20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · muitos portugueses sairam...

128

Upload: others

Post on 04-Sep-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje
Page 2: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje
Page 3: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje
Page 4: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje
Page 5: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

5.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

n.º 16 Fevereiro_2007

Ficha Técnica

DIRECTORSusana [email protected]

COORDENAÇÃOJoana Vidigal Leal

REDACÇÃOCremilde Santos

DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃOPaulo Simão

MARKETING E COMUNICAÇÃOPaulo Carrasqueira

TIRAGEMVersão onlineR. C. Social nº 124.623

PERIODICIDADEMensal

PROPRIETÁRIOT Media – Tecnologias de Informação, LdaRua Nova do Soares Edifício Quinta das Pratas r/c Loja 42070-110 Cartaxo

EDITOR0CienciaMetrics – Ciência, Tecnologia e Inovação Editores, LdaLargo Mem Ramires, Casas da Atamarma 132000-105 Santarém

[email protected]

HOMEPAGEwww.cienciapt.net/mundus

TELEFONE(+351) 243 704 771

FAX(+351) 243 704 772

Ficha Técnica

ÍNDICE

ENTREVISTA. Diogo Barral

SABIA QUE...... pode fazer chamadas pela Internet a um custo muito mais reduzido

ENSINO SUPERIOR EM REDE. As instituições de Ensino Superior

INTERNACIONAL EM REVISTA. Ginecomastia pré-púbere provocadapor produtos com lavanda

. Fármaco contra impotência também pode prevenir AVC

. Alimentos ricos em melatonina retardamefeitos do envelhecimento

. Exposição ao fumo do tabaco no trabalhoduplica risco de cancro

. Tratamento para a insónia podeestar para breve

. Organismo possui molécula que pode proteger de HIV

. Pessoas com distúrbios psiquiátricos correm mais riscos de doenças cardiovasculares

. Vitamina D reduz riscos de dois tiposde cancro

CURIOSIDADES DO MÊS

A NÃO PERDER

PRÓXIMA EDIÇÃO

EDITORIAL. Que o novo mundo fale também português

EM FEVEREIRO. Taxa de penetração de Internet em Portugal pode atingir os 50 por cento

. Cientistas portugueses discutem energia nuclear

. UA cria site que prevê o estado do tempocom qualidade e rigor científico

COLUNA - GESTÃO. Vasco Eiriz

CIÊNCIA

TECNOLOGIA

INOVAÇÃO

ENTREVISTA. João Magueijo

CADERNO ESPECIAL. Investigadores Portugueses no Mundo

FACTOS E NÚMEROS. Produção Científica NacionalInvestigadores em Portugal e no Estrangeiro

PUBLICAÇÕES

COLUNA - SAÚDE. Rui Medeiros

OPORTUNIDADES CIENTIFICAS. Emprego Científico, Bolsas de Investigação e Apoio e Financiamento

7

8

13

14

16

18

20

22

86

88

92

96

104

106

110

118

122

125

128

Page 6: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje
Page 7: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

7.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Desde o início da nacionalidade que o povo português lançou-se na aventura de conhecer novos territórios, novas culturas ultrapassando obstáculos e fronteiras. Esse espírito não se perdeu, e os descobri-mentos portugueses marcaram uma época e são reconhecidos em todo o mundo.

Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje em dia, a realidade no país é outra. São os profissionais que procuram formação no exterior com melhores condições de trabalho e estabilidade profissional.

Esta “emigração” ocorre, não porque não sejam necessários para o país, mas porque o país não consegue oferecer-lhes condições para desenvolver o seu trabalho.

Temos assim dois problemas:1 - O país forma profissionais nas mais diversas áreas científicas e tecnológicas, gastando tempo e dinheiro nessa formação e qualifi-cação. O cenário seguinte devia ser a sua inserção no mercado de trabalho e na investigação.2 - O país não consegue absorver a grande parte dos nossos profis-sionais e investigadores, e como tal não é de estranhar que a maior parte dos formados em portugal faça os seus doutoramentos, pós-doutoramentos e investigação no estrangeiro.Com isto nota-se uma grande diferença entre a formação e a reali-dade do país.

Esta edição da Mundus dá-nos a conhecer mais de meia centena de investigadores que foram para o estrangeiro em busca de um sonho, a sua carreira profissional.

A maioria das opiniões destes investigadores, sobre a grande dificul-dade para o país os manter cá, é a mais óbvia: a remuneração. Para além desta, os nossos compatriotas apontam também as condições de trabalho, a forma como é financiada investigação e falta de pro-jectos a médio e a longo prazo, como dificuldades para a actividade científica no nosso país.

Com tudo isto não quer dizer que não exista investigação de quali-dade e com projectos a médio e longo prazo em Portugal. A verda-de é que não há espaço para todos os investigadores e profissionais que o país forma. Talvez uma mudança radical no sistema permita criar algumas condições para crescermos como país tecnológico e científico, mas não será possível sem o contributo de todos os en-volvidos, os que cá fazem investigação e os que lá fora contribuiem para o bom nome de Portugal.

Mais uma vez a Mundus leva aos seus leitores a “voz” da Ciência em português, com a adesão de mais de 55 investigadores espalhados pelo mundo que não quiseram deixar de dar a sua opinião.

EDITORIAL

A equipa da Mundus agradece a todos os

investigadores portugueses no estrangeiro

que aceitaram o nosso convite para partici-

parem neste caderno especial.

A estes cidadãos do mundo que nasceram

em Portugal desejamos o maior sucesso nas

suas carreiras profissionais, e que ajudem

na construção de um mundo melhor.

A revista Mundus é uma publicação digital mensal de divulgação e comunicação de informação de referência em Português nos domínios da Ciência, Tecnologia e Inovação. E dirigida quer à comunidade científica e académica, investigadores, docentes, alunos, gestores de Ciência e Tecnologia, quer ao público em geral.

A Revista Mundus é a primeira revista digital portuguesa de divulgação alargada da Ciência, Tecnologia e Inovação. Tem como complemento permanente a Revista e.Ciência semanal, editada em formato digital e disponibilizada no portal www.cienciapt.net.

REVISTA MUNDUS DESTAQUE

Que o novo mundo faletambém português

Page 8: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

8. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Ciência no MundoEM FEVEREIRO

8, explodiu instantes após sua descolagem de uma plataforma flutuante no Oceano Pa-cífico. De acordo com o Centro de Contro-lo de Voos Espaciais (CCVE) da Rússia, que não adiantaram as possíveis causas para a explosão do foguetão, será criada uma co-

DIA 2

missão de especialistas para investigar os motivos do acidente.

O lançamento do Zenit-3SL estava a ser transmitido, em directo pela Internet, tendo sido interrompida quando a nave se trans-formou numa enorme bola de fogo.

Fontes do consórcio internacional Sea Launch, responsável pelo lançamento, informaram que a explosão não causou vítimas nem danos à plataforma ou aos navios de apoio. O satélite NSS-8, construído pela Boeing, estava destina-do a fornecer serviços de comunicação a paí-ses da Europa, África, Oriente Médio e Ásia.

Este é já o quarto lançamento fracassado deste tipo de foguetão, fabricado por empre-sas da Rússia e Ucrânia.

INVESTIGAÇÃO

FOGUETÃO RUSSO EXPLODEAPÓS LANÇAMENTO DO OCEANO PACÍFICO

Um foguetão Zenit-3SL, que devia colocar em órbita o satélite de comunicações NSS-

TAXA DE PENETRAÇÃODE INTERNET EM PORTUGAL PODE ATINGIR OS 50 POR CENTO

Este ano a taxa de penetração da Internet em Portugal pode chegar ao 50 por cento, segundo refere a Anacom, que aponta uma subida de dez pontos percentuais.

De acordo com as conclusões do estudo realizado pela Metriz GFK, entre Novem-bro e Dezembro de 2006, “9,7 por cento dos inquiridos que não têm Internet pre-tendem adquirir o serviço no prazo de um ano”. A concretizarem-se estas inten-ções, a penetração da Internet nos lares portugueses irá aproximar-se dos 50 por cento, mais dez pontos acima dos 40 por cento que foram registados no final do ano passado.

Citada pela RTP, a Anacom refere que, em

2006, a percentagem de lares com ligação à Internet de banda larga aumentou 7,8 por cento, para os 33,8 por cento, uma subida que é explicada em grande parte pela mi-

DIA 2

gração de banda estreita para a banda larga, que continua a ter como principal tecnologia o suporte ADSL (com 60,5 por cento do total de acessos).

TECNOLOGIA

Fonte: Nasa

Page 9: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

9.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

EM FEVEREIRO

CIENTISTAS PORTUGUESESDISCUTEM ENERGIA NUCLEAR

A energia nuclear está na ordem do dia, com cientistas portugueses a garantirem tratar-se de uma alternativa mais barata, mais limpa e abundante, com riscos cada vez menos significativos. Os ambientalistas, por sua vez, garantem que o investimento necessário para adaptar a rede eléctrica nacional à energia nuclear é demasiado elevado, além do “problema irresolúvel” que são os resíduos radioactivos.

A notícia surgiu no Correio da Manhã (CM), informando que vários especialis-tas internacionais se encontraram em Portugal para participar na discussão ‘Energia Nuclear – Oportunidade perdi-

da ou erro evitável?’. Carlos Varandas, presidente do Centro de Fusão Nuclear, e o físico nuclear José Carvalho Soares são os representantes portugueses no debate.

Para Carlos Varandas, “a energia nuclear é uma tecnologia limpa, potente, economi-camente competitiva e com combustíveis abundantes na Terra”, acrescentando que este tipo de energia já existe em quase todo o Ocidente.

O especialista, citado pelo CM, refere ainda outra qualidade da energia nuclear: “electri-cidade barata, fundamental para o desenvol-vimento sustentável da sociedade”. “Produ-zir hidrogénio, por electrólise da água, em conjunto com os biocombustíveis, é muito

DIA 7

importante para o sector dos transportes”, acrescenta ainda.

Por outro lado, Carlos Costa, presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Territó-rio e Ambiente (GEOTA), contesta e explica que “o acordo para a redução das emissões de dió-xido de carbono termina em 2012 e uma central nuclear nunca estaria concluída antes”. Por sua vez, Francisco Ferreira, ambientalista da Quer-cus, considera que “o país é demasiado peque-no para assimilar uma central na rede, tal como está concebida” e acrescenta que, quando se afirma que esta é uma energia limpa, “apesar dos progressos, é inegável que o problema se mantém porque os resíduos são radioactivos.

Além de que é preciso contabilizar os riscos das explorações de urânio nas minas”.

TECNOLOGIA

CIENTISTAS DESCOBREM CEM OVOS DE DINOSSAUROS NA ÍNDIA

Uma equipa de paleontólogos amadores encontrou mais de cem ovos fossilizados de dinossauros do período Cretáceo na região de Madhya Pradesh, no centro da Índia. A descoberta, realizada em Dezembro no Dis-trito de Dhar, a cerca de 150 quilómetros da cidade de Indore, foi agora anunciada, depois de se confirmar que os fósseis eram efectivamente de dinossauros.

De acordo com a imprensa local, que cita Vishal Verma, um dos paleontólogos da or-ganização Mangal Panchayatan Parishad, dedicada a explorar a região, o geólogo Ta-pas Ganguly, da Universidade de Howrah, “confirmou na semana passada as carac-terísticas dos fósseis”. Segundo o mesmo, “todos os ovos estavam no mesmo local, havendo seis a oito ovos em cada ninho”.

O período Cretáceo, de 144 a 65 milhões de anos atrás, é considerado a última fase da era dos dinossauros. Os especialistas acham que os ovos podem pertencer a

DIA 7

três tipos de dinossauros do grupo dos saurópodes, gigantescos herbívoros que podiam atingir até 25 metros de compri-mento.

PALEONTOLOGIA

Page 10: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

10. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Ciência no MundoEM FEVEREIRO

SOCIEDADE PORTUGUESADE ROBÓTICA LANÇA PODCAST

A Sociedade Portuguesa de Robótica (SPR) lançou um PODCAST, com o objectivo de colocar à disposição do público em geral, e dos interessados em robótica e ciência,

uma fonte de informação sobre activida-des promovidas pela SPR. O PODCAST da SPR tem excertos de programas de rádio, de programas de televisão, entrevistas com cientistas, investigadores e utilizadores de robótica, etc., tudo numa linguagem fácil e acessível. O PODCAST da SPR tem um epi-

DIA 8

sódio novo todas as sextas-feiras, sendo o actual um excerto de um programa de rá-dio da “Rádio Clube Português” – Progra-ma “Janela Aberta”, em que participaram, J. Norberto Pires (UC, SPR), Pedro Lima (IST, SPR), Leonel Moura (Pintor) e Moniz Pereira (UNL).

INOVAÇÃO

UA CRIA SITE QUE PREVÊO ESTADO DO TEMPOCOM QUALIDADE E RIGORCIENTÍFICO

O Grupo de Meteorologia e Climatologia da Universidade de Aveiro (CliM@UA), composto pelos membros do Departa-mento de Física, integrados na linha de investigação Qualidade da Atmosfera do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), lançou no passado dia 30 de Janeiro, o site de previsão meteorológica http://climetua.fis.ua.pt.

Nesta página poderá consultar a previsão de tempo para três dias, actualizada de 12 em 12 horas e verificar, de hora a hora, a temperatura, a precipitação, o vento ou a presença de nevoeiro, entre outros. São igualmente apresentados campos destas variáveis, com os respectivos valores, para todas as capitais de distrito de Por-tugal Continental.

As previsões meteorológicas são obtidas a partir de simulações realizadas por um modelo numérico de previsão de tempo, desenvolvido por um conjunto de entida-des, de índole operacional e de investi-gação, nos Estados Unidos da América. Este modelo, Weather Research and Fo-recasting, é actualmente uma referência, em termos de modelação numérica da

atmosfera, em muitos países, tendo sido instalado e tornado operacional pelo Gru-po de Meteorologia e Climatologia da Uni-versidade de Aveiro (CliM@UA).

“O modelo é integrado com uma resolução horizontal elevada de cinco quilómetros; são mostradas previsões de tempo horá-rias; as variáveis apresentadas são quan-tificadas; são apresentadas previsões para outras variáveis meteorológicas para além das utilizadas normalmente (nevoeiro, dia-gramas termodinâmicos, entre outras)”, considera o Prof. Alfredo Rocha, um dos responsáveis do projecto, que acrescenta

DIA 09

que “a informação que disponibilizamos sobre a previsão de tempo foi, em parte, adequada às necessidades pedagógicas dos alunos que estudam este tema”. Para além da utilidade para o público em geral, este projecto é também de extrema utilida-de para os alunos de algumas das licencia-turas ministradas pela UA, em particular, Meteorologia e Oceanografia, Ciências do Mar e Engenharia do Ambiente.

Para saber mais informações contactar o Prof. Alfredo Rocha – Departamento de Física da UA, telefone 234 370 356, fax: 234 424 965 ou e-mail: [email protected].

INOVAÇÃO

Page 11: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

11.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

7.o PROGRAMA-QUADROEM DISCUSSÃO NA UNIVERSIDADE DO PORTO

A Universidade do Porto vai promoveu nos dias 15 e 16 de Fevereiro, o evento “7PQ - Da ideia ao projecto”, que se realiza no Auditó-rio da Faculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto.

O evento apresentará de maneira geral o 7.o Programa-Quadro de I&D da Comissão Europeia, e mais especificamente os pro-gramas Ideias, Pessoas, Capacidades e Cooperação e destina-se a docentes univer-sitários, investigadores, alunos de licencia-tura, mestrado e doutoramento, gestores de

DIA 10 DEBATE

projectos; instituições de I&D; empresas; e a outras pessoas e entidades interessadas.

O evento procura dar informações específicas sobre o 7.o Programa-Quadro, as regras de participação, as condições de elegibilidade, os instrumentos disponíveis e os parceiros elegí-veis. Numa segunda fase, o participante pode-rá obter informações mais detalhadas sobre os programas Ideias, Pessoas, Capacidades e sobre cada área temática do programa Coo-peração, analisando os programas de traba-lho (work programmes) e as expectativas da Comissão Europeia quanto às chamadas para propostas abertas. Numa terceira e última fase, os interessados poderão inscrever-se para participar em mesas redondas onde po-

derão apresentar ideias de projecto em cada área temática do programa Cooperação e dis-cutir sobre estas com o especialista da área. Será também apresentada uma ferramenta on-line de apoio à elaboração de candidaturas desenvolvida pela empresa INOVA+.

Para mais informações sobre o programa e inscrições na página http://7PQ.up.pt.

Para outras informações contactar a Universi-dade do Porto Inovação (UPIN): Sofia Varge – 22 040 8031 – [email protected]; ou Aude Bache-Gabrielsen – 22 040 8032 – [email protected] ou contactar ainda Pedro Coelho da FEUP SICC/DCoop – Divisão de Cooperação pelo tele-fone: 22 508 1410 ou e-mail: [email protected].

EM FEVEREIRO

APESAR DA ELEVADA ABSTENÇÃO, ‘SIM’ VENCE REFERENDO

O ‘Sim’ à despenalização da interrupção vo-luntária da gravidez (IVG) venceu, no dia 11 o referendo popular em Portugal, com 59,25 por cento dos votos, contra 40,75 por cento do

DIA 12 CIDADANIA

‘Não’. A abstenção atingiu os 56,39 por cento, pelo que os resultados não são vinculativos.

A lei que despenaliza o aborto a pedido da mu-lher até às dez semanas, em estabelecimento legalmente autorizado, será assim submetida a votação final global com carácter de urgência.

Os votos em branco corresponderam a 1,25 por cento e os votos nulos a 0,68 por cento.

Em 1998, no referendo sobre realizado sobre a mesma temática, o ‘Não’ venceu com 51,30 por cento contra 48,70 por cento do ‘Sim’, ten-do a abstenção atingido os 58,09 por cento.

PORTUGAL TREMEU ONTEMCOM SISMO DE 5.8 GRAUSNA ESCALA DE RICHTER

Ocorreu ontem, pelas 10h36 da manhã, o maior tremor de terra dos últimos 38 anos no Continente português. Apesar de não ter dei-xado marcas para a História, o sismo de mag-nitude de 5.8 graus na escala de Richter aba-lou o Centro e Sul do país, assustando quem durante 30 segundos sentiu a terra tremer.

O sismo não chegou a provocar vítimas, mas foi

DIA 13 SISMO

suficientemente forte para abalar também algu-mas zonas de Espanha e Marrocos. Em Portugal, apenas na Nazaré uma parede cedeu à força do tremor e sete pessoas – das quais cinco crian-ças – foram assistidas no Algarve, zona que levou centenas de pessoas para as ruas, em pânico.

O sismo registado às 10h36 teve o epicentro a 160 quilómetros a sudoeste do Cabo de S. Vicen-te (no Banco de Gorringe), região onde é presu-mível que tenha tido origem o sismo de 1755 e, dois séculos mais tarde, o de Fevereiro de 1969. Tido como o maior tremor de terra dos últimos

38 anos no Continente português, o abalo de on-tem foi sentido com intensidade máxima V (na escala de Mercalli modificada) especialmente no Barlavento algarvio, embora tenha atingido ain-da os distritos de Lisboa, Beja, Évora, Santarém Leiria e Setúbal. Catorze minutos depois ocorreu a primeira réplica, seguida de outra às 13h30. Ambas com magnitude 2.5 na escala de Richter, não foram sentidas pelas populações.

Na Andaluzia, Espanha, o sismo atingiu a magnitude de 4 na escala de Richter. Foi o maior dos últimos dez anos naquela região.

Page 12: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

12. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

OCDE APONTA FRACAPRODUTIVIDADE PARA ATRASODO PAÍS

O relatório da OCDE – “Going For Growth 2007” – aponta a fraca produtividade como o principal obstáculo à convergência de Portugal com os níveis de bem-estar das economias mais desenvolvidas. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desen-volvimento Económico, as prioridades de Portugal devem ser a reforma da Educação, eliminação das barreiras à concorrência e a reforma da legislação de trabalho.

No relatório, divulgado ontem (13), a OCDE

DIA 14

confirma um decréscimo no crescimento do PIB per capita, para 1,3 por cento no período entre 2000 e 2005, face a uma taxa de 2,3 por cento no quinquénio anterior.

De acordo com o Diário Digital, com base na análise de alguns indicadores estruturais de Portugal como a produtividade (quase 60 por cento abaixo da dos EUA), da taxa de empre-go (acima da média da OCDE), das restrições impostas pelas leis de protecção do trabalho (acima de 4, numa escala entre zero e 6), a OCDE confirma que, desde a criação da Au-toridade da Concorrência, em 2003, não se vêem benefícios para os consumidores, não se progrediu na redução de obstáculos à

entrada no mercado e no licenciamento nos sectores de indústrias não-transformadoras.

Portugal está praticamente paralisado no que respeita à reforma da legislação laboral, conclui a Organização depois de identificar os factores que mais influenciam nas dife-renças do rendimento real das famílias. De acordo com o relatório, que analisa os fac-tores estruturais da qualidade de vida nos 30 países da região, a interrupção do ciclo de convergência da economia portuguesa está muito associado à baixa produtividade, ocasionada pelo baixo nível de qualificação, rigidez da lei laboral e falta de concorrência em sectores chave, como a energia e as te-lecomunicações.

Para a OCDE as prioridades de política eco-nómica baseiam-se num triângulo composto pela Educação, regras de concorrência e re-gulamentação do trabalho: o regime na fun-ção pública deve convergir para as regras do sector privado, de modo a facilitar o objectivo da mobilidade. No sector da Educação, além das reformas já anunciadas, o relatório suge-re que o Governo implemente uma avaliação de desempenho mais sistemática das insti-tuições de ensino superior, já que as baixas qualificações dificultam a adopção de novas soluções tecnológicas nas empresas.

ECONOMIA

Ciência no MundoEM FEVEREIRO

CÂMARA DE ABRANTES PROMOVE ENSINO DE INGLÊS E EDUCAÇÃO MUSICAL NAS ESCOLAS

A Câmara de Abrantes aprovou no dia 6 de Fevereiro, um contrato de prestação de serviços, referente ao ensino do Inglês e Educação Musical nas Escolas do Primeiro Ciclo do Ensino Básico Público, no valor de 175.675,00 euros, a celebrar entre a Autar-

quia e a empresa Inforinfantil – Informática para crianças, Lda.

Quanto ao programa de Enriquecimento Curricular estão a decorrer no concelho de Abrantes aulas de inglês, música e expres-são física motora para os 3.o e 4.o anos.

No 1.o e 2.o anos todos os alunos têm mú-sica e expressão físico motora e ainda uma

DIA 20

terceira disciplina de entre as seguintes: in-glês, expressão dramática, expressão plásti-ca e robótica.

Para garantir as condições necessárias à implementação deste programa, nomea-damente o financiamento das actividades a Câmara de Abrantes apresentou uma candi-datura à Direcção Regional de Educação que foi aprovada.

EDUCAÇÃO

Page 13: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

13.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

O termo empreendedorismo está na moda. É provavelmente o chavão de gestão mais utilizado actualmente. Uma das razões porque isso acon-tece reside no seu amplo significado. Na verdade, o termo empreendedorismo é utilizado com dife-rentes propósitos para significar coisas aparen-temente tão distintas como, por exemplo, criar o próprio emprego ou criar algo através duma ino-vação e mudança, frequentemente mas não ne-cessariamente de natureza tecnológica. Noutras circunstâncias o empreendedorismo refere-se a uma qualquer actividade que possui determina-das características (por exemplo, o crescimento das vendas) e resultados (por exemplo, criar ri-queza), ao lançamento de novos negócios ou à revitalização de empresas já existentes. Em todo o caso, o significado que talvez seja mais popular refere-se à criação de empresas.

Porque é que muitos indivíduos sentem neces-sidade de empreender, criando empresas? Há, grosso modo, dois grandes tipos de incentivos à actividade empreendedora. Um deles é de natureza económica e o outro é de natureza só-cio-psicológica. Entre os incentivos de natureza económica encontramos factores como, por exemplo, a propensão para criar riqueza, criar o próprio emprego ou satisfazer uma necessi-dade de mercado.

Os factores de ordem sócio-psicológica que in-centivam os empreendedores resultam geral-mente da sua vontade em serem autónomos, realizarem-se pessoalmente, associando a ac-

Vasco EirizEscola de Economia e Gestão da Universidade do Minhohttp://vasco.eiriz.googlepages.com

Coluna GESTÃO

Tudo leva a crer que os empreen-

dedores melhor sucedidos são in-

centivados simultaneamente por

factores económicos e sócio-psi-

cológicos. Estes incentivos com-

plementam-se e permitem criar

Empreendedorismo e criação de empresasa energia necessária para os em-

preendedores vencerem os desa-

fios que se colocam a si próprios.

tividade empreendedora ao seu estilo de vida e, não raras vezes, desenvolverem actividades al-truístas. Quais destes factores são mais impor-tantes? Todos eles são importantes e tudo leva a crer que os empreendedores melhor sucedidos são incentivados simultaneamente por factores económicos e sócio-psicológicos. Estes incenti-vos complementam-se e permitem criar a ener-gia necessária para os empreendedores vence-rem os desafios que se colocam a si próprios.

Os empreendedores são geralmente ambiciosos e procuram atingir os seus fins com método e determinação, pensam no longo prazo, questio-nam constantemente formas de pensar e agir, têm uma profunda orientação para o mercado, dão importância aos detalhes da implementação dos projectos, e querem melhorar continuamen-te. São, em síntese, espíritos inquietos.

Mesmo assim, as taxas de insucesso na criação de empresas são elevadas, fundamentalmente devido a opções estratégicas frágeis e a limi-tações na gestão operacional do negócio. Não é raro, por exemplo, que muitos indivíduos que criam empresas não equacionem devidamente a posição que querem alcançar no longo-prazo, definam objectivos irrealistas, criem negócios em que a oferta não vai de encontro ao mercado escolhido, ou descurem o planeamento finan-ceiro e de recursos humanos.

Na disciplina de Empreendedorismo de que so-mos responsáveis na Universidade do Minho, ao

longo dos últimos anos temos avaliado largas dezenas de projectos de criação de empresas. Nessa avaliação aplicamos seis critérios: pro-babilidade de sobrevivência do negócio; seu po-tencial de resultados; qualidade, originalidade e execução da ideia de negócio; mecanismos de protecção da concorrência; gestão dos re-cursos; e potencial de crescimento do negócio. Estes critérios são todos eles importantes; a excelência num deles não permite deficiência noutro qualquer.

Os resultados obtidos mostram-nos claramente que os potenciais empreendedores na fase final dos seus cursos universitários são excelentes em termos da originalidade e qualidade das suas ideias de negócio. É certo que por vezes o excesso de originalidade esconde utopias sem aderência à dura realidade do mercado mas, em média, é este o critério em que existe melhor de-sempenho. Sem surpresa, onde existem maio-res fragilidades é ao nível da gestão dos recursos e do potencial de crescimento do negócio. Gerir recursos é algo que requer experiência, algo que o ensino tem dificuldades em transmitir.

Quanto ao potencial de crescimento de um ne-gócio, cada vez mais os jovens empreendedo-res têm que ter os horizontes abertos. Já não é possível nem desejável que o seu mercado se limite à sua rua, à sua cidade ou ao seu país.

Mais ideias e recursos de gestão, estratégia e marketing

www.empreender.blogspot.com

Page 14: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

14. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

II OLIMPÍADAS DA BIOTECNOLOGIA

A Escola Superior de Biotecno-logia da Universidade Católica Portuguesa, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Biotecnologia, vai organizar as II Olimpíadas da Biotecno-logia 2007, dirigidas a todos os alunos do Ensino Secundário de Portugal continental.

As II Olimpíadas da Biotecnologia visam promover o conhecimen-to e o interesse pela temática da Biotecnologia, nas suas múltiplas vertentes de utilização do método científico na resolução de proble-mas; actividades realizadas fora da comunidade escolar; inter-câmbio de ideias e confraterniza-ção entre diferentes comunidades escolares; e interacção professor/ /aluno em ambiente não lectivo.

ELIMINATÓRIAS As Olimpíadas serão realizadas ao longo de três etapas. A 1a eli-minatória realiza-se a nível local

a 28 de Fevereiro, às 14 horas, onde serão apurados para a se-gunda eliminatória os melhores alunos a nível nacional por esco-la. No dia 13 de Abril tem lugar a 2a eliminatória, onde vão ser apurados os melhores alunos a nível nacional e por distrito. A fi-nal acontece na Escola Superior de Biotecnologia a 14 de Maio, às 10 horas.

A primeira eliminatória decorre em todas as escolas inscritas e nas quais haja condições para que a divulgação, a prepara-ção, a realização, a vigilância e a classificação das provas se faça de acordo com o regula-mento. Na 2a eliminatória serão admitidos os 200 concorrentes (pelo menos) que tenham obti-do as melhores pontuações a nível nacional.

Na 2.a eliminatória será reali-zada em cada escola partici-

pante e decorrerá nos mesmos moldes que a 1ª eliminatória.

Serão admitidos à final os 22 concorrentes que tenham obti-do as melhores pontuações.

A 1.a e 2.a eliminatória consisti-rão na resolução de um teste de escolha múltipla e na resposta a uma pergunta de desenvolvi-mento. A final consistirá na re-solução de um teste de escolha múltipla, numa prova oral e na realização de algumas activida-des experimentais. As questões abrangem quatro áreas temá-ticas: Biotecnologia Ambiental, Biotecnologia da Saúde, Biotec-nologia dos Alimentos e Biotec-nologia Microbiana.

Os três primeiros classificados receberão um prémio. Todos os outros participantes receberão um certificado de participação. O regulamento está disponível

em http://www.esb.ucp.pt/olim-piadasbio.

SOCIEDADE PORTUGUESADE BIOTECNOLOGIAA Sociedade Portuguesa de Biotecnologia (SPBT) foi cons-tituída como secção autónoma da Sociedade Portuguesa de Bioquímica (SPB), em 1981.

Tem como objectivos, entre outros constituir uma entidade nacional interessada no desenvolvimento da biotecnologia, definida como a actividade em que é feito o uso integrado da bioquímica, da micro-biologia e da engenharia química para realizar a aplicação técnica e industrial das capacidades dos microrganismos e das células dos tecidos; Congregar cientistas e técnicos que se dedicam à biotec-nologia e promover trocas de infor-mações sobre investigação, ensino e aplicação industrial nesse domí-nio, entre outros objectivos.

noticias de CIÊNCIA

Page 15: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

15.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

noticias de Ciência

Arqueólogos britânicos, com a colaboração de portugueses, descobriram uma vila com vá-rias casas, que teria sido usada como moradia pelos construtores do monumento neolítico de Sto-nehenge. A descoberta terá sido feita depois de realizadas escava-ções em Durrington Wells, a três quilómetros do famoso círculo de pedra.

O novo achado, datado da mes-ma época de Stonehenge (2.600 a.C.), é agora considerado como a maior vila neolítica britânica. De acordo com os investigado-res que estiveram a trabalhar no local, foram encontradas quase cem casas, sendo esta a primeira vez que são encontrados vestígios de habitação humana em redor do monumento. Os arqueólogos revelam ainda a existência de evi-dências de que o local agora des-coberto era usado para celebrar a

vida e a morte, depois de encon-trados vários ossos de porco e de gado naquela área.

E, enriquecendo ainda mais a enigmática história do sítio ar-queológico, os trabalhos ar-queológicos revelaram ainda a existência de uma avenida de 30 metros, que ligava a vila ao rio mais próximo, suspeitando-se que esta via seria usada para que os mortos fossem levados ao rio e a Stonehenge.

PORTUGUESES PARTICIPAMNA DESCOBERTAQuatro arqueólogos portugueses participaram na descoberta dos vestígios de oito habitações que estão ligadas ao complexo de Stonehenge, numa colaboração resultante de um projecto con-junto entre universidades ingle-sas e portuguesas, financiado

pelas Acções Integradas Luso-Britânicas.

De acordo com Gonçalo Cardoso Leite Velho, do Departamento de Território, Arqueologia e Patri-mónio, do Instituto Politécnico de Tomar, “a mesma equipa ingle-sa, que esteve na origem desta fantástica descoberta, esteve em Portugal para participar nas es-cavações da colina monumental de Castanheiro do Vento (Horta do Douro, Vila Nova de Foz Côa)”. Esta foi uma intervenção que se desenrolou por dois meses e con-tou com a participação de uma equipa com mais de cem pesso-as, “desenvolvendo-se numa es-cala invulgar para o nosso país”, conta o especialista.

Ainda segundo Gonçalo Velho, esta cooperação entre os investi-gadores “tem vindo a dar frutos e irá continuar”. Para o próximo ano

os portugueses (ligados à Facul-dade de Letras da Universidade do Porto e ao Instituto Politécnico de Tomar) irão regressar a Ingla-terra, desta vez para intervir em Stonehenge, assim como se pre-vê o regresso dos investigadores ingleses, mas com uma equipa reforçada e de maior dimensão.

Gonçalo Cardoso Velho frisa que “Portugal tem-se vindo a desta-car no estudo das arquitecturas pré-históricas (conduzindo inclu-sive diversos projectos europeus nesta área). O estudo dos recintos monumentais do Norte de Portu-gal está na origem de uma escola reconhecida a nível mundial”.

A apresentação dos resultados da participação nas descobertas de Durrington Walls foi feita ontem, dia 22 de Fevereiro, na Faculda-de de Letras da Universidade do Porto.

ARQUEÓLOGOS DESCOBREM MORADIA DOS CRIADORES DE STONEHENGE

Fonte: http://www.bouletfermat.com/backgrounds/

Page 16: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

16. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Uma ferramenta sofisticada, em desenvolvimento no ESOC, pro-mete fornecer meios eficazes de monitorização e previsão, de modo a prevenir que os siste-mas electrónicos de bordo se despedacem, os instrumentos científicos se danifiquem e o satélite se perca de vez, devido a partículas de elevada energia ou outros fenómenos de meteo-rologia espacial.

De acordo com a ESA, a acti-vidade solar influencia todo o sistema solar de várias formas, incluindo a geração de correntes de partículas energéticas que se movem rapidamente e explosões repentinas de raios X perigosos durante as chamas solares. Os raios cósmicos energéticos de qualquer outro ponto na galá-xia penetram também no nosso sistema solar. Estes fenómenos

estão entre as principais causas do comportamento anormal e do envelhecimento dos satélites e dos seus sensíveis instrumentos científicos.

Mas desde inícios de 2005, o SEISOP (Sistema de Informação sobre o Ambiente Espacial para Operações) – ferramenta de mo-nitorização e previsão da meteo-rologia espacial, em desenvolvi-mento no Centro de Operações Espaciais da ESA – tem vindo a oferecer, com sucesso, rela-tórios quase em tempo real ao Integral, o observatório espacial de raios gama da ESA.

Como informa a ESA, o SEISOP, desenvolvido em colaboração com o Projecto Piloto de Apli-cações de Meteorologia Espa-cial da ESA com financiamento da portuguesa Task Force ESA/

Portugal, inclui uma base de dados dos registos do estado dos satélites e das observações meteorológicas espaciais a nível mundial, juntamente com sofis-ticadas aplicações de software que fornecem relatórios, avisos, previsões e um rastreio histórico para a Equipa de Controlo de Voo do Integral.

“A meteorologia espacial afecta os satélites de várias formas.

Podem dar-se perdas aleatórias de dados, alterações na dinâmi-ca da órbita e uma redução da qualidade de dados científicos.

Por isso, as actualizações em tempo real são essenciais na al-tura de decidir quanto tempo se devem desligar os instrumentos durante períodos de risco,” afir-ma Alessandro Donati, respon-

sável pelo Gabinete de Tecnolo-gias e Conceitos Avançados de Missões, sedeado no ESOC.

O SEISOP, membro da Rede Eu-ropeia de Meteorologia Espacial (SWENET), permite aos con-troladores da missão preverem quando devem desligar instru-mentos como star trackers, co-locar os sistemas no ‘modo de segurança’ ou tomar outras me-didas para proteger os sensíveis componentes electrónicos e os sensores científicos a bordo.

Enquanto que alguns instrumen-tos estão equipados para se desli-garem automaticamente durante períodos adversos, nem todos eles estão, e reactivar um instrumento após uma paragem automática que requer bastante tempo. Além disso, e ainda segundo a ESA, até hoje tem sido difícil saber quando a radiação desce a níveis seguros, depois de se dar um fenómeno particular, como por exemplo uma chama solar.

No decorrer deste ano, o SEISOP passará por um desenvolvimen-to operacional com vista a forne-cer a todas as missões da ESA as mesmas actualizações vitais de meteorologia espacial.

Alessandro Donati e a restante equipa espera começar a traba-lhar este ano para criar a versão operacional final. Estes respon-sáveis salientam que “o SEISOP pode potencialmente fornecer serviços de aviso não só para a ESA mas também para agências espaciais em todo o mundo, uma vez que a meteorologia espacial pode afectar qualquer satélite”.

noticias de TECNOLOGIA

ESA DESENVOLVE SOFISTICADA FERRAMENTA

DE METEOROLOGIA ESPACIAL

Page 17: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

17.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

noticias de Tecnologia

A IBM acaba de anunciar que a NASA está a utilizar o seu soft-ware para desenvolver os siste-mas que vão operacionalizar o Telescópio Espacial James Webb (TEJW), sucessor do Telescó-pio Espacial Hubble (TEH). Este novo telescópio de próxima-ge-ração vai observar mais de perto o início dos tempos e procurar a desconhecida formação das pri-meiras galáxias.

O telescópio, cujo lançamento está previsto para 2013, irá es-tudar a formação de galáxias, estrelas e planetas. Para tal, a NASA irá recuar no tempo e mergulhar no espaço, utilizando anos-luz para viajar do presen-te para o passado. Por exemplo, para estudar a formação ini-cial das estrelas no universo, a

NASA irá observar luz infraver-melha através de instrumentos especiais optimizados, de forma a conseguir capturar esta parte do espectro.

Há 20 anos, os componentes e instrumentos do telescópio Hub-ble foram criados por múltiplas organizações que recorreram a software registado para desen-volvimento dos sistemas. Esta abordagem levou a que a ma-nutenção, as mudanças e os ar-ranjos executados no telescópio exigissem múltiplas ferramen-tas, que foram sendo geradas ao longo de toda a missão.

Dado que o software operacio-nal dos sistemas de navegação e controlo (Guidance, Navigation and Control - GNC), de coman-

do e de tratamento de dados (Command and Data Handling - CNDH) e o Módulo Instrumental de Ciência Integrada (Integrated Science Instrument Module - ISIM), que agrega os principais quatro instrumentos do TEJW, provinha de diferentes institui-ções de diferentes países, tor-nou-se imprescindível criar uma linha condutora comum durante o projecto a fim de evitar o ex-cessivo consumo de recursos e de tempo afectos às questões de software.

Para superar esta complexida-de, a NASA determinou que cada organismo deverá desenvolver os seus sistemas utilizando o IBM Rational Rose Real-time, software open-standard de de-senvolvimento de modelizações

visuais baseado em UML, que possibilita aos responsáveis pe-los vários sistemas do telescópio disporem de um plano detalha-do de todo o projecto e, sem restrições temporais, recuperar e actualizar o código do softwa-re directamente nesse mesmo plano, ficando automaticamen-te disponível ao longo de todo o projecto.

O Rational Rose Real-time aju-da os programadores dos vários sistemas a criarem as aplica-ções mais rapidamente e sem comprometerem a sua qualida-de. Este software da IBM verifica continuadamente a qualidade do projecto ao longo de cada passo do processo de desenvolvimento – incluindo a concepção do códi-go, a realização dos testes, a lo-calização e depuração de falhas, e as mudanças persistentes – para que a evolução do sistema continue em curso e sem erros. Isto possibilita às várias institui-ções associadas à construção do telescópio espacial James Webb uma maior produtividade e capacidade de distribuição de códigos seguros atempadamen-te – indo ao encontro dos requi-sitos do projecto e das regula-mentações da indústria.

A NASA vai continuar a utilizar o software IBM Rational para fazer a manutenção do teles-cópio após o seu lançamento e durante a missão. Além disso, a abordagem baseada em UML permite à agência espacial criar uma arquitectura padronizada, cuja natureza reutilizável permi-tirá a sua aplicação em futuras missões suplementares.

NASA USA SOFTWARE IBM EM TELESCÓPIO ESPACIAL

DE PRÓXIMA GERAÇÃO

Page 18: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

18. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

A IBM acaba de anunciar um novo software que permite aos ciber-nautas ocultar ou tornar anónima a sua informação pessoal na Internet, assegurando a protecção da identi-dade contra furtos e outros abusos. Desenvolvido por investigadores no laboratório da IBM em Zurique, o software – com o nome de código Identity Mixer, ou ‘Idemix’, vai pos-sibilitar aos consumidores desfru-tarem de bons serviços na Internet sem revelarem informação pessoal.

A IBM vai contribuir com o Idemix para o projecto Eclipse Higgins, uma iniciativa open source dedi-cada ao desenvolvimento de sof-tware de gestão da identidade dos utilizadores. Esta última tendência voltada para uma abordagem cen-trada no utilizador, significa que os indivíduos podem controlar, de uma forma activa e segura, quem tem acesso às suas informações pessoais online, tais como contas bancárias e números de cartões de crédito, ou registos médicos e de emprego, ao invés de terem insti-tuições exclusivamente responsá-veis pela gestão dessa informação, como acontece actualmente.

Sempre que os consumidores digi-tam dados pessoais ao fazerem o download de músicas ou ao subs-creverem newsletters online, o percurso dos dados é deixado para trás, dados esses que relevam in-formação acerca da dimensão, da frequência e da fonte das suas transacções online, e que podem ser seguidos de volta até ao utiliza-dor. O software IBM Idemix elimina esse percurso ao utilizar uma fal-sa informação sobre a identidade,

conhecida como pseudónimo, para tornar anónimas as transacções realizadas online. Por exemplo, o software permite aos compradores adquirirem livros ou roupas sem revelarem o seu número de cartão de crédito. Ao mesmo tempo, pode verificar o saldo bancário de al-guém sem o partilhar, ou dar pro-vas da idade de uma pessoa sem divulgar a data do seu aniversário.

Desta forma, ao contrário de outros sistemas de gestão da identidade, que transmitem partes da verda-deira identidade dos utilizadores, os sistemas construídos utilizando o software Idemix vão ajudar a pro-teger a privacidade do utilizadores ao partilhar apenas pseudónimos, para que a verdadeira informação nunca possa vir a ser interceptada ou exposta.

De acordo com a IBM, o Idemix actua permitindo ao utilizador de um determinado computador com o software apropriado obter uma credencial digital anónima ou um documento comprovativo de ter-ceiros de confiança, tal como um

banco, uma companhia de seguros ou uma instituição governamental.

Uma companhia de seguros de saú-de, por exemplo, pode oferecer uma credencial confirmando que um utilizador usufrui de determinados benefícios no seguro de saúde.

Se o utilizador quiser consultar o portal online do seu fornecedor de serviços de saúde para informação médica, o Idemix sela digitalmente a credencial, de modo a que o utili-zador a possa enviar para o forne-cedor de serviços de saúde e tenha acesso ao serviço online. Ao utilizar sofisticados algoritmos de cripto-grafia, este software da IBM actua como um intermediário, pelo que a verdadeira identidade do utilizador nunca é exposta ao fornecedor de serviços de saúde.

Sempre que o utilizador consultar o serviço será usada uma nova credencial codificada. “Quando as pessoas não têm de revelar a sua informação pessoal na Web, o risco de furto de identidade é altamente reduzido”, explica John Clippinger,

membro veterano do Berkman Center for Internet and Society da Harvard Law School. “A capacida-de de tornar as transacções anó-nimas utilizando o Idemix reforça a confiança do consumidor, abrindo portas para novas formas de co-mércio na Internet.”

A IBM planeia adicionar a tecnologia Idemix ao seu portfólio de software de gestão de identidade, o Tivoli. Este software confere uma nova dimen-são à indústria das tecnologias mais importantes da IBM na protecção da privacidade dos consumidores e dos negócios. Actualmente, a IBM é o fornecedor do software utilizado por grandes governos, organizações de serviços de saúde e instituições financeiras, o que possibilita uma forma de comparar dados acerca dos seus passageiros, pacientes ou clientes de modo a identificar rela-ções, ao mesmo tempo que nunca expõe a informação vulnerável acer-ca das pessoas.

O software ‘tritura’ irreversivelmen-te indícios tais como nomes, mora-das, números de telefone e núme-ros de segurança social antes dos dados serem partilhados, analisa essa informação e alerta a com-panhia quando é encontrada uma associação entre registos específi-cos, identificando apenas o núme-ro de registo do ficheiro atribuído pelo software. É a organização que decide que quantidade de detalhes do registo identificado deve parti-lhar, o que protege os pormenores pessoais dentro de outros registos, para que estes não sejam desne-cessariamente expostos durante o processo de comparação.

SOFTWARE ‘IDEMIX’ SALVAGUARDA IDENTIDADE DOS CONSUMIDORES NA REDE

noticias de INOVAÇÃO

Page 19: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

19.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

noticias de Inovação

A Comissão Europeia decidiu de-clarar o passado dia 6 Fevereiro o Dia Europeu para Uma Inter-net Segura, de modo a alertar para os riscos inerentes a este meio para os mais jovens. Em Portugal, colaboraram 20 esco-las que enalteceram mais “uma utilização crítica e esclarecida da Net”.

Quem o disse, em declarações ao Diário de Notícias (DN), foi Maria João Horta, coordenadora do projecto “Dia da Internet Se-gura 2007”. Ainda de acordo com este diário, citando a responsá-vel pela Equipa de Missão Com-putadores, Redes e Internet nas Escolas (CRIE), do Ministério da Educação, que se associou à ini-ciativa, o objectivo máximo des-

ta iniciativa “é destacar as boas práticas e dar-lhes visibilidade”.

Foram desafiadas a participar 20 escolas nacionais, que tiveram de encontrar uma congénere europeia para debaterem temas como: “Privacidade – como pode-mos proteger a privacidade na In-ternet?”; “Netiqueta – como nos comportarmos correctamente na Internet?”; ou “Poder da Imagem – como podemos partilhar de for-ma segura as nossas fotografias na Internet?”.

No final, as escolas tiveram de, em conjunto, criar um “produto” em vídeo, fotografia ou em tese, subordinado ao tema da segu-rança online. Os trabalhos, re-alizados e apresentados no pró-

prio dia, encontram-se expostos no site do CRIE (moodle.crie.min-edu.pt), num espaço espe-cialmente criado para o Projecto SeguraNet.

Ao longo do Dia Europeu para Uma Internet Segura, para além das apresentações dos traba-lhos das escolas, as mesmas foram visitadas pelos represen-tantes do Ministério da Educa-ção, onde foi ainda dado espaço a uma série de debates, que se estenderam pelo resto da se-mana e com transmissão online garantida para as escolas.

Sendo esta uma iniciativa euro-peia, a própria Comissão – atra-vés do projecto “EU Kids Online” (que está integrado no plano de

acção europeu “Safer Internet Plus”) - pretende organizar um guia de recomendações para a segurança dos adolescentes no uso da Internet, acção inevitável com a adesão cada vez maior aos diversos ambientes que o mundo virtual oferece, sendo assim também mais fácil de orientar os pais no sentido de aprenderem a lidar com estas novas questões e acompanhar os filhos na utilização dada a conteúdos e plataformas online.

No âmbito do “EU Kids Online”, Portugal é um dos três países europeus (além de Reino Unido e Polónia) onde será feito o pri-meiro estudo comparativo da ex-posição das crianças aos riscos da Internet.

ESCOLAS PORTUGUESAS NO DIA EUROPEU PARA UMA INTERNET SEGURA

Page 20: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

20. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

ENTREVISTA

“...nunca tive temperamento para

estar calado quando acho que

algo está mal...”

que parece dominar a ciência Portuguesa. Portanto pessoas que raramente escrevem artigos ou fazem alguma investigação são sempre as mais críticas de alguma ideia nova.

Depois porque mesmo que a ideia tivesse sido aceite em Portugal, isso quanto muito teria um efeito contra-producente para a sua aceitação no resto do mundo. A comunidade cientifica internacional não leva a sua congé-nere Portuguesa a sério.

que esse “mito” que me levou a Inglatera é no fundo mais real do que se poderá pensar.

Tem sido um cientista algo controver-so pelo facto de ter posto em causa a teoria da velocidade constante da luz de Einstein. No seu entender, teria sido mais difícil, por exemplo, defen-der esta sua teoria em Portugal? Sim. Primeiro porque os mais conservado-res são sempre os medíocres, uma classe

Com que idade decidiu ir estudar para fora do país?Saí com 21, muito embora já tivesse conside-rado essa possibilidade antes.

Isso foi depois de concluir a licencia-tura de Física na Faculdade de Ciên-cias na Universidade de Lisboa. - O que é que o levou a deixar o país e ir estudar para o estrangeiro?Era óbvio que para aquilo que queria fazer - cosmologia e gravidade quântica - não tinha mesmo outra hipótese. Nessa altura nem era uma questão de ser melhor ou pior: é que não havia mesmo nada dentro de Por-tugal que permitisse enveredar por essas áreas. Ficar em Portugal seria equivalente a ser um auto-didacta.

Porquê Inglaterra?Primeiro pela minha aversão política aos Es-tados Unidos, que de facto seria a outra op-ção óbvia. Depois porque havia na altura uma certa impressão (pelo menos entre os cien-tistas mais jovens) de que a Inglaterra tinha um sistema de investigação mais liberal, que se “podia fazer o que se queria”, enfim, que a criatividade do investigador era mais respeita-da. Tenho de admitir que, com todas as críti-cas que inevitavelmente tenho feito ao sistema Inglês (depois de o conhecer por dentro e a todos os níveis há mais de 17 anos) ainda acho

João MagueijoDepartment of Physics, Imperial College London, UK

Controverso e polémico, João Magueijo recusa-se

a “estar calado” quando considera que algo está er-

rado. Escolheu estudar em Inglaterra por não haver

condições para seguir os estudos em cosmologia e

gravidade quântica em Portugal e porque esperava

naquele país ter mais liberdade para dar largas à sua

criatividade enquanto cientista. Pôs em causa a Teoria

da Relatividade de Einstein abalando o mundo científi-

co, cujo sistema critica severamente

Page 21: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

21.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Nestas coisas, portanto, o melhor é tentar logo convencer os peritos mundiais: “to go for the throat”...

Este também foi um momento de afir-mação. Considera este um marco impor-tante na sua carreira de investigador? Claro. Sempre disse que nunca trabalhei em VSL a tempo inteiro, e que tenho outros in-teresses, mas foi algo muito marcante para mim como investigador. Foi talvez o trabalho mais original e arriscado que fiz até ao mo-mento... sem desfazer do resto.

Como tem sido a sua vida depois des-ta sua revelação?O mesmo do costume. Continuo a trabalhar em VSL mas tambem noutras áreas mais conven-cionais, mas nem por isso menos importantes. Em termos pessoais claro que houve uma fase complicada, até porque atrair interesse da im-prensa e do público em geral nunca é perdoa-do pela comunidade científica, diga-se o que se disser. Há pressões contraditórias, pelo menos em Inglaterra, no que diz respeito ao que eles chamam “public understanding of science”. Por

um lado, isso é promovido pelos burocratas da ciência que o utilizam para justificar o gasto de dinheiros públicos na ciência; por outro lado, à maioria dos cientistas “parece mal”.

Portanto as complicações vieram mais do lado da divulgação do que da teoria propria-mente dita... o que são as coisas!

As suas ideias e maneira de ver o sis-tema académico/ científico são polé-micos. O que é que está mal para si nos ‘circuitos’ da ciência?Muito poder arbitrariamente investido em pes-soas mais “seniors” e que já não fazem ciên-cia; muita precariedade, e falta desse mesmo poder, para aqueles que efectivamente produ-zem a ciência. Trata-se de um caso clássico de um sistema de duas classes, com o oprimi-do e o opressor claramente identificados.

Receia que esta sua postura no meio científico lhe possa trazer dissabores ou, antes pelo contrário, tem esperan-ças de contribuir para uma mudança?Dissabores, mais do que tudo, mas nunca

tive temperamento para estar calado quan-do acho que algo está mal. Agora não tenho ilusões nenhumas em relação a mudan-ças. Acho que a ciência contuará a ser feita apesar do estabelecimento científico (em vez de devido ao mesmo, o que faria mais sentido.)

Pelo que é sabido, o mundo da ciên-cia está presente na sua vida desde a infância. É no mundo científico que pretende continuar a viver? Talvez sim, talvez não. Há um bocado a tendência, com a idade, de os cientistas deixarem de o ser, no sentido literal do termo, para se dedicarem isso sim a tare-fas de administração e política da ciência. Isso não me interessa, portanto preferia simplesmente fazer outra coisa, caso o fa-zer ciência “seque”.

Era melhor que os cientistas fossem como os futebolistas, que têm de honestamente passar reforma quando o tempo chega... Mas por enquanto continuo a marcar go-los, portanto ainda não chegou o momento de enfrentar essa decisão.

ENTREVISTA

Page 22: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

22. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Page 23: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

23.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

CADERNO ESPECIAL

ALEXANDRA CAPELAIdade:

35 anos

Área:

Neurobiologia

Funções actuais:

Investigadora na StemCells Inc, EUA

O que o fez ficar? Porque não voltou?Quase no final do meu doutoramento assisti a uma conferência apresentada por uma inves-tigadora da empresa StemCells Inc. num con-gresso “Keystone” sobre células estaminais. A conferência revelou-me um estreito paralelis-mo entre a investigação desenvolvida no grupo Neural da empresa e o meu próprio trabalho de doutoramento, o que me fez equacionar (pela primeira vez) a Indústria de Biotecnologia como uma possibilidade viável de carreira profissio-nal. A afinidade com o trabalho desenvolvido na StemCells Inc. teve bastante peso na minha de-cisão de aceitar a oferta de emprego e perma-necer nos Estados Unidos. Mas foi a perspec-tiva real, a curto prazo, da aplicação de células estaminais neurais humanas no tratamento de doenças neurodegenerativas, ou seja, a tradu-ção directa do trabalho de investigação básica, de bancada, para a clínica, que me atraiu forte-mente e que não poderia de todo desenvolver se, à data, tivesse voltado para Portugal.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?O regresso envolveria obrigatoriamente condi-ções de trabalho estimulantes, ambiente pro-pício a colaboração entre cientistas de várias especialidades em instituições públicas ou pri-vadas interessadas em desenvolver investigação translaccional. A situação ideal seria aquela em que a minha experiência em investigação biomédica, num contexto de indústria, concreta-mente em terapia celular, fosse tida como uma mais-valia na estruturação de um grupo multi-disciplinar com objectivos clinicos concretos.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Penso que comeca a ser. É evidente que o ce-

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Em 1996 fui aceite no Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biologia e Medicina (PGDBM). O PGDBM foi desenhado com base nos programas doutorais norte-americanos que incluem uma forte componente lectiva na formação dos seus doutorandos. No caso do PDGBM, as aulas do primeiro ano foram maio-ritariamente leccionadas por professores es-trangeiros, líderes em varias áreas da biologia, como desenvolvimento, ciclo celular, cancro, fisiologia celular, neurobiologia, etc. O que em parte tornou este programa único foi o facto dos alunos serem encorajados a desenvolver a componente prática do doutoramento em labo-ratórios estrangeiros de qualidade reconheci-da. Na altura eu estava interessada em estudar biologia do desenvolvimento, mais precisa-mente desenvolvimento do sistema nervoso, e a investigação nessa área era quase inexistente em Portugal. Durante o ano lectivo, no Instituto Gulbenkian de Ciencia em Oeiras, fui estabele-cendo contactos com vários investigadores na Europa e nos Estados Unidos da América e fui aceite no laboratório da Dra Sally Temple, em Albany, estado de Nova Iorque, cujo objectivo geral era estudar o desenvolvimento do cortex cerebral embrionário de ratinhos.

nário actual é bastante diferente do que se vivia quando eu deixei o país em 1997. Os últimos 6-8 anos viram regressar ao país muitos jovens cientistas graduados em instituições de grande reputação, que, juntando-se à excelente massa crítica já existente em Portugal e impulsiona-dos também pela criação de novos centros de investigação e/ou reestruturação de outros, es-tão a dar um forte impulso à ciência portugue-sa. Os resultados estão patentes no aumento do número de artigos publicados em revistas de alto impacto, nos prémios internacionais, no financiamento de projectos europeus, na participação em grupos de trabalho internacio-nais e finalmente na emergência de empresas de biotecnologia. É nesse sentido que defendo que Portugal se está a tornar num melhor país para desenvolver trabalho científico.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?É-me difícil dar uma opinião fundamentada fora da minha área de formação, ainda que destaque a área das telecomunicações como muito importante. Em relação à investigação em biologia, os esforços na área da identifica-ção de marcadores genéticos de cancro têm sido excepcionais. A área da biologia do desen-volvimento embrionário tem tido uma evolução consistente, bem como as neurociências. Pen-so que a investigação biomédica/clínica, que já começa a evidenciar-se, será uma das áreas mais promissoras, concretamente no campo da investigação em biomateriais, terapia celu-lar e cancro.

“...Portugal se está a tornar

num melhor país para desenvolver

trabalho científico...”

Page 24: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

24. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

ANA MARGARIDADO AMARAL CARDOSO DOS SANTOSIdade:

32 anos

Área:

Bioquimica e biomateriais

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Bélgica

Os paises mais ricos, não investem na investi-gação por serem ricos e terem mais recursos.

Investem na investigação porque isso lhes ga-rante que continuarão o seu desenvolvimento e crescimento. E não é por acaso que estes pa-íses, em vez de exportarem cientistas, tentam manter os que formam e adquirir outros com outros métodos e filosofias de trabalho.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Actualmente, não. Há que mudar mentalidades, criar condições para que os nossos investiga-dores não sintam a necessidade de emigrar. E isso passa por não concentrar a investigaçao nas universidades, em criar mais centros de estudos, em rever os processos de finaciamen-tos dos projectos, em dar alguma estabilidade a quem se quer dedicar à pesquisa, envolver a indústria. Fundamental: diminuir os gastos de tempo e dinheiro com a burocracia que desnco-rajam qualquer um com vontade de inovar. Eu penso que o sentimento é geral:em Portugal não falta dinheiro para a investigação. Está é a ser mal gerido, o que não leva a lado nenhum.

É bom que se perceba que o facto de traba-lharmos noutros países é positivo para que se aprenda e se evolua, mas seriamos todos bem mais felizes e o país teria tudo a ganhar se pu-dessemos desenvolver os nossos estudos em Portugal e investir o nosso know-how em prol do nosso país. E Portugal é um manancial de recursos por explorar e por investigar. Se se investisse um pouco mais na investigação, na exploração dos recursos que temos ( bastava um pequeno investimentos inicial já que a in-vestigaçao e conhecimento cientifico se auto-sustentam), eu acredito que o país beneficiaria com isso e a curto prazo se veriam resultados

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?A minha vinda para a Bélgica começou por ser apenas por três meses para aprender uma técnica que tinha interesse em conhecer. En-tretanto fui convidada a integrar um projecto de investigaçao onde essa técnica era fundamen-tal e decidi ficar até ao final do projecto.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Não voltei ainda porque quero acabar o traba-lho que comecei aqui e em Portugal, não tenho essa possibilidade por razões de dificuldades de financiamento do projecto, instabilidade profissional...

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Se visse reunidas as condições para prosse-guir o meu estudo em Portugal, regressaria ainda hoje. Gostaria que quem realmente tem o direito (e o dever) de decidir nestas coisas sentisse que o país poderia evoluir de outra maneira se as prioridades fossem o ensino e a investigação.

praticos desse investimento. Enquanto não sairmos deste ciclo vicioso, nada segue em frente e continuaremos a dar gratuitamente a outros países o mais precioso dos nossos bens: o conhecimento.

Para além disso, que vantagens tira Portugal de nos ter educado, se depois acabamos por contribuir para a riqueza de outro país?

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Nao precisamos de ir longe ou de ter ideias lu-minosas de investigação em Portugal. O campo é vasto. Devemos começar pelo que temos “em casa”. Recursos naturais. E Portugal tem tanto que deve estudar, preservar e rentabilizar.

Educação. Investigaçao de qualidade nas cien-cias da educação.

Sendo um país com um património histórico incomparável, é de vital importancia a inves-tigação na área da história, arqueologia, mu-seologia. Um país que conhece as suas raízes cresce mais saudável.

Inovação tecnológica. Investir na modernização da nossa indústria sem perder de vista o que nos caracteriza: o rigor e a qualidade.

Os investigadores portuguese são bem vistos cá fora e muito procurados. Isso indicia que somos gente com coragem, imaginação e ca-pacidade de desenvolver trabalhos. Para além disso, é-nos reconhecido o volume de conheci-mentos que adquirimos durante a nossa edu-cação. Porque não criar então condições para que possamos desenvolver o nosso país? O esforço inicial seria mínimo comparado com as mais valias que daí viriam.

“...que vantagens tira Portugal ...

se depois acabamos por contribuir

para a riqueza de outro país?...”

CADERNO ESPECIAL

Page 25: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

25.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

tenho observado não parece ser muito fácil voltar.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Na realidade não trabalhei muito em Portugal mas trabalho com a colaboração de portugue-ses. Na minha opinião é um país muito bom para desenvolver investigação.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Penso que pela quantidade de laboratórios e grupos, a área das ciências da vida é uma das mais promissoras, também em engenharia e informática há avanços e ideias inovadoras fre-quentemente.

ARMÉNIO BARBOSAIdade:

23 anos

Área:

Química Computacional / Bioinformática

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?A oportunidade de fazer doutoramento após o fim da licenciatura. Com o meu actual currículo deveria esperar alguns anos até conseguir um lugar devido ao actual sistema de atribuição de bolsas para doutoramento em Portugal.

O que o fez ficar? Porque não voltou?O facto de ter tido uma boa experiência com o programa Erasmus na mesma universidade, foi importante na decisão de estudar no es-trangeiro.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?A oportunidade de continuar a desenvolver tra-balho de investigação científica, mas pelo que

“...pelo que tenho observado não

parece ser muito fácil voltar...”

CADERNO ESPECIAL

Page 26: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

26. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

CADERNO ESPECIAL

ANABELA DE ASSIS PINTOIdade:

46 anos

Área:

Biologia

Funções actuais:

Professora Universitária, responsável pelo Cambridge e-Learning Institute, UK

qualificações que não foram seleccionadas só porque não tinham nenhum “padrinho” dentro da instituição.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Estava zangada com o sistema em Portugal. O sistema de compadrio e protagonismo. Depois de alguns anos na Dinamarca, minha persona-lidade alterou-se. Tornei-me muito escandinava e não conseguia me readaptar à cultura Portu-guesa.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Nada

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Não posso responder a esta questão pois já não moro em Portugal há 20 anos. Mas na minha área Portugal não evoluiu absolutamente nada e não há qualquer interesse em desenvolver ou subsidiar pesquisa.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Não sei o que se passa em Portugal. Para mim é uma sociedade absolutamente estranha. Estou mais a par do que se passa no Brasil, pois vou lá todos os anos como professora convidada dar cursos de especialização em diversas Univer-sidades. Mas de facto, o Brasil está em franco progresso científico. O governo Brazileiro está in-vestindo em força na pesquisa e é um prazer tra-balhar lá. Os colegas Brasileiros também fazem pesquisa de muito boa qualidade e são pronta-mente abraçados pelas Universidades Brasilei-ras depois de sua formação no estrangeiro.

O que o levou a deixar o país e ir estudar/ trabalhar para o estrangeiro?Quando deixei Portugal em 1989 o país não ofe-recia condições para uma carreira em investiga-ção. Um grande amigo meu, que conheci aqui em Cambridge durante o seu sabático, provi-denciou-me com uma grande revelação.

Batendo-me nas costas com aquela forma ami-gável de Brasileiro, virou-se para mim e disse: “Vou-lhe confessar uma grande verdade. Para se ganhar um emprego em qualquer Universidade, não interessa “your know-how”, o que interessa é o “you-know-who!”.” Foi de facto uma grande verdade. Em 20 anos de carreira académica fora de Portugal cheguei a essa triste conclusão.

Se a pessoa não tem conhecimentos dentro do sistema, pode ser um génio em sua área, mas nunca vai ter uma oportunidade, a não ser que conheça alguém dentro do sistema que lhe abra uma porta. É aquilo que no meu país se costuma chamar de “entrar pela porta do cavalo”. Numa conjuntura social onde é tão importante dizer-se apenas o que é politicamente correcto, esta é uma verdade que toda a gente sabe, mas nin-guém quer indagar ou falar abertamente.

A práctica de publicitar vagas académicas em jornais não é mais do que um tapa-olhos para oficializar alguém que já está lá dentro.

Esse era o clima de Portugal em 1989. Segundo informação que me chega por parte de jovens estudantes portugueses que abandonaram o país, a coisa continua na mesma.

Não vejo nada de errado em convidar pessoas conhecidas para ocupar cargos académicos. O que está errado é que algumas dessas pes-soas que acabam tendo acesso a um contrato permanente são menos adequadas, (less skil-led) do que algumas pessoas com melhores

“...Estava zangada com o sistemaem Portugal. O sistema de compadrioe protagonismo...”

Page 27: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

27.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

CADERNO ESPECIAL

CARLOS CALDASIdade:

46 anos

Área:

Medicina/Oncologia

Funções actuais:

Professor of Cancer Medicine, University of Cambridge; Senior Investigator, Cancer Research UK Cambridge Research Institu-te; Consultant Medical Oncologist, Adden-brookes Hospital, UK

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?A oportunidade certa!

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?A maior dificuldade em Portugal a meu ver é a falta de uma estrutura de financiamento “regularizada”. Quero com isto dizer, haver mecanismos de financiamento regulares e calendarizados com um orçamento pré-definido e planeado em fases de 5 anos. De momento não há calendário regular e o fi-nanciamento é tri-anual e mesmo esse não planeado.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?As áreas da biologia básica, porque a inves-tigação clínica e de translação requerem uma grande transformação cultural, quer no meio científico, quer no meio clínico.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?A procura da Excelência.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Quando parti de Portugal (15 Junho 1988) a minha ideia era completar o meu treino pós-graduado em Medicina Interna e Onco-logia Médica nos EUA e voltar depois a Por-tugal. Depois de 6 anos nos EUA, para além de um treino clínico excepcional (em Dallas e no Johns Hopkins em Baltimore) comecei a fazer investigação e tornei-me num “mé-dico-cientista”. Combinar actividade clínica com investigação laboratorial básica não é fácil em lugar nenhum do Mundo, mas se-ria quase impossível em Portugal. Em 1994 vim para Londres onde fiz um Research Fellowship (Chester Beatty Laboratories, Institute of Cancer Research) e a partir daí surgiu a oportunidade de ficar no Reino Unido, tendo sido convidado para vir para Cambridge em 1996 como Junior Faculty. Em 2002 fui eleito para a Catedra de Cancer Medicine e entretanto o meu grupo cresceu e agora é aqui que estou estabelecido.

“...A maior dificuldade em Portugal...é a falta de uma estruturade financiamento regularizada...”

Page 28: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

28. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

O que o fez ficar? Porque não voltou?Planeio acabar o doutoramento no final deste ano e depois voltar a Portugal para passar um pouco de tempo com a família. Acho que não vou voltar a Portugal pelo menos nos próximos 5 anos devido ao escasso número de posições para investigadores de carreira e pelo facto do finan-ciamento de projectos ser inferior países como os Estados Unidos ou o Reino Unido. Nestes paí-ses as chamadas “grants” permitem aos cientistas realizar investigacão em áreas competitivas e em muitos dos seus institutos é possível utilizar tecno-logia de ponta routineiramente.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)? Penso que a maioria dos investigadores que se encontra no estrangeiro tem a vondade de vol-tar para Portugal e contribuir para o desenvol-vimento do país. Se tivesse a oportunidade de encontrar um laboratório com financiamente ou até mesmo formar o meu laboratório voltaria a Portugal. Sei que o governo tentou atrair cientis-tas, mas considero os seus critérios exigentes e apenas cientistas já conhecidos e no topo da sua carreira estariam nas condições de benefeciar destes incentivos. Acho que algo deve ser feito para atrair cientistas mais jovens e empreen-dedores. É óbvio que empregos para a vida não existem, mas depender de bolsas a vida inteira, sem saber o que vai acontecer no ano seguinte, é díficil. Embora grande parte dos investigadores não esteja em ciência por razões monetárias, uma certa estabilidade financeira evitará que este tipo de preocupações interfira com o seu desem-penho profissional. Uma soluções seria oferecer contratos por cerca de 5 anos com condições de trabalho em estruturas institucionais para que os investigadores pudessem realizar o seu trabalho e mostrarem do que são capazes. Sou apologista de avaliações e auditorias externas para garantir que o dinheiro público seja utilizado da melhor forma. Por um outro lado, cabe também aos investigadores serem dinâmicos e ambiciosos. Estes deverão procurar fazer parte de concór-cios internacionais para concorrer a “grants” e obter financiamento de entidades estrangeiras.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Sou aluna do Programa de Doutoramento em Biologia Experimental e Biomedicina organizado pelo Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra. Este programa proporciona aos seus alunos estabelecer co-laborações entre laboratórios nacionais e es-trangeiros. Eu comecei o meu doutoramento em 2003 e entre várias áreas aliciantes para desenvolver a tese de dissertação acabei por escolhar a das células estaminais. Por esta razão e pelo facto de querer fazer parte do doutoramento no estrangeiro, contactei o Professor Martin Pera um dos primeiros investigadores a derivar células estaminais embrionárias humanas na Monash Universi-ty em Clayton (muito perto de Melbourne) na Austrália. Em Portugal, tanto quanto sei, não teria a oportunidade de trabalhar com este tipo de células. O laboratório onde estou a desenvolver o meu trabalho reúne todas con-dições, a nível de infrastuturas, equipamento e conhecimento, para que eu tire máximo partido desta fase da minha apredizagem. Para além de ser uma excelente oportunida-de a nivel profissional, a Austrália é um pais fántastico e com pessoas de todos os cantos do Mundo.

CATARINA GRANDELAIdade:

28 anos

Área:

Biomedicina (Células estaminais)

Funções actuais:

Estudante de doutoramento, Austrália

Sobretudo os investigadores que estão fora do países já desenvolveram uma razoavél rede de contactos, muitos deles cientistas conhecidos mundialmente, e seria bom que essas relações se mantivessem.Um outro esforço, tanto quanto possível, é encontrar um vertente biotecnológica nos projectos desenvolvidos e procurar estabele-cer parcerias com empresas.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Acho que Portugal não é um mau país para fazer investigação científica, mas até que reúna todas a condições para ser um país competitivo a nível mundial muito terá que ser feito. A massa crítica em Portugal é excelente e os portugueses quan-do vão para fora mostram que não ficam atrás de ninguém. São, pelo que me apercebi, tidos com trabalhadores e inteligentes. No entanto, se com-pararmos com o estrangeiro, nomeadamente com Estados Unidos da América, Portugal está em desvantagem pelo facto das infrastuturas e equi-pamento, bem como “grants”, serem inferiores. O investimento em ciência para que isto aconteça tem que ser maior e levado a sério.

Para si quais as de investigação mais promissoras em Portugal?Considero as áreas das neurociências e da onco-biologia muito promissoras. Talvez seja um pouco parcial, porque em Portugal tive a oportunidade de trabalhar nestas áeras. As doenças neurode-generativas e o cancro estão, infelizmente, entre as principais causas de morte e sofrimento. In-vestigação nestas áreas, sobretudo com relevân-cia para as que afectam especificamente a nossa população, de extrema importância. Isto permite não só tentar curar este tipo de doenças que nos são mais próximas, mas tambem tentar preve-nir e detectar mais precocemente as mesmas. Outra área muito importante e cada vez mais há problemas nessa área é a da imunologia. Conhe-ço em Portugal cientistas a desenvolver traba-lho excelente nestas área.

“...Sou apologista de avaliaçõese auditorias externas...”

CADERNO ESPECIAL

Page 29: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

29.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

CLÁUDIA REIIdade:

30 anos

Área:

Economia

Funções actuais:

Estudante de doutoramento, EUA

programa de doutoramento (em Boston), que terminarei no próximo ano lectivo.

O que a faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Saber que poderia continuar a trabalhar (e produzir) na área de investigação de que gosto e que teria um ambiente académico aberto em que se discutem ideias de forma produtiva.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Infelizmente penso que o ambiente académico é ainda muito fechado: há pouca interacção entre universidades e a abertura ao exterior é mínima.

Se não houver sistemas de professores visi-tantes e altas restrições ao inbreeding cor-re-se o risco de se estar a fazer investigação virada para o nosso umbigo e pensar que se é o melhor do mundo! Para além destes pro-blemas crónicos há ainda um outro que, de tão grave, limita os horizontes de qualquer um: o sistema de universidades públicas é in-compatível com a investigação por definição! É muito difícil para os departamentos terem fundos (do Estado) para subsidiar visitas de professores estrangeiros, trazerem oradores para de outras universidades para falarem da sua investigação em seminário, e acima de tudo garantirem a excelência no ensino. Na área que conheço (Economia) há leves sinais de mudança no que refere à abertura ao es-trangeiro que me enchem de esperança.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Não sei responder com conhecimento de cau-sa, pelo que deixo em branco.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Dois anos depois de ter terminado o curso de Economia no ISEG, contava já com duas expe-riências de trabalho: uma a nível bancário que não me satisfez intelectualmente; outra a nível institucional que compensou em termos de sa-tisfação intelectual mas não em termos mone-tários (tratava-se de um estágio não remunera-do). Como sempre gostei de estudar e aprender coisas novas, decidi candidatar-me a uma bolsa de estudo da Fulbright para fazer um mestrado em Economia nos EUA, onde se faz investigação ao mais alto nível, se bem que a investigação não fosse inicialmente a minha vocação (can-didatei-me a um mestrado e não um doutora-mento). Aprender a partir de quem faz avançar a ciência foi a minha grande motivação.

O que o fez ficar? Porque não voltou?O plano inicial era ficar dois anos num programa de mestrado, terminá-lo e voltar a Portugal com mais um grau académico, que possivelmente me abriria outras oportunidades no mercado de tra-balho, satisfatórias tanto em termos intelectuais como monetários. Mas o programa de mestra-do na NYU (New York University) é especial: re-quer uma componente curricular, mas também uma tese. Resolvi tirar o máximo número de cadeiras no primeiro ano para no segundo po-der dedicar-me mais à tese. Foi no segundo ano que mudei de ideias, uma vez que gostei mui-to mais da parte de investigação e decidi então que aquilo era o que eu gostaria de fazer. Tive o privilégio de trabalhar directamente com um dos melhores (mais publicado, mais acessível, mais, mais, mais) professores do departamento e a experiência de o ter como meu orientador mostrou-me uma face da investigação que eu desconhecia e que muito me fascinava.

Terminado o mestrado candidatei-me a um

“...penso que o ambiente

académico é ainda muito fechado:

há pouca interacção...”

CADERNO ESPECIAL

Page 30: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

30. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Nos tópicos em que estava interessado tra-balhar isso não seria possível em Portugal e por isso decidi vir para Londres onde es-tou actualmente a trabalhar na neurobiolo-gia do olfacto.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Ainda não terminei o doutoramento, falta-me agora pouco menos que um ano para terminar e por isso esta é a primeira situa-ção em que essa possibilidade existe e que posso considerar voltar para Portugal. É algo que ainda não está decidido mas não penso que vá voltar num futuro muito pró-ximo. Acho que a nível profissional ainda tenho muito que aprender e posso lucrar muito por estar em contacto com ambien-tes científicos diferentes e mais competiti-vos.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Penso que para a motivação ser puramente profissional teria que surgir uma oportuni-dade de emprego, seja como investigador ou não, que seja comparável àquelas que surgem estando no estrangeiro. Imagino (uma vez que é uma decisão pela qual ainda não passei) que a perspectiva de regressar a Portugal tenha sempre um peso muito grande a nível pessoal que causa um certo desequilíbrio na comparação de diferentes oportunidades. Acho que caso decida con-tinuar a fazer investigação é preciso sentir que posso fazer a investigação que mais me atrai. Sentir que há apoio não só a nível lo-gístico mas também intelectual. Sentir que existe no local um conjunto de pessoas (e condições logísticas) que dêem confiança e estabilidade para que os projectos a que me quero propor sejam realizáveis.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Após terminar o meu curso decidi que queria fazer investigação. Fui aceite para o Programa Gulbenkian de doutoramento em biomedicina que consistia num primeiro ano curricular se-guido de (no máximo) 4 anos durante os quais desenvolvemos o projecto de que consiste o doutoramento.

No primeiro ano contactámos com cientistas nacionais e internacionais que tabalhavam nos mais diversos campos de investigação relevantes para as ciências da vida. Isto foi de facto uma oportunidade única porque não só nos permitiu amadurecer cientificamente mas também sermos expostos aos mais re-centes tópicos e formas de fazer investigação. Tivemos a possibilidade de interagir com cien-tistas excelentes que nos vieram mostrar o mundo da ciência. Durante este período é nos dado a escolher o tema e local onde queremos desenvolver o nosso projecto sem qualquer restrição. Na altura senti que era importante para o meu desenvolvimento como cientista conhecer ambientes científicos diferentes. Ex-perimentar abordagens diferentes em relação a ciência num meio mais competitivo e com mais maturidade científica.

DIOGO PIMENTELIdade:

28 anos

Área:

Neurobiologia

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, UK

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Acho que neste momento depende muito da área de investigação. A interacção com outros cientistas é algo absolutamente vital por isso penso que na minha área não seria porque não existem pessoas suficientes interessadas nas abordagens e tópicos semelhantes àqueles em que estou interessado. Contudo penso que em Portugal existem pessoas e laboratórios cuja investigação é tão boa como em qualquer outro sítio do mundo.

Em termos logísticos acho que há um proble-ma de investimento. É preciso que se forneçam os recursos logísticos para criar estabilidade e gerar competitividade em Portugal. Só assim também se pode atrair mais investigadores (portugueses ou não) para se juntarem àqueles que existem trazendo ideias novas, abordagens novas, etc. É preciso lutar contra a estagnação do ambiente científico em Portugal e promover ao máximo a interacção com outros ambientes científicos.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Acho que isso é uma questão um pouco difícil de responder. Acho que isso depende muito das pessoas que estão em Portugal e que estão dispostas a trabalhar em Portugal. Penso que o importante é investir nessas pessoas.

Criar condições, infra-estruturas para acomo-dar mais cientistas e financiamento para que possam desenvolver a sua ciência. O que é es-sencial é investir na possibilidade de existir uma massa crítica de cientistas em áreas que se complementem de modo a criar o mais possivel um ambiente de interacção e cooperação.

“...Em termos logísticos

acho que há um problema

de investimento...”

CADERNO ESPECIAL

Page 31: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

31.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

companhias a arrancar com novas tecnologias. Fiz investigação fundamental (demonstrando teoremas), experimental (testando hipóteses e algoritmos), e aplicada (desenvolvendo pro-gramas utilizados em muitos projectos univer-sitários e industriais). Criei e dirigi grupos de investigação. Vim para o meu cargo actual com um mandato para renovar e expandir a investi-gação e o ensino, presidindo à contratação de onze novos professores nos últimos cinco anos. Pessoalmente, fiz raízes nos Estados Unidos: os filhos nascidos e criados aqui, muitos ami-gos, e os espaços naturais variados e amplos, as montanhas especialmente. E finalmente, já se encontra bom vinho e bom café...

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Gosto muito de manter contactos em Portugal, mas não penso que uma carreira de 25 anos possa ser “transplantada” para um ambiente profissional tão diferente daquele em que me formei e defini.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?É evidente que as condições hoje em Portu-gal são muito melhores do que eram quan-do saí para Edimburgo em 1977. Por outro lado, a competição internacional é muito mais acesa, e a internacionalização da ci-ência impõe que a investigação em Portugal tem de se ligar cada vez mais a projectos e instituições internacionais. Penso que jovens cientistas portugueses precisam de se pro-jectar num espaço mais amplo, no mínimo o espaço europeu. Carreiras científicas não se podem limitar a um só país: os focos de ac-tividade científica movem-se rapidamente de centro para centro com as pessoas, ideias, conexões, recursos.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Uma bolsa do British Council deu-me a opor-tunidade de fazer o doutoramento em Edim-burgo, um dos centros de investigação mais destacados em inteligência artificial. Uma oferta de emprego com um dos grupos de in-vestigação mais activos nos Estados Unidos quando estava próximo de me doutorar em 1982 foi irresistível. A falta de oportunidades sérias em Portugal nessa altura ajudou a to-mar essa decisão.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Vários factores profissionais contribuíram: a liberdade de escolher entre muitas oportuni-dades, a relativa falta de burocracia e outros obstáculos institucionais, os bons níveis de financiamento, a variedade de colaboradores, e as ligações entre a investigação básica e a indústria. As oportunidades para trabalhar em problemas variados em ambientes diferentes são muito sedutoras. Desde que vim para os Estados Unidos, trabalhei em dois laboratórios industriais e uma universidade, e ajudei duas

FERNANDO PEREIRAIdade:

54 anos

Área:

Informática (inteligência artificial, lin-guística computacional, bioinformática)

Funções actuais:

Professor catedrático e presidente do de-partamento de Computer and Information Science, University of Pennsylvania, EUA

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Não tenho informação suficiente para res-ponder com precisão. Parece-me que o mais importante é identificar áreas em que existam vantagens competitivas e investir nelas, tendo em conta que as vantagens po-dem desaparecer rapidamente se não forem defendidas. Comparado com outros países pequenos como a Irlanda, a Finlândia, ou Israel, Portugal não tem sido muito efectivo em criar situações de vantagem competitiva em áreas cuidadosamente escolhidas. Em vez disso, recursos limitados parecem ser divididos por todos em fatias muito fininhas para que ninguém se sinta lesado.

Avanço científico e tecnológico não é só ideias. Tudo o que fiz e faço depende de recursos públicos e privados que foi preciso obter e administrar cuidadosamente. Recursos são limitados mesmo num pais tão rico como os Estados Unidos. O mínimo que devemos aos que financiam a ciência é que os recursos que nos disponibilizam sejam utilizados com o maior cuidado. É preciso saber explicar a importância do que se faz com entusiasmo mas também com a maior clareza. É preciso saber escolher colaboradores com objecti-vidade e isenção. É preciso manter a maior honestida-de na análise e apresentação de resultados. É preciso medir-nos pelo melhor do mundo na nossa área, e não só pelo melhor da nossa paróquia. Nunca é fá-cil, mas vale bem aqueles momentos de descoberta, aqueles novos cientistas que ajudamos a educar, e aquelas ligações fundas a tantos na comunidade mundial da ciência.

“...Avanço científico e tecnológico

não são só ideias...”

CADERNO ESPECIAL

Page 32: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

32. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

GONÇALOCASTELO-BRANCOIdade:

30 anos

Área:

Neurobiologia do Desenvolvimento, Cé-lulas Estaminais Neurais, Epigenética

Funções actuais:

Post-doctoral fellow, Laboratory of Mole-cular Neurodevelopment, Department of Neuroscience, Karolinska Institute, Sto-ckholm, Suécia.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Há sete anos atrás, no último ano da minha licenciatura em Bioquimica pela Universi-dade de Coimbra, fiz o estágio científico na Unidade de Amilóide, no IBMC, Porto, com a Professora Maria João Saraiva e a Profes-sora Joana Palha, investigando funções da proteina transtirretina no cérebro. Durante este período, comecei a ficar interessado em neurogénese (o processo de génese de neu-rónios no cérebro).

Procurei então laboratórios que combinassem investigação nesta área com doenças neuro-degenerativas, o que na altura não encontrei em Portugal. Depois de contactar e visitar vá-rios laboratórios, decidi iniciar o doutoramen-to (com uma bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia) no Instituto Karolinska, Suécia, com o Professor Ernest Arenas, no estudo de desenvolvimento de neurónios dopaminér-gicos e aplicações de células estaminais em terapia celular na doença de Parkinson.

O que o fez ficar? Porque não voltou?A necessidade de continuar a minha forma-ção científica num laboratório que possuísse tecnologias de ponta nesta área de investiga-ção, de modo a no futuro poder criar o meu próprio laboratório de investigação num am-biente académico. Depois de concluir o dou-toramento, iniciei um pós-doutoramento com o Professor Ola Hermanson, igualmente no Instituto Karolinska, Suécia, no estudo do de-senvolvimento de oligodendrócitos, um tipo de células que degenera em doenças como es-clerose multipla. A minha investigação versa actualmente sobre o controlo epigenético do desenvolvimento embrionário destas células e subsequentes aplicações com células estami-nais neurais em doenças desmielinizantes.

Quando tiver condições para criar o meu labo-ratório de investigação, tal poderá acontecer tanto em Portugal, como na Suécia, como num terceiro pais. Essencialmente, onde encontrar essas condições. No entanto, pretendo manter sempre uma ligação à ciência feita em Portu-

Figura 1 - Obtenção de células nervosas a partir de células progenitoras/estaminais neurais fetais humanas.

As células progenitoras/estaminais neurais estão assinaladas a verde, pelo marcador celular nestina. Estas células

foram expandidas em laboratório e posteriormente transferidas para um diferente meio de cultura, de modo a trans-

formarem-se em células nervosas (a vermelho, marcação com a proteína beta-tubulina 3). O estudo deste processo

de transformação é essencial para que, no futuro, células estaminais possam ser usadas na clínica, no tratamento de

doenças neurológicas.

CADERNO ESPECIAL

Page 33: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

33.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

tornar Portugal um país com uma forte ver-tente científica.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Em Biomedicina, existem várias áreas em que a investigação em Portugal é competiti-va a nivel internacional, mas que necessitam de maior estabilidade de financiamento para continuarem nesse nível. Actualmente con-sidero que as áreas mais promissoras são a Biologia do Desenvolvimento e a Imunologia, essenciamente devido ao trabalho de base da Fundação Calouste Gulbenkian na formação de cientistas nestas áreas. No futuro, Neu-rociências e Ciências da Visão poderão ter uma grande expansão dado estarem no pla-no estratégico da Fundação Champalimaud. A área das células estaminais também é promissora, dado ser uma área multidisci-plinar, na qual podem convergir cientistas de diferentes áreas científicas competitivas em Portugal.

desenvolvimento da ciência em Portugal. Já começa a ser mais frequente ver investiga-ção feita essencialmente em Portugal pu-blicada em jornais científicos internacionais de topo. Os programas de financiamento de doutoramento e pós-doutoramento da Fun-dação para a Ciência e a Tecnologia têm per-mitido que haja vários cientistas portugue-ses com formação científica em laboratório internacionais de referência.

No entanto, é necessário que o Estado por-tuguês seja uma fonte de financiamento estável a longo prazo. Para um grupo de in-vestigação ser competitivo, tem de recorrer a fontes de financiamento diversas, como fundações não governamentais, redes cien-tificas da União Europeia, empresas privadas ou mesmo agências governamentais estran-geiras (nomeadamente americanas). Sendo isto importante, deve ter como base um forte financiamento estatal. Nos últimos anos têm havido uma evolução muito positiva nesta área, mas no meu ver ainda insuficiente para

gal. Actualmente, mantenho-me em contacto com a ciência em Portugal através da empre-sa Crioestaminal, do qual sou co-fundador, e através da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular, do qual fui mem-bro fundador e coordeno o fórum de discussão científica online. Tenho igualmente feito regu-larmente apresentações em conferências ou reuniões científicas em Portugal sobre células estaminais e/ou sobre a minha investigação.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Condições (a nivel de financiamento, recur-sos e massa crítica envolvente) para criar um laboratório de investigação académica com-petitivo na minha área de investigação.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Nos últimos anos, tem ocorrido um grande

Figura 2 – Diferenciação de células estaminais neurais fetais de rato em oligodendrócitos.

Células estaminais neurais foram expandidas em laboratório e posteriormente transferidas para um meio de cultura con-

tendo hormona da tiróide, de modo a transformarem-se em oligodendrócitos. Numa fase inicial, os oligodendrócitos reagem

contra o anticorpo RIP (a verde), enquanto numa fase mais tardia no seu desenvolvimento expressam a proteína básica de

mielina (a vermelho). A geração de oligodendrócitos a partir de células estaminais humanas poderá ser utilizado, no futuro,

para o tratamento de doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla.

“...é necessário

que o Estado

Português seja

uma fonte de

financiamento

estável a longo

prazo...”

CADERNO ESPECIAL

Page 34: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

34. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Apesar de o ambiente de trabalho no grupo onde eu trabalhava no Porto ser excelente, as questões logísticas eram demasiado frequentes. Na minha actual situação, no Museu de História Natural de Leiden, todo o material que preciso para fazer a minha investigação está disponível imediatamen-te e sem restrições.

Além disso, a FCT (Fundação para a Ciên-cia e Tecnologia) favorece as idas para o estrangeiro aumentando o valor das bol-sas o que permite...

O que o fez ficar? Porque não voltou?Estando na Holanda, tenho oportunidade de fazer cursos em países vizinhos que não teria oportunidade de fazer se estives-se em Portugal, pois as viagens são mais caras. Além disso, tenho apoio do meu orientador diariamente, que pela minha experiência anterior, seria mais esporádi-ca estando em Portugal.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Nada me daria mais gosto do que voltar a Portugal e poder desenvolver a minha investigação “em casa”. Acho que isso só vai acontecer se houver algum laboratório com condições para isso.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Portugal tem óptimo potencial para desen-volvimento de trabalhos de investigação. Tem pessoas inteligentes, com criativida-

GONÇALO ESPREGUEIRA THEMUDOIdade:

27 anos

Área:

Ciências Biológicas

Funções actuais:

Aluno de Doutoramento na Universidade de Leiden na Holanda em colaboração com o Naturalis - Museu de História Na-tural de Leiden e o CIBIO – Centro de In-vestigação de Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto

de e energia para inovar. Falta organização nos níveis mais elevados das hierarquias, falta estabilidade nos fundos. Se a estabili-dade for conseguida, acredito que Portugal pode competir a nível mundial em termos de ciência.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Qualquer área de investigação tem poten-cial. Julgo que muitas coisas interessantes estão a ser feitas na área da investigação do cancro. Falando um bocado da minha área, Portugal tem uma enorme biodiver-sidade, das maiores da Europa, e já come-ça a haver um maior interesse por estas questões.

“...Nada me daria mais gosto

do que a voltar a Portugal e desen-

volver a minha investigação...”

CADERNO ESPECIAL

Page 35: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

35.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

GRAÇA ALMEIDA-PORADAIdade:

45 anos

Área:

Medicina, Biologia de celulas estami-nais, Terapia Celular, Transplante de celulas estaminais

Funções actuais:

Professora Associada, Directora do Programa de Biotecnologia, EUA

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)? A oportunidade de prosseguir o meu traba-lho com as condições que aqui tenho

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Acho que sim, e vejo um progresso signifi-cante a nivel de mentalidade e infraestru-turas que permitem Portugal competir com outros países a nível de investigação.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Biotecnologia nas suas diferentes áreas como medicina, engenharia, são ampla-mente promissoras em Portugal. Temos boas Universidades e pessoas formadas nestas áreas que estão ao mesmo nivel de qualquer outro grupo Internacional. Só fal-ta um investimento sério nestas áreas.

Outras áreas provavelmente serão também promissoras mas eu não estou a par do de-senvolvimento dessas áreas em Portugal.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Fazer investigação médica foi sempre um sonho e um objectivo que tive desde o início do curso de medicina. Fui para o estrangei-ro para realizar esse sonho. Depois de aca-bar o curso e fazer o Internato Geral resolvi escolher um Internato Complementar que tivesse uma parte laboratorial para que eu pudesse avaliar se na verdade a vida num laboratório me agradava. O Internato de Immunohemoterapia permitiu-me exacta-mente isso. O Director de Serviço de Hema-tologia do Hospital de Santo António, nessa altura era o Prof. Dr. Benvindo Justiça, um homem com visão do futuro, que tentava proporcionar aos Internos do Serviço a me-lhor formação possível. Como o programa do Internato permitia um ano de Investiga-ção com o apoio do Prof. Dr. Justiça con-corri a uma Bolsa de Doutoramento. Tive também a ajuda de outras pessoas extra-ordinárias, o Prof Doutor Sobrinho Simões, que durante todo este processo me acon-selhou eestabeleceu o contacto com o Prof Dr. João Ascensão, nessa altura Director da Unidade de Transplante da Universidade de Connecticut para ser meu orientador de doutoramento, e claro o Prof. Doutor Fer-nando de Oliveira Torres o meu orientador de doutoramento em Portugal que durante os meus anos no ICBAS sempre me inspi-rou para prosseguir o meu sonho de inves-tigadora.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Depois de acabar o Doutoramento tive vá-rias ofertas para ficar nos Estados Unidos em várias Universidades. Quando contactei varias Instituições em Portugal as portas não se abriram e as pessoas não pareciam estar interessadas no meu trabalho.

“...Quando contactei

várias instituições em Portugal

as portas não se abriram...”

CADERNO ESPECIAL

Page 36: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

36. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?O que me levou a deixar Portugal há seis anos atrás foi a vontade de conhecer outras formas de viver e de trabalhar. A esta vontade de sair aliou-se o desejo de me especializar numa área científica, na qual, nessa altura, ninguém trabalhava em Portugal. E houve também o estímulo de alguém que já tinha andado por fora...

O que o fez ficar? Porque não voltou?O que me fez ficar fora de Portugal, após terminar o doutoramento, foi a possibilida-de de ter acesso a um mundo de trabalho, em que as pessoas são respeitadas e valo-rizadas, não só como alguém que trabalha, mas também como alguém que tem uma vida para além do trabalho. Um mundo de trabalho, em que as pessoas não se avaliam só pelas horas que passam a trabalhar, mas fundamentalmente pela qualidade do traba-lho que realizam. Um mundo de trabalho, em que a mudança (de emprego) não é sinó-nimo de insegurança, mas reflecte o desejo de se querer melhorar e de dar o melhor. Um mundo de trabalho, em que os objectivos das

HELGA MOREIRA DAVIDIdade:

30 anos

Área:

Biotecnologia, Engenharia Metabólica

Funções actuais:

Investigadora, Fluxome Sciences A/S, Dinamarca

instituições ou empresas passam pelos ob-jectivos das pessoas.

Por outro lado, o que me fez não voltar a Por-tugal, foi a falta de perspectivas de trabalho, num meio universitário completamente sa-turado e num meio industrial praticamente inexistente.

Acresce que, a nível pessoal, existe o facto de ter um companheiro dinamarquês.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?A nível profissional, o que poderia motivar-me a regressar a Portugal seria uma posição que me oferecesse desafios e que me fizes-se sentir valorizada, com boas condições de trabalho e um bom ordenado, independente-mente de estar inserida na universidade ou na indústria.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científica, no sen-tido em que há no país, vários cientistas com muito valor – e isto é o mais importan-te. A questão é que as pessoas precisam de ser estimuladas para dar o seu melhor e, obviamente, ser recompensadas por isso. E, nestes aspectos, a oferta de emprego em Portugal fica muito aquém das expec-tativas.

É, por consequência, necessário apostar na investigação e nos investigadores em Por-tugal, através da criação de mais postos de trabalho e da oferta de condições de trabalho mais atractivas.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?O potencial da investigação na área da bio-tecnologia em Portugal é muito vasto.

Basta pensarmos na quantidade de produtos e processos biotecnológicos tradicionalmen-te usados e que têm relevância directa para a economia do país, como sejam a produção de bebidas (vinho, cerveja, etc.) e alimentos (iogurte, queijo, etc.), os enxertos em plan-tas, etc.

Em particular, a agricultura em Portugal representa uma área que pode beneficiar grandemente da aplicação da biotecnologia, já que sofre de um grande atraso tecnoló-gico, que apenas pode ser superado através da aplicação de tecnologia especificamente desenvolvida para as condições locais.

As áreas de investigação mais promissoras são, portanto, aquelas que podem beneficiar ou impulsionar a economia portuguesa.

Neste contexto, é importante uma maior in-teracção entre as universidades ou institutos de investigação e a indústria, de forma a pôr em prática ideias inovadoras e a conseguir o aproveitamento e a valorização dos recursos (naturais e humanos) do país.

“...a oferta de emprego

em Portugal fica muito aquém

das expectativas...”

CADERNO ESPECIAL

Page 37: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

37.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

HUGO AGOSTINHOMACHADO FERNANDESIdade:

29 anos

Área:

Engenharia Biomédica

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Holanda

mais garantias e regalias que em Portugal, con-tribuiria definitivamente para ficar por cá.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Uma mudança de mentalidade de muita da gen-te envolvida em ciência, desde os cientistas aos governantes. A ciência deverá ser reconhecida como uma mais valia para o desenvolvimento do país e não como algo que não só é estranho para a maioria das pessoas, como é vista como algo que não faz parte do seu dia-a-dia.

Julgo que o maior problema em Portugal em ciência não reside tanto na falta de fundos, mas sim na aplicação dos mesmos. Não é a falta de capacidade que afecta a ciência em Portu-gal (como facilmente pode ser demonstrado encontrando vários cientistas portugueses nos melhores laboratórios mundiais e em cargos relevantes), mas sobretudo a passividade de alguns dos seus intervenientes. A avaliação do desempenho e a actuação em conformidade com os resultados dessa avaliação devem ser seriamente considerados e aplicados. Devem ser redireccionados os recursos para aqueles grupos que estão dispostos a trabalhar e que apresentam resultados de qualidade, em detri-mento de outros. A passividade é algo intrínseco à nossa sociedade e, infelizmente, com o exem-plo a vir do topo.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Julgo que sim e julgo que o é possível fazer com qualidade e reconhecimento internacional, como tem sido demonstrado por alguns grupos de investigação. O que nos deveremos perguntar é: seria possível fazer mais com melhores con-dições? Aumentando o investimento em ciência conseguiríamos melhores resultados? Um pro-cesso de avaliação que contemplasse a excelên-cia teria impacto na forma de fazer ciência? Pro-

O que o levou a deixar o país e ir estudar/ /trabalhar para o estrangeiro?Foram várias as razões, mas eu salientaria duas em particular: a falta de oportunidade (quer no mercado de trabalho quer a nível de bolsas de investigação, a qual em Portugal se faz, maiori-tariamente, com recurso a bolsas da FCT, sen-do estas em número limitado) e o facto de no estrangeiro ter a oportunidade de desenvolver um projecto de investigação mais aliciante. Uma outra razão tem a ver com o desafio de empre-ender um projecto de investigação fora do País. Julgo que, sobretudo em ciência, “viajar” por di-ferentes países, trabalhar em diferentes labora-tórios, conhecer diferentes pessoas é uma mais valia que muitas vezes não é tida em considera-ção em Portugal.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Neste momento encontro-me a meio do meu projecto de doutoramento e, como tal, a questão ainda não se me colocou. No entanto, e avan-çando ligeiramente no tempo, considero que a existência de um mercado de trabalho aliciante e dinâmico no qual poderei aplicar os conheci-mentos obtidos durante o doutoramento ou a possibilidade de prosseguir um postdoc, com

porcionando aos nossos cientistas as condições que eles encontram no estrangeiro que seriam eles capazes de fazer em Portugal? Portugal é o nosso País e eu julgo que qualquer português tem orgulho em ajudar o seu país a desenvolver-se. Uma tarefa hercúlea, por vezes, mas uma ta-refa que muitos estão dispostos a empreender e muitos mais o farão no futuro.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?As áreas relacionadas com a medicina e tecno-logia. Portugal é um país aberto às novas tecno-logias. Não terá sido por acaso que a aplicação de novas tecnologias nos levou, há cinco séculos atrás, por mares nunca antes navegados....

Sobretudo na área da medicina julgo estar na altura de começar a aplicar os conhecimentos “de bancada” num cenário clínico, aquilo que é designado por medicina translacional. Julgo que esta será uma disciplina com futuro em Portugal.

Na minha opinião, em Portugal, e muito por culpa dos cientistas, a ciência não é tema de conversa de café. As pessoas estão alheadas do que se passa não só no país como na ciência em geral e isso deveria mudar. Uma sociedade informada será uma sociedade interventiva. Ini-ciativas como esta revista de divulgação científi-ca, simpósios, conferencias, workshops e afins devem ser feitos de uma forma regular, não somente para a comunidade científica mas, em especial, para a comunidade em geral. Comuni-car ciência não é fácil mas não é impossível. Vejo com alguma preocupação o facto de a maioria das instituições dar prioridade a pesso-as da casa em detrimento de pessoas com cur-rículos mais adequados à função. Este é outro dos aspectos que, a meu ver, deve ser muda-do o quanto antes para que a ciência avance e, concomitantemente, o conhecimento flua pelas diferentes instituições.

“...em Portugal... a ciência

não é tema de conversa de café...”

CADERNO ESPECIAL

Page 38: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

38. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

as outras enveredem pelo mesmo caminho, uma vez que eu gostaria imenso de voltar para Portugal e, para já, isso só não está nos meus planos por motivos profissionais.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê? Digamos que não é o país ideal para se de-senvolver investigação. Acima de tudo pela falta de fundos, que se podem justificar pela escassa ligação do mundo da investigação com o sector empresarial. Existem já algu-mas actividades no sentido de estimular essa ligação, mas ainda está tudo muito “verde”.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal? As áreas que mais potencialidades têm são aquelas que conseguem unir esforços de investigadores de muitos campos de estudo diferentes, como por exemplo, a bio-infor-mática. Recentemente tem havido enormes desenvolvimentos em muitas áreas (biologia, ciências da computação, neurologia, etc...) essencialmente graças à colaboração entre elas e ao aparecimento destas novas áreas intermédias que se ocupam essencialmente de proporcionar novos métodos de estudo e optimizar ao máximo as sinergias entre os diversos campos.

HUGO ALEXANDREPEREIRA MONTEIROIdade:

24 anos

Área:

Indústria Espacial

Funções actuais:

Portuguese Trainee - Mission Control System and Simulator Data Systems Engineer na Agência Espacial Europeia, Darmstadt, Alemanha

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro? Acima de tudo uma vontade de abrir horizontes. Sentia curiosidade de saber como era o mundo fora do nosso “jardim à beira-mar plantado”. Além disso, foi também o desejo de me aproxi-mar um pouco de outra área que me apaixona, a astronomia, e por isso decidi candidatar-me a um estágio na Agência Espacial Europeia.

O que o fez ficar? Porque não voltou? O principal motivo que me mantém fora de Portu-gal é a enorme variedade de carreiras possíveis no estrangeiro, comparado com as opções existen-tes em Portugal. Além disso, qualquer que seja o ramo escolhido, técnico, gestão ou investigação, existe sempre uma perspectiva de evolução e existem boas remunerações em todas as áreas, enquanto que em Portugal as áreas técnicas e de investigação estão um pouco esquecidas.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)? Mudança de mentalidades das empresas portu-guesas. Acima de tudo, estas deviam aprender a motivar e recompensar trabalhos bem feitos. Só quando as empresas souberem respeitar e mo-tivar os seus colaboradores é que esta tendência emigração poderá abrandar. No entanto já há algumas (poucas) empresas onde já se pratica uma filosofia diferente, no entanto espero que

“...(Portugal) não é o país ideal

para se desenvolver investigação...”

CADERNO ESPECIAL

Page 39: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

39.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científica? Porquê?Acho que a ciência se pode desenvolver em qualquer país que tenha alguma estabilida-de económica. E Portugal, por muito que se diga que não, não está assim tão mal e não tem muitos mais problemas económicos que o resto da Europa. Neste momento, parece-me que já se desenvolve bastante trabalho científico, pois apercebo-me que as pessoas de aqui e de outros sítios co-nhecem instituições como a Gulbenkian, o IBMC, Vairao, etc...

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Confesso que não conheço muito bem o es-tado da investigação em Portugal. Mas pa-rece-me que os novos projectos para inves-tir na tecnologia são bastante promissores. Também os programas de doutoramentos direccionados à Biomedicina, como o da Gulbenkian, são importantes.

INÊS SUSANA PIRESC. DA CONCEIÇÃOIdade:

27 anos

Área:

Genética Evolutiva

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Espanha

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Porque me interessava o que fazia o grupo em que estou integrada. E, também, pelo facto de se tratar de um dos grupos mais conceituados dentro da área – Genética Evo-lutiva.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Ainda estou a terminar o doutoramento. Quanto ao futuro, ainda não sei muito bem se ficar aqui ou voltar para Por-tugal. Uma pessoa acaba também por construir uma vida no sítio onde está. E, estando em Espanha, a diferença de cultura é mínima e portanto, sinto-me bastante integrada.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Uma posiçao nalguma instituição, fosse uma universidade ou outro tipo de insti-tuição. Mas, afinal de contas, isso é o que todos queremos, em qualquer área, não só na ciência.

“...E Portugal, por muito

que se diga que não, não está

assim tão mal...”

CADERNO ESPECIAL

Page 40: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

40. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JOÃO CARVASIdade:

25 anos

Área:

Fisiologia e patologia do sistema car-diovascular

Funções actuais:

Estudante de doutoramento, Suiça

formação pós-graduada em Portugal, mas a maneira como as oportunidades foram surgin-do trouxe-me até à Suiça para fazer 4 anos de doutoramento.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Por enquanto a minha permanência em Fribourg está a ser bastante produtiva e enriquecedora. Enquanto for um desafio ficarei por aqui. Depois do doutoramento gostaria de viajar até outro país para fazer um pós-doutoramento. Regres-sar a Portugal sempre fez parte dos meus pla-nos, mas apenas a médio-longo prazo.

É claro que não controlamos tudo na nossa vida, e por isso não tenho a certeza absoluta que um dia regresse. De qualquer maneira gostaria de voltar e por em prática o que apenderei nesta formação além fronteiras.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Essa é uma questão importante. Os cientistas que com muito mérito se conseguem impor fora de Portugal muitas vezes acabam por não voltar porque nos países de acolhimento lhes criam todas as condições para que trabalhem com qualidade. Como já referi, existem em Portugal diversos centros de excelência em investigação, onde já se instituiu a cultura do mérito. Enquan-to esta meritocracia não for também transferida para as Universidades por exemplo, não existem possibilidades de um regresso massivo dos nos-sos cientistas porque os institutos de investiga-ção têm uma capacidade limitada.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Não vejo porque não. A qualidade da ciência que

O que o levou a deixar o país e ir estudar/ /trabalhar para o estrangeiro?A minha saída de Portugal foi sempre possibili-dade durante o curso. Uma participação no pro-grama Erasmus para ir estudar na Universidade de Salamanca contribuiu para aumentar esta vontade. A decisão não teve como base uma per-cepção de que o nível científico fora de Portugal fosse superior ao do meu país. Aliás, existem em Portugal excelentes laboratórios com gente mui-to boa naquilo que faz, onde se pratica uma ciên-cia de primeiríssima água, perfeitamente capaz de ombrear com qualquer laoratório mundial.

Esta decisão partiu da minha crença de que qualquer cientista deve viajar, conhecer e ab-sorver outras realidades e maneiras de estar na ciência, quer durante a sua formação, quer no decurso da sua carreira profissional. Isto apli-ca-se, claro, a qualquer actividade profissional mas é premente para alguém que vai passar o resto da vida a criar e a transmitir conhecimento e que estará em competição permanente com o resto do mundo. Se há área em que a globaliza-ção mais se entranhou, e bem, essa é a ciência.

Mas é claro que tudo isto tem o seu quê de for-tuito. Poderia perfeitamente ter iniciado uma

se faz em Portugal evoluiu, e continua a evoluir, de forma notável, muito graças às políticas de alguns governos que têm sabido valorizar a ino-vação e a investigação. Existe no entanto muito trabalho a fazer, sobretudo no que diz respeito ao envolvimento do sector privado neste esforço que deve ser de toda a sociedade. Outra medida importante seria a reforma profunda do sistema universitário, que deveria ser muito mais produ-tivo em I&D e ser capaz de estender relações com a comunidade em que se insere e com o tecido empresaria que a rodeia. Existe uma grande falta de flexibilidade e proactividade por parte de alguns docentes, que ainda vêm a in-vestigação como um “passatempo” mais lúdico e meramente demonstrativo, do que essencial para o futuro da universidade.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Ao nível da investigação mais fundamental ou básica, existem numerosas áreas com exce-lentes exemplos no nosso país. Gostaria de valorizar aquelas ligadas ás ciências da saúde e que versam sobre as patologias que são en-démicas do nosso país, como a doença de Ma-chado-Joseph ou paramiloidose, e que podem ter um maior impacto sobre a saúde de muitos portugueses. Outra área de inovação já bastante importante em Portugal – é já o terceiro sector exportador – é a investigação e produção far-macêutica. Esta é uma área na qual podemos competir e com a qual se obtém uma mais valia para o país que é imediata. Mas para além des-tas, penso que a investigação ligada ao mar, ao ambiente e às energias renováveis pode e deve ter no nosso país um lugar de destaque. Como o país ainda não tem um PIB igual ao de outros países Europeus mais ricos, o dinheiro deve ser investido em áreas que criem uma mais valia para o nosso país e para a sua população.

“...É claro que não controlamos

tudo na nossa vida...”

CADERNO ESPECIAL

Page 41: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

41.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

JOÃO MATOSIdade:

27 anos

Área:

Ciclo celular

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Alemanha

a grupos de trabalho com especializações diferentes. Neste aspecto, sair de Portugal é muito importante, pelo menos durante o doutoramento ou pos-doutoramento.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Penso voltar para Portugal mas não antes de fazer pelo menos um pos-doutoramento.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Uma boa oferta de trabalho.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Acho que tem muito potencial. Basta ver o número de cientistas portugueses espalha-dos pelo mundo a trabalhar em alguns dos laboratórios com maior reputação mundial. Tendo os cientistas, só falta conseguir com-petir com outros países nas condições que lhes são dadas para fazer investigação! Sem isso não é fácil atrair, pelo menos, os me-lhores.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Pelos vistos a grande aposta parece ser em áreas ligadas à biotecnologia. As ciências do mar também me parecem ter bastante po-tencial.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?A vontade fazer ciência. O facto de ser bas-tante difícil conseguir uma bolsa de Dou-toramento em Portugal talvez tenha sido o factor que desencadeou a procura de outras paragens. Em Portugal o potencial do can-didato à bolsa de doutoramento é avaliado essencialmente com base num número. Não é relevante perceber, por exemplo, os níveis de motivação que movem o candidato a tra-balhar numa área onde a dedicação e per-sistência são um dos principais factores de sucesso. Quando a motivação é suficiente-mente grande as fronteiras do país são facil-mente ultrapassáveis e então deparamo-nos com uma oferta muito grande, especialmente em países onde a ciência é verdadeiramente um motor de desenvolvimento. No Instituto Max Planck for Cell Biology and Genetics na Alemanha, onde estou quase a concluir o doutoramento no laboratório do Dr. Wolf-gang Zachariae, todos os anos são convida-dos para entrevistas cerca de 80 candidatos de entre 600 concorrentes de todo o mundo. Num instituto com cerca de 300 investigado-res 50% são estrangeiros, de 35 nacionalida-des. A pergunta que se põe é: Porque é que é tão atractivo vir para cá? Porque para além de condições extraordinariamente boas para fazer investigação de topo, que é a principal razão de tal sucesso, existe uma preocupa-ção muito clara de tornar o ambiente atrac-tivo também para os momentos fora do tra-balho. Existe por exemplo uma preocupação grande em que os investigadores com família consigam facilmente integrá-la na sua vinda para a Alemanha.

Na minha opinião é também muito impor-tante estabelecer contactos com grupos fora de Portugal porque hoje em dia é muito difí-cil competir ao mais alto nível sem pertencer

“...sair de Portugalé muito importante...”

CADERNO ESPECIAL

Page 42: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

42. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JOÃO HENRIQUENUNES PALMAIdade:

31 anos

Área:

Ciências Naturais (Biologia/Agricultu-ra/Floresta/Geografia)

Doutoramento:

Integrated assessment of silvoarable agroforestry at landscape scale

Funções actuais:

Investigador de Pós-Doutoramento, Suiça

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Quando terminei a minha licenciatura esta-va “esgotado”, queria fazer algo de diferen-te do que tinha feito durante o meu curso, algo sem ser relacionado com ciência, ex-perimentar outras coisas, conhecer outros contextos. Surgiu então uma hipótese para trabalhar no estrangeiro e aí começou a aventura cá fora.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Existem várias razões que me foram fazendo ficar. Antes de começar o doutoramento foi a visão de que perspectivas sustentáveis de tra-balho em Portugal eram praticamente invisí-veis (se as existissem) e desprovidas de qual-quer futuro. Para estar futuramente inseguro, pelo menos estava-se a ganhar mais cá fora. Durante o doutoramento a razão principal de ficar era acabá-lo. Agora, mantenho-me no estrangeiro porque fui solicitado para ajudar ao arranque de um projecto. Ofereceram-me uma posição de Post-Doc e aceitei.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Um contrato permanente de trabalho numa Universidade/Instituto de Investigação para que pudesse exercer investigação sem ter de me preocupar (ocupar cérebro sem ser na ci-ência) em procurar um novo contrato ao fim de 3 ou 5 anos.

Mas esta realidade tende a mudar para o bem e para o mal, as instituições públicas fazem cada vez menos contratos permanentes. Por isso, já me contentava com um contrato de trabalho a 5 anos com as mesmas regalias sociais de um investigador permanente com as mesmas funções e com um ligeiro au-

mento em relação a esse investigador por se tratar de uma condição precária como sugere o código de conduta para recrutamento de in-vestigadores (www.europa.eu/eracareers/eu-ropeancharter).

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Nunca desenvolvi trabalho científico em Por-tugal (além da licenciatura), logo não posso falar por experiência. No entanto, visto de fora tenho a ideia que Portugal tem tão bons ou melhores cientistas que os outros países. É apenas uma questão de motivação por parte das instituições superiores, obviamente moti-vação pessoal e, principalmente, dos líderes dos grupos de investigação.

Se existir essa motivação, Portugal é um país tão bom ou melhor que os outros para desen-volver trabalho.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Há dois contextos principais. Um a nível na-cional e outro a nível global inseridos numa União Europeia (cada vez maior).

Comecemos pelas características de Portu-gal. É pequeno. Não temos fontes de petróleo, diamantes nem ouro. Excluindo as ilhas (para simplificar), é um país com clima atlântico mas maioritariamente mediterrânico no qual a agricultura está localizada precisamente nessa maioria e a indústria localizada no nor-te. É um país em que metade da fronteira é oceano. É um país com qualidade turística. Tem recursos e qualidades humanas interna-cionalmente reconhecidas. Tem cérebros que quando motivados fornecem conhecimento

“...há que apostar em investigação

no que Portugal apresenta

de vantagens...”

CADERNO ESPECIAL

Page 43: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

43.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Todas as áreas são importantes e necessárias para um desenvolvimento sustentável.

a) Linhas de Pesquisa (Research guidelines)

Quando se reside e trabalha fora de Portugal, tem-se oportunidade de ver o país com outros olhos, ao mesmo tempo que se conhece ao por-menor a realidade do país onde se trabalha.

Deixo aqui uma ideia que vejo funcionar e que penso que funcionaria dadas as qualidades dos portugueses.

Uma das capacidades habitualmente relacio-nadas com portugueses é a sua capacidade inventiva e de flexibilidade.

O governo e ministérios têm em seu poder da-dos relativos às necessidades do país. Os cien-tistas poderiam ter um papel mais forte/útil na sociedade se conseguissem tentar chegar ao encontro das necessidades estratégicas do país. Poderia haver por exemplo um “Fundo para Ciência Estratégica” capaz de lançar de-safios às capacidades dos cientistas.

Seria um Processo Top-Down a adicionar ao existente Bottom-Up dos dias de hoje. Neste sistema existente cada cientista (ou grupo de cientistas) propõe o que acha o que deve ser feito. Por um lado está correcto mas por outro deveria haver também uma vertente paralela directamente vocacionada para os problemas actuais do país, sem ser confundido com uma eventual “nacionalização do sistema científico” associado a tempos antigos. Moderação e com-plementaridade sempre foram e serão a chave do segredo. Seria assim mais um estímulo para reunir grupos de investigação engrenados para o mesmo objectivo em vez de os grupos fazerem os seus próprios objectivos em que os resultados são mais difíceis de reunir.

e tecnologia que podem colocar Portugal na vanguarda (como há 500 anos o foi).

No contexto global temos de entender que estamos incluídos numa Europa com perto de 500 milhões de pessoas que estão cada vez mais perto umas das outras e que há proble-mas/desafios comuns para resolver (por ex. alterações climáticas).

Num ponto de vista estratégico, há que apos-tar em investigação no que Portugal apresenta de vantagens, e ao mesmo tempo que sejam internacionalmente úteis.

Não esquecendo a investigação fundamental e estrutural, em que o impacto é indirecto por ser executado em aplicações práticas, a inves-tigação técnico-prática é a que poderá ter mais impacto na sociedade pois é aquela em que melhor se podem ver efeitos e a sociedade dar mais valor e por isso ser mais “promissor”.

Em Portugal investigação em medicina, biotec-nologia, qualidade (alimentar, turística, etc.), recursos energéticos e tecnologias de infor-mação parecem-me áreas (certamente falta-rão algumas) em que Portugal pode ser líder (ou estar entre os líderes) com especial ênfase para as tecnologias de informação (engenharia de software, telecomunicações, etc.).

Esta área abrange todo o mercado das outras áreas de investigação e requer recursos rela-tivamente baratos, tendo um grande retorno, quer do investimento, quer na motivação e in-teresse por parte da utilização do público.

Descurei um pouco as áreas das ciências sociais, artes e humanidades, mas todas as áreas podem ser promissoras desde que se vejam resultados da sua aplicabilidade na so-ciedade.

Claro que tudo isto não funciona bem sem uma estrutura sólida e organizada que é im-possível de manter e motivar quando há cor-tes orçamentais...

b) Estratégia vista de fora

A época do ouro diamantes e canela das co-lónias já lá vai. Somos lembrados pela nos-sa cultura expansionista, de descobrir novos mundos mas não nos podemos esconder nas lágrimas do fado. Não somos “coitadinhos” e não foi com esse ar de “coitadinhos” que egocentricamente dividimos desigualmente o mundo em dois com os nossos vizinhos espa-nhóis. Foi com uma visão de estratégia a longo termo.

Vejo com bons olhos o investimento na ci-ência e inovação que o actual governo está a implementar. Revela maturidade e estra-tégia. A ciência e inovação são o motor das economias. No entanto, politicamente, numa democracia, é arriscado investir nesta área pois os resultados não se vêem a curto pra-zo, a tempo de “recolher votos” para as pró-ximas eleições. Normalmente as pessoas dão valor a resultados de curto prazo e entendem mal as necessidades de construir uma base sólida para evitar as tão familiares políticas “tapa buracos”. Embora o português saiba e prefira remendar algo com um “aramezinho” para a solução imediata (não é por acaso que os navios ingleses requeriam sempre um por-tuguês a bordo), é necessário que se entenda que em política, o investimento de longo prazo em pilares e multiplicadores da economia são importantes, necessárias e que as devemos exigir dos políticos e principalmente ignorar a crítica destrutiva de qualquer oposição.

Page 44: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

44. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JOÃO PEDRO SOUSAIdade:

41 anos

Área:

Engenharia de Software

Funções actuais:

Professor Universitário, EUA

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Olhe, seria tentador para mim dar uma resposta de circunstância: que não há con-dições em Portugal. Mas a verdade é que quem se lembra de crescer em Portugal nos anos 70, e o vê hoje, não pode deixar de notar um progresso tremendo. Eu saí de Portugal porque, depois de trabalhar um bom par de anos, resolvi perseguir um velho sonho: fa-zer um doutoramento na melhor escola que eu podesse alcançar. Por coincidência, essa escola era no estrangeiro.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Para mim, a vida tem fases. Nesta fase quero dedicar-me à investigação e ao ensino uni-versitário, e por isso sondei o mercado de trabalho nessa àrea. Eu vou contar como é que isso se passou, porque é importante perceber como, muitas vezes, o que faz a di-ferença é mais do que tudo uma questão de atitude.

Eu mandei várias dezenas de candidaturas para os Estados Unidos, Canadá, e Europa.

De ambos os lados do Atlântico há muito mais candidatos do que vagas: só para dar um exemplo, a Universidade onde agora me encontro recebeu este ano mais de 200 candidaturas para duas vagas de professor, e este é um número perfeitamente normal. Do lado de lá, as universidades publicitam as vagas por todos os meios, e competem entre si para atrair os melhores candida-tos. Depois têm um processo de seleção rigorosíssimo que culmina com entrevis-tas de três ou quatro candidatos para cada vaga: o que implica pagarem avião, hotel, e todas as despesas aos candidatos, venham eles donde vierem.

Mesmo as mais discretas universidades pú-blicas competem nestes termos.

Das candidaturas que mandei, recebi e acei-tei 6 convites para entrevista nos Estados Unidos e Canadá. Do lado de cá do Atlanti-co, o processo de recrutamento é bastante diferente.

Preferem-se os candidatos que já fazem parte da casa. E a mesma diferença de atitu-des mantém-se na gestão de toda a carreira profissional.

Bom, mas a verdade é que esta é só me-tade da história. Do lado de lá do Atlântico os professores trabalham como Mouros, também de um modo muito directo para atrair financiamento para a sua actividade e para a actividade da escola. Mas são mui-to melhor pagos. E eu nunca tive aversão ao trabalho.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Eu voltarei a Portugal num abrir e fechar de olhos se em Portugal existir uma oportuni-dade, e condições, de fazer trabalho exce-lente. E com excelente, quero dizer a nível internacional.

Mas digo isto com a perfeita consciência que o nível de investimento, e a existência de meios humanos, que é necessario para fazer trabalho a esse nível, não se compa-dece com a escala de Portugal. É preciso pensar em termos Europeus.

Quanto às condições, mais do que as con-dições materiais é preciso mudar a atitude em relação ao insucesso, e através dela toda a forma de gerir a ciência e as carrei-

“...Eu voltarei a Portugal num abrir

e fechar de olhos se em Portugal

existir uma oportunidade...”

CADERNO ESPECIAL

Page 45: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

45.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

gueses têm um excelente potencial. E isto deve-se a combinarem um espírito que é simultâneamente creativo e prático, com uma boa base matemática. Outras culturas reúnem frequentemente uma ou duas des-sas características, mas é menos frequen-te encontrarem-se as três com a mesma abundância. Tem dúvidas? Então os Ame-ricanos não colocaram o Homem na Lua? Pois, mas para isso precisaram de cente-nas de cientistas Alemães que “importa-ram” na sequência da vitória na 2.a guerra mundial.

Mas sejamos claros, para realizar este po-tencial dos Portugueses é preciso continu-ar a investir seriamente na educação e na formação de líderes. E é preciso sobretudo deixar para trás a idea que somos um país pequeno, ou cuja actividade tem de se con-finar ao espaço das suas fronteiras.

vestir e ganhar estatura internacional. E aqui é importante tomar consciência que nenhum país pode ser o melhor em tudo. Por outro lado, um país não é atractivo por ser bonzinho em muita coisa: é preciso concentrar energias e ser realmente muito bom em duas ou três coisas.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Bem, Portugal tem dois recursos: o mar e as pessoas. No mar, Portugal pode vir a tomar uma posição de liderança na mudan-ça de atitudes, passando da depredação à gestão informada dos recursos marinhos. Com isto quero dizer que Portugal pode não só gerir bem os seus recursos, como posicionar-se para ajudar outros países a conhecer e a gerir os seus recursos. Ou-tra àrea com uma importância estratégica crescente è o desenvolvimento de fontes al-ternativas de energia ligadas ao oceano.

Noutras áreas de ciência cuja “matéria prima” sejam pessoas, por exemplo, me-dicina, ciências sociais, matemática, etc. Portugal pode ser tão bom quanto queira. Mesmo em ciências que exijam níveis con-sideráveis de investimento em infrastrutu-ra, como a física, nada deveria impedir que os cientistas Portugueses beneficiem da infrastrutura Europeia.

Na àrea que me diz mais respeito, das ciên-cias da informação, eu diria que os Portu-

ras científicas. Primeiro, é preciso enten-der que a ciência é uma actividade de risco, e que em cada dez ideas, é optimo se uma tiver sucesso. Em segundo lugar, deve ser encarado de forma natural que a ciência nâo é uma actividade em que todos possam ter productividade, ou em que possam man-ter essa productividade durante toda a vida. Em Portugal existe um medo tremendo do insucesso, ou que se saiba que se falhou, e isso limita tremendamente as trajectórias de investigação, e pior, as escolhas profis-sionais das pessoas e das intituições.

Nisto a sociedade Americana é radicalmen-te diferente da Portuguesa: eles aprendem desde muito cedo a “cair do cavalo,” le-vantarem-se e sacudir a poeira. Como não existe o receio de estigmatizar as pessoas quando o nível de prestação não é o de-sejado, também não há qualquer reserva em encorajar as pessoas a irem ser exce-lentes... noutra actividade. Por exemplo, eu encontrei recentemente na California colegas Americanos que tiveram 3 empre-gos em 3 anos, e nem por isso se sentiam diminuídos.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Vai-me perdoar a aparente falta de patrio-tismo, mas Portugal não é nem melhor nem pior do que qualquer outro país. Tudo depende em que é que Portugal queira in-

Page 46: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

46. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JOÃO LUIS ASCENÇÃOIdade:

58 anos

Área:

Medicina (Hemato-Oncologia)

Funções actuais:

Professor Catedrático de Medicina Interna e Imunologia, The George Washington University School of Me-dicine; Chefe-assistente, Serviço de Hematologia, Veterans Hospital, Wa-shington, DC, EUA

capazes, e está provado que são capazes de competir a nível internacional. Falta é uma estrutura organizacional capaz, menos po-liticizada, com uma visão a curto e longo prazo e subsidiada de uma forma que per-mita fazer investigação. Há muitos núcleos a fazer investigação de qualidade, mas são muitas estrelas num horizonte grisalho.

Valia a pena recrutar quem já esteve fora e proporcionar condições e capacidade de trabalho, como fez a Espanha.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Biologia e neste quadro incluo a Biologia Molecular, a Hemato-Oncologia Básica e Clinica, a Neurobiologia, Imunologia; a Bio-Tecnologia; a Ciência de informatização e Computadores.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro? As possibilidades de fazer investigação bá-sica com investigadores/mentores de alto calibre científico.

O que o fez ficar? Porque não voltou? Falta de condições para voltar: não havia laboratório; não havia qualquer garantia de suporte financeiro ou académico; salário muito baixo; muitas promessas sem con-tratos; estrutura académica fossilizada e muito “incestuosa”.

O que me fez ficar: foi-me oferecido a possi-bilidade de fazer trabalho clínico, o que me obrigou a voltar ao internato, mas que me lançou no caminho da investigação clínica.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)? Neste momento seria a possibilidade de estabelecer um Centro de Cancro – Free-standing – ou associado a uma entidade uni-versitária, que dispusesse de uma estrutura independente, com um orçamento próprio, garantido por um mínimo de 5 anos; e onde se pudesse fazer trabalho clínico, investiga-ção clínica e básica; e com um contrato que obrigasse a uma avaliação anual e no final de 5 anos; com uma estrutura administrativa própria e independente; com um Conselho de Avaliação Científico e Médico Nacional e Internacional; com ligações a outros centros nacionais e internacionais.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Acho que sim; as pessoas são inteligentes e

“...Valia a pena recrutar

quem já esteve fora..., como

fez Espanha...”

CADERNO ESPECIAL

Page 47: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

47.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

JOÃO F. GOMESIdade:

37 anos

Área:

Economia e Finanças

Funções actuais:

Professor Associado, The Wharton School, University of Pennsylvania - Philadelphia, EUA

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Economia e gestão são as áreas que conhe-ço razoavelmente bem e penso que nestas temos dois problemas importantes. Pri-meiro temos bastante falta de massa críti-ca. Não é geralmente possível fazer investi-gação de qualidade sem estar em contacto regular com outros cientistas dedicados e com talento.

Segundo os incentivos para fazer inves-tigação são muito poucos. Infelizmente Portugal é ainda um país onde há outras prioridades e muitos cientistas de talento são encorajados a dedicar-se a resolver problemas mais imediatos.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Depende bastante do objectivo da inves-tigação. Pessoalmente acho que não há grande vantagem em investigar apenas para reinventar o que já se sabe no resto do mundo. É bastante mais eficiente mandar pessoas estudar nas melhores escolas in-ternacionais e trazer esses conhecimentos para o país.

Em geral seria melhor concentrar recur-sos nas (poucas) áreas onde já existe um núcleo de cientistas dedicados e de reco-nhecida capacidade e talvez também em áreas onde o investimento de recursos seja relativamente pequeno.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Na altura era muito difícil fazer um douto-ramento em economia em Portugal.

Além disso muitos dos meus professores eram Doutorados nos EUA.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Acima de tudo porque é muito mais estimu-lante.

Hoje em dia não há grandes dúvidas que os EUA são um pólo de atracção para os melhores economistas do mundo. A concorrência é enorme e a pressão para produzir trabalho interessante, especial-mente nas melhores escolas, é muito in-tensa.

É claro que em Portugal seria muito mais fácil ser bem sucedido e ganhar o respeito dos meus colegas e até da sociedade em geral.

Mas seria um sucesso ilusório porque a qualidade do meu trabalho seria muito in-ferior.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?O regresso permanente seria sempre uma decisão pessoal. Não creio que seja possí-vel estabelecer em Portugal o tipo de con-dições profissionais que sejam compará-veis às que tenho hoje.

É mais realista pensar em colaborações temporárias mas periódicas. A esse nível não creio que existam grandes obstácu-los.

“...Portugal é ainda um país

onde há outras prioridades...”

CADERNO ESPECIAL

Page 48: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

48. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JOÃO ZILHÃOIdade:

50 anos

Área:

Arqueologia Pré-histórica

Funções actuais:

Professor of Palaeolithic Archaeology, University of Bristol, UK

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Fiz todos os meus estudos (licenciatura, doutoramento, agregação) em Portugal, e não foi senão aos 48 anos de idade, já com uma carreira científica consolidada, que decidi emigrar. Porquê? Sem querer exa-gerar, e admitindo que a minha experiência é parcial e que as coisas podem ser muito diferentes, para melhor, noutras áreas, por me ter finalmente resignado à constata-ção de que a universidade portuguesa está transformada num cemitério intelectual controlado por uma legião de fósseis vivos dedicados à promoção do seguidismo, do “respeitinho” e da antiguidade, e à perse-guição activa e militante do mérito e da in-dependência de espírito. Em tal ambiente, chega-se inevitavelmente a um ponto onde já não é possível avançar: ou te juntas a eles, ou vais-te embora. Eu fui-me embora.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Como a minha emigração é recente, a per-gunta pertinente seria se faço tenções de voltar, e a resposta é não. O que me faz ficar é um ambiente intelectual são e uma cul-tura científica de trabalho, de emulação e de colaboração que estão a anos-luz do que em Portugal conheci e aguentei ao longo de mais de duas décadas.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Teriam que me ser dadas condições ma-teriais de trabalho, isto é, garantias de or-çamento, de contratação de pessoal e de possibilidade de formação de equipas que, no quadro actual, não existem em lado ne-nhum (que eu saiba). A ironia é que, no âm-bito do Ministério da Cultura, tive já, entre

1999 e 2002, oportunidade de montar um centro com essas características e de nível internacional reconhecido; era um corpo estranho, e por isso desde então votado pelas sucessivas tutelas ao ostracismo e a uma vida no limiar da subsistência. A lição que aprendi é que, salvo honrosas e pon-tuais excepções, as nossas elites adminis-trativas e políticas sofrem de uma profunda incultura científica, e que não se pode de-pender delas para construir nada de dura-douro. E como a universidade é o que é...

Em todo o caso, talvez me sentisse enco-rajado a pensar no regresso, se entretanto visse algumas mudanças estruturais pro-fundas.

Por exemplo, e só para começar, uma revisão do Estatuto da Carreira Docente Universitá-ria que pusesse fim à estrutura hierárquica, de matriz militar-eclesiástica, em que a cada “patente” corresponde um certo tipo de “po-der fazer”, e que, por via do controlo sobre os júris e sobre as carreiras, se traduz, na prática, num regime de poder absoluto dos catedráticos, ou seja, o regime ideal para a produção e reprodução da cultura do “res-peitinho”. Acabar com esse regime, iguali-zando em “poder fazer” todos os doutorados, e transformando as “patentes” simplesmen-te em patamares de remuneração a que se chega por mérito absoluto reconhecido por júris externos, seria um bom princípio. Sem essa mudança radical, os poderes fácticos que transformaram a universidade portu-guesa numa jazida paleontológica não de-saparecerão nunca. Depois, tudo o resto que faz falta para que haja investigação a sério: financiamento justo de projectos, equipas com orçamentos estáveis, formação de dou-torandos, programas de recrutamento e de renovação periódica das equipas, etc.

João Zilhão na Pestera cu Oase (Roménia), onde foi res-

ponsável pela escavação dos mais antigos restos de ho-

mem moderno da Europa (cf. PNAS, 104, 2007, p. 1165-

70). O acesso à galeria onde se realizaram as escavações

fazia-se por progressão espeleológica, incluindo passa-

gem de um sifão com equipamento de mergulho.

“...a universidade portuguesa estátransformada num cemitério intelectual...”

Page 49: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

49.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

do ponto de vista da estratégia de serviços (turismo), mas que é quotidiana e crimi-nalmente desperdiçado por incompetên-cia e incúria governativas — a experiência diz-me que não. Desde logo, quando mo pedem, o conselho que dou a estudantes e jovens investigadores com interesse pelo estudo das origens do homem é: se querem fazer alguma coisa de jeito, emi-grem.

tífica de que sofrem, acordaram num mo-delo de desenvolvimento económico para o país assente na intermediação e nos ser-viços, não na produção, e isso reflecte-se logicamente na atenção (ou falta dela) que se dá à investigação.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?No quadro acima, é compreensível que os meios de que se dispõe para o ensino su-perior e a investigação sejam canalizados para as coisas que são básicas para que o país possa funcionar e a estratégia de desenvolvimento escolhida seja viável: ou seja, para disciplinas aplicadas, como a medicina, a biologia humana, a engenha-ria, a informática, ou a economia. Para quem se dedique a estas áreas, acredi-to que haja oportunidades em Portugal. Para quem se dedique à investigação fun-damental, incluindo áreas como a minha — que até tem algum potencial económico

Se, na minha área, vir que se fazem pro-gressos nesta direcção, seja na universida-de seja em instituições do tipo Laboratório de Estado, poderia pensar em regressar, ou pelo menos em ter, ainda que de fora, uma colaboração activa com instituições portuguesas. De outro modo, “para esse peditório já dei...”

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?No que diz respeito à minha área, sim e não. Sim, pelo potencial científico do território para a abordagem de questões centrais da evolução humana (potencial ilustrado, na última década, por achados de repercussão mundial como a arte ru-pestre do Côa ou o esqueleto da criança do Lapedo), pela existência de gente capaz, e pelo interesse da opinião pública. Não, porque as elites administrativas e políti-cas, além da generalizada incultura cien-

João Zilhão (à direita) e Laurentiu Sarcina na Pestera cu Oase

(Roménia), realizando as medições da radiação gama am-

biental necessárias para a datação dos ossos por ESR (res-

sonância electromagnética de spin).

O crânio Oase 2 e a mandíbula Oase 1, descobertos entre 2003 e 2005 no quadro de um projecto de investigação dirigido por João

Zilhão (Universidade de Bristol) e Erik Trinkaus (Washington University St. Louis).

CADERNO ESPECIAL

Page 50: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

50. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JONAS ALMEIDAIdade:

40 anos

Área:

Bioinformática / Biologia Computacional

Funções actuais:

Professor Catedrático da Universidade do Texas em Houston, Departamento Bioinformática e Biologia Computacional do MDAnderson Cancer Center. EUAFiliação à Universidade Nova de Lisboa como Professor Catedrático do ITQB/UNL (Oeiras) e cordenador do grupo de Biomatemática. Esta segunda é uma po-sição não remunerada

Nessa altura fui convidado a criar um gru-po de Biomatemática no ITQB pelo Professor António Xavier de que todos ouvimos falar re-centemente na ocasião da celebração da sua carreira e pela grande influência que teve em múltiplos percursos académicos no país. Eu sou um de muitos beneficiados do seu ânimo infeccioso de conceber carreiras de investiga-ção e os instittutos que as albergam prima-riamente como incubadoras de ideias. Essa experiência mais do que nenhuma outra me convenceu da importância de manter redes de colaboradores independentemente de se basearem em posições remuneradas ou não. Acontece que durante esse tempo mantive ligações nos EUA, sobretudo no Laboratório Nacional de Oak Ridge que eventualmente me arrastaram de volta aos EUA preservando, agora em sentido contrário, ligações em Por-tugal. Sinto que a Academia começa a trilhar o caminho da globalização já há muito trilhado pelas multinacionais em que a facilidade de comunicações deslocalizam a actividade aca-démica. Tenho recebido e enviado alunos de 3 continentes sem que isso tenha envolvido grandes investimentos ou preparações logis-ticas. Recordo uma aluna minha que dos 3 ar-tigos da tese, um foi escrito em Charleston SC nos USA, outro iniciado num café no Rio de Ja-neiro e acabado em Lisboa e o terceiro iniciado em Lyon em França e acabado nem sei bem aonde. Esta situação nómada não é tão exótica como se poderá pensar. Outros grupos têm um modus operandi semelhante. Por exemplo no ITQB/UNL, o grupo de Epidemiologia Molecu-lar liderado pela Professora Hermínia de Len-castre tem características semelhantes.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Sinto não ter saído, nem regressado. Parece um dilema Pessoano não é? Ele não saía (fisica-

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Fui fazer um postdoc na Universidade do Ten-nessee em Knoxville no Centro de Biotecnologia Ambiental. O Centro era liderado pelo Professor David White (falecido recentemente) que foi du-rante a carreira dele não só uma referência na área mas também um visonário que influenciou gerações de alunos de pós-graduação na área de consórcios microbianos e ciclos minerais no ambiente. A minha saída foi originalmente or-ganizada pela minha mentora de doutoramen-to, a Professora Ascecção Reis, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Na realidade eu voltei para a FCT/UNL onde continuei o percurso Académico até chegar a Professor Auxiliar com nomeação definitiva.

mente) mas andava sempre lá fora, só que bem interiormente. O meu mundo é uma Aldeia.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Sim é um excelente país para trabalhar em ciência, sobretudo depois de se saber bem o que se quer fazer. Como todos os lugares é im-portante que haja uma interacção intensa com outros grupos em outros lugares e em outras áreas sobretudo na fase inicial da carreira que é dominada pela descoberta. Apesar das queixas de que os aspectos logísticos do financiamento da Ciência são ineficientes – o que é verdade – também é verdade que não há a mesma pres-são escravizante de máquinas científicas mais oleadas. Todas as vantagens são defeitos, e to-dos os defeitos vantagens.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Nos últimos 5 anos têm emergido muitas áre-as de competência muito promissoras em vá-rias áreas do País. Sente-se que a comunidade científica Portuguesa se está a diversificar mui-to rapidamente o que cria oportunidades parti-cularmente boas nas áreas de interface.

Parecerá talvez um paradoxo, mas o sucesso de uma infraestrutura científica cria uma atracção que a alimenta e especializa progressivamente.

Assim a ausência dessas atracções é simulta-neamente um sintoma de fraqueza do tecido científico mas também uma oportunidade de apostar em áreas novas de uma forma mais liberada. Isso é por exemplo verdade na minha área da Bioinformática onde se sente em Por-tugal um diálogo crescente entre os que produ-zem dados e os que os analisam.

“...Sinto não ter saído,

nem regressado... o meu mundo

é uma Aldeia...”

CADERNO ESPECIAL

Page 51: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

51.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

JORGE MANUEL CORREIADE AZEVEDO SOARESIdade:

41 anos

Área:

Economia

Funções actuais:

Professor Auxiliar na Universidade de De-laware, EUA

excelentes resultados, mas esses casos pare-cem-me ser excepcionais.

Na situação corrente, com a excepção de algu-mas instituições ou departamentos, parece-me que além das condições de investigação serem, em geral, insuficientes também não existem in-centivos para sustentar a dedicação exclusiva à investigação por parte de pessoas que dada as suas capacidades tem boas alternativas quer no estrangeiro quer no sector privado.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Nunca pensei seriamente nesse assunto e não tenho conhecimentos que me possibilitem ava-liar quais as áreas mais promissoras para a investigação em Portugal.

Apenas conheço casos pontuais, de investiga-dores que trabalham em Portugal e que tem grande impacto nas suas áreas de investiga-ção. No entanto, isso não me permite inferir sobre o estado da investigação nessas áreas ou quaisquer vantagens comparativas que Portu-gal possa ou não ter.

Acho no entanto que em Portugal é necessá-rio desenvolver a investigação em geral e não olhar apenas para áreas específicas de inves-tigação.

Muito do capital humano em Portugal tem sido desaproveitado por falta de um ambiente que recompense a investigação e o desenvolvimen-to científico que é, a meu ver, essencial para a criação e sustentação de ensino universitário de qualidade. Ensino esse que é por sua vez es-sencial para o desenvolvimento do país e para o aumento da competitividade dos portugueses no mercado de trabalho.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Quando decidi enveredar pela carreira acadé-mica, fui encorajado por vários professores a ti-rar o doutoramento nos EUA. Pelo menos nes-sa altura, a opinião quase generalizada no seio dos investigadores portugueses era a de que as condições nos EUA eram significativamente melhores. Durante a minha estadia aqui verifi-quei que os programas de doutoramento das universidades de topo são estruturados cuida-dosa e rigorosamente por forma a maximizar o desenvolvimento da capacidade de investiga-ção dos seus alunos, são liderados por inves-tigadores de renome mundial e os estudantes são rigorosamente seleccionados de um vasto lote de candidatos altamente qualificados.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Dada a minha opção pela carreira académica não considerei o regresso a Portugal porque as condições de trabalho oferecidas aos investiga-dores no EUA são incomparáveis.

Além de haver mais recursos dedicados à in-vestigação, o sistema de incentivos é criado por forma a recompensar de forma clara e siste-mática a investigação e a inovação.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Dada a minha situação familiar planeio voltar a fazer investigação em Portugal mas apenas por períodos de curta duração.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Em Portugal há investigadores que se dedicam exclusivamente à investigação científica com

“...em Portugal é necessário

desenvolver a investigação

em geral...”

CADERNO ESPECIAL

Page 52: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

52. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

JOSÉ CARLOS JUNÇADE MORAISIdade:

63 anos

Área:

Psicolinguística experimental, Psico-logia e Neuropsicologia Cognitivas

Funções actuais:

Director da “Unité de Recherche en Neurosciences Cognitives” da “Uni-versité Libre de Bruxelles”, Bélgica

a possibilidade de regresso a Portugal, mas as condições de ensino e de investigação que encontrei dissuadiram-me disso ao fim de três meses.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Uma revolução mental e cultural na política e na gestão da investigação científica que permitisse um trabalho eficiente à comuni-dade dos investigadores. Actualmente, o que mais prejudica a actividade científica não é a relativa escassez de meios, mas a falta de uma cultura científica, a prevalência de inte-resses extra-científicos, e a desorganização e a excessiva burocratização das instituições envolvida no apoio à investigação. De qual-quer modo, não me parece essencial, e até talvez seja contraproducente, fazer regres-sar investigadores portugueses que estão há muitos anos nos estrangeiro, mas encontrar formas de colaboração que, trazendo a eles alguma vantagem, permitam fazer benefi-ciar a investigação conduzida em Portugal tanto da sua experiência como das relações internacionais que eles podem proporcionar.

Portugal é um bom país para de-senvolver trabalho de investigação científica? Não é possível responder a esta pergunta em termos que não sejam comparativos. É melhor do que o Mali ou o Sudão, ou do que o Iraque e o Afeganistão, mas pior do que ou-tros países. Não sendo Portugal uma entida-de homogénea, nele haverá bons, sofríveis e maus lugares para se fazer investigação.

Além disso, parece-me que a pergunta re-flecte uma preocupação um pouco nacio-nalista de mais a meu gosto. Uma questão

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Razões políticas. Depois de vários anos de luta antifascista em situação de clandestini-dade, o desentendimento entre mim e o meu partido, sem que houvesse outro ao qual pu-desse aderir, obrigou-me a deixar Portugal.

Decidi então retomar os estudos universitá-rios, não na Faculdade que tinha frequentado em Portugal (Direito), mas numa orientação que nessa época (1968) não existia no nosso país e me interessava (Psicologia).

O que o fez ficar? Porque não voltou?Desde fins de 1978 até à revolução de Abril tive o estatuto de refugiado político das ONU e podia ir a todos os países excepto Portugal.

Depois, não voltei porque estava integra-do numa excelente equipa de investigação, tendo vindo, no início dos anos 90, a assu-mir a sua direcção. Em 1975-76, considerei

mais interessante seria: que fazer para, no campo da investigação, desenvolver relações produtivas à escala ibérica ou à escala euro-peia? A proximidade geográfica e de língua com a Espanha, e a partilha de característi-cas culturais com os outros países da Euro-pa, justificam que os responsáveis políticos portugueses sejam mais ousados no sentido de uma política de autêntica integração cien-tífica (laboratórios transnacionais, integra-dos ou associados, intercâmbio, realizações e publicações comuns,...).

Quais são as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Não conheço a investigação portuguesa no conjunto das áreas para poder emitir alguma opinião. Na minha área, a psicologia cogni-tiva e de maneira mais geral as ciências e neurociências cognitivas, há pontos fortes e pontos fracos. Não creio que seja realis-ta querer necessariamente tornar fortes os pontos fracos. De maneira geral, os orga-nismos responsáveis pela política científica portuguesa deveriam ter um conhecimento preciso dos pontos fortes ou com potenciali-dades reais para se tornarem fortes em cada área, identificar as dificuldades que podem ser superadas (por exemplo, falta de con-tacto entre equipas ou indivíduos que, em diferentes instituições e por vezes na mes-ma, trabalham nos mesmos assuntos). No caso específico das ciências e neurociências cognitivas, que são actualmente uma das áreas cientificas de mais acelerado desen-volvimento a nível mundial, com implicações teóricas e tecnológicas, deveria haver uma análise aprofundada dos meios (“expertise” e equipamentos) existentes, a definição de objectivos realistas no prazo de dez anos, e uma planificação consequente.

“...o que mais prejudica

a actividade científica... (é) a falta

de uma cultura científica...”

CADERNO ESPECIAL

Page 53: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

53.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

LUIS GABRIEL MELOIdade:

46 anos

Área:

Fisiologia e Medicina

Funções actuais:

Professor, Physiology and Medicine and Canada Research Chair in Molecular Car-diology - Queen’s University, Kingston, On-tário, Canadá

Não voltei, porque a oportunidade em de-senvolver uma carreira académica e cientí-fica em Portugal não se apresentou com os mesmos incentivos e oportunidades que me foram dados no estrangeiro.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Para mim, um maior desempenho das en-tidades responsáveis, em promover e asse-gurar o apoio a longo prazo à investigação científica seriam iniciativas que me levariam a considerar o retorno. Para além disso a modernização e contemporização do ensino superior em Portugal seria um desafio que eu estaria disposto em assumir.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Sem dúvida, Portugal tem o talento e ca-pacidade para desenvolver investigação de vanguarda em todas as áreas de estudo. Os nossos jovens que se deslocam ao estran-geiro para adquirir formação profissional e científica, dum modo geral distinguem-se. Muitos destes brilhantes jovens eventual-mente fazem rumo a posições de relevo nas instituições estrangeiras, e o ganho destas instituições representa um perca incalcu-lável para Portugal. Tenho a convicção que muitos destes expatriados retornariam a Portugal sem hesitação se as condições em Portugal lhes proporcionasse o mesmo ní-vel de progresso e avanço profissional que eles conseguem no estrangeiro. Do mesmo modo, o sistema em Portugal necessita ur-gentemente de acarinhar o imenso talento que existe no país e prover os meios para este talento desabrochar e contribuir para o seu enriquecimento.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?A oportunidade de crescer cientificamente, a qual era limitada em Portugal na altura em que emigrei, em 1980, foi o principal motivo que me levou a procurar o futuro no estran-geiro, no meu caso actualmente no Canadá, e previamente nos Estados Unidos.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Para mim o empenho que as instituições e governo demonstram em promover a investigação científica é uma razão funda-mental na minha decisão em permanecer no estrangeiro. Admiro também a impar-cialidade do processo de “peer review” o qual é imune à interferência política aos di-ferentes níveis do processo Científico. Para além disso, admiro a equidade e transpa-rência do sistema de promoção e avanço profissional, o qual é baseado na avaliação de mérito e reconhecimento profissional à distância, e livre da influência daqueles que estão em contacto directo ou com autorida-de sobre o candidato.

A responsabilidade neste aspecto resta em parte nos ombros dos nossos governantes, os quais devem fazer o apoio Científico e tec-nológico umas das suas prioridades.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?A informática parece uma área com cor-rente potencialidade em Portugal, acho que há grande potencialidade para desen-volvimento.

Como referi anteriormente acho que Por-tugal tem capacidades para desenvolver in-vestigação em todas as áreas. Claramente a informática é uma das áreas onde as insti-tuições portuguesas têm uma presenca in-ternacional, mas seria um risco “pôr todos os ovos num só cesto”. Portugal necessita de dar apoio e avanço simultâneo em áre-as múltiplas, não só nas áreas actualmen-te em demanda, mas também nas áreas de investigação emergentes tais como energias alternativas, terapias com base em células estaminais, etc. O nosso país necessita de competir simultaneamente em diversos pal-cos a nível internacional para assegurar a visibilidade e reconhecimento que os nossos investigadores merecem. O empenho neste sentido necessita dum apoio vigoroso por parte do governo, o qual deve encarar isso como uma das suas prioridades.

“...a modernização... do ensinosuperior em Portugal seria um desafioque eu estaria disposto em assumir...”

CADERNO ESPECIAL

Page 54: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

54. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

LUIS RODRIGUESIdade:

34 anos

Área:

Controlo e Robótica

Funções actuais:

Professor Auxiliar, Department of Me-chanical and Industrial Engineering Concordia University - Canadá

2) na universidade faz-se boa investigação na minha área em certas instituições mas não há vagas e o sistema de avaliação de desem-penho profissional e abertura de vagas está completamente obsoleto;

3) pelas razões apontadas e dado o estado de desenvolvimento do país, a relação universi-dade/industria não é de todo dinâmica e/ou estimulante e esta relação é na minha opi-niao de importância fulcral para fazer inves-tigação na área da engenharia. Há sempre excepções mas não muitas na minha área.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Pelo que me apercebo vivendo fora de Por-tugal, penso que as áreas da genética e bio-tecnologia, bem como a área da informática para sistemas críticos e realidade virtual, são as mais desenvolvidas e mais promis-soras em Portugal neste momento. Se tra-balhasse nessas áreas possivelmente teria regressado porque as oportunidades eram melhores.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Oportunidade para alargar horizontes atra-vés de uma nova experiência profissional e também pessoal. Contribuiu muito o facto das melhores universidades do mundo na minha área estarem nos EUA.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Voltei por quatro meses mas a oferta de em-prego na minha área não era satisfatória por-que ou não envolvia investigação ou se envol-vesse investigação era uma oferta precária de emprego com uma bolsa e com fracas possibilidades de progressão na carreira. O facto de muitas coisas não funcionarem bem e não serem organizadas em Portugal e fun-cionarem bastante melhor em países mais desenvolvidos também contribuiu, mas con-tribuiu menos do que a ausência de emprego estável na minha área de investigação.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Neste ponto acho muito dificil regressar por questões familiares. Só mesmo um grande de-safio profissional, que fosse compatível com a minha situação familiar, me faria voltar. Talvez perto da idade da reforma eu decida voltar...

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Depende da área. Na minha área acho que não por três razoes:

1) na indústria não se faz quase investigação nenhuma na minha área dado o actual esta-do precário de desenvolvimento tecnológico em Portugal;

“...voltei por quatro meses

mas a oferta de emprego na minha

área não era satisfatória...”

CADERNO ESPECIAL

Page 55: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

55.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

LUIS HIPOLITOFERNANDESIdade:

34 anos

Área:

Biologia

Funções actuais:

Post-Doc, Università di Perugia Dipartimento di Medicina Sperimentale e Scienze Biochimiche, Sezione Micro-biologia - Itália

1) Existe demasiada burocracia;

2) é dificil conseguir financiamentos se não se estiver inserido numa estrutura (trabalhar com alguém já estabelecido em Portugal);

3) falta de acompanhamento e de certifica-ção de qualidade dos doutoramentos;

4) Ordenados inferiores.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Não conheço a fundo a situação portugue-sa, mas creio que os reconhecimentos re-cebidos por investigadores portugueses se devem prioritariamente ao mérito pessoal e não das estruturas.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Oportunidade de fazer o doutoramento no es-trangeiro, falta de perpectivas em Portugal.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Falta de perpectivas em Portugal

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Possibilidade de trabalhar numa instituição de qualidade, que permita a progressão profissional e um ordenado compatível.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científica? Não é o pior e melhorou-se muito, mas ain-da não esta ao nivel dos melhores países estrangeiros.

“...(Portugal) ainda não está

ao nível dos melhores países

estrangeiros...”

CADERNO ESPECIAL

Page 56: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

56. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

MADALENACRUZ-FERREIRAIdade:

54 anos

Área:

Linguística (linguagem infantil, prosó-dia, multilingualismo)

Funções actuais:

Senior Lecturer, National University of Singapore, Singapura

tífica em Portugal, pela informação que obtenho por canais electrónicos (nome-adamente cienciahoje.pt, cienciapt.net e amonet.org) e por colegas no país.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Ciências da vida, climatologia e tecno-logia electrónica, incluindo em linguís-tica, parecem-me ser as áreas de ponta correntes.

Considero o ímpeto actual que vejo na divulgação de conhecimento e métodos científicos pelas escolas portuguesas um excelente sinal de abertura e matu-ridade intelectual.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?A especialização que escolhi não exis-tia em Portugal.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Voltei. Mas não encontrei ambiente académico favorável à introdução e de-senvolvimento do meu trabalho.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Estou demasiado perto da reforma para recomeçar vida profissional nou-tro país, incluindo o meu.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Tenho vindo a acreditar cada vez mais nas possiblidades de investigação cien-

“...tenho vindo a acreditar...

nas possibilidades de investigação

científica em Portugal...”

CADERNO ESPECIAL

Page 57: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

57.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

MARIA JOÃO CABRALGOMES SOLECKIIdade:

39 anos

Área:

Microbiologia e Imunologia.

Funções actuais:

Research Assistant Professor of Microbio-logy and Immunology, New York Medical College NYMC, and, Director of Research, Biopeptides Corp., USA

tas, de modo que isto leva a que as pessoas consigam devotar mais do seu tempo a ac-tividades de melhoramento pessoal (como a actividade científica ou artística). Se for comparar com Portugal por exemplo, o nos-so povo passa tanto tempo preocupado com as suas necessidades básicas de por comi-da na mesa e um tecto sobre a cabeça que lhes sobra pouco tempo para “indulge” em actividades de puro interesse pessoal como a ciência e a arte. Talvez se se fizesse uma correlação entre as duas, se chegasse a tris-te conclusão que a quantidade de arte que se produz em Portugal será tanta ou menor que a ciência que é produzida pelo nosso país.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Bom, o meu marido teria que arranjar tra-balho em Portugal. Ele também é cientista e a área de trabalho dele é “Developmental Neurobiology”.

Devo dizer que não é muito fácil convencer o meu marido a ir trabalhar fora do seu pais.

Mas também ele não fecharia os olhos a uma oportunidade competitiva. E eu teria também que arranjar trabalho em Portugal.

E isto pode lhe parecer impossível mas acho mais difícil arranjar trabalho para mim do que para o meu marido. No meu caso, tenho aqui uma posição de docente numa Escola de Medicina e também dirijo uma companhia de Biotecnologia de que sou partner. Aqui nos US eu consigo arranjar financiamento para a companhia através de programas de financiamento federais que subsidiam com-panhias start up, como a minha.

Estes programas, segundo eu sei, não exis-

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?A inércia da ciência que eu lutava por fazer em Portugal. Deixe-me frisar que isto foi há 11 anos atrás. Entretanto, parece-me que a nos-sa situação científica tem vindo a melhorar.

O que o fez ficar? Porque não voltou?A academia americana tem as seguintes ca-racterísticas que eu acho imprescindíveis há manutenção de um sistema científico com-petitivo: cepticismo intelectual, capacidade de resolução de problemas activamente e modéstia intelectual (que leva ao desenvol-vimento duma mente inquisitiva). É minha opinião pessoal, que no caso da academia portuguesa existe bastante cepticismo inte-lectual mas existe muito pouco das outras duas qualidades. Outra vez, esta é a minha opinião pessoal.

Por outro lado, é mais fácil ganhar a vida nos US, ou seja, a necessidades básicas são mais facilmente e rapidamente satisfei-

tem em Portugal e da última vez que veri-fiquei não existiam na Europa. Mas talvez esteja “mal-informada” neste aspecto. Não tenho a certeza se existem ou não estes pro-gramas em Portugal.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Portugal é um pais tão bom como qualquer outro para fazer investigação cientifica. Além de que eu acho que temos uma “pool” de intelecto pessoal que é completamente desperdiçado em Portugal. A inteligência destas pessoas que acabam os seus cursos superiores e depois só conseguem arranjar emprego a fazer outras profissões não rela-cionadas com o seu ramo de estudos, podia ser usada muito mais produtivamente pela nossa sociedade. O que nos falta são os re-cursos financeiros ou a vontade de os usar na investigação cientifica.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?1. As neurociências parecem estar em bom estado de saúde. Já o Egas Moniz era neu-rocientista, o António Damásio também é, e estou à espera do próximo grande nome da neurociência portuguesa.

2. As ciências do mar. Obviamente que o nos-so quintal à beira do Atlântico plantado de-via investir mais do seu PIB na investigação marítima.

“...O que nos falta são os recursos

financeiros ou a vontade

de os usar na investigação...”

CADERNO ESPECIAL

Page 58: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

58. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

MÁRIO JOSÉCALADO LAIMAIdade:

48 anos

Área:

Biogeoquímica Ambiental- ambientes costeiros e marinhos

Funções actuais:

Doutor em Ciência, University of Aa-rhus, Department of Earth Sciences Ny Munkegade, Dinamarca

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Entre outros, que o meu trabalho fosse re-conhecido. A experiência profissional e o domínio em algumas línguas do Norte da Europa poderiam trazer alguns benefícios.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Certamente em algumas áreas. Mas existi-rá talvez ainda uma burocracia administra-tiva associada ao desempenho nos projec-tos científicos.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Nanotecnologia, Biotecnologia, Aquacultu-ra, Energias Alternativas, Ciências do Mar citando apenas alguns exemplos.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Desde Julho 1993, estou ilegalmente de-mitido das minhas funções de Professor da Universidade de Évora.

Ver as noticias publicadas nos Jornais Ex-presso, Semanário, Independente, e Públi-co no endereço: http://www.mariolaima.dk/site/evora/evora.htm

O que o fez ficar? Porque não voltou?Essencialmente os atrasos e omissão de legislação na Justiça Portuguesa, e falta de condições económicas para poder pros-seguir com êxito a minha actividade, reco-nhecida no estrangeiro. A inexistência de apoio económico relevante para a situação em que me encontro, levaram-me a ter de procurar outros meios para continuar a de-senvolver actividade cientifica, e de sobre-vivência, fora de Portugal.

“...estou ilegalmente demitido

das minhas funções de professor...”

CADERNO ESPECIAL

Page 59: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

59.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

MARTA SOFIACOELHO NUNESIdade:

32 anos

Área:

Biologia Celular

Funções actuais:

Post-doc, Institut Pasteur, França

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Voltaria se encontrasse em Portugal a possi-bilidade de continuar a desenvolver os meus projectos.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Acho que sim! Portugal tem muito bons cientistas e alguns dos institutos que conhe-ço em Portugal oferecem mais ou menos as mesmas condições que instituições interna-cionais oferecem no estrangeiro. Ainda falta alguma “massa critica” na comunidade cien-tifica portuguesa no entanto creio que o meio cientifico em Portugal está a crescer muito rapidamente.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?É difícil de dizer. Por um lado penso que toda a investigação é importante e haver diferentes áreas de investigação é muito enriquecedor para um país. No entanto creio que Portugal poderia apostar em áreas de investigação para as quais tem mais vantagens do que outros pa-íses como por exemplo em ciências de mar e a investigação em doenças tropicais.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?A primeira vez que fui estudar para o es-trangeiro foi no âmbito do programa ERAS-MUS para concluir a minha licenciatura. Foi a curiosidade de ter uma experiência fora de Portugal que me levou a dar esse passo. Gostei muito dessa experiência na Noruega principalmente porque o projecto que esta-va a desenvolver era muito interessante e a nível pessoal foi muito enriquecedora; co-nheci muita gente de países distintos e tive a possibilidade de viajar bastante. Como este primeiro contacto com o estrangeiro correu tão bem decidi repetir.

Mais tarde no doutoramento decidi ir para os EUA pois os melhores laboratórios na área de investigação que eu estava interes-sada eram americanos.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Creio que este tipo de decisões têm sempre uma mistura de razões pessoais e razões profissionais. Quando acabei o doutora-mento, não senti muita vontade de voltar a Portugal e como decidi mudar de área de investigação achei importante ir para um sítio forte nessa nova área, daí ter optado por Paris.

“...falta alguma massa

crítica na comunidade científica

portuguesa...”

CADERNO ESPECIAL

Page 60: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

60. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

MIGUEL BASTOS ARAÚJOIdade:

37 anos

Área:

Alterações climáticas, Biodiversidade, Conservação e Ecologia

Funções actuais:

Professor Associado de Investigação do Museu Nacional de Ciências Natu-rais de Madrid (centro pertencente ao “Consejo Superior de Investigaciónes Científicas”) e Investigador Associado na Universidade de Oxford, UK

que fosse relevante para as políticas de conser-vação da biodiversidade, ou seja a Biogeografia da Conservação.

Nenhuma das licenciaturas disponíveis em Por-tugal, fosse Biologia ou Geografia, oferecia for-mações adequadas nestes domínios. A Biologia estava excessivamente centrada no organismo e o que me interessava era estudar as interac-ções entre organismos e entre os organismos e o meio físico. A Geografia, por seu lado, ignora-va o papel dos organismos no território, assim como a forma com que o território condiciona a distribuição dos mesmos. Era inevitável sentir uma certa angústia ao pen-sar no regresso a casa. Em Portugal o simples acesso à bibliografia é um desafio. Por este motivo fotocopiava todos os artigos que fossem interessantes pois imaginava que no regresso voltaria a deixar de ter acesso à informação. Quando terminei a minha estadia na Escócia trazia quilos de papel comigo. Porém, a meio desta estadia, percebi que nove meses eram in-suficientes para compensar as lacunas de for-mação que trazia de Portugal. Por isso inscrevi-me num mestrado em Biologia da Conservação na Universidade de Londres. Devo dizer que o mestrado foi fundamental para a minha forma-ção académica, já que me proporcionou uma amplitude de conhecimentos que um doutora-mento não faculta. Foi aí que comecei a desen-volver espírito crítico, que tomei conhecimento dos debates contemporâneos sobre conserva-ção da biodiversidade, e que conheci o inves-tigador do Museu de História Natural de Lon-dres, que me convenceu a fazer doutoramento: o Prof. Dick Vane-Right.

É importante referir que todo este percurso foi possível graças a um investimento substancial por parte da Comunidade Europeia, Estado Por-tuguês e Fundações privadas, para não falar no apoio familiar.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Quando saí pela primeira vez foi o sentido de aventura que me motivou. Tinha uma escassa vintena de anos e queria aproveitar as condi-ções oferecidas pelo programa ERASMUS para explorar novas vivências sociais e culturais. Os meus conhecimentos de Inglês eram rudi-mentares (naquela altura tinha uma formação essencialmente francófona) pelo que decidi ir para Aberdeen, na Escócia. Acabei por ficar oito anos no Reino Unido e viver numa série de ou-tros Países Europeus.

Na altura era estudante de Geografia na Uni-versidade Nova de Lisboa e o ensino desta disciplina estava muito centrado na dicotomia entre a Geografia Humana e Física. Os meus in-teresses apontavam noutras direcções: por um lado, no estudo dos mecanismos que governam a distribuição da vida no espaço geográfico, ou seja, a Biogeografia, e por outro, na utilização desse conhecimento para extrair informação

O que o fez ficar? Porque não voltou?Quando terminei o doutoramento queria re-gressar. Ainda tentei o regresso mas qual não foi a minha surpresa quando percebi que o Estado Português, depois de tão substancial investimento na minha formação, não tinha accionado mecanismos que permitissem a doutorados, como eu, concorrer no mercado de trabalho, em igualdade de circunstâncias com os que tinham ficado. As universidades tinham - e têm - as portas blindadas aos candidatos do exterior. Já escrevi sobre o assunto em vários locais, pelo que não me alongarei. Mas é impor-tante salientar que a endogamia é um enfermi-

dade que enfraquece o sistema universitário em

Portugal e nem os gestores universitários nem os

sucessivos governos da nação parecem ter von-

tade, ou coragem, para atalhar o problema pela

raiz. Por outro lado, os centros de investigação do Estado são poucos e os poucos que existem são pouco dinâmicos. Conheço vários investi-gadores de carreira em laboratórios do Estado que nunca publicaram um único artigo cientí-fico numa revista internacional. Em qualquer parte do mundo onde a investigação científica tenha um papel importante no sector público, esses investigadores não teriam sequer acesso a uma bolsa, quanto mais a um lugar fixo na carreira de investigação. Finalmente, o mun-do empresarial oferece perspectivas limitadas para quem, como eu, pretendia seguir uma via de investigação numa área que não visa o de-senvolvimento de novas tecnologias.

Neste contexto, fui adiando o regresso na es-perança que as tão propagandeadas reformas no ensino superior e ciência se efectuassem. Como eu estavam a grande maioria dos bolsei-ros da minha geração. Passaram anos e apesar do muito dinheiro gasto em bolsas e formação avançada poucos progressos foram feitos ao nível da organização do ensino universitário e investigação em Portugal. Como a vida é finita

“...As universidades tinham -

e têm - as portas blindadas

aos candidatos do exterior...”

CADERNO ESPECIAL

Page 61: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

61.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

e não espera pelas reformas do Estado, concluí que talvez fosse melhor investir noutras para-gens. Assim, acabei por desenvolver a minha investigação num centro de investigação em Montpellier, na Universidade de Oxford, na Uni-versidade de Copenhaga e, finalmente, no Mu-seu Nacional de Ciências Naturais de Madrid onde, após realização de um concurso competi-tivo, mas justo, ganhei um lugar de investigador permanente. Curiosamente, nos dois lugares de investigador que foram atribuídos no meu concurso, nenhum dos primeiros classificados era Espanhol. Isto diz muito sobre o espírito e esforço de abertura e modernidade que está a ser empreendido em Espanha. Devo dizer que a carreira de investigador é bastante atraente visto não ter associada obrigações docentes, implicar total liberdade para escolher temas de investigação e oferecer condições de trabalho e acesso a financiamento excelentes. Claro que pressupõe gosto, trabalho e iniciativa. Tudo isto ainda com a vantagem, claro está, de viver na Península Ibérica a pouco mais de três horas da fronteira de Portugal numa viagem de carro. Creio que devo ser um dos primeiros Portugue-ses a conquistar um lugar de investigador do Estado em Espanha, mas com estas condições estou certo de que não serei o último.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Condições de trabalho iguais ou melhores às que possuo actualmente o que, dadas as condi-ções actuais, não parece ser fácil. Sabe, quando mais tarde se perspectiva o regresso de um pro-fissional mais difícil ele é de se concretizar. Tudo tem um tempo na vida e um País que aposta no seu futuro aposta nos jovens. Portugal deveria

apostar na fixação dos investigadores com 2-5

anos de experiência pós doutoral. Nesta fase, os

melhores investigadores estarão a iniciar o perío-

do mais produtivo das suas carreiras. É certo que ainda têm poucas provas dadas mas uma sim-

ples análise curricular permite prever quais os que terão mais possibilidades de vir a tornar-se líderes nos seus respectivos campos de traba-lho. Não nego que seja importante atrair e fixar investigadores com carreiras consolidadas pois são estes que serão capazes de formar, rapida-mente, equipas de excelência em universidades e centros de investigação portugueses.

Mas essa estratégia – que deu resultados po-sitivos na Austrália – só faz sentido se o Esta-do for, primeiro, capaz de dar perspectivas aos jovens investigadores. Sem eles não há, nem nunca haverá, inovação científica e tecnológica.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Portugal é um bom País para viver, logo poderia ser um bom País para desenvolver investigação científica. Mas a realidade teima em contrariar este raciocínio. De facto, não existe cultura científica; existem poucas instituições vocacio-nadas para o desenvolvimento de investigação científica; as universidades têm modos de fun-cionamento arcaicos que acabam por fomentar mais a passividade do que a inovação; não exis-te uma política estabilizada de investimento na ciência e o Estado caracteriza-se por ser fraco investidor, mau pagador, pouco transparente e bastante imprevisível na definição das suas políticas de ciência. Finalmente, não existem perspectivas de carreira para jovens investiga-dores e a emigração configura-se a solução mais racional para quem tenha coragem de dar o salto definitivo. Não surpreende, portanto, que entre os investigadores Portugueses que conheci no estrangeiro, mais de 80% resolveu estabelecer-se fora do País.

Quer isto dizer que o Estado deveria ter a obrigação de integrar a totalidade dos

jovens doutores que se formaram no estrangeiro com bolsas Portuguesas? Creio que não. Sou dos que defendem que a ciência não é para todos e que não basta fazer um doutora-mento para ingressar numa carreira científica (ou docente). Estou consciente que a carreira científica é particularmente exigente e que, como tal, deve ser sujeita a um rigoroso e continuado processo de avaliação. Por isso costumo dizer que o acesso

à carreira científica deve ser como um funil: muitos

concorrem mas poucos entram. O problema é que em

Portugal esse funil foi substituído por uma parede.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?As áreas mais promissoras são as áreas onde existam pessoas com inteligência e criatividade para gerar inovação. Dou um exemplo. Durante anos assumiu-se que a universidade de Évora teria, pela sua localização geográfica, condi-ções para tornar-se um pólo de excelência na área da investigação agrária. É um potencial que salta à vista para quem visita a universida-de e a sua herdade experimental. A realidade, porém, é que a Universidade de Évora é mais conhecida, a nível internacional, pelo trabalho desenvolvido por uma pequena comunidade de astrofísicos do que pelo trabalho desenvolvido em investigação agrária. Portanto, nas condi-ções actuais seria defensável apostar na astro-física mais que na investigação agrária. Alguém se teria lembrado desta possibilidade?

Estou convencido de que é um erro decidir prio-ridades de investimento científico com base em considerandos políticos. A primeira pergunta

que deve ser feita por quem decide o futuro das

verbas de ciência num País deve ser: “quem tem

unhas?” Respondida esta pergunta, devem distri-

buir-se guitarras. Por outras palavras, a política de ciência deve ser guiada pelo mérito científico dos seus actores mais do que por preconceitos políticos sobre prioridades.

Marcação radio telemétrica de um lobo no Parque Natural

das Emas, região do Cerrado, Brasil.

Page 62: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

62. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

NUNO LIMÃOIdade:

32 anos

Área:

Economia

Funções actuais:

Professor de Economia, Department of Economics - University of Maryland, EUA

viar este problema e as novas tecnologias de informação permitem melhor colabora-ção entre investigadores que se encontram em locais diferentes. Contudo Portugal é um país periférico em termos geográficos portanto terá sempre alguma desvantagem neste tipo de actividades.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Algumas áreas de investigação não neces-sitam de grandes investimentos em termos de infra-estrutura, por exemplo a das ci-ências sociais, e portanto essas seriam as áreas de investigação em que Portugal po-deria eventualmente ter alguma vantagem comparativa.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?A qualidade dos programas a que tive acesso

O que o fez ficar? Porque não voltou?A qualidade e quantidade de colegas na mi-nha área de interesse e toda a estrutura de apoio à investigação na minha área.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Uma posição que: (1) me permita flexibilidade em termos de partilha do tempo em vários locais diferen-tes, (2) me dê a liberdade de prosseguir a mi-nha pesquisa em termos de tempo e apoios financeiros, (3) tenha visibilidade (projecção) a nível nacional e internacional de modo a que pu-desse participar como consultor em activi-dades de politica económica.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Não. Penso que há dois grandes entraves.

Primeiro a opinião pública sobre a educação de qualidade e a investigação. Há pouco ên-fase e nenhuma das duas é suficientemente valorizada. Em parte isto é compreensível dado o nível de desenvolvimento económi-co do país. Em segundo lugar, o desenvolvi-mento de investigação científica necessita de toda uma infra-estrutura cujos custos fixos só podem ser suportados quando o número de investigadores excede uma (de-terminada) massa crítica. A integração em redes de investigação europeia ajuda a ali-

“...Portugal é um país periférico...

terá sempre alguma desvantagem...”

CADERNO ESPECIAL

Page 63: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

63.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

PATRICIA ALEXANDRASARAIVA MADUREIRAIdade:

31 anos

Área:

Investigacao na area de Oncologia

Funções actuais:

Pos-Doc na Universidade de Dalhousie, Departamento Biochemistry and Molecu-lar Biology, Halifax, Nova Scotia, Canadá

alargada em diferentes técnicas e disciplinas que será essencial para o estabelecimento de um grupo de investigação competitivo no futu-ro. Como a minha experiência no Reino Unido foi extremamente positiva regressei a Londres aonde fiz um pós-doutoramento no Imperial College London.

O que o fez ficar? Porque não voltou?O motivo pelo qual não voltei a Portugal é mui-to simples: falta de incentivo. Após começar a trabalhar no estrangeiro apercebi-me de uma crescente insatisfação por parte dos meus co-legas em Portugal com relação a financiamento de projectos e bolsas de investigação, enquan-to que no Reino Unido e no Canadá (aonde me encontro actualmente) a realidade é totalmente diferente e regra geral os laboratórios não tem quaisquer problemas de financiamento, princi-palmente na área de Investigação do Cancro na qual trabalho. Por um lado ainda sinto que Por-tugal é a minha “casa” e gostaria de regressar um dia, mas por outro é difícil pensar em voltar a Portugal sem ter qualquer tipo de garantia enquanto que no estrangeiro tenho estabilidade financeira e trabalho num grupo de investigação muito competitivo a nível mundial.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Para regressar a Portugal seria necessário uma melhoria considerável em termos de financia-mento na área de Investigação Científica de modo a possibilitar a vinda de investigadores que se encontrem no estrangeiro. A ideia que tenho neste momento é que o investimento português na Ciência é escasso até para os investigadores que já se encontram em Portugal. Para além disso os cientistas que optaram por trabalhar no estrangeiro têm um contacto mais limitado com a comunidade científica portuguesa o que

O que a levou a deixar o país e ir estudar/ trabalhar para o estrangeiro?Eu fiz a maior parte do meu doutoramento no Instituto Gulbenkian de Ciência em Oeiras.

Considero o IGC um lugar privilegiado para se fazer Ciência em Portugal, nao só em termos de equipamento mas principalmente pelo facto de acolher investigadores principais, alunos e pos-docs de diferentes países e com vários back-grounds. Este ambiente misto proporciona uma interacção que é muito enriquecedora tanto a nível científico como social. O meu supervisor de doutoramento era uma pessoa jovem a iniciar o seu grupo de investigação científica e sem muita experiência na maioria das técnicas essenciais para o desenvolvimento do meu projecto. Por esse motivo estabelecemos colaborações com grupos no Reino Unido que beneficiaram gran-demente o desenvolvimento do meu projecto de doutoramento. Após terminar o meu doutora-mento decidi mudar de laboratório.

No meio científico é importante trabalhar em di-ferentes grupos de investigação durante o início de carreira por forma a ganhar uma experiência

de certa forma torna mais dificil o re-estabeleci-mento em Portugal sem existirem medidas que estimulem esse regresso.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Eu penso que Portugal tem um grande poten-cial para desenvolver trabalho de investigaçÐo científica de excelente qualidade na medida em que “produz” bons investigadores. Os investi-gadores portugueses tem imenso sucesso no estrangeiro e sao muitíssimo bem cotados. No entanto é necessário um maior investimen-to por parte do governo português de modo a permitir o desenvolvimento de trabalho cientí-fico a um nível competitivo com países como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, entre outros, que absorvem cada vez mais os cien-tistas portugueses nos seus laboratórios. Fe-lizmente alguns investigadores estabelecidos em Portugal têm recebido prémios europeus e internacionais pelo seu brilhante desempe-nho, que contribuem para o melhoramento das condições de trabalho de investigação científi-ca em Portugal.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Apesar de me encontrar ausente de Portugal há três anos vou tentando manter-me informada com relação aos trabalhos científicos que vão sendo desenvolvidos em Portugal, especial-mente nas áreas de biologia e bioquímica. Te-nho notado que Portugal tem desenvolvido um excelente trabalho na investigação da Malária, o qual tem merecido prémios internacionais. Também tenho observado o estabelecimento de novas companhias Biotecnológicas que espero venham a contribuir para um bom impulsiona-mento da Ciência em Portugal.

“...O motivo pelo qual não voltei

a Portugal é muito simples: falta

de incentivo...”

CADERNO ESPECIAL

Page 64: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

64. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

PAULO A. FERREIRAIdade:

41 anos

Área:

Molecular Medicine, Neuroscience, Molecular Genetics Funções actuais:

Professor (docente) e Investigador, EUA

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Eu vim para o EUA no Verão de 1986 mesmo antes de terminar a minha licenciatura em Biologia na Universidade do Porto. A minha vinda deveu-se a uma conjugação de 3 facto-res principais: atraso tecnológico/científico no campo de investigação em medicina/ci-ências da vida, indefinição/instabilidade polí-tica, científica e tecnológica a nível nacional, e uma oferta de uma bolsa de estudos com-pleta por uma universidade americana para terminar os meus estudos.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Para minha satisfação, a minha carreira pro-fissional e pessoal tomou um óptimo percurso desde a minha vinda para os EUA. Em termos práticos as coisas passam-se como uma bola de neve. Um sucesso leva a outro sucesso e passado um certo tempo, as coisas engrenam de tal forma que levam a apostas, compromis-sos e expectativas cada vez maiores e que nem sempre há interesse (como defesa egotista) e/ou possibilidades (por limitações financeiras) em equiparar. Neste sentido, Portugal, e ao contrário da nossa vizinha Espanha, teve uma política péssima de captação de novo e alto capital humano produtivo/creativo e rejuve-necimento do meio científico (se é que exista mesmo uma política para tal efeito). Além do mais parece que há falta de linhas mestres de programas de investigação consistentes, e mais importante, de uma visão científica “pró-pria” e nacional que leve a uma mobilização e aposta consistente dos recursos humanos e financeiros necessários.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Talvez a reforma, e férias já que geralmente

vou todos anos a Portugal passar férias com a familia! Não sei, é muito difícil responder a tal questão. Por principio, eu sou bastante pragmático. A vida evolve tão rapidamente no meio profissional em que trabalho, em que por vezes somos quase obrigados a considerar novos desafios que aparecem nos momentos mais inesperados. Por outro lado, acho que Portugal ainda não se tor-nou suficientemente competitivo na arena internacional para captar o material huma-no com experiência e massa crítica neces-sária, e francamente tenho muitas dúvidas de que haja um interesse profundo e ho-nesto para que tal aconteça por diversas razões. Neste sentido, terá que haver uma mudanca de atitude se é que se queira que as coisas andem para a frente rapidamen-te e não a reboque de outros. Apesar de já ter considerado várias propostas de vários países europeus, nunca recebi nenhuma de Portugal. Estive mesmo muito próximo de me mudar para a Suiça (Geneva), já que as condições eram fantásticas.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Portugal pode ser um país tão bom como qualquer outro (e até melhor porque não?) para desenvolver trabalho de investigação científica. Hoje o mundo de alta investiga-ção tornou-se mesmo como uma “global village”. Tudo está interligado. Investigado-res a este nível, são obrigados e aprendem a não só se adaptarem muito rapidamente, mas a vencer também, novos desafios, e tal tem um efeito até estimulante (mas não em todos...). Penso que desde que haja um cer-ta massa crítica e construtiva, o mínimo de meios e uma vontade/compromissos imba-laveis para se alcancar certos objectivos, o

“...Portugal ainda não se tornou

suficientemente competitivo

na arena internacional...”

CADERNO ESPECIAL

Page 65: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

65.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

venção, prognóstico precoce, tratamento e até mesmo curas “clínicas” de doenças dos mais diversos foros etiológicos. A saúde está a começar a ser uma das áreas mais críticas a nível de investigação e políticas nacionais. O custo de tratamento e reper-cussoes a nível social são cada vez mais elevados, as populações ocidentais estão a envelhecer rapidamente e com expectati-vas de vida cada vez mais longas. Por outro lado, a pressão é brutal para se acompa-nhar tais expectativas com uma boa qua-lidade de vida, compreensão aprofundada das mais diversas patologias (e.g. cancro, diabetes, e doenças neurodegenerativas), desenvolvimento de novos fármacos (dro-gas), e diagnóstico precoce de doenças. Neste sentido apesar do enorme potencial gerado pelo desenvolvimento nas ciências da vida, a aplicação de novas drogas tem uma taxa de falha estrondosa. Por exem-plo, acima de 99% de novos fármacos fa-lham em “testes clinicos” pelas mais diver-sas razões. Muitas tem efeitos marginais.

Mas eu tenho a certeza de que isto vai mu-dar, apesar de haver muito trabalho a fazer.

resto depois aparece naturalmente e torna-se por assim dizer “auto-sustentavel”.....

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Penso que qualquer campo pode ser pro-missor desde que haja o mínimo de mas-sa crítica e criativa, recursos financeiros e uma aposta nacional (apartidária) e con-sistente a nível político. Mas como tudo, tem que se establecer prioridades e nao se andar a mudar de prioridades de acordo com as modas, cabeçários, e/ou governos. Portugal teve e tem uma exelente tradição em diversos campos da engenharia (inves-tigação aplicada). No campo que me toca (medicina e ciências da vida), penso que há muito ainda a fazer para se criar uma in-frastrutura e organização que possa tirar proveito de toda informação proveniente de utentes hospitalares (matéria-prima por-tuguesa), utilizar esta informação para in-vestigação e desenvolvimento de novos co-nhecimentos e descobertas desde o básico ao aplicado, e por último devolver e aplicar os resultados de tais descobertas na pre-

Contudo tal requer uma modificação gran-de de como a investigação é desenvolvida e aplicada. Por exemplo, as “barreiras” entre disciplinas tradicionais deixou de existir, na prática, nos centros mais avançados de investigação (razão que me mudei para Duke Medical Center). Isto cria novos desa-fios na gestão de equipas de investigação e com um foro interdisciplinar, aplicação de conhecimento e descobertas, e uma visão e disciplina concertada e de certo modo aprofundada, que requer material humano com experiência que penso ser quase ine-xistente em Portugal (tanto a nível político como profissional). Por outro lado, desa-fios criam sempre novas oportunidades que Portugal (ou qualquer outro país) pode saber aproveitar, todos tirarem proveito e criar uma boa projecção a nível interna-cional. Portugal não só pode, como deve apostar fortemente neste campo da “biolo-gia humana” já que as ramificações de tal sucesso são de facto enormes, o impacto é duradouro e transcenderá quaisquer fron-teiras nacionais.

Page 66: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

66. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

PATRÍCIA BELDADEIdade:

34 anos

Área:

Biologia (Genética, Desenvolvimento e Evolução)

Funções actuais:

Prof. Associada / Investigadora, Holanda

foi o que aconteceu e, tanto quanto sei, não é assim que costuma acontecer. A curiosi-dade e vontade de aprender serão, suponho, características de todos os investigadores (todas as pessoas?); os que ficam em Por-tugal e os que vão para fora. A curiosidade de que falo aqui, mais do que a “científica” é a pessoal/cultural; o querer experimentar viver como fazem outras culturas. Mais do que Biologia (a minha área de formação), tinha vontade de aprender “mundo”, se isso existe; outras línguas, outras rotinas e outros modos de estar na vida. E também, claro, aprender a desenvencilhar-me so-zinha longe da facilidade que é ter família e amigos a distância de autocarro. Final-mente, havia nessa altura poucas pessoas a fazer investigação na minha área de es-pecialização, a biologia evolutiva. Ir para o estrangeiro apresentou-se então como a melhor maneira de expandir (e mesmo guiar) a minha formação neste campo.

O que a fez ficar? Porque não voltou?Quase me apetece responder “porque foi calhando”. O que me tem mantido fora de Portugal são as oportunidades que vão sur-gindo. Portas que se vão abrindo (quase) sozinhas, ao ponto de eu às vezes achar que tive um papel (quase) passivo nos trajectos da minha vida (profissional). Claro que isso não é nada bom ... mas também acho que não é totalmente verdade. Acontece é que as escolhas que vamos fazendo no início de carreira acabam (sempre) por limitar as escolhas que podemos fazer mais tarde.

Às vezes parece-me que estou no estran-geiro prisioneira da minha especialização. Trabalhei no doutoramento e pós-douto-ramento com um sistema (experimental) que não é fácil de exportar. Faço investi-

O que a levou a deixar o país e ir es-tudar para o estrangeiro?Saí do país logo após a minha licenciatura para fazer um estágio extra-curricular em França. Voltei por um ano para participar no programa de doutoramento em Biologia e Medicina da Gulbenkian e depois saí ou-tra vez para o trabalho de doutoramento na Holanda. Desde então só voltei a Portugal para férias.

Acho que não houve uma razão única que me levou a ir estudar para o estrangeiro, mas antes uma série de razões que acaba-ram por me puxar para fora com mais força do que a força das razões que me queriam em Lisboa (a família e amigos, e a portuga-lidade que me é natural e, por isso, fácil).

Se tivesse de resumir em poucas palavras eu diria “oportunidade, curiosidade e área de interesse”. Oportunidade porque sem os meios (nomeadamente bolsas de estu-do e laboratórios no estrangeiro dispostos a aceitaram-me como estudante) dificil-mente teria ido. “Mochila às costas e partir à aventura” soa bem e daria assim um ar descontraído e radical à história mas não

gação usando umas borboletas que estão estabelecidas num laboratório na Holan-da e numa área (ligar a variação genética à variação morfológica) que exige manter populações com números elevados de indi-víduos. O investimento em tempo e dinheiro necessário para tentar reproduzir o siste-ma noutro local torna-o proibitivo para a maioria dos financiamentos disponíveis em Portugal. Assim, e porque há ainda tantas perguntas interessantes a explorar nestas borboletas, quando surgiu a possibilidade de vir trabalhar como Professora Associa-da / Investigadora no laboratório onde tudo está montado e funciona bem, pareceu-me uma escolha quase natural. Muitas vezes, e sobretudo quando as saudades de Portugal apertam, penso que o regresso seria infini-tamente mais fácil se eu trabalhasse com um sistema dos chamados “modelo” (como as moscas do vinagre ou os peixe zebra – dir-se-á assim?) que existem em prati-camente todos os institutos de investiga-ção do mundo. Mas “difícil” não é a mesma coisa que “impossível” e culpar o sistema é demasiado simplista e soa a auto-desres-ponsabilização. Gosto de pensar que sou suficientemente flexível para poder mudar de sistema experimental se for necessário ou desejável... Só que ainda não aconteceu. Continuo a viver no estrangeiro porque tem calhado e até nem está a correr mal.

O que a faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Às vezes acho que era preciso muito pou-co para me fazer voltar a Portugal, porque vontade não me falta. Ainda não voltei por falta de uma (boa) oportunidade - o que não é nada “pouco”! Para um regresso sério se-ria necessária uma garantia de condições de trabalho. Isto passa por um

“...parece-me que estou

no estrangeiro prisioneira

da minha especialização...”

CADERNO ESPECIAL

Page 67: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

67.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

ção nacionais que fui fazendo, é que as con-dições têm melhorado muitíssimo na última década. Há uma cada vez maior massa crítica de (jovens) investigadores cheios de energia e vontade de trabalhar e há acesso a financia-mentos nacionais e estrangeiros que possibi-litam estabelecer novos grupos e novas áreas de investigação e também dar continuidade e expandir áreas existentes julgadas de interes-se. Estamos longe da situação de investimen-to científico que se vive nos Estados Unidos ou outros países da União Europeia, mas também é certo que se produz investigação de grande qualidade em Portugal.

Há seguramente muitas coisas a melho-rar, mas nós temos pelo menos suficiente vontade e o know-how científicos e espero que cada vez mais possamos contar com a vontade e o apoio (também na forma de fi-nanciamentos) institucionais.

ambiente estimulante (com massa crítica e dinamismo entre investigadores) e o apoio institucional (em termos de financiamento, logística, flexibilidade na organização do tempo entre o ensino e a investigação, etc.) que são fundamentais à produtividade cien-tífica. Ou então podia voltar a Portugal para fazer coisas completamente novas, que às vezes é o que apetece.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Esta é uma pergunta para a qual me sinto mal preparada. A verdade é que nunca fiz investi-gação independente em Portugal e custa-me, por isso, julgar se é ou não um bom país para investigação científica. A impressão que tenho de conversas com colegas que trabalham em Portugal e de visitas a centros de investiga-

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Se a pergunta anterior era difícil, nesta pergunta mal me atrevo. Ou melhor, não me atrevo mesmo sem antes esclarecer que não tenho a pretensão de achar que sei o que se passa nas “mil e uma” áreas da Ciência, ou sequer nas “cento e duas” da Biologia. Mas ainda assim, é com a in-vestigação em Biologia que estou mais fa-miliarizada. Do ponto de vista da chamada ciência aplicada, isto é, aquela que mais do que o “conhecimento” per se, procura resposta directa para questões médicas ou outras de aplicabilidade imediata, a genéti-ca de doenças humanas e as neurociências são duas áreas de grande interesse actual a nível internacional. Não sei se é desejá-vel fazer a distinção entre as áreas mais promissoras em Portugal versus as áreas mais promissoras em geral; a ciência não conhece fronteiras e as “promessas” es-tão globalizadas. Mas haverá certamente determinadas questões que, por motivos históricos (por exemplo, a “doença dos pe-zinhos” foi descrita pela primeira vez em Portugal, pelo Professor Corino de Andrade nos anos cinquenta) ou demográficos (por exemplo, doenças de elevada incidência em Portugal ou o estudo de espécies cruciais à nossa economia) aparecerão como áreas de especial interesse nacional. Também a con-servação e protecção da natureza, respon-sabilidade social e política de qualquer país desenvolvido, terá aspectos que, simples-mente pela geografia, merecerão especial atenção em Portugal (por exemplo, o estu-do de comunidades de peixes endémicos às nossas costas ou rios). Finalmente, e porque até aqui mencionei apenas áreas considera-das mais aplicadas, não posso deixar de sa-lientar que a chamada ciência fundamental, aquela que por oposição à aplicada se satis-faz com a procura do conhecimento mesmo que a aplicabilidade directa deste não seja (imediatamente) óbvia, é, na minha opinião, essencial em qualquer sociedade moderna. O conhecimento, o perceber como “funcio-na” o mundo e os seus habitantes, é segura-mente sempre um objectivo “promissor” da investigação científica actual, em Portugal como em todo o lado.

CADERNO ESPECIAL

Page 68: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

68. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

PEDRO BEIRÃOIdade:

29 anos

Área:

Astronomia

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Holanda

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Foi essencialmente o projecto de doutora-mento que me interessou, e a oportunidade de trabalhar no estrangeiro, que julgo ser essencial na carreira de um investigador.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Actualmente estou a fazer um programa de doutoramento durante quatro anos, de modo que durante esse tempo terei de fi-car na Holanda. Não sei ainda se voltarei a Portugal.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Ter perspectivas de continuação do meu tra-balho na minha área de especialização, cola-borando com investigadores em Portugal.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científica? Porquê?Sim, desde que apoiada institucional-mente, com uma estrategia sólida e fi-nanciamento garantido a longo prazo. Infelizmente, não posso dizer que a in-vestigação em astronomia tenha todas estas condições.

Para si quais as áreas de investi-gação mais promissoras em Por-tugal?Não sei o suficiente para opinar sobre outras áreas. Posso, no entanto, puxar a brasa à minha sardinha, e dizer que apesar de tudo a astronomia é ainda uma área em que vale a pena apostar, dada a sua grande versatilidade.

“...Não sei ainda se voltarei

a Portugal...”

CADERNO ESPECIAL

Page 69: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

69.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

“...EUA tinha melhores condições

de trabalho e maior potencial

de impacto...”

PEDRO DOMINGOSIdade:

41 anos

Área:

Informática (Inteligência Artificial)

Funções actuais:

Professor Auxiliar na Universidadede Washington, Seattle, EUA

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?A oportunidade de aprender mais, melhor e mais rapidamente na minha área de es-tudo.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Casei-me com uma americana, gostei do pais, e dei-me conta que nos EUA tinha me-lhores condições de trabalho e maior po-tencial de impacto.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Condições de trabalho e potencial de im-pacto semelhantes aos que tenho no EUA.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Sim, porque tem as condições básicas, pó-los de excelência em áreas especificas, e uma qualidade de vida atraente para inves-tigadores.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Informática, biotecnologia.

CADERNO ESPECIAL

Page 70: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

70. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

RICARDO AZEVEDOIdade:

36 anos

Área:

Biologia evolutiva

Funções actuais:

Professor Universitário, EUA

em Portugal contavam-se pelos dedos — pouco para uma disciplina que era suposta dar sentido a toda a biologia (refiro-me, à famosa frase de Dobzhansky: “Nothing in biology makes sense except in the light of evolution”). A conclusão a retirar de tudo isto era óbvia. Para estudar biolo-gia evolutiva tinha que procurar os líderes dessa área onde eles estavam — no estrangeiro.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Essa pergunta é mais difícil de responder. De certa forma, uma coisa levou a outra, e nunca se proporcionou o regresso. Mas a realidade é mais complexa. Por um lado admito que alguns dos problemas que apontei anterior-mente têm sido atenuados significativamente nos últimos anos.

Por exemplo, o Instituto Gulbenkian de Ciência inclui excelentes investigadores em biologia evo-lutiva, todos da minha geração ou mais jovens do que eu. Mas infelizmente existem outros proble-mas que me têm afastado, tais como, a estru-tura hierárquica dos departamentos universi-tários, a forma como se realizam os concursos, a “consanguinidade” científica (“inbreeding”), o sistema de financiamento de projectos. Pegan-do apenas no último exemplo, aqui nos EUA, as organizações federais que financiam projectos (por exemplo, a “National Science Foundation”) têm concursos regulares, anunciados com meses ou anos de antecedência, com critérios relativamente claros. Os projectos, quando são financiados, recebem as quantias certas a tem-po e horas. Quando eu tento explicar aos meus colegas daqui o que me contam os colegas que trabalham em Portugal eles não acreditam.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Talvez um desafio profissional interessante... Mas é difícil prever o futuro.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?A ideia de estudar no estrangeiro começou a atrair-me a meio da licenciatura —cerca de 1990 —, principalmente por duas razões. Em primei-ro lugar, a constatação de que havia poucas oportunidades para fazer investigação científica em Portugal. Na altura a única via para continu-ar a fazer investigação era ser contratado como Assistente numa Universidade. Mas olhando à minha volta esse caminho revelava-se como pouco viável: as vagas para Assistentes eram raras e altamente competitivas, os doutoramen-tos demoravam quase uma década a realizar, a carga de ensino era elevada, os financiamentos escassos e precários. Em segundo lugar, a ob-servação de que a minha área de interesse, a biologia evolutiva, estava particularmente pouco desenvolvida no nosso país. Este é um proble-ma com raízes históricas profundas em Portu-gal. Um exemplo perfeito foi-me contado pelo Professor Luís Vicente. Um dia ele teve a opor-tunidade de consultar a cópia da “Origem das Espécies” de Darwin que pertenceu a Oliveira Martins, um dos raros pensadores portugueses do século XIX que escreveu alguma coisa sobre evolução. Aparentemente as páginas do livro nem sequer tinham sido cortadas. Passado um século, os cientistas que estudavam evolução

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Penso que sim, embora não me considere a pessoa mais indicada para responder a esta pergunta dado que trabalho fora do país há qua-se 15 anos. É claro que alguns dos problemas que apontei persistem hoje. No entanto devo dizer que, na minha opinião, a situação melho-rou bastante nos últimos anos. Os programas Ciência e Praxis, da antiga JNICT e FCT (que financiaram o meu próprio doutoramento) e os programas de doutoramento da Gulbenkian, le-varam a um aumento significativo do número de doutorados. Este simples facto tem e continuará a ter repercussões importantes. Por exemplo, agora é mais difícil (embora não impossível) manipular um concurso para contratar o can-didato “da casa”, porque há candidatos muito mais qualificados a competir. Várias reformas iniciadas pelo Dr. Mariano Gago foram inteligen-tes e tiveram efeitos benéficos. Por exemplo, a avaliação independente dos institutos e centro de investigação melhorou o estatuto dos inves-tigadores mais produtivos que antes não tinham qualquer incentivo para melhorar a qualidade.

A maior integração europeia aumentou a mobi-lidade de investigadores e as possibilidades de financiamento. Tudo isto permite-me algum op-timismo em relação à ciência em Portugal.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Não me sinto suficientemente conhecedor da situação geral do país para responder adequa-damente a esta pergunta.

“...Quando eu tento explicar aos meus

colegas daqui o que me contam os colegas

de Portugal eles não acreditam...”

CADERNO ESPECIAL

Page 71: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

71.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

RICARDO BENJAMIMLEITÃO GONÇALVESIdade:

26 anos

Área:

Neurociências

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Bélgica

finlandês depois de ter estado no Porto. Se mantivermos o esforço para melhorar as estruturas que suportam a investiga-ção e atraírmos pessoas com imaginação, sem dúvida que sim. Por sermos um país pequeno será necessário discriminar, uns serão recompensados outros fecharão as portas.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Portugal mantém uma escola muito boa ao nível da investigação fundamental que quando cruzada com a área da oncologia, das neurociências e da imunologia tem dado bons resultados. A investigação no domínio dos biomaterias e da engenharia biomédica tem vindo a crescer muito nos últimos anos e demonstra grande vitalida-de, muito dinamismo aliado a uma interac-ção intensa com a indústria asseguram um futuro promissor.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Vinte e três anos e uma vontade muito grande de ter contacto com abordagens muito mais ambiciosas no que respeita ao trabalho em Ciência. Queria continuar a trabalhar na área em que efectuei o está-gio, Biologia Vegetal, um nicho minúsculo em Portugal. Há um desejo muito grande para manter os jovens licenciados vincu-lados ao local onde dão os primeiros pas-sos em investigação, o problema é que os períodos para concursos de atribuição de bolsas são muito espaçados. Essa é uma diferença essencial com o que que se passa em grande parte da Europa, os laboratórios estão constantemente em processo de re-crutamento.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Depois da primeira experiência na Alema-nha pensei voltar mas achei prematuro. Para além disso tinha perdido um pouco o contacto com os laboratórios em Portugal. Agora há o doutoramento para concluir na Bélgica.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Um aumento considerável da massa críti-ca nos lugares onde se faz ciência e um desejo verdadeiro de internacionalizar os nossos grupos de investigação.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Vocês têm tudo o que um cientista precisa para recuperar de um mau dia na banca, luz e noites quentes! disse-me um colega

“...Portugal mantém

uma escola muito boa ao nível

de investigação fundamental...”

CADERNO ESPECIAL

Page 72: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

72. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

“...volto se conseguir obter emprego

em Portugal, senão, continuarei

a trabalhar fora...”

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Portugal é um bom país para desenvolver investigação. Penso que aquilo que fal-ta mais a Portugal é haver mais visitas de investigadores estrangeiros aos nossos laboratórios, tanto para seminários como para colaborações.

E acima de tudo as “portas” dos diferentes departamentos abrirem-se aos outros depar-tamentos vizinhos e à população em geral. Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Penso que as áreas de biologia, estudos do mar, estudos climáticos, terão sem dúvida um papel importante no futuro da investiga-ção em Portugal. Mas acima de tudo áreas multidisciplinares serão o futuro da inves-tigação. A área que eu estudo e um exemplo disso, Físicos, Matemáticos, Estatísticos, Sociólogos, Economistas, juntam-se e ten-tam descobrir os problemas uns dos outros e utilizar técnicas de outras disciplinas para resolverem os seus problemas.

RICARDO COELHOIdade:

27 anos

Área:

Fisica (Fisica Estatistica, Econofisica)

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento no Trinity College Dublin, Irlanda

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?A área em que eu trabalho ainda não tem muitos grupos em Portugal.

A experiência que ganho em conhecer dife-rentes métodos de trabalho.

Ter conseguido uma bolsa irlandesa com maior facilidade do que mais tarde conse-gui uma bolsa FCT (portuguesa).

O que o fez ficar? Porque não voltou?Primeiro porque ainda me encontro a aca-bar o meu doutoramento.

Depois de terminar o doutoramento, volto se conseguir obter emprego em Portugal, senão, continuarei a trabalhar fora, porque na minha área (para já) é mais fácil obter um emprego na Irlanda ou Inglaterra, do que em Portugal.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Encontrar um emprego em que pudesse usar as técnicas que tenho desenvolvido nos meus estudos de doutoramento.

CADERNO ESPECIAL

Page 73: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

73.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

RICARDO FILIPEDA SILVA CARVALHOIdade:

25 anos

Área:

Bioquímica

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento, Suécia

cias na Suécia. Trabalhei no ICVS, na Escola de Ciências da Saúde, em Braga, na Universidade do Minho durante 6 meses como bolseiro de in-vestigação. Foi uma experiência enriquecedora em termos profissionais, no entanto, o objecti-vo de iniciar o doutoramento foi preponderante na minha decisão de voltar a sair do país. Em termos futuros, gostaria de voltar a Portugal. É a minha vontade a médio prazo regressar a Portugal.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Em termos profissionais, se decidir continuar na Academia, obviamente um projecto interessante num grupo dinâmico, com um bom suporte eco-nómico e com parcerias com outros grupos. Se entretanto decidir deixar a academia, há muitos factores que poderão pesar na decisão: o tipo de emprego, a localização, as condições financei-ras e as perspectivas futuras serão com certeza os mais importantes.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Portugal é um país com excelentes cientistas, com alguns centros de investigação muito bons e bem organizados. No entanto, o financiamen-to dos projectos de investigação científica é na maioria dos casos deficiente. A maior parte do dinheiro provém apenas da fundação para a ciencia e tecnologia, sendo que, num contexto nacional, neste momento ainda são poucas as fontes de financiamento alternativas à FCT. As empresas ainda investem pouco em I&D, as associações de doentes preocupam-se mais nos tratamentos e no bem estar dos doentes do que em financiar a investigação nessa doença, certos sectores da sociedade civil poderiam ter uma contribuição mais activa,etc... Felizmente

O que o levou a deixar o país e ir estudar/ trabalhar para o estrangeiro?A experiência em termos culturais e sociais e a perspectiva de desenvolver um bom projecto de estágio foi o que mais pesou no momento de sair do país pela primeira vez. Desenvolvi o estágio na Holanda na Universidade de Utrecht durante 9 meses. Após terminar a licenciatura procurei ganhar um pouco mais de experiência em áreas diferentes daquelas em que tinha es-tado envolvido e tendo surgido a oportunidade de trabalhar num grupo de renome mudei-me para a Suécia para realizar um mini estágio de 3 meses. Depois seguiu-se aquela que seria talvez a decisão mais difícil de tomar, onde re-alizar o doutoramento (que era há muito tempo um objectivo pessoal)? Portugal ou tentar nova aventura no estrangeiro? Acabei por optar pelo estrangeiro dado ter surgido uma excelente oportunidade. Regressei assim a Estocolmo, a uma área nova, o que em termos pessoais me satisfaz imenso. Em termos profissionais, o fu-turo dirá se a escolha de trabalhar em diferentes áreas terá sido acertada!

O que o fez ficar? Porque não voltou?Já regressei a Portugal entre as duas experiên-

bastantes grupos de investigação já percebe-ram que para desenvolverem um bom trabalho teriam que recorrer a outras fontes de financia-mento e têm conseguido atingir esses propósi-tos, recorrendo aos fundos da UE para a ciência, do NIH, fundações privadas, algumas associa-ções de cientistas internacionais, entre outros.

Para além disso, as cooperações entre grupos Portugueses e com grupos no estrangeiro, têm permitido contornar alguns dos problemas que o deficiente financiamento à partida colocaria. O que me parece é que a maior parte dos jovens cientistas que abandonam o país o fazem prin-cipalmente por dois motivos: por motivações pessoais e por sentirem que o financiamento da ciência é insuficiente para desenvolverem os projectos que pretendem.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Na minha área (ciências da saúde), que é aquela que me sinto mais à vontade para fa-lar, Portugal tem uma grande tradição nalgu-mas áreas como as neurociências, a imuno-logia entre outras. A tradição tem associada o conhecimento, como tal, serão áreas que continuarão a ter um grande peso em ter-mos cientificos no país. Para além dessas, na minha opinião há áreas nas áreas das tecnologias da informação, informática, no ambiente, nas ciências da saúde, em que há nichos de mercado que têm sido aproveitados por alguns e outros ainda à espera de serem aproveitados, e para os quais temos pessoal mais que qualificado para desenvolver novos projectos. Quando falo em nichos de merca-do refiro-me ao possível aproveitamento do conhecimento gerado pela investigação para comercialização. Há áreas que ainda estão pouco exploradas e onde é mais fácil qualquer um impor-se num contexto global.

“...É minha vontade a médio

prazo regressar a Portugal...”

CADERNO ESPECIAL

Page 74: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

74. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

RICARDO DA CONCEIÇÃOSCHLUNDT INGLÊSIdade:

24 anos

Área:

Matemática, Teoria de Números

Funções actuais:

Estudante de Doutoramento no Depar-tamento de Matemática da Universida-de de Heidelberg, Alemanha

O que o fez ficar? Porque não voltou?Continuo a estudar. Por isso permaneço. A minha vida começa a estar agora directa-mente ligada à Alemanha, não só pela mi-nha esposa como também pela minha filha nascida há menos de dois meses. Portanto, nenhum motivo profissional.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Uma oportunidade de emprego ou uma po-sição numa instituição académica apetecível onde pudesse aplicar os meus conhecimen-tos. No mercado de trabalho poderia desem-penhar funções servindo-me não só da mi-nha área (a Teoria de Números tem, quanto muito, aplicabilidades em Segurança e Sis-temas de Códigos) ou da Matemática em ge-ral (Estatística, Matemática Financeira) mas também da minha experiência linguística e cultural.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Na minha área (Matemática) sim. Reconheço que em muitas áreas onde são necessários mundos e fundos para trabalhar, como la-boratórios equipados com última tecnologia, não o seja. Mas como se sabe um matemá-tico precisa geralmente de papel, lápis e um cesto de papéis... Falando a sério, creio que o sistema universitário português, com a sua rede de comunicação (acordos entre universidades, parcerias com empresas e laboratórios, quer no âmbito nacional quer estrangeiro) e a disponibilidade (financeira, espaço de trabalho) permitem desenvolver bons projectos. Fui estudante de Matemática Aplicada e Computação no Instituto Supe-rior Técnico e participei por exemplo numa

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Foram várias as razões que me levaram a vir estudar para o estrangeiro. Primeiramente estive na Universidade de Cambridge, U.K., onde fiz um curso avançado em Matemáti-ca numa área sem expressão em Portugal: Teoria de Números. Esta experiência foi fun-damental para compreender a diferença no nível de exigência numa universidade portu-guesa e numa universidade inglesa (top 10 mundial) e preparar-me para um doutora-mento na minha área em qualquer outra uni-versidade do mundo. O contacto com outras culturas foi outro aspecto que me motivou bastante. A experiência linguística outro.

Estou agora a estudar na Alemanha pelo que ao inglês fluente junto o alemão, o que me dá muitas oportunidades no mundo académico e no mercado de trabalho.

Não fora um motivo na minha primeira pas-sagem por Cambridge mas foi certamente um motivo na minha vinda para a Alemanha: a minha esposa é alemã...

conferência mundial de Álgebra Comutativa organizada pelo Departamento de Matemá-tica. Ora são eventos destes que permitem a divulgação de ideias e o progresso científico. São exemplos de actividades assim que po-dem tornar o país (ainda mais) atractivo para a investigação matemática.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Um forte progresso científico só se conse-gue com apoios. Assim acredito que irá ser a ciência que andar de mãos dadas com a economia e a indústria que terá mais hipóte-ses. Por isso refiro a biotecnologia e a quími-ca como fortes áreas para Portugal. Temos conhecimento e companhias dispostas a in-vestir. Estas são disciplinas directamente re-lacionadas com a produção de biocombustí-veis, com a indústria papeleira ou a indústria farmacêutica, áreas em contínua expansão e com claras possibilidades de investimento em Portugal.

Está no sangue de qualquer português as saudades da pátria mãe. Não um desejo de voltar mas de que as coisas melhorem. Esse desejo pode ser e deve ser alvo de conside-ração e investimento. Mesmo não trabalhan-do em Portugal os portugueses na diáspora têm um papel fundamental no crescimento cultural e económico de Portugal. Parcerias, aconselhamento técnico ou convites para fa-zer formação, são tudo possibilidades a ter para com os investigadores no estrangeiro. Lá por estarmos cá fora, acreditem, nunca virámos as costas ao nosso país!

“...Lá por estarmos cá fora,

acreditem, nunca virámos

as costas ao nosso País!..”

CADERNO ESPECIAL

Page 75: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

75.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

que as mudanças que estão a ocorrer agora nas faculdades de Economia são para ficar. Quando as pessoas regressam agora a Portugal –mes-mo aquelas que regressam com tenure– ainda há algumas incertezas contratuais em relação ao que acontece depois de 3 a 5 anos (em ter-mos salariais, de disponibilidade de tempo para investigação, etc). Obviamente que eu concordo que alguma incerteza é desejável para garan-tir que os incentivos a produzir investigação se mantenham. Mas, comparando com o que as universidades Americanas oferecem, a incerte-za em Portugal é ainda em demasia.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investiga-ção científica? Porquê?Por que não? Temos investigadores de topo espalhados pelas melhores universidades do mundo a fazer trabalho reconhecido nas suas áreas. Em Portugal também já começa a haver uma massa crítica de pessoas a desenvolver investigação. Acrescente-se o reconhecimento de entre os vários sectores da sociedade de que essa investigação tem valor. Finalmente, Portu-gal apresenta muitas outras condições que tor-nam a vida em Portugal atractiva.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Não sei o suficiente para responder sobre outras áreas, por isso vou concentrar-me nas área de Economia e Gestão Empresa-rial. Nestas áreas tem havido um cresci-mento notável em toda a Europa havendo agora programas que competem directa-mente com as melhores escolas America-nas, nomedamente a nível de mestrados em gestão de empresas (também conheci-dos por MBA) e cursos de gestão para exe-cutivos. Portugal não é excepção e antevejo que o mercado vá crescer ainda mais com a introdução do tratado de Bolonha.

RUI ANDRÉ PINTODE ALBUQUERQUEIdade:

37 anos

Área:

Economia Financeira

Funções actuais:

Professor Assistente de Finanças e Econo-mia da Escola de Gestão da Boston Univer-sity, EUA

universidade Americana me enriqueceu muito para além do doutoramento. Não é que não pu-desse ter desenvolvido investigação noutro país, mas há muita coisa da vida universitária ligada à investigação que aprendi desde que acabei o doutoramento que penso ainda serem únicas de universidades de topo: o estabelecer de uma rede de contactos e co-autores, o funcionamen-to e atribuição de incentivos aos professores para serem mais produtivos, os recursos que se disponibilizam aos professores, mas também as exigências de uma carreira académica numa universidade de topo.

Tive essa oportunidade e não a quiz desperdiçar. Por isso fiquei nos EUA.

Ainda não voltei por uma variedade de razões entre elas o timing da minha carreira e a da mi-nha esposa, também ela a dar aulas na Boston University, e a falta de algumas condições ainda omissas na vida de investigação universitária em Portugal (por exemplo, disponibilidade de bases de dados internacionais).

Pese embora estas razões, há alguns custos importantes em ficar nos EUA, nomeadamente a ausência continuada da família alargada, dos amigos, e a falta das muitas outras coisas boas do viver em Portugal.

Recentemente, tem havido um grande esforço por parte de algumas instituições de topo no ramo da Economia e das Finanças em Portugal por forma a atrair os melhores investigadores oferencedo remunerações que estão perto de competir com salários nos EUA e tempo para investigação.

Como tal vejo o regresso a Portugal como viável a médio prazo... havendo oportunidades.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Penso que um dos maiores problemas neste momento em Portugal é convencer as pessoas

O que o levou a deixar o país e ir estudar/ trabalhar para o estrangeiro?Só no final da minha licenciatura é que despertei para a investigação cientifica. O meu interesse nasceu da interacção com o Professor Sérgio Rebelo que entretanto tinha regressado dos Es-tados Unidos da América para dar aulas na Uni-versidade Católica. A sua capacidade de motivar os alunos, o seu gosto pela Economia, e os tó-picos de que falava nas aulas fizeram despertar em mim a curiosidade por saber mais.

A decisão de ir estudar para os EUA não foi fácil, mas era óbvia, pela falta de alternativas viáveis em Portugal. Todos os meus professores me re-comendaram a ir para os EUA. Como tal admiro muito as pessoas que tiram o doutoramento em Portugal e continuam activas em investigação apesar das muitas distracções e obstáculos –áquem do programa de doutoramento– que têm de superar.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Para mim não tenho dúvidas que viver a ex-periência de investigar como professor numa

“...vejo o regresso a Portugal

como viável a médio prazo...”

CADERNO ESPECIAL

Page 76: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

76. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

RUI MELO PONTEIdade:

46 anos

Área:

Oceanografia Física

Funções actuais:

Principal Scientist and Manager, Oce-anography Group, Atmospheric and Environmental Research, Inc., Lexing-ton, Massachusetts, EUA

queixumes. Suponho que não deve ser fácil trabalhar como investigador em Portugal, mas também me parece que as coisas têm mudado para melhor nos últimos anos, principalmente na área da formação. Ao nível das oportunidades profissionais, es-pecialmente para jovens investigadores, o panorama talvez continue a ser difícil. Terá de haver um maior esforço do governo, a par de um maior dinamismo do sector pri-vado, no financiamento de actividades I&D, para que se possa aproveitar todo o investi-mento feito na área da formação.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Em minha opinião, há que olhar para o que já se faz e bem em Portugal, mas também para outras áreas que possam ser estrate-gicamente importantes para o país. Assim por alto, sem fazer uma reflexão aprofun-dada, há áreas em que o país tem tradição, como, por exemplo, nas ciências biomédi-cas e na ciência de materiais, e outras áre-as, como as ciências do mar ou as energias renováveis, em que o país deveria ter um papel mais activo.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Deixei o país em 1977 numa altura em que havia uma grande instabilidade no sistema educativo português, principalmente no ensino universitário. A aventura americana era um desafio aliciante a todos os níveis, enquanto que as perspectivas de um cur-so de Física em Portugal não eram muito prometedoras. Resolvi fazer as malas e tentar a minha sorte noutras paragens, ali-ás como muitos outros colegas do liceu nos anos a seguir ao 25 de Abril.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Depois de entrar no ensino universitário americano, sucederam-se as oportuni-dades. Acabei por fazer o doutoramento e nessa altura não regressei por motivos familiares. Depois apareceram os desafios profissionais e acabei por ficar. No entanto, devo também dizer que as oportunidades para regressar nunca foram muitas.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Um desafio profissional interessante, em que pudesse aplicar os meus conhecimen-tos em prol do desenvolvimento do país e ao mesmo tempo aprender coisas novas, e a garantia de um bom ambiente de trabalho.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?É difícil responder a essa pergunta quan-do se trabalha no estrangeiro e o contacto com a realidade do país é esporádico e algo superficial. Dos colegas e amigos que fa-zem investigação em Portugal, oiço muitos

“...Suponho que não deve ser fácil

trabalhar como investigador

em Portugal...”

CADERNO ESPECIAL

Page 77: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

77.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

temos uma noção real do que valemos. Tão depressa apelidamos algo de “melhor do mundo” sem o ser, como ignoramos coisas realmente inovadoras e criativas. O outro é que os projectos institucionais nunca são feitos a dez ou vinte anos; o normal é serem feitos a 3 ou 5 anos. Ora, se um investigador tem de ter um programa de investigação a médio/longo prazo (6 anos ou mais); como é que o pode realizar em instituições com pla-nos a curto prazo?

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Obviamente que penso que a área da neu-rociência, em que trabalho, é uma área pro-missora. Embora não conheça muito, penso que algumas áreas da bioengenharia e da robótica são promissoras. Também penso que a investigação nas áreas da biologia computacional, da biologia estrutural, e da genética (associada à clínica) podem vir a ser muito interessantes.

RUI MANUEL MARQUESFERNANDES DA COSTAIdade:

34 anos

Funções actuais:

Section on In-Vivo Neural Function Laboratory for Integrative NeuroscienceNIAAA/NIH, EUA

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Eu tenho desde longa data um interesse grande em compreender as bases biológicas do comportamento. Quando comecei a inte-ressar-me pelo estudo da memória, e mais tarde as acções e decisões, ficou claro que teria de sair pois não havia ninguém a traba-lhar nestes temas ou com as técnicas com que trabalho, em Portugal.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Tive a possibilidade de trabalhar naquilo que gosto, com os meios financeiros, técnicos, e de recursos humanos necessários para de-senvolver o programa de investigação que eu queria.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Integrar um projecto ambicioso, de longo prazo, e que abarcasse mais que o projecto do meu próprio laboratório. Algo de que me pudesse orgulhar.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Está a melhorar bastante, e não se pode quase comparar ao Portugal onde cresci.

Tem várias vantagens em relação a outros países. Por exemplo, os bons alunos ain-da se interessam pela ciência, e portanto é possível atrair alguns dos melhores para fazer investigação científica. Noutros países já não é assim. Portugal também tem vários problemas. Dois deles fazem com que ainda haja um caminho longo a percorrer na inves-tigação científica portuguesa. Um é que não

“...não temos a noção real

do que valemos...”

CADERNO ESPECIAL

Page 78: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

78. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

SOFIA JORGE ARAÚJOIdade:

35 anos

Área:

Biologia do desenvolvimento

Funções actuais:

Investigadora contratada pelo Consejo Superior de Investigaciones cientificas (CSIC), Espanha

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científica? Justifique porquê?Penso que Portugal é um óptimo país para desenvolver investigação científica. Desde há 10 anos que se nota uma grande diferença na massa crítica, isto é, no número de laborató-rios e investigadores, do país. De momento, parece que a tendência é mesmo a de au-mentar estes números o que fará de Portu-gal um país ainda melhor para desenvolver trabalho de investigação científica. Além dis-so, Portugal é geograficamente privilegiado, uma vez que é um país pequeno em que é fácil as pessoas encontrarem-se e reuni-rem-se sem perder muito tempo. Por esta razão, os investigadores portugueses deve-riam trabalhar e colaborar mais em equipas interdisciplinares e de regiões diferentes.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?De momento, dentro das ciências da vida, as áreas mais promissoras em Portugal são a Biologia do Desenvolvimento (Embriologia), a Imunologia e as Neurociências. Esperemos que estas continuem a ser promissoras, mas que também se aposte e se invista noutras.

É também muito importante que se in-vista mais na comunicação de ciência em Portugal. Nos últimos 10 anos a informa-ção relativa à ciência tem-se tornado mais popular (e a sua presença mais frequente), mas continua a haver necessidade de criar mais espaço e oportunidades para que os cidadãos portugueses possam discutir e dialogar sobre assuntos de ciência. Para tal, é também necessário que mais cientis-tas se envolvam na comunicação da ciência que fazem.

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Em 1994 foi-me atribuída uma bolsa do Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biologia e Medicina (PGDBM). Após o primeiro ano, com frequência de cursos avançados em Portugal, apercebi-me que para fazer o doutoramento nas áreas que me interessavam, teria que sair de Portu-gal. Em Outubro de 1995, comecei o meu doutoramento no Imperial Cancer Resear-ch Fund (ICRF) em Londres.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Após o doutoramento, surgiu a oportunida-de de fazer um pós-doutoramento também em Londres. Aproveitei esta oportunida-de para continuar a fazer investigação e aprender mais sobre temas que me entu-siasmam. Em seguida, fui contratada para vir trabalhar para Espanha, mais concreta-mente Barcelona, onde me encontro desde 2004.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?A ideia de voltar a Portugal tem estado sempre presente desde que saí do país em 1995. No entanto, continuam a existir mais oportunidades, em especial para cientistas juniores, fora que dentro de Portugal. Por exemplo, tanto no Reino Unido como em Espanha, existem bolsas e contratos para jovens investigadores após um doutora-mento e uma experiência pós-doutoral. Es-tes contratos (career development awards), são (geralmente) oferecidos por 5-6 anos, e geram oportunidades profissionais (e de-senvolvimento de linhas de investigação próprias) para investigadores no início da sua carreira independente.

“...Penso que Portugal

é um óptimo país para desenvolver

investogação científica...”

CADERNO ESPECIAL

Page 79: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

79.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

para pensar que em Portugal não se pode fazer ciên-cia. Por um lado, os investigadores portugueses são excelentes em tudo o que fazem. E por outro, Portugal é um Pais onde ainda há muita coisa para fazer, mui-tas instituições que poderiam ainda ser criadas, mui-tas áreas científicas para desenvolver, de tal modo que as oportunidades de trabalho, em teoria, não deveriam faltar. Infelizmente, o que falta é investimento (tanto da parte do Estado como de privados) para lançar novos projectos, para financiar os já existentes e para pagar a mais pessoas. Enquanto não houver dinheiro dispo-nível para investir sem restrições na ciência, Portugal nunca será um País atractivo para a comunidade cien-tífica portuguesa e estrangeira.

Para si quais as áreas de investigação mais promissoras em Portugal?Actualmente, em Portugal e no Mundo, a ciência fun-damental, seja ela em que área for, é uma das compo-nentes da ciência que deveria ser financiada continua-mente, porque é com base na ciência fundamental que todas as outras avançam. Por outro lado, há urgência em desenvolver as áreas da Ecologia, Biologia da Con-servação, Biodiversidade, Genética de Populações, Ambiente, Clima e Economia aplicada à Conservação da Natureza. Todas estas disciplinas estão interliga-das, e todas elas são cruciais para nos ajudarem a conhecer, a compreender, a preservar e a viver em equilibrio com a Natureza. Hoje, este é de facto o tema da actualidade, do qual depende mesmo a sobrevivên-cia da vida na Terra. É preciso mudar as mentalidades com urgência para o bem de todos, e a contribuição da ciência neste processo é fundamental.Gostaria só de informar, que a minha tese de doutora-mento tem sido financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia do Ministério da Ciência e do Ensino Supe-rior de Portugal. As instituições de acolhimento são o “La-boratoire du Fonctionnement et Evolution des Systèmes Ecologique” da Universidade Pierre et Marie Curie (Paris VI), em França, e o “Konrad Lorenz Institute for Ethology”, da Universidade de Viena, na Áustria. A minha tese tem por objectivo estudar e compreender de que modo a par-tilha de informação social entre os animais é importante para a selecção de habitats de reprodução e de parceiros sexuais. “Informação social” é um dos temas mais recen-tes da Ecologia do Comportamento, e um dos que tem actualmente originado maior debate. Uma das aplicações mais importantes é a Conservação das espécies em risco de extinção.

SUSANA ARAUJOMARREIRO VARELAIdade:

29 anos

Área:

Ecologia do Comportamento e Biologiada Conservação

Funções actuais:

Estudante de doutoramento, França

pessoas. Em ciência, e muito provavelmente em todos os ambientes profissionais, as relações de trabalho entre colegas e superiores são muito importantes. É preciso fazer compreender às pessoas com quem se trabalha, que se é alguém no qual vale a pena investir tempo e dinheiro. Se os outros perceberem que nós temos capacidade de trabalho, motivação, criatividade e intuição para trabalhar em ciência, então as portas abrem-se com alguma facilidade, e as oportunidades de trabalho aparecem. Foi mais ou menos o que me aconteceu. Durante o meu estágio consegui chamar a atenção do meu orientador (sem ter ainda a noção exacta de que o estava a fazer), que se interessou em mim, e me propôs ficar a trabalhar com ele, para po-dermos desenvolver o projecto que, então, tinhamos começado. Foi nessa altura que a minha vida mudou de facto, porque em vez de um ano de estágio, eu iria, afinal, ficar em França por mais cinco anos, um para o Mestrado, e os outros quatro para o Doutoramento. Actualmente, estou no último ano do doutoramento, que vou defender em Maio, se tudo correr bem.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profis-sional)?No meu caso, o regresso a Portugal nunca esteve em causa. Quando decidi ficar em em França para fazer o douramento, nunca me convenci a mim própria que não regressaria a Portugal. Nem a minha experiência de vida no estrangeiro me fez alguma vez sentir que o meu Pais é inferior aos outros. Antes pelo contrário. A vida fora de Portugal ensinou-me a compreender melhor, e a gostar mais do meu País, simplesmente porque não há mundos perfeitos em lado nenhum. Hoje, depois de sete anos fora de Portugal, sinto uma vontade enorme de re-gressar, e tenho o sonho, talvez ingénio, de regressar para ajudar a desenvolver em Portugal projectos de in-vestigação científica semelhantes aos que se fazem lá fora. Há, no entanto, um problema para as pessas que partem muito tempo para estudar, ou trabalhar no es-trangeiro, que tem a ver com o facto de a comunidade cientifica portuguesa não as conhecer, o que adiciona uma dificuldade importante ao projecto de regresso.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científi-ca? Porquê?Sim. Portugal é um País como os outros. Não há razão

O que o levou a deixar o país e ir estudar/ tra-balhar para o estrangeiro?Quando tomei a decisão de vir estudar para França, a minha intenção era só a de passar um ano numa instituição científica estrangeira, de modo a conhecer o mundo da ciência fora de Portugal. Foi, por isso, que me candidatei a uma bolsa Erasmus para fazer o estágio de licenciatura no Instituto de Ecologia da Universidade Pierre et Marie Curie, em Paris. Como na altura eu tinha apenas 22 anos e, por isso, desco-nhecia totalmente o mundo da ciência e como fazer parte dele, o meu projecto de estudar no estrangeiro foi motivado mais pela curiosidade, do que por uma ideia concreta de futuro. É verdade que eu já sonhava em construir uma carreira cientifica, mas como é pro-prio da natureza dos sonhos, havia em mim mais força de vontade, do que um plano de acção bem definido. No entanto, foi essa força de vontade que me levou a tomar a decisão de partir, o que, finalmente, acabou por ser a decisão mais importante.

O que o fez ficar? Porque não voltou?A decisão de ficar, em si, não foi tomada por mim. A este respeito, aprendi com a experiência, que muitos dos rumos que se tomam na vida são, em grande par-te, condicionados pelas opiniões e decisões de outras

“...a decisão de ficar não foi tomada por mim...”

CADERNO ESPECIAL

Page 80: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

80. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

TIAGO FLEMING OUTEIROIdade:

30 anos

Área:

Neurociências, doenças neurodegene-rativas Funções actuais:

Postdoctoral Research Fellow, MassGe-neral Institute for Neurodegenerative Di-sease, Harvard Medical School, EUA

qualidade. Isto deve-se a um aumento signi-ficativo da massa crítica – colegas que foram regressando e lutando para que as coisas fossem evoluindo positivamente.

Certamente que há ainda muito a fazer, mas devemos encarar isso pelo lado positivo – há um grande espaco para que as coisas pos-sam ser feitas de forma planeada e consis-tente. Devemos também ter consciência de que só com um esforco sério e conjunto po-demos colocar Portugal num nível de maior relevo a nivel internacional. E compete-nos a todos lutar por esse objectivo! Temos todos de perceber que isto será importante para o desenvolvimento económico, que todos os Portugueses desejam, e que é importante que os governos vão aumentando o investi-mento em investigação, para que os frutos possam vir a ser colhidos a médio-longo prazo.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Eu penso que há várias áreas promissoras em que Portugal pode apostar. Há vários centros de investigação reconhecidos a nível internacional pela qualidade que apresen-tam, e esses merecem que se aposte no seu trabalho. Áreas como a bioengenharia, as neurociências, a biotecnologia, as ciências da computação, são, quanto a mim, áreas com grande potencial em Portugal. Penso também que os novos programas estabe-lecidos com Universidades Americanas, e outros que se estabeleçam com outras Uni-versidades de outros países, podem também ajudar a definir áreas prioritárias. O impor-tante, quanto a mim, é que sejamos capazes de ir fazendo investigação aplicada, para que possamos ir colhendo frutos concretos do investimento feito.

O que o levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?Depois de terminada a minha licenciatura, em 1998, senti que gostava de fazer investi-gação ao mais alto nível. Os EUA são o país onde há mais massa crítica, onde há um for-te investimento em investigação, e onde es-tão reunidas outras condições importantes para que se possa fazer um bom trabalho.

Foi isso que me fez procurar este país para fazer o doutoramento.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Fui ficando porque fui sentindo que era im-portante continuar por cá mais algum tem-po para melhorar a minha formação, mas o meu objectivo é voltar, e isso vai acontecer já este ano.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Eu posso já falar no presente, uma vez que estou quase de regresso. O que me faz voltar a Portugal é acreditar que há boas condições para que possa fazer um trabalho de quali-dade, mas também sentir que talvez possa trazer a minha experiência para contribuir para o desenvolvimento do país. E, obvia-mente, tenho também motivos pessoais for-tes que me fazem querer regressar.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de investigação científica? Justifique porquê?Penso que Portugal tem evoluído bastan-te nos últimos anos, e que apresenta neste momento condições suficientes para que possamos desenvolver trabalho de grande

“...talvez possa trazer a minha

experiência contribuir

para o desenvolvimento do País...”

CADERNO ESPECIAL

Page 81: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

81.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

A integração europeia tem proporciona-do o aparecimento de muitos jovens cien-tistas que desenvolvem a sua carreira no estrangeiro, criando condições para mais tarde em Portugal dinamizar uma activida-de científica assente na rede de contactos estabelecidos.

Espero que num futuro próximo Portugal consiga reunir as condições necessárias para motivar os cientistas que estão fora a regressar.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?O facto de já estar ausente há quatro anos, não me tem permitido acompanhar muito de perto os projectos em Portugal. No en-tanto vejo como muito promissoras as áre-as de oncobiologia, neurociências e contro-lo da dor.

No mundo de hoje não é mais possível pensar como há dez anos atrás. É fundamental que as nossas opções se pautem por referenciais que já não cabem nos limites geográficos de cada um dos nossos países. Para uma jovem como eu, o questionamento que está na base das minhas decisões não é mais o de regres-sar ou não ao meu país.

Podendo parecer paradoxal, tenho muito orgulho em ser Portuguesa numa equi-pa internacional. Talvez seja também esta uma forma de contribuir para a criação de melhores condições para a investigação em Portugal.

VÂNIA CASIMIRO SILVA COELHOIdade:

27 anos

Área:

Investigação em Cancro

Funções actuais:

Investigadora Pós-Doc na Universidadede Medicina de Southampton , Inglaterra

publicações de um investigador determina o financiamento dos seus futuros projectos. Há dois anos atrás, quando ainda estava a fazer o meu doutoramento no Charité, em Berlim, a FCT não financiou o meu projecto por eu, na altura, ainda não ter publicações. Naturalmente que situações como estas não me motivam a voltar a Portugal.

As diferentes oportunidades desafiantes que me foram propostas, em países europeus, confrontadas com as dificuldades em Portu-gal, são razões fundamentais para explicar a minha opção.

Acresce ainda que todo o meu percurso e experiência de vida na Alemanha, me fazem cada vez mais pensar como uma cidadã da Europa. Não querendo com isto dizer que não gostaria de um dia voltar a Portugal.

O que a faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Voltaria a Portugal se encontrasse uma oportunidade para trabalhar como investiga-dora que me proporcionasse a participação em projectos aliciantes, com estatuto para competição a nível Europeu, oferecendo uma compensação económica compatível.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Penso que aos poucos os investigadores portugueses têm vindo a superar as limita-ções que se colocam em Portugal. O cres-cente reconhecimento que diversas insti-tuições portuguesas têm recebido pelo seu mérito e contributo para o conhecimento científico revela-nos que há mudanças em curso.

O que a levou a deixar o país e ir estu-dar/ trabalhar para o estrangeiro?No âmbito de um projecto de uma disciplina da licenciatura em Microbiologia na Univer-sidade Católica do Porto, que desenvolvi no IPO do Porto, surgiu o convite para fazer o doutoramento na Universidade de Medicina-Charité, em Berlim. O reconhecimento inter-nacional do referido hospital, a natureza do projecto proposto, bem como a oportunidade de desenvolver uma carreira diferenciada le-varam-me a aceitar este desafio.

O que a fez ficar? Porque não voltou?Em ciência os resultados obtidos nem sem-pre, ou talvez na maior parte das vezes, es-pelham o muito e árduo trabalho realizado pelo investigador. Isto porque para se desco-brir algo de novo, é preciso ser-se ambicio-so e arriscar experimentar aquilo que nem sempre corre como previsto. Uma vez que a “moeda” da nossa profissão são as publica-ções, o facto de estarmos algum tempo sem publicar significa não vermos o nosso devido valor reconhecido. Em Portugal esta é ain-da uma questão determinante. O número de

“...tenho muito orgulho

em ser portuguesa numa equipa

internacional...”

CADERNO ESPECIAL

Page 82: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

82. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

TIAGO VAZ MAIAIdade:

35 anos

Área:

Psicologia, neurociências e informática

Funções actuais:

Estudante de doutoramento no De-partamento de Psicologia da Carnegie Mellon University, EUA

forte tradição de utilização de modelos computacionais para simular o cérebro e explicar o comportamento.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Vou acabar o doutoramento agora no ve-rão, pelo que a questão de voltar ou não para Portugal é uma com a qual me estou precisamente a começar a debater neste momento. Por um lado, as condições nos EUA são extremamente tentadoras e não têm paralelo em Portugal; por outro lado, eu gostaria de usar a experiência que ad-quiri nestes anos nos EUA para ajudar a desenvolver a ciência em Portugal, parti-cularmente na minha área. A decisão não é fácil...

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?

O tipo de trabalho que eu faço não exi-ge equipamentos caros ou investimentos elevados, pelo que a questão fundamental nem seriam os meios técnicos ou financei-ros disponíveis. Muito mais significativo é o facto de a minha área não existir em Portu-gal, pelo que teria de ser eu a criá-la, o que só faria sentido numa perspectiva de médio ou longo prazo. Para isso, eu necessitaria de uma posição profissional estável e de sentir que as pessoas que me rodeariam estariam interessadas em que eu viesse a desenvolver um grupo de excelência nesta área. O resto seria trabalho que teria de ser eu a fazer. Julgo que há em Portugal muito talento - basta ver os sucessos dos alunos portugueses que vão para fora. Atraindo estudantes e pós-doutorandos de topo e dando-lhes uma formação competitiva a nível internacional (incluindo estadias no

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?O tipo de investigação que eu queria fazer não existia em Portugal, pelo que foi muito natural olhar além-fronteiras. Eu estava, desde muito cedo, interessado em usar téc-nicas computacionais para construir mode-los do cérebro e explicar o comportamento humano. Ainda me lembro vividamente do dia em que tive essa ideia pela primeira vez, quando estava no último ano do liceu. Na altura, eu não fazia ideia que isso era uma área de investigação extremamente activa ou sequer que alguém já se teria lembrado da mesma coisa! (Isto passou-se antes da existência da Web; hoje em dia, é já difícil lembrarmo-nos como o acesso à informa-ção era mais limitado...)

Comecei por me licenciar em Engenharia Informática na Universidade Nova de Lis-boa, mas cedo percebi que precisaria de uma formação altamente interdisciplinar que além de informática incluísse também psicologia e neurociências, o que era prati-camente impossível em Portugal. Assim, a minha vinda para os Estados Unidos, onde esse tipo de trabalho interdisciplinar é mui-to valorizado, acabou por ser muito natural. Antes da minha vinda, ainda fiz algumas “excursões” por áreas relacionadas - tra-balhei, por exemplo, em robótica inteligen-te para exploração planetária na Agência Espacial Europeia na Holanda - mas o meu sonho de usar técnicas computacionais para desenvolver teorias rigorosas acerca do funcionamento do cérebro e da mente continuou sempre comigo. Encontrei no Departamento de Psicologia da Carnegie Mellon University o ambiente ideal para dar corpo a esse sonho, uma vez que aqui a psicologia, as neurociências e a informáti-ca estão intimamente ligadas e existe uma

“...o inbreeding, que atinge taxasassustadoras em Portugal,está fortemente correlacionadocom a baixa produtividade científica...”

CADERNO ESPECIAL

Page 83: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

83.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

psicologia requer meios técnicos e finan-ceiros ao alcance de qualquer faculdade de psicologia: com um vulgar computador para correr experiências e algum software especializado (e.g., para análise de dados e estatística) pode-se chegar muito longe em várias áreas da psicologia. Não há, por isso, à partida, nenhuma razão para que não pudéssemos ter muitos grupos fortes em psicologia em Portugal. No entanto, a psicologia portuguesa tem fraca expressão a nível internacional, com muitos investi-gadores a publicar sobretudo em revistas nacionais (embora existam, naturalmente, honrosas excepções).

É claro que há áreas científicas (e.g., ima-giologia biomédica) que exigem investi-mentos avultados em equipamento, que Portugal deverá fazer. No entanto, estou convencido que enquanto o sistema univer-sitário e científico não funcionar de forma a promover claramente as pessoas de quali-dade, não haverá investimento em equipa-mento que possa garantir a competitividade da ciência portuguesa. Nos últimos anos, Portugal tem feito um investimento muito significativo na formação de recursos hu-manos, tendo financiado muitos doutora-mentos e pós-doutoramentos, vários deles em centros de referência no estrangeiro. Importa agora criar condições para que a ciência e tecnologia nacionais possam tirar fruto desses investimentos. Se, por exem-plo, as pessoas de mais qualidade se virem impedidas de entrar para as universidades portuguesas porque as carreiras estão en-tupidas, os poucos lugares que abrem vão para as pessoas da casa, etc., e se aqueles que entram acabarem por ser abafados por um sistema que nem sempre preza a exce-lência, poderá perder-se uma oportunida-de única para tornar a ciência e tecnologia portuguesas competitivas a nível interna-cional.

de novos investigadores, o que é extrema-mente preocupante. De resto, sabe-se hoje que o inbreeding, que atinge taxas assus-tadoras em Portugal, está fortemente correlacionado com a baixa produtividade científica.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?É um pouco difícil responder a essa per-gunta em termos gerais, uma vez que há áreas com as quais eu tenho pouca fami-liaridade. Posso, no entanto, referir a título de exemplo que há bastante assimetria no desenvolvimento em Portugal das várias áreas com as quais a minha investigação intersecta. Como eu faço modelos compu-tacionais do cérebro e do comportamento tanto no organismo saudável como em do-enças mentais, o meu trabalho situa-se na intersecção da informática, neurociências, psicologia e psiquiatria. Destas áreas, a in-formática é talvez aquela na qual há mais massa crítica em Portugal. Recentemente, tem também havido várias movimentações no sentido de fortalecer as neurociências, o que me traz bastante esperançado de que possa haver um futuro auspicioso para as neurociências em Portugal. Já a psicologia e a psiquiatria portuguesas me trazem um pouco mais preocupado. A psicologia em Portugal parece por vezes ainda bastante agarrada a escolas de pensamento que já se consideram largamente ultrapassadas nos EUA, e a produtividade científica das nossas faculdades de psicologia é bastante baixa, com poucas publicações em revis-tas internacionais de mérito indiscutível. Relativamente à psiquiatria, tenho bastan-te menos conhecimento do que se passa em Portugal, pelo que me é difícil avaliar a situação actual; no entanto, das poucas coisas que conheço, não tenho encontrado uma tradição forte de investigação.

É curioso notar que este panorama confir-ma o que eu referi acima: em várias áreas, a baixa produtividade científica portuguesa fica-se a dever mais a factores socioló-gicos do que à falta de meios técnicos ou financeiros. Por exemplo, fazer investiga-ção científica de topo em vários ramos da

estrangeiro), penso que seria possível criar em pouco tempo a massa crítica essencial para ter em Portugal um grupo com forte projecção internacional nesta área.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Existem em Portugal vários problemas endémicos que põem obstáculos sérios ao desenvolvimento de investigação científica de alta qualidade. Embora seja fácil atribuir as culpas da baixa produtividade científi-ca portuguesa a factores como a falta de meios, há na realidade factores bastante mais graves a impedir o desenvolvimento de uma cultura de excelência na ciência em Portugal. A meu ver, o factor-chave é que o progresso na carreira académica ou científica nem sempre - os mais cépticos diriam mesmo que raramente - tem base numa avaliação objectiva do mérito dos candidatos. Quem entra para os quadros e quem sobe na carreira nem sempre é quem tem maior produtividade ou aptidão, mas sim quem está no sistema há mais tempo, quem conseguiu ter mais força em jogos de influência, etc. Como a qualidade da ciência é, acima de tudo, uma função da qualidade das pessoas que a fazem, se nem sempre são as melhores pessoas que entram para o sistema ou nele ascendem, a qualidade da ciência pode ficar irremediavelmente comprometida.

Um óptimo exemplo disto é o chamado “in-breeding” (a tendência das universidades para contratarem para os seus quadros as pessoas que lá fizeram o doutoramen-to). Enquanto nos Estados Unidos quando abre uma vaga numa universidade o objec-tivo é atrair o melhor candidato possível, em Portugal as coisas são frequentemen-te “cozinhadas” de forma a que as poucas vagas que vão abrindo vão para candidatos internos que muitas vezes têm menos qua-lificações do que candidatos externos.

Isto significa que não há oportunidade para renovação de ideias e abordagens, e cria situações em que a mediocridade científica se pode auto-propagar através de gerações

CADERNO ESPECIAL

Page 84: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

84. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

VIRGÍLIO JORGE JESUS CADETEIdade:

25 anos

Área:

Pediatria – Metabolismo Cardíaco/Do-enças cardíacas congénitas

Funções actuais:

Aluno do programa de estudos gradu-ados do Departamento de Pediatria da Universidade de Alberta, Edmonton, Alberta, Canadá

lho nos Estados Unidos, mas o desejo de voltar à Europa é também bastante gran-de.

O que o faria voltar a Portugal (a nível profissional)?Neste momento não faz parte dos meus planos regressar a Portugal num futuro próximo. Gostaria bastante de poder de-senvolver o meu trabalho de investigação em Portugal, mas penso que ainda esta-mos demasiado agarrados aos estatutos sociais e a hierarquias universitárias de-masiado decadentes. De uma forma geral penso que em Portugal há muito mais o reconhecimento de apelidos do que de qualidade.

Não quero com isto dizer que estas pesso-as não possuem qualidade suficiente, mas existem situações quase escandalosas um pouco por todo o pais.

Na sua opinião, Portugal é um bom país para desenvolver trabalho de in-vestigação científica? Porquê?Penso que Portugal tem todas as condições para se tornar num país extremamente atractivo para o desenvolvimento de inves-tigação científica de qualidade. Primeiro porque possuímos licenciados de qualida-de em diversas áreas (basta olhar para o número de portugueses no estrangeiro a desenvolver investigação de qualidade in-ternacionalmente reconhecida). Segundo porque o investimento feito nos últimos anos a nível de infra-estruturas foi elevado. Os edifícios e o equipamento existem pelo que é apenas necessário dar-lhes uso! Em terceiro lugar porque somos um país extre-mamente acolhedor o que ajuda sempre na

O que o levou a deixar o país e ir es-tudar/ trabalhar para o estrangeiro?Primeiro a falta de espaço e financiamen-to para um aluno apenas razoável (como eu fui classificado no final da minha li-cenciatura). Em segundo lugar a possibi-lidade de ver as minhas potencialidades reconhecidas com a possibilidade de tra-balhar com um dos mais reconhecidos e sucedidos investigadores na área de investigação cardiovascular. E natural-mente o espírito de aventura, o desejo de viajar o mundo que é quase inerente a todos os portugueses, especialmente em cientistas.

O que o fez ficar? Porque não voltou?Neste momento estou ainda no início do programa. Estou como aluno de Mestra-do mas penso continuar e fazer o Douto-ramento por cá e talvez experimentar um pós-doutoramento noutro país. Gostaria muito de experimentar o ritmo de traba-

hora de tentarmos recrutar investigadores estrangeiros para adicionar algo mais.

O único senão que encontro é a questão re-ferida previamente: mentalidade. Por vezes em Portugal pensamos demasiado peque-no ou estupidamente grande. Temos todos de ser mais ambiciosos e mais exigentes, mas ao mesmo tempo não podemos estar à espera que as coisas aconteçam como que por milagre, esperar por D. Sebastião por entre o nevoeiro.

Para si quais as áreas de investiga-ção mais promissoras em Portugal?Penso que neste momento a elevada quali-dade dos cuidados oncológicos fornece um excelente ambiente para o desenvolvimen-to da oncologia. Uma área emergente em França e que começa a alastrar ao norte da América prende-se com os benefícios do vinho e a sua relação com longevidade. Penso que Portugal pode investir um pouco mais nessa área. Naturalmente que gos-taria também de ver um desenvolvimento considerável na área cardiovascular.

“...em Portugal há muito mais o

reconhecimento de apelidos do

que de qualidade...”

CADERNO ESPECIAL

Page 85: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

85.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Page 86: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

86. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

FACTOS & NÚMEROS

Internacionalização da Ciência Portuguesa

Portugal não pode ficar alheio à crescente dinâmica da internacio-nalização da ciência, à escala europeia e mundial, por isso não deve perder o comboio do desenvolvimento científico para não ficar para trás em relação aos seus parceiros europeus e mundiais.

Produção Científica Portuguesa

Desde 1980 que a produção científica nacional cresce exponencialmente a uma taxa média anual de 13 por cento. A nossa produção científica, apesar dos avanços evidentes na ciência em Portugal, é idêntica à da Grécia, um país com uma economia e dimensão semelhante a Portu-gal. Para termos um crescimento idêntico à média da União Europeia ainda vai ser preciso vários anos ou mesmo décadas. A nossa ciência ainda produz apenas metade do que seria de esperar relativamente ao seu produto interno bruto (PIB) e só consegue angariar metade do que seria de esperar dos fundos para a investigação, segundo defende o docente Adelino V.M. Canário, da Universidade do Algarve no texto da sua página pessoal, “A peculiaridade da investigação científica portuguesa”.

Produção Científica NacionalInvestigadores em Portugal e no EstrangeiroInvestigadores no estrangeiro divulgam a ciência portuguesa

O Fórum Internacional dos Investigadores Portugueses (FIIP) rea-lizou-se mais uma vez em Portugal, com o objectivo de estimular a cooperação entre os investigadores portugueses em Portugal e no estrangeiro. O encontro é uma “oportunidade” para os investiga-dores portugueses, a trabalhar em Portugal ou lá fora, trocarem impressões. Os cientistas portugueses no estrangeiro “são exce-lentes âncoras da investigação portuguesa” e estas reuniões em solo nacional demonstram que “também podemos falar de ciência em português”, disse Isabel Azevedo.

“Em termos de informação, em Portugal está-se tão bem como noutro sítio qualquer. Os estudantes portugueses têm uma prepa-ração nada inferior e por vezes mesmo superior à dos alunos de outros países. As diferenças estão na investigação de ponta, que exige equipamentos muito poderosos. Aí é que, em regra, estamos mal”, observou a especialista. Porém, “a investigação em Portugal complementa-se muito bem com os avanços científicos lá fora”, o que torna importantes encontros como este.

* Apuramento efectuado pelo método de contagem fraccionada

** Valores provisórios

(1) Institute for Scientific Information, National Citation Report for Portugal 1981/2002

(2) Institute for Scientific Information, National Citation Report for Portugal 1981/2005

Quadro 1: Produção científica portuguesaNúmero de publicações* por área científica (nível 1)

Page 87: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

87.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

FACTOS & NÚMEROS

Produção Científica Portuguesa 1990-2005

Os dados actualmente disponibilizados pelo Observatório da Ciência e En-sino Superior (OCES) reportam-se ao período de 1990 a 2005. Alguns dos

quadros presentes neste documento, referentes à produção científica na-cional, foram elaborados a partir do National Citation Report for Portugal, base de dados produzida pelo Institute for Scientific Information (ISI).

* Apuramento efectuado pelo método de contagem global

Gráfico 1: Produção Científica Portuguesa (1990-2005), por área científicaNúmero de publicações* por área científica (nível 1)

* Apuramento efectuado pelo método de contagem global

** Valores provisórios

Quadro 2: Colaboração internacional: Número de publicações* em co-autoria com instituições de outros países por área científica (nível 1)

* Apuramento efectuado pelo método de contagem global

Gráfico 2: Os 10 países que mais colaboraram com Por-tugal

Fonte: Observatório da Ciência e do Ensino Superior, a partir de:

(1) Institute for Scientific Information, National Citation Report for Portugal 1981/2002

(2) Institute for Scientific Information, National Citation Report for Portugal 1981/2005

Fontes: - Observatório da Ciência e do Ensino Superior: http://www.oces.mctes.pt/

docs/ficheiros/seriesestatisticas90_05vfd.pdf

- Institute for Scientific Information, National Citation Report for Portugal 1981-2002;

National Citation Report for Portugal 1981-2005

Page 88: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

88. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

PUBLICAÇÕES

A ESCOLA EM PORTUGALde Ana Nunes de Almeida e Maria Manuel Vieira

Este livro, editado pela Imprensa de Ciências Sociais, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é antes de mais, uma excelente montra dos trabalhos que as autoras têm desenvolvido no Instituto de Ciências Sociais so-bre a escola em Portugal. Privile-giando o olhar sociológico, a obra resulta do diálogo estabelecido entre dois percursos de investiga-ção com perspectivas diferentes mas profundamente imbricadas na compreensão da nossa escola: o percurso que parte dos estudos sobre a família e a infância, e o que

parte dos estudos sobre a educa-ção. Mas o livro procura, também, responder a uma inquietação de-corrente da apreciação dos deba-tes públicos sobre a escola, tantas vezes assentes na superficialidade dos argumentos, no impressio-nismo da analise, na fragilidade da prova, ou no desconhecimento do objecto. Ao disponibilizar e ao analisar criteriosamente informa-ção substantiva, o livro contribui para um melhor conhecimento da escola em Portugal. Com ele se comprova a utilidade social do conhecimento científico.

EM FOCO

STALKING BIRDS WITHCOLOR CAMERAde Arthur A. Allen

Trata-se da apresentação de 331 ilustrações a cor natural mostrando 266 espécies de pássaros da América do Nor-te. Destas ilustrações a cores, editadas pela National Geo-graphic Society, 264 são do autor. Em 12 capítulos o autor descreve as suas experiências de observação e fotografia no

habitat natural dos pássaros. Com centenas de fotografias a cores e a negro.

O JARDIM. MANUALDO JARDINEIRO-AMADORde Joaquim Casimiro Barbosa

“(...) Dividimos este livro em três partes. Na primeira en-contram-se os conhecimentos mais necessários para bem compreender a vida dos vege-tais — a descrição sumária dos seus diferentes órgãos e fun-ções por eles desempenhadas, bem como a importância relati-va d’esses funções; resumindo: uns elementos de botânica. Esta parte é, portanto, destinada a dar ao leitor os conhecimentos de botânica indispensáveis para

a boa compreensão das outras duas partes.

A segunda parte, como aplica-ção dos princípios expostos na primeira, trata das culturas em geral, achando-se ali indicados os rudimentos gerais de jardi-nagem e as diversas operações da cultura prática. A terceira parte, finalmente, ocupa-se das culturas especiais. (...)” Trata-se de uma obra clássica da jardina-gem portuguesa, ilustrada.

Page 89: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

89.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

PUBLICAÇÕES

JOSHUA BENOLIEL REPÓR-TER PARLAMENTARde Joshua Benoliel

“Joshua Benoliei foi um dos mais extraordinários foto-re-pórteres portugueses deste século. (...) Se no início da sua vida profissional se faz em di-versas revistas ilustradas, das quais se destacam a Mala da Europa, o Tiro e Sport (resul-tante da fusão do Tiro Civil e da Revista de Sport), o Ocidente, o Brasil-Portugal, é com a Ilus-tração Portuguesa, pertencen-

te ao jornal O Século, que o seu nome se afirma. (...)” A pesqui-sa, selecção e legendagem é de Teresa Parra da Silva.

DESCRIÇÃO TOPOGRÁFICA E HISTÓRICA DA CIDADE DO PORTOde Agostinho Rebelo da Costa

2.a edição, com a Carta de Tomás de Modessan e algumas palavras prévias de A. de Magalhães Bas-to. Enriquecida com estampas e mapas curiosos que a ornam. As gravuras são reproduzidas a partir das da edição original setecentista. Encontram-se im-pressas em separado, duas das quais em folhas desdobráveis. Da Editora – Livraria Progredior - Porto. (1945).

OS PORTUGUEZESEM 1640de Miguel Osório Cabral

Obra invulgar editada pela Imprensa Nacional, em 1886. Com uma laudatória carta de José da Silva Mendes Leal e dedicatória do autor. Com en-cadernação com lombada em pele.

A RESINAGEM DO PINHEIRO BRAVOde José de Sousa Machado Fontes

Da Livraria Civilização. Porto. (1941), “a resinagem do pinhei-ro bravo é uma das maiores fontes de riqueza de Portugal. A exploração da matéria-prima necessária à indústria dos re-sinosos e a defesa dos valiosís-simos interesses, que nela tem a Lavoura, levantam problemas de ordem técnica, económica e social. Esclarecer a posição actual dos últimos e as boas regras, que devem orientar os primeiros, é o objectivo deste trabalho”. Ilustrado com foto-grafias, quadros, e desenhos.

MAQUIAVEL E OUTROS ESTUDOSde Jorge de Sena

Da Livraria Paisagem. “Este livro colige alguns estudos, prefácios e artigos publicados entre 1958 e 1968...”. Aborda personalidades como Miguel Ângelo, Shakes-peare, Rousseau, Karl Marx e André Malraux. Assinatura de posse no anterrosto.

Page 90: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

90. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

TECHNOLOGIA RURAL OU ARTES CHIMICAS, AGRICO-LO-FLORESTAESde João Inácio Ferreira Lapa

Dois volumes da segunda edição correcta e muito aumentada, da Typographia da Academia Real das Sciencias.

A obra contém três partes e está encadernada em dois volumes. O primeiro volume é composto pela Primeira parte — produtos fermentados. o segundo volume é composto pelas duas restantes: segunda parte — azeites, lacticí-nios, cereais, farinhas, pão e fécu-las, e a terceira parte — produtos sacarinos, produtos florestais, pro-

dutos têxteis, produtos animais e produtos salinos. Alguns capítulos: Análise dos vinhos; Composição do bago da uva; Vida Química do vi-nho; Falsificação do vinho; Produ-tos oleaginosos; Processo prático da apanha da azeitona; Espreme-dura do azeite; Propriedades físi-cas do leite; Fabrico da Manteiga; Indústria do queijo em Portugal; Moinhos de água; Qualidades do pão; Extracção do açucar; Zoetica das Abelhas; Processos práticos do corte das madeiras; Methodos diversos de sangrar os pinheiros;

Qualidades de lã em geral; Lava-gem da lã tosquiada; Sedas, sua extracção; Secagem dos casulos; Cortimenta do Linho; Apanha do Algodão; Salga das carnes; De-fumação das carnes; Trabalho do cortume; Extracção do sal mari-nho; entre tantos outros de diversa matéria. Profusamente ilustrado com esquemas e belíssimas gra-vuras abertas em chapa de cobre.

A terceira parte é da primeira edição de 1871. Encadernação da época, com lombada em pele.

PUBLICAÇÕES

DICIONÁRIO DE PLANTAS ÚTEISde Ferd. von Mueller

Este é um dicionário de plantas úteis próprias para cultura, prin-cipalmente nas regiões extra-tropicais, com as indicações da pátria de cada uma e de muitas aplicações que delas se podem

fazer. Pelo Barão... Traduzido e anotado no que se refere a Portu-gal pelo Dr. Júlio A. Henriques.

Primeira edição deste magnífico e importante trabalho pelo qual “O Barão de Mueller tinha gran-de empenho na divulgação, por-que o considerava extremamente útil (...)” e que na opinião de J. A. Henriques “(...) é o catalogo mais completo de plantas úteis, que podem ser cultivadas ou nos cli-

mas tropicais ou nos climas tem-perados. Relativamente a cada espécie são dadas informações dos usos que a espécie pode ter e é indicado o país de origem, que dará a conhecer a natureza do clima que ela requer. (...) Os engenheiros florestais, as câma-ras municipais, os agrónomos encontrarão n’ele informações preciosas.” Encadernação com lombada em pele. Carimbo a óleo no frontispício.

OS EUCALIPTOSEM PORTUGALde Ernesto Goes

I Volume, com a identificação e monografia de 90 espécies. “(...) Se bem que a nossa chave de identificação dos eucaliptos inclua 90 espécies, não englo-ba todas as existentes no nosso país — as espécies recentemen-te introduzidas e aquelas que ultimamente têm sido identifica-das mas que apresentam fraca adaptabilidade, estando duma maneira geral representadas

por um número muito limitado de indivíduos.

(...)” Amplamente ilustrado por esquemas, fotos e inúmeros desenhos de Maria da Graça Pinto Gambino. Ilustrado com dezenas de gravuras a negro impressas em papel couché, algumas das quais em folha desdobrável. Assinatura no an-terosto.

Page 91: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

91.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

PUBLICAÇÕES

ELLYIN, Fernand

Fatigue damage, crack growth and life prediction/ Fernand Ellyin. - London (etc.): Chapman & Hall, 1997. - 469 p.: il. ISBN 0-412-59600-8, COTA: 4-14-92 (ISEC) - 13932

ROSATO, DOMINIK V., ROSATO, Donald V., ROSATO, Marlene G.

Injection molding handbook/ ed. by Dominick V. Rosato, Donald V. Rosato, Marlene G. Rosato. - 3rd ed. - Boston (etc.): Kluwer Academic Publi-shers, cop. 2000. - 1457 p.: il. ISBN 0-7923-8619-1, COTA: 4-6-148 (ISEC) - 13946

COLLINS, Jim

De bom a excelente: porque é que algumas empresas dão o salto... e outras não/ Jim Collins. - Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2007. - 383 p.: il. - Trad. de: Good to great. ISBN 978-972-46-1697-1, COTA: 2A-1-122 (ISEC) - 13958

INSTANTES DE LUZNO OCEANOde Luís Quinta

Da Indústria Gráfica Lda. “(...) Du-rante uma década fui conhecendo os fundos do Atlântico português. Foram muitas as milhas náuticas percorridas, e as horas de imer-são para apreciar a vida selvagem que povoa a nossa costa. Um trabalho moroso devido à grande vulnerabilidade das águas que, ora cristalinas, com visibilidades que podem ir além dos 50 me-tros, como nas Ilhas Selvagens,

ora turvas, condicionaram, por vezes, a obtenção de imagens fidedignas da riqueza dos fundos em cor e vida. Este livro preten-de ser uma visão simples mas reveladora da realidade do nos-so mundo subaquático e, acima de tudo, um desfilar de cenários naturais magníficos que, através da fotografia, é possível trazer ao grande público.”Boa impressão sobre papel de qualidade.

MEMORIA SOBRECHAFARIZES, BICAS, FONTES E POÇOS PÚBLICOS DE LISBOA, BELÉM,E MUITOS LUGARESDO TERMOde José Sérgio Veloso d’Andrade

Valiosa contribuição para a bi-bliografia dos recursos hidro-lógicos olisiponenses, docu-mentada com plantas e mapas estatísticos impressos em fo-lhas desdobráveis, peças entre as quais se encontra, em folha de grandes dimensões (70x38 cm.), a raríssima “Planta do Aqueducto das Aguas Livres desde a nascente do Olival do Santissimo ao norte de Cane-ças, até á entrada da Porca-lhota”.

A QUESTÃO ACADÉMICA DE 1907de Natália Correia

Com prefácio de Mário Braga. Obra editada pela Editorial Mi-notauro, Lda. “Ao examinarmos a documentação relativa ao movimento académico de 1907, duas circunstâncias nos sal-tam desde logo à vista: o ritmo acelerado dos sucessos e a in-tensa reacção das duas forças em campo - os estudantes e as autoridades universitárias, sustentadas firmemente pelo governo”. Dedicatória na folha de guarda.

LIVROS RECOMENDADOS PELA BIBLIOTECÁRIA DO ISEC:

Page 92: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

92. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Rui MedeirosUniversidade do [email protected]

Coluna SAÚDE

Vírus, Vacinas e Cancro do Colo do Útero:A oportunidade para a investigação na área de Epidemiologia Molecular, Virologia e Saúde Pública em Portugal

Cerca de 40 tipos de HPV podem infectar o tracto urogenital e destes cerca de 17 estão associados ao desenvolvimento de cancro sendo conhecidos por HPV de alto risco ou HPV oncogénicos. A investigação nesta área demonstrou que as proteínas virais comple-xam com proteínas do hospedeiro importan-tes na regulação do ciclo celular. Entre os HPV oncogénicos, temos o HPV16 e HPV18 como os mais frequentemente encontrados no cancro do colo uterino. Os HPV6 e HPV11 são também associados a verrugas genitais mas não provocam cancro.

É um facto que o cancro do colo do útero continua a ser um grave problema de saúde em Portugal. Sendo uma neoplasia provoca-da por um vírus, é possível fazer o seu ras-

treio e a sua prevenção através da vacinação e da formação acerca dos vários factores de risco conhecidos.

Nas novas directrizes do Plano Nacional de Saúde, o envolvimento de todos os médicos, investigadores e outros profissionais de saú-de na Investigação Clínica foi considerado prioritário e como critério cada vez mais im-portante na avaliação profissional e no su-cesso deste mesmo plano. O cancro do colo do útero é um bom exemplo para centralizar estes esforços. No entanto, uma simples ob-servação através da publicação cientifica de origem portuguesa envolvendo o vírus HPV e o Cancro do colo do útero verificamos que ainda é escassa a investigação portuguesa nesta área.

Algumas infecções crónicas por agentes vi-rais apresentam risco aumentado para can-cro. Entre estes agentes temos como mais representativos os vírus HPV no risco para cancro do colo do útero, o vírus HBV no risco para cancro do fígado e o vírus EBV no risco para cancro da nasofaringe.

Os estudos epidemiológicos têm demons-trado uma forte associação entre o cancro do colo uterino e padrões de comportamen-to sexual na infecção pelo HPV. A principal forma de transmissão do HPV é a via sexual, sendo considerada uma das principais infec-ções sexualmente transmissíveis detectadas em mulheres jovens. Idade precoce da pri-meira relação sexual e a existência de múl-tiplos parceiros são factores de risco bem aceites.

Hábitos tabágicos, uso de contraceptivos orais, presença de doenças venéreas, algu-mas deficiências nutricionais e raça/etnia, têm também sido descritos como factores de risco para esta neoplasia. O Cancro do colo do útero é reconhecidamente um im-portante problema de Saúde pública na po-pulação portuguesa sendo a sua incidência estimada em 17 por 100 mil (cerca de 850 casos todos os anos). Além do cancro do colo uterino, os vírus HPV estão também associados a alguns tipos de verrugas genitais e ainda a outras neoplasias ano-genitais. Existem identificadas mais de 90 variantes (tipos) do HPV, sendo cada novo tipo de HPV caracterizado com base na se-quência do DNA viral.

Page 93: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

93.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

5) Santos AM, Sousa H, Catarino R, Pin-to D, Pereira D, Vasconcelos A, Matos A, Lopes C, Medeiros R. TP53 codon 72 polymorphism and risk for cervical can-cer in Portugal. Cancer Genet Cytogenet. 2005;159(2):143-7. Institutição de origem : Instituto Português de

Oncologia do Porto

6) Catarino R, Matos A, Pinto D, Pereira D, Craveiro R, Vasconcelos A, Lopes C, Me-deiros R. Increased risk of cervical cancer associated with cyclin D1 gene A870G poly-morphism. Cancer Genet Cytogenet. 2005;160(1):49-54Institutição de origem : Instituto Português de

Oncologia do Porto

7) Duarte I, Santos A, Sousa H, Catarino R, Pinto D, Matos A, Pereira D, Moutinho J, Ca-nedo P, Machado JC, Medeiros R. G-308A TNF-alpha polymorphism is associated with an increased risk of invasive cervical cancer.

SAÚDE

A compreensão dos mecanismos envol-vidos no desenvolvimento do cancro pode fornecer uma importante informação para a optimização da eficácia das estratégias de saúde pública nos planos oncológicos e a individualização dos tratamentos adequa-dos a cada doente.

O estudo de agentes infecciosos, como é o caso dos vírus, é uma importante área de investigação em oncologia com um elevado potencial na prevenção e rastreio da doen-ça. O sucesso de qualquer medida de saúde pública nesta área envolve o conhecimento por parte da população das principais atitu-des que podem ser preconizadas no senti-do de diminuir o risco de desenvolver esta neoplasia. A pesquisa apresentada nas pá-ginas seguintes pretende ser um incentivo a aumentar o esforço de investigação nesta área, para deste modo compreender melhor a realidade Portuguesa.

BIBLIOGRAFIAPubMed (www.pubmed.gov) serviço gratuito fornecido pela U.S. National Library of Me-dicine que inclui 16 milhões de citações da MEDLINE incluindo artigos na áreas das Ci-ências da Saúde e Biomedicina desde 1950. O Objectivo da pesquisa envolveu a determina-ção dos trabalhos de investigação com base em institutições portuguesas envolvendo o cancro do colo uterino. Os critérios de pes-quisa envolveram a introdução das palavras chave: HPV, cervical cancer, Portugal, Porto, Lisboa, Lisbon, Coimbra.

2001 a 2007

1) Santos AM, Sousa H, Pinto D, Portela C, Pereira D, Catarino R, Duarte I, Lopes C, Medeiros R. Linkage of TP53 codon 72 and p21 nt590 genotypes and the development of cervical and ovarian cancer. Eur J Cancer 2006;42(7):958-63Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

2) Ferreira PM, Catarino R, Pereira D, Matos A, Pinto D, Coelho A, Lopes C, Medeiros R. Cervical cancer and CYP2E1 polymorphisms:

implications for molecular epidemiology. Eur J Clin Pharmacol 2006; 62 (1): 15-21.Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

3) Cardoso CS, Araujo H, Cruz E, Afonso A, Mascarenhas C, Almeida S, Moutinho J, Lo-pes C, Medeiros R. Hemochromatosis Gene (HFE) Mutations in Viral Associated Neopla-sia:Linkage to Cervical Cancer. Biochem Biophys Res Commun 2006;341(1):232-8. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

4) Coelho A, Matos A, Catarino R, Pinto D, Pereira D, Lopes C, Medeiros R. Protective role of the polymorphism CCR2-64I in the progression from squamous intraepithelial lesions to invasive cervical carcinoma. Gynecol Oncol. 2005;96(3):760-4.Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

Page 94: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

94. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

SAÚDE

HM. [Factors of recurrence of intraepithelial lesions of the uterine cervix]Acta Med Port. 2000 Sep-Dec;13(5-6):259-63. Institutição de origem: Hospitais da Universi-

dade de Coimbra

18) Gomes C, Dias M, Falcao F, Oliveira C. Se-rologic profile of some sexually transmitted diseases in women with squamous intraepi-thelial lesions.Eur J Gynaecol Oncol. 1998;19(2):135-7. Institutição de origem: Hospitais da Universi-

dade de Coimbra

19) da Silva DP, Real O. [Screening for can-cer of the cervix. Program of the Central Re-gion of Portugal]Acta Med Port. 1997 Oct;10(10):643-52. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia de Coimbra

20) Santo C, Pista A, Bartolo E, Almeida M, Ayres L, Ferreira P, Rodrigo G. [Typing of human papillo-mavirus (HPV) in the male and female genitalia]Acta Med Port. 1992 Dec;5(11):567-70. Institutição de origem: Hospital de Santa Maria,

Lisboa/Inst. Ricardo Jorge

Biochem Biophys Res Commun. 2005; 334(2):588-92. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

8) Medeiros R, Prazeres H, Pinto D, Macedo-Pinto I, Lacerda M, Lopes C, Cruz E. Charac-terization of HPV genotype profile in squamous cervical lesions in Portugal, a southern Euro-pean population at high risk of cervical cancer. Eur J Cancer Prev. 2005;14(5):467-71.Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

9) Matos A, Moutinho J, Pinto D, Medeiros R. The influence of smoking and other cofactors on the time to onset to cervical cancer in a southern European population. Eur J Cancer Prev 2005; 14(5):485-91.Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

10) Caldeira S, Dong W, Tommasino M. Analy-sis of E7/Rb associations. Methods Mol Med. 2005;119:363-79. Institutição de origem: Faculdade de Medicina

de Lisboa

11) Craveiro R, Costa S, Pinto D, Salgado L, Carvalho L, Castro C, Bravo I, Lopes C, Sil-va I, Medeiros R. TP73 alterations in cervical carcinoma. Cancer Genet Cytogenet. 2004;150(2):116-21. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

12) Fonseca-Moutinho JA, Cruz E, Carvalho L, Prazeres HJ, de Lacerda MM, da Silva DP, Mota F, de Oliveira CF. Estrogen receptor, progesterone receptor, and bcl-2 are mark-ers with prognostic significance in CIN III.Int J Gynecol Cancer. 2004;14(5):911-20. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia de Coimbra

13) Novoa Vazquez RM. [Cost-effectiveness of a cervical cancer screening programme in the Algarve region, Portugal]Rev Esp Salud Publica. 2004;78(3):341-53. Institutição de origem : Administracão Regio-

nal de Saude do Algarve

14) Costa S, Medeiros R, Vasconcelos A, Pinto D, Lopes C. A slow acetylator genotype as-sociated with an increased risk of advanced cervical cancer. J Cancer Res Clin Oncol. 2002;128(12):678-82. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia do Porto

2000 e anos anteriores

15) Real O, Silva D, Leitao MA, Oliveira HM, Rocha Alves JG. Cervical cancer screening in the central region of Portugal.Eur J Cancer. 2000 Nov;36(17):2247-9. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia de Coimbra

16) Serra H, Pista A, Figueiredo P, Urbano A, Avilez F, De Oliveira CF. [Cervix uteri lesions and human papiloma virus infection (HPV): detection and characterization of DNA/HPV using PCR (polymerase chain reaction]Acta Med Port. 2000 Jul-Aug;13(4):181-92. Institutição de origem: Instituto Português de

Oncologia de Coimbra/ Inst. Ricardo Jorge

17) Pires MA, Dias M, Oliveira C, De Oliveira

Page 95: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

95.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Page 96: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

96. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

OPORTUNIDADES

Page 97: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

97.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

OPORTUNIDADES

CIENTÍFICAS

Page 98: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

98. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Candidatura Bolsas Investigação - http://www.adm.ua.pt/drh/impressos/Formulario_Candi-datura_BolsasInvestigacao.doc; - Curriculum Vitae, datado e assinado; - Fotocópia do Bilhete de Identidade ou Pas-saporte; - Documento comprovativo do grau acadé-mico; - Outros elementos relevantes. As candidaturas deverão ser dirigidas ao Pre-sidente do Júri, Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, sito no Campus Universitário de Santiago, 3810-193- Aveiro, por correio sob registo, expedidas até ao termo do prazo fixado ou entregues pessoalmente na Secretaria do mesmo De-partamento. http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1624

PRÉMIO D. DINIS 2006

O banco Montepio promove mais uma vez a atribuição do Prémio D. Dinis, destinado a alunos que estão a frequentar cursos de Mestrado nas áreas de Agronomia, Filosofia e Ciências da Educação. O período de aceitação de candidaturas decorre até ao próximo dia 28 de Fevereiro.Poderão candidatar-se a este Prémio os jo-vens licenciados que se encontrem inscritos em cursos de Mestrado nas áreas de Agrono-mia, Ciências da Educação e Filosofia e que, em 31 de Dezembro de 2006, tivessem idade inferior a 30 anos. Os candidatos ao Prémio, traduzido no mon-tante de 2500 euros, não poderão ter obtido classificação inferior a 14 valores na respec-tiva Licenciatura. Para se candidatarem ao Prémio devem apresentar: certificado de li-cenciatura; fotocópia do bilhete de identidade; objectivos de carácter científico, que pretende alcançar com o mestrado; prova de inscrição no respectivo mestrado; parecer da institui-ção de ensino superior sobre a candidatura, designadamente sobre a importância da área em que o mestrado se desenvolverá; e outros elementos curriculares considerados úteis para a apreciação da candidatura.

BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO

Fundação para a Ciência e Tecnologia, Minis-tério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e “EUCAARI - European Integrated Project on Aerosol, Cloud, Climate and Air Quality Interac-tions”, do 6º Programa Quadro da Comunidade Europeia – Mudanças Globais e Ecossistemas.A bolsa terá por finalidade assegurar a rea-lização experimental dos trabalhos da res-ponsabilidade da Universidade de Aveiro no sentido de estudar as características do ae-rossol atmosférico para estes dois projectos, que tem uma componente preponderante de análise química da composição de amostras colhidas e do tratamento dos dados com iden-tificação provável das fontes por métodos de Modelização no Receptor. A duração da bolsa é de 19 meses, sendo sete meses de trabalho para apoio ao Projecto POCI/AMB/55878/2004 e 12 meses de trabalho para apoio ao Projecto EUCAARI, com finan-ciamento repartido por estes dois projectos em proporção com o trabalho despendido em cada Projecto. O Contrato será inicialmente de um ano, com início previsto para 1 de Abril de 2007, em regime de exclusividade. A bolsa po-derá, eventualmente, ser prorrogada por um período adicional de sete meses.Os destinatários da bolsa são licenciados em Engenharia do Ambiente ou áreas afins, com perfil adequado.

É dada preferência aos seguintes elementos: Nota de classificação da licenciatura; Habili-tações adicionais; Conhecimentos na área das Ciências da Atmosfera e experiência laborato-rial em métodos de análise de compostos par-ticulados por cromatografia iónica e utilização de Modelos no Receptor aplicados a aerossóis atmosféricos. A selecção dos Bolseiros basear-se-á nos se-guintes critérios, por ordem decrescente de importância: Curriculum académico e cientí-fico relevante para a área de abertura de con-curso; Proximidade dos domínios científicos de especialização em relação à área na qual os bolseiros irão exercer a sua actividade; Ex-periência anterior.

Documentos de Candidatura: - Requerimento de Aceitação (ver Formulário

BOLSA DE INVESTIGAÇÃO NA ÁREA DA FÍSICA

Concurso para atribuição de uma Bolsa de Investigação no âmbito do Projecto POCI/FP/63948/2005, designado por Sistemas de Informação e Aquisição de Dados para ATLAS/CERN.A bolsa tem a duração de 6 meses, com iní-cio previsto para 1 de Março de 2007, sendo que as candidaturas decorrem até dia 28 de Fevereiro.A actividade consiste no desenvolvimento, teste, validação e suporte da aplicação NODE para disponibilização de informação estatísti-ca de monitorização do funcionamento ATLAS; desenvolvimento e suporte da infra-estrutura de gestão de comentários associados; estu-dos do canal de física de produção de mesões B de forma determinar os critérios de quali-dade da informação mais relevante para este canal. Para facilitar a integração futura dos diferentes trabalhos, todos os desenvolvimen-tos devem resultar na criação de um pacote Debian/Linux.O candidato deve ser Mestre em Física, Astrofí-sica ou Engenharia com interesse em Física de Partículas e computação e que ambicione de-dicar-se a este ramo do conhecimento a longo termo. Conhecimentos sólidos de C e C++.O candidato deve enviar currículo e carta ex-pondo a motivação do candidato (incluindo os planos de formação pós-graduada) para Antó-nio Amorim, Departamento de Física, Edifício C8 (8-5-15), Faculdade de Ciências, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Tel. Directo: 21 750 08 87, Fax: 21 750 09 77, e-mail: [email protected]. http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1623

BOLSA DE INVESTIGAÇÃO NA ÁREA DO AMBIENTE E

ORDENAMENTO

Até 4 de Março, está aberto concurso, no Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, para atribuição de uma Bolsa de Investigação no âmbito dos projectos POCI/AMB/55878/2004, “Impactos do Aerossol Atmosférico na Saúde Humana”, financiado pelo POCI e pelo FEDER através da

Page 99: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

99.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus 99.

BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO

do trabalho premiado nos “Cadernos de Eco-nomia” da Ordem dos Economistas.

Candidaturas, individuais ou em grupo:a) Estagiários inscritos na Ordem dos Econo-mistas;b) Licenciados em Economia ou em Ciências EconómicasPara saber mais sobre o regulamento deste concurso ver a página: http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1628

BOLSA DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

O Centro Interdisciplinar de Investigação Mari-nha e Ambiental, abre concurso para atribuição de uma Bolsa de Investigação (BI) no âmbito do projecto POCI/MAR/56964/2004, designado “Biotestes Marinhos para a detecção em tempo real da toxicidade do petróleo”.O trabalho do bolseiro envolve o desenvolvimento de testes de toxicidade com compostos isolados e misturas de PAHs utilizando Sparus aurata e Myti-lus galloprovincialis como organismos teste. Aná-lise de alterações comportamentais das espécies utilizando um biosensor marinho; o tratamento dos resultados; e a elaboração de relatórios.Deve ter licenciatura em Biologia ou áreas afins sendo favorável a experiência prévia em (i) etologia dos invertebrados e vertebrados aquáticos; (ii) análises de alterações compor-tamentais por sondas eléctricas.A avaliação terá em conta o mérito do candi-dato, considerando os parâmetros da forma-ção académica e experiência em investigação científica na área pretendida.A bolsa tem a duração de 8 meses, com inicio previsto para 1 de Abril de 2007, em regime de exclusividade. As candidaturas deverão incluir cópia dos certificados de habilitações, Curri-culum vitae detalhado e duas cartas de reco-mendação e decorrem até 5 de Março.As candidaturas devem ser enviadas ao cui-dado da Doutora Ana Dulce Ascensão Correia, Instituto de Biopatologia Química, Av. Pro-fessor Egas Moniz-1649-028 Lisboa, e-mail: [email protected]://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1640

so de honra de autenticidade. Serão aceites trabalhos em língua portuguesa, originais ou publicados em data posterior a 1 de Dezem-bro de 2005.Trabalhos em língua estrangeira deverão ser traduzidos para português para serem apresentados. Os trabalhos deverão conter, no início, os seguintes elementos: título, pseudónimo do autor, área em que se insere o trabalho de acordo com a classificação ACM, entre três e seis palavras-chave que identifiquem o as-sunto, e um resumo com até 1000 caracteres. No texto deverão ser claramente identificadas as contribuições originais do autor. Para ga-rantia de anonimato, as referências explícitas, nomeadamente as auto-referências, deverão ser retidas do trabalho a concurso, podendo no entanto, ser incluídas no curriculum.A data limite para a recepção dos trabalhos é de 31 de Março de 2007.Para mais informações contactar a Com-panhia IBM Portuguesa, S.A., Prémio Científico IBM, Divisão de Comunicações e Programas Externos, Edifício Office Orien-te, Rua Mar da China - Lote 1.07.2.3, Par-que das Nações, 1990-138 Lisboa, e-mail: [email protected]://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1627.

CONCURSO JOVENS VALORES DA ECONOMIA 2007

A Ordem dos Economistas, com o patrocínio do Banco de Portugal e da Deloitte e o apoio do Diário Económico, lança o concurso “Jo-vens Valores da Economia”. A entrega dos trabalhos termina a 30 de Março de 2007. O objectivo é incentivar a produção de trabalhos inéditos na área da ciência económica e dar devido relevo público aos seus autores.Os dois prémios “Jovens Valores da Econo-mia” serão atribuídos nas especialidades de Economia Política, prémio “Jovem Valor da Economia/Banco de Portugal” e Economia e Gestão Empresariais, prémio “Jovem Valor da Economia/Deloitte”. Cada um destes dois prémios consiste na en-trega, em cerimónia pública de atribuição, de uma importância de 3.750 euros e publicação

As candidaturas deverão ser dirigidas a Mon-tepio, Gabinete de Relações Públicas Institu-cionais, “Prémio D. Dinis 2006”, Rua Áurea, 219 a 241, 3o andar, 1100 – 062 Lisboa.Mais informações podem ser solicitadas atra-vés do e-mail: [email protected]. http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1625

BOLSAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE

WALES

A Universidade de Wales está a promover a atribuição de bolsas de pós-graduação, no va-lor de cerca de 12300 libras por ano. A recep-ção de candidaturas decorre até 1 de Março. Para mais informações contactar: Postgradu-ate Admissions Office, OldCollege, King Stre-et, Aberystwyth, ceredigion SY23 2AX, UK, Tel: +44 (0)1970 622270, Fax. +44 (0)1970 622921, e-mail: [email protected]://www.aber.ac.uk/pga. http://www.cien-ciapt.net/empregodesc.asp?ID=1626

PRÉMIO CIENTÍFICO IBM

A Companhia IBM Portuguesa, S.A. convida, uma vez mais, os investigadores portugueses com menos de 36 anos de idade em 31 de De-zembro de 2006, a candidatarem-se ao Pré-mio Científico IBM. Este Prémio foi instituído pela IBM em 1990 para distinguir trabalhos de elevado mérito científico no campo da compu-tação teórica e aplicada.Os trabalhos a concurso deverão versar qual-quer das áreas enumeradas na Computing Reviews Classification Tree, da Association for Computing Machinery, Inc., Copyright 1998.As candidaturas ao Prémio Científico IBM se-rão individuais, podendo concorrer qualquer cidadão português, ou residente em Portugal comprovadamente há pelo menos 3 anos, com menos de 36 anos de idade em 31 de Dezem-bro de 2006. Não poderão candidatar-se à edição de 2006, os vencedores de anteriores edições do Prémio Científico IBM. Os trabalhos deverão ter um único autor, cons-tituindo o envio a este prémio um compromis-

Page 100: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

100. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

perior de Enfermagem de Santarém, de-vendo ser entregue directamente no Sector de Recursos Humanos da Escola, ou reme-tido pelo correio, em carta registada, com aviso de recepção, para a Quinta do Mergu-lhão, Senhora da Guia, 2005-075 Santarém, e-mail: [email protected] critérios de selecção e ordena-ção dos candidatos a capacidade científica, técnica e pedagógica revelada para o desem-penho das funções de professor-coordena-dor na área e vertente para a qual é aberto o concurso.http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1643

PROFESSOR-COORDENADOR PARA A ÁREA CIENTÍ-

FICA DE ENFERMAGEM

Concurso público até dia 12 de Março para o preenchimento de uma vaga de professor-coordenador para a área científica de Enfer-magem - vertente de Enfermagem de Saúde Pública para a Escola Superior de Enferma-gem de Santarém do Instituto Politécnico de Santarém. Vencimento e regalias sociais - o estabelecido no estatuto remuneratório da carreira do pes-soal docente do ensino superior politécnico e na legislação geral da função pública.As candidaturas deverão ser formalizados mediante requerimento, com indicação da referência do concurso, dirigido ao presidente do conselho directivo da Escola Superior de Enfermagem de Santarém, devendo ser en-tregue directamente no Sector de Recursos Humanos da Escola, ou remetido pelo correio, em carta registada, com aviso de recepção, para a Quinta do Mergulhão, Senhora da Guia, e-mail: [email protected] critérios de selecção e ordena-ção dos candidatos a capacidade científica, técnica e pedagógica revelada para o desem-penho das funções de professor-coordena-dor na área e vertente para a qual é aberto o concurso.http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1644

A este concurso podem concorrer: a) Os professores-coordenadores de outra escola superior politécnica da área científica para que é aberto concurso; b) Os professores-adjuntos da área científica para que é aberto concurso com, pelo me-nos, três anos de bom e efectivo serviço na categoria; c) Os candidatos habilitados com o grau de doutor ou equivalente na área científica para que é aberto concurso; d) Os equiparados a professor-coordena-dor ou a professor-adjunto da Escola Supe-rior de Tecnologia do Barreiro ou de outra escola da área científica para que é aberto concurso e que satisfaçam os requisitos de habilitações e tempo de docência indicado na alínea b).As candidaturas devem ser formalizadas me-diante requerimento, dirigido ao presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Largo dos Defensores da República, 1, 2910-470 Setúbal, e-mail: [email protected], podendo ser entregue pessoalmente ou remetido pelo correio, em carta registada e com aviso de recepção.http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1642

PROFESSOR-COORDENADOR NA ÁREA DAS CIÊN-

CIAS DA SAÚDE

Concurso público até dia 12 de Março para o preenchimento de uma vaga de profes-sor-coordenador para a área científica de Enfermagem - vertente de Enfermagem de Reabilitação para a Escola Superior de En-fermagem de Santarém do Instituto Politéc-nico de Santarém. Vencimento e regalias sociais - o estabele-cido no estatuto remuneratório da carrei-ra do pessoal docente do ensino superior politécnico e na legislação geral da função pública.As candidaturas deverão ser formalizados mediante requerimento, com indicação da referência do concurso, dirigido ao presi-dente do conselho directivo da Escola Su-

PROFESSOR CATEDRÁTICO QUÍMICA E BIOLOGIA

Candidaturas para um lugar de Professor Catedrático no grupo de disciplinas de Quí-mica e Biologia do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, a decorrer até dia 26 de Fevereiro.

Podem candidatar-se: a) Os professores catedráticos do mesmo gru-po ou disciplina de outra universidade ou de análogo grupo ou disciplina de outra escola da mesma ou de diferente universidade; b) Os professores associados do mesmo gru-po ou disciplina ou de análogo grupo ou dis-ciplina de qualquer escola ou departamento da mesma ou de diferente universidade que tenham sido aprovados em provas públicas de agregação e contem, pelo menos, três anos de efectivo serviço docente na categoria de pro-fessor associado ou na qualidade de professor convidado, catedrático ou associado; c) Os professores convidados, catedráticos ou associados do mesmo grupo ou disciplina ou de análogo grupo ou disciplina de qual-quer escola ou departamento da mesma ou de diferente universidade que tenham sido aprovados em provas públicas de agregação e contem, pelo menos, três anos de efectivo serviço docente como professores ou profes-sores convidados daquelas categorias. Para informações adicionais contactar a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Campus de Campolide, Lisboa, 1099-085, [email protected]://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1619

PROFESSOR-COORDENADOR DA ÁREA CIENTÍFICA

DE MECÂNICA E ESTRUTURAS

Concurso até 13 de Março para recruta-mento de um professor-coordenador para a Escola Superior de Tecnologia do Barrei-ro, do Instituto Politécnico de Setúbal, para as disciplinas de Betão Estrutural, da área científica de Mecânica e Estruturas, dos cursos de Engenharia Civil e de Engenharia de Conservação e Reabilitação.

EMPREGO CIENTÍFICO

Page 101: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

101.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

EMPREGO CIENTÍFICO

Descrição: Consultores/Programadores Microsoft .NET. A empresa procura cola-boradores empreendedores, responsá-veis e competentes e que estejam abertos a participar em desafios com uma equipa jovem e dinâmica. Os candidatos devem possuir licenciatura em Eng. Informática ou equivalente. Devem ter experiência profissional de 0 a 2 anos; experiência em análise e desenvolvimento .NET (C#, VB.net, ASP.net), tecnologias XML e Webservices; espírito de trabalho em equi-pa, inovador e criativo; e boas capacidades de comunicação. Deve ainda possuir carta de condução.http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1647

OPORTUNIDADE DE EMPREGO PARA PROGRAMA-

DORES JAVA

A empresa Noesis, com mais de 10 anos de experiência em Consultoria de Sistemas de Informação, que presta serviços e desen-volve soluções nas áreas de Application Development & Support, Quality Manage-ment e IT Infrastructure pretende recrutar Programadores JAVA para trabalhar em Lisboa.Os candidatos devem ter competência em Desenvolvimento J2EE; Desenvolvimento com Structs e Tomcat; e Desenvolvimento Web: HTML, CSS e Javascript. Devem ter bons conhecimentos da língua inglesa (fa-lada e escrita).O candidato terá a oportunidade de analisar, desenvolver e testar variadas Soluções Infor-máticas.Os candidatos que reúnam as condições referidas devem enviar o seu CV para [email protected], indicando no assunto “Java 15.07”. Os interessados em apresentar uma candi-datura espontânea devem referir, no assun-to, a função em que melhor se enquadram as suas expectativas de carreira.http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1648

grupo ou disciplina de outra universidade ou de análogo grupo ou disciplina de outra escola da mesma ou de diferente universi-dade; b) Os professores associados do mesmo gru-po ou disciplina ou de análogo grupo ou dis-ciplina de qualquer escola ou departamento da mesma ou de diferente universidade que tenham sido aprovados em provas públicas de agregação e contem, pelo menos, três anos de efectivo serviço docente na catego-ria de professor associado ou na qualidade de professor convidado, catedrático ou asso-ciado; c) Os professores convidados, catedráticos ou associados do mesmo grupo ou dis-ciplina ou de análogo grupo ou disciplina de qualquer escola ou departamento da mesma ou de diferente universidade que tenham sido aprovados em provas públi-cas de agregação e contem, pelo menos, três anos de efectivo serviço docente como professores ou professores convidados da-quelas categorias; d) Os investigadores principais dos estabe-lecimentos do ensino superior com, pelo menos, três anos de efectivo serviço na ca-tegoria, habilitados com o grau de doutores e com o título de agregado.Os candidatos deverão apresentar os seus requerimentos no Centro de Atendimen-to da administração da Universidade de Coimbra, Palácio dos Grilos, Rua da Ilha, 3004-531 Coimbra, e-mail: [email protected]. http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1646

EMPREGO PARA ENGENHEIROS INFORMÁTICOS

Empresa de informática e actividades afins, consultadoria e desenvolvimento com sede em Lisboa procura finalistas ou recém-licenciados Licenciado (conclusão entre 2005 e 2007) em Engenharia Electrónica e Telecomunicações, Engenharia de Compu-tadores e Telemática, Tecnologias de Infor-mação e Comunicação.

PROFESSOR ADJUNTO PARA A DISCIPLINA DE

MÚSICA

Encontra-se aberto até 15 de Março con-curso documental para recrutamento de um professor-adjunto do quadro do pesso-al docente da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa, para a área científica de Análise e Contextos, disciplina de Música.Ao referido concurso podem apresentar-se os candidatos que se encontrem nas condi-ções previstas nos artigos 5.o, 7.o, n.o 1, e 17.o do Decreto-Lei n.o 185/81, de 1 de Julho, e sejam detentores do grau de mestre na área de Música ou de Ciências da Educação.Na apreciação das candidaturas atender--se-á ao mérito científico, pedagógico e profissional dos candidatos, sendo factores de preferência a docência no ensino supe-rior politécnico na área da Dança, no âm-bito da disciplina de Música, a experiência no ensino vocacional da Música e no ensino superior, bem como em funções de gestão académica e na implementação de projectos pedagógicos.As candidaturas devem ser formalizadas através de requerimento dirigido ao presi-dente do Instituto Politécnico de Lisboa e entregue pessoalmente ou remetido pelo correio, em carta registada e com aviso de recepção, para a Escola Superior de Dança, Rua da Academia das Ciências, 5, 1200-003 Lisboa, e-mail: [email protected]. http://www.cienciapt.net/empregodesc.asp?ID=1645

PROFESSOR CATEDRÁTICO DO 1.O GRUPO, SUBG-

RUPO DE HISTOLOGIA/EMBRIOLOGIA

Encontra-se aberto até 3 de Março con-curso documental para provimento de uma vaga de professor catedrático do 1º grupo, subgrupo de Histologia/Embriologia, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Ao concurso poderão apresentar-se: a) Os professores catedráticos do mesmo

Page 102: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

102. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

FINANCIAMENTO

NOVEL APPROACHES TO ENHANCE ANIMAL STEM

CELL RESEARCH (R01)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1318

NOVEL APPROACHES TO ENHANCE ANIMAL STEM

CELL RESEARCH (R21)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1319

NEUROBIOLOGY OF MIGRAINE (R01)

Prazo: 6 Novembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1320

MENTAL HEALTH CONSEQUENCES OF VIOLENCE AND

TRAUMA (R01)

Prazo: 6 Novembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1321

HYPERSENSITIVITY PNEUMONITIS – EARLY IDENTIFI-

CATION AND MECHANISMS OF DISEASE (R01)

Prazo: 6 Novembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1322

APPLICATION OF METABOLOMICS FOR TRANSLATION-

AL AND BIOLOGICAL RESEARCH (R01)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1323

STRESS MANAGEMENT INTERVENTIONS TO REDUCE

RISK OF CORONARY ARTERY DISEASE (R01)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1313

RUTH L. KIRSCHSTEIN NATIONAL RESEARCH SERVICE

AWARDS FOR POSTDOCTORAL TRAINING IN COMPLE-

MENTARY AND ALTERNATIVE MEDICINE (F32)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1314

RUTH L. KIRSCHSTEIN NATIONAL RESEARCH SERVICE

AWARDS FOR POSTDOCTORAL TRAINING IN COMPLE-

MENTARY AND ALTERNATIVE MEDICINE (F32)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1315

MENTAL HEALTH CONSEQUENCES OF VIOLENCE AND

TRAUMA (R03)

Prazo: 17 Novembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1316

MENTAL HEALTH CONSEQUENCES OF VIOLENCE AND

TRAUMA (R21)

Prazo: 17 Novembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1317

HYPERGLYCEMIC EXACERBATION OF ISCHEMIA/RE-

PERFUSION INJURY AFTER ISCHEMIC INSULT (R01)

Prazo: 7 Fevereiro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1307

GLOBAL RESEARCH INITIATIVE PROGRAM, BEHAVIOR-

AL/SOCIAL SCIENCES (R01)

Prazo: 22 Setembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1308

DRUG ABUSE, RISKY DECISION MAKING AND HIV/

AIDS (R01)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1309

DRUG ABUSE, RISKY DECISION MAKING AND HIV/

AIDS (R21)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1310

DRUG ABUSE, RISKY DECISION MAKING AND HIV/

AIDS (R03)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1311

EARLY CAREER AWARD IN CHEMISTRY OF DRUG ABUSE

AND ADDICTION (ECHEM) – NIDA (R03)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1312

Page 103: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

103.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

FINANCIAMENTO

NIAAA CAREER TRANSITION AWARD (K22)

Prazo: 3 Janeiro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1335

NIDA PHASE II SMALL BUSINESS INNOVATION RE-

SEARCH (SBIR [R44]) COMPETING RENEWAL AWARDS

Prazo: 2 Setembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1336

TRANSLATIONAL RESEARCH IN MUSCULAR DYSTRO-

PHY (U01)

Prazo: 2 Novembro 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1337

SMALL GRANT PROGRAM FOR CONFERENCE SUPPORT

(R13)

Prazo: 21 Outubro 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1338

INTERDISCIPLINARY DEVELOPMENTAL SCIENCE CEN-

TERS FOR MENTAL HEALTH (IDSC): FORMATIVE CEN-

TERS (P20)

Prazo: 15 Março 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1339

CENTERS FOR AGRICULTURAL DISEASE AND INJURY

RESEARCH, EDUCATION, AND PREVENTION (U50)

Prazo: 21 Dezembro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1340

COLLABORATIONS WITH NATIONAL CENTERS FOR BIO-

MEDICAL COMPUTING (R01)

Prazo: 18 Janeiro 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1330

EXPLORATORY COLLABORATIONS WITH NATIONAL

CENTERS FOR BIOMEDICAL COMPUTING (R21)

Prazo: 18 Janeiro 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1331

APPLICATIONS OF IMAGING AND SENSOR TECHNOLO-

GIES FOR CLINICAL AGING RESEARCH (SBIR [R43/R44])

Prazo: 2 Abril 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1332

DIRECTED STEM CELL DIFFERENTIATION FOR CELL

BASED THERAPIES FOR HEART, LUNG, BLOOD, AND

AGING DISEASES (SBIR [R43/R44])

Prazo: 8 Abril 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1333

AHRQ GRANTS FOR HEALTH SERVICES RESEARCH DIS-

SERTATION (R36)

Prazo: 11 Abril 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1334

APPLICATION OF METABOLOMICS FOR TRANSLATION-

AL AND BIOLOGICAL RESEARCH (R21)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1324

DRUG ABUSE ASPECTS OF HIV/AIDS (R01)

Prazo: 3 Janeiro 2010http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1325

THE ROLE OF NUCLEAR RECEPTORS IN TISSUE AND

ORGANISMAL AGING (R01)

Prazo: 2 Maio 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1326

IMMUNOREGULATION OF GASTROINTESTINAL CARCI-

NOGENESIS (R01)

Prazo: 2 Maio 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1327

ETIOLOGY, PREVENTION, AND TREATMENT OF HEPA-

TOCELLULAR CARCINOMA (R01)

Prazo: 2 Setembro 2008http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1328

UNDERSTANDING THE EFFECTS OF EMERGING CELLU-

LAR, MOLECULAR, AND GENOMIC TECHNOLOGIES ON

CANCER HEALTH CARE DELIVERY(R01)

Prazo: 3 Janeiro 2009http://www.cienciapt.net/financiamentodesc.asp?ID=1329

Page 104: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

104. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

ENTREVISTA

A PAPS como interlocutorde experiências e conhecimentos

des científica e empresarial portuguesas. É nosso objectivo criar uma rede que possa ser útil a quem vem estudar para os EUA e que, simultaneamente, possa servir os interesses do nosso país.

rentes áreas, como as ciências da vida, eco-nomia e gestão, entre outras. Para isso, pro-cura integrar estudantes de pós-graduação e profissionais portugueses nos EUA e facilita o relacionamento destes com as comunida-

Qual o papel da PAPS junto da co-munidade científica portuguesa nos EUA?A PAPS ambiciona promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências em dife-

Diogo BarralPresidente da Portuguese American Postgraduate Society - PAPS

aos membros. A PAPS procura

ser útil a todos os pós-gradu-

ados que vêm para os EUA e

constituir uma rede que possa

servir os interesses do nosso

país. Entre as nossas próximas

actividades, regularmente anun-

ciadas no site www.papsnet.

org, destacam-se o fórum que

se realizará na Universidade de

Columbia, em Nova Iorque, nos

dias 24 e 25 de Março de 2007 e

terá por tema “Um roteiro para

Portugal – Ciência, Tecnologia e

Inovação”.

relacionamento destes com as

comunidades científica e empre-

sarial em Portugal e nos EUA. A

Convenção de Natal que se reali-

za em Portugal e o fórum anual

da PAPS, que tem lugar nos EUA,

são disso um exemplo.

Outras actividades da PAPS in-

cluem uma newsletter mensal,

um grupo de discussão online e

actividades através das delega-

ções regionais em Boston, Chi-

cago, Los Angeles, Nova Iorque

e S. Francisco, que proporcio-

nam uma ligação mais próxima

A Portuguese American Post-

graduate Society (PAPS) é uma

organização criada em 1998 por

um grupo de estudantes portu-

gueses de pós-graduação, e con-

ta actualmente com cerca de 400

membros activos. A PAPS am-

biciona promover o intercâmbio

de conhecimentos e experiên-

cias em diferentes áreas, como

as ciências da vida, economia e

gestão, entre outras. Para isso,

procura integrar estudantes de

pós-graduação e profissionais

portugueses nos EUA e facilita o

Page 105: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

105.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Com que frequência os investigado-res portugueses recorrem à PAPS e com que finalidade?Temos no nosso website www.papsnet.org informações muito úteis a quem vem estu-dar para os EUA, além de termos uma rede com núcleos em Boston, Nova Iorque, São Francisco, Chicago e Los Angeles, através dos quais quem venha para os EUA poderá contactar com pessoas a viver nestes locais e que eventualmente tenham experiências e conselhos úteis.

Actualmente qual o número de investigadores portugueses nos EUA?Não dispomos desta estatística, mas certa-mente andará pelas centenas.

E a PAPS, quantos membros tem ac-tualmente?A PAPS tem cerca de 400 membros activos, embora tenham já passado pela PAPS, des-de a sua criação em 1998, outros tantos que

entretanto saíram dos EUA e foram para ou-tros países.

Qual a relação que existe entre a PAPS e as instituições de investiga-ção portuguesas?Temos relações próximas com várias ins-tituições de investigação portuguesas. No nosso Fórum anual contamos regularmen-te com responsáveis das mesmas e vários membros da PAPS passaram por essas instituições antes de virem para os EUA. Alguns membros alumni da PAPS estão também, presentemente, nas referidas ins-tituições.

Que actividades a PAPS realiza no sentido de promover e aproximar os investigadores portugueses nos EUA? Realizamos actividades de carácter social nos nossos diferentes núcleos, geralmente no início do ano lectivo, para aproximar os membros e para que estes tenham opor-

tunidade de se conhecer. Nos mesmos nú-cleos também temos organizado jantares com destacados investigadores portugue-ses quando estes se encontram nos EUA. Realizamos ainda uma Convenção de Natal anual em que debatemos temas importan-tes como as “Parcerias entre Universidades Portuguesas e Americanas”, que foi o tema da última edição. Finalmente, a nossa gran-de actividade anual é um fórum nos EUA em que cerca de 100 participantes se reúnem durante um dia e meio e discutem temas relacionados com a Ciência, Tecnologia, Ino-vação, Empreendedorismo, etc. Este ano o nosso VIII Fórum terá lugar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, nos dias 24 e 25 de Março e o tema será “Um roteiro para Portugal – Ciência, Tecnologia e Inovação”.

Qual a área científica com maior nú-mero de investigadores nos EUA?Na PAPS, o maior número de membros per-tence à área das ciências da vida. Seguem-se as áreas de economia e gestão e enge-nharia.

ENTREVISTA

Page 106: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

106. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

SABIA que...

Actualmente, o aumento das operadoras tele-fónicas desencadeou uma baixa considerável nos preços das ligações de longa distância, e isso não acontece somente devido à con-corrência estabelecida entre essas mesmas empresas, mas também pelo surgimento de alternativas de comunicações de baixo custo. Entretanto, uma mudança de paradigma co-meça a ocorrer.

Hoje o tráfego de dados começa a crescer mais que o telefónico e é cada vez maior o tráfego de voz pela rede de dados, alterando radicalmente o transporte de voz.

VoIP, ou Voice Over IP ou Voz Sobre IP é a tec-nologia que torna possível estabelecer conver-sações telefónicas numa Rede IP (incluindo a Internet), tornando a transmissão de voz mais um dos serviços suportados pela rede de dados. Ou seja, o VoIP é a tecnologia que possibilita o uso de redes IPs como meio de transmissão de voz.

O conceito é simples e consiste em converter os pacotes de voz analógicos em pacotes digitais e fazê-los navegar pela Internet.

A voz sobre o protocolo Internet (Voice over In-

ternet Protocol - VoIP) é uma tecnologia que permite estabelecer chamadas telefónicas através de uma rede de dados como a Inter-net, convertendo um sinal de voz analógico num conjunto de sinais digitais, sob a forma de pacotes com endereçamento IP, que po-dem ser enviados, designadamente, através de uma ligação à Internet (preferencialmente em banda larga). Para tal, é necessário um computador equipado com microfone e auscultadores, um telefone IP ou um telefone tradicional ligado a um adapta-dor IP (Analogue Telephone Adapter - ATA).

... pode fazer chamadas pela Interneta um custo muito mais reduzidoO uso da VoIP não é novo, havendo

já grandes empresas a utilizar este

serviço há anos, mas actualmente,

por estar mais acessível a médias

e pequenas empresas, o uso da

tecnologia VoIP começa a ser mais

utilizada. As suas vantagens ba-

seiam-se na acentuada redução de

custos nas chamadas telefónicas

Page 107: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

107.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

O Internet Protocol – IP é um protocolo que permite o envio da informação, sob a forma de pacotes, de um PC para outro, através da Internet.

De uma maneira geral, quando um utilizador estabelece uma ligação à Internet, o prestador do serviço (Internet Service Provider - ISP) atri-bui um endereço IP público ao computador, que o identifica de uma forma única em toda a rede da Internet. Assim, quando o utilizador envia uma mensagem de correio electrónico ou um ficheiro, a informação é dividida em pequenos pacotes (pacotes IP) que contêm o endereço do destinatário e o seu.

Os pacotes IP têm um percurso mais ou me-nos complexo até chegarem ao seu destino, porque o endereço do destinatário vai sendo analisado por várias máquinas intermédias até chegar ao computador para o qual se pre-tende enviar a mensagem de correio electró-nico ou o ficheiro.

Os vários pacotes IP que contêm a informação podem seguir por diferentes caminhos na Inter-net e, em função do tempo que levaram a per-corrê-lo, acabam por chegar ao seu destino por uma ordem diferente da que inicialmente foram enviados.

Deste modo, o protocolo IP só entrega os pa-cotes, sendo, assim, necessário a ajuda de um outro protocolo (de nível superior) – o Trans-mission Control Protocol – TCP – para os re-ordenar.

TIPOS DE LIGAÇÃO VOIPO procedimento, que promete inovar na área das telecomunicações, com o tráfego de voz via rede IP, consiste em digitalizar a voz em pacotes de dados para que navegue pela rede e conver-tê-los em voz novamente em seu destino. A sua maior vantagem está na relação custo/ benefí-cio, ou seja, uma vez implantado ste sistema, constata-se de imediato uma redução de apro-

ximadamente 70 por cento com serviços telefó-nicos normais. Para se implantar uma solução VoIP numa empresa é necessário fazer um pro-jecto para identificar qual a real necessidade da empresa, qual a solução utilizada, verificar se a empresa possui IP fixo’ ou IP dinâmico, qual o tamanho da banda ADSL, e o que navega pela rede de dados.

Esta tecnologia é geralmente tratada em algu-mas ocasiões como sendo o mesmo que Tele-fonia IP embora sejam definições totalmente distintas. VoIP é a tecnologia ou técnica de se transformar a voz no modo convencional em pa-cotes IP para ser transmitida por uma rede de dados, enquanto a Telefonia IP, que utiliza VoIP, traz consigo um conceito de serviços agregados muito mais amplo, já que carrega outras aplica-ções que não somente VoIP.

Permite a redução dos custos de telefonia das empresas, pois convergem serviços de dados, voz, fax e vídeo, e também constrói novas in-fra-estruturas para aplicações avançadas de e-commerce (ex., Call center Web). Os programas mais utilizados no Brasil são o MSN, ZipVox, o Skype, o ATIvoip, o VoxFone, o TelefoneBarato, o V-Phone, o Teleminas, o Google Talk e o Voi-pwebfone. Em Portugal utilizam-se, além do Skype,a Voipglobe, o Teleminas, o IOL Talki, o GVSC phone, o Netcall, o NetAppel, o Telefone-rato, o VoipCheap, o VoipBuster e o TelExtreme, sendo esta última a maior operadora VoIP do mundo.

Outra forma de utilização da telefonia VoIP é via ATAs (Analog Terminal Adapters) ou Gateways VoIP (geralmente com mais recursos que um ATA). Os ATAs e GWs são aparelhos que po-dem ser conectados directamente a um acesso banda larga (ADSL, Cabo, etc.) e a um aparelho telefónico comum ou a um PABX em posições de troncos(FXS) ou ramais(FXO). Com o serviço habilitado, é possível ter um telefone em qual-quer lugar do mundo funcionando 24 horas por dia, sem necessidade de computador e auscul-tadores de ouvido. Esta solução traz geralmen-te reduções nas tarifas de longa-distância e no caso corporativo a interconexão de filiais com menor custo.

SABIA que...

Page 108: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

108. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

SABIA que...

Em função do equipamento disponível, podem ser estabelecidos vários tipos de chamadas telefónicas, tais como:PC-a-PC – em que o computador pessoal (PC) necessita de ter instalado um programa de um prestador VoIP e o originador da chamada deve saber qual é o endereço IP do seu corres-pondente para o estabelecimento da ligação;PC-a-telefone – tal como no caso anterior, o PC deve ter instalado um programa através do qual seja possível marcar o número do telefone do seu correspondente, ou utilizar um telefone IP ou um telefone tradicional (rede pública de serviço telefónico/public service telephony ne-twork - PSTN) com adaptador ATA (Analogue Telephone Adapter);Telefone-a-telefone – neste tipo de chamada há a vantagem de não ser necessário ligar o computador, porque o estabelecimento da chamada com o telefone realiza-se do modo habitual.

Seja como for, para qualquer tipo de chama-da, o utilizador necessita de um contrato com um prestador de serviço ISP (Internet Service Provider) que, preferencialmente, disponibilize acessos à Internet em banda larga através de um modem ADSL ou de cabo.

No caso das chamadas PC-a-PC (entre com-putadores pessoais) e PC-a-telefone (entre um computador pessoal e um telefone analógico), o utilizador precisa de um computador pesso-al com a configuração mínima recomendada e de um microfone, sendo igualmente acon-selháveis auriculares para evitar o feedback que ocorre quando se utiliza o microfone e os altifalantes. Para as chamadas telefone-a-telefone, o utili-zador necessita de um router/switch onde liga o modem e o telefone IP. Se tiver apenas um telefone analógico, precisa de um adaptador para o ligar ao router/ switch.

VANTAGENSA comunicação telefónica via VoIP apresenta grandes vantagens sobre a telefonia conven-cional, sendo o principal benefício a redução de

despesas que proporciona, visto que a rede de dados (e consequentemente a VoIP) não está su-jeita à mesma tarifação das ligações telefónicas convencionais, que é calculada em função de distâncias geodésicas e horários de utilização estabelecidos pelas Operadoras de Telefonia.

Outra grande vantagem da VoIP em relação à telefonia convencional é que esta última está baseada em comutação de circuitos, que po-dem ou não ser utilizados, enquanto a VoIP

utiliza comutação por pacotes, o que a torna mais ‘inteligente’ no aproveitamento dos re-cursos existentes (circuitos físicos e largura de banda). Esta característica (comutação por pacotes) também traz outra vantagem à VoIP, que é a capacidade dos pacotes de voz ‘bus-carem’ o melhor caminho entre dois pontos, tendo sempre mais de um caminho, ou rota, disponível e, portanto, com maiores opções de contingência (característica intrínseca das redes IP).

Page 109: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

109.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Page 110: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

110. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Ciência no MundoENSINO SUPERIOR EM REDE

UMINHO

ROBOPARTY NA UNIVERSIDADEDO MINHO A Universidade do Minho e a SAR-Soluções de Automação e Robótica organizam a pri-meira RoboParty em Portugal. Trata-se de um evento de três dias, de 23 a 25 de Março onde os jovens podem aprender a construir o seu próprio robô.

O Grupo de Robótica do Departamento de Elec-trónica Industrial da Universidade do Minho têm desenvolvido esforços junto das escolas Básicas, Secundárias e Profissionais, para fo-mentar o gosto dos jovens pela Robótica. Têm sido várias as palestras, as demonstrações de robôs móveis e as organizações de eventos pe-dagógicos. O próximo evento é o RoboParty.

Esta iniciativa consiste num evento peda-gógico que vai reunir cerca de 100 equipas de quatro pessoas cada, durante três dias e duas noites (trás o teu saco cama), para ensinar a construir pequenos robôs, de uma forma simples e divertida.

Há uma pequena formação inicial (vais aprender a dar os primeiros passos em Electrónica, em programação de robôs, em construção mecânica), depois é oferecido um KIT robótico desenvolvido pela Universi-dade do Minho e pela SAR, para ser monta-do (mecânica, electrónica, e programação) e que no final do evento pertence à equipa.

Decorrem ainda outras actividades lúdicas como desporto, música, Internet, jogos, fes-tas, etc. Cada participante traz o seu saco cama e permanece lá durante todo o evento.

A RoboParty é idêntica a uma LANParty e também vai funcionar 24h/24h mas tem um objectivo mais pedagógico.

AAL

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICADE LISBOA LANÇA SEMANÁRIO UNIVERSITÁRIO Foi lançada este mês de Fevereiro uma pu-blicação gratuita destinada aos estudantes do ensino superior de Lisboa. O Semanário Académico de Lisboa (SAL), com distribuição às terças-feiras, vai contar com uma tiragem de 80 mil exemplares e estará presente em mais de cem pontos distintos.

De acordo com a ‘Meios & Publicidade’, a publicação, que deve iniciar a sua distri-buição na primeira quinzena do mês, tem por objectivo chegar a todos os estudantes, por isso será distribuída “em universida-des, bibliotecas, residências universitárias

e centros comerciais”, revela à ‘Meios & Publicidade’ Paulo Lopes, responsável da

MoovingBrands, empresa que vai explorar a publicidade do título.

Da responsabilidade da Associação Acadé-mica de Lisboa (AAL), o SAL terá uma equipa de 20 estudantes universitários, sendo a res-ponsabilidade editorial de Ricardo Florêncio, membro da direcção da AAL.

A nova publicação pretende “ser um jornal de referência”, no que diz respeito aos “te-mas ligados ao ensino superior”. Com um total de 24 páginas, a publicação estará di-vidida em cinco secções (Nacional; Interna-cional; Economia; Cultura e Desporto), sen-do que em todas elas será dado “um grande enfoque aos temas universitários”.

Page 111: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

111.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Universidades

ENSINO SUPERIOR EM REDE

UAVEIRO

CURSO “TÉCNICO SUPERIORDE SEGURANÇA E HIGIENEDO TRABALHO” A UNAVE e o Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro (UA) vão pro-mover a partir de 5 de Março e até 30 de Ja-

neiro de 2008, mais uma edição do curso de “Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho”, homologado pelo ISHST.

A frequência da acção confere direito ao Certificado de Aptidão Profissional, CAP, para o exercício das funções de Técnico Su-perior de SHT. Pretende-se que no final do curso de formação, os formandos tenham adquirido as competências necessárias ao exercício da profissão de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho.

A acção, com realização prevista para Se-gundas, Quartas e Sextas-feiras, das 18h30 às 22h30, é dirigida a licenciados ou ba-charéis, preferencialmente nas áreas das Engenharias. Terá uma duração total de 548 horas, 428 de formação em sala e 120 de componente prática em contexto real de

trabalho, e terá lugar nas instalações da UNAVE.

A coordenação científica e pedagógica está a cargo do Prof. José Claudino Cardos, Pro-fessor Associado e Presidente do Conselho Directivo da Secção Autónoma de Engenha-ria Civil da Universidade de Aveiro, Maria Fernanda Rodrigues, Assistente da Secção Autónoma de Engenharia Civil da Univer-sidade de Aveiro e Maria do Rosário Pires, Directora de Formação da UNAVE/ Universi-dade de Aveiro.

Para mais informações contactar a UNAVE – Edifício 1, Campus Universitário de Santia-go, 3810 – 193 Aveiro, Tel: 234 370 833, Fax: 234 370 835, e-mail: [email protected] ou consultar a página Internet http://www.unave.ua.pt.

UAÇORES

UNIVERSIDADE DOS AÇORESORGANIZA O I ENCONTRODE BIOMEDICINA A Universidade dos Açores apresentou este mês, no dia 8 de Fevereiro, no Anfiteatro C da Universidade, o I Encontro de Biomedicina. Subordinado ao tema “Genética das Doenças Complexas”, a reunião conta com a participa-ção de especialistas nacionais e internacio-nais de renome que, ao longo dia, abordarão esta temática.

As doenças complexas definem-se como con-dições decorrentes da interacção de múltiplos genes, e destes com o ambiente. Exemplos bem conhecidos incluem o cancro, a diabetes e a aterosclerose. Se bem que responsáveis pela maioria da morbilidade e mortalidade, a nível mundial, este grupo de patologias permanece mal conhecido, fazendo com que a investiga-ção nesta área seja uma prioridade clara.

De entre os cerca de 150 participantes inscritos, contam-se alunos das Licen-ciaturas na área da Saúde da Universida-de dos Açores (Ciclo Básico de Medicina, Enfermagem e Ciências Biológicas e da Saúde), Profissionais de Saúde e Biólo-gos.

O Encontro, organizado pelo Centro de Bio-medicina do Departamento de Biologia e pelo Centro de Investigação de Recursos Naturais (CIRN) da Universidade dos Açores tem o patro-cínio científico da Ordem dos Biólogos e o apoio financeiro do projecto BIOPÓLIS (InterregIIIB) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Page 112: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

112. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Ciência no MundoENSINO SUPERIOR EM REDE

FEUP

FEUP VENCE CONCURSODE PESQUISA EM E-BOOKS A Faculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto (FEUP) acolheu, no pas-sado dia 8 de Fevereiro, a Cerimónia de Entrega do Prémio Mundial de Pesquisa em e-Books.

Rui Pedro Amor, aluno do 4.o ano de Mes-trado Integrado em Engenharia Informática e Computação (MIEIC) da FEUP, receberá o prémio principal do concurso – um cheque no valor de 500 dólares.

O concurso internacional de pesquisa, in-titulado “University Challenge”, foi lança-do pela Knovel, uma plataforma de livros electrónicos, tendo terminado no passado dia 13 de Novembro. O concurso consistia na resposta a um questionário de carácter técnico, para o qual seria necessário fazer pesquisa de informação científico-técni-ca no editor Knovel, disponibilizado pela Biblioteca da FEUP, em http://biblioteca.fe.up.pt, desde 2004.

Neste concurso participaram cerca de 1700 alunos de instituições de ensino superior provenientes de 46 países de todo o mun-do. A Faculdade de Engenharia foi uma das instituições concorrentes, tendo conseguido uma participação considerada “excelente” pela própria Knovel.

A iniciativa decorre na Zona de Expo-sições do piso zero da Biblioteca da Faculdade. O galardão será entregue pelo professor José Silva Matos, pre-sidente do Departamento de Engenha-ria Electrotécnica e de Computadores (DEEC).

FEP

FEP CELEBRA PROTOCOLOCOM MEIO EMPRESARIAL A Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) celebrou, no passado dia 8 de Fevereiro, um protocolo de colabora-ção com o meio empresarial. A parceria envolve o Instituto de Investigação e Ser-viços da Faculdade de Economia do Porto (ISFEP) e a Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas (AIC-COPN) e fomentará o desenvolvimento de programas de educação contínua com vista à melhoria dos recursos humanos do sector da construção.

A sessão decorreu na Sede da AICCOPN

e contou com a presença do Director da FEP, José da Silva Costa, do Presidente da Direcção do ISFEP, Mário Rui Silva, e do Presidente da Direcção da AICCOPN, Manuel Joaquim Reis Campos.

A Indústria da Construção é um sector de actividade maioritariamente constituído por micro, pequenas e médias empresas que regista actualmente uma forte ex-pansão do capital humano e um progres-so tecnológico elevado.

A FEP, em cooperação com a AICCOPN, pretende dar um contributo significativo no desenvolvimento dos recursos huma-

nos deste importante sector económico, criando para o efeito um programa de acções de educação contínua e de for-mação pós-graduada para executivos. O primeiro curso a ser lançado no âmbito deste protocolo é uma Pós-Graduação em Direcção de Empresas que tem como principal objectivo dotar os participan-tes das competências indispensáveis ao exercício de funções de relevo na área da Gestão em empresas industriais. A opor-tunidade desta Pós-Graduação baseia-se nas necessidades apresentadas por mui-tos engenheiros civis, gestores e econo-mistas que dirigem empresas na área da construção civil e obras públicas.

Page 113: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

113.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

Universidades

ENSINO SUPERIOR EM REDE

UMINHO

UMINHO E FUNDAÇÃOVODAFONE ASSINAM PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO A Universidade do Minho e a Fundação Vodafo-ne Portugal celebraram este mês um protocolo de cooperação, com o objectivo de desenvolver a utilização das novas tecnologias de comuni-cação, designadamente as tecnologias móveis integradas com sistemas de informação.

No âmbito do protocolo, foi igualmente

assinado um acordo, pioneiro em Portu-gal, com vista à implementação de um sistema de envio de SMS (mensagens escritas) destinado a criar um mais rá-pido e estreito relacionamento entre a Universidade e os seus alunos, profes-sores e demais colaboradores. Para efectivar esta primeira aplicação prática do protocolo, além da disponibilização das suas competências específicas nes-ta área, a Fundação Vodafone Portugal

doou um milhão de SMS à Universidade do Minho.

Assinado em Braga pelo Reitor da Univer-sidade do Minho, António José Marques Guimarães Rodrigues, e pelo presidente da Fundação Vodafone Portugal, António de La-cerda Carrapatoso, este protocolo visa tam-bém a colaboração e troca de informações relativas a investigações sobre inovação na área das novas tecnologias da informação.

USC

IPVC E USC PROMOVEM OITO CURSOS NA ÁREA DA INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA A Universidade de Santiago de Compostela (USC) e o Instituto Politécnico de Viana do Cas-telo (IPVC) no âmbito da parceria e acções do projecto SIGN II (Infra-estrutura de Dados Es-paciais para o território rural da Galiza Norte de Portugal) realizam, durante o ano de 2007, diversas acções de formação, na área dos Sis-temas de Informação Geográfica (SIG).

De acordo com o IPVC, este projecto assume que a formação de recursos humanos é um factor central no desenvolvimento de bases de dados espaciais e de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), como elemento capaz de po-tenciar, a nível regional, as oportunidades que resultam da actual evolução das tecnologias e ciências de informação geográfica. Na realida-de os diversos actores presentes no território apresentam diferentes níveis de conhecimen-to, de adopção e de utilização dos SIG. Apesar do aumento significativo nestes últimos anos do uso de informação geográfica, continuam a verificar-se importantes estrangulamentos nomeadamente ao nível da capacitação dos recursos humanos; da coordenação de acções e entidades; da insuficiência e das limitações de acesso aos dados; da forte dispersão das

fontes, dos formatos e da resolução, com consequentes dificuldades na integração da informação.

A parceria do projecto SIGNII engloba além da-quelas duas instituições de ensino, a Socieda-de para o Desenvolvemento Comarcal de Ga-licia (SDC), o Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte (IDARN), FORESTIS (Associação Florestal de Portugal), DRAEDM (Direcção Regional Agricultura de Entre Douro e Minho), e Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV).

O projecto no seu todo e estas acções de for-mação, em particular, pretendem vulgarizar, melhorar o desempenho e o número de apli-

cações dos Sistemas de Informação Geográ-fica.

São oito os cursos presenciais inseridos neste projecto: Concepção e Gestão de Projectos de Informação Geográfica; Introdução aos SIG; Cartografia Digital; Análise Espacial ARCGIS; Análise Espacial GEOMEDIA; Introdução aos SIG com SOFTWARE LIVRE (GRASS); Aplica-ções dos SIG:Workshop “Políticas e Dinâmicas de Gestão de Informação Geográfica na Gali-za-Norte de Portugal”.

Toda a informação sobre os cursos, bem como as pré-inscrições online, encontra-se disponível no site do projecto, em http://www.projectosign.org/.

Page 114: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

114. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

ISEP

ISEP ACOLHE JORNADASSOBRE CLASSIFICAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS Decorreram este mês no ISEP as XIV Jornadas Anuais da Associação de Classificação e Aná-lise de Dados – CLAD, sobre a importância da estatística e a análise de dados.

As jornadas foram promovidas pelo Institu-to Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e decorrem no Auditório E deste Instituto. Na sessão de abertura, Cristina Matos, Presiden-te do Conselho Científico do ISEP, reiterou a importância desta área que se deve continuar a investir. “As XIV Jornadas são as primeiras de muitas outras que irão surgir e o ISEP acolhe com entusiasmo este tipo de iniciativas” sa-lientou a Presidente.

As jornadas caracterizam-se por um cres-cimento na quantidade e especialmente

na qualidade e diversidade de propostas apresentadas e demonstram a importância da análise de dados como uma ferramenta transversal que está presente nas mais di-versas áreas.

Pedro Coelho, representante da JOCLAD afir-mou que “esta iniciativa é uma ponte de ligação entre académicos e profissionais, investigado-res e o meio empresarial, associando a teoria e a prática, como ligação entre a investigação e as suas aplicações”.

O programa inclui sessões plenárias com a presença de conferencistas convidados, assim como sessões de apresentação de Comunica-ções Livres seleccionadas. O encontro preten-de, por via da estatística e análise de dados, estimular e divulgar a produção científica promovam um enriquecimento mútuo entre investigadores e utilizadores, incentivando a

troca de ideias e a exploração de interesses comuns.

Entre os convidados destacam-se o Prof. André Hardy, Facultes Universitaires Notre-Dame de la Paix, Namur, Belgium (“Cluster Analysis and Validation based on Point Processes”), Carlos Ferreira, Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, Universida-de Aveiro, Portugal, (“Análise Quantitativa de Dados em Trabalhos Académicos: alguns ca-sos”), Joaquim Marques de Sá, Faculdade de Engenharia do Porto, Portugal, (“Redes Neu-ronais com Funções de Custo Entrópicas na Classificação de Dados), Michael Greenacre, Universitat Pompeu Fabra, Barcelona, Spain, (“Correspondence Analysis versus Spectral Mapping/ Weighted Log-ratio Analysis”).

Para mais informações sobre a iniciativa consul-tar a página http://www.joclad2007.isep.ipp.pt.

ESEIPVC

IPVC PROMOVE PÓS-GRADUAÇÃODE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA A Escola Superior de Enfermagem do Insti-tuto Politécnico de Viana do Castelo (ESEnf-IPVC) vai promover uma Pós-Graduação de Enfermagem Oncológica, que terá como ob-jectivos gerais “desenvolver competências para cuidar da pessoa com cancro e a sua família nos diversos contextos da prática de cuidados, bem como desenvolver competên-cias que permitam ao enfermeiro assumir um papel activo na equipa multidisciplinar tendo em vista a maximização da qualidade dos cuidados à pessoa com cancro e sua fa-mília”.

De acordo com a Escola, os destinatários desta Pós-Graduação, que decorrerá de Mar-ço de 2007 a Fevereiro de 2008, são todos os profissionais detentores de uma Licenciatura

em Enfermagem, sendo que o curso terá um máximo de 20 formandos.

Segundo a Vice-Presidente da ESEnf-IPVC e coordenadora do curso, Aurora Pereira, “a complexidade e a natureza da doença onco-lógica, a dor oncológica e outros sintomas, o processo de luto, o acompanhamento espi-ritual e religioso bem como a abordagem da problemática do sofrimento, são algumas das matérias a abordar nesta Pós-Graduação”.

A doença oncológica é a segunda causa de mor-te a nível Nacional e do Distrito, sendo que a sua incidência e prevalência tem sofrido um aumento constante e considerável, pelo que constitui um grave problema de Saúde, não só pelas taxa de mortalidade, mas também pelos elevados índices de morbilidade. Estes aspectos associados aos avanços constantes ao nível da prevenção, diag-

nóstico, tratamento, reabilitação e cuidados de suporte, geram uma necessidade crescente de profissionais de saúde especializados nesta área.

“A Escola Superior de Enfermagem do IPVC atenta a esta realidade e à escassa existência de enfermeiros com formação específica em oncologia, decidiu criar uma pós-graduação nesta área, proporcionando deste modo, actu-alização e aprofundamento de conhecimentos para um desempenho profissional competente que assegure respostas adequadas à preven-ção, diagnóstico precoce e gestão da doença oncológica junto do doente, família e comuni-dade”, salientou Aurora Pereira.

“Para a consecução destes objectivos contá-mos com um corpo docente com desenvol-vimento científico e experiencial nesta área”, referiu ainda a coordenadora de curso.

Ciência no MundoENSINO SUPERIOR EM REDE

Page 115: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

115.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

UCOIMBRA

INVESTIGADOR DA UCPREMIADO PELA ORDEMDOS ENGENHEIROS Ricardo Joel Teixeira Costa, investigador e professor assistente do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra (FC-TUC), foi distinguido com o “Prémio Melhor Estágio 2006” pelo Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros, que consi-derou o seu trabalho como o melhor estágio, a nível nacional, de admissão à Ordem.

De acordo com a Universidade de Coimbra, Uma parte importante do estágio, realizado no

Departamento de Engenharia Civil da FCTUC, consistiu num programa de investigação, com uma importante componente experimental, sobre placas de betão armado. Um dos resul-tados práticos para a comunidade técnica foi a obtenção de um procedimento de ensaio mui-to menos dispendioso do que o existente em universidades americanas e canadianas.

O conjunto de ensaios efectuados na Univer-sidade de Coimbra permitiu ainda efectuar uma análise crítica das regras técnicas que constam da normalização europeia para di-mensionamento de estruturas de betão. O tema é especialmente importante em estru-

turas com esforços de torção importantes, como é o caso de pontes curvas.

Na Universidade de Coimbra, o trabalho inseriu-se num projecto de investigação mais alargado sobre Torção em Vigas Caixão de Betão Armado.

Por outro lado, o trabalho de investigação conduziu também à elaboração de uma tese de mestrado, orientada por Sérgio Lopes, do-cente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e Luís Bernardo, docente da Faculdade de Ciências da Enge-nharia da Universidade da Beira Interior.

ICBAS

PORTO ACOLHESIMPÓSIO “EXPLORINGBIOMEDICINE” O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Sa-lazar da Universidade do Porto (ICBAS) está a organizar em colaboração com o Hospital Geral de Santo António (HGSA), o Centro de

Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto, um Simpósio denominado “Exploring Bio-medicine”, hoje, dia 23 de Fevereiro.

Este evento, que decorrerá no Auditório

Dr. Alexandre Moreira, no Hospital Geral de Santo António (Porto)/ ICBAS, irá reunir historiadores, filósofos e sociólogos da ci-ência e da biomedicina, bem como inves-tigadores da área biomédica, com a finali-dade de conjuntamente analisar e discutir este domínio do conhecimento.

Universidades

ENSINO SUPERIOR EM REDE

Page 116: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

116. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

IST

IST ADERE A PLATAFORMAMUNDIAL DE INVESTIGAÇÃOEM REDES O Instituto Superior Técnico (IST) acaba de aderir ao PlanetLab, laboratório mundial de investigação em redes para o estudo e desenvolvimento de novos protocolos e aplicações sobre a Internet. Trata-se de um consórcio internacional, com mais de 350 membros, entre os quais universidades, institutos de investigação e empresas das tecnologias de informação.

Gerida por três universidades norte-americanas: Princeton University, Uni-versity of California at Berkeley e Univer-sity of Washington, e com a participação de importantes empresas, como a Intel,

Hewlett Packard, Google, AT&T e Fran-ce Telecom, esta plataforma ainda inclui as mais conceituadas universidades das áreas de ciência e tecnologia a nível in-ternacional.

A adesão do IST a este laboratório implica, paralelamente a um esforço financeiro, o estabelecimento da ligação de dois com-putadores à Internet nas instalações de cada participante e em troca é-lhe permi-tido o acesso aos computadores de outros parceiros, o que possibilita a realização de experiências internáuticas.

A maior utilidade do PlanetLab para o pú-blico em geral reside nos actuais serviços avançados, como é exemplo o serviço de

distribuição de conteúdos que possibilita o alojamento de sites detentores de um grande número de visitas em servidores com ligações lentas à Internet.

O campus do IST no Taguspark vai usufruir do PlanetLab para a execução de projec-tos relevantes, concretamente o estudo de novos protocolos peer-to-peer de troca de ficheiros mais eficientes e de menor custo para os operadores de telecomunicações, além de técnicas de distribuição de vídeo em tempo real.

A aquisição e ligação à Internet de dois servidores, com recurso a fundos próprios, possibilitaram a entrada do IST neste mun-do internáutico.

Ciência no MundoENSINO SUPERIOR EM REDE

Page 117: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

117.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

FDUCL

FACULDADE DE DIREITODA CATÓLICA APROXIMA OS ALUNOS À VIDA PROFISSIONAL A Faculdade de Direito da Universidade Cató-lica (FD Católica), Escola de Lisboa, iniciou no passado dia 12 a quarta edição do Jobshop, uma iniciativa que visa reforçar a sua aposta na aproximação dos alunos à vida prática, fazendo justiça ao prestígio acumulado ao longo de mais de 30 anos, e apresentar os novos programas de mestrado e protocolos com universidades estrangeiras. O evento de-senrolou-se pelos dias 13, 14, 15, abrangendo ainda os dias 26 e 27 de Fevereiro.

Através do Jobshop, e à semelhança de anos anteriores, a FD trará ao campus universitá-rio os melhores escritórios de advocacia do país e outras entidades profissionais liga-das à prática do Direito, que assim poderão apresentar os seus projectos e aprofundar contactos com os estudantes finalistas. Por seu lado, os alunos terão oportunidade de contactar com potenciais empregadores e conhecer a realidade profissional.

A sessão de abertura do JobShop, dedicada ao tema “O Processo de Bolonha e o Acesso às Profissões Jurídicas”, contou com a par-ticipação do Secretário de Estado Adjunto, José Conde Rodrigues, e do Bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, pre-sença frequente nas iniciativas organizadas pela FD Católica.

Durante os dias do evento serão feitas di-versas apresentações de empregadores e abordando diversos temas como “Os novos mestrados da UCP e o Mercado de Trabalho” e “Frequência de um Semes-tre em Universidades Americanas”, com a presença de alunos que passaram pela experiência”.

Raymond Nimmer, director da University of

Houston Law Center, marcará presença no penúltimo dia do JobShop para a apresen-tação do LL.M. (Master of Law) da Católica que proporciona uma formação aprofundada de elevado nível em determinada área de es-pecialização, possibilitando aos alunos não apenas background internacional, mas tam-bém perspectivas profissionais.

Sessão de abertura do JobShop

“O Processo de Bolonha e o Acesso às Pro-fissões Jurídicas” foi o tema da sessão de abertura do JobShop Católica 2007, uma iniciativa da Faculdade de Direito da Católi-ca que teve lugar dia 12.

Para o Bastonário “... a redução de cinco para quatro anos não é aceitável, numa al-tura em que se aposta na qualidade e na credibilização do sistema judicial portu-guês”. Por isso, “a Ordem dos Advogados vai pedir à Assembleia da República a alte-ração do estatuto da Ordem no sentido em que a licenciatura deixe de ser apenas a re-gra para ingresso na Ordem. É necessário o grau de Mestre...”

Conde Rodrigues, louvou a iniciativa pro-movida pela Faculdade de Direito da Uni-

versidade Católica já que, segundo ele, “... um dos maiores problemas que os jovens licenciados hoje sentem é, precisamente, a falta de experiência e de contacto com o mercado de trabalho (...) nada melhor, por-tanto, do que trazer o mundo profissional e empresarial às faculdades.” Relativa-mente às consequências que o Processo de Bolonha poderá vir a ter em Portugal no acesso às profissões forenses, o Secretário de Estado Adjunto e da Justiça sublinhou que “... esta matéria está ainda a ser alvo de estudo e análise no âmbito do ministério da Justiça, pelo que não é possível delinear um quadro preciso de todas as consequên-cias previsíveis”.

Adiantou, no entanto, que “... o ministério irá proceder a uma reforma profunda no que respeita ao acesso à magistratura, es-tando neste momento a ser preparada uma proposta de Lei de alteração à Lei Orgânica do Centro de Estudos Jurídicos, a qual irá já reflectir a nova filosofia inerente ao pro-grama de Bolonha...”.

“O processo de Bolonha surge como um excelente pretexto para repensar a forma como o ensino universitário e pós-univer-sitário estão estruturados; queremos que esta reforma permita que o acesso à ma-gistratura se faça em novos moldes, mais adaptados às recentes realidades jurídicas e sociais, para que os novos juízes estejam melhor preparados para lidar com os ca-sos difíceis com que se deparam, todos os dias, nos tribunais, realçou o Secretário de Estado. Conde Rodrigues sublinhou ainda que “... não partimos do pressuposto que novos licenciados saberão menos do que aqueles que se licenciaram e irão ainda licenciar-se ao abrigo do sistema anterior. No entanto, para o acesso à Magistratura, passará a ser exigido o Mestrado, como re-quisito de entrada...”.

Universidades

ENSINO SUPERIOR EM REDE

Page 118: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

118. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus118.

Internacional em Revista

GINECOMASTIA PRÉ-PÚBEREPROVOCADA POR PRODUTOSCOM LAVANDA Investigadores do National Institute of Environmental Health Sciences (NIEHS) e pediatras da University of Colorado School of Medicine, EUA o Ginecomastia pré-pú-bere realizaram um estudo que levou à descoberta da ligação entre produtos que possuem a essência de lavanda e óleo de melaleuca (Melaleuca alternifolia) com o desenvolvimento da mama em rapazes, um distúrbio hormonal conhecido como Ginecomastia pré-púbere.

Publicado na revista científica “New En-

gland Journal of Medicine”, o trabalho teve como base a análise de três casos clínicos, o que levou os cientistas a alertar para o facto de serem precisos estudos de maior escala. O resultado da investigação aplica-se apenas a rapazes pré-púberes, que de-senvolveram Ginecomastia depois do uso regular de produtos que continham esses óleos.

O estudo incidiu sobre três crianças com 4, 7 e 10 anos e nos três casos, a ginecomastia desapareceu depois da suspensão do uso destes produtos. Depois destas duas constatações, a equipa médica desenvolveu um estudo

laboratorial usando células humanas. Neste estudo, as culturas celulares foram incubadas com lavanda e óleo de melaleuca tendo-se verificado um aumento na produção de estrogénico e antiandrogénicos.

Para já, não se sabe se os óleos podem ter efeitos semelhantes no sistema endó-crino de raparigas ou em adultos. Derek Hanley, líder da investigação, disse não haver provas de que os óleos alterem o sistema endócrino dos rapazes a longo prazo.

In New England Journal of Medicine

FÁRMACO CONTRA IMPOTÊNCIA TAMBÉM PODE PREVENIR AVCInvestigadores do Instituto Espanhol de Neurobiologia Ramón e Cajal, liderados por Alfredo Martínez comprovaram a eficácia de um fármaco usado contra a impotência no tratamento de danos provocados por AVC e que é uma das principais causas de morte nos países desenvolvidos.

De acordo com o estudo, publicado pela revista International Journal of Molecular Medicine, este fármaco é rico em óxido ní-trico e trata-se de um fármaco vasodilatador comum no tratamento contra a Impotência, mas pode também ser utilizado para tratar outras Doenças Cardiovasculares, tal como os investigadores comprovaram através de experiências em ratinhos. O estudo demons-trou a capacidade do óxido nítrico no trata-mento de Doenças Isquémicas cerebrais. O AVC consiste na oclusão de um vaso san-guíneo, que interrompe o fluxo sanguíneo a uma região específica do cérebro, ficando esta privada de oxigénio e nutrientes. Se a irrigação sanguínea não é restabelecida

imediatamente, a zona afectada sofre de morte celular e, dependendo da área im-plicada, provoca perdas das funções coor-denadas por essa área do cérebro. Por isso, é fundamental tratar os pacientes o mais rapidamente possível, dado ser impossível regenerar o tecido morto.

Os cientistas espanhóis provaram neste es-tudo que o óxido nítrico pode ser útil para o tratamento da Isquemia Cerebral, além de

complementar os actuais tratamentos, que se baseiam em fármacos anticoagulantes. A equipa de Alfredo Martínez usou Imagens de Ressonâncias Magnéticas para estudar a extensão do edema citotóxico, que produz a falta de oxigénio no cérebro. Num mode-lo experimental, o óxido nítrico foi capaz de reduzir os efeitos fisiológicos e bioquímicos induzidos pela Isquemia Cerebral.

In Journal of Molecular Medicine

Internacional em Revista

Page 119: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

119.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus 119.

Internacional em RevistaInternacional em Revista

ALIMENTOS RICOSEM MELATONINA RETARDAMEFEITOS DO ENVELHECIMENTOUma equipa de investigadores espanhóis li-derada por Darío Acuña Castroviejo, director da Rede Nacional de Investigação do Enve-lhecimento, da Universidade de Granada, concluiu que o consumo de melatonina, uma substância produzida no cérebro pela glân-dula pineal e presente em muitos alimentos retarda os efeitos do envelhecimento.

As conclusões do estudo foram publicadas em várias revistas médicas internacionais, nomeadamente na Free Radical Research, Experimental Gerontology, Journal of Pineal Research e Frontiers in Bioscience.

Os investigadores basearam-se na análise

da função mitocondrial nos ratinhos e veri-ficaram a sua capacidade mitocondrial para produzir ATP (adenosina trifosfato), uma molécula cuja função é armazenar a energia que cada célula necessita para realizar as suas funções.

Depois de administrarem pequenas quan-tidades de melatonina nos ratinhos, os in-vestigadores verificaram que a substância neutralizava o “stress oxidativo” e o proces-so inflamatório causado pelo envelhecimen-to retardava os seus efeitos, aumentando a longevidade.

Os investigadores concluíram que, a admi-nistração continuada de melatonina em ani-mais a partir do momento em que deixam de produzir essa substância (aos cinco me-

ses nos ratinhos - equivalente a 30 anos nas pessoas) pode prevenir ou retardar doenças relacionadas com o envelhecimento, os ra-dicais livres e os processos inflamatórios. Também conhecida como “a hormona do sono”, a melatonina regula os ciclos circa-dianos (dormir-acordar), sendo a sua produ-ção estimulada pela escuridão e inibida pela luz. Esta substância existe em pequenas quantidades em frutos e vegetais como a ce-bola, a cereja e a banana, em cereais como o milho, a aveia e o arroz, em plantas aromá-ticas como a hortelã, a verbena, a salva e o tomilho, e no vinho tinto.

In Free Radical Research, Experimental Gerontology, Journal of Pineal Research e

Frontiers in Bioscience

EXPOSIÇÃO AO FUMODO TABACO NO TRABALHODUPLICA RISCO DE CANCROInvestigadores norte-americanos concluí-ram, através de um estudo, que a exposi-ção a elevados níveis de fumo de tabaco no local de trabalho pode duplicar o risco de desenvolver cancro do pulmão nos não-fu-madores.

Liderados pelo cientista Leslie Stayner, da Universidade de Ilinois, os investigadores combinaram resultados de 22 outros estudos sobre fumadores passivos conduzidos nos EUA, Japão, Canadá, Europa, Índia e China.

Segundo disse Stayner “consideramos que este estudo representa a maior prova, até à data, que fumar nos locais de trabalho re-presenta um elevado risco para a saúde dos trabalhadores, particularmente para os que trabalham em bares ou restaurantes, que são aéreas expostas a doses mais elevadas de fumo do tabaco”.

Ainda de acordo com o estudo, publicado no “American Journal of Public Health” a exposi-ção ao longo de 30 anos a doses elevadas de fumo, em locais de trabalho, aumenta em cer-ca de 50 por cento o risco de desenvolver can-cro do pulmão nos não-fumadores, enquanto que os expostos a qualquer nível de fumo re-gistaram um aumento de 24 por cento.

Leslie Stayner afirma que os resultados deste estudo vêm reforçar o esforço pro-duzido por muitas comunidades nos EUA e por todo o mundo, em proibir ou limitar o consumo de tabaco nos locais de traba-lho.

In American Journal of Public Health

Page 120: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

120. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

Internacional em Revista

TRATAMENTO PARA A INSÓNIA PODE ESTAR PARA BREVECientistas suíços que estudam a Nar-colepsia, uma doença que provoca nas pessoas um adormecimento súbito, pro-duziram um novo fármaco promissor que pode ajudar no tratamento da Insónia.

No estudo, publicado na edição online da revista “Nature Medicine”, os cientis-tas relatam como conseguiram rever-ter o problema, ao bloquear a acção do neurotransmissor orexina no cérebro de animais e pessoas. A equipa liderada por François Jenck, do laboratório suíço Actelion, conseguiu produzir um fármaco

anti-insónia que imita a acção da orexina em pacientes narcolépticos.

A orexina é importante para manter o estado de vigília e é também uma molécula ausente no cérebro dos narcolépticos, por esta razão, os portadores desta doença não conseguem dormir e acordar em ciclos normais.

Os investigadores testaram o medica-mento em roedores e em cães, tendo ain-da realizado testes clínicos em humanos para determinar a segurança e a eficácia do fármaco, afirma Roland Haelfi, rela-ções públicas da Actelion.

Actualmente, os cientistas estão a efec-tuar estudos para avaliar a dosagem ideal para o medicamento.

De acordo com os investigadores, até fi-nal deste ano deve ser iniciado um ensaio clínico de fase 3 - uma avaliação mais pormenorizada da acção do fármaco -, que permitirá ao laboratório pedir licença para iniciar a comercialização.

In Nature Medicine

ORGANISMO POSSUI MOLÉCULA QUE PODE PROTEGER DE HIVO organismo produz uma molécula que pode impedir a destruição das células do sistema imunitário quando este é “atacado” pelo ví-rus da Sida, sendo que este pode contribuir para a reconstituição das que foram destru-ídas pela infecção.

Os investigadores do National Institu-te of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), autores de um estudo publicado nos Annals of the New York Academy of Sciences lembraram que o HIV ataca o sistema de defesa do organismo ao dis-

simular-se no interior das células imuni-tárias linfocita-T.

De acordo com a investigação, durante a progressão da infecção, as células linfoci-ta-T autodestroem-se, efectuando um sui-cídio celular (denominado de apoptose) que se propaga às células ainda não afectadas. Para impedir a autodestruição das células do sistema imunitário, os investigadores testaram o papel da proteína interleucina 7 (IL-7) em amostras sanguíneas de 24 pesso-as infectadas com o HIV em diferentes fases. Este teste foi realizado com recurso a uma forte concentração de moléculas IL-7.

O sangue dos doentes tratado com a molécula IL-7 mostrou uma redução de apoptose e uma diminuição dos marca-dores moleculares da infecção, levando a um reforço do sistema imunitário. Os efeitos do IL-7 variaram em função do grau de avanço da infecção, mas os re-sultados indicam que a molécula pode ser utilizada como um anti-retroviral para reconstituir as células imunitárias danificadas pelo vírus da Sida, concluem os cientistas.

In Annals of the New York Academy of Sciences

Internacional em Revista

Page 121: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

121.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

PESSOAS COM DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS CORREMMAIS RISCOS DE DOENÇASCARDIOVASCULARESUm estudo britânico afirma que as pesso-as que sofrem de distúrbios psiquiátricos graves correm mais riscos de morrer de doenças cardiovasculares do que o resto da população. Ao contrário, os riscos de desenvolver um cancro não aumentam, se-gundo verificaram os autores do trabalho publicado na edição de Fevereiro dos Archi-ves of General Psychiatry.

A investigação realizada na Grã-Bretanha refere que os efeitos secundários dos an-tipsicóticos bem como do tabagismo, do modo de vida e da pobreza contribuem fre-quentemente para a deterioração da saúde deste grupo de pessoas.

De acordo com o estudo, as pessoas que sofrem de Doenças Mentais graves, com idades entre os 18 e os 49 anos, têm 3,22 vezes mais riscos de morrer vítimas de uma doença cardíaca e 2,53 vezes mais riscos de morrer de AVC, do que as pessoas que não sofrem deste tipo de perturbações.

No estudo participaram 46.136 pessoas que so-friam de diferentes perturbações psiquiátricas, nomeadamente esquizofrénicos e maníaco-de-pressivos, e 300.426 pessoas que não apresen-tavam qualquer tipo de problemas mentais.

Os investigadores compararam as taxas de

mortalidade devida a doenças cardíacas e aos sete tipos de cancro mais frequentes na Grã-Bretanha (cancro das vias respira-tórias, da mama, da próstata, do estômago, do esófago, do pâncreas e colo-rectal).

In Archives of General Psychiatry

VITAMINA D REDUZ RISCOS DE DOIS TIPOS DE CANCROCancro da Mama e Cancro Colorrectal são duas patologias que a vitamina D pode aju-dar a reduzir. Até 50 por cento reduz o risco de Cancro da Mama e mais de 66 por cento o de contrair Cancro Colorrectal, segundo concluem dois estudos publicados no “Jour-nal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology” e no “American Journal of Preven-tive Medicine”.

Os investigadores acompanharam 1.750 pessoas com Cancro da Mama submetidas a doses diferentes da vitamina D. Esta inves-

tigação, liderada por investigadores do Mo-ores Cancer Center da Universidade da Ca-lifórnia, San Diego (UCSD) Medical Centre, EUA, mostrou que indivíduos que apresen-tavam uma maior concentração de vitamina D no sangue (52 nanogramas por mililitro de sangue) correm menos riscos de desenvol-ver Cancro da Mama.

Cedric Garland, um dos autores do estudo, afirma que “pode reduzir-se em 50 por cento o risco de Cancro da Mama através do con-sumo diário de duas mil unidades interna-cionais de vitamina D (ou seja uma concen-tração de 46 nanogramas por mililitros de

sangue), acompanhado de 10 a 15 minutos de exposição solar diária”.

Outra investigação, publicada pelo “American Journal of Preventive Medicine” revela os re-sultados de uma análise idêntica feita a 1.448 pessoas com o objectivo de medir os efeitos da vitamina D no risco de Cancro Colorrectal. Edward Gorham, um dos autores do estudo, afirma que “aumentando a dose de vitamina D absorvida diariamente de 13 para 34 nano-gramas por mililitro, a incidência do Cancro Colorrectal seria reduzida a metade”.

In American Journal of Preventive Medicine

Internacional em RevistaInternacional em Revista

Page 122: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

122. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

desde a instalação dos primeiros aparelhos em Portugal em 1879 - à sigla “T.S.F.”, apor-tuguesando para “Telefonia Sem Fios”. Os técnicos ainda usaram durante algum tem-po a palavra “radiotelefonia”.

O primeiro contrato para a transmissão de mensagens em sistema TSF (tele-grafia sem fios) seria firmado em 1912 entre o governo português e a empresa estrangeira, a Marconi’s Wireless Tele-graph Company Limited. Este contrato preconizava o fornecimento de postos de TSF para Lisboa, Porto, Açores, Madeira e Cabo Verde. Mas, o advento do primei-

DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA

(UNESCO)

Celebra-se a 21 de Fevereiro o Dia Intern-cional da Língua Materna. Proclamado pela Conferência Geral da UNESCO em Novem-bro de 1999, que mostra, assim, a sua forte dedicação e empenho na contribuição para preservação da herança linguística mundial contra as forças de globalização imposta que não respeitam os indivíduos, nem a suas línguas e culturas.

O dia foi instituído pela UNESCO para dar vi-sibilidade à diversidade linguística e cultural da humanidade e promover a sua salvaguar-da, passou entre nós quase despercebido.

“A Línguas Maternas são únicas porque mar-cam os seres humanos desde o seu nasci-mento, dando-lhes sobre o mundo um olhar singular que nunca se extingue, independen-temente do número de línguas que se venha a adquirir posteriormente. Aprender línguas de outros é uma maneira de percepcionar o mundo de diferentes formas, fazer-lhe ou-tras aproximações”, disse o Director Geral da

Unesco, Koitiro MatÐra, que acrescentou, por ocasião das celebrações desta data, em 2004, que “somos um movimento pela defesa da diversidade linguística. Os esperantistas pre-tendem conservar todas as línguas maternas e propõem o uso do esperanto nas relações internacionais como uma forma de comuni-car neutralmente sem a imposição da visão do mundo de outrem. Por isso o movimento esperantista festeja com a UNESCO o Dia In-ternacional da Língua Materna”.

21 de Fevereiro de 1999

CURIOSIDADES

A TELEGRAFIA SEM FIOS É INTRODUZIDA

EM PORTUGAL

O nome telegrafia sem fios deriva do inglês wireless telegraphy e era o nome dado para as comunicações por ondas electromag-néticas em código morse. Na América esta expressão foi usada até 1910, mas depois desta data a designação oficial passou a ser rádio.

Em Portugal utilizou-se os termos Radiote-legrafia, Telegrafia Sem Fios e T.S.F., e quan-do a “fonia” (palavra ou música) substituiu a “grafia” (código Morse) os portugueses adaptaram a palavra “telephone” - já usada

ro conflito mundial atrasou os trabalhos, que só foram retomados em 1922. Novas estações são acrescentadas às anterio-res, de modo a incluir Angola e Moçam-bique, garantindo acordos especiais para alargar a rede a Macau, Índia e Timor.

Para além da TSF, à Marconi’s seria conce-dida autorização para operar em telefonia. Em 1925 processa-se a criação da Compa-nhia Portuguesa Rádio Marconi, a partir da empresa anterior, introduzindo um novo sis-tema para as comunicações directas a longa distância, e no final do ano seguinte entram em actividade as primeiras estações.

22 de Fevereiro de 1912

Estimam-se em quase seis mil as línguas faladas no mundo, mas cerca de metade está à beira da extinção. Neste contexto, a UNESCO propõe que a Internet contribua para a recuperação das línguas ameaça-das.

Assinale-se que o português não faz parte deste conjunto, dado que se crê ocupar a 6ª posição na lista dos idiomas mais falados no mundo.

Page 123: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

123.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA EM TERRITÓRIO

PORTUGUÊS

A escravatura existiu, em toda a parte do mundo, desde a pré-história. Portugal foi dos primeiros países europeus a abolir a escravatura, começando por publicar uma série de decretos restritivos a essa prática desde o século XV, e a partir do início do sé-culo XVII tomou a fundo o desejo de abolir tal tráfico. No dia 5 de Julho de 1856, aboliu a escravidão em zonas de Angola, Cabinda e Macau. A 18 de Julho do mesmo ano a nova lei concedeu alforria a todos os escravos que desembarcassem em Portugal, Açores, Ma-deira, Índia e Macau. Em 25 de Abril de 1858, data do casamento de D.Pedro V, um novo decreto determinava que a escravatura e a escravidão acabassem em todo o território português em 1878, mas o tráfico de escra-vos tinha sido definitivamente encerrado em 1869.

O século XIX assistiu à abolição da es-cravatura numa série de países e a luta contra a discriminação racial tem envol-vido personalidades tão destacadas como Martin Luther King e Nelson Mandela,

registando progressos significativos. O racismo vai contra os princípios da Decla-ração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que afirma a igualdade de todas as pessoas.

23 de Fevereiro de 1889

CURIOSIDADES

SONDA NORTE-AMERICANA ENTRA EM ÓRBITA

DO ASTERÓIDE EROS

Deste dia a sonda Near Earth Asteroid Ren-dezvouz – Shoemaker entrou em órbita do asteróide Eros.

O cientista australiano da Universidade de Melbourne, Robert Foot, e o seu colega da Universidade de Amesterdão, Saibal Mitra, acreditam que o asteróide Eros pode conter evidências da existência de um Universo pa-ralelo.

Na opinião destes especialistas e segundo observações feitas em imagens detalhadas do asteróide Eros, conseguidas pela sonda espacial Near-Shoemaker, o mesmo pode ter sido dividido pela chamada mirror mat-ter (matéria espelho, traduzindo o termo). É considerada um reflexo da matéria que co-

14 de Fevereiro de 2000

nhecemos com partículas necessárias para garantir o equilíbrio do Universo.

Robert Foot acredita que a mirror matter foi criada em grandes quantidades quando da origem do Universo com o Big Band, e se en-contra ao nosso redor mas sem ser possível de ser visualizada. Apesar disso, o cientis-ta pensa ter encontrado evidências que ela existe e está bem próxima de nós, e tem um efeito passível de ser medido através das nossas sondas espaciais.

A teoria da mirror matter não é credível por alguns cientistas, mas algumas experiên-cias estão a ser realizadas para comprovar sua existência.

Com a forma de uma batata, este asteróide possui um comprimento de 33 km e 13 km

de largura. As primeiras análises da sonda revelaram que o asteróide Eros não é uma rocha qualquer. A sua densidade é de 2.4 gramas por centrímetro cúbico, valor esse muito semelhante ao da crosta terrestre.

O grande número de crateras na superfície de Eros e a sua densidade revelam que este é um asteróide bastante antigo. A existência de ranhuras e sulcos nas crateras apontam para uma formação única dos níveis inferio-res da superfície. Estes dados poderão indi-car que o asteróide pertenceu a um corpo muito maior no passado.

Um dos instrumentos da sonda detectou uma composição mineral não homogénea na su-perfície do asteróide. Todos os minerais desco-bertos são também encontrados vulgarmente na Terra, na Lua, em Marte e nos meteoritos.

Page 124: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

124. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

NASCE CHARLES DARWIN

Nesta data nascia Charles Robert Dar-win, o naturalista britânico que iniciou os estudos de Medicina e de Teologia, mas em 1831, depois de aprender bastante de Botânica, Entomologia e Geologia, foi re-comendado para uma expedição científica a bordo do Beagle.

A volta ao mundo do Beagle durou cinco anos, durante os quais Darwin formou a sua colecção de naturalista, acumulou observações práticas e modificou os pos-

INVENÇÃO DO VOLEIBOL

O voleibol foi criado nos Estados Unidos pelo director de educação física da ACM (Asso-ciação Cristã de Moços de Massachusetts) William George Morgan. O objectivo era criar um desporto sem contacto físico entre os jo-gadores. Desta forma, ele pretendia oferecer às pessoas (principalmente aos mais velhos) um desporto em que as lesões físicas, pro-vocadas por choques entre pessoas, seriam raras.

Inicialmente o desporto jogava-se com uma câmara numa bola de basquetebol e era cha-mado Mintonette, mas rapidamente ganhou popularidade com o nome de volleyball.

Em 1947 foi fundada a Fédération Internationa-le de Volleyball (FIVB). Dois anos mais tarde, foi realizado o primeiro Campeonato Mundial da modalidade, apenas para homens; em 1952, o evento foi estendido também ao voleibol femi-nino. Em 1964 o voleibol passou a fazer parte

9 de Fevereiro de 1895

CURIOSIDADES

tulados teóricos básicos da ciência bioló-gica da época.

Aquando do seu regresso a Inglaterra, aos 27 anos, Darwin decidiu dedicar a sua vida à ciência. Em 1842, com a herança paterna, retira-se para uma casa no cam-po, onde vive consagrado ao estudo até à morte.

O naturalista britânico alcançou a fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma te-oria para explicar como ela se dá através da selecção natural e sexual. Esta teoria desenvolveu-se no que é actualmente considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na bio-logia.

O inglês foi o responsável pela teoria da evolução, que se difundiu no século XIX.

Através de um conjunto de observações, o cientista chegou à conclusão que os indi-víduos de uma mesma espécie são idênti-cos, mas apresentam ligeiras diferenças (por exemplo, alguns são maiores, outros têm cores diferentes, etc.). Os filhos são idênticos aos pais, ao que ele conclui que

as características dos pais são frequente-mente herdadas.

Segundo Darwin nem todos os membros de uma nova geração conseguem crescer e reproduzir-se, acabando por morrer cedo.

Uma vez que os indivíduos acabam por ser diferentes, os que têm características que os tornam mais aptos para viver no seu ambiente têm mais possibilidades de gerar mais descendentes. Estas carac-terísticas são, assim, hereditárias, o que as torna cada vez mais frequentes com o passar das gerações, acabando por mo-dificar as características globais da es-pécie.

A este mecanismo chama-se selecção natural e através dele são eliminados os que não possuem características vanta-josas. O resultado é sempre uma melhor adaptação da espécie ao ambiente em que vive. Com o passar dos anos, uma popula-ção da mesma espécie pode ir acumulan-do diferenças sucessivas até deixar de ser possível o seu cruzamento com indivíduos de outras populações. É assim que nasce uma nova espécie.

12 de Fevereiro de 1809

do programa dos Jogos Olímpicos, tendo-se mantido até hoje. Recentemente, o voleibol de praia, uma modalidade derivada do voleibol, tem obtido grande sucesso em diversos países, nomeadamente no Brasil e nos EUA.

Nos desportos colectivos, a primeira me-dalha de ouro olímpica conquistada por um país lusófono foi obtida pela equipa mascu-lina de volley do Brasil nos jogos de 1992. A proeza repetiu-se em 2004.

Page 125: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

125. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

I BIENAL DE MATEMÁTICAE LÍNGUA PORTUGUESAA decorrer em Maputo (Moçambique), nos dias 1,2 e 3 de Março. A iniciativa é promovida pelo Instituto Superior de Ci-ências e Tecnologia de Moçambique, Ma-puto e a Universidade de Aveiro, sendo dedicada à troca de experiências no en-sino e na aprendizagem da Língua Portu-guesa e da Matemática, com recurso às tecnologias.

Esta bienal tem como objectivo apre-sentar e discutir uma plataforma para novos ambientes de aprendizagem e suas aplicações. Pretende-se dar uma visão global do estado da arte bem como promover a discussão em torno do po-tencial pedagógico e didáctico da tecno-logia para uma melhor aprendizagem. A conferência visa, sobretudo, os aspectos técnicos e pedagógicos, a inovação, as redes de aprendizagem e as comunida-des virtuais. http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5552

A não perder

MARÇO

conferências

seminários

encontros

20 ANOS DE ENGENHARIA CIVIL NO IP TOMAREncontro que reúne, no dia 3 de Março, um grupo de oradores, antigos alunos deste Curso que irão discutir temas de grande interesse no panorama nacio-nal.

Este Encontro destina-se a todos os interessados por temas de engenharia civil, estudantes e antigos alunos des-te curso do IPT, empregadores, antigos e actuais docentes desta Instituição, associações profissionais e a todos os que, directa ou indirectamente, estive-ram ligados ao curso de Engenharia Civil do IPT.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5590

“DESCENTRALIZAÇÃO/ REGIO-NALIZAÇÃO”Conferência a decorrer no dia 8 de Mar-ço, com a presença de Vital Moreira e Miguel Cadilhe, entre outras distintas personalidades.

A Sessão de Encerramento do Ciclo de Conferências comemorativo dos 30 Anos de Poder Local realizar-se-á pelas 15.30 horas, em Braga, no Campus de Gualtar, Complexo Pedagógico II, Auditório B1, e contará com a presença do Deputado da Assembleia Constituinte, Jorge Miranda e Jorge Sampaio.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5483

III ENCONTRO NACIONALDE ORIENTADORES E I ENCUENTRO INTERNACIONAL VIRTUALDias 9, 10, 11 de Março no Auditório de Zaragoza, em Espanha.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5314

Page 126: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

126. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

“ALFABETO”A decorrer até dia 22 Março, das 13h00 às 24h00, no Silo-Espaço Cultural, Nor-teshopping, em Matosinhos.

Esta é a terceira exposição de uma série de seis mostras no âmbito do projecto “Idiomas”, inserido no programa que a Fundação de Serralves, que tem vindo a ser desenvolvido para o Silo-Espaço Cul-tural. A mostra apresenta cerca de três centenas de fotografias das quais fazem parte trabalhos de 51 alunos de design de comunicação da Escola Superior de Artes e Design (ESAD) de Matosinhos, desenvol-vidos no âmbito de um projecto de ‘Intro-dução à Tipografia’ que Andrew Howard, comissário desta série de exposições, de-senvolveu enquanto professor da ESAD. http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5648

CEBIT – IRC FUTURE MATCHA rede Innovation Relay Centres organiza mais uma edição do IRC Future Match, uma Bolsa de Contactos no âmbito da feira internacional CeBIT em Hannover, de 15 a 19 de Março. O objectivo deste brokerage é criar novas formas de co-operação, promover a transferência de tecnologia e Know-how de forma a criar novas oportunidades de negócio.

O IRC Future Match 2007 reúne per-fis tecnológicos (ofertas e procuras) de empresas de toda a Europa e divulga-os num catálogo online onde as empresas podem seleccionar os parceiros que mais lhe interessam para realizar reuniões in-dividuais durante o evento. http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5646

conferências_seminários_encontros A não perder

FIRST INTERNATIONALWORKSHOP ON ENABLINGRELIABLE AND AGILECROSS-ENTERPRISE INTEROPERABLE SYSTEMSMOVING STANDARDS FORWARD FOR IMPACT IN THE GLOBALINDUSTRIAL ENVIRONMENTDia 27 de Março na Ilha da Madeira.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5599

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL MATERIAIS 2007– 13th CONFERENCE OF SOCIEDADE PORTU-

GUESA DE MATERIAIS, IV INTERNATIONAL

MATERIALS CONFERENCE SYMPOSIUM

– A MATERIALS SCIENCE FORUM: “GLOBAL

MATERIALS FOR THE XXI CENTURY: CHAL-

LENGES TO ACADEMIA AND INDUSTRY”

De 1 e 4 de Abril na Faculdade de Enge-nharia da Universidade do Porto (FEUP).A conferência, que aborda 20 temas na área dos materiais e vai reunir mais de 400 investigadores nacionais e estrangei-ros, representando 35 países, tem os in-vestigadores do INEGI, Engenheiros Jor-ge Lino e Monteiro Baptista na Comissão Organizadora presidida pelo Professor Torres Marques, também ele investiga-dor do Instituto e docente na FEUP.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5628

ENCONTRO DE PRIMAVERA2007 DA APEP – O ESTADODA ARTE DA ECOLOGIADA PAISAGEM EM PORTUGALDias 23 e 24 de Março no Auditório da Esco-la Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESA-IPCB), em Castelo Branco. O evento é organizado pela Escola em conjunto com a Associação Portuguesa de Ecologia da Paisagem e pretende abor-dar o tema “O Estado da Arte da Ecologia da Paisagem em Portugal”.

A inscrição é gratuita para os sócios da APEP com as cotas regularizadas. Para os restantes participantes o valor da inscrição é de 20 euros, sendo a data limite par ao fazer dia 16 de Março. O número de inscritos é limitado. http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5656

2.O ENCONTRO NACIONALDA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL - APPEDe 16 e 17 de Março no Anfiteatro Central da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5638

6.O ENCONTRO DA DIVISÃODE QUÍMICA ANALÍTICA(ANALITICA’07)De 29 a 30 de Março no Centro de Congres-sos do Instituto Superior Técnico (UTL).http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5127

Page 127: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

127.Fevereiro 2007 | Munduswww.cienciapt.net/mundus

UNEQUAL CENTROSOMEBEHAVIOUR IN ASYMETRICALLY DIVIDING NEURAL STEMCELLSDia 9 Março no IBMC-INEB, com Elena Rebollo, Institute for Research in Bio-medicine (IRB), Cell Division Laboratory Josep Samitier, Spain.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5531

EXPOSIÇÃO “ALFABETOE TABUADA - O CONTO MATEMÁTICO SILVADO DOCE”Até 31 de Março na Sala Estúdio A do CIFOP, das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 16h.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5621

FORMAÇÃO PARA PROJECTISTAS – NOVO REGULAMENTODAS CARACTERÍSTICASDE COMPORTAMENTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS (RCCTE)Dias 19, 20, 21 e 26 de Março.

A Unave, em colaboração com o De-partamento de Engenharia Civil da

XII ENCONTRO NACIONALDE SOCIOLOGIA (ENSIOT)Cidadania e empregabilidade: as novas paisagens socioprofissionais, em debate nos dias 27 e 28 de Março na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5587

Universidade de Aveiro, vai realizar o curso “Formação para Projectistas – Novo Regulamento das Caracterís-ticas de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE)”. As inscrições es-tão abertas até ao próximo dia 11 de Março. http://www.cienciapt.net/congressos-desc.asp?id=5618

Page 128: 20070223mariolaima.dk/site/evora/mundus_170207.pdf · 2008. 12. 13. · Muitos portugueses sairam do nosso país na década de 60 e 70 à pro-cura de melhores condições de vida.Hoje

128. www.cienciapt.net/mundusFevereiro 2007 | Mundus

MARÇO

A mulher na ciência

NA

PR

ÓXI

MA

ED

IÇÃ

O