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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE ALUNOS COM

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS - NEE

MARIA DA SILVA MOREIRA1 LEONOR DIAS PAINI2

Resumo: Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a contribuição e a importância da literatura infanto-juvenil no desenvolvimento e aprendizagem da oralidade, da leitura e escrita de alunos com necessidades educacionais especiais – NEE. A metodologia é de caráter teórico-prático em que se utilizou dos seguintes passos: pesquisa de campo para levantamentos de dados, seleção de livros de literatura infanto-juvenil e vídeos, os quais foram utilizados pelos professores, com atividades de contação de histórias para os alunos da Escola Marcelo Aparecido da Silva - Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Especial – APAE de Janiópolis/PR, com a intenção de tornar os educandos, por meio da mediação e interação do professor, pessoas mais afetivas, críticas e participativas em busca da sua autonomia. Resultados: Foi possível observar que os professores, por meio da literatura infanto-juvenil utilizando-se da prática de contação de histórias, melhoraram suas práticas pedagógicas e os alunos desenvolveram habilidades cognitiva, psicomotora e afetivo/emocional. Constatou-se que houve melhoria na qualidade do ensino e que a literatura deve ser utilizada na educação escolar, de forma planejada e mediada pelo professor. No entanto, a leitura pode ser feita em vários espaços, mas é na escola que ela é desenvolvida e aprendida, pois desempenha um papel fundamental no processo ensino-aprendizagem.

Palavras - chave: Educação Especial. Aprendizagem. Literatura. Contação de história.

1. Introdução

Este trabalho tem a intenção de subsidiar os professores que trabalham com

alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, com atividades

diversificadas de contação de histórias e leitura de textos, os quais envolveram a

literatura infanto-juvenil como estratégias de ensino, para os conteúdos

programáticos, conforme a proposta curricular da Escola Marcelo Aparecido da Silva

– EI e EF na Modalidade de Educação Especial – APAE de Janiópolis/PR. A

implementação na escola foi desenvolvida com todas as turmas, num total de 15

(quinze), desde a Educação Infantil, escolaridade e EJA, envolvendo um total de 70

(setenta) alunos, entre a faixa etária de 02 a 65 anos de idade.

1 Professora PDE 2012. Professora Especialista da Rede Pública do Estado do Paraná. Escola Marcelo Aparecido da Silva –

E.I. E.F. na modalidade de Educação Especial de Janiópolis - PR. E-mail: [email protected].

2 Professora Orientadora Professora Doutora no Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail:

[email protected].

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Com a ampliação dos meios de comunicação, a explosão de recursos

eletrônicos, a informatização, todos trazendo muita informação e diversão, o mundo

está vivendo uma época de grandes transformações. Todas essas inovações têm

influenciado em muitas áreas da sociedade e, entre elas, está o ensino e a

educação.

Nos embates sobre as mudanças educacionais, a literatura Infanto-juvenil é

uma área de destaque. Diante disso, a maior dúvida recai sobre a sobrevivência dos

livros, isto é, de todo material impresso. Ainda assim, o uso de livros diversos e de

literatura continuou tendo seu lugar garantido na educação. Como afirma Coelho

(2000, p.15) “É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos maior responsabilidade na

formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens.”

Apesar desta valorização dos livros e das artes literárias, a análise realizada

pela especialista Maria Antonieta da Cunha (2008) na pesquisa “Retratos da Leitura

no Brasil”, Mostra que o índice de leitura melhorou, mas os brasileiros ainda lêem

pouco. Uma grande parte da população não conhece materiais de leitura ou

conhece muito pouco.

Existe a falta de acessibilidade aos livros, e quando estes são de fácil acesso,

o desinteresse pela leitura faz com que sejam pouco procurados. Um dos motivos

para muitos se declararem não leitores, é a falta de habilidade para leitura. A

pesquisa apresenta ainda que o hábito de ler não é valorizado pela sociedade, visto

que boa parte dos leitores declara nunca ou raramente ter visto seus pais lendo

livros ou outras fontes de informação. Como as famílias não incentivam, nem

transmitem o valor da leitura, a escola deve assumir este papel, promovendo

acessibilidade às bibliotecas, permitindo assim a valorização e prazer pela leitura.

Os alunos com necessidades educacionais especiais também devem ser

mencionados, observando-se que uma das características diagnosticadas mais

relevantes é a deficiência intelectual, que de acordo com a Associação Americana

de Desenvolvimento Mental (apud Voivodic, 2007, p. 43) “é a condição na qual o

cérebro está impedido de atingir seu pleno funcionamento, prejudicando a

aprendizagem e a integração social do indivíduo”, gerando por conseqüência, um

atraso nas áreas do desenvolvimento físico e mental em maior ou menor grau.

A problemática da pesquisa visa aprofundar este tema, questionando sobre

até que ponto a literatura e a contação de histórias contribui para o desenvolvimento

e aprendizagem da criança com Deficiência Intelectual.

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2. A Contação de História

A partir da prática de contação de histórias, numa perspectiva inclusiva,

com o intuito de melhorar o desenvolvimento cognitivo e intelectual dos educandos,

com ênfase na oralidade, na leitura e escrita, obteve-se um maior desempenho e

criatividade nas atividades propostas, levando-se em consideração a melhoria da

qualidade do ensino.

Nesta perspectiva, a prática de contação de histórias pôde contribuir no

processo ensino/aprendizagem, bem como, no processo de inclusão, pois se

utilizaram diferentes recursos didáticos, como ler as histórias juntos, de formas

variadas e representá-las por meio da oralidade, leitura e escrita de textos,

desenhos, ilustrações, dramatização com fantoches, histórias em quadrinhos,

músicas, dentre outros.

Com a proposta de trabalho coletivo e interdisciplinar, mediada pelo

professor, envolvendo a literatura, buscou-se incentivar os educandos a desenvolver

suas habilidades de expressão oral, leitura e escrita por meio da contação de

histórias, as quais ajudaram a contribuir para a formação de um leitor crítico,

autônomo e consciente.

Este projeto tem por base filosófica, a teoria histórico-cultural de Vygotsky,

que concebe o desenvolvimento humano a partir das relações sociais que a pessoa

estabelece no decorrer da vida. Neste referencial, o processo de ensino

aprendizagem também se constitui dentro de interações que vão se dando nos

diversos contextos sociais. Desta forma, a sala de aula deve ser considerada um

dos lugares privilegiados de sistematização do conhecimento e o professor um

articulador na construção do saber.

Como afirma Vygotsky (1984), por meio de inúmeras oportunidades de

diálogo, os adultos, que já dominam a linguagem, não só interpretam e atribuem

significados aos gestos, posturas, expressões e sons da criança como também a

inserem no mundo simbólico de sua cultura. O autor valoriza o processo de

interação e mediação.

Na medida em que há interação da criança com os adultos, ela aprende a

usar a linguagem como instrumento do pensamento associando-a a fala. Assim, ela

desenvolve sua expressão oral e auxilia no desenvolvimento intelectual. Para este

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autor, com uma educação adequada é possível às crianças deficientes chegarem a

um desenvolvimento semelhante ao da criança normal.

2.1 A Literatura Nossa de Cada Dia

De acordo com Cunha (2006), a literatura infanto-juvenil, por sua forma

específica de comunicação, mediada pelo livro, lidando com o símbolo, com o

imaginário, pode se constituir-se em terreno propício à criação de novas formas de

relacionamento com a criança.

Sendo a literatura uma forma específica de comunicação mediada pelo livro,

lida com símbolos ou signos, os quais podem resultar em práticas pedagógicas

eficazes de incentivo à leitura, à oralidade e à escrita. Por meio da leitura, na prática

de contação de histórias, o professor, como mediador, pode auxiliar o educando a

desenvolver a expressão oral, a leitura, a escrita e interpretação de textos. É por

meio do contar histórias que ocorre a mediação e o diálogo entre o leitor e o

interlocutor (CUNHA, 2006).

De Acordo com Lajolo e Zilberman (1988), seria muito importante que a

escola procurasse desenvolver no aluno, formas ativas de lazer - aquelas que

tornam o indivíduo crítico e criativo - mais consciente e produtivo. E a literatura teria

papel relevante nesse processo.

Para estas autoras, o ideal da literatura é fazer com que as crianças unam o

entretenimento e a instrução ao prazer da leitura, a qual vem educar a sensibilidade,

reunindo a beleza das palavras e das imagens. Ainda na visão de Lajolo e Zilberman

(1988), a criança pode desenvolver as suas capacidades de emoção, admiração,

compreensão do ser humano e do mundo, entendimento dos problemas alheios e

dos seus próprios: enriquecendo, principalmente, as suas experiências escolares,

cidadãs e pessoais.

Na mesma direção, a literatura para Cunha (2006) amplia e enriquece a

nossa visão da realidade de um modo específico, permitindo ao leitor a vivência

intensa e, ao mesmo tempo, a contemplação crítica das condições e possibilidades

da existência humana.

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A literatura infantil é a primeira forma escrita de contato da criança e do jovem com as tradições culturais e literárias do seu povo. Ao mesmo tempo, que promove recreações, também cultiva valores necessários à vida em sociedade e favorece o raciocínio e a inteligência das crianças e dos jovens. Sua função primordial é despertar, na criança e no jovem o gosto pela leitura e permite-lhes um contato com a realidade que os cerca (SOUZA, 2006, CD Room).

Por isso, é necessário que o professor introduza, em sua prática pedagógica,

a literatura, como estratégia de incentivo à oralidade, à leitura e à escrita, levando

em consideração a faixa etária de seus alunos, podendo também aplicar atividades

de contação de histórias. Uma vez que o professor, como mediador da

aprendizagem, ao contar histórias, oralmente ou lidas, pode levar o educando a

desenvolver a oralidade, a leitura, a escrita, interpretação de textos e desenvolver o

raciocínio lógico, Isto é, o pensamento crítico, pois a aproximação entre oralidade,

leitura e escrita pode contribuir no processo para a formação de leitores.

Para Lajolo,

A literatura é porta de entrada para variados mundos que nascem das várias leituras que dela se fazem. Os mundos que ela cria não se desfazem na última página do livro, na última frase da canção, na última fala da representação, nem na última tela do hipertexto. Permanecem no leitor, incorporados como vivência, marcos da história de leitura de cada um (LAJOLO, 2001, p.44).

Os textos literários são escritos apoiados na imaginação, fantasia e mistério.

Falam de coisas reais, mas de um modo fictício e, por isso, eles levam os que

ouvem ou lêem estes textos a desenvolverem o pensamento, a linguagem, os

valores, os padrões de comportamento, enfim, são estímulos a sua imaginação.

As leituras mostram a importância da literatura infantil no processo de

formação da criança desde seus primeiros dias de vida. Abramovich (2008, p.16)

ressalta “Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas,

muitas histórias [...]” e Coelho (2000, p.43) coloca sobre a literatura feita para as

crianças “[...] é o meio ideal não só para auxiliá-las nas várias etapas de

amadurecimento que medeiam a infância e a idade adulta.”

Compreende-se que o ser humano só se torna humano à medida que vai

formando conceitos. Para Cademartori (1986) a infância é o momento principal nesta

formação e a literatura infantil/juvenil é um instrumento importante para o homem,

sendo uma das manifestações culturais e um dos campos de interpretação do

mundo, pois possibilita a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento.

Como já é sabido, é importante que a criança ouça muitas histórias repetidas vezes,

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pois é oralmente que ela faz os primeiros contatos com histórias, textos, poemas e

outros.

Ler para as crianças é despertar o interesse, a atenção, o imaginário e o

mundo das emoções como raiva, tristeza, medo, alegria, insegurança, pavor, paz,

tranquilidade e outras mais; é desenvolver a expressão de idéias e o prazer pela

leitura, responder a tantas perguntas e encontrar soluções e conceitos. Por meio dos

personagens, podem-se perceber os conflitos, impasses, soluções que são comuns

ao ser humano e, assim, entender melhor as próprias dificuldades e encontrar ideias

para a resolução delas. Através das histórias também é possível viajar a outros

mundos e tempos. Se estar em contato com textos literários é tão importante para a

criança, o trabalho com estes textos na escola também o é.

3. A Implementação Pedagógica na Escola

A Implementação Pedagógica se iniciou em fevereiro de 2013. Num primeiro

momento, apresentou-se o projeto pela professora PDE à Diretoria da escola, à

equipe pedagógica, aos professores e funcionários com o objetivo de sua

socialização, com todos os profissionais da Escola Marcelo Aparecido da Silva – EI

e EF na Modalidade de Educação Especial - APAE de Janiópolis/PR, conforme a

figura1

Figura 1 – Apresentação do projeto à diretoria, professores e equipe pedagógica

Fonte: MOREIRA, 2013

Na seqüência, foi aplicado um questionário aos professores com questões

sobre contação de histórias, o qual foi utilizado para análise dos dados e dando

início a construção de materiais pedagógicos, recursos didáticos que foram

utilizados na contação de histórias e apresentou os, conforme a figura 2.

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Figura 2 – Materiais pedagógicos construídos para serem utilizados na contação de histórias

Fonte: MOREIRA, 2013

Foram confeccionados os seguintes materiais: caixa de leitura (uma para

cada sala de aula) com diversos livros de literatura, fantoches, sacola de leitura para

levar livro para ler em casa com a família, caderno de registro, baú de leitura, play

book (porta-livro que fica exposto no pátio da escola durante os dois períodos, onde

os alunos e visitantes podem pegar os livros para ler e depois devolvê-los).

Num segundo momento, (14 de fevereiro), iniciaram-se as atividades de

contação de histórias envolvendo toda a comunidade escolar, dando-se ênfase à

oralidade. A professora PDE, coordenadora do projeto “Contação de histórias”,

expôs aos presentes quais seriam seus objetivos em desenvolver o projeto na

escola, conforme a figura 3:

Figura 3 – Trabalhando a oralidade: Contação de histórias

Fonte: MOREIRA, 2013

Alguns professores, contaram histórias de sua infância relembrando seu

passado escolar, dando incentivo aos educandos para que contassem suas histórias

também. Alguns alunos contaram sua história, mas com muita timidez. Foi um

momento muito emocionante.

A história da borboleta foi lida, encenada e trabalhadas diversas atividades

interdisciplinares em sala de aula. Como por exemplo: Ilustração das personagens,

desenhos, pintura, dobraduras, cartazes, compreensão, interpretação e reprodução

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do texto, vídeo da metamorfose da borboleta, experiências em sala de aula com um

casulo, entre outras. E também, foi montada uma coletânea de textos.

Num terceiro momento, foi trabalhada em sala de aula a história do “Patinho

feio” contada com o auxílio do livro, da qual os alunos gostaram muito, pois todos

queriam ver bem de perto as gravuras do livro, conforme a figura 4

Figura 4: História do Patinho feio - Contação de história, desenho e pintura a dedo

Fonte: MOREIRA, 2013

Antes de contar a história foi feito um levantamento do conhecimento prévio

dos educandos sobre a história, só depois foi realizada a leitura propriamente dita. O

texto foi trabalhado em sala de aula. Cada professor (a) trabalhou com sua turma

conforme a capacidade de cada uma. Foram produzidos, desenho, pintura,

ilustração, reprodução e produção de textos e finalmente, uma coletânea de textos.

O livro da história da “Cigarra e a formiga” foi dividido em partes. O

professor ia lendo uma parte da história juntamente com os alunos, levando-os a

refletirem a cena dos personagens e eles iam ilustrando cada parte da história,

conforme a figura 5:

Figura 5: História da Cigarra e a formiga – Leitura, produção de texto e encenação

Fonte: MOREIRA, 2013

Cada aluno queria desenhar mais bonito que o outro para montar o seu

livrinho. Depois do livro pronto, cada um desenhou a capa do seu livro de acordo

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com a sua criatividade. Eles ficaram felizes, pois todos perceberam que são capazes

de desenvolver alguma atividade de aprendizagem.

Num quarto momento, foi trabalhada a história o “Leão e o Ratinho”, contada

com o uso de fantoches. Antes foi dialogado com os alunos sobre os conhecimentos

que tinham da história e da vida do leão e do ratinho. Como por exemplo: onde

vivem, do que alimentam se, qual o tamanho, do que é coberto o corpo deles, se são

animais domésticos, nocivos ou selvagens, etc.. Depois foi contada a história, da

qual, eles gostaram muito, conforme a figura 6.

Figura 6: História do Leão e o ratinho – compreensão, interpretação oral e produção de texto

Fonte: MOREIRA, 2013

Logo após a contação da história pela professora, os próprios alunos

utilizaram-se dos fantoches e contaram, a seu modo, a história para os colegas. Em

seguida, houve a interpretação oral do texto, fizeram a ilustração dos personagens e

a reprodução da história.

Também foi trabalhada a história o “Platero e Eu” em sala de aula pelos

professores, conforme a capacidade da turma, como indica a figura 7.

Figura 7: História do Platero e Eu – Dramatização, Leitura, e produção de texto.

Fonte: MOREIRA, 2013

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Uns professores trabalharam pintura das personagens, outros desenharam,

ilustraram, outras turmas fizeram a encenação com fantoches de palitos e produção

de textos. Foi um momento muito divertido e gratificante.

Num quinto momento, foram trabalhados poemas, poesias como: “As

borboletas”, “A casa”, “O Pato” de Vinícius de Moraes e “O cavalinho branco” de

Cecília Meireles, e as músicas “O sítio do seu Lobato” e “O pintinho amarelinho”.

O trabalho desenvolvido com esses tipos de textos foi divertido tanto para os

professores quanto para os alunos, uma vez que os mesmos demonstraram muito

entusiasmo. Foi realizada leitura das poesias e poemas, compreensão e

interpretação oral e escrita, ilustração dos textos (pinturas, dobraduras, confecção

de cartazes e reprodução dos mesmos). Também foram realizadas dramatização e

encenação das poesias e músicas, as quais foram apresentadas na culminância do

projeto pelos educandos. Os mesmos demonstravam muito interesse e satisfação de

estarem ali ensaiando, bem como apresentando no palco. Nesta etapa, cada

professor ficou responsável por um tema para ensaiar sua turma para a

apresentação final.

No sexto momento, foram apresentadas as histórias de “João e Maria”,

contada com o uso do avental e “Chapeuzinho Amarelo” utilizando fantoches

construídos pela professora PDE. Foram realizadas diversas atividades em sala de

aula: leitura, compreensão e interpretação do texto, ilustração dos personagens,

contação da história pelos alunos, conforme a entendeu e dramatização da mesma,

a qual foi apresentada na culminância do projeto na escola.

O sétimo momento ficou livre para os professores trabalharem como

quisessem. Eles escolheram histórias sobre os índios, poesias de Vinícius de

Moraes e músicas. Mesmo com o final das atividades propostas na Produção

Didático-Pedagógica, os professores continuam as atividades, pois alegam que elas

contribuíram muito para as mudanças em sua prática pedagógica, bem como na

aprendizagem dos alunos.

Finalizando, no oitavo momento, concomitante ao Dia Nacional do Livro

Infantil, 18 de abril, com a presença da comunidade escolar, a Secretária da

Educação do município, representante do PDE e do NRE. Homenageamos Monteiro

Lobato, o autor da introdução da literatura brasileira na educação com a história

“Reinações de Narizinho”. Foram expostas diversas atividades, tais como: livros

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novos do acervo da escola, cartazes confeccionados pelos alunos, livrinhos,

coletâneas de textos, encenações e dramatizações.

Selecionamos as seguintes histórias para serem apresentadas culminância

da implementação pedagógica: “A história da borboleta” pelas alunas da EJA; “O

Pintinho Amarelinho” pela professora de Arte e seu aluno do Ens. Fundamental; “A

cigarra e a formiga” pelas alunas da EJA; “As borboletas” e “A casa” de Vinícius

de Moraes pelos alunos da escolaridade; A música “O Sítio do seu Lobato”,

ensaiada pelo professor de Educação Física; A história do “Platero e EU” encenada

pelos alunos da EJA; A história de “Chapeuzinho Amarelo” pela professora

Rosângela e seus alunos da EJA.

Também fomos convidados para fazer a abertura do “Projeto Leitor do Ano”

em Boa Esperança/PR, município vizinho, no dia 19 de abril, onde foram levadas

algumas das apresentações dos nossos alunos, e houve também, interação e

participação dos alunos do Ensino Fundamental e Médio daquele município. Para

nós foi muito gratificante.

4. Análise dos dados

4.1. Questionário aplicado aos professores

Foram entrevistados treze professores e os resultados das questões

aplicadas aos mesmos depois da implementação na escola foram muito relevantes,

como podemos observar já no grafico 1:

Gráfico 1: Análise de Dados – Questão 1 aplicada aos Professores

Fonte: MOREIRA, 2013

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Foi visível o aumento do número de professores que passaram a contar

histórias para seus alunos.

Outros pontos positivos também foram observados após a implementação,

conforme a tabela 1:

Tabela 01: Análise de Dados – Questão 2 aplicada aos Professores

Questão 2: Concorda que a história provoca na criança sentimentos positivos?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Professores Professores

Sim 10 13

Não 0 0

Às vezes 3 0

TOTAL 13 13

Fonte: MOREIRA, 2013

Percebeu-se que a maioria dos entrevistados passou acreditar que as

histórias provocam sentimentos positivos nas crianças.

Houve também, um aumento significativo em relação à freqüência de

contação de histórias pelos professores, conforme a tabela 02.

Tabela 02: Análise de Dados – Questão 3 aplicada aos Professores

Questão 3: A freqüência com que conta história em sala de aula?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Professores Professores

Sim 3 10

Não 5 2

Às vezes 5 1

TOTAL 13 13

Fonte: MOREIRA, 2013

Observou-se que o número de professores aumentou com referência a contação em sala de aula.

A tabela 3 refere-se à importância da contação de histórias para os alunos,

Tabela 03: Análise de Dados – Questão 4 aplicada aos Professores

Questão 4: Você acha importante contar histórias?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Professores Professores

Sim 13 13

Não 0 0

Às vezes 0 0

TOTAL 13 13

Fonte: MOREIRA, 2013

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Como pudemos observar, o número de professores que concordou que contar

histórias é realmente importante, antes e depois da implementação, se manteve

estável.

O projeto despertou o interesse dos educadores. Houve um aumento

significativo, quanto à utilização de técnicas diferentes para contar histórias, como

mostra a tabela 04:

Tabela 04: Análise de Dados – Questão 5 aplicada aos Professores

Questão 5: Utiliza técnicas diferentes para contar histórias?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Professores Professores

Sim 4 11

Não 0 0

Às vezes 9 2

TOTAL 13 13

Fonte: MOREIRA, 2013

Os professores perceberam, também, que a utilização de diferentes técnicas

de contação de histórias, proporcionou um maior envolvimento dos educandos nas

atividades propostas.

4.2. Questionário aplicado aos alunos

Após a implementação do projeto, também foram observados resultados

positivos entre os vinte e sete alunos entrevistados em todas as faixas etárias,

desde a educação infantil até os alunos da EJA, conforme indica a Tabela 05.

Tabela 05: Análise de Dados – Questão 1 aplicada aos Alunos

Questão 1: Você gosta de ouvir histórias?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Alunos Alunos

Sim 20 27

Não 3 0

Às vezes 4 0

TOTAL 27 27

Fonte: MOREIRA, 2013

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Todos passaram a gostar de ouvir histórias. Além disso, começaram a pedir

aos seus familiares a contação de história fora do ambiente escolar.

Já na tabela 6, constatou-se maior participação no ambiente familiar.

Tabela 06: Análise de Dados – Questão 2 aplicada aos Alunos

Questão 2: Na sua família alguém conta história para você?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Alunos Alunos

Sim 13 25

Não 11 2

Às vezes 3 0

TOTAL 27 27

Fonte: MOREIRA, 2013

E com isso, observou-se um relevante aumento de contação de histórias nas

famílias.

A tabela 7 mostra que os alunos reconheceram o aumento de professores

que passaram a adotar o hábito de leitura durante as aulas.

Tabela 07: Análise de Dados – Questão 3 aplicada aos Alunos

Questão3: Na sua escola alguém conta histórias para você?

Antes da Implementação Depois da Implementação

Alunos Alunos

Sim 23 27

Não 3 0

Às vezes 1 0

TOTAL 27 27

Fonte: MOREIRA, 2013

Este hábito colaborou para o desenvolvimento do interesse por histórias

contadas, de diferentes maneiras e aumentou a participação dos alunos, nas

atividades desenvolvidas.

4.3. Entrevista com os pais e/ou responsáveis

Antes da implementação do projeto “Contação de história” na escola, foi

realizada uma entrevista com os familiares dos alunos, num total de 24 famílias para

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levantamento de dados. A mesma entrevista foi realizada após a implementação, da

qual se obteve os seguintes resultados: antes da implementação, apenas 29% dos

entrevistados apresentavam hábitos de leitura, após a implementação, aumentou

para75%; Apenas 25% contavam histórias para seus filhos, agora 67% contam;

54% os filhos gostavam de ouvir histórias, agora são 100%; 17% compravam

livros para os filhos, agora aumentou para 83%; 4% das famílias freqüentavam

bibliotecas e livrarias, agora são 70% e 79% dos entrevistados gostariam que

seus filhos ouvissem histórias todos os dias, ultimamente, 100% das famílias

gostariam que seus filhos ouvissem histórias todos os dias.

Com estes resultados, em paralelo com o resultado inicial, houve um

relevante crescimento em todas as questões apresentadas. Assim, pode-se

considerar que com a implementação do projeto na escola, obteve-se um excelente

resultado com a presença da leitura nas famílias.

5. Depoimentos de professores sobre a contação de história

O tema trabalhado, Contação de histórias, teve boa aceitação, tanto pelos

professores da escola como da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Apresentamos

algumas considerações de professores postadas no Grupo de Trabalho em Rede –

(GTR).

P.A: ”O projeto contação de histórias foi de grande importância, pois enriqueceu o conhecimento tanto do professor como do aluno. Houve um avanço na participação e interesse em ouvir histórias, pois todos de alguma forma participam de dramatizações, confecção de livros, contagem de histórias, interpretações orais e escritas”.

É importante que a criança tome gosto pela literatura e crie o hábito de ler.

Para isto, ela deve estar constantemente em contato com materiais de leitura e

estes devem ser utilizados de maneira adequada, favorecendo a aprendizagem e a

construção do conhecimento de maneira prazerosa. Coelho (2000 p. 43), coloca

sobre a literatura feita para as crianças “[...] é o meio ideal não só para auxiliá-las a

desenvolver suas potencialidades naturais, como também para auxiliá-las nas várias

etapas de amadurecimento que medeiam a infância e a idade adulta”.

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P. B: “Cabe ao professor, no papel de facilitador, colocar o aluno em contato com diferentes gêneros discursivos, que despertem boas motivações e desenvolva o gosto pelas temáticas, gosto este, que já é uma característica natural das crianças”.

Conforme pontua Coelho (2000, p. 15), “é o livro e à palavra escrita, que

atribuímos maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das

crianças e dos jovens”.

P.C: ”Tem-se na contação de história uma estratégia fundamental na formação do leitor garantindo-se, com isso, o enriquecimento do processo educacional sob uma perspectiva que valoriza a constituição de sujeitos autônomos, criativos, críticos e reflexivos. Isso porque as narrativas orais, especialmente as que têm por suporte a leitura de textos literários, como é o caso deste estudo, condensam em si caminhos plurissignificativos para a leitura e compreensão de si e do mundo”.

De acordo com Costa (2007), é na escola, desde o primeiro dia que a criança

precisa ser exposta ao contato com histórias e poemas, contados oralmente pelo

professor ou mostrados em livros ao alcance dos olhos e do manuseio da criança. A

criação de um ambiente favorável à leitura irá pouco a pouco construindo na mente

infantil a imagem de uma atividade enriquecedora e prazerosa. Não se trata apenas

de vocabulário, mas de estruturas poéticas e narrativas. A criança aprende a

temporalidade dos contos (o ante e o depois das ações), aprende a reconhecer o

herói, a importância da ação narrativa, as imagens de movimento, de espaços e

caráter dos personagens, bem como a presença de imagens de comparação,

metáforas e sinestesias.

O professor, ao trazer a literatura para a sala de aula, proporciona um diálogo

com o aluno, o livro, a sua realidade e a cultura. Quando a criança ouve histórias,

ela tem a oportunidade de refletir, elaborando pontos de vista, trocando idéias,

criando novas situações, questionando ou se identificando com personagens e

atitudes, formando, assim novas situações ou revelando alguma situação que está

vivendo.

P.D:”O professor deve ter claro para si a importância da literatura porque ao mesmo tempo em que está incentivando esta criança a aprender a ler e poder descobrir um novo mundo através da leitura de novas histórias sem ter que esperar pelo outro, também promove uma formação voltada para todas as outras disciplinas estudadas, já que o aluno poderá desenvolver outras habilidades que o ajudará a interpretar, perceber e compreender com mais facilidade as situações que ocorrem em sua volta”.

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Como afirma Coelho (2000), a relação e a vivência com a literatura são

fundamentais para a formação integral do ser humano, pois por meio da arte ele tem

a oportunidade de se transformar enriquecendo sua experiência de vida, já que o

fenômeno da linguagem tem uma função importante no desenvolvimento intelectual

do homem. Ela é tida como formadora de consciência por abordar temas na maioria

das vezes ligados às questões e situações universais inerentes ao ser humano.

P.F: “Enriquecer a prática pedagógica, entreter, estimular a capacidade cognitiva com elementos lúdicos e pedagógicos, ir além das fronteiras da realidade, entrar no maravilhoso mundo da fantasia, do simbolismo e do imaginário são formas de relacionamento com a criança que vai além da educação formal, da formação cognitiva, afetiva, social, cultural, permeia o desenvolvimento de habilidades e valores que levará para toda a vida”.

Em Costa (2007, p. 16) “a literatura será entendida como aquela que se

relaciona direta e exclusivamente com a arte da palavra, com a estética e com o

imaginário.”, e que a literatura está inserida neste mesmo contexto, só que cativando

e seduzindo as crianças.

P.G: “creio que este projeto pode e deve ser implantado nas Escolas da Rede Pública, e com certeza beneficiará a todos os alunos com suas respectivas diversidades de textos para que o aluno tenha mais facilidade em assimilar os conteúdos propostos.”

A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo na

construção de sentidos para o texto, assim ela é definida nos PCN´s – Parâmetros

Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL,1997). A leitura não se reduz

a decodificações pontuais dos signos (letras, símbolos, imagens, etc.), porque

implica em compreendê-los, visto que alguns sentidos atribuídos ao texto começam

a ser constituídos pelo leitor, antes mesmo da sua leitura propriamente dita.

P.H:“A contação de histórias é uma excelente forma de incentivar a leitura e despertar novos leitores, podem contribuir compartilhando a leitura feita e incentivando os colegas a lerem. A minha turma de Educação Infantil, depois da implementação do projeto na escola, não pode ver um livro que já quer que eu conte histórias para eles. Se demoro um pouco para atendê-los, alguns alunos até choram para ouvirem as historinhas, dá para se ver no brilho dos olhos o quanto adoram ouvir histórias e no aprendizado, melhoram muito em todos os aspectos”.

A leitura, segundo Smolka (1989), caracteriza-se como uma atividade

humana. Essa atividade pode ser concebida, no sentido psicológico, como sendo um

processo dinâmico que em sua realização congrega os efeitos das relações sócio-

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interativas e individuais-cognitivas. Assim, pode-se dizer, que a leitura é um

processo de interlocução fundada em interações sociais anteriores. Isso porque é no

seio das relações cotidianas interindividuais que ocorre a atividade humana, e no

âmbito dessas relações que surgem os signos, sinais e símbolos, sejam eles

linguísticos ou não, como instrumentos ou ferramentas que possibilitam futuras

interações.

Como pontua Smolka (1989), a atividade de leitura não se reduz ao conjunto

de atividades das habilidades decodificadoras frente a um texto. Ultrapassa-as como

expressão de uma forma de uso da linguagem, que sofre transformações no

decorrer da História e que marca o indivíduo configurando suas relações sociais.

P. I: “Inserir-se no mundo simbólico da criança e com a criança, utilizando-se da contação de história como recurso auxiliar na prática pedagógica, potencializa o aprendizado e contribui para o desenvolvimento da personalidade dos alunos de maneira significativa. Essa prática, quando bem trabalhada, contribui de forma produtiva para a construção da aprendizagem da criança” .

A Literatura/leitura para crianças com deficiência pode ser entendida como

uma forma de liberação das emoções, pois é utilizada com sucesso como auxiliar da

psicologia, auxiliando a resolução de problemas de ordem emocional, social, mental

e educacional. Segundo Lajolo (2001), [...] os mundos que a literatura cria não se

desfazem na última página do livro, na última frase da canção, na última fala da

representação, nem na última tela do hipertexto, permanecem no leitor, incorporados

como vivência, marcos da história de leitura de cada um.

P.J: “A literatura é uma arte, como qualquer outra, vai além da informação. Para nos tornarmos um adulto apreciador de leitura, precisamos sermos estimulados a ler. Por meio da leitura os estudantes trabalham uma série de questões como: criatividade, imaginação, reflexão e argumentação, o resultado de tudo isso são indivíduos questionadores, autoconfiantes, observadores do mundo que o cerca e participantes da sociedade da qual fazem parte”.

Afinal, a relação e a vivência com a literatura são fundamentais para a

formação integral do ser humano, pois através da arte, ele tem a oportunidade de se

transformar enriquecendo sua experiência de vida, já que o fenômeno da linguagem

tem uma função importante no desenvolvimento intelectual do homem. A literatura

para Coelho (2000) é tida como formadora de consciência por abordar temas ligados

às questões e situações inerentes ao ser humano.

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6. Considerações Finais

Com este trabalho verifiquei que a literatura infanto-juvenil pode propiciar

uma aprendizagem mais significativa para os alunos com necessidades

educacionais especiais.

Os resultados mostraram que os alunos estão mais interessados e

participativos nas aulas, nas atividades orais, leitura e escrita, bem como, nas

dramatizações, contação de histórias, apresentações em público, interpretações

orais e escritas, na produção de textos e em todas as outras disciplinas.

Ressaltamos que após a implementação na escola, os educandos mudaram

até de comportamento, pois quando estamos contando histórias, eles mesmos já

pedem para que os outros se comportem para ouvir. Quando distribuímos os livros

para eles, cada um quer contar a sua história primeiro ou pede para levar o livrinho

para casa para que seus pais contem a história para eles. Foi muito gratificante para

nós professores, vê-los tão interessados pela leitura.

Considera-se que nada é mais oportuno que iniciar essa atividade, desde os

primeiros anos da Educação Infantil, pois assim, se pode fazer com que a criança,

desde as primeiras séries tenham contato com histórias infantis e juvenis e possam

conquistar um significativo avanço intelectual, rompendo com o paradigma atual de

que crianças menos favorecidas socioeconômica e culturalmente não aprendem a

ler e escrever porque não tiveram contato com materiais apropriados desde

pequenas.

Outro dado interessante que visualizamos é que, por meio da leitura oral, os

alunos, com deficiência intelectual, tornaram-se mais cooperativos, participativos, e

afetuosos; isto os levou para o mundo da imaginação, onde se pode sonhar; brincar;

sorrir; ouvir; gesticular com seus colegas e professores. Tais fatores foram

fundamentais para o fortalecimento da sua auto-estima e da busca pela sua

autonomia na educação inclusiva.

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