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0 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMNETO E DESENVOLVIEMNTO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA COMUNIDADE ESCOLAR Monique Antunes da Silva NITERÓI 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMNETO E DESENVOLVIEMNTO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

COMUNIDADE ESCOLAR

Monique Antunes da Silva

NITERÓI 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMNETO E DESENVOLVIEMNTO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

COMUNIDADE ESCOLAR

MONIQUE ANTUNES DA SILVA

Este trabalho atende a complementação didática pedagógica do desenvolvimento da monografia, para o curso de pós-graduação em Orientação Educacional.

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

NITERÓI 2007.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho monográfico a Deus,

que sempre me ensinou que tudo posso,

pois é Ele que me fortalece. A meus

familiares e amigos pela compreeensão

em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter tido esta abençoada

oportunidade de cursar uma Pós-Graduação e de ter a chance de realizar

meu grande sonho.

Agradeço a toda a minha família que sempre me apoiou nesta

caminhada, que foi tão difícil, mas muito gratificante.

Agradeço a meu orientador, Professor Dr. VilsonSérgio de

Carvalho por sua dedicação, competência e profissionalismo, e por ser leitor

e orientador dos meus escritos.

E aos meus colegas e amigos de turma que compartilharam do meu

dia-a-dia acadêmico, de todas as dificuldades e ansiedades.

A todos que usaram palavras de incentivo para dar continuidade

aos meus passos em busca da minha conquista, os meus sinceros

agradecimentos.

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EPÍGRAFE

Deixem-me crescer como sou.Tente compreender

por que desejo crescer como sou.Não como

muinha mãe quer que eu seja. Nem como o meu

pai espera que serei.Ou como meu professor

pensa que eu deveria ser. Por favor, tente

compreender e ajude-me a crescer,Assim como

eu sou.

(ANDREWS, 1954)

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RESUMO

O presente trabalho monográfico, fundamentado em pesquisas bibliográficas, de autores consagrados que abordam o tema, tem como principal objetivo, enfatizar o papel do Orientador Educacional na Comunidade Escolar, cujas análises a serem discutidas visam possibilitar uma melhor conscientização de sua atuação no ambiente educacional e fora dele, promovendo aos alunos seu desenvolvimento intelectual e a formação integral de sua personalidade, de modo a ajustá-los ao meio em que vivem e orientá-los aos devidos conhecimentos, preparando-os para o exercício de sua cidadania. Portanto, a escola precisa conhecer o seu aluno, a sua realidade, suas dificuldades e necessidades para depois conhecer a si própria e, mudar o uso de suas técnicas disciplinares, orientando-as com amor, promovendo um alto gral de desenvolvimento de consciência da criança, oferecendo-a o direito de ser ouvido e compreendida.percebe-se que diante dos grandes problemas na escola estão relacionados aos alunos. Estes que por diferentes comportamentos, acabam sendo rotuladas por muitos professores como “burros”, “indisciplinados”, apresentando dificuldades de aprendizagem, vivendo muitas vezes excluídos de tudo que a escola oferece por não se comportar bem. Daí a importância da escola ter em seu ambiente um orientador educacional, este diante das situações buscará novas formas de desenvolver a auto-estima desse aluno, trabalhando com competência, segurança e confiança, transmitindo por meio do diálogo, da troca, do saber ouvir novas possibilidades de conhecimentos. É preciso que toda a comunidade escolar e toda a comunidade social se esforcem para melhorar o ensino, trabalhando num processo de conhecimento em que a criança seja reconhecida como ser socialmente históricos acreditando em seu potencial e na sua inteligência. Assim, embasada num processo de reflexão e re-significação que o orientador educacional, aliado aos princípios básicos alicerçada no desenvolvimento pleno do indivíduo, associado em trabalhos coletivos, propiciará não só aos alunos, mas aos pais a oportunidade de expressarem a atingirem seu potencial, desenvolvendo sua personalidade. Desse modo a relação que existe entre o orientador educacional/aluno/família/professor/comunidades tornam-se fatores essenciais para o crescimento da criança em todos os seus aspectos. Assim, reconhecendo que a reciprocidade entre a afetividade e a cognição devem ser trabalhadas simultaneamente, atribuindo em seu projeto educativo as emoções, o coletivo e o respeito as opiniões, para que diante de situações problemas existentes possam ser tomadas as devidas decisões. Desse modo, aprender a ler as emoções é um essencial instrumento para ser administrados, para isso devemos valorizar nossas crianças em todos os aspectos, pela qual a medida que evolui, vai modificando suas posturas, adquirindo novas habilidades, sabendo relacionar com os outros indivíduos construindo nova identidade e interagindo com o meio.

Palavras –chave: Orientador Educacional- Escola- Discente

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SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................................... 07

Capítulo I - Um breve histórico da Evolução da orientação educacional no Brasil ...........11

Capítulo II – O trabalho do orientador educacional diante dos problemas da

Instituição Escolar.................................................................................................... 19

2.1 O fracasso, sucesso escolar-velhos problemas, novos olhares .......................... 19

2.1.2 Escola: instituição excludente......................................................................... 20

2.1.3 Auto-estima, autonomia e limites: a contribuição do Orientador Educacional no

processo de formação do educando ......................................................................... 23

2.1.3 A Integração do Orientador Educacional e da Família com o Projeto Político

Pedagógico .............................................................................................................. 27

Capítulo III – A Função do Orientador Educacional na construção da cidadania............... 32

3.1 Competência profissional: o orientador educacional numa ação consciente na

Educação Básica ..................................................................................................... 36

3.2 O orientador educacional num trabalho coletivo com os professores/alunos/família:

ambos construindo valores na escola e na sociedade ...............................................38

Conclusão............................................................................................................................. 47

Bibliografias ....................................................................................................................... 52

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INTRODUÇÃO

A monografia “A Importância do Orientador educacional na Comunidade escolar”

realizada a partir de pesquisa bibliográfica de autores consagrados no tema tem como enfoque

principal, discutir a importância do Orientador educacional na formação integral do indivíduo

na Unidade Escolar. O desenvolvimento intelectual do discente, assim como sua formação

como cidadão consciente de seu papel perante a sociedade, não cabe apenas à escola, mas sim

a todos os profissionais da educação que lá atuam, incluindo o Orientador Educacional, que

tem um grande papel a exercer na escola, porém não é lhe dada tanta importância.

Diante das grandes modificações e transformações existentes no âmbito social,

político, cultural, econômico, podemos perceber que o mundo desenvolveu uma habilidade

surpreendente de armazenar informações e torná-las instantaneamente disponíveis em

diferentes formas.

Este estudo tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre a atuação do orientador

educacional numa perspectiva do trabalho coletivo na organização escolar, e embora convicta

de que antes de ser um Especialista em Educação o Pedagogo é um Docente, discutiremos o

papel do Pedagogo Especialista atuando dentro de sua área, como Orientador Educacional.

Para tanto, abordaremos alguns aspectos essenciais acerca da função deste especialista

em Educação, primeiro numa visão tecnicista, de fragmentação do trabalho pedagógico,

voltada à reprodução da sociedade capitalista, depois numa visão progressista de educação, de

trabalho coletivo, cujo objetivo é resgatar o trabalho pedagógico em sua totalidade,

amenizando os reflexos da divisão do trabalho, da hierarquia estabelecida por esta, e

refletindo sobre as relações de poder estabelecidas no interior das escolas.

É pertinente ressaltar que optamos por fazer este paralelo no sentido de evidenciar a

trajetória histórica dos Especialistas em Educação, tendo como proposição a reformulação das

ações desenvolvidas por estes numa perspectiva de trabalho coletivo, reconhecendo que

historicamente estes profissionais colaboram para a reprodução social no âmbito escolar.

No entanto, não defendemos a extinção das funções exercidas por estes, e sim a

reconstrução teórico-metodológica de cada função. Mesmo porque não se pode negar as

especificidades do saber e do trabalho.

Portanto, observa-se que muitas escolas ainda continuam não conseguindo

acompanhar esse ritmo acelerado, estando desvinculadas da realidade a qual está inserida e

principalmente não conseguindo se desenvolver, por conta dos grandes problemas existentes

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em seu meio que muitas vezes podem abalar a credibilidade na escola, como: as formas de

autoritarismo, a má qualidade no ensino, as condições físicas da escola, o índice elevado de

repetência, reprovação, evasão e exclusão escolar de muitas crianças, jovens e adultos na

educação básica, a falta de indisciplina e o desinteresse de muitos alunos, são mencionadas

situações relacionadas aos conteúdos, e também as relações sociais entre alunos e professores,

cujos indicadores refletem a necessidade de uma forma do ensino em seu dia a dia.

Assim, levando em conta todo o trabalho escolar, percebemos que a atuação do

orientador educacional dentro desse processo é de fundamental importância, é a partir de seu

olhar amplo em relação aos alunos que possibilitará a melhor organização do projeto, tecendo

assim, uma conjunta entre todos os membros da instituição, dos pais e comunidade,

analisando os conteúdos da educação, as dificuldades e necessidades, as falhas, (numa visão

de Raios- X nos pontos positivos e negativos da instituição) em busca de uma educação de

qualidade em favor da participação de todos que estão inseridos neste contexto.

Esta é a base de uma escola de qualidade, eficaz e eficiente cujos objetivos propostos,

é a formação dos cidadãos críticos e conscientes, construídos coletivamente de uma

perspectiva transformadora de mentalidades.

Este é o princípio norteador desta proposta, pois a escola que trabalha sozinha não

conseguirá crescer e se desenvolver, e, portanto, esta não é a escola que queremos para nossos

filhos. Queremos uma escola que consiga formar cidadãos críticos, responsáveis, de caráter

ético, humano e respeitoso. Sabemos que só de teoria não se consegue nada, não adianta

pensarmos em colocar no papel aquilo que almejamos se na prática esses resultados são

totalmente diferentes.

A formação do cidadão deve ser a base e, imprescindível para toda a=e qualquer

sociedade, entretanto sua essência tem sido ao longo dos tempos. É papel da escola resgatar

toda essa essência e construir um conceito no indivíduo de cidadania,baseando-se na

sociedade em que vivemos. É nesse processo que entra a importância do orientador

educacional na unidade escolar, de modo a conscientizar a todos sobre sua função dentro da

instituição. Um profissional pouco reconhecido pelas pessoas que não conhecem o seu

verdadeiro papel. Esta é a palavra chave de toda esta pesquisa. A escola junto com o trabalho

do orientador e de todos os membros que fazem parte deste processo deve levar o aluno a

tornar-se um verdadeiro cidadão, conhecedor se sua importância na vida e nos atos sociais.

Apresentaremos no Capítulo I, um breve histórico da evolução da orientação

educacional no Brasil, pois diante de tantas modificações este profissional por muito tempo

não teve sua função reconhecida, apenas era uma forma de classificar o indivíduo para o

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mercado de trabalho. Esta orientação educacional era basicamente voltada a industrialização,

uma espécie de exigência que se baseavam no aconselhamento vocacional ou profissional.

Dessa forma, diante das mudanças e transformações existentes este profissional teve sua

função reconhecida nas escolas, por conta das grandes dificuldades encontradas pelos

professores em ensinar crianças, cujo processo de aprendizagem eram defasados. Assim, com

rigor da LDBEN, o orientador educacional passou a ter sua função de orientar os alunos que

por muitas vezes eram rotulados, discriminados, excluídos da sala de aula por não ter um

comportamento adequado. É a partir dessa proposta de orientação que com competência ele

passou a trabalhar não só dentro da instituição como também com os pais e comunidades para

melhor integrar a criança ao meio tanto social como educacional ensinando e aprendendo

juntos novos conhecimentos.

Abordaremos no capítulo II, o trabalho do orientador educacional diante dos

problemas dentro e fora da Instituição Escolar, pela qual sua ação junto com o educando é um

fator fundamental para sua socialização. Nesta perspectiva de trabalho, diante dos grandes

índices de reprovação, repetência, exclusão, muitos indivíduos (crianças, jovens e adultos)

vivem numa situação em que a falta de diálogo, estímulo, troca de experiências além de que

em muitos casos o próprio professor e seu ensinamento não caminham de forma significativa

dificultando o avanço desses educandos que mesmo não tendo condições de se desenvolver

acabam abandonando os estudos achando que nas ruas eles aprenderiam melhor.

Percebe-se assim que, o orientador diante de seu diagnóstico, de sua observação

trabalhará com seus alunos, independente de como são, respeitando suas singularidades e

resgatando a partir de sua competência a auto-estima, envolvendo-os nas atividades e

buscando na família e na comunidade o apoio necessário para seu crescimento. Portanto é

através de técnicas adequadas às diferentes faixas etárias, com a finalidade de orientar os

alunos na sua formação integral, levando-os ao conhecimento de si mesmo, de suas

capacidades e dificuldades que esse profissional oferecerá elementos para um ajustamento

harmonioso ao meio escolar e social em que vivem.

Diante deste contexto relataremos no Capítulo III a função do orientador educacional

na construção da cidadania, uma ação difícil, mas possível. Este é um desafio que nós

profissionais devemos estar sempre buscando o melhor para nossos alunos, desenvolvendo

propostas significativas, abrindo o espaço escolar a comunidade e aos pais para que diante de

algum problema eles possam juntos, contribuir trocando experiências, discutindo e tomando

as decisões necessárias para melhorar a qualidade da escola Assim, embasada num processo

de reflexão e re-significação que o orientador educacional, aliado aos princípios básicos

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alicerçada no desenvolvimento pleno do indivíduo, associado em trabalhos coletivos,

propiciará não só aos alunos, mas aos pais a oportunidade de expressarem a atingirem seu

potencial, desenvolvendo sua personalidade.

Portanto, é necessário que o orientador educacional, o supervisor, os professores e o

diretor junto com todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem (pais, alunos,

funcionários e comunidade em geral), conheça os dispositivos legais, diretrizes, objetivos e

metas educacionais, bem como algumas teorias pedagógicas da educação, colaborando assim

para sua formação e a formação dos alunos. Entretanto, o esforço de um grupo interessado em

promover uma formação de qualidade, necessita estar atualizado, disposto a mudar e

transformar a escola num ensino de qualidade. Dessa forma, o processo didático é uma

relação que se estabelece entre alunos, professores, orientador educacional, supervisor,

diretor, família, enfim todos os responsáveis que direta ou indiretamente contribuem para a

educação da criança e o saber faz-se necessário atentar para essas competências, quando se

pretende formar um profissional capaz de perceber a realidade, problematizá-la e propor

soluções para os desafios inerentes ao processo educativo.

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CAPÍTULO I

UM BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA ORIENTAÇÃO

EDUCACIONAL NO BRASIL

O ser humano desde o início de sua evolução busca novas formas de se relacionar com

as outras pessoas, que modificam o seu comportamento, de acordo com as mudanças e

transformações sociais, culturais, econômicas, tecnológicas e científicas, para melhor

integrarem-se ao meio construindo novos valores, novas condutas.

Segundo Ribeiro (1988), desde 1920 a 1941, no chamado Período Implementador,

devido às exigências de um contexto sócio-econômico-cultural voltado à industrialização, a

Orientação Educacional esteve voltada para a orientação profissional, e dessa forma, seu

papel esteve voltado para o trabalho de seleção e escolha profissional.

De 1941 a 1960 - Período Institucional - ocorre a exigência legal da Orientação

Educacional nas escolas. De 1961 a 1970 - Período Transformador, em que a Orientação

Educacional apresenta um caráter preventivo, ou seja, realiza trabalhos, principalmente de

dinâmica de grupos, com o intuito de sustar eventuais conflitos. De 1971 a 1980 . Período

Disciplinador.

Com a Lei 5692/71 a Orientação Educacional fica sujeita à obrigatoriedade. Neste

período estava em alta o Tecnicismo, que exigia da Orientação Educacional atribuições

voltadas à Psicologia, as quais envolviam, basicamente, o aconselhamento vocacional ou

profissional.

Nesse contexto, seguindo as Teorias da Psicologia, o Orientador Educacional tem

como objeto o aluno, cabendo-lhe, portanto, a função de orientação terapêutica e psicológica,

ou seja, de dar conselhos ao aluno, procurando ajustá-lo ao modelo de família, escola e

sociedade do sistema capitalista, cuja finalidade, em última instância, é formá-lo para o

mercado de trabalho.

Com o intuito de reformular os encaminhamentos teórico–metodológicos

desenvolvidos pelos Especialistas em Educação, desde o final da década de setenta, reflexões

sobre a divisão do trabalho na escola vem ganhando espaço em debates e estudos no cenário

nacional brasileiro.

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Portanto, ocorre no âmbito escolar a fragmentação do trabalho pedagógico, e os

especialistas técnicos em Educação, evidentemente, são introduzidos no processo educacional

com a função de reproduzirem as relações sociais mantidas pela sociedade capitalista, ou seja,

com a função de racionalizar as questões que englobam a escola, utilizando-se dos mesmos

princípios orientadores da Administração Empresarial.

No contexto das instituições ditas privadas da sociedade civil, a escola é uma

instituição que serve como elo mediador a serviço das classes e dos grupos que a dirigem. O

sistema capitalista, ao reproduzir as relações sociais de produção, reproduz os lugares das

classes sociais. Ela contribui para essa divisão ao exercer uma ação hegemônica concomitante

à dominação econômica. Essa ação viabiliza, pela direção político-ideológica, a dominação

social e a exploração econômica. Não é a escola, então, que gera a divisão de classes. Pode-se

dizer que a sociedade de classes gera a escola enquanto esta pode cooperar com e contestar a

própria divisão, pondo a serviço de um dos pólos da relação seu arsenal intelectual e moral.

A divisão que a escola propicia em si e dentro de si não é apenas fruto da divisão

social do trabalho. A escola coopera ativamente como razão e função da mesma divisão.

Enquanto razão, (logos) tenta a legitimação da divisão pela mediação de classe. Enquanto função, ela se mercantiliza ao se. Nessa reformulação do curso de Pedagogia .a influência tecnicista já está bem presente. O curso é organizado mais à base de formação de técnicos e de habilitações profissionais e reflui aquela formação básica, formação geral, que era a marca anterior do curso de Pedagogia. (SAVIANI, 1997, p. 104),

Para Cury (1992, p. 103):

tornar fornecedora de trabalhadores e de objetos que estimulam a produção”. Portanto, refletir sobre a fragmentação do trabalho pedagógico na atual conjuntura é, por exemplo, repensar cuidadosamente o papel que os Especialistas em Educação têm no sentido de estarem buscando possibilidades de superação desta dicotomia entre teoria e prática.

Nesta abordagem é fundamental nessa reformulação pensar formas de estar

promovendo uma articulação maior entre os profissionais da educação, pautada num repensar

conjunto sobre a lógica da construção do conhecimento e sua aplicação na prática social, e

resgatar o que há de comum entre as diferentes funções, ou seja, a produção do conhecimento.

Segundo Carvalho (1989), estes estudos e debates já apontavam, naquela época,

necessidade de revalorização do trabalho docente e do atendimento às reais carências da

população, articulando a formação do educador à questão da divisão do trabalho. A primeira

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tinha como ponto de partida o papel ideológico que os especialistas de educação têm

cumprido até agora, reproduzindo no âmbito escolar a divisão social do trabalho.

Propõe a extinção dos referidos especialistas da escola, como forma de superação entre os que pensam (especialistas) e os que executam a educação (professores) e, conseqüentemente, a democratização do processo de trabalho. A segunda perspectiva apresenta o mesmo ponto de partida e de chegada, mas difere quanto à forma de resolução do problema, propondo resgatar a função progressista que essas mesmas especializações portam e colocá-las, assim, a serviço das transformações sociais (CARVALHO, 1989, p. 99).

Evidentemente, estas mesmas discussões estão muito presentes na atualidade para os

educadores comprometidos com a transformação social, ou seja, são discussões que permeiam

a educação e a formação dos educadores, enfocando concepções de atuação para os

especialistas embasados num trabalho coletivo, comprometido com transmissão/assimilação

crítica do saber historicamente acumulado pela humanidade, visando com isto, a formação do

cidadão.

Considerando que em nível de graduação, segundo a Nova Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional no 9394, de 20 de dezembro de 1996:

Art. 64: é o Curso de Pedagogia que forma os especialistas em educação, e que, na proposta de trabalho coletivo constante nos documentos da ANFOPE, a base de todo profissional da educação é a docência, pois não há possibilidade de um especialista desenvolver um bom trabalho de orientação, supervisão e direção se não tiver embasamento teórico e experiência de docência, refletiremos, na seqüência, sobre a atuação do pedagogo na perspectiva do trabalho coletivo na organização escolar.

O compromisso da Orientação Educacional está relacionado à dimensão coletiva que

favorece o desenvolvimento pleno do aluno.

Sendo objetivo do Orientador Educacional a articulação de seus trabalhos numa visão

de coletividade tanto dentro como fora da escola, é preciso fazer uma leitura crítica

permanente da sociedade e do mundo, procurando ir além dos aspectos individuais do aluno,

para envolvê-lo nos aspectos políticos e sociais do cidadão.

Considerando que o Orientador, um ser político no dia-a-dia da escola, cabe-lhe o

papel de trabalhar com a realidade, buscando superar o senso comum através do

conhecimento científico, procurar analisar o cotidiano escolar, relacionando-o com o

cotidiano de fora da escola. Nesse sentido é necessário que o Orientador Educacional assuma

o compromisso de participar ativamente da elaboração e implementação do projeto político

pedagógico da escola em que atua de tal forma que se faça agente mediador entre o trabalho

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escolar e a prática social global almejando sempre a emancipação dos alunos enquanto

sujeitos históricos.

Nesta perspectiva o Orientador Educacional busca subsidiar o professor com

conhecimentos acerca do cotidiano escolar, de forma que este compreenda a importância das

relações estabelecidas e suas conseqüências no processo de produção do conhecimento. Dessa

forma, ambos contribuem para o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.

Partindo de uma visão progressista de Educação, surge um novo saber, não mais a

informação propagada, recebida dos órgãos hierarquicamente superiores, mas um

conhecimento que nasce da relação escola/aluno/comunidade. Uma ação consciente e

intencional que abrem as possibilidades criativas da educação, em que soluções práticas são

respostas aos problemas de cada grupo sócio-cultural e se multiplicam de acordo com a

diversidade cultural e com a participação ativa e criadora dos educandos.

Nesta perspectiva, o conhecimento surge naturalmente, já que partem do contexto

social, da situação prática de trabalho, da articulação teoria e prática juntas. A teoria,

portanto, não é mais teoria aprendida, mas a teoria apreendida da reflexão coletiva sobre a

prática exercida (VALE, 1982, p. 35).

Ser um orientador educacional, enquanto intelectual comprometido com a

transformação social, pensar na qualidade do ensino, numa escola para todos é o ponto

estratégico, para partirmos a um novo movimento: o de buscar compreender o meio em que

ela está inserida, seus desafios, seus anseios, suas contradições e seus limites. Portanto, é

preciso analisar o mundo do aluno, diagnosticar, observar sua evolução para, a partir do

conhecimento de sua realidade, ajudá-lo a encontrar meios para mudar a correlação de forças

com a sociedade que o explora. E a partir daí,

Procurar desenvolver a sua capacidade de organizar o pensamento e compartilhar suas idéias, de se constituir enquanto grupo de compreender a força da ação coletiva, de liderar, de pensar criticamente a realidade social, de filtrar da história oficial a história de sua classe, de se capacitar a se tornar sujeito de sua própria história. (VALE, 1982, p. 35).

Para tanto, cabe ao orientador educacional viabilizar articulações no processo ensino-

aprendizagem promovendo abertura no interior da escola para que professores alunos e pais

de alunos, como um todo, para que eles possam estudar, discutir e avaliar a qualidade dos

conteúdos trabalhados, bem como o material didático, procedimentos de ensino, avaliação e

programas, ou seja, tudo o que faz parte do trabalho pedagógico na sua totalidade.

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Vale ressaltar que, desde l942 as leis brasileiras fazem obrigatória a orientação

educacional nas escolas. Na maior parte dos casos, os orientadores educacionais são

consultores para a direção e interlocutores entre os pais, o aluno e a escola. Disciplinam o

estudante, reúnem-se, e discutem problemas didáticos e disciplinares com os professores e os

pais do aluno, aplicam e interpretam testes padronizados, promovem eventos que estimulam o

relacionamento interpessoal, e aconselham o encaminhamento a psicólogos e psiquiatras dos

casos de desvios mais complexos. A idéia é que essa atividade se estendesse um pouco mais,

ou se dividisse em duas especialidades atuando conjuntamente, para que houvesse espaço para

a atividade educativa aqui proposta.

Como aborda Ribeiro (1989):

A atuação do Orientador educacional, consistia na Formação Comportamental. Esta não seria propriamente uma disciplina a ser ensinada, mas uma atividade incluindo palestras, visitas educativas, teatro pedagógico, redação de textos, ou que outros instrumentos o Orientador descobrisse como úteis para passar ensinamentos de Psicologia Social, Psicofisiologia, Moral, responsabilidade social, e o mais que julgasse útil à saúde e felicidade pessoal do aluno, e à sua boa integração social. A atividade seria parte do Ensino Fundamental (antigo Primeiro Grau) e do Ensino médio (antigo Segundo Grau) (p.143).

É importante que a formação comportamental tenha caráter de atividade aberta, sem o

conteúdo programático fixo de uma disciplina. Assim se evitaria que despertasse

antagonismos e contestações, ou se alegasse ser limitadora da liberdade individual, ou que

representasse essa ou aquela corrente de pensamento, uma reação que seria semelhante à

oposição que despertou o ensino da disciplina "Moral e Cívica" no passado. Não comportaria

avaliações, pois o aluno não gostaria de ser avaliado e receber menção em uma matéria que

ele entenderia ser de sua livre aceitação. Porém, a sua sistematização definiria seu caráter

pedagógico, e evitaria que fosse tomada como simples atividade de “aconselhamento".

Atualmente a Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico,

contínuo e sistemático, estando integrada em todo o currículo escolar sempre encarando o

aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos

os aspectos: intelectual, físico, social, moral, estético, político, educacional e vocacional.

Assim, comprometido com a construção de uma sociedade democrática, visando à

superação do trabalho fragmentado dentro da estrutura educacional, o orientador assume

desafios de articular em seu processo a teoria e a prática, efetivando seu trabalho no âmbito da

ação coletiva.

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É, portanto essencial que este profissional esteja capacitado para assumir um

compromisso com a escola, gostar de crianças e também do que faz. Refletindo antes de

qualquer coisa sobre suas ações, para depois avaliar os seus alunos. Daí a necessidade de

instituições de ensino superior que estejam dispostas a formar profissionais capacitados para

estarem rompendo com as teorias tradicionais, reformulando sua ação fragmentada de um

trabalho escolar em que o aluno com comportamentos diferenciados eram rotulados como

“indisciplinadas”, “burras”, “incapazes” por muitos professores.

Hoje, com a necessidade de olharmos amplamente para essas questões, buscamos no

trabalho coletivo, na execução das diversas funções dentro da Escola atender a todos

igualmente, sem distinção. Enfatizando sempre que o projeto maior de todo profissional,

independentemente da sua área de atuação, a ênfase de todo o processo é a construção de um

conhecimento sistemático, contextualizado, dinâmico e real, onde todos aprendam e ensinam

juntos a ler e interpretar o mundo conforme aprendeu na escola e fora dela.

Com base nesta abordagem construtiva, consciente e dinâmica, aprendemos que a

formação do orientador educacional se baseia no atendimento individual dos alunos, sempre

que for necessário para análise e reflexão dos problemas encontrados em situações de classe,

recreios, desempenho escolar, pontualidade, cuidado com material de uso comum,

relacionamento com os colegas de classes e outros alunos do colégio, respeito aos professores

e funcionários, atendimentos grupais sempre que for necessário para reflexão dos problemas

citados acima ocorridas em situações de grupo. É importante sabermos que o aluno só recebe

orientação educacional, quando avaliado pelo educador que o encaminhará, conforme sua

necessidade.

Junto aos professores, o orientador educacional necessita integrar às diversas

disciplinas visando o desenvolvimento de um trabalho comum e a formulação das habilidades

didático-pedagógicas a serem desenvolvidas com os alunos; assessora o educador no

acompanhamento e compreensão de sua turma; Garante a continuidade do trabalho; avalia e

encaminhar as relações entre os alunos e a escola; assessora o professor na classificação de

problemas relacionados com os alunos, colegas; desenvolve uma ação integrada com a

coordenação pedagógica e os professores, visando a melhoria do rendimento escolar,por meio

da aquisição de bons hábitos de estudo. divulga o perfil das classes; organiza arquivos e fichas

cumulativas; proposição de estratégias comuns entre os professores,coordenação e orientação;

analisa junto a coordenação dos planejamentos das diversas disciplinas; realização de

atendimentos individuais e/ou grupo nas reuniões de curso para receber ou fornecer

informações necessárias dos alunos; realiza atendimentos individuais na O.E para fornecer ou

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receber informações necessárias dos alunos; análise e avalia os resultados quantitativos e

qualitativos dos alunos,das classes junto à coordenação para posterior encaminhamentos;

Nos relatos de Penteado (1976, p. 106) o orientador educacional é um profissional

que: Participa das reuniões de curso; da preparação e realização dos Conselhos de classe;

dos eventos da escola; Organiza e participa junto à coordenação das atividades

extracurriculares etc.

Em suas ações ele trabalha com o educando, através de técnicas adequadas às

diferentes faixas etárias, com a finalidade de orientá-lo na sua formação integral, levando-o ao

conhecimento de si mesmo, de suas capacidades e dificuldades oferecendo-lhe elementos para

um ajustamento harmonioso ao meio escolar e social em que vive.

Em sua atuação ele também realiza sessões de orientação com cada série, previamente

agendadas em calendário, propondo temas (textos, trabalhos em grupo, vídeo, informática,

debates, atividades extra-classe etc.) que vão ao encontro dos objetivos propostos e às

necessidades e interesses da faixa etária a ser trabalhada; Realiza reuniões com representantes

de classe e/ou comissões; Participação dos eventos da escola (atividades extra-classe, jogos,

festa junina, encontros, viagens etc.).

Em relação às famílias dos alunos, o orientador educacional: oferece subsídios que as

orientem e as façam compreender os princípios subjacentes à tarefa de educar os filhos, para

maior auto realização dos mesmos; garante o nível de informações a respeito da vida escolar

dos alunos; interpreta e encaminham dúvidas, questionamentos; realiza entrevistas solicitadas

tanto pelas famílias quanto a escola; Palestras; Reuniões entre outras atividades, ouve, dialoga

e dá orientações. Assim como o diretor e seu grupo, o orientador educacional é um dos profissionais da

equipe de gestão. Trabalhando diretamente com os alunos, ajudando-os em seu

desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para compreender o

comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola, na

organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e

dialogando com pais e responsáveis. Esse é o profissional que se preocupa com a formação

pessoal de cada estudante.

Apesar da remuneração semelhante, professores e orientadores têm diferenças

marcantes de atuação. O profissional de sala de aula está voltado para o processo de ensino-

aprendizagem na especificidade de sua área de conhecimento, como Geografia ou

Matemática, define Mirian Paula (2003), da Faculdade de Educação da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro. Já o orientador não tem currículo a seguir. Seu compromisso é com

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a formação permanente no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos,

sempre discutindo, analisando e criticando. (apud ANTUNES 2003, p. 138)

Embora esse seja um papel fundamental, muitas escolas não têm mais esse

profissional na equipe o que não significa que não exista alguém desempenhando as mesmas

funções. Em muitas escolas o professor ou até mesmo o diretor exercem essa função. Para

Haddad, orientadora educacional da Escola da Vila, em São Paulo, "qualquer educador pode

ajudar o aluno em suas questões pessoais". O que não deve ser confundido com as funções do

psicólogo escolar, que tem uma dimensão terapêutica de atendimento.

O orientador educacional lida mais com assuntos que dizem respeito a escolhas,

relacionamento com colegas, vivências familiares. Ele também tem atribuições tanto para com

a escola como para os pais, alunos e comunidades. Contribuindo com para o desenvolvimento

pessoal do aluno e ajudando a escola a organizar e realizar a proposta pedagógica, trabalhando

em parceria com o professor e sua família para compreender o comportamento dos alunos e

agir de maneira adequada em relação a eles.

A escola necessita, portanto, ter em seu ambiente o orientador educacional, permitindo

o avanço do processo, cujos problemas existentes precisam ser incluídos numa proposta

crítica, reflexiva sobre o seu próprio contexto e também dos problemas que atingem

diretamente seus alunos, a fim de contribuir para o ajustamento dos mesmos ao meio em que

vivem, promovendo a integração escola- família- comunidade.

Um repensar de idéias e situações pelas quais as tomadas de decisões serão

organizadas de acordo com as novas concepções do processo ensino-aprendizagem que é a

formação plena do cidadão. Assim, o coletivo da escola deve refletir sobre um ensino em que

o conteúdo seja visto como meio para que os alunos desenvolvam as capacidades que lhes

permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos.

O Orientador educacional tem que acreditar, acima de tudo, numa proposta que ative a

participação das pessoas, na força do espírito coletivo, na conquista de recursos em busca de

soluções e ações capazes e transformar a escola num ensino de qualidade. Cabendo a todos os

profissionais de educação a função de participar da ativamente deste processo, dividindo

responsabilidades e cobrando ações relativas às questões pedagógicas, unindo interesses e

auxiliando nossos alunos na compreensão da realidade através de reflexões críticas sobre os

problemas à sua volta. Esta é a melhor contribuição que se pode oferecer.

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CAPÍTULO II

O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL DIANTE DOS

PROBLEMAS DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

A escola, por ser um espaço de constantes conflitos (seja entre gerações ou idéias) é

um local que oferece inesgotáveis possibilidades para o exercício do respeito às diferenças, a

(re) descobertas de valores que possibilitam melhor aprendizagem. E no nosso atual contexto

social está assistindo à formação do império da intolerância, o que é diferente é tido como

algo ruim, sem valo (Penteado, 1976, p. 30).

Precisamos utilizar a educação para propagar mecanismos de resistência a esta cruel

tentativa, diante da lastimável situação de nossa sociedade pós-moderna, também é importante

despertar a fome de nossos alunos. A fome de esperança, amor e dignidade. A partir do desejo

de concretizar seus ideais, os alunos poderão operar seu pensamento de uma forma realmente

significativa.

Para que compreenda o panorama onde está inserido, o aluno deve primeiramente,

observar. Observando o mundo ao seu redor, ele será capaz de criar hipóteses para resolver os

problemas. E, também, de enxergar os problemas. Existem pessoas que por estarem tão

fechadas para a realidade escancarada do lado de fora, adotam uma atitude inerte frente a

problemática da sociedade moderna. Tais pessoas não aprenderam a observar.

2.1 O Fracasso, Sucesso Escolar – Velhos Problemas, Novos Olhares

Embora o ensino brasileiro apresente peculiaridades próprias que se adaptam as

reais possibilidades de nosso país, a educação na vida do homem é importante para que

ele possa adquirir por meio dessa aprendizagem comportamentos adequados para agir

na sociedade em que faz ou vai fazer parte.

O principal desafio da educação brasileira, para as próximas décadas, é o da qualidade.

As avaliações educacionais têm constatado que são altas as taxas de repetência e baixos os

níveis de aprendizado na educação básica.

Demo (1996, p.103 ) trata qualidade como o próprio desafio de fazer história humana,

humanizando a realidade e a convivência social. “O seu desenvolvimento se refere a duas

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dimensões indissociáveis: uma quantitativa, referente à produção econômica; uma qualitativa,

a cidadania”

Para tanto, é sumamente importante que a educação seja entendida não só como um

processo informativo sobre os conteúdos, as metodologias, a avaliação, a forma de interação

na aula etc., mas, antes de tudo, como uma concepção de educação, no sentido concreto de

uma prática participativa, criteriosamente referenciada, envolvida com os problemas reais de

seus alunos, abrangendo suas famílias e comunidade. Nesta conexão, as próprias diretrizes

nacionais de educação acentuam a importância do caráter avaliativo e contínuo da educação,

cujas ações não podem ser reduzidas à quantidade e produtos de caráter pontual. Muitas

vezes, o modo de avaliar o aluno, pode prejudicá-lo, e ninguém questiona o papel da escola e

do professor, pois o peso do fracasso ou repetência é atribuído ao aluno considerado como

incapaz de aprender os conteúdos em que são ensinados.

Todos se questionam, quando se localiza as falhas. O que a maioria não sabe é que,

para entender o porquê do fracasso escolar e encontrar a solução adequada é necessário

estabelecer, antes de qualquer coisa, que o processo pela qual a criança passou não é nenhum

monstro desconhecido, nem eram o único e insolúvel.

Pelo contrário essa sucessão de fatos, este conjunto de problemas que envolvem a

aprovação é fenômeno bastante conhecido, tendo, inclusive nome apropriado, pois já mereceu

vários estudos apurados de muitos especialistas em assuntos infantis, que é o ato de avaliar.

Assim, enquanto a percepção geral do ensino público fundamental aponta para

uma relativa satisfação, a avaliação das escolas em que os filhos estudam tende para o

campo negativo. São poucos os aspectos de satisfação, e numerosos os pontos que

geram descontentamento.

2.1.2 Escola: Instituição Excludente

Podemos partir da hipótese de que existe entre nós uma cultura do fracasso que se

alimenta e reproduz. Cultura que legitima práticas rotula fracassado, trabalha com preconceito

de raça, gênero e classe, e que exclui, porque reprovar faz parte da prática de ensinar,

aprender e avaliar.

Segundo Ribeiro (1988, p. 241), nas últimas décadas se instalou no ensino público,

sobretudo, mas não exclusivamente, uma cultura de exclusão. Uma política de exclusão que

não é própria dos longos momentos de administração autoritária e de regime totalitários. Ela

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perpassa todas as instituições, inclusive aqueles que trazem no seu sentido e função a

democratização de direitos constitucionalmente garantidos como a saúde ou a educação.

A consciência do direito a educação básica universal avançou, porém não

conseguimos que a escola se estruturasse para garantir esse direito, ela continua côo

instituição seletiva e excludente.

Para Silvia (2004):

A pedagogia, a didática e a teoria do currículo tentam justificar a estrutura disciplinar e seriado no suposto de que, as disciplinas escolares são condensações das ciências, dos saberes e dos conhecimentos técnicos, produzidos e acumulados socialmente. Os recortes e as diferenças entre uma e outra se justificam pela necessidade de simplificar e na infância, até vulgarizar esses saberes que nessa idade não podem ser transmitidos em estado puro, nem em sua globalidade. […] se cada disciplina de cada série são conjunto de saberes e métodos cujo domínio garantia a cada cidadão o direito ao conjunto de saber total e se entre elas há uma complementação e prudência, tem de haver uma permanente avaliação de capacidade de cada educando de aprender esses saberes e essas disciplinas. O domínio insuficiente de um desses recortes disciplinares e seriados excluem na possibilidade de prosseguir no direito ao saber socialmente produzido. Justifica-se a reprovação e a repetência ou a retenção, negação do direito ao saber e à cultura em nome da concepção disciplinar e seriada da vulgarização, facilitação pedagógica do direito ao saber total (p. 73).

A proposta de educação básica ou de formação de todas as capacidades do ser humano

desenvolver-se integralmente, parte dos pressupostos de que o sucesso ou fracasso escolar são

produzidos deliberadamente pelo sistema de ensino. Diante desse enfoque, o processo de

aprendizagem é complexo, não se resume apenas a um repasse de informações, como se os

conhecimentos pudessem ser transferidos de uma pessoa para a outra.

O conceito de aprendizagem é muito mais amplo do que isto, que Paulo Freire

chamaria de “educação bancária”. O educando já possui conhecimentos prévios e cria um

pensamento crítico acerca do conteúdo explanado. Provocado por uma nova informação, o

aluno reconstrói seu conhecimento confrontando-o com aquilo que já sabe. A capacidade de

aprendizagem já nasce com o ser humano, mas precisa de estímulos para acontecer.

Nas abordagens de Luckesi (apud TAVARES 1992):

A qualidade de vida deve estar sempre posta à nossa frente. Ela é o objetivo. Não vale a pena o uso de tantos atalhos e tantos recursos, caso a vida não seja alimentada tenso em vista o seu florescimento livre, espontâneo e criativo. A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a

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seleção de uns poucos, como se comportam os exames. Por isso, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, por onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente, em busca do melhor. Sempre! (p. 151).

Todas as situações de convivência propiciam a educação e aprendizagem. Nessas

situações o saber ou a prática de uma atividade é transmitido para quem não sabe. Ambos não

ocorrem separadamente, trata-se de um processo único. Onde um se apóia e depende do outro.

O ensino só se concretiza quando ocorre a aprendizagem, e quando ela não acontece é preciso

que o processo de ensino seja reformulado, senão, não haverá incentivo e todo o processo

ficará estagnado e perderá todo o seu sentido. O próprio processo precisa ser constantemente

avaliado.

Por isso, é importante nas escolas a participação do orientador educacional, afinal este

profissional vai trabalhar junto com os alunos independente de suas dificuldades e

necessidades, acreditando que eles são capazes de aprender. Basta termos um olhar

diferenciado.

Nós, como todos os profissionais da educação, temos que compreender o âmbito e os

objetivos educacionais, considerando necessário antes de tudo criar, planejar, pois não há

soluções prontas e acabadas para o ensino e a formação de profissionais competentes. Há sim,

o enriquecimento de experiências profissionais cujas práticas pedagógicas devem resultar de

questionamento, reflexão e tomadas de decisão, compreendendo que a cidadania de um povo

se dá a partir da participação social, política, adotando no dia-a-dia, atitudes de respeito,

solidariedade, cooperação, desenvolvendo o conhecimento ajustado de si mesmo e o

sentimento de confiança em suas capacidades para agir na busca de conhecimentos e no

exercício da cidadania.

Evidentemente, tal tarefa exige não só dos professores, mas do orientador educacional

que eles adquiram novas competências de organização de trabalho, tendo como ferramenta

adequada a observação, o reconhecimento de si mesmo, de seus erros, tendo um novo olhar

amplo em relação aos alunos.

Diante deste contexto, o orientador educacional, os professores enfim todos que

participam do processo ensino-aprendizagem precisam aprender a agir em função de uma

escola democrática, crítica e reflexiva, para que não exista em seu espaço a exclusão, mas a

inclusão de indivíduos preparados para enfrentar o novo de cabeça erguida, sabendo observar

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a si e ao mundo, uma escola socializadora de conhecimentos e saberes significativos, nas

quais os discursos deixam de ser teoria e passam a perpetuar na prática pedagógica os saberes

prévios e cotidianos de nossos alunos.

Assim, é função do orientador, diante dos grandes problemas existentes na escola

relacionada aos alunos, que ele precisa estimulá-los, ensiná-los a compreender e interpretar a

vida dentro e fora da instituição com respeito e dignidade, para que diante dos padrões

estabelecidos, eles sejam considerados como sujeitos construtores do projeto educativo em

que estão envolvidos agindo criticamente, exercendo seus direitos e deveres de cidadãos.

Assim, ao invés de excluí-los, incluí-los numa proposta flexível, democrática e efetiva de

saberes significativos.

A educação escolar deve assumir, através do ensino e da aprendizagem do

conhecimento acumulado pela humanidade, à responsabilidade de dar ao educando o

instrumental para que ele exerça uma cidadania mais consciente, crítica e participante.

2.1.3 Auto-Estima, Autonomia e Limites: A Contribuição do Orientador Educacional no

Processo de Construção da Cidadania.

Hoje, podemos observar que a grande preocupação educacional está relacionada a

auto-estima da criança está cada vez mais presente nas escolas. O professor tem sempre a

preocupação de saber como é o convívio familiar do seu aluno.

Como nos diz Zagury (2002, p. 218): O cuidado especial com o tema deve-se ao fato

de que o indivíduo com baixa auto-estima tem possibilidades de apresentar problemas como

depressão e insucesso nos estudos, e mais tarde, na vida profissional, entre outros.

A família deve estar sempre presente na vida escolar do seu filho. Quando a criança

inicia precocemente a sua ida a escola, a família deve estar atenta e acompanhando o seu lado

emocional, pois a cada fase do seu desenvolvimento existem áreas características de

dificuldades que geram comportamentos regressivos, desorganizados. As crianças vivem

muitos momentos que para elas são difíceis de serem enfrentados, como por exemplo, a

chegada de um irmão, a rejeição e crítica de colegas, até mesmo simplesmente a chegada na

escola. Nestas fazes podem ocorrer manifestações do comportamento regressivo. Mas tudo

isso faz parte do desenvolvimento normal da criança. Porém, com a família junto com a

escola, os educadores deverão reconhecer a diferença entre a regressão normal e a patológica.

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Para Maldonado (2004):

A regressão normal é transitória, após certo período de tempo variável de acordo com cada criança e com situação que enfrenta. Predomina outra vez a tendência ao crescimento, ou seja, a força da progressão. Já a regressão patológica é mais duradoura e ‘prende’ o desenvolvimento da criança em uma ou várias áreas, ocasionando desarmonia entre os diversos aspectos do desenvolvimento (p. 30).

A criança deve saber e sentir que ela é amada não pelo que ela faz, mas pelo fato de

sua existência. Por isso a família deve respeitá-la nas horas que erra ao tentar realizar seus

desejos. Dessa forma, a criança vai desenvolvendo sua auto-estima que será muito importante

para o seu desenvolvimento escolar.

Os pais e educadores devem saber que par a criança ter um desenvolvimento positivo

na aprendizagem deverá ter auto-estima bem desenvolvida. Uma criança desenvolve boa auto-

estima à medida que é reconhecida como pessoa única, singular, com necessidades

educacionais específicas a sua pessoa. Nesta perspectiva, ajuda cada aprendiz a descobrir-se, a

aceitar-se, compreender-se é instrumentalizá-los a se sentirem confiantes e aptos a enfrentar

as dificuldades e as complexidades do aprender.

A escola em parceria com a família deve conviver num clima de relação aberta. Dessa

forma, o orientador educacional em seu trabalho coletivo precisa atuar junto com os pais e

educadores tendo um diálogo que os permitam conhecer e compreender melhor a criança.

Pois quando houver algum problema de aprendizagem será mais fácil para os pais lidarem

com essa situação sem que haja uma ruptura da parte deles. No entanto, é importante que a

escola tenha o orientador educacional, para ajudar a comunidade escolar a compreender os

diferentes processos pelos quais passa esta comunidade possibilitando o crescimento pessoal

/social e de libertação.

Atualmente, a preocupação com a auto-estima da criança está cada vez mais presente

nas escolas. O professor tem sempre a preocupação de saber como é o convívio familiar do

seu aluno.

A família deve estar sempre presente na vida escolar do seu filho. Quando a criança

inicia precocemente a sua ida a escola, a família deve estar atenta e acompanhando o seu lado

emocional, pois a cada fase do seu desenvolvimento existem áreas características de

dificuldades que geram comportamentos regressivos, desorganizados. As crianças vivem

muitos momentos que para elas são difíceis de serem enfrentados, como por exemplo, a

chegada de um irmão, a rejeição e crítica de colegas, até mesmo simplesmente a chegada na

escola. Nestas fazes podem ocorrer manifestações do comportamento regressivo

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(VACCONCELLOS 1995, P. 62). Mas tudo isso faz parte do desenvolvimento normal da

criança. Porém, com a família junto.

A educação escolar baseada num processo de cidadania requer um constante repensar

em suas ações, onde é visto como um lugar marcante na formação do cidadão e propício para

desenvolver valores éticos e sociais. Em primeiro lugar, a cidadania pessoal, o respeito mútuo

devem ser valorizados e resgatados, propor-se a ensinar o aluno a pensar como cidadão com

seus direitos, deveres, onde crítica, toma decisões e forma opiniões.

A cidadania é o eixo no processo educacional, baseado em valores morais e justiça

social. Por isso, a escola deve assumir princípios democráticos, articulando-se num espaço de

reprodução de conhecimentos, conscientização e transformação, para os desafios da vida e da

formação de valores éticos e morais.

O professor junto com o orientador educacional, devem sempre procurar direcionar o

aluno a buscar informações fora da escola, indagar, fazendo a interação escola, comunidade e

família, fazendo-o perceber que o conhecimento insere num universo mais amplo. O conjunto

das possibilidades pessoais desenvolvidas transforma-se em estímulos e energias em favor de

bons resultados na relação entre aprender e sentir prazer em aprender. Portanto, a educação é

o fazer em conjunto, é desenvolver o trabalho com cumplicidade, orientado por um desejo de

transformação e superação. A contribuição da escola para a sociedade é sem dúvida nenhuma

necessária, pois a escola forma cidadãos preparados para agirem como agentes semeadores e

transformadores de bem-estar coletivo.

No entanto, a participação das famílias não deve estar sujeita a uma única

possibilidade. A escola precisa pensar em formas mais variadas de participação de modo a

atender as necessidades e interesses diferentes.

É preciso neste processo integrar o conhecimento das famílias nos projetos, na

formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais e demais atividades pedagógicas, cuja

necessidade de romper com a concepção de um ensino excludente, destacando os seus

determinantes sociais e a relação das condições de saúde, economia e outras. No entanto, nem

só as questões culturais e regionais podem ser inseridas nas programações por meio da

participação de pais e demais familiares, mas também as questões afetivas e motivações

familiares podem fazer parte do cotidiano pedagógico. Assinalando que a escola, sozinha, não

se responsabilizará pela educação das crianças, ela poderá sim, fornecer importantes

elementos para capacitar o cidadão para uma vida saudável e propõe ainda, como estratégia

importante, a inclusão da realidade ao qual está inserida na grade curricular para garantia dos

direitos de cidadania.

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Miranda (apud TAVARES 1992, p. 44) define que: a escola, em suas principais metas

e estratégias, precisa garantir a todos os indivíduos o direito à Educação, para que possam

atingir a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade em que vivem.

Diante desta perspectiva, as condições de qualidade de vida do sujeito e da

coletividade são determinadas pela implementação de políticas públicas saudáveis, ou seja,

compromissadas, efetivamente, com a justiça social, melhor distribuição de renda, direitos

humanos, equidade e paz.

Compreender o que acontece com as famílias, entender seus valores ligados a

procedimentos disciplinares, a hábitos de higiene a forma de se relacionar com as pessoas

pode auxiliar a construção conjunta de ações. De maneira geral, as escolas devem servir de

apoio real e afetivo às crianças e suas famílias, respondendo às suas demandas e necessidades.

Evitar julgamentos moralistas, pessoais ou vinculados a preconceito é condição para

o estabelecimento de uma base para o diálogo (MIRANDA apud TAVARES 1992, 137).

Aprender então é um processo natural da vida. Cada indivíduo tem sua forma própria

de aprender. Aprender é um processo constante. O ser humano tem capacidade infinita de

aprendizado, porém, deve ser trabalhado a cada dia, através de situações que necessitam de

orientação.

Ajudar o filho/aluno na caminhada escolar significa muito para o aprendizado. Escola

e família devem trabalhar juntas pelo resgate do interesse, pela aprendizagem e das virtudes

nos corações dos nossos educandos, interrrelacionando sentimentos, afetos e intuições na

construção do conhecimento.

Entretanto, a base de todo o processo ensino-aprendizagem dependerá principalmente

da relação que o professor terá com seu aluno e o seu meio; da organização escolar, das

atividades, interesses e habilidades dos mesmos; do clima social que se estabelece na turma

através da interação professor-aluno. Através da integração, professores e alunos vão se

conhecendo melhor, um se coloca no lugar do outro, para que assim possam atingir os

objetivos, os propósitos almejados.

A escola como organismo social precisa ter a responsabilidade de oferecer aos alunos

a oportunidade para que eles possam aprender, através da troca e do diálogo, ter uma visão ao

mesmo tempo realista e transformadora de si e da própria sociedade. (CASTILHO &

RIBEIRO 2000, p.57)

Em relação aos alunos, estes são sujeitos singulares, plurais que precisam ser

orientados em seu processo de socialização, devendo a todos colaborar nesse processo

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oferecendo-a, a oportunidade de se desenvolver plenamente o seu potencial, aprendendo a

viver consigo e com os outros, tornando-se pessoa.

Na medida em que ela se evolui, vai modificando suas posturas, adquirindo novas

habilidades, sabendo relacionar com os outros construindo nova identidade e interagindo com

o meio.

Neste contexto, nós orientadores educacionais, junto com os professores, pais,

familiares e toda equipe técnico pedagógica, a partir de uma ação coletiva, articular nossa

prática, visando melhorar as condições de vida do cidadão e da própria sociedade, com a

perspectiva de se investir no processo de formação, realizando ações em seus diferentes

espaços, comunidade, escola, entre outros, como recursos importantes para o

desenvolvimento social, econômico, histórico e cultural dos cidadãos contribuindo para a

construção de ambientes favoráveis à educação, que se sustentem no cotidiano do indivíduo,

em seus espaços de convivência, principalmente quando esta estiver inserida na construção do

conhecimento do cidadão crítico, estimulando-o ao desenvolvimento de habilidades e à opção

por atitudes mais saudáveis para suas relações e para sua própria vida.

Evidentemente, são a partir da investigação de demandas e temas pertinentes à

comunidade escolar e particularmente aos educandos, que se poderá ser traçadas estratégias

para práticas educativas, com metodologias que garantam a interação e a participação dos

sujeitos envolvidos. Também podem ser criados planos de instrumentalização técnicas

profissionais e de membros da comunidade, permitindo o crescimento desses atores,

apoiando-os nos exercícios de suas funções e no cotidiano de suas vidas.

2.1.4 A Integração do Orientador Educacional e da Família com o Projeto Político

Pedagógico

Para se ter um projeto político pedagógico que promova a inclusão social com ensino

de qualidade, combatendo a evasão, a repetência e a exclusão institucional e, aumentando o

tempo de permanência dos alunos nas escolas, deve-se ter uma gestão democrática.

Ao se organizar o projeto político pedagógico configura-se a identidade da unidade

escolar, valendo-se pra isso instrumentos para diagnósticos internos e externos da

comunidade. A elaboração do PPP da instituição questiona as bases da ação administrativa,

docente e discente e culmina por exigir uma nova atitude escolar em todos os níveis da

instituição, desde as estruturas relativas ao gerenciamento maior, até, e principalmente, à

organização do trabalho de sala de aula.

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Como elucida Veiga (1998):

O Projeto Pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalidades da escola, assim como a explicitação do seu papel social e a clara definição dos caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos como o processo educativo. Seu processo de construção aglutinará crenças, convicções, conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e científico, constituindo-se em compromisso político e pedagógico coletivo (p. 9).

O princípio norteador de um projeto pedagógico é sempre sua intencionalidade, algo

que se apresenta como desejado e necessário. Todo projeto implica uma atividade ativa e

dinâmica, que reúne toda a comunidade escolar na construção coletiva da escola, construção,

porque assim como as pessoas e o mundo não está pronta. Ele está em constante

transformação, tem coisas boas que deve manter coisas que deve modificar e outras que

devem adquirir.

É através da participação conjunta que cada pessoa é respeitada enquanto indivíduo e

enquanto integrante de um corpo maior e coletivo, que é a escola. A participação dos pais na

escola é muito importante, não mais só para ouvir queixas dos seus filhos ou ajudar nos

mutirões. Todas as escolas hoje buscam a integração da família na escola. O que se propões é

que participem das reflexões sobre os problemas da escola e das decisões a serem tomadas.

Mesmo não sendo especialistas em educação, os pais são capazes de avaliar se uma

escola é organizada ou não; se há indisciplina e cumprimento dos deveres; se estão sendo bem

recebidos ou não. Querem também saber sobre o “tratamento” pedagógico dado aos filhos; se

eles estão aprendendo ou não; porque é esse método e não aquele.

Sabe-se que o trabalho conjunto escola-família é um dos maiores desafios de uma

proposta pedagógica, na medida em que reflete a problemática social mais ampla.

Quando a criança apresenta dificuldades em fazer atividades de casa na hora de ir a

escola e verificar a professora como está seu filho na sala de aula. Existem problemas que

muitas vezes não são detectados pela família e sim pela escola. A escola junto com o

orientador educacional e os professores são profissionais competentes e, de grande ajuda ao

observar o comportamento da criança e orientar a família no que se deve fazer para ajudá-la.

É por este motivo que se faz importante promover a articulação entre escola e família.

A equipe da escola depende da participação na educação escolar. O apoio dela é

crucial no desenvolvimento do aluno. E é desejo de todo educador ter pais cooperativos e

atentos ao desempenho dois filhos na medida certa.

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Todos os indivíduos, não importam em qual papel e sim que um dia eles serão testados

e desafiados, criticados e confrontados. Pois é nessas horas que eles necessitam mais da

presença da família e esta deve estar presente para orientá-los a ter confiança em si mesmo,

com autonomia, auto-estima e limites.

Neste contexto, é importante que as idéias de tornar a escola mais atrativa e

motivadora, e de aumentar o envolvimento e o tempo de permanência diária do orientador

educacional e dos alunos na escola, em atividades extra-classe, na implementação de práticas

educacionais eficientes na promoção do desenvolvimento do conhecimento em sala de aula e

o fortalecimento da cultura escolar das famílias, dos alunos e de toda a comunidade.

Portanto, torna-se cada vez mais importante oportunizar o avanço teórico a respeito do

orientador educacional, especialmente num momento em que se impõe democratizar o ensino,

permitindo o avanço do processo educacional para uma sociedade cada vez mais exigente

com a formação do cidadão.

Constatamos que, as teorias e abordagens apresentadas para as dificuldades de

aprendizagem no ensino fundamental omitem inúmeros aspectos do contexto, onde ocorre o

processo ensino aprendizagem.

Este trabalho pretendeu incentivar a participação do orientador educacional e da

família na escola, priorizando a compreensão e o entendimento dos caminhos da sociedade

através da educação. As relações escola-família, proporcionam uma reflexão sobre a função

deste profissional e da escola na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres,

que devem estar dessa forma preparados para lutar pelas transformações necessárias a

integração social, onde é um processo fundamental de troca por meio do qual se desenvolve a

conscientização dos indivíduos e se aprende com os mesmos.

Afirmamos que, toda criança encontra dificuldades na aprendizagem. Essa constatação

reforça a importância do orientador educacional na escola no sentido de criar condições,

juntamente com os professores para que a aprendizagem aconteça de maneira eficaz,

prazerosa e significativa.

É importante também que os educadores, de maneira geral, saibam diferenciar com

cuidado as crianças com dificuldades escolares. Entendendo e diagnosticando cada educando,

buscando as origens das dificuldades, do fracasso, avaliando, diagnosticando e, acima de tudo

estabelecendo um rumo teórico e prático de ação.

Portanto, através da intervenção do orientador educacional, dirigida aos professores

que acreditamos no real progresso da aprendizagem voltada, sobretudo, a uma educação

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integrada ao desenvolvimento do aluno como agente produtor do seu meio e não apenas como

um resultado, como acontece.

Neste contexto o professor precisa ter competência, encontrando o prazer de ensinar

para que possibilite o nascimento do prazer. O ato de ensinar fica sempre comprometido com

a construção do ato de aprender, faz parte de suas condições externas. Como diz Antunes

(2003, p. 101): A má qualidade de ensino provoca um desestímulo na busca do conhecimento.

Não há assim, um investimento dos alunos, do ponto de vista emocional, na aprendizagem

escolar e, essa seria uma condição interna básica. Casos há em que tal desinteresse é visto

como um problema apenas do aluno, sendo ele encaminhado para diagnóstico realizado pelo

orientador educacional por não ter o menor interesse nas aulas e não estudar em casa,

baixando assim sua produção.

Quando surgem as dificuldades de aprendizagem, os professores recorrem aos pais. Ao

mesmo tempo em que a ausência da família é considerada como um dos fatores que

contribuem para as dificuldades de aprendizagem, os professores junto ao orientador

educacional procuram a família para ajudá-los. Constata-se que, mesmo a família estando

ciente das dificuldades que apresenta a criança, muitas vezes fica omissa, não ajudando o

professor e não contribuindo para o trabalho da escola que deveria ser em conjunto com a

família para a superação das dificuldades.

A integração da família com a escola é por várias razões essenciais no incentivo e

direcionamento da criança para o futuro.

A família além de participar de reuniões e festas, deve também se integrar com o

projeto político pedagógico, para que se atenda aos anseios da sociedade e as necessidades de

aprendizagem dos alunos.

Família e escola juntas devem compartilhar as mesmas responsabilidades sobre a

educação escolar.

Nossa sociedade vive momentos preocupantes, não só em função do que acontece no

Brasil, mas também no mundo: guerra, violência, desrespeito aos direitos humanos,

discriminação, intolerância, corrupção, abuso de drogas, Aids, gravidez indesejada,

exploração de menores, e tantos outros problemas que nos levam a refletir que mais do que

nunca é preciso recuperar os princípios éticos na formação das novas gerações, para alimentar

a esperança de que a humanidade possa em um futuro próximo, superar esses grandes

problemas e construir uma sociedade verdadeiramente justa e democrática. Devemos

conscientizar as famílias que com a ajuda delas é que teremos uma educação para formarmos

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cidadãos com princípios democráticos que se realizam tanto na vida pessoal como na

profissional e social.

É prioritariamente importante a criação de ambientes favoráveis à educação, não

apenas no que se refere à garantia da segurança, dos direitos e do respeito que propiciam

relações mais harmoniosas e solidárias entre as pessoas, inclusive na questão de gênero,

construindo uma cultura de paz e de prevenção da violência. Assim, devem-se valorizar as

relações de convivência, com carinho, respeito, afeto e outros valores positivos que os alunos

mantêm com a família, com a escola, com os amigos entre outros.

Segundo Cobra (2003, p. 161): a reorientação dos serviços de orientação educacional

permitirá uma porta de entrada mais efetiva e democrática à comunidade escolar para

atender suas necessidade. Sobretudo, garantirá o acesso a uma educação de qualidade tendo

como ponto de referência a parceria família-escola.

De maneira geral, as escolas devem servir de apoio real e efetivo às crianças e suas

famílias, respondendo suas necessidades. É possível integrar o conhecimento das famílias em

projetos e demais atividades pedagógicas. Não só as questões culturais, mas podem ser

inseridas nas programações por meio da participação de pais e demais famílias, mas também

as questões efetivas e motivações familiares podem fazer parte do cotidiano pedagógico.

A Iniciativa “Escolas para todos” se traduz, assim, pelo compromisso e pela

capacidade que a instituição, a comunidade e os serviços de orientação educacional têm de

desenvolver parcerias e otimizar recursos locais em ação integrada e articulada para o

desenvolvimento de conhecimentos e habilidades para a vida, o estímulo a atitudes e práticas

de promoção da saúde e a construção de ambientes favoráveis à educação. Essa postura deve

estimular a participação de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, com suas

contribuições e conhecimentos, possibilitando estabelecer a escola como “pólo irradiador” das

ações de promoção da saúde e educação na comunidade; deste modo, a relação saudável de

interseção de políticas e educação valorizará a escola como cenário estratégico para uma

cidade mais saudável.

Temos que aprender a lidar com as diferenças, é preciso ter um olhar diferenciado, de

afeto e amor com os alunos sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação. É importante,

ainda ressaltar que uma escola inclusiva é um caminho sem “volta” por isso, os educadores

mais do que nunca devem engajar nessa luta que precisa ser de todo nós, pois a escola prepara

para o futuro e de certo que, se as crianças aprenderem a valorizar e a conviver com as

diferenças de aprendizagem, ou qualquer outro tipo na sala de aula, serão adultos bem

diferentes do que somos hoje.

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CAPÍTULO III

A FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA CONSTRUÇÃO

DA CIDADANIA

O mundo desenvolveu uma habilidade surpreendente de armazenar informações e

torná-las instantaneamente disponíveis em diferentes formas para quase todo o lugar. Essa

habilidade revolucionou os negócios, a vida doméstica, a educação, o emprego, a

administração e, virtualmente, tudo o mais que damos como certo. Diante das grandes

mudanças e transformações existentes no âmbito político, social, econômico, cultural,

industrial e tecnológico. Percebemos que a comunicação instantânea é a própria tecnologia

dominante.

A elite continua no poder, e o indivíduo que não conseguir acompahar tais mudanças

continua vivendo em desigualde, excluído da sociedade. as pessoas sentem a nec essidade de

terem uma casa para morar, saúde e educação para viverem melhor, ou seja, necesitam obter

o conhecimento, como a primeira condição favorável para que aconteça mudanças na vida de

muitas pessoas, a necessidade delas acompanharem o rítmo acelerado da sociedade e do

mundo, transformando sua vida um espaço de reflexão e criticidade.

O professor e consultor Charles Xandy (apud DRYDEN & VOS 1996, p. 33) declara

em The Age of Ureason que: o ritmo esmagador das mudanças demanda repensar

completamente a maneira de aprender.

Atualmente, surge a necessidade de uma educação condizente com a explosão em

tecnologia, em conhecimento e em comunicação. Portanto, estas se caminham para que os

bens fundamentais de cada nação sejam as habilidades de seus cidadãos. Infelizmente tudo

caminha em passos lentos.

Alves (2003) relata que: A educação é um caminho e um percurso. Um caminho que de fora se nos impõe e o percurso que nele fazemos. Deviam ser, por isso, indivisíveis e indissociáveis. Como os dois olhares com que nos abrimos ao mundo. Como as duas faces, a visível e a oculta, do que somos. Os caminhos existem para ser percorridos. E para ser reconhecidos interiormente por quem os percorre. O olhar para fora vê apenas o caminho, identifica-o côo um objeto alheio e porventura estranho. Só o olhar parra dentro reconhece o percurso, apropriando-se dos seus sentidos. O caminho dissociado das

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experiências de quem o percorre é apenas uma proposta de trajeto, não um projeto, muito menos o nosso próprio projeto de vida (p. 10).

A Educação do indivíduo (crianças jovens e adultos no Ensino Fundamental, um

caminho a ser percorrido na escola, enquanto espaço livre e privilegiado para o tratamento das

relações humanas: aprender a viver juntos, a viver com os outros e aprender a ser, requer um

olhar especial e reflexivo no papel do educador como mediador, cooperador e auxiliador neste

processo a ser percorrido.

Edwards (1999, p.46) afirma que: os indivíduos não podem apenas se relacionar uns

com os outros eles precisam relacionar-se uns com os outros acerca de algo.

Assim, o indivíduo, terá a capacidade de se desenvolve integralmente assumindo

valores essenciais para prosseguir nos estudos lutando pelos seus direitos e cumprindo com

seus deveres de cidadãos.

Desde pequena, a criança vem sofrendo modificação ao longo do tempo, não se

apresentando de forma homogênea, existindo uma diversidade de concepções de acordo com

a classe social ao qual está inserida. Boa parte das crianças pequenas brasileiras enfrenta um

cotidiano bastante adverso que as conduz desde muito cedo a precárias condições de vida e ao

trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Outras crianças são protegidas

de todas as maneiras, recebendo de suas famílias e da sociedade em geral todos os cuidados

necessários ao seu desenvolvimento.

Dessa forma, essas desigualdades sociais presentes no cotidiano ainda continuam. A

criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico que p faz parte de uma

organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em

um determinado momento histórico. Cobra (2003, p. 66) diz que: a criança em sua infância é

profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A

criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da

multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais.

Podemos perceber que as crianças são singulares, sentem e pensam o mundo de sua

própria maneira e que estabelecem desde cedo novos conceitos envolvidas com outras pessoas

que lhe são próximas e com o meio que as circunda. Dessa forma, elas revelam seu esforço

para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por

meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida as que estão submetidas e, seus

anseios e desejos.

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Muitas famílias por necessidades de trabalhar, buscam nas instituições educacionais

matricular seus filhos, e diante das situações vividas elas passam a maior parte de seu tempo

no ambiente escolar.

Dessa forma, as dificuldades que o ser humano passa, diante de uma realidade que está

muito próxima e que contribuem para percebermos, as grandes crises e que se confundem

com o que nós somos; com o que queremos; com nossa identidade pessoal e com a cultura a

qual estamos inseridos. Um universo de relações diferenciadas a qual nos deparamos e

convivemos com tudo isso diariamente e que por mais que se busque por mudanças, nada se

faz para reduzir as desigualdades sociais existentes.

Nas últimas décadas, nos debates de muitos especialistas apontam para a necessidade

de que as instituições de educação infantil incorporem de maneira integrada as funções de

educar e cuidar, não mais diferenciando nem hierarquizando os profissionais e instituições

que atuam com as crianças pequenas e/ou aqueles que trabalham com as maiores.

Mas sim, como novas perspectivas para a educação infantil associadas a padrões de

qualidade. Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento que consideram as

crianças como pessoas capazes de aprender, tendo, porém um olhar amplo em relação aos

seus contextos sociais, ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas

sociais que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversos linguagens e ao contato

com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma.

A Educação, portanto, deve-se tornar um ambiente acessível a todas as crianças que a

freqüentam, tratando-as igualmente sem distinção, isto é, indiscriminadamente, tornando-as

elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. “Cumpre um

papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de

aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação” (id, p. 49).

É por meio da educação escolar que a criança na educação infantil terá condições

necessárias para o seu desenvolvimento de aprendizagens significativas, que ocorrem nas

brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens

orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza

diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil.

Educar neste contexto significa, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e

aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento

das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude

básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais

amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o

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desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades

corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a

formação de crianças felizes e saudáveis.

É através da escola, junto com todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem

que a criança se desenvolverá plenamente. Daí a importância do professor estar capacitado

para assumir sua turma, trabalhando igualitariamente, respeitando o nível de desenvolvimento

de cada um, de modo a propiciar um espaço acolhedor, dinâmico, diversificado e eficaz.

A busca de igualdade continua e diante do atual contexto, devemos somar nossos

esforços, buscando por uma sociedade mais justa, solidária que reconheça em cada indivíduo

um valor maior o de ser pessoa, independente de suas condições de vida.

Não existe o futuro ideal ou as pessoas ideais para que a democracia possa começar. O

seu momento ideal é sempre o presente, com as pessoas presentes. Assim, precisamos

aprender a exercer nossos direitos e cumprir com nosso dever de cidadão, já que queremos

lutar por uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Precisamos aprender a ser democráticos, apesar de que tenhamos nos tornado adultos

sem criatividade e inseguros diante de situações que exigem de nós respostas diferentes dos

modelos prontos.

É importante desenvolvermos a compreensão de que a cada dia que passa, o novo

movimenta o mundo para mudanças e transformações que favorecem o bem estar e

desenvolvimento das pessoas.

Os professores podem criar atividades que contribuam para o desenvolvimento de

entendimentos mais apropriados.

Nas palavras de Hawkins (apud MORETTO 2002):

Um professor tem um papel único […]. Este não é o papel de uma mãe ou de um terapeuta ou de um colega, mas de alguém que valoriza os aprendizes e a aprendizagem profissionalmente. Quando os adultos comunicam um sincero e sério interesse pelas idéias das crianças em suas tentativas de se expressarem, um trabalho rico e complexo pode ocorrer, mesmo entre crianças muito pequenas (p. 64).

Trabalhar na educação de crianças, jovens e adultos não é tarefa fácil, é preciso força

de vontade, esforço conjunto e habilidades para aprender a conviver com situações difíceis,

acolher, saber dividir o espaço, dialogar, trocar idéias, brincar, se expressar e saber que a

criança quando vai para a escola necessita de amor, carinho, compreensão e respeito.

De acordo com Kramer (1993, p. 38): “A preocupação e a responsabilidade com a

educação Infantil devem acompanhar todos aqueles que têm a tarefa de conduzir e orientar

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crianças em seu processo de crescimento e formação como pessoas em todas as instancias

sociais”.

3.1 Competência profissional: o orientador educacional numa ação consciente na

educação básica

A educação básica nos últimos anos veio sofrendo muitas transformações e sendo

observada de uma maneira muito especial por toda a sociedade.

O investimento educacional, mais que uma atitude justa e oportuna, é um pensamento

fundamental para o crescimento da sociedade. Entende-se que o grande desafio da educação

atualmente, fundamenta-se na formação de um cidadão crítico e competente.

No contexto escolar enfatiza-se o orientador educacional e os educadores, como sendo

agentes ativos na contribuição do processo da formação da cidadania, já que encontram-se em

contato com este indivíduo que precisa sentir-se desejado, ter a oportunidade de explorar e

brincar, fazer parte do grupo, de muita atividade física, ser ouvido, de conhecer a si mesmo e

o mundo que o cerca.

Quem é esse orientador, o que ele sabe da capacidade e da responsabilidade da

formação deste indivíduo enquanto cidadão responsável e crítico?

A educação Brasileira sofreu muitas mudanças ao longo dos últimos sessenta anos:

revolução industrial, ditadura, democracia, etc. e a educação sempre refletiu os interesses

vigentes. É preciso abrir os olhos para uma educação transformadora e reflexiva.

Craydy & Kaercher (2001) afirmam que:

A educação infantil precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade, não pode deixar de lado o desenvolvimento das habilidades sociais, nem o domínio do espaço e do corpo e das modalidades expressivas; deve privilegiar o lugar para a curiosidade e o desafio e a oportunidade para a investigação (p. 30-31).

Entretanto, é por meio da interação que a criança junto com os adultos, adquire novos

conhecimentos, aprendendo a construir valores e atitudes essenciais para o seu crescimento.

Para Vygotsky (1996, p. 28) o adulto ajuda na construção da auto-estima infantil,

fornecendo à criança uma imagem positiva de si mesma, aceitando-a e apoiando-a sempre

que for preciso.

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Para que isso ocorra, é necessário que o orientador educacional tenha uma imagem

positiva de si mesmo e procurar desenvolver em si mesmo princípios básicos de uma boa

auto-estima; confiança, domínio e equilíbrio. E isso deve acontecer também com o educador,,

ele precisa transmitir o respeito as singularidades, trabalhando conscientemente e

coletivamente com todos os envolvidos no processo de construção da identidade do aluno.

Esse é o educador do século XXI. Aquele que compreende que o melhor currículo é o

aluno, suas vivencias seu contexto. Que não se conforma com os absurdos que perpassam

nossas rotinas escolares.

Alves (2003) aborda que:

As coisas a serem aprendidas são aquelas que constam dos programas. Essa é a razão porque os professores devem preparar seus planos de aula. Mas as coisas mais importantes não são ensinadas por meio de aulas bem preparadas. Elas são ensinadas inconscientemente (107).

O papel do orientador nesta perspectiva, num trabalho junto com o educador

centraliza-se na provocação de oportunidades de descobertas, através de uma espécie de

facilitação alerta e inspirada e de estimulação do diálogo, de ação conjunta e da co-construção

do conhecimento pela criança.

Em uma das reportagens de Fillippini (apud LUCK 1982).

O papel do adulto é acima de todo o de ouvinte, de observador e de alguém que entende a estratégia que as crianças usam em uma situação de aprendizagem. Tem, para nós, o papel de ‘distribuidor’ de oportunidades; e é muito importante para que a criança sinta que ele não é um juiz, mas um recurso ao qual pode recorrer quando precisa tomar emprestado um gesto, uma palavra. O professor deve estar envolvido com a exploração da criança, se deseja entender o que é ser o organizador e o estimulador de oportunidades (p. 125-126).

Dessa forma, as escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das

suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito todas as oportunidades

surgidas, todo o currículo oculto da criança precisa ser valorizado, porque é a partir deste

contexto que tanto a escola, quanto os alunos crescerão integralmente e se desenvolverão de

modo em que a relação professor e aluno estejam efetivamente confiáveis e dinâmicas.

Para Antunes (2001, p. 18) “os professores que efetivamente estudam as características

dessa fase, que gostam de ler e aprender e que jamais acre3ditam que seus saberes são

definitivos entendem o que é a formação da cidadania”.

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3.2 O orientador educacional num trabalho coletivo com os professores/alunos/família:

ambos construindo valores na escola e na sociedade.

Antunes (2003) afirma que:

A práxis de educação na cidadania é o sentimento profundamente arraigado no indivíduo de pertença a uma comunidade e a consciência que dele decorre dos direitos e deveres que nos ligam aos outros não se aprendem nas cartilhas ou nos manuais de civismo, mas na experiência cotidiana de relacionamento e colaboração com os que estão mais próximos de nós. o civismo não se ensina e não se aprende (como diria Fernando Pessoa) ‘estranha-se’, isto é, organiza-se e pratica-se no dia-a-dia, de uma forma permanentemente, consistente e coerente. E é da prática do civismo que resultam a aprendizagem e a consciência da cidadania (p. 15).

É oportuno referir que é a partir do processo contínuo de desenvolvimento da criança,

que teremos que associar à reflexão estando preparados para buscar constantemente soluções

para as questões do dia-a-dia da escola e da sociedade, levando-as a construir novos

conceitos, aprendendo a interpretar e transformar o mundo, aprendendo junto como educador

a superar as dificuldades e resolver os problemas cotidianos que ultrapassam os muros da

escola, lutando pelos seus direitos e cumprindo com seus deveres de cidadãos.

Dessa forma, para ser um cidadão participante, é preciso estar bem informado sobre os

acontecimentos e as coisas públicas que acontecem na sociedade e no mundo.

Quando falamos em cidadania, temos que retornar a vida das pessoas na sociedade,

uma das principais preocupações que existem vive em torno das mudanças e transformações

que todos nós estamos sofrendo e que a cada dia mais aumentam as desigualdades sociais que

cobrem parte da humanidade de sentimentos e incertezas, temores e o fundamental de tudo

são os novos paradigmas que muitas das vezes se apresentam no contexto social de forma

estereotipada.

Portanto precisamos ter consciência de que a liberdade, no mundo em que vivemos

hoje é um ideal social, em que o homem independente de suas condições pode agir

livremente, almejando o seu direito. Estamos vivendo numa sociedade plenamente pluralista,

e o homem deve buscar formas de exercer seus direitos satisfazendo assim, suas necessidades,

buscando melhorar suas condições de vida e emprego, tornando-se um cidadão crítico.

Mas afinal, o que é cidadania? Quais são os princípios básicos de uma educação para a

cidadania?

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Atualmente, a cidadania assume contornos mais amplos, que extrapolam o sentido de

apenas atender as necessidades política e sociais, e assume como objetivo a busca por

condições que garantam uma vida digna às pessoas.

Entender a cidadania a partir da redução do ser humano às suas relações sociais e políticas não é coerente com a multidimensionalidade que nos caracteriza e com a complexidade das relações que cada um e todas as pessoas estabelecem com o mundo à sua volta. Deve-se buscar compreender a cidadania também sob outras perspectivas, por exemplo considerando a importância que o desenvolvimento de condições físicas, psíquicas, cognitivas, ideológicas, científicas e culturais exerce na conquista de uma vida digna e saudável para todas as pessoas (COBRA 2003, P. 105).

Fala-se muito em mudar o sistema brasileiro em vigor, mas pouco se faz para acabar

com as desigualdades sociais existentes no país e no mundo.

Quanto mais as modificações e transformações vão acontecendo, cada vez mais o

desenvolvimento populacional cresce desorganizadamente, desestruturando o ambiente

familiar de muitas pessoas, principalmente quando falamos da classe social baixa, cujas

condições de vida necessitam de uma reformulação política, uma tomada de consciência das

autoridades em ter um novo olhar em relação a situação dessas pessoas.

As propostas de reforma do governo em melhorar as condições de vida da

humanidade, nada adiantaram, pois, as mudanças e transformações social, econômica,

científica e tecnológica existentes no país e no mundo, fazem com que a demanda da

sociedade e do mercado de trabalho exige que as pessoas ajam criticamente, assumindo seu

papel de cidadão, porém, as condições de vida de muitas delas não conseguem acompanhar

tais mudanças. Por meio dessas mudanças, é que aumentam cada dia mais a necessidade do

indivíduo, aprender e acompanhar tudo isso, sabendo agir na sociedade cujos problemas

existentes ela mesma quem criou, mas o que impede são as chances de vida e do mercado que

estão diminuindo por conta dos conhecimentos que estão a serviço da competitividade, cujo

acesso a sociedade tornou-se mais complexa.

Fala-se muito em educar o indivíduo para exercer seu papel de cidadão. A Lei garante

termos cidadania, mas não somos cidadãos plenos. Ainda não conseguimos nos desvincular

dos padrões exercidos pela sociedade, onde a classe dominante continua no poder.

Teoricamente, há muito tempo se fala em reformar a educação, a saúde, a economia,

mas pouco se faz para diminuir a desigualdade social e a exclusão de muitas pessoas no país e

no mundo, é um processo difícil, pois em qualquer movimento político sempre deparamos

com a estrutura da desigualdade em torno das demais mudanças e por mais que se tente

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eliminá-la, diminuí-la, não consegue. A maioria dos esforços da sociedade para ajudar as

famílias de classe baixa, se resume apenas em resolver parte dos problemas pela qual a

própria sociedade as comete e constrói.

Faltam-lhes políticas específicas para adequar-se ao sistema e a necessidade de

organizar uma nova estrutura educacional e habitacional que priorizem o cidadão,

principalmente nas famílias de baixa renda, que está sendo prejudicada, pelas quais, essas

desigualdades são mais visíveis nas escolas, existindo assim um afastamento muito grande do

processo de universalização. É preciso termos consciência de que a liberdade, no mundo em

que vivemos hoje é um ideal social, em que o homem independente de suas condições pode

agir livremente, almejando o seu direito. Estamos vivendo numa sociedade plenamente

pluralista, e o homem deve buscar formas de exercer seus direitos satisfazendo assim, suas

necessidades, buscando melhorar suas condições de vida e emprego, tornando-se um cidadão

crítico.

Quando falamos em cidadania, temos que retornar a vida das pessoas na sociedade,

uma das principais preocupações que existem vive em torno das mudanças e transformações

que todos nós estamos sofrendo e que a cada dia mais aumentam as desigualdades sociais que

cobrem parte da humanidade de sentimentos e incertezas, temores e o fundamental de tudo

são os novos paradigmas que muitas das vezes se apresentam no contexto social de forma

estereotipada.

Apesar de existir a lei, as normas e regras, no entanto, uma vez ou outra são

quebradas, principalmente porque muitos menores que chegam à escola são de classe baixa

que buscam por uma educação, uma forma de se profissionalizar de exercer seu direito de

cidadão e esta lei não é cumprida. As mudanças acontecem, mas o dilema de um trabalho

digno, uma escola para todos onde os investimentos deixassem de ser apenas discursos de

muitos governantes e passassem a dar valor a essa família humilde de classe popular baixa

que vive do pouco que ganha e que por mais que se fala em educação, pouco lhes oferecem

meios de continuar os estudos.

A busca de igualdade continua e diante do atual contexto, devemos somar nossos

esforços, buscando por uma sociedade mais justa, solidária que reconheça em cada indivíduo

um valor maior o de ser pessoa, independente de suas condições de vida.

Não existe o futuro ideal ou as pessoas ideais para que a democracia possa começar. O

seu momento ideal é sempre o presente, com as pessoas presentes. Assim, precisamos

aprender a exercer nossos direitos e cumprir com nosso dever de cidadão, já que queremos

lutar por uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

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De acordo com Tugendhat (1999):

O comportamento moral e ético do cidadão consiste em reconhecer o outro como sujeito de direitos iguais, o que significa que às obrigações que temos em relação ao outro correspondem, por sua vez, direitos. Complementando, demonstra que todos os seres humanos, independentemente de suas peculiaridades e papéis específicos na sociedade, têm determinados direitos simplesmente enquanto são seres humanos (p. 362).

Benevides (2004), ao tratar do tema dos direitos humanos, discute sua universalidade e

a concepção de que são naturais e, ao mesmo tempo, históricos.

Partindo de formas de compreensão como as citadas acima, e como resultado do

esforço da comunidade internacional para estabelecer parâmetros que possam balizar as ações

das diferentes culturas com relação ao que se considera como razoável quanto ao respeito aos

direitos fundamentais dos seres humanos, foi que a Organização das Nações Unidas

promulgou, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esse documento, em sua

base, reconhece três dimensões dos direitos humanos: 1) As liberdades individuais, ou o

direito civil; 2) Os direitos sociais; e 3) Os direitos coletivos da humanidade.

Os princípios presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)

situam-se na confluência democrática entre os direitos e liberdades individuais e os deveres

para com a comunidade em que se vive. Juntamente à forma coletiva de acordo com a qual foi

elaborada. Assim, ela pode ser compreendida como a base para o que vem sendo chamado de

valores universalmente desejáveis.

Segundo Paz (2000):

Dessa maneira, a Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser um guia de referência para a análise dos conflitos de valores vivenciados em nosso cotidiano e para a elaboração de programas educacionais que objetivem uma educação em valores. Se quisermos, portanto, promover uma educação ética e voltada a para a cidadania, devemos partir de temáticas significativas do ponto de vista ético (como é o caso daquelas contidas na DUDH), propiciando condições para que os alunos e alunas desenvolvam sua capacidade dialógica, tomem consciência de seus próprios sentimentos e emoções, e desenvolvam a capacidade autônoma de tomada de decisão em situações conflitantes do ponto de vista ético/moral (p. 83).

Portanto, precisamos aprender a ser democráticos, apesar de que tenhamos nos tornado

adultos sem criatividade e inseguros diante de situações que exigem de nós respostas

diferentes dos modelos prontos.

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É importante desenvolvermos a compreensão de que a cada dia que passa, o novo

movimenta o mundo para mudanças e transformações que favorecem o bem estar e

desenvolvimento das pessoas.

Dessa forma, para ser um cidadão participante, é preciso estar bem informado sobre os

acontecimentos e as coisas públicas que acontecem na sociedade e no mundo.

O avanço da cidadania e da civilização no mundo ocorre historicamente por meio de

direitos, que norteiam a dignidade do ser humano, a igualdade concreta de oportunidades na

prevenção da violação dos direitos.

De acordo com a Lei dos Direitos humanos:

Art. 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Baseados em princípios legais e jurídicos de proteção dos direitos humanos

encontram-se os direitos individuais e coletivos que consolidam a cidadania, em sua

efetivação plena, nos princípios constitucionais do processo como regra suprema da

constituição.

A democracia é regime de garantia real, conquista dos direitos fundamentais do

homem consagradas na constituição que torna possível o exercício pleno da cidadania.

Dessa forma, o desenvolvimento urbano, a diminuição do déficit habitacional, a

promoção da justiça social e a valorização das pessoas são diretrizes que norteiam o trabalho

educacional. É a concretização de uma política educacional democrática, que prioriza

cidadãos de baixa renda, excluídos da sociedade, que ao longo dos anos o país e o mundo vêm

sofrendo um aumento populacional marcado pela desigualdade social, uma realidade que

impede muitas famílias de ter acesso a educação.

Portanto, a escola, por sua complexidade de atuação, pressupõe uma educação de

todos (crianças, jovens e adultos), a partir de princípios coerentes com esses objetivos, e com

a intenção explícita de promover a cidadania pautada na democracia, na justiça, na igualdade,

na equidade e na participação ativa de todos os membros da sociedade nas decisões sobre seus

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rumos. Dessa maneira, pensar em uma educação para a cidadania torna-se um elemento

essencial para a construção da democracia social.

Entendemos que tal forma de educação deve visar, também, ao desenvolvimento de

competências para lidar com: a diversidade e o conflito de idéias, as influências da cultura e

os sentimentos e emoções presentes nas relações do sujeito consigo mesmo e com o mundo à

sua volta.

Uma questão a ser apontada é que atualmente as crianças e os adolescentes vão à

escola para aprender as ciências, a língua, a matemática, a história, a física, a geografia, as

artes, e apenas isso. Não existe o objetivo explícito de formação ética e moral das futuras

gerações. Entendemos que a escola, enquanto instituição pública criada pela sociedade para

educar as futuras gerações, deve se preocupar também com a construção da cidadania, nos

moldes que atualmente a entendemos (BUFFA 1993, p. 133).

Se os pressupostos atuais da cidadania procuram garantir uma vida digna e a

participação na vida política e pública para todos os seres humanos e não apenas para uma

pequena parcela da população, essa escola deve ser democrática, inclusiva e de qualidade,

para todas as crianças e adolescentes. Para isso, deve promover, na teoria e na prática, as

condições mínimas para que tais objetivos sejam alcançados na sociedade.

Mas como os valores são apropriados pelos sujeitos? Adotamos a premissa de que os

valores não são nem ensinados, nem nascem com as pessoas. Eles são construídos na

experiência significativa que as pessoas estabelecem com o mundo. Essa construção depende

diretamente da ação do sujeito, dos valores implícitos nos conteúdos com que interage no dia-

a-dia, e da qualidade das relações interpessoais estabelecidas entre o sujeito e a fonte dos

valores.

Buscando atingir amplos espectros de atuação, entendemos que o trabalho de educação

em valores que visam à construção da cidadania pode abarcar quatro grandes eixos temáticos

que, de maneira geral, configuram campos principais de preocupação da ética e da democracia

nos dias atuais.

Uma educação ancorada em tais princípios, de acordo com Paz (2000):

Deve converter-se em um âmbito de reflexão individual e coletiva que permita elaborar racionalmente e autonomamente princípios gerais de valor, princípios que ajudem a defrontar-se criticamente com realidades como a violência, a tortura ou a guerra. De forma específica, para esse autor, a educação ética e moral deve ajudar a analisar criticamente a realidade cotidiana e as normas sociomorais vigentes, de modo que contribua para idealizar formas mais justas e adequadas de convivência (p. 45).

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Diante desta abordagem, falar em cidadania e a formação integral do indivíduo, requer

da educação que ela assuma seu papel, levando em conta, o apoio das pessoas, seu projeto

pessoal e também sua capacidade de universalização, que deve ser exercida dialogicamente,

pois, dessa maneira, elas poderão ajudar na construção do melhor mundo possível,

demonstrando saber que são responsáveis pela realidade social.

De forma específica, damos ênfase nesta proposta de cidadania a atuação do orientador

educacional, este trabalhara em função de desenvolver no educando, na família e em todo o

contexto escolar e fora dele, um espaço coletivo de diálogo, onde a realidade cotidiana e as

normas sócio-morais vigentes sejam trabalhadas com a diversidade humana. Este profissional

desenvolverá ações coletivas de apoio à família e aos alunos, atuando junto com os

educadores numa proposta de enfrentamento das exclusões, os preconceitos e as

discriminações advindos das distintas formas de deficiência, e pelas diferenças sociais,

econômicas, psíquicas, físicas, culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de gênero.

Dessa forma, a educação quando trabalhada democraticamente, junto com a família e a

comunidade a qual está inserida, precisa fundamentalmente desenvolver plenamente o

educando, levando-o a sua formação cidadã.

Puig (2000) entende que:

Uma escola democrática define-se pela participação do alunado e do professorado no trabalho, na convivência e nas atividades de integração. Uma escola democrática, porém, entende a participação como um envolvimento baseado no exercício da palavra e no compromisso da ação. Quer dizer, uma participação baseada simultaneamente no diálogo e na realização dos acordos e dos projetos coletivos. A participação escolar autêntica une o esforço para entender com o esforço para intervir (p. 33).

Neste contexto, a escola precisa construir espaços de diálogo e de participação no dia-

a-dia de suas atividades curriculares e não-curriculares, de forma a permitir que os alunos,

professores, pais e a comunidade em geral, tornem-se atores e atrizes efetivos, de fato, da

construção da cidadania participativa (BUFFA 1993, p. 70).

A educação escolar é uma prática que tem como função criar condições para que todos

os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir

instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e

culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o

exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente.

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A função da escola em proporcionar um conjunto de práticas pré-estabelecidas tem o

propósito de contribuir para que os alunos se apropriem de conteúdos sociais e culturais de

maneira crítica e construtiva. A escola, ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes

de atuar com competência e dignidade na sociedade atual, buscará eleger, como objeto de

ensino, conteúdos que estejam em consonância com as questões que marcam cada momento

histórico, cuja aprendizagem e assimilação são as consideradas essenciais para que os alunos

possam exercer seus direitos e deveres. A escola tem função de intervir efetivamente para

promover o desenvolvimento e socialização de seus alunos.

No que concerne as concepções socializadoras Penteado (1976):

As instituições educativas têm uma função básica de socialização e, por esse motivo, têm sido sempre um contexto gerador de atitudes. Isso significa dizer que os valores impregnam toda a prática educativa e são aprendidos pelas crianças, ainda que não sejam considerados como conteúdos a serem trabalhados explicitamente, isto é, ainda que não sejam trabalhados de forma consciente e intencional. A aprendizagem de conteúdos deste tipo implica uma prática coerente, onde os valores, as atitudes e as normas que se pretende trabalhar estejam presentes desde as relações entre as pessoas até a seleção dos conteúdos, passando pela própria forma de organização da instituição. (p. 189)

É neste contexto que a escola precisa estar integrada, abrindo seu espaço a todos que

direta ou indiretamente contribuem para o desenvolvimento da criança. Uma proposta

construtiva de saberes em que, todos têm acesso a educação. Uma construção democrática de

valores.

Trabalhar a formação de cidadãos críticos e conscientes é um desafio tanto para a

escola quanto a sociedade. Ambos devem trabalhar juntos visando a construção de sociedades

e escolas inclusivas, abertas às diferenças e à igualdade de oportunidades para todas as

pessoas, é um objetivo prioritário da educação nos dias atuais.

Esse paradigma consiste num trabalho integrado de propostas pedagógicas

diversificadas, elaboradas de acordo com as necessidades, dificuldades e o nível de

desenvolvimento de cada aluno. Dessa forma, o educador junto com o orientador educacional

e todos aqueles que fazem parte do processo ensino-aprendizagem trabalharam com as

diversas formas de deficiências e uma ampla discussão sobre as exclusões geradas pelas

diferenças social, econômica, psíquica, física, cultural e ideológica, devendo esta ser o foco de

ação das escolas. Buscar estratégias que se traduzam em melhores condições de vida para a

população, na igualdade de oportunidades para todos os seres humanos e na construção de

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valores éticos socialmente desejáveis por parte dos membros das comunidades escolares é

uma maneira de enfrentar essa situação e um bom caminho para um trabalho que visa à

democracia e à cidadania.

Entendemos que a função do orientador educacional nas escolas é de fundamental

importância para o desenvolvimento da personalidade dos alunos. Este profissional pode

contribuir para que educadores comprometidos com esses objetivos possam trabalhar na

escola e na sociedade a ética, a convivência democrática, os direitos humanos, a inclusão

social e as relações entre escola e comunidade.

É necessário abandonar a idéia de que essa é uma etapa simples do processo de

escolarização, porém, ela é crucial e irá contribuir para uma boa trajetória posterior da ampla

maioria dos estudantes.

Qualquer que seja a comunidade ao qual esta inserida, o importante é proporcionar a

seus alunos experiências ricas e variadas. Dessa forma, o professor precisa saber agir sobre a

personalidade dos alunos contribuindo de forma decisiva para seu ajustamento, seu

desenvolvimento.

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CONCLUSÃO

O trabalho direto com as crianças, jovens e adultos, exige que o professor tenha uma

competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com

conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até

conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter

polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve

tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo

com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações

necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre

a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.

A implementação e/ou implantação de uma proposta curricular de qualidade depende,

principalmente dos professores que trabalham nas instituições e de toda equipe escolar e

social. Por meio de suas ações, que devem ser planejadas e compartilhadas com seus pares e

outros profissionais da instituição, podem-se construir projetos educativos de qualidade junto

aos familiares e às crianças. A idéia que preside a construção de um projeto educativo é a de

que se trata de um processo sempre inacabado, provisório e historicamente contextualizado

que demanda reflexão e debates constantes com todas as pessoas envolvidas e interessadas.

Para que os projetos educativos das instituições possam, de fato, representar esse

diálogo e debate constante, é preciso ter bons professores como também o orientador

educacional que esteja comprometido com a prática educacional, capazes de responder às

demandas familiares e das crianças, assim como às questões específicas relativas aos cuidados

e aprendizagens infantis.

A educação escolar é uma prática que tem como função criar condições para que todos

os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir

instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e

culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o

exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente.

A função do orientador educacional dentro da escola é proporcionar um conjunto de

práticas pré-estabelecidas com o propósito de contribuir para que os alunos se apropriem de

conteúdos sociais e culturais de maneira crítica e construtiva. A escola, ao tomar para si o

objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade na sociedade

atual, buscará eleger, como objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância com as

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questões que marcam cada momento histórico, cuja aprendizagem e assimilação são as

consideradas essenciais para que os alunos possam exercer seus direitos e deveres.

O orientador educacional tem função de intervir efetivamente para promover o

desenvolvimento e socialização de seus alunos. Esta função socializadora nos remete a dois

aspectos: o desenvolvimento individual e o contexto social e cultural. É nesta dupla

determinação que nós orientadores educacionais nos construiremos como pessoas iguais, mas,

ao mesmo tempo, diferentes de todas as outras. Iguais por pertencermos à mesma matriz

cultural, o que nos permite fazer parte de grupos e compartilhar com outras pessoas um

mesmo conjunto de saberes e formas de conhecimento que, por sua vez, só é possível graças

ao que individualmente pudermos incorporar. Não há desenvolvimento individual possível à

margem da sociedade, da cultura.

O desenvolvimento de capacidades, como as de relação interpessoal, as cognitivas, as

afetivas, as físicas, as estéticas, as éticas, tornam-se possível através do processo de

construção e reconstrução e conhecimentos. Um trabalho coletivo

Portanto, considerar que as crianças são diferentes entre si, implica propiciar uma

educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem suas necessidades e ritmos

individuais, visando a ampliar e a enriquecer as capacidades de cada criança, considerando-as

como pessoas singulares e com características próprias. Individualizar a educação infantil, ao

contrário do que se poderia supor, não é marcar e estigmatizar as crianças pelo que diferem,

mas levar em conta suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de

enriquecimento pessoal e cultural.

A relação professor-aluno, deve ir além da mera transmissão e da aplicação de

técnicas, pois o aluno deve ser capaz de construir, reconstruir, elaborar e reelaborar os

conhecimentos, no sentido de que os mesmos passem a ter significado em suas vivências.

Para que isso ocorra é necessário que o relacionamento afetivo entre professor-aluno propicie

as condições necessárias.

Quando falamos de relacionamento afetivo, este pressupõe respeito pelas idéias, pelas

opiniões do outro, pressupõe afeto, dedicação, troca, esforço e vontade por parte dos

envolvidos. Assim, o professor e o orientador educacional que se interessam pelo progresso

dos alunos e o demonstra faz com que os mesmos tenham mais confianças em si próprios e

sejam bem mais sucedidos em suas realizações. Já os professores que são impessoais,

indiferentes, a tendência é que aconteça o contrário.

Através da integração, professores e alunos, o conhecimento se ampliará de modo em

que a ação do orientador diante dos problemas dentro e fora da sala de aula, esteja alicerçada

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numa proposta de fazer com que cada um se conheça melhor, um se coloca na posição, no

lugar do outro, para que assim possam atingir os objetivos, os propósitos almejados.

O aprendiz necessita de alguém ao seu lado que entenda o processo pelo qual está

passando e o ajude a evoluir. Através da troca, do diálogo, o docente junto com o orientador

educacional irá procurar entender quais são os motivos, as dificuldades dos educandos, como

reagem e sentem perante as situações. Fará com que as interações aconteçam de modo

produtivo, onde haja respeito de ambas as partes, para assim poder superar os obstáculos na

aquisição dos conhecimentos. Desta forma, o aluno se sentirá mais seguro para expor suas

idéias, perguntar e participar, contribuindo para o crescimento do grupo e se desenvolvendo

social-cognitiva e afetivamente.

Mas, para solucionar alguns dos problemas educacionais, é preciso que toda a

comunidade escolar e toda a comunidade social se esforcem para melhorar o ensino,

desvinculando-se dos aspectos cognitivas em que muitas escolas até hoje se baseiam,

trabalhando num processo de conhecimento em que a criança seja reconhecida como ser

socialmente históricos acreditando em seu potencial e na sua inteligência. Assim

reconhecendo que a reciprocidade entre a afetividade e a cognição devem ser trabalhadas

simultaneamente, atribuindo em seu projeto educativo as emoções, o coletivo e o respeito as

opiniões, para que diante de situações problemas existentes possam ser tomadas as devidas

decisões.

Desse modo, aprender a ler as emoções é um essencial instrumento para ser

administrados, para isso devemos valorizar nossas crianças em todos os aspectos, pela qual a

medida que evolui, vai modificando suas posturas, adquirindo novas habilidades, sabendo

relacionar com os outros indivíduos construindo nova identidade e interagindo com o meio.

A escola, o orientador educacional e os professores necessitam utilizar métodos

pedagógicos adequados, conduzindo as crianças ao bom desempenho, aproveitando o máximo

tudo que o meio lhe oferece.

Nesse contexto, as crianças estabelecem relações simultâneas com o mundo social e

escolar elaborando e reestruturando os aspectos afetivos possibilitando o crescimento

envolvido em situações problemas que, a partir dessa diferentes relações, exercem um

importante papel no desenvolvimento da personalidade. Uma pedagogia fundamentada na

ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.

Porém, seu fortalecimento requer investimento nas escolas, para que estas possam, de

fato, formar cidadãos críticos e profissionalmente competentes. A inserção do país no

contexto da globalização, nas transformações científicas e tecnológicas, atribui à escola

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imensas tarefas, não enquanto a única instância responsável pela formação dos sujeitos, mas

como aquela que exerce uma prática educativa social organizada e planejada ao longo de

muito tempo na vida dos alunos.

Discutir sobre estas questões é buscar compreender e aprender a ver as relações,

baseado no auto-conhecimento do mundo ao qual a escola está inserida, visando como algo

mais do que aquilo que se apresenta, possibilitando novas construções para os processos

integrados a parceria família e escola.

Portanto, não podemos mais continuar apenas com a transmissão de conhecimentos

prontos, acabado, muito menos desvinculados da realidade dos nossos alunos. Temos que nos

conscientizar e nos interessar em possibilitar aos nossos alunos/filhos, uma aprendizagem real

e significativa, em que a aplicação da realidade e as hipóteses de soluções encontradas possam

determinar os problemas existentes no ambiente familiar e escolar, buscando por melhorias no

processo evolutivo e construtivo de aprendizagem acentuada numa educação de indivíduos

críticos e participativos.

Um desafio mútuo que pressupõem naturalmente, a existência de um relacionamento

de confiança e o respeito aos indivíduos com problemas e dificuldades de aprendizagem de

leitura e escrita, para a realização de um trabalho justo, digno e igualitário.

Um plano de ação integrado ao processo de sistematização, análise, planejamento,

reflexão e compreensão da diversidade cultural existente dentro do ambiente escolar,

buscando o ajustamento dos alunos cujas carências apresentadas (afetiva, emocional,

psicológica, social, mental) segundo suas aptidões e características individuais).

Evidencia-se um grande momento da gênese pelo qual a criança descobre que ela

consegue aprender, dizer a sua palavra e que sua linguagem não está relacionada ao próprio

objeto, mas na sua relação com os objetos dentro da cultura, à fala.

Tanto o Orientador educacional quanto o educador devem aproveitar as reuniões,

conselhos de classes, formularem projetos, organizar palestras e outras propostas como

momento de interação da relação escola, família e comunidade, apoiando e conscientizando a

todos neste processo de mudança e transformação da escola e buscando contribuir para que

cada um assuma suas respectivas responsabilidades.

Percebendo que o processo didático é uma relação que se estabelece entre alunos,

professores, orientador educacional, supervisor, diretor, família, enfim todos os responsáveis

que direta ou indiretamente contribuem para sua educação e o seu saber.

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Em sua concepção, as habilidades de linguagem é fundamentada na idéia de que, a

aquisição da escrita é um processo de construção feito pela própria criança a partir de

interações que estabelecem com o meio, mesmo antes da aprendizagem formal que a escola

lhe fornece.

Portanto, essa discussão não pára por aí, pois quando se fala em formação, isso nos

remete também as atividades regulamentares, ou seja, a própria legislação, que fala da

formação em nível superior e que precisa ser respeitada, mas que em inúmeras escolas estas

são apenas discursos que ficam engavetados, uma vez ou outra é utilizada.

Sabemos que as dificuldades são comuns, para cada criança e família, são experiências

e características individuais e pertubadoras, principalmente se acompanhadas de dificuldades

e entendimentos da situação. Portanto, cada indivíduo é responsável pelo seu sucesso ou

fracasso escolar.

Por isso, é fundamental que a aprendizagem da criança não pode acontecer

espontaneamente, ao contrário exige uma ação que precisa ser discutida pelos professores,

equipe técnica pedagógico e administrativa, estando estes qualificados para ensinar, contando

também com as parcerias; pais, alunos e comunidade.

Este texto aborda também, a necessidade das escolas organizarem suas ações e

estruturas, abrindo seu espaço a discussão, a troca de experiência, em que todos possam

opinar e tomar as decisões necessárias para o desenvolvimento das atividades, reduzindo o

nível de desigualdade existente, cujos valores e princípios que norteiam a educação estejam

alicerçadas à implantação de diretrizes curriculares que precisam estar sempre em mudanças,

um processo contínuo e sistemático para que o indivíduo possa atuar na sociedade tendo uma

valorização pessoal, sabendo agir conforme as demandas sociais existentes no país e no

mundo.

Desta forma, a Educação deve definir claramente o direito das pessoas serem tratadas

igualitariamente, respeitando suas singularidades, seus níveis de desenvolvimento, suas

necessidades e dificuldades. Propiciando um ambiente afetivo, acolhedor e humano para que

as crianças através das atividades propostas possam permanecer em constante interação com

seu grupo, sentindo-se seguras e amadas para se desenvolverem plenamente.

Dessa forma educador aparece como fator de formação da personalidade desses

indivíduos que vivem excluídos da sociedade, e ao freqüentar uma sala de aula, apresentam

problemas de aprendizagem e que muitos não conseguem concluir o ensino, por não

conseguir acompanhar as demandas da escola evadindo-se.

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