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FRANCISCO FAZITO REZENDE ANTUNES TEIXEIRA
A Influência do Sistema de Redes de Relações Sociais
no Exercício de Empreender em Serviços Odontológicos
BELO HORIZONTE
UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS ECONÔMICAS
2009
2
FRANCISCO FAZITO REZENDE ANTUNES TEIXEIRA
A Influência do Sistema de Redes de Relações Sociais
no Exercício de Empreender em Serviços Odontológicos
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Administração da Universidade FUMEC,
como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Administração.
Áreas de Concentração: Relações Sociais e
Empreendedorismo
Orientador: Prof. Dr. Daniel Jardim Pardini
BELO HORIZONTE-
UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS ECONÔMICAS
2009
3
FRANCISCO FAZITO REZENDE ANTUNES TEIXEIRA
A Influência do Sistema de Redes de Relações Sociais no Exercício de
Empreender em Serviços Odontológicos
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado em Administração da
Universidade FUMEC, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre
em Administração.
Áreas de Concentração: Relações
Sociais e Empreendedorismo
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Daniel Jardim Pardini
UNIVERSIDADE FUMEC
Profª. Drª. Zélia Miranda Kilimnik
UNIVERSIDADE FUMEC
Prof. Dr. Francisco Vidal
FACE- UFMG
Data da Aprovação:
Belo Horizonte
2009
4
DEDICATÓRIA
Dedico meu estudo à minha família, principalmente ao
meu pai, que me deu condições para que este trabalho
fosse viável.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por iluminar minha trajetória nessa nova escolha em minha
vida.
Ao meu pai, Luiz Antônio, que foi meu alicerce em toda essa jornada. A maior
referência que tenho dentro e fora do mundo acadêmico.
À minha mãe, Vânia, por toda a compreensão, carinho e apoio.
Às minhas irmãs, Laura e Joana, pelo companheirismo. E principalmente à Joana,
maior exemplo de vida.
À Nanda, pelo apoio, incentivo e inspiração nessa trajetória.
Ao Pardini, meu orientador, que ajudou bastante com todo seu conhecimento.
Ao Dimitri Fazito, meu primo e co-orientador, que me auxiliou bastante e me
ajudou quando mais precisei. E pela referência que é em sua área.
Aos colegas de mestrado. Passamos por dificuldades juntos, estudamos juntos e
essa dissertação também tem um pouco de vocês.
A todos os funcionários da Face/Fumec, pelos serviços prestados e amizade.
Aos dentistas entrevistados, que sacrificaram seu tempo e foram essenciais para a
finalização desse estudo. Muito obrigado por tudo!
Aos meus familiares, amigos e colegas que, direta ou indiretamente, me ajudaram
na conclusão dessa nova etapa em minha carreira profissional.
6
RESUMO
O estudo buscou constatar a influência do sistema de redes de relações sociais no
exercício de empreender na prestação de serviços odontológicos. Os construtos
empreendedorismo e relações sociais foram enfatizados, tendo por arcabouço
metodológico a Teoria dos Grafos. Em relação à coleta de dados, na fase qualitativa,
foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com nove profissionais de Odontologia
que atuam na região de Belo Horizonte, Minas Gerais. Seis possuem empreendimentos
odontológicos considerados de “sucesso”. No contexto, o conceito de “sucesso”
significa apenas o reconhecimento profissional e a consolidação da estrutura do
empreendimento odontológico na concepção do odontólogo empreendedor. Os outros
três entrevistados, que não obtiveram “sucesso” em seu empreendimento, também
foram submetidos às entrevistas e às mesmas análises, sendo enquadrados nessa
pesquisa como profissionais de “insucesso”. A análise quantitativa da pesquisa foi
ancorada através da Análise das Redes Sociais, fundamentada pela Teoria dos Grafos,
como arcabouço de todo o processo de mensuração de dados. Dessa forma, comparou-
se a rede de contatos de cada um, bem como os índices de centralidade. Percebeu-se
que, em alguns casos, o network não teve tanta importância no sucesso do
empreendimento, enquanto em outros, a rede de relações sociais foi primordial para o
crescimento do empreendimento do profissional. Pôde-se constatar que, às vezes, uma
rede de contatos complexa e coesa, com vários atores e várias ramificações de laços,
não é essencial para o sucesso do empreendimento. Há outros fatores correlacionados
que podem definir o futuro de um consultório ou clínica. Já em outros casos, uma rede
de pouca abrangência, com poucos atores, não é necessariamente sinônimo de fracasso
no empreendimento.
Palavras-chave: Empreendedorismo, Redes de Relações Sociais, Teoria dos Grafos
7
ABSTRACT
This study has tried to verify the influence of the nets of social relations system
in the exercise of undertaking business in rendering odontological services. The
constructs of entrepreneurship and social relations were emphasized, having as its
methodological framework the Graph Theory. With relation to the collection of data, in
the qualitative phase, semi-structured interviews were made with nine odontological
professionals that work in the Belo Horizonte region, State of Minas Gerais. Six have
odontological enterprises that can be considered a ‘success’. In this context the concept
‘success’ only means the professional recognition and the consolidation of the
odontological enterprise within the odontological undertaking concept. The other three
interviewees did not achieve ‘success’ in their enterprise and they also were submitted
to the interviews and to the same analysis as the others interviewees, being named in
this research as professionals of ‘failure’. The quantitative analysis of the research was
anchored on the Social Networks’ Analysis, well-founded by the Graph’s Theory, as the
framework of the entire data measuring process. In this manner, it was possible to
compare the network of contacts of each one as well as the index of centricity. It
showed that in some cases, that the network of each one did not have so much
importance in the success of the enterprise, while with other interviewees the social
relation network was primordial for the growth of the professional enterprise. We can
confirm that sometimes a complex and coherent network of contacts, with several actors
and several link ramifications, is not essential for the success of an enterprise. There are
other correlated factors that can define the future of a consulting room or clinic. Now, in
other cases, a network with a small range, with few actors, is not necessarily a synonym
of failure in an enterprise.
keywords: Entrepreneurship, Social Relations Systems, Graph Theory.
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1. CD- Cirurgião-Dentista.......................................................................................18
2. CRO-MG- Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais.......................18
3. ARS- Análise das Redes Sociais.........................................................................35
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- As diferentes visões do empreendedor como um articulador de redes
e suas associações ao crescimento.................................................................27
Figura 2- As ligações entre o sistema de relações, as visões e as ações..........................30
Figura 3- O sistema de relações.......................................................................................31
Figura 4- Dimensões sociais das redes que formam o modelo de capital social.............33
Figura 5- Tipos de grafos.................................................................................................38
Figura 6- Estruturas intermediárias, agentes e pontes.....................................................39
Figura 7- Exemplo de Sociograma..................................................................................46
Figura 8- Sociograma do Entrevistado 01.......................................................................56
Figura 9- Sociograma do Entrevistado 02.......................................................................62
Figura 10- Sociograma do Entrevistado 03.....................................................................68
Figura 11- Sociograma do Entrevistado 04.....................................................................76
Figura 12- Sociograma do Entrevistado 05.....................................................................84
Figura 13- Sociograma do Entrevistado 06.....................................................................90
Figura 14- Sociograma do Entrevistado 07.....................................................................99
Figura 15- Sociograma do Entrevistado 08..................................................................105
Figura 16- Sociograma do Entrevistado 09...................................................................113
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Taxa de Abertura versus Densidade...............................................................17
Gráfico 2: Taxa de Encerramento versus Densidade.......................................................18
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Ilustração de uma Rede de Contatos.......................................................42
Tabela 2: Ilustração de uma Rede de Influência.....................................................43
Tabela 3: Medidas Múltiplas de Centralidade- Exemplo.......................................50
Tabela 4: Rede de Contatos do Entrevistado 01.....................................................54
Tabela 5: Rede de Influência do Entrevistado 01...................................................54
Tabela 6: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 01.........................57
Tabela 7: Rede de Contatos do Entrevistado 02.....................................................60
Tabela 8: Rede de Influência do Entrevistado 02...................................................61
Tabela 9: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 02.........................63
Tabela 10: Rede de Contatos do Entrevistado 03...................................................66
Tabela 11: Rede de Influência do Entrevistado 03.................................................67
Tabela 12: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 03.......................69
Tabela 13: Rede de Contatos do Entrevistado 04...................................................73
Tabela 14: Rede de Influência do Entrevistado 04.................................................74
Tabela 15: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 04.......................77
Tabela 16: Rede de Contatos do Entrevistado 05...................................................81
Tabela 17: Rede de Influência do Entrevistado 05.................................................82
Tabela 18: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 05.......................85
Tabela 19: Rede de Contatos do Entrevistado 06...................................................88
Tabela 20: Rede de Influência do Entrevistado 06.................................................89
Tabela 21: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 06.......................91
Tabela 22: Rede de Contatos do Entrevistado 07...................................................97
Tabela 23: Rede de Influência do Entrevistado 07.................................................98
Tabela 24: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 07.....................100
Tabela 25: Rede de Contatos do Entrevistado 08.................................................103
Tabela 26: Rede de Influência do Entrevistado 08...............................................104
Tabela 27: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 08.....................106
Tabela 28: Rede de Contatos do Entrevistado 09.................................................110
Tabela 29: Rede de Influência do Entrevistado 09...............................................111
Tabela 30: Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 09.....................114
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................13 2. JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DE PESQUISA .......................................15 3. OBJETIVOS .......................................................................................................20 3.1 Objetivo Geral ....................................................................................................20 3.2 Objetivos Específicos .........................................................................................20 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................21 4.1 Empreendedorismo e Suas Vertentes .................................................................21 4.2 O Sistema de Relações Sociais .......................................................................... 28 4.3 Capital Social ..................................................................................................... 32 4.4 Redes Sociais: Conceitos, Estruturação e Ferramentas de Análise ....................35 4.4.1 A Ferramenta dos Grafos no Mapeamento das Redes Sociais ........................37
5. METODOLOGIA ..............................................................................................41 5.1 Estratégia da Pesquisa ....................................................................................... 41 5.2 Unidade de Análise e Coleta de Dados ............................................................. 44 5.3 Tratamento e Análise dos Dados ....................................................................... 45 5.3.1 Sociograma ......................................................................................................45 5.3.2 Densidade ........................................................................................................48 5.3.3 Índice de Centralidade .....................................................................................49 6. MAPEAMENTO E ANÁLISE DAS REDES SOCIAIS DE ODONTÓLOGOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE .......................................................................................53 6.1 Empreendimentos de Sucesso ............................................................................53 6.1.1 Rede 01 ............................................................................................................53 6.1.2 Rede 02 ............................................................................................................60 6.1.3 Rede 03 ............................................................................................................66 6.1.4 Rede 04 ............................................................................................................72 6.1.5 Rede 05 ............................................................................................................80 6.1.6 Rede 06 ............................................................................................................88 6.1.7 Síntese dos Resultados dos Empreendimentos de Sucesso..............................93 6.2 Empreendimentos de Insucesso ..........................................................................97 6.2.1 Rede 07 ............................................................................................................97 6.2.2 Rede 08 ..........................................................................................................103 6.2.3 Rede 09 ..........................................................................................................109 6.2.4 Síntese dos Resultados dos Empreendimentos de Insucesso..........................117 7. CONCLUSÕES .................................................................................................120
13
1 INTRODUÇÃO
As relações sociais estão presentes em vários aspectos do cotidiano, podendo
ter importância fundamental na vida das pessoas. Essas relações possuem uma
abrangência considerável, já que a rede de contatos de uma pessoa, sendo explorada de
forma eficaz, pode contribuir para o sucesso de qualquer tipo de atividade. No campo do
empreendedorismo, uma rede de relações sociais bem estabelecida pode ser primordial
para a consagração de um empreendimento ou negócio de êxito.
O processo de decisão do exercício de empreender tem uma literatura ampla e de
fácil acesso. Entretanto, as competências empreendedoras e a rede de relações sociais
não possuem uma associação ainda explorada de forma mais abrangente. Pouco se sabe
em relação às habilidades que qualificam o empreendedor e de que maneira as relações
sociais interferem na decisão de se iniciar um projeto ou um estabelecimento. Na
literatura de empreendedorismo, a capacidade de visualização do ambiente e os sistemas
de relações sociais são tratados como componentes das competências empreendedoras
(FILION, 1991; PAIVA JR. et al., 2006; PARDINI; BRANDÃO, 2007). Tentou-se,
desta forma, estreitar as relações sociais e o empreendedorismo, pois ainda há lacunas
que não foram exploradas quando são associados (VASCONCELOS, 2005).
Novos negócios são iniciados quando as pessoas percebem oportunidades e se
mobilizam para obter os recursos necessários para implementá-los (SHANE;
VENKATARAMAN, 2000). Para que ocorra um maior acesso a esses recursos, é
necessária uma maior interatividade entre as pessoas, que podem ser amigos, parentes,
familiares, colegas de trabalho ou pessoas de fora do seu convívio social (BIRLEY,
1986). É nesse contexto que o construto relação social se insere, estudando e avaliando
essas relações e o que ela pode facilitar na obtenção de novas oportunidades de negócio
em várias áreas.
A contribuição deste trabalho está na ênfase dada a essa relação social e na
forma como esse construto influenciará os profissionais da saúde a incluírem-se
socialmente, além de garantir recursos para que seja aplicado o exercício de empreender
no mercado da saúde, mais especificamente no odontológico. Também foi possível
elucidar ainda mais a ligação da rede de relações sociais com o empreendedorismo de
uma forma geral. A opção pelo estudo no segmento odontológico deveu-se ao fato de
elevada saturação de profissionais nesse setor de serviços.
14
A Odontologia é uma área que possui uma grande quantidade de profissionais
atuando no mercado, sendo reflexo do que acontece atualmente com várias profissões
da área da saúde. O mercado está saturado e a quantidade de profissionais que estão
desistindo da profissão ou estão fechando as portas de seus consultórios e clínicas vem
aumentando consideravelmente. Os dentistas atuais, de uma forma geral, não se
consideram empreendedores e não têm noção das vantagens de se conhecer as premissas
básicas do empreendedorismo para o sucesso de seu negócio. Dessa forma, este estudo
se baseou na análise de clínicas e consultórios odontológicos cujos donos obtiveram
sucessos e insucessos no exercício de empreender na região de Belo Horizonte. A ideia
foi pesquisar como esses profissionais utilizaram sua rede de contatos para se
estabelecerem com os seus empreendimentos.
Pretendeu-se utilizar uma metodologia de natureza qualitativa e quantitativa.
Inicialmente, foram realizadas entrevistas semiestruturadas que possibilitaram mapear a
trajetória dos profissionais de Odontologia. Em seguida, por meio do software UCINET
6.1, foi estruturado o mapeamento das redes sociais dos entrevistados, tendo em vista
entender a influência desses relacionamentos no desenvolvimento dos serviços
odontológicos prestados. Outra contribuição teórico-metodológica aplicada a este
trabalho, para melhor compreender o impacto da rede de contatos sociais no exercício
do empreender, refere-se à utilização da Teoria dos Grafos, instrumento de investigação
ainda pouco explorado nos estudos de empreendedorismo,..
A estrutura da dissertação, além desta introdução, abrange, no segundo tópico, as
justificativas e o problema de pesquisa. No tópico 3 são evidenciados os Objetivos,
geral e específicos. O tópico 4 (Fundamentação teórica) resgata a literatura de
empreendedorismo e suas principais perspectivas, bem como os estudos sobre relações
sociais e capital social. A análise das redes sociais e a teoria dos grafos também são
abordados. No tópico 5 está descrita a Metodologia de pesquisa e, no tópico 6
(Mapeamento e análise das redes sociais...), são apresentados os resultados da
dissertação, através do mapeamento e da análise das redes sociais dos entrevistados.
Após as Conclusões, a dissertação apresenta as Referências e os Anexos.
15
2 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DE PESQUISA
O sistema de relações sociais não é um objeto de estudo explorado com
freqüência no âmbito do empreendedorismo (VASCONCELOS, 2005; PAIVA JR. et al.
2006; PARDINI; BRANDÃO, 2007). Sabe-se que as relações sociais de um indivíduo
são determinantes na estruturação de um empreendimento e no desenvolvimento de
qualquer profissão. No entanto, ainda são incipientes os trabalhos que exploram os
contatos que um indivíduo possui, as formas como são realizadas essas interações e de
que maneira elas podem interferir no futuro dos negócios a serem empreendidos.
Para Marteleto (2001), as redes sociais ou networks são representações de um
conjunto de participantes autônomos, que unem ideias e recursos em torno de valores e
interesses compartilhados. Esses elementos, por meio de suas relações sociais,
vislumbram uma maior captação de recursos que nortearão e definirão o futuro de seu
empreendimento. Essas relações possuem várias características e propriedades; todavia,
não são comumente exploradas no cotidiano prático dos indivíduos.
O mapeamento das redes sociais é importante na visualização da rede de
contatos (network) das pessoas, e pode contribuir para a compreensão de vários
fenômenos que envolvem as relações sociais. Com a intensificação dos recursos
tecnológicos da informática e a consequente ampliação de softwares constituídos
especificamente para pesquisas na área das ciências sociais aplicadas, a análise das
redes sociais tem se desenvolvido bastante nos últimos anos (SCOTT, 2000;
WASSERMAN; FAUST, 1994). Embora comumente utilizados em países da Europa e
na América do Norte, o mapeamento das redes sociais ainda é pouco estudado no Brasil.
Para a realização do mapeamento das redes sociais, utilizou-se a teoria dos
grafos. De acordo com Ore (1963) e Manber (1989), a teoria dos grafos se constitui em
um ramo especial da matemática discreta moderna. Um grafo G= (V,A) consiste de um
conjunto V de vértices – também chamado de nós ou pontos – e um conjunto A de arcos
– também chamados de linhas ou laços (DISTEL, 2000). Esse tipo de processo
matemático é relacionado a vetores e possui características e propriedades que lhe são
peculiares. Para Fazito (2005), as relações sociais entre indivíduos, instituições e grupos
de um sistema social podem ser teorizadas e operacionalizadas como problemas de
grafos.
A presente dissertação tem o intuito de mapear as redes de contatos de
profissionais da área de serviços de saúde. Assim como em outras áreas não afins à área
16
de gestão (escritórios de advocacia, engenharia, arquitetura e outros), no segmento de
saúde ainda persiste a ausência de estudos que explorem antecedentes gerenciais
necessários na opção pela condução do próprio negócio (PARDINI; BRANDÃO,
2007). Entre os atributos que influenciam nessa decisão, os relacionamentos sociais se
apresentam como um importante construto de análise. Assim, pretendeu-se responder à
seguinte questão de pesquisa:
Como as relações sociais influenciam o empreendedor na abertura e
implementação de serviços de Odontologia?
Para investigar a questão de pesquisa proposta, optou-se por pesquisar o
segmento odontológico na região metropolitana de Belo Horizonte. A opção de realizar
a pesquisa com profissionais de odontologia se justifica pela saturação mercadológica
do setor, além da grande quantidade de empreendimentos que são abertos e, logo em
seguida, fechados (clínicas e consultórios). A proposta do estudo é entender as
implicações das redes sociais no sucesso e insucesso do empreendimento odontológico.
A odontologia é uma das áreas nas quais os profissionais em geral não possuem
um conhecimento adequado do exercício de empreender e de seus impactos. Os
conceitos da administração são pouco explorados, o que dificulta o entendimento da
dinâmica do mercado e as oportunidades e ameaças desse nicho. Para dentistas, o
relacionamento pessoal é de suma importância no desenvolvimento das suas atividades.
Normalmente, o paciente procura um cirurgião-dentista pela referência de outros
clientes ou pela própria bagagem de conhecimento que o distingue no mercado de
trabalho.
No cenário atual, o profissional odontológico depara-se com uma situação
diferente de anos atrás, em que as oportunidades de empregos bem remunerados são
escassas, e aumenta a quantidade de profissionais disponíveis no mercado e a
dependência de terceiros, tais como os convênios odontológicos para a viabilização do
empreendimento.
A alta competitividade nos serviços odontológicos, decorrente do elevado
número de entrantes que acabou saturando esse segmento de mercado, remete ao resgate
da teoria da ecologia populacional proposta por Hannan e Freeman (1989). Em se
tratando de nicho ambiental, os autores revelam que o fato de existir um grande número
de uma forma particular de organização, não impede necessariamente que haja novos
17
entrantes neste nicho. Sustentam que a taxa de abertura do empreendimento aumenta à
medida que a densidade aumenta. O fenômeno de abertura é decorrente também do
know-how que se torna disponível no setor e pelo fato das pessoas passarem a
acostumar com a presença dessas organizações, o que as tornam mais legitimadas.
Quando se chega a um nível em que o nicho não pode mais acomodar um número maior
de empresas, algumas começam a ser deslocadas, fechadas e expulsas, e a entrada de
novas empresas deixa de ser atrativa, diminuindo a taxa de abertura (gráfico 1).
GRÁFICO 1 - Taxa de Abertura versus Densidade
Fonte: HANNAN; FREEMAN (1989)
Hannan e Freeman (1989) também discorreram sobre o encerramento das
atividades ou mortalidade de uma organização. Assim, quando o número total de
organizações em uma população cresce, inicialmente ocorrem poucos encerramentos de
atividades, mas posteriormente eles aumentam. Isso pode realmente acontecer devido à
mesma razão pela qual as aberturas começam baixas, já que o know-how e a
legitimidade são difíceis de conseguir quando há poucos da mesma espécie. No entanto,
a taxa de encerramento cai tão logo a sobrevivência se torna mais fácil e, desta forma,
aumentam os sobreviventes. Quando a densidade alcança o nível em que o nicho não
pode suportar mais, a tendência muda de uma taxa decrescente de encerramento de
atividades para uma taxa crescente. A competição força as organizações a deixarem o
nicho, e o número de organizações que encerram suas atividades pode crescer ao mesmo
tempo em que a densidade estiver crescendo. Desse modo, o gráfico de encerramento de
atividades versus densidade fica assim:
Tax
a de
Abe
rtur
a
Densidade
18
GRÁFICO 2 - Taxa de Encerramento versus Densidade
Fonte: HANNAN; FREEMAN (1989)
Pode-se dizer que a quantidade de clínicas e consultórios odontológicos que são
abertos e fechados enquadra-se nesse enfoque, e podem ser exemplificados pelos
gráficos de taxa de abertura versus densidade e de taxa de encerramento versus
densidade.
O Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG, 2008)
fornece alguns dados em relação à quantidade de clínicas que encerraram suas
atividades no Estado. De acordo com o Conselho, 694 empreendimentos deste porte já
deixaram de funcionar em Minas Gerais. Em 2005, 41 clínicas encerraram suas
atividades. Já em 2006, foram 46. Em 2007, a quantidade de clínicas que fecharam suas
portas foi de 44 e, de janeiro a maio de 2008, 34 clínicas odontológicas já foram
registradas no CRO-MG como empreendimentos desativados.
De acordo com o CRO-MG, existem hoje em Belo Horizonte 7.320 cirurgiões-
dentistas (CD´s) atuando no mercado. O órgão representativo dos dentistas em Belo
Horizonte informa ainda que, em 2005, 200 CD´s entraram no mercado, aumentando
para 204 profissionais em 2006. Já em 2007, esse número subiu para 314 CD´s e, em
2008, somente entre os meses de janeiro e maio, 145 novos CD´s estão atuando na
região de Belo Horizonte. (CRO-MG, 2008).
A grande competitividade associada à baixa remuneração dos profissionais tem
contribuído para o desconforto e a insatisfação dos indivíduos que atuam na área,
provocando o aumento da migração para outras atividades profissionais ou mesmo o
abandono da profissão. De acordo com os dados do CRO-MG (2008), já foram
constatadas 1320 desistências do serviço profissional odontológico na capital mineira,
sendo que, em 2005, o número foi de 60 abandonos. Em 2006, foram contabilizadas 59
Tax
a de
Enc
erra
men
to
Densidade
19
renúncias. Em 2007, esse número caiu para 10 profissionais que desistiram de atuar na
área e, de janeiro a maio de 2008, um profissional já desistiu da profissão. Vale ressaltar
que esses dados contabilizam apenas aqueles profissionais que informam ao CRO-MG a
abdicação da atividade profissional. Pressupõe-se que os números relacionados à
desistência sejam maiores que os informados acima, pois vários ex-atuantes da
profissão não comunicam ao CRO-MG o fato de terem renunciado à atividade
profissional.
A quantidade de novos negócios que são abertos em Odontologia é considerável.
Todavia, devido a esse inchaço mercadológico, a quantidade de empreendimentos que
são fechados também é bastante significativo. Com relação ao surgimento das
organizações, de acordo com o CRO-MG (2008), existem em Minas Gerais 2042
clínicas odontológicas em funcionamento, sendo que, em 2005, 989 clínicas foram
inscritas nesse órgão. Em 2006, 876 clínicas começaram a funcionar dentro do estado.
Em 2007, o CRO-MG registrou a abertura de 1243 clínicas, e, de janeiro a maio de
2008, 592 empreendimentos dessa natureza foram registrados.
20
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Analisar a influência das redes de relações sociais no exercício de empreender
nos serviços de odontologia da região metropolitana de Belo Horizonte.
3.2 Objetivos Específicos
- Identificar e descrever as redes sociais de cirurgiões-dentistas no ato de empreender
novos negócios na área da saúde.
- Identificar as características das redes sociais de alguns profissionais da área
odontológica de Belo Horizonte.
- Comparar as redes de contatos dos dentistas que obtiveram sucesso em seus
empreendimentos com as redes daqueles que não obtiveram, verificando as implicações
das relações sociais na trajetória profissional.
21
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta sessão, são contextualizadas a literatura de empreendedorismo e a
evolução das perspectivas conceituais sobre o tema. São evidenciados também os
estudos sobre o sistema de relações sociais, capital social e as redes sociais. Em relação
a esta última temática, destacamos a ferramenta dos grafos, utilizada no mapeamento
das redes sociais.
4.1 Empreendedorismo e Suas Vertentes
O empreendedorismo é um tema abrangente e possui uma literatura ampla e de
fácil acesso; todavia, ainda gera controvérsias em relação à sua definição. As primeiras
ideias surgiram há aproximadamente dois séculos e, apesar de relativamente recentes,
suas fundamentações encontram-se em construção nos vários estudos encontrados nessa
área.
De acordo com Girard (1962), o termo “empreendedor” é derivado do verbo
francês entreprendre, que quer dizer experimentar, esforçar, tentar fazer, assumir
compromissos; aventurar-se, ou simplesmente tentar. Dornelas (2001) sugere que o
primeiro empreendedor pode ser considerado Marco Pólo, que, ao realizar a tentativa de
estabelecer uma rota comercial para o Oriente, vendia mercadoria de terceiros através
de contratos assinados, assumindo assim um papel empreendedor, pois corria riscos. No
estudo de Carland, Hoy e Carland (1998), os autores citam Cantilon, que, por volta do
ano de 1755, descreveu o empreendedor como um indivíduo que possui uma decisão
racional e que assume riscos e administra a empresa. Cantilon foi considerado o
pioneiro na defesa do empreendedor no cenário econômico, segmentando suas teorias
em três classes: os empreendedores, os proprietários de terra e os trabalhadores, sendo
os primeiros os mais importantes em relação às mudanças, além do desenvolvimento da
produção (NASCIMENTO; DANTAS; MILITO, 2008).
Jean-Baptiste Say, economista francês, é considerado o “pai” do
empreendedorismo. Em 1800, argumentava que a criação de novos empreendimentos é
que possibilitaria o desenvolvimento econômico de uma nação (FEUERSCHÜTTE;
ALPERSTEDT, 2008). Say relata também que o processo empreendedor permite a
transferência de recursos econômicos de um setor de baixa produtividade para um setor
22
de produtividade mais elevada e de maior rendimento. Esses autores convergem
também ao destacarem ter sido Say um dos primeiros autores a definir o empreendedor
como aquela pessoa capaz de aproveitar oportunidades com o objetivo de lucrar,
assumir riscos, e inovar (NASCIMENTO; DANTAS; MILITO, 2008).
Apesar de Say ter sido um dos primeiros a relacionar inovação com
empreendedorismo, quem realmente efetivou esse processo inovador e utilizou a figura
do empresário inovador no processo econômico foi o economista austríaco Joseph A.
Schumpeter (CORDEIRO; MELO, 2006; FEUERSCHÜTTE; ALPERSTEDT, 2008;
NASCIMENTO; DANTAS; MILITO, 2008). Schumpeter define o empreendedorismo
como a criação de uma organização baseada na busca de oportunidades imprevistas,
sobre as quais o indivíduo investe e cria resultados por meio de sua própria ação. Para o
autor, o empreendedor, ao mesmo tempo em que executa ações inovadoras, não
rotineiras, introduz descontinuidades cíclicas na economia (VIDAL; SANTOS FILHO,
2003; FEUERSCHÜTTE; ALPERSTEDT, 2008).
Segundo Nueno (1997), nos anos de 1930, Schumpeter resgata o empreendedor
para a ciência econômica ao considerá-lo o principal ativador do desenvolvimento
econômico, mediante a função de inovador. O empreendedor, segundo Schumpeter,
inova através da introdução de novos produtos e da melhoria de produtos já existentes,
mediante a introdução de novos métodos de produção e da abertura de novos mercados,
especialmente quando se trata de um novo território ou de um mercado de exportação;
ele viabiliza o acesso a novas fontes de abastecimento para materiais e produtos semi-
elaborados; e cria novas formas de organização. Schumpeter (apud NUENO, 1997)
declara que o empreendedor tem a função de consignar recursos, de tomar decisões e de
organizar inovadoramente a atividade econômica.
Pode-se perceber até aqui que empreendedorismo não possui uma definição
concreta, já que é abordado por diferentes visões e é controverso. Para Guimarães
(2004), o único consenso existente, entre numerosos autores, é reconhecer que não
existe um consenso em relação ao tema. Para Donjou (2002), a forma possível para a
compreensão deste campo do conhecimento tão heterogêneo é percorrê-lo abordando os
temas que foram tratados entre os grandes domínios de pesquisa.
Vários autores continuam a desvendar as características e definições do
empreendedorismo. Para Vale, Wilkinson e Amâncio (2008), a literatura clássica sobre
empreendedorismo registra a compreensão do papel do empreendedor como agente
capaz de cooperar com outros agentes. Os autores citam Adam Smith que, no século
23
XVII, demonstrava que uma das características inerentes ao capitalismo era a
capacidade de levar ao máximo, por um lado, a busca do auto-interesse e, por outro, a
necessidade de cooperação. Ainda nessa linha de capitalismo e desenvolvimento
econômico, Hirschman (1958) aponta a necessidade de calibrar a imagem corrente
dominante do empreendedor enquanto individualista, com elementos de cooperação:
A habilidade empreendedora inclui, também, a capacidade de “operacionalizar acordos entre todas as partes interessadas, tais como o inventor do processo, o capitalista, os fornecedores de peças e serviços, os distribuidores, [...] de garantir a cooperação de agências governamentais[...], de manter relações bem-sucedidas com os trabalhadores e o público”. (HIRSCHMAN, 1958, p. 17).
Outras definições de empreendedorismo são feitas em vários estudos e por
autores diferentes. Barth (1966) relata que a habilidade de romper ou quebrar barreiras e
de transpor esferas de intercâmbio situa-se na própria essência da atividade
empreendedora, analisando modelos de organização tradicional. Na visão da teoria dos
custos de transação, de acordo com Coase (1937) e Williamson (1975, 1992, 1996,
2005), o empreendedor atua como elemento de coordenação e conexão. É visualizado
como o que busca a melhor combinação possível de diferentes recursos produtivos,
situados dentro ou fora da empresa, criando uma oportunidade produtiva em melhores
condições de negociar no mercado.
Leibenstein, em 1968, definiu o empreendedor como um agente capaz de
transpor vazios e brechas de mercado, e, consequentemente, em condições privilegiadas,
usufruir as vantagens daí advindas. Pode associar e complementar o conjunto ideal de
insumos necessários a um determinado processo produtivo. Essa definição vai de
encontro com a definição de Bygrave e Minniti (2000), já que, segundo os autores, um
empreendedor é alguém que consegue reconhecer uma oportunidade, age em cima dela
criando uma organização e, nesse processo, expõe-se com uma quantidade significante
de sua fortuna pessoal.
Fillion (1991) define o empreendedor como alguém que concebe, desenvolve e
realiza visões. Ele normalmente trabalha sozinho, além de ser diferente, desejando-se
ocupar e manter ocupado o nicho que tiver escolhido no mercado. Para o autor, este
indivíduo tem que adquirir a maior quantidade de conhecimento possível, devendo atuar
de maneira proativa. Para ele, a carreira de um empreendedor se compõe de uma
seqüência de empregos que lhe permite aprender o que ele considera necessário para
implementar em sua própria empresa.
24
Para Shane (2000), explicar a descoberta das oportunidades empreendedoras
requer suposições acerca da natureza do processo empreendedor. O autor enquadra três
escolas de pensamento, cada qual com diferentes teorias sobre esse processo.
A primeira teoria é denominada teoria neoclássica de equilíbrio, em que os
economistas neoclássicos (tais como KHILSTROM; LAFFONT, 1979) propõem um
equilíbrio entre as teorias do empreendedorismo. Esse equilíbrio supõe que os mercados
são compostos de agentes maximizadores, que agregam decisões sobre preços para
ganhar mercados (SHANE, 2000). Segundo os autores, a teoria do equilíbrio explica o
empreendedorismo por identificar indivíduos que podem vir a ser empreendedores.
Resumindo, essa teoria assume que qualquer pessoa pode reconhecer oportunidades
empreendedoras e que os atributos pessoais estão associados às informações adquiridas
sobre as oportunidades de mercado.
A segunda teoria, descrita por Shane (2000), é a teoria psicológica. Begley e
Boyd (1987) e Mcclelland (1961) propõem teorias que relacionam o empreendedorismo
a uma série de características comportamentais estáveis. De acordo com essa
perspectiva, atributos humanos permanentes – tais como a necessidade de feitos
heróicos (façanhas), disposição para assumir riscos e tolerância à ambigüidade –
orientam o espírito empreendedor. Assim, a teoria psicológica explicitamente ou
implicitamente assume que os atributos fundamentais de uma pessoa, associados às
informações sobre oportunidades, determinam as qualidades de um empreendedor. Esse
processo depende da habilidade das pessoas e da disposição para viabilizar
empreendimentos.
A terceira teoria descrita por Shane (2000) é a teoria austríaca. Os economistas
austríacos acreditam que a aproximação do equilíbrio falhou para oferecer uma teoria
satisfatória estruturada no sentido de entender os processos de mercado. Eles acreditam
que uma teoria viável do sistema de mercado não pode assumir um equilíbrio, mas pode
explicar como o mercado pode alcançá-lo por meio de condições de não-equilíbrio
iniciais. Os austríacos assumem que os mercados são compostos por pessoas que
possuem diferentes informações. A posse de informações peculiares lhes permite ver
oportunidades que outras não veem, mesmo quando elas não estejam procurando novas
oportunidades. A teoria austríaca assume então que as pessoas não podem reconhecer
todas as oportunidades empreendedoras; as informações sobre oportunidades,
25
associadas aos atributos fundamentais de cada indivíduo, determinam o perfil
empreendedor.
Outros autores também abordam em seus estudos as teorias que envolvem o
empreendedorismo. Para Guimarães (2004), o empreendedorismo foi identificado
primeiramente pelos economistas. Todavia, essa visão mais econômica deixava de lado
o aspecto psicológico e comportamental dos empreendedores. Nesse contexto, surgiu
então a visão dos comportamentalistas, representados por psicólogos, psicanalistas,
sociólogos e outros profissionais relacionados à área do comportamento humano. Essa
última visão do empreendedorismo foi dominada pelos comportamentalistas até o início
dos anos oitenta. A partir desse período, o tema se expandiu para outras ciências gerais
e humanas. Para entender a complexidade de sua definição, Verstraete (1999) apud
Guimarães (2004) definem empreendedorismo como um fenômeno psico-
socioeconômico e cultural complexo. Não é possível ignorar os fatores que influenciam
o sistema, sejam eles econômicos, sociais, culturais, ou mesmo psicológicos. Os fatores
individuais de cada empreendedor também não devem ser esquecidos, como suas
próprias características e competências.
O conceito de competência é definido como uma condição ou qualidade de
suficiência de conhecimentos, habilidades ou sucesso (WEBSTER, 1999). Todavia, as
competências não se limitam a conhecimentos teóricos do indivíduo, e sim à ação de
colocar em prática o conhecimento em determinada situação (FLEURY; FLEURY,
2004).
O empreendedorismo se encaixa nesse contexto, podendo o empreendedor ter
perfis que diferem de autor para autor. Fillion (1999) relata que os empreendedores têm
visões cuja elaboração demanda tempo, comprometimento e imaginação sobre o
objetivo a ser perseguido e os caminhos necessários para realizá-lo. Para Starr e Fondas
(1992) a própria decisão de iniciar um negócio parece ser um resultado de um processo
de socialização do indivíduo que antecede a criação do próprio negócio.
As várias definições de empreendedorismo também vão ao encontro da
concepção de Vale, Wilkinson e Amâncio (2008), os quais apontam que o
empreendedor é um ator com o caráter rico e multifacetado. De acordo com os autores,
é uma pessoa que assume riscos em condição de incerteza, é fornecedor de capital
financeiro, líder industrial, decisor, gestor ou executivo, dono de empresa, contratante,
árbitro no mercado, entre outros. Em seu estudo, os autores abordaram a ação do
26
empreendedor em duas funções que podem ser associadas, tais como o empreendedor
como articulador de redes e o empreendedor como agente de inovação.
Para Granovetter (1973), quanto mais fortes os vínculos conectando dois
indivíduos, mais similares são. Esta teoria é chamada de “poder dos vínculos fracos” e
serve como base para várias análises das redes sociais e suas ramificações. Para o autor,
enquanto vínculos fortes sugerem redes (comunidades ou conjunto) coesas e
interconectadas, vínculos fracos sugerem relacionamentos e contatos superficiais e
eventuais, que se estabelecem entre diferentes redes. O autor destaca o conceito de
“ponte” entre dois pontos, o que seria uma forma de conexão entre dois setores ou
conjuntos, e vincula tais pontes à presença de vínculos fracos. Desta forma, segundo o
autor, o empreendedor seria o agente capaz de estabelecer pontes e de gerar conexões,
reunindo e somando recursos produtivos valiosos. Para tal, são necessárias algumas
habilidades, tal como a mobilização de recursos sociais para a captação de recursos
produtivos socialmente dispersos (VALE; WILKINSON; AMÂNCIO, 2008).
Para Burt (2001) o que interessa não é exatamente a força do vínculo fraco, mas,
sim, o buraco estrutural que este é capaz de atravessar (tradução de VALE;
WILKINSON; AMÂNCIO, 2008). Assim, o empreendedor é a pessoa capaz de agregar
valor à atividade produtiva, intermediando conexões entre as outras. Para esses autores,
as vantagens competitivas do empreendedor estariam associadas à sua capacidade de
acesso a tais lacunas no mercado, garantida por uma rede de laços e conexões. Nessa
concepção, os autores, em seu estudo, relatam que a concepção teórica para tratar o
empreendedor como articulador de redes, embora bastante utilizada, é insuficiente para
captar o fenômeno em sua totalidade, sobretudo no contexto do mundo atual,
caracterizado por vertiginoso processo de transformação, em que a inovação e o
conhecimento são as molas mestras (VALE; WILKINSON; AMÂNCIO, 2008).
Ainda para esses autores, o empreendedor pode ser enquadrado em duas
posições polares: a do empreendedor como um agente de equilíbrio e a do
empreendedor como um agente de disrupção. As atuais proposições sobre
empreendedorismo e redes apresentam maior sintonia com a primeira posição, que
vislumbra o empreendedor como um indivíduo que atua no sentido de promover o
equilíbrio no sistema econômico. Na outra extremidade, os envolvidos no processo, tal
como Schumpeter, (2005), visualizam o empreendedor como um agente de
desequilíbrio e disrupção no mercado, procurando atender necessidades não-satisfeitas e
superar ineficiências e deficiências existentes nesse campo. Existem ainda os neo-
27
schumpeterianos, que consideram o empreendedor como um criador de instabilidade e
de destruição criativa, selecionando oportunidades que geram equilíbrios no ambiente
econômico (VALE; WILKINSON; AMÂNCIO, 2008).
Vale, Wilkinson e Amâncio (2008) finalizam seu estudo relatando que a
proposta do empreendedor que usufrui das descontinuidades e vazios do mercado,
apesar de ser interessante, é incompleta e limitada, sendo incapaz de captar, em sua
totalidade, os temas da inovação e da ruptura. Assim, os autores propõem um diagrama
que compara a concepção teórica atual – a qual apresenta o empreendedor como um
agente que articula, forja redes e é um agente de equilíbrio –, com uma abordagem
nova, que associa a abordagem das redes com concepções advindas da literatura do
empreendedor como um agente de inovação, gerador de rupturas e desequilíbrios no
mercado (Ver figura 1).
Fonte: VALE; WILKINSON; AMÂNCIO (2008).
O tópico seguinte aborda a literatura sobre o sistema de redes sociais no
exercício de empreender.
28
4.2 O Sistema de Relações Sociais
O argumento da inserção social enfatiza o papel concreto das relações pessoais e
estruturas (ou redes) de tais relações em gerar confiança no contexto e nas relações
econômicas (GRANOVETTER, 1985, 1992). Para o autor, a ideia de inserção social
sugere que a atividade econômica é moldada e limitada por laços existentes entre atores
e não ocorre independentemente do contexto social. Já Anderson e Jack (2002),
afirmam que a abordagem de redes sociais tem sido utilizada não só para demonstrar
que a rede do indivíduo permite acessar recursos que não são tidos internamente
(OSTGAARD; BIRLEY, 1994), como, também, para influenciar tanto a influência da
inserção social na ação econômica quanto a dinâmica das trocas econômicas.
As relações sociais devem ser tratadas de uma forma mais criteriosa e
abrangente. Diante da oportunidade de criação de novos negócios os indivíduos
recorrem às pessoas do seu relacionamento próximo tais como familiares, amigos e
colegas de trabalho para obterem os recursos necessários à viabilização da ideia
(ALDRICH; ZIMMER, 1986; VASCONCELOS, 2005). Esse é um dado importante, já
que as relações desse novo empreendedor deve ser as melhores possíveis tanto com
esses atores como também com as pessoas que não fazem parte do seu círculo de
convívio pessoal.
Para Marteleto (2001), as redes sociais ou network são representações de um
conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e
interesses compartilhados.
No processo de criação de negócios, os indivíduos mobilizam sua rede de
relações pessoais para obter recursos (físicos, informação, suporte emocional, capital,
contatos de negócio, entre outros) e transformar visões e planos de negócio em realidade
(BIRLEY, 1986; JOHANNISSON, 1998, 2000). A mobilização de relacionamentos
pessoais, segundo Granovetter (1985, 1992), é que denota o processo de construção
social das atividades econômicas e a dependência que os indivíduos têm de sua rede
para obter recursos.
Em seu estudo, Fillion (1991) identifica o sistema de relações do empreendedor
como sendo o elemento que melhor explica o desenvolvimento de sua visão. Essa visão
é abordada em seu estudo como sendo um metamodelo sustentado por quatro
29
elementos, que cria o processo de visão propriamente dito, o que determinará o futuro
do empreendedor.
Entre os quatro elementos, o autor aborda inicialmente o Weltanschaunng (W),
que é a maneira pela qual o indivíduo vê o mundo real. Contém os valores, as atitudes, o
humor e as intenções subjacentes à percepção. É considerada a base do modelo da visão.
Outro elemento abordado é a energia, que é o tempo alocado para atividades
profissionais e a intensidade com que elas são executadas. A energia despendida pelo
empreendedor para investir em sua vida profissional pode conferir a ele mais liderança,
podendo levar o empreendedor a dedicar, criar e preservar relacionamentos. O terceiro
elemento abordado por Fillion é a liderança, que é resultante da Ws, da energia e das
relações, e exerce influência sobre esses três elementos. A liderança afeta o desejo do
empreendedor de realizar o que, por sua vez, determina, em grande parte, até onde sua
visão alcança. A importância da liderança para o desenvolvimento da visão decorre do
impacto sobre o nível da visão e da extensão daquilo que o empreendedor pretende
realizar. Para finalizar o metamodelo, o elemento considerado mais importante pelo
autor e o mais influenciador para explicar a evolução da visão é o que ele chama de
sistema de relações (FILLION, 1991).
O sistema de relações é abordado com mais profundidade no estudo de Fillion
(1991). Para o autor, a família se constitui na primeira influência de relações do
empreendedor, moldando as visões iniciais que ele possa ter. Ao longo do tempo, outras
relações acontecem na vida do empreendedor, aprimorando e desenvolvendo, assim,
outras influências (visões secundárias). Essas visões são de muita importância para o
desenvolvimento de sua visão central. Quanto mais articulada seja a visão do
empreendedor, mais importante será o papel por ela desempenhado na escolha dos
critérios para o estabelecimento de um sistema de relações. O processo de criação da
visão pode ser observado através do modelo abaixo:
30
FIGURA 2 - As ligações entre o sistema de relações, as visões e as ações. Fonte: FILLION (1991)
Três níveis de relações podem ser identificados no exercício de empreender
(FILLION, 1991):
� Relações Primárias: São as que envolvem pessoas próximas do
empreendedor, usualmente os membros da família, com as quais ele
mantém vínculos variados: afetivos, esportivos, recreativos, intelectuais
etc. São consideradas as relações mais influentes, no que diz respeito aos
valores e atitudes do empreendedor, além das escolhas que, mais tarde,
ele fará, noutros níveis, no sistema de relações. São ligações que ocorrem
em torno de mais de uma atividade;
� Relações Secundárias: São desenvolvidas a partir de atividades bem
definidas: clubes sociais, negócios, política, grupos religiosos. Algumas
acabam se transformando em relações primárias. É considerada nessa
abordagem uma rede de ligações, aumentando a quantidade de seus
contatos;
� Relações Terciárias: São escolhidas para satisfazerem uma necessidade
bem definida. Não implica, necessariamente, contato pessoal, mas apenas
contato com a área de interesse. Podem ser exemplificadas através de
contatos realizados através de cursos, viagens, feiras, exposições
industriais e de livros.
31
Fillion (1991) apresenta, em seu estudo, os três níveis de relacionamento que
podem assumir aspectos de três subsistemas ligados às relações de um empreendedor,
tais como a família, os relacionamentos externos e os relacionamentos internos à
empresa. Os fatores a serem administrados pelo empreendedor em suas relações
aparecem no nível de cada subsistema. De acordo com o autor, essa estrutura torna-se
particularmente útil, se forem examinadas as atividades do empreendedor segundo sua
visão, uma vez que ela leva a identificar a administração do sistema de relações como
um elemento essencial para a evolução da visão. O modelo do sistema de relações
proposto por Fillion, juntamente com seus subsistemas, pode ser visualizado no modelo
a seguir:
FIGURA 3 - O sistema de relações. Fonte: FILLION (1991)
Régis, Dias e Bastos (2006), evidenciam em seu estudo algumas lacunas teóricas
e empíricas presentes na intersecção das pesquisas sobre redes sociais. Os autores
relatam que há pouca explicação teórica dos estudos sobre redes e que também há falta
32
de conexão entre os aspectos cognitivos, estruturais e relacionais quando se tenta
explicar certas teorias sociais por meio das redes. As redes podem assim serem
consideradas um sistema de atores em que as fronteiras podem, ou não, possuir limites,
tal como um sistema de apoio que se pareça uma árvore ou uma rede (RÉGIS; DIAS;
BASTOS, 2006). Assim, este trabalho buscará ampliar conhecimentos sobre a
influência das redes sociais no sentido de empreender, além de explorar como os
indivíduos, dotados de recursos e capacidades, organizam suas ações em seus espaços
políticos a partir das socializações promovidas pelas redes.
4.3 Capital Social
Segundo Régis, Dias e Bastos (2006), a sociologia norte-americana tem utilizado
o conceito de capital social para demonstrar a importância das redes na construção de
relações sociais. Capital social é um conjunto de normas de reciprocidade, informação e
confiança, presente nas redes, desenvolvido pelos indivíduos em sua vida cotidiana, que
resulta em benefícios diretos e indiretos, tendo papel imprescindível na compreensão da
ação social (LIMA, 2001). Essa definição assemelha-se ao conceito trabalhado por
Marteleto e Oliveira-e-Silva (2004). Para esses autores, o capital social envolve um
sistema de normas, valores, instituições e relacionamentos compartilhados, o que
viabiliza a cooperação entre os diferentes grupos sociais.
Nahapiet e Ghoshal (1998) identificam três dimensões do capital social: a
dimensão cognitiva, a dimensão estrutural e a dimensão relacional. A dimensão
cognitiva aborda os significados compartilhados pelos atores da rede. São ideias
comuns, relacionadas a assuntos variados, que fazem parte do contexto específico da
rede e que orientam as decisões e os comportamentos. Já a dimensão estrutural traz
aspectos de nível micro, como a força das relações, e aspectos de nível macro, como a
configuração da network. Por sua vez, a dimensão relacional aborda o conteúdo
transacionado entre os atores da rede. Essa dimensão considera também os papéis que
os atores assumem como amigos, informantes, confidentes, entre outros.
Com o intuito de demonstrar a dinâmica de interação entre as três dimensões
propostas por Nahapiet e Ghoshal (1998), Régis, Dias e Bastos (2006) apresentam um
esquema gráfico desenvolvido a partir do modelo de capital social daqueles autores,
33
com o intuito de reduzir a complexidade das três dimensões que compõem uma
network, representada no esquema abaixo:
FIGURA 4 - Dimensões sociais das redes que formam o modelo de capital social. Fonte: RÉGIS; DIAS; BASTOS (2006), adaptada de NAHAPIET; GHOSHAL (1998).
De acordo com o esquema acima, a dimensão cognitiva representa as interações
decorrentes do compartilhamento de significados entre os membros das redes. Incluem-
se, aqui, nesse sistema de interpretações ou significados, a linguagem, os códigos e as
narrativas compartilhadas (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998). Para Bastos (2001), a
“cognição social” resgata, cientificamente, tópicos como: os processos de atribuição de
responsabilidades, formação de impressões, estereótipos, atitudes, protótipos e
contextos. A interpretação desses cenários relacionais visa ampliar a compreensão de
34
episódios de conflito, tais como, formulação de estratégias, criação de ambientes de
aprendizagem, decisões sobre inovação tecnológica, desempenho e análise do ambiente
organizacional (BASTOS, 2000). Assim, os atributos comportamentais servem de
referência para o entendimento da trajetória empreendedora dos indivíduos.
Para Nahapiet e Ghoshal (1998), a dimensão estrutural do Capital Social,
abrange os aspectos estruturais dos relacionamentos entre os atores da rede, podendo ser
analisada sob a perspectiva dos laços e da configuração do sistema relacional. Os laços
da network referem-se às maneiras como os autores estão relacionados, mais
especificamente com respeito à proximidade da relação. A força desses laços pode ser
medida por meio não só da percepção individual sobre a proximidade de uma relação,
como também pela duração e freqüência dos contatos dos integrantes da rede
(KUIPERS, 1999).
Granovetter (1973) define os laços com base na freqüência dos contatos, na
reciprocidade e na amizade existente nos relacionamentos. O autor foi um dos primeiros
a abordar a importância dos laços fracos de uma relação. Os laços fracos, situações em
que não prevalecem amizades de natureza efetiva, podem ser utilizados para ampliar a
fronteira da rede, quando esses indivíduos possuem interações com outras redes.
A configuração da network se faz pela identificação das ligações entre seus
membros (RÉGIS; VIEIRA; BASTOS, 2006). Nahapiet e Ghoshal (1998) usam a
configuração para entender as diversas conexões entre os atores da rede. A configuração
da rede pode ser analisada pelas perspectivas de alguns elementos, tais como a
densidade e a centralidade (KRACKHARDT, 1992; SCOTT, 2000; WASSERMAN;
FAUST, 1994). A densidade refere-se ao número de ligações entre o indivíduo e os
demais componentes da rede em relação à quantidade de ligações possíveis (SCOTT,
2000).
A centralidade, definida por Régis, Vieira e Bastos (2006), é a medida de quão
acessível um determinado ator está para os demais atores da rede; depende do padrão de
distribuição ou da maneira como os diversos atores estão interligados. Além de medir a
acessibilidade de uma pessoa, mede o número de caminhos de comunicação que passam
por ela. Dessa forma, o poder de um ator integrante da rede depende de como ele
monopoliza o fluxo de informações, serviços e favores para e entre os membros da rede
(HANNEMAN, 2001).
Quiroga (2003) utiliza três medidas de centralidade para a análise das redes
sociais: a centralidade de grau (degree), centralidade de intermediação (betweenness) e
35
centralidade de proximidade (closeness). A centralidade de grau pode ser dividida em
centralidade de grau de entrada e de saída. A primeira mede a receptividade ou
popularidade de uma pessoa na rede, enquanto a segunda mede a sua expansividade
(WASSERMAN; FAUST, 1994). Para Quiroga (2003), a centralidade de grau permite
analisar a acessibilidade de uma pessoa à informação que circula pela rede ou pode ser
interpretada como o grau em que uma pessoa da rede é capaz de influenciar ou ser
influenciada pelos outros componentes.
A centralidade de intermediação indica o controle exercido por um ator sobre as
interações entre outros dois atores na rede. São também consideradas “pessoas pontes”,
pois outros integrantes da rede podem depender de suas relações (RÉGIS; DIAS;
BASTOS, 2006). Os mesmos autores definem que a centralidade de proximidade de um
ator é medida pela quantidade mínima de passos que ele deve empreender para entrar
em contato com os outros atores da rede. Assim, quanto mais central for um ator, mais
ele está próximo dos outros, e mais rapidamente ele entra em contato ou interage com os
outros. Já Quiroga (2003) entende que a centralidade de proximidade é interpretada
como a capacidade que uma determinada pessoa tem de acessar todas as outras pessoas
da rede. As perspectivas citadas afetam a flexibilidade e a facilidade das trocas nas
redes pela acessibilidade e extensão dos contatos dos seus membros (KRACKHARDT,
1992; SCOTT, 2000; WASSERMAN; FAUST, 1994). Este projeto de pesquisa
interessa-se por mapear as redes sociais que afetam os empreendimentos relacionados
aos serviços de saúde.
4.4 Redes Sociais: Conceitos, Estruturação e Ferramentas de Análise
A Análise das Redes Sociais (ARS) foi mencionada como ligada às Ciências
Sociais por volta da década de 1920, em estudos da Psicologia Social (FREEMAN,
1996). Todavia, segundo Zancan (2008) – citando Freeman (1996) e Wasserman; Faust
(1994) – a comunidade científica data a origem da abordagem da ARS, em 1934, com a
publicação do livro de Jacob Moreno, intitulado Who shall survive e da criação da
revista Sociometry, em 1937.
A ARS foi fundamentada em três vertentes do conhecimento:
36
1- Analistas Sociométricos – Em 1930 trabalharam em grupos menores e
produziram avanços técnicos, tal qual a teoria dos grafos (invenção do sociograma).
Foram os primeiros a dar contribuições pioneiras para tratar as relações humanas.
2- Pesquisadores de Harvard – Exploraram a formação de subgrupos e padrões
de relações interpessoais também nessa época de 1930.
3- Antropólogos de Manchester – Utilizaram os conceitos já pré-estabelecidos
para investigar a estrutura de relações comunitárias em pequenas vilas e sociedades
tribais.
Essas três correntes, segundo Zancan (2008) e Scott (2000), foram agrupadas na
Universidade de Harvard, nas décadas de 1960 e 1970, quando foram estruturadas as
bases da atual teoria de ARS.
O conceito de redes é complexo e polissêmico (ZANCAN, 2008). O termo
“redes” é derivado do latim e tem o significado de “entrelaçamento de fios, cordas,
arames, com aberturas fixadas por malhas, formando uma espécie de tecido” (LOIOLA;
MOURA, 1997). No ramo empresarial, as organizações podem ser entendidas como a
conexões de atores sociais enraizadas em estruturas sociais. Similarmente, Burt (2001)
define as redes como um conjunto de atores ligados por meio de relações sociais de um
tipo específico. Já Nohria e Eccles (1992) analisam o termo “Redes Sociais” desde a sua
origem, proveniente da Sociologia, da Psicologia, da Biologia Molecular, da Teoria dos
Sistemas, da Antropologia, entre outros. Para esses autores, as redes têm como objetivos
a interação, a ajuda mútua, o relacionamento, a integração e o compartilhamento entre
os atores sociais.
O objetivo principal da análise de redes é focalizar as relações (conexões) entre
pontos (pessoas, organizações, comunidades, entre outros) num espaço qualquer, não
necessariamente físico (FAZITO, 2005). Segundo o autor, citando Albert-Lazlo
Barabasi (2003), físico matemático, para compreender uma “topologia” (ou seja, a
estrutura invariante de relações entre determinados pontos num espaço qualquer), o
principal é prestar atenção na distribuição dos pontos e dos laços/conexões que
compõem o sistema.
37
4.4.1 A Ferramenta dos Grafos no Mapeamento das Redes Sociais
Um dos principais instrumentos de mapeamento das redes sociais refere-se ao
conceito demográfico proposto por Stinchcombe (1983). O modelo pressupõe que cada
empreendedor se relaciona, em uma estrutura social historicamente limitada, com um
conjunto de pessoas que têm em comum um atributo relativo a um determinado período
de tempo. Em se tratando desta pesquisa, a trajetória de cada empreendedor seria
entendida como um sistema de interação dinâmica, que envolve os relacionamentos, os
papéis e as posições assumidas pelas pessoas que influenciam no empreendimento.
Nesse sentido, pressupõe-se que a trajetória empreendedora englobe relações de
natureza econômica e relações de trocas simbólicas com os mais diversos atores sociais
(BOURDIEU, 2003). O que se pode perceber nessas interações é que tais fenômenos
são representáveis pelas estruturas de grafos, seja por meio de sistemas de trocas,
sistemas de parentesco, sistemas econômicos ou sistemas de comunicação, entre outros.
Segundo a terminologia padrão, um grafo G = (V,A) consiste de um conjunto V
de vértices – também chamado de nós ou pontos – e um conjunto A de arcos – também
chamados de linhas ou laços (HARARY, 1969; DIESTEL, 2000 apud REZENDE,
2005). Cada arco corresponde a um par de vértices distintos (quando uma linha incide
sobre o mesmo vértice duas vezes, caracterizam-se os loops e, conseqüentemente, a
reflexividade). Um grafo pode ser direcionado ou não direcionado. Sendo
direcionado, a ordem dos vértices torna-se importante e, assim, os arcos representam
pares ordenados no sistema. Alguns exemplos de grafos podem ser visualizados na
Figura 5 a seguir.
A Análise das Redes Sociais tem se desenvolvido bastante nos últimos anos,
especificamente com a intensificação dos recursos tecnológicos da informática e dos
softwares adequados aos seus mapeamentos (SCOTT, 2000; WASSERMAN; FAUST,
1994). Em linhas gerais, as redes sociais são modelos de grafos que representam um
conjunto R de relações empíricas (contatos, laços, conexões etc.), dados n conjuntos E
de nós (vértices, pontos, atores etc.) de indivíduos, grupos sociais e instituições de nível
de agregação. Logo, formalmente, uma rede social implica em N = (E, R)- que, neste
caso, é o mesmo que um sistema de grafo, tal como em G = (V,A) (FAZITO, 2005).
38
FIGURA 5 - Tipos de grafos Fonte: WASSERMAN; FAUST (1994) apud FAZITO (2005)
Assim, aplicando o estudo às redes empreendedoras, o vértice seria o
empreendedor e os atores de interconexão social a serem estudados. Os arcos
consistiriam nos níveis de interações entre os atores sociais, podendo ocorrer relações
de interesse mútuo (grafo 2), relação de interesse unidirecional (grafo 3), relações de
interesses mútuos (grafo 5), e situação em que um elemento faz parte do sistema , mas
não necessariamente participa diretamente da relação (4).
No momento em que um sistema de posições concretas (as relações sociais, por
exemplo) é problematizado, teoricamente, através dos grafos e suas propriedades,
verifica-se que aquelas relações estruturais formais, identificáveis pela natureza
topológica dos grafos, apresentam correspondência direta com o sistema empírico
(BAVELAS, 2002; FLAMENT, 1963; MANBER, 1989).
Pelo fato de poderem ser mapeadas e ilustradas, as relações sociais demonstram
a influência que um determinado indivíduo pode ter sobre o outro em vários aspectos,
inclusive na concretização de uma rede de relações de um empreendimento. No caso
desta pesquisa, os grafos podem demonstrar a influência de um contato sobre o outro,
além da conexão ou não-conexão de grupos diferentes de contatos, quando um deles é
39
retirado do sistema. Assim, um grafo passa a ser dividido por dois subcomponentes
distintos. Tal fato pode ser visualizado na Figura 6.
Em relação à Análise das Redes Sociais, todas as relações sociais entre
indivíduos, instituições e grupos sociais de um sistema social podem ser teorizadas e
operacionalizadas como problemas de grafos (FAZITO, 2005). Assim, procura-se
explicar, demonstrar e representar a dinâmica social, incluindo as ações e motivações
individuais, por meio das propriedades formais pertencentes aos grafos (DEGENNE;
FORSÈ, 1999; KNOKE; KUKLINSKY, 1983; WELLMAN, 2002; SCOTT, 2000).
Watts (1999) comparou diversos modelos de grafos a sistemas sociais,
organizacionais e biológicos, chegando à conclusão de que as topologias desses
diferentes sistemas são muito semelhantes entre si. O sistema biológico dos insetos de
uma árvore, por exemplo, pode ser comparado ao modelo de sistema social que leva em
conta as redes sociais de uma grande metrópole (FAZITO, 2005). Da mesma maneira, o
mapeamento das redes sociais de um sistema social, tendo em vista uma classe
profissional específica, pode auxiliar no entendimento de como os empreendimentos se
estruturam dentro do nicho em análise.
40
FIGURA 6 - Estruturas intermediárias, agentes e pontes. Fonte: WASSERMAN; FAUST (1994) apud FAZITO (2005)
O que realmente interessa do modelo de Watts (1999) para este estudo é
entender as características do comportamento das redes sociais, por definição, as
características das relações sociais entre pessoas e suas posições ocupadas na estrutura
social. Nesse sentido, a ideia é utilizar a família de grafos denominada de
semiordenados, também chamada de grafos relacionais. Seus vértices são indivíduos
que interagem uns com os outros e seus arcos dizem respeito à natureza e aos níveis de
interação social dos atores da rede (WATTS, 1999).
41
5 METODOLOGIA
Para analisar a influência das relações sociais no exercício de empreender nos
serviços de Odontologia, propôs-se utilizar uma metodologia de natureza qualitativa e
quantitativa. De acordo com Bauer e Gaskell (2002): “A finalidade real da pesquisa
qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas, ao contrário, explorar o espectro das
opiniões e as diferentes representações sobre o assunto em questão.” A parte
quantitativa da investigação foi baseada no modelo de grafos, através da mensuração
dos dados qualitativos obtidos junto aos entrevistados, para caracterizar e entender as
implicações das redes sociais na estruturação e no desenvolvimento de um
empreendimento.
5.1 Estratégia da Pesquisa
Pretendeu-se, em uma primeira etapa, realizar entrevistas que revelem as
trajetórias dos profissionais de saúde que optaram por abrirem e desenvolverem o seu
próprio empreendimento. Nesse primeiro momento, foram utilizadas entrevistas
semiestruturadas para resgatar a trajetória do empreendimento: origem, principais
pessoas que influenciaram na decisão, dificuldades e facilidades para iniciar o
empreendimento. No segundo momento, utilizou-se a ferramenta de grafos para mapear
e comparar as redes sociais dos empreendedores em estudo.
Os entrevistados foram selecionados de duas maneiras distintas. Os seis
primeiros foram considerados profissionais de “sucesso”. Esse é um construto difícil de
definir, mas, no caso dessa pesquisa, foi levado em conta o reconhecimento profissional
do entrevistado e sua indicação, através da técnica de bola de neve, por outro
entrevistado de “sucesso”. A questão financeira do entrevistado não coube a esse
estudo, logo, apenas a estrutura da clínica/consultório e o reconhecimento profissional
foram utilizados para selecionar os entrevistados no quesito “sucesso”. Os profissionais
de “insucesso” são aqueles que não conseguiram prosperar com seu empreendimento
devido a diversos fatores. São aqueles que abriram um consultório ou clínica, mas
fechando-o com pouco tempo de funcionamento. Dessa forma, o construto insucesso
relaciona-se apenas ao empreendimento, não estando relacionado à carreira profissional
do entrevistado.
42
As redes de contatos nada mais são do que o network do indivíduo entrevistado,
ou seja, quem conhece quem em sua rede ( ver tabela 1). Após a primeira entrevista e a
transcrição dos nomes citados, retornou-se ao entrevistado para realizar a segunda parte
do processo, no qual, nessa matriz, o indivíduo aponta quem ele conhece e quem cada
pessoa citada por ele conhece dentro da sua rede. É uma matriz simples, 2 X 2, e apenas
demonstra os participantes da rede. É denominada assim uma matriz de adjacência, pois
descrevem a "vizinhança" ou proximidade dos nomes listados. Um exemplo dessa
matriz pode ser visualizada abaixo:
TABELA 1 Ilustração de uma Rede de Contatos
REDE DE CONTATOS
EN
TR
EV
IST
AD
O
P
ai
Mãe
Irm
ão
T
io
Am
igo
1
Am
igo
2
Pro
fess
or
Col
ega
de T
raba
lho
1
Col
ega
de T
raba
lho
2
ENTREVISTADO 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Pai 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Mãe 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Irmão 1 1 1 1 1 1 1
Tio 1 1 1 1 1 1 1
Amigo 1 1 1 1 1 1 1 1
Amigo 2 1 1 1 1 1 1 1
Professor 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Colega de Trabalho 1 1 1 1 1 1
Colega de Trabalho 2 1 1 1 1 1 Fonte: dados do autor
Os números colocados dentro da matriz (número 1) apontam quem conhece
quem dentro da rede. Por exemplo: o pai conhece a mãe, logo, o número 1 é colocado. Já
o colega de trabalho 1 não conhece o tio do entrevistado, assim, nada é colocado. Para
esse processo ser válido, o entrevistado foi orientado a indicar quem conhece quem
dentro da sua rede sabendo que para conhecer alguma pessoa, seria necessário ter
contato físico com esse indivíduo, e não apenas conhecer por nome. Por se tratar de uma
matriz simétrica, esses dados da linha x não precisariam ser repetidos na coluna y, pois
43
o próprio software utilizado já faz esse tipo de ação. Assim, foram preenchidas durante
a segunda etapa das entrevistas apenas as linhas x de cada entrevistado.
As redes de influência são um pouco mais complexas, pois possuem atributos
que ajudam a "medir" a influência na rede de contatos de cada entrevistado. Na primeira
coluna estão todos os nomes citados e que influenciaram o empreendedor de alguma
forma. Nas quatro colunas seguintes, foram colocadas quatro variáveis dispostas da
seguinte maneira:
1. Influência – Pequena/média/grande. Vale ressaltar que essa influência é referida em
relação à abertura do empreendimento (clínica/consultório), e não na influência pessoal
em si;
2. Tipo de Relação – É o tipo de relação que a pessoa tem com o entrevistado: familiar,
de amizade, profissional ou simplesmente conhecido;
3. Força da Relação – É a freqüência com que a pessoa se encontra ou se encontrava
com o entrevistado: raramente (ou apenas uma vez na vida); de vez em quando (não é
regular, mas encontra mais vezes que apenas uma ou duas); regularmente (não encontra
sempre, mas tem alguma regularidade); frequentemente (encontra muitas vezes e com
regularidade);
4. Local de Convivência – É importante para confirmar a influência e por onde a rede se
desenvolve: casa; escola/universidade; ambiente de trabalho; ambiente de
entretenimento.
Um exemplo de uma de Rede de Influência pode ser visualizada na tabela 2:
TABELA 2 Ilustração de uma Rede de Influência
Contatos Influência
Tipo de Relação
Força da Relação
Local de Convivência
Pai 3 1 4 1
Mãe 1 1 4 1
Irmão 1 3 2 2
Tio 1 3 2 2
Amigo 1 1 3 2 2
Amigo 2 1 3 2 2
Professor 1 1 4 3
Colega de Trabalho 1 1 3 4 3
Colega de Trabalho 2 1 3 4 3 Fonte: dados do autor
44
Legenda:
Influência: 1- Pequena/ 2-Média/ 3- Grande;
Tipo de Relação: 1- Família/ 2- Amizade/ 3- Profissional/ 4- Conhecido;
Força da Relação: 1- Encontra raramente/ 2- Encontra de vez em quando/ 3- Encontra
regularmente/ 4- Encontra frequentemente;
Local de Convivência: 1- Casa/ 2- Escola-Universidade/ 3- Trabalho (Clínica,
consultório, hospital, entre outros)/ 4- Entretenimento.
5.2 Unidade de Análise e Coleta de Dados
Na seleção da unidade de análise, definiu-se um escopo de entrevistados que
atuam efetivamente na profissão odontológica, principalmente donos de clínicas
localizadas em Belo Horizonte. Também foram pesquisados professores de faculdades
de Odontologia que possuem consultórios odontológicos considerados como referência.
A ideia na seleção da amostra foi torná-la “difusa”, pois, por não se tratar de uma
amostra probabilística, não há problema em exercer algum tipo de controle sobre os
entrevistados. A intenção foi mostrar o “desenho” das redes de cada tipo e tentar
mostrar algum padrão de associação entre sucesso e a rede de contatos pessoais.
A amostra foi de 09 entrevistados: três profissionais que se encaixaram no perfil
de empreendedores malsucedidos e seis entrevistados que obtiveram sucesso em seu
empreendimento e são considerados referências de profissionais em Belo Horizonte. A
intenção da escolha desse tipo de amostra foi ter mais condição de comparar as redes (e
os padrões das relações sociais) de uns com os outros, além de ter dado mais significado
para as futuras comparações. A quantidade de entrevistados que tiveram sucesso em seu
empreendimento foi maior que os que não tiveram, devido à facilidade de obtenção de
informações desse nível por parte do pesquisador.
Foi utilizado um roteiro de entrevista com questões semi-abertas (Anexo 2) que
serviu como guia, deixando o entrevistado à vontade para discorrer sobre a trajetória do
seu empreendimento. Os entrevistados foram escolhidos pela técnica de “bola de neve”,
na qual o último entrevistado indicara outro que tinha um perfil de sucesso (referência
na área odontológica) ou de insucesso.
45
5.3 Tratamento e Análise dos Dados
No tratamento dos dados, as informações obtidas das entrevistas
semiestruturadas gravadas foram utilizadas para mapear as redes sociais dos
empreendedores de sucesso e insucesso. Por meio da Teoria dos Grafos e da Análise de
Redes Sociais, foi possível extrair, em cada caso relatado pelos entrevistados, um
“modelo” de grafo ou sistema específico que, a partir das informações obtidas, mapeou
as relações sociais de cada empreendedor, para posteriores comparações.
Durante as entrevistas gravadas, foram anotados todos os nomes citados pelos
entrevistados, após a transcrição das entrevistas na íntegra. Com todos os nomes
anotados, foram realizados dois tipos de matrizes diferentes no programa Excel do
Windows para analisar os dois tipos de redes propostos: as redes de contato e as redes
de influência.
Foi utilizado o software UCINET 6.1 para quantificar essas informações, em
especial, a rede de contatos de cada indivíduo da amostra. O software utilizado possui
algumas propriedades importantes para a análise das redes sociais, pois ajuda na criação
do questionário ou roteiro de entrevista e na coleta de dados (UCINET, 2008).
Com os dados dos participantes das entrevistas, foi utilizada uma planilha
organizada pelo software UCINET 6.1, que, ao receber os dados coletados, mapeou a
rede de contatos de cada entrevistado, apontando qual contato foi o mais influente e
qual a intensidade dessa relação. Ao mapear e visualizar a rede de relações sociais de
cada entrevistado foi possível compará-los.
Os dados coletados através das entrevistas foram enxertados nessas matrizes do
programa Excel, ligadas diretamente ao software, que mensura os dados e faz três tipos
de análises distintas:
5.3.1 Sociograma:
Utilizado para visualizar e mapear a rede de cada entrevistado. É um desenho
feito pelo próprio programa. Por meio da utilização dos grafos, o entrevistado aponta
seus contatos, a posição espacial dos mesmos, além de indicar onde cada contato tem
ligação com o contato principal (no caso denominado Ego). A força desses contatos e o
46
local de proveniência dessas ligações também são demonstrados. Um exemplo do
sociograma pode ser visualizado na figura 7.
FIGURA 7 - Exemplo de Sociograma Fonte: dados do autor
47
Legendas:
A- Formato: Simboliza o local de convivência:
1. Mais = ego
2. Quadrado= casa
3. Triângulo= escola/universidade
4. Círculo= trabalho
5. Entretenimento= diamante
B- Cor do Símbolo: Indica o tipo de relação:
1. Azul escuro = família
2. Amarelo= amizade
3. Verde escuro= trabalho
4. Vermelho= ego
C- Tamanho do Símbolo: Indica a influência da relação:
Vai do menor (ego), que é menos influente, para o maior (mais influente).
D- Cor dos Rótulos/Nomes: Significa a frequência/força da relação:
1. Ego/encontra raramente= vermelho
2. Encontra de vez em quando= amarelo
3. Encontra regularmente= verde limão
4. Encontra com frequência= azul escuro
E- Tamanho do Nome/rótulo: Centralidade:
Quanto maior o nome, mais central o indivíduo é na rede.
48
5.3.2. Densidade
A densidade de uma rede informa a coesão/conectividade interna. A
interpretação pode ser realizada através da proporção de laços existentes em relação ao
número possível. Uma rede simétrica e binária tem dez indivíduos, logo, cada indivíduo
pode ter no máximo nove contatos (ou seja, n-1, onde n=10). Como a rede é simétrica
(cada contato é recíproco), a proporção funcionará como a fórmula: Somatório de todos
os contatos (laços) existentes para cada indivíduo, dividido pelo número total de laços
possíveis, que pode ser evidenciado na fórmula n(n-1/2). Exemplo:
Se em uma rede há 10 pessoas (n=10), aplicando a fórmula encontraremos 10(10-1) =
90 laços. Como a rede é simétrica, temos que dividir por dois. Assim, existem 45 laços
possíveis para uma rede de 10 indivíduos. Essa é a densidade máxima da rede, ou seja,
de todos os laços possíveis.
A densidade da rede propriamente dita também pode ser calculada como a
proporção de contatos existentes entre todos os possíveis indo de 0 a 1, ou seja, pode ser
expressa em uma porcentagem. Em relação à fórmula da densidade da rede, teríamos
x/[n(n-1/2], onde x é o número total de laços efetivos. Se a densidade de uma rede é
igual a 0.2 significa que 20% dos laços possíveis na rede existem de fato, ou seja, seria
uma rede de fraca conectividade, pouco coesa, já que várias pessoas não se conhecem
ou se contatam diretamente.
As medidas de densidade não podem ser comparadas entre redes diferentes. A
comparação da medida de densidade entre redes distintas pode proporcionar a expressão
de proporções diferentes, já que dependem do n. Assim, a densidade depende do
tamanho das redes e os tamanhos variam. A densidade é importante como uma primeira
medida para constatar se a rede em si mesma é mais ou menos coesa. Quanto mais
coesa, mais compacta a rede será. Em uma rede mais compacta, a pressão do grupo
sobre os indivíduos é maior do que nas redes de pouca densidade. Quanto menor é a
densidade, mais “vazia” é a rede e maior “liberdade” individual e “autonomia” podem
existir. A densidade só informa sobre um “desenho” genérico, não mostrando as
diferenças “locais” e internas da rede.
49
5.3.3 Índice de Centralidade
Em uma rede, alguns indivíduos podem ser mais bem conectados do que outros;
por isso, vão concentrar mais relações e acessos às outras pessoas. Se em uma rede com
dez indivíduos há apenas uma pessoa que conhece e contata todas as outras nove
pessoas, essa pessoa será a mais central de todas. Isso pode significar mais poder, pois
essa pessoa pode ser mais capaz de influenciar as outras. Por outro lado, esse indivíduo
pode receber mais pressão, pois todos os outros envolvidos na rede podem “cobrar” ou
esperar algo dele. Logo, essa é uma medida de centralidade, pois procura identificar a
posição relativa do indivíduo em uma rede total.
A centralidade nada mais é do que o número total de pessoas (vértices) que uma
pessoa específica (vértice) contata diretamente. No exemplo em questão, pelo fato da
pessoa mais central estar em uma rede de 10 indivíduos, a sua centralidade será 9, já que
é o número máximo de pessoas que ele pode contatar diretamente nessa rede. Logo,
centralidade é igual ao número de vértices ao qual um vértice específico está ligado
diretamente.
No caso específico deste estudo, os dados coletados foram colocados no
programa UCINET 6.1 que, através de algoritmos, fizeram as análises. Os resultados
foram transportados a uma tabela de centralidade que poderá ser visualizada adiante.
Cada tabela mostra o valor individual (para cada indivíduo da rede) e depois mostra um
sumário estatístico na parte inferior, que informa a média, o desvio padrão, as
variâncias, entre outras informações. Um exemplo dessa tabela pode ser visualizado a
seguir:
50
TABELA 3 Medidas Múltiplas de Centralidade- Exemplo
Indicadores: Média de Centralidade = 82.222 Desvio- Padrão = 16.630 Centralidade da Rede = 22.22% Fonte: dados do autor
Em relação às medidas utilizadas, todas as três, presentes na tabela acima, são
medidas de centralidade (Centralidade, Centralidade Normalizada e Compartilhado).
Em meu estudo, utilizei apenas a medida de centralidade normalizada, já que o próprio
software calcula a densidade e a padroniza, facilitando assim a comparação de seus
resultados. Outras informações adicionais sobre centralidade também são utilizadas no
estudo, como a média e o desvio-padrão, apenas para se ter uma idéia do valor
individual e ter base de comparação. Também é fornecido o valor da média de
centralidade da rede geral, o que facilita ainda mais em um processo comparativo entre
redes diferentes. Dessa forma, se uma rede possui 22% de centralidade de rede, significa
que várias pessoas se conectam diretamente nessa rede e não precisam de uma pessoa
central para intermediar esses laços. Se a centralidade de rede tivesse um percentual
maior, como 78%, significaria que é uma rede em que a taxa de centralidade é alta,
mostrando que várias pessoas não se conhecem diretamente e dependem de uma pessoa
central na rede para fazer algum tipo de contato.
A medida de centralidade é exatamente o número de pessoas às quais um
indivíduo está ligado diretamente. Na tabela acima, a medida vai até 100 porque as
mesmas já estão “normalizadas” através do programa para serem comparadas com
outras redes, e também para possibilitar a comparação numa hierarquia dentro da
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 Entrevistado 9.000 100.000 0.122 2 Pai 9.000 100.000 0.122 3 Mãe 9.000 100.000 0.122 8 Professor 9.000 100.000 0.122 5 Tio 7.000 77.778 0.095 4 Irmão 7.000 77.778 0.095 7 Amigo 2 7.000 77.778 0.095 6 Amigo 1 7.000 77.778 0.095 9 Trabalho 1 5.000 55.556 0.068 10 Trabalho 2 5.000 55.556 0.068
51
própria rede. Se a pessoa tem 100% de centralidade é porque é o ego dessa rede, e, por
conseguinte, conhece e está ligado a todas as pessoas dentro da rede. Todavia, outros
envolvidos na rede podem ter uma porcentagem alta na medida de sua centralidade.
Dessa forma, se um indivíduo da rede possui 75% de centralidade, ele conhece
diretamente 75% das pessoas citadas pelo entrevistado. Logo, essa pessoa é “poderosa”
na rede pessoal do entrevistado, pois ela pode contatar muitas pessoas na rede
independente do entrevistado saber. O mesmo raciocínio pode ser feito com pessoas que
possuem uma centralidade baixa na rede.
Quanto mais centralizada a rede de um indivíduo como um todo (quanto mais a
média se aproxima de 100), significa que a maioria das pessoas não se conhecem e
dependem de uma pessoa central. Como exemplo, podemos verificar que uma pessoa
pode falar dos seus contatos com cinco pessoas, mas nenhumas dessas pessoas se
conhecem. Essa seria uma rede “estrela”, com o ego sendo a pessoa central e a rede
sendo totalmente centralizada ao redor dele. Mas também podem existir redes de baixa
centralidade (20%, 25%, 30%, por exemplo), e isso significa que em geral as pessoas se
conhecem diretamente sem depender de alguém para apresentá-las. Nesse caso a rede
será mais coesa e homogênea. Em geral, a densidade alta está associada à centralidade
baixa porque todas as pessoas tendem a se conhecer diretamente. As medidas de
centralidade cedidas pelo programa estão “normalizadas” para a rede total, e não utiliza
diretamente o número de pessoas com as quais o entrevistado tem contato direto.
O programa utilizado (UCINET 6.1) conta o número de pessoas conhecidas de
modo direto para cada um isoladamente na rede. Após esse processo, ele soma todos os
contatos diretos existentes em toda a rede, divide pelos somatórios de todos os contatos
diretos possíveis e multiplica por 100 para padronizar. A medida da centralidade, dessa
forma, é tanto individual (local) quanto geral (global). A vantagem desse processo é
constatar o valor da centralidade que cada indivíduo possui separadamente. Assim,
podemos ter uma análise com pessoas que possuem alta e baixa centralidade, criando
dessa maneira uma hierarquia que avalia a importância relativa de cada pessoa na rede.
Se em uma rede a média de centralidade é alta, provavelmente existirão indivíduos que
não se conhecem, e devem ser marginalizados na rede, tendo pouco poder e influência.
Logo, eles dependem de alguém mais central na rede para estabelecer outros contatos.
Os resultados das entrevistas serão mostrados da seguinte maneira:
52
1 Redes de Contatos e Influência – Primeiramente, são evidenciadas
as matrizes binárias e simétricas realizadas no programa Excel com os
nomes dos componentes das redes. Em seguida são feitas as matrizes
das redes de contatos e das redes de influência, que servem de base
para o sociograma e as análises dos índices de centralidade.
2 Sociograma - As matrizes utilizadas foram transportadas para o
programa UCINET 6.1, o qual consegue, através de seus processos,
concretizar o sociograma que serve para permitir a visualização e o
mapeamento das redes de contatos.
3 Densidade - Com o número de contatos de cada rede, é feito o cálculo
da densidade da rede de cada entrevistado.
4 Índices de Centralidade - Através das tabelas feitas pelo programa, é
possível visualizar e comparar a medida de centralidade tanto da rede
geral de cada entrevistado, como de cada indivíduo componente das
redes.
5 Análise da Rede - Análise geral da rede de cada entrevistado.
53
6 MAPEAMENTO E ANÁLISE DAS REDES SOCIAIS DE
ODONTÓLOGOS DA REGIÃO METROPOLITANA
DE BELO HORIZONTE
Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos da análise das redes
sociais de cada entrevistado. Inicialmente, realizou-se o mapeamento das redes sociais
dos profissionais considerados de “sucesso”, aqueles reconhecidos como profissionais
de êxito em seu empreendimento. Na sequência, são analisadas as redes dos
profissionais que não tiveram sucesso em seu empreendimento. Vale ressaltar que o
construto “insucesso” está relacionado apenas ao empreendimento odontológico, e não à
carreira do profissional, já que, no caso deste estudo, foram escolhidos três nomes que
obtiveram insucesso na consolidação do empreendimento e são considerados
profissionais de “sucesso” em relação à consolidação profissional.
6.1 Empreendimentos de “Sucesso”
6.1.1 Rede 01
Entrevistado 01- Dr. Ernani Souza
Em todo o estudo, pode ser considerado o primeiro profissional da pesquisa que
possui um consultório de “sucesso”, com reconhecimento profissional e consolidação
no mercado. Sua rede é composta de um número intermediário de atores, quando
comparada às outras redes. Possui vários contatos familiares e profissionais que não
tiveram tanta importância na abertura do empreendimento, mas fazem parte da vida
cotidiana do mesmo, o que demonstra uma capacidade de trânsito de informações e
recursos por várias pessoas da rede, por trabalharem juntas. As redes estão dispostas nas
tabelas 4 e 5 a seguir:
54
1- Redes de Contato e Influência
TABELA 4 Rede de Contatos do Entrevistado 01
REDE DE CONTATOS
ER
NA
NI
Shei
la
Em
ilian
a
Dir
ce
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de
O.
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dete
C.
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J.
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Cés
ar M
.
ERNANI 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sheila 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Emiliana 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Dirce 1 1 1 1 1 1 1 1 Ádima 1 1 1 1 1 1 1 1 Ivan de Oliveira Elias 1 1 1 1 1 Eunice Teotônia de Souza 1 1 1 1 1 1 1 1 Nádia 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Ronaldo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Luís 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Rosalino 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Fernando Carvalho 1 1 1 1 1 1 1 1 Hudson Viana 1 1 1 1 1 1 1 1 Valdete Costa 1 1 1 1 1 1 1 1 José Jaubar 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sérgio Feitosa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 César Machado Ribeiro 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: dados do autor
TABELA 5 Rede de Influência do Entrevistado 01
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência
Sheila 1 1 4 1
Emiliana 1 1 4 1
Dirce 1 3 4 3
Ádima 1 3 4 3
Ivan de Oliveira Elias 3 1 3 4
Eunice Teotônia de Souza 3 1 4 1
Nádia 1 2 1 2
Ronaldo 1 3 4 3
Luís 1 3 4 3
Rosalino 1 3 4 3
Fernando Carvalho 1 3 1 3
Hudson Viana 1 3 1 3
Valdete Costa 1 3 1 3
José Jauber 1 3 1 3
Sérgio Feitosa 1 3 1 3
César Machado Ribeiro 1 3 1 3 Fonte: dados do autor
55
2- Análise do Sociograma da Rede 01
No sociograma da rede 01, percebe-se a grande quantidade de contatos
provindos da família (casa), que estão representadas pelo quadrado na figura, e os
contatos profissionais, que são os círculos no desenho. Já o pai e a mãe não são muito
citados e não são muito centrais nesse esquema, diferentemente do colega de profissão
Rosalino, que conhece várias pessoas na rede do dentista. No desenho, o mesmo está de
verde, é um círculo, o nome está de verde-claro e seu tamanho é mediano. Isso significa
que ele é uma pessoa central (o nome é grande), mas possui relações apenas
profissionais e não teve tanta importância na abertura do empreendimento. Já o tio Ivan,
está de azul escuro, um quadrado, com o nome muito pequeno e o desenho grande, o
que significa que apesar de ter tido considerável influência na abertura do
empreendimento, não é uma pessoa central na rede de relações do dentista. Já as filhas
do entrevistado, por trabalharem com ele, juntamente com os sócios do entrevistado,
estão dispostos perto do nome principal, com letra num formato maior que o dos outros
contatos, mostrando assim que possuem certa centralidade na rede. O sociograma está
disposto abaixo:
56
FIGURA 8 - Sociograma do Entrevistado 01 Fonte: dados do autor
57
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 17 � 17 (17-1) = 272. Dividido por 2, já que
a rede é simétrica, existem 136 laços possíveis para uma rede de 22 indivíduos.
A densidade da rede = 0.16.
Também é uma densidade considerada baixa, já que 16% dos laços da rede existem de
fato. Assim, demonstra-se que é uma rede pouco coesa, na qual várias pessoas atores
não se conhecem entre si ou não se conectam diretamente.
4- Índices de Centralidade
TABELA 6 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 01
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 ERNANI 16.000 100.000 0.083 11 Rosalino 15.000 93.750 0.078 9 Ronaldo 15.000 93.750 0.078 17 César M. 15.000 93.750 0.078 2 Sheila 13.000 81.250 0.068 15 José J. 13.000 81.250 0.068 8 Nádia 12.000 75.000 0.063 3 Emiliana 12.000 75.000 0.063 10 Luís 11.000 68.750 0.057 16 Sérgio F. 11.000 68.750 0.057 7 Eunice 10.000 62.500 0.052 14 Valdete C. 9.000 56.250 0.047 12 Fernando C. 9.000 56.250 0.047 13 Hudson V. 9.000 56.250 0.047 4 Dirce 8.000 50.000 0.042 5 Ádima 8.000 50.000 0.042 6 Ivan de O. 6.000 37.500 0.031
Indicadores: Média de Centralidade: 70.588 Desvio-Padrão: 17.777 Centralidade da Rede = 33.33% Fonte: dados do autor
Em relação à centralidade, o dentista Ernani Sousa possui 100%, pois conhece e
está ligado a todo mundo. Já o colega de profissão Rosalino, possui pela tabela um
índice de 93%, ou seja, conhece diretamente 93% das pessoas existentes na rede do
entrevistado. Já o tio Ivan possui apenas 37,5% de centralidade, conhecendo assim
37,5% das pessoas existentes na rede. Devem-se destacar esses dados, já que o
entrevistado relatou na entrevista que o tio foi a pessoa que mais o influenciou na
58
abertura do empreendimento odontológico, diferentemente do colega de trabalho
Rosalino, que, apesar de ser uma pessoa influente na rede, teve pouca importância na
abertura do consultório. A média de centralidade da rede do dentista Ernani Sousa é de
33.3%, uma média considerada baixa, o que significa que a maioria das pessoas se
conhece e não depende de uma pessoa mais central na rede.
5- Análise da Rede 01
O entrevistado possui uma rede pouco coesa e uniforme. A rede é medianamente
centralizada, onde alguns indivíduos conseguem conectar-se a outros sem depender do
entrevistado principal.
O entrevistado comenta, durante a entrevista, a importância que sua família tem
no seu sucesso profissional, principalmente pela influência do tio. No sociograma,
podemos perceber a grande importância da família na sua rede de relações sociais. Ao
ser indagado sobre a influência da família, e quem mais o influenciou, o entrevistado
respondeu:
Foi meu tio. Que é dentista, casado com o irmão da minha mãe. Ivan de Oliveira Elias. Ele atende até hoje, na Afonso pena, no Edifício Biodivalente. Minha mãe, que já faleceu, também me influenciou, foi muito importante. E agora, pra saber que são muitas e muitas pessoas, dando toque, dando incentivo, mas os principais foram esses. Minha mãe chamava Eunice Dioclânica de Souza. A grande diferença de montar meu consultório foi que eu já estava trabalhando com esse meu tio. Logo que eu passei no vestibular já comecei a trabalhar com ele, no laboratório. Um ano e meio antes de me formar ele trabalhava num bairro, bairro Ipanema, e me emprestava o consultório. Comecei a trabalhar com ele, a atender. Ele saiu de lá e eu peguei; comprei uma cadeira e montei meu consultório.
O dentista entrevistado assume a importância da sua rede de contatos e de como
foi bem explorada para conseguir o que pretendia com seu empreendimento
profissional. Também explica a grande quantidade de indicações de pacientes que
possui de outros dentistas. Em relação aos critérios que o dentista utiliza para construir
sua rede de relações, ele comenta:
Quando começou, uma das coisas importantíssimas foi o relacionamento dentro da própria escola. Como eu comecei a trabalhar muito cedo, mesmo antes de dar entrada no curso profissionalizante, no curso básico da Odontologia, eu já estava fazendo alguma coisa. Tive que abrir dente, drenava, fazia prótese, aquele negócio todo. Então, quando eu comecei a fazer o curso mesmo, da parte direta da Odontologia, eu já me destaquei
59
porque eu já sabia muita coisa. Já sabia o que era Odontologia (e os outros nem sabiam o que era odontologia, de como a coisa funcionava). Eles já começaram a me ver com certo destaque. Então, depois que eu me formei, o pessoal começou a mandar pro Ernani, mandar pro Ernani, porque já sabiam. Já perceberam que eu tinha uma habilidade maior que a deles, não porque eu era mais habilidoso, mas porque eu tinha mais prática, mais tempo, já estava estudando isso há mais tempo. Então isso foi um dos começos. Acho que o mais importante é o carisma, o jeito de conversar, de tratar as pessoas, e tal. Isso aí é que é o mais importante.
Além de dar importância à sua rede de contatos, o dentista também argumenta
que são necessários outros fatores, além de uma vasta rede de contatos para o sucesso
profissional e do empreendimento. Sobre as causas desse sucesso, o dentista discorre:
Carisma, né. Faz parte. Se você tem carisma já está dentro disso aí. Não pode esquecer de citar aí claro os cursos, né. Sempre atualizando, né. Porque não adianta você ter uma rede de contatos e vai fazendo coisas que não estão certas, você caba perdendo sua rede. Tem que estar oferecendo cada dia mais opções para as pessoas que confiam em você.
60
6.1.2 Rede 02
Entrevistado 02- Dr. Henrique Bassi
A rede de contatos desse entrevistado apresenta-se bastante coesa e uniforme.
São vários contatos que se conhecem, o que demonstra a grande quantidade de
informações que circulam sem o conhecimento do entrevistado principal. É uma rede
pouco hierarquizada verticalmente, já que as relações são realizadas de maneira mais
direta. A rede de contatos e a rede de influência já se apresentam bem diferentes em
relação às do entrevistado anterior. A quantidade de atores que participam da rede é
maior, além da importância que cada pessoa tem na rede. De acordo com o entrevistado,
várias dessas pessoas foram e são importantes na abertura e na consolidação do
empreendimento. As redes estão dispostas abaixo nas tabelas 7 e 8:
1- Redes de Contato e Influência
TABELA 7 Rede de Contatos do Entrevistado 02
REDE DE CONTATOS
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elo
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P.
HENRIQUE 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Ângelo Alves Mendes 1 1 1 Quintiliano Diniz de Deus 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Dílson Pires Coimbra 1 1 1 1 1 1 1 1 1 José Madureira 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Ruy Hizatugo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sérgio Vinceiro 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Adalberto 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Oswaldo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Cristian 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Luiz Arnaldo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 André Quintão 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Frederico Laperriere 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sérgio Martins 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Guilherme Noriaki 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Eduardo Pechinani 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: dados do autor
61
TABELA 8 Rede de Influência do Entrevistado 02
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência
Ângelo Alves Mendes 3 1 4 1
Quintiliano Diniz de Deus 3 3 4 2
Dílson Pires Coimbra 3 3 2 3
José Madureira 2 3 2 3
Ruy Hizatugo 1 3 2 3
Sérgio Vinceiro 1 3 4 3
Adalberto 1 3 4 3
Oswaldo 2 3 2 3
Cristian 1 3 2 3
Luiz Arnaldo 1 3 2 3
André Quintão 1 3 2 3
Frederico Laperriere 1 3 2 3
Sérgio Martins 1 3 2 3
Guilherme Noriaki 1 3 2 3
Eduardo Pechinani 1 3 2 3 Fonte: dados do autor
2- Análise do Sociograma da Rede 02
O sociograma também difere bastante do primeiro entrevistado, já que a
quantidade de pessoas que “transitam” na rede é muito maior. Vale destacar que a
grande maioria dos contatos é de origem profissional, já que estão quase todos
representados por um círculo e de cor verde-escuro, exceto um triângulo, que representa
um contato provindo da universidade e um quadrado, que vem da família. Há vários
contatos com o nome escrito em letras em formato grande, o que significa que existem
vários indivíduos centrais na rede. Através desse mapeamento, podemos perceber no
sociograma que várias pessoas se conectam entre si, tendo importância relevante na
rede, o que pode ser evidenciado na figura 9 abaixo:
62
FIGURA 9 - Sociograma do Entrevistado 02 Fonte: dados do autor
63
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 16 � 16 (16-1) = 240. Dividido por 2, já
que a rede é simétrica, existem 120 laços possíveis para uma rede de 16 indivíduos.
A densidade da rede = 0.13.
Devido a esse aspecto gráfico e às características da rede, a densidade pode ser
considerada baixa, já que várias pessoas se conhecem e há mais “liberdade individual” e
“autonomia” dos indivíduos que estão inseridos nessa rede social.
4-Índices de Centralidade
TABELA 9 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 02
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 HENRIQUE 15.000 100.000 0.081 4 Dílson P. 15.000 100.000 0.081 7 Sérgio V. 14.000 93.333 0.075 6 Ruy H. 14.000 93.333 0.075 5 José M. 14.000 93.333 0.075 12 André Q. 14.000 93.333 0.075 13 Frederico L. 14.000 93.333 0.075 8 Adalberto 12.000 80.000 0.065 3 Quintiliano D. 11.000 73.333 0.059 10 Cristian 11.000 73.333 0.059 9 Oswaldo 11.000 73.333 0.059 16 Eduardo P. 10.000 66.667 0.054 11 Luiz Arnaldo 10.000 66.667 0.054 14 Sérgio M. 9.000 60.000 0.048 15 Guilherme N. 9.000 60.000 0.048 2 Ângelo A. 3.000 20.000 0.016
Indicadores: Média de centralidade = 77.500 Desvio Padrão = 20.121 Centralidade da Rede = 25.71% Fonte: dados do autor
Em relação à centralidade, podemos destacar que o entrevistado Henrique possui
100% de centralidade, já que conhece todas as pessoas da rede. Um dado interessante
nessa rede em relação à centralidade é que outro contato, Dílson P., também tem 100%
de centralidade, o que faz com que ele também conheça todas as pessoas da rede e
demonstre que os dois possuem mais poder de repassar e bloquear informações na rede.
Outro dado interessante é que outros contatos possuem uma centralidade considerada
alta. Pelo menos cinco contatos possuem 93,3% de centralidade, o que faz com que eles
64
também conheçam muitas pessoas e sejam indivíduos “poderosos” dentro da rede.
Dessa forma, percebemos que a centralidade da rede é baixa (25,71%), o que significa
que as pessoas se conhecem diretamente e não dependem de outra pessoa para serem
apresentadas. É uma rede onde a informação e os recursos têm livre acesso a vários
contatos, sem necessariamente passar pelo entrevistado.
5- Análise da Rede 02
Em seus relatos o entrevistado aponta que teve algumas influências que foram
determinantes para o sucesso dos seus empreendimentos, tanto a empresa quanto o
consultório. Esse fato explica como a rede foi bem explorada para a absorção dos
recursos necessários para a montagem dos seus projetos, principalmente da empresa.
Com relação às influências para a abertura dos empreendimentos, o entrevistado
menciona:
Eu acho que até na minha família eu não tive tanto apoio para iniciar a empresa não. Como sou dentista e tenho um consultório bastante movimentado, financeiramente saudável, com resultado bom, as pessoas não entendiam porque eu queria começar uma outra atividade paralela. Eu tive um professor, que foi o De Deus, e ele sempre foi um cara com o espírito empreendedor muito grande, talvez tenha sido ele que me influenciou a começar a empresa, e querer trazer isso para o Brasil, de fazer isso no Brasil. A diferença entre eu e o De Deus é que, através dos meus relacionamentos familiares, é que tive a oportunidade de transformar esse empreendedorismo em um negócio relativo de sucesso.
De acordo com seus relatos, outras pessoas também influenciaram e ajudaram,
de acordo com o relato seguinte:
Antes de eu ter a empresa, eu fui ser assistente dele dando aula. E, pelo fato de eu ser assistente dele, criei uma rede de relacionamento muito grande. Pelo fato de eu ter escolhido uma área de atuação que o Dr. Quintiliano não se interessava, eu criei um braço de atuação que seria eu o comandante da ação ali. E vários colegas de BH, RJ, SP se interessaram por esse campo de atuação. No Rio eu tive o Dílson Pires Coimbra, endodontista, foi fazer Endodontia muito influenciado por mim. Tive pessoas mais velhas, da idade do Dr. Quintiliano, como o José Madureira. Está hoje com 75 anos. Mas foi um cara que me influenciou me dando força. Dizendo pra ir em frente que o caminho era esse mesmo. O futuro da profissão vai passar por isso aí que você tá criando. Em São Paulo, idem. O Ruy Hizatugo, também tem os seus 70 e alguma coisa, me deu muita força no começo. Tem o Serginho aqui em BH e o Adalberto. Todas essas pessoas viram a necessidade da gente ter produtos bons com custo Brasil. Na época, o custo dos produtos que a gente conseguia trazer
65
de fora eram produtos muito caros. Então a gente queria ter um produto nacional com custo nacional.
Os critérios que o dentista utiliza para construir sua rede de relações são
explicados da seguinte maneira:
A minha rede de relações é muito interessante pelo seguinte. Eu venho da formação do esporte. Então fui um atleta de muitos anos, pratiquei esporte no Minas Tênis Clube por muitos anos, e a minha relação de contato ali é muito grande. Minha rede de contatos é muito grande. Seja profissional, seja mais de amizade, não só de amizade, mas cria. Você tem contato com diversas pessoas de diversas áreas que têm um interesse comum que seria o Minas, vamos dizer assim. E essas pessoas se ajudam. A minha rede de relações como sempre foi muito grande. Nunca procurei ter uma relação com interesse exclusivamente profissional. Eu sempre tenho como critério me interessar pelo que está sendo discutido, seja da minha área, seja de outra área. E dessa forma você se torna receptivo, e passa a ser participativo dos problemas de outras pessoas. Então em reuniões, ou mesmo clubes, ou reuniões de conselhos de clubes, sempre há discussão e abro a minha possibilidade de relações com as pessoas. Não me relaciono por critério. Pelo fato de ter uma rede de relações muito grande, eu sei a quem procurar naquele ponto. Então não estabeleço um critério específico não.
De acordo com o dentista entrevistado, seu sucesso se deve em saber gerenciar
sua vasta rede de contatos, profissionais ou não, mais do que como seu sucesso
individual como dentista. É um caso de um indivíduo que soube utilizar seu network e
conseguir prosperar através do seu bom relacionamento. O próprio entrevistado
menciona, na entrevista, o porquê do seu sucesso:
Então o meu sucesso se deve muito mais a gerenciar essa rede de relacionamentos, do que propriamente meu sucesso individual como endodontista, etc. Tive um mérito técnico de colocar as coisas em ordem do ponto de vista técnico. Dei muita sorte numa série de conjunturas de mercado, que favoreceram ao surgimento da Easy (empresa de equipamentos odontológicos). Não credito o sucesso da Easy ou o sucesso do Henrique a um fator só. Mas a uma série de fatores que atuaram em conjunto, que dificilmente consegue separar o fator principal. O fator principal do empreendedorismo é uma boa ideia, uma boa rede, senão não teria começado essa empresa. É como se eu tivesse lançado uma ação da bolsa e trinta malucos compraram e bancaram a ideia inicial. Então essa rede de relacionamentos ela é muito bacana e tem uma influência muito grande. Então, o meu sucesso acho que é o sucesso de gerenciar essa rede de relacionamento. Ter essa credibilidade de gerenciar essa rede de relacionamento.
66
6.1.3 Rede 03
Entrevistado 03- Dr. Marcos Gribel
As redes de contato e influência do entrevistado 3 apontam uma grande
influência da família, principalmente do pai do entrevistado. A família, por trabalhar
com o Dr. Marcos, também tem bastante influência em sua rede. Vale ressaltar que a
quantidade de atores é mediana em relação às outras redes; todavia, uma característica
peculiar é a grande quantidade de pessoas que conhecem todas as pessoas dentro da
rede. As redes estão dispostas abaixo nas tabelas 10 e 11:
1-Redes de Contato e Influência
TABELA 10 Rede de Contatos do Entrevistado 03
REDE DE CONTATOS
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MARCOS 1 1 1 1 1 1 1 1 1
José de Arimatéia Gribel 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Bruno 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Curti Faltim 1 1 1 1 1 1 1
Alexandre Simões 1 1 1 1 1 1 1
Eros Petrelli 1 1 1 1 1 1 1
Antônio do Rego Almeida 1 1 1 1 1 1 1
Mônica 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Evanilde 1 1 1 1 1
Ana Paula 1 1 1 1 1 Fonte: dados do autor
67
TABELA 11 Rede de Influência do Entrevistado 03
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência
José de Arimatéia Gribel 3 1 4 1
Bruno 1 1 4 1
Curti Faltim 1 3 2 2
Alexandre Simões 1 3 2 2
Eros Petrelli 1 3 2 2
Antônio do Rego Almeida 1 3 2 2
Mônica 1 1 4 1
Evanilde 1 3 4 3
Ana Paula 1 3 4 3 Fonte: dados do autor
2- Análise do Sociograma da Rede 03
Em relação ao sociograma, percebe-se a grande importância do pai do
entrevistado. Além disso, chama atenção a divisão dos locais de convivência de outras
pessoas com o entrevistado, já que nessa rede existem pessoas influentes na família, no
trabalho e na escola/universidade. Percebe-se que o pai teve uma influência muito
grande, já que está em um quadrado grande, com o nome escrito com letras em formato
maior, além desse contato conhecer todas as outras pessoas da rede. Pelo tamanho da
letra dos nomes no gráfico, percebe-se que, na família, as pessoas são as mais centrais
na rede, tendo assim maior influência. Todavia, os atores do trabalho e do campo
escola/universidade também possuem contato direto entre si. O sociograma pode ser
visualizado abaixo na figura 10:
68
FIGURA 10 - Sociograma do Entrevistado 03
Fonte: dados do autor
69
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 10 � 10 (10-1) = 90. Dividido por 2, já que
a rede é simétrica, existem 45 laços possíveis para uma rede de 10 indivíduos.
A densidade da rede = 0.22.
É uma densidade baixa, na qual todas as pessoas possuem certo tipo de liberdade dentro
da rede, não dependendo assim apenas do entrevistado para transitar dentro dela.
4- Índices de Centralidade
TABELA 12 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 03
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 MARCOS 9.000 100.000 0.122 2 José de A. Gribel 9.000 100.000 0.122 3 Bruno 9.000 100.000 0.122 8 Mônica 9.000 100.000 0.122 5 Alexandre Simões 7.000 77.778 0.095 4 Curti Faltim 7.000 77.778 0.095 7 Antônio R. Almeida 7.000 77.778 0.095 6 Eros Petrelli 7.000 77.778 0.095 9 Evanilde 5.000 55.556 0.068 10 Ana Paula 5.000 55.556 0.068 Indicadores:
Média de Centralidade = 82.222
Desvio-Padrão = 16.630
Centralidade da Rede = 22.22%
Fonte: dados do autor
A centralidade dessa rede é interessante, já que apesar do entrevistado citar a
figura do pai como a grande referência e como a pessoa que mais o influenciou na
abertura do empreendimento, outras duas pessoas também possuem 100% de
centralidade: o filho Bruno e a esposa Mônica. Todas essas quatro pessoas conhecem
todas da rede, tornando-se assim pessoas poderosas e influentes no network do
entrevistado. Também é interessante citar que todos os quatro pertencem à família do
entrevistado. As pessoas que têm as menores taxas de centralidade são a Evanilde e a
Ana Paula, funcionárias da clínica, mas mesmo assim possuem 55,5% de centralidade, o
que é uma taxa alta, pois conhecem mais da metade das pessoas inseridas na rede. Dessa
forma, percebe-se que a taxa de centralidade é de 22.22%, uma taxa considerada baixa,
70
já que todas as pessoas não dependem exclusivamente do Dr. Marcos Gribel para fazer
contatos dentro da rede. Isso é explicado principalmente porque a maioria dos contatos
faz parte da família e do trabalho, estando dessa forma sempre em relação, o que facilita
a troca de informações e recursos sem depender exclusivamente do Dr. Marcos.
5- Análise da Rede 03
Na entrevista, o entrevistado cita a grande importância e a influência do pai
como um dos fatores do sucesso do seu empreendimento. Apesar de outras pessoas
também terem influenciado, o pai é quem teve grande destaque, pois era dentista, tendo
ele seguido a mesma profissão devido à sua grande influência. Também é mencionada
na gravação a grande importância da família, além de um número restrito de contatos
presente em sua rede. Ao ser indagado sobre quem influenciou na abertura do
empreendimento, o entrevistado responde:
No caso foi meu pai, porque ele era dentista e eu, entre outras coisas, por influência e por viver no consultório dele durante algum tempo eu optei pela Odontologia. No entanto, outras pessoas fora de BH me influenciaram. Curti Faltim, Alexandre Simões, Eros Petrelli, Antônio do Rego Almeida, tudo fora de BH. Mas foram profissionais que vendo, atuando, e mostrando a Odontologia pra mim me influenciaram drasticamente.
O entrevistado relata que não possui uma vasta rede de contatos. Isso é comprovado
até mesmo pelo sociograma e pela peculiaridade de várias pessoas da rede conhecerem
todas as outras, principalmente porque trabalham e convivem. Em relação aos critérios
que o entrevistado utiliza para construir sua rede de contatos, o dentista menciona que
não possui um vasto network, dando importância principalmente à família:
Eu sou muito fraco nesse aspecto. Não vou dizer que sou anti-social, mas convivo pouco fora do âmbito da família e do âmbito profissional. Sou mais tranqüilo. Mas creio que dentro do relacionamento que eu faço é mais profissional mesmo, entre os colegas. E com a própria clientela. Mas fora disso, tenho um círculo de amizades muito pequeno. Bem restrito. Poucos amigos mesmo. Mais família.
O entrevistado associa o sucesso do seu empreendimento e seu reconhecimento
profissional não só a uma herança do sucesso do pai, mas também a seu próprio esforço
e os contatos realizados dentro da classe odontológica:
Eu acho que meu sucesso não deixa de ser um prolongamento do sucesso do meu pai, mas acredito que só isso não basta porque pra você se manter como profissional de sucesso por trinta anos, a herança nesse sentido é
71
importante, mas a gente tem que ter alguma coisa. Eu creio que o maior responsável pelo sucesso profissional meu talvez tenham sido os meus contatos dentro da classe odontológica, e não fora dela. Então eu creio que boa parte do meu sucesso se deve a essa questão de transferência, né, de pai pra filho, e também a essa divulgação dentro da própria classe odontológica.
72
6.1.4 Rede 04
Entrevistado 04- Dr. Fernando Barroso
Pode ser considerada a rede de contatos que possui mais atores. Depois da
avaliação da entrevista, percebe-se que o entrevistado realmente soube utilizar sua vasta
rede de contatos para conseguir abrir o empreendimento odontológico e fazer com que o
mesmo prosperasse de forma eficaz. A rede de influência também aponta a quantidade
de pessoas que influem no sucesso do seu empreendimento. As redes estão dispostas
abaixo nas tabelas 13 e 14:
1- Redes de Contato e Influência
73
74
TABELA 14 Rede de Influência do Entrevistado 04
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência Pai (Sebastião 3 1 4 1 Mãe (Eugênia) 3 1 4 1 Irmão (Flávio 1 1 4 1 Gisele 2 1 4 2 Flávia 1 1 4 4 Luiz Augusto 1 2 2 2 Fabiana 1 2 1 2 Adriano 1 2 1 2 Alex 1 2 1 2 Hilton 1 2 1 2 Frederico 1 2 1 2 Dr. Frank 3 3 2 2 Henrique Papini 1 2 4 2 Manoel Brito 1 2 2 2 Warley 1 2 2 2 Geraldo 1 2 2 2 Dr. Herique Bassi 1 3 2 2 Dr. Arthur 1 3 4 3 Dra. Marlene 1 3 4 3 Dr. Fábio 1 3 4 3 Dr. Milton 1 3 4 3 Tiperu 1 4 1 2 Dr. Teófilo 1 2 1 2 Dr. Vani Rodrigues 1 3 4 3 Dr. Antônio 1 3 1 3 Fernando Pedrosa 1 3 1 3
Fonte: dados do autor
75
2- Análise do Sociograma da Rede 04
Em relação ao sociograma, percebe-se a grande quantidade de contatos
emaranhados que se conectam de várias formas. As pessoas mais próximas (família)
têm maior centralidade em sua rede, já que estão com os nomes escritos com a letra
grande e os símbolos são maiores. Todavia, durante a entrevista, o entrevistado cita o
nome do Dr. Frank como o grande incentivador para abrir o empreendimento, apesar
desse contato não ser mais influente no sociograma, já que é um quadrado de tamanho
mediano, com o nome também em tamanho médio em relação aos outros. Há vários
contatos que não são tão influentes e encontram-se na periferia da rede, tais como os
contatos Adriano, Hilton, entre outros. Assim, ao mapearmos e visualizarmos essa rede
podemos perceber quem são as pessoas que possuem influência sobre o entrevistado e
em outras pessoas da rede, como o irmão Flávio, o pai Sebastião, o amigo Henrique
Papini, entre outros. O sociograma encontra-se disposto abaixo:
76
FIGURA 11 - Sociograma do Entrevistado 04 Fonte: dados do autor
77
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 27 � 27 (27-1) = 702. Dividido por 2, já que
a rede é simétrica, existem 351 laços possíveis para uma rede de 27 indivíduos.
A densidade da rede = 0,07.
Por ter uma grande quantidade de contatos, percebemos que a densidade é muito baixa.
Várias pessoas se conectam entre si, o que podemos perceber que é uma rede pouco
coesa, de fraca conectividade, já que várias pessoas não se conhecem ou se contatam
diretamente.
4- Índices de Centralidade
TABELA 15 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 04
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 FERNANDO 26.000 100.000 0.078 4 Irmão (Flávio) 23.000 88.462 0.069 2 Pai (Sebastião) . 22.000 84.615 0.066 3 Mãe (Eugênia) 21.000 80.769 0.063 15 Manoel Brito 18.000 69.231 0.054 5 Gisele 17.000 65.385 0.051 13 Dr. Frank 17.000 65.385 0.051 24 Dr. Teófilo 15.000 57.692 0.045 6 Flávia 15.000 57.692 0.045 16 Warley 13.000 50.000 0.039 14 Henrique Papini 13.000 50.000 0.039 9 Adriano 13.000 50.000 0.039 19 Dr. Arthur 13.000 50.000 0.039 17 Geraldo 13.000 50.000 0.039 12 Frederico 12.000 46.154 0.036 10 Alex 12.000 46.154 0.036 11 Hilton 12.000 46.154 0.036 25 Dr. Vani Rodrigues 12.000 46.154 0.036 7 Luiz Augusto 8.000 30.769 0.024 8 Fabiana 7.000 26.923 0.021 18 Dr. Henrique Bassi 7.000 26.923 0.021 20 Dra. Marlene 6.000 23.077 0.018 22 Dr. Milton 6.000 23.077 0.018 26 Dr. Antônio 4.000 15.385 0.012 21 Dr. Fábio 4.000 15.385 0.012 23 Tiperu 3.000 11.538 0.009 27 Fernando Pedrosa 2.000 7.692 0.006 Indicadores: Média de Centralidade = 47.578 Desvio-Padrão = 23.988 Centralidade da Rede = 56.62% Fonte: dados do autor
78
Em relação à centralidade, pela grande quantidade de pessoas existentes na rede,
há algumas variações. O entrevistado conhece todas as pessoas, logo, tem 100% de
centralidade. Já o irmão Flávio vem em seguida, já que possui 88,4%, conhecendo
assim 88,4% de pessoas na rede do irmão. A mãe e o pai têm mais de 80%, o que nos
demonstra que o Fernando é muito apegado à família, já que seus componentes
conhecem quase todas as pessoas da rede. Durante a entrevista, Dr. Fernando informou
que as pessoas mais influentes que o fizeram abrir o empreendimento foram o pai e o
Dr. Frank, que o fez escolher sua área de atuação. Todavia, este último não é tão
influente como o pai na rede de contatos, o que podemos constatar na tabela, onde o
mesmo possui 65.3, conhecendo assim 65,3% das pessoas da rede do Fernando. Outro
dado interessante nesse caso é a pequena taxa de centralidade de alguns contatos, como
o Tiperu, ex-professor, com 11.5% e o Dr. Fernando Pedrosa, com 7.6%. Essa é a
menor taxa até então. Esse fenômeno é explicado através da grande quantidade de
contatos, pois com mais pessoas envolvidas, menor a possibilidade de troca de
informações entre outros indivíduos presentes na rede. A taxa de centralidade é de
56.62%, que pode ser considerada uma taxa mais alta que as outras, onde a maioria das
pessoas não se conhece e depende de uma pessoa mais central, que no caso dessa rede é
o Fernando ou alguém da família.
5- Análise da Rede 04
O próprio entrevistado dá muita importância à sua rede de contatos e de como
ela foi importante na consolidação do seu empreendimento e no seu reconhecimento
profissional. É um dentista que possui uma rede de contato ampla, com várias pessoas
envolvidas; assim, ao saber manuseá-la, conseguiu absorver a maior quantidade de
informações e recursos possíveis para seu crescimento profissional. Durante a
entrevista, o dentista relata como as pessoas o influenciaram:
Do ponto de vista de praticar Endodontia, sem dúvida nenhuma foi o Dr. Frank. Do ponto de vista de abrir o negócio, de montar, sem dúvida nenhuma foi meu pai e minha mãe, pois eles me deram condições pra isso. Eu não tinha condições de montar meu próprio consultório e teria que trabalhar durante muitos anos para os outros para poder pensar em
79
estar montando alguma coisa. Eles que me deram a condição de ter o que tenho hoje. Poderia demorar 5, 6, 10 anos para poder ter condições de montar e eles me deram condição de imediato. O momento decisivo foi quando estava pós-formado, quando terminei o curso. Aí tomamos a decisão de abrir o consultório.
Em relação aos critérios que o entrevistado utilizou para construir sua rede de
contatos, ele menciona a amizade com alguns dentistas, amizade fora do seu eixo
profissional, além de relatar que possui um marketing pessoal eficaz. O dentista relata:
Muitos pacientes eu consegui de amigos que tratasse. Hoje não dependo de amigos, porque hoje em dia trabalho para dentistas. Meu relacionamento é com eles. Mas na época consegui montar a clientela do bairro. Mas sempre me relacionei bem, acho que tenho um marketing pessoal bom. Sou uma pessoa que me relaciono muito fácil, converso muito, brinco muito. No meu prédio também tinha uma pessoa que tinha um plano de saúde que chamava Biocentro. Chamava Dr. Antônio. Eu um dia o atendi de emergência no consultório. Não o conhecia e o plano era médico e tava começando a atender o odontológico. Eu o atendi, ele gostou muito e acabou me ajudando bastante, pois firmamos um convênio com ele e ele me mandava muito paciente. Me ajudou a ter um movimento grande no consultório. Meu pai também usou na época as influências que ele tinha e consegui alguns convênios, como o Ipsemg, que me ajudou a movimentar o consultório. Meu pai ajudou nesse campo. Tinha uma boa rotatividade de pacientes. Já era Endodontista. Nos primeiros meses de consultório não fazia nada. Palavra cruzada e tal. Fui alavancando dessa maneira. Meu pai ajudou na parte política. Comecei a namorar com a Flávia, minha esposa, e ela fez um contato pra mim com o Dr. Fernando Pedrosa, que era o dono da Rede Dental. Ela conseguiu o convênio pra mim. Entrei pra Endodontia lá que hoje é meu carro-chefe. É o que eu trabalho mais, que me dá maior rotatividade no consultório hoje.
O dentista finaliza sua entrevista dando total importância a seu network e de
como ele foi e está sendo bem utilizado. Sua grande rede de relações o tornou o
profissional que hoje é, reconhecido no meio odontológico devido à consolidação do
seu empreendimento. Ao ser indagado sobre as causas do seu sucesso, o dentista
respondeu:
Não tenha dúvida nenhuma que foram as relações sociais. Acho que em qualquer coisa na vida você tem que ser bem relacionado. Acho que não adianta você ser só um bom profissional, ser habilidoso. Se você não tiver uma rede de relacionamentos quem vai te conhecer, quem vai te indicar? Pra mim não tem dúvida nenhuma que está diretamente relacionado o sucesso profissional com sua relação social. Muitas vezes você tem que ser mais marketeiro que bom profissional. Se você não se faz presente, ninguém te conhece.
80
6.1.5 Rede 05
Entrevistado 05- Dr. Marcelo Mascarenhas
É uma rede que pode ser comparada à rede anterior, do dentista Fernando
Barroso, já que também possui uma grande quantidade de atores e o entrevistado fez
uso e soube extrair da própria rede informações e recursos que o auxiliaram na abertura
e consolidação do seu empreendimento. A quantidade de pessoas que também têm
influência na rede do entrevistado também é relevante, além da diversidade de origem
desses contatos. As redes de contato e influência estão dispostas abaixo nas tabelas 16 e
17:
1- Redes de Contato e Influência
81
82
TABELA 17 Rede de Influência do Entrevistado 05
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência
Pai (Helvécio) 2 1 4 1
Tio( Afonso) 1 1 1 1
Luiz Antônio- primo 1 1 1 1
Juliana- prima 1 1 1 1
Márcio Braga 3 2 4 3
Ataualpa Pereira dos Reis 2 4 2 3
Maurício Campos 1 4 1 4
Roberto Vital 2 2 2 4
Lúcio Costa 1 4 1 4
Francisco Pinheiro 1 4 1 2
Edgard Carvalho Silva 1 4 1 2
Sebastião H. Pereira Godinho 1 4 1 2
José Elias Murah 2 2 2 3
Paulo Leite 1 4 1 4
Marco Garcia 1 4 1 4
Larino Vieira Soares 1 4 1 4
Márcio Rocha 1 1 1 3
Marzo Garcia 1 1 1 3
Dirceu Giter 1 4 1 4
Márcio Rezende Piedade 3 2 4 3
Rodrigo Bernardes 1 4 1 3
Fonte: dados do autor
83
2- Análise do Sociograma da Rede 05
Percebe-se no sociograma do entrevistado a grande quantidade e as diversas
origens de contatos, já que percebemos pessoas influentes em casa (família), no
trabalho, na escola/universidade e em entretenimento. O entrevistado certamente dá
muito valor à sua família, que está ligada aos colegas de trabalho e amigos em geral. O
pai do entrevistado possui uma função central em sua rede, já que possui um símbolo
com formato grande, é azul-escuro, um quadrado, está na região central próxima ao
entrevistado, pois o pai conhece praticamente todas as pessoas envolvidas. Já outro
indivíduo pertencente à rede (Marzo G.), pode ser considerado pouco central, pois está
na periferia do desenho (letra do tamanho menor). Está de cor verde, num formato de
diamante, demonstrando assim que é menos influente por ser menor no tamanho. Essas
variações no desenho divergem bastante e remontam ao que o entrevistado comentou da
importância de cada um na entrevista. Por ser então uma rede coesa, há pouco espaço
para intermediações, já que todo mundo se liga diretamente e não vai depender de outra
pessoa especificamente. O sociograma pode ser visualizado a seguir:
84
FIGURA 12 - Sociograma do Entrevistado 05 Fonte: dados do autor
85
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 22 � 22 (22-1) = 462. Dividido por 2, já que
a rede é simétrica, existem 231 laços possíveis para uma rede de 22 indivíduos.
A densidade da rede = 0.095.
É uma densidade considerada baixa, pela grande quantidade de atores presentes na rede,
o que demonstra uma rede de pouca conectividade interna, já que muitas pessoas não se
conhecem diretamente.
4- Índices de Centralidade
TABELA 18 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 05
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 MARCELO 21.000 100.000 0.087 2 Pai 17.000 80.952 0.070 4 Luiz A. 17.000 80.952 0.070 14 José E. 16.000 76.190 0.066 6 Márcio B. 16.000 76.190 0.066 7 Ataualpa P. 14.000 66.667 0.058 11 Francisco P. 14.000 66.667 0.058 12 Edgard C. 14.000 66.667 0.058 3 Tio 13.000 61.905 0.054 5 Juliana 11.000 52.381 0.045 10 Lúcio C. 10.000 47.619 0.041 9 Roberto V. 10.000 47.619 0.041 17 Larino V. 9.000 42.857 0.037 21 Márcio R. 9.000 42.857 0.037 13 Sebastião H. 8.000 38.095 0.033 8 Maurício C. 8.000 38.095 0.033 15 Paulo L. 8.000 38.095 0.033 18 Márcio R. 8.000 38.095 0.033 19 Marzo G. 8.000 38.095 0.033 22 Rodrigo B. 8.000 38.095 0.033 16 Marco G 2.000 9.524 0.008 20 Dirceu G. 1.000 4.762 0.004 Indicadores:
Média = 52.381 Desvio-Padrão = 22.656 Centralidade da Rede = 52.38% Fonte: dados do autor
Em relação à centralidade, o entrevistado possui 100%, o pai possui 80% e o
contato Marzo G. possui 38%. O entrevistado possui 100% de centralidade
simplesmente porque ele é o ego dessa rede, pois conhece e está ligado a todo mundo.
Os outros indivíduos já têm medidas menores, sendo que o pai é o mais central na rede
do entrevistado, com 80% (ou seja, o pai conhece diretamente 80% de todas as pessoas
86
citadas pelo dentista). Nesse sentido, o pai é uma pessoa "poderosa" na rede pessoal do
Marcelo Mascarenhas, pois ele pode contatar muitas pessoas e colocá-las em contato,
independentemente de o filho saber. Já o contato Marzo G. conhece diretamente 38% de
todas as pessoas citadas na rede. Esse tipo de resultado pode parecer trivial, mas é
importante ao ser comparado com outras redes, principalmente se, ao compará-las,
percebermos se o pai, em outra ocasião, também teve tanta influência na abertura do
empreendimento, ou outra pessoa. Em relação à média, constatamos na rede do Marcelo
Mascarenhas uma média de 52% de centralidade. Esse também é um dado importante,
pois quanto mais centralizada a rede como um todo (nesse caso quanto mais a média se
aproxima de 100) significa que a maioria das pessoas não se conhece e depende de uma
pessoa central, que no caso pode ser o Marcelo ou até mesmo o próprio pai, que é uma
pessoa influente nessa rede de contatos.
5- Análise da Rede 05
Em relação às pessoas que o influenciaram na abertura do empreendimento, o
entrevistado relata que na montagem da sua clínica quase ninguém da família o
influenciou, utilizando assim outros contatos para conseguir absorver informações e
recursos, demonstrando que sua rede de contatos é grande e homogênea. É uma das
maiores redes de contato de todos os entrevistados nessa pesquisa. O dentista, ao ser
questionado sobre quais foram as pessoas que mais o influenciaram, responde:
Isso foi uma decisão mais pessoal mesmo. Não teve influência familiar, nem de terceiros na montagem da clínica. E o consultório eu montei logo depois de formado com um primo, que já até faleceu, era formado. Tinha uma clínica no Santo Agostinho perto da assembléia. Era uma clínica politudo, tinha todos os colegas, os profissionais lá, e eu entrei dividindo o consultório com ele. O nome dele era Luiz Antônio de Castro Veado. Aí ficamos juntos, com Paulo Leite que é dentista, protesista. O Marco Garcia que era dentista também. Que era protesista também. Juliana Mascarenhas que era outra prima e Larino Vieira Soares que trabalhava nessa clínica. Depois, quando fiz minha formação em cirurgia buco-maxilo, fui para o hospital Madre Tereza e aí realmente houve uma influência grande de teia de relacionamentos. Abre muito porque você pára de conviver só com dentista, né. Então, fui convivendo com o corpo médico e paramédico do hospital. Márcio Rocha, que era cirurgião plástico, responsável pelo serviço do hospital. Marzo Garcia, cirurgião plástico também. Dirceu Giter e meu contato inicial foi com o prof. Edgard Carvalho Silva e o Sebastião Hélio Pereira Godinho, que foi o pai de todos aqui no começo da Odontologia voltada para Cirurgia. E Márcio Rezende Piedade que também era cirurgião oral e teve uma influência muito grande, justamente porque era um cara muito relacionado. Ele
87
conhecia Deus e todo mundo e abria muita porta, como sempre, né. No Madre Tereza, então, foi basicamente esses dois e o Rodrigo Bernardes, que era cardiologista e diretor-clínico do Hospital, e ajudou muito também nessa divulgação do meu trabalho dentro do hospital. Meus pais não tiveram nenhuma influência não.
O dentista, ao longo da entrevista, enfatiza que se considera uma pessoa bem
relacionada e que isso o ajuda bastante em sua vida profissional Ao ser questionado
sobre os critérios que ele utiliza para construir sua rede de relações, comenta:
Eu te digo com clareza que é mais, muito mais profissional que pessoal. A única coisa que eu faço deliberadamente para manter isso é evidentemente o retorno de todos os pacientes que me são encaminhados e uma carta e relatório para esse encaminhador. Então, como montei essa rede foi divulgando meu trabalho profissional. Apresentando curso, escrevendo artigo. Nunca procurei montar essa rede deliberadamente. Ela foi montada pelo trabalho colocado.
A rede de relacionamentos do dentista foi importante para a abertura do seu
empreendimento e para a consolidação da sua clínica. Por possuir uma vasta rede de
contatos, o entrevistado finaliza a entrevista comentando sobre as causas do seu sucesso
como profissional e de sua clínica:
Eu acho que sem a rede de relacionamentos eu não conseguiria ter montado um consultório no Bairro Padre Eustáquio, com todo o respeito que o bairro merece. Se é um serviço legal, que me faz bem estar aqui. Eu me sinto recompensado de estar em um espaço nobre, eu tenho que reconhecer isso. Não é de forma nenhuma uma questão de pedantismo, de querer curtir, é de sentir bem. Por causa dessa história que eu te falei, eu não vejo a questão de padrão de vida, de qualidade. É o preço que me faz estar feliz, satisfeito. Então eu acho que basicamente é isso. Ter um relacionamento, mas sem a capacitação profissional não ia adiantar nada também. Me matei de ralar, mas acho que até agora valeu.
88
6.1.6 Rede 06
Entrevistado 06- Dr. José Aluísio de Carvalho
A rede de contatos, segundo o próprio entrevistado, mostra que os atores que
participaram do empreendimento são poucos, principalmente pelo fato de não terem
muita importância na consolidação do empreendimento. Os atores mencionados são
apenas pessoas que trabalham com o entrevistado, além da família, que não teve muita
importância na abertura do empreendimento. Da mesma maneira, na rede de influência
do Dr. Carvalho podemos perceber que não há grande influência dos atores em relação
ao empreendimento. As tabelas 19 e 20 das redes de contato e influência foram
dispostas da seguinte maneira:
1- Redes de Contatos e Influência
TABELA 19 Rede de Contatos do Entrevistado 06
Fonte: dados do autor
REDE DE CONTATOS
JOSÉ
AL
UÍS
IO
P
ai
M
ãe
Car
los
H. C
arva
lho
Fát
ima
Val
éria
Déb
ora
JOSÉ ALUÍSIO 1 1 1 1 1 1
Pai 1 1 1 1 1 1
Mãe 1 1 1 1 1 1
Carlos Henrique de Carvalho 1 1 1 1 1 1
Fátima 1 1 1 1 1 1
Valéria 1 1 1 1 1 1
Débora 1 1 1 1 1 1
89
TABELA 20 Rede de Influência do Entrevistado 06
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência
Pai 1 1 4 1
Mãe 2 1 4 1
Carlos Henrique de Carvalho 1 1 4 1
Fátima 1 3 4 3
Valéria 1 3 4 3
Débora 1 3 4 3 Fonte: dados do autor
2- Análise do Sociograma 06
No sociograma, não há nenhum ator central. Todos se conectam entre si, apesar
de alguns desenhos serem maiores do que os outros. O sociograma pode ser visualizado
abaixo:
90
FIGURA 13 - Sociograma do Entrevistado 06 Fonte: dados do autor
91
3- Densidade De acordo com a fórmula pré-estabelecida para seu cálculo, a
densidade da rede do Dr. José Aluísio pode ser calculada da seguinte maneira: D
= n (n-1/2). Sendo n = 7 � 7 (7-1) = 42. Dividido por 2, já que a rede é
simétrica, existem 21 laços possíveis para uma rede de 7 indivíduos.
A densidade da rede = 0.33.
A densidade da rede é uma das mais altas encontradas neste estudo. Isso ocorre
principalmente porque a quantidade de pessoas envolvidas na rede de contatos do
entrevistado é pequena e pelo fato de todos possuírem o mesmo valor dentro da rede.
4- Índices de Centralidade
TABELA 21
Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 06 1
Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 Jose A. 6.000 100.000 0.143 2 Pai 6.000 100.000 0.143 3 Mãe 6.000 100.000 0.143 4 Carlos C. 6.000 100.000 0.143 5 Fátima 6.000 100.000 0.143 6 Valéria 6.000 100.000 0.143 7 Débora 6.000 100.000 0.143 Indicadores: Média de Centralidade = 100.00 Desvio-Padrão = 0.0 Centralidade da Rede = 0.00% Fonte: dados do autor
É uma rede atípica, já que todas as pessoas envolvidas na rede têm 100% de
centralidade, ou seja, todas as pessoas se conhecem. Todavia, podemos considerar,
nesse caso, que o entrevistado deu a mesma importância para todos na rede, pois todos
são rigorosamente iguais. É um caso onde a centralidade é de 0%, já que ninguém é
detentor do poder de influenciar um outro contato, mas todos se influenciam de alguma
forma. Esse é um típico caso em que a rede de contato não influi no sucesso de
empreendimento do negócio, já que ninguém para ele teve importância na abertura do
empreendimento, como foi relatado pela entrevista.
92
5- Análise da Rede 06
O próprio entrevistado explica o sucesso profissional e do empreendimento sem
a influência de outras pessoas:
Nenhuma pessoa me influenciou. Só a minha vontade de investir, de fazer alguma coisa de qualidade, uma Odontologia de qualidade que me fez investir. Muito pelo contrário. Às vezes as pessoas da família puxam um pouquinho, que acham que é uma loucura. Porque normalmente as pessoas não fazem esse tipo de investimento que eu faço. Mas eu faço por prazer, por ideal, por realização. Só isso. Mas a família não me influenciou nisso não. Ninguém nunca influenciou em nada.
O entrevistado, ao ser questionado sobre os critérios utilizados para construir sua
rede de relações, esclarece que ficou conhecido através de convênios e pela
comunicação “boca a boca”, não tendo sucesso com procedimentos de marketing. Ele
relata:
Inicialmente foi um contato através de alguns convênios que pude ficar conhecido. E a partir daí eu eliminei essa parte de convênios e os próprios pacientes me indicam até hoje para outros pacientes. Hoje sou um profissional que trata dos filhos e até dos netos de ex-pacientes meus. Investi muito em marketing, em folder, publicidade, mas o retorno é zero. Não é um não. É zero o retorno publicitário na Odontologia. O critério de relacionamento foi inicialmente convênio depois os próprios pacientes. E nada mais. Só no boca a boca. As pessoas avaliam pelo trabalho recebido, mas principalmente pela relação interpessoal, deixando até a profissional de lado. O peso da relação interpessoal é muito grande. Ele é infinitamente maior que o peso profissional.
A rede de contatos e o sucesso já reconhecido do empreendimento do
entrevistado não têm ligação direta nesse caso. Ao ser indagado sobre o motivo do seu
sucesso o dentista responde da seguinte maneira:
Meu sucesso profissional é em função do resultado do meu trabalho e só. Só isso. Não tenho rede de contatos. Pelo tempo que estou sou até muito conhecido no meio. Só pelo tempo, não porque me relacionei com as pessoas, porque não me relaciono com ninguém. Moro num condomínio longe da cidade, pego meu carro aqui na garagem e saio lá no meu condomínio. Não tenho nenhum tipo de contato. É o bloco do eu sozinho. Não que eu seja egoísta, sabe? Eu moro longe, não tenho tempo de contato.
93
6.1.7 Síntese dos Resultados dos Empreendimentos de Sucesso
Os seis profissionais entrevistados considerados de “sucesso” possuem algumas
particularidades em relação às suas redes sociais e ao seu empreendimento. Podemos
destacar:
� Todos os seis entrevistados possuem mais de dez anos de formado. Essa
informação pode ser útil na medida em que o mercado odontológico era mais
acessível a novos entrantes e o mercado menos saturado. Principalmente nas
décadas de 1980 e 1990, a profissão odontológica era mais valorizada e a
concorrência menos acirrada.
� Todos os entrevistados considerados de “sucesso” são homens, na faixa etária de
quarenta e cinqüenta anos. Apenas um desses entrevistados possui trinta e seis
anos.
� Os consultórios e as clínicas de todos os seis entrevistados estão localizados em
áreas nobres da cidade de Belo Horizonte.
� Em relação aos sociogramas, podemos destacar que cinco, dos seis
entrevistados, possuem uma grande quantidade de atores em suas redes,
conectados das mais variáveis formas. Apenas a rede 06 é que possui poucos
atores, por ser uma rede atípica. Há uma grande quantidade de contatos que são
estabelecidos no trabalho, na família e poucos contatos relacionados ao
entretenimento.
� Já em relação à densidade, podemos destacar que todos os entrevistados
possuem redes com baixa densidade, o que demonstra que a maioria dos atores
presentes nas redes possui autonomia e liberdade individual de trocar
informações sem a necessidade de depender do Ego.
� Em relação à origem dos contatos de cada entrevistado, podemos destacar que
praticamente a maioria dos atores provém de contatos próximos. Este fenômeno
pode ser exemplificado pelos níveis de relações sociais de Fillion (1991). O
autor explica que as relações primárias são as que envolvem pessoas próximas
do empreendedor, usualmente os membros da família, com as quais ele mantém
94
vínculos variados. Em praticamente todas as seis entrevistas, apenas o
entrevistado da rede 06 não apontou influência direta do sucesso de seu
empreendimento com pessoas de suas relações primárias.
� Fillion (1991) também aponta as relações secundárias como relações próximas
ao empreendedor, todavia, em menor grau de proximidade do que as relações
primárias. Dentre os exemplos de relações secundárias, podemos destacar os
contatos provenientes do trabalho ou da faculdade de cada empreendedor.
Dentre os entrevistados do estudo, os dentistas das redes 01, 02, 03, 04 e 05
declaram em suas entrevistas terem sofrido influência direta na abertura do
empreendimento de contatos desse nível de relação social.
� O dentista da rede 02, por possuir uma empresa especializada em produtos
odontológicos, foi considerado neste estudo como sendo empreendedor tanto do
seu consultório particular como de sua empresa. O processo de criação da
empresa, na qual teve influência de outros dentistas que apostaram em sua ideia
inicial, exemplifica a definição de Marteleto (2001) sobre as redes sociais. Para
o autor, as redes sociais ou network são representações de um conjunto de
participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e
interesses compartilhados. Também vai de encontro ao pensamento de Birley
(1986), já que de acordo com o autor, os indivíduos mobilizam sua rede de
relações pessoais para obter recursos (físicos, informação, suporte emocional,
capital, contatos de negócio, entre outros) e transformar visões e planos de
negócio em realidade. Este último pensamento também pode ser associado às
trajetórias no empreendimento dos outros cinco profissionais entrevistados, mais
especificamente dos dentistas das redes 01, 03, 04 e 05.
� Para Starr e Fondas (1992) a própria decisão de iniciar um negócio parece ser
um resultado de um processo de socialização do indivíduo que antecede a
criação do próprio negócio. O dentista da rede 06, ao relatar que não teve
influência de nenhuma pessoa na abertura e consolidação do seu
empreendimento, não vai de encontro ao que foi declarado pelos autores, já que,
segundo o dentista, seu empreendimento foi constituído apenas com seu
trabalho, sem a influência de sua rede social. O próprio entrevistado comenta na
entrevista que não se considera uma pessoa bem relacionada socialmente.
95
� Em relação às médias de centralidade e às centralidades das redes, podemos
hierarquizá-las da seguinte maneira na ordem decrescente:
� Centralidades das redes:
Rede 04 (56.62%) > Rede 05 (52.38%) > Rede 01 (33.33%) > Rede 02
(25.71%) > Rede 03 (22.22%) > Rede 06 (0.0%)
Estes resultados demonstram que as redes que possuem maiores quantidades de
atores possuem uma média maior de centralidade, já que desta forma, praticamente a
metade das pessoas que configuram estas redes conhecem outros integrantes sem
necessariamente depender da intermediação do entrevistado principal. Este é um dado
interessante, pois sugere que quanto mais atores presentes na rede, mais as informações
circulam livremente dentro dela sem o conhecimento do Ego. Isto dá mais autonomia a
seus integrantes e pode favorecer o ator principal da rede social a ampliar suas
possibilidades de captação de recursos e informações, apesar de possuir menos poder
em relação aos atores, já que as informações circulam com mais facilidade. A rede 06
possui 0.0 % de centralidade de rede porque todos os indivíduos conhecem todos dentro
da rede, não dependendo do Ego para fazer contatos e trocar informações. Também é a
rede com menos integrantes.
� Médias de Centralidade
Rede 06 (100.00) > Rede 03 (82.22) > Rede 02 (77.55) > Rede 01 (70.50) >
Rede 05 (52.38) > Rede 04 (47.57)
As médias de centralidade referem-se à média individual dos integrantes da rede.
Também podemos associar estes valores com a quantidade de integrantes na rede, já
que, neste estudo, quem possui maior média de centralidade possui menos atores em sua
rede. Também podemos destacar que quanto maior a taxa de centralidade da rede,
menor é a média de centralidade. Este fenômeno pode ser constatado nesta pesquisa, já
que quanto mais as pessoas se conhecem dentro da rede, mais pessoas elas tendem a
fazer contatos sem depender do Ego. No caso da rede 06, todas as pessoas se conhecem.
Logo, a média de centralidade individual é a mais alta. A centralidade da rede é 0.0%, já
que nenhum integrante depende diretamente do Ego para fazer seus contatos dentro da
rede. O contrário é constatado na rede 04, pois possui a maior taxa de centralidade,
96
fazendo com que as pessoas dependam mais do Ego para estabelecer suas relações.
Todavia, esta rede possui a menor média individual de centralidade, pois há mais atores
envolvidos na rede, fazendo com que cada indivíduo conheça menos pessoas
diretamente.
97
6.2 Empreendimentos de “Insucesso”
São casos considerados de insucesso em relação ao empreendimento
odontológico. O construto “sucesso”, já abordado anteriormente, apenas é relacionado
ao consultório/clínica do entrevistado, não tendo relação com a performance
profissional. Todos os profissionais que serão mencionados a seguir são considerados
bons profissionais e possuem reconhecimento e notoriedade. O estudo apenas levou em
conta a abertura e consolidação do empreendimento, que nos casos a seguir, não tiveram
futuro promissor e cessaram seu funcionamento.
6.2.1 Rede 07
Entrevistado 07- Dra. Ana Letícia
É o primeiro caso considerado de insucesso no empreendimento. A entrevistada
não possui uma rede de contatos muito ampla, já que citou apenas poucos nomes na
entrevista (apenas 8 atores). Alguns contatos, para ela, foram mais importantes que os
outros, principalmente em relação à abertura da clínica. As redes de contato e influência
estão dispostas a seguir nas tabelas 22 e 23:
1- Redes de Contato e Influência
TABELA 22 Rede de Contatos do Entrevistado 07
REDE DE CONTATOS
AN
A L
ET
ÍCIA
José
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o
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Nol
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Hen
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e
ANA LETÍCIA 1 1 1 1 1 1 1
José Daniel Machado- pai 1 1 1 1 1
Maria Letícia Couto Machado- mãe 1 1 1
Fernando de Souza 1 1 1 1
Antônio Xavier Nolasco 1 1 1 1
Luciana Nogueira 1 1 1 1 1
Rita 1 1 1 1 1
Henrique Bassi 1 Fonte: dados do autor
98
TABELA 23 Rede de Influência do Entrevistado 07
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação
Local de Convivência
José Daniel Machado- pai 3 1 4 1 Maria Letícia Couto Machado – mãe 3 1 4 1
Fernando de Souza 3 3 4 3
Antônio Xavier Nolasco 1 3 3 3
Luciana Nogueira 1 2 4 3
Rita 1 3 4 3
Henrique Bassi 1 3 1 2 Fonte: dados do autor
2- Análise do Sociograma da Rede 07
A rede da entrevistada, por possuir uma menor quantidade de atores, possui
também um desenho mais simples no sociograma, onde apenas poucas pessoas
conectam entre si. No desenho, verificamos o contato Fernando de Souza com um
círculo amarelo,já que é um contato proveniente do trabalho e que acabou virando
amigo da entrevistada. Possui um valor importante na rede, pois ele era sócio da Dra.
Ana Letícia. Como aspectos relevantes do mapeamento dessa rede, percebemos os
familiares (pai e mãe) com seus símbolos em tamanhos maiores do que os outros, pois
tem mais influência na rede. São quadrados azuis-escuros, já que o local de convivência
é em casa e são pessoas da família. O sociograma encontra-se disposto na figura 14 a
seguir:
99
FIGURA 14 – Sociograma do Entrevistado 07 Fonte: dados do autor
100
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 8 � 8 (8-1) = 56. Dividido por 2, já que a
rede é simétrica, existem 28 laços possíveis para uma rede de 8 indivíduos.
A densidade da rede = 0.28.
4- Índices de Centralidade
TABELA 24 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 07
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 ANA LETICIA 7.000 100.000 0.206 2 Pai 5.000 71.429 0.147 7 Rita 5.000 71.429 0.147 6 Luciana N. 5.000 71.429 0.147 5 Antônio X. 4.000 57.143 0.118 4 Fernando de S. 4.000 57.143 0.118 3 Mãe 3.000 42.857 0.088 8 Henrique B. 1.000 14.286 0.029 Indicadores: Média = 60.714 Desvio-Padrão = 23.419 Centralização da Rede = 52.38% Fonte: dados do autor
Em relação à centralidade dessa rede, podemos destacar os altos valores de
centralidade do pai (71.429) e a baixa centralidade da mãe quando comparada ao pai
(42.857). Isso pode demonstrar que a entrevistada inclui mais o seu pai que sua mãe em
sua rede social. Outro contato importante na rede da Dra. Ana Letícia é o Dr. Fernando
de Souza, seu ex-sócio, que possui uma taxa de 57.143 de centralidade normalizada pelo
software, o que significa que ele conhece 57% dos atores presentes em na rede.
Podemos perceber uma média individual alta de centralidade na rede, num valor de
60.714. Isso pode ser explicado pelo tamanho da rede, que é considerada uma rede
pequena e com mais chance das pessoas se conhecerem diretamente do que em uma
rede maior. A centralidade da rede como um todo é de 52.38%, o que significa que
aproximadamente metade das pessoas não depende da entrevistada para estabelecer
contatos, conexões e trocas de informações nessa rede.
101
5- Análise da Rede 07
A entrevistada, considerada uma boa dentista em seu meio profissional, não teve
sucesso no seu empreendimento odontológico devido a alguns fatores. Todavia, ela
relatou na entrevista que, mesmo com uma rede social pequena, não foi esse o principal
motivo de insucesso da clínica. Motivos particulares foram os principais fatores.
Ao ser indagada sobre a influência da família no momento de abertura do
consultório, a entrevistada respondeu que os pais foram os principais incentivadores e
influenciadores de sua tomada de decisão no exercício de empreender, como pode ser
evidenciado em suas declarações ao responder a pergunta:
De empreender, de montar consultório, né? Foi meu pai e minha mãe. Minha família, aliás, desde sempre eles queriam que eu fizesse especialização. Eles pagaram tudo, né. A especialização, pra montar consultório eles pagaram, então eu tive esse apoio, né. Inclusive a especialização eu enrolei pra fazer. Eles queriam que eu acabasse a faculdade e fosse direto pra especialização. Meu pai e minha mãe sempre bancaram, né. Meu pai. Sempre bancou tudo. O nome deles é José Daniel Machado e Maria Letícia Couto Machado.
A entrevistada relatou que seu ex-sócio Fernando de Souza, por ser um
profissional já inserido no mercado, a influenciou bastante na abertura do
empreendimento. Todavia, não obtiveram o sucesso esperado no empreendimento. A
entrevistada apontou alguns problemas no convívio profissional. Sobre esse contato ela
mencionou:
O meu ex-sócio. Porque ele era uma pessoa que era bem sucedida. Hoje ele não tá. Ele decaiu assim.. Vem decaindo... Ele era muito bom... Ele é muito bom dentista. E ela tava aprendendo ortodontia e trabalhava lá fazendo estágio. Aí ele precisava de um clínico. Aí eu fui trabalhar lá com ele. Acabou que eu fiquei fazendo só canal. Aí ele que me chamou pra montar o consultório. Achei o máximo, porque ele era um cara mais experiente, achei que eu fosse me dar bem. É... Achei ótimo, né... Todo mundo queria montar consultório com ele... Todo mundo que trabalhou lá queria montar consultório com ele. É um cara que se deu bem na Odontologia. Só que quando a gente montou, ele eu acho, por ele ser mais experiente, ele deixou nas minhas mãos. Ele achou que eu tinha que fazer tudo. Eu tinha que administrar tudo. Tudo era eu que tinha que fazer.
Ao ser questionada sobre quais são os critérios que a entrevistada utiliza para
construir sua rede de relações, ela respondeu:
De relações profissionais e pessoais? Ah.. Igual ele, eu quis montar o consultório com ele porque ele era um cara de experiência, era um cara...
102
Pois é... Eu errei. Eu acho que errei porque era um cara que eu não tinha muita afinidade. Acho que tem que ter isso. Talvez se eu montasse com uma amiga minha seria melhor, não sei. Mas a gente tinha um distanciamento. Quando eu resolvi montar o consultório com ele não conhecia ele como pessoa. Sabe? É uma pessoa boa e tudo, mas tem esse defeito, deixou tudo por minha conta. Os critérios, no caso dele, foi por isso. Eu achava que era uma pessoa experiente e teve sucesso com Odontologia.
Finalizando a entrevista, a Dra. Ana Letícia não aponta a exploração inadequada
de contatos e recursos em sua rede de contatos como a principal causa de insucesso no
empreendimento. Ela menciona a falta de sintonia com o sócio que prejudicou a
consolidação da sua clínica. Sobre os motivos do seu insucesso no empreendimento
odontológico, a entrevistada explicou:
Não. Acho que era pessoal. Não tinha muitos pacientes por falta de sintonia com o sócio. E como eu fiquei desestimulada completamente porque quando eu resolvi... Não porque ele era uma pessoa ruim. Nada a ver... È meu sócio. Eu não tinha mais estímulo nenhum de ir lá no consultório. Então quando você não tem estímulo como o negócio vai pra frente? Mas acontece que o consultório tava indo pra frente. Muito devagar. Mas ele tá melhorando. Eu até atendo lá. Não foi por causa do network que não deu certo. Foi por motivos pessoais.
103
6.2.2 Rede 08
Entrevistado 08- Dr. Leandro Junqueira de Oliveira
A rede de contatos e de influência do Dr. Leandro pode ser considerada uma
rede com vários atores e que possue diversas influências, tanto familiares quanto
profissional. É uma rede que, segundo o entrevistado, a má exploração e captação de
recursos não foi o fator determinante para o insucesso de seu empreendimento. Segundo
o entrevistado, o seu network o ajudou em relação à consolidação do consultório.
Todavia, outros fatores influenciaram no fechamento do mesmo. As redes encontram-se
dispostas abaixo nas tabelas 25 e 26:
1- Redes de Contato e Influência
TABELA 25 Rede de Contatos do Entrevistado 08
REDES DE CONTATO
LE
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DR
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Mar
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LEANDRO 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Nirlei Lopes – pai 1 1 1 1 1 1 1 1
Neuza Helena – mãe 1 1 1 1 1 1 1 1
Cristiano- irmão 1 1 1 1 1 1 1 1
Adriana- prima 1 1 1 1
Wagner 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Marcos Rabelo 1 1 1 1 1
Bruno 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Cacá (Ricardo) 1 1 1
Alcione 1 1 1
Jorge Passos 1 1 1 1 1 1 1
Esposa Marcos 1 1 1 1 1
Rubens 1 1 1 1
Rodrigo de Castro Albuquerque 1 1 1 1 1 1 1 Fonte: dados do autor
104
TABELA 26 Rede de Influência do Entrevistado 08
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação Local de Convivência
Nirlei Lopes - pai 2 1 4 1
Neuza Helena – mãe 2 1 4 1
Cristiano- irmão 1 1 4 1
Adriana- prima 1 1 1 4
Wagner 3 3 4 3
Marcos Rabelo 3 3 3 3
Bruno 2 2 4 4
Cacá (Ricardo) 2 4 2 4
Alcione 1 4 2 4
Jorge Passos 1 4 1 2
Esposa Marcos 1 4 3 3
Rubens 1 4 3 3
Rodrigo de Castro 1 2 3 2 Fonte: dados do autor
2- Análise do Sociograma da Rede 08
O sociograma do entrevistado demonstra como a rede de contatos do indivíduo,
apesar de ser considerável e ter influenciado em sua abertura, não influi no sucesso do
empreendimento. No desenho, percebemos o entrevistado (ego) numa posição central,
acompanhado do professor Wágner, que no desenho é um círculo amarelo, grande, com
o nome com tamanho considerável, e também está posicionado centralmente. Também
podemos destacar o irmão Cristiano, que apesar de ser dentista, como foi relatado pelo
entrevistado, não teve tanta importância para ele na abertura do empreendimento. No
desenho, o irmão está de azul-escuro, em formato de quadrado (família), na periferia e
com o nome pequeno. O entrevistado faz bastante uso da amizade em suas relações,
pela predominância da cor amarela, o que pode apontar um grande aliado na
manutenção e na captação de recursos e informações dentro da rede. O sociograma
encontra-se na figura 15 a seguir:
105
FIGURA 15 – Sociograma do Entrevistado 08 Fonte: dados do autor
106
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 14 � 14 (14-1) = 182. Dividido por 2, já que
a rede é simétrica, existem 91 laços possíveis para uma rede de 14 indivíduos.
A densidade da rede = 0.15.
É uma densidade considerada baixa, já que apenas 15% dos contatos possuem laços
efetivos. Isso demonstra pouca coesão/conectividade interna.
4- Índices de Centralidade
TABELA 27 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 08
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 LEANDRO 13.000 100.000 0.130 8 Bruno 12.000 92.308 0.120 6 Wágner 10.000 76.923 0.100 4 Cristiano- irmão 8.000 61.538 0.080 2 Nirlei Lopes - pai 8.000 61.538 0.080 3 Neuza Helena – mãe 8.000 61.538 0.080 14 Rodrigo de Castro 7.000 53.846 0.070 11 Jorge Passos 7.000 53.846 0.070 13 Rubens 6.000 46.154 0.060 12 Esposa Marcos 5.000 38.462 0.050 7 Marcos Rabelo 5.000 38.462 0.050 5 Adriana- prima 4.000 30.769 0.040 10 Alcione 4.000 30.769 0.040 9 Cacá (Ricardo) 3.000 23.077 0.030 Indicadores: Média de Centralidade = 54.945 Desvio-Padrão = 22.115 Centralidade da Rede = 52.56% Fonte: dados do autor
O dentista Leandro Junqueira de Oliveira possui 100% de centralidade, pois
conhece todos os participantes de sua rede. O professor Wágner possui 76%, apesar de
ter sido citado na entrevista como o maior influenciador do dentista para a abertura do
empreendimento. Já o amigo Bruno, possui 92% de índice de centralidade e, apesar ser
uma pessoa central em sua rede de contatos, não teve tanta influência na abertura do
consultório. Já o irmão possui uma centralidade de 61%, considerado alto, mas também
não teve muita influência na abertura do negócio. Já a média de centralidade do dentista
Leandro Junqueira de Oliveira é de 52,56%, o que demonstra que quase metade das
pessoas não se conhece entre si e depende de outra pessoa mais central na rede.
107
5- Análise da Rede 08
O entrevistado, apesar de ser bem-sucedido profissionalmente e ter uma vasta
rede de contatos, não obteve sucesso em seu empreendimento. Em relação aos contatos
mais próximos e da influência familiar, o dentista relata:
Eu sempre tive uma vontade meio que pessoal de abrir alguma coisa, de empreender. Meu pai, independente de ser um consultório, que é a minha profissão, meu pai, ele é administrador, sempre trabalhou em empresa, sempre tive vontade de ter meu negócio, ser profissional liberal. Meu pai, Nirlei Lopes. Nunca gostei também. Minha mãe, já no caso, trabalhou na parte de decoração, de imobiliária, e nunca gostei muito da parte de ser empregado. Minha mãe chama Neuza Helena. Sempre achei que eu queria decidir o que queria fazer. Apesar de hoje, no mercado é melhor ser empregado que dono do próprio negócio, né. Depende assim, pelo menos a curto prazo. Mas nesse tipo de negócio tive a influência de pessoas que eu vi que deram certo na carreira. No caso diretamente desse consultório quem me influenciou foi o Wagner, professor. Mais afetivo é família. No caso, pra abrir o específico negócio, não teve a influência direta assim de abrir esse consultório. Mas em termos de abrir um negócio, foi meu pai, minha mãe. Meu irmão, Cristiano, chegou a ter, até teve um consultório e fechou também no início de carreira. Então ele até me serviu como exemplo pra ver o que ele levou pra não cometer os mesmos erros.
A rede de relações sociais, para esse dentista, é importante em qualquer área. Ele
possui uma boa rede de relações e comenta como isso é utilizado como critério para ele
construir seu network:
Sempre procurei conhecer pessoas. Acho interessante conhecer pessoas diferentes, porque na vida entre famílias, você tem uma relação muito boa. De amizades, tanto dentro do meu ambiente de trabalho, por ser sempre muito solícito com as pessoas, e sempre muito amigo mesmo. Tentar viver uma relação de amizade, é claro que dentro do limite profissional, tentar viver uma relação de amizade, entre muitas pessoas que vivem disso, desse ambiente de trabalho meu que viraram amigos pessoais. E o contrário também, como o Bruno que montou o consultório, que era amigo pessoal, e virou amigo profissional. Então não tenho uma separação não. Acho que todos esses tipos dentro da família, trabalho, negócios, amizade, não pode virar, o outro, dependendo da oportunidade, do momento.
O caso do dentista entrevistado é um caso típico de uma pessoa que possui uma
vasta rede de contatos e que seu empreendimento não teve o sucesso esperado, não
devido à falta de aquisição de conhecimento, informação e recursos dessa rede social,
mas sim de outros fatores. Sobre as causas do insucesso do seu empreendimento,
relatou:
Muitas vezes que você tem um negócio que não deu certo, passa muito tempo e você começa a ver os erros que aconteceram nele. Não vejo erro
108
nenhum. Acho que não foi uma coisa mal planejada em relação a relações, tanto que os pacientes que foram teoricamente prometidos não foram tantos e mesmo assim a gente teve vários pacientes da minha rede de relacionamentos que seguraram o consultório. Que foram meus amigos, minha família, pessoas em comum a mim e o Bruno que sustentaram o prejuízo pra não ter prejuízo. Na verdade o consultório não teve prejuízo, mas não dava lucro também. Então a gente achou melhor seguir outro caminho pra melhorar. Então em relação a relações não teve nada. Ou foi mal interpretado por nós, que eu particularmente não acredito, mas foi mais, não agiu da forma que eu esperava. O Marcos. Ele prometeu uma coisa de uma forma e me soou assim como propaganda política. Promessas falsas. Nada a ver com meu network, pelo contrário. Meu network é o que segurou durante o tempo em que o consultório parou.
109
6.2.3 Rede 09
Entrevistado 09- Dr. Gabriel Durso Caiaffa
A rede do último entrevistado também relata um caso de insucesso no
empreendimento, no qual, o mesmo não deu certo, apesar da sua rede de contatos
possuir vários atores. É uma rede que possui algumas peculiaridades, nas quais
podemos destacar a presença de contatos provindos do trabalho, que no caso é o
hospital onde o entrevistado trabalha. É uma rede que possui uma certa influência do
ego principal em relação aos outros, todavia, não foi possível usufruir dos recursos
dessa rede para consolidar seu empreendimento. As redes de influência e contato estão
dispostas abaixo nas tabelas 28 e 29:
1- Redes de Contato e Influência
110
111
TABELA 29 Rede de Influência do Entrevistado 09
Contatos Influência Tipo de Relação Força da Relação
Local de Convivência
José Raimundo- pai 2 1 4 1 Neuza-mãe 2 1 4 1 Mariana- irmã 1 1 4 1 Isabela- irmã 1 1 4 1 Ana Luiza- namorada 3 1 4 1 Helmon- sogro 1 2 3 4 Nanci- sogra 1 2 3 4 Pablo- cunhado 1 2 2 4 Daniela Caputo 1 2 1 3 Eduardo 1 2 1 3 Dr. Luiz Augusto 3 3 3 3 Tarcísio 3 3 3 3 Fernando Magalhães 3 3 3 3 Fernando Sartori 3 3 3 3 Júlio 2 3 3 3 Camila 2 3 3 3 Eugita 2 3 3 3 Marcos Alberto 2 3 3 3 Sálvio 2 3 3 3 Marlene 2 3 3 3 Eunice 2 3 3 3 Tarcila 2 3 3 3 Eucinéia 2 3 3 3 Marcelo Roncale 2 3 3 3 Laércio 2 3 3 3 Aloísio 3 2 2 4 Renato 3 3 3 3
Fonte: dados do autor
112
2- Análise do Sociograma da Rede 09:
O sociograma do entrevistado possui algumas particularidades interessantes.
Podemos perceber a grande quantidade de contatos provenientes do trabalho do
entrevistado, que encontram-se do lado esquerdo do entrevistado. Alguns possuem o
nome maior que os outros, por possuírem assim maior influência e estarem mais central
na rede do Dr. Gabriel. Alguns exemplos desses contatos são os contatos Dr. Luiz
Augusto e o Dr. Fernando Sartori. Já o contato mais expressivo da rede do Dr. Gabriel
pode ser considerado a sua namorada, Ana Luiza, já que a mesma encontra-se próxima
ao entrevistado, está em um formato de um quadrado grande, de cor azul, e de nome
com letra maior do que as outras. Isto significa que o local de convivência é na casa do
Dr. Gabriel, está de azul-escuro por ser considerado da família e a cor azul do nome
também demonstra que ele a encontra frequentemente. Verificaram-se, nesse
sociograma, contatos provenientes do trabalho e da família. O sociograma pode ser
visualizado na figura 16 a seguir:
113
FIGURA 16 – Sociograma do Entrevistado 09
Fonte: dados do autor
114
3- Densidade = n (n-1). Sendo n = 28 � 28 (28-1) = 182. Dividido por 2, já que
a rede é simétrica, existem 378 laços possíveis para uma rede de 28 indivíduos.
A densidade da rede = 0.074.
É uma densidade considerada muito baixa, já que apenas 7.4% dos contatos possuem
laços efetivos. Isso demonstra pouca coesão/conectividade interna, já que muitas
pessoas se conhecem entre si e não dependem do entrevistado principal (Ego) para
estabelecer contatos dentro da rede.
4- Índices de Centralidade
TABELA 30 Medidas Múltiplas de Centralidade do Entrevistado 09
1 Centralidade
2 Centralidade Normalizada
3 Compartilhado
1 GABRIEL 27.000 100.000 0.070 6 Ana Luiza 22.000 81.481 0.057 12 Dr. Luiz Augusto 17.000 62.963 0.044 25 Marcelo Roncale 17.000 62.963 0.044 26 Laércio 17.000 62.963 0.044 16 Júlio 16.000 59.259 0.042 21 Marlene 16.000 59.259 0.042 22 Eunice 16.000 59.259 0.042 17 Camila 16.000 59.259 0.042 24 Eucinéia 16.000 59.259 0.042 18 Eugita 16.000 59.259 0.042 23 Tarcila 16.000 59.259 0.042 13 Tarcísio 16.000 59.259 0.042 14 Fernando Magalhães 16.000 59.259 0.042 15 Fernando Sartori 16.000 59.259 0.042 19 Marcos Alberto 16.000 59.259 0.042 20 Sálvio 16.000 59.259 0.042 27 Aloísio 11.000 40.741 0.029 8 Nanci- sogra 10.000 37.037 0.026 3 Neuza-mãe 10.000 37.037 0.026 7 Helmon- sogro 10.000 37.037 0.026 2 José Raimundo- pai 9.000 33.333 0.023 9 Pablo- cunhado 9.000 33.333 0.023 4 Mariana- irmã 8.000 29.630 0.021 5 Isabela- irmã 8.000 29.630 0.021 10 Daniela Caputo 8.000 29.630 0.021 11 Eduardo 6.000 22.222 0.016 28 Renato 3.000 11.111 0.008
Indicadores:
Média de Centralidade = 50.794
Desvio-Padrão = 18.594
Centralidade da Rede = 52.99%
Fonte: dados do autor
115
Em relação à centralidade, podemos perceber que além do ego da rede, apenas a
namorada Ana Luiza possui uma quantidade alta de centralidade, já que conhece 81%
dos contatos existentes na rede do dentista Gabriel. Podemos destacar que os contatos
do trabalho (hospital) também possuem uma taxa de centralidade individual considerada
alta, com taxas acima dos 50% de centralidade. Isso pode ser comprovado, já que todos
esses contatos trabalham no mesmo hospital e têm uma importância considerável na
rede do entrevistado, apesar de não ter uma influência grande na abertura do seu
empreendimento. A média individual de centralidade (50.794) aproxima-se da média da
rede total (52,99%), o que aponta que mais da metade dos contatos da rede se conhecem
entre si tem mais autonomia, não dependendo do contato principal para fazer novos
contatos dentro da rede. Já o restante depende do Ego da rede para estabelecer essas
ligações. Vale ressaltar que o desvio-padrão pode ser considerado um pouco alto
(18.594) devida a grande quantidade de contatos presentes na rede.
5-Análise da Rede 09
A rede do Dr. Gabriel Durso é uma rede em que a troca de informações é
constante, principalmente pela quantidade de contatos que se conhecem dentro do
ambiente de trabalho do profissional, que no caso é o hospital onde ele atua. Para o
entrevistado, a quantidade de pessoas presentes nesse tipo de ambiente foi importante
para a troca de informações em relação à abertura do empreendimento, todavia, não
foram as mais importantes para constituir seu consultório. Em parceria com a namorada,
as famílias do casal tiveram realmente influência na abertura do negócio. Em relação às
famílias, o entrevistado comenta:
Bem, a família, vendo que eu tinha acabado de formar me apoiou bastante. Meu pai, minha mãe, minhas irmãs. José Raimundo, Neuza, Mariana e Isabela. Principalmente na casa da Aninha também. Helmon, Nanci, Pablo, irmão dela. Eles chegaram à conclusão de que uma hora ou outra a gente tinha que começar de um lugar, né?
Ao ser questionado sobre quais são os critérios que o entrevistado possui para
construir sua rede de relações, ele respondeu:
Depende do lugar, né? Afinidade principalmente, né. Se você tem afinidade com uma pessoa você acaba construindo uma relação. No ambiente de trabalho teoricamente é obrigado a interagir com as pessoas no seu ambiente de trabalho. Algumas pessoas com mais, outras pessoas
116
com menos, mas não deixa de ter relação. Pessoas com o mesmo interesse, visando o mesmo foco, acabam tendo um pouco mais de relação. No mais é isso mesmo.
Para o Dr. Gabriel, em relação à questão profissional, sua influência em sua rede
não foi proveitosa para a consolidação do empreendimento, já que em outros aspectos
de sua vida, ele possui uma boa influência. Ao ser indagado se ele se considera uma
pessoa bem relacionada, o entrevistado respondeu:
Em relação a trabalho acredito que falho em muita coisa. Eu digo assim, pra você construir uma clientela, eu ainda preciso de uma formação melhor do que a que eu tenho. Mas em outros setores sim.
O entrevistado aponta a distância como umas das causas de insucesso de seu
empreendimento:
Na época não influenciaram muita coisa não, porque a maior parte da clientela que a gente tinha no consultório era local. Era no Jaraguá. Era até falho mais ou menos porque meus contatos mais próximos ficam mais pra cá, mas era complicado. Lógico que uma ou outra pessoa ia, mas era muito difícil. Não na quantidade que a gente esperava.
Finalizando a entrevista, ao ser perguntado se a causa do insucesso do seu
empreendimento foi uma rede de relações mal-planejada ou mal-explorada o
entrevistado disse que sim, já que poderia ter obtido uma clientela maior. O Dr. Gabriel
ainda aponta como uma das causas dessas falas a falta de conhecimento e informação
em relação à rede e às questões administrativas na formação profissional, que o
impediram de conhecer ainda mais as premissas básicas da administração para
consolidar seu empreendimento. Ele relatou:
Acredito que melhor sim. Com certeza melhor seria. Se a gente tivesse uma formação mais adequada em nosso curso. Podia fazer a diferença no final, mas com certeza seria melhor. Uma pessoa indica a outra, que indica a outra. Vai aumentando a rede na verdade, né. Com certeza poderia ajudar.
117
6.2.4 Síntese dos Resultados dos Empreendimentos de Insucesso
Os três profissionais entrevistados considerados de “insucesso” também
possuem algumas particularidades em relação às suas redes sociais e ao seu
empreendimento, apesar de ser um grupo mais heterogêneo quando comparado aos
profissionais de sucesso. Podemos destacar:
� Todos os três entrevistados possuem menos de dez anos de formado.
Atualmente, o mercado odontológico está saturado e a quantidade de
consultórios e clínicas que fecham é grande. Essa situação mercadológica reflete
na situação dos entrevistados.
� Dentre os entrevistados considerados de “insucesso”, há dois homens e uma
mulher, todos com menos de trinta anos.
� Os consultórios e as clínicas de todos os três entrevistados estão localizados em
áreas distantes de suas residências, não sendo assim consideradas áreas de fácil
acesso para familiares e pacientes com o perfil desejado pelos dentistas.
� Os sociogramas dos três entrevistados diferem em alguns aspectos e possuem
algumas semelhanças. No sociograma da rede 07, há uma mescla de contatos
provenientes da família e do trabalho. Esse fenômeno também ocorre na rede 09,
na qual há uma grande quantidade de contatos provenientes do trabalho, que não
possuem ligação direta com outras pessoas da rede. A rede 09 é a rede com a
maior quantidade de atores de todos os três entrevistados. A rede 08 também
possui uma quantidade considerável de integrantes, e a origem dos contatos é
variada, tendo influência familiar, de professores (universidade) e contatos do
trabalho.
� Em relação à densidade, assim como os profissionais considerados de “sucesso”,
podemos destacar que todos os três entrevistados possuem redes com baixa
densidade, o que demonstra que a maioria dos atores presentes nas redes possui
autonomia e liberdade individual de trocar informações sem a necessidade de
depender do Ego. Vale ressaltar que a rede 09 possui a menor taxa de densidade
118
de todos os nove entrevistados, no valor de 0.074. É também a rede com a maior
quantidade de integrantes.
� Em relação aos níveis de relações sociais de Fillion (1991), todos os três
entrevistados dependeram diretamente de suas relações primárias, no caso a
família, para a abertura do empreendimento. Nos casos das redes 07 e 09, ambos
os entrevistados dependeram diretamente dos pais para iniciar o
empreendimento. Já nos caso das redes 08 e 09, as relações secundárias estão
presentes principalmente nos contatos provenientes da universidade e do
trabalho. Há também um caso na rede 08 na qual uma pessoa é originada de uma
relação secundária e transforma-se em relação primária.
� As causas dos insucessos dos empreendimentos dos três entrevistados diferem
entre si. Os entrevistados das redes 07 e 08 não apontam a ineficácia de
exploração de suas redes sociais para captar recursos e informações como as
causas de seus insucessos no empreendimento. Já o entrevistado da rede 09
aponta a exploração incorreta e indevida de recursos e contatos de sua rede
social para explicar o mal desempenho de seu empreendimento. Também aponta
a distância da clínica como um agravante.
� Os insucessos ocorridos dos três empreendimentos não descaracterizam os três
entrevistados como empreendedores. Segundo Leibenstein (1968), o
empreendedor é um agente capaz de transpor vazios e brechas de mercado, e,
consequentemente, em condições privilegiadas, usufrui as vantagens daí
advindas. Os dentistas de “insucesso” podem ser considerados empreendedores,
todavia, não estavam em condições privilegiadas e, devido a inúmeros fatores,
incluindo a exploração malsucedida de suas redes sociais, não conseguiram
obter as vantagens necessárias para a consolidação dos seus empreendimentos.
� Em relação às médias de centralidade e às centralidades das redes, podemos
hierarquizá-las da seguinte maneira na ordem decrescente:
� Centralidades das redes:
Rede 09 (52.99) > Rede 08 (52. 56) > Rede 07 (52.38)
119
As três redes se equivalem na taxa de centralidade geral. Praticamente em todas
as três redes, aproximadamente metade das pessoas se conecta dependendo do
integrante principal da rede. Assim, por possuir influência de praticamente metade dos
atores, podemos sugerir uma associação de que uma rede , quando é bem gerida e
explorada, pode em alguns casos ser determinante no sucesso do empreendimento,
independente de outros fatores externos, já que a liderança do Ego na rede é grande.
Neste caso, a quantidade de atores da rede na influiu diretamente na taxa de
centralidade, já que a rede 09 possui vários integrantes, a rede 07 possui poucos atores e
ambos possuem praticamente o mesmo valor da taxa de centralidade.
� Médias de Centralidade
Rede 07 (60.71) > Rede 08 (54.94) > Rede 09 (50.79)
A associação realizada na análise dos profissionais de “sucesso” também é
válida neste caso, já que quanto maior a taxa de centralidade da rede, menor é a média
de centralidade. Quanto mais as pessoas se conhecem dentro da rede, mais pessoas elas
tendem a fazer contatos sem depender do Ego. Todavia, neste caso, há uma
padronização de valores em relação às médias de centralidade individuais e às taxas de
centralidade, já que todos os três entrevistados possuem redes com valores semelhantes,
independente da quantidade de atores presentes em cada rede.
120
7 CONCLUSÕES
O presente estudo teve o objetivo principal de analisar a influência das redes de
relações sociais no exercício de empreender nos serviços de Odontologia. Após todo o
processo metodológico e da análise dos dados, foram extraídas algumas conclusões em
relação à pesquisa e à metodologia utilizada, que pode ser útil em várias vertentes do
cotidiano.
Após todo o processo de mensuração dos dados através das análises das matrizes
no Excel e dos dados fornecidos pelo software UCINET 6.1, pode-se concluir que as
redes sociais de cada cirurgião-dentista utilizado no estudo têm as suas características
particulares, obtendo dados que podem ser comparados ou não.
No que diz respeito às informações coletadas em relação ao perfil dos
entrevistados, os seis entrevistados com empreendimentos de “sucesso” possuem mais
de dez anos de formado, enquanto que os outros três profissionais com
empreendimentos de “insucesso” possuem menos de dez anos de formado. Essa
informação pode ser útil na medida em que o mercado odontológico era mais acessível a
novos entrantes e o mercado menos saturado nas décadas de 1980 e 1990, sendo a
profissão odontológica mais valorizada e a concorrência menos acirrada. Atualmente o
profissional que possui menos de dez anos de formado depara-se com o mercado com
mais concorrência e mais competitivo que em décadas anteriores, o que contribui para
um maior número de fechamentos de clínicas e consultórios.
Fatores também relacionados aos perfis dos entrevistados e ao empreendimento
também podem ser analisados. Em relação aos profissionais com empreendimentos de
“sucesso”, todos possuem mais de trinta e cinco anos, são do sexo masculino e possuem
consultórios e/ou clínicas odontológicas localizados em áreas consideradas “nobres” na
região de Belo Horizonte. Já os três profissionais que tiveram seus empreendimentos
considerados de “insucesso” possuem menos de trinta anos, dois são do sexo masculino
e uma é do sexo feminino e seus consultórios estavam localizados afastados da região
centro-sul de Belo Horizonte. Este fato pode ser explicado pela dificuldade que o
mercado impõe para o empreendedor abrir um negócio na região mais valorizada da
cidade. Este entrave faz com que os novos profissionais optem por abrir seus
consultórios em bairros mais afastados, o que dificulta ainda mais o acesso a essa região
121
para pacientes e uma dificuldade maior de extrair recursos de sua rede de relações
sociais para consolidar seu empreendimento.
Em relação aos profissionais com empreendimentos de “sucesso”, pode-se
verificar que apenas o entrevistado da rede 06 não aponta a sua rede de contatos como
uma das causas do seu sucesso no empreendimento. Todos os outros entrevistados
apontaram seus networks como fatores que possibilitaram o crescimento e a
consolidação de seus negócios. Já em relação aos profissionais com empreendimentos
de “insucesso”, apenas o entrevistado da rede 09 aponta falha na exploração adequada
de sua rede social para captar recursos. Os entrevistados da rede 07 e 08 apontam outras
causas para os insucessos de seus empreendimentos.
De acordo com os sociogramas detalhados de cada entrevistado, percebemos
desenhos diferentes, com características que podem ser peculiares ou podem se
assemelhar com outras redes. Os sociogramas de redes que possuem vários atores,
normalmente possuem vários laços que não passam pelo entrevistado principal, o que
implica em uma densidade baixa e um índice de centralidade baixo de toda a rede. Esse
fenômeno pode ser observado nas redes 04,05 e 06, além de redes de profissionais
considerados de “insucesso”, como as redes 08 e 09.
Os sociogramas também nos fornecem a origem dos contatos. A maioria das
pessoas que influenciaram o empreendimento são contatos considerados de relações
primárias, relatadas por Fillion (1991). São contatos próximos, principalmente da
família, que dispuseram recursos para a implementação do empreendimento. As redes
03, 04, 07, 08 e 09 são exemplos da influência direta de familiares. Contatos de relações
secundárias (FILLION, 1991) também podem ser influentes na abertura de
empreendimentos. No caso das redes 01, 02 e 05, contatos provenientes do trabalho e da
escola/universidade também tiveram sua influência direta na abertura dos
empreendimentos odontológicos. Há também o caso da rede 06, no qual o entrevistado
relatou não ter sofrido nenhum tipo de influência de nenhum nível de relação social
(primária, secundária ou terciária).
Já em relação à densidade de cada rede, pode-se destacar que todos os
entrevistados possuem redes com baixa densidade, o que demonstra que a maioria dos
atores presentes nas redes possui autonomia e liberdade individual de trocar
informações sem a necessidade de depender do Ego.
Os índices de centralidade apontam como os dentistas envolvidos possuem
algum tipo de liderança ou autonomia em suas redes. Em termos comparativos, pode-se
122
observar que os índices de centralidade de todas as redes envolvidas neste estudo podem
ser comparados da seguinte forma:
Rede 04 (56.62%) > Rede Rede 09 (52.99%) > Rede 08 (52.56%) > Rede 07
(52.38%) = Rede 05 (52.38%) > Rede 06 (33.33%) > Rede 02 (25.71%) > Rede 03
(22.22%) > Rede 01 (0.00%)
Dados interessantes podem ser retirados desses resultados. Percebe-se que o valor de
centralidade da rede é semelhante nos profissionais de “insucesso” (redes 07,08 e 09) e
que o valor oscila nos profissionais com empreendimentos de “sucesso” (redes 01 a 06).
Isso pode significar que o fato do profissional ter alta centralidade em sua rede não quer
dizer que seu empreendimento será um negócio de êxito devido a esse fator. Já os
profissionais com empreendimentos de “insucesso” possuem valores semelhantes, o que
neste estudo pode ser entendido como profissionais que possuem certa influência em
suas redes onde aproximadamente metade dos atores envolvidos em cada análise
depende de sua figura para estabelecer contatos. Todavia, esses contatos podem ter sido
insuficientes para a consolidação do empreendimento, apesar de existirem outros fatores
citados pelos próprios dentistas, que influenciaram no sucesso de seu negócio. Outro
dado considerável é que, no estudo, nos profissionais com negócios de “sucesso”, existe
uma relação entre a quantidade de integrantes da rede e o valor da taxa de centralidade,
no qual quanto maior é a quantidade de atores envolvidos, menor é a taxa de
centralidade. Nos profissionais com negócios de “insucesso” este fenômeno não é
evidenciado com clareza.
Alguns dados podem ser comparados entre uma rede e outra e apontar resultados
bem diferentes, ou até mesmo muito semelhantes. Se há uma rede muito centralizada, a
tendência é que ela seja pouco densa, e isso quer dizer que o principal participante da
rede (Ego) é a pessoa mais controladora e independente em relação aos outros.
O sucesso da abertura de um empreendimento pode estar relacionado ou não
com a rede de relações sociais de um indivíduo. Se o sucesso na carreira está ligado à
capacidade de fazer novos contatos com pessoas importantes e controlar o acesso a
esses contatos, talvez uma rede menos densa, mais centralizada em Ego seja ideal para
essa pessoa se desenvolver profissionalmente. Por outro lado, se o desenvolvimento
profissional está mais ligado a uma "base sólida" e na capacidade de o indivíduo
"dividir" o peso dos compromissos de trabalho, talvez seja melhor uma rede densa e
pouco centralizada, pois ele poderia dividir o peso das suas dificuldades com os
membros da rede pessoal.
123
A amostra selecionada também se enquadra na conclusão acima, já que, em
Odontologia, um profissional pode ter sucesso com seu trabalho e na manutenção da
informação e recursos consigo, ou seja, uma rede de relações sociais pequena. Em
contrapartida, o sucesso do empreendimento e da abertura do negócio pode ter eficácia
comprovada pelo bom aproveitamento da rede de contatos de um profissional na
captação e na difusão desses recursos.
A visualização e o mapeamento das redes sociais de um indivíduo, bem como a
análise de sua densidade e centralidade, podem ser úteis para explanar o sucesso de
empreendimentos, apesar de não ser necessariamente o único fator a ser considerado.
Verificou-se que a rede de contato de um indivíduo pode ser fator primordial ou não no
exercício de empreender. É necessário mencionar que uma rede de relações sociais pode
ser extensa, todavia, se não for bem aproveitada, não é garantia de sucesso do
empreendimento. O contrário também se aplica, já que uma rede pequena, com poucos
atores, se bem explorada, pode auxiliar na consolidação do sucesso profissional.
A presente pesquisa também teve limitações. A amostra de profissionais
odontológicos pode ser considerada pequena, já que quanto mais entrevistados, mais
redes podem ser comparadas entre si, e, por conseguinte, mais resultados serão
extraídos. Todavia, a divulgação da informação do profissional de saúde é limitada,
fazendo com que alguns profissionais não exponham suas informações estratégicas de
uma forma mais abrangente. Outra limitação constatada, é que, na análise das redes
sociais, utilizou-se apenas algumas análises que o software proporciona, tais como o
sociograma, os índices de densidade e centralidade de cada rede. Outros dados e outros
índices também podem ser utilizados para a comparação entre redes sociais. Entretanto,
não foi o propósito desta pesquisa, podendo ser utilizados em estudos futuros.
Algumas contribuições do trabalho podem ser verificadas no arcabouço
metodológico e na forma como a pesquisa foi conduzida. A teoria dos grafos foi
utilizada como ferramenta metodológica para a fundamentação e diagramação das
análises das redes sociais estudadas. Esta ferramenta pode servir como exemplo de
como esta metodologia pode ajudar na resolução de problemas cotidianos em diversas
áreas. A análise de redes sociais está em voga em estudos ao redor do mundo e também
deve fazer parte com mais freqüência de pesquisas e estudos no Brasil. Outra
contribuição do estudo pode ser relacionada à amostra, já que os profissionais
odontológicos não possuem muito conhecimento de noções administrativas devido a
falta de informações em sua formação profissional. Desta forma, este trabalho pode
124
ajudar os profissionais da saúde a perceberem que, detectando problemas precoces em
sua rede de relações sociais ou em suas fundamentações administrativas, maior é a
chance de seu empreendimento obter o retorno esperado.
Outros estudos devem ser realizados usando essa lógica metodológica de
raciocínio para demonstrar que os grafos e suas aplicações podem ser utilizados não só
na análise das redes sociais em Odontologia, mas em qualquer área. Outras pesquisas,
além de consolidar a análise das redes sociais no cotidiano, podem ajudar a demonstrar
ainda mais a influência do Sistema de Relações Sociais e o exercício de empreender.
125
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131
ANEXOS
ANEXO 1
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
1. Quanto à Formação:
1.1. Profissionais Odontológicos
Nome: ________________________________________________________________
Sexo: Masculino Feminino
Idade: _________________________
Local de graduação: _____________________________________________________
Ano de formatura: ________________
Cursos de Pós-Graduação:_________________________________________________
Especializações:_________________________________________________________
Mestrado: ______________________________________________________________
Doutorado: _____________________________________________________________
Pós-Doutorado:__________________________________________________________
1.2 Dados do Empreendimento
Clínica Consultório Particular
Caso seja clínica:
Nome da clínica: _______________________________________________________
Número de sócios: ________________
Nome dos sócios:________________________________
Número de funcionários:__________________
Três nomes daqueles que considera os principais funcionários (de confiança, mais
qualificado etc.) _______________________________________________________
Cirurgiões-Dentistas: ___________________________
Assistentes de Consultório Dentário (ACD): ____________________
132
Técnicos em Higiene Dental (THD): ______________________
Outros Funcionários:________________________________
Ano de abertura da empresa: _______________________
Caso seja Consultório Particular:
Número de funcionários: _____________________
Cirurgiões-Dentistas: ___________________________
Assistentes de Consultório Dentário (ACD): ____________________
Técnicos em Higiene Dental (THD): ______________________
Outros Funcionários:________________________________
Ano de abertura do empreendimento: _______________________
Especialidades em que atua: ______________________________________________
Atividades odontológicas desenvolvidas no empreendimento:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Reconstitua sua história profissional, listando os empreendimentos (clínicas ou
consultórios) dos quais participou. Liste os nomes dos sócios que trabalharam com
você, além do máximo de pessoas importantes no dia-a-dia do trabalho que você já
teve:__________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
133
ANEXO 2
ROTEIRO DE ENTREVISTA SOBRE RELAÇÔES SOCIAIS E EMPREENDEDORISMO QUESTÕES ASSOCIADAS ÀS RELAÇÕES SOCIAIS NO EXERCÍCIO DE EMPREENDER PROFISSIONAIS DE SUCESSO
1. Como a família ou pessoas do âmbito mais afetivo (primária) influenciaram na sua decisão de empreender? Qual(is) a(s) pessoa(s) que mais o influenciou(aram)?
2. Por que e como essa(s) pessoa(s) foi(ram) fundamental(is) na sua decisão?
3. Pessoas ligadas às suas atividades de lazer ou trabalho interferiram no negócio
escolhido? Quais foram as mais importantes? Identifique o sexo, a idade atual, a avaliação pessoal sobre o sucesso dessa pessoa, o local de trabalho atual, e se elas se conhecem entre si.
4. Quais as pessoas do seu campo de atuação foram importantes/lhe auxiliaram na
tomada de decisão pelo negócio em que você atua hoje? E qual o tipo de contato (familiar, amizade, negócios, etc.) você tinha com essa(s) pessoa(s)?
5. Qual a influência que a formação acadêmica na graduação teve na sua escolha
profissional? Algum ou mais de um professor lhe ajudou na escolha da decisão de abrir o negócio? Cite os nomes.
6. Alguns critérios são utilizados para construir uma rede de relações, tais como:
tipo de contato (pessoal, na vida familiar, trabalho, negócios, amizade etc.); intensidade e força do contato (frequência com que encontra essa pessoa, circunstância do encontro, se há intermediação de uma pessoa conhecida etc.); condição do contato (objetivo do contato para trabalho, entre outros). Quais são os critérios que você utiliza para construir sua rede de relações?
7. Você se considera uma pessoa bem relacionada?
8. Como sua rede de contatos pessoais influenciou em cada etapa das atividades
profissionais que você exerce hoje? Essas pessoas foram muito ou pouco importantes?
9. Os contatos com essas pessoas de seu convívio chegaram a facilitar ou dificultar
o desenvolvimento de suas atividades? Quais facilitaram mais e quais dificultaram mais?
134
10. O que é sinônimo de sucesso e de notoriedade social em relação à sua atividade profissional?
11. De todas as pessoas que o influenciaram, qual a mais importante para você? Por
quê? Em qual momento da sua vida essa influência teve maior relevância?
12. Para você, seu reconhecimento profissional é fruto de uma rede de relações sociais bem executada e planejada ou seu sucesso tem a ver com outro tipo de explicação?
135
QUESTÕES ASSOCIADAS ÀS RELAÇÕES SOCIAIS NO EXERCÍCIO DE
EMPREENDER
PROFISSIONAIS QUE NÂO TIVERAM SUCESSO NO EMPREENDIMENTO
1. Como a família ou pessoas do âmbito mais afetivo (primária) influenciaram na sua decisão de empreender? Qual(is) a(s) pessoa(s) que mais influenciou(aram) você?
2. Por que e como essa(s) pessoa(s) foi(ram) fundamental(is) na sua decisão?
3. Pessoas ligadas às suas atividades de lazer ou trabalho interferiram no negócio
escolhido? Quais foram as mais importantes? Identifique o sexo, a idade atual, a avaliação pessoal sobre o sucesso dessa pessoa, o local de trabalho atual, e se elas se conhecem entre si.
4. Quais as pessoas do seu campo de atuação foram importantes/o auxiliaram na
tomada de decisão pelo negócio em que você atua hoje? E qual o tipo de contato (familiar, amizade, negócios etc.) você tinha com essa(s) pessoa(s)?
5. Qual a influência que a formação acadêmica na graduação teve na sua escolha
profissional? Algum ou mais de um professor o ajudou na escolha da decisão de abrir o negócio? Cite os nomes.
6. Alguns critérios são utilizados para construir uma rede de relações, tais como:
tipo de contato (pessoal, na vida familiar, trabalho, negócios, amizade etc.); Intensidade e força do contato (frequência que encontra essa pessoa, circunstância do encontro, se há intermediação de uma pessoa conhecida etc.); condição do contato (objetivo do contato para trabalho, entre outros). Quais são os critérios que você utiliza para construir sua rede de relações?
7. Você se considera uma pessoa bem relacionada?
8. Como sua rede de contatos pessoais influenciou em cada etapa das atividades
profissionais que você exerce hoje? Essas pessoas foram muito ou pouco importantes?
9. Os contatos com essas pessoas de seu convívio chegaram a facilitar ou dificultar
o desenvolvimento de suas atividades? Quais facilitaram mais e quais dificultaram mais?
10. O que é sinônimo de sucesso e de notoriedade social em relação à sua atividade
profissional?
11. Você considera que o motivo do sucesso não esperado do seu empreendimento deve-se a uma rede de relações mal planejada ou há outros motivos? Você acha que se tivesse explorado melhor sua rede de contatos o futuro do seu empreendimento seria outro?