a difusÃo arquivÍstica em arquivos fotogrÁficos …

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A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS MUNICIPAIS Raquel dos Santos Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão em Arquivos, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão em Arquivos. Orientador: Prof. Dr. Carlos Blaya Perez Santa Maria, RS, Brasil. 2012

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A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS

FOTOGRÁFICOS MUNICIPAIS

Raquel dos Santos

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão em Arquivos, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),

como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão em Arquivos.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Blaya Perez

Santa Maria, RS, Brasil. 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EM ARQUIVOS – EAD

A Comissão Examinadora, abaixo-assinada, aprova a Monografia:

A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS MUNICIPAIS

elaborada por Raquel dos Santos

como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão em Arquivos

Comissão Examinadora:

Carlos Blaya Perez, Dr. (UFSM) (Presidente Orientador)

André Zanki Cordenonsi, Dr. (UFSM)

Luiz Patrick Kaiser, Ms. (UFSM)

Santa Maria, 22 de dezembro de 2012

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, fonte onde busquei força, coragem e

inspiração nos inúmeros momentos em que o dia a dia pesou tanto ao ponto de me

fazer desejar desistir.

Ao meu amor, Vinícius Dias Gonçalves, pelo companheirismo, por

compartilhar comigo ideias, sonhos e projetos para o futuro, e principalmente pelas

doses diárias de amor que, mesmo estando longe fisicamente soube se fazer

presente na minha vida.

Aos meus amados pais, por terem me dado à vida e, em especial a minha

mãe (in memorian) por ter sido a base de tudo aquilo de melhor que existe em mim.

Ao meu orientador Carlos Blaya Perez que, me acompanha desde o

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pelo carinho, paciência, incentivo e

sugestões.

A Delurdes Kirchoff Caetano, mãe emprestada, pela força, carinho,

compreensão e pelos conselhos, sempre me socorrendo nos piores momentos.

E, a todos aqueles que de alguma forma, direta ou indiretamente

contribuíram para que a conclusão de mais etapa da minha vida acadêmica fosse

concluída.

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EPÍGRAFE

Fonte: arquivo pessoal Raquel dos Santos Título: eu e minha irmã Fotógrafo: não identificado Local: Erechim – RS Personagens: (da esquerda pra direita) Raquel dos Santos e Carla Maria dos Santos Comentário: Ter uma irmã é ter uma amiga pra sempre, e o melhor é saber que o pra sempre nunca acaba.

“A melhor coisa sobre uma fotografia é que ela não muda, mesmo quando as pessoas mudam”.

Andy Warhol

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RESUMO

Monografia

Especialização em Gestão em Arquivos - EAD

Universidade Federal de Santa Maria

Universidade Aberta do Brasil - UAB

DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS

MUNICIPAIS

AUTORA : RAQUEL DOS SANTOS

ORIENTADOR: CARLOS BLAYA PEREZ

Data e local da Defesa: Santa Maria, 22 de dezembro de 2012

Esta Monografia consiste na análise das atividades de difusão adotadas no Centro

Municipal de Fotografia (CDMF) – Montevideo – Uruguay; Arquivo Municipal de

Lisboa Núcleo Fotográfico – Lisboa – Portugal e o Arquivo Municipal da cidade do

Rio de Janeiro – Brasil. O mesmo procura salientar a relevância desta função

arquivística que tem o intuito de promover o arquivo, aproximando-o da comunidade

em geral. A coleta de dados foi realizada através de um questionário aplicado via

internet. Os resultados obtidos revelam quais as atividades de difusão que são

adotadas nos arquivos pesquisados, ressalta quais destas atividades que revelaram-

se mais eficientes na difusão dos acervos e que estas instituições estão cumprindo

com a função social atribuída aos arquivos de propagar a informação contida nos

acervos aos usuários. Pois, apesar de detectarem-se alguns fatores que podem ser

melhorados, compreendeu-se a existência de um esforço em busca de aperfeiçoar

cada vez mais os serviços ofertados aos usuários, sendo uma das preocupações por

parte do profissional arquivista.

Palavras-chave: arquivologia, difusão, arquivos fotográficos, arquivos municipais.

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6

ABSTRACT

Monograph

Management Specialization in Archives - EAD

Federal University of Santa Maria

Open University of Brazil - UAB

DIFFUSION IN MUNICIPAL PHOTOGRAPHIC ARCHIVES

AUTHOR: RAQUEL DOS SANTOS

ADIVISOR: CARLOS BLAYA PEREZ

Defense Place and Date : Santa Maria, 22 of December 2012

This monograph consists of the analysis of diffusion activities adopted in the

Municipal Center of Photography (CDMF) - Montevideo - Uruguay; Municipal

Archives Photo Center Lisbon - Lisbon - Portugal and the Municipal Archives of the

city of Rio de Janeiro - Brazil. The same seeks to highlight the relevance of this

archival function that aims to promote the file, approaching the community at large.

Data collection was conducted through a questionnaire administered via internet. The

results reveal which of dissemination activities that are adopted in the archives

researched, which emphasizes that these activities are found to be more efficient in

spreading the collections and that these institutions are fulfilling the social role

assigned to files propagate the information contained in the collections users. For

despite detect some factors that can be improved, it was understood that there is a

striving to improve more and more services offered to users, one of the concerns of

the professional archivist.

Keywords: archivology, diffusion, photographic archives, municipal archives.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Tipos de Usuários…............................................................................37 QUADRO 2 – Finalidade das Consultas no Acervo...................................................37 QUADRO 3 – Atividades de Difusão..........................................................................38 QUADRO 4 – Instrumentos Utilizados para Divulgar as Atividades do Arquivo........44 QUADRO 5 – Fatores de Influência no Planejamento da Difusão do Arquivo...........45

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LISTA DE SIGLAS

CdF – Centro Municipal de Fotografia de Montevideo..............................................12

CIA – Conselho Internacional de Arquivos.................................................................22 ISAD-G – Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística...............................22 CONARQ – Conselho Nacional de Arquivos..............................................................22 NOBRADE - Norma Brasileira de Descrição Arquivística.........................................22

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Carta de Apresentação........................................................................54 Apêndice B – Questionário.........................................................................................56

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO …....................................................................................................11 1.1 Objetivos.............................................................................................................12 1.1.1 Objetivo Geral....................................................................................................12 1.1.2 Objetivos Específicos........................................................................................13 1.2 Justificativa...........................................................................................................13 2 METODOLOGIA.....................................................................................................16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... …......................................................................18 3.1 Fotografia ….......................................................................................................18 3.1.1 Breve Histórico da Fotografia ….......................................................................18 3.1.2 Os Pioneiros da Fotografia................................................................................19 3.1.3 Os Processos Fotográficos …...........................................................................20 3.2 Funções Arquivísticas …...................................................................................21 3.3 Difusão da Informação Arquivística ….............................................................23 3.3.1 Difusão da Informação Arquivística On Line.....................................................24 3.4 Arquivos Municipais …......................................................................................26 4 HISTÓRICO DAS INSTITUIÇÕES PESQUISADAS...............................................27 4.1 Arquivo Municipal da cidade do Rio de Janeiro ….........................................27 4.2 Centro de Fotografia de Montevideo …...........................................................30 4.3 Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico …......................................31 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS..............................................................................33 5.1 Identificação das Instituições e Recursos Humanos ….................................33 5.2 Treinamento de Equipe ….................................................................................34 5.3 Cadastro de Pesquisadores …..........................................................................34 5.4 Treinamento de Usuários …..............................................................................35 5.5 Estudo de Usuários ….......................................................................................36 5.6 Tipos de Usuários …..........................................................................................36 5.7 Finalidade das Consultas nos Acervos ...........................................................37 5.8 Atividades de Difusão …...................................................................................38 5.9 Instrumentos de Pesquisa …............................................................................43 5.10 Mudança Comportamental dos Usuários a partir das Atividades de Difusão......................................................................................................................43 5.11 Instrumentos Utilizados na Divulgação do Arquivo ….................................44 5.12 Instrumentos de Difusão que apresentam Melhores Resultados................44 5.13 Fatores de Influência no Planejamento da Difusão do Arquivo .................45 5.14 Contribuição Relacionada as Atividades de Difusão ..................................45 6 CONCLUSÃO.........................................................................................................46 REFERÊNCIAS ….....................................................................................................49 APÊNDICES …..........................................................................................................52

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1 INTRODUÇÃO

A tendência em registrar seus feitos é um comportamento inerente do ser

humano. Já na pré-história o homem começa a registrar a realidade vivenciada

através das pinturas rupestres feitas nas paredes das cavernas. Posteriormente,

utilizando-se da escrita e mais recentemente da fotografia como meio de transmitir

em imagens as suas vivências, ideias, sentimentos e ações.

O registro fotográfico mantém uma relação privilegiada entre a

representação e a realidade. Sendo uma fonte riquíssima de informação a partir do

momento em que foi gerada, devido a sua capacidade em reproduzir uma cena com

uma grande riqueza de detalhes, pois para descrever o conteúdo da cena

reproduzida de maneira textual seria muito mais trabalhoso. Como por exemplo, ao

descrever a evolução de uma cidade, os detalhes de sua arquitetura, as pessoas

que ali residiam, com seus hábitos, vestuário e costumes, são elementos que

quando captados pelas lentes de uma câmera simplificam o entendimento dos fatos

potencializando a capacidade de percepção.

Porém, o conteúdo da imagem só poderá ser corretamente compreendido

se na fotografia estiverem identificados os objetos e/ou pessoas retratados, local,

autoria, etc. A fotografia solta, desvinculada das informações que a identificam torna-

se vazia devido a impossibilidade de contextualizá-la.

Nesse contexto, os arquivos fotográficos vêm ganhando destaque nas

pesquisas históricas. Os historiadores que preferiam deter-se nas fontes escritas no

desenvolvimento de seus trabalhos, passam a utilizar a fotografia como uma

possibilidade a mais na leitura da realidade. Fato que atesta o caráter histórico da

fotografia.

Pois, a fotografia congela uma imagem, imortalizada como cena que

poderá ser objeto de investigação para o pesquisador. No caso das vistas urbanas,

a imagem fotográfica permite observar as transformações ocorridas num

determinado espaço através do tempo.

Portanto, é imprescindível a existência dos arquivos fotográficos, pois

preservam, instigam, valorizam e demarcam os traços constitutivos da identidade de

uma comunidade. Atuam na salvaguarda das imagens fotográficas de forma

Page 12: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

12

sistemática, identificando-as e contextualizando-as com o fato gerador da imagem e,

dessa forma, disponibilizando-as ao usuário por seu valor documental.

E é a partir da difusão arquivística que os acervos fotográficos são

comunicados aos diferentes tipos de usuários.

As ações de difusão arquivística implementadas nos arquivos,

popularizam a instituição arquivística e o seu acervo, comunicando a sociedade em

geral quais são as informações sob sua custódia.

Dessa forma, reconhecendo a importância dos arquivos fotográficos e da

difusão arquivística como ferramenta contributiva para a divulgação e aproximação

do usuário com o acervo, e consequentemente na consolidação da democracia, este

trabalho versa sobre as práticas de difusão utilizadas em arquivos fotográficos,

especificamente no Centro Municipal de Fotografia (CdF) – Montevideo – Uruguay;

Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico – Lisboa – Portugal e o Arquivo

Municipal da cidade do Rio de Janeiro – Brasil.

Nas três instituições pesquisadas, destaca-se a preocupação com a

preservação e difusão das imagens fotográficas na compreensão da história da

comunidade em que se inserem e na compreensão da evolução dos municípios.

Sendo que a fotografia é um dos melhores meios de fazer esses registros, pois, atua

como elemento revelador de aspectos constitutivos das mudanças que caracterizam

a evolução e a transformação de uma cidade.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Pesquisar as atividades de difusão desenvolvidas pelo Centro Municipal

de Fotografia (CdF) – Montevideo – Uruguai; Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo

Fotográfico – Lisboa – Portugal e o Arquivo Municipal da cidade do Rio de Janeiro –

Brasil, na difusão dos seus acervos fotográficos municipais.

Page 13: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

13

1.1.2 Objetivos Específicos:

Identificar e analisar as ações, atividades e instrumentos utilizados na

difusão dos acervos fotográficos dos arquivos pesquisados;

Ressaltar as atividades de difusão que revelarem-se mais eficientes na

difusão dos acervos;

Contribuir com a análise das práticas de difusão utilizadas por arquivos

fotográficos municipais de diferentes países;

1.2 Justificativa

Os acervos fotográficos constituem-se em fontes, de certa forma,

privilegiadas, por comportarem informações com uma riqueza de detalhes que nem

sempre são encontradas na documentação escrita. As fontes imagéticas permitem

ir muito além das meras descrições, porque trazem expressões de realidades vividas

em outros tempos. A fotografia configura-se em objeto de pesquisa e um meio de

comunicar e expressar as atividades humanas. As fotografias constituem o segundo

gênero documental mais encontrado nos diversos arquivos, sendo superadas

apenas pelos registros textuais.

Nesse sentido,

As diferentes nações puderam registrar suas tradições, culturas, paisagens, arquiteturas e monumentos, personagens – desde as figuras mais comuns aquelas mais ilustres -, festas e acontecimentos em geral. Expedições científicas e exploratórias, grandes construções (ferrovias, estradas, açudes e prédios) e destruições (guerras, movimentos cataclísmicos) foram também documentadas. As pessoas sentiam a necessidade de se “deixarem fotografar” para a posteridade. (...) o homem se descobriu e descobriu o mundo adquirindo informações e conhecimentos que antes lhe chegavam apenas de forma escrita, oral e por meio de desenhos e pinturas. (Rodrigues, 2007, p. 04)

Neste contexto, atualmente, os arquivos fotográficos vem ganhando

destaque no desenvolvimento de pesquisas históricas como importante fonte de

informações. Está ocorrendo cada vez mais, por parte da historiografia

contemporânea, a valorização da fotografia como objeto ou fonte da história.

A noção de passado está longe de depender apenas de fontes escritas, e

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14

nesse campo, a fotografia deve ser também entendida como documento, que

associada a outros registros possibilita novas interpretações. (PAIVA, 2004)

Entretanto, para que a fotografia mantenha seu valor, é imprescindível

que estejam contextualizadas e que sejam devidamente identificadas pessoas,

objetos, locais, autores, etc. a que se referem. Pois, o contexto aciona toda uma

rede semântica que vai conectar outros fios em sua malha para produzir mais

alcance do conhecimento assim obtido. (MANINI, 2001)

E é nos arquivos fotográficos que as imagens fotográficas são analisadas

e identificadas objetiva e sistematicamente a partir de metodologias adequadas e

disponibilizadas ao público como documentos arquivísticos, preservadas como

fontes essenciais na reconstituição de fatos históricos, das memórias da vida

individual e coletiva.

Para que os acervos fotográficos sejam comunicados a comunidade a

difusão arquivística torna-se essencial. Considerando que o arquivo é local de

informação e comunicação, tendo como função maior garantir o acesso ao acervo

custodiado, as políticas de difusão implementadas pelas instituições arquivísticas

contribuem para o cumprimento de sua finalidade básica de tornar acessíveis as

informações contidas em seu acervo a toda comunidade.

Foram eleitos como universo de estudo, os seguintes arquivos: Centro

Municipal de Fotografia (CdF) – Montevideo – Uruguai; Arquivo Municipal de Lisboa

Núcleo Fotográfico – Lisboa – Portugal e o Arquivo Municipal da cidade do Rio de

Janeiro – Brasil.

A escolha dos arquivos investigados justifica-se por tratar-se de três

arquivos municipais, com expressivo acervo fotográfico, pertencentes a cidades

situadas em três países distintos, portanto, com culturas distintas, onde a fotografia

foi introduzida de maneiras variadas, assim como ocorreu com o processo de

formação dos respectivos acervos fotográficos. Fatores que enriquecem a pesquisa

realizada devido às inúmeras atividades e ações que podem ser implementadas no

processo de difusão em acervos tão valiosos do ponto de vista informacional e com

realidade e cultura distintas.

Salientando que as cidades onde estão localizadas as instituições

arquivísticas pesquisadas são duas capitais e uma ex-capital dos referidas nações, o

que vem reforçar a importância dos mesmos não só a nível municipal, mas também

Page 15: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

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no cenário histórico nacional dos países a que pertencem.

E, dessa forma ao demonstrar a realidade e as características da difusão

arquivística implementada nos acervos arquivísticos fotográficos pesquisados;

contribuir com a análise das práticas de difusão utilizadas por arquivos fotográficos

municipais.

Destacando que ao investigar e divulgar as práticas de difusão

implementadas em arquivos fotográficos municipais de nacionalidades distintas, é

possível contribuir para compor o panorama do que pode ser feito pelos arquivos

municipais em relação a difusão de seus acervos fotográficos.

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2 METODOLOGIA

Os arquivos são retratos da história da sociedade, por demonstrarem de

forma fidedigna fatos, ocorrências e transformações ocorridas nas relações entre as

pessoas, no cotidiano e na evolução da localidade retratada. Nesse sentido os

arquivos fotográficos municipais são fontes primárias para a história de uma

localidade.

A preservação da memória local requer, assim, a preservação e a difusão

dos arquivos fotográficos municipais.

Para a realização da análise das práticas de difusão utilizadas por

arquivos fotográficos municipais desenvolveu-se essa pesquisa, a qual, é

considerada aplicada, pelos conhecimentos aplicados as questões específicas

referentes às atividades de difusão desenvolvidas.

Além disso, tendo em vista os objetivos propostos, a pesquisa

desenvolvida é de cunho descritivo e abordagem qualitativa que, é indicada quando

se busca descrever a complexidade de determinado problema, entender as relações

sociais e culturais nas quais está inserido.

Nesse sentido,

A pesquisa descritiva é usada para descrever fenômenos existentes, situações presentes e eventos, identificar problemas e justificar condições, comparar e avaliar o que os outros estão desenvolvendo em problemas e situações similares, visando aclarar situações para futuros planos e decisões (GRESSLER, 2003, p. 54)

Quanto aos procedimentos adotados, inicialmente definiu-se as

instituições arquivísticas detentoras de arquivos fotográficos que se utilizam da

internet para difusão dos mesmos, objeto de estudo desta pesquisa. Foram eleitos,

três arquivos municipais, de três cidades localizadas em países diferentes, que

custodiam notável acervo fotográfico: Centro Municipal de Fotografia (CdF) –

Montevideo – Uruguai; Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico – Lisboa –

Portugal e o Arquivo Municipal da cidade do Rio de Janeiro – Brasil.

Após foi elaborado um questionário composto por perguntas abertas e

fechadas – embasado no referencial teórico – para a coleta de dados.

Inicialmente, no questionário, foram solicitados os dados de identificação

do arquivo e dos recursos humanos disponíveis e, após foram expostas as

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17

perguntas que abordam: cadastro de pesquisadores, treinamento de usuários,

atividades de difusão, usuários do arquivo, tipo de difusão que apresenta os

melhores resultados para o arquivo, fatores de influência no planejamento da difusão

do arquivo e contribuição relacionada às atividade de difusão.

Então, foram enviados via internet para os referidos arquivos, o

questionário (Apêndice A), juntamente com uma carta de apresentação do

orientador (Apêndice B).

Em um período aguardado de nove semanas, obteve-se 100% das

respostas dos arquivos pesquisados, os quais foram apresentados neste trabalho

em forma de quadros e textos, analisados e comentados, chegando-se, assim, as

conclusões e resultados.

Assim, os métodos descritos nortearam a investigação dos fatos

pesquisados revelando quais são as ações e atividades de difusão arquivística

implementadas nos arquivos pesquisados.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Fotografia

A fotografia é uma das maneiras desenvolvidas pelo homem para se

comunicar, é uma representação de fatos concretos que, em algum momento no

tempo foram vivenciados.

Nesse sentido,

A fotografia tem sido aceita e utilizada como prova definitiva “testemunho da verdade” do fato ou dos fatos. Graças a sua natureza fisicoquímica – e hoje eletrônica – de registrar aspectos (selecionados) do real, tal como esses de fato se parecem, a fotografia ganhou elevado status de credibilidade. (KOSSOY, 1999, p.19)

Entretanto, para compreender o presente é fundamental visitar o passado,

assim, esse capítulo apresenta uma breve contextualização da fotografia na história.

3.1.1 Breve Histórico da Fotografia

Os fundamentos da fotografia são provenientes de dois princípios básicos

que são: a câmera escura e os materiais fotossensíveis.

A câmara escura consiste num equipamento formado por uma caixa preta

totalmente vedada da luz, tendo no meio de uma das faces um pequeno orifício ou

uma objetiva. Quando apontada para algum objeto, a luz deste projeta-se para

dentro da caixa e a imagem se forma na parede oposto ao orifício. Se na parede

oposta ao invés de uma parede opaca for colocada uma translúcida, como um vidro

despolido, a imagem formada será visível do lado de fora da câmera de forma

invertida, mas não era possível estabilizar a imagem obtida.

Não se pode precisar a origem da invenção da câmera escura.

Descrições desse tipo de conhecimento existem desde a Grécia antiga e também

entre os chineses, árabes, assírios e babilônios.

Page 19: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

19

Os materiais fotossensíveis utilizados na reprodução de uma imagem

fotográfica são os haletos ou sais de prata que se modificam “rapidamente com a

ação da luz, enegrecendo na mesma proporção que recebem luz” Salles (2008,

p.02). Registros indicam que o conhecimento dessas propriedades é anterior ao

século XVI.

Porém, a fotografia não pode ser inventada nessa época:

Após ser feita a impressão de uma imagem no papel de sais de prata, a imagem não se mantinha estável, pelo simples motivo que a prata continuava fotossensível. A prata reage á luz ficando mais negra á medida que recebe maior quantidade de luz. Então, se gravamos uma imagem com os grãos de prata, como faremos para olhar o resultado? É fácil, é só vê-los na luz. Mas vendo a imagem na luz, a prata continuava a ser sensibilizada enegrecendo gradativamente a imagem obtida. (SALLES, 2008, p. 02)

Então, a grande dificuldade enfrentada pelos pioneiros da fotografia foi a

busca por uma maneira de estabilizar a prata impedindo-a de se sensibilizar na

presença da luz após gravar a imagem.

3.1.2 Os Pioneiros da Fotografia

Nicéphore Nièpce buscou utilizar chapas metálicas emulsionadas com

betume para imprimir imagens na câmera escura, mas devido à sensibilidade do

betume a quantidade de luz que entrava não era suficiente. Uma única imagem

sobreviveu dessas experiências, sendo considerada historicamente a primeira

fotografia.

Neste contexto Nièpce conheceu Louis Daguerre e juntos desenvolvem

uma série de experimentos em busca de um processo que estabilizasse a imagem.

Mas, em 1833. Niépce faleceu e Daguerre continuou as experiências aperfeiçoando-

as, fato que culminou na daguerreotipia, contornando o problema da fixação e da

nitidez. Foi o primeiro sistema de revelação fotográfica anunciado comercialmente.

Simultaneamente ao anúncio da descoberta de Daguerre outros nomes

também anunciaram a criação de imagens devido a ação da luz. Dentre eles, Willian

Henry Fox Talbot que conseguiu produzir cópias sobre papel. Talbot desenvolveu

um procedimento onde a imagem transformada em negativo gera um protótipo

Page 20: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

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passível de reprodução. Talbot verificou que uma imagem latente podia torna-se

visível por meio de um tratamento químico chamado revelação, segundo Pavão

(1998, p. 02) “este tratamento permitiu reduzir o tempo de exposição, que era

inicialmente de cerca de uma hora, para um minuto. Talbot conseguiu assim obter

imagens que incluíam pessoas”.

Também merece ser citada a contribuição de Hercules Florence que

chegou a um método de fixação de imagens por contato em papel. “apesar de

Florence não ter dado nenhum nome específico a seu processo pela câmara escura,

seu sistema de impressão por contato em negativo foi chamado de fotografia”, cita

Salles (2008, p. 06). Foi a primeira vez que se usou essa nomenclatura.

A partir daí ocorreu uma grande evolução no desenvolvimento de

processos fotográficos até culminar na fotografia como é na atualidade.

3.1.3 Os Processos Fotográficos

Em 1848, Claude Niépce, descobriu que a albumina da clara de ovo é um

excelente suporte para a emulsão de nitrato de prata, permitindo sua adesão na

chapa de vidro. Entretanto, esse processo não pode manter-se por muito tempo

devido ao custo do ovo. Após veio o processo da chapa úmida que utilizava o

colódio que era mais barato e possuía melhores condições de transmissão luminosa.

Conforme Salles (2008) esse processo ainda não era o definitivo, pois as chapas

precisavam ser reveladas antes de secar, senão ficavam impermeáveis não

permitindo a ação dos produtos químicos utilizados no processamento, perdendo a

capacidade de reagir com o revelador.

Após mais ou menos vinte anos surgiu um experimento de uma

suspensão de nitrato de prata em gelatina, tornando a fotografia instantânea. O

processo ficou conhecido como chapa seca.

George Eastman emulsionou o primeiro filme em rolo da história e

construiu uma pequena câmara para usá-lo. Foi lançada comercialmente em 1888, e

nomeada “Câmara Kodak”. “ Cita Salles (2008, p. 08) “depois de terminado o rolo o

fotógrafo só precisaria mandar o rolo para o laboratório de Eastman que receberia

Page 21: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

21

seu negativo, cópias positivas em papel e a câmera com um novo rolo de 100

poses”

Essa descoberta foi uma grande revolução na história da fotografia,

possibilitando todos os demais avanços técnicos que se seguiram até a atualidade.

No contexto nacional, Fernandes Junior (2000) salienta que a fotografia

surgiu no Brasil em 1840, através do abade Louis Compte que viajava para propagar

o daguerreótipo. Ao chegar ao Brasil no dia 17 de janeiro de 1840 fez três

daguerreótipos que foram doados a D. Pedro II que, tinha 14 anos. Em março do

mesmo ano, ele recebeu seu primeiro equipamento fotográfico da Europa e é

considerado o primeiro fotógrafo brasileiro.

O mesmo abade realizou os primeiros daguerreótipos de Montevidéu,

porém estes não sobreviveram. Depois ele ficou residindo ali e dando aula de

matemática em um Liceu.

3.2 Funções Arquivísticas

De acordo com Rousseau e Couture (1998), existem sete funções

arquivísticas: criação, avaliação, aquisição, conservação, classificação, descrição e

difusão dos arquivos.

A criação de informações orgânicas registradas dá origem aos arquivos

de instituições públicas ou privadas, pessoas físicas ou jurídicas. Para Rousseau e

Couture (1998, p. 51) “as preocupações do arquivista, no domínio da criação,

consistem, sobretudo em assegurar a uniformização da forma dos documentos, bem

como a gestão dos documentos eletrônicos”.

A aquisição é a passagem dos documentos de arquivo pelas três idades

dos documentos, da produção, da transferência para o arquivo intermediário ao

recolhimento ao arquivo permanente. Cita Santos et al (2007, p. 179 ) ”a aquisição

contempla a entrada dos documentos nos arquivos correntes, intermediários e

permanentes”.

A conservação consiste em adotar meios para minimizar os efeitos de

deterioração dos documentos causados pela ação do tempo, de micro-organismos e

Page 22: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

22

manuseio incorreto. Não é possível eliminar completamente estes efeitos, mas

diminuir seu ritmo de destruição, através da adoção das medidas corretas para cada

acervo documental.

Quando se discute guarda permanente de documentos, não se espera que os documentos sejam mantidos intactos por toda a eternidade, mas que sejam guardados e protegidos de tal maneira que se estenderá seu uso e acesso ao máximo, até que seu valor primário seja superado e seu valor secundário seja utilizado em pesquisa ou em outras atividades. (NEGREIRO e DIAS, 2008, p. 14)

Conforme Camargo e Machado (1997) a classificação consiste em

distribuir as matérias tratadas nos documentos em classes e/ou grupos de acordo

com o sistema de classificação adotado. A classificação começa desde a fase inicial

do protocolo, estando ela ligada às atividades de recebimento, tramitação,

expedição, arquivamento e recuperação da informação contida nos documentos.

Rousseau e Couture (1998) afirmam que a classificação é a primeira

etapa que leva ao acesso do acervo documental.

A avaliação consiste na análise dos documentos arquivísticos, com o

objetivo de identificar seu valor e então estabelecer prazos para sua guarda ou

eliminação, independente do suporte. Quanto à valoração dos documentos pode ser

primário – uso administrativo, legal ou jurídico – e secundário – uso histórico

probatório e histórico informativo. A avaliação deve ser iniciada na fase corrente.

A descrição dos documentos de um arquivo resulta em instrumentos de

pesquisa que por sua vez são o elo entre o pesquisador e os documentos, pois

possibilitam o conhecimento e a localização dos mesmos. A descrição é uma função

realizada no arquivo permanente.

Com o objetivo de padronizar a elaboração dos instrumentos de pesquisa,

o Conselho Internacional de Arquivos (CIA) criou a Norma Geral Internacional de

Descrição Arquivística (ISAD(G)), no Brasil o Conselho Nacional de Arquivos

(CONARQ) estruturou a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE).

E a difusão que é a função arquivística estudada nesta pesquisa e, será,

portanto, mais amplamente abordada.

Page 23: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

23

3.3 Difusão da Informação Arquivística

É a difusão que promove a função social atribuída aos arquivos ao propagar a

informação contida nos acervos arquivísticos aos usuários. Cita Bonilla (2001, p. 178) “son

considerados actividades que permiten canalizar la relación entre el usuario y los

documentos organizados, favoreciendo la función social tradicionalmente atribuida al

archivo”.

A finalidade dos serviços de difusão é fortalecer a identidade e a imagem

do arquivo, estabelecendo uma estreita relação entre arquivo, memória e

conhecimento e ainda contribuir na mudança da percepção pública sobre o arquivo,

pois não devem ser vistos como grandes volumes de documentos apenas para uso

de uma minoria erudita com informações incompreensíveis para a maioria dos

cidadãos. Nesse sentido afirma Schellenberger (2002, p. 29) “somente uma

pequena fração do público conhece a extensão e o valor e percebe a rara perfeição

dos documentos históricos”.

A Difusão é a função arquivística essencial na promoção e divulgação da

instituição, das atividades arquivísticas e do acervo documental, independente do

tipo de documentos custodiados pelo arquivo.

Conforme Perez (2005, p. 1) “o processo de difusão vem a ser a

divulgação, o ato de tornar público, de dar a conhecer o acervo de um centro de

documentação fotográfica assim como os serviços que este coloca a disposição dos

seus usuários”.

O autor supracitado ressalta que não basta tratar a documentação –

aplicando com êxito as seis primeiras funções arquivísticas - deve também estar

disponível. Pois, quanto maior o número de usuários buscando as informações,

maior será o êxito obtido.

Portanto, é a difusão que permeia o sentido de existir de um arquivo. De

acordo com as características de cada acervo documental, o arquivo naturalmente

atrairá um determinado tipo de usuário, porém, se a comunidade não tiver

conhecimento da existência do arquivo, do acervo que custodia e das atividades

oferecidas o índice de frequentadores será muito reduzido.

Enfatiza-se que a difusão contribui para despertar o interesse de novos

Page 24: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

24

usuários que, até então desconhecia o potencial informativo custodiado pela

instituição.

Nesse contexto Belloto (2007) apresenta três tipos de difusão:

A difusão cultural engloba as ações que envolvem projetos culturais no

recinto do arquivo, como literatura, dança música, cinema, teatro, folclore e os

diversos tipos de manifestações culturais e artísticas, visando aproximar a

comunidade do arquivo, não somente o pesquisador, mas também o cidadão

comum.

A difusão editorial refere-se às publicações. Elas são canais

comunicantes com o exterior, informando sobre o conteúdo do acervo documental,

das atividades e dos programas do arquivo. A primeira forma de publicação a ser

disponibilizada são os instrumentos de pesquisa. As publicações podem ser

técnicas, informativas, boletins, vídeos, folders, malas-direta, entre outros.

A difusão educativa são as atividades que priorizam os alunos do ensino

fundamental e médio, oportunizando a aproximação dos estudantes e também do

professor com o arquivo. Os serviços educativos constituem-se de visitas, aula de

história no arquivo, palestras, etc.

A difusão propicia aos arquivos a oportunidade de deixarem de ser

instituições herméticas, acessíveis somente a eruditos e pesquisadores. A abertura

dos arquivos a um novo público, cita Bellotto (2002, p. 25) “contribui para formar um

cidadão mais apto a compreender o passado da sociedade em que vive e, com isso,

melhor poder dar a sua contribuição para forjar um futuro mais digno para esta

mesma sociedade”.

3.3.1 Difusão da Informação arquivística On-Line

Os meios de comunicação são grandes aliados da difusão, pois podem

divulgar o arquivo a cidadãos que, provavelmente, não seria possível aproximar-se

sem a ajuda destes canais comunicantes. Neste contexto salienta-se o uso da

Internet, pois ao disponibilizarem-se atividades na web, como por exemplo,

publicações eletrônicas e exposições virtuais, é facilitado o acesso à informação,

alcançando também o usuário virtual.

O arquivo precisa assumir o desafio de promover mudanças, no sentido

Page 25: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

25

de adequar-se às necessidades dos usuários, às novas tecnologias e às exigências

do mercado da informação.

A Difusão on-line permite estreitar o relacionamento entre

instituição/usuários, pois o usuário passa a ter acesso praticamente instantâneo as

informações disponibilizadas.

Os microcomputadores trouxeram assim uma grande mudança no que diz respeito aos usuários do serviço on-line que, não são mais apenas os profissionais da informação, mas aqueles que, anteriormente, se valiam de um intermediário e agora fazem sua busca independentemente. (…) os serviços on-line são idealmente adequados em termos de serviços oferecidos, tornando os seus usuários mais exigentes em questão de qualidade e mais cientes do valor do serviço. (FIGUEIREDO, 1996, P. 91)

Ao tratar do tema difusão de acervos e tecnologia, FUGUERAS (2003)

apresenta as vantagens obtidas no uso da Internet como mecanismo de difusão,

que consistem basicamente: na disponibilização de informações arquivísticas a

diferentes usuários, ao mesmo tempo a qualquer hora ou lugar; redução de custos

de publicação, uma vez que a edição de páginas, em nível básico, não é difícil nem

cara e; a preservação dos documentos sem impedir a consulta, pois além de

informações sobre o acervo pode disponibilizar inclusive peças ou conjuntos

documentais digitalizados.

A Difusão on-line desenvolve atividades e ações de difusão de acervos

arquivísticos, a partir do uso da internet, onde instituições arquivísticas e usuários

encontram interatividade nos seus relacionamentos proporcionando uma troca de

informações rápida e dinâmica. Sendo, portanto, de grande valia tanto para a

instituição quanto para o usuário.

E, nesse contexto, fazendo com que os arquivos participem do conjunto de

mudanças estruturais que estão modificando substancialmente a maneira de se

comunicar e interagir da sociedade em geral.

Page 26: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

26

3.4 Arquivos Municipais

Conforme Machado e Camargo (2000), arquivo municipal é a instituição

responsável pelos conjuntos de documentos acumulados por órgãos dos poderes

executivo e legislativo, no âmbito da administração municipal direta ou indireta.

Durante muito tempo, os arquivos foram considerados apenas depósitos de

papéis velhos, os famosos “arquivos mortos”. Esse descaso ocorria especialmente

na administração pública.

No entanto, a crescente produção de documentos e o avanço das tecnologias

da informação, ocasionaram a necessidade de acesso às informações contidas

nesses documentos para comprovar direito e dar suporte à administração pública,

exigindo uma melhora na qualidade dos serviços arquivísticos.

Vaz (1994) atribui a documentação municipal três aspectos importantes:

esses documentos são patrimônio público, tanto na perspectiva administrativa

quanto na cultural; são elementos de constituição e exercício da cidadania e; são a

base da preservação da memória da sociedade.

Devendo, então, o acervo arquivístico municipal ser organizado, preservado e

disponibilizado a comunidade de maneira a contribuir com pesquisas históricas e

também possibilitando que a sociedade em geral possa conhecer, utilizar e

participar do arquivo, reforçando a sua identidade cultural e exercício da cidadania.

Enfatizando essa ideia, Rezende (1999) diz “Apesar dos novos valores

sociais, econômicos e culturais, talvez a busca pela identidade seja uma forma de

resgatar o que realmente procuramos com todas estas mudanças: o direito à

informação e o acesso à mesma”.

Portanto, os arquivos municipais contribuem com uma administração mais

comprometida, ao tornar disponíveis as informações custodiadas aos cidadãos;

revelando a memória da cidade, de um povo, sua história, sua cultura. “Os arquivos

municipais representam uma forma de se preservar a história do cotidiano da

administração pública, salvando o passado para servir o presente e o futuro, não só

da localidade, mas de toda nação”. Rezende (1999, p. 20).

Page 27: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

27

4 HISTÓRICO DAS INSTITUIÇÕES PESQUISADAS

4.1 Arquivo Municipal da cidade do Rio de Janeiro1

No século XIX toda a documentação era guardada no arquivo da Câmara

Municipal. A partir do Decreto nº 44, de 5 de agosto de 1893, sua denominação foi

alterada para Arquivo Geral da Prefeitura do Distrito Federal, assumindo a

competência de gerir e preservar a documentação produzida e acumulada pelos

diversos órgãos e repartições do Executivo municipal. Mas, logo a seguir, o Arquivo

foi rebaixado na escala administrativa, permanecendo em situação de subordinação,

fato que o impediu de cumprir eficazmente suas atribuições. Daí em diante, passou

por sucessivas mudanças de denominação, de subordinação e de localização,

funcionando, muitas vezes precariamente, em instalações inadequadas.

No final da segunda década do século XX, o Arquivo do Distrito Federal

foi reorganizado como repartição independente, sob a direção do eminente

historiador Noronha Santos que procedeu ao primeiro tratamento técnico de

identificação, classificação e arranjo do seu acervo documental. A partir dessa

época, a quantidade de documentos que passou a ser custodiada pelo órgão se

multiplicou, devido à expansão da própria cidade e ao surgimento de novas espécies

documentais, tais como fotografias, filmes e discos.

Porém, a partir de 1938, com a publicação do Decreto nº 836, tornou-se

um mero Serviço da Diretoria de Interior da Prefeitura do Distrito Federal. Em 1940,

o Decreto nº 620 transferiu o Arquivo para a Secretaria Municipal de Educação e

Cultura, com a designação de Serviço de Arquivo Geral.

Entre as décadas de 1940 e 1960, o Arquivo do Distrito Federal

permaneceu como órgão da Secretaria Municipal de Educação e Cultura,

subordinado ao Departamento de História e Documentação. Essa situação

constituiu-se, mais uma vez, em um obstáculo para que o órgão pudesse cumprir a

sua função de gerir e preservar a documentação permanente produzida pelo Poder

1 Fonte: Disponível em: http://www0.rio.rj.gov.br/arquivo/o-arquivo-coment-sub-docespecial.html. Acesso em 15 de agosto de 2012.

Page 28: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

28

Executivo municipal, pois perdeu poder na escala hierárquica da administração.

Em 1963, por decreto do governador do estado da Guanabara, o Arquivo

do Distrito Federal passou a ser denominado Serviço de Arquivo Histórico, mas

manteve-se subordinado à Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria

Estadual de Educação e Cultura.

Em 1975, depois da fusão dos antigos estados da Guanabara e do Rio de

Janeiro, quando a cidade tornou-se capital do novo estado do Rio de Janeiro e

voltou à condição de município, sua denominação foi mudada para Arquivo

Municipal, mas permaneceu subordinado ao Departamento Geral de Cultura da

Secretaria Municipal de Educação e Cultura.

O Decreto nº 2.053, publicado em 6 de março de 1979, restabeleceu a

denominação de Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, porém o manteve

subordinado ao Departamento Geral de Cultura da Secretaria Municipal de

Educação. Nesse mesmo ano, foram realizadas as obras para a construção do seu

prédio-sede. O órgão voltou a ser encarregado da gestão e da preservação de toda

a documentação de valor permanente produzida pela municipalidade.

Porém, apenas recentemente, o chefe do executivo municipal, por meio

do Lei nº 3.404, de 5 de junho de 2002, determinou que o órgão se tornasse o gestor

da Política de Arquivos e do Sistema de Memória da Cidade.

Assim sendo, a instituição, a partir de janeiro de 2003, com a publicação

de um novo Decreto, de nº 22.615, que regulamente a Lei nº 3.404, teve ratificada

as suas competências de elaborar, implantar e acompanhar a execução da Política

Municipal de Arquivos Públicos e Privados, no âmbito do Poder Executivo do

município e de fazer a gestão documental dos órgãos e entidades da administração

pública municipal.

De forma a melhor cumprir com as novas responsabilidades, o Arquivo da

Cidade, pelo Decreto 22.614, de 30 de janeiro de 2003, foi transferido do

Departamento de Documentação e Informação Cultural, posteriormente extinto, para

o Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura.

O acervo do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro remonta à época

da refundação da cidade, em 1567. Até a Proclamação da República, os

documentos originários do exercício da administração da cidade foram recolhidos ao

arquivo da Câmara. Após a instalação do novo regime, com a criação da Prefeitura,

Page 29: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

29

os documentos produzidos pelo novo ente municipal juntaram-se aos custodiados

pela Câmara Municipal.

Com o passar dos anos, arquivos particulares de interesse público foram

anexados ao acervo, assim como novas mídias foram a ele incorporadas. Deste

modo, um amplo conjunto documental, que versa sobre a cidade do Rio de Janeiro,

com mais de 4 séculos de existência, encontra-se à disposição do pesquisador e do

cidadão:

- Acervo Iconográfico: destacam-se as fotografias, que alcançam a cifra

de mais de 45.000 unidades originais, em positivo ou em negativo, em vidro ou em

celuloide. Este acervo provém tanto do poder público municipal quanto das coleções

particulares, abrangendo uma variedade de assuntos, tais como obras públicas,

serviços públicos, atividades econômicas, edificações públicas e particulares,

monumentos, festas e tipos populares, esportes, atividades de lazer e eventos

oficiais. Data Limite: 1865 a 1987. É constituído ainda por mais de 4.500 unidades

de cartões-postais, gravuras, desenhos e aquarelas, fotogravuras, cartazes, projetos

e esboços arquitetônicos e estudos de logradouros. As datas-limites desta

documentação são 1816-1965.

- Acervo Cartográfico: é constituído por mais de 3.600 unidades

documentais, compostas basicamente por plantas, mapas e cartas da cidade. Suas

dataslimites são 1790-1977. Este acervo trata, sobretudo, da abertura e das

alterações dos logradouros públicos e das obras e reformas civis realizadas nestes

locais. Recentemente, a instituição recebeu um expressivo contingente de plantas

originárias do Instituto Pereira Passos.

- Acervo Audiovisual: é formado por fitas magnéticas K7 e rolo, vídeos,

slides, filmes, discos, CD´s, CD-Roms e vídeos ultrapassando a cifra de 2.200

unidades, cujas datas-limites são 1950-2000. Abrange uma variada gama de temas,

desde eventos oficiais, como solenidades e festas de inauguração de escolas

públicas, pronunciamentos e discursos oficiais, até palestras, cursos e seminários

promovidos pela instituição. Também inclui programas da rádio Roquete Pinto,

conferências, congressos, gravações de compositores populares, recitais de corais e

de conjuntos regionais, leitura de poemas e crônicas de diversos escritores

brasileiros e entrevistas e depoimentos de personalidades destacadas da história da

cidade.

Page 30: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

30

- Documentação Escrita: compreende dois tipos de registros: os

documentos manuscritos e os documentos impressos. As datas-limites desta

documentação são 1565 e 1985. Sua metragem é de 4.000 metros lineares de

documentos textuais e sua quantidade ultrapassa a cifra de 3.500.000 de unidades.

- Acervo Hemerográfico e Bibliográfico: são formados por cerca de 8.000

títulos de livros e 450 de obras de referência e por 1.350 títulos de periódicos,

perfazendo um total de 20.000 itens. Além disso, o acervo contém folhetos, teses e

monografias (210), impressos e recortes de jornais (5.000) de coleções particulares,

relativos à cidade e à sua história administrativa, urbanística, social, econômica,

política e cultural.

- Coleções Particulares: Custodia também vários conjuntos documentais

particulares, doados por personalidades da vida da cidade, como prefeitos,

governadores, escritores, funcionários públicos, engenheiros e professores.

4.2 Centro de Fotografia de Montevidéu (CdF)2

O Centro de Fotografia de Montevidéu é uma instituição pública que se

dedica a conservar, documentar, gerar, investigar e divulgar imagens fotográficas de

interesse para uruguaios e latinoamericanos. Foi criado em 2002 e é uma unidade

pertencente a Divisão de Informação e Comunicação do Município de Montevidéo.

Custodia um acervo em constante crescimento, composta por cerca de

120.000 fotografias históricas, correspondendo ao período de 1840-1990, e 30.000

fotografias contemporâneas. Em constante processo de digitalização, as fotografias

históricas estão disponíveis ao público para consulta e reprodução. As fotografias

contemporâneas são realizadas pelos fotógrafos que formam a equipe do CdF, e

continuam alimentando o acervo. Essas fotografias não estão disponíveis para o

público em geral.

Sob as regras e padrões internacionais de conservação é realizada a

conservação preventiva, digitalização, e descrição documental do acervo. Os

originais são acondicionados em uma câmera com temperatura e umidade

controladas.

2 Fonte: disponível em: http://cdf.montevideo.gub.uy/content/quienes-somos. Acesso em: 15 de agosto de 2012.

Page 31: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

31

No Salão da CdF exibe-se a obra de autores contemporâneos do Uruguai

e do mundo, e as fotografias pertencentes ao acervo do próprio centro. O CdF

gerencia cinco espaços expositivos: a sala do CdF, a fotogaleria de Solis, e três

fotogalerias a céu aberto, localizadas no Parque Rodó, Prado, e Cidade Velha.

Todos os espaços são destinados exclusivamente para a exposição de fotografia.

O primeiro espaço para exposições fotográficas é a sala do CdF, que se

encontra na sede do próprio Centro. A Fotogaleria de Solis é um espaço destinado

a exposições fotográficas sobre artes cênicas, situada nas galerias laterais do

histórico Teatro Solís. A primeira fotogaleria a céu aberto foi inaugurada no Parque

Rodó em dezembro de 2009, em setembro de 2010 a fotogaleria no bairro Prado e

em março de 2012 se instalou a fotogaleria da Cidade Velha.

O CdF ganhou um prédio na 18 de julho, principal avenida de Montevidéo

que, no momento está passando por reformas. O espaço terá local para exposições,

sala para laboratórios de conservação e restauração onde serão ministrados cursos.

O Centro de Fotografia realiza chamados anuais para que um jurado

composto por três integrantes para selecionar trabalhos fotográficos para expor em

seus diferentes espaços.

.

4.3 Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico 3

A criação do Núcleo Fotográfico, do Arquivo Municipal de Lisboa, em

1942, teve como principais objetivos centralizar a produção fotográfica dispersa

pelos vários setores e assegurar a sua conservação.

Durante as décadas de 1940 a 1960, o acervo do Arquivo cresce pelas

mais diversas vias: leilões, doações, legados e ainda pela encomenda pontual ou

através de acordos estabelecidos com alguns fotógrafos.

A gestão documental do Arquivo é iniciada na década de 1960. No

período posterior a 1974, as restrições orçamentais inviabilizaram a aquisição de

novas imagens. A partir de 1990 define-se a reestruturação global do Núcleo

Fotográfico em moldes modernos e atuais, acompanhando as novas tecnologias de

3 Fonte: Disponível em: http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/default.asp?s=12079&ctd=3853 Acesso em: 15 de agosto de 2012.

Page 32: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

32

conservação e difusão da imagem, com o objetivo de dotar a cidade de Lisboa de

um equipamento cultural inovador, dinâmico e fundamental para o patrimônio

fotográfico do país.

Em 1994 é inaugurado na Rua da Palma um espaço concebido para

assegurar o funcionamento do Núcleo Fotográfico nas suas principais vertentes:

recolhimento, preservação, investigação e divulgação da memória fotográfica de

Lisboa.

O acervo detém atualmente cerca de 600.000 imagens (positivos e

negativos) das quais mais de 93.000 estão informatizadas e disponíveis ao acesso

público.

A coleção tem um conteúdo com valor documental e patrimonial único

para a História de Lisboa nos seus aspectos urbanísticos, arquitetônicos, sociais,

políticos, vivenciais e para a História da fotografia em Portugal, pelos fotógrafos

representados e pelos processos fotográficos aí conservados desde 1850 até aos

nossos dias.

A equipe do Fotográfico é constituída por especialistas das áreas de

História, Conservação, Fotografia e Ciências Documentais, que prestam um serviço

qualificado e personalizado ao público escolar, investigadores e a todos os que

diariamente utilizam as suas imagens.

Atualmente, a política de aquisições e incorporações do acervo, no

Núcleo Fotográfico, mantém-se ativa com importantes doações, como o espólio

Eduardo Portugal e mais recentemente o espólio Parque Expo, com cerca de

250.000 imagens, aquisições como o espólio Artur Pastor e encomendas a

fotógrafos como as fotografias dos projetos Lisboa - Anos 90 e Uma Cidade de

Futebol.

O Núcleo Fotográfico mantém a divulgação da fotografia portuguesa e

internacional com a organização de exposições temporárias nas suas instalações.

Enquadram-se, também, nesse objetivo as exposições itinerantes, destinadas a dar

a conhecer o acervo do Arquivo e a frequente participação em eventos relacionados

com a fotografia, como na 1ª e 2ª edição da Lisboaphoto de 2003 e 2005.

Page 33: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

33

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir dos dados obtidos com o levantamento de dados realizado para

essa pesquisa, identificou-se as atividades de difusão que estão sendo utilizadas

pelos arquivos pesquisados.

Ao proceder-se a análise das respostas optou-se pela fusão da descrição

textual com alguns dados apresentados em quadros para melhor compreensão dos

resultados, destacando-se palavras chaves referentes às perguntas realizadas.

5.1 Identificação das Instituições e dos Recursos Humanos

A primeira pergunta apresentada no questionário tem o objetivo de

identificar a instituição e quais os recursos humanos disponibilizados.

Quanto aos recursos humanos o Arquivo Geral da Cidade do Rio de

Janeiro conta com 20 servidores e 58 funcionários terceirizados, sendo que os

servidores possuem formação em arquivologia, biblioteconomia e história.

O Centro de Fotografia de Montevideo tem 26 funcionários (incluindo

estagiários pagos) com formação em Fotografia, Licenciatura em Comunicação,

Técnico em Gestão Cultural, Administração, Técnico em Turismo, Licenciatura em

Ciências Históricas, Licenciatura em Desenho Gráfico, Atores e Arquivistas.

Já o Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico respondeu que

possui 150 funcionários no total, dentre eles diversos arquivistas, porém não

especificou quantos arquivistas.

Observa-se que os três arquivos pesquisados contam com arquivistas em

seu quadro de funcionários. Dado considerado satisfatório, pois o arquivista é o

profissional capacitado a atuar na gestão arquivística dos documentos que formam o

acervo custodiado pelas diversas instituições, sejam públicas ou privadas,

garantindo que a administração desenvolva suas funções com eficiência e

economia, salvaguarda de direitos e deveres dos cidadãos e contribuindo para o

desenvolvimento de pesquisas.

Page 34: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

34

Além disso, o arquivista desenvolve um importante papel social, pois é o

intermediário entre as informações custodiadas e o usuário.

5.2 Treinamento de Equipe

Investir no treinamento de seus funcionários está se tornando uma prática

cada vez mais adotada pelas empresas em geral, inclusive as instituições

arquivísticas, com o objetivo de melhorar a excelência dos produtos e serviços

oferecidos. Então, foi perguntado sobre o treinamento das equipes nos arquivos

estudados.

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro respondeu que investe

constantemente no treinamento de seus funcionários a partir da participação em

seminários, congressos e workshops.

O Centro de Fotografia de Montevideo realiza o treinamento de sua

equipe a partir da realização de cursos de fotografia, identificação de procedimentos

fotográficos, conservação, digitalização, assim como trabalhos externos realizados

por profissionais internacionais como, Solange Zúñiga, Sandra Baruki, Soledade

Abarca, Roberto Aguirre, Fernando Osorio, Hugo Gez, Mirasol Estrada e Gisell

Villanueva.

O Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico investe no

treinamento de seus funcionários a partir da participação em cursos de formação.

As respostas obtidas demonstram que as instituições arquivísticas citadas

estão investindo na capacitação dos seus colaboradores. Fator que aumenta a

eficiência nos serviços prestados.

5.3 Cadastro dos Pesquisadores

A finalidade principal de uma instituição arquivística é garantir o acesso

ao acervo custodiado e ao manter um cadastro de pesquisadores é possibilitado ao

arquivo além de conhecer seus usuários, mantê-los informados ao que refere-se ao

arquivo, portanto, foi perguntado se os arquivos realizam o cadastro de seus

Page 35: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

35

pesquisadores:

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro respondeu que não

realiza esse tipo de cadastro.

O Centro de Fotografia de Montevideo realiza o cadastro de seus

pesquisadores em listas de contatos onde são registradas todas as informações

sobre as atividades e pesquisas dos usuários no CdF.

O Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico, também não

cadastra seus usuários.

Observa-se que apenas um dos arquivos pesquisados cadastra seu

público e coleta informações sobre as atividades e pesquisas de interesse dos

mesmos. Fato que facilita o acompanhamento da utilização do acervo custodiado

como fonte de informação e também possibilita o contato com o usuário sempre que

ocorrer no arquivo alguma atividade relacionada a sua pesquisa.

E dessa maneira facilitando a elaboração das políticas arquivísticas

sólidas que vão ao encontro dos interesses informacionais dos seus usuários.

5.4 Treinamento de Usuários

Ao treinar seus usuários o arquivo promove o maior envolvimento entre

usuário e instituição. Corroborando para que o público compreenda o funcionamento

do arquivo, conheça os serviços, atividades e instrumentos de pesquisa

disponibilizados, dessa forma, podendo o usuário usufruir ao máximo de todas as

possibilidades que o arquivo dispõem. Afirma JOB (2004, p. 449) “a sobrevivência

das instituições sociais depende do reconhecimento público da importância de suas

funções e da relevância de seus serviços para a comunidade a que fazem parte“.

Sendo então questionado sobre o treinamento de usuários nos arquivos

pesquisados:

As três instituições pesquisadas afirmaram que não treinam seus

usuários.

Ocorrência considerada negativa para a otimização do atendimento

prestado pelas instituições. Pois, é inegável que o treinamento de usuários contribui

Page 36: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

36

de maneira significativa na valorização dos serviços e no entrosamento

usuário/arquivo.

5.5 Estudo de Usuários

Conhecer o usuário é essencial ao planejamento dos serviços e

atividades oferecidas pelo arquivo e na avaliação do sucesso das mesmas. E, é a

partir da realização de um estudo de usuários que a instituição tem o conhecimento

sobre quem são os cidadãos que utilizam os seus serviços, podendo, então, dedicar

os seus esforços no desenvolvimento de serviços de informação arquivística

centrados nos usuários reais e também nos usuários potenciais.

O sucesso de um órgão de informação depende, em grande parte do conhecimento, que ele possui das necessidades de informação dos indivíduos que se utilizam dos serviços oferecidos. Portanto, um estudo de usuário constitui-se num instrumento importante para a avaliação e o planejamento desses serviços. (PEREZ, 2007, p. 13)

Diante disso foi questionado se os arquivos realizam estudos de usuários:

Somente o Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico afirmou realizar esse

tipo de estudos. Porém tem-se conhecimento de um aluno da especialização em

Gestão em Arquivos – EAD realizou um estudo de usuários, no AGCRJ, que será

apresentado esse ano.

5.6 Tipos de Usuários

Em instituições arquivísticas usuário é todo e qualquer cidadão que

necessita das informações custodiadas para desenvolver suas atividades.

Então, perguntou-se quais os tipos de usuários mais frequente no arquivo:

Page 37: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

37 Rio de Janeiro Montevideo Lisboa Historiadores X X X Professores X X X Estudantes X X Cidadão Comum X X Quadro 1 – Tipos de Usuários

Verificou-se que os arquivos fotográficos municipais de Montevidéo e de

Lisboa abrangem diversos tipos de usuários. Sendo que os historiadores e os

professores são o tipo de usuários comum às três instituições.

5.7 Finalidade das Consultas nos Acervos

Os usuários buscam informações diversas com diferentes finalidades de

pesquisa, sendo, então, importante conhecer a utilidade das informações

disponibilizadas. Nesse caso, perguntou-se qual a finalidade das consultas no

acervo que apresentam maior ocorrência:

Rio de Janeiro Montevideo Lisboa Pesquisa científica X X Suporte ao ensino X X Exposição X

Publicação X X

Sem fim específico X

Outros Impressões para fins particulares,

uso para documentários

Quadro 2 – Finalidade das Consultas nos Acervos

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro respondeu: pesquisa

científica, suporte ao ensino e exposição e publicação.

O Centro de Fotografias de Montevideo citou informação sem fim

específico e outro (impressões para fins particulares, uso para publicações e

documentários). E o Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico citou a

pesquisa científica e o suporte ao ensino.

Page 38: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

38

5.8 Atividades de Difusão

O objetivo dos serviços de difusão empregados em uma instituição

arquivística é divulgar o arquivo, seus serviços e atividades para o público em geral,

sendo uma estratégia para aproximar a comunidade e instruí-la cada vez mais sobre

o que o arquivo representa para a comunidade em que se insere.

Rio de Janeiro Montevideo Lisboa Eventos comemorativos X X X Informativo on line X X Programa de rádio ou TV em torno de fotografias importantes

X X

Exposições X X X Palestras X X X Publicações X X X Informativos X

Instrumentos de pesquisa on line X X Catálogos de exposições X X Divulgação dos serviços on line X X X Outros NEWSLETTER Fotoviaje,

indexfoto, fotograma, jornadas de

fotografia, f/22, CdF Ediciones

Quadro 3 – Atividades de Difusão

Considerando que as atividades de difusão arquivística são o objeto de

estudo desse trabalho, optou-se por representar, no quadro acima, as respostas

obtidas no questionário enviado às instituições pesquisadas e em seguida ressaltar

as ações de difusão que foram consideradas mais eficientes pelas instituições na

difusão dos acervos.

Page 39: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

39

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro:

- Publicações: Entre as diversas publicações oferecidas um exemplo é a Revista do

Arquivo Geral da Cidade do RJ.

Essa revista conta com o apoio do Conselho Editorial formado por

historiadores de reconhecido destaque no meio acadêmico. Esse conselho avalia a

qualidade das pesquisas a serem publicadas objetivando aproximar o arquivo das

instituições acadêmicas da cidade e mesmo do país.

- Instrumentos de Pesquisa On Line: Portal Augusto Malta.

Fotografia de: Augusto Malta Data: 1926 Coleção: Prefeitura do Distrito Federal Descrição: Avenida Atlântica. Trecho reconstruído após a ressaca. No centro, ao fundo, o Hotel Copacabana Palace, à esquerda a praia de Coapacana.

Augusto Malta foi o primeiro fotógrafo da administração municipal,

contratado para captar as imagens dos imóveis que seriam derrubados para as

obras de urbanização do Rio de Janeiro, iniciadas em 1903. Sua sensibilidade de

artista levou-o a fotografar inúmeros outros acontecimentos, proporcionando um

painel fidedigno do Rio antigo, entre 1903 e 1937. As imagens captadas por Malta,

pertencentes do acervo do Arquivo da Cidade e ao Museu da Cidade, estão

disponíveis para consulta on line no site do arquivo.

- Divulgação dos Serviços On Line: todos os serviços oferecidos são divulgados

através do site. Como por exemplo as visitas guiadas a portadores de deficiências.

Page 40: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

40

- Palestras: Todas as quartas-feiras ocorre um evento chamado “ Quarta no

Arquivo”, são palestras sobre temas relacionados a cidade do Rio de Janeiro. O

texto dessas palestras está sendo liberado on line no site do arquivo.

Centro de Fotografia de Montevidéo:

- Programas de Rádio/TV em torno de Fotografias Importantes: Ciclo Telivisivo

f/22 – Fotografia em Profundidade: São 24 programas de TV que tratam de temas

sobre fotografia, apresentados no canal público “ Cidade e o Centro de Fotografia de

Montevidéo”. Todos os programas são disponibilizados on line no site.

- Fotoviaje: visita didática guiada por um ator para alunos do terceiro ano.

Ator que representa um fotógrafo do início do século XX.

- Indexfoto: Blog do CdF

- Fotograma: Encontro Internacional de Fotografia

- Publicações: CdF Ediciones: O arquivo realiza a edição anual de um livro

Page 41: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

41

vinculado a fotografia.

Título do Livro: Artículos de Investigación sobre Fotografia Ano: 2011

- Exposições: todas as exposições realizadas pelo CdF estão disponíveis no site.

Como por exemplo a exposição “Frota Marítima e Trabalho Portuário” que conta a

história portuária do Uruguai.

Título: Rebocador José Pacual Data: 22 de agosto de 1957

Autor: José Santangelo

- Jornada de Fotografias: Simpósio que aborda temas sobre fotografia.

De 10 a 12 de dezembro de 2012 ocorreu a 8 Jornada de Fotografia de

Montevidéo com o Título “ Fotografia e História”.

Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico:

Page 42: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

42

- Eventos Comemorativos: Atividade temátia “ Santo Antônio de Lisboa” .

É uma atividade temática sobre a tradição e a festa de Santo Antônio, tem

como público-alvo crianças do 1 e 2 ano do ensino básico. A atividade prática

consiste na elaboração de um trono do santo com materiais reciclados.

- Retrato Químico da Cidade:

É uma atividade pedagógica sobre a reprodução fotográfica. Tem como

público-alvo crianças do 1 ano ensino básico. A atividade prática consiste na

transferência de imagens sobre a rua da Palma, onde localiza-se o arquivo, com

papael químico e depois pintadas com aquarela.

- Publicações: A instituição oferece diversas publicações, um exemplo é o caderno

do Arquivo Municipal, é uma publicação periódica onde é divulgada a história da

cidade.

- Informativo on line: jornal “Arkivo”, informa os diversos serviços ofertados aos

usuários do arquivo.

Page 43: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

43

5.9 Instrumentos de Pesquisa

Os instrumentos de pesquisa são o primeiro meio de difusão de um

arquivo pois, divulgam e facilitam o conhecimento do acervo aos usuários, dessa

forma maximizando o acesso. Cruz Mundet (1994, p. 73), por sua vez, observa “ la

difusión de la informação, que debe ser precisa y rápida, exige de los profissionales

la elaboración y comunicación de instrumentos de información documetal, al mismo

ritmo com que se genera aquélla”.

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro disponibiliza inventário,

guia, banco de dados e catálogo. Já o Centro de Fotografias de Montevideo

afirmou oferecer aos seus usuários um catálogo e que a instituição está trabalhando

no desenvolvimento de um banco de dados. E o Arquivo Municipal de Lisboa

Núcleo Fotográfico disponibiliza pesquisas on line, inventários, tesauros e

catálogos.

5.10 Mudança Comportamental dos Usuários a partir das Atividades de Difusão

Considerando que as atividades de difusão constituem-se numa efetiva

estratégia de promoção, popularização, fator de melhoria e atualização dos acervos

arquivísticos, foi questionado se as instituições perceberam alguma mudança no

comportamento dos seus usuários a partir das atividades de difusão oferecidas:

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro percebeu o aumento no

número de elogios referente aos serviços prestados, recebidos por parte dos seus

usuários.

O Centro de Fotografias de Montevideo percebeu o aumento da

participação nas atividades e ocorreram mais chamados para edições e exposições

no recinto.

O Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico citou o aumento da

aproximação do público em geral com o arquivo.

Page 44: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

44

5.11 Instrumentos Utilizados na Divulgação do Arquivo

Os instrumentos utilizados na divulgação do arquivo são os grandes

aliados da difusão arquivística, pois permitem divulgar o arquivo a cidadãos que,

provavelmente, não seria possível aproximar-se sem a ajuda destes canais

comunicantes. Neste contexto salienta-se o uso da Internet, pois ao

disponibilizarem-se atividades na web, como por exemplo, publicações eletrônicas,

exposições virtuais, e cada vez mais o uso das redes sociais, é facilitado o acesso à

informação e a cultura, alcançando também o usuário virtual.

Portanto, perguntou-se quais os instrumentos que as instituições utilizam

na divulgação dos seus acervos:

Rio de Janeiro Montevideo Lisboa TV X X

Ambiente do arquivo X X X Home page X X X Jornal X X Rádio X

Cartazes X X X Folhetos X X X Informativo eletrônico X X Mala direta X X Outros NEWSLETTER Redes sociais Quadro 4 – Instrumentos utilizados para divulgar as atividades do arquivo

De acordo com as respostas obtidas, verificou-se que os arquivos

estudados utilizam como instrumentos de divulgação os mais variados meios de

comunicação, porém apenas uma das instituições afirmou utilizar as redes sociais

na difusão de seu acervo..

5.12 Instrumentos de Difusão que Apresentam Melhores Resultados na Instituição

Também foi perguntado qual os instrumentos de difusão apresentam

melhores resultados nos arquivos pesquisados:

Page 45: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

45

O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro citou a sua home page

como o meio de divulgação de suas atividades que melhor se adapta a realidade da

instituição.

O Centro de Fotografias de Montevideo não respondeu essa questão.

E o Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico considera as atividades

educativas, as exposições, e o uso da internet os instrumentos com melhores

resultados para a instituição.

5.13 Fatores de Influencia no Planejamento da Difusão do Arquivo

Foi solicitado aos arquivos citarem quais os fatores considerados no

momento de planejar as políticas de difusão a serem implementadas:

Rio de Janeiro Montevideo Lisboa Público-alvo X X X Recursos financeiros X X X Orientação superior X Equipe envolvida X Quadro 5 – Fatores de influência no planejamento da difusão do arquivo

Observa-se que os fatores mais recorrentes no planejamento das políticas de

difusão nos arquivos são o público-alvo e os recursos financeiros.

5.14 Contribuição Relacionada às Atividades de Difusão

A última questão do questionário enviado aos arquivos pesquisados

perguntava se as instituições gostariam de registrar alguma observação ou

informação referente as atividades de difusão realizadas.

Nenhum dos arquivos respondeu a esta questão.

Page 46: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

46

6 CONCLUSÃO

A partir da análise dos resultados foi constatado que a pesquisa atingiu

seu objetivo principal de identificar as atividades de difusão desenvolvidas pelo

Centro Municipal de Fotografia (CdF) - Montevideo – Uruguai; Arquivo Municipal de

Lisboa Núcleo fotográfico – Lisboa – Portugal; e o Arquivo Geral da cidade do Rio de

Janeiro – Brasil, na difusão dos seus acervos fotográficos. Dessa forma,

contribuindo com a análise das práticas de difusão utilizadas por arquivos

fotográficos municipais de diferentes países. Pois, ao investigar e divulgar as

práticas de difusão implementadas em arquivos fotográficos municipais de

nacionalidades distintas, é possível contribuir para compor o panorama do que pode

ser feito pelos arquivos municipais em relação a difusão dos seus acervos

fotográficos. E, também pretende-se contribuir para indicar caminhos que ajudem no

discernimento sobre os documentos fotográficos, e, com isso, acrescentar novos

elementos de debate sobre os arquivos fotográficos municipais.

Foi constatada a presença do profissional arquivista nessas instituições e

que as mesmas investem constantemente no treinamento de suas equipes a partir

da participação em workshops, seminários e congressos e também na participação

de cursos relacionados ao trabalho desenvolvido pelo arquivo.

No momento de cadastrar seus usuários, verificou-se que apenas o CdF

realiza esse trabalho e coleta informações sobre as pesquisas realizadas. As demais

instituições estão dificultando o acompanhamento do uso do acervo quanto fonte

informativa e também faz com que percam a oportunidade de informar esses

usuários a respeito de atividades desenvolvidas relacionadas com a temática da

pesquisa.

Verificou-se a necessidade da realização do treinamento dos usuários nas

instituições pesquisadas, pois nenhuma delas oferece esse serviço. E, também a

necessidade da realização de estudos de usuários que, é realizado apenas no

Arquivo Municipal de Lisboa. A realização de um estudo para o conhecimento de

seus usuários permite que suas funções e serviços sejam avaliados a partir do uso

real da documentação custodiada.

Quanto aos cidadãos que utilizam-se das informações custodiadas

Page 47: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

47

nesses acervos observou-se que o CdF e o Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo

Fotográfico estão alcançando os mais diversos tipos de usuários. Porém, o Arquivo

Geral da Cidade do Rio de Janeiro citou somente os historiadores e professores.

Sugere-se, então, a esta instituição a divulgação das suas atividades de difusão a

partir das redes socias, dessa forma, facilitando a aproximação com os estudantes e

o cidadão comum.

Também verificou-se que os historiadores foram citados pelas três

instituições, demonstrando que cada vez mais estão utilizando-se da fotografia em

suas pesquisas.

Já nas políticas de difusão, objeto de estudo desse trabalho, constatou-

se que as instituições pesquisadas estão utilizando-se de diversas estratégias de

difusão, conforme foi detalhado na análise dos resultados, para atrair e fidelizar seus

usuários. Fazendo uso de variados canais comunicantes para divulgar o arquivo e

as atividades realizadas.

Sendo a internet um canal de comunicação amplamente utilizada pelas

instituições pesquisadas, a partir de seus sites, fato louvável, considerando a rapidez

na disseminação da informação via web, abrangendo assim maior número de

pessoas, representando economia em relação às publicações impressas e a

facilidade na constante atualização das mesmas. Inclusive, o site, foi considerado

pelas instituições pesquisadas o meio que proporciona melhores resultados para a

divulgação do arquivo.

Mas, apenas o CdF afirmou utilizar as redes socias para difusão

arquivística. As redes sociais são ferramentas cada vez mais populares na internet e

as instituições arquivísticas não podem deixar de explorar o potencial que

representam na disseminação das informações.

Em relação aos fatores de influência no planejamento da difusão dos

acervos, as instituições citaram o público-alvo, evidenciando a preocupação em

satisfazer ao usuário.

A partir das atividades de difusão implementadas pelos arquivos

pesquisados evidenciou-se mudança no comportamento dos usuários, ficando claro

o aumento no reconhecimento dos serviços prestados por parte dos usuários.

Também observou-se que, mesmo tratando-se de países diferentes, com

culturas distintas, não alteram muito a forma como é realizada a difusão de seus

Page 48: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

48

acervos fotográficos.

Promover o acesso a um maior número de pessoas é o objetivo principal

das atividades de difusão, contribuindo para que o cidadão conheça o potencial

informativo dos arquivos e saiba como utilizá-lo sempre que necessitar.·.

Então, conclui-se que os Centro Municipal de Fotografia (CdF) –

Montevideo – Uruguai; Arquivo Municipal de Lisboa Núcleo Fotográfico – Lisboa –

Portugal e o Arquivo Municipal da cidade do Rio de Janeiro – Brasil, estão

cumprindo com a função social atribuída aos arquivos de propagar a informação

contida nos acervos arquivísticos aos usuários. Pois apesar de identificar-se alguns

fatores que podem ser aperfeiçoados, compreendeu-se a existência de um esforço

em busca de melhorar cada vez mais os serviços disponibilizados aos usuários.

Portanto, o profissional arquivista deve ter sempre presente que a difusão

está incluída no processo de gerenciamento documental, não devendo ficar em

segundo plano em relação às demais funções arquivísticas, pois é a partir da difusão

que o arquivo terá sua imagem fortalecida promovendo a aproximação

arquivo/sociedade.

Por fim, evidencia-se a relevância da continuidade de estudos sobre as

políticas arquivísticas adotadas nos arquivos fotográficos municipais para contribuir

com a busca de novas alternativas para as práticas arquivísticas nos diversos

arquivos.

Page 49: A DIFUSÃO ARQUIVÍSTICA EM ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS …

49

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – CARTA DE APRESENTAÇÃO

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO EM ARQUIVOS

Esta pesquisa tem por objetivo a elaboração de uma monografia a ser apresentada no programa de Pós-Graduação em Gestão em Arquivos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)/ Universidade Aberta do Brasil (UAB), pela acadêmica Raquel dos Santos, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Blaya Perez. Assim, solicita-se a sua colaboração respondendo este questionário. Obrigada pela cooperação. E-mail: [email protected] IDENTIFICAÇÃO DO ARQUIVO

Nome:______________________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________

Fone/Fax:___________________________________________________________

E-mail:______________________________________________________________

Home Page:_________________________________________________________

Ano de Criação:_______________________________________________________

IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS:

Nº de Funcionários e atividades desempenhadas:____________________________

Formação:___________________________________________________________

___________________________________________________________________

O arquivo já realizou treinamento da equipe? ( ) sim ( ) não

Qual?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

USUÁRIOS DO ARQUIVO:

01 - O Arquivo realiza cadastro dos pesquisadores para que possa mantê-los

atualizados sobre o acervo, palestras, exposições, novas aquisições e outros

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serviços?

( ) não

( ) sim. Como é realizado?

___________________________________________________________________

02 - O arquivo já realizou algum programa de treinamento de usuários?

( ) não ( ) sim

03- O arquivo já realizou estudos sobre usuários?

( ) não ( ) sim

04 – O maior contingente de usuários é composto por... Pode marcar mais de

uma opção.

( ) historiadores ( ) professores/estudantes ( ) jornalistas ( ) cidadão comum

()outros.

Identifique:___________________________________________________________

05 – Para qual(is) finalidade(s) o acervo é consultado?

( ) pesquisa científica ( ) suporte ao ensino ( ) informação sem fim específico ( )

outro.Qual?__________________________________________________________

DIFUSÃO DO ARQUIVO:

01 - Quais as atividades de difusão desenvolvidas pelo arquivo?

Pode marcar mais de uma opção.

( ) eventos comemorativos ( ) informativo on-line

( ) programa de rádio e/ou TV ( ) exposições

em torno de fotografias importantes ( ) palestras

( ) publicações ( ) informativos

( ) Instrumentos de pesquisa on-line

( ) catálogos de exposições ( )divulgação dos serviços on-line

( ) outros. Quais?

___________________________________________________________________

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58

Com que periodicidade são realizadas estas atividades?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

02 – Quais os instrumentos de pesquisa disponibilizados pelo arquivo? (

inventário, guia, banco de dados, catálogos, listas, etc)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

03 – A partir do desenvolvimento das atividades de difusão é perceptível uma

mudança no comportamento dos usuários? Em caso afirmativo, qual(is)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

04 – Quais os meios e instrumentos utilizados para divulgar as atividades do

arquivo?

Pode marcar mais de uma opção.

( ) TV ( ) cartazes

( ) no arquivo ( ) folhetos

( ) Home page do arquivo ( ) informativo eletrônico

( ) jornais ( ) mala direta

( ) rádio

( ) outros. Quais? _____________________________

05 – Qual a atividade de difusão que apresenta melhores resultados ou que se

adapta melhor a instituição? Por quê?

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06 – Quais os fatores que mais influenciam no momento de planejar a difusão do

Arquivo?

( ) público alvo ( ) equipe envolvida

( ) recursos financeiros ( ) orientação superior

( ) outros____________________________________________________________

07 - Você gostaria de registrar alguma informação ou contribuição relacionada

às atividades de difusão implementadas no arquivo que não tenha sido citada

neste questionário?