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25 anos de Código de Consumidor: O direito à informação Vagner de Oliveira*

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Artigo sobre os 25 anos do CDC, vencedor da I Mostra de Iniciação Científica da UPF em 2010.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

25 anos de Cdigo de Consumidor: O direito informaoVagner de Oliveira*Canoas/RS

2015*Vagner OLIVEIRA: Graduao em Cincias Jurdicas e Sociais pela Universidade de Passo Fundo. Advogado com inscrio na OAB/RS n 95.946 e proprietrio do escritrio Vagner Oliveira Advocacia e scio do escritrio Oliveira & Busato Advogados Associados. Colunista da revista refletindo o direito. Membro da comisso especial de diversidade sexual da OAB/RS. Membro da comisso especial do jovem advogado da OAB da Subseo de Canoas-RS. 2 lugar no debate jurdico promovido pela universidade de passo fundo (2013). Vencedor da mostra de iniciao cientfica - 20 anos de CDC (2010). Possui vrios cursos extracurriculares em diversas reas e com vrios artigos publicados.RESUMO

O sculo XXI tem diante de si desafios que extrapolam sua mera funo legiferante e fiscalizatria. Necessrio se faz que os Congressistas atentem cada vez mais para o chamado Controle Legislativo instituto presente nos mais avanados parlamentos mundiais, por meio do qual se promove uma permanente avaliao dos efeitos concretos das normas vigentes, sob a tica de sua eficincia, eficcia e efetividade.

No podemos nos furtar a esse dever, mormente quando tratamos de leis que afetam todo o dia a dia do cidado, em sua dimenso econmica mais intensivamente verificada sua dimenso como consumidor. Num ano eleitoral, repleto de adversidades vindas de campanhas polticas, o enfoque deveria ser esse, porm h vinte anos, o Congresso aprovou o Cdigo de Defesa do Consumidor, como conhecida a Lei n 8.078/90.

Constituiu, naquela oportunidade, o grande marco de incio normativo da histria do direito consumerista, matria anteriormente tratada apenas como direito ou garantia individual, no mbito de nossa Carta Magna. De 1990 at nossos dias, o que se verificou foi uma arraigada luta dos rgos estatais e de entidades no governamentais, com vistas a dar efetividade prtica quela Lei, impondo sua aplicao s mais diversas relaes de consumo vivenciadas pelo cidado.

Constitui um momento de singular valor histrico, na medida em que deixa como legado para as geraes futuras, um levantamento estruturado e organizado dos fatos e das lutas travadas em favor do cidado como consumidor.

Dia 11 de setembro de 2015, completam 25 anos de vigncia do Cdigo de Defesa do Consumidor, que a nica norma que tem aniversrio comemorado anualmente pela sociedade.

Alm disso, um dos pontos de maior importncia neste cdigo, o direito informao; esse direito adequado, suficiente e veraz um dos pilares do direito do consumidor. Nas legislaes mundiais, voltadas a regular as relaes de consumo, a referncia quase uniforme ao direito informao fortalece as caractersticas universalizantes desse novo direito. Afinal, os problemas e dificuldades enfrentados pelos consumidores, em qualquer pas, so comuns, a merecerem solues comuns.

Palavras-chaves: Consumidor. Direitos. Informao.ABSTRACTThe twenty-first century is faced with challenges that go beyond its mere function and legislating fiscalizatria. Make necessary the Congressmen offend increasingly called for the Legislative Control - the most advanced institute in this world parliaments, through which it promotes an ongoing assessment of the actual effects of rules, from the perspective of its efficiency, efficacy and effectiveness . We can not shirk this duty, especially when dealing with all laws affecting the daily lives of citizens in its economic dimension more intensively checked - its size as a consumer. In an election year filled with adversity coming from political campaigns, the focus should be the one, but twenty years ago, Congress passed the Consumer Protection Code, known as Law No. 8.078/90. Was, at that time, the major milestone of commencement of the legislative history of law consumerist, material previously treated only as an individual right or interest, under our Constitution. From 1990 until today, what happened was an entrenched battle of state agencies and non-governmental entities, in order to give effect to that practice law, imposing its application to several consumer relations experienced by the citizen. It is a moment of unique historical value, as it leaves a legacy for future generations, a survey structure and organization of events and fights in favor of the citizen as consumer. On September 11, 2015, complete 25 years of the Code of Consumer Protection, which is the only standard that has birthday celebrated annually by the society. Furthermore, it is one of the most important points in this code, the right to information; the right to adequate, sufficient and accurate is one of the cornerstones of consumer law. Laws in the world, aimed at regulating the relations of consumption, the reference to the almost uniform right to information strengthens the universalizing characteristics of this new law. After all, the problems and difficulties faced by consumers in any country, are common, common solutions they deserve.

Keywords: Consumer. Rights. Information.1. INTRODUO

Os direitos do consumidor radicam no interesse pblico social, que no se compagina no clssico interesse pblico estatal. Para desenvolver tal dimenso, sua tessitura est coenvolvida de inevitveis inseres no mbito do direito pblico constitucional, at porque as relaes de consumo so necessariamente transindividuais, pois irradiam efeitos alm dos sujeitos concretos da aquisio ou utilizao de determinado produto ou servio, para alcanar todos os que sejam por elas atingidos, em ato ou potncia.

Atualmente, um aspecto social facilmente percebido diz respeito exigncia do consumidor durante uma relao de consumo: o comprador est ficando cada vez mais consciente, buscando com maior rigor a qualidade pelo preo pago na aquisio de um produto ou ao desfrutar de um servio. As queixas passaram a ser acontecimentos freqentes, uma vez que as pessoas esto procurando se informar mais sobre os seus direitos durante uma compra; com mais informao mais fcil discernir quando um direito do consumidor est sendo lesado. Assim, a reclamao passou a ser um procedimento absolutamente normal e constante medida que o conhecimento a respeito da legislao que garante a proteo do consumidor vem aumentando consideravelmente, por estar sendo mais difundido e acessvel.

interessante notar que os temas relativos a direito do consumidor estejam em franca expanso, justamente no momento em que se discute a aguda crise por que passa o Estado social, que permitiu seu surgimento e evoluo. O avano da globalizao econmica d-se a expensas do Estado social, compelido a reduzir ao mnimo a interveno na atividade econmica, em que se insere o direito do consumidor. Os Estados e os direitos nacionais que intervieram na ordem econmica, para consecuo da justia social, ao longo do sculo XX, so obstculos naturais hegemonia do mercado global, que passou a ser a pedra de toque desse fenmeno inquietante, nas ltimas duas dcadas.

Na promulgao, foi dito que se tratava de um instrumento de vanguarda, cuja principal virtude consistiu adaptar experincias bem sucedidas da legislao estrangeira realidade brasileira. O Cdigo de Defesa do Consumidor uma lei abrangente que trata das relaes de consumo em todas as esferas: civil, definindo as responsabilidades e os mecanismos para a reparao de danos causados; administrativa, definindo os mecanismos para o poder pblico atuar nas relaes de consumo; e penal, estabelecendo novos tipos de crimes e as punies para os mesmos. Esta abrangncia desmistifica o dito popular de que no Brasil lei no para ser cumprida, principalmente pelo lado mais forte, pois vm desobstruindo obstculos pela eficcia de aplicao atravs dos Procons, rgos pblicos de Defesa do Consumidor, pelos consumidores que cada vez mais se interam de seus direitos e pelas operadoras de direito que aplicam as regras do CDC com mais afinco e seriedade.

Os primeiros 20 anos foram marcados pela construo do Cdigo, a implementao da lei e sua efetiva aplicao. O consumidor est amadurecido e quer respeito das empresas e solues rpidas. bom vermos a economia brasileira crescendo, ter oferta de crdito, mas as instituies financeiras so agressivas na ofertas de crdito e faltam polticas pblicas de educao financeira para o consumidor. Milhares de brasileiros esto entrando no mercado de consumo. preciso cuidado, pois j vimos que o superendividamento levou ao colapso a economia de muitos pases. Por isso, entidades de Defesa do Consumidor centraro esforos em programas de orientao do consumidor e na soluo efetiva dos conflitos.

2. ALGUNS DIREITOS DO CONSUMIDOR

Nesse tpico so relacionados alguns direitos bsicos do consumidor, so eles:

Proteo da vida e da sade - Produtos e servios perigosos ou nocivos que ofeream riscos, como inseticidas e lcool, por exemplo, devem apresentar todas as informaes necessrias sobre seu uso, composio, antdoto e toxidade.

Escolha de produtos e servios - O consumidor livre para decidir o que e onde comprar, valendo o mesmo para a contratao de servios.

Informao (grifo nosso) - O consumidor tem direito informao sobre quantidade, caractersticas, composio, preo e riscos que porventura o produto apresentar, o qual ser analisado adiante, foco desse trabalho.

Proteo contra publicidade enganosa e abusiva - A publicidade enganosa quando contm informaes falsas sobre o produto ou servio e abusiva quando gera discriminao ou violncia, induz a um comportamento prejudicial sade e segurana, entre outras coisas. Tudo o que for anunciado deve ser cumprido.

Proteo contratual - Contrato um acordo em que pessoas assumem obrigaes entre si. O Cdigo de Defesa do Consumidor garante igualdade entre consumidor e fornecedor nos contratos firmados entre eles.

Facilitao de defesa de seus direitos e acesso Justia - Para fazer valer seus direitos, o consumidor pode recorrer aos rgos de defesa ou, se for o caso, entrar na justia contra o fornecedor.

Qualidade dos servios pblicos - Servios pblicos so aqueles que atendem a populao de modo geral: transportes, gua, esgoto, telefone, luz, correios. O prestador de um servio pblico tambm fornecedor e os servios devem ser adequados e eficazes.

Esses, entre outros, so direitos que o consumidor em qualquer lugar deve saber e exigir do fornecedor, prestador de servio...3. CONSTITUIO BRASILEIRA E O DIREITO DO CONSUMIDOR

No Brasil, o Direito do Consumidor surgiu entre as dcadas de 40 e 60, quando foram sancionados leis e decretos federais legislando sobre sade, proteo econmica e comunicaes. Na Constituio Federal de 1988 apresentada a defesa do consumidor como princpio da ordem econmica (art. 170) e o artigo 48 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT), que determinou a criao do Cdigo de Defesa do consumidor.

A questo dos Direitos do Consumidor to importante que em trs oportunidades distintas tratada na Constituio Federal vigente. A primeira vez, j no Captulo I do Ttulo II, trata dos direitos e deveres individuais e coletivos estabelece a Carta Magna, no artigo 5, XXXII que "o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor", ou seja, o Governo Federal tem a obrigao de defender o consumidor, de acordo com o que estiver estabelecido nas leis.

A segunda vez que a Constituio menciona a defesa do consumidor quando trata dos princpios gerais da atividade econmica no Brasil, citando no artigo 170, V, que a defesa do consumidor um dos princpios que deve ser observado no exerccio de qualquer atividade econmica. Finalmente, o artigo 48 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT), determina que o Congresso Nacional elabore o Cdigo de Defesa do Consumidor. Estes trs dispositivos constitucionais so mencionados no artigo 1 do Cdigo de Defesa do Consumidor.

O CDC fora promulgado em 11 de setembro de 1990 e inserido em nosso ordenamento jurdico como Lei Federal de Ordem Pblica n 8.078. Tal conjunto de normas desempenha a funo de proteger os direitos do consumidor, bem como disciplinar as relaes entre os fornecedores de produtos e servios existentes no pas, atribuindo a cada um suas responsabilidades e seus direitos; para garantir sua eficcia, so estabelecidos certos padres de conduta, prazos e penalidades a serem seguidos. No que tange prestao de servios essenciais, os princpios do Cdigo de defesa do Consumidor referem-se qualidade, continuidade e universalidade, de forma a garantir a todos o acesso aos servios essenciais prestados populao, ou seja, indispensveis coletividade como o saneamento e abastecimento de gua, a produo e distribuio de energia eltrica gs e combustveis, assistncia mdica e hospitalar e servios de transporte coletivo, por exemplo.

Vale ressaltar que no menos importante que a informatizao da populao a respeito dos seus direitos enquanto consumidores a resposta do judicirio, assumindo um posicionamento mais firme quando o assunto se trata de represso violao de tais direitos. Tal postura afasta ainda mais da populao o carter passivo que antes se via; ao perceber que a defesa dos direitos do consumidor est cada vez mais acessvel, possibilitada pela Justia, as pessoas se sentem estimuladas a acion-la, crendo em sua eficcia e a partir da, na real segurana de seus direitos.

Um exemplo uma nova resoluo da Anac que aumentou os direitos dos passageiros em casos de atrasos e cancelamento de vos pelas companhias areas. A medida foi publicada no Dia Mundial do Consumidor, no Dirio Oficial trazendo as novas regras. Agora o reembolso dos passageiros que antes deveriam ser feitos em at 30 dias ter que ser realizado imediatamente caso a passagem j tenha sido quitada. Tambm tero direito ao reembolso, os passageiros que alegarem desistncia do vo devido a atrasos superiores a quatro horas. Mais uma mudana significativa refere-se ao fato de que agora acesso a comunicao deve ser providenciado em uma hora e a alimentao dever ser oferecida em caso de vos com atrasos de duas horas. Somente a questo da hospedagem continua com o anterior prazo de quatro horas. A resoluo da Anac ainda permite endossar a passagem para outras empresas, caso os clientes vtimas de atraso no tenham sido totalmente realocados.

Por fim, o passageiro passa a ter o direito expresso informao, devendo ser avisado sobre qualquer alterao em relao ao vo, sendo a companhia obrigada, ainda, a distribuir panfletos informando os seus direitos.

Esse exemplo ilustra de forma bastante clara a mudana no que diz respeito preocupao das autoridades em regulamentar de maneira mais rgida a prestao de servios, para que sejam oferecidos com maior qualidade populao, satisfazendo o cliente e evitando transtornos. A Justia brasileira ainda merece aperfeioamento quanto defesa dos Direitos do Consumidor e represso sua possvel violao, mas pelo que podemos constatar este assunto j comea a ser percebido na pratica, no adquirindo apenas o carter vlido, mas sim, eficaz. E a cada pouco tempo surgem direitos consumeristas essenciais nas relaes de consumo.4. A PUBLICIDADE E O DIREITO INFORMAO NO CDC

Biodireito Civil Comercial Constitucional Consumidor Crnicas ECA Eleitoral Ensino Jurdico Famlia Filosofia Internacional Internet e Informtica Marketing Mercosul Outros Penal Previdencirio Processual Civil Processual Penal Resenhas Sociologia Trabalho TributrioO Cdigo de Defesa do Consumidor destina um de seus captulos, especialmente o Captulo V da Lei 8.078/90 para discorrer e regulamentar as prticas comerciais. Neste so tratados os temas da publicidade e propaganda formas essenciais de informao da sociedade de consumo.

Para que haja informao necessrio processo de comunicao em que o emitente fornecedor de produtos e servios - transmite mensagem atravs de um veculo de comunicao ao destinatrio, no caso o consumidor.

O diploma em comento regula a transmisso da informao ao consumidor. Na maioria das vezes utilizada a persuaso para incentivar o consumidor na aquisio do objeto da relao consumerista.

Para os propsitos desta exposio, podem ser dispensadas as formulaes doutrinrias acerca da natureza e do alcance dos direitos fundamentais e sua vinculao com os direitos humanos e os direitos naturais.

Os direitos fundamentais costumam ser classificados em geraes, na medida em que historicamente foram ocorrendo. possvel identificar quatro geraes, os direitos de liberdade, os direitos polticos, os direitos sociais e econmicos e a nova gerao de direitos, relativos integridade do prprio patrimnio gentico, que vai muito alm do tradicional direito integridade fsica. As geraes no substituram as antecedentes, mas se conjugaram em ciclos de expanso. Desse modo, perpassam as ordens constitucionais.

Os direitos do consumidor, dentre eles o direito informao, inserem-se nos direitos fundamentais de terceira gerao e somente foram concebidos tais nas ltimas dcadas do sculo XX. E apenas foi possvel quando se percebeu a dimenso humanstica e de exerccio de cidadania que eles encerram, para alm das concepes puramente econmicas. Com efeito, as teorias econmicas sempre viram o consumidor como ente abstrato, despersonalizado, como elo final da cadeia de produo e distribuio. O homo oeconomicus simboliza o distanciamento da realidade existencial do ser humano que consome. No sujeito; apndice do objeto, somente identificvel mediante o consumo. No mundo atual, at mesmo suas necessidades podem ser artificialmente provocadas pelo monumental aparato publicitrio que cerca os produtos e servios lanados no mercado. A dissoluo da pessoa humana em apenas consumidor bem demonstra o distanciamento da tica economicista dos valores que plasmaram a opo jurdica.

O processo de comunicao destina-se compreenso pelo destinatrio da linguagem que o emitente se utiliza. A codificao a forma que o emitente transforma a mensagem em sinais lingsticos para que seja decodificada pelo destinatrio.

Porm, ao longo desse processo podem ocorrer rudos que atrapalham a comunicao, acarretando a no compreenso da mensagem pelo destinatrio. Da a importncia da regulamentao da publicidade.

O direito informao foi inserido na Constituio Federal de modo a proteger o consumidor, passando de ente despersonalizado, como elo final da cadeia de produo e distribuio; a sujeito titular de direitos constitucionalmente protegidos.

A Carta Magna contempla trs espcies de informao:

a) o direito de informar: artigo 5, IX e X e artigo 220, caput.

b) o direito de se informar: artigo 5 XIV, todavia o acesso informao no absoluto, limitado no prprio inciso do citado artigo, 2 parte: resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional; artigo 5, X e LXXII.

c) o direito de ser informado: artigo 5, XXXIII e artigo 37 artigos que tratam do dever de informar dos rgos pblicos. O dever de informar das pessoas em geral e pessoas jurdicas de natureza jurdica privada regulado pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, dever este estabelecido aos fornecedores de produtos e servios em geral.

Ser tratado da ltima espcie de informao, qual seja o direito de ser informado. O consumidor o titular do direito informao. Porm, no pode ser tratado como individual e concreto, pois o dever de informar objetivamente concebido em relao massa consumerista, visto como um grupo indeterminado de pessoas ou mesmo determinveis. Grinover define dessa forma:A sociedade de consumo , antes de tudo, um movimento coletivo, em que os indivduos (fornecedores e consumidores) e os bens (produtos e servios) so engolidos pela massificao das relaes econmicas: produo em massa, comercializao em massa, crdito em massa e consumo em massa. Inseridas nesse novo modelo econmico e social, as prticas comerciais igualmente como fenmeno de massa -ganham enorme relevo. Afinal, sem marketing, um dos diversos componentes das prticas comerciais, no haveria, certamente, sociedade de consumo. Em tal contexto difuso ou coletivo, desaparece, ou perde importncia, a sociedade pessoal, aquela em que o consumidor e o fornecedor so velhos conhecidos. (2001, p. 218). O consumidor visto como um ser annimo, no identificado em razo da sociedade consumerista que se formou em razo da produo em massa com o advento da Revoluo Industrial. O relacionamento consumidor fornecedor social e no mais geogrfico, feito em razo de interesses comuns e, por isso impossvel tecnicamente o consumidor ser considerado individualmente. Contudo, este continua sendo considerado uma unidade, pois este quem l, ouve, sente, assimila, enfim decodifica a mensagem. Do outro lado o emitente no conhece o consumidor, desconhecendo suas emoes e sentidos no momento da transmisso da mensagem.

O conceito de consumidor aqui considerado aquele do artigo 29 do diploma consumerista: Artigo 29 - Para os fins deste Captulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinveis ou no expostas s prticas nele previstas.Claro est o conceito difuso de consumidor, j que todos os indivduos so consumidores por estarem potencialmente expostos a toda e qualquer prtica comercial, mesmo que no se consiga apontar um consumidor que esteja em vias de adquirir ou utilizar um produto ou servio. Portanto, o conceito de consumidor neste artigo acima explicitado retrata uma potencialidade apenas, ou seja, nem sequer precisa existir. O mesmo Grinove diz:Como no artigo 2, as pessoas aqui referidas podem ser determinveis ou no. indiferente estejam essas pessoas identificadas individualmente ou, ao revs, faam parte de uma coletividade indeterminada composta s de pessoas fsicas ou s de pessoas jurdicas, ou, at, de pessoas jurdicas e pessoas fsicas.O nico requisito que estejam expostas s prticas comerciais e contratuais abrangidas pelo Cdigo. (2001. p. 228)O artigo 81 do referido Cdigo buscou tutelar e explicitar a defesa em relao aos interesses difusos, caractersticos da publicidade, por atingir uma coletividade indeterminada de consumidores, a inexistncia de relao jurdica base entre eles e o bem jurdico ser indivisvel, bastando uma nica ofensa para que todos os consumidores sejam atingidos e a satisfao do direito contemplar a toda coletividade.

Artigo 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimas poder ser exercida em juzo individualmente ou a ttulo coletivo. Pargrafo nico A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de:

I-Interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos desse Cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato; (...).

Assim, o direito informao destinado a todos os consumidores individualmente considerados, bem como coletividade aqui demonstrada atravs de seu carter difuso com relao publicidade.

O direito de informar vem previsto como prerrogativa na Constituio Federal, conforme dito, e como dever dos fornecedores disposto no Cdigo de Defesa do Consumidor. Este, previsto no artigo 6 do referido diploma em seus incisos III e IV que tratam da informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e servios e da proteo contra a publicidade enganosa e abusiva respectivamente, princpio fundamental da lei e juntamente com o princpio da transparncia (artigo 4, CDC) confere aos consumidores maior proteo, sendo esta a razo de ser do diploma em comento.

obrigao do fornecedor de produtos e servios prestar todas as informaes relativas aos mesmos, como suas caractersticas, preos, de maneira clara e precisa. Os produtos e servios disponveis para venda no podem ser colocados no mercado sem essas informaes, bem como as clusulas contratuais estipuladas para a relao de consumo que se formar. Observe-se, portanto que os princpios transparncia e dever de informar caminham lado a lado de modo a deixar a relao consumerista equilibrada.

Por isso, existe o controle s prticas abusivas e enganosas que so limites ao exerccio dos fornecedores. A publicidade anuncia, divulga, oferece, propaga, espalha, expressa, etc.; e tem por finalidade influenciar seus destinatrios. Representa a produo e serve como meio para anunciar os produtos e servios a fim de que sejam vendidos aos consumidores, gerando o lucro mola propulsora das relaes comerciais. Dada sua importncia no mercado de consumo, tornou-se necessria sua regulamentao pelo Cdigo de Defesa do Consumidor.

O fornecedor tem o direito de informar e de informar-se atravs das ferramentas de marketing. Enquanto direito de informar, o fornecedor pode divulgar seus produtos e enquanto de direito de informar-se pode utilizar-se de meios para obter informaes sobre os procedimentos, consumidores ligados em sua atividade desenvolvida.

A informao deve ser feita em linguagem simples e compreensvel para o homem mdio, esclarecedora quanto ao seu uso e os perigos que podem fornecer se a utilizao for inadequada. Ainda, deve ser completa, onde o artigo 31 do Cdigo em estudo traz um rol exemplificativo dos elementos que devem estar presentes na oferta e apresentao dos produtos: (...) qualidade, quantidade, composio, preo, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como os riscos que apresentam sua sade e segurana dos consumidores.

Ceneviva diz: A garantia constitucional contra ofensas ao consumidor atravs da propaganda paralela garantia do fornecedor livre concorrncia.(1991. p. 94-95). O publicitrio est limitado s possibilidades de utilizao da publicidade atravs do resguardo constitucional para atrair a ateno do consumidor para determinado produto ou servio.

Dispe o artigo 220, 3, II e 4 da Carta Maior:

3 Compete lei federal:

II-estabelecer os meios legais que garantam pessoa e famlia as possibilidades de se defenderem de programas ou programaes de rdio e televiso que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, prticas e servios que possam ser nocivos sade e ao meio ambiente.

4 A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcolicas, agrotxicos, medicamentos e terapias estar sujeita a restries legais, nos termos do inciso II do pargrafo anterior, e conter, sempre que necessrio, advertncia sobre os malefcios decorrentes de seu uso.V-se, portanto, que a liberdade de criao, expresso e informao encontra seus limites nos valores da famlia no valor tico fundamental da verdade. No poder haver omisso da verdade naquilo que anunciado a fim de manipular frases ou imagens de maneira confusa que possa iludir os destinatrios do anncio.

A publicidade tcnica de comunicao usada pelo fornecedor para persuadir o consumidor na aquisio dos produtos e servios ofertados. Vem regulamentada no Brasil pelo Cdigo Brasileiro de Auto Regulamentao Publicitria e seus preceitos devem ser respeitados por todos queles envolvidos na atividade publicitria tais como o anunciante, a agncia publicitria, o veculo de divulgao, etc.

A veiculao da publicidade deve ser feita de tal forma que se entenda que se trata de uma propaganda comercial, explicitando claramente sua finalidade. Encontramos esse limite no artigo 36 do CDC:

Artigo 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fcil e imediatamente, a identifique como tal.

Pargrafo nico. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou servios, manter, em seu poder, para informao de seus legtimos interessados, os dados fticos, tcnicos e cientficos que do sustentao mensagem.So proibidas as formas de mensagem subliminares, que so aquelas percebidas pelo subconsciente e clandestinas que se revestem em reportagens ou notcias, dificilmente identificadas como tais pelo homem mdio, bem como proibida a publicidade feita em novelas, clipes de msica filmes, desenhos animados, conhecida como merchandising, conforme dispe o artigo 37 do CDC,

Deste modo, podemos verificar que a publicidade tem papel importante na relao de consumo, movimentando o mercado para atrair consumidores utilizao de produtos ou servios veiculados na mdia, no qual o fim precpuo do fornecedor auferir lucro. Para tanto, esta deve ser devidamente fiscalizada para que no haja abusos ou enganao, equilibrando a relao aqui demonstrada.

4.1 Titular do direito informaoO consumidor, tantas vezes referido, o titular do direito informao. Mas qual consumidor? Por certo no consumidor individual e concreto em determinada relao de consumo, pois o dever de informar objetivamente concebido em relao a todos os adquirentes e utentes do produto ou do servio fornecido. Dessarte, h de ser considerado o consumidor tpico, independentemente do maior ou menor grau de acesso individual informao.

O consumidor objetivamente considerado um tipo ideal, mdio, para fins de identificao jurdica, ou seja, o tipo mdio a que se destina o produto ou o servio. O tipo ideal ou mdio transpessoal, ultrapassa os interesses e condies individuais ou subjetivos e envolve o interesse coletivo de todos os destinatrios, no tempo e no espao. Sua configurao rejeita um juzo de valor universal, a exemplo do bonus paterfamilias do direito antigo. Em alguns casos, o consumidor tpico qualquer um, inclusive o iletrado, para o qual a informao deve ser a mais simples e acessvel possvel, como se d com os produtos alimentcios postos disposio em supermercados. Em outros casos, certo grau de informao tcnica necessrio para o consumidor tpico, como se d com produtos de informtica.

4.2 Dever de informarO direito fundamental informao resta assegurado ao consumidor se o correspectivo dever de informar, por parte do fornecedor, estiver cumprido. o nus que se lhe impe, em decorrncia do exerccio de atividade econmica lcita.

Para o professor argentino Roberto M. Lopez Cabana,:

...o dever de informar, imposto a quem produz, importa ou comercializa coisas ou presta servios, se justifica em razo de se enfrentarem nessa peculiar relao, um profissional e um profano, e a lei tem um dever tuitivo com este ltimo. (1998, p. 256).O dever de informar tem raiz no tradicional princpio da boa f objetiva, significante da representao que um comportamento provoca no outro, de conduta matrizada na lealdade, na correo, na probidade, na confiana, na ausncia de inteno lesiva ou prejudicial. Para Antonio Manoel da Rocha e Menezes Cordeiro: A boa f objetiva regra de conduta dos indivduos nas relaes jurdicas obrigacionais. Interessam as repercusses de certos comportamentos na confiana que as pessoas normalmente neles depositam.(1997, p. 1234). Confia-se no significado comum, usual, objetivo da conduta ou comportamento reconhecvel no mundo social. No direito comum dos contratos, esse princpio implcito, sem embargo da omisso proposital da codificao tradicional, como a brasileira, foi recorrente na doutrina mais atenta evoluo do direito contratual.

O princpio da boa f objetiva foi refuncionalizado no direito do consumidor, otimizando-se sua dimenso de clusula geral, de modo a servir de parmetro de validade dos contratos de consumo, principalmente nas condies gerais dos contratos. Anteriormente ao advento das legislaes especficas, a jurisprudncia dos tribunais socorreu-se larga da boa f como clusula geral definidora do limite das condies gerais dos contratos e do efetivo cumprimento do dever de informar.

Contudo, o dever de informar no apenas a realizao do princpio da boa f. Na evoluo do direito do consumidor assumiu feio cada vez mais objetiva, relacionado atividade lcita de fornecimento de produtos e servios. A teoria contratual tambm construiu a doutrina dos deveres anexos, deveres acessrios ou deveres secundrios ao da prestao principal, para enquadrar o dever de informar. (1999, p. 241). O desenvolvimento do direito do consumidor foi alm, transformando-o no correspectivo do direito informao, como direito fundamental, e o elevando a condicionante e determinante do contedo da prestao principal do fornecedor. No se trata apenas de dever anexo.

A Constituio brasileira (art. 170) estabelece que a atividade econmica deve observar, entre outros, o princpio de defesa do consumidor. O princpio dirigido no s ao Estado mas, principalmente, aos agentes econmicos. O princpio abrangente do direito informao, referido explicitamente no artigo 5, XIV.

A fraca densidade semntica do princpio no bice sua aplicao ou executividade imediata. Havendo, como h, legislao infraconstitucional regulamentando a matria, sua aplicao dever ser, sempre, informada do princpio.

A concepo, a fabricao, a composio, o uso e a utilizao dos produtos e servios atingiu, em nossa era, elevados nveis de complexidade, especialidade e desenvolvimento cientfico e tecnolgico cujo conhecimento difcil ou impossvel de domnio pelo consumidor tpico, ao qual eles se destinam. A massificao do consumo, por outro lado, agravou o distanciamento da informao suficiente. Nesse quadro, compreensvel que o direito avance para tornar o dever de informar um dos esteios eficazes do sistema de proteo.

O dever de informar impe-se a todos os que participam do lanamento do produto ou servio, desde sua origem, inclusive prepostos e representantes autnomos. dever solidrio, gerador de obrigao solidria. Essa solidariedade passiva necessria, como instrumento indispensvel de eficaz proteo ao consumidor, para que ele que no tenha de suportar o nus desarrazoado de identificar o responsvel pela informao, dentre todos os integrantes da respectiva cadeia econmica (produtor, fabricante, importador, distribuidor, comerciante, prestador do servio).

4.3 Requisitos do dever de informar

Cumpre-se o dever de informar quando a informao recebida pelo consumidor tpico preencha os requisitos de adequao, suficincia e veracidade. Os requisitos devem estar interligados. A ausncia de qualquer deles importa descumprimento do dever de informar.

A adequao (grifo nosso) diz com os meios de informao utilizados e com o respectivo contedo. Os meios devem ser compatveis com o produto ou o servio determinados e o consumidor destinatrio tpico. Os signos empregados (imagens, palavras, sons) devem ser claros e precisos, estimulantes do conhecimento e da compreenso. No caso de produtos, a informao deve referir composio, aos riscos, periculosidade.

Maior cautela deve haver quando o dever de informar veicula-se por meio da informao publicitria, que de natureza diversa, como adiante se dir. Tome-se o exemplo do medicamento. A informao da composio e dos riscos pode estar neutralizada pela informao publicitria contida na embalagem ou na bula impressa interna. Nessa hiptese, a informao no ser adequada, cabendo ao fornecedor provar o contrrio.

A legislao de proteo do consumidor destina linguagem empregada na informao especial cuidado. Em primeiro lugar, o idioma ser o vernculo. Em segundo lugar, os termos empregados ho de ser compatveis com o consumidor tpico destinatrio. Em terceiro lugar, toda a informao necessria que envolva riscos ou nus que devem ser suportados pelo consumidor ser destacada, de modo a que "saltem aos olhos". Alguns termos em lngua estrangeira podem ser empregados, sem risco de infrao ao dever de informar, quando j tenham ingressado no uso corrente, desde que o consumidor tpico com eles esteja familiarizado. No campo da informtica, por exemplo, h universalizao de alguns termos em ingls, cujas tradues so pouco expressivas, a exemplo do aparelho denominado mouse.

A suficincia (grifo nosso) relaciona-se com a completude e integralidade da informao. Antes do advento do direito do consumidor era comum a omisso, a precariedade, a lacuna, quase sempre intencionais, relativamente a dados ou referncias no vantajosas ao produto ou servio. A ausncia de informao sobre prazo de validade de um produto alimentcio, por exemplo, gera confiana no consumidor de que possa ainda ser consumido, enquanto que a informao suficiente permite-lhe escolher aquele que seja de fabricao mais recente. Situao amplamente divulgada pela imprensa mundial foi a das indstrias de tabaco que sonegaram informao, de seu domnio, acerca dos danos sade dos consumidores.

Insuficiente , tambm, a informao que reduz, de modo proposital, as conseqncias danosas pelo uso do produto, em virtude do estgio ainda incerto do conhecimento cientfico ou tecnolgico.

Problema mais delicado diz respeito ao chamado risco do desenvolvimento. Considera-se assim o lanamento do produto ou do servio, que posteriormente vm a ser demonstrados inadequados ou inseguros em virtude do desenvolvimento cientfico ou tecnolgico posterior. No momento em que foram concebidos ou desenvolvidos mostravam-se compatveis com o nvel do conhecimento existente. H forte controvrsia na doutrina. No Brasil, a tendncia desconsiderar o risco do desenvolvimento como excludente de responsabilidade, enquadrando-o nos riscos da atividade do fornecedor. Lobo diz: No geral o risco de desenvolvimento deve ser considerado como exoneratrio de responsabilidade. (1996, p. 121). Todavia, a falta de informao suficiente, acerca do estgio do conhecimento cientfico e tecnolgico sobre a matria, infringe o dever de informar, pois sonega dados necessrios escolha do consumidor.

Todo produto ou servio lanado no mercado, em conformidade com os dados de cincia e tecnologia atualmente irrefutveis, considera-se adequado e seguro ao consumo. Porm, o progressivo desenvolvimento cientfico e tecnolgico poder alcanar estgios de aperfeioamento e qualificao dos mesmos produtos e servios que tornem os anteriores inadequados ao uso.

A veracidade (grifo nosso) o terceiro dos mais importantes requisitos do dever de informar. Considera-se veraz a informao correspondente s reais caractersticas do produto e do servio, alm dos dados corretos acerca de composio, contedo, preo, prazos, garantias e riscos. A publicidade no verdadeira, ou parcialmente verdadeira, considerada enganosa e o direito do consumidor destina especial ateno a suas conseqncias.

O artigo l do Cdigo Brasileiro de Auto-Regulamentao Publicitria estabelece que todo anncio deve ser "honesto e verdadeiro".5. CONCLUSO

Em suma, verifica-se o papel relevante da publicidade e da informao na sociedade massificada.

A informao clara e precisa torna-se elemento essencial para que o consumidor conhea o produto e o adquira, utilizando-o de forma adequada sem colocar em risco sua sade, atendendo finalmente suas necessidades. Para tanto atravs da publicidade que tais informaes so repassadas ao destinatrio final do consumo.

Assim, a publicidade no considerada apenas informativa, mas tambm como forma de induo e persuaso para aquisio de produtos ou servios. Se transmitida com algum vcio, em desconformidade com os preceitos j analisados, pode levar o consumidor a erro e conseqentemente aquisio de produto indesejado.

Portanto, apesar de todos os esforos para coibir as propagandas enganosas ou abusivas, estas continuam a existir e a perturbar o mercado de consumo. Assim, faz - se necessrio, paralelamente ao controle estatal um esforo de cada consumidor em reclamar perante os rgos responsveis pelas prticas abusivas toda vez que sentir lesado, para que haja punio e correo das empresas infratoras e conseqentemente alertando a sociedade para existncia desses abusos e que os mesmos podem ser combatidos.

Procurou-se demonstrar que o mundo atual assiste a transformaes substanciais, para muitos irresistveis, em que os Estados e os direitos nacionais so postos em tela de julgamento, quanto sua funo prestante, em face da globalizao econmica. A crise do Estado social - a promessa generosa e solidria da ltima etapa do Estado moderno - repercute nos direitos fundamentais de terceira gerao, onde se incluem os direitos do consumidor, que brotaram de seu seio.

Paradoxalmente, enquanto o Estado social se reduz, na exata medida do avano do mercado global, o direito do consumidor se expande, sabido que somente possvel faz-lo mediante a interveno estatal, na legislao, nas aes e polticas pblicas de proteo e na forte atuao da administrao da justia. Esse paradoxo no pode ser entendido seno como fato, contrrio dura lgica do mercado, decorrente da conscincia de que o consumidor no o elo enfraquecido e despersonalizado da cadeia econmica de produo e distribuio. pessoa com necessidades, desejos, ideais, que merece respeito sua dignidade humana, que somente o direito pode assegurar.

Na era da informao, justamente a informao erigida em direito fundamental do consumidor, de cada cidado, no plano mais elevado que o sistema jurdico pde desenvolver, de modo a que a tutela jurdica arme-o de condies para o exerccio da liberdade de escolha, como contrapartida ao mercado massificado que tende a todos submeter sua lgica.

O desafio que se coloca ao jurista a capacidade de ver as pessoas em toda sua dimenso ontolgica e no como simples e abstratos plos de relao jurdica e muito menos como objetos manipulveis pelos interesses econmicos. Tratando do direito civil, mas com aplicabilidade certeira ao atual direito do consumidor.A informao e o dever de informar tornam realizvel o direito de escolha e autonomia do consumidor, fortemente reduzida pelos modos contemporneos de atividade econmica massificada, despersonalizada e mundializada. Nessa direo, recupera parte da humanizao dissolvida no mercado e reencontra a trajetria da modernidade, que prossegue o sonho mais alto do iluminismo, a capacidade de pensar e agir livremente, sem submisso a vontades alheias, cada vez mais difcil na economia globalizada de Estados e direitos nacionais enfraquecidos, onde as principais decises econmicas so tomadas por conselhos de administrao de empresas transnacionais. Nesses 25 anos de CDC deve-se mobilizar cada vez mais a populao para que a balana no pese mais para nenhum dos lados da relao de consumo.6. BIBLIOGRAFIABENJAMIN, Antnio Herman V. O Controle Jurdico da Publicidade. Revista de Direito do Consumidor, So Paulo: RT, no. 9, janeiro/maro 1994.

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