2ª aula de direito civil aplicado - enc.docx

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Extinção da personalidade natural Somente com a morte real termina a existência da pessoa natural, que pode ser também simultânea (comoriência). Doutrinariamente, pode-se falar em: morte real; morte presumida. morte silmultânea ou comoriência; morte civil. 1. Morte real A morte real é apontada no art. 6º do CC como responsável pelo término da existência da pessoa natural. A sua prova se faz: atestado de óbito ou por ação declaratória de morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º do CC); ou por justificação de óbito prevista no art. 88 da Lei de Registros Públicos (L. 6015de 1973), quando houver certeza da morte em alguma catástrofe, não sendo encontrado o corpo do falecido. O que a morte real acarreta? A morte real extingue capacidade e dissolve tudo (mors omnia solvir), não sendo mais o morto sujeito de direitos e obrigações. Acarreta a extinção do poder familiar, a

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Extinção da personalidade natural

Somente com a morte real termina a existência da pessoa natural, que pode ser também simultânea (comoriência). Doutrinariamente, pode-se falar em:

morte real; morte presumida. morte silmultânea ou comoriência; morte civil.

1. Morte real

A morte real é apontada no art. 6º do CC como responsável pelo término da existência da pessoa natural. A sua prova se faz:

atestado de óbito ou por ação declaratória de morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º do CC); ou por justificação de óbito prevista no art. 88 da Lei de Registros Públicos (L. 6015de 1973), quando houver certeza da morte em alguma catástrofe, não sendo encontrado o corpo do falecido.

O que a morte real acarreta?

A morte real extingue capacidade e dissolve tudo (mors omnia solvir), não sendo mais o morto sujeito de direitos e obrigações.

Acarreta a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo matrimonial, a abertura da sucessão, a extinção dos contratos personalíssimos, a extinção da obrigação de pagar alimentos, que se transfere aos herdeiros do devedor (CC, art. 1.700 CC) etc.

2. Morte presumida

A morte presumida (CC, art. 6º, 2ª parte, e 9º VI) pela lei se dá pela ausência de uma pessoa nos casos dos arts. 22 a 39 do CC e dos arts. 1.161 a 1.168 do CPC, apenas no que concerne a efeitos patrimoniais e alguns pessoais (CC, art. 1.571, § 1º).

morte presumida (artigo 7o.): é registrada no livro de óbito. Exemplos: Desaparecidos durante a ditadura militar, Ulisses Guimarães e Tsunami.

Um caso bem conhecido ocorreu em 1992 quando o político Ulisses Guimarães desapareceu após o avião em que estava ter caído no mar, como nunca foi encontrado seu corpo, foi declarada sua morte presumida.

Conforme entendimento de Carlos Roberto Gonçalves a morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência. Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva (CC, art. 6º, 2ª parte). O art. 37 permite que os interessados requeiram a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória.

Mas a declaração de morte presumida não ocorre apenas em caso de ausência. A lei enumera outras hipóteses, em seu art. 7º, I e II.

Tais hipóteses também deverão ser formuladas em procedimento específico de justificação, nos termos da Lei de Registros Públicos.

Ressalvas: note-se há que existir um processo, denominado de PROCEDIMENTO DE JUSTIFICAÇÃO, ou seja, nos casos do artigo 7o. deverá

haver um procedimento de justificação, com a oitiva de testemunhas, em que o juiz, por sentença declara o óbito (parágrafo único do artigo 7o.). A sentença somente será proferida depois de encerradas as buscas e averiguações e deverá prever a data provável do falecimento. Importante: o art. 7º objetivo a declaração da morte; já a declaração de ausência visa constatar que o desaparecido não deixou representante que cuide de seus negócios.

A duas sentenças são registradas no cartório de registro público – art. 9º, II do CC

Para a morte presumida aplica-se o procedimento de justificação previsto na lei de registros públicos, destinado a suprir a falta do atestado de óbito, que não pode ser fornecido sem o corpo do morto.

Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. (Renumerado do art. 89 pela Lei nº 6.216, de 1975).

Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.

Código de Processo Civil – procedimento

Da Justificação

Art. 861. Quem pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica, seja para simples documento e sem caráter contencioso, seja para servir de prova em processo regular, exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.

Art. 862. Salvo nos casos expressos em lei, é essencial a citação dos interessados.(art. 231, I)

Parágrafo único. Se o interessado não puder ser citado pessoalmente, intervirá no processo o Ministério Público.

Art. 863. A justificação consistirá na inquirição de testemunhas sobre os fatos alegados, sendo facultado ao requerente juntar documentos.

Art. 864. Ao interessado é lícito contraditar as testemunhas, reinquiri-las e manifestar-se sobre os documentos, dos quais terá vista em cartório por 24 (vinte e quatro) horas.

Art. 865. No processo de justificação não se admite defesa nem recurso.

Art. 866. A justificação será afinal julgada por sentença e os autos serão entregues ao requerente independentemente de traslado, decorridas 48 (quarenta e oito) horas da decisão.

Parágrafo único. O juiz não se pronunciará sobre o mérito da prova, limitando-se a verificar se foram observadas as formalidades legais.

3. Ausência

A ausência é, antes de tudo, um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicilio, sem deixar qualquer notícia e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens (art. 22, CC).

Protege o CC, através de medidas acautelatórias, inicialmente o seu patrimônio, pois quer esteja ele vivo, quer esteja ele morto, é importante considerar o interesse social de preservar os seus bens, impedindo que se deteriorem, ou pereçam (arts. 22 a 25). Prolongando-se a ausência e crescendo as possibilidades de que haja falecido, a proteção legal volta-se para os herdeiros, cujos interesses passam a ser considerados (arts. 25 a 28).

Silvio Rodrigues, nos ensina, que o ordenamento jurídico em face da ausência, procura, “de início, preservar os bens deixados pelo ausente, para a hipótese de seu eventual retorno; ao depois, transcorrido um período de tempo, sem que o ausente regresse, o legislador, desacoroçoado de esperar sua volta, passa a cuidar do interesse de seus herdeiros”

Os ausentes já foram considerados pelo CC de 1916 como absolutamente incapazes, tendo sido por isso bastante criticado. O objetivo do legislador

foi de proteger o patrimônio dessas pessoas, uma vez que se imaginava que ela poderia estar acometido de uma perturbação mental.

Moreira Alves comenta a mudança e a não-alusão aos ausentes como absolutamente incapazes no novo CC, dizendo que, “em verdade, não o são, tanto que gozam de plena capacidade de fato no lugar onde eventualmente se encontram”.

3.1 Curadoria dos ausentes

Pedido de curadoria, não há prazo de desaparecimento; Constatado o desaparecimento do indivíduo, sem que tenha deixado procurador com poderes para administrar os seus bens e sem que dele haja notícia, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério Público, declarará a ausência1, nomear-lhe-á curador (CC, art. 22). Também será este nomeado quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes (art. 23).

Dispõem o art. 25, caput, do CC que “o cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois antes da declaração da ausência, será seu legítimo curador”

Na falta de cônjuge, a escolha recairá, em ordem preferencial, nos pais e nos descendentes (art. 25, § 1º). Dentre estes, os mais próximos precedem os mais remotos (§ 2º). Na falta das pessoas mencionadas, o juiz nomeará curador dativo (§ 3º).

Omitiram a companheira, que deve ser nomeada, aplicando-se o art. 226, § 3º, da CF.

Na primeira, subseqüente ao desaparecimento, o ordenamento jurídico procura preservar os bens por ele deixados, para a hipótese de seu eventual retorno, como já foi dito. É a fase da curadoria do

1 A sentença declaratória de ausência deve ser registrada no registro civil de pessoas naturais (LRP, arts. 29, VI, e 94).

A situação do ausente passa por três fases.

ausente, em que o curador cuida do seu patrimônio.

Na segunda fase, prolongando-se a ausência, o legislador passa a preocupar-se com os interesses de seus sucessores, permitindo a abertura da sucessão provisória.

Finalmente, depois de longo período de ausência, é autorizada a abertura da sucessão definitiva.

A curadoria do ausente fica restrita aos bens, não produzindo efeitos de ordem pessoal.

Equipara-se a morte (é chamada de “morte presumida”) somente para o fim de permitir a abertura da sucessão, mas a esposa do ausente não é considerada viúva.

Comunicada a ausência ao juiz, este determinará a arrecadação dos bens do ausente e os entregará à administração do curador nomeado.

Quanto à duração:

A curadoria dos bens do ausente prolonga-se pelo período de um ano, durante o qual serão publicados editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer (CPC, art. 1.161).

Decorrido o prazo, sem que o ausente reapareça, ou se tenha notícia de sua morte,

ou se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória (CC, art. 26)

Cessa a curadoria:

a) pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente2;

b) pela certeza da morte do ausente;

c) pela sucessão provisória.

A abertura desta, com a partilha dos bens, faz cessar, portanto, a curadoria do ausente. Daí por diante, segue-se o procedimento especial dos arts. 1.164 e s. do CPC.

4. Da sucessão provisória

Sentença declarando a ausência: declarativa

Sentença que abre a sucessão provisória: constitutiva

Findo o prazo, e não havendo interessado na sucessão provisória, cumpre ao

Ministério Público requerê-la ao juízo competente [art. 28, § 1º, NCC; art. 1.163, § 2º, CPC) requerendo que se declare a sucessão provisória (art. 26, NCC; art. 1.163, CPC);

Por sua vez, o § 2º, do art. 28, NCC (art. 1.165, § único, CPC), assevera, que se não houver interessado em requerer o inventário até 30 dias após passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória,

2 Se o ausente retorna ao seu domicílio fazendo desaparecer a causa da declaração da ausência, deve ser feita uma averbação no registro público (LRP, art. 104).

haverá então herança jacente, conforme arts. 1.819 a 1.823, pela qual proceder-se-á a arrecadação dos bens do ausente.Os sucessores provisórios ficarão representando, tanto ativa, como, passivamente, o ausente, de modo, que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas (art. 32, NCC)

Presentes os pressupostos do art. 26 do CC, legitimam-se para requerer a abertura da sucessão provisória:

I – o cônjuge não separado judicialmente;

II – os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;

III – os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;

IV – os credores de obrigações vencidas e não pagas.

Art. 27 CC.

Observação: O CC, novamente se omite, com relação a companheira, não se pode negar à companheira esse direito, em face do art. 227, § 6º do CF e sua eventual condição de herdeira (CC. art. 1.790).

Prazo suplementar de seis meses para que o ausente tomando ciência da abertura da sucessão provisória, volte para assumir seus bens.

O art. 28 do CC nos diz:

“a sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas logo que passe em julgado3, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido”

3 Deverá ser averbada no registro civil de pessoas naturais (LRP, art. 104, p. ú.).

Bens entregues aos herdeiros em caráter condicional e provisório.

Os herdeiros deverão prestar garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalente aos quinhões respectivos, em razão da incerteza da morte do ausente.

Veja a Súmula 331 do STF: “É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por morte presumida”.

E no caso dos herdeiros não terem condições de dar caução?

Se não fizerem, não serão imitidos na posse4, ficando os respectivos quinhões sob a administração do curador ou de outro herdeiro designado pelo juiz e que preste dita garantia (CC, art. 30, § 1º).

Exceção 1

O excluído da posse provisória poderá, contudo, “justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria” (art. 34).

Exceção 2

Os ascendentes (pai e mãe), descendentes (filhos) e o cônjuge, todavia, uma vez provado a sua qualidade de herdeiros, poderão,

4 Imissão na posse é quando alguém vai receber a posse de um bem fruto de uma obrigação, vc comprou um carro, quando vc receber a chave das mãos do vendedor vc estará se imitindo na posse.

independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente (art. 30, § 2º).

Quantos aos imóveis do ausente, na sucessão provisória.

Os imóveis do ausente só poderão alienar5, não sendo por desapropriação, ou hipotecar6, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína (art. 31, CC).

Os artigos 33 e 36 do CC

Prescreve o caput do art. 33, que o descendente, o ascendente ou o cônjuge que for sucessor provisório do ausente fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que couberem a este.

Os outros sucessores, porém, deverão capitalizar7 metade dos frutos e rendimentos, na forma do disposto no art. 29, com a fiscalização do MP e prestação anual de contas ao juiz.

5

É assinalável que pela Lei nº 9.154 de 20 de novembro de 1997, foi instituído o contrato d alienação fiduciária de bem imóvel que progressivamente vai sendo adotado em maior escala no mercado imobiliário.

É de notar-se que a alienação fiduciária de bem imóvel é o negócio jurídico pelo qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata a transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel (Lei nº 9.541/97, art 22).

Nesse contrato, se o imóvel for de propriedade do construtor e por este mesmo financiado em favor do adquirente ou devedor, a propriedade passa a assumir a forma de propriedade fiduciária, de caráter resolúvel, ou seja, a propriedade efetiva do imóvel somente será transmitida ao adquirente após a quitação do preço total da aquisição.

Na alienação fiduciária, quem aliena a propriedade é o próprio devedor ou fiduciante, por que se esta não pagar o financiamento contratado, a propriedade do imóvel que serve de garantia ficará consolidada em nome do credor (Art. 26).

6 Trata-se da vinculação de um bem dado em garantia pelo tomador de um empréstimo, sem, no entanto, haver transferência de sua posse ao credor. Colocação de bens imóveis e móveis como garantia de pagamento de uma dívida. O devedor detém a propriedade e a posse do imóvel, que poderá ser tomado pelo credor por meio de execução judicial ou execução extrajudicial.

7 Aplicação do dinheiro no mercado financeiro.

Retorno do ausente

O p.ú. do aludido art. 33, diz:

“Se o ausente aparecer, ficando provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos”.

Por sua vez, prescreve o art. 36 do CC:

“Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nele imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono”.

Cessará a sucessão provisória, quando:

- O ausente retornar.

Converter-se-á em sucessão definitiva:

a) quando houver certeza da morte do ausente;

b) dez anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória;

c) quando o ausente contar com oitenta anos de idade e houverem decorridos cinco anos das últimas notícias suas (CPC, art. 1.167, III; CC, arts. 37 e 38).

5. Da sucessão definitiva

Poderão os interessados, dez anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória, requerer a definitiva e o levantamento das cauções prestadas.

Nos casos dos arts. 37 e 38, pelo decurso do tempo e pela longevidade do ausente. A expectativa de vida do brasileiro médio é em torno de 70 anos.

Com o prolongado período de ausência, o legislador para de se preocupar com o ausente e se volta para o interesses dos sucessores, podendo estes levantar a caução dada.

6. Ausência como causa de dissolução da sociedade conjugal

O § 1º do art. 1.571, CC, prescreve, com efeito:

“O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente”. (grifo nosso).

O cônjuge do ausente não precisa aguardar os prazos dos arts. 37 e 38, ou seja, mais de dez anos, para ver o seu casamento legalmente desfeito e contrair novas núpcias, podendo antes requerer o divórcio direto com base na separação de fato por mais de dois anos (CC, art. 1.580, § 2º), requerendo a citação por edital.

E, se o cônjuge do ausente, por motivos sentimentais, não requerer o divórcio?

Não requerendo o divórcio, e não retornando o ausente, desde que preenchidos os requisitos para abertura da sucessão definitiva, requererá seja declarada dissolvida a sua sociedade conjugal, pois estará configurada a morte presumida daquele e rompido o vínculo matrimonial. Neste caso, poderá habilitar-se a novo casamento.

E, se o ausente retornar, após o outro cônjuge houver se casado novamente?

Estando legalmente dissolvido o primeiro casamento, contraído com o ausente, prevalecerá o último, diferentemente do que ocorre no direito italiano (CC, italiano, art. 68), que declara nulo o segundo casamento se o ausente retorna, sendo considerado, porém, casamento putativo, gerando todos os efeitos legais.

DA CURATELA DOS INTERDITOS

Art. 1º CC: toda Pessoa é capaz de Direitos e Deveres na Ordem Civil. O CC/2002 utiliza o termo “pessoa” adaptando o termo da CF/88 e diante de conquistas de movimentos feministas (o art. 2º, CC/16 utilizava “homem”). O CC/2002 fala em Deveres e, não mais, de Obrigações, pois, existem Deveres que não são Patrimoniais. Exemplo: Deveres anexos que decorrem da Boa-Fé Objetiva, caso do Dever de Lealdade. Livro: a Cabeça do Brasileiro. A expressão “Ordem Civil” traz a idéia da Pessoa inserida no Meio Social. O art. 1º, CC consagra a Capacidade de Direito ou do Gozo que todas as pessoas têm, sem exceção (Capacidade para ser Sujeito de Direitos e Deveres). Há ainda Capacidade de Fato ou de Exercícios de Direitos que algumas pessoas não têm: os incapazes (art. 3º e 4º, CC). Fórmula da Capacidade: Capacidade de Direito ou de Gozo + Capacidade de Fato ou de Exercício = Capacidade Civil Plena.Já a incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Essa restrição pode ser total – para os absolutamente incapazes ou parcial, para os relativamente incapazes.Todas as vezes que a maioridade não cessa a incapacidade, tal fato deve ser declarado via ação de interdição. A incapacidade para pessoas que tenham atingido a maioridade civil estão previstas nos arts. 3º e 4º.Se a pessoa for considerada absolutamente incapaz, estará sujeita à curatela. A tutela só serve para suprir a questão da idade – seja para os absolutamente, seja para os relativamente incapazes. A diferença em

relação à curatela reside no fato de ser uma incapacidade absoluta – é representação, e incapacidade relativa- é assistência.

Absolutamente Incapazes (art. 3º, CC)

Relativamente Incapazes (art. 4º, CC)

Representação Assistência Administração dos Interessados

I Menores de 16 anos (Menores Impúberes) *1

I Maiores de 16 anos e menores de 18 anos (Menores Púberes).

Tutela

II Enfermos e deficientes mentais sem discernimento para a prática dos atos da vida civil. *2III Pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade. *3

II Ébrios habituais, viciados em tóxicos e pessoas com discernimento mental reduzido.III Excepcionais sem desenvolvimento completo.IV Pródigos

Curatela

O CPC nos artigos 1177 ao 1186 trata do procedimento de interdição e de nomeação de curador.Cuidado: é possível entrar com a ação de interdição para os relativamente incapazes, que tem entre 16 e 18 anos, para quem pretende declarar para eles a incapacidade absoluta. Já para os menores de 16 anos, falta interesse de agir na ação.

PROCEDIMENTO

Visa à declaração da incapacidade, seja absoluta ou relativa, daquele que está privado, total ou parcialmente, de discernimento e da aptidão de exprimir a sua vontade.O Juiz fixa o grau de incapacidade e quais são os limites da curatela.

REQUERIMENTOForo do domicílio do interditando – em vara de família, se houver.Pode ser feito pelos – VIDE ART. 1768

PAIS TUTOR CÔNJUGE (entende por analogia, o COMPANHEIRO) QUALQUER PARENTE (O 1177, II falava em parente próximo, mas o

CC acabou com a dúvida – qualquer parente) MP (1769 - SÓ SERÁ O AUTOR NOS CASOS DE DOENÇA MENTAL

GRAVE – LEGITIMIDADE PLENA, OU SE NÃO EXISTIREM OS DEMAIS LEGITIMADOS, SE NÃO FORMULAREM O PEDIDO DE INTERDIÇÃO OU TAMBÉM FOREM ABSOLUTAMENTE INCAPAZES – LEGITIMIDADE SUPLETIVA)

IMPORTANTE: COMO O CC/02 TUTELA A PESSOA DO PRÓDIGO, E NÃO OS SEUS PARENTES, A LEGITIMIDADE PASSA A SER A MESMA DAS DEMAIS HIPÓTESES.

REQUISITOS DA PIOs do art. 282 do CPC: legitimidade (comprovante de parentesco), fatos em que se fundamenta o pedido, etc.Atenção: MP, QUANDO NÃO É AUTOR, PARTICIPA COMO CUSTUS LEGIS – 1770 – DEFENDER POSSÍVEIS INTERESSES DO INCAPAZ, PARA QUE SEJAM PRESERVADOS.

CITAÇÃO, INTERROGATÓRIO DO INTERDITANTO E PERÍCIACom a PI em ordem, próximo passo CITAÇÃO DO INTERDITANTO, COM A INTIMAÇÃO PARA QUE ELE COMPARECE E POSSA SER OUVIDO.INTERROGATÓRIO DO INTERDITANTO - audiência – é realizado antes mesmo da defesa – impugnação do pedido.

Juiz deve examinar, extraindo impressões a respeito de seu discernimento, capacidade e aptidão em gerir os negócios – pergunta sobre VIDA, NEGÓCIOS, BENS, ETC – Todas as perguntas e respostas são reduzidas a termo.IMPORTANTÍSSIMO: O REQUERENTE NÃO SERÁ INTIMADO DESSA AUDIÊNCIA, POIS DELA NÃO PODE PARTICIPAR.MAS E SE O INTERDITANTO, POR QUESTÕES DE SAÚDE OU OUTRA QUE INPOSSIBILITE A SUA PRESENÇA, NÃO PODE IR ATÉ O FÓRUM?JUIZ, ESCRIVÃO E MP VÃO ATÉ O LOCAL EM QUE O INTERDITANTO ESTEJA E LÁ O OUVIRÃO.É POSSÍVEL A DISPENSA DO INTERROGATÓRIO? SIM, MAS EM CASO EXCEPCIONALÍSSIMOS, EM QUE INEXISTE QUALQUER RISCO DE FRAUDE. JTJ – 179:166.

APRESENTAÇÃO DE DEFESASe dá após a audiência, no prazo de 5 dias – deve haver a constituição de advogado – mas só se o interditando tiver alguma condição de exprimir a sua vontade.Lei permite que qualquer parente sucessível possa constituir adv para o interditando – CPC 1182, § 3º. Evita que pessoas mal intencionadas afastem o interditando da gerência dos negócios e a assuma.IMPORTANTE: A FALTA DE DEFESA DO INTERDITANTO NÃO GERA OS EFEITOS DA REVELIA, NEM FAZ PRESUMIR COMO VERDADEIROS OS FATOS ALEGADOS NA INICIAL.

REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIALCom ou sem defesa, juiz determina a realização de prova pericial, nomeando especialistas que examinem o incapaz e constatem se há problema e qual o grau – 1771. Apesar de o termo estar no plural, basta UM SÓ!É permitido às partes e ao MP formular quesitos e indicar assistentes técnicos. Juiz fixa prazo para entrega do laudo.

COMO EM TODO PROCESSO CIVIL, AQUI TBM VIGORA O PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO – CPC 436. MAS A PERÍCIA SÓ PODE

SER AFASTADA COM FUNDAMENTO EM ELEMENTOS QUE POSSAM SUSTENTAR A SUA CONVICÇÃO.

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTOEncerrada a fase pericial, realizar-se-á audiência de instrução e julgamento, mas só quando necessário – quando requerida a produção de prova oral – STJ, RT 788:211.Essa audiência segue o procedimento da jurisdição voluntária. Só que não terá depoimento pessoal, salvo se as partes ou MP requererem e a nova oitiva seja designada pelo juiz, por entender útil tal providência.

SENTENÇASe for caso de procedência: Juiz declara a interdição e assinará os limites da curatela, conforme o estado ou desenvolvimento mental do interdito – restrições no 1782.A sentença deve ser inscrita no Cartório de Registro Civil – das conhecimento geral, e publicação em órgão especial ou em jornal de grande circulação por 3 VEZES, COM INTERVALOS DE 10 DIAS!!EDITAL CONTÉM: NOME DO INTERDITO, CURADOR, CAUSA DA INTERDIÇÃO E LIMITES DA CURATELA.NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA DE INTERDIÇÃO: DECLARATÓRIA, COM EFICÁCIA EX TUNC.E OS ATOS PRATICADOS POR ELE ANTES DA DECLARAÇÃO DE INTERDIÇÃO?? SERÃO TODOS NULOS ATÉ O MOMENTO EM QUE SURGE A INCAPACIDADE??Melhor solução:

a) Depois da interdição, todos os atos são nulos, sendo presumida – dispensa-se prova

b) Se o terceiro que negociou com o interditado estava de boa-fé, e não havia como detectar a incapacidade, o ato será VÁLIDO! Somente será anulado o ato se o 3º estava de má-fé..

A sentença também deve:Estabelecer os limites da curatela, com a indicação daquele que exercerá o encargo – MAS DEVE RESPEITAR A ORDEM DO 1775 DO CC!!Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.

§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.O curador além de representar ou assistir o interdita, tbm poderá promover tratamento em estabelecimento adequadoRecursos cabíveis da sentença

Embargos de declaração Apelação, que será recebida apenas no efeito DEVOLUTIVO! 1773

Cessação da causa que determinou a interdição: requerimento para levantamento. Quem pode fazê-lo? MP, o requerente ou o próprio interditado. Interessante dizer que mesmo o interditando não podendo praticar atos sozinho a lei permite que ele pratique um: LEVANTAR A SUA PRÓPRIA INTERDIÇÃO!! CHAMADA DESINTERDIÇÃO – 1186.Da mesma forma que para interditar precisa de registro da sentença, para desinterditar, tbm.

PROCEDIMENTO DE NOMEAÇÃO E REMOÇÃO DO CURADORTUTELA E TUTOR: É ENCARGO CONFERIDO PELA LEI ÀQUELE QUE ADMINISTRA OS BENS DE PESSOA QUE SÓ TEM INCAPACIDADE POR QUESTÃO DE IDADE – ADMINISTRA OS BENS DE PESSOA QUE NÃO ESTEJA SOB O SEU PODER FAMILIAR. AQUI QUEM É NOMEADO: ART. 1732 DO CC O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.CURATELA E CURADOR: MESMA REGRA, SÓ QUE PARA AS PESSOAS QUE FOREM DECLARADAS COMO INCAPAZES PELO JUIZ

PROCEDIMENTOPRIMEIRO: NOMEIASEGUNDO: INTIMAÇÃO PARA PRESTAR COMPROMISSO EM 5 DIAS (CORRE DA NOMEAÇÃO OU INTIMAÇÃO DO DESPACHO QUE MANDAR CUMPRIR O TESTAMENTO).OBRIGAÇÕES: 1745, § ÚNICO

Se houver determinação de caução é preciso requere a especialização da hipoteca legal dos bens imóveis, que são dados como garantia – se a caução for real segue os arts. 1188 e 1205 do CPCEnquanto não prestada garantia : MP rege a pessoa e bens; o Juiz PODE DISPENSAR A CAUÇÃO OU PERMITIR QUE ELA SEJA PRESTADA POSTERIORMENTE.É possível recusar o encargo de tutor ou curador? SIM, DESDE QUE – 1736 E 1737Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:I - mulheres casadas;II - maiores de sessenta anos;III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;IV - os impossibilitados por enfermidade;V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;VII - militares em serviço.Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.HÁ PRAZO??SIM, E O APLICÁVEL NÃO É MAIS O DO CPC E SIM O DO CC E A DECISÃO DESSE PEDIDO É FEITA DE PLANO.Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobrevier.

PROCEDIMENTO DE REMOÇÃO:Far-se-á conforme os artigos 1735 e 1766Qualquer pessoa pode formular o requerimentoPetição deve expor os motivos das causas Tutor e curador serão citados para apresentar contestação em 5 dias!! Observa-se o procedimento das cautelares – 803 do CPCÉ cabível liminar se houver extrema gravidade, suspendendo de imediato o exercício das funções, devendo nomear substituto.

IMPORTANTE: O PRAZO QUE O TUTOR E CURADOR É OBRIGADA A EXERCER O ENCARGO POR 2 ANOS – APÓS PODE PEDIR EXONERAÇÃO – 1765. Se quiserem, mesmo após o prazo, podem permanecer, mas o Juiz deve concordar.

CÓDIGO CIVILCAPÍTULO IIDa CuratelaSeção IDos InterditosArt. 1.767. Estão sujeitos a curatela:I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;V - os pródigos.Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:I - pelos pais ou tutores;II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;III - pelo Ministério Público.Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:I - em caso de doença mental grave;II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente;III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente.Art. 1.770. Nos casos em que a interdição for promovida pelo Ministério Público, o juiz nomeará defensor ao suposto incapaz; nos demais casos o Ministério Público será o defensor.Art. 1.771. Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o juiz, assistido por especialistas, examinará pessoalmente o argüido de incapacidade.Art. 1.772. Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV do art. 1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1.782.

Art. 1.773. A sentença que declara a interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a recurso.Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modificações dos artigos seguintes.Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o curador promover-lhe-á o tratamento em estabelecimento apropriado.Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do art. 1.767 serão recolhidos em estabelecimentos adequados, quando não se adaptarem ao convívio doméstico.Art. 1.778. A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5o.

CAPÍTULO VIIIDA CURATELA DOS INTERDITOSArt. 1.177. A interdição pode ser promovida:I - pelo pai, mãe ou tutor;II - pelo cônjuge ou algum parente próximo;III - pelo órgão do Ministério Público.Art. 1.178. O órgão do Ministério Público só requererá a interdição:I - no caso de anomalia psíquica;II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas no artigo antecedente, ns. I e II;III - se, existindo, forem menores ou incapazes.Art. 1.179. Quando a interdição for requerida pelo órgão do Ministério Público, o juiz nomeará ao interditando curador à lide (art. 9o).Art. 1.180. Na petição inicial, o interessado provará a sua legitimidade, especificará os fatos que revelam a anomalia psíquica e assinalará a incapacidade do interditando para reger a sua pessoa e administrar os seus bens.Art. 1.181. O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o examinará, interrogando-o minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens e do mais que Ihe parecer necessário para ajuizar do seu estado mental, reduzidas a auto as perguntas e respostas.Art. 1.182. Dentro do prazo de 5 (cinco) dias contados da audiência de interrogatório, poderá o interditando impugnar o pedido.§ 1o Representará o interditando nos autos do procedimento o órgão do Ministério Público ou, quando for este o requerente, o curador à lide.§ 2o Poderá o interditando constituir advogado para defender-se.§ 3o Qualquer parente sucessível poderá constituir-lhe advogado com os poderes judiciais que teria se nomeado pelo interditando, respondendo pelos honorários.

Art. 1.183. Decorrido o prazo a que se refere o artigo antecedente, o juiz nomeará perito para proceder ao exame do interditando. Apresentado o laudo, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.Parágrafo único. Decretando a interdição, o juiz nomeará curador ao interdito.Art. 1.184. A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.Art. 1.185. Obedecerá às disposições dos artigos antecedentes, no que for aplicável, a interdição do pródigo, a do surdo-mudo sem educação que o habilite a enunciar precisamente a sua vontade e a dos viciados pelo uso de substâncias entorpecentes quando acometidos de perturbações mentais.Art. 1.186. Levantar-se-á a interdição, cessando a causa que a determinou.§ 1o O pedido de levantamento poderá ser feito pelo interditado e será apensado aos autos da interdição. O juiz nomeará perito para proceder ao exame de sanidade no interditado e após a apresentação do laudo designará audiência de instrução e julgamento.§ 2o Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e mandará publicar a sentença, após o transito em julgado, pela imprensa local e órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no Registro de Pessoas Naturais.CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES COMUNS À TUTELA E À CURATELASeção IDa Nomeação do Tutor ou CuradorArt. 1.187. O tutor ou curador será intimado a prestar compromisso no prazo de 5 (cinco) dias contados:I - da nomeação feita na conformidade da lei civil;II - da intimação do despacho que mandar cumprir o testamento ou o instrumento público que o houver instituído.Art. 1.188. Prestado o compromisso por termo em livro próprio rubricado pelo juiz, o tutor ou curador, antes de entrar em exercício, requererá, dentro em 10 (dez) dias, a especialização em hipoteca legal de imóveis necessários para acautelar os bens que serão confiados à sua administração.Parágrafo único. Incumbe ao órgão do Ministério Público promover a especialização de hipoteca legal, se o tutor ou curador não a tiver requerido no prazo assinado neste artigo.Art. 1.189. Enquanto não for julgada a especialização, incumbirá ao órgão do Ministério Público reger a pessoa do incapaz e administrar-lhe os bens.Art. 1.190. Se o tutor ou curador for de reconhecida idoneidade, poderá o juiz admitir que entre em exercício, prestando depois a garantia, ou dispensando-a desde logo.Art. 1.191. Ressalvado o disposto no artigo antecedente, a nomeação ficará sem efeito se o tutor ou curador não puder garantir a sua gestão.Art. 1.192. O tutor ou curador poderá eximir-se do encargo, apresentando escusa ao juiz no prazo de 5 (cinco) dias. Contar-se-á o prazo:I - antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso;II - depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o motivo da escusa.

Parágrafo único. Não sendo requerida a escusa no prazo estabelecido neste artigo, reputar-se-á renunciado o direito de alegá-la.Art. 1.193. O juiz decidirá de plano o pedido de escusa. Se não a admitir, exercerá o nomeado a tutela ou curatela enquanto não for dispensado por sentença transitada em julgado.Seção IIDa Remoção e Dispensa de Tutor ou CuradorArt. 1.194. Incumbe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo interesse, requerer, nos casos previstos na lei civil, a remoção do tutor ou curador.Art. 1.195. O tutor ou curador será citado para contestar a argüição no prazo de 5 (cinco) dias.Art. 1.196. Findo o prazo, observar-se-á o disposto no art. 803.Art. 1.197. Em caso de extrema gravidade, poderá o juiz suspender do exercício de suas funções o tutor ou curador, nomeando-lhe interinamente substituto.Art. 1.198. Cessando as funções do tutor ou curador pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo; não o fazendo dentro dos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.