a anÁlise da logÍstica e cadeia de suprimentos sob …

A ANÁLISE DA LOGÍSTICA E CADEIA

DE SUPRIMENTOS SOB AS LENTES DO

MODELO VRIO: UMA PESQUISA

BIBLIOMÉTRICA.

Geraldo Cardoso de Oliveira Neto (UNINOVE)

[email protected]

Dirceu da Silva (UNINOVE)

[email protected]

A gestão da logística e da cadeia de suprimentos nos últimos anos tem

se mostrado relevante no campo da estratégia organizacional devido à

possibilidade de impulsionar vantagem competitiva e melhorar o

desempenho da firma. Diversos autores e profissionais com

experiência de mercado fundamentam a estratégia na visão baseada

em recursos, permitindo empregar os recursos logísticos valiosos,

raros, inimitáveis e de maneira organizada (VRIO) a fim de gerar

lucratividade e melhorar a capacidade central, aspecto intrínseco às

rotinas operacionais. O conjunto de recursos e as capacidades centrais

devem ser coordenados de modo a determinar um nível particular de

desempenho nas atividades gerando especialidade nessas, denominada

de competência. O objetivo desse estudo é buscar por meio de revisão

bibliométrica artigos que relacionam a gestão logística/gestão da

cadeia de suprimentos com o modelo VRIO, permitindo classificar os

recursos utilizados e avaliar se o recurso ou conjunto de recursos

elencados impulsiona novas capacidades para melhoria do

desempenho da logística e maior vantagem competitiva. Para tanto,

foram analisados 68 artigos científicos nacionais e internacionais

relevantes para a administração e Engenharia de Produção. Diante

disso, investigou-se: Quantos artigos relacionam a gestão

logística/gestão da cadeia de suprimentos com os conceitos de VRIO?

Qual a classificação dos recursos utilizados por artigo? Se o recurso

ou conjunto de recursos elencados impulsiona novas capacidades

centrais para melhoria do desempenho da logística e maior vantagem

competitiva. Em relação à metodologia, tratou-se de um estudo de

análise bibliométrica, que se destinou a quantificar e analisar a

produção científica do tema em questão, utilizando-se também da

abordagem quantitativa, além da estatística descritiva. Os resultados

mostraram uma área que vem evoluindo em números de artigos

publicados e que se caracteriza por estar baseada em teorias

consolidadas. Constatou-se que a maioria das referências investigadas

na pesquisa é dos anos de 2009 a 2011.

Palavras-chaves: Logística, Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos,

Recursos Logísticos, VRIO

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.



2

1. Introdução

Segundo Stank et al. (2005) e Blackhurst et al. (2009) a ênfase principal do gerenciamento da

cadeia de suprimentos é a criação de vantagem competitiva frente a concorrência,

principalmente porque as organizações competem entre cadeias de suprimentos. Segundo

Barney (1991) as organizações, na busca de vantagem competitiva visam desenvolver e

elencar recursos valiosos, raros, inimitáveis e de maneira organizada (VRIO) para melhorar o

desempenho da organização.

O objetivo geral desse estudo é buscar por meio de revisão bibliométrica artigos que

relacionam a gestão logística/gestão da cadeia de suprimentos com o modelo VRIO,

permitindo classificar os recursos utilizados e avaliar se o recurso ou conjunto de recursos

elencados impulsiona novas capacidades para melhoria do desempenho da logística e maior

vantagem competitiva.

Entende-se a logística e a cadeia de suprimentos como capacidade imprescindível para o

fornecimento de produtos e serviços, visando à disponibilidade de produtos para os clientes,

no tempo certo e no local desejado. Conforme Stalk et al. (1992) as capacidades centrais são

forças mais de base. Segundo Gammelgaard e Larson (2001) a capacidade logística para o

fornecimento envolve um conjunto de recursos: ativos fixos, conhecimento, tecnologias,

rotinas e as habilidades das pessoas. Bower e Hout (1992) e Daugherty e Pittman (1995)

relatam que a capacidade logística deve utilizar o tempo como vantagem competitiva.

2. Método de pesquisa

O método de pesquisa utilizado consiste na análise bibliométrica a fim de quantificar a

produção científica sobre o tema (COOPER; LINDSAY, 1998).

O problema de pesquisa consiste em avaliar: Quantos artigos relacionam a gestão

logística/gestão da cadeia de suprimentos com os conceitos de VRIO? Qual a classificação

dos recursos utilizados por artigo? Se o recurso ou conjunto de recursos elencados impulsiona

novas capacidades centrais para melhoria do desempenho da logística e maior vantagem

competitiva.

O levantamento de artigos científicos até 2011 sobre a temática foi realizada por meio de três

bases de dados: Compendex; Websco e Proquest. As palavras chave utilizadas foram:

logística e recurso raro, logística e recurso inimitável, logística e recurso valioso, gestão da

cadeia de suprimentos e recurso raro, gestão da cadeia de suprimentos e recurso inimitável,

gestão da cadeia de suprimentos e recurso valioso, logistcs scarce resources, logistcs

inimitable resources, logistcs valuable resources, supply chain management scarce resources,

supply chain management inimitable resources, supply chain management valuable

resources, logistcs rare resources, logistcs inimitability resources, logistcs value

resources,supply chain management rare resources, supply chain management inimitability

resources, supply chain management value resources, logistcs rareness resources e supply

chain management rareness resources.

Foram analisados 79 artigos científicos nacionais e internacionais relevantes para a

administração e Engenharia de Produção classificado pela listagem Qualis entre A1 e B5 pela

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal no Nível Superior (Capes). O critério utilizado



3

para a seleção dos artigos foi baseado na ocorrência das terminologias empregadas para

identificar as abordagens apresentadas no texto. Os artigos foram analisados em sua totalidade

porque em muitos casos os autores não mencionaram a classificação sob a ótica do VRIO no

resumo ou nas palavras-chave exigindo leitura cautelosa.

Constatou-se (Figura 1) que as publicações iniciaram com Barney (1991), em 2009 foi

capturado 13 publicações, já em 2010 foram localizados 15 publicações e em 2011, 16

artigos.

Publicação por ano

1615

13

4

8

1

44

34

1111111

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1991

1992

1994

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Figura 1 – Publicações por ano

3 Revisão da literatura

3.1 A gestão logística e gestão da cadeia de suprimentos no campo da estratégia

O desenvolvimento da estratégia para excelência em logística e em cadeia de suprimentos

para o melhor desempenho em relação ao nível de serviço aos clientes e vantagem

competitiva frente à concorrência não é de posicionamento, cada formulação apresenta suas

características próprias, mesmo sendo empresas do mesmo segmento ou que movimenta

mesma tipologia de carga. Desta forma, é preciso elencar as capacidades centrais que consiste

nas forças mais de base que abrangem toda a cadeia de suprimentos (Stalk et al., 1992).

Portanto, adota-se a visão baseada em recursos para o desenvolvimento da estratégia.

Segundo Barney (1991) as atividades funcionais são derivadas de recursos que podem ser

desenvolvidos para um maior ou menor grau de efetividade, dependendo do ajuste em

detrimento a formulação da estratégia. Barney (1991) complementa que as organizações

buscam desenvolver e elencar recursos (i) valiosos, que tenha poder de capacitar à

organização frente às necessidades de mercado; (ii) raros, que não esteja disponível aos

concorrentes; (iii) inimitáveis, “se os concorrentes não conseguirem copiar perfeitamente”

(Barney, 1986b e Peteraf, 1993) e (iv) Organizar os recursos por meio de gestão e diretrizes,

sistemas e procedimentos da empresa para dar suporte à escolha de recursos. Priem e Butler

(2001) mencionam que os recursos VRIO para impulsionar vantagem competitiva devem ser

combinados.



4

3.2 Definição de recursos logísticos

Nessa pesquisa levantaram-se cinco categorias:

- Recursos físicos - Penrose (1959) menciona sobre o recurso físico, que consiste em ativos

tangíveis, como prédios, equipamentos, terra e recursos naturais e matéria primas. Conforme

Closs e Thompson (1992) os recursos físicos da logística compõem a infraestrutura

organizacional, que incluem: instalações de produção e distribuição, equipamentos para

movimentação e gestão dos estoques e inventário;

- Recursos humanos – consistem nas diversas classes de empregados de uma empresa

envolvidos na operação, compostos das equipes técnica e gerencial da empresa (Penrose,

1959);

- Recursos organizacionais – (a) Conhecimentos, habilidades e experiências tácitas das

pessoas para gestão e operação; (b) Procedimentos e sistemas tangíveis e intangíveis; (c)

Valores e cultura intangível desenvolvido ao longo do tempo pelos fundadores e (d) Redes de

relacionamentos de pessoas da empresa com fornecedores, clientes, governo e consultores

(Mills et al. 2002);

- Recursos financeiros - é necessário recursos financeiros para construir a infra-estrutura

logística, contratação de pessoal operacional e de gestão (Speh e Novack, 1995);

- Recursos tecnológicos - definidos como sistemas que ajudam em um melhor desempenho do

processo, tais como: máquinas e equipamentos digitais de ultima geração, softwares, dentre

outros (Ballou, 2009).

Para a gestão de materiais e logística é preciso o gerenciamento dos recursos que incluem

todas as decisões no processo de alocar e gerenciar estrutura, infraestrutura (Rinehart e

Ragatz, 1996).

4 Análise dos dados

Os artigos foram separados conforme a classificação do recurso utilizado para facilitar o

desenvolvimento dos gráficos e tabelas para a apresentação dos resultados. A Figura 2 mostra

que 47 artigos avaliados mencionam sobre recursos organizacionais, 15 relatam sobre

recursos tecnológicos, 8 sobre recursos humanos, 5 sobre recursos físicos e 4 sobre recursos

financeiros.

47

59%

15

19%8

10% 5 6% 4 5%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Re

curs

os

Org

an

iza

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na

is

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IO

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físic

os

X V

RIO

Re

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os

Fin

an

ceir

os

X

VR

IO

Recursos da Logística

Figura 2 – Recursos da Logística em relação ao VRIO



5

Foram localizados 47 artigos, representando 59% (Tabela 1 e 2 e Figura 3) que relacionam

recursos organizacionais logísticos ao conceito VRIO, que consideram a gestão da cadeia de

suprimentos, gestão operacional, gestão logística, conhecimento compartilhado, parceria,

terceirização de serviços logísticos e relacionamento interorganizacional como recursos raros,

valiosos e inimitáveis para a organização impulsionando melhor desempenho e vantagem

competitiva para a empresa.

12

26%

11

23%

7

15%

5

11%

3

6%

7

15%2

4%0

2

4

6

8

10

12

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org

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iza

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na

l

Recursos da Logística

Figura 3 – Recursos Organizacionais Logísticos em relação ao VRIO



6

Tabela 1 – Relacionamento de recursos organizacionais logísticos ao conceito VRIO.



7

Tabela 2 – Relacionamento de recursos organizacionais logísticos ao conceito VRIO.

Foram encontrados na literatura 15 artigos (Figura 4 e Tabela 3), com percentual de 22% do

total de artigos analisados, que relacionam recursos tecnológicos utilizados na gestão logística

e gestão da cadeia de suprimentos com os conceitos VRIO demonstrando a oportunidade de

impulsionar vantagem competitiva e melhorar o desempenho da firma.



8

9

60%

2

13%1

7%

1

7%

1

7%

1

7%0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

TI E-sourcing ERP Gestão de

TI

EDI E-business

Recursos Tecnológicos

Figura 4 – Recursos Tecnológicos Logísticos em relação ao VRIO.

Tabela 3 - Recursos Tecnológicos Logísticos em relação ao VRIO.

Foram localizados na literatura 8 artigos (Figura 5 e Tabela 4), com percentual de 11% do

total de artigos analisados, que mencionam que os recursos humanos são recursos valiosos,

raros e inimitáveis para impulsionar vantagem competitiva e melhorar o desempenho da

firma.



9

4

50%

2

25%

2

25%

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

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anos

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mer

cado

Cap

ital

inte

lect

ual

Recursos Humanos

Figura 5 – Recursos Humanos Logísticos em relação ao VRIO

Tabela 4 – Recursos Humanos Logísticos em relação ao VRIO.

Foram encontrados 5 artigos (Figura 6 e Tabela 5), com percentual de 6% do total, que

relatam que os recursos físicos são recursos valiosos, raros e inimitáveis para impulsionar

vantagem competitiva e melhorar o desempenho da firma.

Figura 6 – Recursos Físicos Logísticos em relação ao VRIO



10

Tabela 5 – Recursos Físicos Logísticos em relação ao VRIO

Foram encontrados 4 artigos (Figura 7 e Tabela 5), com percentual de 5% do total, que

relatam que os recursos financeiros são recursos valiosos, raros e inimitáveis para impulsionar

vantagem competitiva e melhorar o desempenho da firma .Conforme Speh e Novack (1995) é

necessário recursos financeiros para construir a infraestrutura logística, contratação de pessoal

operacional e de gestão.

2

50%

2

50%

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

Inve

stim

ento

em e

stru

tura

logí

stic

a

Lucr

ativ

idad

e

Recursos Financeiros

Figura 7 – Recursos Financeiros Logísticos em relação ao VRIO

Tabela 5 – Recursos Financeiros Logísticos em relação ao VRIO

6 Conclusões



11

Desta forma foram analisados 79 artigos científicos nacionais e internacionais

relevantes para a administração e Engenharia de Produção que relacionam a gestão

logística/gestão da cadeia de suprimentos com os conceitos de VRIO.

Desses, 47 artigos avaliados mencionam sobre recursos organizacionais, 15 relatam

sobre recursos tecnológicos, 8 sobre recursos humanos, 5 sobre recursos físicos e 4 sobre

recursos financeiros. Também constatou que geralmente o recurso ou conjunto de recursos

elencados impulsiona novas capacidades centrais para melhoria do desempenho da logística e

maior vantagem competitiva, relatado pelos autores pesquisados.

Sendo assim, mostra-se uma área que vem evoluindo em números de artigos

publicados e que se caracteriza por estar baseada em teorias consolidadas. Constatou-se que a

maioria das referências investigadas na pesquisa é dos anos de 2009 a 2011.

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