transforma-se o amador na coisa amada (m. cavalcanti proença) prof. bruno curcino mota alunos: ana...

46
Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Upload: internet

Post on 18-Apr-2015

109 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Transforma-se o amador na coisa amada

(M. Cavalcanti Proença)

Prof. Bruno Curcino Mota

Alunos:

Ana Paula Silveira

Camila Meloni

Marco Túlio Silva

Page 2: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

1. O mundo no espelho

“Tudo passa sobre a terra” (ALENCAR, J. p. 90)

Page 3: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“E nos toma um sentido de empobrecimento de volta ao real, com ruídos e não sonoridades, sem a disciplina da narrativa e, mais que tudo, sem o espelho mágico”

(PROENÇA, M. C, 1971, p. 217)

Page 4: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“´(...) o símile, em Alencar, é um dos elementos indispensáveis que ficam e valorizam a cor local.”

(PROENÇA, M. C., p. 218)

Page 5: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Alencar se utilizou copiosamente da comparação e, a seguir, acumularemos exemplos de cada esquema, com retomada do assunto, já em termos de conexão entre os símiles e o ponto de vista do autor a respeito de personagens”

(PROENÇA, M. C., p. 221)

Page 6: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Borrasca: s.f. Temporal com ventania violenta e de pouca duração.

“A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura. Ficou tímida e inquieta, como a ave que pressente a borrasca no horizonte”

(ALENCAR, J. p. 15)(PROENÇA, M. C, p.

221)

Page 7: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Maviosa: Doce, suave, harmonioso: canto mavioso.

Débil: Pouco forte, pouco perceptível: passos débeis.

“A voz maviosa, débil como sussurro de colibiri, murmura”

(ALENCAR, J. p. 13) (PROENÇA, M. C., p.

222)

Page 8: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Altivo:adj. Brioso, orgulhoso, altaneiro, arrogante: um homem altivo, no andar e no falar.

“[Iracema] Caminhou para ele [Martim] com o passo altivo da garça que passeia à beira d’água”

(ALENCAR, J. p. 12) (PROENÇA, M. C., p.

222)

Page 9: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“A filha dos sertões era feliz como a andorinha que abandona o ninho de seus pais e peregrina para fabricar o novo ninho no país onde começa a estação das flores”

(ALENCAR, J. p. 23) (PROENÇA, M. C., p.

223)

Page 10: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Eles [= Iracema e Martim] caminham par a par, como dois jovens cervos que, ao pôr do sol atravessam a capoeira, recolhendo ao aprisco de onde lhes traz a brisa um faro suspeito”

(ALENCAR, J. p. 28) (PROENÇA, M. C., p.

222)

Page 11: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Açucena: s.f. Planta ornamental da família das amarilidáceas, que possuem mais de 1.300 espécies. A maioria dos membros dessa família vive nas regiões quentes. Nos climas mais frios, são plantas de vaso, para decoração interior.

“O toque do seu [de Iracema] corpo, doce como a açucena da mate macio como o ninho do beija flor, magoou seu coração”

(ALENCAR, J. p. 38) (PROENÇA, M. C., p.

223)

Page 12: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Imbu: Bot Fruto do imbuzeiro. Var: umbu.

“Como o imbu na várzea, era o coração do guerreiro branco na terra selvagem”

(ALENCAR, J. p. 27) (PROEÇA, M. C., p.

223)

Page 13: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“O tronco das árvores é imagem recorrente para guerreiros”

(PROEÇA, M. C., p. 223)

Page 14: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Ubiratã é um município brasileiro do estado do ParanáBroca: Larva que ataca o tronco ou as raízes de certas plantas.

“Um amigo verdadeiro é precioso na desventura: é como o outeiro que abriga do vendaval o tronco forte do ubiratã, quando o cupim lhe broca o âmago”

(ALENCAR, J. p. 32) (PROENÇÇA, M. C.,

p. 224)

Page 15: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Cerne: Pau submerso que não apodrece.Jacarandá: s.m. Nome comum a algumas espécies de árvores da família das leguminosas,

“Só o tempo endurece o coração do guerreiro como o cerne do jacarandá”

(ALENCAR, J. p. 50) (PROENÇA, M. C., p.

224)

Page 16: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

E a fortaleza não exclui a doçura, pois:

“Assim como a abelha fabrica o mel no coração negro do jacarandá, a doçura está no peito do mais valente guerreiro.”

(ALENCAR, J. p. 27) (PROENÇA, M. C., p.

224)

Page 17: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Ainda quando o segredo da jurema torna Iracema perigosa para o guerreiro, os símiles se fazem com o mel:

“O mel dos lábios de Iracema é como o favo que a abelha fabrica no tronco da andiroba: tem na doçura o veneno.

(ALENCAR, J. p. 15) (PROENÇA, M. C., p. 225)

Page 18: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Poucas vezes, o que vem de Iracema não é delicadeza, doçura ou perfume...

“A pupila negra da virgem cintilou na treva, e de seu lábio borbulhou, como gotas do leite cáustico de eufórbia, um sorriso de desprezo”

(ALENCAR, J. p. 13) (PROENÇA, M. C., p. 225)

Page 19: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Recapitulando,

“A identidade reforçada em muitos momentos, tornando-os frutos gêmeos quando se beijam, misturando almas através dos lábios”

(PROENÇA, M. C., p. 227)

Page 20: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

2. Colibri

“Osmose bem traduz o que acontece, pois ninguém a sério e sem leviandade, pode afirmar que as coincidências de Alencar e outros autores mais antigos impliquem no conhecimento desses autores, nem de influência comprovada”.

Page 21: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Como e porque sou romancista: “Acabei o volume de Balzac; e no resto do ano li o que então havia de Alexandre Dumas e Alfredo Vigny, além de muito Chateaubriand, de Victor Hugo.”

Page 22: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Mas o mestre que eu tive foi esta esplêndida natureza que me envolve, e particularmente a magnificência dos desertos que perlustrei ao entrar na adolescência, e foram o pórtico majestoso por onde minha alma penetrou no passado da sua pátria”.

Page 23: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Atala e Iracema “os dois maiores romances da literatura indianista do romantismo”

Caráter simbólico de personagens:  Araquém: hospitalidade Andira: espírito de justiça Irapuã: ódio ao inimigo

Page 24: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Martim: o guerreiro branco, camoniano em fé, honra e lealdade

 Moacir: traz em si Iracema, “em doação

total de alma e sangue” e, “no seu sentido mais profundo, morte que faz vida, vida de um ser, semente de outros seres, Moacir é, simbolicamente vida de um “povo” que nesse ser tem sua origem

- Moacir e Benôni, filho de Jacó e Raquel, cabeça de tribo judaica de que provieram reis e homens ilustres.

Page 25: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

O final de Atala se faz com o autor afastando-se das cinzas da amada, e dizendo: “Assim passa sobre a terra tudo o que foi bom, virtuoso sensível.”

 Lançado em 1801, o livro obteve

sucesso imediato por congregar diversos elementos apreciados pelo público: exotismo, misticismo e sensualidade.

Page 26: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Atala, filha de um europeu e uma índia, envenena-se para não ceder ao desejado amor de Chactas - pois prometera à mãe, em leito de morte e voto de Nossa Senhora, manter-se virgem. Foi o que fez, mesmo à custa de sua vida. (Chateaubriand)

 Em Iracema a frase final: “Tudo

passa sobre a terra”.

Page 27: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Na cena da chegada de Martim à cabana de Araquém: “A virgem aponta o estrangeiro e diz: / Ele veio, pai / - Veio bem. É Tupã que traz o hóspede à cabana de Araquém.”

 Em Chateaubriand: “Os viajantes pararam na soleira da porta e disseram: / Chegamos. / - E o chefe da família respondeu: / Vieram bem.”

Page 28: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

O conceito de amizade entre os natchez é forte. O laço, uma vez estabelecido é indissolúvel. (...) Do mesmo modo essas florestas americanas criam cobras de duas cabeças, cuja união se faz pela parte mediana, isto é, pelo coração”

Iracema: Na cerimônia de coatir o guerreiro branco, Poti cantava: “Como a cobra que tem duas cabeças em um só corpo, assim é a amizade de Coatiabo e Poti”.

Page 29: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Novelas de cavalaria e contos populares:“todas as vezes que seu olhar pousa sobre

a virgem tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama. Assim quando a criança imprudente revolve o brasido de intenso fogo, saltam as faúlhas inflamadas que lhe queimam as faces.”

No canto IV da Eneida, a rainha Dido, já vulnerada de amor, alimenta o ferimento com o sangue de suas veias e se consome de um secreto fogo, apaixonada pelo hóspede, o grande Enéias.

Page 30: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Gonçalves Dias: Quando o cheve timbira manda livrar o prisioneiro, guia velho do tupi: “Soltai-o, diz o chefe. Pasma a turba; os guerreiros murmuraram”.

 Iracema: quando o velho Andira

se recusa a levar a guerra aos pitiguaras. “Pasma o povo tabajara pela ação desusada. Voto de paz em tão provado guerreiro˜.

Page 31: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

3. A fortuna de IracemaOlívio Montenegro achava que Peri e Iracema “davam mais ideia de figuras retóricas do que de figuras de gente.” Mais irritado reconhece na “virgem de lábios de mel”, o traço das heroínas de Corneille.

 Iracema, entretanto, parece, entre os de Alencar, o livro que mais receptividade encontrou pelas suas qualidades musicais, pelo imaginoso de expressão, pela harmonia da estrutura.

 Da penetração popular do livro Fernando Carneiro: na colônia e com o nome Iracema Rann, Iracema Ruschel, Iracema Carrad Backes, Iracema Lersch, Iracema Jahn Fett, Iracema Knack, Iracema Jaeger, Iracema Muller, Iracema Diehl. (pessoas ainda vivas em 1960)

Page 32: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

João Martins de Athayde, em Recife, no ano de 1948, traz o título Iracema (A Virgem dos Lábios de Mel) e transpõe, em sextilhas, o romance de Alencar.

 “Recanto da minha terra / que

Alencar tanto amou / eu vou traduzir em trovas / o que em prosa ele falou

Page 33: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

4. A expressão

“Tanto que os dois guerreiros tocaram as margens do rio, ouviram o latido do cão.”

 Tanto que = conjunção temporal,

encontrada em Camões: “Tanto que à nova terra se chegaram / Leves embarcações de pescadores / Acharam que...” (Lus., 7, 16)

Page 34: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Uso do verbo acalentar com tonalidades semânticas interessantes:

“Avançou para Iracema e tirou do seio a voz mais terna para acalentar a saudade da virgem.” “O cristão sabia por experiência que a virgem acalentava a saudade, porque a alma dorme enquanto o corpo caminha” “Com a fronte nos joelhos esperou, até que o sono acalentou a dor do seu peito.” “Iracema cantava docemente embalando a rede para acalentar o filho”. Martim “ia sentar-se naquelas doces areias para cismar e acalentar no peito a agra saudade”.

Page 35: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Os verbos florar e deflorar vão fornecer o eufemismo poético da violação da virgindade: “Se a virgem abandou o guerreiro branco a flor do seu corpo, ela morrerá”

  

O uso de dois complementos para o mesmo verbo, que se filia à repetição e ao zeugma. A polissemia transparece à leitura oposição abstrato/concreto.

 

Page 36: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Os grandes olhos negros, fitos nos recortes da floresta e rasos de pranto, estão naqueles olhares longos e trêmulos enfiando e desfiando os aljôfares das lágrimas que rorejam as faces”.

 “A alvorada abriu o dia e os olhos do guerreiro.” “Continuaram a caminhar e com eles caminhava

a noite.”

“Antes que três sóis tenham alumiado a terra ele voltará e com ele a alegria à alma da esposa”. 

Page 37: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

A repetição do verbo no símile é enfática, ou obedece a necessidades de califonia e ritmo, ou serve de evitar ambiguidades:

“Arrojou-se nas ondas e pensou banhar seu corpo nas águas da pátria, como banhara sua alma na saudade dela”

 “A cabana de Poti ficará deserta e triste”

“Deserto e triste será o coração de teu irmão longe de ti”

 “O cão é teu amigo” “Mais amigo e companheiro

será de Poti, servindo a seu irmão”. 

Page 38: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Para evitar que o livro como dicionário de tupi-guarani, apelou para a aposição:

 “minha terra natal, onde canta a jandaia nas

frondes de carnaúba” “rio que nasce na quebrada da serra e desce a

planície, enroscando-se como uma cobra. Suas voltas contínuas, enganam a cada passo o peregrino que vai seguindo o tortuoso curso; por isso foi chamado Mundaú”

O nome do cão: “Tu o chamarás Japi; e será o pé ligeiro com que de longe corramos um para o outro”

Page 39: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Haverá a fuga para formas estilísticas para suprimir o como:

 “Diante dela (...) está um guerreiro estranho, se

é guerreiro e não algum espírito da floresta”.“nas folhas crepitava um passo ligeiro, se não

era o roer de algum inseto” “A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema

vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite”.

“Há muito que a palavra desertou seu lábio seco; o amigo respeita este silêncio que ele bem entende. É o silêncio do rio quando passa nos lugares profundos e sombrios”

Page 40: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

5. Artesanato em José de Alencar

Page 41: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

6. Os símbolos

“Homem de seu tempo, o índio que ele [José de Alencar] nos apresenta é, de fato, um índio que não era mas devia ser, como apontou Grieco (...) Entretanto (...) Iracema não acompanhará Martim até Portugal, entre os brancos: a morte o impedirá. Ficaram, porém, (ainda com Grieco) ‘a parte mítica de um Brasil sem heróis de carne e osso em condições de competir com esses heróis de sonho”

(PROEÇA, M. C., p. 268)

Page 42: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Personagens-símbolos:Jandaia, “companheira e amiga

de Iracema” representa a tribo, a tradição ameríndia.

Iracema representa a mulher indígena, e a sua sedução pelo homem branco é realidade viva. Através dela se forma a raça brasileira.

Page 43: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

Martim é o cavaleiro-cavalheiro e, se infringe o código do amor cortês, não o faz consciente, mas durante o sono provocado pela beberragem de jurema. As suas qualidades de bravura, lealdade, e até o amor da Pátria – que se superpõe ao da esposa- são outras tantas virtudes que serão transmitidas a Moacir.

Caubi, irmão de Iracema, contém requinte de ternura e é um destemido guerreiro.

Page 44: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Assim, acumula-se em Moacir virtudes de toda a família de Iracema, que se combina com o sangue dos heróis lusos. Moacir é o brasileiro, com todas as virtudes em potência, virtudes que o tempo irá desenvolver.”

(PROEÇA, M. C., p. 269)

Page 45: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

“Em Martim e Iracema, Alencar simbolizava Jacó e Raquel, fundadores de uma tribo ilustre entre seus povos; a de Jacó em Israel e a do Ceará no Brasil.”

(PROEÇA, M. C., p. 270)

Page 46: Transforma-se o amador na coisa amada (M. Cavalcanti Proença) Prof. Bruno Curcino Mota Alunos: Ana Paula Silveira Camila Meloni Marco Túlio Silva

ReferênciasPROENÇA, M. Cavalcanti. Estudos

Literários. Livraria José Olympio, Rio de Janeiro, 1971 (p. 54 a 151)

ALENCAR, J. Iracema. Editora Sol, São Paulo.

Disponível em: <<http://www.dicio.com.br>> Acessado em 02/07/13