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A286c AHMAD, Nidal Khalil
Caderno de Direito Penal II Dom Alberto / Nidal Khalil Ahmad. – Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010.
Inclui bibliografia.
1. Direito – Teoria 2. Direito Penal II – Teoria I. AHMAD, Nidal Khalil II.Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título
CDU 340.12(072)
Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso – Bibliotecário CRB10 010/10
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APRESENTAÇÃO
O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente
lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006,após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade,
seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre
a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e
ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica
e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um
projeto de curso de Direito.
Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de
crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a
formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimentocompleto do projeto pedagógico.
Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de
devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual,
pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este
período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério,
para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as
disciplinas que estruturam o curso de Direito.
Felicitamos a todos os nossos professores que com competêncianos brindam com os Cadernos Dom Alberto , veículo de publicação oficial da
produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto.
Lucas Aurélio Jost Assis
Diretor Geral
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PREFÁCIO
Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a
uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo aconstitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo,
no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua
consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal
permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a
ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da
ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação
praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um
resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio
indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação
são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna.
Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do
agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido
de testemunha externa que o ato de conhecer . Por outro lado, existem ações
humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de
outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele
que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos.
Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo
ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos detrabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com
tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a
linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de
indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu
titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários.
Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no
curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud
desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas
publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e,consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os
eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais
estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina
como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal.
Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família
foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime
nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram
ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo
território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vidasente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única,
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que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz
diferentes, que nos faz livres.
Durante todo o período de confinamento em campos de
concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos
confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns,perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle,
sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da
vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos
e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se
íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício,
esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida.
Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro
tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o
segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do
ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada
os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de
viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua
vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo,
transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre.
Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacional-
socialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de
sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: umpsicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus
companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele,
mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem
sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida.
Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo
que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a
psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi
capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia
de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de suaação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido
(da finalidade) para toda e qualquer ação humana.
Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e
ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob
hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo
conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de
decisão.
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Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se
a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é
morno, é sem luz, é, literalmente, desumano.
Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo.
Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não éalcançar técnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não
desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra,
educar é ensinar a ser livre.
O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para
garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de
expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um
exemplo e do exemplo sua maior lição.
Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio napublicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade.
Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho.
Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito.
.
Luiz Vergilio Dalla-RosaCoordenador Titular do Curso de Direito
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Sumário
Apresentação.........................................................................................................
Prefácio..................................................................................................................
Plano de Ensino.....................................................................................................
Aula 1
Conceito de Crime.................................................................................................
Aula 2
Conceito Material..................................................................................................
Aula 3
Da Relação de Causalidade..................................................................................
Aula 4
Teoria da Tipicidade..............................................................................................
Aula 5
Teoria do Crime Doloso........................................................................................
Aula 6
Modalidades de Culpa..........................................................................................
Aula 7
Da Tentativa.........................................................................................................
Aula 8
Arrependimento Posterior....................................................................................
Aula 9
Erro de Tipo.........................................................................................................
Aula 10
Erro Provocado por Terceiro................................................................................
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes,comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”.
Centro de Ensino Superior Dom Alberto
Plano de Ensino
Identificação
Curso: Direito Disciplina: Direito Penal II
Carga Horária (horas): 60 Créditos: 4 Semestre: 3º
Ementa
A Conduta. Ação: teoria causalista, finalista e social da ação. Ausência de conduta. Sujeitos. Omissão.Relação de causalidade. Tipo e Tipicidade. Dolo e Culpa. Antijuridicidade. Causas de Justificação.Culpabilidade. Teoria normativa pura. Excludente de Culpabilidade. Erro de Tipo e Erro de Proibição. CrimeConsumado e Crime Tentado. Avaliação da Disciplina.
Objetivos
Geral: Proporcionar ao aluno a compreensão de cada um dos elementos que compõem o conceito de crime e ascausas que excluem o delito, capacitando-o, com isso, a estabelecer um juízo crítico e a relacionar oconteúdo teórico a casos práticos.
Específicos:A) Fazer com que o aluno compreenda os elementos que envolvem o crime, por meio do estudopormenorizado da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade.B) Propiciar ao aluno identificar as causas que excluem o crime, para, ao final, ter capacidade para aplicar ateoria apreendida a casos concretos;C) Demonstrar as circunstâncias que envolvem os crimes dolosos e culposos; C) Proporcionar ao alunoconhecimentos acerca do caminho do crime, desde a fase da ideação até a execução, sem olvidar ashipóteses que envolvem a tentativa do delito, a desistência voluntária, o arrependimento eficaz e o crime
impossível;D) Por fim, trazer subsídios para que o aluno possa identificar as hipóteses de erro de tipo e erro deproibição.
Inter-relação da Disciplina
Horizontal: Direito Constitucional.
Vertical: Direito Penal I, III e IV; Processo Penal, Medicina Legal, Direito Administrativo, Direito CivilV(Família), Direito Constitucional.
Competências Gerais
- Elaboração de textos com informações sobre o Direito Penal, pesquisando a legislação, doutrina e
jurisprudência.- Análise, aplicabilidade e a interpretação da lei penal conforme o entendimento da doutrina e jurisprudência- Compreensão das normas e princípios gerais previstos na Parte Geral do Código Penal Brasileiro.- Interpretação jurídica da aplicação do Direito Penal de modo crítico.- Utilização com desenvoltura de expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do DireitoPenal.- Desenvolvimento de formas judiciais e extrajudiciais de prevenção e solução de conflitos.- Compreensão crítica da função social do Direito Penal.- Conduta ética no julgamento e tomada de decisões.- Busca de soluções harmônicas para as demandas que envolvem o Direito Penal.
Competências Específicas
Interpretação de textos legais, doutrinários e jurisprudenciais.Utilização de expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal.
Habilidades Gerais
- Elaborar textos com informações sobre o Direito Penal, pesquisando a legislação, doutrina e
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes,comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”.
jurisprudência.- Analisar a aplicabilidade e a interpretação da lei penal conforme o entendimento da doutrina e jurisprudência- Compreender as normas e princípios gerais previstos na Parte Geral do Código Penal Brasileiro.- Conhecer as fontes do Direito Penal para aplicá-las convenientemente.- Interpretação jurídica da aplicação do Direito Penal de modo crítico.- Utilizar com desenvoltura expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal.- Desenvolver formas judiciais e extrajudiciais de prevenção e solução de conflitos.
- Compreender criticamente a função social do Direito Penal.- Estimular ações reflexivas, críticas e éticas no julgamento e tomada de decisões.- Equacionar problemas e buscar soluções harmônicas para as demandas que envolvem o Direito Penal.
Habilidades Específicas
Interpretar textos legais, doutrinários e jurisprudenciais sobre o Direito Penal, de forma crítica.Utilizar expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal.Compreender criticamente a função social do Direito Penal.Manusear de maneira eficaz o Código Penal.Contextualizar o Direito Penal em relação a outras disciplinas.
Conteúdo Programático
PROGRAMA
1.1) CONCEITO DE CRIME (breve revisão); 1.2) DO FATO TÍPICO: 1.2.1) Conceito; 1.2.2) Elementos dofato típico; 1.3) CONDUTA: 1.3.1) Conceito, características e elementos, 1.3.2) Teorias da conduta (ou daação): a) Teoria naturalista ou causal da ação, b) Teoria social da ação, c) Teoria finalista da ação; 1.3.3)Ausência de conduta.
2.1) SUJEITOS DA AÇÃO. 2.1.1) Sujeito ativo. 2.1.2) sujeito passivo
2.2) A OMISSÃO E SUAS FORMAS: 2.2.1) Considerações gerais – conceito; 2.2.2) Teorias da omissão.2.2.3) Crimes omissivos próprios; 2.2.4) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão; 2.2.5)Dever jurídico de impedir o resultado – hipóteses: a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ouvigilância; b) De outra forma assumir a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com o comportamento
anterior, criar o risco da ocorrência do resultado; 2.3) RESULTADO: 2.3.1) Conceito; 2.3.2) Teorias:Resultado jurídico e resultado naturalístico; 2.3.3) Crimes materiais, crimes formais e crimes de meraconduta; 2.3.4) Crimes instantâneos e crimes permanentes; 2.3.5) Há crimes sem resultado?
3.1) DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: 3.1.1) Introdução; 3.1.2) Teoria da Equivalência dos AntecedentesCausais (ou da Conditio sine quo non); 3.1.3) Aplicação da Teoria da Equivalência dos Antecedentes; 3.1.4)Limitações do Alcance da Teoria da Equivalência dos Antecedentes: a) causas (concausas) absolutamenteindependentes; b) causas relativamente independentes; c) superveniência de causa relativamenteindependente; 3.2) DA CAUSALIDADE POR OMISSÃO; 3.3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
4.1) TEORIA DA TIPICIDADE: 4.1.1) Noção Introdutória; 4.1.2) O tipo legal e o fato concreto; 4.1.3)Evolução histórica da tipicidade: fases: a) Primeira fase: Independência; b) Segunda fase: caráter indiciárioda antijuridicidade; c) Terceira fase: “ratio essendi” da antijuridicidade; d) Diretriz dominante; e) Tipicidade eantijuridicidade. 4.2) TEORIA DO TIPO: 4.2.1) Conceito e importância do tipo; 4.2.2) Tipicidade – Da
adequação típica: formas; 4.2.3) Funções do tipo penal; 4.2.4) Elementos do Tipo: a) Elementos objetivos;b) Elementos normativos; c) Elementos subjetivos
5.1) DO TIPO DO CRIME DOLOSO: 5.1.1) Conceito de Dolo; 5.1.2) Teorias do Dolo: a) Teoria da Vontade;b) Teoria da representação; c) Teoria do assentimento. 5.1.3) Elementos do dolo. 5.1.4) Espécies de dolo:a) Dolo Direto e Indireto (ou dolo eventual); b) dolo de dano e de perigo; c) dolo genérico e específico; d)dolo normativo e dolo natural; e) dolo geral (erro sucessivo). 5.2) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL.5.3) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
6.1) DO TIPO DO CRIME CULPOSO: 6.1.1) Conceito; 6.1.2) Elementos do fato típico culposo; 6.1.3)Modalidades de culpa: a) Imprudência; b) Negligência; c) Imperícia. 6.1.4) Espécies de Culpa: a) Culpaconsciente; b) Culpa inconsciente; c) Culpa própria e culpa imprópria; 6.1.5) Dolo eventual e culpaconsciente; 6.1.6) Concorrência e compensação de culpas. 6.2) DO CRIME PRETERDOLOSO: 6.2.1)Crimes preterdolosos ou preterintencionais; 6.2.2) Nexo Subjetivo e Normativo
7.1) DO CRIME CONSUMADO: 7.1.1) Conceito; 7.1.2) Crime exaurido; 7.1.3) A consumação nas váriasespécies de crimes; 7.1.4) O “Iter Criminis”; 7.1.5) Atos preparatórios e executórios: distinção. 7.2) DATENTATIVA: 7.2.1) conceito; 7.2.2) Natureza jurídica; 7.2.3) Elementos; 7.2.4) Formas de tentativa: a)Perfeita; b) Imperfeita. 6.2.5) Aplicação da pena. 6.2.6) Infrações que não admitem tentativa. 7.3)DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. 7.4) ARREPENDIMENTO EFICAZ. 7.5) ARREPENDIMENTO POSTERIOR.
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes,comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”.
7.6) CRIME IMPOSSÍVEL
8.1) DA ANTIJURIDICIDADE: 8.1.1) Conceito e terminologia; 8.1.2) Antijuridicidade formal e material; 8.1.3)Causas de exclusão da antijuridicidade ou causas de justificação: a) Introdução; b) Elementos objetivos esubjetivos das causas de justificação; c) causas supralegais de exclusão da antijuridicidade; d) Excesso nascausas de justificação. 8.2) DO ESTADO DE NECESSIDADE: 8.2.1) Considerações Gerais; 8.2.2) Conceitoe natureza jurídica; 8.2.3) Estado de necessidade “justificante” e estado de necessidade “exculpante”; 8.2.4)Requisitos: a) Perigo atual; b) não-provocação voluntária do perigo; c) inevitabilidade do perigo por outro
meio; d) inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado; e) ameaça a direito próprio ou alheio; f) elementosubjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo; g) inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. 8.2.5)causa de diminuição de pena. 8.2.6) formas de estado de necessidade. 8.2.7) Exemplos. 8.2.8) Excesso
9.1) DA LEGÍTIMA DEFESA: 9.1.1) Considerações gerais; 9.1.2) Fundamento e natureza jurídica; 9.1.3)Conceito e requisitos; a) agressão injusta, atual ou iminente; b) direito próprio ou alheio; c) repulsa com osmeios necessários; d) moderação na repulsa necessária; e) elemento subjetivo da legítima defesa. 9.1.4)Legítima defesa real, putativa, sucessiva e recíproca. 9.1.5) legítima defesa e estado de necessidade. 9.1.6)Ofendículos. 9.2) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.9.2.1) Estrito cumprimento de dever legal. 9.2.2) Exercício regular do direito. 9.2.3) Intervenções médicas ecirúrgicas. 9.2.4) violência esportiva. 9.2.5) consentimento do ofendido10.1) DA CULPABILIDADE: 10.1.1) Considerações introdutórias. 10.1.2) conceito de culpabilidade. 10.1.3)culpabilidade como predicado do crime ou pressuposto da pena? 10.1.4) Responsabilidade penal objetiva.10.2) TEORIAS DA CULPABILIDADE. 10.2.1) Teoria psicológica da culpabilidade. 10.2.2) Teoria.
11.1) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. 11.1.1) Introdução. 11.1.2) Elenco. 11.1.3) Ainexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal de exclusão da culpabilidade. 11.2) DA COAÇÃOMORAL IRRESISTÍVEL. 11.2.1) Conceito e espécies de coação. 11.2.2) Espécie de coação prevista no art.22, 1ª parte, do CP. 11.2.3) Responsabilidade do coator. 11.3) DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA: 11.3.1)Conceito e espécies de ordem de superior hierárquico; 11.3.2) Obediência hierárquica como causa deexclusão de culpabilidade; 11.3.3) Responsabilidade do superior hierárquico; 11.3.4) Tratamento daobediência hierárquica no Código Penal Militar. 11.4) DA INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTALOU DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO: 11.4.1) Introdução; 11.4.2) Critérios de aferição dainimputabilidade; 11.4.3) Requisitos normativos da inimputabilidade; 11.4.4) Doença mental oudesenvolvimento mental incompleto ou retardado; 11.4.5) Diminuição da capacidade de entendimento e devontade – capacidade diminuída; 11.4.6) Menoridade penal
12.1) EMOÇÃO E A PAIXÃO. 12.2) DA INIMPUTABILIDADE POR EMBRIAGUEZ E SUBSTÂNCIASANÁLOGAS: 12.2.1) Conceito, fases e espécies de embriaguez; 12.2.2) Formas ou modalidades deembriaguez; a) Embriaguez não acidental: voluntária ou culposa; b) Embriaguez acidental: caso fortuito ouforça maior; c) Embriaguez preordenada; d) Embriaguez habitual e patológica. 12.3) “Actio Libera incausa”. 12.4) Caso Fortuito e Força maior. 12.5) ERRO DE PROIBIÇÃO: 12.5.1) Inescusabilidade deIgnorância da lei; 12.5.2) Conceito de erro de proibição; 12.5.3) Modalidades de erro de proibição: a) Errode proibição direto. b) Erro mandamental. c) erro de proibição indireto. 12.5.4) Formas de erro de proibição 13.1) ERRO DE TIPO: 13.1.1) Conceito. 13.1.2) Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo. 13.1.3)Formas. 13.1.4) Erro de tipo essencial. 13.1.5) Efeitos do Erro de tipo essencial. 13.1.6) Erro de tipopermissivo. 13.2) DESCRIMINANTES PUTATIVAS. 13.3) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO. 13.4)ERRO ACIDENTAL: 13.4.1) conceito. 13.4.2) Erro sobre objeto (“error in objecto”). 13.4.3) Erro sobre apessoa (“error in persona”). 13.4.4) Erro na execução (“aberratio ictus”). 13.4.5) Resultado diverso dopretendido (“Aberratio criminis”)
Estratégias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula)
O planejamento do trabalho em sala de aula é à base da construção do processo de ensino eaprendizagem. Planejando a ação, o professor tem a possibilidade de saber exatamente qual o ponto departida e o de chegada para cada tema abordado em seu curso.
Um planejamento não é um esquema de trabalho rígido, inflexível. Pelo contrário, devem-se levar em contaas situações inesperadas que vão ocorrendo e adaptar ou modificar o que se havia inicialmente previsto, deacordo com suas observações de classe e necessidades dos alunos.
Há metas que devem ser estabelecidas e alcançadas, sendo necessário que o professor disponha de um fiocondutor para a ação que vai desenvolver e de uma previsão para os resultados dessa ação.
Avaliação do Processo de Ensino e AprendizagemA avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa esistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação àprogramação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos dametodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes,comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”.
currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc.Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas:1ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,02ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0
Avaliação Somativa
A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez,
permitindo-se a fração de 5 décimos.O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por eleobtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas.Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina nobimestre.O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários,pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de umanota representativa de cada avaliação bimestral.Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete(7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados.Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral,no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim desubstituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como
média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0).
Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem
Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas quesão realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula.
Recursos Necessários
HumanosProfessor.
FísicosLaboratórios, visitas técnicas, etc.
Materiais
Recursos Multimídia.
Bibliografia
Básica
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2002.GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. Artigos 1º a 120 do código penal. 10.ed. Rio deJaneiro: Impetus, 2008. v.1.ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro. São Paulo:RT, 2002.BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – parte geral. Volume I. São Paulo: Saraiva.PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal brasileiro: parte geral. Vol. 1. Ed. São Paulo: RT, 2008.
Complementar
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,2006.JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Volume I. São Paulo: Saraiva.MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. Volume I – parte geral. São Paulo: Atlas.FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal. Rio de Janeiro: Forense.GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal: Parte Geral – introdução. São Paulo: RT.
Legislação:NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva.DELMANTO, Celso. Código Penal Anotado. Rio de Janeiro: Renovar.
FRANCO, Alberto Silva et alli. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. São Paulo: RT, 1998
Periódicos
Revista de Estudos Criminais. Editora NOTADEZ.
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes,comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”.
Revista do IBCCRIM. Editora Revista dos Tribunais.Revista da AJURIS
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Cronograma de Atividades
Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos
1ª
1.1) CONCEITO DE CRIME (breve revisão); 1.2) DO FATO
TÍPICO: 1.2.1) Conceito; 1.2.2) Elementos do fato típico; 1.3)CONDUTA: 1.3.1) Conceito, características e elementos,1.3.2) Teorias da conduta (ou da ação): a) Teoria naturalistaou causal da ação, b) Teoria social da ação, c) Teoria finalistada ação; 1.3.3) Ausência de conduta.
AE Aulaexpositiva
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2ª
2.1) SUJEITOS DA AÇÃO. 2.1.1) Sujeito ativo. 2.1.2) sujeitopassivo2.2) A OMISSÃO E SUAS FORMAS: 2.2.1)Considerações gerais – conceito; 2.2.2) Teorias da omissão.2.2.3) Crimes omissivos próprios; 2.2.4) Crimes omissivosimpróprios ou comissivos por omissão; 2.2.5) Dever jurídicode impedir o resultado – hipóteses: a) Ter por lei obrigação decuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma assumir aresponsabilidade de impedir o resultado; c) Com ocomportamento anterior, criar o risco da ocorrência doresultado; 2.3) RESULTADO: 2.3.1) Conceito; 2.3.2) Teorias:Resultado jurídico e resultado naturalístico; 2.3.3) Crimes
materiais, crimes formais e crimes de mera conduta; 2.3.4)Crimes instantâneos e crimes permanentes; 2.3.5) Há crimessem resultado?
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3ª
3.1) DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: 3.1.1) Introdução;3.1.2) Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (ouda Conditio sine quo non); 3.1.3) Aplicação da Teoria daEquivalência dos Antecedentes; 3.1.4) Limitações do Alcanceda Teoria da Equivalência dos Antecedentes: a) causas(concausas) absolutamente independentes; b) causasrelativamente independentes; c) superveniência de causarelativamente independente; 3.2) DA CAUSALIDADE POROMISSÃO; 3.3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
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4ª
4.1) TEORIA DA TIPICIDADE: 4.1.1) Noção Introdutória;4.1.2) O tipo legal e o fato concreto; 4.1.3) Evolução históricada tipicidade: fases: a) Primeira fase: Independência; b)Segunda fase: caráter indiciário da antijuridicidade; c)
Terceira fase: “ratio essendi” da antijuridicidade; d) Diretrizdominante; e) Tipicidade e antijuridicidade. 4.2) TEORIA DOTIPO: 4.2.1) Conceito e importância do tipo; 4.2.2) Tipicidade
– Da adequação típica: formas; 4.2.3) Funções do tipo penal;4.2.4) Elementos do Tipo: a) Elementos objetivos; b)Elementos normativos; c) Elementos subjetivos.
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5ª
5.1) DO TIPO DO CRIME DOLOSO: 5.1.1) Conceito de Dolo;5.1.2) Teorias do Dolo: a) Teoria da Vontade; b) Teoria darepresentação; c) Teoria do assentimento. 5.1.3) Elementosdo dolo. 5.1.4) Espécies de dolo: a) Dolo Direto e Indireto (oudolo eventual); b) dolo de dano e de perigo; c) dolo genérico eespecífico; d) dolo normativo e dolo natural; e) dolo geral (errosucessivo). 5.2) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. 5.3)PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
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6ª
7ª
6.1) DO TIPO DO CRIME CULPOSO: 6.1.1) Conceito; 6.1.2)Elementos do fato típico culposo; 6.1.3) Modalidades deculpa: a) Imprudência; b) Negligência; c) Imperícia. 6.1.4)Espécies de Culpa: a) Culpa consciente; b) Culpainconsciente; c) Culpa própria e culpa imprópria; 6.1.5) Doloeventual e culpa consciente; 6.1.6) Concorrência ecompensação de culpas. 6.2) DO CRIME PRETERDOLOSO:
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6.2.1) Crimes preterdolosos ou preterintencionais; 6.2.2) NexoSubjetivo e Normativo
1
7.1) DO CRIME CONSUMADO: 7.1.1) Conceito; 7.1.2) Crimeexaurido; 7.1.3) A consumação nas várias espécies decrimes; 7.1.4) O “Iter Criminis”; 7.1.5) Atos preparatórios eexecutórios: distinção. 7.2) DA TENTATIVA: 7.2.1) conceito;7.2.2) Natureza jurídica; 7.2.3) Elementos; 7.2.4) Formas detentativa: a) Perfeita; b) Imperfeita. 6.2.5) Aplicação da pena.6.2.6) Infrações que não admitem tentativa. 7.3)DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. 7.4) ARREPENDIMENTO
EFICAZ. 7.5) ARREPENDIMENTO POSTERIOR. 7.6) CRIMEIMPOSSÍVEL
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1
8.1) DA ANTIJURIDICIDADE: 8.1.1) Conceito e terminologia;8.1.2) Antijuridicidade formal e material; 8.1.3) Causas deexclusão da antijuridicidade ou causas de justificação: a)Introdução; b) Elementos objetivos e subjetivos das causasde justificação; c) causas supralegais de exclusão daantijuridicidade; d) Excesso nas causas de justificação. 8.2)DO ESTADO DE NECESSIDADE: 8.2.1) ConsideraçõesGerais; 8.2.2) Conceito e natureza jurídica; 8.2.3) Estado denecessidade “justificante” e estado de necessidade“exculpante”; 8.2.4) Requisitos: a) Perigo atual; b) não-provocação voluntária do perigo; c) inevitabilidade do perigopor outro meio; d) inexigibilidade do sacrifício do bemameaçado; e) ameaça a direito próprio ou alheio; f) elementosubjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo; g) inexistência
do dever legal de enfrentar o perigo. 8.2.5) causa dediminuição de pena. 8.2.6) formas de estado de necessidade.8.2.7) Exemplos. 8.2.8) Excesso
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8ª
9.1) DA LEGÍTIMA DEFESA: 9.1.1) Considerações gerais;9.1.2) Fundamento e natureza jurídica; 9.1.3) Conceito erequisitos; a) agressão injusta, atual ou iminente; b) direitopróprio ou alheio; c) repulsa com os meios necessários; d)moderação na repulsa necessária; e) elemento subjetivo dalegítima defesa. 9.1.4) Legítima defesa real, putativa,sucessiva e recíproca. 9.1.5) legítima defesa e estado denecessidade. 9.1.6) Ofendículos. 9.2) ESTRITOCUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIOREGULAR DO DIREITO. 9.2.1) Estrito cumprimento de deverlegal. 9.2.2) Exercício regular do direito. 9.2.3) Intervençõesmédicas e cirúrgicas. 9.2.4) violência esportiva. 9.2.5)consentimento do ofendido
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9ª
10.1) DA CULPABILIDADE: 10.1.1) Consideraçõesintrodutórias. 10.1.2) conceito de culpabilidade. 10.1.3)culpabilidade como predicado do crime ou pressuposto dapena? 10.1.4) Responsabilidade penal objetiva. 10.2)TEORIAS DA CULPABILIDADE. 10.2.1) Teoria psicológica daculpabilidade. 10.2.2) Teoria psicológica-normativa daculpabilidade. 10.2.3) teoria normativa pura da culpabilidade.a) definição e fundamento. b) elementos da culpabilidade.10.2.4) Teoria limitada da culpabilidade. 10.3)IMPUTABILIDADE: 10.3.1) conceito. 10.3.2) imputabilidade eresponsabilidade. 10.3.3) fundamento da imputabilidade.10.3.4) causas de exclusão da imputabilidade. 10.4)POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: 10.4.1)Introdução. 10.4.2) teoria extrema do dolo. 10.4.3) teorialimitada do dolo. 10.4.4) teoria extrema da culpabilidade.10.4.5) teoria limitada da culpabilidade. : 10.5) DAEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: 10.5.1)Introdução; 10.5.2) Teoria da circunstância concomitante;10.5.3) Efeito da exigibilidade de conduta diversa
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10ª
11.1) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. 11.1.1)Introdução. 11.1.2) Elenco. 11.1.3) A inexigibilidade deconduta diversa como causa supralegal de exclusão daculpabilidade. 11.2) DA COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL.11.2.1) Conceito e espécies de coação. 11.2.2) Espécie decoação prevista no art. 22, 1ª parte, do CP. 11.2.3)Responsabilidade do coator. 11.3) DA OBEDIÊNCIAHIERÁRQUICA: 11.3.1) Conceito e espécies de ordem desuperior hierárquico; 11.3.2) Obediência hierárquica comocausa de exclusão de culpabilidade; 11.3.3)Responsabilidade do superior hierárquico; 11.3.4) Tratamentoda obediência hierárquica no Código Penal Militar. 11.4) DAINIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL OUDESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO: 11.4.1)Introdução; 11.4.2) Critérios de aferição da inimputabilidade;11.4.3) Requisitos normativos da inimputabilidade; 11.4.4)Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ouretardado; 11.4.5) Diminuição da capacidade deentendimento e de vontade – capacidade diminuída; 11.4.6)Menoridade penal
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11ª
12.1) EMOÇÃO E A PAIXÃO. 12.2) DA INIMPUTABILIDADEPOR EMBRIAGUEZ E SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS: 12.2.1)Conceito, fases e espécies de embriaguez; 12.2.2) Formas oumodalidades de embriaguez; a) Embriaguez não acidental:voluntária ou culposa; b) Embriaguez acidental: caso fortuitoou força maior; c) Embriaguez preordenada; d) Embriaguezhabitual e patológica. 12.3) “Actio Libera in causa”. 12.4)Caso Fortuito e Força maior. 12.5) ERRO DE PROIBIÇÃO:12.5.1) Inescusabilidade de Ignorância da lei; 12.5.2)Conceito de erro de proibição; 12.5.3) Modalidades de erro de
proibição: a) Erro de proibição direto. b) Erro mandamental. c)erro de proibição indireto. 12.5.4) Formas de erro de proibição
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12ª
13.1) ERRO DE TIPO: 13.1.1) Conceito. 13.1.2) Erro de tipo edelito putativo por erro de tipo. 13.1.3) Formas. 13.1.4) Errode tipo essencial. 13.1.5) Efeitos do Erro de tipo essencial.13.1.6) Erro de tipo permissivo. 13.2) DESCRIMINANTESPUTATIVAS. 13.3) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO.13.4) ERRO ACIDENTAL: 13.4.1) conceito. 13.4.2) Erro sobreobjeto (“error in objecto”). 13.4.3) Erro sobre a pessoa (“errorin persona”). 13.4.4) Erro na execução (“aberratio ictus”).13.4.5) Resultado diverso do pretendido (“Aberratio criminis”)
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13ª
2
2
3
LegendaCódigo Descrição Código Descrição Código Descrição
AE Aula expositiva QG Quadro verde e giz LB Laboratório de informáticaTG Trabalho em grupo RE Retroprojetor PS Projetor de slidesTI Trabalho individual VI Videocassete AP ApostilaSE Seminário DS Data Show OU OutrosPA Palestra FC Flipchart
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Aula 1 – 08.08.2008
1. CONCEITO DE CRIME
A) CONCEITO MATERIAL
- reserva legal
- Sob o ponto de vista material, o conceito de crime visa aos bens jurídicos
protegidos pela lei penal. Dessa forma, crime nada mais é do que a violação de um
bem penalmente protegido.
- Ex. João mata Pedro: comete fato previsto como crime e ofende bem penalmente
protegido (vida). LD e EN. Ex. inimp.
B) CONCEITO ANALÍTICO
-Trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável.
- Portanto, para que haja crime é preciso, em primeiro lugar, um conduta humana
positiva ou negativa (ação ou omissão) descrita na norma penal como crime.
Isto é o FATO TÍPICO.
- Ex: “A” esfaqueia “B”, matando-o.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos
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- furto
- incesto
- Não basta, porém, que o fato seja típico para que exista crime. É preciso que seja
contrário ao direito, ANTIJURÍDICO.
- Ex: LD. Fato típico, mas não antijurídico.
- É, pois, a antijuridicidade o segundo requisito do crime. Por meio do juízo de valor
sobre ela é que se saberá se o fato é ou não contrário ao ordenamento jurídico.
Verificada a ilicitude do comportamento, teremos os dois requisitos do crime: fato
típico e antijuridicidade.
- Não basta, porém, seja o fato típico e antijurídico. Exige-se, ainda, que o agente
seja CULPÁVEL.
- Ex: homicídio - (doente mental). Fato típico, antijurídico, mas não culpável.
- Vale dizer: crime é uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta
proibida (tipicidade), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo
de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam
imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de
agir conforme o direito (culpabilidade).
- Damásio, Mirabete, Delmanto, entre outros, conceituam o crime como sendo um
fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto de aplicação da pena.
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1.2) DO FATO TÍPICO
1.2.1) Conceito
- É o fato que se amolda ao modelo legal da conduta proibida. É o fato que se
enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contidos na lei penal.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
1.2.2) Elementos do fato típico
- Para a integração do fato típico deve haver um comportamento humano. A ação ou
omissão humana (conduta), porém, não é suficiente, sendo necessário um
resultado.
- Entre a conduta e o resultado se exige uma relação de causalidade. Ex. “A” desfere
facadas em “B”, que, transportado para um hospital, vem a falecer. Surge, assim,
outro elemento do fato típico: a relação de causalidade ou nexo de
causalidade.
- Por último, para que seja um fato típico, é necessário que os demais elementos
estejam descritos como crime. É a própria tipicidade.
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- Ex: “A” mata “B” com tiros de revólver.....
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos
- Portanto, os elementos do fato típico são:
a) a conduta
b) o resultado
c) o nexo de causalidade
d) a tipicidade
- Faltando um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir umindiferente penal. É um fato atípico.
1.3) CONDUTA
1.3.1) CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS
A) Conceito
- CONDUTA é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada
finalidade.
B) Características:
a) A conduta se refere ao comportamento do homem, não dos animais irracionais.
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b) Só as condutas corporais externas constituem ações. O Direito Penal não se ocupa
da atividade puramente psíquica.
c) A conduta humana só tem importância para o Direito Penal quando voluntária.
d) O comportamento consiste num movimento ou abstenção de movimento corporal.
C) Os elementos são:
a) um ato de vontade, dirigido a uma finalidade;
- Este elemento abrange: a) O objetivo pretendido pelo sujeito; b) os meios usados
na execução; c) as conseqüências secundárias da prática.
b) atuação positiva ou negativa dessa vontade no mundo exterior (manifestação da
vontade por meio de um fazer ou não fazer).
- conduta x ato.
1.3.2) TEORIAS DA CONDUTA (OU DA AÇÃO)
A) Teoria naturalista ou causal da ação
- Esta teoria conceitua a conduta como um comportamento humano voluntário no
mundo exterior, consistente num fazer ou não fazer, sendo estranha a qualquer
valoração.
- É denominada naturalista porque incorpora as leis da natureza no Direito Penal.
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- Séc. XIX até meados XX– Von List.
- Não importa se o agente quis (dolo) ou se teve culpa na causação do crime. A
configuração da conduta típica depende apenas de o agente causar fisicamente
(naturalisticamente) um resultado previsto em lei como crime.
- Logo, só interessa duas coisas: saber quem foi o causador do resultado e se talresultado estava definido em lei como crime.
- Nessa teoria a conduta é concebida como um simples comportamento, sem
apreciação sobre a sua ilicitude ou reprovabilidade.
- Ex: suicida pula carro
- Em outras palavras, a ação era tomada como pura realização da vontade no mundo
exterior, não importando o conteúdo dessa vontade (dolo e culpa).
- Esta teoria sofreu severas críticas.
- De acordo com o moderno Direito Penal, o centro de interesse não é o efeito
jurídico produzido pelo resultado, mas sim a natureza do comportamentoreprovável. Diante disso, cai por terra a teoria naturalista da ação, uma vez que se
importa somente com o aspecto causal da questão, sendo equivocado distinguir a
conduta em duas partes: processo causal exterior e conteúdo subjetivo da vontade,
pois, como vimos, a ação ou omissão humana consciente é dirigida a
determinada finalidade.
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B) Teoria social da ação
- Para essa teoria, ação é a realização de um resultado sociamente relevante,
questionado pelos requisitos do Direito e não pelas leis da natureza.
- Diante disso, ação nada mais é que a causação de um resultado, não importando
qual. O conteúdo da vontade, em que se perquire qual o resultado visado peloagente, não pertence à ação, mas à culpabilidade.
- A teoria social da ação também recebeu críticas.
- Primeiro, porque se a ação é a causação de um resultado socialmente relevante,
como se define a conduta nos crimes de mero comportamento?
- Segundo, porque a teoria social, assim como a causal, deu muita importância ao
desvalor do resultado, quando o que importa é o desvalor da conduta.
- Hom. Dol. = Hom. Culp.
C) TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
- Opondo-se ao conceito causal de ação, e especialmente à insustentável separação
entre a vontade e seu conteúdo, Welzel elaborou a teoria finalista da ação.
- Para a teoria finalista, a ação é uma atividade final humana. É, portanto, um
acontecimento finalista, e não somente causal.
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- A finalidade ou atividade finalista da ação, segundo esta teoria, baseia-se em que o
homem, consciente dos efeitos causais do acontecimento, pode prever as
conseqüências de sua conduta, propondo, dessa forma, objetivos de distinta índole.
- Conhecendo a teoria da causa e efeito, tem condições de dirigir sua atividade no
sentido de produzir determinados efeitos. A causalidade, pelo contrário, não se
encontra ordenada dessa maneira. Ela é cega, enquanto a finalidade é vidente.
- # hom. e raio mortal. suicida
- A doutrina finalista da ação não se preocupa apenas com o conteúdo da vontade, o
dolo, que consiste na vontade de concretizar as características objetivas do tipo
penal, mas também com a culpa.
- O Direito não deseja apenas que o homem não realize condutas dolosas, mas,
também, que imprima em todas as suas atividades uma direção finalista capaz de
impedir que produzam resultados lesivos.
- As ações que, produzindo um resultado causal, são devidas à inobservância do
mínimo de direção finalista no sentido de impedir a produção de tal conseqüência,
ingressam no rol dos delitos culposos.
- Em conseqüência, o dolo é retirado da culpabilidade, constituindo-se elemento
subjetivo do tipo, integrando a conduta, primeiro elemento do fato típico.
- Quanto à culpa, a conduta descrita no tipo (“se o homicídio é culposo”) está
integrada pela inobservância do dever de diligência na vida de relação. Quem tem
habilidade para realizar uma conduta “adequadamente”, deve executá-la
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“adequadamente”. Aquele que não possui tal habilidade, deve abster-se de realizar o
comportamento desejado. “Com o comportamento adequado que assim se
estabelece, deve ser comparado o efetivo comportamento do agente, para verificar-
se se ele é típico no sentido de um crime culposo: toda ação que não corresponder a
tal comportamento adequado é típica no sentido do crime culposo”.
1.3.3) AUSÊNCIA DE CONDUTA
- Se a vontade constitui elemento da conduta, é evidente que esta não ocorre
quando o ato é involuntário.
- Para a caracterização da conduta, sob qualquer prisma, é indispensável a existência
do binômio vontade e consciência.
- VONTADE é o querer ativo, apto a levar o ser humano a praticar um ato,
livremente. O ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma tendência
própria e interior à vontade; se não, é coagido e forçado.
- CONSCIÊNCIA é a possibilidade que o ser humano possui de separar o mundo
que o cerca dos próprios atos, realizando um julgamento moral das suas atitudes.
Significa ter noção clara da diferença existente entre realidade e ficção.
- Há ausência de ação, segundo a doutrina dominante, em três grupos de caso:
a) Coação física irresistível (“vis absoluta”)
- Ocorre quando o sujeito pratica o movimento em conseqüência de força corporal
exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age
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voluntariamente. Neste caso, o agente é mero instrumento realizador da vontade do
coator.
- Ex. segurar pulso – faca (leg.).
- Ass. Doc.
- enfermeiro
- Diversa é a situação, contudo, se se tratar de coação moral.
- Na coação moral, não há aplicação da força física, mas de ameaça ou intimidação,
feita através da promessa de um mal, para que se determine o coato à realização do
fato criminoso. O coagido poderá optar.
- No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, emface da inexigibilidade de conduta diversa.
- Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não se há
falar em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte (causa de exclusão
da culpabilidade).
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, nãomanifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Ex. gerente
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b) Movimentos reflexos
- São atos reflexos, puramente somáticos, aqueles em que o movimento corpóreo ou
sua ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso.
- Nestes casos, o estímulo exterior é recebido pelos centros sensores, que o
transmitem diretamente aos centros motores, sem intervenção da vontade, comoocorre, por exemplo, em um ataque epilético (ex...).
- Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras,
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano (ex.
tosse, espirro, etc.).
- No contexto dos movimentos reflexos, é preciso distinguir tais movimentos dasações semi-automáticas, pois estas são penalmente relevantes, uma vez que
resultam de um processo de formação da vontade, originalmente existente, que se
concentrou no subconsciente através da prática.
- Nestes casos, o ato pode ser controlado pela atenção, o que basta para que seja
considerado conduta tipicamente relevante.
- Ex. vespa – motorista picado
- rodear – conduta semi-automática
- De outro lado, os movimentos reflexos não se confundem com os atos em curto-
circuito.
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- Os atos em curto-circuito são as reações primitivas do ser humano, nas quais existe
um estímulo externo, não registrando totalmente a presença de uma personalidade
desenvolvida, surgindo, à superfície, de improviso, ações momentâneas e impulsivas
ou mecanismos anímicos profundos, bem como reações explosivas.
- Ex. reações explosivas que se seguem ao encarceramento, estados de embriaguez
patológica, estados crepusculares afetivos. Nestes casos, existe vontade, ainda quede maneira fugaz. Há um querer, ainda que primitivo, razão pela qual não se exclui a
conduta.
c) Estados de inconsciência
- Consciência “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma
faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”.
- Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado
de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação.
- A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a hipnose, o
sonambulismo a narcolepsia.
- O sonambulismo é a doença de quem age ou fala durante o sono, tornando seus
sentidos obtusos. Trata-se de um sono patológico, quando o enfermo nem percebe
estar dormindo, embora mantenha a sua atividade locomotora.
- Ex. vaso
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- A hipnose é um estado mental semelhante ao sono, provocado artificialmente por
alguém, levando o hipnotizado a agir como se fosse um autômato, obedecendo
ordens e comandos.
- A narcolepsia é outra doença que provoca acessos repentinos de sono,
transportando o enfermo a um estado de irrealidade, permitindo-lhe, no entanto,
continuar a ter movimentos e relações com o meio ambiente.
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Aula 2
A) CONCEITO MATERIAL
- Sob o ponto de vista material, o conceito de crime visa aos bens jurídicos
protegidos pela lei penal. Dessa forma, crime nada mais é do que a violação de um
bem penalmente protegido.
B) CONCEITO ANALÍTICO
-Trata-se de um fato típico, antijurídico e culpável.
1.2) DO FATO TÍPICO
1.2.1) Conceito
- É o fato que se amolda ao modelo legal da conduta proibida. É o fato que se
enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contidos na lei penal.
1.2.2) Elementos do fato típico
a) a conduta
b) o resultado
c) o nexo de causalidade
d) a tipicidade
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- Faltando um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir um
indiferente penal. É um fato atípico.
1.3) CONDUTA
A) Conceito
- CONDUTA é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada
finalidade.
B) Características:
a) A conduta se refere ao comportamento do homem, não dos animais irracionais.
b) Só as condutas corporais externas constituem ações. O Direito Penal não se ocupa
da atividade puramente psíquica.
c) A conduta humana só tem importância para o Direito Penal quando voluntária.
d) O comportamento consiste num movimento ou abstenção de movimento corporal.
C) Os elementos são:
a) um ato de vontade, dirigido a uma finalidade;
- Este elemento abrange: a) O objetivo pretendido pelo sujeito; b) os meios usados
na execução; c) as conseqüências secundárias da prática
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b) atuação positiva ou negativa dessa vontade no mundo exterior (manifestação da
vontade por meio de um fazer ou não fazer).
- conduta x ato.
1.3.2) TEORIAS DA CONDUTA (OU DA AÇÃO)
A) Teoria naturalista ou causal da ação
- Esta teoria conceitua a conduta como um comportamento humano voluntário no
mundo exterior, consistente num fazer ou não fazer, sendo estranha a qualquer
valoração.
B) Teoria social da ação
- Para essa teoria, ação é a realização de um resultado sociamente relevante,
questionado pelos requisitos do Direito e não pelas leis da natureza.
C) TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
- Para a teoria finalista, a ação é uma atividade final humana. É, portanto, umacontecimento finalista, e não somente causal.
1.3.3) AUSÊNCIA DE CONDUTA
- Para a caracterização da conduta, sob qualquer prisma, é indispensável a existência
do binômio vontade e consciência.
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- Há ausência de ação, segundo a doutrina dominante, em três grupos de caso:
a) Coação física irresistível (“vis absoluta”)
b) Movimentos reflexos
- No contexto dos movimentos reflexos, é preciso distinguir tais movimentos dasações semi-automáticas.
c) Estados de inconsciência
- A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a hipnose, o
sonambulismo a narcolepsia.
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2.1) SUJEITOS DO CRIME
2.1.1) SUJEITO ATIVO
- É a pessoa que pratica a conduta descrita pelo tipo penal. É quem pratica o fato
descrito na norma penal incriminadora.
- O CP e o CPP empregam várias denominações para expressar o sujeito ativo do
delito.
- No direito material usa o legislador a expressão “agente” nos arts. 14, II; 15; 18, I
e II; 19; 20, § 3º; 21, parágrafo único; 23, caput e parágrafo único; 26, caput e
parágrafo único, etc.
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontadedo agente.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que oresultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
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II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ouimperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previstocomo crime, senão quando o pratica dolosamente.
- Na fase do inquérito policial recebe o sujeito ativo a denominação de “indiciado”. É
o que se vê nos arts. 5, § 1º, “b”; 6º, V, VIII e IX; 10, caput e seu § 3º; 14; 15 e 21
do CPP.
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou depresunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executara ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
- Durante o processo recebe o nome de acusado, denunciado ou réu. Usam as
expressões acusado ou réu os arts. 185; 260; 261, do CPP, etc.
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal,
será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer
outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua
presença.
- O que já sofreu sentença condenatória é chamado sentenciado, preso, condenado,
recluso e detento.
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- Sob o ponto de vista biopsíquico, recebe o nome de criminoso ou delinqüente.
- Só o homem possui capacidade para delinqüir. Animais e coisas não podem ser
sujeitos ativos do crime, pois lhe falta o elemento vontade.
A) PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO ATIVO DO CRIME
- Várias teorias se propuseram à solução da questão envolvendo a possibilidade de a
pessoa jurídica ser sujeito ativo de crime. Dentre elas, são apontadas a teoria da
ficção e a teoria da realidade.
I) TEORIA DA FICÇÃO:
- Para esta corrente, a pessoa jurídica tem existência fictícia, irreal ou de puraabstração, carecendo de vontade.
- Falta-lhe consciência, vontade e finalidade, requisitos imprescindíveis para a
configuração do fato típico, bem como imputabilidade e possibilidade de
conhecimento do injusto, necessários para a culpabilidade, de maneira que não há
como admitir que seja capaz de delinqüir e de responder por seus atos.
- Portanto, amparada no brocardo romano societas delinquere non potest (a pessoa
jurídica não pode cometer delitos), tem como principais argumentos:
a) ausência de consciência, vontade e finalidade:
- conduta = consciência + vontade
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b) ausência de culpabilidade:
- entender e querer
c) ausência de capacidade de pena (princípio da personalidade da pena):
- a pena deve recair sobre o autor do delito e não sobre todos os membros dacorporação.
d) ausência de justificativa para a imposição da pena
- prevenção e retribuição.
e) A Constituição Federal não autoriza expressamente a responsabilidade penal da pessoa jurídica, e os dispositivos porventura citados – arts. 173, § 5º, e 225, § 3º -
são meramente declaratórios.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividadeeconômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacionalou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos
atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum dopovo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever dedefendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão osinfratores, PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS, A SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS,independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
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II) TEORIA DA REALIDADE OU DA PERSONALIDADE REAL
- É também chamada teoria organicista.
- Para essa teoria, a pessoa jurídica é um ser real, um verdadeiro organismo, tendo
vontade que não é, simplesmente, a soma das vontades dos associados, nem o
querer dos administradores.
- Assim, pode a pessoa jurídica delinqüir, pois é uma realidade, que tem vontade e
capacidade de deliberação, devendo-se, então, reconhecer-lhe a capacidade criminal.
- A CF/88 se filiou à segunda posição, tendo disposto, em seu artigo 225, § 3º, que
“as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas ,independentemente da obrigação de reparar os danos causados” .
- Os argumentos para a responsabilidade da pessoa jurídica são:
a) a pessoa jurídica pode ser responsável pelos seus atos, devendo o juízo
de culpabilidade ser adaptado às suas características:
- Exigibilidade conduta diversa.
b) a pena não ultrapassa a pessoa da empresa, o que tem havido é uma
confusão entre a pena e suas conseqüências indiretas sobre terceiros:
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- Considerando que é dever do Estado proteger o bem jurídico, bem como que há
necessidade de o Direito Penal modernizar-se, acompanhando as novas formas de
criminalidade, nossa CF, em seus arts. 225, § 3º, e 173, § 5º, previu a
responsabilização da pessoa jurídica em todas as esferas do direito por atos
cometidos contra a ordem econômica e financeira e contra o meio ambiente.
- Se foi vontade do constituinte e do legislador proteger bens jurídicos relevantes,tais como o meio ambiente e a ordem econômica, contra agressões praticadas por
entidades coletivas, não há como negar tal possibilidade.
- Art. 3º da Lei 9.605/98
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal
ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES. CRIME AMBIENTAL.RESPONSABLIZAÇÃO PENAL DA PESSOA JURÍDICA. ART. 60 DA LEI Nº9.605/98. 1. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, § 3º, determinaexpressamente que a pessoa jurídica está sujeita às sanções penais quandopraticar condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Da mesma forma, preceituao art. 3º da Lei nº 9.605/98, assim não aceitar a responsabilização da pessoa jurídica é negar cumprimento à Carta Magna e à lei. 2. A conduta dos agentes deinstalar e fazer funcionar serviço potencialmente poluidor, para implantação de
loteamento irregular, sem licença dos órgãos competentes e em desacordo com asnormas pertinentes, caracteriza plenamente o delito previsto no art. 60 da Lei nº9.605/98. 3. Embargos Infringentes rejeitados. (Embargos Infringentes Nº70013592357, Segundo Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS,Relator: José Eugênio Tedesco, Julgado em 10/03/2006)
EMENTA: APELAÇÃO. CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE.RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA DETERMINADA PELACONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, EM SEU ART. 225, § 3º. Preliminar deilegitimidade passiva afastada. LIXO HOSPITALAR. Armazenamento de substâncias
tóxicas, perigosas e nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, em desacordo
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com as exigências legais. Delito previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98configurado. Resíduos de serviços de saúde deixados em contato com o solo,queimando em local freqüentado por pessoas e animais, em desacordo com alegislação, gerando gases poluentes. Incidência do art. 54, § 2º, inciso V do mesmodiploma legal. Condenação mantida. Apelo improvido. Unânime. (Apelação Crime Nº70015164676, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: AristidesPedroso de Albuquerque Neto, Julgado em 08/06/2006)- Wambass Transportes Ltda. – ME, foi condenada, por incursa no art. 54, § 2º,
inciso V, da Lei n° 9.605/98, à pena de multa fixada em 150 dias-multa, à razão de
1/30 do salário mínimo vigente à época dos fatos, e suspensão dos serviços da
empresa de recolhimento de resíduos de serviços hospitalares pelo prazo de 02 anos
e 04 meses. Para o delito previsto no art. 56, caput , da referida lei, foi aplicada à
pena de suspensão dos serviços da empresa. Reconhecido o concurso formal, a
empresa ré restou condenada à suspensão dos serviços de recolhimento de
resíduos de serviços hospitalares pelo prazo de 02 anos, 08 meses e 20 dias,
remanescendo a multa fixada (fls. 364/382).
PENAL. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.POSSIBILIDADE. DELITO DO ART. 60 DA LEI Nº 9.605/1998. PRESCRIÇÃO DAPRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECURSO PREJUDICADO. 1."Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais desdeque haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seunome ou em seu benefício, uma vez que não se pode compreender a responsabilização doente moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivopróprio." (REsp nº 889.528/SC, Relator o Ministro Felix Fischer, DJU de 18/6/2007)2. Sendo de 6 meses de detenção a pena máxima cominada ao crime previsto no art. 60da Lei nº 9.605/1998, com relação à empresa Castilho Prestação de Serviços Ltda,constata-se que já decorreram mais de dois anos desde a data do fato incriminado sem
que fosse recebida a inicial acusatória, e, quanto a Luis Vanderlei de Castilhos, otranscurso de mais de dois anos desde o recebimento da denúncia, operando-se, emambos os casos, a prescrição da pretensão punitiva, nos termos do art. 109, inciso VI, doCódigo Penal, uma vez que não ocorreu qualquer causa interruptiva desde então. 3.Recurso especial parcialmente provido. (RECURSO ESPECIAL 2006/0089145-1, SuperiorTribunal de Justiça, Sexta Turma, Rel. Min. Paulo Galotti, julgado em 08.04.2008).
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2.1.2) SUJEITO PASSIVO
A) Conceito
- É o titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal incriminador, que foi violado.
B) ESPÉCIES
- aspecto formal – suj. passivo pela simples violação da norma penal.
- aspecto material – suj passivo que sofre a lesão a um bem penalmente tutelado.
- Existem duas espécies de sujeito passivo:
a) Sujeito passivo constante, geral ou formal: Sempre o Estado.- desob.
b) Sujeito passivo eventual, particular ou material: é o titular do interesse
penalmente protegido.
C) A QUESTÃO DO INCAPAZ, DA PESSOA JURÍDICA, DO MORTO, DO FETO E
DOS ANIMAIS
- O incapaz pode ser sujeito passivo do delito, porque é titular de direito, como a
vida, a integridade física etc.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logoapós:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
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Abandono intelectual
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
- A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo, desde que, por óbvio, a descrição
típica não pressuponha uma pessoa física (homicídio).
- A pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de calúnia e injúria, pois não
pode ser sujeito ativo do crime (o que a calúnia pressupõe) nem possui honra
subjetiva (objeto jurídico da injúria), podendo ser vítima de difamação em face
de possuir, inegavelmente, reputação, boa fama (honra objetiva).
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
- De ver-se, contudo, que a pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia em
relação aos delitos ambientais, diante da possibilidade da responsabilidade penal
da pessoa jurídica.
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
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- O homem morto não pode ser sujeito passivo, pois não é titular de direitos,
podendo ser objeto material do delito.
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Vilipêndio a cadáver
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
- O homem pode ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, pois feto pode ser
sujeito passivo, pois tem direito à vida, sendo esta protegida pela punição do
aborto.
- Os animais podem ser objeto material do delito, mas não sujeitos passivos. Emcaso de lesão a animais ou coisas, os sujeitos passivos são os proprietários (furto,
dano).
- Não é possível o sujeito ativo ser ao mesmo tempo sujeito passivo de
algum crime em face da sua própria conduta. Ex. no auto-aborto (CP, art. 124),
a gestante é sujeito ativo; o feto, o passivo. Ela não é também sujeito passivo do
crime porque não se pune a autolesão.
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Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo oumantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde,ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor deseguro;
- Entretanto, é possível haver, no mesmo crime, uma pessoa que seja tanto sujeito
ativo quanto passivo, como ocorre na rixa.
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
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2.2) DA OMISSÃO E SUAS FORMAS
2.2.1) CONSIDERAÇÕES GERAIS – CONCEITO
- Ao lado da ação, a omissão aparece como uma forma independente de conduta
humana, suscetível de ser regida pela vontade dirigida para um fim.
- Configura-se crime omissivo quando o agente não faz o que pode e deve fazer, que
lhe é juridicamente ordenado (não faz o que a norma mandamental impõe).
2.2.2) TEORIAS DA OMISSÃO
A) Naturalística
- Para esta teoria, a omissão é um fenômeno causal, que pode ser claramente
percebido no mundo dos fatos, já que, em vez de ser considerada uma
inatividade (não fazer), caracteriza-se como verdadeira espécie de ação. Constitui,
portanto, um “fazer”, ou seja, um comportamento positivo: quem se omite faz
alguma coisa.
- Se a omissão é considerada como ação, então tem relevância causal, ou seja,aquele que omite também dá causa ao resultado e por ele deve responder.
- Esta teoria recebeu críticas, em face do erro de supor que a modificação do mundo
exterior (resultado) é provocada também pelo comportamento omissivo.
- De fato, a omissão não interfere dentro do processo causal, pois quem se omite não
faz absolutamente nada, e por conseguinte, não pode causar coisa alguma. Em
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outras palavras, dentro da lei da causa e efeito, a inatividade não pode ser
provocadora de nenhum resultado.
Ex: pedestre presenciar atropel.
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criançaabandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal denatureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
B) Normativa
- É a teoria adotada pelo Código Penal.
- Para a teoria normativa, a omissão é um nada, logo, não pode causar coisa alguma.
Quem se omite nada faz, portanto, nada causa. Assim, o omitente não deve
responder pelo resultado, pois não o provocou.
- Excepcionalmente, embora não se possa estabelecer nexo causal entre omissão e
resultado, essa teoria admite que aquele que se omitiu seja responsabilizado pela
ocorrência. Para tanto, há necessidade de que esteja presente o chamado
“dever jurídico de agir” .
- Daí o nome da teoria normativa: para que a omissão tenha relevância causal (por
presunção legal), há necessidade de uma norma impondo, na hipótese
concreta, o dever jurídico de agir. Só aí pode-se falar em responsabilização do
omitente pelo resultado.
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- Assim, a omissão, por si mesma, não tem relevância jurídica. O que lhe dá esse
atributo é a norma, que impõe um determinado comportamento. A omissão surge
para o direito quando se constata que a conduta exigida pela norma não foi
realizada pelo sujeito, que deixou de observar o dever jurídico de agir. Art. 13, §
2º.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
(...)
Relevância da omissão
2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar oresultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
2.2.3) CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS
- São os que se perfazem com a simples conduta negativa do sujeito,
independentemente da produção de qualquer conseqüência posterior. A
norma que os contém, ao invés de uma mandamento negativo (não furtarás, p. ex.),
determina um comportamento positivo.
- Então, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta à descrição legal por
ter deixado de observar o mandamento proibitivo determinado pela norma. Ele não
cumpre o dever de agir contido implicitamente na norma incriminadora.
- Ex.
Omissão de socorro
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Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criançaabandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminenteperigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal denatureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
- Nos crimes omissivos basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de
agir para que o delito se consume. A OBRIGAÇÃO DO AGENTE É DE AGIR E NÃO
DE EVITAR O RESULTADO. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão
será irrelevante para a consumação do crime, podendo apenas configurar uma
majorante ou uma qualificadora.
- Ex:
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminenteperigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal denatureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
- Os crimes omissivos próprios são obrigatoriamente previstos em tipos penais
específicos, em obediência ao princípio da reserva legal, dos quais são exemplos
típicos os previstos nos arts. 135, 244, 257 (“ocultar”), 269, 299 (“omitir”), 305, 319e 356 (“deixar”).
Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta)anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensãoalimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrerdescendente ou ascendente, gravemente enfermo:
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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior saláriomínimo vigente no País.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outrodesastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate aoperigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Omissão de notificação de doença
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação écompulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contradisposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
2.2.4) CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO
- Nos crimes omissivos impróprios, o agente não tem simplesmente a obrigação de
agir, mas a OBRIGAÇÃO DE AGIR PARA EVITAR UM RESULTADO, isto é, deve
agir com a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento. Nos crimescomissivos por omissão há, na verdade, um crime material, isto é, um crime de
resultado.
- Esses sujeitos que têm a obrigação de agir para evitar um resultado são chamados
de garantidores, que devem prevenir, ajudar, instruir, defender e proteger o bem
tutelado ameaçado. São a garantia de que um resultado lesivo não ocorrerá, pondo
em risco ou lesando um interesse tutelado pelo Direito.
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- O Código Penal regulou expressamente as hipóteses em que o agente assume a
condição de garantidor.
- De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é
preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no
artigo 13, § 2º:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
(...)
Relevância da omissão
2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar oresultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
A) PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS DO CRIME OMISSIVO
I) Poder agir:
- O poder agir é um pressuposto básico de todo comportamento humano. Tambémna omissão, evidentemente, é necessário que o sujeito tenha a possibilidade física de
agir, para que se possa afirmar que não agiu voluntariamente.
- dever de agir + poder agir.
- coação.
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II) Evitabilidade do resultado:
- Ainda que o omitente tivesse a possibilidade de agir, fazendo-se um juízo hipotético
de eliminação, imaginando-se que a conduta devida foi realizada, é preciso verificar
se o resultado teria ocorrido ou não.
- Se a realização da conduta devida impede o resultado, considera-se a sua omissãocausa desse resultado. No entanto, se a realização da conduta devida não tivesse
impedido a ocorrência do resultado, que, a despeito da ação do agente, ainda assim
se verificasse, deve-se concluir que a omissão não deu “causa” a tal resultado.
III) Dever de impedir o resultado
- Mas, se o agente podia agir e se o resultado desapareceria com a conduta omitida,ainda assim não se pode imputar o resultado ao sujeito que se absteve. É necessária
uma terceira condição, ou seja, é preciso que o sujeito tivesse o dever de
evitar o resultado, isto é, o especial dever de evitá-lo ou, em outros termos, que
ele fosse garantidor da sua não-ocorrência.
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2.2.5) FONTES ORIGINÁRIAS DA POSIÇÃO DE GARANTIDOR
- O Código Penal, ao regular a figura do garantidor, determina que o dever de agir,
para evitar o resultado, incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado (art. 13, § 2º).
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente DEVIA E PODIA AGIR para evitaro resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
- É um dever legal, decorrente de lei, aliás, o próprio texto legal o diz. Dever esse
que aparece numa série de situações, como, por exemplo, o dever de assistência que
se devem mutuamente os cônjuges, que devem os pais aos filhos, etc..
- Nesses casos, se o sujeito, em virtude de sua abstenção, descumprindo o dever de
agir, não obstruir o processo causal que se desenrola diante dele (não buscar evitar o
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resultado), digamos assim, é considerado, pelo Direito Penal, como se o tivesse
causado.
- Ex1: mãe – inanição
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhesobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essaidade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade econdição.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
- mãe – resíduos e mucosidades (infanticídio ou homicídio)
- esposa
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
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I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
- A doutrina não fala mais em dever contratual, uma vez que a posição de garantidor
pode advir de situações em que não existe relação jurídica entre as partes. O
importante é que o sujeito se coloque em posição de garante da não-
ocorrência do resultado, haja contrato ou não, como nas hipóteses em que
voluntariamente assume encargo sem mandato ou função tutelar.
- Ex. vizinha – filho
- médico de plantão
- médico plantonista – inimigo
- enfermeira – gestante c/ dificuldade de retenção do nascituro
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
- engenheiro - defeito
- Portanto, nesta segunda hipótese, a obrigação de atuar provém de contrato
celebrado pelo omitente, no qual aceitara o dever, ou do exercício de sua
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atividade profissional, independentemente desta lastrear-se ou não em relação
funcional de natureza pública.
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
- Nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo
para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o
risco, fica obrigado a evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano
ou lesão.
- Não importa que o tenha feito voluntariamente ou involuntariamente, dolosa ouculposamente; importa é que com sua ação ou omissão originou uma situação de
risco ou agravou uma situação já existente.
- Ex. exímio nadador
- remédio – criança
- gerente – fecha banco
- companheiros – cigarro – feno- pescaria - lama
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2.3) RESULTADO
2.3.1) CONCEITO
- - É também utilizada a expressão “evento”.
- É a modificação do mundo exterior provocada pelo comportamento humanovoluntário.
- Ex. No caso do homicídio, temos o comportamento (ação de desferir facadas) e a
modificação do mundo exterior, que constitui o resultado (morte da vítima).
- o resultado pode apresentar-se sob diversas formas: Pode ser físico (como a
destruição de um objeto no crime de dano - art. 163 -); fisiológico (como a mortede um homem no homicídio – art. 121 -); ou psicológico (como a percepção de
uma expressão ofensiva por parte de uma pessoa na injúria e na difamação (arts.
140 e 139).
2.3.2) TEORIAS: RESULTADO NATURALÍSTICO E RESULTADO JURÍDICO
A) Resultado Naturalístico
- Segundo a concepção naturalística, resultado é a modificação do mundo
externo causada por um comportamento humano.
......
......
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- Ex. homicídio – dano
- lesão corporal
- furto
B) Resultado Jurídico
- De acordo com a concepção jurídica ou normativa, o resultado da conduta é alesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal.
- De fato, há ações que não necessitam, obrigatoriamente, da produção de qualquer
conseqüência no mundo realístico, podendo, pois, ser perfeitamente compreendidos
sem a verificação de qualquer efeito, exaurindo-se, dessa maneira, em si mesmas, no
próprio comportamento.
- São ações dotadas de autonomia, independência e auto-suficiência. Assim, diante
de uma ação desta natureza, sua simples realização ensejará plena adequação
típica ao fato praticado, que se realizará, em toda sua inteireza, quer se verifique
ou não qualquer conseqüência.
- Ex.
- Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízoarbitral:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Quadrilha ou bando
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometercrimes:
Pena - reclusão, de um a três anos.
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Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressaou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
- Dessarte, fala-se em resultado jurídico como sendo a ofensa ao bem jurídicopenalmente tutelado ou como a conseqüência produzida pela ação no plano do
ordenamento jurídico.
- Esse resultado constitui parte integrante de toda e qualquer figura típica, inclusive
da pertinente aos delitos cujo elemento nuclear (ação), por sua própria índole, não
pressupõe a produção imprescindível de qualquer efeito exterior.
2.3.3) HÁ CRIME SEM RESULTADO?
- De acordo com os naturalistas há crime sem resultado.
- Afirmam que o resultado não se confunde com a ofensa ao interesse tutelado pela
norma, há delitos em que o comportamento do sujeito não produz uma modificação
no mundo externo, como os de mera conduta, nos quais o tipo só faz referência aocomportamento, não descrevendo qualquer efeito da ação.
- Assim, todo crime produz lesão ou perigo de lesão de um bem jurídico, mas há
alguns que não possuem resultado.
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- Para os partidários da teoria do resultado jurídico, todo crime possui resultado,
mesmo os de mera conduta, havendo nestes uma coincidência temporal e espacial
entre a ação e o evento.
- É que a lei penal, ao incriminar determinado comportamento anti-social, sempre
visa a proteger e preservar algum bem, qualquer que seja a espécie do delito que
inscreva em seu rol incriminador.
Ex.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Dois resultados:- Resultado jurídico: ofensa ao bem protegido
- resultado naturalístico: morte
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
- Resultado jurídico: dano ao patrimônio alheio.- Resultado naturalístico: próprio dano.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízoarbitral:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
- Só resultado jurídico: ofensa à administração da justiça.
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- Em suma, não há crime sem resultado jurídico. Porém, delitos há que não
apresentam o naturalístico, unicamente o tendo aqueles cuja ação, por sua própria
índole, não possa ser entendida sem a produção de conseqüência que lhe é inerente,
no plano fenomênico.
2.3.4) CRIMES MATERIAIS, CRIMES FORMAIS E CRIMES DE MERACONDUTA
A) Crimes materiais
- Materiais são os crimes de resultado naturalístico, tipológico. Vale dizer: são aqueles
que, em sua estruturação, compreendem e pressupõem conduta e evento,
exsurgindo este como exteriorização necessária daquela.
- O tipo menciona a conduta e o resultado, exigindo a sua produção para
consumação.
Ex. Hom., infant...
B) Crimes Formais
- No crime formal o tipo menciona o comportamento e o resultado, mas não exige
a sua produção para a consumação.
- Em se tratando de delito formal, a própria estrutura típica que o consagrou tornou
irrelevante a verificação do resultado colimado, pois a impaciência legislativa
antecipou a tipicidade – e assim a antecipação do crime – à efetivação da simples
ação incriminada.
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- Exs:
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obterpara si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazeralguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-sea pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
Quadrilha ou bando
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometercrimes:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ouantes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo apraticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, ofuncionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
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Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízoarbitral:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
C) Crimes de mera conduta:
- No crime de mera conduta o legislador só descreve o comportamento do
agente. São crimes sem resultado naturalístico.
- Nos crimes de mera conduta a intenção do sujeito se esgota e exaure na
própria ação, não havendo de buscar ou procurar, conseqüentemente, qualquer
modificação exterior peculiar como decorrência do comportamento. A vontade do
agente, nestes crimes, adstringe-se e fica limitada unicamente à ação: não vai além.
- Assim, se examinarmos os ilícitos insculpidos nos artigos 150 (violação de
domicílio), 304 (uso de documento falso) e 330 (desobediência) todos do Código
Penal, constataremos que os crimes se aperfeiçoam e consumam com a simples ação
incriminada, não perseguindo o agente qualquer efeito peculiar com seu
comportamento. Qualquer conseqüência intentada com a conduta despontará causal
e acidental.
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressaou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Uso de documento falso
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
297 a 302:
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Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
2.3.5) CRIMES INSTANTÂNEOS E CRIMES PERMANENTES
A) Crimes instantâneos
- Denominam-se instantâneos os crimes quando a plenitude de sua tipicidade ou
consumação de pronto se verifica, assim que no fato se agregue seu último
elemento descritivo ou constitutivo, sem que projete seus efeitos de consumação ao
longo do tempo.
- Ex. art. 121
b) Crimes permanentes
- Permanentes são os delitos nos quais, atingindo o bem jurídico pelo comportamento
delituoso do sujeito ativo, verifica-se a projeção desse estado de lesão ao direito no
decorrer do tempo, protraindo o crime seu momento consumativo, que, dessa forma,
persiste, persevera e permanece após a ação e integração da figura típica.
- Seqüestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
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Aula 3 – 22.08.2008
3.1) DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputávela quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultadonão teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputaçãoquando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se aquem os praticou.
Relevância da omissão:
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agirpara evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
3.1.1) INTRODUÇÃO
- O terceiro elemento do fato típico é o nexo de causalidade entre o comportamento
humano e a modificação do mundo exterior (resultado). Cuida-se de estabelecer
quando o resultado é imputável ao sujeito, sem atinência à ilicitude do fato ou àreprovação social que ele mereça (culpabilidade).
- Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo
ou liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime.
- O que deve ser considerado, agora, é qual ação e resultado permitem a incidência
do nexo de causalidade.
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- Nesse sentido, a relação causal somente pode estabelecer-se, em primeiro lugar,
com relação ao comportamento humano que, como conduta, denote importância e
relevância para o Direito Penal.
- Inexiste ação relevante ao Direito Penal se ela não se compuser com os
pressupostos da vontade + atuação.
- Verificada a existência de ação, que reúna a qualificação típica, insta perquirir-
se do resultado a que deve ser vinculada e associada.
- E, neste sentido, é evidente que a ação estabelece nexo causal com o resultado
naturalístico.
- De fato, não existe relação de causalidade nos crimes formais e de mera conduta,chamados de mera atividade, uma vez que prescindem da produção de qualquer
resultado no plano fenomênico para a sua configuração jurídica.
- Assim, em verdade, a relação de causalidade somente tem real importância no
cenário de crimes materiais, isto é, aqueles que necessariamente relacionam a
conduta a um resultado concreto, previsto no tipo.
- Constatada a existência de ação típica e do efeito que deve figurar como seu
resultado naturalístico, imperioso é que se cuide, ato contínuo, de estabelecer o nexo
causal entre ambos, verificando-se se a conseqüência exteriorizada no plano fático
proveio mesmo da conduta realizada ou se, por qualquer razão, houve a interferência
de circunstância que as desvinculasse e separasse.
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3.1.2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
- Para esta teoria, um determinado evento somente será produto da ação humana
quando esta tiver sido apta e idônea a gerar o resultado.
- Em outras palavras, ainda que contribuindo de qualquer modo para a produção do
resultado, um fato pode não ser considerado sua causa quando, isoladamente, nãotiver idoneidade para tanto. São necessários, portanto: contribuição efetiva e
idoneidade individual mínima.
- Considera-se que somente pode ser causa a conduta que, isoladamente, tenha
probabilidade mínima para provocar o resultado. Se entre o comportamento do
agente e o evento houver uma relação estatisticamente improvável, aquele não será
considerado causa deste.
3.1.3) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS
- Em relação ao nexo de causalidade, o CP adotou a teoria da equivalência dos
antecedentes causais. Reza o artigo 13, caput , 2ª parte, que é considerada causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputávela quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual oresultado não teria ocorrido.
- Atribui relevância causal a todos os antecedentes do resultado, considerando que
nenhum elemento, de que depende a sua produção, pode ser excluído da linha de
desdobramento causal.
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- Para esta teoria, toda e qualquer conduta que, de algum modo, ainda que
minimamente, tiver contribuído para a produção do resultado deve ser considerada
sua causa.
- Todas as causas concorrentes para o resultado se põem no mesmo nível de
importância, equivalendo-se no seu valor. Basta, dessarte, que a ação seja uma das
condições, entre todas, sem a qual o resultado não teria ocorrido.
- Para se saber se uma ação é causa do resultado basta, mentalmente, excluí-la da
série causal. Se com sua exclusão o resultado teria deixado de ocorrer, é causa. É o
denominado procedimento hipotético de eliminação de Thyrén, segundo o
qual a mente humana julga que um fenômeno é condição de outro toda vez que,
suprimindo-o mentalmente, resulta impossível conceber o segundo fenômeno.
- Ex. suponha-se que “A” tenha matado “B”. A conduta típica do homicídio possui
uma série de fatos, alguns antecedentes, dentre os quais podem ocorrer os
seguintes: 1º) produção do revólver pela indústria; 2º) aquisição da arma pelo
comerciante; 3º) compra do revólver pelo agente; 4º) refeição tomada pelo
homicida; 5º) emboscada; 6º) disparo de projeteis na vítima; 7º) resultado morte.
Dentro dessa cadeia de fatos, excluindo-se os fatos sob números 1º a 3º, 5º e 6º, o
resultado não teria ocorrido. Logo, são considerados causa. Excluindo-se o fato sob onúmero 4º (refeição), ainda assim o evento teria acontecido. Logo, a refeição tomada
pelo sujeito não é considerada causa.
- Em outras palavras, se suprimirmos mentalmente a ação e o resultado permanecer,
será porque este ocorreria ainda que não tivesse sido realizada a conduta. Dessa
forma, não haverá relação de causalidade no episódio, atribuindo-se ao delinqüente a
simples responsabilidade penal pelos atos anteriores em razão da ocorrência de
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causa absolutamente independente, ou seja, de condição com plena autonomia no
contexto.
- Ao contrário, se supusermos a inexistência da ação e fizermos a sua supressão nos
domínios mentais, desaparecendo em conseqüência o resultado, haverá nexo de
causalidade, sendo feita a imputação. Isso porque sem a conduta inexistiria o evento,
de sorte que, entre ambos, há vínculo ou liame de causa e efeito.
- Este procedimento hipotético de eliminação precisa ser bem compreendido. O
importante é fixar que excluído determinado acontecimento o resultado não teria
ocorrido “COMO OCORREU”.
- Diante da teoria da equivalência dos antecedentes, uma pergunta se impõe: não
poderia haver uma responsabilização muito ampla, à medida que são alcançadostodos os fatos anteriores ao crime? Os pais não poderiam responder pelos crimes
praticados pelo filho? Afinal, sem aqueles, este não existiria e, não existindo, jamais
poderia ter praticado o crime. Nessa linha de raciocínio, não se chegaria a uma
regressão em infinito?
- Por isso, procurou-se limitar o alcance dessa teoria, utilizando-se outros institutos,
como, por exemplo, a localização do dolo e da culpa no tipo penal, as concausasabsolutamente independentes, além da superveniência de causas relativamente
independentes.
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3.1.4) APLICAÇÃO DA TEORIA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES
CAUSAIS
- É evidente que, determinando o art. 13 que o resultado, de que depende a
existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa, a relação de
causalidade só tem aplicação aos tipos de crimes que exigem a produção do
resultado. Desse modo:
a) nos crimes omissivos próprios: não há nexo causal, pois inexiste resultado
naturalístico;
b) nos crimes de mera conduta: pelo mesmo motivo, não há nexo causal;
c) nos crimes formais: o nexo causal não importa para o Direito Penal, já que o
resultado naturalístico é irrelevante para a consumação típica;
d) nos crimes materiais: há nexo de causalidade, em face da existência doresultado naturalístico;
e) nos crimes omissivos impróprios: não há nexo causal físico, pois a omissão é
um nada e o nada não causa coisa nenhuma. Entretanto, para fins de
responsabilização penal, por uma ficção jurídica, a lei considera existir um elo entre o
omitente e o resultado naturalístico sempre que estiver presente o dever de agir, de
modo que, havendo dolo ou culpa, responderá pelo evento.
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3.1.5) LIMITAÇÕES DO ALCANCE DA TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS
ANTECEDENTES CAUSAIS
A) LOCALIZAÇÃO DO DOLO E DA CULPA NO TIPO PENAL
- Com a consagração da teoria finalista da ação, situando o dolo ou, quando for o
caso, a culpa, no tipo penal, já se estabelece um primeiro limite à teoria daequivalência dos antecedentes.
- Pode ser que uma pessoa dê causa a um resultado, mas sem agir com dolo ou
culpa. Todavia, não é possível imputar a ela a pratica do delito, porquanto é
imprescindível a consideração da causalidade subjetiva; é necessária a presença do
dolo ou da culpa, caso contrário haveria o que se denomina regressus ad infinitum :
seriam responsáveis pelo resultado todos quantos houvessem física ou materialmenteconcorrido para o evento; no homicídio, por ex., seriam responsabilizados também o
comerciante que vendeu a arma, o industrial que a fabricou, o mineiro que extraiu o
minério, etc, o que é inconciliável com os propósitos do Direito Penal.
3.1.6) ESPÉCIES DE CAUSAS
- Causa é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo
causal.
- As causas podem ser classificadas, basicamente, em duas espécies:
a) dependentes;
b) independentes.
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- CAUSA DEPENDENTE: É aquela que, originando-se da conduta, insere-se na linha
normal de desdobramento causal da conduta.
- A causa dependente, por óbvio, não exclui o nexo causal, ao contrário, integra-o
como parte fundamental, de modo que a conduta estará indissoluvelmente ligada ao
resultado naturalístico.
- CAUSA INDEPENDENTE: É aquela que refoge ao desdobramento causal da
conduta, produzindo, por si só, o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência
esperada, lógica, natural do fato anterior, mas, ao contrário, um fenômeno
totalmente inusitado, imprevisível.
- Essa causa subdivide-se em absoluta e relativamente independente, conforme se
origine ou não da conduta. Há, portanto, duas subespécies de causas independentes,as quais têm um ponto em comum e um traço distintivo, a saber:
a) causa absolutamente independente: não se origina da conduta e comporta-
se como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência
normal e esperada. Não tem, portanto, nenhuma relação com a conduta;
b) causa relativamente independente: origina-se da conduta e comporta-secomo se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo decorrência normal e
esperada. Tem relação com a conduta apenas porque dela se originou, mas é
independente, uma vez que atua como se por si só tivesse produzido o resultado.
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3.1.7) CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
A) CONCEITO
- São aquelas que têm origem totalmente diversa da conduta. O advérbio de
intensidade “absolutamente” serve para designar que a causa não partiu da conduta,
mas de fonte totalmente distinta.
- Além disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si
sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da
conduta.
B) ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
a) Preexistentes
- Existem antes de a conduta ser praticada e atuam independentemente de seu
cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo
modo.
- Ex: “A” desfecha um tiro de revólver em “B”, que vem a falecer pouco depois, nãoem conseqüência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno.
b) Concomitantes
- São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o
resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente
no instante em que a ação é realizada.
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Ex: “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por
força de um ataque cardíaco.
c) Supervenientes
- São causas que atuam após a conduta.
- Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B” que, quando está tomando a
refeição, vem a falecer em conseqüência de um desabamento.
C) CONSEQÜÊNCIAS DAS CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
- Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema
é resolvido pelo caput do art. 13: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputávela quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultadonão teria ocorrido.
- Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos
praticados antes de sua produção.
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3.1.8) CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
A) CONCEITO
- Causa relativamente independente é a que, funcionando em face da conduta
anterior, conduz-se como se por si só tivesse produzido o resultado.
- Como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando
dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas
relativamente independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada
pelo agente.
B) ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
a) Preexistentes
- São as que atuam antes da conduta.
- Ex: “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em
face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o
golpe isoladamente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que ahemofilia atuou de forma independente, produzindo por si só o resultado.
- O processo patológico, contudo, só foi detonado a partir da conduta, razão pela
qual sua independência é apenas relativa. Como se trata de causa que já existia
antes da agressão, denomina-se preexistente.
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b) Concomitantes
- São as causas que atuam exatamente no instante em que a ação é realizada.
- Ex: “A” atira na vítima, que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. O tiro
provocou o susto e, indiretamente, a morte. A causa do óbito foi a parada cardíaca e
não a hemorragia traumática provocada pelo disparo.
c) Supervenientes
- São as causas que ocorrem depois da conduta praticada pelo agente.
- Ex. A vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo,
por esse motivo, a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocadapelo acidente e não pelo atentado, mas essa independência é relativa, já que, se não
fosse o ataque, a vítima não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo
atuado posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente.
C) CONSEQÜÊNCIA DAS CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
- Aplicando-se o critério da eliminação hipotética, pode-se afirmar que nenhumacausa relativamente independente tem o condão de romper o nexo causal.
- No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal, o
agente responderá pelo resultado, a menos que não tenha concorrido para ele com
dolo ou culpa.
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- Na hipótese das causas supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, a
lei, por expressa disposição do art. 13, § 1º, que excepcionou a regra geral, manda
desconsiderá-lo, não respondendo o agente jamais pelo resultado, mas tão-somente
pelos fatos anteriores.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
- Portanto, as causas preexistentes e concomitantes, quando relativamente
independentes, não excluem o resultado. A causa superveniente, quando
absolutamente independente, faz com que a ação anterior não seja conditio sine qua
non do resultado, por ilação do próprio art. 13, caput. Quando relativamenteindependente, sendo que, por si só, produziu o resultado, exclui a imputação,
respondendo o agente pela prática dos atos anteriores (art. 13, § 1º).
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3.1.9) SUPERVENIÊNCIA DA CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
- O legislador brasileiro, restringindo a aplicação da teoria da conditio sine quo non ,
abriu-lhe uma exceção no § 1º do artigo 13 do CP.
- Causa superveniente relativamente independente é que, inicialmente, refoge
ao desdobramento normal dos fatos, colocando-se ao largo de sua homogeneidade
seqüencial.
- Embora se possa estabelecer uma conexão entre a conduta primitiva e o
resultado final, a segunda causa, a causa superveniente, é de tal ordem que
determina a ocorrência do resultado, como se tivesse agido sozinha, pela
anormalidade, pelo inusitado, pela imprevisibilidade da sua ocorrência.
- Quando estamos, portanto, diante de uma causa superveniente, e que queremosverificar se a conduta anterior é causa ou não, devemos partir, obrigatoriamente, do
juízo hipotético de eliminação: excluímos mentalmente a conduta anterior e
verificamos se o resultado teria ocorrido. Se a resposta for não, podemos afirmar que
há uma conexão causal entre a conduta anterior e o resultado.
- Mas, em se tratando da ocorrência de causa superveniente, teremos de suspeitar da
possibilidade de tratar-se de causa superveniente, nos termos do § 1º do art. 13. Por
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isso, temos de formular uma segunda pergunta: essa causa superveniente se insere
no fulcro aberto pela conduta anterior, somando-se a ela para a produção do
resultado ou não? Se a resposta for afirmativa, não excluirá o nexo de causalidade da
conduta anterior, porque a causa posterior simplesmente somou-se à conduta
anterior na produção do resultado.
- Ao contrário, se respondermos que não, isto é, que a causa superveniente causouisoladamente o evento, estaríamos resolvendo a situação com base no § 1º do art.
13, afastando a relação de causalidade da conduta anterior. Nesse caso, o autor da
conduta anterior responderá pelos atos praticados que, em si mesmos, constituírem
crimes, segundo seu elemento subjetivo.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
- A expressão “por si só” não significa que a segunda causa (a superveniente) seja
independente da primeira (no mundo fático é decorrente dela), mas que o evento
ocorreu de maneira independente do fato do agente.
- O melhor critério para definir esta expressão é o que considera autônoma a causa
superveniente quando esta não se encontra “na linha de desdobramento físico” da
conduta anterior. A causa superveniente que por si só produz o resultado é a que
forma um novo processo causal, que se substitui ao primeiro, não estando em
“posição de homogeneidade” com o comportamento do agente.
- Se a causa superveniente seguir, dentro do desdobramento, uma linha
racional, lógica e coerente, colocando-se em uniformidade com a seqüência dos
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fatos, não constituirá ela uma causa relativamente independente, mantendo, por
conseguinte, a causalidade anteriormente verificada.
- Se, ao reverso, a causa superveniente romper com o equilíbrio, harmonia e
uniformidade dentro da cadeia sucessiva dos fatos, surgindo no contexto com
conotação insólita, inusitada e fora do propósito, encerrando verdadeira aberração na
seqüência, um desvio da normalidade que venha a ensejar a perplexidade, imperiososerá reconhecer-se sua independência relativa e, consequentemente, operar-se a
exclusão do nexo causal.
- Ex. Se Nacélio atinge Astolfo com disparos de revólver, ferindo-o, insofismável é
que a prestação de socorro por circunstantes assume-se como fato sucessivo
consentâneo com o antecedente. Desse modo, se Astolfo é colocado em uma
ambulância e transportado ao hospital, levado ao centro cirúrgico, onde éanestesiado e operado, morrendo, todavia, na fase da convalescença, em
conseqüência de incêndio ou desabamento ocorrido na ala do hospital em que se
encontra internado, irrefragável é que, se não tivesse Nacélio disparado contra
Astolfo, não estaria este no hospital e, consequentemente, não morreria no
desabamento ou incêndio.
- Dessa maneira, pelo processo de eliminação de Thyren e por força do princípio daconditio sine qua non , há clamorosa e manifesta causalidade. Esta contudo, será
excluída, separando-se a ação do resultado, porque o desabamento ou incêndio do
hospital constituem condições estranhas e aberrantes ao desenvolvimento natural dos
fatos. Assim, Nacélio seria responsabilizado somente pelo remanescente típico, isto é,
por aquilo que houvesse realizado de penalmente relevante até a superveniência da
causa relativamente independente (desabamento ou incêndio), ou seja, pela mera
tentativa de homicídio.
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3.1.10) COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS E INFECÇÃO HOSPITALAR
- Se a causa superveniente está na linha do desdobramento físico ou anátomo-
patológico da ação, o resultado é atribuído ao agente. Trata-se de causa dependente.
Não rompem, portanto, o nexo causal, e o agente responderá pelo resultado se o
tiver causado por dolo ou culpa.
- Tratando-se, contudo, de causa inesperada e inusitada, fato que somente as
peculiaridades de cada caso concreto podem ditar, ficará rompido o nexo causal,
passando a concausa a ser considerada superveniente relativamente independente.
3.2) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
- A teoria da imputação objetiva, em síntese, exige, para que alguém sejapenalmente responsabilizado por conduta que desenvolveu, a criação ou incremento
de um perigo juridicamente intolerável e não permitido ao bem jurídico protegido,
bem como a concretização desse em perigo típico.
- Embora a conduta tenha provocado um risco do qual resultou a lesão ao bem
jurídico, tal risco não será de nenhuma relevância para o direito, quando for
considerado tolerado ou permitido. Somente quando o agente, com seucomportamento, criar um risco fora do que a coletividade espera, aceita e se dispõe a
tolerar, haverá fato típico. O nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
naturalístico, embora possa existir em uma avaliação meramente física, não será
considerado pelo direito penal como juridicamente relevante, por não ter criado uma
situação de risco proibido.
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- Tecendo críticas a esta teoria, alguns doutrinadores afirmam que relativamente aos
crimes culposos, se o agente se mantém dentro do risco permitido, não há imputação
objetiva simplesmente porque não existe, em tal caso, culpa, já que o autor, atuando
dentro do risco sociamente tolerado, não infringe, assim, o dever objetivo de
cuidado, de sorte que não é necessário, para tanto, apelar à imputação objetiva.
- No tocante aos delitos dolosos, em muitos casos, o que a imputação objetivaoferece é um método de afastamento da punição daqueles que, realmente, já não
seriam punidos por qualquer outra teoria.
3.3) DA RELEVÂNCIA CAUSAL NA OMISSÃO
- Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente éimputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual oresultado não teria ocorrido.
(...)
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podiaagir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
- Na doutrina predomina o entendimento de que na omissão não existe causalidade,
considerada sob o aspecto naturalístico, pois, sob o ponto de vista científico, natural
e lógico, “do nada não pode vir nada”. A doutrina observa inexistir uma relação de
causalidade física entre a omissão e o resultado, uma vez que carecendo a
inatividade de eficácia ativa, vigora o princípio de que do nada, nada surge.
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- Por isso, não se fala em nexo causal objetivo nos crimes omissivos.
- De fato, é incorreta a afirmação de que a omissão produziu o resultado, visto que
no plano físico existem apenas ações. A estrutura da conduta omissiva é
essencialmente normativa, não naturalística. A causalidade não é formulada em face
de uma relação entre a omissão e o resultado, mas entre este e a conduta que o
sujeito estava juridicamente obrigado a realizar e omitia. Ele responde peloresultado não porque causou o resultado com a omissão, mas porque não o
impediu realizando a conduta a que estava obrigado.
- O CP, no artigo 13, § 2º, regulamentando a relação de causalidade normativa nos
delitos comissivos por omissão (ou omissivos impróprios) e, assim, adotando a teoria
da omissão normativa, determina:
Art. 13 –
(...)
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podiaagir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
- Dessa forma, nos delitos omissivos impróprios só responde pelo resultado quem
tinha o dever jurídico de agir, impedindo-o pela ação esperada.
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Aula 4 – 29.08.2008
4.1) TEORIA DA TIPICIDADE
4.1.1) INTRODUÇÃO
- O direito de punir poderia ser arbitrário. Todavia, em relação às condutas humanas,
ou o Estado as considera indiferentes sob o ponto de vista jurídico-penal, ou as
determina, quando necessárias; ou as tutela, quando benéficas; ou as impede,
quando prejudiciais.
- Inúmeros são os fatos da vida social que, por lesar ou colocar em perigo interesses
jurídicos relevantes ensejam a aplicação da sanção penal. Para isso, o legislador
descreve as condutas consideradas nocivas à ordem jurídica. Essa definição legal daconduta proibida pela ordem jurídico-penal, sem qualquer elemento valorativo, é a
tipicidade.
- Portanto, tipicidade, num conceito preliminar, é a correspondência entre o fato
praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal
incriminadora.
4.1.2) FASES DA TIPICIDADE
A) FASE DA INDENPENDÊNCIA DO TIPO
- O tipo é completamente desvinculado da ilicitude, tendo mera função descritiva,
sem nenhum conteúdo valorativo. Sua finalidade é definir os delitos. Adequado o fato
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à norma incriminadora, passa-se a uma segunda fase: saber se o sujeito agiu ou não
acobertado por uma das excludentes de ilicitude. Após, verifica-se a existência da
reprovabilidade da conduta.
- O exame da tipicidade era meramente formal. A morte provocada por força maior
era um acontecimento típico (homicídio – matar alguém), embora o agente não fosse
responsabilizado por ele.
B) FASE DO CARÁTER INDICIÁRIO DA ANTIJURIDICIDADE
- Sendo a tipicidade a ratio cognoscendi da antijuridicidade, basta que o fato se
amolde à norma penal incriminadora para que resulte um indício de ilicitude, que
pode ser afastado quando presente uma causa de justificação como a legítima
defesa, o estado de necessidade, etc.
- Ex: suponha-se que o sujeito ofenda a integridade física de alguém. Desde logo o
fato se ajusta à descrição legal do crime de lesão corporal (art. 129 do CP). A
adequação do fato ao tipo faz surgir o indício de que a conduta é antijurídica.
Todavia, poderá o sujeito provar que agiu acobertado por uma causa de exclusão da
ilicitude o que desfaz o indício.
- Pode-se sintetizar essa teoria com a seguinte expressão: todo fato típico também
será ilícito, a não ser que esteja presente alguma causa de exclusão da ilicitude.
C) FASE DO TIPO LEGAL COMO ESSÊNCIA DA ILICITUDE (“RATIO ESSENDI
DA ILICITUDE)
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- Essa teoria parte do pressuposto de que não se pode dividir a tipicidade e a ilicitude
em dois momentos distintos, embora seus conceitos não se confundam. É que o fato
típico é antinormativo, enquanto as causas justificadoras descrevem comportamento
normativos. Dessa constatação resulta que, separando a tipicidade e ilicitude em dois
momentos distintos, surgiria a híbrida figura do fato antinormativo-normativo.
- Ex. alguém que comete um homicídio em legítima defesa terá praticado um fatoproibido (matar alguém) e, ao mesmo tempo, permitido (em legítima defesa), se tipo
e ilicitude fossem separados.
- A teoria de Mezger foi alvo de muitas críticas, pois não permite uma exata
separação entre a tipicidade e a antijuridicidade. Em face dela, todas as condutas
típicas seriam antijurídicas.
4.1.3) DIRETRIZ DOMINANTE
- A diretriz dominante é a segunda. A tipicidade não é a ratio essendi da
antijuridicidade, mas seu indício (ratio cognoscendi ). Praticado um fato típico,
presume-se também antijurídico, até prova em contrário: o tipo legal indica a
antijuridicidade.
- É inegável a vantagem da segunda corrente, na medida em que o juiz, embora
sabendo que tudo ocorre a um só instante, desenvolverá, em diferentes etapas de
seu raciocínio, primeiro a verificação da tipicidade, para só então analisar a ilicitude.
- Quanto à crítica que se faz à teoria do caráter indiciário, no sentido de que ela faz
uma presunção de que todo fato típico é criminoso, ressalta-se que sua
antinormatividade não é definitiva, mas provisória. Desse modo, se estiver presente
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alguma causa de justificação, todo o fato será normativo (permitido). Assim, matar
alguém em legítima defesa não é um fato antinormativo-normativo, mas normativo.
- Finalmente, nosso Código Penal separou em tipos bem distintos os crimes, que
estão nos tipos incriminadores, e as causas de exclusão da ilicitude, que estão nos
tipos permissivos (arts. 23, I a III, 24 e parágrafos e 25). Se a própria lei os coloca
em tipos distintos, não pode o intérprete junta-los em um só (pelo menos à luz donosso ordenamento penal).
4.1.4) ADEQUAÇÃO TÍPICA
- É o enquadramento da conduta ao tipo legal. Ao contrário do que fazem alguns
autores, não há utilidade em diferenciar a tipicidade da adequação típica, como se
fossem conceitos antagônicos. Aquela é conseqüência desta, e ambas dependem dacorrespondência objetiva entre fato e tipo e da ocorrência de dolo ou culpa.
A) ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO IMEDIATA:
- Ocorre quando há uma correspondência integral, direta e perfeita entre conduta e
tipo legal.
- Ex: “A” desfere 18 golpes de picareta contra a cabeça de “B”, produzindo-lhe, em
conseqüência, a morte. Entre essa conduta e o tipo legal do homicídio (art. 121) há
uma perfeita correspondência, e o fato enquadra-se diretamente no modelo
descritivo (“A” dolosamente matou alguém, conduta descrita pelo art. 121, caput , do
CP).
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B) ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO MEDIATA
- Ocorre quando, cotejados o tipo e a conduta, não se verifica entre eles perfeita
correspondência, sendo necessário o recurso a uma outra norma que promova a
extensão do tipo até alcançar a conduta. Não existe correspondência entre o fato
humano doloso ou culposo e qualquer descrição contida em tipo incriminador.
- Ex: “A”, querendo matar “B”, descarrega contra este sua arma de fogo, não o
acertando por erro na pontaria. Comparada essa conduta com o tipo do homicídio,
verifica-se que inexiste correspondência, pois o modelo descreve “matar alguém”, e a
conduta não produziu nenhuma morte.
- No caso, ocorreu tentativa, e a adequação da conduta ao tipo jamais será imediata,
pois sem a consumação não haverá realização integral da figura típica.
- A fim de evitar-se que o fato se torne atípico e com isso garanta-se a impunidade
do agente, torna-se necessário recorrer a uma norma que promova a ampliação do
tipo até alcançar o fato. Essa norma funcionaria como uma ponte, evitando que o
fato ficasse sem enquadramento típico. É conhecida por norma de extensão ou
ampliação da figura típica.
- A norma da tentativa (art. 14, II, CP) é, portanto, uma norma de extensão, por
meio da qual resulta a adequação típica mediata ou indireta do fato tentado à norma
que se pretendia violar.
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4.1.5) TIPICIDADE E ANTIJURIDICIDADE
- Em tese, todo fato típico é antijurídico. Só não o é quando provado que o sujeito
realizou a conduta acobertado por uma causa de exclusão da antijuridicidade,
prevista no art. 23 do CP. Então, o fato é típico, mas não é antijurídico.
- Ao contrário, o fato pode ser antijurídico e não típico. É o que acontece com o presoque foge da prisão sem empregar violência contra a pessoa. A conduta é ilícita, pois
em face do jus punitionis o condenado tem a obrigação de não impedir o
cumprimento da sanctio júris . Todavia, essa antijuridicidade não interessa ao Direito
Penal porque não está concretizada em nenhum tipo.
4.2) TEORIA DO TIPO
4.2.1) CONCEITO
- Tipo é o conjunto dos elementos descritivos do crime contidos na lei penal. Varia
segundo o crime considerado. Assim, tomando, p. ex., o crime do art. 155 do CP, o
tipo do furto é o conjunto dos elementos da conduta punível definido pela lei:
“Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.
4.2.2) ESTRUTURA DO TIPO PENAL
- O tipo penal vem estruturado da seguinte forma:
a) Título ou “nomen júris”
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- É a rubrica dada pelo legislador ao delito (ao lado do tipo penal incriminador, o
legislador confere à conduta e ao evento produzido um nome, como o homicídio
simples é a rubrica do modelo de comportamento “matar alguém”.
b) Preceito primário
- É a descrição da conduta proibida, quando se refere ao tipo incriminador, ou a daconduta permitida, referindo-se ao tipo penal permissivo.
- Ex: o preceito primário do tipo incriminador do art. 121 do CP é “matar alguém”; o
preceito primário do tipo permissivo do art. 25 do CP, sob a rubrica “legítima defesa”,
é “repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou de terceiro, usando
moderadamente os meios necessários”.
c) Preceito secundário
- É a parte sancionadora, que ocorre somente nos tipos incriminadores,
estabelecendo a sanção penal.
- Ex: no crime de homicídio simples, o preceito secundário é “reclusão, de 06 a 20
anos”.
4.6.3) FUNÇÕES DO TIPO PENAL
- De um modo geral, atribuem-se, genericamente, duas funções fundamentais ao tipo
penal:
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a) Função indiciária
- O tipo circunscreve e delimita a conduta penalmente ilícita. A circunstância de uma
ação ser típica indica que, provavelmente, será também antijurídica.
- A realização do tipo já antecipa que, provavelmente, também há um infringência do
Direito, embora esse indício não integre a proibição.
b) Função de garantia
- O tipo legal é um dos postulados básicos do princípio da reserva legal. Na medida
em que a Constituição Federal consagra expressamente o princípio de que “não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5º,XXXIX), fica outorgada à lei a relevante tarefa de definir, isto é, de descrever os
crimes.
- De fato, não cabe à lei penal proibir genericamente os delitos, senão descrevê-los
de forma detalhada, delimitando, em termos precisos, o que o ordenamento entende
por fato criminoso.
- Todo o cidadão, antes de realizar um fato, deve ter a possibilidade de saber se sua
ação é ou não punível. Em verdade, o tipo cumpre, além da função fundamentadora
do injusto, também uma função limitadora do âmbito penalmente relevante. Assim,
tudo o que não corresponder a um determinado tipo de injusto será penalmente
irrelevante.
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4.6.4) ESPÉCIES DE TIPO
A) Permissivos ou justificadores
- São tipos penais que não descrevem fatos criminosos, mas hipóteses em que estes
podem ser praticados. Por essa razão, denominam-se permissivos. São tipos que
permitem a prática de condutas descritas como criminosas.
- São os que descrevem as causas de exclusão da ilicitude (art. 23 CP), também
conhecidas como causas de justificação, como é o caso da legítima defesa, que se
encontra no art. 25 do CP.
B) Incriminadores
- São os tipos que descrevem as condutas proibidas. Todo fato enquadrável em tipo
incriminador, em princípio, será ilícito, salvo se também se enquadrar em algum tipo
permissivo (causas de justificação).
4.6.5) ELEMENTOS DO TIPO
A) ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO
- São os que se referem à materialidade da infração penal, no que concerne á forma
de execução, tempo, lugar, etc. são também chamados descritivos.
- Ex. Nos arts. 150, § 1º, e 155, § 1º, o tipo faz referência ao tempo de execução do
crime (“noite” e repouso noturno”).
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- Nos arts, 150, § 1º e 233, temos referência ao lugar de execução do crime (“lugar
ermo”, “lugar público”).
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressaou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego deviolência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
B) ELEMENTOS NORMATIVOS DO TIPO
- Ao contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação,
sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural, histórica, política,religiosa, bem como de qualquer outro campo de conhecimento humano.
- Os elementos normativos do tipo podem apresentar-se sob a forma de franca
referência ao injusto (“indevidamente”, “sem justa causa”, “sem as formalidades
legais”), sob a forma de termos jurídicos (“documento”, “função pública”,
“funcionário”) ou extrajurídicos (“mulher honesta”, “dignidade”, “decoro”, “saúde”,
“moléstia”).
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- Ex:
Violação de correspondência
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Sonegação ou destruição de correspondência
§ 1º - Na mesma pena incorre:
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todoou em parte, a sonega ou destrói;
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contradisposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Divulgação de segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou decorrespondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzirdano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Violação do segredo profissional
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quemde direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
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Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Falsificação de documento público
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento públicoverdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio oualheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
C) ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO
- Os elementos subjetivos do tipo são os que pertencem ao campo psíquico-
espiritual e ao mundo da representação do autor. Encontram-se, antes de tudo, nosdenominados “delitos de intenção”, em que uma representação especial do resultado
ou do fim deve ser acrescentada à ação típica executiva como tendência interna
transcendente; assim, por exemplo, a intenção de se apropriar do ladrão ou
assaltante; a intenção de enriquecimento do estelionatário, etc.
Perigo de contágio venéreo
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Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio demoléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ouviolência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade deresistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio,coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ouoculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ouantes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saberindevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
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Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contradisposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
- Quando o tipo exigir elemento subjetivo, faltando a finalidade especial ao agente, a
conduta será atípica por falta de correspondência entre o comportamento e a norma
penal. Frise-se que o dolo é elemento da conduta e não do tipo.
4.6.6) OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DO TIPO PENAL
A) TIPO FECHADO E ABERTO
- O tipo fechado é constituído somente de elementos descritivos, que não
dependem do trabalho de complementação do intérprete, para que sejam
compreendidos,
- Ex: art.. 121, matar alguém. Os dois elementos são puramente descritivos, sem
qualquer valoração a exigir do intérprete conceitos que vão além do vernáculo.
- O tipo aberto é aquele que contém elementos normativos ou subjetivos, de modo
que dependem da interpretação de quem os conhece, para que adquiram um sentido
e tenham aplicação.
- Ex: art. 233, “praticar ato obsceno”. O tipo exige que se faça um juízo valorativo
acerca do termo obsceno, que não é meramente descritivo, mas normativo.
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- Normalmente, os tipos culposos são abertos, embora exista exceção (art. 180, §
3°).
B) TIPO BÁSICO (OU FUNDAMENTAL) E TIPO DERIVADO
- O tipo fundamental é o que nos oferece a imagem mais simples de uma espécie
de delito. É o tipo que se localiza no caput de um artigo e contém os componentes
essenciais do crimes, sem os quais este desaparece (atipicidade absoluta) ou se
transforma em outro (atipicidade relativa).
- Ex: O delito de homicídio (art. 121). São seus elementos constitutivos: a) sujeito
ativo (pessoa humana); b) conduta (ação ou omissão); c) dolo (voluntariedade
consciente da ação); d) sujeito passivo (pessoa humana); e) resultado (evento
morte); f) nexo de causalidade. Se retirarmos qualquer um desses elementos, o
delito de homicídio desaparecerá.
- Os tipos derivados são os que se formam a partir do tipo fundamental, medianteo destaque de circunstâncias que o agravam ou atenuam. Se a agravação consistir
em um dos novos limites abstratos de pena, como no caso do art. 121, § 2º, do CP,
em que a pena passa a ser de 12 a 30 anos, tem-se o tipo qualificado.
- se consistir em um aumento em determinado percentual, como 1/3 e ou 2/3, ocorre
a chamada causa de aumento (art. 155, § 1º); no caso da atenuação, surge o tipo
privilegiado (art. 121, § 1º).
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C) TIPO SIMPLES E TIPO MISTO
- O tipo simples é composto de uma única conduta punível – via de regra, há um só
verbo no tipo (ex. art. 184, violar direito autoral).
- O tipo misto é constituído de mais de uma conduta punível – como regra, há maisde um verbo no tipo, dividindo-se em tipo misto alternativo, quando a prática de uma
ou várias das condutas previstas no tipo levam à punição por um só delito.
- Ex: art. 271, corromper ou poluir água potável. Tanto faz que o agente corrompa
(adultere) ou suje (polua) a água potável ou faça as duas condutas, pois haverá um
só delito.
Corrupção ou poluição de água potável
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópriapara consumo ou nociva à saúde:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
- A outra forma do tipo misto é o cumulativo, quando a prática de mais de uma
conduta, prevista no tipo, indica a realização de mais de um crime, punidos em
concurso material.
- Ex: escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;
impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente
ato ou objeto de culto religioso). Nesse caso, se o agente escarnecer de alguém,
impedir cerimônia religiosa ou vilipendiar objeto de culto religioso, deve responder
por três delitos.
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Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto deculto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
D) TIPO CONGRUENTE E TIPO INCONGRUENTE
- O tipo congruente é o tipo penal que espelha a coincidência entre a face objetiva
e o lado subjetivo.
- Ex: no caso do homicídio, quando o agente extermina a vida da vítima preenche o
tipo objetivo – matar alguém – ao mesmo tempo em que perfaz, plenamente, o tipo
subjetivo – vontade de matar alguém).
- O tipo incongruente é o tipo penal que permite a inadequação do lado objetivo,
nele previsto, com o que subjetivamente almeja o agente, embora se considere
consumado o delito.
- Ex. na extorsão mediante seqüestro, o tipo prevê o seqüestro de pessoa, com o fim
de obter vantagem, como condição ou preço do resgate, demonstrando que afinalidade do agente é patrimonial. Entretanto, ainda que somente o seqüestro se
realize, bastando haver o intuito de obter resgate, está consumado o crime. Há
incongruência entre o desejado pelo agente e o efetivamente alcançado.
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obterpara si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer
alguma coisa:
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Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
D) TIPO CONGLOBANTE
- De acordo com esta teoria, o fato típico pressupõe que a conduta esteja proibida
pelo ordenamento jurídico como um todo, globalmente considerado.
- Assim, quando algum ramo do direito, civil, trabalhista, administrativo, processual
ou qualquer outro, permitir o comportamento, o fato será considerado atípico. O
direito é um só e deve ser considerado como um todo, um bloco monolítico, não
importando sua esfera (a ordem é conglobante).
- Capez entende que a teoria da tipicidade conglobante cria confusão, uma vez que,
embora não seja seu intuito, acaba por tangenciar as causas de exclusão da ilicitude,
deslocando para o tipo causas como o exercício regular de direito e o estrito
cumprimento do dever legal, que são hipóteses de condutas autorizadas pelo
ordenamento jurídico.
- Embora concordando que a tipicidade formal (ou legal) não é suficiente, pode-se
substituir com vantagem a tipicidade conglobante pela exigência de que o fato típico,
além da correspondência à descrição legal, tenha conteúdo do crime, fazendo-se
incidir os princípios constitucionais do Direito Penal, a fim de dar conteúdo material
ao tipo penal.
- Deste modo, se a lesão for insignificante, se não houver lesão ao bem jurídico, se
não existir alteridade na ofensa, se não for traída a confiança social depositada no
agente, se a atuação punitiva do Estado não for desproporcional ou excessivamente
interventiva, dentre outros, o fato será materialmente atípico, sem precisar recorrer à
tipicidade conglobante.
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Aula 5 – 12.09.2008
5. TEORIA DO CRIME DOLOSO
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
(...)
5.1) CONCEITO DE DOLO
- DOLO é a vontade consciente de praticar a conduta típica.
- É a consciência e a vontade de realização da conduta descrita em um tipo penal,
ou, na expressão de Welzel, “dolo, em sentido técnico penal, é somente a vontade de
ação orientada à realização do tipo de um delito”.
5.2) CARACTERÍSTICAS DO DOLO
A) Abrangência:
- O dolo deve envolver todos os elementos objetivos do tipo.
B) Atualidade
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- O dolo deve estar presente no momento da ação, não existindo dolo subseqüente,
nem dolo anterior.
C) Possibilidade de Influenciar o resultado:
- É indispensável que a vontade do agente seja capaz de produzir o evento típico.
- Na lição de Welzel, “a vontade impotente não é um dolo relevante de um ponto de
vista jurídico penal”.
5.3) TEORIAS DO DOLO
- Há três teorias a respeito do dolo:
a) Teoria da vontade
- O dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.
- Portanto, para os partidários dessa teoria, o dolo exige os seguintes requisitos:
a) quem realiza o ato deve conhecer os atos e sua significação;b) o autor deve estar disposto a produzir o resultado.
b) Teoria da representação
- Para a teoria da representação, dolo é a previsão do resultado. É suficiente que o
resultado seja previsto pelo sujeito.
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c) Teoria do Assentimento (ou Consentimento)
- Para essa teoria, dolo é o assentimento do resultado, isto é, a previsão do resultado
como a aceitação dos riscos de produzi-lo. Não basta, portanto, representar; é
preciso aceitar como indiferente a produção do resultado.
- O Nosso CP, ao contrário do que alguns afirmam, adotou duas teorias: a teoria davontade, em relação ao dolo direto, e a teoria do consentimento, em relação ao dolo
eventual.
5.4) ELEMENTOS DO DOLO
a) Elemento cognitivo ou intelectual
- Para a configuração do dolo exige-se a consciência daquilo que se pretende
praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da
ação, quando ela está sendo realizada.
b) Elemento volitivo (vontade)
- A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão (conduta), o resultado
e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a representação, na medida
em que é impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se previu ou
representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente.
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5.5) ESPÉCIES DE DOLO
A) DOLO DIRETO
- No dolo direto o agente quer o resultado representado como fim de sua ação. A
vontade do agente é dirigida à realização do fato típico.
- Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se
projeta de forma direta no resultado morte.
B) DOLO EVENTUAL
- Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto
é, admite e aceita o risco de produzi-lo.
- O agente não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê o
resultado e age. A vontade não se dirige ao resultado (o agente não quer o evento,
mas sim à conduta, prevendo que esta pode produzir o resultado). Percebe que é
possível causar o resultado e, não obstante, realiza o comportamento. Entre desistir
da conduta e causar o resultado, prefere que este se produza.
- Sobre o dolo eventual, o Código Penal adota a teoria positiva do
consentimento, segundo a qual o sujeito não leva em conta em conta a
possibilidade do evento previsto, agindo e assumindo o risco de sua produção.
- Dessa maneira, enquanto o dolo direto se respalda em embasa na teoria da
vontade, tem o dolo eventual base na teoria do assentimento.
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- Ex: age com dolo eventual aquele que, agredindo mulher grávida, ciente porém de
seu adiantado estado gravídico e gestacional, vem a causar-lhe o aborto,
aquiescendo, no ato de hostilidade física, com a interrupção da gravidez e
conseqüente morte do feto.
B.1) Dolo eventual nos crimes de trânsito
- Tem sido posição majoritária na jurisprudência considerar a atuação do agente em
determinados delitos cometidos no trânsito não mais como culpa consciente, e sim
como dolo eventual.
- Ex: agente que alcoolizado, em velocidade incompatível, age com “consciência do
perigo concreto” e assume o risco de produzir o resultado. Age com dolo eventual.
C) Dolo Genérico
- É a vontade de realizar conduta sem um fim especial, ou seja, a mera vontade de
praticar o núcleo da ação típica (o verbo do tipo), sem qualquer finalidade específica.
- Ex: no tipo de homicídio, basta a simples vontade de matar alguém para que a ação
seja típica, pois não é exigida nenhuma finalidade especial do agente (o tipo não temelemento subjetivo).
D) Dolo Específico
- É a vontade de praticar um fato e produzir um fim especial (específico).
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- Ex: no crime de extorsão mediante seqüestro, não basta a simples vontade de
seqüestrar a vítima, sendo também necessária a sua finalidade especial de obter,
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço de resgate,
porque esse fim específico é exigido pelo tipo do art. 159 do CP, de maneira que,
ausente, não se torna possível proceder à adequação típica.
E) Dolo natural
- É o dolo concebido como um elemento puramente psicológico, desprovido de
qualquer juízo de valor. Trata-se de um simples querer, independentemente de o
objeto da vontade ser lícito ou ilícito, certo ou errado.
- Dessa forma, qualquer vontade é considerada dolo, tanto a de beber água, andar,
estudar, quanto a de praticar um crime.
F) Dolo normativo
- O dolo normativo não é um simples querer, mas um querer algo errado, ilícito.
Deixa de ser um elemento puramente psicológico (um simples querer), para ser um
fenômeno normativo, que exige juízo de valoração (um querer algo errado).
G) Dolo de dano
- No dolo o sujeito quer o dano ou assume o risco de produzi-lo (dolo direto ou
eventual).
- Ex: Assim, no homicídio pretende o agente atingir e eliminar a vida da vítima,
causando-lhe êxito letal.
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H) Dolo de perigo
- No dolo de perigo o agente não quer o dano nem assume o risco de produzi-lo,
desejando ou assumido o risco de produzir um resultado de perigo (o perigo constitui
resultado). Ele quer ou assume o risco de expor o bem jurídico a perigo de dano
(dolo de perigo direto e dolo eventual de perigo).
- Ex: O art. 130 do CP define o crime de “perigo de contágio venéreo”. Neste crime,
levando-se em contra a expressão “de que sabe”, o sujeito deve agir com o dolo de
perigo, isto é, ele quer ou assume o risco de produzir o perigo de dano (dano é o
contágio). Ele não quer o contágio, pois, se assim fosse, haveria dolo de dano,
hipótese prevista no § 1º (“se a intenção do agente transmitir a moléstia”). Apenas
deseja ou assume o risco de submeter a vítima ao perigo de ser contaminada.
- Os delitos previstos na lei de armas (Lei 10.826/03).
PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 10, DA LEI Nº 9.437/97. PORTE ILEGAL
DE ARMA. AUSÊNCIA DE PERIGO CONCRETO. IRRELEVÂNCIA PARA A
CONFIGURAÇÃO DO DELITO. Para a configuração do delito tipificado no
art. 10, caput, da Lei nº 9.437/97 (ATUAL 10.826/03), é suficiente o porte
de arma de fogo sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, sendo despicienda a demonstração de efetivo perigo para
a coletividade (Precedente do STJ). Recurso provido. (REsp. 666869/RS,
Quinta Turma, Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 24.05.2005). (acréscimo nosso).
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I) Dolo Geral (erro sucessivo)
- Não se confunde com o chamado dolo genérico.
- Ocorre quando o agente, com a intenção de praticar determinado crime, realiza
uma conduta capaz de produzir o resultado e, logo depois, na crença de que o
evento se produziu, empreende nova ação, sendo que esta causa o resultado.
- Ex: um perverso genro, logo após envenenar sua sogra, acreditando-a morta, joga-
a, o que supunha ser um cadáver, nas profundezas de um rio. A vítima, no entanto,
ainda se encontrava viva, ao contrário do que imaginava o autor, vindo, por
conseguinte, a morrer afogada.
5.6) DOLO NOS CRIMES COMISSIVOS POR OMISSÃO (OMISSIVOSIMPRÓPRIOS)
- Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de
impedir o dano ou perigo ao bem jurídico tutelado, e nos delitos comissivos por
omissão dolosa é também indispensável haja a vontade de omitir a ação devida, ou,
em outras palavras, os pressupostos de fato que configuram a situação de garante do
agente devem ser abrangidos pelo dolo, e o sujeito ativo precisa ter a consciência deque está naquela posição.
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5.7) CAUSAS EXCLUDENTES DE TIPICIDADE
- Há causas expressamente previstas nas normas penais que excluem a tipicidade,
chamadas excludentes legais.
- Ex: art. 17 (crime impossível); art. 146 (intervenção médico-cirúrgica e
impedimento de suicídio)
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absolutaimpropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou afazer o que ela não manda:
(...)
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
II - a coação exercida para impedir suicídio.
- Por outro lado, existem as excludentes supralegais, que afastam a tipicidade,
embora não estejam expressamente previstas no Código Penal, como ocorre com a
adequação social e a insignificância.
5.8) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
- Com relação à adequação social, pode-se sustentar que uma conduta aceita e
aprovada consensualmente pela sociedade, ainda que não se constitua em causa de
justificação, pode ser entendida como não lesiva ao bem jurídico tutelado.
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EMENTA: CASA DE PROSTITUIÇÃO. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO.
ATIPICIDADE. Os delitos de `casa de prostituição¿ e de `favorecimento da
prostituição¿, este quando não envolve menores, são condutas atípicas por força da
adequação social. À sociedade civil é reconhecida a prerrogativa de
descriminalização do tipo penal configurado pelo legislador. A eficácia da norma
penal nos casos de casa de prostituição mostra-se prejudicada em razão do
anacronismo histórico, ou seja, a manutenção da penalização em nada contribuí para
o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, e somente resulta num
tratamento hipócrita diante da prostituição institucionalizada com rótulos como
´acompanhantes´, ´massagistas´, motéis, etc, que, ainda que extremamente
publicizada, não sofre qualquer reprimenda do poder estatal, em razão de tal
conduta, já há muito, tolerada, com grande sofisticação, e divulgada diariamente
pelos meios de comunicação, não é crime, bem assim não será as de origem mais
modesta. Recurso improvido. (Apelação Crime Nº 70023513120, Quinta Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Aramis Nassif, Julgado em 07/05/2008)
- No entanto, o princípio da adequação social não se aplica quando há envolvimento
de menores.
EMENTA: APELAÇÃO CRIME. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO E
MANUTENÇÃO DE CASA DE PROSTITUIÇÃO. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1.
MÉRITO CONDENATÓRIO. Prova oral a demonstrar que a ré induziu adolescentede 14 anos de idade à prática da prostituição, bem como mantinha sob sua
administração local destinado à prostituição com intuito de lucro. 2.
INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. No caso em
concreto, em razão do envolvimento de menores no local destinado à prostituição
mostra-se inviável o reconhecimento do princípio da adequação social. Por certo, o
envolvimento de menores em casas de prostituição acentua o grau de
reprovabilidade da conduta típica, e impõe ao Estado uma postura de enfrentamento
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rigorosa e menos complacente. (Apelação Crime Nº 70012483657, Oitava Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Fátima Cerveira, Julgado em
30/05/2007)
5.9) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (CRIME DE BAGATELA)
- Muitas vezes, condutas que coincidem com o tipo, do ponto de vista formal, nãoapresentam a menor relevância material. São condutas de pouco ou escasso
significado lesivo, de forma que, nesses casos, tem aplicação o princípio da
insignificância, pelo qual se permite excluir, de pronto, a tipicidade formal, porque, na
realidade, o bem jurídico chegou a ser agravado e, portanto, não há injusto a ser
desconsiderado.
- Ex: furto de produtos de higiene pessoal avaliados em R$ 2,65. Tentar subtrair umacaixinha de ovos. Subtrair apenas uma lata de sardinha, ou, ainda, na subtração, em
supermercado, de simples escova de dentes o de um pano de prato, balas, doces,
bombons ou pequenos enfeites de natal.
- Para se admitir o princípio da insignificância, além da irrelevância da ação do
agente, é preciso que o valor da coisa subtraída seja irrisório.
EMENTA: APELAÇÃO-CRIME ¿ FURTO ¿ REJEIÇÃO DA DENÚNCIA ¿DECISÃO PRECIPITADA - APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DAINSIGNIFICÂNCIA E DA BAGATELA. Se a prova produzida em
juízo, em especial a oitiva de testemunha que não foi ouvida na polícia, tem potencialidade para demonstrar a ocorrência ou nãoda infração, precipitada está a decisão do magistrado que rejeitoua denúncia. Outrossim, não há se falar em delito de bagatela, vezque o valor do bem subtraído (cheque no valor de R$ 50,00) não
pode ser considerado ínfimo e o emprego do princípio da
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insignificância deve ser aplicado cum grano salis, sob pena debanalização. Apelo provido. (APELAÇÃO CRIME Nº 70006996920,OITAVA CÂMARA CRIMINAL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS,RELATOR: MARCO ANTÔNIO RIBEIRO DE OLIVEIRA, JULGADO EM12/11/2003)
5.10) TEORIA DO CRIME CULPOSO
Art. 18 - Diz-se o crime:
(...)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido porfato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
5.10.1) CONCEITO
- É o comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado objetivo,
lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejado, mas previsível, que
podia ser evitado.
5.10.2) ESTRUTURA DO TIPO, ILICITUDE E CULPABILIDADE
- A culpa é o elemento normativo da conduta.
- O legislador limita-se a prever genericamente a ocorrência da culpa, sem defini-la.
Com isso, para a adequação típica será necessário mais do que simples
correspondência entre conduta e descrição típica. Torna-se imprescindível que se
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proceda a um juízo de valor sobre a conduta do agente no caso concreto,
comparando-a com a que um homem de prudência média teria na mesma situação.
- Ex: homicídio culposo (art. 121, § 3º). Para resolver a questão da tipicidade do fato,
não é suficiente o processo de adequação típica, uma vez que o tipo culposo não é
precisamente definido em face da diversidade imensa das formas de conduta. O juiz,
então, tem de estabelecer um critério para considerar típica a conduta: “toda açãoque, com um resultado suscetível de constituir o fato delituoso, não apresenta
características do ‘cuidado a observar-se nas relações com os demais’, é ação típica
do crime culposo”.
- É a denominada previsibilidade objetiva: é de se exigir a diligência necessária
objetiva quando o resultado produzido era previsível para um homem
comum, nas circunstâncias em que o sujeito realizou a conduta. O cuidadonecessário deve ser objetivamente previsível. É típica a conduta que deixou
de observar o cuidado necessário objetivamente previsível.
5.10.3) ELEMENTOS DA CULPA
a) Conduta humana voluntária
- O fato se inicia com a realização voluntária de uma conduta de fazer ou não fazer.
O agente não pretende praticar um crime nem quer expor interesses jurídicos de
terceiros a perigo de dano. Falta, porém, com o dever de cuidado exigido pela
norma.
b) Resultado involuntário
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- É imprescindível que o evento lesivo jamais tenha sido desejado ou acolhido pelo
agente.
c) Nexo de causalidade
- Somente a ligação, através da previsibilidade, entre a conduta do agente e o
resultado danoso pode constituir o nexo de causalidade no crime culposo, já que oagente não deseja a produção do evento lesivo.
- Desta sorte, se é eliminado in mente o comportamento do sujeito ativo que tenha
corporificado sua imprudência, negligência ou imperícia e verifica-se a persistência do
resultado, indubitável será a constatação da inexistência de causalidade, elidindo,
portanto, a configuração jurídica do delito de índole culposa.
d) Tipicidade
- Deve haver atenção a este ponto, porquanto o crime culposo precisa estar
expressamente previsto no tipo penal. Ex: não existe menção, no art. 155 do CP, à
culpa, de forma que não há “furto culposo”.
e) Previsibilidade objetiva
- É a possibilidade de prever o resultado lesivo, inerente a qualquer ser humano
normal. Ausente a previsibilidade, afastada estará a culpa, pois não se exige da
pessoa uma atenção extraordinária e fora do razoável.
- Previsibilidade é a possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições em que
o sujeito se encontrava.
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- Suponha-se que o agente dirija veículo na contramão de direção. Há a possibilidade
de serem antevistas a vinda de outro veículo em sentido contrário, em sua mão de
direção, e a ocorrência de um acidente com vítima? O resultado (lesão ou morte da
vítima) era perfeitamente previsível.
- Objeta-se que a previsibilidade é ilimitada, pelo que haveria culpa em todos os
casos de produção de resultados involuntários. Assim, quando se dirige automóvel éprevisível a ocorrência de acidentes. Então, em qualquer acidente automobilístico, p.
ex., o sujeito seria culpável.
- De ver-se, porém, que nem tudo pode ser previsto. O legislador exige que o sujeito
preveja o que normalmente pode acontecer, não que preveja o extraordinário, o
excepcional (ex: “atrás de um bola sempre vem uma criança”).
- A previsibilidade deve ser examinada em face das circunstâncias concretas em que
o sujeito se colocou. Ela não se projeta para um futuro remoto. Se tomo um carro e
viajo para local distante, sei que posso sofrer um acidente. Não é esta previsibilidade
de que se trata. Trata-se de uma previsibilidade presente, atual, nas circunstâncias
do momento da realização da conduta.
- Sendo, portanto, imprevisível o resultado não haverá delito algum, pois se trataráde mero acaso, do caso fortuito, que constituem exatamente a negação da culpa.
- O melhor critério para verificar a previsibilidade é o critério objetivo-subjetivo, ou
seja, verifica-se, no caso concreto, se a média da sociedade teria condições de prever
o resultado, através da diligência e da perspicácia comum, passando-se em seguida à
análise do grau de visão do agente do delito, vale dizer, verifica-se a capacidade
pessoal que o autor tinha para evitar o resultado.
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f) Ausência de previsão
- É necessário que o sujeito não tenha previsto o resultado. Se o previu, não estamos
no terreno da culpa, mas do dolo. O resultado era previsível, mas não foi previsto
pelo sujeito. Daí falar-se que a culpa é a imprevisão do previsível.
g) Inobservância do cuidado objetivo
- Ocorre quando o agente deixa de seguir as regras básicas de atenção e cautela,
exigíveis de todos que vivem em sociedade. Essas regras gerais de cuidado derivam
da proibição de ações de risco que vão além daquilo que a comunidade juridicamente
organizada está disposta a tolerar.
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Aula 6 – 19.09.2008
OBS: A PARTE QUE TRATA DA TEORIA DO CRIME CULPOSO ATÉ
ELEMENTOS DA CULPA ITENS “A” a “G” foi disponibilizada na
aula anterior (12.09.09).
6.1) MODALIDADES DE CULPA
a) Imprudência
- É a prática de um fato perigoso. Ex. dirigir em alta velocidade em via movimentada.
B) Negligência
- É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. Ex. deixar
arma de fogo ao alcance de uma criança.
c) Imperícia
- É a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Consiste na incapacidade
ou falta de conhecimento necessário para o exercício de determinado mister. Ex.
médico que deixa de tomar as cautelas devidas de assepsia em uma sala de cirurgia,
demonstrando sua nítida inaptidão para o exercício profissional, situação que provoca
a morte do paciente.
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6.2) DISTINÇÃO ENTRE IMPERÍCIA E ERRO PROFISSIONAL
- A imperícia não se confunde com erro profissional. É o caso de um médico adotar
determinada técnica ao executar uma intervenção cirúrgica em face de escusável erro
de diagnóstico.
- O erro profissional é um acidente escusável, justificável e, de regra, imprevisível,que não depende do uso correto e oportuno dos conhecimentos e regras da ciência.
Esse tipo acidente não decorre da má aplicação de regras e princípios recomendados
pela ciência.
6.3) ESPÉCIES DE CULPA
a) Culpa inconsciente
- é a culpa por excelência, isto é, a culpa sem previsão do resultado. O resultado não
é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, que se manifesta pela
imprudência, negligência ou imperícia.
- Na culpa inconsciente, apesar da presença da previsibilidade, não há previsão por
descuido, desatenção ou simples desinteresse. A culpa inconsciente caracteriza-sepela ausência absoluta de nexo psicológico entre o autor e o resultado de sua ação.
b) Culpa Consciente
- Na culpa consciente o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente
que não ocorra ou que possa evitá-lo, confiando na sua atuação para impedir o
resultado. É a chamada culpa com previsão.
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c) Culpa própria
- É a comum, em que o resultado não é previsto, embora seja previsível. Nela o
agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo.
d) Culpa imprópria
- Na culpa imprópria, também denominada culpa por extensão, assimilação ou
equiparação, o resultado é previsto e querido pelo agente, que labora em erro de tipo
inescusável ou vencível.
- É a denominada culpa com previsão. Ocorre quando o agente deseja atingir
determinado resultado, embora o faça porque está envolvido pelo erro (falsa
percepção da realidade) inescusável (não há justificativa para a conduta, pois, commaior prudência, teria sido evitada).
- São casos de culpa imprópria os previstos nos arts. 20, § 1º, 2ª parte, e 23,
parágrafo único, parte final.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite apunição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõesituação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erroderiva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
Excesso punível
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Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excessodoloso ou culposo.
- Ex. sujeito vítima de vários furtos. Certa noite, arma-se com um revólver e se coloca
em prontidão, à espera do ladrão. Vendo um vulto no pátio, levianamente
(imprudentemente, negligentemente) pensa ser o ladrão. Acreditando estar agindo
em legítima defesa de sua propriedade, atira na direção do vulto, matando a vítima.
Prova-se, posteriormente, que não se tratava do ladrão contumaz, mas do vigia darua. O agente responde por homicídio culposo. Note-se que o resultado (morte da
vítima) foi querido. O agente, porém, realizou a conduta por erro de tipo, pois as
circunstâncias indicavam que o vulto era do ladrão. Trata-se de erro de tipo vencível
ou inescusável, pois se o agente fosse mais diligente teria evitado o resultado.
Enquanto o erro de tipo escusável exclui o dolo e a culpa, o inescusável afasta o dolo,
subsistindo a culpa. Por isso, o sujeito responde por homicídio culposo, aplicando-se
o disposto no art. 20, § 1º.
e) Culpa mediata ou indireta
- Ocorre quando o agente produz indiretamente um resultado a título de culpa.
- Ex: um motorista se encontra parado no acostamento de uma rodovia
movimentada, quando é abordado por um assaltante. Assustado, foge para o meioda pista e acaba sendo atropelado e morto. O agente responde não apenas pelo
roubo, que diretamente realizou com dolo, mas também pela morte da vítima,
provocada indiretamente por sua atuação culposa (era previsível a fuga em direção à
estrada). Importante notar que, para a configuração dessa modalidade de culpa, será
imprescindível que o resultado esteja na linha de desdobramento causal da conduta,
ou seja, no âmbito do risco provocado, e, além disso, que possa ser atribuído ao
autor mediante culpa.
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6.4) DIFERENÇA ENTRE CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL
- A culpa consciente se diferencia do dolo eventual. Neste, o agente tolera a
produção do resultado, o evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não. Ele
assume o risco de produzi-lo. Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o
resultado, não assume o risco nem lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é
representado (previsto), mas confia em sua não-produção.
6.5) CONCORRÊNCIA DE CULPAS
- Há concorrência de culpas quando dois indivíduos, um ignorando a participação do
outro, concorrem, culposamente, para a produção de um fato definido como crime.
6.6) COMPENSAÇÃO DE CULPAS
- A compensação de culpas, que existe no Direito Privado, é incabível em matéria
penal.
- Desse modo, a imprudência do pedestre que cruza a via pública em local
inadequado não afasta a do motorista que, trafegando na contramão, vem aatropelá-lo.
6.7) CULPA NOS DELITOS OMISSIVOS IMPRÓPRIOS
- É possível a ocorrência de crimes omissivos impróprios culposos. É o caso da babá
que, por negligência, descumpre o dever contratual de cuidado e vigilância do bebê e
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não impede que este morra afogado na piscina da casa. Responderá por homicídio
culposo por omissão.
6.8) EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO
- Nos termos do art. 18, parágrafo único, do CP, “salvo os casos expressos em lei,
ninguém poderá ser punido por fato previsto como crime, senão quando o praticadolosamente”.
- Qual o critério para saber quando um crime admite a modalidade culposa? Diante
de um caso concreto, em que o sujeito agiu culposamente, como se deve fazer para
verificar se o fato é previsto como crime culposo?
- Basta analisar a norma penal incriminadora. Quando o Código admite a modalidadeculposa, há referência expressa à culpa. Quando o Código, descrevendo um crime,
silencia a respeito da culpa, é porque não concebe a modalidade culposa, só admite a
dolosa.
6.9) CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
Agravação pelo resultado
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agenteque o houver causado ao menos culposamente.
A) Conceito
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- É aquele em que o legislador, após descrever uma conduta típica, com todos os
seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta um
agravamento da sanção penal.
- É o delito que possui um fato-base, definido e sancionado como crime, embora
tenha, ainda, um evento que o qualifica, aumentando-lhe a pena, em razão da sua
gravidade objetiva, bem como existindo entre eles um nexo de ordem física esubjetiva.
- Para que se corporifique o crime qualificado pelo resultado, imperioso é que
proceda o sujeito ativo com dolo no evento essencial ao delito e, no mínimo, com
culpa – em face da previsibilidade – no resultado circunstancial ou acidental
subseqüente.
- Ex: a ofensa à integridade corporal de outrem, por si só, já configura o crime
previsto no art. 129, caput, do CP, mas, se o resultado final caracterizar uma lesão
grave ou gravíssima, essa conseqüência servirá para agravar a sanção penal, fazendo
com que o agente responda por delito mais intenso.
b) Espécies de crimes qualificados pelo resultado
b.1) Dolo na conduta antecedente e dolo na subseqüente
- Nesse caso, tem-se uma conduta dolosa e um resultado agravador também doloso.
O agente quer produzir tanto a conduta como o resultado agravador.
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- Ex: marido que espanca a mulher até atingir seu intento, provocando-lhe
deformidade permanente (art. 129, § 2º, IV).
- Na hipótese, há dolo no comportamento antecedente e na produção do resultado
agravador, pois o autor não quis apenas produzir ofensa à integridade corporal da
ofendida, mas obter o resultado “deformidade permanente” (dolo no antecedente e
dolo no conseqüente).
b.2) Culpa na conduta antecedente e culpa na conseqüente
- O agente pratica uma conduta culposamente e, além desse resultado culposo,
acabada produzindo outros, também a título de culpa.
- Ex: No crime de incêndio culposo, por exemplo, considerado fato antecedente, se,além do incêndio, vier a ocorrer alguma morte, também por culpa, o homicídio
culposo funcionará como resultado agravador (fato subseqüente). É a hipótese
prevista no art. 258, parte final, do CP, que prevê crime de incêndio culposo
qualificado pelo resultado morte.
b.3) Culpa no antecedente e dolo no conseqüente
- O agente, após produzir um resultado por imprudência, negligência ou imperícia,
realiza uma conduta dolosa agravadora.
- Ex: é o caso do motorista que, após atropelar um pedestre, ferindo-o, foge,
omitindo-lhe socorro (art. 303, parágrafo único, CTB). Houve um comportamento
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anterior culposo, ao qual sucedeu uma conduta dolosa, que agravou o crime (culpa
no antecedente e dolo no conseqüente).
6.10) CRIME PRETERDOLOSO
- CRIME PRETERDOLOSO é aquele em que a conduta produz um resultado mais
grave que o pretendido pelo sujeito. Há dolo na conduta antecedente e culpa naconseqüente.
- No crime preterdoloso, o agente que praticar um crime, mas acaba excedendo-se e
produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que o desejado. É o caso da
lesão corporal seguida de morte, na qual o agente quer ferir, mas acaba matando
(art. 129, § 3º).
6.11) DA CONSUMAÇÃO
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A) CONCEITO
- Determina o artigo 14, I, do CP que o crime se diz consumado “quando nele se
reúnem todos os elementos de sua definição legal”.
- É o tipo penal integralmente realizado, ou seja, quando o fato praticado pelo
agente se enquadra no tipo abstrato.
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B) DIFERENÇA ENTRE CRIME CONSUMADO E EXAURIDO
- O crime exaurido é aquele no qual o agente, após atingir o resultado consumativo,
continua a agredir o bem jurídico, procura dar-lhe uma nova destinação ou tenta tirar
novo proveito, fazendo com que sua conduta continue a produzir efeitos no mundo
concreto, mesmo após a realização integral do tipo.
C) A CONSUMAÇÃO NAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CRIMES
a) NOS CRIMES MATERIAIS: o momento consumativo é o da produção do
resultado naturalístico. Ex. consuma-se o homicídio com a morte da vítima. No
aborto, o momento consumativo ocorre com a morte do feto.
b) NOS CRIMES DE MERA CONDUTA: o tipo não faz menção ao evento, razão
pela qual a consumação se dá com a simples ação ou omissão delituosa. Ex.
na violação de domicílio a consumação se dá com a simples entrada.
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressaou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
(...)
c) NOS CRIMES FORMAIS: a consumação ocorre com a simples atividade,
independentemente da produção do resultado descrito no tipo.
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- Ex. art. 154 (violação de segredo profissional), atinge-se o momento consumativo
com a simples revelação do segredo, independentemente da efetiva produção do
dano a outrem.
Violação do segredo profissional
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
d) NOS CRIMES PERMANENTES: A consumação se protrai no tempo desde o
instante em que se reúnem os seus elementos até que cesse o comportamento do
agente.
- Ex. art. 148 – cárcere privado – o momento consumativo (privação ou restrição da
liberdade de locomoção da vítima) perdura até que o ofendido recupere a sua
liberdade.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
e) Crimes habituais: A consumação somente existirá quando houver reiteração de
atos, com habitualidade, já que cada um deles, isoladamente, constitui um
indiferente penal.
6.12) ITER CRIMINIS
- Iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. É o caminho do crime.
Compõe-se das seguintes etapas:
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a) cogitação
b) atos preparatórios
c) execução
d) consumação
a) Cogitação
- É o momento da ideação do delito, ou seja, quando o agente tem a idéia de
praticar o crime.
- A cogitação não constitui fato punível.
- No entanto, há casos em que já constitui delito o desígnio ou propósito de vir a
cometê-lo, como sucede com a conspiração, a incitação ao crime (art. 286), o bandoou quadrilha (art. 288), em que há o propósito delituoso, ou a intenção revelada de
vir a praticá-lo.
Incitação ao crime
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Quadrilha ou bando
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometercrimes:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
b) Atos preparatórios
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- É a fase de exteriorização da idéia do crime, através de atos, que começam a
materializar a perseguição ao alvo idealizado.
- Os atos preparatórios também não são puníveis, salvo quando o legislador os
define como atos executórios de outro delito autônomo. Nesses casos, o sujeito
pratica crime não porque realizou atos preparatórios do crime que pretendia cometerno futuro, mas sim porque praticou atos executórios de outro delito.
• Ex. aquele que, desejando cometer uma falsidade, fabrica aparelho próprio para
isso, responde pelo crime do art. 291 (petrechos para falsificação de moeda. É
punido não porque realizou ato preparatório (a fabricação do instrumento) da
falsidade futura, mas porque realizou a conduta descrita no dispositivo citado.
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardarmaquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação demoeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
c) Execução
- É a fase da realização da conduta designada pelo núcleo da figura típica,
constituída, como regra, de atos idôneos para chegar ao resultado, mas também
daqueles que representarem atos imediatamente anteriores a estes, desde
que se tenha certeza do plano concreto do autor.
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- Ex. comprar um revólver para matar a vítima é apenas a preparação do crime de
homicídio, embora dar tiros do ofendido signifique atos idôneos para chegar ao
núcleo da figura típica “matar”.
d) Consumação
- É o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo penal.
6.13) DISTINÇÃO ENTRE ATOS PREPARATÓRIOS E ATOS EXECUTÓRIOS
- A diferença entre atos preparatórios e de execução, segundo a doutrina, baseia-se
em dois critérios:
a) Critério material: há ato executório quando a conduta do agente ataca o bem jurídico.
b) Critério formal: existe ato de execução quando o comportamento do agente dá
início à realização do tipo. O começo da execução é marcado pelo início da realização
do tipo, ou seja, quando se inicia a realização da conduta núcleo do tipo: matar,
ofender, subtrair, etc. É o adotado pelo Código Penal.
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Aula 7
OBS: O MATERIAL QUE TRATA DA CONSUMAÇÃO ATÉ DISTINÇÃO ENTRE
ATOS PREPARATÓRIOS E ATOS EXECUTÓRIOS JÁ FOI DISPONIBILIZADO
NA AULA PASSADA (19.09.2008).
7.1) DA TENTATIVA
Art. 14 - Diz-se o crime:
(...)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontadedo agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a penacorrespondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
A) CONCEITO
- TENTATIVA é a execução iniciada de um crime, que não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
B) NATUREZA JURÍDICA
- A tentativa constitui ampliação temporal da figura típica. Trata-se de um
dos casos de adequação típica de subordinação mediata (o outro está no concurso de
agente).
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7.2) ELEMENTOS DA TENTATIVA
- São elementos da tentativa:
- início da execução do crime; e
- não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
a) Início da execução do crime
- Que vem a ser início de execução? Há, basicamente, duas teorias acerca do
assunto: Subjetiva e objetiva.
a.1) Teoria Subjetiva
- Seu enfoque não é a descrição da conduta típica, mas o momento interno do autor,
uma vez que não importa mais verificar se os atos executados pelo agente
correspondem a uma realização parcial do tipo, mas sim examiná-los em função do
ponto de vista subjetivo do respectivo autor.
- Foi criticada pela doutrina.
a.2) Teoria Objetiva
- Para esta teoria, exige-se a existência de uma ação que penetre na fase executória
do crime. Uma atividade que se dirija no sentido da realização de um tipo penal.
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- Trata-se da teoria adotada pelo CP. Ainda assim, dentro da teoria objetiva, a
doutrina se divide em várias correntes.
I) Teoria objetivo-formal
- Preconiza que o ato executório é aquele que constitui uma parte real do fato
incriminado pela lei, ou seja, os atos executórios são os que fazem parte do verbonuclear do tipo.
- É a teoria que sustenta serem atos executórios apenas os idôneos e unívocos para
atingir o resultado típico.
- Critica-se a adoção desta teoria, pois estreitaria sobremaneira a esfera da incidência
da tentativa, deixando esta de abarcar diversos atos reprováveis e passíveis desancionamento, os quais constituiriam meros atos preparatórios impuníveis.
II) Teoria Objetivo-material
- Para esta teoria os autos executórios não são apenas os que realizam o núcleo do
tipo ou atacam o bem jurídico, mas também aqueles imediatamente anteriores ao
início da ação típica, valendo-se o juiz do critério de terceiro observador.
III) Teoria Objetivo-individual
- Defende que os atos executórios não são apenas os que dão início à ação típica,
atacando o bem jurídico, mas também os praticados imediatamente antes, desde que
se tenha prova do plano concreto do autor.
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- A diferença entre esta teoria e a anterior é que não se necessita do terceiro
observador; ao contrário, deve-se buscar prova do plano concreto do agente, sem
avaliação exterior.
- Para Nucci e Damásio, a teoria objetivo-individual é a mais correta.
b) Não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade doagente
- As circunstâncias estranhas ao elemento subjetivo do agente podem atuar de forma
diversa. Podem obstar o autor de prosseguir na realização da conduta atuando em
certo sentido psicofísico, deixando incompleto o fato não somente objetiva, mas
também subjetivamente, ou impedem seja completado o tipo por serem
absolutamente alheia à sua vontade, não obstante tenha realizado “todo onecessário” para a produção do resultado.
- Na primeira hipótese, os atos de execução, embora iniciados, ficaram incompletos;
na segunda, a fase de execução ocorreu normalmente, mas o resultado não se
verificou.
7.3) FORMAS DE TENTATIVA: IMPERFEITA E PERFEITA
a) TENTATIVA IMPERFEITA:
- Ocorre quando o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
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- O agente não exauri toda a sua potencialidade lesiva, isto é, não chega a
praticar todos os atos de execução necessários à produção do resultado, por
circunstâncias alheias à sua vontade.
b) TENTATIVA PERFEITA OU ACABADA (CRIME FALHO)
- ocorre quando a fase de execução é integralmente realizada pelo agente, maso resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua vontade.
- O agente realiza tudo o que acha necessário para produzir o resultado,
mas ele não ocorre.
c) TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA
- A vítima não é atingida, nem vem a sofrer ferimentos.
D) TENTATIVA CRUENTA
- A vítima é atingida, vindo a lesionar-se.
7.4) ELEMENTO SUBJETIVO
- O texto do artigo 14, II, demonstra que é a vontade do agente que fornece o
elemento subjetivo final para a configuração da tentativa, pois é ela que especifica a
figura típica a que se encontram ligados os atos executórios.
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- A tentativa não possui dolo próprio, especial, isto é, diferente daquele que informa
o elemento subjetivo do crime consumado. O dolo da tentativa é o mesmo do crime
consumado. Aquele que furta age com o mesmo dolo daquele que tenta furtar.
7.5) INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM A TENTATIVA
a) Crimes culposos
- Os crimes culposos não admitem tentativa.
- Na tentativa, o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado, mas este
não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade.
- Assim, no crime culposo, há evento sem intenção de provocá-lo; na tentativa,
intenção sem resultado. Daí ser impossível tentativa em crime culposo.
b) crimes preterdolosos
- É incompreensível a tentativa de crime preterdoloso, uma vez que neste o resultado
vai além do que o agente desejou e naquele ele não atinge o evento pretendido.
- Sendo o resultado agravado punido a título de culpa, excluída fica a hipótese de
crime tentado.
c) as contravenções (art. 4º LCP);
d) os crimes omissivos próprios
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- Pois ou o agente deixa de realizar a conduta, e o delito se consuma, ou a realiza, e
não se pode falar em crime.
e) Os crimes unissubsistentes
- pois se realizam por único ato.
f) Os crimes habituais
- Pois não possuem iter, como no descrito no art. 230 (rufianismo);
- De fato, o que caracteriza estes crimes é a prática reiterada de certos atos que,
isoladamente, constituem um indiferente penal. Conclusão: ou há reiteração e o
crime consumou-se ou não há reiteração e não há crime.
g) Os crimes permanentes de forma exclusivamente omissiva.
- Ex. cárcere privado praticado por quem não liberta aquele que está em seu poder.
O crime permanente que possui uma fase inicial comissiva admite tentativa.
h) Os crimes de atentado
- Pois é inconcebível tentativa de tentativa.
- Ex: art. 352. A lei pune a tentativa como delito consumado.
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7.6) TENTATIVA E DOLO EVENTUAL
- É perfeitamente possível a coexistência da tentativa com dolo eventual, embora seja
de difícil comprovação no caso concreto.
- Se o agente aquiesce no advento do resultado específico do crime, previsto como
possível, é claro que este entra na órbita de sua volição, logo, se, por circunstânciasfortuitas, tal resultado não ocorre, é inegável que o agente deve responder por
tentativa.
7.7) CRITÉRIO PARA REDUÇÃO DA PENA
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontadedo agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a penacorrespondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
- Duas teorias procuram explicar a punibilidade da tentativa: a) a teoria subjetiva; b)
a teoria objetiva.
a) Teoria subjetiva
- A teoria subjetiva fundamenta a punibilidade da tentativa na vontade do autor
contrária ao Direito.
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- Por isso, segundo essa teoria, a pena da tentativa deve ser a mesma do crime
consumado. Desde que a vontade criminosa manifeste-se nos atos de execução do
fato punível, a punibilidade estará justificada.
- Assim, aquele que pratica uma tentativa branca de homicídio (que não produz
ferimentos) deve ter a mesma sanção do homicídio consumado.
b) Teoria Objetiva
- Para esta teoria, não se pune a intenção, mas o efetivo percurso objetivo do iter
criminis .
- O nosso CP adotou a doutrina objetiva. É o que se contém no art. 14, parágrafo
único: pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,diminuída de 1/3 a 2/3.
- Quanto mais o sujeito se aproxima da consumação menor deve ser a diminuição da
pena (um terço); quanto menos ele se aproxima da consumação, maior deve ser a
atenuação (dois terços).
- A expressão “salvo disposição em contrário” significa que há casos em que atentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, sem a diminuição legal.
- Ex: art. 352 do CP.
Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida desegurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
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Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.
7.8) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ouimpede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
- Trata-se da desistência no prosseguimento dos atos executórios do crime, feita de
modo voluntário, respondendo o agente somente pelo que já praticou.
- A desistência voluntária consiste numa abstenção de atividade: o sujeito cessa o
seu comportamento delituoso. Ex: ladrão, dentro da residência da vítima e
prestes a subtrair-lhe valores, desiste de consumar o furto e se retira.
- A desistência voluntária só é possível na tentativa imperfeita, porquanto na
perfeita o agente já esgotou toda a atividade executória. Na tentativa perfeita poderá
ocorrer o arrependimento eficaz.
7.9) ARREPENDIMENTO EFICAZ
A) CONCEITO
- Trata-se da desistência que ocorre entre o término dos atos executórios e a
consumação.
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- O agente, nesse caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas
resolve interferir para evitar a sua consumação.
- Assim, o arrependimento eficaz verifica-se quando o agente ultimou a fase
executiva do delito e, desejando evitar o resultado, atua para impedi-lo.
- Em conseqüência, só é possível na tentativa perfeita ou crime falho nosdelitos materiais ou causais.
B) EFICÁCIA DO ARREPENDIMENTO
- Exige o artigo 15 que o arrependimento do agente seja realmente eficaz, ou seja,
capaz de impedir o resultado. Não se aplica o benefício previsto neste artigo caso o
autor dos atos executórios, embora arrependido, não consiga evitar que o resultadose produza, por qualquer causa.
7.10) NATUREZA JURÍDICA DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
ARREPENDIMENTO EFICAZ
- O entendimento dominante, no entanto, é no sentido de que a desistência
voluntária e o arrependimento eficaz são causas de exclusão da tipicidade(da tentativa), porquanto se o crime não atinge a consumação por força da
vontade do agente, não há que se falar em causa “alheia” à vontade, afastando-se,
assim, a norma de extensão.
- Ex: se estava tentando matar “A” e desiste, já tendo alvejado a vítima, responderá
unicamente pelas lesões corporais causadas.
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- No caso, não responde por tentativa, uma vez que a norma penal considera atípico
o processo executivo em relação ao crime que pretendia inicialmente praticar.
7.11) VOLUNTARIEDADE
- Segundo se depreende do art. 15, tanto a desistência voluntária quanto o
arrependimento eficaz precisam ser voluntários para a produção de efeitos jurídicos.
- Não se exige que o abandono da empreitada criminosa seja espontâneo, bastando a
voluntariedade. Isso significa que a renúncia pode não ser espontânea, mas assim
mesmo aproveita ao agente.
7.12) CONSEQÜÊNCIA
- Diz a última parte do artigo 15 que, não obstante a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz, o agente responde pelos atos já praticados. Desta forma,
retiram a tipicidade dos atos somente com referência ao crime cuja execução o
agente iniciou. É o que se denomina TENTATIVA QUALIFICADA.
- É evidente que só responde pelos atos praticados quando relevantes para o Direito
Penal. Assim, se o ladrão, dentro da casa da vítima, desiste de consumar o furto,responde por violação de domicílio (art. 150). Se desiste de consumar o homicídio,
responde por lesão corporal (art. 129) se antes ferira a vítima.
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Aula 8 – 17.10.2008
OBS: O MATERIAL QUE TRATA DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
ARREPENDIMENTO EFICAZ JÁ FOI DISPONIBILIZADO NA AULA PASSADA
(26.09.2008).
8.1) ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, porato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
A) CONCEITO
- Trata-se da reparação do dano causado ou da restituição da coisa subtraída nos
delitos cometidos sem violência ou grave ameaça, desde que por ato voluntário do
agente, até o recebimento da denúncia ou da queixa.
B) NATUREZA JURÍDICA
- É causa obrigatória de redução de pena, pois o artigo 16 é imperativo: “a pena será
reduzida”.
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C) REQUISITOS
a) Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa
- A lei só se refere à violência dolosa, podendo a diminuição ser aplicada aos crimes
culposos em que há violência, tais como homicídio e lesão corporal culposa.
b) Reparação do dano ou restituição da coisa
- Deve ser sempre integral, a não ser que a vítima ou seus herdeiros aceitem parte,
renunciando ao restante.
- Trata-se de restituição por parte do sujeito ativo do delito. De modo que a simplesapreensão do bem pela autoridade policial não satisfaz a condição legal.
c) Voluntariedade do agente
- A reparação ou restituição por conselho ou sugestão de terceiro não impede a
diminuição, uma vez que o ato, embora não espontâneo, foi voluntário (aceitou o
conselho ou sugestão porque quis).
- Da mesma forma, é admissível o benefício no caso de ressarcimento feito por
parente ou terceiro, desde que autorizado pelo agente, por tratar-se de causa
objetiva de redução obrigatória da pena, a qual não exige que o ato indenizatório
seja pessoalmente realizado pelo sujeito.
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d) Até o recebimento da denúncia ou queixa
- Se for posterior, é circunstância atenuante genérica (art. 65, III, b)
D) COMUNICABILIDADE A CO-AUTORES E PARTÍCIPES
- Tratando-se de causa objetiva de diminuição de pena, o arrependimento posteriornão se restringe à esfera pessoal de quem o realiza, tanto que extingue a obrigação
para todos. Estende-se, portanto, aos co-autores e partícipes condenados pelo
mesmo fato. Damásio e Capez
E) DIFERENÇAS ENTRE ARREPENDIMENTO POSTERIOR E EFICAZ
1ª) O arrependimento eficaz aplica-se também aos crimes cometidos com violênciaou grave ameaça (agente descarrega a arma na vítima e depois se arrepende, a
socorre e evita sua morte); o posterior só incide sobre crimes cometidos sem
violência ou grave ameaça.
2º) O arrependimento eficaz faz com que o agente não responda pelo resultado
visado, mas somente pelos atos até então praticados; o posterior é uma simples
causa de diminuição de pena, prevista na Parte Geral do CP, que permite a reduçãoda pena 1/3 a 2/3.
3º) O arrependimento eficaz é anterior à consumação, enquanto o posterior, o nome
já diz, pressupõe a produção do resultado.
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8.2) CRIME IMPOSSÍVEL (quase-crime, tentativa inidôena ou
inacabada)
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absolutaimpropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
A) CONCEITO
- é a tentativa não punível, porque o agente se vale de meios absolutamente
ineficazes ou volta-se contra objetos absolutamente impróprios, tornando impossível
a consumação do crime.
B) NATUREZA JURÍDICA
- É uma causa de exclusão da tipicidade
- Não se trata de causa de isenção de pena, como parece sugerir a redação do art.
17 do CP, mas de causa geradora de atipicidade, pois não se concebe queira o tipo
incriminador descrever como crime uma ação impossível de se realizar.
C) HIPÓTESES DE CRIME IMPOSSÍVEL
- Em determinados casos, após a prática do fato, verifica-se que o agente nunca
poderia consumar o crime, quer pela ineficácia absoluta do meio empregado, quer
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pela absoluta impropriedade do objeto material (pessoa ou coisa sobre que recai a
conduta).
- Assim, há dois casos de crime impossível:
C.1) DELITO IMPOSSÍVEL POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO
- ocorre quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza, é
absolutamente incapaz de produzir o resultado.
- EX. o agente querendo matar a vítima mediante veneno, ministra açúcar na
alimentação, supondo ser arsênico.
- Ex. pretender atirar na vítima com arma descarregada.
- Obs: a ineficácia do meio, quando relativa, leva à tentativa e não ao crime
impossível.
- Há ineficácia relativa do meio quando, não obstante eficaz à produção do resultado,
este não ocorre por circunstâncias acidentais. É o caso do agente que pretende
desfechar um tiro de revólver contra a vítima, mas a arma nega fogo.
- Ex: uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta a
eliminar um diabético.
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C.2) DELITO IMPOSSÍVEL POR IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO
MATERIAL
- Ocorre quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta,
ou quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do
resultado visado pelo agente.
- A pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a
produção de algum resultado lesivo.
- Ex: “A”, pensando que seu desafeto está a dormir, desfere punhaladas, vindo a
provar-se que já estava morto;
- Obs: a impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso haverá tentativa.
- Há impropriedade relativa do objeto quando: a) uma condição acidental do próprio
objeto material neutraliza a eficiência do meio usado pelo agente; b) presente o
objeto na fase inicial da conduta, vem a ausentar-se no instante do ataque: Ex: a
cigarreira da vítima desvia o projétil; o agente dispara tiros de revólver no leito da
vítima, que dele saíra segundos antes.
- Portanto, para que ocorra o crime impossível, é preciso que a ineficácia do meio e a
impropriedade do objeto sejam absolutos. Se forem relativas, haverá tentativa. É a
aplicação da TEORIA OBJETIVA TEMPERADA.
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D) CRITÉRIO DE AFERIÇÃO DA IDONEIDADE
- A aferição da idoneidade deve ser feita no momento em que se realiza a ação ou
omissão delituosa:
a) se concretamente os meios ou o objeto eram inidôneos para a consecução do
resultado já antes de se iniciar a ação executória, o crime é impossível;
b) se os meios ou o objeto tornam-se inidôneos concomitantemente ou após o início
da execução, tipifica-se uma tentativa do crime que se pretendia cometer, porque, no
momento em que o agente praticou o crime, este tinha possibilidade de consumar-se.
- Nos dois casos não há tentativa por ausência de tipicidade.
E) TEORIAS RELATIVAS À PUNIBILIDADE OU NÃO DO CRIME IMPOSSÍVEL
E.1) SINTOMÁTICA
- O critério decisivo é a periculosidade do agente. É preciso que a conduta seja
indício de sua temibilidade criminal. Se o agente demonstrou periculosidade, deve ser
punido.
E.2) SUBJETIVA
- O fator que decide a questão é a intenção do delinqüente, pois existe inidoneidade
em qualquer tentativa, uma vez que o agente não produz o evento. Assim, o autor de
um crime impossível deve sofrer a mesma pena cominada à tentativa.
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- Não é aceita porque confunde a tentativa com a consumação do delito.
E.3) OBJETIVA
- O agente não é punido porque objetivamente não houve perigo para a coletividade.
- A imputação de um fato possui elementos objetivo e subjetivo, e sem aconcorrência do primeiro não há falar-se em tentativa.
- O elemento objetivo é o perigo para os bens penalmente tutelados. É um perigo
que deve ser objetivo e real, advindo desta circunstância o conceito de inidoneidade.
Se a conduta não possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa.
- Pode ser objetiva pura ou objetiva temperada.
I – OBJETIVA PURA
- não há tentativa em qualquer caso, seja inidoneidade absoluta, seja relativa. A
tentativa é uma parte do delito consumado e, assim, não se pode apresentar no caso
de a conduta ser incapaz, desde o início, de conduzir à finalidade da consumação.
- Seja absoluta, seja relativa a inidoneidade, inexiste objeto jurídico em perigo de
lesão, não havendo conduta punível
II – OBJETIVA TEMPERADA
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- Nessa modalidade de flagrante, não há interferência na vontade do autor, por essa
razão não existe a figura do agente provocador, sendo o fato típico e ilícito e a prisão
perfeitamente válida.
I) FURTO SOB VIGILÂNCIA
- Trata-se de hipótese extremamente polêmica, suscitando correntes que apóiam a
ocorrência de crime impossível, enquanto outras a rejeitam.
- Para Nucci, há duas possibilidades nesse caso.
- Quando o agente se encontra em supermercado, por exemplo, vigiado em todos os
corredores por câmaras, bem como por seguranças que o acompanham o tempotodo, sem perdê-lo de vista, não é razoável defender a hipótese de que, ao chegar à
saída do estabelecimento, seja detido em flagrante por tentativa de furto. Qual seria
a viabilidade de consumação se foi acompanhado o tempo todo por funcionários do
supermercado? Nenhuma. Logo, é crime impossível.
- Entretanto, caso o agente, ainda que visualizado por alguma câmara furtando, não
seja acompanhado o tempo todo, propiciando que os seguranças o percam de vista,é possível cuidar de tentativa de furto, pois, no caso concreto, havia viabilidade para
a consumação do furto.
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Aula 9 – 24.10.2008
OBS: O MATERIAL QUE TRATA DO CRIME IMPOSSÍVEL JÁ FOI
DISPONIBILIZADO NA AULA PASSADA
9.1) ERRO DE TIPO
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
(...)
9.1.A) CONCEITO
- A figura típica (ou tipo legal) é composta de elementos específicos ou elementares.
Em outras palavras, os “elementos constitutivos do tipo” tratam de cada componente
que constitui o modelo legal de conduta proibida.
- Ex. No crime de lesão corporal temos os seguintes elementos: ofender +
integridade corporal + saúde + outrem. O engano sobre qualquer desses elementos
pode levar ao erro de tipo.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
- Portanto, erro do tipo é o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da
figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados
secundários da norma penal incriminadora.
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- Ex. o sujeito dispara um tiro de revólver no que supõe ser um animal bravo, vindo a
matar um homem. A falsa percepção da realidade incidiu sobre uma elementar do
crime de homicídio “matar alguém”. A falsa percepção da realidade incidiu sobre
um elemento do crime de homicídio.
- Há, na verdade, uma falsa percepção da realidade pelo sujeito, que, se a
conhecesse (se soubesse que se tratava de um homem), não realizaria a conduta.
- O erro de tipo pode recair sobre uma circunstância qualificadora.
- Ex. No crime de lesão corporal seguida de aborto, o sujeito não responde por este
crime se desconhecia o estado de gravidez da vítima. É que neste caso ele supõe
inexistente uma circunstância do crime (o estado de gravidez da vítima), subsistindo
o tipo fundamental doloso (lesão corporal leve).
- Por último, pode recair sobre os pressupostos de fato de uma excludente da
ilicitude, como por exemplo, a legítima defesa putativa, em que o sujeito, diante
das circunstâncias de fato, supõe a existência de uma agressão injusta.
- O erro de tipo sempre exclui o dolo, seja invencível ou vencível, podendo, no
entanto, dependendo do caso concreto, levar à punição por crime culposo, seprevisto em lei.
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9.1.B) EXEMPLOS DE ERRO DE TIPO
a) Erro incidente sobre situação de fato descrita como elementar do tipo
incriminador
- O agente pega uma caneta alheia, supondo-a de sua propriedade. Seu erro não
incidiu sobre nenhuma regra legal, mas sobre uma situação concreta, de fato, isto é,um dado da realidade.
- A equivocada apreciação da situação de fato (pensou que a caneta alheia fosse sua)
fez com que imaginasse estar pegando um bem próprio, e não um objeto
pertencente a terceiro.
- Por essa razão, o erro, quando incidente sobre situação de fato definida comoelemento de tipo incriminador, exclui o dolo, impedindo o sujeito de saber que está
cometendo o crime.
b) Erro incidente sobre a relação jurídica descrita como elementar de tipo
incriminador
- O agente casa-se com mulher já casada, supondo ser ela solteira, viúva udivorciada. Operou-se um equívoco sobre o estado civil da nubente, ou seja, sobre a
sua situação jurídica. Essa situação, por sua vez, encontra-se descrita como
elementar do tipo da bigamia.
- O casamento anterior válido é elementar do subtipo do crime de bigamia previsto
no art. 235, § 1º.
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- Assim, a confusão sobre esse dado da realidade impediu o agente de ter
conhecimento de um elemento imprescindível para a existência do crime, excluindo
sua consciência, e, conseqüentemente, sua vontade de realizar a conduta típica.
c) Erro incidente sobre situação de fato descrita como elementar de tipo
permissivo
- Tipo permissivo é aquele que permite a realização de um fato típico, sem configurar
infração penal. Trata-se das causas de exclusão da ilicitude, e, por essa razão, são
chamados também de tipos justificadores ou excludentes.
- Sempre que o equívoco incidir sobre uma situação descrita como elementar de um
tipo permissivo, ou seja, como exigência para a existência de uma causa de exclusãoda ilicitude, estaremos diante de um erro de tipo.
- Ex: A vítima enfia a mão no bolso para tirar um lenço, e o agente, supondo que ela
vai sacar uma arma, imagina-se em legítima defesa. No caso, o erro sobre o dado da
realidade fez com que o sujeito imaginasse a presença de um elemento
imprescindível para a excludente, qual seja, o requisito da agressão iminente.
d) Erro incidente sobre circunstância de tipo incriminador
- Em outro exemplo, se o ladrão deseja furtar um bem de grande valor (um relógio
de ouro), mas, por engano, leva um de valor ínfimo (relógio de lata pintado), seu
erro incide sobre situação concreta descrita como circunstância privilegiadora do tipo
de furto (furto de pequeno valor ou privilegiado).
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- No caso, não há que se falar em exclusão do dolo, porque o equívoco não incidiu
sobre dado essencial à existência do crime, mas sobre mera circunstância
privilegiadora, que apenas diminui a sanção penal.
- O dolo, nesse caso, subsiste, ficando eliminada apenas a circunstância.
9.1.C) ERRO DE TIPO E DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO
- No erro de tipo, o agente não sabe que está cometendo um crime, mas acaba por
praticá-lo.
- No delito putativo por erro de tipo, o sujeito quer praticar um crime, mas, em face
do erro, desconhece que está cometendo um irrelevante penal. Delito putativo é o
delito erroneamente suposto, imaginário, que só existe na mente do agente.
- Ex: mulher que, pretendendo praticar um aborto em face de supor encontrar-se em
estado de gravidez, ingere substância abortiva. A inexistência da gravidez (erro de
tipo) enseja o cometimento de um indiferente penal. A realidade do crime só existe
na mente da agente.
9.1.D) FORMAS DE ERRO DE TIPO
- O erro de tipo pode ser:
- a) essencial; e
- b) acidental
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9.1.E) ERRO DE TIPO ESSENCIAL
- É o erro que incide sobre as elementares e circunstâncias do tipo.
- Daí no nome erro essencial: incide sobre situação de tal importância para o tipo
que, se o erro não existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos,
não naquelas circunstâncias.
- Portanto, há erro de tipo essencial quando a falsa percepção da realidade impede o
sujeito de compreender a natureza criminosa do fato.
- o erro de tipo essencial se subdivide em: INVENCÍVEL OU VENCÍVEL
A) INVENCÍVEL (OU ESCUSÁVEL)
- Ocorre quando não pode ser evitado pela normal diligência . Qualquer pessoa,
empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições
em que se viu o sujeito, incidiria em erro.
- Ex. o agente se embrenha em mata virgem e fechada, distante de qualquer centro
urbano, com a intenção de caçar capivara. Pelas tantas, vislumbra um vulto semovimentando pela intensa vegetação. Supondo ser um animal, efetua um disparo.
Atinge o alvo e constata, para sua surpresa, que abateu não um animal, mas um ser
humano que, por coincidência, também caçava por ali.
- O erro de tipo essencial invencível exclui o dolo e a culpa, pois o sujeito não
age dolosa ou culposamente.
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B) ERRO VENCÍVEL (OU INESCUSÁVEL)
- ocorre quando pode ser evitado pela diligência ordinária , resultando de imprudência
ou negligência. Qualquer pessoa, empregando a prudência normal exigida pela
ordem jurídica, não cometeria o erro em que incidiu o sujeito.
- É o erro evitável, indesculpável ou inescusável (cuidado: vencível = inescusável):poderia ter sido evitado se o agente empregasse mediana prudência.
- Ex. Suponha-se que o agente vá caçar em mata próxima a zona urbana, onde
costumam passar pessoas, e efetua um disparo de arma de fogo contra um vulto
pensando ser um animal, atingindo, na verdade, uma pessoa que passava pelo local,
matando-a. No caso, não obstante ter se verificado o erro de tipo, o erro, pelas
circunstâncias, não era plenamente justificável, porquanto o agente agiu comimprudência, sem o devido cuidado objetivo, devendo responder por homicídio
culposo.
- o erro de tipo essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que
previsto em lei o crime culposo.
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9.1.G) EFEITOS DO ERRO DE TIPO ESSENCIAL
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
a) Em relação ao erro invencível
- O erro invencível exclui o dolo e a culpa.
- Como sem dolo e culpa não existe conduta (teoria finalista) e sem ela não há fato
típico, o erro de tipo essencial invencível (inevitável), recaindo sobre uma elementar,
leva à atipicidade do fato e à exclusão do crime.
- No exemplo do caçador que atira no amigo supondo tratar-se de animal bravio,
tratando-se de erro de tipo essencial invencível, não responde por crime de homicídio
doloso ou culposo. Provando-se que qualquer pessoa, nas condições em que se viu
envolvido, teria a mesma suposição, qual seja, que se tratava de animal bravio, há
exclusão do dolo e da culpa, aplicando-se o disposto no art. 20, caput, 1ª parte.
b) Em relação ao erro vencível
- O erro vencível, recaindo sobre elementar, exclui o dolo, pois todo erro essencial o
exclui, mas não a culpa. Se o erro poderia ter sido evitado com um mínimo de
cuidado, não se pode dizer que o agente não se houve com culpa.
- Ex: o sujeito vê sobre a mesa uma carteira. Acreditando ter recuperado o objeto
perdido, subtrai-o para si. Não houve, contudo, nenhuma intenção de praticar o
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furto, pois, se o agente não sabia que a coisa era alheia, como é que poderia ter
querido subtrai-lo de alguém? Exclui-se, portanto, o dolo. Não restou configurado o
furto doloso.
- Por outro lado, embora tivesse havido culpa, já que a carteira subtraída era
totalmente diferente, como o tipo do art. 155 do CP não abriga a modalidade culposa
(o furto culposo é fato atípico), não há que se falar na ocorrência de crime.
- Assim, é irrelevante indagar se o erro foi vencível ou invencível, pois de nada
adianta vislumbrar a existência de culpa nesse caso.l
- Já no homicídio, em que é prevista a forma culposa, torna-se necessário indagar
sobre a natureza do erro essencial, pois, se ele for vencível, o agente responderá por
crime culposo.
- Suponhamos naquele exemplo do caçador que o artista estivesse sem fantasia,
sendo o erro produto da miopia do atirador. Nesse caso, estaria configurado o
homicídio culposo.
- Portanto, no exemplo do caçador que atira no amigo supondo tratar-se de animal
bravio, podem ocorrer duas hipóteses:
- tratando-se de erro de tipo essencial invencível, não responde por crime de
homicídio doloso ou culposo. Provando-se que qualquer pessoa, nas condições em
que se viu envolvido, teria a mesma suposição, qual seja, que se tratava de animal
bravio, há exclusão do dolo e da culpa, aplicando-se o disposto no art. 20, caput, 1ª
parte.
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- Tratando-se de erro de tipo essencial vencível, não responde por crime de
homicídio doloso, mas sim por crime de homicídio culposo. Provando-se que qualquer
pessoa, nas condições em que o caçador se viu envolvido, empregando a diligência
ordinária exigida pela ordem jurídica, não incidiria em erro, isto é, não faria a leviana
suposição de tratar-se de animal bravio, há exclusão do dolo, mas não da culpa.
- É que neste caso o erro resultou de desatenção, leviandade, negligência do sujeito,pelo que deve responder pelo fato culposo, nos termos do art. 20, caput, 2ª parte.
- Explicando em outros termos:
- A figura típica é composta de elementos específicos ou elementares. A par das
elementares, às vezes o legislador acrescenta ao tipo determinadas circunstâncias
que aumentam a pena. É o que ocorre na lesão corporal qualificada pelo aborto (art.
129, § 2º, V).
- O erro de tipo pode incidir sobre esses elementos (elementares e circunstâncias
qualificadoras). Quando isso ocorre, tratando-se de erro essencial invencível, há
exclusão do dolo e da culpa.
- Ex: suponha-se que o agente, ao retirar-se da residência do vizinho, em vez de
apanhar o chapéu próprio, apanhe o alheio. Não responde por crime de furto. É queo erro incidiu sobre uma elementar do crime, qual seja, a que se refere à qualidade
de ser alheia a coisa móvel. Ele supôs que fosse própria; supôs a inexistência da
elementar alheia do fato cometido. O erro pode também incidir sobre uma
circunstância.
- No crime de lesão corporal seguida de aborto, por esta qualificadora não responde
o agente se desconhecia o estado de gravidez da vítima. É que neste caso ele supõe
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inexistente uma circunstância do crime (o estado de gravidez da vítima), subsistindo
o tipo fundamental doloso.
- No que se refere ao erro quanto à condição integrante do tipo, tratando-se de
elementar, não há exclusão da culpa quando deriva da espécie vencível, respondendo
por crime culposo se prevista a forma culposa para o fato praticado. É o exemplo do
caçador que levianamente atira num vulto, vindo a matar o companheiro. Háexclusão do dolo, mas não da culpa, respondendo por homicídio culposo. Só há
exclusão do dolo e da culpa quando se trata de erro invencível.
- às vezes, o erro quanto à condição integrante do tipo opera desclassificação para
outro delito. Ex: o sujeito injuria um funcionário público no exercício da função,
desconhecendo a qualidade pessoal da vítima (insciente de que se trata de
funcionário público). Não responde por desacato (art. 331), subsistindo a punição deinjúria (art. 140).
- O erro de tipo também pode recair sobre circunstância agravante genérica. Ex: o
sujeito pratica lesão corporal contra a vítima, desconhecendo que ela se encontra
doente. Não incide a circunstância qualificativa do art. 61, II, h, (3ª figura).
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9.2) DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelascircunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
A) CONCEITO
- É a causa excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Ela não
existe na realidade, mas o sujeito pensa que sim, porque está errado. Só existe,
portanto, na mente, na imaginação do agente. Por essa razão, é também conhecida
como descriminante imaginária ou erroneamente suposta.
- Logo, é possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias
do caso concreto, suponha encontrar-se em estado de necessidade, legítima defesa,
estrito cumprimento do dever legal ou em exercício regular do direito. Quando isso
ocorre, aplica-se o disposto no art. 20, § 1º, 1ª parte. Surgem as denominadas
eximentes putativas ou causas putativas de exclusão da antijuridicidade. Resultam da
combinação do art. 20, § 1º, 1ª parte, com os incisos do art. 23 (com remissão aos
arts. 24 e 25, que conceituam, respectivamente, o estado de necessidade e a legítima
defesa).
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B) ESPÉCIES
B.1) DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO
- É um erro de tipo essencial incidente sobre elementares de um tipo permissivo. Os
tipos permissivos são aqueles que permitem a realização de condutas inicialmente
proibidas. Compreendem os que descrevem as causas de exclusão da ilicitude, outipos descriminantes. São espécies de tipo permissivo: legítima defesa, estado de
necessidade, exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal.
- Os tipos permissivos, do mesmo modo que os incriminadores (que descrevem
crimes), são também compostos por elementos que, na verdade, são os seus
requisitos. Assim, por exemplo, a legítima defesa possui os seguintes elementos:
agressão injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, moderação na repulsae emprego dos meios necessários.
- Ocorrerá um erro de tipo permissivo quando o agente, erroneamente, imaginar uma
situação de fato totalmente diversa da realidade, em que estão presentes os
requisitos de uma causa de justificação.
- Daí a conclusão de que a descriminante putativa por erro de tipo é uma espécie deerro de tipo essencial. As conseqüências estão expostas no art. 20, § 1º, do CP, que,
por engano, fala genericamente em descriminantes putativas, quando, na verdade,
deveria especificar que só está tratando de uma de suas espécies: a descriminante
putativa por erro de tipo.
- Os efeitos são os mesmos do erro de tipo, já que a descriminante putativa por erro
de tipo não é outra coisa senão erro de tipo essencial incidente sobre tipo permissivo.
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- Assim, se o erro for evitável, o agente responde por crime culposo, já que o dolo
será excluído, da mesma forma como sucede com o erro de tipo propriamente dito;
se o erro for inevitável, excluir-se-ão o dolo e a culpa e não haverá crime.
- Cuidando-se de erro invencível, há exclusão do dolo e culpa. Tratando-se de erro
vencível, responde o sujeito por crime culposo, se prevista a modalidade culposa.
Provando-se que o sujeito não foi diligente no verificar as circunstâncias do fato,responde por crime de homicídio culposo (art. 20, § 1º).
B.2) DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO
- O agente tem perfeita noção de tudo o que está ocorrendo. Não há qualquer
engano acerca da realidade. Não há erro sobre a situação de fato. Ele supõe que estádiante da causa que exclui o crime, porque avalia equivocadamente a nora: pensa
que esta permite, quando, na verdade, ela proíbe; imagina que age certo, quando
está errado; supõe que o injusto é justo.
- O sujeito imagina estar em legítima defesa, estado de necessidade etc., porque
supõe estar autorizado e legitimado pela norma a agir em determinada situação.
- Ex: uma pessoa de idade avançada recebe um violento tapa em seu rosto, desferido
por um jovem atrevido. O idoso tem perfeita noção do que está acontecendo, sabe
que seu agressor está desarmado e que o ataque cessou. Não existe, portanto,
qualquer equívoco sobre a realidade concreta. Nessa situação, no entanto, imagina-
se equivocadamente autorizado pelo ordenamento jurídico a matar aquele que o
humilhou, atuando, assim, em legítima defesa de sua honra.
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- Ocorre aqui uma descriminante (a legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude)
putativa (imaginária, já que não existe no mundo real) por erro de proibição (pensou
que a conduta proibida fosse permitida). No exemplo dado, a descriminante, no caso
a legítima defesa, foi putativa, pois só existe na mente do homicida, que imaginou
que a lei lhe tivesse permitido matar. Essa equivocada suposição foi provocada por
erro de proibição, isto, por erro sobre a ilicitude da conduta praticada.
- Exemplo de erro quanto aos limites da excludente da ilicitude: O sujeito supõe, por
erro, que o oficial de justiça está se excedendo na penhora de seus bens e, mediante
violência, impede parte da diligência.
- Ex2. é possível que o agente, conhecedor da excludente da legítima defesa, supõe
poder defender a sua honra, matando o amante da mulher. Trata-se de um flagrante
excesso, portanto um erro nos limites impostos pela excludente.
- As conseqüências dessa descriminante putativa encontram-se no art. 21 do CP e
são as mesmas do erro de proibição direto ou propriamente dito.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciênciada ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
- O dolo não pode ser excluído, porque o engano incide sobre a culpabilidade e não
sobre a conduta (por isso, erro de proibição). Se o erro for inevitável, o agente terá
cometido um crime doloso, mas não responderá por ele; se evitável, responderá pelo
crime doloso com pena diminuída de 1/6 a 1/3.
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C) CONSEQÜÊNCIAS
- Nosso CP, tendo adotado a teoria limitada da culpabilidade, disciplina o tema
da seguinte forma:
- Quando o erro incide sobre os pressupostos de fato da excludente, trata-
se de erro de tipo , aplicando-se o disposto no art. 20, § 1º.
- Se invencível, há exclusão do dolo e da culpa. Exemplos acima.
- se vencível, fica excluído o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo.
(matar o vigia pensando ser o ladrão).
- Quando, entretanto, o erro do sujeito recai sobre os limites legais(normativos) da causa de justificação, aplicam-se os princípios do erro de
proibição: se inevitável, há exclusão da culpabilidade; se evitável, não se
exclui a culpabilidade, subsiste o crime doloso atenuando-se a pena (art.
21).
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Aula 10 – 31.10.2008
10.1) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
- Existe o erro provocado quando o sujeito a ele é induzido por conduta de terceiro. A
provocação pode ser dolosa ou culposa.
- A posição do terceiro provocador é a seguinte:
- Responde pelo crime a título de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo
do induzimento.
- A posição do provocado é a seguinte:
- a) Tratando-se de erro invencível, não responde pelo crime cometido, que a título
de dolo, quer de culpa.
- b) tratando-se de provocação de erro vencível, não responde pelo crime a título de
dolo, subsistindo a modalidade culposa, se prevista na lei penal incriminadora.
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10.2) ERRO DE TIPO ACIDENTAL
- Incide sobre dados irrelevantes da conduta típica. Não impede o sujeito de
compreender o caráter ilícito de seu comportamento. Mesmo que não existisse, ainda
assim a conduta seria antijurídica.
- São casos de erro acidental:
a) erro sobre o objeto
b) erro sobre pessoa
c) erro na execução (aberratio ictus)
d) resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)
10.2.A) ERRO SOBRE OBJETO
- Há erro sobre objeto quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre
determinada coisa, sendo que, na realidade, ela incide sobre outra.
- É o caso do sujeito subtrair farinha pensando ser açúcar. O erro é
irrelevante, pois a tutela penal abrange a posse e a propriedade de qualquer coisa,
pelo que o agente responde por furto.
10.2.B) ERRO SOBRE PESSOA
Art. 20
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não seconsideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o
agente queria praticar o crime.
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10.2.C) ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus)
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, respondecomo se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º doart. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendiaofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
A) CONCEITO
- Aberratio ictus significa aberração no ataque ou desvio do golpe. Ocorre quando o
sujeito, pretendendo atingir uma pessoa, vem a ofender outra.
- Tratando-se de erro acidental, a aberratio ictus não exclui a tipicidade do
fato. Aplica-se somente ao crime doloso.
- Há duas formas de aberratio ictus :
a) aberratio ictus com unidade simples (com resultado único: morte ou lesão
corporal);
b) aberratio ictus com unidade complexa (com resultado duplo).
B) ABERRATIO ICTUS COM UNIDADE SIMPLES
- O CP vê na aberratio ictus com unidade de resultado um só delito (tentado ou
consumado). Podem ocorrer duas hipóteses:
I) a vítima efetiva (não visada) sofre lesão corporal: o agente responde por
tentativa de homicídio (como se a vítima virtual tivesse sofrido a lesão).
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- A lesão corporal culposa sofrida pela vítima efetiva fica absorvida pela tentativa de
homicídio.
II) a vítima efetiva morre: na realidade haveria uma tentativa de homicídio
contra a vítima virtual e um homicídio contra a vítima efetiva. No entanto, o CP vê
uma unidade de crime, um só crime de homicídio doloso (como se o agente
tivesse matado a vítima virtual). É o que determina o art. 73: “ Quando, por acidenteou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que
pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela ...”
- Nos dois casos, de acordo com o que preceitua o art. 73, 1ª parte, in fine, deve ser
atendido ao disposto no art. 20, § 3º, 2ª parte. Exs:
a) O agente pretende matar Pedro, que se encontra ao lado de seu pai (do agente).
Atira e vem a matar o próprio pai. Sobre o fato não incide a agravante genérica da
relação de parentesco (art. 61, II, “e”, 1ª figura).
b) O agente pretende matar o próprio pai, que se acha conversando com Pedro,
estranho. Atira e mata o terceiro. Sobre o fato incide a circunstância agravante.
C) ABERRATIO ICTUS COM RESULTADO DUPLO
- Ocorre quando o agente atinge a vítima virtual e terceira pessoa. Aplica-se a
2ª parte do art. 73: “(...) No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”.
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- Neste caso, a solução dada pelo CP se justifica pela unidade de atividade criminosa,
incidindo a regra do concurso formal de crimes.
- Ex. Suponha-se que o agente, pretendendo matar Antônio, venha também a atingir
Pedro. Podem ocorrer vários casos:
a) O agente mata Antônio e Pedro: na realidade, haveria um crime dehomicídio doloso em relação a Antônio e um homicídio culposo em relação a
Pedro. O agente responde por um crime de homicídio doloso (pena mais grave
que a imposta ao homicídio culposo) aumentada a pena de 1/6 até metade.
b) O agente mata Antônio e fere Pedro: na realidade, há 02 crimes: um
homicídio doloso em relação a Antônio e uma lesão corporal culposa em relação a
Pedro. Solução: responde por um crime de homicídio doloso (pena mais grave)aumentada de 1/6 até metade.
c) O agente fere Antônio e Pedro: haveria tentativa de homicídio contra Antônio e
uma lesão corporal culposa em relação a Pedro. Solução: responde por tentativa
de homicídio, aumentando a pena de 1/6 até metade.
d) o agente mata Pedro e fere Antônio: na realidade, há dois crimes: homicídioculposo contra Pedro e tentativa de homicídio contra Antônio. COMO O AGENTE
MATOU PEDRO (VÍTIMA EFETIVA), É COMO SE TIVESSE MATADO ANTÔNIO
(VÍTIMA VIRTUAL). Aplica-se a regra do concurso formal: pena de
HOMICÍDIO acrescida de 1/6 até metade.
- De observar que o art. 73, 2ª parte, quando trata da duplicidade de resultado,
manda aplicar o disposto no art. 70, que, em sua 2ª parte, reza o seguinte: “As
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penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os
crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos”.
- É possível que o agente (nos exemplos dados) tenha previsto (e aceito) a morte do
terceiro (Pedro). Então, não há aplicação de uma pena com o acréscimo legal.
Embora o concurso permaneça formal, aplica-se quanto a pena regra do concurso
material, isto é, as penas devem ser somadas (cumulo material).
- Ocorre que, tendo previsto o resultado, aceitando e admitindo a sua produção, não
se pode falar em culpa em relação ao terceiro, mas sim em dolo eventual (ele
assumiu o risco de produzir o resultado morte do terceiro). Diante disso, deve
responder por dois crimes.
- 1º) o agente mata Antônio e Pedro: responde por dois crimes dolosos de homicídio(dolo direto em relação a Antônio; dolo eventual em relação a Pedro).
- 2º) o agente mata Antônio e fere Pedro: responde por um crime de homicídio
doloso consumado (contra Antônio) e por uma tentativa de homicídio (contra Pedro);
- 3º) O agente fere Antônio e Pedro: responde por duas tentativas de homicídio;
- 4º) o agente fere Antônio e mata Pedro: responde por um crime de homicídio
doloso consumado (contra Pedro) e por uma tentativa de homicídio.
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10.2.D) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio criminis)
Resultado diverso do pretendido
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime,sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto comocrime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
A) CONCEITO
- Significa desvio do crime.
- O agente quer atingir um bem jurídico, mas, por erro na execução, acerta bem
diverso. Aqui, não se trata de atingir uma pessoa em vez de outra, mas de cometer
um crime no lugar de outro.
- Ex: o agente joga uma pedra contra uma vidraça e acaba acertando uma pessoa,
em vez do vidro.
B) ESPÉCIES
- Enquanto na aberratio ictus, se o agente quer ofender “A” e vem a atingir “B”,
responde como se tivesse atingido o primeiro, na aberratio criminis a solução édiferente, pois o Código manda que o resultado diverso do pretendido seja punido a
título de culpa. Podem ocorrer vários casos.
1º) Com unidade simples ou resultado único:
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- só atinge o bem jurídico diverso do pretendido. Ou seja, o agente quer atingir uma
coisa e atinge uma pessoa. Responde pelo resultado produzido a título de culpa
(homicídio ou lesão corporal culposos).
- o agente pretende atingir uma pessoa e atinge uma coisa. Não responde por crime
de dano culposo, uma vez que o CP não prevê a modalidade culposa. Pode responder
por tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, conforme o elementosubjetivo.
- Portanto, a conseqüência é a seguinte: responde só pelo resultado produzido e,
mesmo assim, se previsto como crime doloso.
2º) Com unidade complexa ou resultado duplo:
- O agente quer atingir uma coisa, vindo a ofender esta e uma pessoa. Responde por
dois crimes: dano (art. 163) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso
formal (concurso entre crime doloso e culposo). Aplica-se a pena do crime mais grave
com o acréscimo de 1/6 até metade.
10.3) ERRO DE PROIBIÇÃO
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciênciada ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
A) INESCUSABILIDADE DA IGNORÂNCIA DA LEI
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- De acordo com o art. 3º da LICC, “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando
que não a conhece”.
- A ignorância formal da lei não exclui a culpabilidade, podendo funcionar como
atenuante genérica (art. 65, II). A falta de conhecimento da ilicitude, isto é, falta de
conhecimento da regra de proibição, pode levar à exclusão da culpabilidade, se
inevitável, ou reduzir o juízo de censurabilidade, se evitável.
B) CONCEITO
- Se o sujeito não tem possibilidade de saber que o fato é proibido, sendo
inevitável o desconhecimento da proibição, a culpabilidade fica afastada.
- Surge o erro de proibição: O erro de proibição é o erro que incide sobre ailicitude do fato. O sujeito, diante do erro, supõe lícito o fato por ele cometido. Ele
sabe o que faz, mas supõe inexistir a regra de proibição.
- EX: um soldado, perdido de seu pelotão, sem saber que a paz foi celebrada, mata
um inimigo, acreditando ainda estar em guerra. Trata-se de um erro quanto à
ilicitude do fato, uma vez que, durante o período de guerra, é lícito eliminar o
inimigo.
C) DISTINÇÃO ENTRE ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO
- No erro de tipo, o agente tem uma visão distorcida da realidade, não vislumbrando
na situação que se lhe apresenta a existência de fatos descritos no tipo como
elementares ou circunstâncias.
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- No erro de proibição, ao contrário, há uma perfeita noção acerca de tudo o que se
está passando. O sujeito conhece toda a situação fática, sem que haja distorção da
realidade. - Há, por conseguinte, uma perfeita compreensão da situação de fato e
uma errada apreciação sobre a injustiça do que faz. Nesse aspecto reside sua
principal distinção com o erro de tipo.
- O erro de proibição exclui a consciência da ilicitude, pois impede o agente de saberque faz algo injusto, enquanto o erro de tipo impede-o de saber que realiza um fato
típico. O erro de tipo exclui o dolo e, quando inescusável, a culpa; o de proibição
pode ser causa de exclusão da culpabilidade.
D) FORMAS DE ERRO DE PROIBIÇÃO
- O erro de proibição pode ser: Escusável ou Inescusável.
D.1) ESCUSÁVEL OU INEVITÁVEL:
- quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado,
valendo-se o ser humano da sua diligência ordinária, trata-se de uma hipótese de
exclusão da culpabilidade.
- Ex. um jornal de grande circulação, por engano, divulga que o novo CP foi
aprovado, trazendo como excludente de ilicitude a eutanásia. Um leitor apressa a
morte de um parente, crendo agir sob o manto da causa de justificação inexistente.
Trata-se de erro escusável.
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D.2) INESCUSÁVEL OU EVITÁVEL:
- trata-se de erro sobre a ilicitude do fato que não se justifica, pois, se
tivesse havido um mínimo de empenho em se informar, o agente poderia ter tido
conhecimento da realidade.
- Ex. abstendo-se do seu dever de se manter informado, o agente deixa de tomarconhecimento de uma lei, divulgada na imprensa, que transforma em crime
determinada conduta. Praticando o ilícito, não há exclusão da culpabilidade, embora
haja redução da pena, variando de um 1/6 a 1/3.
E) MODALIDADES DE ERRO DE PROIBIÇÃO
- O erro sobre a ilicitude do comportamento pode apresentar-se sob trêsmodalidades: erro de proibição direto, erro de mandamento e erro de proibição
indireto (erro de permissão).
E.1) ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO (ERRO E IGNORÂNCIA DE DIREITO)
a) conceito
- A ignorância pressupõe ausência absoluta de conhecimento a respeito de
determinada matéria. O erro implica conhecimento acerca de certa matéria, que se
supõe verdadeiro quando é falso. Na primeira, não há conhecimento; no segundo, há
conhecimento falso.
- No erro de proibição direto, o agente engana-se a respeito da norma proibitiva.
Portanto, o crime que pratica é de ação, comissivo, porque ou desconhece a norma
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proibitiva, ou a conhece mal. É indiferente, porque tanto o erro como a ignorância da
norma, para todos os efeitos, são “erro”.
b) Erro de direito penal e erro de direito extrapenal
- É possível que a lei penal faça remissão a uma lei extrapenal. Neste caso, a norma
extrapenal se impregna de conteúdo penal, transforma-se em lei penal e, então,trata-se de erro de direito, aplicando-se o art. 21 do CP.
- É possível, porém, que o erro sobre a matéria extrapenal não seja propriamente de
direito, mas erro de tipo. Então, há exclusão da tipicidade por erro de tipo (o dolo é
excluído), aplicando-se o que dispõe o art. 20, caput, 1ª parte. Ex: constitui delito o
fato de “contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause
a nulidade absoluta” (art. 237 CP).
c) Erro de direito e delito putativo por erro de direito
- Há delito putativo por erro de direito quando o sujeito supõe estar praticando um
crime mas não há norma incriminadora definindo o fato. Ele supõe que o Direito pune
o fato, quando se trata de um indiferente penal (fato atípico).
E.2) ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO
- Essa modalidade de erro é denominada de erro de permissão, porque o autor não
crê que o fato seja lícito simplesmente, senão que desconhece a ilicitude, no caso
concreto, em razão da suposição errônea da existência de uma proposição
permissiva.
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- Ex: o sujeito pensa que pode corrigir corporalmente o injuriador.
- Com relação às descriminantes putativas, no erro de proibição, aplica-se o art. 21
do CP. Ocorre quando o erro do sujeito decorre da má apreciação dos limites de uma
causa excludente da ilicitude. Ex: o sujeito se defende do carrasco, supondo injusta a
condenação (legítima defesa putativa por erro de proibição, recaindo sobre a injustiça
da agressão). Se inevitável, há exclusão da culpabilidade (art. 21, caput, 2ª parte);se evitável, não fica excluída a culpabilidade, respondendo o sujeito por crime doloso
com a pena diminuída (parte final).
10.4) DA ANTIJURIDICIDADE
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderápelo excesso doloso ou culposo.
A) CONCEITO
- É a contrariedade de uma conduta com o direito, causando lesão a um bem
juridicamente protegido.
- É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual a ação ou
omissão típicas tornam-se ilícitas.
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B) ESPÉCIES
a) Antijuridicidade formal
- É a mera contrariedade do fato ao ordenamento legal (ilícito), sem qualquer
preocupação quanto à efetiva perniciosidade social da conduta. O fato é consideradoilícito porque não estão presentes as causas de justificação, pouco importando se a
coletividade reputa-o reprovável.
b) Antijuridicidade material
- É a lesão produzida pelo comportamento humano que fere o interesse jurídico
protegido, isto é, além da contradição da conduta praticada com a previsão danorma, é necessário que o bem jurídico protegido sofra a ofensa ou a ameaça
potencializada pelo comportamento desajustado.
c) Antijuridicidade Subjetiva
- o fato só é lícito se o agente tiver capacidade de avaliar seu caráter criminoso, não
bastando que objetivamente a conduta esteja descoberta por causa de justificação(para essa teoria, o inimputável não comete fato ilícito).
d) Antijuridicidade objetiva
- Independe da capacidade de avaliação do agente. Basta que, no plano concreto, o
fato típico não esteja amparado por causa de exclusão.
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C) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE
C.1) Introdução
- São causas de exclusão da antijuricidade, previstas no artigo 23 do CP:
a) Estado de necessidade;b) legítima defesa;
c) estrito cumprimento do dever legal
d) exercício regular de direito.
C.2) Requisitos Objetivos e Subjetivos de Justificação
- A conduta, para justificar a exclusão da ilicitude, deve revestir-se dos requisitosobjetivos e subjetivos.
- Assim, não é suficiente que o fato apresente os dados objetivos da causa
excludente da antijuricidade. É necessário que o sujeito conheça a situação
justificante.
- Ex: Se, por exemplo, dão-se objetivamente os pressupostos do estado denecessidade de um aborto, porém o autor não os conhece ou não persegue este fim
de salvação, o fato será um aborto contrário ao direito por falta dos elementos
subjetivos de justificação.
- Ex2: o particular que detém o vizinho em flagrante delito atua justificadamente,
ainda que se aproveite para satisfazer um desejo de vingança.
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- A ausência do elemento objetivo ou subjetivo no fato praticado leva à ilicitude da
conduta. Essa incongruência pode operar-se de duas maneiras:
1ª) o sujeito satisfaz a tipicidade objetiva permissiva, mas não satisfaz a parte
subjetiva (falta intenção de defender-se, p. ex.)
2ª) O sujeito satisfaz a finalidade justificante, mas estão ausentes as elementaresobjetivas do tipo permissivo.
- Nos dois casos, ausentes as elementares do tipo permissivo, a conduta torna-se
antijurídica. No primeiro, o sujeito responde por crime consumado; no segundo,
ocorre uma descriminante putativa (erro de proibição).
C.3) CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE
- O enunciado prende-se ao problema de existirem causas de justificação não
previstas na legislação penal. Há causas justificativas fora das mencionadas no art.
23 do CP.
- No tocante às normas penais incriminadoras vige o princípio da reserva legal: não
há crime sem lei que o defina. Essa proibição, porém, não se estende às normaspenais não incriminadoras (permissivas).
- O art. 23, que menciona as causas de exclusão da ilicitude, não contém disposição
penal incriminadora. Assim, a lacuna de previsão legislativa pode ser suprida pelos
processos de auto-integração da lei penal.
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C.4) CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
- O consentimento do ofendido trata-se de uma causa supralegal e limitada de
exclusão da antijuridicidade, permitindo que o titular de um bem ou interesse
protegido, considerado disponível, concorde, livremente, com a sua perda.
- O consentimento do ofendido pode funcionar como:
a) causa excludente da tipicidade;
b) causa excludente da antijuridicidade
- Quando a figura típica contém o dissentimento do ofendido como elemento
específico, o consenso funciona como causa de exclusão da tipicidade.
- Ex. No crime do art. 150 (invasão de domicílio), se o titular do bem jurídico
consente na entrada do agente, o fato por este cometido é atípico, i.e., não se
amolda à definição legal.
- Quando a figura típica não contém o dissentimento do ofendido como
elementar, tratando-se de pessoa capaz e disponível o bem jurídico, o consentimento
funciona como causa de exclusão da antijuridicidade.
- Ex. não há crime de dano quando o titular do bem consente que seja danificada.
- Nesses casos para que o consentimento do ofendido tenha eficácia, há a
necessidade de requisitos:
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a) que o bem jurídico seja disponível: tratando-se de bem jurídico
indisponível o fato é ilícito.
b) que o ofendido seja capaz de consentir: é necessário que a vontade
expressa por quem já atingiu a capacidade penal, aos 18 anos de idade, não eivada
de qualquer causa que lhe retire o caráter de validade (doença mental, erro, dolo ou
violência).
c) que a manifestação do ofendido seja livre, sem coação, fraude ou outro vício de
vontade;
d) que o fato típico se limite e se identifique com o consentimento do ofendido.
D) EXCESSO NAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO
- Há excesso nas causas de antijuridicidade quando o sujeito, encontrando-se
inicialmente em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito e
estrito cumprimento do dever legal, ultrapassa os limites da justificativa.
- No excesso doloso o sujeito tem consciência, após ter agido licitamente, da
desnecessidade de sua conduta.
- Excesso culposo, não intencional, é o derivado de erro, em que o autor, em face da
falsa percepção da realidade motivada pelas circunstâncias da situação concreta ou
pelos requisitos normativos da causa de justificação, não tem consciência da
desnecessidade da continuidade da conduta. Na primeira fase ele age licitamente; na
segunda, por causa do erro, passa a conduzir-se ilicitamente.
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- Adotada pelo CP a teoria limitada da culpabilidade, é necessário distinguir:
- a) se o excesso não intencional deriva de erro sobre os pressupostos fáticos da
causa de justificação, cuida-se de erro de tipo (art. 20, § 1º). Se escusável, ficam
afastados dolo e culpa, aplicando0se o § 1º, 1ª parte; se inescusável, surge o
excesso culposo, respondendo o sujeito por delito culposo, nos termos do art. 23, §
único, parte final, c/c o art. 20, § 1º, 2ª parte.
- b) se, entretanto, o excesso não intencional deriva de erro sobre os limites
i d d j ifi ã d d ibi ã ( 21) S
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