a histÓria do sistema Único de saÚde: dos marcos legais … história do sistema... · criação...
TRANSCRIPT
FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
VITÓRIA ERVEN TORRES MOURA
A HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: Dos marcos legais ao repasse financeiro.
PALMEIRA DOS ÍNDIOS – AL 2019/2
VITÓRIA ERVEN TORRES MOURA
A HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: Dos marcos legais ao repasse financeiro.
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final para a conclusão do curso de Administração da Faculdade Cesmac do Sertão, sob a orientação da professora Esp. Elissandra Nonato Alves Medeiros.
PALMEIRA DOS ÍNDIOS – AL 2019/2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e pela força que Ele me deu para superar
todos os momentos difíceis que me deparei ao longo da minha caminhada
acadêmica, agradeço também pela minha saúde e por toda sabedoria concebida a
mim. Agradeço ao meu pai Everaldo Moura Pereira, e a minha mãe Silvana Ferreira
Torres Moura, pelo amor, incentivo, por todo o esforço investido na minha educação,
e por sempre acreditarem no meu potencial, os meus mais sinceros OBRIGADA.
Agradeço em especial ao meu anjo que cuidou tão bem de mim na terra e agora faz
seu papel no céu, olhando por mim e me guiando pelos caminhos da vida,
OBRIGADA VÓ Lindinalva Ferreira Torres (em memória). Agradeço aos meus
irmãos Mayara Erven e Eduardo Henrique, que mesmo com as nossas diferenças e
implicâncias eu não seria tão completa sem vocês. Agradecer também a minha tia
Cláudia Torres, que sempre foi uma mãe e agora mais ainda desde quando perdi
minha vó, que me acolheu e me incentiva todos os dias em buscar as melhores
coisas para o meu futuro, e a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para
a minha formação pessoal e profissional, que cada um teve sua importância para eu
me tornar a pessoa que sou hoje, o meu muito obrigada.
Sou grata pela paciência e pela compreensão da minha professora na
disciplina trabalho de conclusão de curso Laís Macêdo e da minha orientadora
Elisandra Nonato por aceitar estar junto comigo neste trabalho de conclusão de
curso. Grata também a instituição e a todo o seu corpo docente que realiza um
trabalho de excelência com os seus alunos.
A HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: Dos marcos legais ao repasse financeiro.
THE HISTORY OF THE PUBLIC HEALTH SYSTEM: FROM legal frameworks to financial transfer.
Vitória Erven Torres Moura
Graduanda do Curso de Administração [email protected]
Elisandra Nonato Alves Medeiros Esp. em Ciências da Educação
RESUMO
O presente artigo trata sobre o surgimento do Sistema Único de Saúde, faz uma análise geral sobre as Leis, incluindo alguns decretos e portarias, na mesma linha de pesquisa analisaremos sobre as Normas Operacionais Básicas que norteiam estratégias para melhorias do sistema. Aborda-se também os repasses do SUS, que envolve as esferas: Federal, Estaduais e Municipais. Faz uma análise sobre os avanços estruturantes da realização da Integralidade e Igualdade do SUS com a sociedade e correlaciona a forma de arrecadação e repasse da verba, trazendo resultados satisfatórios para continuar agregando valor a rede SUS.
PALAVRAS-CHAVE: Administração Hospitalar. Sistema Único De Saúde. Gestão e
Financiamento do SUS.
ABSTRACT
This article discusses the emergence of the Public Health System, makes a general analysis about the Laws, including some decrees and ordinances, in the same line of research we will analyze about the Basic Operating Standards that guide strategies for system improvement. It also addresses the transfers of SUS, which involves the spheres: Federal, State and Municipal. It analyzes the structural advances in the realization of SUS Integrality and Equality with society and correlates the form of collection and transfer of funds, bringing satisfactory results to continue adding value to the SUS network.
KEYWORDS: Hospital Administration. Unified Health System. Management And
Financing of the SUS.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7 2 METODOLOGIA .......................................................................................... 9 3 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 10 3.1 Sistema único de saúde: histórico e princípios .................................. 10 3.1.1 Reforma sanitária................................................................................... 12 3.1.2 Humanização......................................................................................... 12 3.1.3 Princípios do sistema único de saúde (SUS) ........................................ 13 3.1.4 Regionalização da saúde....................................................................... 15 3.2 Legislação ............................................................................................... 16 3.2.1 Normas operacionais básicas................................................................ 17 3.3 Estratégia de saúde no Brasil................................................................ 18 3.3.1 Matriciamento......................................................................................... 19 3.3.2 Financiamento do SUS........................................................................... 21 3.4. Gestão de recursos do SUS.................................................................. 22 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 24 REFERÊNCIAS............................................................................................... 26
7
1 INTRODUÇÃO
A história da saúde do Brasil pode ser contada a partir do descobrimento,
claro, os índios já padeciam de algumas enfermidades, mas os problemas ficaram
mais graves com a chegada dos colonizadores. No capítulo 4.1 onde tratamos sobre
o Sistema Único De Saúde: Histórico e Princípios, conta que há 500 anos que
começamos a busca por soluções para a questão de saúde dos brasileiros. Durante
os 389 anos da Colônia e do Impérios, pouco ou quase nada se fez pela saúde do
Brasil. Naquele tempo o acesso aos tratamentos variava de acordo com a classe
social, os pobres e escravos viviam em condições muito duras, e eram os primeiros
a cair por terra, já os nobres e os colonos brancos com poses tinham acesso aos
médicos e remédios da época, e assim, maiores chances de enfrentar as doenças e
a morte.
Para a maior parte da população, a opção eram as Santas Casas de
Misericórdia, implantadas pelos religiosos, mas, os hospitais viviam na pobreza e, na
maioria das vezes, não iam além da canja de galinha e da caridade. Os doentes
recorriam aos curandeiros ou similares, na época, os grandes conhecedores das
terapias de cura e do poder das ervas medicinais brasileiras (SALU, 2013).
Após a independência, Dom Pedro I realizou as primeiras mudanças
significativas para melhorar a saúde do povo, transformou escolas em faculdades,
criou órgãos para vistoriar a higiene pública, delimitou funções para os praticantes
da medicina. Mas as medidas foram pouco eficazes, o Império terminou com o
agravamento das condições de saúde e o Brasil continuou com a imagem de um
país doente, onde viver era um risco, um verdadeiro purgatório.
A República trouxe novos ares e esperanças de avanços na saúde, com o fim
da escravidão, o Brasil passou a depender da mão de obra dos imigrantes para o
trabalho nas lavouras de café e nas fábricas, mas, a fama de um país insalubre
afugentava novos operários. O período de 1900 a 1920 foi marcado por reformas
urbanas e sanitárias, principalmente nas grandes cidades, áreas portuárias e no Rio
de Janeiro então capital da república. Apesar disso, o Brasil seguia refém dos
problemas sanitários e das epidemias. As mudanças propostas por muitos eram
contrárias aos interesses políticos e econômicos daquele tempo, no entanto o
8
crescimento do país dependia de uma população saudável e com capacidade
produtiva (SALU, 2013).
Para entendermos sobre a Reforma Sanitária, procuramos no capitulo 4.1.1,
que nos contam um pouco da história, onde os sanitaristas comandaram este
período realizando campanhas de saúde, um dos destaques o médico Oswaldo
Cruz, enfrentou até revoltas populares, mas convenceu o estado a tornar obrigatória
a vacinação contra a varíola. As campanhas chegaram até os sertões do país,
divulgando a importância do cuidado com a saúde no meio rural, mas, os pobres
continuavam em moradias precárias, e as doenças fazendo vítimas (PAIVA;
TEIXEIRA, 2014).
A constituição de 1934 proporcionou aos trabalhadores novos direitos, como a
assistência médica e a licença gestante, até que em 1943 veio a CLT, Consolidação
das Leis de Trabalho, que além dos benefícios a saúde, criou o salário mínimo e
outras garantias trabalhistas. Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde, que se
ocupava principalmente das políticas de atendimento nas zonas rurais, enquanto
que nas cidades o acesso a saúde era privilegio dos trabalhadores com carteira
assinada.
No capítulo sobre estratégia de saúde no Brasil, tratamos sobre a atenção
primária cada vez mais era vista como responsabilidade dos municípios, e os casos
complexos ficavam a cargos dos governos estaduais e federal. Em 1986, a 8°
Conferência Nacional de Saúde, ampliou os conceitos de saúde pública no Brasil e
propôs mudanças baseadas no direito universal à saúde, com melhores condições
de vida, a conferência também abriu os olhos da sociedade para o valor de ações de
saneamento, medicina preventiva, descentralizações dos serviços e participação nas
decisões. O relatório produzido durante a conferência foi tão importante que serviu
de base para a elaboração do capitulo de saúde da constituição de 1988, e para a
criação do Sistema Único de Saúde (SUS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Embora com a participação do setor privado, o SUS estabeleceu o princípio
de um sistema de saúde gratuito e de qualidade para todos os brasileiros. Vários
programas importantes como o PSF, Saúde da Família, o PROFAE, de formação em
enfermagem e as RET- SUS, escolas técnicas profissionalizantes foram criadas
nessa época e até hoje contribuem para a qualificação e humanização do
atendimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
9
O Brasil mudou de patamar na Saúde Pública, os avanços são inegáveis, mas
os desafios continuam imensos. Com bases em algumas informações, pode-se
perceber que até hoje o SUS não recebe verbas suficientes, e isso, tem reflexos
diretos na qualidade do atendimento. A saúde também segue sofrendo as
consequências da corrupção e do gigantismo do Brasil, assim, como a 500 anos,
ainda estamos em busca de uma saúde de qualidade para o povo brasileiro, e
esperamos pelo momento onde o Brasil faça valer o artigo 196 da Constituição:
“Saúde, um direito de todos, um dever do Estado. ” (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2012).
O trabalho tem como objetivo examinar o surgimento do Sistema Único de
Saúde, fazer uma análise da lei relacionado ao mesmo, incluindo normas, decretos e
portarias e por fim, discutir a forma de repasse entre as três esferas de governo:
Federal, Estadual e Municipal. Como objetivos específicos, pode-se apontar:
Realizar um levantamento histórico sobre a história do Sistema Único
de Saúde.
Entender um pouco sobre a lei que rege o sus, junto com seus
decretos e portarias e correlacionar com as Normas Operacionais
Básicas que complementam as leis.
Conhecer as redes que oferecem um suporte aos serviços de saúde e
fazer as articulações entre as equipes de referências.
2 METODOLOGIA
O método deste artigo com base nos objetivos é uma pesquisa descritiva. O
trabalho busca compreender as falhas na gestão hospitalar com ênfase nas leis e no
sistema de financiamento do Sistema Único de Saúde. Segundo SALOMON (2010)
a pesquisa descritiva faz uma análise geral dos dados, é estudado os fatos e utiliza-
se de técnicas especificas para a criação da pesquisa.
Com relação ao procedimento essa pesquisa é uma revisão bibliográfica
narrativa, que, segundo LAKATOS; MARCONI (2008) refere-se a seleção dos
documentos da biografia publicada sobre o assunto. A base de dados utilizada foi:
Scielo, google acadêmico e biblioteca física do Cesmac, com o uso das palavras
10
chaves: Administração hospitalar, sistema único de saúde, gestão e financiamento
do SUS.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Sistema Único De Saúde: Histórico e Princípios
Este item irá abordar o transcorrer histórico dos cuidados em saúde no Brasil,
desde a chegada dos portugueses até os dias atuais. Alguns pontos, como a
reforma sanitária e as leis orgânicas federais, serão discutidos de forma mais
abrangente em seções posteriores.
De acordo com Silva (2016), os 518 anos de Brasil fizeram com que a saúde
pública passasse por uma série de transições. Há 500 anos quando da chegada dos
portugueses no Brasil, no contato com os povos indígenas, houve a disseminação
de uma série de doenças que vieram da Europa. Com a chegada da família real em
1808, chegaram também os cursos universitários, dentre eles o curso de medicina,
fazendo com que os médicos que estavam no Brasil, não necessariamente viessem
de fora, e assim começassem a passar por formação no Brasil. Nessa época apenas
quem tinha mais recurso financeiro conseguia ter acesso aos médicos e aos
serviços de saúde. Existiam também as Santas Casas que trabalhavam com a ideia
de caridade e tinham uma vinculação muito forte com entidades religiosas. No início
do século XX, de 1900 a 1922, com a disseminação das doenças transmissíveis
ocorreram mais ações de cunho epidemiológicos e sanitários em todo o Brasil
(SILVA, 2016).
O SUS, na prática começou no final dos anos 70 iniciada pelos movimentos
sociais e políticos que pediam o fim da ditadura. No início dos anos 80, período que
marcou o final da ditadura militar, o modelo adotado ao sistema de saúde era
privatista e subjugado à um complexo industrial médico hospitalar farmacêutico.
Nessa época houve um movimento da reforma sanitária de onde partiram as
principias ideias para a reformulação e democratização do modelo assistencial
vigente. Em 1986 um ano após a queda da ditadura, foi realizada a 8° Conferência
Nacional de Saúde em que cerca de 4 mil delegados debateram as propostas do
movimento de reforma sanitária para a implantação do SUS. Em 1988, após dois
anos em elaboração, a nova Constituição brasileira foi promulgada oficializando o
11
sistema único de saúde, em 1990 foi sancionada a Lei Federal 8080 (BRASIL,
1990), dispondo sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde de todos os brasileiros, além da organização e o funcionamento dos serviços
necessários. Ainda no mesmo ano foi sancionada a Lei Federal 8142
(BRASIL,1990), que dispõe sobre transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde e a participação da comunidade na gestão do SUS. O
sistema único de SAÚDE (SUS), algo impar no mundo, no qual perante a
constituição de 1988 O Art. 196 da CF conceitua que “a saúde é direito de todos e
dever do Estado(...)”. Aqui se define de maneira clara a universalidade da cobertura
do Sistema Único de Saúde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades”. Por isso, uma boa condição de saúde não pode ser alcançada
somente mediante tratamento curativos de condições biológicas.
Segundo a Lei 8080/90 (BRASIL, 1990) cita que a mesma “Dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”. Com isso,
pode-se dispôs sobre as condições que as pessoas convivem e trabalham.
A saúde é um direito social, inerente à condição de cidadania, que deve ser
assegurado sem distinção de raça, de religião, ideologia política ou condição
socioeconômica, a saúde é assim apresentada como um valor coletivo, um bem de
todos. Já o parágrafo único do Art. 198 determina que: “o sistema único de saúde
será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras
fontes” (BRASIL,1990).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que no Brasil,
existem cerca de 6.702 mil hospitais. É calculado que a maioria absoluta é operada
diretamente pelo governo exclusivo dos pacientes do Sistema Único de Saúde
(SUS), como por exemplo as Santas Casas. A saúde suplementar, concentra-se nas
grandes metrópoles, as quais conseguem se manter pela alta economia
(MARQUES, 2016).
12
3.1.1 Reforma Sanitária
A reforma sanitária brasileira nasceu há décadas, com o tema saúde e
democracia e estruturou-se nas universidades, nos movimentos sindicais e em
experiências regionais de organização de serviço, teve origem a partir de uma
abordagem histórica estrutural dos problemas de saúde, os departamentos de
medicina preventiva foram criados por meio de lei e era obrigatório em todas as
faculdades, nesses locais surgiram as bases universitárias do movimento sanitário.
As principais vertentes do movimento sanitário são; o movimento estudantil e
o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) com o lema Saúde e Democracia
lutando pelo direito dos cidadãos, uma outra vertente foi a dos médicos residentes,
que teve uma abordagem política em relação as condições de trabalho e uma
terceira vertente é a da academia, representada pela docência e pela pesquisa
(PAIVA; TEIXEIRA, 2014).
A reforma sanitária teve como proposta em primeiro a saúde como um direito
de todos os cidadãos, uma outra proposta foi as ações de saúde que deveriam estar
unificados no sistema, uma outra proposta foi a descentralização da gestão onde
todos os entes federativos são responsáveis pela assistência à saúde (PAIVA;
TEIXEIRA, 2014).
3.1.2 Humanização
A Política Nacional de Humanização foi lançada em 2003 pelo Ministério da
Saúde, e tem como principal objetivo efetivar os princípios do SUS no cotidiano das
práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e incentivando
trocas solidarias entre os gestores, trabalhadores e os usuários. A política nacional
de humanização é norteada por três princípios:
A inseparabilidade entre a atenção e a gestão dos processos de produção de
saúde.
A transversalidade ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a
mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão; implementar
processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no
SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.
13
A autonomia e protagonismo dos sujeitos tem como propósitos contagiar
trabalhadores, gestores e os usuários do SUS com os princípios e as
diretrizes da humanização; fortalecer iniciativas de humanização existentes;
desenvolver tecnologias relacionadas ao compartilhamento das práticas de
gestão e de atenção.
Essa política atua a partir de orientações clinicas, éticas e políticas, que se
traduzem em determinados arranjos de trabalho. Alguns pontos chaves que
direcionam o trabalho de humanização em saúde são:
Acolhimento: não tem hora para acontecer e faz parte de todos os encontros
do serviço de saúde;
Gestão participativa e cogestão: instrumento importante para a construção de
mudanças nos modos de gerir e nas práticas de saúde, tornando o
atendimento mais eficaz;
Ambiência: espaço organizado e animado que constitui o meio físico;
Clinica compartilhada e ampliada: amplia o processo de saúde/ doença,
facilitando os resultados;
Valorização do trabalhador e a defesa dos direitos dos usuários: destaque
dos profissionais e luta constante para um atendimento mais humanizado
com seus usuários.
3.1.3 Princípios Do Sistema Único De Saúde (SUS)
A lei 8080/90 e a Constituição Federal de 1988 tratam sobre os princípios do
Sistema único de Saúde (SUS) e para melhor entendimento, vamos dividir em
princípios doutrinários e princípios organizativos. Os princípios doutrinários são
aqueles que regem todas as ações do SUS independentemente do nível de
complexidade, são eles: universalidade, equidade e integralidade (SILVA, 2016).
A Universalidade visa garantir que todas as pessoas da nação tenham acesso
a saúde, independente de raça, gênero ou nível de trabalho. A Equidade busca
combater as desigualdades de acesso em saúde no país, pois, apesar de todos
terem o direito a saúde, nem todos têm a mesma facilidade de acesso. De modo que
o SUS precisará se adaptar às diferenças, tratando de forma desigual os desiguais.
Como por exemplo, os acamados que não conseguem ir até um posto de saúde, é
14
disponibilizado a estratégia de saúde da família (ESF), que propõe a reorganização
da organização básica no País, voltando a atender as pessoas mais necessitadas. A
Integralidade entende o usuário do SUS como um todo, visa desmitificar aquela
doença como um simples problema e entender quais são as complexidades que
estão por trás, levando ao usuário do SUS promoção, prevenção e tratamento
(SILVA, 2016).
Os princípios organizativos são aqueles que devem ser arranjados em nível
crescente de complexidade, preparados numa área geográfica demarcada e com
significado da população a ser acolhida (SILVA, 2016).
A Hierarquização nada mais é do que organizar os serviços de saúde por
níveis de complexidade, no Brasil e em vários outros países três níveis são bem
comuns: a atenção básica ou primária a saúde, a média complexidade que comporta
as especialidades, e a alta complexidade que normalmente concentram os hospitais
(SILVA, 2016).
Os níveis de atenção servem para identificar com mais precisão os
problemas, e assim, destinar cada caso para o apoio necessário, como vamos ver
no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1: Níveis de Atenção
NIVEL DE
ATENÇÃO
PONTOS DE ATENÇÃO TERRITÓRIO SANITÁRIO
Atenção Terciária à
Saúde
Maternidade de alto risco/
Casa da Gestante
Macrorregião
Atenção Secundária
à Saúde
Ambulatório/ Unidade de
Internação Pediátrica
Microrregião
Atenção Primária a
Saúde
Equipe PSF/ Agente
Comunitário de Saúde
Município/ Micro área
Fonte: produção do autor.
A Regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já
existem objetiva articular todos os serviços de saúde de uma determinada região
considerando o contexto do local (SILVA, 2016).
15
A Descentralização visa fazer com que cada ente federativo tenha um nível
de responsabilidade diferente e pensando nessa questão mais contextual é
trabalhada a autonomia dos municípios (SILVA, 2016).
A Participação Social está fixada na constituição federal de 88, na lei orgânica
8080/90 e traz dois instrumentos, sendo eles Conselhos e as Conferências de
Saúde, que dispor-se a estabelecer estratégias, dominar-se e julgar-se a execução
da política de saúde, importantes para que possa debater, controlar e ter a
transparência desejada nas ações de saúde (SILVA, 2016).
3.1.4 Regionalização Da Saúde
Regionalização é um princípio organizativo do sistema único de saúde que
orienta e organiza a descentralização das ações considerando as desigualdades
territoriais. De acordo com a Constituição Federal (1988) o SUS deve ser organizado
em uma rede regionalizada e hierarquizada. Para melhorar a organização desta
rede, ficou definido que os serviços básicos de saúde de maior demanda deveriam
ficar descentralizados como forma de ampliar o acesso dos usuários, já, os serviços
mais especializados de menor demanda e maior custo ficariam centralizado, os
serviços assim seriam organizados de uma forma regionalizada com o objetivo de
ordenar o fluxo de pacientes com os diversos tipos de serviços, garantir o acesso e
otimizar os recursos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Para implementar o Plano Diretor de Regionalização (PDR), ficou definido a
criação de estruturas básicas mínimas, como por exemplo:
Macrorregião de Saúde: representa um conjunto de microrregiões
organizadas no raio de influência de uma ou mais cidades, possuindo
centro polarizador.
Microrregiões de Saúde: representa bases territoriais de planejamento
regionalizado das ações compostas por um ou mais municípios polos.
Municípios Polos: locais de maior densidade populacional com
equipamentos urbanos de saúde de maior densidade tecnológica.
16
3.2 Legislação
A Lei 8080/90(BRASIL,1990) fala sobre o dever do Estado em garantir a
saúde, consiste na execução das políticas econômicas e sociais, visando a redução
de riscos de doenças, garantindo ações para a promoção, proteção e recuperação
da sociedade. Mostra que o dever do Estado não exclui o dever das pessoas e/ou
família em manter o bem-estar e a saúde. Os níveis de saúde baseiam-se em
fatores decisivos e condicionantes entre diversos, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade
física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
O governo opera diretamente sobre a maioria dos serviços, a ponto de que no
setor de saúde o governo chega a definir uma ação do hospital privado se isso
interessar a saúde pública. Determinadas ações só acontecem sob comando direto
do governo. Como por exemplos as filas de espera para receber órgão, não existe
público nem privado, é a mesma fila administrada exclusivamente pelo governo.
Logo depois, em 28 de dezembro de 1990, foi sancionada a lei N° 8.142, que
trata especificamente do controle social e das transferências intergovernamentais de
recursos financeiros para a saúde, dispõe sobre a participação da comunidade na
gestão do SUS, e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde e dá outras providencias, conta com apoio de
conferências quadrienais e possui representatividade de diversos segmentos
sociais, com a finalidade de avaliar a situação da saúde, mas também propor
diretrizes para a formulação das políticas de saúde. O conselho de saúde é
mesclado por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de
saúde e usuários, agindo na formulação de táticas e no domínio de execução das
políticas de saúde, até mesmo nos aspectos econômicos e financeiros
(BRASIL,1990).
A lei complementar N° 141 de 13 de janeiro de 2002, regulamenta a ementa
constitucional 29 e ela altera os valores que devem ser aplicados pela União, Distrito
Federal, Estados e Municípios em ações de serviço e saúde. Essa lei teve a
intenção de aumentar a participação do Estado e Município no financiamento da
saúde e diminuir a participação da união.
17
A emenda constitucional N° 86 de 17 de março de 2015 propõe que a receita
corrente liquida não seja mais a base para o cálculo da aplicação do percentual
mínimo, estabelecendo no lugar disso a variação da inflação do ano anterior.
3.2.1 Normas Operacionais Básicas
As Normas Operacionais Básicas têm papel complementar junto com as leis,
tem como objetivo definir estratégias que aumentem sua operacionalização para
nortear e aumentar sua implementação, além de estimular mudanças que colaboram
com o crescimento. As Normas Operacionais Básicas foram definidas como recursos
para investimentos na saúde com a criação do Conselho Nacional de Secretários de
Saúde e do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (PORTARIA Nº
2.203, DE 5 DE NOVEMBRO DE 1996.).
A primeira NOB foi publicada em 1991 e trata principalmente do
financiamento, da municipalização e da oferta dos serviços de saúde. A norma
seguinte foi publicada em 1993 e estabeleceu a criação de mecanismos de
transferência fundo a fundo nos municípios, a criação de um sistema de informação
ambulatorial e a estruturação das comissões Inter gestores tripartites e bipartite.
A comissão de Inter gestores tripartites ou CIT é a instância de articulação e
pactuação na esfera federal que atua na direção nacional do SUS, ela é composta
por gestores do SUS das esferas do governo da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. Já as comissões Inter gestores bipartite as CIBS, são espaços estaduais
de articulação e pactuação política, formada por representantes do governo estadual
e dos secretários municipais de saúde e tem como objetivo orientar, regularmente e
avaliar os aspectos operacionais do processo de descentralização das ações de
saúde.
Em 1996 foi publicada a NOB 96, a norma que mais contribuiu para a
descentralização política e administrativa dos serviços de saúde, ela criou o piso de
atenção básica e instituiu programas como o de pactuação integrada, o programa de
agentes comunitários de saúde e o programa de saúde da família, sendo este último
a principal estratégia de mudança do modelo assistencial em saúde. Em 2001 foi
divulgada a norma operacional de assistência à saúde ou NOAS que procurou o
aumento das responsabilidades dos municípios na garantia de promover aos
18
serviços de atenção básica destacando a regionalização e a organização ligada da
assistência.
Em 2006 houve um pacto pela saúde, um conjunto de reformas institucionais
pactuadas entre as três esferas de gestão estruturado com o objetivo de melhorar os
serviços e garantir o acesso de todos. Na realidade ele foi organizado em três
pactos: O pacto pela vida que trata das prioridades e das estratégias para
aprimoramento das ações e serviços, o pacto gestão que visa a melhoria no trabalho
de gestão e o pacto de defesa do SUS que reconhece a necessidade de repolitizar o
sistema, ou seja, mostra que a saúde é um bem produzido constantemente pela
ação política dos atores e movimentos sociais.
3.3 Estratégia De Saúde No Brasil
A Estratégia Saúde da Família começou como um programa em 1994 e
conseguiu aprimorar uma série de indicadores de saúde no Brasil. De acordo com o
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012 melhorou a abrangência da saúde no Brasil de 6%
para mais de 60% nesses últimos 20 anos. É de grande importância entendermos
que a estratégia saúde do Brasil está situada na atenção básica ou atenção
primária, onde pode-se observar através dos postos de saúde.
Conforme a política de atenção básica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012, p.54):
A Estratégia Saúde da Família visa à reorganização da atenção
básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de
Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e
municipais, representados respectivamente pelo Conass e
Conasems, como estratégia de expansão, qualificação e
consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do
processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os
princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a
resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e
coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-
efetividade.
A Estratégia busca promover a qualidade de vida da população brasileira e
intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como a carência de atividade
física e a má alimentação. Visa também trazer o vínculo entre o profissional de
19
saúde e a pessoa que está sendo atendida, utilizando algumas ferramentas, como
por exemplo: a territorialização, que faz com que o profissional alcance vários pontos
da região e entenda o que está por trás da saúde da comunidade (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2012).
Para que essa estratégia funcione é necessário um mapeamento do território
e equipes de estratégias passam a ficar responsáveis a um número X de pessoas.
Seguindo a política nacional de atenção básica de 2012, uma equipe deve atender
de 3 a 4 mil pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Os responsáveis por compor uma equipe são: Um médico com especialização
em saúde da família, um enfermeiro com a mesma especialização, agentes
comunitários de saúde, técnico de enfermagem e o cirurgião dentista. Considerando
o contexto do Brasil é evidente que as equipes estão sobrecarregadas e isso não
garante a atenção necessária a todos da comunidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2012).
Outras ações compõe o grupo de estratégias no Brasil, como o Programa de
Saúde na Escola que busca articular as secretarias municipais de saúde com as
secretarias municipais de educação realizando ações de saúde dentro das escolas.
O programa academia da saúde instituído em 2011 ele faz com que por meio de um
acordo com o Ministério da Saúde o município consiga implementar um polo para a
realização de inúmeras ações de promoções de saúde dentro do seu território.
3.3.1 Matriciamento
O SUS funciona em rede, para que um ponto dessa rede possa ofertar
serviços de saúde, é necessário que ele se conecte a outros pontos, um jeito de
fazer acontecer essa ação é com ajuda do apoio matricial, que busca uma
intervenção conjunta sobre os riscos coletivos. De acordo com Campos e Domitti
(2007) “O apoio matricial pretende oferecer tanto retaguarda assistencial quanto
suporte técnico pedagógico às equipes de referência. ” (p.400). Logo, o
matricialmente é um recurso do SUS para garantir uma assistência em saúde
integral. Como por exemplo em casos de dificuldade de locomoção percebidos pela
atenção básica, é solicitado um apoio técnico pedagógico de um profissional
especializado em ortopedia ou fisioterapia para cuidados com o mesmo.
20
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados pelo
Ministério da Saúde, em 2008, com o objetivo de ampliar o escopo de práticas da
atenção básica e assim aumentar para sua resolutividade. Por meio do
compartilhamento de saberes, de práticas e também de responsabilidade essas
equipes podem contribuir para melhorar os cuidados ofertados a população e assim
evitar caminhamentos desnecessários. Para que isso aconteça é fundamental um
bom planejamento junto com as equipes de saúde da família.
O apoio matricial é uma forma de construir o cuidado pautado pela relação
entre a equipe NASF e a equipe de saúde da família, é um trabalho que busca o
compartilhamento e a compreensão entre equipes e trabalhadores. A primeira coisa
que deve pensar é sobre o que a comunidade necessita como um todo, quais
estratégias devem ser usadas, o segundo ponto é sobre o que é central para o
conhecimento de cada categoria, centralizando as atividades necessárias de cada
setor competente, o terceiro ponto que as equipes de NASF devem pensar é o que
cada categoria pode transmitir para as equipes de saúde de família e de atenção
básica.
Portanto o apoio matricial faz uma articulação entre equipes de referências,
geralmente representadas pela atenção básica e apoiadores, em sua maioria
composta pela rede especializada. Tal articulação pode ocorrer por meio de três
caminhos (CAMPOS; DOMITTI, 2007):
Atendimento e ações em saúde da equipe de referência junto com o
especialista;
Especialista faz a intervenção sozinho, mas, mantem a comunicação
com a equipe de referência para um possível apoio.
A equipe de apoio está sempre orientando as equipes de referência.
A política nacional de atenção básica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012) amplia
a visão sobre matriciamento, abrangendo o campo da vigilância sanitária: se houver
um médico sanitarista no NASF, este pode intervir sobre os riscos vivenciados na
comunidade, discussão sobre indicadores de saúde e embasar a estruturação do
processo de trabalho.
O Quadro 2 dispõe sobre os tipos de NASF. De acordo com a portaria
3.124/2012 (MINISTÉRIO DA SAÚDE) sua organização depende da carga horaria
semanal e da quantidade de esquipes de saúde vinculadas.
21
Quadro 2: NASF
EQUIPES NASF CARGA HORÁRIA
SEMANAL
EQUIPES DE SAÚDE DA
FAMÍLIA VINCULADAS
NASF 1 200h 5 A 9
NASF 2 120h 3 a 4
NASF 3 80h 1 a 2
Fonte: criação do autor.
3.3.2 Financiamento Do Sus
Quando falamos em financiamento logo pensamos nas maneiras com as
quais as ocorrências são custeadas, e, em se tratando do financiamento do SUS, é
fundamental entendermos que todo esse custeio é proveniente de todas as ações
tributárias do cidadão, que inclui impostos e contribuição pagos pelo brasileiro ao
Estado, onde se encaixam impostos como por exemplo: IPVA, IPTU, IPI e as
colaborações a seguridade social. O conjunto de toda essa arrecadação irá compor
todo o orçamento da União, do Estado e do Município. Com as Leis 8080 e 8142
foram definidos os critérios de distribuição de recursos de cada região, fixando como
aconteceria o repasse de verba e o investimento de cada esfera (SALU, 2013).
Sobre o financiamento é necessário que tenha um planejamento. Por
planejamento compreende-se um instrumento de elaboração, monitoramento e
avaliação continua de nossas ações, sendo de grande importância quando se trata
de saúde. Pois, serve para organizar as ações de saúde, desenhar o curso de ação
previamente tendo como base o diagnóstico de saúde da comunidade, os recursos e
as estruturas disponíveis para organizar tais ações. O orçamento é um instrumento
de planejamento e execução das finanças públicas. Tem como principais
características:
Obrigatoriedade, pois o mesmo deve ser cumprido.
Periodicidade, significa que tem um prazo a ser cumprido.
Publicidade, toda a comunidade precisa e deve ter conhecimento sobre
o orçamento público.
Clareza e exatidão, deve ser objetivo e exequível.
Sobre a Lei Complementar N°141, vale ressaltar que ela também caracterizou
o que realmente se encaixa como ação em saúde para que não ocorra desvios de
22
investimento. Os recursos financeiros cabem aos fundos de saúde, gestão financeira
dos investimentos em que todos os recursos passem a ser depositados nas contas
dos fundos nacionais, estaduais e municipais de saúde (FNS, FES, FMS), que
recebem, organizam e pagam os serviços de saúde (SALU, 2013).
Nosso sistema se divide em duas áreas, temos o SUS que dá cobertura
teoricamente para todos os brasileiros. Na prática apenas 150 milhões de pessoas
que dependem exclusivamente do SUS, portanto 2/3 da população ou 3/4 da
população brasileira (SALU, 2013).
A saúde suplementar é a que convêm os planos de saúde. O SUS luta com
grandes dificuldades, onde teoricamente oferece serviços para toda a população, até
mesmo aos que tem plano de saúde. Os planos de saúde funcionam com base em
quantas pessoas vão esta acobertadas, alterando o valor de sua mensalidade por
número de pessoas (SALU, 2013).
O Sistema Único de Saúde luta contra duas incógnitas, o sub financiamento
que o governo aplica em saúde é muito pouco para tratar de todos os brasileiros e
em segundo lugar o sistema é mal gerenciado, a máquina pública é uma máquina
burocrática, emperrada e difícil de fazer andar, com isso os recursos que são
poucos, sofrem também uma falta de gerenciamento (SALU, 2013).
3.4 Gestão De Recursos Do Sus
No início, devemos ter em mente que o gerenciamento financeiro do SUS
acontece visando o melhor proveito dos recursos para o alcance dos objetivos de
forma efetiva. Esses recursos são obtidos através dos impostos gerais que
pagamos, ao distribuir essa verba o governo federal constitui como principal
financiador da saúde pública em nosso país. Entretanto, para que o investimento
possa chegar aos municípios temos outra estratégia de repasse, recentemente com
a portaria 3992 de 28 de dezembro de 2017, o novo modelo de financiamento do
SUS organiza os repasses federais para dois blocos: o Bloco de Custeio das Ações
e Serviços Públicos de Saúde e o Bloco de Investimento na Rede de Serviços
Públicos de Saúde (SALU, 2013).
O Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde é composto pela
atenção básica, média e alta complexidade, assistência farmacêutica, vigilância em
saúde e gestão do SUS, neste bloco o estado e o município recebem em uma conta
23
única os recursos federais vindos do Fundo Nacional de Saúde (FNS). A verba
destinada para esse bloco se subdivide em cada uma dessas composições na qual
vamos falar um pouco sobre cada uma delas (SALU, 2013).
A atenção básica é o primeiro nível de atenção em saúde, e se caracteriza
por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo que abrange a promoção e
a proteção de saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde como objetivo de
desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde
das coletividades. Já as médias complexidades custeiam os serviços de saúde
desses níveis ambulatoriais especializados, ou seja, de maior complexidade
tecnológica, é composto por ações que dispõem de profissionais especializados e a
utilização de recursos adicionais para diagnósticos e tratamentos mais complexos. A
alta complexidade é constituída pelo conjunto de procedimentos de nível mais
avançado que no contexto do SUS envolve ainda mais tecnologia e alto custo como
a assistência oncológica, procedimentos de neurocirurgia ou internações
(MINISTÉRIO DA SAÚDE 2012).
A vigilância em saúde é, por sua vez, constituída pelos recursos que
representam o conjunto das ações de promoção, prevenção e controle de doenças e
é formado pelos componentes da vigilância e promoção da saúde e vigilância
sanitária. A assistência farmacêutica é o que custeia o acesso aos medicamentos
por meio do SUS, esse bloco se divide em três componentes: Básico, Estratégico e
Especializado. Gestão do SUS é bloco que possui artifícios que melhoram a
organização do mesmo e fornecem componentes para a implantação de ações e
serviços de saúde, sendo que o repasse de verba obedece aos critérios
estabelecidos em cada uma das políticas (SALU, 2013).
O Bloco de Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde que foi
inserido para a transferência de recursos federais para as ações e serviços de saúde
no âmbito do SUS, os recursos financeiros são destinados a aquisição de
equipamentos, obras de construções novas e obras de reformas ou adequações de
imóveis já existentes utilizados para a realização de ações e serviços públicos de
saúde (SALU, 2013).
24
Gráfico 1- Gasto per capita em Saúde por esfera de gestão
Fonte: Conselho Federal de Medicina pelo link
https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=27961:2018-11-12-17-57-
13&catid=3
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho cumpriu com seus objetivos, onde, o primeiro era de fazer uma
análise sobre o surgimento do Sistema Único de Saúde, uma linha do tempo de
como ele foi criado, e, para isso utilizamos da história, com pesquisas acadêmicas
estudando todo o contexto desde o descobrimento do Brasil, até, o surgimento do
SUS, tratando da reforma sanitária, e conhecendo alguns programas implantados
pelo governo para melhoria da saúde pública no Brasil.
Logo em seguida, pesquisamos sobre as leis, portarias e decretos que regem
nosso sistema e que buscam cada vez mais melhorias para todos, dando ênfase ao
artigo 196 da Constituição Federal que diz: “Saúde, um direito de todos, um dever do
Estado. ” Na mesma linha de pesquisa falamos sobre as Normas Operacionais
Básicas têm papel integrante junto com as leis, e um dos seus objetivos é de definir
estratégias que aumentem a operacionalização e norteiem os investimentos da
saúde.
Tratamos sobre a regionalização, que é um princípio organizativo do Sistema
Único de Saúde que norteia e estabelece a descentralização das ações
considerando as desigualdades territoriais que se dividem em macrorregiões,
25
microrregiões e municípios. O SUS funciona como uma rede, e o matriciamento
serve para que ele se conecte a outros pontos que busca uma influência adjacente
sobre os riscos grupais.
Outro ponto importante que foi pesquisado e discutido, foi sobre os repasses
do SUS, que envolve as esferas: Federal, Estaduais e Municipais. Descobrimos que
esses repasses vem a partir da contribuição da sociedade com os impostos que lhes
são cobrados. Por sua vez, a saúde é dividida em níveis de atenção e a verba é
destinada de acordo com a necessidade de cada grupo. Mais um ponto que
destacamos é que o SUS luta contra duas incógnitas, o sub financiamento que é
muito pouco para tratar de todos os brasileiros e outra que o sistema ainda é mal
gerenciado, tornando complicado a aplicação das verbas.
Vale ressaltar que novas pesquisas são necessárias, até porque o SUS na
teoria é fantástico, mas, na prática é notável a precariedade nos atendimentos e na
falta de equipamentos necessários para a realização de exames e consultas. Para
manter funcionando o Sistema Único de Saúde, é necessário começar a ouvir mais
as pessoas envolvidas com pesquisas, que buscam sempre a melhoria e o caminho
mais rentável para realizar grandes feitos com esse programa único do Brasil
26
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei n°8.080, de 19 de setembro de 1990. Institui o Código Civil. Brasília. Setembro. 1990
BRASIL, Lei n°8.142, de 28 de dezembro de 1990. Institui o Código Civil. Brasília. Dezembro. 1990.
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2.203, de 5 de novembro de 1996. Brasília, v. 134, n. 216, nov. 1996. Seção1, p. 22932-22940
BRASIL, Emenda Constitucional n°29, de 13 de setembro de 2000. Institui o Código Civil. Brasília. Setembro. 2000.
BRASIL, Ministério da Saúde. Humaniza sus: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS/ Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL, Lei Complementar n° 141, de 13 de janeiro de 2012. Institui o Código Civil. Brasília. Janeiro. 2012.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL, Portaria n°3.142, de 28 de dezembro de 2012. Legislações. Dezembro. 2012.
BRASIL, Emenda Constitucional n°86, de 17 de março de 2015. Institui o Código Civil. Brasília. Março. 2015.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa; DOMITTI, Ana Carla. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Rio de Janeiro: Cad. Saúde Pública, 2007.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MARQUES, Antônio Jorge de Souza et al. Direito a Saúde, cobertura universal e integralidade possível. Encontro Internacional. São Paulo, 2016.
27
MEDICINA, Conselho Federal de. Levantamento inédito do CFM revela gasto per capita da União, Estados e Municípios com ações e serviços de saúde ao longo da última década. Novembro. 2018.
PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXAIRA, Luiz Antônio. Reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e autores. v.21, n.1, jan.-marc. 2014, p. 15-35.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 12. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
SALU, Ênio Jorge; Administração Hospitalar no Brasil/ Ênio Jorge Salu. – Barueri, SP: Manole, 2013.
SILVA, Paulo Sérgio Cardoso da; Núcleo de Apoio à Saúde da Família: aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física. Santa Catarina, agosto, 2016.
28