relatório cpi da merenda

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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO PROCESSO: 223/2012 INTERESSADO: CARLOS EDUARDO ROSSLER. ASSUNTO: INSTAURAÇÃO DE CPI PARA APURAÇÃO DE DENÚNCIAS DE IRREGULARIDADES NA TERCEIRIZAÇÃO DO FORNECIMENTO DE MERENDA ESCOLAR CELEBRADO ENTRE A PREFEITURA MUNICIPAL DE LIMEIRA E AS EMPRESAS SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, E LE BARON ALIMENTAÇÃO LTDA, CONFORME FATOS AMPLAMENTE NOTICIADOS E DIVULGADOS PELA IMPRENSA LOCAL, REGIONAL E NACIONAL. “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não venha a ser revelado, e nada há de escondido que não venha a ser conhecido.” Jesus Cristo, in Mateus, 10:26 EXECELENTÍSSIMOS SENHORES VEREADORES 1

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Relatório CPI da Merenda

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Page 1: Relatório CPI da Merenda

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

PROCESSO: 223/2012

INTERESSADO: CARLOS EDUARDO ROSSLER.

ASSUNTO: INSTAURAÇÃO DE CPI PARA APURAÇÃO DE DENÚNCIAS DE

IRREGULARIDADES NA TERCEIRIZAÇÃO DO FORNECIMENTO DE

MERENDA ESCOLAR CELEBRADO ENTRE A PREFEITURA MUNICIPAL DE

LIMEIRA E AS EMPRESAS SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, E LE

BARON ALIMENTAÇÃO LTDA, CONFORME FATOS AMPLAMENTE

NOTICIADOS E DIVULGADOS PELA IMPRENSA LOCAL, REGIONAL E

NACIONAL.

“Não tenhais medo dos homens, pois

nada há de encoberto que não venha

a ser revelado, e nada há de

escondido que não venha a ser

conhecido.” Jesus Cristo, in Mateus,

10:26

EXECELENTÍSSIMOS SENHORES VEREADORES

1

Page 2: Relatório CPI da Merenda

RELATÓRIO FINAL

I. DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS

A presente Comissão Parlamentar de Inquérito foi

constituída nesta Egrégia Câmara Municipal de Limeira, através do

Requerimento de nº 223/12, assinado pelos vereadores Carlo Eduardo Rossler,

Ronei Costa Martins, Paulo César Junqueira Hadich, João Alberto dos Santos,

Mário Celso Botion, Raul Nilsen Filho, Miguel Lombardi, Almir Pedro dos Santos,

Antônio Brás do Nascimento – Piuí, Carlos Eduardo Silva, Iraciara das Dores

Basetto Barollo Sagioro, José Farid Zaine, Nilce Segalla e Silvio Marcelo

Francisco Brito; e constituída, por força do Ato da Presidência nº 13/2012, com

prazo de funcionamento de 90 dias, prorrogada por igual período, para

“apuração de denúncias de irregularidades na terceirização do fornecimento de

merenda escolar celebrado entre a Prefeitura Municipal de Limeira e as

Empresas SP Alimentação e Serviços Ltda, e Le Baron Alimentação Ltda,

conforme fatos amplamente noticiados e divulgados pela imprensa local,

regional e nacional”.

Referida Comissão Parlamentar de Inquérito restou

composta pelos seguintes vereadores indicados por acordo de lideranças e de

conformidade com o artigo 58, inciso I, combinado com o artigo 122, ambos da

Resolução n.º 44/92 – Regimento Interno da Câmara Municipal de Limeira:

Carlos Eduardo Rossler (posteriormente substituído pelo vereador Eliseu Daniel

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Page 3: Relatório CPI da Merenda

dos Santos), Carlos Eduardo da Silva (posteriormente substituído pelo

vereador), João Alberto dos Santos (posteriormente substituído pelo vereador),

Miguel Lombardi e Ronei Costa Martins; os quais, em primeira reunião, realizada

em data de 17 de maio de 2012, elegeram como Presidente da Comissão

Parlamentar de Inquérito o vereador Eliseu Daniel dos Santos, e como relator, o

vereador Ronei Costa Martins.

Os Excelentíssimos Senhores Vereadores subscritores

do Requerimento n. 223/2012 anteriormente mencionado apresentaram, como

justificativa, o fato de existirem denúncias de irregularidades na terceirização do

fornecimento de merenda escolar celebrado entre a Prefeitura Municipal de

Limeira e as empresas SP Alimentação e Serviços Ltda e Le Baron Alimentação

Ltda, conforme fatos amplamente noticiados e divulgados pela imprensa local,

regional e nacional, motivo que ensejaria a instituição de Comissão Parlamentar

de Inquérito para buscar os esclarecimentos necessários e medidas jurídicas

que o caso requer.

II. DAS PROVAS COLHIDAS

Em data de 17 de maio de 2012, reuniram-se os

Vereadores Eliseu Daniel dos Santos, Carlos Eduardo da Silva, João Alberto dos

Santos, Miguel Lombardi e Ronei Costa Martins, já sob a presidência do

primeiro, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito aprovaram por

unanimidade a expedição de mandado de notificação ao Exmo. Sr. Prefeito

Municipal de Limeira para que, querendo, se manifesta-se no prazo de 10 dias.

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Page 4: Relatório CPI da Merenda

Posteriormente, a Comissão parlamentar de Inquérito

reuniu-se na data de 04 de junho de 2012, informou a entrega da defesa

apresentada pela municipalidade e determinou o encaminhamento de cópias a

todos os membros desta Comissão para ciência e também tronou disponível a

imprensa, motivo pelo qual a sessão foi suspensa para a leitura do documento

citado. Na sequência foi realizada a leitura da referida defesa pelo relator, Ronei

Costa Martins. Em seguida, foi dada a palavra ao Vereador Ronei para a leitura

dos requerimentos com pedido de informações, os quais foram elaborados

previamente e de comum acordo entre todos os membros.

O presidente da comissão colocou em votação e foram

aprovados todos os Requerimentos na seguinte ordem: 1. Cópia do processo

licitatório, do contrato e dos termos aditivos formalizados entre o MUNICÍPIO DE

LIMEIRA e a empresa LE BARON; 2. Provas emprestadas do processo nº

3108/2010 CPI DA MERENDA; 3. Requer cópias das decisões do TCE sobre a

contratação da LE BARON e o MUNICÍPIO DE LIMEIRA (concorrência,

contratos e aditivos); 4. Cópia do TAC nº 228/2012 celebrado entre a LE BARON

e o Ministério Público do Trabalho da 15ª Região, nos autos da representação

002191.2011.15.000/2-16; 5. Cópia das atas e dos pareceres do Conselho de

Alimentação Escolar referente ao período de vigência do contrato entre o

MUNICÍPIO DE LIMEIRA e a empresa LE BARON; 6. Certidão de quitação de

tributos (Regularidade Fiscal) da empresa LE BARON da Receita Federal e

Estadual e que seja expedido ofício para que a Empresa investigada apresente

as Certidões de quitação de tributos de regularidade fiscal Municipal

(Comprovantes de recolhimento de ISSQN), Estadual e Federal no prazo

improrrogável de quinze dias; 7 – Cópia do Inquérito Civil nº 18/10 e 740/12 em

trâmite na Promotoria de Justiça na área de defesa do patrimônio público; 8.

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Page 5: Relatório CPI da Merenda

Sejam oficiados a Justiça Estadual e Federal para o envio das Certidões de

distribuições de processos judiciais de Limeira, bem como perante a Vara

Federal de Piracicaba/SP, além da área de abrangência da sede da empresa

investigada Le Baron Alimentação na Comarca de Santo André; 9. Cópias do

Processo Administrativo 1.977/2001, do Edital nº 022/2007, e do Pregão

Presencial nº 014/2007 em trâmite na Autarquia Municipal do CEPROSOM; 10.

Cópias das planilhas de medição de consumo (relatório de medição) de todas as

escolas Municipais e Estaduais as quais a empresa LE Baron fornece alimentos

de janeiro de 2012 até a presente data; 11. Cópias a serem enviados pela

Municipalidade de procedimentos de distribuição, da conferência do

recebimento, formas de manuseio, armazenamento e preparo dos alimentos

servidos pela empresa LE Baron; 12. Solicitação de cópias dos procedimentos

administrativos em sua íntegra, que acarretaram na Vigilância Sanitária dos

autos de infração lavrados referente à irregularidades do fornecimento de

Merenda Escolar, incluindo eventuais Laudos, dentre eles do “Instituto Adolfo

Lutz”; Todos estes requerimentos foram discutidos, levados à votação

comprovação unânime de todos os membros, todos devidamente entregues e

cujos documentos fazem parte integrante dos autos. Ao final da reunião, o

Vereador Ronei Martins se manifestou sobre a intimação das testemunhas,

entendendo ser necessário serem feitos somente após o recebimento dos

documentos ora aprovados, a proposta foi discutida e aprovada por todos os

membros.

Em reunião realizada aos 25 dias do mês de junho do

ano de 2012, o Vereador Eliseu Daniel dos Santos solicitou ao Vereador Ronei

Martins a leitura do Oficio nº 35/2012, encaminhado pela Prefeitura Municipal de

Limeira, assinado pela Secretaria de Negócios Jurídicos do Município, Dra.

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Page 6: Relatório CPI da Merenda

Helenita de Barros Barbosa, endereçado ao Presidente da Câmara Municipal de

Limeira, referente ao Oficio 869/2012, atendendo ao Oficio enviado por esta

Edilidade solicitando o envio dos documentos requeridos por esta Comissão

Parlamentar de Inquérito na data de 04 de junho de 2012. Em seguida, o Exmo.

Sr. Presidente solicitou ao vereador relator a leitura do oficio enviado pelo

Presidente da Câmara Municipal de Limeira, que atendendo ao que foi requerido

pela Comissão Permanente de Controle e Fiscalização dos Atos do Poder

Executivo, enviou a esta Comissão cópia do processo TC – Tribunal de Contas

nº 702/02/010/06, protocolado nesta Casa sob o nº 3869/2010. Dando

continuidade aos trabalhos, o presidente comunicou aos demais membros da

Comissão que analisando os autos, observou a ausência dos documentos

solicitados às fls. 28 endereçado ao Ministério Público do Trabalho da 15ª

Região, do documento de fls.29 endereçado a Delegacia da Receita Federal e

também do documento de fls.31 endereçado a Secretaria da Receita Estadual,

registrou que o prazo ainda não havia se esgotado e orientou que a Comissão

aguardasse o fim do prazo legal, já em relação ao documento de fls.30, o

promotor Dr. Luiz Alberto Segalla Bevilacqua fez contato com a assessoria da

casa via telefone, colocando a disposição da Comissão a possibilidade de

realizar-se carga rápida no prazo de 48 horas para extração de xerox dos

documentos necessários, tendo em vista a existência de mais de 22 volumes, o

presidente colocou a matéria para apreciação dos demais membros, que

decidiram pela realização de cópias integrais do referido Inquérito civil.

Considerando que ainda restavam alguns documentos a serem enviados a

Comissão, os vereadores entenderam por bem, aguardar a vinda destes

documentos para somente após a juntada, deliberar sobre a relação das oitivas

das testemunhas a prestarem depoimentos perante a CPI. Esta deliberação foi

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Page 7: Relatório CPI da Merenda

aprovada por todos. Toda a documentação entregue foi colocada a disposição

dos membros da Comissão e por fim, foi deliberada a data da próxima reunião.

Em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito,

realizada em 10 de julho de 2012, aberta a reunião pelo Vereador Eliseu Daniel

dos Santos, este comunicou aos presentes que compulsando os autos, verificou-

se que os Ofícios 1/2012 encaminhado ao Ministério Público do Trabalho da 15ª

Região, recebido em 15/06/2012 sob o protocolo nº 5867/12; Ofício 2/2012

encaminhado à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira – 8ª RF,

recebido em 15/06/2012 sob o protocolo nº 183/12; e, Ofício 3/2012

encaminhado à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, recebido em

15/06/2012. Até a referida data não haviam sido respondidos ou entregues a

esta Comissão os Ofícios de resposta. O Sr. Presidente Eliseu consultou os

demais Vereadores membros sobre a possibilidade de insistência, reiterando-se

os Ofícios. Colocado em discussão e votação foi aprovado sua reiteração,

devendo os mesmos serem encaminhados novamente. Tão logo os Ofícios

retornassem com novos documentos, seria comunicado aos procuradores da

Prefeitura Municipal de Limeira pelo prazo de 05 dias para que, querendo, se

manifestassem. Tendo em vista que não existiam até aquele momento outras

provas documentais a serem juntadas aos autos, os advogados da Prefeitura

Municipal de Limeira foram intimados, para que, se manifestassem sobre os

documentos carreados aos autos. Em seguida, a Comissão deliberou sobre a

oitiva de testemunhas que deveriam ser convocadas para serem ouvidas, com a

palavra o Exmo. Presidente informou que os depoimentos iriam ocorrer em três

dias seguidos para melhor aproveitamento dos trabalhos. Na sequencia,

passada a palavra ao Vereador Ronei Martins, este em nome de todos os

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Page 8: Relatório CPI da Merenda

membros da Comissão, explicou os critérios utilizados para justificar a

convocação das testemunhas, as quais poderiam contribuir com a elucidação de

dúvidas com relação a qualidade, quantidade, medição, fiscalização, sobre o

processo licitatório e o contrato da merenda, assim, as convocações ficaram

agendadas da seguinte forma: dia 01 de agosto de 2012 às 09:00hrs as

seguintes testemunhas: 1- ANTONIO MONTESANO NETO (Ex- Secretário da

Educação); 2- SUELI KAZUE KOMATSU; 3 - MARISA BORTOLETTO RIBEIRO

(Sócia Administradora da Le Barom); 4- LUIS CARLOS PRADA (Ex-Diretor da

Merenda escolar); 5- ARACIANA ROVAI CARDOSO DALFRÉ. Dia 02 de agosto

de 2012, às 09:00hrs as seguintes testemunhas: 1- NAILIA AQUINO DA SILVA

(Merendeira); 2- FÁTIMA DE ARAUJO ROSENDO LEONARDO (Merendeira);

EDVALDO MENDES DA COSTA (Presidente do CAE); LEDA MARCIA DE

SOUZA (Ex- Diretora de escola); FABRICIO CASTILHO RODRIGUES Motorista

terceirizado; RODRIGO BELFIORE NUNES Motorista terceirizado; ALFREDO

DA SILVA RIBEIRO (Motorista terceirizado), e para o dia 03 de agosto de 2012

as seguintes testemunhas: 1- SUSANA ELIZABETE PEREIRA DIAS (Atual

Diretora da Merenda Escolar); 2- Diretora Maria Cristina Modesto Fanti; 3- Vice

Diretora Silvana Pereira Chaves Manfre; 4- Diretora Roseli Aparecida Buzinaro;

5- Vice Diretora Luciane Amatio Berto; 6- Diretora Maria Gorette dos Santos

Damasceno; 7- Vice Diretora Silmara Betti Celotti; 8- Diretora Claudia Regiane

Camargo Certori; 9- Vice Diretora Fabiana Pessi Bento Passari; 10- Diretora

Marisa de Fátima Kempe da Silva; 11- Vice Diretora Vilma Setozzi Lima; 12-

Diretora Andréa Giovana Ferreira; 13- Vice Diretora Adriana de Cássia Silveira

Cintra; 14- Diretor Jucélio Duarte; 15- Vice Diretora Elisa de Lima Castellar; 16-

Diretora Marli Theresa dos Santos; 17- Diretora Claudia Regiane Camargo

Sertori; 18- Diretora Lucilena Marcondes; 19- Diretora Ana Márcia de Paula e 20-

Oswaldo Storel Filho (Consultor Merenda Escolar). A Comissão aprovou os

8

Page 9: Relatório CPI da Merenda

nomes e as datas por todos os Vereadores através de chamada nominal. A

Comissão também deliberou, através de seu Presidente Eliseu Daniel, sobre a

prorrogação dos trabalhos por mais 90 dias, o qual, submetido à votação, foi

aprovado por todos os Vereadores presentes, sendo determinado que a

aprovação interna (pela Comissão), deverá ser submetida à votação em Sessão

Ordinária.

Em reunião realizada em 01 de agosto do ano de 2012,

às 09h00m, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário “Vitório

Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente solicitou ao

vereador Ronei Costa Martins que fizesse a leitura do ato de prorrogação por

mais 90 dias dos trabalhos desta Comissão aprovado em Sessão Plenária, com

a justificativa devidamente constante da decisão. O Relator procedeu a leitura da

justificativa de ausência da sócia da empresa Le Barom, Sra. Marisa, por motivo

de força maior, designado sua juntada aos autos. Foi recebido e lido o Oficio

enviado pela Procuradoria do Trabalho de Campinas com cópia do Termo de

Ajustamento de Conduta assinado entre a empresa Le Barom e o Ministério

Público do Trabalho, sendo determinado sua juntada aos autos. Informou-se a

intimação de todas as testemunhas contidas na Ata do dia 10 de julho de 2012.

Foi aprovado a inversão da ordem de oitiva da testemunha Sra. Araciana Dalfré,

Secretaria Municipal de Educação como a primeira a depor na CPI por tratar-se

de ser o primeiro dia da municipalização da merenda escolar depois de ter sido

rescindido o contrato com a empresa Le Baron. Em seguida, o Exmo.Sr.

Presidente desta Comissão solicitou que a Sra. Araciana Rovai Cardoso Dalfré

tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva. Passada a palavra ao

relator vereador Ronei Costa Martins em nome da Comissão, iniciou as

perguntas que foram previamente elaboradas em conjunto com os demais

9

Page 10: Relatório CPI da Merenda

membros da Comissão. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão

solicitou que a Sra. Suely Kazue Komatsu tomasse assento a mesa para dar

início a sua oitiva. Ato contínuo, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou

o Sr. Luis Carlos Prada tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva, e

por fim, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou o Sr. Antônio

Montesano Neto tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva.

Aos dois dias do mês de Agosto do ano de dois mil e

doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário

“Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente da

Comissão colocou em discussão a inversão da ordem para oitiva da testemunha

do Sr. Edvaldo Mendes Da Costa (Presidente do CAE), bem como a desistência

de duas testemunhas que estavam arroladas para depor, os dois requerimentos

foram aprovados por unanimidade. Em seguida, o Exmo.Sr. Presidente desta

Comissão solicitou que Sr. Edvaldo Mendes Da Costa tomasse assento a mesa

para dar início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente da Comissão colocou em

discussão o requerimento do Vereador Ronei Costa Martins solicitando a

inversão da ordem para oitiva da testemunha do Sr. Fabrício Castilho Rodrigues,

colocado em votação a inversão foi aprovada por todos os membros. Em

sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou que o Sr. Fabrício

Castilho Rodrigues tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva. O

Exmo. Sr. Presidente da Comissão colocou em discussão o requerimento do

Vereador Ronei Costa Martins solicitando a inversão da ordem para oitiva da

testemunha Sr. Rodrigo Belfiore Nunes, colocado em votação a inversão foi

aprovada por todos os membros. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta

Comissão solicitou que o Sr. Rodrigo Belfiore Nunes tomasse assento a mesa

para dar início a sua oitiva. Durante a oitiva, o declarante, informou ter em seu

10

Page 11: Relatório CPI da Merenda

poder cópias de documentos e canhotos que demonstravam a relação entre a

Le Baron e a empresa Terra Azul. O vereador Ronei Costa Martins requereu a

juntada destes documentos aos autos, o qual foi aprovado por todos os

membros da Comissão. Ato contínuo, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão

solicitou a Sra. Nailia Aquino da Silva tomasse assento a mesa para dar início a

sua oitiva, e por fim, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou a Sra.

Fátima de Araujo Rosendo Leonardo tomasse assento a mesa para dar início a

sua oitiva.

Aos três dias do mês de Agosto do ano de dois mil e

doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário

“Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente da

Comissão colocou em votação o Requerimento do Vereador Ronei Costa

Martins para que a Comissão encaminhasse cópias dos depoimentos dos

motoristas prestados na data de 02 de agosto ao Ministério Público para a

tomada das providências cabíveis, visto que os declarantes informaram se

sentir- se coagidos por terceiros, possivelmente a mando da empresa Le Baron,

o requerimento foi aprovado por todos os membros da Comissão. Também foi

aprovado o requerimento do vereador Ronei Martins solicitando a inversão da

ordem para oitiva da testemunha Sra. Lucilena Marcondes Coelho de Oliveira.

Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou que a Sra.

Lucilena Marcondes Coelho de Oliveira tomasse assento a mesa para dar início

a sua oitiva. Logo após, também foi aprovado o requerimento do vereador Ronei

Martins solicitando a inversão da ordem para oitiva da testemunha Sra. Marisa

de Fátima Kempe da Silva. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta

Comissão solicitou que a Sra. Marisa de Fátima Kempe da Silva tomasse

assento a mesa para dar início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente da

11

Page 12: Relatório CPI da Merenda

Comissão colocou em discussão o requerimento do Vereador Ronei Costa

Martins solicitando a inversão da ordem para oitiva da testemunha Sra. Maria

Gorette dos Santos Damasceno. Em sequencia, o Exmo. Sr. Presidente desta

Comissão solicitou que a Sra. Maria Gorette dos Santos Damasceno tomasse

assento a mesa para dar início a sua oitiva. Logo após, o Exmo. Sr. Presidente

desta Comissão solicitou que o Sr. Jucélio Duarte tomasse assento a mesa para

dar início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente desta Comissão solicitou que o

Sra. Claudia Regiane Camargo Sertori Duarte tomasse assento a mesa para dar

início a sua oitiva. O Exmo. Sr. Presidente da Comissão colocou em discussão o

requerimento do Vereador Ronei Costa Martins dispensando a oitiva de treze

testemunhas que foram devidamente arroladas e estiveram presentes, o qual foi

aprovado por todos os membros da Comissão. Por último, o Exmo. Sr.

Presidente desta Comissão solicitou que o Sr. Antonio Oswaldo Storel Junior

tomasse assento a mesa para dar início a sua oitiva.

Aos quatorze dias do mês de Agosto do ano de dois mil

e doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no Plenário

“Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr. Presidente Eliseu

Daniel dos Santos consignou a substituição do vereador Carlos Eduardo da

Silva e João Alberto dos Santos respectivamente, pelos vereadores Antonio Braz

do Nascimento e Paulo Barbosa de Melo. Foi lido a petição apresentada pela

advogada da testemunha Marisa Bertolotto Ribeiro, proprietária da Empresa Le

Barom, justificando sua ausência por entender que a imprensa e os trabalhos da

CPI praticamente já teriam a qualificado como ré nos trabalhos desenvolvidos

pela CPI, requerendo assim, vista aos Autos e o adiamento de seu depoimento.

Foi deliberado o primeiro pedido, pelo deferimento de vista aos Autos. Quanto

ao segundo pedido da testemunha Marisa Bortollo dirigido à Comissão, foi

12

Page 13: Relatório CPI da Merenda

redesignando uma terceira data para o depoimento, sendo aprovado o

requerimento a data para o próximo dia 28 de agosto de 2012, após contato

telefônico via celular com a procuradora da testemunha, que se comprometeu

para se esforçar para trazer sua cliente. Em eventual ausência da Sra. Marisa

pela terceira vez, ficou registrado que em caso de não comparecimento seria

requerido ao Poder Judiciário sua presença coercitiva. Ao final o vereador Eliseu

Daniel se despediu dos colegas em razão do seu afastamento das atividades

parlamentares do cargo de vereador para se dedicar exclusivamente a

campanha eleitoral, e comunicou sua substituição pelo vereador Carlos Eduardo

Rossler.

Aos vinte e oito dias do mês de Agosto do ano de dois

mil e doze, as 9:00hrs, reuniu-se a Comissão Parlamentar de Inquérito no

Plenário “Vitório Bortolan” da Câmara Municipal de Limeira, o Exmo. Sr.

Presidente Carlos Eduardo Rossler anunciou a juntada de documentos

recebidos em resposta ao ofício desta Comissão, vindos da Delegacia de

Polícia, com cópias do IP que investiga a qualidade do alimento fornecido nas

escolas, foi aprovado também, por todos os Vereadores, a juntada dos

documentos apresentados pela testemunha Marisa, sendo: Contrato Societário

atualizado da empresa, notas fiscais dos últimos três meses, romaneios de

hortifruti, documentos de treinamento dos funcionários, fotos do galpão da

empresa e a forma de acondicionamento, extratos das licitações nos hospitais,

contrato de locação em nome da empresa Le Barom, documentos de

regularização junto à Vigilância Sanitária, ofícios de solicitação de alteração de

cardápios, documentos de regularidade de Fundo de Garantia e rescisões de

contrato de trabalho, relatório mensal da merenda servida e alguns documentos

13

Page 14: Relatório CPI da Merenda

de manutenção de itens de cozinha dos últimos 3 meses, bem como pelas fotos

apresentadas pelo vereador Ronei Martins.

Na prática, o processo investigativo somente poderia ser

iniciado com a chegada dos dados e documentos. Deveria seguir cada passo

para rastrear efetivamente o curso da movimentação dos valores, porque assim

chegar-se-ia à estrutura completa de todos os envolvidos e, em seguida, à

identificação do beneficiário final, que, em tese, seria o principal favorecido com

aquela irregularidade. Não havia como antecipar oitivassem ter clareza dos

dados, pois, afinal, o tema dos fundos de pensão possui um teor de tecnicidade

elevado, mais complexo do que todos os outros já investigados pela CPMI.

As linhas de investigação amadureceram conforme a

progressão dos trabalhos. Movida ainda pela incerteza quanto à possível

prorrogação da CPMI, a Sub-relatoria envidou esforços para realizar

umaprestação de contas de suas ações, compromisso que, aliás, foi

estabelecido na apresentação do plano de trabalho.

III. DOS FATOS APURADOS

Do cotejamento das provas produzidas pode-se concluir,

mediante robusta comprovação fática e documental, que os contratos de

Fornecimento de Merenda Escolar com as empresas SP Alimentação e Le

Baron, vencedoras dos certames realizados respectivamente nos anos de 2005

14

Page 15: Relatório CPI da Merenda

e 2009, foram extremamente danosos ao erário mediante dolo dos agentes

públicos e particulares envolvidos.

Tal conclusão enseja a adoção das medidas judiciais

cabíveis contra o Ex- Prefeito Silvio Félix, Constância Berbet Dutra e contra o Ex

– Secretário Antonio Montesano Neto, além da responsabilização dos

proprietários das empresas envolvidas.

Depois de apreciados os fundamentos a seguir aduzidos,

requer seja enviado de imediato o presente relatório ao Ministério Público

Estadual para que o incorpore em suas investigações em curso para que tome

as medidas que julgar cabíveis, bem como, as instituições apontadas ao final

para adoção das demais providências pertinentes ao caso.

IV. DA DECISÃO SOBRE A CONTINUIDADE DO

PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO DA MERENDA ESCOLAR NO MUNICÍPIO

DE LIMEIRA.

Aos sete dias do mês de abril de 2009, no Centro

Municipal de Estudos Pedagógicos (CEMEP), reuniram se o ex - Secretário

Municipal da Educação, Prof. Antonio Montesano Neto, e os Diretores das

Escolas da Rede Municipal de Ensino de Limeira, para debater sobre a situação

da merenda escolar no município, tendo em vista a necessidade de se decidir de

que forma a alimentação dos alunos seria administrada, considerando que

naquele momento havia uma empresa terceirizada (SP ALIMENTAÇÃO)

atuando na área.

15

Page 16: Relatório CPI da Merenda

Consta em ata (fls.2029, Volume XI), que o Sr.

Secretário apresentou a situação da merenda escolar, e ressaltou que a

empresa que oferecia a merenda teve seu contrato prorrogado, solicitando um

posicionamento dos dirigentes escolares quanto à qualidade da alimentação

oferecida nas escolas e quanto à forma pela qual a alimentação deveria ser

administrada, ou seja, se deveria ser terceirizada ou se o município deveria

reassumir a gestão da merenda. As diretoras, assim se manifestaram:

“Avaliando a merenda oferecida nas unidades escolares, os

diretores das escolas apontaram que a qualidade da atual

alimentação oferecida tem agradado os alunos e os

profissionais das instituições escolares que acompanham os

trabalhos, e que, com a terceirização, a equipe de gestão

escolar pôde se dedicar com mais afinco ao pedagógico.

Alguns diretores disseram, ainda, que estão muito satisfeitos

com o cardápio oferecido, bem como com a rápida reposição

dos funcionários, quando ocorre algum problema, e com a

manutenção realizada nos equipamentos e utensílios

utilizados”.

O resultado da assembléia realizada pelas diretoras foi

favorável à continuidade do fornecimento da merenda escolar de forma

terceirizada, sendo que, após a votação, constatou-se que 51 diretores foram

favoráveis a terceirização da merenda escolar, 5 foram favoráveis ao município

reassumir a merenda escolar e 4 abstenções foram registradas.

Tendo obtida legitimidade entre seus pares para dar

continuidade à terceirização, os quais consideraram como satisfatória a

16

Page 17: Relatório CPI da Merenda

qualidade dos serviços prestados pela empresa SP ALIMENTAÇÃO, o ex –

Secretário Antônio Montesano Neto, deu início ao processo licitatório.

V. O PROCESSO LICITATÓRIO (PREPARAÇÃO DO

PROCESSO DE LICITAÇÃO)

O processo licitatório iniciou-se formalmente em

02.06.09, por meio da Requisição de Compra/Serviço nº 019/2009, emitida pelo

Sr. Luiz Carlos Prada, Ex – Diretor do Departamento de Merenda Escolar, teve

como justificativa, o vencimento do contrato com a terceirizada SP Alimentação

e Serviços LTDA, em 07.09.09. A Requisição foi aprovada pelo Sr. Antonio

Montesano Neto, então Secretário Municipal de Educação (fls. 2026, Volume XI).

Previu-se ainda, que seria necessária uma reserva orçamentária estimada no

valor de R$ 17.923.870,89,

Em 10.06.2009, o Departamento de Gestão de

Suprimentos, ligado a Secretaria Municipal de Administração, solicitou ao Setor

Núcleo de Protocolo, que fosse autuado o processo administrativo, o qual

recebeu o nº 19.083/2009, com a finalidade de abertura de procedimento

licitatório da modalidade “Pregão” nº 104/2009, para: “contratação de

empresa especializada na prestação de serviços de preparo, nutrição,

armazenamento, distribuição nos locais de consumo, logística,

manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos e utensílios

utilizados, com emprego de mão-de-obra e treinamento de pessoal, bem

como fornecimento de todos os gêneros alimentícios e demais insumos

utilizados incluindo a prestação de serviços de limpeza nas cozinhas das

17

Page 18: Relatório CPI da Merenda

Unidades Escolares, do Ensino Fundamental, Médio, durante o período de

aulas ministradas na rede oficial, inclusive no período noturno, e nas

creches oficiais e onde o município indicar por convênio, também no

período de férias”.

Embora o término do contrato entre a Prefeitura

Municipal de Limeira e a empresa terceirizada estivesse próximo, a eficiência

demonstrada afim de agilizar todos os trâmites burocráticos necessários para

dar seguimento a contratação da empresa que iria substituir a SP

ALIMENTAÇÃO impressionam, pois, se considerarmos que estamos diante de

uma Administração Pública criticada muitas vezes pela lentidão, a rapidez aqui

observada, é digna de nota, quiçá, se assim fosse demonstrado todo esse

empenho em outras áreas da Prefeitura, como na extinção do déficit de vagas

em creches por exemplo.

Em 01.07.09, a Diretoria do Departamento de Gestão de

Suprimentos, enviou um e-mail, às 12h:42min, endereçado ao setor de Licitação

da empresa denominada Gente BR, com o seguinte texto: Prezada Sra; Segue

em anexo solicitação de orçamento, favor preencher o Formulário em

anexo e responder o mais rápido possível. Atenciosamente Cassiana

Pessatti de Toledo – Diretora. Em resposta, o Setor de Licitações da empresa

Gente BR, encaminha um e-mail, às 15h:54min, informando a estimativa de

preço solicitada.

De posse do orçamento, a diretora, que já possuía outras

duas cotações, elabora, pelo visto, rapidamente uma planilha com a descrição

do serviço a ser contratado, constando o nome das empresas consultadas e o

respectivo valor informado, e chega ao preço médio da Licitação, ou seja, R$

17.923.870,89. Na sequência, os autos tramitam internamente do Departamento

18

Page 19: Relatório CPI da Merenda

de Gestão de Suprimentos, sendo destinados ao funcionário Fábio, para que

seja gerada a devida requisição no sistema e posterior encaminhamento ao

Planejamento Orçamentário para reserva de dotação orçamentária no valor já

apontado.

Uma vez gerada a devida Requisição, os autos seguem

para o Departamento de Planejamento Orçamentário para que seja efetuada a

reserva. O Departamento de Planejamento Orçamentário efetua as devidas

reservas orçamentárias, nos importes de R$ 5.200.000,00 para o ano de 2.009

e R$ 12.723.870,89 para 2.010, que culminaram no importe total de R$

17.923.870,89, e encaminha os autos para continuidade de seu respectivo

trâmite processual.

Logo após, o Diretor de Planejamento Orçamentário, as

17h:12min:51s, efetua as movimentações necessárias para alterar os saldo da

reserva de dotação solicitada, conforme demonstra os documentos

(fls.2180/2187), e apresenta uma tabela contendo a estimativa de impacto

orçamentário – financeiro que a despesa iria causar nos anos de 2009, 2010 e

2011.

O ritmo da administração pública local segue rápido,

dando tempo do Assessor Geral do Gabinete do Prefeito, Ordenador das

Despesas, assinar uma Declaração atestando as condições financeiras da

Administração Pública ser capaz de suportar os encargos da presente licitação

em conformidade com o previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (fls. 2188).

19

Page 20: Relatório CPI da Merenda

Embora seja cansativo, é imperioso demonstrarmos

todos os trâmites burocráticos que este processo licitatório passou em um único

dia, fato que no mínimo causa estranheza, mas que vale a pena mencionar

todos os pormenores.

Após vencer todo o ciclo dos trâmites internos da

Diretoria de Planejamento, os autos voltam ao Departamento de Gestão de

Suprimentos e desta vez é encaminhado para o setor de Editais, para

elaboração da Minuta de Edital. O Setor de Editais, a toque de caixa, elabora

uma Minuta de Edital contendo 147 páginas, e envia o processo licitatório nº

19083/09, para análise e parecer da Assessoria Jurídica. É louvável à celeridade

deste setor!

Na mesma data, a Minuta do Edital de Licitação foi

aprovada, pela Dra. Mariane Pinarelli Cover, Assessora Geral Jurídica, da

Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, por meio do Parecer n°

1908322009-1224. Neste documento, a Assessoria Jurídica informa que a

Minuta do Edital e seus anexos (de 147 páginas), preenchem os requisitos da

Lei de Licitações e opina pelo prosseguimento do certame licitatório,

encaminhando os autos de volta ao Departamento de Gestão e de Suprimentos.

A Diretora do Departamento de Gestão e de Suprimentos

recebe os autos, e envia o processo para apreciação do Sr. Secretário de

Administração, João Batista Bozzi. O Secretário de Administração, estando de

acordo com o procedimento, por sua vez, encaminha os autos para a Secretaria

de Educação para Autorização da Abertura do certame licitatório na modalidade

“Pregão”.

20

Page 21: Relatório CPI da Merenda

Por fim, os autos são recepcionados pelo então

Secretário de Educação, Antonio Montesano Neto, que nos termos da Lei de

Licitações, autoriza a abertura do certame licitatório e encaminha os autos para

as providencias cabíveis.

Relevante destacar, conforme narramos acima, como a

nossa Prefeitura Municipal de Limeira quando quer, sabe ser muito eficiente.

Segundo os documentos juntados aos autos, após o recebimento de um e-mail

enviado praticamente as quatro da tarde, contabilizamos 10 funcionários

públicos que juntos elaboram um total de 16 documentos, entre esses,

Despachos, Declarações, Pareceres e uma Minuta de Edital de 147 páginas!

Toda a estrutura administrativa de quatro Secretarias se movimentaram para

atingir um único objetivo, dar continuidade a terceirização do fornecimento

de merenda escolar para nossas crianças. Veremos mais a frente, que toda a

energia despendida em um único dia, acabou gerando atropelos que forçaram

inúmeras interrupções no certame.

Nobres pares desta Comissão, agora sabemos de toda

capacidade administrativa que detém a Prefeitura de Limeira, não aceitaremos

mais desculpas como justificativas para o não atendimento das demandas da

população nas mais diversas áreas.

V.I DA ELABORAÇÃO DO EDITAL 147/2009

O processo de Licitação nº 19.083/2009, na modalidade

de Pregão Presencial nº 104/09, aberto pelo Edital 147/2009 para a contratação

21

Page 22: Relatório CPI da Merenda

de empresa especializada no fornecimento de merenda escolar foi publicado no

Jornal Oficial do Município em 04.07.2009 (fls. 2318, volume XII).

Depois de iniciado o processo, por determinação da

autoridade competente, atendendo ao pedido de providências para realização de

alterações técnicas da Diretoria de Merenda Escolar, o certame foi suspenso

liminarmente. Esta decisão foi publicada no Jornal Oficial do Município no dia

09.07.2009 (fls.2325).

A Diretoria de Merenda Escolar indicou uma relação das

alterações técnicas que deveriam ser inseridas no referido Edital, em especial,

nos Itens 2.3 Distribuição, 2.4 Logística, 2.7 Medição, 2.12 Coleta de Amostras,

2.19 Elaboração do cardápio e 2.29 Manual de Boas Práticas (fls.2328/2329).

A primeira modificação diz respeito ao cumprimento da

legislação sanitária no ato de distribuição. Inicialmente, o texto do Edital tinha o

seguinte teor:

“A distribuição das refeições deverá ser feita por mão de obra

devidamente qualificada, utilizando-se os utensílios adequados para esta finalidade”.

Passou para a seguinte redação:

“A distribuição das refeições deverá ser feita por mão de obras

devidamente qualificada, utilizando-se os utensílios adequados para esta finalidade e atendendo

normas sanitárias vigentes”.

A segunda modificação diz respeito à logística. A regra

anterior tinha o seguinte teor:

22

Page 23: Relatório CPI da Merenda

a) A execução do objeto desta licitação, inclusive no tocante ao

fornecimento de insumos devem ser executados de forma estratégica, integrada e harmônica

entre si, de modo a atingir níveis de qualidade e segurança satisfatórios.

b) A entrega dos insumos deverá ser feita nos pontos estabelecidos,

sempre com antecedência, visando cumprir rigorosamente com o estabelecido em contrato.

Foi alterado para:

a) A execução do objeto desta licitação, inclusive no tocante ao

fornecimento de insumos devem ser executados de forma estratégica, integrada e harmônica

entre si, de modo a atingir níveis de qualidade e segurança satisfatórios.

b) A entrega dos insumos deverá ser feita nos pontos estabelecidos,

sempre com antecedência, visando cumprir rigorosamente com o estabelecido em contrato.

c) Todos os insumos deverão ser transportados em veículos

apropriados, inspecionados pelos Órgãos Públicos, atendendo normas sanitárias

vigentes.

A terceira modificação trata-se de um dos principais itens

do Edital, a medição. A redação original:

“Para efeito do objeto da presente licitação, ficam estabelecidos os

seguintes conceitos:

a) CARDÁPIO/MERENDA: compreende uma refeição, podendo ser:

desjejum, almoço, lanche ou jantar;”

Foi alterada para:

23

Page 24: Relatório CPI da Merenda

a) CARDÁPIO/MERENDA Para fins dessa licitação considera-se

cardápio o conjunto de todas as refeições servidas num mesmo dia e considera-se

merenda cada unidade de refeição servida. Exemplo:

1 Cardápio compreende o conjunto de 1 desjejum e 1 refeição

para todas as Unidades Escolares, menos para os Centros Infantis que será de 1

desjejum, almoço, lanche e jantar.

A quarta modificação trata da coleta de amostras, segue

abaixo o texto original descrito:

2.8 A empresa contratada deverá obrigatoriamente efetuar coleta

diária de amostras das merendas servidas e guardá-las por 72 horas em refrigeração, uma

amostra de no mínimo 100g de cada alimento pronto e servido para o aluno, devidamente

identificado (data, horário e período em que foi servido).

Foi modificada para:

“A empresa contratada deverá obrigatoriamente efetuar coleta

diária de amostras das merendas servidas atendendo normas sanitárias vigentes”

A quinta alteração foi a respeito da elaboração do

cardápio, o texto original estabelecia o seguinte:

“Toda a equipe de trabalho da empresa contratada alocada na

execução deverá ser supervisionada e orientada por profissional nutricionista da empresa, que

se responsabilizará tecnicamente pelas refeições distribuídas e pela correta execução

contratada”.

A redação ficou da seguinte forma:

24

Page 25: Relatório CPI da Merenda

“Toda a equipe de trabalho da empresa contratada alocada na

execução deverá ser supervisionada e orientada por profissional nutricionista da empresa, que

responderá operacionalmente pelas refeições distribuídas. A Nutricionista da Prefeitura

Municipal de Limeira responderá em conjunto com a empresa pela elaboração do

cardápio.

Por último, foi sugerido a inclusão do item 2.29 no Edital,

com a seguinte redação:

A contratada deverá ter Manual de Boas Práticas, que atendam

normas vigentes em todas as Unidades Escolares.

Em 13.07.09, após as devidas atualizações solicitadas,

os autos foram enviados para análise e visto da minuta o Edital a ser elaborado

pela Assessoria Jurídica. (fls.2330. Volume XII). Não conta nos autos que a

Assessoria Jurídica tenha se manifestado sobre as alterações, conforme orienta

a Lei de Licitações, consta na sequência, que após a elaboração do edital com

as alterações, o mesmo foi divulgado no dia seguinte, 14.07.09 no Jornal Oficial

do Município, informando que a abertura dos envelopes, seria realizada no dia

03.08.09 (fls.2627, Volume XIV). Mas, três dias depois, o Jornal Oficial do

Município, comunica nova alteração na data de abertura de envelopes, que foi

prorrogada para 10.08.09. (fls. 2629,Volume XIV).

Depois de reiniciado o processo, o Tribunal de Contas do

Estado de São Paulo, por intermédio de representação de empresas

interessadas (RAFAEL PIRUTTI FRISIOLI OAB 258.969 E SIDNEY

MELQUIADES DE QUEIROZ OAB 184.500), suspendeu liminarmente o

certame, esta decisão foi publicada no Jornal Oficial do Município no dia

08.08.2009 (fls.2632).

25

Page 26: Relatório CPI da Merenda

Ao final, o E. Tribunal de Contas do Estado de São

Paulo, determinou a retificação dos itens 8.3.2.2, 8.3.2.3.1 e 8.3.4.3.4 do Edital

104/2009 e sua conseqüente republicação:

Assim sendo, VOTO pela procedência parcial da Representação

processada no TC 27660/026/09 e pela procedência daquela sob nº TC 27713/026/09,

determinando à PREFEITURA MUNICIPAL DE LIMEIRA promover a correção do edital

impugnado, nos termos acima explicados, de maneira a adequar o texto editalício às disposições

legais aplicáveis à matéria, com a conseqüente publicação do novo texto e reabertura do prazo

legal (nos termos do artigo 4 º, inciso V, da Lei Federal nº 10.520/02 c.c artigo 21, § 4 º, da Lei n

º 8.666/93) para oferecimento de propostas.

Cumprindo a determinação do TCE, o Poder Executivo

Municipal retificou o Edital 104/2009 e novamente o publicou em 29.09.2009 no

Jornal Oficial do Município, desta vez, a abertura dos envelopes foi agendada

para o dia 13.10.2009.

Enviada novamente a Assessoria Jurídica, desta vez, a

minuta de Edital de Licitação foi novamente aprovada, em 30.09.09. atendendo

as alterações determinadas pelo TCE. (Fls.2795, Volume XIV).

Porém, em 01.10.2009, o Jornal Oficial do Município

comunica o cancelamento da publicação do dia 29.09, e informa que abertura

dos envelopes será realizada no dia 16.10.2009 (fls.2955, Volume XV).

Em 15.10.2009, foi designado o Sr. Marcelo Augusto

Pereira da Cunha como Pregoeiro Coordenador para a sessão pública do

certame e para a Equipe de Apoio a Sra. Flávia Aparecida Bonin, nos termos da

26

Page 27: Relatório CPI da Merenda

Portaria 1.499/2008, que constituiu o Corpo de Pregoeiros e Equipe de Apoio do

Departamento de Gestão de Suprimentos da Secretaria Municipal de

Administração. (fls.2962, Volume XV).

Nobres pares, entre o inicio do procedimento para

contratação de uma empresa especializada no fornecimento de merenda

escolar, o qual se deu com a Requisição elaborada pelo ex- Secretário de

Educação, Sr. Antonio Montesano Neto, em 01.07.2009, até a data agendada

para a abertura dos envelopes 16.10.2009, ultrapassaram-se mais de três

meses, precisamente, 115 dias, incluindo as 6 (seis) interrupções que houveram

durante o tramite do procedimento.

Depois de todo empenho investido na elaboração do

Edital de Licitação 147/2009, pelo ex – Prefeito Silvio Félix, é de se imaginar que

o resultado deste documento tivesse alcançado um grau de satisfação que

atendesse, no mínimo, os requisitos básicos que este tipo de contratação

requer. Contudo, não foi isso exatamente o que ocorreu, pois, um dos principais

itens que deveria constar do Edital foi esquecido, implicando em sério prejuízo

aos cofres públicos municipais, como demonstraremos a seguir.

V.I.I DA OMISSÃO SOBRE O ÍNDICE DE 40 % DE

ABSENTEÍSMO NO EDITAL 147/2009.

Antes de se passar a apreciação mais aprofundada do

Edital 147/2009, com a respectiva análise que lhe dê inteligibilidade, é

necessário explicitar que a Prefeitura Municipal de Limeira, já tem um histórico

27

Page 28: Relatório CPI da Merenda

na realização deste tipo de contratação de serviços de fornecimento de merenda

escolar.

Durante os trabalhos realizados por ocasião da

primeira CPI da Merenda Escolar, (Processo 3108/2010), dentre as provas

colhidas e analisadas, uma em especial chamou a atenção, tratava-se da

exclusão imotivada do item 12.2.1, do Edital de Licitação 18/2005 que resultou

na contratação da empresa SP Alimentação.

O item 12.2.1, na versão original do certame, versava

sobre uma redução de 40% no cálculo de pagamento da empresa vencedora da

disputa, posto que tal percentual diga respeito ao índice de absenteísmo do

consumo de merenda escolar, ou seja, trata-se de índice comprovado sobre o

não consumo da merenda escolar pelos estudantes das EMEIEF e EMEI e

Escolas Estaduais na cidade de Limeira; além do índice de 5% de absenteísmo

no tocante aos alunos das creches.

12.2.1 Para efeito de cálculo, deverá ser considerada uma redução de 40% (quarenta por cento) do número de alunos das EMEIEF, EMEI e dos alunos Estaduais, tendo em vista o absenteísmo, e de 5% (cinco por cento) no tocante aos alunos das Creches.

O Tribunal de Contas durante a apreciação do

referido Edital 18/2005, não apontou irregularidade no item 12.2.1 e tão pouco

determinou fosse ele retificado. Porém, o Poder Executivo promoveu as

alterações determinadas em outros dois itens pelo Tribunal de Contas do

Estado, e aproveitando-se desta situação exclui o Item 12.2.1 na republicação

da nova versão do Edital 18/2005.

28

Page 29: Relatório CPI da Merenda

Portanto, o conjunto probatório colhido naquela CPI,

apontou que a exclusão do item 12.2.1 do Edital 18/2005, quando republicado

no Jornal Oficial do Município, caracterizou, de forma objetiva, dano ao erário

mediante expressa violação ao art. 3º da Lei 8.666/931 que afirma a destinação

do processo licitatório em garantir a proposta mais vantajosa para a

administração, em conformidade com os princípios básicos, em especial, da

legalidade, impessoalidade, moralidade e da probidade administrativa.

O expediente utilizado pela Administração Pública

Municipal noutra contratação, (exclusão imotivada do Item 12.2.1 do Edital

18/2005), fez com que o nosso olhar se voltasse para a existência ou não de um

Item semelhante ao excluído, desta vez, no Edital 147/2009, ora sob exame.

Nobres pares, analisando atentamente os

documentos juntados nestes autos, em nenhum momento sequer, em qualquer

das versões elaboradas do Edital 147/2009, jamais localizamos a existência de

um Item semelhante ao que foi excluído do Edital 18/2005, episódio, que nos

leva a crer que os responsáveis pela Prefeitura Municipal de Limeira, novamente

tenham agido com má-fé, visando com isso, beneficiar interesses particulares,

em prejuízo do interesse público.

Portanto, tal conduta, de omitir a existência do índice

comprovado de 40 % de abstinência no edital 147/2009, impetrada pela

Administração Municipal conota a atuação dolosa para causar prejuízo ao erário.

1 Art. 3 - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

29

Page 30: Relatório CPI da Merenda

Trata-se de fraude capitulada no art. 902 da Lei de

Licitações, cujo objetivo foi de obter vantagem para si ou para outrem com a

omissão da existência do índice comprovado de 40 % de abstinência no edital

147/2009, prática já perpetrada por ocasião da exclusão do item 12.2.1. do

Edital 18/2005, que culminou na contratação da SP Alimentação. Ademais, a

omissão do item mencionado alterou o próprio caráter competitivo e equilíbrio

para a consecução do serviço licitado, afetando, ao menos em tese, as demais

empresas concorrentes do certame e gerando, além disso, indubitavelmente,

dano ao erário.

Neste aspecto, a omissão imotivada e ilegal da

existência de um Item contendo o índice de 40% de absenteísmo no Edital

147/2009, incorre na prática de ato comissivo de improbidade administrativa,

inda mais porque o elemento subjetivo de má-fé, de dolo, comparece no

conjunto probatório que ora se discorre.

De partida, quanto à configuração objetiva do ato

ímprobo, a inobservância da legalidade para omitir regra do certame 147/2009,

de modo a, pela simples ausência do índice de 40% de absenteísmo, verificar-se

a perda patrimonial e o malbaratamento do erário municipal, caracterizam a

previsão do art. 103 da Lei 8.429/92.

2 Art. 90 - Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:3 Art. 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente: I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei; (...) VIII - frustar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

30

Page 31: Relatório CPI da Merenda

Mas não é só. Tal ato comissivo da Municipalidade

que omitiu regra de redução dos pagamentos à empresa vencedora em 40%

para que o contrato se adequasse à realidade de consumo da merenda em

nosso município, o chamado índice de absenteísmo, violou os deveres

intrínsecos de todo administrador público: o da honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições públicas. A simples violação dos deveres

constitucionais, e reproduzidos na Lei de Improbidade, caracteriza ato ímprobo

punível pela respectiva Lei, sobretudo porque, neste caso, o ato teve por

finalidade primeira frustrar a licitude do processo licitatório e, depois, praticar

finalidade proibida em lei, tal como prevê o inciso VII do art. 10 e o caput do art.

11 e seu inciso I, ambos da Lei 8.429/92.

Contudo, para que não se prolonguem discussões, a

gravidade do ato ímprobo caracterizado, neste caso, por seus elementos

objetivo e subjetivo, independem de efetivo dano ao patrimônio público e da

aprovação ou rejeição das contas pelo Tribunal de Contas do Estado. Convém

ressaltar isso por mera retórica argumentativa, em especial sobre o Tribunal de

Contas, posto que a extensão dos danos ao erário foram comprovadas pelas

provas colhidas por esta Comissão Parlamentar.

Do exposto, verifica-se que o ato ilegal da

Municipalidade que omitiu do certame regra justa e condizente com a realidade

local para facilitar transferência de verbas públicas para o patrimônio de pessoa

jurídica, sendo evidente a má-fé e a desonestidade comprovadas pelas provas

colhidas, alçou-se ao status de ato ímprobo e merece as reprimendas cabíveis,

em especial contra o Ex. Prefeito Municipal, Silvio Félix, e o Ex. Secretário de

Educação, Antonio Montesano Neto.

31

Page 32: Relatório CPI da Merenda

Patente o animus em omitir a existência da citada

regra a fim de favorecer o enriquecimento Ilícito da empresa contratada.

V.I.II DO CONTRATO 273/2009

Dos Insumos Utilizados e Despesas Diretas e Indiretas

Depois do questionável processo licitatório, em

dezembro de 2009 a Prefeitura Municipal de Limeira celebrou o respectivo

contrato sob o número 273/2009, com a empresa Le Barom Alimentação Ltda,

vencedora do certame.

Em sua Cláusula Segunda, o contrato trata de seu

objeto:

Este contrato tem por objeto a CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA NO FORNECIMENTO E PREPARO DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR, COM O FORNECIMENTO DE GÊNEROS E DEMAIS INSUMOS, TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO NOS LOCAIS DE CONSUMO, LOGÍSTICA, SUPERVISÃO, MANUTENÇÃO PREVENTIVA, E CORRETIVA DOS EQUIPAMENTOS E REPOSIÇÃO DE UTENSÍLIOS, PARA ATENDER AO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR NAS UNIDADES EDUCACIONAIS, de conformidade com os anexos integrantes deste Edital, para atender ao programa de merenda escolar nas unidades educacionais de responsabilidade do Município de Limeira, conforme especificações e quantidades definidas no Anexo I do Edital n 147/09, Pregão 104/09, que

32

Page 33: Relatório CPI da Merenda

fica fazendo parte integrante deste instrumento independentemente de transcrição. (grifo nosso)

Em depoimento prestado a esta CPI, o Sr. Antonio

Montesano Neto, ex – Secretário de Educação, afirmou que o contrato da

Merenda estipula o pagamento de refeições, incluindo mão de obra, custos

diretos e indiretos, pagando todos os cardápios consumidos (fls.9748,

Vol.XLIX).

Considerando que a terminologia ‘insumo’ refere-se a

todos os elementos necessários para a feitura da merenda escolar, incluindo

matéria-prima, consumo de água e energia elétrica, equipamentos, etc, e que as

despesas que, porventura, não sejam consideradas como ‘insumos’ estão

incluídas na modalidade “custos diretos e indiretos”, conforme afirmado pelo

ex-secretario, o preço ofertado pela empresa Le Barom Alimentação para o

fornecimento de Merenda Escolar inclui ‘gastos com insumos, custos diretos

e indiretos’.

No entanto, as despesas com o consumo de água e

energia elétrica, ambas indispensáveis para o preparo da merenda escolar e

determinantes na composição do preço ofertado no certame, pertencem à

categoria de despesa “insumos” e são vinculadas à responsabilidade da

empresa Le Barom Alimentação, pelo Contrato 237/2009.

Conforme apurado, estas despesas representam

17,5% do custo global de preparo da merenda escolar4, sendo 2,5% referente ao

4 Informação conforme Acórdão do TCU 2214/2010, p 4, 01/09/2010, que julgou irregular o contrato de fornecimento de merenda escolar celebrado entre a empresa SP Alimentação e a prefeitura de Canoas RS.

33

Page 34: Relatório CPI da Merenda

consumo de água e 15% referente ao consumo de energia elétrica. Se

considerarmos o contrato que vigorou por 12 meses e custou ao erário R$

14.994.400,00 (quatorze milhões, novecentos e noventa e quatro mil e

quatrocentos reais), as despesas referentes ao consumo de água e energia

elétrica somam R$ 2.624.020,00 (dois milhões, seiscentos e vinte quatro mil e

vinte reais).

Fato preponderante é que o armazenamento e o

preparo da alimentação escolar acontecem no ambiente da escola. E, assim

sendo, a empresa Le Barom Alimentação LTDA, utiliza os insumos água e

energia elétrica da municipalidade quando do armazenamento e feitura das

refeições.

Muito embora o preço global de prestação do serviço

de fornecimento de merenda escolar inclua o fornecimento de todos os gêneros

alimentícios e demais insumos, bem como todos os serviços prestados,

encargos tributários, trabalhistas e previdenciários e todas as despesas diretas e

indiretas decorrentes do objeto do presente contrato, não consta no presente

contrato cláusula de devolução dos recursos correspondentes ao consumo de

água e energia elétrica para a municipalidade.

Corroborando com esta tese basta ressaltar que não

há, tanto no Edital 147/2009, quanto no contrato resultante, menção alguma á

possível dedução dos valores referentes ao consumo de água e energia elétrica

para o armazenamento e preparo das refeições escolares.

34

Page 35: Relatório CPI da Merenda

Configurando, portanto, num prejuízo ao erário da

ordem de aproximadamente R$ 2.624.020,00 apenas no primeiro ano de

execução do contrato.

Se considerarmos o período total de vigência do

contrato (08 de dezembro de 2009 a 31 de Agosto de 2012), levando-se em

conta o incremento na quantidade de estudantes e reajustes de contrato, esta

quantia certamente ultrapassa a casa dos R$ 6.000.000,00 (seis milhões).

Diante este mecanismo observado, que trata de

onerar o erário pela via oblíqua, a empresa vencedora do certame pode ofertar o

preço da merenda incluído seus custos com água e energia, contudo, em

manifesto desvio que ocasiona a perda patrimonial da Municipalidade em favor

de pessoa jurídica privada, novamente vislumbra-se que o ato ilegal foi lançado

no rol dos atos ímprobos, conforme prevê o caput do art. 105, e inciso II, da Lei

8.429/92.

V.I.III DO FORMATO DE FATURAMENTO

(CARDÁPIO X REFEIÇÕES).

Conforme o Edital de Licitação, em seu item 2.7,

considera-se ‘Cardápio’ o conjunto de todas as refeições servidas num mesmo

dia, e considera-se ‘merenda/refeição’ cada unidade de refeição servida,

conforme a descrição e a proporção quantitativa estabelecidas no Anexo I.

5 Art. 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente: (...) II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

35

Page 36: Relatório CPI da Merenda

Já o contrato, em sua cláusula quarta, estabelece que

a cobrança é feita por preço unitário pelo total de cardápios servidos.

Conforme o Anexo I, do Edital 147/2009, os cardápios

são divididos em três tipos:

• Cardápio A : Formado por duas merendas/refeição;

• Cardápio B: Formado por quatro merendas/refeição e

• Cardápio C: Formado por uma merenda/refeição.

Em seu depoimento, no âmbito desta CPI, o Sr.

Antonio Montesano Neto, afirmou categoricamente que: “Na minha opinião

pessoal defendo a terceirização da merenda escolar.Confirmo que eram

cardápios diferentes de acordo com as idades, se a criança comesse uma

das refeições do cardápio que eram quatro durante o dia, era cobrado o

cardápio do dia na escola infantil, sendo considerado uma baixa

possibilidade de tal fato ocorrer, sendo que a criança passava o dia todo

na escola, muitas vezes esse porcionamento não era suficiente, estando

previsto no edital e no contrato. Nos casos em que a criança repetia uma

refeição, o município pagava dois cardápios”.

Sendo assim, na oportunidade em que o Ex-

secretario se pronunciou à esta CPI, bem como na vez anterior (2010/2011), em

ambas, ele defendeu a forma equivocada do faturamento para as empresas SP

Alimentaçao e Le Barom Alimentação, a qual baseava-se na quantidade de

cardápios oferecidos aos estudantes. Relatou ainda o secretário que “o que é

pago à empresa é o que é posto à disposição da criança e se ela repetir

36

Page 37: Relatório CPI da Merenda

uma refeição tem o direito de repetir todas.” Noutro exemplo o secretário

relata que no caso das escolas de educação infantil, em que é disponibilizado à

criança um cardápio com quatro refeições, se um estudante comer cinco

refeições (um cardápio completo + uma refeição), será faturado para a empresa

terceirizada dois cardápios completos, ou seja, oito refeições. Uma diferença de

três refeições não servidas e faturadas, num universo de oito refeições,

representando um percentual de 37,5%.

Identificamos aqui uma situação de flagrante prejuízo

ao cofre público. Nas palavras do próprio secretário a empresa cobra aquilo que

é colocado à disposição da criança, mesmo o estudante não deseje comer, será

cobrado. Noutras palavras, a Municipalidade pagou por um serviço que não foi

prestado.

Ainda mais grave é o fato de que se um aluno que

tinha à sua disposição um cardápio de duas refeições e comesse apenas uma

delas era faturado para a empresa o cardápio completo, ou seja, duas refeições.

Flagrante prejuízo ao erário, uma vez que a segunda refeição sequer foi

fornecida.

Nobres pares, outra vez, chamo a atenção de Vossas

Excelências para a astúcia do depoimento do Sr. Antonio Montesano Neto

colhido nesta CPI, a riqueza das informações por ele prestadas, se analisadas

com o conjunto probatório juntado aos autos, evidencia, que ao defender com

ênfase o processo de terceirização da merenda escolar, o ex-secretario, ao

nosso ver, se coloca entre duas posições antagônicas, ou ele é muito ingênuo, o

que de fato não acreditamos, ou, ele é cúmplice das artimanhas praticadas pela

“Máfia da Merenda Escolar”.

37

Page 38: Relatório CPI da Merenda

Nesse passo, a fim de sustentar nossa opinião, e

para o completo entendimento de todos os mecanismos de funcionamento do

esquema, e do relevante papel desempenhado pelo ex-secretario, merece

destaque, o depoimento do Sr. GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS,

prestado na sede do Ministério Público em São Paulo aos oito dias do mês de

abril do ano de 2010 (fls.8660/8673, Vol.XLIV).

Entendemos caber a transcrição da pertinente

declaração, em especial no seguinte trecho:

“Qualidade da merenda e superfaturamento – para propiciar

o pagamento de propina, esclareço que a merenda escolar fornecida pelas empresas do

GRUPO SP ALIMENTAÇÃO era de má qualidade. Além disso, a quantidade era inferior

àquela prevista nos contratos firmados com as Prefeituras Municipais. O declarante,

esclarece que as merendeiras eram instruídas a servir uma porção mínima, que não

condizia com as quantidades previstas nos contratos firmados. A desculpa era evitar que

os alunos ficassem obesos, mas, em verdade, eram cobradas as repetições de pratos.

Caso fosse servida a porção correta, não haveria necessidade de repetição pelos alunos

das escolas e, portanto, o município economizaria recursos”.

Soma-se a isso, o depoimento prestado a esta CPI

pela merendeira, ex-funcionária da SP Alimentação e da Le Barom, Sra. Nailia

Aquino da Silva, (fls.9785/9786, Vol.XLIX):

“Havia orientação com relação ao porcionamento a menor.

O objetivo era estimular a criança para repetir a refeição. Cheguei a presenciar um índice

alto de repetição, sempre que a comida era boa”.

Do mesmo modo, conforme relatado em ata de

reunião realizada pelo Conselho de Alimentação Escolar (CAE), desta vez, no

38

Page 39: Relatório CPI da Merenda

dia 03.05.12, (fls.4369,Vol.XXII), que na ocasião realizou uma visita a uma

escola situada no bairro dos Pires, na zona rural do município, o presidente do

Conselho, na presença da diretora daquela unidade, questionou uma professora

presente a reunião sobre a existência de dúvidas com relação a merenda

servida na escola, obtendo como resposta a seguinte consignação:

“não sei o que eles consideram por porção: para a

educação infantil é colocado um pouquinho de alimento e depois se quiserem as crianças

repetem”.

Assim como os demais, o Diretor de Escola Sr. José

Jocélio Duarte, em depoimento prestado a esta CPI, confirmou a adoção do

mesmo procedimento supracitado com relação ao porcionamento das refeições

servidas na merenda escolar (fls9812,Vol L):

“muitas crianças repetem, cerca de 80% a 90%; o alto índice

de repetição da merenda, acredito que seja pela forma que é feita a porção, mas não

entendo; acredito que a porção é colocada a menor para não haver sobras, mas a criança

come quanto ela quiser;eu tenho um número de aproximadamente 270 alunos, o fato de

todos terem repetido os cardápios no mês de fevereiro, e mesmo durante todo o ano

letivo, creio que estejam corretos os relatórios”.

Ressalta-se ainda, que uma das empresas

participantes do Pregão 104/2009, que resultou na contratação da empresa Le

Barom, (fls.8282, Vol.XLII), interpôs uma Impugnação contra o Modelo de

Proposta Comercial adotado naquele procedimento.

39

Page 40: Relatório CPI da Merenda

Dentre as razões, a empresa questionou

objetivamente um dos itens do Edital, destacando-o da seguinte forma: Quanto

as medições.

“Como será cobrada a merenda de aluno que consumir

apenas 01 item do cardápio, por exemplo, aluno que consome a refeição no Cardápio A,

sem desejum?

Em resposta ao questionamento supra mencionado a

Pregoeira Flávia A. Bonin informou:

“Somente será considerado para apontamento se o aluno

consumir a refeição principal (conforme instruções do Sr. Secretário Municipal de

Administração)”.

Nesse sentido, as informações constantes no

Acórdão TC 000702/010/06, emanado pelo Tribunal de Contas do Estado de

São Paulo que julgou irregular a licitação e o contrato celebrado entre a SP

Alimentação e a Prefeitura Municipal de Limeira são relevantes (fls fls.4650,

Vol.XXIV).

Em petição apresentada pela referida empresa na

tentativa de demonstrar ao TCE regularidade de seus atos, foi ressaltado o

seguinte: que o Município só paga aquilo que efetivamente é consumido, de

tal modo que, em função da evasão escolar e faltas que ocorrem no ano

letivo, o valor despendido acaba sendo menor que o previsto no contrato.

O argumento utilizado pelo grupo SP Alimentação na

tentativa de influenciar a opinião dos Conselheiros do TCE, não vingou,

40

Page 41: Relatório CPI da Merenda

entretanto, influencia para a formação da nossa opinião, já que, em três linhas, a

empresa rebate a fala do ex-secretário Montesano ao afirmar que o Município só

paga aquilo que efetivamente é consumido.

Relembramos, que num primeiro momento, o ex-

secretario, Sr. Antonio Montesano Neto, que esteve presente prestando

esclarecimentos perante as Comissões Parlamentares de Inquérito que tiveram

como objetivo investigar o serviço de merenda escolar declarou em duas

oportunidades que: “o que é pago à empresa é o que é posto à disposição

da criança e se ela repetir uma refeição tem o direito de repetir todas. No

caso das escolas de educação infantil, em que é disponibilizado à criança

um cardápio com quatro refeições, se um estudante comer cinco refeições

(um cardápio completo + uma refeição), será faturado para a empresa

terceirizada dois cardápios completos, ou seja, oito refeições.

A incerteza sobre a forma adequada de se realizar a

medição, ganha maiores contornos se apreciarmos o conjunto dos depoimentos

e as análises dos documentos juntados aos autos, pois, no mínimo, existem três

versões para um mesmo fato. O pior de tudo, é que nos parece que a versão

mais prejudicial ao interesse público, no caso, a versão apresentada pelo ex-

secretário, é que parece ser na verdade a que era aplicada em nosso município.

Esse esquema de servir os cardápios às crianças,

com um porcionamento a menor, praticado reiteradamente durante todo o

período de terceirização (2006/2012), caracterizou-se pela sua estrutura

simples, mas eficiente, possibilitando a “maximização dos lucros” da SP

Alimentação e da Le Barom.

41

Page 42: Relatório CPI da Merenda

Os dados abaixo se encontram devidamente

corroborados pelos depoimentos já mencionados, elucidando de forma clara a

eficiência do modus operandi da máfia da merenda escolar, espancando

definitivamente qualquer dúvida que possa pairar sobre o assunto.

V.I.IV SOBRE CASOS CONCRETOS QUE

COMPROVAM O PORCIONAMENTO MENOR ESTIMULANDO A REPETIÇÃO

DE CARDÁPIOS.

A título de amostragem, a respeito do porcionamento

a menor a fim de estimular a repetição, os números das medições das merendas

servidas, não deixam dúvidas, reafirmam tudo o que foi exposto até agora neste

Relatório. Vejamos os dados relacionados ao Centro Infantil “Lia Maura Matos

Silveira Unidade I”, referente ao mês março de 2012, (fls.1083, Vol.VI)

Num contingente de 172 estudantes matriculados, os

registros dão conta de que o fornecimento de merenda escolar entre os dias 01

e 31 de março foi no total de 8.936/mês, em média, equivalente a 406

cardápios/dia. Considerando que, durante o mês inteiro, nenhum aluno faltasse

às aulas e que absolutamente todos comessem, ainda assim, seria necessário

que todas as crianças repetissem uma vez e outras 62 crianças repetissem uma

segunda vez.

Tabela Período x Merendas Servidas

E

NÚMERO DE MÉDIA DE

PERÍODO DIAS LETIVOS C

CARDÁPIOS

42

Page 43: Relatório CPI da Merenda

ESCOLAALUNOS

CARDÁPIOS

SERVIDOS/DIASERVIDOS/MÊS

C

CI Lia Maura

Mattos Silveira I

172 40601 a 31 de

Março/1222 8.936

C

CI Carolina

Guilhermina S.

Bohianza

1

187

4

466

v

01 a 31 de

Março/12

2210.273

C

CI Irmã Maria

José de Jesus

Silva

1

194

4

457

v

01 a 31 de

Março/1222 10.073

C

CI Stella Regina

Furlan I

2

284

5

574

v

01 a 31 de

Março/12

22 12.638

C

Creche S.

Vicente de Paulo

e Emei

Laranjinha

8

88

2

241

v

01 a 31 de

Março/12

225.311

Portanto, conforme dados da Tabela acima,

relatamos a situação de cinco escolas, comprovando todo o que foi alegado até

agora sobre o porcionamento a menor. Como já visto, somente na CI Lia Maura

Mattos Silveira, temos uma média de 406 cardápios servidos, para um total de

172 estudantes. Isto significa dois cardápios por criança, todos os dias, durante

todo o mês. Acreditamos que se o porcionamento servido as crianças fosse feito

de forma adequada, um único cardápio, contendo quatro refeições, ao longo do

dia, seria suficiente para alimentar bem qualquer criança. Mas ao contrário,

43

Page 44: Relatório CPI da Merenda

estamos diante de duas situações nada agradáveis, pois ou se estimula a má-

alimentação, no caso em excesso, podendo até gerar obesidade infantil, ou

existe de fato, como comprovado, um esquema para aumentar os lucros das

empresas terceirizadas, através do porcionamento a menor.

Infelizmente, as declarações emitidas pelo ex-

secretário de educação, por uma merendeira, uma professora e por um diretor,

se analisadas em conjunto com as declarações do Sr.Genivaldo Marques dos

Santos, dão conta que o município de Limeira contribuiu e muito para a

maximização dos lucros das empresas do grupo SP ALIMENTAÇÃO/LE BAROM

e dos agentes públicos que beneficiaram deste esquema, seja através do

estimulo a repetição com o porcionamento menor, ou por meio da adulteração

das planilhas de medição, ou até mesmo, com a adoção dos dois “esquemas”,

como veremos mais a frente.

V. I. V DAS MEDIÇÕES ADULTERADAS

Durante todo o período em que esteve vigente o

processo de terceirização no fornecimento da Merenda Escolar no município de

Limeira, em ambos os contratos celebrados, respectivamente com as empresas

SP ALIMENTAÇÃO e LE BAROM, a responsabilidade acerca da fiscalização do

fiel cumprimento das regras estabelecidas sempre foram claras e objetivas, com

cláusulas semelhantes, sempre rezando o seguinte:

“A CONTRATANTE, por meio da Secretaria Municipal de

Educação, fiscalizará a manutenção dos equipamentos e utensílios utilizados, bem como

o processamento e distribuição da alimentação, solicitando à CONTRATADA, sempre que

achar conveniente, informações do seu andamento”.

44

Page 45: Relatório CPI da Merenda

“Caberá à Secretaria Municipal de Educação exercer

rigoroso controle do cumprimento do contrato, em especial quanto à quantidade e

qualidade, fazendo cumprir a lei e as disposições do presente ajuste”.

Todavia, os subsídios trazidos aos autos, obtidos das

mais diversas fontes, corroboram para a existência de uma visão míope por

parte da Secretaria de Educação em relação à fiscalização do contrato, pois, os

elementos que confirmam este pensamento foram colhidos nesta CPI, assim

como na primeira CPI da Merenda, vejamos...

Conforme relatado na ata da reunião do Conselho de

Alimentação Escolar, do dia 31 de julho de 2008 (fls. 22893 e 22894, do volume

XL Processo 3108/2010), por ocasião da inspeção realizada pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento Educacional, FNDE, sob a responsabilidade dos

auditores Marta de Jesus Xavier e Carlos Antônio de Oliveira Ferreira, foi

verificada diferença gritante entre a quantidade de merenda servida e a

quantidade de merenda faturada. Nas palavras da auditora: “foram

constatadas divergências monstruosas no sentido da quantidade de

refeição servida com o controle efetuado pela escola”. Ainda na mesma ata

a auditora afirma que a maneira de se controlar a quantidade de merenda

servida é equivocada e irregular. Alega ainda a senhora Marta ter identificado

em várias escolas refeições servidas contadas a mais.

Situação grave identificada pela auditora do FNDE,

pois este fato resulta no faturamento inadequado, leia-se a maior, das refeições

servidas. Nobres pares, a conjuntura envolvendo a merenda escolar em nossa

comuna é tão absurda que levou os auditores deste órgão retornarem a Limeira

45

Page 46: Relatório CPI da Merenda

novamente a fim de se fazer uma auditoria especial sobre o assunto, conforme

divulgado na imprensa local recentemente.

Como se não bastasse, em outro trecho do

depoimento do Sr. GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS, acima mencionado

(fls.8660/8673, Vol.XLIV), que com suas palavras, faz menção sobre: “outro

esquema que visava maximizar os lucros das empresas do GRUPO SP

ALIMENTAÇÃO”, e que mesmo não citando Limeira em suas declarações, é

visível que a prática relatada por ele, aqui também era aplicada, o que vai ao

encontro das constatações feitas pelos auditores do FNDE, se não vejamos:

“Além de oferecer merenda em qualidade e quantidade

indevidas, havia um esquema em algumas cidades, tais como Jandira, Itapevi e Cotia (pelo

menos até 2008), pelo qual as medições eram adulteradas. Assim, as merendeiras e a

Diretora da Escola marcavam corretamente determinadas quantidades de merendas, em

um dia, mas a medição particular da SP ALIMENTAÇÃO continha um número maior, que

era aceito pelas Secretarias de Educação daquelas cidades”.

Apenas a titulo informativo, o declarante acima

mencionado, para ilustrar o funcionamento deste esquema, cita que no caso da

cidade de Cotia/SP, o valor marcado a maior na medição após recebido pela SP

era entregue de volta ao Secretário de Educação daquela cidade.

Também em depoimento prestado ao Ministério

Público nesta comarca, e ratificado em depoimento prestado perante esta

Comissão Parlamentar de Inquérito, a Diretora de Escola, Sra. Lucilena

Marcondes Coelho de Oliveira (fls.9816/9817, Vol.L), com suas palavras, faz

alusão sobre o assunto, da seguinte forma:

46

Page 47: Relatório CPI da Merenda

“sempre discordei do relatado nos relatórios de medição de

consumo de merenda, pois não correspondia a realidade do efetivamente consumido; o

relatório já chegava pronto, não era elaborado pela depoente; as quantidades eram muito

acima do efetivamente consumido; sempre assinei os relatórios, apesar de desconfiar do

relatado e consciente de que não correspondia a realidade”.

Na mesma linha, o depoimento da Diretora Marisa de

Fátima Kempe da Silva, em 03.08.12, ao responder indagação do Relator Ronei

Costa Martins, menciona explicitamente situação anormal com relação à

medição dos cardápios servidos, conforme o trecho a seguir transcrito:

“...A Secretaria da Educação preparava os relatórios e eu

assinava;questionava a quantidade, a porção era pequena sendo necessário repetir;havia

repetição do cardápio pela porção ser menor; no mês de fevereiro de 2012, assinei um

relatório contendo mais que o dobro de repetição por criança, confirmo os dados do

relatório por mim assinado, um representante da diretoria de merenda entregava o

relatório;não me lembro quem entregava o relatório”.

A expressiva discrepância das planilhas de medição,

sempre resultaram em questionamentos entre as diretoras da rede municipal,

reforçando a tese que o esquema de adulteração das planilhas visando onerar o

patrimônio público não era apenas uma divagação do delator da Máfia da

Merenda.

A diretora Sra. Claudia Regiane Sertori afirmou a esta

CPI que:

“sempre houve questionamento, ou seja, desde a SP

Alimentação6; nunca bateu o relatório com o nosso controle; sempre o relatório

6 Vide depoimento de Claudia Regiane Sertori (Fls. 9810/9811, Vol.L).

47

Page 48: Relatório CPI da Merenda

apresentava números superiores; oficialmente, nunca apresentei reclamação, só

verbalmente, a contagem dos cardápios era feito por uma funcionária específica; de

confiança da diretoria, contudo, quando da assinatura do relatório, os dados não batiam;

não sei se o que era pago era justo ou não; não conversei com o secretário durante as

visitas; o assunto saía em reuniões; sempre ficou entre as diretoras a dúvida sobre os

relatórios: não tínhamos muita saída; quando não assinávamos, éramos chamadas para

assinar, no dia seguinte; a assinatura se dava no departamento, com os atendentes,

secretárias, nunca uma pessoa específica; o departamento entrava em contato por

telefone para assinar; comparecia em no máximo 2 dias para assinar;havia sempre muito

questionamento, se deveria ou não assinar; nas reuniões com outros diretores, restava

claro que todos se sentiam desconfortáveis com a situação, contudo, todos assinavam;”.

Senhores Vereadores, diante de tudo isso, é de se

admirar a postura “corajosa” do ex- secretario de educação Antonio Montesano

Neto demonstrada nesta CPI, ao realizar de modo veemente a defesa do

processo terceirização do serviço de fornecimento de merenda escolar.

V.I.VI DA QUALIDADE DA MERENDA SERVIDA E SOBRE O SERVIÇO

PRESTADO

Os relatórios de supervisão, juntados aos autos a

partir das fls.1239, realizados pelas técnicas de nutrição do Departamento

Municipal de Merenda Escolar, a partir de janeiro de 2012, período em que as

reclamações sobre a péssima qualidade da merenda servida, bem como sobre o

descumprimento de diversas cláusulas contratuais, se avolumaram, expôs a

situação de caos que estava instalada nas cozinhas das escolas municipais,

causada pela omissão na fiscalização do cumprimento do contrato por parte da

Secretaria de Educação, aliada a falta de profissionalismo da empresa Le

Barom.

48

Page 49: Relatório CPI da Merenda

Por exemplo, o Relatório de Supervisão na rede

escolar elaborado aos vinte dias do mês de janeiro de 2012, constante as

fls.1240/1241, em visita no Centro Infantil X, indica que o prato do dia era: arroz,

feijão, carne moída com abobrinha e polenta cremosa, no entanto, a técnica

responsável pela elaboração do relatório, registrou que o cardápio sofreu

alteração, já que faltou polenta, devido a quantidade que havia no estoque,

cerca de 1,5kg, o que não era suficiente para todas as crianças que estavam no

Centro Infantil, em torno de 60 alunos.

Cabe ainda ressaltar que, no mesmo Centro Infantil, o

relatório apontou que cinco itens estavam em desconformidade com o previsto

no contrato, sendo que foram analisados e considerados incorretos os seguintes

itens: Higiene dos Equipamentos, Manutenção de Equipamentos, Higiene dos

Utensílios (desinfecção), quantidade de gêneros e Uniformes.

Entre as observações anotadas no Relatório, foram

feitas as seguintes constatações:

1. Geladeira furada acaba sujando muito

rápido e não fecha corretamente;

2. De todos os utensílios e equipamentos

que realmente necessitam para o funcionamento BÁSICO desta cozinha,

não chegou nada nesta Unidade Escolar até o término desta visita;

3. É necessário consertar URGENTE o

forno do fogão (que mesmo na temperatura baixa, queima os alimentos);

49

Page 50: Relatório CPI da Merenda

4. O fogão precisava de manutenção (03

bocas não acendem)

5. Necessitam URGENTE de: facas de

corte, colheres grandes, bacias, plásticas com tampa, tábua de carne,

concha, escumadeira, peneiras, ralador;

6. Precisam URGENTE de todos os

uniformes (camisetas, calças, sapatos e aventais).

Anexo ao Relatório, consta ainda, cópia de um Ofício,

(fls.1242, do Volume VII), datado de 17 de janeiro do corrente ano, endereçado

ao Diretor da Merenda Escolar, Sr. Luiz Carlos Prada, com o seguinte assunto

em destaque: MANUTENÇAO DA COZINHA. Vale à pena destacar um trecho

deste Ofício: “Venho por meio deste comunicar que ainda estou no aguardo

da manutenção, troca e envio dos itens abaixo conforme solicitado em

ofício anterior protocolado em 28/10/11”. Na sequencia, a diretora relaciona

os problemas identificados acima verificados in loco pela técnica de nutrição e

finaliza com um registro que define bem a circunstância, “Visto o péssimo

estado e a falta de todos os utensílios, há urgência imediata para

podermos funcionar e neste momento aproveito para entregar as bacias e

talheres as quais não temos condições de usá-lo, ficamos sem nenhum na

Unidade escolar, as fotos mais uma vez comprovam o estado precário”.

A direção da Escola, em poucas linhas, de forma

ponderada, insiste na resolução dos problemas na cozinha daquela unidade,

situação que pelo visto, se houve atendimento, demorou no mínimo quase três

meses, ou seja, 90 dias para que a Prefeitura tomasse as providências

necessárias junto à empresa gestora do contrato. Uma situação é a constatação

50

Page 51: Relatório CPI da Merenda

das condições das cozinhas e dos alimentos feita por vereadores, outra é a

comprovação dos fatos através de documentos como este ocasião em que nos

questionamos se existia ou não um responsável pelo abandono das escolas

municipais.

Verifica-se através das informações contidas nos

Relatórios de Supervisão constantes nas (fls.1239/ 1943), que todas as escolas

municipais vistoriadas, nenhuma ficou sem algum tipo de constatação de

condições contrárias as boas normas sanitárias, de higiene e nutrição, além do

que, foi observado que era recorrente e sistemático em todas as escolas a falta

de equipamentos, do tipo utensílios básicos para o manuseio e preparo das

refeições, problemas com a falta de manutenção em geladeiras, fogões,

liquidificador, freezers entre outros. Em alguns casos, as Unidades Escolares

estavam no aguardo de receberem de volta equipamentos que foram levados

para manutenção ainda na época que o serviço era feito pela “outra” empresa,

no caso, a SP Alimentação.

Existem registros que, em muitas escolas não havia

os itens necessários para a realização da limpeza da cozinha e dos utensílios.

Notou-se também, que na maioria das escolas todas as funcionárias

necessitavam de uniformes completos. Outra situação que chama a atenção

eram as constantes alterações no conteúdo dos cardápios servidos, em razão

da falta de gêneros alimentícios como: arroz, frango, carne, feijão, leite, pão

entre outros, sendo que era rotineiro, a supervisora da Le Barom, orientar as

merendeiras a buscarem os itens faltantes nas escolas mais próximas. Foi

constatado também, a baixa qualidade da carne em cubos e do fígado servidos,

51

Page 52: Relatório CPI da Merenda

e, em mais de uma escola foi flagrado salsichas guardadas com o prazo de

validade vencido.

V.I.VII DAS INFRAÇÕES SANITÁRIAS COMETIDAS PELA LE BAROM

Aos 11 dias do mês de abril de dois mil e doze, a

Vigilância Sanitária (VISA), realizou inspeção sanitária no depósito de

distribuição de produtos alimentícios da empresa Le Barom Alimentos Ltda,

situado na Via Luiz Vargas, 3402, na Vila Labaki, responsável pelo fornecimento

dos alimentos da merenda escolar de Limeira – SP, em atendimento de uma

denúncia feita pela imprensa local sobre possível fornecimento de carnes sem

condições sanitárias adequadas. Os fiscais da Vigilância Sanitária, constataram

que as carnes já haviam sido distribuídas nas escolas, porém a Coordenadora

responsável pela empresa Le Barom, Sra. SUELI KAZUE KOMATSU, informou

aos fiscais que esse era o procedimento padrão e que toda carne entregue não

ficava armazenada neste depósito sendo repassadas imediatamente, aos

motoristas terceirizados no ato da entrega.

Nobres pares, membros desta Comissão Parlamentar

de Inquérito, peço atenção de Vossas Excelências, para leitura deste fragmento

do relatório que segue, o qual julgo, ser mais um dos fortes indícios que

conseguimos obter com o aprofundamento dos trabalhos desta Comissão e que

denotam, mais uma vez, que a processo de terceirização da merenda escolar

iniciado em nosso município no ano de 2005 e extinto em meados de 2012,

sempre esteve a serviço de atender única e exclusivamente aos interesses de

52

Page 53: Relatório CPI da Merenda

um grupo empresarial, ou melhor, de uma quadrilha composta por empresários

inescrupulosos.

Pois, segundo a Ficha de Procedimentos, preenchida

pela VISA (fls.1961/1963), os profissionais que atenderam a ocorrência,

verificaram que não havia registros em nome da empresa LE BAROM no órgão,

sendo que a mesma não possuía nenhum processo de licenciamento em trâmite

na Vigilância Sanitária, pois a estrutura física que estava cadastrada era em

nome da empresa SP ALIMENTAÇÃO.

Nobres pares, peço que se atentem ao que foi dito

acima, e para que não haja dúvidas, reescrevo novamente o mesmo trecho,

pois, se trata de um relevante fator para caracterizar o relacionamento entre as

empresas que explorarão o contrato de terceirização com a Prefeitura de

Limeira, pois, segundo a Vigilância Sanitária, não haviam registros em nome

da empresa LE BAROM no órgão, sendo que a mesma não possuía

nenhum processo de licenciamento em trâmite na Vigilância Sanitária, pois

a estrutura física que estava cadastrada era em nome da empresa SP

ALIMENTAÇÃO.

Não há dúvidas, já que se realmente estamos diante

de empresas diferentes, que não fazem parte do mesmo grupo, como alegou a

testemunha proprietária da empresa a esta Comissão, a postura correta, seria a

LE BAROM ter pleiteado a alteração no cadastro sanitário assim que assumiu os

serviços prestados pela SP ALIMENTAÇÃO, mas não foi o que ocorreu.

53

Page 54: Relatório CPI da Merenda

Por não possuir licença de funcionamento, a Le

barom, colocou seu público alvo (crianças), sob o risco potencial, já que não

passou por vistoria apta a analisar se a mesma atendia ou não em seu depósito

todas as condições sanitárias necessárias para o desempenho seguro da

atividade de armazenagem e distribuição de alimentos.

Nobres pares, honrosos membros desta Comissão

Parlamentar de Inquérito, causa-nos espanto, o fato de uma empresa que esta

há mais de 27 anos atuando no segmento de alimentação, como bem assinalou

a proprietária da empresa, Sra. MARISA BORTOLETTO RIBEIRO, em

depoimento prestado a esta Comissão7, desconhecer por completo a

obrigatoriedade de que toda empresa do ramo, deve solicitar o alvará sanitário

junto a Vigilância Sanitária para obter sua licença de funcionamento antes

mesmo de iniciar suas atividades, conforme previsto no artigo 86 da Lei Estadual

nº 10.083/988. Isso, beira a má-fé, e mais, desta forma, a Le barom da mostras

de que pauta suas ações tendo como norte o caminho da ilegalidade.

Diante de tal fato, não restou alternativa para os

agentes da Vigilância Sanitária, a não ser, a imposição de um Auto de Infração

contra a empresa, pois a mesma não possuía licenciamento, não tendo como

assegurar sua total integridade em infrações que poderiam ter ocorrido.

A equipe executora da inspeção no exercício do

poder de fiscalização sanitária lavrou, também, outro Auto de Infração Sanitária,

7 Ver Depoimento da Sra. Marisa Bortoletto Ribeiro (fls.10.004, Vol. LI)8 Artigo 86 - Todo estabelecimento de interesse à saúde, antes de iniciar suas atividades, deverá encaminhar à autoridade sanitária competente declaração de que suas atividades, instalações, equipamentos e recursos humanos obedecem à legislação sanitária vigente, conforme modelo a ser estabelecido por norma técnica, para fins de obtenção de licença de funcionamento através de cadastramento

54

Page 55: Relatório CPI da Merenda

em face Le Barom, pelo fato da empresa armazenar produtos que não estão de

acordo com a legislação sanitária vigente. (fls.1944/1945, Volume X). Na

inspeção sanitária realizada no depósito de distribuição de alimentos da

empresa, estabelecida, neste município, foi constatado que:

- Haviam vários produtos armazenados em

condições inadequadas para o consumo;

- Produtos com prazo de validade expirado (cereal

para alimento infantil, leite em pó e pão de hot dog);

- Produtos fora do depósito, armazenados na área

externa (biscoitos, macarrão, arroz, feijão, leite em pó, bebida láctea em pó,

farinha para quibe, alho);

- Produtos armazenados inadequadamente, sem

refrigeração, desrespeitando as indicações do fabricante (margarina);

- Produtos armazenados inadequadamente, em

embalagens abertas dentro do freezer e em contato com caixas de papelão

(almôndegas);

- Embalagens avariadas (embalagem de suco em

pó rasgada e lata de leite em pó amassada)

Por fim, a ocorrência, contrariou o disposto no Código

Sanitário Estadual (Lei 10083/98), motivando uma atitude mais enérgica por

parte da equipe da Vigilância Sanitária, que apreendeu os produtos acima

mencionados, a qual retirou do depósito da LE BAROM aproximadamente 40 kg

de alimentos inservíveis ao consumo humano e destinando-os ao Aterro

Sanitário, lavrando o respectivo Termo de Inutilização de Produtos

(fls.1948/1950). Infelizmente como veremos mais a frente, esse também foi o

55

Page 56: Relatório CPI da Merenda

destino de mais de 1 tonelada de alimentos que igualmente foram

inutilizados por serem considerados inservíveis ao consumo humano. A

Vigilância Sanitária, impediu que mais de 50 mil alunos pudessem ser

contaminados com o consumo destes alimentos, os quais seriam sem qualquer

culpa distribuídos nas escolas de Limeira pela Le Baron.

Vale ressaltar, que assim como os fiscais da

Vigilância Sanitária, no mesmo dia, 11 de abril do corrente ano, também esteve

presente acompanhando os trabalhos, o promotor da área do Patrimônio Público

e Social do Ministério Público Estadual, Dr. Luis Alberto Segalla Bevilacaqua,

que igualmente, presenciou todas as infrações assinaladas, bem como, em

decorrência da apreensão dos produtos armazenados de forma inadequada, em

embalagens abertas dentro do freezer e em contato com caixas de papelão,

como no presente caso, se tratava de aproximadamente 6kg de carne, no

formato de almôndegas as quais estavas congeladas, diligenciou no sentido de

requisitar que uma amostra da carne fosse enviada para análise ao Instituto

Adolfo Lutz, ligado a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de

Estado de Saúde.

O Laudo de Análise produzido pelos pesquisadores

desta renomada instituição na data de 20 de abril do corrente ano, segue

juntado nos autos (fls.2001/2004), e seu resultado, evidenciou aquilo que já era

público e notório nesta cidade, mas que ainda carecia de comprovação técnica,

ou seja, a carne servida aos 52.426 (cinqüenta e dois mil quatrocentos e vinte e

seis) alunos da rede municipal de ensino, submetida a análise pelo Instituto

Adolfo Lutz, foi considerada através do Laudo de Análise como insatisfatória,

56

Page 57: Relatório CPI da Merenda

pois tratava-se de produto em desacordo com a legislação em vigor, por

apresentar características sensoriais alteradas.

Nobres pares, a sequência de infrações sanitárias

descobertas em um curto espaço de tempo, (menos de dois meses), parece não

ter fim, uma vez que, a Vigilância Sanitária foi acionada novamente, desta vez,

inclusive a pedido deste vereador relator Ronei Costa Martins e do presidente

desta CPI vereador Carlos Rossler.

Aos 11 dias do mês de maio de 2012, a LE BAROM

novamente incorreu em infração sanitária, contrariando o disposto na Legislação

vigente sobre o assunto9, conforme consta no Auto de Infração (fls. 2014/2015,

Volume XI). Desta vez, a equipe técnica da Vigilância realizou uma inspeção

sanitária na escola municipal “Mariana Seneguim”, uma vez no local, constatou

que no freezer, juntamente com a alimentação que seria servida para as

crianças havia carnes (carne em cubos, salsichas, frango e almôndegas)

impróprios para o consumo, com prazo de validade expirado e/ou embalagem

danificada (perda de vácuo) e/sem qualquer identificação de tipo, fornecedor e

data de validade e/ou coloração escura e inadequada, alguns destes já haviam

sido previamente armazenados em sacos plásticos transparentes por uma

técnica em nutrição da rede municipal, esta ainda orientou as cozinheiras a não

mais fazer o recebimento de produtos naquele estado, na mesma data, as

agentes da VISA foram informadas pelo superior desta técnica, que ela havia

emitido um relatório informando o fato e que este relatório havia sido enviado a

empresa Le Barom para que esta providenciasse a retirada dos materiais, fato

este que não ocorreu, permanecendo assim os produtos impróprios para o

9 Itens 9.12.2, 19.2, 19.3, da Portaria CVS 06/99 c.c item 4.7.4 da Resolução RDC 216/04 c.c inciso XI do artigo 122 do Código Sanitário Estadual Lei 10083/98.

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Page 58: Relatório CPI da Merenda

consumo armazenados juntamente com os produtos servidos na alimentação da

escola.

Contudo, como era de se esperar, outras infrações

sanitárias vieram a ser cometidas pela LE BAROM, comprovando amplamente a

má conduta dos proprietários da empresa, que insistiam em realizar suas

atividades inerentes ao contrato de terceirização da merenda escolar sempre a

margem da lei e das regras sanitárias.

Outra vez, agora na data de 05 de junho do corrente

ano, a LE BAROM do mesmo modo, recebeu mais um Auto de Infração Sanitária

(fls. 2021/2022, Volume XI), reproduzimos parcialmente um trecho do

documento citado “a empresa foi notificada e orientada a respeitar a

legislação referente à entrega de produtos alimentícios, sendo que os

mesmos não deveriam ser entregues por veículo particular, o que fere a

legislação sanitária vigente, a empresa teve um prazo de 15 dias, desde o

inicio da intervenção na empresa, para regularizar suas entregas não

havendo a necessidade da mesma ser realizada em carro particular, no

entanto hoje pela manhã fomos informados por responsáveis da CEIEF

Prof. Deovaldo Teixeira de Carvalho, situada no Jd. Nova Limeira, que a

Sra. Ana Francisca nutricionista da já citada empresa, realizou a entrega de

leite em pó em seu carro hoje pela manhã, desrespeitando a legislação

sanitária vigente e ainda o que foi solicitado por esta VISA, e ainda em

inspeção sanitária na escola fomos informados pelos mesmos

responsáveis que no carro da já citada nutricionista havia uma quantidade

de leite em pó; contrariando o disposto na Legislação vigente sobre o assunto10.

10 Item 24 da Portaria CVS 06/99 c.c Portaria CVS 15/91 c.c inciso XIX e XX do artigo 122 do Código Sanitário Estadual Lei 10083/98.

58

Page 59: Relatório CPI da Merenda

A sistemática de irregularidades sanitárias cometidas

pela empresa LE BAROM, põe em sob suspeita, tudo aquilo que já foi dito em

defesa da qualidade advinda da terceirização da merenda escolar em nosso

município, ao longo dos últimos seis anos.

VI. RELAÇÃO ENTRE OS AGENTES PRIVADOS ENVOLVIDOS

VI.I SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA.

A SP ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS LTDA., CNPJ – nº 02.293.852/001-40, com sede à Avenida Queiroz Filho nº, 767, CEP 05.319-000, São Paulo – SP, CEP: 05.319-000, Brasil, tem como sócios:

SÓCIOS PARTICIPAÇÃO NO CAPITAL SOCIALELOIZO GOMES AFONSO 127.500 QUOTAS...R$ 1.275.000,00VALMIR RODRIGUES DOS SANTOS 43.750 QUOTAS... R$ 437.500,00VILSON DO NASCIMENTO 78.750 QUOTAS... R$ 787.500,00TOTAL 250.000 QUOTAS.. R$ 2.500.000,00

Segundo depoimento prestado a esta CPI e também

ao Ministério Público, o Sr. Genivaldo Marques dos Santos, delator do esquema

envolvendo a “máfia da merenda” declarou: “... que o Sr. Eloizo Afonso

Gomes Durães é proprietário das empresas SP Alimentação, Lê baron e

Unifarma”.

VI.II DA LE BAROM

59

Page 60: Relatório CPI da Merenda

A LE BAROM ALIMENTAÇÃO LTDA., CNPJ – nº 55.261.689/0001-08, com sede à Rua Araçatuba, nº 416, Bairro Santa Maria, CEP: 09.071.-310, Santo André/SP, tem como sócios:

SÓCIOS (%) QUOTAS VALOR –R$ABONA PARTICIPAÇÕES LTDA 98 1.960.000 1.960.000,00MARISA BORTOLETTO RIBEIRO 02 40.000 40.000,00TOTAL 100 2.000.000 2.000.000,00

A SP Alimentação prestou serviços de fornecimento

de merenda escolar a Prefeitura Municipal de Limeira entre os anos de 2006 a

2009.

Ocorre que em 2009 a empresa SP Alimentação e

Serviços LTDA foi substituída pela empresa Lê Baron Alimentação, que venceu

o pregão presencial ocorrido em outubro de 2009, a qual permaneceu

contratualmente vinculada ao município de Limeira até o final do mês de julho de

2012. Entretanto, conforme apurado, não resta dúvida que o fornecimento de

merenda escolar em nossa cidade permaneceu sob o controle do Grupo SP

Alimentação que envolve diversas empresas de fornecimento de alimentação

escolar e está envolvida em escândalos por todo o país.

(DA LIGAÇAO ENTRE A SP ALIMENTAÇAO E A LE BAROM)

Observando-se o histórico das alterações contratuais,

e a sequencia das mudanças do quadro societário das empresas Le Barom, SP

Alimentação, entre outras acusadas de fazerem parte do mesmo grupo

empresarial, notou-se um relacionamento intenso entre os sócios das empresas

60

Page 61: Relatório CPI da Merenda

referidas, que realizavam uma espécie de rodízio, alternando-se, da composição

societária das empresas do mesmo grupo.

De acordo com, Instrumento Particular de

constituição de contrato social (fls. 2902, Vol. VI, processo 3108/2010),VILSON

DO NASCIMENTO, foi sócio fundador da empresa SP ALIMENTAÇÃO. Em 10

de outubro de 1997, Vilson se juntou ao representante da empresa CEAZZA

DISTRIBUIDORA DE FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES LTDA, Sr. ELOIZO

GOMES AFONSO.

Contudo, em 05 de outubro de 1999, VILSON DO

NASCIMENTO, deixa o quadro societário da SP ALIMENTAÇÃO, para a

entrada do Sr. VALMIR RODRIGUES DOS SANTOS. (Fls.2910).

Tempos depois, em 03 de março de 2005, o

advogado VILSON DO NASCIMENTO retorna ao quadro societário da SP

ALIMENTAÇÃO, conforme consta nos autos11.

De estranho, há de ressaltar, que embora em seu

depoimento, bem como nos memórias entregues a esta CPI, a suposta dona da

empresa LE BAROM, Sra. MARISA BORTOLETTO RIBEIRO, negue qualquer

vinculo entre a sua empresa Le Barom e a SP Alimentação, afirmando

desconhecer o quadro social da empresa do mesmo ramo, porém, as provas

juntadas aos autos demonstram exatamente o contrário.

11 Ver Documento fls. 2933/2934 vol. VI processo 3108/2010.

61

Page 62: Relatório CPI da Merenda

Vejamos, consta nos autos12, que em 29 de junho de

2007, a sócia, MARISA BORTOLETTO se retira do quadro societário da LE

BAROM, para a entrada do ex-sócio, fundador do grupo SP ALIMENTAÇÃO,

Sr. VILSON DO NASCIMENTO, admirável coincidência, mas quando

questionada pelo relator se conhecia os donos da SP ALIMENTAÇÃO, esta

afirmou conhecer somente o Sr. ELOISIO DURÃES FILHO, preferiu se omitir

com relação ao Senhor VILSON DO NASCIMENTO, mesmo existindo nos autos

um documento assinado por ambos, na mesma data.

Poderíamos a titulo de reconhecimento de uma

possível falha humana, acreditar que a omissão em declarar a participação de

um ex-sócio da SP ALIMENTAÇÃO, no quadro societário da LE BAROM seria

apenas uma falha de memória. Mas, nobres membros desta Comissão, não foi!

Pois, como se não bastasse, a discrepância entre as

declarações prestadas pela Sra. MARISA dona da LE BAROM, e o documentos

juntados aos autos, dão conta, que o esquecimento da referida depoente, não

passou batido pelos olhos deste Relator, que localizou nos autos, mais um prova

atestando contra as afirmações prestadas perante esta Comissão.

Cabe relembrar, que a Sra. MARISA dona da LE

BAROM, em junho de 2007, deixou momentaneamente a sociedade, sendo

substituída por um ex-sócio da SP ALIMENTAÇÃO, embora a mesma não tenha

lembrado deste episódio durante o seu depoimento prestado a esta Comissão.

Pelo visto, a Sra. MARISA também não se recordou,

que um pouco antes de sua empresa assumir o contrato de fornecimento de

12 (fls.3362, vol. XVII).

62

Page 63: Relatório CPI da Merenda

merenda escolar junto a Prefeitura de Limeira, em substituição a SP

ALIMENTAÇÃO, mas precisamente em 13 de março de 2009, a mesma, após

ter deixado o quadro societário da empresa em junho de 2007, voltou a fazer

parte do quadro societário da LE BAROM, mas desta vez, no lugar do Sr.

VILSON DO NASCIMENTO. Consta também, no mesmo documento, que na

mesma data, uma terceira pessoa deixou a sociedade, trata-se do Sr. LUCAS

DO NASCIMENTO.

Ou seja, a Sra. MARISA saiu do quadro societário da

LE BAROM para entrada do Sr. VILSON, e voltou novamente à sociedade em

substituição do mesmo, apesar de não o conhecer como sendo ex-sócio da SP

ALIMENTAÇÃO, conforme depôs neste Plenário.

Cabe ainda ressaltar, que em outro momento de

mudanças no quadro societário da LE BAROM, em 16 janeiro, de 2003,

segundo a vigésima quinta alteração contratual da LE BAROM (fls.3321/3330,

Vol.XVII) houve um cisão parcial da sociedade, quando na oportunidade

ingressaram no quadro societário da empresa os senhores JOSÉ AMÂNCIO DA

SILVA FILHO, e JURANDIR LONGO. Na data de 10 de fevereiro de 2004,

segundo vigésima sexta alteração contratual da empresa (3331/3340 Vol. XVII),

o sócio JURANDIR LONGO se retira do quadro societário da LE BAROM.

Embora os relatos que seguem, não compreendem

exatamente a ordem cronológica do acontecimento dos fatos, vale à pena

registrar que na data de 01 de fevereiro de 2008, conforme consta na Vigésima

Nona alteração contratual da LE BAROM, (fls.3363/3365, Vol.XVII), o Sr. JOSÉ

63

Page 64: Relatório CPI da Merenda

AMÂNCIO DA SILVA FILHO se retira da sociedade. Na mesma data, ingressa

na sociedade LUCAS DO NASCIMENTO, tendo como sócio remanescente

VILSON DO NASCIMENTO, que ao julgarmos pelo sobrenome visível, pode-se

tratar respectivamente de pessoas de uma mesma família.

Porém não demora muito tempo, e JOSÉ AMÂNCIO

DA SILVA FILHO, já esta de volta atuando no mercado, desta vez, ao lado de

um conhecido, que assim como ele, também já pertenceu aos quadros

societários da empresa LE BAROM, trata-se de JURANDIR LONGO, com

quem, na data de 10 de março de 2008, constitui uma outra empresa do setor de

alimentação, denominada como “JLA ALIMENTAÇÃO LTDA”,

coincidentemente, a nova empresa constituída por dois ex-sócios da LE BAROM

participam do Pregão 104/2009, no qual, a ex - empresa de ambos, sagrou-se

vencedora, fato que corrobora a informação prestada pelo Sr. GENIVALDO

MARQUES DOS SANTOS em seu depoimento prestado ao Ministério Público, o

qual afirmou que a empresa JLA participou da licitação apenas para dar

cobertura a LE BAROM.

Nobres pares, vejam que interessante, dois ex-sócios

da Le Barom se juntam em determinado momento e resolvem constituir uma

empresa no mesmo segmento de alimentação, imagina-se que era para

“competir” quem sabe, com a empresa de qual ambos já foram sócios.

Apenas para registrar, a empresa JLA foi consultada

pelo Departamento de Gestão de Suprimentos da Prefeitura de Limeira, para

apresentar um à estimativa de preços para elaboração da cotação do valor do

edital 147/2009, que resultou na contratação da LE BAROM, (fls.2174, Vol.XI).

64

Page 65: Relatório CPI da Merenda

VII DOS INDICIOS DE IRREGULARIDADES

OCORRIDAS NO CEPROSOM

O Centro de Promoção Social Municipal (CEPROSOM), órgão da Administração

Indireta do Município de Limeira, deu inicio através do processo de licitação, na

modalidade de Pregão (Presencial), aberto pelo Edital 022/2007, a contratação

de empresa especializada para prestação de serviços no preparo e fornecimento

de refeição, no sistema de bandejão, para o restaurante do trabalhador do

município, conforme foi publicado no Jornal Oficial do Município em 28.07.2007

(fls. 141, volume I).

Vale à pena relembrar, que nesta data, a Autarquia era presidida, pela ex-

primeira dama, a Sra. Constância Berbet Dutra da Silva. O fato da ex- primeira

dama, além de seus filhos, irmãos e funcionários terem sido presos em 24 de

novembro de 2011, a pedido do Ministério Público Estadual, que através de uma

investigação criminal, localizou em nome de “Constância Félix e família” dezenas

de imóveis de alto padrão adquiridos de maneira obscura, fez com que a nossa

atenção na condução da presente “CPI da Merenda”, se voltasse também para

identificar eventuais irregularidades até então, encobertas, as quais, com

empenho, vamos decifrando os detalhes mais sórdidos dos esquemas

perpetrados contra o erário público, que causaram prejuízos incalculáveis até o

presente momento para toda sociedade limeirense.

Tudo o que se passou nos bastidores do CEPROSOM que tem como principal

função cuidar dos cidadãos menos abastados, em situação de vulnerabilidade

econômica e social, através da implementação da política assistencial do

65

Page 66: Relatório CPI da Merenda

município, evidencia, a total falta de compromisso com a coisa pública, além de

demonstrar também, que tudo foi feito sempre visando atingir a satisfação de

interesses pessoais, em detrimento do interesse público.

Com a finalidade de celebrar um contrato cujo objeto era a contratação de uma

empresa especializada na prestação de serviços no preparo e fornecimento de

refeição, no sistema de bandejão, para o restaurante do trabalhador do

município, a Autarquia, conduzida pela ex-primeira dama Constância Félix, foi

em busca de um “expert” na elaboração de editais deste tipo. Como era preciso

agilizar essa empreitada, um conhecido funcionário do governo Félix foi

escalado para orientar todo o processo “burocrático” necessário para este

serviço.

A ex- primeira dama, Constância Félix, esposa do prefeito cassado Silvio Félix,

na condição responsável legal pela Autarquia, com a autoridade e os poderes

previstos no artigo 22 do Decreto n° 253/200513, designou como pregoeiro

responsável pelos trabalhos advindos da modalidade de licitação de “Pregão” no

âmbito do CEPROSOM, o servidor Sr. Dr. Rodrigo Cruanes de Souza Dias,

conforme foi publicado no Jornal Oficial do Município em 14.03.2007 (fls. 61,

volume I). Ainda que possa parecer uma simples coincidência, embora não

acreditamos nesta hipótese, o servidor designado para esta atividade, é o

mesmo que igualmente participou da Comissão de Licitação que aprovou a

contratação entre a Prefeitura Municipal de Limeira e a empresa SP

13 Decreto 253 /2005, art. 22. No Centro de Promoção Social Municipal – CEPROSOM caberá ao Presidente da Autarquia ou ao Superintendente do órgão: I – Determinar abertura da licitação; II – Providenciar, junto ao setor competente, a respectiva reserva orçamentária, para o pagamento dos bens e serviços a serem adquiridos, e o respectivo empenho orçamentário; III – Designar o pregoeiro e os componentes da equipe de apoio; IV – Decidir os recursos contra os atos do pregoeiro em caso de indeferimento, e V – Homologar o resultado da licitação e assinatura do termo de contrato correspondente. Parágrafo Único. As confirmações de fornecimento/serviço serão assinadas pelo Presidente ou pelo Superintendente do Centro de Promoção Social Municipal – CEPROSOM.

66

Page 67: Relatório CPI da Merenda

Alimentação, tanto, que o mesmo, é réu na Ação de Improbidade Administrativa,

movida pelo Ministério Publico Estadual, em trâmite nesta Comarca, que tem

como pedido o ressarcimento de R$ 56 milhões de reais referente aos prejuízos

causados ao município em razão do superfaturamento do aludido contrato ter

sido considerado lesivo aos cofres públicos.

Como se não bastasse, as surpresas não param por aí, nos debruçando um

pouco mais sobre os autos, identificamos mais uma prova inquestionável de

todo o esquema engendrado pela ex - primeira dama, Constância Félix.

Desta vez, outro personagem de todo o escândalo envolvendo a administração

pública local, se fez presente, trata-se do Sr. Genivaldo Marques dos Santos,

(Delator do esquema da merenda escolar junto ao GAECO), conhecido pelos

mais íntimos com a alcunha de “Tiquinho”, e que em depoimento a primeira CPI

da Merenda Escolar realizada nesta Câmara Municipal através do Processo

3108/2010, prestou declarações sobre como era o “modis operandis” da máfia

da merenda escolar, inclusive citando o pagamento de propina a agentes

políticos locais14.

Consta nas fls. 77 dos presentes autos, um ofício anexado ao processo

administrativo n° 1977/2007, endereçado ao Departamento de Compras do

CEPROSOM, tendo como destinatário o Sr. Cláudio, e como assunto: cotação

de preços, onde foi enviada a cotação de preços para o fornecimento de

refeições da empresa VERDURAMA COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA,

assinado pelo sócio, GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS. Neste ponto, vale

a pena registrar que o delator do esquema da máfia da merenda, apontou em

14 Ver depoimento Genivaldo Marques dos Santos fls.8540, Vol. XLIII

67

Page 68: Relatório CPI da Merenda

seu depoimento15, a existência de uma quadrilha organizada em desviar

recursos públicos destinados a aquisição da alimentação escolar para crianças

de todo país, utilizando-se, para tanto, de expediente capcioso com vistas a

fraudar os procedimentos licitatórios, simulando a participação de empresas

distintas, quando na verdade, trata-se de um único grupo empresarial.

Ratificando as palavras do Sr. GENIVALDO MARQUES DOS SANTOS

declaradas perante o Ministério Público e a CPI da merenda instalada nesta

Câmara Municipal no ano de 2010 que: O Sr. Eloizo Gomes Durães é

proprietário das empresas SP Alimentação, Le Baron e Unifarma, bem como, as

palavras da Sra. MARISA BORTOLLETTO, que afirmou perante esta CPI ser

proprietária da empresa Le Barom, e da empresa Terra Azul Alimentações

Coletivas, mais um fato chama a atenção deste relator, pois na elaboração da

cotação do preço a ser estipulado em edital, também Consta nas fls. 81 dos

presentes autos, um ofício anexado ao processo administrativo n° 1977/2007,

endereçado ao Departamento de Compras do CEPROSOM, em que a empresa

TERRA AZUL apresenta sua estimativa de preços para o certame, bem como, a

empresa que se sagrou vencedora do certame também apresentou sua cotação,

conforme se verifica as fls.79 dos autos.

Nobres pares, observem que, num mesmo procedimento licitatório, participaram

as empresas: Le Baron, Terra Azul e Verdurama, esta última representada pelo

seu sócio Genivaldo Marques dos Santos, neste ponto, não se trata de

conjecturas abstratas, e sim de documentos públicos, em posse desta CPI, os

quais corroboram a tese de que a máfia da merenda escolar esteve instalada

tanto no Edifício Prada, como também na sede do CEPROSOM, fato que requer

maiores esclarecimentos das autoridades competentes. Ainda, carreando os

15 Idem ao item 12

68

Page 69: Relatório CPI da Merenda

autos, observamos uma quarta empresa apontada como integrante da máfia da

merenda, e que também participou do processo, apresentando proposta

comercial, neste caso, trata-se da Geraldo J. Coan Alimentos.

A situação acima assinalada, pode em tese, configurar ato ilícito, caso seja

demonstrado que houve desrespeito ao Item 3.2.4 do Edital de Pregão

(Presencial) n° 022/2007, referente ao processo n° 1977/2007, que resultou na

celebração do contrato n° 044/2007, assinado aos vinte e quatro dias do mês de

agosto de 2007, (fls. 358 dos autos), tendo como objeto a contratação de

empresa especializada para prestação de serviços no preparo e fornecimento e

refeições no restaurante do trabalhador, o qual, consta de um lado como

contratante o CEPROSOM representado pelo Secretário Executivo,

Administrativo e Financeiro, Sr. RODRIGO CRUANES DE SOUZA DIAS, e como

contratada a empresa LE BAROM, representada pelo Sr. JOSÉ AMÂNCIO DA

SILVA FILHO. O valor estimado do contrato foi previsto em R$ 1.145.340,00 (um

milhão, cento e quarenta e cinco mil, trezentos e quarenta reais), o qual foi

prorrogado por quatro vezes, porém, alterou-se os responsáveis legais pelas

assinaturas do contrato, os quais eventualmente em caso de responsabilização

judicial também precisam ser alcançados, bem como houve reajustes nos

valores do contrato, que obteve seu termino em agosto de 2012.

VIII A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NA MERENDA

ESCOLAR

69

Page 70: Relatório CPI da Merenda

Inúmeras famílias brasileiras ainda obtêm sua renda por meio da agricultura. A

chamada agricultura familiar, constituída por pequenos e médios produtores,

representa a maioria dos produtores rurais brasileiros. E os números

comprovam: são 4,5 milhões de pequenas propriedades rurais. Segundo dados

do Ministério da Agricultura, cerca de 70% do alimento que chega à mesa do

povo brasileiro é proveniente do pequeno produtor, da agricultura familiar.

Entretanto, este mesmo produtor, se vê abandonado à própria sorte, sem

qualquer amparo do poder público. Situação que o obriga abandonar sua

atividade essencial para buscar outras alternativas de sobrevivência. Este

fenômeno deve chamar nossa atenção, uma vez que a redução da produção

diminui, consequentemente, a oferta de alimentos, e este cenário não é diferente

em nossa cidade, Limeira.

Esta lógica perversa tem, paulatinamente, afastado o habitante do meio rural,

restando-lhe como única alternativa a saída de sua propriedade. A falta de

incentivo ao produtor rural, a dificuldade de escoamento de sua produção,

associada à expansão do agronegócio têm desestimulado o morador do campo.

Basta imaginar que é mais rentável arrendar sua gleba de terra a um grande

usineiro de cana de açúcar a continuar enfrentando todas as dificuldades para

produzir. Constatamos, então, a expansão das conhecidas monoculturas e a

redução cada vez mais intensa das superfícies de terra destinadas á agricultura

familiar e a produção de alimentos.

O produtor rural espera que o poder público municipal, estadual e federal

garantam políticas públicas que cheguem até a roça. O que percebemos são

ações localizadas, comprometendo resultados, como um todo.

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Page 71: Relatório CPI da Merenda

É prática comum em municípios vizinhos, que secretarias como Agricultura

mantenham parcerias com universidades, aberturas para novos projetos dos

governos estadual e federal, ou no mínimo, parceria com o Sebrae, para que o

produtor familiar possa ter acesso a um planejamento estratégico para produção

nas propriedades. O que constatamos é que o posto do Sebrae em Limeira foi

fechado, e produtores estão sem acesso ao grandioso serviço oferecido através

do Agro Sebrae.

Outro aspecto que envolve a persistência do produtor rural é sua capacidade de

querer trabalhar em sua terra. Temos visto surgir diversas hortas pelo bairro dos

Pires. O produtor familiar revela seu desejo de que Limeira tenha um entreposto

para a venda da produção familiar com preço justo e justifica que a Secretaria

deve fazer o papel que lhe convém. Não acha justo que tenham que oferecer

seus alimentos a leilão na porteira, querem valorizar seus produtos, mas não

sabem como. Querem vender para a merenda escolar de Limeira, mas não

sabem como. Não basta informar, é preciso fomentar!

Iniciativas de aquisição espontânea ou estimuladas de gêneros alimentícios para

o cardápio da merenda escolar não são novidades, conforme diversas

experiências que nos foram relatadas em depoimento prestado nesta CPI pelo

Consultor Antonio Oswaldo Storel Junior. Antes mesmo de se tornar Lei, esse

tipo de aquisição já era adotado por centenas de municípios em todo país.

Porém, no caso de Limeira, embora o ex- Prefeito que se auto declarava como

sendo um Produtor Rural, nunca direcionou em momento algum de sua gestão,

ações políticas com vistas a favorecer o homem do campo, durante os sete

anos, um mês e vinte quatro dias que governou este município.

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Page 72: Relatório CPI da Merenda

Esse quadro só piora, à medida que buscamos aprofundar o nosso

conhecimento sobre tema, oportunidade aberta a partir da instalação desta

Comissão Parlamentar de Inquérito, que cumpre sua função constitucional de

investigar as denúncias de desvios de recursos públicos no pagamento do

serviço de fornecimento de merenda escolar pelas empresas do Grupo SP

ALIMENTAÇÃO, bem como, enfrentamos ao mesmo tempo o desafio de sermos

propositivos, tendo em vista a mudança de cenário já em curso com

remunicipalização do serviço de merenda escolar.

De posse de todos os documentos ofertados aos membros desta Comissão, em

meio a tudo que se descobriu em termos de irregularidades, as quais foram uma

a uma apontadas no presente Relatório, floresce também, um amplo campo de

oportunidades a serem exploradas pela Administração Municipal no tocante aos

diversos benefícios que podem ser compartilhados entre a sociedade local e

regional, se, tivermos a maturidade de estabelecermos um novo marco no

incentivo a agricultura familiar, tendo como norte num primeiro momento, uma

ação imediata que beneficiará a todos, que seria o incentivo público á formação

de cooperativas e associações de produtores, pelas quais o Poder Público

poderá adquirir gêneros alimentícios para a merenda escolar. Medida que

satisfará nas duas pontas: Alimento de qualidade para as crianças e incentivo á

produção rural, o que melhorará a renda dos trabalhadores, justificando sua

fixação no campo.

VIII.I DA AQUISIÇÃO DE 30% DOS GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DA

AGRICULTURA

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Page 73: Relatório CPI da Merenda

FAMILIAR (LEI FEDERAL Nº 11.947/2009)

“A Lei Federal nº 11.947, de 16 de junho de 2009, em seu artigo 1416, determina

que as prefeituras adquiram até 30% dos gêneros alimentícios destinados à

merenda escolar com recursos repassados pelo Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE) diretamente de agricultores familiares e

empreendedores rurais familiares. Nossa cidade é um exemplo de como a

inércia não deve ser seguida, pois, provocações, reclamações, cobranças e

questionamentos não faltaram advindos das diversas vozes da sociedade

limeirense, essa Câmara Municipal, o Conselho de Alimentação Escolar, o

INCRA, o Ministério Público Estadual e a sociedade civil sempre apontaram ao

Poder Executivo Municipal à necessidade e a importância estratégica de se

atender as regras estabelecidas pela legislação federal que rege o assunto,

porém todos, foram ignorados sobre os mais diversos pretextos.

Primeiramente, cabe consignar que o Edital de Licitação 147/09, conforme já

anotado anteriormente neste Relatório (fls. 2318, volume XII), tem sua primeira

versão elaboração registrada no dia 01.07.2009, portanto já na vigência da nova

Lei 11.947/2009, publicada em 16.06.09, dispondo sobre o atendimento da

alimentação escolar. Entretanto, o que se esperar do conluio entre o ex-

mandatário e a máfia da merenda, já que juntos infligiram a Lei de Licitações,

ignoraram a Lei de Improbidade Administrativa. Conseqüência disso, o contrato

também nada previu sobre o as diretrizes estabelecidas pela nova legislação,

16 Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.

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Page 74: Relatório CPI da Merenda

omissão e falta de visão estratégica que ainda predomina no atual governo, visto

que o mesmo por ocasião da municipalização da merenda escolar continua

fazendo tábula rasa do dispositivo legal que determina que do total dos recursos

financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta

por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios

diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas

organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as

comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.

A fim de ilustrar as cobranças para o atendimento a Legislação mencionada,

destacamos parcialmente, a Ata do Conselho de Alimentação Escolar17, por

ocasião da reunião realizada na data de 17.03.2010, quando a então presidente

do conselho, Sra. Valéria Pires questiona o seguinte: “porque não há

produtores locais atuando como fornecedores da empresa terceirizada”.

Em resposta, a Sra. SUELI KAZUE KOMATSU, ex funcionaria da SP

Alimentação, ex- funcionaria da Le Barom e atual Diretora do Departamento de

Merenda Escolar da Prefeitura Municipal de Limeira, disse que: estou

procurando parceiros que possam suprir as necessidades do município, e pelo

visto, considerando que ate hoje nada de efetivo foi realizado neste sentido,

podemos acreditar que a atual Diretora da Merenda Escolar de Limeira, ainda

continua a procura, mesmo tendo ultrapassados mais de dois anos desde a data

da reunião em comento.

Em termos práticos, conforme dados consultados junto ao Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE)18, tivemos acesso as informações

relacionadas ao repasse de recursos do Governo Federal para aquisição da

17 Ver Ata da 4ª Reunão Extraordinária do CAE (fls.4289/4292,Vol.XXII)18 https://www.fnde.gov.br/pls/simad/internet_fnde.liberacoes_result_pc

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Page 75: Relatório CPI da Merenda

merenda escolar entre o mês de junho de 2009 à agosto de 2012, e que são

reproduzidas na Tabela abaixo:

ANO PERÍODO VALOR

2009 JUN/DEZEMBRO R$ 1.553.745,60

2010 MAR/DEZEMBRO R$ 3.609.80,00

2011 MAR/DEZEMBRO R$ 3.633.300,00

2012 MAR/AGOSTO R$ 2.671.728,00

TOTAL R$ 8.796.125,60

Se, considerarmos que a Prefeitura Municipal de Limeira no período acima

indicado, poderia ter utilizado no mínimo 30 % do total dos R$ 8.796.125,60 dos

recursos enviados pelo Governo Federal, através do MEC, para aquisição de

alimentos de qualidade para fornecimento de merenda escolar as nossas

crianças e, ao mesmo tempo incentivando o produtor rural, teríamos investidos

diretamente no nosso município o equivalente a R$ 2.638.837,68.

Mas infelizmente a opção foi investir o montante dos recursos em alimentos de

origem duvidosa, sem identificação e sabe-se lá a que preço.

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Page 76: Relatório CPI da Merenda

VIII.I.I SUGESTÕES

- Elaboração de um Plano de trabalho para os próximos três meses a fim de

incentivar a organização dos produtores rurais/regionais a fim de incentivar a

organização de cooperativas com a finalidade de fornecer gêneros alimentícios

para a merenda escolar servida nas escolas de Limeira.

- Elaboração campanha informando as regras necessárias para criar e participar

de uma cooperativa através de: Cartilha (animação), TV, Rádio, jornais e

internet.

- Realização de estudo sobre a demanda pelo consumo de gêneros alimentícios

específicos para a merenda escolar e para o Restaurante do Povo.

- Criar linhas de créditos especifica para o apoio aos membros das cooperativas

rurais através do Banco de crédito municipal.

- Criar um entreposto de distribuição da produção rural em local de fácil acesso a

ser definido em conjunto com os produtores rurais.

- Reativar o Conselho Municipal de Segurança Alimentar (CONSEA).

- Realizar Audiência Pública na Câmara Municipal com todos os interessados,

Prefeitura, CAE, Produtores, Sindicatos, SEBRAE, Assentados, ONGs,

Conselho Rural e representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

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Page 77: Relatório CPI da Merenda

- Debater e acompanhar a execução das ações previstas do Plano de

Desenvolvimento Rural Sustentável.

IX DA CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELO EX-

PREFEITO

Agindo da forma suso descrita, o Ex-Prefeito Municipal incorreu contrariamente

ao disposto nos arts, 315 e 317 do Código Penal, arts 10, I e II, 11, I, da Lei de

Improbidade Administrativa, arts. 90, 92, 93 e 96, V da Lei 8.666/93

IX.I CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELO EX-

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO

Agindo da forma suso descrita, o Ex-Secretario de Educação incorreu

contrariamente ao disposto nos arts, 299. 315 e 319 do Código Penal, arts 10, I

e II, 11, I, da Lei de Improbidade Administrativa, arts. 90, 92, 93 e 96, V da Lei

8.666/93

IX.II CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELA EX-

PRIMEIRA DAMA

Agindo da forma suso descrita, a Ex-Primeira Dama incorreu contrariamente ao

disposto nos arts, 315 e 317 do Código Penal, arts 10, I e II, 11, I, da Lei de

Improbidade Administrativa, arts. 90, 92, 93 e 96, V da Lei 8.666/93.

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Page 78: Relatório CPI da Merenda

IX.III CAPITULAÇÃO LEGAL DAS INFRAÇÕES PERPETRADAS PELA

PROPRIETÁRIA DA EMPRESA LE BAROM MARISA BORTOLETTO RIBEIRO

Agindo da forma suso descrita, a proprietária da empresa Le Barom, MARISA

BORTOLETTO RIBEIRO inculcar incorreu contrariamente ao disposto nos arts,

278, 335 do Código Penal, arts. 4 e 7 da Lei que define os crimes contra a

ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, arts 9 e 10 da Lei

de Improbidade Administrativa, arts. 93, 95 e 96 da Lei 8.666/93.

X. CONCLUSÃO.

Diante todo o exposto, por tudo que dos autos consta,

restando comprovada a prática das ações típicas descritas no requerimento de

abertura desta CPI, envolvendo a Prefeitura Municipal de Limeira, o Grupo SP

Alimentação, do qual faz parte a empresa Le Barom composto entre outras

empresas, o ex- secretario de educação Antonio Montesano Neto, a ex-primeira

dama Constância Dutra, os quais estando fora da administração são passiveis

das ações medidas administrativas e judiciais cabíveis a serem interpostas pelos

órgãos abaixo elencados, requerendo seja submetido ao A. Plenário para

votação, aprovação e conseqüente envio cópia deste relatório e dos autos desta

CPI para o Ministério Público incorporar em sua investigação em curso e adotar

as medidas que julgar cabíveis, o que se requer.

De outra competência, cumpre ao Ministério Público

Federal e à Polícia Federal tomar conhecimento dos presentes autos e Relatório

para que procedam com as medidas cabíveis no âmbito de sua atuação, o que

se requer.

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Page 79: Relatório CPI da Merenda

XI PROVIDÊNCIAS

Enviar cópia do relatório para as seguintes autoridades: PREFEITURA

MUNICIPAL DE LIMEIRA, MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, MINISTÉRIO

PÚBLICO FEDERAL, POLICIA CIVIL E POLICIA FEDERAL, FUNDO

NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, TRIBUNAL DE

CONTAS DA UNIÃO, CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, TRIBUNAL DE

CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO

PAULO, CONGRESSO NACIONAL E AO CONSELHO DE ALIMENTAÇÃO

ESCOLAR.

Ronei Martins

Relator

Carlos Rossler

Presidente

Miguel Lombardi

Membro

Paulo Barbosa

Membro

Antonio Braz do Nascimento (PIUÍ)

Membro

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