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Universidade Federal do Amazonas Faculdade de Ciências Agrárias Laboratório de Entomologia e Acarologia Agrícola 1 2. MORFOLOGIA EXTERNA Cabeça A cabeça dos insetos compreende a primeira região do corpo. Nela vamos encontrar o cérebro, os apêndices móveis (antenas e peças bucais) e fixos (olhos compostos e ocelos) (Fig. 1). Figura 1. Vista frontal e lateral da cabeça de um inseto (Nakano et al., 2002). Apresentam suturas e carenas (semelhante a cristas) que têm importância taxonômica e, áreas intersuturais. Estas suturas apresentam-se na forma de sulcos localizados na superfície externa da cabeça, enquanto as carenas resultam da evaginação do tegumento cefálico. Principais suturas: 1. Epicranial . Em forma de Y invertido, localiza-se na parte frontal da cabeça. O ramo único é chamado de sutura coronal, enquanto as bifurcações denominam-se suturas frontais. 2. Epistomal ou Clipeal. Também conhecida como fronto-clipeal ou clípeo-frontal. Esta separa o clípeo da fronte. 3. Labro-clipeal ou Clípeo-labral. Esta sutura divide o clípeo do lábio superior. 4. Subgenais. Localizam-se nas regiões laterais próximas às articulações das mandíbulas. 5. Oculares. Circundam os olhos compostos. 6. Suboculares. Originam-se nas oculares e projetam-se em direção à base das mandíbulas.

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2. MORFOLOGIA EXTERNA

Cabeça

A cabeça dos insetos compreende a primeira região do corpo. Nela vamos encontrar o

cérebro, os apêndices móveis (antenas e peças bucais) e fixos (olhos compostos e ocelos)

(Fig. 1).

Figura 1. Vista frontal e lateral da cabeça de um inseto (Nakano et al., 2002).

Apresentam suturas e carenas (semelhante a cristas) que têm importância taxonômica

e, áreas intersuturais. Estas suturas apresentam-se na forma de sulcos localizados na

superfície externa da cabeça, enquanto as carenas resultam da evaginação do tegumento

cefálico.

Principais suturas:

1. Epicranial. Em forma de Y invertido, localiza-se na parte frontal da cabeça. O ramo

único é chamado de sutura coronal, enquanto as bifurcações denominam-se suturas

frontais.

2. Epistomal ou Clipeal. Também conhecida como fronto-clipeal ou clípeo-frontal. Esta

separa o clípeo da fronte.

3. Labro-clipeal ou Clípeo-labral. Esta sutura divide o clípeo do lábio superior.

4. Subgenais. Localizam-se nas regiões laterais próximas às articulações das

mandíbulas.

5. Oculares. Circundam os olhos compostos.

6. Suboculares. Originam-se nas oculares e projetam-se em direção à base das

mandíbulas.

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7. Antenais. Circundam a base das antenas.

8. Subantenais. Originam-se nas antenais e projetam-se em direção às mandíbulas.

9. Occipital. Localiza-se na parte posterior da cabeça.

10. Pós-occipital. Logo atrás da occipital.

Áreas Inter-suturais

São áreas delimitadas pelas suturas cefálicas como:

1. Frontal. Delimitada pelas suturas frontais.

2. Fronto-clipeal. Compreende a região mediana da cabeça entre as bases das antenas

e o clípeo.

3. Parietais. Compreende a região superior entre os olhos compostos.

4. Vértice. Conhecido por epicrânio localiza-se na parte mais elevada da cabeça.

5. Clípeo. Área compreendida entre a fronte e o lábio superior.

6. Genais. Área abaixo e atrás dos olhos compostos indo até as mandíbulas.

7. Subgenais. Áreas estreitas localizadas entre as genais e a articulação das peças

bucais.

8. Pós-genais. Localiza-se na base do arco occipital.

9. Occipital. Em forma de um arco, localiza-se entre as suturas occipital e pós-occipital

10. Pós-occipital. Localiza-se entre a sutura pós-occipital e o cérvice (“pescoço”).

Apêndices Móveis Cefálicos

Antenas

São formadas por três regiões: escapo, pedicelo e flagelo (Fig. 2). Estes apêndices

são responsáveis pelos sensos de gustação, audição, tato e gustação, apresentando formas

variadas para possibilitar o cumprimento dessas funções. Auxiliam também no equilíbrio

permitindo que os machos as usem para segurar as fêmeas durante a cópula.

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Figura 2. Regiões de uma antena típica. (Nakano et al., 2002)

Tipos de antenas

A variação dos tipos de antenas ocorre na região do flagelo. Os principais tipos são

(Fig. 3):

Filiforme – semelhante a um fio de cabelo. É a antena das baratas esperanças;

Moniliforme – os antenômeros são arredondados semelhantes a contas de um colar. Típica

dos cupins e alguns besouros;

Clavada – a porção distal do flagelo assemelha-se a uma clava. Típica das borboletas;

Capitada – semelhante a clavada, porém com a clava apical bastante dilatada. Típica de

besouros como o da broca-do-café;

Imbricada – antenômeros em forma de taças empilhadas. Típica de alguns besouros

carabídeos;

Fusiforme – ápice da antena na forma de fuso. Típica de lepidópteros da família Hesperidae;

Serreada – antenômeros com expansões pontiagudas, qual dentes de uma serra. Típica de

vaga-lumes;

Estiliforme – extremidade do flagelo na forme de estilete. Típica das mariposas da Família

Sphingidae e algumas espécies de moscas (mutucas);

Plumosas – flagelo com vários pelos circundando todos os antenômeros. Típica dos machos

de carapanã;

Flabelada – expansões laterais semelhantes a lâminas ou folhas. Típica de alguns besouros

e microhimenopteros;

Setácea – o diâmetro dos antenômeros vai diminuindo da base para o ápice. Típica dos

gafanhotos e serra-paus;

Furcada – antenômeros do flagelo dispostos em 2 ramos em forma de Y. Típica de alguns

machos de microimenópteros;

Pectinada – artículos com expansões laterais, longas e mais ou menos finas, parecidos com

um pente. Típico de mariposas.

Geniculada – o pedicelo dobra-se sobre o flagelo num ângulo de 90º. Típica das formigas,

vespas e abelhas.

Aristada – o flagelo possui apenas um antenômero globoso contendo uma cerda (arista).

Típica das moscas.

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Composta – é a combinação de uma antena geniculada com outra antena. Por exemplo:

genículo-capitada; genículo clavada;

Figura 3. Tipos de antenas: A- filiforme; B- moniliforme; C- clavada; D- capitada; E-setácea; F-imbricada; G- fusiforme; H- serreada; I- flabelada; J- estiliforme; K-plumosa; L- geniculada; M- aristada; N- composta; O- pectinada; P- furcada.

Peças Bucais

As peças bucais dos insetos são livres. Os alimentos são mastigados fora da cavidade

oral, ou seja, a “boca” também chamada de cibário, constituindo-se na cavidade pré-oral (Fig.

4). Consiste de oito peças sendo que algumas são atrofiadas em certas espécies de insetos.

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Morfologicamente as peças bucais variam em função da diversidade de hábitos alimentares.

Há insetos que sugam e outros que trituram ou cortam o alimento. As peças são:

Labro ou Lábio Superior – articula-se ao clípeo. Tem função de proteção e

manutenção do bolo alimentar.

Mandíbulas – localizam-se lateralmente ao labro. Sua função é triturar, cortar, moer,

perfurar, modelar, transportar e defender.

Maxilas – peças auxiliares das mandíbulas. São formadas pelo cardo, estipe, gálea e

lacínia, além dos palpos maxilares que se articulam através de um esclerito chamado palpífer.

Lábio Inferior – é a única peça bucal ímpar formada pela fusão das maxilas nos

artrópodes primitivos. É formado pelo pós-mento ou pós-lábio, pré-mento, sub-mento e o

mento. Possui um par de palpos labiais, glossas e paraglossas.

Epifaringe – localiza-se na parte ventral do labro. Tem função gustativa.

Hipofaringe – localiza próximo ao lábio. Tem função gustativa e tátil.

Figura 4. Desenho esquemático das peças bucais (Nakano et al., 2002).

Tipos de Aparelhos Bucais

Os principais tipos são (Fig. 5):

Mastigador ou Triturador – considerado o mais primitivo, apresenta as oito peças

bucais. Ocorre na maioria das Ordens.

Sugador Labial ou Picador Sugador – as peças bucais são modificadas em estiletes

ou atrofiadas. O lábio, que não tem função de perfurar, transforma-se num tubo – haustelo,

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rostro ou bico – que abriga os demais estiletes. As mandíbulas, epifaringe e hipofaringe têm

função de sucção, enquanto as maxilas perfuram. Este tipo de aparelho bucal é típico das

cigarras, carapanãs, mutucas, pium, pulgões, moscas-brancas, piolhos, pulgas, etc.

Sugador Maxilar – as maxilas sofrem profundas modificações enquanto as demais

peças são atrofiadas. A justaposição das gáleas gera um tubo longo e enrolado

(espirotromba) através do qual o alimento é ingerido. É exclusivo das borboletas e mariposas.

Lambedor – as mandíbulas são adaptadas para furar, cortar, moldar e transportar

cera. O labro é normal enquanto as maxilas e o lábio inferior são alongados e fundidos,

gerando o órgão lambedor. As glossas assemelham-se a uma língua com a extremidade

dilatada (flabelo), usada para retirar o néctar das flores. Típico das abelhas e mamangavas.

Figura 5. Tipos de peças bucais (Herms & James, 1961).

Direção das Peças Bucais

Conforme a direção das peças bucais em relação ao eixo longitudinal do corpo (Fig. 6),

a cabeça pode ser:

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Hipognata – peças bucais voltadas para baixo formando um ângulo de 90º. Típico dos

gafanhotos, baratas, abelhas, jacintas.

Prognata – peças bucais voltadas para frente com a cabeça formando um ângulo de

180º. Típico das tesourinhas e cupins.

Opistognato – peças bucais voltadas para baixo e para trás formando um ângulo

menor que 90º. Típico das cigarras, percevejos e pulgas.

Figura 6. Variações na direção das peças bucais em relação ao eixo do corpo.

Tórax

É a segunda região do corpo dos insetos onde se encontram os apêndices

locomotores terrestres, aquáticos (pernas) e aéreos (asas). É formado por três segmentos:

protórax, mesotórax e metatórax. Se o protórax não contém asas, o meso e metatórax

apresentam o primeiro e segundo par de asas, respectivamente. Cada segmento torácico

contém um par de pernas. O semi-arco superior é o tergo, constituído por quatro pares de

tergitos (escuto, prescuto, escutelo e pós-escutelo. O semi-arco inferior é o esterno,

formado por um par de esternitos. Esses semi-arcos são ligados lateralmente por uma área

membranosa chamada de pleura, que contém um par de pleuritos: o epímero ligado ao

tergo e o episterno próximo ao esterno (Fig. 7).

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Figura 7. Esclerito de um segmento torácico de um inseto (Nakano et al.,2002).

Apêndices torácicos

Pernas: destinadas à locomoção terrestre e aquática. Algumas são adaptadas para

escavar, coletar alimentos, capturar presas, correr, etc. Articulam na parte posterior de cada

segmento torácico entre o epímero e o episterno (Fig. 8).

Apresenta a seguinte estrutura:

Coxa – geralmente curta e grossa articula-se ao segmento torácico através da

cavidade coxal.

Trocanter – localiza-se entre a coxa e o fêmur, normalmente fixo ao trocanter;

Fêmur – é a parte mais desenvolvida da perna; fixa ao trocanter ou diretamente à

coxa;

Tíbia – segmento delgado e desenvolvido. Pode apresentar espinhos e sofrer

modificações morfológicas em diferentes Ordens de insetos;

Tarso – formado por vários artículos (tarsômeros) que variam de 1 a 5;

Pós-Tarso – também chamado de pré-tarso, tem a função de auxiliar na fixação. É a

parte mais distal da estrutura de uma perna. Apresenta garras tarsais podendo entre estas,

haver expansões membranosas (arólio), ou estrutura bilobada (pulvilo) ou um processo

mediano em forma de espinho (empódio).

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Figura 8. Estrutura geral de uma perna típica de um inseto.

Tipos de Pernas

Classificam-se conforme a função que exercem no ambiente. Os principais tipos são

(Fig. 9):

Ambulatórias – sem modificações, é o tipo convencional. São adaptadas para andar

ou correr. Ocorrem em baratas, besouros, moscas, borboletas, mariposas, formigas, etc.

Saltatórias ou saltadoras – fêmur e tíbias bastante desenvolvidas e alongadas. Típica

dos gafanhotos, grilos, pulgas e esperanças.

Natatórias ou nadadoras – fêmur, tíbia e tarso achatados com as margens

geralmente contendo pêlos para auxiliar na locomoção aquática. Esta modificação acontece

principalmente nos tarsos posteriores. Típico das baratas-d’água e besouros aquáticos.

Preensoras – fêmur desenvolvido contendo um sulco, onde se aloja a tíbia recurvada.

Servem para apreender outros animais. É o primeiro par de pernas das baratas d’água.

Raptatórias ou raptadoras – fêmur e tíbias com perfeita adaptação para apreensão

de presas. São as pernas anteriores dos louva-a-deus e dos mantispídeos.

Escavadoras ou fossoriais – tarsos anteriores modificados em digitus (paquinhas) ou

tíbias anteriores em forma de lâmina larga e denteada (escaravelho) especializada em

escavar o solo. Típicas em insetos de hábito subterrâneo

Escansoriais – tíbias, tarsos e garras tarsais adaptadas para prender pêlo ou cabelo.

Típica dos piolhos hematófagos.

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Coletoras – primeiro segmento tarsal bastante desenvolvido e cheio de pêlos,

formando o basitarso. A superfície externa da tíbia é lisa e com longos pêlos nas laterais

formando a corbícula para o transporte de pólen. Típico do terceiro par de pernas das

abelhas.

Adesivas – Alguns tarsômeros das pernas anteriores são dilatados e pilosos,

formando uma ‘’ventosa’’. São as pernas anteriores dos machos de algumas espécies de

besouros aquáticas, que auxiliam sua fixação durante a cópula.

Figura 9. Tipos de pernas de um inseto. A- ambulatória; B- saltatória; C- natatória;

D - preensora; E- raptatória; F-fossorial; G-coletora; H-adesivas (Gallo et al., 1988).

Asas

A maioria dos insetos adultos ápteros é tetráptero (dois pares de asas). Porém alguns

apresentam um par de asas (dípteros) enquanto outros não apresentam asas (ápteros). Há

aqueles que apesar de possuírem asas, não voam, são os insetos aptésicos (bicho-da-seda e

algumas baratas como Blatella germânica). As asas localizam-se nos segmentos torácicos do

meso e metatórax (Fig. 10).

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Figura 10. Localização das asas nos segmentos torácicos do meso e

metatórax.(Mitchell,1996).

Estrutura da Asa

Articulação com o Tórax – unem-se ao tórax por uma porção membranosa contendo

um conjunto de escleritos (pterália);

Nervuras – são expansões traqueais enrijecidas que se distribuem por toda a asa,

dando a sustentação. Têm grande importância taxonômica. Há dois grupos de nervuras:

longitudinais e transversais (Fig. 11).

Nervuras Longitudinais:

Costal (C) – marginal sem ramificação;

Subcostal (Sc) – localiza-se abaixo da C, podendo ramificar-se em Sc1 e Sc2.

Radial (R) – bifurca-se em dois ramos: R1 (ramo único) e Rs (setor radial) que se

divide e cada bifurcação divide-se novamente, gerando 4 ramos terminais: R2, R3, R4 e R5.

Mediana (M) – localiza-se abaixo das radiais, iniciando-se no meio das asas e

bifurcando-se em M1, M2, M3 e M4;

Cubital (Cu) – Bifurca-se em Cu1 e Cu2;

Anal (A) – percorrem a parte inferior da asa (região anal) 1A, 2A e 3A.

Nervuras Transversais

Interligam as nervuras longitudinais e recebem a denominação em acordo com as

nervuras que ligam. Ex.: radial (r) entre R1 e R2.

Células

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São as áreas de asa delimitadas pelas nervuras (células fechadas) ou por estas e as

margens (células abertas).

Figura 11. Nervações e células de uma asa típica (Gallo, 2002).

Regiões da Asa

Basicamente a asa é formada por cinco regiões (Fig. 12):

Área auricular – articula-se com o tórax abrangendo a pterália.

Ala – é a asa em si, também denominada remígio. Abrange a parte distal da asa

envolvendo a maioria das nervuras;

Anal ou Vanal – região triangular separa da ala pela dobra anal ou vanal.

Jugal – pequena região localizada na margem interna da asa, próxima a sua base

onde eventualmente ocorre um lobo chamado de álula.

Figura 12. Regiões que compõem uma asa (Gallo, 2002).

Margens e ângulos (Fig. 13)

Margens ou Bordo

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Semelhante a uma figura triangular a asa apresenta basicamente três margens.

Margem costal ou anterior: limita o bordo anterior da asa, da articulação com o tórax

até o seu ápice.

Margem lateral ou externa: limita lateralmente a asa, do ápice ao ângulo anal;

Margem anal ou interna: limita a asa internamente, do ângulo anal à sua base.

Ângulos

São três os ângulos da asa:

Umeral ou axilar – formado pela margem costal e anal;

Apical – entre a margem costal e lateral;

Anal – na interseção da margem lateral com a anal.

Figura 13. Ângulos e margens de uma asa de inseto (Nakano et al. 2002).

Estruturas de acoplamento

Têm a função de unir as asas de um mesmo lado, permitindo movimentos harmônicos

e maior eficiência no vôo. São conhecidos quatro tipos:

Jugo – é uma projeção do lobo jugal da asa anterior que se acopla na margem costal

da asa posterior, permitindo que esta fique presa entre o jugo e a margem anal da asa

anterior. Ex. típica de algumas espécies de mariposas.

Frênulo – consiste de uma ou mais cerdas localizadas no ângulo umeral da asa

posterior, que transpassa por um tufo de cerdas ou dobra (retináculo) localizada na asa

anterior. Vale ressaltar que nos machos o frênulo é formado por uma única cerda enquanto

nas fêmeas, por dois a três cerdas. Ex. ocorre em muitas espécies de mariposas da família

Noctuidae.

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Hâmulos – pequenos ganchos localizados na parte mediana da margem costal da asa

posterior que se prende à margem anal da asa anterior. Ex. abelhas, vespas e mamangavas.

Amplexiforme – é uma expansão da região do ângulo umeral da asa posterior sobre a

qual se apóia a região anal da asa anterior. Ex. típico das borboletas da família Pieridae.

Tipos de asas (Fig. 14):

Membranosas – asa fina e flexível com nervuras bem distintas. È muito comum no

segundo par de asas da maioria dos insetos. Algumas podem conter escamas ou

microcerdas. Típico das borboletas, moscas, jacintas e segundo par de asas de besouros.

Tégmina – de aspecto pergaminoso ou coriáceo apresentando-se. estreita e alongada.

Ex. gafanhoto, baratas e grilos.

Hemiélitro – região basal (cório) coriácea e apical membranosa. Ex. percevejos.

Élitro – asa anterior esclerotizada cobrindo a asa posterior membranosa. Ex besouro,

tesourinha.

Balancins ou halteres – segundo par de asas atrofiadas com função de equilíbrio. Ex.

moscas, carapanãs, mutucas e piuns.

Pseudo-halteres – asas anteriores atrofiadas. Ex. macho de Strepsiptera

Franjada – asas estreitas com longos pêlos nas laterais. Ex. tripes.

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Figura 14. Tipos de asas.

Abdome

Corresponde à terceira região do corpo dos insetos. Enquanto o tórax é considerado o

centro da locomoção, o abdome é o centro da respiração. Destaca-se pela nitidez de

segmentação e ausência relativa de apêndices. Do ponto de vista embriológico contém no

máximo 12 segmentos ou urômeros. Em cada segmento encontra-se uma placa tergal, placa

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esternal sendo ambas separadas por uma membrana pleural onde se encontram os

espiráculos.

Divisão dos segmentos abdominais

São agrupados em três:

Segmentos pré-genitais ou viscerais – correspondem aos urômeros de I a VII (fêmeas)

e I a VIII (machos).

Segmentos genitais – correspondem aos urômeros VIII e IX (fêmeas) e IX (machos),

principalmente. Estão associados às estruturas genitais de ambos os sexos.

Segmentos pós-genitais – correspondem aos urômeros X e XI, que geralmente estão

fundidos, sendo difícil sua separação.

Apêndices abdominais

Durante o desenvolvimento embrionário alguns insetos apresentam apêndices

abdominais que geralmente não permanecem após a eclosão da larva, ninfa ou náiade. Em

alguns casos estes apêndices permanecem transformando-se em estruturas funcionais..

Estilos abdominais – auxilia na locomoção e no suporte abdominal. Ocorre nas

traças-dos-livros (Thysanura)

Cercos – localizam-se nas partes látero-dorsais do último urômero. Função sensorial e

auxiliar na cópula. Ocorre em adultos de Pterygota.

Sifúnculos ou cornículos – par de apêndices dorsais que podem liberar feromônio de

alarme. Ex. típico dos pulgões

Pernas abdominais – localizadas no 3º, 40, 5o e 6o urômeros de lagartas e algumas

larvas himenópteros.

Brânquias – ocorre em larvas e ninfas de insetos aquáticos.

Tipos de Abdome

Baseia-se na fusão com o tórax (Fig. 15).

Séssil ou aderente – liga-se ao tórax em toda sua largura. Ex. baratas, cigarras e

besouros.

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Livre – ocorrência de pequena constrição. Ex. mosca, borboletas, abelhas.

Pedunculado – presença de constrição acentuada no 2o ou 2o e 3o segmentos

abdominais, sendo que o 1o segmento está fundido ao metatórax. Ex. vespas e formigas.

Figura 15. Tipos de abdome