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4. TEORIA GERAL DO PROCESSO. Professora Msc. Agatha Santana UNIDADE 04- ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO E ORGANIZAÇÃO JURISDICIONAL FEDERAL E ESTADUAL. DA COMPETÊNCIA: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO, PRORROGAÇÃO E CONFLITO O Poder Judiciário caracteriza-se pela sua independência: art. 96 da CF/88- exprime-se pelo autogoverno, auto administração e autonomia orçamentária. A) ORGÃOS DA JURISDIÇÃO – Art. 92 da Constituição Federal STF – Supremo Tribunal Federal STJ – Superior Tribunal de Justiça TSE – Tribunal Superior Eleitoral TSM – Tribunal Superior Militar TST – Tribunal Superior do Trabalho TJE – Tribunal de Justiça do Estado TRF – Tribunal Regional Federal TRM – Tribunal Regional Militar*Em alguns Estados como o Pará, quem faz as vezes é o próprio TJE. TRT – Tribunal Regional do Trabalho TRE – Tribunal Regional Eleitoral Varas – São os juízes de primeiro grau, também chamados de monocráticos, e ficam situados nos fóruns. OBS: NÃO CONFUNDA FORUM COM TRIBUNAL. O Fórum é onde ficam as varas de primeiro grau, juízes monocráticos (Vara cível, Vara penal, Vara do

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4. TEORIA GERAL DO PROCESSO.

Professora Msc. Agatha Santana

UNIDADE 04- ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO E ORGANIZAÇÃO JURISDICIONAL FEDERAL E ESTADUAL. DA COMPETÊNCIA: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO, PRORROGAÇÃO E CONFLITO

O Poder Judiciário caracteriza-se pela sua independência: art. 96 da CF/88- exprime-se pelo autogoverno, auto administração e autonomia orçamentária.

A) ORGÃOS DA JURISDIÇÃO – Art. 92 da Constituição Federal

STF – Supremo Tribunal FederalSTJ – Superior Tribunal de JustiçaTSE – Tribunal Superior EleitoralTSM – Tribunal Superior MilitarTST – Tribunal Superior do TrabalhoTJE – Tribunal de Justiça do EstadoTRF – Tribunal Regional FederalTRM – Tribunal Regional Militar*Em alguns Estados como o Pará, quem faz as vezes é o próprio TJE.TRT – Tribunal Regional do TrabalhoTRE – Tribunal Regional EleitoralVaras – São os juízes de primeiro grau, também chamados de monocráticos, e ficam situados nos fóruns.

OBS: NÃO CONFUNDA FORUM COM TRIBUNAL. O Fórum é onde ficam as varas de primeiro grau, juízes monocráticos (Vara cível, Vara penal, Vara do Trabalho). O Tribunal é onde ficam os juízes desembargadores, juízes de segundo grau, que ficam reunidos em câmaras ou turmas.Assim, a composição dos juízos é assim: juízos monocráticos são compostos por um magistrado e juízos colegiados, que são o conjunto de magistrados (Em Turmas, Câmaras, etc.).

Em Belém, por exemplo, o Fórum é aquele perto do Ver-o-peso, em frente a praça Felipe Patroni. O Tribunal de Justiça do Estado, contudo, fica na Av. Almirante Barroso.

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O STF e o STJ são os chamados “órgãos de superposição”: eles se sobrepõem às Justiças Comuns e Especiais em suas decisões quando os jurisdicionados recorrem. Desta forma, a competência de superposição está enquadrada na viabilidade de se interpor Recurso Especial para o STJ e Recurso Extraordinário para o STF.

JUÍZO MONOCRÁTICO - VARAS JUÍZO COLEGIADO – RECURSO EM JUIZADO E TRIBUNAIS

Vara Cível(Vara da família, da Fazenda Pública, de Sucessões, de Falência, etc)Varas Penais(Varas de crimes contra a vida, de crimes contra o patrimônio, de crimes contra a dignidade sexual, etc)Varas do TrabalhoVaras MilitaresVaras Eleitorais

Câmaras Cíveis (como no TJE Pará)Câmaras CriminaisTurmas CíveisTurmas CriminaisTurma / Câmara especial para Mandado de SegurançaEtc.

Segue mais ou menos o desenho:

O STF é o ápice dos órgãos jurisdicionais, o órgão de cúpula que é o “guardião da Constituição”, é órgão de articulação com a Justiça Comum e Especiais.(art. 102 da CF/88). Após ele, não tem outro órgão. É composto de 11 ministros: Duas Turmas de 5 ministros e o Presidente.Os símbolos abaixo representam os ministros. O do centro, destacado, é o presidente, demonstrando duas turmas de cinco ministros e um presidente.

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☺☺☺☺☺☻☺☺☺☺☺

OBS: Esse ano (2010), nossos ministros do STF são:

Ministro Cezar Peluso - PresidenteMinistro Carlos Ayres Britto - Vice-PresidenteMinistro Celso de MelloMinistro Marco AurélioMinistra Ellen GracieMinistro Gilmar MendesMinistro Joaquim BarbosaMinistro Ricardo LewandowskiMinistra Cármen LúciaMinistro Dias Toffoli

Vocês vão ouvir falar muito deles, principalmente quando forem ler os votos. Particularmente, indico para vocês o livro de constitucional do Gilmar Mendes e o livro traduzido pela professora Ellen Gracie, Acesso à Justiça, do autor Mauro Cappelletti.PS: Mesmo com a polêmica sobre o Ministro Gilmar Mendes, vamos deixar essas questões de lado, pois é de se reconhecer que o livro de constitucional dele é muito bom, assim como o livro de Teoria Geral do Estado de Said Maluf. Não importa que não se concorde com a pessoa, mas se deve admitir quando um livro é bom.

O STJ, o TSE, O TSM e o TST são os famosos Tribunais Superiores. TODOS estão vinculados ao STF.O STJ é o Tribunal Superior defensor da lei federal ordinária. Composição: art. 104 da CF/88.OBS: Justiça Federal NÂO é Tribunal Superior como se verá adiante.

TRF, TJE, TRT, TRE e TRT são os Tribunais (colegiados, portanto) regionais. A eles estão vinculadas as varas. Justiça Federal tem o mesmo grau hierárquico que o TJE. Só muda a competência em razão da matéria a ser julgada.OBS: Justiça Militar no Estado do Pará- Conselhos de Justiça Militar compostos por auditores militares (1º grau) e Tribunal de Justiça do Estado do Pará (2º grau).OBS2: Divisão judiciária- Justiça Federal- são as seções judiciárias e na justiça estadual são as comarcas.

Varas (cíveis, penais, eleitorais, do trabalho, militares) – São os juízes de primeiro grau.

4.1. COMPETÊNCIA

a) Conceito:

Definição: é a medida da jurisdição ou é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos (Liebman) – Conceito clássico.Hoje já de define competência não mais como parcela da jurisdição, mas como atribuição, delimitação de atuação. A definição clássica, portanto, é considerada um tanto quanto defasada.De acordo com Arruda Alvim (2008, p. 286), “A competência, pois, é decorrência de uma especificação gradual e sucessiva do poder jurisdicional, que possibilita a sua concretização, num dado órgão do Poder Judiciário, relativamente a uma espécie ou mais de causas”. Especialização essa advinda da necessidade da subdivisão do Poder Judiciário em uma multiplicidade de órgãos, para atender ao mister de atingir a melhor realização da justiça.

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Pense-se na competência como a especialização de um magistrado sobre uma determinada matéria / pessoa / local para melhor exercer a prestação jurisdicional. É uma questão de organização.Mas lembrem-se sempre: O juiz do trabalho tem a mesma jurisdição que um juiz do Estado. Um juiz federal tem a mesma jurisdição que um juiz eleitoral. A jurisdição é una, o que difere é justamente a questão da competência, a especialização a que é atribuída ao magistrado devidamente investido que exerça a jurisdição.

Problemas a serem resolvidos em nível de competência:

competência de jurisdição- qual a Justiça competente? É distribuída na forma dos arts. 109,114, 121, 124, 125,§ §3º e 4º da CF/88.

competência originária- competente o órgão superior ou inferior? Regra geral é o órgão inferior, há, porém, exceções, como: art. 102,II, 105,II da CF/88,...

competência de foro- qual a Comarca ou a seção judiciária? No processo civil, art. 94. Já no processo trabalhista, art. 651(local da prestação dos serviços). E, no processo penal, art. 70(foro da consumação do delito).

competência de juízo- qual a vara competente? Varas criminais, cíveis, acidentes do trabalho, família, Fazenda Pública,...

competência interna- qual o juiz competente? É a competência das câmaras, seções, turmas, plenário,...

competência recursal- competente o mesmo órgão ou um superior? Regra é do 2º grau (duplo grau de jurisdição).

Vamos por partes como diz nosso amigo Jack...

Assim, para se saber a competência de uma maneira geral, faz-se uma série de perguntas, nesta ordem:

1ª – A QUE JUSTIÇA EU VOU ME DIRIGIR? A ESPECIAL OU A COMUM?OBS: O que é justiça especial e comum?Justiça Especial: Eleitoral, Militar e do TrabalhoJustiça Comum: Cível (e seus consectários – Empresarial, Tributário, Administrativo, etc) e Penal – TRF e TJE e suas varas. – Justiça Federal não é justiça especial!!! Sendo que:TRF e Varas Federais – Sempre que tiver interesse da União. Exemplo: Questões de nacionalidade, naturalização, crimes cometidos por agentes federais, contra agentes federais, questões indígenas, questões sobre áreas federais, etc.TJE e Varas Estaduais – As demais matérias que não tiverem matéria da União. É por isso que é chamado de residual. Mas é a grande maioria das ações. Exemplo: Divórcio, Alimentos, Investigação de paternidade, Crimes comuns como homicídio, etc (Já dá para perceber que tem coisa demais só com esses exemplos).

2ª – JÁ SEI A JUSTIÇA, MAS EU ME DIRIJO AO TRIBUNAL OU A UMA VARA? AUTOR OU RÉU TEM PRERROGATIVA?OBS: Prerrogativa é o privilégio concedido pela Constituição para pessoas que detenham determinados cargos, em razão da função pública que exercem. Exemplo: Presidente da República deve ser julgado por crime comum pelo STF e por crime político no Congresso. Governador deve ser julgado e processado no STJ, Prefeito deve ser processado e julgado pelo Tribunal do Estado onde é radicado o município onde exerce seu mandato.

3ª – JÁ SEI QUE É JUSTIÇA COMUM E É VARA, NÃO TEM PRERROGATIVA. E AGORA? VOU PARA O FORUM OU VOU PARA O JUIZADO?Depende do valor e/ou da complexidade da causa.Art. 275 CPCLei 9.099/95Lei 10.259/01Mais de 60 salários mínimos – Vara comum, no Fórum.

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Menos de 60 salários mínimos, causas menos complexas, mais simples – Juizado.Menos de 60 salários mínimos, causas complexas que envolvam dilatação probatória intensa – Vara comum, no Fórum.

No âmbito penal, nos chamados Juizados Especiais Criminais ou JeCrims:Delitos com pena máxima não superior a dois anos (menos potencial ofensivo).

4ª – EM QUE CIDADE (FORO) EU VOU AJUIZAR MINHA AÇÃO (QUAL A COMARCA COMPETENTE)?OBS: NUNCA CONFUNDA FORO COM FORUM. Foro é a Comarca, a cidade onde eu vou ajuizar a ação. Forum é o prédio do órgão judiciário que você vai no protocolo ajuizar sua ação. Essas regras são estudadas quando vocês forem estudar especificamente as regras do processo civil, do processo do trabalho, do processo penal, etc.

5ª – TEM VARA ESPECIALIZADA AONDE ESTOU ME DIRIGINDO? > Você deve se informar! Em cidades de interior é comum só ter uma única Vara (às vezes cumulando funções civil, penal e até mesmo, em ultima hipótese, do trabalho**), mas quanto mais se aproxima da Capital, maiores são as cidades, maiores são as necessidades e mais varas vão aparecendo (um juiz só não daria conta, já pensou?). Daí que vai surgindo a necessidade de dividir as varas por matérias: Civil, Penal... Até que chega na capital. Ai as demandas cíveis e penais vão ficando mais volumosas e piores, mais complexas diante do dia a dia urbano. Solução: divide-se as varas por matéria.Desta forma, Vara Cível pode ser especializada em Vara de Família, Vara de Sucessões, Vara da Fazenda Pública, etc. Vara Penal pode ser especializada em Vara de crimes contra a vida, Vara de crimes contra a honra etc. Você tem que se informar do Regimento Interno do Tribunal. É só ir lá conferir.**Sim, tem previsão constitucional cada vez mais em desuso de que, não havendo vara do trabalho em uma determinada comarca do interior, o juiz do Estado assumirá também essa função. Mas se a parte quiser recorrer da sua decisão, terá de fazê-lo junto ao Tribunal Regional do Trabalho na Capital. Se houver o surgimento de vara do trabalho e o juiz do Estado já tiver iniciado alguma demanda, deverá ser transferida a competência. Em resumo: Uma confusão total!!

b) Critérios de divisão da competência:

Em razão da matéria Em razão da função Em razão da pessoa Em razão do lugar Em razão do valor

b.1. Em razão da matéria

De acordo com a Constituição Federal:

A justiça especializada é:

Justiça do Trabalho = Matérias referentes a relações de trabalho e empregoJustiça eleitoral = Matérias referentes a relações eleitoraisJustiça Militar = Matéria referentes a militares no exercício de suas atribuições

A justiça comum (que julga matéria comum ou ordinária – é todo o resto, tudo o que não for matéria especial – crimes comuns, causas cíveis, tributárias, comerciais, etc):

Justiça dos EstadosJustiça Federal (causas que tenham interessa da União

b.2. Em razão da função / hierárquica

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É quando a lei estabelece quando se irá procurar um tribunal ou uma vara. Logicamente, quando se pensa em recurso, nunca se pode pensar em recorrer em uma vara, mas sim em órgão superior a ela. Assim, para direcionar um recurso, se irá dirigir a um órgão superior.Há causas, a serem estudadas nos processos especificados (civil, penal, etc), que são obrigatoriamente iniciadas nos Tribunais, e não nas varas. É determinação de lei. Aqui cabe a vocês no momento saberem o que é a competência em razão da função.

b.3. Em razão da pessoa**

Para alguns autores, a competência em razão da pessoa nada mais é do que a própria competência funcional, uma vez que se trata da competência das pessoas que possuem prerrogativa de foro em razão da função pública que exercem. Exemplo: O Presidente da República é processado e julgado em crime comum pelo STJ, o Governador de Estado é processado no STJ, o Prefeito no TJE. Tais prerrogativas são em razão do cargo que exercem, e não são privilégios de suas pessoas em si.

O Mandado de Segurança (remédio constitucional utilizado contra autoridade coatora que violar direito líquido e certo de um jurisdicionado), de acordo com Arruda Alvim (2008, p. 307-308), tem competência ratione personae e ratione muneris, ou seja, em razão da pessoa e por causa da função, tendo em vista a jurisdição a que, normalmente, está submetida a autoridade impetrada.Exemplo 1: Prefeito (autoridade coatora) deixou de assinar um determinado documento prejudicando direito liquido e certo de uma pessoa – O mandado de segurança, por determinação da lei, já que ele tem prerrogativa de função, deve ser processado perante o Tribunal do Estado.Exemplo 2: O IGEPREV (órgão previdenciário do Estado - ele sim, Estado, a autoridade coatora – e não o Governador) deixa de pagar uma determinada quantia a um inativo. O mandado de segurança será interposto perante a Vara de Fazenda Pública.Exemplo 3: O juiz desembargador do Tribunal do Estado confere efeito a recurso não passível de impugnação – Cabe Mandado de segurança ao STJ.Exemplo 4: Ato de juiz do STJ que não caiba recurso – mandado de segurança ao STF.

b.4. Em razão do lugar

É a competência de FORO (não confunde com Fórum). Foro é Comarca, cidade. Significa em que cidade você vai ajuizar sua ação. Essa matéria foge da competência da Teoria Geral do Processo, pois essa competência você irá aprender em cada Processo Específico que se for estudar: Regras do CPC, do CPP e da CLT.Por exemplo, a competência Civel é estudada nos artigos 94 e seguintes do CPC.

b.5. Em razão do valor / complexidade

O valor (em dinheiro ou em quantidade de pena), além de estabelecer a competência (se de uma vara do Fórum ou de uma vara de Juizado Especial), define também o rito (procedimento), que pode ser maior ou menor, de acordo com o valor e complexidade da causa.Lembre-se: nem sempre o valor define se é juizado ou vara comum, pois também está relacionado com a complexidade da causa.

Rito comum

Causas de maior complexidade (que exige perícias, muitas testemunhas, etc), ou de baixa complexidade, mas de valor acima de 60 salários mínimos. Nesse caso, você se direciona para uma Vara Cível, Criminal, etc.

Rito Sumário

Previsto no 275 do CPC, é rito de menor complexidade, de até 60 salários mínimos, em causas, por exemplo como acidente de trânsito.

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Atenção! Não quer dizer que sempre se fale em rito sumário em acidente de trânsito, uma vez que, verbi gratia / exempli gratia (ou seja, verbo gracioso, exemplo gracioso – em suma: por exemplo), em caso de acidente grave que tenha de se fazer perícias no estado do carro, como exames no corpo das vítimas, etc, seria incompatível com o rito sumário e se deve dirigir a uma vara.

Até a lei 10.259/2001 (juizados federais) havia discussão se o rito sumário também era de competência do juizado, já que a lei 9.099 (lei dos juizados federais) previa que seriam causas de competência do juizado aquelas de até 40 salários mínimos.

Rito Sumaríssimo (ou Sumaríissimo)

No processo civil e penal, é o rito do juizado.No âmbito civil – causas até 60 salários mínimos (embora a lei 9,099 diga 40 salários, por critério novatio legis, a lei 10, 259 aumentou para 60 em interpretação ampliativa).No âmbito penal, penas de até 2 anos – crimes de baixo potencial ofensivo.No âmbito trabalhista – Causas até 40 salários mínimos.Até – Se passar, não é mais causa de rito sumário e sumaríssimo.

c) Classificação – A competência é classificada quanto ao plano da soberania do Estado em interna ou externa (também chamada de nacional ou internacional) e quanto à possibilidade de sua modificação pelo interesse das partes (ou prorrogabilidade) de competência absoluta e relativa.

Competência internacional Competência nacional

c.1 Competência internacional

A competência primariamente está dividida em competência interna e externa: A nacional e a Internacional.A jurisdição de um país estrangeiro poderá ser validada e cumprida dentro do território nacional – Basta a validação pelo STJ (em um procedimento chamado de exequatur), e o STJ, verificando a compatibilidade da decisão estrangeira com o ordenamento jurídico brasileiro, poderá validar uma decisão ocorrida no estrangeiro, como por exemplo, um divórcio de um casal que se casou no Brasil e no exterior.

OBS: ATENÇÃO!!!! A jurisdição estrangeira não induz litispendência no Brasil. Litispendência: Quando você ajuíza uma ação, não pode ajuizar outra igual (mesmas partes,

mesmos fatos e mesmo pedido), pois há uma lide pendente (litispendência) já tramitando, já processada em outra vara. No caso de ter um processo idêntico no estrangeiro, no Brasil não há litispendência, pois a ação só será validada se tiver autorização do STJ, ou seja, se houver exequatur.

c.2 Competência nacional

Como aduzido por Arruda Alvim (2008, p. 293), “quer a extensão geográfica, quer a diversidade de ramos do Direito, quer a ‘hierarquia’ (rectius, sobreposição de órgãos) existente dentro do Judiciário, exigem a especialização dos órgãos constituintes de tal função do Estado.”Desta forma, a competência processual nacional é que é amplamente estudada no âmbito do direito processual e classificada conforme o presente estudo.

Competência absoluta. Competência relativa.

c.1. Competência absoluta

São as competências em razão da matéria e em razão da função.Nesse tipo de competência, vigora o interesse público, nas competências de jurisdição, hierárquica, interna, de juízo. Logo, essa competência não pode ser modificada pelas partes. Essa competência absoluta poder-

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se-ia resumir como aquela que abrange os assuntos relativos à matéria (ex ratione materiae), pessoa e hierarquia (ex ratione personae), também chamada de competência funcional.**Há teoria minoritária aduzindo (afirmando) que competência em razão da pessoa (hierárquica) é diferente da competência em razão da função.

CPC- art. 113; CPP- art. 109. Todo e qualquer ato decisório é nulo de pleno direito (113§2º- CPC e 567 - CPP). c.2. Competência relativa

Precipuamente, é a competência em razão do território, ou seja, a de foro, portanto, fazendo com que o lugar possa ser modificado de acordo com o interesse das partes, que nesse caso, é o que prevalece. No processo civil, prepondera o domicílio do réu (art. 94 e seguintes do CPC), já no processo trabalhista, art. 651, lex loci executionis (o lugar onde é executado o contrato de trabalho, onde é prestado o serviço). Pode-se até ter a eleição do foro (111 do CPC). No processo penal, pelo art. 69 do CPP, o juízo competente é, primeiramente, o do lugar da infração.

No processo civil, também é relativa à competência em razão do valor, CPC- art. 102., para determinar se você se dirige para uma vara do fórum ou uma vara no juizado especial.

Na competência relativa é privilegiado o interesse das partes, logo, a mesma pode ser modificada, ocorrendo o fenômeno da prorrogação da competência que é a chamada prorrogação voluntária que se processa pela vontade das partes, ocorrendo, somente, nesse caso de competência relativa, pois a competência absoluta é improrrogável.

c.2.1 Prorrogação de competência

Há dois tipos de prorrogação de competência, a saber:

a) Voluntária - é relacionada ao poder dispositivo das próprias partes, alguém renuncia a vantagem que lhe dá a lei em nível de competência. Só acontece na competência relativa (de lugar ou sobre o valor).Assim, as partes poderão abrir mão da competência em razão do lugar ou do valor.Exemplo 1 (competência em razão do lugar civel): As partes podem entrar em acordo sobre o lugar para dirimir possíveis conflitos, mesmo contra o que é disposto em lei.Exemplo 2 (competência em razão do lugar penal): O juízo, por interesse público ou razão de força maior, pode transferir o processamento e o julgamento de uma causa penal em comarca diversa da estabelecida em lei, como no caso do julgamento da missionária Doroth Stang – O crime ocorreu em Anapu, mas o julgamento foi transferido para Belém (por questões de suportes da lei, etc). Esse fenômeno, no processo penal, chama-se “desaforamento”.Exemplo 3 (no processo cível – valor): Como sabido, a competência do juizado é dupla: causas de baixa complexidade, com valor abaixo de 60 salários mínimos. Se passar disso, a parte poderá, desde que expressamente, abrir mão do excedente (aquilo que passar de 60 salários mínimos) para continuar no juizado, pelo rito mais célere (mais rápido).

b) Necessária ou legal- ocorre quando se depara com os casos de conexão ou continência (CPC arts. 102-104 e CPP arts. 76-77).Conexão – duas causas embasadas sobre as mesmas partes e mesmos fatos, mas com pedidos diferentes. Exemplo: Uma causa versando sobre dano material e outra sobre dano moral em um mesmo fato, com as mesmas partes.Continência – Duas causas quase idênticas, mas uma tem um pedido mais abrangente do que a outra. Exemplo: Uma causa versando sobre dano moral e outra versando sobre dano moral e material.

Tanto na conexão quanto na continência há a possibilidade de reunião dos autos. O juiz que conheceu primeiro a causa poderá, de oficio ou a requerimento da parte, solicitar para que o juiz do

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segundo processo envie a ele a segunda causa, reunindo os dois processos, evitando assim decisões futuras e divergentes.OBS: Ambos são regidos pelo critério da prevenção: É prevento o juiz que manda citar primeiro, e se for de uma mesma comarca, o que despacha primeiro.

Não confundir o fenômeno da prorrogação da competência com os fenômenos da perpetuação da jurisdição (perpetuatio jurisdictionis) e com o fenômeno do deslocamento de competência. O deslocamento encontra-se no art. 109, §5º da Constituição Federal, nos seguintes termos:

Art. 109 (...) § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

A perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição) é o princípio estampado no art 87 do CPC que aduz que “Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia (PELA CONSTITUIÇÃO)”.

d. Conflito de Competência.

Dá-se o conflito de competência quando dois ou mais juízos declaram-se competentes ou incompetentes para julgar uma única e determinada demanda.

Diz-se então:

d.1 – Conflito de competência negativo – Quando dois ou mais juízos se declaram incompetentes para o julgamento de uma determinada causa.

d.2 – Conflito de competência positivo – quando dois ou mais juízos se declaram competentes para o julgamento de uma determinada demanda.

Em 2004, com a EC/45, que modificou a competência da Justiça do Trabalho, que antes só julgava relações de emprego, e passara a julgar relações de trabalho (que é mais ampla do que a de emprego), houve várias discussões sobre a competência ou incompetência da justiça comum para julgar tais feitos. Assim, observou-se que diversos juízes estavam ora declarando-se competentes, ora incompetentes para o julgamento acerca da matéria. Eis um grande exemplo prático de um conflito suscitado por inúmeros juízes ao longo de todo o país.

Tanto o conflito positivo quanto o conflito negativo, quando suscitados, serão avaliados pelo órgão imediatamente superior na hierarquia dos Tribunais.

Exemplo: Vamos supor um conflito de competência entre um juiz do Estado (TJE) e um juiz Federal (TRF). Qual o órgão competente para dirimir esse conflito? STJ!

Exemplo 2: Conflito entre TRT e TJE. Quem está acima do STJ e do TST para julgar sobre a matéria é o STF.

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BIBLIOGRAFIA INDICADA

ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil. V1. 12 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 13 ed, rev e ampl. Forense: Rio de Janeiro, 2010.