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8/7/2019 48243565 13 Habitos Em a http://slidepdf.com/reader/full/48243565-13-habitos-em-a 1/26 r HABITOS EM ORTODONTIA MARÍLIA MARQuES NETTO MERCADANTE

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HABITOS EM

ORTODONTIA

MARÍLIA MARQuES NETTO MERCADANTE

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HÁBITOS EMORTODONTIA 255

INTRODUÇÃO

Antes de falarmos sobre hábitos propriamen-

te ditos, vamos tecer algumas considerações so-

bre os impulsos naturais da criança ou instintos.

A criança ao nascer é avaliada através de tes-tes neurológicos e deverá responder positiva-

mente aos impulsos aos quais for submetida.

Entre esses impulsos o mais importante é o da

sucção. Se lhe oferecemos o dedo, ela inicia a

fazer sucções como que treinando para fins nu-

tritivos. Quando lhe é oferecido o seio materno

ela o apreende e faz sucções mesmo quando

ainda não existe leite. Um certo número de suc-

ções fornece um volume de leite na boca que

desencadeia um outro reflexo, o da deglutição,

sendo o alimento levado ao estômago. Esses vo-lumes deglutidos acumulam-se no estômago até

a criança atingir a sensação de plenitude alimen-

tar. Isto leva a um outro reflexo dirigido aos

centros nervosos superiores para que a sucção

cesse. A criança está satisfeita no aspecto nutri-

cional e também, a cada sucção, há uma sensa-

ção de prazer, conduzindo a um êxtase emocio-

nal profundo. Uma vez satisfeita no aspecto emo-

cional, dorme profundamente se 3 a 4 horas.

Outro aspecto que se inicia desde o primei-

ro instante de vida é a respiração. A mãe devetomar cuidado no momento da amamentação,

para que o recém-nascido possa ter a respira-

ção nasal e, ao mesmo tempo, observar a sua

postura no berço para que não venha a assumir

posições que possam trazer obstáculos à sua

função respiratória normal.

Com o crescimento e desenvolvimento da

criança, o impulso da sucção aos poucos vai

sendo substituído pela apreensão. Neste mes-

mo período começam a irromper os primeiros

dentes decíduos. Vem, então, a necessidade demorder, que também conduz a uma sensação

prazerosa. À medida que a dentadura decídua

se completa, define-se o padrão mastigatório e

inicia-se o aprendizado da palavra.

Tudo isto que foi dito faz parte do ciclo natu-

ral evolutivo da criança. No entanto, por razões

várias, dificilmente a mãe hoje em dia reúne

condições para a amamentação. Lança mão de

recursos artificiais como a mamadeira, que dei-

xa passar um fluxo bem maior de leite, fazendo

com que a criança atinja em apenas alguns mi-nutos a sensação de plenitude alimentar que, via

amamentação natural, levaria cerca de meia

hora. O bebê, no entanto, não faz sucções sufi-

cientes para obter o êxtase emocional, procu-

rando, desta maneira, um substituto que pode

ser a chupeta, o dedo, etc. Como o volume de

leite a cada sucção de mamadeira é grande, irá

implicar num treinamento errado da degluti-

ção, podendo ocorrer desvios da posição da lín-

gua e conseqüentemente a instalação do hábito

da deglutição atípica. Além disso, quando a suc-ção é feita no peito materno, a força exercida é

muito maior do que a sucção na mamadeira,

ocasionando um maior desenvolvimento e ma-

turação dos músculos periorais.

Quando houver necessidade, no entanto,

de se lançar mão de mamadeira, deve-se optar

pelo bico ortodôntico que se assemelha mais

ao bico materno e permite um melhor contato

da língua com o palato, situação necessária

para uma deglutição normal (Fig. 13.1).

A postura da criança ao alimentar-se com ma-madeira deverá ser mais verticalizada, para evitar

dificuldades respiratórias, o que faria com que

ela passasse a respirar pela cavidade bucal. A pos-

tura no berço' também é importante, devendo-se

evitar que a criança fique com o pescoço fletido,

tendo dificuldade para respirar normalmente,

instalando-se o hábito da respiração bucal.

Como já foi dito, com o aparecimento dos

primeiros dentes instala-se o impulso de mor-

der. É necessário nesta época uma dieta mais

sólida para suprir este impulso.Uma das maneiras de exercitar a mastigação

é oferecer à criança um bife para que ela segu-

re e comece a morder e sugar, mesmo antes da

erupção dos primeiros 5!entes decíduos. Caso

este impulso não seja satisfeito, a criança bus-

cará os mais variados objetos para morder,

principalmente roer as unhas, instalando-se o

hábito da onicofagia.

Todas estas disfunções interferem na fona-

ção, levando a problemas de dislalias.

Além da alimentação artificial através damamadeira, admitem-se outras causas para a

instalação da deglutição atípica como: enfarta-

mento das amígdalas, perdas precoces de den-

tes decíduos anteriores, diastema interincisal

grande, etc. No entanto, se o aprendizado

inicial foi correto, retirando-se as causas secun-

dárias, a deglutição se normalizará.

.Para entendermos a deglutição atípica ne-

cessitamos ter uma boa noção da deglutiçãonormal.

I-FISIOLOGIA DADEGLUTIÇÃO NORMAL

A deglutição é uma função biológica e coor-

denada, havendo uma conexão neurológica e

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pontas dos dedos, que o músculo temporal se

contrai quando a mandíbula é elevada e os

dentes entram em oclusão. Quando o paciente

não oclui os dentes durante a deglutição não

observamos a contração do temporal. A ponta

da língua, para colecionar a saliva, faz u,m con-

tato rápido com as faces linguais dos incisivos

inferiores e levan ta-se logo em seguida para se

apoiar contra as rugosidades do palato duro. As

bordas laterais da língua tocam levemente as

faces linguais dos dentes posteriores. A saliva élevada para trás em movimentos ondulatórios

da língua, ao mesmo tempo que seu dorso

abaixa. Para manter o contato com a língua, o

palato mole abaixa mais. Quando a saliva atin-

ge a faringe, começa a ação reflexa.

256 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO

um jmecanismo smergico e antagoruco d~

ações musculares regidas por arcos reflexos. E

um ato contínuo e de execução rápida, mas

para fins descritivos e didáticos é geralmentedividida em três fases:

1. Fase bucal - consciente e voluntária

2. Fase faríngea - consciente e involuntária

3. Fase esofágica - não abordada nos estudos

ortodônticos. É inconsciente e involuntária

I. FASE BUCAL

A mandíbula, no início da deglutição, está

em posição de descanso, ligeiramente separada

do maxilar superior e um pouco adiante. A

língua descansa passivamente na cavidade bu-

cal, com a ponta apoiada contra os incisivos

inferiores ou apoiada na região da papila pala-

tina. Lábios em contato passivo. O palato mole

está inclinado para baixo e apoiado contra o

dorso da língua. A passagem nasal se encontra

aberta. Ao deglutir os dentes entram em conta-to. Os lábios continuam em contato passivo so-

mente selando a entrada da cavidade bucal. A

mandíbula é estabilizada pela contração dos

músculos elevadores que são inervados pelo

quinto par craniano. Pode-se sentir, com as

2 • FASE FARíNGEA

Fig. 13. I.Comporação entre o bico orto dôntic o e o bico con venci ona l. No tar qu e o bi co orto dôntico se oss emelh o mai s 00 bico do se io m aterno ,

per m itindo um melhor co nta to da l ín gu a c om o palato durante a deglut iç ão.

Neste momento o palato mole se levanta,

fechando a passagem da nasofaringe. O dorso

da língua se inclina mais e desliza a saliva para anasofaringe. A ação peristáltica da musculatura

da faringe, mais a atividade do dorso da língua,

transporta a saliva para a laringofaringe. A ativi-

dade muscular fecha a laringe e as epiglotes se

colocam horizontalmente, obliterando a laringe

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HÁBITOS EMORTODONTIA 257

na sua parte superior. Por uma fração de segun-

do a respiração é interrompida. Este mecanismo

deglutição-respiração tem que ser perfeitamente

coordenado para que não ocorra a penetração

de uma partícula alimentar pela laringe, indo

alojar-se no pulmão. Para abrir a luz da faringe,que é mais estreita que a laringe, esta última faz

movimentos para a frente e para cima (elevação

do hióide por ação dos músculos supra-hiói-

deos). Por diferenças de pressão e pela ação dos

movimentos peristálticos a saliva se dirige ao

esôfago. A epiglote volta passivamente à sua po-

sição original, o palato mole se abaixa e com isto

a passagem aérea se abre novamente (Fig. 13.2).

Fig. /3.2. l • lábio. 2. dentes . 3. palato dur o. 4. lí ngua . 5. palato mole .

6 . cavi dade nasal . 7. epiglo te . 8. la ringe . 9. far ing e.

3 - EQUILíBRIO MUSCULAR

Durante uma deglutição normal é im-

portante que haja um perfeito equilíbrio, ou

um equilíbrio com forças que se anulem, entre

os músculos dos lábios, bochecha e língua.

-língua

Equilíbrio Muscular - lábio

Qualquer ruptura deste equilíbrio, causada

pelos lábios, língua, ou ainda pelo músculo da

bochecha, irá originar as deglutições atípicas e

como conseqüência a má oc1usão. O osso, em-

bora pareça uma estrutura dura, é um tecido

bastante plástico, moldando-se às pressões mus-culares e é sobre este princípio que se baseia

toda a ortodontia (Fig. 13.3).

.,

~ . .. : t '

i I"

F ig. 13.3. I. l ín gu a. 2. lábio. 3. bochecha.

1 1 - DEGLUTIÇÃO ATíPICA

Como já foi dito, a deglutição atípica se

origina basicamente de um desequilíbrio da

musculatura entre a cinta muscular perioral e

a língua.)

I -CAUSAS

As causas mais prováveis das deglutições atí-

picas são:

a) Desequilíbrio do controle nervoso -

são crianças que, por um problema neurológi-

co, não têm controle sobre a musculatura nem

coordenação motora; conseqüentemente tam-

bém não mantêm o equilíbrio muscular duran-

te a deglutição.

b) Tonsilas inflamadas - amigdalites cons-

tantes fazem com que, a cada deglutição, a criança

coloque a língua numa posição mais anterior den-

tro da cavidade bucal, com o intuito de que a lín-

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258 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO

c) Macroglossia - são raras e ocorrem nor-

malmente em pacientes portadores de cretinis-

mo. São línguas com aspecto volumoso, ondula-

das, dando a impressão de que não cabem den-tro da cavidade bucal. Quando pedimos ao

paciente para colocar a língua para fora, ele nãoconsegue "fazer ponta" e, sim, joga a língua fla-

cidamente. Este sintoma denota não uma ma-

croglossia, mas sim uma língua hipotônica, fláci-

da, que não vai ser corrigida com cirurgia, mas

com exercícios musculares específicos.

d) Anquiloglossia - língua anquilosada que

não consegue realizar os corretos movimentos

de uma deglutição.

e) Freio lingual anormal - ou língua presa.

A correção se faz cirurgicamente.

f) Perdas precoces dentais e diastemas ante-riores - faz com que a criança comece a colocar

a ponta da língua nesses espaços, desenvolven-

do o hábito da deglutição com interposição lin-

gual anterior.

g) Desnutrição - ocasiona um quadro de dis-

túrbio neurológico.

h) Fatores simbióticos - sucção de dedo, res-

piração bucal, etc.

i) Hábitos alimentares inadequados na primei-ra infância.

2- DIAGNÓSTICO

Para diagnosticar uma deglutição atípica,

tem-se que observar alguns aspectos no pacien-

te durante o ato da deglutição, tais como:

a) Posicionamento atípico da língua.

b) Ausência de contração dos masseteres.

c) Participação da musculatura erioral

compressionamento do lábio e movi entos

com a cabeça.

d) Sopro ao invés de sucção.e) Tamanho e tonicidade da língua.

f) Cuspir ou acumular saliva ao falar.

g) Baba noturna.

h) Dificuldades na ingestão de alimentos

sólidos.

i) Desvios na fonação.

A deglutição atípica caracteriza-se por umaparticipação ativa da musculatura perioral. Ob-

serva-se mímica com os músculos dos lábios,

pressão das comissuras e participação muitas ve-

zes dos músculos do mérito. Nota-se inclusive,

movimentos para trás com a cabeça, principal-

mente na ingestão de alimentos sólidos. Algu-

mas crianças, como não conseguem selamento

anterior correto, deixam escapar salivapelo can-

to dos lábios. Se colocarmos as mãos sobre os

masseteres não notamos contração dos mesmos,

indicando que a deglutição está sendo feita sem

a oclusão dos dentes. O cliente pode relatar

baba noturna, o que indica também uma respi-

ração bucal. Todos estes aspectos levam normal-

mente a sérios desvios na fonação.

3 - TERAPÊUTICA DA

DEGLUTIÇÃO ATíPICA

A. Métodos funcionais - realizados normal-

mente por fonoaudiólogo, visando reeducar a

musculatura envolvida na deglutição.

B. Métodos psicológicos - feitos por psicólo-

gos através de condicionamento e hipnose.

C. Métodos mecânicos - executados por or-

todontistas através de aparelhos que visam im-pedir ou direcionar a posição da lingua duran-

te a deglutição. Alguns também agem sobre o

posicionamento labial e músculos do mento,

ativando ou liberando sua atividade.

D. Métodos mistos - são os mais indicados

aliando os aparelhos a exercícios mioterápicos

específicos.

4 -TIPOS DE DEGLUTIÇÃO ATíPICA

A. COM PRESSÃOATÍPICA DE LÁBIOB. COM PRESSÃOATÍPICA DE LÍNGUA

A. Deglutição com pressão atípica de lábio

(interposição labial)

Ocorre em pacientes que, aguarda em re-

pouso, os lábios não entram em contato. Na oca-

sião da deglutição, o selamento da parte anterior

da cavidade bucal não é feito pelo simples conta-

to do lábio superior com o inferior, mas através

de uma forte contração do lábio inferior inter-

pondo-se entre os incisivos superiores e inferio-

res. Os incisivosinferiores, portanto, vão se incli-

nando para lingual e apinhando, enquanto os

incisivos superiores vão vestibularizando-se. O lá-

bio superior, como não participa da deglutição,

torna-se cada vez mais hipotônico, dando um as-

pecto de lábio curto. O lábio inferior, no entanto,

pela sua grande participação, torna-se cada vezmais hipertônico, assim como também os múscu-

los do mento. A perda do contato funcional an-

terior favorece a extrusão dental, aumentando a

sobressaliência e a sobremordida. O deslocamento

vestibular dos incisivossuperiores rompe o ponto

de contato entre incisivoslaterais e caninos, favore-

cendo a migração dos segmentos posteriores.

O quadro final é uma má oclusão de ClasseII,

divisão1 com sobremordida profunda (Fig. 13.4).

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HÁBITOS EMORTODONTIA 259

.4C

13.4B

13.4E

Figs. I3 .4A,8,C, O e E - Cas o c lín ic o d e uma p ac ie nte com in terposição labial inferior.

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13.4F

13.4H

260 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO

TRATAMENTO

Para a correção do pressionamento atípico do

lábio usa-se uma Placa Lábio Ativa ou "Lip Bum-

per". Trata-se de um arco com fio ortodôntico de

1,2mm com a parte anterior recoberta por acnli-

co. Este aparelho pode ser encaixado nos tubos

3

13.

Fi g . /3.4F ,G e H-Pac ient e portad or de uma deg lut ição atíp ic a com i nte rp os iç ão labial infe rio r. Notar o posicionament o labia l superior e inferio r

r- durant e a deglutição.

13.5A

- .

de bandas cimentadas nos primeiros molares in-

feriores (se o paciente já tiver as raizes dos mola-

res completas) ou a uma placa de Hawley inferior

(Fig. 13.5). Sua função consiste em impedir o

pressionamento incorreto do lábio durante a de-

glutição, além de liberar a tonicidade tanto do

lábio como dos músculos do mento (Fig. 13.6).

13.:>

. ,3..5. Plac a lábio at iv a inferio r ou "Iip bu mpe r" encaixad o em b and as n os prim eiro s m ol ar es i nf er io res (A ) e acoplàdo a uma placa de Hawley

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HÁBITOS EMORTODONTIA 261

F ig. , 3.6. V ista la te ra l d a p la ca lá bio a tiv a, q ue d ev e fic ar a fa sta da em aproximadamente meio centímetro da face vestibular dos incisiv o s i n fe r io r es,

l iberando a pressão m uscu la r d o lá bio inferior . .

Quando o paciente apresentar deglutição

atípica com interposição do lábio superior, o

"Lip Bumper" ou Placa Lábio Ativa vai ser colo-

cado no arco superior, exercendo a mesma

função do caso anterior.

Para se corrigir a mordida profunda vamos

utilizar uma placa de levantamento de mordida

anterior, que consiste de uma placa de Hawleysuperior com acn1icomais espesso na região pala-

tina dos incisivos superiores. Quando o paciente

oclui, os incisivos inferiores tocam neste acn1ico,

impedindo que continuem a extruir, deixando os

dentes posteriores sem oclusão. Sabe-se que den-

tes sem oclusão com o antagonista extruem, le-

vantando portanto a mordida. Para um bom re-

sultado, no entanto, este aparelho deve ser usado

24 horas por dia, em pacientes cujo vetor de cres-

cimento facial tende para horizontal (Fig. 13.7).Contudo, sejá houve muita extrusão dos anterio-

res e o paciente tem um crescimento vertical, ne-

cessita-secolocar um arco de intrusão de incisivos

(aparelho fixo), pois a extrusão dos posteriores,

para levantamento da mordida, está totalmente

contra-indicada.

Se a Classe IIjá se instalou, tem-se que redu-

zi-Ia através do uso do extrabucal. Caso as raí-

zes dos primeiros molares já estiverem com ri-zogênese completa, o arco extrabucal pode ser

encaixado nos tubos de bandas dos molares

superiores. Se não, deve-se acoplar o arco ex-

trabucal a uma placa de Hawley superior e, des-

ta maneira, o aparelho recebe o nome de

"splint" ou arco extrabucal conjugado (AEB

conjugado). Neste caso, o "splint" deve ser con-

feccionado como uma placa de levantamento

de mordida anterior e possuir um parafuso ex-

pansor mediano, com a finalidade de compen-

sar, em lateralidade, o ajuste entre o arco supe-

Fig. , 3 . 7 . Vi sta oc /us al e la te ral de uma plac a de le vantamento de mordida an terior .

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262 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO

rior e o inferior durante a redução da Classe 1 1 .

A tração feita deve ser uma tração média ou

alta, que é dada pelo casquete do tipo IHG

(Fig. 13.8).

Portanto, um paciente portador de Classe 11

divisão 1a com projeção da maxila, crescimento

horizontal e sobremordida profunda, cuja etio-logia é um hábito de deglutição atípica com in-

terposição do lábio inferior, deve usar ao mes-

mo tempo: "Lip Bumper", placa de levantamen-

to de mordida anterior e aparelho extrabucal.

Para a correção da hipotonicidade do lábio

superior é preconizado que o paciente faça al-

guns exercícios, no sentido de aumentar o tônus

13.8A

13.8D

muscular. O aparelho utilizado como auxiliar

nos exercícios para tonificação labial é a placa

vestibular ou escudo vestibular (Fig. 13.9).

O escudo vestibular mostrou ser um apare-

lho versátil e simples no tratamento intercepta-

tivo precoce das deformidades do arco dental.

Sua ação se produz basicamente na correçãoda disfunção muscular perioral. As funções

musculares falhas provocam má oclusão nor-

malmente com um excesso de "overjet". Os

mesmos músculos que têm o potencial defor-

mador podem ser usados para corrigir más

oclusões dentais. Este tipo de aparelho foi de-senvolvido em 1912 por ewel.

F ig s. /3. 8A,B,C ,D e E - C/asse 1/ divisão ' 0 com sob r emo rd id a e sobressaliên cia de "mm.

13.

13.

13.8I.

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HÁBITOS EMORTODONTIA 263

F

H

F ig s . 13 .8F, G, H, I, J e K - P rim eira fa se d o tra ta mento onodõmico em pregan do ar co ext rabuca l con jugad o.

13.8G

13.81

13.8K

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264 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO

13.8L

/13.8N

'\0:' •.,

~ : r ! : ·

\

Fig s . /3 .8L , M , N, o e P - Pa cien te portador de perfil convexo e

maxila pr ot ruída.

13.

13.

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HÁBITOS EMORTODONTIA 265

F i g o /308Q, R e S - O uso do AEB conjugado reduziu a p ro trus ão maxi lar .

o .

..-r-----

F i g o / 3 0 9 A - Vista do esc ud o ve sti bu la r con feccio na do n os m od elos em oc/usão e adaptado na boca .

13.8R

13.8S

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266 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTOCLíNICO

13.9B

13.9C

As indicações:para o uso-doescudovestibularsão:

a. Correção do hábÍtó de 'sucção digital, de

morder lábios e da interferência lingual.

b. Correção da respiração por via bucal,

quando as vias aéreas estão abertas.

c. Correção da ligeira distoclusão, com pro-

trusão de pré-maxíla e mordida aberta, em

dentição decídua e mista.

d. Correção da hipotonicidade labial.

Para a construção do escudo vestibular, ini-

cialmente faz-sea moldagem do arco dental supe-

rior e inferior e confeccionam-seosmodelos de ges-

so. Com osmodelos posicionados em oclusão cen-

tral, constrói-sea placavestibular em acrílico.

13.9

"

Fig. /3.98, C e O - S eq üê ncia de exercícios realizados, com e sem o

e sc ud o v es ti bu la r, no sen tid o d e m elh ora r o tô nu s m us cu lar do lábio

superior ,

o aparelho deve tocar os incisivos maxilares

e ficar distante 2 a 3 mm dos dentes posteriores

a fim de afastar os músculos da bochecha e

deixar que a língua propicie a expansão da ar-

cada posterior, e se estender até o sulco gengi-

vo-gengiano superior e inferior.

O escudo vestibular, dentre outras funções,

é utilizado para exercícios de tonicidade da

musculatura labial ejugal. Quando da sua con-

fecção, coloca-se um gancho de metal na parte

anterior, no qual se prende um elástico.

O paciente, ou os pais, devem puxar este

elástico e a criança tenta segurar o escudo

com os lábios, em movimentos repetitivos fei-

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.10A

HÁBITOS EMORTODONTIA 267

tos no rrnrumo 20 a 30 minutos por dia. O

escudo vestibular pode ser perfeitamente

substituído por uma chupeta com o bico cor-

tado. Quando não estiver fazendo exercícios,

a criança deverá ser orientada no sentido de

manter os lábios em contato. Frânkel reco-

menda segurar com os lábios uma folha de

B. DEGLUTIÇÃO COM PRESSÃO

ATíPICA DE LíNGUA

Em pacientes com este tipo de problema,no momento de deglutir, os dentes não entram

papel enquanto estiver estudando ou assistin-

do televisão. As visitas ao consultório, no iní-

cio, deverão ser a cada 2 ou 3 semanas, para

motivar o paciente e garantir maior coopera-

ção dos pais. Quando iniciarem os resultados,

as visitas poderão espaçar para 2 ou 3 meses

(Figs. 13.10 e 13.11).

13.10B

' .F ig . /3./ O.Chupeta sem o bico de borracha, tam bém indicada para

exercícios de tonificaçã o da musc ulatura labial.

Hg. 13 .11 . C riança se gu ra ndo u ma fo lh a d e p ap el entre os lábios como

ex erc íc io p ara m an te r o c on ta to la bial .

em contato. A língua se aloja entre os incisivos,

podendo às vezes se interpor entre premo lares

e molares. ota-se também contração dos lá-

bios e das comissuras, o que acarreta um estrei-tamento do arco à altura dos caninos e do mús-

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cuja altura preenche todo o espaço da mordida

aberta anterior, indo até a incisal dos incisivos

inferiores. Em casos especiais, a grade impedi-

dora pode ser fixa, soldada a bandas ou coroasmetálicas. Essesaparelhos acima citados agem só

como impedidores, não corrigindo o hábito.Além de impedir a interposição da língua,

a aparatologia removível pode servir também

como aparelho reeducador do posicionamen-

to lingual através de um orifício ou anel metá-

lico à altura da papila palatina. O paciente

deve ser orientado pelo profissional para que,

a cada deglutição, coloque a ponta da língua

no lugar demarcado (Fig. 13.13).

Além de impedir e reeducar a musculatura

lingual, este aparelho pode ter um parafuso ex-

pansor mediano ou uma mola de Coffin, com afinalidade de descruzar a mordida posterior. A

ativação do parafuso expansor é feita uma vez

por semana (2/4 de volta se ativado na boca

ou 114 de voltà se ativado fora da boca).

Outra maneira de se descruzar a mordida

posterior é através de um quadrihélice ou bihé-

lice que é soldado às bandas dos molares supe-

riores por palatino. Sua ativação é feita com o

alicate tridente.

268 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO C:LÍNICO

culo mentoniano. Os músculos elevadores da

mandíbula não mostram nenhuma contração.

As deglutições com pressão atípica de lin-

gua classificam-se em:

A - TIPO I - NÃO CAUSAM DEFORMIDADE

B -TIPO n -COM PRESSÃo LINGUALANTERIOR

A língua, durante a deglutição, exerce

pressão nos dentes anteriores por lingual ou

entre eles. As deformidades são:

-Mordida aberta anterior: a pressão é realizada

na região anterior e a deglutição é efetuada com

os dentes desocluídos, ficando a língua numa posi-

ção como fosse ser mordida. Como conseqüência,

tem-se uma mordida aberta anterior.- Mordida aberta e vestibuloversão: a língua

além de se interpor entre os dentes na região

anterior, também exerce uma pressão anterior,

fazendo com que os incisivos superiores ey ou

inferiores exibam uma severa inclinação vesti-

bular (vestibuloversão).

- Mordida aberta anterior, vestibuloversão e

mordida cruzada posterior: o mesmo quadro

anterior, associado a uma mordida cruzada

posterior uni ou bilateral à altura dos molares,

devido à quebra do equilíbrio muscular entrelíngua e músculos da bochecha.

CORREÇÃO

Quando temos deglutição atípica com inter-

posição lingual anterior, a conduta inicial é a

colocação de um aparelho removível impedidor.

Este aparelho é uma placa de Hawley superior

com grade anterior que vai impedir que a língua

continue a se intepor entre os dentes (Fig.

13.12). Um outro impedidor de língua, tambémcomumente utilizado, é a muralha acrílica, onde

a grade impedidora é substituída por uma bar-

reira de acnlico atrás dos incisivos superiores,

13.12A

C - TIPO ,111- PRESSÃO LINGUAL LATERAL

A pressão lingual é realizada na região late-

ral do arco, a nível de premolares, sendo o

apoio obtido entre esses dentes do arco supe-

rior e inferior. As deformidades resultantes são:

-Mordida aberta lateral: a deglutição é reali-

zada com depressão da mandíbula, ficando a

língua presa na região dos premolares. Ocorremordida aberta lateral.

- Mordida aberta lateral e mordida cruzada:

ocorre mordida aberta na região de apoio, as-sociada a uma mordida cruzada posterior do

lado oposto, também devido a uma quebra do

equilíbrio muscular deste lado.

F ig. /3./1A - T ratam ento de mord id o abe rt a an te ri or, p ro vo cada por p re ssi onament o a tí pi co de li ng ua n a r egião anterior, com grade impedidora.

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HÁBITOS EMORTODONTIA 269

12B

Figs . /3. /2 B e C - V is ta e xt ra b uc al evidencia nd o h ip oto nic id ad e lab ia l.

1ID

12F

13.12C

13.12E

13.12G

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270 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO

13.12H

F igs. /3./20, E, F , G, H e / - Se qüê ncia do tratam en to e aspe ct o [mal .

CORREÇÃO

Quando a deglutição atípica for com pres-

são lateral de língua, o aparelho utilizado é o

mesmo anterior, só que a grade impedidora

será colocada na lateral, e, ao mesmo tempo, a

língua deve ser orientada para uma posição

correta durante a deglutição através do reedu-

cador (Fig. 13.14).

D - TIPO IV - PRESSÃO LINGUAL ANTE-

RIOR E LATERAL

As más oclusões resultantes são:

- mordida aberta anterior e lateral

- mordida aberta anterior e lateral com ves-

tibuloversão

- mordida aberta anterior e lateral com ves-

tibuloversão e mordida cruzada posterior

1 1 1 - HÁBITO DE POSTURA

Asdeformidades dos arcos podem ser causa-

das também pelas pressões anormais de postu-ras ao dormir ou sentar-se. O mais comum é o

hábito de apoiar o rosto sobre a mão ou des-

13.

Figs . /3./3 - V is ta o cl us al d e uma placa com mu r al ha a cr íl ic a e um

on iki o na re gião da papila pa lat ina. A lém de impedi r, ree duca o

posicionam ento lingual.

cansar o rosto sobre o antebraço durante osono. O tipo de má oclusão causado por este

hábito geralmente é unilateral e localizado noarco superior.

O que ocorre é o seguinte: o peso da cabeça

passa aos tecidos da região maxilar e se localiza

ali por ação da mão ou braço. As estruturas da

mandíbula não são afetadas, pois este osso é

móvel e escapa às pressões, deslizando. Os den-

tes da maxila, portanto, sofrem uma inclinação

para palatino, ocasionando uma mordida cru-zada posterior.

Outro hábito freqüente é o de apoiar as

mãos, ao ler ou estudar, com a eminência pal-

mar e base do polegar, descansando contra os

premo.lares e molares superio.res, pro.vocando,

com esta pressão., um deslocamento lingual

dos dentes. Nem todo.s os que praticam este

hábito de po.stura têm desvios da o.clusão, pois

muitas vezes dependem da prática constante

do hábito.

O hábito. de po.stura, portanto, resulta

em uma mo.rdida cruzada posterior unilate-

ral, sem desvio da linha média (mordidacruzada posteri or unilateral verdadeira)

(Fig. 13.15).

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HÁBITOS EMORTODONTIA 271

14B

F ig s. 1 3. 1 4A , B e C - Visualiza ção de uma mordida aberta la te ra l p rov ocad a p elo p ress ionamento atípi co de lingu a. Instalação de um impe di do r

c om g rad e l at er al.

15A

"

F ig s. 1 3.15A - Cr iança apoi an do o ro sto sobre a mão , pr ovocan do mordida cruzada po ster ior unila teral sem desvio d e lin ha média.

13.14C

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272 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO

13.15B

13.15E

Quando houver desvio da linha média, a

etiologia da mordida cruzada não será o há-

bito de postura e sim um desvio mandibular

causado possivelmente por um contato pre-

maturo dos caninos decíduos (mordida cru-zada posterior unilateral falsa ou funcional)

(Fig. 13.16).

13.13

F ig. 13.158, c, D, E e F - Caso clinico com má oclusõo res u lta nte d o

h ábito d e p ostura .

13.1

CORREÇÃO

Usa-se, para a correção do hábito de pos-

tura, uma placa de Hawley na qual é acopla-

da uma grade vestibular. Este aparelho servi-rá como um lembrete ao paciente. Assim,

toda vez que ele apoiar a cabeça sobre a

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3.16C

HÁBITOS EMORTODONTIA 273

.16A

.16D

mão ou o braço, pressionará a bochecha

contra esta grade.

Para corrigir a mordida cruzada posterior

unilateral verdadeira, usa-se elástico 1/8, que,

da face lingual do dente superior, se estende à

vestibular do inferior, ou um expansor supe-

rior assimétrico. o lado com oclusão normal,

o acrílico abrangerá mais dentes e servirá como

ancoragem. Pode-se também estender o acríli-

13.16B

F ig . 13 . 16 . M ordida cruzada posterio r unila tera l fa lsa ou fun ci onal.

Noto-se grande de svio da linha médi a.

13.16E

co até a face lingual dos incisivos inferiores do

lado não cruzado, para aumentar a ancoragem

(Fig. 13.17).

Quando, no entanto, a mordida cruzada pos-

terior unilateral é funcional também se usa um

expansor, só que com corte mediano e a cada

ativação tenta-se reposicioriar a mandíbula,

ajustando-se a linha média (Fig. 13.18). Depois

de algumas ativações, os dentes entram em oclu-

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274 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTOCLíNICO

são, mas possivelmente o paciente ainda desvia-

rá a mandíbula devido às forças musculares que

não se acomodaram à nova posição. Neste mo-

mento recomenda-se recobrir as cúspides dos

dentes superiores posteriores e, quando o acríli-

co ainda estiver plástico, levar a mandíbula àposição correta (acertando linha média) e fazer

o paciente marcar as cúspides dos inferiores.

IV - HÁBITO DE ONICOFAGIA

o hábito de roer as unhas geralmente é

uma substituição ao ato da sucção do dedo ou

da chupeta. Não deve-se repreendê-lo, pois

normalmente está relacionado a graves distúr-

bios emocionais e não causa problemas de

oclusão, uma vez que produz pressão só no lon-

go eixo dos dentes. Alguns autores, no entanto,

acreditam que a onicofagia interfere no desen-volvimento normal da face, muitas vezes po-

dendo, dependendo da freqüência e intensida-

de, provocar uma predominância da compo-

nente vertical do crescimento da face, dando

como resultado, juntamente com a deglutição

atípica, a instalação de mordida aberta anterior

(Fig.13.19).

Fig . /3./7. Expansor com corte u n il at er al p a ra a correção de m ord ida cruzada pos t er io r u ni la te rql causada por um hábito de postura . N um a visão

p ós te ro an te ri or n ota r o p ro lo ng am en to d e a crílic o a té a lin gu al d os in fe rio re s p ar a a um en ta r a ancoragem.

F ig. /3./8. Expansor com corte m ed ia no para a correção de uma

mord ida c ruzad a po sterio r unilatera l falsa o u fu ncion al. Fig. /3. /9. C ria nç a p ortadora do hábito de onico fa gia.

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3.20A

HÁBITOS EMORTODONTIA 275

CORREÇÃO

Para a correção da onicofagia há necessida-

de da conscientização do paciente. O terapeuta

deve levar em consideração se a criança se dis-

põe a abandonar o hábito. É a manifestação da

necessidade insatisfeita de morder, também li-

gada a um estado psicoemocional de ansieda-

de. Pede-se ao paciente que procure morder o

morde dor de borracha cinco minutos sem pa-

rar toda vez que tiver vontade de roer unha.

Pede-se também que, quando estiver ansioso,

pegue o morde dor e faça o exercício durante

cinco ou dez minutos. Uma outra tentativa

para a remoção do hábito é pedir ao paciente

que vá elegendo um dedo por semana para

deixar que a unha cresça. Os outros podem ser

roídos quando tiver vontade.

v -HÁBITO DERESPIRAÇÃO BUCAL

A respiração bucal normalmente se associa

a pacientes com interposição de língua e de

lábio, As causas da respiração bucal podem ser:

obstruções das vias aéreas superiores, desvios

do septo, inflamação da membrana basal, cor-

netos inflamados, adenóides, ete.

O que ocorre, portanto, é que durante a

inspiração e expiração o ar só passa pela cavi-

dade bucal, dando como conseqüência um

aumento da pressão aérea intrabucal. O pala-

to portanto vai se modelando e aprofundan-

do e, ao mesmo tempo, como o ar não transi-

ta pela cavidade nasal, deixa de penetrar nos

seios maxilares que ficam atrésicos, dando

um aspecto característico ao paciente. Nota-

se também uma atresia transversa no maxilar

superior, com conseqüente mordida cruzada

posterior bilateral óssea. 1 uma visão extrabu-

cal o paciente possui "faces adenoideanas",

ou seja, rosto alongado e estreito, olhos caí-

dos, olheiras profundas, sulcos genianos mar-

cados, lábios entreabertos, hipotônicos e res-

secados e sulco nasolabial profundo. Esses

pacientes freqüentemente possuem degluti-

ção atípica e postura de língua e lábios incor-

retos (Fig. 13.20).

13.20B

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276 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO

13.20C

13.20E

CORREÇÃO

Feita a devida avaliação, e, se necessário, deve-

se enviar o paciente ao otorrinolaringologista

para solucionar a obstrução nasal. Isto no entanto

não é suficiente, pois, removida a causa direta, o

paciente continua com o hábito. Há necessidade

de que a musculatura seja reabilitada através de

exercícios funcionais que fortaleçam os músculos

periorais, para que os lábios se mantenham jun-

tos. A respiração também deve ser reeducada

através de exercícios respiratórios. Os exercícios

de fortalecimento muscular devem ser feitos com

chupeta ortodôntica e placa vestibular.

Fig. /3.20 - A specto ext ro e int ra bucal de um respirador bucal com

"faces adenoideanas" e mord ida cruzada posterior bilateral óss ea e

a tr es ia d o maxilar superior .

Para a correção da respiração bucal, o

aparelho utilizado é o escudo vestibular queimpede a penetração do ar pela boca. A res-

piração, portanto, se faz obrigatoriamente

pelas vias aéreas superiores. Recomenda-se o

uso do' escudo vestibular inicialmente com

orifícios que devem ser gradativamente dimi-

nuídos. É importante observar se não existe

uma real obstrução nasal que deverá ser pri-

meiramente eliminada.

A atividade aérea nasal aumentada estimula

o tecido nasal, os seios maxilares e a circulação

paranasal, e pode ter uma influência favorável

no crescimento de estruturas ósseas ·contíguas.

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HÁBITOS EMORTODONTIA

Sendo a respiração nasal mais difícil que a bu-

cal, o escudo induz, portanto, a um exercício

mais intenso dos músculos da respiração.

Para a correção da mordida cruzada posterior

provocada pela atresia transversa do maxilar su-

perior, usa-se o disjuntor fixo, que vai promover a

ruptura da rafe mediana (Fig. 13.21).

Fi g. /3.2/ - Disjunt o r f ixo c imen tado no a rco d en ta l supe rio r.

VI - HÁBITO DESUCçÃO

A sucção do polegar provoca, na grande

maioria das vezes, uma mordida aberta ante-

rior e distalização da mandíbula, ocasionadapor pressão exercida pela mão e braço.

O hábito de sucção resulta em um estreita-

mento dos arcos superior e inferior nas regiões

de caninos,molares decíduos ou premolares e

em menor grau na região de molares superiores.

Este hábito não somente produz deformação por

pressão sobre os arcos, como também prejudica a

estabilidade do osso alveolar, impedindo o conta-

to funcional dos planos inclinados dos dentes.

Tem-se, portanto, uma vestibularização dos

dentes superiores anteriores, e uma mordidaaberta originada da interferência do polegar en-

tre os arcos. O não contato dos dentes provoca

uma rotação de mandíbula no sentido horário. A

pressão do dedo não se faz somente sobre os den-

tes, mas também sobre o osso alveolar e palato,

provocando uma pressão negativa intrabucal e,

como conseqüência, o palato se estreita e apro-

funda. A língua, durante a deglutição, ocupa

uma posição projetada no intuito de promover o

selamento anterior. O posicionamento da mão e

do braço sobre a mandíbula funciona ortopedica-mente, agravando ainda mais a rotação mandibu-

lar (Fig. 13.22).

Nem todos os que praticam uma sucção

anormal apresentam arcos deformados e os

dentes em má oclusão. Isto depende da posição

que ocupam os dedos usados neste ato, da du-

ração e freqüência da repetição do hábito e do

tipo de tecido ósseo sobre o qual atua.

Não devemos confundir hábito de sucção

anormal com uma fase normal do desenvolvi-

mento da criança, que é a fase bucal, onde sua

maior percepção e tato estão na boca.

Se a criança tem realmente o hábito da suc-

ção é porque tem necessidade psicoemocional

deste ato, pelo menos inicialmente. Os hábitos

bucais estão intimamente relacionados com o

estado emocional da criança e ela o executa

nos momentos de angústia ou ansiedade.

Fi g. /3.22. Criança p orta do ra d o h ábito de suc çã o d o p ole ga r. N otar

o pressionamento do dedo sobre os incisivos su periore s e inferi ores,

so bre o palato , a ssim co mo o po sic ion am ento lingu al .

277

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278 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO

CORREÇÃO

Deve-se tomar muito cuidado na remoção do

hábito, pois, do ponto de vista freudiano, a

abrupta interferência pode induzir ao apareci-

mento de tendências anti-sociais muito mais

difíceis de conviver do que o próprio hábito.

Métodos agressivos como: espeto na extre-

midade do dedo, gesso, tala para o braço,

amarrar a criança ao dormir, etc., hoje em dia

são totalmente condenáveis.

A simples colocação de uma placa de Haw-

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ley irá impedir o contato do dedo com o pala-

to, perdendo com isto o prazer da sucção e aos

poucos a criança vai eliminando o hábito.

Pode-se também incluir nesta placa uma grade

que servirá simplesmente como um lembrete,

desde que a criança esteja conscientizada da

função do aparelho.

Deve-se ter em mente que a má oclusão pode

ser corrigida em qualquer época, enquanto um

problema psicológico sério pode persistir por

toda a vida, levando a envolvimentos muito mais

graves que a própria má oclusão.

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HÁBITOS EMORTODONTIA 279

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