divulga ciência - janeiro/2010

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Divulga Ciência Jornal do Inpa Distribuição Gratuita Manaus, Janeiro de 2010 · Ano II · Ed. 05 · ISSN 2175-0866 www.inpa.gov.br Couro de peixe terá centro tecnológico em curtimento Economia Saúde Meio Ambiente Meio Ambiente Pesquisa Pesquisa Educação & Sociedade A produção de couro da pele de peixes vai incrementar geração de renda no setor pesqueiro, aumentando o rendimento econômico dos produtos derivados do pescado. Pág. 7 Estudo aponta diminuição de diversi- dade genéca das Harpias Nasce filhote de peixe-boi nos tan- ques do Inpa/MCT Barreira de areia pode ajudar no com- bate a cupins Experimentos demonstram a poten- cialidade da farinha de Cubiu como fonte de fibra alimentar. Pág. 4 Com a tese, o biólogo Áureo Banhos já recebeu três premiações. Pág. 3 O animal é o sexto a nascer em cavei- ro no Inpa. Pág. 5 O método ecologicamente correto evi- ta uso de produtos químicos. Pág. 6 No Amazonas, a aplicação de vacina interfere no diagnósco de Leishma- niose em cães. Pág. 3 Em 2009, Inpa depositou mais nove patentes, ao todo, o Instuto possui 33. Pág. 8 Foto: Tabajara Moreno Foto: Lucia Yuyama Foto: Tabajara Moreno Foto: Acervo Inpa Para a produção de couro, tanto a pele de peixes lisos quanto de peixes com escamas pode ser ulizada no processo de beneficiamento. O resultado é a redução nos impactos ambientais e o aumento da qualidade de vida dos produtores.

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Jornal de divulgação ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

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Page 1: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Divulga CiênciaJornal do Inpa

Distribuição GratuitaManaus, Janeiro de 2010 · Ano II · Ed. 05 · ISSN 2175-0866www.inpa.gov.br

Couro de peixe terá centrotecnológico em curtimentoEconomia

Saúde

Meio Ambiente Meio Ambiente

Pesquisa

Pesquisa

Educação & Sociedade

A produção de couro da pele de peixes vai incrementar geração de renda no setor pesqueiro, aumentando o rendimento econômico dos produtos derivados do pescado. Pág. 7

Estudo aponta diminuição de diversi-dade genéti ca das Harpias

Nasce fi lhote de peixe-boi nos tan-ques do Inpa/MCT

Barreira de areia pode ajudar no com-bate a cupins

Experimentos demonstram a poten-cialidade da farinha de Cubiu como fonte de fi bra alimentar. Pág. 4

Com a tese, o biólogo Áureo Banhos já recebeu três premiações. Pág. 3

O animal é o sexto a nascer em cati vei-ro no Inpa. Pág. 5

O método ecologicamente correto evi-ta uso de produtos químicos. Pág. 6

No Amazonas, a aplicação de vacina interfere no diagnósti co de Leishma-niose em cães. Pág. 3

Em 2009, Inpa depositou mais nove patentes, ao todo, o Insti tuto possui 33. Pág. 8

Foto: Tabajara Moreno

Foto: Lucia Yuyama Foto: Tabajara Moreno Foto: Acervo Inpa

Para a produção de couro, tanto a pele de peixes lisos quanto de peixes com escamas pode ser uti lizada no processo de benefi ciamento. O resultado é a redução nos impactos ambientais e o aumento da qualidade de vida dos produtores.

Page 2: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Boa Leitura

Tome Ciência

Livro reúne informações sobre lagartos amazônicosPublicado em 2008 e escrito por Laurie Vitt , William Magnusson, Tereza Pires e Al-

berti na Lima, o livro informati vo sobre as espécies de lagartos encontrados na Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD) traz uma série de curiosidades sobre a vida e o com-portamento dos lagartos.

Escrito em português e inglês, repleto de fotografi as e com uma linguagem de fácil compreensão, a obra apresenta aos leitores os principais traços das 35 espécies de la-gartos encontrados na Reserva. Além das informações coletadas na RFAD, o livro agrega também dados coletados em outras regiões do Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondô-nia e até do Equador.

O guia disponibiliza uma fi cha catalográfi ca com informações como tamanho, cor, hábitos, temperatura corporal e localização geográfi ca de cada uma das espécies en-contradas.

Para adquirir os livros da Editora INPA, ligue (92) 3643 3223.

Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tati ana Lima (MTB 4214/MG) · Edição: Tabajara Moreno · Repórteres: Tharcila Marti ns (SRTE-AM/0354), Kleiton Renzo, Eduardo Gomes, Mário Bentes, Annyelle Bezerra e Daniel Jordano · Editoração Eletrônica: Kleiton Renzo · Estagiário: Everton Marti ns · Revisão: Séfora Antela (SRTE-AM/0403)

Tiragem: 1000 · Edição 05 · Janeiro de 2010 · ISSN 2175-0866Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.

+55 92 3643-3100 / 3104

[email protected]

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ção

Expediente Cartas

Documentários mostram história dos pioneiros do Inpa

Pesquisador Philip Fearnside recebe prêmio internacional

Inpa terá unidade de pesquisa em São Gabriel da Cachoeira

O projeto “Memória da Ciência e da Cultura”, coordenado pela Associação dos Pesquisadores do Instituto (Aspi), produziu cinco documentários, com a duração de 30 minutos, relatando a vida e o trabalho de alguns dos pionei-ros da ciência no Inpa/MCT.

Entre os registrados estão Antonio Azevedo Correia, um dos pioneiros dos estudos de papel, celulose e carvão vegetal na Amazônia; Arthur Araújo Loureiro, engenheiro fl orestal; Ilse Walker, uma das maiores autoridades mundiais em biologia teórica; Algenir Ferraz Suano da Silva, fundadora da biblioteca do Inpa/MCT.

O próximo documentário do proje-to está em fase de produção e vai falar sobre a vida de William Rodrigues, um dos fundadores da Coordenação de Pesquisas em Botânica.

Os documentários estão disponí-veis para empréstimo na biblioteca do Inpa/MCT.

O cientista do Inpa/MCT, Philip Fearnside, recebeu, em setembro do ano passado, no Rio de Janeiro, o Prêmio Scopus em reconhecimento ao trabalho de pesquisa desenvolvi-do por ele na região amazônica.

O prêmio é uma iniciativa da edi-tora de publicações científicas Else-vier e da Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O pesquisador que morou dois anos na rodovia Transamazônica, es-tuda problemas ambientais na Ama-zônia brasileira desde 1974.

Fearnside é referência em pes-quisas ecológicas, incluindo a esti-mativa de capacidade de suporte de agroecossistemas tropicais para po-pulações humanas e estudos sobre impactos e perspectivas de diferen-tes modos de desenvolvimento na Amazônia.

O Inpa/MCT deve inaugurar até o fi m de 2010 um núcleo de pesquisas em São Gabriel da Cachoeira (AM), distante 850km de Manaus. O anúncio da nova unidade foi feito pelo coorde-nador geral das Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Carlos Oití Berbet, no dia 22 de setembro, durante o II Workshop do Projeto Fronteira.

Para o diretor do Inpa, Adalberto Luis Val, a expansão das unidades para outras cidades amazônicas é funda-mental. “É muito importante tomar todas as providências para que os es-tudos feitos nos principais centros do país possam ser socializados com o maior número de pessoas, seja em localidades distantes, ou em pólos de desenvolvimento regional”.

Além de Manaus, o Inpa/MCT já pos-sui unidades de pesquisa em Boa Vista (Roraima), Porto Velho (Rondônia) e Rio Branco (Acre).

Foto: Eduardo Gomes Foto: Tabajara Moreno Foto: Tabajara Moreno

Page 3: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Pesquisa · Divulga Ciência Janeiro de 2010 · Página 3

Vacina interfere no diagnóstico de Leishmaniose em cãesEstudo do Laboratório de Leishmaniose e Doença de Chagas do Inpa/MCT indica que cães vacinados apresentam diagnóstico falsamente positivos

| Tabajara Moreno

| Annyelle Bezerra

A aplicação de vacina contra Leish-maniose Visceral nos cães do Amazo-nas pode ser um entrave ao desenvol-vimento de estudos sobre a doença no Estado. A conclusão faz parte de um estudo realizado pela pesquisa-dora do Laboratório de Leishmaniose e Doença de Chagas do Inpa, Sônia Rolim Reis, e supervisionado pela pes-quisadora do Instituto, Antonia Ra-mos Franco.

De acordo com Reis, a utilização da vacina em animais pode provocar um grande atraso nas pesquisas referen-tes à Leishmania, pois, além de não ser necessária sua utilização, uma vez que no Estado não foram diagnostica-dos casos contraídos no próprio terri-tório de Leishmaniose Visceral, uma das vacinas presentes no mercado torna os animais falsamente positivos, processo chamado de soroconversão.

Segundo a pesquisadora, o animal quando submetido a exames soroló-gicos, acaba apresentando sorocon-versão; sendo necessário descobrir a origem da positividade da doença nos animais. “Se tivermos que nos desviar para identificar se a positividade é va-cinal ou da infecção teremos um atra-so nas pesquisas, além do transtorno para a realização dos testes sorológi-cos”, explica.

“Na pior das hipóteses, mesmo não havendo a doença no Amazonas, se os clínicos veterinários ou os proprietá-

rios dos animais quiserem vaciná-los, então, que seja utilizada uma vacina que não provoque soroconversão, dessa forma, não haverá alteração no diagnóstico”, enfatizou.

Estudo da transmissão da doença

O Laboratório do Inpa também está analisando se os cães têm participa-ção na transmissão da Leishmaniose Tegumentar para os seres humanos. O estudo está sob a responsabilidade de Reis, que afirma ser importante ve-rificar essa possibilidade para buscar as melhores formas de diagnosticar a doença e assim adotar medidas de controle e prevenção.

“A Tegumentar não é letal, por isso, nós temos tempo para pesquisar e en-contrar soluções para o tratamento da doença nos animais, o que na visceral não é possível, uma vez que, é proibi-do o tratamento de animais infecta-dos, segundo determinação técnica do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura e Conselho Federal de Medicina Veterinária”, afirma a pes-quisadora.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária - Amazonas (CRM-VAM) pretende enviar um documento aler-tando todos os clínicos veterinários do Estado sobre a aplicação desne-cessária contra Leishmaniose Visceral nos animais.

Foto: Tabajara Moreno

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A conclusão é parte da tese de douto-rado do biólogo Aureo Banhos

O Gavião-Real (Harpia harpyja), maior ave de rapina das Américas, também é uma das espécies brasileiras que tem so-frido com o desmatamento. A ameaça é sentida pela diminuição da sua diver-sidade genética, o que implica na perda da capacidade de adaptação a possíveis mudanças ocorridas no meio ambiente.

Diversidade genética é um termo usa-do para medir a variação de segmentos de DNA das populações de espécies. A diminuição dessa diversidade somada à degradação ambiental da floresta ama-zônica e da Mata Atlântica pode aumen-tar os riscos de extinção da harpia.

“A variabilidade genética é muito importante para as espécies, quanto maior, melhor a taxa de reprodução e sobrevivência das espécies às mudanças ambientais”, afirma o biólogo Aureo Ba-nhos, responsável pela tese “Genética, Distribuição e Conservação do Gavião-Real”, desenvolvida durante o curso de doutorado do Programa de Pós-gradua-ção em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva do Inpa/MCT.

Banhos analisou amostras de DNA de exemplares históricos e atuais da ave no Brasil, comparando a diversidade genéti-ca da espécie entre o passado e o presen-te da Mata Atlântica e entre as regiões preservadas e desmatadas da Amazônia.

Segundo a tese, a perda da cobertura florestal brasileira nos últimos 50 anos foi responsável pela redução de cerca de 30% da distribuição da ave no país.

Para auxiliar no trabalho de proteção e conservação do gavião-real, o Inpa re-aliza desde 1997, o programa de conser-vação da ave, com o monitoramento via-satélite de ninhos, resgate e reabilitação das aves.

Diminuição da diver-sidade genética das Harpias

Variabilidade auxilia sobrevivência das aves

O Inpa analisa se os cães podem transmitir a Leishmaniose tegumentar para seres humanos

Page 4: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Pupunha reforçaleite maternoPesquisa demonstrou que asuplementação com a farinha depupunha aumenta a concentração de vitamina A no leite materno

A suplementação alimentar de gestantes com farinha de pupunha aumenta a concentração da vitamina A no leite materno e pode melhorar a saúde dos bebês prematuros.

A vitamina A é um nutriente essen-cial para o bebê recém nascido, princi-palmente para os prematuros que têm baixa imunidade, sendo responsável pela acuidade visual, integridade da mucosa e da pele, e também pelo sis-tema imunológico. O enriquecimento do leite com a farinha de pupunha po-derá evitar infecções respiratórias, in-testinais e gastrintestinais no bebê.

Para verificar o poder da farinha de pupunha no enriquecimento do leite materno, o Inpa/MCT, em par-ceria com o Banco de Leite Humano do Estado do Amazonas (BLH – AM), analisaram os índices de vitamina A existente no leite destinado aos bebês prematuros.

A farinha de pupunha também ajuda a combater a desnutrição nas mães, por ser rica em vitamina A e em lipídios. A farinha possui proteínas e outros nutrientes importantes para o estado nutricional das crianças e pode ser encontrada em bancas da feira da Panair - Colônia Oliveira Machado - zona sul de Manaus.

O estudo foi desenvolvido como parte da dissertação de mestrado da nutricionista Tânia Batista sob orienta-ção da pesquisadora da Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde (CPCS) do Inpa, Helyde Albuquerque Marinho.

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| Annyelle Bezerra e Tabajara Moreno

Fruta típica da região Norte com boa incidência

Saúde · Divulga Ciência Janeiro de 2010 · Página 4

Farinha de Cubiu: possível aliado no combate as doenças cardiovasculares? Experimentos realizados no Inpa demonstram a potencialidade da farinha de Cubiu como fonte de fibra alimentar

| Annyelle Bezerra

O Inpa vem desenvolvendo estu-dos com frutas da região amazônica em busca de fontes potenciais e fun-cionais como vitaminas, fibras ali-mentares e antioxidantes. Resgatar a cultura do povo da região e incenti-var o consumo de frutas, a segurança alimentar e nutricional são as princi-pais propostas do estudo.

Segundo a pesquisadora Lucia Yuyama, responsável pela pesquisa no Inpa, o foco tem sido frutas com pigmentação partindo do alaranjado ao avermelhado. As frutas que pos-suem essa coloração são fontes de provitamina A e em particular beta caroteno.

Entre os frutos alaranjados estu-dados estão: pupunha (Bactris ga-sipaes), tucumã (Astrocaryum acu-leatum) e buriti (Mauritia flexuosa). Entre os de cor púrpura e ricos em antocianinas, potente antioxidante, está o açaí (Euterpe oleracea).

“Enquanto grupos de alimentos e nutrição, nós trabalhamos, em pri-meira instância, na viabilização do diagnóstico das condições de saúde e nutrição de diferentes segmentos populacionais. Em seguida, buscamos ações que previnam ou reduzam os processos de carência, por meio da in-serção de alimentos regionais, poten-

cialmente nutritivos”, relata Yuyama.O Cubiu é uma fruta de baixa den-

sidade energética (aproximadamente 30 kcal), que possui grande quantida-de de água. Entre as propriedades do fruto, destaca-se ainda a presença de pectina, fibra alimentar solúvel capaz de se ligar à água, aumentando a vis-cosidade do conteúdo intestinal.

Yuyama explica que isso ocorre graças a formação de um gel que re-tarda o esvaziamento gástrico e re-duz a absorção de lipídios e açúcares, tornando-se, desta forma, substrato para formação da flora bacteriana, diminuindo a concentração de coles-terol e glicose.

Mas, segundo a pesquisadora, a grande pergunta ainda é se a fibra alimentar do Cubiu reduz o coleste-rol. Conforme Yuyama, o estudo com o Cubiu está em fase de testes pré-clínicos, tendo inicialmente, ratos como modelo experimental, e, pos-teriormente, seres humanos. Outra constatação referente ao produto é a sua capacidade de controlar o dia-betes

“Nós induzimos o diabetes nos animais em laboratório e a farinha de Cubiu apresentou uma ação hipogli-cemiante satisfatória”, afirma Yuya-ma.

Foto: Lúcia Yuyama

O Cubiu é usado no Amazonas como alimento, medicamento e até na fabricação de produtos cosméticos

Page 5: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Nasce filhote depeixe-boi no InpaEsse é o sexto animal nascido em ca-tiveiro

Depois de três dias em trabalho de parto, o peixe-boi fêmea “Boo” deu a luz a um filhote macho nos tanques do Laboratório de Mamífero Aquáti-cos (LMA) do Inpa/MCT. O filhote é o sexto animal nascido em cativeiro no Instituto.

Com o nascimento, o número de peixes-boi nos tanques do Inpa salta para 42. “Boo” é o peixe-boi mais an-tigo do Inpa, estando no local desde 1974. O animal já passou por quatro gestações, porém, em uma das ocasi-ões o filhote nasceu morto.

Segundo o veterinário do LMA, An-selmo D’Affonseca, um peixe-boi vive em média 60 anos; mas, como os in-tervalos entre as gestações são longas – quatro ou cinco anos –, o número de filhotes que o mamífero pode ter ao longo da vida, é pequeno; o que refor-ça o trabalho de pesquisa e preserva-ção realizado pelo Inpa.

Durante os quase 13 meses de gestação, o peixe-boi fêmea “Boo” foi acompanhado nos laboratórios do LMA, por meio de exames de ul-trassonografia e dosagem hormonal. Além disso, o animal recebeu uma ali-mentação balanceada, composta por capim, alface, couve, repolho, maca-xeira, banana e abóbora.

Além de ser o exemplar de peixe-boi mais antigo do Inpa, “Boo” é a pio-neira da maternidade em cativeiro. Em oito de abril de 1998, ela deu a luz, nos tanques de peixe-boi do Inpa, ao seu primeiro filhote. O bebê, batizado de Erê, teve seu nome escolhido após um concurso nacional entre alunos de escolas públicas.

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Foto: Mário Bentes

| Eduardo Gomes

Meio Ambiente · Divulga Ciência Janeiro de 2010 · Página 5

Castanheira auxilia na recuperação de áreas degradadasSegundo estudo, desenvolvido no Inpa/MCT, a espécie Bertholletia excelsa pode ser usada com sucesso para plantios destinados a recupera-ção de áreas altamente degradadas, demonstrando um alto grau de adap-tação e crescimento

| Annyelle Bezerra

O plantio da Castanheira-da-Amazônia (Bertholletia excelsa) em áreas degradadas pela ação do homem pode ser uma ação eficaz para recuperar o meio ambiente. Essa constatação é resultado de um estudo de-senvolvido no Inpa/MCT pelo estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais, Marciel José Ferreira. A tese rendeu a Ferreira uma premiação no XII Congresso Brasileiro de Fi-siologia Vegetal (CBFV), realizado em Forta-leza (CE), em setembro do ano passado.

A área de reserva usada para o plantio de cerca de mil mudas de Castanheira-da-Amazônia utilizada na pesquisa está situada na área urbana de Manaus, no bairro do São Jorge, e pertence ao 1º Batalhão de Infanta-ria de Selva (BIS), em Manaus.

Segundo Ferreira, o espaço de aproxima-damente três hectares foi desmatado por volta da década de 80. Depois disso, a área foi abandonada por mais de vinte anos e o solo ficou exposto sem que ocorresse a for-mação de uma floresta secundária.

“Na área desmatada foi retirada, além da cobertura florestal nativa, uma camada de solo de cerca de três metros de profundida-de. Então, como não foi feita a construção das instalações, a área foi abandonada e ocorreram diversos processos erosivos re-sultando em uma área que nós costumamos chamar de altamente degradada, criando até grandes voçorocas”, relata.

O ponto crucial do estudo, segundo o pes-quisador, foi a interpretação das respostas ecofisiológicas das plantas nas condições dos tratamentos de adubação aplicados, uma vez que, as alterações sofridas pelo solo exi-gem condições diferenciadas de adaptação.

“Na Floresta Primária é possível observar um microclima diferenciado daquele de uma área degradada onde há toda uma alteração

da camada superficial do solo, e, consequen-temente, da dinâmica de nutrientes, resul-tando em uma área aberta onde os níveis de luz e temperaturas são mais elevados do que os do sub-bosque florestal. Então, nós preci-samos selecionar plantas com potencial para se adaptar a essas novas condições criadas”, explica.

Segundo Ferreira, o plantio de espécies amazônicas vem sendo realizado na área desde 2004 pelo pesquisador do Inpa e tam-bém orientador do trabalho, João Baptista Silva Ferraz, em parceria com o 1° BIS.

Porém, foi apenas a partir de 2007, com seu ingresso no mestrado, que o estudo so-bre os aspectos ecofisiológicos das plantas de Castanheira-da-Amazônia começou a ser desenvolvido junto ao Laboratório de Fisiolo-gia e Bioquímica Vegetal do Inpa (LFBV), sob coorientação do também pesquisador do Inpa, José Francisco de Carvalho Gonçalves.

A pesquisa procurou abordar o comporta-mento da espécie em plantio sem adubação, com adubação química convencional, ba-seada na utilização de fertilizante mineral e com adubação alternativa (adubação verde), resultante da poda de plantas da capoeira adjacente a área do experimento.

Entre os resultados da pesquisa, destacou-se a potencialidade da Castanheira como uma espécie que pode ser utilizada com sucesso para compor plantios destinados a recuperação de áreas altamente degrada-das. Segundo o pesquisador, entre as causas para o comportamento favorável da planta está a alta taxa fotossintética apresentada na experimentação com adubação verde, que, geralmente, está associada a um maior cres-cimento da planta.

“Portanto, trata-se de uma espécie vigo-rosa e rústica que pode ser indicada para ocu-par estes ambientes”, afirma Ferreira.

O bebê nasceu com 98 cm, pesando 13,2 KG

Castanheira ajuda recuperar áreas degradadas

Page 6: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Meio Ambiente · Divulga Ciência Janeiro de 2010 · Página 6

Barreira de areia tem ação eficaz no combate a cupinsEstudo revela que um método ecologicamente correto pode evitar o uso de produtos químicos, na tentativa de proteger a madeira e, com isso, reduzir o corte de novas árvores

| Eduardo Gomes

Uma areia comum de construção civil, a base de silicatos - quartzo, sem qualquer substância adiciona-da, e que tem como única particu-laridade: uma granulometria espe-cial; pode ajudar no combate aos cupins. O Inpa/MCT foi o primeiro a desenvolver esse tipo de pesquisa no Brasil.

Os estudos começaram em 2007, com a orientação do responsável pela Coordenação de Pesquisas em Produtos Florestais (CPPF), Basílio Vianez (foto), sendo um projeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e uma dissertação de mestrado concluída em agosto de 2009.

De acordo com Vianez, as vanta-gens da pesquisa se devem a grande ocorrência de cupins no solo da re-gião amazônica onde, consequen-temente, a maneira mais utilizada para combater esses insetos é a aplicação de produtos altamente tóxicos. “A barreira de areia torna-se mais vantajosa do que os méto-dos tradicionais”, disse.

A aplicação de produtos tóxicos é feita diretamente na madeira ou no solo em volta das edificações. O processo não é considerado ecolo-gicamente correto, pois ao envene-nar o solo, na tentativa de combater os insetos, também traz riscos para os lençóis subterrâneos de água.

Em países como Austrália, Cana-dá, Estados Unidos e Japão, essas barreiras já são aplicadas e possuem empresas especializadas para este tipo de serviço, o que não se enqua-dra no mesmo patamar do Brasil. Existem várias bibliografias com trabalhos científicos, desenvolvidos em todos esses países, comprovan-do a eficácia do produto.

Para o pesquisador, o que se pre-cisa fazer na Amazônia são adequa-ções a areia para impedir o ataque desse tipo de inseto que ocorre na região. “O que precisa ser feito no

Brasil é apenas determinar a formu-lação mais adequada para bloquear o ataque dos nossos cupins. Talvez daqui a dois anos é possível que te-nhamos um produto definido para a aplicação na nossa região”, decla-rou.

Ele explicou que os grãos de areia ficam muito próximos, isso impede que os cupins passem entre elas; além de serem muito duras para se-rem dissolvidas pela saliva desses insetos.

Segundo Vianez, os produtos químicos aplicados no solo, próxi-mo a estruturas de madeira, quan-do combinados com ações naturais como a chuva, por exemplo, podem comprometer o solo, deixando-o contaminado. “Com as chuvas, es-ses produtos químicos poderão ser levados para os leitos dos rios ou para níveis mais profundos do solo, atingindo os lençóis freáticos”, en-fatizou.

O tecnólogo em madeiras, Cris-tian Souza, que teve sua disserta-ção de mestrado baseada no estu-do dessas barreiras, explica que um

de seus interesses pela a pesquisa ocorreu por causa da inexistência de estudos voltados a este assunto no Brasil e a outros tipos de cupins do mundo. “Esse tema foi o foco de meu estudo dissertativo no mestra-do, sendo bem justificado por ser uma técnica inédita no Brasil e o primeiro registro com barreiras de areia contra cupins no mundo”, de-clarou.

Souza também destaca as vanta-gens que podem ajudar a introdu-zir o uso das barreiras de areias no combate aos cupins, contrapondo-as com o uso dos produtos tóxicos. “A maior vantagem das barreiras de areia é que elas são amplamen-te disponíveis, relativamente bara-tas, de material não-sintético, não tóxico e de longa duração, o que a caracteriza como um produto eco-logicamente correto”, contou.

Além de usar o método como combate a esses insetos, um dos diferenciais do estudo é que a pes-quisa foi voltada também para um tipo específico de cupim, como re-latou Souza. “Fui mais além e decidi estudar barreiras feitas com areia de construção civil com os cupins do gênero Nasutitermes (Isoptera: Termitidae), inseto responsável pe-los maiores danos em estruturas de madeira em nossa região e com fre-qüência maior que 80%, na cidade de Manaus”, enfatizou.

Foto: Eduardo Gomes

“A barreira de areia torna-se mais vantajosa do que os métodos tradicionais”,

enfatizou Vianez

A barreira de areia é eficaz e ecologicamente correta, podendo substituir o uso de produtos tóxicos

Page 7: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Economia · Divulga Ciência Janeiro de 2010 · Página 7

Couro de peixe revela mercado promissorCurtição da pele de peixes pode ajudar a diminuir a poluição dos rios e aumentar o rendimento econômico dos produtos

| Eduardo Gomes

Segundo estimativas do Inpa/MCT, diariamente 500 kg de pele de peixe são despejados nos rios amazônicos. Mas essa realidade pode mudar com a implantação de um Centro Tecnológi-co em Curtimento de Couros do peixe.

A iniciativa tem como base o proje-to “Utilização de pele de peixe da água doce para curtimento”. Desenvolvido há 15 anos pela Coordenação de Pes-quisas em Tecnologia de Alimentos (CPTA). O projeto visa reduzir o nível de poluição dos rios e aumentar o ren-dimento econômico da atividade pes-queira, revertendo o quadro de des-perdício da matéria-prima regional.

Segundo Nilson Carvalho (foto), pesquisador responsável pelo projeto, atualmente o estudo ganhou um in-centivo financeiro de aproximadamen-te R$ 1,5 milhões da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para a construção da unidade de bene-ficiamento da pele dos peixes. O local será construído em parceria com a Se-cretaria de Produção Rural (SEPROR/AM) em um terreno no Parque de Ex-posições Angelino Beviláqua, situado no quilômetro 14 da AM 010.

O pesquisador destacou a impor-tância que os investimentos no setor vão trazer. “Com os equipamentos poderemos ter produtos de alta qua-lidade para competir igualmente com similares, em nível nacional e interna-

cional”, ressaltou Carvalho.Além do desenvolvimento de ino-

vação na pesquisa, uma das novidades que a nova fase do projeto vai trazer será a promoção de cursos de exten-são, voltados a universitários e alunos de escolas técnicas, ensinando o pro-cesso de curtimento da pele do peixe.

De acordo com Carvalho, com a implantação de indústrias de bene-ficiamento de pescado no Estado, o interesse no aproveitamento das pe-les para geração de roupas, sapatos e outros acessórios deve aumentar.

“Com a implantação de indústrias de beneficiamento de pescado, nosso interesse no aproveitamento de resí-duos também vai aumentar. Além de ser uma atividade economicamente rentável para as comunidades, o curti-mento da pele é considerado também como um setor promissor no mercado das confecções de roupas, calçados, cintos, acessórios entre outros produ-tos”, enfatiza.

Curtindo a pele do peixe

Até a finalização do processo de curtimento da pele do peixe, o mate-rial passa pelos processos de classifi-cação, rebaixamento, neutralização, tingimento, engraxe, fixação e acaba-mento. Somente depois disso, a pele pode ser transformada em couro útil a confecção de bolsas, roupas e outros produtos, feitos com couro de ani-mais.

Para a produção de couro, tanto a pele de peixes lisos, quanto à de peixes com escamas podem ser utilizados no processo para viabilizar economica-mente as espécies. Com isso, há uma redução nos impactos ambientais, pois antes essa pele era desperdiçada.

Fotos: Tabajara Moreno

“poderemos ter produtos de alta qualidade para com-

petir igualmente com simi-lares, em nível nacional e

internacional”

A produção de sapatos, roupas, bolsas e outros acessórios com o couro de peixes da região será impulsionada com a criação do centro

Estudo ganhou incentivo financeiro da Suframa

Page 8: Divulga Ciência - Janeiro/2010

Educação & Sociedade · Divulga Ciência Janeiro de 2010 · Página 8

Em 2009, Inpa depositou mais nove patentesAo todo, o Insti tuto possui 33 patentes

| Kleiton Renzo e Tabajara Moreno

O Inpa/MCT fechou 2009 com mais nove patentes depositadas junto ao Instituto Na-cional de Propriedade Industrial (Inpi). Os novos produtos e processos têm aplicação na produção agrícola, controle de pragas, doenças, purificação de água, fabricação de papel de cauaçu e bolinhos pré-prontos de peixe.

A proteção aos trabalhos, oriundos da pesquisa científica, é uma forma de resguar-dar conhecimento, mas sobretudo de colo-cá-lo a disposição da sociedade; através da negociação das patentes com as empresas.

“O Inpa disponibiliza produtos e proces-sos protegidos com viabilidade econômica para comercialização junto às empresas que se interessarem em desenvolvê-los, dando retorno à sociedade e assim popularizando a ciência”, explica a coordenadora da Divi-são de Propriedade Intelectual e Negócios (DPIN), Rosângela Bentes.

Produtos

O “Bolinho de Pirarucu pré-frito e conge-lado” é uma das nove patentes conquistadas pelo Inpa ano passado. O produto, elabora-do na Coordenação de Pesquisas em Tecno-logia de Alimentos (CPTA) do Inpa por Deni-se Cerávolo Verreschi e Jorge Harison Pereira do Nascimento, é feito do peixe amazônico e deve ser fornecido ao mercado consumi-dor como um produto pré-frito congelado e a desidratação do pirarucu sem perder todas suas qualidades nutricionais.

Outro trabalho do Instituto que também gerou uma patente foi o “Água Box”, um equipamento portátil movido a energia solar , capaz de desinfectar por hora até mil litros de água poluída, sem gerar nenhum resíduo nocivo ao meio ambiente.

Dentro do equipamento, a água conta-minada é submetida a purificação por meio da radiação ultravioleta (UVC), gerada arti-ficialmente por uma lâmpada de vapor de mercúrio. Depois da ação, a água fica livre de bactérias e boa para o consumo humano.

A adição da energia solar ao processo foi uma inovação do pesquisador Roland Vetter, do Laboratório de Energia Solar Renovável

do Inpa, idealizador do equipamento.No Laboratório de Celulose e Papel/Car-

vão Vegetal do Inpa foi desenvolvido o “Bri-quete de Açaí”. Além de ser um tipo de car-vão menos poluente; o briquete, feito a partir do caroço do açaí, também tem a vantagem de ser feito a partir de um resíduo agroflores-tal descartado na natureza.

O Laboratório de Celulose e Papel/Car-vão Vegetal também desenvolveu um pa-pel a partir da planta Cauaçu. O produto é resultado de uma pesquisa elaborada com a finalidade de dar uma resposta científica aos resíduos gerados na Reserva de Desenvolvi-mento Sustentável Amanã por um grupo de artesãos locais.

O “Papel de Cauaçu” apresenta forte ape-lo ambiental e oferece uma série de opções de uso, podendo ser utilizado na produção de cartões, folders e capas de caderno. Além disso, o papel também serve como papel para impressão, revestimento, embalagem e para decorações, variando apenas na gra-matura para precisão da utilização final.

O Buriti é outra planta regional que serviu como base para a criação de um produto por pesquisadores do Inpa. A partir dele, o pes-quisador da Coordenação de Pesquisas em Produtos Florestais (CPPF) do Inpa, Jadir de Souza Rocha, em parceria com Cyntia Lins Falcone, Tereza Maria Farias Bessa e Vânia Maria Oliveira da Câmara Lima, elaborou o “Compensado de Buriti”.

O produto é feito da palmeira do Buriti e pode ser usado como forro e divisória em casas e empresas. A tecnologia possibilita às indústrias de compensado fazerem um produto de ótima qualidade, extremamente leve que não seria possível com nenhuma espécie arbórea. Entre as patentes deposi-tadas, estão o material “Cimentício” para

utilização de reforço de placas, através da fa-bricação de tela ou tecido com fibra vegetal. Realizado em parceria do Inpa com a Uni-versidade Federal do Amazonas (Ufam), o material foi elaborado por Maria Gorett dos Santos Marques, Raimundo Vasconcelos, Romildo Dias Toledo Filho, João de Almeida Melo Filho, Maria de Jesus Varejão e Jadir de Souza Rocha.

O “Piper Aduncum”, criado por Solange de Melo Verás, Sergio Nunomura, Laura Cristina P. de Oliveira e Kaoru Yuyama, con-siste em um processo de bioprospecção no controle da bactéria Ralstonia solanacearum que ataca as bananeiras.

A nova tecnologia elaborada pelo Inpa em parceria com a Ufam poderá ser utilizada em campos de produção agrícola, no con-trole de doenças de plantas de forma efetiva e ecologicamente correta e a baixo custo.

A “Garrafa Kemenes”, desenvolvida pelo pesquisador do Inpa/MCT, Alexandre Ke-menes, é uma garrafa que tem o intuito de coletar água em quaisquer profundidades de reservatórios ou em outros ambientes aquáticos naturais ou artificiais, realizando coletas de amostras de gases no fundo de reservatórios ou outros ambientes aquáticos profundos com a conservação das concen-trações gasosas dessas amostras, durante seu deslocamento do fundo para superfície.

Outra das patentes depositadas pelo Inpa é a “Câmara Coletora”. O trabalho foi desenvolvido pelo pesquisador da Coorde-nação de Pesquisas em Ciências da Saúde (CPCS) do Inpa, Plínio da Silva, e é destinado à pesquisa com diversidade, estratificação levantamento ou investigação da fauna de insetos com armadilhas luminosas para identificação taxonômica de insetos mais frágeis.

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Novas patentes voltam-se ao coti diano

“O Inpa disponibiliza produ-tos e processos protegidos com viabilidade econômica

para comercialização...”