a importÂncia da logÍstica de transporte no comÉrcio …

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EDGAR FILIPE NUNES SILVEIRA A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO EXTERIOR Florianópolis 2010

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Page 1: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

EDGAR FILIPE NUNES SILVEIRA

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCI O

EXTERIOR

Florianópolis 2010

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EDGAR FILIPE NUNES SILVEIRA

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCI O

EXTERIOR

Relatório de estágio apresentado a disciplina de Estágio Supervisionado em Relações Internacionais II do curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Prof.ª Kátia Regina Macedo, Msc.

Florianópolis 2010

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EDGAR FILIPE NUNES SILVEIRA

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE COMO VANTA GEM DE

CUSTOS NO COMÉRCIO EXTERIOR

Este Relatório de Estágio foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 24 de junho de 2010

____________________________________________ Kátia Regina Macedo, Msc

____________________________________________ Paulo Ricardo

____________________________________________ Beatrice Meyer

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Dedico este trabalho aos meus pais, aqueles que tanto acreditaram, incentivaram e investiram em mim.

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RESUMO

Este trabalho pesquisa a importância que o controle dos custos logísticos representa para as

empresas brasileiras que buscam competitividade no mercado internacional. Esta maior

competitividade pode ser alcançada por meio de um rígido controle de custos logísticos de

transporte. Para isso, busca-se conceituar com clareza a logística e sua participação na gestão

das empresas, procurando entender a importância que uma correta utilização das ferramentas

de logística e dos modais de transporte pode significar em termos de competitividade

internacional. Em seguida, busca-se analisar a evolução da logística, desde os conceitos de

movimentação de suprimentos militares até o atual estágio chamado de integração estratégica.

Também será apresentada a composição dos custos logísticos, diferenciando-os,

primeiramente, em: custos fixos, custos variáveis, custos diretos e custos indiretos. E, na

continuidade, apresentam-se três conceitos importantes para a solução dos problemas de

distribuição associados ao custo: compensações de custos, custo-total e sistema-total.

Tratando-se ainda de custos, são apresentados ao leitor, os modais de transporte, dando ênfase

às características específicas de cada modal, identificando como cada um deles pode ser

melhor utilizado dentro do conceito de movimentação de materiais. Além da análise

individual por modal, ainda é estudado como a intermodalidade e a multimodalidade podem

oferecer importantes benefícios no transporte de mercadorias para as empresas, pois a

aplicação de algumas ferramentas podem ser decisivas nos custos finais dos produtos. Neste

contexto, analisa-se o significado da unitização de carga, a qual é representada pela

paletização e a conteinerização, e ainda pela consolidação e desconsolidação de carga. Por

fim, é apresentado um estudo de caso junto ao grupo HCL Comércio Exterior Ltda, onde são

apresentados os dados gerais da empresa, seguidos pelas suas características e pelas rotinas

relacionadas à logística. Procura-se também, retomar todos os conceitos estudados durante a

revisão bibliográfica, relacionando-os com a empresa onde o autor fez o estágio. Desta forma,

é analisado como a empresa operacionaliza seus custos logísticos de transporte, destacando

quais são as ferramentas que poderiam ser incluídas no processo logístico da empresa e quais

os modais mais apropriados para o transporte de suas mercadorias.

Palavras-chave: Logística internacional. Custos. Transporte internacional.

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ABSTRACT

This word deals the importance of logistic costs control represents for brazilian companies,

that are searching for competitivity in the international market. The competitivity can be

reached through a rigid control of logistic costs of transport. For that, seeks to concept clearly

the logistic and the participation inside the companies, searching to understand the actual

importance that a correct application of logistic tools and of transportation modals can means

in term of international competitivity. Following, seeks to analyze the logistic evolution, since

the first concepts of military supllies transportantion, until the current phase called strategic

integration. Is also presented, the composition of logistic costs, differing, firstly, in: fixed

costs, variable costs, direct costs and indirect costs. And, resuming, is presented three

important concepts to the solution of distribution matters related to costs: costs compensation,

total-cost and total-system. Still in costs, is presented to the lector, the transportation modals,

giving emphasis to the specifics features of each modal, identifying how each one of them can

be better utilized in the concept of transportation. Beyond of the individual analysis by

modals, is still studied how can the multimodality and, the intermodality can offer important

benefits on the transport of goods for the companies, because the application of some tools

can be decisives on the final costs of the products. In this context, is analyzed the mean of

load unitization, which is represented by palletization and containerization, and still, by

consolidation and desconsolidation of load. In the end, is presented a case study about the

group HCL Comercio Exterior Ltda, where is showed geral informations about this company,

followed by its features and routines related to logistic. Also seeks, retakes all concepts

estudied during the bibliographic review, associating them with the company where the author

worked. In order, is analyzed how the company has worked with its logistics costs, highlithing

which are the tools that could be included on the logistic process of the company and which

are the best modal to transport of their goods.

Key words: International logistic. Costs. International transport.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................9

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA...................................................................................................11

1.2 PROBLEMA ......................................................................................................................12

1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................................13

1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................14

1.3.2 Objetivos específicos......................................................................................................14

1.4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................14

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................16

1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA..........................................................................................17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................................19

2.1 LOGÍSTICA .......................................................................................................................19

2.1.1 O papel da logística nas empresas................................................................................19

2.1.2 Conceituação histórica..................................................................................................20

2.2 A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA .....................................................................................21

2.2.1 A logística em estágios...................................................................................................22

2.3 OS CUSTOS LOGÍSTICOS E SEUS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.........................24

2.3.1 Custos diretos.................................................................................................................25

2.3.2 Custos indiretos.............................................................................................................26

2.3.3 Custos fixos.....................................................................................................................26

2.3.4 Custos variáveis.............................................................................................................26

2.4 FORMAÇÃO DOS CUSTOS LOGÍSTICOS....................................................................27

2.4.1 Compensação de custos.................................................................................................27

2.4.2 Custo total ......................................................................................................................28

2.4.3 Sistema total...................................................................................................................28

2.5 TRANSPORTES ................................................................................................................29

2.5.1 Os modais e seus distintivos custos..............................................................................30

2.5.1.1 Multimodalidade e intermodalidade.............................................................................31

2.5.2 Modal rodoviário ...........................................................................................................32

2.5.3 Modal ferroviário ..........................................................................................................34

2.5.4 Modal aquaviário...........................................................................................................37

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2.5.5 Modal aeroviário ...........................................................................................................38

2.5.6 Modal dutoviário ...........................................................................................................40

2.6 UNITIZAÇÃO DE CARGA ..............................................................................................40

2.6.1 Paletização e seus benefícios.........................................................................................41

2.6.2 Conteinerização e seus benefícios.................................................................................42

2.7 CONSOLIDAÇÃO E DESCONSOLIDAÇÃO DE CARGA............................................44

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ...............................................................46

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ..........................................................46

3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS SOBRE O PROBLEMA DE PESQUISA..................48

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .........................................................................51

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................53

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1 INTRODUÇÃO

A atividade de comércio exterior é percebida por Keedi (2004, p. 23) como “aquela

em que se faz a compra, venda e troca de bens e serviços, bem como de circulação de capitais

e de mão-de-obra entre os países”. Portanto, o comércio exterior não deve ser entendido como

a simples compra e venda de mercadorias, mas sim, como um conjunto de operações que

envolvem todas as etapas do comércio internacional.

Com o advento da globalização, os cenários de concorrência no comércio exterior

tornam-se cada vez mais competitivos, exigindo que as empresas implantem modificações

significativas nos sistemas logísticos que gerenciam, da forma mais eficiente e ágil possível.

A crescente velocidade das trocas de informações e o rápido desenvolvimento da

tecnologia, provenientes do advento da globalização, fizeram com que o mundo se tornasse

cada vez mais integrado e competitivo. Nesse contexto, as empresas estão condicionadas a

uma nova lógica de produção e transporte de mercadorias e serviços, na qual transferem sua

produção aos lugares que oferecem as melhores condições econômicas, e passam a dar maior

importância e atenção ao controle dos custos logísticos.

Larrañaga (2003, p. 34) afirma que “a logística é vital para a economia e para a

empresa, sendo ainda um fator fundamental para incrementar o comércio regional e

internacional”, ou seja, ele afirma que atualmente a dependência da logística passou a ser

questão de sobrevivência e não mais apenas um instrumento de auxílio às operações globais.

Do mesmo modo, o autor também cita que a logística não se apresenta apenas como uma

forma das empresas reduzirem custos e aumentarem sua competitividade, mas que “sistemas

logísticos eficientes e eficazes, ao permitir a redução do custo final dos produtos, significam

um melhor padrão de vida para toda a sociedade”. (LARRAÑAGA, 2003, p. 34)

A crise apresentada nos últimos anos representou a desaceleração da economia

internacional e, consequentemente, uma queda nos volumes importados e exportados pelo

Brasil. Isto significou um ambiente nada favorável à logística. O ano de 2010 tende a ser um

ano de gradativa recuperação para a logística, tendo o primeiro semestre como uma espécie de

retomada dos números positivos, enquanto prevê-se uma significativa melhora no segundo

semestre. (LOURENÇO, 2009).

De acordo com o mesmo autor, no Brasil, durante este período de desaceleração e

relativa “calmaria”, espera-se que sejam feitos investimentos na infraestrutura por parte do

governo, englobando portos, portos secos, rodovias, ferrovias e hidrovias, de modo a alcançar

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as exigentes demandas dos tempos de crescimento econômico. Esta demanda se faz necessária

ao analisarmos dados referentes aos anos anteriores à crise, quando a movimentação de

contêineres aumentou em 87% e não ocorreu investimento em escala semelhante para suprir

este crescimento. (LOURENÇO, 2009)

O aumento dos investimentos em infraestrutura logística faz-se necessário quando

analisamos o postulado de Lourenço (2009), o qual escreve que: “se não fosse a atual fase de

apreensão provocada pela crise financeira que teve início nos Estados Unidos, a economia

global parecia caminhar célere para o dia em que haveria o chamado ‘apagão logístico’ por

falta de infraestrutura logística”. A composição desta infraestrutura está fortemente ligada a

estruturas das vias de transportes que são as responsáveis por abastecer o comércio exterior e

por unir o ponto de origem ao destino final das mercadorias, conforme é verificado pela

afirmação de Bertaglia (2005, p. 7) quando escreve que:

A forma como o material ou o produto será transportado depende das vantagens e desvantagens relacionadas à infra-estrutura de transporte, ao volume a ser transportado, aos canais logísticos existentes, à confiabilidade da entrega e aos custos de movimentação entre outras análises.

Inserindo-se nos conceitos de logística, encontramos uma forte participação dos custos

de transporte dentro dos custos logísticos totais. “O transporte de carga significa a atividade

de circulação de mercadorias, de um ponto a outro de um território, podendo ser nacional ou

internacional” (KEEDI, 2004, p. 27), ou seja, o transporte corresponde a uma divisão mais

específica de um conceito abrangente que é a logística, pois se limita a função de

movimentação de cargas de um ponto de origem ao seu destino final, porém abrange uma

grande percentagem dos custos logísticos e da própria receita operacional líquida das

empresas.

Partindo da importância da logística de transportes, o presente trabalho almeja definir

do que são compostos os custos logísticos, e qual a real participação dos custos de transportes

dentro destes, buscando entender como cada tipo (modal) de transporte pode ser melhor

aproveitado em cada tipo de carga e ainda quais ferramentas podem auxiliar na redução de

custos logísticos dentro do comércio exterior.

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1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA

Para entendermos a importância da administração dos custos logísticos dentro das

empresas, é necessário sabermos a origem de seu conceito e de que forma o mesmo evoluiu e

se apresenta atualmente, de forma a perceber como os custos logísticos internacionais atuam e

participam dentro da estrutura de custos das empresas. Para isso, Bertaglia (2003, p. 31)

conceitua sua origem ao afirmar que:

A palavra logística tem origem no verbo Frances loger, que significa alojar e que era utilizada para identificar o abastecimento militar de grandes exércitos com tudo que era necessário para a batalha na linha de frente, longe de suas bases e recursos. Embora a batalha pelo cliente nas linhas de frente dos negócios não seja uma atividade bélica, ela é um teste para a sobrevivência das empresas submetidas a grandes pressões no ambiente competitivo de hoje.

Atualmente, a função da logística foi perfeitamente conceituada pelo Council for

Logistics Management, (1992 apud Bertaglia, 2003, p.32), como sendo:

Processo de planejar, implementar e controlar o fluxo e armazenamento eficiente e eficaz em termos de custos, dos bens, serviços e informações relacionadas, desde a origem até o consumidor, com o objetivo de obedecer às exigências dos consumidores.

Deste modo, deve-se entender a logística como a distribuição da produção das

empresas desde o transporte de matéria primas, passando por armazenagem e distribuição até

o ponto onde serão descartadas. Todo este processo é descrito integralmente por Ballou (2006,

p. 28) ao postular que:

A logística é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual as matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor. Uma vez que as fontes de matérias-primas, fábricas e pontos de vendas em geral não tem a mesma localização e o canal representa uma sequencia de etapas de produção, as atividades logísticas podem ser repetidas várias vezes até um produto chegar ao mercado. Então, as atividades logísticas se repetem à medida que produtos usados são transformados a montante no canal logístico.

Por dentro de todo este processo logístico, insere-se por repetidas vezes com o nome

de “movimentação” a logística de transporte, tal qual tem papel essencial na logística e

consequentemente no processo de produção em si, como veremos na afirmação abaixo de

Faria (2000, p.16):

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A atividade de transporte é instrumento essencial para o funcionamento de qualquer economia, desde as economias embrionárias dos tempos primitivos até a complexidade do mundo moderno, onde se evidencia, cada dia mais, a tendência para formação de um mercado único com uma economia globalizada.

É sob o presente contexto que o presente trabalho se firma, buscando entender a

importância da logística no comércio exterior e de que forma ela pode se tornar uma

importante estratégia competitiva para as empresas brasileiras.

1.2 PROBLEMA

O advento da globalização lançou países emergentes, como o Brasil, em plena rota de

desenvolvimento das atividades comerciais com o resto do mundo e, este novo cenário, trouxe

à tona o despreparo e a falta de estrutura logística como características predominantes dos

países emergentes e do próprio Brasil.

Os novos tempos de globalização criaram novos padrões de competição, pois com as

facilidades criadas principalmente pela comunicação, fez com que qualquer empresa, de

qualquer lugar do mundo, entrasse na concorrência direta pelos mercados consumidores.

O processo de globalização encurtou distâncias, permitindo a maior movimentação de produtos e serviços. Neste processo, a redução do custo de transporte de mercadorias e a facilitação e redução de custos de telecomunicação, eliminaram os dois principais fatores impeditivos do comércio: distância física e desconhecimento do mercado. (LOPEZ, 2000, p. 12).

É neste momento em que o Brasil encontra sérias dificuldades para competir com outros mercados, pois apresenta um elevadíssimo “custo Brasil”, ou seja:

um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional, encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Somado ao câmbio valorizado, esse custo ajuda a explicar a tendência de especialização cada vez maior do país em exportar produtos primários e semimanufaturados, e de importar mais produtos de maior valor agregado e de tecnologia avançada. (REHDER, 2010).

Este “custo Brasil” recai sobre os produtos produzidos no país e até mesmo sobre

aqueles que são apenas revendidos no país, o qual por sua vez é composto em sua maior parte

pelos custos logísticos. Estas dificuldades são melhor expressas em números no gráfico 1,

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quando compara, os custos logísticos totais e os custos de transporte do Brasil com os dados

europeus, os quais correspondem a uma pesquisa feita pelo Instituto de Inovação e

Melhoramento na Administração Moderna. Nesta pesquisa, percebe-se que o custo logístico

no Brasil representa em média 21,5% da receita operacional líquida das empresas produtoras,

sendo que destes, 7,1% está associado ao transporte. Enquanto que na Europa, os mesmos

índices são de 12,1% e 3,7%, respectivamente (CARILLO, 2009). Portanto, é necessário

identificar: Por que os índices brasileiros ainda encontram-se tão elevados? E quais as

principais ferramentas logísticas capazes de reduzir estes números e, de que forma o uso de

cada um deles poderá beneficiar na redução dos custos logísticos das mercadorias?

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

Brasil Europa

ReceitaOperacionalLíquida

Transportes

Gráfico 1 – Participação da logística na Receita Operacional Líquida e nos transportes. Fonte: (CARILLO, 2009). Elaboração do autor, 2010

Neste novo cenário em que novos desafios são impostos às empresas, a logística

aparece como um dos recursos mais importante para atingir diferenciais de qualidade e

patamares mais altos de lucros frente aos seus concorrentes. À luz dessa nova ordem onde a

logística exerce um papel fundamental, o presente trabalho busca encontrar contribuições

logísticas capazes de reduzir os efeitos que estes altos custos de transporte têm dado a receita

das empresas brasileiras.

1.3 OBJETIVOS

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Analisar a importância que um efetivo controle dos custos logísticos impactua nos

custos totais das empresas brasileiras, analisando ferramentas significativas no controle dos

mesmos, para as empresas brasileiras e para o Grupo HCL Comércio Exterior Ltda.

1.3.1 Objetivo geral

Identificar a importância da logística de transporte para a redução de custos nas

operações relacionadas ao comércio exterior.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Apresentar a evolução da logística;

b) Descrever como cada modal de transporte pode significar redução de custos para as

empresas;

c) Examinar como as ferramentas logísticas podem auxiliar nas operações no comércio

exterior;

d) Identificar como a teoria logística de transportes vem sendo aplicada no grupo HCL

Comércio Exterior.

1.4 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho se mostra com grande importância acadêmica por evidenciar que o

estudo e o devido controle da logística por parte dos administradores e operadores logísticos,

implica o aumento da competitividade das empresas, interferindo diretamente no lucro da

auferido por elas. Portanto, este relatório serve também como um alerta às universidades, de

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quão importante se faz a inserção de um maior número de disciplinas focadas na logística de

transportes, fazendo assim, com que os acadêmicos entendam e possam aplicar estes

conhecimentos nas empresas onde atuarem.

Percebe-se que as empresas brasileiras têm o foco direcionado à questão de controle

de custos de produção, de vendas, de marketing, e demais custos relacionados diretamente à

produção, enquanto que os custos de logística são, muitas vezes, desprezados pelos gestores

das empresas brasileiras. Esses custos equivalem a números significativos da receita

operacional das empresas, portanto torna-se cada vez mais imprescindível o estudo e o

controle dos custos logísticos de transporte. Lopez (2000) ressalta esta importância quando

afirma que os custos logísticos têm fundamental importância da definição do preço final de

um produto aferido no mercado consumidor, pois o preço final é resultado do somatório dos

custos de elaboração, agregação e distribuição do lucro possível, e neste contexto, o autor

afirma que o Brasil vem perdendo o confronto em questão de competitividade com empresas

estrangeiras devido a uma logística de distribuição inadequada.

Portanto, o presente relatório procura auxiliar as empresas no entendimento da

importância e do impacto dos custos logísticos de transporte, relacionados à movimentação e

às tarefas pertinentes, que influenciem na competitividade do produto brasileiro no mercado

internacional. Nele são analisados os custos relativos a todo processo logístico, enfatizando

principalmente aqueles relacionados aos modais de transporte e às ferramentas que possam

reduzir estes custos.

Por tratar-se de um conceito novo em relação aos demais custos de produção, a

logística de transporte ainda é um custo pouco controlado pela maioria das empresas, e seus

reflexos sobre seu lucro é pouco percebido por elas. Lopez concorda com esta afirmação

quando dizem que:

se faz fundamental o conhecimento e discussão dos custos logísticos, aqueles que são adicionados ao custo de elaboração das mercadorias, até porque boa parte de seus componentes escapam do domínio dos principais interessados, que são os donos das mercadorias.(LOPEZ, 2000, p. 12).

O Brasil, juntamente com os países emergentes, encontra-se em um estágio inferior

aos países desenvolvidos em questão de movimentação de materiais, pois ainda não possui

uma infraestrutura logística capaz de abastecer com eficiência e eficácia necessárias as

movimentações de cargas provenientes do mercado internacional e, muito menos, prover

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estrutura logística capaz de suprir o desenvolvimento e crescimento que se espera para os

próximos anos.

O presente trabalho apresenta-se de grande importância para as empresas, pois

partindo-se do pressuposto de Larrañaga (2003, p. 34) que diz:

a logística é vital para a economia e para a empresa, sendo ainda um fator fundamental para incrementar o comércio regional e internacional. Sistemas logísticos eficientes e eficazes, ao permitir a redução do custo final dos produtos, significam um melhor padrão de vida para toda a sociedade.

Com base na perceptível necessidade de controle dos custos logísticos de transporte

pelos países em desenvolvimento, este relatório de estágio vem à tona com o objetivo de

buscar algumas ferramentas que sejam capazes de minimizar seus custos logísticos

relacionados ao transporte, como forma de inserir o país em um patamar elevado de

competitividade internacional.

É neste contexto, que o presente trabalho procura enquadrar-se como um alerta às

empresas brasileiras, com vistas a reduzir drástica e urgentemente os custos de

movimentação, para que assim possa promover inserção internacional competitiva com

soberania e maturidade negocial.

O estudo que se segue, não pretende desnudar todas as formas de custos logísticos de

transporte ou apresentar todas as formas possíveis de redução de custos, mas sim, perceber os

benefícios que a utilização de ferramentas decisivas podem oferecer ao comércio exterior

brasileiro, focando estas ferramentas diretamente no grupo HCL Comércio Exterior Ltda.

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O principal objetivo da pesquisa é descobrir, através do uso de métodos científicos,

respostas para os problemas apresentados no projeto. E, para isto, foram utilizados pelo

menos quatro métodos de leitura e interpretação.

A metodologia da pesquisa inicialmente utilizada para a produção do presente projeto

é chamada de leitura exploratória. A qual tem por objetivo verificar em que medida a obra

consultada faz interesse à presente pesquisa, ou seja, caracteriza-se por uma leitura

“superficial” de algumas partes específicas de livros, revistas especializadas, jornais e artigos

científicos, tais como: folha de rosto, índices de bibliografia, notas de rodapé, prefácios,

Page 17: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

17

resumos e conclusões. Isto permitiu obter a essência geral das obras e então classificá-las

como útil ou não para o aprofundamento da leitura (GIL, 1991).

Após analisados através de leitura exploratória, partiu-se para uma leitura um pouco

mais aprofundada, chamada de leitura seletiva, na qual foram selecionados os títulos de maior

relação com o tema escolhido e os objetivos da pesquisa. Esta seleção não significou o

abandono dos textos não selecionados, pois no desenvolvimento do projeto muitos deles ainda

poderão ser utilizados com propósitos diferentes. (GIL, 1991)

O terceiro passo foi utilizar-se da leitura analítica, na qual definem-se os textos a

serem desenvolvidos a fim de alcançar os objetivos e as respostas aos problemas encontrados

pela pesquisa. Gil (1991, p.69) classifica a leitura analítica em 4 períodos: “leitura integral da

obra; identificação das idéias chaves; hierarquização das idéias e a sintetização das idéias.”.

A leitura interpretativa consiste em estabelecer um elo entre os resultados da leitura

analítica com as questões a serem respondidas no presente projeto, de modo a estabelecer uma

ligação entre estes e os demais conhecimentos obtidos de leituras anteriores. (GIL, 1991).

Esta leitura foi utilizada como um meio de unir todas as informações coletadas e analisadas

durante toda a pesquisa, com as informações coletadas durante o período de estágio, de forma

que pudesse responder com embasamento científico, os objetivos propostos no presente

relatório.

Em outro momento, fez-se um estudo de caso do Grupo HCL Comércio Exterior Ltda,

onde extraiu-se informações baseadas basicamente na observação e na própria participação

das atividades internas da empresa, onde pôde-se fazer uma abordagem qualitativa em torno

do ambiente de estágio.

1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA

A proposta da estrutura do presente relatório, busca encontrar uma forma bastante

organizada de apresentar os temas propostos nos objetivos gerais e específicos expostos

anteriormente.

Para isto, a seção 1 apresenta toda a estrutura do trabalho de forma organizada,

procurando apresentar ao leitor, o que ele encontrará durante a leitura do relatório, através da

exposição do tema e de seus objetivos, além da metodologia de pesquisa utilizada e das

finalidades a que foi escrito.

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18

Durante a seção 2, é feita toda a revisão bibliográfica, na qual o estudo de caso do

grupo HCL utilizará de parâmetro para que sejam feitas as conclusões comparativas na seção

3. Por sua vez, na seção 2.1, é apresentado os fundamentos conceituais de logística, seguidos

pela importância da logística nas empresas, buscando informar ao leitor a importância do

estudo da logística e sua real participação dentro do ambiente empresarial.

Ao longo da seção 2.2, é dado ao leitor um aprofundamento nas questões relativas à

história da logística e de sua evolução ao longo dos tempos, subdividindo sua evolução em

quatro distintos estágios: atuação segmentada, integração rígida, integração flexível, até

chegar ao atual estágio, integração estratégica ou Supply Chain Management (Gerenciamento

da Cadeia de Suprimento).

Durante a seção 2.3, é discriminado os custos e seus princípios fundamentais,

relatando de que forma os custos logísticos são constituídos, servindo como base para o

parágrafo 2.4 onde é melhor discriminado a formação dos custos logísticos através de três

conceitos importantes para a solução dos problemas de distribuição associados ao custo, os

quais são: compensações de custo, custo-total e o sistema-total.

No decorrer da seção 2.5, apresenta-se os principais modais de transporte utilizados no

comércio exterior, dando destaque a suas características relacionadas aos custos logísticos,

procurando demonstrar para que caso específico cada modal é o mais indicado.

Na seção 2.6, verifica-se a importância da unitização de carga e qual a sua

participação no processo de globalização, dentro deste contexto, ao longo da seção 2.7 estuda-

se a importância e o que é a consolidação de carga, assim como, de que forma ela se apresenta

como uma ferramenta de redução de custos logísticos de transporte para as empresas atuantes

no comércio internacional.

Dentro da seção 3, ocorre a divisão entre a caracterização do local de estágio e a

apresentação dos dados referentes ao problema de pesquisa, onde no primeiro, busca-se

informar o leitor as características gerais da empresa e o cargo exercido pelo autor dentro do

grupo, enquanto que o segundo, pretende informar quais são as atividades exercidas pela

empresa, de modo a demonstrar as áreas de atuação da empresa e as principais atividades

relacionadas à logística exercidas pela HCL Comércio Exterior Ltda.

Na seção 4, procura-se estabelecer uma ligação entre conclusões que foram tomadas a

partir da revisão bibliográfico com um estudo de caso junto ao grupo HCL, buscando analisar

quais as práticas logísticas exercidas por esta empresa e quais as ferramentas de redução de

custos logísticos de transporte comumente usadas por ela, comparando com os recursos e

ferramentas mais indicados pelo estudo feito nos capítulos anteriores.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para a correta análise dos custos logísticos de transporte, faz-se importante analisar

como ocorreu a evolução dos estágios de logística, seguidos por uma análise relacionada aos

benefícios que o melhor uso dos modais de transporte podem gerar às empresas, descrevendo

seus pontos fortes e pontos fracos no transporte de diferentes tipos de carga em diferentes

distâncias analisadas. Em seguida, é observado como algumas ferramentas podem interferir de

forma decisiva no controle de custos das empresas brasileiras.

Inicialmente, uma correta conceituação de logística se faz necessária aqui, por ainda

apresentar algumas conceituações tortuosas que costumam minimizar toda a importância da

gestão logística, simplificando-a em termos gerais como o simples ato de armazenagem e

transporte de cargas, o que veremos que não é correto.

2.1 LOGÍSTICA

O termo logística se apresenta como uma das palavras que vem sofrendo alterações ao

longo dos tempos. Ao mesmo passo que a globalização vem alterando o meio, o significado

da palavra logística também vem se adaptando a este, expandindo suas fronteiras e

englobando diversas formas de movimentação de bens e informações. Segundo Larrañaga

(2003, p. 31), “podemos entender logística como a gestão dos inventários, estejam eles

imobilizados em algum lugar ou movimentando-se entre pontos, ao longo de um fluxo de

materiais que vai desde o fornecedor das matérias primas até o ponto final de consumo”.

2.1.1 O papel da logística nas empresas

O papel da logística na empresa abrange a função de responder por toda a

movimentação de materiais, seja ela no ambiente interno ou externo, tendo início com a

chegada da matéria prima até encerrar-se com a entrega final do produto ao cliente, onde

Page 20: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

20

Ballou (2006) optou por dividir em atividades primárias e secundárias, as quais serão

discriminadas a seguir.

As atividades primárias são consideradas aquelas que contribuem com a maior parcela

dos custos totais da logística, compreendendo ao transporte em si, à gestão dos níveis de

estoque e ao processamento de pedidos. Enquanto que as atividades secundárias

correspondem às funções de apoio às atividades primárias: armazenagem, manuseio de

materiais (movimentações dentro do armazém), embalagem de proteção, programação de

produtos e manutenção da informação.

Dentro do mesmo conceito, Ching (2001, p.26) considera que:

É por meio da gestão adequada das atividades primárias com as atividades de suporte que a logística empresarial vai atender ao objetivo de proporcionar ao cliente produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades. É pela coordenação coletiva e cuidadosa dessas atividades relacionadas com o fluxo de produtos e serviços que a empresa está obtendo ganhos significativos, como redução dos estoques, do tempo médio de entrega, produtividade etc.

Portanto, o desenvolvimento da gestão eficiente das atividades primárias aliada ao

adequado apoio das atividades secundárias, propiciarão uma integração cada vez mais flexível

dos vários departamentos de atividade e permitirão um melhor controle dos mesmos.

2.1.2 Conceituação histórica

Acredita-se que o surgimento da palavra logística provém das movimentações de

guerra do exército francês no período pós 2ª Guerra Mundial, onde logística era a capacidade

ou não de alteração de local de acampamento e aquartelamento em uma determinada região,

bem como o transporte de toda a carga de guerra, medicamentos, armamentos e munições

utilizadas nela. (DORNIER, 2000)

Com o fim das grandes guerras, o termo “logística” passou a ter uma aplicação mais

civil, pois iniciou-se o conseqüente êxodo rural para as cidades e a ocupação dos subúrbios, o

que criou a necessidade de disseminação dos pontos de venda para dentro destes. Estas

mudanças criaram uma elevação significativa nos custos de distribuição, pois este não poderia

ser mais centralizado em torno do centro de produção, mas sim deveria estabelecer pontos de

venda ou centros de distribuição capazes de atender o maior número de consumidores

Page 21: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

21

possíveis. Aqueles que antes plantavam para sua subsistência ou faziam parte do setor de

produção de bens essenciais, agora eram meros consumidores e, para atendê-los, muitas vezes

gastos elevados com transporte e estocagem se faziam necessários. (DORNIER, 2000).

A partir deste contexto, com o desenvolver dos povos e das necessidades, o termo

adquiriu novos sentidos. Pela visão de Dornier (2000), logística é conceituada como a gestão

de fluxos entre funções de negócio, e não somente a simples entrada de matérias primas

somada ao fluxo de produtos acabados, como se pensava anteriormente. Ou seja, o estudo da

logística se tornou uma questão a ser muito estudada pelos administradores de empresas, pois

o bom gerenciamento de uma cadeia de abastecimento propicia grandes vantagens, em termos

competitivos, para as empresas.

2.2 A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA

Para melhor entendermos o desenvolvimento da logística, Novaes (2004, p. 40)

classificou a logística em 4 gerações distintas, subdividindo em: atuação segmentada,

integração rígida, integração flexível e integração estratégica. A figura abaixo demonstra

como se desenvolveram os processos relacionados a logística, desde o período pós 2ª Guerra

Mundial, até o atual período de integração da logística, os quais serão explanados no capítulo

a seguir.

Figura 1 – Evolução logística Fonte: Ching, (2001). Com modificações.

Page 22: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

22

2.2.1 A logística em estágios

A primeira fase, conhecida como atuação segmentada, compreende ao período de pós

2ª Guerra Mundial até 1950, quando a produção em série de produtos padronizados buscava

atender a demanda latente por bens manufaturados.

Neste período, as empresas buscavam racionalizar custos e maximizar seus próprios

lucros, porém confrontavam-se com sistemas de informação manuais e lentos. O elemento

chave para o bom funcionamento, o que passou a garantir o equilíbrio entre lucro e sistemas

lentos, e ainda atender a demanda ao longo da cadeia de suprimentos (supply chain) foi o

estoque. Isto deveu-se a formação estrutural do período em subsistemas “otimizados” de

forma dividida, o qual tinha o estoque como indivíduo regulador, ou seja, cada parte do

sistema (fornecedor de matéria prima, manufatura, centro de distribuição e o varejista) tinha

seu próprio estoque, o que fazia com que todos os setores sofressem com elevados custos em

armazenagem, segurança e acondicionamento. Contrapondo-se a isto, em busca da redução de

custos a escolha pelos modais de transporte mais baratos e pelo agrupamento de vários

embarques de mesmo destino por um agente, com intuito de diminuir os custos de transporte

passava a ser uma estratégia muito utilizada na redução dos custos. (CHING, 2001).

A integração rígida, conhecida como segunda fase, datada de 1950 a 1980,

corresponde ao período da diversificação da planta produtiva surgimento de novos produtos, e

a criação de novos modelos e novas cores para velhos produtos.

O grande desafio deste período, foi conseguir implantar novos produtos a menores

custos e maior eficiência diante de um ambiente não muito animador, o que durou até a

introdução da informática na década de 60. A informatização significou uma diminuição de

processos e um maior planejamento das atividades cerceadas ao abastecimento da cadeia de

suprimentos. Neste período, vê-se o aumento substancial dos custos de transporte devido ao

aumento do preço dos combustíveis e do próprio adensamento urbano, unido a uma péssima

malha viária. Para combater estes problemas, inicia-se o uso da integração modal, ou seja, o

uso de mais de um modal no transporte de uma mesma mercadoria até seu destino final.

(NOVAES, 2004)

Durante esta fase, as integrações passam a ser bilaterais em termos de transporte, pois

cada ator da cadeia de suprimentos só possui relação direta com seu antecessor no

Page 23: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

23

recebimento de carga, e com seu sucessor no repasse da mesma, ou seja, o setor B assina um

contrato de fornecer determinado produto para o setor C, sem saber a disponibilidade

daqueles que são os seus fornecedores (A). Por isso se chama de integração rígida, pois a

relação é somente bilateral e não é cooperativa ou mesmo integrada no planejamento de

produção. (NOVAES, 2004).

A integração flexível corresponde a terceira fase (década de 80 a década de 90),

quando as empresas procuram promover uma integração dinâmica e flexível entre elas, de

modo que fornecedores e clientes estejam completamente integrados trabalhando como uma

equipe, agindo no sentido de firmar contratos, em conformidade com as capacidades de seus

fornecedores. Para isso, implementou-se o sistema Eletronic Data Interchange (EDI), no qual

os sistemas de informação dos clientes estão diretamente ligados ao sistema dos fornecedores,

e desta forma, o pedido de reposição de produtos é feito de forma automática e integrada aos

pares (fábrica com atacadista, fornecedor com a fábrica, etc.), buscando em última instância o

estoque zero. (CHING, 2001).

A quarta e atual fase é chamada de integração estratégica ou Supply Chain

Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimento). Para Novaes (2004, p.47), este

período marca a passagem da fase em que:

A integração entre os vários agentes da cadeia de suprimento se dava basicamente em termos puramente físicos e operacionais: troca de informações, fluxo de produtos e de dinheiro, acerto de preços e de responsabilidades. Na quarta fase da logística ocorre um salto qualitativo da maior importância: as empresas da cadeia de suprimento passam a tratar a questão logística de forma estratégica

Isto significa que as empresas passaram a utilizar-se da logística como estratégia

genérica de competição, utilizando da diferenciação ou da própria vantagem absoluta de

custos como forma de atingir maiores parcelas do mercado, ou seja:

diferenciando o produto ou o serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja considerado único, no âmbito de toda a indústria [ou através da] capacidade de uma empresa de projetar, produzir e comercializar um produto comparável com mais eficiência do que seus competidores. (PORTER,1986, p. 51).

Outro elemento que foi adotado pelo atual período, foi o postponement ou prorrogação, o

qual compreende ao adiamento do processo final de produção e montagem com vistas a

reduzir prazo e incertezas, pois consiste em concluir a montagem ou produção em um período

posterior a produção propriamente dita. Entretanto, este período deve ser anterior a entrega ao

vendedor final, podendo desta forma adaptar o produto às exigências dos locais de revenda,

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24

ou seja, prorroga-se a conclusão de produção de um determinado bem, de modo que se possa

adequá-lo de acordo com as demandas locais.

Foi neste período também que foram criadas as empresas ágeis, este conceito refere-se

a empresas situadas próximas a aeroportos, que ao receber pedidos customizados via internet,

geralmente de grande valor, produzem e já o enviam pelo transporte aéreo de forma ágil e

completamente informatizada. Outras características da quarta fase é a preocupação

ambiental, na qual instituiu a logística reversa referente à recuperação de materiais

recicláveis, a qual tem sido feita pelo reuso direto, reparo, reciclagem, refurbishing

(readaptação) ou remanufatura do produto; ou ainda pela própria preocupação referente a

destinação ecologicamente correta dos resíduos da produção e com os impactos que poderão

ocorrer durante o ciclo de vida do produto (NOVAES, 2004)

A mais importante distinção desta para as fases anteriores da logística, correspode aos

benefícios advindos da Supply Chain Management, a qual é claramente explicada por Novaes

(2004, p. 49) quando diz que:

Agora os agentes participantes atuam em uníssono e de forma estratégica, buscando os melhores resultados possíveis em termos de redução de custos, de desperdícios e de agregação de valor para o consumidor final [...] Nas outras fases, cada elemento da cadeia de suprimento tinha um papel bem delineado: o fornecedor entregava a matéria prima para o fabricante, a indústria fabricava o produto e o entregava ao varejista, e este comercializava em suas lojas.

O modo de integração das outras fases foi vencido por não haver neles, uma

integração entre os próprios elementos da cadeia de suprimentos. Tal qual só foi possível com

o desenvolvimento da tecnologia da informação que melhorou a qualidade do serviço

prestado, reduzindo os custos e os prazos dos serviços prestados.

2.3 OS CUSTOS LOGÍSTICOS E SEUS PRINCÍPIOS

A palavra custos em si, nos remete a um conceito diretamente ligado aos custos totais

da produção e, neste contexto, é importante entender que o conceito de custos logísticos não

está inserido diretamente nestes custos de produção, pois estes são todos aqueles custos

referentes ao planejamento e controle do fluxo de materiais, desde sua entrada até o ponto de

Page 25: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

25

consumo da mercadoria. Keedi (2004, p. 147-148) discrimina com maiores detalhes quando

relata que nos custos logísticos:

Deve-se considerar o custo de armazenagem da mercadoria no ponto de origem, à espera do embarque para ser levada ao local definido para que ocorra o embarque para o exterior. Em seguida haverá o carregamento e estiva da mercadoria na sua origem, num veiculo para transporte interno até o local de embarque final, podendo ser um porto, aeroporto ou ponto de fronteira, ou um local definido entre as partes. Após isso, há que se considerar, novamente, o custo de permanência da mercadoria no local à espera do embarque, podendo ser em um armazém ou pátio, dependendo da forma de envio da mercadoria.

Objetivando a redução de custos através da logística, faz-se importante que identifique

como os custos logísticos são formados e qual a sua participação na cadeia de produção e

distribuição dos produtos. O atual cenário econômico nos remete ao pensamento de Ching

(2001, p.23) que afirma que:

Períodos recessivos fazem os administradores procurarem novas maneiras de melhorar a produtividade, e a logística oferece essa oportunidade, passando a ser vista pelos administradores como a última fronteira para a redução dos custos nas empresas.

Portanto, é neste período em que o estudo da logística destaca-se e toma força dentro

das próprias discussões econômicas, pois é através dela que as empresas obterão uma

vantagem sobre as demais em um mercado competitivo e disputarão por aquelas fatias de

mercado que voltaram a aparecer em um cenário de pós-crise.

Inicialmente, cabe aqui, mencionar do que são compostos os custos logísticos, para

que em seguida seja apresentada de que forma são compostos estes mesmos custos. Vale

ressaltar que todos os conceitos mencionados nos capítulos abaixo, referem-se ao conceito de

custos de logística e não aos custos de produção.

2.3.1 Custos diretos

Os custos logísticos diretos são aqueles que são automática e diretamente absorvidos

pelo produto, ou seja, aqueles que estão explícitos diretamente nos custos de movimentação

de um produto ou serviço, tais como: transporte, embalagem, mão de obra e, tantos outros que

podem ser medidos diretamente na composição do produto final.

Page 26: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

26

2.3.2 Custos indiretos

Referem-se aos custos logísticos que não são diretamente contabilizados na

composição do custo de um serviço ou produto e que, da mesma forma, não recaem como um

valor exato e mensurável sobre os mesmos. Portanto, normalmente são estimados. Podemos

tomar como exemplo de custos indiretos incidentes sobre a logística, as despesas com

manutenção de armazéns e veículos de transporte, pois não estão diretamente contabilizadas

no valor de um investimento, mas estão estimados nos custos totais.

2.3.3 Custos fixos

Os custos fixos, por sua vez, são aqueles necessários ao normal funcionamento de uma

empresa. É a parte do custo que se mantém fixa mesmo que a produção varie, ou seja, aqueles

que de qualquer forma recairão sobre o valor do produto final. Dentro da logística, enquadra-

se os custos de seguros da frota, aluguel de armazém próprio para estocagem de produtos.

Dentro do conceito de transportes, Ballou (2006) considera como custos fixos aqueles

que são constantes no volume normal de operações do transportador, enquanto que todos os

demais devem ser considerados como custos variáveis. O autor ainda aponta os custos de

aquisição e manutenção do direito de tráfego, instalações de terminais, equipamentos de

transportes e custos administrativos como os principais deles.

2.3.4 Custos variáveis

Os custos variáveis são aqueles diretamente ligados ao nível de produção, ou seja, são

proporcionais a quantidade de produto produzida ou a quantidade de serviço prestado. Para

cada bem produzido, insere-se uma determinada quantidade de custo variável. Nos custos

variáveis de transporte, enquadra os gastos com combustível e salários, equipamentos de

manutenção, manuseio, coleta e entrega. (BALLOU, 2006)

Page 27: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

27

2.4 FORMAÇÃO DOS CUSTOS LOGÍSTICOS

Para entender a formação dos custos relacionados a logística de forma geral, Ballou

(2006) identifica três conceitos importantes para a solução dos problemas de distribuição

associados ao custo, os quais são: compensações de custo, custo-total e o sistema-total. Os

quais serão melhor explanados nos próximos capítulos.

2.4.1 Compensação de custos

O conceito de compensação de custos é considerado como peça-chave para a

administração da distribuição física. Nele os modelos de custos das atividades da empresa

muitas vezes exibem características que põe as atividades em conflito entre si. Este conceito é

apresentado pelo gráfico a seguir, o qual é composto pelas três atividades primárias citadas

anteriormente em função do número de depósitos no sistema de distribuição.

Figura 2 – Relação de custos logísticos. Fonte: Ballou (2006 p. 58)

Page 28: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

28

Na figura 2, percebe-se que ao passo em que a quantidade de depósitos aumenta, os

custos de transportes finais diminuem. Isto ocorre pelo fato de os efeitos dos custos de frete se

distribuírem em um volume maior de bens e percorrendo menores distâncias de deslocamento

do armazém a empresa, e assim interferindo de forma mais branda no custo final do produto.

Ao mesmo tempo, enquanto os custos de estoque e de processamento de pedidos estão em

linha ascendente, a curva dos custos de transporte se apresenta de modo descendente e,

portanto, provocando um conflito. Portanto, os custos de estoque crescem com aumento do

número de armazéns, devido a necessidade de mais estoque para manter o mesmo nível de

disponibilidade que o período de menor número de depósitos. O custo do processamento de

pedidos, por sua vez, aumenta, visto que os depósitos servem como pontos de processamento

de pedidos, o que aumenta com a elevação do número de armazéns. (BALLOU, 1993)

2.4.2 Custo total

Sabendo que os custos totais de logística, por sua vez, correspondem à soma dos

custos de transporte, estoques e processamento de pedidos, então, a tomada de decisão do

administrador deverá encontrar o ponto ótimo dos custos, ou seja, no ponto intermediário das

atividades primárias. Portanto, concluiu-se que as maiores reduções de custos são resultado da

gestão conjunta destas atividades, e não da administração individual de cada uma delas. Isto

quer dizer que os níveis de integração cada vez maiores implicarão em custos totais cada vez

menores. Isto representa a idéia cada vez mais difundida de que as tomadas de decisão dentro

da firma devem ser um reflexo do conjunto de atividades das firmas. Neste modelo, a tomada

de decisão acerca do modal de transporte não deverá ser feita apenas com base nos custos de

transporte, pois muitas vezes o valor de manutenção de estoques e processamento de pedidos

de outro modal poderá formar um resultado final menor. (BALLOU, 1993)

2.4.3 Sistema total

De acordo com Ballou (1993, p. 47) o princípio definido pelo conceito de sistema

total:

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29

representa uma filosofia para gerenciamento da distribuição que considera todos os fatores afetados de alguma forma pelos efeitos da decisão tomada[...] ao escolher um modo de transporte, o conceito do custo total pode encorajar-nos a levar em conta o impacto da decisão nos estoques da empresa. Por outro lado, o conceito de sistema total nos levaria a considerar também o impacto nos estoques do comprador.

Este conceito tem por enfoque os problemas nos canais de distribuição, os quais, em

caso de negligência, poderão direcionar as tomadas de decisões a pontos subótimos, ou seja, a

um ponto superior ao custo mínimo total.

Como percebido na composição dos custos logísticos, o transporte é um elemento

essencial e de forte participação nos custos logísticos e, portanto, faz-se necessário entender o

que é o transporte e quais são os custos presentes no uso de cada modal de transporte dentro

do comércio exterior: rodoviário, aquaviário, aeroviário e dutoviário. Além do estudo

individual de cada modal, se faz necessário estudar também os benefícios que o uso de dois

modais no transporte de uma mesma mercadoria pode acarretar aos valor final dos produtos.

2.5 TRANSPORTES

O transporte é a atividade responsável pela circulação e distribuição de mercadorias,

sem o qual não seria possível mover a matéria prima até às fabricas, ou os produtos

manufaturados até seus distribuidores, ou mesmo o produto final até seus clientes. Desta

forma, pode-se considerar o transporte como um dos principais responsáveis pelas trocas

comerciais no mundo todo, assim como é indispensável ao comercio internacional e então

consequentemente não haveria o atual cenário global que encontramos hoje. (BALLOU,

2006).

Os transportes devem ser entendidos como sendo formados por uma série de

elementos ligados entre si, dando então, um conceito de sistema. O sistema de transporte, por

sua vez, é um conjunto formado por modais de transporte, vias de transporte, instalações e

pelo próprio sistema de controle de suas atividades

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30

2.5.1 Os modais e seus distintivos custos

Fonte: Agência Nacional de Transportes Terrestres (2000)

Cada modal possui suas características próprias e únicas, as quais destacam-se no

transporte para determinados tipos de carga, de distância, de peso e volume, criando uma

função de custos que deverá ser analisada pelos tomadores de decisão no objetivo de escolher

a forma com que os custos logísticos influenciem cada vez menos nos custos totais de sua

produção.

Nesta função de custos deve-se incluir variáveis como: perdas e danos, visto que as

condições com que o produto é apresentado ao seu cliente tem grande importância; tempo de

trânsito, já que alguns produtos são requeridos com maior urgência que outros, ponderando

estas duas variáveis com os próprios custos diretos e indiretos que incidem sobre o transporte

e com as demais variáveis apresentadas na tabela 1.

Ballou estimou uma nota de relação ao desempenho de cada modal em relação a uma

variedade de circunstâncias, abrangendo as variáveis: modal, tempo médio de entrega,

variabilidade do tempo de entrega (absoluta e percentual) e perdas e danos. Estipulando o

número 1 como o melhor modal para determinada circunstância, e o número 2 como o

segundo melhor modal e assim conseqüentemente até o número 5.

Tabela 1 – Classificação relativa de modais de transporte por custo e características de desempenho operacional

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31

Fonte: BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006, p.58.

Os dados da tabela acima ficam mais claros quando apresentamos nos capítulos que

seguem, como são compostos os custos de transporte para cada modal e de que forma os

mesmos participam do sistema logístico brasileiro.

2.5.1.1 Multimodalidade e intermodalidade

O conceito de intermodalidade diferencia-se da multimodalidade, pelo primeiro ser

definido como o simples transporte feito por dois ou mais modais em uma única operação

comercial. Enquanto que o transporte multimodal consiste na utilização de mais de uma

modalidade de transporte, sendo regido por um único contrato de transporte, desde a origem

até o destino da carga, ou seja, portanto, este diferencia-se daquele, por unificar a coleta,

consolidação de carga e a movimentação de mercadorias sob a execução de um Operador de

Transporte Multimodal (OTM). (LOPEZ, 2000).

Esta unificação em termos de execução da logística de transporte, traz alguns

importantes benefícios em termos de custos, segurança e facilidades de movimentação física,

que são destacadas por Lopez (2000, p. 44), quando afirmam que o transporte multimodal

oferece as seguintes vantagens:

a) Permite a manipulação e a movimentação mais rápida da carga; b) Maximiza o rendimento operacional (ainda mais pela facilidade de transbordo) c) Permite maior proteção à carga, reduzindo os riscos de danos e avarias; d) Diminui os custos de transporte;

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32

e) Oferece melhores condições de competição no transporte; f) Garante qualidade, por exigir operadores responsáveis e serviços de transporte

eficientes; g) Transforma a relação entre usuário e transportador, tradicionalmente antagônica, em

relação de interesses mútuos; h) Concentra a responsabilidade sobre o transporte em menor número de intervenientes,

deixando ao usuário mais tempo para cuidar da produção e comercialização dos bens.

2.5.2 Modal rodoviário

O modal rodoviário é o mais utilizado no transporte interno ou nacional, chegando a

quase 2/3 de representatividade do transporte interno. Embora o transporte rodoviário não

tenha grande participação exclusiva no comércio exterior, não se pode dizer de maneira

alguma que o mesmo não tem importância aos processos de importação e exportação. Keedi

(2004, p. 36) defende a importância do modal rodoviário, ao afirmar que esse modal

apresenta-se “como o mais efetivo elo de transporte, já que é o único modal que pode unir

todos os demais, bem como os pontos de origem e entrega da carga” e o autor afirma ainda

que o mesmo é essencialmente fundamental à intermodalidade e à multimodalidade, pois

inúmeras operações seriam impossíveis sem a sua existência.

Isto significa que, pouco interessa ao importador que sua carga esteja em um porto ou

aeroporto a 300km (dado hipotético) de distância de sua empresa, se não tem uma estrutura

rodoviária capaz de ligar a empresa ao local onde está acondicionada a carga. Esta capacidade

de rotatividade, agilidade e simplicidade que os demais meios de transporte normalmente não

têm, acaba por definir o transporte rodoviário como um modal essencial na logística de

importação.

Na visão de Ballou (2006, p.166), o modal rodoviário apresenta-se como:

Custos fixos mais baixos entre todos os transportadores, pois as empresas não são proprietárias das rodovias nas quais operam, o veículo representa uma pequena unidade econômica e as operações em terminais não exigem equipamentos dispendiosos. Seus custos variáveis, no entanto, tendem a ser elevados porque os custos de construção e manutenção das rodovias são cobrados dos usuários na forma de impostos sobre os combustíveis, pedágios e taxas por peso-milhagem.

Este pensamento de Ballou é reafirmado por Keedi (2004, p. 36) quando este afirma

que:

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33

Deve ser considerado que é um veículo que apresenta uma parcela de custos invisíveis, que não são notados, além daqueles visíveis e bem conhecidos e que são as suas despesas naturais e colocadas no preço do frete. Como custo invisível podemos citar a construção de estradas, que é realizada pelo Estado ou pelas concessionárias e não pelas transportadoras.

O qual ainda complementa com uma análise acerca dos custos ambientais naturais e os

impactos nas cidades gerados por este modal que implicarão custos indiretos e custos futuros:

Também a poluição, já que é um modal mais poluente que os demais, e cujo custo de reparação do meio ambiente não é suportado pelas transportadoras. Afora o gasto adicional de combustíveis pelos demais modais, em especial carros de passeio, em face de congestionamentos, e que impactam nestes outros, além de nos produtos transportados. É de se notar, portanto, que esses custos existem e são pagos pela sociedade, mas não são colocados nos preços das mercadorias transportadas, o que faz que não sejam notados. (KEEDI, 2004, p. 36)

Sendo assim, o uso do modal rodoviário apresenta-se como ideal quando refere-se a

pequenas distâncias, funcionando como um elo de ligação para distâncias de até 200 ou

300km, assim como classifica Faria (2000, p. 17), quando afirma que esta distancia significa:

[...] limite no qual a opção rodoviária representa o menor custo global , visto que o modal ferroviário e o aquaviário implicam na utilização de transporte auxiliar para o recolhimento inicial ou distribuição final de cargas. Ademais, sendo baixa a capacidade de transporte do veiculo rodoviário, sua utilização para longas distancias torna-se economicamente inviável pela necessidade de mobilização de considerável frota, uma vez que eliminada a possibilidade de um mesmo veiculo realizar viagens sucessivas, sobretudo quando se tem grandes volumes de carga a transportar.

Portanto, seja em grandes, quanto em pequenas distâncias, sendo o meio de transporte

principal ou simplesmente como um mecanismo de apoio as outras modalidades, o modal

rodoviário sempre se apresenta como um modal indispensável na distribuição de mercadorias.

A dependência exagerada do transporte rodoviário torna os custos do transporte de

mercadorias em geral relativamente alto quando comparado a países mais desenvolvidos, pois

os mesmos utilizam o modal aquaviário e ferroviário em maior quantidade, o que reduz

significativamente seus custos e aumenta a competitividade destes países em relação ao

Brasil.

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34

2.5.3 Modal ferroviário

Em contraposição com o modal rodoviário, o modal ferroviário apresenta uma

estrutura inversa em relação à composição de seus custos, pois este transporte caracteriza-se

por ter custos fixos altos e custos variáveis baixos. Ao contrário também do rodoviário, este

transporte tem uma grande capacidade de carga, visto que uma um único trem pode carregar

centenas de toneladas de carga. Ao contrário do afirmado na Tabela 1, os custos ferroviários

passam a ser menores que os custos ferroviários quando trata-se de grandes cargas e de países

com linhas ferroviárias já bem desenvolvidas.

O alto custo fixo do transporte ferroviário é explicado por Ballou (2006, p. 165) como

sendo devido aos custos de carga e descarga, faturamento e cobrança, manobra de trens de

múltiplos produtos e múltiplos embarques, depreciação das vias, a depreciação das instalações

dos terminais e despesas administrativas. Para combater estes altos custos, o autor identifica o

uso da economia de escala como o melhor instrumento para reduzir os custos fixos por

tonelada movimentada, como pode ser observado gráfico 1, no qual pode-se ver a estrutura

geral de custos de transportador de superfície com base no tamanho da carga indicando que

quanto maior for a carga, menor serão os custos por unidade.

Gráfico 1 – Estrutura geral de custos de transportador de superfície com base no tamanho de carga Fonte: Ballou (2006, p. 166)

Segundo Keedi (2004, p. 37), no Brasil, o transporte ferroviário movimenta cerca de

20% da carga física do transporte interno, e quanto ao transporte internacional, representa

uma grande importância quando se trata de multimodalidade, visto que o mesmo é utilizado

Page 35: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

35

para abastecer os demais modais. Embora, a primeira vista, 20% pareça um número

significativo, quando comparamos os esses dados com países desenvolvidos ou mesmo com

outros países em desenvolvimento, percebe-se que o modal ferroviário ainda possui um atraso

no desenvolvimento deste modal. Barros e Lobo apresentam dados que comprovam esta

informação quando afirma que:

Com uma área de 8,4 milhões de quilômetros quadrados e aproximadamente 29 mil quilômetros de ferrovias, o Brasil tem, em média, densidade de 3,46 quilômetros de trilhos para cada mil quilômetros quadrados. Países de menor área, como Índia, Alemanha e Argentina, possuem relativamente mais trilhos; respectivamente, 63.221, 48.215 e 31.409 km, e também maior densidade. (BARROS; LOBO, 2009)

Porém, esta situação ainda foi muito pior antes do início das privatizações do

complexo ferroviário, tal qual deu início no ano de 1997. Fleury aponta como principais

problemas encontrados, neste período antecedente às privatizações: “a baixa densidade

territorial, falta de integração intra e intermodal, carência de investimentos e pequenas

distância médias de percurso.” (FLEURY, 2007).

Quadro 1 - Evolução dos indicadores das ferrovias brasileiras entre 1997 e 2004 Fonte: Fleury (2007)

Vale destacar o aumento de 435% dos investimentos, o que com certeza é um ponto

bastante positivo das privatizações, porém este número torna-se quase inexpressivo quando

colocamos lado a lado, estes dados, com os dados de países com uma já desenvolvida malha

ferroviária. Fleury vai ao extremo, e coloca os dados brasileiros frente aos dados norte-

americanos como forma de demonstrar o quanto o modal ferroviário ainda tem a crescer.

Page 36: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

36

Quadro 2: Market share ferroviário versus distância: Brasil x EUA Fonte: Fleury (2007)

Com volume e faturamento cerca de 12 vezes maior que o brasileiro, vale destacar na

tabela acima que os EUA investiram cerca de 20 vezes mais que o Brasil, tendo um resultado

quase 40 vezes maior que o brasileiro. Esta não-proporcionalidade entre investimento e

resultado encontrada nos dados acima, são conseqüência de uma infra-estrutura sucateada

resultada dos tempos de em que o Estado era o responsável pela administração da malha

ferroviária, o que resulta em uma velocidade média comercial extremamente baixa e em um

índice de acidentes muito elevado resultantes desta estrutura ainda não renovada.

Este modal é mais utilizado para transporte de produtos agrícolas, minérios,

fertilizantes, carvão e outros produtos de baixo valor por tonelada por necessitar de um

transporte mais barato e de maiores níveis de carga para o custo de seu transporte não

encarecer o bem transportado. (FARIA, 2000)

Uma das principais desvantagens do transporte ferroviário é o fato de não apresentar

quase nenhuma flexibilidade, visto que este deve ater-se a suas poucas linhas férreas, e

portanto necessita na maioria das vezes de um outro modal e consequentemente, constantes

transbordos para levar sua carga ao destino final. No entanto, vias ferroviárias bem planejadas

podem proporcionar grandes facilidades no transporte de mercadorias, “compensado o tempo

Page 37: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

37

de percurso com a redução do numero de viagem e com o baixo custo unitário de transporte.”

(FARIA, 2000, p. 19).

2.5.4 Modal aquaviário

O modal aquaviário destaca-se por ser o modal mais barato para o transporte de

grandes quantidades a longas distâncias. Tratando-se de transporte internacional, este modal

representa cerca de 95% do transporte de carga do Brasil em termos de exportação e

importação pois, com exceção dos países sul-americanos com quais o Brasil faz parte,

praticamente todo o comércio internacional é feito através deste modal. (KEEDI, 2004) Por

ser o modal que exige maior tempo de entrega e que dispõe maior volume de carga, o mesmo

é indicado preferencialmente em entregas que não exijam tanta urgência e de baixo valor

agregado.

Os custos hidroviários concentram-se principalmente em equipamentos de transporte e

instalação de terminais, visto que as hidrovias e os portos são em grande parte de operação

pública, portanto, os custos fixos predominantes são aqueles relacionados a tarifas e ao custo

de carga e descarga. Os altos custos dispendidos na manutenção e na compra de equipamentos

dos terminais são compensados pelos custos quase nulos das linhas de transporte, tendo assim,

um cenário em que quanto maior for a distancia a ser percorrida, menores serão os custos por

unidade. (BALLOU, 1993)

O modal aquaviário encontra um cenário em que se necessita de altos investimentos

em terminais, portos, navios e acima de tudo, uma infra-estrutura que propicie a

intermodalidade ou mesmo a multimodalidade para que as cargas cheguem até os portos de

onde serão exportadas e da mesma forma, seja feito o transporte pelo por outro modal até seu

destino final, visto que normalmente o porto não o é.

É importante lembrar que, dentro do modal aquaviário, existe a cabotagem, tal qual

significa “navegações realizadas entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a

via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores”, e esta ferramenta significa uma opção

considerável de transporte quando trata-se de grandes cargas a serem transportadas por longas

distâncias dentro do território nacional, podendo ser via hidrovias interiores ou por vias

marítimas. Esta espécie de modal marítimo, destaca-se em determinadas situações, nas quais

Page 38: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

38

as vias ferroviárias não conseguem suprir esse transporte, e em casos em que as longas

distâncias tornam o modal rodoviário muito dispendioso.

2.5.5 Modal aeroviário

O modal aéreo caracteriza-se por ser um transporte rápido, indicado principalmente

para grandes distâncias e para carregamento produtos de grande valor agregado. O seu alto

preço é justificado quando tratamos de custos totais, já que sua velocidade e grande

rotatividade é capaz de multiplicar sua quantidade de carga transportada dentro de um mesmo

tempo de transporte de outros modais.

Assim como o modal aéreo é cerca de 2 vezes mais caro que o transporte rodoviário e

mais de 10 vezes que o modal ferroviário, deve-se considerar que sua velocidade é

proporcionalmente maior que 2 vezes em relação ao rodoviário e maior que 10 vezes em

relação ao ferroviário, o que acaba tornando este tipo de transporte extremamente necessário e

importante em determinados transportes. (KEEDI, 2004)

O que impede uma ainda maior utilização do modal aéreo no processo de importação é

o fato de este modal ser ainda novo no campo logístico e sua consequente pouca capacidade

de carga. Porém, o futuro é visto com muitas boas perspectivas para este modal, como afirma

Keedi (2004, p. 39) quando diz que “esse modal aparece com a chance de apresentar-se como

uma grande nova opção futura ao transporte marítimo de carga geral, podendo até vir a

substituí-lo a contento em uma boa parcela”.

A respeito dos modais citados até o presente momento, Faria criou dois comparativos

com intuito de analisar dentro de diversas modalidade a relação de velocidade e volume entre

os modais

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39

Gráfico 2: Relação velocidade e volume de carga com base nos modais de transporte. Fonte: Faria (2000, p. 21)

Com este gráfico, é possível perceber que o modal aeroviário se destaca em questão de

velocidade do transporte, pois é o meio de transporte mais rápido dentre os analisados, em

contrapartida é aquele que transporta o menor volume de carga. Por outro lado, o modal

marítimo possui uma característica inversa ao modal rodoviário, pois possui a menor

velocidade de transporte, entretanto pode carregar grandes quantidades de carga de uma vez

só. No Brasil, a velocidade do modal rodoviário não se encontra tão próximo do modal

aeroviário como deixa entender o gráfico elaborado por Farias. O pequeno volume de carga

somado ao grande uso deste modal, tem causado o congestionamento das vias de locomoção

deste modal fazendo com que decrescesse de forma significativa a velocidade de transporte do

mesmo.

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40

Gráfico 3: Relação entre valor da mercadoria e tempo de viagem com base nos modais de transporte.

Fonte: Faria (2000, p. 21)

Por outro lado, essa desvantagem derivada dos congestionamentos e da falta de

estrutura de vias rodoviárias, é compensada pelo valor das mercadorias carregadas por cada

modal. Por tratar-se de modais de maiores custos de fretes, o modal aeroviário e o rodoviário

normalmente carregam mercadorias de maior custo agregado e de maior urgência de entrega,

enquanto os modais marítimos e ferroviários transportam aqueles de menor valor. O autor

considera o valor das mercadorias transportadas no modal ferroviário como sendo maiores

que aquelas carregadas pelo modal marítimo, o que não parece verdade quando analisamos

que a maior parte dos produtos carregados pelo modal ferroviário, os quais correspondem

predominantemente, minérios de ferro e matérias-primas. Enquanto que no modal marítimo,

principalmente após o advento da globalização, vê-se produtos mais beneficiados e de maior

valor sendo transportados pelo modal aquaviário.

2.5.6 Modal dutoviário

O modal dutoviário por sua vez, possui uma gama de produtos transportados muito

mais limitada que os demais modais. Este se caracteriza por transportar produtos derivados do

petróleo a uma baixa velocidade, o que não significa baixa capacidade ou baixa

movimentação. Por se tratar de um serviço ininterrupto de dutos de alta capacidade/hora, este

modal é bastante eficaz nos seus poucos serviços oferecidos. Este modal não possui grande

participação no comércio internacional por tratar-se de um modal que exige fronteiras

terrestres e um fornecimento quase ininterrupto de determinados derivados do petróleo.

Portanto, não caberá aqui, discriminar com maiores detalhes os custos deste modal.

2.6 UNITIZAÇÃO DE CARGA

O conceito de unitização de carga, baseia-se na idéia de agrupar vários pequenos

volumes em único volume maior, ou seja, transformar várias unidades em uma única grande

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41

unidade como forma de facilitar o manuseio, a movimentação, a armazenagem e o próprio

transporte de mercadorias “fazendo com que a sua transferência, do ponto de origem até o seu

destino final, possa ser realizada tratando o total de volumes envolvidos em cada unitização

como apenas um volume.” ( KEEDI; MENDONÇA, 2000, p. 35). Com esta unitização

seguida de uma devida padronização pela International Organization for Standardization

(ISSO), foi possível com que os terminais de carga, portos, caminhões, aviões e com que todo

o sistema de transporte se adequassem aos novos equipamentos, significando então uma

considerável redução de custos e de tempo. Keedi e Mendonça ainda discriminam com maior

clareza as contribuições que o processo de unitização resulta, sendo estes:

• Redução do numero de volumes a manipular; • Menor número de manuseios da carga; • Menor utilização de mão de obra; • Possibilidade do uso da mecanização; • Melhoria no tempo de operação de embarque e desembarque; • Redução de custos de embarque e desembarque; • Redução de custo com embalagens; • Diminuição das avarias e roubos de mercadorias • Redução do custo de seguro das mercadorias • Incentivo da aplicação do sistema door-to-door (porta a porta); • Padronização internacional dos recipientes de Unitização. (KEEDI;

MENDONÇA, 2000, p. 35-36).

Os principais equipamentos responsáveis pela maior revolução em termos de

unitização de carga é o contêiner e o palete, dos quais será tratado nos dois próximos itens.

2.6.1 Paletização e seus benefícios

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42

Figura 3 - Palete

Por ser uma espécie de plataforma portátil, o palete é capaz de suportar uma pilha de

mercadorias sobrepostas e pode ser carregado por equipamentos mecânicos para o transporte

de uma vasta gama de mercadorias.

Além disso facilita na unitização da carga com um decorrente aumento do peso e volume de materiais manuseados por hora de trabalho. Além disso, aumenta a utilização do espaço ao proporcionar empilhamento mais estável e, com isso, a possibilidade de pilhas mais altas no estoque. (BALLOU, 2006, p. 386).

O uso do palete justifica-se principalmente quando analisamos a quantidade de mão de

obra poupada, a facilidade de embarque e desembarque e da possibilidade de instrumentos

mecânicos padronizados que facilitam em muito o transporte e o manuseio da carga.

2.6.2 Conteinerização e seus benefícios

Page 43: A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NO COMÉRCIO …

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Figura 4 - Conteiner

Para Keedi (2004, p. 90), os benefícios proporcionados pela inserção dos conteineres

no mercado internacional são incalculáveis, ele considera o período pós-contêiner como:

A partir deste ato, com a criação daquilo que se pode considerar a vedete da unitização e o mais importante equipamento de carga já criado, uma espécie de oitava maravilha da natureza, tanto de transporte quanto de logística, o comercio mundial deu um enorme salto de qualidade, bem como de quantidade e valor [...] o que jamais poderia ter ocorrido com a permanência da prática da carga solta.

Um dos principais benefícios ligados ao contêiner é a capacidade de utilização

mecânica em seu transporte e manuseio, reduzindo conseqüentes custos de mão de obra, já

que anteriormente necessitaria de dezenas de trabalhadores para carregar um navio, enquanto

agora poucos operadores de máquina são necessários. Desta forma, a utilização do contêiner,

agiliza de modo significativo o tempo de transporte, reduz custos de embalagem, apresenta

um custo de seguro mais baixo e ainda serve de local de armazenagem enquanto aguarda

operações (KEEDI, 2004), significando menos avarias e perdas por conta das condições

atmosféricas e degradação pelo tempo e redução de custos de armazéns. Com todas essas

facilidades advindas desta forma de unitização, a multimodalidade e a intermodalidade

também acabam sendo em muito ajudadas pelo uso do contêiner, pois seu manuseio e

transporte de um modal ao outro torna-se uma operação mecânica que não implica uma série

de custos adicionais que o carregamento manual traria.

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2.7 CONSOLIDAÇÃO E DESCONSOLIDAÇÃO DE CARGA

Figura 5 – Navio: instrumento de consolidação de carga

A consolidação de carga é uma ferramenta de redução de custos para aquelas empresas

que normalmente trabalham com pequenos volumes, pois consiste em agrupar vários

pequenos volumes em grandes carregamentos de modo a utilizar a plena capacidade da carga.

As vantagens provindas da consolidação de carga são discriminadas por quando

percebe-se que a consolidação de cargas é responsável por gerar economias de escala em

relação ao custo em inúmeros setores da produção e principalmente da logística, como no

controle e administração da carga, manuseio e preparação de embarques, taxas e tarifas,

seguros, amortização de investimentos, margens de lucros, e tantos outros custos que são

afetados indiretamente pela economia de escala. Lopez enxerga a consolidação de carga como

uma ferramenta que:

propicia redução do custo de transporte, pela utilização da box-rate (rateio em função da fração de contêiner ocupada); concorrência entre agentes consolidadores, com transferência de parte das reduções de valor de frete obtidas junto aos transportadores, via ampliação dos serviços prestados ou reduções nos próprios preços; e, oferta de infraestrutura operacional de transporte mais ágil e eficiente. (LOPEZ, 2000, p. 42)

No modal rodoviário, a consolidação de cargas significa utilizar os maiores veículos

possíveis no transporte de mercadorias, pois estes em sua plena capacidade, representam uma

das principais estratégias para reduzir o custo do transporte rodoviário. Nos modais

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45

aquaviários, aeroviários e ferroviário, a consolidação significa um agrupamento de vários

embarques de um ou vários embarcadores que tenham o mesmo destino final, pois, desta

forma, atinge-se o menor nível tarifário por tonelada. (FLEURY, 2007).

Em sentido oposto, a desconsolidação de carga significa o desagrupamento de um

grande carregamento, transformando em várias pequenas cargas. Deste modo é possível fazer

uma distribuição e movimentação de materiais de forma mais flexível, assim reduz-se os

custos, e agiliza a entrega das mercadorias.

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3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O Brasil vive hoje um cenário de retomada do crescimento, onde o setor importador

está em pleno desenvolvimento de suas forças, com o real valorizado frente ao dólar, massa

salarial em crescimento e o desemprego em queda contínua. Forma-se um ambiente que

aponta para um crescimento de consumo por parte das famílias e, consequentemente, uma alta

na demanda agregada. Como forma de suprir este crescimento, requer-se um aumento na

produção nacional ou mesmo, um crescimento na oferta provinda de bens importados.

Juntamente com o fortalecimento do mercado brasileiro, acontece o consequente

crescimento da competição pela redução de custos e dos prazos de entrega das mercadorias,

os quais poderão ser diminuídos com a evolução e formalização de técnicas e ferramentas

para a gestão da cadeia logística.

Como forma de aprimorar a competitividade das empresas brasileiras no mercado

internacional, a iniciativa privadatem procurado investir cada vez mais em infraestrutura

logística, diminuindo custos e distâncias internas através de investimentos em portos,

ferrovias e rodovias, sanando, por muitas vezes, as inúmeras brechas deixadas pelos

investimentos do governo. Aliado a estes investimentos, as empresas brasileiras devem se

concentrar em pesquisar ferramentas que sejam capazes de reduzir substancialmente seus

custos logísticos, para que então, destaquem-se em termos de competitividade nacional e

então, encontrem sua fatia de mercado no mercado consumidor brasileiro.

Neste contexto de demanda interna em alta, e de maiores investimentos em

infraestrutura logística, o Grupo HCL Comércio Exterior se apresenta como um ofertante de

produtos importados, que tem como objetivo, suprir um mercado que retoma sua aceleração,

apresentando preços competitivos, grande capacidade de adaptação do produto ao mercado

brasileiro e um controle dos custos logísticos de transporte capaz de integrar vantagens

competitivas em relação aos seus concorrentes.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O grupo HCL, localizado na cidade de São José – SC, atualmente instalado na rua

Francisco Severino de Souza, 1300, Distrito Industrial, foi criado no ano de 1995, sob o

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47

comando e idéia do atual presidente Hélio Claudio Ligocky, o qual leva as iniciais de seu

nome na razão social da empresa. Juntamente com a sua família, que também sempre

trabalhou e estudou no ramo de comércio exterior, buscaram criar uma empresa que pudesse

oferecer a seus clientes, produtos de qualidade com um preço competitivo no mercado

interno.

A HCL é uma empresa brasileira de itens de porcelana e eletroportáteis destinados ao

mercado consumidor brasileiro, sendo que os produtos vendidos ingressam no Brasil pelos

portos de Itajaí e Navegantes, então são armazenados no armazém que encontra-se junto a

sede administrativa da empresa e, a partir deste armazém central, os produtos são

redistribuídos para os armazéns das empresas compradoras. Estes por sua vez, redistribuem

aos pontos de varejo. Entre os principais compradores, figuram grandes redes de varejo e de

e-commerce como Ponto Frio, Submarino, Casas Bahia, Wal-Mart, além de varejistas de

menor porte que compram dos distribuidores.

O grupo HCL é uma empresa composta por três marcas relacionadas a dois segmentos

de atuação, sendo representada pelas marcas Blu e Portofino no ramo de porcelanas, e pela

marca Zeex no ramo de eletrodomésticos, sendo ambas as marcas comercializadas pela

Chiave Comercial, tal qual também faz parte do grupo. Estas marcas são todas amparadas por

uma assistência técnica própria que garante o produtos por 1 ano contra defeitos de

fabricação.

Como responsável pelo comércio internacional do grupo HCL, apresenta-se a HCL

International Business, a qual é responsável por prover grande parte dos produtos que fazem

parte da linha de produtos comercializados pelo grupo, negociando diretamente do mercado

internacional, a qual preza pela estratégia de inserir-se com diferentes negócios e parceiros em

mais de 40 países.

O autor fez parte do Grupo como Assistente de Compras Internacionais da HCL

International Business exercendo funções relacionadas, principalmente, à importação e à

logística, como: cotação de preços com fornecedores estrangeiros, acompanhamento de

cargas, verificação de documentos do processo de importação, cotação de fretes internacionais

e internos, negociação com fornecedores estrangeiros, apoio logístico e eventuais funções

relativas ao cargo. Neste cenário, o autor pôde ter contato direto com o processo logístico da

empresa e percebeu a importância que os custos logísticos têm nos custos totais da empresa.

A rotina da empresa baseia-se em quatro estágios: importação do meracado asiático;

recebimento da mercadoria no porto; transporte interno até o armazém da empresa; estocagem

e distribuição aos armazéns dos compradores.

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48

3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS SOBRE O PROBLEMA DE PESQUISA

O grupo HCL Comércio Exterior, tendo como principais produtos, os produtos de

porcelana e eletroportáteis em geral, provenientes principalmente do mercado asiático, os

quais são nacionalizados, comercializados e distribuídos por todo mercado nacional. É uma

empresa de caráter essencialmente importador e, portanto, tem por característica fazer um

grande uso da logística principalmente de transporte, procurando ter um forte controle sobre

os mesmos.

No primeiro momento, os produtos importados pela empresa são adaptados

diretamente junto a seus fornecedores, tendo seu manual de instruções, gift box (caixa

individual de produtos), logomarca e adequações técnicas todas sendo feitas no país de

origem, conforme o exigido pela empresa e pelo mercado nacional, reservando ao grupo

HCL, a tarefa de concentrar-se principalmente ao setor de comercialização, marketing, venda

e distribuição de seus produtos. Tendo em vista a localidade da empresa na cidade de São José

– SC, os produtos são transportados em sua quase totalidade através do modal marítimo, pois

este modal é indicado para fins de transporte de mercadorias que se encontram em um

território não fronteiriço com o Brasil e de longa distância em relação ao mesmo. Esta

característica, quando somada ao fato de as mercadorias serem de baixo valor agregado, torna

o modal aquaviário o mais apropriado para o transporte destas mercadorias, pois este tem por

principal qualidade, o baixo custo por quilômetro percorrido. Esta característica é derivada da

economia de escala existente na composição dos custos deste modal e de sua grande

capacidade de carga associada a um baixo nível de perdas e danos.

Feito o transporte internacional, as mercadorias entram no Brasil pelos portos de

Navegantes e de Itajaí, tendo a movimentação interna feita basicamente pelo modal

rodoviário. Tratando-se do transporte interno, ou transporte nacional, este é formado por dois

estágios: fazer o trajeto do porto até a sede da empresa (onde encontra-se o armazém), e pela

distribuição do produtos do armazém até seus distribuidores por todo mercado nacional. No

primeiro estágio, este modal funciona como um “elo de ligação”, ou seja, apenas liga o porto

até o armazém, onde o modal aquaviário não pode alcançar. Esta função de ligação, em

distâncias de até cerca de 300 quilômetros, é fortemente apreciada pelos autores estudados,

porém, sua funcionalidade deveria limitar-se somente a este tipo de operação, pois ela

representa o “menor custo global” em termos de transporte. (FARIA, 2000, p. 17). Para o

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49

segundo caso, o modal rodoviário passa a representar um custo maior e, economicamente

inviável para a empresa, pois, em distâncias fronteiriças superiores a cerca de 300

quilômetros, o modal ferroviário e a cabotagem marítima ou mesmo fluvial, poderiam exercer

papéis menos custosos e mais eficientes para a empresa. Contudo, as atuais limitações

infraestruturais brasileiras impedem a utilização destas ferramentas de redução de custos

logísticos de transporte.

No caso do grupo HCL, o uso da intermodalidade é um elemento essencial para o

transporte de mercadorias, pois estas são advindas, em grande parte, de seus fornecedores de

além-mar e de origem distante do mercado onde seus produtos são comercializados. Como

estudado anteriormente, apresenta benefícios a empresa em termos de agilidade na

movimentação das cargas e redução de custos.

Quando há a necessidade urgente de peças de reposição ou de algum produto

específico, como amostras, o modal aéreo é acionado. Este tem por características a maior

velocidade entre os modais, um baixo nível de perdas e danos, e sua pequena capacidade de

carga não chega a ser um empecilho para este tipo de transporte, visto que trata-se de produtos

de pequena cubagem e peso. Portanto, o grupo HCL utiliza este modal como uma forma de

suprir necessidades urgentes, tendo este modal como uma importante ferramenta de

atendimento imediato as necessidades da empresa, de seus representantes e de seus clientes.

A utilização dos modais e, principalmente, da multimodalidade ou intermodalidade,

pouco seria proveitosa se não viessem acompanhados de uma importante ferramenta de

redução de custos.

Em termos consolidação de carga, o grupo HCL utiliza-se desta ferramenta apenas

quando se trata da consolidação relacionada aos navios, visto que o seu volume de

importações não chega a preencher toda a carga necessária para carregar um navio por inteiro,

no entanto, tem por característica completar a carga dos contêineres por inteiro. A

desconsolidação de carga, por sua vez, é uma ferramenta muito utilizada pela empresa, pois

esta recebe suas cargas acondicionadas em uma grande carga (navio) e desconsolida-a,

transferindo para vários pequenos volumes, para que seja distribuído a seus clientes de forma

ágil e eficiente.

A conteinerização facilita a movimentação dentro do modal aquaviário e é

imprescindível no transporte das mercadorias vendidas pelo grupo HCL, pois esta ferramenta

traz uma série de benefícios relacionados diretamente a redução de custos, facilidades na

movimentação e agilidade no carregamento que só são possíveis com a utilização dos

contêineres.

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50

O uso da paletização, por sua vez, se mostra uma importante ferramenta,

principalmente na redução de custos no processo de estocagem e armazenagem. Pois a

empresa utiliza-se o sistema de estocagem chamado porta-palete convencional, o qual

consiste em uma estocagem paletizada e verticalizada e, desta forma, o não uso do palete,

implicaria na redução da capacidade de estocagem do armazém, pois o empilhamento se

limitaria a uma determinada altura, incorrendo assim, custos mais altos de armazenagem por

produto armazenado e uma dificuldade substancialmente maior de movimentação destes

materiais dentro do armazém.

Em questão de estocagem, o grupo HCL utiliza o sistema de porta-paletes

convencional, o qual consiste em armazenar cargas em uma estrutura verticalizada, no qual se

torna indispensável a utilização do palete, pois sem este, não seria possível fazer o uso da

empilhadeira para movimentar as cargas para as partes superiores do porta-palete.

Atualmente, o armazém da empresa encontra-se perto do seu limite de capacidade, o que tem

exigido que por vezes, seja alugado armazéns de terceiros, para que assim seja possível

comportar seu estoque mínimo desejado.

Como forma de controle dos estoques, a empresa trabalha com o conceito de estoque

mínimo, ou seja, estabelece quantidades seguras de estoque para cada item, de forma com que

o estoque nunca alcance níveis inferiores a aqueles preestipulados, assim assegurando que

haja o estoque necessário para atender pedidos extras e também, servir como um ponto de

alerta para a necessidade de novos pedidos junto aos fornecedores.

Diante das características acima expostas, o próximo capítulo busca encontrar

soluções dentro do contexto da logística de transporte, analisando as ferramentas que são

atualmente utilizadas pelo grupo HCL, equiparando com aquelas mais recomendadas como

forma de reduzir custos, para que entenda-se quais podem ser aderidas pelas empresas

brasileiras, e quais poderiam ou deveriam ser mais estudadas pela própria empresa que está

em foco neste trabalho, de forma com que se possa atender as necessidades, em termos do

logística de transporte, para importação e distribuição de seus produtos.

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51

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A principal ação a ser tomada em termos administrativos é a busca incessante pelo

grupo HCL de atingir uma integração estratégica, na qual, os fornecedores, o grupo HCL e

seus clientes trabalhem em uníssono, tendo seus sistemas de informação e controle de

estoques totalmente integrados, de modo a agilizar e reduzir substancialmente os custos para

estes três atores. O que ainda está longe de ser utilizado pela empresa em questão.

Como forma de reduzir os custos de transporte rodoviário, uma solução considerável

seria a maior aproximação da empresa aos portos de Navegantes e Itajaí, de forma a reduzir os

custos de transporte e reduzir o tempo de espera do recebimento das mercadorias, assim

agilizando o tempo de resposta aos pedidos dos clientes, e apresentando um menor custo a ser

repassado aos clientes. Sabendo que boa parte dos clientes encontram-se no estado do Paraná

e de São Paulo, evitaria fazer o mesmo trajeto Itajaí - São José – Itajaí de recebimento e

distribuição das mercadorias.

Quando as distâncias em relação aos portos de Navegantes e Itajaí tornam-se muito

elevadas, um centro de distribuição estrategicamente posicionado na região Sudeste poderia

reduzir drasticamente os custos de movimentação interna, e diminuir consideravelmente o

tempo de entrega das mercadorias. No caso do grupo HCL, esta implantação de um centro de

distribuição na região sudeste representaria uma chave para para a definitiva inserção de seus

produtos neste mercado, visto que grande parte de seus clientes se encontram nesta região, e

assim seriam amparados por uma logística ágil e barata.

A grande alternância de transportadores logísticos muitas vezes cria um índice muito

alto de avarias e danos aos produtos e às próprias embalagens do mesmo. Na rotina do grupo

HCL, normalmente é utilizado cerca de 3 diferentes transportadores, o que torna difícil

responsabilizar um único transportador pelos danos às mercadorias. Portanto, a utilização da

multimodalidade através da fidelização com um único transportador para todo o trajeto da

mercadoria (desde transporte internacional até distribuição nacional), possibilitaria, uma

execução do transporte de forma mais ágil, menos avarias aos produtos, menores custos

logísticos e uma maior integração entre empresa e seu responsável logístico.

Como visto anteriormente, a malha ferroviária brasileira encontra-se ainda em atraso

em relação aos países desenvolvidos, isto implica em um não aproveitamento dos potenciais

que este modal pode trazer a redução de custos logísticos de transporte no ambiente interno

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52

brasileiro. Este modal, se bem desenvolvido, poderia representar uma ótima opção de

transporte para trajetos superiores a 300 km que tenham destinos onde não possa ser utilizada

a cabotagem marítima ou fluvial. O modal ferroviário poderia, visivelmente, ser melhor

aproveitado pelo grupo HCL, pois destaca-se quando se trata de médias distâncias,

fronteiriças, no transporte de mercadorias de baixo custo, encaixando-se com as

características de transporte da empresa estudada. Como a malha ferroviária ainda não é

suficiente, a alternativa mais utilizada ainda é o modal rodoviário, pois, embora não

represente o menor custo global, nem o menor tempo, tampouco o menor nível de perdas e

danos, ainda assim é a melhor alternativa disponível para a localização geográfica da empresa

na distribuição de grande parte seus produtos.

O fato das mercadorias apresentarem um baixo custo unitário em relação a sua

cubagem e peso, faz com que os custos logísticos tenham uma participação ainda mais

importante neste processo, pois passam a integrar uma percentagem ainda maior nos custos

totais da empresa, influenciando diretamente a competitividade da empresa no mercado

interno e, portanto, significa um custo que merece uma atenção especial dos gestores da

empresa.

Portanto, percebe-se que o grupo HCL ainda possui dificuldades, principalmente em

relação à integração e flexibilização interna e externa, pois, no ambiente interno, cada setor

trabalha de uma forma independente que não permite uma agilidade no desenvolvimento de

suas funções. O setor de importação não está diretamente ligado ao setor comercial, ou seja,

há um lapso de tempo entre as necessidades do setor comercial, e a efetiva compra e chegada

das mercadorias que suprirão estas exigências. Isto se deve principalmente, a falta de

integração entre os clientes, o grupo HCL e os fornecedores, o que acarreta uma série de

dificuldades e ineficiências na administração dos custos relacionados à logística de transporte.

da empresa.

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REFERÊNCIAS

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