2006-recurso do stj em favor da optometrista maria inês

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  • 8/8/2019 2006-Recurso do STJ em favor da Optometrista Maria Ins

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    Superior Tribunal de Justia

    RECURSO ESPECIAL N 852.881 - RS (2006/0112805-5)RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Trata-se de recursoespecial interposto por MARIA INS MDICI CARVALHOcom fulcro no art. 105, inciso

    III, alneas "a", "b" e "c" da Carta Maior, no intuito de ver reformado acrdo prolatado pelo

    Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul, assim ementado:

    " APELAO CVEL. CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO EPROCESSUAL CIVIL. ALVAR SANITRIO PARA EXERCCIO DA PROFISSO DEOPTOMETRISTA. INDEFERIMENTO. MANDADODE SEGURANA. NEGADA A SEGURANA PELA ORIGEM.

    INEXISTNCIA DE LEGISLAO SOBREA PROFISSO DEOPTOMETRISTA. NO REGULAMENTAO. DIREITO LQUIDO ECERTO NO CONFIGURADO. ILEGALIDADE OU ABUSO DE

    PODER NO CONFIGURADOS. NOPROVIMENTO.PRECEDNETES DA CMARA.Diante da inexistncia de lei regulamentadora da profisso deOptometrista e, sendo da Unio a competncia privativa de legislarsobre condies para o exerccio de profisses, nos termos do quedispe o artigo 22, XVI, da Constituio Federal, no se verificaato abusivo da Autoridade Administrativa em indeferir pedido dealvar sanitrio. Inexistncia de direito lquido e certo que dosuporte ao mandamental.Apelao no provida.

    Noticiam os autos que MARIA INS MDICI CARVALHO impetrou

    Mandado de Segurana, com pedido liminar, contra ato dos Coordenadores de Vigilncia

    Sanitria da Secretaria de Sade e Meio Ambiente do Municpio de Bag/RS e a 7

    Coordenadoria de Sade do Rio Grande do Sul, que lhe negaram concesso de alvar para o

    desempenho da atividade de optometrista, sob o fundamento de que no existia le i

    regulamentando o exerccio da referida profisso, constitucionalmente assegurado. Ao final,requereu a concesso da ordem, para que fosse determinado autoridade coatora a expedio

    de alvar de licena sanitrio para o exerccio regular da atividade de optometria.

    O juzo a quo, s fls. 90/95, julgou improcedente o pedido, denegando a

    segurana pleiteada porque, "no se verifica a existncia de direito lquido e certo a amparar a

    pretenso da impetrante, porquanto no h regulamentao acerca do exerccio da profisso de

    optometrista, tornando-se at mesmo temerria a outorga da tutela almejada sem critrios

    previamente definidos em le i ".

    Inconformada, a impetrante interps recurso de apelao (fls. 99/104), na qual

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    Superior Tribunal de Justia

    limitou-se a apontar violao aos artigos 1 , IV, 5 XIII e 170 da Constituio Federal, porquanto

    "a falta de le i que regulamente a especializao profissional da impetrante no encontra razo

    bastante para indeferir indiretamente o exerccio profissional j que a Constituio Federalgarante o livre exerccio profissional."

    Por sua vez, a Corte de origem negou provimento apelao, nos termos da

    ementa supratranscrita, ao fundamento da ausncia de direito lquido e certo do impetrante ou

    abuso de poder a embasar a ao mandamental,verbis :

    "No prospera a insurgncia vertida na apelao.Efetivamente, e na extenso em que no merece qualquer reparo abem lanada sentena proferida pelo Dr. RICARDO PEREIRA DE

    PEREIRA (fls. 90-95), que bem apreciou a ao mandamental e,corretamente, fundamentou pela denegao da segurana .E assim porque, como bem assinala a origem, a alegao deviolao ao direito lquido e certo da impetrante no restoucomprovada, uma vez que o mandado de segurana ao decognio sumria e a comprovao do direito invocado deve virpreviamente constituda juntamente com a inicial, fatores que aquino se fazem presentes."

    Nas razes do recurso especial, a recorrente aponta violao ao artigo 5 , inciso

    XIII da Constituio Federal, ao fundamento de que " livre o exerccio de qualquer trabalho ou

    profisso". Alega violao ao Decreto n 20.931/32, uma vez reconhecer a existncia da

    profisso de Optometrista, no havendo no sistema jurdico brasileiro qualquer vedao ao

    exerccio profissional da profisso em tela. Por fim, aponta divergncia jurisprudencial com o

    Acrdo n 70010806388, proferido pela 21 Cmara Cvel do Tribunal de Justia do Rio Grande

    do Sul.

    Foram apresentadas contra-razes s fls. 178/186.

    Exercido juzo de admissibilidade positivo na Corte de origem, que apontou o MS9469/DF como paradigma hbil a desafiar a discusso perante o STJ, os autos ascenderam a este

    Tribunal Superior.

    Relatados, decido.

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    Superior Tribunal de Justia

    RECURSO ESPECIAL N 852.881 - RS (2006/0112805-5)

    EMENTA

    PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DESEGURANA. PROFISSIONAL DA OPTOMETRIA.RECONHECIMENTO PELO MINISTRIO DA EDUCAO.PRECEDENTE/STJ. LEGITIMIDADE DO ATO. EXPEDIODE ALVAR. DIREITO GARANTIDO SE PREENCHIDOS OSREQUISITOS SANITRIOS ESTIPULADOS NA LEGISLAOESPECFICA. VALORIZAO DO TRABALHO HUMANO E ALIBERDADE PROFISSIONAL. PRINCPIOSCONSTITUCIONAIS.1. A valorizao do trabalho humano e a liberdade profissional so

    princpios constitucionais que, por si ss, mngua de regulaocomplementar, e luz da exegese ps-positivista admitem o exerccio dequalquer atividade laborativa lcita.2. O Brasil um Estado Democrtico de Direito fundado, dentre outrosvalores, na dignidade e na valorizao do trabalho humanos. Essesprincpios, consoante os ps-positivistas, influem na exegese da legislaoinfraconstitucional, porquanto em torno deles gravita todo o ordenamento

    jurdico, composto por normas inferiores que provm destas normasqualificadas como soem ser as regras principiolgicas.3. A constitucionalizao da valorizao do trabalho humano importa quesejam tomadas medidas adequadas a fim de que metas como busca do

    pleno emprego (explicitamente consagrada no art. 170, VIII), distribuioeqitativa e justa da renda e ampliao do acesso a bens e servios sejamalcanadas. Alm disso, valorizar o trabalho humano, conforme o preceitoconstitucional, significa defender condies humanas de trabalho, alm dese preconizar por justa remunerao e defender o trabalho de abusos que ocapital possa dessarazoadamente proporcionar. ( Leonardo Raupp

    Bocorny, In "A Valorizao do Trabalho Humano no EstadoDemocrtico de Direito, Editora Sergio Antonio Fabris Editor, PortoAlegre/2003, pginas 72/73).4. Consectariamente, nas questes inerentes inscrio nos ConselhosProfissionais, esses cnones devem informar a atuao dos aplicadores doDireito, mxime porque dessa legitimao profissional exsurge apossibilidade do trabalho, valorizado constitucionalmente.5. O contedo das atividades do optometrista est descrito na ClassificaoBrasileira de Ocupaes - CBO, editada pelo Ministrio do Trabalho eEmprego (Portaria n. 397, de 09.10.2002).6. O art. 3 do Decreto n 20.931, de 11.1.1932, que regula a profisso deoptometrista, est em vigor porquanto o ato normativo superveniente queos revogou (art. 4 do Decreto n. 99.678/90) foi suspenso pelo STF naADIn 533-2/MC, por vcio de inconstitucionalidade formal.7.Reconhecida a existncia da profisso e no havendo dvida

    quando legitimidade do seu exerccio (pelo menos em certo campode atividades), nada impede a existncia de um curso prprio de

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    Superior Tribunal de Justia

    formao profissional de optometrista. (MS 9469/DF, Rel. MinistroTEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEO, julgado em10.08.2005, DJ 05.09.2005)8. A competncia da vigilncia sanitria limita-se apenas anlise acerca

    da existncia de habilitao e/ou capacidade legal do profissional da sadee do respeito legislao sanitria, objeto, in casu , de fiscalizao estaduale/ou municipal.9. O optometrista, todavia, no resta habilitado para os misteres mdicos,como so as atividades de diagnosticar e tratar doenas relativas ao globoocular, sob qualquer forma.10. O curso universitrio que est dimensionado, em sua durao e forma,para o exerccio da oftamologia, a medicina, nos termos da legislao emvigor (Celso Ribeiro Bastos, In artigo "Da Criao e Regulamentao deProfisses e Cursos Superiores: o Caso dos Oftalmologistas,

    Optomestristas e pticos Prticos", Estudos e Pareceres, Revista deDireito Constitucional e Internacional, n 34, ano 9 -janeiro-maro de 2001,RT, pg. 257).11. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem,embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre aquesto posta nos autos. Ademais, o magistrado no est obrigado arebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que osfundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a deciso.12. Recurso Especial provido, para o fim de expedio do alvar sanitrioadmitindo o ofcio da optometria.

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Conheo do Recurso

    Especial ante o preenchimento do requisito formal do prequestionamento da matria federal

    apontada por violada.

    O Relator do Tribunal de origem, s fls. 140, destacou excerto do parecer do

    Ministrio Pblico Estadual, o qual se fundamentou, dentre outros argumentos, no Decreto

    20.931/31, in verbis:Nesta contingncia, no h como pretender que a vigilnciasanitria fornea o alvar pleiteado, rememorando que o Decreto20.931/31, em seu art. 38, probe, categoricamente, a instalao deconsultrio pelos optometristas.

    In casu, a impetrante, bacharel em Tecnloga em Optometria pela Universidade

    Luterana do Brasil, curso reconhecido pelo MEC (Portaria 2.948 - DOU 21/10/03) impetrou

    mandado de segurana com fins de garantir a expedio de alvar de licena sanitrio para

    exerccio da referida profisso, o qual lhe restou negado pelas autoridades coatoras aofundamento de que a profisso de optometrista no encontrar-se-ia regulamentada.Documento: 4159705 - RELATRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Pgina 4de 15

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    Contudo, tendo sido criado o curso de optometria, com o devido reconhecimento

    oficial do Ministrio da Educao, garante-se, por conseguinte, a expedio e registro do diploma

    aos alunos que tenham cumprido na sua integralidade o currculo universitrio, ainda que

    posteriormente o curso venha a ser desativado ou a instituio descredenciada (art. 37 do

    Decreto n. 3.860/2001).

    A profisso de optometrista est prevista em nosso direito desde 1932, consoante

    se extrai do art. 3 do Decreto 20.931/32, litteris :

    "Art. 3 - Os optometristas , prticos de farmcia, massagistas educhistas esto tambm sujeitos fiscalizao, spodendo exercera profisso respectiva se provarem a sua habilitao, a juzo da

    autoridade sanitria".

    O prprio artigo 38 do supracitado Decreto, ao proibir aos optometristas

    certas prticas, reconhece, de forma indireta, no apenas a existncia da profisso, como

    tambm a legitimidade do exerccio das demais atividades no includas na proibio, verbis :

    "Art. 38 - terminantemente proibido aos enfermeiros, massagistas,optometristas e ortopedistas a instalao de consultrios paraatender clientes, devendo o material aencontrado serapreendido e

    remetido para o depsito pblico, onde ser vendido judicialmentea requerimento da Procuradoria dos leitos da Sade Pblica e aquem a autoridade competente oficiar nesse sentido. O produto doleilo judicial ser recolhido ao Tesouro, pelo mesmo processo queas multas sanitrias."

    A profisso de optometrista est, atualmente, prevista e descrita na

    Classificao Brasileira de Ocupaes - CBO, editada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego -

    MTE (Portaria n. 397, de 09.10.2002), em cujo item 3223, arrola-se como de sua especialidade:

    "A -REALIZAR EXAMES OPTOMTRICOS1. Fazer anamnese; 2.Medir acuidade visual; 3.Analisar estruturasexternas e internas do olho; 4. Mensurar estruturas externas einternas do olho; 5. Medir crnea (queratonometria, paquimetria etopografia); 6. Avaliar fundo do olho (oftomoscopia); 7. Medir

    presso intraocular(tonometria); 8. Identificar deficincias eanomalias visuais; 9. Encaminhar casos patolgicos a mdicos; 10. Realizar testes motores e sensoriais; 11. Realizar examescomplementares; 12. Prescrever compensao ptica; 14. Recomendar auxlios pticos; 15. Realizarpercias optomtricas em

    auxlios pticos.B - ADAPTAR LENTESDE CONTATO.

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    1. Fazer avaliao lacrimal; 2. Definir tipo de lente; 3. Calcularparmetros das lentes; 4. Selecionar lentes de teste; 5. Colocarlentes de teste no olho; 6. Combinar uso de lentes (sobre-refrao);7. Avaliar teste; 8. Retocar lentes de contato; 9. Recomendar

    produtos de assepsia; 10. Executar revises de controle.C - CONFECCIONAR LENTES 1. Interpretar ordem de servio; 2. Fundir materiais orgnicos eminerais; 3. Escolher materiais orgnicos e minerais; 4. Separarinsumos e ferramentas; 5. Projetar lentes (curvas, espessura,prismas); 6. Blocar materiais orgnicos e minerais; 7. Usinarmateriais orgnicos e minerais; 8. Dar acabamento s lentes; 9.

    Adicionar tratamento as lentes (endurecimento, anti-reflexo,colorao, hidratao e filtros); 10. Aferir lentes; 11. Retificarlentes.

    (omissis)F- PROMOVER EDUCAO EM SADE VISUAL1. Assessorar rgos pblicos na promoo da sade visual; 2.

    Ministrar palestras e cursos;3. Promover campanhas de sadevisual; 4. Promover a reeducao visual; 5. Formar gruposmultiplicadores de educao em sade visual.G - VENDER PRODUTOS E SERVIOS PTICOS EOPTOMTRICOS.1. Detectar necessidades do cliente; 2. Interpretar prescrio; 3.

    Assistir cliente na escolha de armaes e culos solares; 4. Indicartipos de lentes; 5. Coletar medidas complementares; 6. Aviar

    prescries de especialistas; 7. Ajustar culos em rosto de cliente;8. Consertar auxlios pticos.H- GERENCIAR ESTABELECIMENTO1. Organizar local de trabalho; 2. Gerir recursos humanos; 3.Preparar ordem de servio; 4. Gerenciar compras e vendas; 5.Controlar estoque de mercadorias e materiais; 6. Controlar estoquede mercadorias e materiais; 6. Controlar qualidade de produtos eservios; 7. Administrar finanas; 8. Providenciar manuteno doestabelecimento.Y. COMUNICAR-SE1. Manter registros de cliente; 2. Enviar ordem de servio a

    laboratrio; 3. Orientar cliente sobre o uso e conservao deauxlios pticos; 4. Orientar famlia do cliente; 5. Emitir laudos e

    pareceres; 6. Orientar a ergonomia da viso; 7. Solicitar exames epareceres de outros especialistas.6) RECURSOS DETRABALHOQueratmetro; Mquinas surfaadoras; Lmpada de burton;Filtros e Feltro; Lmpada defenda (biomicroscpio); Produtos paraassepsia abrasivos; Retinoscpio; Lensmetro; Refrator;Oftalmoscpio (direto-indireto); Pupilmetro; Topgrafo; Caixasde prova e armao para auxlios pticos; Calibradores; Alicates;chaves de fenda; Mquinas para montagem; Tabela de Projetor deOpttipos; Torno; Tonmetro; Corantes e fluoescena; SoventesPolidores e lixas; Forptero, Espessmetro, Moldes e modelos Ttmus

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    Resinas".

    A negativa de expedio de alvar sanitrio pela autoridade coatora

    fundamentou-se na premissa de que a atividade de optometrista no estaria regulamentada noordenamento ptrio.

    Contudo, no h dvida acerca da legitimidade do exerccio das atividades

    supracitadas, algumas das quais, alis, confundem-se com as de tico, j previstas no art. 9 do

    Decreto 24.492/34.

    Ademais, a valorizao do trabalho humano e a liberdade profissional so

    princpios constitucionais que, por si ss, mngua de regulao complementar, e luz da

    exegese ps-positivista admitem o exerccio de qualquer atividade laborativa lcita.

    O Brasil um Estado Democrtico de Direito fundado, dentre outros valores, na

    dignidade e na valorizao do trabalho humanos. Esses princpios, consoante os ps-positivistas,

    influem na exegese da legislao infraconstitucional, porquanto em torno deles gravita todo o

    ordenamento jurdico, composto por normas inferiores que provm destas normas qualificadas

    como soem ser as regras principiolgicas.

    Consectariamente, nas questes inerentes inscrio nos Conselhos Profissionais,

    esses cnones devem informar a atuao dos aplicadores do Direito, mxime porque dessalegitimao profissional exsurge a possibilidade do trabalho, valorizado constitucionalmente.

    Por sua vez, cite-se a oportuna lio,que ora se transcreve, verbis :

    "A ordem democrtica brasileira permitiu que diversas expectativasfossem consagradas no texto constitucional. Uma delas foi a deestabelecer a valorizao do trabalho, que, de forma definitiva,conferiu tratamento distinto ao capital e ao trabalho.

    O trabalho , conforme a experincia, um valor moral aceito pelassociedades contemporneas e possui em dupla funo: primeiro, uma das forma de se revelar e se atingir o ideal dedignidade

    humana, alm de promover a insero social; segundo, elementoeconmico indispensvel, direta ou indiretamente, para que haja

    crescimento. Trata-se de percepes que somente a evoluocultural e cientfica da humanidade permitiu ao cidado modernoter, isto , demandaram um complexo processo histrico a fim deque o trabalho fosse admitido e aceito como fator deprogressosocial. Assim, so fruto de um grau de conscincia suficientementeevoludo de uma comunidade, na medida em que ela percebe a

    importncia desse valor e das ameaas a que est sujeito.Valores morais, por terem ntido carter subjetivo, demandam

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    muitas vezes que, uma vez compartilhados pela sociedade, sejamelevados e protegidos em forma de garantias jurdicas,principalmente quando tiverem, de acordo com o nvel cultural dacoletividade, significativa relevncia para o seu desenvolvimento

    social. Gnther esclarece que exatamente no momento em quenormas morais passam a integrar o direito que se precisa de umdiscurso de justificao, a fim de que possam eficazmente atingir ameta de universalizao.Dessa maneira, o trabalho ganha importncia (social, econmica,poltica) e, por isso, precisa das garantias jurdicas necessrias.Nas sociedades democrticas, possvel a existncia de taisgarantias, na medida em que se elejam princpios os quais oscidados entendem como importantes para o seu desenvolvimento.V-se nesse momento, com clareza, a concretizao da integridade

    do Direito defendida por Dworkin. Passado efuturo so igualmenteimportantes para que se compreenda melhor o presente e, por isso,conferem unidade e coerncia ao sistema poltico-jurdico vigente.O princpio da valorizao do trabalho, agora elevado a status

    constitucional, determina que o desenvolvimento seja orientado nasduas perspectivas j explicadas: social e econmica. Pretende-se assim evitar os abusos cometidos no passado e buscar a construode uma sociedade mais justa, fraterna, tal como o objetivo dasdemocrticas contemporneas. importante a compreenso de que a noo de trabalho (e suavalorizao), portanto, possui um momento anterior ao de

    constitucionalizao, em que a promoo do trabalho compreendida conforme um valor moral e, por isso, nem sempre

    possui o nvel de coero e fora suficiente para se realizar, e ummomento posterior ao da constitucionalizao. neste instante que

    se observa a atuao do Direito, que garante a coero necessriapara que a norma moralseja levada a cabo pelo Estado e pelasociedade. No se trata, portanto de uma norma inerte, e que simplesmente satisfaz um ideal de parcela da populao. Pelocontrrio, aconstitucionalizao da valorizao do trabalho humanoimporta que sejam tomadas medidas adequadasafim de que metas

    como busca do pleno emprego (explicitamente consagrada no art.170, VIII), distribuio eqitativa e justa da renda e ampliao do

    acesso a bens e servios sejam alcanadas. Alm disso, valorizar o trabalho humano, conforme o preceito constitucional, significadefender condies humanas de trabalho, alm de se preconizar porjusta remunerao e defender o trabalho de abusos que o capitalpossa dessarazoadamente proporcionar.(...)O princpio da valorizao do trabalho humano na ordemconstitucional brasileira satisfaz, segundo a tica da integridade doDireito, a um anseio democrtico e demonstra que ele, dentre

    outros, representa no ordenamento o que h de mais de importanteem termos de harmonia e convivncia social. Segundo Dworkin:

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    'Aceitamos a integridade como um ideal poltico porque queremostratar nossa comunidade poltica como uma comunidade de

    princpios e os cidados de uma comunidade de princpios no tm por nico objetivo princpios comuns, como se a uniformidade fosse

    tudo que desejassem, mas os melhores princpios comuns que apoltica seja capaz de encontrar.'A experincia histrica moderna demonstrou que o trabalho nosomente importante fator de produo, mas tambm mecanismode insero social. Alm disso, est sujeito, em certa medida, sflutuaes econmicas de dado perodo, ou 'ciclo', como preferemchamar os economistas. Entretanto, a experincia histrica tambmdemonstrou que outros fatores igualmentecondicionam as relaesde trabalho, comopoltico e jurdico. 'Nesta linha de raciocniopodemos fixar o econmico como condicionante, fixando que ao

    lado dele outros condicionantes existem e interagem no sistema.Esse conjunto de abalos em elemento to importante da sociedadecapitalista contempornea demanda que o Direito se proponha aestabelecer parmetros e medidas de variao. o que fez a

    democracia brasileira, na medida em que estabeleceu a valorizao do trabalho humano como fatorde progresso social e econmico."(Grifou-se) (Leonardo Raupp Bocorny, In "A Valorizao doTrabalho Humano no Estado Democrtico de Direito, EditoraSergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre/2003, pginas 67/74).

    O optometrista, todavia, no resta habilitado para os misteres mdicos, como so

    as atividades de diagnosticar e tratar doenas relativas ao globo ocular, sob qualquer forma.

    Deveras, o optometrista no trata de enfermidades dos olhos, no realiza cirurgias

    nem prescreve medicamentos, porque na verdade, cuida do ato visual, no do globo ocular.

    que o curso universitrio que est dimensionado, em sua durao e forma, para

    o exerccio da oftamologia, a medicina, nos termos da legislao em vigor (Celso Ribeiro

    Bastos, In artigo "Da Criao e Regulamentao de Profisses e Cursos Superiores: o Caso dosOftalmologistas, Optomestristas e pticos Prticos", Estudos e Pareceres, Revista de Direito

    Constitucional e Internacional, n 34, ano 9 -janeiro-maro de 2001, RT, pg. 257).

    Tese anloga a ora analisadaj restou enfrentada nesta Tribunal, no MS 9.769, de

    Relatoria do Ministro Teori Zavascki, assim ementada:

    ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANA. ENSINO

    SUPERIOR. CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EMOPTOMETRIA. RECONHECIMENTO PELO MINISTRIO DA

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    EDUCAO. LEGITIMIDADE DO ATO.1. A manifestao prvia do Conselho Nacional de Sade exigidaapenas para os casos de criao de cursos de graduao emmedicina, em odontologia e em psicologia (art. 27 do Decreto n.3.860/2001), no estando prevista para outros cursos superiores,ainda que da rea de sade.2. Em nosso sistema, de Constituio rgida e de supremacia dasnormas constitucionais, a inconstitucionalidade de um preceitonormativo acarreta a sua nulidade desde a origem. Assim, asuspenso ou a anulao, por vcio de inconstitucionalidade, danorma revogadora, importa o reconhecimento da vigncia, ex tunc,da norma anterior tida por revogada (RE 259.339, Min. SeplvedaPertence, DJ de 16.06.2000 e na ADIn 652/MA, Min. Celso deMello, RTJ146:461;

    art. 11, 2da Lei 9.868/99). Esto em vigor, portanto, os Decretos 20.931, de 11.1.1932 e 24.492, de 28 dejunho de 1934, queregulam a fiscalizao e o exerccio da medicina, j que o atonormativo superveniente queos revogou (art. 4 do Decreton.99.678/90) foi suspenso pelo STF na ADIn 533-2/MC, por vciodeinconstitucionalidade formal.3.A profisso de optometrista est prevista em nosso direito desde1932 (art. 3do Decreto 20.931/32). O contedo de suas atividadesest descrito na Classificao Brasileira de Ocupaes - CBO,editada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego (Portaria n. 397, de

    09.10.2002).4. Ainda que se possa questionar a legitimidade do exerccio, pelosoptometristas, de algumas daquelas atividades, porpertencerem aodomnio prprio da medicina, no h dvida quanto legitimidade

    do exerccio da maioria delas, algumas das quais se confundemcom as de tico, j previstas no art. 9do Decreto 24.492/34.5. Reconhecida a existncia da profisso e no havendo dvidaquando legitimidade do seu exerccio (pelo menos em certo campode atividades), nada impede a existncia de um curso prprio de

    formao profissional de optometrista.6. O ato atacado (Portaria n. 2.948, de 21.10.03) nada disps

    sobre as atividades do optometrista, limitando-se a reconhecer oCurso Superior de Tecnologia em Optometria, criado por entidadede ensino superior. Assim, a alegao de ilegitimidade do exerccio,

    por optometristas, de certas atividades previstas na ClassificaoBrasileira de Ocupaes matria estranha ao referido ato e, aindaque fosse procedente, noconstituiria causa suficiente paracomprometer a sua validade.7. Ordem denegada.(MS 9469/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO

    ZAVASCKI, PRIMEIRA SEO,julgado em 10.08.2005, DJ05.09.2005 p. 197)

    Por sua vez, entende-se que o ato mdico se exaure naquilo que por sua natureza

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    reconhecidamente privativo de mdico. Cite-se, por exemplo, a administrao de medicamentos

    ou a prtica cirrgica por se tratar de procedimentos invasivos, como o implante de lente

    intra-ocular, prtica que envolve no apenas conhecimentos de anatomia e fisiologia do olho, dosistema respiratrio, circulatrio, mas tambm tcnicas de procedimento cirrgico e

    ps-operatrio.

    Diversa a situao do optometrista, que apenas adapta lentes de contato, que

    no passam de rteses no invasivas, cujo objetivo final compensar opticamente as ametropias

    (miopia, hipermetropia, astigmatismo) quando se faz necessrio.

    Destaca-se que a prtica da optometria, compreende uma srie de testes visuais

    com intuito de avaliar e melhorar, quando necessrio, a performance visual do interessado.

    Neste sentido, entendo que o profissional em Optometria que lida com a sade

    visual, poder identificar, diagnosticar, corrigir e prescrever solues pticas, excetuadas aquelas

    exclusivas dos mdicos oftamolgista que alm destas poder tratar terapeuticamente, atravs de

    cirurgias e/ou medicamentos, porquanto nico legitimado para tratar enfermidades oculares e

    sistmicas.

    A expedio de licenas sanitrias com finalidade de exames oculares emconsultrio pelas Vigilncias Sanitrias Estaduais e/ou Municipais a profissionais no mdicos, j

    foi analisada pela Procuradoria Federal da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - ANVISA -

    Parecer Cons. N 127/06 - Proc. Anvisa MS, queopinou no sentido de que a vigilncia sanitria

    no deveria atuar no mbito prprio de fiscalizao do exerccio profissional, mas to-somente

    verificar a existncia de habilitao e/ou capacidade legal do profissional da sade e do respeito

    legislao sanitria, objeto, in casu , de fiscalizao estadual e/ou municipal, nos seguintes

    termos:

    "03. A expedio de alvars pelas vigilncias estadual e municipal, por sua vez, cinge-se s duas competncias regionais e locais,respectivamente, respeitada a legislao federal.04. Nesse passo, o Decreto n 77.052, de 19 de janeiro de 1976 ,dispe sobre a fiscalizao sanitria das condies de exerccio de

    profisses tcnicas e auxiliares, relacionadas diretamente com asade.

    05. O art. 2deste Decreto acima diz que as autoridades sanitrias,no desempenho da ao fiscalizadora, observaro os requisitos da

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    capacidade legal do agente, atravs dos documentos de habilitaoinerentes ao seu mbito profissional ou ocupacional,compreendendo as formalidades intrnsecas e extrnsecas dodiploma ou certificado respectivo, tais como registro e , em suma, a

    legalidade do documento.06. No caso, sabe-se que h Portarias, tais como a de n 2948,1745, 901, de 21 de outubro de 2003, de 20 de maio de 2005, de 10de abril de 2006, respectivamente, reconhecendo expressa eexclusivamente para fins de registro, os diplomas de alunos para obacharelado em Curso de Optometria.07. Igualmente, o Decreto n 20.931, de 11 de janeiro de 1932dispe acerca da profisso de optometria, dispondo que, para oexerccio da profisso, devero fazer prova de sua habilitao.08. A outro giro, o Decreto n 24.492, de 28 de junho de 1934

    admite o registro de ptico prtico, o qual poder exerc-la em todoo territrio daRepblica.Art. 1A verificao das condies de exerccio de profisso eocupaes tcnicas e auxiliares relacionadas diretamente com asade, por parte das autoridades sanitrias dos rgos de

    fiscalizao das Secretarias de Sade dos Estados, do DistritoFederal e dos Territrios Federais, obedecer em todo o territrionacional, ao disposto neste Decreto e na legislao estadual.Art. 2 Para o cumprimento do disposto neste Decreto asautoridades sanitrias mencionadas no artigo anterior, nodesempenho da ao fiscalizadora, observaro os seguintes

    requisitos e condies:I Capacidade legal do agente, atravs do exame dos documentosde habilitao inerentes ao seu mbito profissional ou ocupacional,compreendendo as formalidades intrnsecas e extrnsecas dodiploma ou certificado respectivo, tais como, registro expedio porestabelecimento de ensino que funcionem oficialmente de acordocom as normas legais e regulamentares vigentes no Pais deinscrio dos seus titulares, quando for o caso, nos Conselho

    Regionais pertinentes, ou em rgos competentes previstos nalegislao federal bsica de ensino.Art. 3 Os optometristas, prticos de farmcia, massagistas e

    duchistas esto tambm sujeitos fiscalizao, spodendo exercera profisso respectiva se provarem a sua habilitao a juzo daautoridade sanitria.

    09. Denota-se, pois, que, a princpio, se autoriza o exerccio doptico prtico, assim tambm o profissional de optometria com

    formao de bacharelado e diploma registrado no Ministrio daEducao .10. Nessa esteira, compete s vigilncias sanitrias to-somenteverificar a existncia ou no da habilitao do profissionalrelacionado sade, e, de certo,dos demais requisitos da legislaosanitria, no perquirindo acerca do exerccio em si da profisso,da laada do respectivo rgo de classe e dos rgos competentes,

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    j que de regra livre o exerccio de profisso e a ANVISA nofiscaliza o exerccio laboral (princpio da liberdade laboral ). Nose est, assim, a se imiscuir na relao de exerccio profissional,

    prpria dos rgos de classe e defiscalizao deprofissionais.11. Nesse sentido, o Superior Tribunalde Justia STJ (Mandado

    de Segurana n9469-DF) reconheceu a validade das Portariasdo Ministrio de Estado da Educao que validaram e registraramos diplomas do Curso Superior de Tecnologia em Optometria.Assentou-se que:A profisso de optometrista est prevista em nosso direito desde1932 (art. 3 do Decreto n 20.931/32). O contedo de suas

    atividades estdescrito na Classificao Brasileira de Ocupaes CBO, editada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego (Portaria n

    397, de 09.10.2002).

    12. De outro lado, consignou o Ministro Teori Albino Zavascki, noseu voto, que a regulamentao em lei no necessria para oexerccio daprofisso, tampouco a existncia dergo declasse:A regulamentao em lei da atividade profissional no constitui

    requisito para a existncia de curso superior ou para a expedioArt. 4 Ser permitido, a quem o requerer, juntando provas decompetio e de idoneidade, habilitar-se a ser registrado comoptico prtico na Diretoria Nacional da Sade e Assistncia

    Mdico-Social ou nas reparties de Higiene Estaduais, depois deprestar exames perante peritos designados para esse fim, pelo

    diretor da Diretoria Nacional de Sade e AssistnciaMdico-Social, no Distrito Federal, ou pela autoridade sanitriacompetente, nos Estados. 1 O registro feito na Diretoria Nacional de Assistncia

    Mdico-Social d direito ao exerccio da profisso de pticoprtico em todo o territrio da Repblica e o feito nas repartiesestaduais competentes vlido somente dentro do Estado em que o

    profissional se habilitou.Alexandre de Moraes (Constituio Federal Interpretada) noscomentrios ao art. 5, XIII, da Constituio Federal ( livre oexerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as

    qualificaes profissionais que a lei estabelecer):Norma constitucional de eficcia contida: A Constituio Federalremeteu legislao ordinria o estabelecimento de condies parao exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso (df. TRF/3

    Regio 2 T. REO n91.03.026461/SP Rel. Juiz Aric Amaral,Dirio daJustia, Seo II, 26jul. 1995 p. 46.075).Mas a liberdade do trabalho encontra outra fundamentao na

    prpria condio humana, cumprindo ao homem dar sentido suaexistncia. na escolha do trabalho que ele vai impregnar mais

    fundamentalmente a sua personalidade com os ingredientes de umaescolha livremente levada a cabo. A escolha , pois, uma dasexpresses fundamentais da liberdade humana, in comentrios Constituio do Brasil. Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra

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    Martins).de diplomas de curso universitrio autorizado, o que seriaincompatvel como o prprio art. 5, XIII, da CF, que eleva aliberdade profissional a categoria de direito fundamental.

    Tampouco a inexistncia de rgo de classe pode constituir biceao exerccio da profisso por aquele que cumpre todas asexigncias de formao e habilitao, o que, alis, no se cogita no

    presente caso, ante a existncia do Conselho Brasileiro de ptica eOptometria CBOO, entidade de classe de mbito nacional, cujasatribuies incluem a de representar os pticos e Optometristas(Optologistas) brasileiros, na defesa de seus direitos profissionais,sociais e econmicos (STJ, Mandado de Segurana n9469-DF/2003).13. Finalmente, a vigilncia sanitria verificar primeiro, a

    existncia de habilitao, que foi reconhecida valida pelo STJsegundo, a no infringncia da legislao sanitria. No possui aANVISA, por conseguinte, competncia para resolver acerca dascondies ou validade do exerccio das profisses.14. Ante o exposto, o opinativo que a vigilncia sanitria nodeve atuar no mbito prprio de fiscalizao do exerccio

    profissional, mas to-somente verificar a Existncia de habilitaoe/ou capacidade legal do profissional da sade e do respeito legislao sanitria, objeto, no caso, de fiscalizao estadual e/oumunicipal. (http://www.cboo.org.br/fisc/index02.htm)

    Ademais, consta da Resoluo CD. 01/02 - que fez publicar o Cdigo de tica

    dos profissionais do setor ptico oftlmico brasileiro, o que se segue:

    "Art. 1. Aos profissionais de ptica, optometria e contatologia, nacondio de especialista de viso cabe: 1 - Formular, aconselhar, adaptar, conceder, realizar econtrolar todo equipamento ptico de qualquer natureza destinadoa compensar anomalias da viso atravs da aplicao de ptica

    fsica, matemtica, ptica fisiolgica, optometria e de toda

    tecnologia existente e que viera existir. 2 - Utilizar todos os meios tcnicos, prodigalizar todos osconselhos de higiene ou de treinamento com o fim de melhorar aviso.(...) 13 - Encaminhar os casos necessrios para cuidados mdicos oude outros profissionais.(...)Art. 2 - proibido aos profissionais de ptica, optometria econtatologia: 1 - Ser scio de mdicos, pagar-lhes comisso em troca deindicaes de aviamentos de receitas ou indicar mdicos a seusclientes; 2- Denegrir a imagem ou colocar em dvida a capacidade

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    profissional de seus colegas; 3 -Prescrever medicamentos ou tratar de casos patolgicos de

    sua clientela."

    Outrossim, a competncia da vigilncia sanitria limita-se apenas anlise acerca

    da existncia de habilitao e/ou capacidade legal do profissional da sade e do respeito

    legislao sanitria, objeto, no caso, de fiscalizao estadual e/ou municipal.

    Ex positis , DOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL, para o fim

    de expedio do alvar sanitrio admitindo o ofcio da optometria.

    como voto.

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