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Terceiro Anno âMICSlATIiaA CM LISBOA 1 mez 300 réis Annuncios, linha 20 réis Publicações no corpo do .60 3 meies. 900 Avulso 10 . jornal, por linha 6o réig | TERÇA-FEIRA 17 DE FEVEREIRO DE 1874 A§HIG!VATIBA KA PRêVIUCU 1 mez 500 réis 3 mezes 1#100 réis A correspondência sobre administração a LO RENA QCE1R0Z, calçada do Combro, 10, 1.°. Numero Nem os lolos lhe escapam Não ha sentimento que mais directamente ao coraçào de um le- gitimo parvo do que é o amor! Olhem-me bem para elle Chegou á adolescência custando-lhe a dif- ferençar a mão direita da mão da esquerda, e emancipou-se em tem- po legal, continuando a precisar que alguém lhe explicasse a serven- tia dos suspensórios para se nào arriscar a ficar no meio da rua de ca- saca e seroulas. Pois com o andar dos tempos o amor chegou a fazer brecha no cora- çào do nosso homem ! Os encantos de uma delambida, na vigessima edicçào das suas monterias amorosas prenderain-n'o pelo beiço, e trou- xeram-no aos pés d'aquella que por especulação lhe cedeu os noves fóra das coutas que ajustara com outros sem a consagração do ma- trimonio. E elle julgando-se feliz com todos estes contras arithmeticos, e ain- da por cima timido, acanhado, irresoluto na solução de um problema resolvido por mais sagazes mathematicos! Se o amor faz andar a rasão dejuros as cabeças dos que as tem, con- templem as almas piedosas o que não fará elle de quem nasceu sem a bússola intellectual, que se chama miolo, ao sentir-se ferido na aza pe- las frechadas de uns olhos com vinte an- nos de serviço de polotáo nas fileiras do Deos vendado. A nossa estampa representa a ultima e por isso mesmo a mais férvida declara- ção amorosa do pretendente, o receberá mercê do requerimento epistolar enlregue directamente na vespera ao poder exe- cutivo pela mão calosa do Mercúrio com- postelano. Nào o lastimemos. O que n'este mo* mento de suprema ventura está através* sando o deserto d'aquelle cerebro enfer- mo, revelia-o o desalinho do cabello que lhe franja attesta, e as amolgadellas que está apanhando o chapéu entre os joelhos trémulos do pretendente. O grande argumento está ainda por apre- sentar. Um homem pôde ser francamente tolo, e não estar por isso obrigado.a mor- rer de fome. O exemplar que temos pre- sente é accionista do Banco de Portugal, e é n'esta qualidade que ofíerece o seu amor. Que entranhas de melhor haverá que resistam a um capital dealíectos accumu- lados, que teem o seu dividendo aos se- mestres, pagos á boca do cofre ? O tremendo «sim» está quasi a soltar- se. Se este ultimo e grande abalo lizer perder de todo a tramontana ao noivo, a requestada obteve ainda ha pouco a cer- teza de lhe poder decentemente accudir, mandando-o recolher a um quarto parti- cular em Rilhafoiles. Foi esta consideração philantropica que fez cair a noiva em meditação. Ir ser es- eosa de um homem talhado para a cele- ridade a... da loucura mansa, nào è par- tido que deva despresar-se. Quando ella ámanhà cingir carnavales- camente a fronte com a coròa de flor de laranjeira, imaculada para o myupismo do consorte, fará rebentar de inveja as suas antigas rivaes, ao verem-na passar adiante pelo braço de um tolo ! Um parvo incontestavelmente mais garantias de constancia no matrimonio do que um atilado. Este pôde encontrar quem lhe faça ne- gaças a fidelidade conjugal; aquelle á mulher com quem é casado a certeza de ser ella a possuidora da prenda que ninguém mais quer. O tvpo do marido nas condições de constancia exigidas pelo casa- mento, é o que a nossa estampa representa. Na phisionomia alvar tem escripta a beatitude dos crentes, e a serinidade... dos martyres. Roque Barcia A nossa estampa representa o illustre demagogo depois de sair de Cartagena. Damos duas paginas soltas d'um livro do nosso particular ami- go ###. A modéstia de que é dotado nos obriga a occultar o nome. Filiado na escola realista, enthusiasta pelas theorias philosophicas modernas, é, e proinette continuar a ser, o maior pedaço d'asno do unindo. Como estimulo a tàc auspiciosa estreia de toleima, aproveitamos es- te dia, porque o escripto é verdadeira peça d'entrudo. NO BAILE (estilo Maoalhãks Lima) Fragmento d'um livro enedito Eu estava melancolico, e retalhado d'excruciantes dores. A imagi- nação parecia arrastar mea calcar o abysmo e arrapelar os astros. O meu ser evaporava-se no rodopiar das liiais tormentosas idéas. As ruinas de Volney, a Noite do Castello do viscondede Castilho, as noutes de Jung e todas as noites escuras saciavam-me os seios d'al- ma: e o coraçào como que sahia do peito. Via o futuro, alumiado Fugi espavorido... O asco dava-me azas; esbarrei com todos os tr seuntes; chovia meudo, fazia lama, cahi, perdia os sentidos... Seis mezes depois ainda estava no hospital de Rilhafoiles com um cáustico na nuca. . Ellé. A los poetas dei futuro Si á sus licencias apelo, No me dareis culpa alguna, Pues yo quieu á la luna Lhamó requeson dei cielo. Y además quien en verso, De tal licencia Ilevado; Nombró al sol enthusiasmado El candil dei universo. (Almanaque dei futuro.) Preciosidades archeologicas Foram hoje para o museu do Carmo para serem collèccionadas: Uma caixinha de cartão, contendo um resto da murta com que Eva sarou o um- bigo de Abel; Uma caverna de pinho «la terra, que fez parte do casco da arca de Noé; Lm guiso da colleira do cào Cerbero; A roca em que as Ires Parcas aprende- ram a fiar; A casca do ovo em que se gerou a pri- meira gall in ha; Um ramo seceo da arvore do bem edo mal: Uma copia authentica do primeiro ré- cipe de Esculápio; Um bocal velhíssimo da tuba da fama; Uma franja das cortinas que serviram no leito nupcial de Adão: Um remo da barca de Caronte; t K uma bexiga contendo carmim ex- traindo de rosas sem cor. NEM OS TOLOS LHE ESCAPAM! pelos luzeiros do triumpho da idea nova; e o passado entenebrecia-se' dilacerava-se 110 estertor da idéa velha. O problema social er"uia-se diante de mim com toda a sua magestade... Por momentos resisti... mas emlim, venceu a materialidade a intellectualidade... fui ao bai- le... Que embriaguez louca! Que devassidão dourada e perfumada! A mu- lher, toucada de rosas; o decote dos vestidos, deixando entrever to- da a lascívia das antigas bacchanaes... o lupanar a erguer-se como gigante nas brumas da agua de lav.mder e do pat-chouli os olores do oriente espargidos nas caçoilas enebriantes dos ungidos pela alie- naçao sensual... e eu como Lord Byron nos salões de Pariz, sentia subir-me as faces o rubor da pudicícia; e baixava os olhos á terra com a modéstia da virgem para quem o crime ainda não foi libado nas taças de pérolas e diamantes, que empunham as mãos dos Satvros so- ciaes. No meio d'esta orgia crapulosa, diviso a velhice alquebrada, mas ainda apegando-se a ultima taboa da existencia, que está prestes a su- mir-se no sorvedoiro da eternidade. A republica para elle es agora na primeira infancia. Roque Barcia faz tan-tan com ella, encaminhando-a nos primeiros passos, visto que discubrru á ultima hora, que a tal sonhada e decan- culo re P ca 11:10 sa *" a a,n( la andar, acompanhando o espirito do se- E a miséria a redemonhar fóra, einquanlo o rico se banqueteia- rico a zombar do pobre... Oh! roubemol-o! Sim roubemol-o, porque e o rico a zoinoar uo poore... un: roubemol-o! Sim roubemol-o, porque é restituição social; e essa palavra,—roub<*-consagrada pela nomencla- tura egoísta dos homens, apaguemol-a com sangue, muito sangue... Chorem embora os vilões usurpadores da propriedade, as suas lagrimas serão balsamo para sarar as chagas do opprimido. A synlhese dos sentimentos está na rasao direct dos Cresos infames. na rasao directa das malversações A tirannia do dinheiroe a agoniada indigência—assim como o pros- tíbulo e o altar da innocencia. A elles! E senti, que Mephistophles me erguia pelos cabellos; e me soprava todos os instinctos de uma ferocidaoe selvagem! De repente o quer que era de subtil, impalpavel, intangível pairava na athmosphera... Aspirei, e respirei; e conheci o cheiro da alfazema e assucar... Defumavam os coeiros de uma creança recemnascida... Horror! ten- ra vergontea brotou na celeuma de um baile! Era o filho do crime: es- tava marcado com o ferrete dos réprobos. Causou verdadeira sensação nas pes- soas que concorreram liontem á camara electiva o eloquentíssimo discurso do commendador máximo, sr. Miguel da Cu- nha Monteiro, e a replica vehemente e inergica do sr. Melieio. Foi visto no do'iiingo gordo um depu tado da opposiçào que tem a monomania de pôr escript os nos palacios reaes, ar- mado de um enorme pincel e trazendo na mão uma caldeira com massa, dis- tinctivos da sua nova profissão. Era seguido por immenso rapazio que embasbacado applaud ia a caricatura do novo Cromwell. A el Diário de la Tarde Veis esa repugnante criatura, Chato, pelon, sin dientes, estevado Gangoso, y sucio, y tuerto, v jorobado? Pues lo mejor que tiene es ia ligura. 3 Fizeram-se as pazes! Reina a mais perfeita harmonia na família. D!a- ui em diante, elle o Josesinho da democracia promette nào ter medo o gato preto. é valor.

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Terceiro Anno

âMICSlATIiaA CM LISBOA

1 mez 300 réis Annuncios, linha 20 réis

Publicações no corpo do

.60

3 meies. 900

Avulso 10 . jornal, por linha 6o réig | TERÇA-FEIRA 17 DE FEVEREIRO DE 1874

A§HIG!VATIBA KA PRêVIUCU

1 mez 500 réis 3 mezes 1#100 réis A correspondência sobre administração a LO

RENA QCE1R0Z, calçada do Combro, 10, 1.°.

Numero

Nem os lolos lhe escapam

Não ha sentimento que mais directamente vá ao coraçào de um le-

gitimo parvo do que é o amor!

Olhem-me bem para elle Chegou á adolescência custando-lhe a dif-

ferençar a mão direita da mão da esquerda, e emancipou-se em tem-

po legal, continuando a precisar que alguém lhe explicasse a serven-

tia dos suspensórios para se nào arriscar a ficar no meio da rua de ca-

saca e seroulas.

Pois com o andar dos tempos o amor chegou a fazer brecha no cora-

çào do nosso homem ! Os encantos de uma delambida, na vigessima

edicçào das suas monterias amorosas prenderain-n'o pelo beiço, e trou-

xeram-no aos pés d'aquella que por especulação lhe cedeu os noves

fóra das coutas que já ajustara com outros sem a consagração do ma-

trimonio.

E elle julgando-se feliz com todos estes contras arithmeticos, e ain-

da por cima timido, acanhado, irresoluto na solução de um problema

jã resolvido por mais sagazes mathematicos!

Se o amor faz andar a rasão dejuros as cabeças dos que as tem, con-

templem as almas piedosas o que não fará elle de quem nasceu sem a

bússola intellectual, que se chama miolo, ao sentir-se ferido na aza pe-

las frechadas de uns olhos com vinte an-

nos de serviço de polotáo nas fileiras do

Deos vendado.

A nossa estampa representa a ultima

e por isso mesmo a mais férvida declara-

ção amorosa do pretendente, o receberá

mercê do requerimento epistolar enlregue

directamente na vespera ao poder exe-

cutivo pela mão calosa do Mercúrio com-

postelano.

Nào o lastimemos. O que n'este mo*

mento de suprema ventura está através*

sando o deserto d'aquelle cerebro enfer-

mo, revelia-o o desalinho do cabello que

lhe franja attesta, e as amolgadellas que

está apanhando o chapéu entre os joelhos

trémulos do pretendente.

O grande argumento está ainda por apre-

sentar. Um homem pôde ser francamente

tolo, e não estar por isso obrigado.a mor-

rer de fome. O exemplar que temos pre-

sente é accionista do Banco de Portugal,

e é n'esta qualidade que ofíerece o seu

amor.

Que entranhas de melhor haverá que

resistam a um capital dealíectos accumu-

lados, que teem o seu dividendo aos se-

mestres, pagos á boca do cofre ?

O tremendo «sim» está quasi a soltar-

se. Se este ultimo e grande abalo lizer

perder de todo a tramontana ao noivo, a

requestada obteve ainda ha pouco a cer-

teza de lhe poder decentemente accudir,

mandando-o recolher a um quarto parti-

cular em Rilhafoiles.

Foi esta consideração philantropica que

fez cair a noiva em meditação. Ir ser es-

eosa de um homem talhado para a cele-

ridade a... da loucura mansa, nào è par-

tido que deva despresar-se.

Quando ella ámanhà cingir carnavales-

camente a fronte com a coròa de flor de

laranjeira, imaculada para o myupismo

do consorte, fará rebentar de inveja as

suas antigas rivaes, ao verem-na passar

adiante pelo braço de um tolo !

Um parvo dá incontestavelmente mais garantias de constancia no

matrimonio do que um atilado. Este pôde encontrar quem lhe faça ne-

gaças a fidelidade conjugal; aquelle dá á mulher com quem é casado

a certeza de ser só ella a possuidora da prenda que ninguém mais quer.

O tvpo do marido nas condições de constancia exigidas pelo casa-

mento, é o que a nossa estampa representa. Na phisionomia alvar tem

escripta a beatitude dos crentes, e a serinidade... dos martyres.

Roque Barcia

A nossa estampa representa o illustre demagogo depois de sair de

Cartagena.

Damos duas paginas soltas d'um livro do nosso particular ami-

go ###. A modéstia de que é dotado nos obriga a occultar o nome.

Filiado na escola realista, enthusiasta pelas theorias philosophicas

modernas, já é, e proinette continuar a ser, o maior pedaço d'asno do

unindo.

Como estimulo a tàc auspiciosa estreia de toleima, aproveitamos es-

te dia, porque o escripto é verdadeira peça d'entrudo.

NO BAILE

(estilo Maoalhãks Lima)

Fragmento d'um livro enedito

Eu estava melancolico, e retalhado d'excruciantes dores. A imagi-

nação parecia arrastar mea calcar o abysmo e arrapelar os astros. O

meu ser evaporava-se no rodopiar das liiais tormentosas idéas.

As ruinas de Volney, a Noite do Castello do viscondede Castilho, as

noutes de Jung e todas as noites escuras saciavam-me os seios d'al-

ma: e o coraçào como que sahia do peito. Via o futuro, alumiado

Fugi espavorido... O asco dava-me azas; esbarrei com todos os tr

seuntes; chovia meudo, fazia lama, cahi, perdia os sentidos...

• • • • • • • • • • •

Seis mezes depois ainda estava no hospital de Rilhafoiles com um

cáustico na nuca. .

Ellé.

A los poetas dei futuro

Si á sus licencias apelo,

No me dareis culpa alguna,

Pues yo sé quieu á la luna

Lhamó requeson dei cielo.

Y sé además quien en verso,

De tal licencia Ilevado;

Nombró al sol enthusiasmado

El candil dei universo.

(Almanaque dei futuro.)

Preciosidades archeologicas

Foram hoje para o museu do Carmo

para serem collèccionadas:

Uma caixinha de cartão, contendo um

resto da murta com que Eva sarou o um-

bigo de Abel;

Uma caverna de pinho «la terra, que

fez parte do casco da arca de Noé;

Lm guiso da colleira do cào Cerbero;

A roca em que as Ires Parcas aprende-

ram a fiar;

A casca do ovo em que se gerou a pri-

meira gall in ha;

Um ramo seceo da arvore do bem edo

mal:

Uma copia authentica do primeiro ré-

cipe de Esculápio;

Um bocal velhíssimo da tuba da fama;

Uma franja das cortinas que serviram

no leito nupcial de Adão:

Um remo da barca de Caronte; t

K uma bexiga contendo carmim ex-

traindo de rosas sem cor.

NEM OS TOLOS LHE ESCAPAM!

pelos luzeiros do triumpho da idea nova; e o passado entenebrecia-se'

dilacerava-se 110 estertor da idéa velha. O problema social er"uia-se

diante de mim com toda a sua magestade... Por momentos resisti...

mas emlim, venceu a materialidade a intellectualidade... fui ao bai- le...

Que embriaguez louca! Que devassidão dourada e perfumada! A mu-

lher, toucada de rosas; o decote dos vestidos, deixando entrever to-

da a lascívia das antigas bacchanaes... o lupanar a erguer-se como gigante nas brumas da agua de lav.mder e do pat-chouli os olores

do oriente espargidos nas caçoilas enebriantes dos ungidos pela alie-

naçao sensual... e eu como Lord Byron nos salões de Pariz, sentia

subir-me as faces o rubor da pudicícia; e baixava os olhos á terra com

a modéstia da virgem para quem o crime ainda não foi libado nas

taças de pérolas e diamantes, que empunham as mãos dos Satvros so-

ciaes.

No meio d'esta orgia crapulosa, diviso a velhice alquebrada, mas

ainda apegando-se a ultima taboa da existencia, que está prestes a su-

mir-se no sorvedoiro da eternidade.

A republica para elle es já agora na primeira infancia.

Roque Barcia faz tan-tan com ella, encaminhando-a nos primeiros

passos, visto que discubrru á ultima hora, que a tal sonhada e decan-

culo reP ca 11:10 sa*"a a,n(la andar, acompanhando o espirito do se-

E a miséria a redemonhar lá fóra, einquanlo o rico se banqueteia-

rico a zombar do pobre... Oh! roubemol-o! Sim roubemol-o, porque e

o rico a zoinoar uo poore... un: roubemol-o! Sim roubemol-o, porque é

restituição social; e essa palavra,—roub<*-consagrada pela nomencla-

tura egoísta dos homens, apaguemol-a com sangue, muito sangue...

Chorem embora os vilões usurpadores da propriedade, as suas lagrimas

serão balsamo para sarar as chagas do opprimido.

A synlhese dos sentimentos está na rasao direct

dos Cresos infames.

na rasao directa das malversações

A tirannia do dinheiroe a agoniada indigência—assim como o pros-

tíbulo e o altar da innocencia.

A elles!

E senti, que Mephistophles me erguia pelos cabellos; e me soprava

todos os instinctos de uma ferocidaoe selvagem!

De repente o quer que era de subtil, impalpavel, intangível pairava

na athmosphera... Aspirei, e respirei; e conheci o cheiro da alfazema e

assucar...

• •

Defumavam os coeiros de uma creança recemnascida... Horror! ten-

ra vergontea brotou na celeuma de um baile! Era o filho do crime: es-

tava marcado com o ferrete dos réprobos.

Causou verdadeira sensação nas pes-

soas que concorreram liontem á camara

electiva o eloquentíssimo discurso do

commendador máximo, sr. Miguel da Cu-

nha Monteiro, e a replica vehemente e

inergica do sr. Melieio.

Foi visto no do'iiingo gordo um depu

tado da opposiçào que tem a monomania

de pôr escript os nos palacios reaes, ar-

mado de um enorme pincel e trazendo

na mão uma caldeira com massa, dis-

tinctivos da sua nova profissão.

Era seguido por immenso rapazio que

embasbacado applaud ia a caricatura do

novo Cromwell.

A el Diário de la Tarde

Veis esa repugnante criatura,

Chato, pelon, sin dientes, estevado

Gangoso, y sucio, y tuerto, v jorobado?

Pues lo mejor que tiene es ia ligura.

3

Fizeram-se as pazes! Reina a mais perfeita harmonia na família. D!a-

ui em diante, elle o Josesinho da democracia promette nào ter medo

o gato preto.

Já é valor.

Page 2: a a,n( - purl.ptpurl.pt/14328/1/j-1244-g_1874-02-17/j-1244-g_1874-02-17_item2/j... · A modéstia de que é dotado nos obriga a occultar o nome. Filiado na escola realista, enthusiasta

ê

DIÁRIO 1LLUSTRADO

BOLETIM DO DIA

Estamos em perfeita época de governo pessoal. As manifestações do

livre pensamento, deixaram de existir, assassinadas ás mãos dos sicá-

rios agentes da auctoridade! Ninguém pensa, ninguém discute,ninguém

falia, ninguém poetisa; a lingua do homem foi mandada recolher...

ignoramos para onde! E' muito! • , ' ,

O governo nào quer saber de desgraças, corta por sua conla e risco

a terra para a transformar em vias aceleradas, levanta autos de fé con-

tra a propriedade dos poderosos que nào pagam para as estravagancias

da telegraphia eléctrica, terrível arma do mais feroz despotismo; per-

segue tenazmente os editores responsáveis da imprensa livre, nào lhes

dando liberdade para porem em relevo os delírios de um governo que

nào olha pelo credito do pai/.. Ahi estào as inscripções a 46 por 10o,

baixo preço a que nunca chegaram! Ahi está o commercio a exportar,

com geral escandalo, o produeto do suor do povo! ahi estào as fabricas

a trabalhar dia e noite sem descanso algum! ahi está a agricultura pre-

za á charrua sem poder emancipar-se.

Terrível despotismo.

Os próceres do reino, e os representantes do çovo, em patuscada, dei-

xam ir tudo por agua abaixo, emquanto elles vao por agua acima para

os campos du Hibatejo a fim de se reproduzirem em photographias, e

mimosearem depois o publico coin as veras etlígies dos seus frontespi-

cios.

Estes sào duplicadainente cúmplices do governo pessoal, porque cm

vez de aproveitarem o tempo em chorado esiudo para que o credito, o

commercio e a agricultura sc desenvolvam no sentido inverso á sua

actual deeadeirçia só curam de amparar as suas personalidades, dan-

do-lhes tom ás libras e aos cstomagos com grave prejuiso da causa pu-

blica. m

Quando os poderes do Estado olham com todas as forças do seu in-

dilTerentismo para as grandes calamidades que ameaçam reduzir opaiz

ás condiròcs «le um triste mendigo, quando despresam as lições da ex-

pericncia dos verdadeiros homens d'estado do reino visinho que soube-

ram conquistar a liberdade, o progresso, o direito e todas as venturas

de um povo livre, quando surdos á voz sublime e sempre auctorisada

do Diário Popular e da Democracia, teimam em proseguir no cami-

nho diametralmente opposto áquelle por onde transitaram os históri-

cos e reformistas, enriquecendo o paiz com as prosperidades da divida

lluctuante, e dos empréstimos a rasoavel premio, e engordando os func-

cionarios públicos com o augmento dos seus ordenados. É fóra de duvi-

da que estamos, como principiámos, em pleno governo pessoal.

Daqui ao Baixo império dista um salto de pulga.

Triste Portugal! •

O j-rande mestre Theophilo,

Subiu-?- ;i tamanha altura

Para salvar do diluvio

A nossa Litteratura.

Vae ella e"diz-lhe: Nào vês

Taii«bem das agiias acima

Uma cabeça? E' meu filho!

Salva, doutor, o meu Limai

O BARÃO DE.CATANEA

Foi um dos predecessores «la homeopalhia o. avô torto da republica

social, o mais teimoso dos sonhadores da ideia.

Ainda hoje quem mata, curando, ivspeita a sua memoria; como re-

verenceiam as suas cinzas quantos resumem lodos os systemas scien-

tiíicos na charada, e no logogripho todas as conquistas da civilisaçào.

Se o barão de Catanea ainda vivesse teria acompanhado com certeza

o espirito do século, e a estas horas seria um t mivel competidor de

todas os elenv-ntos de antes de hontem, á tardinha.

A morte, que nào respeita a immortal ida de. ceifou a vida do barão, não

diremos na primavera da vida, mas quando o seu engenho mais podja

auxiliar com bons conselhos o auctor tios problemas negros na solução

do insolúvel.

Em que porém o barào de Catanea andou sempre atrasado foi na es-

colha da sua divisa scientifica. j

Soli deo honor et gloria!

Os democratas que lhe sobreviveram, e reluetam sempre em dar o

eu a seu dono, negam a Deus, unicamente a Elie, a honra e a gloria

ue o barào lhe attribuia.

li a ix li u li Tí.ví i ;a io isi/jl | entre os democratas da actualidade e

r.i d-' Catanea.

S. Carlos

A empreza depois de tantos e tào repetidos fiascos, resolveu emen-

dar a mào, e nào sc popando a despezas e fadigas acaba de fazer duas

valiosas escripluras que promettém elevar o theatro á sua verdadeira

altura.

A primeira escriptura é a de

Madame Gvincharini prima dona de carteio que alcançou verdadei-

ros triumphos n'um theatro da capital das ilhas Sandwich.

A segunda escriptura é a de

Mademoiselle Si Ijtude vaporosa e aeria dançarina que com o seu

appelido está dizendo promette uno levantar «js pés do chão e isto sim-

plesmente para.demonstrar que a Ifi d:i gravitação universal nào é uma

chimera.

0 sr. Magalhães Lima com padres e reis debaixo do braço

SONETO

Um tal Magalhães Lima, reles caco,

Que, metido no rol dos oradores,

A ladrar como um cão aos pescadores

Não vale uma pitada de tabaco,

Contra padres e reis, despeja o saco

De impropérios, insultos, e rigores,

Por lhes nào dever inda alguns favores,

Nem lhes chupar vintém, que está sem mrno;

Mas se elles uma vez, por caridade;

Lhe atirarem á fome com um osso,

Entào... Oh! desconcerto! oh! raridade!...

O negro, o furibundo, o fero moço

Heis de ver beijar os pés á magestade,

E bichanar contricto o pjdre-nosso!

As charadas postas a premio no nosso numero de domingo foram di-

cifradas pelo sr. João Manoel Affonso, a quem entregamos a caixa con-

tendo uma surpreza carnavalesca.

As esplicações das charadas vão no logar competente.

As musas do sr. Sergio de Castre

SONETO

Aqui as damas nós, musas e manas,

De gesto assim a modos carrancudo!

Andam a confundir, a enredar tudo

N'um tal Sergio de Castro, ha tres semanas!

Teem pellos como espadas mauritanas,

Que elle disse macias qual veludo,

Mas nào dão com os polios no abelhudo

Ileroe do socialismo e das lampanas!

Era ao que linha jus. Pois que lhe importa

O que se passa no eeu? O seu focinho

Nào pode para lá fazer mão morta...

Tome outra direcção, outro caminho.

E'-lho melhor bater do inferno á porta,

Que é lá que ha de ir fazer seu San'Martinho!

Elles são tres

Caminho da idéa nova,

Meios nus, esfarrapados,

Mas como se vé armados,

Vão elles abrindo a cova

Aos outros; e de uma vez

O mundo acaba... diacho!...

E ficam com o penacho

Elles tres, só elles tres,

Tres, ties

Tres, tres.

0 sr. Urbano Loureiro, em casa de um dentista

Monsieur... de qualquer coisa,

Dentista em Paris formado,

Foi ha pouco procurado

Pelo insigne verrineiro

Do Porto—Urbano Loureiro.

Disse o critico: doutor,

Sinto os dentes abalados.

Faça portanto favor

De me pôr uns... alugados.

O sábio artista contesta,

Trazendo uma dentadura:

«Quando uma penna não presta,

Pòe-se outra.E esta é segura!»

O lyrieo reformista, o patonico servidor de Marte, teve transcri-

pçào da sua poesia, traduzida do hespanhol e dedicada ao sr. bispo de

Vizeu, no livro ultimamente publicado pelo sr. Antonio Joa-quim de

Figueiredo.

Hurrah!... pelo poeta viziense,e pelo prelado d'aquella dioeese.

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DIÁRIO ILLUSTRÀDO

REVISTA ESTRANGEIRA

PARIS, tantos de tal.—Soube-se agora finalmente a verdade acerca

da famosa bulia falsificada pelos jornaes a liem fies. Não era uma bulia,

era um bule, que o papa enviara a Mac-Mahon o anno passado, para

elle tomar o chá da Persia. O sobredito bule caiu nas mãos dos prussia-

rios, os quaes o encheram d»; agua de Colon ia. E como chá é masculi-

no e agua é feminino, o bule mudou de genero, e appareceu na Gaze-

ta de Colonia transformado em bulia. Ahi tem a explicação.

Consta que o general La Marmora, indignado pela insolência com

que o tratou o sr. de Bismark, tenciona ir a Belim quebrar a cabeça do

ministro prussiano que fallou de mais, para o transformar d'essa fór-

ma de allemão fallador em melão calado. O sr. Visconti-Venosta, inter-

Bellado na camara. dos deputados acerca das intenções do general La

armora, que podem trazer á Italia uma guerra desastrosa, respondeu

que o sr. de Bismark não podia deixar de fazer coro agora com o ge-

neral La Marmora, que lhe vae dizer: nem mais pio, o que não pôde

deixar de agradar aos sentimentos anti-papistas do ministro do impe-

rador Guilherme.

Aconteceu um desastre notável em S. Petersbourg, deque os jornaes

não fizeram menção. Na noite do casamento do príncipe Alfredo de In-

glaterra com a filha do czar Alexandre, fui tal o frio que a princeza

gelou. O príncipe, quando foi para a alcova nupcial, encontrou no meio

da casa uma èspètic de sorvete colossal que lhe cheirou a flor de la-

ranja. Imaginou eflVetivãmente que era um sorvete de llur de laranja,

e foi-o tomando ás colheres. Era a noiva que gelara como dissemos,

conservando ainda na cabeça a grinalda nupcial, o que explica o per-

fume. Quando o prineipo deu pelo engano, era tarde. Não restavam já

senão as pernas da princeza-

Na Inglaterra as eleicòefccontinuam a ser conservadoras atai ponto,

que n'uma das províncias elegeu-se

deputado um frasco de conserva.

Disraeli está radiante de contenta-

mento, mas a alegria, que manifes-

tou deu origem aumaseria compli-

cação.

AJlega-se que um homem que se

ri deixou de ser conserva dor e pas-

sou a ser do partido do Glad (ale-

gre) stone. Disraeli allega que 6 con•

servaditr por isso mesmo que se ri

para fóra e conserva a dor lá den-

tro. Não sei como se decidirá a con-

tenda. Em todo o caso ahi vae o re-

trato de um conservador a rir-se.

Os nossos fieis alliados ri

São só dois para amostra, mas pelo dedo se conhece o gigante.

E' assim, desm entindo tod is as regras de equitação, e fazendo o des-

espero dos Marialvas, que a marinhagem ingleza cavalga dé Cacilhas

até á Cova da Pie.!; d', inspirada pela cerveja e equilibrada pelo orgu-

lho nacional.

mJm sendeiro qualquer que mereceu as honras de ser montado por

um compatriota de Byron, recebe 110 acto de ser allugado a sua certi-

dão do obito em b3a e devida forma, taes são os tratos inquisitoriaes

que o animilejo soflVe debaixo das pernas robustas dos descendentes

dos antigos normandos.

E compensação, o aquilador qui vê a sua fazenda perdida, baptisa

de alluguel o que com mais v.jrdade devia chamar venda, tal é o pre-

ço porqui os nossos lieis alliados adquirem o direito de quebrar as cos-

tellas em t.-rra amiga, do alto do dorso escarnado de uma alemaria

phantastica.

1 .Feliz Inglaterra, que até és grande pelo enorme ndiculo de teus fi-

lhos!

— Faz-me a honra d'uma valsa,

Madame Democracia?

— Muito obrigada... Eu não danço

Com quem só tem... senhoria.

M:í d a trie Democracia

Valsa agora com agrado

Por saber que o sen par» eiró

Ja foi 77/Í7iistro d'estado.

A republica oUMianu

Ha de dar que fallar de si no mundo a republica democratiza e so-

cial que a Turquia traz no choco, e de que em breve tenciona dar co-

nhecimento á Europa em um manifesto vinte vezes mais rethorico do

que os manifestos de Emilio Castelar.

O projecto de constituição da republica ottomana está já formulado

por uma commissão de p ichas, que deixaram briosamente de ser pa-

chás para acompanharem desafrontamente o espirito do século.

O Sultão ioi mandado avisar por um proprjo de que se tramava pòr-

Ihe escriptos 110 serralho, e escreveu um bilhete, á Sultana favorita pe-

dindo-lhe para se pronunciar contra a emancipação da mulher, e insiti-

gandoa- a reunir u:n m?ettng á injleza contra as doutrinas do amor

livre.

Emquanto isto se passa na* altas regiões do p vier, os demagogos

(sempre os mesmos!) coarctam ao porco os direitos indiviuuaes, e de-

cretam a pena de morte contra o animal que tem até agora atravessa-

do os séculos respeitado por todos os b ;ys, paclús e mais caterva em

nome da carta de alforria que lhe passou M ifonn.

Na constituição da nova rep iblica vem também consignado no titulo

IV, artigo 15.°, paragrapho único, a liberdade que assiste a todo o tur-

0 sr. Casario Verde, poeta do futuro

no futuro sem poesia

Havemos de vel-o assim,

Com certeza alguma vez.

Se o Magalhães, o freguez

Da terra dos ovos moles

Não levar o alfenim,

Deníro urn poin-o a Rilhafolles.

Em que se parere um ministro reformista"com

um trem de praça?

Em que estuda de corrida.

ce de tomar uma turcat liberdade que o atraso da civilisação ottoman

não concedia até hoje aos escravos orientaes.

Um Contreras de Constantinopla, auxiliado por um Roque Barcia da

mesma localidade, começou a fazer oppòsiçào ao projecto da republica

Ottamana, exigindo que o plural seja eliminado das grammaticas.

Um outro partido, facção lhe chamam os republicanos unitários,

pretende aboblir o uso historico dos crentes se acocorarem aos cantos

das casas, e exigem a introducção immediata na Turquia das cadeira^

á Voltaire, e a queima immediata dos cochins que recordam a mandri-

ce oriental, e trazem os turcos de rastos ha tantos séculos.

O titulo de cidadão não foi adoptado. A commissão da constituição

entendeu que a palavra estava gasta, por andar em circulação e em

curso forçado desde 1789

Em vez da palavra cidadão dir-se-ha simplesmente homem.

Assim por exemplo; {o homem presidente da republica determinará,

que o homem ministro dos cultos elabore um projecto abolindo os mes-

mos cultos, e declarando ordeiro, e como tal fóra da lei, o homem Ma-

foma.

Apenas a republica ottomana se constituir, o homem ministro do in-

terior declarará a abolição immediata do turbante, como attentatorio

da expansão da Idéa, e estabelecerá um premio pecuniário para o poe-

ta realista que cantar em mais prosaico verso a excellencia da materia

sobre o espirito.

No programma de censura declara-se o que se deve entender por

espirito para que não seja confundido com os licores esperituosos.

A nossa estampa representa o prologo da republica'ottomana, isto é,

a anarchiaf que o sr. Magalhaes Lima no seu substancioso livri-

nho Padres e Heis diz ser a aspiração das sociedades modernas.

Em quanto porém a republica ottomana não passa de aspiração, a

Democracia de Constantinopla, discute a descentralisação das diversas

províncias do império, declara livres as aguas do Bosphoro, e está fuman-

do como legitima turca que é, por se demorar a aurora do grande

dia.

Pobre Democracial

I res redactores d'esta folha, lembrando-se que hoje é terça feira

gorda, mascaram-se também e declaram aos seus assignanteS que a

pedido de todo o pessoal da tvpographia pregam a ultima peça de

não dar amanhã jornal.

KXPUCACÕES DO ISUMEKO ANTECEDENTE

Charada» — 1> AgOSfO.

Charada» carnavaic-ca«j-l .* Incamare.—2.* Folgado.—3.* Verdetc

--4.4 Penamacor.—o* Boquilha.—O.4 Magrinho -7.* Gato pingado.—8.» liege-

dor.—9.» Piolho.—IO.' Moscardo.—11.» Berinbau.—12.» Pulga.—13.» Panou

do.—14.* Carocha.

ESPECTÁCULOS

HOJE

Thcntio de » Mnrin »i-Aventuras do sr. Luiz—Um anno em 15 mi-

nulos—Cornélio Guerra.—As 7 c 3fV

A' 1|2 noute—Baile de mascaras. Thcatro «la Trindade» — Uma viagem de recreio -Boas noites sr. D.

Simão—As 8 horas

A' 1|2 noute-^Baile de madeiras.

Thcatro da rua do» Conde» - Castello azul—Revista do anuo de 1873

—As 8 horas.

Theairo do Principe Die»!—o diabo a quitro, revista de 1873—0 ho-

mem das <5a»i,tella-—0 bombeiro—As 7 e 3|4.

A' l|2 iwite e 114—Baile de mascaras.

Maiào da Trindade-Baile de mascarai—As 8 horas.

%/u»mo PJshoncnse—Concerto o baile de mascarasem seguida. cinca» iM>: riivfK

Grandeespectacnlo equestre, ffytomastiê.» c cómico — Vs 8 horas.

Depois* de acabar o espectáculo haverá um baile de mascaras que ter-

minará de madrugada.

CHARADAS

1.'

A REPUBLICA OTTOMANA

Appellidado assim certo sujeito—1

Se logra pòr o dente neste alado—2

Diz que é bem feito

0 seu calçado.

2/

De creanças serto jogo—2

Que isto não tem nem cabeça—1

Apanha zumbaias logo

iimbora não as mereça.

3.'

^ caminho americano Anda na verdade bem,

E fas ligeiras viagens

líntre Lisboa e Bel...—1

Mas eu acho preferível

De outro modo viajar;

Ir de Berlim a Constancia

íi de Almada a Zanzi. .—1

E, vendo ramo de Louro,

Beber vinho a longos tragos

Para nil o chegar cançado A Salvaterra de Ma...—1

É certo que nas viagens

Tudo, tudo são tormentos.

K por mais que cu considere

Só encontro impedimentos.

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:

DIÁRIO ILLUSTRADO

THE PACIFIC S1EUI unao COMPANY

Rio de Janeiro, Montevideu, Buenos Ayri

Valparaizo, Arica, Islay e Callao

Companhia real dos raminhos

de lerro purtojiuezes

A. E. Guerreiro

CIRURGIÃO-DENTISTA

Rua de S.Paulo, 158,1.°

CONTINUA prestando os seus serviços

com a maior vantagem para os fre-

guezes; em resultado do seu conti-

nuado estudo, e pela correspondência

directa que tem com as melhores ca-

sas do estrangeiro. 1

Cabelleireira

ÉRECOMMENDAYEL pela perfeição

com que penteia, e pela modicida-

de no preço.

ftua do Loreto, 56, sala de cabellei-

reiro. 2

Direcção geral da thesouraria

l.a Emissão das obrigações dos caminhos de ferro do

MINHO E DOURO

Tendo de proceder-se depois do dia 5 de

março proximo á.troca dos certificados repre-

sentativos das ditas obrigações, annuncia-se,

tanto para conhecimento dos portadores dos

certificados já liberados como d'aquelles que

tem a satisfazer a ultima prestação, ven-

cível no dito dia, o seguinte:

1.° Os portadores dos certificados já libe-

rados que ainda não requereram o averbamen-

to nos termos do decreto de 25 de julho de

1873, publicado no 'Diário do Governo,, de 29

do mesmo mez, só o poderão faze até ao in-

dicado dia 5 de março.

2.° Os portadores de certifcados cuja ulti-

ma prestação deva ser paga naquelle dia, que-

rendo receber em troca obrigações de assenta-

mento deverão no acto do pagamento da mesma

prestação entregar os seus títulos proviso-

rios juntos a um requerimedto para esse fim.

3.° Os portadores de certificados, que não

requererem o averbamento até ao referido dia

5 de março, só poderão receber em troca obri-

gações de coupons.

4.° Em consequência da amortisação que

tem de verificar semestralmente por meio de

sorteio uma vez realisada a distribuição das

obrigações não é mais permittida a troca de tí-

tulos de assentamento por coupons e vice-

versa.

Direcção geral da thesouraria 16 de feve-

reiro de 1874.

José Antonio Gomes Images.

AVISO AO PUBLICO

ACHA-SE restabelecida a comunica-

ção entre Badajoz e Madrid peia

via directa de C. Heal.

Os comboyos correios partem pro-

visoriamente, e até nova ordem, de

Badajoz ás 5 horas da madrugada,

isto 6 3 horas antes da hora marcada

nos horarios- Os.passageiros aue(não queiram de-

morar-se em Badajoz até ao dia se-

guinte d'aquelle em que chegam pelo

comboyo correio ordinarinario da li-

nha portugueza, podem seguir via-

gem pelos comboyos mixtos que par-

tam de Lisboa ás 6 h. e 45 m. e de

Gaia as 6 h. e 30 m. da manhã.

BONIFACIA MARIA, moradora na cal- Acceitam-se expedições de grande

çada do Combro, (vulgo Paulistas) e pequena velocidade para todos os

n.* 10 5.* andar, tendo uma lilha en- destinos em conbinação comas linhas

trevada, e não podendo ganhar os d'esta companhia, porém com reser-

meios para a sua subsistência, nem va pelo tempo amais que as^circums-

tio pouco para o tratamento da doen- tanciasextraordmarias obrigam a em-

ça da sua querida filha, luctando com pregar no trajecto além de Badajoz,

* maior miséria, vem implorar uma até completa regularisação do servi-

esmolla, pelo amor de Deus, á* pes- ço de comboyos nas linhas hespanho-

soas caridosas, queiram ajudal-a a (as. .

minorar a sua infelii situação e de Lisboa, 12 de fevereiro de 18/4.—O

sua desgraçada filha. 3 director M. A. d'Espregutira. 4

LINHA SEMANAL

PAQUETES PAQUETES

(#) acotvcagua, 25 de fevereiro. uai.icia, 4 de março.

Com escala por Pernambuco e Bahia

DE 1» EM «5 DIAS

(*) ACONCAGUA a 25 de fevereiro.

Para Pernambuco se recebem malas e passageiros.

A velocidade d'estes vapores é ja bt m conlucida, costumam gastar de

Lisboa ao Hio de Janeiro 13 dias.

Para car*# e passagens trata-se lo Cães do Sodré, 64.

O agente no Porto Os agentes em Lisboa VflHfo Frrrelra Pinto IBaato. R. IHiiln IImmIo & «' •

Companhia de fiação e tecidos Lisbonenses

SOCIEDADE ANONYMA-RESPONSABILIDADE LIMILADE

Dividendo cie 1893

IO por cento ou 10$000 vs. por acção

O PAGAMENTO d'este dividendo, approvado peta assembléa geral em sessão

de 11 do corrente, terá logar quaria-feira 19 do corrente e seguintes dias

uteis, excepto sabbados das dez noras da manha até ás três horas da tarde

no escriptorio da companhia, rua dos Fanqueiros, 135, 1.° andar.

Lisboa, 12 de fevereiro de 1874.

Os directores,

Isidoro Thomaz Moura Carvalho.

Francisco Jose Ribeiro. • 5

Recebendo carga e passageiros

em transito para Macau.

1 nARA os portos 1 acima sairá no

(,° corren- te 0 Pajuer(t in-

non que se espera de Liverpool em

•20 ou *21.

Para carga ou passagens, trata-se

na rua do Alecrim, 10.

Os agentes — tiarland Laldlej & O 10

A pABA os porto*

^.ac,masa'™ no

corrente o paque-

teinglez iieiam- bre, que se espera de Liverpool em

16 ou 17.

Para carga ou passagens de 1.' Ca- mara, trata-se na rua do Alecrim. 10.

Os agentes — «arland I.aldley

& c.* 17

120. rua dos Capel listas. 2.® 13

Red Cross Line Of

Steamers

P ara, Mavanhão

e Ceará

P acima sairá ds-

sável demoran'es-

paquete inglez Cearenwe. de 1354 to-

tonelladas, capitão Brooking, que se

espera de Liverpool no dia 22 do

corrente.

Para carga e passagens de 1 .a e 3.»

classes, trata-se no escriptorio dos

agentes,

Pereiras & La Rocqiie

120, rua dos Capellistas, 2.* 14

OIABTT" V 4>JSL«EMmi«I

O -soion sop oâjei 'ojWff viomuuvi/d 'OlHOd vjouvfj opvui

Jwd 'YHaKlÓD-'9St *Bnj '-oe 3 8o 'Oinnj *s ap boj >0(1 -vnym viovuuv^d 'voaSH <na as-japuaA b uienuijuoo •apspiuBuinq bp joabj

ma opisnpojd uiai soiouauaq sojubj anb N«|i>iid sKpB]ipajDB 0)inui vi sbj r\

-sg -sBÒuujq sojou a sbujapoui a sbSijub (saQÓB^jnd) SB^qjnouoâ sb vUIíiO^

S^MlIIiHO SVIÍlHd

Sl?J 09—S3A

-«HO bjbiubojv.p soijbo ojpaj JOd BO

-IU100 BUOOS 4mi||0*J0» op iu.»iuo«| O IIO NJ)UOJOUU| NOp O)JOIII \

S!?J 091 — 'SOABljO BJBJUBOIV.P 'D d JOd 'BO

-IUIOO BUOOS 'oitniax dp upttitio) V a — ojoB 1 uia Bipauioo 'hmkmihu

dp 0||«q lun.p hi»|ju^iiI»onuo.>

09»— Bjoajjoo a BisiAaj OBóipa -BOjiqnd

OBd..nJisui ap BAii|hs'uoo Bjunf B|od

0pBA0-ddB a 'ajiaj j *s 0 Bp y aubu

•ua|f jod opB|iduioo 'i«*iij.ío€i op «i|i|d«r.i8ojoi|j dp oipuodiuo.>

•SI^J

08 — Bisijdeg BUBiv* oiuoiuy Jod 'B*nâ -ui( Bujsaui Bp òuisua o jBipxnB BJBd

'vsano.iiHo.i Yabsn «p SBA!i«ijad -nsa sBAiiBJBduioo sbuijqj sBSjaAjp sb

ajqos 'tfóoiwjopiwuoo

•S!í>J ooi-swimnd

sBjqo.p jojonpuoo -joiunf BisndBfl bij

-BK ouioiuv Jod 'saBÚnoap a sojiajui

ajqos*saçóBjado oJiBnb sbp OBÕBOi|d -dB ap saQisanb sBJino ap OBón|Osaj

BJBd sBmissiondmis sB|nuiJOj a sbjS

-aj sBiuná|B* ap Bpipaoaad íojipadxa

a ijoBj sibui opoiu óp sopiAjosaj 'bij

-Buiud oBòonjisui ap sB|oipsasBp osn

BJBd lhuiuj|qojit op ohÓWIIO.)

00Ç—|oa 1—0i0Bjjaj o moo opbujò apsap 'BJiag Bp bijoi

-sui b 0puaA|0Aua 'ojiaoiun op sãos

-lia sbu sojdijosa ajja jod ^owpuw.iii onor opiip|A up t>o)aoiun|uoil%'

•S|?J

00S — (181 op 0jqmaA0u ap oe o 6S

'8i 9P SBjOUajpnB SBU 'ojikmJ ap wj -l,i|.|op0|u.iiuirS|iif.» ohwjju.uk

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'BUrjSIJIlO ap" OBOBníllJUOD *í»*«»pn.%I

si?J 00E—

|OA 1—ijnBuji zmq jod (>un«|jq3

Ç9 'vAYívxv va vaa

O vapor Lisbon

SAIRÁ sabbado 21

do corrente.

■ - Para carga e pas- sagens irata-se no

v- Caes do Sodré, 64.

UA do Ouro, 28, 1.° andar a 200 rs

a caixa. 19 11 MBpiiB o'j 9Jpos op gato 'pnBUjy o?jjag ouBtoaao ap ouojdua

-sa ou 'sooiqno sojiaai ap oçdjod jani)iBnl) çjb soji^ çj apsap as-VfXdtfll

OOnflVHQÃH 0IM3ÍVI0 Í10

1ECEBI os teus recados: suspende!

1 Na quarta feira receberás C.

Portalegre L.

Os Agentes

B. Pinto Baflto & C.»

çj •BiiiaiBj BPB5BJ3

-sap obj jojjoooos uiBJianb anb sbs

-opiJBD SBOssad sb Bjomsa Bns b jbia

-ua mappd biijoj Bjsa.p OBÓBJisiujuipB

bu oiuoo anâjaqjB aijanGB.u ojubx

'SBAijBjijBO a sBoijauaq sbuijb sb

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