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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DANIELA DA SILVA ORIENTADORA: Profª. Fabiane Muniz Rio de Janeiro Fevereiro/ 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DANIELA DA SILVA

ORIENTADORA:

Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

Fevereiro/ 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE “

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DANIELA DA SILVA

TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO

REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ESPECIALISTA EM PSICOPEDAGOGIA

Rio de Janeiro

Fevereiro / 2003

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AGRADECIMENTOS

• A Deus, pois nada seria possível sem Ele.

• A meus pais por acreditarem no meu sucesso acadêmico.

• A meus irmãos e irmãs pela força e apoio.

• Aos estudantes e toda a Instituição pela amizade e integração.

iii

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DEDICATÓRIA

• Dedico esta monografia a meus pais, razões da minha vida

iv

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“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver

meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em

salas de aula sem ar, com exercícios estéreis, sem calor para a formação

do homem”.

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Carlos Drummond de Andrade

v

RESUMO

Este trabalho de pesquisa não tem a pretensão de esgotar todos os estudos sobre a Educação Infantil , porém busca apresentar alguns esclarecimentos acerca da importância da atividade lúdica – da brincadeira, do aprender brincando – nesta fase inicial das atividades escolares. A Educação Infantil deve ser lúdica e criativa, fundada nas mais variadas experiências e no prazer de descobrir a vida e construir, assim, o conhecimento. A escola infantil deve ser para muito mais do que um local de recreação, um espaço lúdico, de socialização, de troca, de desenvolvimento emocional e motor. A vida escolar tem início na educação Infantil, este é o momento em que a criança começa a receber muitas informações através de atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento da linguagem, da percepção do próprio corpo, das diferenças entre as pessoas e do meio onde vivem. O ato de brincar, atividade lúdica inerente à infância, deve ser respeitado e incentivado, pois será exatamente ele que se transformará na força de trabalho criativo do adulto. As crianças brincam, captam, dançam, desenham, pintam, ouve histórias, cozinham, fazem teatro e costuram, aprendem, aprendem a viver e conviver, partilhar, cooperar, respeitar e fazer amigos – competências e habilidades fundamentais para a vida cidadã, para o mundo adulto.

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vi

SUMÁRIO

Páginas

Agradecimento ............................................................................................................ iii

Dedicatória ............................................................................................................... iv

Mensagem..................................................................................................................... v

Resumo ......................................................................................................................... vi

Lista de Anexos............................................................................................................ viii

Introdução....................................................................................................................... 09

1.1 – Justificativa ........................................................................................................... 19

1.2 Objetivo do Estudo .................................................................................................. 10

1.3 Objetivo Específico ................................................................................................. 12

Parte 1 – Por quê e Para quê Educação Infantil ? ............................................................ 13

Parte 2 – O Lúdico e a Educação Infantil: Qual é a importância? ...................................23

Parte 3 – Jogos, brincadeiras e outras coisas mais ...........................................................30

Conclusão ...................................................................................................................... 32

Referências ................................................................................................................... 35

Anexos .......................................................................................................................... 38

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LISTA DE ANEXOS

Páginas

1.Rua das Letras: A Descoberta do alfabeto .................................................38

2. Boliche : Adição e Subtração ....................................................................38

3. A Boca do Sapo: Fazendo contas e tabelas ...............................................38

4. Túnel: Associação entre texto e imagem .................................................. 39

5. Lenço Atrás ................................................................................................39

6. Vôo das Borboletas ....................................................................................40

7. Fuga dos Pássaros ......................................................................................40

8. Boca de Forno ............................................................................................41

9. Coelhinho na Toca .................................................................................... 42

10. Desvie das Garrafas ................................................................................ 42

11. Dança das Cadeiras ................................................................................ 43

12. Descobrir o objeto ...................................................................................44

13. Jogo da Memória .....................................................................................45

14. Jogo do Mico ...........................................................................................49

15. Mico Alfabético .......................................................................................51

16. Jogo de Dominó .......................................................................................52

17. Cabra Cega ou Cobra Cega ......................................................................54

18. Pular Corda .............................................................................................. 54

19. Amarelinha ...............................................................................................56

20. Apanhador de Batatas ...............................................................................59

21. Gato Mia? ..................................................................................................59

22. Quem está diferente?..................................................................................60

23. Telefone –Sem-Fio ....................................................................................60

24. Piscina de Bolinhas: Reciclagem e Diversão.............................................61

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1 - INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa se fez durante o período em que trabalhei com crianças na

fase de 0 a 6 anos, onde percebi que crianças nessa faixa etária querem brincar e que é

brincando que elas conhecem o mundo circundante e constróem conhecimentos

fundamentais para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional, desenvolvem habilidades

psicomotoras, expressam suas idéias de forma verbal e não verbal, desenvolvem a

oralidade, criam, brincam, aprendem. Portanto, acredito que brincar aprendendo e aprender

brincando é uma parceira que sempre dá certo.

Dissertar sobre a Educação Infantil: o tempo e o espaço do cidadão que se desenvolve e

aprende através das relações, do movimento, do brincar e da pesquisa é no mínimo muito

complexo. O mundo da criança de 0 a 6 anos, apesar de parecer pequeno e limitado, é

infinito de criatividade e extenso de curiosidade em querer conhecer.

O período de 0 a 6 anos é o mais importante na formação da pessoa. É quando ela

constrói os principais instrumentos e que se servirá, primeiro de modo inconsciente e

depois com progressiva consci6encia, para se relacionar com a chamada realidade exterior.

Embora isto não pareça a muitos adultos, esta é seguramente a fase mais decisiva da vida.

O tempo todo a criança age, descobrindo, inventando, resistindo, perguntando, retrucando,

socializando-se.

1.1- Justificativa

Neste processo de formação, muitas crianças se perdem; outras se desembaraçam

por si mesmas; mas podemos favorecê-las, a todas, proporcionando-lhes Educação Infantil

isto é , um conjunto de meios materiais e oportunidades para um crescimento saudável em

todos os aspectos.

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Neste sentido, para que a criança desenvolva a autoconfiança e segurança no ambiente

escolar e em seu relacionamento com outras crianças, os educadores e a instituição devem

oferecer condições para que ela realmente seja criança ativa e questionadora, sem impor

limites a sua curiosidade, brincando/ construindo conhecimentos fundamentais para o seu

desenvolvimento cognitivo e emocional.

1.2 – Objetivo do Estudo

O objetivo geral do estudo é preparar esse cidadão-mirim para enfrentar desafios,

ampliando seu horizonte para que possa atuar no presente e no futuro com sucesso,

respeitando sempre sua própria individualidade, penso que a escola de educação infantil

tem que ter um ambiente favorável a essa proposta, despertando na criança o interesse em

aprender.

Este inventivo deve ser destacado pelo professor, que media, interfere, e educa, mas

também deve-se dar através do material didático e lúdico que, inevitavelmente, tem que ser

inventivo, criativo, interessante, motivador para a criança, proporcionando momentos de

lazer e atendendo às necessidades emocionais e cognitivas de cada uma.

Por exemplo, através de signos (figuras), mesmo sem estar alfabetizado, o aluno

compreende instruções impressas ao mesmo tempo em que exerce sua autonomia na

realização das atividades escolares. Com figurinhas auto-adesivas, a criança estabelece

relações matemáticas e forma frases em linguagem criptográfica, baseada em códigos

individuais. O “parquinho” é rico em psicomotricidade. Brincando ela trabalha os

pequenos músculos e desenvolve habilidades psicomotoras que posteriormente serão

fundamentais para a escrita. Portanto, a educação infantil é importantíssima para o melhor

desempenho da criança nas séries posteriores e para sua vida, pois ela contribui

positivamente para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança que

brincando/aprendendo faz do processo ensino-aprendizagem um momento marcante,

inesquecível, eficaz e infinitamente prazeroso.

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Segundo Robert Fulghum, “tudo que eu preciso mesmo saber sobre como viver, o

que fazer,e como ser aprendi no Jardim de Infância”. A sabedoria não está no topo da

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montanha mais alta, no último ano de um curso superior, mas no tanque de areia no pátio

da escolinha maternal. É na Educação Infantil que se aprende a dividir tudo com

companheiros; a jogar conforme as regras do jogo; não bater em ninguém; guardar os

brinquedos onde os encontra; arrumar a “bagunça” que se faz; não tocar no que não é seu;

pedir desculpa se machucar alguém; lavra as mãos antes de comer; apertar a descarga da

privada; fazer de tudo um pouco – desenhar, pensar, estudar, pintar, cantar, dançar, brincar

e trabalhar; tirar uma soneca após as refeições. Também se aprende que ao sair pelo mundo

é preciso ter cuidado com o trânsito, fica sempre de mãos dadas com o companheiro e

sempre “de olho” na professora.

Pense na sementinha de feijão plantada no copinho de plástico: as raízes vão para

baixo e para dentro, e a planta cresce nós também somos assim. Peixes dourados,

porquinhos-da-índia, esquilos, hamsters e até a semente do copinho de plástico morrem.

Nós também. E lembre-se ainda dos livros de histórias infantis e da primeira palavra que

você aprendeu, a mais importante de todas: Olhe!

Refletindo sobre a importância da educação Infantil na vida da criança podemos

perceber que tudo que precisamos saber está por aí em algum lugar: a regra de ouro; o

amor e os princípios de higiene; Ecologia e política; igualdade e vida saudável. Pense,

escolha um destes itens e o elabore em termos sofisticados, em linguagem de adultos,

depois os aplique à vida de sua família, ao seu trabalho, à forma de governo do seu país, ao

seu mundo. Pense em quanto o mundo seria melhor se todos nós e o mundo inteiro

fizéssemos um lanche de biscoito com leite às três da tarde e depois deitássemos, sem a

menor preocupação, cada um no seu colchãozinho para uma soneca. Ou se todos os

governantes adotassem, como política básica, a idéia de recolocar as coisas nos lugares

onde estavam quando foram retiradas: arrumar a “bagunça” que tivessem feito.

A verdade é que, não importa quantos anos você tenha, ao sair pelo mundo, vá de

mãos dadas e fique sempre de “olho” no companheiro.

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1.3 -Objetivo Específico

• Desenvolver a autoconfiança e segurança no ambiente escolar e em seu relacionamento

com outras crianças.

• Construir valores e aprender a respeitar os sentimentos, idéias, atitudes e direitos dos

outros.

• Formar e desenvolver suas funções e operações cognitivas.

• Assinalar conhecimentos e elaborar valores étnicos e estéticos.

• Proporcionar lazer de acordo com as necessidades emocionais e cognitivas de cada

criança.

Pouco apouco, no contato com outras crianças da mesma faixa etária, ela vai

construindo valores e aprendendo a respeitar os sentimentos, idéias, atitudes e direitos dos

outros favorecendo a formação e o desenvolvimento de suas funções e operações

cognitivas, a assimilação de conhecimentos e a elaboração de valores éticos e estéticos.

Esta concepção é mais profunda e mais abrangente do que aquela que apenas assegura a

cada criança saber ler, escrever e calcular.

A escola infantil é para as crianças muito mais do que um local de recreação. É um

espaço lúdico, de socialização, de troca, de desenvolvimento emocional e motor,

valorizando o que a criança quer e faz por si só, incentivando-a para que ela perceba a si e

aos outros, cuidando de seu corpo e do que lhe pertence, realizando ações com

independ6encia e segurança, conhecendo do que é capaz e tentando superar-se sempre.

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PARTE I

POR QUÊ E PARA QUÊ EDUCAÇÃO INFANTIL

Educação dos 0 aos 6 anos uma gostosa brincadeira para as crianças.

Cada um de nós começa a aprender no momento em que abre os olhos para o

mundo pela primeira vez. A partir daí, a quantidade de informações, referências e

símbolos que a criança recebe é muito grande. Organizar tudo isso de forma sadia,

propiciando o desenvolvimento integral da criança, é a tarefa da Educação Infantil. Nesta

fase, na qual o cuidado e a atenção são fundamentais para minimizar a ausência dos pais, é

fundamental que as crianças recebam os estímulos que vão alimentar o seu

desenvolvimento motor, intelectual, cognitivo e afetivo.

Educação Infantil não se limita à simples guarda das crianças, é o início de um

trabalho educacional que visa o desenvolvimento da criatividade, imaginação, organização,

autonomia e auto-estima das crianças. O desenvolvimento social e científico, das relações

sociais, da linguagem, dos conteúdos matemáticos, do meio físico, das habilidades

essenciais a serem desenvolvidas. Em conjunto, este aprendizado ajuda asa crianças a

descobrirem a si mesmas e ao mundo onde vivem, servindo como referência para a vida

toda.

A educação Infantil atende crianças dos 0 a 6 anos, adaptando sempre o conteúdo

do curso a cada fase do desenvolvimento infantil.

• Berçario: de 0 a 1 ano e meio

• Creche: de 1 ano e meio a 3 anos e meio

• Maternal: de 2 anos e meio a 3 anos e meio

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• 1º Período: de 3 anos e meio a 4 anos e meio

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• 2º Período: de 4 anos e meio a 5 anos e meio

• 3º Período: de 5 aos e meio a 6 anos e meio

Três princípios norteadores deverão ser respeitados nas propostas pedagógicas das

instituições de educação Infantil:

1. Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do

respeito ao Bem Comum.

2. Princípios Políticos dos Diretos e Deveres da Cidadadnia, do Exercício da

Criticidade e do respeito à Ordem democrática.

3. Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da

Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.

Sem pretender recuperar aqui toda uma extensa trajetória de discussão sobre o

objetivo e o estatuto científico da pedagogia, minha tentativa será de estabelecer uma

aproximação a respeito dos limites e perspectivas de uma Pedagogia da educação Infantil

como um campo de conhecimento em construção.

Desta maneira, parto do princípio de que uma Pedagogia da Educação Infantil

caracteriza-se por sua especificidade no âmbito da Pedagogia ( em seu sentido mais

amplo), uma vez que a meu ver o objetivo desta está essencialmente ligado a toda e

qualquer situação educativa ( como organização, estruturas implícitas, práticas, etc). De

fato, em sua trajetória o campo pedagógico não tem contemplado suficiente a

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especificidade da educação da criança pequena em instituições não-escolares tais como a

creche e a pré-escola.

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Não é novo falar de uma “didática pré-escolar” o próprio aparecimento da pré-

escola no Brasil se deu sob as bases da herança dos percursores europeus que inauguraram

uma tradição na forma de pensar e apresentar proposições para a educação da criança nos

“jardins de infância”, diferenciadas das proposições dos modelos escolares. O modelo

minuciosamente

proposto por Froebel orientou muitas das experi6encias pioneiras no Brasil, a exemplo do

Jardim de Infância Caetano de campos. Tal como mostra o recente estudo de Kuhlmann Jr.

E Barbosa. ( in: Kuhlmann Jr., 1998, p. 8). Modelos como o de Montessori e Decroly

também integram grande parte das práticas que proliferaram entre nós com o aparecimento

das pré-escolas nos âmbitos públicos e privados, mesmo já na década de sessenta. Porém,

como já disse anteriormente, estes modelos, influenciados por uma Psicologia do

desenvolvimento, marcaram uma intervenção pautada na padronização. Neste sentido, não

se diferenciaram da escola tradicional ao constituírem práticas de homogeneização. Apesar

de suscitam a busca de uma pedagogia para a criança pré-escolar, mantivera, as mesmas

intenções disciplinadoras, com vistas a enquadramento social através de práticas e

atividades que se propunham mais adequadas à pouca idade das crianças.

O novo, em relação a esta tradição, apresenta-se por meio de uma produção recente

que resulta de influ6encias teóricas e contextuais antes não colocadas. Mudam as formas

de fazer e de pensar a educação da criança de 0 a 6 anos, que passa a se dar em instituições

educativas, estabelecendo-se como um novo objetivo das Ciências Humanas e Sociais. A

identificação da construção de uma pedagogia da educação Infantil como um campo

particular do conhecimento pedagógico, revelada pela trajetória das pesquisas recentes

analisadas, situa-se inicialmente também no âmbito da Pedagogia. Desta forma nos

interessa discutir a sua delimitação como campo cientifico.

As origens da Pedagogia na modernidade, como disciplina, são marcadas por

orientações teóricas de alguns de seus predecessores: Herbart, Dewey, Claparède, que

traziam, de uma forma geral, dois princípios comuns: a necessidade da alimentação de

estudos pedagógicos por disciplinas auxiliares, e a crença no atrelamento da prática

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pedagógica à Psicologia para aprende com ela “procedimentos experimentais, bem como

seu objeto e destinatário privilegiado: a criança” ( Warde, p. 330 In: Freitas (org), 1995).

Acompanhando a trajetória da constituição da pedagogia, os estudos que se propuseram a

16

tomar a infância como objeto, desde a Pedologia até a moderna Psicologia Infantil forma,

de fato, sofrer uma grande mudança no foco de suas atenções com o advento da

universalização da escola e das demandas práticas daí decorrentes. A criança passa a ser o

aluno e o foco das preocupações do ensino e da aprendizagem, tendo em vista

especialmente a aquisição dos conhecimentos já produzidos, num momento em que ainda

não se pôs em pauta a aprendizagem como um processo construtivo.

Atualmente, a fronteira dos debates entre os educadores brasileiros sobre a própria

definição deste campo, quando toma como principal objeto o ensino no âmbito da

Didática, limita-se às instituições escolares, deixando e fora inclusive toda uma pedagogia

relativa aos movimentos sociais que também estabelecem relações tipicamente

pedagógicas nas mais diferentes práticas sociais.

As pesquisas pedagógicas têm tomado como ponto de partida a própria definição da

Didática e de seu objeto, traçando uma delimitação que a sinta no âmbito das relações de

ensino-aprendizagem. Desta delimitação depende o entendimento do que há de geral na

Didática e o que se coloca nas Didáticas específicas.

No conjunto das reflexões feitas sobre esta especificidade entre os especialistas da

área. Magda B.Soares ( apud. Warde, 1995), no início dos anos 80, procura definir o objeto

da Didática e da prática de Ensino. Para ela, a prática de ensino remete-se à especificidade

de cada área de conhecimento a que se refere, “à Didática caberia estudar a aula,

procurando analisá-la e descrevê-la como um fenômeno que apresenta certas

peculiaridades e regularidades, independente da adversidade de contextos em que se dá, e

da diversidade de conteúdos que nela se desenvolvem.” Esta definição, ao extrapolar os

limites do ensino, abre a possibilidade de relacionarmos o objeto da didática com aquele

que vem a ser o objeto da educação infantil, e que caracteriza a educação da criança de 0 a

6 anos em instituições de educação e cuidado.

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Para isto, faz-se necessário, em primeiro lugar, destacar que a creche e a pré-escola

diferenciam-se essencialmente da escola quanto às funções que assumem num contexto

ocidental contemporâneo da escola quanto às funções que assumem num contexto

17

ocidental contemporâneo. Particularmente, na sociedade brasileira atual, estas funções

apresentam em termos de organização do sistema educacional e da legislação própria

contornos bem definidos. Enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado para o

domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põem,

sobretudo, com fins de complementaridade à educação da família. Portanto, enquanto a

escola tem com sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas,

através da aula, da creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas travadas

num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de 0 a 6 anos de idade (ou

até o momento em que entra na escola). A partir desta consideração, conseguimos criar um

marco diferenciador destas instituições educativas: escola, creche e pré-escola, a partir da

função social que lhes é atribuída no contexto social, sem estabelecer necessariamente com

isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa. Apesar da qualidade da educação não ser

aqui diretamente objeto de preocupação, é, no momento, uma preocupação inicial desta

pesquisa.

Fixada a diferenciação supra referida podemos por ora, então, afirmar que o

conhecimento didático ( resultante de uma ação pedagógica escolar geral e do processo

ensino-aprendizagem em particular) não e adequado para analisar os espaços pedagógicos

não escolares. Isto não significa que o conhecimento e a aprendizagem não pertençam ao

universo da educação infantil. Todavia, a dimensão que os conhecimentos assumem na

educação das crianças pequenas coloca-se numa relação extremamente vinculada aos

processos gerais de constituição da criança: a expressão, o afeto, a sexualidade, a

socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a fantasia, o imaginário... Não é,

portanto, o objetivo final da educação da criança pequena, mas apenas parte e

conseqüência das relações que a criança estabelece com o meio natural e social, pelas

relações sociais múltiplas entre as crianças e destas com diferentes adultos ( e destes entre

si). Este conjunto de relações, que poderia ser identificado como o objeto de estudo de uma

didática da educação infantil, é que , num âmbito mais geral, estou preferindo denominar

de Pedagogia da Educação Infantil ou até mesmo mais amplamente falando, de uma

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Pedagogia da Infância, que terá, pois, como objeto de preocupação a própria criança: seus

processo de constituição como seres humanos em diferentes contextos sociais, sua cultura,

suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais.

18

É um fato que permanece o problema relativo aos conhecimentos específicos. Se

não do ponto de vista do ensino, pois não é objetivo da educação infantil ensinar

conteúdos, pelo menos o problema se coloca do ponto de vista da formação dos

professores de creche e de pré-escola, pois a se considerar a multiplicidade de aspectos,

saberes experiências exigidas, coloca-se em questão quais domínios necessariamente

devem fazer parte da formação do

professor neste âmbito.

As peculiaridades da criança nos primeiros anos de vida, antes de ingressar na

escola fundamental, enquanto ainda não é “aluno”, mas um sujeito-criança em

constituição, exige pensar em objetivos que contemplem também as dimensões de cuidado

e outras formas de manifestação e inserção social próprias deste momento da vida. Estes

objetivos não são antagônicos aos do ensino fundamental, principalmente se considerarmos

as crianças de 7 a 10 anos, alunos das séries inicias. Considero, inclusive, que estes

objetivos ( e muitos outros definidos para a creche, a pré-escola e o ensino fundamental)

tenham elos comuns. Ousaria até dizer que uma mesma orientação nesses níveis poderia

favorecer o rompimento com parâmetros pedagógicos estabelecidos apenas a partir de uma

infância em situação escolar, incorporando parâmetros resultantes das novas formas de

inserção social da criança em instituições educativas tais como a creche e outras

modalidades nesta faixa etária. Alguns exemplos destes novos parâmetros seriam o

fortalecimento da relação com a família na gestão e no projeto pedagógico, bem como a

ênfase nos âmbitos de formação relacionados à expressão e às artes.

Não é por acaso que prefiro o termo educar no contexto da educação infantil. Este

termo parece dar uma caráter mais amplo que o termo ensinar que, em geral, refere-se mais

diretamente ao processo ensino-aprendizagem no contexto escolar. Como já disse, o

aspecto cognitivo privilegiado no trabalho com o conteúdo escolar, no caso da educação

infantil, não deve ganhar uma dimensão maior do que as demais dimensões envolvidas no

processo de constituição do sujeito/criança, nem reduzir a educação ao ensino. De fato, a

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meu entender, isto deveria valer também para as séries inicias do ensino fundamental,

embora seja o ensino o seu objetivo principal.

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Na educação das crianças menores de 6 anos em creches e pré-escolas, as relações

culturais, sociais e familiares têm uma dimensão ainda maior no ato pedagógico. Apesar do

compromisso com um resultado escolar que a escola prioriza e que, em geral, resulta numa

padronização, estão em jogo na Educação Infantil as garantias dos direitos das crianças ao

bem-estar, à expressão, ao movimento, à segurança, à brincadeira, à natureza, e também ao

conhecimento produzido e a produzir. Apresentando componentes de interesse comum,

esses espaços educativos relacionados à educação e à criança, independentemente de sua

limitação etária (escolar ou não), necessitam, a meu ver, estabelecer um maior diálogo, que

podem inclusive potencializar as influências no sentido inverso do que tem se dado

tradicionalmente, ou seja, da educação infantil para a escola, já que o aluno é antes de tudo

a criança em suas múltiplas dimensões.

Entre as muitas inovações da LDB, está a definição da composição dos níveis

escolares.

No Título V “Dos níveis e modalidades de educação e ensino”, encontramos: “A

educação compõe-se de: I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio; II – educação superior”. ( art. 21)

Pela primeira vez na história da educação no Brasil, a educação infantil é

contemplada pela legislação, sendo regulamentada como “primeira etapa da educação

básica” e tendo “como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de

idade”. (art. 29). Fica, assim, implícito que o ensino fundamental destina-se às crianças a

partir dos sete anos. Isto é reforçado no Título III “Do direito à educação e do dever de

educar”, que garante o ensino fundamental, obrigatório e gratuito para todos, e o

atendimento gratuito às crianças de zero a eis anos de idade, em creches (0 a 3 anos) e pré-

escolas (4 a 6 anos). ( art. 4º e art. 30)

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O Título IV “Da organização da educação nacional” inova também, ao definir que a

“a União, os estados, o distrito federal e os Municípios organizarão, em regime de

colaboração, os respectivos sistemas de ensino”( art. 8º). Nos artigos seguintes (9º ao 19º)

são explicitadas as incumbências e competências de cada uma das instâncias: União,

20

estados e Distrito federal, Municípios, estabelecimentos, docentes. A educação infantil é

responsabilidade dos sistemas municipais de ensino (art. 11) e os estabelecimentos

incumbem-se da elaboração e execução de sua propostas pedagógica com a participação

dos docentes (art. 12 e 13).

Evidenciam-se, nesse Título, as principais características da nova Lei: a

descentralização, a autonomia, a flexibilidade, a participação e a democracia.

Para garantir a unidade nacional, é criado o Conselho Nacional de Educação

(CNE), com funções normativas e de supervisão ( art. 9º). Tudo deverá ser feito em

consonância com as diretrizes e os planos nacionais de educação ( art. 10). Ou seja, as

resoluções estaduais e municipais e as definições regimentais escolares não podem

contradizer a LDB, lei maior do País, e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).

Que significado têm essas informações para o cidadão comum?

Vamos dar um exemplo: um pai quer matricular seu filho de seis anos no ensino

fundamental e tem seu pedido recusado pela escola. Para a criança de 6 anos, a lei garante

a matrícula na pré-escola. Mas também não proíbe sua inclusão no ensino fundamental.

Cabe aso estado e Municípios definirem que serão atendidas prioritariamente as crianças

de sete anos, podendo, se houver vagas após o cadastramento escolar, receber as crianças

de seis anos. Isto deverá estar explicitado no regimento Escolar de cada escola, atendidas

as resoluções do Conselho Estadual de Educação ( CEE ) e da Secretaria estadual ou

Municipal de educação.

Em Minas, o Parecer nº 1.132/97, que dispões sobre a educação básica, define: “O

ensino fundamental, obrigatório e gratuito na escola pública, com a duração mínima de

oito anos, abrange a faixa etária a partir de sete anos, podendo ser antecipada para os seis

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anos, em caráter facultativo”. Resolve-se assim o problema da inclusão da criança de seis

anos, uma vez que não há mais classes de pré-escola nas escolas estaduais.

Em caso de dúvida, os pais podem fazer uma consulta, ou denúncia, à Secretaria

Estadual de Educação , ou à Superintendência Regional.

21

As questões educacionais, porém., não se resolvem apenas no âmbito legal. Há que

se considerar também os aspectos psicopedagógicos e sócio-cultural, que a lei nem sempre

contempla.

A hora certa da escola é o momento em que a criança apresenta as condições

necessárias para as atividades e exigências do nível de escolarização em que é incluída. O

principal critério de decisão será, pois, o desenvolvimento da criança – e não o desejo dos

pais ou a autoridade da escola. Nenhum educador tem o direito de apressar o

amadurecimento de uma criança. A infância deve ser respeitada e atendida em suas

necessidades básicas. O brincar e o movimentar-se são necessidade e direito da criança.

Não há razão que justifique acelerar o processo de desenvolvimento infantil, matriculando

a criança fora da faixa etária ou de seu estágio evolutivo.

Percebe-se, atualmente, que muitas crianças moram em apartamentos e os pais , aos

fins de semana, não saem de casa. Elas acabam não tendo espaço para brincar,

provavelmente assim, não desenvolvendo todas as suas possibilidades motoras ficando

limitada ao que lhe é oferecido na escola. Daí a importância de um programa na área da

educação física bem elaborado. Em nossa escola temos um programa anual que envolve a

realização de diversas atividades durante o ano, dando-se ênfase a psicomotricidade

educacional.

É na educação de base que se promove o equilíbrio psicosocial da criança,

possibilitando seu desenvolvimento criativo, emotivo e racional. Partindo de sua vivência,

busca ampliar a percepção da realidade, estimulando o raciocínio, a psicomotricidade, a

convivência harmoniosa e a curiosidade pelo conhecimento.

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Dessa forma, através das atividade vivenciadas a criança é questionada e estimulada

a refletir e a sentir sobre a experiência proposta, descobrindo a teoria a partir da prática.

Sabemos que as crianças, desde muito pequenas, elaboram conhecimentos e

constróem a sua personalidade nos múltiplos espaços de sua vida onde isto é possível. Os

22

referenciais, neste sentido, propõem uma organização curricular que estabeleça uma

diferenciação entre vários espaços de experiências possíveis, definindo dois grandes

âmbitos de experi6encia: formação Pessoal e Social, e Conhecimento de Mundo.

Em Formação Pessoal e Social, está o eixo de trabalho que favorece os processos

de construção da Identidade e Autonomia das crianças. Está organizado de modo a garantir

o desenvolvimento de capacidades de natureza global e afetiva das crianças: seus modos de

interação com outros e com o meio. O trabalho neste âmbito pretende levar as crianças a

conviverem com os outros e consigo mesmo de modo respeitoso e numa atitude básica de

aceitação. No âmbito de Conhecimento de Mundo estão os trabalhos orientados para a

construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com

os objetos e conhecimento: Música, Artes, Linguagem Oral e Escrita, Matemática,

Natureza e Sociedade.

A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, com um trabalho

complementar entre a Instituição e a família.

Para o melhor desenvolvimento da criança, ela deve ser agente de sua própria

história e a valorização de sua história, seus conhecimentos e de tudo o que está ao seu

meio é fundamental para que sua ação no mundo seja crítica e cidadã.

Nesta perspectiva pedagógica, considerando sempre a grande importância deste

primeiro contato da criança com o ambiente escolar, a socialização é um fator de extrema

importância a ser desenvolvido nesta faixa etária da Educação Infantil, deixando claro que

é preciso que a criança compreenda a necessidade de se relacionar bem com as pessoas

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próximas a ela, assim como a amplitude das relações em que está inserida, dando à mesma

constante exercício da cidadania, promovendo o resgate de valores, pluralidade cultural,

respeito ao meio ambiente e responsabilidades.

PARTE 2

O LÚDICO E A EDUCAÇÃO INFANTIL: QUAL É A IMPORTÂNCIA?

O homem necessita se comunicar: a comunicação é a base da vida em sociedade.

Para se comunicar ele criou várias linguagens: a do rabisco, a do desenho, a da dança, a da

pintura, até chegar à palavra. De todas as linguagens criadas pelo homem, a palavra é a

mas utilizada é através dela que ele esclarece o rabisco, explica o desenho, a dança, a

pintura, as expressões matemáticas, os sinais de trânsito, etc.

Na Educação Infantil, a aprendizagem é concebida com um processo em que devem

ser respeitados os ritmos, as descobertas e as características individuais. Para que isso

aconteça , devemos fazer uso de uma metodologia especializada que promove nas crianças

o desejo de construir conhecimentos. E, para construir esses conhecimentos, desenvolver

as habilidades necessárias e competências para exercer a sua cidadania plenamente, só

precisamos de gente com gente. Do contato físico da criança com outra criança, da troca,

da brincadeira, da interação.

Veja a seguir uma matéria publicada na Folhinha de São Paulo, edição de 23 de

janeiro de 1996:

“ A senhora que é mãe já reparou como as crianças de hoje não sabem mais

brincar? Confundem os folguedos, brincam erradamente e não há um entendimento entre

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os praticantes. A senhora nunca presenciou duas ou mais crianças discutirem quanto ao

modo de brincar de um determinado folguedo? Na minha opinião, os folguedos trazem

uma mensagem de amor, de fraternidade, que preparam as crianças para receberem uma

boa educação para que, desse modo, ela tenha uma vida mais sossegada e livre de

interferências externas.

24

Numa tentativa de salvar os folguedos, a FOLHINHA DE S.PAULO está

empenhada num trabalho de levantamento de todos os existentes. Para tal, peço que os

leitores enviem um lista detalhada mencionando todos os folguedos que conhecem, aqui

para a FOLHINHA – Alameda Barão de Limeira, 425. Estes folguedos, depois de

reestruturados com o auxílio de Educadores, serão classificados, divididos e colocados nos

devidos lugares. Eles sem dúvida tornarão as crianças mais crianças, destruirão as

inimizades, acabarão também com os complexos e ao mesmo tempo convidarão as

crianças para a prática do esporte na forma tão extraordinária, mas pensem bem: se os

folguedos tornarem as crianças mais crianças, este fato concorrerá para a eliminação ou

pelo menos redução do número de delinqüentes, pois quando os garotos se sentem

realizados como crianças não procurarão faze-lo de outra forma, como, por exemplo,

fumando ou indo atrás de más companhias para tanta traquinagem que existe por aí. Essa é

a minha opinião.”

O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, e apesar de nele

predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba por prender a criança à

realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o “faz de conta”,

mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta

e as relações do mundo real. Por essa via, quando a criança estiver mais velha, é possível

estimular a diminuição da atividade centrada em si própria, para que ela vá adquirindo uma

socialização crescente. Na pré-escola, o raciocínio lógico ainda não é suficiente para que

ela dê explicações coerentes a respeito de certas coisas. O poder de fantasiar ainda

prepondera sobre o poder de explicar. Então, pelo jogo simbólico, a criança exercita não só

sua capacidade de pensar, ou seja, representar simbolicamente suas ações, mas também,

suas habilidades motoras, já que salta, corre, gira, transporta, rola, empurra, etc. Assim é

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que se transforma em pai/mãe para seus bonecos ou diz que uma cadeira é um trem.

Didaticamente devemos explorar com muita ênfase as imitações sem modelo, as

dramatizações, os desenhos e pinturas, o faz-de-conta, a linguagem, e muito mais, permitir

que realizem os jogos simbólicos, sozinhas e com outras crianças, tão importantes para seu

desenvolvimento cognitivo e para o equilíbrio emocional.

25

Piaget descreve quatro estruturas básicas de jogos infantis, que vão se sucedendo e

se sobrepondo nesta ordem: Jogo de exercício, Jogo simbólico/dramático, Jogo de

construção, Jogo de regras. A importância do jogo de regras, é que quando a criança

aprende a lidar com delimitação, no espaço, no tempo, no tipo de atividade válida, o que

pode e o que não pode fazer, garante-se uma certa regularidade que organiza a ação,

tornando-a orgânica. O valor do conteúdo de um jogo deve ser considerado em relação ao

estágio de desenvolvimento em que se encontra a criança, isto é, como a criança adquire

conhecimento e raciocínio educacional: Proposição de alguma coisa interessante e

desafiadora para as crianças resolverem. Permitir que as crianças possam se auto-avaliar

quanto a seu desempenho. Permitir que todos os jogadores possam participar ativamente,

do começo ao fim do jogo

Para Piaget os estágios e períodos do desenvolvimento caracterizam as diferentes

maneiras do indivíduo interagir com a realidade, ou seja, de organizar seus conhecimentos

visando sua adaptação, constituindo-se na modificação progressiva dos esquemas de

assimilação. Os estágios evoluem como uma espiral, de modo que cada estágio engloba a

anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas para os estágios, mas sim que estes se

apresentam em ma seqüência constante. Ângela M. Brasil Biaggio (1976) traça um

esquema muito claro do desenvolvimento intelectual, segundo Piaget, discorrendo sobre os

estágios propostos por ele:

1. Estágio Sensorio-Motor, mais ou menos de 0 a 2 anos: a atividade intelectual

da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica desse período é a

ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os objetos. Sua

ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual

futura. A estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio para o outro.

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2. Estágio Pré-Operacional, mais ou menos de 2 a 6 anos: ( Biaggio destaca que

Em algumas obras Piaget engloba o estágio pré-operacional como um subestágio doe

estágio de operações concretas): a criança desenvolve a capacidade simbólica; “Já não

depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um

significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa ( o objeto ausente), o

26

significado”. Para a educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento

simbólico. Este período caracteriza-se pelo egocentrismo, isto é, a criança ainda não se

mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional é

estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-los em um todo; pelo

desequilíbrio há uma predominância de acomodações e não das assimilações; pela

irreversibilidade. A criança parece incapaz de compreender a existência de fenômenos

reversíveis, isto é, que se fizermos certas transformações, somos capazes de restaurá-las,

fazendo voltar ao estágio original, como por exemplo, a água que se transforma em gelo e

aquecendo-se volta à forma original.

3. .Estágio das Operações Concretas, mais ou menos dos 7 aos 11 anos: a criança

já possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se em todos

integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a

totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da

substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora representados, sua

flexibilidade de pensamento permite um sem número de aprendizagens.

4. Estágio das Operações Formais, mais ou menos dos 12 anos em diante: ocorre

o desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato. A criança se liberta inteiramente

do objeto, inclusive o representado, operando agora com a forma ( em contraposição a

conteúdo), situando o real em um conjunto de transformações. A grande novidade do nível

das operações formais é que o sujeito torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre

proposições em que não acredita, ou que ainda não acredita, que ainda considera puras

hipóteses. É capaz de inferir as conseqüências. Têm início os processos de pensamento

hipotético-dedutivos.

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O mundo da fantasia, da imaginação, do faz-de-conta, do jogo, da brincadeira, além

de prazerosos, é também um mundo onde a criança está em exercício constante, não apenas

nos aspectos físicos ou emocionais, mas, sobretudo no aspecto intelectual. O mundo do

lúdico é, de certa forma, essencialmente abstrato, seja através do cavalinho de pau, do

27

pega-pega ou dos jogos de mesa. E é neste contexto que , para haver a diversão, a criança

deve apelar para o processo imaginativo. Um exemplo clássico desse processo imaginativo

é o conhecido RPG (Role Playing Game). Esse jogo depende exclusivamente do processo

criativo e imaginativo onde crianças e jovens criam e jogam em mundos de fantasia.

Outras atividades lúdicas podem repartir a fantasia e a imaginação com o concreto,

como é o caso da brincadeira de cavalinho de pau, onde muitas vezes o cavalinho é feito

com um cabo de vassoura que estava a mão no momento. Embora a criança que brinca

saiba que se trata de um cabo de vassoura, não o trata dessa forma, mas sim como um

cavalo real, atribuindo a ele inclusive características físicas como cor e tamanho, além de

características comportamentais, como calmo ou agressivo. Nesta brincadeira, o quintal

onde atua a criança também se transforma aos seus olhos, pois deixa de ser o quintal de sua

casa para se tornar um mundo onde está cavalgando. Este tipo de brincadeira divide a

imaginação e a fantasia com artefatos concretos ( o cabo de vassoura e o quintal), que

atuam como recursos de apoio ao abstrato, realçando e fortalecendo o lúdico da atividade.

A atividade lúdica é, antes de mais nada, uma demonstração plena do exercício da

abstração. É certo que a atividade em si exercita o físico e promove uma maior

compreensão do esquema corporal, pois as atividades lúdicas ajudarão a criança a

equilibrar suas emoções uma vez que estará descarregando tensões acumuladas. Essas

atividades reforçarão sua auto-estima e aumentarão a sua confiança em lidar com os seus

colegas e mundo em que vive. No entanto, queremos ressaltar que através do faz-de-conta

as crianças promovem e exercitam também o seu raciocínio abstrato. Uma criança poderá,

por exemplo, estar brincando com um osso imaginando que este é um cavalo, ou brincando

com uma bola imaginando que ela mesma é um grande jogador de futebol. A criança estará

fazendo uso da abstração para construir ou conceber na imaginação um mundo seu.

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Toda essa carga criativa estará exercitando o ato abstrativo, pois é através dele que

ela é capaz de separar mentalmente um ou mais elementos de uma totalidade complexa, de

um mundo complexo que ela ainda não entende. E por conta dessa necessidade de

compreensão do mundo onde a criança vive, ela não apenas se diverte com o lúdico, mas

também cria um ambiente de simulação para si e seus colegas com variáveis controladas.

28

O controle é feito de diversas formas, seja abrindo a água do quintal para abstrair uma

chuva, ou mesmo tempestade, seja acendendo fósforos para abstrair explosões ou então

usando espuma de sabão para simular a neve. A cada novo mundo criado, também são

criados obstáculos específicos que precisam ser resolvidos e vencidos, e a diversão desses

mundos está exatamente em resolvê-los, superando as expectativas e as ansiedades criadas.

São nestes mundos de fantasia que as crianças vivem simulações repletas de

simbolismos e abstrações. Abstraem o brinquedo, a situação, os comportamentos e os

resultados da brincadeira. Vivenciam tudo isso com muita energia e dedicação. A abstração

é construída e exercitada passo a passo, em cada jogo, em cada brincadeira, em cada

pegadinha de criança. Neste contexto se engana quem pensa que a criança apenas se

diverte neste momento. De fato, ela leva o lúdico muito a sério.

Neste ambiente de simulação, a criança também pode ser dar o luxo do erro, do

“vamos fazer para ver o que acontece”. Este ambiente mental permite que ela erre

livremente, sem medo de punição que agregue sofrimento, pois neste ambiente, a punição

faz parte do jogo, até mesmo porque a punição também tem um sentido lúdico neste

momento. A presença do erro transforma o brincar em um exercício de preparação para

vida, que utiliza, para a sua simulação, o processo abstrativo. Errando a criança pode sentir

e examinar as consequências do seu ato como se nada tivesse acontecido. E poderá

repetira, e repetir, e repetir, quantas vezes forem necessárias para superar o obstáculo e

conquistar sua autoconfiança. O brincar, o jogo e suas regras são, de certa forma, uma

abstração da própria vida, não na sua complexidade, mas na raiz da sua natureza.

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Uma criança que possui a presença da atividade lúdica em sua vida, exercita a

abstração com freqüência, pois através deste processo estará forçando a imaginação para

criar os mundos mentais necessários à interpretação do jogo. Sem o recurso da livre

imaginação, não poderá compreender um cavalinho de pau, ou mesmo o simbolismo

envolvido num jogo mais complexo.

29

“Toda criança tem o direito ao descanso e ao lazer, a participar de atividade de

jogo e recreação, apropriadas à sua idade, e a participar livremente da vida cultural e

das artes”

( art. 31 Convenção dos Direitos da Criança – ONU).

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PARTE 3

JOGOS, BRINCADEIRAS E OUTRAS COISAS MAIS...

Jogos, brincadeiras e outras coisa mais... foi o nome do projeto que norteou uma

série de construções significativas na escola em que trabalho como professora de Educação

Infantil. Vou agora apresentar algumas experiências relevantes que me ajudaram a

pesquisar e dissertar sobre esse universo infantil. A culminância do projeto foi a

participação de todos em uma Gincana. Para os pequenos, gincana é pura diversão. Quando

eles próprios participam da criação, melhor ainda. E, se aproveitam para exercitar contas e

nomes, a brincadeira vira uma aula inesquecível...

A gincana consumiu três meses de trabalho e teve início com uma discussão sobre a

importância do reaproveitamento de materiais. Os alunos fizeram um levantamento dos

objetos que costumavam jogar fora em casa e deram idéias do que poderia ser feito com

eles. Depois, confeccionaram juntos os brinquedos da gincana, contando com a

colaboração dos pais, que ajudaram na coleta das sucatas. Nós tínhamos dois objetivos

principais com a atividade: fazer as crianças entenderem a importância da reciclagem de

materiais e aplicar conceitos básicos de Português e Matemática a partir das brincadeiras.

No período de pré – alfabetização, por volta dos 5 anos de idade, a melhor forma de

introduzir as crianças no universo das letras e dos números é brincando. E se essas

brincadeiras poderem ser construídas por elas mesmas, com sucatas, melhor ainda.

Trabalhando na confecção dos brinquedos, elas ficam mais envolvidas na atividade. Lata

de batatas fritas virou pino de boliche, que virou conta de subtração. A embalagem de leite

longa vida virou depósito de letras, que virou painel com o nome de cada criança. Quem

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conseguia associar o nome de um bicho com o desenho dele, tinha direito a atravessar um

túnel que levava ao “grande prêmio”: a piscina de bolinhas, feita pelos próprios alunos

com fundos de garrafa plástica. É desse jeito, transformando sucatas em jogos, e estes em

aprendizagem, que nós ensinamos as primeiras operações matemáticas aos nossos alunos

do Jardim III. A gincana “Caminho Lúdico” é formada por cinco brincadeiras, todas

confeccionadas pelos próprios alunos a partir de sucata, cada uma com um objetivo

pedagógico diferente.

31

As crianças levavam cerca de 10 minutos para percorrerem todo o circuito.

Seguiam por um caminho feito com caixas de papelão desmontadas e orientavam-se por

placas que indicavam a direção e os nomes das brincadeiras. A sinalização foi feita com

cartolina presa e cabos de vassoura e sustentada por latões com areia.

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32

CONCLUSÃO

É inevitável que a “brincadeira” é a atividade primorial na infância. A situação

lúdica que se instaura ganha caráter de “orientação”, ou seja, de facilitação de tarefas

objetivadas pelo professor, sem que se questione sobre a forma singular d jogo, sobre qual

é realmente o objetivo deste.

A brincadeira é uma forma da criança constituir-se como indivíduo formulando e

compartilhando significados. Na perspectiva sócio-cultural, brincar traduz a forma como as

crianças interpretam e assimilam o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos das

pessoas. É uma maneira de conhecer o mundo adulto sem adentrar neste mundo realmente.

Brincar é uma forma de atividade social infantil, cujo aspecto imaginativo e diverso do

significado cotidiano da vida fornece oportunidade educativa para as crianças.

Segundo Vygotsky, “através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa

esfera cognitiva que depende de motivação interna, podendo se utilizar de materiais que

servirão para representar uma realidade ausente”.

Vale ressaltar que os valores podem, através da brincadeira, internalizados pela

criança na medida que está em contato com estes valores em sua diária. Neste contexto,

percebe-se nitidamente a importância das atividades lúdicas no processo de construção do

conhecimento.

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À medida que a criança utiliza-se da brincadeira, do lúdico, ela interage com o

outro, com o objeto e consigo mesma, desenvolvendo a linguagem, função esta que

organiza todos os processo mentais da criança, dando forma ao pensamento.

33

De acordo com Piaget, os jogos e as atividades lúdicas tornam-se mais

significativas à medida em que a criança se desenvolve; com livre manipulação de

materiais variados, ela passa a reconstituir, reinventar as coisas, o que já existe uma

adaptação mais completa. Essa adaptação só é possível a partir do momento em que ela

própria evolui internamente, transformando essas atividades, que é o concreto da vida dela,

em linguagem escrita, que é o abstrato.

Criança gosta de brincar e também de aprender através da brincadeira. Vejo isso todos os

dias em minha sala de aula, onde em uma brincadeira, como o jogo, que é uma

representação simbólica, todos incorporam seus personagens e espontaneamente os

dirigem. Contudo, percebo que a criança, através da brincadeira, desenvolve muito mais a

sua criatividade e melhora a sua conduta no processo de aprendizagem.

Vejo o lúdico como método auxiliar em meu trabalho e estou cada dia mais

fundamentando meus estudos nesta área. O jardim de infância, isto é, a Educação Infantil,

é o alicerce para toda uma vida.

O grande trunfo das atividades lúdicas é o fato de elas estarem centradas na emoção

e no prazer, mesmo quando o jogo pode trazer alguma angústia ou sofrimento. Nestes

casos, quando a criança exprime emoções consideradas negativas, o jogo funciona como

uma “catarsis”, uma limpeza da alma, que dá lugar para que outras emoções mais positivas

se instalem.

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Sentimentos como raiva, tristeza ou frustação faz parte da nossa vida diária. Poder

exprimi-los através de um jogo, uma brincadeira, não só nos aliviará do fardo, como nos

ensinará a utilizar o humor de forma a fortalecer nossa resistência. Chutar uma bola ou

virar cambalhota podem ser maneiras saudáveis de liberar aquela adrenalina concentrada

em nosso organismo e que, muitas vezes, não permite nos concentrarmos nas atividades

mentais, incluindo o aprendizado.

34

Felizmente, pouco a pouco, os muitos especialistas, e os nem tanto, estão

percebendo o peso e a importância do lúdico para o desenvolvimento saudável, não só de

crianças e adolescentes, mas também de adultos de qualquer idade.

Certa vez, li em algum lugar, de que forma fôra negociada a primeira trégua entre árabes e

judeus, no Oriente Médio. O Primeiro Ministro da Noruega, que era o mediador do

conflito, reunir em sua casa, em Oslo, representantes dos dois lados; estes discutiam

acaloradamente quando a esposa do Primeiro Ministro entrou na sala com um lanche,

acompanhada do filho de 6 anos e alguns brinquedos. Enquanto os adultos comiam, o

pequeno sentou-se no chão e começou a brincar. Imediatamente, talvez por deferência aos

donos da casa, autoridades dos dois lados começaram a brincar com o menino e

perceberam como seria bom se seus filhos pudessem fazer o mesmo. Nesse mesmo dia, a

Paz foi negociada.

Este é um fato real e, embora os conflitos no Oriente Médio ainda permaneçam,

ficou evidente o poder da brincadeira como fomentadora da paz e da boa entre as pessoas.

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17. PERRONE, Ercília. Creche – Pré-escola Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

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18. RCNEL. Referencial Crricular Nacional para educação Infantil. MEC – Ministério da

Educação e Cultura.

19. REVERBEL, Olga. Jogos Teatrais na escola – atividades globais de expressão. Arte-

Educação Série Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Spcione, 1993.

37

WAJSKOP, Gisela. Brincar na Pré-escola. Questões da Nossa Época. V. 48. São Paulo

Cortez, 2001

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JOGOS E BRINCADEIRAS – Anexos :

1. RUA DAS LETRAS: A DESCOBERTA DO ALFABETO

Caixas com as letras do alfabeto foram enfileiradas, em ordem, na “calçada” de

uma miniatura de rua. Cada caixa, com a letra grafada na parte externa, continha diversas

letras iguais, recortadas. As crianças passaram pelo meio da via escolhendo as letras

necessárias para formar o seu nome, que deveria ser colocado num grande painel. Além de

melhorar a memorização das letras, esta atividade ajuda as crianças a treinar a ordem

alfabética, no momento de arrumar as latas para o início da brincadeira.

2. BOLICHE: ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO

Cada bola lançada obrigava a criança a fazer uma conta de subtração para saber o

número de pinos derrubados. Ao final das três tentativas a que tinham direito, os

participantes usavam novamente a Matemática para saber o total de pontos. A atividade

continuou na sala de aula, quando cada aluno falava seus pontos para que a professora

anotasse os valores num gráfico de colunas. Aproveitamos para mostrar a eles a

importância dos gráficos, já que era bem fácil visualizar os pontos de todos dessa forma.

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3. A BOCA DO SAPO: FAZENDO CONTAS E TABELAS

Cada criança recebia bolinhas com pontuação de um a cinco. Objetivo era acertá-

las dentro da boca do sapo. Com a ajuda da professora, os alunos criaram uma tabela onde

anotavam os pontos. Novamente, exercício com gráficos e contas.

39

4 . TÚNEL: ASSOCIAÇÃO ENTRE TEXTO E IMAGEM

Para passar no túnel, a criança sorteava uma figura e encontrava, na outra caixa, o

nome correspondente. Nesta brincadeira, importante para quem está começando a se

acostumar com as primeiras palavras escritas, foi feita a associação entre a figura e sua

representação escrita.

5. LENÇO ATRÁS

Formação inicial: sentar em círculo; um participante fica fora do círculo, segurando

um lenço.

Objetivo: coordenação motora ampla.

Desenvolvimento: o jogador que estiver segurando o lenço corre em volta do círculo,

deixando-o cair atrás de uma das crianças. Quando esta perceber, deve apanhar o lenço e

correr atrás do jogador que o deixou cair, tentando pegá-lo antes que ele atinja o lugar vago

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no círculo, permanecendo aí até o final. A criança que estiver de posse do lenço dá

continuidade ao jogo, correndo ao redor do círculo e deixando o lenço cair atrás de outro

jogador.

40

6. VÔO DAS BORBOLETAS

Formação inicial: de um lado ficam as crianças que serão as borboletas. No lado

oposto, colocar objetos (lata vazias, copinhos plásticos etc.), representando as flores.

Objetivos: coordenação motora ampla; Orientação temporal; discriminação

auditiva.

Desenvolvimento: A um sinal, as criança começaram a correr na ponta dos pés,

elevando e abaixando os braços, imitando as borboletas voando em direção às flores. Num

dado momento, a professora faz outro sinal previamente combinado (palmas, apito etc),

simbolizando que o sol está se escondendo. As “borboletas” devem chegar nas “flores”

antes que o Sol se esconda, isto é, antes do sinal ser dado.

7. FUGA DOS PÁSSAROS

Formação inicial: formar um círculo; três ou quatro participantes ( que serão os

pássaros) ficam no interior do círculo.

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Objetivos: coordenação motora ampla; atenção; Orientação espacial.

Desenvolvimento: as crianças da roda giram, enquanto cantam uma música

qualquer. Quando terminarem, os “pássaros”( crianças que estão dentro da roda) procuram

fugir, tentando sair do círculo, por debaixo dos braços de seus colegas, que, por sua vez,

tentam impedir a fuga dos pássaros. O jogo recomeça com a escolha de outras crianças que

imitarão os pássaros.

41

8. BOCA DE FORNO

Formação inicial: fica dispostos à vontade. Um jogador será o “mestre”.

Objetivos: Coordenação motora; Linguagem; Orientação espacial.

Desenvolvimento: o “mestre” inicia o diálogo e os demais participantes respondem:

_Boca de forno.

_ Forno.

_ Assar bolo.

_ Bolo.

_ Farão tudo o que o mestre mandar?

_ Faremos tudo com muito gosto.

O “mestre” dá ordens, que serão executadas por todos. Por exemplo:

• Imitar um sapo;

• Dançar;

• Pular;

• Dar um passo à frente;

• Erguer o braço direito, etc.

O jogo recomeça com a escolha de outra criança que fará o papel de “mestre”.

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42

9. COELHINHO NA TOCA

Formação inicial: os participantes formam um grande círculo, divididos em trios;

dois ficam de mãos dadas ( formando a toca) e o terceiro fica no meio, representando o

coelhinho. No centro do círculo ficam duas ou mais crianças que serão os coelhinhos sem

toca.

Objetivos: Coordenação motora ampla ; Atenção

Desenvolvimento: a um sinal combinado, todos os coelhos mudam de toca, e as

crianças qe estão no centro da roda tentam ocupar um dos lugares vagos. Os que ficarem

sem toca irão para o centro, dando continuídade ao jogo.

FIGURA 1

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10. DESVIE DAS GARRAFAS

Formação inicial: Colocar várias garrafas de plástico vazias uma ao lado da outra (

o espaço entre elas será maior ou menor, dependendo da habilidade dos participantes). Os

jogadores formam duas filas, afastadas vários metros das garrafas.

43

Objetivos: Coordenação visomotora; atenção: Orientação espacial.

Desenvolvimento: o primeiro jogador de cada coluna lança a bola, fazendo-a

deslizar pelo chão, na direção do espaço existente entre duas garrafas. A bola não poderá

tocar ou derrubar as garrafas; ela terá de ultrapassar as garrafas, passando pelo espaço entre

uma e outra. O jogador que lançou a bola deverá, depois pegá-la e entregá-la ao

companheiro de trás, que procede da mesma forma, e assim sucessivamente. Vence a

equipe cujos jogadores derrubarem o menor número de garrafas.

Figura 2

11. DANÇA DAS CADEIRAS

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Formação inicial: colocar, lado a lado, tantas cadeiras quantos forem os

participantes, menos uma, formação duas colunas de cadeiras, uma de costas para a outra.

Os participantes ficam enfileirados, em volta das cadeiras.

Objetivos: Coordenação motora ampla; Orientação espacial: Discriminação

auditiva; Atenção.

Desenvolvimento: a professora coloca uma música ou bate palmas, e todos andam

ao redor das cadeiras, e bem perto delas. De repente, a professora para a música ou para de

bater palmas, e cada jogador deve sentar-se na cadeira mais próxima. Aquele que ficar em

pé será eliminado. Tira-se uma cadeira em cada rodada, e o jogo recomeça com um menor

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número de elementos e de cadeiras. Vence o jogador que conseguir sentar até a última

rodada, quando restar apenas uma cadeira.

Fig. 3

12. DECOBRIR O OBJETO

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Formação inicial: sentar na sala, divididos em duas equipes, com número igual de

elementos.

Objetivo: Memória visual; Discriminação tátil.

Desenvolvimento: a professora coloca uma venda nos olhos do jogador de uma das

equipes, e lhe entrega um objeto. Ele deverá descobrir qual é o objeto através do tato, sem

vê-lo, apenas apalpando-o. Se acertar, sua equipe ganha um ponto. Em seguida, a

professora coloca a venda no jogador da outra equipe, que tentará descobrir, pelo tato, qual

45

é o outro objeto que lhe foi entregue. Acertando, sua equipe ganha um ponto. Vence a

equipe que, no final, tiver o maior número de pontos.

13. JOGO DA MEMÓRIA

Faixa etária: Este jogo, de fácil confecção, pode ser aplicado em diferentes faixas etárias,

modificando-se apenas o grau de dificuldade, o uso de material adequado e o número de

peças.

OBJETIVOS

Para pré-escolares:

• Trabalhar a coordenação motora fina

• Trabalhar atenção e concentração

• Desenvolvimento da criatividade

• Conceito matemático: o pareamento

• Aceitação de regras e limites

• Socialização no jogo (ganhar e perder)

• Trabalhar a ansiedade

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Para idade escolar:

• Podem ser trabalhados conteúdos de: matemática, estudos sociais, ciências, inglês,

língua portuguesa, música e educação artística, escolhendo-se temas apropriados a cada

dsiciplina e adaptando-se ao conteúdo proposto para fins de memorização.

• Trabalhar atenção e concentração

• Desenvolvimento da criatividade

• Aceitação de regras e limites

• Trabalhar a memória

• Em situação de clínica, trabalhar a ansiedade

• Trabalhar estratégia, planejamento e antecipação

46

MATERIAL

• Retângulos de 6 X 4 cm – para pré-escolares deverão estar prontos; para a criança em

fase escolar poderá ser pedido que calcule, risque e recorte as peças, em papel-cartão

• Réguas – diferentes tipos de réguas fornecerão mais recursos

• Tesoura

• Lápis de cor

• Canetas hidrográficas

ESTRATÉGIA

Consiste na montagem de pares de figuras diferentes. De acordo com a faixa etária,

aumenta-se o nível de dificuldades com aumento do número de cartões, a complexidade

das figuras e a proposta escolhida como tema do jogo.

EXEMPLOS:

Para pré-escolares

Oferece-se o material, que deverá ser trabalhado em duplas. As crianças poderão

desenhar o que quiserem, desde que todos os desenhos tenham um par de pareamento; em

seguida pede-se que as crianças distribuam os 20 cartões, sendo metade para cada um. Em

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situação de clínica, a dupla é a criança e o terapeuta, podendo-se deixar para concluir o

trabalho em outra sessão para trabalhar com a ansiedade infantil.

Para a fase escolar

As crianças deverão trabalhar em duplas, poderão planejar o tamanho dos cartões

dividir a folha de papel-cartão marcando, riscando e recortando os cartões no tamanho

desejado.

Com um tema previamente escolhido, por exemplo, para trabalhar estudos sociais,

pode-se fazer cartões com estados e capitais, ou simplesmente podem ser escritos os

nomes, sem desenhos. Neste caso, o uso de canetinhas hidrográficas é excelente.

Para a aplicação no estudo da língua inglesa

47

Podem-se desenhar as figuras e no seu par correspondente nomeá-las em inglês. Este

é um excelente material para memorização.

O JOGO

Depois de prontos, todos os cartões serão colocados com a parte desenhada voltada

para baixo, num arranjo feito em colunas para facilitar a memorização. Cada jogador

deverá levantar dois cartões, olhá-los e recoloca-los no seu lugar. Assim é feito até que

alguém consiga levantar um par, e então este jogador retira as peças do jogo e as mantém

em seu poder, quando são retirados da mesa todos os cartões, contando-se então o número

de cartões de cada participantes. Vence o jogo quem conseguir o maior número de cartões.

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48

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Encaixe do jogo

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14. JOGO DO MICO

Faixa etária: Pré-escolar

OBJETIVOS

• Identificação ( a criança irá identificar os animais e deus pares correspondentes, macho

e fêmea)

• Classificação ( animais e animais de uma fazenda)

• Exercitar a coordenação motora fina (pintando, recortando e, durante o jogo,

distribuindo cartas e retirando-as da mão do companheiro)

• Regras e limites

• Exercício e ganhar e perder (controle das emoções)

• Exercício de linguagem durante a sensibilização

• Conceitos matemáticos de divisão e pareamento

Este é um joguinho muito simples, tanto na sua confecção quanto no ato de jogar.

Constitui-se de um baralho com pares de animais e um único macaco, que é o azarão da

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história. Pode ser contada uma história sobre animais como sensibilização e elemento

motivador para a tarefa, da qual a criança poderá participar ajudando a construí-la.

EXEMPLO DE HISTÓRIA:

Numa fazenda muito grande, certo dia apareceu a galinha correndo e cocoricando

muito. Cocoricava tanto que todos os bichos correram para saber o que estava

acontecendo. Quem adivinha o nome dela?

Como galinha (...) não prava de cocoricar e ninguém conseguia entender nada, o

porco, como se chamava ele?, ficou muito irritado e começou a grunhir com ela:

Ronc, Ronc, dona galinha! Cocorique devagar para podermos entender!

Então ela se aclamou e cocoricou mais devagar.

50

- Vocês sabem quem vai se casar?

- O sapo regino com a sapa Eugênia, e vai ter uma festança para toda a bicharada

da Fazenda da Vovó Lurdoca!

- Há !há! há! Riram todos os bichos!

- Mas só serão convidados casais de bichos da fazenda. Vocês me ajudam a fazer os

convites? Não podemos esquecer ninguém!

A partir daí, a crianças relacionam todos os casais de bichos de uma fazenda, até

que sobra o macaco, que não tem par por isso não será convidado e, muito bravo, vai à

festa para acabar com ela.

MATERIAL

• Papel-cartão cortado em retângulos de 7 X 5 cm

• Carimbos de animais

• Figuras de animais de fazenda xerocopiadas

• Lápis de cor

• Canetas hidrográficas

ESTRATEGIA

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No lado liso dos cartões devem ser carimbadas ou colocadas as figuras de animais

que já foram relacionados pelas crianças. Essas figuras têm de aparecer aos pares e as

crianças deverão colocar as diferenças entre macho e fêmea com detalhes que elas

escolherão, com laço na cabeça ou vestido para identificar as fêmeas, gravata ou cachimbo

para os machos.

O JOGO

• Número de participantes: 2 a 4

• Inicia-se entre os participantes

• Cada jogador deverá, na sua vez e em ordem determinada, retirar do leque de cartas do

jogador posicionado à sua direita uma das cartas, assim sucessivamente. Quando

alguém forma uma par, retira-se do seu leque e o coloca sobre a mesa, virado com as

figuras para cima. Perde o jogo aquele que ficar com o macaco no final.

51

15. MICO ALFABÉTICO

Aplicação: escolar

Faixa etária: alfabetização

OBJETIVOS

• Trabalhar a relação entre figura e escrita

• Trabalhar a coordenação motora fina

• Trabalhar a memorização do alfabeto

• Trabalhar a socialização

MATERIAL

• Papel-cartão riscado no tamanho das cartas para a criança recortar

• Lápis de cor

• Canetas hidrográficas

• Tesoura

ESTRATÉGIA

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Em duplas, as crianças devem recortar o papel-cartão previamente riscado para a

formação das cartas do jogo. Cada criança deverá fazer o seu jogo. Em cada carta a criança

desenha pares de ma classe que escolher, pode ser de frutas, animais, brinquedos, flores e

assim por diante.

O critério básico é que todas as cartas pertençam a uma só classe e que contenham

pares semelhantes, mas que uma das figuras seja singular para representar o mico. Os

desenhos deverão ser coloridos livremente. Quando todas as cartas estiverem prontas, a

professora pede a cada um que mostre suas cartas, nomeando os desenhos. Dessa forma, a

professora pode fazer com que as crianças identifiquem a inicial de cada figura em seguida

a criança em sua carta.

EX: Marcelo desenhou uma bola. Com que letra começa a palavra bola?

Deve-se fazer o trabalho de identificação com todas as cartas de todas as crianças.

52

Em seguida, formam-se duplas para jogar. As regras são as mesmas do jogo do mico.

Este jogo pode ser facilmente adaptado à língua estrangeira, em que se coloca em

recipiente uma carta a figura e o par correspondente apresenta a forma escrita.

16. JOGO DE DOMINÓ

Faixa etária: Pré –escolar

Objetivos: Começar a reconhecer os números associando as cores

Material utilizado:

• Papel cartão ou borracha EVA

Números de participantes: 2 a 4 crianças

Regras do jogo:

• Embaralhe as peças e espalhe-as sobre a mesa com os pontos virados para baixo.

• Distribua 7 peças a cada participante. Se sobrarem algumas, deixe-as reservadas.

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• Um jogador sorteado coloca na mesa uma de suas peças, com os pontos voltados para

cima, para iniciar o jogo.

• O jogador da direita coloca outra peça ao lado da que está virada sobre a mesa,

observando o número de pontos das extremidades.

• Caso ele não tenha essa peça deverá “comprar” das que estão reservadas, até que

encontre uma que combine com a que está sobre a mesa. Se não encontrar, passa a vez

ao jogador seguinte.

• Vence o jogo quem colocar primeiro todas as peças sobre a mesa ou quem tiver o

menor número de pontos em mãos, caso nenhum dos participantes tenha a peça

necessária para continuar.

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Encaixe do dominó

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17. CABRA CEGA OU COBRA CEGA

É uma brincadeira de grande popularidade em que as crianças retratam os valores

de cada região. Aquela que de olhos vendados com um lenço, tem que capturar alguém ao

seu alcançe, movimentando-se às escuras. As crianças já de 6 anos de idade brincam bem

dessa brincadeira.

Costuma-se perguntar a cabra-cega de onde ela vem e o que carrega. As origens, as

quais as músicas se referem podem ser um estado, uma cidade, um quartel, uma vila ou o

sertão. As prendas: ouro, prata, cravo, canela, fubá, melado, farinha, requeijão, dependendo

de cada lugar.

Com letra única ou várias versões, a música desempenha um papel fundamental na

extensão do universo lúdico porque multiplica infinitamente as possibilidades do brincar

.Além de existir nas cirandas, elas são encontráveis nas brincadeiras entre meninas,

batendo as palmas das mãos, em que o número de participantes, o ritmo, ou a seqüência

dependem exclusivamente do acompanhamento musical.

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18. PULAR CORDA

Número de participantes: Pode ser uma criança ou três.

Regra tradicional:

- Comum – A corda vai girando e a criança pulando.

- Foguinho – Uma só corda girada bem rápido.

- Corda dupla – Duas voltas de corda giradas juntas. Pula-se a corda, segurada por duas

crianças ( ou pela criança que está pulando), esticada e deixada baixa no lugar onde se

vai pular, cantando:

Batalhão-lhão-lhão

Quem não entrar é um bobão

A bacaxi-xi-xi

Quem não sai é um saci.

55

- Quem é ?

- É o padeiro.

- O que quer?

- Dinheiro.

- Pode entrar que eu vou buscar o seu dinheiro, lá debaixo do travesseiro, na cama de

solteiro, 1,2,3

Variações:

- Usa-se uma corda de cerca de cinco metros. Duas crianças seguram as pontas e

começam a bater a corda para uma ou mais crianças pularem. As crinaças devem entrar

com a corda em movimento, sem tocá-la, seguindo, em alguns estados, o diálogo abaixo:

- Qual é a cor do seu namorado (a)? Preto, branco louro ou moreno?

- Qual a cor dos olhos dele (a)? Verde, azul, castanho ou preto?

- Quantos anos ele (a) tem?

E é dado início a contagem: 1, 2, 3... até o jogador cometer o erro, que é tocar a

corda em movimento.

Se o jogador conseguir saltar a corda executando toda a seqüência sem errar, pode

recomeçar o jogo.

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Quando cometer um erro, a criança passa a vez a outro jogador.

É muito animado também quando se tem versinhos para recitar.

- “Agá – Agá

- Galinha quer botar

- Tigê – tigê

- Mamãe me deu uma surra

- Fui parar no Tietê

- Por quê, por quê

- Por causa de você

- Senão, senão

- Te dou um beliscão”.

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Áreas desenvolvidas:

Área físico-motora

• Desenvolve aptidões de pular, resistência, coordenação, controle visomotor ( para

perceber o momento de pular).

Área social

• Há competição entre as crianças e um desafio de cada um no sentido de melhorar o

desempenho.

Área de linguagem

• Dado pelas cantigas.

Área cognitiva

• Conhecimentos matemáticos (contagem)

• Incentiva a criatividade de rimas e pulos diferentes

Área afetiva

• Paciência, esperar a vez.

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19. AMARELINHA

Número de participantes: Dois, três ou mais jogadores.

Regra tradicional: Seguindo traçados feitos no chão, cada criança terá sua vez de pular.

A criança deve jogar uma pedrinha, a começar pelo número 1.

Não pode pôr o pé na quadra quem estiver com a pedra, pulando-a e seguindo até

chegar à última. Na volta, deve pegar a pedra. Errando o pulo, pisando na linha, ou se a

pedra cair fora ou na linha do desenho, a criança perde sua vez.

57

Variações:

• Depois de terminada a rodada, nos moldes da anterior, seguem-se mas quatro rodadas:

1ª) deve-se carregar a pedra em cima do pé, em vez de jogá-la; descansando somente no

inferno.

2ª) a pedra deve ser equilibrada sobre os dedos indicador e médio de uma das mãos,

parando também no inferno para ajeitá-la.

3ª) Levar a pedra na testa. Quando achar dificuldade, pode perguntar aos companheiros:

“pisei?” ou “estou bem?” No inferno, deve se retirar a pedra para olhar o caminho de volta.

4ª) Fazer coroas. De costas para a academia, a criança joga a pedra por cima da cabeça. No

quadro em que cair, faz a coroa, isto é, um sinal de que somente aquela criança pode pisar

naquele quadro. Pode-se jogar a pedra 3 vezes, até acertar. Feita a coroa, as crianças a

enfeitam com a primeira letra do nome, desenham flores etc. Vence o jogo quem ficar

maior números de coroas. As partes da amarelinha denomina-se:

1,2 e 3 – quadros;

4 e 5 – asas;

6 – pescoço;

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7 inferno.

Áreas desenvolvidas:

Área físico-motora

• É necessário destreza corporal para pular alternando um e dois pés dentro do espaço

delimitado.

Área cognitiva

• Conceitos matemáticos: numerais, seqüência/ordem dos pulos e jogadas; noção

espacial; noção de começo, meio e fim.

Área afetiva

• As crianças lidam com a espera da sua vez (paciência, autocontrole); expectativa de

melhorar seu desempenho.

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Área social

• Ao pular paralelamente as crianças têm oportunidade de comparar. Há competição e

troca.

• Em relação às regras: podem ser simples no começo (por exemplo: pular com os pés

unidos e afastados, alternadamente; pular sem pedra); até outras possibilidades mais

complexas, adaptadas à faixa etária.

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f

59

20. APANHADOR DE BATATAS

Formação inicial: os participantes sentados, sendo que cada coluna de carteiras formará

uma equipe, com igual número de elementos.

Desenvolvimento: o primeiro jogador de cada coluna recebe uma colher de sopa com uma

batata. Dado o sinal de início, este passa a colher com a batata para o jogador sentado na

carteira de trás, este ao seguinte, e assim sucessivamente até chegar ao último elemento da

equipe. Quando este receber a colher com a batata, corre pelo espaço existente entre as

colunas e senta-se na primeira carteira, que já deve estar vazia, pois seus colegas de equipe

( sem atrapalhar a corrida do companheiro) passaram uma carteira para trás, deixando a

primeira vazia. Ao sentar-se, ele torna a passar a colher com a batata para o colega de trás,

até chegar ao último elemento procedendo da mesma forma que seus antecessores. Vence a

equipe mais rápida, isto é, a equipe cujo jogador iniciante chegar primeiro à sua carteira de

origem.

Objetivo: Coordenação motora ampla; Orientação espacial; Orientação temporal.

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21. GATO MIA

Número de participantes: Três ou mais jogadores.

Regra tradicional: Apaga-se a luz do recinto e as crianças se calam. A criança que foi

sorteada pergunta: “gato mia?”, e quem responder tem que disfarçar a voz para que a outra

não acerte pelo som da voz.

Áreas desenvolvidas

Área cognitiva

• Discriminação auditiva.

Área afetiva

• Há uma certa tensão, medo, emoção.

60

Área social

• Reconhecimento dos outros.

22. QUEM ESTÁ DIFERENTE?

Número de participantes: Três ou mais jogadores.

Regra tradicional: Forma-se um círculo; um participante fica fora da roda, com os olhos

vendados. Todas as crianças adotam a mesma posição, menos uma, que permanece

diferente das demais. A um sinal, o jogador retira a venda e procura encontrara, no círculo,

quem apresenta posição diferente dos demais. Inicialmente, a posição da “criança

diferente” deve ser de fácil reconhecimento, mas depois a dificuldade é aumentada .

Variação: Pode-se fazer com cores, roupa ( uma manga dobrada, um pé sem sapato etc.).

Áreas desenvolvidas

Área cognitiva

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• Discriminação visual.

• Criatividade nas posições.

Área social

• Cooperação e troca.

23. TELEFONE-SEM-FIO

Número de participantes: Três ou mais jogadores.

Regra tradicional: As crianças sentam-se uma ao lado da outra. A primeira da fila deve

pensar uma palavra ( ou frase), e dizer no ouvido da Segunda, e assim por diante, até o

61

final da fila. A última deve falar a palavra (ou frase), e assim descobrirão se esta chegou

certa ou se mudou no meio do caminho.

Áreas desenvolvidas

Área perceptivo-motora

• Discriminação auditiva; coordenação: de um lado ouve-se, do outro comunica-se.

Área de linguagem

• Enriquecimento do vocabulário

Criatividade

• Na elaboração das frases.

24. PISCINA DE BOLINHAS: RECICLAGEM E DIVERSÃO

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Depois de cumprir várias tarefas, as crianças caem com tudo na piscina de bolinhas

– afinal, ninguém é de ferro. Cada uma tem direito a três minutos de merecido mergulho.

No terreno do lúdico, somos bruxos, magos e reinventamos a realidade. Somos

cúmplice da matéria, que a tudo empresta doa e tudo assiste. O que é, então, o brincar,

senão matéria e poesia, imaginação e ato de manipular?

Relacionando-me a Freinet penso que os brinquedos e o brincar são a precedência

do trabalho, e por isto mesmo desafiam o tempo e sobrevivem para além dos séculos em

todas as partes do mundo. São as bases para um sistema intelectual e social.

As crianças e jovens são levados aos seus “jogos-trabalhos” pelas mesmas

necessidades e tendências que justificam o trabalho do adulto – não o trabalho forçado –

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mas, o trabalho humano. Trata-se da necessidade universal de preservar a vida, de a tornar

tão poderosa, de a transmitir para continuar. No contexto dos “jogos-trabalhos” trabalham

a família, os cuidados da primeira infância, doenças, funerais, casamentos, escolas e, com

certeza, a libertação dos vencidos, e também a organização dos povos.

Na nossa sociedade, a separação atual entre brinquedo e o trabalho tem uma trágica

importância que já sabemos medir – a degradação catastrófica do trabalho humano.

Por que vemos de maneira diferente a menina que dedica-se a alimentar, vestir, acalentar

sua boneca e a mãe com os cuidados de um filho? As preocupações são as mesmas!

Todavia, no que se refere à menina, nós costumamos chamar a este espantoso sucesso de

brincadeira. Ainda que viajemos pela estratosfera da sabedoria teremos que admitir a nossa

origem frágil e delicada de ser humano.

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Fortalecendo a discussão e a prática acerca da importância do brinquedo e do lúdico

para o desenvolvimento integral da criança, a brinquedoteca, isto, é um espaço destinado às

brincadeiras e brinquedos, tem por objetivo construir um espaço onde o brinquedo, na sua

livre expressão criativa e comunicativa auxilie na construção da criança como um ser

humano integral, capz de atuar coletivamente de forma plena e saudável. A criança

constrói nesse espaço seu próprio brinquedo, onde ela se descobre, elabora os fatos

significativos do seu dia a dia e libera sua criatividade. sendo um espaço coletivo, entra em

ação a função social do brincar, do jogar, do trocar idéias.

Na prática, o trabalho se desenvolve no processo de ação/transformação, onde as

crianças constroem, criam e brincam, utilizando uma variedade de materiais, com a

orientação constante do professor, que participa ativamente desta construção.

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Acredito como professora de séries de iniciais, que a brinquedoteca, muito em

breve, será conquistada por todas as escolas de Educação Infantil. Precisamos acreditar e

também contar com nossas lideranças comunitárias, e juntos procurarmos transformar o

nosso espaço social, acreditando sempre no benefício que a ludicidade traz ao

desenvolvimento das crianças.

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