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A SEPE divulga os livros do Dr. Penna Ribas gratuitamente em meio eletrônico A JUSTIÇA DE DEUS NO DESTINO HUMANO

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A JUSTIÇA DE DEUSNO DESTINO HUMANO

Dr. Penna Ribas

2ª Edição

SEPE

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Copyright © Sociedade de Estudos e Pesquisas Espíritas.Rua Visconde de Itaboraí, 265 — CEP 24.030-091 —Centro — Niterói-RJ — Telefones: (021) — 2620-8574,2621-5200 e 2714-0682Capa: Eduardo Garretano Moraes do Vale.Diagramação e Revisão: SEPE.

CIP - BRASIL - CATALOGAÇÃO-NA-FONTEDO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO

Ribas, Randolpho Penna, 1907—1994.A Justiça de Deus no Destino Humano/Penna

Ribas; 1ª ed. — Niterói, RJ : Sociedade de Estudos ePesquisas Espíritas, 1999.

186p.; 21 cm.

ISBN 85-86004-04-9

1. Espiritismo. 2. Deus - Justiça. I. Sociedade deEstudos e Pesquisas Espíritas. II. Título.

CDD - 133.9

Todos os direitos reservados com exclusividade pela SEPE.A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer

meio, seja ele total ou parcial, constitui violação de lei.

R482j

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Caminho da Evolução

ogo, em nome de Deus, ao meu Mentor, dono de meu destinona presente encarnação, o amparo para que eu posssa ler,

compreender, sentir e praticar todas as verdades contidas nesteopúsculo, a fim de que, protegido e estimulado pelas verdades nelecontidas, eu possa fortalecer as minhas convicções doutrinais eretificar os meus erros, de acordo com meu desejo, para merecercada vez mais o socorro dos meus Amigos do Mundo Espiritual e,dessa forma, obter o equilíbrio de minha mediunidade, saúde parameu corpo e paz para meu Espírito.

Rogo, outrossim, em favor dos Mentores dos Espíritos que seencontram neste ambiente a fim de que, também eles sejam ampa-rados pela misericórdia do Pai.

Mas em tudo seja feita a vontade de Deus, conforme ensinouJesus de Nazaré, o Supremo Mestre da humanidade!

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Mestre dos MestresJesus de Nazaré

“Amar a Deus sobre todas as coisase ao próximo como a si mesmo.”

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Mestre Allan Kardec

“Um outro caráter da revelação espírita e que ressalta as condi-ções mesmas nas quais ela se produz, é que, apoiando-se sobre osfatos, ela é e não pode deixar de ser senão essencialmente progressiva,como todas as ciências de observação. Por sua essência, ela contraialiança com a ciência, a qual, sendo a exposição das leis da Naturezanuma certa ordem de fatos, não pode ser contrária à vontade de Deus,o autor das leis. As descobertas da ciência glorificam Deus, em lugarde O rebaixar; elas não destroem senão o que os homens edificaramsobre idéias falsas que eles fizeram de Deus.

O Espiritismo não estabelece, portanto, como princípio absoluto,senão aquilo que está demonstrado com evidência ou que ressaltalogicamente da observação. Ligado a todos os ramos da economiasocial, aos quais empresta apoio de suas próprias descobertas, assimi-lará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem queelas sejam, elevadas ao estado de verdades práticas e saídas do domí-nio da utopia, sem o que ele se suicidaria; deixando de ser o que é,desmentiria sua origem e sua finalidade providencial. O Espiritismo,marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se no-vas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto,ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar,ele a aceitará.”

A Gênese — Edição Especial — Editora Lumen págs. 36 e 37.

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Mestre Léon Denis

“Não vos viemos dizer que devamos ficarconfinados no círculo, por mais vasto que seja,do Espiritismo kardequiano. Não; o próprioMestre vos convida a avançar nas vias novas, aalargar a sua obra.

Estendemos as mãos a todos os inovadores, atodos os de boa vontade, a todos os que têmno coração o amor da Humanidade.”

Léon Denis — No InvisívelFederação Espírita Brasileira 7ª edição — pág. 4.

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Mestre Bezerra de Menezes

“O mundo tem todos os dias a prova material deque, na medida do desenvolvimento da perfectibili-dade humana, descem das alturas novas e mais ale-vantadas revelações.

O mundo, porém, não aprende, e, sempre cego, obe-dece fatalmente ao impulso que o leva a repelir tudoque é novo, tudo que vem substituir alguma peça domecanismo construído por seu saber.

A revelação religiosa, do mesmo modo que a cien-tífica, tem vindo sempre progressiva, e na razão do de-senvolvimento da perfectibilidade humana.”

Bezerra de Menezes — Estudos FilosóficosEditora Edicel — 1ª parte — págs. 11 e 17.

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Mestre Penna Ribas

“O Cristianismo, o Espiritismo e o Neo-espiri-tismo são doutrinas que, em conjunto, represen-tam três fases gradativamente aperfeiçoadas da in-cessante revelação divina, cuja finalidade é ilumi-nar, com luz cada vez mais forte, a consciênciamoral dos Espíritos terráqueos, à medida que evo-luem, quer estejam encarnados, quer estejam de-sencarnados, de molde a incrementar a fraternida-de entre os dois planos de vida: o visível e o invisí-vel!”

R. Penna Ribas — Jesus de Nazaré — comoele foi. Como ele é. pág. 341.

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nico Prefácio

Dói-nos ver irmãos que nascem com problemas mentais,condenados à mediocridade para o resto de suas vidas; irmãosnascidos na miséria sem o mínimo a sobrevivência; irmãosprisioneiros de corpos imperfeitos, muitas vezes monstruosos,mutilados de toda sorte, contrastando com a perfeição men-tal, física e a abastança de outros.

Essa chocante diversidade de destinos causa, muitas vezes,revolta contra Deus. São enigmas que só a lei de causalidademoral, através da reencarnação, pode explicar.

Nós, discípulos do Mestre Penna Ribas, apesar de termoscorpos perfeitos e de não termos nascido na miséria, um dia,fomos muito infelizes, pois éramos cegos para a vida espiritu-al. Mas graças a luz da filosofia Neo-espírita, que nosso Mes-tre sábia e amorosamente nos mostrou, pudemos prosseguirnossa caminhada, superando, com nova visão, as dificulda-des da vida, encontrando paz e felicidade.

Temos certeza que o leitor amigo há de encontrar, nas pá-ginas iluminadas deste livro, a explicação para muitas dúvi-das a respeito do destino humano e o roteiro para um futuromelhor.

Lourival José C. de Carvalho eMaria de Fátima F. de Carvalho

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nico Introdução

Em 1985, a Sociedade de Estudos e Pesquisas Espíritas —SEPE, editou, em forma de livros, vários artigos e palestrasque o Dr. Penna Ribas, ao longo de vários anos, escreveu eproferiu em vários jornais e rádios na labuta de levar a todosensinamentos capazes de proporcionar, aos que sinceramen-te os praticarem, saúde e paz. Dentre eles Caminho da Ilumi-nação — volumes I e II, tratando de vários temas acerca doMundo Espiritual.

Assim sendo, a SEPE, sempre buscando facilitar a com-preensão das obras do autor, com o único objetivo de promo-ver maior divulgação desses ensinamentos, agrupou-os porassunto. Para este novo livro o assunto focalizado é a desi-gualdade do destino humano.

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nico Sumário

Destino Humano I .......................................................... 23Destino Humano II ......................................................... 31O Destino Humano à luz da Filosofia Espírita ................. 39Em Torno da Desigualdade dos Destinos I ...................... 47Em Torno da Desigualdade dos Destinos II ..................... 51Em Torno da Desigualdade dos Destinos III .................... 57Enigma do Destino Humano ........................................... 63O Sofrimento é Necessário .............................................. 67Lei da Reencarnação ....................................................... 71Reencarnação — Lei de Causalidade Moral ................... 79A Reencarnação não é uma Hipótese — é um Fato ........ 87Reencarnação e Consolação ........................................... 93Reencarnação — Justiça Divina ..................................... 97Considerações em torno da Reencarnação .................... 103Pitágoras, Platão e Sócrates Comprovaram a Reencarnação ............................................................. 109Da Universalidade da Doutrina da Reencarnação ........ 113Provas da Reencarnação — o Caso de Laura Raynaud ..................................................................... 119Provas de Sobrevivência I ............................................. 125Provas de Sobrevivência II ............................................ 133E, Contudo, os “Mortos” Voltam... ................................ 139Confraternização ou Desintegração? ............................. 145Dia de Finados ou Dia dos Espíritos? ............................. 149Dos Espíritos nas Epidemias .......................................... 157Da Responsabilidade Espiritual na Prática das Vocações ..................................................................... 165O Único Caminho ........................................................ 169A Luta dos Espíritos e a Covardia dos Homens ............. 173A Causalidade Moral Traça o Destino .......................... 181

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Destino Humano I

rápida expansão do Espiritismo, nos grupos sociais demaior expressão cultural, é um índice seguro da manei-

ra racional como esta discutida filosofia religiosa, veio soluci-onar os mais graves problemas relacionados com o destino dacriatura humana.

Com efeito, nada há mais chocante do que a diversidadede nossos destinos. A cada momento, podemos observar, ladoa lado, o milionário e o mendigo, o gênio e o cretino, a for-mosura e a fealdade, a saúde e a enfermidade insidiosa... E, sealongarmos, mentalmente, nossa visão, encontraremos, lon-ge dos centros da civilização, milhões de criaturas que se apro-ximam mais dos seres irracionais do que do homem civiliza-do. O Dr. Meyer, por exemplo, que esteve em contacto, naCosta Oriental, com os Tarungares, selvagens africanos, an-tropófagos inveterados, nos mostra até onde vai o instintoprimário desses negros, que chegam a exumar os cadáveres,para os devorar com volúpia! Num grau quase equivalenteestão os Dokos, da Abissínia, que, segundo informações deum missionário, Krapf, se alimentam ainda de raízes, arranca-das à unha, e se sentem felicíssimos quando pilham um ratoou uma serpente para variar o cardápio. Tão atrasados sãoque não sabem fazer fogo, nem possuem sentimento de ma-ternidade, pois é comum as mães abandonarem os própriosfilhos, logo que possam ser desmamados!

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Aliás, este desapego aos filhos não é apanágio dos africa-nos, pois, entre ameríndios, os padres Cobalcchine e Albiseticonstataram que os bororos praticam o infanticídio com amaior naturalidade. Basta que a gestante tenha um pesadelopara que fique obrigada, perante à tribo, a eliminar o nascitu-ro. Também, se o casal esperar um filho ou uma filha, e acriança não nascer com o sexo desejado será massacrada.

Como explicar, à luz da teodicéia, estes caprichos do Cria-dor do Universo, que colocou aqui, na Terra, criaturas huma-nas tão diversamente dotadas de inteligência, de senso mo-ral, de beleza física, de posição social?

Como explicar as mortes precoces, muitas vezes durante avida intra-uterina, uma vida, portanto, sem finalidade, emcontradição com os macróbios, que gozam exagerada longe-vidade?

Como explicar o nascimento de um monstro, ou mesmode um cego de nascença, sem que haja um motivo justo, paratamanha provação?

É claro que, para qualquer espírita, a explicação biológica,pura e simples, não vale. Porque, se é verdade que os caracte-res somáticos dependem de combinações, mais ou menos com-plicadas, dos genes, o espírita não pode aceitar, no entanto,que tal combinação seja um ato puramente mecânico, semintervenção de um poder providencial que dirige tais combi-nações de acordo com um plano preconcebido, isto é, con-forme as provações merecidas pelas criaturas que vão encar-nar.

Deixemos, pois, propositadamente, à margem, as explica-ções formuladas pela Ciência, que, embora certíssimas sobcerto aspecto, não abarcam a totalidade do fenômeno, de vezque só o investigam do ângulo materialista, menosprezando aface transcendental do problema. Se, com efeito, todos nósfôssemos, apenas, produtos ocasionais da combinação dos

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genes, não haveria a mínima responsabilidade nos atos quepraticássemos: nosso comportamento estaria, fatalmente, con-dicionado à maneira como se combinaram os genes de nossosprogenitores. A vida não teria sentido, portanto; ou melhor— o sentido era o do prazer, fosse qual fosse seu preço; e oegoísmo seria a mais louvável de todas as virtudes. Ora, bastacomparar a sabedoria do Criador, manifestada de mil formasdiferentes, em todos os domínios da natureza, para que, ins-tintivamente, nossa razão repila tal hipótese e proclame quea genética descobriu apenas uma face do problema e não suatotalidade, como admitem os materialistas.

Passemos, pois, à análise da diversidade dos destinos hu-manos sob o aspecto espírita. Duas hipóteses se nos antepa-ram imediatamente: a da univivência e a da plurivivência.Ou a alma é criada no momento em que o corpo vai ser orga-nizado e, depois de viver certo tempo nesse corpo carnal,parte, definitivamente, para a vida eterna; ou a alma já exis-tia antes da formação do corpo e, após, sua destruição, pelamorte, continuará sujeita à união com outros corpos, até con-quistar toda perfeição, que puder obter, nessas vidas corpo-rais. Vamos à primeira hipótese, a da vida única. Figuremosum gênio e um cretino. O primeiro é alma privilegiada, nas-cida com grande perfeição moral e dotada de inteligência su-pranormal, para pressentir as leis naturais e descobri-las, emseguida, em benefício da humanidade: é o inventor, o benfei-tor, o sábio, que parte da Terra consagrado por seus méritosexcepcionais e cuja memória será reverenciada pela posteri-dade. Que fez, no entanto, este Espírito para ter sido criadocom tais atributos? — Nada. Sem mérito algum, foi galardoa-do pelo Criador com qualidades excepcionais e teve destinoglorioso na vida terrena. De toda forma, comparativamenteao cretino, sua criação foi injusta. Porque, ainda que admita-mos que o cretino, a despeito da vida vegetativa, quase ins-

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tintiva, que viveu na Terra, tenha, depois de morto, o mesmodestino que o gênio, alcançando ambos o céu, ainda assim, éevidente que o cretino levou a pior, privado como esteve,durante a vida terrena, dos mais apreciáveis dons do espírito,inclusive da satisfação de compreender um número infinitode pequenas coisas que constituem grande parte da felicidadedos que procuram a verdade, e que se sentem felizes pelo bemque fazem a seus semelhantes. Se, ao contrário, admitirmosque, no exemplo, embora o gênio tenha tido, na Terra, gran-de felicidade, maior ventura coube, no céu, ao cretino, comorecompensa de seus sofrimentos neste mundo, torna-se evi-dente, que, neste caso, quem levou desvantagem foi o sábio;porque não há, não pode haver proporção entre a vida efê-mera deste planeta e a eternidade da vida no céu! Seja comofor, portanto, a hipótese da vida única, longe de exaltar asabedoria do Criador, face à diversidade dos destinos das cria-turas humanas, aponta-o ao senso comum, do mais comumdos homens, como um criador faccioso, sem critério, que cas-tiga com encarnações penosas ou recompensa com encarna-ções gloriosas, criaturas que não possuem nem os deméritosque justifiquem a penalidade, nem os méritos que legitimemo prêmio!

Como se vê, o raciocínio é válido para todos os casos dediversidade de destino, se se admitir a hipótese da vida única.E agrava-se, ainda mais, a situação do Criador, se quisermosadmitir que as criaturas terrenas são Espíritos decaídos queaqui estão para purgar suas faltas; porque, nesta hipótese, nãose compreende o caso dos natimortos; pois quem morre aonascer não pode, evidentemente, resgatar todo um passadode erros. Além disso, se a finalidade é somente essa de resga-tar crimes para conquistar o céu, por que não se dá a todos asmesmas oportunidades de salvação? Por que uns se demoramlongos anos neste mundo, ao passo que outros são logo ceifa-

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dos do rol dos vivos? Se morressem cedo apenas os bons, que,aparentemente, pelo menos, já redimiram suas faltas, aindavá; mas, se é certo que criaturas boníssimas houve que morre-ram criança, também houve indivíduos perversíssimos, cri-minosos natos, que morreram na maturidade. Como se vê, ahipótese da univivência não explica, racionalmente, a diver-sidade dos destinos. E se admitirmos a salvação pela graça,pioramos a situação: Deus se torna cada vez mais injusto. Ecomo não se pode admitir que o Criador do Universo, que senos revela tão sábio na formulação das leis que regem a natu-reza, possa ser, ao mesmo tempo, tão injusto em relação aodestino que confere às criaturas humanas, força é concluirque a hipótese que admite uma única vida terrena, seguidada eternidade da vida espiritual, é, de todo em todo errônea,pois afeta a própria bondade de Deus.

Sem embargo, se, ao contrário, admitirmos a pluralidadede vidas, isto é, a reencarnação, a pouco e pouco, todos osmistérios se nos desvendam e a justiça divina se nos manifes-ta, cheia de sabedoria e de amor para todas as criaturas.

Com efeito, voltando ao exemplo do gênio e do cretinoveremos que a injustiça da desigualdade dos destinos é, ape-nas, aparente. O gênio é um Espírito mais velho, criado emeras remotas, que já evoluiu, a custa de experiências adquiri-das em muitas vidas, desenroladas não só no cenário terreno,mas em outros planos, ora revestido de um corpo mais oumenos material, conforme o ambiente que habitou, ora dota-do, apenas, do corpo espiritual, o perispírito, repositório fide-líssimo de todas as experiências que pôde acumular; sempre aprogredir espiritualmente, embora regredindo muitas vezes naescala social, tudo de acordo com seus méritos — só de seusméritos — até que mereceu nascer na posição de gênio e debenfeitor da humanidade. Um Espírito, por conseguinte, quejá está a sair da Terra, que talvez não encarne mais neste

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mundo, mas que, de qualquer forma, continuará sua trajetó-ria, em vidas cada vez mais felizes e gloriosas, pois a meta finalé a perfeição, e, com a perfeição, a felicidade eterna.

O outro, o cretino, ao contrário, é um Espírito, mais novo,mais inexperiente, que chegou a este planeta em época pos-terior, e que, por sua ignorância, infringiu às leis divinas, abu-sou da inteligência, foi, quiçá, um falsário, que derramou ou-trora dinheiro falso, e prejudicou milhares de compatriotas,prejudicando a economia duma nação; ou foi panfletário ter-rível, que galvanizou as massas, lançando-as, depois, na he-catombe fratricida ou na guerra de pilhagem, só, para saciarsua sede de glória, sua vaidade mórbida, sua ambição de po-der; ou foi — quem sabe? — um cientista desalmado e ga-nancioso, que, pela cobiça ou pela vaidade, não hesitou emsacrificar seus semelhantes e realizou criminosas experiênci-as, que levaram seus clientes ao túmulo... De toda maneira, acretinice é a resultante indefectível do abuso da inteligênciapara fins ilícitos. Pouco importa que, para que se dê a mani-festação clínica, sejam necessários distúrbios glandulares e ner-vosos. De acordo com a justiça divina, o Espírito que deveriasofrer a privação da inteligência já foi trazido para um corpoque, hereditariamente, daria um cretino. A Ciência tem ra-zão; e o Espiritismo também. São dois aspectos duma mesmaquestão. O fato, porém, é que, terminado o período de prova,livre do corpo carnal, não precisando mais do cérebro paramanifestar seu pensamento, o espírito do cretino terreno, re-nasce na vida espiritual, provido novamente da inteligênciacorrespondente ao seu grau de evolução, mas sabendo já quea inteligência, como todas as faculdades da alma, são benspreciosos, que Deus nos concede, para serem utilizadas embenefício da evolução dos nossos espíritos — primeiro e maisfundamental de todos os deveres que nos cabe, aqui, nestemundo, e em todos os planos de vida onde nos encontremos.

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Depois do que foi exposto, penso que o caso dos selvagenstambém se tornou claro. Os silvícolas são Espíritos que, vin-dos de planos mais atrasados do que os da Terra, onde já ter-minaram o curso de suas experiências e conseqüentes aquisi-ções, chegaram, recentemente, à escola terráquea, onde prin-cipiam novo ciclo de experiências. Por mais atrasados e infe-riores que sejam, chegarão como nós já chegamos, ao estadode requintada civilização. Tudo dependendo de tempo e deesforço. Se chegarem a compreender o valor do próprio esfor-ço na aquisição dos valores espirituais, e se lutarem neste sen-tido, o período de evolução será abreviado, menor númerode encarnações tornar-se-lhes-á necessário para atingirem onosso atual estágio evolutivo. Caso contrário, uma lei de cau-salidade moral os levará, mais cedo ou mais tarde, ao cami-nho da perfeição. Seja como for, em cada vida, receberão deacordo com seus méritos, adquiridos em vidas anteriores. Nãoirão, jamais, para o inferno; nem poderão encontrar o céu.Mas, depois de cada encarnação e durante as sucessivas en-carnações, estarão felizes ou desgraçados, consoante hajamfeito o bem ou o mal. Numa palavra: para eles e para nós a leié a mesma — a cada um segundo suas obras!

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e fosse possível viajarmos numa astronave impulsionadapor energia fotônica, voando à razão de trezentos mil qui-

lômetros por segundo, a maior velocidade concebível segun-do os cálculos de Einstein, para darmos um giro de um mi-lhão de anos através do espaço, embora o imenso percursovencido nada representasse diante da grandeza do Universo,a visão panorâmica dessa ousada excursão interestelar seria amais tétrica representação da insignificância e da inseguran-ça da vida humana.

Com efeito, em pleno vôo espacial, muito além da estra-tosfera, o Universo se nos depararia como colossal mundo detrevas, regelado por terrível frio de centenas de graus abaixode zero, apenas pontilhado, aqui e acolá, por distantes luzei-ros — as estrelas, dentre as quais se inclui o Sol, fonte de luz,calor e vida para nosso planeta. Donde se infere que o Uni-verso é, quase todo, incomensurável vácuo, frigidíssimo e ni-gérrimo, constituindo os corpos astronômicos pequeníssimafração material dentro do Espaço infinito...

E, para que se tenha uma idéia da pequenez de nosso mun-do, basta que se saiba que, iguais a ele, poderíamos colocar,dentro do Sol, um milhão e trezentos mil planetas; e dentrode outras estrelas de nossa galáxia poderíamos arrumar, folga-damente, vários milhões de sóis idênticos ao que nos alumia!

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Vale dizer que, comparativamente às assombrosas dimen-sões dos demais corpos celestes, nossa Terra é humilde poeirade átomo perdida na imensidão do espaço... E o pior é que,como a temperatura das estrelas orça por milhares de graus decalor, a vida, tal qual a conhecemos, só poderá subsistir den-tro de estreitíssima faixa universal — a zona temperada, quecircunda cada uma dessas estrelas, a uma distância matemati-camente determinada! Além disso, para que haja em tornoduma estrela essa cinta habitável, necessário se faz que umacidente semelhante ao que deve ter ocorrido com o nossoSol venha ocasionar a ruptura do equilíbrio de sua massa,com desprendimento de partículas, que passariam a consti-tuir o novo sistema planetário.

Ora, de acordo com a estimativa de James Jeans, autorida-de mundialmente acatada, somente uma, entre cem mil es-trelas, dispõe de planeta a evolucionar em derredor dela numadistância compatível com a vida. E tão pequena é essa área,proporcionalmente à vastidão do espaço, que somadas, todasas zonas adequadas à vida constituiriam tão-somente a milé-sima-milionésima-milionésima parte do Universo!

Como se vê, a impressão que se colheria dessa fantásticaexcursão aos longínquos planos siderais seria profundamentedesoladora; porque tudo nos levaria à convicção de que oUniverso não fora planejado para um padrão de vida idênti-co ao da Terra. Ao contrário, analisada à luz dos dados astro-nômicos, a vida se nos depara como mero epifenômeno, oriun-do de fortuita aproximação de duas estrelas, a ponto de pro-vocar tremenda atração com a conseqüente fragmentação doSol, origem da formação de nosso planeta. Não fora a estrelatransviada, ainda hoje, todo o nosso sistema planetário esta-ria incorporado ao Sol, não havendo traço de vida nessasparagens cósmicas que habitamos. Nem por isso, porém, osastros deixariam de cumprir seus destinos...

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Como é óbvio, embora portentosa, a visão do Universoque a Ciência nos mostra não é nada consoladora. Para aprópria raça humana é angustiante, de vez que seu futuroestá ligado ao Sol, astro que se extingue dia-a-dia, na mortelenta das explosões atômicas, aquecendo a Terra e mantendoa vida com a energia de sua própria desintegração...

Assim sendo, a menos que haja um milagre imprevisível,dia virá em que a Terra e todos os planetas do nosso sistemaestarão congelados e envoltos em trevas eternas, rolando, semvida, como mundos-fantasmas, através do espaço sem fim...

E se alentadora não é a perspectiva que a Ciência nos apon-ta acerca do futuro da humanidade, edificante também não éa impressão que nos dá diariamente o espetáculo da vida,contemplado de nosso plano existencial.

Na verdade, é profundamente chocante a desigualdade dosdestinos humanos. Filhos de um mesmo Criador, vemos, acada passo, criaturas tão diversamente dotadas, que, instinti-vamente, nos rebelamos contra a arbitrariedade desse Cria-dor que, revelando-se tão sábio na organização material doUniverso, se nos apresenta tão injusto na distribuição da feli-cidade terrena. Uma mentalidade bem formada não podeadmitir que Deus possa criar um Espírito predestinado a viverna mais profunda ignorância e na mais ignominiosa indigên-cia, como aqueles negros africanos de que nos fala Meyer,selvagens antropófagos e inveterados comedores de cadáver;e, na mesma época, criar um Espírito como o de Pasteur, pre-destinado a viver em Paris, cidade-luz, cérebro da civilização,cercado do necessário conforto para dedicar toda uma exis-tência gloriosa ao progresso da Ciência e ao bem-estar dahumanidade. Confrontados os dois destinos, um votado àmais sórdida abjeção, ao mais degradante aviltamento, à maisodienta forma de viver; o outro, Espírito de escol, inteligên-cia brilhante, coração magnânimo, consagrado dia e noite à

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Ciência e à humanidade, confrontados os dois destinos, aimpressão que nos fica é de assombro e de pavor. Como épossível, clamará nossa consciência, que Deus, o supremo juiz,se nos revele assim tão brutalmente parcial, tão horrenda-mente injusto?

Além disso, a disparidade dos destinos não se verifica so-mente em relação ao valor mental, moral e social, como noexemplo mencionado. Além da diversidade de sexo, proble-ma de transcendental importância, de vez que não se podeconsiderar indiferente nascer homem ou mulher, há a ques-tão relativa ao tempo da encarnação terrena. Enquanto al-guns indivíduos vivem mais de um século, outros morrem aonascer e, até, antes de nascer! Se admitirmos, como a maio-ria, que só existe uma vida, é difícil compreender que Deuscria um Espírito predestinado a usufruir uma existência cen-tenária e, por outro lado, cria outro Espírito predestinado nãoa viver, mas a morrer, porquanto morrerá ao nascer, se nãomorrer antes de nascer! Ora, considerando-se que a vida ter-rena é um bem, claro é que ao Espírito que viveu longamentese concedeu um galardão que ao outro se recusou. Se, noentanto, se admitir que a vida terrena é um mal, a situaçãoestará invertida — castigado o que muito viveu e premiado oque nem chegou a viver. De toda forma, porém, a injustiçado Criador é flagrante. Por outro lado, é inegável que, embo-ra nem só de pão viva o homem, a fortuna, ainda que por sisó não nos dê felicidade, contribui, decisivamente, para tor-nar a existência mais confortável, e ipso facto, para suavizar asprovações terrenas. No entanto, é fato de observação quedentre as criaturas que nasceram ricas, e que ricas permane-ceram a vida toda, muitas existem que manifestam péssimasqualidades morais; enquanto que, contrastando com isso, há,no meio da pobreza, criaturas que, nascendo pobres, pobrespermaneceram padecendo as maiores aperturas financeiras,

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sofrendo todas as humilhações e que, não obstante, possuemraros dotes morais, demonstrando a evolução de seus Espíri-tos. Nessas condições, mais uma vez se patenteia a trágicainiqüidade dos destinos humanos — o prêmio para o mau; ocastigo para o bom!

Em conclusão: analisado o destino humano, quer em rela-ção à sua posição cósmica, quer em relação à sua posição so-cial, a situação do homem, como criatura divina, é de revol-tante injustiça. Entretanto, examinado à luz da Filosofia Es-pírita, o destino do homem transmuta-se como que por en-canto em gloriosa meta de aperfeiçoamento rumo à felicida-de eterna! Desaparecem todas as injustiças aparentes, e trans-parece a justiça divina, inspirada no amor!

De fato, de acordo com o Espiritismo, o homem nada maisé do que um Espírito encarnado. Espírito que, tendo sido cri-ado inocente e ignorante, deve conquistar, de experiênciaprópria, a perfeição e a felicidade — felicidade e perfeiçãoque só poderá adquirir através de múltiplas vidas, em múlti-plos planos existenciais. A Terra e os demais planetas sãomundos habitados. Antes de vir à Terra, o Espírito humanojá habitou outros mundos, revestido de corpos completamentediferentes do corpo carnal. Corpos materiais e encarnaçõessão instrumentos efêmeros, para vidas passageiras. O corpoverdadeiro é o espiritual, que acompanha o Espírito atravésde sua evolução e onde estão registrados todos os seus méritose todos os seus deméritos. De acordo com tais méritos e de-méritos será o plano que viverá depois de cada encarnação.Podendo o homem viver sem o corpo carnal, a duração denosso sistema planetário não limitará o destino da humani-dade; nem a temperatura das estrelas, nem o frio dos espaçosinterestelares poderão obstar a vida espiritual, que é a verda-deira vida, porque é eterna como eterno é o Universo!

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E se o destino da humanidade não depende da duração doSol, muito menos poderia depender o destino do homem decaprichoso alvedrio do Criador — fonte de todas as perfei-ções. Não! O destino de cada homem depende, somente, deseu próprio passado, do grau evolutivo que alcançou, das qua-lidades que obteve, das faltas que deve corrigir, dos erros quecometeu nas vidas anteriores. Nos exemplos escolhidos, oselvagem africano é um Espírito primário que, chegando dummundo mais atrasado do que a Terra, está ensaiando os pri-meiros passos, para adaptar-se à civilização, em futuras encar-nações; o sábio, ao contrário, é um Espírito evoluído, que,em virtude dos méritos conquistados em seu longo passado,nasceu na situação de benfeitor da humanidade. Por outrolado, o macróbio é vítima de morte precoce na anterior en-carnação, devedor do planeta, onerado com vida mais longa,para resgate de antigas faltas. O natimorto, ao contrário, éEspírito em vôo para planos superiores, necessitando, ape-nas, de fluido de amor, para vencer certas barreiras vibratóriase ingressar num ambiente de grande felicidade. Da mesmaforma, o rico de hoje é um Espírito com qualidades que lhederam o direito duma prova mais suave; prova que é tambémoportunidade de tentação, plano inclinado para fragorosaqueda espiritual! O pobre, ao contrário, tanto pode ser o ricoegoísta de outrora, como poderá ser o Espírito previdente,que, voluntariamente, afastou de sua frente as tentações dodinheiro e do poder!

Em suma — consoante a Filosofia Espírita, cada criaturatem o destino que merece. Não há eleitos, nem privilegiados— todos são iguais perante Deus. Todos partiram de um mes-mo ponto e chegarão a um mesmo fim. O tempo é que varia.Uns caminham mais depressa, outros, acorrentados às pai-xões ou dominados pela indolência, mais devagar. Mas aca-bam chegando, marcados pelas decepções e tangidos pela dor.

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De modo que a diversidade de sortes é mais aparente do quereal — significa, apenas, que os habitantes da Terra estão emdiferentes graus de evolução espiritual, e necessitando, porconseqüência, de caminhos diferentes, para alcançarem omesmo fim — a perfeição, e, com a perfeição, a eterna felici-dade.

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problema do destino humano é uma dessas questõestranscendentais, que, desde os primórdios da civiliza-

ção, vem desafiando a sagacidade dos pensadores. Tema cen-tral de inúmeras especulações filosóficas, ponto nevrálgico deacirrados debates metafísicos, o destino humano, à maneirade muitos outros problemas fundamentais à explicação dosdesígnios do Criador, está equacionado racionalmente na Fi-losofia Espírita.

Com efeito, de acordo com os ensinamentos dos Espíritosmissionários encarregados de disseminarem a Doutrina Espí-rita neste planeta, todos os Espíritos são criados exatamenteidênticos — inocentes e ignorantes, mas dotados, potencial-mente, das qualidades necessárias à aquisição da perfeição,que lhes assegurará, um dia, a eterna felicidade, próximo doCriador. Todavia, até alcançar tal perfeição, o Espírito huma-no está obrigado a multissecular evolução, que se processa,penosamente, em vidas sucessivas, através de mundos e pla-nos incontáveis, ora revestido de corpo material, ora protegi-do, apenas, por um corpo fluídico, tudo consoante o ambien-te onde deve viver. De toda a forma, porém, o corpo conden-sado assinala estádio de escassa evolução, necessidade de de-mora em mundos atrasados; ao passo que a iluminação do

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corpo fluídico marca a libertação da roda das encarnações,com ascensão a planos de maior perfeição. De sorte que cadaEspírito traz, no corpo espiritual que o reveste, o selo de suaevolução. E, para que à magnanimidade desse grandioso pla-no de criação não falte um princípio de justiça, todas as vidassucessivas de um mesmo Espírito estão, indissoluvelmente,ligadas entre si, por sábia lei de causalidade moral; de modoque, não só as ações, mas, até, os desejos, acalentados intima-mente, repercutem, fatalmente, no futuro de cada um!

Em face de tal conceituação, claro está que, embora as leisuniversais sejam o reflexo do pensamento de Deus, o destinode cada Espírito é, em grande parte, traçado por ele mesmo.Toda vez que, por suas obras ou por seus pensamentos, esti-ver de acordo com o plano divino, avançará para a perfeiçãoe para a felicidade. Sempre, porém, que agir em sentido con-trário às leis divinas, estacionará em dolorosas provações, atéencontrar o caminho do progresso espiritual, que é o da obe-diência à vontade de Deus.

No que diz respeito ao mundo em que vivemos presente-mente, ensina a Doutrina Espírita, que a Terra é escola deaperfeiçoamento, destinada a Espíritos faltosos perante às leisdivinas, e, todos, carecendo ainda do aguilhão da dor, paraserem propelidos na direção do progresso. Por isso mesmo, cáestão, ombro a ombro, criaturas nos mais díspares níveis deevolução. Uns, recém-chegados de planos inferiores ao nos-so, principiam a adaptar-se aos imperativos da vida planetá-ria, ensaiando, no seio de tribos primitivas, estigmatizadas porexecrável canibalismo, os primeiros passos para as futuras en-carnações entre nações civilizadas; outros, depois de have-rem percorrido longo curso de sucessivas encarnações terre-nas, já dotados, consciente e inconscientemente, de todas asexperiências e conhecimentos inerentes ao planeta, prepa-ram-se para desferirem, finalmente, um vôo de maior enver-

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gadura, alcançando planos de vida mais aperfeiçoados; ou-tros, finalmente, aqui chegaram por castigo, vindos de planosmais aperfeiçoados, onde, por sua rebeldia, se tornaram ele-mentos prejudiciais, ao passo que, na Terra, tão mais elevadoé o nível de evolução do plano em que habitavam, que osrebeldes, sobre encontrarem campo para progredir no cadi-nho da dor, ainda servem de instrutores aos Espíritos maisatrasados, que, desde sua criação, ainda não ultrapassaram dograu de progresso espiritual peculiar ao nosso mundo. Mauselementos nos planos de grande perfeição, esses Espíritos re-calcitrantes, pela apreciável evolução que possuem, compa-rativamente a dos habitantes da Terra, ao mesmo tempo quecumprem uma provação, retificando defeitos morais e resga-tando dívidas perante às leis divinas, exercem missões, ser-vindo de precursores ao progresso de nosso plano, quer naqualidade de cientistas, que, por suas descobertas, revelam asabedoria de Deus no domínio das leis naturais, quer na posi-ção de filósofos e de pensadores, que, através da intuição,forma larvária de mediunidade, revelam novas facetas da bon-dade de Deus no setor das leis morais, que governam os desti-nos das criaturas. Voltando, pois, ao círculo das encarnaçõesterrenas, esses Espíritos “decaídos” ao mesmo passo que sal-dam seus débitos com a lei da evolução espiritual, estimulamo aperfeiçoamento moral e intelectual dos irmãos mais novose mais atrasados, que estão palmilhando, em crescente ascen-são, as veredas das provações terrenas. Neste sentido, são au-tênticos missionários, embora, à luz da Filosofia Espírita, ne-nhum Espírito — nem o próprio Jesus, encarne na Terra ex-clusivamente em missão, estando, sempre, a encarnação, pormais nobre que seja a finalidade, condicionada às conveni-ências da evolução individual. E não se imagine que, pelofato de voltar a encarnar num plano mais atrasado, o Espíritoinvoluiu, pois, na verdade, as virtudes conquistadas, salvo raras

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exceções, são conservadas como marcos indeléveis das eta-pas vencidas no decurso de numerosas existências. Aliás, omesmo fenômeno ocorre em relação às encarnações efetua-das num mesmo plano. A queda da posição social, embora,aparentemente, seja um retrocesso na marcha evolutiva, naverdade, tanto pode ser mero estacionamento para retifica-ção de defeitos morais, como, não raro, é oportunidade demaior progresso, com libertação de peias que amarram o Espí-rito aos prazeres e às ilusões do plano em que vivem... Via deregra, a despeito das alternativas de posição social e, até, deplano existencial, a evolução é progressiva, sendo excepcio-nais os casos em que, vítima da própria fraqueza e levado porfatos circunstanciais, o Espírito retrocede moralmente, para,mais tarde, soerguer-se novamente, ao preço de tremenda lutaredentora.

De toda maneira, à luz da Filosofia Espírita, sendo a felici-dade o prêmio da perfeição, e sendo a perfeição a resultantedo esforço individual, é dever inalienável de todo Espíritozelar por sua própria evolução, de vez que, perante às leisdivinas, é ele o arquiteto de seu próprio destino!

O de que muita gente não suspeita, porém, é que, dentreos planos de evolução pelo sofrimento, que circundam nossoplaneta, a Terra se destaca como valioso campo de atividadesredentoras, mercê das inúmeras oportunidades de lapidaçãoque oferece ao Espírito imperfeito.

Efetivamente, ao contrário do que ocorre nos planos davida espiritual, onde os Espíritos são automaticamente seleci-onados e agrupados consoante as afinidades que apresentam,valendo para tal operação o estado vibratório do perispírito,aqui, na Terra, os Espíritos encarnados estão em promiscui-dade, de tal sorte que, ao lado de criaturas imorais, perversase, até, criminosas, labutam Espíritos de notável evolução, dis-tinguidos por suas excelsas qualidades morais aliadas a robus-

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to talento. Nessas condições, os defeitos dos retardatários ser-vem para por à prova as virtudes dos evoluídos; e as virtudesdos evoluídos servem de estímulo à correção dos retardatári-os. Colocados lado a lado, a virtude e o erro, o bem e o mal,quis Deus que o bom, sofrendo a convivência dos maus, apri-morasse ainda mais o seu Espírito tomado de horror contra amaldade; e que o mau, confortado pela fraternidade dos bons,aprendesse, no convívio com a virtude, a detestar a maldade.Em verdade, perante a espiritualidade, os habitantes da Terrasão seixos de um mesmo regato, que, no contínuo atrito aque os obriga a correnteza da vida, mutuamente vão desbas-tando as arestas do caráter, até que, arredondados, rolam unssobre os outros, com menos atritos, favorecidos pela tolerân-cia, quando não impulsionados pelo amor fraterno...

Contudo, essa maravilhosa lapidação resultante do entre-choque de tendências antagônicas entre criaturas em níveisevolutivos diferentes, nem sempre é bem-sucedida. Mormenteporque, paralelamente à humanidade visível, outra humani-dade, muito mais numerosa, evolui em nosso mundo, sem ser,sequer, suspeitada pela maioria dos homens, cujos órgãos sen-soriais não lhe registram a presença; e, não obstante, dessemundo invisível, que nos cerca e que nos observa, provêm,muitas vezes, a desgraça e a instigação às rixas entre os ho-mens. De fato, constituída de Espíritos fracassados nas provasterrenas, essa humanidade invisível guarda perigosos recal-ques contra a Terra, motivo por que, sempre que pode, tentavingar-se aproveitando-se das criaturas faltosas, cujos senti-mentos se afinam com os deles. É essa, aliás, a origem dasguerras, dos crimes, dos vícios e das mais torpes modalidadesde degradação moral. Na verdade ninguém vem destinado aser assassino, ladrão, crápula ou prostituta. Apenas, consoan-te suas necessidades evolutivas e de acordo com sua determi-nação em seu próprio soerguimento moral, o Espírito encar-

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nado, o homem, é posto à prova, em situações periclitantes,diante das quais, valendo-se do relativo arbítrio que o desti-no lhe concede, pode vencer, vencendo-se ou fracassar, de-gradando-se. Vencendo-se, conquista novos valores e dá gi-gantesco passo no caminho da evolução espiritual; degradan-do-se, endivida-se com as leis divinas e assume graves com-promissos com Espíritos inferiores, que, aproveitando-se desua fraqueza, o levam à degradação. E como são trágicas asconseqüências da subjugação das criaturas imperfeitas pelosEspíritos vingativos! Basta abrir um jornal — as páginas estãoensangüentadas por crimes hediondos! Pais-monstros, que,por ciúme, matam a esposa ou a concubina e, friamente, eli-minam a prole inteira! Mães-megeras, que, por vingança aomarido ou ao amante, envenenam os filhos inocentes! Filhosdegenerados, que, por cobiça, matam progenitores abnega-dos! Irmãos traidores, que, por disputa inglória, assassinam ospróprios irmãos! Em suma — crimes pavorosos, perpetradospor Espíritos atrasados, que, embora disfarçados nas aparên-cias da encarnação terrena, continuam a alimentar os maissórdidos e torpes sentimentos, de modo que, permanecemafinados espiritualmente com Espíritos inferioríssimos, servin-do, destarte, de instrumento para a disseminação da maldadeno mundo em que vivemos!

Sem embargo, as horrendas conseqüências da constanteinterferência dos verdugos do Além, atraídos pela maldadedos homens vingativos, podem ser remediadas mediante acorreção da humanidade terrena, corroborada pela oração embenefício dos maus Espíritos, que, mais por ignorância do quepor maldade, esparramam o sofrimento no mundo!

Ainda agora, nesses tormentosos dias de interminável guer-ra fria, quando a ambição ou a vaidade de estadistas tempera-mentais, instigados por hordas de Espíritos vingativos, po-dem lançar o mundo na maior hecatombe de todos os tem-

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pos, urge a união de todos os homens de boa vontade numacorrente de fé e de confiança em Deus, a fim de neutralizar ainfluência dos Espíritos vingativos; união que, mais do quenunca, é imprescindível entre nós, para que o Brasil, livre docomunismo ateu e da corrupção generalizada, possa tornar-se, de fato, “o coração do mundo e a pátria do Evangelho”!

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m face da infinita perfeição atribuída ao Criador, a fla-grante desigualdade dos destinos humanos, sobre ser pa-

radoxal, é profundamente revoltante. Com efeito, se ao paiterreno se lhe desse o poder de gerar filhos, ao seu arbítrio, éfora de dúvida que nenhum indivíduo normal se permitiria ainjustiça de produzir filhos deformados e filhos perfeitos, fi-lhos talentosos e filhos cretinos, filhos brancos e filhos ne-gros, filhos ricos e filhos miseráveis... Ainda mais: a despeitodos impositivos biológicos, teriam escrúpulos na escolha dossexos, porquanto não ignorariam que não é indiferente serhomem ou mulher, tão diversas devem de ser as funções bio-lógicas e sociais. E, de fato, embora haja homens que talvezpreferissem ter nascido mulher, muitas mulheres existem que,de bom grado, trocariam o sexo, se isso fosse possível. De todamaneira, a diferenciação, quer no campo biológico, quer nocampo social, só será justa se estiver ligada a causas antece-dentes.

Entretanto, no plano da criação divina, além dos sexosbiologicamente bem definidos, existem criaturas marcadascom indisfarçável intersexualidade, com hermafroditismo e,até, com detestável inversão do comportamento sexual. Atri-buir tudo à fatalidade biológica e ao mecanismo exclusivo

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das leis da Genética, é o mesmo que arredar Deus do cami-nho, para impor a hegemonia de brutal materialismo. Valedizer: destroçar as religiões!

Sem embargo, apesar da validade das leis naturais desco-bertas pela Ciência, existem filosofias religiosas capazes de con-ciliarem as conquistas da razão com os imperativos do senti-mento. Destaco, sobre todas, a Filosofia Espírita, que, pelasleis da reencarnação e da causalidade moral que interliga asvidas sucessivas, explica a justiça divina; e, pela utilizaçãodos métodos empregados nas investigações científicas, soli-dariza-se com as ciências afins. É, por conseqüência, uma fi-losofia que fala à razão e ao coração. Incentiva ao aprimora-mento moral, sem descurar do incremento cultural. Não fogeao diálogo, nem refuga as pesquisas: persegue a verdade.

E, no que tange à desigualdade dos destinos, não há outraalternativa — ou se admite a reencarnação, com a causalida-de moral que a rege, ou não há justiça divina e Deus é ummonstro do poder, destituído de senso moral! Tentar explicara desigualdade de sortes com as estultas hipóteses paulinas dasalvação pela graça ou da predestinação, é reduzir a zero ocritério de Deus. Porque a salvação pela graça seria o maisabominável sistema de pistolão. Sem méritos, os agraciadosconquistariam eterno galardão; e sem deméritos, os enjeita-dos, por maiores méritos que houvessem conquistado na vidaterrena, estariam fatalmente condenados, a priori, às penaseternas!

E, por incrível que pareça, houve grande pregador sacro— o padre Vieira — que, em afamado sermão, louvou a Deuspela bondade de sonegar a verdade aos eleitos e aos conde-nados — aos eleitos, para que se não envaidecessem e aoscondenados para poupar-lhes a dor de saberem previamenteque estavam desprovidos da divina graça e, por conseguinte,com destino certo ao inferno eterno! Posto que pareça pilhé-

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ria, tudo indica que o orador sacro falou deveras. Donde seinfere que, não obstante talentoso, o padre fazia triste con-ceito de Deus.

Por outro lado, a hipótese da predestinação não é menosodiosa. Por que dar a uma criatura um destino miserável, ator-mentado de privações e de sofrimentos, para, ao depois, asse-gurar-lhe um lugar melhor no céu é, na verdade, cometer umainjustiça infinita, porquanto não há paridade entre a prova-ção transitória e o prêmio eterno. Neste caso, quem não pre-feriria nascer rastejando humilhantes provas terrenas paragarantir um local melhor nas arquibancadas do céu? De todaforma, é fazer pouco caso da justiça de Deus; e é por causa deconcepções deste quilate que o mundo moderno tende a re-cusar Deus e alguns teólogos já se apressaram em matá-Lo!

Mas a verdade é que esse Deus antropomórfico nunca exis-tiu: é produto espúrio da ignorância humana. O Deus verda-deiro, o Deus cósmico, entrevisto desde tempos remotíssimospor Espíritos evoluídos, situados em diversas formas de “inici-ação”, esse jamais perecerá e, à medida que a humanidadeprogredir espiritualmente, se lhe revelará cada vez com maiorperfeição.

Todavia, no estado atual de nossa civilização, basta que seadmita, em todos os sistemas religiosos, o postulado das suces-sivas reencarnações, como instrumento para a gradativa evo-lução de todas as criaturas. Imediatamente o conceito da jus-tiça de Deus transfigurar-se-á. A desigualdade de destinosmarcará diferentes estádios evolutivos de criaturas que parti-ram do mesmo ponto — todas criadas exatamente iguais ecada uma colhendo, na presente encarnação, o fruto da se-mente que plantou nas vidas anteriores. Nem preferências,nem pistolões na justiça de Deus: só valem os méritos con-quistados pelo esforço próprio. Ninguém se salva pelo sofri-mento de ninguém. Cada um paga a dívida que contraiu comas leis divinas que regem a evolução espiritual. Mas ninguém

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está abandonado por pior que seja, por mais criminoso que setorne. Porque o tempo e a dor se encarregarão de chamá-loao reto caminho da perfeição. E o termo final será, para to-dos, a felicidade — nunca o sofrimento interminável no In-ferno fictício!

Ainda agora tenho diante dos olhos uma, dentre milharesde cartas que me são enviadas do Brasil inteiro. Veio de Bra-sília — é de um funcionário do Senado, que se confessa espí-rita. E só por isso não é um pai desesperado, diante da desgra-ça desencadeada sobre o seu lar, com uma filhinha de trêsaninhos, chumbada ao leito, paralítica e muda e, pior ainda,sem engolir, alimentando-se por meio de sonda!

Contudo, a tetraplegia não deveria ocorrer, não fora a atu-al encarnação penoso resgate e feliz oportunidade de reden-ção para o Espírito da criança. Na verdade, houve toda aprecaução. O parto ocorrera em casa de saúde, com interna-ção remunerada. O meu confrade atribui a desgraça à displi-cência ou à negligência. Mas, como ele sabe, espírita que é, aprópria displicência ou a negligência, no caso, não foi jogodo acaso. Porque, como ele sabe, se, porventura, o Espíritoora encarnado não devesse atravessar a prova, o Guia res-ponsável por sua encarnação, de comum acordo com os Mes-tres do carma, teria providenciado o retorno imediato aos pla-nos do Além. Não seria permitido, em face da justiça de Deus,sempre inspirada no amor e visando, sempre, ao aperfeiçoa-mento da criatura, não seria permitido um cruel sofrimentoque não estivesse planificado pelos Espíritos protetores res-ponsáveis pela encarnação da menina. Caso contrário, seriainjustificável desvio de provas, por culpa alheia, e, por con-seguinte, um atentado à justiça de Deus — sempre sábia einspirada no amor.

A menina, na verdade, é um Espírito evoluído, que estárealizando um esforço hercúleo para libertar-se das amarrasdo ciclo das reencarnações. Só esta convicção poderá confor-tar os pais. E confortará, porque são espíritas!

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Em Torno da Desigualdadedos Destinos II

a palestra de segunda-feira, depois de ressaltar a dificul-dade, que, à primeira vista, se nos depara, quando ten-

tamos conciliar o poder e a sabedoria de Deus, demonstradasna criação e na manutenção do Universo, com a chocantedesigualdade dos destinos humanos; e depois de rebater asdoutrinas da “predestinação” e da “salvação pela graça”, am-bas supinamente injustas, e, por conseqüência, contrárias aosenso moral, afirmei que somente na doutrina da reencarna-ção se poderia encontrar a solução do magno problema.

Hoje, insistindo no tema, vou focalizar, de outro ângulo,essa grave questão, para mostrar, mais uma vez, que é na pa-lingenesia que está, de fato, a chave do mistério.

Como é notório, o sofrimento terreno, incompatível coma bondade do Criador, tem sido justificado por certa facçãode teólogos como decorrência de hipotético pecado original.

De acordo, pois, com esses especuladores dos mistérioscosmogônicos, todos nós herdamos o crime de Adão e Eva,razão por que nascemos castigados com dolorosas provações.

É possível que tão ingênua explicação satisfaça a certoscorações. Duvido, porém, que se harmonize com os imperati-vos da razão. Com efeito, em primeiro lugar, o que se consi-dera como o crime do Éden faz parte do próprio mecanismo

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da reprodução dos seres humanos. De modo que, se o ato emsi fosse condenável, o responsável não seria Adão nem Eva— seria o próprio Criador! Além disso, se Deus discordasseda inocente aventura do paraíso, certamente não a perpetu-aria, tornando-a lei natural, não só para a espécie humana,como para quase todo o reino animal. De resto, se o ato eracriminoso, além do castigo aos réprobos, deveria o SupremoLegislador erradicá-lo do mundo e não mantê-lo, como fatoimprescindível à reprodução das espécies.

Na verdade, se Deus, como dizem os teólogos, ordenou aohomem que crescesse e que se multiplicasse, e não lhe deuoutro meio de reprodução, é porque, como se diz em lingua-gem bíblica, achou bom o recurso que lhe forneceu. Casocontrário o sexo seria uma aberração; e Deus, que o criou,teria cometido lamentável engano, criando órgãos sem fun-ção, ou melhor — órgãos com função pecaminosa — hipóte-se absurda, porque atenta contra a divina sabedoria.

Contudo, admitamos, para discutir, que Adão e Eva te-nham pecado. Admitamos, mesmo, que tenham cometidoum crime hediondo. Pergunto eu: por maior que tenha sidoesse crime, seria admissível que, Deus, a infinita perfeição,nos castigasse por um delito que não praticamos? Haverá,acaso, no mundo, um juiz tão venal e tão rancoroso, que,não se contentando com a punição do culpado, condene to-dos os seus descendentes? Não, não há. E, se houvesse, seriainternado num hospício, tão absurda teria sido a sentença.Ora, se um juiz, uma criatura falível, seria incapaz de praticarsemelhante monstruosidade, como aceitar que o Criador, aperfeição das perfeições, pudesse decretar tamanha injustiça?

Suponhamos, porém, por um momento, que Deus nosmarca com a dor pelo fato de descendermos de um casal decriminosos. Neste caso, sendo o mesmo o pecado original, élógico que o mesmíssimo deveria ser o destino de todos os

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descendentes de Adão — fato que não ocorreu absolutamen-te. Logo, para aceitarmos que a causa dos sofrimentos terre-nos é o pecado do paraíso, forçados seríamos a admitir queDeus, para um mesmo erro, comina penas totalmente dife-rentes, já que diferentes são os destinos das criaturas huma-nas. Hipótese absurda, como se vê, porquanto fere a justiçadivina, afrontando a perfeição do Criador!

De resto, há, nessa questão, outro ponto nevrálgico. Se,porventura, admitirmos como verdade provada a lenda adâ-mica, isto é, se aceitarmos que, de fato, a humanidade telúri-ca descende de Adão, inegável se torna que, tal descendên-cia se processou pelas leis normais da genética, e, neste caso,só o corpo carnal, e não o Espírito, poderia herdar, à guisa decastigo, uma tara orgânica. Ora, o corpo é matéria, inconsci-ente, e, por conseqüência, irresponsável. Castigá-lo seria, pois,uma incongruência. Não se compreende, portanto, comopode a humanidade herdar, por meio da hereditariedade, asconseqüências do crime de desobediência a Deus praticadopelo casal criado. Que herde uma mazela, como a sífilis ouque receba, no corpo somático, um traço dum ancestral, comoa cor dos olhos, por exemplo, ainda vá; mas que herde umpecado, uma falta moral, essa não, já é zombar do sensoalheio!...

De mais a mais os teólogos, que inventaram o pecado ori-ginal, afirmam que Deus cria os Espíritos na ocasião em quedevem nascer. Ora, como nascem crianças a cada momento,evidente se torna que Deus cria incessantemente. Assim sen-do, mesmo que houvesse pecado hereditário é claro que osEspíritos criados posteriormente ao crime do paraíso não po-dem responder por um erro ocorrido antes que eles existis-sem!

Por outro lado, se se pudesse admitir que o pecado originalatingiu a humanidade não por via corporal, mas por trans-

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missão de Espírito a Espírito, chegaríamos à conclusão de quenossos Espíritos nada mais são do que partículas do Espíritode Adão, ou de Eva, e, por conseguinte, nós não seríamos,realmente, uma “criação” de Deus, e sim uma emanação daalma de um dos dois primitivos habitantes do Éden. Criaçãode Deus seriam, apenas, os Espíritos do casal edênico. Nós,não: — não passaríamos de um subproduto da cissiparidadeanímica dos dois Espíritos primitivos, o de Adão e o de Eva.Só assim, seria possível herdarmos, em nosso Espírito, a má-cula moral dos criminosos do paraíso. Mas, como essa espéciede partenogênese espiritual é impossível, e, além disso, aten-ta contra a divina eqüidade, força é inferir-se que a herançado pecado original é, de todo em todo, inadmissível.

Afastada, pois, a explicação teológica, resta-nos, no en-tanto, o recurso da Filosofia Espírita, que esclarece, racional-mente, o mistério da diversidade dos destinos.

De fato, de acordo com a cosmogonia espírita, todos osEspíritos são criados exatamente iguais — inocentes e igno-rantes. Dotados de relativo arbítrio, todos têm a eternidadepara evoluírem e conquistarem a perfeição — única trilhaque os leva, finalmente, à eterna felicidade. Inocente e igno-rante, é claro que o Espírito, em seu secular ciclo evolutivo,vivendo muitas vidas e habitando, sucessivamente, muitosmundos, irá acumulando méritos e deméritos, ora praticandovirtudes ora cometendo erros, de toda forma adquirindo ex-periência e enriquecendo-se com valores eternos — o sabere as virtudes.

De acordo com tal concepção, pois, estão presentementeencarnados, na Terra, Espíritos nos mais diversos graus deevolução. Uns, vindos de mundos piores do que o nosso, aquiprincipiam a encarnar, como prêmio pelo aproveitamento quetiveram. Encarnam, entretanto, como silvícolas antropófa-gos. Outros, prestes a libertarem-se deste planeta, são sábios e

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filantropos. Todos, porém, desde o primitivo, perdido nosconfins das selvas até o gênio e o benfeitor da humanidade,têm erros a resgatar e méritos a conquistar, e, só por isso, estãoencarnados na Terra.

Ora, se os Espíritos aqui encarnados são diferentes, distin-guindo-se entre si pela inteligência, pelo caráter e por nume-rosos fatores psicológicos — tudo se deve ao esforço que cadaqual empreendeu, no passado, para a aquisição dos valoresespirituais; e se, ao encarnar, muito diversas são as faltas co-metidas noutras vidas e as necessidades de reparação imedia-ta, claro que os destinos humanos, sobre serem sobrecarrega-dos de sofrimentos, deverão ser, outrossim, muito desiguais —tão desiguais quanto desiguais são os méritos e os deméritosde cada um, na oportunidade de voltarem a este mundo, paraa completação do ciclo evolutivo, em busca da eterna felici-dade.

Seja como for, porém, ninguém sofre por culpa de outrem.Cada qual responde por si mesmo. Todo homem é, atualmen-te, o produto de si mesmo, porque seu destino é a resultantede todas as energias que movimentou, ora para o bem orapara o mal. Movimentadas para o mal, mais cedo ou maistarde, causar-lhe-ão sofrimento e remorso; movimentadas parao bem, custe o que custar, um dia, dar-lhe-ão grande felicida-de. Se praticar constantemente o bem, rápido será o progres-so, escapando às encarnações dolorosas; mas se, dominadopor paixões, se demorar no crime, agravará suas provas, en-carnando nas piores posições sociais. Mas, de qualquer modo,não estará perdido, podendo recuperar-se quando o quiser,de vez que terá, diante de si, a eternidade, e, como oportuni-dade de regeneração, incontáveis encarnações em mundosincontáveis, dentro de um Universo infinito regido pela infi-nita bondade de Deus!

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Em Torno da Desigualdadedos Destinos III

ontrastando com as conquistas da Ciência, os prodígiosda tecnologia e o esplendor de nossa civilização, o eter-

no problema do sofrimento humano, agravado, espiritualmen-te, pela incógnita da desigualdade dos destinos, permaneceinsolúvel a desafiar a cultura e a capacidade de realização dohomem. E, ainda que, mediante a mobilização de todos osrecursos científicos e técnicos e a mútua ajuda de todos oshomens, miraculosamente arregimentados por sincera con-fraternização mundial, pudessem ser prontamente elimina-dos do planeta os sofrimentos materiais, restariam, ainda, nocoração e na consciência, os sofrimentos morais, mais cruci-antes, muitas vezes, do que as privações materiais e as doresfísicas!

Afastadas as hipóteses materialistas, que não satisfazemnem à razão nem ao sentimento, existem, para justificar osofrimento humano, diversas explicações, formuladas, umas,por pensadores e filósofos, e outras, por diferentes crenças ereligiões.

Contudo, para ser válida, à luz da razão, terá de a explica-ção, conciliar os excelsos atributos divinos do Criador com achocante injustiça da desigualdade dos destinos de suas cria-turas. De fato, em hipótese nenhuma, Deus poderá ser tão

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arbitrário que, sem atentar nos méritos e nos deméritos decada criatura, conceda destinos tão antagônicos aos habitan-tes da Terra! Se, sem causa justa, Deus criasse criaturas for-mosas ao lado de criaturas congenitamente aleijadas; se desti-nasse, arbitrariamente, certos homens à glória e outros à de-gradação social; se concedesse, sem motivo, a uns a felicidadede nascerem milionários, cercados de todo conforto material,e a outros condenasse à miséria e à fome, desde o nascimen-to; se Deus, todo-poderoso, como é, podendo criar o homemfisicamente perfeito e moralmente feliz, preferisse utilizar oseu incalculável poder, para criar seres humanos deformados,miseráveis e massacrados por terríveis sofrimentos, certamen-te, não nos inspiraria nem confiança, nem amor — só nospoderia causar temor, senão terror, pânico!

Entretanto, onipotente e onisciente, como nô-lo mostrasua portentosa criação — o Universo, Deus jamais se torna-ria tão mesquinho e tão cruel, que, ao arrepio de toda justiça,destinasse os homens às mais díspares situações terrenas. Pormais prevaricador que fosse, qualquer juiz terreno, haveria detitubear, se se visse na contingência de premiar indivíduossem méritos ou de condenar réus sem delitos. Ora, admitirque Deus, o criador do Universo, é mais injusto do que umsimples magistrado terreno, é, sem dúvida, a maneira maistorpe de vilipendiar a justiça divina!

Na verdade, se Deus fosse injusto, a vida não teria ne-nhum sentido moral: vícios e virtudes seriam equivalentes,no julgamento após a desencarnação. Julgando arbitrariamen-te, sem critério de justiça, tudo dependendo de caprichosmomentâneos, Deus tanto poderia mandar o virtuoso para oinferno, como o réprobo para o céu! Ora, como tamanhadegradação da justiça divina é absolutamente incompatívelcom a onisciência do Criador, é necessário encontrar umaexplicação racional e justa, não só para o sofrimento huma-

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no, como para a desigualdade dos destinos. Isso porque, aexplicação da origem do sofrimento pela desobediência deAdão, é facécia de teólogo matreiro, que não pode medrarnas mentes emancipadas, infensas a dogmas abstrusos e a pre-conceitos hipócritas. Os que se prezam de saber raciocinar,não aceitam, de modo nenhum, a treta do pecado original,porque atenta contra os mais comezinhos princípios de justi-ça, e, com isso, degrada a Deus.

Aliás, se o pecado de Adão houvesse redundado em sofri-mentos hereditários, como afirmam solertes hermeneutas,deveria haver idêntica padronização para todos os destinoshumanos, pela simples razão de que, sendo a causa do sofri-mento a mesma, os mesmíssimos deveriam ser os efeitos pro-vocados.

Não; a única maneira pela qual se pode admitir, simbolica-mente, o pecado original é através do ciclo das reencarna-ções. Mas, nesta hipótese, ninguém responde por falta alheia— cada qual paga, no destino da futura encarnação, a dívidacontraída com a justiça divina, em anterior existência. Paraisso, as sucessivas reencarnações de cada Espírito estão res-ponsavelmente ligadas, entre si, por sábia lei de causalidademoral, que, mais cedo ou mais tarde, cobra do devedor o res-sarcimento da dívida. Dessa maneira, ainda que demoremséculos, nenhuma infração às leis divinas deixará de ser puni-da, no roteiro das vidas sucessivas. Mas, de toda forma, nomecanismo da reencarnação, ninguém paga por outrem; e asprovações são, sempre, corretivas, para felicidade do própriofaltoso, que, dessa forma, consegue reabilitar-se perante à jus-tiça de Deus, inspirada no amor. Numa palavra — homemsofre para aperfeiçoar-se moralmente, e aperfeiçoa-se para con-quistar a felicidade eterna. Só assim se justifica o sofrimentode criaturas de um Deus infinitamente bom! A teoria da re-encarnação, demonstrada desde o século passado, com fatos

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ostensivos, registrados na literatura espírita, está, atualmente,colocada fora de dúvida, mercê das investigações realizadas,dentre outros, pelo cientista indiano Dr. Banerjee e pelo afa-mado psiquiatra e parapsicólogo norte-americano Ian Ste-venson.

Essa verdade, tão antiga, embora não esteja ainda definiti-vamente firmada no mundo ocidental, muito breve, tornar-se-á irremovível, tamanha é a evidência dos fatos; enquantoque as crenças que a negam, por motivos inconfessáveis, ten-dem, dia a dia, à espontânea deteriorização. Na Índia, inspi-radora da cultura mundial, a lei da reencarnação é conheci-da, há mais de 7.000 anos; e, há cerca de 2.000 anos, o seuensino fora incorporado ao Bhagavad Gita, que, na expressãode um apologista, “é o coração dos Vedas”.

Pois bem, lá está claramente dito por Mestre Krisna; “Eutenho muitos nascimentos; e tu, também, Arjuna.” Mais po-sitivo ainda: “Assim como o homem lança fora uma roupagasta e veste nova, assim também o Espírito encarnado lançafora corpos gastos e veste corpos novos”.

No Budismo, também, a lei da reencarnação constitui umdos princípios básicos, embora o ideal visado seja a libertaçãodo ciclo das reencarnações, mediante a conquista do Nirva-na.

No próprio Masdeísmo, o postulado da plurivivência en-controu guarida, embora com o erro de admitir que, nas futu-ras encarnações, o Espírito torna a reincidir nos mesmos erroscometidos na vida anterior — fato que, se verdadeiro, anula-ria totalmente o valor da palingenesia, de vez que obstaria aevolução dos Espíritos, razão precípua das sucessivas reencar-nações!

Por outro lado, Heródoto já afirmava que, no antigo Egi-to, a pluralidade de vidas era admitida por muitos. Com umadiferença: é que o ciclo das reencarnações não estava adstrito

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à humanidade, descambava para a animalidade. Com efeito,em se tratando de criaturas gravemente faltosas, durante 3.000anos ficavam sujeitas à reencarnação em diferentes animais.Era o ciclo da metempsicose. Mas, terminado que fosse esselongo período de purgação, o Espírito punido voltaria a novocorpo humano.

Embora os fatos não ocorram exatamente dessa maneira,há um fundo de verdade na teoria da metempsicose: é que,como afirma o Neo-espiritismo, milhares de Espíritos sem espi-ritualização, materialistas ou não, ao desencarnarem, estãocom o perispírito tão desprovidos de “fluidos”, que, para per-manecerem, aqui mesmo, no plano terreno, o tempo sufici-ente à retificação de suas errôneas convicções e, ao mesmopasso, para se manterem com equilíbrio psíquico, carecem doadjutório dos fluidos vitais animais ou vegetais. Por isso, quernos animais, quer nos vegetais, há sempre Espíritos faltosos aeles imantados — e não encarnados — por hipnose compul-sória, realizada por Espíritos que trabalham na crosta terrena,em missão de socorro a Espíritos que carecem de um períodode purgação no próprio ambiente terreno.

De resto, a reencarnação não era de todo desconhecidaentre os gregos e romanos. Pelo menos é o que se infere dodepoimento de Virgílio, quando afirma que, após um milêniode estada no Tártaro ou no Elísio, consoante hajam fracassa-do ou vencido nas provas da vida terrena, os Espíritos sãolevados ao rio Létis, “a fim de que, privados de suas lembran-ças, voltem aos planos superiores e conexos, e comecem asentir desejos de tornar aos corpos”.

Como se vê, a despeito dos sofismas dos que, em proveitopróprio, pretendem ocultar a verdade, a lei da reencarnação,postulado fundamental do Espiritismo e de sua versão ampli-ada, o Neo-espiritismo, é absolutamente imprescindível à ex-plicação da disparidade dos destinos e do sofrimento huma-

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no. Acresce, ainda, a circunstância de que a lei da reencar-nação não foi inventada por nenhuma criatura terrena —desde o princípio, na Índia, no Egito, na Caldéia, na Pérsia,por toda parte em que houve autênticos “iniciados”, a reen-carnação, sempre fez praça dos ensinos “secretos”, ministra-dos por Espíritos missionários, que nunca deixaram de comu-nicar-se com nosso planeta, porque sempre desejaram ampli-ar a revelação divina, à medida que a humanidade progridepara entender e valorizar os novos conhecimentos.

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Enigma do Destino Humano

humanidade vive, atualmente, uma época de glórias ede paradoxos. Glórias pelas assombrosas conquistas da

Ciência; paradoxos pelos chocantes contrastes dos destinoshumanos.

Mercê de prodigiosa tecnologia, o homem está conquis-tando não só a terra, como o mar e, até, o espaço. Do pontode vista utilitário, o cientista moderno é um semideus, quegoverna a Natureza, senhor de suas leis! O homem tem mai-or longevidade, melhor saúde e muito mais conforto materi-al.

Sem embargo, continua infeliz, angustiado com a expec-tativa de um futuro incerto. O seu maior enigma é o seu pró-prio destino. Sabe muito sobre o mundo que o cerca e, nãoobstante, ignora-se a si próprio. Não sabe de certeza certaquem é, donde veio e para onde vai. Sabe, apenas, que nas-ceu e que vai morrer.

O materialismo científico preocupa-se, tão só, com o as-pecto objetivo da personalidade humana. Não devassa o fa-tor transcendental da vida. Satisfaz-se com a hipótese de quefatores circunstanciais aproximaram substâncias minerais,gases, calor e radiações em interações que redundaram namolécula orgânica. Pesquisadores contemporâneos, comoOparin, Ponnamperuma, Sagan, Miller, Schramm e Fox es-

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tão construindo, no Laboratório, os tijolos da vida. E é pro-vável que, obtida a síntese de moléculas protéicas, os sábiosestejam imaginando que proscreveram o Criador! Na verda-de, nesse esquema, o próprio homem é, todo inteiro, um sub-produto da evolução da matéria e da seleção natural. E a ra-zão está com Lamarck, com Darwin, com Haeckel... Não hálugar para o Espírito. Pensamento, imaginação e raciocíniosão epifenômenos ligados aos impulsos elétricos dos neurôni-os do diencéfalo e da cortiça cerebral. Emotividade, joguetede hormônios. Sentimento, produto da físico-química celu-lar!

Contudo, para gáudio dos espiritualistas, o ponto de vistada Ciência é, nesse particular, unilateral e provisório. Unila-teral, porque restrito ao campo da matéria; provisório, por-que, com o progresso de novas técnicas, a Ciência, fatalmen-te, entrará em contato com o homem transcendental: com-provará a existência do Espírito no homem encarnado ou —quem sabe? — a sobrevivência do homem nos Espíritos de-sencarnados...

De toda maneira, enquanto a Ciência avança, é curial que,os que buscam uma explicação mais profunda para a vida e overdadeiro sentido do destino humano, recorram à Filosofiae à Religião. É natural que, preterido nas melhores intençõesou torturado por cruéis provações, o homem, desarvorado eaturdido, perquira o sentido moral do destino humano. Écompreensível que, no desespero, o homem se interrogue:afinal quem sou eu? Donde vim? Para onde irei, quando mor-rer? Como é notório, para tais perguntas, há muitas respostas.

Contudo, nenhuma religião ou filosofia dará respostas tãoclaras, tão objetivas e tão racionais quanto a Doutrina Espíri-ta. Para comprová-lo, basta analisar as diferentes hipótesesadmitidas. Há uma corrente de pensadores que afirma queDeus criou Espíritos em diversos níveis de perfeição — desde

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os demônios até os arcanjos. Quanto ao Espírito do homem,esse foi criado para unir-se ao corpo carnal, com o qual cons-titui um todo psicossomático indissociável. A própria mortenão produz senão efêmera dissociação, de vez que, no fim dostempos, o corpo ressuscitará para a reconstituição do homemintegral. No interregno entre a morte e a ressurreição do cor-po, há um primeiro julgamento; depois da ressurreição, have-rá novo julgamento, a fim de que o Espírito sofra, como ocorpo, os erros que cometeu por causa do corpo. Na estruturadessa Cosmogonia, há outros postulados. Mas os citados jábastam para rápida comparação com a Cosmogonia Espírita.De fato, nota-se imediatamente a parcialidade do Criador. Adiferença das criaturas não obedeceu a critério de Justiça. Es-píritos puros e Espíritos impuros foram criados arbitrariamen-te. Nessa hipótese, Deus poderá ser infinitamente poderoso,mas, em compensação, é infinitamente injusto. E isso é hor-roroso, porque elimina toda segurança de justiça no futurojulgamento!

Sem embargo, a injustiça, não pára aí. Há criaturas huma-nas com corpos e destinos totalmente diferentes. Além dadiversidade de sexo, há corpos formosíssimos ao lado de cor-pos mutilados. Há organismos sadios lado a lado com organis-mos corroídos por doenças cruéis. Há raças diferentes, dife-rentes situações sociais, diferentes posses financeiras e desti-nos inteiramente diferentes!

No entanto, se todos são filhos do mesmo Criador e senenhum possuía méritos ou deméritos que justificassem raci-onalmente a diversidade de sortes, é evidente que o destinohumano está marcado por flagrante injustiça.

De resto, a própria vida não teria finalidade, porque hácrianças que nascem mortas. Conseqüentemente, a encarna-ção teve apenas a duração da vida intra-uterina! Esses Espíri-tos não viveram a vida terrena e, por conseguinte, não con-

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quistaram méritos, nem adquiriram deméritos para julgamen-to post-mortem. Para onde irão? Para o céu? Errado. Para oinferno? Errado. Para o limbo? Erradíssimo! E para os queviveram na Terra, por que dois julgamentos? Se Deus é onis-ciente, não erra. O primeiro julgamento basta. De resto, comcorpo ou sem corpo, quem erra é o Espírito, porquanto amatéria não pensa, não deseja, não toma nenhuma iniciati-va. O Espírito é que erra, quando usa o corpo abusivamente.Logo, julgar primeiro o Espírito e, mais tarde, o Espírito como corpo ressuscitado, não seria prova de sapiência — seriaparadoxal incongruência! Incongruência tão absurda quan-to a ressurreição de corpos reduzidos a átomos dispersos nasmoléculas de mil outros corpos da Natureza. E, de toda for-ma, essa justiça, além de não satisfazer aos anseios humanos,contribuindo para que Deus fosse temido ao invés de amado,ainda agravaria o problema do destino e do sofrimento dohomem na encarnação terrena.

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O Sofrimento é Necessário

as milhares de cartas, que me são enviadas, mensalmen-te, de todos os recantos do Brasil, há apelos dramáticos

para a ajuda do Espiritismo, com a tácita confissão da falênciade todos os recursos da Medicina e da Religião! Na maioria,são catástrofes inesperadas, que conturbaram o quadro emo-cional do lar flagelado. De tal sorte que a descrição do quadrocompungente vem sobrecarregada com impropérios de de-sespero e, até, com acrimoniosas diatribes contra Deus!

Como se depreende, a exasperação origina-se da incom-preensão da finalidade das provações terrenas ou do errôneoconceito de Deus. A Filosofia Espírita, pela grandiosidade desuas concepções acerca do Criador e do Universo, e, sobretu-do, pela racionalidade de seus postulados e pela lógica comque justifica a desigualdade dos destinos e a necessidade dosofrimento, dá ao homem inestimável estímulo para lutar emprol de seu auto-aperfeiçoamento, com maior capacidade desuportar o sofrimento, porque lhe incentiva a coragem e lheincrementa a resignação.

Todavia, o Espiritismo não pode ultrapassar os limites dosdivinos desígnios e sustar provações imprescindíveis à aquisi-ção de valores espirituais, necessários à evolução do Espíritoencarnado.

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No concernente às curas “milagrosas”, força é confessarque não é apanágio do Espiritismo, embora as verdadeirascuras supranormais, ocorram em que religião ocorrerem, se-jam, sempre, trabalho oculto dos Espíritos. Quer se processenum Centro Espírita ou numa Igreja ou na gruta de Lourdes,a cura “milagrosa” é provocada pelos Espíritos protetores dasreferidas crenças.

Com efeito, pelo fato de desencarnar, o Espírito não mudaimediatamente de convicção religiosa. O católico, o protes-tante, o espírita, todos permanecem com os mesmos pontosde vista. A única diferença é que o espírita, pelo fato de teradquirido sua convicção em contato direto com o Além, levapara o lado de lá um conhecimento muito mais perfeito epouco terá de retificar; ao passo que o católico e o protestan-te, imbuídos de idéias anacrônicas e obnubilados por dogmasabsurdos, serão forçados à profunda correção em suas opini-ões. Isso, porém, quando merecerem uma evolução maior. Atélá, no entanto, continuarão a professar as mesmas crençasque levaram da Terra; e, por isso, lutarão pela conquista deprosélitos. Conseqüentemente, realizarão curas “milagrosas”e darão outras provas capazes de converter os descrentes. Eeste zelo é compreensível. Quem evoluiu numa religião, de-seja propalá-la, esteja encarnado ou desencarnado. E na ver-dade, toda religião poderá ser útil, na medida em que estimu-le o profitente a aperfeiçoar-se moralmente. Nenhuma, po-rém, possui conhecimentos tão profundos a respeito do MundoEspiritual quanto a Doutrina Espírita. Nem existe outra queconte com tão decisivo apoio dos habitantes do Além, por-que o Espiritismo é o próprio Mundo Espiritual em ação! Daío maior amparo moral e material que dá. Tudo, porém conso-ante o merecimento de cada um. Não basta, pois, chegar aoEspiritismo para obter: é preciso merecer. Vale dizer: pautar osatos de acordo com os ensinamentos da Doutrina Espírita,

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que se inspira na mais pura moral, a mesma que inspirou Budae que inspirou Jesus!

Por outro lado, a revolta contra os desígnios do Criador é,em grande parte, resultante da concepção antropomórfica deDeus, difundida pela maioria das religiões. Sete séculos antesda encarnação de Jesus, um profeta hebreu — Isaias — depermeio com algumas tolices que propalou, colocou na bocade Jeová a seguinte admoestação: “De que me serve a mim amultidão dos vossos sacrifícios? Já estou farto de holocaus-tos... Não continueis a trazer vãs oblações... tirai de diante demeus olhos a maldade de vossas ações... aprendei a fazer obem, procurai o que é justo.” Entretanto, ainda hoje, há pes-soas que imaginam poder forçar a justiça divina, comprandoDeus com óbulos ridículos, com promessas estultas ou comparvas penitências! E quando não são atendidas, revoltam-secontra o Criador!

Sem embargo, se soubessem que, muitas vezes, na prova-ção que desejam sustar, está o remédio providencial para asmazelas da alma, certamente não se rebelariam contra Deus.A verdade, porém, é que a justiça de Deus somente à luz dalei da reencarnação poderá ser compreendida.

Para argumentar, destaco, entre mil outras, uma carta deum senhor do Rio Grande do Sul — Porto Alegre. Calculo oseu sofrimento, pois sofrer por um filho é sofrer duplamente.Nasceu-lhe o primogênito, com glaucoma congênito em am-bos os olhos. Com um ano, foi operado por conceituado es-pecialista. Agora com a idade de seis anos, já perdeu a visãodo olho esquerdo; e não se sabe por quanto tempo perduraráa pouca visão que possui, atualmente. O drama é cruciante,porque o prognóstico é sombrio. Contudo, restam esperançase eu, de mim, fiz o que pude fazer: orei pelo menino e pelafamília. Apelei para a ajuda dos médicos dos planos espiritu-ais da SEPE. Se for permitido suavizar a prova, aceita pelo

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menino antes de reencarnar, certo grau de visão será preser-vado. Tudo depende do carma, das faltas do passado. Porqueé muito melhor permanecer cego na Terra e conquistar a vi-dência do Mundo Espiritual, do que enxergar neste mundo epermanecer cego no outro! Foi por isso que, duma feita, in-terrogado pelos discípulos sobre quem errara no caso de umcego de nascença, se ele próprio ou se seus pais, Jesus, emborafugindo a explicações comprometedoras, respondeu que o cegoassim nascera para que nele brilhassem as obras de Deus.Aparentemente, nada mais paradoxal. Mas, à luz da reencar-nação e da lei de causalidade moral, que liga, entre si, todasas sucessivas vidas de cada indivíduo, logo se compreendeque o referido cego era Espírito contumaz no erro e que, sevisse, novamente erraria cobiçando tudo o que noutros visse,roubando talvez ou quiçá, matando! Nessas condições, seriamelhor não ver para não errar e, mediante a provação, con-quistar valores para a vida espiritual, do que arriscar-se a ou-tro fracasso. De toda forma, a finalidade da prova seria o aper-feiçoamento do Espírito e, conseqüentemente, a conquistada felicidade — única maneira pela qual poderiam brilharnele as obras de Deus!

De resto, há cegos que, em encarnações anteriores, cega-ram, por maldade, criaturas indefesas. Aqui mesmo, no Bra-sil, houve senhores que vazaram olhos de escravos! Ora, é daLei que cada um receba de acordo com suas obras. E, maiscedo ou mais tarde, a dívida terá de ser paga “até o últimoceitil”, como dizia Jesus.

Mas, de toda maneira, a justiça de Deus é proporcional aoamor de Deus. A finalidade do sofrimento é a lapidação dapedra bruta, que é o nosso Espírito, no brilhante que seráfuturamente, graças às experiências adquiridas em múltiplasencarnações, através dos mundos incontáveis, que rodopiamvertiginosamente no Universo incomensurável.

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Lei da Reencarnação

omo é notório, a lei da reencarnação constitui um dosprincípios basilares da Doutrina Espírita.

De acordo com esta lei, Deus criou, cria e criará, eterna-mente, todas as criaturas humanas exatamente iguais, isto é,no mesmo nível de ignorância e de inocência e dotadas deidênticas faculdades espirituais; todas, porém, em estado la-tente, como energia potencial, que cada qual deverá desen-volver pelo esforço próprio, valendo-se de relativo livre arbí-trio e escalando numerosos planos evolutivos, até atingirema perfeição, e, com ela, a eterna felicidade. Felicidade e per-feição que não se conquistam, portanto, em virtude dumagraça excepcional, por uma proteção iníqua, em detrimentoda imparcialidade divina e com a subversão total dos maiscomezinhos princípios de justiça e de ética, mas, ao contrá-rio, que só se alcançam numa luta diuturna, incessante, obs-tinada, pela conquista desses formosos ideais — batalha titâ-nica, que se processa durante muitos séculos, no decorrer denumerosas encarnações, através de longas caminhadas nes-ses mundos incontáveis que constituem o Universo infinito,e que nada mais são, na realidade, do que admiráveis escolaspara a evolução dos nossos Espíritos, onde, passo a passo, va-mos adquirindo todo o saber e toda bondade que nos leva-rão, um dia, a todos nós, sem exceção alguma, à deslumbran-te presença de Deus!

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De modo que todas as vidas encarnadas ou desencarnadasduma mesma criatura são solidárias entre si, sendo a vida pre-sente uma decorrência lógica das vidas pregressas, como afutura vida será, fatalmente, uma conseqüência inevitável dasvidas passadas mais a vida atual.

Como facilmente se infere do exposto, dentro desse regi-me de justiça indefectível, não há lugar para intermediários,que exploram, em causa própria, o mercado de pseudo-sen-tenças divinas. Não! Como Jesus proclamou há dois mil anos,a lei sempre foi: “A cada um segundo suas obras”. Vale dizerque: cada qual colhe o que semeia. Noutros termos: nós so-mos os arquitetos de nosso destino, de nossa felicidade, por-que só de nós, de nosso pensar e do nosso proceder, depende-rá o futuro que nos aguarda, a posição que ocuparemos nesteou noutros mundos. Conseqüência: cuidemos, a todo instan-te, de aprimorar nossos espíritos, para que, na próxima vida,seja ela no plano espiritual, destituídos do corpo carnal, sejana vindoura encarnação, aqui, na Terra, nossos sofrimentosse tornem mais suaves do que os atuais.

Como não nos dá a menor esperança de podermos contarna Vida Espiritual com o pistolão de quem quer que seja, a leida reencarnação, longe de servir de estímulo ao erro e aocrime, induz-nos à convicção de nossa indeclinável respon-sabilidade no planejamento de nossa futura posição social,neste ou noutro planeta habitável, assim como nos entrega,em nossas próprias mãos, as chaves que nos abrirão as portasdos diversos planos da Vida Espiritual. E lá, não teremos ou-tros juizes senão nossa própria consciência, que não nos dei-xará atribuir a outrem a culpa que nos cabe, pela imprevidên-cia com que, por ventura, tenhamos encarado nossos deveresespirituais e pelo menosprezo com que esbanjamos em praze-res efêmeros e em atividades fúteis a divina dádiva duma en-carnação redentora.

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Pelo fato de não haver penas eternas, não deixa de haversanções justíssimas e sofrimentos cruéis. Com uma diferençaapenas — os sofrimentos são passageiros, pois duram, tão so-mente, o tempo necessário à correção do prevaricador, de vezque Deus, infinitamente bom, como forçosamente tem de ser,não poderia proceder pior do que o pior dos homens, pois pormais bárbaro que fosse, não suportaria contemplar passiva-mente a interminável flagelação, o martírio eterno dum filhopor pior que seja!

Também não procede a alegação dos que, por incompre-ensão, acusam a teoria da reencarnação de estimular os ho-mens ao erro, pois muitas pessoas, dizem eles, não queremoutra coisa senão a vida terrena, embora com seus prazeresilusórios, efêmeros, e que, quase sempre redundam em tre-mendas decepções, quando não em sofrimentos cruciantes.

Contra tal alegação, basta se atente no fato de que, pelalei de casualidade moral que regula as reencarnações, o indi-víduo que errar, voluntariamente, com o fito deliberado devoltar à Terra, pátria de seus prazeres, não regressará aqui,primeiro que tenha justificado perante às leis divinas o tempoque perdeu em detrimento de seu progresso espiritual, e, quan-do reencarnar, não nascerá em berço de ouro para gozar vidade nababo, mas virá, certamente, onerado com gravíssimosresgates dum passado perdido e arrostará dolorosa provaçãoem penosíssima situação social. Não há, portanto, motivo paratemor. A lei da reencarnação é profundamente moralizadora.

Outro argumento que não vale é o de que: se a reencarna-ção fosse verdade, nós nos deveríamos lembrar de nosso pas-sado. Para início de conversa, nossa memória é tão falha quenão nos lembramos de largo período desta mesma vida queestamos vivendo presentemente, pois, ignoramos, inclusive,tudo o que conosco se passou durante os primeiros anos devida. Não obstante, pelo fato de nada recordar-se dos fatos

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ocorridos no primeiro ano de vida, ninguém se lembra decontestar que tenha vivido este período nebuloso para suamemória.

Um fato, porém, posso adiantar desde já: se nos fosse dadorecordar inteiramente nosso passado, com suas quedas, seuserros, seus crimes, mesmo, e, conseqüentemente, seus sofri-mentos nos planos espirituais, primeiro, e, depois, aqui mes-mo, neste mundo, na posição de degradados sociais, atraves-sando necessidades de toda ordem, para resgatarmos um pas-sado errado e, ao mesmo passo, adquirirmos virtudes novas;se tal recordação nos fosse concedida, ao invés de facilitarnosso progresso, estaríamos, a cada momento, apavorados comas possíveis conseqüências de nossas ações, tolhidos, muitasvezes em nossa liberdade, sem sabermos como deveríamos usaro relativo arbítrio de que podemos dispor. Em suma — emvez de facilitar, dificultaria nossa evolução espiritual.

O caso que passo a relatar é bem elucidativo, pois a sim-ples memória parcial de determinada fase duma encarnaçãoanterior já causou sérios aborrecimentos, não só à pessoa quese recorda, mas também à nova família, que de nada poderiarecordar-se. Vejamos.

Refiro-me à jovem Shanti Devi, atualmente com 12 anos,que há anos, esteve em foco, em virtude duma reportagem deLa Presse Magazine e de cujo caso se ocupou a Revue Spirite,relíquia de nossa Doutrina, pois foi fundada pelo Mestre AllanKardec.

Resumidamente o fato é este: desde três anos, mal princi-piou a se expressar correntemente, Shanti Devi passou a afir-mar, reiteradamente, que ela não era Shanti Devi sim An-ned, esposa de abastado negociante de fazendas, residenteem Mutra, que dista cerca de 200 km de Deli, cidade ondenascera e da qual nunca se afastara.

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É de calcular-se a admiração dos pais da menina, gentehumilde, da casta dos trabalhadores, quando, pela primeiravez, ouviram de seus lábios infantis esta tremenda revelação:“Eu me chamo Anned e moro em Mutra; meu marido é Ah-med Lugdi, negociante de tecidos, e eu quero vê-lo!”

A princípio, tudo pareceu devaneio infantil. Mas, dia adia as assertivas da menina tomaram o caráter de verdadeiraidéia fixa e, gradativamente, sua história foi-se enriquecendocom impressionantes minúcias...

Se, por exemplo, a mãe preparava a alimentação, a meni-na, com espantosa naturalidade, afirmava: “Em Mutra, meumarido exigia que o arroz fosse cozido em recipiente de co-bre.” E prosseguia a descrever fatos íntimos da vida conju-gal...

A família, paciente a começo, principiou a preocupar-secom as mentiras da menina. Principalmente porque de nadavaleram argumentos e ameaças. Ao contrário, quanto maiora reação, mais obstinadamente a menina afirmava: “Eu souuma senhora casada; meu marido mora em Mutra; quero vê-lo!” Nesse estado de espírito permaneceu a menina até ossete anos, quando, inesperadamente, a situação se agravou. Éque, criada no Budismo, a menina começou a revelar, inex-plicavelmente, grande conhecimento da religião maometa-na e a descrever, impressionantemente, os rituais muçulma-nos, tais quais, no seu dizer, se efetuavam em seu lar, em Mu-tra, quando esposa de Ahmed.

O desespero dos pais era grande, pois não podiam suportarque sua filha se dissesse esposa de um muçulmano! E comonão puderam ocultar, por mais tempo, o que consideravamvergonhosa “tara” da filha, levaram-na a um médico.

Muito interessado no problema, o esculápio solicitou aospais deixassem a menina permanecer um mês em seu lar, sobsua constante observação clínica. Conforme seus próprios pais

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já haviam observado, Shanti Devi era normal e, até, um tan-to acima do normal, em tudo, exceto no concernente ao mis-terioso “romance” de Mutra — tal a conclusão do clínico. E,por isso mesmo, o médico quis tirar a limpo este caso.

Feitas todas as investigações possíveis, o clínico chegou àsseguintes conclusões: 1) Nem os pais nem a menina jamaishaviam ido a Mutra; 2) Os pais de Shanti não conheciamninguém que houvesse morado em Mutra, nem nos seus ar-redores; 3) Nunca se falou à menina acerca daquela região,também desconhecida por seus pais; 4) Descobriu-se, de fato,em Mutra, abastado comerciante de tecidos, chamado Ah-med Lugdi, que enviuvara em 25 de outubro de 1925 e cujaesposa, morta, jovem ainda, se chamava Anned!

Pois bem; senhor desses fatos, o médico pediu auxílio deoutros colegas versados em metapsiquismo e em parapsicolo-gia. Foi nomeada, em conseqüência, uma comissão de inves-tigação, que solicitou a presença do negociante Ahmed Lug-di, de Mutra, na cidade de Deli, onde se encontrava aquelacriança, que afirmava ser a reencarnação de sua falecida es-posa.

Atendido o convite, foi feita a seguinte experiência: a co-missão colocou o velho Ahmed no meio de um grupo, cons-tituído por indivíduos de diversas idades; em seguida, semqualquer explicação prévia à menina, introduziram-na na sala.Diante do assombro de todos os presentes, Shanti Devi, semtergiversar, correu em direção ao negociante, enlaçando-onum prolongado abraço e exclamando — “ meu marido, meumarido!”

O mais interessante foi que, depois de alguns momentosde diálogo entre a menina e o negociante, ele se confessouabsolutamente certo de que Shanti era, de fato, a reencarna-ção de sua esposa. E como a menina afirmava que seria capaz

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de reconhecer a casa onde residira, em Mutra, a comissão deinvestigação deliberou transportá-la para lá.

Em chegando àquela cidade, Shanti não só localizou a casaresidencial, como conheceu todos os serviçais “de seu tem-po”, isto é, os que lá trabalhavam quando ela desencarnou,em 1925. Chamando cada um por seu nome, relatando fatosrelativos a cada qual, e, até, particularidades que lhe foramconfiadas, Shanti Devi provou mesmo a todos que era reen-carnação de Anned, a falecida esposa de Ahmed Lugdi.

E são fatos como este que nos dão a certeza da imortalida-de da alma e do seu aperfeiçoamento constante, através demúltiplas vidas, sempre em direção a Deus, nosso bondosocriador e fonte única da verdadeira felicidade!

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Reencarnação —Lei de Causalidade Moral

omo é notório, a palingenesia ou teoria da reencarna-ção é um dos postulados fundamentais da Doutrina Es-

pírita. Só da Doutrina, não: de quase todas as religiões exis-tentes no mundo, exceção feita para o Catolicismo e seu de-rivado, o Protestantismo.

Não é, portanto, uma invenção de Allan Kardec, confor-me imaginam algumas criaturas, que, agrilhoadas aos dogmasterrificantes da Igreja Romana, jamais arejaram seus espíritoscom leituras dos livros sagrados de outros povos. Aliás, noque concerne ao Espiritismo, nada foi criação de um homem:todos os princípios basilares foram revelados através de men-sagens dos Espíritos; por isso mesmo Kardec denominou olivro básico da Doutrina — O Livro dos Espíritos.

Como seu próprio título claramente o indica, os ensina-mentos ali coligidos foram transmitidos ao glorioso fundadordo Espiritismo por intermédio de vários médiuns, todos edu-cados nos princípios do Catolicismo e absolutamente indou-tos em relação aos demais sistemas religiosos. Contrariamen-te, pois, ao que seria de esperar, as mensagens recebidas porintermédio desses sensitivos, vinham derrocar os alicerces daDoutrina Católica, revelando aos homens do século XIX, umDeus verdadeiramente sábio e bom, cuja justiça, embora in-

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defectível, se exerce, sempre, impulsionada pelo amor, e cujafinalidade é o infinito aperfeiçoamento de todas as criaturas,para que todas possam, um dia, desfrutar eternamente as de-lícias de uma vida sublimada, nos planos dos Espíritos perfei-tos.

Com efeito, ao invés da triste perspectiva de uma únicaexistência carnal, finda a qual cada criatura terá seu destinodefinitivo, qualquer que seja o grau de imperfeição em que amorte a surpreenda, os Espíritos vieram ensinar que a evolu-ção de nossas almas é eterna, como eterna é nossa vida; queos diversos planos terrenos são escolas onde nossas almas re-encarnam tantas vezes quantas necessárias para adquirir asexperiências, as virtudes e a sabedoria inerentes a cada pla-no; que, completado que seja o ciclo evolutivo em determi-nado plano, voa nossa alma para outro, mais aperfeiçoado,onde, novamente, reinicia o ciclo das encarnações, até a aqui-sição da perfeição compatível com aquele plano; e, assim,sucessivamente, através dos numerosos planos evolutivos, quese desdobram, infinitamente, dentro do Universo.

De acordo, ainda, com o ensino dos Espíritos todas as nos-sas existências são solidárias entre si; e estão reguladas poruma lei de causalidade moral. De modo que nossa vida atualé um desdobramento natural daquilo que fomos outrora; enossa futura vida será, fatalmente, a resultante daquilo que jáfomos no passado acrescentado ao que estamos sendo na pre-sente encarnação. De modo que somos herdeiros de nós mes-mos na distribuição da felicidade ou da desgraça, que nos tocana vida terrena. Noutros termos — por nossos pensamentose nossas ações, determinamos nosso próprio futuro: somos,portanto, os arquitetos de nossa felicidade. Essa é uma leiuniversal, eterna, divina. Qualquer que seja a religião prati-cada, e mesmo que se não pratique nenhuma, os destinos detodas as criaturas estão indissoluvelmente ligados a esta sábia

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lei de causalidade moral, e, por ela, todos nós chegaremosmais cedo ou mais tarde à perfeição, e, conseqüentemente, àfelicidade eterna.

Desejo, apenas, que meditem sobre as conseqüências mo-rais da reencarnação e que analisem, serenamente, como essasapientíssima lei exalta a bondade e a sabedoria de Deus.Convido-os, para isso, a evocarem, numa visão panorâmica,o chocante contraste dos destinos humanos neste plano devida. Se podemos apontar criaturas que, por suas virtudesmorais e atributos intelectuais, devem ser consideradas comoautênticos sábios, como verdadeiros santos, não podemos, poroutro lado, deixar de reconhecer a presença de muitos des-graçados, arrolados entre criminosos reincidentes, viciadosincorrigíveis, psicopatas de várias categorias, além de menta-lidades primitivas, segregadas no seio das selvas, dominadaspor instintos canibalescos. Por outro lado, em flagrante opo-sição, podemos observar opulentíssimas fortunas a afrontar, acada passo, os mais repugnantes espécimes da indigência, dadegradação social, da mendicância desvalida. Também ob-servamos criaturas dotadas de corpos tão perfeitos que se nosafiguram verdadeiras obras-primas de estatuária. Mas, em com-pensação, abundam por toda parte os exemplares de repulsi-va fealdade, quando não de asquerosa monstruosidade. Alémdisso, surgem aqui e acolá crianças-prodígios, que, sem esfor-ço, sem estudos, sem mestres, se nos revelam primorosos artis-tas ou demonstram invejável intimidade com certos segredosdas Ciências naturais ou da Matemática, enquanto outrascriaturas lutam a vida inteira e nunca ultrapassam as raias damediocridade ...

Explicar fatos dessa ordem com fatores exclusivamentebiológicos é um atentado ao senso moral; justificá-los pelashipóteses da predestinação e da graça é escarnecer da justiçadivina.

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Na verdade, a única explicação racional para a diferençados destinos, aqui, na Terra, é a que nos dá a lei da reencar-nação. Por tal lei, o selvagem de hoje é um Espírito atrasado,que, vindo de um plano inferior ao nosso, onde adquiriu omáximo de perfeição que lá pôde obter, principiou, agora, ociclo terreno, encontrando-se, por conseguinte, comparati-vamente à perfeição do homem civilizado, como a criançaem relação ao adulto. Com o decorrer do tempo, à medidaque se submete a sucessivas encarnações, vai, pouco a pouco,adquirindo todas as virtudes que se podem conquistar nas li-des diárias deste planeta. Da mesma forma, o pobre de agoraé um Espírito que ainda não pode suportar, sem grave perigode degradação, as tentações que a riqueza oferece; e o rico,que nasceu na abastança, que jamais sentiu as agruras dasnecessidades ou é um Espírito que, por seus méritos, demons-trados em vidas passadas, já está em condições de movimen-tar o dinheiro em benefício de sua evolução espiritual, ampa-rando, com seus sentimentos filantrópicos, os que dele vie-rem a necessitar ou que movimentam seu capital na posiçãode humildes operários ou, então, é um Espírito de certa evo-lução, mas, sistematicamente, revoltado contra as provas depobreza e que, para ser experimentado, encarna em situaçãode abastança. E é fácil distinguir praticamente um do outro.O que já pode manipular o dinheiro sem prejudicar seu Espí-rito, distingue-se pelo desprendimento com que ampara seussemelhantes, seja pessoalmente, seja em obras sociais; o ou-tro, o rebelde contra a indigência, se manifesta no rico usurá-rio, gozador e egoísta, que só mobiliza seu dinheiro em pro-veito próprio. Este será, fatalmente, o mendigo de amanhã,aquele que, na próxima encarnação, palmilhará as ruas dacidade a cata duma esmola, aprendendo, assim, em cruel hu-milhação, o valor da fraternidade, que não soube exercer,quando a fortuna lhe sorriu. A criança-prodígio é um Espírito

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de certa evolução, que traz no subconsciente forte reminis-cência duma encarnação anterior. O débil mental de hoje, éo homem inteligente de outrora, que empregou seu talentopara prejudicar seus semelhantes, seja falsificando documen-tos, seja escrevendo obras contra a moral, seja maquinandocrimes tenebrosos. E o cego de nascença é o Espírito cobiço-so, que, em várias encarnações sucessivas, fracassou pela vi-são, desejando, sempre, tudo que via e empregando meiosilícitos para obter os objetos de seus desejos. E assim, sucessi-vamente, para cada caso, a lei da reencarnação nos dá a cha-ve para uma explicação lógica, capaz de conciliar a idéia debondade e de justiça que formamos a respeito de Deus, com adisparidade revoltante dos destinos humanos...

Claro que não tenho a pretensão de imaginar que esgoteio assunto, pois o tema comporta um tratado de fôlego e nãopode ser ventilado senão de relance numa palestra ligeira comoesta.

Todavia, sentir-me-ei muito feliz, se conseguir levar meusouvintes à convicção de que a lei da reencarnação não é tãosomente uma especulação filosófica: há muitos fatos de obser-vação que a confirmam. Eu mesmo já tive oportunidade defocalizar alguns deles. Trago outro, que, embora muito co-nhecido nos meios espíritas, é deveras interessante para serconstantemente debatido.

O fato veio à luz numa revista italiana — Filosofia da Ci-ência, da qual era diretor o Dr. Inocêncio Calderone, atravésduma carta do Dr. Carmelo Samona, que desfrutava bom con-ceito nos meios científicos de sua pátria.

Com rara concisão e serena imparcialidade relatou o Dr.Samona o seguinte: “Em 1910, perdera de meningite, comcinco anos, uma filha — Alexandrina. O desespero de suaesposa foi desmedido, a ponto de temer por sua sanidade men-tal. Três dias depois deste óbito, a mãe sonhou com a meni-

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na, que lhe dizia: ‘Mamãe não chore, eu não te deixei; afas-tei-me apenas de ti, mas voltarei pequena assim...’ E mos-trou-lhe, então, uma espécie de embrião, acrescentando emseguida: ‘Vais começar a sofrer de novo por mim.’ Dias após,o mesmo sonho se reproduziu. Uma amiga da família, impres-sionada com o fato, ofereceu à mãe desconsolada, um livrode Léon Denis, onde se focaliza o problema da reencarna-ção. Contudo, a pobre mãe continuou incrédula. Principal-mente porque, em virtude dum aborto, fora submetida à in-tervenção cirúrgica e, por isso, imaginava que não poderiamais conceber.

Certa manhã, quando se lamentava com o marido, revol-tada contra sua prova e reafirmando suas dúvidas a respeitodo estranho sonho que tivera com a filhinha falecida, ouve-se, de repente, na porta do quarto um barulho esquisito, comobatidas com as articulações dos dedos por pessoas que se que-rem anunciar. Os três filhos do casal, que lá se encontravamna ocasião, ouviram, também, o ruído, tanto assim que, su-pondo tratar-se da chegada duma tia, abriram a porta e excla-maram: ‘Tia Catarina, entre!’ Não era, porém, tia Catarina.Ninguém respondeu ao convite das crianças. Na mesma tar-de, feita uma reunião, com a presença do Dr. Samona, suaesposa, sua sogra e seus dois filhos mais velhos, houve umamensagem tiptológica, por meio de ‘pancadas’ equivalentesàs letras do alfabeto, em que dois Espíritos se manifestaram: oda pequena Alexandrina que se confessou responsável pelaspancadas na porta e o duma irmã do Dr. Samona, falecidahavia vários anos, que se apresentou como Guia da meninarecém-falecida. O curioso é que a linguagem de Alexandrinaera infantil, de acordo com a idade que tinha ao desencarnar.Muitas vezes o Espírito da tia tomava a palavra para explicarpassagens dúbias das mensagens de Alexandrina.

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Durante mais de três meses consecutivos Alexandrina semanifestou, sempre afirmando que voltaria a encarnar na-quele lar e pedindo que avisassem deste fato a diversos paren-tes. Apesar das desconfianças da mãe, essas comunicaçõesforam feitas, e, mais tarde tais pessoas deram atestado públicodo fato. Depois de afirmar que estaria encarnada antes doNatal daquele ano, Alexandrina afirmou que voltaria à Terraacompanhada de uma irmãzinha. Outro motivo de dúvidapara o casal. Não havia, na família dos progenitores, exemplode parto gemelar. Até o quinto mês de gestação perdurou oestado de angústia da pobre mãe, sempre torturada pela dúvi-da. Ela não acreditava na reencarnação, e, além disso, nãosabia como poderia identificar se a futura filha era, de fato,Alexandrina reencarnada. Entretanto, numa das sessões, oEspírito Protetor de Alexandrina afirmara que ela nasceriamuito semelhante ao que fora. Pouco tempo depois, surge oprimeiro indício: o parto seria gemelar, segundo o vaticíniode dois parteiros, os Drs. Cordaro e Giglio. E em 22 de no-vembro, antes do Natal, portanto, a esposa do Dr. Samonadeu à luz a duas meninas, sendo uma delas a reprodução exa-ta de Alexandrina.”

Dois anos e sete meses mais tarde, voltou a público, pelamesma revista o Dr. Samona, para esclarecer que a menina,que recebeu o nome também de Alexandrina, era, com efei-to, o fac-símile de sua falecida Alexandrina. Parecia-se muitofísica e moralmente, pois era dócil como a primeira Alexan-drina, e como ela, muito agarrada à mãe, gostando de brincarcom panos, ficando horas inteiras a alisá-los e a dobrá-los comopara arrumá-los em malas; ou então, ficava de pé, apoiadanuma cadeira, sobre a qual colocava um brinquedo e distraía-se longamente a monologar numa linguagem tatibitate, tudoexatamente como a falecida Alexandrina e muito diferentede sua irmã gêmea, cujo físico e cujo temperamento eram

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muito diferentes. Também, como Alexandrina, costumavabrincar de trocar os nomes das pessoas chamando sua tiaAngelina, de Caterana ou Caterona. E, da mesma forma quea falecida, quando se referia a si própria, tratava-se na tercei-ra pessoa, assim: “Mamãe, Alexandrina tem medo!” — en-fim, física e mentalmente, a nova Alexandrina era a reprodu-ção da primeira Alexandrina, fato que só se explica racional-mente pela lei da reencarnação.

Além disso, há no caso um conjunto de fatos que mutua-mente se reforçam e demonstram a veracidade do sonho pre-monitório da senhora Samona. Assim: a menina nasceu mui-tíssimo parecida com a falecida; o parto foi gemelar; os fetosdo sexo feminino; o nascimento antes do Natal; o tempera-mento e as características psicológicas também coincidiamcom as da menina falecida.

Tudo, portanto, confirma a reencarnação. E como este há,na literatura espírita, muitos exemplos. Portanto, a lei da re-encarnação não é uma simples especulação: é um fato de ob-servação, que nos dá a certeza do destino glorioso que nosaguarda, em época mais ou menos remota — tudo depen-dendo de nosso mérito.

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A Reencarnação nãoé uma Hipótese — é um Fato

s adversários do Espiritismo, quando se lhes garante arealidade da reencarnação, costumam perguntar-nos por

que motivo não nos recordamos, então, das vidas anteriores?Isso, que poderia parecer um argumento de truz, é, com efei-to, fragílima objeção. Realmente, se o fato de não nos lem-brarmos dum período de nossa existência fosse suficiente, porsi só, para eliminar a possibilidade desse trecho de vida, tería-mos de convir que nenhum de nós teve infância, pois não éde crer que alguém se recorde dos primeiros anos, sobretudodos primeiros meses, e, com mais forte razão, dos primeirosdias de vida. Entretanto, apesar disso, todos nós acreditamosque, antes de termos tido consciência de nossa existência, jáexistíamos de fato. Logo, por não nos recordarmos de nossopassado, não se segue que ele não tenha existido. De resto, éde crer que, durante o sono normal, a atividade de nossoEspírito seja muito mais significativa do que pode imaginar a“Psicologia sem alma”. Pelo menos, há centenas, milhares tal-vez, de observações comprobatórias da extraordinária elabo-ração psíquica desenvolvida, em certas pessoas, durante a fasede desligamento dos neurônios para o repouso cerebral. Eupróprio posso dar público testemunho do fenômeno, de vezque, há mais de um quarto de século, venho constatando a

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veracidade dos sonhos de minha esposa. Não são sonhos con-fusos, carecentes de cabalísticas interpretações: são sonhosclaros e reais, onde as cenas se desenrolam tal qual se desen-rolaram a distância, sem que, pelas vias normais, ela ou aspessoas que com ela convivem pudessem ter qualquer notíciado fato; e mais — na maioria das vezes, são fatos que aindanão ocorreram quando sonhados, mas que, posteriormente,aconteceram exatamente conforme foram “vistos” no sonhopremonitório! Como se infere, o Espírito não fica inativo du-rante o sono. O que acontece é que a imensa maioria, aodespertar, se esquece de tudo. Mutatis mutandis é o que ocorreno sono hipnótico. Via de regra, ao despertar do transe, o“sensitivo” não se recorda, absolutamente, de nada que fezdurante a hipnose, por mais emocionantes que sejam as ce-nas que o hipnotizador o tenha feito viver! Portanto, em prin-cípio, a amnésia das vidas anteriores, não é argumento depeso contra a teoria da reencarnação. Além disso, bem anali-sadas as coisas, compreende-se que o esquecimento do passa-do é uma dádiva divina, visando o progresso do presente.Com efeito, a recordação não traria benefício nem aos queforam felizes, quanto mais aos que foram desgraçados! Supo-nhamos um rei de outrora, encarnado, agora, na posição demendigo, porque malbaratara o erário público em orgias eextravagâncias de toda sorte, sacrificando súditos miseráveise levando a nação à bancarrota. Suportaria ele a miséria atu-al, se se lembrasse do fausto de antanho? Não! Certamenteiria ao suicídio, com agravação das futuras provações... E oque fora torturado pelo destino em anteriores encarnações,teria maiores probabilidades de progresso se, porventura, serecordasse do passado? Não! Lembrando-se, a cada passo, dosofrimento que o acompanhou na Vida Espiritual, e temen-do, a cada momento, que os atos agora praticados, muitosdeles tolerados senão elogiados pela sociedade, viessem a re-

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dundar em futuros sofrimentos, perderia a iniciativa, e, aco-vardado, não desenvolveria suas atividades terrenas, tolhidono progresso pelo pavor de fracassar novamente. Por conse-guinte, feliz ou infeliz, o passado não traria vantagem para apresente encarnação. Exceção feita, é evidente, para as fa-culdades superiores do Espírito, para as aquisições morais, queestas, à maneira de idéias inatas, perduram, através do ciclodas encarnações, atestando o gradativo progresso que o Espí-rito vai realizando. Como se conclui, nem o esquecimentodo passado é prova contra a reencarnação, nem haveria qual-quer vantagem na recordação desse pretérito, que, longe deauxiliar, perturbaria o progresso do Espírito, estorvando-lhe ainiciativa ou desesperando-o a ponto de por termo à vida!

Sem embargo, muitos fatos existem que comprovam a pa-lingenesia.

Aqui está, por exemplo, um caso, que, na época, teve enor-me repercussão na imprensa espírita, máxime na da AméricaLatina.

Eduardinho, uma criança de quatro anos, cujos pais, em1907, residiam à rua S. José, 44, em Havana, sem mais nemmenos, volta-se para a mãe e diz-lhe à queima-roupa: “Ma-mãe, eu, antes, tinha uma casa diferente... uma casa amare-la... à rua Campanário, 69... lembro-me perfeitamente...”

Como era natural, a mãe, Cecília Cabrera, repreendeu omenino pela invencionice. Mas o garoto, volta e meia, insis-tia no fato. E como notasse o descrédito que lhe davam, des-cia a minúcias. Afirmava que, em vez de Torquato Esplugas,seu pai, naquela época, se chamava Pierre Saco e Amparo,sua mãe. Dava, ainda, o nome dos irmãos: Mercedes e João; eobstinava-se em dizer que ele próprio não se chamava, comoagora, Eduardo e sim — Pancho. De resto, recordava-se dafarmácia onde ele, então com 13 anos, costumava compraros medicamentos. E tinha, na mente, o quadro de sua morte,

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a 28 de fevereiro de 1903, quando sua mãe, uma chapeleira“muito branca e de cabelos muito negros”, chorava desespe-radamente, enquanto seu enterro se afastava da casa amare-la...

Diante de tais pormenores, e da convicção com que omenino os repetia, a família, vencida, resolveu apurar a vera-cidade de tudo. Depois de longa caminhada, acompanhadopor seu pai, o garoto chegou, finalmente, diante da casa darua Campanário, até então desconhecida por todos. Pois oguri não hesitou. Mal se deparou com a casa apontou para elaexclamando: “Olhem a casa em que eu morava!” Perplexo,diz-lhe o pai: “Então, se é verdade, entra nela e veja se vocêa reconhece.” Dito e feito. Com o maior desembaraço o ga-roto embarafustou por todos os recantos da casa, denotandoa maior familiaridade com tudo ali existente, exceto com osmoradores, que eram outros. Mas, de toda forma, de pesquisaem pesquisa, a família Esplugas Cabrera pôde chegar às se-guintes conclusões: 1) A casa fora ocupada, até pouco depoisde fevereiro de 1903, por Antônio Saco; 2) Sua esposa cha-mava-se Amparo; 3) O casal tivera três filhos — Mercedes,João e Pancho; 4) Com a morte deste último a família Sacomudou-se de residência; 5) Próximo da casa existia, ainda, afarmácia onde, na anterior encarnação, Eduardinho, entãoPancho, comprava os medicamentos.

Como se vê, de tudo o que essa criança de quatro anosafirmava, apenas uma dúvida perdurou — foi em relação aonome do pai da anterior encarnação, que ele dizia ser Pierre,mas que as investigações revelaram chamar-se Antonio. Semembargo, é muito provável que o nome todo fosse AntonioPierre Saco, e que, do nome, preferissem, os familiares, cha-má-lo pelo sobrenome Pierre, ao invés do prenome Antonio— coisa muito comum. Mas, dou de barato que tenha havi-do um lapsus mente, enganando-se a criança no verdadeiro

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nome do pai da anterior existência. Que motivos poderãosubsistir para negar-se a reencarnação, quando todos os ou-tros fatos relatados por essa criança de quatro anos, que nadasabia de Espiritismo, confirmam, decisivamente, sua prece-dente encarnação? E qual a impossibilidade dessa recorda-ção, quando dentre outros fatores, se atenta no fato de ter oEspírito permanecido, apenas, alguns meses desencarnado;pois morrendo em 1903, em 1907, já contava quatro anos?Tudo concorre, portanto, para a autenticidade do fenômenoe para a comprovação da reencarnação. E a única objeçãoadmissível seria a de que os fatos não foram comprovados porhomens de ciência, e sim por curiosos. Todavia, não está pro-vado que a verdade seja privilégio dos cientistas; e não sepode, em casos semelhantes, menosprezar a prova testemu-nhal.

Contudo, para aplacar as consciências mais exigentes eisaqui um testemunho insuspeito. É o do prof. Ian Stevenson,neuropsiquiatra da Universidade de Virgínia, que esteve noOriente, a fim de aprofundar suas pesquisas concernentes àsreminiscências de anteriores encarnações, fato mais freqüen-te entre brâmanes e budistas.

Em entrevista à imprensa de Nova Iorque disse ele: “Nasminhas pesquisas registrei, pelo menos oitenta casos de crian-ças que se recordam de 15 a 20 acontecimentos particulares,geralmente de forte significação emotiva, como a morte deum dos genitores, ou um grave acontecimento familiar, ocor-ridos antes de seu nascimento.”

Notai bem, meus irmãos: “antes de seu nascimento”, diz oneuropsiquiatra norte-americano. Vale dizer — em anteriorencarnação. E tanto assim é, que o cientista relata o caso deum menino, também de quatro anos, que, submetido a nar-coanálise, relembrou sua anterior encarnação e relatou, den-tre outros fatos, posteriormente comprovados, o linchamen-

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to de um negro, ocorrido em 1927 em Charlottesville, cidadeem que reside e leciona o professor Stevenson.

Ora, diante de tais fatos, só há uma conclusão: é que areencarnação não é uma hipótese — é um fato demonstradoe irremovível, tão demonstrado e tão irremovível, quanto de-monstrados e irremovíveis são todos os fatos em que se baseiaa Doutrina Espírita!

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revelação das leis divinas é permanente de toda a eter-nidade. Mas a captação dessa perene revelação depen-

de da evolução do Espírito: é proporcional ao crescimentomental e moral da humanidade. E como a humanidade terre-na é heterogênea, constituída por criaturas em diferentes ní-veis de evolução espiritual, é evidente que, quer no campointelectual, quer no campo moral, não poderá deixar de ha-ver chocantes contrastes nas convicções científicas e religio-sas dos habitantes deste planeta.

A mente divina é como um Sol prodigiosamente refulgen-te. A mente humana é como um vidro colorido, que, atraves-sado pela luz divina, refrata, apenas, as radiações correspon-dentes à sua coloração. Numa palavra: a verdade divina amol-da-se à capacidade de compreensão de cada criatura. Conse-qüentemente, no atual estádio de evolução das criaturas ter-renas, é inevitável a divergência de pontos de vista não só nosetor cultural, como no âmbito religioso. Daí a diversidade desistemas filosóficos, de conceitos científicos e de postuladosreligiosos — todos traduzindo verdades relativas ao gradativoprogresso intelectual e moral do homem. Todavia, a despeitodessa diversidade, e até mesmo no terreno misterioso da reli-gião, há hipóteses que se nos apresentam com tamanha evi-dência, que, independentemente de provas objetivas, somen-

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te por seu valor racional, se nos impõem como verdades irre-torquíveis. Haja vista a lei da reencarnação — a palingenesiada criatura humana. De fato, contemplado que seja o trágicopanorama do destino humano, horripila-se-nos o corpo tododiante do espetáculo cruel exibido por um Criador parado-xal, que, dotado de tanto poder na criação do Universo e detanta sabedoria na formulação das leis que o regem, aparentatotal indiferença à sorte das criaturas humanas! Com efeito,ao lado de criaturas dotadas de numerosos predicados, comum corpo formoso e sadio, uma vida de opulência e de re-quintado conforto material e elevado posto na hierarquia so-cial, um aleijado paupérrimo, maltrapilho, tiritando de frio,implorando, famélico, a esmola de uma côdea de pão dormi-do... Um hércules pletórico de vida e saúde, de beleza apolí-nea, ao lado de um anão horrendo e desnudo... Uma mulherde fascinante beleza, ostentando plástica arrebatadora, levan-do de rojão homens imprevidentes, e outra, coitada, de arca-bouço torturado, desarmônico, mal acabado, coxa ou estrá-bica, ou estrábica e coxa concomitantemente, caminhandocabisbaixa, humilhada com sorrisos que fulminam e motejosque arrasam... E sempre, sempre a diversidade, a desigualda-de, a terrível injustiça na distribuição dos destinos humanos!E como conciliar a desgraça da criatura com a bondade ou,pelo menos, com a justiça do Criador, se se negar a reencar-nação? Se todos são filhos de Deus, e, ao serem criados, ne-nhum apresenta méritos ou deméritos, que justifiquem desti-nos diferentes, é evidente que, para ser estritamente justo,Deus deveria tê-los criado exatamente iguais em tudo e portudo. Fugir pela evasiva da “predestinação” é agravar a situa-ção do Criador. Porque criar um Espírito para uma encarna-ção miserável e atormentada, com a idéia deliberada de, aodepois, quando terminar a encarnação, premiá-lo com privi-legiada situação no céu, é, positivamente, maquinar revol-

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tante injustiça, de vez que não há proporção entre a efêmeravida atribulada na superfície terráquea e a eterna vida de feli-cidade no fictício céu dos teólogos. Como se vê, uma hipóte-se que, ao invés de exaltar os excelsos atributos divinos, re-baixa Deus ao nível de um régulo caprichoso e tremenda-mente injusto; pois, nesse caso, quem não preferiria nascermarcado pela dor, para obter, após a morte, eternamente, umlugar melhor do lado de lá, quem? Por outro lado, tentar dis-farçar a injustiça da desigualdade dos destinos com a desculpade que, de toda forma, a humanidade inteira estaria perdida,porquanto ninguém se salva senão pela “graça divina”, isso jáé mais do que abusar do direito de ser néscio, porque é afron-tar a perfeição do Criador!

Entretanto, se se admitir, com o Bramanismo, com o Bu-dismo, com o Espiritismo e com o Neo-espiritismo, a plurali-dade de vidas ou a reencarnação, tudo se torna claro e logotransparece a justiça de Deus, inspirada no amor. De fato,consoante explica o Neo-espiritismo, todas as criaturas hu-manas foram criadas potencialmente idênticas. As atuais di-ferenças assinalam diferentes estágios de evolução espiritual.Espíritos criados há mais tempo e, por conseqüência, maisvividos e experimentados, já conquistaram valores mentais emorais que lhes asseguram melhor situação no esquema dasencarnações terrenas; outros, mais novos ou mais rebeldes àcorreção, permanecem em nível espiritual mais baixo, presosa tendências e paixões deletérias. Mas, de toda maneira, oroteiro é o mesmo para todos. O preço da conquista da eter-na felicidade é a aquisição da perfeição — perfeição que seadquire em séculos e séculos de lutas em prol da lapidaçãoespiritual. Nessa luta de auto-aperfeiçoamento pode haver, ehá indefectivelmente, períodos de quedas intercalados comsurtos de ascensão. Ascensão moral umas vezes; outras vezes,ascensão intelectual. E, se a evolução é maior, ascensão biva-

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lente — moral e intelectual. Todavia, por pior que seja o fra-casso, não haverá castigo eterno, porque a justiça de Deus seinspira no amor por suas criaturas!

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Reencarnação — Justiça Divina

mpolgado pelo poder da razão, o mundo atual não acei-ta um Deus antropomórfico, apoucado em seu ser, domi-

nado por paixões, a vociferar vinditas e a exigir holocaustos.Por isso, vultos representativos da cultura moderna aderiramao Zaratrusta de Nietzsche e propalam a morte de Deus.

Todavia, o verdadeiro Deus, o Deus cósmico, que está, esempre esteve, na consciência dos iluminados, não é essa ca-ricatura imaginada por primitivos ingênuos e ignaros.

Na verdade, o Deus autêntico ultrapassa a craveira dossentidos e transcende os limites da razão: é, portanto, incog-noscível em sua essência. Sem embargo, evidencia-se-nos naapoteose da criação; manifesta-se-nos na sabedoria que pre-side às leis naturais. Como criador e mantenedor do Univer-so, desafia competição: é único em sabedoria e poder. Mas,como juiz, distribuidor de destinos, carece de compreensão.Porque a lógica e a justiça exigem que criaturas idênticas te-nham idênticos destinos. Ora, não sendo evidentemente iguaisos destinos humanos, força é supor-se que as criaturas não sãoiguais. Por conseguinte, de duas uma: ou foram criadas iguaise, em virtude do próprio arbítrio, conquistaram valores dife-rentes, que justificam a diversidade de sortes; ou foram, origi-nalmente, criadas diferentes, hipótese em que Deus se nosrevela parcial e dotado de preferências por certas criaturas e

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de idiossincrasias por outras! Como não se pode admitir, emsã consciência, que um Criador tão sábio e poderoso, no quediz respeito ao mundo material, seja, ao mesmo passo, tãoarbitrário e injusto no que concerne ao destino da obra-pri-ma da natureza — o homem — é evidente que deve cair ahipótese da diversidade original e intrínseca da criatura hu-mana, para prevalecer, exclusivamente, a assertiva de que oshomens, ou melhor, o Espírito dos homens é criado idênticopara todos — a mesma ignorância e as mesmíssimas potenci-alidades para o progresso intelectual e moral. Nessa hipótese,a divergência surgiu com as experiências vividas, nos limitesdo relativo arbítrio de que o homem pode dispor e consoanteo esforço realizado no sentido do crescimento espiritual, querno plano intelectual, quer no plano moral. Entretanto, paraque essa hipótese seja válida, é mister que se admita a palin-genesia. Sem reencarnação, não há justiça de Deus.

Para justificar tanta diversidade de destinos e tanto sofri-mento sem motivos aparentes é imprescindível que tenhahavido vidas anteriores, cujas ações se refletem no presente.Aliás, o fato não escapou à intuição e à análise percucientede antigos “iniciados” e de inspirados filósofos. Já afirmei, emartigos anteriores, que na vetusta e venerável India, a lei dasreencarnações era propalada oralmente desde setenta séculosantes do nascimento de Jesus! E não só na Índia, como noEgito, na Caldéia, na Pérsia, na Gália, na Grécia e em Roma,por todo o mundo civilizado, enfim, a lei da reencarnaçãoera esclarecida nos santuários e discretamente propalada en-tre os profanos.

De fato, reforçando os testemunhos já mencionados, cita-rei mais alguns. Na Pérsia, por exemplo, onde o Islamismosufocou a lei da reencarnação apregoada pelo Masdeísmo,perduram, nada obstante, no novo Corão, onde se expõe adoutrina secreta do Islam, textos significativos, como este:

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“O homem, que morre, vai a Deus e renasce, mais tarde, emum corpo novo; o cadáver fica no túmulo; o Espírito volta àmatriz... O homem só é imortal em seu corpo espiritual, oqual nunca apodrece; ele chora saindo de seu corpo e choraquando entra novamente.” Como se vê, a lei da reencarna-ção não era desconhecida na antiga Pérsia.

Desconhecida não era também na antiga Gália. AmienoMarcelino, confirmando Pitágoras, relata que os celtas cre-ram na imortalidade da alma e na reencarnação. Fato confir-mado por Pompônio Mela, Diodoro de Sicília e pelo próprioconquistador da Gália — César.

Na verdade, a cosmologia druídica divide o Universo emtrês círculos: o da imensidade — morada de Deus; o da felici-dade, onde chegam, de provas em provas, as almas aperfeiço-adas; o das viagens, onde demoram as almas que ainda nãopuderam alcançar o círculo da felicidade. A Terra está en-quadrada no círculo das viagens. Aí chegam Espíritos demundos inferiores, que lograram aperfeiçoar-se, e Espíritos demundos superiores, que fracassaram. Como se infere, um mun-do de vida transitória, habitado por Espíritos heterogêneos,em virtude da disparidade de evolução. De toda sorte, a con-vicção dos druidas era tão grande que, como afirma ValérioMáximo, emprestavam dinheiro nesta vida para receber napróxima encarnação!

E é pena que, dentre as centenas de criaturas desesperadasque me escrevem suplicando o apoio do Espiritismo para ca-sos dolorosos, não haja uma parcela, ao menos, da convicçãodemonstrada pelos druidas. Porque, na realidade, há prova-ções que se explicam pelas faltas cometidas em anterioresencarnações.

Eis um exemplo. Vem da Bahia. A paciente mora à Aveni-da Beira Mar, em Salvador. Há toda uma família traumatiza-da, com a presença duma retardada mental, com acentuado

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desequilíbrio psíquico. Foi a única, numa família constituídade seis pessoas normais e realizadas. A criação foi um drama,onde se destaca a figura heróica duma mãe a lutar, diuturna-mente, por uma recuperação impossível. Tudo difícil. Andoucom três anos e falou na mesma época. Era um falar tatibitati,quase incompreensível. Depois, pouco a pouco, a expressãoverbal foi melhorando. Mas o comportamento permaneceuna idade mental de cinco anos, apesar de já contar mais detrinta. Com exceção da mãe, ninguém conseguiu alfabetizá-la. Foi sempre problema: pirracenta, agressiva, autoritária eintrigante. A medida que os anos decorriam, maiores proble-mas e maiores sofrimentos eram criados, no seio da família,pela ação deletéria da retardada, que, no auge das discussões,deixava transparecer diabólica alegria. Com isso todos sofre-ram e ainda sofrem. Sofreram e sofrem principalmente por-que não encontram explicação nem para as deficiências neu-roglandulares da moça, nem para o seu estranho comporta-mento. E já tentaram tudo, com vários especialistas, sem re-sultado. Contudo, a mãe (sempre a mãe!) não se conforma enão perde a esperança. Não se conforma, apesar de católica,de ter nascido assim a caçula, enquanto os outros filhos sãonormais. E não pode entender como uma inocente vem aomundo com destino tão cruel! Ora, para quem conhece afilosofia espírita, não é difícil identificar, na encarnação daretardada, um Espírito faltoso, que abusou da inteligência parao mal.

Todavia, no desejo de ajudar à velhinha inconformada coma provação da filha, vali-me de amigos da vida espiritual, pararebuscar, no passado, as origens do presente. E fiquei perple-xo com os quadros que se me depararam! Vi a representaçãode cenas terríveis, de crimes ominosos, provocados por trucu-lento senhor de escravos, lá mesmo, na Bahia! À extremadamãe, mandar arrancar dos braços, sob o flagelo do azorrague,

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a filha virgem, para estupro bestial; à humilde escrava indefe-sa, por desobediência insignificante, mandar depilar, um a um,todos os fios de cabelo da carapinha, martírio que redundouem morte por infecção; a pequeno proprietário vizinho, obri-gar a assinar depois de amarrado e com um olho já vazado aferro em brasa, a venda hipotética do sítio, que era o pão desua família; e, ao depois, por sadismo, vazar o outro olho tam-bém, cegando monstruosamente um inocente; e mais, paraque o crime não se propalasse, outro crime maior — o assassi-nato da vítima! Tudo para aumentar a área da fazenda, ondejaziam enterradas arcas pejadas de moedas...

Hoje, o criminoso de ontem está encarnado como a moçaretardada e todas as vítimas estão reunidas na família, na ten-tativa sublime de reconciliação!

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Considerações emTorno da Reencarnação

entre outros argumentos que tenho ouvido contra a leida reencarnação, quero destacar um, bastante original,

invocado, duma feita, em palestra radiofônica, por conheci-do dirigente duma instituição, que, dizendo-se espiritualistae realizando sessões públicas de manifestações espíritas, é, in-felizmente, por muitos considerada autêntico Centro Espíri-ta. Criticando a reencarnação, e, dentre os reencarnacionis-tas, particularmente os espíritas, dizia o pregador que, desori-entados pela teoria da palingenesia, os espíritas perdiam aexata noção da caridade, deixando de amparar os semelhan-tes, sob a alegação de que, seja qual for a situação, o sofredorestá pagando erros passados, e, por conseqüência, para seupróprio bem, deve continuar a sofrer, não carecendo de auxí-lio de ninguém. Argumento, assim, tão contrário à verdadedos fatos, só da boca de certos padres me fora dado ouvir atéentão. Mas esse doutrinador, a despeito de não vestir sotaina,e não obstante dirigir um Centro Espiritualista, em matériade dialética, demonstrou nada dever ao maquiavelismo cleri-cal. Porque se há pecha de que se não pode argüir o Espiritis-mo é essa de não praticar a caridade. E, para prová-lo, basta-ria rápido levantamento das obras assistenciais do País. Ver-se-ia, imediatamente, que maioria é constituída de institui-

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ções espíritas. E de instituições, que, precisamente por seremespíritas, lutam contra óbices quase irremovíveis, inclusive,não raro, com a má vontade dos próprios órgãos do governo,que têm o dever de ampará-las, na benfazeja ação social queexercem.

Entretanto, a despeito de tudo e de todos, os espíritas,mercê da obstinação com que se dedicam ao bem do próxi-mo, vêm realizando, no Brasil, uma obra social que não temeconfrontos. O que não fariam, pois, se o governo lhes desse adécima parte do que dá anualmente às instituições católicas?

Rebatendo, pois, à crítica do espiritualista anti-reencarna-cionista, devo esclarecer, inicialmente, que, ao contrário doque ele deixou transparecer em seu aranzel, não cabe ao Es-piritismo a paternidade dessa lei.

Como é notório, desde muitos séculos, a reencarnação eraadmitida, como lei geral, para todas as criaturas humanas, pelos“iniciados” nos mistérios de várias formas de esoterismo, so-bretudo na Índia, onde se deve procurar a verdadeira fontedessa crescente corrente de revelação divina, que, através dosséculos e por intermédio de diferentes profetas, dentre os quaiso maior foi Jesus de Nazaré, veio a transformar-se, hodierna-mente, nesse vasto oceano de sabedoria divina, que é o Espi-ritismo. Não foi, portanto, o Espiritismo quem inventou areencarnação; e tão antigo é o conhecimento dessa lei divinaque impossível se torna localizar, no tempo e no espaço, aorigem dessa preciosa revelação, vislumbrada desde os pri-mórdios da civilização.

Na verdade, o Espiritismo, como Doutrina codificada sobinspiração direta de Espíritos missionários, que falavam emnome de Jesus, o maior dos profetas até hoje encarnado, in-corporou, como não poderia deixar de incorporar, a lei dareencarnação entre os postulados fundamentais de sua filoso-fia. E não poderia deixar de incorporar ao seu patrimônio

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divino a lei da reencarnação, por dois motivos: primeiro, por-que há fatos irrecusáveis, que comprovam a realidade das vi-das sucessivas; segundo, porque somente à luz da lei da reen-carnação é possível conciliar a bondade de Deus com as trá-gicas injustiças que se nos deparam nas diferenças dos desti-nos humanos.

Penetrando no terreno do hipnotismo, do sonambulismoe do mediunismo, advirto que: através dos dados obtidos nasexperiências de regressão de memória, das informações for-necidas pela clarividência que acompanha certos estados dosonambulismo magnético, hoje injustamente relegado; e, tam-bém, por intermédio das provas colhidas através da mediuni-dade, a reencarnação deixou de ser uma hipótese, para tor-nar-se, presentemente, uma lei irrefutável, negada, apenas,pela negligência dos que não querem estudar, nem pesquisarou pelo fanatismo dos que não se querem desapegar de cren-ças obsoletas. Todavia, para não me alongar muito, sou força-do a restringir a comprovação a um caso apenas. Caso pesso-al, é verdade, mas, a despeito do subjetivismo da prova, ademonstração a posteriori valorizou-a sobremaneira peranteos que o comprovaram como testemunhas oculares. Tal qualocorreu com outros filhos, quando minha filha estava paranascer, essa mesma filha adorada, que, hoje desencarnada,continua ligada a mim por profunda afeição, participando,do outro lado da vida, dos ideais do pai, meu Espírito foi trans-portado, certa noite, a um plano onde eu a pude ver, em qua-dros pitográficos, à maneira de cenas de um filme. Vi-a, pri-meiramente, encarnada como minha esposa, jovem e bela,sentada ao piano, dedilhando belos acordes e cantando, comperfeição, dificílima ária de afamado compositor dos princípi-os do século passado. Ao mesmo tempo, por misterioso des-dobramento, vi-me a seu lado, com outro corpo, mas com aconsciência de que, naquela ocasião, eu era, de fato, o outro,

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e que a cantora era, realmente, minha esposa, havendo gran-de e sincero amor entre nós. Em seguida, uma voz me preve-niu que eu ia vê-la tal qual ela iria encarnar como minhafilha. Surge-me, então, à frente, um médico, ou melhor, umobstetra, vestido de acordo com a função, a segurá-la, pelospés, de cabeça para baixo; linda menina, que mais pareciauma boneca, de bastos cabelos negros — tudo como se, na-quele momento, a criança acabasse de nascer e a posição vi-sasse evitar a penetração de mucosidades nos brônquios. En-trementes, sentindo minha preocupação, o colega, como quenum passe de mágica, se me apresentou, logo depois, sorri-dente, com a menina de pé, retesada, na palma duma dasmãos: e, voltando-se para mim afirmou: “Você a teve comoesposa; tê-la-á, agora, como filha — é assim que ela nascerá.”

Ora, minha esposa estava ainda no início da gravidez,quando o sexo não poderia ser determinado e muito menosadivinhada a aparência física da criança. Todavia, tão fortefoi minha convicção que, havendo prometido às empregadasque, se acaso me nascesse uma filha, eu daria três vestidos acada uma, ao acordar, não hesitei em providenciar a comprados presentes, cumprindo a promessa, antes do nascimentoda criança.

Entretanto, decorridos sete meses, a menina nasceu igual-zinha a que eu vira em sonho! De modo que, pelo menospara mim, minha esposa e duas domésticas, não houve sur-presa nesse nascimento. E que o sonho premonitório não pro-veio de meu subconsciente, como poderiam supor os freudia-nos, prova-o o fato de que, desde que principiou a falar, comcerto desembaraço, minha filha nunca suportou que a mãeme chamasse “meu marido”. Sempre que ouvia tal tratamen-to, irritava-se e, agarrando-se em mim, protestava que eu eraseu marido! E o curioso é que, nessas ocasiões, numa espéciede devaneio, ela, numa evidente reminiscência do passado,

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revivia a cena que me foi permitido contemplar em sonho.Com grande firmeza, dizia, então: “Ele é meu marido!... eutocava num grande piano de cauda e cantava para ele...” Issodurou até quase a idade de três anos. Depois, tudo caiu noolvido, não insistindo mais na afirmação de que eu era seumarido, para aceitar-me como pai.

Eis o fato. Não vejo, fora da reencarnação, como explicá-lo. E, como ele, existem, na literatura espírita, uma centenadoutros, que comprovam as vidas sucessivas. Portanto, a fa-vor da reencarnação, não falam somente os argumentos —gritam os fatos. Não há negá-la. É verdade demonstrada. To-davia, o que não se sabe é em que se baseou o espiritualista aque me referi para afirmar que, por justificar as provações, ateoria da reencarnação endurece o coração de seus partidári-os, desviando-os da prática da caridade. Muito ao contrário.Se, por um lado, as vidas sucessivas explicam porque, a des-peito da bondade do Criador, há provações tão dolorosas, poroutro lado, o reencarnacionista, espírita ou não, vê, em seusemelhante, um provável amigo ou parente, talvez, de vidaspassadas e, por conseguinte, trata o próximo como antigo mem-bro da família. Logo, a reencarnação, pelos vínculos que es-tabelece através de vidas sucessivas, expande e fortalece afraternidade entre as criaturas terrenas. O empregado que nosserve, da mesma forma que o esmoler que nos aborda na viapública, são, de fato, nossos irmãos e, muito provavelmente,antigos companheiros de anteriores existências, aos quaisdevemos amparo moral e material, talvez mais moral do quematerial...

Em conclusão: o conhecimento da lei da reencarnaçãoestimula de mil modos, e em todas as oportunidades, a con-fraternização dos homens e a prática desinteressada da cari-dade — exatamente como procedem os verdadeiros espiritu-alistas.

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Pitágoras, Platão e SócratesComprovaram a Reencarnação

s pessoas que gozam saúde e estão dotadas de recursosmateriais, dificilmente meditam no colossal número de

criaturas que estão atormentadas pelos mais cruciantes sofri-mentos. Sofrimentos físicos ou sofrimentos morais. Na maio-ria, sofrimentos morais e físicos, conjuntamente.

Eu próprio, que, em minha longa carreira profissional, te-nho estado em contato permanente com a dor alheia, nãoimaginava a extensão e a profundidade do sofrimento emnossa Pátria. Máxime porque, em muitos casos, a aparênciaforçada disfarça o drama íntimo.

Todavia, bastou-me o testemunho público da cura de J.Silvestre e algumas palavras esclarecedoras do valor da filoso-fia espírita, para ver-me envolvido em aterradora avalanchade cartas, suplicando-me socorro. Em poucos dias, cerca detrês mil cartas chegaram à TV Tupi e mais de oito mil à SEPE.De todos os recantos do Brasil: do Amazonas, do Pará, doAcre, de Rondônia, do Ceará, de todos os estados do Norteaté do Rio Grande do Sul, milhares de criaturas aflitas e do-entes desesperados suplicando orientação médica e confortomoral, criando-me angustiante drama de consciência em vir-tude da impossibilidade material de responder a milhares decartas.

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E ainda que contasse com eficiente equipe, não poderiafazê-lo, de vez que, nas consultas médicas, não seria decentedevassar o segredo confiado ao profissional; e, nas solicita-ções de conforto moral e de orientação doutrinal, não mearriscaria a transmitir a outrem a responsabilidade, tamanhoo apreço que me merece o Espiritismo, tão deturpado aindapor falsos adeptos quanto caluniado por adversários sem es-crúpulos!

Na verdade, na complexa e insolúvel conjuntura, um úni-co caminho se me deparou: incentivar a continuação dos tra-tamentos com os respectivos médicos assistentes, muitos de-les brilhantes e de grande nomeada, e rezar diariamente portodos, enquanto aguardava oportunidade de lhes mandar umamensagem fraterna e estimulante. É o que pretendo fazer, bre-vemente, nesta coluna, com a devida discrição, omitindo al-guns dados, para evitar a identificação. Porque, na realidade,a imensa maioria dos casos, inclusive os que, numa média demil cartas mensais, continuam a chegar à SEPE, oriundas detodo o território nacional, são problemas relacionados com amediunidade, e, por conseqüência, dependentes da práticado Espiritismo autêntico, revelado pelo Mundo Espiritual ecodificado pelo Professor Rivail, mundialmente conhecidopelo pseudônimo de Allan Kardec. E, dentre tais casos, gran-de parte só se explica à luz da pluralidade de vidas, de talsorte que, vidas anteriores, impregnadas de erros, vícios e cri-mes, possam justificar nascimentos marcados por cruéis defor-midades corporais ou por graves deficiências mentais.

De resto, afastada a hipótese da multivivência em sucessi-vas reencarnações, não há explicação lógica para a justiça deDeus. Ao contrário, todas as invenções, forjadas pelas religi-ões que negam a reencarnação, agravam a parcialidade doCriador, rebaixando-O ao nível de um juiz atrabiliário e cor-

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rupto, totalmente insensível aos méritos e deméritos de suaspróprias criaturas!

Ora, é exatamente para evitar esse aviltamento do Cria-dor, transformado pela ignorância humana num Deus antro-pomórfico, que o mundo atual não aceita e que alguns teólo-gos afoitos, trilhando as pegadas de Nietzsche, resolverammatar e, outros, imitando Sartre, colocaram “entre parênte-ses”, é para evitar esse aviltamento do Criador que urge darênfase à lei das reencarnações e à de causalidade moral que asinterligam, no tempo e no espaço, para a perfeição final ecompleta felicidade de todas as criaturas!

Daí a necessidade de mostrar o valor inestimável dessa re-velação divina, captada desde muitos séculos, pelos “inicia-dos” ou seja — pelos “médiuns” da Índia e, de lá, difundidanos santuários do Egito, da Caldéia, da Pérsia, da Grécia, deRoma... e, finalmente, consolidada, nas provas do Espiritis-mo.

Citei, no último artigo, alguns textos do Bhagavad-Gita,de Heródoto e de Virgílio. Hoje, principio por Platão, valen-do-me do Fédon. Baseado na lei dos contrários, e partindo doprincípio de que a morte é o contrário da vida, Sócrates, nodiálogo com Cebes, depois de afirmar que “os vivos não nas-cem menos dos mortos do que os mortos dos vivos”, admiteque “os mortos estão em qualquer parte, donde voltam de-pois à vida”. E, ao discutir a justiça divina, opina que umindivíduo que, “tendo bem filosofado e, assim, aprendido abem morrer”, ao desencarnar “passa a viver com os deusespor toda a eternidade”.

Em contraposição, Platão, como se fora Sócrates, ensinaque “uma alma impura, apegada ao corpo, embriagada porele a ponto de crer que nada havia de real fora do que é cor-póreo, do que se pode ver, tocar, beber e comer, ou o queserve para os prazeres do amor, é arrastada para este mundo

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visível, pelo temor do mundo invisível e erra nos cemitérios,em volta dos túmulos, conservando qualquer coisa da maté-ria, que ainda a torna visível”. Isso, aliás, é fato sabido, inclu-sive pelos sectários de atrasados cultos africanos, que traba-lham com “linha de cemitério”.

Prosseguindo, no entanto, no diálogo, Sócrates, pela penade Platão, aventa a hipótese da metempsicose, admitindo que“os que fizeram do ventre o seu Deus e nunca amaram outracoisa além da intemperança” possam encarnar em jumentosou em animais semelhantes!

Sem embargo, tal como os egípcios, Platão não restringia areencarnação à metempsicose, pois, terminada a fase purga-torial, em corpos de irracionais, os Espíritos voltariam “aoscorpos humanos, formando homens de bem”.

Como se vê, Platão andou próximo da verdade. É mais doque provável que Sócrates, que, infelizmente nada escreveu,mas que era “médium clariaudiente”, que “ouvia” instruçõesde seu “demônio” ou melhor — de seu Guia, é mais que pro-vável, repito, que Sócrates sabia que as encarnações só se re-petem no corpo humano, embora Espíritos atrasados possampermanecer algum tempo “imantados” a animais, como se aeles estivessem ligados por compulsão hipnótica!

Por outro lado, Pitágoras que, como Platão, estivera emcontato íntimo com Mestres da Índia, propalava a lei da re-encarnação, ensinando que, “na vida e em todas as mortesque sucessivamente temos, recebemos o tratamento que na-turalmente merecemos”. Exatamente como ensina o Espiri-tismo.

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ontrariamente ao que se poderia imaginar, a teoria dareencarnação — ponto básico de várias doutrinas reli-

giosas é antiqüíssima, pois crava suas raízes no seio da primiti-va civilização ariana.

Com efeito, nos Rigvedas, livros sagrados dos brâmanes,cujos primeiros versos remontam a mais de 1500 anos antesda Era Cristã, e que, no abalizado parecer de Max Müller,constituem a “primeira palavra falada do homem ariano”, jáse encontram ensinamentos deste jaez: “Eis-me, de novo, re-vestido de um corpo...”

Ora, estar de novo revestido de um corpo outra coisa nãopode ser senão estar outra vez encarnado. Logo, a reencarna-ção já era admitida pelos “iniciados” brâmanes pelo menosquinze séculos antes do nascimento de Jesus!

Por outro lado, mais clara se nos apresenta ainda a teoriada reencarnação ou das vidas sucessivas, no Bhagavad-Gita, oCanto do Senhor, que, no conceito de Lin Yutang, brilhanteescritor chinês convertido ao Cristianismo, é o equivalentehindu do famoso Sermão da Montanha. De fato, aí, nessa ver-dadeira “essência dos Vedas”, como o qualificou renomadocrítico, Krisna, o Mestre de Arjuna rasga o véu do mistériosagrado, declarando francamente: “Eu tenho muitos nasci-

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mentos; e tu, também, Arjuna”. E, para que não pairasse amínima dúvida no Espírito do discípulo amado, acrescentou,sem rodeios: “Assim como o homem despe as roupas velhas eveste outras novas, assim, também, a alma, despindo os cor-pos gastos, entra em outros, novos”.

Essas e muitas outras passagens dos livros sagrados, demons-tram a aceitação da teoria das vidas sucessivas, desde os pri-mórdios da civilização ariana. E não se vá supor que essa teo-ria ficou adstrita à pequena parcela da humanidade, confina-da, apenas, à remota área asiática. Não! Também entre osegípcios, os persas, os gregos e os romanos fez fortuna a teoriadas vidas sucessivas, embora em algumas escolas iniciáticas setenha admitido, erradamente, a transmigração da alma casti-gada para o corpo dos animais, forma humilhante de repara-ção dos delitos cometidos durante a vida terrena, que serviude tese, no Fédon, ao gênio imortal de Platão.

Contudo, anteriormente ao brilhante intérprete do pen-samento socrático, Pitágoras, outro gênio, que, dentre mui-tos mais, teve o mérito de transportar, para a gloriosa Hélade,a mimosa flor da “iniciação” hindu, já ensinava a seus discí-pulos que “na vida e em todas as mortes, que, sucessivamen-te, temos, recebemos o tratamento que naturalmente mere-cemos”; ensinamento este que se não restringe, como se vê, àteoria da reencarnação, pois abrange, também, uma sançãomoral, após cada encarnação — hipótese que afasta in limine,a pavorosa concepção patrística do Inferno eterno para punirpecados efêmeros e crimes eventuais...

E prosseguindo, nessa rápida incursão histórica, não po-demos deixar de mencionar outro grande pensador da anti-güidade, Plôtino, filósofo e “iniciado” que, nas Enêiades, afir-ma textualmente que “é dogma de toda antigüidade, e uni-versalmente reconhecido, que, se a alma comete faltas, é con-denada a expiá-las, sofrendo punições nos infernos tenebro-

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sos, sendo, depois, admitidas a novos corpos, para recomeçarsuas provas”.

Dado o sentido do texto, é evidente que por infernos te-nebrosos não se deve subentender que existem vários infer-nos idênticos aos imaginados pelos teólogos católicos e pro-testantes, mas tão-somente planos de purgação, onde, a des-peito de haver trevas e sofrimentos, os castigos são corretivose, por conseguinte, duram, apenas, o tempo necessário à re-generação do réprobo, dando-se-lhe, em seguida, novas opor-tunidades de evolução espiritual, até que um dia alcance aperfeição — meta final de todas as criaturas de um Deus ver-dadeiramente sábio e bom.

De resto, talqualmente como Plôtino, Porfírio e Jâmblico,filósofos ambos, e ambos “iniciados”, também participavamda mesma convicção, isto é, da que todos nós temos muitasvidas — tantas vidas quantas as necessárias à aquisição dasuprema perfeição — destino comum de todos os homens!

De idêntico modo, os druidas, sacerdotes entre os celtas,bretões e gauleses, dotados de vasta “iniciação” nos mistériosdo Mundo Espiritual, proclamavam, como fato indubitável,a lei das reencarnações. E tão expandida estava entre o povo,e, sobretudo, entre os gauleses, esta convicção que era fre-qüente um indivíduo emprestar bens, ou contrair dívidas, parasaldar as contas na seguinte encarnação!

Em suma — a maioria da população do Globo sempre acre-ditou na palingenesia — única maneira pela qual se podeconciliar a bondade de Deus com a desigualdade dos destinoshumanos. Duvidar da reencarnação duvida, apenas, a parce-la da humanidade que, desde vários séculos, vem sofrendo adespótica influência da teologia católica e de seus remanes-centes. Porque, até entre selvagens, cujos cultos estão entro-sados, sistematicamente, com a mediunidade e com a comu-nicação com o Mundo Espiritual, até entre selvagens, repito,

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deve haver, há certamente, pajés que não desconhecem aexistência da reencarnação!

O mais impressionante, no entanto, é que não só no Zo-har — valioso repositório de conhecimentos iniciáticos, que,segundo a tradição, fora confiado pessoalmente por Moisés asetenta anciãos, com a responsabilidade de preservá-lo de fu-turas adulterações — não só no Zohar como nos próprios Evan-gelhos, a lei das vidas sucessivas está implicitamente consig-nada!

De fato, a Nicodemus afirmou Jesus que, para ver o reinodo céu, isto é, para conquistar um plano espiritual de grandefelicidade, necessário se torna que o homem renasça. E como,perplexo, lhe perguntasse o chefe judeu de que maneira po-deria um homem, já velho, entrar, de novo, no ventre mater-no, explicou-lhe, ainda, o Mestre que o que é nascido dacarne, carne é, ao passo que, o que é nascido do Espírito, éEspírito, dando a entender-lhe, assim, que o que renascia nãoera a carne e sim o Espírito, noutro corpo.

Como é fácil inferir-se do próprio contexto bíblico, a des-peito dos “retoques” que sofreu, não só na sistematização daVulgata, consoante o confessa seu autor, São Jerônimo, naepístola-prefácio dirigida ao Papa Damaso, como, posterior-mente, no decorrer dos tempos, por imposição de diversospontífices romanos, como é fácil inferir-se do próprio contex-to bíblico, Jesus tão admirado ficou, quando Nicodemus selhe revelou desconhecedor da lei das reencarnações, que lhenão pôde deixar de interpelar ironicamente: “Tu és mestreem Israel e não entendes essas coisas?”

Ora, admirando-se da ignorância de Nicodemus e escla-recendo-lhe que o que renascia era o Espírito, Jesus clara-mente demonstrou que conhecia a reencarnação, da mesmaforma que claramente provou conhecê-la, quando afirmouque João era Elias, que segundo os profetas havia de voltar!

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Na verdade, para mostrar sua adesão à teoria das vidas su-cessivas nada mais precisaria dizer o Glorioso Nazareno doque asseverar que João era a reencarnação de Elias, comoestá nos evangelhos de Mateus e de Lucas...

Todavia, não era somente Jesus que aceitava a teoria dasreencarnações. Essa idéia estava expandida, também, em cer-tas camadas populares, menos apegadas ao Mosaísmo orto-doxo. Por isso mesmo, duma feita, caminhando o Mestre emcompanhia de seus discípulos, ao encontrarem um cego denascença, alguém lhe perguntou: “Mestre, quem pecou paraque este homem nascesse cego — ele, ou seus pais?”

Ora, em se tratando de um cego de nascença, é evidenteque, se admitida a possibilidade de estar ele cego em conse-qüência de pecado que ele próprio cometeu, o pecado só po-deria ter sido praticado antes do nascimento — fato que só setorna racional, quando se admite a preexistência. Admitida apreexistência, força é admitir-se a sobrevivência do Espírito eexplícita se torna a lei da reencarnação. Aliás, se quem inter-rogou a Jesus conhecia a lei de causalidade moral, que entre-laça as vidas sucessivas, conhecia, ipso facto, a doutrina dareencarnação. Portanto, os próprios discípulos de Jesus co-nheciam a lei da reencarnação!

De resto, contra a argumentação dos que se apegam aofato de não estar explicitamente defendida por Jesus a tesereencarnacionista, é preciso atentar em que, na época emque o Mestre viveu, não havia a liberdade religiosa, e que,contrariamente à maioria dos “iniciados”, Jesus falou ao povo,na via pública, dirigindo-se a pessoas que, quase sempre, nãoestavam à altura de compreendê-lo, prendendo-se a ele nãopela palavra, mas pelas curas assombrosas que realizava. Nes-sas condições, o ensino perde muito em profundidade paraganhar em superfície. Além disso, Jesus nada escreveu, e oque de seu ensino existe atualmente, grande parte proveio da

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tradição oral. Tudo isso — e mais as múltiplas alterações sofri-das, posteriormente, nos concílios ecumênicos, contribuiu,indubitavelmente, para desfigurar o legítimo pensamento deJesus. Mas, de qualquer modo, o que, apesar de tudo, perma-neceu nos Evangelhos, em que pese a sibilina hermenêuticateológica, basta para comprovar que, como todos os grandes“iniciados”, também Jesus foi partidário da lei das reencarna-ções. E hoje, quando a humanidade progrediu a ponto dehaver liberdade de consciência, o Espiritismo, como verda-deiro sucessor do legítimo Cristianismo, pode provar não sócom argumentos lógicos, como, também, com fatos de obser-vação, que a lei das reencarnações, mais do que consoladorateoria é irrecusável realidade — realidade que, dentre outrasvantagens, concilia o amor divino com a justiça divina, es-clarecendo o mistério da desigualdade dos destinos!

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Provas da Reencarnação —o Caso de Laura Raynaud

m palestra anterior, mostrei, em rápida síntese histórica, aantigüidade e a universalidade da teoria da reencarna-

ção. Hoje, reforçando as assertivas dos Rigvedas, do Bhaga-vad-Gita, da tradição oral dos druidas, do Zohar, dos Evange-lhos e de grande número de filósofos, dentre os quais possodestacar Sócrates, Platão, Plônico, Porfírio e Jâmblico, apre-sento-vos um caso que se me afigura de inestimável valorcomprobatório: é o de Laura Raynaud, que fora diretora daCasa de Saúde do Dr. Gaston Durville, em Paris.

Impressionado com a convergência das provas circunstan-ciais em favor da hipótese da reencarnação de Laura, Durvi-lle, que não fora espírita, embora tenha sido emérito magne-tizador, e, por conseguinte, profundo conhecedor dos fenô-menos anímicos supranormais, deliberou publicar interessan-te relatório sobre o caso — relatório esse que está incorpora-do a uma das obras de Gabriel Delanne, sendo, portanto,muito conhecido dos espíritas.

Sem embargo, falando também para leigos e cépticos, jul-guei oportuno divulgá-lo.

Filha de camponeses, nascera Laura em Aumont, próximode Amiens, e desde pequenina, a despeito do ambiente in-culto em que se criou, revelou inteligência acima do normal,

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discutindo temas religiosos e afirmando, com admirável con-vicção, que já tivera outras vidas. lnfensa à doutrina da Igre-ja, discutia com o cura da localidade, repudiando o paraíso, opurgatório e o céu teológicos e recusando-se a ir à missa, só sedemovendo dessa obstinada atitude mediante a ameaça deser brutalmente açoitada pelos pais!

Tais fatos foram revelados ao Dr. Durville pela própria mãede Laura, que, sendo católica, muito se escandalizava com asidéias da pequena, temendo viesse ela a enlouquecer! Mas, adespeito de jamais renunciar às suas convicções, Laura nãoendoidou. Ao contrário, o Dr. Durville, que, com ela convi-veu vários anos, afirma, taxativamente, que, “sob o ponto devista mental, Laura é perfeitamente equilibrada”.

Entretanto, as idéias de Laura, ao invés de desaparecerem,com o decorrer dos anos, à guisa das fabulações infantis, per-sistiram em seu Espírito e a certeza de que já tivera uma en-carnação anterior incrementou-se-lhe, à medida que ela foiatingindo a maturidade intelectual. Embora não se recordas-se totalmente de sua precedente encarnação, tão nítida era avisão interior que possuía de certa fase dessa existência que avárias pessoas confiou sua convicção. Não só ao Dr. Durville,como à Mme. Dutileu, à Princesa Fazyl, do Egito, e, sobretu-do, ao marido, que era muito céptico, sempre afirmou, con-forme essas mesmas testemunhas confirmaram posteriormen-te, que, na outra vida, nascera num país de belo céu azul,cercado pelo mar, e que habitara grande mansão senhorial,de dois andares, rodeada de extenso parque, provida de am-plas janelas abobadadas, situada numa colina e tendo, na partesuperior, um terraço onde a si mesma se via moça, com 25anos, morena, formosa de grandes olhos negros, sem embar-go, muito doente, atacada do peito, a tossir, neurastênica erevoltada com a morte próxima... Não podia recordar-se exa-tamente do local, mas, à Princesa Fazyl chegou a adiantar

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que propendia a admitir fosse a Itália sua antiga pátria. Toda-via, estava absolutamente certa de que um dia seria levada aoteatro de suas antigas vivências.

Na verdade, Laura era clarividente; e a prova é que aopróprio Durville, bastante céptico a princípio, previu fatosrelativos à vida dele, que se sucederam com matemática pre-cisão! Além disso, Laura era médium curador. Tanto assimque, desde 17 anos, por um impulso insopitável, foi levada a“tocar” os doentes. E tantas curas admiráveis realizou que,em Amiens, verdadeira romaria afluía à sua residência, desta-cando-se, dentre outros homens de posição, advogados, juí-zes e até médicos!

Apesar de tudo, não se sabe bem porquê, Laura poucodemorou naquela cidade e, vindo a Paris, ingressou numa es-cola de magnetismo, onde a descobriu o Dr. Durville, convi-dando-a para sua colaboradora.

Tudo isso que, apesar das reiteradas afirmações de Laura,continuava sem prova objetiva, iria, agora, mudar de rumo,em virtude de um fato imprevisto. Foi quando de Nápolesveio chamado de aristocrática família italiana, pedindo a pre-sença do afamado magnetizador parisiense. Compromissadocom o Segundo Congresso Internacional de Psicologia Expe-rimental, o Dr. Durville não pôde partir. Mas como a doentejá conhecia Laura, de Paris, quando estivera internada naCasa de Saúde do Dr. Durville, deliberou, o médico, mandá-la em seu lugar. E foi providencial. Porque tal viagem deu apista para interessantes investigações. De fato, embora nun-ca houvesse estado na Itália, nem fosse versada em assuntosdo país, mal chegou a Turim, Laura principiou a sentir comoque um deslumbramento. Tudo ali se lhe afigurava vagamen-te conhecido. Mas, ao descer em Nápoles, o assombro foicompleto. Laura pôde movimentar-se como se a cidade lhefosse velha conhecida. E, uma vez hospedada na residência

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da enferma, que fora socorrer, logo lhe manifestou a certezade que, sozinha, seria capaz de descobrir a casa onde viverana antecedente encarnação, descrevendo-a, novamente, paraos hospedeiros. Impressionado com a convicção da vidente,um membro da família, grande conhecedor da cidade, ofere-ceu-se para guiá-la em procura da casa. Não obstante, quemo guiou foi ela. Porque ao chegar diante de certa mansão,disse-lhe o cicerone, que, pela descrição, deveria ser aquela acasa. Mas Laura contestou, explicando-lhe que, para desco-brir a casa verdadeira, deveriam dobrar à esquerda e subirpequena ladeira donde se descortinaria a procurada mansão.Dito e feito. Obedecida a instrução de Laura, encontrada foiuma casa, que, em tudo, coincidia com a que, desde menina,a vidente descrevia. E não foi sem grande emoção que Laurapôde afirmar-lhe: “Foi ali que morri, na flor da idade, há umséculo!”

De regresso da sensacional excursão, Laura, empolgada como achado, revivendo cenas da anterior encarnação, decla-rou, com espanto dos hospedeiros que podia, também, adian-tar que ela fora enterrada numa Igreja daquela cidade.

Terminada a missão que a levou a Nápoles, Laura, ao che-gar a Paris, relatou ao Dr. Durville o emocionante encontroda mansão onde vivera na outra encarnação; e o médico,abalado com a seqüência de coincidências que a pouco e pou-co, no ocorrer dos anos, vinham corporificando as idéias desua auxiliar, resolveu pôr-se em campo para apurar a verdade.Sabedor de que os óbitos da família italiana que, desde váriasgerações, vinham ocupando aquela mansão napolitana, esta-vam registrados na paróquia de S. Francisco de d’Albaro,Durville escreveu a um amigo residente em Nápoles, encar-regando-o de apurar os fatos. E o resultado foi ter sido encon-trado o registro do óbito duma senhora, cujo prenome eraJoana e cujo sobrenome o escritor deixou velado por discreto

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S maiúsculo, a fim de evitar complicações com os descenden-tes da família, que, talvez, não aceitassem, de bom grado, tãoinopinada prova de reencarnação, com o inesperado paren-tesco da médium francesa, filha de humildes camponeses.

Contudo, a verdade é que os informes obtidos na Itáliavieram comprovar as assertivas de Laura. Residiu, outrora,naquela casa, uma mulher cuja vida coincidia pasmosamentecom a descrita por ela como sendo sua anterior encarnação.Ainda mais — provado ficou, também, que esta tal Joanafora, de fato, enterrada na igreja de Notre-Dame-du-Mont,confirmando o que afiançava Laura.

Até aí, portanto, todos os indícios estavam a favor de Lau-ra. Entretanto, melhor prova seria dada, por intermédio dumasensitiva, cliente do Dr. Durville, que ignorava completamentetais fatos.

Foi assim: Durville acabava de receber da Itália, juntamentecom a carta do amigo, a certidão do óbito de Joana e a confir-mação de tudo que Laura afirmava sobre sua encarnação emNápoles. Muito ocupado, não pôde ler a correspondência,verificando, apenas, que era da Itália e do referido amigo.Não tomou, entretanto, conhecimento do conteúdo. Apro-veitando-se, no entanto, da magnetização de Mme. d’Elphes,teve a idéia de fazer com ela uma experiência de clarividên-cia. Por isso, interrogou-a sobre o teor da correspondênciaque lhe chegara da Itália aquela manhã. Com surpresa, viu asensitiva transportar-se, em espírito, a Nápoles e descrever acena que Laura sempre lhe descrevia, isto é, uma moça for-mosa, morena, de grandes olhos negros, a passear no terraçoduma mansão de estilo renascença italiana, afetada por perti-naz tuberculose pulmonar, que a mataria brevemente. Insti-gada pelo magnetizador, a sensitiva, em transe, viu, depois, oesquife enterrado na Igreja, deparando-se-lhe, ainda, umaespécie de arco-íris que ligava aquele porto italiano ao norte

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da França; e, estimulada pelo magnetizador, pôde verificar queJoana, depois de longos anos de vida extraterrena, voltara àTerra, encarnada em Aumont, cuja casa, modesta e descon-fortável, descrevera com precisão, deparando-se-lhe a visãoduma menina, que outra não era senão Laura, toda vestidade azul, inclusive as meias, indumentária obrigatória, duran-te sua infância, por estulta promessa da mãe, que, assim, ima-ginava agradar a Nossa Senhora!

Ora, ignorando tudo a respeito de Laura, inclusive estahistória de, por tola promessa, ser uma criança obrigada avestir-se somente de azul, a sensitiva não poderia ter mistifi-cado. E como certos fatos por ela revelados eram tambémdesconhecidos pelo Dr. Durville, fica, ipso facto, eliminada ahipótese de sugestão verbal ou telepática. Nessas condições,a única explicação satisfatória é a admitida por Laura, e, comela, provada fica, mais uma vez, a reencarnação!

Donde se infere que a teoria da reencarnação não contaapenas com a tradição religiosa e com a lógica dos argumen-tos: tem, a seu favor, fatos irremovíveis, comprovados rigoro-samente, por numerosos observadores, em várias partes domundo. E ainda bem. Porque só com as vidas sucessivas épossível conciliar a bondade do Criador, com a aparente arbi-trariedade dos destinos humanos, onde, via de regra, não sevislumbram quaisquer resquícios de justiça!

Em resumo: a revelação da lei das reencarnações descorti-nou à criatura sedenta de amor divino, ao invés de um Deusantropomórfico, atrabiliário e caprichoso, um Criador, naverdade, sábio e justo — e mais do que justo e sábio — infini-tamente bom, que reserva para todas as criaturas, sem exce-ção alguma, a glória duma vida eterna, aureolada de indes-trutível felicidade — sublime galardão que cada qual deveráconquistar por seus próprios méritos, não como privilégio dareligião que professa, mas pelas obras que pratica... e pelasvirtudes que conquista!

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Provas de Sobrevivência I

ontra a argumentação dos que afirmam que, através dosmédiuns, os habitantes do “outro mundo” podem co-

municar-se conosco, os adversários costumam invocar váriashipóteses, todas tendentes a explicar os fenômenos como sim-ples decorrência de faculdades pouco conhecidas do própriohomem, sem interferência da alma dos “mortos”.

Longe de mim a idéia de querer negar as faculdades cienti-ficamente inexploradas da alma humana. Reencarnacionistasou, compreendo perfeitamente o valor do inconsciente, devez que, para mim, da mesma forma que para todo reencar-nacionista, o estoque dos fatos inconscientes ultrapassa mui-tíssimo os estreitos limites da presente encarnação, projetan-do-se no tempo e no espaço, para abarcar as aquisições dasexistências passadas!

Todavia, pelo fato de emprestar excepcional valor ao sub-consciente, não se segue que aceite a absurda generalizaçãofreudiana, nem que me veja obrigado a restringir a explica-ção dos fenômenos mediúnicos ao campo exclusivo do ani-mismo, e, conseqüentemente negar que, em dadas circuns-tâncias, os fatos, por si mesmos, comprovam sua origem ex-traterrena.

Com efeito, independentemente da personalidade do mé-dium, através de seus sentidos ou de seus modos de expressão,

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se nos identificam, muitas vezes depois de “mortos”, antigoshabitantes deste mundo, que sobre comprovarem a sobrevi-vência do Espírito, ainda nos dão uma idéia aproximada davida de além-túmulo, muito mais rica e variada, sem dúvida,do que a vida terrena; todavia, indissoluvelmente, ligada aela por sábia lei de causalidade moral, conforme se nos depa-ra no exemplo que passo a citar. Antes, porém, uma ressalva.Propositadamente, faço tábua rasa das capciosas interpreta-ções dos parapsicólogos, para deixar à apreciação dos leitoresa análise do caso, que se me afigura de evidente valor com-probatório.

Publicado, originalmente, no Jornal da Sociedade Ameri-cana de Pesquisas Psíquicas, foi um dos exemplos de que sevaleu Ernesto Bozzano, para rebater as hipóteses de RenéSudre contra a Doutrina Espírita.

O autor, Stuart Armour, estudioso dos fenômenos metap-síquicos, membro da referida Sociedade, estimulado pelo prof.Hyslop, mundialmente afamado pela técnica com que inves-tigou os fenômenos espíritas, deliberou dá-lo à publicidade,relatando, em síntese, o que se segue.

Espírito dinâmico e temperamento um tanto aventureiro,Armour, duma feita, andou a arquitetar planos para abando-nar a vida pacata e confortável, que desfrutava, em São Fran-cisco, na Califórnia, e transformar-se em pioneiro, como ex-plorador de inóspita região aurífera, localizada a mais de 350milhas, no Estado de Nevada.

Comprado o terreno, lá esteve Armour em trabalho deprospecção, podendo, então, certificar-se, de escavações an-teriormente iniciadas por tribos indígenas e travando conhe-cimento com os únicos habitantes daquele deserto — doisvelhos mineiros, residentes a vários quilômetros de distânciado mencionado terreno. Chamava-se um deles James Say eambos haviam nascido e sido criados no Estado de Nevada,

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do qual jamais se afastaram, fato importante para a tese emfoco.

Desistindo, por motivos que não esclarece, do arrojadoempreendimento, estava, novamente, Stuart Armour em SãoFrancisco, quando conheceu Sarah Seal, respeitável matro-na, dotada de valiosos dons mediúnicos. Inglesa de origem, amédium, vivera no Kansas e na Califórnia, nada conhecen-do de Nevada nem dos negócios e aventuras de Stuart Ar-mour.

Ora, aconteceu que, certa vez, estando a palestrar, comela, Armour tocou no assunto da exploração do terreno quevinha de comprar. Foi quanto bastou para que a médium queera clariaudiente, isto é, que ouvia a “voz” dos Espíritos, acu-sasse a presença duma Entidade, que, expressando-se comsotaque irlandês, empregava tantos termos de gíria que elasentia dificuldade de entendê-lo. De toda forma, o Espírito semostrava muito interessado nos projetos de Armour e incita-va-o a não desistir da exploração da mina.

Intrigado com o fato, Armour, por intermédio da médium,interpelou o Espírito, perguntando-lhe quem era, e porque sepreocupava com a exploração da mina. A resposta foi imedi-ata: chamava-se Phil Longford, sempre desejara, em vida,explorar o referido terreno, e, agora, morto, não sabia porque, via-se preso àquele local e ciente de que sua evoluçãoespiritual estava dependendo da exploração da mina!

Interrogado se, porventura, conhecera James Say, o velhomineiro de Nevada, Longford respondeu que sim, mas que,naquela época, ele era ainda um rapaz. E acrescentou: “Eledeve lembra-se de mim; mas, se, acaso, houver esquecido,fala-lhe no maior comilão e no maior blasfemador da regiãoque ele imediatamente se recordará de mim!”

Depois desse diálogo, Armour resolveu escrever a Say, per-guntando-lhe se sabia algo a respeito de um irlandês chama-

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do Phil Longford. A resposta foi que, de fato, conhecera oreferido cidadão, mas que já falecera havia muitos anos, dei-xando, no entanto, um filho, que estava em Reno, naqueleEstado.

Interrogado, na primeira oportunidade, se valia a pena es-crever ao filho, contando-lhe a história dessas mensagens atra-vés da Sra. Seal, Longford opinou que não, de vez que o filhonão acreditaria. Contudo, consolou o Sr. Armour, dizendo-lhe: “Tu te encontrarás, um dia, com meu filho e então co-nhecerás o vício do pai...”

E dito e feito. Um mês mais tarde, estava Armour numcafé, na localidade de Reno, a espera do trem, quando, a cam-balear, completamente embriagado, vem atravessando a mul-tidão ali comprimida, um homem estranho que a ele se dirigenesses termos: “Eu te conheço, mas não me posso lembrar onome; vem virar um copo comigo.”

Recusando o convite, Armour tudo fez para convencer oébrio de que ele estava enganado, pois jamais o vira. Semembargo, o beberrão não desistiu e tanto importunou queArmour acabou concordando em ir com o desconhecido atéo balcão, verificando, então, que o beberraz era deveras mui-to conhecido. Por isso, curioso, perguntou ao balconista quemera o borracho. E, com muita emoção, ouviu a informação deque o embriagado se chamava — Longford!

Regressando a São Francisco, na primeira ocasião que pôdeestar com a Sra. Seal, a médium, que de nada sabia, ditou-lheas seguintes palavras que estava a escutar do Espírito do ve-lho Longford: “Agora, que já encontrastes com meu filho, jásabes o defeito do pai. Fui um bêbedo, e não é por outra coisaque me acho preso ao teu mundo. Quando te disse que mesentia preso ao distrito mineiro, que ora te preocupa, queriadizer que, por causa misteriosa, cuja explicação desconheço,

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meu futuro espiritual parece estar ligado à exploração das minasque prospectei em vida!”

Encerrando aqui o extrato do relatório de Stuart Armour,quero crer que os leitores puderam aquilatar do valor dessecaso, como elemento de comprovação não só da sobrevivên-cia do Espírito como da possibilidade de os habitantes do Alémse comunicarem com as criaturas terrenas, valendo-se das fa-culdades mediúnicas.

Na verdade, na espécie, não é admissível que Phil Lon-gford tenha sido, apenas, um desdobramento da personalida-de ou uma criação do subconsciente da Sra. Sara Seal. E aprimeira razão é que a médium não só demonstrava certa aver-são ao palavreado grosseiro do “morto”, como, pelo fato deter sido ele irlandês e de valer-se do calão, não lhe compreen-dia o ditado, sendo necessário que o labrego reproduzisse, emlinguagem menos sórdida, o prosaico jargão ininteligível. Deresto, da América, conhecia a médium dois estados apenas, ode Kansas e o da Califórnia, nada sabendo sobre as minas doNevada. Nessas condições, fica afastada a hipótese de ter sidotudo mera invenção ou uma espécie de romance subliminalda médium, como costumam afiançar, noutros casos, os ad-versários do Espiritismo. Porque, se assim fosse, não se obteriao testemunho do velho mineiro, que, na mocidade, conhe-cera Longford; nem o próprio Espírito do desbocado irlandêsteria podido trabalhar no sentido de dar uma prova a Ar-mour, pondo seu filho em contato com ele, para demonstrar-lhe que quem lhe falava por intermédio da Sra. Seal era umser real, ex-habitante da Terra, onde, por ter sido comilão,beberrão e praguejador, permanecia preso, qual novo Tânta-lo, tendo diante de si o alvo de seus desejos, sem poder saciá-los. E ainda mais, embora não o soubesse explicar, continua-va como que acorrentado ao local, onde outrora colocara todosos seus sonhos de fortuna, de poderio e de gozo — a mina de

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ouro — desse ouro vil, que tantas desgraças acarreta para oshomens que não estão preparados para lidar com ele! Presoao teatro de seus vícios e de seus anelos, vendo a comida e abebida à sua frente e não podendo comer nem beber, grandedeve ter sido, na verdade, o sofrimento desse infeliz irmão.Mas o pior foi sentir, como o Espírito estava a sentir, que seufuturo espiritual dependeria da exploração da mina, porque àvelha angústia, motivada pela ganância de enriquecer, jun-tou-se a sofreguidão para libertar-se do ambiente a que se al-gemara pela cobiça, necessitando, no entanto, do concursode estranhos!

De toda forma, tendo ou não, necessidade de permanecerno local, na posição de humilde protetor de um dos futurostrabalhadores da mina, e, pessoalmente, admito esta possibi-lidade, — o fato é que o drama vivido, “do lado de lá”, peloEspírito aqui focalizado, não pode deixar de ser salutar casti-go para quem, na vida terrena, fora viciado, ambicioso e pra-guejador — desprovido, por conseguinte, de qualquer senti-mento religioso. E seja como for, vale de advertência paraquantos, estando encarnados, não sabem aproveitar a opor-tunidade para conquistar os eternos valores do Espírito, pre-ferindo sacrificar a saúde e, quiçá, a vida, numa luta desregra-da, quando não desonesta, para a obtenção duma riquezaimpossível, ou malbaratar o tempo no vício e na ociosidade,escravizado aos sentidos e dominado pelos prazeres efêmerosda carne...

É assim, pois, em contato com os Espíritos, companheirosque nos antecederam na partida para o Além, que bem pode-mos valorizar a vida, sentindo, no exemplo dos que já se fo-ram, a realidade da justiça divina; e compreendendo a neces-sidade de nossa correção, pela certeza de que uma lei de cau-salidade moral liga os dois mundos — o de cá e o de lá — detal modo que, ao morrermos, receberemos exatamente o tra-

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tamento que merecermos, independentemente da religião aque hajamos pertencido e de nada valendo os títulos terre-nos!

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Provas de Sobrevivência II

ia de regra, quando não podem apontar a fraude, os ad-versários do Espiritismo preferem emprestar ao subcons-

ciente do médium as mais inconcebíveis faculdades, contan-to que eliminem da explicação dos fenômenos a temida in-tervenção dos “mortos”.

Contudo, se, em certos casos, a influência do subconsci-ente é palpável, a verdade é que, na maioria das vezes, osfatos são de tal ordem que afastam todas as dúvidas, impon-do-se a manifestação dos Espíritos.

Digo mais: depois da leitura dos protocolos das investiga-ções científicas, realizadas, desde a metade do século passado,no Velho e no Novo Continente, só por preconceito ou in-teresse inconfessável, poder-se-á negar a manifestação dos“mortos”.

Todavia, como a mim não me importa a opinião dos escra-vos do preconceito, nem as evasivas das consciências alge-madas a interesses subalternos, pouco se me dá que tais indi-víduos aceitem ou não, as idéias e os fatos aqui debatidos pormim. O que me impulsiona, nesses dias incertos que o mun-do está vivendo, quando, de um momento para outro, pelaloucura dum estadista, apocalíptica hecatombe pode varrer acivilização da face da Terra, é, apenas, o desejo de submeterao exame das consciências livres, juntamente com a garantia

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da sobrevivência da alma, uma filosofia profundamente con-fortadora, que extingue o temor da morte e dá forças parasofrer, em virtude de sua sublime conceituação da justiça di-vina, que dá à criatura humana um destino glorioso. Dar-me-ei por bem pago, portanto, se essas palestras, de alguma for-ma, tocarem o coração dos que me dão a honra da atenção,estimulando-lhes a curiosidade para o estudo duma Doutri-na, que tem sido o encanto de minha vida e a fonte das me-lhores inspirações para a corrigenda das minhas imperfeições.

O caso que passo a focalizar, a par de seu valor intrínseco,apresenta, para os espíritas, um aspecto sentimental, porquantoteve o condão de converter o vibrante jornalista e brilhanteteatrólogo inglês H. Dennis Bradley, conquistando, assim,para a Doutrina, valoroso combatente, cujas obras, traduzi-das em diversas línguas, correm mundo difundindo a verda-de.

Estando, de visita, em Nova York, Bradley foi convidadopor velho amigo, o advogado José De Wickoff, russo natura-lizado norte-americano, para hospedar-se em sua esplêndidacasa de campo, a poucos quilômetros da fascinante metrópo-le.

De anteriores encontros, efetuados na Inglaterra, colheraBradley que De Wickoff era dado à investigação dos fenôme-nos espíritas. Todavia, não se interessou pela questão; pois,chocado com a carnificina de 1918, e revoltado com a cala-mitosa situação mundial, que sucedeu à guerra, estava total-mente desiludido da religião que aprendera na infância, tor-nando-se céptico e, até, agnóstico.

Mais tarde, hóspede do rico advogado, não se surpreen-deu muito quando ele, certo dia, lhe perguntou se, porventu-ra, não lhe agradaria assistir a uma sessão espírita. Bradleyaceitou mais por delicadeza do que por curiosidade. Diante,porém, da aquiescência do amigo, o generoso hospedeiro

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mandou convidar George Valiantine, médium admirável, parapassar o fim de semana com eles.

Nessas condições, em demorado contato com o médium,pôde o teatrólogo, profundo conhecedor dos segredos da Psi-cologia, observar a personalidade de Valiantine, que se reve-lou como a de um americano comum, simples no trato e nofalar e que não sabia expressar-se com fluência, não revelavaeducação superior, nem apuradas leituras.

Em suma — a impressão do céptico beletrista foi de estardiante de homem simples e honesto, mas de pouca cultura. Ecomo, no exemplo a citar, a manifestação se processou pelachamada voz direta, fenômeno em que, as palavras dos Es-píritos, ao invés de saírem da laringe dos médiuns, formam-se, misteriosamente, em pleno ar, mesmo quando o médium,como foi o caso, está a palestrar com os presentes, Bradley fezquestão de frisar que a voz do médium, embora normal e agra-dável, denunciava pouca instrução, fato que se chocava coma aprimorada expressão e com a perfeitíssima dicção da men-sagem que recebeu!

E agora que já se conhecem os principais personagens,vejamos como, segundo o depoimento do próprio escritor, osfatos se desenrolaram. Antes, porém, devo esclarecer quehavia um quarto figurante — José Dasher, estudante de Me-dicina, se me não falha a memória, que, como Bradley, erahóspede do plutocrata. E foram esses três cidadãos — De Wi-ckoff, Bradley e Dasher, que, certa noite, em companhia domédium, entraram num dos cômodos da casa, fecharam her-meticamente todas as portas e janelas e, por precaução, aindaencostaram pesados móveis nessas entradas; depois, sentaram-se os quatro em torno duma mesa, sobre a qual repousavamduas cornetas de alumínio, marcadas com faixas fosforescen-tes, cuja finalidade era, em dadas circunstâncias, favorecer a

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condensação das ondas sonoras, tornando mais audível a vozdos Espíritos. Em seguida, apagaram-se as luzes, pois, como éfato de observação, a energia fotônica, via de regra, inibe osfenômenos, embora, com certos médiuns, dotados de grandeforça mediúnica, a luz, ainda que enfraqueça, não chega aparalisar as manifestações.

Sentados em volta da mesa, isolados entre as quatro pare-des da sala, em plena escuridão, lá permaneceram longo tem-po os quatro companheiros, quebrando a monotonia expec-tante com o ritmo de canções e de hinos sacros, sem quenada acontecesse. E Bradley, que, a princípio, estava com obom humor de quem vai participar de emocionante brinca-deira, entediado do ambiente e irritado com os cantos, já es-tava arrependido de ter entrado na chatíssima investigação.Lealmente, chegou a confessar que foi uma felicidade que oscompanheiros não lhe houvessem visto a fisionomia, tão tor-cido deveria estar seu nariz!

Sem embargo, decorridos mais alguns minutos, um fatoassombroso viria compensar o sacrifício do impaciente litera-to. Foi que, inesperadamente, de um canto da sala, distantede todos, uma voz, cheia de ternura, principiou a chamá-lopelo nome, revelando intimidade com o indócil espectador!Respondendo ao chamado, perguntou, friamente, o cépticoescritor, o que tinha a dizer-lhe quem o chamara. Com raraeloqüência e grande meiguice, a voz exclamou: “Oh, eu tequero muito, muito!”

Chocado, com a expressão de carinho, Bradley pede a iden-tidade de quem lhe falava assim, com tanta alegria e ternura.E, maravilhado, vê, num segundo, rasgar-se diante de si, ovéu do mistério, espatifando-se o seu materialismo, com apresença do Espírito de Anne, sua irmã querida, aquela comque teve maior afinidade espiritual, a única da família que

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verdadeiramente o compreendia, e que havia falecido, comgrande dor para ele, havia dez anos!

Empolgado com a prova, pois, exceto ele, ninguém alipoderia saber desse fato, Bradley demorou-se em comovedordiálogo com a irmã, talento brilhante, possuidora de vastacultura, tão agradável na expressão verbal quanto apuradana dicção, de tal forma que o afamado escritor chegou a afir-mar textualmente: “Nunca encontrei uma mulher que falassecomo ela!”

Pois, agora, depois de angustiante ausência de um decê-nio, graças à mediunidade de Valiantine, novamente, volta-va a ferir os tímpanos do descrente, a voz suave e finamentemodulada da irmã dileta, provando-lhe com grande impactoemocional, que a vida não termina no túmulo!

E para mostrar quanto a mensagem fora convincente, doua palavra ao próprio autor de Rumo às Estrelas. “Naquelemomento — escreveu Bradley — naquele momento, ao diri-gir-se a mim, depois de dez anos de separação, minha irmãfalou-me com todas as peculiaridades da sua maneira pessoa-líssima de dizer. Cada sílaba tinha a enunciação perfeita deoutrora; a entonação, a mesma. Durante quinze minutos, con-versamos sobre assuntos que só a ela e a mim nos era dadoconhecer”.

Ora, se atentastes no fato de que durante a manifestação,o médium, consciente, palestrou como se nada tivesse a vercom a produção da voz; se, além disso, pesastes bem o fato deser o médium pouco culto e de expressar-se com má dicção,em evidente contraste com a irmã de Bradley, que fora erudi-ta e dotada de primorosa dicção, expressando-se com encan-tadora perfeição; e, sobretudo, se aquilatastes do valor do di-álogo, onde o tema girou em torno de fatos íntimos, apenasconhecidos pelos irmãos, que, agora, depois dois lustros, mer-cê das energias captadas no organismo do médium, se reen-

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contraram, em comovente colóquio; se tudo ponderastes, comserenidade, haveis de convir comigo, que exemplos como este,bastam para derrocar o niilismo dos cépticos, comprovando aimortalidade, restabelecendo a confiança na justiça de Deuse alimentando a esperança em dias venturosos, junto dos entesque amamos, num mundo melhor, equilibrado pela fraterni-dade e governado por profunda sabedoria, onde prevalece apaz e impera o amor!

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E, Contudo, os “Mortos” Voltam...

m verdade, em verdade te digo que se o homem nãonascer de novo não poderá ver o reino de Deus...” dizia

o glorioso Rabi da Galiléia ao tímido Nicodemus, em furtivocolóquio noturno.

E como, perplexo, lhe interrogasse o chefe judeu, de quemaneira poderia um homem, já velho, entrar, de novo, noventre materno, para renascer, Jesus, sem hesitar, reiterou aassertiva, afirmando-lhe: “Em verdade, em verdade te digoque se o homem não nascer da água e do Espírito, não podeentrar no reino de Deus.” E, completando seu pensamento,acresceu o Mestre dos Mestres: “O que é nascido da carne écarne; e o que é nascido do Espírito, Espírito é. Não te admi-res de dizer-te: É necessário que nasças de novo.”

Eis aí, senhores ouvintes, claramente dito, o que pensavaJesus sobre a reencarnação, segundo o testemunho de João, oEvangelista. E isso será o mínimo que terá dito, pois é notórioque, no decurso dos séculos, as sagradas escrituras sofreramnumerosas alterações e interpolações para se amoldarem aosinteresses da Igreja Católica. De fato, é inegável que a Vulga-ta foi manipulada ao alvedrio do tradutor, consoante o con-fessa, em carta ao Papa Damaso, o próprio São Jerônimo, au-tor da tradução latina.

“E

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De qualquer forma, porém, a convicção de Jesus está evi-dente. Para alcançar o reino de Deus, isto é, para atingir àperfeição, o homem terá de nascer de novo, isto é, reencar-nar; de vez que, imperfeito como é, não lhe bastaria uma únicaencarnação terrena, para conquistar todos os predicados in-dispensáveis à glória de chegar à presença do Criador. Toda-via, para nascer de novo, o homem não precisa de tornar aentrar no mesmo ventre materno, como supôs Nicodemus;pois o que renasce é o Espírito e não o corpo. “O que é nasci-do da carne é carne”, disse o Mestre. E foi como se houvessedito: o corpo carnal doutro corpo carnal nasce, de acordocom as leis biológicas. “O que é nascido do Espírito, Espíritoé” — afirmou Jesus. E foi como se houvesse dito: o Espíritoque reencarna, independe do corpo que o reveste: — temorigem diversa; não provém da carne; preexiste à formaçãodo embrião e está para o corpo carnal como o homem estápara a roupa que o veste. Assim como a vestimenta, prote-gendo contra as intempéries, é imprescindível à preservaçãoda saúde, o corpo carnal, maravilhoso instrumento, provi-dencialmente adequado à atuação no plano terreno, é indis-pensável às atividades do Espírito neste planeta. Por isso, épreciso nascer da água — disse Jesus a Nicodemus. Ora, dizer“nascer da água”, na época de Jesus, era o mesmo que dizernascer de outro corpo, isto é, encarnar, porque conforme asidéias correntes, inspiradas na Escola Jônica, fundada seis-centos anos antes da Era Cristã, conforme as idéias correntes,repito, era crença geral que todos os seres vivos provinhamdo lodo do mar. Nessas condições, nascer da água equivalia anascer com um corpo carnal. E justamente porque se admitiaque a carne, isto é, o corpo provinha da água ou melhor dolodo do mar, foi que Jesus, querendo distinguir entre o Espíri-to eterno, criação de Deus, e o corpo carnal, obra das leisdivinas no terreno da Biologia, ressaltou ao bisonho chefe

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fariseu que, para ver o reino de Deus, isto é, para chegar a umplano de perfeição, o homem, Espírito atrasado, cursando,ainda, a escola terrena, onde, em cruciantes experiências, devedecantar, no cadinho da dor, a ganga de muitas imperfeições,haveria de nascer da água e do Espírito, ou seja do corpo e doEspírito e, por conseguinte reencarnar, já que uma única vidanão lhe bastaria para conquistar a perfeição.

Dúvida não pode haver, portanto, que Jesus, embora vi-vendo numa época de fanatismo religioso e no seio dumanação, que, julgando-se privilegiada por um hipotético pac-to com Jeová, não admitia, sob pena de morte, qualquer re-velação que, de algum modo, pudesse modificar suas concep-ções religiosas, não pode haver dúvida de que Jesus conheciaperfeitamente, como não podia deixar de conhecer, a lei dasreencarnações, admirando-se mesmo, de que Nicodemus, fa-riseu proeminente, ignorasse tal fato. E que, a despeito datirania religiosa do Sinédrio, a idéia das vidas sucessivas an-dava no ar, entre a massa popular, é fácil concluir pelo pró-prio testemunho da Bíblia, embora os teólogos, cuja missãoparece consistir em tornar obscuro o que está claro, tenhamdado interpretação muito diversa ao texto evangélico.

Mas o fato é que lá está claramente escrito, apesar dos en-xertos e das podas sofridas no transcurso dos séculos, que,quando Jesus afirmou, de acordo com a predição de Isaías,que Elias já havia voltado, os discípulos logo compreenderamque o Mestre se referia a João Batista.

Ora, com admitir fosse João o mesmo Elias, que voltara àTerra, demonstraram os discípulos de Jesus, pela naturalidadecom que a aceitaram, que a reencarnação era coisa sabidaentre eles. Conseqüentemente, o que deve causar espécie nãoé o fato de os espíritas, herdeiros do autêntico pensamentocristão, proclamarem a realidade da reencarnação, mas a in-dignação com que os teólogos combatem a única explicação

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que concilia a chocante desigualdade dos destinos humanoscom a bondade do Criador!

Na verdade, ainda que se dê de barato possível erronia nacompreensão dos textos bíblicos, muitos fatos de observaçãoexistem que fazem da lei da reencarnação, mais do que puraespeculação filosófica, uma realidade tangível. Com efeito, aliteratura especializada está referta de provas. O difícil é esco-lher, tantos são os testemunhos. Haja vista o caso publicadoem 1912, na revista teosófica Ultra, editada em Roma. É odepoimento de um oficial italiano: Florindo Battista. Materi-alista, a princípio não deu crédito ao fato, vendo-se obriga-do, mais tarde, a render-se à evidência.

Eis, resumidamente, como as coisas aconteceram. Grávidade 3 meses, sua esposa teve uma aparição que a deixou des-lumbrada: muito alegre, o Espírito duma filhinha, morta ha-via três anos, se lhe apresentou para comunicar-lhe que vol-taria a encarnar como sua filha. Aceitando o fato como obrada Providência, a boa mãe instou com o marido no sentidode dar ao produto daquela gestação o nome da falecida Blan-che. Embora convencido de que tudo não passara duma alu-cinação, o oficial concordou com o capricho da esposa. To-davia ficou muito impressionado, quando seis meses mais tar-de, a gestante deu à luz uma menina que em tudo pareciacom a irmã defunta.

O mais importante, no entanto, era a semelhança psicoló-gica observada entre as duas Blanches — a que desencarna-ra, havia três anos, e a que posteriormente encarnara. Verda-de é que, para quem não estava privando intimamente comos fatos, tudo se lhe poderia afigurar mera coincidência, emse tratando de filhas de um mesmo par de progenitores. Con-tudo, dentre outros, houve um fato que se não poderia expli-car à luz da Genética. Ei-lo. A primeira Blanche tivera, comoama-seca, uma suíça — Maria — que só falava francês e que

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costumava acalentar a criança entoando monótona cantigade ninar, originária de sua pátria. Morta, no entanto, a meni-na, a babá voltou para a Suíça, e, com ela, sumiu-se daquelelar o eco dolente da canção, que tão viva e angustiante recor-dação dava aos pais desolados. Pois bem, estava já a Blanchereencarnada, com seis anos de idade, quando, certo dia, ines-peradamente, principiou a cantar, em francês, a canção deninar, que Maria, a babá suíça, costumava entoar para a “ou-tra” Blanche! Perplexa e chocada com o fato, a mãe pergun-tou à criança onde aprendera aquela canção. Com toda anaturalidade, a menina, que nada sabia de francês, respon-deu calmamente que ninguém lha ensinara e que ela a sabiasozinha!

Ora senhores ouvintes, independentemente da apariçãoprenunciadora e das semelhanças físicas e psíquicas entre asduas crianças — a que morrera e a que, três anos depois, nas-cera — o fato de a menina haver cantado, em língua quedesconhecia, uma canção de ninar, oriunda da Suíça, pátriada babá da primeira Blanche que morrera, canção que jamaispoderia ter sido ouvida pela segunda Blanche, aquela quenascera 3 anos depois, esse fato, meus caros ouvintes, só setornará inteligível, se admitirdes, que, de fato, o Espírito daprimeira Blanche, voltou à Terra, reencarnando em novocorpo — o corpo da segunda Blanche — tudo de acordocom a lei que Jesus, naquele célebre encontro a desoras, anun-ciou a Nicodemus boquiaberto: “Em verdade, em verdade nin-guém chega a Deus senão nascendo de novo, da água e doEspírito...”

Com efeito, é nascendo, morrendo, renascendo e progre-dindo sempre, no ciclo multissecular das vidas sucessivas, de-senroladas em milhões de mundos, dentro da imensidão doUniverso, que o Espírito imortal, depurado de todas as imper-feições, chega até Deus — fonte da suprema felicidade!

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Confraternização ou Desintegração?

morte é certa. Em chegando a hora, ninguém escapa— é despido da roupa de carne. A vida encarnada é

incerta, ninguém sabe exatamente o momento em que serádespojado do corpo físico. Só o Espírito perdura eternamen-te. Mas, encarnado ou desencarnado, ele é o arquiteto de suafelicidade ou o causador de sua desgraça. Com efeito, encar-nado e, pela gravitação, preso à superfície da Terra; ou desen-carnado e convivendo, ombro a ombro, com a humanidadeterrena sem, sequer, ser pressentido pela imensa maioria dascriaturas ou, ainda, situado num dos múltiplos planos de VidaEspiritual organizados nos mais díspares ambientes de nossoplaneta, de toda forma, o destino do Espírito eterno é, irrevo-gavelmente, regido por uma lei de causalidade moral, comimplícita reação à ação, de modo que ele recebe, impreteri-velmente, o prêmio pelas boas e o castigo pelas más obras quepratica.

Vale dizer que, em última análise, é ele mesmo, Espíritoeterno, emanação do pensamento divino, quem se premeiaou quem se castiga.

Admitido na justiça divina o postulado de causalidademoral, sem prevalência de intercessões, óbvio se torna que,encarnado ou desencarnado o Espírito eterno tem indecliná-vel dever de lutar, com a máxima tenacidade e inquebrantá-

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vel força de vontade em prol de seu auto-aperfeiçoamento,de vez que é o único roteiro através do qual poderá encontrarcrescente felicidade num mundo onde a tônica é a dor, a des-peito de efêmeros momentos de prazer, quase sempre segui-dos de compungitivas decepções.

Aliás, contemplado numa visão panorâmica, com flagran-tes diferenças de destinos entre criaturas de um mesmo Cria-dor, nosso planeta se nos apresenta conspurcado por clamo-rosas injustiças!

Contudo, o errôneo julgamento só perdura nos que par-tem do pressuposto de que a encarnação dos Espíritos só seprocessa uma única vez, finda a qual todos retornam a dife-rentes planos da vida espiritual, onde estacionam eternamente,alguns felicíssimos, a maioria desgraçadíssima! Hipótese detodo um todo absurda, esta da eternidade das penas, porque,nesse caso, o sofrimento não teria finalidade: não seria corre-tivo; seria vingativo! Entretanto, Deus, a infinita perfeição,jamais se vingaria, embora deva aperfeiçoar suas criaturas. Nãoé preciso ser perspicaz para perceber a ostensiva diferença deníveis de evolução dos Espíritos que estão encarnados naTerra. Ora, os Espíritos que, depois de desencarnados, per-manecem neste mundo, nada mais são do que homens queperderam o corpo físico, mas que, com a identidade de suapersonalidade, conservaram as virtudes e as fraquezas moraisque configuraram o seu caráter durante a encarnação. A trans-formação, ou melhor, a evolução como Espírito desencarna-do, efetua-se, lentamente, com muita luta íntima e amparode Espíritos protetores, emissários da sapientíssima justiça di-vina.

Por outro lado, se é incontestável que, nos diversos cultos,desde milênios, Espíritos benfeitores protegeram e curaramincalculável número de criaturas, não é menos verdade que,desde as mais primitivas eras, maior número de Espíritos de

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incipiente evolução sempre causaram sofrimento à humani-dade, quer como cúmplices em “trabalhos” de magia negra,quer como fautores de Espiritopatias por vingança — Espiri-topatias que, muita vez, ultrapassam a obsessão para fixarem-se na possessão, na qual o verdadeiro dono do corpo físico éexpulso pelo obsessor, permanecendo fracamente ligado aoorganismo e semiconsciente, enquanto o Espírito malfeitorprovoca, na vítima, mudança de personalidade, com contro-le integral de seu psiquismo!

Todavia, nada disso acontece por acaso, porquanto Deusnão é apenas onisciente e onipotente: é, também, infinita-mente justo e bom. Só sobrecarrega a correção com sofrimen-tos para conscientizar o Espírito faltoso de seu erro e, dessamaneira, induzi-lo à luta por seu aperfeiçoamento moral. Defato, não há sofrimento sem causa justa — causa que poderáprovir da atual encarnação, mas que, em regra, finca raízesem anteriores encarnações. Tal fato contribui para que pes-soas ínscias em matéria de palingenesia atribuam a desigual-dade dos destinos à arbitrariedade do Criador! Mas tamanhainjustiça não ocorre nem nos casos de magia, pois, para quehaja conseqüências, é imprescindível que a vítima seja culpa-da. Quem não faz mal a ninguém nada tem a temer da magianegra.

Em verdade, o melhor antídoto contra a maldade alheia éo amor fraterno. Por isso, contraditando Moisés, Jesus deNazaré, o iluminado profeta galileu e ínclito iniciado essênio,proclamou: “Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo eodiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossosinimigos e orai pelos que vos perseguem.”

Nunca o mundo esteve tão ameaçado por catástrofes ehecatombes, com risco de desintegração do próprio planeta!

É hora de dramática opção: ou a confraternização inter-nacional ou a destruição integral!

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Dia de Finados ouDia dos Espíritos?

ia de finados — dir-me-eis vós, que me escutais. Pois,em que me pese contestar-vos, dir-vos-ei que de fina-

dos não é o dia de hoje. Porque finar-se só se fina quem seacaba. E o homem não morre — é imortal. Privado do corpofísico, sobrevive no corpo fluídico — misterioso campo deforças perispirituais, que, embora interditas, por enquanto, àsinvestigações científicas, sempre foram percebidas pelas fa-culdades supra-sensíveis dos videntes.

E é o que nos confirma, depois de morto, nesse impressio-nante soneto, através da psicografia de Chico Xavier, o maiscético de todos os poetas — Augusto dos Anjos.

Após a introspecção do Além da Morte,Vendo o humus que as próprias vértebras come,Devorar com atra e hórrida, árdega fomeMinhas carnes em lúbrico transporte,

Vi que o ego era o alento flâmeo e forteDa luz mental que a morte não consome.Não há mavórtica que o dome,ou venenada lâmina que o corte.

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Depois da estercorária microbiana,De que a Terra obnóxia se engalanaNos ergástulos do Infinitesimal

Volve o Espírito ao páramo celesteOnde a deífica essência se revesteDa substância fluida universal

Na verdade, caros ouvintes, a “deífica essência” isto é, oEspírito revestido da “substância fluida universal”, como dizo poeta, ou da matéria cósmica universal, como preferemoutros, continua viva, como vivo continuou o autor de Eu,porque, por absurdo que pareça, o Espírito é indestrutível. E,servido por um corpo etéreo, mais aperfeiçoado, que lhe dánovos sentidos, o Espírito, pelo fato de estar despojado docorpo carnal, não pode ser considerado morto. Ao contrário,vivendo uma vida mais plena de sensações e de emoções doque a vida terrena, os “mortos” estão, de fato, mais vivos doque nós! Por conseguinte, chamá-los de finados, sobre serchocante contra-senso, é ridícula jactância!

Não; o dia de finados, se é consagrado àqueles que regres-saram ao Mundo Espiritual, não é dia de finados — é dia dosEspíritos. Dia de nossos parentes amados. Dia de nossos Gui-as venerados. Dia daqueles que, pela carne e pelo espírito,conosco se uniram por profundos laços afetivos — os nossosparentes e os nossos amigos, que nos antecederam na partidapara outros planos de existência. Dia, também, daqueles que,sem terem estado ligados a nós pelos vínculos consangüíne-os, de remotas eras a nós se prenderam, por indestrutível afei-ção — os nossos Protetores, os nossos Guias Espirituais, emsuma — os nossos melhores amigos, de vez que, com inaudi-tos sacrifícios, lutam por nossa ascenção espiritual. O dia ditofinado é, portanto, um dia de saudade e de gratidão. Gratidão

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aos Protetores, que, no Além, velam por nós. Saudade dosentes queridos que, embora, no Além, permanecem em nos-so coração. Presos pelo coração, presentes estarão sempre emnossa memória, Porque, como afirmou em magistral oraçãode paraninfo, o nosso genial Rui Barbosa, “para o coração,não há passado, nem futuro, nem ausência. Ausência, preté-rito e porvir, tudo lhe é atualidade, tudo presença. Mas pre-sença animada e vivente, palpitante e criadora, neste regaçointerior, onde os mortos renascem, pré-nascem os vindoiros eos distanciados se ajuntam, ao influxo de um talismã, peloqual, nesse mágico microcosmo de maravilhas, encerrado nabreve arca de um peito humano, cabe, em evocações de cadainstante, a humanidade toda e a mesma eternidade.”

E prosseguindo na altiloqüente apologia aos prodígios docoração, metáfora com que traduz os mais nobres sentimen-tos humanos, mostra-nos o venerável tribuno como o “mági-co microcosmo” vence a morte, trazendo os Espíritos ao nos-so convívio. “A maior de quantas distâncias” — disse o glori-oso autor de Oração aos Moços “a maior de quantas distânciaslogre a imaginação conceber, é a morte; e nem esta separaentre si os que a terrível afastadora de homens arrebatou aosbraços uns dos outros. Quantas vezes não vemos, nesse fun-do escuro e remotíssimo, uma imagem cara? Quantas vezesnão a vemos assomar nos longes da saudade, sorridente, oumelancólica, alvoroçada ou inquieta, severa ou carinhosa,trazendo-nos o bálsamo ou o conselho, a promessa ou o de-sengano, a recompensa ou o castigo, o aviso da fatalidade ouos presságios de bom agoiro? Quantas não nos vem conver-sar, afável e tranqüila ou pressurosa e sobressaltada, com oafago nas mãos, a doçura na boca e a meiguice no semblante,o pensamento na fronte, límpida ou carregada, e lhe saímosdo contato, ora seguros e robustecidos, ora transidos de cui-dados e pesadume, ora cheios de novas aspirações, e cisman-

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do para a vida, novos rumos? Quantas outras, não somos nósos que vamos chamar esses leais companheiros de além-tú-mulo, e com eles renovar a prática interrompida, ou instarcom eles por um alvitre, em vão buscado, uma palavra, ummovimento do rosto, um gesto, uma réstia de luz, um traçodo que por lá se sabe, e que se ignora?”

Sim, meus irmãos, se a vós outros, que duvidais da sobrevi-vência e do intercâmbio com o Mundo Espiritual, as asserti-vas do grande brasileiro se vos afiguram simples tropos lite-rários, muito vos enganais. Porque, na verdade, ao decantaro maravilhoso poder evocativo que nos reserva o coração,mantendo inapagáveis em nossa retentiva a imagem dos en-tes estremecidos, Rui Barbosa, com sua penetrante intuição,proferiu uma verdade incontestável, diante das provas apre-sentadas pelo Espiritismo, com o testemunho de vultos emi-nentes de todos os domínios do saber humano!

E é por saber que não se finam os que partem para o Além;e que, os que verdadeiramente se amam, unidos pelo amor,continuam, como Espíritos imortais que são, que nós, espíri-tas, comemoramos o 2 de novembro não como quem rendeculto ao corpo, reduzido a um punhado de pó, no fundo dosepulcro, mas como quem sabe testemunhar aos que se fo-ram, imperecível amizade, renovando, nesse dia, a prática detodos os dias, permutando com eles os melhores pensamen-tos e os fluidos mais puros, através do transcendental podertelepático da oração.

O dia de finados é, na verdade, dia de evocação, de medi-tação e de oração. Evocação dos entes amados, que já parti-ram para a vida espiritual, renovando com eles os laços afeti-vos, em moldes menos egoístas, expungidos das sensações ter-renas e sublimados no mais puro amor, que é o amor fraterno!Meditação sobre nosso destino, pois amanhã estaremos, tam-bém, do lado de lá, despidos do corpo carnal, e, sem embar-

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go, mais vivos do que hoje, para acertarmos contas com aJustiça Divina! Oração em prol do progresso espiritual dequantos nos são caros, bem como de todos a quem somosdevedores; pois, se a elevação dos amigos nos dá alegria, aregeneração dos inimigos nos poupa sofrimentos. Evocação,meditação e oração, que não devem ser situadas, à beira dojazigo, onde rondam Espíritos atrasados, empedernidos auto-res de crimes hediondos, ou castigados pelo próprio ateísmo.De toda forma, desejosos de absorverem, em execrável vam-pirismo, os últimos resíduos de fluido vital dos cadáveres emdecomposição e condenados a sentirem, no próprio Espírito,as pavorosas sensações da desagregação corporal, sob o im-pacto dos micróbios necrófagos e dos vermes vorazes! Evoca-ção, meditação e oração, que, aos contrário, devem ser reali-zadas em ambiente tão puro quanto possível, para que lu-crem, não só os que são objeto da evocação, da meditação eda oração, como, também, o que evoca, o que medita, o queora. E evocar com alegria, e meditar com serenidade, e orarcom confiança! Porque evocar com lágrimas, meditar compavor e orar maquinalmente a mesma coisa é que não orar,não meditar e não evocar!

Evocar com choro, rememorar o quadro da morte, subme-ter o parente ou amigo à lembrança dos angustiantes mo-mentos que precederam ao desenlace, não é dar prova deamizade — é sinal de amor egoísta, que não sabe renunciar,em proveito da evolução espiritual de outrem. Meditar navida espiritual com medo, receiando o futuro, é demonstra-ção de tibieza moral, é evidência de apego aos prazeres terre-nos, é prova de imaturidade espiritual. Orar sem convicção,pró-forma, sem sentir, no coração, aquilo que os lábios profe-rem, não é orar — é resmungar. Revoltar-se contra o destino,que arrebatou o ente estremecido, é atentar contra os desíg-

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nios de Deus, duvidando de sua bondade, esquecido de que oente querido, antes de ser um parente terreno, é um EspíritoEterno, filho amado do Criador, que, como Pai sapientíssimo,vela pelo futuro de todos, dando a cada um o destino que, nomomento, lhe convém.

E ao terminar, uma certeza eu vos posso dar, meus prezadosouvintes, que tivestes a bonomia de me aturar até aqui: é queduas forças poderosíssimas unem os Espíritos no além-túmu-lo: — o amor e o ódio. O amor, para felicidade. O ódio, paraa reparação. Unidos, desde já, aos nossos parentes e os ami-gos, pelo vínculo do amor, unidos continuaremos, fatalmen-te, na vida espiritual. Ligados aos inimigos, pelo desejo devingança, ligados permaneceremos, para desgraça nossa, nosplanos espirituais. Portanto, se quiserdes paz e progresso nomundo do além-túmulo, estreitai, cada dia mais, os laços afe-tivos com os parentes e os amigos, que partiram para a outravida. Mas não vos esqueçais de vossos inimigos, sobretudodos que já se libertaram do corpo material, porque, agora,mais livres e menos acessíveis à vossa vigilância, mais temí-veis se tornaram, de vez que vos podem prejudicar, sem quedisso suspeiteis!

Lembrai-vos de que Jesus mandava amar os inimigos. E,amando-os, não vades supor que ides praticar nenhum hero-ísmo. Porque, destruindo inimizades, construís a vossa paz noMundo Espiritual. Logo, fazendo o bem ao vosso desafeto, avós mesmos beneficiais. É o que vos ensina a Filosofia Espíri-ta, aquela mesma que, no dizer dum poeta do Além, é umaluz.

Gloriosa, divina e forteQue clareia toda a vidaE ilumina além da morte.

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Portanto, meus caros ouvintes, se, porventura, hoje, diados Espíritos, só vos lembrastes dos entes que amastes, lem-brai-vos, agora, na derradeira hora, daqueles que, embora vosmal querendo, são, também, vossos irmãos, filhos do mesmoCriador. E se, ao contrário de vossos parentes, não lhes enfei-tastes de flores os túmulos, homenagem mais prejudicial doque vantajosa, — diga-se de passagem — ainda está em tem-po de lhes testemunhardes a sinceridade de vossos propósitosna retificação dos erros cometidos: enviai-lhes, neste momen-to, o óbulo do vosso perdão ou o carinho do vosso arrependi-mento, nas asas vaporosas de vossa oração!

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Dos Espíritos nas Epidemias

ão estranhas são as verdades focalizadas na palestra des-ta noite, que as consagro, apenas, à elucidação dos con-

frades, que, porventura, me derem a honra de sua atenção,certo como estou de que os ouvintes, que desconhecem, to-talmente, a influência decisiva do plano espiritual sobre onosso mundo fenomenal, jamais poderiam aceitar a realidadede meus despretensiosos ensinamentos.

Devo, entretanto, ressaltar, inicialmente, que, para ser pre-ciso, começo por inverter o tema que debaterei: em vez de“O Espiritismo à luz dos fatos”, trago-vos hoje “Fatos à luz doEspiritismo” — o que é bem diferente. De toda forma, porém,o que me inspirou foi o sentimento humanitário de contri-buir de, algum modo, para minorar os sofrimentos de meussemelhantes. E, como sempre, não medi as conseqüências dafranqueza com que vos vou falar, porque pouco se me dá aopinião dos que me não podem compreender, quando minhaconsciência me aponta a trilha a palmilhar!

Falo-vos, na verdade, com a autoridade que me dão nãosó longos anos de tirocínio clínico, exercido em ambos oscampos das doutrinas médicas vigentes, a Alopatia e a Ho-meopatia; mas, sobretudo, armado de vasto cabedal de umsaber, que, sem exagero, e valendo-me das expressões do afa-mado vate da epopéia lusitana, poderia classificar como “um

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saber todo de experiência feito”, de vez que foi adquirido emdemorado contato com a Filosofia Espírita, e com os habitan-tes do Além. Falo-vos, portanto, como médico e como espíri-ta, embora mais como espírita do que como médico. Atentai,pois, prezados confrades, nos fatos que vos quero recordar.

Como sabeis, nossa pátria está sendo invadida por um ini-migo sutil e traiçoeiro — o vírus da gripe asiática — e, postoque as autoridades sanitárias estejam alertas, ninguém deveránutrir a ilusão de que as armas de que dispõe a Ciência serãosuficientes para deter o avanço da pandemia.

Por outro lado, os dados oficiais não são de molde a apa-vorar os que temem a morte, pois a doença não assumiu, ain-da, caráter grave, capaz de ameaçar a comunidade brasileira.

Entretanto, em virtude do feitio do noticiário jornalístico,muita vez de cunho sensacionalista, nota-se já certo pavornos lares brasileiros, onde nós, os médicos, temos sido inter-pelados, com angústia, a respeito dos perigos duma nova “Es-panhola”, de trágica memória, que tantas vidas ceifou nomundo inteiro.

E diante do medo generalizado que venho observando,em desproporção com a pouca gravidade dos casos publica-dos, eu principio a temer também — não o vírus, mas o pâni-co, pois se o pavor dominar os espíritos, então, sim, gravíssi-ma se tornará a doença e perigosíssima a epidemia. Não vosfalo estribado, apenas, na Medicina Psicossomática, não. Falo-vos escudado no conhecimento do mecanismo espiritual dasenfermidades terrenas — o que é muito diferente.

Como sabeis, espíritas que me escutais, todas as doençastêm, além da causa imediata, traumática, tóxica, microbianaou inframicrobiana, uma causa mediata, ligada ao passado doEspírito que as sofre, às faltas que cometeu noutras eras, quan-do revestido doutros corpos, mas cujos efeitos, pelo mecanis-mo cármico da lei de causalidade moral, não se extinguirão

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enquanto os erros não forem corrigidos, e pagas todas as dívi-das morais. Vale dizer que também na distribuição das enfer-midades, atua soberanamente o espírito de justiça que presi-de a todas as obras divinas. E como é de vosso conhecimen-to, meus queridos confrades, são as entidades do Além, osEspíritos dos antigos habitantes deste mundo que servem deinstrumento para a execução da justiça de Deus, causandodoenças mentais ou somáticas, nos próprios verdugos, que,noutras encarnações, lhes fizeram padecer terríveis sofrimen-tos físicos ou morais, tudo de acordo com aquelas verdades jáproclamadas por Jesus, quando afirmou que ninguém alcan-çaria o céu sem pagar primeiro até o último ceitil, e que Deusdá a cada criatura segundo suas obras — verdades essas que,infelizmente, não têm sido bem interpretadas por certos tiposladinos, que, sub-repticiamente, transferem o ônus da sen-tença para seus adversários, e, arvorando-se em juízes em causaprópria, querem fazer justiça com as próprias mãos, descul-pando-se que Jesus determinou fosse a dívida liquidada até oderradeiro centavo, e que se pagasse aos outros conforme suasobras, quando o ensino de Jesus diz respeito à atuação dajustiça divina em relação às nossas próprias faltas, e não àsdos nossos semelhantes.

Deixemos, porém, esses espertalhões com suas capciosasexplicações evangélicas, e prossigamos, sem tardança, porqueo tempo urge e o tema é vasto.

Aceita que seja a interferência dos Espíritos na etiologiade muitas enfermidades — e isso os espíritas não podem ne-gar, porque é fato de observação — lógica se torna, outros-sim, a intromissão dos habitantes do Além no mecanismo dasepidemias — fatos, aliás, suspeitados desde os primeiros diasde nossa civilização, e que foram negados pela Ciência nãoporque ela houvesse obtido provas irrecusáveis em contrário,mas, apenas, porque tendo descoberto alguns dos outros fa-

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tores que entram em equação na gênese dos estados mórbi-dos, por um exclusivismo muito humano, passou a negar, e aridicularizar, as “crenças” dos primitivos, sem se preocupar desubmetê-las à investigação científica, conforme tem tentado,esparsamente, em vários países, alguns vultos proeminentesda Ciência. A verdade, porém, é que: aceite ou não a Ciên-cia, a influência morbígena dos Espíritos na deflagração demuitos estados mórbidos e na rápida disseminação dos surtosepidêmicos, o fato é verdadeiro e em nada desmente as ver-dades científicas até hoje incorporadas ao nosso patrimôniocultural. Os fenômenos naturais são muito complexos, máxi-me os biológicos, que, ao revés dos fenômenos mecânicos,onde os efeitos se ligam imediatamente às causas, dependem,sempre, de várias causas interdependentes, e num mecanis-mo tão intrincado que não é fácil discernir, dentre elas, qual acausa principal, quais as predisponentes, quais as adjuvantes.Ora, a Ciência apreendeu algumas das múltiplas causas queparticipam do complicadíssimo mecanismo das doenças, e,com isso, já obteve belos resultados. Todavia, nenhum sábiodo mundo poderá afirmar que conhece exatamente o que é avida, a saúde nem a doença. E enquanto a Medicina não foruma Ciência exata, enquanto for, apenas, Ciência de proba-bilidades é arriscado negar a participação dos habitantes doAlém na manifestação dos estados mórbidos, mormente quan-do numerosos médicos, conduzidos, pelo estudo do Espiritis-mo, foram levados à convicção de que o fato é real.

Em desacordo, porém, com a opinião da maioria dos mé-dicos, vós sabeis, espíritas que me ouvis, vós sabeis, que, damesma sorte que os homens se grupam na Terra movidos porseus ideais e por seus interesses, também no Espaço se reú-nem os Espíritos em consonância com os objetivos que ali-mentam. Sabeis, outrossim, que, em desencarnando, não semelhora instantaneamente o homem, e que morrendo, como

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morrem, diariamente milhares de indivíduos perversos e re-voltados contra as injustiças que sofreram neste planeta, na-tural é que coordenem forças e conjuguem planos diabólicosde vingança contra a humanidade e contra o mundo, quereputam como responsáveis por sua perdição.

Disso tudo sabem os espíritas. Logo, não poderão estra-nhar que haja, no Além, Espíritos maléficos, alguns com gran-de capacidade mental, que, organizados em verdadeiras qua-drilhas, cultivam vírus, para disseminá-los, em certas épocas,no seio da humanidade terrena, provocando as epidemias.

Fenômeno aparentemente absurdo, torna-se verossímil, noentanto, quando atentamos no seguinte: os vírus são compa-ráveis, sob vários aspectos, aos “fluidos” de que nos falam osEspíritos e que constituem elementos plásticos, governados emodelados, pela radiação mental dos Espíritos, de acordo coma potência da vontade e com a elevação hierárquica dos ha-bitantes dos diversos planos de Vida Espiritual. Assim sendo,os vírus, como os “fluidos”, podem ser modificados e desloca-dos, pelo poder psíquico-magnético dos Espíritos, e, conse-qüentemente, podem ser conduzidos para junto das criatu-ras, até contaminá-las. Para isso não há, sequer, necessidadede serem absorvidos por quaisquer das vias naturais. A doen-ça, já diziam os vitalistas, e, dentre eles, o maior de todos,Samuel Hahnemann, a doença é, em última análise, o dese-quilíbrio da força vital. Ora, vós sabeis, meus confrades, que averdadeira fonte das energias vitais de todas as células do or-ganismo humano é o perispírito, cuja renovação se processadiariamente através do misterioso fenômeno do sono, sobre oqual a Ciência tem formulado várias hipóteses, sem lograr, noentanto, solução definitiva. É, portanto, sobre o perispírito,fonte primacial da vida, que se inicia a doença, seja ela qualfor, com exceção apenas das de causa mecânica.

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E a própria Medicina já propende a admitir que todos osmicroorganismos patogênicos possuem, além da forma micros-copicamente visível, uma vida inframicrobiana, imperceptí-vel aos meios usuais de pesquisas, mas que será reconhecida àmedida que novos aperfeiçoamentos forem sendo introduzi-dos nos microscópicos eletrônicos. Por este caminho, não serádifícil que, mais dia menos dia, todos os médicos venham aadmitir, como os médicos espíritas, e, sobretudo, os homeo-patas espíritas, que a origem de quase todas as enfermidades édinâmica, partindo do corpo espiritual ou perispírito, fonteda vida, porque é o manancial das energias vitais de todos osórgãos.

Concebendo-se, pois, a doença como um desequilíbrio doperispírito e admitindo-se que os Espíritos podem, até certoponto, interferir no dinamismo desse campo de forças queliga o Espírito à matéria, fácil se torna a compreensão da in-fluência que os habitantes do espaço podem exercer na pro-dução de muitos estados mórbidos. E lógica se nos revela tam-bém a ação que as orações podem exercer, não só para afastara doença, como para curá-las. Incrível seria se, tocados pelaprece, os micróbios se afastassem do organismo invadido. Masé razoável que, atraídos pelas orações, Espíritos benfeitoresvenham em socorro do homem, e afastem dele os Espíritosatrasados e vingativos, que difundiram ou pretendiam difun-dir na atmosfera terrena os vírus patogênicos.

Sabedores desses fatos, os espíritas de todo o Brasil deveri-am orar para que a falange do mal, que dissemina a “Asiática”,fosse desviada de nossa pátria, formando, assim, uma corren-te magnética contrária à ação desses Espíritos malignos, quetanto se aproveitam do pavor que causam, em virtude de sero medo uma sensação negativa, que facilita a ação psíquicado adversário, em vez de comovê-lo e afugentá-lo.

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Embora sem o saber, estão empenhados nessa luta contraos malfeitores do Além, todos os cientistas que, por meiosprofiláticos ou terapêuticos, procuram evitar ou curar a doen-ça, pois, da mesma forma que os homens da Ciência os Espí-ritos, bons ou maus, obram sempre de acordo com leis natu-rais, cuja descoberta nos dão muitas vezes a ilusão de que jásabemos tudo, ou que tudo se explica pela própria naturezadas coisas e que Deus, afinal, já foi destronado e desterrado,desde que apareceu o Órgão de Bacon...

Não, meus confrades, nós sabemos quanta razão assistia aShakespeare ao lamentar o mundo de verdades ainda ignora-das pela vã ciência humana!

Por isso mesmo, espíritas do Brasil, cabe a nós o dever decombater por todos os meios e modos o medo que já se vaiapoderando de muitas criaturas, ensinando e exemplifican-do, que uma epidemia, seja de “Asiática” ou de “Espanhola” ésempre uma conseqüência de erros coletivos, e, por isso, deprovação nacional, causadas por Espíritos vingadores e con-dicionadas ao grau de espiritualização dos diversos povos; eque, sendo assim, além dos meios científicos, movimentadospor Espíritos bons, provisoriamente encarnados na posiçãode médico ou de laboratorista, é necessário que haja elevaçãoespiritual, confiança na justiça divina, e caridade para com osmalfeitores, amparando-os ou dominando-os com o poderinegável das orações.

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Da ResponsabilidadeEspiritual na Prática das Vocações

otícia recente, publicada em conceituado vespertino des-ta Capital, dá-nos conta de um médico, que, fascinado

pelas turmalinas de Minas Gerais, acaba de barganhar a áspe-ra labuta da clínica, pela emocionante aventura do garimpo.

Posto que a troca de atividades seja fato corriqueiro, a re-solução do esculápio, dada a disparidade de profissões, nãopoderia ter deixado de causar sensação. Creio mesmo que,pelo menos entre nós, era fato inédito. De toda forma, nãoquero entrar no mérito da questão. Desejo, apenas, valer-meda oportunidade para focalizar o problema das vocações, àluz dos conhecimentos da vida espiritual. Não me refiro — éclaro — à descoberta das vocações para a orientação profissi-onal. Isso é assunto superado, mercê dos métodos, das técni-cas e dos testes da Psicologia. O que me interessa, no mo-mento, é questão muito mais transcendental. Ultrapassa oslimites dos métodos científicos. Mas, em compensação, dáuma explicação racional daquilo que a Psicologia, até hoje,não pôde compreender, hesitando entre os fatores hereditári-os e os fatores ambientais. Sem embargo, o problema da vo-cação é mais complexo do que se poderia imaginar. Precedeao nascimento e prende-se à uma lei de causalidade moral.Não é por acaso que um indivíduo nasce para ser médico

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outro para advogado, outro para engenheiro, outro para pro-fessor ou para outra qualquer profissão. Nem é por hereditari-edade que se vem músico, pintor, escultor ou poeta. Da mes-ma sorte não é por azar que um operário tem vocação paracarpinteiro, outro para ferreiro, outro para sapateiro ou paraalfaiate ou para qualquer, dentre os muitos ofícios existentes.Não. Tudo isso que, para o materialista, poderia advir, tãosomente, de fatores hereditários, de influências ambientais e,até, da pressão econômica, provém, na verdade, duma lei dejustiça, que rege os destinos. De fato, o mistério das vocações,de idêntico modo que muitos outros que a Ciência ainda nãologrou desvendar, reside na organização do corpo astral, cor-po espiritual ou perispírito, operação que antecede à fecun-dação e que preside à formação do embrião. Sujeita à altasabedoria dos chamados “Senhores do Carma”, Espíritos deelevada hierarquia, a vocação é, em última análise, um “fluido” ou melhor — uma “radiação”, proveniente do plano es-piritual correspondente à Ciência, à Arte, ao ofício, à ativi-dade, em suma, que o Espírito, prestes a encarnar, deverá exer-cer, futuramente, na vida terrena. Todavia, essa “radiação”não é distribuída arbitrariamente. Não! Cada Espírito na oca-sião de reencarnar, recebe, no perispírito, a radiação específi-ca da atividade que mereceu exercer, responsabilizando-se,perante à espiritualidade, pelo emprego que fará dessa radia-ção. Isso não obsta, entretanto, que Espíritos afins por suastendências e vocações venham a encarnar agrupado numamesma família, o que dá a ilusão de hereditariedade parecen-do, à primeira vista, que o indivíduo herdou de seu ancestraisa vocação, quando, na verdade, como Espírito independenteque é, trouxe, para a Terra, apenas a vocação que, por suasvidas passadas, fez jus perante à Divina Justiça! E se fosse doutraforma, se a vocação fosse produto ocasional de fortuito en-contro de genes, então não haveria justiça na distribuição

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das tendências e capacidades inatas; e, conseqüentemente,não haveria, também, responsabilidade moral no êxito, ouno fracasso, da atividade ou da profissão. Mas a verdade éque, embora poucos o suspeitem, há grande responsabilidadeespiritual na utilização das vocações. Quaisquer que sejam.Porque a radiação específica de cada profissão — Medicina,Engenharia, Advocacia, Pedagogia, Música, Desenho, Pin-tura, Escultura etc. — é um patrimônio da Vida Espiritual,que cada qual deverá cultivar em proveito próprio, para mai-or evolução espiritual. É graças a existência, no perispírito,dessa radiação misteriosa que um indivíduo assimila facilmenteos conhecimentos médicos; outro os conhecimentos odon-tológicos; outros os conhecimentos matemáticos; outros osconhecimentos lingüísticos, etc; enquanto que, esses mesmosindivíduos, que tão talentosos se mostraram para determina-da especialidade, se revelam abaixo da expectativa, se tenta-rem um estudo ou uma atividade, para os quais não trouxe-ram, do Mundo Espiritual, o “fluido” indispensável. Assim,quem nasceu para ser médico, nunca seria, por exemplo, bomengenheiro, por mais inteligente que fosse. Da mesma forma,quem nasceu para ser advogado, jamais seria bom médico.Na primeira hipótese, teríamos um engenheiro, que, depoisde um curso medíocre, realizado, certamente, para satisfazera vaidade de um pai prepotente, desses que se julgam com odireito de governar o destino dos filhos, acabaria não exer-cendo a profissão, para revelar, a cada passo, sua tendênciamédica, quer pela insopitável curiosidade com que procura-ria ler obras de Medicina, como pela satisfação com que setransformaria em charlatão, quando, na realidade, teria tido,não fora a incompreensão paterna, o direito de ser ótimomédico! Na outra hipótese, a do advogado em potencial, que,por qualquer motivo, fora feito médico à força, teríamos ummédico bem falante, talvez um orador eloqüente; mas de toda

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maneira, um médico medíocre, tímido, sem iniciativa, por-que jamais teria confiança em si, para assumir a responsabili-dade pela vida alheia! E isso, que exemplifiquei, vale paratodas as profissões. Desviado do roteiro profissional, que de-veria seguir, de acordo com o plano traçado no Mundo Espi-ritual, em harmonia com um princípio de justiça, consoanteos méritos e as necessidades de cada um, o Espírito encarna-do, seja homem ou mulher, fracassará, infalivelmente, no queconcerne à atividade que, erradamente, pretendeu exercer.Longe de saldar suas dívidas com a vida eterna, sobrecarre-gou seu futuro com compromissos maiores. E isso quando odesvio é involuntário, por imposição de outrem. Imagine-senos casos em que o indivíduo, depois de enveredar no cami-nho certo, naquele para o qual trouxe o “fluido” adequado,diplomado já, por falta de coragem para lutar, renuncia à car-reira desviando-se para caminho de ganho mais fácil. Aí, adívida com a espiritualidade é, sem dúvida, muito grande. Ese o caso se refere à Medicina, Ciência maravilhosa, que dáao homem a bendita oportunidade de mitigar as dores de seussemelhantes, então, a responsabilidade é muito maior, por-que os clientes de hoje, são todos eles, Espíritos com os quaiso médico, em antecedentes existências, teve faltas ou afini-dades — afinidades e faltas que, conforme o caso, deverá in-crementar, ou resgatar, através do exercício da profissão.

Em conclusão: a prática da atividade para a qual se trouxea vocação é dever indeclinável de todo homem. É no exercí-cio dessa atividade que reside o elemento primordial do pro-gresso espiritual, já pelas experiências adquiridas, já pelas dí-vidas espirituais resgatadas. De modo que a deserção dumaprofissão acarreta, sempre, graves prejuízos na vida espiritual— prejuízos tanto mais graves quanto mais nobre for a profis-são abandonada!

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O Único Caminho

ara valorizar a lei de causalidade moral, que rege o desti-no humano, é necessário admitir, previamente, a lei da

reencarnação. Ora, muitas criaturas revelam-se infensas à pa-lingenesia pelo fato de não se recordarem das vidas anterio-res.

Entretanto, não há negar que, durante a encarnação, avida está segmentada em períodos de lucidez intercalada deperíodos de sono, com inibição cortical e total esquecimentode tudo. Sem embargo, ao despertar, o indivíduo readquire aconsciência de sua existência mediante a memória do pre-sente. Vale dizer que a inconsciência do sono profundo nãofoi morte. Ao contrário, na maioria dos casos, o Espírito eter-no continua em grande atividade no plano espiritual terre-no, mas esquece tudo logo que desperta.

No fenômeno da encarnação, ocorre o contrário. Despo-jado do corpo carnal, o Espírito permanece em atividade va-riável, consoante o nível de evolução por ele alcançado. Mas,durante a fase de preparação para nova encarnação, os Se-nhores do Carma apagam-lhe toda recordação de sua vidaanterior. Desta maneira, evitam que vivências do passado in-terfiram nas deliberações do presente, tolhendo-lhe o relati-vo arbítrio com o qual comanda seu comportamento.

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Embora haja exceções, nas quais o Espírito conserva amemória da linguagem ou de algumas ocorrências de anteriorencarnação, com a finalidade de reforçar a tese da reencarna-ção, a regra é a amnésia das anteriores existências. Aliás, é degrande vantagem esse esquecimento das vidas anteriores. Emprimeiro lugar porque suaviza as provações, eliminando a re-cordação de muitos sofrimentos padecidos no passado; emsegundo lugar, incrementa a fraternidade, facilitando novasuniões pelos vínculos familiares, e é fácil distinguir a uniãopor afinidade da união para resgate de dívidas morais. Na pri-meira hipótese, há simpatia à primeira vista; na segunda hi-pótese, há muita antipatia desde o primeiro encontro. Noprimeiro caso, a simpatia deverá ser cultivada com sinceraamizade e fortalecida com orações em favor do auto-aperfei-çoamento do simpatizante; no segundo caso, a antipatia de-verá ser gradativamente transformada em tolerância, e, sepossível, em amizade conquistada com humildes orações.

A1iás, o maior líder espiritual do planeta, Jesus de Nazaré,não exaltou apenas o amor ao Criador e aos amigos; procla-mou, outrossim, “amai os vossos inimigos, fazei o bem aos quevos odeiam e orai pelos que vos caluniam!’”

Na verdade, orando sinceramente pelos inimigos, ou me-lhor, pelos Mentores dos inimigos, facilitaremos, com a radia-ção emitida pela oração, a doutrinação e a transformação moraldos que nos malquerem, de molde que, um dia, poderemostê-los como irmãos agradecidos e, quiçá, como amigos reco-nhecidos!

E que maior prêmio poderíamos almejar que esse de nãoter senão amigos desencarnados?

De resto, se a reencarnação não fosse verdade incontro-vertível, como justificar, à luz da justiça divina, a flagrantedesigualdade dos destinos humanos? Como entender que cri-aturas de um mesmo Criador nascessem marcadas com desti-

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nos tão diferentes, se anteriormente não houvessem vividoencarnadas, acumulando méritos e deméritos, que lhes tra-çou o roteiro do destino?

Com efeito, homem ou mulher, rico ou miserável, brancoou negro, sábio ou apedeuta, perfeito fisicamente ou horri-velmente aleijado, todos, sem exceção alguma, estão subme-tidos à lei de causalidade moral, pela qual cada um recebe ofruto da semente que semeou!

Donde se colhe que o único caminho que nos leva à ple-na felicidade é o do auto-aperfeiçoamento integral, sob a ins-piração dos luminosos postulados morais ensinados e exem-plificados pelo Supremo Mestre do planeta Terra — Jesus deNazaré!

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A Luta dos Espíritos e aCovardia dos Homens

Ciência e a tecnologia estão revolucionando, em ritmoacelerado, o curso de nossa civilização. Nunca o poder

criador do homem foi tão evidente ou ostensivo. Jamais hou-ve tantas conquistas em áreas tão amplas — na terra, no ar,no mar... Talvez, muito breve, outros planetas sejam aborda-dos e, quiçá, conquistados. Destarte, o homem deixará de ser,apenas, terreno: será, outrossim, selenita, marciano, talvez ve-nusiano!

Sem embargo, o ser admirável, que está realizando tantosprodígios, permanece marcado pelo sofrimento e perplexo emface dos caprichos incontroláveis do próprio destino.

Cercado pelo esplendor do mundo hodierno, que ele aju-dou a construir, o homem contemporâneo, à maneira do ho-mem de antanho, caminha, melancolicamente, acossado porvendavais de dolorosas provações, para um futuro problemá-tico, sob o signo da bomba atômica, onde a única certeza é amorte!

É natural, portanto, que nos raros momentos de reflexão ede introspecção, o homem especule, à procura de um sentidopara a vida; e busque uma explicação racional para os para-doxos do destino humano.

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Posto que Deus somente por Deus possa ser compreendi-do, pois, como já advertira Buda, só o infinito poderá com-preender o infinito, a verdade é que, consoante salientouTomaz de Aquino, mediante a observação das obras do Cria-dor chega-se à conclusão da existência de Deus, embora nãose lhe aprenda a essência.

Ora, da observação do Universo e da captação das leis queo regem, chega-se à convicção do infinito poder criador e daincomensurável sabedoria do Supremo Ser. Conclui-se, por-tanto, que Deus, sem a menor sombra de dúvida, é sábio epoderoso. Contudo, para que, além de sábio e poderoso, Deusse nos revele justo e bom, é indispensável que haja uma ex-plicação racional e justa, para o destino do “bípede implu-me”, que vive fortuitamente num átomo de matéria, a Terra,a rodopiar, incessantemente, em colossal galáxia — o homem!

Com efeito, para ser justo, é essencial que Deus dê, a cadacriatura, um destino compatível com seus méritos e com seusdeméritos; e, para ser bom, é fundamental que o sofrimentoterreno se nos apresente como instrumento de correção mo-ral, visando à ascensão a sublimes planos espirituais. Só assimDeus se nos revelará, além de sábio e poderoso, justo e bom.

Como se infere, em face da aparente arbitrariedade dosdestinos humanos, o problema é saber como conciliar a justi-ça com a bondade de Deus!

Há, por exemplo, uma corrente religiosa que circunscreveo problema do destino humano numa única existência terre-na, com implicações definitivas após a morte, agravadas, ain-da, por dois julgamentos: o primeiro, da alma somente, ime-diatamente depois da morte; o segundo, posterior à ressurrei-ção do corpo carnal, da alma e do corpo, reunidos na pessoahumana. Mas essa hipótese não é válida, porquanto, sobreser absurda, é ofensiva a Deus.

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De fato, onisciente como é, Deus não poderia errar noprimeiro julgamento, e, por conseqüência, o segundo seriasupérfluo.

De resto, em qualquer situação, quem erra é, sempre, oEspírito. O corpo, na melhor das hipóteses, é, apenas, o ins-trumento material para a realização de atos condenáveis oupara a satisfação de desejos pecaminosos. Mas não tem, nempode ter, qualquer responsabilidade moral nas ações pratica-das pelo Espírito, nele provisoriamente encarnado. O pior,porém, é que a religião em tela, além de admitir dois julga-mentos sucessivos dos mesmos erros, e pelo mesmo juiz infalí-vel, o que já é exótica redundância, ainda minimiza a justiçado Criador, tornando nulo qualquer julgamento, nos casos desalvação pela “graça” ou de condenação “por predestinação”,hipóteses em que nem os méritos, nem os deméritos da cria-tura julgada entram em conta pelo julgador. E como, no caso,o julgador é Deus, somos forçados a concluir que, na justiçadivina, não há critérios de valor.

De fato, em certos casos, o mérito é válido — e salva; nou-tros, o demérito pesa no julgamento — e condena. Mas, emhavendo “graça”, o demérito pouco importa, porque o faltososalva-se “impunemente”! Além desse absurdo, se houver “pre-destinação”, a despeito dos méritos acumulados em exemplarvida terrena, haverá, fatalmente, no derradeiro momento devida, um pecado “mortal”, com irremediável condenação!

Como se infere, do ponto de vista da justiça, desde quenão haja critério, pouco importa que se façam dois ou maisjulgamentos, porque, de toda forma, a injustiça poderá pre-valecer contra todas as virtudes conquistadas!

Ora, se perdurar tão esdrúxula conceituação sobre a justi-ça do Criador, Deus poderá ser onisciente e onipotente, masnão é nem justo, nem bom!

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Ao contrário, Deus seria injusto e perverso; e, ao invés denos captar amor, infundir-nos-ia pavor! E, sujeito o nosso des-tino ao arbítrio de semelhante monstro, a virtude e a própriavida não teriam sentido!

Sem embargo, como Deus, retratado na prodigiosa criaçãoe na complexíssima manutenção do Universo, se nos revelainfinitamente sábio, cai por terra toda injustiça que se lhequeira irrogar, não passando, pois, de estulta especulação teo-lógica o duplo julgamento post-mortem, perturbado com a sal-vação “pela graça”, e agravado com a “predestinação” inexo-rável!

Por outro lado, se prevalecer a hipótese de que a origemdo sofrimento tenha sido a desobediência de Adão e Eva, ajustiça de Deus degrada-se, horrivelmente, com admitir cri-mes hereditários, desvario que nenhum juiz terreno, por maisbisonho que seja, será capaz de aventar!

De resto, o nosso Espírito eterno, o eu responsável, quepensa, deseja e atua, e, portanto, que acerta ou erra na ma-neira de comportar-se, esse foi criado independentemente dosdemais Espíritos, inclusive, é claro, do Espírito de Adão e doEspírito de Eva. Como aceitar, então, que a falta desses remo-tos ancestrais pudesse transmitir-se à humanidade toda intei-ra?

Porventura, pretender-se-á inculcar aos incautos que opecado do primeiro casal, transmitido através da Genética,nos contaminou o corpo carnal? Se assim é, não há nenhumproblema espiritual — com a morte e conseqüente deteriora-ção do corpo material, automaticamente, fica extinto, em cadacriatura, a pecha do pecado original. Com isso, dispensa-se aintervenção da religião, de vez que, estando livre do corpohereditariamente pecador, o Espírito sobrevivente livre esta-rá do pecado original! Não há, pois, mister do batismo.

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Aliás, a única maneira pela qual o nosso Espírito poderiaencarnar, já maculado pelo pecado de Adão, seria se, ao in-vés de ser criado por Deus, fosse mera emanação do Espíritode Adão, uma espécie de alma-filha, incriada, mas desprendi-da, por cissiparidade, à maneira de certos vegetais minúscu-los, da alma-pai, na mais degradante partenogênese da Natu-reza! Dessa maneira, nós todos, que constituímos a humani-dade terrena, não seríamos criaturas de Deus: seríamos, ape-nas, partículas da alma de Adão, e, na melhor hipótese, filhosputativos de Deus, sem vinculação direta com o Criador!

Ora, não há nenhuma religião que se desobrigue de esta-belecer vínculo moral entre a criatura e o Criador. Mas, desdeque, no caso da humanidade adâmica, esta ligação não exis-te, é evidente que qualquer forma de religião não faz sentido.E culto, se o houver, deverá ser endereçado à alma-pai, deAdão, da qual promanou nosso Espírito, que é o nosso verda-deiro eu, quer estejamos encarnados ou desencarnados.

Considerando-se, porém, que o Criador, por ser perfeito,jamais perpetraria a facciosidade de criar somente o Espíritode Adão, e, quanto ao nosso, deixar displicentemente que seformasse, à guisa de satélite, de centelhas da alma do primeirohomem, tomba por terra a única hipótese pela qual nós po-deríamos nascer contaminados com o pecado de Adão!

De resto, se a causa do sofrimento humano fosse o pecadodo Éden, é evidente que, sendo mesma a causa, o mesmodeveria ser o efeito, isto é, o sofrimento deveria ser exata-mente igual para todos os herdeiros do pecado adâmico, fatoque, absolutamente, não ocorre. E se Deus, pelo mesmo pe-cado original, imputa diferentes castigos, é evidente que nãopossui senso de Justiça — hipótese absurda porquanto atentacontra a perfeição do Supremo Ser.

Não! Nem pelo Espírito, criado independentemente dosdemais, nem pelo corpo material, que não assimila “genes de

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pecado”, o homem poderia ter sido afetado moralmente pelaconcupiscência de Eva e a desobediência de Adão!

Na verdade, à luz da sábia justiça divina, a responsabilida-de moral dos erros praticados é individual e intransferível.

Seis séculos antes da encarnação de Jesus, outro profeta jádizia: “A justiça do justo ficará sobre ele e a perversidade doperverso sobre ele recairá.” (Ez. XVII,20) Vale dizer: cada qualresponde pelas faltas que comete; e somente pelas faltas quecomete.

Não adianta, pois, argumentar capciosamente que, em vir-tude de ter sido em detrimento do Ser Infinito, a desobediên-cia de Adão foi uma falta infinita, que afetou toda a humani-dade! Ao contrário, precisamente por ter sido contra o Cria-dor — Ser Infinito — a falta da criatura — ser finito — pormaior que fosse, tornar-se-ia infinitamente pequena e, demodo algum, poderia afetar o Supremo Ser! Mas, se afetasse,as conseqüências deveriam recair, somente, sobre o autor dafalta e, nunca, sobre seus inocentes descendentes!

Por outro lado, a hipótese de que, para aplacar a “ira deDeus”, magoado com a humanidade, que nada teve a vercom o que Eva ofereceu e Adão comeu, foi necessário o sacri-fício de um redentor divino, é monstruosidade inconcebívelà luz do próprio senso comum! Porque, nesse caso, Deus ma-tou Deus, para reconciliar-se com suas criaturas!

Além disso, se a origem do sofrimento humano foi a “infi-nita” ofensa, feita a Deus, pelo primeiro casal terreno, — oque é grave — o preço da reconciliação, cobrado por Deus,foi, paradoxalmente, um deicídio — o que é gravíssimo! E, sejá houve a reconciliação mediante o sacrifício de um Reden-tor, motivo não há para que perdure, no mundo, o sofrimen-to humano.

De modo que, aceita a hipótese, Deus, além de ter cobra-do caríssimo a reconciliação, rompeu o contrato e deixou ahumanidade curtindo dores imerecidas!

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É pelo fato de não poder aceitar essas concepções absurdase de repelir a conceituação antropomórfica do Deus da Bíbliaou, melhor, do Velho Testamento, que o mundo atual estáaderindo ao delírio megalomaníaco de Nietzsche, que, noséculo passado, proclamou a morte de Deus!

Aí estão, como exemplos, a Teologia Radical e o Cristia-nismo ateu! Mas não fora a distorção histórica da personali-dade de Jesus, que, de médium prodigioso e iluminado “inici-ado” essênio, foi metamorfoseado em Deus fracassado, nuncateria surgido, como aconteceu na América, estranho Cristia-nismo, mesclado com o marxismo, no qual o Mestre dos Mes-tres arregaça as mangas, para assumir o posto de agitador soci-al!

Contudo, Deus não está morto. Todavia, para senti-Lo,entendê-Lo e amá-Lo é imprescindível que o racionalistahomem hodierno apreenda a razão do sofrimento e compre-enda, na paradoxal desigualdade dos destinos, a função cor-retiva da justiça de Deus, que, com as topadas das provaçõesterrenas, empurra o homem, aos trambolhões, para a felicida-de eterna!

Para isso, no entanto, é necessário admitir a lei da reencar-nação, aliada à lei do carma ou lei de causalidade moral, pelaqual cada Espírito, ao reencarnar, traz, exatamente, o destinoque mereceu e do qual necessita para evoluir. De modo que,ao mesmo passo que o reencarnado salda as dívidas do passa-do, conquista, simultaneamente, no cadinho da dor, o acri-solamento moral, indispensável à verdadeira e eterna felici-dade — tudo isso dentro de providencial esquema de sábiajustiça, com intransferível responsabilidade moral.

Todas essas assertivas se nos tornam claras e lógicas com oconhecimento do Espiritismo e, sobretudo, do Neo-espiritis-mo — fruto dos ensinamentos, que, em caráter pessoal, rece-bi durante vários anos, mercê da mediunidade de minha pri-

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meira esposa. Ensinamentos — é bom frisar — que, desde adécada de 40, venho esparzindo às mancheias, quer nos re-cintos das sessões espíritas, quer pela imprensa falada e escri-ta, e que não tardarão a ser reunidos em corpo de doutrina.

A despeito da indiferença dos próprios espíritas, tão con-victo estou, depois dos frutos colhidos em cerca de 30 anosde prática, do inestimável valor dessa reformulação doutriná-ria — já coroada de êxito na transformação radical de cente-nas de jovens transviados e de um sem número de adultosdesorientados — que não hesitarei em palmilhar a senda abertapor Allan Kardec, unindo, conforme ele próprio sempre de-sejou, o Espiritismo à Ciência, mediante a associação, no Neo-espiritismo, da Medicina, em geral, e, particularmente, da Ho-meopatia, ao Espiritismo.

Com essa união, espero que, no futuro, quando o Neo-espiritismo expandir-se, e, fatalmente, terá de expandir-se,tão racionais são os princípios e tão evidentes os fatos, a Me-dicina terá sofrido, talvez, a maior revolução de sua história,com enorme progresso para a arte de curar e incalculável fe-licidade para a humanidade sofredora!

Mas nesse dia venturoso, o médico saberá valorizar, comJesus, a mediunidade curadora e, ainda com Jesus, aprenderáque, ao lado das doenças, exclusivamente somáticas, há enor-me contingente de espiritopatias, doenças de origem espiri-tual, causadas por atuação de Espíritos sofredores, e, pior ain-da, de Espíritos obsessores, cuja terapêutica depende do valorespiritual do médico!

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A Causalidade MoralTraça o Destino

iante da onisciência e da onipotência do Criador, oni-potência e onisciência reveladas pela grandeza do Uni-

verso e pela sabedoria das leis naturais, a chocante desigual-dade dos destinos humanos constitui terrível paradoxo.

O homem, criatura suprema, a única que colabora direta-mente com Deus, porque, dotada de razão e de imaginaçãocriadora, pôde modificar a fisionomia do planeta, construin-do esplêndida civilização, sente-se, apesar disso, à margemda justiça divina, perplexo com a diversidade dos destinos ecom os enigmas de sua própria sorte. E, em face da incompre-ensível indiferença do Criador pela felicidade do gênero hu-mano, não encontra, racionalmente, sentido moral para avida.

Daí o ceticismo e o misticismo que bipartem a humanida-de em campos antagônicos. Porque, para os que se orientampela razão, não há possibilidade de conciliação entre a mara-vilhosa sabedoria que rege a fenomenologia do mundo físicoe a revoltante injustiça que prevalece no mundo moral. Con-seqüentemente, negam Deus e endeusam a natureza! São ateusporque não podem conceber um Criador indiferente aos des-tinos das próprias criaturas — um Criador sem senso de justi-ça! Os outros, os místicos, movidos pelo coração, angustiados

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com o próprio destino e apavorados com a morte, refugiam-se, irrefletidamente, na fé cega de crenças irracionais, abro-queladas por dogmas absurdos tidos como impenetráveis. Nãobuscam a verdade, não raciocinam, não analisam as contra-dições das crenças que se lhes inculcam: desejam, apenas, umantídoto para suas frustrações e temores; e, não raro, perdãopara seus crimes e lenitivos para seus remorsos! Não amam aDeus — temem-No como a um senhor, poderoso e arbitrário,que, para faltas ocasionais, decreta sofrimentos eternos!

Ora, dessa antagônica e dramática incompreensão do des-tino humano e da finalidade da vida terrena, eclodiram asmais diversas especulações metafísicas, as mais díspares con-cepções filosóficas, que, no turbulento ciclo de nossa civiliza-ção, orientaram — ou desorientaram — os seres humanos. E,hoje, quando a “explosão científica” da tecnologia armou ohomem de imenso poder destruidor, urge, mais do que nun-ca, a prevalência duma doutrina filosófico-religiosa que reti-fique os conceitos sobre Deus e demonstre, na trágica diversi-dade dos destinos, um imperativo de justiça a conduzir o ho-mem à perfeição e, com a perfeição, à felicidade definitiva.

Não será, pois, no materialismo de Marx e de Engels, nemnas diferentes correntes existencialistas, com prólogo no “de-sespero” de Kierkegaard — desespero que quase o leva aosuicídio — e epílogo na “náusea” niilista de Sartre que o “de-sesperado” mundo atual poderá encontrar o roteiro salvador.Muito menos na Teologia Radical, que, inspirada na para-nóia de Nietsche, proclamou a “morte” de Deus e tenta, ago-ra, construir um “cristianismo ateu”, rumando para o comu-nismo materialista!

Não será, tão pouco, com os falsos ouropéis de fascinantesideologias políticas que se logrará modificar o curso dramáti-co de ameaçadora hecatombe mundial, de conseqüênciasimprevisíveis para o futuro da humanidade.

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Diante do espírito de rebeldia iconoclasta contra todos osvelhos ídolos, com subversão total de valores e contamina-ção de toda uma juventude, desorientada por falta de umafilosofia de vida otimista, que transmita ao jovem o idealismoe o entusiasmo necessários à construção de um mundo me-lhor, o problema dos problemas não é a ideologia, nem a for-ma de Governo — é a transformação dos sentimentos doshomens, tornando-os moralmente melhores. Com homensbons, o mundo será, evidentemente, muito melhor, com táci-ta coexistência pacífica entre todas as nações e autêntica con-fraternização mundial. Ao invés da rivalidade bestial e dasguerras crudelíssimas, a paz e o amor fraterno felicitando eunindo todas as criaturas de Deus!

Contudo, para que o homem se transforme, purificandoseus sentimentos, é imprescindível que reconheça em seuCriador melhores sentimentos e mais apurado senso de justi-ça. Um Deus todo-poderoso, mas faccioso e, até, cruel, não éDeus — é monstro!

Ora, se o Criador é um monstro de tão injusto em relaçãoàs próprias criaturas, que obrigação tem o homem de aperfei-çoar-se?

Não; urge a modificação dos conceitos concernentes aoCriador da Vida mediante melhor compreensão da justiçadivina, conforme nô-lo revela o Neo-espiritismo, com o qualDeus se nos manifesta verdadeiramente sábio, justo e bom.

Com efeito, com a demonstração positiva da lei de reen-carnação, regida por sábia causalidade moral, ao arrepio da“predestinação” e da salvação pela “graça divina”, predesti-nação e salvação que comprometem, irremediavelmente, oCriador, o Neo-espiritismo exalta os excelsos atributos de Deuse, com isso, contribui para incrementar no Espírito do ho-mem o desejo de corrigenda.

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De fato, com os esclarecimentos aduzidos pelo Neo-espi-ritismo, embora Deus perca hipotéticos atributos, que infun-dem temor, e adquira, ao contrário, qualidades que nos des-pertam veneração e amor, o homem se sente muito mais res-ponsável por seu destino, vendo-se na posição de arquitetoda própria felicidade.

Realmente, em face dos ensinamentos ministrados pelosEspíritos que transmitiram a Doutrina Neo-espírita, não há amínima arbitrariedade no destino humano: aqui ou no Além,cada qual colhe o fruto da árvore que plantou; e, no mecanis-mo da reencarnação, cada um traz o destino que merece.

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