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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO TRÊS RIOS DIREITO PRINCÍPIOS CONTRATUAIS MARIANA GUADELUPE 201266048-5 Prof. Dr. Allan Rocha de Souza TRÊS RIOS 2014

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Princípios

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO TRS RIOS

    DIREITO

    PRINCPIOS CONTRATUAIS

    MARIANA GUADELUPE 201266048-5

    Prof. Dr. Allan Rocha de Souza

    TRS RIOS 2014

  • Sumrio

    RESUMO .............................................................................................................. 3 Abstract: ............................................................................................................. 3

    1. INTRODUO ................................................................................................ 4 2 PRINCPIOS CONTRATUAIS ......................................................................... 5

    2.1 Princpio da Autonomia Privada.................................................................. 5 2.2 Princpio da Obrigatoriedade dos Contratos................................................ 7 2.3 Princpio da Relatividade dos Contratos ..................................................... 8 2.4 Princpio da Supremacia da Ordem Pblica ................................................ 9 2.5 Princpio da Boa F objetiva...................................................................... 10 2.6 Princpio da Equidade Contratual .............................................................. 12 2.7 Princpio da funo social.......................................................................... 13

    3. Concluso ........................................................................................................ 15 REFERNCIAS .................................................................................................. 16

  • RESUMO

    O trabalho ir abordar os principais princpios contratuais, fazendo uma relao de como eram aplicados a poca do modelo clssico como no modelo moderno, os princpios sero abordados um a um, demonstrando suas utilidade e suas caractersticas, tambm ser feito um paralelo entre os princpios demostrando que um pode ser fonte limitadora de outro.

    Alm disso ser mostrado como os princpios contratuais aplicado ao caso concreto, utilizando a jurisprudncia do nosso Poder Judicirio.

    Palavras-chave: Princpios; Boa-F; Funo Social; Contrato.

    Abstract:

    The work will address the main contractual principles, making a list of how they were

    applied to the time of the classical model as the modern model, the principles will be

    addressed one by one, demonstrating its utility and its features, you also made a parallel

    between the principles demonstrating which can be another source of limiting.

    It will also be shown as the contractual principles is applied to this case, using the

    case-law of our judiciary.

  • 1. INTRODUO

    O conceito de contrato surgiu no passo em que as pessoas comearam a se relacionar e a viver em sociedade. O termo em si no est definido nem no atual Cdigo Civil nem mesmo no Cdigo de 1916. Entretanto, podemos conceitu-lo como uma convergncia de vontades entre as partes para um determinado fim.

    O doutrinador clssico brasileiro, Clvis Bevilaqua, conceitua o contrato como um acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos (1934, p. 245). Para Ulpiano trata-se de um mtuo consentimento de duas ou mais pessoas sobre o mesmo objeto. (apud, MONTEIRO, 2007, p. 04).

    O Cdigo Civil de 1916 assentou o contrato sobre trs principais principios: autonomia privada, obrigatoriedade dos contraratos e da relatividade, os princpios iro servir de base e norte para os contratos no que concerne a postura, conduta, limites e a igualde. Contudo, com a evoluo e a passagem do modelo clssico para o moderno, houve um surgimento de novos principios contratuais. Isso aconteceu devido as crticas da centralizao da vontade indiviual, como o fator para a produo do contrato e a legitimao do mesmo, alm do fato de que o novo Cdigo Civil, que trouxe o modelo clssico, ser pautado pela Constituio Federal de 1988, que regida pelos valores da isonomia, dignidade da pessoa humana e da solidariedade social.

    Assim temos a valorizao dos principios modernos, boa-f objetiva, funo social do contrato, equilbrio contratual em detrimento dos principios clssicos. Isso acontece devido ao fato de atualmente ser mais relevante a questo do aspecto social e da justia em detrimento da vontade individual, quando a mesma busca a "injustia".

  • 2 PRINCPIOS CONTRATUAIS

    2.1 Princpio da Autonomia Privada

    O princpio da autonomia privada um princpio da teoria clssica, baseia-se na liberdade de contratar, isto , a possibilidade de contratar ou no, a liberdade de escolher com que se vai contratrar e tambm a possibilidade de as partes fixarem o contedo do contrato, est ultima faculdade abre espao para que os contrantes no adotem as normas padres, conforme preceitua o art 425 do C/C de 2002: lcito s partes estipular contratos atpicos, observadas as normas gerais fixadas neste Cdigo.1

    Para Gustavo Tepedino2, essa expresso liberdade de contratar, utilizada em

    sentindo amplo nao restrigindo apenas sobre a deciso de contratar algo, mas tambm a escolha do contratante e a deciso sobre o contedo do contrato.

    A liberdade de contratar com o atual cdigo civil no absoluta, ou seja, ela est limitada pela supremacia da ordem pblica e pelos princpios socias, ou seja, a liberdade de contratar tem que ser exercida em razo e nos limites da funo social (art.421 C/C). Assim a funo social no elimina o principio da autonomia da vontade, mas diminui o alance desse principio quando os interesses individuais sobreponhem o interesse da sociedade. Alm do princpio da funo social, os princpios da boa f objetiva e do equlibro contratural ajudam a limitar a liberdade de contratual, tentando manter uma relao justa, moral e igualitria.

    Na jurisprudncia brasileira, o recurso especial especial n 1.105.663SP (2008/0248581-6) um exemplo de como o principio da autonomia da vontade aplicado no caso concreto, onde devido a um acidente de trabalho, o trabalhador atravs de um

    acordoextrajudicial abriu mo do tratamento que deveria receber por parte da empresa, em

    1 BRASIL. Cdigo Civil de 2002, art. 425. Disponvel em: . Acesso em: 27 de novembro de 2014.

    2 TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Maria Helena; DE MORES, Maria Celina Bodin. Cdigo Civil Interpretado conforme a Constituio da Repblica. Vol.2. So Paulo: Renovar, 2006. p. 06.,

  • troca de um valor em dinheiro e mais algumas prestaes. O Ministrio Pblicou interviu no caso, argumentando que a sade era uma bem indisponivel e que por isso o acordo no poderia surtir efeitos. Ocorre que o princpio da autonomia neste caso se sobrepe a qualquer manifestao por parte do Ministrio Pblico, tendo em vista que a liberdade de contratar no fere qualquer direito do deficiente e ainda assim o trablhado no abriu mo ao direito de sade, ele simplesmente optou em se tratar na rede de sade pblica em troca de dinheiro e outras obrigaes.

    O Recurso Especial N 1.070.316 - SP (2008/0138743-0) um outro exemplo de como o principio da autonomia privada influncia na tomada de decises pelo Poder Judicirio, neste caso o problema enfrentado refere-se possibilidade de exigir-se dvida resultante de emprstimo da prpria banca exploradora do jogo para apostas em corridas de cavalos, sendo que elas foram efetuadas mediante contato telefnico entre o recorrente e o recorrido, a atividade de corrida de cavalo regulamentada pela Lei n. 7.291/84/Decreto n. 96.993/88, no incidindo, as vedaes contidas no C/C para o jogo, sendo as apostas feitas nas dependncias do hipdromo, na sede social, nas subsedes, nas agncias autorizadas e por intermdio de agentes credenciados, mas nenhum momento eles probem a realizao delas por telefone e mediante o emprstimo de dinheiro da banca exploradora ao apostador. Diante disso no poderia dar provimento ao recurso especial pois fereria o princpio da autonomia, pois as partes so livres para contratar dentro dos limites que a lei no proibir.

    Podemos concluir que a partir da o pensamento moderno do contrato, a concepo social deste instrumento jurdico no importa, a ele somente a manifestao da vontade (principio da autonomia), mas principalmente os efeitos do contrato na sociedade tero que ser levados em conta.

  • 2.2 Princpio da Obrigatoriedade dos Contratos

    Em latim o princpio conhecido como pacta sunt sevanda, assim considerado como lei a ser aplicada entre as partes, desde vlido e que preencha os requisitos legais, seu principal objetivo o cumprimento obrigatrio entre as partes contratantes. Este princpio era previsto desde o direito romano, onde no poderia ser revisto ou extinto, era fundamentado no mais extremado individualismo, onde excessiva rigidez era dada ao que era combinado, transformando-se em direito inquestionvel.

    No est previso de maneira explcita no atual Cdigo Civil de 2002, o princpio da obrigatoriedade em alguns casos relativizado, como nas clusulas ambguas ou contraditrias, assim dever ser interpretao do contrato mais favorvel ao aderente, conforme preceitua o art.423 do CC/2002.

    No caso concreto vemos a aplicao deste princpio no julgado Resp n 1.158.815, onde o princpio da obrigatoriedade utlizado no voto vencedor como base assim considerando que as grande empresas ora recorridas, no so vulnerveis ao ponto de ignorarem o que contratam e no calcularem possveis prejuzos, portanto devem respeitar o pacta sunt servanda.

    Quando as partes se submetem a um contrato, convergncia de vontades, estes ficam obrigados a cumprir fielmente aquilo que fora acordado. Havendo um inadimplemento poder a parte lesada, com tal situao buscar o Poder Judicirio pleiteando uma indenizao, pelo no cumprimento do contrato.

    No Recurso Especial n 849.690, o princpio da obrigatoriedade dos contratos tido pelo relator como um postulado da segurana jurdica, porm esse princpio no teve prevalncia face aos princpios da funo social, da onerosidade excessiva e do direito fundamental dos direitos reais do recorrido alienar seu imvel, mesmo que hipotecado.

  • 2.3 Princpio da Relatividade dos Contratos

    Por esse princpio clssico ja era previsto no cdigo civil de 1916 e decorrente da liberdade contratual entendemos, em regra, que os contratos no obrigam seno as partes contratantes, no vinculando terceiros, ou seja, os efeitos so se produzem inter partes, entre aqueles que tiveram convergncia de vontades em relao a um determinado objeto, no afetando tercerios, somente produz efeitos entre os contratantes.

    Para Antnio Junqueira de Azevedo 3 ( principios do novo direito contratutal, pag 115)

    o princpio da relatividade, segundo o qual os efeitos do contrato cingem-se aos contratantes, no vinculando outros (res inter alios acta tertio neque nocet neque prodest, isto , o contrato no prejudica nem favorece terceiro)

    Em virtude da relativadade dos contratos, em regra, a obrigao vincula somente as partes e seus sucessores, a ttulo universal ou singular. Mas h excees como no caso do a) art.1792 do Cdigo Civil, dos hedeiros universais de um contrante que, embora no tenha participado da formao do contrato, em razo do princpio geral de direito ubi commoda ibi incommoda,sofrem efeitos; contudo, a obrigao do de cujus no se lhes trasmitir alm das foras da herana; b) da estipulao em favor de terceiro conforme preceitua o art.436 a 438 do C/C2002, que entende seus efeitos a outra pessoas, criando-lhes direitos e impondo lhes deveres, apesar de elas serem alheias constituio da avena, sobre esse assunto Orlando Gomes fala que o contrato por via do qual uma das partes se obriga a atribuir vantagem patrimonial gratuita a pessoa estranha formao do vnculo contratual4.

    3 AZEVEDO, Antnio Junqueira de. Princpios do Novo Direito Contratual. p. 115 4 GOMES, Orlando. Contratos. 26 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

  • 2.4 Princpio da Supremacia da Ordem Pblica

    E o prncipio que limita o princpio da autonomia da vontade, dando maior importncia ao interesse pblico, mesmo as partes tendo a liberdade de contratar, devem ser respeitados as questes como bons constumes, natureza social e a moral. A grande evoluo e a industrializao de que a ampla liberdade de contratar provocava desequlibrio, fez com que surgissem alguns movimentos em favor dos direitos socias e por isso foram surgindo leis especficas com intuito de garantir a supremacia da ordem pblica e das questes acima explicitadas acima foram elas a Lei de Economia Popular, a Lei da Usura e o Cdigo de Defesa do Consumidor.

    A ordem pblica no assegurava a igualdade ecnomia e tinha como princpal vertce a igualdade poltica, diante disso era necessrio a interveno do Estado para garantir a isonomia entre os contratantes. Atualmente intensa a interveno do Estado na vida contratural em campos de suma importncia para sociedade como na ara dos seguros, do sistema financeiro e nos consrcios, caracterizando um dirigismo contratual.

    No atual ordenamento jurdico brasileiro, o art.1.655 nula a conveno ou clusula dela que contravenha disposio absoluta de lei5, do Cdigo Civil de 2002 e o art.17 da LINDB As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons constumes demonstram o princpio em questo.

    Na jurisprudncia encontramos o princpio da supremacia da ordem pblica no julgado TJ-MS Apelao Civil: AC12120 MS 2005.012120-6. AO DE COBRANA - REVISO DE CLUSULA CONTRATUAL - POSSIBILIDADE - COMISSO DE PERMANNCIA. Em face do princpio da supremacia da ordem pblica, possvel alterar as clusulas que foram pactuadas livremente pelas partes. A comisso de permanncia prevista em contratos bancrios qualifica-se como disposio que sujeita o ato ao arbtrio de uma das partes, razo pela qual ilcita.

    5 BRASIL. Cdigo Civil de 2002, art. 1655. Disponvel em:< www.planalto.gov.br>. Acesso em: 29 de novembro de 2014.

  • 2.5 Princpio da Boa F objetiva

    Foi introduzido no ordenamento jurdico brasileiro no Cdigo Civil vigente, como tambm na Constituio Federal de 1988 e no Cdigo Defesa Consumidor (arts 4, III e art.51 IV) portanto um princpio moderno, no Cdigo Civil est previsto no Art. 422. Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade e boa-f.

    Primeiramente cumpre ressaltar que a boa f e bons costumes so distintos, a boa f refere a conduta que as partes deveram ter desde o incio da relao contratual at a ps execuo do mesmo, j os bons costumes so valores morais essenciais para o convvio social.

    Importante tambm diferenciar a boa f subjetiva que nas palavras de Gustavo Tepedino A boa-f subjetiva relaciona-se com o estado de consicncia do agente por cosio de um comportamento6 da boa f objetiva tambm nas palavras de Gustavo Tepedino consiste em um dever de conduta. Obriga as partes a terem comportamento compatvel com os fins ecnonmicos e socias pretendidos objetivamente pela operao negocial. Como aplicao ao direito contratual estar em anlise a bo-f objetiva.

    A boa f objetiva fonte criadora de deveres anexos, que so impostos a todos os contratantes (lealdade, assistncia, informao, sigilo, confiabilidade) por isso pode se dizer que ela impem uma conduta aos contratantes que dever ser fielmente seguida em todas as fases do contrato afim de busca os interesses e objetivos comuns. Diante de todo o exposto percebe-se que a funo da boa f objetiva no ordenamento jurdico brasileiro de fazer com que as partes colaborem para que o objeto do contrato seja conseguido.

    O princpio da boa f e fonte limitadora da autonomia dos contratantes e tambm da obrigatoriedade do cumprimento dos contratos, primeiramente sem que esteje presente tal princpio a liberdade de contratar fica limitada, por isso se faz necessrio o princpio da boa f para que haja liberdade de contratao. Em relao ao princpio da obrigatoriedade dos contratos, se resta comprovado a m f na execuo do contrato est podera ser extinto e ainda poder a outra parte contratante reclamar uma indenizao.

    6 TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Maria Helena; DE MORES, Maria Celina Bodin. Cdigo Civil Interpretado conforme a Constituio da Repblica. Vol.2. So Paulo: Renovar, 2006. p. 16.

  • Na jurisprudncia encontramos a boa f objetiva aplicada aos seguintes julgados, RECURSO ESPECIAL N 758.518 - PR (2005/0096775-4), onde o recorrente alega em suas afirmaes violao dos arts. 1.057 do Cdigo Civil de 1916, 392 do CC de 2002, 53, 2, do CDC, sob o argumento de que a demora no ajuizamento da ao, neste caso o grande problema gira em torno da da controvrsia em saber se o promitente-vendedor pode ser penalizado pelo retardamento no ajuizamento de ao de reintegrao de posse c/c pedido de indenizao, sob o fundamento de que a demora da retomada do bem se deu por culpado credor, em razo da no observncia, por parte deste, do princpio da boa-f objetiva. Para a resoluo da questo fora utilizado o principio da boa f objetiva, pois este foi violado, devido ao fato de no haver a pautada pela probidade, cooperao e lealdade pelo reccorente pois o recorrente descuidou-se com seu dever de mitigar o prejuzo sofrido.

    Outro julgado que apresenta tambm a aplicao da boa f objetiva o RECURSO ESPECIAL N 1.255.315 - SP (2011/0113496-4).

    EMENTA CIVIL E PROCESSO CIVIL. CONTRATOS. DISTRIBUIO. CELEBRAO VERBAL. POSSIBILIDADE. LIMITES. RESCISO IMOTIVADA. BOA-F OBJETIVA, FUNO SOCIAL DO COTNRATO E RESPONSABILIDADE PS-CONTRATUAL. VIOLAO. INDENIZAO. CABIMENTO. DANOS MORAIS E HONORRIOS ADVOCATCIOS. REVISO. POSSIBILIDADE, DESDE QUE FIXADOS EM VALOR IRRISRIO OU EXORBITANTE. SUCUMBNCIA. DISTRIBUIO. CRITRIOS. 1. De acordo com os arts. 124 do CCom e 129 do CC/16 (cuja essncia foi mantida pelo art. 107 do CC/02), no havendo exigncia legal quanto forma, o contrato pode ser verbal ou escrito. 2. At o advento do CC/02, o contrato de distribuio era atpico, ou seja, sem regulamentao especfica em lei, de sorte que sua formalizao seguia a regra geral, caracterizando-se, em princpio, como um negcio no solene, podendo a sua existncia ser provada por qualquer meio previsto em lei. 3. A complexidade da relao de distribuio torna, via de regra, impraticvel a sua contratao verbal. Todavia, sendo possvel, a partir das provas carreadas aos autos, extrair todos os elementos necessrios anlise da relao comercial estabelecida entre as partes, nada impede que se reconhea a existncia do contrato verbal de distribuio. 4. A resciso imotivada do contrato, em especial quando efetivada por meio de conduta desleal e abusiva violadora dos princpios da boa-f objetiva, da funo social do contrato e da responsabilidade ps-contratual confere parte prejudicada o direito indenizao por danos materiais e morais. 5. Os valores fixados a ttulo de danos morais e de honorrios advocatcios somente comportam reviso em sede de recurso especial nas hipteses em que se mostrarem exagerados ou irrisrios. Precedentes. 6. A distribuio dos nus sucumbncias deve ser pautada pelo exame do nmero de pedidos formulados e da proporcionalidade do decaimento das partes em relao a esses pleitos. Precedentes. 7. Recurso especial no provido. `

  • 2.6 Princpio da Equidade Contratual

    Atualmente no mais aceito como antigamente que em um contrato uma das partes se beneficie, tire vantagem por ser economicamente mais forte, utilizando-se de informaes privilegiados, de assessoria. Diante desse fato que surge o princpio do equilibro dos contratos, que rege que os contratantes podero recorrer ao Judicirio para a obteno de condies dignas dentro da relao contratual, opondo-se ao princpio da obrigatoriedade dos contratos no qual este faz lei entre as partes.

    Tambm conhecido como princpio da reviso dos contratos ou da onerosidade excessiva trabalham duas teorias, a primeira a rebus sic standibus, que na palavra de Carlos Roberto Gonalves consiste basicamente em presumir nos contratos de trato sucessivo e de

    execuo diferida, a existncia implcita no precisa ser expressa de uma clusula7 pela qual a obrigatoriedade do cumprimento do contrato pressupe a inalterabilidade da situao de fato. Caso haja acontecimentos extraordinrios que tornem o contrato excessivamente oneroso para uma das partes, esta parte poder requerer ao Poder Judicirio que seja isento da obrigao, parcial ou totalmente.

    A segunda teoria a da impreviso que de certa forma vem expressa no nosso atual

    Cdigo Civil:

    Quando, por motivos imprevisveis, sobrevier desproporo manifesta entre o valor da prestao devida e o do momento de sua execuo, poder o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possvel, o valor real da prestao.8

    A aplicao do princpio da equidade contratual no caso concreto encontrado no julgado Resp N 476.649 SP/STJ onde um colgio apelando para a aplicabilidade da autonomia privada para garantir cobrana de multa moratria considerada abusiva de seu contratante, assim a relatora utilizou o princpio da equidade, e disse que necessrio o equilbrio no contrato, pois a multa moratria tem carter de clusula penal e, por isso, no deve ter natureza remuneratria, sim uma forma de impor o pagamento da prestao, diante disso considerou abusiva a multa moratria acordada entre as partes, devido ao fato de levar a uma sano desproporcional para o recorrido. Fora utilizado tambm os principios da boa f

    objetiva e da funo social.

    7 GONALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. III. 10.ed. So Paulo: Mtodo, 2013.

    8 BRASIL. Cdigo Civil de 2002, art. 317. Disponvel em: .

  • Como tambm no julgado Recurso Especial n811.670 MG (2006-0013678-2) Civil. Permuta de imveis financiados pelo SFH, em que cada parte assume o pagamento das prestaes da outra, sem transferncia dos contratos ou anuncia do agente financeiro. Morte de um dos muturios com a conseqente quitao do saldo devedor relativo ao imvel dado em permuta. Equilbrio contratual. Beneficiamento dos dependentes do falecido.- o seguro habitacional tem dupla finalidade: afianar a instituio financeira contra o inadimplemento dos dependentes do muturio falecido e, sobretudo, garantir a estes a aquisio do imvel, cumprindo a funo social da propriedade.- se o comportamento das partes, desde o incio, evidencia a inteno de ambas de manter o equilbrio do contrato e de se desvincular totalmente do bem dado em permuta, transferindo para o imvel recebido em troca todas as suas expectativas e esforos de aquisio da to sonhada casa prpria, o seguro decorrente do falecimento de um dos muturios deve vir em benefcio de seusprprios dependentes, na proporo do que for pago pela seguradora. Recurso especial conhecido e provido.

    2.7 Princpio da funo social

    O princpio da funo social adotada pelo no modelo contemporneo, no que se refere aos contratos ganha contornos de direcionamento a ser adotado a todos as relaes jurdicas. Atravs da funo social a idia de que o contratato no vista mais como uma relao somente entre os contratantes e seus interesses ganha fora, a partir de tal princpio alm de o contrato atender os interesses individuais necessrio que estes sejam exercecidos em conformidade com os intereses socias atinente dignidade da pessoa humana e reduo das desigualdades e a solidariedade, segundo os valores e princpios constitucionais.

    No nosso ordenamento jurdico a funo social est presente no art.421 do atual Cdigo Civil Art. 421. A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da

    funo social do contrato. Segundo o doutrinador Caio Mrio da Silva Pereira9 a funo social, na sua acepo mais moderna, desafia o princpio da autonomia da vontade, este que pemite a liberdade contratual, onde os contratantes tudo podem fazer. S que a funo social do contrato protege o coletivo, ou seja, evita a insero de clusulas que possam vir a prejudicar terceiros. Assim pode se afirmar que para que acontea uma relao contratual

    coerente se faze necessria a aplicao da funo social

    9 PEREIRA, Caio Mrio da Silva. Instituio do Direito Civil. vol III. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p.12.

  • Na jurisprudncia o Recurso Especial 573.059 RS, fica claro a preponderncia da funo social sobre a autonomia da vontade.

    PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAO SFH. FCVS. CESSO DE OBRIGAES E DIREITOS. CONTRATO DE GAVETA. TRANSFERNCIA DE FINANCIAMENTO. NECESSIDADE DE CONCORDNCIA DA INSTITUIO FINANCEIRA MUTUANTE. LEI N 10.150, DE 2000 (ART. 20)

    Por todo exposto pode se afirmar que o princpio da funo social, na atualidade, amplia o domnio do contrato a noo da ordem pblica, ou seja, o princpio considerado um fim para a preservao do acordo entre vontades.

    No Recurso Especial 803.481 GO/STJ, onde questo do caso gira em torno da possibilidade ou no de reviso de reviso do valor a ser pago por saca de soja em contrato de venda e compra de safra futura a preo certo.A relatora afirma que no foi infringido o princpio da funo social infligida ao contrato, no podendo desconsiderar seu papel primrio e natural, que o econmico. Ainda afirmou que no identificou excepcionalidade nos acontecimentos, tampouco coao do recorrido, para justificar alterao no valor das sacas de soja negociadas.

    Para Nelson Nery Jnior10, o contrato so estar conformado su funo social quando

    as partes se pautarem pelo valores constitucionais, como o da solidaderiedade (CF 3I), o da justia social (CF 170 caput), eo da livre iniciativa e fore respeitada, assim a dignidade humana (CF 1 III), Por fim ao lado do princpio da boa f, e do equlibirio contratural, caractristicos do modelo contemporneo do novo direito do contratural o princpio da funo social se torna um importante mecanismo para resoluo de comflitos por parte do Judicrio

    Brasileiro em busca de uma justia pautada nos objetivos socias da Constituio Federal.

    10 NERY JUNIOR, Nelson; DE ANDRADE, Rosa Maria. Cdigo Civil Comentado. 10.ed. So Paulo: RT, 2013.

  • 3. Concluso

    O presente trabalho demonstra a importncia dos princpios contratuais, tanto os clssico como os modernos, frente a sociedade, os princpios tornam se norteadores das relaes jurdicas para que possa ser alcanado o equilbrio justo entre liberdades e interesses e so extremamente essenciais para interpretao de normas do nosso ordenamento jurdico, principalmente por serem pautados face a nossa Constituio Federal Vigente.

    A evoluo dos princpios retirou a rigidez da execuo dos contratos, quebrou a cpsula que envolvia os contratantes como tambm limitou a liberdade de contratar face as anlises mais subjetivistas principalmente no que concerne a ordem social. Com o acontecido buscou a aplicao da boa f objetiva, da funo social e do equilbrio contratual como forma de buscar uma relao jurdica pautada em uma conduta correta e que haja isonomia entre os contratantes.

    Os princpios alm de serem um norte para a formao dos contratos servem tambm para limitar um princpio em outro para que haja uma soluo por parte do Poder Judicirio mais justa , sem que uma parte sai em vantagem com a outra.

    Diante de todo o exposto, conclui-se que para dominar a produo de contratos de forma eficiente sem que ocorra algum tipo de malefcio para alguma das partes, necessrio o estudo dos princpios que foram motivos de estudo por parte do trabalho.

  • REFERNCIAS

    AZEVEDO, Antnio Junqueira de. Princpios do Novo Direito Contratual.

    BRASIL. Cdigo Civil de 2002, art.421. Disponvel em: .

    GOMES, Orlando. Contratos. 26 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

    GONALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. III. 10.ed. So Paulo: Mtodo,

    2013.

    NERY JUNIOR, Nelson; DE ANDRADE, Rosa Maria. Cdigo Civil Comentado. 10. Ed. So

    Paulo: RT, 2013.

    PEREIRA, Caio Mrio da Silva. Instituio do Direito Civil. Vol. III. 13 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.