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A IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS ORGÂNICOS NA MERENDA

ESCOLAR

Luiza Vendrusculo Forner1 Ana Lúcia Crisostimo2

RESUMO

O tema de estudo versa sobre educação ambiental e os alimentos orgânicos, visando destacar a importância de uma alimentação saudável e desenvolver o hábito de consumo de alimentos orgânicos na merenda escolar. As crianças devem aprender a ter hábitos saudáveis e a escola deve estar sintonizada no sentido de reforçar e incentivar, destacando a importância de uma alimentação adequada. Tendo em vista a problematização pautada nas dificuldades de fazer os alunos entenderem a importância da ingestão de alimentos saudáveis buscou-se a conscientização de alunos da educação básica sobre a importância de uma alimentação saudável e a ingestão de alimentos orgânicos, realizando debates sobre a produção de alimentos orgânicos versus ambiente, com a participação de nutricionista, ampliando a percepção dos alunos quanto à alimentação com orgânicos, desenvolvendo um folder com informações nutricionais com as principais diferenças entre hortaliças e frutas, realizando dinâmicas de grupo processando e desenvolvendo o senso crítico dos alunos, formando e treinando um grupo de aluno que apresentaram o trabalho sobre orgânicos para as demais classes da escola. A metodologia adotada foi um trabalho interativo desenvolvido junto a alunos da 7ª série do Colégio Estadual Isidoro Dumont de Itapejara D’Oeste/Paraná.

Palavras-chaves: Educação Ambiental; alimentos orgânicos; merenda escolar; saúde.

1. INTRODUÇÃO

Diante da realidade escolar que enfrentamos, na qual os alunos são

“hipnotizados” por produtos alimentares modernos, repletos de conservantes e

corantes, no entanto pobres em saúde, percebemos a necessidade da valorização

dos produtos orgânicos. Uma alimentação saudável além de significar saúde,

contribui para um melhor desenvolvimento educacional global do educando.

A produção orgânica busca o equilíbrio e o desenvolvimento sustentável, o

que acarreta que sua produção tenha custo elevado o que reflete no valor do

1 Professora QPM, PDE 2010/2012, Secretaria do Estado do Paraná – SEED/PR. E-mail:

2 Professora orientadora IES, Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná – UNICENTRO/ Departamento

de Biologia/ Professora Doutora Tutora. E-mail: [email protected]

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produto. Além disso, os alimentos orgânicos, na maioria das vezes, não são

atraentes visualmente e com tamanho menor que o convencional.

A região Sudoeste do Paraná onde está inserida a Escola Estadual Isidoro

Dumont alvo deste projeto é agrícola, torna-se prudente que as ações educativas a

serem executadas ajudem os alunos a “enxergarem” com outros olhos os alimentos

orgânicos, fazendo com que eles valorizem o que possuem em seus quintais, e

deixem de serem consumidores alienados de produtos industrializados.

A partir destes pressupostos, foi desenvolvido um trabalho com o intuito de

contribuir com o enriquecimento do conteúdo “Alimentos Orgânicos” no ensino de

Ciências. Este artigo objetiva descrever as ações realizadas durante a

implementação de uma proposta pedagógica ocorrida no segundo semestre de

2011, vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da

Secretaria de Estado de Educação do Paraná. As atividades foram desenvolvidas

junto às turmas de 7ª série do Colégio Estadual Isidoro Dumont Ensino Fundamental

e Médio, localizado no município de Itapejara D’Oeste-PR.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É comum deparamo-nos neste mundo globalizado, crianças e jovens com

excesso de peso, problemas de hipertensão e colesterol, entre outros. Esses

problemas são decorrentes de uma alimentação moderna, fruto da aquisição de

alimentos com origem duvidosa, geralmente ricos em gorduras.

Diante da importância da merenda escolar para o aluno, torna-se necessário

o desenvolvimento de pesquisas e projetos que visem o reforço de uma alimentação

saudável, não permitindo que os problemas com uma alimentação inapropriada

estejam presentes no ambiente escolar.

A partir desse pressuposto o trabalho visa destacar a importância de uma

alimentação saudável e desenvolver o hábito de consumo de alimentos orgânicos na

merenda escolar pelos alunos. De acordo com Lemos (2010, p.1) no texto, a

merenda escolar,

A escola desempenha papel fundamental na formação dos hábitos de vida e da personalidade das crianças, ocupa um terço da vida ativa do escolar e contribui desta maneira, com uma parcela importante do conteúdo educativo global. A partir disso a merenda escolar é incontestavelmente importante,

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pois bons níveis educacionais são também resultados de alunos bem alimentados aptos a desenvolver todo potencial de aprendizagem.

As crianças devem aprender a ter hábitos saudáveis e a escola deve estar

sintonizada no sentido de reforçar e incentivar, destacando a importância de uma

alimentação adequada.

Conforme prevê o artigo 208, incisos IV e VII, da Constituição Federal,

quando coloca que o dever do Estado com a educação é efetivado mediante a

garantia de "atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de

idade" (inciso IV) e "atendimento ao educando no ensino fundamental, através de

programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e

assistência à saúde" (inciso VII) (BRASIL, 1988). Para atender essas escolas

públicas e filantrópicas o governo federal criou o Programa Nacional de Alimentação

Escolar (Pnae), que através de transferência de recursos garante a alimentação

escolar dos alunos.

A alimentação escolar é oferecida no intuito de atender às necessidades

nutricionais dos alunos durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para

o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos

estudantes, bem como a formação de hábitos alimentares saudáveis.

Novos conhecimentos sobre alimentação infantil tornaram obsoletos muitos

conceitos e recomendações que fizeram parte da prática usual comum. Nos últimos

20 anos, vêm se acumulando evidências científicas que fundamentam a importância

da amamentação nos primeiros meses de vida. “É nesse período que ocorre uma

maior prevalência de desnutrição e deficiência de certos micronutrientes” (DUNCAN

et.al, 2004, p. 240).

Quando uma criança vai crescendo, o alimento complementar necessita ser

introduzido no seu cotidiano. Por alimento complementar entende-se qualquer

alimento nutritivo, sólido ou líquido, diferente do leite humano oferecido para a

criança crescer saudável, ela deve receber alimentos complementares adequados

no momento oportuno.

Uma alimentação adequada deve ser rica em energia, proteína e

micronutrientes (particularmente o ferro, o zinco, o cálcio, a vitamina A, a vitamina C

e outros), isenta de contaminação (sem germes patogênicos, toxinas ou produtos

químicos prejudiciais) não muito condimentada e fácil de ser consumida, adequada

para a idade, em quantidade apropriada, disponível e acessível. É de fundamental

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importância que a criança goste da dieta e que ela seja culturalmente aceita

(DUNCAN et.al, 2004). As dietas alimentares na infância devem ser compostas de

calorias, proteínas, ferro, zinco, vitaminas (A, D) e fibras.

Proteínas: em geral, as proteínas das dietas são suficientes se houver um

adequado conteúdo energético, exceto em populações que consomem

predominantemente alimentos pobres em proteínas tais como batata-doce e

mandioca. A deficiência isolada de proteínas, ao contrário do que se acreditava, não

parece ser um determinante importante dos déficits de estatura de crianças de baixo

nível socioeconômico de países em desenvolvimento.

A qualidade e a digestibilidade das proteínas devem ser levadas em consideração ao se avaliar a adequação da alimentação complementar. As proteínas de mais alto valor biológico e de melhor digestibilidade são encontradas nos produtos de origem animal (carne, leite, ovos). Combinações apropriadas de vegetais também podem fornecer proteínas de alta qualidade, como, por exemplo, na mistura de arroz com feijão (DUNCAN et.al, 2004, p. 242).

Segundo o Estudo Multicêntrico efetuado por Galeazzi (1997) sobre o

consumo alimentar, a dieta das crianças brasileiras menores de dois anos em geral,

contém quantidades de proteínas acima das recomendadas, e aumenta com a

idade.

Ferro: quando as crianças são amamentadas elas recebem da mãe a

quantidade de ferro adequada para suas necessidades. À medida que vão

crescendo, as reservas se esgotam com o tempo, havendo a necessidade de

suplementação de ferro extra por meio de alimentos complementares ricos nesse

micronutriente.

O ferro contido nos alimentos de origem animal é melhor absorvido do que o

ferro de origem vegetal. Em geral, admite-se que a densidade de ferro nos alimentos

complementares em países em desenvolvimento não garante as necessidades de

ferro das crianças menores de dois anos. A quantidade de ferro na alimentação

complementar só pode ser atingida com o consumo de alimentos enriquecidos com

ferro ou de produtos animais em grande quantidade (DUNCAN et.al, 2004).

É importante introduzir na alimentação das crianças, alimentos como peixes, fígado e carnes. O consumo de alimentos ricos em vitamina C (laranja, goiaba, manga, mamão, melão, banana, maracujá, pêssego tomate, pimentão, folhas verdes, repolho, brócolis e couve flor) nas refeições aumenta a quantidade de ferro absorvido. Assim quando não for possível a presença de carne nas refeições, deve-se oferecer de 50 a 100

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ml de suco de frutas ricas em vitamina C, logo após o término da ingestão alimentar, para facilitar a absorção do ferro inorgânico. É importante lembrar que o cozimento dos alimentos destrói parte da vitamina C (DUNCAN et al, 2004, p. 242).

Nem sempre as crianças gostam de consumir produtos ricos em ferro, mas é

importante incentivá-las, pois a carência dele é a principal causadora de anemia que

se sabe causa outros desconfortos, como a apatia, sonolência e falta de vontade.

Zinco: o papel do Zinco na prevenção da morbimortalidade por doenças

infecciosas foi reconhecido apenas recentemente. A necessidade de zinco em

crianças é suprida com a ingestão de quantidades relativamente altas de fígado e

peixe seco.

A densidade do zinco, assim como a sua biodisponibilidade, é maior nos

produtos de origem animal, principalmente as carnes e órgãos (em especial o

fígado) e gema de ovo. Produtos vegetais costumam ser pobres em zinco, além de

ter uma baixa biodisponibilidade, particularmente em cereais e legumes com altas

concentrações de fitatos. Ao contrário do que ocorre com o ferro, o ácido ascórbico

não aumenta a biodisponibilidade do zinco (DUNCAN et.al, 2004).

Vitamina A: a falta dessa vitamina só ocorre em áreas endêmicas como na

Região Nordeste e algumas comunidades fora dessa região.

A vitamina A é encontrada em alimentos como: “fígado, gema de ovo,

produtos lácteos, folhas verde-escuras, vegetais e frutas cor de laranja (cenoura,

abóbora, pimentão vermelho ou amarelo, manga, maracujá, mamão)” (DUNCAN

et.al, 2004, p.243).

Vitamina D: a vitamina D é um hormônio produzido mediante a exposição

direta da pele à luz solar, especialmente aos raios ultravioletas B (UBV). Sabe-se

que exposições prolongadas podem causar câncer de pele. No entanto, a exposição

direta, casual, da pele à luz solar é o meio mais comum e mais importante para

atingir níveis suficientes de vitamina D (DUNCAN et al, 2004).

Fibras: as fibras são necessárias na alimentação, pois ajudam a regular o

funcionamento do intestino e o nível de gordura do sangue. As frutas, vegetais,

grãos e cereais são importantes fontes de fibras (DUNCAN et.al, 2004).

A base internacional para uma boa alimentação é pirâmide de classificação

dos alimentos que serve para dosar a quantidade calórica que deve ser consumida

pelo ser humano, para que tenha uma alimentação saudável.

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Martins & Abreu (1997) apontam a pirâmide de alimentos como uma

ferramenta visual simples e modeladora da dieta, além de proporcionar uma

mudança fundamental na educação nutricional. É uma ferramenta gráfica que reflete

“em uma olhada”, conceitos alimentares importantes como variedade, proporção e

moderação. Este guia permite flexibilidade, adaptando-se às preferências e estilo de

vida do consumidor, ao mesmo tempo em que alcança os critérios nutricionais.

As crianças em idade escolar precisam estar nutridas, bem alimentadas para

que seu rendimento cognitivo não fique comprometido e quanto mais cedo a criança

aprender hábitos alimentares sadios, mas fácil será de que ela mantenha-os pelo

resto de suas vidas.

Os alunos da pré-escola e do ensino fundamental estão em um período de

crescimento significativo nas áreas social, cognitiva, emocional e nutricional

(KRAUSE, 1998), por isso precisam estar bem alimentados, para poder desfrutar

desse desenvolvimento. O autor afirma ainda que crianças que vivem com baixa

ingestão de calorias e proteínas podem vir a desenvolver um quadro de desnutrição.

Para Dutra-De-Oliveira (1998, p. 218):

[...] a importância da nutrição durante todo o ciclo vital é absolutamente óbvia. O ser humano precisa alimentar-se para sobreviver. Na infância além da sobrevivência, a boa nutrição é indispensável para um crescimento e desenvolvimento adequados. Também na infância devem ser estabelecidos os bons hábitos alimentares, que continuarão na adolescência e na vida adulta, pois, embora existam controvérsias, parece fora de dúvida que a prevenção de algumas doenças degenerativas do adulto deva começar na infância.

Portanto, analisar como estão sendo manipulados os alimentos que chegam

às escolas representa um importante instrumento para avaliar a qualidade e a

quantidade dos alimentos oferecidos para este grupo populacional, as crianças.

É necessário dar atenção especial para esse grupo etário, no sentido de

fornecer alimentos em quantidade e qualidade que satisfaçam suas reais

necessidades nutricionais, minimizando riscos à saúde e permitindo que seu

potencial genético de crescimento e desenvolvimento seja atingido. É importante

destacar a escassez de trabalhos visando à adequação das refeições às

necessidades nutricionais das crianças atendidas por programas (CRUZ, 2001). A

literatura nesse sentido ainda é precária e não oferece parâmetros desejados.

A merenda escolar é um benefício proporcionado aos alunos no período em

que se encontram na escola e tem como finalidade suprir, parcialmente, as

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necessidades nutricionais dos educandos, melhorando a capacidade de

aprendizagem, formando bons hábitos alimentares e assegurando em muitos casos

a única alimentação da criança, principalmente em comunidades carentes.

Segundo dados da Fundação Educacional do Paraná - FUNDEPAR (2007),

O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE é um programa de assistência financeira suplementar com vistas a garantir no mínimo uma refeição diária aos alunos beneficiários. A criação do PNAE ocorreu em 1.983. Contudo, a origem do mesmo remonta à 1.954, com a Campanha da Merenda Escolar, no governo de Getúlio Vargas.

O PNAE é mantido pelo Governo Federal e gerenciado pelo Fundo Nacional

de Desenvolvimento da Educação – FNDE, atendendo 21% da população brasileira.

Representa hoje um dos mais importantes instrumentos governamentais para

redistribuição de renda entre as camadas mais pobres.

A Constituição Federal de 1988 trouxe no Capítulo III, que trata da

educação, da cultura e do desporto, art. 208, o seguinte texto: “O dever do Estado

com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] VII – atendimento ao

educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material

didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. E ainda no § 4°

que: “Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde [...], serão

financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos

orçamentários”.

Para cumprir o que estabelece a Constituição Federal os Estados e

Municípios criaram programas de alimentação monitorados pelas das Secretarias

Estaduais e Municipais de Educação. No caso do Paraná a FUNDEPAR (Fundação

Educacional do Paraná) é o órgão responsável pela distribuição e supervisão da

merenda escolar, esta é uma forma do Governo Estadual e do Departamento de

Apoio Escolar, cuidar da alimentação e fazer valer o que determina a Lei.

A política utilizada para a distribuição de alimentos do Governo do Paraná

baseia-se nos cadastros das escolas e no número de matrículas existentes em cada

unidade, não podendo exceder a 2.000 (dois mil) alunos.

A FUNDEPAR, através dos Núcleos Regionais de Educação, são

responsáveis pelo gerenciamento do Programa Estadual de Alimentação Escolar.

Cabe a este órgão o planejamento, a aquisição de gêneros alimentícios por licitação

pública, acompanhamento da armazenagem, do controle de qualidade, da

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distribuição dos produtos aos municípios, bem como coordenar e promover ações

voltadas para a capacitação e para a educação alimentar. As despesas operacionais

com o armazenamento, o controle de qualidade e a distribuição dos produtos aos

municípios, são efetuados com recursos do Tesouro Estadual.

O controle de qualidade dos alimentos adquiridos pela FUNDEPAR, passam

por um processo de avaliação, no que se refere a validade e a qualidade feitos no

Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos da Universidade Federal do

Paraná. Os profissionais verificam a composição química dos alimentos, presença

de nutrientes nas quantidades solicitadas, características sensoriais, contaminação

por microorganismos, toxinas ou agentes estranhos, umidade e outros.

Os principais produtos distribuídos são achocolatados em pó, açúcar cristal,

almôndegas bovinas, amido de milho, arroz, bebidas lácteas, biscoitos diversos

(doces e salgados), carne bovina, carne de frango, carne suína, cereais de milho

enriquecido com ferro, chá mate, feijão, ervilha em conserva, extrato de tomate,

farinha de milho, fubá, leite em pó integral, macarrão (vários tipos), milho verde em

conserva, óleo de soja, pão de mel, preparado para refrescos, sagu, sal refinado

iodado, tempero em pó e outros.

Os cardápios da merenda escolar nas escolas estaduais são elaborados nas

próprias escolas, semanal ou quinzenalmente, obedecendo as sugestões

encaminhadas pela FUNDEPAR, conforme os gêneros disponíveis. As merendeiras

são as responsáveis pela elaboração do cardápio e recebem treinamento das

Secretárias Municipais de Educação e do Núcleo Regional de Educação. Estes

cardápios fornecidos pela FUNDEPAR obedecem à pirâmide alimentar, ou seja,

para que o indivíduo atinja as quantidades dietéticas recomendadas, os cardápios

devem conter porções de proteínas, minerais, vitaminas e carboidratos. As gorduras

devem ser minimizadas, mas é necessário ressaltar que não se devem elaborar

cardápios sem gorduras, pois elas são importantes no fornecimento de energia,

altamente consumidas pelas crianças em fase escolar (FUNDEPAR, 2007).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) determina que os

cardápios de merendas contenham calorias e proteínas equilibradas, permitindo boa

condição de saúde. Na alimentação escolar, os cardápios devem ser balanceados e

calculados dentro das recomendações diárias, atendendo as recomendações diárias

para as crianças (MARIETTO, 2002).

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Uma alimentação saudável requer hábitos alimentares sadios e o

consequentemente à ingestão de produtos que não estejam contaminados por

elementos nocivos à saúde como produtos químicos, inseticidas e pesticidas, cujas

ações no organismo humano podem ser nocivas com o passar do tempo. Considera-

se que uma alimentação saudável envolva o consumo de produtos orgânicos.

Borguini e Torres (2006, p. 64) definem que:

... orgânico é um termo de rotulagem que indica que os produtos são produzidos atendendo as normas de produção orgânica e que estão certificados por uma estrutura ou autoridade de certificação devidamente constituída. A agricultura orgânica se baseia no emprego mínimo de insumos externos.

Após anos de avanços tecnológicos e da atividade extensa da agricultura,

que exigiu a introdução de muitos produtos químicos para produzir mais e com

rapidez, perdendo o mínimo, as pesquisas voltam-se para a nocividade da aplicação

desses produtos na produção de alimentos, gerando certa desconfiança quanto aos

efeitos em longo prazo, para a saúde humana. De acordo com Junqueira (1998),

países como a Alemanha e os Estados Unidos, passaram a desenvolver a

agricultura orgânica. No Brasil, esse tipo de cultivo ganhou força a partir de 1960,

respondendo as indagações sobre o uso intensivo de insumos químicos utilizados

na agricultura moderna, e que tem relações negativas para a saúde humana.

Segundo artigo editado no portal Planeta Orgânico (2010, p.1),

... um produto orgânico é muito mais que um alimento sem agrotóxicos e sem aditivos químicos. É o resultado de um sistema de produção agrícola que busca manejar de forma equilibrada o solo e os demais recursos naturais (água, plantas, animais, insetos, etc.) conservando-os em longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos. Para ofertar ao consumidor alimentos saudáveis e mais nutritivos, o agricultor necessita trabalhar em harmonia coma natureza, recorrendo as conhecimentos de diversas ciências como agronomia, ecologia, sociologia, economia e outras.

Os meios de comunicação têm divulgado as vantagens da alimentação

baseada em produtos orgânicos, o que vem contribuindo para aumentar o número

de consumidores destes alimentos (BORGUINI; TORRES, 2006).

O crescimento do consumo não está relacionado com o valor nutricional,

mas com diversos significados que lhes são atribuídos pelos consumidores. Tais

significados variam desde a busca por uma alimentação saudável, de melhor

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qualidade e sabor, até a preocupação ecológica de preservar o meio ambiente

(ARCHANJO et al., 2001).

Borguini e Torres (2006) ainda ressaltam que o sistema orgânico de

produção brasileiro, está regulamentado pela Lei Federal nº 10831, de 23 de

Dezembro de 2003, que contém normais disciplinares para a produção, tipificação,

processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade dos

produtos orgânicos. De acordo com a referida Lei, considera-se que o sistema

orgânico de produção adota técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos

recursos naturais e socioeconômicos disponíveis respeitando à integridade cultural

das comunidades rurais, tendo prioridade a sustentabilidade ecológica e econômica,

a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia

não – renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e

mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de

organismos geneticamente modificados, em qualquer fase do processo de produção,

processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do

meio ambiente.

Segundo dados IPARDES (2007), no Brasil, a principal razão para a compra

de alimentos orgânicos também está ligada à preocupação com a saúde. Uma

pesquisa realizada nos estados do Sul e Sudeste do País mostrou que 53% das

pessoas entrevistadas responderam que têm o hábito de consumir alimentos

orgânicos, principalmente aqueles consumidores com maior poder aquisitivo (60%).

Declararam que os principais motivos para o consumo desses alimentos são a

preocupação com a saúde e o receio de consumir produtos com agrotóxicos.

Estudos deste instituto mostram que, além do alto preço praticado pelos

supermercados, há o problema da oferta insuficiente, traduzida na falta de produtos

em termos de quantidade e regularidade. Outro ponto a ser considerado refere-se à

falta de informações a respeito dos alimentos orgânicos. Normalmente misturados

com produtos hidropônicos, convencionais higienizados e minimamente

processados, os orgânicos acabam por receber tratamento semelhante ao dos

convencionais, gerando confusão e desconfiança por parte do consumidor.

Os consumidores mencionam como problema principal à falta de

regularidade, a pouca diversidade e, em seguida, a pouca quantidade. Embora

considerem a qualidade de "boa a excelente", afirmam que a pouca variedade de

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produtos, sobretudo frutas, cereais e produtos de origem animal, dificulta a

manutenção de uma dieta orgânica no dia-a-dia (DAROLT, 2002a).

Segundo Souza e Alcântara (2003), “...a produção orgânica de alimentos

surge como uma alternativa ao quadro de contaminação química dos alimentos,

buscando oferecer produtos isentos em resíduos químicos”.

Darolt (2002b) ressalta que “...não custa recordar que a alimentação humana

sempre foi marcada por refeições em horários bem definidos, almoço em família,

pela sazonalidade e regionalidade”. Estes hábitos salutares vêm sendo

descaracterizados. Com os “fast foods”, o almoço em família está sendo substituído

pelo lanche solitário em frente à televisão ou computador em horários fragmentados.

Ainda segundo Darolt (2002b),

os pais com pouco tempo para organizar o lanche das crianças, optam por produtos industrializados. Dessa forma, o lanche caseiro ficou “fora de moda”, uma questão cultural que faz com que as crianças sintam vergonha de comer alimentos naturais.

Badue (2007) aponta ainda que o Guia Alimentar para a População

Brasileira relata que, “sempre que possível, alimentos orgânicos devem ser

preferidos, não somente pelo provável menor risco à saúde humana, mas também

pelo menor impacto ao meio ambiente”.

Darolt (2002b) lembra que,

Não podemos esquecer que alimentação está diretamente ligada às questões ambientais. Portanto, as escolas que desejam inserir a Educação Ambiental em seus estabelecimentos devem priorizar a questão da merenda escolar. Privilegiar a Merenda Orgânica é incentivar o movimento orgânico, participando desta difícil tarefa de melhorar os hábitos alimentares e introduzir a criança como parte integrante do meio ambiente.

Alimentação mais saudável e nutritiva para as crianças, introdução de novos

hábitos alimentares, educação e proteção ambiental, permanência dos agricultores

no campo, valorização da produção regional e resgate da cultura do meio rural são

algumas das vantagens desses programas que priorizam o alimento orgânico na

alimentação escolar (IPARDES, 2007).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

A linha teórica seguida no Projeto de Intervenção Pedagógica foi a histórico-

crítica contemplando os conteúdos estruturantes da disciplina de Ciências

enfatizados nas Diretrizes Curriculares (DCE’s) relacionados aos sistemas biológicos

(orgânicos e fisiológicos), sendo que, em alguns momentos, foi abordada Nutrição e

Saúde e os temas transversais constantes no Projeto Pedagógico da escola.

O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont,

município de Itapejara D’Oeste, no Estado do Paraná, com 56 (cinqüenta e seis)

alunos de 7º série e buscou desenvolver os temas através da educação ambiental e

saúde, promovendo planos nos quais os alunos conseguiram desenvolver o senso

de percepção e mudanças de hábitos, sendo que a educação, em todos os sentidos,

esteve inserida nos processo de ensino-aprendizagem.

As ações consistiram na elaboração de material didático contendo

informações sobre alimentos orgânicos e suas funções no organismo. Partimos

daquilo que os alunos entendiam sobre alimentação orgânica e posteriormente

trabalhamos para sanar as dificuldades ampliando o conhecimento e desenvolvendo

novos hábitos e gosto pela alimentação saudável.

O primeiro passo para a implementação foi levantar os dados sobre o que os

alunos sabiam sobre o tema, para depois iniciar a exposição dos conteúdos, para

conhecer a realidade aplicamos um questionário pré-teste (em anexo) com 13

questões abertas e fechadas. Este continha questões, envolvendo conceituação,

constituição dos alimentos naturais e orgânicos, e relacionando os mesmos com

alimentação saudável e a merenda escolar.

Para a abordagem pedagógica inicial, visando diagnosticar o conhecimento

e grau de conscientização sobre a importância da alimentação orgânica, foi aplicado

o pré-teste.

Após a implementação das estratégias de ensino contidas na unidade

didática foi aplicado um pós – teste, objetivando avaliar o aprendizado comparando

erros e acertos entre os dois momentos início e fim do processo.

O uso de pré e pós-teste, segundo De Vitta (1999), além de permitir a

caracterização do nível prévio de informação dos educandos sobre o assunto a ser

desenvolvido no projeto, possibilita a identificação de pontos a serem abordados no

13

decorrer das aulas, alertando-os em relação aos conteúdos e levando-os a auto-

avaliação.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No início do 2º semestre no mês de agosto de 2011 foi realizada a

apresentação do projeto e da Unidade Didática “A importância dos alimentos

orgânicos na merenda escolar”, para os alunos envolvidos no projeto, direção e

equipe pedagógica da escola visando ressaltar a importância do mesmo, bem como

socializar a proposta teórico-metodológica que seria desenvolvida no ambiente

escolar.

4.1. Descrição resumida de cada etapa

A seguir passamos a descrever resumidamente as estratégias de ensino

utilizadas junto aos alunos na etapa da implementação.

Para iniciar o assunto com os alunos, foi necessário realizar uma abordagem

inicial com a finalidade de analisar o conhecimento dos mesmos em relação ao

conteúdo. Diante disso, aplicamos um pré-teste com 13 questões que investigavam

sobre o conhecimento dos alunos e o resultado foi satisfatório.

Partindo desse ponto, buscamos primeiramente diferenciar alimentos

naturais de alimentos orgânicos, mesmo sabendo que a maioria dos alunos tinha

noção da diferença entre eles, pois os que não entendiam, precisariam entender

para que pudesse ter seqüência o trabalho.

Através de aulas expositivas, discussões e interação trabalhamos a

introdução do conteúdo, permitindo que os alunos pudessem diferenciar exatamente

natural de orgânico e ainda entendessem um pouco mais sobre os alimentos

orgânicos.

Assim, foi dado seqüência ao conteúdo, falando um pouco mais sobre

saúde, alimentação saudável, nutrição, preservação do meio ambiente e educação

ambiental. Diante disso, podemos perceber que os alunos participaram ativamente

da aula, depois do conteúdo exposto, realizaram uma análise de sua própria

alimentação e discutiram com os demais colegas sobre o que havia de exagero e o

que estava faltando para haver uma alimentação saudável. Eles mostraram-se

14

interessados com a preservação do meio ambiente, contaram situações do

cotidiano, analisando corretamente os fatos, mostrando que possuíam conhecimento

sobre o meio ambiente, além de discutirem sobre a cultura dos alimentos orgânicos

e a importância dela para a própria preservação ambiental.

A palestra com a nutricionista Flávia Gnoatto foi uma maneira de tirar

dúvidas sobre a alimentação saudável e a participação dos alunos durante a

explicação da palestrante foi surpreendente. O ambiente que foi criado permitiu que

os alunos ficassem a vontade, fazendo com que a exposição do conteúdo fosse feita

de forma dinâmica e muito produtiva.

Para buscar um maior conhecimento, os alunos foram visitar o Mercado do

Produtor Rural, onde são comercializados produtos da Agricultura Familiar, onde

muitos são produzidos de forma orgânica. A visita foi de grande valia, os alunos não

imaginavam a quantia de alimentos que podia ser produzido no campo e também se

familiarizaram com os alimentos.

De volta à sala de aula, propomos a elaboração de uma pirâmide alimentar,

e que foi desenvolvida pelos alunos divididos em grupos. Esta foi uma forma de

avaliação do conhecimento, oportunizou aos alunos colocarem em prática o que

haviam aprendido durante todo o trabalho realizado. E o resultado não poderia ser

diferente, eles elaboraram suas pirâmides corretamente e quase sem nenhuma

dúvida, o que permitiu avaliar o conhecimento e que este certamente seria passado

adiante, provavelmente os alunos comentaram em casa com seus familiares o que

aprenderam e quem sabe levar adiante essa proposta de alimentação saudável.

No vídeo “Sr. Banana” os alunos puderam observar o valor nutricional dos

alimentos o que contribuiu para a elaboração da pirâmide alimentar. Além do vídeo

também foram escolhidas imagens, cartazes e leituras indispensáveis para entender

melhor a importância dos alimentos orgânicos na merenda escolar.

A Feira de Ciências encerrou a implementação com a participação de todos

os alunos e a comunidade escolar nas atividades apresentadas, demonstrando

interesse sobre o assunto. O estudo sobre alimentação orgânica mostrou-se

satisfatório e condizente com a Proposta do Governo Estadual que iniciou um

projeto sobre a merenda escolar introduzido alguns alimentos orgânicos.

Durante todas as atividades o envolvimento dos alunos despertou a atenção

de todas as equipes colegiadas da escola, pois o projeto está de acordo com a

clientela da mesma, ou seja, os alunos são na maioria oriundos da área rural,

15

necessitados de incentivo e valorização do seu meio, melhorando seu nível sócio-

econômico, cultural e uma alimentação de qualidade.

4.2 Análises do pré e pós - teste

A primeira parte da análise refere-se às questões que acompanharam a

utilização do material fornecido em sala de aula: uma apostila com os conteúdos

referentes aos temas sugeridos no questionário de avaliação final do curso. As

turmas com 28 alunos cada uma, participaram dos testes, cujo objetivo era avaliar o

conhecimento dos alunos sobre os alimentos orgânicos e a merenda escolar.

Primeiramente do pré-teste, o qual serviu para averiguar os conhecimentos

prévios dos alunos em relação aos conteúdos do tema. Através do pré-teste, pode-

se observar que o conhecimento por parte da maioria dos alunos sobre o tema

proposto era limitado conforme exposto a seguir.

A primeira questão referia-se aos alimentos naturais e se os alunos já

haviam ouvido falar sobre eles, 100% dos alunos disseram que sim.

Sobre o conhecimento do que é um alimento natural o gráfico 1 mostra as

respostas apontadas na questão 2.

Questão 2

55%

45%Certo

Errado

GRÁFICO 1 – Alimentos naturais e orgânicos

Fonte: Forner, L. V. (2011)

Dos alunos pesquisados 55% responderam certo que alimentos naturais são

encontrados na natureza, não sofrem a intervenção do homem e que não contem

16

agrotóxicos e são saudáveis, e 45% responderam errado escreveram que o alimento

sem agrotóxicos.

A terceira questão era descritiva e perguntava sobre as diferenças entre

alimentos naturais e orgânicos, as respostas foram variadas e estão agrupadas no

Quadro 1 que segue:

Respostas N. alunos %

O natural tem vestígios de veneno, agrotóxicos. 2 3,6%

O natural nasce por conta e o orgânico precisa de cuidado. 7 12,5%

Natural nasce sem agrotóxico e o orgânico tem cuidado e produto

agrotóxico.

35

62,5%

O alimento natural não contém nenhum tipo de agrotóxico e o orgânico

são os que contêm conservantes, venenos entre outros.

3

5,3%

O alimento natural nasce espontaneamente na terra, e o orgânico é

plantado e tem mais recurso.

3

5,3%

Não pode ter agrotóxico. 1 1,8%

O natural é menos artificial que o orgânico. 1 1,8%

Um alimento natural é tirado do pé e ingerido, o orgânico passa por

industrialização e não fica tão bom.

1

1,8%

O alimento natural tem proteínas e o orgânico não tem. 1 1,8%

Várias diferenças, um é natural e o outro não. 1 1,8%

O alimento natural não tem gosto 1 1,8%

Total 56 100%

QUADRO 1 – Diferenças entre alimentos naturais e orgânicos Fonte: Pesquisa PDE, 2011

Percebe-se que os alunos têm alguma noção das diferenças entre produtos

naturais e orgânicos, mas também há dúvidas quanto aos produtos.

17

Questão 4

89%

11%

Sim

Não

GRÁFICO 2 – Alimentação dos alunos x alimentos naturais e orgânicos

Fonte: Forner, L. V. (2011)

A questão de número quatro perguntava se na alimentação dos alunos

incluíam alimentos orgânicos, 89% responderam que sim e 11% disseram que não.

Questão 5

2%

46%45%

7%

Ótima

Boa

Regular

Ruim

GRÁFICO 3 – Merenda escolar

Fonte: Forner, L. V. (2011)

A questão de número cinco perguntava sobre a merenda escolar e 46% dos

alunos disseram que considera a merenda boa; 45% regular; 7% ruim e 2% ótima.

O Quadro dois mostra os alimentos que os alunos gostariam que tivesse na

merenda escolar correspondente a questão número seis.

18

Respostas N. alunos %

Frutas 36 64%

Legumes 2 4%

Verduras 3 5%

Outros 14 25%

Todos 1 2%

Total 56 100%

QUADRO 2 – Alimentos que deveria ter na merenda escolar Fonte: Forner, L. V. (2011)

As repostas dos alunos mostram os produtos com maior aceitação, sendo

que 64% dos alunos disseram que gostariam que tivesse frutas na merenda; 25%

que tivesse outros produtos, mas não especificaram quais; 5% gostariam que

tivesse verduras; 4% legumes e 2% todos os produtos relacionados.

A questão número sete perguntava quem consumia mais alimentos

orgânicos, se os moradores da cidade ou os da área rural, 55% dos alunos

responderam que os da área rural e 45% os moradores da cidade. A justificativa

encontrada foi que os moradores da área rural têm mais facilidade no cultivo e os

que responderam os moradores da cidade, é porque as pessoas estão mais

acostumadas a consumir, elas têm facilidade de compra nos mercados.

As questões 8, 9, 10 e 12 eram objetivas (sim e não), as respostas

encontram-se no Quadro 3 a seguir:

Questões Sim Não %

8) Você acha que a obesidade é causada pela ingestão de alimentos

orgânicos?

29% 71% 100%

9) Os alimentos orgânicos podem contribuir para uma vida saudável? 66% 34% 100%

10) No seu município existe um programa para a produção e o consumo

de produtos orgânicos?

80% 20% 100%

12) Os alimentos orgânicos podem contribuir para melhorar a renda

familiar?

86% 14% 100%

QUADRO 3 – Contribuição dos alimentos para saúde. Fonte: Forner, L. V. (2011)

Na questão de número oito, 71% dos alunos responderam que os produtos

orgânicos não causam obesidade e 29% disseram que sim.

19

Na questão nove, 66% dos alunos responderam que os alimentos orgânicos

contribuem para uma vida saudável e 34% disseram que não.

Na questão dez, 80% dos alunos informaram que existe um programa

municipal para a produção e o consumo de produtos orgânicos e 20% disseram que

não existe.

Na questão doze, 86% dos pesquisados responderam que os alimentos

orgânicos contribuem para melhorar a renda familiar e 14% disseram que não.

A questão onze perguntava se no momento tivesse que escolher entre

alimento orgânico e alimento industrializado, qual o aluno escolheria, a questão

exigia justificativa, as respostas estão compiladas no gráfico a seguir.

Questão 11

43%

57%

Industrializados

Orgânicos

GRÁFICO 4 – Alimentos industrializados x orgânicos

Fonte: Forner, L. V. (2011)

O gráfico aponta que 43% dos alunos consumiriam alimentos

industrializados e eles justificaram que os alimentos são mais saborosos, fáceis de

comprar, porque não gostam de produtos orgânicos. 57% disseram que preferiam os

alimentos orgânicos que são mais saudáveis, não tem conservantes e faz bem para

o corpo.

A questão de número treze perguntava sobre o local no município em que

podem encontrar alimentos orgânicos, 71% disseram que no Mercado do Produtor e

29% nos demais mercados, em outras cidades e em áreas rurais.

Após a aplicação do pré-teste para os alunos da 7ª série, a professora

proponente desta pesquisa passou para a explanação dos conteúdos sobre os

alimentos orgânicos, a seguir a merenda escolar e a composição nutricional,

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vitaminas, proteínas, ferro, cálcio e sais minerais. Os conteúdos contaram com

atividades diversas com perguntas, respostas, reflexões, palavras cruzadas e outras

curiosidades.

O conteúdo seguinte foi sobre a Roda dos Alimentos, alimentos

construtores, energéticos e reguladores. E a separação da Pirâmide Alimentar por

grupos de alimentos com as respectivas porções a ser consumidas pelas pessoas.

Durante uma dessas aulas foi apresentado um vídeo “Sr. Banana” que fala

sobre os alimentos que compõem a Roda e a Pirâmide, com explicações

interessantes e de fácil compreensão pelos alunos.

Além dos conteúdos dados e da elaboração da Roda dos Alimentos e da

Pirâmide Alimentar, a professora convidou a Nutricionista Flavia Gnoatto, para

efetuar uma palestra sobre nutrição saudável.

Para completar as atividades e reconhecer os produtos, a professora levou

os alunos para uma visita ao Mercado do Produtor, lá eles receberam informações a

respeito dos produtos orgânicos, adubação, plantio e os benefícios para a saúde.

Os alunos puderam entender que a adubação orgânica utiliza produtos

naturais geralmente são compostos retirados da própria propriedade, cascas, folhas,

estercos de animais que são curtidos e misturados na terra. Esta adubação é

melhorada pelo trabalho das minhocas que contribuem para misturar os

microorganismos dos compostos.

Após todas as atividades aplicou-se o Pós-teste para avaliar os

conhecimentos dos alunos.

Questões Sim Não %

1) Você já ouviu falar de alimentos naturais? 54 2 100%

4) Na sua alimentação, você inclui alimentos orgânicos? 51 5 100%

8) Você acha que a obesidade é causada pela ingestão de alimentos

orgânicos?

7

49

100%

9) Os alimentos orgânicos podem contribuir para uma vida saudável? 51 5 100%

10) No seu município existe um programa para a produção e o consumo

de produtos orgânicos?

47

9

100%

12) Os alimentos orgânicos podem contribuir para melhorar a renda

familiar?

53

3

100%

QUADRO 4 – Alimentos naturais x orgânicos Fonte: Forner, L. V. (2011)

21

As questões 2 e 3 mostraram que os alunos ainda não conseguiram

identificar com clareza as diferenças entre alimentos naturais e orgânicos. Os alunos

reforçaram a idéia de que alimentos naturais são orgânicos cultivados sem

agrotóxicos, percebe-se que ainda há certa confusão nos conceitos, é necessário

rever esse conteúdo para dirimir as dúvidas.

A questão 4 perguntava se os alunos incluíam na alimentação alimentos

orgânicos, após a intervenção não houve mudança de hábitos alimentares, 89%

continuam afirmando que não incluem esses alimentos e 11% que já comem

alimentos orgânicos.

A questão 5 sobre a merenda escolar.

Opção Respostas %

Ótima 4 7%

Boa 23 41%

Regular 24 43%

Ruim 5 9%

QUADRO 5 – Merenda escolar Fonte: Forner, L. V. (2011)

Sobre a merenda escolar, houve uma melhora nos percentuais de resposta,

a opção “ótima” de 2% no pré-teste, passou para 7% no pós-teste, as outras opções

aumentaram o percentual. A opção boa, no pré-teste era de 46% baixou para 41%, a

regular era de 45% baixou para 43% e a ruim de 7% passou para 9%. Nessa

questão as respostas mostraram que os alunos não aprovam a merenda escolar,

mesmo após a intervenção.

A questão 6 sobre os alimentos que gostariam que tivesse na merenda

escolar.

Opção Respostas %

Frutas 30 54%

Legumes 1 2%

Verduras 2 3%

Outros 11 20%

Todos 12 21%

22

QUADRO 6 – Alimentos que gostariam que tivessem na merenda escolar Fonte: Forner, L. V. (2011)

Na questão 6 conforme mostra o quadro 6, no pré-teste 64% dos alunos

preferia as frutas, no pós-teste 54% sugeriram por frutas na merenda escolar. Os

legumes no pré-teste 4% citaram que gostariam de vê-los na merenda, no pós-teste

2% optaram por ele. No pré-teste 5% optaram por verduras e no pós-teste 3%.

outros alimentos no pré-teste 25% sugeriram que colocassem na merenda, no pós-

teste 20% optaram e no item todos houve um aumento na opção, de 2% no pré-

teste, aumentou para 12% no pós-teste.

Na questão 7 sobre quem consome mais produtos orgânicos, se os

moradores da cidade ou da área rural.

Opção Respostas %

Rural 39 70%

Urbana 13 23%

Ambas 4 7%

QUADRO 7 – Consumo de alimentos – área rural e urbana. Fonte: Forner, L. V. (2011)

A questão 7 houve uma alteração de 55% no pré-teste para 70% no pós-

teste, os alunos concordam que nas áreas rurais se consome mais alimentos

orgânicos, que não é verdade, sendo que a cidade conta com o Mercado do

Produtor que oferece produtos orgânicos para a população, além disso, os

mercados locais adquirem esses produtos de outros fornecedores, portanto, tanto

pessoas das áreas rurais quanto urbanas podem consumir esse produtos.

Na questão 11 sobre se no momento eles tivessem que escolher entre

alimentos orgânicos e industrializados qual escolheriam?

Opção Respostas %

Orgânicos 41 73%

Industrializados 15 27%

QUADRO 8 – Alimentos orgânicos x industrializados Fonte: Forner, L. V. (2011)

A questão de número 11 mostrou que 73% dos alunos que preferem

alimentos orgânicos e 27% os industrializados. O percentual diminuiu um pouco,

mas percebe-se que alguns alunos resistem ao consumo de produtos orgânicos,

23

preferindo alimentos industrializados que são fáceis de serem consumidos, como

refrigerantes, biscoitos, salgadinhos, doces e outros.

Na questão de número 13, 100% dos alunos responderam que os produtos

orgânicos são encontrados no Mercado do Produtor.

A avaliação dos trabalhos contou com a aplicação do pós-teste para

assegurar o aprendizado dos alunos sobre o conteúdo dado. Os alunos também

elaboraram uma Pirâmide dos Alimentos que foi fixada no mural da escola, com

fotos coletadas por eles. Também foi elaborado um folder explicativo sobre produtos

orgânicos e distribuído na escola e na comunidade. As atividades tiveram seu

término com a Feira de Ciências, os alunos puderam explicar e demonstrar para a

população visitante sobre alimentação saudável e produtos orgânicos. O

encerramento contou com uma merenda modificada, com frutas, legumes e verduras

que os alunos e professores apreciaram e degustaram.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abrangência das ações propostas na implementação atingiu a escola como

um todo, comunidade e famílias, despertando nos alunos o hábito para o consumo

de alimentos sadios, importantes para o desenvolvimento físico e intelectual.

Com isso, esperamos que os alunos levem os conhecimentos adquiridos para

suas residências e para a comunidade, mostrando aos familiares que a alimentação

orgânica é mais saudável e os produtos estão disponíveis no mercado para o

consumo de todos os habitantes.

Os resultados em relação ao trabalho de mudança de hábitos alimentares,

após a análise do pós-teste não foram satisfatórios, sabemos que os mesmos são

difíceis de modificar, principalmente quando a criança não é acostumada desde

pequena a ingerir frutas, legumes, verduras e outros. Mas precisamos insistir e estar

constantemente incentivando e mostrando as necessidades de se adotar uma

alimentação saudável. Sabemos da preferência das crianças e jovens por alimentos

industrializados e fáceis de adquirir já pronto para consumo.

Estes hábitos devem ser combatidos em casa, na família e na escola

mostrando a importância desses alimentos para o crescimento sadio, sendo que

eles contêm todos os nutrientes necessários e que o corpo precisa para se

desenvolver.

24

Este projeto de intervenção deve ter continuidade, para inculcar nos alunos o

gosto e a aquisição do hábito de consumir alimentos orgânicos e naturais que são

mais nutritivos, saborosos e saudáveis.

25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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26

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ANEXO I

QUESTÕES DO PRÉ E PÓS- TESTE

1-Você já ouviu falar de alimentos naturais? ( ) Sim ( ) Não

2-O que é um alimento natural?

3-Que a diferença entre um alimento natural e um alimento orgânico?

4-Na sua alimentação, você inclui alimentos orgânicos? ( ) Sim ( ) Não

5-O que você acha da merenda escolar? ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim

6-O que você gostaria que tivesse na merenda escolar? ( ) frutas ( ) legumes ( )

verduras ( ) outros ( ) nenhum.

7-Quem consome mais alimentos orgânicos: ( ) moradores da zona rural ( )

moradores da cidade. Justifique

8-Você acha que a obesidade é causada pela ingestão de alimentos orgânicos?

( ) Sim ( ) Não

9-Os alimentos orgânicos podem contribuir para uma vida saudável? ( ) Sim ( )

Não

10-No seu município existe um programa para a produção e o consumo de produtos

orgânicos? ( ) Sim ( ) Não

11-Neste momento, se você tivesse que escolher entre alimentos orgânicos e

alimentos industrializados, qual você escolheria? Justifique:

12-Os alimentos orgânicos podem contribuir para melhorar a renda familiar?

( ) Sim ( ) Não

13-Cite um local em seu município que podemos encontrar alimentos orgânicos para

a venda: