7º periodo de servico social

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Serviço Social 7º período

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Serviço Social7º período

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05 SS - 7º PERÍODO - 3ª PROVA - 04/01/2010 APROVADO VISTO_____________

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EQUIPE UNIVALI

Reitor José Roberto Provesi

Vice-Reitor Mário César dos Santos

Procurador Geral Vilson Sandrini Filho

Secretário Executivo Mercio Jacobsen

Pró-Reitora de Ensino Amândia Maria de Borba

Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura

Valdir Cechinel Filho

Gerente de Ensino e Avaliação Cássia Ferri

SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO CONTINUADA – EADCONDiretor Executivo Julián Rizo

Diretor de Expansão e Qualidade Acadêmica Alfredo Angelo Pires

Diretores Administrativo-Financeiros Ademilson VitorinoJúlio César Algeri

Diretora de Operações Cristiane Andrea Strenske

Diretora de Marketing Ana Cristina Gomes

Diretor de Expansão em EaD Alex Rosenbrock Teixeira

Diretor de TI Juarez Poletto

Coordenação Geral Dinamara Pereira Machado

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)U58s Serviço Social / Universidade do Vale do Itajaí; EADCON. –

Curitiba: EADCON, 2010.140 p.: il.

Nota: Caderno de Conteúdos e Atividades do 7º período de Serviço Social (apostila).

1. Serviço Social – Estudo e Ensino. I. EADCON. II. Título.

CDD 378

Direitos desta edição reservados à UNIVALI. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da UNIVALI.

Ficha catalográfica elaborada pela EADCON. Bibliotecária – Cleide Cavalcanti Albuquerque CRB9/1424

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05 pedagogia - 7º PERÍODO - 5ª PROVA - 05/01/2009 APROVADO VISTO_____________

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1º Período | Curso | Inserir Parcerias

Sumário

Gerontologia ....................................................... 5

1 Educação gerontológica e envelhecimento demográfico ........................................11

2 O processo de envelhecimento humano ............................19

3 O processo de constituição social do sujeito.......................25

4 O comportamento humano e o psiquismo ........................31

5 Políticas e programas implementados – os direitos da pessoa idosa no Brasil .......................................................37

6 As políticas de saúde e assistência ao idoso no Brasil ........47

7 Serviço Social: contribuição no conhecimento teórico-prático da política do idoso ..................................59

Pesquisa Social II ................................................. 71

1 A abordagem quantitativa ................................................77

2 A abordagem qualitativa ...................................................87

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Page 4: 7º Periodo de Servico Social

3 Os elementos constitutivos do projeto de pesquisa – parte 1 ......................................99

4 Os elementos constitutivos do projeto de pesquisa – parte 2 ....................................109

5 Os elementos constitutivos do projeto de pesquisa – parte 3 ....................................119

6 O relatório de pesquisa ....................................................127

7 Socialização do conhecimento – publicação científica .......................................................133

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Anotações

gerontologia

Maria Taís de Melo

Serviço Social | 7º período

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Apresentação

EQUIPE UNIVALI

Coordenação Geral Pró-Reitoria de Ensino – Gerência de Ensino e AvaliaçãoÁrea: Educação a Distância

Coordenação de Curso Maria de Lourdes da Silva Leite Basto

Coordenação Técnica e Logística Jeane Cristina de Oliveira Cardoso

Conteudista Maria Taís de Melo

Revisão Linguístico-Textual Simone Regina Dias

Revisão de Conteúdos Maria de Lourdes da Silva Leite Basto

EQUIPE EADCON

Coordenador Editorial William Marlos da Costa

Assistentes de Edição Cristiane Marthendal de OliveiraJaqueline NascimentoLisiane Marcele dos SantosSilvia Milena BernsdorfThaisa Socher

Projeto Gráfico e Capa Bruna Maria Cantador

Programação Visual e Diagramação Ana Lúcia Ehler RodriguesBruna Maria CantadorDenise Pires PierinKátia Cristina Oliveira dos SantosSandro Niemicz

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Apresentação

Nesta disciplina vamos estudar Gerontologia, que vem se constituindo como ciência do envelhecimento.

No plano internacional, a gerontologia designa o que corresponderia ao estudo do envelhecimento: em seu inte-rior estão abrigadas a geriatria, voltada para a prevenção e o tratamento das doenças na velhice, e a gerontologia social, constituída de diversas áreas como psicologia, serviço social, direito, entre outras.

No Brasil, a velhice vem suscitando crescente interesse por parte dos mais diferentes setores da sociedade, mas é necessário tentar compreender suas especificidades. A diferenciação de um grupo etário e sua identificação como um problema social importante, a ponto de atrair as atenções de tantos setores da sociedade, são por nós compreendidas como resultado de uma construção social. Tal processo envolve seu reconhecimento – pressupõe que grupos interessados tenham agido para uma nova categoria de percepção do mundo social.

Como um curso que se preocupa com a formação acadê-mica de assistentes sociais, não podemos ficar alheios a esta discussão.

Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina!

A autora.

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Plano de ensino

EmentaEducação gerontológica. Envelhecimento e velhice. Envelhecimento demográ-

fico. Políticas e programas implementados. Práticas e comportamentos perante o envelhecer e a velhice. Processo de envelhecimento nas dimensões individuais e sociais. A contribuição do Serviço Social na produção e no redimensionamento do conhecimento teórico-prático da política do idoso.

ObjetivosConhecer os aspetos bio-psico-sociais envolvidos na ciência da Gerontologia. »

Apreender conceitos básicos em gerontologia. »

Compreender como se dá o processo de envelhecimento humano. »

Sinalizar a importância da atuação dos assistentes sociais na área da »Gerontologia.

Conteúdo programáticoDados demográficos em Gerontologia »

Desenvolvimento humano: aspectos fisiológicos »

A constituição social do sujeito »

Comportamento e psiquismo »

Direitos sociais »

Abrangência da intervenção do Serviço Social na área de Gerontologia »

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Bibliografia básicaBEAUVOIR, S. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Queiroz/EDUSP, 1987.

CHOPRA, D. Corpo sem idade, mente sem fronteira. A alternativa quân-tica para o envelhecimento. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Bibliografia complementarHOFFMANN, M. H. O processo de envelhecimento. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/envelhecimento/env10.htm>. Acesso em: 6 ago. 2009.

LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte Universitário, 1978.

MAHEIRIE, K. Constituição do sujeito, subjetividade e identidade. Interações, São Paulo, v. 7, n. 13, 2002.

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender os aspectos demográficos do envelhecimento »em termos de Brasil;

refletir sobre a importância do estudo do envelhecimento »enquanto questão social na conjuntura atual.

Pré-requisitos

Para que você acompanhe a discussão desta aula, é importante que você se interesse por dados estatísticos, pois a compreensão da situação dos idosos no Brasil requer um estudo minucioso da reali-dade social, sendo que o Censo do IBGE (2000) constitui-se no docu-mento mais importante para efetuarmos esta análise.

Introdução

Envelhecer é um processo natural que caracteriza uma etapa da vida do homem e dá-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular cada indivíduo com sobrevida prolongada.

O aumento da expectativa de vida é uma realidade mundial e tem sido evidenciada pelos avanços tecnológicos relacionados à área

educação gerontológica e envelhecimento demográfico

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de saúde nos últimos 60 anos, como as vacinas, o uso de antibióticos e quimioterápicos, que tornaram possível a prevenção ou cura de muitas doenças. Aliado a estes fatores, a queda de fecundidade, iniciada na década de 60, permitiu a ocorrência de uma grande explosão demográfica (RAMOS e outros, 1993).

O envelhecimento é uma questão explorada por pesquisadores, epidemiologistas e estatísticos por meio de investigações científicas encontradas na literatura nacional e internacional, que revelam a projeção notória desta população de idosos. No pano-rama mundial, bem como nos países em desenvolvimento, a população idosa aumenta significativamente e o contraponto desta realidade aponta que o suporte para essa nova condição não evolui com a mesma velocidade. Diante disto, a preocupação com esse novo perfil populacional vem gerando, nos últimos anos, inúmeras discussões e a realização de diversos estudos com o objetivo de fornecerem dados que subsidiem o desenvolvimento de políticas e programas adequados para essa parcela da popu-lação. Isto devido ao fato de que a referida população requer cuidados específicos e direcionados às peculiaridades advindas com o processo do envelhecimento sem segregá-los da sociedade.

A Organização Mundial de Saúde – OMS definiu como idoso um limite de 65 anos ou mais de idade para os indivíduos de países desenvolvidos e 60 anos ou mais de idade para indivíduos de países subdesenvolvidos.

A qualidade de vida e o envelhecimento saudável requerem uma compreensão mais abrangente e adequada de um conjunto de fatores que compõem o dia a dia do idoso. Dessa maneira, esta aula objetiva discutir sobre a situação social do idoso no Brasil considerando seus aspectos demográficos.

1.1 Aspectos demográficos do idoso no BrasilSegundo o IBGE (2000), a população de idosos representa um contingente de

quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasi-leira). As mulheres são maioria, 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis pelos domicílios e têm, em média, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo. Com um rendi-mento médio de R$ 657,00, o idoso ocupa, cada vez mais, um papel de destaque na sociedade brasileira.

Estima-se que nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultra-passar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período. Em 2000, segundo o censo, a população de 60 anos ou mais de idade era de 14.536.029 de pessoas, contra 10.722.705 em 1991. O peso relativo da população idosa no início da década representava 7,3%, enquanto em 2000, essa proporção atingia 8,6%.

Cabe ressaltar que a proporção de idosos vem crescendo mais rapidamente que a proporção de crianças. Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças; em 2000, essa relação praticamente dobrou, passando para quase 30 idosos por 100 crianças. A queda da taxa de fecundidade ainda é a principal responsável pela redução do número de crianças, mas a longevidade vem contribuindo progressivamente para o aumento de idosos na população. Um exemplo é o grupo das pessoas de 75 anos ou

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mais de idade que teve o maior crescimento relativo (49,3%) nos últimos dez anos, em relação ao total da população idosa.

No país, em média, as mulheres vivem oito anos a mais que os homens. As dife-renças de expectativa de vida entre os sexos mostram: em 1991, as mulheres corres-pondiam a 54% da população de idosos; em 2000, passaram para 55,1%. Portanto, em 2000, para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens idosos.

Segundo resultados do censo, residir na cidade pode beneficiar a pessoa idosa, especialmente aquela que é viúva, por causa da proximidade com seus filhos, dos serviços especializados de saúde e de outros facilitadores do cotidiano. Assim, o grau de urbanização da população idosa também acompanha a tendência da população total, ficando em torno de 81% em 2000. A proporção de idosos residentes nas áreas rurais caiu de 23,3%, em 1991, para 18,6%, em 2000.

Das capitais brasileiras, Rio de Janeiro e Porto Alegre se destacam com as maiores proporções de idosos, representando, respectivamente, 12,8% e 11,8% da população total nesses municípios. Em contrapartida, as capitais do norte do País, Boa Vista e Palmas apresentaram uma proporção de idosos de apenas 3,8% e 2,7%. Em termos absolutos, o Censo 2000 contou com quase 1 milhão de idosos vivendo na cidade de São Paulo.

Em 2050, estima-se que um quinto da população mundial será composta de idosos. O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenô-meno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1.900 milhões de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade. Uma das explicações para esse fenômeno é o aumento, verificado desde 1950, de 19 anos na esperança de vida ao nascer em todo o mundo.

As estatísticas mostram que, atualmente, uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de uma para cinco em todo o mundo, e de uma para três nos países desenvolvidos.

Segundo projeções, o número de pessoas com 100 anos de idade ou mais aumen-tará 15 vezes, passando de 145.000 pessoas em 1999 para 2,2 milhões em 2050. Os centenários, no Brasil, somavam 13.865 em 1991, e já em 2000 chegam a 24.576 pessoas, ou seja, um aumento de 77%. São Paulo tem o maior número de pessoas com 100 anos ou mais (4.457), seguido pela Bahia (2.808), Minas Gerais (2.765) e Rio de Janeiro (2.029).

No Brasil, o Censo 2000 verificou que 62,4% dos idosos eram responsáveis pelos domicílios brasileiros, observando-se um aumento em relação a 1991, quando os idosos responsáveis representavam 60,4%. É importante destacar que no conjunto dos domicí-lios brasileiros (44.795.101), 8.964.850 tinham idosos como responsáveis e representavam 20% do contingente total. Em 1991, essa proporção ficava em torno de 18,4%. A distri-buição por sexo revela que, em 2000, 37,6% dos responsáveis idosos eram do sexo femi-nino, correspondendo a 3.370.503 de domicílios, enquanto no início da década passada essa proporção atingia 31,9%. Destaca-se ainda que a idade média do responsável idoso,

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em 2000, estava em torno de 69,4 anos (70,2 anos quando o responsável era do sexo feminino e 68,9 para o idoso responsável do sexo masculino).

Constatou-se que entre os domicílios sob a responsabilidade de idosos, os domi-cílios unipessoais, isto é, aqueles com apenas um morador, totalizavam, em 2000, 1.603.883 unidades, representando 17,9% do total. Em 1991, a proporção era de 15,4%. O estudo chama atenção para a elevada proporção de mulheres idosas que, em 2000, moravam só: cerca de 67%.

No que se refere à educação, na última década, houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados do país. Se em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, em 2000, esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1% no período. Os dados fazem parte do Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil e mostram que, apesar dos avanços, ainda existem 5,1 milhões de idosos analfabetos no país.

Os homens continuam sendo, proporcionalmente, mais alfabetizados do que as mulheres (67,7% contra 62,6%, respectivamente), já que até os anos 60 tinham mais acesso à escola do que as mulheres.

No período de 1991 a 2000, o rendimento dos idosos cresceu 63% e passou de R$ 403,00 para R$ 657,00. Embora os dois últimos censos tenham revelado que a renda média do idoso ainda é menor do que a da população de 10 anos ou mais de idade, seu crescimento foi maior, atingindo 63% entre 1991 e 2000 contra 42% da população de 10 anos ou mais. Essa tendência repete-se na desagregação por áreas urbanas e rurais, com destaque para essas últimas que apresentaram um crescimento no rendimento médio dos idosos de quase 77%.

Todavia, no corte por gênero, os homens ganham, em média, mais do que as mulheres: R$ 752,00 contra R$ 500,00.

Na questão saúde, o estudo aponta que a sociedade não está preparada para essa mudança no perfil populacional e, embora as pessoas estejam vivendo mais, a qualidade de vida não acompanha essa evolução. Dados do IBGE demonstram que os idosos apresentam mais problemas de saúde que a população geral. Em 1999, dos 86,5 milhões de pessoas que referiram ter consultado um médico nos últimos 12 meses, 73,2% tinham mais de 65 anos, sendo que esse grupo, no ano anterior, apresentou 14,8 internações por 100 pessoas, representando o maior coeficiente de internação hospitalar. Mais da metade dos idosos (53,3%) apresentou algum problema de saúde, e 23,1% tinham alguma doença crônica.

Em pesquisa realizada nas cinco regiões do município de São Paulo no início dos anos 90, foi verificado que 86% dos entrevistados apresentavam pelo menos uma doença crônica, fato este confirmado em estudo de acompanhamento de dois anos desses indi-víduos, mostrando que 94,4% dos idosos avaliados apresentavam mais de uma doença crônica. Nesse mesmo estudo, foi demonstrado que 32% dos idosos entrevistados eram dependentes para suas atividades rotineiras e instrumentais de vida diária.

Conclui-se esta aula destacando-se que tais dados retratam uma realidade preo-cupante na vida dos idosos, que é o envelhecimento sem qualidade e a carência no aspecto político e social que deem suporte para um envelhecimento saudável.

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Saiba mais

Consulte o Censo 2000 do IBGE através do endereço eletrônico: <http://www.ibge.gov.br>, onde você poderá acessar outras informações sobre a situação do idoso no contexto brasileiro.

Síntese da aula

Nesta aula, apresentamos os dados do Censo 2000 sobre o idoso na sociedade brasileira, principalmente no que se refere as suas condições de vida: renda, educação, saúde, etc.

A esperança de vida do brasileiro aumentou de 66 anos de vida em 1991 para 68,6 em 2000, demonstrando que o país se encontra num processo de transição de um “país jovem” para um país maduro (BERQUÓ, 1999). Segundo estudos, em 2025, o Brasil será a sexta nação com mais idosos.

Temos que considerar que a população idosa vem crescendo assustadoramente, no entanto, o Estado tem conduzido poucas iniciativas e/ou ações isoladas para atender efetivamente as suas demandas por programas e serviços de saúde, educação, lazer previdência e assistência social.

Atividades

1. O aumento da expectativa de vida é uma realidade mundial principalmente porque:

a) aumentou a taxa de natalidade e de mortalidade.

b) tem sido evidenciada pelos avanços tecnológicos relacionados à área de saúde, como as vacinas e o uso de antibióticos e quimioterápicos, que tornaram a prevenção ou cura de muitas doenças.

c) aumentou a renda dos idosos através de aposentadorias mais justas.

d) melhoraram as condições de moradia e de lazer dos idosos.

2. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerado idoso:

a) a pessoa de 65 anos ou mais de idade nos países desenvolvidos e 60 anos ou mais de idade nos países subdesenvolvidos.

b) a pessoa aposentada pelo INSS.

c) a pessoa com idade superior a 55 anos que apresenta problemas de saúde.

d) a pessoa de 70 anos nos países desenvolvidos e 65 nos subdesenvolvidos.

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3. Conforme o que foi estudado sobre o Censo 2000, coloque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as alternativas falsas.

( ) A maioria dos idosos brasileiros reside nas grandes cidades, como Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

( ) Residir na cidade pode beneficiar a pessoa idosa, especialmente aquela que é viúva, por causa da proximidade com seus filhos, dos serviços especializados de saúde e de outros facilitadores do cotidiano.

( ) A população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira). As mulheres são maioria, 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis pelos domicílios e têm, em média, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo.

( ) No Brasil, três em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais.

Agora, assinale a sequência correta.

a) V, F, V, F c) F, F, V, V

b) F, V, V, F d) F, F, V, F

4. Assinale a alternativa correta com relação à proporção entre crianças e idosos.

a) Até 2050, a proporção entre crianças e idosos será de 18 idosos para 100 crianças.

b) Em 1980, existiam 30 idosos para cada 100 crianças.

c) A diminuição da taxa de mortalidade é a principal responsável pela redução do número de crianças no Brasil.

d) Em 2000, a proporção foi de 30 idosos para cada 100 crianças.

5. Sobre a educação dos idosos no Brasil, é correto afirmar:

a) em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, em 2000, esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1% no período.

b) apesar dos avanços nesta área, ainda existem 8,1 milhões de idosos analfa-betos no país.

c) as mulheres atualmente encontram-se proporcionalmente, mais alfabetizadas do que os homens (67,7% contra 62,6%, respectivamente).

d) no Brasil, o percentual de idosos alfabetizados é de 51,7%.

6. Embora os dois últimos censos tenham revelado que a renda média do idoso ainda é menor do que a população, assinale qual o percentual de crescimento segundo o IBGE.

a) O rendimento dos idosos passou de R$380,00 para R$ 657,00.

b) O rendimento cresceu 63% passando de R$ 403,00 para R$ 657,00.

c) O percentual de crescimento foi de 51%.

d) O percentual foi de 61,8%.

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7. Dados do IBGE demonstram que os idosos apresentam mais problemas de saúde que a população geral. Sobre esta questão, assinale a alternativa incorreta.

a) Em 1999, dos 86,5 milhões de pessoas que referiram ter consultado um médico nos últimos 12 meses, 73,2% tinham mais de 65 anos, sendo que esse grupo, no ano anterior, apresentou 14,8 internações por 100 pessoas, representando o maior coeficiente de internação hospitalar.

b) Segundo o Censo 2000, mais da metade dos idosos (53,3%) apresentou algum problema de saúde, e 23,1% tinham alguma doença crônica.

c) Através de pesquisa realizada nas cinco regiões do município de São Paulo no início dos anos 90, foi verificado que 86% dos entrevistados apresentavam pelo menos uma doença crônica.

d) No Brasil, as condições de vida incluindo renda, moradia, educação e lazer aliado à ampla participação política e social do idoso na sociedade têm possi-bilitado um envelhecimento saudável e com qualidade.

Comentário das atividades

Na atividade 1, procuramos evidenciar que muitos fatores concorrem para o aumento da expectativa de vida no mundo, podendo ser destacados os avanços tecno-lógicos relacionados à área de saúde, como as vacinas, o uso de antibióticos e quimio-terápicos, que tornaram a prevenção ou cura de muitas doenças. Portanto, a resposta correta é a letra (b).

A atividade 2 pretendeu mostrar que a OMS, com a preocupação de monitorar a qualidade de vida e o envelhecimento saudável, definiu como idoso a pessoa de 65 anos ou mais de idade nos países desenvolvidos e 60 anos ou mais de idade nos países subdesenvolvidos. Você acertou a questão se assinalou a (a).

O propósito da atividade 3 foi de refletir sobre os dados apresentados no Censo 2000, sendo que você acertou se definiu que é verdadeiro que residir na cidade pode beneficiar a pessoa idosa, especialmente aquela que é viúva, por causa da proximi-dade com seus filhos, dos serviços especializados de saúde e de outros facilitadores do cotidiano bem como, que a população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 nos ou mais de idade (8,6% da população brasileira). As mulheres são maioria, 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis pelos domi-cílios e têm, em média, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo. É falso que a maioria dos idosos brasileiros reside nas grandes cidades, como Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, bem como que no Brasil, três em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais. É correto assinalar a resposta (b).

Na atividade 4, a resposta correta é a (d), pois em 2000, a proporção foi de 30 idosos para cada 100 crianças. As demais alternativas estão incorretas.

A atividade 5 faz referência educação dos idosos no Brasil, sendo que em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, em 2000, esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1%

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no período. Isto reflete que naquela década, houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados do país. A alternativa correta é a (a).

Quanto à atividade 6, percebe-se que houve um aumento na renda dos idosos no país, sendo que o rendimento cresceu 63% passando de R$ 403,00 para R$ 657,00. A resposta correta, portanto, é a (b).

Por fim, a atividade 7 solicita que você assinale a alternativa incorreta. Fique atento aos enunciados! Dentre as alternativas, dizer que no Brasil as condições de vida incluindo renda, moradia, educação e lazer aliado à ampla participação política e social do idoso na sociedade têm possibilitado um envelhecimento saudável e com qualidade é totalmente inconcebível, pois ainda falta muito para que o idoso tenha realmente condições dignas. Desta forma, você acertou se assinalou a resposta (d).

Referências

BERQUÓ E. Considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: NERI, A. L.; DEBERT, G. G. (Org.). Velhice e sociedade. São Paulo: Papirus, 1999, p. 11-40.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil: 2000. Rio de Janeiro, 2002.

MARINA, C. S. O processo de envelhecimento no Brasil: desafios e perspectivas. Textos Envelhecimento, n. 8, p. 1-10, 2005.

MORAGAS, R. M. Gerontologia social: envelhecimento e qualidade de vida. São Paulo: Paulinas, 1997.

RAMOS, L. et al. Perfil do idoso em área metropolitana na região sudeste do Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Saúde Pública, n. 27, p. 87-94, 1993.

Na próxima aula

Na segunda aula, vamos abordar o processo de envelhecimento, focando os seus aspectos fisiológicos.

Anotações

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O processo de envelhecimento humano

2Objetivo

Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

conhecer o processo de envelhecimento sob a ótica fisiológica. »

Pré-requisitos

Para um bom aproveitamento desta aula, é necessário que você faça a leitura da aula 1 e que tenha interesse em conhecer as bases fisiológicas do processo de envelhecimento humano.

Introdução

A Geriatria teve seu surgimento antes da Gerontologia. No Brasil, o interesse na Geriatria iniciou-se em 1961, com a criação da Sociedade Brasileira de Geriatria, que posteriormente passou a ser designada Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Na década de 70, alguns serviços de saúde, geralmente ligados às universidades, começaram a oferecer atendimentos a idosos doentes. Já nos anos 80, esses serviços proliferaram e iniciaram um aten-dimento mais sistemático ao idoso, oferecendo também atividades voltadas à promoção da saúde e à prevenção das doenças.

Atualmente, encontram-se pesquisas que apontam para o enve-lhecimento enquanto um processo fluido, cambiável e que pode ser

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acelerado, reduzido, parar por algum tempo e até mesmo reverter-se. Esses estudos, realizados nas três últimas décadas, têm comprovado que o envelhecer é muito mais dependente do próprio ser humano do que jamais se imaginou em épocas passadas. Um dos defensores desta teoria é Deepak Chopra (1999, p. 19), segundo o qual

(...) Embora os sentidos lhe digam que você habita um corpo sólido no tempo e no espaço, esta é tão somente a camada mais superficial da realidade. Esta inteligência é dedicada a observar a mudança cons-tante que tem lugar dentro de você. (...). Envelhecer é uma máscara para a perda desta inteligência. Esses estudos são pautados na física quântica, a qual diz que não há fim para a dança cósmica. Penso que, esta realidade trazida pela física quântica traz a possibilidade de, pela primeira vez, poder-se manipular a inteligência invisível que está como pano de fundo do mundo visível e alterar-se o conceito de envelhecimento.

Por tudo isso, enquanto profissionais que atuam na área social, é urgente que passemos a discutir pré-requisitos básicos direcionados à melhoria da qualidade de vida do idoso, considerando sua multidimensionalidade e necessidades, entre as quais: alimentação e saneamento básico adequado, moradia segura, seguridade econômica, acesso aos serviços de saúde, cidadania e outras.

2.1 O processo de envelhecimentoTodo organismo multicelular possui um tempo limitado de vida e sofre mudanças

fisiológicas com o passar do tempo. A vida de um organismo multicelular costuma ser dividida em três fases: a fase de crescimento e desenvolvimento, a fase reprodutiva, e a senescência ou envelhecimento. Durante a primeira fase, ocorre o desenvolvimento e crescimento dos órgãos especializados, o organismo cresce e adquire habilidades funcionais que o tornam apto a se reproduzir. A fase seguinte é caracterizada pela capacidade de reprodução do indivíduo, que garante a sobrevivência, perpetuação e evolução da própria espécie. A terceira fase, a senescência, é caracterizada pelo declínio da capacidade funcional do organismo.

A representação social da velhice é um tema frequente dos pesquisadores, propor-cionando a compreensão do peso do envelhecimento para o sujeito e a sua conse-quente inserção social em um grupo de referência. As representações são, no geral, ambivalentes, contendo visões positivas e negativas que expressam as contradições da sociedade que, simultaneamente, deprecia e enaltece a velhice. De um lado, as concep-ções positivas revelam-se na experiência de estar na “melhor idade” como uma nova e revolucionária etapa do desenvolvimento, onde ainda é possível a plena realização pessoal, integrando-se de forma produtiva à sociedade. De outro lado, o “ser velho” também tem uma conotação negativa, relacionada com o declínio das capacidades e funções, evidenciando as modificações relacionadas às perdas e à visão desabonadora do idoso incapaz e solitário. Esse trabalho discute os conflitos e ansiedades dos idosos na atualidade, levando em conta a dimensão individual e social. Defende-se o pressu-posto de que o envelhecimento humano é um processo permeado por mudanças tísicas e psicológicas, mas também por circunstâncias sociais e experiências biográficas que dimensionam a forma de lidar e encarar os problemas, bem como a manutenção da própria saúde mental.

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2.1.1 O processo de envelhecimento: aspectos fisiológicosO envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam

em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Esse declínio se torna perceptível ao final da fase reprodutiva, muito embora as perdas funcionais do organismo comecem a ocorrer muito antes.

O sistema respiratório e o tecido muscular no envelhecimento humano começam a decair funcionalmente a partir dos 30 anos.

O envelhecimento humano é uma extensão biológica dos processos fisiológicos do crescimento e desenvolvimento, começando com o nascimento e terminando com a morte. O envelhecimento humano ocorre com o implacável passar do tempo, mas poucas pessoas realmente morrem por causa da idade.

A maioria das pessoas morre porque o corpo adoece pela perda da capacidade fisioló-gica de se recuperar de uma agressão decorrente de estresse, agentes patogênicos (vírus, bactérias, fungos), agentes físicos (radiações eletromagnéticas), agentes químicos, etc.

Existem muitas teorias para tentar explicar porque ocorre o envelhecimento e a morte. Todas elas focalizam o que ocorre nas células do corpo com o passar do tempo.

As mudanças que ocorrem no envelhecimento humano alteram a capacidade da célula para funcionar. Quando um número suficiente de células é alterado, acontece o envelhecimento.

Influência dos fatores externos no envelhecimento humanoCom relação aos fatores externos, os mais conhecidos por agredirem o organismo e acele-

rarem o processo de envelhecimento são: fatores ambientais (poluição, condições climáticas, radiação solar e outras), uso abusivo de medicamentos e drogas (álcool, fumo e outros).

É importante lembrar que menos importante do que tudo isto é entendermos que independente da causa, o envelhecimento não está vinculado unicamente à quantidade de anos que o sujeito viveu, mas também à perda de suas funções orgânicas. Precisamos estar alertas ao fato de que a maior parte destas alterações está estreitamente relacio-nada ao modo (forma) como este tempo foi vivido.

2.1.2 Bases biológicas do envelhecimentoSegundo Hoffmann (2009), o tempo máximo de vida é a idade mais elevada já

atingida em uma dada espécie. Em humanos, o tempo máximo de vida já registrado até hoje é de 122 anos. Observe os dados a seguir.

Tempo máximo de vida das espécies (em anos)

Homem ( » Homo sapiens) 122

Cavalo ( » Equus caballus) 62

Gorila ( » Gorilla gorilla) 39

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Cão ( » Canis familiaris) 34

Gato ( » Felis catus) 28

Camundongo ( » Mus musculus) 3,5

Segundo a autora (2009), o conhecimento molecular das alterações funcionais que ocorrem com o avanço da idade é fundamental para que se possa compreender o processo do envelhecimento e definir intervenções estratégicas para aumentar a expectativa de vida e viver a fase da senescência com qualidade. A ciência que estuda o envelhecimento, sob seus múltiplos aspectos, é chamada gerontologia (geron = velho).

2.2 A expectativa de vida humanaA expectativa de vida humana vem se alterando rapidamente, principalmente em

decorrência dos avanços da medicina. Com o advento da descoberta dos antibióticos e outros avanços das ciências da saúde, os países desenvolvidos conseguiram retardar o processo do envelhecimento e aumentar a expectativa média de vida humana ao nascer, no século passado.

Entretanto, segundo Hoffmann (2009), mesmo com todas as melhorias das condi-ções de vida conquistadas, a expectativa média de vida ao nascer não deverá passar de 90 anos no futuro. A questão que se coloca hoje para a pesquisa biomédica não é meramente conseguir adiar o envelhecimento e aumentar o tempo de vida humana, mas, sim, prolongar a duração da vida com qualidade.

No Brasil, este quadro se apresenta em meio a um processo evolutivo caracte-rizado por uma progressiva queda da mortalidade em todas as faixas etárias, e um consequente aumento da expectativa de vida da população. A expectativa média de vida da população ao nascer é de 69 anos para os homens e 72 para as mulheres. A análise do crescimento populacional de diferentes faixas etárias mostra que o grupo de idosos, com 60 anos ou mais, é o que mais está crescendo no país. De 1980 a 2000, o grupo de pessoas idosas cresceu 107%.

Maria Helena Hoffmann (2009) alerta para o fato de que é grande o desafio, para os governantes, neste início de século, em relação à promoção de políticas públicas voltadas aos idosos.

É preciso investir na promoção da saúde pública, para se lograr prevenir a morte prematura e aumentar a expectativa média de vida da popu-lação, para os patamares dos países desenvolvidos. Torna-se também imperativo investir na implementação de políticas públicas para propi-ciar condições de vida saudável e de qualidade para a população de idosos que cresce progressivamente (HOFFMANN, 2009).

2.2.1 Relógio biológico e envelhecimentoAs pesquisas recentes sobre as funções da glândula pineal e de seu principal

produto, o hormônio melatonina, despertaram um grande interesse público nesta última década, a partir da descoberta do papel da melatonina na regulação do sono e do ritmo biológico em humanos.

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A produção de melatonina pela glândula pineal é cíclica, obedecendo um ritmo diário de luz e escuridão, chamado ritmo circadiano. Nos seres humanos, a produção de melatonina se dá durante a noite, com quantidades máximas entre 2 e 3 horas da manhã, e mínimas ao amanhecer do dia. A glândula pineal fica localizada no centro do cérebro, sendo conectada com os olhos através de nervos. Estes transmitem o sinal dos olhos para a glândula pineal, determinando a hora de iniciar e parar a síntese da melatonina.

Além da regulação do sono, a melatonina controla o ritmo de vários outros processos fisiológicos durante a noite: a digestão torna-se mais lenta, a temperatura corporal cai, o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea diminuem e o sistema imunológico é estimu-lado. Costuma-se dizer, por isso, que a melatonina é a molécula chave que controla o relógio biológico dos animais e humanos. A quantidade de melatonina produzida pelo organismo decresce com o passar do tempo, depois da puberdade, chegando a concen-trações sanguíneas irrisórias nos idosos. Essa constatação levantou a suspeita de que a perda gradual de melatonina poderia precipitar o processo do envelhecimento.

Estudos sobre os efeitos da melatonina em humanos estão em franco progresso, e mostram resultados promissores no tratamento de distúrbios do sono, de cardiopatias, hipertensão, câncer e outros males que afetam os idosos. Entretanto, há muito a se investigar ainda sobre os riscos de sua utilização por humanos a longo prazo.

Hoffman (2009) alerta que a suplementação de melatonina para pessoas que apre-sentam distúrbios de sono, como os idosos, em particular para portadores da doença de Alzheimer ou de depressão sazonal, ou para pessoas expostas às mudanças rotineiras de fuso horário, deve ser feita com muito critério e somente sob supervisão médica.

Saiba mais

Leia mais sobre o assunto na seguinte obra:

SILVESTRE, J. A. Diagnóstico sobre o processo de envelhecimento populacional e a situação do idoso. Brasil: Ministério da Saúde, 1 Prova, abr. 2002.

Síntese da aula

O envelhecimento humano é um processo complexo, pois situa-se na interface entre ciências biológicas, sociais e humanas. Este tema estimula pesquisas e impulsiona a revisão de conceitos e teorias, no sentido de acompanhar o contexto psicossocial e tecnológico, trazendo implicações que revertam na melhoria das condições de vida dos sujeitos. As interações de aspectos biológicos, sociais, culturais e psicológicos, mediadas pela própria subjetividade do sujeito, é que qualificam o processo de enve-lhecimento, levando em conta as condições genéticas e do ambiente natural e social, que estabelecem ritmos diferentes de sujeito para sujeito.

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Atividades

1. A que se atribui o aumento da expectativa de vida nas últimas décadas do século XX?

2. Como se dá o processo de envelhecimento fisiológico?

3. Faça uma síntese do que você entende por qualidade de vida na velhice.

Comentário das atividades

Na atividade 1, você deve ter respondido que a expectativa de vida humana vem se alterando rapidamente, principalmente em decorrência dos avanços da medicina.

Na atividade 2, a resposta deve levar em conta que o envelhecimento é causado por alte-rações moleculares e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Esse declínio se torna perceptível ao final da fase repro-dutiva, muito embora as perdas funcionais do organismo comecem a ocorrer muito antes.

Ao responder a atividade 3, lembre-se que existem pré-requisitos básicos direcio-nados à melhoria da qualidade de vida do idoso, considerando sua multidimensionali-dade e necessidades, entre as quais: alimentação e saneamento básico adequado, moradia segura, seguridade econômica, acesso aos serviços de saúde, cidadania e outras.

Referências

CHOPRA, D. Corpo sem idade, mente sem fronteira. A alternativa quântica para o envelhecimento. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

HOFFMANN, Maria Helena. O processo de envelhecimento. Comciência, 2009. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/envelhecimento/env10.htm.06/08/2009>. Acesso em: 20 set. 2009.

Na próxima aula

Em nossa terceira aula, estudaremos o processo de desenvolvimento humano do ponto de vista psicossocial.

Anotações

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o processo de constituição social do sujeito

3objetivo

Pretendemos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

entender o papel da cultura e da linguagem no processo de »constituição social do sujeito.

Pré-requisitos

Para um bom entendimento desta aula, é necessário que você considere que o homem se constitui e se constrói no seio de uma determinada cultua e que tanto seu processo de desenvolvimento físico quanto psíquico podem sofrer influência dos contextos socioe-conômicos e culturais. Lembre-se: o meio não é determinante, mas pode ser marcante. O conteúdo desta aula é preparatório para a aula 4, onde estudaremos as nuances do comportamento humano dentro da área da gerontologia.

Introdução

O homem é um ser construído, de modo que a sua condição de humanização só se dá por meio dos outros. Esta humanização recebe diversas denominações, dependendo da perspectiva teórica adotada em seu estudo. Alguns autores, como Freud, a descrevem como perso-nalidade, outros como identidade (Lago) ou constituição de sujeito (Vygotsky). Em Psicologia Social evita-se o termo personalidade,

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pois esta denominação implica a ideia de estrutura, de algo estático que não é passível de mudança. O termo identidade também pode dar margem a equívocos, visto que muitos enfoques da Psicologia apresentam concepções diferentes para este termo, às vezes, definindo-o como sinônimo de personalidade. Na Psicologia Sócio-Histórica, o conceito de identidade ganha um sentido dialético, como pode ser observado em Maheirie (2002, p. 41):

A constituição da identidade tem a marca da ambigüidade, da síntese inacabada de contrários, daquilo que é individual e coletivo, daquilo que é próprio e alheio, daquilo que é igual e diferente, sendo semelhante a uma linha que aponta ora para um pólo, ora para outro.

3.1 Identidade = Constituição do sujeitoNesta aula, aborda-se identidade como um sinônimo de constituição de sujeito,

já que ela é entendida como uma construção inacabada, aberta e em constante movimento.

O homem constitui sua identidade socialmente, na relação dialética entre a obje-tividade e a subjetividade, sendo um ser social que vai se singularizando na cultura. A cultura é uma forma de significar a realidade humana, sendo que estes significados são compartilhados pelo coletivo. Segundo Zanella (2004), a relação que o homem estabelece com a realidade é sempre mediada pela cultura, sendo que esta, à medida que constitui o homem, também é constituída por ele, ou seja, o homem constitui-se subjetivamente apropriando-se da objetividade que o cerca e também objetiva sua subjetividade por intermédio de suas ações, produzindo a cultura.

Sendo assim, cultura é produto do trabalho, da atividade humana objetivada. Ao produzir a cultura, através da ação mediada, o homem, ao mesmo tempo, se objetiva e subjetiva, pois “ao apropriar-se da atividade, o sujeito apropria-se da história humana e imprime a esta sua marca” (ZANELLA, 2004, p. 132). Segundo esta autora, este movimento de objetivação-subjetivação só é possível através da mediação sígnica. Os signos são instrumentos produzidos pelos próprios homens e subjetivados pelo sujeito. “Via signos, a dupla direção da atividade humana se processa, pois na medida em que, por seu intermédio, o sujeito se objetiva e transforma a realidade, ao mesmo tempo transforma a si mesmo e se subjetiva” (ZANELLA, 2004, p. 132).

No processo de constituição, o indivíduo se apropria, através da mediação semi-ótica, das significações socialmente e historicamente produzidas, e vivendo em um espaço intersubjetivo e possuindo uma história particular, atribui sentidos pessoais para suas experiências. O sujeito torna-se autor e ator, pois transforma o contexto social ao qual está inserido, apropriando-se dos significados produzidos e se consti-tuindo. Ao subjetivar a cultura, o homem acaba por ressignificá-la, baseado nas suas experiências singulares, objetivando algo novo. Assim, pode-se entender o homem como produto de sua própria atividade e da atividade de outros sujeitos.

A emoção também ocupa um lugar de destaque nos processos de constituição do sujeito singular, uma vez que a apropriação e posterior ressignificação do que é socialmente produzido é mediada por ela: se a pessoa está triste, o mundo também é percebido com tristeza (MAHEIRIE, 2003). Além disso, o que é percebido pelo sujeito

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dependerá do que é sentido como necessário no momento, tendo a emoção um papel de destaque nesta seleção.

Verificamos que a gênese social do desenvolvimento pode ser evidenciada através da identificação de mecanismos pelos quais o plano intersubjetivo permite elevar as formas de ação individual. Dessa forma, longe de ser uma mera cópia do externo, o funcionamento interno é resultante de uma apropriação das formas de ação que estão intimamente interligadas a estratégias e conhecimentos dominados pelo sujeito, como, também, a ocorrências no contexto interativo.

Os meios utilizados pelo outro, para colocar limites e/ou interpretar as ações do sujeito e os meios empregados por ele, para fazer o mesmo em relação à ação do outro, são transformados em recursos para o sujeito regular a sua própria ação. Dessa relação nasce a autorregulação, que é fundamento do ato voluntário. Assim, fica caracterizado o processo pelo qual o funcionamento do plano intersubjetivo permite criar o funcio-namento individual.

Consideramos, de maneira resumida, que o plano intra-subjetivo de ação é formado pela apropriação de capacidades originadas no plano intersubjetivo. Vale enfatizar, aqui, que o plano intersubjetivo não é o plano “do outro”, mas da relação do sujeito com o outro. A intersubjetividade está na gênese da atividade individual e participa da construção das formas de ação autônoma ou da autorregulação. Não se concebe uma construção indivi-dual sem a participação do outro e do meio social, o que torna imprescindível a relação intersubjetiva, pois é nesse espaço relacional que há a possibilidade do conhecimento.

É importante ressaltar que os processos de incorporação da cultura e individuação permitem a passagem de formas elementares de ação a formas complexas, mediadas. Assim, as características do funcionamento psicológico, como o comportamento de cada ser humano, são, nesta perspectiva, construídos ao longo da vida do sujeito através de um processo de interação com o seu meio social, que possibilita a apro-priação da cultura elaborada pelas gerações precedentes.

Ressaltamos que as considerações aqui delineadas, a partir de uma abordagem sócio-histórica, são de fundamental importância nas pesquisas e discussões sobre comportamento, pois os autores aqui chamados para o diálogo nos ajudam a ampliar o olhar sobre o processo complexo de constituição dos sujeitos em contextos sócio-histó-ricos específicos e de como estes cenários estão presentes na maneira destes sujeitos se representarem e representarem o mundo.

3.2 O papel da cultura e da linguagem na construção social do sujeitoEm cada meio social, as palavras e os gestos dos sujeitos são dotados de significados

simbólicos. Desta forma se estabelece uma relação dinâmica entre o sujeito e a cultura.

Quando nos propomos a adotar, em gerontologia, um referencial que contempla abordagens sócio-históricas, partimos do pressuposto de que a linguagem tem um papel fundamental na constituição social do sujeito. É importante frisarmos que quando nos referimos à palavra sujeito, estamos concebendo-o na sua integralidade, contemplando, desta forma, seus aspectos bio-psicossociais. Ao falarmos em processo de constituição, estamos nos referindo a estas três instâncias integradoras do humano.

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Ideologia e cultura são processos dialéticos que, ao serem internalizados, inter-ferem na dinâmica do desenvolvimento das funções mentais superiores (pensamento, memória, imaginação, etc.). Não podemos perder de vista a perspectiva dialética destas dimensões.

Neste caminho que busca desvendar significados, o diálogo têm um papel funda-mental. Para Bakhtin (1990, p. 123), o diálogo é entendido no sentido mais amplo do termo: “(...) não apenas a comunicação em voz alta de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal de qualquer tipo, que seja”. Dois enunciados distantes um do outro no tempo e no espaço, quando confrontados em relação ao seu sentido, podem revelar relações dialógicas.

Bakhtin (1981) afirma que o domínio do signo coincide com o domínio da ideo-logia, que estes são mutuamente correspondentes e que tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo fora de si mesmo.

Neste processo, a linguagem tem um papel fundamental como instrumento de comunicação e transmissão de significações. Para Bakhtin (1981, p. 66): “A palavra revela-se, no momento de sua expressão, como o produto da interação viva das rela-ções sociais. É assim que o psiquismo e a ideologia se impregnam mutuamente no processo único e objetivo das relações sociais”.

Para o autor (1981), a língua é inseparável do fluxo de comunicação verbal e, portanto, não é transmitida como um produto acabado, mas como algo que se cons-titui continuamente na corrente da comunicação verbal. Os sujeitos não recebem a língua pronta para ser usada: (...) “eles penetram na corrente da comunicação verbal; ou melhor somente quando mergulham nessa corrente é que sua consciência desperta e começa a operar. (...) Os sujeitos não adquirem a língua materna; é nela e por meio dela que ocorre o despertar da consciência” (BAKHTIN, 1981, p. 108).

A interação verbal constitui, assim, a realidade fundamental da língua. A língua nunca está completa, ela é uma tarefa, um projeto sempre caminhando e sempre inaca-bado. Por isto, podemos, a qualquer momento, refletir e questionar sobre a adequação das expressões que estamos usando na prática do ensino a distância.

Cada ato da fala não é só o produto do que é dado, sempre cria algo que nunca existiu antes, algo absolutamente novo e não repetitivo que se revela na entoação. Ao destacarmos as próprias conversas cotidianas que ocorrem entre as crianças, é possível compreender como a entoação é especialmente sensível a todas as vibrações sociais e afetivas que envolvem o falante e, principalmente, observar como ela atua constituindo e se integrando ao enunciado como parte essencial da estrutura de sua significação.

Para Bakhtin (1981), a fala, as condições de comunicação e as estruturas sociais estão indissoluvelmente ligadas. Tanto o conteúdo a exprimir quanto sua objetivação externa é criada a partir de um único e mesmo material: a expressão semiótica. Não existe, portanto, atividade mental sem expressão semiótica. Isso significa admitir que o centro organizador da atividade mental não está no interior do sujeito, mas fora dele, na própria interação verbal. O nosso mundo interior se adapta às possibilidades de nossa expressão, aos novos caminhos e às orientações possíveis.

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Cada época e cada grupo social tem seu próprio repertório de formas de discurso, que funciona como um espelho que reflete e refrata o cotidiano. A palavra é a reve-lação de um espaço no qual os valores fundamentais de uma dada sociedade se exprimem e se confrontam. “As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios” (BAKHTIN, 1981, p. 41).

Bakhtin não era psicólogo, mas um filósofo da linguagem, e sua contribuição para a psicologia está pautada em sua pluralidade. Graduado em Letras, História e Filosofia, ele foi um crítico do formalismo russo. Formula seu conceito de consciência a partir do conceito de ideologia. Para ele, a construção do inconsciente humano está relacionada à situação de classe ocupada pelo sujeito; é necessário que o homem tenha um segundo nascimento: o “nascimento social”. A consciência do sujeito é, assim, uma consciência com dimensão coletiva e não individual. O nascimento biológico não é sufi-ciente para o homem, pois que ele é um ser social. Neste sentido, propõe o estudo da palavra como instrumento de análise da dimensão ideológica da consciência humana. Segundo o autor, o signo linguístico é construído socialmente e transmite uma ideo-logia, presente em sua constituição.

Saiba mais

Sugiro que você leia os seguintes textos:

MELO, M. T. Filhote de homem. São Paulo: Laborciência, 2007.

______. Constituição social do sujeito. Apostila do módulo 1 do Curso de Serviço Social. UNI-VALI, 2007.

Síntese da aula

O processo de desenvolvimento humano é complexo e sofre a influências dos contextos socioeconônico e cultural. As mensagens que veiculam na cultura são inter-nalizadas e passam a ser partes constituintes da arquitetura psíquica dos sujeitos.

Atividades

1. Qual o papel da cultura e da linguagem na constituição social do sujeito?

2. Qual a importância de estudar o processo de constituição social do sujeito dentro da disciplina de gerontologia?

3. Qual a importância do trabalho (estudos) de Bakthin para a Psicologia e gerontologia?

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Comentário das atividades

Na atividade 1, você deve levar em conta que em cada meio social, as palavras e os gestos dos sujeitos são dotados de significados simbólicos. Desta forma se estabe-lece uma relação dinâmica entre o sujeito e a cultura. Quando nos propomos adotar em gerontologia um referencial que contempla abordagens sócio-históricas, partimos do pressuposto de que a linguagem tem um papel fundamental na constituição social do sujeito.

Na atividade 2, você deve responder que cada época e cada grupo social tem seu próprio repertório de formas de discurso que funciona como um espelho que reflete e refrata o cotidiano. As mensagens que veiculam na cultura são partes constituintes dos sujeitos.

Na atividade 3, considere que para Bakthin, a construção do inconsciente humano está relacionada à situação de classe ocupada pelo sujeito; é necessário que o homem tenha um segundo nascimento: o “nascimento social”. A consciência do sujeito é, assim, uma consciência com dimensão coletiva e não individual. O nascimento bioló-gico não é suficiente para o homem, pois ele é um ser social.

Referências

BAKTHIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981.

LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte Universitário, 1978.

MAHEIRIE, K. Constituição do sujeito, subjetividade e identidade. Interações, São Paulo, v. 7, n. 13, 2002.

______. Processo de criação no fazer musical: uma objetivação da subjetividade a partir dos trabalhos de Sartre e Vygotsky. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, 2003.

MELO, M. T. Filhote de homem: aspectos sociais, cognitivos e psicológicos. São Paulo. IGGE, 2005.

ZANELLA, A. V. Atividade, significação e constituição do sujeito: considerações à luz da psicologia histórico-cultural. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 1, 2004.

Na próxima aula

Em nossa quarta aula, vamos desenvolver a noção de que o comportamento humano está estreitamente vinculado à estrutura psíquica do sujeito.

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Objetivo

Espera-se que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender que o comportamento humano está vinculado »à estrutura psíquica do sujeito.

Pré-requisitos

Para acompanhar esta aula, você precisa se despir de conceitos preconceituosos acerca das mensagens ideológicas impostas pela sociedade ocidental e lançar-se ao exercício de compreender a velhice como uma etapa do desenvolvimento humano, que tem suas peculia-ridades. Vamos tratar de sexualidade sem idade.

Introdução

O psiquismo forma a base de nosso comportamento e nosso estado psíquico é fundamental para a manutenção de nosso bem-estar. Nosso comportamento psíquico passa por constantes modificações durante a vida, em função de diversos fatores, que envolvem desde aspectos ambientais até alterações bioquímicas que podem ocorrer em nosso sistema nervoso.

Atualmente, sabe-se que nosso comportamento é fruto da interface de nossas características biológicas traçadas pelos fatores

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genéticos e os fatores gerados pelo ambiente que nos envolve. Partindo-se desta premissa, abordaremos, nesta aula, a questão do comportamento humano e da sexualidade.

4.1 SubjetividadeA forma como o sujeito julga sua qualidade de vida como um todo é chamado de

bem-estar subjetivo. Este subjetivismo na velhice reflete a avaliação pessoal de si e de suas relações, e não resulta da simples soma das competências e das possibilidades objetivas do ambiente externo. Leva em conta valores e expectativas pessoais e sociais, condições orgânicas e psicológicas.

Algumas expressões deste bem-estar subjetivo na velhice são a auto-aceitação; o propósito de vida; a autonomia, isto é, ser autodeterminado, independente e hábil; além do domínio sobre o ambiente e do estabelecimento de relações positivas com os outros.

É importante consideramos que existe uma espécie de padrão social da velhice, papéis sociais e comportamentos que a sociedade considera apropriados aos adultos com mais idade, como por exemplo, o alcance de qualidades e virtudes como a sabe-doria, a paciência, a resignação e a tolerância. Trata-se de padrões de adequação social, expectativas de comportamento que cada grupo social estabelece.

4.2 Comportamento afetivo-amorosoA experiência adquirida ao longo da vida poderá influenciar atitudes e compor-

tamentos na velhice. Mas a qualidade da experiência durante a velhice depende de cada sujeito e do padrão de vida que este levou. O significado real das mudanças relativas a cada sujeito – modo de pensar, de agir, de questionar – está presente na interpretação subjetiva e na forma como isso remete à sua vida. A direção e extensão de nossas transformações devem ser examinadas com relação ao tipo de pessoa que sempre fomos. Algumas pessoas continuam relativamente acomodadas em seu modo de ser, a partir da meia idade em diante. Outras revelam um padrão de receptividade a novas experiências. Assim, essas se tornam pessoas com uma visão de vida mais aberta e ampla, e podem, com mais facilidade, encontrar satisfação na vida afetiva, amorosa e sexual.

O fato de a pessoa estar com mais de 65 anos não parece constituir obstáculo à satisfação que ela ainda possa obter na vida.

Castro (2009) afirma que a afetividade é uma das principais bases da estrutura psíquica do ser humano. O universo que abarca e constrói o mundo interior do sujeito lhe dá possibilidade de expressar-se e movimentar-se com mais leveza e dinamismo quando este vivencia de forma adequada e construtiva sua afetividade. Seja qual for a idade em que ele se encontra, pode-se afirmar que o motor da sua vida psicológica (da psique) é a afetividade.

A sexualidade, além de abarcar o mundo psíquico (sensações), envolve as dimensões estruturais corpóreas (manifestações orgânicas) e espirituais (o significado, o sentido).

Sobre o assunto, sugiro que você leia o texto a seguir.

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O peso dos anos depende do significado que cada um lhe atribuir. Para muitos, ser idoso pode ser sinônimo de sabedoria e experiência a todos os níveis. Nas sociedades africanas, o idoso é muito respeitado, porquanto é tomado como aquele que detém um conhecimento profundo sobre vários assuntos, porque já viu muitas coisas e transmite-as aos mais novos com sabedoria. Em contrapartida, nas sociedades ocidentais, devido ao aumento da esperança média de vida, ao idoso estão associados conceitos como a inati-vidade, doença, demência e assexualidade.

O homem é capaz de ter uma ereção peniana em qualquer idade, tal como a mulher consegue atingir uma lubrificação vaginal adequada e chegar ao orgasmo. Estas respostas sexuais só ficarão “comprometidas” se estiverem perante um bloqueio físico ou psicos-social (LOPES, 1993, p. 79).

Um outro aspecto significativo apresentado pelo mesmo autor é a monotonia sexual. A sexualidade não se pode circunscrever ao contato de um pênis e uma vagina, o sexo pode ser o resultado de vários estímulos efetivos (autoestimulação, fantasia, coito, entre outros); nesta matéria, a intuição é um ingrediente favorável, mas não essencial.

A resposta sexual humana apresenta três fases principais: desejo, excitação e orgasmo. Segundo Lopes (1993, p. 80), no que se refere ao desejo sexual na mulher idosa, as respostas encontradas são divergentes, variando da ausência do desejo até a exacerbação da libido. Como refere o autor, estes resultados podem refletir a influência da moral sexual na função biológica.

Ao contrário do que se pensa, a menopausa não constitui o fim da vida sexual. Gomes et al. (1987) mencionam que há, por vezes, um aumento da atividade sexual na menopausa que pode, entre outros fatores, estar ligado ao desaparecimento do medo de engravidar.

Para J. Vegue (apud LOPES, 1993, p. 80), a atividade sexual pode continuar durante um longo período após a menopausa, sem que hajam dificuldades mecânicas ou ausência de lubrificação vaginal e muitas vezes sem recorrer a terapêutica de substi-tuição hormonal, desde que se mantenha um relacionamento sexual regular. A ausência de regularidade pode causar o aparecimento de distúrbios tróficos, impedindo desta forma contatos posteriores e originando distúrbios psicossexuais futuros.

“A vida sexual transforma-se constantemente ao longo de toda a evolução indivi-dual, porém só desaparece com a morte” (MYRA; LÓPEZ apud LOPES, 1993, p. 79).

No homem idoso, sob um estímulo sexual eficaz, a ereção demora a estabelecer-se 2 a 3 vezes mais; uma vez obtida conserva-se bastante mais tempo sem ejaculação, sendo mais difícil obtê-la de novo se a perder antes da ejaculação. Na fase orgástica, há um desaparecimento da primeira parte, isto é, não há contração dos órgãos repro-dutores, pelo que não haverá a sensação de inevitabilidade ejaculatória. A duração do período refratário aumenta consideravelmente. Normalmente, este se satisfaz com 1 ou 2 ejaculações semanais, independentemente do contexto do coito ou exigências sexuais da parceira. Importa salientar também que para cada década, registra-se uma diminuição progressiva na resposta sexual. Contudo, nunca se verifica o seu completo desapareci-mento (MASTER; JOHNSON, 1966 apud GOMES, 1987).

Fonte: Gomes et al. (1987).

Assim, consideramos que o conjunto dos eixos estruturantes do psiquismo humano abarca os fenômenos de afeição, significado, sentido e emoção, como a expressão do termo vida afetiva amorosa.

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Finalizamos esta aula destacando que a felicidade é um resultado das realizações mais completas do ser humano. Para Rojas (citado por CASTRO, 2009), isso sugere duas afirmativas: a) que eu me encontrei de fato (tenho uma personalidade adequa-damente estruturada, ou seja, estou bem comigo mesmo); b) que tenho um projeto de vida coerente (isto implica fundamentalmente amor, trabalho e cultura). A felicidade significa ir progredindo ao máximo em nível pessoal, e isto inclui a vida afetiva e o amor. Assim, levar uma vida coerente conduz à felicidade.

Saiba mais

Sugiro que você leia este livro sobre o assunto aqui abordado:

NERI, L.; SANCHES, M. (Org.). Velhice bem-sucedida: aspectos afetivos e cognitivos. Campinas: Papirus, 2004.

Síntese da aula

Vimos, nesta aula, que o envelhecimento é um processo indutivo de várias mudanças no contexto do sujeito, levando-se em conta os aspectos físico, mental e social. Estas mudanças tendem a afetar a expressão da sexualidade, na medida em que se torna necessário para a pessoa “idosa” redefinir objetivos, ou seja, reconhecer que está numa nova fase do ciclo vital, e que tal como as anteriores, está associada a determinados “acontecimentos padrões”, crises de desenvolvimento próprias da fase em questão.

Aprendemos ainda que o peso dos anos depende do significado que cada um lhe atribuir. Para muitos, ser idoso pode ser sinônimo de sabedoria e experiência em todos os níveis.

Atividades

1. Justifique a seguinte afirmação: O peso dos anos depende do significado que cada um lhe atribuir.

2. Complete as frases a seguir.

a) Nosso comportamento psíquico passa por constantes modificações durante a vida, em função de diversos fatores, que envolvem desde aspectos ______ até ______ que podem ocorrer em nosso sistema ______.

b) A resposta sexual humana apresenta três fases principais: ______, ______, ______.

c) A sexualidade, além de abarcar o mundo psíquico (______), envolve as dimensões estruturais corpóreas (______) e espirituais (______).

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3. Comenteafraseaseguir.

Ouniversoqueabarca e constrói omundo interiordo sujeito lhedápossibili-dadedeexpressar-seemovimentar-secommaislevezaedinamismoquandoestevivenciadeformaadequadaeconstrutivasuaafetividade.

Comentário das atividades

Naatividade 1,vocêdevelevaremcontaque,paramuitos,seridosopodesersinô-nimodesabedoriaeexperiênciaemtodososníveis,paraoutrospodeserumprocessosofridoehumilhante.Issodependedascondiçõesdecontorno(externaseinternas).

Naatividade 2,aspalavrasquecompletamaslacunasnaletra(a) são:ambien-tais,alteraçõesbioquímicas,nervoso.Naletra(b),sãoostermos:desejo,excitação,orgasmo.Naletra(c),sãoasseguintes:sensações,manifestaçõesorgânicas,osignifi-cado,osentido.

Naatividade 3,vocêdeveresponderqueaafetividadeéumadasprincipaisbasesdaestruturapsíquicadoserhumano.Sejaqualforaidadeemqueeleseencontra,pode-seafirmarqueomotordasuavidapsicológica(dapsique)éaafetividade.

Referências

CASTRO,Neily.A velhice bem sucedida.Disponívelem:<http://www.neilycastro.com.br>.Acessoem:14out.2009.

GOMES,FranciscoAllenetal.Sexologia em Portugal.Lisboa:Texto,1987.

LOPES,Gerson.Sexualidade humana.2.ed.RiodeJaneiro:Medsi,1993.

Na próxima aula

Emnossaquintaaula,estudaremososdireitossociaiseconheceremospolíticaspúblicasdeproteçãoaoidoso.

Anotações

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objetivo

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender os avanços da legislação brasileira na área do »idoso e como a sociedade participou deste movimento de conquista e ampliação de direitos.

Pré-requisitos

Para que você acompanhe as discussões, é importante que se interesse em conhecer as principais leis brasileiras no que se refere aos idosos. A leitura atenta destas leis proporcionará um aprendi-zado mais efetivo, fortalecendo sua formação profissional nesta área de fundamental importância para o Serviço Social.

Introdução

Os desafios trazidos pelo envelhecimento da população têm diversas dimensões e dificuldades, mas nada é mais justo do que garantir ao idoso a sua integração na comunidade. O envelheci-mento da população influencia o consumo, a transferência de capital e propriedades, impostos, pensões, o mercado de trabalho, a saúde e assistência médica, a composição e organização da família. É um processo normal, inevitável, irreversível, e não uma doença. Portanto,

Políticas e programas implementados – os direitos da pessoa idosa no brasil

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não deve ser tratado apenas com soluções médicas, mas também por intervenções sociais, econômicas e ambientais.

Portanto, nesta aula vamos estudar as leis que regulamentam os direitos dos idosos no Brasil, começando pela Carta Magna, depois pela Política Nacional do Idoso, e o advento do Estatuto do Idoso em 2003.

5.1 Constituição Federal de 1988A política pública de atenção ao idoso se relaciona com o desenvolvimento socio-

econômico e cultural, bem como com a ação reivindicatória dos movimentos sociais. Um marco importante dessa trajetória foi a Constituição Federal de 1988, que intro-duziu em suas disposições o conceito de seguridade social, fazendo com que a rede de proteção social alterasse o seu enfoque estritamente assistencialista, passando a ter uma conotação ampliada de cidadania.

Os direitos de proteção aos idosos são reconhecidos como direitos de terceira geração. Tais direitos são calcados na solidariedade e na fraternidade. Entende-se este princípio como a união de todos os elementos do sistema para suportar especificamente aqueles que estejam em situação desfavorável ou de contingência. Esses direitos estão discriminados, em sua grande maioria, como princípios magnos no Título II, Capítulo II, da Carta de 1988 (intitulado “Dos direitos sociais”).

A Constituição Federal de 1988 fez constar em seus fundamentos e princípios, a exemplo da dignidade humana como um dos seus basiladores, a imposição à família, ao Estado e à sociedade no que se refere à obrigatoriedade do amparo ao idoso.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defen-dendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Parágrafo 1º – Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

Parágrafo 2º – Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratui-dade dos transportes coletivos urbanos (BRASIL, 1988).

Após seis anos da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, por meio da mobilização de setores representativos da sociedade civil e polí-tica, foi aprovada em 04 de janeiro de 1994 a Lei n. 8.442, estabelecendo a Política Nacional do Idoso, com a consequente ampliação das previsões constitucionais, criando os conselhos nacional, estaduais e municipais do idoso e confirmando a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

5.2 Política Nacional do IdosoA Política Nacional do Idoso foi regulamentação por meio do decreto 1.948, publi-

cado no Diário da União em 3 de junho de 1996. Explicita a forma de implementação dos avanços previstos na Lei n. 8.842/94 e estabelece as competências dos órgãos e das entidades públicas envolvidas no processo.

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Foi criada com o objetivo de propiciar condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que vão envelhecer, bem como lista as compe-tências das várias áreas e seus respectivos órgãos.

No Artigo 3º, estabelece:I – a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comuni-dade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

II – o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;

III – o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

IV – o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transforma-ções a serem efetivadas através desta política;

V – as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser obser-vadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta Lei.

Desta forma, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defen-dendo a sua dignidade, bem-estar e direito à vida. O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas por meio desta política. Além disso, o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza.

A Política Nacional do Idoso, na condição de instrumento legal e legítimo, tem como diretrizes:

I – viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, proporcionando-lhe integração às demais gerações;

II – promover a participação e a integração do idoso, por intermédio de suas organizações representativas, na formulação implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos;

III – priorizar o atendimento ao idoso, por intermédio de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições de garantir sua sobrevivência;

IV – descentralizar as ações político-administrativas;

V – capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia;

VI – implementar o sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos e programas em cada nível de governo;

VII – estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgação de infor-mações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;

VIII – priorizar o atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores do serviço; e apoiar estudos e pesquisas sobre as questões do envelhecimento. (Decreto n. 1.948, de 03/06/1996)

Vale ressaltar, no entanto, que o acesso do idoso aos direitos especiais que lhe são destinados em lei é expressão da sua cidadania e, como tal, deve ser viabilizado tanto pela esfera governamental quanto pela sociedade civil.

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Duarte (1998) cita que ser cidadão é ter consciência de seus direitos e deveres civis e políticos, participando das decisões que interferem na vida de cada um, com um sentimento ético e consciência de cidadania.

5.3 Estatuto do IdosoApós tramitar cinco anos no Congresso Nacional, o Estatuto do Idoso foi aprovado

por unanimidade pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Projeto apresen-tado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que visa à regulamentação das garantias dos idosos, algumas delas já asseguradas pela Constituição Federal de 1988, a Lei n. 10.741 foi sancionada pelo Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1° de outubro de 2003.

A aprovação do Estatuto do Idoso foi um avanço para o sistema legal brasileiro e uma grande conquista para a população idosa e para a sociedade. Fruto da organização e mobilização dos aposentados, pensionistas e idosos vinculados à Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP). Trata-se de mais um instrumento para a realização da cidadania, seguindo o exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente.

O ponto central do Estatuto encontra-se nas normas gerais que se referem à “proteção integral”. A natureza e essência encontram-se no artigo 2º, quando esta-belece a sucessão de direitos do idoso e visualiza sua condição como ser constituído de corpo, mente e espírito – já prevê a preservação de seu bem-estar físico, mental e espiritual – e identifica a existência de instrumentos que assegurem seu bem-estar, conforme se verifica a seguir.

Art. 2º – O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegu-rando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde, em condições de liberdade e dignidade.

O Estatuto compreende cinco grandes tópicos, relativos aos Direitos Fundamentais, conforme definidos na Constituição Federal: as medidas de proteção ao idoso em estado de risco pessoal ou social, a política de atendimento, por meio da regulação e do controle das entidades de atendimento ao idoso; o acesso à Justiça, com a deter-minação de prioridade ao idoso nos trâmites judiciais e a definição da competência do Ministério Público na defesa do idoso; e aos crimes em espécie, instituindo-se novos tipos penais para condutas lesivas aos direitos dos idosos, bem como para a promoção do aumento de pena em alguns crimes em que a vítima é pessoa idosa.

5.3.1 Direitos fundamentais do idosoDireito à vida » : trata-se do direito ao envelhecimento saudável, protegido pelo Estado, por meio de políticas sociais públicas.

Liberdade, respeito e dignidade » : a liberdade de locomoção, de participação na família e na comunidade, de opinião e expressão, de crença religiosa e de buscar refúgio ou orientação.

Alimentos » : a prestação de alimentos, pelos familiares, como obrigação soli-dária: o acordo de alimentos pode ser firmado perante o Ministério Público,

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valendo como título executivo extrajudicial; os alimentos são obrigação do Estado quando a família não puder provê-los.

Saúde » : a atenção integral pelo SUS no tratamento e na prevenção das doenças, inclusive no atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios: atendi-mento domiciliar para o idoso impossibilitado de locomoção: reabilitação psíquica ou motora. Todo idoso tem direito ao atendimento preferencial no SUS. Vale salientar que a distribuição de remédios, principalmente os de uso continuado, diário, deve ser gratuita, assim como órteses e próteses. Os planos de saúde estão proibidos de discriminar o idoso com a cobrança de valores diferenciados em razão da idade. Constituem-se também direitos do idoso: acompanhante na internação, opção pelo tipo de tratamento, treinamento específico dos profissio-nais de saúde, dos cuidadores familiares e dos grupos de autoajuda.

Educação, lazer, cultura e esporte » : os currículos escolares deverão prever conteúdos voltados ao processo de envelhecimento da pessoa humana, a fim de contribuir para a eliminação do preconceito por raça, credo religioso, sexo, partido político, cor, etc. O poder público federal, estadual e municipal apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos em padrão editorial que facilite a leitura em bibliotecas ou em casa, bem como voltar aos estudos depois dos 60 ou 65 anos de idade. Isto dependerá de cada pessoa, mas deve ter o apoio da sociedade e dos governos.

Assegura desconto de, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) nas atividades culturais (teatro, cinemas...), de lazer e esportivas (jogos de futebol e outros do gênero). Determina ainda que os meios de comunicação: rádio, tv, jornais etc.) deverão manter espaços (ou horários especiais) de programação de caráter educativo, informativo, artístico e cultural sobre o processo de envelhecimento do ser humano. É direito do idoso a participação em eventos cívicos e cultu-rais visando à transmissão de conhecimento às novas gerações.

Transporte » : é uma realidade a gratuidade nos transportes coletivos públicos para as pessoas maiores de 65 (sessenta e cinco) anos. A legislação estadual e municipal, em cada localidade por este Brasil afora, poderá dispor sobre a gratuidade também para as pessoas na faixa etária de 60 a 65 anos. No caso de transporte coletivo intermunicipal e interestadual, ficam reservadas duas vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos nacionais e garantido o desconto de 50% (cinquenta por cento) para os idosos de mesma renda que excedam essa reserva em cada coletivo/horários.

Previdência social » : a garantia do reajuste dos benefícios da Previdência Social deve ser na mesma data do reajuste do salário mínimo nacional, porém com percentual definido em legislação complementar do Governo Federal, inclu-sive já em vigor em todo o território brasileiro. Sobre este tema, retomaremos na próxima aula.

Assistência social » : é garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo nacional, como benefício da Previdência Social, por pessoas a partir do momento que completam 65 anos de idade, consideradas incapazes de prover sua capacidade laboral ou de sua subsistência ou cujas famílias não

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tenham renda mínima para sobreviver condignamente. Este assunto também será discutido na aula seguinte.

Habitação»» : o idoso tem direito à moradia digna, preferencialmente com a família; as instituições devem cumprir o padrão mínimo de habitabilidade. Tem prio-ridade para a aquisição de moradia própria nos programas habitacionais dos governos federal, estadual e municipal, mediante reserva de 3% (três por cento) das unidades construídas, além de critérios de financiamento da casa própria compatíveis com os rendimentos de aposentadoria ou pensão de cada idoso.

5.3.2 Medidas de proteçãoTais medidas visam defender os idosos da violação a seus direitos, em virtude

de ação ou omissão da sociedade ou do Estado; de omissão ou abuso da família, do curador ou da entidade de atendimento; ou, ainda, de sua condição pessoal. Nesses casos, cabe ao Ministério Público a intervenção imediata para proteção do idoso em estado de risco.

5.3.3 Política de atendimento ao idosoConjunto articulado das ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios e das entidades não-governamentais, com o objetivo de garantir as polí-ticas sociais básicas, bem como o atendimento às vítimas de negligência, maus tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão, dentre outros.

5.3.4 Acesso à justiçaOs idosos têm prioridade na tramitação dos processos e procedimentos judiciais

nos quais são partes, isto já a partir de 60 anos de idade. Também é prevista a criação de varas especializadas e exclusivas para os idosos.

5.3.5 Crimes em espécieCompreende as condutas lesivas aos direitos dos idosos. As penas variam de 6

meses a 1 ano de detenção ou reclusão e multa. São punidos com maior rigor a apro-priação de proventos, retenção de cartão bancário, coação do idoso para doar, testar, contratar ou outorgar procuração, com penas que variam de 6 meses a 5 anos. Há aumento de pena quando resulta lesão corporal grave (reclusão de 1 a 4 anos) ou morte (reclusão de 4 a 12 anos).

Saiba mais

Acesse o site: <http://www.pbh.gov.br/leisdeidosos/politicafederal.htm> para consultar as leis apresentadas nesta aula.

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Síntese da aula

Nesta aula, apresentamos, em linhas gerais, as inovações em termos de direitos dos idosos na Constituição Federal, na Política Nacional do Idoso e no Estatuto do Idoso. A Lei n. 8.842/94 assegura os direitos deste segmento populacional, principalmente no que se refere à “preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral”. Cabe à família, à sociedade e ao Estado o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania.

Já o Estatuto do Idoso objetiva promover a inclusão social e garantir os direitos desses cidadãos, uma vez que essa parcela da população brasileira se encontra despro-tegida, apesar de as estatísticas indicarem a importância de políticas públicas devido ao grande número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil.

Atividades

1. Destaque qual a maior contribuição da Constituição Federal de 1988 na área do idoso.

2. Assinale a alternativa correta no que se refere ao objetivo da Política Nacional do Idoso.

a) Visa favorecer o envelhecimento precoce no sentido de possibilitar condições adequadas de sobrevivência.

b) Visa propiciar condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que vão envelhecer.

c) Visa prestar atenção integral pelo SUS no tratamento e na prevenção das doenças, inclusive no atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; atendimento domiciliar para o idoso impossibilitado de locomoção; reabili-tação psíquica ou motora.

d) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Dentre as diretrizes da Política Nacional do Idoso, encontra-se: viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, proporcionando-lhe integração às demais gerações.

Relate algum trabalho em sua comunidade que esteja favorecendo esta diretriz.

4. A aprovação do Estatuto do Idoso foi um avanço para o sistema legal brasileiro e uma grande conquista para a população idosa e para a sociedade. Sobre este assunto, enumere as categorias profissionais que participaram deste movimento.

5. O Estatuto do Idoso compreende cinco grandes tópicos. Assinale a alternativa correta que contempla tais tópicos.

a) Direitos fundamentais, medidas de proteção, política de atendimento, acesso à justiça e crimes em espécie.

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b) Direitos fundamentais, previdência social, assistência social.

c) Medidas de proteção, política de atendimento, transporte, educação.

d) Crimes em espécie, direitos fundamentais, assistência social.

6. Dentre os direitos fundamentais enumerados no Estatuto do Idoso, relacione aqueles que, no seu entendimento, são mais prejudicados no Brasil. Explique.

7. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso para as afirmativas a seguir relativas ao Estatuto do Idoso:

( ) O idoso tem direito à liberdade de locomoção, de participação na família e na comunidade, de opinião e expressão, de crença religiosa e de buscar refúgio ou orientação.

( ) O idoso tem direito à vida e isso inclui o direito ao envelhecimento saudável, protegido pelo Estado, por meio de políticas sociais públicas.

( ) O idoso tem direito a receber casa própria por meio do Sistema Financeiro de Habitação instituído pelo Governo Federal.

( ) O idoso tem direito à gratuidade nos transportes coletivos públicos. E no caso de transporte coletivo intermunicipal e interestadual, ficam reservadas duas vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salá-rios mínimos nacionais e garantido desconto de 50% para os idosos de mesma renda que excedam essa reserva em cada coletivo/horários.

Agora, assinale a alternativa com a ordem correta.

a) F, F, V, F c) V, F, V, F

b) V, V, F, V d) F, F, F, V

Comentário das atividades

Na atividade 1, você deve destacar a principal contribuição da Constituição Federal de 1988 na área do idoso, sendo que acertou se fez referência à imposição da família, do Estado e da sociedade na obrigatoriedade do amparo ao idoso. Sobre isso, o artigo 3 e seus parágrafos descrevem muito bem a necessidade destas três instâncias salvaguardarem a integridade física, emocional e social do idoso.

Na atividade 2, o objetivo da Política Nacional do Idoso é propiciar condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que vão envelhecer. Você acertou se optou pela resposta (b).

Na atividade 3, ressaltamos que a Política Nacional do Idoso pretende viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, proporcionando-lhe integração às demais gerações. Solicitamos que você relatasse algum trabalho em sua comunidade que esteja favorecendo esta diretriz, pois esta é uma forma de refletir sobre como os idosos vêm sendo tratados em nossa sociedade, e quais os órgãos, sejam governamentais ou não governamentais, vêm desenvolvendo ações nesta área.

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Na atividade 4, refletimos sobre o fato de que a aprovação do Estatuto do Idoso foi um avanço para o sistema legal brasileiro e uma grande conquista para a popu-lação idosa e para a sociedade. Na realidade, ele foi fruto da organização e mobili-zação dos aposentados, pensionistas e idosos vinculados à Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP). Portanto, acertou a questão quem fez referência a esses segmentos sociais.

Na atividade 5, refletimos que o Estatuto do Idoso compreende cinco grandes tópicos, que incluem os direitos fundamentais, as medidas de proteção, a política de atendimento, o acesso à justiça e aos crimes em espécie. Nestes encontram-se elencados uma série de direitos que somente o Estatuto reconheceu como fundamentais para o idoso na sociedade brasileira. Você acertou se optou pela resposta (a).

Quanto à atividade 6, a intenção é levar você a uma reflexão crítica acerca dos direitos fundamentais preconizados pelo Estatuto, em termos de efetividade na prática diária dos idosos. Esta é uma questão que possibilita inúmeras referências, pois de modo geral muitos destes direitos ainda não se efetivaram na prática ou tem sua abrangência bastante limitada. Podemos utilizar como exemplo, conforme vimos na aula anterior, que apesar de a educação ser um direito fundamental, ainda é elevado o número de idosos analfabetos no Brasil. Também podemos destacar que apesar de longos anos de trabalho, muitos idosos não têm moradia própria, habitando na casa de filhos ou mesmo de pessoas amigas, sem contar o número expressivo de idosos que residem em asilos.

Na atividade 7, continuamos a enumerar os avanços do Estatuto, destacando que o idoso tem direito à liberdade de locomoção, de participação na família e na comuni-dade, de opinião e expressão, de crença religiosa e de buscar refúgio ou orientação; o idoso tem direito à vida e isso inclui o direito ao envelhecimento saudável, protegido pelo Estado, por meio de políticas sociais públicas; o idoso tem direito à gratuidade nos transportes coletivos públicos. E no caso de transporte coletivo intermunicipal e interestadual, ficam reservadas duas vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos nacionais e garantido desconto de 50% para os idosos de mesma renda que excedam essa reserva em cada coletivo/horários. Portanto, são verdadeiras a primeira, a segunda e a quarta afirmativas. Você acertou se assinalou a letra (b).

Referências

ALMEIDA, Dayse Coelho de. Estatuto do Idoso: real proteção aos direitos da melhor idade? Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 120, 1 nov. 2003.

BRAGA, Pérola Melissa Vianna. Envelhecimento, ética e cidadania. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 52, nov. 2001.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília.

______. Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Estabelece a criação do Conselho Nacional do Idoso. Diário Oficial da União, Brasília.

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BRASIL. Lei n. 10.741, de 1° de outubro de 2003: “Estatuto do idoso”. Diário Oficial da União, Brasília.

______. Decreto n. 1.948, de 3 de julho de 1996. Regulamenta a Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providên-cias. Diário Oficial, Brasília.

DUARTE, M. J. R. S. Internação institucional do idoso: assistência à saúde em geria-tria no setor público. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – ENSP, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro: 1991

______. Atenção ao idoso: um problema de saúde pública e de enfermagem. Conferência realizada na Escola de Enfermagem Anna Nery. Rio de Janeiro, 1994.

INDALENCIO, Maristela Nascimento. Estatuto do idoso e direitos fundamentais: funda-mentos da pessoa idosa no ordenamento jurídico brasileiro. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Ciência Jurídica, Universidade do Vale do Itajaí, 2007.

Na próxima aula

Em nossa sexta aula, ainda versando sobre estes direitos, destacaremos as áreas da Saúde, Previdência e Assistência Social, bem como abordaremos o papel dos Conselhos de Direito dos Idosos nas instâncias federal, estadual e municipal, como responsáveis pela elaboração das diretrizes, instrumentos, normas e prioridades dessa política, bem como pela tarefa de controlar e fiscalizar as ações executadas.

Anotações

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As políticas de saúde e assistência ao idoso no brasil

6objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

identificar as políticas públicas de saúde e de assistência ao »idoso no Brasil;

compreender a importância do Conselho Nacional do Direitos »dos Idosos enquanto espaço de garantia e ampliação de direitos.

Pré-requisitos

Para acompanhar esta aula, é importante que você tenha inte-resse em conhecer as principais diretrizes das políticas públicas de atendimento ao idoso no Brasil, como forma de subsidiar a atuação profissional enquanto assistente social.

Introdução

Nesta aula, daremos prosseguimento à abordagem das políticas públicas de atendimento ao idoso.

O cuidado e o atendimento às necessidades dos idosos e as responsabilidades das famílias e da sociedade com a questão são os novos desafios que requerem uma maior atuação dos governantes na formulação e execução de políticas públicas que deem conta desta

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realidade, a fim de favorecer o efetivo cumprimento das diretrizes estabelecidas no Estatuto do Idoso.

Em termos de políticas públicas de saúde, observa-se que objetivam assegurar atenção a toda população, mas, aos poucos, vêm dando visibilidade para um segmento populacional até então pouco notado pela saúde pública – os idosos e as idosas com alto grau de dependência funcional. É possível a criação de ambientes físicos, sociais e atitudinais que possibilitem melhorar a saúde das pessoas com incapacidades, tendo como uma das metas ampliar a participação social dessas pessoas na sociedade. Por isso mesmo, é imprescindível oferecer cuidados sistematizados e adequados a partir dos recursos físicos, financeiros e humanos de que se dispõe hoje.

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS –, aprovada em 7 de dezembro de 1993, foi resultado de um movimento dos trabalhadores do campo da Assistência Social, do Conselho Federal de Serviço Social, de sindicatos e universidades, e veio atender a uma demanda que, até então, se fazia presente na sociedade. Nesse sentido, o atendimento às pessoas usuárias da assistência social se caracterizou pela implemen-tação do Benefício de Prestação Continuada – BPC, que é um amparo assistencial de caráter não contributivo, com recurso financiado pelo Fundo Nacional da Assistência Social, tendo sua execução garantida por meio de cada Estado da União, gerenciado pelo município.

O Benefício de Prestação Continuada – BPC previsto na Lei Orgânica da Assistência Social/LOAS é concedido pelo INSS a pessoas carentes. Os benefícios assistenciais são concedidos a pessoas carentes que não têm condições de recolher, mensalmente, algum pagamento ao INSS, como devem fazer os trabalhadores e empregadores em geral.

Já o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso pertence à estrutura básica do Ministério da Justiça, sendo um órgão de caráter consultivo e apresenta jurisdição estadual e municipal. A partir da participação dos vários segmentos da sociedade, tal Conselho cumpre a função de fomentar, promover e controlar todas as ações governa-mentais na área do idoso.

6.1 Política Nacional de Saúde do IdosoEm 1999, a Portaria Ministerial n. 1.395 anunciou a Política Nacional de Saúde do

Idoso, a qual determinou que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde relacionados ao tema promovessem a elaboração ou a readequação de planos, projetos e atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (BRASIL, 1999). Essa Política assume que o principal problema que pode afetar o idoso é a perda de sua capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária.

Em 2002, é proposta a organização e a implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso (Portaria n. 702/SAS/MS, de 2002), tendo como base as condições de gestão e a divisão de responsabilidades definida pela Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS). Como parte de operacionalização das redes, são criadas as normas para cadastramento de Centros de Referência em Atenção à Saúde do Idoso (Portaria n. 249/SAS/MS, de 2002).

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O Estatuto do Idoso, em 2003, ampliou a resposta do Estado e da sociedade às necessi-dades da população idosa, mas não trouxe consigo meios para financiar as ações propostas. O Capítulo IV do Estatuto reza especificamente sobre o papel do SUS na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma integral, em todos os níveis de atenção.

Assim, embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população idosa seja bastante avançada, a prática ainda é insatisfatória. A vigência do Estatuto do Idoso e seu uso como instrumento para a conquista de direitos dos idosos, a ampliação da Estratégia Saúde da Família que revela a presença de idosos e famílias frágeis e em situação de grande vulnerabilidade social e a inserção, ainda incipiente, das Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso tornaram imperiosa a readequação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI).

Em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da Portaria n. 399/GM, o documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida. Neste documento, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo, sendo apresentada uma série de ações que visam, em última instância, à imple-mentação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso.

A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde do Idoso consiste em recu-perar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, dire-cionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. Essa Política atende a todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade.

São apresentadas, a seguir, as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa:

promoção do envelhecimento ativo e saudável; »

atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; »

estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; »

provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da »pessoa idosa;

estímulo à participação e fortalecimento do controle social; »

formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área »de saúde da pessoa idosa;

divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa »para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;

promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção »à saúde da pessoa idosa;

apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. »

6.2 Lei Orgânica da Assistência e o IdosoA Lei Orgânica da Assistência Social (Lei n. 8.742/LOAS) regulamentou o Benefício

de Prestação Continuada, em 1993, estabelecendo como critério de elegibilidade a renda

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per capita inferior a um quarto do salário mínimo, associada à incapacidade para a vida independente e para o trabalho com relação à pessoa com deficiência e a definição da idade do idoso.

O Benefício de Prestação Continuada é provisão não contributiva da Assistência Social, assegurada pela Constituição Federal, ao estabelecer o campo da seguridade social (Art. 203 e 204).

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família (BRASIL, 1993).

Primeiramente, a lei definia idade a partir de 70 anos, depois a partir de 67 anos (1998), sendo atualmente, a partir de 65 anos (2004), conforme garantido pelo Estatuto do Idoso.

O BPC integra o conjunto de cobertura do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) constituindo, como prestação de transferência de renda, as ofertas da proteção social básica, dada a sua natureza e nível de complexidade. Cumpre objetivos de proteger segmentos em situação de vulnerabilidade, mediante transferência de renda, no valor de um salário mínimo às pessoas idosas e às pessoas com deficiência sem meios de prover a sua sobrevivência. Atende, assim, necessidades fundamentais dos usuários, já que se trata de sua sobrevivência, instituindo o princípio da certeza e da continuidade na assistência social em forma de garantia de renda básica.

Este benefício é financiado com recursos da União alocados no Fundo Nacional de Assistência Social e está sob a coordenação do órgão gestor federal da política de Assistência Social.

Concedido desde 1996, atualmente, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome estima que, em todo o Brasil, são aproximadamente 3 milhões de pessoas atendidas pelo Benefício de Prestação Continuada.

Para ter acesso ao benefício, é necessário que tanto os idosos como as pessoas com deficiência procurem os postos de benefício do INSS – ou órgãos credenciados por ele – e comprovem que a sua renda mensal per capita familiar é inferior a ¼ do salário mínimo. A comprovação de renda será feita mediante a apresentação de documentos por parte de todos os membros da família daquele que solicita o benefício. Caso não existam documentos oficiais de comprovação de renda (como carteira de trabalho, contracheque, carnê de contribuição do INSS, por exemplo), a pessoa que requer o BPC deve fornecer uma declaração assinada por ela mesma.

Outro critério é a comprovação de que o idoso tenha 65 anos de idade ou mais e de que a pessoa com algum tipo de deficiência está incapacitada para o trabalho e para a vida independente, conforme perícia médica do INSS.

Essa política pouco vem contribuindo para a construção da cidadania, pois aqueles que se encontram abaixo da linha de pobreza possuem tantas necessidades básicas não atendidas que um salário-mínimo não basta para lhes garantir uma vida digna. Estudos de Sposati (2000), entre outros, demonstram a insuficiência do nosso salário-mínimo, que apenas contempla uma cesta básica, configurando a linha da indigência e reduzindo as necessidades humanas à alimentação.

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Alguns autores destacam que o grau de seletividade existente na LOAS faz com que muitos idosos não sejam incluídos nos benefícios, seja por estarem fora do patamar de pobreza ou da faixa etária estipulados pelos critérios da lei (65 anos), seja por não terem acesso aos documentos exigidos ou por não se encontrarem na condição de “incapazes para o trabalho”, pois existem várias formas de deficiências que não permitem a inserção nas relações de trabalho.

Os idosos, pela falta de qualificação e/ou pela estigmatização cultural, são, no geral, menos competitivos no mercado de trabalho, o que não deixa de ser uma “inca-pacidade”, pois “os capazes” asseguram a própria sobrevivência.

O assistente social tem uma atuação ativa no que se refere ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), podendo elaborar análise socioeconômica para a concessão do benefício, na revisão bienal do BPC e também quando interposto recurso, ou instau-rado procedimento pelas partes através da Justiça Federal.

Vale ressaltar que o Benefício de Prestação Continuada não é aposentadoria, nem Renda Mensal Vitalícia, também é intransferível, não gerando direito à pensão ou paga-mento de resíduo a herdeiros sucessores, por isso deve ser revisto a cada dois anos (LOAS, Artigo 21), a fim de que seja avaliada a continuidade das condições que lhe deram origem.

A revisão do BPC tem como objetivo principal da revisão deve-se ao fato de procurar manter sob proteção aqueles que dependem do auxílio para prover sua própria manutenção, não tendo condições de inserção no mercado de trabalho.

Este processo de revisão do BPC é executado exclusivamente por assistentes sociais, devidamente regularizados no CRESS, sendo essencial a realização de visitas nos domicílios dos beneficiários ou nas instituições onde estiveram abrigados.

Inclusive a Secretaria de Estado da Assistência Social – SEAS – indica a priori-dade de contratação de assistentes sociais para esta tarefa, reconhecendo a necessidade de um amplo diagnóstico social que visa caracterizar os níveis de vulnerabilidade do beneficiário. A responsabilidade deste trabalho, normalmente, é atribuída às prefei-turas municipais, por ser este órgão o gestor das ações descentralizadas. Isto posto, a municipalidade tem autonomia para delegar a entidades idôneas onde o profissional desenvolverá o procedimento de revisão.

Na avaliação, o assistente social verifica, junto aos beneficiários, a possibilidade de participação em atividades que possam viabilizar a reabilitação, a qualificação profissional e, consequentemente, as condições que possam remetê-lo à inclusão no mercado de trabalho, tornando-o independente. Portanto, a revisão do BPC em cada cidade deve ser precedida de divulgação por meio das prefeituras, cabendo ainda ao município destacar e treinar assistentes sociais para a função. Posteriormente, as vias originais de todos os instrumentais utilizados deverão ser enviadas à Superintendência do INSS do Estado, com os dados obtidos de cada benefício.

6.3 Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI)O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa foi criado sob o Decreto

n. 4227, de 13 de maio de 2003, com caráter consultivo e sem paridade – a paridade foi dada posteriormente pelo Decreto de n. 4287, de 27 de junho do mesmo ano.

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O Conselho é composto por dez membros da sociedade civil organizada e dez dos órgãos governamentais que têm interface com a Política Nacional dos Idosos.

Trata-se de um órgão colegiado de caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), que tem por finalidade elaborar as diretrizes para a formulação e imple-mentação da Política Nacional do Idoso, observadas as linhas de ação e as diretrizes, conforme dispõe a Lei n. 10.741 (Estatuto do Idoso), de 1º de outubro de 2003, bem como acompanhar e avaliar a sua execução.

Ao CNDI compete:

a) elaborar as diretrizes, instrumentos, normas e prioridades da Política Nacional do Idoso, bem como controlar e fiscalizar as ações de execução;

b) zelar pela aplicação da política nacional de atendimento ao idoso;

c) dar apoio aos Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais dos Direitos do Idoso, aos órgãos estaduais, municipais e entidades não-governa-mentais, para tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos estabele-cidos pelo Estatuto do Idoso;

d) avaliar a política desenvolvida nas esferas estadual, distrital e municipal e a atuação dos conselhos do idoso instituídos nessas áreas de governo;

e) acompanhar o reordenamento institucional, propondo, sempre que necessário, as modificações nas estruturas públicas e privadas destinadas ao atendimento do idoso;

f) apoiar a promoção de campanhas educativas sobre os direitos do idoso, com a indicação das medidas a serem adotadas nos casos de atentados ou violação desses direitos;

g) acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária da União, indicando modificações necessárias à consecução da política formulada para a promoção dos direitos do idoso;

h) elaborar o regimento interno, que será aprovado pelo voto de, no mínimo, dois terços de seus membros, nele definindo a forma de indicação do seu Presidente e Vice-presidente.

Estes Conselhos constituem-se novas formas de participação política no processo de tomada de decisão das políticas sociais. A sociedade civil encontra hoje um espaço significativo de reivindicação e de participação nas diferentes áreas sociais. Os conselhos sociais podem se tornar autênticas arenas de disputa política e ideo-lógica onde se procura dialogar e negociar decisões sobre definições de políticas públicas, alocação de recursos, orientações estratégicas, reivindicações de direitos, fórum de discussões etc.

Para enfrentar o contexto atual brasileiro, os idosos buscam fortalecimento no espaço público gerado pelo movimento social, fóruns e conselhos de idosos, que lhes permitem se posicionarem pela concretização de ideais democráticos, como a conquista de sua cidadania, reinventando sua própria velhice (BREDEMEIREER, 2003).

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Saiba mais

Sugiro que você acesse o site: <http://portal.saude.gov.br/portal>.

Síntese da aula

Nesta aula, tivemos a oportunidade de dar prosseguimento ao estudo das políticas nacionais da área do idoso, com ênfase na política de saúde, no Benefício de Prestação Continuada e no Conselho Nacional do Idoso. Explicamos que toda política de atendi-mento ao idoso deve partir de uma articulação de ações governamentais da União, dos estados e dos municípios, mas que é fundamental a participação dos idosos para que seus direitos se efetivem em sua prática cotidiana.

Atividades

1. Assinale a alternativa correta sobre a finalidade primordial da Política Nacional de Saúde do Idoso.

a) Criar condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colo-cando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que vão envelhecer.

b) Recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indi-víduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.

c) Priorizar o atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores do serviço e apoiar estudos e pesquisas sobre as questões do envelhecimento.

d) Garantir o direito à liberdade, à dignidade, à integridade, à educação, à saúde, a um meio ambiente de qualidade, entre outros direitos fundamentais (indivi-duais, sociais, difusos e coletivos), cabendo ao Estado, à sociedade e à família a responsabilidade pela proteção e garantia desses direitos.

2. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso no que se refere às diretrizes da Política Nacional de Saúde do Idoso.

( ) Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa.

( ) Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS.

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( ) Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades pelo critério de idade.

( ) Estímulo à participação e fortalecimento do controle social.

Agora, assinale a alternativa com a ordem correta das respostas.

a) F, F, V, F c) V, V, F, V

b) F, V, F, V d) V, F, V, V

3. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais e que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Comente se, na sua opinião, o valor do BPC possibilita o provimento e a subsistência dos idosos no contexto atual brasileiro.

4. Sobre o Benefício de Prestação Continuada, assinale a alternativa correta.

a) O Benefício de Prestação Continuada não é aposentadoria, nem renda mensal vitalícia, também é intransferível, não gerando direito à pensão ou pagamento de resíduo a herdeiros sucessores.

b) É concedido a deficientes e idosos com idade acima de 55 anos.

c) Não há necessidade de comprovação de renda, bastando para tal apresentar carteira de identidade que comprove sua idade.

d) É custeado com recursos da Previdência Social, a exemplo da aposentadoria.

5. Assinale a alternativa incorreta sobre as atribuições do assistente social no Benefício de Prestação Continuada.

a) Efetuar a revisão do BPC com objetivo de procurar manter sob proteção aqueles que dependem do auxílio para prover sua própria manutenção, não tendo condições de inserção no mercado de trabalho.

b) O assistente social tem uma atuação ativa no que se refere ao Benefício de Prestação Continuada, podendo elaborar análise socioeconômica para a concessão do benefício.

c) Fazer visita domiciliar na casa do idoso que está solicitando BPC para averi-guar se ele não está mentindo com relação ao número de pessoas que moram na sua casa.

d) O assistente social verifica, junto aos beneficiários, a possibilidade de partici-pação em atividades que possam viabilizar a reabilitação, a qualificação profis-sional e, consequentemente, as condições que possam remetê-lo à inclusão no mercado de trabalho, tornando-o independente.

6. O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa é um órgão colegiado de caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR). Assinale a alternativa correta com relação a sua finalidade.

a) Elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da Política Nacional do Idoso.

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b) Fornecer subsídios sobre o processo de envelhecimento no Brasil para oPresidentedaRepública.

c) Facilitaroacessodosidososnosgruposdeconvivênciaexistentesnosmunicí-piosbrasileiros.

d) Propiciar dados estatísticos sobre a situação dos idosos na sociedadebrasileira.

7. Osconselhossociaispodemsetornarautênticasarenasdedisputapolíticaeideo-lógicaondeseprocuradialogarenegociardecisõessobredefiniçõesdepolíticaspúblicas,alocaçãoderecursos,orientaçõesestratégicas,reivindicaçõesdedireitos,fórumdediscussõesetc.Façaumbrevecomentáriosobreoassunto.

Comentário das atividades

Naatividade 1, vocêacertouseassinalouaalternativa(b),porqueafinalidadeprimordialdaPolíticaNacionaldaSaúdedoidosoérecuperar,manterepromoveraautonomiaeaindependênciadosindivíduosidosos.Asdemaisalternativasdizemrespeitoaoutraspolíticas.

Na atividade 2, constituem-se questões verdadeiras: o provimento de recursoscapazesdeassegurarqualidadedaatençãoàsaúdedapessoaidosa;adivulgaçãoeinformaçãosobreaPolíticaNacionaldeSaúdedaPessoaIdosaparaprofissionaisdesaúde,gestoreseusuáriosdoSUS;eoestímuloàparticipaçãoe fortalecimentodocontrolesocial.Destaforma,aalternativacorretaéa(c).

Naatividade 3,afirmamosque:obenefíciodeprestaçãocontinuadaéagarantiade1(um)saláriomínimomensalàpessoaportadoradedeficiênciaeaoidosocom65(sessentaecinco)anosoumaisequecomprovenãopossuirmeiosdeproveraprópriamanutençãoenemdetê-laprovidaporsuafamília.SolicitamosquevocêcomentasseseovalordoBPCpossibilitaoprovimentoeasubsistênciadosidososnocontextoatualbrasileiro.Paraefetuarestecomentário,énecessárioquevocêfaçaumareflexãodarealidadesocialbrasileira(asaulasedisciplinasministradasaolongodocursopossi-bilitaramsubsídiosparaestetrabalho)nosentidodoavaliarqueovalordeR$460,00nãopermiteoacessoeaprovisãodasnecessidadesbásicasdosidosos,principalmentese considerarmos que amaioria dos idosos apresenta doenças crônico-degenerativasqueexigemumelevadogastomensalcommedicamento.Orestantenãoésuficienteparacobrirasdemaisdespesascomalimentação,moradia,etc.

Naatividade 4,procuramosressaltarqueoBenefíciodePrestaçãoContinuadanãoéaposentadoria,nemrendamensalvitalícia,tambéméintransferível,nãogerandodireitoàpensãooupagamentoderesíduoaherdeirossucessores.Asdemaisalterna-tivasestãoerradas,poisparaacessarobenefício,énecessáriocomprovaçãoderenda;oreferidobenefícioéfinanciadopeloFundoNacionaldeAssistênciaSocialesomenteéconcedidoparapessoasacimade65anosdeidade.Aalternativacorretaé(a).

Na atividade 5, sobreoBenefíciodePrestaçãoContinuada,constitui-sealterna-tivaincorretaaletra(c),poisaassistentesocialnãofazvisitadomiciliarnacasado

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idoso que está solicitando BPC para averiguar se ele não está mentindo com relação ao número de pessoas que moram na sua casa, mas sim para revisar o BPC de dois em dois anos, com o intuito de procurar manter sob proteção aqueles que dependem do auxílio para prover sua própria manutenção, não tendo condições de inserção no mercado de trabalho.

A atividade 6 refere-se ao Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa como órgão colegiado de caráter deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR). A alterna-tiva correta com relação a sua finalidade é elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da política nacional do idoso, portanto é a letra (a).

Na atividade 7, solicitamos que você fizesse um breve comentário sobre a afirmação: “Os conselhos sociais podem se tornar autênticas arenas de disputa política e ideoló-gica onde se procura dialogar e negociar decisões sobre definições de políticas públicas, alocação de recursos, orientações estratégicas, reivindicações de direitos, fórum de discussões etc.”. Cabe ressaltar que nestes conselhos, é importante diferentes agentes sociais em movimento, no sentido de compreender e (re)definir posicionamentos acerca da realidade conjuntural e estrutural do idoso no Brasil como forma de construir uma nova etapa de afirmação dos direitos e cidadania plena em nosso Estado e país.

Referências

BORGES, C. M. M. Gestão participativa em organizações de idosos: instrumento para a promoção da cidadania. In: FREITAS, E. V. de et al. Tratado de geriatria e geron-tologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 2002. Cap. 124, p. 1037-1041.

BRASIL. Decreto n. 1.948, de 3 de julho de 1996, que regulamenta a Lei 8.842, sancio-nada em 4 de janeiro de 1994, a qual dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências.

______. Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social, que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências.

BREDEMEIREER, S. M. L. Conselho do idoso como espaço público. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, ano XXIV, n. 75, p. 84-102, 2003.

GOLDMAN, S. N. As dimensões sociopolíticas do envelhecimento. In: PY, L. et al. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. Rio de Janeiro: Nau, 2004. Cap. 3, p. 61-81.

GOMES, A. L. O Benefício da Prestação Continuada: uma trajetória de retrocessos e limites – construindo possibilidades de avanços? In: Seminário Internacional: mínimos de cidadania e benefícios a idosos e pessoas deficientes. Brasil, França. São Paulo: FAPESP, p. 60-79, 2002.

SPOSATI, A. Pobreza e cidadania no Brasil contemporâneo. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 63, p. 45-61, Jul. 2000.

______. Proteção social de cidadania: inclusão de idosos e pessoas com deficiência no Brasil, França e Portugal. São Paulo, Cortez, ano XXIV, n. 75, p. 5-18, 2003.

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Na próxima aula

Em nossa sétima e última aula, vamos estudar a contribuição do Serviço Social na produção e no redimensionamento do conhecimento teórico-prático da política dos idosos.

Anotações

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

identificar os aspectos que envolvem a situação social dos »idosos no Brasil, com ênfase na questão da violência;

compreender os espaços de intervenção do assistente social »junto ao idoso.

Pré-requisitos

Para que você acompanhe a discussão, é necessário que se inte-resse em conhecer as principais formas de violência a que está sujeito o idoso, e os espaços de intervenção do assistente social.

Introdução

Os idosos procuram no assistente social o profissional capaz de orientá-los para que possam se apropriar de informações que os possibilitem usufruírem da vida em sociedade. Nessa perspec-tiva, o assistente social é um profissional competente para atuar no processo de envelhecimento, desenvolvendo atividades profissionais dirigidas aos idosos e seus familiares, assessorando conselheiros e a comunidade em geral.

Serviço Social: contribuição no conhecimento teórico-prático da política do idoso

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7.1 A violência à pessoa idosaDentre todos os aspectos que envolvem o envelhecimento e que demandam a atuação

do assistente social, a violência ao idoso requer atenção especial no sentido de uma melhor compreensão deste fenômeno social que vem ocorrendo no Brasil e no mundo.

A questão da negligência e dos maus tratos contra idosos não é um fenômeno novo, no entanto, apenas nas últimas duas décadas é que esse problema começou a despertar o interesse da comunidade científica.

Dados de pesquisa recente da Universidade Católica de Brasília realizada nas prin-cipais capitais do país (divulgada pelo Jornal O Liberal) indicam que 12% da popu-lação idosa do país sofrem algum tipo de violência. Somente em 2005 foram registradas mais de 60 mil denúncias de violência contra idosos nas 27 capitais do país. Desse total, quase 16 mil casos ocorreram dentro de casa. Essa pesquisa, coordenada pelo professor e assistente social Vicente Faleiros, demonstra, também, que 60% das agres-sões são contra as mulheres e 54% dos agressores são os filhos (do sexo masculino). O alto índice de violência familiar contra idosos indica uma problemática que, pelo fato de se desenvolver no ambiente privado/doméstico, revela um enfrentamento muito complexo. E na esfera pública, lamentavelmente, os dados não são animadores.

Minayo (2003) aponta que existem três formas pelas quais a violência contra os idosos se manifesta:

a) estrutural: decorrente dos fenômenos de desigualdade social e econômica;

b) interpessoal: que se desenvolve no âmbito das relações entre as pessoas no cotidiano;

c) institucional: oriunda das discriminações na aplicação ou na omissão de práticas institucionais públicas ou assistenciais.

Uma expressão relevante da violência institucional ocorre nas relações e formas de tratamento que as entidades (asilos e clínicas) de longa permanência mantêm com os idosos. Hoje, há no país mais de 2% da população idosa internada em asilos e clínicas. Em muitas dessas instituições, as pessoas são maltratadas, despersonalizadas, desti-tuídas de qualquer poder e vontade, faltando-lhes alimentação, higiene e cuidados médicos adequados. Idosos são vistos, em muitos casos, como ocupantes de um leito. Infelizmente, embora seja um problema público e notório, os desmandos das clínicas e asilos não estão devidamente dimensionados, pois faltam investigações sobre a magni-tude e a complexidade do fenômeno. Assim como falta a devida fiscalização, monito-ramento e avaliação dessas instituições pelos poderes públicos competentes.

Segundo o documento da Política Nacional de Redução de Acidentes e Violências do Ministério da Saúde (2001), são consideradas violências contra o idoso:

abuso físico, maus tratos físicos ou violência física » : são expressões que se referem ao uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte;

abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos » : corres-pondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social;

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abuso sexual, violência sexual » : são termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de alicia-mento, violência física ou ameaças;

abandono » : é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção;

negligência » : refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negli-gência é uma das formas de violência contra os idosos mais presente no país. Ela se manifesta, frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encon-tram em situação de múltipla dependência ou incapacidade;

abuso financeiro e econômico » : consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimo-niais. Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar. Entretanto não é apenas no interior das famílias que se cometem abusos econômicos e financeiros contra idosos. Eles estão presentes também nas relações do próprio Estado, frustrando expectativa de direitos ou se omitindo na garantia dos mesmos, nos trâmites de aposentadorias e pensões e, sobretudo, nas demoras de concessão ou correção de benefícios devidos. Assim como são praticados por empresas, sobretudo, por bancos e lojas. E os campeões das queixas dos idosos são os planos de saúde por aumentos abusivos e por negativas de finan-ciamento de determinados serviços essenciais. Os idosos são vítimas também de estelionatários e de várias modalidades de crimes cometidos por inescrupu-losos que tripudiam sobre sua vulnerabilidade física e econômica em agências bancárias, caixas eletrônicas, lojas, ruas e transportes;

autonegligência » : diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesma.

As violências e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de pessoas idosas no Brasil, ocupando o sexto lugar na mortalidade, depois das doenças do aparelho circula-tório, das neoplasias, das enfermidades respiratórias, digestivas e endócrinas. Morrem cerca de 13.000 idosos por acidentes e violências por ano, significando, por dia, uma média de 35 óbitos, dos quais 66% são de homens e 34%, de mulheres.

Constituem-se duas causas básicas de morte: os acidentes de transportes e as quedas; estas últimas podem ser atribuídas a vários fatores: fragilidade física, uso de medicamentos que costumam provocar algum tipo de alteração no equilíbrio, na visão, ou estão associadas à presença de enfermidades como osteoporose. No entanto, esses problemas costumam também ser fruto da omissão e de negligências quanto à assis-tência devida nas casas, nas instituições e nas comunidades em que os idosos vivem. As mortes, as lesões e os traumas provocados pelos meios de transporte e pelas quedas dificilmente podem ser atribuídos apenas a causas acidentais. Pelo contrário, precisam ser incluídos em qualquer política pública que busque superar as violências cometidas contra idosos.

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Outra causa de morte são os homicídios, sendo que cerca de 10% dos idosos morrem por este tipo de violência, na maioria dos casos, homens. Também são elevadas as taxas de suicídio (7/100.000), duas vezes a média brasileira. Como nos homicídios, os homens se suicidam mais que as mulheres.

No Brasil, as informações sobre doenças, lesões e traumas provocadas por causas violentas em idosos ainda são pouco consistentes, fato observado também na literatura internacional que ressalta uma elevada subnotificação em todo o mundo. Pesquisadores chegam a estimar que 70% das lesões e traumas sofridos pelos idosos não comparecem às estatísticas. No Brasil, há cerca de 93.000 idosos que se internam por ano por causa de quedas (53%), violências e agressões (27%) e acidentes de trânsito (20%).

As quedas são o principal tipo de agravo que leva à internação desse grupo popula-cional e o mais importante motivo pelo qual os idosos procuram os serviços de emergência. Frequentemente, as lesões e os traumas provocados por quedas em pessoas idosas, ocorrem em casa, entre o quarto e o banheiro; ou nas vias públicas, nas travessias, ao subirem nos ônibus ou ao se locomoverem dentro deles. A elevada relação entre mortes e lesões também costuma ser uma expressão de vários tipos concomitantes de maus tratos.

Para a abordagem e redução dos abusos e violências contra as pessoas idosas, é necessário um atuação multisetorial e multidisciplinar, em que participem os profissio-nais da justiça e dos direitos humanos, segurança pública, profissionais da saúde, da assistência, instituições religiosas, organizações e associações de idosos, poder legisla-tivo e tantos outros atores e protagonistas sociais.

A dificuldade para definir e reconhecer a violência contra a pessoa idosa não deve ser obstáculo para continuar investigando e intervindo. O conhecimento das manifes-tações dos diferentes tipos de violência é crucial para a intervenção. A avaliação deve ser completa e realizada por um ou vários membros da equipe multidisciplinar que, entre outras habilidades, deve estar preparado para a entrevista e a avaliação.

Segundo Minayo (2003), todas as formas de violência precisam ser enfrentadas. O maior antídoto contra a violência é a ampliação da inclusão na cidadania.

Como prevê o Estatuto do Idoso, todas as formas de aumentar o respeito, todas as políticas públicas voltadas para sua proteção, cuidado e qualidade de vida precisam considerar a participação dos idosos, grupo social que desponta como ator funda-mental na trama das organizações social do século XXI.

7.2 O papel do profissional de Serviço Social nas políticas de atendimento ao idoso

Construir estratégias para preservar a qualidade de vida e a saúde da população idosa é um dos grandes desafios que os profissionais que atuam na área do envelheci-mento enfrentam cotidianamente.

A intervenção do assistente social reafirma seu reconhecimento em ações desen-volvidas na garantia do acesso aos direitos sociais, na explicitação da condição de vida dos idosos, na visibilidade do modo como esta população é reconhecida pela sociedade. Ganha força também a ação e o trabalho voltado ao fortalecimento do papel político

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desse segmento, no qual os próprios idosos são estimulados a reivindicar seus direitos, construindo alternativas para a explicitação de necessidades e a garantia da busca por resoluções que respondam as necessidades. Ao mesmo tempo, estimula as ações que visam a autonomia, a preservação das habilidades e potencialidades pessoais, a possi-bilidade de decidir sobre as formas que devem manter a convivência sociofamiliar.

Para tanto é necessário que o profissional seja capaz de realizar uma leitura analí-tica da conjuntura local, regional e nacional, tomando como referência as políticas públicas e a legislação social.

O assistente social deve atuar, sempre que possível, com os demais profissionais, numa ação interdisciplinar que congregue esforços no seu fazer cotidiano e na aliança de parceiros para a consolidação dos direitos dos idosos, principalmente os da seguri-dade social: saúde, previdência e assistência social. São importantes, também, ações profissionais na esfera da educação, não só para os idosos, mas para todas as gerações, para que aprendam a conhecer e a respeitar os idosos, para que estabeleçam laços sociais de intercâmbio e para que se preparem para a velhice.

Goldman (2006) destaca que o campo profissional de atendimento à população idosa é bastante amplo com tendências de ascensão a curto, médio e longo prazos, devido ao aumento demográfico e às demandas crescentes de produtos e de serviços. Estas emergem de acordo com a realidade social e histórica.

Na área da saúde, o profissional pode atuar em hospitais, da rede pública e privada, nos postos de saúde, em instituições asilares, nas campanhas comunitárias de vaci-nação, de prevenção de doenças, na prevenção de quedas, no acompanhamento domici-liar, na informação junto à família, na formulação de políticas de saúde, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos usuários de saúde, que contemplem as demandas dos idosos.

No que se refere à previdência social, o assistente social pode atuar nos Postos de Atendimento, orientando e viabilizando o usufruto dos direitos previdenciários; em todos os locais de atendimento aos idosos, esclarecendo direitos e informando aos usuários quanto aos benefícios da Previdência, nas campanhas comunitárias de esclarecimento, na formulação da política previdenciária, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos aposentados e pensionistas e outras atividades.

O profissional desta área pode atuar em todas as esferas relacionadas à assistência social nas instituições estatais, nas organizações sociais privadas, nas comunidades, em todos os espaços que congregam idosos e seus familiares para orientação, prestação de serviços e, especificamente, sobre o Benefício da Prestação Continuada. É possível ainda participar da formulação de políticas da área, da assessoria, consultoria e orien-tação aos movimentos dos usuários da Assistência Social, dos Conselhos da Assistência em todos os âmbitos, além de outras atividades.

Na área da educação, o assistente social pode atuar nos espaços educativos desti-nados aos idosos, como as Universidades para a Terceira Idade, as escolas para idosos, os grupos de convivência, os centros-dia, as entidades de cultura e lazer, as asso-ciações de moradores de bairros e das comunidades, as associações de aposentados e pensionistas, para compartilhar das equipes interprofissionais de experiências de educação social e política, que envolvam e preparem os idosos para o exercício pleno

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da cidadania enquanto sujeitos. Campanhas educativas em todas as áreas, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os transportes, para a inserção nos espaços sócio-políticos, como os fóruns, conselhos e associações de idosos, aposentados e pensionistas. Há que se pensar, também, em programas educativos que possibilitem a construção de uma sociedade pautada na solidariedade entre as gerações para diminuir o preconceito que os jovens têm dos idosos e vice-versa.

A educação para a cidadania amplia a ação do Serviço Social em programas diri-gidos aos idosos. Há que se atentar para as demandas que emergirão, certamente, coti-dianamente. Mas o Serviço Social terá espaço de participação desde que sua atuação seja comprometida com a cidadania dos idosos, seja competente e crítica, rumo a um mundo em que a justiça social se faça presente não só para os idosos, e sim para toda a sociedade brasileira.

Para Guerra (2000), é necessário que o profissional de Serviço Social utilize a mediação, como a capacidade de articular as dimensões técnico-instrumental, teóri-co-intelectual, ético-política e formativa, e consiga traduzi-las em respostas profis-sionais com referenciais técnicos, teóricos, valorativos e políticos. Estas respostas são oriundas das escolhas feitas pelo profissional quanto aos meios, resultados e consequências que espera de suas ações, ou seja, elas estão diretamente relacionadas à finalidade de seu projeto sócio-profissional.

Na prática, o assistente social tem assumido papel decisivo nos Conselhos de Direito, incluindo dos idosos, ampliando sua responsabilidade para a formulação, gestão e avaliação da política pública em seu âmbito de atuação (estadual ou muni-cipal). Nesse sentido, tem colaborado para o processo de capacitação coletiva dos seus membros à medida que procura refletir a respeito das legislações referentes aos idosos, da administração destas políticas públicas, dos direitos sociais, bem como das estraté-gias de planejamento, além dos aspectos relacionados ao seu financiamento. Conhecer as legislações e as dificuldades para implementá-las é fator imprescindível para poder trabalhar na ótica dos direitos, em qualquer área.

Articulado com as demais representações sociais nos Conselhos de Direito dos idosos, o assistente social amplia seus espaços, sua interlocução e favorece a expansão da cidadania, como forma de influir decisivamente nas ações do governo e no controle da vida social.

Saiba mais

Para saber mais sobre violência contra idosos, acesse os seguintes sites:

<http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_eixos/3.pdf>;

Portal do envelhecimento – <http://www.pucsp.br/portaldoenvelhecimento>;

Portal especializado na Terceira Idade – <http://www.deidade.com.br>;

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – <http://www.sbgg.org.br>;

Associação Nacional de Gerontologia – <http://www.ang.org.br/>.

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Síntese da aula

Nesta aula, tivemos a oportunidade de estudar a violência contra no idoso no Brasil enquanto recorte da prática do assistente social. Conforme o que foi estudado, a violência contra idosos ocorrem pela desigualdade social e é naturalizada nas mani-festações de pobreza, de miséria e de discriminação.

Para finalizar o conteúdo desta disciplina, foram abordadas outras possibilidades de intervenção do Serviço Social na área do envelhecimento, principalmente no que se refere à atuação voltada para ampliação e garantia de direitos sociais, bem como para a melhoria da qualidade de vida dos idosos no Brasil.

Atividades

1. Minayo aponta três formas pelas quais a violência contra os idosos se manifesta. Assinale a alternativa correta.

a) Conjuntural – decorrente do contexto nacional; estrutural – decorrente dos fenômenos de exclusão; social – decorrente das relações que ele estabelece com a família.

b) Estrutural – decorrente dos fenômenos de desigualdade social e econômica; interpessoal – a que se desenvolve no âmbito das relações entre as pessoas no cotidiano; institucional – oriunda das discriminações na aplicação ou na omissão de práticas institucionais públicas ou assistenciais.

c) Psicológico – que decorre dos aspectos emocionais do paciente; familiar – que se processa no seio da família; funcional – definida pela sua condição no mercado de trabalho.

d) Estrutural – decorrente dos fenômenos de desigualdade social e econômica; psicológico – que decorre dos aspectos emocionais do paciente; conjuntural – decorrente do contexto nacional.

2. Segundo o documento da Política Nacional de Redução de Acidentes e Violências do Ministério da Saúde elaborado, são consideradas violências contra o idoso:

a) Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física; abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos; abuso sexual, violência sexual; aban-dono; negligência; abuso financeiro e econômico e autonegligência.

b) Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física; abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos.

c) Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos; abuso sexual, violência sexual; abandono; negligência; abuso financeiro e econômico e autonegligência.

d) Abandono; negligência; abuso financeiro e econômico e autonegligência.

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3. Sobre a violência ao idoso no Brasil, assinale a alternativa incorreta.

a) No Brasil, as informações sobre doenças, lesões e traumas provocadas por causas violentas em idosos ainda são pouco consistentes.

b) Duas causas básicas de morte são comuns: os acidentes de transportes e as quedas; estas últimas podem ser atribuídas a vários fatores: fragilidade física, uso de medicamentos que costumam provocar algum tipo de alteração no equilíbrio, na visão, ou estão associadas à presença de enfermidades como osteoporose.

c) Morrem cerca de 13.000 idosos por acidentes e violências por ano, signifi-cando, por dia, uma média de 35 óbitos, dos quais 66% são de homens e 34%, de mulheres.

d) A condição socioeconômica é fator exclusivo para que o idoso sofra violência no Brasil.

4. Uma assistente social trabalha em um município de 10.000 habitantes no interior de Minas Gerais, onde existem 20 grupos de convivência para idosos que recebem uma verba mensal da Secretaria Municipal de Assistência. No seu entendimento, que ações o assistente social pode desenvolver para contribuir para a garantia de acesso aos seus direitos sociais?

5. Segundo Goldman, o campo profissional do Serviço Social no atendimento à popu-lação idosa pode ocorrer em que áreas?

a) Saúde, educação e previdência.

b) Saúde, previdência e assistência.

c) Saúde, previdência, educação e assistência social.

d) Saúde e nos asilos.

6. Sobre a atuação do assistente social nos Conselhos de Direito, assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso.

I. O assistente social tem assumido papel decisivo nos Conselhos de Direitos incluindo dos Idosos, ampliando sua responsabilidade para a formulação, gestão e avaliação da política pública em seu âmbito de atuação (estadual ou municipal).

II. Tem colaborado para o processo de capacitação coletiva dos seus membros à medida que procura refletir a respeito das legislações referentes aos idosos, da administração destas políticas públicas, dos direitos sociais, bem como das estratégias de planejamento, além dos aspectos relacionados ao seu financiamento.

III. Articulado com as demais representações sociais nos Conselhos de Direito dos idosos, o assistente social amplia seus espaços, sua interlocução e favorece a expansão da cidadania.

IV. Seu papel é de desenvolver campanhas educativas em todas as áreas, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os transportes, para a inserção

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nos espaços sócio-políticos, como os fóruns, conselhos e associações de idosos, aposentados e pensionistas.

Agora, assinale a alternativa com a ordem correta.

a) F, F, V, F c) V, F, V, F

b) V, V, V, F d) F, F, F, V

7. O texto aponta para dois pontos fundamentais no trabalho desenvolvido junto aos idosos e aos Conselhos de Direito. Conhecer as legislações e as dificuldades para implementá-las é fator imprescindível para poder trabalhar na ótica dos direitos e realizar uma leitura analítica da conjuntura local, regional e nacional, tomando como referência as políticas públicas. Faça um breve comentário sobre estas afirmações.

Comentário das atividades

Na atividade 1, você acertou se assinalou a alternativa (b), pois segundo Minayo, há três formas pelas quais a violência contra os idosos se manifesta, quais sejam: estru-tural – decorrente dos fenômenos de desigualdade social e econômica; interpessoal; – a que se desenvolve no âmbito das relações entre as pessoas no cotidiano; e institucional – oriunda das discriminações na aplicação ou na omissão de práticas institucionais públicas ou assistenciais.

Na atividade 2, são consideradas violências contra o idoso: o abuso físico, maus tratos físicos ou violência física; o abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psico-lógicos; o abuso sexual, violência sexual; Abandono; a negligência; o abuso financeiro e econômico e auto-negligência. Portanto, você acertou se assinalou a alternativa (a).

No que se refere à atividade 3, a única alternativa incorreta é que a condição socio-econômica é fator exclusivo para que o idoso sofra violência no Brasil. Na realidade, neste processo concorre uma série de fatores: emocionais, condições de vida, valores familiares, etc. Desta forma, você acertou se assinalou a questão (d).

O propósito da atividade 4 é fazer você refletir sobre as possibilidades de ação do assistente social junto a grupos de convivência num pequeno município. Vale destacar que uma das possibilidades é favorecer a reflexão dos idosos sobre seus direitos e espaços de participação na comunidade. Normalmente, os idosos nestes grupos desen-volvem atividades manuais e interagem em grupo, e o assistente social pode introduzir discussões sobre benefícios previdenciários, sobre saúde na terceira idade, sobre a violência, etc., de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida e saúde dos mesmos. Importante também é criar espaços de reflexão sobre a política do idoso adotada no município, com o objetivo de garantir a participação destes nas ações da prefeitura, seja reivindicando direitos, ampliando as ações e os recursos a partir dos interesses e necessidades dos idosos.

Na atividade 5, você acertou se assinalou a alternativa (c), pois Goldman apre-senta como campo profissional do Serviço Social no atendimento à população idosa: saúde, previdência, educação e assistência social.

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Na atividade 6, as assertivas I, II e III são verdadeiras e a IV é falsa, pois o papel de desenvolver campanhas educativas em todas as áreas, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os transportes, para a inserção nos espaços sociopolí-ticos, como os fóruns, conselhos e associações de idosos, aposentados e pensionistas, pode ser desenvolvido em qualquer área de atuação junto ao idoso e não especifica-mente nos conselhos de direito. Portanto, a alternativa (b) é a correta.

Na atividade 7, foi solicitado um breve comentário sobre as afirmações: conhecer as legislações e as dificuldades para implementá-las é fator imprescindível para poder trabalhar na ótica dos direitos e realizar uma leitura analítica da conjuntura local, regional e nacional, tomando como referência as políticas públicas. É importante que você reflita que, em qualquer área de atuação, é fundamental que o profissional tenha compreensão das leis que asseguram direitos e responsabilidades. É necessário sempre uma leitura crítica do contexto no qual está inserido e das inter-relações entre a polí-tica local, estadual e federal.

Para propor novas ações, é necessário o conhecimento das necessidades locais e das possibilidades financeiras, seja da instituição no qual está inserido, seja na prefei-tura a qual ele está subordinado.

Referências

CALDAS, C. P. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas da família. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 19, p. 773-781, maio/jun. 2003.

FONSECA, Maria Mesquita da; GONÇALVES, Hebe Signorini. Violência contra o idoso: suportes legais para a intervenção. Revista Interação em Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, n. 7 p. 121-128, 2003.

GOLDMAN, Sara Nigri. Envelhecimento e ação profissional do assistente social. Caderno Especial n. 8: o Serviço Social e a questão do envelhecimento, Niterói, fev. 2005.

GROSSI, Patrícia Krieger; SOUZA, Mozara dos Reis de. Os idosos e a violência invi-sibilizada na família. Textos & Contextos, Porto Alegre, n. 2, dez. 2003.

GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade no trabalho do assistente social. In: Capacitação em Serviço Social e política social: Módulo 4: O trabalho do assistente social e as polí-ticas sociais. Brasilía: UnB/CEAD, 2000.

LIMA, Costal M. F.; VERASIL, R. Saúde pública e envelhecimento. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 19, p. 783-791, 2003.

MACHADO, L.; QUEIROZ, Z. V. Negligência e maus tratos. In: FREITAS, E. V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 1152-1159.

MINAYO, M. C. S. Violência contra idosos: relevância para um velho problema. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 19, p. 783-791, jun. 2003.

______. Violência contra idosos: o avesso do respeito à experiência e à sabedoria. Cartilha da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. 2. ed. São Paulo: Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, 2005.

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MINAYO, M. C. S. Violência e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde, 2005.

______. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência. Secretaria de Políticas de Saúde, PT/GM/MS N. 737/2001.

NÉRI, A. L. (Org.). Maturidade e velhice: trajetórias individuais e socioculturais. Campinas: Papirus, 2001.

O LIBERAL. Violência atinge 12% dos idosos do Brasil. Belém, 14 de junho de 2007. Disponível em: <pfdc.pgr.mpf.gov.br/clipping/junho/violencia-atinge-12-dos-idosos-do-brasil/>. Acesso em: 10 nov. 2009.

SANTOS, A. C. P. O. et al. A construção da violência contra idosos. Revista Brasileira Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, n. 10, 2007.

Anotações

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Conclusão da disciplina

Nesta disciplina, tivemos a oportunidade de estudar sobre a questão social do idoso no Brasil: os aspectos demográficos do envelhecimento, o processo de envelhecimento, o comportamento humano e o psiquismo, a constituição social do sujeito, as leis e as políti-cas públicas que regem os direitos dos idosos no Brasil. Por fim, estudamos a atuação do assistente social na área do idoso, enquanto espaço de conquista e ampliação de direitos. Para tanto, destacou-se a importância da compreensão do fenômeno do envelhecimento em função do aumento acentuado da expectativa de vida da população como um todo, especialmente no Brasil. Ótima trajetória profissional para você!

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Anotações

Pesquisa Social II

Maria de Lourdes da Silva Leite Basto

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Apresentação

EQUIPE UNIVALI

Coordenação Geral Pró-Reitoria de Ensino – Gerência de Ensino e AvaliaçãoÁrea: Educação a Distância

Coordenação de Curso Maria de Lourdes da Silva Leite Basto

Coordenação Técnica e Logística Jeane Cristina de Oliveira Cardoso

Conteudista Maria de Lourdes da Silva Leite Basto

Revisão Linguístico-Textual Simone Regina Dias

Revisão de Conteúdos Maria de Lourdes da Silva Leite Basto

EQUIPE EADCON

Coordenador Editorial William Marlos da Costa

Assistentes de EdiçãoCristiane Marthendal de OliveiraJaqueline NascimentoLisiane Marcele dos SantosSilvia Milena BernsdorfThaisa Socher

Projeto Gráfico e Capa Bruna Maria Cantador

Programação Visual e Diagramação Ana Lúcia Ehler RodriguesBruna Maria CantadorDenise Pires PierinKátia Cristina Oliveira dos SantosSandro Niemicz

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Apresentação

Pensar a pesquisa sob um olhar contemporâneo é considerar as especificidades das ciências humanas e sociais em detrimento das ciências naturais, ou seja, é considerar que a objetividade que marca a investigação dos fenômenos naturais não se aplica aos fenômenos humanos e sociais. Ao concebermos essa “nova” forma de fazer ciência, devemos ter claro que nosso olhar como pesquisador deve contemplar a subjetividade humana, ou seja, a teia social na qual se encontra inserido um sujeito que se cons-titui na relação com os outros sujeitos que tecem suas histórias, assumindo a autonomia de transformá-la.

Nesse contexto, o olhar investigativo do Assistente Social frente à realidade social deve contemplar esses aspectos, prin-cipalmente em função de que toda e qualquer ação deve vir precedida de uma etapa de conhecimento da realidade com o intuito de identificar as principais demandas, garantindo, dessa forma, que o foco esteja devidamente delimitado.

Sendo assim, de acordo com Setúbal (2007), a pesquisa não visa apenas cumprir exigências institucionais de ordem acadê-mica, mas também para cumprir exigências do Serviço Social como profissão historicamente situada e pautada pelo compro-misso político-profissional e ético-político do Assistente Social.

Nessa perspectiva, o olhar do pesquisador deve contem-plar a visão de Ser Social, ou seja, deve estar imbuída de uma visão de homem e de mundo que interferirá na forma como se estabelecerá a relação sujeito-objeto no processo investigativo.

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É pautada nessa discussão que se insere nossa disciplina de Pesquisa Social II,a partir da utilização das diferentes abordagens previstas no processo investiga-tivo, seja a quantitativa, a qualitativa ou uma mescla das duas. Ao final dessa disciplina, você também deve estar apto a elaborar um projeto de pesquisa a partir dos elementos que o compõem, bem como compreender a importância da socialização do conhecimento e da publicação científica no campo do conheci-mento e prática do Serviço Social.

Um grande abraço!

A autora.

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Plano de ensino

EmentaA abordagem quantitativa e qualitativa. Os elementos constitutivos do

projeto de pesquisa. O relatório. Socialização do conhecimento – publicação científica.

ObjetivosConhecer os pressupostos teóricos das abordagens quantitativa e quali- »tativa na pesquisa.

Apreender os elementos constitutivos do projeto de pesquisa. »

Compreender como se estrutura um relatório de pesquisa. »

Assimilar a importância da sistematização do conhecimento para a »publicação científica.

Conteúdo programáticoA abordagem quantitativa »

A abordagem qualitativa »

Os elementos constitutivos do projeto de pesquisa »

O relatório de pesquisa »

Socialização do conhecimento: publicação científica »

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Bibliografia básicaBRUYNE, P.; HERMAN, J.; SCHORETHEETE, M. Dinâmica da pesquisa em Ciências Sociais: os polos da prática metodológica. Rio de Janeiro: CELATS, 1991.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, M. Andrade Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

______. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

LAVILLE, C., DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; Belo Horizonte: UFMG, 1999.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

Bibliografia complementarCHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1981.

PEREIRA, Júlio César Rodrigues. Análise de dados qualitativos. São Paulo: Edusp Fapesp, 2001.

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A investigação que visa diretamente à essência, ao deixar para trás tudo aquilo que é inessencial, como lastro supér-fluo, lança dúvida quanto a sua própria legitimidade.

Karel Kosik

objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

conhecer os aspectos históricos da abordagem quantitativa; »

compreender as características essenciais da abordagem »quantitativa;

saber quando utilizar a abordagem quantitativa; »

conhecer as vantagens da abordagem quantitativa. »

Pré-requisitos

Para facilitar a apreensão do conteúdo desta aula, é importante que você relembre alguns pontos mais relevantes abordados nas disci-plinas de Metodologia Científica e Pesquisa Social I, pois somente assim avançaremos em termos teóricos e técnicos.

É de suma importância estar atento ao que foi aprendido, pois isso lhe dará um bom suporte para desenvolver e avançar nos conteú-dos desta aula e nas demais que compõem esta disciplina.

A abordagem quantitativa 1

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Introdução

A pesquisa, como processo investigativo de uma dada realidade, requer a definição de variáveis que permitam uma melhor apreensão do fenômeno. Sendo assim, o processo de medição é parte integrante de toda pesquisa, independentemente de seu tipo, da variável estudada ou de sua natureza. Pode-se contar com teorias brilhantes ou estudos que foram perfeitamente construídos, mas se as variáveis envolvidas não puderem ser medidas adequadamente, a pesquisa será um fracasso (BAILEY, 1982, p. 61).

Para Ruiz (2000), as variáveis a serem observadas e medidas diferem-se normal-mente pela facilidade de medi-las. Para algumas, a tarefa de atribuir um valor ou nível parece bem fácil. Exemplo dessas variáveis ou atributos seria o peso de uma pessoa, sua altura, idade, frequência com que algum fenômeno acontece, etc. Ao contrário, para outras variáveis, pode-se ter grande dificuldade ou não ser direta a atribuição de valores ou níveis. Inteligência, raiva, religião e cor dos olhos seriam só alguns exem-plos. As primeiras variáveis são ditas quantitativas e as últimas, qualitativas.

Como aluno de sétimo período, você já está preparado para refletir sobre esses conceitos e estabelecer uma correlação com sua aplicabilidade na pesquisa social e, principalmente, na prática do Assistente Social. Você não está sozinho, já que conta com o apoio dos professores de teleaula e com os webtutores. Vamos começar com força total?

1.1 Breves considerações acerca dos aspectos históricos da abordagem quantitativa

De acordo com Minayo (2000, p. 39), o positivismo constitui a corrente filosófica que ainda atualmente mantém o domínio intelectual no seio das Ciências Sociais e também na relação entre Ciências Sociais, Medicina e Saúde. As teses básicas do posi-tivismo são:

a realidade se constitui essencialmente naquilo que nossos sentidos podem »perceber;

as Ciências Sociais e as Ciências Naturais compartilham de um mesmo funda- »mento lógico e metodológico, elas se distinguem apenas no objeto de estudo;

existe uma distinção fundamental entre fato e valor: a ciência se ocupa do fato »e deve tentar se livrar do valor.

Desde os primórdios dos estudos científicos, a abordagem positivista e lógica era predominante. O método científico exigia sempre comprovações e quantificações, inde-pendente do estudo realizado, pautado numa visão cartesiana – newtoniana.

Para Queirós (2006), o debate ocorrido durante todo o século XX entre pesqui-sadores das áreas de ciências humanas em torno da validade da aplicação do método quantitativo aplicado às ciências humanas e sociais girou em torno do questionamento acerca da possibilidade da vida social humana poder ser investigada por métodos das ciências naturais. De acordo com Langness (1987, p. 203 citado por QUEIRÓS, 2006),

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por anos, membros das então chamadas “ciências duras” argumentaram que as várias ciências sociais não poderiam se tornar ciência de maneira alguma – que o compor-tamento humano era fundamentalmente imprevisível e, consequentemente, o estudo deste não poderia ser igual ao estudo das leis do universo.

Sendo assim, a abordagem quantitativa requer imprimir uma visão realista/obje-tivista da realidade social ao estabelecer uma relação de causa-efeito nos fenômenos objetos de investigação.

Essa tradição objetivista que teve início na primeira metade do século XX, quando mais fortemente se dá a apropriação de certos modelos das ciências físicas e naturais pelas ciências humanas e sociais (GATTI, 2002, p. 46), tem seu valor e por vezes nos coloca um senso crítico desejável. Outras vezes, este “cientificismo” se manifesta num engessamento improdutivo das pesquisas ou, o que é pior, na exclusão dos sujeitos envolvidos dos resultados da pesquisa, como tem ocorrido com as avaliações em larga escala promovidas pelo poder público brasileiro.

Para Santos Filho (2001), duas posições foram assumidas diante da problemá-tica das diferenças metodológicas entre pesquisa científica em ciências humanas e em ciências naturais. A primeira posição, defendida por Comte, Mill e Durkheim, afirmava a ideia de unidade das ciências, portanto a legitimidade do uso do mesmo método em todas as áreas. Já na segunda ótica, da qual foram defensores Dilthey, Rickert, Weber e Husserl, acreditava-se na peculiaridade das ciências sociais e humanas e, portanto, num procedimento metodológico que contemplasse a especifi-cidade dessas ciências.

Segundo Santos Filho (2001), a filosofia positivista de Comte representa uma forte defesa da unidade de todas as ciências, ou seja, as ciências sociais e humanas ficaram associadas às ciências naturais (exatas). Tanto em sua epistemologia como em seus métodos, a hierarquia também se constitui na justificativa do relativo atraso das ciências humanas em comparação com as ciências naturais. O movimento positivista estabeleceu aspectos que ainda hoje estão na base de abordagens contemporâneas da pesquisa em ciências humanas. Primeiro, ao se acreditar em uma unidade da ciência, fica implícito que os objetos sociais e culturais devem ser tratados da mesma forma que os objetos físicos nas ciências exatas.

De acordo com esse ponto de vista, os objetos sociais/culturais – constituídos a partir das interações humanas – assim como os objetos físicos, têm uma existência independente do observador e de seu interesse.

Outra ideia defendida pelos positivistas era a convicção de que a pesquisa social seria uma atividade neutra. O pesquisador não poderia avaliar ou fazer julgamentos, sendo objetivo a ponto de evitar que suas convicções e valores pessoais interferissem no processo da pesquisa.

Bourdon (1989) concebe como característica dos métodos quantitativos a pres-suposição de uma população de objetos de observação comparáveis entre si. Para ele, é evidente que os métodos quantitativos – advindos essencialmente das ciências naturais – possuem suas limitações, mas seria errado considerar que eles, quando aplicados às ciências humanas, possam captar somente os aspectos mais pobres e mais superficiais das sociedades.

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Ainda segundo o autor, os métodos quantitativo-positivistas lidam com a possibi-lidade de estabelecer relações causais entre os fenômenos sociais, pensamento ampla-mente desenvolvido por Durkheim. Em sua percepção, se dois fenômenos variam constantemente juntos e se é possível apresentar argumentos racionais para essa cova-riação, então estaria aí a prova da “causação”.

Sendo assim, a abordagem quantitativa fundamenta-se no princípio da causali-dade (causa e efeito), que busca estabelecer relações entre fenômenos e variáveis, diri-gindo atenção para os caracteres quantitativos do fenômeno sob investigação – mais adequado aos estudos das ciências naturais.

Contrariamente, Bakhtin (1985, p. 305) afirma o seguinte:“Por uma metodologia das ciências humanas”, é provocador de uma reflexão inspiradora de uma nova atitude em relação à pesquisa. Nele, Bakhtin diz que as ciências humanas não podem, por ter objetos distintos, utilizar os mesmos métodos das ciências exatas. As ciências humanas estudam o homem em sua especificidade humana, isto é, em processo de contínua expressão e criação. Considerar o homem e estudá-lo inde-pendentemente dos textos que cria significa situá-lo fora do âmbito das ciências humanas.

Nas ciências exatas, o pesquisador encontra-se diante de um objeto mudo que precisa ser contemplado para ser conhecido. O pesquisador estuda esse objeto e fala sobre ele ou dele. Está numa posição em que fala desse objeto, mas não com ele. Já nas ciências humanas, seu objeto de estudo é o homem, “ser expressivo e falante”. Diante dele, o pesquisador não pode se limitar ao ato contemplativo, pois se encontra perante um sujeito que tem voz, e não pode apenas contemplá-lo, mas tem de falar com ele, estabelecer um diálogo com ele. Inverte-se, desta maneira, toda a situação, que passa de uma interação sujeito-objeto para uma relação entre sujeitos.

Dessa forma, passa a uma perspectiva dialógica. Isso muda tudo em relação à pesquisa, uma vez que investigador e investigado são dois sujeitos em interação. O homem não pode ser apenas objeto de uma explicação, produto de uma só consciência, de um só sujeito, mas deve ser também compreendido, processo esse que supõe duas consciências, dois sujeitos, portanto, dialógico.

De acordo com Queirós (2007), de maneira geral, podemos dizer, resumidamente, que o método científico das ciências naturais, quando aplicado às ciências humanas, apresenta três características básicas: defesa do dualismo epistemológico, que concebe a separação radical entre o sujeito e o objeto do conhecimento; visão das ciências humanas como neutras ou livres de valores; concessão do objetivo da ciência, inclu-sive das humanas, como sendo o de encontrar regularidades e relações entre os fenô-menos socioculturais.

Não é só uma questão de métodos, o fato de o olhar ser quantitativo ou qualita-tivo, mas é a relação que o pesquisador estabelece com os sujeitos e/ou com o objeto de investigação que caracteriza a natureza do estudo em andamento.

Assim, podemos ser rigorosos na coleta e tratamento dos dados sem assumirmos uma concepção de ciência baseada no processo hipotético-dedutivo positivista no qual se testa e verifica hipóteses. Também utilizar questionários fechados, a partir dos quais são construídos tabelas e gráficos, não implica, obrigatoriamente, em considerar que

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há uma relação de causa e efeito entre as variáveis e nem em assumir que basta esta-belecer uma correlação estatística entre elas para respondermos às nossas questões.

Sorokin (1983, p. 60 citado por RUIZ, 2000) afirma que, apesar da grande impor-tância que o método quantitativo tem para a ciência, qualquer estudioso pode ser um “pesquisador” ou “indagador científico”, desde que seja ligeiramente treinado nos instrumentos da abordagem vai utilizar. Por isso, é importante ressaltar que, por mais tradicional que seja um método, é fundamental que sejam conhecidas as características e suas limitações.

Reflita

Pare por alguns minutos e reflita: qual o seu olhar para a realidade que o cerca? Qual a sua visão de Ser Social? Pense sobre isso e estabeleça uma relação com o agir do Assistente Social como pesquisador.

1.2 Características essenciais da abordagem quantitativaDe acordo com Richardson (1999), o método quantitativo, como o nome já diz,

caracteriza-se pela quantificação dos dados coletados num dado processo de investi-gação da realidade, bem como no tratamento destes por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como: percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como: coeficiente de correlação, análise de regressão.

Sendo assim, tem a intenção de garantir a precisão de resultados, evitar possí-veis distorções de análise e interpretação, resultando numa maior confiabilidade dos resultados.

A abordagem quantitativa está mais preocupada com a generalização, relacionada com o aspecto da objetividade passível de ser mensurável, permitindo uma ideia de racionalidade, como sinônimo de quantificação. Em outras palavras, este tipo de abor-dagem se define pela ideia de rigor, precisão e objetividade (BICUDO, 2004, p. 104).

Carmo e Ferreira (2006) destacam, em relação aos métodos quantitativos, que a sua utilização está essencialmente ligada à investigação experimental ou quase-expe-rimental. Enfatizam ainda que tais métodos requerem a observação de fenômenos, a formulação de hipóteses explicativas desses mesmos fenômenos, o controle das variá-veis, a seleção aleatória dos sujeitos de investigação (amostragem), a verificação ou rejeição das hipóteses mediante uma coleta rigorosa de dados que serão posteriormente sujeitos a uma análise estatística e uma utilização de modelos matemáticos para testar essas mesmas hipóteses.

O objetivo é a generalização dos resultados a uma determinada população em estudo a partir da amostra, o estabelecimento de relações causa - efeito e a previsão de fenômenos. Implicam uma revisão da literatura e a elaboração de um plano de investi-gação estruturado com os objetivos e procedimentos indicados pormenorizadamente.

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Dessa forma, tal abordagem apresenta como objetivos:

descrever significados que são considerados como inerentes aos objetos e atos, »por isso é definida como objetiva;

permitir uma abordagem focalizada e pontual e estruturada, utilizando-se de »dados quantitativos;

realizar a coleta de dados através da obtenção de respostas estruturadas; »

utilizar técnicas de análise dedutivas (isto é, que partem do geral para o parti- »cular) e orientadas pelos resultados.

Em relação aos equívocos mais comuns que são cometidos em relação à abordagem quantitativa, destacam-se:

a abordagem quantitativa não deve ser utilizada como algo infalível e que »expressa uma verdade absoluta;

existe também o mito de que apenas o que pode ser expresso em números »é permeado com a objetividade exigida para dar cientificidade à avaliação. No entanto, a análise e conclusões obtidas no processo de avaliação adotan-do-se a abordagem quantitativa não estão isentas da visão de mundo e dos valores de quem a faz. O mais importante é ser rigoroso na execução da avaliação e deixar sempre claro quais os elementos que foram adotados (abordagem, técnicas, instrumentos, etc.) e que permitiram as conclu- sões obtidas.

1.3 Quando utilizar a abordagem quantitativaSugere-se empregar a abordagem quantitativa nas situações expostas a seguir

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2008):

Para avaliar resultados que podem ser contados e expressos em números, »taxas, proporções;

Para conhecer a cobertura e a concentração do programa e/ou projeto; »

Para conhecer a eficiência do programa e/ou projeto; »

Para responder a questões relativas a quanto; »

Para avaliar atividades cujos objetivos sejam bastante específicos; »

Quando o objeto a ser avaliado possui diferenças de grau (exigindo uma lógica »de mais ou de menos);

Quando se busca estabelecer relações significativas entre variáveis. »

A pesquisa quantitativa é recomendada para as seguintes situações (SOARES, 2002):

Pesquisas de opinião; »

Determinar perfis demográficos; »

Captar percepções, motivações e processos de interação de usuário » s;

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Comparar eficiência de tratamentos; »

Avaliar a opinião de um grupo em relação a determinado assunto; »

Pesquisas mercadológicas; »

Definir atitudes e comportamentos em relação a uma dada situação. »

A abordagem quantitativa normalmente torna-se mais apropriada quando o foco está direcionado para medidas quantificáveis de variáveis e inferências a partir de amostras de uma dada população. Sendo assim, utiliza-se de medidas numéricas ou buscam-se padrões numéricos relacionados a conceitos cotidianos.

De acordo com Leonel e Motta (2007), neste tipo de abordagem torna-se neces-sário utilizar sempre representações gráficas, principalmente, na forma de tabelas, quadros e gráficos, a partir de instrumentos como: questionários que contenham ques-tões fechadas, a fim de facilitar a análise e interpretação dos dados.

1.3.1 Vantagens e desvantagens da abordagem quantitativaDestacam-se as seguintes vantagens da abordagem quantitativa:

Possibilita a análise direta dos dados; »

Tem força demonstrativa; »

Permite generalização pela representatividade; »

Permite inferência para outros contextos. »

E as seguintes desvantagens:

O significado é sempre sacrificado em detrimento do rigor matemático exigido »pela análise;

Não permite análise das relações; »

Os resultados podem ser considerados como verdade absoluta. »

Para Ruiz (2007), o método mais tradicional – quantitativo – por ser mais empi-rista e menos holístico, apresenta uma possibilidade menor de criação de ideias e teorias. Por ser mais objetivo e trabalhar mais com dados estatísticos, essa abordagem não é apropriada para estudos psicológicos e sociais. O fato de trabalhar mais com as conclusões e com os fins limita a possibilidade de se chegar aos motivos, aos meios e causas de um determinado fenômeno. Dificilmente responderia ao “por quê?” de uma dada ocorrência.

Finalizando nossas reflexões, podemos considerar que a abordagem quantita-tiva na pesquisa encontra respaldo nas ciências naturais e encontra-se embasada teoricamente pelo positivismo, já que apresenta como foco central a objetividade e rigidez na investigação dos fenômenos e controle estatístico das variáveis. No entanto, a partir do avanço da ciência durante o século XX, passou-se a ques-tionar este modelo de ciência, principalmente, ao considerar-se as especificidades das ciências humanas e sociais, imprimindo um novo olhar do pesquisador frente aos fenômenos sociais.

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Síntese da aula

Nessa primeira aula, você conheceu os aspectos históricos da abordagem quanti-tativa, sua relação com o positivismo e com os métodos de investigação utilizados nas ciências naturais. Você também teve a oportunidade de conhecer as principais carac-terísticas da abordagem quantitativa e sua aplicabilidade no campo da pesquisa social, bem como suas principais vantagens e desvantagens.

Atividades

1. Considerando-se os aspectos históricos da abordagem quantitativa, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).

a) ( ) Pesquisadores das áreas de ciências humanas questionaram a validade da aplicação do método quantitativo aplicado às ciências humanas e sociais.

b) ( ) A abordagem quantitativa não apresenta uma visão realista/objetivista da realidade social, portanto, não estabelece uma relação de causa-efeito nos fenômenos objetos de investigação.

c) ( ) Na opinião de Dilthey, Rickert, Weber e Husserl, existia uma diferença entre as ciências sociais e humanas, exigindo dos pesquisadores a utili-zação de procedimentos metodológicos que contemplassem a especifici-dade dessas ciências.

d) ( ) O método científico das ciências naturais, quando aplicado às ciên-cias humanas, apresenta três características básicas: defesa do dualismo epistemológico, que concebe a separação radical entre o sujeito e o objeto do conhecimento; visão das ciências humanas como neutras ou livres de valores.

2. Considerando as características essenciais da abordagem quantitativa, assinale a alternativa correta.

a) O método quantitativo caracteriza-se pela quantificação dos dados coletados num dado processo de investigação da realidade, bem como no tratamento destes por meio de técnicas estatísticas.

b) Esta abordagem não garante a precisão de resultados, ocasionando possíveis distorções de análise e interpretação.

c) A abordagem quantitativa não requer a observação de fenômenos ou formu-lação de hipóteses explicativas desses mesmos fenômenos, ou controle das variáveis, no entanto, implica numa coleta rigorosa de dados que serão poste-riormente sujeitos a uma análise estatística e uma utilização de modelos mate-máticos para testar as hipóteses.

d) A abordagem quantitativa deve ser utilizada como algo infalível e que expressa uma verdade absoluta.

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3. São considerados objetivos da abordagem quantitativa, exceto:

a) Descrever significados que são considerados como inerentes aos objetos e atos.

b) Realizar a coleta de dados através da obtenção de respostas estruturadas.

c) Utilizar técnicas de análises indutivas (isto é, que partem do geral para o particular) e orientadas pelos resultados.

d) Permitir uma abordagem focalizada e pontual e estruturada, utilizando-se de dados quantitativos.

4. Em quais destas situações você não utilizaria a abordagem quantitativa?

a) Para avaliar resultados que podem ser contados e expressos em números, taxas, proporções.

b) Para conhecer a cobertura e a concentração do programa e/ou projeto.

c) Para conhecer a eficiência do programa e/ou projeto.

d) Quando não se busca estabelecer relações significativas entre variáveis.

Comentário das atividades

Na atividade 1, de acordo com Queirós (2006), o debate ocorrido durante todo o século XX entre pesquisadores das áreas de ciências humanas girou em torno da validade da aplicação do método quantitativo aplicado às ciências humanas e sociais. Assim, a alternativa (a) é a verdadeira. A abordagem quantitativa requer imprimir uma visão realista/objetivista da realidade social ao estabelecer uma relação de causa-efeito nos fenômenos objetos de investigação, portanto a alternativa (b) é falsa. Na opinião de Dilthey, Rickert, Weber e Husserl, existiam peculiaridades das ciências sociais e humanas e, portanto, a necessidade de um procedimento meto-dológico que contemplasse a especificidade dessas ciências. Assim, a alternativa (c) é verdadeira. De acordo com Queirós (2007), de maneira geral, podemos dizer, resumidamente, que o método científico das ciências naturais, quando aplicado às ciências humanas, apresenta três características básicas: defesa do dualismo epis-temológico, que concebe a separação radical entre o sujeito e o objeto do conheci-mento; visão das ciências humanas como neutras ou livres de valores. Portanto, a alternativa (d) é verdadeira.

Na atividade 2, de acordo com Richardson (1999), o método quantitativo caracte-riza-se pela quantificação dos dados coletados num dado processo de investigação da realidade, bem como no tratamento destes por meio de técnicas estatísticas. Portanto, a única alternativa correta é a (a).

Na atividade 3, de acordo com o que consta no texto, um dos objetivos da abor-dagem quantitativa consiste em utilizar técnicas de análise dedutivas (isto é, que partem do geral para o particular) e orientadas pelos resultados. Então, a única alter-nativa incorreta é a (c).

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Na atividade 4, de acordo com a Universidade Federal do Paraná (2008), utiliza-se a abordagem quantitativa quando se busca estabelecer relações significativas entre variáveis. Assim, a alternativa incorreta é a (d).

Referências

BOURDON, Raymond. Os métodos em sociologia. São Paulo: Ática, 1989.

CARMO, H.; FERREIRA, M. Metodologia da investigação: guia para a autoaprendi-zagem. Lisboa: Universidade Aberta, 2006.

GATTI, B. A. A construção da pesquisa em educação no Brasil. São Paulo: Plano, 2002.

LEONEL, Vilson; MOTA, Alexandre de Medeiros. Ciência e pesquisa: Livro didático. 2. ed. Palhoça: Unisul Virtual, 2007.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

QUEIRÓS, Luiz Ricardo Silva. Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: pers-pectivas para o campo da etnomusicologia. Universidade Federal de Pernambuco, p. 87-98, nov. 2006.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

RUIZ, Fernando Martinson. Pesquisa Qualitativa e Pesquisa Quantitativa: comple-mentaridade cada vez mais enriquecedora. Adm. de Emp. em Revista, Curitiba, n. 3, p. 37-47, 2004.

SANTOS FILHO, J. Camilo dos. Pesquisa quantitativa versus pesquisa qualitativa: o desafio paradigmático. In: SANTOS FILHO, J. Camilo dos; GAMBOA, Silvio Sánchez. Pesquisa educacional: quantidade-qualidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

SETUBAL, Aglair Alencar. Desafios à pesquisa no Serviço Social: da formação acadêmica à prática profissional. Rev. Katálise, Florianópolis, v. 10, p. 64-72, 2007.

SOARES, E. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2002.

Na próxima aula

Na segunda aula, daremos continuidade aos tipos de abordagens na pesquisa social com enfoque para a abordagem qualitativa, onde estudaremos acerca dos aspectos históricos da abordagem qualitativa, suas principais características, bem como o olhar do pesquisador para o fenômeno, sua importância na formulação de políticas sociais. Até lá!

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

conhecer os aspectos históricos da abordagem qualitativa; »

conhecer as características essenciais da abordagem »qualitativa;

compreender a importância da pesquisa qualitativa na »formulação de políticas sociais;

utilizar as diferentes técnicas utilizadas na abordagem »qualitativa.

Pré-requisitos

Para favorecer o aprendizado sobre o conteúdo desta aula, é fundamental que você tenha assimilado o conteúdo da aula 1 desta disciplina, pois os aspectos abordados estarão articulados aos conteú-dos que vamos aprender de agora em diante. Caso haja dúvidas, retorne à primeira aula! Vamos avançar no nosso aprendizado?

Introdução

Na aula 1 você conheceu os pressupostos da abordagem quan-titativa na pesquisa social, seus aspectos históricos, suas principais características, vantagens e desvantagens. Agora vamos começar a

A abordagem qualitativa 2

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refletir sobre a abordagem qualitativa, seu impacto nas ciências humanas e sociais e, principalmente, sua contribuição para a pesquisa social.

Independente do tipo da pesquisa, da variável estudada ou de sua natureza, torna-se fundamental a aplicação de técnicas que permitam a medição das variáveis envolvidas. Podem existir teorias brilhantes ou estudos que foram perfeitamente cons-truídos, mas se as variáveis envolvidas não puderem ser medidas adequadamente, a pesquisa será um fracasso (BAILEY, 1982, p. 61).

Você estudou na aula 1 que no processo evolutivo da ciência, o emprego do método científico na investigação dos fenômenos exigia sempre comprovações e quantificações, independente do estudo realizado. Nesse sentido, as abordagens quantitativas impri-miram um maior rigor na medição das variáveis envolvidas.

No entanto, no século passado, essa visão cartesiana-newtoniana vem assumindo novos contornos a partir de uma abordagem mais holística dos fenômenos e dos estudos científicos. Dessa forma, está ocorrendo no mundo científico uma maior aceitação da pesquisa qualitativa como instrumento alternativo do método científico.

Diante deste novo cenário, vários cientistas, incluindo-se os Assistentes Sociais, vêm deixando de utilizar somente o método quantitativo para utilizar também o quali-tativo como um complemento aos estudos científicos. É sobre isso que vamos tratar nesta aula. Bons estudos!

2.1 Breves considerações acerca dos aspectos históricos da abordagem qualitativa

Para Queiroz (2006), quando pensamos em pesquisa quantitativa e em pesquisa qualitativa automaticamente somos remetidos a duas correntes paradigmáticas que têm norteado a pesquisa científica no decorrer de sua história. Tais correntes se carac-terizam por duas visões centrais que alicerçam as definições metodológicas da pesquisa em ciências humanas nos últimos tempos. São elas: a visão realista/objetivista (quan-titativa) e a visão idealista/subjetivista (qualitativa).

Durante todo o século XX, pesquisadores das áreas de ciências humanas fizeram do problema da unidade das ciências um dos seus maiores debates. De acordo com Langness (1987, p. 203):

Por anos, membros das então chamadas “ciências duras” argumentaram que as várias ciências sociais não poderiam se tornar ciência de maneira alguma – que comportamento humano era fundamentalmente imprevi-sível e, consequentemente, o estudo deste não poderia ser igual ao estudo das leis do universo.

Ainda de acordo com Queiróz (2006), a base do paradigma qualitativo está na “interpretação” de uma dada realidade sociocultural, e não especificamente na “quan-tificação” dessa realidade. Sendo assim, pode-se afirmar que a causalidade do compor-tamento humano não obedece a leis semelhantes ou iguais àquelas que determinam o acontecimento natural. Ou seja, ao lidar com ações e fatos relacionados ao comporta-mento, conceitos e produtos que envolvam a ação humana, o pesquisador está lidando com palavras, gestos, arte, músicas e vários outros fatores carregados de simbolismo, que não podem ser quantificados, mas sim interpretados de forma particular, de acordo com a singularidade de cada contexto.

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Para Baptista (1999), cria-se um falso dilema ao considerar-se a abordagem quan-titativa como oposta ou até excludente à abordagem qualitativa de pesquisa, fato este que atribui ao “rigor científico” imposto às Ciências Sociais para que adquirissem o estatuto de Ciência no mesmo nível das Ciências Físicas e Naturais no que se refere à objetividade e neutralidade.

Ainda para a autora (1999), pode-se dizer que a pesquisa quantitativa assumiu um lugar de destaque nas Ciências Humanas e Sociais até a década de 70, sustentada pela supremacia do positivismo nessas Ciências.

No entanto, novos paradigmas foram contribuindo para uma nova forma de fazer ciência, surgindo uma variedade de vertentes na pesquisa: naturalista, pós-positivista, antropológica, etnográfica, estudos de caso, humanista, fenomenológica, ideográfica, ecológica, construtivista, entre outras.

Segundo Alves (1991, p. 54),[...] optou-se pela denominação “pesquisa qualitativa” por apresentar abrangência suficiente para englobar essas múltiplas variantes e por ser a mais encontrada na literatura. Entretanto, esse termo tem o inconve-niente de sugerir uma falsa oposição entre o qualitativo e o quantitativo que deve de início, ser descartada: a questão é de ênfase e não e exclusi-vidade e/ou divergência.

Portanto, o que está em jogo vai além de uma questão de métodos, mas, princi-palmente, a relação que o pesquisador estabelece com os sujeitos e/ou com o objeto de investigação que caracteriza a natureza do estudo em andamento. Nesse sentido, o fato de o pesquisador recorrer a questionários fechados, a partir dos quais são construídos tabelas e gráficos, não implica, obrigatoriamente, em considerar que há uma relação de causa e efeito entre as variáveis e nem em assumir que basta estabelecer uma corre-lação estatística entre elas para que se obtenha rigor científico nos resultados.

Historicamente, a abordagem qualitativa “sempre” foi considerada como método exploratório e auxiliar na pesquisa científica. No entanto, mediante o novo paradigma da ciência, assume nova concepção teórica na mensuração, processamento e análise de dados científicos, com valor fundamental no desenvolvimento e consolidação da ciência em diferentes áreas (OLIVEIRA, 2000).

Santos Filhos (citado por QUEIRÓZ, 2006) afirma que toda crítica direcionada à teoria positivista como abordagem adotada pelas ciências humanas, em específico pelas ciências sociais, teve início a partir da segunda metade do século XIX.

Autores como Mello (2001), tomando como base o pensamento de Max Weber, acreditam que as ciências humanas deviam tomar uma postura compreensiva, e não explicativa, como é caso das ciências naturais. Dessa forma, o pesquisador assume uma atitude empática em relação aos sujeitos representados pelos diversos atores sociais, procurando inferir o que Weber denomina de tipos “ideais”. Assim, é possível perceber que a base do paradigma qualitativo está na “interpretação” de uma dada realidade sociocultural, e não especificamente na “quantificação” dessa realidade.

2.2 Características essenciais da abordagem qualitativaA abordagem qualitativa valoriza os aspectos descritivos e as percepções

pessoais, procurando compreender os sujeitos envolvidos e, por seu intermédio,

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compreender também o contexto. Dessa forma, concebe o sujeito numa perspectiva de totalidade, ou seja, considera todos os componentes da situação em suas intera-ções e influências recíprocas.

Sendo assim, não se parte da operacionalização de variáveis preestabelecidas, já que o foco está na compreensão dos fenômenos em toda a sua complexidade e historicidade.

Para Souza e outros (2008), o enfoque qualitativo baseia-se nos seguintes preceitos:

A produção de conhecimento é um ato ético e político que enfoca a relação ciência 1. – política – poder sendo, portanto, contextualizada, interativa e interpretativa.

O conhecimento é construído a partir das perspectivas e dos significados nego-2. ciados entre os participantes de comunidades discursivas, considerando-se a construção de significados um processo coletivo, individual, ativo, afetivo e mediado pelos sistemas semióticos.

A realidade social e a realidade subjetiva são abordadas em suas comple-3. xidades e dinamismos sistêmicos, com destaque para o papel da cultura no desenvolvimento humano. A cultura é enfocada não como variável ou fonte de erro, mas como cenário e instrumento que constitui os sujeitos em processo de desenvolvimento.

A pesquisa é vista como processo que exige múltiplos níveis de análise, ao 4. colocar e interação diversos aspectos dos participantes, como suas histórias pessoais, biografias, gênero, classe social e etnia.

A crença na competência interpretativa do pesquisador alia-se a sua condição de 5. sujeito situado em classe social e cultura particular, que se constitui ao mesmo tempo como participante da pesquisa e encarregado da construção de dados.

Os participantes são concebidos sujeitos intencionais, interativos e que 6. co-constroem significados. Na pesquisa, sujeitos e pesquisadores afetam-se mutuamente e alteram suas construções, comportamentos e percepções, com base nas interações estabelecidas.

Os resultados das pesquisas são parte de um processo cultural, de produção 7. de conhecimento; não são produtos em si mesmos. Os relatos de pesquisa são caracterizados pelo uso de linguagem expressiva e persuasiva.

Especial atenção é dada às particularidades, aos casos singulares. Os estudos 8. de caso buscam fazer o link entre as vidas individuais e a história social. É a partir do estudo aprofundado dos processos que regularidades significativas poderão ser inferidas e se inscrever no âmbito da teoria científica.

De acordo com Tanaka e Melo (2001), as principais características da abordagem qualitativa são:

Busca descrever significados que são socialmente construídos, e por isso é »definida como subjetiva.

Tem características não estruturadas, é rica em contexto e enfatiza as »interações.

Através da coleta de dados qualitativos, obtêm-se respostas que são semi- »estruturadas ou não estruturadas.

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As técnicas de análise são indutivas, orientadas pelo processo, e os resultados »não são generalizáveis.

Já para Moreira (2002), as principais características da abordagem qualitativa são:

Um foco na interpretação, em vez de na quantificação: geralmente, o pesqui- »sador qualitativo está interessado na interpretação que os próprios partici-pantes têm da situação sob estudo.

Ênfase na subjetividade, em vez de na objetividade: aceita-se que a busca de »objetividade é um tanto quanto inadequada, já que o foco de interesse é justa-mente a perspectiva dos participantes.

Flexibilidade o processo de conduzir a pesquisa: o pesquisador trabalha com »situações complexas, que não permite a definição exata e a priori dos cami-nhos que a pesquisa irá seguir.

Orientação para o processo e ao para o resultado: a ênfase está no entendi- »mento e não num objeto predeterminado, como na pesquisa quantitativa.

Preocupação com o contexto, no sentido de que o comportamento das pessoas »e a situação ligam-se intimamente na formação da experiência.

Reconhecimento do impacto do processo de pesquisa sobre a situação de »pesquisa: admite-se que o pesquisador exerce influência sobre a situação de pesquisa e é também por ela influenciado.

Apesar de termos estudado que as duas abordagens – tanto a quantitativa quanto a qualitativa – não devam ser utilizadas de forma excludente, mas de forma complementar em algumas situações, a fim de obter-se um resultado mais confiável e completo, Soares (2002) considera que a abordagem qualitativa é mais apro- priada para:

Interpretar dados, fatos e teorias. »

Descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema. »

Quando se deseja obter dados psicológicos de um indivíduo ou grupo. »

Analisar a interação entre variáveis. »

Situações em que se faz necessária a substituição de dados estatísticos por »observações qualitativas.

Apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formulação de »opiniões de determinado grupo.

Saiba mais

Para um maior aprofundamento da abordagem qualitativa, sugere-se a leitura do livro: Pesquisa social: métodos e técnicas, que consta nas referências ao final desta aula.

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Agora que você já conhece as principais características da abordagem qualitativa, vamos refletir sobre como esta abordagem se aplica à formulação de políticas sociais.

2.3 A utilização da abordagem qualitativa na formulação de políticas sociaisDe acordo com Prates e Prates (2005), a leitura dialético-crítica da realidade

encontra-se revestida de uma orientação ético-política que norteia, e, de certo modo, também limita o olhar do profissional e do pesquisador, fazendo parte de toda a inves-tigação social.

Dessa forma, o modo de ler e intervir na realidade parte do pressuposto de que os usuários dos serviços (população que utiliza políticas públicas, alunos, trabalhadores) são sujeitos de direito, que devem acessar a estes serviços, não como um favor ou benesse, e sim por direito constitucional, conforme previsto no Artigo 37, §3º da Carta Magna, que disciplina as formas de participação do usuário na administração pública direta ou indireta.

O olhar qualitativo nos permite ver o outro como sujeito e não como objeto, dotado de algum tipo de conhecimento e saber, e nos faz considerar que as análises, construções, busca de explicações e alternativas de enfrentamento devem ser construí- das a partir desse conjunto de saberes. Essa postura exige que o profissional assuma uma relação de horizontalidade com os sujeitos de sua ação profissional, despindo-se de seu “suposto saber” e abrindo espaço para a construção de novos saberes.

Ainda de acordo com Prates e Prates (2005, p. 3),[...] assim como é de suma importância para o planejamento dimen-sionar, por exemplo, o número de pessoas que vivem nas ruas de uma grande cidade, ou de mulheres que sofrem violência doméstica, ou de crianças expostas ao trabalho infantil, no intuito de prever a necessidade de recursos a serem aportados para a implementação de políticas de enfrentamento, é essencial ouvir suas histórias, os sentidos que atribuem a seu viver, o significado do abandono, da violência, suas sugestões, sonhos, anseios, ou seja, conhecer não só suas condições materiais de vida, mas também seu modo de vida.

Sendo assim, a abordagem quantitativa integra-se à abordagem qualitativa, reco-nhecendo-a como complementar, constituindo-se numa ciência compromissada com a efetiva apreensão do real, em suas múltiplas determinações – econômicas, sociais, culturais, políticas –; que tem compromisso com a transformação, que não é neutra e, portanto, reconhece a interferência do pesquisador e do pesquisado enquanto sujeitos que aportam valores, tendências, imprecisões, modos de perceber, etc.

Para Bourguignon (2008), torna-se salutar considerar a centralidade do sujeito na pesquisa em Serviço Social, já que o reconhecimento do sujeito-cidadão está presente no projeto ético-político da profissão e necessita ganhar maior relevância tanto no âmbito da prática profissional em organizações sociais quanto no desenvolvimento de pesquisas científicas.

Sendo assim, a pesquisa deve destinar-se a apreender e compreender as diferentes formas como o sujeito se relaciona com a realidade social. Nessa perspectiva, o grande desafio para o pesquisador Assistente Social é oportunizar, através da pesquisa, maior visibilidade ao sujeito, à sua experiência e ao seu conhecimento, permitindo aos profis-sionais desenvolver práticas cada vez mais comprometidas ética e politicamente com

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a realidade dos mesmos, buscando no coletivo e na troca de saberes alternativas de superação das condições de privação e exclusão social.

Acredita-se que a abordagem qualitativa imprima à pesquisa na área de Serviço Social a possibilidade de apreender de forma mais efetiva a riqueza das histórias dos sujeitos, suas experiências coletivas mobilizadoras de novas formas de sociabilidade.

Apreender estes elementos contribuirá para o desenvolvimento de uma prática capaz de possibilitar aos usuários e destinatários das políticas públicas e dos serviços sociais a experiência de “assumir-se como ser social e histórico”, ou seja, de assumir-se como “ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhe-cer-se como objeto” (FREIRE, 1996, p. 12).

Ainda para Bourguignon (2008, p. 4),a relação com o sujeito se faz através da pesquisa de natureza quantita-tiva e/ou qualitativa. Não deve ser mérito apenas das pesquisas quali-tativas a busca de compreender o sujeito, em uma perspectiva crítica, pois não podemos descartar que o sujeito também se revela através dos dados quantitativos, pois estes trazem à tona expressões concretas de sua realidade, quando trabalha condições de vida, renda, ocupação, etc. O diferencial está na forma como tratamos estes dados, buscando revelar o quê e para que e porque enfatizamos o quantitativo. São as determi-nações objetivas expressas através da pesquisa que podem fundamentar análises sobre a riqueza da realidade, avaliar projetos e programas sociais e redirecionar ações que garantam a dignidade deste sujeito e os seus direitos sociais, civis e políticos... a dicotomia quantitativo/qualitativo – em uma perspectiva dialética – é falsa, já que a dinâmica das relações sociais pode ser captada em suas dimensões quantificáveis e qualificá-veis. Esta articulação é necessária a uma pesquisa comprometida ética e politicamente com as demandas sociais.

Portanto, o processo investigativo no Serviço Social deve preceder uma prática comprometida com as dimensões ético-políticas, técnico-operativas e teórico-metodo-lógicas a fim de contribuir na formulação de políticas sociais que atuem na garantia e defesa dos direitos do cidadão, a partir de uma maior participação, engajamento e controle social.

Saiba mais

Para saber um pouco mais sobre a pesquisa no campo de atuação do Assistente Social, con-sultar o artigo de Aglair Alencar Setubal. Desafios à pesquisa no Serviço Social: da formação acadêmica à prática profissional. Rev. Katálise, Florianópolis, v. 10, n. esp., p. 64-72, 2007.

2.4 Técnicas utilizadas na abordagem qualitativaPara Ruiz (2004), existem autores que classificam as técnicas utilizadas por

pesquisadores como qualitativas ou quantitativas. Entretanto, o que define o caráter da pesquisa é a natureza das variáveis de observação e não as técnicas utilizadas.

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Assim, pode-se dizer que estudos de caso, entrevistas e surveys são métodos ou abordagens utilizados em ambas as pesquisas, qualitativa e quantitativa. Por outro lado, não seria incorreto declarar que a abor-dagem etnográfica, entrevistas em profundidade, a análise de docu-mentos ou o focus group são métodos predominantemente qualitativos, enquanto a investigação causal e técnicas estatísticas têm maior influên- cia quantitativa (RUIZ, 2004, p. 45).

O que deve ser levado em consideração é a utilização de algumas técnicas com predo-minância qualitativa e outras com maior influência quantitativa para que se obtenha uma análise e um resultado mais completo e com maior riqueza (CASTRO, 1978).

De acordo com Moreira (2002), algumas técnicas são utilizadas a partir de uma abordagem qualitativa na pesquisa:

Observação participante – implica na imersão dos pesquisadores no mundo 1. dos sujeitos, onde se procura apreender os sentidos simbólicos que as pessoas definem como importantes e reais, ou seja, o pesquisador deve procurar conhecer a perdição dos sujeitos acerca de suas próprias situações e como constroem suas realidades.

Entrevistas – a entrevista pressupõe um diálogo entre duas ou mais pessoas 2. com um objetivo especifico e predefinido pelo pesquisador. Pode apresentar três tipos: entrevista estruturada, onde há um conjunto estruturado de ques-tões que irá nortear o pesquisador na fase de coleta de dados da pesquisa; a entrevista semi-estruturada, que permite a construção de um roteiro predefi-nido de questões a serem abordadas pelo pesquisador, no entanto, a partir da fala dos sujeitos permite a construção de outras questões que não haviam sido contempladas anteriormente; a entrevista não estruturada, que, como o nome já diz, é aquela completamente aberta, não havendo um conjunto específico de questões, apenas algumas questões norteadoras.

Histórias de vida – visa apreender a visão da pessoa acerca de suas experiên-3. cias subjetivas. Parte de uma descrição da vida do entrevistado ou de alguma parte dela que seja significativa para o mesmo.

Finalizando nossas reflexões, podemos considerar que a abordagem qualitativa na pesquisa não exclui a utilização da abordagem quantitativa. Muito pelo contrário, tornam-se complementares, contribuindo para uma maior e melhor apreensão dos fenômenos de uma dada realidade social.

A abordagem qualitativa apresenta determinadas especificidades que imprimem um novo olhar para a ciência e, consequentemente, para os atores sociais envolvidos nos processos de investigação social.

Síntese da aula

Nessa segunda aula, você conheceu os aspectos históricos da abordagem qualita-tiva. Você também teve a oportunidade de conhecer as principais características da abordagem qualitativa e sua aplicabilidade no campo da pesquisa social, bem como suas principais vantagens e desvantagens, além de conhecer as principais técnicas utilizadas nesse tipo de abordagem.

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Atividades

1. De acordo com o que você estudou acerca dos aspectos históricos da abordagem qualitativa, assinale a sequência correta referente às frases verdadeiras ou falsas.

I. A abordagem qualitativa exclui a abordagem quantitativa.

II. A base do paradigma qualitativo está na “interpretação” de uma dada reali-dade sociocultural, e não especificamente na “quantificação” dessa realidade.

III. Historicamente, a abordagem qualitativa “sempre” foi considerada como método exploratório e auxiliar na pesquisa científica, sendo que esse pensa-mento perdura até os dias de hoje.

IV. A pesquisa quantitativa assumiu um lugar de destaque nas Ciências Humanas e Sociais até a década de 70, sustentada pela supremacia do marxismo nessas Ciências.

a) ( )V, V, V, F

b) ( )F, V, V, F

c) ( )F, V, F, F

d) ( )V, F, V, V

2. Quanto às características essenciais da abordagem qualitativa, é incorreto afirmar que:

a) O conhecimento é construído a partir das perspectivas e dos significados nego-ciados entre os participantes de comunidades discursivas, considerando-se a construção de significados um processo coletivo, individual, ativo, afetivo e mediado pelos sistemas semióticos.

b) A realidade social e a realidade subjetiva são abordadas em suas comple-xidades e dinamismos sistêmicos, com destaque para o papel da cultura no desenvolvimento humano.

c) A pesquisa é vista como processo que exige múltiplos níveis de análise, ao colocar em interação diversos aspectos dos participantes, como suas histórias pessoais, biografias, gênero, classe social e etnia.

d) Os participantes são concebidos sujeitos intencionais, interativos e que co-constroem significados. Na pesquisa, sujeitos e pesquisadores constituem-se unidades separadas a fim de se obter a neutralidade na ciência e, consequen-temente, maior fidedignidade dos dados.

3. Sugere-se a utilização da abordagem qualitativa nas seguintes situações. Assinale a alternativa correta.

a) Quando se deseja obter dados psicológicos de um indivíduo ou grupo.

b) Refletir acerca da interação entre variáveis.

c) Situações em que não se faz necessária a substituição de dados estatísticos por observações qualitativas.

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d) Quando não se pretende apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formulação de opiniões de determinado grupo.

4. Comente em apenas 10 linhas a seguinte afirmação: “O olhar qualitativo nos permite ver o outro como sujeito e não como objeto, dotado de algum tipo de conhecimento e saber e que as análises, construções, busca de explicações e alter-nativas de enfrentamento devem ser construídas considerando esse conjunto de saberes. Essa postura exige do profissional assumir uma relação de horizontali-dade com os sujeitos de sua ação profissional, despindo-se de seu ‘suposto saber’, abrindo espaço para a construção de novos saberes”.

São exemplos de técnicas utilizadas a partir de uma abordagem qualitativa na pesquisa, exceto:

a) Observação participante.

b) Entrevistas.

c) Histórias de vida.

d) Escalas gráficas.

Comentário das atividades

Na atividade 1, para Baptista (1999), cria-se um falso dilema ao considerar-se a abor-dagem quantitativa como oposta ou até excludente à abordagem qualitativa de pesquisa. Portanto, a alternativa (I) é falsa. De acordo com Queiróz (2006), a base do paradigma qualitativo está na “interpretação” de uma dada realidade sociocultural, e não especi-ficamente na “quantificação” dessa realidade. Portanto, a alternativa (II) é verdadeira. Para Oliveira (2000), historicamente, a abordagem qualitativa “sempre” foi considerada como método exploratório e auxiliar na pesquisa científica. No entanto, mediante o novo paradigma da ciência assume nova concepção teórica na mensuração, processamento e análise de dados científicos, com valor fundamental no desenvolvimento e consolidação da ciência em diferentes áreas. Assim, a alternativa (III) é falsa. Para Baptista (1999), a pesquisa quantitativa assumiu um lugar de destaque nas Ciências Humanas e Sociais até por volta da década de 70, sustentada pela supremacia do positivismo nessas Ciências. Assim, a alternativa (IV) é falsa. A sequência correta é apresentada na letra (c).

Na atividade 2, de acordo com Souza e outros (2008), os participantes são conce-bidos sujeitos intencionais, interativos e que co-constroem significados. Na pesquisa, sujeitos e pesquisadores afetam-se mutuamente e alteram suas construções, compor-tamentos e percepções, com base nas interações estabelecidas. Portanto, a alternativa incorreta é a (d).

Na atividade 3, leve em conta que Soares (202) sugere a utilização da abordagem qualitativa quando se deseja obter dados psicológicos de um indivíduo ou grupo. Assim, a alternativa correta é a (a).

Na atividade 4, o olhar qualitativo implica uma nova visão de ciência onde sujeito e objeto se afetam mutuamente, já que não é concebida a neutralidade do pesquisador.

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Nesse sentido, o objeto de nossa investigação, passa a constituir-se como sujeito e não como objeto, com suas histórias, conflitos, valores e saberes muitas vezes adquiridos a partir de suas vivências cotidianas. Nesse sentido, o processo de construção de conhecimento dar-se-á pautado na busca de explicações e alternativas de enfrenta-mento, levando-se em consideração esse conjunto de saberes. Para tanto, o profissional deixa de ser o detentor de poder (do conhecimento) para penetrar nos mais variados universos disposto a aprender coisas novas a partir do processo de interação com os sujeitos alvos de seus processos de investigação científica.

Na atividade 5, pode-se afirmar que a abordagem qualitativa na pesquisa não se utiliza de escalas gráficas, já que estas são aplicáveis à abordagem quantitativa, com foco na mensuração dos resultados garantindo a objetividade. Portanto, a alternativa a ser assinalada é a (d).

Referências

BOURGUIGNON, Jussara Ayres. A centralidade ocupada pelos sujeitos que parti-cipam das pesquisas do Serviço Social. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p. 305-315, jul./dez. 2008.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

OLIVEIRA, Claudionor dos Santos. Metodologia científica, planejamento e técnicas de pesquisa: uma visão holística do conhecimento humano. São Paulo: LTR, 2000.

PRATES, Jane Cruz; PRATES, Flávio Cruz. A contribuição da pesquisa para o desen-volvimento de políticas sociais pelo poder local. Textos & Contextos, n. 4, dez. 2005.

QUEIRÓS, Luiz Ricardo Silva. Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: Perspectivas para o campo da etnomusicologia. Revista Claves, Universidade Federal de Pernambuco, n. 2, p. 87–98, nov. 2006.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

RUIZ, Fernando Martinson. Pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa: comple-mentaridade cada vez mais enriquecedora. Adm. de Emp. em Revista, Curitiba, n. 3, p. 37-47, 2004.

SANTOS FILHO, J. Camilo dos. Pesquisa quantitativa versus pesquisa qualitativa: o desafio paradigmático. In: SANTOS FILHO, J. Camilo dos; GAMBOA, Silvio Sánchez. Pesquisa educacional: quantidade-qualidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

SETUBAL, Aglair Alencar. Desafios à pesquisa no Serviço Social: da formação acadê-mica à prática profissional. Katálise, Florianópolis, v. 10, n. esp., p. 64-72, 2007.

SOARES, E. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2002.

SOUZA, Tatiana Iokoy de et al. Pesquisa qualitativa e desenvolvimento humano: aspectos históricos e tendências atuais. Revista de Psicologia, v. 20, n. 2, p. 357-376, jul./dez. 2008.

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TANAKA, Oswaldo Y.; MELO, Cristina. Avaliação de programas de saúde do adoles-cente: um modo de fazer. São Paulo: Edusp, 2001.

Na próxima aula

Na terceira aula vamos abordar os elementos constitutivos do Projeto de Pesquisa, dando ênfase aos elementos pré-textuais; delimitação do tema; elaboração da justifica-tiva (relevância científica e social) e escolha do problema. Espero você bem motivado. Até lá!

Anotações

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A pesquisa é talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criá-las para os outros. Nos lugares onde havia coisas simples, faz-se aparecer problemas.

Pierre Bourdieu

objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

apreender os aspectos a serem considerados na introdução »de um projeto de pesquisa;

apreender os principais aspectos a serem considerados na »escolha e delimitação do tema num projeto de pesquisa;

saber como elaborar uma justificativa em um projeto de »pesquisa;

definir um problema em um projeto de pesquisa; »

saber como elaborar os objetivos gerais e específicos em um »projeto de pesquisa.

Pré-requisitos

Nesta fase de seu aprendizado, torna-se fundamental que você tenha apreendido o conteúdo das aulas 1 e 2, que trataram das

os elementos constitutivos do projeto de pesquisa – parte 1

3

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características das abordagens quantitativas e qualitativas na pesquisa. Agora você já está apto a aplicar os conhecimentos produzidos na elaboração de um projeto de pesquisa. Mas vamos com calma! Este conteúdo será dividido em três partes a fim de que você possa assimilar o conhecimento de forma gradativa e efetiva.

Força, você é capaz de conquistar o que deseja! Caso tenha alguma dúvida, não desanime, retome seus estudos, releia a apostila com calma e atenção. Não se intimide e recorra à webtutoria sempre que julgar necessário. Lembre-se que estamos aqui para contribuir com seu aprendizado. Vamos lá!

Introdução

Na aula 2, você teve a oportunidade de conhecer os pressupostos da abordagem qualitativa na pesquisa social, seus aspectos históricos, suas principais características, vantagens e desvantagens e as principais técnicas utilizadas nesse tipo de abordagem.

A partir desta aula, vamos começar a abordar os elementos constitutivos de um projeto de pesquisa. Para Heerdt (2006), o projeto de pesquisa é o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição dos caminhos para abordar uma dada reali-dade. Nesse sentido, suscita os seguintes questionamentos: O que pesquisar? Por que pesquisar? (justificativa) Para que pesquisar? (objetivos) Como pesquisar? (metodo-logia) Quando pesquisar? (cronograma) Por quem?

Observe no quadro a seguir:

Objetivo Para quê Finalidade

Justificativa Por quê Argumentos

Problema O quê Pergunta(s)

Metodologia Como Modo de realizar

Referência Fontes Livros, artigos, documentos

Segundo Minayo (1999), ao elaborar um projeto de pesquisa, o pesquisador estará lidando com, no mínimo, três dimensões:

Técnica » : regras científicas para a construção do projeto.

Ideológica » : relaciona-se às escolhas do pesquisador, sempre tendo em vista o momento histórico.

Científica » : ultrapassa o senso comum através do método científico.

De acordo com Lehfeld e Barros (1990), todo projeto de pesquisa consiste em um esquema de coleta, mensuração e análise de dados. Também contribui para uma melhor alocação dos recursos (humanos, financeiros, materiais e tecnológicos), já que na maioria das vezes são escassos. Além de auxiliar no estabelecimento de uma abor-dagem mais focalizada em determinado problema, na definição de objetivos gerais e específicos, no estabelecimento de metas e na definição de procedimentos metodoló-gicos capazes de alcançar os objetivos e metas propostos inicialmente.

No projeto de pesquisa são explicitados os motivos de ordem teórico-prática que justificam a sua realização, bem como da utilização de uma determinada metodologia

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de investigação. O problema da estrutura e o da eficiência devem ser observados, bem como avaliados em relação a sua contribuição potencial para a solução do problema objeto de estudo.

O ponto de partida de um projeto de pesquisa deve ser a definição do “problema de pesquisa”, que fornecerá subsídios para a delimitação da temática de estudo.

[...] Projetar significa antever e metodizar as etapas ou fases para a opera-cionalização de um trabalho dado. Constitui-se num instrumento técnico que conduz a uma aça específica com base em recursos humanos, técnicos, matérias financeiros e tecnológicos. O resultado do projetamento, o docu-mento do projeto e si deverá possuir certa flexibilidade, ou seja, adap-tar-se às possíveis mudanças existentes no desenrolar do trabalho, ou seja, podem ocorrer situações em que o pesquisador precise redimensionar o seu estudo frente às dificuldades na coleta de dados, na continuidade da subvenção financeira do projeto (LEHFELD; BARROS, 1990, p. 56).

Torna-se de fundamental importância destacar que o conteúdo dessa aula: prepa-rá-lo para o desenvolvimento de projetos de pesquisa que permitirão um foco mais definido para a identificação de demandas sociais e que, consequentemente, garantirão uma melhor e maior eficácia, eficiência e efetividade no processo de intervenção social. A partir destes aspectos introdutórios, vamos começar nossa aula?

3.1 Como elaborar uma introdução em um projeto de pesquisaPara Amboni e Amboni (1999), na introdução, você deve deixar claro o assunto

relativo ao tema escolhido, demonstrando a sua compreensão, o seu alcance, suas implicações e seus limites. Desta forma, a introdução engloba a exposição do assunto/tema escolhido como objeto de pesquisa. Ela deve apresentar uma redação clara, obje-tiva e consistente para o leitor compreender do que se trata a pesquisa.

Na introdução, fala-se genericamente sobre a área mais ampla onde está inserido o tema. A introdução pode iniciar tratando do cenário atual e finalizar mencionando a importância da área mais ampla em que se insere o trabalho. Na introdução, não deve ser mencionado nem o tema específico do projeto de pesquisa nem tampouco os seus objetivos. Isso virá mais adiante. O texto da introdução pode servir para justificar a importância da área mais ampla e apresentar as tendências atuais nessa área. Em geral, a introdução é reforçada pela inclusão de referências a alguns autores da área. Ela também pode conter tabelas ou quadros que indicam, às vezes numericamente, as tendências atuais, o crescimento ou a representatividade de algum setor.

Vamos a um exemplo de Introdução.

A nova Política Nacional de Assistência Social tem desenhado um novo cenário na garantia e consolidação da Assistência Social como política pública e direito social. Sua marca é a descentralização das ações, bem como o desenvolvimento do protagonismo social conferindo à assistência social um caráter de política universal e de participação efetiva na construção de políticas públicas. Com isso, a política da assistência social marca o início de uma nova realidade para a sociedade brasileira no que tange à responsabilidade política e na efetivação da assistência social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado.

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Fruto da carta magna de 1988 e da evolução de inúmeras leis, a atual proposta da assistência social está embasada no Sistema Único da Assistência Social (SUAS), criado em 2005. O SUAS introduz novos procedimentos de promoção, de execução e de fiscalização da assistência social, tendo como prioridade o atendimento às famílias em estado de vulnerabilidade social e prima pelo desenvolvimento do protagonismo social, que visa tornar a população atendida partícipe de todo o processo de realização da política de assistência.

A nova Política de Assistência Social tem como finalidade promover a inclusão e o protagonismo social, primando pela atenção às necessidades humanas de forma global, mas também atendendo as especificidades de cada contexto. Neste sentido, várias ações vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos. A exemplo disso, temos a criação dos Centros de Referência da Assistência Social – (CRAS), que tem dado uma nova dimensão às Políticas de Assistência Social, pois além de se tornar a porta de entrada para acolher as demandas sociais, tem uma dinâmica de funcionamento que está permitindo a desvinculação da assistência aos favores políticos, prática costumeira na maioria das localidades brasileiras.

O SUAS tem nos Centros de Referências da Assistência Social (CRAS) o espaço imprescindível para a execução das políticas públicas da assistência social. Os centros de referência foram lançados e implantados como projeto-piloto em alguns municípios em 2003, todavia, hoje, com a concretização do SUAS, os CRAS já abrange grande parte do território nacional, e a intenção é que todos os municípios brasileiros tenham ao menos um CRAS.

Segundo o guia de orientação para profissionais do CRAS (2006), os profissionais que atuam no CRAS devem contar com uma equipe mínima para a execução dos serviços e ações necessariamente nele ofertados. A composição da equipe mínima deverá ser composta por profissionais, preferencialmente, do quadro próprio do município, e minimamente dimen-sionados por categoria profissional, conforme segue: Assistente Social, Psicólogo, Auxiliar Administrativo, Estagiários e Coordenador, entretanto, tem-se que a equipe técnica de referência dos Centros de Referência da Assistência Social é composta por: Assistentes Sociais e Psicólogos, que tem como função prestar serviços e executar ações no âmbito da Proteção Social Básica dos municípios. Deste modo, as propostas de intervenções devem ter tanto o caráter social como o psicológico, o que exige da equipe certa predisposição para trabalhar e desenvolver práticas dentro de uma perspectiva interdisciplinar.

Assim, do exposto, conclui-se que o CRAS atua prioritariamente na proteção básica e junto às famílias em estado de vulnerabilidade social, sendo que, nesta proteção básica, o trabalho com famílias deve considerar novas referências para a compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de um modelo único baseado na família nuclear, e partindo do suposto de que são funções básicas das famílias: prover a proteção e a socialização dos seus membros; consti-tuir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o Estado.

Deste modo, qualquer forma de atenção e/ ou de intervenção no grupo familiar precisa levar em conta sua singularidade, sua vulnerabilidade no contexto social, além de seus recursos simbólicos e afetivos, bem como sua disponibilidade para se transformar e dar conta de suas atribuições.

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3.2 Principais aspectos na delimitação do tema em um projeto de pesquisaPara Barreto e Honorato (1998), a escolha de um tema representa uma delimitação

de um campo de estudo que se encontra incluso numa grande área de conhecimento, sobre o qual se pretende investigar. É necessário construir um objeto de pesquisa, ou seja, sele-cionar uma fração da realidade a partir do referencial teórico-metodológico escolhido.

É fundamental que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento com a qual a pessoa já tenha alguma intimidade intelectual, sobre a qual já tenha alguma leitura específica e que, de alguma forma, esteja vinculada à carreira profissional que esteja planejando para um futuro próximo

O tema de pesquisa é, na verdade, uma área de interesse a ser abordada. É uma primeira delimitação, ainda ampla.

Veja alguns exemplos:

Políticas públicas. »

Violência doméstica. »

Violência urbana. »

Gestão social. »

Perceba que, nesta etapa, o tema ainda encontra-se amplo, exigindo um esforço do pesquisador em deixar mais claro seu objeto de estudo. Cabe neste momento delimitar o tema, ou seja, indicar a abrangência do estudo, estabelecendo os limites extencionais e conceituais. Enquanto princípio de logicidade, é importante salientar que, quanto maior a extensão conceitual, menor a compreensão conceitual e, inversamente, quanto menor a extensão conceitual, maior a compreensão conceitual. Para que fique clara e precisa a extensão conceitual do assunto, é importante situá-lo em sua respectiva área de conhecimento, possibilitando, assim, que se visualize a especificidade do objeto no contexto de sua área temática (LEONEL, 2002).

Quando alguém diz que deseja estudar a questão da violência conjugal ou a pros-tituição masculina, está se referindo ao assunto de seu interesse. Contudo, é neces-sário para a realização de uma pesquisa um recorte mais “concreto”, mais preciso do assunto (MINAYO, 1999).

Vejamos alguns exemplos de como se pode proceder para delimitar um tema.

Tema: Violência doméstica

Possíveis delimitações:

As consequências psicossociais para crianças vítimas de violência doméstica a) que se encontram no Abrigo no município de Florianópolis; ou

O significado da violência para mulheres vítimas de abuso sexual atendidas no b) Juizado e Proteção à Mulher no município de São Bernardo do Campo.

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Para Veiga (1996), a escolha de um tema implica no fato de que você já fez uma seleção. Ela resultou de algum interesse particular ou profissional, prático ou teórico, antigo ou simplesmente instigado por suas últimas leituras. Portanto, considere os seguintes aspectos:

O assunto deve corresponder ao seu gosto e, portanto, proporcionar-lhe uma »experiência psicologicamente gratificante, além, é claro, de contribuir para o avanço das Ciências Humanas e Sociais.

O assunto deve ser bem adequado, tanto à sua formação quanto ao tempo, »recursos e energia que você poderá consagrar a essa pesquisa.

O assunto deve estar suficientemente documentado. Isto é, o material bibliográfico »pertinente deve ser suficiente, facilmente identificável, disponível e acessível.

Não existe qualquer receita que permita a delimitação do assunto (tema). No máximo, pode-se aconselhar a fixação de limites, particularmente de tempo e espaço, isto é, a indicação do âmbito histórico e geográfico que envolve o tema.

3.3 A definição do problema em um projeto de pesquisaPara Heerdt (2006), a formulação do problema é a continuidade da delimitação

da pesquisa, sendo ainda mais específica: indica exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver ou responder. É a apresentação da ideia central do trabalho, tendo-se o cuidado de evitar termos equívocos e inexpressivos. É um desenvolvimento da definição clara e exata do assunto a ser desenvolvido.

O pesquisador deve contextualizar de forma sucinta o tema de sua pesquisa. Contextualizar significa abordar o tema de forma a identificar a situação ou o contexto no qual o problema a seguir será inserido. Essa é uma forma de introduzir o leitor no tema em que se encontra o problema, permitindo uma visualização situacional da questão (OLIVEIRA, 2002, p. 169).

A escolha de um problema, para Rudio (citado por MINAYO, 1999), merece indagações:

Trata-se de um problema original e relevante?1.

Ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?2.

Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?3.

Existem recursos financeiros para o estudo?4.

Há tempo suficiente para investigar tal questão?5.

O problema, geralmente, é feito sob a forma de pergunta(s). Assim, torna-se fator primordial que haja possibilidade de responder as perguntas ao longo da pesquisa. Da mesma forma, aconselha-se a não fazer muitas perguntas, para não incorrer no erro de não serem apresentadas as devidas respostas.

Exemplos:

Quais as consequências psicossociais para crianças vítimas de violência domés- »tica que se encontram no Abrigo no município de Florianópolis?

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Qual o significado da violência para mulheres vítimas de abuso sexual atendidas »no Juizado de Proteção à Mulher no município de São Bernardo do Campo?

3.4 Como elaborar uma justificativa em um projeto de pesquisaDe acordo com Heerdt (2006), a justificativa envolve aspectos de ordem teórica,

para o avanço da ciência, de ordem pessoal/profissional, de ordem institucional (univer-sidade e empresa) e de ordem social (contribuição para a sociedade).

Deve procurar responder: Qual a relevância da pesquisa? Que motivos a justi-ficam? Quais contribuições para a compreensão, intervenção ou solução que a pesquisa apresentará?

Para Silva e Menezes (2001), o pesquisador precisa fazer algumas perguntas a si mesmo: o tema é relevante? Por quê? Quais pontos positivos você percebe na abordagem proposta? Que vantagens/benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar?

Nesse sentido, o pesquisador deve destacar a relevância do tema para o campo de atuação do Serviço Social, para a(s) disciplina(s) à(s) qual(is) se filia e para a socie-dade. Finalmente, cabe sublinhar a contribuição teórica que adviria da elucidação do tema e a utilidade que a pesquisa, uma vez concluída, pode vir a ter para o curso, para a disciplina ou para o próprio aluno.

Barral (2003, p. 88-89) oferece alguns itens importantes que podem fazer parte de uma boa justificativa. São eles:

Atualidade do tema » : inserção do tema no contexto atual.

Ineditismo do trabalho » : proporcionará mais importância ao assunto.

Interesse do autor » : vínculo do autor com o tema.

Relevância do tema » : importância social, jurídica, política, etc.

Pertinência do tema » : contribuição do tema para o debate jurídico.

Vamos a mais um exemplo.

O Serviço Social no Juizado de Proteção à Mulher Vítima de Violência atende uma demanda que apresenta como foco principal os conflitos intrafamiliares, envolvendo tanto a pesquisa como a intervenção, através do processo de triagem, atendimento social e ações sócio-educativas realizadas junto à comunidade.

Nessa perspectiva, o foco está direcionado para as famílias, que representadas, prin-cipalmente, pelas mulheres, procuram assistência jurídica gratuita. Diante da complexi-dade do fenômeno, é imprescindível a realização de estudos que ampliem a visibilidade do tema e da diversidade das situações de violência contra as mulheres. É preciso romper com esse continuísmo que repercute, de modo significativo, nas esferas política, econômica, social e cultural do país, contribuindo com a qualidade de vida das mulheres e das pessoas com quem se relacionam.

Mediante esse contexto, pode-se avaliar a importância de um Serviço de assistência

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sócio-jurídica, pois se observa que as histórias das mulheres vítimas de violência encon-tram-se imbricadas pela presença de aspectos relacionados às questões de gênero, difi-culdades de comunicação entre os membros da família, concepção de família, exigindo maior investigação científica nesse campo de atuação interdisciplinar a fim de fortalecer o exercício de cidadania por parte dessas mulheres vítimas de violência.

3.5 Objetivos gerais e específicos em um projeto de pesquisaDe acordo com Heerdt (2006), os objetivos estão relacionados com a visão global

do tema e com os procedimentos práticos. Indicam o que se pretende conhecer, ou medir, ou provar no decorrer da pesquisa, ou seja, as metas que se deseja alcançar.

Podem ser gerais e específicos. No primeiro caso, indicam uma ação muito ampla e, no segundo, procuram descrever ações pormenorizadas ou aspectos detalhados.

Para Barreto e Honorato (1998), uma ação individual ou coletiva se materia-liza através de um verbo. Por isso, é importante uma grande precisão na escolha do verbo, escolhendo aquele que rigorosamente exprime a ação que o pesquisador pretende executar.

Outro critério fundamental na delimitação dos objetivos da pesquisa na opinião desses autores é a disponibilidade de recursos financeiros e humanos e de tempo para a execução da pesquisa, de tal modo que não se corra o risco de torná-la inviável. É preferível diminuir o recorte da realidade do que se perder em um mundo de informa-ções impossíveis de serem tratadas.

Objetivo(s) geral(is) » : indicação do resultado pretendido. Por exemplo: identificar, levantar, descobrir, caracterizar, descrever, traçar, analisar, explicar, etc.

Exemplo » : identificar as consequências psicossociais para crianças vítimas de violência doméstica.

Objetivos específicos » : indicação das metas das etapas que levarão à realização dos objetivos gerais. Por exemplo: classificar, aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar, etc.

Exemplos » :

conhecer a dinâmica familiar; »

identificar o tipo de violência intrafamiliar; »

investigar possíveis alterações no comportamento das crianças; »

investigar possíveis alterações no desempenho escolar. »

Finalizando nossas reflexões, podemos considerar que a elaboração de um projeto de pesquisa requer um olhar atento do pesquisador frente à temática a ser investigada e, principalmente, na definição do problema, que consiste na pergunta de pesquisa.

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Outro aspecto importante diz respeito à importância do projeto de pesquisa para o Serviço Social, já que permite uma melhor identificação das demandas socais e, conse-quentemente, na elaboração de um projeto de intervenção com foco mais definido nas referidas demandas.

Síntese da aula

Nessa terceira aula, você pôde conhecer os primeiros passos na elaboração de um projeto de pesquisa. Apreendeu os aspectos a serem considerados na introdução de um projeto de pesquisa, bem como na definição e delimitação de um tema. Também aprendeu como elaborar uma justificativa e definir um problema em um projeto de pesquisa. Por último, aprendeu como elaborar os objetivos gerais e específicos.

Você não deve esquecer que todo projeto de pesquisa envolve um esquema de coleta, mensuração e análise de dados, permitindo uma maior e melhor alocação dos recursos (humanos, financeiros, materiais e tecnológicos). Além de auxiliar no estabelecimento de uma abordagem mais focalizada em um determinado problema, na definição de objetivos gerais e específicos, no estabelecimento de metas e na definição de procedimentos metodológicos capazes de alcançar os objetivos e metas propostos inicialmente.

Atividades

1. Imagine que você tem como desafio a elaboração de um projeto de pesquisa. Pense em um assunto de seu interesse que tenha relação com o Serviço Social e, em seguida, responda às questões:

a) Qual o tema da pesquisa?

b) Delimitação do tema da pesquisa.

c) Qual o problema subjacente ao assunto pesquisado, ou seja, o que você quer saber ou pesquisar?

d) Cite o objetivo geral da pesquisa.

e) Cite dois objetivos específicos referentes à pesquisa:

Objetivo específico (1) »

Objetivo específico (2) »

f) Que justificativa você apresentaria para a realização desta pesquisa?

Comentário das atividades

Para responder essas atividades, você deve se basear nos exemplos apresentados nesta aula e simular um tema que seja de seu interesse a fim de exercitar seu aprendizado.

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Referências

BARRAL, Welber. Metodologia da pesquisa jurídica. 2. ed. Florianópolis: Fundação Boitex, 2003.

BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de sobre-vivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.

HAYASHI, Eiji. Condições ambientais em escolas municipais de ensino infantil da cidade de Marília (São Paulo): estudo de caso. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2007.

HEERDT, Mauri Luiz. Apostila de Metodologia da Pesquisa Jurídica, Curso de gradu-ação em direito. Universidade do Sul de Santa Catarina, 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

OLIVEIRA, Claudionor dos Santos. Metodologia científica, planejamento e técnicas de pesquisa: uma visão holística do conhecimento humano. São Paulo: LTR, 2000.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muskat. Metodologia da pesquisa e elabo-ração de dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distância da UFSC, 2001.

SOARES, E. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2002.

VEIGA, José Eli da. Como elaborar seu projeto de pesquisa. USP, Departamento de Economia & PROCAM, São Paulo, ago. 1996.

Na próxima aula

Na quarta aula, vamos abordar os elementos constitutivos do projeto de pesquisa, dando ênfase ao referencial teórico e procedimentos metodológicos. Até lá!

Anotações

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

saber no que consiste uma revisão bibliográfica em um »projeto de pesquisa;

apreender os principais aspectos a serem considerados na »elaboração da fundamentação teórica em um projeto de pesquisa;

conhecer os diversos tipos de pesquisa; »

definir população/amostra em um projeto de pesquisa; »

conhecer os diversos instrumentos e procedimentos utilizados »na etapa de coleta de dados em um projeto de pesquisa.

Pré-requisitos

A partir do aprendizado adquirido através dos conteúdos presentes nas aulas 1, 2 e 3, você já tem condições de compreender que a elaboração de um projeto de pesquisa requer um planejamento minucioso a fim de que os objetivos traçados sejam atingidos e o problema de pesquisa seja respondido ao final do processo. Mas a caminhada ainda não terminou. Vamos em frente!

Espero que você esteja bastante empolgado para adquirir novos conhecimentos. A cada obstáculo que vencemos nos tornamos mais fortes e confiantes. Vamos começar a nossa aula?

os elementos constitutivos do projeto de pesquisa – parte 2

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Introdução

Na aula 3, você teve a oportunidade de aprender como elaborar o tema, problema, justificativa, objetivo geral e específico, que se constituem em elementos essenciais de um projeto de pesquisa.

Como já comentado anteriormente, existem mais elementos envolvidos na elabo-ração de um projeto de pesquisa e é sobre isto que iremos tratar nesta aula. Não esqueça que, para Heerdt (2006), o projeto de pesquisa é o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição dos caminhos para abordar uma dada realidade.

4.1 Principais aspectos na definição do referencial teórico em um projeto de pesquisa

Para Silva e Menezes (citados por HEERDT, 2006), nesta fase, o pesquisador deverá responder às seguintes questões: quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto? Que aspectos já foram abordados? Quais as lacunas existentes na litera-tura? Pode ser uma revisão teórica, empírica ou histórica.

A fundamentação teórica é importantíssima porque favorecerá a definição de contornos mais precisos da problemática a ser estudada.

De acordo com Soares nesta etapa da pesquisa, o primeiro momento consiste no levantamento de material bibliográfico existente sobre o tema ou das questões que deter-minam os objetos de estudo. Nessa etapa, o pesquisador realiza um levantamento acerca dos principais documentos e trabalhos realizados a respeito do tema escolhido, abordados anteriormente por outros pesquisadores, para a obtenção de dados para a pesquisa. Essa bibliografia deve ser capaz de fornecer informações e contribuir com a pesquisa. O levan-tamento é realizado de acordo com um dos dois tipos de pesquisa, dependendo do tema escolhido: o método de pesquisa documental e o método de pesquisa bibliográfica.

As fontes mais apropriadas e que devem ser consultadas em primeiro lugar são:

revistas científicas; »

monografias, dissertações e teses de autores que estudaram assuntos que se »aproximem de seu tema de pesquisa;

livros e publicações avulsas; »

documentos, arquivos públicos e particulares, fotos, imagens; »

revistas, jornais, apostilas, resenhas, artigos, etc. »

O pesquisador deve estar atento ao ano de publicação dos materiais – aconselha-se que o prazo não seja superior a dez anos de publicação. Por exemplo, se o trabalho está sendo realizado em 2010, devem-se utilizar documentos que foram publicados a partir de 2000, mesmo assim, dependendo do tipo de pesquisa, analisar se esse período não é muito longo.

Soares (2009) ressalta que se deve iniciar o processo de localização e busca dos assuntos referentes aos objetos de estudo pelo índice e resumo, se houver, para verificar

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o que se fala a respeito do tema na obra ou documento consultado e que capítulos versam sobre o tema do estudo.

Em seguida, o pesquisador deverá consultar as páginas de referências bibliográficas para verificar que fontes bibliográficas o autor do documento original consultou, o que permitirá o levantamento de mais fontes de consulta sobre a área temática investigada no estudo, possibilitando a verificação e análise de várias premissas, conceitos e pensa-mentos sobre os objetos estudados no trabalho.

O estudo da literatura ajudará na organização do trabalho e servirá de suporte no momento do direcionamento e planificação da pesquisa, possibilitando que o pesqui-sador faça um recorte do que será importante ou não nas etapas do trabalho, como também no levantamento da hipótese da pesquisa. Isso permite a definição do método a ser utilizado e, consequentemente, dos procedimentos e instrumentos para a inves-tigação científica.

4.1.1 Como organizar o material coletado para o referencial teórico?Considera-se que o fichamento seja útil neste momento, onde o pesquisador, após

a leitura dos textos relacionados à área temática investigada, deverá elaborar fichas no computador ou mesmo à mão, anotando a síntese dos conceitos e pressupostos sobre o tema abordado, que são apresentados pelos autores estudados.

O fichamento facilitará a procura do pesquisador, que terá ao seu alcance as informações coletadas nas bibliotecas públicas ou privadas, na Internet, ou mesmo em acervo próprio ou de amigos. A ficha é composta com cabeçalho, referência bibliográ-fica, corpo ou texto-conteúdo, indicação da obra (quem deve lê-la) e o local (onde a obra se encontra).

4.2 Procedimentos metodológicos que orientam um projeto de pesquisaA metodologia da pesquisa num planejamento deve ser entendida como o conjunto

detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação (BARRETO; HONORATO, 1998).

Para Amboni e Amboni (2006), a realização de um projeto de pesquisa requer a definição dos procedimentos metodológicos, que compreende: a caracterização da pesquisa, a definição da população e do plano amostral (quando necessária), a defi-nição das técnicas de coleta e de análise dos dados utilizadas, bem como possíveis limitações no que se referem às generalizações dos resultados obtidos, a natureza das técnicas de coleta de dados e as influências internas e externas. Em seguida, cada um desses itens será explicitado de forma mais detalhada a fim de facilitar sua compreensão.

4.2.1 Caracterização da pesquisaQuanto aos objetivos

Segundo Gil (2002), uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode ser classi-ficada da seguinte forma:

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Pesquisa exploratória » : tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Pode envolver levanta-mento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesqui-sado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

Pesquisa descritiva » : tem como objetivo primordial a descrição das caracterís-ticas de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas características está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Destacam-se também na pesquisa descritiva aquelas que visam descrever carac-terísticas de grupos (idade, sexo, procedência, etc.), como também a descrição de um processo numa organização, o estudo do nível de atendimento de enti-dades, levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população, etc.

Também são pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre o candidato e a escolaridade dos eleitores.

Pesquisa explicativa » : a preocupação central consiste em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e delicado.

Quanto aos procedimentos técnicos

Segundo Gil (2002), uma pesquisa, quanto aos seus procedimentos técnicos, pode ser classificada da seguinte forma:

Pesquisa bibliográfica » : é desenvolvida com base em material já elaborado, consti-tuído principalmente de livros e artigos científicos. Não é aconselhável que textos retirados da Internet constituam o arcabouço teórico do trabalho monográfico.

Pesquisa documental » : é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não rece-beram ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições, etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas, etc.

Pesquisa experimental » : quando se determina um objeto de estudo, selecio-na-se as variáveis capazes de influenciá-lo, define-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

Levantamento » : é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se à solicitação de informações a um grupo signifi-cativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados cole-tados. Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo.

Estudo de campo » : procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da observação direta das atividades do grupo

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estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e inter-pretações do ocorre naquela realidade.

Para Ventura (2002, p. 79), a pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão coletados os dados e os critérios de análise dos dados obtidos.

Estudo de caso » : consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

Caracterizado por ser um estudo intensivo. É levada em consideração, principal-mente, a compreensão, como um todo, do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados. Quando o estudo é intensivo podem até aparecer rela-ções que de outra forma não seriam descobertas (FACHIN, 2001, p. 42).

Pesquisa-ação » : um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou partici-pativo (THIOLLENT, 1986, p. 14).

4.2.2 População e amostragemSegundo Amboni e Amboni (1999), a população pode ser representada por indiví-

duos, grupos, organizações e por integrantes da sociedade. A população representada por indivíduos, grupos e organizações pode ser aquela que possui determinadas carac-terísticas, como por exemplo, as crianças de 0 a 6 anos de uma determinada comuni-dade; homens que se encontram desempregados nos últimos 6 meses, entre outros.

Geralmente, quando a população a ser pesquisada é relativamente grande, é sele-cionada uma parte representativa do todo, o qual denominamos de amostra.

Ressaltam os autores (1999) que a utilização da amostra deverá ocorrer quando identificadas as seguintes situações:

Restrição de tempo, dinheiro ou pessoal. »

Quando é impossível estudar todos os elementos de uma população. »

4.2.3 Técnicas de coleta dos dadosA principal forma de coleta de dados é a leitura (livros, revistas, jornais, sites,

CDs, etc.), que certamente é utilizada para todos os tipos de pesquisa. Esta técnica também é chamada de pesquisa bibliográfica.

Existem, basicamente, dois tipos de dados:

Dados secundários » : são os dados que já se encontram disponíveis, pois já foram objeto de estudo e análise (livros, teses, CDs, etc.).

Dados primários » : dados que ainda não sofreram estudo e análise. Para cole-tá-los, pode-se utilizar: questionário fechado, questionário aberto, formulário,

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entrevista estruturada ou fechada, entrevista semi-estruturada, entrevista aberta ou livre, entrevista de grupo, discussão de grupo, observação dirigida ou estruturada, observação livre, brainstorming, brainwriting, etc.

De acordo com Amboni e Amboni (2006), as principais técnicas de coletada de dados utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa de cunho qualitativo são:

a) A observação participante: consiste na participação real do observador na vida da comunidade, do grupo ou de uma organização. O observador assume o papel de um membro do grupo.

b) A história de vida: apresenta como objetivo central o relato de alguém que tenha significado importante para o conhecimento do objeto em estudo e que pode ser tanto um participante como um observador do fenômeno social que relata sua própria história. Através de uma série de entrevistas, realiza-se a reconstituição global da vida do indivíduo, tentando evidenciar aqueles aspectos que mais interessam à pesquisa.

c) A história oral: é uma técnica de coleta de dados baseada no depoimento oral, gravado, obtido através da interação entre especialista e o entrevistado, ator social ou testemunha de acontecimentos relevantes para a compreensão do assunto que você está pesquisando.

d) A entrevista: pode ser definida como um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas é o entrevistador. As entrevistas podem se configurar de três formas:

A entrevista dirigida ou padronizada » é utilizada quando o pesquisador utiliza um roteiro pré-elaborado de questões, sendo que a maioria das perguntas são fechadas;

A entrevista semiestruturada » é utilizada quando o pesquisador utiliza um roteiro pré-elaborado mais que permite a inclusão de outras perguntas ao entrevistado no transcorrer do processo da entrevista, sendo que a maioria das perguntas são abertas;

A entrevista não diretiva ou entrevista aprofundada » tem como prin-cipal característica a ampla liberdade do entrevistado para falar sobre o assunto. Compete ao entrevistador identificar o que é mais relevante ou não quando se leva em conta o tema e o objetivo geral da pesquisa.

4.2.3.1 Técnicas de coleta de dados para pesquisa quantitativa

O questionário estruturado com questões fechadas tem por objetivo coletar infor-mações acerca do que pensam as pessoas sobre determinado assunto.

Para obter sucesso por meio da utilização desta técnica de coleta de dados, você deve ter alguns cuidados básicos:

a linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que o »respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado. Não é recomendado o uso de gírias, a não ser que se faça necessário por necessidade de características de linguagem do grupo (grupo de surfistas, por exemplo);

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todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de » pré-teste, num universo reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação em relação às perguntas;

o questionário deve ter uma carta de explicação, deve conter a proposta da »pesquisa, as instruções de preenchimento, as instruções para devolução, os incentivos para o respondente preencher o questionário e os agradecimentos;

o questionário deve evitar a identificação do respondente para as respostas »terem maior significação em relação ao objetivo que você pretende alcançar com a pesquisa de avaliação.

Finalizando nossas reflexões, podemos considerar que a elaboração de um projeto de pesquisa requer persistência por parte do pesquisador e determinação na concreti-zação dos objetivos propostos inicialmente, bem como um alinhamento constante com o objeto de estudo e o problema.

Outro aspecto importante diz respeito ao olhar “clínico” do pesquisador quando da elaboração do referencial teórico e na definição dos procedimentos metodológicos mais adequados ao tipo de pesquisa e características da população pesquisada.

Síntese da aula

Nessa quarta aula, você pôde conhecer mais alguns passos na elaboração de um projeto de pesquisa. Aprendeu os aspectos a serem considerados na definição do refe-rencial teórico em um projeto de pesquisa, bem como os procedimentos metodológicos utilizados. Também conheceu os diversos tipos de pesquisa e as diversas técnicas de coleta de dados.

Atividades

1. Considerando-se os principais aspectos na definição do referencial teórico em um projeto de pesquisa, assinale a alternativa incorreta.

a) A fundamentação teórica é importantíssima porque favorecerá a definição de contornos mais precisos da problemática a ser estudada.

b) Nessa etapa, o pesquisador realiza um levantamento acerca dos principais documentos e trabalhos realizados a respeito do tema escolhido.

c) O pesquisador deve estar atento ao ano de publicação dos materiais – aconse-lha-se que o prazo não seja superior a dez anos de publicação.

d) Nenhuma das alternativas está correta.

2. Uma pesquisa, tendo em vista seus objetivos, pode ser classificada da seguinte forma:

a) Exploratória, descritiva e explicativa.

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b) Descritiva, explicativa e quantitativa.

c) Explicativa, descritiva e bibliográfica.

d) Documental, explicativa e descritiva.

3. Descreva como uma pesquisa pode ser classificada de acordo com seus procedi-mentos técnicos.

Comentário das atividades

Na atividade 1, de acordo com Silva e Menezes (citados por HEERDT, 2006), a fundamentação teórica é importantíssima porque favorecerá a definição de contornos mais precisos da problemática a ser estudada. De acordo com Soares, nesta etapa da pesquisa, o pesquisador realiza um levantamento acerca dos prin-cipais documentos e trabalhos realizados a respeito do tema escolhido. O pesqui-sador deve estar atento ao ano de publicação dos materiais – aconselha-se que o prazo não seja superior a dez anos de publicação Portanto, a alternativa incorreta é a (d).

Na atividade 2, segundo Gil (2002), uma pesquisa, tendo em vista seus obje-tivos, pode ser classificada da seguinte forma: pesquisa: exploratória, descritiva e explicativa, portanto a alternativa correta é a (a).

Na atividade 3, conforme Gil (2002), uma pesquisa, quanto aos seus procedi-mentos técnicos, pode ser classificada da seguinte forma: bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de campo, estudo de caso e pesquisa-ação.

Referências

AMBONI, Neri; AMBONI, Narcisa de Fátima. Pesquisa de avaliação: livro didático. 3. ed. Palhoça: Unisulvirtual, 2006.

BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de sobre-vivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.

BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

SOARES, J. J. Os tipos de conhecimento humano. Disponível em: <http://www.jjso-ares.com/media/download/Pesquisa>. Acesso em: 20 set. 2009.

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Na próxima aula

Na quinta aula, vamos abordar os elementos constitutivos do projeto de pesquisa, dando ênfase ao tratamento e análise dos dados, bem como orçamento e cronograma. Até lá!

Anotações

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

saber interpretar e analisar os resultados obtidos em um »projeto de pesquisa;

compreender a importância do planejamento orçamentário »em um projeto de pesquisa;

elaborar um cronograma para um projeto de pesquisa. »

Pré-requisitos

Nesse momento, você já se encontra apto a iniciar a elaboração de um projeto de pesquisa, com base no aprendizado adquirido nas aulas anteriores. Mas ainda precisamos dar mais alguns passos. Não desanime!

Você deve rever os conteúdos das aulas 1, 2, 3 e 4, pois eles serão fundamentais para a continuidade do processo de aprendi-zagem. Vamos dar início à nossa aula?

Introdução

Na aula 4, você conheceu mais alguns passos na elaboração de um projeto de pesquisa. Aprendeu os aspectos a serem considerados na definição do referencial teórico em um projeto de pesquisa, bem

os elementos constitutivos do projeto de pesquisa – parte 3

5

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como os procedimentos metodológicos utilizados. Também aprendeu os diversos tipos de pesquisa e as diversas técnicas de coleta de dados.

Agora estamos na fase final do projeto, onde vamos aprender como interpretar e analisar os dados, bem como elaborar um planejamento orçamentário e cronograma de ações. Mãos à obra!

5.1 Interpretação e análise de dados num projeto de pesquisaDe acordo com Selltiz e outros (citados por BARROS e LEHFELD, 1996, p. 59),

“o objetivo da análise é sumariar as observações completadas, de forma que estas permitam respostas às perguntas de pesquisa. O objetivo da interpretação é a procura do sentido mais amplo de tais respostas, através de sua ligação a outros conhecimentos já obtidos”.

Segundo Rauen (1999, p. 141), nesta etapa são apresentados os resultados obtidos na pesquisa e analisados de acordo com os objetivos e/ou hipóteses definidas inicial-mente. Assim, a apresentação dos dados é a evidência das conclusões e a interpretação consiste na relação destes com a teoria.

O objetivo da análise é sumariar as observações, de forma que estas permitam fornecer respostas às perguntas da pesquisa. O objetivo da interpretação é a procura do sentido mais amplo de tais respostas, por sua ligação com outros conhecimentos já obtidos (SELLTIZ e outros citados por RAUEN, 1999, p. 122).

Para Heerdt (2006), na interpretação, os resultados obtidos são comparados com resultados similares para destacar pontos em comum e pontos de discordância.

Em síntese, é a descrição da forma como serão analisados os dados da pesquisa. Existem duas grandes tendências:

se a pesquisa for qualitativa, as respostas podem ser interpretadas global e a) individualmente;

se for quantitativa, provavelmente serão utilizadas tabelas e estatística.b)

Para Barros e Lehfeld (1996), interpretar significa ir ao encontro do sentido mais explicativo dos resultados obtidos numa pesquisa. Significa decifrar os índices, percentuais obtidos, a partir da medição e tabulação dos dados. Sendo assim, a inter-pretação seria a capacidade de se voltar à síntese sobre os dados, onde o pesquisador deve estabelecer uma relação destes com o todo e com outros estudos já realizados na mesma área.

Interpretar dados se caracteriza como uma difícil tarefa para o pesqui-sador. O apoio e auxílio de um quadro teórico conceitual se fazem neces-sário. Caso o pesquisador permaneça, nesta fase, numa simples leitura dos dados quantitativos (percentuais) e qualitativos, é provável que não consiga sair do nível de constatação empírica (BARROS e LEHFELD, 1996, p. 62).

Ressaltam os autores supracitados que antes de se passar à fase de interpretação dos dados, o pesquisador deve analisar de forma crítica os dados coletados, a fim de observar possíveis falhas, preenchimento incorreto de formulários e questionários, entre outros.

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5.1.1 O processo de classificação e categorização dos dados numa pesquisaNesta etapa, os dados são divididos em categorias de análise a partir dos objetivos

e interesses apresentados pela pesquisa. Em seguida, todo o conjunto de categorias deve atender a algumas regras básicas, de acordo com Barros e Lehfeld (1996, p. 62):

O conjunto de categorias deve ser derivado em um único princípio de »classificação.

O conjunto de categorias deve abranger toda e qualquer resposta obtida, ou »seja, deve ser exaustivo.

As categorias devem ser mutuamente exclusivas, isto é, não deve ser possível »colocar determinada resposta em mais de uma categoria do conjunto.

Nem sempre será mito fácil ao pesquisador estabelecer as categorias. Em algumas situações torna-se muito difícil e complexo, exigindo muito tempo. Ao se definir por um tipo de instrumento de coleta de dados, torna-se valioso categorizar, nas situações em que isso é possível, as ques-tões antecipadamente. Esta ação facilitará a representação estatística dos dados e sua interpretação (BARROS; LEHFELD, 1996, p. 64).

5.1.2 A representação numérica dos dados numa pesquisaConsidera-se que a forma mais simples de representar os dados de uma pesquisa

seja a distribuição por frequência ou tabulação.

Os dados podem ser apresentados através de quadros, tabelas ou gráficos. Nesse caso, cada uma dessas reapresentações deve vir acompanhada de um enunciado, que pode ser o próprio título.

Fique atento aos seguintes detalhes:

As tabelas, gráficos e quadros devem ser seguidos de texto e ou comentários 1. a que eles se referem;

Os comentários englobam dois ou mais quadros e tabelas e ou uma combi-2. nação entre as mesmas;

A divisão dos dados deve ser feita entre as tabelas, quadros e gráficos.3.

Quando utilizada a abordagem quantitativa, preste atenção para as dicas a seguir:

É conveniente que as tabelas não sejam muito grandes, ou seja, que não ultra-1. passe uma página;

Quando se pretende agrupar muitos dados, é preferível que a tabela seja 2. desmembrada em duas ou mais;

As tabelas devem ser de fácil leitura e entendimento;3.

As tabelas (ou representação gráfica dos dados) devem ser simples e auto-4. explicativas, deixando bem evidente o que se pretende mostrar;

Observar as normas previstas na ABNT para o uso de tabelas;5.

Deve-se buscar o equilíbrio entre o número de tabelas apresentadas e o tamanho 6. e qualidade do texto geral do trabalho (BARROS; LEHFELD, 1996, p. 69).

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7º Período | Serviço Social | Univali

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5.2 A técnica de análise de conteúdoNa pesquisa qualitativa, a quantidade gerada de informações provenientes do

conteúdo originado da fala dos sujeitos é relativamente grande, exigindo, por parte do pesquisador, apreender de forma mais fidedigna possível o significado das pala-vras expressas pelos sujeitos da pesquisa. Dessa forma, de acordo com Bardin (1977, p. 160), a análise de conteúdo é:

um conjunto de técnicas de análises das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a infe-rência de conhecimentos relativos as condições de produção/recepção (variáveis inseridas nas mensagens).

Para Setúbal (1999), a análise de conteúdo se utiliza não só de mensagens, mas também das expressões dos sujeitos sociais produzindo um conhecimento que se cons-trói na interação entre pesquisador e pesquisado.

De acordo com Bardin (2000) e Minayo e Deslandes (1999), a análise de conteúdo está dividida em três fases distintas: a pré-análise, a exploração do material e a inter-pretação dos dados. A fase de pré-análise consiste na organização e representação dos dados coletados a fim de proceder à escolha das unidades de registros, das unidades de contexto, permitindo a codificação dos dados coletados. Na fase de exploração do material, os dados são devidamente codificados, ou seja, é a fase de transformação dos dados brutos, tornando-os compreensíveis. Na última fase, os dados codificados ante-riormente são agrupados em categorias definidas a priori e a posteriori.

Observe o exemplo a seguir de uma pesquisa realizada no presídio masculino de Florianópolis no ano de 2009, tendo como objetivo demonstrar a importância do Serviço Social na garantia e defesa dos direitos dos reclusos do Presídio Masculino de Florianópolis, quanto à concessão de regalias externas, independente da etnia. Preste atenção à análise realizada pela aluna, onde os resultados obtidos são sustentados pelos autores referenciados no marco teórico.

Quadro 1 Categoria 3 – Quem é beneficiado com a concessão de regalia externa no período março a julho 2008.

CAtegoRIA SubCAtegoRIA S1 S2 S3 FReq.

Quem é benef iciado com a concessão de regalia externa

Depende da necessidade do presídio

“se o presídio precisar de um pintor, o preso que era pintor na rua, vai para a regalia [...]”

1

Ausência de delito grave

“Se o preso não tem um delito tão grande assim, que não chama tanto a atenção assim da opinião pública, ele já pode ter regalia”

1

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Categoria SubCategoria S1 S2 S3 Freq.

Quem é benef iciado com a concessão de regalia externa

Bom comportamento

“[...] se ele tem bom comportamento”

1

Conf iança estabelecida durante o período

“[...] tem que ver se ele tem fugas”

1

Nesta categoria que corresponde a “quem é beneficiado com a concessão de regalia externa”, cada um dos sujeitos entrevistados expressou opiniões diferenciadas. Pois para S1, o recluso vai ser beneficiado com a concessão de regalias se o mesmo não cometeu um delito grave. Conforme sua fala a seguir: “Se o preso não tem um delito tão grande assim, que não chama tanto a atenção assim da opinião pública, ele já pode ter regalia”.

Ao observar as falas da autoridade do presídio, S1, nota-se uma discriminação, pois o que é um delito grave? Roubar, matar, assédio sexual, entre outros, são crimes, pois por mais que um delito choque a sociedade, não cabe às autoridades do presídio julgar no senso comum quais são os reclusos mais criminosos, pois os reclusos já estão cumprindo pelo crime que cometeram.

Já para S2, o recluso é beneficiado com a regalia se a instalação do presídio tiver precisando de alguma prestação de serviço que um recluso tenha habilidade para fazer. Então, ele começa a fazer parte do quadro de reclusos da regalia externa, conforme registra sua fala: “se o presídio precisar de um pintor, o preso que era pintor na rua, vai para a regalia [...]”.

O que se pode constatar com esta fala é que no Presídio Masculino de Florianópolis no período em que se realizou a entrevista, em muitos casos, o trabalho que o recluso exerce não é visto como um direito, pois como já se abordou no item Direitos Humanos, na perspectiva do preconceito dos afro-descendentes, a Declaração dos Direitos Humanos descreve em seu Artigo 23, entre outras coisas, que: “Todos têm direito ao trabalho, e que não poderá haver discriminação”.

Ainda na fala de S2, os reclusos trabalham apenas por falta de funcionários do governo. Contudo, observa-se em outra fala de S2 que se os reclusos tiverem um bom comportamento, também serão beneficiados com a concessão de regalias externas: “[...] se ele tem bom comportamento”.

Entretanto, o que demonstra que o recluso tem um bom comportamento? O fato de o mesmo não fazer parte de uma rebelião ou não tentar fugir não significa que haja bom comportamento, já que este fato pode mudar de um momento para o outro, pois nas instalações dos presídios, com as condições nada favoráveis para convívio de moradia em relação à questão de higiene e infraestrutura, a revolta está sempre perpetuando, o que faz com que os comportamentos dos reclusos estejam sempre modificando.

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Na opinião de S3, o que leva o recluso a ser beneficiado com a concessão de regalia é a confiança que o mesmo adquire das autoridades, no período que está encarcerado. Em sua fala, percebe-se esta afirmação: “[...] tem que ver se ele tem fugas”. Porém, o fato de um recluso não ter tentado fugir antes de ir para a regalia não comprova exatamente um bom comportamento, pois ao ir para regalia, esta permite a circu-lação dos reclusos livremente pelas instalações do Presídio Masculino de Florianópolis, sem grades de celas trancafiando-o, assim, permite ao recluso que se sinta mais livre, podendo ocasionar a tentativa de cometer uma fuga.

5.3 Plano orçamentário do projeto de pesquisaNesta etapa, devem ser detalhados os custos do projeto, prevendo as despesas com

recursos humanos e materiais. Podem ser divididas em despesas de custeio e de capital.

São despesas de custeio:

Remuneração de serviços pessoais – relacionam-se às despesas com pessoal »técnico e de apoio, que passam a gerar diretamente os resultados pretendidos na pesquisa, tais como: vencimentos, salários, gratificações e diárias. Despesas com prestação de serviços que, por sua natureza, só possam ser executados por pessoas físicas e pagas mediante simples recibo.

Material de consumo – material de higiene, conservação e limpeza; material »de expediente; combustíveis; material para reparo e manutenção de veículos; despesas de lanches e refeições; filmes e gravações, entre outros.

Outros serviços de terceiros e encargos – despesas com prestação de serviços »executados por pessoas jurídicas, tais como: fotocópias, telefone, malotes, assi-natura de revistas, entre outros.

São despesas de capital:

Equipamentos e material permanente para pesquisa, tais como: equipamentos »de comunicação, computadores, entre outros (BARROS; LEHFELD, 1996, p. 42-43).

Exemplo:

RECURSOS HUMANOSQT. Prof issionais Valor unitário Valor total

01 Pesquisador – –

RECURSOS MATERIAISQT. Especif icação Valor unitário Valor total

10 Lápis 1,00 10,00

10 Caneta 2,50 25,00

01 Resma 22,00 22,00

01 Gravador Portátil 250,00 250,00

50 Xerox 0,10 5,00

01 Cartucho Colorido 85,00 85,00

01 CD 4,50 4,50

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CuSto totAL Do PRoJetoespecificação Valor total

Recursos Humanos –Recursos Materiais 401,50Total 401,50

5.4 CronogramaNeste item, deve ser informada a previsão das atividades a serem desenvolvidas

durante o período de execução do projeto.

Quadro 2 Cronograma de atividades.

AtIVIDADeS MAR. AbR. MAIo JuN. JuL.Def inição do tema, problema e objetivos da pesquisa

X

Fundamentação teórica X X X XColeta de dados X XAnálise dos dados X X XRelatório final da pesquisa X X

Síntese da aula

Nessa quinta aula, você concluiu os conhecimentos necessários ao pesquisador para elaborar um projeto de pesquisa. Aprendeu a interpretar e analisar os dados de uma pesquisa e a importância do planejamento orçamentário e definição do crono-grama de atividades.

Atividades

1. Considerando-se a interpretação e análise de dados em um projeto de pesquisa, pode-se afirmar que:

a) o objetivo da análise é sumariar as observações completadas, de forma que estas permitam respostas às perguntas de pesquisa. O objetivo da interpre-tação é a procura do sentido mais amplo de tais respostas, através de sua ligação a outros conhecimentos já obtidos.

b) o objetivo da análise é a procura do sentido mais amplo das respostas às perguntas de pesquisa, já a interpretação consiste em sumariar as observações completadas, de forma que estas permitam respostas às perguntas de pesquisa.

c) a análise e interpretação são consideradas sinônimos em um projeto de pesquisa.

2. Como devemos proceder à análise dos dados quantitativos de uma pesquisa?

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Comentário das atividades

Na atividade 1, de acordo com Selltiz e outros (citados por BARROS; LEHFELD, 1996, p. 59), “o objetivo da análise é sumariar as observações completadas, de forma que estas permitam respostas às perguntas de pesquisa. O objetivo da interpretação é a procura do sentido mais amplo de tais respostas, através de sua ligação a outros conhecimentos já obtidos”. Portanto, a alternativa correta é a (a).

Na atividade 2, para Heerdt (2006), se a pesquisa for quantitativa, provavelmente serão utilizadas tabelas e estatística.

Referências

AMBONI, Neri; AMBONI, Narcisa de Fátima. Pesquisa de avaliação: livro didático. 3. ed. Palhoça: Unisulvirtual, 2006.

BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cezar de Freitas. Manual de sobre-vivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.

BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

HEERDT, Mauri Luiz. Apostila de Metodologia da Pesquisa Jurídica. Curso de gradua- ção em direito. Universidade do Sul de Santa Catarina, 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

Na próxima aula

Na sexta aula, vamos abordar os elementos constitutivos do Projeto de Pesquisa, dando ênfase ao tratamento e análise dos dados, bem como orçamento e cronograma. Até lá!

Anotações

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

descrever o desenvolvimento de um projeto de pesquisa; »

conhecer as diversas formas de apresentar os dados cole- »tados em um projeto de pesquisa.

Pré-requisitos

Nesta etapa de seu aprendizado, o foco está em sistematizar todo o conhecimento produzido ao longo do processo de planejamento e execução do projeto de pesquisa através do registro de todos os eventos. Muitas habilidades são requeridas nesse momento, como: redação clara, objetividade, consistência, coerência, entre outras. Torna-se fundamental que você tenha cumprido todas as etapas anteriores e, principalmente, tenha respondido sua pergunta de pesquisa e atingido os objetivos propostos inicialmente. Vamos dar início à nossa aula?

Introdução

Na aula 5, você concluiu os conhecimentos necessários ao pesqui-sador para elaborar um projeto de pesquisa. Aprendeu a interpretar e analisar os dados de uma pesquisa e a importância do planeja-mento orçamentário e definição do cronograma de atividades.

o relatório de pesquisa 6

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Agora vamos aprender como sistematizar todo o conhecimento adquirido durante o processo de construção e execução do projeto de pesquisa.

Dedique uma atenção especial a esta etapa, pois aqui você irá divulgar para a comunidade científica os resultados alcançados. Mãos à obra!

6.1 A redação do relatório de pesquisaPara Barros e Lehfeld (1996), o relatório de pesquisa consiste na etapa final de um

trabalho científico realizado e que pode também representar o surgimento de novos projetos de pesquisa a partir de questionamentos por parte do pesquisador.

Nesse momento, o pesquisador deve “deixar registrado todo o caminho percorrido durante a pesquisa, especificando os elementos que possam ser importantes para a análise posterior do estudo realizado [...]”, destacam Barros e Lehfeld (1996, p. 62).

6.1.1 Estrutura do relatórioO relatório de pesquisa é o documento escrito pelo pesquisador que descreve as

conclusões de um trabalho de pesquisa (mesmo que parciais). Portanto, o relatório de pesquisa tem dupla função:

divulgar informações; »

servir de registro de um trabalho executado. »

O relatório de pesquisa é um elemento de tomada de decisão e não a própria decisão. Portanto, o relatório de pesquisa deve dar ao leitor uma clara compreensão dos fatos, dados e conclusões. O relatório de pesquisa deve ser um documento por si só explicativo, isto é: a sua leitura deve dispensar esclarecimentos posteriores por parte do pesquisador.

O relatório de pesquisa é a tarefa final de um trabalho de pesquisa (ou de uma parte da pesquisa), que se inicia com a análise do problema, coleta e tratamento das informações e sua análise.

Um relatório de pesquisa tem, geralmente, a seguinte estrutura:

Folha de Rosto1.

A folha de rosto (não confundir com a capa) deve trazer as seguintes informações:

Título da pesquisa; »

Nome do grupo (ou de seus participantes); »

Período a que se refere o relatório. »

Índice ou Conteúdo do Relatório2.

O índice ou conteúdo do relatório é a parte essencial de um relatório de pesquisa, pois:

auxilia o leitor a familiarizar-se com o trabalho; »

facilita seu manuseio; »

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permite que as informações sejam localizadas com facilidade. »

O índice deve conter uma lista de assuntos tratados no relatório, de maneira organizada, com indicação da numeração da respectiva página.

Apresentação3.

A apresentação do relatório de pesquisa deve conter as seguintes informações:

reiterar que se trata de um relatório de pesquisa; »

os motivos que levaram a realização da pesquisa; »

os problemas que a pesquisa busca resolver; »

os objetivos que a pesquisa procura; »

as hipóteses de trabalho ou as informações que a pesquisa busca; »

no organograma estipulado pela equipe, em que estágio se encontra o »trabalho.

Descrição do trabalho executado4.

Nesta parte do relatório de pesquisa deve ser descrita toda atividade desenvol-vida na obtenção de dados que serão utilizados no trabalho.

Os seguintes pontos devem ser mencionados, com a devida justificativa de utilização:

Como vem sendo feita a pesquisa (bibliografia, entrevista, contatos com »órgãos do governo, privados, etc.);

Descrição do trabalho de campo (visitas a empresas, entrevistas, biblio- »tecas etc.) feito, incluindo as datas de realização;

Problemas surgidos na realização que podem comprometer os resultados »apresentados.

Conclusões5.

Primeiramente, devem-se apresentar, de maneira mais resumida possível, as conclusões da pesquisa, de forma que quem for ler o relatório tenha um pano-rama geral dos resultados obtidos no trabalho.

Depois, faz-se um detalhamento dos resultados da pesquisa. É aqui que devem ser relatados, da forma mais detalhada possível, os resultados da pesquisa.

Para maior clareza, os assuntos pesquisados devem ser desmembrados em tópicos autônomos e tratados extensivamente.

Cada afirmação relatada deve ser comprovada: citada a fonte bibliográfica ou a entrevista com a data, a hora, o local, a identificação e a qualificação do entrevistado, por exemplo.

Bibliografia6.

É fundamental que constem as referências bibliográficas do material utilizado no período, sejam livros, revistas, jornais ou quaisquer outras publicações.

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Anexos7.

Em anexo ao relatório deve-se colocar:

Cópia dos instrumentos de coleta de dados utilizados (questionários ou »roteiros de entrevistas em profundidade ou de discussão de grupo);

Transcrições literais das entrevistas em profundidade e/ou das discussões »de grupo(ata das reuniões);

Gráficos, Tabelas ou Figuras coletadas que sejam importantes para a »compreensão do texto do relatório.

Assinatura da equipe8.

Todos os membros da equipe de trabalho devem assinar o relatório.

6.2 Apresentação gráficaÉ fundamental que o relatório de pesquisa tenha uma estética (layout) atraente e

de fácil leitura. Para isso, sugere-se o seguinte:

Papel1.

Usar papel branco de boa qualidade, no formato A4 (29,7cm x 21cm).

Digitação2.

O texto deve ser digitado no computador usando um editor de texto. Não esquecer de usar o corretor ortográfico do programa editor de texto.

Configuração da página3.

A estética é fundamental e pode ser conseguida facilmente se for observada a seguinte configuração da página (Esta é apenas uma sugestão):

Margem superior: 3,0 cm; »

Margem inferior: 2,0 cm; »

Margem esquerda: 3 cm; »

Margem direita: 2,0 cm; »

Parágrafo: 10 toques da margem esquerda; »

Comprimento da linha: 60/65 toques; »

Número de linhas por página: 30 (espaço duplo). »

Espaçamento4.

A unidade de espaçamento deverá ser: espaço 1.5; este espaçamento pode variar conforme a configuração da página e o corpo usado no editor de texto. Convém configurar a página para que o número de linhas seja aproximadamente: 30.

Transcrição de entrevistas5.

As transcrições textuais das entrevistas em profundidade ou das discussões de grupo devem ser digitadas com um “bloco”, precedidos de um asterisco (*) ou travessão (–). Por exemplo:

* “Non nononono nonono noonn nononon nononononono- nonon nonono...”

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– “Nonon nonon nonono nononon nonnnonon, nononono- nonon nononon non...”

Síntese da aula

Nessa sexta aula, você concluiu os conhecimentos necessários ao pesquisador para elaborar o relatório de um projeto de pesquisa. Compreendeu a importância da descrição dos resultados obtidos durante o processo de planejamento e execução de um projeto de pesquisa.

Atividades

1. Leia atentamente as alternativas a seguir e assinale a incorreta.

a) O relatório de pesquisa é o documento escrito pelo pesquisador que descreve as conclusões de um trabalho de pesquisa (mesmo que parciais).

b) O relatório de pesquisa não consiste num elemento de tomada de decisão.

c) Um relatório de pesquisa tem, geralmente, a seguinte estrutura: folha de rosto, índice ou conteúdo do relatório, apresentação, descrição do trabalho execu-tado, conclusões, bibliografias, anexos e assinatura da equipe.

2. Considerando-se a etapa de descrição do trabalho executado, quais aspectos devem ser considerados?

Comentário das atividades

Na atividade 1, o relatório de pesquisa é o documento escrito pelo pesquisador que descreve as conclusões de um trabalho de pesquisa (mesmo que parciais). É um elemento de tomada de decisão e não a própria decisão. Geralmente, apresenta a seguinte estrutura: folha de rosto, índice ou conteúdo do relatório, apresentação, descrição do trabalho executado, conclusões, bibliografias, anexos e assinatura da equipe. Portanto, a alternativa incorreta é a (b).

Na atividade 2, nesta parte do relatório de pesquisa deve ser descrita toda ativi-dade desenvolvida na obtenção de dados que serão utilizados no trabalho, ou seja, como vem sendo feita a pesquisa (bibliografia, entrevista, contatos com órgãos do governo, privados, etc.); descrição do trabalho de campo (visitas a empresas, entre-vistas, bibliotecas, etc.) feito, incluindo as datas de realização; problemas surgidos na realização que podem comprometer os resultados apresentados.

Referências

AMBONI, Neri; AMBONI, Narcisa de Fátima. Pesquisa de avaliação: livro didático. 3. ed. Palhoça: Unisul Virtual, 2006.

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BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

Na próxima aula

Na sétima aula, vamos abordar a socialização do conhecimento – publicação científica, com ênfase na importância da publicação científica e tipos de trabalhos científicos.

Anotações

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objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

assimilar a importância da publicação científica; »

conhecer os diversos tipos de trabalhos científicos. »

Pré-requisitos

Para que seu aprendizado nesta disciplina seja concluído com sucesso, é fundamental que você tenha apreendido os conteúdos presentes nas aulas anteriores. Lembre que a elaboração de um projeto de pesquisa requer um planejamento minucioso a fim de que os objetivos traçados sejam atingidos e o problema de pesquisa seja respondido ao final do processo.

Torna-se fundamental que você releia as aulas anteriores a fim de verificar possíveis dúvidas e dificuldades. Chegou a hora. Não deixe para depois. Vamos dar início à nossa aula?

Introdução

Na aula 6, você aprendeu como sistematizar todo o conheci-mento adquirido durante o processo de construção e execução do projeto de pesquisa, através do relatório de pesquisa.

Socialização do conhecimento – publicação científica

7

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Na aula 7, você irá adquirir conhecimento acerca de quais os caminhos existentes e recursos disponíveis para publicizar o conhecimento gerado com o projeto de pesquisa. Esta etapa é fundamental, pois a construção de novos conhecimentos gerados em um projeto de pesquisa não deve ficar restrita ao pesquisador, mas deve ser socializada com a comunidade acadêmica e a sociedade como um todo. E esse processo se dá via publicação científica. Vamos lá! Não desanime. Estamos na reta final. Bons estudos!

7.1 A importância da publicação científicaPara Moreno e Arellano (2005), a publicação científica possibilita a transferência e

compartilhamento da informação técnico-científica que se efetiva a partir das pessoas envolvidas com papéis específicos e essenciais para sua realização. A disseminação e a transferência de informação dentro de uma comunidade científica dependem da rede de comunicação que se estabelece nesta comunidade, ou seja, de como se organiza o fluxo de informações.

Os autores seguem as regras metodológicas de produção do conhecimento cien-tífico e sua divulgação nos canais reconhecidos, procurando com eles o prestígio e o apoio financeiro. Os editores são os responsáveis pela produção da literatura neces-sária para a orientação dos leitores de todas as áreas do conhecimento. Nesse processo de transferência também estão as associações científicas, cuja função é possibilitar a comunicação entre seus participantes, promovendo a disseminação do conhecimento científico e o intercâmbio de informações sobre trabalhos e pesquisas em andamento ou concluídos.

Ainda de acordo com Moreno e Arellano (2005), os artigos científicos cumprem o constituem-se em canais de comunicação para a pesquisa desde o século XVII. É por meio da divulgação dos resultados de pesquisas em espaços definidos, reconhe-cidos e eficientes que a literatura científica se propaga e permite o avanço da ciência, permitindo a construção de novos conhecimentos e a consolidação de novos conceitos. O ciclo do conhecimento científico compreende a produção, a comunicação e a apli-cação do conhecimento gerado. Nesse processo, a publicação científica exerce uma função essencial, na medida em que viabiliza a divulgação dos resultados de pesquisa e promove a discussão entre os pares.

A partir da segunda metade do século XX, evidencia-se um aumento significativo no número das publicações periódicas em todo o mundo. A comunidade científica começou a usar mecanismos para autopublicação e distribuição de publicações acadê-micas em formato eletrônico. A introdução de novas tecnologias de informação, com suas possibilidades de interatividade, hipertextualidade (liberdade na criação de textos provendo interconexões entre informações vinculadas) e hipermediação provocou uma mudança rápida do ambiente e no aumento de publicações eletrônicas. O atual desenvolvimento de tecnologias de informação e da rede internet gerou mudanças nos conceitos de canais formais e informais de comunicação e introduziu inovações no que diz respeito à interação no processo de construção do conhecimento científico.

A publicação científica é tarefa imprescindível ao pesquisador já que consiste numa atitude ética voltada à comunicação dos resultados alcançados à comunidade científica. Sendo assim, uma publicação nada mais é que o ato de tornar públicos a

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metodologia e os resultados de uma pesquisa. Se a pesquisa realizada enfocou um problema relevante para a sociedade, é de se esperar que essa mesma sociedade, por meio de seus grupos e representantes, venha a se interessar por tais resultados e pelas possibilidades de sua utilização para a resolução de seus problemas.

Para Moreno e Arellano (2005), há, atualmente, duas correntes de pensamento sobre o papel da publicação na carreira científica: uma que considera que seu papel é supervalorizado, levando a um excesso de publicações, que perdem em qualidade e número de leitores; outra que entende que a publicação é tarefa essencial a todos os pesquisadores, e que os meios de publicação eletrônicos abrem uma nova perspectiva para se democratizar o processo.

[...] precisamos criar hábitos institucionais de discutir ciência, criando novos meios eletrônicos para divulgar os resultados das pesquisas, os quais muitas vezes ficam “na gaveta” (como no caso de relató-rios, trabalhos de conclusão de curso de graduação e pós-graduação e ensaios sobre temas livres). Afinal, as instituições que possuem altos índices de publicação com certeza se esforçaram nesse sentido, criando diversos mecanismos que facilitaram o caminho da pesquisa até a publicação.

7.1.1 Quais as vantagens para o pesquisador?Você deve estar pensando: mas eu ainda não me vejo como um pesquisador, ainda

sou aluno, estou em processo de formação. É verdade, mas o aluno, geralmente, faz pesquisa junto com orientadores, que são pesquisadores mais experientes. Desde que sejam autores do trabalho, a publicação é uma consequência.

Fique atento, pois, atualmente, no âmbito da academia, os currículos são exami-nados em termos de publicação. Ao menos nas universidades públicas, hoje é comum o aluno que se interessa por pesquisa concluir um curso de graduação já com uma ou duas publicações de nível internacional.

Se você pensa em continuar seus estudos, ingressar em algum programa de pós-graduação, saiba que alguns destes programas consideram essa experiência na admissão de novos alunos.

O processo de publicação é inerente à atividade de investigação do cientista. Ele tem uma dúvida, elabora uma metodologia cientificamente válida, coleta os dados, analisa-os, conclui e depois comunica isso, por escrito (publicação), à comunidade científica da área.

Não esqueçamos que a publicação científica também corresponde a nosso compro-misso social, pois se nosso objeto de investigação está relacionado às expressões da questão social, devemos publicizar os resultados a fim de possibilitar a socialização dos mesmos.

Infelizmente, muitos pesquisadores dedicam horas e horas no planejamento e execução de um projeto de pesquisa e, na hora de divulgar os resultados, acabam abortando esta etapa tão importante. Mas é importante destacar: o pesquisador deve publicar (tornar pública sua descoberta), caso contrário, sua atividade não teve valor, ou questiona-se até se está fazendo pesquisa.

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Hoje, o melhor pesquisador é aquele que produz conhecimentos mais inovadores, de maior interesse para a comunidade científica ou não, mas que certamente publica esse conhecimento.

Outro aspecto importante a ser ressaltado diz respeito à possibilidade de obter apoio financeiro através das agências financiadoras de projetos. Quanto mais publica-ções, mais aumentam as chances.

Para o iniciante também é vital, pois as publicações são os elementos diferen-ciais na contratação de um pesquisador, seja na universidade (carreira acadêmica) ou num instituto de pesquisa. Mais ainda, essas instituições estão sendo analisadas pelo conjunto qualitativo das publicações de seus pesquisadores.

7.2 Como se dá o processo de publicação científica?Primeiramente, o autor envia o artigo para o editor da revista que escolheu, que o

encaminha para ser examinado por especialistas anônimos a fim de que esse processo ocorra de forma “neutra”, conferindo maior credibilidade à escolha do texto. Ao final desse processo, se o texto for aceito, será publicado.

Cada revista tem o seu formato, as suas especificações para publicação. Portanto, fique atento a esses detalhes, pois eles podem fazer toda a diferença na hora do aceite ou não de seu trabalho.

A forma como você descreve sua experiência também é muito importante, ou seja, uma linguagem técnica, clara, com objetividade, raciocínio lógico.

Um artigo só pode ser publicado uma única vez no meio científico. Portanto, a escolha do melhor periódico é fundamental. Após a publicação científica, muitas pesquisas se desdobram em publicações para o público não-científico, o que é muito importante.

7.2.1 Publicação científica eletrônicaDe acordo com Costa e outros (2001), o uso de recursos eletrônicos para comuni-

cação informal entre pesquisadores acadêmicos já se tornou realidade incontestável.

Desde o final dos anos 80, já se previa que a comunicação mediada por compu-tador faria parte das organizações que tivessem significativo número de trabalhadores do conhecimento (knowledge workers) como membros, tais como as instituições de ensino superior (RICHARDSON, 1990).

Nas últimas décadas, verifica-se que a maioria das universidades, em âmbito global, tem apontado para o uso de computadores conectados a redes eletrônicas para todo pesquisador. Como consequência, tem havido um uso crescente da comunicação eletrônica por acadêmicos ao redor do mundo, a despeito das dificuldades encontradas nos países do chamado Terceiro Mundo.

Alguns autores apontam que ainda há dificuldade em distinguir o que é conside-rado um canal de comunicação formal ou informal nas publicações eletrônicas, dada a diversidade de opções para veiculação de um trabalho. Há também plena evidência na literatura dos esforços crescentes relativos ao uso de meios eletrônicos para produção de literatura científica.

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Observa-se um processo lento de substituição, embora haja diferenças relacio-nadas tanto ao tipo de publicação quanto às divisões do conhecimento. Isto significa dizer que tal substituição pode ser observada com relação a um contínuo que se estende de livros a anais de conferência, como também das ciências físicas e naturais às humanidades.

Evidencia-se que a produção em papel dos últimos anos parece já ter sido quase totalmente substituída pelo meio eletrônico, embora ainda haja a coexistência das versões eletrônica e impressa entre aqueles que podem bancar as duas versões.

Por outro lado, em relação aos livros, tal substituição parece estar longe de ocorrer. No meio estão os periódicos, os quais têm mostrado crescente tendência neste processo de substituição, se bem que a mesma coexistência dos meios impresso e eletrônico seja observada.

Outro aspecto a ser destacado diz respeito ao fato de que muitas vezes o pesqui-sador precisa pagar uma taxa para publicar artigos, ou ter que assinar a revista para ter seus artigos publicados. Tal situação pode ser resolvida por meio da publicação eletrônica, que reduz os custos e aumenta o público potencial dos artigos. Mesmo que haja mais oferta que procura, a utilização dos mecanismos de busca por pala- vras-chave (por exemplo, PubMed e Google Acadêmico) possibilita que os interes-sados em determinado tema selecionem os artigos de seu interesse dentre os dispo-níveis em toda a rede.

Ainda mais importante que os mecanismos de busca, recentemente têm sido intro-duzidas as plataformas interativas, que possibilitam a discussão on-line de preprints. Por exemplo, a revista Nature tem se preocupado com o processo de democratização da ciência (lado a lado, é claro, com seu marketing corporativo), tendo inaugurado o site Nature Network (<http: //network.nature.com/>), em que, além de publicar preprints no Nature Precedings (<http: //precedings.nature.com/>), dedicado principalmente à área biomédica, os cientistas também podem formar grupos de discussão para temas de seu interesse.

7.3 Classificação dos trabalhos científicosHá vários tipos de trabalhos científicos: artigos, trabalhos de conclusão de curso

(TCC) ou monografias, dissertações e teses.

A apresentação destes trabalhos científicos segue as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pela norma NBR 14724. A defi-nição de cada um deles:

Monográfica: o conceito está ligado à origem etimológica do termo: » mónos (Um só) e graphein (escrever). Assim, significa que nela o pesquisador aborda um só assunto, ou seja, escreve a respeito de um assunto único. Por isso, a monográfica relaciona-se mais a assimilação de conteúdos, servindo como um ponto de partida para a prática em pesquisa.

Dissertação: estudo no qual o pesquisador reúne, analisa e interpreta infor- »mações a respeito de um fenômeno, mostrando domínio de conhecimento a respeito do que já foi dito.

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Tese: a principal característica deste tipo de trabalho científico é a originali- »dade na investigação. Por isso mesmo, constitui-se em real contribuição para o conhecimento da ciência com relação ao fenômeno estudado.

Artigo científico: podemos defini-lo como uma produção científica que desen- »volve um tema específico. Na maioria das vezes, um artigo elabora uma reflexão sobre textos e os resultados de pesquisa recentes numa certa área de conhecimento.

Saiba mais

Para ter mais informações, acesse o site: <http://www.administradores.com.br/artigos/resu-mo_criticoanalitico_metodologia_do_trabalho_cientifico/22968/>.

Síntese da aula

Nessa sétima aula, você conheceu a importância da publicação científica e os diversos tipos de publicações. Compreendeu a importância da socialização do conhe-cimento para a comunidade acadêmica e sociedade em geral, como um compromisso ético do pesquisador, mesmo quando ainda em processo de formação. Ao final desta aula, concluímos o conteúdo da disciplina de Pesquisa Social II. Espero que você tenha aproveitado bastante os conhecimentos adquiridos.

Atividades

1. Leia atentamente as alternativas a seguir e assinale a incorreta.

a) A publicação científica possibilita a transferência e compartilhamento da informação técnico-científica que se efetiva a partir das pessoas envolvidas com papéis específicos e essenciais para sua realização.

b) A disseminação e a transferência de informação dentro de uma comuni-dade científica não depende da rede de comunicação que se estabelece nesta comunidade.

c) É por meio da divulgação dos resultados de pesquisas em espaços definidos, reconhecidos e eficientes que a literatura científica se propaga e permite o avanço da ciência, permitindo a construção de novos conhecimentos e a conso-lidação de novos conceitos.

2. Destaque algumas das vantagens da publicação científica para o pesquisador.

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Comentário das atividades

Na atividade 1, para Moreno e Arellano (2005), a disseminação e a transferência de informação dentro de uma comunidade científica depende da rede de comunicação que se estabelece nesta comunidade. Portanto, a alternativa incorreta é a (b).

Na atividade 2, atualmente, no âmbito da academia, os currículos são examinados em termos de publicação. Ao menos nas universidades públicas, hoje é comum o aluno que se interessa por pesquisa concluir um curso de graduação já com uma ou duas publicações de nível internacional.

O processo de publicação é inerente à atividade de investigação do cientista. Ele tem uma dúvida, elabora uma metodologia cientificamente válida, coleta os dados, analisa-os, conclui e depois comunica isso, por escrito (publicação), à comunidade científica da área.

Não esqueçamos que a publicação científica também corresponde a nosso compro-misso social, pois se nosso objeto de investigação está relacionado às expressões da questão social, devemos publicizar os resultados a fim de possibilitar a socialização dos mesmos.

Referências

AMBONI, Neri; AMBONI, Narcisa de Fátima. Pesquisa de avaliação: livro didático. 3. ed. Palhoça: Unisul Virtual, 2006.

BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

COSTA, Sely M. S. et al. Publicações científicas eletrônicas no Brasil: mudanças na comunicação formal, também? Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 25, n. 1, p. 57-76, jan./jun. 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2000.

MORENO, Fernanda Passini; ARELLANO, Angel Márdero. A publicação científica em arquivos de acesso aberto. Arquivística.net, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 76-86, jan./jun. 2005.Disponível em: <http://www.arquivistica.net>. Acesso em: 20 ago. 2009.

PEREIRA JUNIOR, Alfredo. A publicação científica na atualidade. Instituto de Biociências de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (UNESP), J. Vasc. Bras., São Paulo, ano 6, n. 4, p. 307-308, 2007.

RICHARDSON Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

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Anotações

Conclusão da disciplina

Chegamos ao fim de nossa disciplina. Esperamos que os conteúdos assimilados por você tenham contribuído para a aquisição de novos conhecimentos. Na profissão de Assistente Social, a pesquisa fará parte do cotidiano profissional, já que para que possamos intervir numa dada realidade precisamos conhecê-la, ou seja, investigá-la. Somente a partir de um diagnóstico desta realidade estamos preparados para planejar nossas ações, que se mate-rializam através de planos, programas e projetos sociais. Não menospreze as publicações científicas, pois é a partir destas que transmitimos à comunidade científica e sociedade os resultados de nossas pesquisas, ou seja, isso se reflete no nosso compromisso social.

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