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PAEBES 2012 REVISTA PEDAGÓGICA 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental Língua Portuguesa ISSN 2237-8324 SEÇÃO 1 Avaliação: o ensino-aprendizagem como desafio SEÇÃO 2 Interpretação de resultados e análises pedagógicas SEÇÃO 3 Os resultados desta escola SEÇÃO 4 Desenvolvimento de habilidades EXPERIÊNCIA EM FOCO

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PAEBES2012

REVISTA PEDAGÓGICA8ª série/9º ano do Ensino FundamentalLíngua Portuguesa

ISSN 2237-8324

SEÇÃO 1

Avaliação:o ensino-aprendizagem como desafio

SEÇÃO 2

Interpretação de resultadose análises pedagógicas

SEÇÃO 3

Os resultados desta escola

SEÇÃO 4

Desenvolvimento de habilidades

EXPERIÊNCIA EM FOCO

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Paebes

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ISSN 2237-8324

Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo

Revista PedagógicaLíngua Portuguesa

8ª série/9º ano do Ensino Fundamental

Paebes

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govERnAdoR do ESTAdo do ESPÍRiTo SAnToJOsÉ ReNaTO CasaGRaNDe

viCE-govERnAdoR do ESTAdo do ESPÍRiTo SAnToGIVaLDO VIeIRa Da sILVa

SECRETáRio do ESTAdo dA EdUCAçãoKLINGeR MaRCOs baRbOsa aLVes

SUBSECRETáRio dE ESTAdo dE PlAnEJAmEnTo E AvAliAçãoeDUaRDO MaLINI

gEREnTE dE infoRmAção E AvAliAção EdUCACionAlaLINe eLIsa COTTa D`ÁVILa

SUBgERÊnCiA dE AvAliAção EdUCACionAlMaRIa aDeLaIDe TÂMaRa aLVes (sUbGeReNTe)DeNIse MORaes e sILVaGLORIeTe CaRNIeLLIMaRILDa sURLO GRaCIOTTIsILVIa MaRIa PIRes De CaRVaLHO LeITe

SUBgERÊnCiA dE ESTATÍSTiCA EdUCACionAlDeNIse PeReIRa Da sILVa (sUbGeReNTe)aNa PaULa aPaReCIDa RaIMUNDODaNIeL seRaFIM GROssI DIaseLZIMaR sObRaL sCaRaMUssaMONICa KeLLeY bOTTONI De sOUZaMONIQUe MaRINHO NOIa

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govERnAdoR do ESTAdo do ESPÍRiTo SAnToJOsÉ ReNaTO CasaGRaNDe

viCE-govERnAdoR do ESTAdo do ESPÍRiTo SAnToGIVaLDO VIeIRa Da sILVa

SECRETáRio do ESTAdo dA EdUCAçãoKLINGeR MaRCOs baRbOsa aLVes

SUBSECRETáRio dE ESTAdo dE PlAnEJAmEnTo E AvAliAçãoeDUaRDO MaLINI

gEREnTE dE infoRmAção E AvAliAção EdUCACionAlaLINe eLIsa COTTa D`ÁVILa

SUBgERÊnCiA dE AvAliAção EdUCACionAlMaRIa aDeLaIDe TÂMaRa aLVes (sUbGeReNTe)DeNIse MORaes e sILVaGLORIeTe CaRNIeLLIMaRILDa sURLO GRaCIOTTIsILVIa MaRIa PIRes De CaRVaLHO LeITe

SUBgERÊnCiA dE ESTATÍSTiCA EdUCACionAlDeNIse PeReIRa Da sILVa (sUbGeReNTe)aNa PaULa aPaReCIDa RaIMUNDODaNIeL seRaFIM GROssI DIaseLZIMaR sObRaL sCaRaMUssaMONICa KeLLeY bOTTONI De sOUZaMONIQUe MaRINHO NOIa

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Klinger Marcos Barbosa Alves, Secretário de Estado da Educação

Ao EdUCAdoRapós um trabalho árduo para garantir o acesso de todas as crianças às escolas, o desafi o de hoje é

assegurar a qualidade do ensino. a sociedade exige melhorias nos níveis de aprendizagem e o Programa

de avaliação da Educação básica do Espírito Santo (Paebes) é um importante instrumento no processo

de planejamento das ações pedagógicas que vão contribuir para alcançar as metas estabelecidas.

o diagnóstico do sistema de ensino do Espírito Santo, obtido por meio do Paebes ao longo dos últimos

anos, subsidia a defi nição de políticas educacionais. assim, o Paebes torna-se imprescindível de tal

modo que, a cada nova edição, surge a necessidade de ampliar sua abrangência.

No ano de 2012, além das provas de Língua Portuguesa, matemática, os alunos também fi zeram testes

de história e geografi a. ao todo, mais de 260 mil estudantes das redes estadual, particular e municipal

foram avaliados, nos anos iniciais e fi nais do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino médio.

dessa maneira, esperamos que as informações contidas nas publicações possam auxiliar os educadores

do estado na busca permanente que é de todos nós: garantir aos alunos o direito de aprender.

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SumáRIo

2. INtERPREtação dE RESuLtadoS E

aNáLISES PEdagógIcaS PágINa 16

1. avaLIação: o ENSINo-aPRENdIzagEm como dESaFIo PágINa 10

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EXPERIÊNcIa Em Foco

PágINa 66

4. dESENvoLvImENto dE habILIdadES PágINa 55

3. oS RESuLtadoS dESta EScoLa PágINa 53

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um importante movimento em busca da qualidade da educação

vem ganhando sustentação em paralelo às avaliações tradicionais:

as avaliações externas, que são geralmente em larga escala e

possuem objetivos e procedimentos diferenciados daquelas

realizadas pelos professores nas salas de aula. Essas avaliações são,

em geral, organizadas a partir de um sistema de avaliação cognitiva

dos estudantes e aplicadas, de forma padronizada, a um grande

número de pessoas. os resultados aferidos pela aplicação de testes

padronizados têm como objetivo subsidiar medidas que visem

ao progresso do sistema de ensino e atendam a dois propósitos

principais: prestar contas à sociedade sobre a eficácia dos serviços

educacionais oferecidos à população e implementar ações que

promovam a equidade e a qualidade da educação.

a avaliação em larga escala deve ser concebida como instrumento

capaz de oferecer condições para o desenvolvimento dos estudantes

e só tem sentido quando é utilizada, na sala de aula, como uma

ferramenta do professor para fazer com que os estudantes avancem.

o uso dessa avaliação de acordo com esse princípio demanda o

1

Caro(a) Educador(a), a Revista Pedagógica apresenta os fundamentos, a metodologia e os resultados da avaliação,

com o objetivo de suscitar discussões para que as informações disponibilizadas possam ser debatidas e utilizadas

no trabalho pedagógico.

AvAliAção: o EnSino-APREndizAgEm Como dESAfio

10 Paebes 2012

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seguinte raciocínio: por meio dos dados levantados, é possível

que o professor obtenha uma medida da aprendizagem de seus

estudantes, contrapondo tais resultados àqueles alcançados no

estado e até mesmo à sua própria avaliação em sala de aula. verificar

essas informações e compará-las amplia a visão do professor quanto

ao seu estudante, identificando aspectos que, no dia a dia, possam

ter passado despercebidos. desta forma, os resultados da avaliação

devem ser interpretados em um contexto específico, servindo para a

reorientação do processo de ensino, confirmando quais as práticas

bem-sucedidas em sala de aula e fazendo com que os docentes

repensem suas ações e estratégias para enfrentar as dificuldades

de aprendizagem detectadas.

a articulação dessas informações possibilita consolidar a

ideia de que os resultados de desempenho dos estudantes,

mesmo quando abaixo do esperado, sempre constituem uma

oportunidade para o aprimoramento do trabalho docente,

representando um desafio a ser superado em prol da qualidade

e da equidade na educação.

Revista Pedagógica 11

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Paebes - TRAJETóRiA

Língua Portuguesa e matemática

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

1ª Série Em

Língua Portuguesa e matemática

1ª série do Em

14.446

2008

106.830

2009

o Paebes

o Programa de avaliação da Educação básica do Espírito Santo (Paebes) avaliou em 2012

as escolas estaduais, municipais e Escolas Particulares Participantes (EPP) do Espírito

Santo nas áreas do conhecimento de Língua Portuguesa, matemática e ciências humanas

(geografi a e história). o Programa avaliou estudantes da 4ª série/5° ano e 8ª série/9º ano

do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino médio. Na linha do tempo a seguir, pode-

se verifi car a trajetória do Paebes e, ainda, perceber como tem se consolidado diante das

informações que apresentam sobre o desempenho dos estudantes.

Língua Portuguesa, matemática,

geografi a e história

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

2ª Série Em

3ª Série Em

Língua Portuguesa, matemática,

biologia, Física e Química

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

1ª Série Em

3ª Série Em

* Foram avaliados apenas os estudantes da região metropolitana da grande vitória: 1ª série

do Em em 2011 e 2ª série do Em em 2012.

*

Língua Portuguesa e matemática

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

1ª Série Em

3ª Série Em

106.525

2012*

114.254

2011*

83.471

2010

12 Paebes 2012

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Língua Portuguesa, matemática,

geografi a e história

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

2ª Série Em

3ª Série Em

Língua Portuguesa, matemática,

biologia, Física e Química

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

1ª Série Em

3ª Série Em

* Foram avaliados apenas os estudantes da região metropolitana da grande vitória: 1ª série

do Em em 2011 e 2ª série do Em em 2012.

*

Língua Portuguesa e matemática

4ª Série/5° ano EF

8ª Série/9° ano EF

1ª Série Em

3ª Série Em

106.525

2012*

114.254

2011*

83.471

2010

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(Composição dos cadernos) Página 19

o diagrama a seguir apresenta, passo a passo, a lógica do sistema de avaliação de forma sintética,

indicando as páginas onde podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados.

Para ter acesso a toda a Coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site www.paebes.caedufjf.net.

(Matriz de Referência) Página 16

Esse recorte se traduz em habilidades consideradas essenciais que formam a Matriz de Referência para avaliação.

Para realizar a avaliação, é necessário definir o conteúdo a ser avaliado. Isso é feito por especialistas, com base em um recorte do currículo e nas especialidades educacionais.

A avaliação em larga escala surge como um importante instrumento para reflexão sobre como melhorar o ensino.

A educação apresenta um grande desafio: ensinar com qualidade e de forma equânime, respeitando a individualidade e a diversidade.

A AvAliAção EdUCACionAl Em lARgA ESCAlA

14 Paebes 2012

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Os resultados da avaliação oferecem um diagnóstico do ensino e servem de subsídio para a melhoria da qualidade da educação.

As informações disponíveis nesta Revista devem ser interpretadas e usadas como instrumento pedagógico.

A análise dos itens que compõem os testes elucida as habilidades desenvolvidas pelos estudantes que estão em determinado Padrão de Desempenho.

Com base nos objetivos e nas metas de aprendizagem estabelecidas, são definidos os Padrões de Desempenho.

As habilidades avaliadas são ordenadas de acordo com a complexidade em uma escala nacional, a qual permite verificar o desenvolvimento dos estudantes.

(Escala de Proficiência) Página 20

(Composição dos cadernos) Página 19

Através de uma metodologia especializada, é possivel obter resultados precisos, não sendo necessário que os estudantes realizem testes extensos.

(Resultados desta Escola) Página 51

(Itens) Página 38

(Padrões de Desempenho) Página 36

(Experiencia em foco) Página 64

Revista Pedagógica 15

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2

mATRiz dE REfERÊnCiA

Para realizar uma avaliação, é necessário definir o

conteúdo que se deseja avaliar. Em uma avaliação

em larga escala, essa definição é dada pela

construção de uma matRIz dE REFERÊNcIa,

que é um recorte do currículo e apresenta as

habilidades definidas para serem avaliadas. No

brasil, os Parâmetros curriculares Nacionais

(PcN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino

médio, publicados, respectivamente, em 1997 e

em 2000, visam à garantia de que todos tenham,

mesmo em lugares e condições diferentes, acesso

a conhecimentos considerados essenciais para o

exercício da cidadania. cada estado, município e

escola tem autonomia para elaborar seu próprio

currículo, desde que atenda a essa premissa.

diante da autonomia garantida legalmente

em nosso país, as orientações curriculares

do Espírito Santo apresentam conteúdos com

características próprias, como concepções e

objetivos educacionais compartilhados. desta

forma, o estado visa a desenvolver o processo de

ensino-aprendizagem em seu sistema educacional

com qualidade, atendendo às particularidades de

seus estudantes. Pensando nisso, foi criada uma

matriz de Referência específica para a realização

da avaliação em larga escala do Paebes.

a matriz de Referência tem, entre seus fundamentos,

os conceitos de competência e habilidade. a

comPEtÊNcIa corresponde a um grupo de

Esta seção traz os fundamentos da metodologia de avaliação externa do Paebes 2012, a matriz de Referência, a Teoria

de Resposta ao item (TRi) e a Escala de Proficiência. os conceitos apresentados são tratados com maior detalhamento

no site www.paebes.caedufjf.net.

inTERPRETAção dE RESUlTAdoS E AnáliSES PEdAgógiCAS

16 Paebes 2012

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AUTO ESCOLA

CARTEIRA DE HABILITAÇÃO

habilidades que operam em conjunto para a obtenção

de um resultado, sendo cada habILIdadE entendida

como um “saber fazer”.

Por exemplo, para adquirir a carteira de motorista

para dirigir automóveis é preciso demonstrar

competência na prova escrita e competência na

prova prática específica, sendo que cada uma

delas requer uma série de habilidades.

a competência na prova escrita demanda

algumas habilidades, como: interpretação de

texto, reconhecimento de sinais de trânsito,

memorização, raciocínio lógico para perceber

quais regras de trânsito se aplicam a uma

determinada situação etc.

a competência na prova prática específica, por

sua vez, requer outras habilidades: visão espacial,

leitura dos sinais de trânsito na rua, compreensão

do funcionamento de comandos de interação

com o veículo, tais como os pedais de freio e de

acelerador etc.

É importante ressaltar que a matriz de Referência

não abarca todo o currículo; portanto, não deve ser

confundida com ele nem utilizada como ferramenta

para a definição do conteúdo a ser ensinado em sala de

aula. as habilidades selecionadas para a composição

dos testes são escolhidas por serem consideradas

essenciais para o período de escolaridade avaliado

e por serem passíveis de medição por meio de

testes padronizados de desempenho, compostos,

na maioria das vezes, apenas por itens de múltipla

escolha. há, também, outras habilidades necessárias

ao pleno desenvolvimento do estudante que não se

encontram na matriz de Referência por não serem

compatíveis com o modelo de teste adotado. No

exemplo acima, pode-se perceber que a competência

na prova escrita para habilitação de motorista inclui

mais habilidades que podem ser medidas em testes

padronizados do que aquelas da prova prática.

a avaliação em larga escala pretende obter

informações gerais, importantes para se pensar a

qualidade da educação, porém, ela só será uma

ferramenta para esse fim se utilizada de maneira

coerente, agregando novas informações às já

obtidas por professores e gestores nas devidas

instâncias educacionais, em consonância com a

realidade local.

Revista Pedagógica 17

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Leia o texto abaixo.

Fidelidade

Nos anos 1970, Claudiomiro, um voluntarioso centroavante do Internacional, que o locutor José Geraldo de Almeida chamava de “tanque colorado”, marcou o gol da vitória do Inter, na final, contra o Grêmio.

Ao final da partida, eleito por uma rádio o melhor em campo, recebeu, como prêmio do patrocinador, uma caixa de azulejos para banheiro. Emocionado, Claudiomiro agradeceu, mas fez uma ressalva:

– Muitíssimo obrigado pelos azulejos, mas, pra ser sincero, eu preferia ganhar os “vermelhejos”, que são da cor do Inter e combinam melhor com o banheiro lá de casa...

PRADO, Renato Maurício. Deixa que eu chuto 2, a missão! Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2006. p. 48. (P090280A9_SUP)

(P090280A9) Nesse texto, sobre Claudiomiro, o traço de humor está na referência A) à emoção de ter sido o melhor.B) à confusão com a palavra “azulejo”.C) ao apelido de “tanque colorado”.D) ao presente ganho pelo jogador.

mATRiz dE REfERÊnCiA dE lÍngUA PoRTUgUESA – PAEBES8ª SéRiE/9º Ano do EnSino fUndAmEnTAl

i – PRoCEdimEnToS dE lEiTURA

d1 localizar informações explícitas em um texto.

d3 inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

d4 inferir uma informação implícita em um texto.

d6 identificar o tema de um texto.

d14 distinguir fato da opinião relativa a esse fato.

ii – imPliCAçõES do SUPoRTE, do gÊnERo E/oU do EnUnCiAdoR nA ComPREEnSão dE TExToS

d5 interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.).

d23 identificar o gênero de textos variados.

d12 identificar a finalidade de textos de gêneros diferentes.

d13 identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

tópico

o tópico agrupa por afinidade um conjunto

de habilidades indicadas pelos

descritores.

item

o item é uma questão utilizada nos testes de uma

avaliação em larga escala e se caracteriza por avaliar uma

única habilidade indicada por um descritor da matriz

de Referência.

Descritores

os descritores associam o conteúdo curricular a operações cognitivas,

indicando as habilidades que serão avaliadas por

meio de um item.

mATRiz dE REfERÊnCiA dE lÍngUA PoRTUgUESA8ª série/9º ano do Ensino fundamental

Elementos que compõem a matriz

18 Paebes 2012

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mATRiz dE REfERÊnCiA dE lÍngUA PoRTUgUESA – PAEBES8ª SéRiE/9º Ano do EnSino fUndAmEnTAl

i – PRoCEdimEnToS dE lEiTURA

d1 localizar informações explícitas em um texto.

d3 inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

d4 inferir uma informação implícita em um texto.

d6 identificar o tema de um texto.

d14 distinguir fato da opinião relativa a esse fato.

ii – imPliCAçõES do SUPoRTE, do gÊnERo E/oU do EnUnCiAdoR nA ComPREEnSão dE TExToS

d5 interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto etc.).

d23 identificar o gênero de textos variados.

d12 identificar a finalidade de textos de gêneros diferentes.

iii – RElAção EnTRE TExToS

d20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema.

d21 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

iv – CoERÊnCiA E CoESão no PRoCESSAmEnTo dE TExToS

d2Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

d7 identificar a tese de um texto.

d8 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

d9 diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

d10 identificar o conflito gerador de enredo e os elementos que constroem uma narrativa.

d11 Estabelecer relação de causa/consequência entre partes e elementos do texto.

d15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

v – RElAçõES EnTRE RECURSoS ExPRESSivoS E EfEiToS dE SEnTido

d16 identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

d17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.

d18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

d19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos, morfossintáticos.

d22 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos estilísticos.

vi – vARiAção lingUÍSTiCA

d13 identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

Revista Pedagógica 19

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TEoRiA dE RESPoSTA Ao iTEm (TRi)

a teoria de Resposta ao Item (tRI) é, em termos gerais, uma forma de analisar e avaliar os

resultados obtidos pelos estudantes nos testes, levando em consideração as habilidades

demonstradas e os graus de dificuldade dos itens, permitindo a comparação entre testes

realizados em diferentes anos.

ao realizarem os testes, os estudantes obtêm um determinado nível de desempenho nas

habilidades testadas. Esse nível de desempenho denomina-se PRoFIcIÊNcIa.

a tRI é uma forma de calcular a proficiência alcançada, com base em um modelo estatístico

capaz de determinar um valor diferenciado para cada item que o estudante respondeu

em um teste padronizado de múltipla escolha. Essa teoria leva em conta três parâmetros:

• Parâmetro "A"

a capacidade de um item de discriminar, entre os estudantes avaliados, aqueles que

desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram.

• Parâmetro "B"

o grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. os itens estão distribuídos

de forma equânime entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de

diversos cadernos com o mesmo grau de dificuldade.

• Parâmetro "C"

a análise das respostas do estudante para verificar aleatoriedade nas respostas: se for

constatado que ele errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de

grau elevado – o que é estatisticamente improvável –, o modelo deduz que ele respondeu

aleatoriamente às questões.

o Paebes utiliza a tRI para o cálculo de acerto do estudante. No final, a proficiência não

depende apenas do valor absoluto de acertos, depende também da dificuldade e da

capacidade de discriminação das questões que o estudante acertou e/ou errou. o valor

absoluto de acertos permitiria, em tese, que um estudante que respondeu aleatoriamente

tivesse o mesmo resultado que outro que tenha respondido com base em suas habilidades.

o modelo da tRI evita essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade

entre as questões que compõem os diferentes cadernos e as habilidades avaliadas em

relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos

estudantes ao longo do tempo e entre diferentes escolas.

20 Paebes 2012

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CaDeRNO

iiiii

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i

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matemática

Língua Portuguesa

i i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i i

i i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i ii i i i i i i

= 1 item

ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos.

4 blocos formam um caderno totalizando 52 itens, sendo 26 itens de Língua Portuguesa e 26 itens de matemática

Na 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa e matemática, são 91 itens/disciplina, divididos em 7 blocos/disciplina, com 13 itens cada.

ComPoSição doS CAdERnoS PARA A AvAliAção

Revista Pedagógica 21

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comPEtÊNcIaS dEScRItoRES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Identifica letras * manifesta consciência fonológica * Lê palavras * Localiza informação d1 Identifica tema d6 Realiza inferência d3, d4, d5, d16, d17, d18, d19 e d22 Identifica gênero, função e destinatário de um texto d12 e d23 Estabelece relações lógico-discursivas d2, d9, d11 e d15 Identifica elementos de um texto narrativo d10 Estabelece relações entre textos d20 distingue posicionamentos d14, d7, d8 e d21 Identifica marcas linguísticas d13

PadRõES dE dESEmPENho - 8ª SÉRIE/9º aNo do ENSINo FuNdamENtaL

domÍNIoS

Apropriação do sistema da

escrita

Estratégias de leitura

Processamento do texto

* As habilidades relativas a essas competências são avaliadas nas séries iniciais do Ensino fundamental.

ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA Em lÍngUA PoRTUgUESA

a EScaLa dE PRoFIcIÊNcIa foi

desenvolvida com o objetivo de traduzir

medidas em diagnósticos qualitativos

do desempenho escolar. Ela orienta, por

exemplo, o trabalho do professor com relação

às competências que seus estudantes

desenvolveram, apresentando os resultados

em uma espécie de régua onde os valores

obtidos são ordenados e categorizados em

intervalos ou faixas que indicam o grau de

desenvolvimento das habilidades para os

estudantes que alcançaram determinado

nível de desempenho.

Em geral, para as avaliações em larga

escala da Educação básica realizadas no

brasil, os resultados dos estudantes em

Língua Portuguesa são colocados em uma

mesma Escala de Proficiência definida

pelo Sistema Nacional de avaliação da

22 Paebes 2012

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Abaixo do Básico

Básico

Proficiente

Avançado

comPEtÊNcIaS dEScRItoRES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Identifica letras * manifesta consciência fonológica * Lê palavras * Localiza informação d1 Identifica tema d6 Realiza inferência d3, d4, d5, d16, d17, d18, d19 e d22 Identifica gênero, função e destinatário de um texto d12 e d23 Estabelece relações lógico-discursivas d2, d9, d11 e d15 Identifica elementos de um texto narrativo d10 Estabelece relações entre textos d20 distingue posicionamentos d14, d7, d8 e d21 Identifica marcas linguísticas d13

PadRõES dE dESEmPENho - 8ª SÉRIE/9º aNo do ENSINo FuNdamENtaL

domÍNIoS

Apropriação do sistema da

escrita

Estratégias de leitura

Processamento do texto

A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.

ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA Em lÍngUA PoRTUgUESA

Educação básica (Saeb). Por permitirem

ordenar os resultados de desempenho, as

Escalas são importantes ferramentas para a

interpretação dos resultados da avaliação.

a partir da interpretação dos intervalos da

Escala, os professores, em parceria com a

equipe pedagógica, podem diagnosticar

as habilidades já desenvolvidas pelos

estudantes, bem como aquelas que ainda

precisam ser trabalhadas em sala de aula,

em cada etapa de escolaridade avaliada.

com isso, os educadores podem

atuar com maior precisão na detecção

das dificuldades dos estudantes,

possibilitando o planejamento e a

execução de novas ações para o

processo de ensino-aprendizagem.

a seguir é apresentada a estrutura da

Escala de Proficiência.

Revista Pedagógica 23

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A ESTRUTURA dA ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA

Na primeira coluna da Escala são apresentados

os grandes domínios do conhecimento em

Língua Portuguesa para toda a Educação

básica. Esses domínios são agrupamentos de

competências que, por sua vez, agregam as

habilidades presentes na matriz de Referência.

Nas colunas seguintes são apresentadas,

respectivamente, as competências presentes na

Escala de Proficiência e os descritores da matriz

de Referência a elas relacionados.

as competências estão dispostas nas várias linhas

da Escala. Para cada competência há diferentes

graus de complexidade representados por uma

gradação de cores, que vai do amarelo-claro ao

vermelho. assim, a cor amarelo-claro indica o

primeiro nível de complexidade da competência,

passando pelo amarelo-escuro, laranja-claro,

laranja-escuro e chegando ao nível mais complexo,

representado pela cor vermelha.

Na primeira linha da Escala de Proficiência,

podem ser observados, numa escala numérica,

intervalos divididos em faixas de 25 pontos,

que estão representados de zero a 500.

cada intervalo corresponde a um nível e um

conjunto de níveis forma um PadRão dE

dESEmPENho. Esses Padrões são definidos pela

Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo

e representados em verde. Eles trazem, de

forma sucinta, um quadro geral das tarefas que

os estudantes são capazes de fazer, a partir do

conjunto de habilidades que desenvolveram.

Para compreender as informações presentes na

Escala de Proficiência, pode-se interpretá-la de

três maneiras:

• Primeira

Perceber, a partir de um determinado domínio,

o grau de complexidade das competências a ele

associadas, através da gradação de cores ao

longo da Escala. desse modo, é possível analisar

como os estudantes desenvolvem as habilidades

relacionadas a cada competência e realizar uma

interpretação que contribua para o planejamento

do professor, bem como para as intervenções

pedagógicas em sala de aula.

• Segunda

Ler a Escala por meio dos Padrões de desempenho,

que apresentam um panorama do desenvolvimento

dos estudantes em um determinado intervalo.

dessa forma, é possível relacionar as habilidades

desenvolvidas com o percentual de estudantes

situado em cada Padrão.

• Terceira

Interpretar a Escala de Proficiência a partir da

abrangência da proficiência de cada instância

avaliada: estado, Superintendência Regional de

Ensino, município e escola. dessa forma, é possível

verificar o intervalo em que a escola se encontra

em relação às demais instâncias.

24 Paebes 2012

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competências descritas para este domínio

oS domÍnioS E ComPETÊnCiAS dA ESCAlA dE PRofiCiÊnCiA

Apropriação do sistema da escrita

Professor, a apropriação do sistema de escrita é condição para

que o estudante leia com compreensão e de forma autônoma.

Essa apropriação é o foco do trabalho nos anos iniciais do Ensino

Fundamental, ao longo dos quais se espera que o estudante avance

em suas hipóteses sobre a língua escrita. Neste domínio, encontram-

se reunidas quatro competências que envolvem percepções acerca

dos sinais gráficos que utilizamos na escrita – as letras – e sua

organização na página e aquelas referentes a correspondências

entre som e grafia. o conjunto dessas competências permite ao

alfabetizando ler com compreensão.

Identifica letras

Reconhece convenções gráficas

manifesta consciência fonológica

Lê palavras

Para auxiliar na tarefa de acompanhar o desempenho dos estudantes, na seção desenvolvimento de habilidades, há uma análise

representativa por meio de habilidades relativas à Coerência e coesão, abordando a perspectiva do seu ensino para esta etapa e

sugestões de atividades e recursos pedagógicos que podem ser utilizados pelo professor. A escolha desse exemplo foi baseada

em um diagnóstico que identificou algumas habilidades que apresentaram baixo índice de acerto na 8ª série/9º ano do Ensino

fundamental nas avaliações educacionais realizadas em anos anteriores.

domÍnioS E ComPETÊnCiAS

ao relacionar os resultados a cada um

dos domínios da Escala de Proficiência e

aos respectivos intervalos de gradação de

complexidade de cada competência, é possível

observar o nível de desenvolvimento das

habilidades aferido pelo teste e o desempenho

esperado dos estudantes nas etapas de

escolaridade em que se encontram.

Esta seção apresenta o detalhamento dos níveis

de complexidade das competências (com suas

respectivas habilidades), nos diferentes intervalos

da Escala de Proficiência. Essa descrição focaliza o

desenvolvimento cognitivo do estudante ao longo

do processo de escolarização e o agrupamento

das competências básicas ao aprendizado da

Língua Portuguesa para toda a Educação básica.

Revista Pedagógica 25

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idEnTifiCA lETRAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e

desenho são uma mesma coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança

pode simplesmente desenhar uma casa. Quando começa a ter contato mais sistemático com textos

escritos, a criança observa o uso feito por outras pessoas e começa a perceber que escrita e desenho são

coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais que se deve utilizar para escrever. Para chegar a

essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras de outros símbolos gráficos, como os

números, por exemplo. uma vez percebendo essa diferenciação, um próximo passo será o de identificar as

letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las mesmo quando escritas em diferentes padrões.

cinza 0 a 75 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 75 a 100 pontos

Estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar

letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos também utilizados na escrita. Esse é um

nível básico de desenvolvimento desta competência, representado na Escala pelo amarelo-claro.

amarelo-escuro 100 a 125 pontos

Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras do alfabeto. Este

novo nível de complexidade desta competência é indicado, na Escala, pelo amarelo-escuro.

vermelho acima de 125 pontos

Estudantes com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos

e identificam as letras do alfabeto, mesmo quando escritas em diferentes padrões gráficos. Esse dado

está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.

REConHECE ConvEnçõES gRáfiCAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura

imitam gestos leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando

suas páginas. Esse é um primeiro indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções

incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente

da fala, se apresenta num fluxo contínuo e na escrita é necessário deixar espaços entre as palavras.

26 Paebes 2012

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cinza 0 a 75 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 75 a 100 pontos

Estudantes que se encontram em níveis de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é

organizado na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esse fato é representado

na Escala pelo amarelo-claro.

vermelho acima de 100 pontos

Estudantes com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para

a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos

adequados entre palavras na construção do texto. Na Escala, este novo nível de complexidade da

competência está representado pela cor vermelha.

mAnifESTA ConSCiÊnCiA fonológiCA0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

a consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito percebe que a palavra é composta de unidades

menores que ela própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. as habilidades relacionadas

a essa competência são importantes para que o estudante seja capaz de compreender que existe

correspondência entre o que se fala e o que se escreve.

cinza 0 a 75 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 75 a 100 pontos

os estudantes que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas

e sílabas que se repetem em início ou fim de palavra. ouvir e recitar poesias, além de participar de

jogos e brincadeiras que explorem a sonoridade das palavras contribui para o desenvolvimento

dessas habilidades.

amarelo-escuro 100 a 125 pontos

Estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. Este

novo nível de complexidade da competência está representado na Escala pelo amarelo-escuro.

vermelho acima de 125 pontos

Estudantes com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram essa competência e esse fato está

representado na Escala de Proficiência pela cor vermelha.

Revista Pedagógica 27

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competências descritas para este domínio

Estratégias de leitura

a concepção de linguagem que fundamenta o trabalho com a língua

materna no Ensino Fundamental é a de que a linguagem é uma

forma de interação entre os falantes. consequentemente, o texto

deve ser o foco do ensino da língua, uma vez que as interações entre

os sujeitos, mediadas pela linguagem, se materializam na forma de

textos de diferentes gêneros. o domínio Estratégias de Leitura reúne

as competências que possibilitam ao leitor utilizar recursos variados

para ler com compreensão textos de diferentes gêneros.

Localiza informação.

Identifica tema.

Realiza inferência.

Identifica gênero, função e destinatário de um texto.

lÊ PAlAvRAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas habilidades. uma delas,

bastante elementar, é a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em

geral, ao iniciar o processo de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por

sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças

constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por esse padrão. Posteriormente, em

função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas a refletir sobre

a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos.

cinza 0 a 75 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 75 a 100 pontos

Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica que os estudantes que apresentam níveis de proficiência

de entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, o

mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização.

amarelo-escuro 100 a 125 pontos

o amarelo-escuro indica, na Escala, que estudantes com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram

um novo nível de complexidade da competência de ler palavras: a leitura de palavra formada por sílabas

com padrão diferente do padrão consoante/vogal.

vermelho acima de 125 pontos

a cor vermelha indica que estudantes com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram as

habilidades que concorrem para a construção da competência de ler palavras.

28 Paebes 2012

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loCAlizA infoRmAção0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

a competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais

elementares. com o seu desenvolvimento o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando

neles informações de que possa necessitar. Essa competência pode apresentar diferentes níveis de

complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo, até fazer essa localização em textos

mais extensos - e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades que devem

ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na Escala de

Proficiência, pela gradação de cores.

cinza 0 a 100 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 100 a 125 pontos

Estudantes que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações em

frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. Esta é uma habilidade importante porque mostra que

o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzindo sentido

para o todo e não apenas para as palavras isoladamente. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento

desta habilidade está indicado pelo amarelo-claro.

amarelo-escuro 125 a 175 pontos

os estudantes que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos localizam informações em textos

curtos, de gênero familiar e com poucas informações. Esses leitores conseguem, por exemplo, a partir

da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma

fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um dos personagens. Essa habilidade está

indicada, na Escala, pelo amarelo-escuro.

laranja-claro 175 a 225 pontos

os estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos,

desde que o texto se apresente em gênero que lhes seja familiar. Esses leitores selecionam, dentre as

várias informações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). Na Escala de Proficiência, o

laranja-claro indica o desenvolvimento dessa habilidade.

laranja-escuro 225 a 250 pontos

os estudantes com proficiência entre 225 e 250 pontos, além de localizar informações em textos mais

extensos, conseguem localizá-las, mesmo quando o gênero e o tipo textual lhe são menos familiares.

Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pelo laranja-escuro.

vermelho acima de 250 pontos

a partir de 250 pontos, encontram-se os estudantes que localizam informações explícitas, mesmo

quando essas se encontram sob a forma de paráfrases. Esses estudantes já desenvolveram a habilidade

de localizar informações explícitas, o que está indicado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha.

Revista Pedagógica 29

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idEnTifiCA TEmA0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

a competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que

permitem ao leitor perceber o texto como um todo significativo pela articulação entre suas partes.

cinza 0 a 125 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 125 a 175 pontos

Estudantes que apresentam um nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um

texto desde que esse venha indicado no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de

jornal ou revista e textos instrucionais. Esses estudantes começam a desenvolver a competência de

identificar tema de um texto, fato indicado, na Escala de Proficiência, pelo amarelo-claro.

amarelo-escuro 175 a 225 pontos

Estudantes com proficiência entre 175 e 225 pontos fazem a identificação do tema de um texto, valendo-

se de pistas textuais. Na Escala de Proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de

desenvolvimento da competência de identificar tema de um texto.

laranja-claro 225 a 275 pontos

Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto mesmo quando

esse tema não está marcado apenas por pistas textuais, mas é inferido a partir da conjugação dessas

pistas com a experiência de mundo do leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de

mundo, estudantes com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam

inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo familiares. o laranja-claro indica este nível de

complexidade mais elevado da competência.

vermelho acima de 275 pontos

Já os estudantes com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo

e gênero menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. Esses estudantes

já desenvolveram a competência de identificar tema em textos, o que está indicado na Escala de

Proficiência pela cor vermelha.

30 Paebes 2012

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REAlizA infERÊnCiA0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que

conseguem ir além daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas

mais profundas de significação. Para realizar inferências, o leitor deve conjugar, no processo de

produção de sentidos para o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus conhecimentos prévios,

à sua experiência de mundo. Estão envolvidas na construção da competência de fazer inferências as

habilidades de: inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece;

inferir o sentido de sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a

partir de outras que o texto apresenta ou, ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto.

cinza 0 a 125 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 125 a 175 pontos

o nível de complexidade desta competência também pode variar em função de alguns fatores: se o texto

apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o gênero

textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. estudantes com proficiência

entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta competência, podendo realizar

inferências em textos não verbais como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem texto verbal, e, ainda, inferir o

sentido de palavras ou expressões a partir do contexto em que elas se apresentam. Na Escala de Proficiência,

o amarelo-claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da competência de realizar inferências.

amarelo-escuro 175 a 225 pontos

Estudantes que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos não

verbais e de linguagem mista, desde que a temática desenvolvida e o vocabulário empregado sejam

familiares. Esses estudantes conseguem, ainda, inferir o efeito de sentido produzido por alguns sinais de

pontuação e o efeito de humor em textos como, por exemplo, piadas e tirinhas. Na Escala de Proficiência,

o desenvolvimento dessas habilidades pelos estudantes está indicado pelo amarelo-escuro.

laranja-claro 225 a 275 pontos

Estudantes com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas como inferir o sentido

de uma expressão metafórica ou efeito de sentido de uma onomatopeia; inferir o efeito de sentido produzido

pelo uso de uma palavra em sentido conotativo e pelo uso de notações gráficas e, ainda, o efeito de sentido

produzido pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares e/ou com vocabulário mais

complexo. Na Escala de Proficiência o desenvolvimento dessas habilidades está indicado pelo laranja-claro.

vermelho acima de 275 pontos

Estudantes com proficiência a partir de 275 pontos já desenvolveram a habilidade de realizar inferências,

pois, além das habilidades relacionadas aos níveis anteriores da Escala, inferem informações em textos de

vocabulário mais complexo e temática pouco familiar, valendo-se das pistas textuais, de sua experiência

de mundo e de leitor e, ainda, de inferir o efeito de ironia em textos diversos, além de reconhecer o efeito

do uso de recursos estilísticos. o desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência

está indicada na Escala de Proficiência pela cor vermelha.

Revista Pedagógica 31

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idEnTifiCA gÊnERo, fUnção E dESTinATáRio dE Um TExTo0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

a competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo

desenvolvimento permite ao leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais

o texto escrito é utilizado com funções comunicativas reais. Essas habilidades vão desde a identificação

da finalidade com que um texto foi produzido até a percepção de a quem ele se dirige. o nível de

complexidade que esta competência pode apresentar dependerá da familiaridade do leitor com o

gênero textual, portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o estudante dispuser,

maiores suas possibilidades de perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que o

repertório de gêneros textuais se amplia à medida que os estudantes têm possibilidades de participar

de situações variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e atendam a propósitos

comunicativos concretos.

cinza 0 a 100 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 100 a 175 pontos

Estudantes que apresentam um nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de

textos de gênero familiar como receitas culinárias, bilhetes, poesias. Essa identificação pode ser feita

em função da forma do texto, quando ele se apresenta na forma estável em que o gênero geralmente

se encontra em situações da vida cotidiana. Por exemplo, no caso da receita culinária, quando ela traz

inicialmente os ingredientes, seguidos do modo de preparo dos mesmos. além de identificarem uma

notícia. Na Escala de Proficiência esse início de desenvolvimento da competência está indicado pelo

amarelo-claro.

amarelo-escuro 175 a 250 pontos

aqueles estudantes com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos

de ampla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valendo-se das pistas oferecidas

pelo texto, tais como: o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. Na Escala de

Proficiência, o grau de complexidade desta competência está indicado pelo amarelo-escuro.

vermelho acima de 250 pontos

os estudantes que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já desenvolveram a competência de

identificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco

familiar e com vocabulário mais complexo. Esse fato está representado na Escala de Proficiência pela

cor vermelha.

32 Paebes 2012

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ESTABElECE RElAçõES lógiCo-diSCURSivAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

a competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que

o leitor estabeleça relações que contribuem para a continuidade, progressão do texto, garantindo sua

coesão e coerência. Essas habilidades relacionam-se, por exemplo, ao reconhecimento de relações

semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. ainda podemos indicar a

capacidade de o estudante reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome.

o grau de complexidade das habilidades associadas a essa competência está diretamente associado

a dois fatores: a presença dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento

desses elementos dentro do texto, por exemplo, se um pronome está mais próximo ou mais distante do

termo a que ele se refere.

cinza 0 a 150 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 150 a 200 pontos

os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a

habilidade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com linguagem

competências descritas para este domínio

Processamento do texto

Neste domínio estão agrupadas competências cujo desenvolvimento

tem início nas séries iniciais do Ensino Fundamental, progredindo

em grau de complexidade até o final do Ensino médio. Para melhor

compreendermos o desenvolvimento destas competências,

precisamos lembrar que a avaliação tem como foco a leitura,

não se fixando em nenhum conteúdo específico. Na verdade,

diversos conteúdos trabalhados no decorrer de todo o período

de escolarização contribuem para o desenvolvimento das

competências e habilidades associadas a este domínio. chamamos

de processamento do texto as estratégias utilizadas na sua

constituição e sua utilização na e para a construção do sentido do

texto. Neste domínio, encontramos cinco competências, as quais

serão detalhadas a seguir, considerando que as cores apresentadas

na Escala indicam o início do desenvolvimento da habilidade, as

gradações de dificuldade e sua consequente consolidação.

Estabelece relações lógico-discursivas

Identifica elementos de um texto narrativo

Estabelece relações entre textos

distingue posicionamentos

Identifica marcas linguísticas

Revista Pedagógica 33

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mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais

como, por exemplo, de tempo, lugar e modo.

amarelo-escuro 200 a 250 pontos

No intervalo de 200 a 250, indicado pelo amarelo-escuro, os estudantes já conseguem realizar tarefas

mais complexas como estabelecer relações anafóricas por meio do uso de pronomes pessoais retos, e

por meio de substituições lexicais. acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas

pelo uso de conjunções, como as comparativas.

laranja-claro 250 a 300 pontos

No laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos na Escala, os estudantes atingem um nível maior de

abstração na construção dos elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa

e consequência sem que haja marcas textuais explícitas indicando essa relação semântica. Esses

estudantes também reconhecem, na estrutura textual, os termos retomados por pronomes pessoais

oblíquos, por pronomes demonstrativos e possessivos.

vermelho acima de 300 pontos

os estudantes com proficiência acima de 300 pontos na Escala estabelecem relações lógico-semânticas

mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. a

cor vermelha indica o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência. É importante

ressaltar que o trabalho com elementos de coesão e coerência do texto deve ser algo que promova

a compreensão de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem

entre si uma rede de sentido, a qual deve ser construída pelo leitor.

idEnTifiCA ElEmEnToS dE Um TExTo nARRATivo0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato

e com os quais mantemos maior contato, tanto na oralidade quanto na escrita. daí, observarmos o

desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência em níveis mais baixos da Escala de

Proficiência, ao contrário do que foi visto na competência anterior. Identificar os elementos estruturadores

de uma narrativa significa conseguir dizer onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem como sob

que ponto de vista a história é narrada. Essa competência envolve, ainda, a habilidade de reconhecer

o fato que deu origem à história (conflito ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa.Esses

elementos dizem respeito tanto às narrativas literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...) como às

narrativas de caráter não literário, uma notícia, por exemplo.

cinza 0 a 150 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

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amarelo-claro 150 a 175 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na Escala nível marcado pelo amarelo-

claro, estão começando a desenvolver essa competência. Esses estudantes identificam o fato gerador de

uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narrados.

amarelo-escuro 175 a 200 pontos

Entre 175 e 200 pontos na Escala, há um segundo nível de complexidade, marcado pelo amarelo-escuro.

Nesse nível, os estudantes reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narrados.

vermelho acima de 200 pontos

a partir de 200 pontos, os estudantes agregam a essa competência mais duas habilidades: o

reconhecimento da solução de conflitos e do tempo em que os fatos ocorrem. Nessa última habilidade,

isso pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. a

faixa vermelha indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência.

ESTABElECE RElAçõES EnTRE TExToS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer

dentro de um texto ou entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é

um fator importante para o estabelecimento dos tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona

e os distingue. as habilidades envolvidas nessa competência começam a ser desenvolvidas em níveis

mais altos da Escala de Proficiência, revelando, portanto, tratar-se de habilidades mais complexas, que

exigem do leitor uma maior experiência de leitura.

cinza 0 a 225 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 225 a 275 pontos

os estudantes que se encontram entre 225 e 275 pontos na Escala, marcado pelo amarelo-claro,

começam a desenvolver as habilidades desta competência. Esses estudantes reconhecem diferenças

e semelhanças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema

comum na comparação entre diferentes textos informativos.

amarelo-escuro 275 a 325 pontos

o amarelo-escuro, 275 a 325 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra

neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo,

reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto.

Revista Pedagógica 35

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vermelho acima de 325 pontos

a partir de 325 pontos, temos o vermelho que indica o desenvolvimento das habilidades relacionadas a

esta competência. os estudantes que ultrapassam esse nível na Escala de Proficiência são considerados

leitores proficientes.

diSTingUE PoSiCionAmEnToS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e

o texto.

cinza 0 a 200 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 200 a 225 pontos

Esta competência começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na Escala de Proficiência. os

estudantes que se encontram no nível indicado pelo amarelo-claro distinguem, por exemplo, fato de

opinião em um texto narrativo.

amarelo-escuro 225 a 275 pontos

No amarelo-escuro, de 225 a 275 pontos, encontram-se os estudantes que já se relacionam com o texto

de modo mais avançado. Neste nível de proficiência, encontram-se as habilidades de identificar trechos

de textos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto.

laranja-claro 275 a 325 pontos

o laranja-claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade das habilidades

associadas a esta competência. os estudantes cujo desempenho se localiza neste intervalo da Escala

de Proficiência conseguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um

determinado assunto.

vermelho acima de 325 pontos

o vermelho, acima do nível 325, indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência

36 Paebes 2012

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idEnTifiCA mARCAS lingUÍSTiCAS0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do

patrimônio social e cultural de uma sociedade. assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer

as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e

históricas em que é utilizada. Esta competência envolve as habilidades de reconhecer, por exemplo,

marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou interlocutor

por meio de marcas linguísticas.

cinza 0 a 125 pontos

os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram

as habilidades relacionadas a esta competência.

amarelo-claro 125 a 175 pontos

os estudantes que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 125 a 175 pontos na Escala, começam a

desenvolver esta competência ao reconhecer expressões próprias da oralidade.

amarelo-escuro 175 a 225 pontos

No intervalo de 175 a 225, amarelo-escuro, os estudantes já conseguem identificar marcas linguísticas

que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos.

laranja-claro 225 a 275 pontos

No intervalo de 225 a 275, laranja-claro, os estudantes apresentam a habilidade de reconhecer marcas

de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo.

laranja-escuro 275 a 325 pontos

os estudantes que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja-escuro, identificam

marcas de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por

expressões idiomáticas.

vermelho acima de 325 pontos

a faixa vermelha, a partir do nível 325 da Escala de Proficiência, indica o desenvolvimento das habilidades

associadas a essa competência. o desenvolvimento dessas habilidades é muito importante, pois implica

a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística.

Revista Pedagógica 37

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*o percentual de respostas em branco e nulas não foi contemplado na análise.

AvançadoProficienteBásicoAbaixo do Básico

Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos Padrões não esgotam tudo aquilo que os estudantes

desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas

essenciais em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas num teste de múltipla escolha. Cabe

aos docentes, através de instrumentos de observação e registro utilizados em sua prática cotidiana, identificarem

outras características apresentadas por seus estudantes não contempladas pelos Padrões. isso porque, a despeito

dos traços comuns a estudantes que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças

individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica.

PAdRõES dE dESEmPEnHo ESTUdAnTil

os Padrões de desempenho são categorias

definidas a partir de cortes numéricos que

agrupam os níveis da Escala de Proficiência, com

base nas metas educacionais estabelecidas pelo

Paebes. Esses cortes dão origem a quatro Padrões

de desempenho – abaixo do básico, básico,

Proficiente e avançado –, os quais apresentam o

perfil de desempenho dos estudantes.

desta forma, estudantes que se encontram em um

Padrão de desempenho abaixo do esperado para

sua etapa de escolaridade precisam ser foco de

ações pedagógicas mais especializadas, de modo

a garantir o desenvolvimento das habilidades

necessárias ao sucesso escolar, evitando, assim, a

repetência e a evasão.

Por outro lado, estar no Padrão mais elevado

indica o caminho para o êxito e a qualidade da

aprendizagem dos estudantes. contudo, é preciso

salientar que mesmo os estudantes posicionados

no Padrão mais elevado precisam de atenção,

pois é necessário estimulá-los para que progridam

cada vez mais.

São apresentados, a seguir, exemplos de itens*

característicos de cada Padrão.

38 Paebes 2012

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Neste Padrão de desempenho, os estudantes se limitam a realizar

operações básicas de leitura, interagindo apenas com textos do

cotidiano, de estrutura simples e de temáticas que lhes são familiares.

Eles localizam informações explícitas. além disso, realizam inferências

de informações, de efeito de sentido de palavra ou expressão, de

efeito do emprego de pontuação e de efeitos de humor. Identificam,

também, a finalidade desses textos.

Quanto aos textos de estrutura narrativa, identificam personagem,

cenário e tempo.

Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-

se operações de retomada de informações por meio de pronomes

pessoais retos, por substituição lexical e por reconhecimento de

relações lógico-discursivas no texto, marcadas por advérbios e

locuções adverbiais e por marcadores de causa e consequência.

No campo da variação linguística, eles reconhecem expressões

representativas da linguagem coloquial.

considerando as habilidades descritas, constata-se que esses

estudantes, após nove anos de escolaridade, apresentam lacunas

no processo de desenvolvimento da competência leitora.

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

até 200 pontos

ABAixo do BáSiCo

Revista Pedagógica 39

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Este item avalia a habilidade de reconhecer o

interlocutor principal de um texto a partir das marcas

linguísticas, ou seja, do registro e do vocabulário

utilizados na construção dos enunciados e, também,

em função do assunto abordado no texto. Para realizar

a tarefa proposta pelo item, os estudantes precisam

estar atentos ao fato de o texto ter como tema “festa”,

além do estabelecimento de uma interlocução direta

(“Faça sua própria festa”) feita no início do texto.

os estudantes que marcaram a alternativa a

(7,5%) podem ter considerado o trecho inicial “‘Eu

e minhas fizemos um pacto. todo mês a gente

chama os mais chegados e se encontra na casa

de um.’” (ℓ. 1-2), inferindo que o texto se direciona

a quem quer se reunir e conversar com os amigos.

os estudantes que assinalaram a alternativa b

(80,9%), o gabarito, conseguiram seguir as pistas

textuais, como o título e a referência aos pais, e

inferiram que o texto se direciona àquelas pessoas

que querem fazer festas na própria casa.

os estudantes que escolheram a alternativa c

(7,1%) podem ter considerado o trecho “minhas

amigas dormem lá em casa” (ℓ. 11), inferindo que o

texto se direciona às pessoas que querem dormir

na casa de amigos.

os estudantes que optaram pela alternativa d

(4,1%) podem ter considerado a informação relativa

à arrumação da casa depois da festa expressa no

final do texto, inferindo que o texto é direcionado às

pessoas que querem fazer faxina na própria casa.

80+20A B C D

7,5% 80,9% 7,1% 4,1%

percentual de acerto

80,9%

Leia o texto abaixo.

5

10

15

A festa é sua!

Faça sua própria festa! “Eu e minhas amigas fizemos um pacto. Todo mês a gente chama os mais chegados e se encontra na casa de um. Cada um tem que levar algo e pronto: a festa está garantida”, conta Luciana, 16 anos. Tudo bem, agora você pensa: “Como vou burlar a fiscalização dos meus pais?”. Se os seus não te dão sossego, você tem algumas opções: convencer seus tios (ou os amigos deles) a tirá-los de casa no dia da festa, conversar sério para ganhar a confiança deles, fazer uma vaquinha para alugar o salão de festa do seu prédio ou expor a situação para os seus amigos.

Para Luciana, a organização da festa conta muito na hora da diversão. “É importante chamar apenas os amigos e medir o espaço da sua casa. Outros detalhes de que você não pode se esquecer: tomar cuidado com o barulho caso a vizinhança seja um saco e fazer a arrumação da casa depois da festa. Minhas amigas dormem lá em casa e no dia seguinte damos um tapa na arrumação: lavar a louça, colocar as coisas no lugar, essas coisas”, diz Leila, de 15 anos. Outra saída é fazer uma vaquinha para pagar uma faxineira depois. O importante é não perder a confiança dos pais. “Os meus sempre dão aquela lição de moral se não encontram tudo no lugar. É melhor nem escutar: se eu quiser continuar tendo bandeira branca para as minhas festas, é bom andar na linha”, acrescenta Leila.

Disponível em: <http://www.terra.com.br/jovem>. (P08192SI_SUP)

(P08192SI) Esse texto é direcionado a quem querA) conversar na casa dos amigos.B) dar festas na própria casa.C) dormir na casa dos amigos.D) fazer faxina na própria casa.

40 Paebes 2012

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86+14A B C D

5,3% 3,4% 4,7% 86,2%

percentual de acerto

86,2%

Este item avalia a habilidade de inferir uma informação. avalia-

se, assim, se os estudantes conseguem partir da articulação das

proposições explícitas e do conhecimento de mundo para chegar

a outra informação. Essa habilidade associa-se aos procedimentos

cognitivos de alto nível.

os estudantes que marcaram a alternativa a (5,3%) podem ter se

apoiado apenas na informação presente no tópico 2 do texto.

os estudantes que optaram pela alternativa b (3,4%) podem ter

considerado o tópico 3 do texto, em que é citado um exemplo.

os estudantes que escolheram a alternativa c (4,7%) consideraram,

possivelmente, a informação presente na última pergunta – tópico

10 – do texto.

os estudantes que assinalaram a alternativa d (86,2%), o gabarito,

revelaram ter desenvolvido a habilidade avaliada pelo item, pois

conseguiram realizar a tarefa solicitada pelo item a partir das

informações presentes nos tópicos 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

Leia o texto abaixo.

Roteiro de entrevista

1. Fale sobre você. 2. Que bons livros (ou bons filmes) você tem lido (ou assistido) ultimamente? 3. Você aceitaria mudar algum aspecto importante da sua vida (por exemplo, mudar de cidade)? 4. Como você ficou sabendo da vaga? 5. Qual sua pretensão salarial? 6. O que você fez de bom no seu emprego anterior? 7. Com que tipo de pessoa você tem dificuldade de trabalhar? 8. Por que está saindo do emprego atual? 9. Qual a sua experiência para esse cargo?10. O que você faz para se divertir e relaxar?

Disponível em: <http://www.efetividade.net/2008/01/17/entrevista/>. Adaptado. (P050115A9_SUP)

(P050115A9) Essa entrevista será feita com alguém que procuraA) bons livros. B) mudar de cidade.C) se divertir e relaxar.D) um emprego.

Revista Pedagógica 41

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os estudantes cujas médias de proficiência estão situadas neste

Padrão de desempenho ampliam suas habilidades de leitura, sendo

capazes de interagir com textos de temática menos familiar e de

estrutura um pouco mais complexa.

No que diz respeito à percepção de posicionamentos no texto, esses

estudantes conseguem distinguir fato de opinião e identificar a tese

e os argumentos que a defende.

Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-

se operações de retomada de informações por meio de pronomes

pessoais e, também, de indefinidos, por substituição lexical e por

reconhecimento de relações lógico-discursivas no texto, marcadas

por advérbios e locuções adverbiais e por marcadores de causa e

consequência.

No que diz respeito ao tratamento das informações globais, esses

estudantes inferem o assunto de textos de temática do cotidiano.

Revelam a capacidade de selecionar informações do texto,

distinguindo a principal das secundárias.

No campo da variação linguística, identificam interlocutores por meio

das marcas linguísticas.

com relação às operações inferenciais, eles depreendem

informações implícitas, o sentido de palavras ou expressões, o efeito

do uso pontuação e de situações de humor. além disso, reconhecem

o efeito de sentido de notações em um texto de linguagem mista.

de 200 a 275 pontos

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

BáSiCo

42 Paebes 2012

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Este item avalia a habilidade de localizar

informações explícitas em um texto. Nesse

caso, a tarefa solicitada é relativamente simples,

pois o texto não apresenta muitas informações,

a linguagem e a temática são acessíveis aos

estudantes após nove anos de escolarização.

os estudantes que optaram pela alternativa a

(14,1%) podem ter considerado uma informação

que se encontra imediatamente anterior à palavra

Lua; no entanto, a alternativa se refere à estrela e

não à Lua, que é destacada no comando.

os estudantes que assinalaram a alternativa b (8,4%),

possivelmente, se detiveram no trecho inicial do

texto “É uma grande planta aquática do amazonas.”,

relacionando-o à caracterização da Lua.

os estudantes que marcaram a alternativa c

(75,4%), o gabarito, conseguiram acompanhar a

progressão das informações presentes no texto

e, conforme solicitado no comando, localizaram

a informação explícita no trecho “E a Lua é um

guerreiro belo e forte”.

os estudantes que escolheram a alternativa

d (1,9%), provavelmente, se guiaram por seu

conhecimento de mundo, desconsiderando os

aspectos textuais.

75+25A B C D

14,1% 8,4% 75,4% 1,9%

percentual de acerto

75,4%

Leia o texto abaixo.

Lenda da vitória-régia

Você já viu a vitória-régia? É uma grande planta aquática do Amazonas. Os índios daquela região contam uma lenda para explicar como surgiu essa planta. [...]

Segundo os índios, cada estrela é uma moça índia que se casou com a Lua. E a Lua é um guerreiro belo e forte que, nas noites de luar, desce à Terra para se casar com uma índia.

Era uma vez uma índia chamada Naiá que se apaixonou pela Lua. Todas as noites ela ficava sozinha, admirando a Lua e desejando abraçá-la. Mas isso não era possível, pois a Lua estava tão alta!

Certa noite, Naiá chegou à beira de um lago e viu refletida na água a imagem da Lua. Ela ficou super feliz! Pensou que fosse o guerreiro branco que tinha descido à Terra para casar-se com ela. E para não perdê-lo, jogou-se nas águas profundas do lago... e morreu afogada.

Então a Lua, que não quisera fazer de Naiá uma estrela do céu, resolveu fazer dela uma estrela da água e transformou-a numa planta de grandes folhas e belas flores.

E assim surgiu a vitória-régia.TUFANO, D. Meu primeiro dicionário. Dicionário infantil pedagógico. São paulo: Paulus, 2004, p. 38. (P04511_SUP)

(P04513SI) Para os índios, a Lua éA) uma jovem moça índia.B) uma planta aquática.C) um guerreiro belo e forte.D) um satélite da Terra.

Revista Pedagógica 43

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Leia o texto abaixo.

Agenda Bom Programa. (P08181SI_SUP)

(P08181SI) O tema desse texto é

A) a rua Sampaio em Juiz de Fora.

B) a Companhia de Música de Juiz de Fora.

C) a Câmara de vereadores de Juiz de Fora.

D) a Catedral de Juiz de Fora.

44 Paebes 2012

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79+21Este item avalia a habilidade de identificar o tema de um texto, a

qual se relaciona com a capacidade de articular as informações

apresentadas e realizar uma síntese.

a identificação do tema de um texto pode apresentar vários níveis

de complexidade, os quais se associam, por exemplo, à familiaridade

com as informações expressas e à linguagem utilizada, além

da construção das estruturas que compõem o texto, isto é, se as

frases são curtas ou não, se há o predomínio de coordenação ou

subordinação.

Nesse caso, o texto utilizado como suporte para aferição dessa

habilidade pode ser considerado simples e com temática e

linguagem familiares aos estudantes que foram avaliados e cujo

título se constitui como assunto a ser abordado.

os estudantes que escolheram a alternativa a (79,1%), o gabarito,

revelaram ter desenvolvido a habilidade avaliada pelo item, pois

foram capazes de depreender o tema do texto ao relacionar

informações como o título e a história que deu origem ao nome da

rua.

os estudantes que marcaram a alternativa b (12,9%) podem ter

considerado o fato de o professor citado ter sido um dos fundadores

da companhia de música, inferindo, por isso, que o texto tenha por

tema a companhia de música de Juiz de Fora.

os estudantes que marcaram a alternativa c (3,9%) podem ter

considerado as informações sobre a vida política do professor

Sampaio, como sua função de vereador e de secretário de uma

comissão, inferindo, assim, que o texto tenha por tema a câmara de

vereadores de Juiz de Fora.

os estudantes que marcaram a alternativa d (3,9%) podem ter

considerado a influência do professor Sampaio na construção de

um novo templo e sua posterior nomeação como catedral Sampaio,

inferindo, por isso, que o texto tenha por tema a catedral de Juiz

de Fora.

A B C D

79,1% 12,9% 3,9% 3,9%

percentual de acerto

79,1%

Revista Pedagógica 45

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as habilidades características deste Padrão de desempenho

revelam um avanço no desenvolvimento da competência leitora,

pois os estudantes demonstram ser capazes de realizar inferência

de sentido de palavras/expressões em textos literários em prosa e

verso, interpretar textos de linguagem mista, reconhecer o efeito de

sentido do uso de recursos estilísticos e de ironia e identificar o valor

semântico de expressões adverbiais pouco usuais.

No campo da variação linguística, reconhecem expressões de

linguagem informal e marcas de regionalismo. além de reconhecerem

a gíria como traço de informalidade.

Quanto ao tratamento das informações globais do texto, distinguem

a informação principal das secundárias e identificam gêneros

textuais diversos.

No que concerne à estrutura textual, reconhecem relações

lógico-discursivas expressas por advérbios, locuções adverbiais

e conjunções. Na realização de atividades de retomada por meio

do uso de pronomes, esses estudantes conseguem recuperar

informações por meio do uso de pronomes relativos.

Eles demonstram, ainda, a capacidade de localizar informações em

textos expositivos e argumentativos, além de identificar a tese de

um artigo de opinião e reconhecer a adequação vocabular como

estratégia argumentativa.

Neste Padrão, os estudantes demonstram, portanto, uma maior

familiaridade com textos de diferentes gêneros e tipologias.

de 275 a 325 pontos

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

PRofiCiEnTE

46 Paebes 2012

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42+58

Este item avalia a habilidade de identificar efeitos

de humor produzidos em textos diversos. Essa é

uma habilidade que se relaciona diretamente aos

processos de compreensão que ultrapassam as

barreiras da mera identificação literal de sentidos,

exigindo do estudante a capacidade de construir

uma representação coerente do texto e perceber

que o humor se estabelece pela quebra de uma

expectativa, pelo inusitado.

os estudantes que marcaram a alternativa a (15,4%)

podem ter considerado o fato de claudiomiro ter

sido o melhor no jogo, inferindo que o humor do

texto consiste na emoção do jogador.

os estudantes que escolheram a alternativa b

(42%), possivelmente, inferiram que o humor do

texto consiste no fato de o jogador relacionar a

palavra “azulejos”, devido ao início ‘azul’, à cor do

time adversário, não entendendo, assim, que o

termo “azulejos” se refere ao prêmio dado a ele.

os estudantes que assinalaram a alternativa

c (12,7%) podem ter considerado que o humor

do texto consiste no fato de o apelido “tanque

colorado”, dado ao jogador, ser estranho, inusitado.

os estudantes que optaram pela alternativa d

(29,6%), possivelmente, consideraram inusitado

o jogador ganhar uma caixa de azulejos como

prêmio por seu desempenho.

A B C D

15,4% 42% 12,7% 29,6%

percentual de acerto

42%

Leia o texto abaixo.

Fidelidade

Nos anos 1970, Claudiomiro, um voluntarioso centroavante do Internacional, que o locutor José Geraldo de Almeida chamava de “tanque colorado”, marcou o gol da vitória do Inter, na final, contra o Grêmio.

Ao final da partida, eleito por uma rádio o melhor em campo, recebeu, como prêmio do patrocinador, uma caixa de azulejos para banheiro. Emocionado, Claudiomiro agradeceu, mas fez uma ressalva:

– Muitíssimo obrigado pelos azulejos, mas, pra ser sincero, eu preferia ganhar os “vermelhejos”, que são da cor do Inter e combinam melhor com o banheiro lá de casa...

PRADO, Renato Maurício. Deixa que eu chuto 2, a missão! Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2006. p. 48. (P090280A9_SUP)

(P090280A9) Nesse texto, sobre Claudiomiro, o traço de humor está na referência A) à emoção de ter sido o melhor.B) à confusão com a palavra “azulejo”.C) ao apelido de “tanque colorado”.D) ao presente ganho pelo jogador.

Revista Pedagógica 47

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43+57

Este item avalia a habilidade de reconhecer a

opinião expressa em um texto. a realização da

tarefa solicitada pelo item pressupõe a percepção

de que existem palavras e expressões como,

por exemplo, verbos, adjetivos, advérbios, que

revelam um posicionamento do autor do texto.

os estudantes que marcaram a alternativa a

(43,1%) revelaram ter desenvolvido a habilidade

avaliada pelo item, pois conseguiram perceber

que o adjetivo “cintilante” caracteriza o substantivo

“caixa”, revelando, assim, a expressão de uma

opinião do autor do texto sobre a televisão.

os estudantes que assinalaram a alternativa b

(16,2%) podem ter considerado que a referência

aos pesquisadores americanos consiste em uma

avaliação do autor do texto acerca das descobertas

sobre a influência da televisão na sociedade.

os estudantes que assinalaram a alternativa

c (29,2%) podem ter inferido que, ao utilizar os

termos “pequenos” e “não”, o autor do texto

expressa uma opinião sobre a relação entre a

televisão e as crianças.

os estudantes que assinalaram a alternativa d

(10,9%) podem ter considerado que o uso do termo

“menores” marca uma opinião do autor do texto

sobre os valores resultantes da pesquisa sobre a

influência da televisão em crianças.

A B C D

43,1% 16,2% 29,2% 10,9%

percentual de acerto

43,1%

Leia o texto abaixo.

5

10

O estimulante consumo de TVA pressão arterial de crianças sobe quando elas exageram na frente da televisão

Muitos pais concordam: ver TV demais não é bom para os filhos. A caixa cintilante distrai as crianças, torna-as sedentárias e as distancia dos amigos. Ou da lição de casa. Pesquisadores americanos da Michigan State University descobriram que o consumo televisivo tem consequências mais abrangentes: ele aumenta a pressão arterial dos pequenos – e não apenas dos sedentários e obesos.

Um estudo de quatro anos, envolvendo 111 crianças entre 3 e 8 anos, que incluiu, entre outros fatores, seus teores de gordura corporal, forneceu resultados muito claros: quanto mais tempo diante da TV, maior o aumento da pressão arterial e sistólica ─ e isso a partir de uma hora e meia diária. Valores menores foram registrados em crianças que viam menos de meia hora de TV por dia. Com isso, os pais tiveram mais uma razão para reduzir o tempo de TV de suas proles.

GEO-Brasil. nº 16. Escala. p.19 (P090723ES_SUP)

(P090723ES) O trecho desse texto que apresenta uma opinião é:A) “A caixa cintilante distrai as crianças, torna-as sedentárias...”. (ℓ. 1-2)B) “... americanos da Michigan State University descobriram...”. (ℓ. 3)C) “... ele aumenta a pressão arterial dos pequenos – e não...”. (ℓ. 4-5)D) “Valores menores foram registrados em crianças que...”. (ℓ. 9)

48 Paebes 2012

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a análise das habilidades encontradas neste Padrão permite afirmar que os estudantes

que nele se encontram são capazes de interagir com textos de tema e vocabulário

complexos e não familiares.

os estudantes reconhecem os efeitos de sentido do uso de recursos morfossintáticos

diversos, de notações, de repetições, de escolha lexical, em gêneros de várias

naturezas e temáticas, ou seja, demonstram maior conhecimento linguístico associado

aos aspectos discursivos dos textos.

Eles realizam, ainda, operações de retomadas com alta complexidade (usando

pronomes demonstrativos e indefinidos, retos, incluindo também elipses).

São capazes de analisar, com profundidade, uma maior gama de textos argumentativos,

narrativos, expositivos, instrucionais e de relato, observando diversas categorias ainda

não atingidas anteriormente, tanto no interior do texto quanto na comparação entre

eles. Na comparação, inferem diferentes posicionamentos em relação ao mesmo

assunto em textos de tipologias diferentes.

No tocante à análise de textos que conjugam diversas tipologias, são capazes de

identificá-las e analisá-las, reconhecendo seus objetivos separada ou conjuntamente.

analisam gêneros textuais híbridos, considerando as condições de produção e os

efeitos de sentido pretendidos.

Em textos literários complexos, inferem o significado da metáfora e o efeito de sentido

pretendido com seu uso.

assim, os estudantes que se posicionam acima de 325 pontos na Escala de Proficiência

podem ser considerados leitores proficientes, ou seja, são leitores que conseguem

selecionar informações, levantar hipóteses, realizar inferências, autorregular sua leitura,

corrigindo sua trajetória de leitura quando suas hipóteses não são confirmadas pelo texto.

acima de 325 pontos

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

AvAnçAdo

Revista Pedagógica 49

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Leia o texto abaixo.

Disponível em: <www.monica.com.br/comics/olimpo/welcome.htm>. Acesso em: 18 nov. 2009. (P050082B1_SUP)

(P050082B1) No segundo quadrinho, o uso de reticências na expressão “Er... Um autógrafo!” sugereA) esquecimento.B) indagação.C) susto.D) timidez.

50 Paebes 2012

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41+59A B C D

25,2% 21,6% 12% 40,9%

percentual de acerto

40,9%

Este item avalia a habilidade de reconhecer os efeitos de sentido

produzidos pelo uso de notações que desempenham funções

discursivas, como aquelas ligadas à ênfase, à reformulação, a humor

ou à justificação de certos segmentos. Neste item, é avaliado se

os estudantes conseguem perceber que as reticências sugerem

timidez da personagem.

os estudantes os quais marcaram a alternativa a (25,2%) podem ter

entendido que, pelo fato de o menino começar a falar, interromper

a frase e recomeçá-la, ele estaria gaguejando por ter esquecido o

que iria falar.

os estudantes que optaram pela alternativa b (21,6%), possivelmente,

se confundiram e tomaram a fala do homem, na qual aparece uma

exclamação conjugada à interrogação.

os estudantes que assinalaram a alternativa c (12%) podem ter

entendido que o menino se assusta diante da fala e da expressão

facial do homem.

os estudantes que escolheram a alternativa d (40,9%), o gabarito,

revelaram ter desenvolvido a habilidade, pois conseguiram observar

que o fato de pedir autógrafo remete à ideia de que o menino

considerava o homem uma espécie de herói. assim, diante do ídolo,

o menino se sente tímido, sentimento sugerido pelas reticências.

Revista Pedagógica 51

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Este item avalia a habilidade de reconhecer a função

de textos de diferentes gêneros, isto é, a finalidade

com que o texto foi escrito. Para resolver a tarefa

proposta pelo item, os estudantes precisam estar

familiarizados com os diferentes gêneros textuais

que circulam na sociedade e entender que os textos

são elaborados segundo certos princípios inerentes

à situação de comunicação na qual ele será utilizado,

o que tem impacto direto na forma como serão

estruturados e na escolha do vocabulário.

os estudantes que marcaram a alternativa a

(55,7%), o gabarito, revelaram ter desenvolvido a

habilidade avaliada pelo item, pois conseguiram

perceber que o texto é uma receita culinária e

reconhecer que esse tipo de texto tem a finalidade

de dar instruções para o preparo de um prato.

os estudantes que assinalaram a alternativa b

(11,1%) podem ter considerado a forma inusitada de

apresentar o preparo, bem como a apresentação

das suas respectivas etapas, inferindo que o texto

tem a finalidade de descrever algo.

os estudantes que escolheram a alternativa c

(11,7%) podem ter se apoiado nas formas verbais

flexionadas no imperativo ou, ainda, no trecho “Este

é apenas um chute que deu certo”, concluindo que

o texto teria a finalidade de fazer uma sugestão

sobre algo.

os estudantes que optaram pela alternativa d

(21,2%) podem ter se apoiado na expressão que

introduz o preparo, “um dia desses”, comum em

textos narrativos, inferindo que o texto foi escrito

para narrar um acontecimento.

56+44

Leia o texto abaixo.

5

10

15

Risoto de tomates secos“Roubado” do restaurante da Mara Alcaminn

Ingredientes:• 2 xícaras de arroz arbóreo;• 2 tabletes de caldo de verduras;• 200 g de tomates secos;• 1/2 xícara de molho de tomate;• 300 g de muçarela de búfala;• sal;• pimenta-do-reino;• manteiga.

Preparo:Um dia desses, quando fomos fotografar na Universal Dinner, a Mara recomendou seu

risoto de tomates secos e muçarela de búfala. Eu tava meio baleado, mas ainda assim deu pra tentar descobrir como ela faz. Este é apenas um chute que deu certo. Dissolva primeiro o caldo de verdura em 1 litro de água quente. Agora, refogue o arroz em duas colheres de manteiga. Tempere com sal e pimenta. Junte o molho de tomate e o caldo de verduras – este aos poucos, sempre o suficiente para cobrir o arroz. Mexa de vez em quando pra garantir que ele vai ficar levemente cremoso. Quando o arroz estiver quase no ponto, coloque o tomate seco. Na hora de levar à mesa, coloque no meio a muçarela e só.

OSÓRIO, Luiz Alberto. Coisas da vida. Correio Brasiliense. Brasília, 6 abr. 2001. Fragmento. (P090583EX_SUP)

(P090583EX) A finalidade principal desse texto éA) dar instruções. B) descrever uma situação.C) fazer uma sugestão.D) narrar um acontecimento.

A B C D

55,7% 11,1% 11,7% 21,2%

percentual de acerto

55,7%

52 Paebes 2012

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b`

a 3

os resultados desta escola no Paebes 2012 são apresentados sob seis aspectos, sendo que quatro deles estão impressos

nesta revista. os outros dois, que se referem aos resultados do percentual de acerto no teste, estão disponíveis no Cd

em anexo à Revista da gestão Escolar e no Portal da Avaliação, pelo endereço eletrônico www.paebes.caedufjf.net. o

acesso ao Portal da Avaliação é realizado mediante senha enviada ao gestor da escola.

oS RESUlTAdoS dESTA ESColA

Revista Pedagógica 53

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RESUlTAdoS diSPonÍvEiS no PoRTAl dA AvAliAção• Percentual de acerto por descritor

apresenta o percentual de acerto no teste para cada uma das habilidades avaliadas.

Esses resultados são apresentados por SRE, município, escola, turma e estudante.

• Resultados por estudante

É possível ter acesso ao resultado de cada estudante na avaliação, sendo informada

a categoria de desempenho alcançada e quais habilidades ele possui desenvolvidas

em Língua Portuguesa para a 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental. Essas são

informações importantes para o acompanhamento de seu desempenho escolar.

RESUlTAdoS imPRESSoS nESTA REviSTA• Proficiência média

apresenta a proficiência média desta escola. É possível comparar a proficiência

com as médias do estado, da sua Superintendência Regional de Educação (SRE) e

do seu município para as diferentes redes*. o objetivo é proporcionar uma visão das

proficiências médias e posicionar sua escola em relação a essas médias.

• Participação

Informa o número estimado de estudantes para a realização do teste e quantos,

efetivamente, participaram da avaliação no estado, na sua SRE, no seu município e na

sua escola.

• Percentual de estudantes por Padrão de desempenho

Permite acompanhar o percentual de estudantes distribuídos por Padrões de

desempenho na avaliação realizada pelo estado.

• Percentual de estudantes por nível de proficiência e Padrão de desempenho

apresenta a distribuição dos estudantes ao longo dos intervalos de proficiência no

estado, na sua SRE/município e na sua escola. os gráficos permitem identificar o

percentual de estudantes para cada nível de proficiência em cada um dos Padrões de

desempenho. Isso será fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas

à melhoria do processo de ensino e à promoção da equidade escolar.

*Para as Escolas Particulares Participantes (EPP), a comparação é realizada entre a média da escola e a média de todas as escolas particulares participantes.

54 Paebes 2012

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4

o artigo a seguir apresenta uma sugestão para o trabalho de um tópico em sala de aula. A proposta é que o

caminho percorrido nessa análise seja aplicado para outras habilidades. Com isso, é possível adaptar as estratégias

de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual atua para promover uma ação focada nas necessidades

dos estudantes.

dESEnvolvimEnTo dE HABilidAdES

Revista Pedagógica 55

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"podemos dizer que

um texto apresenta

problemas de

coerência e coesão

na medida em que

seus significados e

marcas formais não

estão colaborando

para construir um todo

integrado em torno de

uma ideia."

CoERÊnCiA E CoESão ASPECToS ESSEnCiAiS do TExTo

No universo da Linguística textual, a coerência e a coesão, junto com

as outras cinco propriedades da textualidade – a intencionalidade,

a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a

intertextualidade –, são consideradas princípios de interpretabilidade

dos textos. São fatores que, como afirmam os autores especializados

no assunto, fazem com que um texto não seja um mero conjunto de

frases, mas sim uma unidade semântica.

No que diz respeito especificamente à coerência e à coesão, essa

unidade semântica está diretamente relacionada à integração

entre, de um lado, as partes que formam um texto e, de outro,

o seu significado central. assim, podemos dizer que um texto

apresenta problemas de coerência e coesão na medida em que

seus significados e marcas formais não estão colaborando para

construir um todo integrado em torno de uma ideia. analogamente,

os problemas de leitura e de processamento de textos também

56 Paebes 2012

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"pode-se concluir

que pensar a

estrutura da língua

é também pensar

o seu significado,

pois a estrutura é

um elemento que

auxilia na construção

das informações

desejadas."

podem estar relacionados à dificuldade do leitor em fazer essa

integração parte-todo, ou seja, de reconhecer se e como as

partes de determinado texto estão integrando-se e contribuindo

apropriadamente para os objetivos do texto.

Na discussão acerca do ensino da coerência e da coesão textual,

podemos enumerar algumas causas para os problemas de baixo

desempenho dos estudantes nas atividades que requerem

habilidades e competências nesse campo. Esses problemas

relacionam-se, principalmente, ao entendimento dos conceitos de

coesão e de coerência dentro de uma reflexão mais ampla sobre a

estrutura da língua e também sobre o seu ensino.

Para começar, na didática do português como língua materna, os

fenômenos e aspectos textuais estão vinculados exclusivamente

à atividade de produção textual, e não se pensa nesses conceitos

em termos de ensino de leitura. com isso, ignora-se, como foi dito

anteriormente, que a coerência e a coesão, como aspectos da

textualidade, são princípios de interpretabilidade textual, e que essa

propriedade as relaciona diretamente à qualidade do processamento

do texto.

outra razão é que, muito embora o ensino dos aspectos da coesão

textual seja recomendado a partir do 7º ano do Ensino Fundamental,

o entendimento da coerência textual só vem a ser sistematicamente

discutido no Ensino médio, mesmo assim sem relação direta com a

coesão. Esse fator não permite a observação da coesão textual como

um auxiliar da coerência, dificultando, com isso, que os estudantes

possam compreender que a estrutura dos textos contribui para a

integração dos significados que eles veiculam.

além disso, embora os estudos sobre coerência digam respeito

aos quatro fatores (denominados metarregras) relacionados à

organização textual – a continuidade, a progressão, a relação e a

não-contradição –, a quase totalidade das reflexões sobre coerência

nos materiais didáticos focaliza apenas a não-contradição, que se

relaciona não com a estrutura dos textos, mas com a fidelidade

do texto à realidade que ele pretende descrever. as relações de

manutenção e desenvolvimento de ideias dentro dos textos, que

são propriedades manifestadas pelos elementos coesivos, não

são exploradas.

Revista Pedagógica 57

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Sabemos, ainda, que é possível associar os processos de articulação

textual a fenômenos estruturais que estão presentes em outros níveis

de análise linguística. Quanto ao léxico, não podemos combinar

quaisquer tipos de palavras sem observar os significados que elas

veiculam: por exemplo, embora se diga frequentemente que um cão

é fiel, não se diz que um cão é honesto, porque, embora a fidelidade

seja uma qualidade atribuível a certos animais, o mesmo não se pode

dizer da honestidade. E, quanto à sintaxe, mais especificamente no

período composto, as orações, assim como os textos, articulam-se

para constituir uma unidade de nível maior, e cada oração seleciona

os significados possíveis para as outras orações às quais ela pode se

articular. contudo, essa associação de ideias presente no léxico, na

sintaxe e no texto, cujo ensino poderia facilitar o entendimento mais

amplo da coerência e da coesão textual, nem sempre é discutida

pela didática de língua materna.

Pelo que foi dito acima, pode-se concluir que pensar a estrutura

da língua é também pensar o seu significado, pois a estrutura é um

elemento que auxilia na construção das informações desejadas.

Entretanto, muitas vezes não há a preocupação em desenvolver

um ensino baseado na compreensão estrutural sobre a língua

e no fato de que, ao estruturarmos palavras, orações, textos,

estamos organizando significados que se integram com o auxílio de

marcas gramaticais.

Para reverter esse estado de coisas, é necessário desenvolver

atividades que ajudem os estudantes a assimilar duas propriedades

importantes, relacionadas à competência linguística e às habilidades no

trato com a estrutura da língua e a compreensão dos textos: a primeira,

relacionada aos saberes sobre a língua, diz respeito aos estudantes

habituarem-se a realizar reflexões estruturais sobre os fatores

importantes na compreensão dos textos e na produção de materiais

textuais de qualidade. a segunda, intimamente integrada à primeira, e

relacionada à prática com os usos da língua, diz respeito à autonomia

do estudante na confecção, bem como na leitura, de textos de diversas

naturezas. É importante termos em mente que, ao terem consciência

das suas ações linguísticas, seja no momento de realizarem atividades

escolares, seja no momento de eles mesmos construírem e lerem textos,

os estudantes realizarão suas ações linguísticas com mais qualidade e

mais independência. através do trabalho com a coerência e a coesão

textual, é possível ajudá-los a conquistarem essa independência.

58 Paebes 2012

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o desenvolvimento de habilidades na sala de aula

um dos aspectos importantes do ensino do texto diz respeito à forma

como as suas partes integram-se para constituir um todo. No caso

do texto dissertativo-argumentativo, essa afirmação relaciona-se a

como os argumentos ajustam-se entre si para construir, na mente

do leitor, uma visão geral da ideia que o texto deseja apresentar ou

defender. mas a via contrária, a do todo para as partes, também deve

ser observada, porque, a partir da detecção da tese de um texto,

pode-se também investigar como o seu autor foi mais ou menos

bem-sucedido em levantar e articular os argumentos necessários

para conferir coerência e credibilidade às suas ideias. Porém,

devemos lembrar que não se pode falar em coerência e organização

de significados nos textos sem discutir coesão textual. Por isso, o

trabalho de leitura cuidadosa de um texto inclui verificar se os

elementos coesivos que auxiliam na sua continuidade e progressão

foram bem empregados e contribuem para a clareza das ideias

apresentadas pelo redator e para a configuração dos alicerces que

sustentam a tese do texto.

as questões postas acima dizem respeito a três importantes

habilidades relacionadas entre si, e também à construção da

coerência e da coesão textual, por isso elas estão incluídas entre

os descritores de avaliação do desempenho em processamento de

texto dos estudantes do Ensino Fundamental. Esses descritores são

os seguintes: identificar a tese de um texto; estabelecer relação entre

a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la; estabelecer

relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por

conjunções, advérbios etc.

Identificar a tese de um texto é uma habilidade relacionada à leitura

de textos dissertativo-argumentativos, baseados em uma opinião

ou ideia definida e específica. Essa ideia deverá ser fundamentada

com argumentos suficientes para que, se não puder persuadir,

pelo menos produza no leitor a impressão de que o que está dito é

plausível. observe-se que identificar uma tese é diferente de recortar

o tema do texto: tema é o campo de conhecimento ou informação

em que o texto se encaixa; tese é uma proposição específica, muitas

vezes pessoal, que tem o propósito de convencimento, por isso é

que necessita de argumentos para cumprir o seu objetivo.

"Um dos aspectos

importantes do ensino

do texto diz respeito

à forma como as suas

partes integram-se para

constituir um todo."

Revista Pedagógica 59

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"estabelecer a relação

entre a tese e os

argumentos oferecidos

para sustentá-la

é uma habilidade

fundamental na leitura

bem-sucedida de

textos dissertativo-

argumentativos"

Portanto, pelo que foi dito, estabelecer a relação entre a tese

e os argumentos oferecidos para sustentá-la é uma habilidade

fundamental na leitura bem-sucedida de textos dissertativo-

argumentativos, já que os argumentos é que vão reforçar

o entendimento da ideia do autor e auxiliarão na maior

probabilidade de persuasão do que ele deseja comunicar com

o seu texto. Por esse motivo, durante a leitura, dois fatores são

importantes na formulação dessas relações: o reconhecimento da

articulação dos argumentos entre si, para se compreender, sem

contradições ou ambiguidades, qual é a opinião que o autor do

texto deseja comunicar; e o estabelecimento, na mente, de uma

relação pertinente entre os argumentos e a tese central, para que

os motivos da tese possam ser claramente identificados.

Note-se, então, como uma boa relação partes-todo e todo-partes

precisa ser observada durante toda a leitura do texto dissertativo-

argumentativo. Esse cuidado é bastante facilitado com o

desenvolvimento da última habilidade citada: estabelecer relações

lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções,

advérbios etc.

No que tange especificamente ao texto dissertativo-argumentativo

na modalidade escrita, relações lógico-discursivas como causa-

consequência, premissa-conclusão, contraste, meio-fim, afirmação-

justificativa, entre outras, podem e devem vir marcadas pelos

elementos gramaticais de que a língua dispõe, para que os

argumentos do texto, bem como a sua tese central, possam

ter qualidade e clareza, podendo, assim, ser inequivocamente

identificadas. o aprimoramento da capacidade de detectar essas

relações diz respeito à habilidade de recuperar congruentemente

os significados no texto com o apoio das formas gramaticais usadas

para explicitá-los.

No processo didático, o aprendizado e o desenvolvimento dessas

habilidades podem ser estimulados já no estudo dos períodos

compostos por subordinação e coordenação, cujo ensino pode

revelar aos aprendizes as relações lógicas que já devem existir

entre as orações que os formam, e que podem ser encontradas na

produção de porções textuais maiores, ao lado de outras relações,

como formulação geral/formulação específica, exemplificação,

enumeração etc.

60 Paebes 2012

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um método interessante que pode ser empregado na realização

desse trabalho se baseia na comparação entre estruturas bem e mal

formadas, tanto para períodos quanto para parágrafos, e também

para textos. a partir dessa comparação, os estudantes poderão

desenvolver uma sensibilidade que lhes desperte a atenção, no

processo de leitura e também de produção textual, para a qualidade

das relações dispostas entre a tese do texto, os argumentos

escolhidos para fundamentá-la e o material gramatical que explicita

essa organização.

observe-se o exemplo abaixo, que não é extenso, mas ajuda a

demonstrar a relação tese-argumentos:

Como vários estudos nos comprovam, o clima está sofrendo grande

agressão e a poluição cada vez mais notória, sabemos que a energia

nuclear contribui meritoriamente com esses aspectos, logo, uma fonte

que traz esses benefícios cairia muito bem nos dias de hoje.

o trecho acima apresenta problemas interessantes de conteúdo e

forma linguística. Enumeremos alguns deles:

1. Inadequação de palavra: “meritoriamente”, um advérbio de

significado positivo, elogioso, que está sendo usado para

descrever uma situação negativa, enfraquecendo com isso o

argumento do autor.

2. apresentação deficiente da tese central – uma fonte que traz

esses benefícios cairia muito bem nos dias de hoje: em nenhuma

parte do trecho foi mostrado qualquer benefício que a energia

nuclear pudesse oferecer à sociedade, portanto podemos

apenas intuir qual é a ideia que o autor deseja defender;

3. má escolha de argumentos, que acabam por evidenciar que a

energia nuclear prejudica o clima, em vez de apoiar a suposta

tese do autor.

4. Inadequação do conectivo logo, que prevê uma conclusão a

partir de uma premissa inexistente.

5. uso de termo coloquial, inadequado num texto em norma

padrão: “cairia muito bem”.

Revista Pedagógica 61

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"O estudo da coerência

e da coesão como

fatores importantes

na interpretabilidade

textual precisa focalizar

os dois elementos

fundamentais para

o processo que

envolve os textos: o

material produzido e a

pessoa que o lê e/ou

o escreve"

6. Problemas de pontuação que emergem como efeito da má

seleção e organização das ideias e palavras.

o trabalho de detecção desses problemas pode partir da

comparação entre o trecho acima e outro semelhante, mas bem

formado: “Como vários estudos nos comprovam, o clima está

sofrendo grande agressão, e a poluição é cada vez maior. Sabemos

que a energia nuclear contribui para minimizar essa agressão; logo,

essa fonte de energia, que traz benefícios climáticos, seria muito

bem aceita nos dias de hoje”. Professor e estudantes podem juntos

enumerar e comentar as diferenças que puderem ser identificadas,

sempre pondo em evidência as relações parte-todo entre as ideias

e as marcas gramaticais que as explicitam.

Propostas de atividades

o estudo da coerência e da coesão como fatores importantes

na interpretabilidade textual precisa focalizar os dois elementos

fundamentais para o processo que envolve os textos: o material

produzido e a pessoa que o lê e/ou o escreve . da perspectiva do

material produzido, é preciso observar se as informações estão

organizadas de modo a constituir um todo integrado e significativo,

que possa revelar um projeto bem-sucedido de escrita. da

perspectiva da pessoa que lê, é necessário verificar se o leitor está

conseguindo entrever, a partir das ideias dispostas nos textos, essa

organização de ideias e a informação central cuja substância elas,

em conjunto, estão ajudando a configurar.

Em termos de aprendizado, é preciso observar essas duas

perspectivas quando se pretende desenvolver, junto aos

estudantes, a capacidade de avaliar seus próprios textos e os

que são produzidos pelas outras pessoas. Para atender a essa

necessidade, é possível elaborar atividades que enfocam tanto

uma quanto outra perspectiva.

Pode-se começar esse trabalho a partir do estudo do período

composto, em que são identificadas relações de articulação de

ideias que são bastante semelhantes às encontradas nos textos. o

encaminhamento de reflexão e raciocínio sobre as relações lógico-

semânticas na organização dos períodos e também dos textos é

62 Paebes 2012

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uma estratégia didática bastante eficiente, porque aproveita os

conhecimentos prévios já adquiridos em aulas e séries anteriores

e permite ao professor construir, junto com os estudantes,

generalizações acerca da estrutura da língua.

Levando em conta a necessidade de conhecimentos prévios sobre

o período composto para a realização de atividades que abordam

as relações de forma-significado e parte-todo dos textos, no 8º ano

já é possível iniciar o trabalho de reconhecimento dessas relações

e refletir sobre o seu funcionamento nos períodos compostos por

subordinação/coordenação e também nos textos.

São apresentadas, a seguir, duas propostas de atividade que

focalizam, cada qual, uma das perspectivas de observação textual

apresentadas acima. Note-se que ambas apontam para ajudar o

estudante a habituar-se à observação estrutural da língua.

• 1

da perspectiva do material produzido: neste caso, as atividades

de comparação entre estruturas bem e mal-formadas podem

despertar no estudante um senso avaliativo das estruturas

textuais, e também a percepção de como as ideias se articulam

nos textos. uma sugestão é a de que ele escolha, entre duas

construções, qual é a errada (a) e qual é a certa (b), justificando

sua opção. os termos dessa justificativa devem incluir as ideias

que o trecho apresenta, se elas se articulam pertinentemente, e

se os conectivos estão bem empregados. observe-se o exemplo

abaixo, que aborda essas questões, que podem somar-se à

discussão sobre norma linguística e escrita:

1.1) (a) No Brasil existem os famosos clássicos regionais, onde os

clássicos cariocas e os paulistas são os mais famosos.

(b) No Brasil, existem os famosos clássicos regionais. Dentre

eles, os clássicos cariocas e os paulistas são os mais famosos.

1.2) (a) A famosa selva de concreto e cimento em que vivemos é

responsável por essa não apreciação, e assim não-preservação da

Natureza. Aos poucos, o homem foi substituindo, grosseiramente, a

natureza por outras coisas criadas por ele.

Revista Pedagógica 63

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(b) Aos poucos, o homem foi substituindo, grosseiramente, a

natureza por outras coisas criadas por ele. Essa não apreciação,

não preservação da Natureza produziu as famosas selvas de

concreto e cimento em que vivemos.

outra proposta interessante é a de avaliar trechos de textos que

tenham sido mal estruturados, com uma relação não pertinente

entre as ideias apresentadas, ou com ausência de um dos termos

da relação. Esse material precisa ser observado com método: o

professor deve encaminhar os estudantes a identificar as ideias,

identificar quais tipos de problemas de articulação os trechos

apresentam, e observar os seus elementos coesivos (se houver) mal-

empregados e demais aspectos linguísticos problemáticos.

a) trecho com problemas de articulação não pertinente entre

as ideias e conectivo mal-empregado (entre outras falhas):

Adquirimos as palavras naturalmente desde criança, porém,

muitas vezes essa diversidade é aprendida isenta de normas

gramaticais como concordância e regência, pode-se então

concluir que a escola serve como um grande opressor, impondo

a seus estudantes um ensino "capenga", rejeitando qualquer

outra forma de conhecimento do estudante e o único modelo

linguístico perfeito para ela é aquele ensinado desde cedo pelos

professores, ou seja, o normativo, com suas "decorebas".

b) trecho com problemas de redundância – observe-se que uma

mesma ideia (a de que as línguas se transformam) é enunciada

várias vezes: A língua falada pelos brasileiros vem sofrendo

grandes transformações. Do português trazido e ensinado pelos

jesuítas ao português falado hoje aqui há uma enorme distância.

É claro que, com o passar do tempo as línguas transformam-

se. Mesmo o português europeu transformou-se, como outras

línguas também. Essas transformações são inevitáveis, pois o

mundo está em constante mudança, e, consequentemente, a

língua também evolui. Os portugueses quando aqui chegaram,

impuseram-nos seus costumes, sua religião e também sua

língua. E isso sempre acontece quando um povo é colonizado.

entretanto, nosso povo tinha os seus próprios costumes, e, ao

64 Paebes 2012

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longo desses quinhentos e três anos foi adquirindo costumes

também de outros povos que aqui estiveram; foram surgindo

manifestações da linguagem e nossa língua foi enriquecendo-

se cada vez mais.

c) trecho com ausência de um dos termos da relação: O que nos

levou a essa terrível catástrofe de que temos notícia hoje, e que,

provavelmente seja irreversível se ficarmos de braços atados diante

dessa situação.

• 2

da perspectiva da pessoa que lê: os exercícios devem

empregar trechos de textos bem-formados, para que possam

ser discutidas quais ideias estão sendo veiculadas, de que

maneira a sua articulação produz relações lógico-discursivas,

e quais formas linguístico-coesivas foram empregadas pelos

autores para evidenciar essa relação. Pode-se usar, por exemplo,

dois parágrafos de um texto publicado em uma coletânea de

redações de vestibular: as relações de manutenção e progressão

de significado entre os parágrafos estão bem marcadas pelos

elementos coesivos referenciais e sequenciais.

Em 1904, no Rio de Janeiro, foi aprovada a lei que tornava

obrigatória a vacinação da população, após campanha liderada

pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Rapidamente, o povo rebelou-se

contra o governo e as medidas sanitaristas, dando início àquela

que ficou conhecida como “Revolta da Vacina”. Hoje, mais de um

século após a revolta, a população ainda se rebela contra medidas

preventivas adotadas pelo governo na área da saúde pública,

porém, de outras e diversas maneiras.

As medidas preventivas em questão são válidas e aprovadas

por lei, como prevê a Constituição Federal no artigo 196, que

enfatiza as prioridades para as campanhas. No entanto, nem

todos concordam com as medidas preventivas ou a seguem, o que

dificulta que o objetivo das mesmas seja atingido. Como exemplo,

tomem-se as campanhas antitabagistas, antiaids e antiálcool,

promovidas pelo governo federal.

Revista Pedagógica 65

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TRAnSfoRmAndo PElA EdUCAção

Avaliação externa ajuda a minimizar desafios em sala de aula

"desenvolver o ser humano oferecendo

possibilidades de transformação", essa é a escolha

da professora de Língua Portuguesa ana cristina

Pereira martins, que tem 20 anos de experiência

no exercício do magistério. graduada em Letras e

mestre em Educação, ela divide seu tempo entre

docência, atividades de coordenação escolar

e orientação pedagógica nas redes de ensino

Estadual e Particular.

ana cristina acredita na importância da educação

para a formação do indivíduo e, para ela, o

objetivo do ensino da língua é a formação de bons

leitores e de bons produtores de texto. mas, em

uma sociedade estabelecida sob as bases da

cultura da imagem, o desafio é grande. “Para ler

e escrever é preciso trabalhar a palavra, dispor

de tempo de dedicação e reflexão – não apenas

decodificação”, completa. Nesse cenário, levar

os estudantes à aprendizagem da língua não tem

sido tarefa fácil.

Para ajudar nessa empreitada, a professora

encontrou na avaliação externa uma fiel ajudante.

“acredito que a avaliação externa nos aponta

caminhos traçados, nos quais devemos prosseguir,

e caminhos não traçados, os quais precisamos

percorrer”. a professora considera a ferramenta

um auxílio na proposição de estratégias para

obter bons resultados na aprendizagem. Nessa

perspectiva, os desafios em sala de aula podem

ser minimizados. mas alerta: “a avaliação é

apenas um dos elementos do processo de ensino-

aprendizagem e, se não houver profunda análise

sobre o todo, os desafios irão continuar”.

ExPERiÊnCiA Em foCo

Ana Cristina Pereira Martins,Professora de Língua Portuguesa

Acredito que a avaliação externa nos

aponta caminhos traçados, nos quais devemos

prosseguir, e caminhos não traçados, os quais

precisamos percorrer

66 Paebes 2012

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a escola onde ana cristina leciona está localizada

em um bairro de periferia e atende 1.200 estudantes

distribuídos em três turnos. uma equipe de 60

professores desenvolve o trabalho na instituição.

com esse número expressivo, ela acredita que a

avaliação em larga escala pode fornecer dados

importantes sobre o desempenho do estudante.

“a partir dessas informações, providências podem

ser tomadas para que a educação oferecida seja

de real qualidade”, destaca.

desenvolvendo capacidades

atualmente, o professor enfrenta inúmeros

desafios. Para ana cristina, o principal deles é

superar a desvalorização da profissão. “temos

que atingir muitos e diferentes objetivos sem

estrutura física e de pessoal”. Ressalta, ainda, que

a desvalorização acontece também por parte da

família e do próprio estudante, quando colocam a

escola em segundo plano.

Por isso, a professora defende o investimento

no professor como a primeira ação pedagógica

a ser desenvolvida pela escola para melhorar

a aprendizagem dos estudantes. Ela afirma

que “é preciso levá-lo a refletir sobre sua área

de conhecimento – objetivos, capacidades a

desenvolver, metodologias de ensino e recursos a

utilizar, tipos de avaliação a aplicar”. É nesse ponto,

então, que o resultado das avaliações auxilia. o

desdobramento da formação do professor são

ações que beneficiam os estudantes e suas famílias.

“Reuniões de orientação, aulas de reforço, projetos

que articulem teoria e prática, tudo isso colabora

para o desenvolvimento do próprio estudante”.

mas para alcançar esse comprometimento

é preciso conhecer profundamente as

necessidades existentes em sala de aula

para desenvolver e propor ações adequadas

à realidade da escola. o professor tem,

com a avaliação externa, a possibilidade de

compreender indicadores em relação ao nível de

aprendizagem que o estudante tem alcançado

e, consequentemente, pode desenvolver “as

competências que ainda não conseguimos

desenvolver em nossos estudantes”.

informações transformadas em ação

Esse arsenal de recursos estimula o professor

a se capacitar e a trabalhar de maneira a sanar

as demandas vindas da escola. “a partir do

momento em que sei que competências ainda

não foram desenvolvidas pelo meu estudante,

o planejamento das aulas deve contemplar

atividades que visem melhorar esse perfil”,

considera ana cristina. Por outro lado, a

professora acredita que os boletins e as revistas

pedagógicas não devem apenas apresentar os

dados, mas também analisá-los e trazer novas

propostas. “Isso auxilia na condução de nossa

prática pedagógica, levando-nos à reflexão

sobre o nosso fazer”, esclarece.

No entanto, para alcançar esses objetivos

não há um método utilizado sempre. “Projetos

são pensados no decorrer do ano, de acordo

com o perfil apresentado pelas turmas”,

procurando a superação dos problemas

apresentados e trazendo benefícios para toda a

comunidade escolar.

Revista Pedagógica 67

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REiToR dA UnivERSidAdE fEdERAl dE JUiz dE foRAHENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO

CooRdEnAção gERAl do CAEdLINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA

CooRdEnAção TéCniCA do PRoJEToMANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO

CooRdEnAção dA UnidAdE dE PESQUiSATUFI MACHADO SOARES

CooRdEnAção dE AnáliSES E PUBliCAçõESWAGNER SILVEIRA REZENDE

CooRdEnAção dE inSTRUmEnToS dE AvAliAçãoRENATO CARNAÚBA MACEDO

CooRdEnAção dE mEdidAS EdUCACionAiSWELLINGTON SILVA

CooRdEnAção dE oPERAçõES dE AvAliAçãoRAFAEL DE OLIVEIRA

CooRdEnAção dE PRoCESSAmEnTo dE doCUmEnToSBENITO DELAGE

CooRdEnAção dE dESign dA ComUniCAçãoJULIANA DIAS SOUZA DAMASCENO

RESPonSávEl PElo PRoJETo gRáfiCoEDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA

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ESPÍRIto SaNto. Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo.

PaEbES – 2012/ universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, caEd.

v. 1 ( jan./dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 – anual.

aRaÚJo, carolina Pires; mELo, manuel Fernando Palácios da cunha e; oLIvEIRa, Lina Kátia mesquita de; REzENdE, Wagner Silveira.

conteúdo: Revista Pedagógica de Língua Portuguesa – 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental.

ISSN 2237-8324

cdu 373.3+373.5:371.26(05)

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Parque Municipal da Pedra da Cebola