a música como diferencial competitivo na publicidade
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CENTRO UNIVERSITRIO DE BRASLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CINCIAS SOCIAIS APLICADAS FATECS CURSO: COMUNICAO SOCIAL HABILITAO: PUBLICIDADE E PROPAGANDA DISCIPLINA: MONOGRAFIA PROF. ORIENTADOR: ANDR RAMOS, M.Sc.
A msica como diferencial competitivo na publicidade
As trilhas sonoras dos comerciais em funo da segmentao de mercado
ANNA ELISA NUNES N.B. COELHO RA: 2051489/2
Braslia
2008
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ANNA ELISA NUNES N. B. COELHO RA: 2051489/2
A msica como diferencial competitivo na publicidade
As trilhas sonoras dos comerciais em funo da segmentao de mercado
Monografia apresentada ao Centro Universitrio de Braslia UniCEUB, como requisito parcial para a obteno de grau de bacharel em Comunicao Social, habilitao em Publicidade e Propaganda Orientador: Prof. Andr Ramos, M.Sc.
Braslia 2008
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ANNA ELISA NUNES N. B. COELHO RA: 2051489/2
A msica como diferencial competitivo na publicidade
As trilhas sonoras dos comerciais em funo da segmentao de mercado
Monografia apresentada ao Centro Universitrio de Braslia UniCEUB, como requisito parcial para a obteno de grau de bacharel em Comunicao Social, habilitao em Publicidade e Propaganda Orientador: Prof. Andr Ramos, M.Sc.
Banca examinadora
____________________________
Prof. Andr Ramos Orientador
____________________________
Prof. Bruno Nalon Examinador
____________________________
Prof. Flor Marlene Examinador
Braslia 2008
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RESUMO
O presente trabalho visa abordar com mais profundidade como a msica pode ser
um diferencial competitivo na publicidade, especificamente nas propagandas
televisivas, onde as trilhas sonoras so trabalhadas pelas empresas de forma que
no sejam apenas mais um acompanhamento para o comercial, e sim uma maneira
essencial de persuadir seu pblico-alvo de forma mais eficaz. Constata-se que a
msica um dos modos de comunicar um determinado produto de forma sutil, tanto
combinada com texto, como combinada com imagens, levando o consumidor a
estabelecer uma identificao com a marca.
Palavras-chave: trilha msica publicidade persuaso
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SUMRIO
1. Introduo .............................................................................................................. 6
1.1. Tema e delimitao do tema................................................................................. 8
1.2. Problema de pesquisa .......................................................................................... 8
1.3. Justificativa do tema ............................................................................................. 8
1.4. Objetivo Geral ....................................................................................................... 8
1.4.1. Objetivos especficos ................................................................................ 9
1.5. Metodologia .......................................................................................................... 9
1.6. Estrutura do trabalho ............................................................................................ 9
2. Referencial Terico.............................................................................................. 10
2.1 A percepo do som ............................................................................................ 10
2.1.1. Percepo do som fisicamente (Sons, volume e timbre.)................................ 10
2.1.2. Percepo do som anatomicamente ............................................................... 12
2.2. O que msica................................................................................................... 13
2.2.1. A percepo da msica ................................................................................... 14
2.2.2. Msica como linguagem .................................................................................. 15
2.3. Comunicao Persuasiva ................................................................................... 17
2.3.1. O racional e o emocional ................................................................................. 17
2.3.2. Tomada de deciso ......................................................................................... 18
2.4. Publicidade Subliminar, uma abordagem ........................................................... 19
2.4.1. Publicidade sonora subliminar ......................................................................... 20
2.5. O texto publicitrio .............................................................................................. 21
3. Aprofundamento do Tema .................................................................................. 22
3.1. Os Jingles ........................................................................................................... 22
3.2.Trilhas sonoras .................................................................................................... 23
4. Anlises ................................................................................................................ 25
4.1. Comercial Nissan................................................................................................ 25
4.2. Comercial Volkswagen Fox ................................................................................ 27
5. Consideraes finais........................................................................................... 31
6. Referncias Bibliogrficas.................................................................................. 32
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1. INTRODUO
Som: s.m som. 1. Barulho provocado por qualquer objeto ou corpo.
Msica s.f. msica. Arte de combinar sons produzidos por instrumentos (ou
pela voz humana), submetidos a um ritmo, de maneira harmoniosa.
A indstria da msica no pode ser desvencilhada do campo da publicidade,
a indstria do entretenimento, assim como o cinema sempre foi um grande foco de
investimentos de grandes empresas, potncias mundiais.
Com a atual crise que est vivendo, em termos de pirataria e avanos
tecnolgicos que fazem com que os lucros diminuam significativamente, as
empresas de produo musical buscam dia e noite novas solues para que a
msica volte a ser um negcio lucrativo como antes. Com o advento de programas
capazes de baixar msicas da internet gratuitamente, as pessoas no querem mais
comprar CDs para ouvir apenas algumas msicas que lhe agradam, preferem baixar
aquelas faixas que as interessam e ouv-las em seu iPod.
A grande discusso dos profissionais de marketing e da indstria musical em
relao compra das msicas; por que as pessoas comprariam msicas se podem
t-las de graa? Essa pergunta respondida prontamente se for levada em conta a
qualidade e a variedade das faixas, todos querem produtos de qualidade, nenhum
consumidor quer algo ruim mesmo que de graa.
Uma alternativa esperanosa em relao a isso veio em 2003 com o
lanamento do iTunes da Apple, onde so vendidas faixas de msica por U$ 0,99, e
que se tornou um grande sucesso mundial, provando que a sociedade est disposta
sim, a gastar um pouco mais para ter uma msica de qualidade.
Afinal quem vive sem msica?
A todo momento as pessoas so atingidas por milhares de sons, que as
rodeiam de maneira inevitvel; esto presentes em todas as partes, seja em forma
de barulhos, rudos, estrondos, zumbidos; sons estes que na maioria das vezes
passam despercebidos aos ouvidos cada vez mais ocupados da sociedade. No
entanto h um que chama a ateno de todos independente de quem seja: a
msica.
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A msica uma das formas de expresso mais completas em toda a esfera da
arte e da cultura, ela est presente no dia-a-dia de diversas formas e estilos, tem
tanto a capacidade de emocionar, unir e acalmar nimos, como a habilidade de
agitar, transtornar e provocar revolta, deste modo a msica tem o poder de criar
sentimentos bons ou ruins atravs de melodias, ritmos e letras.
Os movimentos musicais vm influenciando geraes ao longo de anos. Quem
que no ouve determinada msica e no se lembra de uma pessoa que conheceu
h anos? Ou daquele lugar marcante que visitou? Ou at mesmo daquele filme que
assistiu.
Assim tambm acontece no mbito da comunicao, onde a maioria das
mdias, principalmente a televisiva, usa o som como uma forma de alcanar seu
pblico de forma mais eficaz.
Ao contrrio do que muitos pensam a msica no s mais um complemento
que serve apenas para deixar mais agradvel o ato de persuadir o consumidor. Em
grande parte dos comerciais a msica um fator importante e predominante que
leva a perceber a mensagem de uma forma diferente. Uma forma que certamente
no seria percebida se no houvesse som algum.
Um grande exemplo disso so os jingles, que marcam poca e ficam na mente
das pessoas por muito tempo. A publicidade usa desse recurso como um caminho
para a completa interao entre veculo e pblico-alvo.
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1.1. Tema e delimitao do tema
O tema da pesquisa pode ser apresentado como: a msica como diferencial
competitivo na publicidade.
A delimitao do tema : as trilhas sonoras dos comerciais pela segmentao
de mercado.
1.2. Problema da pesquisa
Identificou-se como problema da pesquisa o fato de que a msica vista
apenas como mais uma forma de acompanhamento das campanhas publicitrias.
Existe uma desvalorizao do som nas propagandas que adotado como um mero
artifcio para acompanhar a imagem, e no reconhecido da maneira como se deve,
relacionado ao seu pblico-alvo como um diferencial que pode influenciar na tomada
de deciso.
1.3. Justificativa do tema
A justificativa para o tema escolhido ajudar nas pesquisas na rea de msica
relacionada publicidade, tendo em vista que no existem muitos estudos
relacionados especificamente a esta rea, fazendo-se entender que a msica sim,
importante em uma campanha publicitria, e influencia seus diferentes pblicos-alvo
de acordo com estilos musicais especficos. A msica um elemento que
complementa a imagem e o texto, portanto ao executar essa pesquisa sero
analisados comerciais onde pretende-se deixar claro que a imagem e o texto no
teriam o mesmo impacto sob o consumidor, sem que houvesse a presena da
msica na propaganda.
1.4. Objetivo Geral
O objetivo geral da pesquisa averiguar como as empresas trabalham as
trilhas sonoras dos comerciais, de acordo com seus diferentes pblicos-alvo, usando
como complemento a imagem e o texto.
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1.4.1. Objetivos especficos
- Fazer levantamento bibliogrfico sobre percepo do som fsica e
anatomicamente e conceitos relacionados, msica como linguagem, a
persuaso na comunicao e publicidade subliminar, redao publicitria,
jingles e trilhas sonoras
- Analisar a influncia da msica desde seu conceito primeiro, at sua
subliminaridade e a percepo pelo ser humano.
- Mostrar como a msica bem trabalhada em campanhas publicitrias pode ser
um diferencial competitivo e ficar na mente do consumidor
- Analisar campanhas publicitrias que mostram a boa aplicao da msica na
propaganda.
1.5. Metodologia
A presente monografia foi desenvolvida dentro de um paradigma qualitativo,
sendo utilizados como procedimentos de coleta de dados, a pesquisa bibliogrfica
que embasa todo o questionamento exposto, revelando conceitos de msica, som
subliminar, percepo do som, todos ligados esfera da comunicao juntamente
com a observao cerca de campanhas publicitrias que ajudaram no
levantamento documental de casos especficos que mostram como a msica
quando bem aplicada em um comercial de TV pode ser um diferencial para o
produto.
1.6. Estrutura do trabalho
O trabalho divido em trs partes, aps este captulo inicial se seguem
subdivididas em tpicos. A primeira das trs diz respeito ao referencial terico que
explana todos os conceitos necessrios para que a pesquisa alcanasse uma base
de credibilidade. Entre eles esto o conceito de som, msica, publicidade subliminar,
persuaso, linguagem musical entre outros relacionados musica e publicidade.
A segunda parte descreve o aprofundamento do tema escolhido, fazendo uma
abordagem sobre trilhas sonoras em filmes e comerciais e apresentando um pouco
mais sobre jingles. No terceiro captulo do trabalho so feitas anlises de filmes
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publicitrios de um mesmo segmento - o automobilstico propositalmente a fim de
alcanar uma unidade para a melhor visualizao do objetivo da pesquisa mostrar
que as trilhas sonoras tm uma relevncia na propaganda e variam de acordo com o
pblico-alvo do produto.
As campanhas analisadas so: comercial institucional da Nissan intitulado
Crazy; comercial Volkswagen do carro Fox, intitulado Do Alto.
Aps as anlises seguem concluso a cerca do trabalho e bibliografia.
2. REFERENCIAL TERICO
2.1. A Percepo do som
O estudo do som traa uma conexo inegvel com o ambiente da
comunicao, tendo em vista que ele tambm segue o padro de emissor, canal de
transmisso e receptor, ou seja, como o som produzido, propagado e recebido.
O ser humano possui um dos sistemas auditivos mais evoludos dos animais no
que diz respeito classe dos mamferos; para o ser humano o som claro e
completo, algo que no se pode evitar. No entanto para a maioria dos seres
presentes na natureza e capazes de ouvir, o som bem menos significante do que
para o homem.
Assim, os seres humanos tm o poder de ouvir sons, identific-los, assimil-los
em tempo e espao, e ao mesmo tempo se comunicar com outros de sua espcie
atravs da fala. De acordo com as leis da fsica pode-se afirmar que tudo o que se
ouve, emitido mecanicamente.
2.1.1 Percepo do som fisicamente, som, volume e timbre
Para que possa ser traado um elo entre a msica e o homem necessrio o
entendimento de alguns conceitos sobre o som. Uma definio mais resumida sobre
o que som vem do compositor e escritor Antnio Victorino Dalmeida (1993, p. 9)
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que diz: O som seria um fenmeno vibratrio capaz de provocar uma sensao
auditiva. Seguindo essa linha, os sons, segundo SCHIFFMAN (2005, p. 230):
[...] so padres de perturbaes sucessivas de presso, ocorridos em um meio que pode ser gasoso, liquido ou slido. De modo geral os sons que ouvimos so transmitidos pelo ar [...]. O padro de alteraes da presso do ar, representado como uma srie de picos e vales denomina-se onda sonora.
Para que o ser humano perceba os diferentes tipos de sons pelos quais
exposto diariamente, necessrio que eles estejam entre uma determinada
freqncia que, de acordo com SCHIFFMAN (2005, p. 231) a rapidez com que
ocorre o ciclo de alteraes de presso. A freqncia medida em Hertz (Hz). O
que relevante saber que as pessoas percebem sons entre 20Hz e 20.000Hz,
freqncias maiores ou menores que isso, no so perceptveis ao ouvido humano.
Outro conceito que vale a pena ser mencionado o de volume, isto , a
intensidade com que o som entendido por seu receptor.
Volume a sensao auditiva correspondente amplitude de presso, assim as ondas sonoras de grande amplitude expressam alteraes grandes de presso fazendo com que se ouam sons volumosos, enquanto as ondas de baixa amplitude refletem alteraes pequenas de presso, sendo ouvidas como sons suaves. (SHIFFMAN, 2005, p. 234)
Portanto nem sempre a maior freqncia ter o maior volume e vice-versa,
uma vez que elas no so diretamente proporcionais.
Quando se fala em intensidade difcil desvincular desta o sentido de timbre.
Os timbres so formas complexas de som, tambm conhecidos como tons, que
fazem com que as pessoas diferenciem uma determinada voz de outra.
O timbre refere-se qualidade tonal distintiva de um som produzida pelo nmero e pela densidade dos harmnicos que produz [...]. com base no timbre que conseguimos distinguir sons de instrumentos musicais, mesmo quando eles executam a mesma nota com a mesma qualidade de freqncia que percebida. (SHIFFMAN, 2005, p.235)
Com base nos elementos acima citados, possvel concluir que a percepo
do som d-se pela juno de todos eles a fim de formar um som nico e homogneo
que chegue ao seu receptor final, no que diz respeito intensidade e diferenciao
de um tom para o outro. fato que, quando as pessoas so expostas a diferentes
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sons simultaneamente (o que acontece a toda hora e em todo lugar), o som de
maior intensidade se sobressair sobre o som de menor intensidade uma vez que
este certamente ter mais atrao sonora para o receptor.
2.1.2 Percepo do som anatomicamente
Anatomicamente a percepo dos sons concebida desde a orelha externa at
as pequenas estruturas existentes em nosso sistema auditivo ligadas ao crebro.
importante saber que a estrutura que leva o ser humano a entender os diferentes
sons, o crtex auditivo, unido a inmeros nervos conectados ao crebro onde ser
processada toda a informao nos dois hemisfrios.
A dominncia cerebral um fato interessante da anatomia do ser humano, uma
vez que o hemisfrio esquerdo do crebro comanda o lado direito do corpo e
responsvel por atividades mais objetivas, como a facilidade para clculos e leitura,
enquanto o hemisfrio direito tem maior influncia sobre o lado esquerdo do corpo, e
tambm sobre as atividades mais subjetivas e criativas como a arte e a msica.
Em relao aos sons no diferente, o Crtex auditivo composto por
estruturas cruzadas que fazem com que as pessoas percebam os sons tambm
pelos hemisfrios opostos do crebro, isto , quando se escuta uma msica, a parte
responsvel por decodificar a fala ou a voz o crtex auditivo do lado esquerdo; por
sua vez o crtex auditivo do lado direito responsvel por processar toda a
informao harmnica da msica, como por exemplo, o ritmo. Para esclarecer tais
afirmaes SHIFFMAN (2005, p. 265) descreve:
O crtex auditivo dominado principalmente pelas fibras cruzadas; a conduo neural de sinais auditivos mais rpida e os prprios sinais so mais intensos para os caminhos cruzados do que para os no-cruzados. Cada orelha , assim, mais bem representada no hemisfrio cerebral oposto, de modo que um som produzido em um lado do corpo resulta em atividade cortical maior no hemisfrio oposto do crebro [...]. Foi descoberto atravs de vrios estudos, que o crtex auditivo do hemisfrio esquerdo domina o processamento analtico de estmulos auditivos seqenciais, normalmente observados no processamento e na percepo da fala e na estimulao relacionada linguagem. Por outro lado, o crtex auditivo do hemisfrio direito tem predomnio no processamento holstico e integrativo e na percepo das informaes espaciais, com como em certos sons no-verbais, inclusive a msica. SHIFFMAN (2005, p. 265)
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Sendo assim, a relao estabelecida entre os sons e o ser humano se d como
uma forma de cmbio, pelo qual so trocadas informaes em um meio. O homem
recebe o som e, em contrapartida, tambm emite outras variaes do mesmo, seja
um arrastar de ps, um estalar de dedos, ou um bater de palmas. Isso caracterizou
uma evoluo do sistema auditivo durante os sculos, onde foi preciso se adaptar s
circunstancias temporais e ambientais e trabalhar a percepo sonora, para que o
homem pudesse se localizar, ter noo de distncia, de tempo e de espao.
Benenzon (1998) explica tais afirmaes em seu livro A teoria da musicoterapia,
dizendo que: A msica arte e cincia, dois elementos que correspondem a um
processo evolutivo do ser humano.
Essa troca, esse tornar comum aos indivduos exatamente assinalada como
um dos muitos tipos de comunicao existentes. justamente dessa esfera que
compreende a comunicao, que ser abordada a ligao direta com a msica. Para
tanto necessrio que se esclaream alguns pontos sobre o meio musical,
comeando pelo conceito de msica.
2.2. O que msica
A msica pode ser representada pela juno de sons aparentemente
desconexos, a fim de tornar possvel seu intercmbio para a formao de um ritmo
harmnico. Segundo DALMEIDA (1993, p. 9) A msica a arte dos sons. Para
SHIFFMAN (2005, p. 274) a definio de msica mais objetiva e segue outra linguagem:
[...] a msica pode ser caracterizada como uma sucesso de notas relacionadas umas s outras e formando um padro rtmico coerente: uma melodia. Dito de outra maneira, a msica uma experincia organizada que deriva do contexto em que as notas surgem.
Pitgoras, na Grcia, chamava a msica de o estudo da acstica
(DALMEIDA, 1993 p. 10). Como grande matemtico ele relacionou-a com nmeros,
estabelecendo escalas para as notas musicais, da o conceito de oitavas, que so:
O intervalo entre dois sons quaisquer, dos quais um tem exatamente o dobro da
freqncia do outro (SHIFFMAN, 2005, p. 275).
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Descobrindo isso Pitgoras levou a frente inmeros estudos relacionados
msica, estimulando o interesse de pesquisadores e de pessoas comuns que, at
ento, viam a msica como algo fora dos padres da sociedade. Isso s foi
realmente aceito ainda muito mais tarde, levando a msica ao que hoje em dia: um
subsdio popular.
2.2.1. A percepo da msica
Se a msica fosse encarada como um mundo de sons, o que no de fato
errado, visto que os sons esto presentes em todo lugar, ela seria percebida de
forma distinta. Ao imaginar um lugar fechado por quatro paredes em que se
propagassem os sons de forma a se criarem ecos, ter-se-ia ento msica se
repetindo por toda parte; a mensagem certamente se fixaria de forma mais rpida na
mente do indivduo, ao contrrio do que aconteceria caso ele estivesse fora dos
limites desse lugar.
O mesmo acontece na cabea do consumidor, que processa a informao
musical de acordo com a freqncia em que ela aparece para ele, obviamente no
necessrio que esteja fechado por quatro paredes para que isso acontea.
Portanto a msica como um elemento derivado do som, tem a capacidade de
agir na mente das pessoas de forma a produzir sensaes que fazem com que ela
seja percebida de uma forma diferente, e no como um simples som alheio aos
acontecimentos ao redor. Isso se d pelo fato de que o crebro processa os
impulsos e as informaes musicais no mesmo lugar em que so processadas as
emoes - no tlamo - associadas s estruturas auditivas do crtex do hemisfrio
direito, como j foi visto anteriormente.
De acordo com a psicoacstica musical ao se escutar uma msica que
transmita uma mensagem, sendo ela liminar ou subliminar, na hora certa e
dependendo do momento em que cada indivduo receptor esteja inserido; esta tem o
poder de causar alguns sentimentos, sendo associada determinadas situaes,
como por exemplo a saudade. Muitas pessoas escutam determinadas msicas e
lembram-se de algum importante que passou por suas vidas, essa associao
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feita no s com os sons, mas com as cores e os gostos. Ela parte do principio da
sinestesia que :
uma condio extremamente rara, em que a estimulao de uma modalidade sensorial evoca no somente uma sensao adequada do estmulo, mas tambm, quase simultaneamente, uma experincia em um domnio sensorial que no tem relao com a estimulao inicial. Por exemplo, o gosto produzido na boca por substncias alimentares tambm pode produzir sensaes tteis sentidas fora da boca, ou certos sons podem provocar sensaes simultneas de gosto ou de cor (Marks, NOME, 1975, in SHIFFMAN, 2005, p. 277).
Ora, se est comprovado que as pessoas associam, gostos, cheiros e sons
determinadas experincias anteriores, porque no associ-los a produtos, marcas
ou propagandas? Esta uma das vertentes que dizem respeito comunicao que
ser explicitada mais adiante.
2.2.2 Msica como linguagem
Considerar a msica uma linguagem j foi muito controverso no passado.
Atualmente alguns estudiosos da rea ainda questionam esse fato.
Enquanto muitas pessoas acreditam que a msica uma linguagem
universal, os cientistas discutem se ela chega a ser uma linguagem (JOURDAIN
1998, p.17). Outros j vem a msica de forma mais otimista como Schurmann, em
A msica como linguagem, que aborda da seguinte forma:
Falar em linguagem musical implica necessariamente considerar-se a msica, ou pelo menos um conjunto de certas manifestaes musicais, como pertencente a um campo de fenmenos mais amplo, chamado linguagem. Implica ainda uma distino entre a linguagem musical e eventuais linguagens no musicais. Ora, como o termo linguagem normalmente sugere um sistema vinculado s atividades de fala, parece lcito reservar, entre as linguagens no musicais, um lugar de destaque nesse sistema, que viria a constituir ento o corpo do que designamos pelo termo linguagem verbal. (SCHURMANN, 1989, p.9)
A linguagem musical uma das maneiras mais eficazes de expresso
encontrada para transmitir idias. Idias essas que nem sempre so aceitas pela
sociedade ou pelo governo. Um bom exemplo disso foi na ditadura militar, onde a
nica forma encontrada para expressar o desagrado e ir contra os princpios
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ditatoriais, foi por meio da msica. E a prova de que tais mensagens surtiram efeito,
foi a ocorrncia de extradies e prises de grandes compositores na poca.
Levando em conta que hoje em dia no existem mais punies desse tipo, a
msica um meio acessvel a todos e se torna mais fcil a expresso de ideais.
Tambm usada para emocionar, as canes so um elo entre os diferentes, e
o mais interessante que muitas vezes atingem seu objetivo sem necessitar de
presena verbal alguma.
Ao ouvir atentamente, por exemplo, uma obra como o Siegfrield Idyll de Richard Wagner, notar-se- que esta msica, concebida por Wagner como saudao para sua mulher Cosima, por ocasio do nascimento de seu filho Siegfried, sem a interferncia de qualquer verbalizao, constitui um imenso poema sobre uma ampla gama de sentimentos que envolvem amor, gratido, orgulho paternal e confiana num futuro grandioso, muito mais do que poderia ser expresso por uma simples ao como um beijo. neste sentido que entendemos poder incluir no toda a msica, mas certamente algumas manifestaes musicais bem determinadas, no campo da comunicao lingstica, onde viriam a figurar no mbito de uma autntica linguagem musical (SCHURMANN, 1989, p. 11)
A msica a arte dos sons. Esta simples definio transpassa tanto no
mbito da arte como no da comunicao, a idia de que sem msica no seria
possvel a plena interao entre as pessoas, tendo em vista que a msica um dos
mtodos mais antigos e eficazes de comunicao j vistos, e no h como negar
que a uma de suas essncias; e pode ser utilizada como uma ferramenta de
manifestao cultural.
Para cada estilo musical existe um estilo de expectativa musical. Vrias culturas, camadas sociais e tipos de personalidade fazem exigncias diferentes com relao msica. Algumas pessoas usam a msica como um estimulante; outras, distrao e barulheira; algumas exigem o simbolismo do mundo em torno delas; outras deliciam-se com a pura abstrao. (JOURDAIN 1998, p.17)
Na publicidade usada freqentemente no s como acompanhamento do
comercial, mas tambm como uma forma de agregar lembrana da marca ao
consumidor. As pessoas associam os aspectos mais marcantes de determinadas
propagandas, a algo positivo ou negativo dependendo de seu contexto.
O pensamento associativo , pois, altamente contaminante. Pode ser perigoso, porquanto costuma ficar fora de controle da conscincia. Basta que, deliberada ou casualmente, tenha-se produzido uma associao positiva ou negativa para que se ocorra o risco de que esta associao fique fixada na mente do receptor. (FERRS, 1998, p.49)
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Portanto no h dvida que a msica que um dos elementos fundamentais
nas propagandas de apelo emocional, se for mal utilizada na publicidade pode ser o
primeiro passo para o declnio do produto.
2.3. Comunicao Persuasiva
A grande chave da comunicao a capacidade que ela exige de persuaso
do seu pblico, seja ele qual for, de forma que este fato no seja percebido como
agressivo ou dominativo. Est presente em propagandas, campanhas institucionais,
discursos polticos, jurdicos; enfim tudo o que diz respeito a comunicar uma idia a
fim de convencer algum compr-la.
2.3.1. O racional e o emocional
Na esfera da comunicao persuasiva existem dois fatores importantes que
influenciam a tomada de deciso do consumidor. Estes fatores esto ligados a dois
pontos-chave do ser humano, o racional e o emocional, que dizem respeito ao lgico
e ao emotivo, respectivamente.
Pela via racional o indivduo convencido pela identificao de suas idias
com a argumentao do comercial, isto , o pensamento dele tem que estar em
concordncia com a lgica exposta. Utilizar a via racional para a publicidade de um
produto supe oferecer argumentos que avanam sobre as vantagens objetivas
deste produto quanto s marcas rivais. Disse Ferrs (1998, p. 59)
Por outro lado pela via emotiva, que exatamente o que est sendo tratado
neste estudo, o pensamento tende a ser associativo, pretende atrair o receptor pelo
fascnio.
[...] Utilizar a via emotiva supe conectar o produto com valores emocionais que, desde um ponto de vista lgico nada te a ver com ele. Neste caso o receptor provavelmente irracional e inconsciente, dos valores do anncio para o produto (FERRS, 1998, p. 59)
O campo das emoes inconsciente e ilgico, faz associaes nem sempre
compreensveis se forem analisadas racionalmente. Normalmente os anncios
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emotivos apelam para valores comuns da sociedade que deixam as pessoas mais
suscetveis s mensagens que o comercial transmitir.
2.4.2. Tomada de deciso
As pessoas tomam decises com a influncia mtua de duas esferas (racional
e emotiva) e no necessariamente elas estaro na mesma proporo. s vezes uma
deciso tomada com maior atuao das emoes do que do raciocnio lgico, ou
seja, feita por impulso. Ferrs cita um exemplo claro: Quase a metade das
compras realizadas nos supermercados so fruto de um impulso (1998, p. 244).
E exatamente esse um dos papis da msica na propaganda, que pode ser
uma ferramenta que leva o receptor a associar determinada trilha sonora com
alguma lembrana positiva, e assim criar uma afinidade com o produto que est
sendo vendido, fazendo-o tomar a deciso de comprar o produto instintivamente, o
mesmo acontece com as letras das msicas. Ferrs explica o fato de forma sucinta:
Nas comunicaes televisivas predominam abertamente as emoes (1998, p. 60).
Alguns estudos realizados na rea comprovam que pessoas questionadas
sobre qual o tipo de programa de televiso que tem mais influncia sobre si mesmas
responderam, em sua maioria, que so noticirios, documentrios e programas
culturais. Uma mostra de que programas mais srios e de maior credibilidade do a
impresso ao receptor de que ele est sendo persuadido mais facilmente, isto
acontece pois a linguagem discursiva e narrativa. No entanto a linguagem
publicitria quase sempre tende a apelar para o discurso emotivo nas propagandas.
Ferrs em - Televiso subliminar - afirma:
Tende-se a pensar que os telespectadores so influenciados fundamentalmente desde a razo, quando na realidade so influenciados primordialmente desde as emoes. Pensa-se que da televiso s podem influir aquelas comunicaes das quais se consciente, enquanto que os efeitos principais da televiso so inconscientes, despercebidos/inadvertidos (1998, p. 13).
Deste modo, em algumas situaes que o consumidor acha que est
comprando um produto racionalmente, ele na verdade est sendo influenciado no
mbito emocional, sem perceber, obviamente que o anncio tem que ser de cunho
emotivo, pois na verdade essas propagandas so discursos ideolgicos(atributos do
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produto) encobertos pela emoo do comercial (msica, clima, imagem). ai que
entra em ao a publicidade subliminar.
2.4. Publicidade subliminar, uma abordagem
Segundo a psicologia o conceito de subliminar Qualquer estmulo abaixo do
limiar da conscincia, estmulo que no obstante produz efeitos na atividade
psquica (CALAZANS, 1992, p. 26).
Num sentido mais amplo, considera-se subliminar qualquer estmulo que no percebido de maneira consciente, pelo motivo que seja: porque foi mascarado ou camuflado pelo emissor, porque captado desde uma atitude de grande excitao emotiva por parte do receptor, por desconhecimento dos cdigos expressivos por parte do prprio receptor, porque se produz uma saturao de informaes ou porque as comunicaes so indiretas e aceitas de uma maneira inadvertida (FERRS, 1998, p. 14).
A questo da publicidade subliminar bem controversa. Alguns ainda no
acreditam que ela possa de fato existir e ter o poder de persuadir o consumidor,
outros j acham que ela um instrumento infalvel nos comerciais.
O fato que a mensagem subliminar foi comprovadamente aceita como um
mtodo de persuaso em 1956, em Nova Jersey, quando anunciantes comearam a
colocar suas marcas nos filmes. Projetavam na tela do cinema anncios durante
fraes de segundo, sem que as pessoas pudessem not-los, pois estavam
concentradas no filme. Frases como Coca Cola ou Coma pipoca (CALAZANS,
1992, p. 18) freqentemente apareciam nas telas instigando-as, sem perceberem, a
comprar coca cola e pipoca. Essa uma forma mais explcita de mensagem
subliminar, mas se fosse observado atentamente, o cenrio de filmes, novelas,
teatro, msicas, trilhas sonoras; todos esses recursos so mensagens subliminares
que influenciam a percepo das pessoas quanto ao assunto abordado.
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2.4.1. Publicidade sonora subliminar
No h muitos estudos aprofundados na rea da subliminaridade sonora, os
que existem so teorias gerais que retratam o fato da existncia de mensagens
subliminares relacionadas aos sons. Segundo Calazans (1992, p. 44) A tecnologia
das mensagens subliminares multimdia e, quer em mensagens publicitrias quer
educacionais, pode-se pensar mais em termos de sinestesia ou intensidade do que
apenas em termos visuais.
Parte-se do princpio de que o corao do ser humano bate a 72 pulsaes por
minuto (CALAZANS, 1992, p. 51), e alguns estudos comprovam que msicas nesse
ritmo alteram o comportamento das pessoas. Msicas em festas so bons exemplos
de subliminares sonoros, festas de funk onde letras e ritmos j remetem o
comportamento das pessoas sexualidade, ou tambm festas eletrnicas como o
trance, onde a batida da msica faz com que os batimentos cardacos sejam
acelerados medida que o ritmo tambm se acelera, provocando euforia e xtase
nos ouvintes.
Sons subliminares tambm so encontrados com freqncia em filmes,
superprodues que utilizam do recurso para que o filme tenha maior impacto sob
os telespectadores. Algumas trilhas so remixadas para serem mais bem percebidas
na mente do pblico. Por exemplo, no filme O exorcista foram feitas decupagens e
mixagens de gritos, gemidos, trilhas e outros sons para que tudo parecesse mais
aterrorizante do que j era.
O reforo que o som causa na imagem a causa do sucesso deste filme de terror, pois foi realizado com sofisticada engenharia de som subliminar, chegando a trilha sonora a ganhar um Oscar pela inovao poca (CALAZANS, 1992, p. 51).
Os sons nos comerciais de televiso, assim como as imagens, so uma
poderosa arma para persuadir o consumidor. Como foi visto anteriormente a msica
tem um papel na maioria das vezes de emocionar o pblico, criando associaes
e sentimentos que o levam a comprar por impulso e agregam valor ao produto
vendido, quando tal fato acontece sem que o pblico perceba que est sendo
influenciado, ele se torna subliminar.
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2.5. O texto publicitrio
Um elemento to importante quanto s imagens e os sons nas propagandas
o texto. Entenda-se como texto, palavras escritas, cantadas ou faladas que seduzem
e podem influenciar o consumidor.
O discurso publicitrio tem por excelncia a capacidade de persuaso de seu
pblico-alvo, tornando-se um instrumento importante em uma campanha. De acordo
com Celso Figueiredo em, Redao publicitria, seduo pela palavra, A imagem
gera o impacto, mas o poder de persuaso est na palavra, assim como a conduo
do raciocnio do receptor.
Para tal persuaso necessrio que a mensagem seja sucinta, de fcil
entendimento e objetiva. Segundo Zeca Martins em, Redao Publicitria, a prtica
na prtica, alguns aspectos so importantes na construo de um bom texto
publicitrio, como: a escolha certa das palavras, uso de frases curtas, evitar a
redundncia de imagem/som e ainda ter exatido na marcao de cenas e
passagens.
Um bom exemplo de influncia do texto na comunicao entre as pessoas so
as letras das msicas, que expressam diversas emoes e atitudes do compositor
em relao sua esfera de convivncia, ideologia e crenas, que na maioria das
vezes vo de encontro direto com as crenas e ideologias de seu pblico, ocorrendo
assim a identificao inevitvel de um com o outro, que faz com que acontea o
processo de compra dessa determinada msica. H casos espalhados no mundo
inteiro de pessoas que estavam ouvindo msicas as quais falava-se de morte e
tragdia, que se suicidaram logo aps, mostrando a influncia que existe entre um
texto bem redigido combinado a um ritmo alucinante e algum com alguns
problemas momentneos.
Portanto leva-se em conta que a msica influencia o comportamento das
pessoas, como j foi visto anteriormente, e a rima ajuda nesse processo. A rima e o
refro das msicas muitas vezes so subliminares, algumas letras de msicas
trazem mensagens que podem influenciar o ouvinte. Rimas simples so fceis de
adquirir lembrana, e quanto maior a exposio a elas, mais o consumidor lembrar
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do produto que foi abordado na propaganda. Calazans descreve como a rima pode
ser subliminar:
Na rima, cada final de linha, cada verso, remete a uma linha anterior, o que, com a mtrica, cria um ritmo num crescendo emocional que pontua o poema at seu final. [...] A rima remete a si prpria, sua similaridade com a rima anterior forma associaes do eixo paradigmtico, o lado direito do crebro, subliminares. Da mesma forma, ladainhas folclricas ou religiosas e o refro nos poemas e canes tm a mesma funo do slogan, fazendo memorizar toda a mensagem inconscientemente. Sendo assim, os jingles redigidos com esta estrutura de refro rimado e ritmado msica podem ser classificados como uma forma de comunicao subliminar auditiva (CALAZANS, 1992, p. 58).
preciso que o redator publicitrio, o autor de um jingle e compositor de uma
msica; saibam da responsabilidade que lhes cabe, dado o fato de que esto
escrevendo para um determinado pblico; pblico esse que possvel segmentar,
mas no se pode identificar individuo por individuo.
Algumas formas de redao publicitria podem ser identificadas facilmente no
dia-a-dia, como o caso da redao para o rdio, onde so encontrados os
chamados jingles. Tal forma de comunicao pode ser adaptada para comerciais de
televiso, onde h a interao entre a imagem, o som e o texto.
3. APROFUNDAMENTO DO TEMA
3.5.1 Os jingles
Os jingles podem ser classificados como mensagens publicitrias musicadas,
onde se descreve as qualidades do produto anunciado. Conforme Celso Figueiredo
aborda em Redao publicitria, seduo pela palavra, os jingles so: peas
musicais cantadas compostas especialmente para a marca anunciante. Sua melodia
costuma ser simples e cativante fcil de ser repetida e cantarolada pelo ouvinte
(2005,p.111). Jingles marcam poca e agregam lembranas s marcas, so uma
forma de comunicao publicitria que realmente faz efeito e fica na mente das
pessoas, quando bem redigidos e bem musicados podem ser uma arma forte na
competio de um mercado cada vez mais concorrido.
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Os jingles podem ser criados sem uma referencia musical anterior ou
confeccionados a partir de alguma msica j existente, de acordo com a
necessidade da marca. Existem jingles que ficaram famosos cada um em sua
determinada poca - e a marca a qual ele divulga reconhecida imediatamente,
fazendo com que se perpetue por geraes, como o caso do consagrado jingle do
Mc Donalds: dois hambrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, num
po com gergelim, Big Mac. Que a marca registrada do sanduche Big Mac e
agrega lembrana rede Mc Donalds. Tambm o caso do jingle da poupana
Bamerindus, que at hoje as pessoas cantam mesmo j no existindo mais: o
tempo passa, o tempo voa, mas a poupana Bamerindus continua numa boa, a
poupana Bamerindus. Esses so exemplos de jingles que ficaram famosos por seu
ritmo contagiante e sua letra fcil de ser lembrada.
Muitas vezes os jingles so utilizados como trilhas sonoras das propagandas
ou como msicas de fundo; existe uma diferena entre eles, no que diz respeito
propaganda especificamente, que ser exposta a seguir.
3.5.2. As trilhas sonoras
As trilhas sonoras se diferenciam dos jingles pelo fato de que o segundo feito
e encomendado para divulgar um determinado produto ou uma marca, voltado
especificamente para objetivos comerciais no que tange a publicidade. J as trilhas
sonoras so msicas compostas no necessariamente para uma finalidade
comercial. Obviamente que no se exclui a inteno de venda dessa faixa, que pode
fazer parte do lbum de um artista tornando-se assim objeto de venda.
As trilhas sonoras so parte importante da indstria cinematogrfica, so elas
que fazem o clima do filme; a msica que d o movimento emocional imagem,
portanto tal qual a importncia da imagem numa cena, ou num comercial, a da
msica nesse contexto.
fato que uma cena de medo e terror no tem o mesmo impacto sob o
telespectador se nela for aplicada uma msica feliz, entretanto h de se convir que a
escolha da trilha sonora de um filme uma tarefa para poucos, existem inmeros
filmes que ficaram famosos por sua histria, mas sem dvida alguma tambm por
sua trilha sonora, que teve a capacidade de emocionar o pblico fazendo-o lembrar
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das cenas mais marcantes do filme. O mesmo se d em relao aos filmes
publicitrios, a msica no s um plano de fundo agradvel que faz com que o
consumidor preste mais ateno propaganda.
Como foi visto anteriormente a msica usada constantemente para estimular
o emocional das pessoas, o que muitos esquecem que ela no apenas um mero
elemento do comercial, ela sim tanto um complemento para as imagens e as
locues como tambm um artifcio poderoso para a tomada de deciso do
consumidor.
As trilhas sonoras dos comerciais de televiso tm um segundo papel relevante
na publicidade: podem segmentar o pblico-alvo do produto ou servio fazendo isso
de maneira sutil e quase imperceptvel. A propaganda no precisa apontar
diretamente em imagens e texto o seu consumidor em potencial, a trilha pode ser
direcionada para um pblico-alvo especifico de acordo com a identificao do ritmo
com seu pblico de interesse, sem que o resto da grande massa se sinta
imediatamente excluda do contexto.
A interao entre msica, imagem e texto, na qual msica complementa a
imagem muito comum nos filmes publicitrios. Partindo-se do princpio de que
existem msicas para vrios gostos, assim como tambm existem produtos para
vrios pblicos, o estilo musical pode tanto agradar quanto incomodar uma pessoa a
ponto de ela querer se retirar do ambiente em que est por no ter se identificado
com a msica. Transferindo essa comparao ao mbito da comunicao, um
comercial com uma trilha sonora que no compete ao seu pblico de interesse, no
ter o efeito esperado convencer o consumidor e nem sempre as empresas
conseguem trabalhar essa combinao de forma eficaz, tornando o comercial
poludo visualmente ou sonoramente.
A seguir sero analisadas campanhas publicitrias onde o emprego da msica
fez toda a diferena no comercial, tornando-o assim mais eficaz para cada tipo de
pblico-alvo.
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4. ANLISES
4.1. Comercial Nissan
Ficha Tcnica
Ttulo: Crazy
Anunciante: Nissan do Brasil
Produto: Nissan Murano
Agncia: TBWA\BRASIL
Criao: Srgio Scarpelli e Alessandro Cassulino
Direo de Criao: Cibar Ruiz e Alessandro Cassulino
Produo/agncia: Bia Camiza e Caroline Bonani
Produtora/filme: Margarida Flores e Filmes
Produtora/som: Dr. DD
Trilha Sonora: Crazy Gnarls Barkley
A campanha Crazy da Nissan foi lanada em 2007. No comercial de um
minuto, so ressaltados alguns atributos do lanamento Nissan Murano, como o
design externo e interno do carro; no entanto em nenhum momento citado o nome
do automvel caracterizando assim a campanha como institucional, j que no final
aparecem outros modelos da marca Nissan. A campanha foi desenvolvida pela
agncia TBWA/BRASIL, destinada ao pblico masculino adulto e embalada pela
msica Crazy do grupo Gnarls Barkley.
O filme comea com uma rua deserta em tempo chuvoso, que d uma leve
sensao de desespero, enquanto uma voz feminina misteriosa narra de forma
sensual quais so os sintomas da loucura, ao mesmo tempo em que um homem
na chuva comea a sentir tais sintomas e eis que surge o automvel e a letra da
msica se inicia.
O grande diferencial dessa propaganda a forma como so combinadas as
tomadas de cmera, a voz da narradora e a trilha sonora. Enquanto a mulher fala, a
cmera se remete a partes do corpo do protagonista, fazendo o telespectador se
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26
sentir parte daquele mundo e quase experimentar as mesmas sensaes descritas
pela voz misteriosa. Alguns exemplos de mensagens subliminares podem ser
identificados na pea, como os gestos do homem a cada palavra da narradora, o
esfregar de dedos, os lbios, o dobrar dos joelhos e a descida devagar pelo muro da
rua. Esses elementos caracterizam a loucura do personagem por um Nissan, que
se aproxima medida que a batida da trilha se acelera.
A msica tem o papel essencial neste comercial de fazer o clima da
propaganda. Enquanto a voz feminina narra os acontecimentos, a msica, que tem
uma batida pop e ao mesmo tempo enigmtica, vai trilhando uma expectativa para a
chegada do carro, quando o clima da loucura instalado no momento em a voz
feminina fala Voc t louco o fluxo da chuva comea a ser de baixo para cima,
aumentando a dramaticidade da cena ao passo que tudo acontece ao mesmo
tempo: o carro surge em meio chuva, o homem se levanta e admira o carro com
desejo, e a msica comea simultaneamente.
Letra:
Does that make me crazy?
Does that make me crazy?
Does that make me crazy?
Probably
A traduo (nossa) do refro da msica pode ser transcrita como: Isso me faz
louco? Isso me faz louco? Isso me faz louco? Provavelmente.
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Percebe-se uma unidade no comercial, tanto em relao s imagens como em
relao letra da msica, no sentido de que todos os aspectos do mesmo se
remetem a um s fato, a loucura. Esta unidade na comunicao que faz com que o
processo de persuaso do pblico-alvo seja mais eficiente. Isso acontece por dois
motivos, o primeiro: o pblico-alvo do comercial explicitado pela figura de um
homem com mais ou menos 30 anos pblico Nissan j com uma renda estvel
para adquirir um carro no valor do Nissan Murano , o segundo: a msica ajuda a
segmentar esse pblico de maneira que seu ritmo faz com que haja uma
identificao com o comercial, a trilha d mais emoo s cenas e
predominantemente ao texto, descrito pela voz feminina que narra o comercial.
A campanha foi desenvolvida para divulgar a marca Nissan e seus
lanamentos em 2007. Foram feitos outros filmes com outros carros da montadora
para a mesma campanha.
4.2. Comercial Volkswagen Fox 2009
Ficha Tcnica
Anunciante: Volkswagen
Ttulo: Do Alto
Produto: Fox
Agncia: AlmapBBDO
Diretores de Criao: Marcello Serpa, Dulcdio Caldeira, Luiz Sanches
Criao: Andr Kassu, Marcos Medeiros, Andr Gola
Produtora: Delicatessen Filmes
Direo: Gustavo Leme
Fotografia: Rhebling Junior
Trilha/Locutor: Hilton Raw
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O novo comercial para a divulgao do Volkswagen Fox modelo 2009 est
sendo veiculado atualmente. Foi criado pela agncia AlmapBBDO com o ttulo Do
alto, possui 30 segundo de durao.
O conceito do comercial mostrar que do alto de um Fox tudo fica mais
divertido, para tanto foram usadas imagens de crianas brincando em brinquedos de
altura, como roda gigante, cama elstica, trampolim, entre outros. A pea se inicia
com um pai levantando seu filho beb acima dele mesmo, e se segue com um
sorriso cativante do mesmo beb, o que j conquista o pblico na primeira
impresso, ao mesmo tempo em que a msica est tocando. Adiante outras
imagens no mesmo estilo completam o comercial.
O pblico-alvo dessa campanha so mulheres adultas com uma renda estvel,
que procuram um carro espaoso para a famlia. Com base nesse pblico que
foram escolhidas as imagens e a msica da propaganda.
Com relao s imagens, tambm nesse comercial, acontece uma unidade na
comunicao. A figura das crianas se divertindo e as imagens de ambientes
agradveis podem ser associadas com a infncia feliz de quem est assistindo ao
comercial, se remetem famlia e buscam trabalhar com o emocional do pblico.
Um fato que tambm pode ser levado como subliminar a imagem de uma roda
gigante, que caracteriza claramente o que a campanha quer mostrar - o prazer das
alturas - ao mesmo tempo em que ao mostrar a figura de uma mulher faz com que a
inteno de segmentao seja confirmada, direcionando seu foco para o pblico
feminino.
A mesma mulher olhando para baixo como se estivesse no topo de um lugar
faz aluso ao status que pode ser adquirido aps a compra de um Fox. No que diz
respeito msica, a trilha sonora foi feita especialmente para essa campanha, foi
desenvolvida pelo produtor de udio, Hilton Raw. A letra da cano traduz
exatamente o conceito do comercial, dizendo que no alto do cu as coisas podem
acontecer, as estrelas podem brilhar e voc pode voar. Toda a percepo desta
propaganda gira em torno do ritmo musical, isto , na maioria do tempo no se ouve
nenhuma narrao ou um texto que ressalte atributos do produto, somente no final
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onde o locutor fala: Do alto mais divertido. Fox. Compacto pra quem v. Gigante
pra quem anda.
Durante todo o anncio tocada a msica, uma cano gostosa de ouvir, de
melodia calma, mas que instiga o consumidor a prestar ateno no comercial,
mesmo sendo cantada em ingls. ela que faz com que haja a identificao do
pblico feminino com o produto, pois tem um quesito emocional envolvido. Se fosse
tomado como conceito geral de que a mulher mais emotiva que o homem, esse
quesito emocional que a msica transmite de fato decisivo para que o pblico seja
segmentado pela msica.
A sintonia do ritmo, com a letra e as imagens faz com que essa propaganda se
torne impactante. Portanto pode-se afirmar nesse filme em especial, que a msica
no completa as imagens e sim as imagens completam a msica.
Letra:
High up in the sky
Where the stars can shine
High up in sky
You can fly
Its a sensation
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My inspiration
Oh I adore
And I want more
High up in the sky
Its like apple pie
High up in the sky
You should try
Its a sensation
My inspiration
Oh baby
Youre the top
Traduo (nossa):
"Alto no cu
Onde as estrelas podem brilhar
Alto no cu
Voc pode voar
uma sensao
Minha inspirao
Oh, eu adoro
E quero mais
Alto no cu
como a ma torta
Alto no cu
Voc deveria tentar
uma sensao
Minha inspirao
Oh baby
Voc o topo "
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5. CONSIDERAES FINAIS
O atual estudo teve como objetivo focalizar a relao existente entre a msica
e a publicidade, procurando deixar clara a ligao inevitvel entre essas duas
vertentes relacionadas comunicao. O embasamento se deu desde a percepo
do som e seus conceitos at a influncia da msica sobre a sociedade; para tanto
foram pesquisados conceitos de persuaso, linguagem musical, linguagem
publicitria, segmentando o estudo para dar nfase em como as empresas
trabalham as trilhas sonoras de suas propagandas de acordo com seu pblico-alvo.
Foram feitas anlises de alguns comerciais do segmento automobilstico, tendo em
vista que so anunciantes que aplicam de forma bem trabalhada a msica em suas
propagandas.
A msica, ao contrrio do que muitos pensam, um elemento que tem o poder
de influncia muito grande, ela capaz de modificar comportamentos de acordo com
ritmos e letras. A batida de determinadas msicas tem a habilidade de alterar a
freqncia cardaca de quem a ouve, estimulando-o sensorialmente. Isso acontece
devido ao fato de que a informao musical processada na mesma rea do
crebro em que so processadas as emoes, fazendo assim com que as pessoas
hajam de forma diferente quando escutam uma msica que gostam.
Com base em pesquisas bibliogrficas e observaes cerca do assunto,
concluiu-se que a msica como um instrumento isolado, assim como as imagens, s
abrange um crculo limitado de possibilidades, mas se combinada de forma correta
com texto e elementos visuais ela pode se tornar um diferencial competitivo
poderoso no mbito da publicidade. Certa vez a famosa produtora de TV americana,
Tina Raver, disse: "Uma imagem vale mais do que mil palavras, acrescente-lhe a
msica e valer mais do que um milho". Essa frase transmite exatamente o que
esse estudo visou abordar, que a msica no s mais um complemento sem
importncia para a imagem, ela sim uma forma de expresso que tem o poder de
persuadir sutilmente o consumidor.
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O presente trabalho teve como base alguns conceitos onde a msica e o som
esto presentes como elementos essenciais na construo de peas publicitrias.
As peas analisadas nesse estudo foram propositalmente escolhidas por serem do
segmento automobilstico, tendo em vista que se direcionam para pblicos-alvo
distintos, portanto alguns aspectos do estudo foram limitados. Visando o interesse
pblico no intuito de ajudar em pesquisas bibliogrficas na rea, alguns autores
podem ser pesquisados mais a fundo. Como JOURDAIN, SCHURMAN e
BENENZON.
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
JOURDAIN, Robert. Msica, Crebro e xtase. Rio de Janeiro, Objetiva, 1998.
SHIFFMAN, Harvey Richard. Sensao e percepo. Rio de Janeiro, LTC, 2005. 5 edio
FERRS, Joan. Televiso Subliminar. Porto Alegre, Artmed, 1998.
BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia. So Paulo, Summus, 1998.
DALMEIDA, Antnio Victorino. O que msica. Lisboa. Difuso Cultural, 1993.
SCHURMANN, Ernst F. A msica como linguagem, uma abordagem histrica. So Paulo, Brasiliense, 1989.
CALAZANS, Flvio. Publicidade subliminar multimdia. So Paulo, Summus, 1992. 5 edio
WILLIAMS, J.M. A arte da pesquisa. So Paulo, 2001.
FIGUEIREDO, Celso. Redao publicitria, seduo pela palavra. So Paulo, Thomson, 2005.
MARTINS, Zeca. Redao publicitria, a prtica na prtica. So Paulo, Atlas, 2003.
Referncias Eletrnicas
http://www.memoriadapropaganda.org.br/Noticias/Noticia.php?newsId=20080912B&Img=2
http://www.izip.com.br/blog/nissan-lanca-a-campanha-crazy-quem-vem-para-divulga-os-novos-carros-da-montadora/
http://musicanapropaganda.wordpress.com/
Comerciais analisados:
Nissan Murano 2007
Volkswagen Fox 2009
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