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1 Modelo dinâmico de um esquentador João Tiago Corredeira Calejo Rodrigues Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Júri Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa Orientador: Prof. Edgar Caetano Fernandes Vogal: Prof. Ana Sofia Oliveira Henriques Moita Maio 2012

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Modelo dinâmico de um esquentador

João Tiago Corredeira Calejo Rodrigues

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Júri

Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa

Orientador: Prof. Edgar Caetano Fernandes

Vogal: Prof. Ana Sofia Oliveira Henriques Moita

Maio 2012

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Modelo dinâmico de um esquentador

RESUMO

Este trabalho consiste em desenvolver um modelo matemático por blocos de um esquentador

doméstico com o objectivo de se estudar a resposta dinâmica da temperatura de saída da água. Para

isso dividiu-se o esquentador em quatro grandes blocos representativos: flauta e do fenómeno de

arejamento natural, reacção de combustão (chama), câmara de combustão (zona convectiva entre a

chama e o permutador), e do permutador de calor. Cada um destes blocos é formado por um ou mais

componentes. O modelo global terá a capacidade de estimar de forma aproximada a razão de

equivalência da chama, perdas radiactivas, emissões de CO, CO2 e de NO, temperatura de saída dos

gases e da água. É apresentada uma pequena revisão de literatura sobre os fenómenos a serem

modelados, nomeadamente para o arejamento, chama e trocas no permutador de calor. De seguida

são descritas as equações matemáticas constitutivas dos vários componentes modelados e são

apresentados resultados para cada um dos blocos. O modelo estima que 90% da energia total que

aquece a água é trocada no permutador principal e o restante nos tubos envolventes, e que quase

90% da transferência de calor tem origem convectiva, sendo o restante de forma radiativa. Foi

estimado que as perdas térmicas por convecção natural para o exterior representam menos de 0.5%,

estando este valor dependente do regime de funcionamento.

Palavras-chave: Modelo, Esquentador, Blocos, Resposta dinâmica

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Dynamic model of a domestic water heater

ABSTRACT

This work consists in developing a mathematical model of blocks of a domestic water heater with the

aim of studying the dynamic response of the output temperature of the water in particular to variations

of the flow rate. For that the water heater will be split in four major representative blocks, the flute and

the natural draft phenomenon, the combustion reaction (flame), combustion chamber (above the

flame), and the heat exchanger. Each of these blocks is comprised of one or more components. The

global model will have the ability to predict the approximate equivalence ratio of the flame radiative

losses, CO and NO, exit temperature of the gas and water. In first place will be presented a brief

literature review of the phenomena to be modeled, particularly to air entrainment, flame and the heat

exchanger. Next will be described the mathematical equations of the various components that will be

modeled and finally are presented the results for each block. The model predicts that 90% of the total

energy heating the water is changed in the main heat exchanger and rest in the surrounding the tubes,

and that about 90% of the heat transferred as a convective origin. It is estimated that heat losses by

convection to the outside represent less than 0.5%, being this value dependent on the operating

conditions.

Key Words: Model, Water heater, Blocks, Dynamic response

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer aos meus pais e avós pelo apoio e carinho que me deram ao longo de toda a

vida.

Em segundo lugar quero agradecer ao Professor Edgar Fernandes pela orientação, dedicação e

conhecimentos transmitidos, ao professor Gonçalo Tavares do INESC e ao professor Luís Sequeira

pela completa disponibilidade e ajuda no condicionamento do sinal dos termopares e ao Professor

Toste Azevedo pela cedência de dados relevantes.

Um obrigado à minha namorada, ao meu irmão e amigos pelo apoio, motivação e amizade na

elaboração desta tese e não só.

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Índice geral

Resumo .....................................................................................................................................................i

Abstract.................................................................................................................................................... iii

Agradecimentos ........................................................................................................................................v

Índice de Figuras ..................................................................................................................................... ix

Índice de tabelas ..................................................................................................................................... xi

Introdução ........................................................................................................................................ 1 1.

1.1. Esquentadores domésticos actuais. ........................................................................................ 1

Revisão de literatura ........................................................................................................................ 5 2.

2.1. Injecção de combustível e arejamento .................................................................................... 5

2.2. Reacção de combustão ........................................................................................................... 8

2.3. Permutador de calor .............................................................................................................. 10

2.3.1. Análise dinâmica............................................................................................................ 10

2.3.2. Perda de carga no permutador ...................................................................................... 11

Implementação do modelo ............................................................................................................ 13 3.

3.1. Maplesim ............................................................................................................................... 13

3.2. Componentes modelados ...................................................................................................... 13

3.3. Injector ................................................................................................................................... 14

3.4. Arejamento Natural Primário ................................................................................................. 14

3.4.1. Equações de semelhança para o jacto livre .................................................................. 14

3.4.2. Balanços de energia e de momento .............................................................................. 15

3.5. Chama ................................................................................................................................... 17

3.6. Inércias e resistências térmicas de sólidos. .......................................................................... 19

3.7. Câmara de combustão .......................................................................................................... 19

3.8. Tubo envolvente .................................................................................................................... 21

3.9. Permutador principal ............................................................................................................. 22

3.10. Perdas para o exterior ....................................................................................................... 24

3.11. Propriedades da água, gases de combustão e espécies químicas .................................. 24

Resultados do modelo ................................................................................................................... 27 4.

4.1. Esquentador modelado ......................................................................................................... 27

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4.2. Flauta ..................................................................................................................................... 29

4.3. Reacção de combustão ......................................................................................................... 32

4.4. Câmara de combustão .......................................................................................................... 35

4.5. Permutador Principal ............................................................................................................. 41

4.5.1. Analise Estacionária ...................................................................................................... 42

4.5.2. Analise Transiente ......................................................................................................... 44

Validação do modelo ..................................................................................................................... 63 5.

5.1. Flauta ..................................................................................................................................... 63

5.2. Chama ................................................................................................................................... 63

5.3. Permutador principal ............................................................................................................. 64

Conclusões .................................................................................................................................... 67 6.

Bibliografia ............................................................................................................................................. 69

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema de um esquentador ................................................................................................. 2

Figura 2 –a) Esquentador atmosférico b) esquentador ventilado ........................................................... 3

Figura 3 - injector e flauta de um esquentador doméstico ...................................................................... 5

Figura 4 – Jacto livre ............................................................................................................................... 7

Figura 5 - Injector .................................................................................................................................. 14

Figura 6 - Flautas .................................................................................................................................. 14

Figura 7 – Hipóteses para modelar a flauta .......................................................................................... 15

Figura 8 – Flauta dividida em volumes de controlo ............................................................................... 15

Figura 9 – Câmara de combustão ......................................................................................................... 19

Figura 10 - Tubos envolventes .............................................................................................................. 22

Figura 11 - Permutador principal ........................................................................................................... 22

Figura 12 - Dimensões do permutador e câmara de combustão .......................................................... 27

Figura 13 - Flauta e injector................................................................................................................... 29

Figura 14 - Distribuição de pressões para diferentes abordagens ....................................................... 29

Figura 15 - Resultados para o modelo do jacto baseado em balanços ................................................ 30

Figura 16 - Resultados para o modelo de jacto livre ............................................................................. 31

Figura 17 - Resultados para a correlação de Pritchard ........................................................................ 32

Figura 18- a)Temperatura adiabática de chama em função da razão de equivalência para os três

modelos de chama b) detalhe da evolução para as reacções com dissociação .................................. 33

Figura 19 - Espécies químicas nos produtos para reacções de combustão sem dissociação e com 3

dissociações .......................................................................................................................................... 34

Figura 20 - Fracções molares nos produtos para reacções com dissociação ...................................... 34

Figura 21 a) e b) - Fracções molares em função das perdas para a envolvente para mistura

estequiometria ....................................................................................................................................... 35

Figura 22 - Temperatura de chama em função da sua emissividade ................................................... 36

Figura 23 - Câmara de combustão integrada com os outros componentes ......................................... 37

Figura 24 a) - Arranque do esquentador para a configuração TE-PP para os dois caudais b) arranque

para diferentes tipos de configuração ................................................................................................... 38

Figura 25 - a) Influência da emissividade da chama na temperatura da água b) Influência da

emissividade da chama na temperatura dos gases .............................................................................. 39

Figura 26 -Influenciada razão de equivalência na: a) temperatura de saída da água b) temperatura de

saída dos gases c) coeficiente de convecção dos gases no permutador e no exterior ....................... 40

Figura 27 - Influência do caudal de água na: a) temperatura de saída da água b) temperatura de

superfície ............................................................................................................................................... 40

Figura 28 - Fluxos de calor na câmara de combustão .......................................................................... 41

Figura 29 - Caudal de gás para diferentes exigências de aquecimento ............................................... 42

Figura 30 - Eficiência do permutador .................................................................................................... 43

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x

Figura 31 - Temperatura média da superfície exterior do tubo ............................................................. 43

Figura 32 - Diferença de temperatura entre superfície dos tubos......................................................... 44

Figura 33 - Coeficiente global de transferência de calor ....................................................................... 44

Figura 34 - Resposta na temperatura em várias zonas do permutador durante a alteração da

temperatura de entrada dos gases (a) gases à entrada b) média dos gases c) saída dos gases d)

superfície exterior do tubo e)saída da água)......................................................................................... 45

Figura 35 - Evolução da temperatura de saída da água ao longo do tempo para as três situações de

arranque ................................................................................................................................................ 47

Figura 36 - Influencia do tipo de controlo no arranque na a) temperatura de pico b) tempo de

estabelecimento .................................................................................................................................... 48

Figura 37 - Resposta na temperatura da água para diferentes tipos de controlo e caudais de água .. 50

Figura 38 - Pico máximo em função do tipo de controlo ....................................................................... 50

Figura 39 - Influencia do tipo de controlo na resposta da temperatura da água .................................. 52

Figura 40 – Resultados para o ensaio 1 ............................................................................................... 53

Figura 41 - Resultados para o ensaio 2 ................................................................................................ 54

Figura 42 - Resultados para o ensaio 3 ................................................................................................ 54

Figura 43 - Influência do atraso no sobre pico ...................................................................................... 55

Figura 44 - Influência do atraso no tempo de pico ................................................................................ 55

Figura 45 - Influência da rapidez da mudança de caudal de água ....................................................... 56

Figura 46 - Mecanismo de funcionamento para o controlo cíclico para o caudal 1 (b) ) e caudal 3 (a))

de funcionamento .................................................................................................................................. 57

Figura 47 - Temperatura média da água ............................................................................................... 57

Figura 48 - Resposta dinâmica para diferentes caudais de água ......................................................... 58

Figura 49 – Influência do caudal e da histerese na resposta da água utilizando o mecanismo de

controlo ciclico ....................................................................................................................................... 59

Figura 50 - Tempos de chama e não chama para diferentes histereses de controlo ........................... 60

Figura 51 - Período e fracção ( c) e d) ) de tempo de chama ( a) e b) ) ............................................... 60

Figura 52 - Influência da inércia no transiente entre regimes ............................................................... 62

Figura 53 - Influência das inércias no controlo cíclico .......................................................................... 62

Figura 54 - Calibração do sistema de aquisição ................................................................................... 65

Figura 55 – Ensaios para a variação brusca no caudal de água .......................................................... 66

Figura 56 - Ensaios para o arranque do esquentador .......................................................................... 66

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Reacções de dissociação .................................................................................................... 18

Tabela 2 – Coeficientes obtidos por regressão para as constantes de equilíbrio ................................ 24

Tabela 3 - Propriedades para a água .................................................................................................... 25

Tabela 4 - Propriedades para os gases ................................................................................................ 25

Tabela 5 - Variáveis geométricas independentes ................................................................................. 28

Tabela 6 - Variáveis geométricas dependentes .................................................................................... 29

Tabela 7 - Temperatura máxima de chama e razão de equivalência ................................................... 33

Tabela 8 - Condições de funcionamento para a simulação CC ............................................................ 38

Tabela 9 - Condições de funcionamento para a simulação CC2 .......................................................... 39

Tabela 10 - Caudais de água considerados nas simulações PP .......................................................... 41

Tabela 11 - Variações de temperatura considerados para a água nas simulações ............................. 42

Tabela 12 - Condições de fronteira consideradas ................................................................................ 45

Tabela 13 - Ensaios ............................................................................................................................... 52

Tabela 14 - Relação entre o sobre pico e o ganho térmico exigido para a águia................................. 54

Tabela 15 - Resultados obtidos para a flauta........................................................................................ 63

Tabela 16 - Espécies químicas ............................................................................................................. 64

Tabela 17 - Condições de funcionamento do primeiro ensaio experimental ........................................ 65

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Variáveis:

: Temperatura,

: Comprimento,

: condutividade térmica, ⁄

: constante de Stephan-Boltzmann, ou

relação de áreas

: densidade, ⁄ , ou reflectância

: viscosidade, ⁄

: emissividade

: absorvidade

: coeficiente de expansão térmico

: calor especifico a pressão constante, ⁄

: calor especifico a volume constante, ⁄

: Volume,

: Caudal volumétrico,

: Potência térmica,

: Coeficiente de convecção,

: Area,

: diametro,

: raio,

: Espessura,

: transmissividade

: factor de atrito

: número

: velocidade,

: número de moles,

: energia livre de Gibbs

: Pressão,

: Coeficiente de perdas

: Coeficiente de descarga

: Razão de equivalência

(

)

Subscripts:

: Alheta

: Tubo

: Tubos envolventes

: Água

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:Gases

: entrada

: saida

: interior

: exterior

: média

: máximo

: combustivel

: parede da câmara de combustão

: convectivo

: radiactivo

: conductivo

: passagem

: linhas

: permutador

: queimador

: garganta

: entrada da flauta

: Orifícios da matriz da flauta

: infinito

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INTRODUÇÃO 1.

O presente trabalho tem como objectivo a criação de um modelo de um esquentador doméstico e a

sua implementação em Maplesim, sendo construído com base em balanços integrais ou correlações.

Serão modelados os fenómenos de arejamento e pré-mistura, a reacção de combustão e as trocas

térmicas na câmara de combustão e no permutador de calor.

No que diz respeito às trocas térmicas, o modelo considera também a resposta dinâmica do

esquentador, permitindo estudar o fenómeno transiente entre regimes de funcionamento. A ignição

não foi considerada neste trabalho assim como fenómenos transientes na reacção de combustão e

no arejamento. Na reacção de combustão serão consideradas trocas térmicas radiactivas com a

envolvente (paredes da câmara de combustão e permutador de calor) e dissociação de algumas

espécies químicas.

O modelo apresentado permitirá estimar a razão de equivalência da pré-mistura, coeficientes de

convecção, emissões de CO e NO, fluxos térmicos e temperaturas em vários pontos do esquentador,

incluindo a resposta da temperatura de saída da água para variações de caudal e temperaturas de

entrada, tanto dos gases de combustão como da água.

O modelo desenvolvido será utilizado para estudar a resposta na temperatura da água à saída do

esquentador para variações no seu caudal. Ao ser reduzida a necessidade de aquecimento (com uma

redução no caudal) o microcontrolador do esquentador actua de modo a baixar o caudal de gás

injectado para que a temperatura da água permaneça constante. No entanto, pelo facto de a

temperatura média dos tubos e alhetas variar com a potência transmitida, a energia em excesso

contida após o corte no caudal de água, será transmitida para a água aumentando

momentaneamente a sua temperatura. O fenómeno inverso também se verifica.

A dissertação apresentada está dividida em 5 capítulos, sendo o presente a introdução, com a

exposição dos objectivos do trabalho. O segundo capítulo apresenta a revisão bibliográfica

considerada relevante para a implementação do modelo, e no terceiro capítulo são propostos

modelos para os vários fenómenos ou componentes do esquentador. Os resultados dos modelos são

apresentados no quarto capítulo e por fim no quinto capítulo procede-se à validação de uma parte do

modelo (permutador de calor dinâmico) com recurso a um pequeno trabalho experimental.

1.1. Esquentadores domésticos actuais.

Um esquentador doméstico típico é geralmente constituído por um componente de admissão de

combustível, denominado injector, uma zona de mistura entre combustível e ar denominada de flauta,

uma zona de queima (chama), uma zona de ascensão dos produtos de combustão (para dar tempo

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aos gases antes de chegarem ao permutador, de modo a evitar que a oxidação do CO congele

devido à diminuição da temperatura imposta pelos tubos) denominada de câmara de combustão (CC)

e um permutador de calor compacto alhetado (PP). Geralmente antes ou depois da passagem pelo

permutador a água passa por um tubo que envolve a câmara de combustão para serem reduzidas as

perdas. O esquema de um esquentador genérico sem os tubos envolventes (TE) está representado

na figura abaixo.

Figura 1 - Esquema de um esquentador

Alguns esquentadores modernos incorporam já um condensador para vapor de água dos

produtos de combustão, permitindo um aumento significativo de eficiência (pela libertação de energia

de condensação do vapor de água presente dos produtos da combustão) aumentando no entanto a

sua complexidade. As desvantagens da utilização de um condensador para melhorar a eficiência

global prende-se com a necessidade de ligação ao esgoto para recolha dos condensados e

manutenção mais frequentes no equipamento, encarecendo os custos de utilização e fabrico. Em

relação à pré-mistura, esta pode ser obtida de forma natural ou forçada, estando na figura 2 dois

esquentadores da Bosch, um de cada tipo.

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Figura 2 –a) Esquentador atmosférico b) esquentador ventilado

A principal diferença entre os dois esquentadores reside na existência de um ventilador na parte

inferior do esquentador e na câmara de combustão. A câmara de combustão do esquentador da

figura 2 b) é fechada em relação ao exterior, sendo a sua pressão superior à atmosférica, como

resultado do arejamento forçado, enquanto que para o esquentador do lado esquerdo a câmara de

combustão encontra-se à pressão atmosférica.

a)

b)

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REVISÃO DE LITERATURA 2.

Neste capítulo são apresentadas as bases teóricas que serviram de base para a implementação do

modelo.

2.1. Injecção de combustível e arejamento

A chama de um esquentador é de pré-mistura parcial, o que implica que à chegada à zona de queima

o gás já contenha ar misturado. Para se obter uma chama de pré-mistura parcial primeiro é

necessário arrastar ar para o meio do gás. Em seguida é necessário que os dois fluidos se misturem

de modo a se obter uma mistura o mais homogénea possível. Será apenas modelado o arrastamento

natural.

Arrastamento de ar para a flauta

Os esquentador tradicionais arrastam naturalmente o ar para dentro do queimador, como está

esquematizado da figura 2.

Figura 3 - injector e flauta de um esquentador doméstico

Um fluido ao ser injectado num meio em repouso é chamado de jacto e devido ao gradiente de

velocidades entre os fluidos, que leva à geração de tensões de corte, esse meio é arrastado para o

seu interior. Estas tensões de corte resultam numa transferência de momento de um fluido para o

outro (Jones, 1989) e geram vórtice turbulentos que arrastam consigo ar (Kandakure et al. (2008)).

Este fenómeno é importante em queimadores atmosféricos, dele depende a razão de equivalência da

pré-mistura parcial, a estabilidade da chama e a energia libertada. Um injector tem como finalidade

converter energia potencial de pressão em energia cinética. Como a transformação de energia não

ocorre sem perdas aplica-se um factor correctivo denominado coeficiente de descarga ( ). Da área

do injector depende a velocidade de saída do jacto, sendo que quanto maior for a velocidade do jacto

maior é o gradiente de velocidades na interface dos dois fluidos, levando a maiores tensões de corte

que permitem arrastar mais ar. O tipo de bocal do injector também tem um papel importante, sendo

que para bocais convergentes à saída o arejamento aumenta, pois provoca um perfil de velocidades

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mais plano (levando a maiores gradientes de velocidade à sua saída), apresentando no entanto um

maior coeficiente de descarga. O coeficiente de descarga está dependente das condições do

escoamento ( ) no orifício, principalmente para escoamento laminares. Para escoamentos

turbulentos no injector permanece relativamente constante. O comprimento do tubo do injector

(após a contracção) tem influência nas perdas e é reflecte-se no coeficiente de descarga. Se o tubo é

muito longo cd diminui pois as perdas viscosas serão grandes, se for muito curto o mesmo acontece

pela contracção e expansão súbditas (White, 2005).

Um jacto pode ser classificado, como jacto livre ou confinado (Kandakure et al. (2008)). Um jacto

confinado difere de um jacto livre basicamente porque o momento não é conservado (Singh et al.

(2003)). Existe na literatura uma solução de semelhança para jactos livres deduzidas a partir das

equações de transporte de quantidade de movimento turbulentas que aproximam o perfil de

velocidades ao longo de um jacto livre (Silva, (2012)). Segundo Silva, (2012), define-se o parâmetro

adimensional,

2.1

onde r é a distância radial ao centro do jacto e δ(x) representa o raio do jacto a uma determinada

distância, x, do injector (considera-se a espessura do jacto como a distancia entre o seu centro e a

cota a que a velocidade da mistura é metade da velocidade na linha central). O raio do jacto aumenta

e a sua velocidade na linha central decresce à medida que este vai admitindo ar, resultado da

transferência de momento, sendo que as equações que descrevem este comportamento são:

2.2

(

) 2.3

sendo a distância entre a origem virtual do jacto e a boca do injector, como é ilustrado na figura 4.

A origem virtual é o ponto onde a velocidade no centro do jacto começa a diminuir. O perfil de

velocidades só pode ser considerado semelhante num ponto a montante de que se verifica para

uma distância aproximadamente igual a 4 diâmetros de jacto do injector (Faris, 1963). Segundo o

mesmo, o escoamento à saída do injector é laminar (excepto na zona junta a parede), sendo que à

medida que este se vai afastando do bocal do injector a turbulência vai crescendo radialmente para

ambos os sentidos, como mostra a figura 4.

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Figura 4 – Jacto livre

É possível determinar-se a velocidade para um determinado ponto no interior do jacto a montante da

origem virtual através recorrendo-se às seguintes equações:

2.4

2.5

O jacto livre considerado não contabiliza o efeito de uma eventual reacção de combustão no seu

interior. Este jacto comporta-se de forma diferente de um jacto livre onde ocorre uma reacção de

combustão principalmente devido à expansão dos gases resultado da reacção ser extremamente

exotérmica. Han e Mungal (2001) estudaram o escoamento de jactos não reactivos e reactivos com

recurso a PIV. Verificaram que a distâncias curtas do injector, a entrada de ar para dentro do jacto é

inferior num jacto reactivo quando comparado a um jacto sem reacção de combustão, enquanto que

para distâncias maiores (a partir de 40 diâmetros de jacto) o fenómeno é invertido. Verificam também

maiores flutuações de velocidade para o jacto reactivo e Becker e Yamazaki identificaram a impulsão

como a responsável que adiciona momento adicional ao jacto. Para descrever este efeito

introduziram a coordenada ξ, que pode ser definida como:

(

)

2.6

que no fundo é uma relação entre a impulsão e a inércia dos gases na chama assumindo que

e .

No que diz respeito a jactos confinados, o confinamento cria um gradiente de pressão adverso, por

limitar a quantidade de ar disponível para arrastamento, fazendo-o baixar. A razão de equivalência da

pré-mistura é tipicamente 1.4 para esquentadores domésticos (Scribano (2005)).

A distância e relação de área entre a garganta e o injector influenciam também a quantidade de ar na

pré-mistura. Para grandes relações de área o jacto pode ser assumido como livre, sendo que a partir

de um determinado valor o efeito das paredes do tubo começa a fazer sentir-se no jacto (antes de

perder a maior parte do seu momento) e cria-se uma recirculação no seu interior. A presença do tubo

aumenta as tensões de corte geradoras de turbulência, permitindo também uma mistura mais

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8

homogénea (Kandakure (2008)). À medida que a distância injector/tubo aumenta esta recirculação

vai-se aproximando da entrada da flauta (devido à expansão do jacto), sendo que para distâncias

maiores o jacto começa a ter um diâmetro maior do que o tubo, sendo reduzido o arejamento primário

no seu interior. Num esquentador convencional o gás é injectado para uma flauta, onde a garganta

cria uma pressão negativa no escoamento (entre a entrada da flauta e a garganta) permitindo diminuir

a razão de equivalência da pré-mistura (comparativamente a um queimador sem garganta). Para

jactos confinados e quando a velocidade do meio é desconhecida, Pritchard et al. propôs uma forma

com base em balanço de momento energia, assumindo algumas simplificações, e obteve a seguinte

relação (Jones, 1989):

2.7

A expressão deduzida permite calcular a quantidade de ar admitido para diferentes relações de área

injector/garganta. Nesta dedução desprezou-se a zona da flauta correspondente a contracção de

área. Segundo ele o potencial aumento de arejamento pela presença da garganta é contrabalançado

com o aumento do coeficiente de perdas .

Para o caso onde a mistura é aquecida à medida que atravessa a flauta, como acontece se existir

uma chama à saída do queimador, Namkhat e Jugjai (2010) sugerem que a relação entre o

coeficiente de excesso de ar para a situação com e sem chama é proporcional a

(

)

(

)

Onde e são as viscosisdades da mistura para a temperatura à saida da flauta para a

situação com e sem chama. A temperatura da mistura à saída da flauta com chama diminui com o

aumento do caudal de gás injectado e portanto o arejamento aumenta.

2.2. Reacção de combustão

A reacção de combustão da mistura é a responsável pela libertação da energia térmica no

esquentador, sendo posteriormente transmitida à água. A energia libertada numa reacção de

combustão pode ser expressa em função das entalpias absolutas de cada uma das espécies

químicas presentes nos reagentes e produtos. Esta entalpia é definida pela soma da entalpia de

formação a uma temperatura e pressão de referência com a variação de entalpia sensível.

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9

Para reacções de combustão a pressão constante, desprezando-se variações na energia cinética e

potencial, a energia libertada é igual à variação da entalpia absoluta da mistura, sendo igual ao poder

calorífico inferior (PCI) quando se considera água no estado gasoso nos produtos de reacção e os

reagentes se encontrem em condições PTN. A temperatura adiabática de chama é a temperatura que

os produtos de combustão teriam caso não houvessem perdas térmicas para o exterior.

Existem três tipos de chamas fundamentais, chamas de difusão, de pré-mistura e de pré mistura

parcial. Para as primeiras o fluido injectado é apenas combustível e o ar é arrastado de forma natural

para o seu interior pelo mecanismo referido no subcapitulo anterior. As chamas de pré-mistura

exigem que o fluido injectado seja já uma mistura ar/combustível com um determinado valor mínimo

de razão de equivalência. Esta mistura pode ser obtida por arejamento natural. O terceiro tipo de

chama referido é um misto entre os dois primeiros, onde o fluido injectado tem uma determinada

razão de equivalência e o arejamento na zona de reacção é considerável.

Em reacções de combustão consideradas completas e sem dissociação, onde o combustível é um

hidrocarboneto e o comburente é o ar, tem-se como produtos de combustão dióxido de carbono,

vapor de água, azoto e oxigénio.

A temperatura real de uma chama geralmente não é próxima da temperatura adiabática

principalmente devido a perdas térmicas para o exterior e dissociação de espécies químicas

formadas. As perdas são fundamentalmente devido a dois mecanismos de transferência de calor,

convectivo e radiactivo, sendo que para chamas de pré-mistura pobres as perdas radiactivas são

baixas. Segundo Coelho e Costa (2007) nestas misturas com temperaturas de chama inferior a

1250K a dissociação pode ser desprezada, no entanto para temperaturas típicas ocorre dissociação

de espécies químicas. Com base na equação de gases perfeitos (55) e na energia livre de Gibbs,

pode definir-se uma constante de equilíbrio como:

2.8

onde G é a energia livre de Gibbs e verifica-se que apenas é função da temperatura. A constante

de equilíbrio também se pode definir em função das fracções molares, por exemplo para a

dissociação do hidrogénio,

, tem-se:

(

)

2.9

Segundo Coelho e Costa (2007) numa combustão de um hidrocarboneto (com temperaturas de

chama típicas) em ar deverão ser consideradas no mínimo as seguintes espécies químicas:

. Existem inúmeras de outras espécies químicas em

concentrações mais diminutas, com destaque para e .

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10

2.3. Permutador de calor

2.3.1. Análise dinâmica

Os permutadores compactos de tubos alhetados são amplamente utilizados na indústria e o seu

estudo dinâmico é um assunto de interesse para vários domínios da engenharia. De um modo geral

os permutadores compactos são opção quando o volume disponível para trocas é pequeno, e em

particular os de tubos alhetados aplicam-se a casos onde os fluidos a permutarem estão em fases

diferentes.

Quando as condições de funcionamento de um permutador em equilíbrio são alteradas (temperatura

de entrada ou caudal de um ou dos dois dos fluidos), a resposta nas temperaturas de saída não é

instantânea. O transiente entre as duas situações estacionárias introduz um atraso no sistema do

qual o permutador de calor faz parte e poderá ter implicações no desempenho global do sistema onde

o permutador está inserido (Ataer et al. (1995)). Tais exemplos podem ser encontrados no controlo de

reacções químicas, arranque e mudança de carga em centrais de turbina a gás, sistemas de ar

condicionado, etc.

A resposta dinâmica de permutadores de calor tem sido também estudada por investigadores como

Kays e London (1964), Yin e Jensen (2003), Lachi et al. (1997) entre outros. A grande maioria dos

estudos disponíveis na literatura apresenta a resposta transiente para variações do tipo “step” às

temperaturas de entrada ou caudais com base num sistema de equações diferenciais. Vários

métodos e abordagens podem ser utilizados para a resolução deste tipo de problemas. Yin e Jensen

(2003) desenvolveram um método integral analítico explícito aproximado para estudar o

comportamento transiente de um permutador de calor com um dos fluidos a temperatura constante

(em mudança de fase por exemplo). Assumiram que a distribuição de temperatura do fluido de fase

constante pode ser expresso como função da distribuição da sua temperatura inicial e final e de uma

constante de tempo. Outro método analítico foi desenvolvido por Lachie et al. (1997) onde se

caracterizou o comportamento dinâmico de um permutador do tipo casco e tubo com base em dois

parâmetros constante de tempo e atraso. O método pode ser generalizado e usado para estudar

variações em simultâneo no caudal do tipo step. Roetzeland e Xuan analisaram o comportamento

transiente de permutadores do tipo casco e tubo com recurso a transformadas de Laplace (Vaisi et al.

(2011)). Kays e London (1964) estudaram a resposta dinâmica diversas configurações e apresentam

um resumo tabelado de resultado, obtidos de várias fontes (próprias e de outros autores). Vaisi et al.

(2011) desenvolveram um modelo baseado nas equações de energia resolvido numericamente e

estudaram a resposta dinâmica para variações simultâneas da entrada de temperatura de ambos os

fluidos em permutadores de tubos alhetados. Ataer (2004) obteve um método analítico aproximado

que pode ser utilizado para estudar o comportamento transiente de um permutador de calor de tubos

alhetados para um step na temperatura de entrada do fluido quente.

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11

Ataer et al. (1995) propõem três abordagens para modelar a parte sólida do permutador de calor:

ZCA, OCA, TCA (Zero/One/Two solid capacities). Na ZCA a capacidade térmica do tubo e alhetas

são adicionadas aos fluidos, na OCA já são considerados como um corpo, e no TCA a capacidade

térmica das alhetas e do tubo são consideradas separadamente. Como seria de esperar o TCA é o

método que melhor aproxima a realidade (de entre os três propostos), mas no entanto é o mais

exigente computacionalmente. O OCA aproxima bem o tempo característico do transiente e também

pode ser utilizado. O ZCA falhou a modelar a resposta dinâmica do permutador.

Segundo o método da capacidade concentrada pode desprezar-se a resistência de condução de um

sólido a temperatura inicial constante, imerso num fluido, para se calcular o tempo de resposta do

sólido até entrar em equilíbrio térmico com o fluido caso a resistência de convecção seja bastante

maior. O número adimensional que define esta relação é o numero de Biot, Bi, sendo definido por:

2.10

sendo que

e define o comprimento característico do sólido e caso esta relação seja inferior a

0.1 é valido aplicar-se o método da capacidade concentrada (Incropera e Dewitt (2007)). O número

de Biot é portanto um indicador da homogeneidade de temperaturas no interior de um corpo ao longo

de um transiente: caso o convecção seja pequena em relação à condução no solido ter-se-á uma

distribuição mais homogénea.

2.3.2. Perda de carga no permutador

A queda de pressão nos gases de combustão ao passar por um permutador compacto é de interesse

na presente modelação no caso de o esquentador ser atmosférico. Uma grande perda de carga

levará a um aumento de pressão na camara de combustão, levando à diminuição de ar secundário

arrastado na reacção de combustão. De forma a ser mantida uma pressão atmosférica na câmara de

combustão é colocado por vezes um ventilador por cima do permutador. Kays e London (1964) e

Wang et al. (1997) entre outros estudaram as características do escoamento pelo permutador.

Concluiram que o factor de atrito por tubo é independente do número de linhas de tubos, e que o

factor de atrito diminui com o Reynolds do escoamento.

Por integração da equação de momento ao longo do permutador Kays e London mostraram que a

perda de carga (pressão) no permutador depende do caudal de gás e das dimensões do permutador

na seguinte relação (Kays e London (1964)),

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12

(

)

[ (

)

]

2.11

onde e são os coeficientes de perda na entrada e saída do permutador, existindo na literatura

gráficos para cálculo destes valores em função do número de Reynolds, σ representa a relação entre

a área de passagem dos gases, , e a área frontal do permutador, . A primeira e a última

parcela em parênteses rectos são referentes aos efeitos da entrada e da saída do permutador

(mudança abrupta de área perpendicular ao escoamento), a segunda representa as perdas por atrito

nas alhetas, e a terceira a contracção dos gases com o arrefecimento. O factor de atrito, f, para um

permutador compacto foi obtidos por Chang et al. (1997), que desprezando-se o pequeno efeito do

número de linhas de tubos:

( ) (

) 2.12

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13

IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO 3.

3.1. Maplesim

O Maplesim é um ambiente que usa o motor de cálculo do Maple para simular modelos simplificados.

Como o Maplesim não resolve equações às derivadas parciais uma das hipóteses para estudar um

sistema poderá passar por utilizar elementos concentrados. O Maple é um programa de análise

simbólica, numérica e gráfica com a sua própria linguagem de programação incorporando no entanto

interfaces para outras linguagem: C, C++, Matlab, Java, Fortran e Excell. O Maplesim contem varias

bibliotecas com componentes modelados correspondentes a vários domínios (térmico, eléctrico,

fluídico, magnético, etc) e permite também a criação de componentes personalizados com o objectivo

de se modelar um fenómeno mais complexo que não dê para modelar com recurso aos componentes

básicos. Os componentes criados podem ser ligados a outros (criados ou disponíveis na biblioteca)

de modo a modelar um sistema complexo.

A metodologia seguida pelo Maplesim para resolver um modelo é explicada de seguida. Cada

componente tem um sistema de equações associado que define o seu comportamento (tanto podem

ser equações diferenciais como algébricas), sendo adicionalmente criadas equações que definem a

forma como os vários componentes estão ligados entre si. Estas equações são então reunidas num

grande sistema de equações onde, numa primeira fase são simplificadas por métodos analíticos sem

perda de informação ou geração de erros na solução do modelo (são eliminadas variáveis

redundantes, reduzidas o numero de equações, número de loops algébricos, etc.) e são calculados

os valores iniciais para as variáveis que restam. A esta fase é chamada de pré-processamento. Após

o pré-processamento é iniciado um método numérico diferencial previamente escolhido. O Maplesim

tem três métodos implementados: Rosenbrock (stiff solver),ck45 (semi-stiff solver) e rkf45 (non-stiff

solver).O método Rosenbrock é o indicado para a generalidade dos sistemas de equações, no

entanto os outros podem ter melhor performance caso todas as variáveis variem a taxas

semelhantes. Durante a integração numérica de um modelo regido por equações diferenciais, sempre

que há uma descontinuidade em alguma das entradas do componente, o valor inicial é recalculado e

repetido o procedimento anterior.

3.2. Componentes modelados

Um esquentador doméstico típico tem necessariamente um injector, uma flauta onde se dá a pré-

mistura, uma câmara de combustão onde se dá a combustão, o arejamento secundário e a ascensão

dos gases e um permutador de calor para aproveitar a energia térmica libertada e transferi-la para a

água. Todos os fenómenos/componentes referidos foram modelados, com a excepção do arejamento

secundário, que pela sua complexidade foi descartado, e do sistema de ignição. Com o intuito de se

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14

aproveitar a energia de condensação do vapor de água presente nos gases de combustão por vezes

são colocados condensadores após o permutador de calor, no entanto não foi considerado neste

trabalho.

3.3. Injector

Efectuando-se um balanço de energia ao injector, pode demonstrar-se que o caudal debitado por um

injector depende da diferença de pressões e pode ser expresso por:

3.1

onde é o coeficiente de descarga do injector. Desprezou-se a energia cinética

do gás a jusante do injector pois a sua velocidade é muito inferior à da verificada a

montante. Esta equação foi implementada num componente com a finalidade de

modelar o injector.

3.4. Arejamento Natural Primário

Para se estimar a razão de equivalência da pré-mistura, e

portanto a quantidade de ar arrastado pelo jacto de gás,

implementaram-se duas abordagens diferentes, uma utilizando

as equações de semelhança (eq 2.1 até 2.5) e outra aplicando

balanços de energia e momento.

3.4.1. Equações de semelhança para o jacto livre

É possível integrar o perfil de velocidades do jacto (aplicando as equações de similaridade

apresentadas, e portanto assumindo que o tubo não interfere com o escoamento) para se obter o

caudal total de escoamento que entra para um tubo.

3.2

3.3

É no entanto preciso definir-se um limite de integração e a distância do injector à qual se considera o

perfil de velocidades. Duas hipóteses são levantadas. A primeira assume, como ilustra a figura 3, que

o jacto cresce entre o injector e a garganta da flauta sem interferência das paredes e a partir deste

Figura 5 - Injector

Figura 6 - Flautas

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15

ponto não ocorre mais entrada de ar. Então define-se como limite de integração o raio da garganta e

o ponto de integração a distância entre o injector e a garganta. A segunda despreza a contracção de

diâmetro antes da garganta e assume que a interferência da parede apenas se verifica a montante da

garganta. Este ponto é considerado aquele em que a velocidade do jacto livre, a uma distância igual

ao raio da garganta, é 50% da velocidade do jacto central. Da equação 2.5 iguala-se f(η) a 0.5, e

acha-se a distancia x onde tal acontece. Esta distância é a que se considera na integração e os

limites são aqui também o diâmetro da garganta (desprezando o difusor).

Figura 7 – Hipóteses para modelar a flauta

Serão modeladas estas duas hipóteses, sendo que a primeira será referida como Jacto livre garganta

(JLG) e a segunda como jacto livre tubo (JLT).

3.4.2. Balanços de energia e de quantidade de movimento

Uma outra análise possível é a de balanços de energia, quantidade de movimento e massa entre a

saída do injector e a saída da flauta.

Figura 8 – Flauta dividida em volumes de controlo

Dividindo o conjunto em 4 volumes de controlo, representados na figura acima, tem-se para cada

uma das partes os seguintes balanços:

1. Arejamento

Através de um balanço de momento à zona II, e assumindo que todo o ar que é arrastado apenas

tem velocidade perpendicular à direcção do jacto:

3.4

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16

3.5

3.6

Desprezou-se a energia cinética do ar no primeiro termo pois a sua velocidade é muito baixa quando

comparada à velocidade do combustível.

2. Contracção

Na zona de contracção existe uma diminuição da pressão estática, que pode ser obtida por um

balanço de energia à zona III:

(

)

(

)

( ( ))

3.7

Onde é o coeficiente de perda local associado à diminuição gradual de área de escoamento e foi

obtido por regressão de um gráfico que pode ser encontrado em White, 2005, e depende apenas da

geometria da contracção, sendo

( ) 3.8

3.9

3. Difusor

O balanço ao difusor resulta nume equação semelhante à anterior

(

)

3.10

onde representa o coeficiente de perdas do escoamento .

Queimador

Este bloco define a saída da mistura pelos orifícios da matriz. Dada a grande diferença de áreas de

secção entre o fim do difusor ( e os orifícios do queimador foi desprezada a energia

cinética dos gases no interior do queimador. O balanço de energia resulta numa equação semelhante

à do balanço ao injector.

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17

3.11

Obtém-se então um sistema de equações que permite deduzir a quantidade de ar arrastado para

dentro da flauta.

As seguintes simplificações foram assumidas durante a dedução destes balanços:

O escoamento é incompressível, isto é a densidade dos fluidos não depende da pressão, o

que é aceitável para queimadores domésticos.

A pressão do escoamento à saída do queimador é considerada constante.

A pressão atmosférica na câmara de combustão é considerada constante.

O efeito de impulsão, resultado do aquecimento dos gases por queimar pela chama a jusante,

é desprezado.

Serão testados dois modelos, um com o bloco de contracção e outro sem o mesmo.

3.5. Chama

A reacção de combustão foi considerada completa, com dissociação de espécies químicas e perdas

radiactivas para a envolvente. Foram modeladas reacções de combustão para o metano e para o

propano. Será explicada a implementação da reacção de combustão para o metano sendo que para o

propano a forma de implementação é semelhante. Para o metano reacção química global que

expressa a reacção de combustão é a seguinte:

Sendo conhecida a fracção molar de cada um dos reagentes são necessárias 7 equações para se

conhecer a fracção molar de cada espécie química dos produtos da combustão e outra para se

conhecer a temperatura de chama. Balanços de massa aos quatro elementos químicos presentes na

reacção, C, O, H e N, fornecem 4 equações. As restantes 4 necessárias são determinadas a partir da

condição de equilíbrio químico das reacções de formação das espécies a partir de 4 espécies

seleccionadas (3ª eq. da tabela 1) e do balanço de energia à chama (1 eq.), para cálculo da sua

temperatura. As quatro espécies seleccionadas como independentes, a partir da qual é possível

formar as outras, foram

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18

Tabela 1 - Reacções de dissociação

Reacção elementar Equilíbrio químico

(

)

(

)

(

)

As condições de equilíbrio e as reacções elementares para as quais o equilíbrio foi considerado estão

expostas na tabela 1. Os valores das constantes de equilíbrio estão tabelados em Coelho e Costa

(2007) e por regressão matemática obtiveram-se funções, que relacionam as constantes de equilíbrio

da reacção com a temperatura a que ela ocorre. Os balanços de massa considerados para os

elementos químicos C, O, H e N foram respectivamente:

3.12

3.13

3.14

3.15

Por fim o balanço de energia é expresso por:

∑ ∫

∑ ∫

3.16

Onde a última parcela da equação representa as perdas térmicas para a envolvente, o indice i e j

representam a especie quimica considerada respectivamente nos reagentes e nos produtos. O

primeiro termo de cada um dos lados da equação representa a entalpia de formação de cada uma

das especies quimicas a uma temperatura de referência. Estes valores encontram-se tabelados em

anexo e foram extraidos de Coelho e Costa (2007). As únicas perdas térmicas para a envolvente

consideradas foram as radiativas.

Foram criados dois componentes diferentes um para a modelar a queima do metano e outro do

propano visto serem dois combustiveis usuais em esquentadores. Para o propano utilizaran-se as

mesmas equações mas alterou-se o balanço mássico do carbono e hidrogénio para respectivamente:

3.17

3.18

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19

3.6. Inércias e resistências térmicas de sólidos.

Os sólidos considerados no esquentador são os tubos de permuta (tanto do permutador principal

como dos tubos que rodeiam a câmara de combustão), as alhetas e a parede da câmara de

combustão. São modelados com recurso a dois tipos elementos concentrados já existentes no

Maplesim, um que define a resistência térmica de condução e outro para definir as inércias do sólido.

As expressões matemáticas para a resistência e inércia térmicas são respectivamente

3.19

3.20

onde Tmed é definido como a média aritmética entre as temperaturas médias das superfícies de

contacto com os dois fluidos.

3.7. Câmara de combustão

Conceptualmente a câmara está dividida em dois sistemas de equações, um representativo do

volume ocupado pelos gases da combustão e pelas suas superfícies internas, e outro que representa

a parede da câmara de combustão, como pode ser visto na figura 9. Cada um destes sistemas de

equações representa um componente modelado.

I II

Figura 9 – Câmara de combustão

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20

Na figura 9 os índices 1,2 e 3 definem respectivamente as superfícies da chama, da parede interna

da câmara de combustão e do permutador principal. Entre as 3 superfícies (chama, parede e

permutador alhetado) e os gases são consideradas trocas radiactivas, assim como trocas convectivas

entre a parede e os gases. A parede lateral recebe energia fundamentalmente da chama e dos gases

e perde para os tubos e para o exterior.

No que diz respeito ao sistema de equações que rege a zona I da figura e para as trocas radiactivas

assumiram-se as seguintes simplificações:

Os gases de combustão comportam-se como gases cinzentos, sem ocorrência do fenómeno

de scattering, sendo que os gases em queima (isto é, a chama) são considerados como uma

superfície.

As superfícies são consideradas cinzentas, isto é, as emissividades das superfícies são

independentes da direcção (difusas) e do comprimento de onda, sendo que para materiais

condutores assumir a sua superfície como difusa pode ser pouco razoável (Dewitt e Incropera

(2007)).

Apenas é considerado o regime estacionário.

Despreza-se a variação de temperatura ao longo da área de cada uma das superfícies.

As trocas radiactivas para cada uma das superfícies são definidas pelas seguintes 3 equações:

∑ ( )

3.21

Os índices i e j representam as superfícies consideradas, representa o factor de forma entre duas

superficies e J representa a sua radiosidade. O factor de forma é definido pelas três dimensões

características (altura, largura e profundidade) da câmara de combustão através de uma relação que

pode ser encontrada em Howell, 2010. As radiosidades para cada superfície são calculadas com

recurso às equações

3.22

onde σ é a constante de Stefan-Boltzman, e representam a emissividade e reflectividade da

superfície considerada e representa a transmissividade dos gases de combustão. Pelo facto de se

ter considerado gases e superfícies cinzentas resultam as seguintes relações:

3.23 3.24

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21

A transferência convectiva entre os gases e a parede lateral da câmara de combustão é dada pela

equação 3.25 e onde o coeficiente de convecção, h, é calculado com recurso a correlações em

anexo.

3.25

O coeficiente de convecção entre os gases e a parede da câmara de combustão foi modelado como

se o escoamento ocorresse sobre uma placa plana, sendo que o escoamento é considerado laminar,

como foi verificado.

A potência trocada em cada uma das superfícies consideradas e pelos gases de combustão é regida

pelas equações abaixo.

3.26 3.27

3.28

( )

3.29

A zona II representa a parede da câmara de combustão, tendo sido assumido que do lado exterior

existem duas áreas de temperatura homogénea, uma representada na figura como , e está em

contacto com o ar ambiente e outra, representada como , em contacto com os tubos

envolventes do esquentador. A variável representa a temperatura média do gás dentro da câmara

de combustão, sendo definida como a média aritmética das temperaturas de entrada e saída do gás.

A temperatura de entrada dos gases, , é considerada a mesma que a temperatura de chama, ,

sendo que na realidade ocorre arrastamento secundário de ar fazendo baixar a temperatura dos

gases.

3.8. Tubo envolvente

Os tubos que envolvem a câmara de combustão, com o objectivo de recuperar perdas radiactivas e

convectivas durante a ascensão dos gases, foram modelados com recurso a dois componentes,

representados na figura 6, sendo que um representa o tubo e o outro a água no seu interior. Para o

tubo utilizaram-se os componentes de inércias e resistências térmicas do subcapítulo 3.6 e para a

água foram implementadas as mesmas equações das utilizadas para o permutador principal (próximo

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22

subcapítulo). O coeficiente de convecção do na água foi calculado com recurso a correlação de

Gnielinski e consta em anexo.

Figura 10 - Tubos envolventes

3.9. Permutador principal

O componente permutador de calor é formado por 3 subcomponentes, um correspondente à água no

interior do tubo, outro para os gases de combustão entre as alhetas e outro para modelar as alhetas e

o tubo.

Figura 11 - Permutador principal

As resistências térmicas entre os fluidos e o tubo são convectivas enquanto que ao longo do tubo e

das alhetas são condutivas e de contacto (entre tubo e alheta). As equações que definem os

balanços energéticos para os fluidos são, respectivamente para os gases e para a água:

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23

( )

3.30

( )

3.31

As temperaturas médias dos fluidos no interior do permutador estão representadas por e , sendo

definidos pela média aritmética entre as temperaturas de entrada e de saída do fluido. As equações

que regem o comportamento de ambos os fluidos são semelhantes, sendo que o termo do lado

esquerdo representa a inércia térmica do fluido, o primeiro termo do lado direito a variação na

entalpia do fluido e o segundo a energia transferida por convecção. Apesar de iguais a

implementação destas duas equações difere na medida em que as propriedades da água são

constantes e do gás são funções da temperatura. A simplificação considerada para a água não pode

ser aplicada aos gases pois a variação de temperatura ao longo do permutador é muito superior à da

água. As propriedades calculadas para a obtenção do coeficiente de convecção da água nos tubos

são já consideradas como função da temperatura.

Para os tubos e alhetas do permutador optou-se pela aproximação OCA por se poderem obter

resultados razoáveis sem grande custo computacional.

O coeficiente de convecção do lado da água foi calculado com recurso a correlação de Gnielinski e

do lado dos gases utilizou-se a correlação de Zhukauskas (ambas em anexo). A área de permuta

exterior considera é uma área equivalente dada pela expressão:

3.32

Onde a primeira parcela representa a área exterior dos tubos e a segunda parcela a área de troca

equivalente se toda a alheta tivesse a mesma temperatura. A eficiência da alheta, , pode ser

calculada pelas seguintes expressões:

( ) 3.33

3.34

( (

)) 3.35

3.36

{

(

√ ⁄

)

(√ ⁄

)

3.37

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24

onde as equações 3.33 e 3.36 foram obtidas em (Dewitt e Incropera (2007)) e 3.34 e 3.35 em Wang

et al. (1996) e 3.37 em (Barros, 2012).

Resumindo, para modelar o permutador assumiram-se as seguintes simplificações:

Não se considera a condução de calor da nos fluidos na direcção do escoamento.

O coeficiente de convecção é constante dentro de um mesmo bloco (no entanto varia caso

a temperatura média do fluido varie).

A condução de calor no tubo é unidimensional, sendo que apenas é considerada a

componente radial.

A temperatura superficial do tubo e das alhetas, é considerada a mesma, pois aplica-se o

método da capacidade concentrada.

A condutividade térmica, k, é considerada constante com a variação temperatura.

3.10. Perdas para o exterior

As únicas perdas para o exterior consideradas foram perdas convectivas na parede da câmara de

combustão. Apenas a área que se encontra exposta foi considerada, sendo que se desprezaram as

perdas dos tubos para o exterior, visto que estes estarão sempre mais frios que a parede da câmara

de combustão. Aplicou-se a correlação de convecção natural turbulenta considerada no capítulo

anterior.

3.11. Propriedades da água, gases de combustão e espécies

químicas

Algumas das propriedades das substâncias consideradas nas simulações, do ponto de vista

matemático, são constantes, enquanto que outras são modeladas em função da temperatura.

Na reacção de combustão os calores específicos molares foram implementados com polinómios

disponíveis na bibliografia (Coelho e Costa (2007)). As constantes de reacção consideradas no

modelo encontram-se tabeladas para várias temperaturas, também na mesma referência

bibliográfica, de onde, por regressão, obteve-se uma função do tipo

para cada

uma das reacções.

33908.7491079522 29841.9049007460 -10881.0998590121

b 10.3301955828179 -6.74299421031178 1.52630880992243 Tabela 2 – Coeficientes obtidos por regressão para as constantes de equilíbrio

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25

Os gases, tanto na câmara de combustão como no permutador principal, foram modelados com as

propriedades do azoto visto ser o maior constituinte dos gases de combustão. As diversas

propriedades consideradas como dependentes da temperatura foram:

Propriedade Origem Relação

(White, 2005)

Considerou-se a relação de

calores específicos constante com a temperatura

Coeficientes de polinómios

(Coelho e Costa (2007) Consultar livro

(White, 2005) (

)

(Dewitt e Incropera (2007))

Regressão com base em

tabelas (Dewitt e Incropera (2007))

Tabela 3 - Propriedades para a água

As propriedades da água que foram consideradas funções da temperatura foram:

Propriedade Origem Relação

(White, 2005) (

(

)

)

Regressão (Dewitt e Incropera (2007))

(White, 2005)

Coeficientes de polinómios (Coelho e Costa (2007))

Consultar livro

Tabela 4 - Propriedades para os gases

Todas as outras propriedades foram consideradas como invariantes com a temperatura

nomeadamente: , , .

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26

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27

RESULTADOS DO MODELO 4.

A apresentação e discussão de resultados serão feitas em separado para componentes que não

dependam de si reciprocamente. Assim sendo serão discutidos resultados para a flauta, chama,

câmara de combustão e permutador principal. Os resultados obtidos para a câmara de combustão

integram o tubo envolvente, a chama e em parte o permutador principal, pois são necessários para

que se definam as trocas radiactivas e convectivas na câmara. Antes de se apresentarem os

resultados é apresentado o esquentador modelado. Todos os resultados apresentados neste capitulo

são obtidos pela via numérica.

4.1. Esquentador modelado

O modelo apresentado foi feito com base no esquentador da Bosch da figura 1, um esquentador

atmosférico. O conjunto câmara de combustão, permutador principal e tubos envolventes fazem parte

do mesmo “bloco” no esquentador, a variável que define a dimensão está representada na figura.

Figura 12 - Dimensões do permutador e câmara de combustão

A água efectua quatro passagens no permutador, todas à mesma cota, existindo 63 alhetas iguais à

da figura 12.

A partir de algumas dimensões características (aqui chamados de parâmetros independentes) dos

componentes foram criadas relações com o objectivo de serem definidos todas os outros parâmetros

geométricos (dependentes) necessários para a simulação. Os parâmetros independentes estão na

tabela 5 e os parâmetros dependentes estão na tabela 6 juntamente com a relação que os define.

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28

Variáveis geométricas

independentes

Valor considerado

0.19

0.14

0.215

0.15

0.004

0.004

0.02

0.015

0.013

0.0124

0.0017

2

63

4

1

Tabela 5 - Variáveis geométricas independentes

Variáveis geométricas dependentes

Relação com variáveis independentes Descrição da variável

Comprimento das alhetas

Comprimentos dos tubos envolventes

( )

Comprimento total de passagem para a água no permutador

Distância entre tubos à mesma cota no permutador

Distância entre linhas de tubos no permutador

Diâmetro externo equivalente dos tubos no permutador

(

) Ângulo entre o tubo envolvente e o plano z=0

( )

Área exterior da parede da câmara de combustão exposta ao ar

(

)

Área exterior dos tubos no permutador

Área de uma alheta no permutador

Área de trocas para a água no permutador

Área de trocas para a água no tubo envolvente

Área exterior da parede da câmara de combustão em contacto com o tubo envolvente

Área de passagem dos gases no permutador

Área de passagem dos gases na câmara de combustão

Volume ocupado pela água no permutador

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29

Volume dos tubos do permutador

Volume de todas as alhetas do permutador

Volume ocupado pela água no tubo envolvente

Volume ocupado pelos gases no permutador

Tabela 6 - Variáveis geométricas dependentes

4.2. Flauta

Os resultados apresentados neste subcapítulo são referentes aos 3 modelos para o arejamento

primário considerados: com base em equações de balanços de energia/momento, com base na

equação de Pritchard e nas equações de jacto livre. Considerou-se o propano como combustível

injectado. Na figura 13 estão as dimensões características da flauta modelada e a sua fotografia, bem

como da posição do injector.

Figura 13 - Flauta e injector

Equações de balanços

Como referido atrás foram considerados dois modelos para a flauta, um com e outro sem a

contracção à entrada. Os resultados da figura 14 mostram a pressão à saída do injector (2), à entrada

na flauta (3), na garganta (4) dentro

da flauta antes da matriz (5) e à

saída da matriz (6). As pressões à

saída do injector e à saída da matriz

são a atmosférica. O modelo prevê

pressões negativas na garganta e

pressões positivas antes da mistura

atravessar a matriz.

Figura 14 - Distribuição de pressões para diferentes abordagens

101320

101325

2 3 4 5 6

P (

Pa)

Posição

Analise de pressões

sem contraccao de=1,05dg de=1,1dg de=1,2dg

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30

A linha a azul corresponde à variação de pressão obtida pelo modelo que não considera a contracção

inicial na flauta, sendo onde se obtêm as pressões mais negativas na garganta e se verifica a menor

razão de equivalência de todos os ensaios. À medida que o diâmetro de entrada da flauta aumenta

(mantendo-se constante o diâmetro da garganta) reduz-se a pressão na garganta e o arejamento é

diminuído. Este resultado vai contra aquilo que era expectável.

A influência de parâmetros geométricos da flauta na razão de equivalência da pré-mistura primária foi

também avaliada apenas para o modelo sem contracção. Os parâmetros geométricos considerados

foram a relação de diâmetros entre injector e garganta da flauta, e o diâmetro equivalente no lado de

dentro do queimador e a garganta.

A influência do diâmetro da garganta na razão de equivalência foi avaliada de duas formas. Para a

primeira variou-se o diâmetro da garganta, , mantendo-se constantes os diâmetros de saída do

difusor, injector e área de saída do queimador, estando o resultado no primeiro gráfico da figura.

Verifica-se um aumento no arejamento primário com o aumento da garganta até que o difusor se

transforme num tubo ( na figura), havendo uma inversão na tendência para valores

superiores (figura 15 a)). A linha a vermelho representa a velocidade da mistura à saída do

queimador, tendo esta grandeza uma grande influência na estabilidade de chama.

Figura 15 - Resultados para o modelo do jacto baseado em balanços

A segunda forma para avaliar a influência do diâmetro da garganta na razão de equivalência consistiu

em variar-se simultaneamente o diâmetro da garganta e do difusor de modo a que a sua relação se

mantenha constante. Os resultados para esta simulação estão representados no gráfico da

figura15b), sendo que foram consideradas 4 relações de diâmetro. A razão de equivalência aumenta

sempre com o aumento do tamanho global da flauta.

0

5

10

15

0

1

2

3

0 50 100

Ve

loci

dad

e d

a m

istu

ra

(m/s

)

Raz

ão d

e e

qu

ival

ên

cia

dgarg/dinj

Influência da area da garganta

0

2

4

6

8

10

12

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

10 30 50 70 90

velo

cid

ade

de

sai

da

(m/s

)

Raz

ão d

e e

qu

ival

ên

cia

dgarg/dinj

Influência do tamanho da flauta para diferentes difusores

dq/dg=1 dq/dg=1.2 dq/dg=1.4 dq/dg=2

0

20

40

0

2

0 0,1 0,2

Ve

loci

dad

e d

e s

aid

a (m

/s)

Raz

ão d

e e

qu

ival

ên

cia

dquei/dorif

Influência da area dos orificios do queimador

c)

b) a)

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O gráfico da figura 15c) mostra a influência do tamanho dos orifícios da placa à saída do queimador.

A razão de equivalência não é alterada pelo tamanho dos orifícios pois o coeficiente de descarga é

uma constante neste modelo.

Jacto livre

Os resultados apresentados dizem respeito às duas hipóteses levantadas para modelar o jacto com

base nas equações de jacto livre: jacto livre garganta e jacto livre tubo. O primeiro assumia que a

distância entre o injector e a garganta é aquela à qual o arejamento do jacto deixa de ocorrer. O

segundo considerava que a partir do local onde num jacto livre a velocidade das partículas do jacto, a

uma distancia da linha central é igual a metade da velocidade nesta mesma linha, deixa de

haver arejamento.

Figura 16 - Resultados para o modelo de jacto livre

As figuras 16a) e b) mostra respectivamente a variação da razão de equivalência com o diâmetro da

garganta ou do tubo (foi considerado o mesmo valor) e com a distância entre o injector e a garganta

(que apenas é possível avaliar com base na primeira hipótese levantada (JLG)). Os resultados

demostram que a segunda hipótese (JLT) descreve a variação do arrastamento de ar de forma mais

realista que o primeiro. Acontece que como se considera para o JLG que a distância do injector à

qual deixa de ocorrer entrada de ar é a distância entre a garganta e o injector, existe um valor para

a partir da qual esta hipótese deixa de ser realista pois o tubo deixa de interferir com o jacto e a

jusante continua a ocorrer entrada de ar. Na hipótese JLT a distancia à qual deixa de ocorrer

arejamento é estimada tendo em conta a velocidade do jacto livre junto à parede do tubo, e portanto

desloca-se para o seu interior à medida que aumenta, sendo prevista uma menor razão de

equivalência Este hipótese demostra já uma variação mais próxima da obtida pelo modelo para o

jacto baseado em balanços.

Os resultados demonstram também que a hipótese JLG prevê um valor de arejamento máximo para

uma determinada relação , sendo que para valores superiores a este máximo a

diminuição na entrada de ar estimada é explicada pela mesma razão que no paragrafo anterior

(também para JLG) e não só pelo aumento do confinamento do tubo. Qualitativamente para valores

0

5

10

3 103

φ

dgarg/dinj

Modelo Jacto livre

JLT JLG

2

4

6

8

10

0 10

φ

dgarg/Lgar,inj

Modelo Jacto livre garganta b) a)

)

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inferiores os resultados são os expectáveis visto que um maior afastamento do injector leva a que

parte do gás nem sequer chegue a entrar no tubo.

Correlação de Pritchard

A correlação de Pritchard (2.7)foi também implementada com o objectivo de ser comparada com os

modelos propostos para que estes possam ser validados. Para além da correlação de Pritchard foi

também considerada a correlação da equação 2.7, com a finalidade de se considerar o efeito do pré-

aquecimento da mistura na razão de equivalência. A figura 17 mostra a variação da razão de

equivalência em função do diâmetro da garganta para a correlação de Pritchard com e sem pré-

aquecimento. Consideram-se duas temperaturas da mistura à passagem pelos orifícios do

queimador, 450K (valor típico) e 600K. O gráfico do lado esquerdo mostra a influência que as perdas

no escoamento ao longo da flauta têm no arejamento.

Figura 17 - Resultados para a correlação de Pritchard

Verifica-se que qualitativamente os resultados obtidos pela correlação de Pritchard são coerentes

com os outros modelos considerados.

4.3. Reacção de combustão

O modelo proposto para a reacção de combustão, sendo relativamente simples consegue prever a

temperatura adiabática de chama e a sua variação coma razão de equivalência. A variação das

espécies químicas em equilíbrio químico com a razão de equivalência é também prevista.

No gráfico da figura 18 são apresentados os resultados para a temperatura adiabática de chama em

função da razão de equivalência para três modelos de chama diferentes: reacção completa, reacção

com 2 dissociações, e reacção com três dissociações. Apenas se apresentam resultados para

chamas de metano.

0

2

4

6

8

10

10 60

Ph

i

dgarg/dinj

Pritchard Entrainment

PEcold PEhot450K PEhot600K

1,5

2

2,5

3

3,5

0 0,5 1

Ph

i

CL

Pritchard Entrainment

PEcold PEhot450 PEhot600

b) a)

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33

Figura 18- a)Temperatura adiabática de chama em função da razão de equivalência para os três modelos

de chama b) detalhe da evolução para as reacções com dissociação

A temperatura de chama adiabática apresenta o seu máximo para uma razão de equivalência igual a

1 se não for considerada nenhuma dissociação. O modelo prevê que a dissociação das espécies

químicas e leve a que a temperatura máxima de chama ocorra para uma mistura

ligeiramente ricas e à redução substancial do seu valor. A consideração adicional da dissociação do

provoca apenas uma pequena diminuição na temperatura adiabática de chama de chama. Os

valores máximos obtidos e a razão de equivalência para à qual eles ocorrem encontram tabelados

abaixo.

Reacção completa sem dissociação

Reacção completa (dissociação e )

Reacção completa (+ dissociação )

Temperatura máxima (K) 2323,18 2252,25 2244,99

Razão de equivalência 1 1,035 1,038 Tabela 7 - Temperatura máxima de chama e razão de equivalência

1500

1700

1900

2100

2300

0,5 1

T (K

)

φ

Temperatura adiabatica de chama

Reacçãocompleta

Reacção 2Diss

Reacção 3Diss

2200

2210

2220

2230

2240

2250

0,95 1,05

T (K

)

φ

Temperatura adiabatica de chama

0

0,1

0,2

0,3

0,5 0,7 0,9 1,1 1,3

Frac

ção

Mo

lar

Razão de equivalência

Especies Quimicas presentes na reacção completa sem dissociação x0CO

x0CO2

x0H2O

x0(1/2)N2

x0O2

a) b)

a)

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34

Figura 19 - Espécies químicas nos produtos para reacções de combustão sem dissociação e com 3 dissociações

A previsão das fracções molares das espécies químicas consideradas nos produtos está

representada na figura 19 a) e b) para a reacção sem dissociação e com 3 dissociações

consideradas. Nas legendas x0 e x3 representam a nomenclatura para as duas reacções

consideradas (0 e 3 dissociações) e o valor representado no gráfico para o azoto corresponde a

metade da fracção molar calculada daí o coeficiente ½ na legenda, de modo a que as linhas dos

gráficos correspondendo a escalas diferentes para melhor leitura.

Para a reacção de combustão sem dissociação (figura 19a)) verifica-se que, para a razão de

equivalência unitária, não existe oxigénio nem dióxido de carbono nos produtos, sendo que para

misturas ricas apenas existe e para misturas pobes apenas se encontra .

Na reacção de combustão onde se considera a dissociação da água e do dióxido de carbono já se

encontram fracções molares positivas de para misturas ligeiramente ricas e para misturas

ligeiramente pobres. A dissociação das espécies em oxigénio tem como consequência a deslocação

do máximo de temperatura adiabática para a zona rica.

A fracção molar máxima de

verifica-se para uma mistura

ligeiramente pobre pois a

concentração de é maior

quanto mais pobre é a mistura.

Para razões de equivalência

demasiado pobres a temperatura

de chama já é demasiado baixa e

a fracção molar de é reduzida

novamente.

Figura 20 - Fracções molares nos produtos para reacções com dissociação

0

0,01

0,02

0,03

0,75 0,85 0,95 1,05 1,15

Frac

ção

Mo

lar

Razão de equivalência

Dissociações na reacção com 3 Diss x1CO

x1H2

x1O2

x3CO

x3H2

x3 10NO

x3O2

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,5 0,7 0,9 1,1 1,3

Frac

ção

Mo

lar

Razão de equivalência

Especies Quimicas presentes na reacção completa com 3 Dissociações x3CO

x3CO2

x3H2

x3H2O

x3 10NO

x3(1/2)N2

x3O2

b)

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35

Na figura 20 estão representadas as fracções molares para os dois modelos de dissociação

considerados, sendo que o valor representado no gráfico para o azoto corresponde a metade da

fracção molar calculada daí o coeficiente ½ na legenda e para o monóxido de azoto corresponde a 10

vezes o estimado.

A relação entre temperatura de chama e as fracções molares presentes nos produtos, para uma

mistura estequiometria, está representada nas figura 21 a) e b). Esta descida na temperatura tem o

objectivo verificar a sua influência nas fracções molares finais (para

e

).

Apenas é considerada a reacção de combustão com 3 dissociações.

Figura 21 a) e b) - Fracções molares em função das perdas para a envolvente

Os gráficos da figura 21 mostram a variação das espécies químicas presentes nos produtos da

reacção em função da temperatura de chama, e portanto em função das perdas para a envolvente. A

enorme dependência da dissociação de espécies com a temperatura é também evidente nos

resultados, sendo que para a formação do monóxido de azoto apenas é relevante a sua presença

para valor superiores a 1800K, o esperado para o mecanismo de Zeldovich (Coelho & Costa, 2007).

As emissões previstas são relativas à proximidade da chama e até que os gases saiam do

esquentador ainda ocorrem reacções químicas, principalmente na câmara de combustão. A oxidação

do CO é a reacção mais importante, que congela quando os gases atingem os tubos frios do

permutador de calor.

4.4. Câmara de combustão

Na câmara de combustão são consideradas trocas radiactivas entre as suas paredes, os gases, o

permutador superior e a chama, e trocas convectivas entre os gases já queimados e a sua parede

lateral. As perdas convectivas na chama não são consideradas e esta simplificação não é a mais

aceitável para chamas de pré-mistura.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

1000 1500 2000

Frac

ção

mo

lar

Tch

Especies quimicas e perdas para a envolvente

x3CO2 x3(3N2) x3H2O

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

1000 1500 2000

Frac

ção

mo

lar

Tch

Especies quimicas formadas por dissociação

x3H2 x3NO x3O2 x3CO

b) a)

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36

Para que as perdas radiactivas possam ser consideradas é necessário que sejam definidos as

emissividades das paredes da câmara de combustão e da chama. Para a parede superior, ou seja

para as alhetas, considerou-se uma emissividade igual a 1 visto que a radiação incidente é reflectida

múltiplas vezes sendo quase toda absorvida (Barros, 2012) e para as paredes laterais considerou-se

uma emissividade igual a 0.6, pois é a emissividade correspondente a um cobre parcialmente

oxidado. A emissividade da chama é um parâmetro mais complexo de se definir pois depende das

diversas espécies químicas presentes, e a sua distribuição não é uniforme ao longo da zona de

reacção. A emissividade dessas espécies químicas depende fortemente da temperatura e sendo a

temperatura de chama também não uniforme leva a que seja difícil estimar a sua emissividade. Para

facilitar a implementação da câmara de combustão considerou-se a chama como uma superfície

radiactiva constante, isto é não varia com o aumento de caudal. Esta simplificação faz com que a

temperatura de chama dependa muito da potência calorífica, como pode ser observado na figura 22.

Com a redução do caudal de gás injectado verifica-se uma diminuição na temperatura de chama à

medida que a emissividade vai sendo mais relevante. As únicas perdas da chama consideradas

foram as radiactivas e o modelo não prevê variações nestas trocas com o caudal de gás pois a área

de superfície de chama e a temperatura adiabática são constantes. Com o aumento de caudal o

volume ocupado pela chama aumenta e trocas radiactivas também aumentam, levando a uma menor

dependência entre o caudal de gás queimado e a temperatura de chama do que a prevista. Esta

dependência aumenta com a emissividade da chama, como se verifica na figura 22, sendo as perdas

nulas para emissividade igual a zero, e portanto a temperatura de chama calculada é a adiabática,

independentemente do caudal gás. Nesta simulação impuseram.se condições de fronteira de

temperatura nas superfícies internas da câmara de combustão (parede e permutador de calor

respectivamente 450K e 350K).

Figura 22 - Temperatura de chama em função da

sua emissividade

2000

2050

2100

2150

2200

2250

2300

2350

0 0,5 1

Tch

ama

(K)

ε

Mistura estequimétrica

ncomb=0.2 ncomb=0.3ncomb=0.4

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37

Figura 23 - Câmara de combustão integrada com os outros componentes

A temperatura da parede da câmara de combustão é a que cumpre o equilíbrio entre os ganhos na

superfície interna e as perdas tanto para o ambiente, por convecção natural, como para o tubo

envolvente. A figura 23 mostra a ligação entre os componentes a fim de se estimar as trocas da

câmara de combustão para o tubo envolvente e para o ambiente. Entre a parede e o tubo incluiu-se

uma resistência de condução correspondente à solda entre o tubo e a parede. Numa primeira fase

retiraram-se os termos de inércia térmica dos componentes parede da câmara de combustão, tubo

envolvente e água a fim de se estabelecerem a percentagens de energia perdida para o meio

ambiente e respectiva temperatura da parede e tubo. Os caudais tanto dos gases como da água têm

influência nas perdas. O bloco “Mole para caudal Vol.” transforma os caudais molares dos produtos

das reacções no caudal total volúmico dos gases de combustão para a temperatura média destes na

câmara de combustão, com base na equação dos gases perfeitos, onde i é a espécie química

considerada.

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38

Incluindo o permutador principal, e desprezando os ganhos radiactivos para o permutador principal,

estudou-se a influência da ordem na passagem da água pelos dois permutadores (tubo envolvente e

permutador principal) e o tempo de arranque total do esquentador. Nesta simulação consideraram-se

os parâmetros que constam na tabela 8.

Figura 24 a) - Arranque do esquentador para a configuração TE-PP para os dois caudais b) arranque para

diferentes tipos de configuração

As linhas da figura 24 b) a azul representam a evolução da temperatura da água para um

esquentador onde a passagem da água se dá primeiro nos tubos envolventes (TE) e só depois no

permutador principal (PP). As linhas a vermelho representam a situação inversa. Para cada uma

destas situações estão representadas as temperaturas para a água em dois pontos ao longo do seu

percurso no esquentador, correspondes à saída do permutador principal e à saída dos tubos

envolventes. As diferenças na temperatura de saída da água entre ambos os arranjos são muito

pequenas sendo que para o estado estacionário o arranjo tubo envolvente-permutador principal tem

um desempenho ligeiramente superior reflectindo-se numa temperatura 0.2ºC superior. A figura 24 a)

mostra a resposta no arranque da água para diferentes caudais (a linha a azul corresponde ao dobro

do caudal da linha vermelha) nas duas posições atrás referidas. Verifica-se que o tempo

característico do transiente nos tubos envolventes é muito menor do que que no permutador principal,

sendo o componente que mais influência a resposta transiente. Observa-se também que quanto

maior for o caudal de água a passar pelo permutador menor é o tempo transiente, pois os tubos

entram em equilíbrio a uma temperatura mais baixa, necessitando de menos energia para atingir este

estado e portanto de menos tempo (visto que o caudal de gases é o mesmo).

293

303

313

323

333

0 20 40 60

Tem

pe

ratu

ra d

a ág

ua(

K)

t (s)

Arranque do esquentador para diferentes caudais de água

293

303

313

323

333

0 20 40 60

Tem

pe

ratu

ra d

a ág

ua

(K

)

t (s)

Arranque do esquentador

ordem TE-PP ordem PP-TE

ordem TE-PP ordem PP-TE

εch εg εperm εpc

0. 000135 1.2 0.1 0.1 0.1 1 0.5 293.15 Tabela 8 - Condições de funcionamento para a simulação CC

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39

De seguida analisa-se o comportamento do esquentador em regime estacionário, e para isso não se

consideraram os termos de inércia térmica nesta simulação e incluíram-se os ganhos radiactivos no

permutador de calor. Estudou-se a influência da razão de equivalência (mantendo-se constante o

caudal de combustível e portanto para igual custo para aquecimento), emissividade de chama e

caudal de água no desempenho do esquentador, sendo que o arranjo considerado foi o aquele que

obteve a temperatura da água superior na simulação anterior. Para as simulações consideraram-se

as seguintes condições de funcionamento:

A temperatura da superfície do permutador principal foi considerada constante e a 400K, sendo que

as trocas radiactivas são calculadas com esta temperatura prescrita e adicionadas à água, isto é a

temperatura do tubo é considerada como insensível aos ganhos radiactivos.

Figura 25 - a) Influência da emissividade da chama na temperatura da água b) Influência da emissividade

da chama na temperatura dos gases

Os resultados da figura 25 mostram que um eventual aumento na emissividade da chama aumenta

os ganhos térmicos da água na passagem pelo permutador principal (PP) e pelos tubos envolventes

(TE). A linha azul representa a temperatura da água à saída do esquentador caso não se considerem

os ganhos radiactivos, isto é, se apenas se considerarem as trocas convectivas. Verifica-se que as

trocas convectivas diminuem com o aumento da emissividade da chama e tal deve-se à diminuição

da temperatura de chama e portanto da energia transferida por convecção à água. A fracção de

energia transmitida por radiação no permutador principal varia entre 0% para e 35% para

. Na figura 25 b) a temperatura de saída dos gases (linha verde) decresce ligeiramente com a

diminuição da emissividade, muito menos do que a descida de temperatura de chama (linha azul) e à

entrada do permutador (linha vermelha).

Os resultados obtidos para o aumento da razão de equivalência consta na figura seguinte. Este

aumento da razão de equivalência e obtido aumentando-se a quantidade de ar arrastado para a

flauta, o que aumenta o caudal total dos gases a passar pelo esquentador.

295

315

335

0 0,5 1

Tem

pe

ratu

ra (K

)

εch

Temperatura de saida da água

PP rad+conv PP convectivo TE

200

700

1200

1700

2200

0 0,5 1

Tem

pe

ratu

ra (K

)

εch

Temperatura de saida dos gases

Tch Tte Tpp

εch εg εperm εpc

0. 00027 1.2 0.1 293.15 0.1 0.1 1 0.5 Tabela 9 - Condições de funcionamento para a simulação CC2

b)

)

a)

a)

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40

Figura 26 -Influenciada razão de equivalência na: a) temperatura de saída da água b) temperatura de

saída dos gases c) coeficiente de convecção dos gases no permutador e no exterior

Verifica-se que a temperatura da água à saída do esquentador é máxima para uma chama pobre.

Partindo de uma chama rica e à medida que se vai adicionando mais ar à reacção a temperatura de

saída da água aumenta até à estequiometria pois a energia libertada na reacção é maior (reflectindo-

se numa maior temperatura de chama e consequentemente dos gases à entrada do permutador) e o

coeficiente de convecção cresce devido ao aumento do caudal de gases a passar no permutador. Ao

se atingir a estequiometria qualquer aumento no caudal de ar a reagir não altera a energia libertada, e

portanto com o caudal a aumentar a temperatura dos gases diminui. Face a estes dois fenómenos a

temperatura de saída da água passa a ser bem menos sensível ao aumento do arejamento, sendo

que se observa um ligeiro aumento de temperatura até sensivelmente .

De seguida mostra-se a evolução na temperatura da água e na temperatura da superfície com o

aumento do caudal de água a aquecer. Para caudais mais baixos a temperatura da água à saída é

maior pois esta permanece mais tempo dentro dos tubos. Para esta situação as superfícies do

esquentador estão mais quentes pois o coeficiente de convecção é menor, então para que a taxa de

calor seja a mesma é necessário que o tubo suba de temperatura. É expectável então que a

temperatura de saída dos gases aumente com a redução de caudal, o que se verificou no modelo.

Figura 27 - Influência do caudal de água na: a) temperatura de saída da água b) temperatura de superfície

A origem dos fluxos de calor que aquecem a água estão esquematizados na figura 28 para o ensaio

anterior. A fracção de energia transmitida por radiação e convecção não é sensível ao caudal, como

seria de esperar, no entanto as perdas convectivas para o exterior já o são. Este fenómeno deve-se

ao aumento da temperatura da parede da câmara de combustão, sendo que não foram consideradas

perdas radiactivas para o exterior.

293

313

333

0,5 1

Tem

pe

ratu

ra (K

)

Temperatura de saida da água

PP TE

293

1293

2293

0,5 1 1,5

Tem

pe

ratu

ra (K

)

Temperatura de saida dos gases

Chama CC PP

0

5

10

15

20

70

90

110

130

0,5 1

h (

W/m

2k)

Coeficiente de convecção gases

PP Ambiente

295

315

335

355

0,00013 0,00023

Tem

pe

ratu

ra (K

)

CaudalAgua (m3/s)

Temperatura de saida da água

293

393

0,00013 0,00023 0,00033

Tem

pe

ratu

ra (K

)

CaudalAgua (m3/s)

Temperatura das superficies exteriores

PP CC

a) b) c)

b) a)

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O modelo prevê que a transferência de energia na câmara de combustão para a sua parede seja

fundamentalmente convectiva e que apenas um valor residual da energia trocada é perdida. A

principal fonte de perdas no esquentador é o calor não trocado, isto é o calor contido nos gases de

escape. Para os caudais considerados obtiveram-se percentagens de calor não trocado entre os

16.3% e os 12.6% respectivamente para o caudal mínimo e máximo de água.

Calor Trocado

89.5%

10.5%

12.4%

87.6%

8.4%

91.6%

Permutador principal

Parede câmara de combustão

Tubos envolventes0.2-0.45%

radiação

radiação

convecção

convecção

convecção

Meio ambiente

Figura 28 - Fluxos de calor na câmara de combustão

As perdas convectiva para o exterior estimadas foram inferiores a 0.5%, estando no entanto

calculadas com defeito visto que a temperatura exterior da parede da câmara de combustão estimada

era inferior à verificada no esquentador.

4.5. Permutador Principal

Nesta secção são expostos resultados do modelo com a finalidade de se compreender a resposta da

água à saída do permutador para duas situações distintas: mudança de caudal e chama intermitente.

Ao longo do estudo considera-se que um regime de funcionamento é definido por um caudal de água

a aquecer e uma determinada exigência térmica à saída (temperatura exigida). O caudal de gás é

considerado uma variável dependente destas duas e considera-se ainda que as temperaturas de

entrada dos gases e da água são constantes ao longo de todos os ensaios. Os valores do caudal de

água serão variados entre um valor mínimo (caudal 1) e máximo (caudal 6) durantes as simulações

(ver tabela 10). Ao longo da análise os caudais serão definidos pela variável , onde

, sendo que para tem-se (tabela 10).

Caudal 1(m3/s) Caudal 2(m3/s) Caudal 3(m3/s) Caudal 4(m3/s) Caudal 5(m3/s) Caudal 6(m3/s)

0.000045 0.00009 0.000135 0.000180 0.000225 0.000270 Tabela 10 - Caudais de água considerados nas simulações PP

A temperatura de saída da água será substituída por uma variável equivalente, a variação da

temperatura da água, que representa o ganho térmico da água ao longo do permutador (em K).

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42

(K) (K) (K) (K)

10 15 20 25 Tabela 11 - Variações de temperatura considerados para a água nas simulações

4.5.1. Analise Estacionária

Para se compreender como variam alguns parâmetros de funcionamento do permutador efectuou-se

primeiro uma análise estacionária. Para isso alteraram-se os componentes de modo a ser retirado o

termo transiente. Para os balanços da água e dos gases corresponde ao termo do lado esquerdo das

equações 3.30 e 3.31 e para os tubos corresponde ao componente de inércia térmica (eq 3.20).

Nos esquentadores actuais a temperatura de saída da água é geralmente imposta, assim como o

caudal de água e o micro controlador do esquentador ajusta o caudal de gás para que se verifique o

exigido. A previsão das necessidades de gás pode ser feita com base no modelo proposto. A figura

29 mostra o caudal de gás (combustível mais ar queimados) necessário para diferentes exigências de

aquecimento, isto é, para diferentes caudais de água e aumento de temperatura exigidos.

Figura 29 - Caudal de gás para diferentes exigências de aquecimento

Cada uma das linhas coloridas representa uma variação na temperatura da água (entre a

temperatura de entrada e a de saída), sendo estas crescentes e não lineares com o aumento de

caudal de água, isto é, ao ser duplicado o caudal de água, para que a temperatura da água à saída

se mantenha inalterada em regime estacionário o caudal de gás terá que ser aumentado para valores

superiores ao seu dobro. Este facto pode ser explicado pela diminuição da eficiência do permutador

com o aumento da energia trocada entre os fluidos. Tal facto pode ser constatado na figura 30.

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,00004 0,00009 0,00014 0,00019 0,00024

Cau

dal

de

Gas

(m

3/s

)

Caudal de Agua (m3/s)

Caudal de gas necessário para diferentes exigencias de aquecimento

detalTagua 10

detalTagua 15

detalTagua 20

detalTagua 25

detalTagua 30

detalTagua 35

detalTagua 40

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43

Figura 30 - Eficiência do permutador

Apesar de apenas a variação do caudal de água estar representada no gráfico, está subentendido um

aumento no caudal de gás como mostra o figura 29. A eficiência do permutador foi definida por:

( )

( )

e portanto á medida que as exigências de aquecimento aumentam (caudal de água ou variação de

temperatura da água) os gases saem cada vez mais quentes do permutador. Para uma determinada

variação de temperatura da água (mesma linha nos gráficos), com o aumento dos caudais de ambos

os fluidos, a subida dos coeficientes de convecção não é suficientemente grande para que o calor

transferido permaneça igual sem que seja aumentada a diferença média de temperatura entre os

fluidos e o tubo. Como consequência a eficiência do permutador é afectada: a água mantem a

mesma temperatura, logo o tubo tem que aquecer, e se o tubo aquece a temperatura média (e

portanto a temperatura de saída) dos gases sobe ainda mais. É portanto previsível que a temperatura

do tubo aumente com a exigência de aquecimento da água. A figura 31 mostra a variação da

temperatura exterior do tubo e confirma o expectável. Verifica-se também que a derivada da

temperatura em função do caudal é positiva e ligeiramente decrescente.

Figura 31 - Temperatura média da superfície exterior do tubo

A variação da temperatura da superfície interior do tubo segue um andamento semelhante, no

entanto com o aumento do fluxo de calor é exigido, pela definição da equação 3.19, que a diferença

0,77

0,82

0,87

0,92

0,97

0,00004 0,00009 0,00014 0,00019 0,00024

Efic

ien

cia

do

pe

rmu

tad

or

Caudal de Agua (m3/s)

Eficiencia do permutador para diferentes temperaturas de aquecimento

detalTagua 10

detalTagua 15

detalTagua 20

detalTagua 25

detalTagua 30

detalTagua 35

300

320

340

360

380

400

420

440

0,00004 0,00009 0,00014 0,00019 0,00024

Tem

pe

ratu

ra E

xte

rio

r d

o t

ub

o (

ºC)

Caudal de Agua (m3/s)

Linhas de relação caudal de gas/agua para diferentes exigencias de aquecimento

detalTagua 10

detalTagua 15

detalTagua 20

detalTagua 25

detalTagua 30

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de temperatura entre as superfícies do tubo aumente. Pelo modelo a diferença de temperatura media

ao longo dos tubos varia entre 0,2 e 3 como mostra a figura 32.

Figura 32 - Diferença de temperatura entre superfície dos tubos

Para cada diferença de temperatura entre superfícies do tubo corresponde um fluxo de calor,

independentemente do caudal e temperatura de saída da água escolhidos, pois todos os termos da

equação 3.19 permanecem inalterados. A figura 28 mostra uma relação linear entre o caudal de água

e o fluxo de calor, se duplicarmos o caudal o tempo de permanência da água no tubo é reduzido a

metade sendo necessário o dobro do fluxo de calor para que a água seja aquecida até à mesma

temperatura.

O coeficiente global de transferência

de calor varia de forma não linear

com o aumento de caudal, tendo

uma derivada decrescente, como se

constata na figura 33. Como era

esperado para maiores

necessidades de aquecimento o

coeficiente global de transferência

de calor cresce, fruto do aumento de

caudal de gases

Figura 33 - Coeficiente global de transferência de calor

4.5.2. Analise Transiente

Mudança de temperatura de entrada do gás.

Com objectivo de averiguar como responde o sistema a variações na temperatura de entrada dos

gases efectuaram-se três simulações com variações diferentes nesta condição fronteira. Na tabela 12

estão representados os valores considerados na simulação paras as condições fronteira do problema

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0,00004 0,00009 0,00014 0,00019 0,00024

Efic

ien

cia

do

pe

rmu

tad

or

Caudal de Agua (m3/s)

Diferença de temperatura entre superficies do tubo

detalTagua 10

detalTagua 15

detalTagua 20

detalTagua 25

detalTagua 30

detalTagua 35

5,3

5,5

5,7

5,9

6,1

6,3

0,00005 0,00015 0,00025

UA

(kW

)

Caudal de agua (m3/s)

Coeficiente global de transferencia de calor

deltaTa10

deltaTa15

deltaTa20

deltaTa25

deltaTa30

deltaTa35

deltaTa40

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Caudal de gás Caudal de água Temp. entrada de água (K)

0.0451383 0.000135 293.15

Tabela 12 - Condições de fronteira consideradas

Na figura 34 encontram-se representadas as variações de temperatura de várias zonas de interesse

no permutado.

Figura 34 - Resposta na temperatura em várias zonas do permutador durante a alteração da temperatura de entrada dos gases (a) gases à entrada b) média dos gases c) saída dos gases d) superfície exterior do

tubo e)saída da água)

Os gráficos da figura 34 representam a resposta em várias localizações de interesse no permutador,

após se alterarem as condições de equilíbrio através da variação da temperatura de entrada dos

gases. A legenda da figura 34 e) aplica-se a todas as alíneas. A linha vermelha representa uma

variação em rampa com a duração de meio décimo de segundo, a linha verde representa um degrau

(que em termos computacionais é vista como uma rampa com a duração do intervalo de integração

escolhido) e a linha azul representa uma rampa suave, isto é, com derivada contínua, representada

matematicamente pela expressão:

(

( ( ))

)

onde , definindo a suavidade da mudança (quanto maior mais brusco) , ,

definindo o instante em que , e e .

300

500

700

900

1100

1300

1500

0,47 0,49 0,51 0,53

T (K

)

t (s)

Temperatura de entrada do gás

300

500

700

900

1100

0,47 0,52

T (K

)

t (s)

Temperatura media dos gases

0

500

1000

1500

2000

0,47 0,52

T (K

)

t(s)

Temperatura de saida do gás

310

320

330

340

350

360

370

0 5 10

T (K

)

t(s)

Temperatura de superficie exterior do tubo

295

300

305

310

315

320

0 5 10

T (K

)

t(s)

Temperatura de saída da água

Arctg

Rampa

Degrau

a) b) c)

d) e)

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Verifica-se uma resposta nos instantes imediatos à variação de temperatura de entrada dos gases

que não representa a realidade de uma maneira fidedigna: a temperatura de saída dos gases nesses

instantes sobe até atingir um pico e torna a descer. A razão encontrada para este comportamento

prende-se com a definição da temperatura média dos gases no interior do permutador, sendo esta a

variável que é derivada na equação diferencial 3.31, sendo que temperatura média dos gases

corresponde a média aritmética entre a temperatura de entrada e de saída dos gases. Para entrada

em degrau quando a temperatura de entrada varia a temperatura de saída sobe em igual valor à

variação na entrada, de modo a que a temperatura média dos gases não se altere neste instante. A

partir deste momento a temperatura de saída e média dos gases começa a descer. Esta descida

deve-se única e exclusivamente a perda de calor dos gases para o tubo. Qualitativamente, a

temperatura de saída dos gases tem uma variação não realista, mas a temperatura média já não, e

sendo esta uma das variáveis que define o fluxo de calor para o tubo e alhetas, a transferência de

calor calculada para a água não é alterada. Para as outras duas variações as mesmas conclusões

podem ser retiradas, no entanto constata-se que o pico é proporcional à derivada máxima da

temperatura de entrada.

A resposta dinâmica dos gases mostrou ser muito mais rápida do que a do tubo e da água, e tal

resultado é justificado pelo baixo valor , quando comparado com as outros termos de inércia

térmica . Por outro lado também é normal que tal acontece pois os gases permanecem muito menos

tempo dentro do permutador do que a água. Esta razão, aliada ao facto de que ao ser considerado o

primeiro termo da equação 3. não ser possível baixar a temperatura de entrada dos gases para

valores abaixo da temperatura da superfície exterior do tubo, levou a que não seja considerado o

transiente no lado dos gases. O impedimento em baixar a temperatura de entrada dos gases a

valores inferiores ao do tubo prende-se com o facto da definição para a diferença média de

temperaturas ser a logarítmica, levando a uma indeterminação na equação diferencial quando a

temperatura média dos gases cruza o valor da temperatura do tubo.

Arranque

Partindo da situação de repouso (chama apagada) à tempo suficiente para que a temperatura dos

tubos do permutador e da água no seu interior seja a ambiente, estudou-se o transiente no arranque

para três situações distintas:

1. O caudal de gás é directamente ajustado para o valor necessário (consoante o caudal de

água) em regime estacionário (arranque 1).

2. O arranque dá-se inicialmente ao caudal máximo (correspondendo à soma dos caudais

nominais de todas as flautas) e quando a temperatura da água à saída iguala a exigida altera-

se o caudal de gás para o valor estacionário (ponto anterior) (arranque 2)..

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3. O arranque dá-se também ao caudal máximo de gás, sendo este alterado para o valor em

estado estacionário quando a temperatura do tubo exterior atinge o valor estacionário (figura

31) (arranque 3).

Os resultados seguintes foram obtidos com uma variação da temperatura da água igual a 20ºC, e

para 6 caudais de água diferentes tabela 10. O caudal de gás necessário para cada regime pode ser

obtido com recurso à figura 29. Na simulação o caudal de gás equivalente foi calculado com recurso a

um permutador estacionário cujas variáveis a serem resolvida são o caudal e temperatura de saída

do gás.

Figura 35 - Evolução da temperatura de saída da água ao longo do tempo para as três situações de arranque

Note-se que cada uma das linhas é representativa de um múltiplo do caudal1 (linha laranja). Ao se

analisar gráfico da figura 35 a) facilmente se conclui que quanto menor o caudal de água maior é a

duração do transiente. Isto deve-se ao facto de e energia necessária para aquecer o tubo ser sempre

a mesma independentemente do caudal, e se o caudal de água for baixo o caudal de gás também o

será, logo a potência energética fornecida aos tubos será baixa.

293

298

303

308

313

-10 10 30 50 70 90 110 130 150Tem

pe

ratu

ra d

e s

aid

a d

a ag

ua

t

Arranque 1

293

303

313

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Tem

pe

ratu

ra d

e s

aid

a d

a ag

ua

t

Arranque 2

293

298

303

308

313

0 5 10 15 20 25 30 35Tem

pe

ratu

ra d

e s

aid

a d

a ag

ua

t

Arranque 3

Caudal6 Caudal5 Caudal4 Caudal3 Caudal2 Caudal1

a)

b)

c)

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48

No gráfico seguinte observa-se o inverso: para caudais de água menores o tempo de aquecimento é

menor. Basicamente a energia necessária para aquecer é a mesma para cada caudal mas agora,

pelo facto da temperatura de superfície esperada em regime estacionário ser maior, o tubo tem que

aquecer mais e portanto leva mais tempo a atingir o equilíbrio. Se no arranque 1 ao longo de todo o

transiente a temperatura da água é sempre crescente, no arranque 2 (figura 35 b)) o aquecimento da

água é muito mais rápido mas é exagerado, ocorrendo um máximo a partir do qual a temperatura da

água desce até atingir a exigida. O sobre pico na temperatura é resultado do mecanismo de controlo

que é feito no Arranque 2. Como se controla a mudança de caudal de gás com base na temperatura

de saída da água, no momento em que esta atinge o valor exigido o tubo já está mais quente do que

estaria em estado estacionário, sendo esta energia extra transferida para a água. Verifica-se portanto

um atraso entre a redução de caudal e a resposta na saída da água. Para ser eliminado este atraso o

corte dos gases deve ser controlado a partir da temperatura exterior do tubo em vez da temperatura

de saída da água. Para o controlo 3 (figura 35 c) ) verifica-se que o sobre pico na temperatura é

praticamente eliminado e que o tempo em regime transiente é bastante reduzido, como mostram os

gráficos da figura 36.

Figura 36 - Influencia do tipo de controlo no arranque na a) temperatura de pico b) tempo de

estabelecimento

Sendo este um modelo integral do permutador de calor apenas é calculado a temperatura média das

superfícies do esquentador, sendo que na realidade a distribuição de temperaturas no tubo e alhetas

não é uniforme. Para se controlar o caudal de gás com base na temperatura exterior é necessário

encontrar um ponto na sua superfície que seja representativo do valor médio.

Como seria de esperar o regime transiente entre os três tipos de arranque não é alterado para a linha

azul no gráfico, pois caudal máximo de gás considerado durante o transiente é o mesmo que o caudal

em regime estacionário.

0

1

2

3

4

5

6

0 0,0001 0,0002 0,0003

Tem

pe

ratu

ra (K

)

Caudal de água (m3/s)

Temperatura de pico

0

20

40

60

80

100

120

140

0 0,0001 0,0002 0,0003

t (s

)

Caudal de água (m3/s)

Tempo de estabelecimento a 99.9% a) b)

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49

Entre regimes estacionários

De seguida estuda-se o fenómeno transiente entre dois regimes de funcionamento, sendo que o

primeiro definido como regime 1 e o segundo como regime 2. Num esquentador doméstico inteligente

o regime estacionário pode ser alterado variando-se tanto o caudal de água como a temperatura

exigida à saída, sendo que o estudo transiente é de maior interesse no primeiro caso. Como foi

observado no gráfico da figura 31, fixando-se o ganho energético da água no permutador, a

temperatura da superfície exterior do tubo aumenta com o caudal de água e portanto para uma

diminuição abrupta no caudal de água é expectável que ocorra um sobre pico na temperatura de

saída da água, fruto do excesso de energia contido nos tubos e alhetas. À medida que o excesso de

energia vai diminuindo, reduzindo-se progressivamente o fluxo de calor (devido à diminuição da

diferença média de temperaturas entre água e tubo) a temperatura de saída começa a diminuir até

que o sistema atinge novamente o equilíbrio. O fenómeno descrito será caracterizado por dois

parâmetros: o tempo de pico e o sobre pico, isto é, o tempo que decorre entre o corte no caudal e a

diferença de temperatura máxima verificada no transiente.

Numa primeira fase foram estudados três mecanismos de controlo durante a mudança de regimes:

1. O caudal de gás é directamente ajustado para o valor necessário (consoante o caudal de

água) em regime estacionário (controlo 1).

2. O caudal de gás é suspenso até que a temperatura (do tubo ou de saída da água) atinja a de

regime estacionário (controlo 2).

3. O caudal de gás é suspenso e o ventilador é accionado até que a temperatura (do tubo ou de

saída da água) atinja a de regime estacionário (controlo 3).

No mecanismo de controlo 2 na realidade em vez de se suspender o caudal no lado dos gases no

permutador alterou-se a temperatura de entrada do gás para um valor próximo da temperatura do

tubo, o que de ponto de vista de transferência de calor é muito semelhante.

As quedas de caudal consideradas foram: Caudal 6 para caudal 5 (conjunto de três cores com menor

sobre pico no gráfico), caudal 6 (0.00027m3/s) para caudal 3 (0.000135 m

3/s) e caudal 6 para caudal 1

(0.000045 m3/s) (conjunto de três cores com maior sobre pico). O sobre pico que se observa na água à

saída do permutador pode ser atenuado pelo mecanismo de controlo utilizado.

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50

A figura 37 mostra de forma resumida a resposta dinâmica da temperatura de saída da água em

função do mecanismo de controlo implementado para três reduções de caudal.

No que diz respeito à transferência de calor no lado dos gases durante o regime transiente, com o

mecanismo de controlo 1 o conjunto tubo/alhetas recebe sempre energia dos gases, daí o maior

sobre pico e principalmente o maior tempo de estabelecimento das linhas vermelhas. Com o

mecanismo de controlo 2 a transferência de energia é reduzida a perto de zero.

Daqui resulta uma diminuição na temperatura

máxima de saída da água e fundamentalmente

uma maior rapidez na diminuição da

temperatura. No caso em que se força um

arejamento à temperatura ambiente (linha

azul) a transferência de calor no sentido dos

gases é aumentada conseguindo-se apenas

uma redução substancial no sobre pico. A

figura 38 sumariza os valores de sobre pico

obtidos durante o ensaio, onde o eixo das

coordenadas representa a relação entre os

caudais presente nos dois regimes

estacionário.

Figura 38 - Pico máximo em função do tipo de controlo

Para a linha vermelha, teoricamente é expectável que à medida que o caudal se vá aproximando de

zero a temperatura da água se aproxime de uma temperatura que depende das inércias térmicas do

0

5

10

15

20

0,00 0,50 1,00

Pic

o (

K)

CaudalFin/inic

Pico máximo para diferentes caudais e tipos de controlo

Controlo directo Controlo Passivo Controlo Activo (liga ventilador)

Todas as simulações foram

feitas com o mesmo

aumento de temperatura da

água requerido (20ºC), e

para cada um dos

mecanismos e tipos de

controlo estudaram-se 3

variações de caudal. Para

os dois últimos

mecanismos testados os

resultados da figura P são

para um controlo com base

na temperatura de saída da

água.

Figura 37 - Resposta na temperatura da água para diferentes tipos de

controlo e caudais de água

310

315

320

325

330

335

40 50 60 70 80

Tem

pe

ratu

ra (K

)

t(s)

Resposta conjuta dos três tipos de controlo a três quedas de caudal

Controlo 1 Controlo 2 Controlo 3

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51

conjunto tubo/alhetas, da inércia térmica e da temperatura do tubo antes do corte de caudal, podendo

ser representada matematicamente por:

( ) ( )

( ) ( )

Esta fórmula foi obtida com base numa balaço energético entre os tubos/alhetas e a água no seu

interior. Uma relação de caudais igual a zero equivale a um corte de caudal total, sendo que existirá

um fluxo de calor do tubo para a água (único fluxo de calor considerado) até que as suas

temperaturas entrem em equilíbrio, sendo esta a temperatura máxima. Esta situação pode ocorrer

após a utilização do esquentador, quando a torneira de água quente é desligada.

No caso de se considerar arejamento (controlo 3) a temperatura de pico é reduzida pois há energia

retirada ao tubo que não é transmitida à água. Quanto maior o caudal de ar maior será a diferença.

Entre os mecanismos de controlo 2 e 3, à medida que o se reduz o caudal no regime 2 verifica-se

uma maior diminuição na temperatura de pico, pois o coeficiente de convecção no interior dos tubos

reduz-se. Isto, e conjugado com o facto de a temperatura dos tubos estar mais longe do equilíbrio,

leva a que seja necessário mais tempo (figura 38) para que se atinja o equilíbrio e há mais tempo

para que o gás retire energia aos tubos. O tempo de pico, isto é, o tempo que leva desde o momento

em que se baixa o caudal de água e o instante em que se atinge o pico de temperatura, está

representado na (figura 38 em função da relação entre os caudais de água nos dois regimes e o

mecanismo de controlo.

O tempo de pico depende da taxa de transferência de calor dos tubos para a água no primeiro regime

e da energia térmica em excesso nos tubos. Quanto maior a necessidade de aquecimento (maior

caudal ou maior ganho de temperatura da água) maior é a taxa de calor e mais quentes estão os

tubos. Com a alteração de caudal (e não se alterando o aumento de temperatura exigido para a água)

inicia-se o aumento da temperatura de água á saída com uma determinada taxa, que vai diminuído à

medida que a temperatura do tubo desce até a temperatura da água atingir um pico. Nesta altura a

temperatura do tubo atingiu um nível em que o fluxo de calor dos tubos para a água já não é

suficiente para aquecer tanto o caudal de água e a temperatura começa a descer até que é

novamente ligada a chama. Quanto maior o step maior o tempo de pico e o seu valor absoluto pois

há mais energia em excesso nos tubo e como tal é necessário mais tempo para que se atinja o pico.

A temperatura do tubo aumenta de forma relativamente linear com o caudal (figura 38) e no entanto o

tempo de pico cresce mais do que faria prever a diferença de temperaturas entre os dois regimes.

Esta subida é portanto também influenciada pela diminuição do coeficiente de convecção com a

diminuição do caudal.

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52

Como se vê na figura com o controlo com base na temperatura exterior do tubo deixa de se ter

undershoot ao longo do transiente. Pode observar-se também que o sobre pico e o tempo de pico

praticamente não se alteram. Como a subida de temperatura da água só ocorre depois da

temperatura na superfície exterior subir, há mais energia a ser transferida para o tubo e

consequentemente para a água.

Viu-se como varia o tempo de pico e o seu valor absoluto com o mecanismo de controlo e com a

relação de caudais dos dois regimes, mantendo-se constantes o ganho de temperatura da água

(20ºC) e o caudal no primeiro regime (caudal 6). Agora vai-se estudar a sua variação para diferentes

ganhos de temperatura (figura 40), para diferentes caudais iniciais e finais (regime 1 e 2

respectivamente, figura 41 e 42 respectivamente. Para tal efectuaram-se os ensaios computacionais

descritos na tabela abaixo.

Parâmetros variáveis Parâmetros constantes Parâmetros dependentes

Ensaio 1 Temperatura de saída da água (ΔTa 10, 15 e 20)e caudal final ( caudal 1,2,3 e 4)

Caudal inicial (caudal 6), Temperatura de entrada do gás (1400K), Temperatura de entrada da água (293.15K)

Caudal de gás

Ensaio 2 Temperatura de saída da água (ΔTa 10, 15 e 20)e caudal inicial (caudal 2, 3, 4 e 5)

Caudal final (caudal 1), Temperatura de entrada do gás (1400K), Temperatura de entrada da água (293.15K)

Caudal de gás

Ensaio 3 Caudal final ( caudal 1,2,3 e 4) e caudal inicial (caudal 4, 5 e 6)

Temperatura de entrada do gás (1400K), Temperatura de saída da água (293.15K), temperatura de saída da água (Δ 20)

Caudal de gás

Tabela 13 - Ensaios

Obtiveram-se resultados para todas as combinações possíveis em cada ensaio, estando o primeiro

representados graficamente na figura 40. Relativamente ao ensaio 1 e por interpretação dos gráficos

pode dizer-se que:

Como já se concluiu, para se evitarem

temperaturas abaixo da pedida (Figura 39)

no fim do regime transiente, o controlo não

deve ser feito com base na temperatura de

saída da água mas sim da superfície exterior

do tubo.

São comparadas duas quedas de caudal, de

caudal 6 para caudal 3 e caudal 6 para

caudal 1, para se estudar o efeito da escolha

da temperatura de referência para controlo. Figura 39 - Influencia do tipo de controlo na resposta da

temperatura da água

311

316

321

326

331

40 50 60 70 80

Tem

p á

gua

said

a (K

)

t

Evolução da temperatura da água em função do tipo de controlo

Controlo Tagua Controlo Ttubo

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53

Para um dado caudal final o tempo de pico não é afectado pelo aumento da temperatura de

saída da água. sendo que o mesmo cresce a derivada crescente com o aumento do corte no

caudal.

O sobre pico verificado cresce de forma linear com o aumento de temperatura exigida para a

água.

O sobre pico cresce de forma exponencial com a diminuição do caudal final.

Figura 40 – Resultados para o ensaio 1

Os resultados do ensaio 2 estão resumidos na figura41. As abcissas que representam o caudal inicial

dos gráficos foram invertidas para que fosse mais fácil compara-lo com o ensaio 1. Assim, da

esquerda para a direita, em ambos os gráficos, está-se na prática a acentuar o corte no caudal de

água. Por observação dos gráficos pode constatar-se o seguinte:

De forma idêntica aos resultados do ensaio 1, também aqui se mostra que o tempo de pico

não depende da temperatura de saída para a água exigida (figura 41 c) ).

O sobre pico varia de forma linear com o aumento do ganho de temperatura exigido para a

água (figura 41 a) ).

O sobre pico varia de forma linear com a redução do caudal inicial. O crescimento é tanto

maior quanto maior for o ganho térmico da água.

302

307

312

317

322

20 25 30

Tem

p á

gua

said

a (K

)

t

Resposta transiente para o Ensaio 1

0,00

5,00

10,00

15,00

9 14 19

Sob

re p

ico

(k)

deltaTa (K)

Sobre pico Vs ganho temperatura exigido

CaudalFinal 1 CaudalFinal 2 CaudalFinal 3 CaudalFinal 4

0

5

10

15

20

1 2 3 4

Sob

re p

ico

(k)

Caudal Final

Sobre pico vs Caudal inicial

0

1

2

3

4

5

1 2 3 4

tem

po

de

pic

o (

s)

Caudal Final

Tempo de pico vs Caudal inicial

DeltaTa20

DeltaTa15

DeltaTa10

a) b)

c) d)

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54

Figura 41 - Resultados para o ensaio 2

Os resultados para o sobre pico na temperatura de saída da água do ensaio 3 estão representados

na figura 42. Daqui tira-se a mesma conclusão que se tirou no parágrafo anterior.

Figura 42 - Resultados para o ensaio 3

Em relação ao tempo de pico no transiente observou-se que se o mesmo for divido pelo ganho obtido

em cada ensaio o valor obtido é constante para cada caudal final e que o seu é igual ao declive da

regressão obtida

ΔTa 20 ΔTa 15 ΔTa 10

Caudal Final 1 0,61771 0,6162436 0,614607

Caudal Final 2 0,3311143 0,3304208 0,329667

Caudal Final 3 0,1762106 0,175928 0,175621

Caudal Final 4 0,079723 0,0796887 0,079644 Tabela 14 - Relação entre o sobre pico e o ganho térmico exigido para a águia

Verifica-se que entre os resultados obtidos, nos dois primeiros ensaios, para a variação do tempo de

pico com o tamanho do corte no caudal é crescente, no entanto para o ensaio 1 tem-se uma derivada

crescente e no ensaio 2 decrescente.

A variação do sobre pico com a variação do caudal num dos regimes não é semelhante para regimes

diferentes. Como foi observado no caso de se considerar um determinado caudal inicial e se variar

entre ensaios o caudal final obtém-se uma curva para o sobre pico de grau superior a 1. Caso se

mantenha constante ao os ensaios o caudal final e se variar o caudal inicial obtém-se uma curva

0

5

10

15

9 14 19

Sob

re p

ico

(k)

deltaTa (K)

Sobre pico vs ganho temperatura

CaudalInicaial 2 CaudalInicaial 3

CaudalInicaial 4 CaudalInicaial 5

0

5

10

15

2345

Sob

re p

ico

(k)

Caudal inicial

Sobre pico Vs caudal inicial

DeltaTa 20 DeltaTa 15 DeltaTa 10

2,5

3

3,5

4

4,5

2345

tem

po

de

pic

o (

s)

Caudal inicial

Tempo de pico Vs caudal inicial

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

1 2 3

Sob

re p

ico

(k)

Caudal Final

Sobre pico Vs caudal final

CaudalInicial 6

CaudalInicial 5

CaudalInicial 4

0

5

10

15

20

4 5 6

Sob

re p

ico

(k)

Caudal Inicial

Sobre pico Vs caudal inicial

CaudalFinal 3

CaudalFinal 2

CaudalFinal 1

a) b) c)

a) a)

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55

linear. A diferença de caudal entre os dois regimes define a diferença de temperatura do tubo entre os

dois estados estacionários e portanto a energia ser transferida para a água. Para um dado caudal

final o aumento do sobre pico com o caudal inicial é proporcional ao aumento da temperatura do tubo

com o caudal de água. No entanto, como se verificou no ensaio 1 o ganho na temperatura de pico da

água com o aumento de caudal não respeita esta proporcionalidade. Quanto mais baixo é o caudal

de água a circular, maior é o seu tempo de permanência nos tubos, e, tendo estes uma energia

térmica em excesso limitada, a quanto menos massa de água a energia for transferida maior é a

temperatura que se atinge à saída. Por outro lado a menores caudais o coeficiente de convecção

reduz-se, sendo necessário mais tempo para que todo o calor em excesso nos tubos seja transferido

levando o tempo de pico a subir. O aumento do tempo de permanência da água nos tubos é linear

com a diminuição de caudal enquanto que a variação entre o coeficiente de convecção da água com

o caudal de água é uma curva de grau inferior a 1 (ver anexos). A conjugação destes fenómenos

poderá explicar o aumento mais rápido no sobre pico de temperatura à saída para variações para o

caudal final do que para o caudal inicial.

Para se ver o efeito de um eventual atraso no accionamento do mecanismo de controlo no sobre pico

(figura 43 e tempo de pico (figura 44), procedeu-se a um novo ensaio computacional com o objectivo

de observar a influência conjugada entre o atraso e cada um dos três parâmetros: caudal final, caudal

inicial e ganho na temperatura da água.

Figura 43 - Influência do atraso no sobre pico

Figura 44 - Influência do atraso no tempo de pico

0

5

10

0 0,5 1

Sob

re p

ico

(k)

Atraso (s)

Sobre pico Vs atraso

Caudal Final 4 Caudal Final 3

Caudal Final 2

2

7

12

17

22

0 0,5 1

Sob

re p

ico

(k)

Atraso (s)

Sobre pico Vs atraso

Caudal Inicial 6 Caudal Inicial 4Caudal Inicial 2

2

3

4

5

6

0 0,5 1

Sob

re p

ico

(k)

Atraso (s)

Sobre Pico Vs Atraso

ΔTa 10 ΔTa 15 ΔTa 20

1

2

0 0,5 1

tem

po

de

pic

o (

s)

Atraso

Tempo de pico Vs atraso

Caudal Final 4 Caudal Final 3Caudal Final 2

2

3

4

5

0 0,5 1

tem

po

de

pic

o (

s)

Atraso

Tempo de pico Vs atraso

Caudal Inicial 6 Caudal Inicial 4Caudal Inicial 2

2

2,05

2,1

2,15

2,2

2,25

0 0,5 1

tem

po

de

pic

o (

s)

Atraso

Tempo de pico Vs Atraso

ΔTa 10 ΔTa 15 ΔTa 20

a) b) c)

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56

Por inspecção aos gráficos pode concluir-se o seguinte:

O atraso varia de forma linear com variações isoladas de ganho na temperatura da água,

caudal no regime 1 e caudal no regime 2.

O tempo de pico apenas não varia de forma linear com variações no ganho da temperatura

da água.

Por fim efectuaram-se ensaios onde o corte

do caudal não é abrupto mas sim em rampa,

tendo sido testado vários tempos de queda.

A figura ao lado ilustra a forte dependência

do sobre pico na temperatura de saída da

água com a rapidez na variação do caudal

Figura 45 - Influência da rapidez da mudança de caudal

de água

Controlo cíclico

A resposta transiente da temperatura de saída da água no permutador para variações cíclicas entre

dois estados (chama ligada/desligada) foi estudada. O estado de chama ligada corresponde ao

caudal de gás nominal do ponto de vista do queimador, isto é, corresponde ao caudal de gás para a

qual a flauta foi dimensionada e portanto é quando a chama é mais estável. Valores menores ou

maiores de caudal de gás levam a uma diminuição na eficiência de funcionamento do queimador e

aumento de emissões de gases poluentes, e portanto interessa que o caudal de gás a ser injectado

no queimador seja o mais próximo do nominal. Por outro lado é possível que o facto de ter que se

proceder a uma ignição a cada ciclo tenha uma grande influência no aumento de emissões de gases

poluentes, no entanto esta situação não será abordada. Para regimes de funcionamento com maiores

necessidades de aquecimento do que aquela que o regime nominal consegue fornecer terá que se

exceder o caudal nominal de gás e o esquentador funcionara em continuo, no entanto para regimes

de funcionamento cuja energia seja inferior aquela que o caudal nominal consegue debitar, o controlo

no fornecimento d energia à água é feito variando-se entre os dois estados considerados: Se a

temperatura de saída da água ultrapassa o valor desejado desliga-se a chama e no caso inverso

acende-se a mesma.

O mecanismo de controlo considerado para o funcionamento cíclico está representado na figura 46.

Para o exemplo apresentado introduziu-se uma histerese de controlo igual a 0.8ºC, e portanto a

chama liga quando a temperatura da água (linha azul) desce abaixo do valor (linha roxa) e

desliga quanto ultrapassa o valor (linha verde). A linha a vermelho representa a

temperatura de entrada dos gases de combustão. Também aqui se considera que a temperatura de

entrada dos gases é aproximadamente a da superfície do tubo (sendo calculada com base na figura

312

317

322

20 25 30Te

mp

era

tura

(K)

t (s)

Resposta transiente para diferentes tempos de variação de caudal

Rampa 0s

Rampa 0,5s

Rampa 1,5s

Rampa 2s

Rampa 3s

Rampa 4s

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57

31 para regime estacionário do caudal considerado) como aproximação à suspensão de caudal de

gases. O caudal de gás (produtos da combustão) que passa no permutador considerado como

nominal é o correspondente ao da figura 29 para o valor caudal 6 com um ganho de temperatura igual

a 20K ( ).

Figura 46 - Mecanismo de funcionamento para o controlo cíclico para o caudal 1 (b) ) e caudal 3 (a)) de funcionamento

Verifica-se um atraso na resposta da água ao se desligar a chama sendo que este atraso depende do

caudal de água e resulta numa variação de temperatura maior do que a histerese de controlo.

Verifica-se também um desvio na linha de temperatura média entre os dois ensaios. Para menores

caudais o tempo com a chama acesa por ciclo (tempo de chama daqui em diante) é logicamente

menor.

Utilizando o mecanismo de controlo descrito, efectuaram-se vários ensaios computacionais com o

objectivo de aferir quanto à variação da amplitude térmica, temperatura média da água à saída e

tempo de chama em função do caudal de água e do ganho de temperatura exigida à água no

permutador (temperatura de referência). A figura 47 mostra os resultados para o valor médio em torno

da qual a temperatura de saída da água oscila, em função do caudal e da histerese. Ambos os

gráficos mostram os mesmos dados estão é apresentados de forma diferente.

Figura 47 - Temperatura média da água

200

700

1200

312

312,5

313

313,5

314

20 21 22 23 24 25

Tem

pe

ratu

ra (k

)

t (s)

Controlo Ciclico com histerese 0.8 e Caudal 3

TaguaS TcontroloSupTcontroloInf TgasE

0

500

1000

1500

312

313

314

315

316

35 40 45 50Te

mp

era

tura

(k)

t (s)

Controlo Ciclico com histerese 0.8 e Caudal 1

TaguaS TcontroloSup

-0,3

0,7

1 2 3 4 5

Var

iaçã

o d

e t

em

pe

ratu

ra (

k)

Caudal

Desvio temperatura média Vs Caudal

Histerese 0,1 Histerese 0,4 Histerese 0,8

-0,5

0

0,5

1

0,1 0,6 1,1 1,6

Var

iaçã

o d

e t

em

pe

ratu

ra (

k)

Histerese (K)

Desvio temperatura média Vs Histerese

Caudal 1 Caudal 2 Caudal 3 Caudal 4 Caudal 5

a) b)

b)

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58

Constata-se que a temperatura média se afasta da referência quando o caudal de funcionamento se

afasta de meio caudal nominal (neste caso caudal 3) , sendo que para este valor a temperatura média

não varia com o aumento da histerese de controlo. Para caudais acima deste valor a temperatura

média tende a reduzir-se com o aumento da histerese e o inverso ocorre para caudais mais baixos.

Para o mesmo caudal e variando-se a histerese a aproximação linear é aceitável sendo que a que

está representada é uma regressão de potência.

Verificou-se também que para diferentes variações de temperatura da água no permutador a sua

temperatura média à saída praticamente não se altera, apesar de não estar representado em gráfico.

A imagem ao lado mostra a saída da água para

diferentes caudais com a mesma histerese de controlo

(0.8K). Para além do aumento da temperatura média

da água com o caudal verifica-se também um aumento

na sua amplitude. Verifica-se também que para o

caudal 5 o tempo de arrefecimento da água é muito

menor que o de aquecimento e que o inverso se passa

com o caudal 1. Uma razão para esta ocorrência

prende-se com as diferentes temperaturas médias do

tubo para cada caudal de água que passa no

permutador (figura 31). Figura 48 - Resposta dinâmica para diferentes

caudais de água

Sempre que a chama acende muda-se o regime de funcionamento no lado dos gases e a

temperatura do tubo nesse instante vai definir o valor máximo para a taxa de transferência de calor,

visto que os gases entram sempre à mesma temperatura e com o mesmo caudal e que a partir deste

instante a temperatura do tubo começa a subir aproximando-se da temperatura dos gases. Para

caudais baixos onde a chama está desligada mais tempo a temperatura do tubo é mais fria e portanto

recebe o calor dos gases de forma mais rápida. Do outro lado, no interior dos tubos, como o

coeficiente de convecção é menor para caudais menores e como a diferença média de temperaturas

entre a água e o tubo é relativamente baixa, ao ser desligada a chama tem-se um maior atraso (que

se reflecte num maior pico de aquecimento e maior tempo para se atingir esse mesmo pico 45) no

escoamento do calor para a água (razões semelhante à encontra para o sobre pico na analise

transiente entre regimes), Para caudais mais próximos do nominal passa-se o inverso..

No que diz respeito à amplitude térmica da água à saída do permutador obtiveram-se os resultados

apresentados na figura 49.

312

312,5

313

313,5

314

314,5

315

315,5

316

25 30 35 40

Tem

pe

ratu

ra (K

)

t (s)

Variação na temperatura média da água

Caudal 1 caudal 3 Caudal 5

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59

Figura 49 – Influência do caudal e da histerese na resposta da água utilizando o mecanismo de controlo

ciclico

Observa-se uma variação linear entre a variação de temperatura da água à saída do permutador e o

seu ganho absoluto de temperatura exigido, e quanto maior a histerese mais cresce a amplitude com

a variação de temperatura da água (figura 40 c)).

Em relação ao caudal de água, a sua relação com a amplitude da temperatura de água já não é linear

sendo de derivada crescente quando se diminui o caudal de funcionamento.

Os tempos de chama e de não chama dependem também destes dois parâmetros de funcionamento,

sendo esperado que a relação entre esses dois tempos defina a temperatura média, visto que em

termos médios a quantidade de energia fornecida ao longo de vários ciclos não varia se a relação

entre tempos de chama não variar. A duração de cada ciclo define a amplitude térmica da água à

saída pois são aumentados os tempos de aquecimento e arrefecimento. Com o mecanismo de

controlo considerado os tempos de chama e não chama tornam-se dependentes e variam com o

caudal de água e com a sua variação de temperatura (variáveis independentes), estando estas

variações representadas nas figuras abaixo.

0

1

2

3

4

5

0,1 1,1

Var

iaçã

o d

e t

em

pe

ratu

ra (

k)

Histerese (K)

Var. temperatura da água com a histerese

Caudal 1 Caudal 2 Caudal 3

0

1

2

3

4

5

1 3 5V

aria

ção

de

te

mp

era

tura

(k)

Caudal

Var. temperatura da água Vs Caudal

Histerese 0,1 Histerese 0,4Histerese 0,8 Histerese 1,2

0,5

1

1,5

2

2,5

3

15 20 25

Var

iaçã

o d

e t

em

pe

ratu

ra (

k)

Ganho de temperatura (K)

Amplitude temperatura da água Vs ganho

Histerese 0,4 Histerese 0,8

Histerese 1,2 Histerese 1,6

0

2

4

6

8

1 2 3 4 5

t (s

)

Caudal

Tempo de chama Vs Caudal

Histerese 0,1 Histerese 0,4 Histerese 0,8

Histerese 1,2 Histerese 1,6

1

2

3

4

15 20 25

t(s)

Ganho de temperatura (K)

Tempo de chama Vs Ganho

Histerese 0,4 Histerese 0,8 Histerese 1,2 Histerese 1,6

a) b)

a) b)

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60

Figura 50 - Tempos de chama e não chama para diferentes histereses de controlo

Verifica-se que os gráficos tempo de chama e não chama, qualitativamente, estão invertidos em

relação ao eixo das abcissas. Com o aumento de caudal (mantendo-se a histerese de controlo

constante) as necessidades de potência para a água aumentam e é necessário que se aumente o

tempo de chama, sendo que no limite o tempo de chama é igual ao tempo de funcionamento do

esquentador (ou de simulação) e o tempo de não chama reduz-se até zero. O tempo de chama e de

não chama para diferentes temperaturas de saída da água exigidas têm desenvolvimentos

semelhantes: se a exigência de aquecimento em termos de temperatura aumenta, com o tipo de

controlo considerado, o tempo de chama e de não chama diminui para histereses iguais.

Considera-se agora a seguinte transformação de variáveis:

Figura 51 - Período e fracção ( c) e d) ) de tempo de chama ( a) e b) )

0

10

1 2 3 4 5Tem

po

não

ch

ama

(s)

caudal

Tempo de não chama Vs Caudal

Histerese 0,1 Histerese 0,4 Histerese 0,8

Histerese 1,2 Histerese 1,6

1

15 20 25tem

po

não

ch

ama

(k)

Ganho de temperatura (K)

Tempo de não chama Vs Ganho

Histerese 0,4 Histerese 0,8

Histerese 1,2 Histerese 1,6

0

0,5

1

1 2 3 4 5

FTc

Caudal

Fracção do tempo de chama por ciclo

Histerese 0,1 Histerese 0,4 Histerese 0,8Histerese 1,2 Histerese 1,6

0,3

0,8

15 20 25

FTc

Ganho de temperatura (K)

Fracção do tempo de chama por ciclo

Histerese 0,4 Histerese 0,8 Histerese 1,2 Histerese 1,6

0,5

5,5

10,5

1 2 3 4 5

pe

rio

do

(s)

Caudal

Duração de ciclo de funcionamento

Histerese 0,1 Histerese 0,4 Histerese 0,8Histerese 1,2 Histerese 1,6

3

5

7

15 20 25

pe

rio

do

(s)

Ganho de temperatura (K)

periodo Vs ganho

Histerese 0,4 Histerese 0,8Histerese 1,2 Histerese 1,6

c) d)

a) b)

c) d)

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61

A figura 51 permite afirmar que o valor escolhido para histerese de controlo não altera a relação entre

os tempos de chama e total, como era previsível. Esta relação e linearmente crescente com o

aumento de caudal e de ganho de temperatura uma vez que a necessidade de potência de

aquecimento aumenta. Para ganhos térmicos maiores é esperado que a linha que relaciona o caudal

com FTc tenha maior declive (visto que para um aumento infinitesimal de caudal a necessidade

energética aumenta mais) e portanto a gama de caudais em que o controlo cíclico é valido é menor.

Quando esta linha cruza atinge-se o máximo ganho térmico para caudal de gás nominal.

O período tem um comportamento mais complexo, sendo crescente com a histerese de controlo

considerada (de derivada decrescente). No que respeita à variação do período com o caudal de água

e com o ganho de temperatura, verificam-se valores mínimos para regimes de funcionamento onde o

FTc é ligeiramente superior a 0.5, e portanto quando a necessidade de aquecimento de água

ligeiramente superior ao ganho térmico que o caudal nominal permite (em funcionamento continuo).

Este pico afasta-se desta referência com a redução da histerese.

Inércias térmicas

A energia em excesso que pode ser transferida para a água depende fundamentalmente de dois

factores:

Inércia térmica dos tubos e das alhetas,

Variação de temperatura dos tubos e alhetas entre os dois regimes,

sendo que o primeiro factor geométrico e o segundo de funcionamento. Esta energia será sentida no

aumento da temperatura de saída da água em relação à referência. Esta sensibilidade depende

fundamentalmente de dois factores:

Volume ocupado pela água no interior do permutador (e portanto a inércia térmica),

Caudal de água a aquecer e aumento de temperatura exigido,

Também aqui o primeiro factor é geométrico e o segundo de funcionamento. A influência dos factores

geométricos já foi estudada e apresentada. A influência das inércias do permutador e da água no seu

interior foi avaliada com base no parâmetro adimensional

O aumento da inércia dos tubos e portanto de RI leva a um aumento do sobre pico e do tempo de

pico fruto da maior energia no tubo.

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62

Figura 52 - Influência da inércia no transiente entre regimes

Os resultados foram obtidos para fixo ao longo dos ensaios e RI é alterado

variando-se a inércia em torno de , que representa o segundo ponto das

linhas dos gráficos. Verifica-se que a energia crescente com RI se reflecte mais num

aumento no sobre pico do que no aumento do tempo de pico, como reflecte o coeficiente da

regressão. Logicamente para reduções de caudal menores (linhas a vermelho) o

crescimento tanto da temperatura de pico como do tempo de pico com RI são reduzidos.

Os resultados para uma simulação semelhante, aplicados ao controlo cíclico, à anterior

estão representados na figura 53.

Figura 53 - Influência das inércias no controlo cíclico

Verifica-se que o aumento da relação de inércias RI leva a um aumento previsível dos tempos de

chama e não chama e a uma diminuição na variação na temperatura de saída da água.

y = 0,6814x + 18,328

0

10

20

30

4 6 8 10

Spb

re p

ico

(K)

RI

Influência das inercias térmicas no sobre pico

Step6-1 Step6-3

y = 0,1396x + 1,9589

0

1

2

3

4

4 6 8 10

Tem

po

de

pic

o (

s)

RI

Influência da relação de inércias no tempo de pico

Step6-1 Step6-3

1,4

1,6

1,8

2

4 9

Var

iaçã

o d

e t

em

pe

ratu

ra (

k)

Caudal

Influência das inércias térmicas no tempo de pico e sobre pico

0,9

1,1

1,3

1,5

4

6

8

4 9

Tem

po

de

ch

ama

(s)

Tem

po

de

não

ch

ama

(s)

RI

Influência das inércias térmicas no tempo de pico e sobre pico

Tempo de não chama Tempode de chama

a) b)

a) b)

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63

VALIDAÇÃO DO MODELO 5.

Neste capítulo procede-se à validação do modelo experimental. E validado o modelo para a flauta,

para a chama e para o permutador principal sendo estes processos independentes. A validação da

flauta e da chama e feita com base na bibliográfica disponível. Para o permutador de calor efectuou-

se um pequeno trabalho experimental onde se mediu a resposta da temperatura de saída da água

para variações no caudal.

5.1. Flauta

Para a validação da flauta serão aplicados às dimensões da flauta do esquentador da Bosch e

fotografada na figura 17 e comparadas com o valor típico encontrado na bibliografia.

(mm) (mm) (mm) (mm2) (mm

2)

0.45 11 10 720 60

Os resultados apresentados no capítulo anterior para os vários modelos estão aqui tabelados para as

dimensões da flauta e para o propano como combustível.

Modelos Jacto livre tubo

Jacto livre garganta

Balanços sem

contracção

Balanços com

contracção

Eq. de Pritchard

(2.7)

Eq. de Pritchard

corrigida (2.8)

1.58 1,22

( =1cm) 1,28 1,41 1.07 1.21

Tabela 15 - Resultados obtidos para a flauta

Todos os modelos prevêem uma pré-mistura rica sendo que à excepção da equação de Pritchard não

corrigida todos os valores se aproxima do referenciado na literatura (Scribano (2005))

5.2. Chama

As emissões previstas pelo modelo são também comparadas com resultados disponibilizados pela

Bosch (Duarte, 2008) e constam na tabela seguinte. Estes resultados referem-se a medições

efectuadas após a passagem dos produtos da combustão pelo permutador de calor. São

apresentados também resultados do programa PER que constam em Coelho e Costa (2004). O

programa PER calcula a temperatura adiabática de chama e as espécies químicas onde considera a

dissociação de 11 espécies químicas. Os resultados apresentados são para o propano.

Referência (%) (ppm) (ppm)

Trabalho presente 1.3 6.5 74816 71

Duarte (2008) 1.3 2.5-7 100-2500 125

Coelho e costa (2004) 1.3 ≈6.8 70000 70

Trabalho presente 1.1 9.2565 31837 989

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64

Duarte (2008) 1.1 0.3-4 100-1200 75

Coelho e costa (2004) 1.1 ≈9 30000 800

Trabalho presente 1 10.22 13147 2706

Coelho e costa (2004) 1 10.27 12428 2471 Tabela 16 - Espécies químicas

Verifica-se que os métodos teóricos sobre estimam as emissões de dióxido de carbono e tal deve-se

fundamentalmente ao facto de não se considerar a sua oxidação com ar que é impulsionado pelo

calor da chama e que não reage na chama. O oxigénio contido na mistura que ascende a câmara de

combustão oxida o monóxido de carbono reduzindo substancialmente a sua presença. Esta reacção

congela com o abaixamento de temperatura à entrada no permutador de calor. Os dados fornecidos

pela Bosch correspondiam às emissões para as três razões de equivalência consideradas para

diferentes potências caloríficas, sendo que os valores de emissões de poluentes mais baixos na

tabela para Duarte (2008) correspondem a baixas cargas térmicas. O monóxido de azoto também é

sobre estimado no modelo desenvolvido calcula a presença de NO em equilíbrio, sendo que o tempo

de residência dos gases na zona de reacção não é suficientemente grande para que este se forme e

o modelo Permutador principal.

Sugere-se então como melhoria ao modelo, a inclusão de um modelo de cinética química simplificado

para o monóxido de azoto. Para tal é necessário ser estimado o tempo de permanência dos gases de

reacção na chama e encontrar uma relação temporal para a formação do monóxido de azoto em

função da temperatura.

Também seria importante considerar o arejamento secundário, tanto aquele que entra para a zona de

chama como o que é arrastado para a câmara de combustão é permite a oxidação do CO. O ar que é

arrastado e não reage baixa a temperatura dos produtos de combustão mas a sua energia pode até

aumentar dependendo da quantidade de CO disponível para oxidar. Também aqui seria necessário

estimar o tempo de residência dos produtos de combustão na câmara e encontrar uma relação

temporal para a oxidação do CO em função da temperatura.

5.3. Permutador principal

Para a elaboração do trabalho experimental foi utilizada uma placa de aquisição de dados da Data

Translation (UM3010) e serão utilizados termopares para medir a temperatura da água em dois

pontos: à saída do permutador de calor principal e à saída do permutador (depois dos tubos

envolventes). A junção de referência foi colocada à entrada do esquentador, estando portanto a

lerem-se directamente a variação de temperatura no permutador e esquentador. A amplificação

(G=500) do sinal foi feita com um amplificador operacional INA 2126. Sendo os termopares do tipo T,

a amplificação de 500x e tendo placa a de aquisição de dados uma gama de voltagens de entra de 0

a 10V a voltagem máxima medida no termopar será:

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65

Os termopares do tipo T apresentam uma diferença de potencial entre as junções para diferenças de

temperaturas de 400ºC pode dizer-se que a sensibilidade do sistema de aquisição foi de:

O esquentador utilizado no trabalho experimental foi disponibilizado pela Bosch e era de arejamento

forçado, com um permutador de calor com 3+2 passagens, estando representado na figura ao lado.

Este esquentador incorpora um controlador onde o utilizador define a temperatura de saída da água

desejada e consoante o caudal de água a injecção do combustível é regulada de modo a que se

cumpra o exigido.

Para se estimar a temperatura da água na rede procedeu-se da seguinte forma:

1. Mediu-se o sinal amplificado do termopar, referente a diferença de temperatura entre a

entrada e saída da água do permutador com o esquentador desligando,

2. Com o esquentador ligado programou-se o controlador para manter à saída uma temperatura

de 35ºC, 40ºC, 45ºC e 50ºC.

3. Traçou-se um gráfico com os valores medidos pela placa de aquisição no ponto 2 para as

diferentes temperaturas de saída (figura 54).

Figura 54 - Calibração do sistema de aquisição

A temperatura de entrada da água pode ser estimada pois conhece-se a variação do sinal com a

diferença de temperatura:

onde é a voltagem do sinal medido com o esquentador desligado.

Foram efectuados dois ensaios experimentais e posteriormente comparados com os resultados

obtidos pelo modelo. O primeiro ensaio consistiu em a resposta real da temperatura da água à saída

do esquentador para uma variação brusca no caudal de água (figura 55). As condições de

funcionamento para este ensaio estão na tabela seguinte.

Caudal inicial da água Caudal final da água

16,3 42 13,9 5,9 Tabela 17 - Condições de funcionamento do primeiro ensaio experimental

y = 47,976x + 12,035

30

35

40

45

50

0,4 0,6 0,8

T a,o

V

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66

O segundo ensaio consistiu em medir a resposta da água durante o arranque do esquentador desde

o estado desligado e com à temperatura ambiente para um caudal de água igual a 13,9 para

as mesmas temperaturas do ensaio anterior.

O sinal foi capturado a uma frequência de 500hz, sendo que estes valores foram tratados de modo a

que o valor em cada ponto seja o valor médio central para uma janela temporal de 0.1s.

Figura 55 – Ensaios para a variação brusca no caudal de água

Figura 56 - Ensaios para o arranque do esquentador

As respostas obtidas nos dois ensaios pela via numérica estão muito próximas das experimentais.

Para o primeiro ensaio verifica-se um atraso maior na resposta. Tal pode dever-se ao facto de no

interior do tubo existirem intensificadores de turbulência que aumentam o coeficiente de convecção

principalmente para baixas velocidades, que não foram contemplados no modelo. Com a alteração do

caudal de funcionamento o modelo prevê então uma queda no coeficiente de convecção para a água

superior à real, e então a energia em excesso contida nos tubos leva mais tempo a ser transferida

para a água sendo estimada uma menor temperatura de pico e um maior tempo de resposta.

310

315

320

325

330

335

15 20 25 30

T (K

)

t (s)

Comparação dos resultados experimental e simulado para variação brusca no cauadal

Experimental Simulação

285

290

295

300

305

310

315

320

15 20 25 30 35 40

T (K

)

t(s)

Comparação do ensaio experimental com a simulação para o arranque do esquentador

Experimental Simulação

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CONCLUSÕES 6.

Este trabalho teve como objectivo principal criar um modelo de um esquentador doméstico com os

componentes e fenómenos principais que permitisse fazer um estudo dinâmico ao permutador de

calor, sendo que a sua implementação foi feita em Maplesim.

No que diz respeito ao modelo da flauta pode concluir-se que todos os modelos implementados

estimam uma mistura rica com uma razão de equivalência entre os 1.2 e os 1.6 sendo que se

aproxima do valore de referência .

Em relação o modelo de chama conclui-se que o seu comportamento vai de encontro àquilo que era

expectável, isto é, calcula a temperatura adiabática de chama e a temperatura de chama com perdas

radiactivas para a envolvente e a fracção molar das espécies em equilíbrio químico com a

consideração de três reacções de dissociação. Os resultados aproximam-se dos previstos pelo

programa PER (Coelho e Costa (2007)) no entanto apresentam resultados demasiado elevados para

as emissões de verificadas nos esquentadores actuais. Tal deve-se ao facto de para o

não ter sido considerada a sua oxidação com o ar arrastado para a câmara de combustão durante a

sua ascensão até ao permutado de calor, e para o porque foi assumido que o tempo de e

permanência dos reagentes na chama era suficiente para que este entrasse em equilíbrio químico e

tal não se verifica.

Sugere-se então a implementação de uma segunda zona de reacção na câmara de combustão para

considerar a oxidação do e a inclusão de uma equação de cinética química reduzida para o .

O permutador de calor foi modelado de forma a permitir estudar a resposta na temperatura de saída

da água a variações no seu regime de funcionamento. A resposta estimada pelo modelo é

semelhante à observada no ensaio experimental, sendo que o modelo para o coeficiente de

convecção poderá ser demasiado conservador levando a que o tempo de resposta prevista seja

ligeiramente maior. Seria importante alterar as propriedades dos gases de combustão visto que é

apenas considerado o azoto, sendo que as fracções molares de e também são

consideraveis.

Globalmente o modelo prevê que 90% da energia total que aquece a água é trocada no permutador

principal e o restante nos tubos envolventes, e que quase 90% da transferência de calor tem origem

convectiva. Foi estimado que as perdas térmicas por convecção natural para o exterior representam

menos de 0,5%, estando este valor dependente do regime de funcionamento.

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Vaisi, A., Talebi, S. & Esmaeilpour, M. Transient behavior simulation of fin-and-tube heat exchangers

for the variation of the inlet tamperatures of both fluids. International Communications in Heat and

Mass Transfer, 38 (2011) 951-957.

White, F. Mecânica dos Fluidos, 4ed (2005).

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Anexos

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Anexo I – Coeficientes de convecção

Este anexo contém a revisão bibliográfica feita para os coeficientes de convecção a serem aplicados

ao esquentador. Para escoamentos forçados o coeficiente de convecção é fortemente dependente do

tipo de escoamento. Se este é turbulento o coeficiente de convecção será maior, resultado das

grandes flutuações de velocidade no escoamento em todas as direcções (Dewitt & Incropera, 2007).O

número adimensional que define o regime de escoamento é o número de Reynolds.

0.1

A transição entre os regimes de escoamento depende da geometria da superfície de trocas. Quando

o escoamento não é forçado, sendo dominado pelas forças de impulsão (devidas ao gradiente

térmico no fluido, o número adimensional que o caracteriza é o numero de Raleigh:

0.2

No caso de um gás perfeito, o coeficiente de expansão, , é igual a

e é o comprimento

caracteristico.

Serão apresentadas correlações encontradas na bibliografia para calcular coeficientes de convecção

de escoamentos externos sobre um tubo, banco de tubos e placa plana, e escoamentos internos em

tubos. Existem diversas soluções analíticas para escoamentos laminares, no entanto, devido à

complexidade matemática do fenómeno turbulento, para este tipo de escoamentos praticamente só

são apresentadas correlações empíricas. Nas soluções e correlações existentes o parâmetro

adimensional característico deste fenómeno é geralmente o número de Nusselt.

0.3

Em todas as correlações o número de Nusselt calculado é o médio ao longo do escoamento.

Tubo (escoamento interno)

Teoricamente é possível mostrar que, para uma superfície a temperatura constante ou com fluxo de

calor constante, o número de Nusselt é constante (com valores de 4,36 e 3.66) para um escoamento

laminar e plenamente desenvolvido. Existem também correlações propostas por Sieder e Tate (1936)

e Shahetal. (1987) para regime laminar (Dewitt & Incropera, 2007). O valor de aceite hoje em dia

para a transição laminar/turbulento de um escoamento no interior de um tubo é 2300 e é denominado

de Reynold critico (White, 2005). Para escoamentos turbulentos existem diversas correlações, com

destaque para a correlação de de Dittus-Boelter e para a correlação de Gnielinski, que é valida para

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números de Prandtl entre 0.5 e 2000, e números de Reynolds entre 3000 e 5(10)6, correspondendo

respectivamente a

0.4

√ (

)

0.5

onde m é um coeficiente igual a 0.4 para aquecimento e 013 para arrefecimento e o factor de atrito, f,

representa o factor de atrito ao longo do tubo, desprezando-se o efeito da rugosidade, e pode ser

cálculado pela equação seguinte:

(

) 0.6

Tubo isolado (escoamento externo)

O coeficiente de convecção para num cilindro atravessado perpendicularmente por um escoamento

varia ao longo da sua superfície (na direcção do escoamento) e depende fortemente do

desenvolvimento da camada limite viscosa (Dewitt & Incropera, 2007).No entanto para o modelo em

questão apenas é de interesse modelar um coeficiente de convecção médio.

Devido à complexidade do escoamento nas proximidades do cilindro as correlações existentes são

empíricas. Existem várias com destaque para a correlação de Hilpert, Zhukauskas e de Churchill

(Dewitt & Incropera, 2007, p. 282). As duas últimas estão na tabela seguinte.

Expressão Validade

Correlação de Zhukauskas

(

)

0.7

Correlação de Churchill

( ( )

)

(

)

e são constantes que dependem do numero de Reynolds e pode ser consultadas em

(incropera) e representa o numero de Prandtl do gás à temperatura da parede.

Banco de tubos (escoamento externo)

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Existem também na literatura correlações para cálculo de coeficientes de convecção de um

escoamento ao longo de um banco de tubos. Destaque para:

Expressão Validade

Correlação Grimison estendida

0.7<Pr<500 2000<Re<5E5

Correlação de Zhukauskas

(

)

Pr>0.7 1000<Re<2E6

Os coeficientes e são constantes, sendo definidas pelo diâmetro e distâncias entre tubos e

dependem também do tipo de arranjo entre tubos. Na correlação de Zhukauskas o coeficiente

depende da turbulência do escoamento e do arranjo de tubo (alinhado ou não). Estas constantes

podem ser consultadas em tabelas em (Dewitt & Incropera, 2007). A validade de aplicação destas

correlações restringe-se a permutadores compactos com no mínimo 10 filas de tubos. Para se

estender esta correlação a permutadores com menos linhas de tubos pode adicionar-se um

coeficiente tabelado também em Incropera. De notar que as duas correlações de Zhukauskas

apresentam a mesma forma, no entanto as constantes e são diferentes.

Existem correlações específicas para permutadores de calor compactos de tubos alhetados. Kays e

London efectuaram vários trabalhos experimentais neste tipo de permutadores e desenvolveram

correlações que relacionam o número de Reynolds característico do escoamento com o número de

Coulbour (Kays & London, 1964),

0.11

Com o objectivo de se aumentar a turbulência no lado do gás foram desenvolvidas alheta não planas

tais como: alhetas onduladas, com saliências, furadas, entre outras. Existem correlações mais

recentes para permutadores compactos com este tipos de alhetas. Segundo Wang et. al (1997) o

coeficiente de convecção médio ao longo do permutador é independente do espaçamento entre as

alhetas. Verificou também que para números de Reynolds superiores a 900, que o coeficiente de

convecção aumenta com o número de linhas de tubo. Para escoamentos com Re inferiores a 900 o

coeficiente de convecção diminui ligeiramente com o aumento do número de tubos. Este fenómeno

pode ser justificado pelo facto de a números de Reynolds altos a turbulência gerada ser maior o que

permite uma maior mistura do fluido, no entanto à medida que a velocidade do escoamento diminui a

turbulência é reduzida e aumentam o número de vórtices formados na esteira do tubo (devido a

menor resistência da camada limite a gradientes de pressão adversos (White, 2005)). Neste trabalho

experimental Wang et. al (1999) chega à correlação

0.12

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sendo que σ define a relação entre a área de passagem do permutador e a sua área frontal.

Placa Plana

As trocas convectivas numa placa plana paralela a um escoamento estão também correlacionadas.

Neste caso o Re de transição é aceite como sendo de 5E5. Para o escoamento laminar é possível, a

partir da solução de Blausius para a placa plana, deduzir uma expressão para cálculo do coeficiente

de convecção através do número de Nusselt:

0.13

A equação 2.23 é valida para números de Prandtl superiores a 0.6.Para escoamentos turbulentos

pode ser aplicada a correlação seguinte, que e valida para 0.6<Pr<60:

(

)

0.14

Em situações onde o escoamento é assumido como turbulento em toda a placa despreza-

se a parcela entre parênteses 871.

Convecção Natural

A convecção natural difere da forçada pois na primeira não existem forças externas que mantenham

o escoamento, sendo que a força motriz do escoamento são as forças de impulsão devido aos

gradientes térmicos (logo também de massa especifica). A correlação que se segue foi retirada de

Incropera e aplica-se a placas verticais e em regime laminar, isto é com um Raleigh inferiores a 109.

(

)

( √ )

0.15

Para números de Raleigh superiores ao de transição pode usar-se a seguinte correlação:

(

( ( )

)

)