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A educação para surdos Adriana Oliveira Camila Elias Camila Meloni Carla Mendes Luiz Morete

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A educação para surdos

Adriana OliveiraCamila EliasCamila MeloniCarla MendesLuiz Morete

A relevância da audição

As barreiras que a deficiência auditivaoferecem não se limitam à inabilidade totalou parcial de ouvir, sobretudo, dizem respeito aomodo como os surdos são encarados pelasociedade e a forma como sua carência auditivainfluenciam na própria formação da percepçãodo mundo.

Como ressaltam Redondo & Carvalho (2010),a audição é fundamental para a aquisição dalinguagem falada, sua deficiência implicadiretamente  no relacionamento da mãe com ofilho e institui falhas nos processos psicológicosde integração de experiências, comprometendo oequilíbrio e a capacidade sadia de desenvolvimento do indivíduo.

A constituição do “eu” A identidade humana é

construída por meiodas interações e conexõesque os sujeitos realizam eestabelecem entre si e comas experiências vivenciadasno mundo, e o surdo,como qualquer indivíduo,necessita compartilhare trocar experiências para seconstituir como "eu“.

O processo histórico da educação para surdos

Povo surdo é o grupo de sujeitos surdos que temcostumes, história e tradições em comuns epertencentes às mesmas peculiaridades, construindosua concepção de mundo através da visão. Acomunidade surda, na verdade não é só de surdos, jáque tem ouvintes junto, que são família, intérpretes,professores, amigos e outros que participam ecompartilham os mesmos interesses em comuns emuma determinada localização que podem ser asassociações de surdos, federações de surdos, igrejas eoutros.

As fases da evolução dos surdos

1) revelação cultural: nesta fase os povos surdosnão tinham problemas com a educação, pois amaioria dos sujeitos surdos dominava a arte daescrita e há evidência de que antes do congressode Milão havia muitos escritores surdos,artistas surdos, professores surdos e outrossujeitos surdos bem-sucedidos;

2) isolamento cultural: ocorre uma fase deisolamento da comunidade surda emconseqüência do congresso de Milão de 1880 queproíbe o acesso da língua de sinais na educaçãodos surdos. Nesta fase as comunidades surdasresistem à imposição da língua oral e

3) o despertar cultural: a partir dos anos 60inicia-se uma nova fase na aceitação da língua desinais e cultura surda após muitos anos deopressão ouvinte com os povos surdos.

De 6 a 11 de setembro de 1880, houve umcongresso internacional de educadores surdos nacidade de Milão, Itália. Neste congresso, foi feitauma votação proibindo oficialmente a língua dossinais na educação de surdos. Este congresso foiorganizado, patrocinado e conduzido por muitosespecialistas ouvintistas, todos defensores dooralismo puro. De um total de 164 delegados, 56eram oralistas franceses e 66 eram oralistasitalianos. Dessa forma, havia 74% de oralistas daFrança e da Itália.

Após o congresso, a maioria dos países adotou rapidamente o método oral nas escolas para surdos, proibindo oficialmente a língua de sinais, decaiu muito o número de surdos envolvidos na educação de surdos. Em 1960, nos Estados Unidos, eram somente 12% os professores surdos como o resto do mundo. Em consequência disto, a qualidade da educação dos surdos diminuiu e as crianças surdas saíam das escolas com qualificações inferiores e habilidades sociais limitadas. Ali começou uma longa e sofrida batalha do povo surdo para defender o seu direito linguístico cultural, as associações dos surdos se uniram mais, os povos surdos que lutam para evitar a extinção das suas línguas de sinais.

Historicismo / História hegemonia: O historicismo é a doutrina segundo a qual cada período da história tem crenças e valores únicos, devendo cada fenômeno ser entendido através do seu contexto histórico; no caso de história de surdos é a valorização excessiva da história do colonizador. Em Estudos Surdos, segundo a PERLIN (2003), para os surdos, a definição de historicismo é a história concebida na visão do colonizador, isto é do ouvintismo.

História cultural: é uma nova forma de a história de surdos trabalhar dando lugar à cultura e não mais a historia escrita sob as visões do colonizador”. A História Cultural reflete os movimentos mundiais de surdos procurando não ter uma tendência em priorizar apenas os fatos vivenciados pelos educadores ouvintes, tornando-se uma história das instituições escolares e das metodologias ouvintistas de ensino e sim procurar levar através de relatos, depoimentos, fatos vivenciados e observações de povo surdo, misturando-se em um emaranhado de acontecimentos e ações, levadas a cabo por associações, federações, escolas e movimentos de surdos que são desconhecidas pela grande maioria das pessoas.

História na visão crítica: “Pode haver historicismo e história cultural que se misturam e usam o jogo de “camuflagem” que aqui indica como “espaço” diante dos olhos como incompleto, como fragmento, corte, máscara, escudo, representação e/ou fingimento. O uso dessa “máscara” pode ser consciente ou não, que pode até estar banhado de dúvidas e/ou dificuldades de aceitação e lutam contra ela, acreditando que esta intenção é sincera, sendo assim que acham mais fácil ignorar do que a ter que conviver com as verdades que por vezes podem ser dolorosas ou medo de se expressar num grupo que luta contra as práticas ouvintistas e não quer “enxergar” o outro lado da história. Mas devesse ter sido visto abertamente de outro modo, de outro ângulo e/ou algo escaparam ao alcance dos seus olhos e não perceberam.

A surdez e as suas implicações no processo

educativoO conhecimento sobre os portadores de deficiência auditiva, no Brasil, é bem limitado, tal fato é refletido na rara presença de adequações em serviços, apesar de eles corresponderem a 10% da população de países como esse, de acordo com Redondo & Carvalho (2010).

De acordo com Silveira (2006), na educação das crianças surdas, a primeira língua é Língua de Sinais (LS), como L1; é a comunicação inicial, em que elas são estimuladas e se desenvolvem. No Brasil, não há registros de quando e como começou a haver um currículo de LS na educação e, ainda hoje, há um preconceito com o ensino de LS e, atualmente, poucas escolas aderiram ao ensino.

Muitos alunos com surdez podem ser prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio-afetivo, linguístico e político-cultural e ter perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem.Segundo Redondo & Carvalho (2010), “A inclusão da criança com surdez na escola regular requer uma boa preparação tanto do aluno quanto da escola, para que ambos se sintam capacitados a participar dessa integração”

Assim como o aluno tem que se adaptar, épapel da escola também dispor de recursos paraque o ensino seja viável, enumerado pelos

autorescomo assessoria em relação à LS, materialconcreto e visual, contato com professores quetenham vivido situação semelhante e orientaçãode professores de educação especial.

Tanto a escola regularquanto a escolaespecializada, tem quefazer o aluno se sentirenvolvido no processo deaprendizagem, no qualele precisa aprender eadquirir um conhecimentode mundo e de si mesmo(social/escolar/psíquico). Assim, ele estará apto afazer escolhas responsáveispara o futuro.

Como para o surdo a sua língua materna é alíngua de sinais (L1), a língua escrita, no casodo Brasil, o português, é a sua segunda língua(L2). Neste caso, a instituição de ensino precisa se capacitar e capacitar seus docentes para que eles sejam capazes de incluir o aluno surdo dentro de sua disciplina na escola.

E para que o aluno surdo também seja capaz derelacionar-se, socializar-se com a sociedade, sejacom surdos ou ouvintes presentes nela, pois oaluno surdo tem o direito de participar dasociedade que o cerca e de desenvolver-sepsiquicamente, igualmente a qualquer outroindivíduo inserido na sociedade, visto que adiferença entre o surdo e o ouvinte é aperspectiva que cada um tem do mundo.

Referências• SILVEIRA, C. H. O Currículo de Língua de Sinais

na educação para Surdos. Primavera: Santa Catarina, 2006.

• REDONDO, M. C. F., CARVALHO, J. M. Deficiência Auditiva. Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2000.

• STROBEL, Karin. História da educação de surdos. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2009.