a música como diferencial competitivo na publicidade

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    CENTRO UNIVERSITRIO DE BRASLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CINCIAS SOCIAIS APLICADAS FATECS CURSO: COMUNICAO SOCIAL HABILITAO: PUBLICIDADE E PROPAGANDA DISCIPLINA: MONOGRAFIA PROF. ORIENTADOR: ANDR RAMOS, M.Sc.

    A msica como diferencial competitivo na publicidade

    As trilhas sonoras dos comerciais em funo da segmentao de mercado

    ANNA ELISA NUNES N.B. COELHO RA: 2051489/2

    Braslia

    2008

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    ANNA ELISA NUNES N. B. COELHO RA: 2051489/2

    A msica como diferencial competitivo na publicidade

    As trilhas sonoras dos comerciais em funo da segmentao de mercado

    Monografia apresentada ao Centro Universitrio de Braslia UniCEUB, como requisito parcial para a obteno de grau de bacharel em Comunicao Social, habilitao em Publicidade e Propaganda Orientador: Prof. Andr Ramos, M.Sc.

    Braslia 2008

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    ANNA ELISA NUNES N. B. COELHO RA: 2051489/2

    A msica como diferencial competitivo na publicidade

    As trilhas sonoras dos comerciais em funo da segmentao de mercado

    Monografia apresentada ao Centro Universitrio de Braslia UniCEUB, como requisito parcial para a obteno de grau de bacharel em Comunicao Social, habilitao em Publicidade e Propaganda Orientador: Prof. Andr Ramos, M.Sc.

    Banca examinadora

    ____________________________

    Prof. Andr Ramos Orientador

    ____________________________

    Prof. Bruno Nalon Examinador

    ____________________________

    Prof. Flor Marlene Examinador

    Braslia 2008

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    RESUMO

    O presente trabalho visa abordar com mais profundidade como a msica pode ser

    um diferencial competitivo na publicidade, especificamente nas propagandas

    televisivas, onde as trilhas sonoras so trabalhadas pelas empresas de forma que

    no sejam apenas mais um acompanhamento para o comercial, e sim uma maneira

    essencial de persuadir seu pblico-alvo de forma mais eficaz. Constata-se que a

    msica um dos modos de comunicar um determinado produto de forma sutil, tanto

    combinada com texto, como combinada com imagens, levando o consumidor a

    estabelecer uma identificao com a marca.

    Palavras-chave: trilha msica publicidade persuaso

  • 5

    SUMRIO

    1. Introduo .............................................................................................................. 6

    1.1. Tema e delimitao do tema................................................................................. 8

    1.2. Problema de pesquisa .......................................................................................... 8

    1.3. Justificativa do tema ............................................................................................. 8

    1.4. Objetivo Geral ....................................................................................................... 8

    1.4.1. Objetivos especficos ................................................................................ 9

    1.5. Metodologia .......................................................................................................... 9

    1.6. Estrutura do trabalho ............................................................................................ 9

    2. Referencial Terico.............................................................................................. 10

    2.1 A percepo do som ............................................................................................ 10

    2.1.1. Percepo do som fisicamente (Sons, volume e timbre.)................................ 10

    2.1.2. Percepo do som anatomicamente ............................................................... 12

    2.2. O que msica................................................................................................... 13

    2.2.1. A percepo da msica ................................................................................... 14

    2.2.2. Msica como linguagem .................................................................................. 15

    2.3. Comunicao Persuasiva ................................................................................... 17

    2.3.1. O racional e o emocional ................................................................................. 17

    2.3.2. Tomada de deciso ......................................................................................... 18

    2.4. Publicidade Subliminar, uma abordagem ........................................................... 19

    2.4.1. Publicidade sonora subliminar ......................................................................... 20

    2.5. O texto publicitrio .............................................................................................. 21

    3. Aprofundamento do Tema .................................................................................. 22

    3.1. Os Jingles ........................................................................................................... 22

    3.2.Trilhas sonoras .................................................................................................... 23

    4. Anlises ................................................................................................................ 25

    4.1. Comercial Nissan................................................................................................ 25

    4.2. Comercial Volkswagen Fox ................................................................................ 27

    5. Consideraes finais........................................................................................... 31

    6. Referncias Bibliogrficas.................................................................................. 32

  • 6

    1. INTRODUO

    Som: s.m som. 1. Barulho provocado por qualquer objeto ou corpo.

    Msica s.f. msica. Arte de combinar sons produzidos por instrumentos (ou

    pela voz humana), submetidos a um ritmo, de maneira harmoniosa.

    A indstria da msica no pode ser desvencilhada do campo da publicidade,

    a indstria do entretenimento, assim como o cinema sempre foi um grande foco de

    investimentos de grandes empresas, potncias mundiais.

    Com a atual crise que est vivendo, em termos de pirataria e avanos

    tecnolgicos que fazem com que os lucros diminuam significativamente, as

    empresas de produo musical buscam dia e noite novas solues para que a

    msica volte a ser um negcio lucrativo como antes. Com o advento de programas

    capazes de baixar msicas da internet gratuitamente, as pessoas no querem mais

    comprar CDs para ouvir apenas algumas msicas que lhe agradam, preferem baixar

    aquelas faixas que as interessam e ouv-las em seu iPod.

    A grande discusso dos profissionais de marketing e da indstria musical em

    relao compra das msicas; por que as pessoas comprariam msicas se podem

    t-las de graa? Essa pergunta respondida prontamente se for levada em conta a

    qualidade e a variedade das faixas, todos querem produtos de qualidade, nenhum

    consumidor quer algo ruim mesmo que de graa.

    Uma alternativa esperanosa em relao a isso veio em 2003 com o

    lanamento do iTunes da Apple, onde so vendidas faixas de msica por U$ 0,99, e

    que se tornou um grande sucesso mundial, provando que a sociedade est disposta

    sim, a gastar um pouco mais para ter uma msica de qualidade.

    Afinal quem vive sem msica?

    A todo momento as pessoas so atingidas por milhares de sons, que as

    rodeiam de maneira inevitvel; esto presentes em todas as partes, seja em forma

    de barulhos, rudos, estrondos, zumbidos; sons estes que na maioria das vezes

    passam despercebidos aos ouvidos cada vez mais ocupados da sociedade. No

    entanto h um que chama a ateno de todos independente de quem seja: a

    msica.

  • 7

    A msica uma das formas de expresso mais completas em toda a esfera da

    arte e da cultura, ela est presente no dia-a-dia de diversas formas e estilos, tem

    tanto a capacidade de emocionar, unir e acalmar nimos, como a habilidade de

    agitar, transtornar e provocar revolta, deste modo a msica tem o poder de criar

    sentimentos bons ou ruins atravs de melodias, ritmos e letras.

    Os movimentos musicais vm influenciando geraes ao longo de anos. Quem

    que no ouve determinada msica e no se lembra de uma pessoa que conheceu

    h anos? Ou daquele lugar marcante que visitou? Ou at mesmo daquele filme que

    assistiu.

    Assim tambm acontece no mbito da comunicao, onde a maioria das

    mdias, principalmente a televisiva, usa o som como uma forma de alcanar seu

    pblico de forma mais eficaz.

    Ao contrrio do que muitos pensam a msica no s mais um complemento

    que serve apenas para deixar mais agradvel o ato de persuadir o consumidor. Em

    grande parte dos comerciais a msica um fator importante e predominante que

    leva a perceber a mensagem de uma forma diferente. Uma forma que certamente

    no seria percebida se no houvesse som algum.

    Um grande exemplo disso so os jingles, que marcam poca e ficam na mente

    das pessoas por muito tempo. A publicidade usa desse recurso como um caminho

    para a completa interao entre veculo e pblico-alvo.

  • 8

    1.1. Tema e delimitao do tema

    O tema da pesquisa pode ser apresentado como: a msica como diferencial

    competitivo na publicidade.

    A delimitao do tema : as trilhas sonoras dos comerciais pela segmentao

    de mercado.

    1.2. Problema da pesquisa

    Identificou-se como problema da pesquisa o fato de que a msica vista

    apenas como mais uma forma de acompanhamento das campanhas publicitrias.

    Existe uma desvalorizao do som nas propagandas que adotado como um mero

    artifcio para acompanhar a imagem, e no reconhecido da maneira como se deve,

    relacionado ao seu pblico-alvo como um diferencial que pode influenciar na tomada

    de deciso.

    1.3. Justificativa do tema

    A justificativa para o tema escolhido ajudar nas pesquisas na rea de msica

    relacionada publicidade, tendo em vista que no existem muitos estudos

    relacionados especificamente a esta rea, fazendo-se entender que a msica sim,

    importante em uma campanha publicitria, e influencia seus diferentes pblicos-alvo

    de acordo com estilos musicais especficos. A msica um elemento que

    complementa a imagem e o texto, portanto ao executar essa pesquisa sero

    analisados comerciais onde pretende-se deixar claro que a imagem e o texto no

    teriam o mesmo impacto sob o consumidor, sem que houvesse a presena da

    msica na propaganda.

    1.4. Objetivo Geral

    O objetivo geral da pesquisa averiguar como as empresas trabalham as

    trilhas sonoras dos comerciais, de acordo com seus diferentes pblicos-alvo, usando

    como complemento a imagem e o texto.

  • 9

    1.4.1. Objetivos especficos

    - Fazer levantamento bibliogrfico sobre percepo do som fsica e

    anatomicamente e conceitos relacionados, msica como linguagem, a

    persuaso na comunicao e publicidade subliminar, redao publicitria,

    jingles e trilhas sonoras

    - Analisar a influncia da msica desde seu conceito primeiro, at sua

    subliminaridade e a percepo pelo ser humano.

    - Mostrar como a msica bem trabalhada em campanhas publicitrias pode ser

    um diferencial competitivo e ficar na mente do consumidor

    - Analisar campanhas publicitrias que mostram a boa aplicao da msica na

    propaganda.

    1.5. Metodologia

    A presente monografia foi desenvolvida dentro de um paradigma qualitativo,

    sendo utilizados como procedimentos de coleta de dados, a pesquisa bibliogrfica

    que embasa todo o questionamento exposto, revelando conceitos de msica, som

    subliminar, percepo do som, todos ligados esfera da comunicao juntamente

    com a observao cerca de campanhas publicitrias que ajudaram no

    levantamento documental de casos especficos que mostram como a msica

    quando bem aplicada em um comercial de TV pode ser um diferencial para o

    produto.

    1.6. Estrutura do trabalho

    O trabalho divido em trs partes, aps este captulo inicial se seguem

    subdivididas em tpicos. A primeira das trs diz respeito ao referencial terico que

    explana todos os conceitos necessrios para que a pesquisa alcanasse uma base

    de credibilidade. Entre eles esto o conceito de som, msica, publicidade subliminar,

    persuaso, linguagem musical entre outros relacionados musica e publicidade.

    A segunda parte descreve o aprofundamento do tema escolhido, fazendo uma

    abordagem sobre trilhas sonoras em filmes e comerciais e apresentando um pouco

    mais sobre jingles. No terceiro captulo do trabalho so feitas anlises de filmes

  • 10

    publicitrios de um mesmo segmento - o automobilstico propositalmente a fim de

    alcanar uma unidade para a melhor visualizao do objetivo da pesquisa mostrar

    que as trilhas sonoras tm uma relevncia na propaganda e variam de acordo com o

    pblico-alvo do produto.

    As campanhas analisadas so: comercial institucional da Nissan intitulado

    Crazy; comercial Volkswagen do carro Fox, intitulado Do Alto.

    Aps as anlises seguem concluso a cerca do trabalho e bibliografia.

    2. REFERENCIAL TERICO

    2.1. A Percepo do som

    O estudo do som traa uma conexo inegvel com o ambiente da

    comunicao, tendo em vista que ele tambm segue o padro de emissor, canal de

    transmisso e receptor, ou seja, como o som produzido, propagado e recebido.

    O ser humano possui um dos sistemas auditivos mais evoludos dos animais no

    que diz respeito classe dos mamferos; para o ser humano o som claro e

    completo, algo que no se pode evitar. No entanto para a maioria dos seres

    presentes na natureza e capazes de ouvir, o som bem menos significante do que

    para o homem.

    Assim, os seres humanos tm o poder de ouvir sons, identific-los, assimil-los

    em tempo e espao, e ao mesmo tempo se comunicar com outros de sua espcie

    atravs da fala. De acordo com as leis da fsica pode-se afirmar que tudo o que se

    ouve, emitido mecanicamente.

    2.1.1 Percepo do som fisicamente, som, volume e timbre

    Para que possa ser traado um elo entre a msica e o homem necessrio o

    entendimento de alguns conceitos sobre o som. Uma definio mais resumida sobre

    o que som vem do compositor e escritor Antnio Victorino Dalmeida (1993, p. 9)

  • 11

    que diz: O som seria um fenmeno vibratrio capaz de provocar uma sensao

    auditiva. Seguindo essa linha, os sons, segundo SCHIFFMAN (2005, p. 230):

    [...] so padres de perturbaes sucessivas de presso, ocorridos em um meio que pode ser gasoso, liquido ou slido. De modo geral os sons que ouvimos so transmitidos pelo ar [...]. O padro de alteraes da presso do ar, representado como uma srie de picos e vales denomina-se onda sonora.

    Para que o ser humano perceba os diferentes tipos de sons pelos quais

    exposto diariamente, necessrio que eles estejam entre uma determinada

    freqncia que, de acordo com SCHIFFMAN (2005, p. 231) a rapidez com que

    ocorre o ciclo de alteraes de presso. A freqncia medida em Hertz (Hz). O

    que relevante saber que as pessoas percebem sons entre 20Hz e 20.000Hz,

    freqncias maiores ou menores que isso, no so perceptveis ao ouvido humano.

    Outro conceito que vale a pena ser mencionado o de volume, isto , a

    intensidade com que o som entendido por seu receptor.

    Volume a sensao auditiva correspondente amplitude de presso, assim as ondas sonoras de grande amplitude expressam alteraes grandes de presso fazendo com que se ouam sons volumosos, enquanto as ondas de baixa amplitude refletem alteraes pequenas de presso, sendo ouvidas como sons suaves. (SHIFFMAN, 2005, p. 234)

    Portanto nem sempre a maior freqncia ter o maior volume e vice-versa,

    uma vez que elas no so diretamente proporcionais.

    Quando se fala em intensidade difcil desvincular desta o sentido de timbre.

    Os timbres so formas complexas de som, tambm conhecidos como tons, que

    fazem com que as pessoas diferenciem uma determinada voz de outra.

    O timbre refere-se qualidade tonal distintiva de um som produzida pelo nmero e pela densidade dos harmnicos que produz [...]. com base no timbre que conseguimos distinguir sons de instrumentos musicais, mesmo quando eles executam a mesma nota com a mesma qualidade de freqncia que percebida. (SHIFFMAN, 2005, p.235)

    Com base nos elementos acima citados, possvel concluir que a percepo

    do som d-se pela juno de todos eles a fim de formar um som nico e homogneo

    que chegue ao seu receptor final, no que diz respeito intensidade e diferenciao

    de um tom para o outro. fato que, quando as pessoas so expostas a diferentes

  • 12

    sons simultaneamente (o que acontece a toda hora e em todo lugar), o som de

    maior intensidade se sobressair sobre o som de menor intensidade uma vez que

    este certamente ter mais atrao sonora para o receptor.

    2.1.2 Percepo do som anatomicamente

    Anatomicamente a percepo dos sons concebida desde a orelha externa at

    as pequenas estruturas existentes em nosso sistema auditivo ligadas ao crebro.

    importante saber que a estrutura que leva o ser humano a entender os diferentes

    sons, o crtex auditivo, unido a inmeros nervos conectados ao crebro onde ser

    processada toda a informao nos dois hemisfrios.

    A dominncia cerebral um fato interessante da anatomia do ser humano, uma

    vez que o hemisfrio esquerdo do crebro comanda o lado direito do corpo e

    responsvel por atividades mais objetivas, como a facilidade para clculos e leitura,

    enquanto o hemisfrio direito tem maior influncia sobre o lado esquerdo do corpo, e

    tambm sobre as atividades mais subjetivas e criativas como a arte e a msica.

    Em relao aos sons no diferente, o Crtex auditivo composto por

    estruturas cruzadas que fazem com que as pessoas percebam os sons tambm

    pelos hemisfrios opostos do crebro, isto , quando se escuta uma msica, a parte

    responsvel por decodificar a fala ou a voz o crtex auditivo do lado esquerdo; por

    sua vez o crtex auditivo do lado direito responsvel por processar toda a

    informao harmnica da msica, como por exemplo, o ritmo. Para esclarecer tais

    afirmaes SHIFFMAN (2005, p. 265) descreve:

    O crtex auditivo dominado principalmente pelas fibras cruzadas; a conduo neural de sinais auditivos mais rpida e os prprios sinais so mais intensos para os caminhos cruzados do que para os no-cruzados. Cada orelha , assim, mais bem representada no hemisfrio cerebral oposto, de modo que um som produzido em um lado do corpo resulta em atividade cortical maior no hemisfrio oposto do crebro [...]. Foi descoberto atravs de vrios estudos, que o crtex auditivo do hemisfrio esquerdo domina o processamento analtico de estmulos auditivos seqenciais, normalmente observados no processamento e na percepo da fala e na estimulao relacionada linguagem. Por outro lado, o crtex auditivo do hemisfrio direito tem predomnio no processamento holstico e integrativo e na percepo das informaes espaciais, com como em certos sons no-verbais, inclusive a msica. SHIFFMAN (2005, p. 265)

  • 13

    Sendo assim, a relao estabelecida entre os sons e o ser humano se d como

    uma forma de cmbio, pelo qual so trocadas informaes em um meio. O homem

    recebe o som e, em contrapartida, tambm emite outras variaes do mesmo, seja

    um arrastar de ps, um estalar de dedos, ou um bater de palmas. Isso caracterizou

    uma evoluo do sistema auditivo durante os sculos, onde foi preciso se adaptar s

    circunstancias temporais e ambientais e trabalhar a percepo sonora, para que o

    homem pudesse se localizar, ter noo de distncia, de tempo e de espao.

    Benenzon (1998) explica tais afirmaes em seu livro A teoria da musicoterapia,

    dizendo que: A msica arte e cincia, dois elementos que correspondem a um

    processo evolutivo do ser humano.

    Essa troca, esse tornar comum aos indivduos exatamente assinalada como

    um dos muitos tipos de comunicao existentes. justamente dessa esfera que

    compreende a comunicao, que ser abordada a ligao direta com a msica. Para

    tanto necessrio que se esclaream alguns pontos sobre o meio musical,

    comeando pelo conceito de msica.

    2.2. O que msica

    A msica pode ser representada pela juno de sons aparentemente

    desconexos, a fim de tornar possvel seu intercmbio para a formao de um ritmo

    harmnico. Segundo DALMEIDA (1993, p. 9) A msica a arte dos sons. Para

    SHIFFMAN (2005, p. 274) a definio de msica mais objetiva e segue outra linguagem:

    [...] a msica pode ser caracterizada como uma sucesso de notas relacionadas umas s outras e formando um padro rtmico coerente: uma melodia. Dito de outra maneira, a msica uma experincia organizada que deriva do contexto em que as notas surgem.

    Pitgoras, na Grcia, chamava a msica de o estudo da acstica

    (DALMEIDA, 1993 p. 10). Como grande matemtico ele relacionou-a com nmeros,

    estabelecendo escalas para as notas musicais, da o conceito de oitavas, que so:

    O intervalo entre dois sons quaisquer, dos quais um tem exatamente o dobro da

    freqncia do outro (SHIFFMAN, 2005, p. 275).

  • 14

    Descobrindo isso Pitgoras levou a frente inmeros estudos relacionados

    msica, estimulando o interesse de pesquisadores e de pessoas comuns que, at

    ento, viam a msica como algo fora dos padres da sociedade. Isso s foi

    realmente aceito ainda muito mais tarde, levando a msica ao que hoje em dia: um

    subsdio popular.

    2.2.1. A percepo da msica

    Se a msica fosse encarada como um mundo de sons, o que no de fato

    errado, visto que os sons esto presentes em todo lugar, ela seria percebida de

    forma distinta. Ao imaginar um lugar fechado por quatro paredes em que se

    propagassem os sons de forma a se criarem ecos, ter-se-ia ento msica se

    repetindo por toda parte; a mensagem certamente se fixaria de forma mais rpida na

    mente do indivduo, ao contrrio do que aconteceria caso ele estivesse fora dos

    limites desse lugar.

    O mesmo acontece na cabea do consumidor, que processa a informao

    musical de acordo com a freqncia em que ela aparece para ele, obviamente no

    necessrio que esteja fechado por quatro paredes para que isso acontea.

    Portanto a msica como um elemento derivado do som, tem a capacidade de

    agir na mente das pessoas de forma a produzir sensaes que fazem com que ela

    seja percebida de uma forma diferente, e no como um simples som alheio aos

    acontecimentos ao redor. Isso se d pelo fato de que o crebro processa os

    impulsos e as informaes musicais no mesmo lugar em que so processadas as

    emoes - no tlamo - associadas s estruturas auditivas do crtex do hemisfrio

    direito, como j foi visto anteriormente.

    De acordo com a psicoacstica musical ao se escutar uma msica que

    transmita uma mensagem, sendo ela liminar ou subliminar, na hora certa e

    dependendo do momento em que cada indivduo receptor esteja inserido; esta tem o

    poder de causar alguns sentimentos, sendo associada determinadas situaes,

    como por exemplo a saudade. Muitas pessoas escutam determinadas msicas e

    lembram-se de algum importante que passou por suas vidas, essa associao

  • 15

    feita no s com os sons, mas com as cores e os gostos. Ela parte do principio da

    sinestesia que :

    uma condio extremamente rara, em que a estimulao de uma modalidade sensorial evoca no somente uma sensao adequada do estmulo, mas tambm, quase simultaneamente, uma experincia em um domnio sensorial que no tem relao com a estimulao inicial. Por exemplo, o gosto produzido na boca por substncias alimentares tambm pode produzir sensaes tteis sentidas fora da boca, ou certos sons podem provocar sensaes simultneas de gosto ou de cor (Marks, NOME, 1975, in SHIFFMAN, 2005, p. 277).

    Ora, se est comprovado que as pessoas associam, gostos, cheiros e sons

    determinadas experincias anteriores, porque no associ-los a produtos, marcas

    ou propagandas? Esta uma das vertentes que dizem respeito comunicao que

    ser explicitada mais adiante.

    2.2.2 Msica como linguagem

    Considerar a msica uma linguagem j foi muito controverso no passado.

    Atualmente alguns estudiosos da rea ainda questionam esse fato.

    Enquanto muitas pessoas acreditam que a msica uma linguagem

    universal, os cientistas discutem se ela chega a ser uma linguagem (JOURDAIN

    1998, p.17). Outros j vem a msica de forma mais otimista como Schurmann, em

    A msica como linguagem, que aborda da seguinte forma:

    Falar em linguagem musical implica necessariamente considerar-se a msica, ou pelo menos um conjunto de certas manifestaes musicais, como pertencente a um campo de fenmenos mais amplo, chamado linguagem. Implica ainda uma distino entre a linguagem musical e eventuais linguagens no musicais. Ora, como o termo linguagem normalmente sugere um sistema vinculado s atividades de fala, parece lcito reservar, entre as linguagens no musicais, um lugar de destaque nesse sistema, que viria a constituir ento o corpo do que designamos pelo termo linguagem verbal. (SCHURMANN, 1989, p.9)

    A linguagem musical uma das maneiras mais eficazes de expresso

    encontrada para transmitir idias. Idias essas que nem sempre so aceitas pela

    sociedade ou pelo governo. Um bom exemplo disso foi na ditadura militar, onde a

    nica forma encontrada para expressar o desagrado e ir contra os princpios

  • 16

    ditatoriais, foi por meio da msica. E a prova de que tais mensagens surtiram efeito,

    foi a ocorrncia de extradies e prises de grandes compositores na poca.

    Levando em conta que hoje em dia no existem mais punies desse tipo, a

    msica um meio acessvel a todos e se torna mais fcil a expresso de ideais.

    Tambm usada para emocionar, as canes so um elo entre os diferentes, e

    o mais interessante que muitas vezes atingem seu objetivo sem necessitar de

    presena verbal alguma.

    Ao ouvir atentamente, por exemplo, uma obra como o Siegfrield Idyll de Richard Wagner, notar-se- que esta msica, concebida por Wagner como saudao para sua mulher Cosima, por ocasio do nascimento de seu filho Siegfried, sem a interferncia de qualquer verbalizao, constitui um imenso poema sobre uma ampla gama de sentimentos que envolvem amor, gratido, orgulho paternal e confiana num futuro grandioso, muito mais do que poderia ser expresso por uma simples ao como um beijo. neste sentido que entendemos poder incluir no toda a msica, mas certamente algumas manifestaes musicais bem determinadas, no campo da comunicao lingstica, onde viriam a figurar no mbito de uma autntica linguagem musical (SCHURMANN, 1989, p. 11)

    A msica a arte dos sons. Esta simples definio transpassa tanto no

    mbito da arte como no da comunicao, a idia de que sem msica no seria

    possvel a plena interao entre as pessoas, tendo em vista que a msica um dos

    mtodos mais antigos e eficazes de comunicao j vistos, e no h como negar

    que a uma de suas essncias; e pode ser utilizada como uma ferramenta de

    manifestao cultural.

    Para cada estilo musical existe um estilo de expectativa musical. Vrias culturas, camadas sociais e tipos de personalidade fazem exigncias diferentes com relao msica. Algumas pessoas usam a msica como um estimulante; outras, distrao e barulheira; algumas exigem o simbolismo do mundo em torno delas; outras deliciam-se com a pura abstrao. (JOURDAIN 1998, p.17)

    Na publicidade usada freqentemente no s como acompanhamento do

    comercial, mas tambm como uma forma de agregar lembrana da marca ao

    consumidor. As pessoas associam os aspectos mais marcantes de determinadas

    propagandas, a algo positivo ou negativo dependendo de seu contexto.

    O pensamento associativo , pois, altamente contaminante. Pode ser perigoso, porquanto costuma ficar fora de controle da conscincia. Basta que, deliberada ou casualmente, tenha-se produzido uma associao positiva ou negativa para que se ocorra o risco de que esta associao fique fixada na mente do receptor. (FERRS, 1998, p.49)

  • 17

    Portanto no h dvida que a msica que um dos elementos fundamentais

    nas propagandas de apelo emocional, se for mal utilizada na publicidade pode ser o

    primeiro passo para o declnio do produto.

    2.3. Comunicao Persuasiva

    A grande chave da comunicao a capacidade que ela exige de persuaso

    do seu pblico, seja ele qual for, de forma que este fato no seja percebido como

    agressivo ou dominativo. Est presente em propagandas, campanhas institucionais,

    discursos polticos, jurdicos; enfim tudo o que diz respeito a comunicar uma idia a

    fim de convencer algum compr-la.

    2.3.1. O racional e o emocional

    Na esfera da comunicao persuasiva existem dois fatores importantes que

    influenciam a tomada de deciso do consumidor. Estes fatores esto ligados a dois

    pontos-chave do ser humano, o racional e o emocional, que dizem respeito ao lgico

    e ao emotivo, respectivamente.

    Pela via racional o indivduo convencido pela identificao de suas idias

    com a argumentao do comercial, isto , o pensamento dele tem que estar em

    concordncia com a lgica exposta. Utilizar a via racional para a publicidade de um

    produto supe oferecer argumentos que avanam sobre as vantagens objetivas

    deste produto quanto s marcas rivais. Disse Ferrs (1998, p. 59)

    Por outro lado pela via emotiva, que exatamente o que est sendo tratado

    neste estudo, o pensamento tende a ser associativo, pretende atrair o receptor pelo

    fascnio.

    [...] Utilizar a via emotiva supe conectar o produto com valores emocionais que, desde um ponto de vista lgico nada te a ver com ele. Neste caso o receptor provavelmente irracional e inconsciente, dos valores do anncio para o produto (FERRS, 1998, p. 59)

    O campo das emoes inconsciente e ilgico, faz associaes nem sempre

    compreensveis se forem analisadas racionalmente. Normalmente os anncios

  • 18

    emotivos apelam para valores comuns da sociedade que deixam as pessoas mais

    suscetveis s mensagens que o comercial transmitir.

    2.4.2. Tomada de deciso

    As pessoas tomam decises com a influncia mtua de duas esferas (racional

    e emotiva) e no necessariamente elas estaro na mesma proporo. s vezes uma

    deciso tomada com maior atuao das emoes do que do raciocnio lgico, ou

    seja, feita por impulso. Ferrs cita um exemplo claro: Quase a metade das

    compras realizadas nos supermercados so fruto de um impulso (1998, p. 244).

    E exatamente esse um dos papis da msica na propaganda, que pode ser

    uma ferramenta que leva o receptor a associar determinada trilha sonora com

    alguma lembrana positiva, e assim criar uma afinidade com o produto que est

    sendo vendido, fazendo-o tomar a deciso de comprar o produto instintivamente, o

    mesmo acontece com as letras das msicas. Ferrs explica o fato de forma sucinta:

    Nas comunicaes televisivas predominam abertamente as emoes (1998, p. 60).

    Alguns estudos realizados na rea comprovam que pessoas questionadas

    sobre qual o tipo de programa de televiso que tem mais influncia sobre si mesmas

    responderam, em sua maioria, que so noticirios, documentrios e programas

    culturais. Uma mostra de que programas mais srios e de maior credibilidade do a

    impresso ao receptor de que ele est sendo persuadido mais facilmente, isto

    acontece pois a linguagem discursiva e narrativa. No entanto a linguagem

    publicitria quase sempre tende a apelar para o discurso emotivo nas propagandas.

    Ferrs em - Televiso subliminar - afirma:

    Tende-se a pensar que os telespectadores so influenciados fundamentalmente desde a razo, quando na realidade so influenciados primordialmente desde as emoes. Pensa-se que da televiso s podem influir aquelas comunicaes das quais se consciente, enquanto que os efeitos principais da televiso so inconscientes, despercebidos/inadvertidos (1998, p. 13).

    Deste modo, em algumas situaes que o consumidor acha que est

    comprando um produto racionalmente, ele na verdade est sendo influenciado no

    mbito emocional, sem perceber, obviamente que o anncio tem que ser de cunho

    emotivo, pois na verdade essas propagandas so discursos ideolgicos(atributos do

  • 19

    produto) encobertos pela emoo do comercial (msica, clima, imagem). ai que

    entra em ao a publicidade subliminar.

    2.4. Publicidade subliminar, uma abordagem

    Segundo a psicologia o conceito de subliminar Qualquer estmulo abaixo do

    limiar da conscincia, estmulo que no obstante produz efeitos na atividade

    psquica (CALAZANS, 1992, p. 26).

    Num sentido mais amplo, considera-se subliminar qualquer estmulo que no percebido de maneira consciente, pelo motivo que seja: porque foi mascarado ou camuflado pelo emissor, porque captado desde uma atitude de grande excitao emotiva por parte do receptor, por desconhecimento dos cdigos expressivos por parte do prprio receptor, porque se produz uma saturao de informaes ou porque as comunicaes so indiretas e aceitas de uma maneira inadvertida (FERRS, 1998, p. 14).

    A questo da publicidade subliminar bem controversa. Alguns ainda no

    acreditam que ela possa de fato existir e ter o poder de persuadir o consumidor,

    outros j acham que ela um instrumento infalvel nos comerciais.

    O fato que a mensagem subliminar foi comprovadamente aceita como um

    mtodo de persuaso em 1956, em Nova Jersey, quando anunciantes comearam a

    colocar suas marcas nos filmes. Projetavam na tela do cinema anncios durante

    fraes de segundo, sem que as pessoas pudessem not-los, pois estavam

    concentradas no filme. Frases como Coca Cola ou Coma pipoca (CALAZANS,

    1992, p. 18) freqentemente apareciam nas telas instigando-as, sem perceberem, a

    comprar coca cola e pipoca. Essa uma forma mais explcita de mensagem

    subliminar, mas se fosse observado atentamente, o cenrio de filmes, novelas,

    teatro, msicas, trilhas sonoras; todos esses recursos so mensagens subliminares

    que influenciam a percepo das pessoas quanto ao assunto abordado.

  • 20

    2.4.1. Publicidade sonora subliminar

    No h muitos estudos aprofundados na rea da subliminaridade sonora, os

    que existem so teorias gerais que retratam o fato da existncia de mensagens

    subliminares relacionadas aos sons. Segundo Calazans (1992, p. 44) A tecnologia

    das mensagens subliminares multimdia e, quer em mensagens publicitrias quer

    educacionais, pode-se pensar mais em termos de sinestesia ou intensidade do que

    apenas em termos visuais.

    Parte-se do princpio de que o corao do ser humano bate a 72 pulsaes por

    minuto (CALAZANS, 1992, p. 51), e alguns estudos comprovam que msicas nesse

    ritmo alteram o comportamento das pessoas. Msicas em festas so bons exemplos

    de subliminares sonoros, festas de funk onde letras e ritmos j remetem o

    comportamento das pessoas sexualidade, ou tambm festas eletrnicas como o

    trance, onde a batida da msica faz com que os batimentos cardacos sejam

    acelerados medida que o ritmo tambm se acelera, provocando euforia e xtase

    nos ouvintes.

    Sons subliminares tambm so encontrados com freqncia em filmes,

    superprodues que utilizam do recurso para que o filme tenha maior impacto sob

    os telespectadores. Algumas trilhas so remixadas para serem mais bem percebidas

    na mente do pblico. Por exemplo, no filme O exorcista foram feitas decupagens e

    mixagens de gritos, gemidos, trilhas e outros sons para que tudo parecesse mais

    aterrorizante do que j era.

    O reforo que o som causa na imagem a causa do sucesso deste filme de terror, pois foi realizado com sofisticada engenharia de som subliminar, chegando a trilha sonora a ganhar um Oscar pela inovao poca (CALAZANS, 1992, p. 51).

    Os sons nos comerciais de televiso, assim como as imagens, so uma

    poderosa arma para persuadir o consumidor. Como foi visto anteriormente a msica

    tem um papel na maioria das vezes de emocionar o pblico, criando associaes

    e sentimentos que o levam a comprar por impulso e agregam valor ao produto

    vendido, quando tal fato acontece sem que o pblico perceba que est sendo

    influenciado, ele se torna subliminar.

  • 21

    2.5. O texto publicitrio

    Um elemento to importante quanto s imagens e os sons nas propagandas

    o texto. Entenda-se como texto, palavras escritas, cantadas ou faladas que seduzem

    e podem influenciar o consumidor.

    O discurso publicitrio tem por excelncia a capacidade de persuaso de seu

    pblico-alvo, tornando-se um instrumento importante em uma campanha. De acordo

    com Celso Figueiredo em, Redao publicitria, seduo pela palavra, A imagem

    gera o impacto, mas o poder de persuaso est na palavra, assim como a conduo

    do raciocnio do receptor.

    Para tal persuaso necessrio que a mensagem seja sucinta, de fcil

    entendimento e objetiva. Segundo Zeca Martins em, Redao Publicitria, a prtica

    na prtica, alguns aspectos so importantes na construo de um bom texto

    publicitrio, como: a escolha certa das palavras, uso de frases curtas, evitar a

    redundncia de imagem/som e ainda ter exatido na marcao de cenas e

    passagens.

    Um bom exemplo de influncia do texto na comunicao entre as pessoas so

    as letras das msicas, que expressam diversas emoes e atitudes do compositor

    em relao sua esfera de convivncia, ideologia e crenas, que na maioria das

    vezes vo de encontro direto com as crenas e ideologias de seu pblico, ocorrendo

    assim a identificao inevitvel de um com o outro, que faz com que acontea o

    processo de compra dessa determinada msica. H casos espalhados no mundo

    inteiro de pessoas que estavam ouvindo msicas as quais falava-se de morte e

    tragdia, que se suicidaram logo aps, mostrando a influncia que existe entre um

    texto bem redigido combinado a um ritmo alucinante e algum com alguns

    problemas momentneos.

    Portanto leva-se em conta que a msica influencia o comportamento das

    pessoas, como j foi visto anteriormente, e a rima ajuda nesse processo. A rima e o

    refro das msicas muitas vezes so subliminares, algumas letras de msicas

    trazem mensagens que podem influenciar o ouvinte. Rimas simples so fceis de

    adquirir lembrana, e quanto maior a exposio a elas, mais o consumidor lembrar

  • 22

    do produto que foi abordado na propaganda. Calazans descreve como a rima pode

    ser subliminar:

    Na rima, cada final de linha, cada verso, remete a uma linha anterior, o que, com a mtrica, cria um ritmo num crescendo emocional que pontua o poema at seu final. [...] A rima remete a si prpria, sua similaridade com a rima anterior forma associaes do eixo paradigmtico, o lado direito do crebro, subliminares. Da mesma forma, ladainhas folclricas ou religiosas e o refro nos poemas e canes tm a mesma funo do slogan, fazendo memorizar toda a mensagem inconscientemente. Sendo assim, os jingles redigidos com esta estrutura de refro rimado e ritmado msica podem ser classificados como uma forma de comunicao subliminar auditiva (CALAZANS, 1992, p. 58).

    preciso que o redator publicitrio, o autor de um jingle e compositor de uma

    msica; saibam da responsabilidade que lhes cabe, dado o fato de que esto

    escrevendo para um determinado pblico; pblico esse que possvel segmentar,

    mas no se pode identificar individuo por individuo.

    Algumas formas de redao publicitria podem ser identificadas facilmente no

    dia-a-dia, como o caso da redao para o rdio, onde so encontrados os

    chamados jingles. Tal forma de comunicao pode ser adaptada para comerciais de

    televiso, onde h a interao entre a imagem, o som e o texto.

    3. APROFUNDAMENTO DO TEMA

    3.5.1 Os jingles

    Os jingles podem ser classificados como mensagens publicitrias musicadas,

    onde se descreve as qualidades do produto anunciado. Conforme Celso Figueiredo

    aborda em Redao publicitria, seduo pela palavra, os jingles so: peas

    musicais cantadas compostas especialmente para a marca anunciante. Sua melodia

    costuma ser simples e cativante fcil de ser repetida e cantarolada pelo ouvinte

    (2005,p.111). Jingles marcam poca e agregam lembranas s marcas, so uma

    forma de comunicao publicitria que realmente faz efeito e fica na mente das

    pessoas, quando bem redigidos e bem musicados podem ser uma arma forte na

    competio de um mercado cada vez mais concorrido.

  • 23

    Os jingles podem ser criados sem uma referencia musical anterior ou

    confeccionados a partir de alguma msica j existente, de acordo com a

    necessidade da marca. Existem jingles que ficaram famosos cada um em sua

    determinada poca - e a marca a qual ele divulga reconhecida imediatamente,

    fazendo com que se perpetue por geraes, como o caso do consagrado jingle do

    Mc Donalds: dois hambrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, num

    po com gergelim, Big Mac. Que a marca registrada do sanduche Big Mac e

    agrega lembrana rede Mc Donalds. Tambm o caso do jingle da poupana

    Bamerindus, que at hoje as pessoas cantam mesmo j no existindo mais: o

    tempo passa, o tempo voa, mas a poupana Bamerindus continua numa boa, a

    poupana Bamerindus. Esses so exemplos de jingles que ficaram famosos por seu

    ritmo contagiante e sua letra fcil de ser lembrada.

    Muitas vezes os jingles so utilizados como trilhas sonoras das propagandas

    ou como msicas de fundo; existe uma diferena entre eles, no que diz respeito

    propaganda especificamente, que ser exposta a seguir.

    3.5.2. As trilhas sonoras

    As trilhas sonoras se diferenciam dos jingles pelo fato de que o segundo feito

    e encomendado para divulgar um determinado produto ou uma marca, voltado

    especificamente para objetivos comerciais no que tange a publicidade. J as trilhas

    sonoras so msicas compostas no necessariamente para uma finalidade

    comercial. Obviamente que no se exclui a inteno de venda dessa faixa, que pode

    fazer parte do lbum de um artista tornando-se assim objeto de venda.

    As trilhas sonoras so parte importante da indstria cinematogrfica, so elas

    que fazem o clima do filme; a msica que d o movimento emocional imagem,

    portanto tal qual a importncia da imagem numa cena, ou num comercial, a da

    msica nesse contexto.

    fato que uma cena de medo e terror no tem o mesmo impacto sob o

    telespectador se nela for aplicada uma msica feliz, entretanto h de se convir que a

    escolha da trilha sonora de um filme uma tarefa para poucos, existem inmeros

    filmes que ficaram famosos por sua histria, mas sem dvida alguma tambm por

    sua trilha sonora, que teve a capacidade de emocionar o pblico fazendo-o lembrar

  • 24

    das cenas mais marcantes do filme. O mesmo se d em relao aos filmes

    publicitrios, a msica no s um plano de fundo agradvel que faz com que o

    consumidor preste mais ateno propaganda.

    Como foi visto anteriormente a msica usada constantemente para estimular

    o emocional das pessoas, o que muitos esquecem que ela no apenas um mero

    elemento do comercial, ela sim tanto um complemento para as imagens e as

    locues como tambm um artifcio poderoso para a tomada de deciso do

    consumidor.

    As trilhas sonoras dos comerciais de televiso tm um segundo papel relevante

    na publicidade: podem segmentar o pblico-alvo do produto ou servio fazendo isso

    de maneira sutil e quase imperceptvel. A propaganda no precisa apontar

    diretamente em imagens e texto o seu consumidor em potencial, a trilha pode ser

    direcionada para um pblico-alvo especifico de acordo com a identificao do ritmo

    com seu pblico de interesse, sem que o resto da grande massa se sinta

    imediatamente excluda do contexto.

    A interao entre msica, imagem e texto, na qual msica complementa a

    imagem muito comum nos filmes publicitrios. Partindo-se do princpio de que

    existem msicas para vrios gostos, assim como tambm existem produtos para

    vrios pblicos, o estilo musical pode tanto agradar quanto incomodar uma pessoa a

    ponto de ela querer se retirar do ambiente em que est por no ter se identificado

    com a msica. Transferindo essa comparao ao mbito da comunicao, um

    comercial com uma trilha sonora que no compete ao seu pblico de interesse, no

    ter o efeito esperado convencer o consumidor e nem sempre as empresas

    conseguem trabalhar essa combinao de forma eficaz, tornando o comercial

    poludo visualmente ou sonoramente.

    A seguir sero analisadas campanhas publicitrias onde o emprego da msica

    fez toda a diferena no comercial, tornando-o assim mais eficaz para cada tipo de

    pblico-alvo.

  • 25

    4. ANLISES

    4.1. Comercial Nissan

    Ficha Tcnica

    Ttulo: Crazy

    Anunciante: Nissan do Brasil

    Produto: Nissan Murano

    Agncia: TBWA\BRASIL

    Criao: Srgio Scarpelli e Alessandro Cassulino

    Direo de Criao: Cibar Ruiz e Alessandro Cassulino

    Produo/agncia: Bia Camiza e Caroline Bonani

    Produtora/filme: Margarida Flores e Filmes

    Produtora/som: Dr. DD

    Trilha Sonora: Crazy Gnarls Barkley

    A campanha Crazy da Nissan foi lanada em 2007. No comercial de um

    minuto, so ressaltados alguns atributos do lanamento Nissan Murano, como o

    design externo e interno do carro; no entanto em nenhum momento citado o nome

    do automvel caracterizando assim a campanha como institucional, j que no final

    aparecem outros modelos da marca Nissan. A campanha foi desenvolvida pela

    agncia TBWA/BRASIL, destinada ao pblico masculino adulto e embalada pela

    msica Crazy do grupo Gnarls Barkley.

    O filme comea com uma rua deserta em tempo chuvoso, que d uma leve

    sensao de desespero, enquanto uma voz feminina misteriosa narra de forma

    sensual quais so os sintomas da loucura, ao mesmo tempo em que um homem

    na chuva comea a sentir tais sintomas e eis que surge o automvel e a letra da

    msica se inicia.

    O grande diferencial dessa propaganda a forma como so combinadas as

    tomadas de cmera, a voz da narradora e a trilha sonora. Enquanto a mulher fala, a

    cmera se remete a partes do corpo do protagonista, fazendo o telespectador se

  • 26

    sentir parte daquele mundo e quase experimentar as mesmas sensaes descritas

    pela voz misteriosa. Alguns exemplos de mensagens subliminares podem ser

    identificados na pea, como os gestos do homem a cada palavra da narradora, o

    esfregar de dedos, os lbios, o dobrar dos joelhos e a descida devagar pelo muro da

    rua. Esses elementos caracterizam a loucura do personagem por um Nissan, que

    se aproxima medida que a batida da trilha se acelera.

    A msica tem o papel essencial neste comercial de fazer o clima da

    propaganda. Enquanto a voz feminina narra os acontecimentos, a msica, que tem

    uma batida pop e ao mesmo tempo enigmtica, vai trilhando uma expectativa para a

    chegada do carro, quando o clima da loucura instalado no momento em a voz

    feminina fala Voc t louco o fluxo da chuva comea a ser de baixo para cima,

    aumentando a dramaticidade da cena ao passo que tudo acontece ao mesmo

    tempo: o carro surge em meio chuva, o homem se levanta e admira o carro com

    desejo, e a msica comea simultaneamente.

    Letra:

    Does that make me crazy?

    Does that make me crazy?

    Does that make me crazy?

    Probably

    A traduo (nossa) do refro da msica pode ser transcrita como: Isso me faz

    louco? Isso me faz louco? Isso me faz louco? Provavelmente.

  • 27

    Percebe-se uma unidade no comercial, tanto em relao s imagens como em

    relao letra da msica, no sentido de que todos os aspectos do mesmo se

    remetem a um s fato, a loucura. Esta unidade na comunicao que faz com que o

    processo de persuaso do pblico-alvo seja mais eficiente. Isso acontece por dois

    motivos, o primeiro: o pblico-alvo do comercial explicitado pela figura de um

    homem com mais ou menos 30 anos pblico Nissan j com uma renda estvel

    para adquirir um carro no valor do Nissan Murano , o segundo: a msica ajuda a

    segmentar esse pblico de maneira que seu ritmo faz com que haja uma

    identificao com o comercial, a trilha d mais emoo s cenas e

    predominantemente ao texto, descrito pela voz feminina que narra o comercial.

    A campanha foi desenvolvida para divulgar a marca Nissan e seus

    lanamentos em 2007. Foram feitos outros filmes com outros carros da montadora

    para a mesma campanha.

    4.2. Comercial Volkswagen Fox 2009

    Ficha Tcnica

    Anunciante: Volkswagen

    Ttulo: Do Alto

    Produto: Fox

    Agncia: AlmapBBDO

    Diretores de Criao: Marcello Serpa, Dulcdio Caldeira, Luiz Sanches

    Criao: Andr Kassu, Marcos Medeiros, Andr Gola

    Produtora: Delicatessen Filmes

    Direo: Gustavo Leme

    Fotografia: Rhebling Junior

    Trilha/Locutor: Hilton Raw

  • 28

    O novo comercial para a divulgao do Volkswagen Fox modelo 2009 est

    sendo veiculado atualmente. Foi criado pela agncia AlmapBBDO com o ttulo Do

    alto, possui 30 segundo de durao.

    O conceito do comercial mostrar que do alto de um Fox tudo fica mais

    divertido, para tanto foram usadas imagens de crianas brincando em brinquedos de

    altura, como roda gigante, cama elstica, trampolim, entre outros. A pea se inicia

    com um pai levantando seu filho beb acima dele mesmo, e se segue com um

    sorriso cativante do mesmo beb, o que j conquista o pblico na primeira

    impresso, ao mesmo tempo em que a msica est tocando. Adiante outras

    imagens no mesmo estilo completam o comercial.

    O pblico-alvo dessa campanha so mulheres adultas com uma renda estvel,

    que procuram um carro espaoso para a famlia. Com base nesse pblico que

    foram escolhidas as imagens e a msica da propaganda.

    Com relao s imagens, tambm nesse comercial, acontece uma unidade na

    comunicao. A figura das crianas se divertindo e as imagens de ambientes

    agradveis podem ser associadas com a infncia feliz de quem est assistindo ao

    comercial, se remetem famlia e buscam trabalhar com o emocional do pblico.

    Um fato que tambm pode ser levado como subliminar a imagem de uma roda

    gigante, que caracteriza claramente o que a campanha quer mostrar - o prazer das

    alturas - ao mesmo tempo em que ao mostrar a figura de uma mulher faz com que a

    inteno de segmentao seja confirmada, direcionando seu foco para o pblico

    feminino.

    A mesma mulher olhando para baixo como se estivesse no topo de um lugar

    faz aluso ao status que pode ser adquirido aps a compra de um Fox. No que diz

    respeito msica, a trilha sonora foi feita especialmente para essa campanha, foi

    desenvolvida pelo produtor de udio, Hilton Raw. A letra da cano traduz

    exatamente o conceito do comercial, dizendo que no alto do cu as coisas podem

    acontecer, as estrelas podem brilhar e voc pode voar. Toda a percepo desta

    propaganda gira em torno do ritmo musical, isto , na maioria do tempo no se ouve

    nenhuma narrao ou um texto que ressalte atributos do produto, somente no final

  • 29

    onde o locutor fala: Do alto mais divertido. Fox. Compacto pra quem v. Gigante

    pra quem anda.

    Durante todo o anncio tocada a msica, uma cano gostosa de ouvir, de

    melodia calma, mas que instiga o consumidor a prestar ateno no comercial,

    mesmo sendo cantada em ingls. ela que faz com que haja a identificao do

    pblico feminino com o produto, pois tem um quesito emocional envolvido. Se fosse

    tomado como conceito geral de que a mulher mais emotiva que o homem, esse

    quesito emocional que a msica transmite de fato decisivo para que o pblico seja

    segmentado pela msica.

    A sintonia do ritmo, com a letra e as imagens faz com que essa propaganda se

    torne impactante. Portanto pode-se afirmar nesse filme em especial, que a msica

    no completa as imagens e sim as imagens completam a msica.

    Letra:

    High up in the sky

    Where the stars can shine

    High up in sky

    You can fly

    Its a sensation

  • 30

    My inspiration

    Oh I adore

    And I want more

    High up in the sky

    Its like apple pie

    High up in the sky

    You should try

    Its a sensation

    My inspiration

    Oh baby

    Youre the top

    Traduo (nossa):

    "Alto no cu

    Onde as estrelas podem brilhar

    Alto no cu

    Voc pode voar

    uma sensao

    Minha inspirao

    Oh, eu adoro

    E quero mais

    Alto no cu

    como a ma torta

    Alto no cu

    Voc deveria tentar

    uma sensao

    Minha inspirao

    Oh baby

    Voc o topo "

  • 31

    5. CONSIDERAES FINAIS

    O atual estudo teve como objetivo focalizar a relao existente entre a msica

    e a publicidade, procurando deixar clara a ligao inevitvel entre essas duas

    vertentes relacionadas comunicao. O embasamento se deu desde a percepo

    do som e seus conceitos at a influncia da msica sobre a sociedade; para tanto

    foram pesquisados conceitos de persuaso, linguagem musical, linguagem

    publicitria, segmentando o estudo para dar nfase em como as empresas

    trabalham as trilhas sonoras de suas propagandas de acordo com seu pblico-alvo.

    Foram feitas anlises de alguns comerciais do segmento automobilstico, tendo em

    vista que so anunciantes que aplicam de forma bem trabalhada a msica em suas

    propagandas.

    A msica, ao contrrio do que muitos pensam, um elemento que tem o poder

    de influncia muito grande, ela capaz de modificar comportamentos de acordo com

    ritmos e letras. A batida de determinadas msicas tem a habilidade de alterar a

    freqncia cardaca de quem a ouve, estimulando-o sensorialmente. Isso acontece

    devido ao fato de que a informao musical processada na mesma rea do

    crebro em que so processadas as emoes, fazendo assim com que as pessoas

    hajam de forma diferente quando escutam uma msica que gostam.

    Com base em pesquisas bibliogrficas e observaes cerca do assunto,

    concluiu-se que a msica como um instrumento isolado, assim como as imagens, s

    abrange um crculo limitado de possibilidades, mas se combinada de forma correta

    com texto e elementos visuais ela pode se tornar um diferencial competitivo

    poderoso no mbito da publicidade. Certa vez a famosa produtora de TV americana,

    Tina Raver, disse: "Uma imagem vale mais do que mil palavras, acrescente-lhe a

    msica e valer mais do que um milho". Essa frase transmite exatamente o que

    esse estudo visou abordar, que a msica no s mais um complemento sem

    importncia para a imagem, ela sim uma forma de expresso que tem o poder de

    persuadir sutilmente o consumidor.

  • 32

    O presente trabalho teve como base alguns conceitos onde a msica e o som

    esto presentes como elementos essenciais na construo de peas publicitrias.

    As peas analisadas nesse estudo foram propositalmente escolhidas por serem do

    segmento automobilstico, tendo em vista que se direcionam para pblicos-alvo

    distintos, portanto alguns aspectos do estudo foram limitados. Visando o interesse

    pblico no intuito de ajudar em pesquisas bibliogrficas na rea, alguns autores

    podem ser pesquisados mais a fundo. Como JOURDAIN, SCHURMAN e

    BENENZON.

  • 33

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    JOURDAIN, Robert. Msica, Crebro e xtase. Rio de Janeiro, Objetiva, 1998.

    SHIFFMAN, Harvey Richard. Sensao e percepo. Rio de Janeiro, LTC, 2005. 5 edio

    FERRS, Joan. Televiso Subliminar. Porto Alegre, Artmed, 1998.

    BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia. So Paulo, Summus, 1998.

    DALMEIDA, Antnio Victorino. O que msica. Lisboa. Difuso Cultural, 1993.

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    http://musicanapropaganda.wordpress.com/

    Comerciais analisados:

    Nissan Murano 2007

    Volkswagen Fox 2009

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