a fidelizaÇÃo dos clientes Às companhias aÉreas atravÉs de anÁlises de preferencia declarada
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Para o transporte aéreo, a existência de fidelização determina que os custos decorrentes da mudança decompanhia são maiores do que o valor da tarifa. Através de uma pesquisa de preferência declarada avaliou-seessa fidelização e, identificou-se o percentual de acréscimo na tarifa aceito antes de dispensar os benfeitoriasalcançadas devido às viagens já realizadas com a mesma empresa. Diversas estruturas de modelos de escolhadiscreta foram testadas para representar o comportamento de escolha: logit multinomial; logit misto decoeficientes aleatórios; logit multinomial incorporando variações sistemáticas das preferências; logit misto decomponentes de erro; logit misto de componentes de erro incorporando variações sistemáticas das preferências.Os resultados mostraram que passageiros fidelizados tem maior probabilidade de escolher a companhia Tam. Ocusto de troca desses passageiros é equivalente a 15% do valor da tarifa. Estes também são menos sensíveis aaumentos e incorrem em maiores custos para não trocar de companhia.TRANSCRIPT
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A FIDELIZAO DOS CLIENTES S COMPANHIAS AREAS ATRAVS DE
ANLISES DE PREFERENCIA DECLARADA
Shanna Trichs Lucchesi
Christine Tessele Nodari
Ana Margarita Larraaga
Luis Afonso dos Santos Senna
Engenharia de Produo e Transportes
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
RESUMO
Para o transporte areo, a existncia de fidelizao determina que os custos decorrentes da mudana de
companhia so maiores do que o valor da tarifa. Atravs de uma pesquisa de preferncia declarada avaliou-se
essa fidelizao e, identificou-se o percentual de acrscimo na tarifa aceito antes de dispensar os benfeitorias
alcanadas devido s viagens j realizadas com a mesma empresa. Diversas estruturas de modelos de escolha
discreta foram testadas para representar o comportamento de escolha: logit multinomial; logit misto de
coeficientes aleatrios; logit multinomial incorporando variaes sistemticas das preferncias; logit misto de
componentes de erro; logit misto de componentes de erro incorporando variaes sistemticas das preferncias.
Os resultados mostraram que passageiros fidelizados tem maior probabilidade de escolher a companhia Tam. O
custo de troca desses passageiros equivalente a 15% do valor da tarifa. Estes tambm so menos sensveis a
aumentos e incorrem em maiores custos para no trocar de companhia.
ABSTRACT
For the air transport, the existence of loyalty determines that the costs resulting from disruptions of loyalty are
larger than the rate. Through a stated preference survey, this paper evaluated the loyalty and identified the
percentage of increase in the value of the fare that passengers are willing to pay before dispensing the
improvements achieved during the trips already performed with same company (switching costs). Several
structures of discrete choice models were tested to represent the choice behavior: multinomial logit, mixed logit
random coefficients, multinomial logit incorporating systematic variations of preferences, mixed logit error
component, mixed logit error component incorporating systematic variations of preferences. The results showed
that loyal passengers are more likely to choose Tam. The switching costs of passengers loyal Tam, for this
sample, is equivalent to 15% of the rate. They are less sensitive to variations in the rate and incur higher costs
not to change company.
1. INTRODUO
Em mercados de compras repetidas, os consumidores muitas vezes incorrem em diversos
custos ao trocar de fornecedor. Estes custos econmicos e psicolgicos que um consumidor
pode enfrentar so chamados na literatura internacional de switching costs (Klemperer, 1987).
No mercado areo, os switching costs que podem ser traduzidos como custos de troca, se
referem s perdas de benefcios sofridas pelos passageiros por trocar de companhia area e
podem representar uma parcela substancial dos custos incorridos pelos usurios. O principal
efeito da existncia de custos de troca a possibilidade das empresas aumentarem seus
preos, gerando uma demanda cativa.
Embora grande parte destes custos possa ser atribuda a diferenas de qualidade percebida, os
programas para passageiro frequente contribuem com uma parte no negligencivel. Desde
seu surgimento, no incio da dcada de 1980, os programas para passageiro frequente de
companhias areas tem se convertido num dos programas de fidelidade de maior participao
na economia. A indstria aeronutica registra valores superiores aos 700.000 milhes de
dlares, anualmente, por conceito de benefcios entregues aos usurios (Basso et al, 2012).
Entretanto, apesar do seu tamanho e importncia no mercado areo, estes custos tm sido
relativamente pouco explorados. Alguns autores que tem analisado seus efeitos so Caminal e
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Claici (2007), Hartman e Viard (2008) e Lederman (2007), quem se focaram nos potenciais
custos de troca que os programas de passageiro frequente trariam. Uma anlise alternativa foi
realizada por Basso et al. (2009), destacando que em uma grande quantidade dos casos no
o passageiro quem paga a tarifa, mas existe um terceiro pagante, como o caso dos
passageiros a negcios. Os autores consideram que um usurio nem sempre buscar o mnimo
preo, mas a maior utilidade pessoal, e onde os programas de passageiro frequente tem um
papel fundamental. A retribuio econmica de acumular milhas pode ser entendida como um
incentivo ou prmio que as companhias areas pagam para os usurios que optarem por tarifas
de maior preo.
Neste contexto se insere o presente trabalho. Os objetivos so avaliar a fidelizao dos
clientes s companhias areas e, estimar os custos de troca para as companhias estudadas.
Para atingir este objetivo foram coletadas as preferncias declaradas (PD) dos passageiros que
viajam com origem em Porto Alegre e destino Grande So Paulo (aeroportos de Guarulhos,
Congonhas ou Viracopos). A contribuio deste trabalho baseada principalmente em dois
aspectos:
(i) na abordagem desagregada utilizada. Os estudos mencionados anteriormente determinam os custos de troca baseados numa metodologia proposta por Shy (2002) na qual
os nicos dados necessrios so preos e participao de mercado. No presente trabalho,
modelos de escolha discreta a partir de dados PD foram estimados. Diferentes estruturas
foram testadas, as quais permitiram incluir heterogeneidade nas preferncias dos indivduos
(aleatria e com variaes sistemticas) e correlao entre os indivduos amostrados.
(ii) na incluso de variveis que caracterizam a fidelizao do passageiro com a companhia e a existncia de um terceiro pagador. Desta forma, foi possvel identificar os
segmentos de clientes e analisar a heterogeneidade dos impactos dos custos de troca nos
diferentes segmentos.
Este artigo est estruturado em 7 seces. A seco 2 apresenta a evoluo do transporte
areo no Brasil. O procedimento de coleta de dados e estimao dos modelos so
apresentados nas seces 3 e 4. A caracterizao da amostra e resultados obtidos so
apresentados nos itens 5 e 6, seguido da participao do mercado. A seo 7 apresenta as
consideraes finais.
2. EVOLUO DO TRANSPORTE AEREO NO BRASIL
Os ltimos 10 anos foram marcados por fortes alteraes no sistema regulatrio e nas prprias
estratgias das companhias. No incio dos anos 90, as empresas apresentavam dificuldades em
suas finanas, que, somadas a estagnao econmica do pas, estava levando o setor ao
colapso, e o estado tornou-se incapaz de superar a crise (Bielschowsky e Custdio, 2011). No
ano de 1996, j haviam sido implantadas medidas da chamada desregulao gradual. Entre
elas destacam-se o fim das restries territoriais, as empresas no eram mais divididas em
regionais e nacionais; criao do conceito de bandas tarifrias; e estmulo a novos entrantes
no mercado nacional (Helms, 2010). Os anos seguintes foram marcados pelo aumento dos
limites tarifrios, em 1997, at sua extino, em 2001. O ano de 2001 tambm baliza o incio
das operaes da empresa VRG Gol Linhas Areas e o fim das operaes da empresa
Transbrasil S.A. Linhas Areas.
A desregulao total culminou nos chamados excesso de capacidade e competio ruinosa, o que obrigou o governo, novamente, a exercer seu poder para interferir economicamente, mas, desta vez, sem influncia sobre as tarifas (Sena, 2010). Em 2005 e
2006 aconteceram a criao da ANAC (Agncia Nacional de Aviao Civil), cuja funo
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seria de fiscalizar e regular tcnica e economicamente as companhias; e a falncia da Viao
Area So Paulo (VASP).
No fim de 2006 e incio de 2007 o setor areo impactado pelos dois maiores acidentes areo
registrados no Brasil: um com a empresa Gol e outro com a empresa Tam. Os dois incidentes,
que geraram protestos e greves dos controladores de voos, associados com a venda da
VARIG, a incapacidade das empresas operantes de absorver a demanda, alm da falta de
investimentos em infraestrutura, culminou no apago areo nacional (Sena, 2010). Em 2008
surge a Azul Linhas reas Brasileiras, como uma nova proposta de estruturao, apoiada nos
contratos de suporte com a Embraer, empresa brasileira fabricante de aeronaves.
3. CENRIO DE ESTUDO E OBTENO DE DADOS
Este estudo foi desenvolvido tomando por base a opinio de clientes da rota entre So Paulo e
Porto Alegre. Em um dia de semana tpico, 52 voos so disponibilizados entre estas duas
cidades, dos quais 39 so voos diretos e 13 com escala e/ou conexo. Esse trecho operado
por cinco diferentes companhias: (i) Tam; (ii) Gol; (iii) Azul; (iv) Avianca; e, (v) Pantanal.
Das companhias mencionadas, as trs primeiras operam mais de 80% dos voos do trecho em
estudo e, possuem significativos percentuais de participao no mercado nacional. Segundo a
ANAC (2010), no ano de 2010, a participao de cada uma delas era de 42%, 40% e 6%
respectivamente. Assim, por deterem a maior parte do mercado do trecho analisado, neste
estudo foram consideradas as companhias Tam, Gol e Azul.
Os dados pesquisados correspondem a escolhas declaradas pelos clientes dos voos de ligao
entre Porto Alegre e So Paulo. As entrevistas foram realizadas face-a-face no porto de
embarque do Aeroporto Salgado Filho, na cidade de Porto Alegre, nos dias 7 e 21 de maio de
2013, teras-feiras. Foi utilizada uma amostragem no probabilstica de clientes das 3
empresas consideradas no estudo. Por julgamento do pesquisador foram selecionados
membros da populao entre aqueles que aguardavam embarque ou estavam desembarcando.
Uma amostra de 258 passageiros foi selecionada.
3.1. Instrumento de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada atravs de tcnicas de preferncias declaradas (PD). Tcnicas
PD vm sendo utilizada intensamente em diversos campos do conhecimento que buscam
representar o comportamento humano, em especial, para representar o comportamento da
demanda (Hensher, 1994; Lai e Wong, 2000; Louviere et al., 2000). As tcnicas PD utilizam
projetos experimentais para construir alternativas hipotticas propostas aos entrevistados, isto
as diferencia das tcnicas de preferncias reveladas (PR), que utilizam dados sobre situaes
observadas (Ortzar e Willumsen, 2011).
Enquanto modelos estimados com dados PR apresentam melhor aderncia s escolhas
realizadas pelos indivduos, os modelos estimados com dados PD apresentam maior
estabilidade no tempo e no espao e caracterizam os trade-offs enfrentados pelo indivduo.
Uma particular vantagem das tcnicas PD a possibilidade de determinar a importncia de
fatores de difcil mensurao ou quantificao, como o caso da fidelizao com uma
companhia area. Elas ainda permitem estimar modelos que incorporem todas as variveis de
interesse, mesmo aquelas que em situaes reais apresentem variabilidade insuficiente para a
adequada estimao. Outras vantagens das tcnicas PD sobre as PR so em relao ao custo e
tempo necessrio para as anlises. Enquanto as PR requerem informao adicional s
pesquisas realizadas (por exemplo, mtodos indiretos para obter os valores de algumas
variveis como tempo e custo de viagem) as PD so totalmente autnomas. Os cenrios de
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escolha definem completamente as variveis necessrias para a modelagem, eliminando erros
de medio dos dados. Amostras em pesquisas PD tendem a ser menores que em pesquisas
PR, j que cada indivduo prov mltiplas respostas para cada cenrio de escolha (Kroes e
Sheldon, 1988; Ortzar e Willumsen, 2011).
A pesquisa foi baseada num desenho fatorial completo (Kocur et al., 1982), considerando o
preo como o atributo na escolha da linha area, apresentado em 3 nveis. Os cenrios de
escolha foram definidos de forma de evitar vieses nas respostas, criando situaes hipotticas
mas realistas, elaborando conjunto de cenrios para diferentes valores de tarifa.
A pesquisa foi composta por um total de 10 cenrios de escolha. Cada cenrio apresenta ao
respondente diferentes valores de tarifa associado aos nomes das diferentes empresas que
operam o trecho Porto Alegre So Paulo, assim como foi feito em Nodari (1996). Em cada carto, duas empresas apresentam um valor base enquanto o valor da terceira se diferencia.
Buscando analisar a sensibilidade a variao do preo, foram confeccionados trs conjuntos
de cartes com variaes baixas (b = R$10,00), variaes mdias (m = R$ 30,00) e
variaes altas (a = R$ 70,00). Na Figura 1 esto apresentados os nveis de preo de cada carto.
Carto 1 Carto 2 Carto 3 Carto 4 Carto 5 Carto 6 Carto 7 Carto 8 Carto 9 Carto 10
Tam BASE BASE BASE BASE BASE BASE - 2 - 1 + 1 BASE
Gol BASE BASE BASE - 2 - 1 + 1 BASE BASE BASE BASE
Azul - 2 - 1 + 1 BASE BASE BASE BASE BASE BASE BASE
Figura 1: Projeto dos nveis do atributo preo nos cartes de pesquisa
Os valores bases foram definidos atravs de pesquisas nas tarifas praticadas ao usurio, sendo
adotados os valores recorrentes para compras de passagem promocionais, com um ms de
antecedncias e com 1 semana de antecedncia. Adicionalmente, foi aplicado um questionrio
complementar com informaes sobre os indivduos pesquisados. Os entrevistados foram
questionados sobre a frequncia de viagem, os motivos de viagem mais recorrentes, quem
paga a passagem (o prprio passageiro ou terceiros) e a fidelizao companhia area. A
Figura 2 apresenta um modelo dos cartes apresentados. Antes de iniciar a pesquisa, foi
realizado um estudo piloto com 24 entrevistados, com o objetivo de verificar a clareza e
objetivos das perguntas contidas nos questionrios e as variaes dos valores das tarifas
apresentados nos cenrios de escolha. Este estudo permitiu correes durante a aplicao e
explicao do instrumento utilizado. No foram identificadas alternativas dominantes e as
variaes de tarifa consideradas foram validadas.
Figura 2: Exemplos dos cartes aplicados
Dentre os 258 indivduos pesquisados, 83 responderam o questionrio com variaes baixas
entre as tarifas, 88 responderam os cartes com variaes mdias e 86 responderam o
conjunto de cartes com variaes altas entre os valores apresentados. Estas 258 entrevistas
produzem um total de 2580 respostas, considerando os 10 cenrios apresentados. Esta
caracterstica das pesquisas de preferncia declarada, onde poucas entrevistas resultam em um
farto conjunto de observao individuais, garante a representatividade da amostra. Segundo
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Louviere et al. (2000) de 100 a 300 respondentes so suficientes para estimar parmetros
consistentes.
4. ESTIMAO DE MODELOS DE ESCOLHA DISCRETA
Modelos de escolha discreta foram estimados para determinar o efeito da fidelizao dos
clientes na escolha da companhia area. Os modelos de escolha discreta utilizados na
modelagem da demanda de transportes esto construdos conforme a teoria da utilidade
aleatria (McFadden, 1974). Baseiam-se no princpio da maximizao da utilidade, no qual o
tomador de deciso modelado selecionando a alternativa de maior utilidade dentre aquelas
disponveis no momento da escolha. O analista no possui informao completa sobre os
elementos que cada indivduo considera ao realizar sua escolha. Portanto, as utilidades so
tratadas pelo analista como variveis aleatrias (Ben Akiva e Lerman, 1995). Assim, a
utilidade aleatria de uma alternativa expressa como a soma dos componentes observveis
ou sistemticos (denotado como Viq) e componentes no observveis (denotado como iq) conforme equao 1 (Domencich e McFadden, 1972).
(eq. 1)
O componente aleatrio necessrio para capturar deficincias na especificao de atributos
no observados, erros de medio, diferenas entre indivduos, percepes incorretas de
atributos e aleatoriedade inerente natureza humana (Manski, 1977). Especificar o modelo
requer a especificao do Vin e suposies sobre a distribuio conjunta da componente
aleatria iq. Diferentes hipteses sobre a distribuio de probabilidade adotada para a componente aleatria iq leva a diversos modelos de escolha discreta (Ortzar e Willumsen, 2011; McFadden, 2000).
O logit multinomial (multinomial logit - MNL) (McFadden, 1974) um dos modelos mais
simples de escolha discreta e tambm o mais utilizado. Ele se baseia na hiptese que o termo
aleatrio iq da funo utilidade identicamente e independentemente distribudo conforme uma distribuio de Gumbel (Valor Extremo tipo II). Este pressuposto para a distribuio dos
resduos bastante simplista, uma vez que dependem da hiptese de independncia e
homocedasticidade dos resduos (Ben-Akiva, Bierlaire, Walkers, 2003). Uma srie de
modelos com estruturas mais flexveis tm sido propostos. Modelos logit hierrquicos, nested
logit-NL (Williams, 1977; McFadden, 1978); e, modelos mais recentes como o logit
hierrquico cruzado, cross nested logit- CNL (Vovsha,1997) permitem a estimao de
modelos que apresentam correlao entre alternativas, e, no caso do CNL, permitem modelar
estruturas de correlao cruzadas.
A maneira tradicional de capturar heterogeneidade das preferncias em modelos de escolha
discreta tem sido a incluso de variaes sistemticas das preferncias. A introduo de
interaes entre os atributos das alternativas (tempo de viagem, custo, frequncia, etc) e
caractersticas socioeconmicas dos indivduos permitem incorporar esta heterogeneidade
(Train, 2009; Ortzar e Willumsen, 2011; Cherchi e Ortzar 2003). Entretanto, existem
fatores que influenciam as preferncias que no so observveis ou de difcil mensurao.
Nos ltimos anos, a utilizao de modelos logit mistos, mixed logit- ML (Ben Akiva e
Bolduc, 1996; Brownstone e Train, 1999), cada vez maior, permitindo incorporar variaes
das preferncias no observveis. Estes modelos supem um termo aleatrio identicamente e
independentemente distribudo conforme uma distribuio de Gumbel, assim como o MNL,
mas com um componente aleatrio adicional que quem permite trabalhar com maior
flexibilidade. Dependendo dos pressupostos considerados sobre os diversos termos aleatrios
possvel modelar correlao e heterocedasticidade (Brownstone e Train, 1999).
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Visando caracterizar de forma mais precisa a heterogeneidade dos indivduos, Bhat (1998)
props uma abordagem que permite considerar a existncia de heterogeneidade, tanto
sistemtica quanto aleatria. Assim, modelos mistos com variaes sistemticas de
preferncias comearam a ser estudados. Dependendo dos pressupostos considerados sobre os
termos aleatrios no possvel modelar correlao e heterocedasticidade (Brownstone e
Train, 1999).
No presente trabalho, diversas estruturas de modelos de escolha discreta foram testadas,
visando verificar variaes nos gostos dos indivduos que conformam a amostra, melhor
aderncia do modelo aos dados coletados e buscando representar da forma mais adequada o
comportamento de escolha. Em todas as estruturas foram utilizadas funes de utilidade
lineares nos parmetros, prtica usual na modelagem de demanda de transporte (Ben Akiva e
Lerman, 1995). As estruturas de modelos testadas que apresentaram melhor aderncia foram:
(i) logit multinomial; (ii) logit misto no seu caso especial de coeficientes aleatrios; (iii) logit
multinomial incorporando variaes sistemticas das preferncias; (iv) logit misto no seu caso
de componentes de erro; (v) logit misto de componentes de erro incorporando variaes
sistemticas das preferncias. Estes modelos so descritos a seguir.
Inicialmente, estruturas mais simples foram testadas, estimando modelos MNL. O MNL
considera os parmetros estimados para as diversas variveis fixos, sendo os mesmos para
todos os indivduos. Variaes nos gostos ou preferncias dos indivduos podem influenciar a
escolha da companhia area. Estas variaes foram representadas nos modelos de duas
formas: (i) admitindo que as preferncias so distribudas de forma aleatria na populao, e
(ii) incorporando variaes sistemticas das preferncias. No primeiro caso, modelos logit
mistos de coeficientes aleatrios (RCL) foram estimados. Os RCL permitem que os
coeficientes dos atributos das alternativas variem na populao seguindo alguma distribuio
probabilstica. Supondo a distribuio conhecida (por exemplo, normal, lognormal, triangular)
o modelo devolve os estimadores dos parmetros que definem esta distribuio, tais como
mdia e varincia. Diversas distribuies foram testadas, mas no apresentaram superioridade
estatstica em relao distribuio normal. Portanto, o resultado apresentado na Tabela 2
(prxima seo) unicamente o resultado obtido considerando distribuio normal dos
coeficientes aleatrios.
Posteriormente, foram estimados modelos logit multinomial incorporando variaes
sistemticas de acordo com caractersticas individuais do passageiro. As variaes
sistemticas incorporadas foram em relao fidelizao do passageiro com a companhia
area e ao pago da passagem pelo prprio passageiro ou por terceiros. A incluso destas
variaes sistemticas permitiu estudar o efeito de variaes no valor da passagem nas
diferentes categorias de passageiros definidas (fidelizados e no fidelizados; pagante o prprio
passageiros ou terceiros). Estas variaes sistemticas forma incorporadas utilizando variveis
binrias para categorizar indivduos na amostra.
Correlaes entre atributos no observados das alternativas Gol e Azul poderiam existir.
Ambas so linhas areas de baixo custo e mais novas no mercado do que a companhia TAM.
Modelos logit hierrquicos foram estimados para representar esta correlao.
Dados obtidos em pesquisas de preferncia declarada podem estar correlacionados. Quando
uma pessoa responde uma pesquisa de preferncia declarada, submetida a vrios cenrios de
escolha. razovel supor que as respostas de um mesmo indivduo podem estar
correlacionadas, a isso d-se o nome de efeito painel. Os modelos MNL, RCL e NL no
representam este efeito, sendo necessrio incluir um termo adicional que represente o efeito
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painel. Assim, modelos logit mistos de componentes de erro (error components- EC) foram
estimados para representar este efeito. O EC um modelo formalmente igual ao logit misto
estimado anteriormente, de coeficientes aleatrios (RCL), mas ambos supem estruturas dos
componentes aleatrios diferentes. O RCL considera a aleatoriedade nos coeficientes dos
atributos, enquanto que nos modelos EC a aleatoriedade includa nos coeficientes
especficos das alternativas. Os EC so chamados de componentes de erro porque o erro (a
componente aleatria da utilidade) dividido em duas parcelas: uma parcela aleatria, que
pode seguir qualquer distribuio, incluindo a normal, e uma parcela independente e
identicamente distribuda conforme distribuio de Gumbel (a mesma que d origem aos
modelos MNL).
Variaes das preferncias dos indivduos foram adicionadas aos modelos EC. Na funo de
utilidade foram includos termos para representar a correlao entre respostas de um mesmo
individuo (efeito painel) e heterogeneidade entre os indivduos (variaes sistemticas das
preferncias).
5. ANLISE DAS CARACTERSTICAS DOS ENTREVISTADOS
A Tabela 1 sintetiza a distribuio dos entrevistados por motivo, fidelizao e pagamento da
passagem (passageiro ou terceiros).
Tabela 1: Distribuio dos entrevistados por motivo, fidelizao e pagamento da passagem Motivo Pagamento Frequncia
Fidelizao Turismo Trabalho Outro Prprio
passag. Empresa Outro
1 vez
no ms
1 a 3 vezes
ms
Mais de 3
vezes ms
Fidelizado 14% 9% 5% 19% 4% 4% 19% 5% 3%
No fideliz. 33% 27% 13% 42% 22% 9% 52% 14% 7%
Soma
47% 36% 18% 61% 26% 13% 71% 19% 10%
100% 100% 100%
A tabela mostra que o motivo mais comum de viagem o turismo (47%) seguido de trabalho
(35%). A maioria dos entrevistados (61%) paga sua prpria passagem. A maioria deles no
viaja sempre pela mesma companhia (42%). No caso de passagens pagas pela empresa (26%
dos entrevistados), tambm se observa o predomnio de passageiros no fidelizados (22%).
Em relao frequncia de viagem, 71% viajam menos de uma vez por ms, enquanto 19%
viajam de uma a 3 vezes no ms e 10% viajam mais de 3 vezes no ms.
6. ANLISE DOS RESULTADOS
A Tabela 2 sintetiza os resultados da estimao dos modelos de escolha da companhia area.
Analisando os resultados dos primeiros quatro modelos apresentados na Tabela 2, MNL, RC,
MNL (2) e MNL (3), possvel observar que os quatro apresentam ajuste similar (Pseudo-R2
= 0,25). Entretanto, os estimadores de varincia que definem a distribuio no modelo RC no
foram significativos, indicando homogeneidade nas preferncias dos indivduos amostrados.
Os resultados dos modelos NL estimados no so apresentados no trabalho, pois a estimativa
do valor do parmetro do ninho no foi significativamente diferente de 1, indicando a
inexistncia de correlao entre atributos da companhia Azul e Gol.
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Tabela 2: Resultados dos modelos de escolha da companhia area
Conforme mostra a Tabela 2, o teste da razo de verossimilhana com 5% de significncia
revela que a adio do componente de erro nos modelos mistos (efeito painel) ao modelo
MNL tem um impacto significativo. Estes mostram melhor aderncia aos dados que os
modelos anteriores (Pseudo-R2 = 0,49). As variaes sistemticas incorporadas em relao
fidelizao do passageiro com a companhia area melhoraram o ajuste do modelo (Pseudo-R2
= 0,495).
Coeficientes especficos para as companhias Gol e Tam foram utilizados assumindo como
hiptese que o efeito da fidelizao, da frequncia de viagem e quem paga a passagem pode
afetar diferente todas as alternativas. Esta hiptese foi verificada em todos os modelos. Os
parmetros estimados para estas variveis apresentaram diferena significativa entre as
alternativas.
6.1. Efeito da tarifa
Os parmetros relativos tarifa tiveram o sinal negativo esperado em todos os modelos
estimados, j que aumentos no valor da tarifa diminuem a probabilidade de escolha de
determinada companhia. Os valores destes parmetros permitem afirmar que os passageiros
amostrados so mais sensveis a variaes de preo das companhias Gol e Azul do que a
variaes no preo da Tam. Aumentos no valor da passagem torna a companhia Gol menos
atraente para os compradores, em comparao com as companhias Azul e Tam.
6.2. Efeito da fidelizao com a companhia area
Os modelos estimados mostram que os passageiros que viajam sempre pela mesma
companhia tem maior probabilidade de escolha das linhas areas Tam e Gol do que a
companhia Azul. Ainda, os coeficientes estimados par as variveis Fidel_Tam e Fidel_Gol
permitem verificar tambm que a preferncia pela companhia Tam sensivelmente superior
MNL (1) RC MNL (2) MNL (3) EC (1) EC (2) EC (3)
Variveis Coef. Stat-t Coef. Stat-t Coef. Stat-t Coef. Stat-t Coef. Stat-t Coef. Stat-t Coef. Stat-t
Tarifa
Tarifa_Azul -
0,038 -
20,97 -
0,038 -
18,01 -
0,039 -
21,32 -
0,038 -20,96 -0,092
-19,40
-0,094
-20,11
-0,093
-20,37
Tarifa_Gol -
0,040 -
21,34 -
0,040 -
14,50 -
0,042 -
21,97 -
0,040 -21,32 -0,093
-19,90
-0,098
-20,11
-0,093
-20,89
Tarifa_ Tam -
0,035 -
19,50 -
0,036 -
18,17 -
0,038 -
20,73 -
0,037 -19,66 -0,085
-16,89
-0,093
-19,36
-0,091
-17,97
Fidelizao linha area
Fidel_Gol(1,0) 0,287 2,22 0,287 2,22 - - 0,287 2,21 0,796 1,65 - - 0,789 1,65 Fidel_Tam(1,0) 0,739 6,79 0,697 6,44 - - 0,734 6,75 1,980 3,25 - - 1,980 3,36
Pagam. (terceiros ou passag.pagante)
Pag. Tam (1,0) 0,451 4,47 0,462 4,52 0,435 4,30 - - 1,300 2,45 1,180 2,47 - - Freq. de viagem
Freq. GOL(1,0) -
0,480 -3,58
-0,509
-3,72 -0,486
-3,59 -
0,481 -3,57 -1,470 -2,49
-1,720
-2,87 -
1,480 -2,50
Freq. Tam (1,0) -
0,392 -3,11
-0,388
-3,08 -0,387
-3,04 -
0,414 -3,34 -0,972 -1,60
-1,300
-2,01 -
0,943 -1,40
Interaes Fidel.Gol*Tarif.Gol - - - - 0,006 4,55 - - - - 0,021 4,66 - - FidelTam*Tarif.Tam - - - - 0,008 8,66 - - - - 0,028 6,17 - - Pag.Tam*Tarif.Tam - - - - - - 0,003 4,42 - - - - 0,010 2,63
Constante Tam -
0,276 -1,65
-0,195
-1,60 -0,085
-1,56 0,010 1,6 -0,634 -1,60 - - - -
Sigma panel - - - - - - - - 2,890 15,93 2,880 15,94 2,890 16,02
Sigma.Tarif_Azul - - 0,001 1,70 - - - - - - - - - -
Sigma.Tarif_Gol - - -
0,002 -0,56 - - - - - - - - - -
Sigma.Tarif_Tam - - 0,000 0,44 - - - - - - - - - -
N Mx. Verossim. (log)=-2124,109 Pseudo-R2= 0,251
N Mx. Verossim. (log)=-2124,13 Pseudo-R2= 0,251
N Mx. Verossim. (log)=-2106,201 Pseudo-R2= 0,250
N Mx. Verossim. (log)=-2124,509 Pseudo-R2= 0,250
N Mx. Verossim. (log)=-1445,63 Pseudo-R2= 0,490
N Mx. Verossim. (log)=-1430,70 Pseudo-R2= 0,495
N Mx. Verossim. (log)=-1445,23 Pseudo-R2= 0,490
-
apresentada pela Gol. Este resultado pode ocorrer devido valorao superior dos atributos da
companhia Tam em relao s outras companhias por parte do usurio. Fatores como
percepo de qualidade, atendimento, servio, vantagens oferecidas pela companhia,
programas de passageiros frequentes no foram includos de forma explcita na funo de
utilidade representativa. Estes fatores podem influenciar a preferncia dos indivduos
amostrados pela companhia Tam. Para estudar melhor este efeito, necessrio analisar o
efeito de interao apresentado a seguir.
A incluso de variaes sistemticas das preferncias em relao fidelizao, apresentadas
nos modelos MNL (2) e EC (2), apresentou resultados interessantes. O modelo MNL (2)
incorpora uma varivel binria que representa o viajante fidelizado com a companhia area
interagindo com a varivel de tarifa. O modelo EC (2) incorpora esta interao e tambm o
efeito painel. Em ambos os modelos, a interao destas variveis foi significativamente
diferente de zero. O coeficiente positivo mostra que passageiros fidelizados com as
companhias so menos sensveis a variaes da tarifa. Provavelmente, os planos de passageiro
frequente tenham um efeito importante neste resultado. A retribuio econmica de acumular
milhas na mesma companhia pode ser compensada com a diferena tarifria. O impacto maior
desta interao observada na companhia Tam. Trabalhos realizados por Lederman (2007) e
Hartaman e Viard (2008) analisaram o efeito dos planos de passageiros frequentes e a
fidelizao dos usurios, verificando as perdas econmicas que os usurios teriam ao trocar de
companhia.
6.3. Efeito da existncia de um terceiro pagante da passagem
Os resultados de todos os modelos mostram que passagem paga pelo prprio passageiro
diminui a probabilidade de escolha da Tam em relao as companhias Azul e Gol. Este
resultado pode ocorrer devido aos valores das passagens serem superiores, em geral, aos
valores ofertados pelas outras companhias. A incluso de variaes sistemticas das
preferncias em relao ao pagamento da passagem foi apresentada nos modelos MNL (3) e
EC (3). O modelo MNL (3) incorpora uma varivel binria, que representa a passagem paga
por terceiros (empresa quase na totalidade dos entrevistados) interagindo com a varivel de
tarifa. A varivel Pagante_Tam representa o viajante a negcios, no qual a passagem
geralmente paga pela empresa. O modelo EC (3) incorpora alm desta interao, o efeito
painel. A interao destas variveis foi significativa em ambos os modelos, apresentando
coeficiente positivo. Passageiros que pagam sua prpria passagem so mais sensveis a
variaes da tarifa. Assim, possvel verificar o impacto de um terceiro pagante da passagem.
Este resultado coincide com os encontrados em outros trabalhos. Diversos autores verificaram
que viajantes a negcios tendem a valorizar menos a tarifa e mais o tempo de viagem (Alves e
Strambi, 2011; Tsamboulas e Nikoleris , 2008.). Basso et al. (2009) observaram que os
passageiros que no pagam a tarifa no buscam sempre o mnimo preo e sim aquela
alternativa que promova maior utilidade individual.
6.4. Efeito da frequncia de viagem
Os parmetros relativos frequncia de viagem apresentaram sinal negativo em todos os
modelos estimados. Passageiros frequentes tem maior probabilidade de escolha da companhia
Azul do que as outras. Passageiros que voam com mais frequncia tem percepes diferentes
sobre o servio ofertado. O resultado a favor da companhia Azul pode ser justificado, por
exemplo, pelo maior espao entre assentos que os avies operados pela companhia possuem.
Imperceptvel aos passageiros que realizam poucos voos no ms, mas desconfortvel quando
existe a necessidade de enfrentar a situao regularmente.
-
6.5. Participao no mercado e custos de troca (switching costs)
A partir dos modelos de escolha discreta estimados possvel estimar a participao de
mercado de cada companhia e determinar os custos de troca. Selecionado o modelo EC (2), o
qual apresentou melhor aderncia aos dados, foram estimadas as participaes das trs
companhias em diferentes cenrios de tarifas. Estas estimaes foram calculadas pelo mtodo
de enumerao amostral, utilizando o software Biogeme (Bierlaire, 2008). A Figura 2
apresenta as probabilidades de escolha ao variar-se a tarifa, para entrevistados fidelizados e
no fidelizados companhia Tam.
possvel observar que aumentos do preo da tarifa Tam, representada pela linha amarela na
figura, decresce a probabilidade de escolha desta companhia. Passageiros fidelizados a Tam
esto dispostos a incorrer em maiores custos para no trocar de companhia do que os
passageiros no fidelizados. Os custos de troca para passageiros fidelizados atinge o valor de
base de 15% do valor da passagem. A partir deste percentual os passageiros fidelizados
trocam pela companhia Azul, mas s trocariam para a companhia Gol se o valor da tarifa
sofresse um incremento de 21%.
Figura 2: Probabilidade de escolha das companhias para variaes da tarifa Tam.
Anlises similares foram realizadas para variaes da companhia Azul. Os resultados
mostraram que passageiros fidelizados a companhia Azul no esto dispostos em incorrer em
custos de troca para permanecer na companhia. Este resultado esperado ao observar a Figura
2.a. possvel observar, que para passageiros fidelizados, a participao inicial no cenrio
base maior da Gol (23%) do que a Azul (21%). Assim, de esperar que aumentos na tarifa
da companhia Azul (mantendo as outras tarifas constantes), diminuam a probabilidade de
escolha desta companhia mais ainda. Portanto, a probabilidade de escolha da companhia Azul
para passageiros fidelizados permaneceria sempre menor s outras companhias, no existindo
ponto de troca da Azul por outra companhia.
7. CONSIDERAES FINAIS
Este trabalho avaliou a fidelizao dos clientes companhias areas, estimando os custos de
troca para as companhias Gol, Azul e Tam de passageiros que viajam entre Porto Alegre e
Grande So Paulo. Diversas estruturas de modelos foram testadas, apresentando similaridade
nos efeitos sobre as variveis explicativas. Dentre os estimados, o modelo logit misto de
componentes de erro incorporando variaes sistemticas das preferncias, denominado EC
(2), apresentou melhor aderncia aos dados. Este modelo incorpora a interao entre o
viajante fidelizado com a companhia area e a varivel de tarifa, e tambm o efeito painel.
Os modelos estimados mostram que os passageiros que viajam sempre pela mesma
companhia tem maior probabilidade de escolha das linhas areas Tam e Gol do que a
companhia Azul. A preferncia pela companhia Tam sensivelmente superior apresentada
pela Gol. A incluso de variaes sistemticas das preferncias em relao fidelizao
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
base 2,5 5 7,5 8,5 12 15 18 21 50
Pro
bab
ilid
ade
de
esc
olh
a
Fidelizados
AZUL
GOL
TAM
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
base 2,5 5 7,5 8,5 12 15 18 21 50
Pro
bab
ilid
ade
de
esc
olh
aNo fidelizados
AZUL
GOL
TAM
2.a 2.b
-
mostrou que passageiros fidelizados com as companhias so menos sensveis a variaes da
tarifa.
Este ltimo resultado permanece ao variar a tarifa. Passageiros fidelizados a Tam esto
dispostos a incorrer em maiores custos para no trocar de companhia do que os passageiros
no fidelizados. Os custos de troca para passageiros fidelizados atinge o valor de base de 15%
do valor da passagem. A partir deste percentual os passageiros fidelizados trocam pela
companhia Azul, mas s trocariam para a companhia Gol se o valor da tarifa sofresse um
incremento de 21%. Este resultado mostra que usurio nem sempre buscar o mnimo preo,
mas a maior utilidade pessoal.
Provavelmente, os programas de passageiro frequente tenham um efeito importante. A
retribuio econmica de acumular milhas na mesma companhia pode ser compensada com a
diferena tarifria. Ainda, a diferena entre os planos das companhias pode influenciar este
resultado. O plano da Tam um plano mais flexvel, permitindo atender nova classe C.
Pessoas que no conseguem milhas suficientes para trocar por passagens podem usufruir das
vantagens do plano. A Tam oferece troca de milhas por uma grande variedade de produtos e
servios (gasolina, eletrnicos, eletrodomsticos, hotis, compras coletivas, etc). Ainda o
plano mais abrangente, com muitas linhas areas associadas. Por sua parte a Azul
recentemente reformulou seu plano de passageiro frequente. Anteriormente, o plano consistia
em descontos em dinheiro. Conforme relatou a companhia, muitos passageiros no entendiam
esse plano, e agora esto utilizando sistema de pontos como as outras. Fatores como
qualidade, atendimento e servio provavelmente influenciem tambm o resultado.
Os resultados permitiram verificar o impacto de um terceiro pagante da passagem.
Passageiros que pagam sua prpria passagem so mais sensveis a variaes da tarifa. Sugere-
se para os rgos reguladores e as companhias interessadas, novos estudos mais abrangentes.
A aplicao dessa proposta em diferentes rotas pode caracterizar os passageiros
regionalmente, assinalando o comportamento e a influncia da fidelizao para diferentes
pontos do pas. Recomenda-se a incluso de novas variveis explicativas que identifiquem a
influncia dos lanches, dos atrasos, da apresentao da tripulao, da segurana, entre outros,
na escolha da companhia. Essa tcnica pode ser utilizada para investigao de possveis
dficits na prestao do servio que possam ser corrigidos, ocasionando migrao de usurio
e, assim, elevar a fatia percentual da companhia no mercado.
Agradecimentos
Agradecemos as assessorias de imprensa das companhias areas Azul e Tam e do Centro de Memria da Gol por
permitirem a utilizao de seus nomes nesta pesquisa.
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