a laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ OCTAYDE JORGE DA SILVA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO NEIDE SAMICO DA SILVA A LABORALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO MUNDO PRODUTIVO Brasília-DF Outubro, 2009

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Page 1: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA

DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

NEIDE SAMICO DA SILVA

A LABORALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NO MUNDO PRODUTIVO

Brasília-DF

Outubro, 2009

Page 2: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INCLUSIVA

NEIDE SAMICO DA SILVA

A LABORALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NO MUNDO PRODUTIVO

Brasília-DF Outubro, 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

SAMICO, Neide Silva A empregabilidade da pessoa com deficiência intelectual. Brasília-DF, 2009. Total de folhas do TCC: 42 p. Orientador: Prof. Dr. José Luiz Mazzaro Monografia de Especialização – Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso. 2° Semestre/2009.

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NEIDE SAMICO DA SILVA

A LABORALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NO MUNDO PRODUTIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em Especialização em educação profissional e tecnologia inclusiva, do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO - CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA, como requisito para a obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Dr. José Luiz Mazzaro

Brasília-DF Outubro, 2009

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NEIDE SAMICO DA SILVA

A LABORALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NO MUNDO PRODUTIVO

Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Profissional e Tecnológica

Inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do

Programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de

Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de

Especialista.

Aprovado em: ____/_____/_____

______________________________________________

Prof. Dr. JOSÉ LUIZ MAZZARO

_____________________________________________

Prof. MSc. GUSTAVO ESTEVÃO

______________________________________________

Prof. MSc. FRANCLIN COSTA DO NASCIMENTO

Brasília-DF Outubro, 2009

Page 6: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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Dedico este trabalho à professora

Giselda Jordão de Carvalho que

sempre enfrenta as barreiras

impostas pela sociedade e avança

confiante, fazendo a diferença.

Page 7: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

7

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que fizeram desta caminhada uma grande

realização.

Ao professor Dr. José Luiz Mazzaro, que disponibilizou sua paciência,

conhecimento e eficiência.

Aos monitores e em especial Leda e Vítor por terem me ajudado em

momentos difíceis.

Aos amigos que tanto torceram e torcem pela minha vitória.

Aliusha pelo apoio e bondade para comigo durante o decorrer do curso.

Aos trabalhadores com deficiência (Ex-alunos) participantes da pesquisa.

Aos professores formadores, aos quais agradeço de modo especial e aos quais

dedico este trabalho.

Page 8: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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“A cada um conforme suas necessidades. De cada um

conforme suas necessidades.”

Marx e Engels (Manifesto do Partido comunista)

Page 9: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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ABSTRACT

This work is the result of a survey in which respondents were young people and adults with intellectual disabilities that despite all the difficulties were able to enter the formal labor market. Relevant facts were searched through their reports that contributed to their personal and professional development. Access for disabled people to the labor market is one of the aspects of the process of inclusion and increasingly there is the importance being given to inclusion of disabled people in the labor market in recent years and leads us to seek strategies of action for an education toward a professional education, where these individuals can achieve a place among the other workers. This study was conducted using the method of history of life through open interviews with persons with intellectual disabilities, today inserted in the world of work, highlighting their career, the routine of work, the meaning that the work has for them, their relationships with colleagues. We can conclude from the data obtained, which after their insertion there were improvements in various aspects of their lives, such as increased self esteem, independence, autonomy, sense of equality among others. It was also clear that the success of the employee with special needs is largely dependent on the existence in the workplace of the adjustments that are necessary to perform the activities of their duties. Key words: intellectual disability, labor market, insertion.

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LISTA DE QUADROS

1 – Quadro 1 – Quadro geral dos participantes dos Grupos G1,G2 e G3 31

PARTICI- PANTES

GRUPO

SEXO

IDADE

DIAGNÓS-

TICO

GRAU DE ESCOLARI-

DADE

FUNÇÃO

TEMPO DE REGISTRO

EM CARTEIRA

JÚLIO G1 M 28 DI ENS. FUND. INC. AUXILIAR

DE PADARIA

02 ANOS

BRENO G1 M 25 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TOR 02 ANOS

ANA G1 F 26 DI ENS. FUND. INC. CAMAREI-

RA 02 ANOS

JOAQUIM G2 M 28 DI ENS. FUND. INC. AUXILIAR

DE SERVIÇO

03 ANOS

CLÁUDIO G2 M 27 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TOR 03 ANOS

LUCAS G2 M 27 DI ENS. FUND. INC. AUXILIAR

DE SERVIÇO

02 ANOS

DANIELA G2 F 22 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TORA 01 ANO

MARIA G3 F 29 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TORA 05 ANOS

PIEDADE G3 F 25 DI ENS. FUND. INC. EMPACO-

TADORA 02 ANOS

CARLOS G3 M 27 DI ENS. FUND,

COMPLETO AUXILIAR

DE SERVIÇO

01 ANO

PARTICIPANTES GRUPO RESPOSTAS/OPINIÕES

JÚLIO G1 ―[,,,] foi um tempão para conseguir, anos mesmo[...]‖

BRENO G1 ―[...] difícil é pouco, muitas tentativas, ninguém queria me contratar [...]‖

ANA G1 ―[...] perdi as contas, esperei muito tempo, mas gosto do meu querido trabalho [...]‖

LUCAS G2 ―[...] tive sorte e dificuldade, sorte para encontrar esse serviço e muita dificuldade para conseguir trabalhar, pois o preconceito com deficiência é grande [...]‖.

DANIELA G2 ―[...] precisei de curso, de diploma e de carteira [...]‖

MARIA G3 ―[...] Quero falar com meus colegas de escola, que tenha uma boa sorte como eu [...]‖

CARLOS G3 ―[...] não é fácil consegui trabalho, tem que procurar muito. Hoje sou feliz trabalhando [...]‖.

Page 11: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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SUMÁRIO

RESUMO IX

SUMÁRIO XI

1. INTRODUÇÃO.............................................................................. 12

2. OBJETIVOS.................................................................................. 14

2.1Objetivo Geral............................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos.................................................................... 14

3. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................... 15

3.1 O trabalho ao longo da história: conceito e representação social

15

3.2 DI: conceituação e características 18

3.3 Educação profissional e as pessoas com DI 20

3.4 Legislação: marcos legais 23

3.5 Inserção de pessoas com DI no MTF: dificuldades e possíveis

alternativas 24

4. METODOLOGIA........................................................................... 30

4.1 Procedimentos Metodológicos...................................................... 30

4.2 População e Amostra 30

4.3 Teste Prévio 32

4.4 Coleta de Dados 33

4.5 Execução 33

4.6 Análise dos Dados 34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 35

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

ANEXOS 44

Page 12: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

12

1. INTRODUÇÃO

O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente, o que

demanda profissionais capacitados e atualizados para concorrer com chances

de sucesso às escassas vagas ofertadas.

A situação não é diferente para os trabalhadores com deficiência, que

mesmo contando com a pressão dos movimentos sociais pelo incentivo ao

trabalho e a Lei de Cotas, ainda enfrentam dificuldades relacionadas à falta de

preparo para ocupar as vagas disponíveis no mercado de trabalho formal

(MTF) e as dificuldades relacionadas à acessibilidade, impostas pelas barreiras

arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais.

Quando se trata de deficiência intelectual (DI), as dificuldades se

multiplicam, em decorrência do baixo índice de escolaridade, da inexistência de

uma formação profissional adequada e, sobretudo, do preconceito, que ainda

impera na sociedade, de que essas pessoas não apresentam capacidade

laboral e nem de aprendizagem.

Assim, um dos grandes desafios para a educação das pessoas com DI,

tem sido o desenvolvimento de propostas de formação profissional, pois

embora a sociedade esteja sensível em relação à inclusão de cidadãos com

deficiência, ainda não está suficientemente esclarecida para incluí-los

profissionalmente e muito menos para adotar adequações necessárias nas

empresas, objetivando contemplar a diversidade humana que compõe nossa

sociedade.

Capacitar pessoas com DI para o MTF, além de favorecer o

desenvolvimento de capacidades, de habilidades e de potencialidades dessas

pessoas, reduz o preconceito, amplia a segurança, a auto-estima, o

relacionamento social e as oportunidades de contratação, tendo em vista que a

maior dificuldade alegada pelas empresas, para o cumprimento da Lei de

Cotas, é a falta de qualificação profissional.

É de responsabilidade dos órgãos governamentais, ofertarem a

capacitação para todas as pessoas com deficiência, e das empresas,

Page 13: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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disponibilizarem espaço e condições para que todos tenham acesso ao

trabalho (Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989).

Assim, o objeto do presente estudo constituiu-se em conhecer as

opiniões e percepções de trabalhadores DI de Brasília (DF), relacionadas às

dificuldades para inserção no MTF, para a execução das atividades laborais e

relativas a receptividade das empresas contratantes.

A importância do presente estudo deve-se ao fato de que conhecer a

opinião e percepção de trabalhadores DI, sobre aspectos relevantes do

contexto de suas atividades laborais, pode fornecer importantes subsídios

acerca das necessidades de formação e capacitação para o trabalho dessas

pessoas.

O interesse em realizar este estudo foi em decorrência da experiência

pessoal, de mais de 20 anos, voltada para o processo de profissionalização de

pessoas com DI e de sensibilização de empresários, gerentes e outros

profissionais da área de recursos humanos, sobre a capacidade laboral desses

cidadãos.

Page 14: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral:

Identificar opiniões e percepções de trabalhadores DI, inseridos do MTF

de Brasília (DF), relacionadas às dificuldades de inserção, de execução de

atividades laborais e referentes à receptividade das empresas contratantes.

2.2. Objetivo específico:

Oferecer subsídios para ações de formação, capacitação e

profissionalização de pessoas com DI.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 O trabalho ao longo da história: conceito e representação social

Desde o início da civilização, o homem descobriu que era necessário

desenvolver e aperfeiçoar a busca de alimentos para garantir a sobrevivência.

Nessa concepção, podemos dizer que o homem sempre exerceu atividades

laborais, para si e para o seu grupo.

O ―primeiro ato histórico destes indivíduos, pelo qual se distinguem dos

animais, não é o fato de pensar, mas o de produzir seus meios de vida" (MARX

e ENGELS, 1984, p. 22).

Na luta pela sobrevivência, o homem primitivo começou a guerrear

com seus semelhantes, pela melhor caça, pelo melhor abrigo, pelo melhor

território. Assim, após as sangrentas batalhas, com armas rudimentares,

matava e abandonava ou devorava os inimigos, mas, com o tempo, verificou

que escravizá-los seria mais útil, pois poderia usufruir de sua força de luta e de

seu trabalho.

Com esse aprendizado, o homem seguiu seu destino na história,

conquistando novos grupos e territórios e foi, paulatinamente, abandonando a

vida nômade, para se fixar a terra e viver em sociedade.

Nessa etapa da história, o trabalho que era considerado uma atividade

natural de sobrevivência, ganha outra conotação e passa a ser considerado

sinal de opróbrio, de desprezo, de inferioridade, exercido apenas pelos grupos

dominados, que se tornavam escravos em troca da vida.

Na Antiguidade Clássica, a ganância pela riqueza e por novos

territórios, multiplica o número de escravos entre os egípcios, os gregos e os

romanos. Sem a necessidade de utilizar tanta mão de obra escrava, passaram

a vender, trocar por mercadoria ou alugar essas pessoas. Esse novo comércio

acaba por reforçar o estigma de que o trabalho é impróprio e até mesmo

indigno, para os homens livres.

O trabalho executado por grande número de escravos permite a

construção de verdadeiras obras de engenharia, como canais, represas,

pirâmides, templos, castelos. E os homens livres aproveitam para dedicar seu

tempo às artes e às ciências.

Page 16: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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Com o passar do tempo, o homem vai adquirindo novas experiências,

aperfeiçoando tarefas, modos de agir, de pensar, de falar, de escrever e de

sentir, o que permite o desenvolvimento das relações sociais estabelecidas

entre os homens para a produção de sua sobrevivência.

E o progresso alcançado pela força do trabalho escravo chega ao seu

limite e uma barreira passa a ser imposta, só podendo ser superada por uma

revolução social, que acabou sendo iniciada pelos próprios escravos e

acompanhada pelos segmentos mais pobres da população, socialmente livres.

Assim, o chamado regime escravista cai, para surgir uma nova formação

econômica, política e social: o feudalismo.

A palavra feudal vem do latim ―feodum‖ que identifica as terras que o rei

distribuía entre os seus senhores como pagamento do apoio militar. Os

Senhores Feudais, fracionavam as terras e distribuía aos camponeses, que

podiam trabalhar livremente, em troca de parte da produção.

Embora os Camponeses fossem considerados homens livres e o nível

de trabalho que executavam na sociedade feudal, considerado mais elevado

que o regime de escravidão, eles eram muito explorados e obrigados a pagar

tributos cada vez maiores aos seus Senhores, e, sem outra opção, tiveram que

lutar contra a opressão feudal para obter o direito de dispor livremente do

produto de seu trabalho.

Nos séculos XVI e XVII, inicia-se uma fase de grandes descobrimentos

científicos e técnicos. Aos poucos a sociedade feudal vai dando lugar a um

novo sistema capitalista de produção, que para obter sucesso precisava por fim

ao sistema feudal.

A fixação de uma nova prática social, sintetizada por instrumentos,

objetos, técnicas, linguagem, relações sociais e outras formas de objetivações

como arte e ciência, faz com que

―o trabalhador, a partir do século XVII, já adquire nome e cidadania desde seu nascimento, pois a nova forma de trabalho, o labor, o libertou do antigo tripalium, isto é, soltou-o desse instrumento de tortura, colocando-o no mercado de trabalho onde poderá dispor de sua força, de seu corpo, como sua propriedade inalienável e ―livremente‖ comercializá-la com o capitalista, em troca de salário‖ (NOSELLA, 1989, p. 32).

Page 17: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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E a burguesia que passa a comandar o novo sistema de produção,

precisa cada vez mais de homens emancipados da servidão e sem

propriedades, para trabalhar nas primeiras fabricas.

Revoltados com feudalismo e a igreja, em virtude das altas taxas que

precisavam pagar para sustentar a corte, a burguesia juntamente com os

servos e pobres que viviam nas cidades, iniciam as revoluções burguesas,

sendo a mais importante delas, a Revolução Francesa de 1789.

Após a Revolução Francesa, o capitalismo se desenvolve rapidamente e

cria a sua própria revolução: a Revolução Industrial, que ocorreu na Inglaterra,

na segunda metade do século XVIII, encerrando a transição entre feudalismo e

capitalismo. Neste período ocorre uma gradativa substituição da utilização da

força manual pela força das máquinas e nasce uma nova forma de organizar e

pensar a produção: o sistema capitalista (VIANNA, 2005).

Dessa forma, o trabalho assalariado começa a ocorrer em larga escala e

faz despontar o chamado mercado de trabalho - local de encontro, debates e

acertos de serviços e salários entre trabalhadores e empresários -, instituição

essencial ao funcionamento da economia. É pelo trabalho que o homem se

inclui na sociedade, sendo uma forma de suprir suas necessidades.

Segundo Vianna (2005), embora revolução industrial tivesse a liberdade

e a igualdade como bandeira, essa premissa não foi respeitada, uma vez que o

desenvolvimento e a abundância estavam nas mãos de poucos e insensíveis

homens de negócios que passaram a ser conhecidos como capitalistas que

fizeram surgir uma nova forma de escravidão, a do proletariado.

Mesmo com um rápido desenvolvimento da economia e lucros

fantásticos, os capitalistas exploravam e escravizavam os operários, que

chegavam a trabalhar por dia, mais de 18 horas. Todo esse abuso, contava

com a omissão do Estado, um ente parcial, que privilegiava a classe capitalista,

que acumulava cada vez mais riquezas.

―Neste período o Estado era liberal, ou seja, não intervinha nas relações, deixando o proletariado abandonado, apenas afirmando que ele era livre. Formaram-se dois grupos sociais, por um lado tínhamos os capitalistas e do outro os proletários‖ (VIANNA, 2005, p. 34).

Para Lucci (2009), a sociedade industrial, durante dois séculos (1750 –

1950), buscou a eficiência e procurou fazer o maior número possível de coisas

no menor tempo e confirmou essa eficiência ao dizer que ―enquanto a

Page 18: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

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agricultura precisou de dez mil anos para produzir a indústria, esta precisou de

apenas 200 anos para gerar a sociedade ou era Pós-industrial‖ (p.1).

No Pós Estado liberal, alguns países adotaram um sistema social, ou

seja, deixava de considerar o homo economicus isolado, para se focalizar num

homem capaz de atender a si próprio e a coletividade, mantendo sua

personalidade, mas sem deixar de exercer a personalidade coletiva.

Nessa fase há uma participação suprema do Estado, que fica acima de

interesses individuais ou de grupos, ou seja, cabia ao Estado manter um

equilíbrio, assim, surgindo um Estado intervencionista (VIANNA, 2005, p. 34).

No contexto atual, no mundo da automação, o trabalho é uma ação

planejada e coletiva. Tomasinni (1996) afirma:

―Todo homem é em potencial um trabalhador. O trabalho se constitui na atividade vital do homem. É a parte de objetivação do ser humano e através dele os homens se transformam e são transformados enquanto sujeitos sociais [...]‖. (TOMASINNI,1996)

Por outro lado, o desemprego coloca a pessoa num lugar de

marginalização, pois exclui da sociedade, leva ao isolamento, a sensação de

fracasso, baixa a auto-estima. Assim, para estar inserido em sua comunidade,

o adulto com DI precisa ter oportunidade de se formar enquanto trabalhador.

3.2 DI: conceituação e características

O conceito de DI é muito amplo, sendo, também, considerado de difícil

precisão e delimitação. Ao longo do processo histórico sofreu influências de

ordem local, social e cultural (SPROVIERI e ASSUNÇÃO, 2005).

A conceituação de DI sofreu alterações nas últimas décadas,

abandonando a visão centrada no déficit intelectual e no modelo clínico, para

considerar a interação da pessoa com o ambiente que a cerca (MACHADO e

MAZZARO, 2008)

Essas alterações trouxeram avanços na prática pedagógica,

favoreceram o entendimento, trouxeram novos métodos de atendimento,

recursos e serviços específicos.

A Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento

(AAIDD), referência mundial na área, atualmente utiliza um modelo

Page 19: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

19

multidimensional, considerado pelos especialistas completo e eficiente, para

explicar a DI: Dimensão I: Habilidades Intelectuais; Dimensão II:

Comportamento Adaptativo; Dimensão III: Participação, interações, papéis

sociais; Dimensão IV: Saúde; e Dimensão V: Contextos (AAIDD, 2002).

Pode-se verificar que as dimensões utilizadas pela AAIDD, requerem

muitos componentes das chamadas 1habilidades sociais, consideradas

essenciais para os processos de ajustamento social de todos os indivíduos

(DEL PRETTE e DEL PRETTE, 1999).

A DI caracteriza-se por limitações significativas no funcionamento

intelectual e no comportamento adaptativo – habilidades práticas, sociais,

conceituais, que se originam antes dos dezoito anos de idade (AAIDD, 2002).

De acordo com o Decreto nº. 3.298/99, alterado pelo Decreto nº.

5.296/04 pode-se conceituar DI, aqui intitulada deficiência mental, como:

―o funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f ) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho (Decreto nº 5.296/04, art. 5º, §1º, I, ―d‖; e Decreto nº 3.298/99, art. 4º, I).‖ (BRASIL, 2007, p. 24, 5)

As principais características que um aluno com DI pode apresentar,

segundo Cerqueira (2008), são;

Atrasos no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora em firmar a cabeça, sentar, andar, falar, alternar os pés ao subir uma escada, por exemplo) e na linguagem compreensiva (dificuldades para compreender ordens) e expressiva (atraso para começar a falar, dificuldade de expressar suas idéias, dificuldades em nomear objetos, etc.); Dificuldade no aprendizado (recepção, memorização e reação aos estímulos visuais, auditivos e táteis); Dificuldade de articular pensamento e ação (planejar planos de trabalho e tarefas, bem como colocá-las em prática, etc.); Dificuldade de localização espaço temporal; Dificuldade de consciência, imagem e esquema corporal; Necessidade de supervisão em atividades de autocuidado (controle de esfíncteres, higiene corporal...); Aprendizagem lenta, com atraso acentuado no rendimento escolar; Comportamento infantilizado para sua faixa etária; Dependência afetiva da figura adulta de referência; Dificuldades no registro gráfico das atividades. Necessidade de apoio visual para reter imagens mentais (necessidade de ver o objeto para lembrar-se dele); Dificuldade para generalizar, transferir e aplicar estratégias já aprendidas em situações e problemas diferentes dos atuais, deflagrando dificuldade de transpor a aprendizagem;

1 ―O termo habilidades sociais referem-se à existência de diferentes classes de

comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais‖ (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2001, p. 31).

Page 20: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

20

Capacidade de persistir um longo período de tempo em atividades repetitivas e de rotina; Baixa auto-estima, decorrente de como foram tratados em sua vida escolar e familiar (p. 7).

3.3 Educação profissional e as pessoas com DI

Existe muita discussão no âmbito da educação profissional e da

educação especial, sobre a formação para o trabalho e o emprego das pessoas

com DI, tendo como base a vertente de que as atividades laborais constituem-

se em excelente via de inclusão social para esses cidadãos.

A educação profissional para pessoas DI objetiva a inclusão produtiva e

cidadã desses indivíduos na vida em sociedade, devendo-se efetivar,

[...] por meio de adequações e apoios em relação aos programas de educação profissional e preparação para o trabalho, de forma que seja viabilizado o acesso das pessoas com necessidades educacionais especiais aos cursos de nível básico, técnico e tecnológico, bem como a transição para o mercado de trabalho (BRASIL, 2001, p. 60).

Entretanto, no país existe um número reduzido de instituições que se

dedicam com eficiência à preparação e à colocação de pessoas com DI no

MTF. O que se observa é o desenvolvimento de uma educação para o

trabalho segregada e muito distante do contexto das empresas competitivas.

As propostas de educação para o trabalho no país, praticamente, não

avançaram desde a década de 50, do século passado, quando surgiram as

―Oficinas Pedagógicas Profissionalizantes‖, estruturadas na concepção de que

a pessoas precisavam desenvolver hábitos de trabalho antes de adquirir uma

capacitação específica (GLAT, 1998).

A experiência prática mostrou que algumas pessoas com DI não

conseguem alcançar os objetivos estabelecidos para ingressar no MTF, o que

levou a criação de outra modalidade alternativa para atender as pessoas

consideradas sem potencial, as ―Oficinas Protegidas‖.

O Decreto n. 3.298/99 em seu artigo 35 define essas duas oficinas:

§ 4º - Considera-se oficina protegida de produção a unidade que funciona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência de assistência social, que tem por objetivo desenvolver programa de habilitação profissional para adolescente e adulto portador de deficiência, provendo-o com trabalho remunerado, com vista à emancipação econômica e pessoal relativa. É uma estratégia que visa apoiar e prover oportunidades de atividade

Page 21: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

21

produtiva remunerada a pessoas que por diferentes razões, não possa se beneficiar das estratégias comuns de empregabilidade. Funcionam de forma parecida com uma empresa comum, onde se oferece uma ocupação remunerada. São destinados a pessoas com deficiência que não podem obter ou manter uma ocupação produtiva em condições normais, seja por suas limitações ou por falta de postos de trabalhos adequados. Podem receber subvenções e ajudas dos organismos públicos com o fim de alcançar estabilidade e auxiliar na remuneração dos trabalhadores com deficiência. Também podem se desenvolver através de subcontratos com empresas (prestação de serviço de mão de obra a terceiros) ou de produção própria (é a instituição educacional como gestora de produção). Essas atividades são caracterizadas como uma situação de emprego exigindo produtividade, ritmo de trabalho, organização, etc. Na produção própria, os produtos podem ser comercializados de acordo com a demanda e as possibilidades da comunidade que a pessoa está inserida. § 5º - Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade que funciona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo a integração social por meio de atividades de adaptação e capacitação para o trabalho de adolescente ou adulto que devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, não possa desempenhar atividade laboral no mercado competitivo de trabalho ou em oficina protegida de produção (grifo nosso). Dirigida a pessoas com deficiência intelectual com graves distúrbios de conduta e que não apresentam autonomia para realizar atividades de vida diária precisando de supervisão constante. Esses serviços incluem atividades educativas, reabilitadoras, terapia educacional e assistencial (BRASIL, 1999, p. 261).

Para Miranda (2009), enquanto as oficinas pedagógicas se preocupam

com a preparação e ingresso no mercado competitivo, as protegidas têm

contrato de produção e/ou prestação de serviços para terceiros ou preparação

de produtos para vendas na própria instituição, perpetuando assim a

permanência dos aprendizes mais qualificados que poderiam estar inseridos no

MTF.

O fato, é que essas oficinas se multiplicaram no país, em instituições e

organizações especializadas, ampliando a segregação e a permanência

nesses ambientes das pessoas com DI.

Para Meletti (2001), a profissionalização nessas oficinas se restringe ao

treino de habilidades específicas que são repetitivas, monótonas e totalmente

fora do contexto de um trabalho competitivo, visando apenas a produção e

manutenção dos subcontratos firmados pela instituição.

Mendes et al. (2004), após analisar de 18 dissertações de vários

autores, sobre educação para o trabalho de pessoas com deficiência,

destacam a desvinculação dos programas com à realidade do trabalho

competitivo, o que acaba por isolar as oficinas, dificultando o encaminhamento

Page 22: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

22

dos aprendizes ao MTF, contribui para a manutenção, entre a classe

empresarial e na sociedade em geral, do estereótipo de que a pessoa com

deficiência é incapaz.

Mendes et al. (2004), apresentam, após análise das dissertações, às

necessidades, segundo seus autores, para o desenvolvimento de um trabalho

de educação para o trabalho eficaz:

(a) desenvolver o treinamento profissional em ambiente regular de trabalho; (b) divulgar o potencial de trabalho dos deficientes nos diversos setores que podem ser considerados possíveis empregadores desta mão-de-obra; (c) orientar empresas e instituições com a finalidade de modificar as representações sociais sobre os portadores de deficiências; (d) realizar orientação às famílias de pessoas com deficiência, com o objetivo de transformá-las em ponto de apoio e incentivo; (e) elaborar procedimentos sistemáticos de treinamento e acompanhamento profissionalizantes, com condições de ensino devidamente planejadas; (f) desenvolver programas de capacitação de instrutores de indivíduos portadores de deficiências em oficinas pedagógicas e oficinas protegidas; (g) considerar a opinião dos indivíduos com deficiência acerca do processo de profissionalização no qual estão inseridos ou pelo qual já passaram; (h) revisar as propostas das instituições quanto ao preparo para o trabalho do indivíduo portador de deficiências; (i) incorporar procedimentos de escolha profissional em programas de preparação para o trabalho; e (j) desenvolver uma formação profissional mais ampla para o indivíduo, que considere os direitos e deveres deste indivíduo enquanto trabalhador (p. 116,7).

Acreditamos que as entidades que propõem serviços de

profissionalização, precisam, antes de nada, conhecer de forma clara a

distinção entre profissionalizar e preparar para o trabalho. Profissionalizar

significa estar apto para exercer uma profissão, enquanto preparar para o

trabalho é deixar apto para a vida produtiva por meio da prática que desenvolva

a capacidade laborativa.

Essa preparação implica em educar pelo trabalho e para o trabalho,

desenvolvendo o desempenho de aptidões, habilidades profissionais, atitudes e

hábitos adequados ao trabalho.

Faz-se necessário que esses serviços possuam planejamento onde estejam sistematicamente os objetivos e as ações a

Page 23: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

23

serem desenvolvidas junto ao público alvo a que se destinam. (Souza, 1995).

Tudo isso, requer um novo olhar para a educação, para os currículos e

para os mestres, questionando se este conjunto atende às necessidades dos

educandos, se pode torná-los preparados para a vida, para serem felizes e se

sentirem incluídos na sociedade.

Estudos realizados por Neves (1999),demonstram que muitas

instituições que atendem pessoas com deficiência, apesar de terem condições

adequadas (espaço, maquinários, ferramentas, instrutores) para

profissionalizar pessoas com DI, não o fazem por oferecerem modalidades de

oficinas pedagógicas profissionalizantes desvinculadas do contexto do MTF.

Em busca do avanço no atendimento e na preparação do educando para

o exercício pleno da cidadania, as oficinas pedagógicas dos Centros de Ensino

Especial do DF passam por um processo de ressignificação e reconstrução de

sua identidade, a fim de atender as necessidades individuais de cada

educando com vistas a sua efetiva inclusão social, educacional e laboral,

apresentando como desafio a promoção de condições de estímulo e

desenvolvimento do potencial de cada educando para o trabalho autônomo,

protegido ou competitivo.

3.4 Legislação: marcos legais

Os anos 90, do século passado, tanto no cenário internacional como

nacional foram fundamentais para a consolidação dos direitos básicos de

cidadania das pessoas com deficiência, já garantidos pela Constituição de

1988, como: o direito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, incisos II e III); a

promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade

e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV); o pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho (art. 205); a proibição de qualquer discriminação

relacionada ao salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência

(Artigos 6 e 7); a criação de programas de prevenção e atendimento

especializado para os deficientes físicos, sensoriais ou mentais (parágrafo 1º,

inciso II, do Art. 227); a integração social do adolescente com deficiência,

mediante o treinamento para o trabalho e igualdade de condições de acesso e

Page 24: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

24

permanência na escola (art. 206, inciso I); o atendimento educacional

especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular

de ensino; acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da

criação artística, segundo a capacidade de cada um (art. 208), entre outros

(BRASIL, 2007).

Assim, podemos dizer que o Brasil dispõe de uma legislação

considerada bastante moderna e que atende os princípios básicos da

Declaração Universal dos Direitos do Homem, em especial, o direito ao

trabalho, protegendo sua dignidade e livre desenvolvimento da sua

personalidade.

No que tange a preparação para o trabalho e a inserção no MTF, nossa

legislação infraconstitucional, não deixa dúvidas em relação a esse direito

fundamental, que é de todos os cidadãos, mas procura minimizar as

desvantagens das pessoas com deficiência.

Assim, a legislação infraconstitucional, como é o caso da Lei nº.

7.853/89, atribuiu ao Poder Público o dever de assegurar às pessoas com

deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, estabelecendo, inclusive,

em seu artigo 8º, o crime punível com multa e reclusão de 1 a 4 anos, a quem

negar emprego ou trabalho, sem justa causa, motivado pela deficiência de uma

pessoa (BRASIL, 1999).

A Lei nº. 8.112/90 assegurou às pessoas com deficiência o direito de se

inscrever em concurso público para provimento de cargo, cujas atribuições

sejam compatíveis com a deficiência que apresenta, reservando para tais

pessoas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

A Lei nº. 8.213/01 estabeleceu, em seu Art. 93, o sistema de cotas em

que a empresa com 100 empregados ou mais fica obrigada a preencher de 2 a

5% dos seus cargos com trabalhadores reabilitados ou pessoas com

deficiências, habilitadas, na seguinte proporção:

I – de 100 a 200 empregados .................. 2% II – de 201 a 500 ...................................... 3% III – de 501 a 1.000 .................................. 4% IV – de 1.001 em diante ........................... 5%

Page 25: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

25

De acordo com o artigo 30 deste Decreto, a pessoa portadora de

deficiência, beneficiária ou não do Regime Geral de Previdência Social, tem

direito às prestações de habilitação e reabilitação profissional para capacitar-se

a obter trabalho, conservá-lo e progredir profissionalmente.

Em seu artigo 36, § 5o, o Decreto prevê que compete ao Ministério do

Trabalho e Emprego estabelecer sistemática de fiscalização, avaliação e

controle das empresas, bem como instituir procedimentos e formulários que

propiciem estatísticas sobre o número de empregados portadores de

deficiência e de vagas preenchidas.

3.5 Inserção de pessoas com DI no MTF: dificuldades e possíveis alternativas

Antes da adoção da legislação específica que hoje ampara e favorece a

inclusão das pessoas com deficiência no MTF, raramente as empresas

contratavam pessoas com deficiência.

Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), realizado em 2000, existem no Brasil 24,5 milhões de

pessoas com algum tipo de deficiência (14,5% da população), das quais 9

milhões estão em idade de trabalhar, mas apenas 1 milhão (11,1%) exercem

alguma atividade remunerada e 200 mil (2,2%) possuem registro em carteira de

trabalho (IBGE, 2008).

Os dados do IBGE, ainda revelam, que a população com DI é a que

possui a menor taxa de alfabetização, o menor índice de freqüência à escola e

menos anos de estudo, quando comparada com a sociedade em geral.

Segundo o Instituto ETHOS, cerca de 750 mil brasileiros com DI estão

em idade para trabalhar, dos quais 82 mil estão trabalhando, desse total, 16

mil com carteira assinada. É importante ressaltar que não são dados oficiais,

mas, apenas estimativas do cenário da força de trabalho de pessoas DI no país

(ETHOS, 2003).

Para o mesmo Instituto, esse reduzido número de inserções no MTF, se

deve, sobretudo: ao desconhecimento e descrédito, por parte de alguns

empresários e administradores de empresas, da capacidade laboral dessas

pessoas; a moderna administração e novos padrões tecnológicos, que exige

Page 26: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

26

um número que cada vez mais reduzido de empregados, altamente

capacitados e polivalentes; ao não cumprimento da Lei de Cotas; aos

preconceitos em relação à deficiência.

Além das dificuldades citadas, não podemos esquecer que as limitações

impostas pela deficiência, dificultam enormemente, ou ,até mesmo, impedem

que as pessoas DI desenvolvam o conjunto das funções polivalentes exigidas

pela administração moderna, que segundo recomendação da OIT, a

Empresa sempre que possível, deve verificar a possibilidade de desmembrar as funções de forma a adequar o cargo às peculiaridades dos candidatos (Art. 36, alínea ―d‖ da Recomendação nº16 da OIT).

Com todas essas dificuldades, poucos DI conseguem ser inseridos no

MTF, até porque apresentam baixa escolaridade, baixa qualificação e pouco ou

nenhum conhecimento das modernas tecnologias.

Prevalece também uma grande resistência do trabalhador com

deficiência em ingressar na formalidade. O recebimento do Benefício de

Prestação Continuada (BPC) atua, em muitos casos, como um elemento

limitador de pretensões profissionais, uma vez que facilita a opção para o

mercado de trabalho informal como complementação de renda.

Pois o BPC não admite acumulação, pois é dirigido a quem realmente

precisa, devendo ser temporária até que a pessoa atinja condições de

independência, esteja alfabetizada, tenha sido habilitada ou obtido um trabalho.

A barreiras arquitetônicas, de comunicação e, sobretudo, atitudinais,

representam outro obstáculo para o processo de capacitação e de emprego

dessas pessoas.

Essa situação, agrava, ainda mais, o processo de exclusão das pessoas

com deficiência, pois

―[...] a ausência da possibilidade de trabalho para o deficiente aumenta sua exclusão, acentuando, então, sua subordinação aos outros, esmaecendo a própria identidade, tornando-o aquele que precisa emprestar a voz de outrem para se fazer ouvir‖ (JANNUZZI, 1994, p. 22).

Embora a legislação imponha às empresas a contratação de pessoas

com deficiência, muitas empresas não conseguem adaptar seu espaço físico

para melhor acolher o trabalhador com deficiência.

Page 27: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

27

Cabe, portanto, ao governo incentivar e auxiliar a iniciativa privada, por

meio de incentivos fiscais e outros meios, essas adaptações, e implantar uma

reforma no espaço público. Não basta simplesmente formular e aprovar leis, é

fundamental que se dêem condições para o seu cumprimento.

Carreira (1996) detectou em seus estudos que além da falta de

conhecimento do potencial das pessoas com deficiência por partes dos

empregadores, existem outras variáveis que, também, dificultam o acesso às

contratações. É necessário que se invista na formação dos empresários, para

que eles aprendam a lidar com a diversidade, desmistificando as idéias

errôneas sobre as deficiências.

Para que aconteça a contratação de pessoas com DI pelas

empresas, acreditamos que seja necessário um ajuste entre a qualificação e a

função ocupada. Os responsáveis pelo recrutamento devem conhecer o limite e

as possibilidades das pessoas encaminhadas para a seleção, pois os

empresários, normalmente, estão interessados na produção, produtividade e

lucro, não só em leis, exigências e punições.

A instituição encarregada da mediação entre trabalhador e empresário

precisa mostrar que a mão de obra é de boa qualidade e que trará vantagens

econômicas para a empresa (PASTORE 2001).

O mercado atual exige que a pessoa esteja habilitada para que ocorra

sua contratação. Após a contratação, as empresas e as pessoas com

deficiência necessitam de apoio, aconselhamento e acompanhamento, pelo

menos até a adaptação do trabalhador.

As pesquisas mostram que as empresas voltam a contratar pessoas

com deficiência depois de terem bons resultados com os primeiros contatos

(PASTORE 2001).

O trabalho tem função primordial na vida de todas as pessoas e não é

com os DI. No entanto, freqüentemente, são negadas a essas pessoas

oportunidades de trabalho, chances para que possam desenvolver suas

capacidades, habilidades e potencialidades.

A solução dos problemas apresentados passa primordialmente pela

modificação da filosofia de atendimento das instituições especializadas, que

devem passar a trabalhar com programas e serviços voltados a atender a

demanda do MTF.

Page 28: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

28

Por outro lado, as empresas devem oferecer um ambiente acessível no

sentido amplo, isto é, acessibilidade atitudinal, arquitetônica, metodológica,

instrumental e programática.

Empresas do mundo inteiro estão se tornando inclusivas, adotando

empregos inclusivos e expandindo essa prática para toda a organização. O

modelo inclusivo segue a resolução 45/91, de 1990, da Organização das

Nações Unidas (ONU), que propõe a construção de uma sociedade para todos,

até o ano de 2010.

Podemos classificar uma empresa como inclusiva, quando ela não

exclui alguns de seus funcionários ou candidatos a emprego em razão de

qualquer atributo individual, seja gênero, raça, cor, sexo, deficiência.

Numa empresa inclusiva, os empregados com ou sem atributos individuais

trabalham juntos. A contratação das pessoas com deficiência não é vista como

uma obrigação legal, mas um compromisso de toda a empresa e um dos itens

de sua política de responsabilidade social (SASSAKI, 2000).

Muitas empresas já entenderam que a inclusão das pessoas com

deficiência é um grande aprendizado para o desenvolvimento de políticas de

promoção e respeito à diversidade no ambiente de trabalho.

Os programas de valorização da diversidade estão sendo cada vez mais

introduzidos nas organizações como componentes positivos de inclusão social

Portanto, as empresas devem absorver em seus quadros as demandas e

necessidades de todos os segmentos sociais, pois incentivar a diversidade é

promover a igualdade de classes, para que todos possam desenvolver seus

potenciais.

No que se refere às pessoas com deficiência devemos garantir o direito de

acesso aos bens da sociedade. Assegurar as condições de interação dessas

pessoas com os demais funcionários da empresa é uma das formas de incluí-

las no ambiente de trabalho.

Entre os vários benefícios que a inclusão propicia a uma empresa,

podemos citar, alguns: traz prestígio; benefícios comerciais e melhoria da

imagem institucional; estimula a inclusão entre empresas, clientes,

fornecedores, consumidores e acionistas; reforça o espírito de equipe de seus

funcionários; ganhos de produtividade; torna o ambiente de trabalho mais

Page 29: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

29

humanizado; diminui a concorrência selvagem e; estimula a competência

profissional.

Page 30: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

30

4. METODOLOGIA

Realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo, por meio de entrevista

semi-estruturada com grupos focais, com o objetivo de conhecer opiniões e

percepções de trabalhadores DI, inseridos no MTF de Brasília (DF),

relacionadas às dificuldades de inserção, de execução de atividades laborais e

referentes à receptividade das empresas contratantes.

Grupo focal é uma entrevista em grupo, que tem por objetivo reunir

informações detalhadas sobre um determinado tema, a partir de um grupo de

participantes selecionados (DIAS, 2000).

Esta técnica permite ao pesquisador, com rapidez e baixo custo, obter

mais informações do que as entrevistas individuais, além de permitir uma maior

flexibilidade e liberdade ao pesquisador para fazer intervenções, fator

fundamental com uma população de deficientes intelectuais (DIAS, 2000).

4.2 - População e Amostra

A população da pesquisa foi constituída por três grupos focais,

constituídos por trabalhadores DI, que foram denominados: Grupo 1 (G1),

Grupo 2 (G2) e Grupo 3 (G3), com 3, 4 e 3 participantes respectivamente,

totalizando uma amostra de 10 trabalhadores de empresas do ramo de

hotelaria, supermercado, comércio de roupas e calçados, rede de lanchonetes

e prestação de serviços terceirizados, de Brasília, DF. Todos os participantes

tiveram seus nomes trocados para garantir o sigilo da pesquisa.

O primeiro grupo (G1) foi formado por três trabalhadores, dois do gênero

masculino e um do feminino. Esses participantes receberam os nomes fictícios

de Júlio, Breno e Ana. Júlio estava com 28 anos de idade e sua função na

empresa era auxiliar de padaria. Breno tinha 25 anos de idade e sua função

era de repositor. Ana tinha 26 anos de idade e sua função era camareira. Os

três participantes apresentavam um nível de escolaridade de ensino

fundamental incompleto e um tempo de registro em carteira de trabalho de 2

anos.

O segundo grupo (G2) foi constituído por quatro participantes, três do

gênero masculino e um do feminino. Receberam os nomes de Joaquim,

Cláudio, Lucas e Daniela. Em relação à idade, Joaquim estava com 28 anos,

Page 31: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

31

Cláudio e Lucas com 27 anos e Daniela com 22 anos. O nível de escolaridade

de todos os quatro participantes era o ensino fundamental incompleto e o

tempo de registro em carteira de trabalho, era, respectivamente, de 3 anos, 3

anos, 2 anos e 1 ano. A função exercida pelo Joaquim e pelo Lucas era de

auxiliar de serviço e pelo Cláudio e pela Daniela de repositor.

O terceiro grupo (G3) foi constituído por três participantes, sendo duas

do gênero feminino e um do masculino. Receberam os nomes de Maria,

Piedade e Carlos. Maria tinha 29 anos de idade, exercia a função de repositora

e tinha 5 anos de registro em carteira e um nível de escolaridade de ensino

fundamental incompleto. Piedade tinha 25 anos, era empacotadora e tinha 2

anos de registro em carteira e um nível de escolaridade de ensino fundamental

incompleto. Carlos tinha 27 anos, era auxiliar de serviço, tinha um ano de

registro em carteira e seu nível de escolaridade era ensino fundamental

completo.

O quadro abaixo (Quadro 1), resume as características dos participantes

dos três grupos focais, G1, G2 e G3 que participaram da pesquisa.

Quadro 1 – Quadro geral dos participantes dos Grupos G1, G2 e G3

PARTICI- PANTES

GRUPO

SEXO

IDADE

DIAGNÓS-

TICO

GRAU DE ESCOLARI-

DADE

FUNÇÃO

TEMPO DE REGISTRO

EM CARTEIRA

JÚLIO G1 M 28 DI ENS. FUND. INC. AUXILIAR

DE PADARIA

02 ANOS

BRENO G1 M 25 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TOR 02 ANOS

ANA G1 F 26 DI ENS. FUND. INC. CAMAREI-

RA 02 ANOS

JOAQUIM G2 M 28 DI ENS. FUND. INC. AUXILIAR

DE SERVIÇO

03 ANOS

CLÁUDIO G2 M 27 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TOR 03 ANOS

LUCAS G2 M 27 DI ENS. FUND. INC. AUXILIAR

DE SERVIÇO

02 ANOS

DANIELA G2 F 22 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TORA 01 ANO

MARIA G3 F 29 DI ENS. FUND. INC. REPOSI-

TORA 05 ANOS

PIEDADE G3 F 25 DI ENS. FUND. INC. EMPACO-

TADORA 02 ANOS

CARLOS G3 M 27 DI ENS. FUND,

COMPLETO AUXILIAR

DE SERVIÇO

01 ANO

Page 32: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

32

Os grupos foram compostos mediante relação nominal de alunos e ex-

alunos da SEDF, encaminhados para o MTF nos últimos cinco anos, fornecida

pela GEE/SEDF.

As entrevistas foram realizadas em uma sala de reuniões, de uma das

empresas contratantes, que gentilmente cedeu o espaço para a realização das

entrevistas, o que facilitou o acesso e a participação de todos os trabalhadores

convidados para compor os grupos.

O instrumento utilizado na coleta de dados foi um questionário de

entrevista semi-estruturado (Anexo 1), composto por três perguntas abertas,

com objetivos claros para facilitar a compreensão dos entrevistados e assim

obter respostas precisas.

As respostas e debates dos grupos (G1, G2 e G3) foram gravadas, com

o consentimento dos trabalhadores e posteriormente transcritos.

Procurou-se elaborar o questionário de entrevista com o menor número

possível de questões, para facilitar a compreensão e não tornar a abordagem

cansativa. As questões foram elaboradas a partir de experiências pessoais da

pesquisadora e com base em estudos prévios realizados por outros autores.

Como os participantes pertenciam a grupos vulneráveis, cuidados

éticos, especiais, foram adotados na coleta de dados, como o convite para que

os pais participassem das reuniões que antecederam as entrevistas.

4.3 Teste Prévio

Com o objetivo de garantir a confiabilidade e a validade dos dados

coletados na pesquisa, o questionário de entrevista foi submetido a teste

prévio, aplicado pela pesquisadora a um grupo focal, constituído de dois

trabalhadores, com as mesmas características da população definitiva.

O teste prévio revelou que o questionário de entrevista estava adequado

aos seus objetivos e que as perguntas foram bem compreendidas pelos

participantes.

Page 33: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

33

4.4 Coleta de Dados

Antes das coletas de dados, foram realizados dois encontros prévios

com três Gerentes de Recursos Humanos, dois Chefes de Setor e um Diretor,

das diferentes empresas contratantes, visando obter autorização para

realização das entrevistas, na segunda reunião houve a participação de cinco

representantes de pais.

A partir da autorização, que ocorreu na primeira reunião, foram

realizados contatos com os trabalhadores para efetuar os convites e,

posteriormente, com os pais ou responsáveis.

Após as explicações de praxe, sobre a importância da pesquisa e obter

a anuência de todos os participantes, a pesquisadora agendava as entrevistas

e anotava todos os dados para manter contato e não perder nenhum

participante.

A pesquisadora contou com a ajuda de uma professora voluntária para

realizar as entrevistas com os grupos (G1,G2 e G3).

4.5 Execução

A aplicação do questionário de entrevista com os grupos focais (G1, G2

e G3) foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2008, em local e

horário previamente marcado na empresa escolhida.

Antes da realização das entrevistas, a pesquisadora, verificava se todos

os participantes estavam tranquilos e ambientados ao local de entrevista.

Em seguida, assegura se local estava em silêncio e sem a presença de

pessoas que pudessem interferir ou inibir as respostas dos entrevistados e, só

então, solicitava a autorização dos entrevistados para ligar o gravador e iniciar

as entrevistas.

Durante o trabalho com os três grupos focais, o ambiente foi propício à

troca de experiências e em raros momentos a pesquisadora precisou recorrer

a intervenção, quando os grupos se dispersavam dos tópicos de interesse do

estudo.

Page 34: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

34

Uma vez iniciados os trabalhos, a pesquisadora proferia algumas

palavras, lembrando a importância da entrevista. Em seguida franqueava a

palavra aos membros dos grupos para que fizessem uma breve apresentação.

A condução das entrevistas dos grupos G1, G2 e G3 foi com base no

Roteiro de Entrevista (Anexo 1) e seguiram as três questões de investigação

que o projeto visava responder.

Houve necessidade de intervenção da pesquisadora para solicitar

esclarecimento de um dos participantes do G1 que falava muito baixo,

demonstrava certa timidez .

A análise das entrevistas constituiu-se de quatro momentos distintos:

Leitura das respostas, com foco no grupo como um todo, almejando

obter uma visão geral do material analisado (MARTINS e BICUDO,

1989);

Leitura para encontrar unidades de significados, ou seja, aqui a

finalidade foi levantar as frases mais significativas nos dados obtidos

(MARTINS e BICUDO, 1989);

Definição de temas mais importantes, partes significativas delimitadas

por temas (MARTINS e BICUDO, 1989);

Síntese integradora dos "insights" das unidades de significado; a

perspectiva adotada na análise é da descoberta de como os sujeitos

experienciam o fenômeno ou de como o autor da mensagem vê o

fenômeno como um todo (MARTINS e BICUDO, 1989).

4.6 Análise dos Dados

As entrevistas dos três grupos focais (G1, G2 e G3), com

aproximadamente 3 horas e 25 minutos, foram transcritas para facilitar a

análise de dados. O material foi analisado individualmente. Percebendo as

diferenças e igualdades dos questionamentos.

Page 35: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Opiniões relacionadas às dificuldades encontradas para inserção no MTF:

Foi questionado aos grupos sobre as dificuldades que enfrentaram para

serem contratados (as).

Preparar um aprendiz com DI para o MTF pode ser uma tarefa,

relativamente, simples, desde que o educador acredite no potencial do

educando, respeite seus limites e ofereça oportunidades reais de crescimento

em um contexto próximo da realidade das empresas (MACHADO e MAZZARO,

2004).

No Brasil, apenas 2% das pessoas com deficiência estão no MTF,

enquanto nos países desenvolvidos essa proporção encontra-se entre 30% e

45% (PASTORE 2001).

Embora a legislação brasileira seja considerada moderna, as políticas

públicas voltadas para inserção das pessoas com deficiência com MTF, são

incapazes de motivar a maioria das empresas e o mercado de trabalho a abrir

mais espaço. O problema não é a falta de leis, mas, de fiscalização insuficiente

e da carência de ações, estímulos e instituições que viabilizem, de forma

concreta, a formação, habilitação, reabilitação e inserção dessas pessoas

(MIRANDA, 2009).

Para Fonseca (2003) a intermediação de mão-de-obra por associações

na forma do estágio e da inserção seletiva, tem sido exagerada e injustificada.

Os trabalhadores com deficiência têm recebido salários reduzidos e tratamento

discriminatório. Para o autor, o beneficio assistencial, concedido as pessoas

com deficiência, termina por desencorajá-los ao ingresso no MTF, uma vez que

exclui o benefício em questão.

Ao considerar a participação de cada grupo, sobre as dificuldades

encontradas para serem contratados (as), praticamente não houve divergência

de opiniões. Contudo, o grupo G1, foi mais enfático na hora de opinar,

provavelmente por ser um grupo composto por pessoas aparentemente mais

desinibidas e com maior facilidade para expor suas opiniões.

Ao analisar o conjunto de opiniões dos grupos G1, G2 e G3, notou-se

que as dificuldades foram praticamente às mesmas. Apesar de um participante

Page 36: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

36

do G2 ter feito menção ao preconceito existente em relação ao trabalhador

deficiente.

Opiniões significativas dos grupos G1, G2 e G3 foram:

PARTICIPANTES GRUPO RESPOSTAS/OPINIÕES

JÚLIO G1 ―[,,,] foi um tempão para conseguir, anos mesmo[...]‖

BRENO G1 ―[...] difícil é pouco, muitas tentativas, ninguém queria me contratar [...]‖

ANA G1 ―[...] perdi as contas, esperei muito tempo, mas gosto do meu querido trabalho [...]‖

LUCAS G2 ―[...] tive sorte e dificuldade, sorte para encontrar esse serviço e muita dificuldade para conseguir trabalhar, pois o preconceito com deficiência é grande [...]‖.

DANIELA G2 ―[...] precisei de curso, de diploma e de carteira [...]‖

MARIA G3 ―[...] Quero falar com meus colegas de escola, que tenha uma boa sorte como eu [...]‖

CARLOS G3 ―[...] não é fácil consegui trabalho, tem que procurar muito. Hoje sou feliz trabalhando [...]‖.

As opiniões dos participantes deixam um registro claro da existência de

dificuldades e de um longo tempo de espera que esses trabalhadores tivessem

oportunidade de serem inseridos no MTF.

A opinião de Lucas, do G2, resume o que o DI precisa e enfrenta para

ser inserido no MTF: sorte e dificuldade. Sorte para ser contratado em um

mercado ainda muito retraído e arredio às pessoas com deficiência, mesmo

com a obrigatoriedade das empresas terem que cumprir as cotas estabelecidas

pela legislação; e dificuldade pela existência, como bem salientou o

participante, do preconceito que ainda impera em relação à capacidade laboral

das pessoas com DI.

Sassaki (1997) já apontada essa dificuldade para inserção das pessoas

com deficiência no MTF, ao referir-se que as contratações aconteciam de

maneira muito lenta, e em pequena escala, por meio de empregadores

compreensivos que reconheciam a necessidade da sociedade abrir espaços

para essas pessoas.

O mesmo autor (2006) reforçou a existência da dificuldade de inserção

no MTF das pessoas com deficiência e apontou, entre outros motivos, a falta

de: qualificação para o trabalho e de escolaridade; meios de transporte; apoio

das famílias; de preparo atitudinal, arquitetônico, metodológico, instrumental,

comunicacional e programático das empresas para receber os trabalhadores

com deficiência.

Page 37: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

37

5.2 Opiniões relacionadas às dificuldades encontradas para execução das

atividades laborais:

Foi questionado aos grupos sobre as dificuldades que tiveram para

executar o trabalho que realizam.

Quanto mais próxima da realidade do MTF for o processo de preparação

para o trabalho do aluno com DI, maiores serão as chances de sucesso desse

futuro profissional, pois proporcionará ao educando uma vivência concreta,

palpável, das atividades laborais que executará em seu futuro trabalho

(MACHADO e MAZZARO, 2004).

A implementação de programas de transição escola/trabalho requer,

além do treinamento de professores, uma ação conjunta das autoridades

educacionais e dos diretores e professores de escola, dos pais, dos

profissionais e habilitação e/ou reabilitação, dos líderes de movimentos das

pessoas com deficiência e de representantes de comunidade, pra avaliar a

situação, propor soluções, desenvolver planos de ação, executar esses planos,

monitorar a execução dos planos e avaliar os resultados visando o

aprimoramento do processo (MINAS GERAIS, 2009).

Segundo Ribas (2009), o sistema regular e profissional de ensino público

e privado deve investir, cada vez mais, na preparação profissional e humana

dos seus docentes. E, se houver maior integração entre empresa e escola,

haverá maior conhecimento da correspondência entre as exigências das

tarefas profissionais e alcances das pessoas com deficiência, havendo assim

melhor adequação.

Ao considerar a participação de cada grupo, sobre as dificuldades

encontradas para realizarem as atividades laborais que executam, não houve

grande divergência de opiniões.

Ao analisar o conjunto de opiniões dos grupos G1, G2 e G3, notou-se

que o colega de trabalho foi o principal aliado na aprendizagem da atividade

laboral do trabalhador DI.

Page 38: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

38

Opiniões significativas dos grupos G1, G2 e G3 foram:

PARTICIPANTES GRUPO RESPOSTAS/OPINIÕES

JÚLIO G1 ―[,,,] Aprendi a trabalhar na padaria com o padeiro, ele me ensinou tudo. Agora faço sozinho o pão [...]‖

BRENO G1 ―[...] foi difícil, meu supervisor teve paciência e hoje sei fazer tudo direitinho [...]‖

ANA G1 ―[...] aprendi com minha amiga, hoje sei arrumar muito bem, igual ela [ ...]‖

DANIELA G2 ―[...] foi fácil aprender pois já tinha feito na escola [...]‖

MARIA G3 ―[...] meu trabalho é reposição, faço com o colega que ensinou para mim [...]‖

PIEDADE G3 [...] Quando comecei meu colega me ensinou a embalar, não podia misturar o sabão com o arroz, agora faço tudo certo [...]

CARLOS G3 ―[...]―Olha, antes de mais nada, eu vou falar aqui que eu vim para esse supermercado sem saber nada. Então encontrei amigos que foram me ensinando [...]‖.

Com exceção de Daniela que já havia praticado na escola, todos os

outros participantes relataram que tiveram ajuda de um colega de trabalho para

desenvolverem a habilidade laboral que executam na empresa.

O êxito para o trabalho é o estabelecimento por uma rotina de atividades

a ser seguida. Pessoas com DI têm dificuldades cognitivas reais, e, portanto,

de aprenderem por si sós, sem assistência, tarefas e hábitos.

Carreira (1997) e Pastore (2001) recomendam colocar os indivíduos com

deficiência perto de pessoas que tenham sensibilidade e melhores condições

de ajudá-los na fase inicial. Esta estratégia foi evidenciada por quase todos os

participantes, não podemos afirmar, entretanto, se ocorreu de forma planejada

ou natural.

Outra dificuldade que a pessoa com DI enfrenta no trabalho é não ser

capaz de realizar todas as atividades propostas pela empresa. Essas

limitações deverão ser respeitadas e atendidas, o que não diminui o seu

potencial de trabalho.

5.3 Opiniões relacionadas à receptividade das empresas contratantes

Foi questionado aos grupos sobre a maneira com foram recebidos (as)

na empresa depois da contratação.

A boa receptividade, o calor humano, o tratamento cortês são

demonstrações de boas-vindas positivas para os trabalhadores que estão

ingressando em uma empresa e com as pessoas com deficiência, são ainda

Page 39: A laboralidade da pessoa com deficiência intelectual no mundo

39

mais importantes. Sobre as interações sociais das pessoas com deficiência

Vygotsky apontou que:

o que decide o desenvolvimento de uma pessoa, em última instância, não é a deficiência em si mesmo, mas suas consequências sociais, sua realização psicossocial. Os processos de compensação tampouco estão orientados a completar diretamente a deficiência, o que na maior parte das vezes é impossível, mas destina-se a superar as dificuldades que a deficiência cria. (Vygotsky, 1996, P. 18)

A condição favorável para as pessoas com deficiência pode criar

caminhos alternativos que promovam o seu desenvolvimento (MACHADO e

MAZZARO, 2008).

Ao considerar a participação de cada grupo, sobre a receptividade das

empresas contratantes, não houve grande divergência de opiniões.

Ao analisar o conjunto de opiniões dos grupos G1, G2 e G3, verificou-se

a boa receptividade por parte dos colega de trabalho.

Opiniões significativas dos grupos G1, G2 e G3 foram:

PARTICIPANTES GRUPO RESPOSTAS/OPINIÕES

JÚLIO G1 ―[,,,] fui muito otimamente tratado[...]‖ BRENO G1 ―[...] quando eu cheguei me deram parabéns e eu gostei de

todos [...]‖ ANA G1 ―[...] todos são amigos [...]‖ JOAQUIM G2 ―[...] a empresa me contratou gostando de mim [...]‖ CLÁUDIO G2 ―[...] fui bem tratado [...]‖ LUCAS G2 ―[...] fizeram bolo e cantaram parabéns [...]‖ DANIELA G2 ―[...] não tive problema [...]‖. CARLOS G3 ―]...] aqui sempre fui tratado com amor[...]

A realização de treinamentos prévios na empresa que pretende contratar

uma pessoa com DI, contribui de forma significativa para o sucesso de sua

inclusão social e profissional (MACHADO e MAZZARO, 2004).

Os participantes opinaram de forma muito positiva sobre a boa

receptividade que tiveram por parte das empresas contratantes, o que pode ser

um indicio muito forte que o mercado está se abrindo para o DI.

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40

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar dos avanços nas políticas públicas voltadas para inclusão social de

pessoas com deficiência, no DF a situação de empregabilidade dessas

pessoas ainda se encontra muito distante do ideal.

Para transformar esse quadro, sociedade e governo estão estimulando a

inserção no MTF de pessoas com comprometimento funcional e,

concomitantemente, aumentando a fiscalização e a conscientização de

empresários sobre a importância social de promover a contratação dessas

pessoas.

A inclusão profissional de pessoas com DI, além de humanizar o

ambiente de trabalho, promove a melhoraria o clima organizacional e acaba por

influenciar positivamente a sociedade, ao destacar a importância de conviver e

valorizar a diversidade, promovendo a igualdade de oportunidades para todos

(BESERRA e DOMINGUES, 2009).

Cabe, ainda, ressaltar, que a formação para o trabalho do indivíduo com DI

no DF, ainda se dá em escolas especiais, em ambientes segregados e sob a

responsabilidade de professores e instrutores, na grande maioria dos casos,

insuficientemente preparados para exercer essa atividade.

Assim, sugere-se que futuros estudos aprofundem as discussões

apresentadas aqui, para que, num futuro próximo, seja possível ter um número

cada vez maior de pessoas com DI incluídas no MTF de Brasília e do país.

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41

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ANEXO 1

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA

1) Foi fácil ser contratado para trabalhar?

2) Como você aprendeu a fazer seu trabalho?

3) Como você foi tratado pelos colegas quando começou a

trabalhar?

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CONSENTIMENTO DO PARTICIPANTE

Eu, ________________________ funcionário (a) da

Empresa__________________________, DECLARO que fui esclarecido

(a) quanto aos objetivos e procedimen tos da pesquisa

EMPREGABILIDADE DA PESSOA DEFICIENTE INTELECTUAL

pelo(a) pesquisadora NEIDE SAMICO DA SILVA e CONSINTO minha

participação neste projeto de pesquisa, a realização das gravações dos

encontros, bem como o uso das imagens e áudios para fins de estudo e

dos áudios para publicação em revistas científicas e de formação de

profissionais.

Brasília,_____de de 2009

_________________________________________

Assinatura do participante