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I-

DECADNCIA E PRESCRIO (artigos 26 e 27 do CDC)

O CDC separou as duas realidades. O CDC tratou da decadncia em seu art.26 (o direito...caduca...) e da prescrio em seu art.27 (prescreve... a pretenso...).INFLUENCIA DO TEMPO EM NOSSOS DIREITOS: Exemplo do Leoni:

todos nos somos cliente de um banco chamado tempo, onde todas as manhs creditam 86.400 segundos. Para ter valor h um ano pergunte a um aluno que repetiu de ano; para ter valor de um ms pergunte a uma me que teve seu filho nascido prematuramente; para ter valor de uma hora pergunte aos amantes que esto a espera de se encontrarem; para ter valor de um minuto pergunte a pessoa que perdeu o trem; para ter valor a um segundo pergunte a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente; para ter valor a um milsimo pergunte a algum que ganhou a medalha de prata no atletismo.

Hoje uma ddiva, por isso chamado de presente. 1- CONCEITO DE PRESCRIO:

A doutrina diverge sobre o tema:

1 corrente: perda do direito subjetivo. Direito subjetivo todo direito sujeito a violao. aquele poder que a lei nos confere para exigir de outrem uma prestao, um bem da vida. H quem sustente que a prescrio tem por objeto a extino do prprio direito subjetivo (direito francs), ao argumento de que se o credor no tem mais como compelir o devedor a satisfazer a obrigao h o

desaparecimento do direito subjetivo. 2 corrente: perda do direito de ao. Crtica: se entendermos assim no estaramos adotando a teoria abstrata da ao. 3 corrente: perda da pretenso. Posicionamento de origem direito

romano-germnico no sentido que a prescrio no afeta o direito subjetivo, mas sim a actio nata (pretenso). Este entendimento o majoritrio na doutrina, de acordo com essa segunda orientao, sustentando que nada impede que o devedor, arrependido de no haver pago, possa faz-lo mesmo aps a prescrio consumada. Se o direito subjetivo tivesse desaparecido, o credor no mais poderia receber e dar quitao; o pagamento seria indevido, fazendo surgir ao devedor o direito restituio (repetio do indbito). O direito alemo que trouxe a idia de que a prescrio incide sobre a pretenso (Anspruch), ou seja, a coercibilidade no cumprimento da obrigao, ficando o credor sem meios para compelir o devedor ao cumprimento da mesma. 2- Requisitos para a prescrio Para haver prescrio necessrio que:

a) exista o direito material da parte a uma prestao a ser cumprida, a seu tempo, por meio de ao ou omisso do devedor; b) ocorra a violao desse direito material por parte do obrigado, configurando o inadimplemento da prestao devida; c) surja, ento, a pretenso, como conseqncia da violao do direito subjetivo, isto , nasa o poder de exigir a prestao pelas vias judiciais; e,

finalmente; d) se verifique a inrcia do titular da pretenso em faz-la exercitar durante o prazo extintivo fixado em lei. Espcies de prescrio: Extintiva Aquisitiva

OBS: direitos indisponveis no se submetem a prescrio. Inicio

do prazo prescricional: com a leso ao direito

subjetivo.

Refere-se s aes condenatrias.

3- CONCEITO DE DECADNCIA

a perda do direito potestativo pelo seu no exerccio no prazo previsto no ordenamento jurdico. Direito potestativo confere ao seu titular o poder de produzir efeitos jurdicos na esfera jurdica do outro sujeito da relao jurdica em decorrncia de sua exclusiva manifestao de vontade. Os direitos potestativos no podem ser violados. Inicio do prazo decadencial: com o nascimento do direito

potestativo.

Se refere as aes constitutivas. Obs: as aes declaratrias no se sujeitam a decadncia e a prescrio.

4- DECADENCIA NO CDC

Art. 26 CDC: trata dos prazos de decadncia, que so para reclamar dos vcios do produto, de 30 dias e 90 dias vistos anteriormente. Por que so de decadncia e no de prescrio? Porque os direitos conferidos aos consumidores para reclamar contra os vcios do produto so direitos potestativos, e quando a lei estabelece prazos para o exerccio de direitos potestativos esses prazos so de decadncia, jamais de prescrio. 30 DIAS servios ou produtos no durveis.

90 DIAS servios ou produtos durveis.

Inicio do prazo: vcios aparentes no momento da entrega do

produto ou prestao do servio. Vcios ocultos (parag. 3) no momento da constatao do defeito.

CAUSAS OBSTATIVAS DA DECADENCIA: Art. 26 2 CDC: 1reclamao comprovadamente feita pelo consumidor, at a inequvoca resposta do fornecedor. 2- instaurao de inqurito civil a requerimento do MP.

DIVERGNCIA Existe uma grande divergncia na Doutrina em relao as hipteses que obstam o prazo decadencial, com isso a doutrina diverge para saber se modalidade de interrupo, suspenso, ou se seria modalidade su generis . 1 corrente: sustenta com absoluta convico que se trata de suspenso. Por que? Porque nas duas causas fala-se num termo inicial e num termo final em que o prazo no estaria correndo, e dessa forma haveria uma idia de que enquanto o prazo no est correndo ele se congela. Se fosse interrupo, no momento em que a causa interruptiva aparecesse, o prazo voltaria ao zero e recomearia a correr. E como o CDC fala de tal momento at tal momento, s se pode entender isso como uma suspenso do prazo, e no como interrupo. Por outro lado, os que defendem essa tese dizem que o CDC no pode ser paternalista, ele defende o consumidor, mas no paternalista. E se o consumidor levou alguns dias para defender os seus direitos, esses dias devem ser captados sua responsabilidade. Ento se eu levei 10 dias para reclamar e o prazo de 90, quando vier a resposta inequvoca eu teria apenas mais 80 para reclamar, os 10 dias que fui inerte eu devo suportar esse prazo. 2 corrente: afirma ser interrupo, porque como o CDC de defesa do consumidor deve-se diante de duas interpretaes possveis, adotar a que mais favorece o consumidor, e a que mais favorece o consumidor considerar interrupo, e quando o inqurito civil terminar comea a correr dali do zero, e tambm depois da resposta inequvoca do fornecedor. Essa interpretao muito mais favorvel ao consumidor porque ela devolve o prazo integral, conta de novo do zero. O pargrafo 3 do artigo 26 CDC trata dos vcios ocultos incide no momento em que ficar evidenciado o vcio.

5- PRECRICAO NO CDC

Art. 27 CDC: trata da prescrio, que se refere ao para reclamar indenizao quanto aos fatos de um servio ou um produto. Por que prescrio? porque o direito indenizao um direito subjetivo e no potestativos. PRAZO NICO DE 5 ANOS

Inicio do prazo: Conta-se a partir do conhecimento do

dano E de sua autoria. Isso porque h produtos e servios que causam dano e a vtima custa a perceber, principalmente remdios. Voc pode levar uns 2 anos para ver um dano de um remdio no seu organismo. O prazo no se conta a partir do dano (a no ser que voc tenha tomado conhecimento no momento em que ele ocorreu), e sim a partir do momento que voc toma conhecimento do dano e de sua autoria, preciso saber do nexo causal se o dano existe e o que causou ele. Causas preclusivas: S que como prescrio, todas as

causas preclusivas que esto no CC se aplicam e por isso que o CDC no achou necessrio repeti-las. Sendo assim, todas as causas preclusivas da prescrio previstas no CC aplicam-se.

Divergncia: qual o prazo para as hipteses de RELAO

DE SEGURO? Art. 27 do CDC ou 206 parag. 1 II CC?

1 corrente: Quando o prazo dilatado pelo CDC prevalece o do CDC, ento o segurado teria 5 anos para propor a ao contra a seguradora, e no apenas 1 ano, porque a o CDC favoreceu o consumidor. Mas quando o CDC tiver reduzido o prazo, prevalecer o antigo. Os que dizem que pode prevalecer o prazo maior, afirmam que se o CDC para defesa do consumidor, ele no pode prejudicar. 2 corrente: Entendimento majoritrio, liderado pelos doutrinadores Capanema e o Cavallieri. O CDC tem que ser aplicado monoliticamente, ele criou um sistema nico que no admite exceo, ento, quando para aumentar aumenta, e quando for para diminuir dever diminuir. Porque se comear a admitir excees, isso ir fragilizar o CDC, a fora do sistema exatamente ser ele fechado.

II- ARTIGO 28 DO CDC: PERSONALIDADE JURDICA. 1- ORIGEM

DA

DESCONSIDERAO

DA

A deciso judicial precursora da teoria da desconsiderao da personalidade jurdica remonta ao ano de 1809, no caso Bank of United States v. Deveaux, quando o juiz Marshall manteve a jurisdio das cortes federais sobre as corporations - a Constituio Americana (art. 3, seo 2) reserva a tais rgos judiciais as lides entre cidados de diferentes Estados. Ao fixar a competncia acabou por desconsiderar a personalidade jurdica, sob o fundamento de que no se tratava de sociedade, mas sim de scios contendores. O caso que mais teve repercusso mundial foi o ocorrido na Inglaterra (Salomon v. Salomon & Co.) que, ao contrrio do indigitado, no foi o pioneiro, datando, portanto, de 1897. De toda sorte, tal julgado delineou o instituto da

desconsiderao. Aaron Salomon com mais 6 membros de sua famlia criou uma company, em que cada scio era detentor de uma ao, reservando 20.000 aes a si, integralizando-as com o seu estabelecimento comercial, sendo certo que Aaron Salomon j exercia a mercancia, sob a forma de firma individual. Os credores oriundos de negcios realizados pelo comerciante individual Aaron Salomon viram a garantia patrimonial restar abalada em decorrncia do esvaziamento de seu patrimnio em prol da company. Com esse quadro, o juzo de primeiro grau declarou a fraude com o alcance dos bens do scio Aaron Salomon. Ressalte-se, entretanto, que a House of Lords, reconhecendo a diferenciao patrimonial entre a companhia e os scios, no identificando nenhum vcio na sua constituio, reformou a deciso exarada. Como aponta Piero Verrucoli, a teoria da desconsiderao teve sua difuso contida em virtude do efeito vinculante das decises da Casa dos Lordes.

2- PRESSUPOSTO Existncia da personalidade jurdica, que se da com a inscrio dos atos constitutivos. Logo no h interesse quando a responsabilidade dos scios ilimitada ou a sociedade no possui personalidade jurdica. Personalidade jurdica: forma pelo qual a pessoa jurdica existir separadamente dos seus membros. O CDC ao acolher a teoria da desconsiderao da personalidade jurdica, teve o intuito de buscar a mxima proteo do consumidor, com fundamento nos princpios gerias de proibio de abuso do direito. Desta forma estipula-se de forma expressa a ampla possibilidade de a pessoa jurdica ser desconsiderada, afetando assim o patrimnio dos scios. No direito tradicional o patrimnio societrio que responde elas dvidas da sociedade, estando a responsabilidade dos scios restrita conforme o modelo societrio.

O CDC foi o 1 dispositivo legal a se referir desconsiderao da pessoa jurdica. O artigo 28 tambm disciplinou a responsabilidade de alguns tipos de sociedade. Com isso as sociedades integrantes dos grupos societrios e as controladas respondem subsidiariamente (art. 28 parag. 2), j as sociedades consorciadas respondem solidariamente (art. 28 parag. 3) e as sociedades coligadas respondem por culpa (art. 28 parag. 4). DIVERGNCIA O juiz poder desconsiderar a personalidade de ofcio, ou somente a requerimento das partes? 1 Entendimento: Com base nas normas consumeristas de ORDEM PBLICA e INTERESSE SOCIAL, o juiz poder desconsiderar, de modo a tutelar os consumidores, considerados vulnerveis nas relaes de consumo. (STJ). 2 Entendimento: No admite a possibilidade de desconsiderar a personalidade jurdica de ofcio. Esse entendimento tem como fundamentao o artg. 50 do CC/02, com isso somente a requerimento da parte ou do MP. TEORIA MAIOR: Com base nesta teoria s possvel a desconsiderao da personalidade jurdica desde que haja a insolvncia da pessoa jurdica, demonstrao de confuso patrimonial e a demonstrao do desvio de finalidade. Aplicada no artigo 50 do CC/02. TEORIA MENOR: Aplicada pelo CDC, nesta teoria so mais amplas as possibilidades da aplicao da desconsiderao da personalidade jurdica. Basta apenas a prova da insolvncia da pessoa jurdica para o pagamento das obrigaes, INDEPENDENTE do desvio de finalidade ou confuso patrimonial (artigo 28 do CDC). Basta que a personalidade jurdica seja um empecilho para o cumprimento do credito. Art. 28 par. 5 CDC. A doutrina diverge em relao a aplicao desta teoria. 1 corrente: essa teoria plenamente admissvel no nosso ordenamento,

uma vez que o consumidor se encontra em estado de vulnerabilidade. 2 corrente: caso adotssemos essa teoria estaramos acabando por completo toda a aplicao da personalidade jurdica. Causaria uma insegurana jurdica e econmica. Esse dispositivo era para ter sido vetado pelo Presidente da Republica. Conquanto a proteo do consumidor seja importante, sendo um princpio basilar do CDC, certo que a pessoa jurdica tambm importantssima, sendo um dos mais importantes institutos do direito privado. A prevalncia de tal interpretao representaria a revogao do artigo 52 do Cdigo Civil no mbito do direito do consumidor, objetivo que no parece ter sido visado pelo legislador ptrio, dada a importncia do instituto.

III- OFERTA: ARTIGO 30 DO CDC O CDC inclui a PUBLICIDADE como forma de oferta, desde que esta seja suficientemente precisa. A oferta por si, j cria um vnculo entre o fornecedor e o consumidor surgindo assim uma obrigao pr-contratual. Verifica-se o princpio da boa-f objetiva, o fornecedor, atravs da oferta, cumpri os deveres anexos (lealdade, proteo, informao, cooperao). exigido que a informao seja suficientemente precisa. Em caso do descumprimento do anunciado o consumidor poder fazer uso do artigo 35 do CDC. OBS: Os produtos anunciados com exageros, a principio, no obrigam os fornecedores, em razo da falta da caracterstica de preciso. Ex: melhor carro do mundo, o mais elegante terno. OBS: A diferena entre o artigo 30 do CDC para o artigo 429 do CC/02, est no fato de que no artigo 30 a oferta esta direcionada ao consumidor, j a oferta do artigo 429 do CC/02 est direcionada aos comerciantes como venda de atacado. O pargrafo nico do artigo 429 do CC/02 prev uma hiptese no contida

no CDC, ou seja, a oferta pode ser revogada pelo mesmo meio de divulgao, desde que seja ressalvada expressamente esta faculdade. O CDC no admite esta faculdade, artigo 51 XI. IV - Dever de Informao art. 31 CDC Decorre do principio da boa-f objetiva. O direito a informao um direito bsico do consumidor, conforme se observa no art. 6 III CDC. STJ: colocar somente o cdigo de barras nos produtos pelo supermercado fere o dever de informao do fornecedor. MS 6010/DF de 13.10.1999. STJ: possibilidade de fixao de preos por cdigo de barras desde que sejam disponibilizados equipamentos para que sejam conferidos os preos, de acordo com a lei 10.962/2004. Resp 688151/MG de 08.08.2005. O rol do art. 31 meramente exemplificativo, devendo, portanto o fornecedor informar tudo que for necessrio ao consumidor. Violao: Dever de indenizar Crime do art. 66 CDC

VI - Oferta do produto por perodo razovel art. 32 CDC O fabricante e o importador tm o dever de fornecer e assegurar peas de reposio por um perodo razovel. Responsabilidade ps-contratual: princpio da boa-f objetiva. Caber ao juiz no caso concreto avaliar o que seria perodo razovel. TJRJ: peas de automveis. No fornecimento. Indenizao pelo perodo em que o consumidor ficou sem utilizar o automvel. STJ: filmadora adquirida no exterior. Responsabilidade da empresa nacional da mesma marca na reposio de pecas. Economia globalizada. Proteo ao consumidor. Resp 63981/SP. VII- PUBLICIDADE: ARTIGO 36 DO CDC.

A doutrina faz uma diferena entre publicidade e propaganda. A publicidade expressa fato de tornar pblico o produto ou o servio, com intuito de aproximar o fornecedor do consumidor, buscando o lucro da atividade comercial. A propaganda busca difundir uma idia. A publicidade no Brasil se encontrava sem regulamentao at a previso do CDC. Quanto as formas de controle da publicidade existem duas modalidades: a-) controle legal: regida pelo CDC b-) controle privado (CONAR) O CDC elenca uma srie de princpios que devem ser observados em relao PUBLICIDADE. 1- princpio da vinculao contratual da publicidade (artigo 30) 2- princpio da identificao da mensagem publicitria (art. 36) 3- princpio da transparncia da fundamentao da publicidade (artigo 36 par. nico) 4- princpio da veracidade da publicidade (artigo 37 par. 1) 5- princpio da no abusividade da publicidade (artigo 37 par. 2) 6- princpio do nus da prova a cargo do fornecedor (artigo 38) 7- princpio da correo do desvio publicitrio (artigo 56 XII) IX- PUBLICIDADE ENGANOSA ARTIGO 37: (artigo 67 e 68, infraes penais) A publicidade enganosa aquela capaz de induzir o consumidor a erro. Bastando mera potencialidade de engano para caracterizar em publicidade enganosa.

Existem duas modalidades de publicidade enganosa: a comissiva aquela que induz o consumidor a erro, e a omissiva, esta aquela que o fornecedor deixa informar algo fundamental. Ex: leite com OMEGA 3. Crime do art. 67 e 69 CDC. A publicidade abusiva aquela que fere a vulnerabilidade, podendo at ser verdadeira, porm se aproveita da deficincia de julgamento e experincia da criana. Leva o consumidor a se comportar de forma perigosa a sua sade. Ex: todinho Crime dos art. 67 e 69 CDCporm os valores bsicos de toda sociedade (artigo 37 pargrafo 2). X- ONUS DA PROVA: ARTIGO 38 DO CDC. Ao contrario do inciso VIII do artigo do 4 do CDC, a inverso do nus da prova no est no poder discricionrio do juiz. O artigo 38 do CDC de forma expressa que incube esse dever ao patrocinador do anncio, com isso a inverso obrigatria.

XI- PRTICAS ABUSIVAS: ARTIGO 39 CDC.Para definir abusividade tm sido usadas as idias de prejuzo substancial e inevitvel, de razoabilidade e de inescrupulosidade. Para a primeira corrente, seria

abusiva a clusula que causasse ao consumidor prejuzo grave (substancial), do qual no pudesse se liberar (inevitvel); para o segundo entendimento, abusiva est relacionada a clusula que exige uma prestao alm desproporcional, de acordo com os critrios fornecidos pela razoabilidade, sendo assim, para este entendimento, vedado qualquer ato pelo qual o comerciante prejudica de maneira real o consumidor.O nosso dispositivo legal elencou duas clusula gerais como forma de identificar as situaes abusivas: a clusula geral da leso enorme e a clusula

geral da boa-f. Neste artigo esto enumeradas, de forma exemplificativa, algumas prticas consideradas abusivas. Exemplos mais importantes: a) Inciso I do artigo 39: trata de venda casada. b) Inciso III do artigo 39: amostra grtis. Os produtos enviados sem autorizao d consumidor so considerados amostra grtis. (STJ) c) Inciso XII do artigo 39: necessidade de prazo.

OBS: Carto no solicitado responsabilidade do banco. Prestao de servio condicionada a outra prestao. XII- CLUSULA GERAL DA LESO O nobre Doutrinador CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA define leso da seguinte forma: "Pode-se genericamente definir leso como o prejuzo que uma pessoa sofre na concluso de um ato negocial, resultante da desproporo existente entre as prestaes das duas partes". A Leso Enorme caracterizada por ser um defeito objetivo do contrato, ou seja, no estava relacionada a um vcio presumido do consentimento, mas sim na injustia do prprio contrato. Com o advento da Lei 8078/95 a teoria da leso ganhou fora. O ilustre doutrinador CARLOS ALBERTO BITTAR posiciona-se: "O dogma individualista da volio, deve indiscutivelmente, ser relegado ao passado, pois a ele pertence. Da, no mais se poderia suportar a postergao da aprovao do Cdigo, que veio a proteger o consumidor, aambarcando inclusive as clusulas

abusivas e o contrato de adeso. Seria verdadeira recalcitrncia jurdica a sagrao da manuteno de um estado prximo ao pice da autonomia privada, quando a regra pacta sunt servanda no era apenas um brocardo". O CDC de forma clara dispe de forma expressa sobre a leso enorme no inciso V do artigo 39 exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. O artigo 51 inciso III 2 parte inclui a leso enorme como sendo uma clusula geral do contrato as que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada.Pode-se conceituar leso enorme como a obteno por uma parte, em detrimento da outra, de vantagem exagerada incompatvel com a boa f ou a eqidade.

XII DA CLUSULA DUTY TO MITIGATE THE LOSS

Sabemos que o Novo Cdigo Civil juntamente com o Cdigo de Defesa do Consumidor so fontes inovadoras do nosso ordenamento, principalmente no que tange ao direito civil constitucional, que tem como princpios basilares a dignidade da pessoa humana (art. 1, III da CR), solidariedade (art. 3, I da CR) e da igualdade (art.5, caput da CR). Um dos fatores mais relevantes da nova teoria geral dos contratos, trazida por essa nova viso do direito civil constitucional, o princpio da boa-f objetiva, estribado na eticidade consagrada pela nova codificao. Tal regramento consta tanto no Cdigo de Defesa do Consumidor (art. 4, III, da Lei 8.078) quanto no novo Cdigo Civil (art. 422), diante da aproximao principiolgica entre os dois sistemas, o necessrio dilogo das fontes entre o CDC e o Novo Cdigo Civil no que tange aos contratos. Esta clusula esta relacionada diretamente ao princpio da boa-f objetiva, ou seja, a duty to mitigate the loss, ou mitigao do prejuzo pelo prprio credor. Com base nesta clusula criou-se o Enunciado n 169 na III Jornada de Direito Civil, in verbis:princpio da boa-f objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do prprio prejuzo.

O referido Enunciado fundamentado pelo artigo 77 da Conveno de Viena de 1980, sobre venda internacional de mercadorias, no sentido de que A

parte que invoca a quebra do contrato deve tomar as medidas razoveis, levando em considerao as circunstncias, para limitar a perda, nela compreendido o prejuzo resultante da quebra. Se ela negligencia em tomar tais medidas, a parte faltosa pode pedir a reduo das perdas e danos, em proporo igual ao montante da perda que poderia ter sido diminuda.

O duty to mitigate the loss o dever do credor de mitigar o prejuzo, este dever acessrio, derivado da boa conduta que deve existir entre os negociantes. Pode ser identificado nos arts. 769 e 771 do Cdigo Civil de 2002 no contrato de seguro. A teoria do duty to mitigate the loss plenamente aplicada aos CONTARTOS BANCRIOS em que h descumprimento. Sendo assim, no pode a instituio financeira permanecer inerte, aguardando que, diante da alta taxa de juros prevista no instrumento contratual, a dvida atinja montantes astronmicos. Nestes casos a doutrina entende que o no atendimento a tal dever traria como conseqncia sanes ao credor, principalmente a imputao de culpa prxima culpa delitual, com o pagamento de eventuais PERDAS E DANOS, ou a REDUO DO SEU PRPRIO CRDITO.

XIII- COBRANA DE DVIDA: ARTIGO 42 C/C ARTIGO 71 DO CDC. Mesmo sendo um exerccio regular do direito, esta cobrana deve ser de forma comedida, com base no princpio da dignidade da pessoa humana. Cabe dano moral (artigo 6 VII do CDC). DA TEORIA DO SUPERINDIVIDAMENTO Um dos princpios basilares do Direito do Consumidor, sobre o qual toda a teoria encontra sustentculo o da proteo dignidade humana, juntamente com a garantia sua sade e sua segurana, que so direitos fundamentais do ser humano.

O referido princpio encontra-se consagrado na Constituio Federal, no inciso III do artigo 1, a dignidade da pessoa humana como fundamento do

Estado. Seguindo a mesma linha, a Lei 8078/90 reala o respeito dignidade do consumidor como seu objetivo principal.

A dignidade do consumidor deve estar sempre acima de qualquer interesse, com o objetivo de preservar os direitos vida, sade, segurana e tambm os econmicos.

Superendividamento pode ser conceituado como a impossibilidade manifesta, pelo devedor de boa-f, de fazer face ao conjunto de suas dvidas no profissionais exigveis e no pagas. A situao em que a pessoa fsica tem o seu ativo circulante (rendas) inferior aos valores devidos aos seus credores (a curto e longo prazo), deixando um passivo descoberto, independentemente de seu imobilizado (bens imveis). Capazes de influir na manuteno de suas despesas mais bsicas em sua subsistncia. Sendo vista pelo regime contbil de competncia, onde se antecipam os encontros de receitas e despesas, mesmo no ocorrendo o recebimento e o vencimento destas ltimas num determinado perodo.

A exigibilidade da dvida no esta relacionada necessariamente que ela j esteja vencida, pois muitas vezes para evitar que quaisquer das dvidas se venam, o consumidor acaba por entrar numa espiral financeira.

O estudo do superendividamento no serve ao mau-pagador ou ao devedor de m-f, tambm no tem como objetivo desmoralizar o crdito.

A teoria do superindividamento est aos consumidores de crdito que se colocam ativamente numa situao de impossibilidade (superendividamento ativo); ou para aquele consumidor que, por um fato da vida (divrcio, desemprego, doena), se v numa situao grave e crescente de no poder pagar suas dvidas quando exigidas. O superendividamento chamado passivo ACIDENTE DE CONSUMO. A concesso do crdito tem que se dar de uma forma responsvel, avaliando com qualidade a condio financeira daquele consumidor.

ELE VULNERVEL. A publicidade para a utilizao para emprstimos bancrios geralmente feita atravs de mensagens subliminares, ou seja, provocam no consumidor uma falsa realidade de crdito, de poder comprar. Essa publicidade subliminar estudada como uma das causas do superendividamento. Ademais, as instituies financeiras tm responsabilidade inequvoca pela concesso do crdito sem moderao, o que deflagra a chamada CULPA CONCORRENTE que tem o condo de dividir prejuzos. A natureza jurdica da culpa concorrente no excludente de responsabilidade do fornecedor. A culpa concorrente causa minorante do quantum indenizatrio. OBS: O pargrafo nico deste artigo traz a hiptese da repetio indbito em caso de pagamento indevido. OBS: O STJ entende que constitui constrangimento e ameaa o registro do nome em cadastros de proteo ao crdito. XIII- ARTIGO 43 DO CDC: BANCO DE DADOS. NATUREZA JURIDICA: Banco de Dados Privados (ex: SERASA, SPC): quando mantido por entidades privadas.

Banco de Dados Pblicos (ex: PROCON, BACEN): quando mantidos por entidades oficiais. Grande parte da Doutrina entende que todos os bancos de dados tm carter pblico (art. 43 pargrafo, 4 do CDC), mas podem ser mantidos por entidades pblicas (Bacen ou Cadin) ou privadas (SPC). Encontram-se hoje no direito constitucional brasileiro os princpios de proteo privacidade (art., X da CF c/c Lei Complementar 105/2001, sigilo bancrio), do direito de acesso, direito de retificao e direito de complementao de suas informaes (art. 5, XIV e XXXIII da CF c/c com a Lei 9.507/97) da defesa do consumidor (art. 5 XXXII da CF e art. 170, V da CF).

FINALIDADE: impedir o abuso na utilizao dos cadastros, para que no haja violao dos direitos fundamentais. O consumidor tem pleno acesso aos seus dados. Crime do art. 72 CDC. STJ: Inscrio irregular no SPC, dano moral sem necessidade de demonstrar o prejuzo. Resp 51158/DF. Prazo de 5 anos: os dados negativos no podem perdurar por mais de 5 anos. Art. 43 parag. 1 CDC. STJ: Uma vez prescrita a obrigao antes desse prazo, deve tambm haver o cancelamento desse cadastro. Resp 522757 de 14.10.2003. Prevalece o prazo do art. 43 parag. 1 do CDC ou do art. 206 parag. 3 VIII CC?

1 corrente: prevalece o prazo do CC por ser mais benfico ao consumidor. Norma posterior ao CDC. Dialogo de Fontes- art. 7 CDC.

2 corrente: prevalece o CDC por ser lei especifica. STJ: sumula 323 O CDC no probe a consulta de dados dos consumidores, pelo contrrio, regula esta consulta. A lei fornece, porm, parmetros de lealdade, transparncia e cooperao e controla esta prtica de forma a prevenir e diminuir os danos causados por estes bancos de dados e/ou pelos fornecedores que os utilizam no mercado. OBS: Nos dias atuais apesar de o consumidor estar discutindo judicialmente o valor da dvida, estes bancos de dados j o inclui como inadimplente, causando claro dano moral, j identificado em todas as instncias, inclusive no STJ. Vale ressaltar que a jurisprudncia brasileira j pacificou que considera como falha na prestao, registro e aviso do consumidor na abertura e manuteno de cadastros e bancos de dados regulados pelo CDC um fato do servio de consumo. Os bancos de dados so relaes de consumo e toda vtima de falhas nos deveres de cuidado, de informao e de cooperao destes fornecedores. O prazo prescricional.

Seguem alguns julgados do TJRJ e STJ em que fica configurada a responsabilidade solidria entre o fornecedor e o banco de dados.2005.001.48971 - APELACAO CIVEL

2 CMARA CVEL RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAO. DANO MORAL. TELESP. SERASA. NEGATIVAO DO NOME DO AUTOR NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRDITO. RESPONSABILIDADE DO BANCO DE DADOS. SOLIDARIEDADE. O Autor teve seu nome negativado junto ao SERASA em razo de dvida relativa a linha telefnica contratada por terceiro em seu nome. A responsabilidade civil por erros nos arquivos de consumo solidria, estando liberado o consumidor para escolher entre propor a ao somente contra o banco de dados ou o fornecedor original, ou, ainda, contra os dois conjuntamente, na forma do art. 275 do Cdigo Civil e 7, pargrafo nico do CDC, o que no tem amparo legal a tentativa de se obter dupla indenizao pelo mesmo fato...2002.001.28320 CVEL 15 CMARA CVEL

APELACAO

RESPONSABILIDADE CIVIL APONTE DO NOME COMO DEVEDOR INADIMPLENTE DANO MORAL INDENIZACAO RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAO. DANO MORAL. NEGATIVAO DO NOME DO AUTOR NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRDITO DO SERASA. RESPONSABILIDADE DO BANCO DE DADOS. Perante o consumidor no tm qualquer efeito jurdico, porque

violadoras do CDC, normas que isentem o banco de dados, ou sua mantenedora, de responsabilidade civil, penal ou administrativa. Tais clusulas convencionais servem, to s para orientar eventual ao de regresso. A responsabilidade civil por erros nos arquivos de consumo solidria, estando liberado o consumidor para escolher entre propor a ao somente contra o banco de dados ou o fornecedor original, ou, ainda, contra os dois conjuntamente, na forma do art. 904, do Cdigo Civil, o que no tem amparo legal a tentativa de se obter dupla indenizao pelo mesmo fato. Para o cumprimento do disposto no 2 do artigo 43 do CODECON no exigvel a notificao pessoal do consumidor. RECURSO DESPROVIDO. REsp 856755 SP RECURSO ESPECIAL 2006/0118388-0 T4 - QUARTA TURMA STJ CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AO DE INDENIZAO. DANO MORAL. INSCRIO INDEVIDA EM RGO DE PROTEO AO CRDITO. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA DO RGO CADASTRADOR. REDUO DO VALOR INDENIZATRIO. 1. O Tribunal de origem condenou o Serasa S/A, ora recorrente, ao pagamento da indenizao por danos morais, de forma solidria com a corequerida, em 100 (cem) salrios mnimos. ...Destarte, para assegurar ao lesado justa reparao, sem incorrer em enriquecimento indevido, reduzo o valor indenizatrio, para fix-lo, de forma solidria, na

quantia certa de R$10.000,00 (dez mil reais). 4. Recurso conhecido e provido.