79144502 fichamento do livro acesso a justica mauro capelletti

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    FTCFaculdade de Tecnologia e Cincias, Unidade de Vitria da Conquista-BA.

    Colegiado de Direito, 4 semestre noturno2009.1

    Disciplina: TEORIA GERAL DO PROCESSO.

    Docente: Prof. Ca Matos

    Discente: Valdelio Assis de Souza.

    FICHAMENTO DO LIVRO ACESSO JUSTIA

    CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. ACESSO JUSTIA. Porto Alegre; Sergio

    Antonio Fabris Editor; 1988, reimpresso 2002; 168p. Traduo de Ellen Gracie Northfleet.

    Captulo IA EVOLUO DO CONCEITO TERICO DE ACESSO JUSTIA (Pgs. 9 a13).

    Neste captulo Cappelletti e Garth falam das mudanas observadas no que diz respeito ao

    acesso Justia, desde os sculos dezoito e dezenove, quando o Estado apenas proclamava e

    reconhecia direitos naturais de forma individual, at os dias atuais, onde, com uma

    participao mais positiva, garante de forma mais efetiva, igualitria e coletiva, direitos que

    passaram a ser reconhecidos como sociais, a fim de garantir o bem-estar do homem.

    Captulo IIO SIGNIFICADO DE UM DIREITO AO ACESSO EFETIVO JUSTIA: OS

    OBSTCULOS A SEREM TRANSPOSTOS (Pgs. 15 a 29).

    Os autores chamam de utpico o reconhecimento da igualdade de armas entre as partes,

    afirmando que as diferenas entre essas, podem jamais se completamente erradicadas, e que

    os principais motivos dessa impossibilidade se d pelo desequilbrio verificado no mbito

    econmico, cultural, educacional e social. Alm do alto custo a ser suportado pelas partes, o

    derrotado acabaria arcando com as elevadas custas e honorrios advocatcios. Os interesses

    difusos, em moda na sociedade moderna, e a delonga de tempo para se obter uma deciso

    exeqvel acaba diminuindo a motivao do sujeito a buscar a tutela judicial, em virtude da

    perspectiva de baixo retorno financeiro. E se a lide envolve partes com grande diferena

    financeira, a que tem menores recursos fatalmente no obteria sucesso, por, supostamente,

    no possuir conhecimento suficiente para apresentar argumentos de maneira eficiente. Muitas

    vezes o cidado comum mal tem conhecimento da existncia de um direito juridicamente

    exigvel, o que limita ainda mais o seu efetivo acesso Justia. Alm do mais, a imagem do

    judicirio e seus operadores de uma instituio inacessvel, devido a seus procedimentos

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    extremamente formais e ambientes intimidadores, afastando o homem simples de um mundo

    com caractersticas opressoras. Afirmam, ainda, Cappelletti e Garth que, mesmo que seja

    verificada a vontade dos indivduos em fazer valer os seus direitos, esbarra-se ainda na

    questo fundamental de como faz-lo.

    Captulo III AS SOLUES PRTICAS PARA OS PROBLEMAS DE ACESSO

    JUSTIA (Pgs. 31 a 73).

    A partir daqui os autores passam a tratar de trs solues prticas que visam facilitar o acesso

    Justia: a ASSISTNCIA JUDICIRIA AOS POBRES, onde os servios judiciais seriam

    gratuitos, e o advogado poderia ser remunerado pelos cofres pblicos, ou ainda, seriam

    advogados funcionrios pblicos, pagos pelos cofres pblicos, para defender indivduos ou

    grupos de indivduos. Ocorre que, seria necessrio que esses profissionais se fizessemdisponveis, o que no acontece devido baixa remunerao oferecida pelo Estado, e a

    soluo para esse problema acarretaria grandes dotaes oramentrias. Nesse aspecto, ainda

    se verifica a inviabilidade financeira do patrocnio de causas relativamente pequenas; a

    REPRESENTAO DOS INTERESSES DIFUSOS vem como segunda grande opo para

    facilitar o acesso Justia, muito embora ainda no conte com o interesse do governo em

    defender os interesses pblicos, ficando a expectativa desses interesses serem reivindicados

    pelos Procuradores-Gerais Privados, e numa outra hiptese, a do Ministrio Pblico na busca

    de proteo aos interesses do pblico em geral. No entanto, ainda no se verifica a soluo

    governamental para as causas de pequeno porte, sendo essas representadas por organizaes

    de fins no lucrativos, mantidas por contribuies filantrpicas e compostas de grupos de

    advogados liberais; e, a terceira onda DO ACESSO REPRESENTAO EM JUZO A

    UMA CONCEPO MAIS AMPLA DE ACESSO JUSTIA. UM NOVO ENFOQUE DE

    ACESSO JUSTIA, que trata das reformas praticadas com a inteno de proporcionar um

    acesso mais significativo Justia, enxergando os seus limites, mas sem fugir preocupao

    bsica em encontrar representao efetiva para interesses antes no representados ou mal

    representados. Essas reformas propem no s incluir a advocacia judicial ou extrajudicial ou

    ainda advogados particulares ou pblicos como peas importantes para se facilitar o acesso

    Justia, mas tambm a mudana na estrutura dos tribunais ou a criao de novos tribunais,

    assim como o uso de pessoas leigas ou paraprofissionais, visando evitar os litgios, atravs da

    mediao apaziguadora dos conflitos, preservando os relacionamentos entre as partes,

    evitando os elevados custos com as delongadas demandas judiciais.

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    Captulo IVTENDNCIAS NO USO DO ENFOQUE DO ACESSO JUSTIA (Pgs. 75

    a 159).

    O enfoque do acesso Justia, segundo Cappelletti e Garth, est carregado de implicaes. As

    propostas vo muito alm da criao de tribunais ou mudanas na legislao. Reconhecem a

    necessidade de existncia dos tribunais regulares, entretanto deixam claro que precisomelhorar e modernizar esses tribunais e seus procedimentos, visando tornar o processo civil

    simples, rpido, barato e acessvel aos pobres, buscando resultados mais justos e no

    refletindo apenas desigualdades entre as partes. Os mtodos alternativos so outra forma de

    soluo apresentadas pelos autores, que vem no juzo arbitral, as conciliaes e os incentivos

    econmicos, soluo soluo para melhorar o acesso Justia, garantindo populao pobre a

    defesa de interesses individuais. Embora verifique-se que a dificuldade maior de acesso

    Justia por parte da sociedade mais carente, os interesses difusos no so retirados do focodos autores, verificando-se sempre sua preocupao com esse tema. O uso de Parajurdicos,

    sujeitos que no seriam necessariamente advogados, mas leigos especialmente treinados para

    exercerem funes mediadoras em busca de soluo para conflitos de menos potencial e at

    mesmo, a criao de planos assistenciais ou seguros para despesas jurdicas so outras

    alternativas citadas pelos autores, e que j se encontram funcionando em algumas partes do

    mundo. Considerando o Direito como sendo complicado, os autores propem que a Lei seja

    simplificada, tanto quanto possvel, tornando-a assim mais compreensvel, facilitando dessa

    forma o acesso Justia, satisfazendo as exigncias das pessoas na utilizao de um remdio

    jurdico.

    Captulo V LIMITAES E RISCO DO ENFOQUE DE ACESSO JUSTIA: UMA

    ADVERTNCIA FINAL (Pgs. 161 a 165).

    Mesmo reconhecendo que realizaes notveis j tenham sido alcanadas, os autores dizem

    ainda estarmos apenas no comeo das mudanas necessrias para a soluo dos problemas

    que dificultam o acesso Justia. Os riscos e limitaes dessas mudanas no podem ser

    ignoradas, haja vista a complexidade do sistema judicirio e as variadas formas de governos

    existentes, onde nem sempre so respeitadas as garantias fundamentais dos indivduos e onde

    o protecionismo ainda impera. Concluem reconhecendo a existncia de perigos em introduzir

    ou mesmo propor as reformas necessrias facilitao de acesso Justia, demonstrando,

    ainda, que a inteno no fazer uma justia mais pobre, mas to rn-la mais acessvel a

    todos, especialmente aos pobres.

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    CRTICA:

    Alguns dos ttulos dos captulos desta obra at sugerem solues para os problemas

    verificados quanto ao acesso justia, entretanto, os autores colocam mais situaes

    histricas sendo comparadas s realidades vividas pelas sociedades modernas. A

    simplificao das Leis e a reforma do sistema e mecanismos j existentes no mbito dojudicirio urge como necessidade social, porm, apesar das vrias espcies de governos e

    costumes diferentes verificados entre os tantos grupos sociais existentes no mundo, e diante

    da evoluo tecnolgica que vivenciamos neste momento, o que ainda se verifica a grande

    falta de vontade dos governos e o medo dos pesquisadores do Direito em evoluir, deixando

    pra trs essa idia de que o Direito tenha que preservar valores conservadores e que o medo de

    correr tais riscos continuem emperrando o acesso Justia, instrumento maior de garantia da

    liberdade e da democracia.