais pontos discutidos pelo Plenário, sugerindo que fosse enviada correspondência ao Diretor do Arquivo da Cidade, encaminhando as sugestões propostas pelo CONARQ conforme se segue. Seria informado ao Diretor do Arquivo da Cidade que, pela proposta encaminhada evidenciou-se a necessidade do Arquivo ter maior autonomia e que o CONARQ julgou importante que o mesmo seja cabeça do Sistema Municipal de Arquivos ou da Rede Municipal de Arquivos e que, para isso, precisaria definir melhor sua competência, vez que conflita com a da Superintendência de Documentação da Secretaria Municipal de Administração. A nova legislação poderia corrigir essa situação. Seria recomendável que o Arquivo, face a sua função normativa, estivesse vinculado a uma Secretaria de decisão POLÍTICA e que lhe desse neutralidade na sua ação.”
Conserva (cão/do/da)
_
TOTAL 9
370
Ata da 22ª Reunião do CONARQ – 12 de junho de 2001
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
5
“(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Prosseguindo, informou sobre a necessidade de se reformar, também, a Câmara Técnica de Conservação de Documentos, que deverá contar com a participação de engenheiros, uma vez que se pretende dar prosseguimento aos estudos sobre construção e adaptação para arquivos, especialmente em países tropicais. Continuando, discorreu sobre o projeto de PRESERVAÇÃO de documentos e segurança de arquivos, de autoria da Srª (...), da Universidade de Campinas. Em continuação, o presidente deu notícia sobre a distribuição da publicação (...)” “Passou em seguida ao último item de pauta, acima já enunciado, mencionando os nomes dos membros que integraram a Comissão Especial designada pela Portaria nº 47, de 16 de fevereiro de 2001, para examinar o Livro Verde do Programa da Sociedade da Informação no Brasil e apresentar sugestões. (...) Iniciando, (...) informou que a idéia básica que norteou a elaboração do documento decorreu das lacunas encontradas no Livro Verde e que a equipe deveria fazer uma aproximação conceitual e justificar a inclusão do universo de informação arquivística dentro da lógica do Livro Verde. Portanto, a introdução do documento procurou caracterizar essa questão, chamando a atenção para o fato de que a maioria de Programas da Sociedade da Informação em diversos países privilegia quatro formas de inserção dos arquivos no conjunto de suas ações: 1- (...) 4- PRESERVAÇÃO de documentos eletrônicos, considerando a memória coletiva na sociedade da informação. Aqui no Brasil, os arquivos ou passam ao largo ou se apresentam de forma diluída. Temos procurado espaço na diluição. Por outro lado, no Livro Verde, uma das críticas que se levanta diz respeito a um certo reconhecimento dos arquivos como patrimônio cultural, enquanto - no Capítulo 6 - dedicado ao Governo, onde a questão da informação é fundamental, eles são completamente negligenciados. (...) O Sr. (...), um dos autores do documento, sugeriu que sejam acrescentadas no item Quadro Jurídico as expressões acesso e PRESERVAÇÃO a longo termo, ficando a última frase assim redigida: "bem como a garantia da segurança, proteção de dados, acesso e PRESERVAÇÃO a longo termo". Colocado o assunto em discussão, optou-se pela manutenção do texto original, vez que o item menciona a legislação arquivística brasileira que já contempla as duas funções.”
Polític (a/o)
2
“Em continuação, o presidente deu notícia sobre a distribuição da publicação Subsídios para a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos, bem como sobre algumas iniciativas que vêm sendo examinadas pela Coordenação do CONARQ, para dar ampla divulgação da mesma, como por exemplo, a inclusão de encartes nos Diários Oficiais dos estados.” “Assim, tentamos mostrar isso no documento, apresentando algumas proposições como compatibilização da legislação, ações estruturais, incluindo, em anexo, informações sobre o Arquivo Nacional, o Sistema Nacional de Arquivos e o Conselho Nacional de Arquivos, bem como informações sobre o Censo Nacional de Arquivos Brasileiros, públicos e privados. Pelas suas características, este Censo se integra muito bem dentro das perspectivas do Programa Sociedade da Informação. Resumindo, a idéia do documento é basicamente torná-lo uma manifestação do CONARQ junto aos formuladores das POLÍTICAS relacionadas com a SOCINFO. O assunto requer urgência e temos que ser mais agressivos.”
Conserva (cão/do/da)
2
“Abrindo a sessão, o Presidente colocou em pauta os dois itens pendentes da reunião da véspera, a saber: Reformulação das Câmaras Técnicas de Documentos Eletrônicos e de CONSERVAÇÃO de Documentos, e criação de Grupo de Trabalho para elaboração de normas para organização de acervos acumulados, proposta por um grupo de arquivistas de Brasília.” “Prosseguindo, informou sobre a necessidade de se reformar, também, a Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, que deverá contar com
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a participação de engenheiros, uma vez que se pretende dar prosseguimento aos estudos sobre construção e adaptação para arquivos, especialmente em países tropicais.”
TOTAL 9
Ata da 23ª Reunião do CONARQ – 10 de dezembro de 2001
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
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“(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “(...) o Presidente do CONARQ (...) Passou, então, à leitura da pauta, comunicando que a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos seria instalada naquela manhã. Solicitou aos Conselheiros que se apresentassem aos novos membros, agradecendo a colaboração relevante que vêm prestando para a construção da política nacional de arquivos, criando instrumentos legais, visando a PRESERVAÇÃO da documentação de interesse, não só para a nossa história como também para a administração pública, garantindo a defesa dos direitos do cidadão e a PRESERVAÇÃO do patrimônio documental do nosso país. Em seguida foram apreciadas (...).” “Continuando, disse que a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos tinha um papel extremamente importante vez que deverá estabelecer os procedimentos capazes de garantir a legitimidade aos documentos produzidos eletronicamente, bem como arrolar os requisitos necessários a sua produção e à PRESERVAÇÃO dos registros como elementos de prova a qualquer tempo. Dever-se-ia, ainda, prescrever recomendações quanto ao trâmite e armazenagem do documento eletrônico, quanto à migração dos dados em virtude da obsolescência dos suportes ou das linguagens dos sistemas para garantir a fidedignidade das informações. Espera-se que esta Câmara Técnica proponha ao Plenário do Conselho, como produto de seus estudos, resoluções que venham a se consolidar como uma norma brasileira de produção de documento eletrônico, a exemplo da Câmara Técnica de Normalização da Descrição Arquivística, criada com o objetivo de elaborar normas brasileiras para a descrição da documentação arquivística. Passou-se, então, à apresentação” “Ana Maria Cascardo [AN] ressaltou a importância de ser realizado um trabalho junto aos órgãos públicos no sentido de conscientizar seus dirigentes e demais servidores sobre o valor da informação para que a aplicação das novas tecnologias garanta a adequada PRESERVAÇÃO dos documentos eletrônicos, uma vez que os softwares sofrem freqüentes atualizações. Júnia Guimarães [AGCRJ] levantou a questão do armazenamento de informações cadastrais, que por sua natureza são atualizadas periodicamente. Como serão PRESERVADAS as informações anteriores? Wadson Faria [TSE] alerta que a informática entrou no nosso cotidiano para substituir ações tradicionais. Os problemas que a informática enfrenta hoje, de guarda, de acesso, de reconhecimento, de legalidade ocorrem, na realidade, pela falta de organização dos acervos, sob o aspecto físico. A informática vai automatizar esses processos. Maria Izabel [AN] considerou que já existem meios para o tratamento físico do acervo, como a classificação e avaliação da documentação. É necessário aglutinar a área de informática à de gestão da documentação.”
Polític (a/o)
4
“Abrindo a sessão, o Presidente do CONARQ comunicou que estas duas últimas reuniões contarão com a presença tanto dos Conselheiros com mandatos expirados quanto dos novos Conselheiros a serem nomeados. Passou, então, à leitura da pauta, comunicando que a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos seria instalada naquela manhã. Solicitou aos Conselheiros que se apresentassem aos novos membros, agradecendo a colaboração relevante que vêm prestando para a construção da POLÍTICA nacional de arquivos, criando instrumentos legais, visando a preservação da documentação de interesse, não só para a nossa história como também para a administração pública, garantindo a defesa dos direitos do cidadão e a preservação do patrimônio documental do
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nosso país. Em seguida foram apreciadas as atas (...)” “(...) o Presidente teceu comentários sobre a utilização, num mesmo processo, ora de meios analógicos, ora de meios digitais, além de arrolar outros problemas decorrentes da adoção de sistemas informatizados, tais como a caducidade de suportes, de linguagem operacional, de máquinas etc. Carmem Moreno {membro da Comissão Técnica de documentos Eletrônicos, convidada], da Fundação Biblioteca Nacional, manifestou sua preocupação quanto às instituições que não têm sequer uma POLÍTICA de gestão de documentos em papel; como terão uma POLÍTICA de gestão de seus documentos eletrônicos? Quando se discute uma POLÍTICA de gestão de documentos na administração publica federal é necessário incluir todos os tipos de suportes. (...) ressaltou a importância de ser realizado um trabalho junto aos órgãos públicos no sentido de conscientizar seus dirigentes e demais servidores sobre o valor da informação para que a aplicação das novas tecnologias garanta a adequada preservação dos documentos eletrônicos, uma vez que os softwares sofrem freqüentes atualizações.”[E A “CONSCIENTIZAÇÃO” DO CONARQ SOBRE A NECESSIDADE DE SE FORMULAR UMA PNA?]
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 10
Ata da 24ª Reunião do CONARQ – 11 de dezembro de 2001
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
4
“(...) representantes de instituições não-governamentais da área de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “O Conselheiro Antônio Carlos [ANPOCS] fez consideração sobre as dificuldades encontradas pelo CONARQ, órgão colegiado vinculado ao Arquivo Nacional da Presidência da República, na obtenção de recursos financeiros para execução de trabalho de tal relevância [sobre cursos de formação e capacitação para organização de arquivos]. Sugeriu que se faça parcerias com outras instituições para obtenção de recursos e implementação deste projeto. A Conselheira Ana Célia [APM Campinas-SP] informou que a Prefeitura de Barcelona poderia contribuir para a implementação de um projeto dessa natureza, não só para treinamento de jovens infratores, como para a elaboração de curso profissionalizante. O Conselheiro Geraldo Mártires [APEPA] alertou para o fato de que o CONARQ já iniciou um trabalho junto aos municípios brasileiros com a edição da publicação "Subsídios para a Implantação de uma Política Municipal de Arquivos: o arquivo municipal a serviço dos cidadãos". A Sra. Célia Corsino [IPHAN-convidada] considerou que a questão relativa à obtenção dos recursos é política, uma vez que eles existem no Fundo Nacionais de Cultura. Sugeriu que o argumento a ser utilizado deveria ser o tratamento técnico do patrimônio cultural ou a PRESERVAÇÃO do acervo cultural, que é ação do governo por estar inserida no projeto de modernização do Estado Brasileiro.” “(...)o Presidente comunicou que está sendo organizado, para o mês de novembro do próximo ano, por ocasião da inauguração das novas instalações do Arquivo Nacional, o Segundo Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica, cujo tema central será ‘Documentos Eletrônicos: gestão e PRESERVAÇÃO’.” “A seguir, o Presidente comunicou a criação da Câmara Técnica de Normalização da Descrição Arquivística, Portaria nº 56, de 10 de setembro de 2001, do CONARQ, para, sob a presidência de (...), representante da América Latina no Comitê de Normas de Descrição do Conselho Internacional de Arquivos - CIA, e com a participação de técnicos de diferentes partes do país, elaborar normas brasileiras de descrição, compatíveis com as normas internacionais. Informou, ainda, sobre a reformulação da Câmara Técnica de Conservação de Documentos, Portaria nº 59, de 16 de novembro de 2001, com o objetivo de atender a demandas de normatização e criação de instrumentos
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metodológicos, técnicos e normativos visando à questão de PRESERVAÇÃO dos suportes físicos dos acervos documentais dos arquivos públicos e privados.”
Polític (a/o)
2
“(...) alertou para o fato de que o CONARQ já iniciou um trabalho junto aos municípios brasileiros com a edição da publicação "Subsídios para a Implantação de uma POLÍTICA Municipal de Arquivos: o arquivo municipal a serviço dos cidadãos".” “(...) considerou que a questão relativa à obtenção dos recursos é POLÍTICA, uma vez que eles existem no Fundo Nacionais de Cultura.”
Conserva (cão/do/da)
1
“Informou, ainda, sobre a reformulação da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, Portaria nº 59, de 16 de novembro de 2001, com o objetivo de atender a demandas de normatização e criação de instrumentos metodológicos, técnicos e normativos visando à questão de preservação dos suportes físicos dos acervos documentais dos arquivos públicos e privados.”
TOTAL 7
Ata da 25ª Reunião do CONARQ – 3 de julho de 2002
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
4
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Após examinar a questão, o Plenário do Conselho deliberou que as Câmaras Técnicas examinarão as Resoluções pertinentes as suas áreas específicas e que a Coordenação do Conselho examinará aquelas pertinentes às atualizações contidas no Decreto. Após a revisão das Resoluções as mesmas serão divulgadas na "página" do CONARQ na Internet. Constituição da Comissão Especial para elaborar estudo referente à proposição de linhas de financiamento com vistas à criação e/ou modernização de arquivos públicos. O Presidente esclareceu que a proposta visa a estimular os arquivos públicos na elaboração de projetos para as agências de financiamento. Esta Comissão Especial tem como objetivo verificar, junto às agências de fomento nacionais e internacionais, as linhas de financiamento a projetos na área de arquivo, os prazos para entrega e preenchimento dos formulários, além de divulgar técnicas para elaboração de projetos e estimular a criação de linhas de financiamento a projetos na área de políticas públicas nas várias agências de fomento que não atendem a esta demanda, muitas vezes por desconhecimento da importância da PRESERVAÇÃO do patrimônio público. A Conselheira Ana Célia [APM Campinas-SP] informou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES abriu uma linha de financiamento na área de gestão no serviço público, o mesmo acontecendo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID.” “Criação das Câmaras Setoriais. (...) sobre Arquivos Privados, com o objetivo de estabelecer diretrizes e estratégias para sua identificação, criação e/ou modernização, com vistas à sua declaração de interesse público e social; elaboração de estudos sobre a importância desses acervos para a pesquisa em geral e proposição de linhas de financiamento para sua organização, PRESERVAÇÃO e disponibilização para consulta;” “A Conselheira Ismênia de Lima Martins informou sobre a situação em que se encontra o Conselho Estadual de Arquivos, do qual é Conselheira, na condição de presidente da ANPUH. O Conselho, criado na gestão governador Anthony Garotinho, era subordinado ao gabinete civil, extinto pela atual reforma administrativa do governo Benedita da Silva. Diante deste fato torna-se necessária à edição de um novo Decreto vinculando o Conselho Estadual de Arquivos a outra instância do governo. Atualmente o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro está subordinado à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, cuja Secretária, até o momento, não manifestou interesse em relação
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à situação do Conselho, afirmando que o mesmo não é importante. Diante deste fato solicitou a interveniência do CONARQ, no encaminhamento de um documento à Secretaria de Direitos Humanos e ao Governo Estadual alertando sobre a importância do Conselho Estadual de Arquivos - CONEARQ, órgão colegiado, vinculado ao Gabinete Civil do Estado, que tem por finalidade elaborar e implementar políticas públicas voltadas para gestão, PRESERVAÇÃO e acesso aos documentos oriundos do Poder Executivo Estadual, de forma a garantir seu pleno uso administrativo, científico, cultural e assegurando ao cidadão o exercício de seus direitos.”
Polític (a/o)
4
“Constituição da Comissão Especial para elaborar estudo referente à proposição de linhas de financiamento com vistas à criação e/ou modernização de arquivos públicos. O Presidente esclareceu que a proposta visa a estimular os arquivos públicos na elaboração de projetos para as agências de financiamento. Esta Comissão Especial tem como objetivo verificar, junto às agências de fomento nacionais e internacionais, as linhas de financiamento a projetos na área de arquivo, os prazos para entrega e preenchimento dos formulários, além de divulgar técnicas para elaboração de projetos e estimular a criação de linhas de financiamento a projetos na área de POLÍTICAS públicas nas várias agências de fomento que não atendem a esta demanda, muitas vezes por desconhecimento da importância da preservação do patrimônio público.” “Em relação à constituição da Câmara Técnica de Gestão de Documentos, relembrou a deliberação do Plenário de que os membros das Câmaras Técnicas não poderiam participar de firmas de consultoria, no setor privado, pois teriam informações privilegiadas. A Conselheira Maria Izabel de Oliveira [AN] propôs que a constituição da Câmara seja feita por profissionais com experiência na área de gestão. A Conselheira Ismênia Martins [ANPUH] propôs que os conselheiros participem como membros das Câmaras Técnicas, em sua maior parte, uma vez que é o Plenário que define a POLÍTICA nacional de arquivos. A Conselheira (...) propôs que se elabore um banco de dados com o currículo e área de atuação para se ter um cadastro dos profissionais e assim se possa constituir as Câmaras Técnicas dependendo da área específica de estudo. (...)” “Desta forma o Presidente propôs a criação das Câmaras Setoriais sobre Arquivos do Judiciário, em substituição ao Grupo de Trabalho, criado pela Portaria nº 31, de 28 de abril de 1999; sobre Arquivos Médicos, em substituição ao Grupo de Trabalho, criado pela Portaria nº 50, de 9 de abril de 2001; sobre Arquivos Municipais; sobre Arquivos Privados e sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou em Processo de Privatização. Justificou a importância dessas câmaras setoriais, algumas substituindo grupos de trabalho que desenvolvem estudos visando a consubstanciar a POLÍTICA nacional de arquivos, outras, como as sobre Arquivos Municipais com a finalidade de estimular a criação de arquivos públicos nos municípios; sobre Arquivos Privados, com o objetivo de estabelecer diretrizes e estratégias para sua identificação, criação e/ou modernização, com vistas à sua declaração de interesse público e social;” “Atualmente o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro está subordinado à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, cuja Secretária, até o momento, não manifestou interesse em relação à situação do Conselho, afirmando que o mesmo não é importante. Diante deste fato solicitou a interveniência do CONARQ, no encaminhamento de um documento à Secretaria de Direitos Humanos e ao Governo Estadual alertando sobre a importância do Conselho Estadual de Arquivos - CONEARQ, órgão colegiado, vinculado ao Gabinete Civil do Estado, que tem por finalidade elaborar e implementar POLÍTICAS públicas voltadas para gestão, preservação e acesso aos documentos oriundos do Poder Executivo Estadual, de forma a garantir seu pleno uso administrativo, científico, cultural e assegurando ao cidadão o exercício de seus direitos.”
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 8
375
Ata da 26ª Reunião do CONARQ – 3 de julho de 2002
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
8
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “O Grupo de Trabalho sobre Arquivos Médico, coordenado por (...) elaborou, para deliberação do Plenário, o documento "Considerações e Diretrizes para Estabelecer a Temporalidade e Destinação dos Prontuários de Pacientes", resultado de estudos realizados por este Grupo de Trabalho sobre a necessidade de se estabelecer normas de gestão documental específica para o prontuário de paciente, desde sua produção até a destinação final. Esclareceu que as instituições médico-hospitalares, públicas e privadas, detentoras de milhões de prontuários não dispõem de programas e instrumentos que garantam o controle eficiente de massas documental acumuladas de forma organizada e PRESERVADA. Os prontuários são produzidos com a finalidade de registrar o acompanhamento da assistência médica prestada ao paciente e que, uma vez cumprida as finalidades para as quais foram produzidos, passam a ser utilizados para fins de estudos e pesquisas médicas, científicas, sociais e históricas. Visando a sua PRESERVAÇÃO, o Grupo de Trabalho propôs que: 1- as unidades que prestam assistência médica e são detentoras de arquivos de prontuários de pacientes, deverão implantar sua Comissão Permanente de Avaliação de Documentos, conforme determina o art. 18, do Decreto nº 4.073, de 3-1-2002, bem como a Comissão de Revisão de Prontuários, prevista na Resolução nº 41/92, de 7-02-1992, do CREMERJ; 2- o prontuário do paciente, em qualquer suporte, deve ser PRESERVADO pelo prazo mínimo de vinte anos, a partir do último registro; 3- no caso de emprego da microfilmagem, os prontuários microfilmados poderão ser eliminados, de acordo com os procedimentos previstos na legislação arquivística em vigor, após análise da Comissão Permanente de Avaliação da unidade médico-hospitalar geradora do arquivo; 4- considerando o valor secundário dos prontuários e o prazo estabelecido no item 2, a Comissão de Avaliação de Documentos, após consulta à Comissão de Revisão de Prontuários, deve elaborar e aplicar critérios de amostragem para a PRESERVAÇÃO definitiva dos documentos que apresentem informações relevantes do ponto de vista médico-científico, histórico e social; 5- o prontuário do paciente, embora possua elementos que o caracteriza como documento de valor secundário, não deve ter, na sua totalidade, destinação final para guarda permanente, ressalvando-se os casos previstos no art. 169 do Código Civil.” “O Presidente passou ao segundo ponto da pauta: Proposta de Resolução recomendando diretrizes para orientação dos centros de documentação das universidades e instituições similares a propósito do recolhimento de arquivos públicos, elaborada pelo Grupo de Trabalho sobre Guarda de Acervos Públicos por Universidades e outras instituições. A Conselheira (...) relatou a proposta de Resolução elaborada por (...), que recomenda diretrizes aos Centros de Documentação das Universidades e outras instituições similares sobre a guarda da documentação pública. Esclareceu que os Centros de Documentação das Universidades devem se constituir em centros de referência para o desenvolvimento de pesquisa nas áreas de interesse próprio, não sendo sua finalidade prioritária o recolhimento e guarda de documentos. As universidades devem estimular, através de projetos especiais, convênios e atividades de extensão, a criação e/ou desenvolvimento dos arquivos públicos a quem cabe a gestão, a PRESERVAÇÃO e o acesso à documentação pública.” “O Presidente informou sobre o II Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica a ser realizado de 18 a 22 de novembro, quando da inauguração da restauração do conjunto arquitetônico do Arquivo Nacional, no dia 20 de novembro, a ser ocupado no início de 2003. O Seminário terá como tema central "Documentos Eletrônicos: gestão e PRESERVAÇÃO" e contará com a participação de especialistas americanos, canadenses, australianos, dentre outros.” “A pedido da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, será realizado, na
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semana seguinte ao Seminário, um workshop com a finalidade de se discutir os requisitos que garantam, dentre outras questões, a PRESERVAÇÃO e a fidedignidade do documento eletrônico.”
Polític (a/o)
5
“O Presidente passou ao ponto da pauta que trata da consulta ao Plenário sobre alteração da estrutura e funcionamento do CONARQ, transformando-o em órgão POLÍTICO, visto que suas funções técnicas foram concluídas. Esclareceu que a proposta visa à alteração da Lei nº 8.159, mais especificamente do art. 26 que "cria o Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, órgão vinculado ao Arquivo Nacional", e do § 1º, segundo o qual "O Conselho Nacional de Arquivos será presidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por representantes de instituições arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas". Por considerar que o Conselho deverá ser transformado em um órgão POLÍTICO, o Presidente colocou em discussão proposta no sentido de passar a vinculação do CONARQ para a Casa Civil da Presidência da República, a quem caberá a sua presidência, e criar uma Secretaria Executiva do Conselho, cujo secretário será o Diretor-Geral do Arquivo Nacional, membro nato do Conselho, fortalecendo, desta forma, o Conselho como órgão POLÍTICO e não técnico, na definição e implementação da POLÍTICA nacional de arquivos. Após discussão pelo Plenário da questão, a Conselheira Maria Odila Fonseca sugeriu que, no momento, não ocorresse a alteração proposta, uma vez que o Conselho cumpre sua finalidade na definição da POLÍTICA nacional de arquivos, demonstrada pela edição de vários decretos e resoluções e que, qualquer alteração, na atual conjuntura, poderá acarretar descontinuidade nos trabalhos do Conselho. O Presidente propôs que o Plenário estudasse a questão e que voltasse à discussão.”
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 13
Ata da 27ª Reunião do CONARQ – 23 de novembro de 2002
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
7
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Reformulada pela Portaria nº 59, de 16 de novembro de 2001, esta Câmara Técnica tem por objetivo atender a demandas de normatização e criação de instrumentos metodológicos, técnicos e normativos visando à questão de PRESERVAÇÃO dos suportes físicos dos acervos documentais dos arquivos públicos e privados.” “(...) que havia tido contato com duas técnicas, uma da área de PRESERVAÇÃO do Museu de Astronomia e Ciências afins e outra do INMETRO no sentido de que houvesse uma recomendação que pudesse se constituir em uma norma da ABNT envolvendo as questões de segurança nos arquivos.” “Reformulada pela Portaria nº 60, de 7 de março de 2002, esta Câmara Técnica tem por objetivo sugerir normas e procedimentos técnicos, bem como instrumentos legais para a gestão e a PRESERVAÇÃO de documentos arquivísticos eletrônicos.” “A Câmara Técnica subsidiou a comissão organizadora do II Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica, cujo tema central foi "Documentos Eletrônicos: gestão e PRESERVAÇÃO". (...), membro da Câmara Técnica, complementou afirmando a importância do Seminário e dos workshops que contaram com a participação de grandes especialistas proporcionando ampla discussão sobre um tema em que não há solução definida em nenhuma instituição. No documento eletrônico o processo é instantâneo, a produção, a PRESERVAÇÃO, a avaliação e a tramitação ocorrem simultaneamente, para isso há necessidade de se ter profissionais
377
especializados, normas técnicas e metodologias para dar conta, principalmente, da gestão e PRESERVAÇÃO do documento eletrônico e do papel das instituições arquivísticas nos projetos do governo eletrônico.”
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
2
“Relato sobre as atividades da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos: relatora (...)” “O Conselheiro (...) propôs a inter-relação da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos com a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos.”
TOTAL 9
Ata da 28ª Reunião do CONARQ – 23 de novembro de 2002
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “A Conselheira (...) propôs que o CONARQ encaminhasse ao Ministro Chefe da Casa Civil do Governo eleito, moção sobre a importância da permanência do Arquivo Nacional como órgão vinculado à Casa Civil da Presidência da República, com o objetivo de dar continuidade ao cumprimento pleno de sua missão institucional, garantindo a PRESERVAÇÃO e o acesso aos documentos públicos. O Plenário deliberou que as Conselheiras (...) elaborassem o texto da moção para remessa ao Deputado Federal José Dirceu indicado para o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República.”
Polític (a/o)
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Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 2
Ata da 29ª Reunião do CONARQ – 19 de maio de 2003
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
5
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Pretende-se discutir, também, iniciativas visando à elaboração de estudos sobre a importância desses acervos e à mobilização de recursos com vistas à PRESERVAÇÃO, organização e disponibilização de acervos privados relevantes para a pesquisa histórica.” “Passa-se, então, à apresentação da Câmara Setorial sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou em Processo de Privatização, cuja Presidente, (...), informa que, dentre as atividades da Câmara, pretende-se: dimensionar, localizar e verificar a forma de guarda e a conservação dos acervos; mapear e capacitar os profissionais que atuam nas áreas de arquivo quanto aos deveres relativos à PRESERVAÇÃO da informação estabelecidos em Lei, dando conhecimento e divulgação ao que a Constituição Federal e a Lei nº 8.159, de 1991, estabelecem quanto à proteção da documentação e, mais recentemente, o Decreto nº 4.073, de 2002, que regulamenta com maior precisão as responsabilidades das concessionárias de serviços públicos no tocante à PRESERVAÇÃO do patrimônio documental; sensibilizar os dirigentes das empresas quanto ao patrimônio informacional contido na documentação. A Câmara Setorial estabeleceu como metas: no primeiro ano, a produção de
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diagnóstico e guia dos acervos das empresas; no segundo ano, um encontro dos representantes dos arquivos e, no terceiro ano, dimensionar os investimentos a serem aplicados visando à PRESERVAÇÃO dos acervos. O Presidente do CONARQ esclarece que o mesmo procedimento relativo à resolução sobre a declaração de interesse público e social será dado à resolução que dispõe sobre os arquivos públicos que integram o acervo das agências reguladoras, das empresas em processo de desestatização, das empresas desestatizadas, das concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços públicos, e das pessoas jurídicas de direto privado.”
Polític (a/o)
1
“O Presidente ressalta a importância dos arquivos privados considerados de interesse público e social e informa que a Coordenação do CONARQ elaborou minuta de nova Resolução sobre procedimentos relativos à declaração de interesse público e social de arquivos privados de pessoas físicas ou jurídicas que contenham documentos relevantes para a história, a cultura e o desenvolvimento nacional, uma vez que a Resolução nº 12, de 7 de dezembro de 1999, que dispõe sobre o assunto, precisa ser revogada atendendo às alterações contidas no Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados.”
Conserva (cão/do/da)
1 “Passa-se, então, à apresentação da Câmara Setorial sobre Arquivos de Empresas Privatizadas ou em Processo de Privatização, cuja Presidente, (...), informa que, dentre as atividades da Câmara, pretende-se: dimensionar, localizar e verificar a forma de guarda e a CONSERVAÇÃO dos acervos; mapear e capacitar os profissionais que atuam nas áreas de arquivo quanto aos deveres relativos à preservação da informação estabelecidos em Lei, dando conhecimento e divulgação ao que a Constituição Federal e a Lei nº 8.159, de 1991, estabelecem quanto à proteção da documentação e, mais recentemente, o Decreto nº 4.073, de 2002, que regulamenta com maior precisão as responsabilidades das concessionárias de serviços públicos no tocante à preservação do patrimônio documental; sensibilizar os dirigentes das empresas quanto ao patrimônio informacional contido na documentação.”
TOTAL 7
Ata da 30ª Reunião do CONARQ – 20 de maio de 2003
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “O Presidente comunica, ainda, que recebeu, via e-mail, solicitação da Profª. (...) no sentido de ser criada, no CONARQ, a Câmara Setorial de Arquitetura e Urbanismo, por recomendação da mesa sobre "PRESERVAÇÃO e Acesso a Acervos de Arquitetura e Urbanismo", organizada no XVII Congresso Brasileiro de Arquitetos. A Coordenadora do CONARQ se manifesta favoravelmente à criação da Câmara Setorial sobre Arquivos de Arquitetura e Urbanismo, sugerindo que a mesma poderia abranger também o setor de Engenharia, tal a importância dos projetos nessa área para a história do país. Aprovada pelo Plenário a criação da referida Câmara, deliberou-se que o Presidente formalizará comunicação à Profª. (...) e solicitará indicação dos membros para sua composição.”
Polític (a/o)
2
“O Presidente passa a palavra a Conselheira (...) para apresentação dos estudos referidos, realizados por especialistas do CONARQ, do Arquivo Nacional e do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - CPDOC, representando a comunidade científica e acadêmica, bem como pesquisadores em geral de acervos arquivísticos, a propósito do Decreto nº 4.553, de 2002 e sua aplicabilidade. A Conselheira esclarece que o trabalho do grupo foi pautado em uma consolidação de três Decretos - nº 2.134, de 1997,
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2.910, de 1998 e 4.553, de 2002, preparada pela Coordenação do CONARQ e informa que a minuta de decreto sobre documentos sigilosos ora apresentada traz uma parte geral e uma especifica para a administração pública federal. O Presidente (...) esclarece que o recente Decreto necessita ser imediatamente revogado por conter dispositivos inconstitucionais, que contrariam explicitamente a Lei nº 8.159/1991 como a ampliação do prazo de acesso aos documentos ultra-secretos para 50 anos, renovável indefinidamente; além de o referido Decreto ter sido sancionado sem que o CONARQ fosse consultado, contrariando, assim, o Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, que em seu art. 1º dispõe que "o Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, tem por finalidade definir a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados, bem como exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção aos documentos de arquivo", destacando-se entre suas competências a de "propor ao Chefe da Casa Civil da Presidência da República normas legais necessárias ao aperfeiçoamento e à implementação da POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados".”[ISTO SIGNIFICA QUE A PNA JÁ FOI FORMULADA E DEVE SER IMPLEMENTADA?]
Conserva (cão/do/da)
1 “A Associação Latino-Americana de Arquivos estará promovendo, de 24 a 26 de junho, em San Juan, Porto Rico, o III Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica, com o tema "Infra-estrutura e CONSERVAÇÃO de arquivos em países de clima tropical".”
TOTAL 5
Ata da 31ª Reunião do CONARQ – 2 de dezembro de 2003
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (cão/do/da)
8
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Apresentação e discussão da Carta de PRESERVAÇÃO e da Estrutura de Requisitos de Documentos Eletrônicos. (...), presidente da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, apresenta o Anteprojeto de Carta de PRESERVAÇÃO do Patrimônio Digital com o objetivo de manifestar a necessidade de se PRESERVAR e garantir o acesso aos documentos arquivísticos digitais. A Carta de PRESERVAÇÃO do Patrimônio Digital da UNESCO alerta sobre o perigo de desaparecimento do legado digital, assim, a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos propõe um documento específico de alerta e conscientização para a proteção do legado arquivístico digital.” “O Presidente propõe alteração no cronograma para que as discussões se façam o mais ampla e precisamente possível. Propõe que a divulgação na página do CONARQ seja no período de janeiro de 2004 a 31 de abril de 2004, que no mês de maio ocorra à apreciação das sugestões, recomendações e inserções ao texto da Carta e que no mês de junho, em reunião do Plenário do CONARQ, seja apresentada e aprovada a redação final da Carta de PRESERVAÇÃO. A Conselheira (...) propõe, no texto do Anteprojeto, a alteração do termo "criada" por "produzida". A Conselheira (...) propõe que ao final do texto seja colocada a frase "e a PRESERVAÇÃO da memória nacional". Foram propostos ajustes ao texto como a substituição do termo "eletrônico" por "digital"; "privacidade" por "a privacidade e a intimidade das pessoas citadas" e "PRESERVAÇÃO" por "produção e manutenção". O Presidente elogiou o texto e a iniciativa da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos. Após aprovação pelo Plenário do texto apresentado, (...) propõe que, além da ampla divulgação no site do CONARQ, seja enviado um ofício do CONARQ a todos os arquivos estaduais e municipais, aos centros de documentação e à comunidade arquivística divulgando a matéria.”
Polític (a/o)
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380
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 8
Ata da 32ª Reunião do CONARQ – 3 de dezembro de 2003
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “O Presidente comunica ao Plenário que o texto sobre Estrutura de Requisitos para Guarda e PRESERVAÇÃO de Documentos Arquivísticos, elaborado pela Câmara Técnica de Conservação de Documentos, seja lido e analisado pelos conselheiros para aprovação e edição de uma Resolução. Este texto, constante da agenda da 32ª reunião do CONARQ não foi apresentado uma vez que a relatora da matéria, (...), não pode comparecer a reunião.”
Polític (a/o)
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Conserva (cão/do/da)
1
“O Presidente comunica ao Plenário que o texto sobre Estrutura de Requisitos para Guarda e Preservação de Documentos Arquivísticos, elaborado pela Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, seja lido e analisado pelos conselheiros para aprovação e edição de uma Resolução. Este texto, constante da agenda da 32ª reunião do CONARQ não foi apresentado uma vez que a relatora da matéria, (...), não pode comparecer a reunião.”
TOTAL 3
Ata da 33ª Reunião do CONARQ – 5 de julho de 2004
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de Instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Polític (a/o)
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Conserva (cão/do/da)
1
“Prosseguindo, o Presidente passou a palavra a (...) presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, para apresentar e colocar em discussão o texto Recomendações para a produção e o armazenamento de documentos públicos, preparado pela referida Câmara. A apresentação foi permeada por oportunas sugestões dos Conselheiros, ficando resolvido que os mesmos fariam uma análise mais detalhada do texto e encaminhariam a (...), até o dia 16 de julho, suas observações, que as consolidaria num texto final para colocá-lo em consulta pública, no sítio do CONARQ, em início de agosto, pelo período de 90 dias.”
TOTAL 2
Ata da 34ª Reunião do CONARQ – 6 de julho de 2004
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
“(...) representantes de Instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Abrindo a sessão, o Presidente deu a palavra a Sra. (...), presidente da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, para apresentar a versão final da Carta para a PRESERVAÇÃO do Patrimônio Arquivístico Digital, submetida ao
381
Preserva (ção/do/da)
7 Plenário do Conselho na 31ª Reunião Plenária, ainda como anteprojeto, e colocada em consulta pública por 90 dias. (...) Concluída a apresentação, foram deliberadas as seguintes providências: O documento passará a se intitular Carta de PRESERVAÇÃO do Patrimônio Arquivístico Digital; (...) fará uma versão em língua inglesa da Carta de PRESERVAÇÃO; (...) solicitando que a Carta de PRESERVAÇÃO seja encaminhada à Secretaria Executiva do E-Gov, Governo Eletrônico, como uma contribuição do segmento de documentação, sugerindo que seja discutida sua consolidação naquele órgão; (...) e por último, incluir na programação do Seminário a ser realizado em dezembro, como parte das comemorações do 10º aniversário do CONARQ, uma sessão, painel, ou similar, dedicado à PRESERVAÇÃO digital. A versão final, aprovada, será anexada a esta ata.” “Dando prosseguimento aos trabalhos, passou-se, em seguida à apresentação de discussão da Resolução, que dispõe sobre a inserção dos documentos digitais em programas de gestão arquivística de documentos dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos. A exemplo do procedimento adotado em relação à Carta de PRESERVAÇÃO, a minuta de Resolução, distribuída com antecedência, a todos os Conselheiros, foi lida e discutida ponto a ponto. Concluídas as discussões, o texto foi aprovado com as propostas apresentadas. A Coordenação do CONARQ, após revisão de forma, fará publicá-la no Diário Oficial da União. O texto aprovado será anexado a esta ata, passando a integrá-la.”
Polític (a/o)
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Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 7
Ata da 35ª Reunião do CONARQ – 6 de dezembro de 2004
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)”
Polític (a/o)
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Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 1
Ata da 36ª Reunião do CONARQ – 7 de dezembro de 2004
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) representantes de instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Passou-se, então, ao item seguinte da pauta: Apresentação da Versão Final das Recomendações para a produção e o armazenamento de documentos de arquivo. (...) Aprovou-se, então, a versão do texto principal, sem os anexos e com as seguintes alterações: 1 - iniciar com uma apresentação de conceitos básicos como os de PRESERVAÇÃO e conservação, baseada na Terminologia Arquivística;”
Polític (a/o)
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382
Conserva (cão/do/da)
2
“Passou-se, então, ao item seguinte da pauta: Apresentação da Versão Final das Recomendações para a produção e o armazenamento de documentos de arquivo. O presidente fez um breve histórico do trabalho. Em seguida a relatora, Senhora (...), Presidente da Câmara Técnica de CONSERVAÇÃO de Documentos, apresentou o texto. Fez esclarecimentos sobre o formato e destacou a necessidade de diversos aspectos técnicos serem acrescentados paulatinamente na forma de anexos. Também destacou a necessidade de ter a contribuição de alguns setores como a indústria e o INMETRO. Aprovou-se, então, a versão do texto principal, sem os anexos e com as seguintes alterações: 1 - iniciar com uma apresentação de conceitos básicos como os de preservação e CONSERVAÇÃO, baseada na Terminologia Arquivística; (...)”
TOTAL 4
Ata da 37ª Reunião do CONARQ – 4 de julho de 2005
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“(...) (instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais) (...)” “Comunicou a publicação da Carta de PRESERVAÇÃO Digital - UNESCO, que deverá ser colocada no sitio do CONARQ, como publicação eletrônica, em várias línguas.”
Polític (a/o)
3
“O presidente (...) apresentou o senhor (...), presidente da Comissão Setorial de Arquivos Médicos do CONARQ (CSAM), e passou-lhe a palavra. O senhor (...) apresentou a proposta do I Encontro de arquivos médicos: POLÍTICAS, práticas e inovação¸ a ser realizado de trinta e um de agosto a dois de setembro de dois mil e cinco, no Auditório do Arquivo Nacional. Relatou que a aspiração do Encontro é envolver os profissionais da saúde, buscar a aproximação da área médica com as POLÍTICAS públicas de arquivo, com o serviço de informação em saúde e prontuários básicos, informática médica e pesquisa histórica na saúde e arquivos médicos.” “O senhor (...) relatou a origem do parecer, que surgiu a partir do encaminhamento ao CONARQ, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), de uma consulta do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) sobre a falta de previsão legal quanto à responsabilidade e à guarda de documentos de instituições privadas da área de saúde que encerram atividades. O senhor (...) observou que o tema envolve complexa legislação como o Código de Defesa do Consumidor, a Constituição Federal e a Lei de Arquivos. Informou que estava se tomando como parâmetro o caso da área de educação que, no Rio de Janeiro, recolhe para arquivo público. Observou que a Lei de Arquivos trata, no art. 7º, da área pública, mas resta a área privada. Destacou que entende que se trata de uma lógica de POLÍTICA nacional de saúde, afeta ao Conselho Nacional de Saúde. Após a discussão, definiu-se que seria feita consulta a este Conselho e que a Câmara estudaria mais profundamente a legislação. Encerrada a discussão, passou-se (...)”
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 5
Ata da 38ª Reunião do CONARQ – 5 de julho de 2005
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
1 “(...) (instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais).”
Polític (a/o)
1 “Informou, também, que a prefeitura de Passa Quatro, em MG, criou o Arquivo Público Municipal e instituiu a POLÍTICA municipal de arquivos.”
383
Conserva (cão/do/da)
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TOTAL 2
Ata da 39ª Reunião do CONARQ – 5 de dezembro de 2005
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
5
“(...) representando instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes documentais(...)” “Acrescentou que, recentemente, em reunião na Colômbia sobre a Memória do Mundo, os diretores de arquivos nacionais de outros países, não só do Mercosul, manifestaram sua expectativa relativamente às normas de descrição do Brasil, para delas se apropriarem, na medida do possível, pois nenhum país avançou na elaboração de normas nacionais de descrição, de modelagem de requisitos para documentos eletrônicos, de PRESERVAÇÃO e segurança em arquivos. Esses países ficam aguardando que essas normas saiam no Brasil para adotá-las. Mencionou, por exemplo, a Carta para a PRESERVAÇÃO do Patrimônio Arquivístico Digital que é seguida pelo Chile, Cuba e outros países, uma vez que nenhum outro dispõe de documento similar.” “A UNESCO está interessada em patrocinar essa atividade, envolvendo normas de descrição, de PRESERVAÇÃO do patrimônio digital e outros documentos que estejam sendo produzidos no Brasil.” “Continuando, o presidente e a conselheira Ismênia [ANPUH] fizeram um relato sobre a reunião, ocorrida na Colômbia, para tratar do programa Memória do Mundo da UNESCO. Em decorrência desse relato, desencadeou-se ampla discussão sobre a questão do tombamento de acervos arquivísticos públicos pelos órgãos de patrimônio, em nível nacional, estadual ou mesmo municipal, provocada pela conselheira Ana Maria Camargo [AASP] uma vez que tal prática contraria a função precípua dos arquivos, qual seja, a guarda, a gestão e a PRESERVAÇÃO do patrimônio arquivístico público, bem como a garantia do direito dos cidadãos de acesso às informações. A propósito, a Conselheira Francisca Helena [IPHAN] esclareceu que, na sua opinião, a questão do tombamento de documentos de arquivo tem sua origem na visão equivocada dos órgãos de patrimônio sobre o papel e as funções dos arquivos, sejam eles públicos ou privados. Assim, sugeriu que o CONARQ, por correspondência ou outro meio de comunicação dirigido aos órgãos de patrimônio estaduais e municipais, promova uma campanha de esclarecimento, definindo o que é documento público, quais as categorias de valor que os caracteriza, bem como divulgue a legislação arquivística brasileira em contraponto com a legislação sobre patrimônio.”
Polític (a/o)
1
“A conselheira (...), igualmente contrária ao tombamento, sugeriu, também, que fosse incentivada, junto aos Governos estaduais e municipais a criação de sistemas de arquivos com vistas à implementação de POLÍTICAS públicas estaduais ou municipais, objetivando, com essa iniciativa, impedir o tombamento indesejável e inoportuno de acervos arquivísticos que hoje condenamos.”
Conserva (cão/do/da)
1
“A Promotoria promoveu uma vistoria no Instituto, e o laudo técnico de avaliação do acervo, apresentado por um assistente técnico, que, por amostragem, relacionou parcela do acervo a fim de demonstrar sua importância histórica e cultural, bem como de seu estado de CONSERVAÇÃO.”
TOTAL 7
Ata da 40ª Reunião do CONARQ – 6 de dezembro de 2005
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
“(...) representando instituições que congreguem profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, PRESERVAÇÃO ou acesso a fontes
384
Preserva (ção/do/da)
4
documentais(...)” “O presidente agradeceu aos membros da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos por mais essa importante contribuição visando a PRESERVAÇÃO da memória digital do Brasil e solicitou à secretária (...) que fizesse constar como parte integrante desta ata a minuta da resolução apresentada e o texto consolidando todas as alterações incluídas e aprovadas nesta sessão.” “Assim, o conselheiro Manuel [CNPq] informou que a Constituição Federal dispõe que o Estado deve amparar a ciência e a tecnologia, utilizando-se, para isso, da classificação das áreas do conhecimento científico e tecnológico. Essa classificação tem sido feita pelo CNPq desde a 2ª Guerra Mundial. Segundo o conselheiro, a referida classificação está defasada pois tanto a ciência como a tecnologia mudam muito. A Tabela atual registra 72 áreas do conhecimento, as quais são divididas em centenas de sub-áreas. A reclassificação em estudos deve ampliar esse grupo de áreas, seja para contemplar os interesses do Estado ou da comunidade científica que apresenta produção científica relevante como, por exemplo, a bioética. Continuando, disse que, quando propuseram a inclusão da Arquivologia como Área, a primeira reação foi da Comissão Especial de Estudos, alegando que a Arquivologia não tem programa de pós-graduação, não tem produção científica, não tem um corpo de pesquisadores. Sua contra-argumentação foi no sentido de que a Arquivologia é fundamental para a PRESERVAÇÃO da memória brasileira. Por isso, ela deve ser amparada, impulsionada, induzida. (...) Ainda a propósito da inclusão da Arquivologia como Área da Tabela de Classificação do CNPq, Maria Odila [UFF} prestou esclarecimentos sobre as especialidades das Áreas. Concluindo, o Conselheiro Manuel [CNPq] propôs ao plenário do CONARQ que se enviasse ao Presidente do CNPq e à Ministra da Casa Civil da Presidência da República ofício recomendado a inclusão da Arquivologia como Área do Conhecimento na Tabela do CNPq, fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico dessa Área, para a PRESERVAÇÃO do patrimônio documental do país, destacando que tal proposição partira de um Conselheiro do CONARQ, que é também o Presidente da Comissão Especial de Estudo do CNPq. A proposta foi aprovada por unanimidade.”
Polític (a/o)
1
“Dando prosseguimento à agenda programada, o presidente falou sobre a importância dos arquivos municipais, em contraponto com as Casas de Memória que vêm sendo criadas em vários municípios. A propósito, informou sobre a necessidade de se atualizar a publicação Subsídios para a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos, editada em 2000.”
Conserva (cão/do/da)
_
TOTAL 5
AS RESOLUÇÕES
Resolução nº 1, de 18 de outubro de 1995 Dispõe sobre a necessidade da adoção de planos e ou códigos de classificação de documentos nos arquivos correntes, que considerem a natureza dos assuntos resultantes de suas atividades e funções.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL --
385
Resolução nº 2, de 18 de outubro de 1995 Dispõe sobre as medidas a serem observadas na transferência ou no recolhimento de acervos documentais para instituições arquivísticas públicas.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“Considerando a importância da PRESERVAÇÃO dos acervos produzidos pela administração pública como instrumento de prova e informação sobre suas atividades para as administrações e gerações futuras;” “Considerando que a transferência e o recolhimento de acervos, corretamente operacionalizados, são fundamentais para garantir melhores condições de guarda e PRESERVAÇÃO dos documentos, bem como para torná-los rapidamente disponíveis aos usuários,”
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL 2 Resolução nº 3, de 26 de dezembro de 1995
Dispõe sobre o Programa de Assistência Técnica do Conselho Nacional de Arquivos EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
Preserva (ção/do/da)
3
“2.2 Objetivos específicos: a) (...) b) promover o desenvolvimento de atividades relacionadas à organização
e PRESERVAÇÃO de arquivos permanentes; (...)”
“4. RESULTADOS ESPERADOS O Programa de Assistência Técnica visa a alcançar, a curto e médio prazos,
os seguintes resultados: a) (...) f) PRESERVAÇÃO do patrimônio arquivístico do País, como decorrência da avaliação criteriosa da massa documental a ser eliminada ou recolhida, em função dos programas de gestão e de PRESERVAÇÃO de documentos públicos desenvolvidos nos órgãos e entidades governamentais; (...)”
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
1
“2.3. Área de atuação O Programa de Assistência Técnica visa ao desenvolvimento de uma série de atividades relacionadas a diferentes campos da Arquivologia - gestão de documentos, tratamento técnico de arquivos permanentes, CONSERVAÇÃO, restauração, microfilmagem, informática, etc. (...)”
TOTAL 4 Resolução nº 4, de 28 de março de 1996 (Revogada Pela Resolução Nº 14/2001)
Dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública: Atividades-Meio, a ser adotado como um modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR., e aprova os prazos de guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio da Administração Pública.
Resolução nº 5, de 30 de setembro de 1996
Dispõe sobre a publicação de editais para Eliminação de Documentos nos Diários Oficiais da União, Distrito Federal, Estados e Municípios.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
_
386
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL -- Resolução nº 6, de 15 de maio de 1997
Dispõe sobre diretrizes quanto à terceirização de serviços arquivísticos públicos EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL -- Resolução nº 7, de 20 de maio de 1997
Dispõe sobre os procedimentos para a eliminação de documentos no âmbito dos órgãos e entidades integrantes do Poder Público
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
1 “Considerando o disposto no art. 9º da Lei Federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que trata da POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados;”
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL 1 Resolução nº 8, de 20 de maio de 1997 (Revogada pela resolução nº 14/2001) Resolução nº 9, de 1º de julho de 1997 (revogada pela Resolução nº 15/2002 de 15 de fevereiro de 2002, do CONARQ, substituída pela Portaria Nº 05 da Casa Civil da Presidência da República) Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1999
Dispõe sobre a adoção de símbolos ISO nas sinaléticas a serem utilizadas no processo de microfilmagem de documentos arquivísticos
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL -- Resolução nº 11, de 7 de dezembro de 1999 (revogada pela Resolução nº 18, de 28 de julho de 2003) Resolução nº 12, de 7 de dezembro de 1999 (revogada pela Resolução nº 17, de 25 de julho de 2003) Resolução nº 13, de 9 de fevereiro de 2001
Dispõe sobre a implantação de uma política municipal de arquivos, sobre a construção de arquivos e de websites de instituições arquivísticas.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
2
“Dispõe sobre a implantação de uma POLÍTICA municipal de arquivos, sobre a construção de arquivos e de websites de instituições arquivísticas.” “(...) Art. 1º Recomendar a adoção das diretrizes aprovadas pelo Plenário do CONARQ em suas 12ª, 13ª e 19ª reuniões ordinárias, realizadas
387
respectivamente nos dias 12 e 13 de agosto de 1998, 25 e 26 de março de 1999 e 18 de dezembro de 2000, constantes das publicações editadas em 2000 e 2001, a saber:
I - Subsídios para a Implantação de uma POLÍTICA Municipal de Arquivos: O Arquivo Municipal a Serviço dos Cidadãos; II – (...)”
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL 2 Resolução nº 14, de 24 de outubro de 2001
Aprova a versão revisada e ampliada da Resolução nº 4, de 28 de março de 1996, que dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública: Atividades-Meio, a ser adotado como modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR), e os prazos de guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos as Atividades-Meio da Administração Pública.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
1 “Art. 3º - (...) conforme determina o art. 9º da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados (...)
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL 1 Resolução nº 15, de 15 de fevereiro de 2002 [Revoga a Resolução nº 9, de 1 de julho de 1997, do CONARQ,
substituída pela Portaria nº 05, da Casa Civil da Presidência da República, de 7 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regimento interno do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ)]
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
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Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL -- Resolução nº 16, de 23 de julho de 2003
Dispõe sobre as diretrizes a serem adotadas para criação do Boletim Interno do Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
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Polític (a/o)
1
“Considerando que as Câmaras Técnicas e as Câmaras Setoriais, criadas por Portarias do Presidente do CONARQ, são de caráter permanente e visam agilizar a sua atuação, no que tange a sua interveniência para estabelecer diretrizes e normas gerais necessárias à implementação da POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados e ao funcionamento do SINAR”
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL 1
388
Resolução nº 17, de 25 de julho de 2003 Dispõe sobre os procedimentos relativos à declaração de interesse público e social de arquivos privados de pessoas físicas ou jurídicas que contenham documentos relevantes para a história, a cultura e o desenvolvimento nacional.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
2
“Considerando que a declaração de interesse público e social de arquivos privados reflete a ação do Estado visando a sua PRESERVAÇÃO pelo seu valor histórico, probatório e informativo, (...)” “Art. 11. Se o arquivo, objeto do processo de declaração, estiver localizado fora da sede da Comissão, esta poderá requerer, na impossibilidade de deslocamento de seus membros, a colaboração de instituições arquivísticas públicas estaduais, do Distrito Federal, municipais, de universidades públicas ou de instituições que atuem nas áreas de PRESERVAÇÃO e acesso a fontes documentais, para instrução do processo.”
Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
1
“Art. 8º A Comissão promoverá a instrução do processo com base na análise da justificativa da solicitação, da eventual documentação anexada àquela, bem como do acervo em questão, devendo fazer constar da instrução, pelo menos, as seguintes informações:
I – (...); II - estado de CONSERVAÇÃO dos documentos, incluindo o tipo de acondicionamento e armazenamento; III – (...)”
TOTAL 3 Resolução nº 18, de 28 de julho de 2003 (revogada pela resolução nº 19 de 28 de outubro de 2003) Resolução nº 19, de 28 de outubro de 2003
Dispõe sobre os documentos públicos que integram o acervo das empresas em processo de desestatização e das pessoas jurídicas de direito privado sucessoras de empresas públicas.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
4
“Art. 2º Para os fins desta Resolução, considera-se: I - Documento público de valor permanente: documento que deve ser PRESERVADO pelo seu valor histórico, probatório e informativo, estabelecido em tabela de temporalidade elaborada pelas entidades mencionadas no art. 1º, ou, na sua ausência, de conformidade com as normas emanadas pelo CONARQ; III - PRESERVAÇÃO de documentos: tratamento de acervos documentais que permita a prevenção da deterioração física dos documentos, com vistas à recuperação da informação.”
“Art. 3º As pessoas jurídicas referidas no art. 1º desta Resolução, detentoras de documentos públicos, devem garantir a sua PRESERVAÇÃO e acesso, proceder à identificação, classificação e avaliação do acervo, de conformidade com as normas emanadas pelo CONARQ, e recolher os documentos públicos de valor permanente à instituição arquivística pública na sua específica esfera de competência.
III - os documentos públicos de valor permanente poderão ficar sob a guarda das entidades mencionadas no artigo 1º enquanto necessários ao desempenho de suas atividades, desde que garantido o atendimento às seguintes condições:
a - PRESERVAÇÃO e acesso aos documentos, conforme legislação e regulamentação aplicável; (...)”
Polític (a/o)
1 “Considerando o disposto na Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências”;
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL
389
Resolução nº 20 , de 16 de julho de 2004 Dispõe sobre a inserção dos documentos digitais em programas de gestão arquivística de documentos dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
4
“Considerando que a gestão arquivística de documentos, independente da forma ou do suporte adotados, tem por objetivo garantir a produção, a manutenção, a PRESERVAÇÃO de documentos arquivísticos fidedignos, autênticos e compreensíveis, e o acesso a estes;” “Considerando que somente com a participação ativa das instituições e profissionais de arquivo no processo de gestão arquivística serão assegurados a PRESERVAÇÃO de longo prazo de documentos em formato digital e o acesso contínuo a esses documentos;” “Art. 3º A gestão arquivística de documentos digitais deverá prever a implantação de um sistema eletrônico de gestão arquivística de documentos, que adotará requisitos funcionais, requisitos não funcionais e metadados estabelecidos pelo Conselho Nacional de Arquivos, que visam garantir a integridade e a acessibilidade de longo prazo dos documentos arquivísticos.
§1º Os requisitos funcionais referem-se a: registro e captura, classificação, tramitação, avaliação e destinação, recuperação da informação, acesso e segurança, armazenamento e PRESERVAÇÃO. §2º (...) §3º Os metadados são informações estruturadas e codificadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender, PRESERVAR e acessar os documentos digitais ao longo do tempo. Os metadados referem-se (...)”
Polític (a/o)
1
“Considerando que o Conselho Nacional de Arquivos tem por finalidade definir a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados e exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo, independente da forma ou do suporte em que a informação está registrada;”
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL 5 Resolução nº 21, de 4 de agosto de 2004
Dispõe sobre o uso da subclasse 080 - Pessoal Militar do Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública: Atividades-Meio e da Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio da Administração Pública, aprovados pela Resolução nº 14, de 24 de outubro de 2001, Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ.
EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO Preserva (ção/do/da)
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Polític (a/o)
_
Conserva (cão/do/da)
--
TOTAL -- Resolução nº 22, de 30 de junho de 2005
Dispõe sobre as diretrizes para a avaliação de documentos em instituições de saúde. EXPRESSÃO QUANT. CONTEXTO / SENTIDO
Preserva (ção/do/da)
_
Polític (a/o)
1 “Considerando a Lei de Arquivos, Lei n º 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a POLÍTICA nacional de arquivos públicos e privados;”
Conserva (cão/do/da)
1 “Considerando que é de responsabilidade da instituição de saúde a guarda, CONSERVAÇÃO, consulta, controle e disponibilização do prontuário do paciente para o atendimento médico-assistencial, em todos os níveis;”
TOTAL 2
390
Apêndice H Títulos dos trabalhos que relacionam “Preservação e Políticas”, “Arquivo, Informação e Políticas” e “Preservação/Conservação/Restauração” levantados em sumários de programas oficiais de congressos, em sumários de dois periódicos de Arquivologia e nas listagens dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação de Universidades brasileiras entre 1972 e 2007. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUIVOLOGIA – AAB
Fonte: • CD-ROM Comemorativo da AAB “Documentos digitalizados dos Anais e das revistas
Arquivo&Administração”. Rio de Janeiro, 2006. • Anais do XIV Congresso Brasileiro de Arquivologia - AAB, Rio de Janeiro, 2006.
1º CBA - 1972
Nenhum título sobre os temas pesquisados. 2º CBA - 1974
Não foi localizado o programa oficial. 3º CBA - 1976
“Arquivo, Informação e Políticas” 1. Política Brasileira de Arquivos - José Pedro Pinto Esposel. 2. Sistema estadual de arquivos: plano diretor para uma política de organização e reorganização dos
arquivos públicos brasileiros - Cléa Dubeus Pinto Pimentel.
“Preservação/Conservação/Restauração” 1. Projetos de preservação e restauração de documentos da Biblioteca Nacional - Luzia Rodrigues
Contardo 2. Critérios de conservación de los bienes culturales - Vicente Viñas Torner 3. Contribuição para o estudo de fatores que influem na durabilidade e conservação do papel - Manuel
Pinheiro Machado. 4º CBA - 1979
Nenhum título sobre os temas pesquisados. 5º CBA - 1982
Não foi localizado o programa oficial. 6º CBA - 1986
“Arquivo, Informação e Políticas” 3. O Arquivo Nacional e a Política Nacional de Arquivos - Celina do Amaral Peixoto Moreira Franco 4. A política nacional de desenvolvimento científico e tecnológico e os arquivos - Antonio Agenor Briquet
de Lemos
“Preservação/Conservação/Restauração” 4. Programa Nacional de Preservação da Documentação Histórica - Gilson Antunes da Silva 5. Preservação das fontes primárias para a pesquisa histórica em Juiz de Fora - Fundação Cultural Alfredo
Ferreira Lage 6. Preservação e arquivamento de filmes no exterior: um depoimento - Clóvis Molinari Jr 7. Uma experiência didática na área de restauração de papéis - Maria Luisa Ramos de Oliveira Soares 8. A preservação do patrimônio histórico-cultural do RGS e as fontes sobre a Revolução Farroupilha - Eni
Barbosa 9. Conservação de arquivos especiais: uma abordagem comparativa entre diversas tecnologias de registro
e armazenagem de informações - Klaus Hendricks 10. Conservação de acervos fotográficos no Brasil: o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica,
Sérgio Burgi 11. Preservação de arquivos especiais: microfilmes, Wilson Camusso 12. A utilização de novas tecnologias de registro de informações em arquivos sob o ponto de vista de sua
estabilidade e preservação - Klaus Hendricks
391
13. Conservação de acervos especiais - Klaus Hendricks 14. A preservação da imagem em movimento - Carlos Roberto Souza 15. Fita magnética: seus princípios e sua preservação - George E. Saliby
7º CBA - 1988
“Arquivo, Informação e Políticas” 5. Política Brasileira de Organização dos Arquivos Judiciários - Aurélio Wander Chaves Bastos,
“Preservação/Conservação/Restauração”
16. Programa Preservação da Memória da Imprensa Paulista - Viviane Tessitore e Aparecida S. Linares Botani,
17. Preservação de Documentos em Instituições de Direito Privado: o Exemplo do Conselho de Reitores da Universidade de Brasília – CRUB - Zenaide Scotti Hirson, Maria Goretti Caixeta Rossi e Nivardo Barros M. Filho
18. La legislación peruana sobre la conservación documental - Aida Luz Mendonza Navarro 19. O Centro de Preservação na Memória dos Serviços Estaduais de Saúde - Jandira Lopes de Oliveira, 20. Aplicación de materiales locales en la restauración de bienes documentales y bibliográficos en el
Ecuador - Nelly Peralta de Moreno 21. Preservar a imagem: uma visão ao alcance do seu Arquivo. O projeto de preservação e conservação do
acerto fotográfico do Arquivo de Rui Barbosa - Maria Lúcia Horta Ludolf Mello 22. Programa Nacional de Preservação da Documentação Histórica- PRÓ-DOCUMENTO: estrutura e
atuação - Carlos Augusto Silva Ditadi e outros 23. Restauração e transcrição dos livros da Câmara de São Luís dos séculos XVII, XVIII e XIX - Luiz
Phelipe de Carvalho Castro Andrès e outros 24. As atividades de conservação e restauração de documentos da Câmara dos Deputados: um trabalho que
se inicia - Neuma Pinheiro Salomão Gonçalves 25. Arquivo fotográfico do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia: uma experiência de
conservação e preservação do acervo - Zeny Duarte de Miranda Magalhães dos Santos 26. Preservação do acervo no Arquivo Nacional - Ingrid Beck 27. As condições de trabalho no campo da Conservação e Restauração de Documentos no Brasil e América
Latina - Ingrid Beck 28. Iniciativa Interamericana de treinamento na área de Conservação da Universidade de Colúmbia - Allert
Brown-Gort 29. O Microfilme. Será essa a Salvação para Preservar a Memória Documental? - Júlio José Fratus,
8º CBA - 1990
“Preservação/Conservação/Restauração” 30. Os arquivos na preservação da memória cientifica nacional: a biblioteca e arquivo de documentação em
história da ciência - Eliane Morelli 31. O centro de memória - Unicamp: a preservação da memória regional e o fundo Coletoria de Rendas de
Campinas - Fernando Antonio Abrahão 32. Leitura dos documentos históricos e sua conservação - Maria Helena Flexor 33. Conservação de documentos: uma demonstração do modelo francês no armazenamento dos documentos
de arquivo - José João Magalhães Ferreira dos Santos e Zenir Duarte 34. A preservação como meta institucional - Ingrid Beck 35. Microfilmar para preservar - Mário Guimarães de Mendonça Camões
9º CBA - 1992
“Preservação/Conservação/Restauração” 36. Conservação preventiva em acervos arquivísticos - Ozana Hannesch 37. Preservação da memória judaica - Iara leão 38. Primeiro socorros em conservação e restauração de documentos - Maria Aparecida Remédio 39. Catalogação e preservação de materiais especiais - Maria Aparecida Remédio e Miriam Paula Manini
10º CBA - 1994
“Arquivo, Informação e Políticas” 6. Região Metropolitana do Recife: patrimônio documental versus ausência de política arquivística -
Angela Nascimento “Preservação/Conservação/Restauração”
392
40. Preservação e acesso às coleções especiais no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro: implantação de bancos de imagens - Rita de Cássia de Mattos
41. Preservação e conservação de documentos - Ingrid Beck 42. Plano de ação para o gerenciamento e a melhoria da qualidade nos serviços de preservação do acervo
documental do Núcleo de Documentação da Universidade Federal Fluminense - Gilson Cruz de Oliveira
43. Uma experiência de formação na área de conservação de arquivos - Gloria Cristina Motta 44. Agentes nocivos na conservação de acervos: toxicologia - PUGA, Flavio Rodrigues Puga 45. Agentes nocivos na conservação de acervos - Dione Seripierri 46. Criação e implantação do Laboratório de Restauração e Oficina de Encadernação da Biblioteca Central
da UFPB - Ana Isabel de Souza Leão Andrade 47. Tratamento técnico e preservação de arquivos fotográficos - Joaquim Marçal Ferreira de Andrade 48. O desenvolvimento dos estudos, a aplicação prática e a normalização sobre a conservação e a
restauração de documentos fotográficos na França - Zeny Duarte 11º CBA - 1996
“Arquivo, Informação e Políticas” 7. Política Arquivística em Âmbito Federal: Problemas e Soluções - Marilena Leite Paes 8. Política de Interiorização dos Arquivos Estaduais - Eliana Rezende Furtado de Mendonça 9. Política Arquivística em Âmbito Municipal: A Experiência do Triângulo Mineiro - Maria Aparecida R.
Manzan
“Preservação/Conservação/Restauração” 49. Arquivos de Movimentos Sociais: uma Proposta de Microfilmagem de Preservação - S. S. Femandes
12º CBA - 1998
“Preservação e Políticas” 1. Atividades de preservação do acervo do Arquivo Público Mineiro: uma política de conservação
preventiva - Pedro de Britto Soares
“Arquivo, Informação e Políticas” 10. Da memória à gestão da informação: contexto institucional e políticas de arquivo e documentação na
Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ - Fernando Pires Alves
“Preservação/Conservação/Restauração” 50. Planejamento de Preservação em Arquivos - Ingrid Beck 51. Princípios básicos de preservação de fotografias - Márcia Melo 52. Conservação preventiva de filmes, fitas magnéticas e discos - Clóvis Molinari Júnior 53. Conservação preventiva e ferramentas de controle ambiental - Sérgio Conde de Albite Silva 54. Sistemas híbridos: multimídia e divulgação para a preservação de documentos - Esther Caldas Bertoletti 55. A tecnologia do papel: o atual estado da questão de preservação - Maria Luisa Soares 56. Preservação de imagens - Sergio Burgi 57. Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos - Ingrid Beck 58. Direitos humanos e arquivos: acesso à informação e preservação da intimidade - Margareth Silva 59. Institucionalização de Arquivos Municipais e a preservação do patrimônio documental do RS - Jorge
Ennriquez E. Vivar 60. Banco de Dados e imagens: preservação, organização e acesso - M. M. S. Pinto 61. O 5s e a conservação preventiva do acervo documental do sistema de arquivos da UFG – M. T. C.
Santan e R. B. Silva 62. Implementação da conservação de documentos no Arquivo Público do Estado do Paraná - S. Bojanoski 63. Elementos básicos para o planejamento e implantação de programas de preservação - O. Hannesch 64. Os edifícios de arquivos em clima tropical úmido: arquitetura, preservação de acervos e conservação de
energia - Cláudia S. R. de Carvalho 65. Documentos ópticos e eletrônicos: recomendações básicas para a conservação - N. R. Martins e A.
Remi 66. A coleção Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sua inserção na Comissão Luso Brasileira de
Preservação Documental: estudo de caso - Regina M. M. P. Wanderley 67. A disciplina Conservação e Restauração de Documentos nos cursos de graduação em Arquivologia no
Brasil - Gilson Cruz de Oliveira
393
13º CBA - 2000 “Arquivo, Informação e Políticas”
11. Políticas Públicas e a Gestão de Arquivos no Brasil - Jaime Antunes “Preservação/Conservação/Restauração”
68. Requisitos conceituais para a preservação de documentos autênticos em sistemas eletrônicos: resultados preliminares do Grupo de Trabalho InterPARES - Heather Mac Neil
14º CBA - 2006
“Arquivo, Informação e Políticas” 12. As estruturas políticas, culturais e administrativas de cada país na construção do saber arquivístico -
Maria Luisa Conde Villaverde 13. Políticas públicas arquivísticas: princípios, atores e processos – José Maria Jardim
“Preservação/Conservação/Restauração”
69. Developing a digital preservation framework at the UK National archives - Adrian Brown 70. O ensino da preservação digital - Ingrid Beck 71. Preservação de documentos eletrônicos: o papel dos formatos de arquivos - Ernesto Carlos Bodê 72. Preserving to ensure access - Adrian Brown 73. Seminar on digital archives: preserving to ensure access - Fynnette Eaton
CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA -
Fonte: • Cd-rom dos Anais do I e II Congresso Nacional de Arquivologia 2004 e 2006.
1º CNA - 2002
“Preservação e Políticas” 2. Políticas públicas, vontade política e conscientização dos níveis decisórios para preservação – Solange
Sette Garcia de Zúñiga
“Preservação/Conservação/Restauração” 74. Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos: necessidades e perspectivas – Ingrid Beck 75. Gestão, preservação e acesso a documentos digitais: patrimônio cultural e diversidade – Pedro Paulo de
Abreu Funari 76. A preservação da informação – Sérgio Conde de Albite Silva 77. Preservação da memória arquivística nos municípios do estado de Goiás - Eliane Braga de Oliveira,
Conceição Aparecida Braga, Cristina Barros Freyer, Edna Vilas Boas Silva e Vanessa Mendes Santos 78. Museu Pedagógico: a intervenção acadêmica como ação de preservação de fontes para a história da
educação do sudoeste da Bahia - Ana Palmira Bittencourt Santos Casimiro, Lívia Diana Rocha Magalhães e Ruy Hermann de Araújo Medeiros
79. Digitalização de documentos: normatizando procedimentos e preservando registros - Alex Ricardo Brasil
80. Preservação e acesso aos documentos arquivísticos produzidos em meio eletrônico e em outras mídias na Câmara dos Deputados: Um Estudo do Acervo da Coordenação de Arquivo - Daniela Francescutti Martins Hott
81. Preservação de documentos digitais: a fragilidade do suporte cd-rom para a preservação - Humberto C. Innarelli e Paulo Sollero
82. Teses e dissertações eletrônicas (ETD): preservação e disseminação de informações científicas - Jayme Leiro Vilan Filho
2º CNA - 2006
“Arquivo, Informação e Políticas” 14. A implantação e implementação da política de gestão documental no Ministério Público do Rio Grande
do Sul: um relato de estratégias que deram certo - Luciana Baggio Bortolotto 15. Execução da política de gestão no Ministério Público do RS: uma proposta de intervenção na massa
documental acumulada (MDA) -Vanessa Berwanger Sandri
394
16. Política de gestão da informação no Ministério Público do RS: a caminho de uma política pública de acesso à informação - Julio Cesar Finger
17. As políticas públicas e o Conselho Nacional de Arquivos - Jaime Antunes da Silva 18. O arquivista e as políticas públicas - Renato Tarciso Barbosa de Sousa 19. Identidad nacional, ciudadanía, y políticas archivísticas públicas - Alicia Casas de Barran 20. Política e arquivologia: algumas considerações sobre a legislação de sigilo - Cristiane da Cruz Honório
“Preservação/Conservação/Restauração”
83. Formatos de arquivo e a preservação de documentos digitais - Ernesto Carlos Bodê 84. Preservação do patrimônio documental e bibliográfico com ênfase na higienização de livros e
documentos - Mirian Yamashita e Fátima Paletta 85. Preservação da memória institucional e gestão documental no TRF/4ªRegião - Susane Reolon e Rita
Vieira da Rosa 86. Arquivo intermediário e permanente da SAA/SDO/FOUSP: proposta de reestruturação, conservação e
preservação. Maria Isabel Neves da Silva Odina 87. A arquivística na preservação do acervo documental da Escola de Teatro Leopoldo Fróes - Tassiara
Jaqueline Fanck Kich 88. Preservação digital dos acervos audiovisuais: a experiência multimídia do Senado Federal - Edna de
Souza Carvalho 89. A preservação da memória política e de documentos na Assembléia Legislativa do estado de Minas
Gerais - Maria Cecília Rubinger de Queiroz e Terezinha de Fátima Camarota M. Naves 90. Ciência da conservação: a constituição de uma disciplina - YacyAra Froner Gonçalves 91. Qué saben los que deciden en conservación? - Suzana Meden 92. Formação em preservação/conservação de bens culturais: um desafio - Solange Zuñiga 93. Curso de especialização em conservação de documentos: a experiência da Universidade Federal do
Paraná – Suely Deschemeier 94. Novas diretrizes para o ensino da preservação documental nos cursos de Biblioteconomia e
Arquivologia - Ingrid Beck 95. A preservação de documentos nos currículos da graduação de Arquivologia no Brasil: realidade e
desafio - Zeny Duarte 96. Retrospectivas e prospectivas no ensino da preservação de acervos como disciplina acadêmica - Sérgio
Conde de Albite Silva 97. Arquivo permanente: preservação da memória documental da JT Mineira - Maria Aparecida Carvalhais
Cunha REVISTA ARQUIVO & ADMINISTRAÇÃO – Associação dos Arquivistas Brasileiros
Fonte: • Coleção particular das Revistas Arquivo & Administração • CD-ROM Comemorativo da AAB “Documentos digitalizados dos Anais e das revistas
Arquivo&Administração”. Rio de Janeiro, 2006. agosto de 1977 – v. 5, n. 2
“Preservação/Conservação/Restauração” 98. Preservación e restauración de fondos documentales - Mariano de Echazé Lezia
jan./dez. 1999 – v. 2, n. 1/2
“Preservação/Conservação/Restauração” 99. Projeto cooperativo: Conservação preventiva em Bibliotecas e Arquivos – Ingrid Beck 100. Estudos sobre as condições de preservação os acervos documentais brasileiros – Silvana Bojanoski
jan./dez. 2004 – v. 3, n. 1/2
“Preservação/Conservação/Restauração” 101. Carta para a preservação do patrimônio arquivístico digital – Claudia Lacombe Rocha e Margareth da
silva jan./jun. 2005 – v. 4, n. 1
“Preservação/Conservação/Restauração”
395
102. Rumo a uma teoria arquivística de preservação digital: as descobertas conceituais do Projeto InterPARES – Luciana Duranti
103. A importância do planejamento de preservação – Ingrid Beck 104. Digitalización para la preservación del Archivo Sonoro de Casa de las Américas – Arien González
Crespo jan./jun. 2006 – v. 5, n. 1
“Preservação/Conservação/Restauração” 105. Gestão arquivística e preservação de documentos digitais no Brasil: estado da arte – Rosely Curi
Rondinelli e Claudia Lacombe Rocha 106. A preservação da informação na Arquivística contemporânea – Sérgio Conde de Albite Silva
jul./dez. 2006 – v. 5, n. 2
“Arquivo, Informação e Políticas” 21. Políticas públicas arquivísticas: princípios, atores e processos – José Maria Jardim
“Preservação/Conservação/Restauração”
107. Dois aspectos da formação em preservação documental – Ingrid Beck REVISTA ACERVO – Arquivo Nacional
Fonte: • Site do Arquivo Nacional: http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm
jul. dez. 1987 – v.2, n. 2 “Arquivo, Informação e Políticas”
22. Política municipal de arquivos: considerações sobre um modelo sistêmico para a cidade do Rio de Janeiro – Helena Corrêa Machado
“Preservação/Conservação/Restauração”
108. Pesquisa científica e os arquivos: problemas de conservação em Honduras – Victor C. Cruz Reyes jul.dez. 1988 – v. 3, n. 2
“Preservação/Conservação/Restauração” 109. Novas perspectivas para a restauração de documentos do Arquivo Nacional – Ingrid Beck
jul.dez. 1989 – v. 4, n. 2 e v. 5, n. 1
“Arquivo, Informação e Políticas” 23. A legislação e a política de arquivos no Brasil – Aurélio Wander Chaves Bastos e Rosalina Corrêa de
Araújo jan./dez. 1993 – v. 6, n. 1/2
“Preservação/Conservação/Restauração” 110. Novas fontes para o estudo do Século XIX: o acervo fotográfico da Biblioteca Nacional e o projeto de
conservação e preservação PROTOFOTO – Joaquim Marçal Ferreira de Andrade 111. Centro de Conservação e Preservação Fotográfica – Solange Sette Garcia de Zúñiga
jan./dez. 1994 - v. 7, n. 1/2
“Preservação/Conservação/Restauração” 112. Videocassete: a história em cores - fácil produção, difícil conservação – Nisicler Moreira Figueira
jan./jun 2003 – v. 16, n. 1
“Preservação/Conservação/Restauração” 113. A preservação de filmes no Arquivo Nacional – Adriana Cox Hollós
jul./dez 2004 – v. 17, n. 2
“Preservação e Políticas” 3. Ciência e tecnologia na preservação da informação: um desafio político – Sérgio Conde de Albite Silva
396
“Preservação/Conservação/Restauração” 114. Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital – Claudia Lacombe Rocha e Margareth da
Silva PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO UFRJ-IBICT - http://www.ibict.br/anexos_secoes/rel.diss.atual.2004nov.doc
http://www.ibict.br/anexos_secoes/teses.doutor.atual2005.doc “Preservação e Políticas”
4. 2005 - ZÚNIGA, Solange Sette Garcia de. Documentos como objeto de políticas públicas em preservação e o acesso à informação: o caso das bibliotecas e arquivos. 31 mar. 2005. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientador: Geraldo Moreira Prado.
“Arquivo, Informação e Políticas”
24. 1996 - BARROS, José Cláudio da Costa. Informação, comunicação e políticas públicas: um estudo no campo da infância e da adolescência. 30 jul. 1996. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadora: Regina Maria Marteleto.
25. 1992 - SANTOS, Maria José Veloso da Costa. A política brasileira de informação em Geociências e Tecnologia Mineral: uma contribuição e sua implementação via análise bibliométrica da literatura. 13 nov. 1992. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadora: Gilda Maria Braga.
26. 1991 - MOTTA, Lysis Cláudio Leão Seróa da. A necessidade de uma política para a catalogação de materiais no Ministério da Aeronáutica. 11 nov. 1991. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientador: Aldo de Albuquerque Barreto.
27. 2005 - MARTINS, Eduardo Vieira. A informação e sua dimensão política na agenda de pesquisa em saúde no Brasil: uma análise a partir da produção acadêmica da FIOCRUZ. 28 fev. 2005. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadora: Rosali Fernandez de Souza.
28. 2003 - MALIN, Ana Maria Barcellos. Estado e Sociedade de Informação no Brasil: uma investigação sobre o papel da Informação na gestão política. 20 mar. 2003. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadora: Maria Nélida González de Gómez.
29. 2001 - AUN, Marta Pinheiro. Antigas nações, novas redes: as transformações do processo de construção de políticas de informação. 22 fev. 2001. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadoras: Maria Nélida González de Gómez e Helena Maria Martins Lastres.
30. 1998 - ALMEIDA, Carlos Henrique Marcondes de. Informação e desenvolvimento: políticas/pragmáticas de informação governamentais e contexto social. 26 jan. 1998. Tese (Doutorado em Ciência da informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientador: Aldo de Albuquerque Barreto.
“Preservação/Conservação/Restauração”
115. 2002 - BRITO, Verônica Martins de. A preservação de memória científica da FIOCRUZ: a visão de quem faz ciência. 11 nov. 2002. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – MCT/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadores: Maria Nélida González de Gómez e Flávio Coelho Eldler.
116. 1996 - BAPTISTA, Antônio Carlos Nunes. Biblioteca e memória: preservação no limiar do ano 2000 subsídios a partir da análise conceitual da Biblioteca Nacional. 31 maio 1996. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, Rio de Janeiro. Orientadora: Lena Vania Ribeiro Pinheiro.
___________________________
UNB - http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/resultado-tdes-
prog.php?ver=1&programa=1&ano_inicio=&mes_inicio=&mes_fim=&ano_fim=2007&grau=Todos. “Preservação e Políticas”
5. 1991 - Clarimar Almeida Valle. Subsídios para uma política de preservação e conservação de acervos em bibliotecas universitárias brasileiras. 23/06/1991.
397
“Preservação/Conservação/Restauração”
117. 2000 - Neide Aparecida Gomes. O ensino de conservação, preservação e restauração de acervos documentais no Brasil. 10/03/2000.
_______________________ UFMG - http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Disserta%E7%F5es
http://www.eci.ufmg.br/ppgci/?Teses_e_Disserta%E7%F5es:Teses “Preservação e Políticas”
6. 1992 - Mônica Erichssen Nassif. Subsídios para a formulação de políticas de preservação de acervos de bibliotecas: um estudo de caso. Orientador: Sônia de Conti Gomes. Data de defesa: 24/07/1992.
“Arquivo, Informação e Políticas”
31. 2003 - Carla Andréa Ribeiro. Governança informacional na reforma do Estado: um estudo exploratório sobre política pública de acesso à informação governamental. Orientador: Maria Eugênia Albino Andrade. Data de defesa: 04/08/2003.
32. 2002 - Juliana do Couto Bemfica. Estado, Mercado e Redes Transnacionais na constituição da ‘Sociedade da Informação’: um estudo sobre os princípios norteadores das políticas para a infra-estrutura de informação. Orientador: Ana Maria Pereira Cardoso. Data de defesa: 02/12/2002.
“Preservação/Conservação/Restauração”
118. 1995 - Rosana Carla Froes. Obras raras no Brasil: estudo dos critérios de raridade bibliográfica, tratamento técnico e preservação das coleções. Orientador: Marysia Malheiros Fiúza. Data de defesa: 22/12/1995.
119. 2004 - Katia de Padua Thomaz. A preservação de documentos eletrônicos de caráter arquivístico: novos desafios, velhos problemas. Orientador: Maria Eugênia Albino Andrade. Data de defesa: 16/12/2004.
___________________________
UNIRIO (Memória Social) - http://www.unirio.br/memoriasocial/estante/dissertacoes/dissert.htm
“Preservação e Políticas” 7. 1998 - Sérgio Conde de Albite Silva. Políticas públicas de preservação e tecnologias de informação: o
Plano Nacional de Microfilmagem de periódicos brasileiros. Orientado por Lena Vânia Ribeiro Pinheiro.
“Preservação/Conservação/Restauração”
120. 1991-1995 - Violeta Cheniaux. A formação do museólogo no controle da luz e da umidade para a preservação e conservação de acervos:um estudo a partir de museu da Fundação de Artes do Rio de Janeiro. Orientado por Arno Wehling.
121. 1991-1995 - Maria Arminda Castro Mendonça de Souza. Modernidade e preservação: Balbina - o Amazonas e sua primeira hidrelétrica. Orientado por Liana Ocampo.
122. 1998-1999 - Marilene Nogueira Barbosa. A preservação da memória social e da oralidade: os atuais contadores de Histórias. Orientado por Maria Teresa Toríbio Brites Lemos.
123. 2000-2001 - Lia Motta. Patrimônio urbano e memória social: práticas discursivas e seletivas de preservação cultural (1975/1990). Orientador por Paulo André Leira Parente.
124. 2000-2001 - Maria de Fátima Araújo di Gregório. Memória coletiva: estratégias de preservação da identidade cultural do imigrantes italianos. Orientador por Maria José Wehling e Arno Wehling.
125. 2000-2001 - Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho. Estratégias de preservação da memória dos ternos de reis da região de Jequié. Orientador por Charles Feitosa.
_________________________ UNESP Marília
http://polo1.marilia.unesp.br/pos-graduacao/stricto_sensu/ci/index.php?Meio=dissertacoes.php “Preservação/Conservação/Restauração”
126. 2002 - LOPES, Maria Aparecida. Preservação de acervos em bibliotecas universitárias: proposta de um modelo para implantação de uma divisão. 2002. 140f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2002.
398
Apêndice I A íntegra das entrevistas realizadas. Entrevistado
Nome: JAIME ANTUNES DA SILVA Formação: bacharel em História e em Arquivologia Cargo / função entre 1995 e 2005: presidente do CONARQ e diretor-geral do Arquivo Nacional Entrevista feita em 14/11/2007, das 16h às 17h20 (80 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a finalidade de formular a Política Nacional de Arquivos? • A Lei 8.159, de 1991, o Decreto 4.915 (SIGA), de 2003, e a mais recente Resolução do CONARQ, a de
no 25, de 2007, não incluem a preservação no conjunto de procedimentos e operações técnicas da gestão de documentos.
• Em termos globais, qual é a situação da informação arquivística do Executivo federal brasileiro do ponto de vista de sua preservação?
• O Relatório de Atividades do AN de 2004 informa que a Lei 11.010 de 17/12/2004 aprovou um “crédito suplementar no valor de R$ 113.000,00, sendo o mesmo remanejado da atividade Preservação do Acervo, para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do Arquivo Nacional.”. Por que a rubrica escolhida foi a de Preservação do Acervo? Quais os critérios que levaram a essa escolha e decisão?
• No Relatório de Atividades do AN de 2001, previu-se que seriam preservados 2.100 documentos ao custo de R$ 263.478,00, mas foram preservados 400.796 documentos (19.085% a mais do que o previsto) a um custo de R$ 246.958,83, isto é, R$ 16.519,17 a menos do que o previsto. Ou seja, foram preservados 398.696 documentos a mais com 6,27 % menos dinheiro do que o previsto. O que houve?
• Qual a sua avaliação sobre a mudança da vinculação do Arquivo Nacional para a Casa Civil? Respostas “Anteriormente à vigência do Conselho Nacional de Arquivo, ou anteriormente à vigência da Lei de
Arquivos, que dá origem ao Conselho Nacional de Arquivos, o Arquivo Nacional experimentava a sua primeira
fase de seu programa de modernização [Projeto de Modernização Institucional Administrativa do Arquivo
Nacional, em decorrência do convênio realizado entre o Ministério da Justiça e a Fundação Getulio Vargas,
iniciado em 1981]. Essa fase do programa de modernização levava a se implantar, no país, via a Lei de Arquivos,
diretrizes mais consistentes de uma Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados. Esse é o escopo geral.
Por que? Até então, o Arquivo Nacional, a partir da gestão de Celina [Vargas do Amaral Peixoto, diretora-geral
do Arquivo Nacional de 1980 a 1990] o que enseja esse processo de modernização, ou seja, com a inserção de
novas equipes, um processo maior de reflexão teórico, e grupos de estudos, grupos de trabalho, mapeamento do
que estava fora, mapeamento do que estava dentro, a vinda de uma quantidade de consultores, apoiados pelo
Conselho Nacional de Arquivos, para que o Arquivo pudesse construir uma boa Lei de Arquivos, que desse
amparo legal ao Arquivo Nacional e pudesse, ao mesmo tempo, criar um espírito crítico da Arquivística
contemporânea com o que havia de mais avançado fora, em termos doutrinário ou em termos de conhecimento.
O Conselho, antes da Lei de Arquivos... O Arquivo, portanto, embora prestigiado, ele não tinha ingerência de
alguma forma sobre a administração pública federal, por que o que nós tínhamos de remanescente sistêmico era
o SINAR [Sistema Nacional de Arquivos - Decreto nº 82.308, de 25 de setembro de 1978], que era para os
arquivos intermediários e permanentes, portanto, o próprio Arquivo, e tinha o SISG [Sistema de Serviços Gerais
- Decreto n.º 75.657, de 24 de abril de 1975], que era dos documentos que estavam em curso, em andamento. E,
portanto, o Arquivo não tinha nenhuma ingerência no processo de avaliação. O processo de avaliação da
399
administração pública... [interrupção para atender ao telefone] estava na cabeça de cada administrador, que
avaliava o que queria. Embora, já desde meados dos anos 80, já tivesse havido um diagnóstico da situação dos
arquivos, ou da situação dos serviços arquivísticos governamentais, que apontava uma série de deficiências,
inclusive, ausência de dados normativos, carência de pessoal, serviços governamentais abaixo da crítica, nenhum
critério na avaliação de documentos... Então, era um diagnóstico de situação que o Arquivo tinha, mas ele não
tinha nenhum amparo legal para ele intervir nisso. Dependia do sabor de cada um. O projeto de Lei de Arquivos,
quando ele começa então a ser maturado nos anos 80, na segunda metade dos anos 80, e ele vai para o Congresso
Nacional num período de rebeldia da própria direção do Arquivo Nacional, que não concordava com as
tendências que o Ministério da Justiça punha e ele foi apresentado como um projeto oriundo do Congresso
Nacional e não do Executivo. E tramitou... Ele tramitou nos anos 90... Nos anos 90, geria o Ministério da Justiça,
o coronel Jarbas Passarinho, dirigia o Arquivo Nacional, Maria Alice Barroso, e ele disse que não admitiria
aprovar um projeto de lei em que o Arquivo Nacional passava para a Presidência da República, e deixava de ser
um órgão subordinado ao Ministério da Justiça. Que ele não pactuaria com um ato legal que subtraísse do MJ, o
Arquivo Nacional. Nesse projeto, que foi encaminhado ao Congresso Nacional, o Arquivo passava para a
Presidência da República, o que foi ocorrer em junho de 2000, muitos anos depois, por uma outra... uma coisa
não planejada, por uma contingência e tomada de decisão do Governo em função de uma política de segurança
pública, e o Arquivo então passou à Presidência. O Conselho Nacional de Arquivos era um órgão da Casa Civil
da Presidência da República [no tal projeto], mas que ele não teria a composição que ele tem hoje. A visão era
um Conselho Superior de Arquivos do qual participava o ministro-chefe da Casa Civil, e teria representantes dos
ministérios, e dos tribunais, e dos outros, mas num nível político. E aí, com a posição do Jarbas Passarinho, que
não admitia que o Arquivo Nacional saísse, o que foi feito? Uma emenda onde lia-se ‘O Arquivo se subordina à
Presidência da República’ ficou ‘O Arquivo se subordina ao Ministério da Justiça’, uma reafirmação na lei de
uma coisa que ele era, mas para remendar o tal ‘Presidência’. E o que dizia que o CONARQ estaria vinculado à
Casa Civil, virou ‘O Conselho está vinculado ao Arquivo Nacional’. Ou seja, o que era um Conselho superior
não podia estar vinculado ao órgão que seria o órgão executivo da Política [Nacional de Arquivos]. O Arquivo
seria a secretaria-executiva do colegiado político. Tomou uma decisão... A decisão é essa quanto à avaliação, ou
quanto à produção de documentos eletrônicos, quem acompanharia isso, era o Arquivo Nacional, em âmbito
nacional da Política de Arquivos. Isso não aconteceu, e aí virou [o CONARQ] um órgão técnico, mas que assim
mesmo, cumpriu uma função importantíssima, para o momento de ausência de instrumentais básicos de
avaliação de documentos, de uma normativa mais adequada para a microfilmagem, de metodologias para
destinação de acervos, ao mesmo tempo, questões voltadas para as questões de preservação lato sensu, às
questões ligadas à gestão de documentos eletrônicos... Ou seja, o Conselho foi composto tecnicamente pelas
direções de arquivos dos tribunais superiores, pela direção de arquivo do Poder Legislativo, Senado e Câmara,
os gestores de arquivos dos ministérios, os diretores de arquivos estaduais, os diretores de arquivos municipais,
representantes das escolas mantenedoras de Arquivologia, e a representação das associações profissionais, e das
entidades voltadas para ensino, pesquisa etc. Então, o Conselho tomou uma outra configuração, mas que, na
minha avaliação, foi oportuno, também. Por que? O Conselho... começamos a trabalhar na regulamentação do
Conselho em 92, por que a Lei é de 91, na gestão da Maria Alice... as coisas não avançavam, não avançavam...
Retomamos a discussão em 93, e em junho de 94 sai a primeira regulamentação do Conselho Nacional de
Arquivos. E ele é instalado pelo ministro da Justiça, que era o Duperat, que é um mineiro, ele é instalado em
400
dezembro de 1994, quando começam os trabalhos. Então, esse é o caminho. O que foi feito na composição do
primeiro plenário do Conselho? Primeiro, uma análise... Primeiro, uma discussão de uma proposta de seu
regulamento interno, que foi um trabalho feito dentro do Arquivo Nacional para que pudéssemos ter matérias
para a discussão do Conselho Nacional de Arquivos, em 94. Delineamos a necessidade de que o Conselho
deveria ter, para auxiliar o plenário, Câmaras Técnicas. Criaram-se, então, nesse momento, as Câmaras Técnicas
voltadas para a gestão, mas que era dividida em duas, uma de avaliação, uma de classificação, não é para secreto
ou ultra-secreto, era para implantar código de classificação, uma voltada para capacitação de recursos humanos,
uma voltada para documentos eletrônicos, uma de preservação... Eram cinco Câmaras Técnicas. O que, aquilo
que eu já relatei a você que foi uma ação da SEDAP [Secretaria de Administração Pública da Presidência da
República], que era uma coisa, que é hoje... que foi o Ministério da Administração, depois o Ministério do
Planejamento, e que se voltava para a questão da administração pública, racionalização da administração pública,
que fez aquele diagnóstico. Ao mesmo tempo, uma equipe do Arquivo Nacional, ligada à gestão de documentos,
começou um trabalho de formiguinha junto com outros ministérios para pensar um código de classificação e uma
tabela de temporalidade para a atividade-meio. Então, isso começou... Implantado o CONARQ, o que se fez? Se
trouxe essa reflexão desenvolvida pelo Arquivo Nacional em parceria com os outros ministérios para que ela
pudesse ser aprofundada em termos de análise e consolidação dentro das respectivas Câmaras de classificação e
de avaliação de documentos. E, com isso, começam a surgir as resoluções do Conselho. E aí dá origem à
Resolução número 4, que é o código de classificação e tabela de temporalidade para atividade-meio, por que nós
tínhamos um levantamento feito, que havia uma quantidade enorme de acervos acumulados, e que desde a Lei de
Arquivos não podiam mais ser eliminados ao critério do administrador, sem que a instituição arquivística pública
autorizasse a sua eliminação. E sob que parâmetros, ou sob que normativa, o Arquivo analisaria as tabelas de
temporalidades dos órgãos? Enquanto não tivesse, nós não podíamos fazê-lo. Então, estimulamos para que isso
avançasse e aí dá origem então à Resolução no 4. A partir daí o Arquivo começa a receber não mais o que a
administração queria mandar para cá, mas sim a gente começou a ter contato com o que a administração estava
produzindo na sua fase corrente. Havia uma coisa dicotômica: o corrente era antagônico do intermediário e do
permanente, e não a coisa encarada como um único fluxo informacional do processo de documentar, do processo
arquivístico. As coisas eram estanques: até este ponto, cabe a esse órgão; esse órgão não falava com o Arquivo
[Nacional]; daqui em diante, cuida o Arquivo. Então, havia a partir daí... não, tivemos que começar a dizer ...
olha, está havendo invasão de área, isso não é bem assim, nós temos que agora ter dados, que os órgãos
começaram a enviar ao Arquivo Nacional para análise, com base na Resolução no 4, pelo menos, o que era da
atividade-meio. E o que era da atividade-fim, que nos mandavam, cada um tinha uma análise específica e se
pairasse dúvida, aos arquivistas, aos historiadores da Casa [Arquivo Nacional] se demandava diligência ao órgão
produtor. Então, a partir daí, começa a se criar uma nova relação mais orgânica, com uma identificação mais
clara, do que cabia ao Arquivo Nacional no processo de promover a gestão documental dos órgãos e entidades
do Poder Executivo federal. Então, isso começou dessa maneira. A partir daí, o Conselho começa a ver que
coisas se aplicariam, subsidiariamente, a um programa de gestão. Tem a microfilmagem. A Lei da
Microfilmagem, que é muito anterior à Lei de Arquivos, havia um decreto, mas que ele precisava ser
reformulado. Não se criou... (não reformular a lei, se reformular o decreto, regulamentar). Não se reformulou a
lei, mas se reformulou o decreto, a partir de uma comissão especial. Chamaram-se especialistas em
microfilmagem para que se pudesse discutir dentro dos parâmetros e limites que a Lei do Microfilme impunha,
401
como se poderia dar uma normativa mais contemporânea, para a questão da microfilmagem e, ao mesmo tempo,
a demonstrar que a microfilmagem é ainda uma técnica estável aplicado aos arquivos, como um processo que
pode ser utilizado subsidiariamente ao processo de avaliação: em se reter documentos por amostragem, se
microfilmar determinados conjuntos, de uma forma mais ordenada. E não como aconteceu no boom da
microfilmagem nos anos 60, que se microfilmava o caos, se jogava fora o documento, e hoje se tem películas aos
caos, que agora, com a facilidade da digitalização de uma película por meio digital, você pode criar por
metadados, começar a criar um processo de ligação entre um documento que estava microfilmado aqui, mas que,
muitas vezes, a continuidade dele estava 50 fotogramas adiante. Por que a meta era isso: ‘Livre-se dos fungos,
livre-se dos ácaros, antes, se você não pode ter ambiente empoeirado, não tem mais espaço, microfilme que os
seus arquivos estão organizados’, o que era um blefe, mas, tudo o que é ‘muderno’ em tecnologia, o
administrador embarca, como se aquilo fosse a panacéia de todos os males e resolução de todos os problemas.
Como acontece, também, com o uso da digitalização, que é o mesmo processo. Embora eu ache que hoje já há
um grau de consciência técnica maior entre os agentes públicos, entre os servidores e entre os profissionais, que
são formados pelas Universidades, que têm uma informação muito mais consolidada dos riscos que se tem com a
aplicação inadequada de uma tecnologia de informação, aplicada sem nenhum planejamento, sem absolutamente,
medir as conseqüências, nem examinar o custo/benefício disso. O que é melhor para a preservação? O que é
melhor para a retenção e preservação do acervo? E o que é melhor em termo de custo/benefício para a própria
administração?”
“Então, este conjunto de ações direcionadas propositalmente para a gestão era para desafogar o gargalo
que se tinha, por que a partir de 91, com a indicação nas cláusulas finais da Lei, de que uma pessoa que
eliminasse um documento de valor permanente, ou um documento privado de benefício social, sem nenhuma
preocupação, e era permanente, comprovadamente considerado, estava sujeito a ações penais e administrativas
no âmbito da Lei. Então, isso, de alguma maneira, começaram os ministérios a dizer: ‘Como é que a gente faz,
como é que a gente examina, como é que a gente elimina, como é que a gente avalia’. E havia todo um processo
educativo que dizia: ‘Olha, a avaliação não é para eliminar. A avaliação é para identificar, dentro do que foi
produzido pela administração, aquilo que realmente tenha valor probatório e informativo, que venha a defender
interesses dos agentes que atuavam nesse cenário, dos cidadãos que se relacionavam com aquele órgão ou com
aquela entidade e para a história e defesa do próprio órgão e entidade. Ou seja, para a defesa do cidadão e do
Estado, em síntese.”
“A partir dessas questões todas, saíram resoluções sobre sinaléticas de microfilme, textos sobre
preservação. Isso, de alguma maneira, criou um conjunto de indicativos técnicos que delineiam as diretrizes que
estão na competência do CONARQ para a Política Nacional de Arquivos, no que tange à gestão, à preservação, e
aos mecanismos de difusão da informação. O input, o processo e o output dessa informação pública. E o
Conselho Nacional de Arquivos, nesse período, eu não tenho dúvida de que ele foi e tem sido um instrumento
extremamente importante para a gestão da informação pública do país. Não só em nível nacional, mas também,
por que, do que se atua, do que se executa, do que se aplica em nível nacional acaba replicando em outros níveis,
principalmente, estaduais. Estaduais, que a gente viu durante esse processo uma tomada de fôlego em muito
estados, que começaram a trabalhar suas tabelas, suas políticas, suas normas, seus programas de gestão com
bases nessas diretrizes e instrumentais técnicos que foram produzidos. Então, o que eu percebo, e que é a nossa
missão 2008, é uma sistematização de todas essas questões, voltadas em um texto que seja a... a... de que forma
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esses instrumentais todos se aplicam dentro de uma política de arquivos, para que a gente tenha um documento
basilar que sirva de referência, no qual envolva não só a questão dos documentos tradicionais, mas também as
questões dos documentos digitais. Então, isso é a missão do CONARQ em 2008, é a produção, primeiro, de um
grande texto que seja a Política Nacional de Arquivos a serviço da visibilidade do próprio Estado. Além de
avançar nas questões que estão pendentes, dos instrumentais, é a gente ter, dentro do bojo do convênio de
cooperação que a gente tem com a UNESCO, é traçar uma série de texto que culminem, primeiro, com a questão
da Política [Nacional] de Arquivos e o uso da informação pública, a serviço do Estado e do cidadão, como
instrumental democrático, e resgate da função social dos arquivos, as questões voltadas para sistematizar dados
ligados à preservação, à segurança, à gestão... Enfim, uma série de textos, que de alguma maneira, contribuam
dentro do Sistema Nacional de Arquivos para um texto de referência para os integrantes desse sistema.”
“Um outro fator, quer dizer, terminada aquela etapa mais pesada sobre a gestão, embora prossiga na
gestão do documento digital, que é uma ação, passamos a nos preocupar de que forma poderíamos cruzar
informação, termos informação, integrar informacionalmente os arquivos públicos que detenham patrimônio
documental. Para isso, a gente foi acompanhando, a par e passo, o que avançava em nível internacional, no
Conselho Internacional de Arquivos, nas questões voltadas para a estandartização da informação, no processo de
descrição. A gente precisava criar alguma coisa que amalgamasse essa informação, por uma razão muito
simples: a formação do patrimônio documental brasileiro, enquanto macro-análise, ele é..., ele nem sempre..., o
princípio da autoridade, ao qual aquele conjunto deveria estar, tecnicamente, subordinado, foi respeitado. Isso,
por diversas razões, razões de ordem política, de abrangência territorial... Então... A própria ação do Arquivo
Público do Império, que levou as diversas províncias do Estado brasileiro independente, os agentes auxiliares da
direção do Arquivo do Império, que eram advogados, escritores, que iam para as províncias capturar acervos
para formar o arquivo da nação brasileira. Então, o Arquivo tem a totalidade do acervo, mas ele tem documentos
que deveriam estar em arquivos municipais, documentos que deveriam estar em arquivos estaduais, há
documentos que estão em arquivos municipais que deveriam estar no arquivo estadual, há documentos em
arquivos estaduais que deveriam estar nos municípios... Ou seja, este processo de formação das instituições
arquivísticas do país levou à oportunidade de salvaguarda, quando podiam, de documentos, que, muitas vezes,
não eram de sua jurisdição. E aí, nós precisávamos, de alguma maneira, criar instrumentos para identificar onde
estava o que. E aí, o Arquivo Nacional e o Conselho Nacional de Arquivos organizaram, em 1999, uma Mesa-
redonda Nacional de Arquivos que tinha como objetivo traçar uma série de questões voltada para a integração
dos arquivos de terceira idade, de que forma isso poderia se consolidar, como fazer um bom diagnóstico nos
arquivos privados, como estava o segmento dos arquivos da Igreja, como é que funciona a questão dos arquivos
privados de interesse público e social, como é que isso se integra... E, na proposta do documento dessa mesa,
ficou definido que seria necessário criar, a partir do que se discutiu, e do primeiro diagnóstico, nem muito
perfeito, mas que eu acho que dava um bom subsídio para a discussão, feito pela Fundação Tavera - essa mesa
foi desenvolvida entre o CONARQ, o Arquivo, o Banco Mundial e a Organização dos Estados Americanos - era
de que forma a gente criaria, aprofundava uma avaliação disso. Há diversos textos disponíveis na página para
acesso, são publicações virtuais com os resultados dessa mesa, e diversas cabeças fizeram diagnóstico ou
diagnose da situação dos arquivos municipais, estaduais etc., para ver de que forma ficava. E saiu daí um
produto, uma proposta, que era a criação de um Censo Brasileiro de Arquivos Públicos e Privados. Esse Censo
Brasileiro de Arquivos Públicos e Privados, que conta até hoje com ajuda do Governo espanhol, mas que contou,
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no seu nascer, com uma boa contribuição do Ministério da Cultura da Espanha, que apóia em toda a América
latina a realização do censo guia. Embora o Brasil não tenha sido colonizado pelos espanhóis, mas a direção dos
Arquivos Estatais da Espanha disse ‘Não, Jaime, vocês façam o projeto e a gente ajuda o Brasil também’. E o
produto dessa informação está disponível naquele íbero-arquivo, disponível naquele site do Ministério da
Cultura, que a gente faz alimentação on line em Português. Nós estamos revendo agora, por que o questionário
brasileiro tem muito mais campos do que tem o questionário estandartizado espanhol. E esse projeto surge,
também, no momento em que caminhava-se para a aprovação da ISAD(G), que, efetivamente, ocorreu no ano
2000, no Congresso Internacional de Sevilha, e que essa ISAD(G) estimulava que os países tivessem suas
normas próprias. Vítor Fonseca participou, desde o início, desse grupo de normas, e que estão estudando hoje,
outras normas, além da ISAAR(CPF). Então, este trabalho já foi desenvolvido visando um campo normatizado
da informação, embora, esteja neste momento em fase de revisão para fazer um ajuste pleno à NOBRADE, a
Norma Brasileira de Descrição.”
Sobre a proposta, em 2003, de o CONARQ ir para a Casa Civil
“Isto está na Lei [o vínculo do CONARQ ao AN]. Mudança de lei é complicado. Não é um decreto. A
Lei amarrou. Então, para isso ocorrer, que poderia ser, agora, naturalmente... por que a gente já implementou...
Eu provocava o plenário e dizia o seguinte: ‘Nós cumprimos uma função técnica... Se cumprimos um função
técnica, por que agora... Mas, logicamente havia, há uma resistência. O plenário resiste. Houve posições que
achavam que podia ser um risco, que bem ou mal, o CONARQ, subordinado ao Arquivo, tinha avançado em
tantas coisas, que a sua desvinculação do Arquivo podia ser um risco, de quem assumisse a presidência do
Conselho não dar a mínima para a história do Brasil... E no fim, o Arquivo não poderia executar, por que
também o Conselho não anda, e ele nem teria nem mais condições de dizer, ‘Olha, ministro, vamos trabalhar,
minha gente’. Eu acho que era um pouco essa... Mas eu propus, por que eu acho que era o caminho, ainda acho
que é o caminho. A gente vem cumprindo um vácuo técnico, que existia, e esse vácuo vem sendo preenchido,
como lacuna.”
“A gente tem instrumentais hoje extremamente importantes, de tabelas de metodologias, de construção
de prédio de arquivo, de adaptação de prédio de arquivo, de segurança, enfim, de metodologias de gestão, de
gestão de documentos digitais, de construção de sistemas utilizando requisitos fundamentais para que aquele
sistema tenha qualidade arquivística, a questão da microfilmagem, a questão de um dicionário que deu de uma
certa forma uma unidade vocabular para área. Enfim, parâmetros que dão escopo científico à nossa área, que tem
termos próprios, condições próprias etc. Então, eu já vinha provocando antes de a gente passar para a Casa Civil.
Na realidade, nós passamos para a Casa Civil em junho de 2000, por uma contingência, a partir do seqüestro do
ônibus 174, que é o ônibus da Gávea, no qual Sandro e Geisa se defrontaram e acabaram mortos, o seqüestrador
e a professora emigrantes. Com isso criou-se uma comoção nacional e o Presidente da República determinou:
‘No Ministério da Justiça, saem todos os órgãos que não tem a ver com segurança e integridade territorial.
Saem’.”
“E aí, estava na Casa Civil o ministro Pedro Parente, que tinha, quando de sua gestão como secretário-
executivo do Ministério da Fazenda, criou todo um programa de modernização do arquivo do Ministério da
Fazenda. Então, é uma pessoa que é um técnico, extremamente sensível para a área de documentação e
informação, e disse “O Arquivo Nacional e a Imprensa [Oficial] virão para a Casa Civil’. Foi assim que nós
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fomos. Eu nem sabia, por que eu estava no Ministério da Justiça no meio da sala do povo de orçamento,
discutindo orçamento do Arquivo Nacional, e de repente, diz: ‘Vai ter uma coletiva’, paramos todos na diante da
televisão e lá no meio, eu sei, enquanto diretor do Arquivo Nacional e presidente do Conselho, que fora a medida
provisória que implantava o plano de segurança pública preliminar do país, nos itens finais, estávamos, Arquivo
Nacional e Imprensa, passando para a Presidência da República, que, de alguma maneira, se fez cumprir o que o
Arquivo planejou na década de 80, que, por teimosia do Jarbas Passarinho, não aconteceu. E que naquela época,
eu acho que já mencionei, a Maria Alice chamou os técnicos e disse: ‘Olha, tem esse impasse. O ministro propõe
veto e engaveta o projeto. O que vocês me aconselham?’ Então, a decisão foi a seguinte: é melhor ter a Lei,
ficando no Ministério da Justiça do que não ter Lei e a gente não ter força alguma. Embora a vinculação do
Conselho Nacional de Arquivos ao Arquivo Nacional é uma excrescência normativa. Então, embora conscientes
disso, nós tínhamos de fazer o besouro voar. Por que o besouro, na aerodinâmica do vôo, ninguém imagina que
aquilo possa voar. Um treco redondo, asinha curta, barrigudinho, pesado... como é que aquilo balança a asa e
voa? Nós tínhamos que fazer voar, de qualquer maneira, mesmo sabendo que o ideal era termos um órgão
político. Mas, eu não tenho dúvida, que, mesmo sendo um órgão técnico que tem que definir a base da política,
ele fez um trabalho meritório para as questões voltadas para as normas gerais, as diretrizes gerais da gestão da
informação arquivística muito mais do que se avançou em termos de bibliotecas e de museus, que veio mais
tardiamente, com uma definição de políticas, mas que, na realidade, está no papel, mas não tem instrumentais
produzidos, como o Conselho [Nacional de Arquivos] tem. O Conselho não tem no papel, mas tem na prática, as
diretrizes que tem que ser acompanhadas e seguidas para a implantação das questões determinadas em lei, para
que haja cumprimento da norma. Então, isso é um dado da história da instituição, mas essa passagem, que
cumpriu um pouco o que se pretendia nos anos 80, veio em um momento em que nós mesmos não esperávamos.
E a partir daí, o Arquivo, como Arquivo Nacional, muito mais que como Conselho Nacional de Arquivos, vem
experimentando um processo de modernização, de queima de etapas que não experimentamos nos anos 80. Nos
anos 80, tivemos gestão de recursos humanos, mas, muitas vezes, nós não tínhamos orçamento, nós não
tínhamos estrutura, disputava-se verbas com Carandiru, com levante Ianomâmi, tinha que fazer pajelança no
pátio para o ministro poder aparecer. Enfim, era sempre mais difícil. Na Casa Civil, a gente vem
experimentando, até hoje, um processo de investimento, que nós não teríamos se tivéssemos ido parar, seja no
Ministério do Planejamento, seja no Ministério da Cultura, como era o anseio do Weffort [Francisco Weffort,
Ministro da Cultura do Governo Fernando Henrique Cardoso]. O Weffort pleiteou ao Presidente da República
que o Arquivo fosse para a Cultura. E aí, ficamos no impasse entre junho e setembro [de 2000] que nem a
Presidência da República fazia nada pelo Arquivo e nem o Ministério da Cultura, por que nós estávamos no
limbo. Aí, eu disse: ‘Olha, ministro, eu não fico em cima do muro nessa história’. ‘Ah, mas o ministro Weffort
apresentou...’ Fizemos razões pelas quais o Arquivo deve permanecer num campo neutro. Por que? A visão que
se tinha antes era o Arquivo depósito de documentos e nós queríamos um Arquivo, não paciente, mas agente de
transformação para a modernização dos serviços arquivísticos governamentais, como previa a Lei, etc., etc. E na
Cultura, nós seríamos vistos, fatalmente, como um aparelho cultural. Então, eu pedi ao ministro Pedro Parente,
que me agendou uma audiência com o ministro Weffort, e eu, terceiro escalão, sei lá que escalão é na
administração, fui conversar com o ministro da Cultura para dizer a ele, delicadamente, por que o Arquivo não
tinha que ir para lá.”
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Lei 8.159, SIGA, Resolução 25 – preservação na gestão
“Se você pega a própria definição da Lei de Arquivos que fala de gestão, fala que é um conjunto de
procedimentos técnicos com vistas à produção, tramitação, arquivamento, com vistas à eliminação ou destinação
para a guarda permanente, como fase disso. Mas todo o trabalho que vem sendo desenvolvido ou visto para
mostrar ao administrador ou gestores é de que o processo de avaliação não é para eliminar. É para buscar dentro
desse conjunto o que se deve preservar, o que tem valor agregado. Quer dizer, além do valor primário, tem um
valor secundário como preservação. Por que, se for para a questão da eliminação, embora, a gente saiba, na
prática, que o que se elimina de 100% da produção documental é muito mais do que se preserva. A faixa pode
variar de conjunto documental ou fundo, ou de órgão para órgão, mas você pode eliminar cerca de 80 ou 90%.
De uma produção documental necessária para o trâmite burocrático se preserva de 10 a 20% e essa preservação
significa a essência, sem causar nenhum dano a terceiros, ele serve à medida que a documentação de pessoal no
governo federal é preservada no próprio órgão que produz. E, se for um órgão extinto, vai para o Ministério do
Planejamento. Não é recolhida ao Arquivo Nacional. O Arquivo Nacional recebe a documentação meio e
finalística, mas não relativa à pessoal, tempo de serviço. Isso cabe ficar com o órgão que produziu pelo tempo
que julgar necessário e se for um órgão extinto, o grande gestor é o Ministério do Planejamento.”
“Eu não sei se eu entendi bem o seu questionamento. O que você coloca é que a visão de preservação
não fica muito clara nos atos. Nós trabalhamos, nós baixamos resoluções de textos técnicos que levam à
preservação e eles são baixados por resolução. Por que o próprio texto é a norma. O dado final, seja do processo,
é a preservação e a difusão. A Câmara Técnica de Preservação de Documentos trabalhou primeiro algumas
diretrizes para a construção e adaptação de prédios de arquivos. Nesse escopo, entra todo ingrediente voltado
para a questão da segurança, da preservação e da disponibilização, de que forma que isso entra. Depois, a
Câmara forma um outro texto que é voltado para questão, e que sai publicado em um pequeno manual, que é
também voltado para a questão de equipamento, mobiliário etc. O que a Câmara [Técnica de Conservação de
Documentos], que, neste momento, e estou estimulando que faça, é a gente ter uma boa diretriz para plano de
desastres. De que forma uma instituição arquivística tem de estar preparada para ter um bom plano emergencial,
de desastres. O objetivo da gestão é a preservação. Se eu implemento um bom programa de gestão no qual eu
vou definir o que vai preservar e o que eu vou eliminar, fica voltado... Por que a lei de Arquivos e a Lei do Meio-
Ambiente definem, com clareza, que documentos de valor permanente tem que ser preservados indefinidamente
e não pode haver mudança de suporte, da mesma forma que a Lei de Microfilme, que define isso. Então, também
no escopo da gestão, embora não explícita a palavra preservação, quando se fala recolhimento para a guarda
permanente, está subentendido que na guarda permanente você tem um conjunto de ações, inclusive, guarda,
preservação, tratamento e difusão desses acervos.”
“Quando você lida com uma questão voltada para a normativa dos documentos eletrônicos e no qual
você tem as resoluções do Conselho que definem que você tem que incluir os documentos eletrônicos no seu
programa de gestão de documentos, logicamente, no programa de gestão vai culminar no que eu deleto e no que
eu preservo também em relação à gestão de documentos digitais. Quando você refaz as questões para dar mais
modernidade ao ato regulamentador da Lei de Microfilme, a microfilmagem com as sinaléticas que você deve
utilizar das ISO internacionais estão voltadas para uma microfilmagem adequada, com boa qualidade
arquivística para que isso também seja retida a informação com uma longevidade maior se por ventura os
suportes da informação são frágeis. E, logicamente, a preservação está, pode ser que seja muito subliminar, mas
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está presente nisso, por que, quando você usa os bons recursos, e de forma adequada, a tecnologia da informação
aplicada aos arquivos, você tem uma meta da preservação e da difusão, mas você está prevendo aumentar a
longevidade dos materiais por outras técnicas que, muitas vezes, o suporte contemporâneo tem uma fragilidade
inerente à sua própria produção, dada a fragilidade dos papéis contemporâneos, ou a fragilidades das técnicas ou
métodos utilizados na produção de outros registros documentais, como fotografia, como produção de filmes, de
vídeos, que se nós não tivermos um bom processo de preservação e de estocagem desse material, a longevidade
desses materiais está em risco. Da mesma forma que a baixa qualidade de nossos papéis, a baixa qualidade da
tinta, a baixa qualidade da forma como se faz o registro da informação contemporânea vai nos levar a perder
esses documentos contemporâneos com muito mais rapidez que os documentos feitos com papel de trapo e com
tinta permanente. Então, eu acho que no conjunto... é... Por isso eu tenho a expectativa desses textos que criarão
os enlaces entre as diversas ações para que a gente tenha um documento mater do qual eu interligo todos os
penduricalhos, criando, nessa realidade, átomos para formar um conjunto, associando essas questões todas, por
que todos voltam... Por que uma boa gestão leva a uma boa qualidade informacional do que vai ser retido. Por
isso a minha conversa com o Weffort. Primeiro, o Arquivo tem de cuidar de 100% da produção documental para
saber conduzir tecnicamente o que vai ser eliminado para que a gente tenha bons espólios informacionais a
serviço da cultura. Por isso que nós precisamos estar em um lugar que um lado não ultrapasse o outro, embora
toda a documentação pública foi produzida para atender primeiramente à administração e ao cidadão, e,
secundariamente, à cultura. Mas o que se deseja é que uma boa gestão leve a um bom espólio informacional
adequado. Se os acervos já entram organizados no Arquivo, mais agilmente se coloca a informação no circuito a
serviço da cultura e da produção do conhecimento.”
A preservação arquivística do Poder Executivo federal
“O que a gente vem percebendo, é que progressivamente, os ministérios começam a implantar os seus
programas de gestão documental, alguns mais avançados, outros menos. Por exemplo, no Ministério da Saúde, a
gente conta com a Selma, que é servidora do Arquivo e está lá há muitos anos, e tiveram ajuda de organismos
internacionais, e eles vêm implantando programas e tabelas e códigos que atendam não só a atividade-meio
como a atividade finalística do órgão. O Ministério do Planejamento também empreendeu ações nesse sentido,
por que era com o Ministério do Planejamento, que já foi Ministério da Administração, Ministério da
Administração e Reforma do Estado, que já foi Secretaria de Administração, que já foi Departamento de
Administração do Serviço Público, que já foi milhares de coisas, era com esses órgãos que nós lidávamos desde
o início dos anos 80, discutindo questões para culminar ações. E logicamente eles implantaram e desenvolveram
ações.”
“O Ministério da Defesa implanta, junto com os comandos militares uma série de ações voltadas para
gestão da documentação meio e da documentação finalística.”
“Hoje, há uma série de encontros, e a gente espera que até o ano que vem, tenhamos um código de
classificação e uma tabela de temporalidade da produção documental das universidades federais. Por que há um
grupo de trabalho que envolve universidades federais, que estão desenvolvendo todo um trabalho integrado em
conjunto com o Arquivo Nacional para que levemos ao Conselho Nacional de Arquivos e aprovemos uma classe
específica que venha atender as necessidades de implantação de sistemas de informação dentro das universidades
federais e que depois, se quiser, se aplica nas estaduais, nas municipais, nas privadas, faça o que se desejar.”
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“Há uma proposta do Ministério da Saúde de fazer a mesma coisa com os hospitais federais em
conjunto com a Câmara Setorial de Arquivos Médicos, o Arquivo Nacional e o Conselho e que depois saiam
resoluções específicas para esse fim, da mesma forma que saiu uma resolução para a tender as necessidades de
documentação de pessoal militar. Por que os comandos disseram que a Resolução 14, que é a revisão da
Resolução 4, não atendia na gestão de pessoal militar, as classes que estavam lá. Fizemos 26 reuniões com os
milicos no Arquivo Nacional, levamos, sei lá, um ano e meio, dois anos, até eles se ‘consensarem’ e foi levado
ao CONARQ e se baixou uma resolução complementar à Resolução 16, implantando uma classe especial para
documentos de administração de pessoal.”
“Há uma discussão com o setor elétrico de encaminhar questões semelhantes, de buscar junto com a
Memória da Eletricidade, algo que seja comum e que venha a virar um certo padrão, que facilite o trabalho de
avaliação e de destinação.”
“Logicamente, tudo isso significa dar cumprimento ao parágrafo segundo do artigo 216 da Constituição
federal que cabe à administração pública fazer sua gestão para atender as suas necessidades de informação e um
arquivo com um bom programa de gestão codificado e temporalizado. Em algum momento poderemos
implementar, via o SIGA, os códigos de classificação da atividade-meio, que já os temos, das atividades-meio
mais específicas, como é o caso do pessoal militar, mas para que os documentos possam nascer codificados e
temporalizados. Dá certo na Alemanha, mas, de repente, pode dar certo nos trópicos.”
“E com isso, o SIGA é o instrumento importante. Por que a nossa relação com a administração pública
se fazia na determinação dos ditames da Lei 8.159 e um pouco no varejo. Agora, não. A gente tem uma comissão
do SIGA, uma comissão de coordenação que define uma série de questões voltadas para o interesse dos arquivos
da administração pública federal.”
“E, ano que vem, nós vamos ter que trabalhar junto com a SLTI [Secretaria de Logística e Tecnologia
da Informação, do Ministério do Planejamento] ou com outras instâncias de governo, uma infovia que possibilite
a comunicação das centenas de sistemas que cada órgão da administração tem e que cada um acha o seu o mais
porreta do que o outro. Ninguém quer abrir mão. Havia uma proposta, primeiro, do Planejamento, que discutia
com a gente implantar um sistema único, e eles mesmos chegaram à conclusão que era impossível. Que quem já
tinha um sistema estruturado, não queria abrir mão. Tivemos uma discussão este ano [2007], e a idéia é
intensificar o ano que vem, é que a gente precisa, já que o SIGA é identificado pelo governo como um dos
sistemas estruturadores da administração pública. O SIGA é uma dos sistemas estruturadores. E a gente tem que
interagir, criar uma interoperabilidade que ligue essa informação que tramita para atender o cidadão, mas, ao
mesmo tempo, a informação que tramita para saber onde está o que, como isso pode ser acelerado em função de
também dar cumprimento a outros ditames constitucionais, que é o direito do cidadão acessar a informação
pública corrente, produzida pelo Estado.”
“A implantação dessa rede de cooperação, falando em uma linguagem comum, entre os arquivos, vai
possibilitar socializar a informação de terceira idade, ou a informação histórica de uma forma também articulada,
já que a formação do nosso patrimônio, como eu disse, ela se formou, de uma maneira oportunística. Aquele
arquivo que tinha condições de guardar aquela documentação, guardava. Mas aquilo era federal e estava em um
arquivo estadual. Eu acho que não faz sentido ficarmos reivindicando: isso é um problema federal, estadual ou
municipal. Está se tratando de patrimônio. Por isso, o Censo é um dado importante para amalgamar essa
informação. Ele foi aplicado na totalidade do Rio de Janeiro, mas ele está sendo aplicado em treze capitais, para
408
que agente possa, no momento oportuno, ter uma rede. E em função de um projeto contemporâneo, um projeto
que visa integrar um segmento da informação pública, somada à produção documental privada de interesse para
estudos do período de 64-85. Esse Centro, que vai ser implantado pela ministra Dilma no Arquivo Nacional,
chama Memórias Reveladas. Por que o Arquivo Nacional, desde 2005, vem recebendo uma quantidade enorme
de acervos de órgãos federais sobre o período da ditadura. Então, a idéia é integrar os arquivos públicos
estaduais que são detentores de [documentos do] DOPS, depois os centros de documentação de universidades
que tem arquivos privados de interesse para estudar essa temática. A equipe de TI da Casa [tecnologia da
informação do Arquivo Nacional] está costumizando o nosso sistema de informação com base na Norma
Brasileira de Descrição para um teste de alimentação on line pelas diversas instituições de um instrumento
padrão. Se isso dá certo, e é potencializado como instrumento, a idéia é que isso seja retrabalhado numa
plataforma..., por que ele está em uma plataforma proprietária, por isso é que ficaria aqui, numa plataforma livre,
para que as instituições possam trabalhar usando a Norma Brasileira de Descrição e a gente possa integrar em
um ciberespaço essa informação. Por que com isso, essa colcha de retalhos, que, às vezes, tem um paninho solto
aqui, um paninho solto aqui, se costura, por meio de um projeto específico, que depois pode, quem sabe, ser...
aumentar sua abrangência para outros fundos documentais que não seja disso. E, com isso, a gente cria uma rede
de cooperação, onde todo mundo é responsável por aquilo que alimenta. Só que alimentamos e temos um
vocabulário, de alguma maneira, comum, de cruzamento dessa informação.”
“Então, eu acho que os instrumentos que o Conselho vem aprovando, vem nos possibilitando que se
aplique, para determinados segmentos, a sua incorporação dentro do cotidiano dos diversos profissionais, normas
e reflexão, que são os produtos de pesquisa arquivística e de produção de conhecimento arquivístico. O negócio
não surge assim, Surge por que tem equipes que se dedicam, estudam, produzem, elocubram e estão fazendo
pesquisa arquivística, como você desenvolve qualquer produto científico para a sua aplicação. Então, eu vejo
nisso, que todos os instrumentos produzidos no âmbito do Conselho, de alguma maneira, eles têm, no seu
escopo, a questão da preservação e do acesso. Por que não adianta você ter acesso sem ter a preservação, e
também você tem que preservar com vista a instrumentalizar melhor esse acesso. Quer dizer, essa é uma visão
muito geral.”
Sobre orçamento do AN
“Se deu o seguinte. Havia uma previsão feita pela área de preservação de uma quantidade de recursos
para contratação de serviços de terceiros. E serviços de terceiros, a gente não pode fazer. Então, na realidade, a
gente até teve serviços de terceiros contratados pelo projeto da UNESCO, mas eu não posso contratar... Eu posso
contratar assim: um serviço de... Se eu pudesse contratar assim: um serviço tem início, meio e fim voltado para
uma coisa excepcional na área de preservação e que eu não tivesse recursos. Mas o que no orçamento se discutia
e se previa no bojo dele, era a contratação de serviços para terminar a organização de um acervo X. Então, como
esse recursos, nós tínhamos certeza que nós não iríamos utilizar voltados para esse fim, por que as equipes foram
contratadas pela UNESCO. Então, o dinheiro da UNESCO supriu esse recurso que estava na preservação e que
nós não poderíamos executar. Então, remaneja-se e vai para a gestão e administração do programa, o que é
melhor do que perder. A gente tem análise progressiva da aplicação orçamentária e a área que está com uma
certa dificuldade de uso, ou por que aquilo foi planejado além do que se podia, a gente tem que promover...
Alguns são feitos por decreto e outros são feitos com projeto de lei que vai ao Congresso Nacional para ser
remanejado, o que é sempre um risco. Então, nesse caso, nós não tínhamos ainda o concurso, nós tínhamos
409
equipes contratadas, e, na realidade, era o dinheiro que estava programado para fazer a contratação de uma
equipe para organizar o arquivo X, por que não tinha pessoal. Por que a gente só ganha reforço de pessoal, a
partir de agosto de 2006. No concurso foram aprovados 23. Por isso, há um remanejamento sempre que
necessário para que não haja perda, que pode vir... Por exemplo, se a gente conseguir desenvolver na área de
capacitação uma série de capacitação, de auto-capacitação interna, o que foi feito no planejamento na área de
desenvolvimento humano, se não vai usar, se remaneja para uma outra área que está mais necessitada. Por isso
que o remanejamento foi da área de preservação. Não que eles foram desfalcados, por que, na realidade eles já
estavam supridos, por outro mecanismo e nós precisávamos reforçar todas. Não foi ‘guindou da preservação’.
Saiu da preservação por que havia... a área estava suprida e não teria capacidade operacional de gastos e a gente
remaneja para que não haja perda.”
A outra questão do orçamento
“Em 2001, nós tivemos um grande investimento feito pelo Ministério da Cultura em equipamentos de
microfilmagem. É quando o Arquivo adquire microfilmadoras Zeutschel e havia possibilidade de contratação de
equipes que foram treinadas para a microfilmagem. A microfilmagem entra como um item de preservação. E aí,
as máquinas obsoletas saíram do ar e entraram máquinas com muito mais capacidade operacional. (...) Nós
importamos todo um parque de digitalização, de microfilmadoras, vindas da Alemanha... eram alemãs, mas
vindas de Portugal, por que vinha dentro do mercado comum e a gente comprava por preço pobre. Então aí,
foram contratadas equipes de microfilmadores, equipes de higienizadores, equipe de preparo de microfilmes, e aí
foi um boom. A gente tinha um prazo, mas é conseqüência disso, por que, na realidade, teve equipamento novo e
equipe contratada, equipes de preparo e equipes de máquinas. A gente tinha que ter não sei quantas bobinas de
microfilme produzidas conforme estava no escopo do projeto. Digitalizaram-se mapas... Enfim, foi o início do
programa de microfilmagem mais científica. Por que os nosso equipamentos ficavam mais tempo parados, por
que eram equipamentos, planetárias Kodak, que, quando quebrava uma peçazinha, não funcionavam. O mistério
está aí: dinheiro, equipamento e gente. E aí, pôde-se organizar acervos, botar acervo em seqüência,
microfilmagem em conjunto, em série, assim, numa linha de montagem. Tinha equipes para organizar, equipes
para preparar, controlar intelectualmente, e tome máquina. Por que as microfilmadoras modernas tinham
compensação de lombadas, o que era códice, se microfilmava com muito mais agilidade, nós tínhamos câmaras
planetárias para digitalizar mapas de até um metro e meio... E aí, foi o boom. Os mapas coloridos, enquanto os
escaners não chegavam, se contratou serviços para que eles fossem escaneados, os mapas, todos coloridos, por
uma empresa que montou uma parafernália lá no prédio F, no sexto piso. E por isso, o grande boom. Na
realidade, foi um crescimento espetacular, mas não foi milagre. Foi à custa de investimento mesmo, por que
esses eram recursos que nos chegaram em dezembro de 2000, e, como foram geridos pela Associação Cultural
do Arquivo Nacional, não voltavam para o tesouro. E a gente teve 2001 e 2002 para adquirir todo o material, que
é quando a obra também do Arquivo começou. A reforma começa em maio de 2001, e aí era pauleira para todo
canto. Depois, em 2002, vieram os recursos, orçamentários, mas geridos pela UNESCO, quando a gente contrata
equipes, até nós termos o concurso público. E aí, é um dinheiro estupendo, que nós temos dinheiro até hoje, que
vai rendendo... Por exemplo, essa obra no bloco F é recurso ainda remanescente disso, desse dinheiro. Por
exemplo, todo o fim de ano a gente tinha uma sobra de um milhão orçamentário, um milhão e duzentos que não
se gastou, transferia-se para a UNESCO.”
410
O AN na CC
“Eu não tenho dúvida, como já não tinha na década de 80, que uma instituição se projeta se ela está no
centro do comando, junto com quem tem poder, para bater na chapa e dizer: é isso. A ida para a Casa Civil... nós
também contamos com a ajuda dos titulares da Casa Civil, por que se não, nós não avançávamos. Quem plantou
a semente, muito bem plantada, foi o ministro Pedro Parente, que planta o Arquivo dentro da Casa Civil, e no
qual em sucessivas reformas e fases que discutiam a estrutura da Casa Civil, nós, conseguimos... De quando em
vez, aparecia a história: ‘Ah, eu acho que o Arquivo deveria...’ E aí, tínhamos que... Depois se convenciam de
que não era isso... Por que, o que eu dizia era o seguinte: aqui [na Casa Civil], o Arquivo promove a gestão, e
isso é um braço importante político para a própria Casa Civil, na medida em que o Arquivo tem tentáculos em
todos os ministérios. Ele tem lá, setoriais, não do Arquivo, mas do Sistema. Primeiro, não estruturado, agora
estruturado, mas o Arquivo tem contatos em todos. Então, para o Arquivo Nacional, orçamentariamente, de
visibilidade, eu não tenho dúvida de que nós não estaríamos neste patamar, hoje, se nós continuássemos no
Ministério da Justiça. Efetivamente. Estamos lá, por que também empreendemos coisas com uma relativa
competência. Por que também não pode ser só porque está lá, por que se você não tem diretriz para onde você
quer chegar, não adianta de absolutamente nada. Você pode estar no ministério mais forte, ter o melhor
orçamento, se você não tem visão, perspectiva do que você quer atingir, também não adianta nada. Tem, por que,
de qualquer maneira, o Arquivo conta com um corpo de servidores que, na sua maior parte, são extremamente
engajados na missão da instituição, defendem o seu trabalho, tem gosto de dizer o que fazem, para quando se
visita. Isso também é positivo, por que também uma administração não se faz só no gabinete, se você também
não tem um bom amparo dado por quem executa. Isso não significa que nós chegamos no patamar ótimo. A
gente tem de estar sempre buscando o melhor, a melhoria, as condições de melhoria. Por exemplo, todos os
investimentos que começam a ser feitos agora no F [prédio F] é para transformar os depósitos para que eles
tenham mais qualidade de preservação. E está dentro do escopo do programa de modernização do Arquivo, que é
esse projeto que está gerido com a UNESCO, que termina, infelizmente, em dezembro de 2008. E aí, fecha. Mas
aí, o Arquivo já terá feito os investimentos necessários para que ele possa ir conquistando, progressivamente,
ampliação orçamentária. Embora seja disputado no tapa, o orçamento, dentro da Casa Civil também, mas é
substancial a nossa melhoria orçamentária em relação ao que se tinha dentro do Ministério da Justiça. Todos os
ministros adoravam o Arquivo, mas dinheiro que é bom, nada.”
____________________
Entrevistado
Nome: CÉLIA MARIA LEITE COSTA Formação: bacharel em Serviço Social, especialista em Arquivos, mestre em Sociologia, doutora em História
Social. Atuou 30 anos no CPDOC da Fundação Getulio Vargas e atualmente é diretora técnica do Museu da Imagem e do Som do Estado do Rio de Janeiro.
Cargo / função entre 1995 e 2005 – conselheira do CONARQ representando o CPDOC, na quota das instituições que congregam profissionais que atuem nas áreas de ensino, pesquisa, preservação ou acesso a fontes documentais.
Entrevista feita em 21/11/2007, das 14h20 às 14h58 (38 minutos) Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a sua finalidade de formular a Política Nacional de Arquivos?
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• É praticamente um consenso, hoje, na Arquivologia internacional, que se preserva para acessar e se acessa com preservação. O que o CONARQ fez ou pode fazer em relação à preservação dos acervos arquivísticos governamentais brasileiros?
• Na 5ª reunião plenária do CONARQ (21 de maio de 1996) discutia-se a devolução para Ouro Preto dos documentos municipais que estavam custodiados no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte. A senhora ponderou que a questão não era de ordem técnica ou legal, mas de ordem política. Como a senhora vê a relação entre a preservação e as políticas públicas?
Respostas
“Quando o CONARQ surgiu..., eu participei já do primeiro CONARQ. O fato de Celina [Vargas do
Amaral Peixoto, diretora-geral do Arquivo Nacional entre 1980 e 1990] ter passado para o Arquivo Nacional fez
um pouco a ponte entre o CPDOC e o Arquivo Nacional. E, como eu era a cabeça da documentação do CPDOC,
eu fui coordenadora do setor, eu tive muito contato com o Arquivo Nacional, e logo cedo fiquei próxima do
Jaime e desse pessoal todo, participei das discussões do pré-projeto [para a criação do CONARQ], mesmo com a
Celina, ainda, no Arquivo Nacional. Quando saiu a legislação, que a gente começou a discutir em seminários, eu
estava nas cabeças, ali, participando de todas as discussões. Foi feito o convite ao CPDOC e eu fui indicada para
ser membro pelo CPDOC. Na legislação do CONARQ, tem a participação de instituições que congregam
profissionais que atuam na área de ensino, pesquisa, preservação e acesso. Minha entrada é por aí, Então, eu fui
conselheira do CONARQ... Atualmente, não sou mais conselheira, por que não estou mais no CPDOC, e o MIS
não integra... (...) Mas o fato é que não estou mais no CPDOC. A vaga que eu tinha lá era do CPDOC. Agora, eu
integro a Câmara Técnica. Aí, sim, eu estou como profissional. A Câmara Técnica de Descrição Arquivística.
Fiquei [como conselheira do CONARQ] até dezembro do ano passado [2006]. Nesse período, nós temos o que?
Onze anos de CONARQ? Treze anos... é, eu devo ter ficado uns oito anos. Uns sete, oito anos, de mandato,
assim, entra e sai... Agora, eu tive uma atuação grande nessa parte que eu te falei, de legislação e acesso,
sobretudo. Eu participei das duas Comissões de acesso à informação... Por que o CONARQ atua, sobretudo,
através de Câmaras Técnicas e Comissões especiais... Eu participei da Comissão de Acesso à Informação, a
primeira, logo, aquela que resultou no famoso dois mil [Decreto nº 2.910, de 29 de dezembro de 1998,
revogado pelo Decreto nº 4.553, de 27.12.2002, que estabelecias normas para a salvaguarda de documentos,
materiais, áreas, comunicações e sistemas de informação de natureza sigilosa, e dava outras providências.]
Aquele que Fernando Henrique defenestrou. E depois eu participei do outro, da consolidação da legislação, de
outra Comissão... Participei da Comissão sobre arquivos privados sobre a questão da classificação da
documentação de interesse público. E agora eu estou na Câmara Técnica de Descrição Arquivística.”
Sobre a PNA
“Eu acho que a gente saiu de um estado de total ausência de uma política pública nesse setor, e de... um
certo estado de... como é que eu diria... Uma ausência total de consciência sobre a importância de arquivos... As
pessoas não sabiam o que era arquivo, neste país. Então, era uma tarefa difícil. O Arquivo Nacional era uma
instituição sem nenhum prestígio. Uma instituição enfiada no Ministério da Justiça. A gente brincava, mas era
como se arquivo fosse um caso de polícia. E não um caso de informação, de subsídio para a ação do Estado, e
muito menos de memória, enfim. Eu acho que a gente andou léguas, mas tem muito para fazer ainda. Eu penso
que a gente começou, engatinhou, está engatinhando, ainda, no sentido de estabelecer políticas públicas, de
definir uma Política Nacional de Arquivos, por exemplo, por que hoje, bem ou mal, a gente tem uma legislação
para recolhimento da documentação. A gente tem tabela de temporalidade, ao menos para atividade-meio,
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funcionando em diversos órgãos públicos. Isso não tinha... Ah, por que falta isso, falta aquilo... Naquela época
não tinha nada disso. Nada. Eu lembro que há mais de dez anos atrás eu fui chamada, - o CPDOC estava nas
cabeças naquele tempo, e era uma loucura, por que chamavam a gente para ver documentação pública – eu fui
avaliar a documentação do Ministério da Fazenda. Eram dois ou três andares de documentos. O Arquivo
Nacional não tinha fôlego nem competência para enfrentar aquilo. Hoje, bem ou mal, o Arquivo ocupa esse
espaço. Tem dificuldades, por que ainda não tem um quadro técnico suficiente para... Eu acho que ainda não
ocupa uma posição de força na constelação do poder, mas acho que já é muito mais ouvido, muito mais
chamado para... E tem uma legislação em curso que está sendo... Tem coisas para serem feitas ainda, mas eu
acho que a gente andou. Resoluções, portarias, que são muitas.”
“Eu acho que [a Política Nacional de Arquivos] é precária, ainda. Ainda é precária, precisa fortalecer.
Sobretudo, eu acho que a gente precisa conscientizar o Estado da importância de uma Política Nacional de
Arquivos, importância do Arquivo Nacional como instituição dentro do Estado. Ainda tem que fazer muito, mas
o trabalho está começando, mas eu acho que existe. Existe e já tem uma diferença enorme de quando eu comecei
a trabalhar com arquivo há mais de 20 anos atrás. Então, eu acho que o papel do CONARQ, nesses dez anos...
Trabalhou como um louco, fez muita coisa. Aqui [mostra um encadernado], tudo isto é legislação. Discutida, de
qualquer forma, com diversos setores do Estado, com representações da sociedade civil... Quer dizer, a gente
pode fazer mil críticas, pode melhorar, mas não dá para dizer que não existe... um interesse, hoje, nessas
questões.”
Sobre preservação da informação governamental e o CONARQ
“Quando você trabalha com legislação de acesso, quando você trabalha com tabelas de temporalidade,
com a questão da avaliação, com comissões de avaliação dentro dos órgãos, quando você trabalha com
legislação para documentação eletrônica, eu acho que tudo isso é preservação da informação, dentro do Estado.
Esse conjunto de medidas... estou citando algumas, a gente pode ver e olhar aqui todas as portarias e
resoluções... Eu acho que há um trabalho feito nesse sentido, sim. A preservação da informação é isso. Agora,
existem, ainda, enfim, massas documentais a serem avaliadas, existe desinformação dentro de órgãos do governo
sobre essa questão... Claro que existe. Mas... tem muito para ser feito, mas eu acho que hoje a situação é
diferente. Eu me lembro que eu já discuti muito com o Zé Maria, inclusive, sobre isso, por que eu acho que o Zé
tem uma posição, assim, crítica... Acha que... Comissões de Acesso... Ele dizia, ‘Mas as comissões de acesso não
estão implantadas’. Mas não é verdade. As comissões estavam sendo implantadas, sim. Não em todos os órgãos
da administração pública, mas estavam... Você chegava... Eu me lembro que quando a gente foi fazer o censo,
aqui, no estado do Rio, por exemplo, quando não tinha comissão, eles realmente sabiam da existência e ficavam
preocupados por que eles sabiam que havia alguém do Estado que... Quer dizer, havia já um conhecimento da
questão. Só que veio a legislação do Fernando Henrique e derrubou um pouco o trabalho da gente. Houve um
pouco uma marcha à ré, aí, nesse sentido. Agora, a gente está começando a retomar isso. Eu acho que a atual
ministra da Casa Civil é mais aberta, do que a equipe anterior ligada ao ministro José Dirceu... é mais aberta para
essas questões todas. Eu acho que o Jaime voltou a ficar um pouco mais fortalecido como diretor do Arquivo
Nacional.”
Desvinculação do CONARQ
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“Isso é importante. Eu nunca vi com bons olhos essa vinculação. O Arquivo Nacional pode até ocupar a
presidência do Conselho, como instituição cabeça do sistema, mas não do jeito que é, que a legislação vincula.”
Voltando à preservação
“Eu estou entendendo a preservação, assim como você está colocando, como medidas políticas. Impedir
que a documentação vá para o brejo. Eu acho... na minha opinião, apesar de eu achar que o CONARQ tem
colaborado com a gente a preservar a informação... o CONARQ começou na década de 90, não esqueça... eu
acho que a documentação do Século XX é extremamente comprometida. Eu te confesso. Eu não sei se ela existe,
ou em que dimensão a gente tem essa documentação, sobretudo, a da segunda metade... Eu acho que muita coisa
foi recolhida... Não muita coisa, mas bastante coisa foi recolhida. Na época em que a Celina assumiu, por
exemplo, eu lembro que 18 quilômetros de documentação foram identificados e recolhidos. Depois, começou a
ser dar... eu não posso fazer tudo ao mesmo tempo... um vazio completo em termos de política do Arquivo
Nacional, de uma Política Nacional de Arquivos. Agora, eu acho que a segunda metade do Século XX... Não
sei... Não sei como é que andam as coisas agora por que não dá para você acompanhar tudo. Eu acho que o
Arquivo Nacional está começando a estar presente nas avaliações... Quer dizer, as comissões de avaliação estão
surgindo. Aqui e acolá tem uma documentação que está sendo recolhida... Mas não há uma política sistemática,
apesar de existir legislação, apesar de o Arquivo estar presente, há ainda muito...”
“A preservação está presente em tudo. Se você for ler os capítulos das leis, dos decretos, está lá:
preservar a informação, etc e tal... creio eu. Não precisa estar no enunciado da... acho eu. Por que, no final das
contas, tudo isso que se faz visa a preservar. Quando você... peguei por acaso [uma lei]... quando você cuida do
registro da fiscalização da atividade de microfilmagem de documentos, por exemplo, você regulamenta essa
questão, é visando o que? Microfilmagem no meio de uma política arquivística é visando preservar, sobretudo.
(...) Eu não sei te dizer por que a palavra [preservação] não aparece, mas se você for pegar cada uma [resoluções
e portarias do CONARQ], certamente, a preservação vai estar presente. E há a outra preservação, a preservação
física ela é objeto, inclusive, de uma Câmara Técnica, coordenada pela Ingrid. Que, aliás, tem feito um belo
trabalho. Mas, de fato, eu não sei te dizer por que... O CONARQ assina as resoluções e portarias, mas a
legislação sobre arquivo toda que você encontrar aqui, ela passou pelo plenário e foi encaminhada pelo
presidente do CONARQ para o Executivo... Todos os decretos... É, de fato, eu não sei te dizer por que [a
preservação] não aparece explicitamente. Eu sei que a preocupação está presente. Por que você faz isso tudo? É
claro que é para preservar. A própria Política de Arquivos é uma política de preservação. E acesso. A questão do
acesso, essa sim, aparece bastante, é bastante contemplada. E você não dá acesso sem preservar. E você acha que
isso [a preservação não aparecer explicitamente] nas políticas de arquivos? Se interfere...? Eu nunca pensei sobre
isso, para ser honesta. Para mim é tão óbvio que você trabalha no sentido de preservar...”
Preservação, política pública, orçamento
“Eu estaria mentido se eu dissesse que essa questão, do jeito que você está explicitando, tenha sido uma
preocupação minha em algum momento. Está tão embutido na minha cabeça. A preservação está tão presente,
que, para mim, quando a gente fala especificamente em preservação, eu estou pensando no ato de preservar
fisicamente. Da outra forma, a preservação da informação, ela faz sentido para mim automaticamente. Quer
dizer, minha preocupação com o acesso sempre foi enorme, mas é claro que a gente não pode acessar o que não
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está preservado, e que você preserva para acessar, para disponibilizar. Eu estou dizendo que eu nunca pensei.
Você está me colocando uma questão que eu vou começar a pensar agora. É possível que a gente pare para
pensar e veja que, de fato, é preciso que a gente coloque isso na ordem do dia. Você está fazendo alguma
comparação? Não sei. Como é que isso está na legislação, por exemplo, de outros países? Se isso aparece de
forma explícita. Aí, se você me disser: ‘ah, isso interfere’, a gente pode começar a se perguntar. É isso que eu te
falei, eu acho a documentação do Século XX complicada. Apesar de eu achar que foi feita muita coisa, mas essa
muita coisa que foi feita é uma gota d’água. A gente não tinha nada. São duzentos anos de atraso, em relação à
Europa, por exemplo. Quando a gente começou a pensar em políticas de arquivos neste país, a gente estava com
duzentos anos de atraso. Então, em dez, em quinze, que seja, não dá para se fazer grandes coisas. Eu acho que a
gente saiu, assim, do limbo. Saiu do limbo... estamos começando... há promessas... Este governo agora, com
todas as dificuldades que a gente teve, das heranças aí, das políticas do Fernando Henrique, agora, neste
momento da Dilma [Rousseff, ministra da Casa Civil] eu acho que o CONARQ e o Arquivo Nacional estão um
pouco mais fortalecidos. É a impressão que me dá. Apesar que há um ano que eu estou fora do CONARQ, não
estou mais acompanhando essas questões. Fui chamada pelo Jaime [Antunes, diretor-geral do Arquivo Nacional]
para integrar uma comissão... Agora, neste ano, em 2006, eu ter integrado uma comissão para estudar essa
legislação toda de acesso, pós o decreto do Fernando Henrique e enviar à Casa Civil uma nova proposta de
decreto, vamos supor, assim, provisório, a idéia que a gente incumbiu a [inaudível] enquanto se discute a idéia
de uma lei de informação. Eu acho que é isso que a gente tem que pensar. Sair dessa esfera de decretos e
começar a discutir uma lei de informação. Então, esses estudos, a gente mandou para a Casa Civil tem alguns
meses... Participei junto com a Ismênia Martins, Jaime... tem mais alguém... Não tem nada ainda alinhavado. Se
está, eu estou por fora. Eu acho, inclusive, que tem pessoas neste país que pensam esta questão... Tem um cara,
por exemplo, chamado Paulo Cavalcanti Filho, que é um advogado que foi do gabinete de Fernando Lyra,
quando era ministro da Justiça, que é um sujeito muito maluco, muito inteligente e que é muito preocupado com
essa questão e eu sei que ele tem um belo projeto de lei de informação, na gaveta, que nunca saiu da gaveta.
Apesar de ele ter sido chefe de gabinete do ministro, mas o Sarney não topou encaminhar a lei para o Congresso
[Nacional]. Ele vive me dizendo: ‘Célia, quando quiser é só me chamar e tal’. Eu acho que a gente tem de
chamar pessoas desse tipo, juristas e outras pessoas da sociedade civil e começar a pensar em uma lei de
informação para este país. Uma lei de informação ampla. Uma lei como a gente tem nos EUA, no Canadá, que
pegue toda a área do patrimônio, a área da cultura, de uma maneira geral.”
______________________
Entrevistado
Nome: MARILENA LEITE PAES Formação: bacharel em Biblioteconomia. Atuou como arquivista da Fundação Getulio Vargas durante 38 anos. Cargo / função entre 1995 e 2005: assessora do diretor-geral do AN para implantar o CONARQ e coordenadora
da Coordenação de Apoio ao CONARQ. Entrevista feita em 14/11/2007, das 14h05 às 15h31 (86 minutos) Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a sua finalidade de formular a Política Nacional de Arquivos?
• O CONARQ emitiu 25 resoluções, mas nenhuma sobre preservação. Qual a sua avaliação sobre o papel do CONARQ em relação à preservação da informação arquivística governamental?
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• A Lei 8.159, de 1991, o Decreto 4.915 (SIGA), de 2003, e a mais recente Resolução do CONARQ, a de no 25, de 2007, não incluem a preservação no conjunto de procedimentos e operações técnicas da gestão de documentos. Ao mesmo tempo, é rara na literatura da área a relação entre preservação e políticas públicas. Como a senhora vê o trinômio “preservação – políticas públicas – gestão de documentos”?
Respostas
Sobre o CONARQ
“A messe é grande, e os operários são poucos. Até segunda feira, eu já marquei com o Jaime, vamos
fazer uma reunião para fazer um balanço do CONARQ. Tem muita coisa... as Câmaras, precisam ser
reformuladas, por que as coisas mudam também. É complicado trabalhar no CONARQ. Por que? Por que esse
pequeno grupo que trabalha aqui para funcionar, o pessoal ajuda na ajuda na parte estrutural, mas, você vê, é um
espaço pequeno... Nós somos, atualmente, seis... agora a Adriana, que era da área de preservação, que veio para
cá... Na verdade, somos seis pessoas... um arquivista, mais dois novos, três... tem uma moça que ela está aqui,
que o MEC... ela pediu para vir pra cá... mas eu não sei... Ela não é arquivista, ela era da Imprensa Oficial, mas
quando acabou a Imprensa, ela veio para o Rio, que a família mora aqui... Ela veio para o Ministério da
Educação, mas não tinha nada que ela gostasse de fazer, então ela veio conversar com o Jaime, e o Jaime botou
ela no CONARQ e depois a gente vê uma coisa melhor... Temos então os três arquivistas, depois do concurso, eu
e dois agentes. E agora, a Adriana que veio para me ajudar. Então, a equipe é muito pequena, mas, na verdade, o
nosso grupão, mesmo, são mais de 150 pessoas, são cerca de 140, 150 pessoas envolvidas nas Câmaras Técnicas,
nas Câmaras Setoriais e os próprios conselheiros... só de conselheiros são 32 pessoas. Então, é um trabalho,
grande, difícil, a gente não para... E é aquela história, com o CONARQ... vão descobrindo o CONARQ, à
medida que a gente vai falando, você precisa ver... isso aqui é tudo e-mails que chegam. Tem arquivo público,
tem gente de consultoria, arquivos públicos de todos os níveis... E agora nós temos também muita consultas do
Judiciário (...)”
“Na área federal você tem o AN, é o grande órgão que pode dar normas, tem os arquivos estaduais que
podem baixar as normas no âmbito estadual, municipais a mesma coisa. No Judiciário não há subordinação
alguma. (...) Quem está fazendo mais consultas [ao CONARQ] são os tribunais do trabalho, a Justiça também
tem consultado, bastante. Já estão tomando também muitas iniciativas com relação aos seus arquivos, de
organização (...).”
Sobre a PNA e o CONARQ
“Essa é uma pergunta que não está acabada. Acho que esta pergunta não está pronta para ser
respondida. Eu até tenho aqui umas definições do teu trabalho sobre o que seja política. Por que? Eu estou
colecionando definições sobre política. O seu trabalho é sobre isso, não é? Eu estou muito interessada no teu
trabalho. Assim que você tiver terminado, eu gostaria de ver logo. Eu já tenho em casa algumas definições. Por
que esta é uma questão que eu tenho até com o Zé Maria, de vez em quando... Ele é um crítico ardoroso da
política. Ele acha que o Brasil não tem política, política de arquivos. Até em um dos eventos dos Congressos eu
disse... olha, Zé Maria, até é uma questão que eu gostaria que você me desse uma definição: o que é para você
Política Nacional de Arquivos? Por que até hoje eu não consegui achar nenhuma definição que me satisfizesse.
Por que? A gente abre a televisão e você vê... qualquer coisa neste país que está com dificuldade, que é difícil,
que não anda, eles dizem que é falta de uma política de. Então, você não tem uma política de transporte, por isso
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que as estradas estão do jeito que estão, você não tem uma política de educação, por isso que a educação está
nessa situação, não tem política de saúde, por isso a saúde está péssima... Tudo o que não dá certo, é por que
falta uma política. Aí eu pergunto: o que é política? Por isso é que eu estou colecionando. Isso aqui você tem de
misturar em um panelão, para fazer depois... eu não tenho também a definição de política. A minha cabeça está
aberta. Para mim, na minha cabeça... isto é puramente meu, não está baseado em nada cientificamente. É um
sentimento que eu tenho. Para mim, uma política não é uma missão, não é só diretriz, não é só norma, nada
disso... Não é nem missão, eu acho que é... Política para mim é um conjunto, é quase um sonho, sabe? Na minha
cabeça, é quase que um sonho. Por que o sonho... ele tem... você quer traçar um objetivo... é difícil você dizer
quais são essas partes que compõem o sonho, as várias etapas do sonho. Para mim, quase que um sonho. Por que,
realmente, é difícil. O Zé Maria critica muito isso, eu entendo até, mas... que não é só norma, que o CONARQ só
faz norma... Por que o CONARQ faz norma? Por que quando nós criamos o CONARQ os arquivos eram todos
depósitos, depósitos, arquivos acumulados, acumulados, e até hoje tem muita coisa que as pessoas não sabem o
que fazer, por que não tinha normas. As pessoas não sabiam como tratar os acervos, como fazer avaliação, como
fazer seleção, como classificar, como descrever... Eu até tenho um artigo que eu escrevi há muito tempo, eu nem
me lembro qual foi o artigo, o Jaime acho que tem também... durante muito tempo a gente pensava assim, o
Arquivo como se fosse uma grande Câmara Técnica, por que era a nossa expectação justamente de fazer
instrumentos, fornecer instrumentos de trabalho, para que as instituições tivessem como trabalhar, como dar
vazão a esses acervos que estavam sendo acumulados. A verdade é essa, não sabiam fazer... as pessoas não
sabem fazer classificação... Até utilizar a classificação, às vezes, até utilizam mal... mas fazer uma classificação,
as pessoas não sabem como fazer, misturam um pouco. Então, a gente tinha que dar uma orientação. Então,
nesse sentido, eu acho que a gente trabalhou, sim, muito tempo, perseguindo essa coisa para dar instrumentais de
trabalho para as pessoas. Por que, eu não vou dizer a você... a pergunta objetivamente que você fez, eu não sei
responder, se a gente está cumprindo, se não está... Eu acho, primeiro, o CONARQ não tem orçamento. Então,
como é que você vai fazer um certo tipo de planejamento? Você conta com que? Tem que contar com a boa
vontade do Arquivo que tem pela Lei a obrigação de nos dar assistência. Nós não temos quadro de pessoal. Os
funcionários são do Arquivo Nacional colocado à disposição do CONARQ. Então, essa é uma outra questão... aí
já é uma questão... eu penso assim, nós temos discutido... o Jaime também... O CONARQ, ele crescesse,
acabasse se transformando, ou seja, ele passasse a se vincular não mais ao Arquivo Nacional, mas vinculado à
Casa Civil, à ministra-chefe da Casa Civil... [Isso foi discutido em ata, mas não foi aprovado. Por que?] Pois é,
por que tinha um grupo... que até... a gente ficou com medo de mexer na Lei. Por que, por outro lado, a gente
sabia que tinha uma corrente de pessoas da nossa área, que não eram assim, muito da nossa... Tinham outra
maneira de pensar que estavam muitas vezes querendo aproveitar a abertura... ao se abrir outra vez a Lei, e o
resto começar a mexer na legislação. Então, realmente, foi estudado isso que você viu na ata. Deu-se assim uma
parada, por que nós sentimos que tinha esse monte de gente interessada em mexer na Lei. E a gente custou tanto
para ter uma Lei de Arquivos que, bem ou mal, eu acho que é uma lei didática, é uma lei que ainda segura muita
coisa, e que, se você abre de repente, enquanto a coisa não estiver mais consolidada, você corre o risco de
começarem a mexer nas leis, como mexeram nos nossos decretos todos de sigilo que eram tão bons, que
funcionaram muito bem durante muito tempo, mas que tinham pessoas interessadas. Quando tiveram
oportunidade, baixaram um decreto às escondidas, no final do governo, no dia 27 de dezembro, o Fernando
Henrique, que já estava no fim de governo e estava de saco cheio daquele general chato, assinou, mas foi
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esperto... ele apresentou um novo decreto que revogava aquele nosso que estava vigindo, que era muito bom, que
satisfazia, não era perfeito, mas era bom, estava dando conta... E introduziu... inclusive, contra a Lei... No Brasil,
acontece isso tudo: um decreto muda a lei. E todo mundo aprovar? Era uma coisa incrível. Eu já apresentei um
trabalho em um Congresso, no Glória [Hotel Glória, no Rio de Janeiro, sede do XI Congresso Brasileiro de
Arquivologia, em 1996] onde, em que eu falei... e isso que o presidente da mesa era o Secretário-executivo do
Ministério da Justiça ao qual a gente estava subordinada à época, e ele me disse ‘Isso é uma coisa muito grave
que a senhora está denunciando, a senhora encaminha”, eu já encaminhei, isso também já foi falado. Mas eu
estava tratando muito dos conflitos de leis. Vem uma lei, vem um decreto, o decreto manda que a lei e aí a coisa
atropela... É muito complicado. Então, nós ficamos com receio. De vez, em quando, nós mesmos, aqui, entre
nós, a gente conversa sobre isso. Qual seria assim, vamos dizer, que a gente pensaria que seria o melhor? Talvez,
seja... pegar o CONARQ e vincular à Casa Civil, à ministra, à ministra da Casa Civil e criar uma espécie de
secretaria-executiva, com orçamento, com área de pessoal etc. e que aí, sim, o secretário-executivo poderia ser o
diretor do Arquivo Nacional. Quer queira ou não, o Arquivo Nacional é uma instituição que ainda tem
penetração, goza de reputação, goza de visibilidade etc. E aí você teria autonomia. Por que? O que aconteceria?
O que a gente pensa? Quando eu apresentei isso... que a gente falava o seguinte... No CONARQ, nós temos uma
dificuldade, por exemplo, na hora de convidar as pessoas para serem conselheiros... O que está acontecendo?
Tem que ter um representante do Poder Executivo federal, além do Jaime, que por lei, o diretor [do Arquivo
Nacional] é o presidente do CONARQ, tem que ter dois do Poder Judiciário, dois do Poder Legislativo, dois dos
Arquivos estaduais e por aí vai etc. Quando você escreve para o órgão pedindo para designar um representante
do Poder Executivo para trabalhar, ser conselheiro, quem que eles indicam? É a diretora de um arquivo tal...
Ninguém indica um secretário-executivo de um Ministério, por exemplo. Poderia botar, por exemplo, o
secretário-executivo do Ministério do Planejamento, poderia ser não só o secretário, como o Comandante da
Marinha, do Exército, da Aeronáutica, sei lá... Por que não valorizam. Agora, se a presidente fosse a ministra-
chefe da Casa Civil, quando ela convocasse uma reunião, você acha que eles teriam coragem de mandar um
arquivista, um pobre coitado? Da Câmara, certamente, viria um deputado, do Senado, um senador, da Justiça, um
ministro... O nível... Por que? O CONARQ seria um órgão mais político, teria essa representação política, que é
importantíssima. Com a secretaria-executiva e com as suas Câmaras etc., você faria a parte técnica. Esse é um
sonho que eu também tenho. Não sei se a gente..., se vai ser possível. Ou aparecer um outro formato mais
interessante do que esse. Mas, se não é com esse nome, não é dessa forma, a conceituação na minha cabeça, que
eu penso, era isso. Quer dizer, a cúpula ser mais política, depois você ter os órgãos mais técnicos. Teríamos
órgãos técnicos. E esses órgãos produziriam os trabalhos técnicos. Aí sim, nós produziríamos uma política de
alto nível para levar à plenária do CONARQ que seria constituída dessas personalidades que aí teriam uma
penetração muito maior nos órgãos públicos. Eu digo isso, por que eu vejo a influência, que o Arquivo Nacional,
não o CONARQ, mas o Arquivo Nacional ainda tem muita influência. Por que? Na hora em que conseguimos
que o Arquivo passasse a Casa Civil, ele era um [inaudível]. Agora, baseado neste fato, eu fui a Alagoas dar um
curso lá, falei, falei, andei visitando autoridades, com um grupo que era muito bom, tinha historiadores... Era um
grupo grande, umas 20 pessoas. Pessoal da ANPUH, da Universidade (...) E o mais interessante é que foi um
trabalho ético, que ninguém fez nada à revelia do diretor do arquivo [do estado], que era um problema ético. O
que resultou disso aí? Eu fui em outubro, bem final de outubro, já tinha tido eleição, então já tinha ganho o
Teotônio Vilela Filho. Uma das visitas que nós fizemos, foi por sugestão da presidente da Casa de Teotônio
418
Vilela. Ela disse ‘Amanhã, nós vamos ter uma reunião com a pessoa que parece que vai ser indicada para a Casa
Civil do Governo [estadual]. Então era bom vocês terem uma conversa lá com ele’. Aí fomos o grupo todo
conversar com ele. Depois que todos falaram eu, disse ‘Eu fui visitar, ontem, o secretário de Educação e fiquei
muito preocupada com a situação do arquivo daqui do estado [Alagoas]. Por que? Se a educação não tem
dinheiro nem para ela, a cultura não tem dinheiro para ela, e a administração não está absolutamente ainda
interessada nos arquivos, você colocar o arquivo em qualquer uma dessas secretarias, não vai funcionar’. Então,
o Arquivo Nacional que está vivenciando agora esta experiência, depois de mais de cem anos subordinado à
Justiça, nós estamos sentindo a diferença. Como é que um órgão maior, dentro do âmbito federal, que tem que
baixar as normas de gestão, de procedimentos, etc., ele vai ser bem aceito pelos outros órgãos? Eles vão dizer:
‘Ele é do Ministério da Justiça, por que eu sou obrigado a seguir as normas que ele vai baixar?’. Se já estivesse
na Casa Civil, não. A Casa Civil engloba todo mundo. Não fica vinculado a uma determinada secretaria. Então,
eu digo, não é que a gente queira ficar perto do poder, não. O poder é muito bom. Mas não é por isso. É
absolutamente uma coisa técnica, funcional. Por que se não, não vai ser possível. Eu percebi que ele de vez em
quando escrevia algumas coisas, às vezes ele perguntava... E veio a ser mesmo o chefe da Casa Civil [do
governo do estado de Alagoas]. Na época, o governo ainda não tinha tomado posse. (...) E não deu outra. Logo
em janeiro, quando tomou posse, essa pessoa mesmo, chamou uma das pessoas do grupo, que já administrava o
arquivo do Judiciário lá, e convidou para ser o diretor do arquivo estadual. (...) O que eu percebo hoje é que
custa muito a desabrochar, esses anos todos, muita dificuldade, uma conquistazinha daqui, uma conquistazinha
dali, mas tudo muito suado, muito difícil. De repente, eu estou percebendo que as coisas estão ficando mais
ativas. Por exemplo, depois do Memórias Reveladas, o projeto que o Jaime tem, do Arquivo Nacional, com a
Casa Civil. Isso tudo são coisas que vão se somando.”
“De um modo geral, esses estados, alguns, São Paulo tem dinheiro, mas a maioria não tem, os
municípios não têm muitos recursos orçamentários. Então, na hora em que ele pega e vai construir uma pracinha,
não digo nem uma escola, antes fosse, mas vai construir uma praça, uma ponte, tem muito mais visibilidade do
que dar dinheiro para arquivo. (...)”
“Agora, você veja, o CONARQ... Eu até gostaria mesmo que o Zé Maria me desse uma definição de
política dele. Eu não conheço. Confesso que não conheço. Eu queria entender um pouco o raciocínio dele
quando ele se refere a essa falta de uma política. Eu gostei do que você escreveu aqui [mostra uma transparência
minha de uma aula que dei no AN sobre preservação e políticas públicas], que envolve, por que é o que sinto na
prática. E agora, eu também tenho que ver, eu sou obrigada a reconhecer que é lento o trabalho, é lenta
metamorfose, mas como eu disse as coisas vão se juntando. Até pelo o apelo que elas mesmas têm. Por exemplo,
Memórias Reveladas tem um apelo todo especial, esse projeto que o Arquivo Nacional está fazendo com a Casa
Civil. O interesse da Casa Civil de recolher toda essa documentação sigilosa toda do país. Estamos fazendo
convênios com todos os estados para o recolhimento de documentos. Quer dizer, não é recolhimento, é para a
criação de uma rede com os DOPS, uma rede de informação, com os aparelhos de repressão, com DOPS etc. Já
estão sendo assinados alguns convênios com os estados, como os governadores dos estados, por que são
secretarias dos estados. E, com isso tudo, movimenta, isso tudo mexe. As pessoas começam a ver o trabalho,
também... As pessoas não têm noção do que é um trabalho de arquivo. Pensam que é guardar papel. Então, eu
acho que são várias coisas que vão dando visibilidade. Eu acho que quando começou o CONARQ, o Arquivo
não tinha a visibilidade que tem hoje, o Arquivo Nacional. Eu acho que o CONARQ deu uma visibilidade ao
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Arquivo Nacional. Por que? Não é que a gente trabalha bem, que a gente é respeitada... Não. É que o trabalho do
CONARQ não é interno, o trabalho do CONARQ é para fora. Nós temos representantes... o nosso trabalho é
para fora, não é para dentro. Para dentro, também, mas, basicamente, para fora. Então, começou a aparecer com
a base de dados da gente... Até o outro dia a Denise estava dizendo, a gente vai a alguns eventos e o CONARQ,
às vezes, é até mais conhecido do que o Arquivo Nacional. É a estrutura do próprio CONARQ, ele foi criado
para ser esse contato para fora, e o Arquivo recebe as coisas. Se bem, que também orienta na área do Poder...
[Executivo]. Então, eu acho que... agora, não. Agora, eu acho que já houve uma sintonia, quer dizer, o CONARQ
deu visibilidade, agora o Arquivo também dá visibilidade para o CONARQ. Então, já está havendo uma
simbiose disso, e está sendo mais respeitado... Até pela Justiça. A Justiça agora sempre chama a gente. O
CONARQ e o Arquivo. Agora, a política, para fechar. O dia que eu chegar a uma conclusão eu dou prioridade a
você para dar a minha definição. Eu acho que tem ainda um caminho para fazer. As coisas estão muito... Eu não
sei se você acha isso também em relação ao que falei de que a política é tudo nesse país. Eu também acho que
não tem um consenso muito grande. Tudo o que eu já li de política... Eu confesso a você que eu termino como
comecei, sem tirar conclusões que me satisfaça. A única coisa que me satisfez um pouco mais foi este teu
trabalho aqui. Que mais se coadunou com o que eu penso. E se você ler algumas dessas definições aqui, é, mais
ou menos, o que o CONARQ faz: ... [lendo a transparência] ‘um processo de tomada de decisões, mas, também,
o produto desse processo’ [Wildavsky, 1979], ... ‘conjunto de decisões inter-relacionadas, concernindo à seleção
de metas e aos meios para alcançá-las, dentro de uma situação específica’ [Jenkins, 1978]. De certa forma, a
gente atinge essas metas.”
Resoluções CONARQ sem a preservação
“Bom, depende do termo. Se você está falando de avaliação, você está falando de preservação. Ou não?
Você está falando de preservação física? Aí você tem que falar com uma especialista da área. Você fala da
preservação em que sentido? Da Preservação física? Do documento? Climatização? Essas coisas? Nós temos um
trabalho que foi publicado pelo CONARQ. Geralmente, quando a gente faz um trabalho, a gente faz uma
resolução para ser adotado... Esse eu nem sei se foi feito. Eu nem me lembro mais. Especificamente, no sentido
de: os arquivos devem ser climatizados, devem ter tanto de temperatura, resolução, nesse sentido, eu acho que a
gente não tem... Mas nós temos um livrinho sobre isso. Eu acho que isso vai crescendo de acordo com a
evolução da mentalidade sobre gestão de documentos. A preservação... a gente não pode dizer que uma é mais
que a outra... eu acho que elas têm de caminhar juntas. Mas a preservação, às vezes, envolve recursos também:
equipamentos, contratação de pessoal especializado... Mesmo o próprio equipamento mais sofisticado, redes de
informação... exige uma certa especialização. E aqui no arquivo tradicional é mais o funcionário, ou o arquivista,
o técnico, que organiza, acondiciona, bota na pastinha, guarda... Pode até estar muito bem guardado. Mas,
quando você entra na fase realmente da preservação que vai decidir desde a construção, que envolve você
construir ou adaptar prédio específico sobre arquivo e aí entram as coisas mínimas de conservação, temperatura,
umidade, o tipo de material de embalagem, tudo. Então, eu acho que... eu não vejo você trabalhar a preservação
separada de gestão. Eu acho que essas duas têm de caminhar juntas. E isso, de certa forma, também está
relacionado com essa falta de recursos, essa falta de sensibilização dos políticos, das pessoas que poderiam
ajudar a baixar as normas ou receber as sugestões da gente para baixar uma determinada, e aprovar isso e tocar
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para frente... É uma questão também de sensibilização, que custa muito, ainda custa, mas eu acho que elas têm
de caminhar juntas.”
Sobre preservação na gestão, na Lei – SIGA – Resol 25
“É por que na gestão entra a preservação. Não está explícito na definição, mas deveria estar explícito. A
preservação é uma etapa, é uma operação, vamos dizer assim, da gestão. Tem tantas outras coisas... A própria
avaliação de documentos, que é o que tem de questão que vêm para cá. A preocupação grande que a gente tem
aqui hoje é com a preservação. É muito, muito forte. Com a preservação, não... com a avaliação. Aí, a
preservação no sentido de guarda. Eu vou até fazer uma releitura para ver isso e se for o caso, a gente, quer dizer,
na próxima vez que fizer, a gente fazer até uma correção de rumo disso. Por que na definição da Lei tem, entra
preservação, quase como se fosse uma coisa natural. Eu sei que você está dizendo que teria de ser uma coisa
específica. A nossa preocupação muito grande é com a avaliação, que acaba dando, vai bater na preservação do
acervo, mas não nesse sentido físico. A preservação do acervo para guarda. Então realmente, isso... mas não é
que não seja dado importância. O Arquivo Nacional trabalha muito nessa área de preservação... integrada à
gestão. A nossa Coordenação de Preservação, hoje em dia, tem uma força e uma infra-estrutura de equipamentos
e de pessoal especializado muito grande. É muito forte”
Preservação e políticas
“Eu não sei bem o que você está pensando... Eu acho que esse conjunto de resoluções, mesmo que não
esteja explicitamente citado isso, no fundo, no fundo, a intenção disso é o cuidado de preservar a memória
nacional, nesse sentido. Por que? As coisas ficam jogadas nos depósitos, por várias razões, ou políticas ou de...
Os políticos não têm sensibilização, não dão prioridade, quer dizer, arquivo não é prioridade, até para recursos,
para ações governamentais, nada disso. Mas tudo que a gente faz no CONARQ, a nossa idéia é a preservação do
patrimônio documental. O nosso interesse nos arquivos municipais, uma cartilha que nós fizemos, é a
preservação, sempre voltada para a preservação do patrimônio documental do país. Pode não estar escrito lá na
resolução que a preservação..., mas todas as ações são voltadas para preservar. O medo e o perigo que os órgãos
estão correndo se não preservarem a documentação. É a preservação... então, tudo o que tem que ser feito, é para
a preservação. A preservação é o principal. Você tem que preservar para dar acesso. Para mim, esse é o ponto
chave, dar acesso. Para mim..., em aula mesmo eu costumo dizer, a mim não me interessa se a fichinha está
bonitinha, se está feia, se está num pedaço de papel aproveitado, é claro que a gente quer que tudo esteja bem
organizado, bonito e tal, mas se você não tiver material e tiver que aproveitar papel para fazer uma ficha bem
feita, bem estruturada, com as informações, isso é o que importa. Eu acho que a palavra ‘arquivamento’ não
devia ser usada, devia ser ‘achamento’. Por que eu acho que tudo que se faz em matéria de arquivo só tem um
objetivo: preservar para dar acesso. Preservar e, quando eu digo preservar, inclui, preservar, descrevendo
corretamente, para dar acesso, a disponibilização pelos meios de divulgação que a gente tem hoje disponíveis.
Então, às vezes, é difícil você definir, por que eu não vejo preservação separada. Eu vejo junto. Acho que
precisava ficar explícito. Eu vou fazer uma releitura e vou ficar atenta nisso. Mas, como matéria, modo de
pensar, como eu vejo isso, eu não consigo separar essas coisas. Eu vejo tudo muito junto. Mas eu priorizo o
acesso. Quer dizer, você preserva, preserva bem para você dar acesso. Mas para dar acesso, você tem que
localizar com rapidez, para isso você tem que ter rede, aí você tem que usar computador, tem que usar
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microfilmagem, usar a digitalização, tudo o que você puder usar de tecnologia... Não para substituir. Aí entra a
preservação. Um outro aspecto também, é que as pessoas, ultimamente, estão com muita mania da digitalização.
E digitalização para eliminar os documentos originais. Como se a digitalização fosse perene, perpétua etc.
Então, é nessa hora que a gente já está pensando na preservação. Você digitaliza, sim, mas se for para facilitar o
acesso. Para agilizar o acesso, é bárbaro, mas você não vai eliminar o original. Então ela é válida. Mas é curiosa
essa sua observação, eu vou dar uma releitura, dessa questão explícita. Existem muitos documentos... quando a
gente escreve, quando a gente fala, fala muito nisso, a preservação do patrimônio documental do país. (...)
É a questão da coisa implícita. Quer dizer, você faz a eliminação, elimina aquilo que já é considerado, aquilo que
não tem mais interesse, e você recolhe aquilo que é para ser guardado, por que é patrimônio documental. Você
só recolhe por isso. Mas tem que ter, sim... Que os arquivos correntes discriminassem... Tem que ter
preservação. Com certeza. Isso tem na nossa cabeça, mas não está materializada em uma coisa escrita. A minha
filosofia é que se você organiza bem o arquivo corrente, o arquivo permanente sai de graça. (...) O arquivo
permanente é o mais charmoso, é o lugar onde você recebe os especialistas, o pessoal que está fazendo tese, os
doutores, quando você fala em arquivo corrente, a pessoa pensa que é um trabalho menor. (...) Se você não
cuidar dessa documentação que está chegando todos os dias... Às vezes, as pessoas convidam você para
organizar o arquivo permanente, ‘estou com um arquivo acumulado...’. Aí, a primeira coisa que eu pergunto é
‘como está o teu arquivo corrente? Você tem normas? Como é que funciona? É classificado, não é classificado?’
Eles falam então ‘Não, não é não’. ‘Então você vai esperar um bocadinho, eu vou primeiro dar uma acudida no
arquivo corrente.’. Se não, você fica sempre organizando o arquivo permanente e nunca vai chegar ao fim do
trabalho. (...) A gente dá uma olhada, bota uma equipe, até treina e aí é que vai para o permanente. Eu gosto de
relacionar o arquivo com a vida do ser humano. Eu acho que o arquivo é um reflexo do ser humano. (...) Mas eu
vou ficar atenta a essa observação. Em alguns trabalhos que a gente faz, a gente fala muito na preservação do
patrimônio documental como objetivo final. O objetivo é preservar para você poder dar o acesso.”
“(...) O pessoal pede muito a opinião do Arquivo. Mas eu não sou o CONARQ. Eu sou coordenadora do
CONARQ, um órgão de apoio. O CONARQ é o plenário. E eu não posso falar em nome do plenário, nem Jaime.
Agora, quando pedem opinião... a Lei diz isso, o decreto diz aquilo, a gente não está interpretando, a gente está
só mencionando a legislação, mas chegou a um ponto, e é outra coisa que virou moda hoje em dia, a propósito da
preservação, principalmente, nos arquivos dos tribunais... Como está suspensa a vigência desse artigo que dizia
para queimar depois de cinco anos, mas a Justiça do Trabalho, mesmo depois que foi suspenso esse artigo do
Código de Processo [Civil], eles fizeram uma legislação específica para a Justiça do Trabalho, nos mesmos
termos que estava no Código. Então, eles continuam até hoje... [queimando documentos após cinco anos], por
isso que foi boa uma reunião na Justiça do Trabalho... As próprias pessoas da Justiça do Trabalho, horrorizadas,
muitas jogando fora por que a lei diz que depois de cinco anos pode queimar... A documentação judiciária é
muito mais volumosa que a do Poder Executivo. Nem se compara, a do Judiciário é muito maior. Por isso é que
eu fui falar, fiz um histórico dessa confusão toda. (...) Este aqui é um projeto aqui que já foi aprovado pelo
plenário do CONARQ e já foi encaminhado para a Casa Civil. É sobre o arquivo da Justiça. Este projeto foi
elaborado pelo CONARQ. Fomos nós aqui da Coordenação com a participação do pessoal da Câmara Setorial
dos Arquivos do Judiciário. Nós demos um grande empurrão neles. Eles fizeram isso há muito tempo, antes de
ter a Câmara. [O Judiciário] tem dois representantes [no plenário do CONARQ], mas participam pouco.
Algumas, você pode até ver na época disso aqui, até aparecem um pouco... Isso aqui está aprovado tem uns três
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ou quatro anos... Só que no dia em que foi aprovado... Quando foi aprovado, alguns conselheiros sugeriram,
como isso aqui envolviam os órgãos da Justiça, quem sabe não seria mais político, a gente podia encaminhar ao
Supremo Tribunal Federal, que embora não seja um órgão de cúpula, mas é um órgão maior, que ele pode
também encaminhar ao Congresso Nacional a legislação, o que poderia dar mais força por que era da área deles,
da Justiça e tal... Mas ai ficou lá rolando, rolando... Também por que... Era o que eu dizia no início... Que
quando você tem representantes de um Poder que são arquivistas, é o diretor do arquivo daquele tribunal, ele não
tem, muitas vezes, como aqui neste caso, o topete de chegar ao presidente do... ele é funcionário do tribunal, e
pedir para o presidente para recebê-lo que ele quer discutir um assunto. Ele vai fazer isso? Não vai. Por que, a
Justiça também é um pouco tensa. E eu dizia para o rapaz, o representante: você não vai dizer que você é o
Marcelo, que é funcionário do tribunal. Você vai pedir ao gabinete uma entrevista para o presidente da Câmara
Setorial de Documentos de Arquivos do Judiciário, que quer discutir isso com ele. E você tem que chegar lá, se
ele receber você, você não vai que falar como funcionário: ‘Eu sou o presidente da Câmara Técnica. Nós
estamos com este processo, viemos saber...’. Isso seria o ideal. Mas ele não tinha, eu ficava com pena coragem,
mesmo, acabou que isso ficou lá cozinhando, cozinhando... Quando eu perguntava, ele dizia ‘Ainda não chegou
resposta’ e tal... Aí chegou uma hora eu disse: Olha, Jaime, quer saber de uma coisa, já tem três anos essa
moleza, vamos pegar encaminhar pelos trâmites normais pela Casa Civil. E fizemos isso no começo deste ano
[2007] e agora em junho, julho, eles responderam da Casa Civil que como a matéria diz respeito a documentos
do Judiciário, que eles gostariam de ouvir a Controladoria Geral, a Advocacia Geral da União... três órgãos. Até
hoje não tivemos uma resposta. Aí, de vez em quando, a gente dá aquelas catucadas, quando a gente vai ter uma
reunião, em tal data, isso assim... Escreve para a Casa Civil, lógico. Será que não teria condição de pedir e tal.
Durante muito tempo, o que prendeu foi exatamente... Isso aqui que é importante. Por que na Lei diz que quem
vai autorizar as tabelas de temporalidade são as instituições arquivísticas das esferas de competência. Então, se
for um órgão federal, tem de ser o Arquivo Nacional, se for um órgão estadual, é o arquivo do estado, se for
municipal, arquivo municipal... Caso não tenha arquivo municipal, aí até pode ser o arquivo do estado. Mas na
Justiça não tem essa instituição arquivística que represente. A Justiça é muito autônoma. Então era isso que
estava faltando. Então, a gente pegou cada tribunal e estabeleceu quem é que ia fazer. Serão aprovados pelos
seguintes órgãos: Supremo Tribunal Federal fará aplicação no seu âmbito de competência; Supremo Tribunal de
Justiça... de acordo com a hierarquia dele. Então, esse é um trabalho também do CONARQ que está andando.
Esse apareceria, principalmente, por que pressiona os arquivos do Judiciário a querem doar para as
Universidades, que eles tinham separados para eliminar. A teoria é a seguinte: já que vai eliminado, então por
que eles não podem dar? Por que aí os alunos aproveitam. Aí, vai entrar o que? Sigilo. Por que, nesses
processos... Agora, não pode nem queimar, por que a lei não permite... A lei de meio-ambiente. Eu não posso
responder, interpretando. O Jaime também não pode. Então, pela experiência em que eu estou nessa história, às
vezes, eu não dou por escrito, por que por escrito é uma coisa. Aí, eu peço para a pessoa me ligar, aí eu dou
orientação por telefone. eu digo: ‘Olha, isso aqui é uma opinião pessoal minha. Eu acho que é assim, assim, eu
estou orientando você.’ Aí um dia eu cheguei e disse: Jaime, o que você acha de eu fazer um parecerzinho, e a
gente leva o parecer ao CONARQ. Se eles aprovarem, amanhã ou depois eu encaminho para as pessoas. Não é
meu, é do CONARQ, aprovado. E assim fiz. E eu trabalhei... falando em preservação, olha aqui [mostrando uma
cópia do parecer]. Está embutido, eu não me lembrava. Acaba repetindo o artigo da Lei [8.159, que ao definir
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gestão, não inclui a preservação como um dos procedimentos ou operações técnicas. Passa a detalhar o parecer].
(...)”.
“Eu acho que a gente não pode dizer: ‘Ah, por que eu sou do CONARQ...” Eu falo muito das atividades
do CONARQ, que eu acho que realmente, nós temos prestado muito bons serviços. Eu acho que vale a pena. Eu
não estou dizendo com isso que nós somos perfeitos, por que eu acho que tem muita coisa por fazer. Agora, eu
acho que é importante a teoria, mas às vezes, a gente é obrigada a dar mais atenção até para a prática do que para
a teoria para salvar os acervos. Por que tem muita coisa para fazer, eu não tenho a menor dúvida. Agora, eu
continuo pesquisando o que é a política arquivística.”
___________________
Entrevistado
Nome: INGRID BECK Formação: bacharel em Museologia, especialista em conservação e restauração de documentos, mestre em
Ciência da Informação. Cargo / função entre 1995 e 2005: presidente da Câmara Técnica de Conservação de Documentos do CONARQ
(1995-2007) e chefe do Laboratório de Conservação e Restauração do Arquivo Nacional, depois, coordenadora da Coordenação de Preservação do Acervo do Arquivo Nacional até 2000, quando se aposentou.
Entrevista feita em 13/11/2007, das 10h45 às 11h35 (50 minutos) Questões apresentadas
• Em que medida o CONARQ cumpriu com a sua finalidade de formular a Política Nacional de Arquivos?
• O CONARQ já emitiu 25 resoluções, mas nenhuma sobre preservação. Qual a sua avaliação sobre o papel do CONARQ em relação à preservação da informação arquivística governamental?
• No Brasil, predomina a idéia que a preservação dos arquivos é uma questão técnica. Como você vê a relação entre preservação e políticas públicas?
• Os Relatórios de Atividades do Arquivo Nacional e o OGU usam a expressão “acervo preservado” ou “documento preservado” para se referirem aos resultados alcançados. Nesse sentido, o que significa um “acervo preservado”?
Respostas Sobre o CONARQ, a Política Nacional de Arquivos, a Câmara Técnica de Conservação do CONARQ, preservação “Eu posso falar da minha área [da preservação]. Eu vejo toda essa demanda não atendida. Não estou
nada satisfeita. Nós estamos apenas começando. A dificuldade é enorme. O CONARQ tem um grupo de pessoas
que trabalham dentro das suas possibilidades. Todos têm seus próprios trabalhos, suas próprias instituições, as
suas cobranças... O trabalho para o CONARQ vai ser... essa colaboração vai ser dada na medida que a pessoa
tenha condições, que tenha tempo, tenha possibilidades... Ainda temos a dificuldade das pessoas que vem fora do
Rio de Janeiro... O CONARQ não dá o apoio para passagens, estadia, quando vem pessoas de fora... É sempre
uma grande dificuldade conseguir esse tipo de apoio... Eu não sei como isso funciona com os conselheiros, se
existe algum apoio, mas com os membros da Câmara Técnica para a movimentação deles, transporte, estadia,
não existe apoio. Por essa razão, como eu tenho, sempre tive pessoas de fora do Rio de Janeiro, trabalhando,
colaborando nesse trabalho, pessoas muito ativas em alguns casos, eu resolvi começar a trabalhar apenas por
correio eletrônico, passando textos, repassando, passando tarefas, e conseguimos dessa maneira, formular este
segundo caderno [mostra “Recomendações para a produção e o armazenamento de documentos de arquivo”,
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2005], que este primeiro [mostra “Recomendações para a construção de arquivos”, 2000] foi feito ainda quando
eu estava trabalhando no Arquivo Nacional, que é uma orientação para a construção e reforma de edifícios de
arquivos. Posteriormente, nós elaboramos este que está associado a toda a questão da preservação junto à gestão,
a segurança e gestão dos acervos. Mas, na verdade, este trabalho, ele foi apenas uma estrutura... A minha
intenção nem era que ele fosse publicado, eu queria que ele estivesse disponível on line para ele receber
críticas... E isso é apenas uma estrutura, por que ele não tem sentido... ele não é aplicável se você não tem toda
uma metodologia associada a ele. Por exemplo, com relação à parte de produção e acesso [lendo] ‘Nos processos
de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados específicos, de acordo
com os diferentes gêneros documentais...’. Isto tem estar associado exatamente à parte de produção, tramitação...
à metodologia. Isso é somente a parte da aplicação dessas recomendações. Toda a parte de aplicação das
recomendações, por que isso é um guia de recomendações, e se refere à prática do armazenamento, é à prática
mesmo. Ele se relaciona à melhoria das condições ambientais, à questão da implementação de ações... Só que
quando você diz monitoramento... o monitoramento, ele precisa, em primeiro lugar, ter um conceito associado a
esse termo e uma metodologia de monitoramento. A parte de acondicionamento, a mesma coisa, de manuseio,
transporte, e assim... Falta um item aqui, que é a parte das condições de higiene dos acervos... Estou falando de
questões práticas. Este manual trabalha a questão do tratamento do acervo, da prática de conservação associada à
gestão, à toda a tramitação do acervo, como deve ser feita... Agora, eu sei que a sua preocupação está com a
política. E eu acho que nesse ponto o CONARQ ainda não fez muita coisa. Eu não sei se... por exemplo, a parte
de preservação documental, você acha que a política está contemplada? Uma política de preservação
documental? Você considera satisfatório? Pois é... então, da minha parte, eu posso te dizer que nós [da Câmara
Técnica] tivemos dez anos em que nós trabalhamos não só pelo CONARQ, mas pelo Projeto Conservação
Preventiva em Bibliotecas e Arquivos..., fizemos um trabalho de conscientização... Hoje em dia existe uma
consciência de preservação, as pessoas entendem melhor o que é preservação, no sentido mais amplo... Mas não
sabem como implementá-la. Mesmo essas ações... eu sinto a dificuldade enorme, mesmo que elas estejam de fato
associadas à metodologia que garantiria uma certa orientação para a aplicação, monitoramento de condições
ambientais, que leva à melhoria de condições ambientais... Mas atrás disso tem de haver, por parte da instituição,
uma política, que oriente essas ações, que estabeleça parâmetros, que estabeleça diretrizes, que dê uma
normalização adequada à realidade da instituição, que seria a política institucional. E o CONARQ ainda não
trabalhou nessa questão. Nem na da preservação dos documentos em suporte papel, suportes tradicionais... Eu
acho que, assim, como há dez anos atrás, nós não sabíamos sequer o que era preservação, só se entendia uma
palavra chamada “restauro”... Hoje em dia a gente entende a preservação como uma ação completamente
abrangente, e impregnada dentro das diferentes ações da Arquivística... Nós ficamos na questão da prática, da
boa prática, do fazer, e não estamos preocupados... E não vamos conseguir implementar nada disso, na verdade,
por que nós não cuidamos de uma outra questão que se chama ‘política’.”
“Você tem toda razão, da sua preocupação... Eu acho que o seu trabalho vai nos ajudar enormemente a
esclarecer essa questão.”
“Nós temos, por exemplo, algumas iniciativas, por parte de instituições que querem implantar um plano
de desastres. Então, essas instituições vão pesquisar outras instituições que já tem um plano de desastres... Você
acredita que nem instituições do porte de Arquivo Nacional, de Biblioteca Nacional, têm um plano de desastres
escrito? E muito menos, um plano de preservação, e muito menos, o que vem acima disso, que é uma política
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institucional de preservação, que abrangeria isso tudo, que daria as diretrizes, que estabeleceria em que níveis
deveria haver a integração de todas as áreas de tratamento arquivístico com a preservação... Então, não existe, na
verdade, uma política de preservação. Nós temos isso já bastante disseminado... Eu posso citar, por exemplo, a
política nacional... a política de preservação dos arquivos da Austrália, da Nova Zelândia, do Canadá, do Reino
Unido, dos EUA... Esses países já têm uma política de preservação. Está ali, com todos os conceitos para que
possa ser entendido o que é preservação, as suas diferentes ações, a quem cabe a responsabilidade pelas
diferentes seções desse grande trabalho de preservação. E essa política de preservação, se ela for incorporada
pela instituição, aí sim, a instituição adquire ferramentas de fato para instrumentalizar, planejar, implementar, ir
aos detalhes técnicos, a metodologia, estabelecer o escopo do trabalho, estabelecer a diversidade do trabalho, os
diferentes níveis de profissionais que estão envolvidos nisso, os planos cooperativos interinstitucionais... Então,
eu acho que nós temos muito o que fazer.”
“E eu acho que nós temos de ter uma outra estrutura no CONARQ para trabalhar. Eu senti uma enorme
dificuldade depois que eu saí do Arquivo Nacional para continuar trabalhando. Em vários momentos eu sugeri
que a presidência [da Câmara Técnica de Conservação de Documentos] do CONARQ voltasse para uma pessoa
de dentro do Arquivo Nacional, que fosse do Arquivo Nacional, do corpo, da equipe... Por que teria mais
disponibilidade... Eu poderia colaborar perfeitamente como membro da Câmara Técnica, mas, como presidente,
não estando dentro do Arquivo, eu não tenho mais acesso a uma série de facilidades que eu tinha antes para levar
esse trabalho à frente.”
Sobre o vínculo do CONARQ com o Arquivo Nacional “Eu acho que, se o Arquivo Nacional tivesse uma estrutura específica para isso, tivesse um orçamento
para isso [para o CONARQ], este estaria muito bem no Arquivo Nacional. Você veja, nos EUA, o Arquivo
Nacional dos EUA, toda a questão normativa está dentro do Arquivo Nacional dos EUA. O Arquivo Nacional
dos EUA assina os termos de qualidade técnica dos serviços, ele é responsável pela normalização. Eu acho que o
Arquivo Nacional [do Brasil] poderia fazer isso no âmbito federal, desde que ele tivesse realmente um
orçamento, uma estrutura mais adequada para isso. Eu acho que a estrutura não é adequada. Não é satisfatória. A
gente não tem o apoio. Nós estamos realmente trabalhando com orçamento zero. É o meu e-mail, é o meu
telefone, é o meu papel, é tudo meu, meu e dos meus colegas [de Câmara Técnica]. Isso ainda é suportável, mas
trazer um membro de fora, já é impossível. E é muito complicada a questão de vocês conseguir patrocínio. Por
que no momento em que você está numa fase de definição de políticas, de definição de procedimentos, você ter
patrocínio por empresas, a gente acaba se sentindo, de certa forma, constrangido. Uma sensação de que poderia
haver um favorecimento, ou qualquer coisa assim. E eu estou muito, muito insatisfeita com o que eu e minha
equipe produzimos até agora. Muito, muito insatisfeita. Acho que nós poderíamos ter produzido mais, por culpa
minha, por não ter toda a estrutura para trabalhar, por não ter tempo também de dedicação, um tempo
estabelecido de dedicação a isso, e também de não poder contar com as pessoas de uma maneira mais
sistemática.”
“Agora, nós temos duas tarefas. Você fala da política. Eu acho que nós temos de ter, em primeiro lugar,
por parte do CONARQ, uma orientação para que todas as Câmaras Técnicas trabalhem nisso [na política]. Não
adianta eu, sozinha, preparar uma política de preservação, se ela não abrange apenas o campo da preservação,
mas permeia todas as atividades da Arquivística. Se você lê o que é a política de preservação, por exemplo, do
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Arquivo do Canadá, ele te dá os conceitos, em que ele coloca preservação... E ele não diz ‘preservação digital é
isso, preservação de documentos textuais é aquilo’, ele diz que ‘preservação é isto, isto e isto”, e pega o escopo
todo da preservação. E aí você vê como nós temos que trabalhar. Se não, não tem sentido. Não existe sentido
em... Vamos voltar, novamente, para a boa prática se a gente não tiver como pano de fundo uma política
institucional. Agora, como implementá-la? Como as instituições implementam uma política? Se o CONARQ é
nacional ele deveria ter uma estrutura diferente, de não estar só com o apoio do Arquivo Nacional.”
“Nós estamos presentes em todas as reuniões... sempre relatando o nosso trabalho, mas realmente... eu
acho que nós temos que avançar muito nessa parte... Eu não vejo meios de trabalhar...”
Sobre a preservação: a prática, a técnica e a política
“Nós mesmo estamos cometendo esse erro. Por que, por exemplo, esse segundo manual [mostra o
manual Recomendações para a produção e o armazenamento de documentos de arquivo], ele se refere,
realmente, à aplicação prática... Já não é mais uma ‘Construção e reforma de arquivos’... Esse aqui, ele vai
dizendo ‘para que isso seja implementado precisa isso, depende disso, daquilo’ e não estabelece...
monitoramento, por exemplo, não especifica claramente o que é monitorar... Então, a colega arquiteta, que
participa da Câmara Técnica, está encarregada de escrever sobre toda a prática de monitoramento de
temperatura, umidade... a aplicação, como se faz, como, na prática, é feito o monitoramento, como ele deve ser
feito, como monitorar, temperatura, umidade, como monitorar luminosidade, radiação ultravioleta, todas essas
coisas. Por que as pessoas não têm nem noção do que é. Então, nós temos, ainda para trabalhar, o conceito do
que é radiação, como ela agride os materiais, e depois como ela deve ser monitorada, os limites de exposição...
Então, toda essa questão... Quer dizer, esse manual vai ter anexos de práticas de monitoramento, de
acondicionamento dos acervos, dos materiais, etc, etc... Então você veja que isso é uma coisa que a gente vê
muito também como um reflexo do que é o CIA, que também publica, tem as suas Câmaras Técnicas para
preparar os manuais de boas práticas. E isto pode ser muito importante, desde que você tenha, antes disso, uma
política institucional. Se não, você não consegue nem implementar isso. Por que? Hoje em dia, preservação, se
ela é uma atividade absolutamente abrangente, que permeia o tratamento da documentação, o tratamento
intelectual, o tratamento arquivístico, a gestão e tudo o mais, todo o processo... inclusive, ela também deve
respeitar os prazos, os limites de guarda, por uma questão até de custos... a possibilidade de manutenção do
programa. Então, você não vai preservar uma documentação que já esgotou o seu tempo de utilidade. Então, está
muito associado a... todo o processo de gestão trabalha junto... Então, quando você pensa assim, o que é, na
verdade, a preservação? Ela é, na verdade, um trabalho de planejamento, como é todo trabalho arquivístico. Se
ele não está associado a um bom planejamento, ele não consegue ser levado a cabo de uma maneira correta.
Então você tem a informação do plano de ações que deve ser cumprido, e da importância do acervo, das
prioridades... Quer dizer, você tem aí uma concorrência de informações, tanto da gestão, como da questão de
execução de um plano... Preservação, então, ela passa a ser apenas possível se você tem um planejamento. Um
planejamento abrangendo todos os tipos de acervos, as urgências em cima das fragilidades, fator risco, fator
segurança, fator risco de perda de informação... Então, em cima disso você tem que ter um plano de ações, uma
conversa conjunta, um acordo conjunto do planejamento... Isso aí, você só consegue fazer se você tem uma
política institucional. O programa institucional só vai acontecer no momento em que você tiver uma política
implementada. Então, você acha que deveria o CONARQ parar toda essa parte da prática do bom fazer e pensar,
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talvez, em trabalhar em política, discutir uma política... Sabe o que é? Pergunte às pessoas o que é uma política.
Esse teu trabalho, essa tua pesquisa, tem que ser publicado imediatamente, por que as pessoas não sabem
sequer... confundem política com estratégia, com programa, com projeto, com plano... Esses conceitos precisam
primeiro ser trabalhados. Talvez o CONARQ deveria partir do trabalho, da conceituação, de tudo o que ela
denomina ali, para que a gente tenha clareza do que é política. Você tem uma política, CONARQ? Você
produziu uma política para preservação de arquivos, ou para a gestão? A preservação só tem sentido se você
pensa no todo.”
“Você, no momento em que trabalha com a gestão você está fazendo preservação. No momento em que
você dá acesso, você está trabalhando com preservação. Você não justifica um trabalho de preservação se você
não tem uma finalidade, que é o acesso. Tudo isso é um grande plano. É algo completo, é um conjunto. A
preservação está dentro da Política Nacional de Arquivos. E ela é totalmente integrada, integradíssima. Então é
isso que eu acho que nós temos que fazer. Por exemplo, a Câmara Técnica de Documentos Digitais está muito à
frente de todas as outras Câmaras Técnicas, no sentido da produção, do que conseguiram de ganhos, políticos e
tudo... A de gestão, também, a de descrição também está muito avançada... São Câmaras Técnicas que
trabalharam de uma maneira fantástica, mas sempre na prática do bom fazer. Então, todos nós estamos nessa. Eu
perguntei exatamente isso a uma colega da Câmara Técnica de Documentos Digitais se todo esse trabalho que
estão fazendo está realmente dando instrumentos para que as instituições comecem a produzir documentos com
todas as garantias de integridade, de segurança, etc e tal. Se é isso que está orientando a digitalização, a produção
de documentos eletrônicos de uma maneira segura. E ela também ficou nessa dúvida. Se o que estava sendo feito
era suficiente. Quer dizer, depois, tinha-se que produzir manuais, cursos etc., etc. e tal, mas aí os técnicos, os
profissionais vão estar instrumentalizados para um bom trabalho, uma boa prática. Mas eu acho que ainda nos
falta em todos, em todos os setores da Câmara Técnica falta exatamente essa questão da política. Eu acho que
isso tem que ser muito bem enfatizado. Eu acho que vai ser fantástico este teu trabalho para que a gente possa...
até para que nós tenhamos uma diretriz de produção. Esse trabalho pode orientar o CONARQ de uma maneira
correta. Por que o conceito de política não está ainda incorporado por ninguém, por ninguém.”
Sobre o sentido de “acervo preservado”
“É absurdo, realmente. É absurdo que a gente ainda pense em preservação como unidades, como itens.
Você está ainda naquela que preservado é aquele documento que você lavou, planificou, prensou, encadernou,
melhorou, fez fisicamente melhorias. Isso é ‘tantos documentos preservados’. Eu acho que não. Eu acho que, em
primeiro lugar, não são dois mil, você não pode quantificar. Está certo, você tem que ter um orçamento
estabelecido para a preservação, mas você tem que ter um orçamento estabelecido em que entre a conta de luz
que vai manter o sistema de climatização para o acervo fotográfico, a conta de luz para um processo de
ventilação e de monitoramento via datalogger de todo um conjunto documental em todos os setores. Temos que
ter o monitoramento não por que ele vá trazer alguma melhoria, mas por que ele vai alertar para situações
perigosas. E isto para mim, em um clima como o nosso, nós estamos em um clima tropical... O Rio de Janeiro
está numa das condições mais adversas do clima tropical. Até regiões, até locais no Nordeste estão melhores do
que o Rio de Janeiro. Nós estamos numa costa, em um clima quente, úmido, com uma instabilidade de
temperatura violenta. Se você pega um clima, por exemplo, equatorial as variações não são tão bruscas quantos
as nossas. Eles têm uma condição extrema, mas ela é mais estável. O que mata aqui, o que é, realmente, o nosso
perigo... nós temos condições de umidade em clima de verão que chega a 85%, 90% de umidade relativa do ar,
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no centro do Rio de Janeiro. Como quando eu fiquei monitorando, quando eu trabalhei lá na Candelária, é só um
exemplo, onde a umidade era altíssima associada a isso uma poluição intensa, com dióxido de enxofre o tempo
todo na atmosfera, associado a umidade excessiva... Você tem, então, um banho de ácido sulfúrico nos
materiais... A absorção da umidade é feita cumulativamente nos materiais, a impregnação de acidez do ar úmido
é violenta. Nós temos uma condição, tanto climática como de poluição extremamente violenta no Rio de
Janeiro... Se você pensa que preservar é só restaurar 2 mil itens... cadê o orçamento para manter as condições...
isso é preservação... o orçamento para manter a estabilidade, o monitoramento, a melhoria das condições através
de ventiladores, de desumidificadores, embalagens especiais... O benefício de uma embalagem de boa qualidade
é tão grande, tão enorme... você cria uma estabilidade, dentro de uma embalagem, fantástica, que você poderia
apenas com investimento em um bom sistema de acondicionamento... você reduz, assim, em décadas, o processo
de envelhecimento de um acervo, talvez até mais. Então, eu acho que nós estamos completamente equivocados
em todo o conceito de preservação.”
“Voltando ao texto da política de preservação do Arquivo Nacional do Canadá, tem um caderno com ‘n’
número de folhas só com a conceituação, o que é preservação, todos os seus diferentes entendimentos de
preservação. A política só é possível de ser estabelecida se você associa a ela a conceitos. Por que você pode ter
uma política escrita, maravilhosa, mas se ela não se refere a um único conceito, se cada um entende preservação
de um jeito, é impossível implementar de uma maneira uniforme essa política.”
“O orçamento não é entendido para a preservação como um orçamento que cuida da questão profilática,
o orçamento não é planejado, no sentido da preservação, no sentido da profilaxia... Por que, no Brasil, com essas
condições, só é aceitável um investimento de preservação na forma de profilaxia. Eu estou me referindo à
conservação preventiva, mesmo. Só ela... ela é possível economicamente, ela tem um resultado, um benefício,
uma eficácia a longo prazo, muito mais justificável... Ela só implementada a partir de um planejamento que
depende de uma política estabelecida. Então, você tem um orçamento para restaurar... Ainda estamos pensando
não só na prática do bom fazer, mas na prática do restauro...”
“Há dez anos atrás o projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos tratou disso exatamente
para abrir esse conceito, mostrar o que é preservação, a preservação nas suas diferentes ações, a importância da
conservação preventiva, como o único meio de você salvaguardar os acervos a longo prazo. Se isto ainda não
está entendido pelos dirigentes é por que falta o conceito. Você escrever uma política e não fechar o conceito
você também não tem essa política assegurada. Cada um vai entendê-la de uma maneira diferente. E a
preservação, novamente, vai ser compreendida de uma maneira... Um vai entender preservação como restauro,
outro vai entender preservação como microfilmagem, ou isso, ou aquilo, ou apenas como práticas e não como
uma necessidade de se tentar preservação dentro de um escopo bem mais amplo, dentro das atividades dentro de
uma política arquivística, mesmo. Por que as instituições não conseguem estabelecer políticas? Por que eles não
conseguem escrever? Não conseguem. Por que existe, realmente, um desconhecimento do próprio conceito.
Quando o CONARQ diz que a sua função é criar a Política Nacional [de Arquivos], por que ele até hoje não
escreveu a Política Nacional? Por que não? Não escreveu por que não entende o que é política. Não existe um
consenso do que é política. Só que já existe um consenso internacional... já existe clareza do que é uma política.
Esses termos, é só abrir um dicionário que se vê o que é política. Mas nós não conseguimos transferir isso para a
nossa realidade. É muito mais fácil você trabalhar no miudinho, viu? É muito mais fácil. E nós estamos todos
trabalhando no miudinho. Mas se a gente não tiver esse macro... que seria praticamente uma norma, uma
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normalização, uma padronização de procedimentos... Se nós não tivermos uma padronização de entendimento e
de procedimentos, de conceitos, a gente não pode ter uma política.”
___________________
Entrevistado
Nome: ADRIANA COX HOLLÓS Formação: Museóloga, especialista em Educação e mestre em Memória Social. Cargo / função entre 1995 e 2005: chefe do Laboratório de Restauração do Arquivo Nacional (1988-1999),
assistente da coordenadora e depois coordenadora da Coordenação de Preservação de Acervo do Arquivo Nacional (2000-2007). Atualmente é assessora da coordenadora da Coordenação de Apoio ao CONARQ.
Entrevista feita em 22/11/2007, das 14h15 às 15h17 (62 minutos)
Questões apresentadas
• Em que medida o Arquivo Nacional cumpre com a sua finalidade regimentar de preservar e dar acesso à informação arquivística do Executivo federal?
• Os Relatórios de Atividades do AN e o OGU usam a expressão “acervo preservado” ou “documento preservado” para se referirem aos resultados alcançados. Nesse sentido, o que significa um “acervo preservado”?
• Os recursos orçamentários disponíveis para a preservação dos acervos do Arquivo Nacional eram suficientes em sua gestão?
• No Brasil, predomina a idéia que a preservação dos arquivos é uma questão técnica. Como você vê a relação entre preservação e políticas públicas?
• O Relatório de Atividades do AN de 2004 informa que a Lei 11.010 de 17/12/2004 aprovou um “crédito suplementar no valor de R$ 113.000,00, sendo o mesmo remanejado da atividade Preservação do Acervo, para reforçar os auxílios alimentação e transporte aos servidores do Arquivo Nacional.”. Por que a rubrica escolhida foi a de Preservação do Acervo? Quais os critérios que levaram a essa escolha e decisão? (DOC 1)
• No Relatório de Atividades do AN de 2001, previu-se que seriam preservados 2.100 documentos no ano ao custo de R$ 263.478,00, mas foram preservados 400.796 documentos (19.085% a mais do que o previsto) a um custo de R$ 246.958,83, isto é, R$ 16.519,17 a menos do que o previsto. Ou seja, foram preservados 398.696 documentos a mais com 6,27 % menos dinheiro do que o previsto. O que houve? (DOC 2)
Respostas
“Eu começo com a questão da seleção, que sempre foi uma questão muito delicada na relação dos
conservadores com os arquivistas. O que selecionar para preservar? Como a gente sabe que o documento
arquivístico é diferenciado do documento biblioteconômico e museológico, por que ele está relacionado com o
todo orgânico, a tendência do arquivista é tratar cada fundo de uma vez. E esta é uma questão muito complicada
para nós, conservadores, uma vez que a gente não tem fôlego para tratar cada fundo como uma unidade, como
um todo. Eu acredito que o Arquivo Nacional talvez seja uma das instituições brasileiras, hoje, que esteja mais
bem aparelhada em termos de infra-estrutura, de pessoal... são 70 conservadores trabalhando na COPAC
[Coordenação de Preservação do Acervo]. Existe uma prioridade, por parte da seleção, muito grande nessa área
de preservação, inclusive com investimentos altos. Eu acredito que, nestes sete anos, mais de 5 milhões de reais
tenham sido investidos no aparelhamento da preservação, onde hoje a gente se preocupa, cada vez menos, com o
item original, específico, para trabalhar uma conservação no nível de um pequeno reparo, de uma forma
integrada com a microfilmagem ou com a digitalização. A gente evita, em termos de uma política de
preservação, fazer a microfilmagem e a digitalização ao mesmo tempo. A microfilmagem se dedica aos
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documentos monocromáticos, que não tem nenhuma informação de cor, por que aqueles que tem informação de
cor serão digitalizados. Existem ainda alguns problemas nessa política, principalmente, na digitalização que é a
questão do acesso. Nós temos um sistema de informação arquivístico que tem problemas e que ainda não está on
line na página do Arquivo e isso é um problema. Embora, para nós, na época, quando eu era a coordenadora e fui
responsável pela implantação desse laboratório, uma coisa que eu tinha muito clara, em mente, é que a gente
tinha que começar com uma infra-estrutura muito robusta para fazer frente a um cenário que eu já imaginava que
não seria muito harmônico. Então, a gente continua tendo uma infra-estrutura de qualidade, os equipamentos
ainda não se tornaram obsoletos. O Arquivo Nacional fez um investimento agora muito bom na área de
armazenamento digital, onde foi comprado um sistema que é o Linear Tape Open, que é uma fita magnética de
leitura linear. Cada fita custa, aproximadamente, 50 dólares e armazena 800 Gb de informação comprimida ou
400 Gb de informação não comprimida. [Detalhes técnicos sobre os equipamentos e sobre as técnicas de
intervenção] (...) Por que [os arquivistas] nunca reconheceram a importância do conservador nessa seleção de
prioridades. Essa é uma questão que me mobilizou a ponto da minha dissertação ter trabalhado muito em cima
disso. O quanto que isso me afetava na minha capacidade gerencial de poder pensar no acervo do Arquivo
Nacional como um todo. Então, apesar de termo tido e ainda termos uma ênfase, uma importância muito grande
da direção da casa que reconhece a capacidade de trabalho, que reconhece a competência da equipe e investe em
tecnologia para a gente poder atender cada vez melhor e conciliar essa questão da preservação e acesso... Nós,
conseguimos, por exemplo, durante 4 anos, termos um profissional na área de design para poder pensar na
questão do acondicionamento.” [Detalhes técnicos] (...)
Sobre a preservação da informação do Poder Executivo
“Olha, eu acho que isso ainda não está resolvido, não só no âmbito do Arquivo Nacional, mas em
termos da tecnologia em si. Nós temos hoje um sistema de armazenamento que é o ponto vulnerável de qualquer
projeto, de qualquer programa de digitalização, que é o armazenamento.” [Detalhes técnicos] (...)
“Agora, essa questão da sustentabilidade, que é um termo que está em moda, que é de que maneira que
a pessoa pode garantir que o seu investimento em uma plataforma digital, entre aspas, por que eu não acredito
nisso, “dure para sempre”, é uma questão que você tem que estar o tempo todo negociando com a direção,
investimentos para atualizar todo o seu ambiente tecnológico para garantir que você não fique atrasado em
relação aos novos lançamentos. Então, é uma questão que você tem que estar sempre muito atento e com um
poder de barganha na administração pública para você manter esse investimento.” [Detalhes técnicos] (...)
“Continua tendo robustez, continua tendo investimentos... Agora, com o Centro de Memórias
Reveladas, que é um projeto do governo para dar acesso à sociedade aos documentos do período da ditadura, a
gente está recebendo mais investimentos para poder ampliar o nosso parque de equipamentos. Agora, eu,
realmente, sempre tive e sempre vou ter um receio que, se muda a direção, se muda a política, se muda o status
quo, a gente pode ficar 5 anos sem investimentos na área digital e isso vai ser suficiente para a gente caducar. E
aí, os investimentos todos desses anos correm um sério risco. E aí, eu acho que cabe aos gerentes de preservação
equilibrar a sua ênfase, a sua prioridade no suporte tradicional e no suporte digital. Por que a gente tem aí, três
grandes desafios na área de preservação documental: uma, é preservar o documento tradicional, esse estoque
material que o Arquivo Nacional, sei lá, cada um diz uma coisa, vamos dizer, na média, 60 quilômetros de
documentos textuais, dois milhões de fotografias, 55 mil mapas e plantas, 100 mil rolos de filmes etc., você tem
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que ter um programa que dê conta pelo menos da estabilização do processo de degradação o máximo possível.
Ao mesmo tempo, você, para conciliar essa preservação com o acesso, tem hoje a tecnologia digital que vai
favorecer esse acesso. Um acesso, inclusive, muito mais amigável e que hoje a gente percebe, cada vez menos a
presença do usuário pressionando a direção ou a sala de consulta, a consultar os originais por que não se
satisfaziam com a qualidade do microfilme. Por outro lado, a gente tem ainda o desafio da preservação do
documento digital nascido digital. Então, eu acho que hoje para a área de preservação documental, e não é à toa
que ela tem sido cada vez mais valorizada e respeitada, eu acho, é exatamente por isso. A gente está precisando
repensar o nosso papel para poder equilibrar o nosso orçamento de modo que você não negligencie nenhum
desse três objetos da preservação.”
Sobre “acervo preservado”
“Na verdade, isso foi uma discussão muito grande nas nossas reuniões de planejamento por que como é
que você conta laranja e cebola? Laranja é uma fruta, cebola é um legume. Aí, você coloca tudo em uma coisa
só. Então, por exemplo, como que a gente vai contar uma folha de papel preservada ou um documento, frente e
verso, ou o microfilme? Como é que a gente faz essa analogia? Então, foi uma decisão que eu não me sinto tão
responsável assim por ela, mas chegamos a um documento, até por que o documento tem um conceito muito
ampliado e aí você junta tudo aquilo ali... Por exemplo, um fotograma de microfilme corresponde a uma folha de
documento.”
“Existe aí, também uma questão conceitual, que foi também o que me mobilizou a fazer o mestrado, que
foi uma busca de uma linguagem comum, que não existe até hoje no Arquivo Nacional. As pessoas continuam se
referindo à área de preservação como sendo restauração, como sendo conservação... Quer dizer, as pessoas não
sabem exatamente como aplicar adequadamente o conceito. Eu concordo com você que o documento preservado
é um termo muito “megalô”, por que o “preservar” é aquela história que eu discuto na minha dissertação, é o
“para sempre” e o “para sempre” não existe. Então, na verdade, esse conceito de sustentabilidade me parece bem
por que ele denota uma continuidade, um processo, uma coisa que está sempre em curso. Eu acho que é a
Conservação Preventiva que nos dá esse fôlego.”
“Mas a gente tem problemas, que, me parece, que é, um pouco, a falta de reconhecimento do papel da
preservação documental em uma instituição como o Arquivo Nacional. Há problemas na edificação, há
problemas de segurança, há problemas no transporte de documentos entre os dois prédios [do Arquivo Nacional],
há problemas... Enfim... que são problemas multidisciplinares, quer dizer, que exigem a presença de outros
profissionais, mas também do conservador. E nem sempre nós estivemos envolvidos nesse processos. Por
exemplo, na reforma do prédio tombado, os depósitos, hoje, ainda não têm ainda condição de receber os
documentos, por que não foi feito o tratamento adequado, visando à construção de um depósito com qualidade
de preservação, por que os conservadores não foram ouvidos nessa questão. Através de nós, nós poderíamos ter
interferido de uma maneira positiva nos problemas que ainda temos. Toda instituição tem problemas, nós temos
os nossos. Outras coisas, não. Já são reconhecidas: o problema dos insetos... se hoje há uma doação ou um
recolhimento, antes passa pela Coordenação de Preservação para ser feita uma vistoria antes de ser incorporado
ao acervo. Antes, era uma coisa que entrava e depois a gente tinha que correr atrás do prejuízo. Então, aos
poucos, e eu vejo isso muito como um trabalho que agente fez durante a minha gestão, que foi um trabalho,
muitas vezes, desgastante, mas que, por outro lado, surtiu efeito no sentido de reconhecer qualitativamente o
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trabalho da preservação documental. Por que? Durante muitos anos, os nosso relatórios eram numéricos, eram
quantitativos. Ainda é assim, mas você já consegue explicitar melhor no que consiste aquele trabalho. Quando
você dá uma palestra para conscientizar os funcionários que eles não devem se alimentar nas salas de trabalho,
não devem fumar no interior do edifício, que eles devem observar se tem algum tipo de contaminação, avisar a
área... Isso tudo é trabalho que você não quantifica em itens de documentos preservados. Isso é uma questão que
é do próprio governo federal que, desde o Fernando Henrique, estipulou uma metodologia de planejamento, o
famoso Plano Plurianual, que é como uma camisa de força que agente tem de se encaixar ali. Tem um lado,
vamos dizer assim, dissertativo, onde a gente pode falar das coisas mais relevantes. Agora, uma coisa que eu
acho muito interessantes e é contraditório... Tem uma grande contradição aí, do lugar da preservação, o lócus da
preservação... no organograma, eu acho que ele sintetiza bem esse lugar, em que há uma grande contradição, por
que o PPA, ele tem lá um item, que é “preservação documental”. Nós entendemos a preservação documental
como um grande guarda-chuva que inclui, inclusive, o processamento técnico. O processamento técnico é uma
atividade subordinada à preservação. Isso não quer dizer que seja subordinada ao conservador. Não é isso. Mas a
uma atividade que vai buscar um ambiente favorável para que aquele documento dure o máximo tempo possível
e esteja acessível ao maior número de pessoas interessadas. Como é que você faz isso em uma coordenação, em
uma estrutura que você não tem o reconhecimento das atribuições que lhe são pertinentes. Ainda existe
duplicidade de funções, ainda existem problemas que estão na área de engenharia e arquitetura, que deveriam
estar integradas, no mínimo, para a gente. E esse foi o trabalho que a gente fez durante esses anos [da sua gestão]
e que há uma continuidade por conta de um grupo que foi criado também na minha gestão, que é um grupo de
planejamento que pensa a preservação de uma forma assim até mesmo heterodoxa, trabalhando a questão da
reciclagem dos materiais utilizados no Arquivo Nacional. Eu acho que a gente não ter que ser preservacionista,
limitado ao documento arquivístico. Eu acho que a gente é preservacionista em um sentido mais amplo da
palavra. Então, a gente tem aqui dentro um trabalho de responsabilidade social, junto com uma ONG, onde a
gente capacita jovens na área de cartonagem. A gente dá conteúdo de encadernação, mas sem trabalhar com
documento histórico... Para fazer álbuns, cadernos de notas... O que eu acho que precisa ser feito é o
empoderamento da preservação documental, não dos conservadores, mas da preservação de uma forma que ela
possa ter cada vez mais uma atuação mais sistêmica, abrangente. Por que não há outra forma de você garantir. O
tempo todo você tem que estar olhando o todo. Não tem outra possibilidade de você... Eu sempre disse que
dirigir um departamento como o da COPAC era como dirigir um carro, onde você não pode olhar só para frente,
você tem de estar o tempo todo, olhando pelo retrovisor, vendo o que está à sua volta, quem está dirigindo ali...
Tem de ficar o tempo todo ligado no que está à sua volta. Ou a gente corre o risco de voltar a ser um balcão de
serviço, onde a gente está tão bem equipado, tão bem aparelhado, que seremos capazes de fazer um milhão de
folhas a cada ano, e digitalizar outros tantos, e microfilmar outros tantos e ficar em um trabalho muito...
bitolado.”
Preservação e as políticas públicas
“Eu acho interessante que a preservação é um termo, um conceito que está presente em nossa vida em
tudo. Todo o dia você liga a televisão e todo o dia você ouve a palavra preservação. Por que, cada vez mais,
estão todos preocupados com o aquecimento global, a preservação da natureza, a questão da água, é a questão da
vida... A preservação é um termo muito forte, muito presente, na vida de qualquer criança, de qualquer adulto. É
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um termo muito fácil de ser assimilado pelas pessoas. Eu não vejo nenhum texto do Arquivo Nacional que não
saia, como sua missão precípua a divulgação e a preservação como os dois grandes desafios. A missão do
Arquivo é preservar e divulgar o acervo arquivístico nacional. No entanto, na hora que você transpõe esse termo,
que é um termo cotidiano, para uma situação de uma organização que trabalha com a preservação dos acervos,
você percebe que existe uma tentativa de manter uma atividade no nível operacional, no nível técnico-
operacional. Eu acho que isso tem a ver com a minha própria saída da coordenação, passa por isso, por... um
desinteresse de ficar brigando em campo. Eu não quero mais essa briga de campo. Estar ali naquelas discussões
que não tem consistência, que não tem repercussão, que não tem impacto. E eu acho que a educação... (...) A
educação é aquele vetor que tem o maior impacto sobre todas as coisas de sua vida. (...) É a partir da educação
que você consegue a melhoria dos outros itens de desenvolvimento humano. Da mesma forma em relação à
preservação, eu acredito que através de programas de capacitação, de treinamento, de formação profissional a
gente vai mudar isso de uma forma muito mais efetiva do que ficar lá, gritando, berrando, brigando, como eu
fiquei durante todos esses anos. Não tenho nenhuma modéstia, tenho certeza que o meu trabalho foi muito
bacana ali. A equipe é o sinalizador desse trabalho, mas eu resolvi ir para o CONARQ por que eu acho que
através do Conselho Nacional de Arquivos eu posso contribuir de uma forma mais consistente, mais efetiva, para
difundir o conceito da preservação, não como uma coisa meramente técnica e operacional, mas como um campo
fértil, onde tudo ali dentro converge para você poder o tempo todo estar na inter-relação com os seus colegas das
mais diversas áreas. Eu acho impressionante como a preservação é aquela que congrega o maior número de
profissionais trabalhando juntos. Ainda não sabem trabalhar juntos. Não é o Arquivo Nacional, eu vejo isso em
todas as áreas, é difícil. Tem até um educador, que é consultor da UNESCO, Jacques Delors, que fala dos quatro
pilares da educação, e um deles é o ‘aprender a trabalhar junto’, que é realmente difícil. As pessoas querem fazer
valer a sua opinião e acham que isso... Eu, quando quis valer, eu quero fazer valer a minha opinião... não é uma
opinião, é um argumento, tem um embasamento. Por isso a minha decisão de ter ido estudar para sair da mera
opinião e partir para uma coisa mais consistente. A minha ida para o CONARQ é como sair de um campo de
batalha e ir para a fonte. Através da fonte, fazendo parte da Câmara Técnica de Capacitação de Recursos
Humanos, eu espero poder contribuir para que essa mentalidade muito... não só no Arquivo Nacional, mas em
todo o Sistema Nacional de Arquivos. Por que o CONARQ tem esse impacto, tem esse potencial para impactar
todas essas instituições. E o que agente precisa agora, no âmbito da Câmara Técnica de Capacitação, é pensar
qual a melhor estratégia para alcançar um número maior de arquivos em termos de uma política que está
delineada através dos trabalhos e das próprias Câmaras Técnicas, mas elas não estão articuladas para dizer que
existe uma política, uma Política Nacional de Arquivos. Tem aí um campo fértil muito grande no CONARQ, não
só para mim para ‘n’ outros profissionais, que precisam realmente produzir. E não é produzir o que você fala em
uma reunião técnica, não. É produzir como as Câmaras produzem: a Câmara Técnica de Documentos
Eletrônicos, foi lançado agora o e-ARQ [Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão
Arquivística de Documentos - e-ARQ Brasil – Resolução no 25 do CONARQ de 27/04/2007], a Câmara Técnica
de Descrição Arquivística, com a NOBRADE... Por aí é que agente vai conseguir mudar essa idéia que os
arquivistas pensam com a cabeça, os conservadores pensam com as mãos, e os jogadores de futebol com os pés.
Eu acho que isso existe cada vez menos, mas ainda existe. Eu vejo isso pelas assistências técnicas que eu dei
Brasil afora. O perfil do conservador é: o cara não tem nem escolaridade, mas ele é habilidoso. Então, basta ter
uma habilidade manual que... (...) E a gente até treina mesmo esse cara para ele poder fazer um mínimo, para
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fazer uma higienização adequada, para ele ficar atento para uma contaminação, para evitar janelas abertas em dia
de chuva ou a janela aberta quando o sol estiver incidindo sobre os documentos... Eu acho que tem lugar para
todo mundo. Agora, essa área de administração em preservação é que realmente precisa ter mais... tem que atrair
mais pessoas com um nível intelectual, acadêmico, social, cultural... E aí me preocupa... Os cursos de formação
na área de conservação, por que continuam formando técnicos... A Universidade... a Biblioteconomia, a
Arquivologia e a própria Museologia não dão conta de formar conservadores, no sentido de gestor. Se o
arquivista traz para si a responsabilidade sobre preservação, então ele deveria ser formado para isso. No final, a
gente não tem nada. Por que nem o arquivista é formado para trabalhar na administração de um programa de
preservação, e nem o conservador tampouco. Por que o que ele tem de opção hoje é a Estácio de Sá
[Universidade Estácio de Sá que oferece um curso de especialização em conservação e restauração] onde ele sai
especialista em doze tipos de restauração-conservação diferentes. Tem a ABER [Associação Brasileira de
Encadernação e Restauro, São Paulo, SP] que forma técnicos de nível médio, mas também de sentido
interventivo, embora tenha conteúdos de planejamento... Eu acho que a ABER, apesar de ser de nível médio, é a
que ainda é a que melhor forma. E, agora, começando, não conheço ainda o conteúdo curricular, a grade
curricular, é o curso do CECOR [Centro de Conservação e Restauração da Universidade Federal de Minas
Gerais], que me parece vai ser muito para cada suporte, para cada objeto, em um sentido restaurativo, que tem
muito a ver com museu. Arquivo é uma lógica diferente, por esse todo orgânico, pelo volume documental com
que a gente trabalha. A gente tem que ter uma abordagem diferente e menos estética, menos preciosista, a gente
tem que ser muito pragmático nessa administração. E isso não me parece bem entendido. Eu acho que o
conservador... Eu não sei... Eu terminei a minha dissertação com essa sensação. Eu não sei o que vai ser da gente
não, em termos de um futuro profissional daqui a uns 30 ou 40 anos. É uma profissão que mal chegou a existir e
daqui a pouco está acabando. Não que não tenha esse estoque material para ser restaurado, conservado, mas em
relação a essa questão do gerenciamento do programa eu acho muito complicado. E política de preservação... A
gente fala da Política Nacional de Arquivos... Se não tem uma Política Nacional de Arquivos, tampouco tem uma
política de preservação. O que tem são iniciativas, que foram tomadas pelo grupo de conservadores do Arquivo
Nacional, em inter-relação, porque gente não vive sozinho, com todas as outras áreas do Arquivo e em uma
permanente negociação... Então, nós temos hoje um programa compreensível da preservação, um programa
interno. E que também não está escrito. Tem um artigo que eu escrevi quando assumi junto com o Túlio Saeta,
que era o meu assistente nessa época, onde escrevemos uma espécie de uma carta de intenções. Quase tudo ali a
gente conseguiu colocar em prática. (...) Existe uma falta de visão dos nossos governantes. Acho que o Arquivo
Nacional tem sido bastante pró-ativo, em se fazer visível, em se fazer reconhecido. Acho que existe um trabalho,
um crescimento institucional muito grande do Arquivo Nacional nos últimos anos, mas, de forma alguma, ainda
não é suficiente para nada.”
Sobre o orçamento
“Eu não diria que [os recursos orçamentários] foram insuficientes [em sua gestão], mas não foram
suficientes para fazer tudo o que precisava fazer, como, por exemplo, a adequação deste prédio F para a guarda
com qualidade de preservação. Onde era a nossa intenção, ou o nosso sonho... não sei bem em que nível colocar
isso... compartimentar os depósitos, fazer toda uma revisão das esquadrias, deixar cada depósito com a qualidade
requerida. Isso é uma coisa que vai ser feito em parte. Vai ser feita a compartimentação, o que vai ser muito
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bom, por que, por exemplo em um caso de um incêndio vai ter menos chance de o incêndio se alastrar, no caso
de uma contaminação biológica de um besouro, esse tipo de insetos bibliófagos que atacam a nossa
documentação, a gente também vai poder controlá-los, limitá-los a determinado lugar. Mas ainda falta muito
para que este prédio tenha a qualidade de preservação requerida. Em termos de materiais do dia-a-dia, de
recursos humanos, isso tudo a gente tem. Acabamos de receber aproximadamente, vinte e tantos funcionários
novos concursados. Um problema, por que nenhum deles veio já capacitado como conservador. Então, a gente
teve que fazer um trabalho inicial. Tem de nível médio e superior, também. O que também foi outra questão para
ser debatida. Ter um argumento enorme para justificar cada arquivista que foi trabalhar com a gente. Não ganhei
nada de graça. Cada um que foi para mim [COPAC], eu tinha um plano, uma justificativa, por que um arquivista
e não um agente administrativo. Então, hoje nós temos 5 arquivistas na Coordenação, temos 12 técnicos de
arquivo, alguns com nível superior, mas que se sujeitaram a fazer o concurso de nível médio e outros tantos
agentes administrativos. O que realmente impressiona, é o charme que é a preservação, o charme que é o
Arquivo Nacional, cada visita que vem aqui, de ministros a Clara Sverner [pianista famosa], todos ficam
absolutamente encantados com essa coisa da memória... Tem um apego das pessoas a esse trabalho da gente,
existe toda uma magia que cerca o Arquivo Nacional... Mas eu acho que aquele projeto de modernização, que foi
tão falado na época da Celina Vargas [diretora-geral do Arquivo Nacional entre 1980 e 1990] ainda não alcançou
a cabeça das pessoas, a forma de trabalhar, os métodos... Isso não é uma questão do Arquivo Nacional... Eu acho
que existe uma grande crise nas instituições... No Brasil, então, nem se fala. Você não tem as suas necessidades
básicas supridas, você tem milhões de problemas paras resolver... Eu me sentia uma ‘coordenadora
interrompida’, por que eu não conseguia fazer nada um dia todo. Eu tinha de fazer cinqüenta milhões coisas. No
final das contas, eu tinha até a satisfação de dizer ‘Puxa, hoje eu consegui concluir, fechar um projeto’, mas tinha
várias outras coisas picotadas. Falta um novo modelo de gestão. Não estou falando de Arquivo Nacional, estou
falando em termos realmente, de Brasil.”
“Você veja o PAC [Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal], eles têm lá o dinheiro e
as pessoas não conseguem gastar. Por que? São tantos impedimentos. É projeto básico que você tem de fazer,
você tem que ter uma descrição pormenorizada de cada item. Por exemplo, nós tivemos isso para comprar um
escaner de negativos de multiformato. Fizemos tudo, todo o dever de casa perfeito. Conseguimos. Por que era o
único equipamento existente no mercado, nós fizemos uma descrição muito detalhada do projeto básico, que é
aquilo que vai instruir o processo de licitação. E quem ganhou não foi o revendedor autorizado, vamos dizer
assim. Foi alguém que recomprou e que agora não é capaz de dar a assistência técnica. Então, tem pequenas
armadilhas no serviço público, que, por mais que você queira o seu trabalho bem feito, você tem dificuldades de
conseguir as coisas. É complicado. O PAC não anda, está empacado... Tem quinze milhões [de Reais] lá, foram
gastos dois, e o ano já está acabando. Aí, o dinheiro vai para ‘restos a pagar’, e tem de esperar o Congresso
[Nacional] e aí começa tudo de novo. Existe uma coisa que precisa ser reinventada e os servidores públicos
acabam sendo um pouco reféns dessa má gerência. Que não é a gerência interna do Arquivo Nacional, mas que é
a gerência no sentido de fazer a coisa acontecer.”
“Na verdade, o que existe é uma estrutura organizacional, onde a Coordenação de Preservação de
Acervos era subordinada a uma outra Coordenação, que é a Coordenação Geral de Processamento Técnico e
Preservação do Acervo, que não é gerenciada por especialistas da área. Com exceção do primeiro coordenador,
que era arquivista, teve uma outra coordenadora que era historiador e agora é uma da área de Serviço Social. São
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pessoas competentes, bons gerentes, mas que não conhecem as especificidades da Arquivologia, da Preservação,
no nível especializado. E eles é que são os ordenadores de despesas. Esse tipo de informação [sobre
remanejamento de verbas orçamentárias] não passava pelo âmbito da minha coordenação. Por outro lado, a
rubrica “preservação do acervo” não atende apenas a área de preservação. Por exemplo, houve um problema na
época com o edifício. Queriam um remanejamento. Eu escrevi um parecer justificando o que o edifico tem a ver
com a preservação. De uma forma coerente, eu concordei que o edifício é um envoltório de proteção do acervo, e
que valia a pena justificar dessa maneira... Não lembro mais qual era a razão... alguma infiltração, alguma coisa
emergencial... então retiraram. (...) Sobre a sua questão, ela foi uma decisão tomada em outro nível da
administração. No final das contas, eu te diria que não fez falta, por que isso foi feito... [no fim do ano] para
evitar restos a pagar. É aquilo que você não conseguiu gastar, por que as áreas fizeram um planejamento,
estipularam que iam gastar tanto e acabaram não gastando e aí já estava no final de dezembro e então se justifica,
para não perder esse dinheiro e voltar para o Tesouro Nacional. Não é assim nenhuma coisa de outro mundo. É
uma decisão administrativa, por que em 17 de dezembro você não tinha mais como...”
“Isso é um problema do planejamento. Daquilo que você estabelece como meta e aquilo que você
realmente executa. Principalmente, por que aí, quando chegou nesse valor de 400 e tantos mil [documentos
preservados], eu lembro bem disso, por que juntaram tudo. Por exemplo, um documento preservado, no meu
ponto de vista é... Voltamos à questão da seleção, a questão da integração entre a área de processamento técnico
e a área de preservação. Você está lá trabalhando com o processamento técnico, com o plano intelectual do seu
acervo. Você faz 263 mil e pega esse material e manda para mim, não necessariamente os 263 mil. Você me
manda 163 mil e mais cem de outros para que a gente pudesse fazer a conservação, a microfilmagem tal, tal,
tal... Na hora que você junta... é pelo valor unitário, é pelo item, não é pela qualidade desse item... Como é que
eu posso dizer... não é pelo documento em si. Teria de haver um sistema de aferição, de quantificação para você
dizer que aqui nesses 400 e tantos mil documentos, que são itens... Esses dois mil e cem [documentos], foram
baseados no ano anterior. Outra metodologia. Na hora, a pessoa responsável por essa consolidação, somou os
números. Um mais um, mais um, mais... e chegou a 400 mil documentos. Que existe um problema na hora que
você planeja, que você estabelece uma meta irreal para baixo e que depois você cumpre e ‘Nossa, estou de
parabéns, por que eu fiz dezenove mil por cento a mais’, na verdade, o que você demonstra com isso, é uma
incompetência, uma falta de capacidade de planejar. Eu acho que, na verdade, não é alguma coisa que preocupe
na preservação dos documentos, mas é uma questão administrativa de uma metodologia que hoje isso já se
aperfeiçoou. A gente já consegue chegar a uma coisa mais razoável. Até por que, no PPA, o ordenador de
despesas, o responsável por aquela rubrica, que, no caso, é a coordenadora geral, que é a Inez Stampa, ela tem
uma senha... A coordenação [COPAC] é considerada como coordenação técnica e o coordenador geral é
responsável, no caso da Inez Stampa, pela área de documentos escritos, documentos audiovisual e pela
preservação. Foi uma tentativa na época que me pareceu interessante, de buscar integração entre estes três, essas
três áreas, mas que na prática não funcionou, por que sempre houve, eu não sei exatamente por que, uma certa
cizânia entre os arquivistas e os conservadores. Eu até entendo. Eu fui ler lá os relatórios do Século XIX, e essa
nossa identidade [dos conservadores] foi sendo construída ao longo da própria história do Arquivo Nacional...
Éramos os pretos de ganho, enfim... O que eu vejo, é que a preservação não entendeu. A gente está bem
equipado, tem material de consumo, recursos humanos... O que falta para gente é uma questão muito mais
política, de um empoderamento, de uma responsabilização da área de preservação, para poder atuar de uma
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forma mais autônoma em relação ao todo e, ao mesmo tempo, integrada. Mas, no meu ponto de vista, jamais a
preservação poderia estar presa nessa estrutura. Eu acho que a preservação deveria se constituir como uma
coordenação geral com especialistas para fazer essa administração do programa. Não foi assim que aconteceu e
por isso eu resolvi ir para a fonte, publicar, organizar publicações, organizar cursos, eventos em nome do
CONARQ, juntando com a atividade de assistência técnica, que, agora é responsabilidade minha dentro do
CONARQ na área de preservação.”