a interdisciplinaridade no ensino de arte: o...

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1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL DECANADO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS JUAREZ MACHADO DA SILVA A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE ARTE: O CUBISMO E SUAS TÉCNICAS DIALOGANDO COM CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS BRASÍLIA-DF 2012

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

DECANADO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

JUAREZ MACHADO DA SILVA

A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE ARTE: O CUBISMO E

SUAS TÉCNICAS DIALOGANDO COM CONHECIMENTOS

MATEMÁTICOS

BRASÍLIA-DF

2012

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

DECANADO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

JUAREZ MACHADO DA SILVA

A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE ARTE: O CUBISMO E

SUAS TÉCNICAS DIALOGANDO COM CONHECIMENTOS

MATEMÁTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade de Brasília/Universidade Aberta do Brasil como requisito parcial para aprovação no curso de Licenciatura em Artes Visuais. Sob a orientação da professora Joelma de Oliveira Moura.

BRASÍLIA-DF

2012

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JUAREZ MACHADO DA SILVA

A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE ARTE: O CUBISMO E SUAS TÉCNICAS DIALOGANDO COM CONHECIMENTOS

MATEMÁTICOS

DEFESA PÚBLICA em: Brasília, 12 de dezembro de 2012.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________________

Supervisora do Curso Profª. Dra. Thérèse H.G.R. da Costa / UnB

____________________________________________________

Professora Orientadora Joelma de Oliveira Moura / UnB

BRASÍLIA-DF

2012

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JUAREZ MACHADO DA SILVA

A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE ARTE: O CUBISMO E SUAS TÉCNICAS DIALOGANDO COM CONHECIMENTOS

MATEMÁTICOS

Esta monografia foi revisada após a defesa em banca e está

aprovada.

____________________________________________________ Orientador (a)

BRASÍLIA-DF 2012

5

Dedico este trabalho a todos da minha família principalmente aos meus pais Januário e Rosana, ao meu irmão Murilo, a minha querida esposa Laís Brenda e ao meu filho Yan Brenno. Aos alunos do 8º ano da Escola Antônio Francisco Maciel que prontamente contribuíram na realização das atividades sobre as técnicas do cubismo e posso dizer que juntos aprendemos muito.

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A Deus pela minha existência e proteção. Agradeço de coração a minha mãe. “Mãe, você esteve sempre presente, sempre me ajudou, você é a minha fortaleza! A você sempre serei grato”. Aos organizadores do curso de Artes visuais, aos professores tutores, aos colegas de curso o meu muito obrigado. Pois, vocês estiveram presentes mesmo que fisicamente distantes, participaram desta etapa de minha aprendizagem e de minha formação como licenciando em Artes Visuais. A vocês o meu muito obrigado.

7

A consciência de si como alguém capaz

de aprender é uma representação que

pode ser construída ou destruída na sala

de aula. Daí a enorme responsabilidade

das escolas e dos professores no ato de

ensinar a gostar de aprender arte.

Iavelberg - 2003

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RESUMO

Este trabalho é uma abordagem sobre a interdisciplinaridade no ensino de arte: o cubismo e suas técnicas dialogando com conhecimentos matemáticos. Tem como objetivo discutir a temática cubismo, oportunizando aos alunos da Escola Antônio Francisco Maciel a apreciação e produção de obras com características desse estilo de Arte. A metodologia baseia-se na pesquisa teórica, Esse movimento artístico compõe uma das bases que originou a Arte Moderna. Esse conhecimento surgiu e foi inspirado nas obras do artista Cézanne, mas, tem como precursor o artista Pablo Picasso. O cubismo possui fortes ligações com a Matemática porque como o próprio nome sugere a sua relação com o sólido geométrico cubo o qual originou o nome. Esse movimento artístico perpassou por duas fases a analítica e a sintética. A analítica considera a representação de modo simultâneo sendo quase impossível a identificação da imagem e o cubismo sintético percebe-se a ocorrência de certa recuperação da imagem além da inserção de outros elementos tais como a colagem. No Brasil não há artistas que sejam exclusivamente de estética cubista. Mas, muitos artistas foram influenciados por esse movimento, dentre eles cita-se Tarsila do Amaral, Rego Monteiro, Anita Malfatti e Milton da Costa dentre outros que procuram representar os temas brasileiros em composições com estilo cubista.

Palavras-chave: Arte. Cubismo. Ensino de Geometria. Interdisciplinaridade.

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ABSTRACT

This work is an interdisciplinary approach to the teaching of art: Cubism and its dialogues with mathematical techniques. Aims to discuss the issue Cubism, creating opportunities for students of the School Francisco Antonio Maciel enjoyment and production of works with characteristics of this style of art. The methodology is based on the theoretical research, This artistic movement composes one of the bases that originated the Modern Art. This knowledge came about and was inspired by the works of the artist Cézanne, but has as the precursor artist Pablo Picasso. Cubism has strong links with mathematics because as the name suggests its relationship with the geometric solid cube which originated the name. This artistic movement pervaded by a two-stage analytical and synthetic. The analytical representation considers simultaneously being almost impossible to identify image and Synthetic Cubism perceives the occurrence of certain recovery image beyond the insertion of other elements such as glue. In Brazil there are artists who exclusively from Cubist aesthetic. But many artists were influenced by this movement, including quotes up Tarsila do Amaral, Rego Monteiro, Anita Malfatti and Milton da Costa and others who seek to represent the Brazilian themes in compositions with Cubist style.

Keywords: Art. Cubism. Teaching Geometry. Interdisciplinarity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Jarra e frutas (1895) – Paul Cézanne .................................................... 19

Figura 2: Les demoiselles d’Avignon, 1907 – Pablo Picasso ................................ 20

Figura 3: Cubismo na sala de aula …………………………………………………. 28

11

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................8

ABSTRACT.................................................................................................................9

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................10

CAPÍTULO I ..............................................................................................................15

O CUBISMO X CONHECIMENTO MATEMÁTICO: INTERDISCIPLINARIDADE E SUA IMPLICAÇÃO NO CONTEXTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM..................15

1.1 A CONSOLIDAÇÃO DO ENSINO DE ARTE .............................................................................................15 1.2 O CUBISMO E A INTERSEÇÃO ENTRE ARTE E MATEMÁTICA .................................................................16 1.3 O CUBISMO: CONJUGAÇÃO ENTRE ARTE E MATEMÁTICA .................................................................18

CAPÍTULO II .............................................................................................................19

O CONTEXTO HISTÓRICO DO CUBISMO..............................................................19

2.1 OS PRIMÓRDIOS DO CUBISMO .........................................................................................................19 2.2 AS CARACTERÍSTICAS DO CUBISMO E A VISÃO DA MATEMÁTICA ...........................................................21

CAPÍTULO III ............................................................................................................25

O LEGADO DO CUBISMO PRESENTE EM ARTISTAS BRASILEIROS ................25

3.1 A TRAJETÓRIA DO CUBISMO NO BRASIL ...........................................................................................25

CAPÍTULO IV............................................................................................................27

O ENSINO E A APRENDIZAGEM DO CUBISMO....................................................27

4.1 O CUBISMO EM SALA DE AULA ........................................................................................................27 4.2 PLANEJAMENTO DA OFICINA ............................................................................................................29

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................31

REFERÊNCIAS.........................................................................................................32

ANEXOS ...................................................................................................................35

12

INTRODUÇÃO

A história da humanidade mostra que a sociedade desde os seus primórdios

manipulou cores, formas, desenhos e outros meios com a intenção de comunicar-se

com o outro, tornando-se meio de expressão e esta linguagem ficou conhecida como

Arte. A Arte assim desenvolvida, em sua trajetória ganhou espaço no currículo

escolar e hoje é um modo de praticar a cultura. No contexto escolar a Arte

estabelece comunicação com diversos campos do conhecimento. Dentre esses

conhecimentos integra-se com a Matemática, onde as estruturas geométricas nos

objetos, na natureza levaram a Arte da pintura ao Cubismo. Assim, o cubismo tem

suas bases características na Matemática, porém ambas as disciplinas possuem

linguagens análogas quanto ao abstracionismo.

Assim, baseado no contexto exposto acima sobre o Cubismo, seu estilo e

sua ligação com a matemática, este trabalho busca realizar uma pesquisa com

objetivo geral de aprofundar o conhecimento sobre a arte cubista e suas

características dialogadas com o conhecimento matemático, e envolver os alunos de

8º ano do Ensino Fundamental em atividades de expressões e produções artísticas

para que eles percebam a ligação entre Arte e Matemática e possam expressar-se

por meio delas. Justifica-se assim, a realização desse estudo, visando compreender

que as imagens cubistas são produtos de intenções pessoais passíveis de

encantamentos, mas podem levar a questionamento, dúvidas e desejos, sendo

muito importante propor essa temática como campo de estudo e de produção juntos

a alunos de Ensino Fundamental.

O trabalho tem como metodologia discutir e analisar características, obras e

técnicas do Cubismo com alunos da Escola Antônio Francisco Maciel, situada no

povoado Lagoa. Também oportunizando aos alunos a apreciação e produção de

obras com características cubistas e percepção sobre diferentes contextos que a

linguagem artística possibilita. Assim, o trabalho embasa-se em uma pesquisa

teórica sobre o ensino da Arte, no que se refere ao tema Cubismo e seu contexto, e

envolvendo os alunos em atividades e técnicas simples, deixando fluir a expressão

de sua criatividade artística em relação a este tema, e conclui-se este trabalho

13

fazendo uma exposição do material produzido para apreciação pela comunidade

escolar, assim os alunos tornam-se produtores e apreciadores de suas obras.

A sociedade atual presencia as diferentes formas de comunicação, onde as

imagens falam, imagens que orientam as pessoas, imagens que expressam

sentimentos, imagens que reivindicam, por exemplo, as placas pedindo silêncio,

orientando no trânsito, etc. Da mesma forma, na Arte as imagens e as obras

artísticas transmitem também sentimentos e conhecimentos. Porém na arte e no seu

conhecimento historicamente construído é preciso entender como os sujeitos

interagem com as representações simbólicas de quem as expressa esses

sentimentos.

E, no que se refere ao Cubismo que é um movimento artístico caracterizado

pela decomposição e geometrização das formas naturais. E no contexto escolar é

um tema que aguça a curiosidade no sentido de entender a relação das obras e dos

autores cubistas com o outro que observa, que visualiza as formas geométricas.

Enfim, o Cubismo possui forma, conceitos e expressões pessoais que são

representadas através de imagens. Estas imagens têm fortes ligações com a

geometria. A geometria é uma área do saber ligado ao conhecimento matemático e

é nesse ponto que a Arte e Matemática se articulam, abrindo-se assim um leque no

campo da interdisciplinaridade.

Nesse sentido, nos debates educacionais dos últimos tempos tem-se

discutido muito sobre a interdisciplinaridade que se refere a mediação e exploração

entre duas disciplinas sobre o mesmo tema, ou seja, usando o conhecimento das

duas disciplinas para explicar o cubismo. Assim, proporciona no contexto escolar

uma atividade significativa para que a educação venha cumprir de fato a sua função

de formação dos alunos, auxiliando-os no desenvolvimento das suas

potencialidades e na formação como cidadão que valorizam a diversidade cultural e

contribui de forma autônoma e crítica para enfrentar os desafios da vida em

sociedade.

Desse modo, ao desenvolver o tema “A interdisciplinaridade no ensino de

Arte: O Cubismo e suas técnicas dialogando com conhecimentos matemáticos” e ao

mesmo tempo discutir junto aos alunos de 8º ano essa temática por meio de

atividades de leitura de obras cubistas e suas características, se justifica porque este

tema como objeto de pesquisa significa dizer que a interdisciplinaridade possibilita

14

explicitar as múltiplas determinações e mediações históricas que constituem o

cubismo. Assim, o cubismo será visto como movimento cultural em que cada aluno

possa expressar do seu modo e de acordo com as suas condições e a realização

desse estudo visa compreender a relevância do Cubismo enquanto conteúdo a ser

aprendido em sala de aula.

Portanto, como graduando de curso de licenciatura em Arte há um grande

desafio em buscar relacionar as duas disciplinas Arte e Matemática/Geometria, pois

na prática a interdisciplinaridade requer demonstrar a ligação de modo significativo.

Então, realizando neste trabalho atividade prática com os alunos dessa

característica espera-se que essa atividade seja apenas um princípio para o gosto

de futuras aprendizagens em relação ao tema Cubismo que faz parte da história da

Arte.

15

CAPÍTULO I

O CUBISMO X CONHECIMENTO MATEMÁTICO: INTERDISCIPLINARIDADE E SUA IMPLICAÇÃO NO CONTEXTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

1.1 A consolidação do ensino de arte

Hoje os registros das diversas disciplinas escolares mostram que a Arte está

presente no fazer e agir da humanidade. E segundo Moreira e Abreu (2010, p.14) a

Arte sempre fez parte dos cotidianos escolares no Brasil, seja como componente

curricular ou de forma espontânea e ou vinculada às aprendizagens de outras áreas.

Porém, legalmente o ensino de Arte é legitimado com a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – LDB nº 5 692/71 (BRASIL, 1971) com o nome de

Educação Artística numa concepção polivalente. Nesse componente curricular a lei

congrega que fossem abordados os conteúdos de música, teatro e artes plásticas

nos cursos de 1º e 2º graus. Nesse sentido criou a figura de um professor único que

deveria dominar todos esses conteúdos e suas linguagens de forma competente

(MARTINS, 2009, p.11).

Contudo, a mais jovem LDB de nº 9 394/96 (BRASIL, 1996) vem reforçar o

contexto de que a Arte é um conhecimento e consolida seu status como ciência e é

materializada como disciplina e valorização das especificidades de cada uma de

suas áreas que são as artes visuais, dança, música e teatro.

Nessa Lei nº 9 394/96 (BRASIL, 1996) em seu parágrafo 2º estabelece “o

ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da

Educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”.

No ano seguinte da promulgação da LDB 9 394/96 o Ministério da Educação

cria os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, documentos que se tornam em

instrumento útil no apoio as discussões pedagógicas e a arte é incluída na estrutura

curricular como área, com orientações estruturada no PCN – Arte, com conteúdos

16

próprios ligados a cultura artística e não apenas como atividade. As publicações de

orientação do ensino de Arte visam atender tanto o nível fundamental como o médio

da Educação Básica.

Essa trajetória mostra que a Arte é um conhecimento que deve ser ensinado

e aprendido em sala de aula como demonstra o trecho abaixo:

Assim, a Arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a Arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber (MARINS, PICOSQUE, GUERRA, 2009, p. 12).

Entende-se que além da importância da Arte para as pessoas, no contexto

escolar permeia todas as disciplinas, ora com maior intensidade como no caso da

literatura quando o aluno faz produções e declamação de poemas, quando faz uma

paródia, quando ilustra um texto, dentre outras atividades. Assim, a arte permeia ora

com menor intensidade em outras. Mas a arte ao se fazer presente nas disciplinas

escolares passa, assim a possuir um caráter interdisciplinar muito valioso, e cabe

aos professores valorizar esses aspectos. E segundo Nunes (2008, p. 80) a

realidade da Arte possibilita “acesso a um mundo articulado, com as suas

contingências, as suas leis e sua história, e no qual o mundo humano, social e

histórico, se projeta”.

1.2 O Cubismo e a interseção entre Arte e Matemática

Na abordagem do Cubismo se verifica no ponto de vista da integração e da

interdisciplinaridade que existe uma parceria vantajosa da Arte com a Matemática,

essa parceria influenciou os artistas proporcionando o surgimento do Cubismo.

O Cubismo é conceituado de acordo com Francastel como a decomposição

e deslocamento das partes da visão clássica, que se caracteriza pela decomposição

e geometrização das formas naturais. Já de acordo com Pereira e Pelachin (2004,

p.2007) o cubismo compreende um tipo de pintura que tem por objetivo representar

a realidade fragmentada através de estruturas geométricas. Para Amaral

colaboradores (2005, p.33) o cubismo tem como proposta a fragmentação da

realidade.

17

Assim, diante desse conceito observa-se que a representação das formas

naturais é sustentada pelo diferencial que tem como base a decomposição das

formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.

Nesse sentido Pereira e Pelachin (2004, p.207) afirmam que o Cubismo

situa-se como um dos movimentos históricos, fruto de mudanças devido ao

desenvolvimento tecnológico que impulsionaram uma liberdade artística nunca antes

experimentada, rompendo paradigmas cultivados até o final do século XIX.

Nessas mudanças sugiram os movimentos da vanguarda européia que

deixaram de utilizar esses requisitos e passaram a privilegiar os efeitos da luz e as

vibrações coloridas introduzindo inovações negando a arte tradicional e ao mesmo

tempo abrindo caminhos para novos processos criativos e um dele culminou no

cubismo que se diferencia e se distingue dos demais movimentos pela

representação da realidade por meio da fragmentação através de estruturas

geométricas.

Quanto a origem do nome Cubismo também está relacionado aos conceitos

matemáticos, pois, na pintura cubista de acordo com Pereira e Pelachin (2004,

p.207) o cubo seria a forma geométrica mais adequada para demonstrar os objetos

com todas as suas partes em diferentes planos. Então o nome Cubismo vem de

cubo.

O Cubismo está entre os movimentos de vanguarda que marcaram

profundamente toda a cultura ocidental e que deram origem a Arte Moderna e

segundo Pereira e Pelachin (2004, p.2004) negaram a arte tradicional, adepta da

imitação. Assim o Cubismo, com sua visão nova de se fazer e pensar contribuiu para

que se abrissem caminhos para novos processos criativos em arte que tem como

atributo a utilização e representação das formas geométricas.

Observa-se assim, a forte ligação que a geometria tem com a

fundamentação e estruturação da arte que caracteriza o estilo cubista. Pois, nesta

pintura os elementos são compostos, estilizados por meio de formas geométricas.

Para Tufano (1998, p.32) a Arte Cubista abandonou a perspectiva e incorporou as

formas geométricas que passa a compor os elementos.

E essa forma inusitada de representação da natureza e da figura humana a

princípio provocou efeito de estranhamento que perturbou o público e gerou muitas

polêmicas. Isso era estranho porque na verdade a representação desse tipo de Arte

18

não tinha compromisso de fidelidade com a aparência real dos objetos e nem com a

figura humana.

1.3 O Cubismo: conjugação entre Arte e Matemática

A Arte cubista se afirma tendo como baluarte as formas geométricas. Pois,

os artistas plásticos precursores do cubismo retrataram os objetos e as formas da

natureza representadas como se fossem cones, esferas e cilindros (SANTOS,

p.154).

Percebe-se pelo elencado acima que há uma conjugação entre a arte do

Cubismo e a Matemática. Entende-se assim, que ensinar Cubismo em sala de aula

sem falar em Matemática é incoerente, pois, a matemática possibilita a

fragmentação e efeitos nas obras de estilo cubista e é ai que entra a

interdisciplinaridade entre esses dois campos de conhecimento. Assim, o

intercâmbio instaurado entre Arte e Matemática mostra que ensinar e aprender

Cubismo em sala de aula implica em reconhecer a importância e valorização desses

dois campos de conhecimento. Sendo que cada um tem seu objeto de estudo e

juntos constituem uma forma criativa de expressão.

19

CAPÍTULO II

O CONTEXTO HISTÓRICO DO CUBISMO

2.1 Os primórdios do Cubismo

De acordo com os registros da história da Arte, o Cubismo surgiu no início

do Século XX, e segundo Santos (p.154) o Cubismo tem sua base de inspiração na

obra de Cézanne (Figura 1). E Haddad e Morbin (2004, p.37) argumentam que

quando Paul Cézanne pintava, procurava encontrar a sólida estrutura geométrica

nos objetos, na natureza. E são estas ideias tão próprias e o jeito de decomposição

dos objetos e da natureza que direcionou um novo caminho na pintura e inspiraram

outros pintores, direcionando-os ao Cubismo.

Figura 1: Jarra e frutas (1895) – Paul Cézanne. Dimensões 50 x 64cm. Técnica óleo sobre tela.

Fonte: http://www.allposters.com.mx/-sp/La-Vase-Paille-Posters_i1286311_.htm

Porém, de acordo com Pereira e Pelachin (1995, 2007) o Cubismo tem como

baluarte o pintor Pablo Picasso com a obra Les demoiselles d’Avignon, 1907 -

20

(Figura 2). Esse quadro é um representante clássico do Cubismo porque segundo

Santos (p. 156) se fundamenta na destruição da harmonia clássica das figuras e na

decomposição da realidade.

Figura 2: Les demoiselles d’Avignon, 1907 – Pablo Picasso. Dimensões: 224 cm x 234 cm. Museum

of Modern Art, Nova York.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Les_demoiselles_d'Avignon

Mas de acordo com Azevedo Júnior (2007, p.37) o Cubismo também tem

como precursor Georges Braque que utilizou em uma de suas pinturas imagens

fragmentada na forma de cubo, rompendo se assim a característica da imagem da

realidade representada na sua arte, fazendo com que esta fosse vista em todas as

posições.

O Cubismo apresenta duas vertentes que compreende o Cubismo Analítico

e o Cubismo Sintético.

O Cubismo Analítico, de acordo com Santos (2004, p.154) se caracterizava

pela representação de um tema mostrando todos os seus lados simultaneamente.

Havia, portanto uma fragmentação dos objetos que levava a destruição da estrutura

do objeto representado que as vezes era impossível o reconhecimento de qualquer

figura nas pinturas cubistas como exemplo pode-se citar a obra “ Violino e Cântaro”

(1910) de Braque e “O Poeta” (1911) de Picasso.

Já o Cubismo Sintético segundo Santos (2004, p.156-159) se caracteriza

pela representação simultânea de um objeto em suas várias dimensões, porém

dando um tratamento mais realista ao tema, ou seja, uma certa recuperação da

imagem real dos objetos, além de inserir ao tema outros elementos como a colagem

21

possibilitando causar no observador além de sensações visuais que se refere ao uso

de cores as sensações táteis devido a colagem.

E ainda na visão de seus precursores o cubismo tem um cunho

essencialmente realista, mas não no sentido de imitar os aspectos do verdadeiro,

mas no sentido de criar algo novo que dará origem a um objeto irredutível a qualquer

outro, dotado de uma estrutura e funcionamento próprios. Um mecanismo mágico de

mostrar como as coisas podem ser criadas. Para os cubistas, a forma é parte

integrante da realidade do objeto e as técnicas de colagem se tornaram freqüentes.

O cubismo elimina também a distinção entre pintura e escultura e contribui

fortemente para a formação do princípio do funcionalismo arquitetônico (PEREZ,

2008).

O movimento cubista terminou em 1094, apesar de suas características ter

persistido mesmo quando os artistas envolvidos o abandonarem. Os principais focos

de resistência foram às artes decorativas e arquitetura do século XX. Assim, esse

movimento apesar de ser considerado um ato de percepção individual, o movimento

cubista possuía coerência, pois, defendia a abolição da cópia na Arte, rejeição da

cor e uso de tons neutros, além da geometrização a introdução de elementos

inusitados, como sinais tipográficos, colagem de papeis, tecidos, etc. Porém, o estilo

permaneceu vivo nas mãos de outros pintores, exercendo forte influência sobre a

Arte Moderna como um todo.

2.2 As características do cubismo e a visão da Matemática

O Cubismo em seu contexto apresenta algumas características e segundo

Santos (2004, p.38) a primeira característica é não se preocupar com a totalidade da

imagem, pois essa tarefa é responsabilidade do observador. Cabe então ao

observador buscar na fragmentação da pintura cubista o objeto que ela representa.

Já a segunda característica é a colagem que compreende a introdução de

letras, palavras, números, pedaços de madeiras, vidro, metal ou tecido nas pinturas,

dando um novo efeito plástico a pintura como aponta Santos (2004, p.38) apresenta

uma inovação que pode ser explicada pela intenção do artista de criar novos efeitos

22

plásticos e propor ao observador impressões de textura, além das percepções

visuais que a pintura sempre sugeriu.

Assim, baseado nessas características é possível entender os aspectos

ligado à abstração das formas geométricas presentes nas obras cubistas. Pois, as

formas geométricas proporcionam um novo efeito visual para que a imagem possa

ser vista em diferentes dimensões simultaneamente.

De modo geral o Cubismo deixou grandes contribuições com suas

características que são representadas pela geometrização das formas e volumes,

renúncia à perspectiva, o claro e escuro perde sua função, dá lugar a representação

do volume colorido sobre superfícies planas, proporcionando sensação de pintura

escultória, priorizando cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza por

um ocre apagado ou castanho suave e utilização de cores fechadas culminando-se

em uma Arte verdadeiramente brasileira.

Assim, percebe-se a intimidade da Arte com a Matemática, pois esta

incorpora os elementos geométricos para fragmentar a realidade dos objetos da

natureza e abre reflexão sobre as marcas da geometria impressas nos modos de

perceber e de representar sentimentos e a natureza por meio da fragmentação

utilizando as formas geométricas, mas de modo criativo num contexto artístico.

De acordo com Fonseca (2009, p.74) o universo da geometria se faz

presente em diversas situações da vida cotidiana, na natureza, nos objetos, nas

brincadeiras infantis, nas construções, nas artes. Assim, a Arte oferece possibilidade

para iniciar o ensino da geometria a partir da observação e de atividades lúdicas.

No contexto da interdisciplinaridade entre Arte e Matemática as autoras

Haddad e Morbin (2004) em seu livro “a Arte de fazer Arte” propõe uma atividade

interdisciplinar para que os alunos possam aprender o estilo cubista. A atividade

baseia-se em uma das características do cubismo citado anteriormente: a colagem.

O desenvolvimento da atividade compõe da seguinte metodologia:

Escolha uma foto sua, de família ou de revista. Atrás dela trace figuras geométricas diversas. Recorte e reserve os pedaços para uma montagem cubista. Escolha uma folha colorida grossa para a base. Antes de iniciar a colagem, faça um projeto. Arrume as peças de maneira que as figuras não se encaixem corretamente, de forma tradicional.

23

Vá colando peça por peça. Entre uma e outra você pode aplicar cola colorida ou preencher os espaços com nanquim preto. (HADDAD e MORBIN, 2004, 38)

Esta atividade oferece ao professor oportunidade para que ele trabalhe

também não só o estilo cubista, mas também as figuras geométricas. Por exemplo,

nomenclatura de nomes como cubo, quadrado, triângulo, retângulo, etc. mostrando

que Arte e Matemática se entrelaçam para explicar o Cubismo.

Por outro lado, propicia, no contexto escolar, oportunidade de criação e

apreciação de atividades significativas de aprendizagens tanto da Arte como da

Matemática.

É fato, que o Cubismo tem como base a geometrização das formas e

volumes em produções artísticas, assim, para ser aprendido é preciso também que

haja uma base de conhecimentos matemáticos que são estruturantes do cubismo

que é a Geometria.

Então, a aprendizagem do Cubismo requer trilhar caminhos matemáticos.

Abordando-se assim o ensino da matemática que apesar de estar presente no dia a

dia das pessoas, para muitos a matemática é rodeada de preconceitos e é tida como

difícil, impenetrável, repleta de normas e obscuridade por uma terminologia

incompreensível além de ser tratada de modo descontextualizado, desligado do que

ocorre no dia a dia da escola e da vida dos alunos. Ao contrário disso seria

importante que os professores e alunos estivessem voltados para os aspectos

matemáticos das situações do cotidiano, estabelecendo vínculos necessários entre a

teoria estudada e cada uma dessas situações (MARÍLIA TOLEDO, MAURO

TOLEDO, 2009, p.5). Porém, nos últimos anos de acordo com esses autores

reflexões a acerca do ensino da matemática vem tentando modificar esse panorama

principalmente no que se refere ao ensino da geometria. E ainda salienta esses

autores que a geometria é vista como um campo muito rico de oportunidade para:

· o desenvolvimento de outros tipos de raciocínio, na resolução de problemas que exigem visualização e manipulação de modelos de figuras geométricas; · o desenvolvimento do senso estético e da criatividade, com a utilização das formas geométricas em atividades de composição e decomposição; · a valorização de alunos cujo raciocínio é mais voltado aos aspectos espaciais que quantitativos da realidade, conseguindo, assim, melhor

24

desempenho nas atividades de Geometria do que naquelas relacionadas com números (MARÍLIA TOLEDO, MAURO TOLEDO, 2009, p. 2013).

Diante do exposto, percebe-se que o Cubismo abre espaço para reflexões

sobre o ensino da matemática, pois possibilita ao professor desenvolver habilidades

almejadas no ensino de matemática. A análise de obra cubista, o estudo das cores e

observação da perspectivas abre caminhos para a contextualização e demonstração

da matemática na história e no cotidiano dos alunos levando-os a reconhecer a

presença da matemática sem a necessidade de decorar fórmulas e números. Assim,

a Arte abre caminhos para a motivação para a aprendizagem em matemática, pois

ao trabalhar o Cubismo o professor irá aguçar a curiosidade do aluno em relação à

matemática.

25

CAPÍTULO III

O LEGADO DO CUBISMO PRESENTE EM ARTISTAS BRASILEIROS

3.1 A Trajetória do Cubismo no Brasil

No cenário brasileiro o Cubismo tem início a partir de 1922 imbricando com a

Semana de Arte Moderna. Esse evento culminou com o início de novas rupturas na

pintura brasileira. Dentre os precursores da arte moderna no Brasil que apresentam

algumas obras com tendências e características cubistas está Anita Malfatti com

ideias inovadoras e influenciando outros pintores brasileiros, mudando a fisionomia

da pintura brasileira a partir da exposição que provocou grande polêmica com os

adeptos da arte acadêmica (SANTOS, 2004, P.228).

Nesse sentido, o marco caracterizador da presença de tendências de novas

concepções do fazer e compreender a obra de Arte ocorre com os eventos da

Semana de Arte Moderna, e no que se refere às Artes Plásticas com influências do

movimento cubista se somam a Anita Malfatti os desenhistas e pintores Di

Cavalcante e Vicente do Rego Monteiro, dentre outros que juntos trabalharam e

contribuíram para o desenvolvimento de uma Arte brasileira livre das limitações que

o academicismo impunha.

Algumas das obras de Anita Malfatti que apresentam características cubistas

são “O Homem amarelo”, “Nu cubista”, “O homem das sete cores” (GARCEZ,

OLIVEIRA, 2006).

Di Cavalcante, incentivador da Semana de Arte Moderna no Brasil, também

conquistou seu espaço na pintura brasileira. Pintor que recebeu influência do cubista

Picasso e Braque, porém, foi capaz de transformar essas influências numa produção

muito pessoal, associando-as aos temas brasileiros dentre as seus trabalhos pode-

se citar a obra “Pescadores” (SANTOS, 2004, p.234).

26

Porém, o primeiro artista brasileiro dentro da estética cubista é o pintor

Vicente do Rego Monteiro. Seu talento para a pintura manifestou-se muito cedo,

participou da Semana de Arte Moderna com dez trabalhos. Rego Monteiro possui

um modo próprio e original sem a perspectiva tradicional, conforme demonstra na

obra “A Santa Ceia”, 1925, que é uma obra de expressão cubista. Mas também

interessou-se muito por temas que envolviam os mitos indígenas brasileiros, com os

quais fez uma série de aquarelas (SANTOS, 2004).

Faraco et al (2004, p.58) explica que Tarsila do Amaral estudou em Paris e

em 1922 retornou ao Brasil e entrou em contato com artistas modernistas. Neste

contexto suas obras foram influenciadas pelo movimento cubista e iniciou a pintura

intitulada “Pau-Brasil”, em que inspirou no cubismo as relações que lhe permitiram

fazer uma leitura estrutural da visualidade brasileira sobre a ótica e solidez

incorporando característica do estilo cubista. As características cubistas da fase

“pau-brasil” privilegiou uso de cores ditas caipiras (cores vibrantes), rosas e azuis, a

estilização geométrica das frutas e plantas tropicais, dos caboclos e negros

buscando criar uma identidade de arte brasileira.

Na década de 1940 Milton Dacosta, segundo Faraco et al (2004, p.46-47) foi

influenciado pelo cubismo de Cézanne na construção de volumes. Mas foi no fim da

década de 1940 que as características cubistas tornaram-se mais presentes,

evidenciando em suas pinturas as cores primárias e a forte abstração geométrica.

Dentre as suas obras destaca-se a Figura Sentada (1951), Não era um artista

exclusivamente cubista, mas possui um legado importante baseado nas

características do cubismo.

No contexto do cubismo, percebe-se que no Brasil as suas características

vão se tornando visíveis durante o Modernismo, e de acordo com Garcez e Oliveira

(2006) o cubismo foi fixando suas raízes em obras de vários artistas.

Assim, o Cubismo influência a Arte brasileira com suas técnicas, mudando

os paradigmas das pinturas tradicionais trazendo grandes contribuições com suas

características.

27

CAPÍTULO IV

O ENSINO E A APRENDIZAGEM DO CUBISMO

4.1 O Cubismo em Sala de Aula

O Cubismo como parte de uma escola de pintura conforme a literatura

referenciada nos capítulos anteriores é um movimento artístico e parte do

conhecimento a ser estudado em Arte. E de acordo com Iavellerg (2003, p.22) a

escola não pode privar o aluno do acesso aos conteúdos universais de Arte e as

experiências com os processos de criação podem reorientar o sentido de ensinar e

aprender a Arte. E nesse caso, o papel do professor de Arte é criar múltiplas

oportunidades de contato dos estudantes com os conteúdos, variando as formas de

apresentá-los.

A atividade desenvolvida com os alunos 8º ano da Escola Municipal Antônio

Francisco Maciel atingiu os objetivos propostos. Pois, tinha como finalidade discutir,

identificar e conhecer as características do Cubismo. Então, o fundamento foi

verificar na prática o processo de ensino e aprendizagem na perspectiva da

interdisciplinaridade entre Arte e Matemática. Pois, Iavelberg (2003, p.22) salienta

que a Arte pode servir para uma articulação com as demais áreas, o que certamente

é um ótimo ponto de conexão com outros conteúdos, além de ser um recorte

mobilizador do gosto por aprender tais conteúdos. No caso aqui em estudo, a Arte e

a Geometria.

Para introduzir o conceito de Cubismo, foi preciso antes proporcionar aos

alunos atividades de leitura de obras e pesquisa para que pudessem adquirir pré-

requisitos para observar a presença das formas geométricas em objetos, na

natureza e em situações cotidiana. Depois, os alunos participaram de atividade de

identificar figuras planas, sólidos geométricos e também identificando-as em obras

de artistas cubistas. Pesquisaram a repeito da Semana de Arte Moderna e

discutiram a importância dela para o futuro da Arte deste então. As atividades de

28

sala de aula precisam dialogar o teórico com a prática, assim, como produto do

estudo do Cubismo os alunos desenvolveram a técnica da segunda fase do

Cubismo que já privilegiava a colagem.

Durante a realização da atividade de colagem e pintura proposta Haddad e

Morbin (2004, p.38) com os alunos do 8º ano da Escola Antônio Francisco Maciel os

alunos envolveram na atividade de colagem utilizando a própria foto e se

entusiasmaram com a produção, questionaram sobre a técnica, enfim proporcionou

a estes alunos um olhar diferente para o tema Cubismo.

Logo após a realização da atividade para avaliar o conhecimento dos alunos

sobre o Cubismo foram mostradas algumas imagens de obras cubistas e não

cubistas aos alunos para que eles pudessem classificá-las. E 100% dos alunos

conseguiram indicar às imagens de obras cubistas justificando o porquê as obras

seriam cubistas. Ou seja, percebendo a presença dos elementos da geometria

nessas obras.

A imagem abaixo confirma a satisfação dos alunos diante de seus trabalhos

demonstrando que a Arte pode ser trabalhada num contexto significativo e

interdisciplinar.

Figura 3: Juarez (licenciando em artes visuais UnB/UAB) e alunos do 8º Ano da Escola

Municipal Antônio Francisco Maciel - 2012.

Diante disso, o tema cubismo foi apreciado pelos alunos de modo

significativo, cada aluno se sente orgulhoso ao olhar a sua imagem na produção

29

artística na perspectiva da técnica cubista (As imagens produzidas pelos alunos

constam nos anexos) reconhecendo que a Arte e a Matemática são parceiras e

juntas caracterizam o Cubismo.

Essa atividade do Cubismo em sala de aula proporcionou reflexões de que o

ensino de Arte não pode ser alicerçado apenas em reproduzir conhecimentos

prontos aos alunos, mas utilizar os conhecimentos existentes a partir da junção da

teoria e prática e a partir de então analisar obras de vários artistas e o contexto em

que foram produzidas mostrando que a Arte possui uma evolução histórica de seu

conhecimento como as demais áreas de conhecimento como a Matemática, a

Química e etc.

4.2 Planejamento da oficina

Primeiro passo

Foram mostradas aos alunos as principais figuras geométricas, pedindo a

eles para nomeá-las e apontar onde estas figuras possam estar presentes na

natureza, nos objetos, etc.

Segundo passo

Preparação de slides: foram preparados alguns slides para introduzir o

conceito do Cubismo. A escola não possui projetor de imagens, mas possui

computadores e como a turma é formada por um grupo pequeno de alunos foi

possível mostrar aos alunos alguns slides seguido de explicação para demonstrar a

presença da geometria na Arte.

Assim, foi mostrado obras e discussão sobre o porquê determinada obra é

considerada cubista.

Terceiro passo

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Foi solicitado dos alunos para que cada um tirasse uma fotografia ali mesmo

no pátio da escola. A coordenadora imprimiu as fotografias e deu-se início a

atividade de colagem conforme orientação apresentada anteriormente.

Quarto passo

Após cada aluno terminar a sua colagem foi pedido para que cada aluno

falasse sobre a experiência realizada.

Quinto passo

Nessa etapa utilizando slides foi explicado e discutido com os alunos o

conceito, autores precursores do cubismo e análises de algumas obras de estilo

cubistas.

Sexto passo

Para finalizar foi feito um mural em sala de aula para apreciação pelos demais

alunos da escola com as atividades produzidas pelos alunos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se diante do trabalho realizado que o cubismo é uma forma de Arte

que se respalda entre dois campos de conhecimentos que é a Arte e a Matemática.

Assim, ao ensinar e aprender o tema cubismo imbrica-se em relacionar e utilizar o

conhecimento de ambas as disciplinas caracterizando interdisciplinaridade, ou seja,

o cubismo só pode ser aprendido pelo aluno em sala de aula se o professor explorar

e mediar o conhecimento das duas disciplinas Arte e Matemática. Pois, torna-se

impossível abordar o cubismo sem falar em formas geométricas.

Assim constata-se a interdisciplinaridade no ensino de Arte no que se refere

ao cubismo, pois este agrega um conjunto de conhecimento que integra um diálogo

entre Arte e Matemática.

No que tange ao processo de ensino e aprendizagem verifica-se que ao

realizar a atividade com os alunos do 8º ano da Escola Municipal Antônio Francisco

Maciel, aplicando as técnicas de colagem, para que eles pudessem compreender e

entender na prática o conhecimento do Cubismo em atividade interdisciplinar de

confecção de uma obra com estilo cubista, perpassando pelas explicações sobre os

sólidos geométricos, reflexão sobre o que cada obra produzida representa para cada

aluno além de discutir a montagem da obra.

Então no processo de ensino e aprendizagem a interdisciplinaridade

proporciona um conhecimento significativo. Pois, a execução da atividade com os

alunos para percepção das características cubista foi uma atividade prazerosa e

gratificante, pois os alunos ao demonstrarem a sua própria imagem como obras de

estilo cubista puderam perceber a estreita relação desse estilo com as formas

geométricas. Como legado deste trabalho, posso afirmar que o tema cubismo e suas

implicações com os conhecimentos matemáticos serão sempre visto de agora em

diante de modo diferente, de reconhecer os autores que se destacaram no cubismo

e suas obras.

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REFERÊNCIAS

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Imagética Comunicação e Design, 2007.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 5. 692/1971.

Brasília: MEC, 1997.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/1996.

Brasília: MEC, 1997.

FARACO, Carlos Emílio. Ofício de Professor: Aprender mais para ensinar melhor. 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Biografias. Vol.

5. São Paulo, Fundação Victor Civita, 2004.

FRANCASTEL, P. Peinture et Société. Paris: Denoël/Gonthier, 1977, p. 262. In:

MARTINS, Luiz Renato. Colagem: investigações em torno de uma técnica

moderna. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-

53202007000200006&script=sci_arttext

FONSECA, Maria Conceição F. R. (et al). O Ensino de Geometria na Escola

Fundamental: Três questões para a formação do professor dos ciclos iniciais.

3. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

GARCEZ, Lucília. OLIVEIRA, Jô. Explorando a Arte Brasileira. 4ª ed. Rio de

Janeiro: Ediouro, 2006.

33

HADDAD, Denise Akel. MORBIN, Dulce Gonçalves. Arte de Fazer Arte. 5ª Série. 2ª

ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte: Sala de aula e formação de professores. Porto Alegre, Artmed, 2003.

JANTESCH, Ari Paulo. BIANCHETTI, Lucídio (Orgs). Interdisciplinaridade: Para além da filosofia do sujeito. 7ª Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

MARÍLIA TOLEDO, Barros de Almeida. MAURO TOLEDO, de Almeida. Teoria e Prática de Matemática: como dois e dois. 1ª Ed. São Paulo: FTD, 2009.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. PICOSQUE, Giselda Maria. GUERRA,

Maria Terezinha Telles. Teoria e Prática do Ensino de Arte. 1ª Ed. São Paulo:

FTD, 2009.

MOREIRA, Marcos Elias. ABREU, Maria do Carmo Ribeiro (Orgs). Referenciais

Curriculares para o Ensino Médio Área – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Componente Curricular – Artes. Goiânia: Secretaria da Educação

do Estado de Goiás/Coordenação do Ensino Médio, 2010.

NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 1ª Ed. São Paulo: Ática, 2008.

PEREIRA, Helena Bonito. PELACHIN, Marcia Maisa. Português: Na trama do texto. Coleção Delta. Volume Único. Ensino Médio. São Paulo: FTD, 2004.

PEREZ, Valmir. Cubismo e relativismo – Um salto na dimensão das ideias.

Disponível em:

http://www.abric.org.br/skyportal_v1/article_read.asp?title=CUBISMO+E+RELATIVIS

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34

SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença. História da Arte. 16ª Ed. São Paulo:

Ática, 2004.

TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. Vol. 3. 5ª Ed. São Paulo:

Editora Moderna, 1998.

35

ANEXOS ANEXO A

Fotos dos alunos e do mural de exposição dos trabalhos produzidos pelos

alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Antônio Francisco Maciel e o

licenciando Juarez.

Aluna Ana Lívia Aluno Mateus

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FOTOS DA EXPOSIÇÃO EM SALA DE AULA DAS ATIVIDADES SOBRE O TEMA CUBISMO

37

ANEXO B