fichamento penal ii

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 BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal, parte geral: v.1, 5 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006. PARTE III SANÇÃO PENAL Sanção Penal é a medida com que o Estado reage contra a violação da f orma punitiva, é a resposta dada ao infrator da norma incriminadora como forma de pena e medida de segurança. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA OU DA NECESSIDADE. De acordo com Luiz Luisi, só se legitima a criminalização de um fato se o mesmo constitui meio necessário para a proteção de um determinado meio  jurídico. Se outras formas de sançã o se revelam suficientes p ara a tutela desse bem, a criminalização é incorreta. Somente se a sanção penal for instrumento indispensável de proteção jurídica é que a mesma se legitima. Originário da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, o princípio da intervenção mínima.  Atribui ao direito penal um caráter subsidiário no sentido que o fato contrastante dos valores sociais só deve ser incriminado quando os demais O Princípio da Reserva Legal limita o livre arbítrio do Estado constituindo garantia de liberdade a pessoa. A intervenção mínima, como esclarece Roxin, radica em que o castigo penal coloca em perigo a existência social do afetado, deixando-o a margem da sociedade e, com isso, acaba também produzindo um dano social. Diante disso, o legislador deve ser cauteloso na seleção das condutas incriminadas pelo direito penal. Os políticos acabam se influenciando pela opinião publica e, com isso, transformam o Direito Penal na prima ratio da solução dos conflitos. Este tipo de atitude em nada tem contribuído para a redução da criminalidade, servindo apenas para provocar o enfraquecimento da sanção criminal, em face do fenômeno da inflação legislativa. O PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU TRANCENDENTALIDADE. O direito penal não pode incriminar comportamentos puramente imorais, insuscetíveis de lesar ou por em perigo de lesão os direitos de outras pessoas. Por essa razão não se incrimina a pessoa que realiza o mal contra si própria,

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7/23/2019 Fichamento PENAL II

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 BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal, parte geral: v.1, 5 ed. rev.e atual. São Paulo: Saraiva, 2006.

PARTE IIISANÇÃO PENAL

Sanção Penal é a medida com que o Estado reage contra a violação da formapunitiva, é a resposta dada ao infrator da norma incriminadora como forma depena e medida de segurança.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA OU DA NECESSIDADE.

De acordo com Luiz Luisi, só se legitima a criminalização de um fato se omesmo constitui meio necessário para a proteção de um determinado meio jurídico. Se outras formas de sanção se revelam suficientes para a tutela dessebem, a criminalização é incorreta. Somente se a sanção penal for instrumentoindispensável de proteção jurídica é que a mesma se legitima.

Originário da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, oprincípio da intervenção mínima.

 Atribui ao direito penal um caráter subsidiário no sentido que o fatocontrastante dos valores sociais só deve ser incriminado quando os demais

O Princípio da Reserva Legal limita o livre arbítrio do Estado constituindogarantia de liberdade a pessoa. A intervenção mínima, como esclarece Roxin,radica em que o castigo penal coloca em perigo a existência social do afetado,deixando-o a margem da sociedade e, com isso, acaba também produzindo umdano social. Diante disso, o legislador deve ser cauteloso na seleção dascondutas incriminadas pelo direito penal.

Os políticos acabam se influenciando pela opinião publica e, com isso,transformam o Direito Penal na prima ratio da solução dos conflitos. Este tipode atitude em nada tem contribuído para a redução da criminalidade, servindoapenas para provocar o enfraquecimento da sanção criminal, em face dofenômeno da inflação legislativa.

O PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU TRANCENDENTALIDADE.

O direito penal não pode incriminar comportamentos puramente imorais,

insuscetíveis de lesar ou por em perigo de lesão os direitos de outras pessoas.Por essa razão não se incrimina a pessoa que realiza o mal contra si própria,

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 como a auto lesão e a tentativa de suicídio. Assim como o uso de substânciaentorpecente não é tipificado como crime, pois o que a lei incrimina é a possede drogas, ainda que para uso próprio, visando-se, com isso, evitar acirculação, porquanto prejudicial à sociedade. Se houver uso sem a posse dedrogas, o fato será atípico.

CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

PENA CORPORAL: Atinge a integridade física do criminoso, como a morte,açoite, marca do ferro quente, mutilações etc. A Carta Magna proíbe qualquer tipo de pena corporal, devido ao seu caráter cruel com exceção da pena de

morte, que no Brasil, pode ser imposta por alguns tribunais militares, em casode guerra externa.

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: Limita o poder de locomoção docondenado, mediante prisão. Sendo o tempo máximo de trinta anos, paracrime, e de cinco para contravenção. A Carta Magna proíbe a prisão perpétua.

PENA RESTRITIVA DE LIOBERDADE: Limita o poder de locomoção docondenado, sem submetê-lo a prisão como o banimento, expulsando obrasileiro do território nacional; o desterro, expulsão da comarca da vitima;

degredo ou confinamento, fixação de residência em local determinado pelasentença. A Constituição príbe a pena por banimento.

PENA PECUNIÁRIA: Recai sobre o patrimônio do condenado com multas eperda de bens e valores.

PENA PRIVATIVA OU RESTRITIVA DE DIREITOS: Suprime ou restringealguns direitos do condenado com prestação de serviços a comunidade,limitação de final de semana e interdição temporária de direitos.

CLASSIFICAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS PENAS

Dispõe o inciso XLVI do art. 5 ° da CF:

“A lei regulará a individualização da pena e adotará entre outras as seguintes: 

a) Privação ou restrição de liberdade

b) Perda de bens

c) Multa

d) Prestação social alternativa

e) Suspensão ou interdição de direitos”.

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 CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS DE ACORDO COM O CÓDIGO PENAL

Privativas de Liberdade

Restritivas de Direitos

Multas

CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS QUANTO A SUA APLICABILIDADE

PENAS ÚNICAS: Quando previstas, com exclusividade, no preceito secundário do tipo legal.

PENAS CONJUNTAS: Quando previstas, cumulativamente, no preceitosecundário do tipo legal.

PENAS PARALELAS:Quando, da mesma espécie, encontram-se previstas, 

alternativamente, no preceito secundário do tipo legal. 

PENAS ALTERNATIVAS: Quando, de espécies diferentes, encontram-seprevistas no preceito secundário do preceito legal, podendo o magistrado optar por uma ou outra.

DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

CONCEITOS E ESPÉCIERestringe o direito de ir e vir do condenado, infligindo-lhe um determinado tipode prisão, podendo ser:

Reclusão

Detenção

Prisão simples

REGIMES OU SISTEMAS PENITENCIÁRIOS

Regime é o modo pelo qual é cumprida a pena privativa de liberdade

Regime FECHADO: A pena é executada em estabelecimento de segurançamáxima ou média

REGIME SEMIABERTO:  A pena é executada em colônia agrícola, industrialou estabelecimento similar;

REGIME ABERTO: A pena é executada em casa de albergado, ou

estabelecimento adequado.

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 FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DA PENA

O regime de cumprimento deve ser fixado na sentença. A não fixação doregime viola o princípio da individualização da pena, reputando-se nula asentença passível de habeas corpus, não se podendo aferir que do silêncio se

adote este ou aquele regime.

De acordo com o CP, a quantidade da pena e a reincidência são os doisfatores determinantes na fixação do regime inicial, mas devem ser levadas emconta a reeducação do agente e a segurança da sociedade. A fixação da penano mínimo legal nem sempre justifica o regime mais brando.

Sobre a quantidade da pena, de acordo com o art. 11 da Lei de ExecuçãoPenal: “ Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo

processo ou em processos distintos , a determinação do regime de

cumprimento será pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada,quando for o caso, a detração ou remissão. Parágrafo único. Sobrevindocondenação no curso da execução, somar-se á a pena ao restante da que estásendo cumprida, para determinação do regime.” 

O regime inicial de cumprimento das penas privativas de liberdade édeterminado pelo juiz da sentença (CP, art.59, III). E se no processo estiver sendo imputado mais de um crime ao acusado, o juiz, ao fixar o regime, tomarápor base

à soma das penas concretas.

Sendo todas as penas de detenção, o regime inicial será aberto ou semiaberto,mas se houver uma de reclusão, poderá ser determinado o fechado.

Se no curso da execução surgirem outras condenações transitadas em julgado,caberá ao juiz da execução efetuar a soma do restante da pena que estavasendo cumprida com a nova pena aplicada, fixando, em seguida, o regimeinicial de cumprimento das penas somadas. Havendo mais de umacondenação a determinação do regime inicial se dará pelo resultado da soma

ou unificação das penas.

Havendo uma pena de reclusão e outra de detenção, não será imposto oregime mais gravoso se o quantitativo for alcançado com a pena de detenção.

PENA DE RECLUSÃO

Deve ser cumprida em regime semiaberto ou aberto.

O reincidente sempre iniciará em regime fechado, qualquer que seja a

quantidade da pena a que tenha sido condenado.

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 O não reincidente condenado a pena superior a 8 anos, cumpre a pena emregime fechado, se a condenação for superior a 4 anos e não exceda 8 anospoderá cumprir apena em regime semiaberto, se a condenação for igual ouinferior a quatro anos poderá cumprir a pena em regime aberto.

PENA DE DETENÇÃO

Deve ser cumprido em regime semiaberto ou aberto.

Nunca se inicia no regime fechado, salvo na hipótese de crime organizado, cujoregime inicial é sempre fechado.

O condenado reincidente deve iniciar o cumprimento no regime semiaberto,qualquer que seja a quantidade de pena.

O não reincidente condenado a pena superior a quatro anos deve iniciar o

cumprimento no regime semiaberto.

O não reincidente condenado a pena igual ou inferior a quatro anos deve iniciar o cumprimento da pena em regime aberto.

O RÉU REINCIDENTE

O reincidente, quando a pena for de reclusão, deve começar a cumpri-la noregime fechado; se de detenção, no regime semiaberto.

De acordo com a visão do autor, o reincidente em crime culposo ou, então, oreincidente que cometeu um crime doloso e outro culposo, ou vice-versa, podeiniciar o cumprimento da pena de reclusão no regime semiaberto ou aberto.

O reincidente em que o crime anterior é culposo e o posterior doloso, ou vice-versa, pode obter o sursis. Sendo ilógico negar-lhe o benefício menor, qual sejao regime semiaberto ou aberto e absurdo um juiz fixar o regime fechado acondenado que obtém o sursis.

DISTINÇÃO ENTRE AS PENAS DE RECLUSÃO E DE DETENÇÃO

 A pena de reclusão

Pode se iniciar no regime fechado, semiaberto ou aberto.

 A medida de segurança é detentiva.

 A pena de detenção

Não se inicia em regime fechado, salvo quando se trata de crime organizado.

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  A medida de segurança cabível é a detentiva ou restritiva

DELITOS DE REGIME FECHADO

Organizações criminosas

Crime de tortura, exceto quando praticado por omissão.

Crimes hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo.

Estrangeiros em situação irregular diante da presunção de evasão e daimpossibilidade de ele vir a trabalhar. O autor discorda, pois viola o princípio daisonomia aplicável ao estrangeiro residente no Brasil consoante interpretaçãoda Declaração Universal dos Direitos dos Homens, sendo, pois viável o regimesemiaberto, mas sem que ele tenha direito a trabalho externo.

CARACTERÍSTICAS DOS REGIMES.

O regime fechado deve ser cumprido em penitenciária, afastada docentro urbano, alojando o condenado em cela individual, com área mínima deseis metros quadrados contendo dormitório, sanitário e lavatório, pois a cadeiapública destina-se ao acolhimento de presos provisórios. Todavia, na prática,os presos não ficam em celas individuais, e as cadeias públicas estão sendodestinadas também a presos definitivos. No regime fechado o condenado será

submetido a exames criminológicos de classificação para individualização daexecução, Já no regime semiaberto é facultativo, somente podendo ser feitaapós o trânsito em julgado da sentença. O exame não é realizado quando asentença impõe o regime aberto ou pena restritivas de direitos, o condenadofica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repousonoturno.

O regime semiaberto deve ser cumprido em colônia agrícola, industrialou similar, alojando-se o condenado em compartimento coletivo, atentando-separa o limite da capacidade máxima que atenda aos objetivos de

individualização da pena. O condenado fica sujeito a trabalho em comumdurante o período diurno

No regime aberto, cujo fundamento é a autodisciplina e senso dereponsabilidade, o condenado deverá, fora do estabelecimento e semvigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada,permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar possibilidade de fazê-lo imediatamente. A lei prevê oregime aberto para quem colaborar espontaneamente com as autoridades. Admite-se, excepcionalmente, o reconhecimento do beneficiário de regime

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 aberto em residência particular quando se tratar de condenado maior de 70anos, condenado acometido de doença grave, condenada com filho menor oudeficiente físico ou mental e condenada gestante.

REMISSÂO

Benefício instituído ao condenado que cumpre pena em regimefechado ou semiaberto, consistente no desconto de um dia de pena por três detrabalho, além de uma remuneração mínima de três quartos do salário mínimo,o trabalho do preso ainda dá ensejo à remissão da pena, o presoimpossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuará a beneficiar-se com a remissão.

O condenado punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido,começando o novo período a partir da data da infração, compete ao juiz o daexecução a decisão sobre a perda do tempo remido.

Nas cadeias ou penitenciárias em que o preso não trabalha por falta decondições materiais, a jurisprudência tem negado a remissão nesse caso, odireito do preso é prejudicado pela inércia do Estado, que viola o princípio daisonomia.

PROGRESSÃO DE REGIMES

Sistema Filadélfia: O condenado permanece em isolamento absoluto,fechado na cela, sem poder sair, salvo esporadicamente para passeios empátios cerrados.

Sistema Aurbun: O condenado trabalha em silêncio, durante o dia, juntamente com os outros, permanecendo isolado apenas no período noturno.

Sistema inglês ou progressivo: O condenado inicia a pena em

isolamento, passando a trabalhar com os demais detentos e, na última fase éposto em liberdade condicional.

 A reforma penal de 1984 adotou o sistema progressivo ou evolutivo,com características próprias. O condenado a cumprir em regime fechado ficasujeito a trabalho em comum no período diurno e a isolamento no períodonoturno. Depois de cumprir um sexto da pena pode requerer a transferênciapara regime semiaberto, onde o trabalho é comum durante o período diurnosendo que o repouso noturno também pode ser coletivo. E, vindo a cumprir mais de um sexto da pena, passa para o regime aberto, quando, então,

permanece solto durante o período diurno, recolhendo-se no período noturno.

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 Para obter a progressão é necessário que se cumpra um sexto do total

da pena e que o condenado tenha méritos para obter a progressão.

O condenado por crime contra a administração pública terá progressãodo regime de cumprimento da pena condicionada a reparação do dano que

causou, ou a devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimoslegais.

 A exceção dos crimes hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes eterrorismo, cuja pena deve ser cumprida integralmente no regime fechado,todos os demais delitos admitem a progressão de regimes.

EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Requerimento da progressão de regimes ao juízo competente,ocorrendo quando o acusado, preso provisoriamente e já estando condenadopor sentença, aguarda o julgamento de seu recurso pelo tribunal.

O pressuposto básico da execução provisória é o transito em julgadopara a acusação.

 A execução provisória pode ser entendida como a possibilidade de asentença ou o acórdão serem executados, isto é, cumpridos antes de seutrânsito em julgado. Dito de outro modo: a execução provisória é a autorização

para que uma decisão judicial surta efeitos concretos mesmo enquanto existemrecursos pendentes de exame perante as instâncias superiores.  O legislador admite que se proceda à execução provisória do título executivo judicial,enquanto ainda não transitada em julgado a decisão exequenda. Em outraspalavras, na pendência de julgamento de algum recurso interposto importasaber que tipo de recurso caracteriza ou impede a execução provisória do julgado.

REGRESSÃO

Transferência do condenado para um regime mais rigoroso do que oinicialmente deferido. Admitindo-se para qualquer dos regimes mais rigorosos.

Hipóteses da regressão:

Crime doloso ou falta grave.

Condenação por crime anterior cuja pena somada ao restante da penaem execução, tornar incabível o regime. Nesse caso, a regressão pode ser apreciado sem a prévia inquirição do condenado. Aquele que cumpre pena em

regime aberto, além das hipóteses anteriores também será regredido, mediantea sua prévia oitiva, quando:

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 Frustrar o fim da execução

Não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.

REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD)

ORIGEM HISTÓRICA

Surgiu em maio de 2001com o objetivo de conter o poder dasorganizações das facções criminosas, através do isolamento dos seus líderes,por até 360 dias.

CARACTERÍSTICAS

Isolamento, suspensão e restrição de direitos, podendo exceder trintadias.

Recolhimento em cela individual.

Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, comduração de duas horas.

Saída da cela por duas horas diárias para banho de sol.

Duração máxima do regime é 360 dias, não podendo exceder um sexto

da pena aplicada.Cabível a prorrogação se o condenado praticar nova falta grave da

mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada.

REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO PREVENTIVO

Inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, de formapreventiva, no interesse da disciplina e na averiguação dos fatos pelo prazo de

dez dias, sem possibilidade de prorrogação ou de nova decretação pelomesmo fundamento.

O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento do regime disciplinar definitivo. O isolamento do preventivo do faltoso pelo prazo de dez dias podeser decretado por autoridade administrativa. Acima de dez dias, o isolamentosó pode ser decretado pelo juiz de execução, não podendo exceder 30 dias.

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 FATOS AUTORIZADORES DO INGRESSO NO RDD

Prática de fato prevista como crime doloso, que ocasione subversão daordem ou disciplinas internas.

 Apresentação de alto risco para ordem e a segurança doestabelecimento penal ou da sociedade.

Fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título,em organizações criminosas, quadrilhas ou bando.

Nas três hipóteses, a LEP autoriza a inclusão no Regime Disciplinar Diferenciado, tanto para os presos provisórios quanto para os presosdefinitivos. O ingresso no regime disciplinar diferenciado é tão somente paraquem se encontra em regime fechado, ou cujo prognóstico seja de

cumprimento da pena nesse regime, quando se tratar de preso provisório,incluir no regime excepcional os presos que se encontram no semiaberto ouaberto.

NATUREZA JURÍDICA

É uma forma de cumprir o regime fechado.

Faz parte do direito penitenciário e não propriamente do Direito Penal

PROCEDIMENTO

O pedido de inclusão só pode ser feito pelo diretor do presídio ou outraautoridade administrativa. O Ministério Público não tem legitimidade parapostular a inclusão no regime disciplinar diferenciado, o pedido é dirigido aoJuiz da execução, que dará vista dos autos ao Ministério Público e à defesa,sucessivamente, no prazo máximo de quinze dias para cada um

DETRAÇÃO

É o abatimento na pena ou medida de segurança do tempo de prisãoou internação já cumprido pelo agente.

O dispositivo transcrito cuida da detração penal.

Computa-se na pena privativa de liberdade e na medida de segurançao período de prisão provisória, de prisão privativa e o de internação em hospitalde custódia e tratamento psiquiátrico.

Prisão Provisória: Compreende toda e qualquer prisão decretada pelo juiz criminal, que antecede o trânsito em julgado de uma sentençacondenatória. Abrange a prisão em flagrante, a prisão temporária, a prisão

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 preventiva, a prisão decorrente de pronúncia e a prisão determinada por sentença condenatória recorrível. Supondo o agente, em razão do flagrante,permaneça preso por dois meses. Vindo a ser condenado a um ano e doismeses de reclusão só precisará cumpri só precisará cumprir um ano.

Prisão Preventiva: Não se reveste de caráter penal, definindo-se comouma medida coercitiva destinada a pressionar o responsável a cumprir dever  jurídico que lhe incumbe, sua finalidade é compelir as pessoas a cumprir determinada obrigação. A Carta Magna proíbe a prisão civil por dívida, salvo dodepositário infiel e a do devedor de alimentos.

O instituto de detração penal não faz alusão à prisão disciplinar, que éproibida, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,definidos em lei.

SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL

O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido ahospital de custódia e tratamento psiquiátrico. O tempo de internação écomputado na pena privativa de liberdade. Essa internação não pode exceder ao tempo da pena privativa de liberdade fixada na sentença.

REGIME ESPECIAL

 As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-

se os direitos e deveres inerentes a sua condição pessoal, A ConstituiçãoFederal assegura a presidiária o direito de permanecer com seu filho durante aamamentação.

DIREITO DOS PRESOS

Direito ao trabalho, sempre remunerado garantido os benefícios daprevidência social.

Remuneração de, no mínimo, três quartos do salário mínimo. Oproduto da remuneração pelo trabalho deve ser aplicado para indenizar osdanos causados pelo crime, na assistência a família, as pequenas despesassociais e ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com amanutenção do condenado.

 A Carta Magna assegura o direito à dignidade da pessoa humana. NoBrasil, a superpopulação dos presídios constitui flagrante desrespeito aoprincípio da dignidade da pessoa humana.

Não pode exercer direitos políticos a pessoa que tem condenaçãocriminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.

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 SABINO JUNIOR, Vicente. Direito Penal: Parte Geral. Volume 1 São

Paulo.: BLD Ltda. Ed. 1980 

TÍTULO III A PENA

Capitulo I: Natureza e função da pena: p. 263 a 270 FALTA PÁGINA 263

PUNIBILIDADE E DELITO

 A punibilidade nasce com o delito.

Há fatos que são impuníveis, por motivo de ordem social e política, sãoos fatos praticados pelos inimputáveis (doentes mentais e menores de 18anos). O que interessa à aplicação da pena é o fato punível, a pena é uma

consequência da punibilidade como intuito de prevenir a pratica de novasviolações penais.

Hans Welzel encara a pena sob dois aspectos: Pessoal, sendo a penao mal que se dita contra o autor do fato culpável. Segundo Kant, cada um devesofrer o que vale seus atos. E, considerada como um mal concorre paradesviar os instintos, as aspirações e os sentimentos do agente e contrários aordem jurídica atuando como intimidação e prevenção. Do ponto de vistaestatal, só se justifica a intervenção do Estado quando a pena, por ele editada,seja considerada necessária para a existência da ordem jurídica.

 A pena consiste na privação ou diminuição do bem do indivíduo.Segundo Nelson Hungria previne e reprime. A pena não é o único meio deimpedir a violação da Lei Penal. Há fatores que podem constituir óbice acriminalidade: obrigação, sentimento de dever, de honra, de dignidade, crençareligiosa, etc.

CARACTERISTICAS DAPENA

O que caracteriza a pena é ela ser:

Personalíssima

Dependente da lei

De aplicação constante

Proporcional à infração

 A atividade do Estado, destinada a assegurar o imperativo da norma,pode manifestar-se pela punição, já que existe o sentimento geral de evitar-seo sofrimento resultante da imposição da pena.

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 O sistema de pena é o mais eficaz e comporta uma aplicação mais

ampla do que o da recompensa. A pena é considerada como um remédionecessário à segurança e a paz coletiva.

DIREITO DE PUNIR

O direito de punir é deferido ao Estado, por lei, e surge com apromulgação da norma penal.

O direito de punir efetiva-se com a violação da norma, sendo amanifestação do poder imperativo, que, em virtude de conveniência social,compete ao Estado.

TEORIAS DA PENA

TEORIAS INDIVIDUALIZADORAS: Execução das penas privativas deliberdade, firmando-se na base de socialização do infrator por meio deeducação e correção.

TEORIA DA RETRIBUIÇÃO: A pena é uma recompensacorrespondente ao mal que o infrator produziu. Tendo como propagadoresEmmanuel Kant e Hegel.

TEORIA DA INTIMIDAÇÃO: Atribui-se à pena o escopo de prevenir os

delitos com eficácia intimidativa que lhe é inerente.

TEORIA DA CORREÇÃO: Procura evitar que o infrator, revelandopendor criminoso, com o seu ato renove a violação da norma penal,melhorando-o e corrigindo-o.

TEORIA DA EXPIAÇÃO: O Estado constitui uma ameaça, por meio dapena, com o fim de compelir o indivíduo a abster-se da violação de uma ordem.

A PERSONALIDADE DA PENA

 A pena só deve atingir a pessoa do autor da infração. SegundoBettaglini, a personalidade da pena resulta do fundamento moral do instituto:atua ela como reprovação e não como reajustamento econômico. De acordocom a constituição nenhuma pena passará da pessoa do delinquente.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

No Direito Penal, o princípio da legalidade se manifesta pela locuçãonullum crimen nulla poena sine previa lege, prevista no artigo 1º, do CódigoPenal brasileiro, segundo o qual não há crime sem lei anterior que o defina,

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 nem há pena sem prévia cominação legal.  Portanto, trata-se de real limitaçãoao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais.

PROPORCIONALIDADE A pena deve ser proporcional ao delito, como consequência de sua

função retributiva. A gravidade da infração ou a maior periculosidade doagente concorre para a determinação do grau da pena.

FUNÇÃO PRECÍPUA DA PENA

Conservar e manter a ordem jurídica, assegurando a ordem na

sociedade contra as ações, que ameacem a sua existência ou o seu naturaldesenvolvimento.

CONCEITO DE PENA: Atua como fator de prevenção de crimes pelaintimidação e, sobretudo como elemento regenerador do indivíduo perigoso, deacordo com a natureza desse castigo. Hoje possui função segregadora ecorretiva. As penas tradicionais, caracterizadas pela crueldade, foram setransformando em penas detentivas e de mera vigilância.

FUNÇÃO ATUAL DA PENA

Realiza o seu escopo pela organização do trabalho em seuestabelecimento carcerário, pela sua remuneração, pela instrução e educaçãomoral, pela vigilância judiciária e pelo sistema progressivo de sua execução.

Capitulo II: Classificação das penas: p. 271 a 279

CLASSES DAS PENAS

Principais: As que são previstas em lei para cada infração, e aplicadas, pelo juiz, nas decisões condenatórias. As penas principais podem ser aplicadasisoladas ou cumulativamente, ou substituir-se uma pela outra.

 Acessórias: Representam castigos adicionais, como a perda da função pública,eletiva ou de nomeação, as interdições de direito, a publicação da sentençacondenatória

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 PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE: COMO SÃO CUMPRIDAS

 As penas de reclusão e detenção cumprem-se nas penitenciárias, em prisões-albergue e na falta da primeira em prisão comum.

 As mulheres cumprem em estabelecimento especial, sujeitas a trabalhointerno, ou externo com remuneração.

TRABALHO EXTERNO: Compatível com os regimes fechado, semiaberto eaberto, desde que sejam tomadas cautelas para impedir a fuga e a quebra dadisciplina. Os condenados a cumprirem a pena em regime fechado somente sededicarão a trabalho externo em serviços ou obras públicas, sob vigilância dopessoal penitenciário.

CONDENADO NÃO PERIGOSO: Condenado a pena que não ultrapasse oito

anos, poderá ser recolhido a estabelecimento de regime semiaberto, desde oinicio, ou, se ultrapassar, depois de haver cumprido um terço dela em regimefechado.

TRABALHO DO RECLUSO: Sempre será remunerado e terá a seguinteaplicação: Indenização dos danos causados pelo crime, na assistência àfamília, em depósito da parte restante em caderneta de poupança a qual lheserá entregue no ato de ser posto em liberdade.

DOENÇA MENTAL: Sobrevindo doença mental o condenado deverá recolher-

se ao manicômio judiciário e em sua falta, a estabelecimento adequado.PENA DE MORTE, DE BANIMENTO, DE CONFISCO E PENAS DECARÁTER PERPÉTUO.

 A Emenda Constitucional nº1, de 1969, dando nova redação à Constituição de1987, aboliu as penas de morte, de banimento, de confisco, ou de caráter perpétuo.

 Acentua-se a louvável preocupação do legislador em abrandar o rigor daspenas, ao mesmo tempo em que busca solucionar o problema carcerário no

país. Objetivando dar ao condenado oportunidade maior de se integrar nasociedade.

Ressalvou-se, entretanto, em relação a pena de morte, as disposições dalegislação militar em tempo de guerra com país estrangeiro.

A MULTA

Consiste no pagamento, em selo penitenciário, da quantia fixada na sentença.Pode ser isolada, alternativa ou cumulativamente.

Deverá ser paga dentro de dez dias, a contar do transito em julgado da decisãocondenatória, podendo fazer-se em parcelas, se seu valor exceder de

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 quinhentos cruzeiros, impostas de acordo com as condições econômicas doréu, é facultativo ao juiz aumenta-la ao triplo se o máximo previsto em lei serevelar ineficaz.

INSOLVÊNCIA: Quando a multa for aplicada cumulativamente com a pena

privativa de liberdade

BITTENCOURT, Cezar Roberto.Tratado de Direito Penal. Parte geral. VolumeI. 8 ed.-2003. São Paulo: Editora Saraiva. 3 ed. 2003)

. Capitulo VI- Sistemas Penitenciarios. P. 91 a 104

SISTEMAS PENITENCIÁRIOS

SISTEMA PENSILVÂNICO OU CELULAR

ORIGENS HISTÓRICAS

 A primeira prisão norte-americana foi construída pelos quacres em

Walnut Street Jail, em 17762. O início mais definido do sistema filadélficocomeça sob a influência das sociedades integradas por quacres e os maisrespeitáveis cidadãos da Filadélfia, e tinha como objetivo reformar as prisões.Entre as pessoas que mais influenciaram podem-se citar Benjamin Franklin eWilliam Bradford.

CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS DO SISTEMA

Em 1790, a organização de uma instituição na qual “isolamento em

uma cela, a oração e a abstinência total de bebidas alcoólicas deveriam criar os meios para salvar tantas criaturas infelizes”.

Ordenou-se, através de uma lei, a construção de um edifício celular no jardim da prisão (preventiva) de Walnut Street (construída em 1776), com o fimde aplicar o solitary confinement aos condenados impôs-se o isolamento emcelas individuais somente aos mais perigosos, os outros foram mantidos emcelas comuns estes, por sua vez, era permitido trabalhar conjuntamentedurante o dia.

 A experiência iniciada em Walnut Street, onde já começaram aaparecer claramente às características do regime celular, sofreu em poucos

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 anos graves estragos e converteu-se em um grande fracasso. A causafundamental do fracasso foi o extraordinário crescimento da população penalque se encontrava recolhida na prisão de Walnut Street.

Em 1829, concluiu-se que esse regime era impraticável, e, por essa

razão, ao inaugurar a prisão oriental (Eastern), no mesmo ano, decidiu-sealiviar o isolamento individual, permitindo algum trabalho na própria cela.

SISTEMA AUBURNIANO

Uma das razões que levaram ao surgimento do sistema auburniano foia necessidade e o desejo de superar as limitações e os defeitos do regimecelular.

ORIGENS HISTÓRICAS

Estudo do sistema celular 

Mudanças importantes nas sanções penais, substituindo-se a pena demorte e os castigos corporais pela pena de prisão.

Em 1797 foi inaugurada a prisão de Newgate.

 A autorização definitiva, porém, para a construção da prisão de Auburnsó ocorreu em 1816, uma parte do edifício destinou-se ao regime deisolamento.

Os prisioneiros de Auburn foram divididos em três categorias:

1ª) a primeira era composta pelos mais velhos e persistentesdelinquentes, aos quais se destinou um isolamento contínuo.

2ª) na segunda situavam-se os menos incorrigíveis; somente eram

destinados às celas de isolamento três dias na semana e tinham permissãopara trabalhar.

3ª) a terceira categoria era integrada pelos que davam maioresesperanças de serem corrigidos. A estes somente era imposto o isolamentonoturno, permitindo-lhes trabalhar juntos durante o dia, ou sendo destinados àscelas individuais

 As celas eram pequenas e escuras, e não havia possibilidade detrabalhar nelas Essa experiência de estrito confinamento solitário resultou emgrande fracasso: de oitenta prisioneiros em isolamento total contínuo, comduas exceções, os demais resultaram mortos, enlouqueceram ou alcançaram o

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 perdão.  Uma comissão legislativa investigou esse problema em 1824, erecomendou o abandono do sistema de confinamento solitário.

SISTEMAS PENSILVANICO E AUBURNIANO: SEMELHANÇAS EDIFERENÇAS.

Os sistemas impediam que os reclusos pudessem comunicar-se entresi e os separavam em celas individuais durante a noite. A diferença principalreduz-se ao fato de que no regime celular a separação dos reclusos ocorriadurante todo o dia; no auburniano, eram reunidos durante algumas horas, parapoderem dedicar-se a um trabalho produtivo.

Os dois sistemas tinham ideias ou uma ideologia que evidenciava afinalidade ressocializadora do recluso, fosse através do isolamento, do ensinodos princípios cristãos, da dedicação ao trabalho, do ensino de um ofício, oumesmo pela imposição de brutais castigos corporais.

Diante da polêmica entre as vantagens e desvantagens dos doissistemas, a Europa inclinou-se pelo regime celular e os Estados Unidos peloauburniano.

SISTEMAS PROGRESSIVOS

No decurso do século XIX impõe-se definitivamente a pena privativa deliberdade, que continua sendo a espinha dorsal do sistema penal atual.

O predomínio da pena privativa de liberdade coincide com oprogressivo abandono da pena de morte.

 A essência deste regime consiste em distribuir o tempo de duração dacondenação em períodos, ampliando-se em cada um os privilégios que orecluso pode desfrutar de acordo com sua boa conduta e o aproveitamentodemonstrado do tratamento reformador, possibilitar ao recluso reincorporar-seà sociedade antes do término da condenação.

SISTEMAS DE MONTESINOS

Um dos aspectos mais interessantes da obra prática de Montesinosrefere-se à importância que deu às relações com os reclusos, fundadas em

sentimentos de confiança e estímulo, procurando construir no recluso umadefinida autoconsciência. Possuía uma firme “esperança” nas possibilidades de

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 reorientar o próximo, sem converter-se em uma prejudicial ingenuidade,encontrando o perfeito equilíbrio entre o exercício da autoridade e a atitudepedagógica que permitia a correção do recluso.

 ALGUMAS CAUSAS DA CRISE DO SISTEMA PROGRESSIVO

Uma das causas da crise do sistema progressivo deve-se à irrupção,nas prisões, dos conhecimentos criminológicos, o que propiciou a entrada deespecialistas muito diferentes dos que o regime progressivo clássiconecessitava.  Essa mudança conduziu a uma transformação substancial dossistemas penitenciários.

Limitações do regime progressivo:

 A efetividade do regime progressivo é uma ilusão, diante das poucasesperanças sobre os resultados que se podem obter de um regime quecomeça com um controle rigoroso sobre toda a atividade do recluso,especialmente no regime fechado.

No fundo, o sistema progressivo alimenta a ilusão de favorecer mudanças que sejam progressivamente automáticas. O afrouxamento doregime não pode ser admitido como um método social que permita a aquisiçãode um maior conhecimento da personalidade e da responsabilidade do interno.

Não é plausível, e muito menos em uma prisão, que o recluso estejadisposto a admitir voluntariamente a disciplina imposta pela instituiçãopenitenciária.

O maior inconveniente que tem o sistema progressivo clássico é que asdiversas etapas se estabelecem de forma rigidamente estereotipada.

O sistema progressivo parte de um conceito retributivo. Através daaniquilação inicial da pessoa e da personalidade humana pretende que orecluso alcance sua readaptação progressiva, por meio do gradual

afrouxamento do regime, condicionado à prévia manifestação de “boaconduta”, que muitas vezes é só aparente.

 A crise do regime progressivo levou a uma profunda transformação dossistemas carcerários. Essa transformação realiza-se através de duas vertentes:por um lado à individualização penitenciária (individualização científica), e, por outro, a pretensão de que o regime penitenciário permita uma vida em comummais racional e humana, como, por exemplo, estimulando-se o regime aberto.

 A maior conscientização social não tem ignorado os problemas que a

prisão apresenta e o respeito que merece a dignidade dos que, antes de seremcriminosos, são seres humanos.

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 JESUS, Damásio de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva. 1992

Das Penas

CONCEITOS, FINS E CARACTERES

Pena é a sanção penal imposta pelo Estado, mediante o devidoprocesso legal, ao autor de um fato típico e ilícito que foi reconhecido culpado,tendo como finalidade puni-lo e ressocializá-lo, bem como prevenir a prática denovas infrações mediante a intimidação penal.

 A pena tem dupla finalidade:

Prevenção especial: consiste no tratamento ressocializante e napunição ao infrator.

Prevenção geral: desmotivar a prática de futuras infrações mediante aameaça de coerção.

Caracteres da pena:

 A pena deve estar cominada em lei.Sua aplicação é disciplinada em lei

É inderrogável, no sentido da certeza da sua aplicação.

É proporcional ao crime.

CLASSIFICAÇÃO

DOUTRINA

Corporais

Privativas de liberdade

Restritivas de liberdade

Pecuniárias

Privativas e restritivas de direitos

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 CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Privação ou restrição de liberdade

Perda de bens

Multa

Prestação social alternativa

Suspensão ou interdição de direitos

CÓDIGO PENAL

Privativas de liberdade (reclusão e detenção)

Restritivas de direitos (prestação de serviços á comunidade, interdiçãotemporária de direitos e limitação de fim de semana).

Pecuniárias

SISTEMAS PENITENCIÁRIOS

Filadélfia: O sentenciado cumpre a pena na cela, sem sair, salvo emcasos esporádicos.

 Auburn: Durante o dia o sentenciado trabalha em silêncio junto com osoutros, havendo isolamento durante a noite.

Inglês ou Progressivo: Há um período inicial de isolamento. Após osentenciado passa a trabalhar com os outros reclusos. Na última fase é postoem liberdade condicional.

 A reforma Penal de 1984 adotou um sistema progressivo, visando aressocialização do criminoso. No caso de iniciar o condenado o cumprimentoda pena em regime fechado, há os seguintes estágios:

Trabalho comum no período diurno e isolamento no período noturno.

Transferência para os regimes semiaberto e aberto, sucessivamente.

Livramento Condicional.

 A Lei da Execução Penal adotou o sistema de remissão, pelo qual “o

condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir,pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena”. 

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 JESUS, Damásio de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva. 1992

CAPITULO II. DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

Regimes Penitenciários: p. 461 a 464

REGIMES PENITENCIÁRIOS, RECLUSÃO E DETENÇÃO.

O CP, no art. 33, prevê três espécies de regimes penitenciários:

Regime Fechado: Estabelecimentos de segurança máxima e média;regime inicial quando a pena aplicada exceda a 8 anos;

Regime Semiaberto: É aquele em que a pena é cumprida em colônias

penais agrícolas e industriais; regime inicial quando a pena aplicada for superior a 4 anos, mas não exceder a 8 anos;

Regime Aberto: O sujeito trabalha durante o dia e, à noite e nos dias defolga, deve se recolher à casa do albergado ou à prisão ou estabelecimentocongênere; regime inicial quando a pena aplicada for igual ou inferior a 4 anos.

 A pena de detenção jamais pode começar a ser cumprida no regimefechado. Essa é a grande diferença entre a pena de detenção e a pena de

reclusão. Tem somente dois regimes iniciais:

· Regime semiaberto: quando a pena aplicada exceder a 4 anos;

· Regime aberto: quando a pena aplicada for igual ou inferior a 4 anos;

REGRAS DO REGIME FECHADO

O condenado será submetido a exames criminológicos de classificação

para individualização da execução.

Trabalho no período diurno e isolamento durante o período noturno.

O trabalho será em comum, de acordo com as aptidões e ocupaçõesanteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.

 Admissível o trabalho externo em serviços ou obras públicas.

REGRAS DO REGIME SEMIABERTO

O condenado pode ser submetido a exames criminológicos declassificação para individualização da execução.

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 O condenado fica sujeito a trabalho comum durante o período diurno

em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.

É admissível o trabalho externo, bem como cursos supletivosprofissionalizantes, de instrução do segundo grau ou superior.

REGRAS DO REGIME ABERTO

Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade docondenado.

O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância,trabalhar, frequentar cursos ou exercer outra atividade autorizada,permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

O condenado deverá ser transferido do regime aberto se cometer fatodefinido como crime doloso.

REGIME ESPECIAL

 As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observandodireito e deveres inerentes a sua condição especial.

DIREITOS E TRABALHO DO PRESO

O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda daliberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito a sua integridadefísica e moral.

O trabalho será remunerado, garantindo-lhe os benefícios daPrevidência Social.

SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL

O condenado a que sobrevém doença mental deve ser recolhido ahospital de custódia e tratamento psiquiátrico.

DETRAÇÃO PENAL

 Abatimento do prazo mínimo o tempo de prisão provisória ou de prisãoadministrativa.

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 BITTENCOURT, Cezar Roberto.Tratado de Direito Penal. Parte

geral. Volume I. 8 ed.-2003. São Paulo: Editora Saraiva. 3 ed. 2003)

Consequências juridicas do delito: Capitulo XXV

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA PENA DE PRISÃO

CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS

 A prisão é concebida modernamente como um mal necessário, sem

esquecer que a mesma guarda em sua essência contradições insolúveis.  Aorigem da pena é muito remota, perdendo-se na noite dos tempos, sendo tão

antiga quanto a História da Humanidade.

A ANTIGUIDADE

 A Antiguidade desconheceu totalmente a privação de liberdade,estritamente considerada como sanção penal.

 Até fins do século XVIII a prisão serviu somente à contenção e guardade réus para preservá-los fisicamente até o momento de serem julgados. Recorria-se, durante esse longo período histórico, fundamentalmente, à penade morte, às penas corporais (mutilações e açoites) e às infamantes.

 A expiação daquele que violou as normas de convivência — expressada pela aplicação das mais atrozes penalidades, como morte,mutilação, tortura e trabalhos forçados — é um sentimento comum que se uneà Antiguidade mais remota.

Platão já apontava as duas ideias históricas da privação da liberdade: aprisão como pena e a prisão como custódia, esta última a única formaefetivamente empregada na Antiguidade.

 A Grécia também conheceu a prisão como meio de reter os devedoresaté que pagassem as suas dívidas. Ficava, assim, o devedor à mercê docredor, como seu escravo, a fim de garantir seu crédito.  Como na Grécia,também em Roma existia a chamada prisão por dívidas, penalidade civil que sefazia efetiva até que o devedor saldasse, por si ou por outro, a dívida. CuelloCalón nos fala de ergastulum, que era o aprisionamento e reclusão dos

escravos em um local ou cárcere destinado a esse fim na casa do dono.

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 Grécia e Roma, pois, expoentes do mundo antigo, conheceram a

prisão com finalidade eminentemente de custódia, para impedir que o culpadopudesse subtrair-se ao castigo.

De modo algum podemos admitir nessa fase da História sequer um

germe da prisão como lugar de cumprimento de pena, já que praticamente ocatálogo de sanções esgotava-se com a morte, penas corporais e infamantes. A finalidade da prisão, portanto, restringia-se à custódia dos réus até aexecução das condenações referidas. A prisão dos devedores tinha a mesmafinalidade: garantir que eles cumprissem as suas obrigações.

A IDADE MÉDIA

Segundo Henri Sanson, Até 1791 a lei criminal é o código da crueldadelegal. A lei penal dos tempos medievais tinha como verdadeiro objetivoprovocar o medo coletivo.

Durante todo o período da Idade Média, a ideia de pena privativa deliberdade não aparece. Há, nesse período, um claro predomínio do direitogermânico. A amputação de braços, pernas, olhos, língua, mutilações diversas,queima de carne a fogo, e a morte, em suas mais variadas formas, constituemo espetáculo favorito das multidões desse período histórico.

No entanto, nessa época, surgem a prisão de Estado e a prisãoeclesiástica.   A prisão de Estado apresenta duas modalidades: a prisãocustódia, onde o réu espera a execução da verdadeira pena aplicada (morte,açoite, mutilações etc.), ou como detenção temporal ou perpétua, ou ainda atéperceber o perdão real. A prisão eclesiástica, por sua vez, destinava-se aosclérigos rebeldes e respondia às ideias de caridade, redenção e fraternidade daIgreja, dando ao internamento um sentido de penitência e meditação.

Para Hilde Kaufmann, a pena privativa de liberdade foi produto dodesenvolvimento de uma sociedade orientada à consecução da felicidade,

surgida do pensamento calvinista cristão. O pensamento cristão, com algumasdiferenças entre o protestantismo e o catolicismo, proporcionou, tanto noaspecto material como no ideológico, bom fundamento à pena privativa deliberdade.

O Direito Canônico contribuiu decisivamente para com o surgimento daprisão moderna, especialmente no que se refere às primeiras ideias sobre areforma do delinquente.

Essa influência veio completar-se com o predomínio que os conceitos

teológico-morais tiveram, até o século XVIII, no Direito Penal, já que seconsiderava que o crime era um pecado contra as leis humanas e divinas.

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 A IDADE MODERNA

.  Na segunda metade do século XVI iniciou-se um movimento de

grande transcendência no desenvolvimento das penas privativas de liberdade:a criação e construção de prisões organizadas para a correção dos apenados.

Os açoites, o desterro e a execução foram os principaisinstrumentos da política social na Inglaterra até a metade do século XVI (1552),quando as condições socioeconômicas, especialmente, mudaram.

 As cidades dispuseram-se elas mesmas a defender-se, criandoinstituições de correção de grande valor histórico penitenciário. A pedido dealguns integrantes do clero inglês, o rei lhes autorizou a utilização do castelo de

Bridwell, para que nele se recolhessem os vagabundos, os ociosos, os ladrõese os autores de delitos menores. A suposta finalidade da instituição, dirigidacom mão de ferro, consistia na reforma dos delinquentes por meio do trabalhoe da disciplina, a instituição tinha objetivos relacionados com a prevençãogeral, já que pretendia desestimular outros da vadiagem e da ociosidade.

Em pouco tempo surgiram em vários lugares da Inglaterra houses of correction ou bridwells. Sob similares orientações e seguindo a mesma linha dedesenvolvimento, surgem na Inglaterra as chamadas workhouses. No ano de1697, como consequência da união de várias paróquias de Bristol, surge a

primeira workhouse da Inglaterra.

O desenvolvimento e o auge das casas de trabalho terminam por estabelecer uma prova evidente sobre as íntimas relações que existem, aomenos em suas origens, entre a prisão e a utilização da mão de obra dorecluso, bem como a conexão com as suas condições de oferta e procura.

Criaram-se em Amsterdã, no ano de 1596, casas de correção parahomens, as Rasphuis; em 1597 outra prisão, a Spinhis, para mulheres, e em1600 uma seção especial para jovens, geralmente, para tratar a pequenadelinquência. Para os que cometiam delitos mais graves mantinha-se ainda aaplicação de outras penas, como o exílio, açoites, pelourinho etc.

Uma das mais duras modalidades de pena de prisão surgidas noséculo XVI foi a pena de galés. Ela foi uma das mais cruéis dentre as aplicadasnesses tempos. A galé foi uma prisão flutuante. Grande número decondenados a penas graves e prisioneiros de guerra eram destinados comoescravos ao serviço das galés militares, onde eram acorrentados a um banco eficavam, sob ameaça de um chicote, obrigados a remar. Em meados do séculoXVII surge na Europa, o famoso “Hospício de San Felipe  Neri”, fundado em

Florença (em 1667), pelo sacerdote Filippo Franci, que pôs em prática umadeia de Hipólito Francini. A instituição destinava-se, inicialmente, à reforma de

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 crianças errantes, embora mais tarde tenham sido admitidos jovens rebeldes edesencaminhados.

 A obra de Filippo Franci é um importante antecedente do regime celular e nela se reflete seu profundo sentido religioso.

Mabillon escreveu um livro intitulado Reflexões sobre as prisõesmonásticas (1695 ou 1724). Essa obra considera a experiência punitiva do tipocarcerário que se havia aplicado no Direito Penal canônico e formula uma sériede considerações que antecipam algumas das afirmações típicas do Iluminismosobre o problema penal.

Defende a proporcionalidade da pena de acordo com o delito cometidoe a força física e espiritual do réu, grande importância ao problema dareintegração do apenado à comunidade, e, nesse sentido, pode ser 

considerado um dos primeiros defensores dessa ideia.

Outro dos importantes iniciadores da reforma carcerária e do sentidoreabilitador e educativo da pena privativa de liberdade foi “Clemente XI” (1649-1721). O regime era misto, já que trabalhavam durante o dia em comum e, ànoite, mantinham-se isolados em celas, permanecendo, durante todo o dia,com a obrigação de guardar absoluto silêncio. O ensino religioso era um dospilares fundamentais da instituição; o regime disciplinar mantinha-se à custa defortes sanções. O isolamento, o trabalho, a instrução religiosa e uma férreadisciplina eram os meios que se utilizavam para a correção.

FRAGOSO, Heleno Claudio. Lições de direito penal: parte geral.10ª ed. Rev. por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1986.

Cap. 26: O sistema penal: p. 287/294

O SISTEMA PENAL

O sistema repressivo do Estado.

O sistema punitivo do Estado constitui o mais rigoroso instrumento decontrole social. A conduta delituosa é a mais grave forma de transgressão denormas. A incriminação de certos comportamentos destina-se a proteger determinados bens e interesses, considerados de grande valor para a vidasocial.

O sistema punitivo do Estado destina-se portanto, à defesa social na

forma em que essa defesa é entendida pelos que tem o poder de fazer as leis.

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 Teorias da Pena

Segundo as teorias absolutas, a pena é exigência da justiça. Quempratica o mal deve sofrer o mal, apena é um imperativo categórico. O crime énegação do Direito e é anulado pela pena como negação do crime e

restabelecimento do direito. A teoria da retribuição é insatisfatória porque,como se tem observado, pressupõe a necessidade da pena. A prevenção geralnão estabelece os limites da reação punitiva e tende a criar um direito penal doterror.

Segundo as teorias relativas, partindo de uma concepção utilitária dapena, justificam-na por seus efeitos preventivos. Na prevenção geral, é aintimidação que se supõe alcançar através da ameaça da pena e de sua efetivaimposição, atemorizando os possíveis infratores. A prevenção especial atuasobre o autor do crime, para que não volte a delinquir. A prevenção especialnão permite estabelecer a pena a ser aplicada e conduz a ideia de penaindeterminada, a ser aplicada como uma espécie de tratamento, que devecessar com a cura do enfermo.

 As teorias unitárias combinam as teorias absolutas e as relativas.Partem do entendimento segundo o qual a pena é retribuição mas deve, por igual, perseguir os fins da prevenção geral e especial.

Fundamento e fim da pena

O Estado tem o poder de editar normas penais, como atributo do seupoder politico de império e de dominação. A pena encontra seu fundamento nodever que incumbe ao Estado de preservar a ordem e a segurança daconvivência social. O ministério punitivo do Estado não se funda na retribuição,nem tem qualquer outro fundamento metafísico.

Convém, no entanto, ter presente o princípio da intervenção mínima,que decorre do caráter subsidiário do direito penal. Só deve o Esrado intervir com a sanção jurídico penal quando não existam outros remédios jurídicos. Apena é a ultima ratio do sistema.

No momento da ameaça penal o escopo principal da pena é o de atuar sobre os destinatários da norma para que estes se abstenham da infração.Com a transgressão da norma penal impõe-se um mal, a perda dedeterminados bens jurídicos. O transgressor é punido porque praticou a açãotípica, antijurídica e culpável que tem como consequência a pena criminal. Aameaça penal de nada valeria se não se convertesse em realidade em face dotransgressor.

Fundamento da pena é a realização da conduta delituosa. No momento

da pena é a sentença condenatória. Esta impõe a perda ou a diminuição de

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 bens jurídicos ao condenado, que tem a garantia de não ser atingido senão noslimites os direitos atingidos pela sentença.

É praticamente impossível alcançar a ressocialização do delinquenteatravés da pena privativa de liberdade, que funciona realmente como

realimentadora do sistema. Por outro lado, verifica-se que o sistema punitivo doEstado visa manter a estrutura socioeconômica e política vigente, com a qualpoucos estão satisfeitos. É inegável que a clientela do sistema é constituídapelos pobres e desfavorecido.

Conceito de Pena

Pena é a perda de bens jurídicos imposta pelo órgão da justiça a quemcomete crime. Trata da sanção característica do direito penal, em sua essênciaretributiva.

Prevalecem em relação a pena os princípios da legalidade e dapersonalidade. Segundo o primeiro, nenhuma pena pode ser imposta sem queseja prevista em lei anterior ao fato. De acordo com o segundo, nenhuma penapode passar da pessoa do delinquente.

 As insuficiências do sistema penal clássico fez surgirem as medida dasde segurança, que, fundadas na periculosidade do agente, deveriam ter natureza assistencial, medicinal ou pedagógica. Na lógica do sistema, amedida de segurança é exclusivamente meio de prevenção do crime que

abstrai a culpabilidade do agente e se funda na sua periculosidade.

 A medida de segurança, como próprio nome indica, é medidapreventiva, sem caráter aflitivo, fundando-se na periculosidade do agente e por ela se medindo. A pena se cumpre com a medida de segurança, tendendo àrecuperação social do condenado. Tanto a pena quanto a medida desegurança são cominadas, impostas e executadas para evitar a prática decrimes. Por outro lado, o caráter aflitivo pelas medidas de segurança éinquestionável.

O Código penal vigente, bem inspirado, abandonou o sistema de duplobinário, e não mais prevê o sistema de segurança detentiva para imputáveis. As medidas de segurança hoje se restringem às medidas terapêuticasaplicáveis aos inimputáveis e aos seminimputáveis.

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 FRAGOSO, Heleno Claudio. Lições de direito penal: parte geral.

10ª ed. Rev. por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1986.

Cap. 27: Espécies de pena: p.295/304

Classificação das Penas As penas previstas em nossa legislação são de três espécies:

Penas privativas da liberdade

Penas restritivas de direito

Pena de multa

 As penas corporais são inadmissíveis porque ofendem a dignidade da

pessoa humana.Pena de morte

 A pena capital desde 1855 não foi mais executada, tendo sido abolidapelo CP de 1890. A ditadura de 1937 tentou introduzi-la, incluindo na CartaConstitucional outorgada dispositivo que autorizava a imposição do últimosuplicio por determinados crimes políticos e pelo homicídio cometido por motivofútil e com extremos de perversidade.

 A ditadura militar que se instalou no país com o AI-5, em 1968,

reintroduziu a pena de morte para os crimes políticos, alterando a ConstituiçãoFederal.

 A questão da pena de morte não é jurídica. A disputa em torno dalegitimidade da pena capital não tem sentido no plano jurídico e não pode ser resolvida nesse terreno. Os juristas do século passado que procuravam discutir esse aspecto da questão, tinham de desloca-lo, necessariamente, para ocampo do direito natural. A eliminação da vida humana, como perda deumbem, pode perfeitamente constituir a pena. A questão da pena de morte épolitica e, sobretudo, cultural. A execução atinge a dignidade da pessoahumana.

Recentemente, a Anistia Internacional denunciou o fato de estar a penade morte sendo ilegalmente aplicada, através de „‟desaparecimentos‟‟ de

militantes políticos, realizados por governos ditatoriais.

Penas privativas de liberdade

 A prisão como pena é de aparecimento tardio na história do direitopenal. A aplicação de qualquer pena exige a detenção, por um período mais ou

menos longo, motivo pelo qual havia cárceres no antigo direito, muito antes quea pena de detenção fosse introduzida.

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 Com o crescimento das cidades, surgem, na Idade Media casas de

trabalho e casas de correção, destinadas a mendigos e vagabundos. A Casade Correção que se destinava aos desocupados e desordeiros, com opropósito de fazê-los ganhar para seu sustento, reforma-los pelo trabalhocompulsório e evitar que outros se dedicassem a vagabundagem e avadiagem.

Em Amsterdã, em 1595, foi construída uma casa de correção que sedestinava a vagabundos, desordeiros, ladroes e crianças abandonadas. Em1790, sob influência dos quakers, constrói-se em Filadélfia a prisão de Walnut,cujo regime se baseava no segregamento e no silêncio. Os condenados eramsubmetidos a um período inicial de isolamento, que subsistia durante todo ocumprimento da pena, para os autores de crimes graves. A esse sistema seopôs o de Auburn, que permitia o trabalho comum durante o dia, em completo

silêncio, ficando conhecido como silent system.Jeremias Bentham publicou, em 1791, o seu plano para construção do

Panóptico, que seria não só um modelo de prisão, como também de todas asinstituições de educação, assistência e trabalho. O Panóptico é construçãocircular, dividida em raios convergentes para um ponto central, de onde umúnico vigilante poderia observar todo o estabelecimento. A Casa de Correçãoque se inaugurou no Rio de Janeiro, em 1850, e cujas obras se iniciaram em1834, pretendia ter como modelo o Panóptico, mas um erro de construçãolevou ao abandono do projeto.

 A pena de morte foi introduzida como castigo duro e feroz. SegundoBeccaria, o efeito efêmero do suplício era menos intimidativo que a prisãoperpétua.

 A prisão constitui-se realidade violenta, expressão de um sistema de justiça desigual e opressivo, de que funciona como realimentador. Serveapenas para reforçar valores negativos, proporcionando proteção ilusória.Quanto mais graves são as pena e as medidas impostas aos delinquentes,maior é a probabilidade de reincidência. O sistema será, portanto, mais

eficiente, se evitar, tanto quanto possível, mandar os condenados para prisão,nos crimes pouco graves, e se, nos crimes graves, evitar o encarceramentodemasiadamente longo.

 A consequência atual da falência da prisão é o entendimento deque eladeve ser usada o menos possível, como último recurso, no caso dedelinquentes perigosos, para os quais não haja outra solução.

7/23/2019 Fichamento PENAL II

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