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1. HISTRIA DA SOJA

Evidncias histricas e geogrficas indicam que a soja foi domesticada no sculo XI A.C. no norte da China. O Vale do Rio Amarelo, que o bero da civilizao chinesa provavelmente o local de origem da soja. A mais antiga referncia sobre soja na literatura aparece em um livro de medicina intitulado "Pen Ts'ao Kang Mu" (Matria Mdica), escrito pelo Imperador Shen Nung. Na literatura, as referncias a esta obra aparecem com seis datas diferentes de publicao, entre os anos de 2.838 A.C. a 2.383 A.C.. Para alguns autores, as referncias soja so ainda mais antigas, remetendo ao "Livro de Odes", publicado em chins arcaico e, tambm, inscries em bronze. Embora estas referncias sejam muito antigas, a domesticao da soja parece ser um pouco mais recente. No Livro de Odes, que cobre o perodo entre os sculos XII e XI A.C., a palavra "Shu" , segundo os historiadores, a designao de soja. Sendo assim, a soja teria sido domesticada neste perodo. Como provvel que muitas tentativas tenham sido realizadas at que a soja fosse domesticada com xito, parece razovel situar a domesticao da soja no sculo XI A.C., durante a dinastia Shang (1.5001.027 A.C.). A partir da sua origem no norte da China, a soja expandiu-se (de maneira lenta) para o Sul da China, Coria, Japo e Sudeste da sia. Pelo fato da agricultura chinesa, na poca, ser muito introvertida, a soja s chegou a Coria e desta ao Japo entre 200 A.C. e o sculo III D.C. At aproximadamente de 1894, trmino da guerra entre a China e o Japo, a produo de soja ficou restrita China. Apesar de ser conhecida e consumida pela civilizao oriental por milhares de anos, s foi introduzida na Europa no final do sculo XV, como curiosidade, nos jardins botnicos da Inglaterra, Frana e Alemanha, durante os quatro sculos que se seguiram. Na segunda dcada do sculo XX, o teor de leo e protena do gro comea a despertar o interesse das indstrias mundiais. No entanto, as tentativas de introduo comercial do cultivo do gro na Rssia, Inglaterra e Alemanha fracassaram, provavelmente, devido s condies climticas desfavorveis. Nos Estados Unidos, a primeira meno sobre soja data de 1804. Desde ento diversos experimentos foram conduzidos com soja naquele pas. A partir de 1880 a soja adquiriu importncia nos Estados Unidos como planta forrageira. Em 1920 a rea destinada a produo de gros era de 76 mil ha, e a destinada a produo de forragem, pastagem e silagem chegava a 300 mil ha. O aumento da rea destinada a produo de gros deveu-se a sua alta capacidade de rendimento e a facilidade de colheita mecnica. Alm disso, a poltica governamental de restrio produo de milho e algodo, a partir de 1934, foi um grande incentivo para a expanso da produo de soja nos Estados Unidos.

No Brasil, a soja parece ter sido primeiramente introduzida na Bahia, em 1882. Em 1908 foi introduzida em So Paulo, por imigrantes japoneses, e em 1914 foi introduzida no Rio Grande do Sul pelo professor Craig, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi no Rio Grande do Sul que a soja comeou a ser cultivada em larga escala. O municpio de Santa Rosa foi o plo de disseminao da cultura, que inicialmente expandiu-se pela regio das misses. At meados dos anos 30, esta era a regio produtora de soja. Inicialmente, a soja produzida no Brasil era utilizada para a alimentao de sunos, como fonte de protena para complementar a dieta a base de milho, abbora e mandioca. Foi tambm bastante utilizada como adubao verde. Em 1958 foi instalada a primeira indstria de soja no Rio Grande do Sul, mas o grande impulso da cultura foi dado nos anos 60. Na dcada de 50 foi dado grande incentivo, por parte do governo Federal ao cultivo do trigo. A soja entrou como a cultura ideal para fazer a rotao com trigo, devido a sua facilidade de cultivo e colheita, utilizando basicamente os mesmos equipamentos destinados ao trigo. Surgia ento a dobradinha trigo-soja. Com isso, a produo brasileira, que era de 0,5% da produo mundial em 1954, passou a 16% da produo mundial em 1976. Do Rio Grande do Sul, a soja expandiu-se para o restante do pas, inicialmente para Santa Catarina, depois para o Paran, So Paulo, Minas Gerais e Centro-Oeste. Atualmente a soja cultivada em praticamente todo o territrio nacional, sendo o principal produto agrcola do pas.

2. O CULTIVO DA SOJA 2.1. CLIMA E SOLO Embora seja planta originria de clima temperado, a soja se adapta bem em uma ampla faixa de clima. A utilizao de cultivares adaptados permite o cultivo dessa oleaginosa nos climas subtropical e tropical. rasteiras. As temperaturas mdias, timas para o melhor desenvolvimento da soja so entre 20 e 35 C. Precipitaes pluviomtricas anuais de 700 a 1.200 mm bem distribudas preenchem perfeitamente suas necessidades hdricas. As limitaes por fertilidade no so de muita importncia para a soja, pois essa reage otimamente adubao e constitui fator de melhoria do solo. Produz mais em solos frteis e argilosos, desde que bem drenados. Solos arenosos pobres podem tambm ser cultivados, porm, podem haver problemas de germinao em condies desfavorveis de umidade durante a semeadura. A soja que hoje cultivamos muito diferente dos seus ancestrais, que eram plantas

A maior limitao para a cultura no aspecto solo a sua declividade, que se maior de 12% torna difcil mecanizao. A cultura da soja somente vivel economicamente em reas que possibilitem a mecanizao, com infra-estrutura, recursos humanos e financeiros disponveis. A soja requer preparo do solo e semeadura esmerados, tanto pela mecanizao necessria, como pela natureza das prprias sementes que perde seu poder germinativo com relativa facilidade.H trs tipos de preparo do solo que podem ser utilizados no plantio da soja, so eles: Preparo convencional, que constitudo de uma arao profunda de 20 a 25 cm e duas gradagens leves, a ltima antes do plantio, para facilitar o controle de invasores; Plantio direto, No exige o preparo prvio do solo, porm so utilizados equipamentos especiais para plantio. feito em duas etapas distintas: manejo do mato - utilizando herbicidas e manejo sobre as ervas que cobrem o terreno, para limp-lo; plantio utilizao de semeadeiras ou plantadeiras especiais e aplicao de herbicidas seletivos. O plantio direto deve ser encarado como a ltima etapa no processo de preparo e conservao do solo, sendo adotado aps alguns anos de preparo convencional. Egixe como premissas bsicas a correo da acidez, a no existncia de compactao do solo, a adoo de prticas tradicionais de conservao do solo, a diminuio da infestao de ervas daninhas e a cobertura do solo com alguma cultura de inverno. fundamental o conhecimento das ervas daninhas que infestam o solo e o domnio do uso de herbicidas, sem o que o plantio direto poder ser inviabilizado; Cultivo mnimo, este tipo de preparo do solo, a operao de arao substituda por uma gradagem pesada, feita com grade aradora, seguida de gradagem niveladora. Este sistema de preparo do solo, apesar de bastante utilizado, no recomendado devido aos srios problemas de compactao do solo que causa. Outra questo que deve ser observada em relao ao solo a correo da acidez, onde devemos aplicar calcrio para elevar a saturao de bases a 70%, nos casos em que ela for inferior a 60%, essa prtica visa obter melhores rendimentos agrcolas. 2.2. INOCULAO DE SEMENTES A inoculao de sementes de soja com bactria especfica para a soja, denominada Bradyrizobium japonicum, substituiu a adubao nitrogenada. As bactrias associam-se com as razes das plantas de soja e ambas conseguem aproveitar o nitrognio do ar, o que nem as plantas e nem as bactrias poderiam fazer isoladamente. Esse processo conhecido por fixao simbitica de nitrognio atmosfrico. A adubao nitrogenada, alm de desnecessria, em muitas vezes prejudicial fixao do nitrognio. Mesmo em solos com grandes quantidades de restos vegetais, no h efeito benfico da aplicao de nitrognio no sulco de semeadura sobre a produo de gros.

A inoculao das sementes deve ser feita todos os anos, para que a nodulao ocorra com as estirpes presentes no inoculante e no com aquelas presentes no solo que podem ser de baixa eficincia. 2.3. PLANTIO A semeadura um dos trabalhos que mais pesam no xito da lavoura, especialmente no caso da soja, que perde seu poder germinativo com relativa facilidade, quando plantada em condies adversas. Ainda, a semeadura irregular conduz a menor produtividade e eventuais dificuldades nos tratos culturais e na operao de colheita. As sementes para o plantio devem apresentar, no geral, germinao mnima de 80%. Isso evita falhas na lavoura, devido baixa germinao, comuns mesmo quando se faz a correo de quantidade a semear, no caso de usar semente de baixo poder germinativo. Para a germinao e emergncia regular das plantas, essencial um teor de umidade suficiente no solo. A soja absorve grande quantidade de gua para germinar; por isso a semeadura s deve ser feita com o solo mido, aps boa chuva. A poca de semeadura um dos fatores que mais influenciam o rendimento da soja. Como essa uma espcie termo e fotossensvel, est sujeita a alteraes fisiolgicas e morfolgicas, quando as suas exigncias, nesse sentido, no so satisfeitas. A poca de semeadura determina a exposio da soja variao dos fatores climticos limitantes. Assim, semeaduras em pocas inadequadas podem afetar o porte, o ciclo e o rendimento das plantas e aumentar as perdas na colheita. A altura das plantas est, tambm, relacionada com a populao de plantas, com a cultivar utilizada e com a fertilidade do solo. A soja deve ser semeada a uma profundidade de 3 cm em solos argilosos ou bem midos e 5 cm em solos arenosos ou com menor umidade. Semeaduras profundas dificultam a emergncia da soja principalmente se houver compactao superficial do solo. Deve ser semeada em linhas ou fileiras espaadas de 40 a 60 cm, de acordo com o cultivar a ser utilizado e/ou o tipo de solo. Espaamentos mais estreitos que 40 cm resultam num fechamento mais rpido da cultura, contribuindo para o controle das plantas daninhas. A populao de plantas ideal para que se obtenham os maiores rendimentos e a que mais se ajusta colheita mecnica de 350 mil plantas por hectare, podendo variar 15%, nesse nmero, sem alterar significativamente o rendimento de gros, desde que as plantas sejam distribudas uniformidade, sem falhas. Tambm fundamental que a cultura permanea no limpo durante todo o ciclo. A competio entre o mato e a cultura se processa at 50 dias, dependendo do grau de infestao e do nmero de espcies presentes na rea. Alm do decrscimo na produtividade, os efeitos podem se manifestar por dificuldade na operao de colheita, devido ao entupimento das mquinas e ao tempo adicional gasto pelo operador da colhedeira para colocar a mquina em condies de novamente. O controle das ervas pode ser mecnico e qumico. operar

2.4. PRAGAS DA SOJA Durante todo o seu ciclo a soja atacada por vrias pragas. A seguir sero descritas as principais pragas que ocorrem nesta cultura, em nossas condies. Em um levantamento parcial de literatura, Ramiro (1982) relacionou 328 espcies que se alimentam nas lavouras ou nos gros armazenados. As principais pragas da soja so em nmero de seis, as demais foram consideradas pragas secundrias. A predominncia de uma espcie sobre a outra funo das condies ecolgicas de cada regio e da presena de seus inimigos naturais, que as mantm com populaes abaixo do nvel de dano econmico. As principais pragas so:

Lagarta-da-soja: Anticarsia gemmattalis (Hubner, 1818) - o mais comum dos insetos desfolhadores que atacam a cultura da soja. A lagarta apresenta, geralmente, a cor verde com trs listras claras dispostas longitudinalmente no dorso. Em condies de altas infestaes, torna-se escura. Ocorrem na cultura de novembro a maro e seu pico de populao ocorre de janeiro a maro, conforme a regio. O seu ciclo biolgico total de 33 a 34 dias e podem ocorrer quatro a seis geraes anuais. O adulto faz sua postura tardinha e noite, na parte inferior das folhas;

Lagarta-mede-palmo: Pseudoplusia includens (Walker, 1857) - A lagarta apresenta colorao verde, com listras brancas no dorso e pode apresentar pontos escuros no corpo. Ao se deslocar tem um movimento caracterstico de medir palmo, da a sua denominao. Se alimenta de folhas, mas no das nervuras, conferindo um aspecto rendilhado lavoura. Atualmente os danos da largartamede-palmo so bem inferiores aos da lagarta-da-soja, mas como as duas ocorrem na mesma poca, essa praga considerada praga principal. Sua ocorrncia predomina no Paran e em So Paulo, com pico populacionais maiores de dezembro a fevereiro.

Broca-das-axilas:

Epinotia aporema (Walsinghan, 1914) - At pouco tempo atrs no era As

considerada praga principal. Com o aumento da rea de plantio e, provavelmente, com a diversificao de cultivares utilizados, sua incidncia tem aumentado consideravelmente. lagartas so pequenas, de colorao verde-esbranquiada, e conforme vo crescendo se tornam amareladas, com o corpo transparente. O ataque inicia-se pelos brotos das plantas, antes que os mesmos se desenvolvam totalmente. As lagartas alimentam-se de parte dos fololos, e mais tarde tecem uma teia, unindo-os e impedindo a sua abertura. O broto atacado pode morrer ou crescer deformado. Outras partes da planta, com caule, ramos e folhas podem ser atacadas tambm.

Percevejo-verde: Nezara viridula (Linneus, 1758) - Este percevejo conhecido vulgarmente tambm como maria-fedida e fede-fede, e considerado praga em outras culturas, alm da soja. O adulto verde e pe ovos na face interior das folhas, dispostos na forma de hexgonos. As ninfas no

incio so de colorao escura com pontuaes brancas e mais tarde se tornam verdes com pontuaes amarelas e vermelhas. O percevejo suga a seiva das plantas, danificando os gros e podendo causar distrbios fisiolgicos chamados reteno foliar ou soja louca. O seu dano j inicia quando as ninfas esto no terceiro estdio at se tornarem adultas.

Percevejo-pequeno:

Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) - conhecido como percevejo-

pequeno, e provoca danos semelhantes aos do percevejo-verde. O adulto coloca ovos de colorao preta em filas duplas, de preferncia nas vagens. As ninfas no incio apresentam colorao verde com manchas vermelhas e pretas no dorso. O adulto possui geralmente colorao verde-clara, com uma mancha estreita na base do pronoto.

Percevejo-marrom: Euschistus heros (Fabricius, 1798) - Seus danos cultura so semelhantes aos dos outros percevejos j descritos. O adulto tem colorao marrom, formato quase triangular, com duas expanses alterais na parte superior do corpo, semelhantes a espinhos. Sua postura feita sobre as folhas e vagens, com disposio em duas linhas paralelas. As ninfas apresentam-se de colorao clara logo aps a ecloso, e mais tarde bem maiores, com o abdmen de colorao verde-clara, e tem ainda duas manchas escuras no dorso. Ainda podemos dizer que esse percevejo tem importncia maior em regies de temperaturas elevadas e nos estados de latitudes mais baixas. Os inimigos naturais das pragas da soja podem ser agrupados em doenas, parasitas e

predadores. Geralmente so especficos e sua ocorrncia na cultura pode depender da regio, da poca, do ano e das condies climticas vigentes. Para controlar as pragas da cultura, normalmente utiliza-se o sistema de controle integrado ou manejo de pragas, que associa o controle biolgico ao controle qumico. 3. COMPOSIO DA SOJA

Veja a tabela de composio da soja:

Minerais Carboidratos Energia Umidade Protenas Lipdios Aucares fibras g/100g 19,0 23,0 | 4,0 Cinzas Ca P Fe Na K Mg Zn Cu A

Vitaminas E B1 B2 Niacina

Fibra Alimentar * Solveis H20 No Solveis H20 g/100g 2,2 1,8 15,3 17,1 Totais

Kcal 11,0

g/100g 38,0

g/100g 5,0

mg/100g

ug/100g u/100g 12

mg/100g 1,80 0,83 0,30

417

240 580 9,4 1,0 1900 220 3200 980

*A fibra alimentar constituda pelo teor das fibras propiamente ditas e pelo teor dos carboidratos insolveis. Fonte: KAWAGA, 1995

4. SOJA TRANGNICA As plantas transgnicas so organismos modificados a partir da engenharia gentica para adquirir caractersticas diferentes e melhores. S para se ter uma idia do potencial dessa tecnologia, as plantas transgnicas podem possuir maior resistncia a pragas, doenas e a condies climticas adversas; tolerncia a herbicidas; melhoria dos compostos nutricionais; maior facilidade de processamento; melhor conservao dos frutos e entre outras. Para os consumidores os benefcios podem ser traduzidos em produtos com menos agrotxicos, produtos com qualidade diferenciada, como, por exemplo, soja com leo de melhor qualidade, soja com maior teor de acar, soja com melhor composio de protenas, etc. No caso do produtor o que se espera com a tecnologia de plantas transgnicas reduzir o custo de produo; facilitar o manejo (controle de ervas daninhas e insetos, etc.) e aumentar a produtividade. Existem vrios tipos de soja transgnicas sendo desenvolvidas atualmente. A mais conhecida e plantada comercialmente uma planta que recebeu, por meio de tcnicas da biotecnologia, um gene de um outro organismo capaz de torn-la tolerante ao uso de um tipo de herbicida, o glifosato. Esse gene foi extrado de uma bactria do solo, conhecida por Agrobacterium, e patenteado por uma empresa privada com o nome CP4-EPSPS. Estruturalmente, muito parecido com os genes que compem o genoma de uma planta. Quando inserido no genoma da soja, tornou a planta resistente aplicao do herbicida. Essa novidade chegou ao campo pela primeira vez nos Estados Unidos, na safra de 1996. No ano seguinte, os agricultores argentinos tambm j aderiram novidade. Com a nova tecnologia, fico mais fcil para os agricultores controlarem a planta daninha sem afetar a soja. O glifosato um produto comumente utilizado pelos agricultores no controle de plantas daninhas e limpeza de reas antes do plantio de uma cultura. Suas molculas se ligam a uma protena vital da planta, impedindo seu funcionamento e ocasionando sua morte. 5. SOJA ORGNICA Estima-se que a colheita de soja convencional, em todo o planeta, renda cerca de 200 milhes de toneladas. O volume produzido operado por grandes empresas, como a Cargill, a Bunge, a ADM e a LDC. No Brasil, as companhias que desempenham esse papel so, essencialmente, a Maggi e a Caramuru. J a produo mundial de soja orgnica alcana as 300 mil toneladas, e suas vantagens para a sade s foram descobertas recentemente. A soja orgnica, alm de reter todas as propriedades da soja comum, acumula ainda o benefcio claro dos alimentos orgnicos. mais sadia, livre de agrotxicos, no contamina o meio

ambiente e estimula a incluso social, incentivando a produo familiar e viabilizando uma receita mais justa ao pequeno produtor. No Brasil, h uma srie de empresas que, juntas, vm viabilizando a produo de soja orgnica e abrindo o mercado externo para os gros nacionais. Uma delas a Cotrimaio, cuja misso a de viabilizar a manuteno dos agricultores em suas propriedades, agregando valores aos seus produtos e melhorando a qualidade de vida de suas famlias. Para isso, a companhia d assistncia aos produtores, assumindo custos de certificao, recebimento e comercializao. Outras empresas tm suas atividades focadas no plantio e na excelncia. o caso da Naturalle, baseada em Jundia (SP), que hoje capaz de suprir gros segundo a necessidade de seus clientes. J a paranaense Ecofarma cultiva a sua prpria soja orgnica, exportando a leguminosa e seus derivados. A carioca Ecobras, por sua vez, trabalha exclusivamente como produtora de tofu, molho shoyu e pasta de soja. A soja orgnica produzida no Brasil certificada por rgos especiais, como o Ecocert e o IBD, que asseguram sua garantia. Ela ento comercializada por empresas reconhecidas. esse o papel da Terra Preservada, de Curitiba, que desenvolve tambm projetos comerciais de produo de leite de soja. A soja orgnica, portanto, um produto saudvel, lucrativo, e interessante tanto aos produtores nacionais quanto aos importadores estrangeiros. Assim, medida que o mercado se expande, cresce tambm a participao do Brasil. O comrcio da soja orgnica caminha, para sua era mais promissora, contribuindo para o desenvolvimento da produo brasileira.

6. PROCESSAMENTO DA SOJA A soja um gro muito verstil que d origem a produtos e subprodutos muito usados pela agroindstria, indstria qumica e de alimentos. Na alimentao humana, a soja entra na composio de vrios produtos embutidos, em chocolates, temperos para saladas, entre outros produtos. A protena de soja a base de ingredientes de padaria, massas, produtos de carne, cereais, misturas preparadas, bebidas, alimentao para bebs e alimentos dietticos. A soja tambm muito usada pela indstria de adesivos e nutrientes, alimentao animal, adubos, formulador de espumas, fabricao de fibra, revestimento, papel emulso de gua para tintas. Seu uso mais conhecido, no entanto, como leo refinado, obtido a partir do leo bruto. Nesse processo, tambm produzida a lecitina, um agente emulsificante (substncia que faz a ligao entre a fase aquosa e oleosa dos produtos), muito usada na fabricao de salsichas, maioneses, achocolatados, entre outros produtos.

Recentemente, a soja vem crescendo tambm como fonte alternativa de combustvel. O biodiesel de soja j vem sendo testado por institues de pesquisa, como a Embrapa, alm de estar sendo testado em diferentes cidades brasileiras. A figura abaixo descreve o processamento dos gros de soja.

Lecitina: uma combinao de fosfolipdios que ocorrem naturalmente nos gros de soja. Gomas de lecitina so obtidas do leo de soja aps a extrao do leo dos flocos de soja. A lecitina removida do leo de soja por um processo de precipitao de vapor.

Farinha de Soja: produzida a partir da moagem de flocos de soja descascada e desengordurada. A farinha de soja possui aproximadamente 50% de protena em peso seco.

Protena Concentrada de Soja: produzida a partir da soja descascada e desengordurada atravs da remoo parcial dos carboidratos. As protenas de soja concentradas mantm a maior parte das fibras originalmente presentes nos gros de soja e devem conter pelo menos 65% de protena em peso seco.

Protena Isolada de Soja: produzida a partir dos flocos de soja, atravs de um processo que utiliza extrao aquosa e aquecimento mnimo. Este produto praticamente livre de carboidratos e de gordura, tendo 90% de protena em peso seco.

7. PROTENA DA SOJA O contedo de protena dos gros de soja pode variar bastante, mas geralmente situa-se entre 35 e 42% da matria seca (embora contedos maiores e menores sejam freqentemente observados). Em relao a sua composio calrica, as protenas da soja representam cerca de 35 a 38%, enquanto que em outras leguminosas as protenas geralmente representam 20 a 30% das calorias. Em relao a qualidade nutricional, a protena da soja se sobressai. Sob os novos mtodos de classificao adotados pelo FDA (rgo responsvel pela regulamentao de alimentos e remdios, nos EUA) e pela OMS (Organizao Mundial da Sade) para a avaliao da qualidade de protenas para crianas e adultos, o isolado protico de soja recebeu nota 1, que o maior escore possvel. Isto significa que a protena da soja equivale-se a protena do leite ou da carne. Isolados proticos so uma fonte altamente digestvel de aminocidos. Aminocidos so os elementos constituintes das protenas, essenciais para o crescimento e manuteno do corpo. Uma vez consumida, a protena quebrada em aminocidos individuais, que formam os anticorpos e enzimas para o organismo. Dos 20 aminocidos que o organismo humano necessita, 11 so produzidos pelo organismo. Os outros nove devem ser ingerido atravs da alimentao. A protena da soja prov todos os nove aminocidos que faltam, sendo, portanto uma protena completa. A soja o nico vegetal que oferece uma protena completa.

8. FIBRA DA SOJA

Todas os alimentos vegetais contm fibras alimentares. Uma dieta rica em fibras muito importante para reduzir os riscos de certos tipos de cncer e doenas do corao. O instituto nacional do Cncer dos EUA recomenda que os americanso consumam 25-30 gramas de fibras por dia. Muitas pessoas ficam muito abaixo destes nveis. Soja e alguns alimentos derivados de soja so exceletes fontes de fibra: um quarto de copo de soja possui oito gramas de fibra. Alimentos feitos com soja integral, tais como farinha, protena texturizada de soja (PTS) e tempeh, so todos ricos em fibras. Alguns alimentos de soja, no entanto, perdem sua fibra durante o procesamento. Tofu e leite de soja contm pouca fibra.

9. MINERAIS DA SOJA Muitos alimentos de soja so ricos em clcio. Um quarto de copo de gros contm 88 miligramas de clcio, que corresponde a 10% da recomendao de injesto diria de uma pessoa adulta. Alguns produtos possuem um pouco mais de clcio:

Gros

de

soja

torrados

contm

232

miligramas

de

clcio

em

1/4

de

copo.

Tofu geralmente feito usando sal com clcio e pode conter entre 120 e 750 miligramas de clcio em 1/4 de copo. Outros produtos ricos em clcio incluem tempeh, protena texturizada de soja e leite de soja enriquecido com clcio. O clcio da soja rapidamente absorvido pelo organismo. Alimentos de soja tambm so boas fontes de cobre e magnsio.

10. VITAMINAS DA SOJA

Alimentos a base de soja contm uma grande variedade de vitaminas. Estes alimentos so especialmente ricos em vitaminas do complexo B, tais como Niacina, Piridoxina e Folacina.

Alimento Gros 1/2 copo de soja cozida Tempeh 1/2 copo Protena Texturizada de soja, 1/2 copo, cozida Gros torrados 1/4 copo Tofu 1/2 copo Farinha de soja, desengordurada 1/4 copo Leite de soja, 1 copo (puro) Misso 2 colheres Consumo dirio recomendado para adultos

Niacina mg 1.35 3.8 0.75 0.6 0.2 0.65 1.4 0.3 15

B6 mg 0.20 0.25 0.12 0.09 0.06 0.14 0.10 -1.6 - 2.0

cido Flico ug 47 43 -91 19 76 4 10.1 180 - 200

11. SABOR DA SOJA

A soja "in natura" no pode ser consumida, pois alm de possuir fatores antinutricionais, seu sabor de feijo verde (o chamado "Beany Flavor") no agradvel ao paladar ocidental. O sabor caracterstico da soja deve-se a presena de enzimas chamadas de Lipoxigenases. Estas enzimas catalizam algumas reaes de hidroperoxidao dos cidos graxos poliinsaturados, produzindo hexanal e cido jasmnico, que so os responsveis pelo sabor caracterstico da soja. J existem algumas variedades que no possuem as enzimas lipoxigenases nos gros, sendo o seu sabor suave e agradvel ao paladar ocidental. No entanto, nas variedades que possuem as lipoxigenases, possvel eliminar sua atividade pelo tratamento trmico. O tratamento trmico tambm elimina os fatores antinutricionais da soja.

importante que os gros de soja no sejam lavados ou deixados de molho em gua fria, antes de realizar o tratamento trmico, uma vez que a gua potencializa a atividade destas enzimas. O tratamento trmico deve ser realizado da seguinte forma: Ferver uma quantidade de gua cinco vezes maior do que a quantidade de soja a ser utilizada; Quando a gua estiver fervendo, colocar os gros de soja. importante que este seja o primeiro contato dos gros com gua. Os gros devem ser escolhidos para retirar gros danificados e outras impurezas; Depois que levantar fervura novamente, deixar ferver por pelo menos cinco minutos; Retirar do fogo, escorrer a gua, e lavar os gros em gua corrente, trocando a gua pelo menos duas vezes. A soja est pronta para ser utilizada. Basta escolher a receita. 12. LEO DE SOJA

Durante dcadas recomendou-se reduzir o consumo de cidos graxos para reduzir os riscos de doenas cardiovasculares. Isto deveu-se a constatao de que elevadas quantidades de LDL-colesterol (o colesterol de baixa densidade, ou mau colesterol) no plasma sangneo, esto associadas com o maior risco de desenvolvimento de doenas cardiovasculares. Estudos recentes mostraram que so os cidos graxos saturados que esto associados aos altos riscos de se desenvolver doenas cardiovasculares, e que os cidos graxos insaturados reduzem este risco. Ento, a composio e distribuio dos cidos graxos no leo determinam o seu valor nutricional, sabor, propriedades fsicas, e seu efeito sobre a sade. Uma relao 4:1 entre cidos graxos poliinsaturados e saturados considerada ideal para um leo de boa qualidade. O leo corresponde, em mdia, a 20% da matria seca dos gros de soja, enquanto que a maioria das leguminosas (exceto o amendoin) contm de 2 a 14% de leo. Aproximadamente 40% das calorias da soja so fornecidas pelo seu leo. O leo de soja utilizado tanto na indstria, quanto na alimentao. O leo de soja o leo de cozinha mais conhecido. Os chamados leos vegetais so geralmente leos de soja. A maior parte do leo de soja composto por gordura insaturada. cidos graxos poliinsaturados (cido linolnico e linolico), monoinsaturados (cido olico) e saturados (cido palmtico e esterico) correspondem, em mdia, a 61%, 25% e 15%, respectivamente. O cido linolnico (componente da frao poliinsaturada do leo), qe corresponde, em mdia, a 7% da composio do leo, um cido graxo mega-3. A soja uma das poucas fontes vegetais de cidos graxos mega-3. cidos graxos mega-3 so nutrientes essenciais para crianas e podem ajudar a reduzir os riscos tanto de doenas do corao quanto de cncer.

Alguns alimentos de soja so isentos de gordura. Farinha de soja desengordurada no possui gordura, e a quantidade de gordura na protena texturizada de soja insignificante. Tambm so disponveis tofu com teor de gordura reduzido, e leite de soja com teor reduzido ou ausncia de gordura, para consumidores que necessitem diminuir a gordura em suas dietas.

13. CIDOS GRAXOS cidos graxos so cidos carboxlicos alifticos de cadeias longas, encontrados em gorduras e leos naturais. Podem ou no apresentar ligaes duplas entre as molculas de carbono, sendo classificados como saturados (nenhuma ligao dupla) ou insaturados (com ligaes duplas). Os cidos graxos saturados podem ser monoinsaturados (apenas uma ligao dupla) ou poliinsaturados (mais de uma ligao dupla).

cidos graxos saturados: so os mais comuns em nossa dieta. So encontrados principalmente em alimentos de origem animal, tais como carne, ovos e gordura animal, e em leos tropicais (palma e cco). Dietas ricas em gordura saturada so associadas com altos rscos de doenas cardiovasculares e alguns tipos de cncer. O leo de soja considerado um dos mais bem balanceados leos vegetais, com baixo contedo de gordura saturada (em torno de 15%). Os cidos graxos saturados da soja so o cido palmtico e o cido esterico. cidos graxos saturados aumentam o ponto de fuso das gorduras. Por este motivo, gordura animal (rica em cidos graxos saturados) slida, e gordura vegetal (pobre em cidos graxos saturados) lquida a temperatura ambiente.

cidos graxos monoinsaturados: um tipo de cido graxo insaturado, em que a cadeia de tomos de carbono perdeu um tomo de hidrognio, gerando uma ligao dupla ente duas molculas de carbono. So encontrados em leos vegetais, tais como soja, oliva, canola, amendoin. Como conferem estabilidade, leos ricos em cidos graxos monoinsaturados so bons para frituras. O leo de soja contm cerca de 25% de cidos graxos monoinsaturados (cido olico). Quando substituem cidos graxos saturados na dieta, ajudam a baixar o colesterol LDL (mau colesterol) sem alterar o HDL (bom colesterol).

cidos Graxos Poliinsaturados: Um tipo de cido graxo insaturado, cuja cadeia de tomos de carbono perdeu dois ou mais tomos de hidrognio. So encontrados em amndoas e leos vegetais (soja, milho, girassol, oliva, canola) e leo de peixe. O leo de soja possui cerca de 61% de cidos graxos poliinsaturados (cido linolico e cido linolnico). Quando substituem cidos graxos saturados na dieta, ajudam a baixar o colesterol LDL (mau colesterol) sem alterar o HDL (bom

colesterol). O cido linolnico e o cido linolico (cidos graxos poliinsaturados da soja) so dois dos cidos graxos essenciais a dieta humana. cidos graxos essencias so aqueles que necessitam fazer parte da dieta (no so sintetizados pelo organismo). A Organizao Mundial da Sade recomenda que 25% das calorias ingeridas na dieta sejam cidos graxos essenciais. Os cidos graxos insaturados, que correspondem a frao do leo que benfica para a sade, sofrem oxidao em suas ligaes duplas, levando a rancificao ou queda no sabor do leo. Quanto maior o grau de saturao, maior a instabilidade do leo. O cido olico no to estvel quanto os cidos graxos saturados, mas 10 vezes mais estvel do que o cido linolico e 20 vezes mais estvel do que o cido linolnico. Devido a instabilidade dos cidos graxos insaturados (especialmente os poliinsaturados), que correspondem a maior frao do leo de soja, leos destinados a frituras devem ser parcialmente hidrogenados quimicamente durante o processo de beneficiamento, na indstria. A hidrogenao qumica tem como objetivo adicionar tomos de hidrognio s cadeias de cidos graxos insaturadas, reduzindo as duplas ligaes (ou seja, saturando o leo). O objetivo reduzir o cido linolnico para menos de 2%, melhorando a estabilidade e o sabor do leo. leos destinados a saladas e maionese no necessitam hidrogenao qumica. A hidrogenao qumica tambm necessria para obter margarinas no estado slido (a temperatura ambiente). Alm de aumentar o custo de beneficiamento do leo, a hidrogenao qumica ainda produz os chamados cidos graxos trans insaturados. O consumo de cidos graxos trans insaturados est correlacionado com aumento no LDL (mau) colesterol e diminuio no HDL (bom) colesterol. Os resultados de pesquisa associando o consumo de cidos graxos trans insaturados com o aumento no risco de doenas cardiovasculares so controversos. Mesmo assim, os nveis de cidos graxos trans insaturados na dieta geralmente muito baixo, uma vez que esto presentes em pequenos nveis nos alimentos. Existe um concenso entre praticamente todos os profissionais da nutrio, de que a dieta no deva conter mais do que 30% de calorias originrias de gordura. Uma dieta de 2.000 calorias, por exemplo, pode ter 600 calorias obtidas de gordura, o que equivale a 66 gramas de gordura por dia. A estabilidade natural do leo de soja poderia baixar o custo de processamento e melhorar sua qualidade e seu sabor. Por este motivo, programas de melhoramento que visam produzir variedades de soja com melhor qualidade de leo tem entre seus objetivos reduzir a quantidade de cido linolnico para menos de 3%, reduzir a quantidade de cido linolico para cerca de 25%, e aumentar a quantidade de cido olico para cerca de 50% (alm de reduzir a quantidade de cidos graxos saturados, especialmente cido palmtico). Em um futuro breve, ser possvel obter leo de soja com maior estabilidade oxidativa, exigindo muito pouca, ou nenhuma hidrogenao qumica.

14. CIDOS GRAXOS PRESENTES NA SOJA

cido Palmtico (16:0): um cido graxo com 16 molculas de carbono na cadeia, e nenhuma ligao dupla (saturado). Corresponde a cerca de 11% da composio de cidos graxos do leo de soja. um cido graxo saturado muito estvel para frituras. Por ser o cido graxo saturado mais abundante no leo de soja, os programas de melhoramento de soja que objetivam produzir variedades com leo de melhor qualidade procuram obter variedades com menor contedo de cido palmtico.

cido Esterico (18:0): um cido graxo com 18 molculas de carbono na cadeia, e nenhuma ligao dupla (saturado). Corresponde a cerca de 4% da composio de cidos graxos do leo de soja. importante para a fabricao de margarinas (reduz o ponto de fuso).

cido Olico (18:1): um cido graxo com 18 molculas de carbono na cadeia, e uma ligao dupla (monoinsaturado). Corresponde a cerca de 25% da composio de cidos graxos da soja. Confere maior estabilidade ao leo, do que os cidos graxos poliinsaturados. Por resistir a rancificao, um leo rico em cido linolnico confere maior "vida de prateleira" ao leo.

cido Linolico (18:2): um cido graxo com 18 molculas de carbono na cadeia, e duas ligaes duplas (poliinsaturado). um dos cidos graxos essencias, tambm conhecido com cido mega-6. Corresponde a cerca de 54% da composio de cidos graxos da soja. O consumo de cidos graxos poliinsaturados pode diminuir os nveis de lipdios no sangue, e ento diminuir o colesterol.

cido Linolnico (18:3): um cido graxo com 18 molculas de carbono na cadeia, e trs ligaes duplas (poliinsaturado). um dos cidos graxos essencias, tambm conhecido com cido mega-3. Corresponde a cerca de 7% da composio de cidos graxos da soja. A soja um dos poucos vegetais com quantidades nutricionalmente significativas de mega-3.

15. CIDOS GRAXOS TRANS A necessidade de reduzir a quantidade de gordura saturada nos alimentos, especialmente aps as dcadas de 1960 e 1970, levou a indstria alimentcia a utilizar leos parcialmente hidrogenados para substituir a gordura saturada. leos hidrogenados tem tomos de hidrognio adicionados para tornar os leos mais estveis, tanto na forma slida a temperatutra ambiente, como levemente lquidos, mais resistentes a oxidao. Este tipo de gordura saturada quimicamente substitui bem a gordura animal nas mais diversas aplicaes, com a vantagem de no possuir colesterol. Estudos recentes, no entanto, tem apontado possveis efeitos negativos dos cidos graxos trans insaturados, produzidos durante a hidrogenao qumica, para a sade humana. Embora as

pesquisas a respeito apresentem resultados inconclusivos, elas apontam no sentido de que o consumo dos cidos graxos trans insaturados aumentam o LDL (mau) colesterol e diminuem o HDL (bom) colesterol. Mas os resultados no so muito conclusivos em apontar este fato ao aumento do risco de doenas cardiovasculares. Mesmo assim, a quantidade de cidos graxos trans insaturados ingeridos em uma dieta normal muito pequena, e muito menor do que a quantidade de gordura saturada ingerida. Por exemplo, nos Estados Unidos, os cidos graxos trans insaturados representam de 2-4% da dieta mdia dos americanos, enquanto que a gordura saturada corresponde a 12%. O que recomendado pelos nutricionistas, em todos os casos, diminuir o consumo de gorduras em geral. Durante o processo de hidrogenao parcial do leo (leos completamente hidrogenados raramente so usados), os tomos de carbono ligados aos carbonos que fazem parte de uma insaturao (ligao dupla entre duas molculas de carbono) podem mudar de posio (nestes tomos de carbono apenas um tomo de hidrognio se liga). Normalmente, em dois carbonos ligados por uma ligao dupla, os tomos de hidrognio ligam-se do mesmo lado nos dois tomos de carbono (configurao cis). Na configurao trans, um dos tomos de hidrognio passa para a posio oposta, em um dos dois tomos de carbono. Vejamos a configurao: Configurao Cis Configurao Trans

Durante a hidrogenao parcial do leo, quando se adiciona hidrognio para diminuir a insaturao do leo, parte dos cidos graxos cis convertem-se para a configurao trans.

16. COMPONENTES NUTRACUTICOS DA SOJA.

Isoflavonides so fitoestrgenos (estrgenos vegetais) quimicamente muito semelhantes ao estrgeno endgeno (do organismo). So, na realidade, estrgenos fracos, com um poder de 1/1.000 a 1/10.000 do poder dos estrgeno endgeno. Este efeito de "estrgeno fraco" tem sido associado a preveno de vrios tipos de cncer. A soja e seus produtos derivados tem atrado muita ateno pois so as nicas fontes nutricionalmente importantes de isoflavonides.

Os isoflavonides tem sido associados a diversos benefcios sade, tais como: preveno de doenas cardiovasculares, combate ao colesterol, preveno de cncer e osteosporose, e alvio dos sintomas da menopausa, entre outros. Alguns trabalhos de pesquisa tm demonstrado que apenas um copo de leite de soja, ou meio copo de tofu, (que contm cerca de 30-40mg de isoflavonides) so suficientes para exercerem efeitos clnicos. Os isoflavonides so estveis em altas temperaturas, o que faz com que o cozimento ou a fritura no alterem seu contedo, e alterem apenas levemente sua estrutura qumica, o que no altera seu valor nutracutico. A soja em gros contm de 0,4-2,4 mg de isoflavonides por grama de soja, com mdia de 1mg/g. J o tofu e o misso contm de 0,2-0,4mg/g de peso fresco, ou 2-4mg/g de protena. O concentrado protico de soja (que contm 65% de protena), quando obtido por lavagem com lcool (o processo mais comum) contm de 5-20% da quantidade de isoflavonides do que o concentrado protico obtido por lavagem com gua. Por outro lado, farinha de soja e protena texturizada de soja (PTS) so ricos em isoflavonides. O isolado protico (que contm 90% de protena) tem menos isoflavonides do que a farinha e o PTS, mas tambm tem quantidades significativas. Produtos da chamada segunda gerao de alimentos de soja (tais como cachorro-quente de soja e sorvete de soja) possuem pouca quantidade de isoflavonides, pois possuem muitos ingredientes que no so soja. Devido aos seus benefcios sade, os isoflavonides extrados da soja so adicionados tanto a produtos de soja quanto a produtos que no contm soja. Algumas empresas j colocam no rtulo dos seus produtos, o contedo de isoflavonides. Suplementos de isoflavonides tambm so comercializados na forma de cpsulas. Os dois isoflavonides primrios da soja so Genistena e Daidzena.

16.1. GENISTENAS Uma isoflavona, a genistena, tem recebido especial ateno. Quando adicionado genistena em clulas cancerosas vivas, em tubos de ensaio no laboratrio, elas param de crescer. Mais de 100 estudos em uma variedade de clulas cancerosas tem demonstrado a efetividade da genistena. A genistena age contra o cncer de diversas maneiras, algumas similares as drogas qumicas. Por exemplo, cientstas acreditam que certas enzimas no corpo convertem clulas normais em clulas cancerosas. Alguns grupos de drogas para o combate ao cncer simplesmente inibem estas enzimas. Em clulas cancerosas, genistenas tem demosntrado agir da mesma forma.

As genistenas agem tambm contra cnceres que dependem de hormnios para crescer, tais como cncer de prstata e de seio. As genistenas interferem com este hormnios, inibindo o desenvolvimento de clulas cancerosas e de tumores. Algumas pesquisas tem indicado que genistenas interferem com o processo pelo qual os tumores recebem nutrientes e oxignio. Pesquisadores da Universidade de Minnessota, nos Estados Unidos, ligaram genistenas a anticorpos e injetaram em gatos com leucemia. Todos estes gatos sobreviveram, enquanto que os gatos do grupo que no recebeu genistena morreram dentro de trs meses.

16.2. DIDZENAS

As daidzenas, o segundo principal isoflavonide da soja, embora menos estudado do que as genistenas, tambm tem sido associado a preveno de cnceres. Para as plantas de soja, os isoflavonides agem como fitoalexinas (substncias formadas pelo tecido hospedeiro em resposta a um estmulo fisiolgico, agente infeccioso ou seus produtos), aumentando seus nveis para inibir o crescimento microbiano. Os isoflavonides possuem propriedades anti-fngicas, anti-bacterianas, anti-oxidantes, etc. que aumentam a sobrevivncia das plantas de soja. Por essa razo, a concentrao de isoflavonides aumenta em condies de estresse no desenvolvimento da soja. Uma das principais funes dos isoflavonides na soja estimular a nodulao por Rhizobium.

17. BENEFCIOS DA SOJA PARA A SADE

A soja considerada um alimento funcional porque alm de funes nutricionais bsicas, produz efeitos benficos sade, reduzindo os riscos de algumas doenas crnicas e degenerativas. rica em protenas de boa qualidade, possui cidos graxos poliinsaturados e compostos fitoqumicos como: isoflavonas, saponinas, fitatos, dentre outros. Tambm uma excelente fonte de minerais como: cobre, ferro, fsforo, potssio, magnsio, mangans e vitaminas do complexo B. Os efeitos fitoterpicos da soja foram identificados por pesquisadores que observaram que em pases do Oriente, onde a populao consome grandes quantidades de soja e derivados, a incidncias de alguns tipos de cncer como: mama, colo de tero e prstata, bem como das doenas cardiovasculares muito menor do que em pases do Ocidente. Pesquisas constataram que a diferena estava na dieta alimentar dos orientais, que rica em soja e seus subprodutos.

As pesquisas tm demonstrado que as isoflavonas da soja reduzem os riscos de alguns tipos de cncer, como: mama, colo do tero e prstata. Tambm so recomendadas na tenso pr-mestrual, no alvio dos sintomas indesejveis da menopausa e na preveno da osteoporose. O FDA, rgo que regulamenta a produo de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, recomenda a ingesto diria de 25g de protena de soja, que corresponde aproximadamente 60g de gros de soja, para o controle dos nveis de colesterol e triglicrides reduzindo, assim, os riscos de enfarto, trombose, aterosclerose e acidentes vasculares cerebrais (AVC). 17.1. SOJA NA PREVENO DO CNCER Cncer o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenas que tm em comum o crescimento desordenado de clulas que invadem tecidos e rgos, podendo espalhar-se (metstase) para outros rgos. Dividindo-se de maneira incontrolada, essas clulas determinam a formao de tumores ou neoplasias malignas. As causas do cncer podem ser externas ou internas ao organismo, estando ambas interrelacionadas. As causas internas so, na maioria das vezes, determinadas geneticamente e esto ligadas capacidade do organismo de se defender das agresses externas. Do total de casos, 80% a 90% dos cnceres esto associados a fatores ambientais. Alguns deles so bem conhecidos: o cigarro pode causar cncer de pulmo, a exposio excessiva ao sol pode causar cncer de pele e alguns vrus podem causar leucemia. Outros fatores ainda esto em estudo, tais como alguns componentes alimentares. Estudos realizados no Japo e na China, pases cujas populaes utilizam regularmente a soja em sua dieta alimentar, mostraram reduzidos ndices de doenas coronrias, de cncer de mama e de prstata, quando comparados aos dos pases onde a soja pouco utilizada na alimentao humana. Entretanto, constatou-se que nos descendentes de japoneses, que emigraram para o Ocidente e, conseqentemente, adotaram novos hbitos alimentares onde a soja no est presente, o ndice de cncer nas geraes subseqentes se igualava aos ndices da populao dos pases para onde emigraram. A partir dessas observaes, vrios estudos foram realizados sobre os possveis efeitos da soja na preveno de alguns tipos de cncer, principalmente, aqueles relacionados com deficincia hormonal, como cncer de mama, de colo de tero e de prstata. Alm desses, a soja possui efeitos benficos nos cnceres de bexiga, intestino de clon, dentre outros. As isoflavonas so apontadas como os principais compostos presentes na soja capazes de prevenir o aparecimento de vrios tipos de cncer. Alm das isoflavonas, outras substncias, tambm presentes nos gros de soja, auxiliam na preveno e no controle de alguns tipos de cncer. Dentre esses compostos, esto os inibidores de proteases (inibidores de tripsina), as saponinas e o aminocido metionina.

A eficcia da soja na preveno e no tratamento do cncer depende do tipo de cncer, do agente causal e da fase de desenvolvimento da doena. Alm disso, possvel haver variaes na eficcia da resposta, em funo das caractersticas do paciente. Apesar das evidncias dos benefcios da soja na preveno e no controle do cncer, a comunidade cientfica ainda no conseguiu estabelecer claramente os mecanismos fisiolgicos de atuao e ao preventiva dos compostos da soja. Os estudos a respeito dos efeitos protetores dos compostos presentes na soja em relao ao cncer so relativamente recentes. Para se estabelecer o efeito de qualquer alimento na preveno e no controle de doenas, so necessrios vrios anos de pesquisa. Entretanto, j foram encontrados resultados significativos em experimentos com animais que ingerira uma dieta com soja ou seus derivados. Em alguns estudos, a ingesto da soja, aliada ao tratamento mdico, promoveu 100% de proteo contra o surgimento de tumores de mama em ratas submetidas a agentes carcinognicos. Em doenas crnicas, a preveno o melhor tratamento. A ingesto diria da soja e seus derivados, auxilia nessa preveno. 17.2. SOJA NA PREVENO DAS DOENAS CARDIOVASCULARES Nas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Europa e Japo concluiu-se que as protenas de origem vegetal so mais benficas sade do que as de origem animal. Atuam diminuindo o colesterol sangneo total e o LDL-colesterol, popularmente conhecido como mau" colesterol. A soja apresenta uma srie de vantagensem relao s outras fontes de protena vegetal. Possui elevado teor de protenas (38% a 42%) de baixo custo e de excelente qualidade, como tambm as isoflavonas, que auxiliam na reduo do colesterol sangneo. A ingesto diria de 25 g de protena da soja reduz acentuadamente o colesterol total num perodo de, aproximadamente, trs semanas. Essa ingesto diria de protenas da soja pode reduzir em at 30% os nveis do chamado "mau" colesterol (LDL), ao mesmo tempo em que ocorre um estmulo para a produo do "bom" colesterol (HDL). A reduo pode ocorrer pelo aumento da excreo de sais biliares pelas fezes, principal forma de eliminao do colesterol, ou pelo aumento no metabolismo do colesterol, para compensar o aumento na eliminao de sais biliares. Alm disso, o consumo de soja diminui a relao insulina glucagon, hormnios que esto envolvidos no metabolismo do colesterol. A Federao Mundial de Cardiologia confirma que o consumo dirio de 25 gramas de protena de soja faz bem ao corao, controlando os nveis de colesterol e, assim, prevenindo doenas crnicas. A soja tambm fonte de cidos graxos essenciais que, aliados s isoflavonas, atuam de maneira protetora sobre a camada interna que recobre as artrias, prevenindo a arteriosclerose e a trombose, que so processos de obstruo das artrias.

17.3. SOJA NA PREVENO DA TENSO PR-MENSTRUAL E DO CLIMATRIO Calor, sudorese, pele seca, podendo at surgir a osteoporose. Como as isoflavonas so estruturalmente semelhantes ao estrgeno, ligam-se aos receptores estrognicos das clulas evitando o surgimento dos sintomas indesejveis da tenso pr-menstrual e do climatrio. As isoflavonas, atuando como hormnios, apresentam a vantagem de no causar efeitos colaterais, como aqueles observados em pacientes usurios de hormnios sintticos. Apesar da semelhana com o estrgeno sinttico, a atividade das isoflavonas cerca de 100 mil vezes mais fraca do que a atividade destes. Estudos coordenados pelo ginecologista Kyung Koo Han e a equipe da Disciplina de Ginecologia e Climatrio da Escola Paulista de Medicina da Univer-sidade Federal de So Paulo, com o apoio da Embrapa Soja, revelaram efeitos benficos das isoflavonas, presentes na soja, nas pacientes em fases de meno-pausa e ps-menopausa. Neste estudo, 80 mulheres que apresentavam sintomas clnicos e laboratoriais de climatrio foram subdivididas em dois grupos de 40 pacientes cada, onde o primeiro recebeu doses dirias de 100 mg de isoflavonas e o segundo recebeu apenas placebo. Avaliaes clnicas em 80% das mulheres do primeiro grupo mostraram melhoras nos sintomas indesejveis da menopausa, enquanto que, no segundo grupo que recebeu o placebo, apenas 12,5% das mulheres apresentaram resultados positivos. Os nveis de colesterol sangneo tambm diminuiram em 35 pacientes do primeiro grupo, o que corresponde a 87,5%, enquanto no segundo grupo essa diminuio foi de apenas 32,5%, com conseqente aumento do HDL e reduo do LDL. 17.4. SOJA NA PREVENO DA OSTEOPOROSE A osteoporose a diminuio da quantidade de massa ssea no corpo, enfraquecendo os ossos, possibilitando sua quebra. Anualmente, as mulheres perdem de 0,3% a 0,5% de massa ssea e nos primeiros anos da menopausa chegam a perder at 3% de massa ssea por ano. Os nveis de estrgeno no sangue diminuem acentuadamente aps a menopausa, aumentando assim, o risco da mulher desenvolver a osteoporose. A administrao de hormnios sintticos ou das isoflavonas, presentes na soja, bem como de clcio, ajudam na preveno da Osteoporose. Alm da reposio hormonal, exerccios fsicos, como correr, andar, nadar, e alongamento auxiliam na preveno e cura dessa doena. A alimentao tambm importante, assim sendo, a ingesto de alimentos ricos em clcio, como as verduras, o leite e seus derivados, e a soja, auxiliam na preveno da osteoporose. O contedo de clcio na soja superior aquele encontrado em outras sementes, apesar da presena de fitatos e oxalatos, que interferem na biodisponibilidade desse mineral. Uma poro de tofu ou "queijo" de soja, que produzido a partir do "leite" de soja coagulado com sais de clcio (cloreto de clcio e/ou sulfato de clcio) fornece a mesma quantidade de clcio biodisponvel do que quela contida em um copo de leite de vaca.