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FAAP - Faculdade de Artes Plásticas
Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 1
1ª Aula
Objetivo: demonstrar ao aluno, que o homem, ofuscado pelas suas maravilhosas
descobertas tecnológicas, esqueceu-se dos recursos que a natureza
pôs à sua disposição para o conforto térmico.
Assunto: Breve histórico
“Os materiais do urbanismo são o sol, o espaço, a
vegetação, as ferramentas e o cimento, nessa
precisa ordem da subordinação”.
Le Corbusier.
“Dar a todo mundo o benefício de coisas essenciais
– o sol, o espaço, a vegetação – é direito de todo
homem e ninguém deve se opor a isto”
Le Corbusier.
“Meu método de trabalho é simples: primeiro tomo
contato com o problema – o programa, o terreno, a
orientação, os acessos, as ruas adjacentes, os
prédios vizinhos, o sistema construtivo, os
materiais, o custo provável que dá o sentido
arquitetônico que o projeto deve exprimir”.
Oscar Niemeyer
Toma-se as palavras de dois grandes mestres para ressaltar-se a importância
do sol para a humanidade e em particular para arquitetura.
Para nós, seres que vivemos neste planeta, o sol tem dois significados
distintos, de mesma e grande importância: Luz e Calor.
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Nestas aulas estes conceitos serão explicados à fundo, dividindo-os em
vários tópicos distintos. É imprescindível deixar claro, que esta divisão ocorre
apenas a nível didático, para facilitar a explicação e o entendimento, levando-se em
consideração o conceito de eficiência energética.
Com a crise da energia, o problema do condicionamento térmico das
habitações e ambientes industriais, tanto de inverno como de verão, está sendo
encarado sob novos prismas.
Dentro desse cenário:
a proteção adequada contra a insolação no verão;
o amortecimento de temperatura por meio de materiais de grande
inércia térmica;
a ventilação com ar tomado em microclimas favoráveis;
o aproveitamento da insolação no inverno;
o isolamento racional de superfícies externas para proteger os
ambientes habitados, contra trocas indesejáveis de calor e
condensação;
pode-se afirmar que na maior parte do Brasil, o condicionamento térmico das
habitações por meio puramente naturais (ao menos no que diz respeito à
temperatura) é perfeitamente possível.
No mínimo, uma melhoria substancial quanto ao conforto térmico no interior
das habitações, pode ser obtida economicamente com o uso de técnicas
construtivas simples, mais racionais, que visem ao aproveitamento das condições
favoráveis da natureza para o condicionamento ambiental.
Tendo em mente o exposto e observando-se as nossas construções,
verdadeiros espigões de concreto:
sem proteção contra insolação;
sem inércia térmica (materiais leves);
afastados dos recursos naturais (da terra, da vegetação, etc...);
com ar condicionado;
sem eficiência energética;
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não se pode deixar de notar o absurdo da Arquitetura moderna, fruto de uma era de
exploração imobiliária e de desperdício (Ennio Cruz – Arquitetura Ecológica).
Espera-se, pois, com estas noções, que arquitetos e construtores se conscientizem
de que o principal problema das habitações é o conforto térmico, e que passem a
projetar e construir de maneira mais inteligente e coerente, com a própria natureza e
condições ambientais do nosso país.
Por outro lado, eficiência energética pode ser entendida como a obtenção de
um serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é mais eficiente
energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições ambientais
com menor consumo de energia. Desta forma, o triângulo conceitual clássico de
Vitruvio (figura 1), que entendia a arquitetura como um espaço habitável que devia
equilibrar os aspectos:
estruturais;
funcionais;
formais;
pode ser acrescido de mais um vértice (o da eficiência energética), transformando-
se no conceito ideal para a arquitetura contemporânea.
solidez solidez
utilidade
utilidade
beleza beleza eficiência energética
Conceito Vitruviano Conceito Atual
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2ª Aula
Objetivo: dar ao aluno noções básicas sobre o clima e de como a arquitetura
deve adequar-se a ele.
Assunto: Variáveis Climáticas
Movimento Aparente do Sol
Adequação da Arquitetura ao Clima
Dentre as variáveis climáticas que caracterizam uma região, pode-se
distinguir, as que mais interferem no desempenho térmico dos espaços construídos:
1. Radiação Solar Incidente.
2. Temperatura
3. Umidade Relativa
4. Grau de Nebulosidade do Céu
5. Predominância dos Ventos
6. Índices Pluviométricos
CLIMA TEMPO
Tempo variável diária das condições atmosféricas
Clima é a condição média do tempo em uma dada região, baseada em
medições, (normalmente durante os últimos 30 anos).
Para melhor entendimento é necessário dividir o clima em 3 escalas distintas,
porém indissociáveis:
macroclima
mesoclima
microclima
Macroclima: Estas variáveis são quantificadas em estações meteorológicas e
podem descrever as características gerais de uma região. Suas variáveis são:
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Radiação Solar
O Sol é a principal fonte de energia do planeta, tanto como fonte de luz como
de calor. No projeto arquitetônico é possível tirar partido ou evitar a luz e calor em
uma edificação; o critério mais sábio para definir o que fazer é ter como premissas
básicas o conforto térmico e a economia de energia.
A Radiação Solar é uma energia eletromagnética, de onda curta que atinge a
Terra após ser absorvida parcialmente pela atmosfera. A maior influência da
radiação solar é na distribuição da temperatura do globo. Essas quantidades de
radiação variam em função da época do ano e da latitude, fenômeno que pode ser
melhor elucidado se examinarmos o movimento aparente do Sol em relação à Terra.
Para um observador situado na Terra, o
Sol, aparentemente se movimenta ao
longo dos dias ao redor da Terra,
variando a inclinação dos raios em
função da época e hora do ano.
Figura (1)
Na figura acima:
Terra esfera de centro C
Eixo Polar eixo imaginário ao redor do qual a Terra Gira.
PN e PS Pólo Norte e Pólo Sul
Equador é o circulo definido pela intersecção do plano que passa
pelo Centro C e é perpendicular ao eixo polar
1 longitude do ponto (A)
2 latitude do ponto (B)
Se o eixo imaginário que une os pólos fosse perpendicular ao plano da
elíptica, que é o plano de translação da Terra ao redor do Sol, cada ponto situado
sobre a sua superfície veria o Sol, ao longo de todo o ano, numa mesma posição.
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Mas sendo esse eixo inclinado de aproximadamente 23º 27’ ou 23 ½ º,
conforme a figura abaixo, o Sol aparentemente, percorrerá uma região do céu
correspondente na Terra, a aquela compreendida entre os Trópicos de Câncer e
Capricórnio, com duração de seis meses em cada sentido.
Figura (2)
Os raios solares ao atingirem a atmosfera terrestre, uma porção considerável
de sua energia é refletida para o espaço antes de atingir a superfície da Terra. Cerca
de 1/3 que chega à superfície é logo transformada em outros tipos de energia:
evaporação, propagação, condução de calor, pseudocondução, reflexão e radiação.
Conforme a figura (2), no dia 21 de junho às 12:00h, o Sol atingirá
perpendicularmente o Trópico de Câncer, ponto máximo do seu percurso do
Hemisfério Norte; e no dia 22 de dezembro atingirá, também às 12:00h, o Trópico de
Capricórnio, limite de sua trajetória no Hemisfério Sul.
De acordo com a figura (3), esses dias tipos são denominados solstícios,
sendo de inverno, se o ponto geográfico do observador situar-se em hemisfério
oposto ao Sol; e de verão, se estiver no mesmo hemisfério. Por outro lado os dias 23
de setembro e 22 de março são denominados de equinócios e se caracterizam na
passagem do Sol pelo Equador terrestre, o que resulta na duração do dia igual à da
noite para qualquer ponto da Terra.
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Figura (3) – Órbita da Terra em torno do Sol, no seu eixo N-S inclinado de um
ângulo de 23,5º.
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3ª Aula
Objetivo: noções básicas sobre clima e adequação da arquitetura (continuação)
Assunto: Variáveis Climáticas (continuação)
Temperatura: a época do ano, associada a latitude do local, vai determinar o ângulo
de incidência dos raios do sol em relação ao plano do horizonte. Sabe-se que a
radiação solar recebida por uma superfície, é proporcional ao cosseno do ângulo
que os raios solares fazem com a normal ao plano dessa superfície considerada.
A posição do Sol na abobada celeste pode ser definida através dos ângulos
de:
Altitude solar ()
Azimute Solar ()
Tais ângulos ( e ) que variam de acordo com a hora do dia e período do ano,
podem ser obtidos a partir de cartas solares.
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Para chegar até a superfície da Terra, os raios do Sol, ou seja, a radiação,
tem que passar pela atmosfera. Ao chegar até ela, a intensidade dessa energia se
vê diluída, em função não só da larga distância percorrida, como também pela
influência de fatores como a umidade, o ozônio, a poluição e a poeira no ar, que são
uma espécie de obstáculo na atmosfera, para a chegada da radiação até a
superfície. É interessante notar como metade da radiação (a metade que se
encontra fora dos limites da atmosfera), nunca chega à superfície da Terra. Portanto,
pode-se observar que, em qualquer lugar, a porcentagem da radiação que chega até
a superfície varia segundo a localização geográfica, a altitude e o clima.
Uma parte dessa radiação que se vê refletida dentro do céu, é a chamada
radiação difusa. A energia difusa chega a Terra a partir da cúpula do céu e não
diretamente do Sol. A radiação que chega diretamente do Sol se denomina direta. É
por isso que a radiação total incidente em qualquer superfície é calculada pela soma
da radiação direta mais a difusa.
Sabe-se que nos climas tropicais, a radiação solar incidente é alta, seja como
radiação direta em dias ensolarados, seja em forma de radiação difusa durante os
dias nublados. Embora essa radiação solar seja o fator mais importante para se
determinar o clima de qualquer zona, uma particularidade das regiões tropicais
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úmidas é o efeito da umidade, o vapor, que deve ser levado em conta, pois no ar,
pode produzir a radiação que chega a Terra, provocando uma redução efetiva na
temperatura.
Umidade: a umidade atmosférica esta intimamente ligada a quantidade de vapor
contido na atmosfera, em função da evaporação da chuva e da transpiração das
plantas.
Qualquer que seja à temperatura há um limite de saturação do ar e como
conseqüência, o aumento da capacidade de saturação paralela no aumento da
temperatura. Isso significa que, ao aquecer-se e expandir-se o ar pode tolerar mais
vapor; do mesmo modo que ao esfriar-se e contrair-se, sua capacidade de conter
vapor fica reduzida.
Quando defini-se umidade, duas expressões são utilizadas:
umidade absoluta: é a medida da massa do vapor total num volume fixo de
ar em uma dada temperatura;
umidade relativa: é a relação existente e o limite da saturação total do ar na
mesma temperatura.
Nebulosidade: a nebulosidade é medida percentualmente, com um sistema de
décimas partes de céu coberto por nuvens. Numa escala de zero a dez, um céu
totalmente claro é representado por 0 e um céu totalmente nublado, por 8 ou 10. O
importante é saber que a porcentagem pode variar muito durante o dia, pois
normalmente, as nuvens são mais densas durante as manhãs. Por causa da
topografia e de outras influências geográficas como os corpos de água, a
porcentagem de nebulosidade pode variar nos diversos quadrantes do céu.
As nuvens têm um papel fundamental no trajeto que a radiação solar tem que
percorrer para chegar à Terra; e durante a noite, na quantidade de radiação que
escapa da Terra em direção ao céu. Esse fenômeno tem muito a ver com a variação
diária de temperaturas. Por essa razão, a medição da nebulosidade é de grande
importância.
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Ventos: Direção, velocidade, variação e freqüência, são as características mais
importantes em relação aos ventos. Os ventos não são um parâmetro muito estável,
em razão da mudança de direção que podem sofrer em minutos e horas. Isso afeta
diretamente o clima, provocando alterações nos sistemas climáticos. As variações a
que estão sujeitos os ventos, são refletidas nos dados de velocidade e direção;
direção esta que sempre se refere à sua origem.
As características dos ventos são determinadas em qualquer lugar por fatores
locais e gerais, momentâneos ou sazonais, responsáveis pelas suas modificações.
Fatores como as diferentes pressões atmosféricas, a rotação da Terra, a diferença
entre a temperatura da terra, do mar e a topografia, são os agentes mais
importantes das modificações no movimento do ar.
Para conseguir uma ventilação adequada, em uma construção resistente e
protegida contra as chuvas, o arquiteto deve determinar as características dos
ventos.
Precipitação: a capacidade de reter vapor no ar diminui com as temperaturas
baixas. Quando isso acontece, e quando se chega ao ponto de condensação, pode
ocorrer algum tipo de precipitação. Da mesma maneira, se o ar entra em contato
com uma superfície, existe a formação de gotas de orvalho; em contraste, quando
não existe tal contato, uma massa de neblina será produzida.
A formação da precipitação começa com a subida do ar à atmosfera. Quando
isso ocorre, a pressão cai e conseqüentemente, a temperatura também, num
processo chamado adiabático.
As chuvas que resultam podem ser formadas por três mecanismos: a
atividade convectiva, a subida ortográfica ou a convergência – atividade frontal. Nas
regiões tropicais, a chuva é o resultado da atividade convectiva, com aguaceiros
durante a tarde. As chuvas torrenciais das regiões tropicais, são devidas a um
fenômeno um tanto similar a de dois rios de vapor convergindo no ar, eles sobem
rapidamente, resfriando-se e caindo, logo depois, em forma de chuva.
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O mais problemático para um projeto nas regiões tropicais é a combinação de
chuvas e ventos fortes, o que normalmente ocasiona a penetração de água na
construção. Por isso a direção que tomam as chuvas por causa do vento é algo
importante de se ter em conta. Em algumas zonas, inclusive, não existe relação
entre a direção para qual os ventos dirigem as chuvas e a direção dominante do
vento em geral.
Análise do Clima: a arte da arquitetura exige do profissional um projeto que leve
em conta não só a estética, como também a funcionalidade e o nível de conforto
ideal. Muitas vezes, o arquiteto não considera os possíveis efeitos do lugar escolhido
e do clima, e o resultado só pode ser um edifício pouco confortável.
O grande erro da chamada arquitetura estilo internacional, é a lógica de que
um projeto pode servir para qualquer lugar, de tal maneira que a importância dos
aspectos formais sobressai mais do que a necessidade de criar um projeto particular
e apropriado a cada lugar, ou seja, uma arquitetura mais regional.
Muitos edifícios modernos, com fachadas de vidro, precisam de sistemas
igualmente modernos de aquecimento e resfriamento bastante avançados e caros,
com o objetivo de adaptar a construção ao clima. Neste caso, não se pretende que o
projeto responda ao lugar e ao clima, mas que o equipamento adapte o edifício a
eles.
Em compensação, a arquitetura regional, que não precisa de sistemas de
resfriamento ou aquecimento mecânicos, produz um nível de conforto bastante
considerável no ambiente interno. Este tipo de arquitetura, além de possibilitar
criatividade sob o aspecto formal, está enfocado principalmente nos elementos
climáticos visando à comodidade do usuário.
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Os elementos mais importantes que têm um forte efeito no nível de conforto
do ambiente interno, são:
o Sol (luz e calor);
a temperatura;
a umidade;
o vento;
a precipitação;
Como já visto anteriormente, todos estes elementos são afetados pelo lugar e
seu entorno ou seja o microclima, às vezes chamado de clima do lugar, dentro de
um macroclima mais amplo. A primeira etapa de um trabalho arquitetônico deve
ser a análise de cada elemento climático, e da interação entre eles. Só então o
arquiteto estará capacitado para realizar um projeto ambientalmente correto e
de alta eficiência energética.
É importante saber que com uma simples manipulação dos espaços do
edifício, os elementos da fachada, a forma, a orientação e sua relação com o lugar,
pode-se criar condições para um nível mais alto de conforto e de saúde, sem
sacrificar o funcional, a estética ou os limites de orçamento.
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4ª Aula
Objetivo: dar ao aluno noções sobre o movimento aparente do Sol em São Paulo
Assunto: construção de uma maquete que permita simular o movimento
aparente do Sol
Insolação em São Paulo
Nem sempre os dias são iguais às noites. Isso é devido à variação do ângulo
formado entre o equador e o plano da órbita terrestre. Em virtude dessa variação,
muitos lugares da Terra não são iluminados de maneira igual, o que resulta dá como
a maior duração do dia em relação à noite ou vice-versa, em muitas regiões.
No dia 21 de junho apenas uma parte do hemisfério Sul se vê banhada pelo
Sol. É o Solstício de inverno. Registra-se o dia mais curto e a noite mais longa. O
Sol em São Paulo atinge nesse dia seu ponto mais baixo ao meio-dia. Inicia-se o
inverno.
No dia 23 de setembro todos os pontos da Terra recebem a mesma
quantidade de luz. É o equinócio. O dia é igual à noite. Inicia-se a primavera.
No dia 21 de dezembro dá- se o inverso do que a 21 de junho: o hemisfério Sul se
vê fartamente banhado pelo Sol. É o solstício de verão. Registra-se o dia mais longo
e a noite mais curta. O Sol em São Paulo atinge nesse dia meu ponto mais alto (na
vertical) ao meio-dia. Inicia-se o verão.
No dia 21 de março, repete-se a situação verificada a 23 de setembro. É novamente
o equinócio. mas Inicia-se o outono.
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5ª Aula
Objetivo: estudar a Penetração dos Raios Solares
Assunto: traçado, mancha solar, brises
Penetração dos Raios solares
- Verificar a penetração do sol de Inverno às 9 horas.
Roteiro:
1. Ligar Centro "0" com a hora;
2. Pela hora traçar perpendicular;
3. Usar o ângulo de inverno q (de 9 horas) no ponto "0” (tirar do gráfico)
4. Determinar o Triângulo 0-M-9.
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Penetração dos Raios Solares - Continuação
- Verificar a penetração do sol de Inverno às 9 horas.
Roteiro - continuação:
5. Fazer a projeção do triângulo nos pontos 0 9
6. Colocar na projeção a distância 9 - M
7. Traçar paralelas a 0 - 9
8. Traçar paralelas a 0' - M'
9. O encontro das paralelas determina a mancha do sol no ambiente.
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Penetração dos Raios Solares – Continuação 2
Estudos de Quebra-Sois / Brise Soler
(Para Sol das 9h manhã)
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6ª Aula
Objetivo: estudar a influência da sombra de um volume sobre o outro
Assunto: traçado de sombras
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Análise da Insolação:
Insolação das Faces
FACES INVERNO VERÃO
1 16:30 POENTE 12:00 POENTE
2 NASC. 16:30 NASC. 12:00
3 NASC. 10:15 NASC. 12:00
4 10:15 POENTE 18:00 POENTE
ANÁLISE DAS SOMBRAS
CORTE TRANSVERSAL A-A
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7ª Aula
Objetivo: demonstrar as muitas vantagens da luz natural em relação ao uso da
luz artificial por razões econômicas e climáticas, especialmente em
edifícios que necessitem de níveis mais altos de iluminação, como os
escritórios, as fábricas, as escolas, etc...
Assunto: (I). Condições de luz
(II). Condições do céu
(III). Iluminação natural
Luz Natural
Para analisar-se as vantagens do uso da luz natural, 4 fatores podem ser
mencionados:
A luz natural produz condições de iluminação mais confortáveis para o
olho humano, porque muitas lâmpadas não têm amplitudes ideais de
ondas de luz, o que pode produzir distorções de cor e forçar a vista;
A luz natural é gratuita, além de estar livre do custo de manutenção;
A luz artificial é muito ineficaz, na medida em que produz mais calor
que luz. O exemplo mais extremo é o da luz incandescente, que produz
somente 10% de luz em relação à energia consumida, sendo pouco
inferior à lâmpada fluorescente que produz 30% de luz. Em ambos os
casos quase a totalidade do resto da energia consumida é emitida ao
espaço em forma de calor;
Em contraste, a energia solar produz 65% de luz. Esse fator é o mais
importante nas regiões tropicais em que um problema fundamental do
clima é a alta temperatura.
Por outro lado, em edifícios com altos níveis de iluminação artificial, o calor
produzido pelas luminárias pode ser maior que o resultante das temperaturas e do
Sol. Nesses casos, o uso controlado da luz natural pode diminuir a necessidade das
lâmpadas artificiais e reduzir assim o ganho de calor produzido por elas.
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(I) Condições de Luz
Quando manipula-se luz natural, existem dois fatores que requerem técnicas
distintas:
a luz dos raios de Sol luz direta
a luz do céu durante dias nublados luz difusa
Luz direta: muito poderosa que chega a ser superior ao da luz artificial
interior, no entanto, tem a desvantagem de ser bastante
oscilante, em função de várias causas como:
movimento do Sol em relação à Terra.
as sombras formadas pela paisagem e por elementos
como outros edifícios e o próprio edifício.
Se não forem bem controlados, os raios de Sol, podem causar outros
problemas como o ofuscamento. Além disso, os raios desgastam alguns tipos de
tecidos e provocam a descoloração de outros, incluindo cortinas e tapeçarias em
geral. Por essas razões os projetos costumam aproveitar a luz difusa ou usar a
direta, de tal maneira que ela entre no espaço construído de forma difusa, sendo
refletida pelo teto ou pelas paredes.
A característica mais notável da luz, seja ela direta ou difusa, é sua
variabilidade. Apesar da única fonte de luz natural ser o Sol, o nível de iluminação
em um dado lugar, além do nível de incidência da radiação solar, depende dos
seguintes fatores:
Da latitude do local e por isso, da altura e do azimute do Sol.
Das condições do clima, como as nuvens e o nível de poluição do ar.
Dos efeitos locais, como obstáculos geográficos, paisagem,
construções e os reflexos de elementos próximos.
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(II) Condições do Céu
Podem ser classificadas em quatro tipos básicos que variam entre condições
do céu nublado com luz difusa, até o céu limpo com luz direta. Essa variação produz
diferentes níveis de iluminação nos planos horizontais e verticais. Para as condições
de céu totalmente nublado, o que pode ser uma situação típica nas regiões tropicais
úmidas, a fonte de luz é o céu, com uma iluminação três vezes maior no plano
horizontal que no vertical.
Quando se pode contar com dados locais exatos para se
calcular o nível de iluminação interna, em função da luz
natural externa, pode-se conseguir um resultado
aproximado para um Sol com ângulo de 70º de altura,
situação comum nas regiões tropicais ao meio-dia, na
maior parte do ano.
Iluminação Natural
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(III) Iluminação Natural
As contribuições da luz natural para iluminar o interior de um edifício
dependem de 3 fatores:
a quantidade de luz exterior
a proporção de luz admitida pelas janelas
quantidade de reflexão interna.
A reflexão interna assume uma importância maior quanto
mais longe da janela estiver o fundo do cômodo e
depende mais das cores das paredes que do piso interior.
Em virtude das cores mais claras terem mais capacidade
de refletir a luz, e as mais escuras diminuírem a reflexão,
a escolha das cores pode modificar a intensidade de
iluminação no interior do cômodo.
O nível de iluminação que um espaço deve ter, depende da solicitação visual
que os seus usuários vão ter. As atividades mais precisas e minuciosas requerem
um nível mais alto de luz. A diferença entre a necessidade de iluminação de um
corredor e de um atelier de arquitetura é de dez vezes; nesse caso é evidente que a
iluminação natural deve ser aproveitada para o atelier.
Determinar a contribuição da luz natural, quanto a iluminação exigida, tornou-
se tarefa simplificada, graças às tabelas e aos gráficos. Estes gráficos pressupõem
condições interiores típicas, como cores claras, por exemplo, e a base destas
condições forma uma relação entre as paredes e as janelas, o tamanho das janelas
e a profundidade dos cômodos. A estratégia é solucionar a situação mais
problemática, ou seja, a de um plano horizontal localizado a 60 cm da parede mais
distante das janelas, no qual ocorre uma atividade visual hipotética para atender as
necessidades do lugar menos iluminado pela luz natural; automaticamente, o
restante do cômodo receberá luz mais que suficiente para a mesma atividade.
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ILUMINAÇÃO
Nível de iluminação sob um céu claro com brilho não-uniforme no plano horizontal
Latitude Iluminação entre 9h – 17h em Lux
5º 15 000
10º 12 500
15º 11 000
20º 9 250
Exemplo: Um cômodo com a parede de frente com 60% de vidro a uma distância de
4 m do fundo, terá um nível de iluminação num plano horizontal próximo da parede
mais profunda de 2,3% da luz que se encontra num plano horizontal do lado de fora.
Ao aumentar a porcentagem do vidro para 90% o resultado no lugar menos
iluminado só será 3,4% do exterior.
No caso anterior, de 60% de vidro, o nível de iluminação interior varia de
acordo com condições típicas das regiões tropicais, desde um céu nublado, com um
resultado de 35 lux, até um céu claro, com nível de iluminação interna de 230 lux, se
as janelas estiverem expostas diretamente aos raios solares. Para condições de um
céu parcialmente nublado, tanto com luz difusa quanto direta, o nível de iluminação
interna varia entre esses dois limites.
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Para atender-se à necessidade primordial de se evitar que entre muito sol nos
edifícios das regiões tropicais, é óbvio que não podemos permitir níveis de
iluminação tão altos como no exemplo anterior. Todas as decisões relacionadas à
manipulação da fachada e das janelas, no sentido de aumentar o nível de
iluminação natural, têm que levar em conta as fortes implicações de ganho de calor
delas decorrentes.
Num projeto bem planejado é possível discriminar entre a luz direta, utilizada
de maneira limitada para iluminar os interiores, da luz difusa, que pode entrar
através de grandes janelas sem prejudicar o nível de conforto térmico. A maneira
mais simples e comum para pôr em prática essa estratégia é o uso de light shelvs,
ou estantes de luz.
Esses elementos têm a função de refletores, dirigindo uma porcentagem
mínima da luz direta para o teto do fundo do cômodo e ao mesmo tempo,
sombreando a maior parte da janela, permitindo apenas a penetração da luz difusa
que ocorre no horizonte.
Fonte: Hertz, John B; Ecotécnicas em Arquitetura
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No caso da luz direta, o teto atua como uma grande tela para distribuir a luz
nele refletida. Dessa maneira, toda a luz do cômodo, seja de origem direta ou difusa,
chegará à zona de trabalho de forma difusa, sem problemas de ofuscamento.
Nos edifícios pequenos ou nos andares baixos dos edifícios altos, é
importante lembrar que o mesmo elemento horizontal que protege a janela de um
Sol alto, pode não ser eficiente para eliminar a luz e o calor refletidos na Terra.
Nesse caso, elementos como pedra branca e concreto na paisagem podem causar
problemas de desconforto visual e térmico.
É importante recordar que o uso da luz difusa depende de uma nebulosidade
com densidade suficiente para espalhar a luz no céu. O caso é bastante diferente
quando há ausência de nuvens no céu durante um certo período. No último caso,
para os lados do edifício não diretamente expostos ao Sol, a quantidade natural que
entra pelas janelas será mínima. Somente sob condições de um céu nublado, seja
uniforme ou não, haveria luz suficiente para uma iluminação adequada. No entanto,
os lados dos edifícios não diretamente expostos ao Sol, recebendo ou não luz
difusa, são muito menos iluminados que os lados expostos à luz direta.
Para regiões tropicais úmidas do Brasil, especialmente nas latitudes próximas
ao Equador, as condições de alta nebulosidade ocorrem com mais regularidade que
nas cidades ao sul, como Rio de Janeiro ou São Paulo. Em Manaus, por exemplo, a
média de nebulosidade varia de 70% no verão a 50% no inverno; já em Porto
Alegre, essa variação é de 50% no verão e 60% no inverno. O mesmo não acontece
em Brasília, cuja média de nebulosidade é de 70% no verão e 30% no inverno.
Todos esses fenômenos têm implicações no possível uso da luz natural como fonte
de iluminação interna. De posse de tais informações: qual seria a melhor
estratégia? A utilização da luz direta, luz difusa, ou de uma combinação de
ambas? Qualquer que seja a escolha é imprescindível verificar o impacto
térmico de cada uma delas.
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8ª Aula
Objetivo: dar aos alunos noções sobre Iluminação Zenital
Assunto: Iluminação Zenital na Arquitetura
Conceitos Básicos
Iluminação Zenital na Arquitetura
A técnica da iluminação zenital por meio dos domos de plástico, largamente
usada em diversos países, somente a partir de algumas décadas encontrou
condições para seu desenvolvimento e uso no país.
Os domos são o resultado de uma conjugação de esforços de nossos
industrias no sentido de solucionar, de uma maneira simples e econômica, o
problema, importante para a arquitetura, o da iluminação zenital.
Este processo já era usado nos princípios da nossa civilização por povos que
tinham possibilidades de se expressarem em termos de arquitetura. As técnicas
utilizadas foram as mais diversas. Na arquitetura egípcia, e depois na grega, o
processo era simples e primitivo: retiravam-se alguns blocos de pedra da cobertura,
deixando a luz passar pelo buraco. Na Idade Média até o Renascimento, inclusive,
com o uso das coberturas em forma de cúpulas, utilizou-se a luz zenital para
conseguir certos efeitos psicológicos desejados; já era comum o uso de vidro nas
construções.
No período barroco estes efeitos de luz zenital atingiram um alto grau de
perfeição. As cúpulas eram resolvidas de maneira tal, que a luz delas emanante
tinha o poder de desmaterializar tudo que rodeava e dar a impressão de espaço
ilimitado, preenchendo a necessidade de satisfazer, por meios arquitetônicos, o
sentimento barroco do misterioso e do infinito. No século passado, com a fabricação
em larga escala do ferro e do vidro, surgiram grandes construções, quase totalmente
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feitas com estes materiais (galerias, palácios de exposições, shoppings etc.). A
iluminação zenital ia desde as pequenas clarabóias, usadas em fábricas, até as
grandes coberturas inteiramente de vidro.
Como se vê, cada época utilizou a iluminação zenital em função dos materiais
disponíveis, das técnicas construtivas existentes e de suas necessidades
arquitetônicas.
Na época atual, ao fazer-se uma análise sucinta de alguns de seus aspectos,
nota-se que o material plástico e sua técnica construtiva, na iluminação zenital, vão
de encontro às necessidades existentes para a realização da obra arquitetônica.
No seu aspecto estrutural, vê-se uma certa tendência no sentido de se achar
soluções que tenham, ao mesmo tempo, algum significado estético, e uma
preocupação de se vencer grandes vãos com uma estrutura aparentemente leve.
Disto percebe-se que a iluminação zenital, pelo processo dos domos de
plástico, é necessária, pois além de dar boa iluminação, concorre para diminuir o
peso próprio das coberturas, não prejudicando o aspecto formal da estrutura.
Concomitantemente ao problema estrutural, a arquitetura enfrenta a
necessidade de uma reorganização do espaço interno, resultante de novas
concepções das atividades humanas. Esta reorganização tende, supor uma solução
de caráter coletivo, buscando-se portanto, soluções arquitetônicas que venham
resolver o problema do aglomerado, porém, de um aglomerado ordenado. Notamos
isso, em escolas, fábricas, centros cívicos, etc. Nestes casos a arquitetura já tem
condições técnicas para se libertar de espaços confinados e optar para os grandes
vãos, resolvidos de maneira que a vivência aí seja, além de biologicamente possível,
estimulante às atividades humanas.
A utilização dos domos na obra arquitetônica possibilita maior liberdade no
estudo das fachadas, criando condições para simplificações no seu aspecto formal,
indo de encontro a certas tendências da arquitetura contemporânea.
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O problema da pré-fabricação e estandardização dos domos é facilmente
resolvido, pois sua utilização está isenta de certas preocupações de ordem estética,
restando solucionar somente os problemas técnicos, muito simples, e
dimensionamentos. A importância, portanto, da iluminação zenital com o material
plástico é palpável, pois além de ser um produto típico do nosso século, resolve
satisfatoriamente alguns problemas técnicos, possibilitando maior liberdade de
expressão para a arquitetura.
Mais uma vez podemos perceber que existem certas soluções de ordem
técnica que contribuem valiosamente ao desenvolvimento da arquitetura, pois a
organização e domínio do espaço está diretamente ligado, tanto aos conhecimentos
estéticos, como técnicos.
Conceitos Básicos:
Figura (1)
1º. Fluxo luminoso: é a quantidade de luz emitida por uma fonte luminosa na
unidade de tempo; número de partículas de luz num determinado ângulo; é a luz
emitida.
símbolo: F
unidade: lúmen (m)
analogia: quantidade de água que sai de um chuveiro em uma unidade
de tempo.
a) Luz direta do Sol
b) Luz difusa do céu
c) Luz refletida pelos obstáculos externos
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Exemplos:
Lâmpada incandescente 60W 840 lúmens
Lâmpada incandescente 100W 1570 lúmens
Lâmpada fluorescente 20W 1100 lúmens
Lâmpada fluorescente 40W 2700 lúmens
2º. Aclaramento: fluxo luminoso (F) por unidade de superfície (m2); é a luz
recebida.
símbolo: E (eclairage = lighting)
unidade: lux (x)
definição: 2m
F
Exemplos:
dia de verão com Sol: 100.000 x
dia de inverno, 12h: 10.000 x
dia encoberto de verão: 20.000 x
dia encoberto de inverno: 3.000 x
céu difuso em São Paulo: 11.000 x
tarefa visual simples (depósito): 150 x
tarefa visual normal (contabilidade): 250/500 x
tarefa visual precisa (arte final): 500/1000 x
tarefa visual muito precisa (relojoaria): 2500 x ou mais.
Figura (2)
horizonte
ZENITE
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Figura (3)
O fluxo luminoso
2m
oaclarament se divide em:
Fh = Fluxo Luminoso Externo (sem obstáculo).
F = Fluxo Luminoso Externo (incidente na face externa do domos ou janela e
obstáculos).
Fi = Fluxo Luminoso Interno (que penetra no recinto).
F = Fluxo Útil (que atinge o plano de utilização)
Figura (4)
3º. Fator Janela (J): domos colocados sobre o teto desimpedido: 11.000 lux (São
Paulo).
Domos colocado num poço ou sobre um edifício cercado de construções
receberão parte da luz difusa do céu.
Plano de utilização da iluminação
Fh
FC FC FC FC
Fh
0,80m
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Figura (5)
*** O aclaramento no plano do domos (Eh) será função da porção visível do
céu.
Fator Janela (J): relação entre Ee, na abertura e Eh sobre um plano horizontal
exposto a todo hemisfério celeste.
h
e
E
EJ
Domos desobstruídos
Figura (6)
4º. Cálculo do fator janela no caso de céu parcialmente obstruído: do centro da
janela ou domo, seja vista uma porção retangular do céu, ou uma linha média do
contorno das obstruções.
Exemplo: um domo dando para um poço.
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Figura (7)
Desenvolvendo:
Figura (8)
o retângulo ABCD representa a porção visível do céu
o aclaramento no ponto P será: Ee = J . Eh
o retângulo ABCD, porção visível do céu foi dividido em 4 retângulos
iguais: BFIE; FCHI; AEIG; DGIH
os ângulos e determinam a posição do ponto P e serão tanto maiores
quanto mais próximo P estiver do retângulo luminoso ABCD.
O fator janela J é proporcional aos ângulos e .
Verificando-se a tabela abaixo ou o gráfico, encontra-se um valor que será
multiplicado 4 vezes, pois e estão considerando apenas BFIE, que
representa ¼ de ABCD.
Os ângulos e são calculados via tangente, ou graficamente.
obstáculo
11.000 lux
11.000 lux
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Obtidos os valores da tangente, pela tabela abaixo, obtém-se o valor de J,
que representa ¼ do total.
1ª Tabela: Valores de ¼ J para superfícies paralelas à fonte
=10º 20º 30º 40º 50º 60º 70º 80º 90º
10º 009 018 026 033 038 041 043 043 043 10º
20º 018 036 051 064 074 080 084 085 086 20º
30º 020 051 074 093 107 117 123 125 125 30º
40º 033 064 093 117 136 149 157 160 161 40º
50º 038 074 107 136 159 176 187 191 192 50º
60º 041 080 117 149 176 197 210 216 217 60º
70º 043 084 123 157 187 210 226 234 235 70º
80º 043 085 125 160 191 216 234 244 246 80º
90º 043 086 125 161 192 217 235 246 250 90º
Tabela (1)
Gráfico (1)
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9ª Aula
Objetivo: noções sobre Iluminação Zenital - Domos
Assunto: transferência do Fluxo Luminoso pelos Domos
fator , v, t, c, km
1º. Transferência do Fluxo Luminoso pelo Domos
Fe = So x Fe, onde:
Fe = fluxoluminoso que incide pela abertura.
So = área da entrada do poço do domo (m2).
Ee = aclaramento sobre a face externa.
o valor So é calculado sobre a forma do domos, ou seja circular, retangular
Fi = Fe . . v . t . c . Km
Fluxo luminoso transferido pelo domos, onde:
= rendimento do poço
v = fator estrutural
t = transmitância do material
c = rendimento inferior
Km = coeficiente de manutenção
2º. Fator
O rendimento do poço é dado pelo gráfico abaixo em função do índice de
poço ip e da refletância r das paredes internas do mesmo.
poços quadrados ou retangulares:
c
c2
hip
onde: c = comprimento do poço
= largura do poço
h = altura do poço
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poços circulares:
d
hip
onde: d = diâmetro
Índice de Poço
Gráfico (2)
3º. Fator V
Exprime a relação entre as áreas dos elementos estruturais das superfícies,
transparentes e translúcidas e a área total da abertura So.
o
c
o
co
S
S1
S
SSV
sendo
So = área total da abertura
Sc = área dos elementos de obstrução (caixilhos, chapas, elementos
estruturais).
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Ordens de grandeza:
Para caixilhos de madeira V = 0,70 a 0,85
Para caixilhos metálicos V = 0,80 a 0,90
No caso de elementos de V = 1 (não há obstrução)
sustentação colocada na periferia.
4º. Fator t
Representa a parcela de luz incidente que consegue atravessar o elemento
transparente ou translúcido.
Ordens de Grandeza
Vidro plano liso 0,80 a 0,90
Plástico transparente claro 0,80 a 0,92
Plástico transparente branco 0,50 a 0,60
5º. Fator c
Caso haja elementos de controle na abertura inferior do poço com grelha
“louvers”, venezianas, treliças, aplica-se as seguintes ordens de grandeza:
Elementos de controle: 0,60 a 0,80
Sem elementos de controle: 1
o
c
o
co
S
S1
S
SSC
So = área da abertura inferior do poço
Sc = área das obstruções
6º. Fator Km
Exprime as perdas devido ao acúmulo de pó e outras sujeiras.
Varia conforme o tipo de material e sua colocação
A posição horizontal é a pior.
Nos domos podemos tomar um valor intermediário de 45, pois a curva varia
de 0 a 90.
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Gráfico (3)
7º. Descontos sofridos pelo fluxo Fi no interior do recinto
Apenas uma parcela atingirá o plano de trabalho ou de utilização.
Haverá perdas por absorção no teto e nas paredes do recinto.
Idem quanto a forma e pé direito do recinto.
Essas perdas são representadas pelo fator de utilização Ku.
Assim, o Fu, fluxo útil ou o fluxo que atinge o plano de utilização é:
Fu = Fi . Ku
mas
Fi = Fe . . v . t . c . Km
Ku depende de:
índice do local
refletâncias médias do teto e das paredes
Índice do local
depende da forma das dimensões do local, das proporções
calcula-se
L
C1
h
Ci
ulocal
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sendo:
C = comprimento (maior dimensão em m)
L = largura (menor dimensão em m)
p = pé direito (m)
hu = altura útil (m)
Refletância do teto e das paredes
depende da cor e do acabamento das superfícies
deve-se calcular a Transmitância Líquida (T = . v . t . c)
Supõe-se um teto claro, e que uma parede clara reflete 50% e uma escura
30%.
Superfícies
muito escura 10 a 30%
escura 30 a 50%
média 40 a 50%
clara 50 a 60%
muito clara 70 a 85%
8º. Cálculo do coeficiente de utilização Ku
dependerá: da Transmitância Líquida
do índice local
da refletância das paredes
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T
.v.t.c i
Refletância
50%
Paredes
30%
T
.v.t.c i
Refletância
50%
Paredes
30%
70%
0,6 37 34
30%
06 16 15
0,8 45 42 0,8 19 18
1,0 49 46 1,0 21 20
1,25 52 50 1,25 22 21
1,5 54 53 1,5 24 23
2,0 58 56 2,0 25 24
2,5 61 59 2,5 26 25
3,0 63 61 3,0 27 26
4,0 65 62 4,0 28 27
T
.v.t.c i
Refletância
50%
Paredes
30%
T
.v.t.c i
Refletância
50%
Paredes
30%
50%
0,6 26 24
10%
0,6 05 05
0,8 32 29 0,8 06 06
1,0 35 32 1,0 07 06
1,25 37 35 1,25 07 07
1,5 39 37 1,5 08 07
2,0 41 40 2,0 08 08
2,5 44 42 2,5 09 08
3,0 45 43 3,0 09 09
4,0 46 44 4,0 09 09
9º. Equação Básica do Aclaramento Eu no plano de utilização
Sabe-se que S
FE u
u
onde Fu = Fe . . v . t . c . Km . Ku
S = área do recinto em m2
o fluxo externo Fe = So . Ee
onde: Ee = foi determinado pelo fator janela (J)
So = área do recinto em m2
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mas S
KuKmctvFE e
u
ainda S
KuKmctvESE eo
u
Eu = aclaramento no plano de utilização (lux)
S = área do plano de utilização (m2)
como Ee = J . Eh = J . M
(Eh = M)
tem-se S
MJKuKmctvSE o
c
como no valor Ku já foi considerada a Transmitância Líquida T (T = . v . t . c),
pode-se simplificar:
S
MKuKmSE o
u
Eu lux
TABELA DOS NÍVEIS DE ACLARAMENTO RECOMENDADOS UTILIZAÇÃO DO RECINTO
lux Cinemas, Teatros, Halls, Corredores, Restaurantes, Igrejas................... 60 a 120 Fábricas – (iluminação geral)................................................................... 120
Local de trabalho................................................................... 180 Bibliotecas................................................................................................ 300 Escolas – Sala de Aula e de Desenho..................................................... 300
Laboratórios............................................................................ 200 Escritórios – Cálculos e projetos.............................................................. 400
Escrituração........................................................................ 250 Hospitais – Laboratórios........................................................................... 350
Enfermarias............................................................................ 200 Hotéis – Saguão, Cozinhas...................................................................... 200
Restaurantes.............................................................................. 120 Museus..................................................................................................... 500
Residências – Salas................................................................................. 50
Local de leitura, Mesa de Estudo, Escritórios.................. 300
Côa e Cozinha.......................................................................................... 200
Tabela (3)
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10º. Cálculo de So (área da abertura total da laje)
É a área total da abertura e não a área dos domos
É a incógnita procurada, pois todos os outros valores são conheciso
Tem-se a expressão S
MJKuKmSE o
u
Como So é a incógnita, vem: MJKuKm
SES u
o
Depois de calculada a área total, esta será subdividida em diversas
aberturas menores de acordo com a iluminação zenital desejada:
1
o
S
SN
onde: N = número de domos
So = área total calculada de domos
S1 = área do domo escolhido
Essa quantidade de domos deve ser distribuída com regularidade no teto
do recinto (uniformidade de iluminamento)
O resultado será uma malha constituída por fileiras com espaçamento
regulares (D numa direção e D’ na outra)
Para obter uniformidade:
D < p – ho quando E > 200 lux
D < 2 (p – ho) quando E < 200 lux
Sendo p = pé direito e ho = altura do plano de trabalho
D será no máximo igual à diagonal do quadrado de lado = D’
Fileiras junto à parede: 2
D' e
2
D
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EXERCÍCIOS
Quantos domos serão necessários para iluminar uma fábrica de área igual a 100 m2,
cujas paredes são brancas e o pé direito 5 m.
Dados:
e = 20º
fator v = 1 (elementos de sustentação colocados na periferia, sem
obstrução).
fator t = 0,80 (plástico transparente claro).
fator C = 0,50 (plástico difusor).
Km = 0,80 (manutenção quinzenal).
Os poços serão quadrados: h = 0,50 m; c = L = 1,50 m
Resolução
1. Cálculo J (fator janela), sendo e = 20º temos pela tabela (1) que
036,0J4
1
J = 0,036 . 4
J = 0,144
2. Calculo de (rendimento ou eficiência do poço)
L
C1
c2
hip
h = altura do poço
L = largura do poço
C = comprimento do poço
como os poços são quadrados e foram dados :
h = 0,50 m (viga + altura dos domos)
C = 1,50 m (comprimento)
L = 1,50 m (largura)
333,050,1
50,11
50,12
50,0ip
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sendo as paredes brancas
r = refletância 0,80.
entrando no gráfico III com
r = 080 e ip = 0,333 obtém-se = 0,85
3. Cálculo da Transmitância Líquida (T)
T = . V. t. c
T = 0,85 . 1 . 0,80 . 0,50 = 0,34
T = 30%
4. Cálculo do indice local: (i)
19,110
101:
hp
Ci
ulocal
C = comprimento da fábrica = 10 m
L = largura da fábrica = 10 m
onde hu = altura da utilização = 0,80 m
p = pé direito da fábrica = 5 m
5. Cálculo de Ku (coeficiente de utilização)
com T = transmitância líquida = 30%
i = índice local = 1,19
refletâncias das paredes claras = 50%
entrando-se na tabela II tem-se
Ku = 0,22
6. Cálculo da área total de iluminação So.
Onde E = 120 lux (fábrica) tabela
S = 100 m2 (área da fábrica)
Ku = coeficiente de utilização = 0,22
Km = perdas = 0,80
J = fator janela = 144
M = 11.000 lúmens
So = 43 m2
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7. Cálculo do número de domos
domos 1925,2
43
S
SN
1
o
para facilitar a distribuição = 20 domos (domo quadrado 1,50 x 1,50)
8. Distribuição dos Domos:
20 domos podem ser divididos numa malha de 4 x 5
espaçamento vertical: 2,00 m (1,00 m da parede até o primeiro domo)
espaçamento horizontal: 2,50 m (1,25 m da parede até o primeiro
domo)
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10ª Aula
Objetivo: Noções sobre Sistemas de Iluminação Artificial
Assunto: Lâmpadas
Tipos de Lâmpadas
Sistemas de Iluminação Artificial
A luz natural como já foi visto é a principal fonte de iluminação na arquitetura.
Entretanto após a descoberta da eletricidade e a invenção da lâmpada por Thomas
Alva Edison, a iluminação artificial se tornou cada vez mais inseparável da
edificação. Sem ela não seriam possíveis os edifícios de grande área construída e
muitos pavimentos, onde a luz natural não consegue vencer a profundidade em
planta para iluminar alguns ambientes interiores.
Iluminação artificial em espaços enclausurados
Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura
A luz artificial também permite ao homem utilizar as edificações à noite para
dar continuidade a suas atividades ou se divertir, indo a bares, shopping centers ou
mesmo lendo um livro. É importante, no entanto, salientar que não é tão simples
empregar a luz artificial de forma eficiente. Um bom projeto de iluminação deve
garantir às pessoas a possibilidade de executar atividades visuais com o máximo de
precisão e segurança e com o menor esforço.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 54
Para aumentar a eficiência energética e a qualidade dos ambientes em uma
edificação, deve-se pensar na complementaridade que existe entre a luz artificial e a
luz natural. O projetista precisa considerar a integração entre os dois tipos de fonte
de luz e, para isso, é fundamental o conhecimento básico tanto da luz natural quanto
dos tipos de equipamentos de iluminação a serem utilizados na arquitetura. Ao nível
de projeto de iluminação, uma de suas principais decisões é a definição dos
sistemas artificial e natural. Cada componente (lâmpadas, luminárias, reatores,
sistemas de controle, janelas etc.) tem desempenho e qualidades diferentes, que
dependem do tipo de tecnologia empregada na sua fabricação. A eficiência do
sistema de iluminação artificial adotado no projeto depende do desempenho
particular de todos os elementos envolvidos, bem como da integração feita com o
sistema de iluminação natural.
Lâmpadas
Atualmente existem diferentes tipos de lâmpadas para as mais diversas
aplicações. Para o uso em edificações residenciais e comerciais, no entanto, as
lâmpadas elétricas podem ser classificadas em dois grupos básicos:
irradiação por efeito térmico (incandescentes).
Descarga em gases e vapores (fluorescentes, vapor de mercúrio, de
sódio etc...)
1 Incandescentes
São as mais comuns. Embora de vida útil bastante curta, seu custo inicial é
baixo. Seu princípio de funcionamento é produzir luz para elevação da temperatura
de um filamento, geralmente tungstênio, ao ser submetido à corrente elétrica. O
tamanho reduzido, o funcionamento imediato e a desnecessidade de aparelhagem
auxiliar (exceto as lâmpadas halógenas) são algumas das principais vantagens
deste tipo de lâmpada. Por outro lado a eficiência luminosa é bastante baixa nestas
lâmpadas. Existe uma elevada dissipação de calor, que se traduz no desperdício de
energia. Além disso, deve-se tomar cuidado com a possibilidade de ofuscamento,
resultante de sua alta luminância.
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Nas edificações residenciais e comerciais basicamente três tipos de lâmpadas
incandescentes são usados:
1-1 incandescente comum
1-2 incandescente refletora (espelhada)
1-3 halógena
1-1 As incandescentes comuns são as mais conhecidas e de tecnologia mais antiga.
Apresentam-se em bulbos claros e leitosos. A alta temperatura do filamento
causa evaporação do tungstênio, que se deposita no bulbo, escurecendo-o e
produzindo uma depreciação do fluxo luminoso e duração curta (1000 horas).
Apesar do custo global (operação de manutenção e inicial) é alto.
1-2 As lâmpadas incandescentes espelhadas possuem refletor interno para melhorar
o direcionamento da luz. A área espelhada funciona como uma luminária, com a
vantagem de não necessitar limpeza ou sofrer deterioração. O refletor pode ter
um perfil parabólico ou elíptico, sendo este último especialmente importante
quando a lâmpada está embutida numa luminária de corpo profundo e aletas
antiofuscantes. O direcionamento da luz , que, ao contrário, seria emitida para os
lados ou para cima, pode melhorar a eficiência da instalação.
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1-3 As lâmpadas halógenas possuem além de gases tradicionais, um halogênio
(normalmente iodo) no interior do bulbo. Com ajuda do bulbo de quartzo, que
suporta elevadas temperaturas, entretanto assim a condensação, o tungstênio
evaporado combina-se com o hagênio. Quando em contato com o filamento, o
tungstênio da mistura é redepositado no filamento e o halogênio continua sua
tarefa no ciclo regenerativo.
Estas lâmpadas apresentam um decaimento do fluxo luminoso muito pequeno,
uma maior eficiência, vida útil de 2.000 horas e dimensões bem reduzidas.
Algumas lâmpadas halógenas são equipadas com um refletor multifacetado
coberto com uma película dicróica. Trata-se de um filtro químico que reflete
grande parte da radiação visível e transmite para trás da lâmpada cerca de 65%
da radiação infravermelha (térmica), proporcionando desta forma, uma luz mais
“fria” que aquela obtida com refletores comuns. As lâmpadas halógenas são de
12 volts e necessitam de transformadores para uso na rede elétrica.
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2 Descarga Gasosa
O filamento não existe nas lâmpadas de descarga gasosa. A luz é produzida
pela excitação de um gás (pela passagem de energia elétrica). Contida entre dois
eletrodos. Desta forma é produzida a radiação ultravioleta (invisível), que, ao atingir
as paredes internas do bulbo (revestidas por substâncias fluorescentes como os
cristais de fósforo), é transformada em luz. Devido ao seu principio de
funcionamento, as lâmpadas de descarga gasosa requerem alguns dispositivos
auxiliares, como reatores e starters.
Uma das suas desvantagens é o efeito estroboscópio que produzem. As
lâmpadas piscam na mesma freqüência da tensão de alimentação (60 Hz). Um
motor cujo eixo gire em velocidade alta (3.600 rpm, por exemplo) pode parecer
parado e causar algum acidente de trabalho. Por este motivo em locais onde haja a
possibilidade de ocorrer este problema, é recomendado o uso de pelo menos duas
lâmpadas ligadas em circuitos diferentes ou com reator duplo, que terão suas
piscadas defasadas, evitando o efeito estroboscópico.
Atualmente, a qualidade do gás e do revestimento no interior das lâmpadas
tem sido aprimorada, proporcionando grande melhoria na reprodução das cores e na
redução do tamanho das lâmpadas. Produtos relativamente novos, como o heater
cutout para reatores magnéticos, que desliga o circuito aquecido que a lâmpada
liga, e os reatores eletrônicos de alta freqüência, são disponíveis e aceitos no
mercado, além de serem uma técnica eficiente de economia de energia.
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11ª Aula
Objetivo: dar ao aluno noções sobre iluminação artificial
Assunto: tipos de lâmpadas: fluorescentes, vapor de mercúrio e vapor de sódio
1. Fluorescentes
As lâmpadas fluorescentes são geralmente de forma tubular com um eletrodo
em cada ponta, contendo vapor de mercúrio em baixa pressão. O reator tem a
finalidade de fornecer alta voltagem inicial para começar a descarga e rapidamente
limitar a corrente para manter a descarga com segurança. A função do starter é
proporcionar a tensão necessária para haver a descarga inicial do gás, através de
pulsações de corrente, ionizando o caminho da descarga para que a lâmpada passe
a operar.
Em geral as lâmpadas fluorescentes possuem boa eficiência luminosa (quatro
a seis vezes maior que as incandescentes) e vida média alta (6000 a 9000 horas). O
fato de apresentarem baixa luminância é vantajoso, pois reduz a possibilidade de
ofuscamento. A fluorescente T8 é mais eficiente por ter menor diâmetro, menor
potência (32 W) e fluxo luminoso equivalente ao da fluorescente comum (T12) de
40W, sendo boa alternativa para edificações comerciais.
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Outro tipo de lâmpada fluorescente é a fluorescente compacta, que tem sido
desenvolvida para uso em diversas situações em que tradicionalmente se utilizam
lâmpadas incandescentes.
É composto basicamente de um pequeno brilho fluorescente, possuindo
alguns modelos nos quais os dispositivos de partida (reatores e starters) estão
incorporados no seu invólucro compacto. Atualmente se encontram no mercado
quatro tipos básicos de fluorescente compactas:
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1. forma circular com diâmetro padrão (26 mm), com starter e reator incorporados;
2. forma compacta com dois ou mais tubos paralelos interconectados, com starter e
reator incorporados;
3. forma compacta com invólucro adicional, com reator e starter incorporados;
4. forma compacta com dois ou mais tubos paralelos interconectados sem
dispositivos de partida incorporados.
2. Vapor de Sódio
Podem ser de baixa ou alta pressão. Na de baixa pressão o tubo de descarga
interno contém sódio e uma mistura de gases inertes (neônio e argônio) com os
eletrodos nas extremidades. Esta lâmpada caracteriza-se por emitir uma radiação
monocromática, centrada no amarelo, elevada eficiência luminosa (160 a 180 m/W)
e longa vida média. Este tipo de lâmpada encontra sua aplicação em grandes
espaços externos, onde a reprodução da cor não é necessária e o reconhecimento
por contrastes é predominante (auto-estradas, vias de trafego, estacionamentos,
pátios de manobras, etc...).
Na lâmpada a vapor de sódio de alta pressão, o tubo de descarga contém um
excesso de sódio. Ao contrário das lâmpadas de baixa pressão, a de alta,
proporciona uma reprodução de cor razoável e apresenta uma eficiência luminosa
que pode chegar até 130 m/W. Com tonalidade alaranjada agradável, estas
lâmpadas têm um emprego crescente para todos os tipos de iluminação externa e
iluminação industrial de grande altura.
As lâmpadas de vapor de sódio necessitam de aparelhagem auxiliar para
operação, o que representa um custo inicial elevado. Levam de cinco a oito minutos
para atingir 80% de seu fluxo luminoso máximo e têm duração média notável (6000
a 9000 horas).
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Atualmente as evoluções tecnológicas têm levado ao desenvolvimento de
lâmpadas sem eletrodos. Em outubro de 1994 foi apresentada uma nova lâmpada
nos Estados Unidos: a lâmpada de microondas (súlfur microwave lamp),
representando uma revolução nas pesquisas de tecnologia de iluminação. Esta
lâmpada contém uma mistura de gás argônio com enxofre, que é convertida numa
espécie de plasma aos ser submetida a microondas (2,45 GHz), emitindo luz. Sua
eficiência luminosa atinge a faixa de 110 m/W (equivalente à eficiência da lâmpada
a vapor de sódio de alta pressão) e sua durabilidade atinge 10.000 horas. A luz
emitida é de excelente qualidade e tem espectro semelhante ao da luz do sol.
Quanto à aplicação, pela sua grande eficiência e pela semelhança à luz do dia, será
indicada em iluminação de rua, de armazéns, fábricas, shopping centers, mercados
e teatros.
3. Vapor de Mercúrio
Este tipo de lâmpada é indicado para a iluminação de grandes áreas internas
(armazéns, depósito, etc...) ou externas. Tem boa eficiência luminosa (45 a
65 m/W) e sua luz tem aparência branco azulada. Nestas lâmpadas, o vapor de
mercúrio está contida num brilho, que ajuda a manter constante a temperatura da
lâmpada. Também se pode revestir o brilho com pós-fluorescentes para melhorar a
qualidade cromática da luz emitida. Como as lâmpadas fluorescentes, as lâmpadas
a vapor de mercúrios (exceto a do tipo mista) exigem aparelhagem auxiliar para
funcionamento. Um tipo especial destas lâmpadas é conhecida como luz mista e
consiste da lâmpada de brilho fluorescente, com o tubo de descarga ligado em série
com um filamento de tungstênio. A radiação das duas fontes mistura-se
harmoniosamente, produzindo luz branca difusa de luz agradável. O filamento age
como reator, dispensando o emprego deste e permitindo que a lâmpada seja ligada
diretamente na rede. Isto facilita a modernização de instalações de lâmpadas
incandescentes por lâmpadas de luz mista, que têm o dobro de eficiência e são
cinco a seis vezes mais duráveis.
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As principais vantagens das lâmpadas a vapor de mercúrio são sua duração
(6.000 a 9.000 horas) a luminância média (que evita o ofuscamento), o volume
pequeno, a boa eficiência luminosa e o fato de serem oferecidas em potencias
elevadas. Uma lâmpada de mercúrio de 400 W tem luminosidade equivalente a dez
lâmpadas fluorescentes de 40 W e ocupa espaço bem mais reduzido.
Suas principais desvantagens são a pouca qualidade na reprodução de cores,
o custo inicial elevado (que pode ser, no entanto, amortizado pela eficiência e vida
útil) e o tempo longo de acendimento (pode levar de quatro a cinco minutos para
atingir o fluxo luminoso máximo).
Comparação e melhor escolha de lâmpadas
Lâmpada Rendimento
Cromático
Eficiência
luminosa
Vida
Média
Energia
Consumida
Custo
Inicial
Custo
Final
incandescente Bom 15 a 50W
m menos de
2000h Muita Baixo Alto
halógena Bom 15 a 50W
m menos de
2000h Muita Médio Alto
fluorescente Regular 50 a 80W
m de 2000 a
10.000 h Regular Médio Médio
vapor de
mercúrio Regular 50 a 80
W
m de 2000 a
10.000 h Regular Médio Médio
luz mista Regular 15 a 50W
m de 2000 a
10.000 h Muita Médio Alto
vapor de sódio Ruim mais de 80W
m mais de
10.000 Pouca Alto Baixo
microondas Ruim mais de 80W
m mais de
10.000 Pouca Alto Baixo
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12ª Aula
Objetivo: Definir as Grandezas Fundamentais da Luminotécnica
Assunto: luz, cor, intensidade luminosa, fluxo luminoso, iluminamento,
luminância, etc...
Grandezas Fundamentais da Luminotécnica
A fim de que possamos fazer os cálculos luminotécnicos, devemos tomar conhecimento das grandezas fundamentais, baseadas nas definições apresentadas pela ABNT (Vocabulário de termos de iluminação e NBR-5413) e nas fontes citadas na bibliografia.
LUZ
Aspecto da energia radiante que um observador humano constata pela
sensação visual, determinado pelo estímulo da retina ocular.
A faixa das radiações eletromagnéticas capazes de serem percebidas pelo
olho humano se situa entre os comprimentos de onda de 3800 a 7600 Angstroms,
(cujo símbolo é A
, é o comprimento de onda unitário e igual a dez milionésimos de
milímetro.
f
c
f = freqüência em ciclos/seg.
c = velocidade da luz (300.000 km/s ou 3 x 108 m/s)
= comprimento de onda
Para a corrente alternativa que usamos em nossas residências, f=60c/s o
comprimento de onda será:
km 5000 ou 2
10
10x6
10x3 78
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COR A cor da luz é determinada pelo comprimento da onda. A luz violeta é a de menor comprimento de onda visual do espectro, situado
entre 3800 a 4500 A
.
A luz vermelha é a maior comprimento da onda visível entre 6400 a 7600 A
.
As demais cores se situam conforme a curva da figura 5.16, onde se vê que o
amarelo é a cor que dá mais sensibilidade visual a 5 500 A
.
Intensidade Luminosa; Candela (cd)
É definida como a intensidade luminosa, na direção perpendicular de uma
superfície plana de área igual a 000.600
1 metros quadrados, de um corpo negro à
temperatura de solidificação da platina, e sob a pressão de 101.325 newtons por
metro quadrado.
Fluxo Luminoso: Lúmen (m)
Fluxo Luminoso emitido no interior de um ângulo sólido de esferorradiano, por
uma fonte puntiforme de intensidade invariável e igual a 1 candela, em todas as
direções.
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Suponhamos a figura 5.17
ao lado, uma esfera de 1 m de
raio, no centro no qual colocamos
uma parte com intensidade 1
candela em todas as direções. O
ângulo sólido que subentende uma
área de 1m2 é um esferorradiano.
O fluxo emitido no interior deste
ângulo sólido, é do lúmen.
Área da esfera = 4R2 = 12,56 R2
Como em cada m2 da superfície desta esfera temos o fluxo de l lúmen, o fluxo
total recebido será 12,56 lumens.
Iluminamento: Lux (x)
Iluminamento de uma superfície plana, de área igual a 1 m2 que recebe na
direção perpendicular um fluxo luminoso igual a 1 lúmen, uniformemente distribuído.
É a densidade superficial de fluxo luminoso recebido.
Assim: lux = 2m
lúmen
luminância: cd/m2 ou “nit”
É a luminância em uma determinada direção de uma fonte de área emissiva
igual a 1 m2, com intensidade luminosa, na mesma direção, de 1 candela.
Quantidade de Luz: m/S
É a quantidade de luz, durante 1 segundo, de um fluxo uniforme e igual a 1 m.
Emitância Luminosa: m/m2
É a emitância luminosa de uma fonte superficial, que emite o fluxo de m por
m2 de área.
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Emitância Luminosa: m/w
É a eficiência luminosa de uma fonte que dissipa 1 watt para cada lúmen
emitido.
Curva de Distribuição Luminosa
É a maneira pela qual os fabricantes de luminárias representam a distribuição
da intensidade luminosa nas diferentes direções.
Trata-se de um diagrama polar, onde a luminária é reduzida a um ponto, no
centro do diagrama; as intensidades luminosas em função do ângulo formado com a
vertical, são medidas e registradas. Como o fluxo inicial das lâmpadas depende do
tipo escolhido as curvas de distribuição luminosa são feitas para 1.000 lumens. Para
outros valores do fluxo, basta multiplicar por sua relação a 1 000 lumens.
Métodos de Cálculo De Iluminação
Pode-se determinar o número de luminárias para produzir determinado iluminamento, das seguintes maneiras:
1º Pela carga mínima exigida por normas; 2º Pelo método das lumens; 3º Pelo método das cavidades zonais; 4º Pelo método de ponto a ponto.
2º Método das lumens 2.1. Seleção da Iluminância
De acordo com a NBR – 5413 da ABNT, alguns níveis recomendados para
iluminação de interiores constam da tabela (5.1). Segundo a mesma fonte, as
atividades ficam divididas em faixas: A, B e C e cada faixa com três grupos de
iluminâncias conforme o tipo de atividade. A seleção da iluminância específica para
cada atividade é feita com auxílio das tabelas (5.1a) e (5.1b) do seguinte modo.
a) analisa-se a característica da tarefa escolher o seu peso (tabela 5.b);
b) somam-se os valores encontrados, algebricamente, considerando o sinal;
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c) quando o valor final for –2 ou –3, usa-se a iluminância mais baixa do
grupo; usa-se a iluminância superior do grupo é usada quando a soma for
+2 ou +3; nos outros casos usa-se o valor médio.
Exemplo 1: Oficina de inspeção de aparelhos de TV, ocupada por pessoas de menos de
40 anos de idade, a velocidade e precisão são importantes e a refletância do fundo
da tarefa é de 80%.
Somatório dos pesos:
idade = -1
velocidade de precisão = 0
refletância do fundo da tarefa = -1
Total = -2
Então usaremos a iluminância mais baixa do grupo, ou seja, 1 000 luxes
(Faixa B – Tarefas com requisitos especiais).
2.2. Escolha da Luminária
Esta etapa depende de diversos fatores tais como: objetivo da instalação
(comercial, industrial, domiciliar, etc...), fatores econômicos, razões de decoração
facilidade de manutenção, etc...
Para esse objetivo torna-se indispensável a consulta de catálogos dos
fabricantes (tabelas 5.3 e 5.4) “General Electric” págs.159 e 161 Hélio Creder.
3º) Determinação do índice do local
Este índice relaciona as dimensões do recinto, comprimento, largura e altura
de montagem, ou seja, altura da luminária em relação ao plano do trabalho (tabela
5.2) de acordo com o tipo de iluminação (direta, semidireta, indireta e semi-indireta).
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*** para dimensões fora da tabela podem-se dividir pelo mesmo número as
três dimensões (comprimento, largura, altura de montagem) obter dados
diretos da tabela.
Obs: Iluminância é o mesmo que iluminamento, não confundir com “luminância”.
Definição de iluminância da NB-57: “Limite da razão do fluxo luminoso
recebido pela superfície em torno de um pondo considerado, para área da
superfície, quando este tende para zero”.
4º) Determinação do coeficiente de Utilização
De posse do índice do local, estamos em condições de achar o coeficiente de
utilização. Este coeficiente relaciona o fluxo luminoso inicial emitido pela luminária
(fluxo total) e o fluxo recebido no plano de trabalho (fluxo útil), por isso, depende das
dimensões do local, da cor do teto, das paredes e do acabamento das luminárias.
Para encontrar o coeficiente de utilização, precisamos entrar na tabela com a
refletância dos tetos e paredes:
teto branco 75%
teto claro 50%
paredes brancas 50%
paredes claras 30%
paredes médias 10%
Tabela 5-3
5º) Fator de depreciação Tabela 5 – 3
Este fator, também chamado fator de manutenção, relaciona o fluxo emitido
no fim do período de manutenção da luminária e o fluxo luminoso inicial da mesma.
É evidente que, quanto melhor for a manutenção das luminárias (limpeza e
substituições mais freqüentes), mais alto será o fator, porém mais dispendioso.
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6º) Fluxo total e material de luminárias
Uma vez percorridas as cinco etapas anteriores, estamos em condições de
chegar ao número de luminárias necessárias para determinado nível de
iluminamento. Para isso usaremos as seguintes fórmulas:
e d x
E x S,
onde:
= fluxo luminoso total, em lumens
S = área do recinto em metros quadrados
E = nível de iluminamento em luxes
= coeficiente de utilização
d = fator de depreciação
= número de luminárias
= fluxo das luminárias em luxes.
Conhecido o número total de luminárias, resta-nos distribuí-las uniformemente
no recinto.
7º) Espaçamento das luminárias
Como dados práticos, toma-se à distância entre luminárias, o dobro da
distância entre a luminária e a parede. Para pé direito normal (3 m) e sistema
indireto, a distância entre as luminárias deve ser aproximadamente a da altura de
montagem acima do piso.
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13ª Aula
Objetivo: noções sobre métodos e cálculos de iluminação artificial
Assunto: método dos lumens
Exercício
Exemplo
Desejamos iluminar eletricamente uma oficina de 10,50 x 42 metros, pé
direito, 4,60 m. A oficina destina-se à inspeção de aparelhos de TV, operação esta
realizada em mesas de 1,00 m. Desejamos usar lâmpadas fluorescentes em
luminárias industriais, com 4 lâmpadas de 40 watts – 120 volts cada.
O teto e as paredes são brancos.
1º) Iluminância: 1 000 luxes (requisitos especiais)
2º) Luminária escolhida: industrial, com 4 lâmpadas de 40 watts (nº 9 da
Tab. 5.3)
3º) Índice do local: B
Obs.: Admitindo a montagem das luminárias a 2,60 m acima das mesas,
teremos que pendurá-las a 1 m do teto.
4º) Coeficiente de utilização: 0,76
5º) Fator de depreciação: 0,70,
lumens 000.8290,76 x 0,70
000 1 x 42 x 50,10
Usando lâmpadas trimline T8.:
luminária por lumens 11.800 2950 x 4
luminárias 70800.11
000.829n
Ver disposição dos aparelhos na Figura.
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Para verificação do espaçamento entre luminárias.
Pela figura acima, para iluminação direta, o espaçamento máximo entre as
luminárias será 0,9 da distância da luminária ao piso, ou seja:
0,9 x 3,60 = 3,24 m.
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14ª Aula
Objetivo: definir o conceito de energia térmica em trânsiot
Assunto: energia térmica e calor
Princípios da Calorimetria
Dizemos que energia térmica é a energia cinética associada ao estado de
agitação térmica das moléculas de um corpo. A energia térmica de uma substância
pode variar.
Por exemplo: seja um tubo de ensaio contendo água, com sua parte inferior sobre a
chama de uma vela. As moléculas de água próximas à chama
apresentam um movimento mais acentuado, aumentando portanto a
energia térmica das mesmas. Se ao invés da chama colocarmos gelo
picado no tubo, notaremos um movimento menos acentuado que o
anterior, diminuindo portanto a energia térmica das moléculas.
Sejam dois corpos A e B de uma mesma substância, a diferentes
temperaturas, como ilustra a figura:
Nesse caso haverá uma transferência de energia térmica de A para B.
A essa energia em trânsito chamaremos CALOR
Princípios da Calorimetria
a) Princípio da Transformação Inversa
"A quantidade de calor fornecida a um sistema, fazendo com o que mesmo
sofra uma transformação, passando de um estado a para outro b, igual àquela
que deve ser retirada do mesmo, na transformação inversa, quando da sua
passagem do estado b para o estado a"
A B
calor
TA>tB
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b) Princípio das trocas de calor
"quando dois ou mais corpos, que constituem um sistema isolado, trocam entre
si somente calor, a soma das quantidades de calor cedidas por uns é igual à
soma das quantidades de calor recebidas pelos outros"
ou seja
Q :Q
Q :Q
cedida
recebida
:
convencionando
podemos escrever
Calor Sensível e Calor Latente
Quando um corpo cede ou recebe uma quantidade de calor, poderá haver
variação de sua temperatura. Neste caso, dizemos que o corpo recebeu ou cedeu
uma quantidade de calor sensível. É o caso, por exemplo, de um becker com água
sobre a chama de um bico de bunsen, como ilustra a figura:
Enquanto o termômetro apresentar variação
de temperatura, a chama fornece calor
sensível à água.
No entanto, poderá ocorrer o fato de um corpo receber ou ceder uma
quantidade de calor, sem que se verifique variação da temperatura do mesmo. É o
que acontece, por exemplo, com a água do becker ao atingir o ponto de ebulição. A
chama continua fornecendo calor à água e sua temperatura permanece invariável,
enquanto a água muda de estado. Nessas condições dizemos que a água recebeu
uma quantidade de calor latente da chama.
Estado (a)
Estado (b)
recebidoQ
cedidoQ
recebidacedida QQ
0QQ recebidacedida
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Calor Específico e Capacidade Térmica
A relação entre a quantidade de calor Q fornecida a um corpo e o
correspondente acréscimo de temperatura T , chama-se capacidade térmica.
A capacidade térmica é numericamente igual à quantidade de calor
necessária para elevar sua temperatura de um grau. A capacidade térmica por
unidade de massa,, chamada calor específico, é característica do material que
constitui o corpo e expressa por:
mT
Q
C mT
QC
tCmQ
"O calor específico é numericamente igual à quantidade de calor necessário
para elevar de um grau a unidade de massa da substância"
T
QC
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 75
15ª Aula
Objetivo: explicar as formas de propagação de calor
Assunto: condução térmica
Propagação do Calor
A propagação do calor pode se verificar através de três processos diferentes.
1) Condução
2) Convecção
3) Irradiação
Qualquer que seja o processo, a transmissão de calor obedece à seguinte lei
geral:
"Espontaneamente, o calor sempre se propaga de um corpo com maior
temperatura para um corpo de menor temperatura"
Para os três modos de propagação, definimos a grandeza fluxo de calor ( ).
Seja S uma superfície localizada na região onde a propagação de calor ocorre. O
fluxo de calor O através da superfície S é dado pela relação:
tempode intervalo
Spor calor de quantidade
Fluxo de calor através de S e a quantidade de calor transmitida na unidade
de tempo.
As unidades usuais de fluxo de calor são cal/s e k cal/s. Como calor é energia
podemos usar também a unidade joule/s = watt
Condução Térmica
Segure a extremidade A de uma barra de ferro AB e leve a outra extremidade
a uma chama. Após um intervalo de tempo relativamente curto a extremidade que
você segura estará quente.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 76
O processo pelo qual o calor se propagou da chama para a mão do operador é
denominado condução térmica.
O calor é transmitido de uma extremidade à outra através da agitação
molecular e dos choques entre as moléculas. A rapidez com que a extremidade se
apresentou aquecida caracteriza a condição de bom condutor, do ferro. Se a
experiência descrita fosse realizada com uma barra de vidro, só após muito tempo a
extremidade A estaria aquecida, pois o vidro é um mal condutor ou isolante térmico.
Para ocorrer condução deve existir um meio material. No entanto, é a energia
que se propaga; as partes do corpo não se deslocam, havendo apenas agitação
molecular.
Lei da Condução Térmica
"Em regime estacionário, o fluxo de calor por
condução num material homogêneo é
diretamente proporcional à área da secção
transversal atravessada e à diferença de
temperatura entre os extremos é inversamente
proporcional à espessura da camada
considerada"
Esta lei e conhecida por Lei de Fourier
Em símbolos
A
t2
t1
e
l
ttAk 12
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Exercícios:
1. Quantas calorias são transmitidas por metro quadrado de um cobertor de
2,5cm de espessura durante uma hora, estando a pele a 33ºC e o ambiente a
0ºC? O coeficiente de condutibilidade térmica do cobertor é 0,00008 cal/s.
SOLUÇÃO
Sendo: k = 0,00008 cal/s.cm ºC
A = 1 m² = 10 cm²
T2 - T1 = 33ºC
e = 2,5 cm
admitindo ser o regime estacionário
5,2
331000008,0
l
ttAk 12
scal56,10
Se em 1 s a quantidade de calor transferida é 10,56 cal, em 1 h = 3600s, a
quantidade de calor transmitida será
Qs3600
cal56,10s1
cal016,38Q
360056,10Q
Exercícios Propostos
2. Uma parede de madeira de 3cm de espessura separa uma sala para banho
de sauna, do ambiente. A temperatura da sala é mantida a 60ºC, enquanto a
externa é de 24ºC. Determine o fluxo de calor que atravessa cada metro
quadrado da parede. Dado k = 0,0002 cal/s.cm ºC
Resp.: 24cal/s
3. Um vidro de k=0,00183 cal/s.m ºC tem uma área de 1000 cm² e
espessura de 3,66 mm. Sendo o fluxo de calor por condução através do
vidro de 2000cal/s, determine a diferença de temperatura entre suas
faces.
Resp.: 400 ºC
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Tabela 6-2. Materiais de construção
Material Cº,t Chºm
kcal,k
Cºkgf
kcal,k
3m
kgf,
Asfalto 20 0,65 0,220 2120Argila 25 0,80 1775Areia seca 20 0,28 1580Areia com 10 % de H20 20 1,00 Argamassas 1 cim., 2 areia seca 20 0,65 21801 cim., 5 areia, 9 H20 0 1,10 19001 cim., 4 cal, 12 areia 2 %H2O 0 0,46 18701 cal, 3 areia, 1,4 1120 20 0,58 1820Cimento em pó (portland) 90 0,25 0,186 1505Cimento agregado 0-100 0,90 Concreto armado 20 0,7-1,21 0,210 1950 a 2305Cimento de gesso 30 0,29 740Granito 0-100 2,7-3,5 0,203 2600Granito 20 1,5-3,42 2500 a 3020Gesso 0-50 0,37 1250Gesso 20 0,40 0,259 800 a 1200Linoleum 20 0,16 1183Madeiras Balsa 0 0,05 200Balsa 30 0,037-0,045 0,45-0,65 112-128Balsa 50 0,07 200Pinho à fibra 20 0,14 0,650 550Pinho à fibra 20 0,30 0,300 550Mármore 0-100 1,8-3,0 0,210 2700
Mármore 20 2,40 0,193 2 500 a 2
705Vidro . 0-100 0,65 0,220 2500Vidro de quartzo 0-100 1,40
Paredes De tijolos, nova 10 1,20 1960De tijolos, velha 10 0,84 1763De tijolos, seca 30 0,37 1850Pedra arenosa 40 1,59 2300Terra argilosa seca 20 0,45 0,200 1700Terra argilosa molhada (úmida) 0 2,00 2020De carvão 89 %C 950 1,36 1 190De cimento 30 1,000 De argila úmida 500 1 De argila, seco, à mão 25 0,34 0,180 1 570De argila, seco, à máquina 0-100 .0,42 0,220 1 620
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Tabela 6-3. Isolantes
Material 3m
kgf, Cº,t
Chºm
kcal,k Temp.
trab., ºC
Lã de vidro 24 -7 0,0323 54038 0,0466 93 0,0649
Lã de vidro 64 -7 0,0267 54038 0,0356 93 0,0472
Lã de vidro 76 0,0300 Lã de vidro 96 -7 0,0243 540
38 0,0325 93 0,0429
Tabela 6-3. Isolantes - Continuação
Material 3m
kgf, Cº,t
Chºm
kcal,k Temp.
trab., ºC
Lã de vidro 220 100 0,0430 200 0,0570 300 0,0700
Lã de vidro 410 100 0,0640 540200 0,0860 300 0,1080
Lã de rocha 64 -7 0,0224 60038 0,0334 93 0,0472
Lã de rocha 70 0,0220 600100 0,0240
Lã de rocha 128 -7 0,0255 60038 0,0340 93 0,0446
Lã de rocha 192 -7 0,0273 38 0,0337 93 0,0419
Diatomita pulverizada 160 204 0,0570 900315 0,0720
93 0,049' Diatomita pulverizada 290 204 0,0670 900
315 0,0730 -7 0,0353
Magnésia 85 % 270 149 0,0640 300204 0,0690
93 0,0610 Diatomita 200 0 0,0400 900
100 0,0500 200 0,0610
Serragem 200 0 0,0600
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50 0,0650 Papelão corrugado, 4 camadas por polegada 170 150 0,0870 150Papelão laminado 650 20 0,0700 Penas 80 20 0,0300 Plástico esponjoso 25 20 0,0350 80Borracha esponjosa 80 20 0,0300 65Concreto celular 300 0 0,0490
600 0 0,1200 Gesso celular 128 20 0,0430
288 20 0,0730 Cortiça moída 150 30 0,0370 100Cortiça expandida 150-250 0 0,0320 100
0,0390 Feltro de lã 320 38 0,0410 100
200 0,0360 Feltro de crina 270 0 0,0300 80 Tabela 6-3. Isolantes - Continuação
Material 3m
kgf, Cº,t
Chºm
kcal,k Temp.
trab., ºC
Lã vegetal (Kapok) 150 0 0,0330 50 0,0400
Placas de cortiça bruta 200 0 0,0400 10050 0,0480
Eucatex isolante 300 0 0,0430 100Eucatex frigorífico 210 0 0,0280
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16ª Aula
Objetivo: definir resistência térmica
Assunto: analogia entre resistência elétrica e resistência térmica
Para facilitar a resolução de problemas de transmissão de calor mais
complexos, é preferível introduzir na expressão,
tempo de intervalo
S por calor de quantidade
o conceito de resistência térmica, assim à semelhança do que acontece na
eletricidade
Chamando a diferença de temperaturas de diferença de potencial térmico
e o fluxo térmico Q de intensidade de corrente térmica, podemos estabelecer
analogamente à Lei de Ohm ( R = V . 1 ), a expressão de resistência térmica Rt
RtQkA
e
IQ
Ve
Ak
t
Q
Aplicações:
O conceito de resistência térmica nos permite simplificar os cálculos
referentes à transmissão de calor que se verifica em paredes compostas de várias
camadas.
Basta, para isso, considerar cada camada como resistência térmica, colocada
em série com as demais.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 82
kS
l
Q
2t1tRt
Sk
l
Sk
l
Sk
lRt
Sk
l
Q
´R
Sk
l
Q
´R
Sk
l
Q
´R
3
3
2
2
1
1
3
33
2
22
1
11
3
2
1
Exercícios Propostos
1. Qual a resistência térmica de uma parede de alvenaria constituída de:
2 cm de reboco (k=0,046 k cafm h ºC)
25 cm de tijolo comum (k=0,84 k cal /m h ºC)
2 cm de reboco (k=0,046 k cal/m h ºC )
Qual a resistência térmica dessa parede, quando revestida com chapa de
Eucatex isolante de ½" (k=0,03 k cal/m h ºC ) em uma de suas faces?
SOLUÇÃO
Sk
l
Sk
l
Sk
lRRRRt
3
3
2
2
1
1ttt 321
assim, para 1 m², teremos:
h/kcal
Cº5903,1R
4233,0167,1RtRtR
h/kcal
Cº4233,0
03,0
0127,0
kS
lRt
h/kcal
Cº167,1
46,0
02,0
84,0
25,0
046,0
02,0Rt
final
isolantefinal
isolante
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Exercício Proposto
2. Uma câmara frigorífica que deve funcionar a - 25 ºC em zona onde a temperatura
ambiente atinge a + 35 ºC tem seu isolamento caracterizado pela perda térmica
máxima de 10 k cal/h.m².
Considerando-se apenas a resistência do isolamento, calcular a espessura de
STYROPOR (k=0,027 k cal/m h ºC) a adotar para a mesma.
Dado: l
k
5
Q ;
hm
kcal10t
2
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17ª Aula
Objetivo: definir conforto térmico
Assunto: mecanismos termorreguladores
Conforto Térmico
O homem é um ser homeotérmico, ou seja, a temperatura interna do
organismo tende a permanecer constante independentemente das condições do
clima. Com o uso do oxigênio, o organismo promove a queima das calorias
existentes nos alimentos (processo conhecido como metabolismo), transformando-
as em energia. Assim é gerado o calor interno do corpo. Entretanto, sempre existem
trocas térmicas entre o corpo humano e o meio. Na figura abaixo observa-se que
estas trocas podem ocorrer por condução, convecção, radiação e evaporação.
Mecanismos Termoreguladores
Havendo ganho ou perda de calor, pode ocorrer uma tendência ao aumento
ou à diminuição da temperatura interna do organismo (situada por volta de 37°C),
podendo causar danos à saúde e até mesmo a morte. Por este motivo existem
mecanismos com a finalidade de manter a temperatura interna constante, chamados
termoreguladores, ativados quando as condições térmicas do meio ultrapassam
certas faixas.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 85
Na presença de frio, os mecanismos termorreguladores são ativados com o
objetivo de evitar perdas térmicas do corpo ou aumentar a produção interna de calor.
O primeiro mecanismo termorregulador a ser disparado é a vasoconstrição
periférica, ou seja, os vasos capilares mais- próximos à pele se contraem, enquanto
os mais próximos aos órgãos internos se dilatam.
Desta forma a pele se resfria, atingindo uma temperatura o mais próxima
possível à do meio, evitando perdas de calor por radiação e por convecção (26).
O segundo mecanismo termorregulador ativado na presença de frio é o
arrepio. O movimento muscular que provoca o arrepio aquece a pele por atrito, além
de aumentar sua rugosidade, evitando perdas de calor por convecção. Após o
arrepio, se o fria ainda for agressivo, haverá o aumento do metabolismo entre 30°À e
100iG, que pode se manifestar pelo tremor dos músculos. Assim o calor produzido
internamente será maior, compensando as perdas do organismo para o meio. A
partir daí o homem lança mão de mecanismos instintivos (como curvar o corpo,
diminuindo a área de exposição da pele) e culturais (como esfregar as mãos, fazer
alguma atividade física ou ingerir alguma bebida quente) e faz uso de suas
habilidades (tecer roupas e construir abrigos) para melhor se adaptar ao meio. No
caso de calor, o primeiro mecanismo termorregulador a ser disparado é a
vasodilatação periférica, que, ao contrário da vasoconstrição periférica, aumenta a
temperatura da pele, incrementando perdas de calor por convecção e por radiação.
O segundo mecanismo disparado é também o mais importante para a sensação de
conforto térmico: o suor. Os poros sempre estão produzindo o suor, que vai sendo
evaporado no seu interior. Esta evaporação incrementa as perdas de calor do corpo.
Quando a temperatura da pele aumenta muito ou quando o ar está muito úmido, o
suor não pode ser totalmente evaporado, ficando na superfície. Também pode haver
a redução automática do metabolismo a fim de diminuir a produção interna de calor
no organismo.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 86
Conceito de Conforto
Segundo a ASHRAE, conforto térmico é um estado de espírito que reflete a
satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as
trocas de calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e suor
estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto
térmico.
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18ª Aula
Objetivo: conceituar fluxo térmico
Assunto: exemplo numérico
Fluxo Térmico
O objetivo principal de um arquiteto na especificação de um tipo de
fechamento é evitar as perdas de calor excessivas no inverno e também os ganhos
elevados no verão. No inverno maior que a exterior, pode-se dizer que o fluxo de
calor total por um fechamento é equacionado por:
onde: q fluxo total de calor (W/m³);
U Transmitância térmica (W/m²K);
t diferença entre as temperaturas exterior (ºC
ou K, já que a variação nas escalas Kelvin e
Celsius são iguais)
No verão, a temperatura do ar exterior tende a ser superior à do ar interior e a
incidência do sol nos fechamentos opacos pode incrementar o fluxo de calor para
dentro do ambiente. Por este motivo o equacionamento do fluxo térmico passa a ser:
onde: absortividade da
superfície externa
do fechamento;
I Irradiação solar
(W/m²);
seR resistência superficial
externa (m²K/W)
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 88
A radiação solar é uma função da orientação do fechamento, da latitude do
local do projeto, do dia do ano e da hora do dia, e pode ser obtida em tabelas com
valores para céu claro . Também pode ser obtida a partir do Ano Climático de
Referência (TRY), desde que este contenha valores de radiação ou uma estimativa
da radiação solar horária na superfície horizontal feita a partir da nebulosidade.
Neste caso, a conversão dos valores de radiação para a superfície horizontal em
valores corrigidos para a vertical pode ser feita através de algoritmos como os
descritos por Duffie & Beckman.
Exemplo Numérico
Para o entendimento do procedimento de cálculo do fluxo térmico em
fechamentos, o seguinte exemplo pode ser observado, em que se calcula o fluxo de
calor através de um fechamento de tijolo maciço com reboco.
Consideraram-se as seguintes características para este fechamento:
Local: Florianópolis (latitude=27º40' Sul)
Data: 22 de dezembro, 16:00 horas
Orientação: oeste
Temperatura externa: 33ºC
Temperatura interna: 23ºC
O primeiro passo é descobrir o valor da radiação solar a que está submetido o
fechamento (I). Adotou-se o valor encontrado nas tabelas para céu claro. A radiação
solar é da ordem de 715 W/m² para a orientação e a data em questão. A data e
horário escolhido representam o momento mais extremo de calor no ano, útil para o
cálculo posterior da carga térmica do ambiente. Pela tabela 4.6 o valor da
transsitância térmica do fechamento (U) é 3,57 W/m²K. Com o cálculo é feito para o
verão, o fluxo térmico que atravessa o fechamento opaco(qFO) é calculado pela
equação:
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 89
2ieseFO
mWttIRUq
Tem-se então que:
=0,3 (superfície de cor branca - tabela 4.1);
2mW 715I
WKm 04,0R 2
se
Cº 33Te (adotada);
Cº 23Ti (adotada);
Km
W 57,3U 2 (tabela 4.6);
Fazendo o cálculo chega-se ao valor do fluxo térmico:
2FOm
W 33,66Q ;
O fluxo térmico total que atravessa o fechamento será:
WAqQ FOFO onde:
A área do fechamento (m²).
Isto significa que 66,33 watts de calor estão penetrando no ambiente para cada
metro quadrado do fechamento. Obtendo os valores do fluxo térmico pode-se ter
idéia sobre sua contribuição para a quantidade de calor que entra ou sai de um
ambiente por condução nos fechamentos. O valor deste exemplo aparecerá mais
tarde no cálculo da carga térmica do ambiente onde será somado às trocas de calor
pelas aberturas, aos ganhos térmicos internos e à influência da infiltração de ar.
Com isso se pode estimar a quantidade total de calor que deverá ser retirada do
ambiente por refrigeração. Materiais como a cortiça, o isopor, a lã de vidro e o
concreto celular, entre outros, são isolantes térmicos. Estes materiais possuem
baixas densidades, ou seja, são bastante porosos. A capacidade de reduzir a
transferência de calor se dá ao fato de o ar parado contido nesses poros ter baixa
condutividade térmica ( ).
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 90
19ª Aula
Objetivo: conceituar inércia térmica
Assunto: inércia térmica, fechamento transparente, orientação e tamanho
Outra característica importante dos fechamentos é sua inércia térmica. Em
princípio, os fechamentos absorvem calor tanto do exterior quanto do interior,
dependendo de onde o ar tem a maior temperatura. Ao conduzir o calor para o outro
extremo, o material retém uma parte no seu interior, conseqüência de sua massa
térmica. Quanto maior a massa térmica, maior o calor retido, e este pode ser
devolvido ao interior quando a temperatura do ar for menor que a da superfície.
Supondo uma localidade onde as temperaturas oscilam entre valores altos durante o
dia e baixos à noite, pode-se utilizar a massa térmica dos fechamentos para
acumular calor durante o dia (do ar e do sol), retê-lo, e mais tarde (à noite) devolvê-
lo ao interior. Haverá uma diminuição da amplitude da temperatura interna, que
oscilará de forma amortecida. O pico da temperatura acontecerá algumas horas
após o fechamento estar submetido ao pico da temperatura externa, que constitui o
tempo de retardo térmico. A figura adiante é ilustrativa desta situação, onde se
percebem o amortecimento e o retardo térmico na temperatura interior em
comparação à temperatura exterior. Com isto o microclima interno é bem mais
ameno que o clima do exterior.
Inércia térmica
(amortecimento
e retardo)
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 91
Fechamentos Transparentes
As principais trocas térmicas em uma edificação acontecem geralmente
nestes fechamentos, que compreendem janelas, clarabóias e qualquer outro
elemento transparente na arquitetura.
Nos fechamentos transparentes podem ocorrer os três tipos básicos de trocas
térmicas: condução, convecção e radiação. Com relação às duas primeiras, o
comportamento é semelhante ao dos fechamentos opacos, acrescentando aos
transparentes a possibilidade do controle das trocas de ar entre interior e exterior,
basicamente ao abri-los ou fechá-los. A radiação é que se torna o principal fator
devido à sua parcela diretamente transmitida para o interior (inexistente nos
fechamentos opacos), que depende da transmissividade do vidro ( ).
No projeto arquitetõnico, as principais variáveis que podem alterar o aporte de
calor pela abertura são:
orientação e tamanho da abertura;
tipo de vidro;
uso de proteções solares internas e externas.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 92
Variáveis da abertura
Orientação e Tamanho
A orientação e o tamanho da abertura irão determinar sua exposição ao sol.
Quanto maior uma abertura, maior a quantidade de calor que pode entrar ou sair do
ambiente. Outro fator importante no dimensionamento é a luz natural. Deve-se
pensar o calor e a luz de forma integrada. A orientação da fachada, por exemplo,
pode expor aberturas de dimensões idênticas a quantidades de calor solar e
iluminação distintas. A trajetória do sol na abóbada celeste é diferente para cada
orientação e para cada latitude. O que normalmente se faz é obter os valores de
radiação solar para a abertura em questão diretamente de tabelas com valores para
céu claro representativos dos valores máximos de radiação solar para o local. De
forma mais completa e precisa pode-se utilizar valores de radiação horários, como
os existentes no Ano Climático de Referência (TRY) para a localidade.
Pode-se ter uma idéia visual sobre a insolação de uma fachada a partir da
carta solar. Analisando a altura e o azimute solar pode-se saber quando o sol está
incidindo diretamente em uma fachada. Também se pode saber qual o ângulo de
incidência da radiação solar, que interfere na quantidade de calor e de luz solar
direta que entra pela abertura. Na figura seguinte tem-se um exemplo para a carta
solar de Florianápolis, feita por projeção eqüidistante (latitude = 27º40' Sul).
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 93
Carta solar para Florianópolis: ângulo de
incidência a horas de sol
LESTE - sol todas as manhãs em
todas as estações;
OESTE - sol todas as tardes em
todas as estações;
NORTE - sol mais baixo durante
todo o dia no inverno e em boa
parte da primavera e outono; sol
mais alto no verão, que incide
poucas horas do dia;
SUL - sol inexistente no inverno; sol
pouco presente no outono e na
primavera, no início e final do dia;
sol mais presente no verão, no início
e final do dia, desaparecendo por
volta do meio-dia para a fachada.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 94
20ª Aula
Objetivo: noções sobre conforto térmico
Assunto: condução, convecção, radiação
intercâmbio térmico em ambientes
Conforto
Um edifício projetado para o clima no qual está inserido torna-se confortável,
além de poupar energia.
A metodologia de projeto deve basear-se na exclusão da radiação solar direta
dos ambientes internos e na minimização da radiação solar direta e difusa das
fachadas e cobertura do edifício.
No verão a superfície interna de uma parede, sem a adequada resistência
térmica à passagem do calor, pode estar de 4 a 8ºC mais quente, do que se tivesse
a resistência necessária. O corpo das pessoas que ocupam o edifício recebe essa
radiação proveniente das paredes, forro ou piso. Sentem calor e diminuem a
temperatura do termostato do aparelho de ar-condicionado, por exemplo,
consumindo mais energia elétrica, neste caso.
No inverno, na região sul, o efeito será o contrário: o corpo do usuário perderá
calor, por radiação, para as superfícies frias mal projetadas. O ar adjacente às
superfícies frias também se esfriará, aumentando sua densidade e substituindo o ar
quente. Para manter o conforto térmico desse local, o usuário novamente terá que
recorrer ao aumento do consumo de energia.
A solução desses problemas, tanto para a condição de verão quanto para a
de inverno, está na adequação do projeto do envolvente do edifício (paredes,
coberturas e aberturas).
Muitas formas de isolar o calor e o frio também desempenham a função de
isolamento acústico. Janelas e portas de vedação perfeita impedem a passagem do
ar e dos ruídos.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 95
Formas de Transmissão de Calor
O fluxo de calor transmite-se de três formas:
Condução: o calor pode ser transmitido diretamente de uma parte de um
objeto para outro; por exemplo, quando se aquece uma frigideira o seu cabo
vai-se esquentando, gradativamente. O calor pode passar de um objeto para
outro; por exemplo, quando se segura o cabo quente da frigideira.
O fluxo de calor movimenta-se permanentemente. Alguns materiais são
melhores condutores de calor que outros. O ar é um mal condutor de calor,
podendo transmití-la também por convecção e radiação.
Convecção: o calor pode ser transmitido através de um fluído em movimento,
com o ar, por exemplo. Num espaço onde as paredes não são adequadas do
ponto de vista térmico, o ar em contato com a parede exterior, ganha calor na
estação quente e perde calor na estação fria.
No inverno, pode-se perder calor por convecção quando o ar quente de um
interior sobe (causando circulação do ar) e encontra frestas, infiltrando-se
para o exterior.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 96
Radiação: qualquer objeto pode radiar calor na mesma forma que o Sol. Ao
colocar a mão perto de uma lâmpada acesa, sente-se o calor irradiado por
ela. Essa sensação térmica pode ser amenizada pondo-se um pedaço de
papel entre a mão e a lâmpada.
Da mesma maneira, num local onde as paredes, cobertura e aberturas não
estão devidamente desenhadas e protegidas, facilmente se ganha ou perde
calor (no verão ou no inverno respectivamente), do interior para o exterior,
aumentando consideravelmente o consumo de energia, como visto
anteriormente.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 97
Uma pessoa ao ar livre está submetida a dois tipos de radiações diferentes:
a) radiação visível e infravermelha de onda curta, chamada radiação solar
porque se origina no Sol;
b) radiação infravermelha de onda longa, chamada de radiação térmica,
resultante da diferença de temperatura entre a superfície da pessoa e a
dos objetos que a rodeiam, tais como a terra e os edifícios.
Intercâmbio Térmico em Ambientes Quentes - Úmidos
A incidência da radiação solar é intermitente devido à presença das nuvens.
Não existe reflexão no solo. A radiação difusa das nuvens, entretanto, pode ser
considerável. Não há intercâmbio de radiação infravermelha de onda longa com o
céu devido às nuvens. Praticamente não existe intercâmbio térmico por condução. A
perda de calor por evaporação é difícil, mas é acelerada pelo movimento do ar.
Intercâmbio Térmico em Ambientes Quentes – Secos
A radiação solar direta atinge o corpo: diretamente (1); depois de se refletir
nas nuvens e na atmosfera (2); depois de se refletir no terreno (3). Diferentes
proporções dessa radiação incidente refletem-se na pele e na roupa. A radiação
térmica (4) intercambia-se entre o homem e o terreno, irradiando-se do homem para
a atmosfera.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 98
A regulagem do corpo é fundamental, para manutenção do equilíbrio entre a
absorção de calor por uma parte, e a perda, por outra.
Embora se pense os trópicos e as zonas subtropicais como regiões em que o
problema de conforto e o conseqüente consumo de energia – é o de perder calor
com facilidade, não se deve esquecer que existem situações onde o problema é
conservar o calor, como durante o inverno, na região sul do país, ou a certa altura
sobre o nível do mar (caso de São Paulo, no frio).
Tabela – Equilíbrio Térmico do Corpo
A tabela acima, informa sobre as diferentes formas de ganho e perda térmica
que permitem manter (ou não) equilíbrio térmico do corpo humano. A compreensão
desses fenômenos é fundamental para um projeto edificativo com proteção que gere
conforto e poupe energia.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 99
21ª Aula
Objetivo: noções sobre ganho térmico
Assunto: ganho térmico e perdas de calor
reflexão e emissão
Como já foi dito, a intensidade de radiação solar direta é menor nas regiões
quentes-úmidas, sendo particularmente intensa sobre a cobertura das edificações.
As paredes recebem menor radiação solar e térmica, exceto quando o entorno não
está tratado conforme os princípios expostos anteriormente.
O desenho adequado do envolvente, segundo o critério verificado na
arquitetura vernácula, é expresso tecnicamente como coberturas leves, porém
isolantes (não havendo inércia térmica, já que a variação de temperatura dia-noite é
menor ou igual a 10ºC). Sendo assim, não convém armazenar calor durante o dia –
o que aqueceria o edifício à noite – exigindo o uso de energia operante para
restabelecer as condições de habitabilidade.
Uma boa solução, então, seria reduzir ao mínimo a exposição solar da
cobertura, diminuindo, proporcionalmente, a transmissão de calor do exterior para o
interior.
Em locais climatizados artificialmente, dependendo do clima, a poupança de
energia operante pode ser de 20 a 40%.
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Com o sol alto, a projeção solar é proporcional à superfície horizontal coberta
pelo telhado. Só se deve considerar a forma da cobertura quando sua inclinação for
maior que o ângulo formado entre o sol e o horizonte.
Sob estas condições, o telhado de um edifício de vários andares terá proteção
solar menor que a de um edifício térreo com a mesma superfície de planta.
Entretanto, a exposição efetiva das paredes ao sol é maior à medida que aumenta a
altura da edificação.
Com a altura, aumenta a perda térmica por convecção, devido ao movimento
natural do ar, mas também aumenta a exposição à radiação solar e aos ventos
desfavoráveis do inverno, nas regiões de estação fria.
Assim, a altura do edifício deve estar comprometida com a radiação adquirida
(ou perdida) através da cobertura e das fachadas.
Reflexão e Emissão
Quanto maior é a radiação incidente refletida por uma superfície – e maior a
capacidade de se devolver a energia térmica – menor será o aumento da
temperatura do envolvente do edifício.
A cor é uma boa indicadora do fator de reflexão de radiação solar de uma
superfície ou material, mas não tem o mesmo desempenho em relação à radiação
térmica.
A maioria das superfícies dos edifícios comporta-se como corpos negros
(absorve e emite a radiação recebida), refletindo muito pouco a radiação térmica. Já
os metais polidos refletem grande proporção dessa radiação térmica
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Devido às diferenças de desempenho em relação à radiação solar e à
térmica, o comportamento de uma determinada superfície varia segundo as
circunstâncias.
Uma superfície branca se manterá mais fresca que uma de alumínio polido,
quando expostas à radiação solar e ao céu claro, porque – embora a superfície
branca absorva mais radiação térmica solar que o alumínio – emite radiação térmica
para a atmosfera (céu claro) com maior facilidade. Entretanto, se a superfície esta
exposta ao sol e ao entorno quente, como acontece com algumas paredes nos
centros urbanos, o alumínio polido se manterá mais fresco, ao passo que a
superfície branca terá pouca oportunidade de exercer sua emissividade.
A diferença entre o desempenho térmico de uma superfície de alumínio polido
e uma superfície pintada de alumínio é importante. A pintura traz o metal em
partículas, apresentando uma superfície rugosa que reduz o fator de reflexão da
radiação solar (onda curta) de 85 para 45% e da radiação térmica (onda longa) de
92 a 45%.
Uma superfície pintada de alumínio, exposta ao sol e ao céu claro, atingirá
maior temperatura que uma pintada de branco, porque absorve mais e emite menos.
Sua temperatura, então, não seria muito diferente da de uma superfície de alumínio
polido. Porém, quando exposta ao sol e ao entorno quente, a superfície pintada de
alumínio estará mais quente que a branca e muito mais quente que a de alumínio
polido.
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O vapor d’água (nuvens) presente no ar das regiões úmidas serve de filtro
para perda de radiação térmica para a atmosfera, sendo que as temperaturas
atmosféricas estão mais próximas das do ar ambiental, como já foi observado.
O melhor desempenho térmico de um telhado pintado de branco, quando
comparado com o de uma superfície metálica polida, é menor sob condições quente-
úmidas.
O índice de nebulosidade da região considerada será de fundamental
importância para o cálculo da radiação solar direta e difusa recebida pelo prédio em
estudo, bem como para as soluções a serem adotadas quanto à cor e textura do
envolvente do edifício.
Exemplo
Para dar uma idéia do efeito do uso da cor, citam-se valores obtidos em
cálculos realizados para Porto Alegre. Em edifícios climatizados naturalmente, as
superfícies pintadas de branco, especialmente as do exterior da cobertura, reduzem
a quantidade de calor que entra no local em um terço. Se o edifício for climatizado
artificialmente, a presença da cor branca nas superfícies exteriores representa uma
redução da ordem de dois terços do calor que entra no edifício.
Em um edifício de escritórios, de dois andares, a solução de cobertura
adotada (pobre do ponto de vista térmico) representava a entrada de 25 kcal/m2h.
Pintando de branco as telhas de cimento amianto, reduziu-se a entrada de calor a
10 kcal/m2h; sendo a superfície da cobertura de 6.700 m2, impedia-se a entrada de
67.000 kcal/h, o que equivale a 22,6 t de refrigeração, aproximadamente. Em termos
de energia, o edifício consumia, nas horas de pico, de 30 a 40 kw, oferecendo um
bom padrão de conforto.
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22ª Aula
Objetivo: noções sobre convecção sobre superfícies
Assunto: convecção e radiação na condição de verão
Isolamento térmico
Convecção sobre superfícies expostas à radiação (condição de verão nas
regiões sul e sudeste)
As superfícies expostas e radiações intensas são aquecidas por parte da
radiação que não foi refletida, mas absorvida. Esse calor tenderá a ser conduzido
para o interior do edifício através de seu envolvente, se não for eliminado de outro
modo.
A temperatura de uma superfície que está recebendo (e absorvendo) muita
radiação geralmente é maior que a do ar. O movimento do ar sobre a superfície
exposta à radiação leva parte do calor que chega em menor quantidade ao interior
do edifício.
Nos climas quente-úmidos, o efeito da convecção em superfícies expostas à
radiação é desejável, porque o movimento do ar tende a esfriá-las por evaporação,
já que elas estão freqüentemente úmidas.
Por isso, deve-se aproveitar qualquer mecanismo que facilite o movimento do
ar sobre as superfícies expostas à radiação ou, pelo menos, aproveitar plenamente
os ventos da região.
São apresentadas diversas propostas para se obter esse efeito, destacando-
se:
escolha de lugares altos ou nas encostas;
orientação da declividade da cobertura para os ventos dominantes;
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evitar barreiras contra ventos dominantes favoráveis;
evitar as zonas neutras (ou de calmaria) entre edifícios adjacentes;
preservar os canais de ventilação entre conjunto de edifícios próximos;
verificar a influência da forma e altura do entorno em relação à direção
dos ventos dominantes e o edifício em estudo.
Isolamento Térmico
Há dois tipos de isolamento térmico (ou de interferência à passagem do
calor). O tipo mais simples e conhecido, chamado de isolamento por resistência,
resiste à passagem do calor de um lugar constantemente mais quente a um
constantemente mais frio. Tal isolamento é proporcionado por materiais de baixa
condutividade térmica. É ideal para proteger caldeiras e tubulações que conduzem
calor, sendo também usado para isolar edifícios nos climas temperado-frios, onde (o
aquecimento) a uma temperatura bem maior que a exterior é necessário durante o
ano todo.
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Entretanto, nos climas quentes, a maioria das cargas térmicas que se deve
isolar não é constante, mas variável. A carga térmica por radiação e a temperatura
do ar aumentam durante o dia e diminui à noite.
Nos climas quente-úmidos, onde a variação das temperaturas diurna-noturna
não é grande (ordem de 10ºC), a melhor maneira de isolar o envolvente de um
edifício é usar uma cobertura ou parede cuja resistência térmica, R, e seu atraso à
passagem de calor, em horas, garanta que a temperatura das superfícies internas
do edifício (forro e paredes) não ultrapasse os valores estabelecidos como
adequados do ponto de vista técnico-econômico. Ou seja, não se transformem em
superfícies radiantes do local. Nesse caso, as paredes sombreadas podem tem
menor resistência térmica.
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O uso correto da sombra projetada por um quebra-sol, por exemplo,
combinada ao efeito protetor das árvores e cercar vivas, pode reduzir a necessidade
de isolamento térmico da parede, permitindo a existência de aberturas que, como é
mostrado no capítulo dedicado a ventilação, são necessárias para a circulação do
fluxo de ar através dos interiores do edifício. O uso do quebra-sol pode substituir a
própria parede, fornecendo sombra e ventilação permanente, só se cuidando para
permitir a saída do ar quente por ele mesmo produzido (clima quente-úmido).
Convecção sobre Superfícies Internas
Da mesma forma que o movimento do ar sobre as superfícies exteriores
aquecidas é vantajoso (evitando que o calor passe por condução através do
envolvente), a convecção sobre as superfícies interiores retira o calor que as
atravessa quando mal projetadas, por exemplo, diminuindo a carga térmica recebida
pelo usuário no interior do edifício e, conseqüentemente, a necessidade de consumir
energia operante requerida pela solução adotada do envolvente.
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Este fenômeno pode ser a solução do problema de melhoria da habilidade
sem aumento do consumo de energia, quando medidas tais como sombra, reflexão
e isolamento não são possíveis de serem usadas.
Observação: deve-se tomar precauções no projeto do edifício para que o ar quente
não circule pelo interior da edificação. A intensa radiação solar própria da região
tropical e subtropical pode ser amenizada retirando-se o ar quente, por exemplo, por
meio de bocas de saída estrategicamente localizadas.
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Isolamento de Coberturas
Como já foi visto, a cobertura é o elemento do envolvente mais exposto à
radiação solar, e seu desenho adequado às solicitações climáticas é fundamental
para a racionalização do uso de energia operante.
Como a variação da temperatura diurna e noturna é menor nos climas
quentes-úmidos, o desenho da cobertura deve seguir o critério de isolar sem
armazenar calor (pouca inércia térmica, ao contrário do que ocorre nos climas
quente-secos).
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Efeito do Espaço de Atico (Câmara de Ar) no Desempenho Térmico da
Cobertura
A existência de uma câmara de ar em coberturas leves, porém, isolantes, é
uma solução econômica e eficiente para o problema de transmissão de calor através
da cobertura. Por isso, o forro torna-se indispensável.
Nos climas quente-úmidos, a câmara de ar deverá ser ventilada
proporcionando, assim, uma redução aproximada de 30% da quantidade de calor
transmitida pela cobertura.
Já nos climas compostos com estação fria, é conveniente que a câmara de ar
não seja ventilada no inverno. Isso porque o efeito de convecção do ar frio sobre as
superfícies interiores da câmara as esfriará e, conseqüentemente, a temperatura da
superfície interna do forro poderá ser menor que a do ambiente. A posterior
condensação e uma importante perda térmica acarretariam o consumo de energia
operante para se restabelecer o conforto do ambiente.
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Exemplo: O desempenho térmico de um espaço de ático ventilado, com 15 m3 de
renovação de ar por metro quadrado da área da cobertura em planta, reduz o
aumento de temperatura no atico em 45%; e com 2 m3 de renovação de ar por
metro quadrado da área de cobertura em planta, reduz o aumento de temperatura
no ático em 67%. Em termos energétic
os, isso significa que de acordo com esses exemplos, a quantidade de calor que
passa pela cobertura pode ser reduzida em 30%, para a menor renovação de ar, e
em 50%, para a segunda.
No edifício mencionado no exemplo sobre a influência da cor na redução dos
consumos de energia (que tinha um ganho térmico de 25 Kcal/h.m2 pela cobertura,
pobre do ponto de vista térmico), adotando-se a solução de câmara de ar ventilada
pode-se obter uma redução de 8 a 12 Kcal/h.m2; para uma área de cobertura em
planta de 6.700 m2 se reduziria a entrada de calor através da cobertura, pela
ventilação do ático, entre 18 a 27 t de refrigeração (condição de verão), que em
termos de consumo energético representam de 27 a 40 kw que se poupam durante
o período de uso dos equipamentos.
Isolamento de Paredes
As paredes, segundo sua localização e orientação, recebem uma
determinada quantidade de calor, que é sempre menos intensa e mas breve que a
da cobertura.
Considerando que a carga térmica recebida pelas paredes em clima quente-
úmido é menor que em clima quente-seco, não só devido à presença de nuvens,
mas também ao terreno úmido e, geralmente, coberto de vegetação (o que diminui a
radiação térmica emitida pelo solo), o desempenho térmico também pode ser menor,
sendo válidos todos os critérios de projeto esboçados no caso das coberturas.
Quando as paredes se apresentam sombreadas, acentua-se o fenômeno
descrito. Mas nos centros urbanos, o efeito de radiação térmica (calor emitido pelo
entorno construído) é importante, particularmente quando o entorno não favorece o
aproveitamento das condições do clima e do sitio.
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23ª Aula
Objetivo: calcular o desempenho térmico de uma cobertura
Assunto: exemplo de cálculo
Exemplo de Cálculo do Desempenho Térmico de uma Cobertura
O exemplo em estudo constituiu-se de uma cobertura de telha de barro cozido
(prensada industrial) com uma laje de forro de 8 cm de espessura de concreto
armado aparente
A resistência térmica do conjunto será:
RseRtRcaRRsiRtc (1)
Onde:
Rsi: resistência superficial interna
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Conforme os valores da Tabela 4.1, para condição de verão (caso crítico), ou
seja, calor vindo de cima:
]Kcal
Cºhm[ 19,0Rsi
2
Rse: resistência superficial externa
Também na Tabela 4.1, para superfícies horizontais:
]Kcal
Cºhm[ 05,0Rse
2
R : resistência térmica da laje do forro.
Depende da espessura e da condutividade do material, de acordo com a
Tabela 4.2:
]Kcal
Cºhm[049,0
64,1
08,0
]Cºhm
Kcal[
]m[eR
2
Rca: resistência térmica da câmara de ar
T ratando-se de uma câmara de ar horizontal no caso crítico de calor vindo de
cima (verão) e sendo, tanto a telha quanto o concreto, materiais de alta
emissividade, conforme Tabela 4.3:
]Kcal
Cºhm[ 23,0Rca
2
Rt: resistência térmica da telha
Sendo um material cerâmico industrial de espessura da ordem de 1 cm que,
somada à super-posição de colocação, totaliza 1,8 cm, obtendo-se, na Tabela 4.2:
]Kcal
Cºhm[ 033,0
54,0
018,0Rt
2
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O cálculo da resistência térmica do conjunto resume-se à soma das
resistências térmicas das partes componentes, segundo a fórmula (1):
]Kcal
Cºhm[ 552,0Rtc
05,0033,023,049,019,0Rtc2
Analisando o resultado vê-se que cada parcela participado total na seguinte
proporção
Rsi = 34%
R = 9%
Rca = 42%
Rt = 6%
Rse = 9%
Total = 100%
Tabelas
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24ª Aula
Objetivo: noções sobre ventilação natural
Assunto: conceitos gerais
Ventilação Natural e Consumo de Energia
Nos climas quente-úmidos, a tensão de vapor (quantidade de água presente
no ar) tenderá a ser maior dentro do edifício do que fora, devido ao suar, trabalhar,
cozinhar etc. Sob essas condições, é desejável substituir o ar de dentro pelo de fora.
Essa substituição de ar chama-se ventilação e é expressa como o número de
renovações de ar em metros cúbicos por hora. As correntes naturais de ar ajudam a
realizar essa substituição através de aberturas estrategicamente localizadas no
edifício.
Quanto mais rapidamente o ar se move sobre a pele, mais facilmente
ocorrerá a evaporação.
É importante, portanto, nos climas quente-úmidos, onde a evaporação é
difícil, não só manter baixa a tensão do vapor do ar do edifício por meio da
ventilação, mas também acelerar a velocidade com que o ar passa pela pele.
Se esse efeito pode ser obtido por meios naturais, será necessário usar
algum tipo de ventilador ou ar-condicionado, consumindo energia.
Uma pessoa gera de 100 a 200 Kcal/h, segundo o tipo de tarefa que realiza.
Para manter seu equilíbrio térmico, o corpo humano precisa trocar essa quantidade
de calor por meio de evaporação, como já foi visto. Isso só pode ser feito, num clima
quente-úmido, através da transpiração e da evaporação, só possível com o efeito de
convecção produzido pela ventilação.
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 117
Para dar uma idéia do efeito da ventilação natural na poupança da energia,
dar-se-á um exemplo real de um prédio de escritórios estudado para Porto Alegre.
A carga térmica absorvida e transmitida para o interior de tal edifício, através
do envolvente (paredes, coberturas e aberturas), nas horas de maior radiação solar
(direta mais difusa) no verão, é da ordem de 47 Kcal/m2h, e o calor gerado pelas
pessoas 22 Kcal/m2h. O que significava que, se por meio da ventilação natural
fossem retiradas as 69 Kcal/m2h existentes no local, a economia de energia seria da
ordem de 1 kw/h para cada 20 m2 do local. Valor realmente significativo.
A ventilação natural relaciona-se principalmente com o estado do ar, ou seja,
com sua temperatura, umidade e velocidade. O ar quente tende a subir e o ar frio , a
abaixar. Duas massas de ar, postas em contato através de uma abertura, sem
mesclarão lentamente, caso tenham a mesma temperatura e umidade.
Temperaturas distintas geram duas correntes: uma de ar quente, que sobe num
sentido, e outra de ar frio, que baixa em sentido oposto.
A ventilação dá-se também por diferença de pressão entre o interior e o
exterior, com filtrações através das fissuras e janelas, poros das paredes e
coberturas, ou pelo efeito chamado chaminé. Nos climas quente-úmidos e nos
compostos por estação fria, mas com permanente e alta umidade relativa do ar, a
ventilação deve ser constante.
Essa ventilação constante tem três funções:
1. A de dar conforto ao usuário do edifício, chamada de ventilação de conforto.
Ela é necessária nos climas quente-úmidos e na estação quente dos climas
compostos úmidos, e sua função é a de retirar a umidade do corpo, facilitando
a troca térmica entre o usuário e seu entorno através da convecção.
2. A de manter a qualidade do ar. Esta não só e necessária nos climas quente-
úmidos, mas também nos climas compostos úmidos por estação fria, durante
o inverno. É chamada de ventilação higiênica e sua função é renovar o ar do
local. Deve ser produzida na parte superior do local (onde está o ar
aquecido), longe do usuário para lhe evitar desconforto.
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3. Resfriamento das superfícies interiores do local (especialmente forro) por
convecção, durante o período quente dos climas úmidos (efeito da troca
térmica por convecção, como coberturas com câmara de ar ventilada).
A relativa importância de cada uma dessas funções depende das condições
climáticas mais típicas de cada estação e região. Muitas regiões têm diferentes
requisitos durante as várias estações, assim, os detalhes de projeto devem prever o
cumprimento de todos eles.
Também deve-se sempre levar em conta o tipo de ocupação de um espaço
determinado, número de pessoas e atividades ali realizadas.
A ventilação mínima e ótima bem com seus requisitos vão depender do tipo
de clima de uma dada região.
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As regiões ou estações frias e secas são caracterizadas por temperaturas
externas muito baixas e, por conseqüência, umidade absoluta e pressão de vapor
também baixas. Os habitantes dessas regiões tendem a minimizar a entrada de ar
exterior para evitar a diminuição das temperaturas internas. Nestes casos, a função
da ventilação é provocar uma renovação de ar, permitindo a eliminação de odores e
umidade do corpo.
Manter a ventilação mínima é mais complicado em regiões de inverno úmido,
como o caso de Porto Alegre, onde o frio nem sempre justifica a calefação em todos
os ambientes, mas chega a produzir desconforto. Nessas situações, os ocupantes
tendem a reduzir a ventilação para não deixar os espaços em condições
inconfortáveis.
Como um dos maiores problemas é a condensação, torna-se necessário
providenciar a ventilação de exaustão onde se produz o vapor d’água, isto é, em
cozinhas e banheiros, por exemplo. Nesse caso, o vapor d’água deve ser removido
antes de ser dispersa, sendo que a pressão de vapor interna é reduzida só com a
ventilação permanente.
Assim, como já foi dito, a menos que se use algum método para eliminar a
umidade, as tensões de vapor dentro da habitação, por exemplo, tenderão a ser
maiores que as de fora, devido ao suar, lavar, cozinhar etc. Sob essas condições, e
conveniente substituir o ar de dentro pelo de fora; e quanto mais freqüentemente se
fizer isso, mais facilmente evitar-se-á que suba a pressão de vapor do interior.
As correntes naturais de ar ajudam a obter ventilação por meio de aberturas
convenientemente orientadas na direção dos ventos locais. Umas na direção do
vento dominante, chamadas bocas de entrada, e outras, no lado oposto,
denominadas bocas de saída.
A ventilação natural depende de fatores fixos, como:
a) forma e características construtivas do edifício;
b) forma e posição dos edifícios e espaços abertos vizinhos;
c) localização e orientação do edifício;
d) posição, tamanho e tipo das aberturas;
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E de fatores variáveis, como:
a) direção, velocidade e freqüência do vento;
b) diferença de temperaturas interiores e exteriores.
Desenvolveremos, a seguir, os principais aspectos relacionados a esses fatores.
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25ª Aula
Objetivo: noções sobre cálculo de ventilação natural
Assunto: cálculo de ventilação natural para uma sala de trabalho.
Exemplo de Cálculo de Ventilação Natural
Local: sala de trabalho de 7 m x 7 m x 2,6 m (figura acima), com 10
funcionários; tipo de trabalho sedentário
Edifício bem isolado termicamente
Trabalhando com iluminação artificial
O ar necessário para uma boa ventilação será de (tomar valores da tabela
5.1, em condição de verão):
1. Para retirar o calor gerado pelas pessoas adota-se uma ventilação boa, de
200 m3/h; Tabela 5.1,
10 x 200 = 2.000 m3/h
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 122
2. Para retirar o calor gerado pela iluminação adota-se um incremento na
ventilação de 23m3/m2h, Tabela 5.1.
7 x 7 x 23 = 1.127 m3/h.
Q total = 3.127 m3/h.
A superfície de abertura de janela para ventilação será de:
]m[xVCxC3.600xC
Qtot.nec. A 2
321
(1)
Onde:
Qtot.: volume de ar a ser renovado por hora, conforme características de
ocupação e de construção local.
C1: coeficiente que representa o efeito combinado de duas a três aberturas
em serie
Os valores podem ser tirados do Gráfico 5.1; para exemplo:
C1 : 0,46
Caso de 2 aberturas em série, a 7 m de distância uma da outra, com pivô central e
com possibilidade de abrir totalmente:
v: velocidade média do vento, em metros por segundo
O gráfico 5.2 informa os valores para cada mês do ano.]
Tomaremos o valor médio do estágio de verão: v = 2,22 m/s
C2: Coeficiente que leva em consideração o grau de obstrução que os
edifícios vizinhos criam para ventilação.
Toma-se
C2 = 1 para áreas descampadas
C2 = 0,66 para áreas periféricas
C2 = 0,33 para áreas densamente construídas
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Código da Disciplina: 7AQ204 – Edifício e Ambiente 123
O gráfico 5.3 informa sobre a freqüência e direção dos ventos para Porto Alegre
C3: Coeficiente que leva em consideração a inclinação da fachada em relação
à direção do vento (ver Tabela 5.2), 87,0C3 , edifício orientado a 60º de
direção do vento de verão S.E.
Aplicando-se na expressão (1) os valores encontrados, temos:
2nec
2nec
m 96,2A
]m[22,2x87,0x33,0x46,0x600.3
127.3A