a cidade modernizada questões acerca do viver urbano, dos conflitos e das memórias

19
A cidade modernizada: questões acerca do viver urbano, dos conflitos e das memórias Nataniél Dal Moro* Resumo: A cidade contemporânea tem sido objeto-sujeito de diversas ações, tanto simbólicas como materiais. O presente artigo objetiva dialogar com o mundo social dito concreto, objetivo. Qual seja? O da reordenação material de espaços citadinos que, por sua vez, inviabiliza a presença, produção e fixação de determinadas pessoas em algumas áreas da cidade de São Paulo, tanto públicas como privadas. Palavras-chave: Cidade. Modernização. Elite. Pessoas comuns. Abstract: The modernized city: issues related to the urban life, conflicts and memories. The contemporary city has been object-subject of several actions, both symbolic and materials. This article aims at dialoging to the social the stated concrete, objective world. Which one? The one of the material re-arranging of city spaces that, in turn, makes unfeasible the presence, production and establishment of certain people in some regions of São Paulo city, both, public and private. Key-words: City. Modernization. Elite. Ordinary People. Introdução A cidade de São Paulo está sempre num constante destruir, construir e, por vezes, reconstruir de espaços urbanos. Neste processo, muitas lembranças, memórias, sensibilidades, experiências e histórias são deixadas de lado; muitas delas ficam perdidas, relegadas para o campo do inacessível, do indecifrável. Sentimentos e subjetividades também sucumbem a esta realidade. Por outro lado, novas e geralmente mais funcionais estruturas, tanto mentais como materiais, passam a ocupar/reocupar de forma hegemônica tais espaços. Pensando nesta problemática o presente artigo objetiva dialogar com este mundo social dito concreto, objetivo. Qual seja? O da reordenação material de espaços citadinos que, por sua vez, inviabiliza a presença, produção e fixação de determinadas pessoas, que neste caso são os moradores de rua, popularmente chamados de mendigos, em algumas áreas, tanto públicas como privadas, da urbe em pauta: São Paulo, uma das maiores cidades do planeta.

Upload: luiza-correa

Post on 14-Sep-2015

225 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

.

TRANSCRIPT

  • A cidade modernizada: questes acerca do viver urbano, dos conflitos e das memrias

    Natanil Dal Moro*

    Resumo: A cidade contempornea tem sido objeto-sujeito de diversas aes, tanto simblicas

    como materiais. O presente artigo objetiva dialogar com o mundo social dito concreto,

    objetivo. Qual seja? O da reordenao material de espaos citadinos que, por sua vez,

    inviabiliza a presena, produo e fixao de determinadas pessoas em algumas reas da

    cidade de So Paulo, tanto pblicas como privadas.

    Palavras-chave: Cidade. Modernizao. Elite. Pessoas comuns.

    Abstract: The modernized city: issues related to the urban life, conflicts and memories. The

    contemporary city has been object-subject of several actions, both symbolic and materials.

    This article aims at dialoging to the social the stated concrete, objective world. Which

    one? The one of the material re-arranging of city spaces that, in turn, makes unfeasible the

    presence, production and establishment of certain people in some regions of So Paulo city,

    both, public and private.

    Key-words: City. Modernization. Elite. Ordinary People.

    Introduo

    A cidade de So Paulo est sempre num constante destruir, construir e, por vezes,

    reconstruir de espaos urbanos. Neste processo, muitas lembranas, memrias, sensibilidades,

    experincias e histrias so deixadas de lado; muitas delas ficam perdidas, relegadas para o

    campo do inacessvel, do indecifrvel. Sentimentos e subjetividades tambm sucumbem a esta

    realidade. Por outro lado, novas e geralmente mais funcionais estruturas, tanto mentais como

    materiais, passam a ocupar/reocupar de forma hegemnica tais espaos.

    Pensando nesta problemtica o presente artigo objetiva dialogar com este mundo

    social dito concreto, objetivo. Qual seja? O da reordenao material de espaos citadinos que,

    por sua vez, inviabiliza a presena, produo e fixao de determinadas pessoas, que neste

    caso so os moradores de rua, popularmente chamados de mendigos, em algumas reas, tanto

    pblicas como privadas, da urbe em pauta: So Paulo, uma das maiores cidades do planeta.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    2

    Cidade moderna, cidade modernizada

    A cidade contempornea tem sido objeto-sujeito de diversas anlises. Boa parte das

    cidades latino-americanas e brasileiras, em especial, so fruto do processo de modernizao

    que se deu no decorrer do sculo XX. Falar em modernizao implica em conceituar no

    apenas este termo, mas tambm definir o que se entende por modernidade, haja visto que no

    so sinnimos. Longe disso, so conceitos especficos, cada qual designante de uma realidade

    histrica.

    O conceito modernidade tem sido historicamente utilizado para identificar as

    sociedades que se formaram na Europa Ocidental e na Amrica Anglo-Saxnica durante o

    perodo da Idade Moderna. Pensa-se em modernidade como um estilo societrio, um conjunto

    de costumes, prticas, projetos e atos que visam a consolidao desta organizao social que

    se fez mais ntida a partir do sculo XVII, tal como pode ser observado nos escritos de Walter

    Benjamin (1989) e de Marshall Berman (1989). A modernidade rompeu o mundo sagrado

    que era ao mesmo tempo natural e divino, transparente razo e criado. (TOURAINE, 2002,

    p. 12).

    A Revoluo Industrial e a Revoluo Francesa, depois de postas em andamento,

    deram significativo impulso para os ideais da modernidade. Foi neste momento que os valores

    e as vises de mundo da modernidade passaram a ser cada vez mais hegemnicos. Vrios

    pases latino-americanos recm-independentes no sculo XIX utilizaram os preceitos da

    modernidade como lei mxima. Os resultados no foram muito animadores; conflitos

    passaram a fervilhar em vrios locais.

    No contexto europeu, modernidade era sinnimo de participao poltica. Os

    cidados que diziam quais rumos o Estado nacional devia seguir, que projetos deviam ser

    postos em prtica, quais seriam deixados de lado, o que era de importncia ou no para a

    sociedade. Para Alain Touraine (2002, p. 9):

    A idia de modernidade, na sua forma mais ambiciosa, foi a afirmao de

    que o homem o que ele faz, e que, portanto, deve existir uma

    correspondncia cada vez mais estreita entre a produo, tornada mais

    eficaz pela cincia, a tecnologia ou a administrao, a organizao da

    sociedade, regulada pela lei e a vida pessoal, animada pelo interesse, mas

    tambm pela vontade de se liberar de todas as opresses.

    Embora a modernidade se mostre como sendo um campo repleto de inovaes e por

    excelncia um local para o surgimento e a consolidao do moderno, do novo e, tambm, do

    racional e justo socialmente, na realidade isso no ocorre de forma to abrangente. As

    sociedades modernas so conflitantes em sua constituio histrica, cheias de contrastes,

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    3

    contudo, so, ou pelo menos se dizem, efetivamente racionais. Segundo Touraine (2002, p.

    18): A idia de modernidade est portanto estreitamente associada da racionalizao.

    Renunciar a uma rejeitar a outra.

    A ideologia ocidental da modernidade, que podemos chamar de

    modernismo, substitui a idia de Sujeito e a de Deus qual ela se prendia,

    da mesma forma que as meditaes sobre a alma foram substitudas pela

    dissecao dos cadveres ou o estudo das sinapses do crebro (TOURAINE,

    2002, p. 20).

    A negao, pelo menos terica, do passado medieval, da tradio e do sagrado,

    tambm uma das caractersticas fundamentais da modernidade. A [...] destruio alegre do

    sagrado, de suas proibies e de seus ritos um acompanhamento indispensvel da entrada na

    modernidade. (TOURAINE, 2002, p. 40). Analisando a realidade brasileira, Gilberto Freyre

    (1933) afirmou que a modernidade nacional deve muito tradio; sem esta ltima, a primeira

    no existiria.

    Segundo Sandra Jatahy Pesavento (1996, p. 8), dois processos concomitantes, ao

    longo do sculo XIX, formaram a modernidade: o da transformao capitalista do mundo e

    o da

    [...] progressiva expanso de uma ordem burguesa, com seu corolrio de

    crenas, valores, idias. A internacionalizao deste processo, ocorrido a

    partir de uma matriz europia, correspondeu a uma internalizao do

    capitalismo em terras americanas, expressa em transformaes ao mesmo

    tempo econmico-sociais e poltico-ideolgicas. Neste contexto, deu-se a

    emergncia paulatina de uma ordem urbano-industrial, que reinverteu as

    relaes campo-cidade, colocou a urbe como o lugar onde as coisas acontecem e trouxe cena atores sociais, portadores de tambm novas prticas e idias. A contrapartida cultural desta ampla gama de

    transformaes materiais e sociais que se entende como modernidade. Ela

    se traduz em comportamentos, sensaes e expresses que manifestam o

    sentir e agir dos indivduos que vivenciam aquele processo de mudana.

    Nos chamados pases desenvolvidos, os antagonismos societrios se mostram de

    forma mais branda. J em pases em desenvolvimento, ou subdesenvolvidos, os conflitos

    so muitos. A modernidade, neste caso, no se faz presente com tanta fora. Anlises

    sociolgicas, polticas e historiogrficas desenvolvidas nas dcadas de 1950-60 mostram que

    nestes ltimos no h modernidade, mas sim modernizao. No primeiro grupo, a sociedade

    capitalista como um todo que faz a modernidade tomar corpo; no segundo, o nacionalismo e

    os sujeitos que o controlam que fazem a modernizao, e no a modernidade, existir.

    No entender de Raymundo Faoro (1994, p. 99),

    [...] a modernidade compromete, no seu processo, toda a sociedade,

    ampliando o raio de expanso de todas as classes, revitalizando e

    removendo seus papis sociais, enquanto a modernizao, pelo seu toque

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    4

    voluntrio, se no voluntarista, chega sociedade por meio de um grupo

    condutor, que, privilegiando-se, privilegia os setores dominantes. Na

    modernizao no se segue o trilho da lei natural, mas se procura moldar, sobre o pas, pela ideologia ou pela coao, uma certa poltica de mudana.

    [...]. Na modernidade, a elite, o estamento, as classes dizemos, para simplificar, as classes dirigentes coordenam e organizam um movimento. No o dirigem, conduzem ou promovem, como na modernizao, ao

    contrrio da modernidade, cinde a ideologia da sociedade, inspirando-se

    mais na primeira do que na segunda.

    Imagem 1. Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira, inaugurada no dia 10 de maio de 2008,

    na zona sul da cidade de So Paulo (SP). O progresso, a modernizao, da obra de 138

    metros de altura que pode ser vista de vrios pontos da cidade contrasta com moradias

    miserveis (favela na avenida Jornalista Roberto Marinho) e moradores de rua que so

    sistematicamente afastados da obra-carto postal de So Paulo. H policiamento em pontos

    estratgicos da ponte e isso evita a fixao de moradores de rua embaixo da obra. (FOI...,

    2009.

    No Brasil, a modernizao bem mais presente do que a modernidade. Os grupos

    dominantes ou as elites dirigentes se encarregaram de estruturar a sociedade ao seu modo.

    Quando a populao mais humilde intentou fazer parte das discusses, a fora foi, quase

    sempre, a resposta da elite para os contestadores. Obras pblicas, licitaes, cargos e

    inclusive aprovao ou alterao de leis so prticas j comuns desde longa data neste Pas e

    visam atender sobretudo os anseios e interesses das elites dirigentes.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    5

    Tanto no campo como na cidade a modernizao brasileira vigorosa. O grande

    problema que ao produzir riqueza tambm foi gerada muita pobreza e misria social.1 A

    modernizao agrcola, e em menor proporo a pecuria, ocorrida nas dcadas de 1960 e

    sobretudo na de 70 transformou o Brasil num dos maiores produtores mundiais de gros e

    carnes. O ponto negativo desta histria que mais de 15 milhes de pequenos agricultores ou

    posseiros tiveram que deixar o campo para este avano modernizador ocorrer.

    As cidades receberam estas pessoas, porm de forma muito pouco adequada.

    Criminalidade, falta de moradia, desemprego e tantos outros problemas avolumaram-se nestas

    dcadas e nas seguintes. Todas as cidades sofreram com este processo; o aumento e a

    formao de favelas intensificaram-se de modo muito destacado. Em 1957 havia 141 favelas

    na cidade de So Paulo; no ano de 1973 j eram 525 (PASTERNAK, 2002, p. 5). Em 2008 o

    nmero aumentou para 1.603 favelas (VILICIC et al., 2009).

    Imagem 2. Arquiteturas horizontalizada e verticalizada: moradias que contrastam. No

    primeiro plano v-se a segunda maior2 favela da cidade de So Paulo: Favela Paraispolis,

    localizada na zona oeste da cidade de So Paulo (FARIAS, 2009a); no segundo plano,

    residncias de alto padro. Paraispolis nasceu na dcada de 1920 [...] de um loteamento de

    2.200 pequenos terrenos. Chamado de Fazenda do Morumbi, o local permaneceu desocupado

    por mais de duas dcadas, at ser invadido por migrantes nordestinos, atrados pela promessa

    de emprego na construo civil. Em 1970, 20.000 pessoas j ocupavam o espao

    irregularmente. (VILICIC et. al., 2009).

    1 Outros detalhes a respeito dessa realidade esto no texto Modernizao urbano-citadina e representaes sobre

    os trabalhadores na cidade de Campo Grande (dcadas de 1960-70) (MORO, 2007). 2 A primeira Helipolis, no Bairro do Sacom, que possui 120 mil moradores (VILICIC et. al., 2009).

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    6

    Imagem 3. A mesma paisagem, porm vista de outro ngulo. O contraste entre padres de

    vida fica ainda mais evidente. Pobreza e riqueza convivem praticamente juntas. (FARIAS,

    2009b). A comunidade ocupa uma rea de 800.000 mil m2, que corresponde a 97 campos de

    futebol, e tem 80 mil habitantes. De acordo com levantamento realizado pela Prefeitura no

    decorrer dos anos de 2006 a 2008, cerca de 80% dos moradores no possuam rede de esgoto,

    60% estavam sem energia eltrica e 21% eram semi-analfabetos (FARIAS, 2009a).

    Alm disso, a modernizao que vigora na Amrica Latina busca desqualificar com

    muita rapidez as pessoas pobres ou no detentoras de uma educao institucionalizada.

    Raramente so tornadas pblicas afirmaes como esta:

    Pessoas pouco ilustradas podem ter compreenso poltica superior de

    pessoas muito ilustradas, e isto toca de perto os intelectuais e reduz bastante as dimenses de algumas de suas mais caras iluses. Um operrio

    pode ter tem, com freqncia posies polticas mais justas, mais lcidas, qualitativamente superiores s de um intelectual, de um escritor, de

    um poltico, no sentido vulgar, isto , aquele que faz poltica, como

    atividade especfica, que se candidata a funes eletivas, que exerce cargos

    executivos pblicos. No pertence, obrigatoriamente, como privilgio, s

    pessoas das classes superiores, a superioridade poltica. (SODR, 1979, p.

    112).

    O texto de Nelson Werneck Sodr ajuda a problematizar de forma estrutural a

    racionalidade de que a elite se diz portadora. Na modernizao, a elite dirigente quem

    comanda o Estado nacional, logo, no h pertinncia de o povo falar, expressar suas opinies,

    fazer poltica, pois a elite j o faz, e para todos.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    7

    Quando Sodr escreve No pertence, obrigatoriamente, como privilgio, s

    pessoas das classes superiores, a superioridade poltica. ele questiona uma das bases

    ideolgicas da modernizao/racionalizao brasileira, qual seja, a de que a elite quem deve

    conduzir os rumos da sociedade nacional. Esse discurso, na cidade, tem sido cada vez mais

    contestado, sobretudo a partir da dcada de 1980, quando movimentos sociais, dos mais

    diversos, reterritorializaram espaos antes controlados pelas elites ou majoritariamente por ela

    dominados.

    A cidade passou a ser cada vez mais um local de prticas mltiplas que, por vezes,

    conflitam-se cotidianamente. A modernizao citadina conseguiu em alguns casos afastar os

    populares ou pobres de algumas reas centrais e privilegiadas em infra-estruturas das cidades,

    porm no eliminou na totalidade os cotidianos considerados indesejveis. De acordo com a

    FIPE, no ano de 2000 havia 8.706 moradores de rua (adultos e crianas) na cidade de So

    Paulo; em 2010 j eram 13.666. Houve, portanto, um aumento de 57% em uma dcada

    (DRAMA NAS RUAS, 2010, p. 2).

    Imagem 4. Moradores de rua no Bairro de Perdizes, na zona oeste da cidade de So Paulo

    (SP). No momento em questo, por volta das 15 horas do dia 19 de novembro de 2009, os

    sujeitos faziam a refeio do almoo, quase sempre com alimentos doados pelos proprietrios

    de restaurantes existentes nas ruas Bartira, Monte Alegre, Joo Ramalho ou Cardoso de

    Almeida.3

    3 Esta imagem e todas as que se seguem so de autoria do autor deste artigo. Perdizes um distrito da cidade de

    So Paulo, pertencente Subprefeitura da Lapa. O estudo em questo mapeou em Perdizes o espao fsico

    delimitado pelas avenidas Dr. Arnaldo e Sumar e pelas ruas Turiassu e Cardoso de Almeida.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    8

    Mltiplos viveres urbanos

    O processo de modernizao em voga produziu e continua a produzir, ento, distintas

    formas de experimentao da cidade. Uma das mais visveis, talvez a mais evidente de todas,

    a externada pelo olhar: vemos a engenharia e a arquitetura em constante fluxo de fazer e

    refazer as obras. Bastam dias e at horas para a condio material da cidade de So Paulo ser

    alterada.

    Esta materialidade no fica restrita ao mundo concreto. Modificar a concretude

    tambm pode alterar o cotidiano das pessoas. Numa megalpole como So Paulo, que possui

    em torno de 11 milhes de habitantes, h mltiplos cotidianos em ao. O espao citadino

    acolhe experincias etrias, geracionais, partidrias, de gnero, culturais, dentre inmeras

    outras formas de constituio do que se pode chamar de identidade ou identidades.

    Imagem 5. O senhor que aparece no lado direito da imagem, de terno azul escuro, tem 70

    anos, sendo que vive na rua h mais de 4 dcadas. Conforme relato feito por este sujeito no

    dia 19/11/2009, as adversidades existentes na rua so de vrias ordens. Para viver na rua

    preciso ter conhecimento especfico dos territrios da cidade e das pessoas que podem

    fornecer alimentos, roupas e medicamentos. preciso saber que alguns horrios possibilitam

    determinadas prticas e outros no; pedir alimentos nos restaurantes um exemplo; utilizar

    locais para dormir outro.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    9

    inegvel que neste espao no h apenas aes pacficas. Existem violncias

    materiais e simblicas de variados graus e intensidades. Os agredidos de um tempo e espao

    podem se tornar agressores em um outro territrio. Quem ouve um insulto tambm tem o

    potencial de insultar o outro. Estas questes nem sempre so observadas pelo universo

    acadmico com a devida importncia, sobretudo pelo fato desta problemtica no fazer parte

    da historiografia tradicional e, portanto, mais consolidada.

    Na cidade de So Paulo pode-se encontrar diversas e conflitantes formas do viver

    urbano. Cada sujeito, ao seu modo, constri sua prpria atmosfera, reorganiza costumes e

    valores, empreende projetos, priorizando uns e abandonando outros. Este cotidiano defronta-

    se com o dos demais indivduos. Nascem ento conflitos dos mais diversos; alguns ficam

    restritos ao universo das palavras; outros chegam mesmo a existir no plano das aes

    materiais. Ambos transformam a cidade e os que a habitam.

    O viver da maior parte das elites urbanas, em particular das existentes nos grandes

    centros citadinos, est centrado num trip que j deve ser conhecido por muitos: residncia,

    trabalho e lazer. A permanncia no espao pblico das metrpoles brasileiras, como So

    Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, tem sido diariamente intensificada, mesmo que a

    contragosto das pessoas.

    Podemos ento mencionar uma alterao drstica neste processo. Resultado: o

    espao pblico passou a ocupar boa parte da vida das elites e tambm dos sujeitos populares,

    mesmo que a contragosto. O trnsito congestionado acentua ainda mais essa realidade; muitas

    pessoas passam, por isso, horas nas vias pblicas.

    A cidade modernizada no Brasil, por seu turno, (ainda) no sinnimo de segurana

    e nem de eqidade social. Se por um lado so edificadas construes de alto padro,

    verdadeiras manses ou palacetes suspensos, por outro, a pobreza ainda impera em largos

    territrios. A violncia simblica e concreta tambm. E sobretudo para brecar a violncia

    urbana que a cidade de So Paulo tem sido reestruturada em sua estrutura fsica.

    Ao reordenarem o espao privado e por vezes o pblico, conflitos apareceram e

    ainda esto por ser sanados. Desta luta, pode-se mensurar no mnimo com mais propriedade a

    fora e os interesses dos que a integram. Quem so estes sujeitos? Quais os conflitos e as

    memrias que possuem?

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    10

    Conflitos e memrias nas imagens da cidade

    Existir socialmente, como bem mostrou Bourdieu (1998), uma relao de fora,

    uma luta entre sujeitos histricos que se encontram e possuem interesses conflitantes,

    antagnicos. No espao urbano isso ocorre com muita intensidade. O difcil est em localizar

    os conflitos e as memrias no-hegemnicas, j que as dominantes no hesitam em se fazer

    presentes na urbe. As elites mostram os seus interesses e vises de mundo em obras de arte,

    nas edificaes, nos monumentos e em textos literrios e acadmicos. Mesmo assim muita

    coisa ainda foi perdida no decorrer do tempo.

    E os sujeitos comuns? Conseguem eles legar ao presente e ao futuro documentos que

    falem dos conflitos e das memrias que viveram? Cabe pensar ento como se pode

    visualizar estes conflitos e memrias no-hegemnicas. Importante frisar que estes, por sua

    vez, esto sempre relacionados com os outros, afinal, no h dominado sem dominante. Os

    conflitos e as memrias da elite tem sempre relao com as memrias e os conflitos do povo

    comum.4

    Os conflitos em torno do espao pblico so bem latentes. As territorializaes

    sinalizam utilizaes e reutilizaes da cidade. Quem as fez ou as faz? Sujeitos histricos que

    dominam e tambm que so dominados; algumas vezes a relao de poder tambm alterada.

    E nesta relao de poder que algumas memrias ganham destaque e outras so relegadas

    para o campo do esquecimento.

    Um olhar crtico sobre o objeto-sujeito CIDADE possibilita descortinar muitas destas

    questes. Na medida em que as cidades passaram por processos de modernizao, algumas

    preocupaes foram sanadas e outras ganharam territrio. Na cidade modernizada e

    contempornea, e So Paulo um timo exemplo, a problemtica da violncia urbana

    conquista cada vez mais ateno nos meios de comunicao e no cotidiano dos indivduos. A

    violncia, seja a ao para cont-la ou no, transforma a cidade, cria territrios, produz

    sociabilidades, enfim, constri uma outra materializao sobre a cidade.

    Parte dessa realidade foi quantificada. Dados da segunda edio da pesquisa Viver

    em So Paulo mostraram que 87% dos 1.512 entrevistados consideravam a cidade insegura

    ou muito insegura e 57% disseram que, se pudessem, deixariam de morar em So Paulo

    devido a violncia e a criminalidade existentes. Apenas 12% dos entrevistados reclamaram do

    trnsito na metrpole (MOVIMENTO..., 2009). Contudo, existem sujeitos destinam mais de 5

    horas entre os deslocamentos de ida para o trabalho e o de retorno para as suas residncias.

    4 Para uma definio conceitual do termo povo comum, ver o escrito A outra histria: algumas reflexes, de

    Eric Hobsbawm (1990).

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    11

    Imagem 6. Muro de um imvel na rua Bartira, no Bairro de Perdizes (novembro, 2009). Este

    tipo de proteo cada vez menos comum nesta regio da cidade de So Paulo. Por outro

    lado, crescente o nmero de muros com 2 ou mais metros de altura, quase sempre

    acompanhados de arames, estruturas pontiagudas e/ou cercas eltricas.

    Imagem 7. A ocupao do espao pblico das caladas tambm tem sido alterada via ao da

    engenharia. Na imagem, de novembro de 2009, pode-se ver a existncia de metais numa

    calada da rua Monte Alegre. bem possvel que o objetivo inicial tenha sido o de dificultar a

    permanncia de pessoas no local, algo que tem se tornado cada vez mais comum na regio.

    Na prtica, um dos efeitos da estrutura metlica foi mesmo o de afastar as pessoas da calada.

    Deve-se apenas passar pelo local, e no parar.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    12

    Imagem 8. Escadaria de acesso/sada da PUC-SP, localizada na rua Ministro Godi, entre as

    ruas Joo Ramalho e Bartira (novembro, 2009). A grade embaixo da escada foi posta no ano

    de 2009. Antes disso, o presente espao era utilizado para diversas finalidades. Os vendedores

    ambulantes protegiam-se da chuva e os moradores de rua, por vezes, tambm utilizavam o

    local para guardar objetos, como latinhas de alumnio, roupas e sacolas para, durante a noite,

    transformar o espao em residncia temporria.

    Desterritorializaes e reterritorializaes: moradores de rua num bairro de elite5

    Dependendo do trajeto que se faz, possvel andar pela cidade de So Paulo sem ver

    qualquer tipo de pobreza arquitetnica. No Bairro de Perdizes h inmeras reas que so

    ocupadas, apenas durante a noite, pelos moradores de rua. Sendo assim, pode-se dizer que

    existe uma arquitetura que se mostra durante a noite e se desfaz durante o dia.

    5 Maiores informaes sobre o viver destes sujeitos esto no artigo intitulado A experincia da rua (MORO,

    2008). A respeito dos conceitos desterritorializao/reterritorializao, ver Deleuze e Guattari (1997).

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    13

    Imagem 9. Nesta imagem, esquina das ruas Joo Ramalho com Dr. Franco da Rocha, v-se

    um dos vrios locais que os moradores de rua do Bairro de Perdizes utilizam para dormir.

    Pode-se chamar estes locais de residncias temporrias. O corredor ao lado da parede de

    pedra , para estas pessoas, uma cama. Durante o dia no h aparentemente indcio de que o

    local seja utilizado para tal finalidade; durante a noite, sobretudo aps o trmino das

    atividades do Supermercado Pastorinho, alguns moradores ocupavam este territrio, sendo

    que antes das 8 horas da manh do outro dia, horrio de abertura do estabelecimento, j

    tinham deixado o local.

    Esse caso sinaliza de modo muito pertinente a existncia de territrios citadinos. Em

    certas ocasies os espaos eram ocupados por alguns sujeitos e suas determinadas prticas; j

    em outras oportunidades eram reterritorializados por outros sujeitos e por outras prticas

    sociais. Por vezes a populao do Bairro empreendia obras visando afastar os moradores de

    rua de alguns espaos, geralmente os que podiam e eram utilizados como dormitrios durante

    o perodo da noite.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    14

    Imagem 10. Essa escada de um estabelecimento comercial sintetiza com muita propriedade a

    reordenao dos espaos da cidade visando dificultar ou afastar definitivamente os moradores

    de rua de determinados locais. Na imagem, datada do dia 12 de abril de 2010, v-se uma

    escada existente na rua Dr. Franco da Rocha, entre as ruas Joo Ramalho e Bartira, e,

    embaixo desta, um espao repleto de pedras. Esse local era, antes da reordenao, um ponto

    de dormir dos moradores de rua; agora no mais.

    At o incio do ano de 2009 havia na calada da rua Cardoso de Almeida uma

    moradia que ocupava quase que todo o espao do passeio pblico (calada) num percurso de

    4 metros. O morador era um senhor de aproximadamente 50 anos. Devido a construo de um

    conjunto de lojas, algumas residncias antigas da rea, e tambm parcialmente sem locatrios

    ou moradores, foram demolidas. A moradia sobre o espao da calada fez parte do projeto:

    deixou de existir, assim como tantas outras construes, independente da arquitetura que

    tenham.6 Esse processo demonstra muito bem o aparecer de algumas territorializaes e

    memrias e o deixar de existir de outras.

    6 Devido a construo de edifcios residenciais de alto padro, com apartamentos de mais de 300m

    2 e 4 vagas

    para estacionamento, boa parte das casas geminadas e prdios das dcadas de 1940-50 tem sido demolidos para

    possibilitar o surgimento de edifcios luxuosos, alguns deles com quase 30 andares no Bairros de Perdizes.

    Segundo reportagem da Folha Online (2009), o metro quadrado nestes imveis alcana o valor de mais de R$ 5

    mil reais e a renda mdia dos moradores das Perdizes era de 22,6 salrios mnimos por pessoa.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    15

    Diante da situao antes mencionada, uma das nicas, talvez a nica moradia no

    estilo casebre de Perdizes no final do ano de 2009 estava na esquina da rua Ministro Godi

    com a avenida Sumar; nela havia at mesmo energia eltrica. Quanto gua utilizada, ela

    vertia do prprio terreno. No muro constavam algumas sadas de gua e na calada mesmo os

    moradores de rua lavavam as vestes e, inclusive, utilizavam a mesma gua para beber.

    Imagem 11. Residncia permanente de moradores de rua no Bairro de Perdizes (novembro,

    2009). A habitao localiza-se na rua Ministro Godi, bem prximo da avenida Sumar.

    Embora o terreno estivesse venda (conforme mostra a placa), o morador permanecia no

    local sem ser incomodado pelos proprietrios. A base da moradia era a estrutura de um

    trailler abandonado; no entorno havia postes de madeira e a partir disso edificou-se um

    telhado. A residncia contava tambm com uma pequena rea de servio que possua tanque e

    torneira, cuja gua vertia do prprio terreno. Essa regio muito encharcada. Onde h a

    avenida Sumar, outrora era um crrego. Para conter a natureza do terreno, foram plantas

    rvores de Eucalipto nas proximidades do local, fato que evitou a contnua sada de gua do

    terreno. Nesta parte do terreno no h tais rvores e a gua verte constantemente. O muro que

    aparece na imagem possui orifcios para o escoamento da mesma.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    16

    Imagem 12. Depois de um deslizamento de terra ocorrido s 03:00 horas da madrugada do dia

    21 de janeiro de 2010, a respectiva residncia permanente ficou avariada. O ocorrido foi

    noticiado na mdia local e nacional. O site Uol Notcias (2010) informou que o deslizamento

    no provocou perdas humanas; o nico ferido foi o Sr. Jos Pereira de Oliveira, de 58 anos.

    Na matria, ele o morador de rua foi apresentado como caseiro. Mesmo depois do

    deslizamento e da parcial destruio do casebre, o morador continuava no local, fato

    constatado em visita realizada no dia 10 de abril de 2010, data da obteno da imagem acima.

    Embora fossem poucos os imveis inacabados e/ou abandonados neste espao da cidade de

    So Paulo, os existentes eram muito disputados pelo povo comum. Na rua Vanderlei, entre os

    nmeros 637 e 687, havia outro caseiro residindo numa construo inconclusa. A

    residncia permanente ocupava o local projetado para ser o estacionamento de um prdio.

    Consideraes finais

    Viver numa cidade, independente da proporo que ela tenha, sempre uma

    experincia nica para cada sujeito histrico. A cidade apreendida de diversas formas; cada

    um tem uma cidade, cada um conhece e experiencia ao seu modo a urbe. Dizer isso, no

    entanto, no implica em afirmar que a cidade apenas e to somente um mundo de sensaes,

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    17

    de sentimentos e de subjetivaes, nem tampouco que a cidade no concreta, objetiva e por

    isso mesmo no pode ser compreendida. Na verdade, uma realidade no exclui a outra. Para

    Pierre Bourdieu (2004, p. 33), a realidade objetiva s se mostra objetiva e materialmente

    por meio das aes subjetivas. A realidade objetiva

    [...] s se manifesta no campo mediante as representaes que dela fazem

    aqueles que invocam sua arbitragem. Esse pode tambm ser o caso noutros

    campos, como o campo religioso ou o poltico, nos quais, em particular, os

    adversrios lutam para impor princpios de viso e de diviso do mundo

    social, sistemas de classificaes, em classes, regies, naes, etnias etc., e

    no cessam de tomar por testemunho, de algum modo, o mundo social, de

    convoc-lo a depor, para pedir-lhe que confirme ou negue seus diagnsticos

    ou seus prognsticos, suas vises e suas previses.

    Na cidade de So Paulo esse processo perceptvel na medida em que as imagens e

    as afirmaes dos sujeitos so problematizadas. A cidade modernizada de uns a cidade

    miservel de outros; quando uns deixam um espao, logo ele reterritorializado por outros

    sujeitos e outras prticas.

    Quem est certo e quem est errado neste jogo? Quem a vtima e quem o

    vitimizado nesta histria? Enveredar a anlise para este campo ajuda a responder algumas

    questes de ordem estrutural da sociedade. O presente artigo, no entanto, buscou no se deter

    nesta problemtica, mas insistiu em observar a CIDADE como um objeto-sujeito que

    possibilita a vivificao de diversas experincias.

    Ao fazer isso, v-se que a CIDADE um territrio no qual coexistem realidades

    mltiplas, contraditrias, convergentes e pacficas. V-se igualmente que a CIDADE est em

    constante transformao: cada novo dia, tarde ou noite apresenta uma nova CIDADE. A

    territorializao, desterritorializao e reterritorializao constante, pois cada sujeito que

    nela age constri outras formas de cotidiano, sejam estes das elites dirigentes ou do povo

    comum.

    Referncias

    BENJAMIN, Walter. A modernidade. In: ______. Obras escolhidas III: Charles Baudelaire,

    um crtico no auge do capitalismo. So Paulo: Brasiliense, 1989, p. 67-101.

    BERMAN, Marshall. Tudo que slido se dissolve no ar: a aventura da modernidade.

    Lisboa: Edies 70, 1989.

    BOURDIEU, Pierre. O poder simblico. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

    ______. Os usos sociais da cincia: por uma sociologia clnica do campo cientfico. So

    Paulo: UNESP, 2004.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    18

    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Flix. O que a filosofia? 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. 34,

    1997.

    DRAMA NAS RUAS. Folha de S. Paulo, So Paulo, p. 2, 4 jun. 2010.

    FAORO, Raymundo. Existe um pensamento poltico brasileiro? So Paulo: tica, 1994.

    FARIAS, Carolina. Falta rede de esgoto em favela de SP que movimenta R$ 15 milhes ao

    ms. 2009. R7 notcias. Disponvel em: . Acesso

    em: 27 set. 2009a.

    ______. Imagens do cotidiano da favela de Paraispolis. 2009. R7 notcias. Disponvel em: <

    http://noticias.r7.com/sao-paulo/fotos/imagens-do-cotidiano-da-favela-de-paraisopolis-

    3.html>. Acesso em: 27 set. 2009b.

    FOI hoje a inaugurao da ponte estaiada em So Paulo. Disponvel em:

    . Acesso em: 10 nov. 2009.

    FOLHA ONLINE (2009). Morador de Perdizes tem perfil de bom vivant. 2009. Disponvel

    em: . Acesso em: 11

    out. 2009.

    FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formao da famlia brasileira sob regime de

    economia patriarcal. Rio de Janeiro: Crculo do Livro, 1933.

    HOBSBAWM, Eric. A outra histria: algumas reflexes. In: KRANTZ, Frederick. A outra

    Histria: ideologia e protesto popular nos sculos XVII a XIX. Rio de Janeiro: Zahar, 1990,

    p. 18-33.

    MORO, Natanil Dal. A experincia da rua. In: XIX Encontro Regional de Histria da

    ANPUH So Paulo. 2008. Disponvel em:

    . Acesso em:

    10 out. 2009.

    ______. Modernizao urbano-citadina e representaes sobre os trabalhadores na cidade

    de Campo Grande (dcadas de 1960-70). 2007. 365 f. Dissertao (Mestrado em Histria

    Social) Programa de Estudos Ps-Graduados em Histria, Pontifcia Universidade Catlica

    de So Paulo (PUC-SP), So Paulo, 2007.

  • Revista Cordis: Revista Eletrnica de Histria Social da Cidade

    www.pucsp.br/revistacordis

    19

    MOVIMENTO NOSSA SO PAULO. Pesquisa de opinio pblica sobre a satisfao com a

    qualidade de vida na cidade e avaliao de servios pblicos. 2009. Disponvel em:

    . Acesso em: 22 jan. 2010.

    PASTERNAK, Suzana. Espao e populao nas favelas de So Paulo. 2002. Disponvel em:

    . Acesso em: 10 nov. 2009.

    PESAVENTO, Sandra Jatahy (Coord.). O espetculo da rua. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS,

    1996.

    SODR, Nelson Werneck. Posio e responsabilidade dos intelectuais. Encontros com a

    Civilizao Brasileira, Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, n. 18, p. 99-122, 1979.

    TOURAINE, Alain. Crtica da modernidade. 7. ed. Petrpolis: Vozes, 2002.

    UOL NOTCIAS. SP: barranco desmorona sobre trailler na zona oeste. 2010. Disponvel em:

    . Acesso em: 25 jan. 2010.

    VILICIC, Filipe et al. Violncia em Paraispolis, a segunda maior favela da cidade. 2009.

    Veja So Paulo. Disponvel em: . Acesso em: 28 nov. 2009.

    * Natanil Dal Moro doutorando em Histria na Pontifcia Universidade Catlica de So

    Paulo (PUC-SP). Bolsista CAPES. Este trabalho foi apresentado como comunicao oral no

    II Encontro Transdisciplinar de Histria e Comunicao: Sries Urbanas: conflito e

    memria, realizado pelo Grupo de Pesquisa Comunicao e Cultura: Barroco e Mestiagem

    e pelo Ncleo de Estudos de Histria Social da Cidade (NEHSC), entre os dias 3 e 4 de

    dezembro de 2009 na PUC-SP. E-mail: .

    Recebido em novembro de 2009; aprovado em junho de 2010.