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ESTUDO BÁSICO RELIGIOSO
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
CONSIDERAÇÕES SOBRE A UMBANDA
"O nome de Umbanda, que foi dado a um vigoroso movimento de luz, ordenado
pelo Astral Superior, através dos Caboclos e Pretos Velhos, é termo litúrgico, sagrado,
vibrado, que significa num sentido mais profundo, o conjunto das leis de Deus."
W. W. da Matta e Silva
"A doutrina da Umbanda é um sistema religioso inspirado nas leis divinas. Sua
interpretação é feita pelos Guias Espirituais que a transmitem por via das
comunicações mediúnicas. A lógica, a justiça e a razão são as bases dos conceitos
emitidos pelas Entidades em torno de tudo o que nos rodeia na vida terrena. A doutrina
umbandista é uma via de reformação humana, de espiritualização autêntica para
transformar em realidade o almejado sonho de fraternidade entre os homens. Não é
falsa asserção, pois é notório o resultado obtido com a doutrina ininterruptamente feita
pelos espíritos missionários que se apresentam como Pretos Velhos ou Caboclos".
João de Freitas
“Não cobrar, não matar, usar o branco, evangelizar e utilizar as forças da
natureza - eis a Umbanda".
Moab Caldas
“Os conceitos emitidos através da mediunidade de Zélio de Moraes
determinaram uma linha de trabalho que será, mais hoje, mais amanhã, aquela que
definirá os rumos verdadeiros da Umbanda".
Floriano Manoel da Fonseca
"Estamos vivendo uma religião para o futuro e não para o momento presente; o
conteúdo doutrinário e a orientação filosófica devem ser estudados e apreciados de
modo seguro e preciso, porque o proselitismo é o meio visado para propagar as idéias
e estas devem estar desenvolvidas, permitindo o raciocínio em função da época
científica em que vivemos. Umbanda é o ponto de convergência ritual na fusão de raças
e crenças, como processo evolutivo num sentido de espiritualização. É o resultado da
evolução do polissincretismo religioso existente no Brasil, no qual influíram motivações
diversas, inclusive de ordem social, originando um novo culto de feição brasileira, num
aspecto de síntese para o futuro. Estratificadas as bases reais e concretas, caminhando
para uma definição ritual e litúrgica, será, como qualquer religião, sublime em seus
postulados, edificante em seus princípios, respeitável em seus propósitos, reconfortante
para os sofredores, compreensiva com os pecadores e justa em suas leis". "A Umbanda,
esteira de luz a iluminar os filhos de Deus nos caminhos das trevas, chama a si todas as
doutrinas evolucionistas que proclamam o Amor Universal, a imortalidade da alma e a
vida futura, consagrando-se como verdadeira religião de caráter nacional".
J. Alves de Oliveira
“Se a nossa missão é Umbanda, nosso dever primordial é cultuá-la com
absoluta convicção, respeitando seus princípios, estudando seus fundamentos a fim de
compreender os seus fins. Respeitemos as outras crenças, as deixamos a cargo
daqueles que a praticam. Não é certo misturar crenças e rituais. Estudemos a
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Umbanda, pura, simples e bela, para que possamos praticá-la conscientemente,
elevando-a ao nível que merece. “Umbanda é religião e ciência admirável, que
apaixona quem a ela se dedica”.
Atila Nunes
“Religião de raízes antiqüíssimas, cujas origens remontam a eras anteriores ao
Cristianismo, sua liturgia encontra-se a cada passo do Velho e do Novo Testamento,
nos templos do Egito e da Índia e na própria Igreja Católica. Por mais remota que seja
uma religião, nela encontraremos os vestígios da Umbanda, ou seja, sob outro ponto de
vista, de cada uma delas a Umbanda dos nossos dias colheu uma contribuição para
consolidar a sua própria liturgia. Mas assim como a velha religião mosaica, à qual
pertenciam os homens que falavam face a face com o próprio Deus, teve de ser
expurgada por Jesus de todo rito impuro, a Umbanda deixou para trás a seita que os
cientistas classificavam de animismo fetichista e, libertada dos rituais complexos,
pesados e, por vezes, contrários às normas de bondade, caridade e perdão, passou a
ser o caminho mais simples e acessível para o homem se aproximar do Criador".
José Álvares Pessoa
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MENSAGEM AOS MÉDIUNS DE UMBANDA
"Por ser atributo do ser espiritual a mediunidade é faculdade que o acompanhará
onde quer que este se encontre. O médium não só o é nos dias e instantes que antecedem
o fenômeno durante as sessões de um terreiro – essa condição se faz presente vida a
fora, dia-a-dia. Muitos filhos se esquecem dessa particularidade e quando saem do
terreiro não se lembram dos ensinamentos repassados pelas entidades. Se um médium é
dócil, gentil, educado, fraterno em suas atitudes não o deixará de ser após as sessões; da
mesma forma que se a hostilidade lhe molda a personalidade em seu cotidiano, essa
característica apresentar-se-á na sua conduta como médium, muito embora conte com
toda amorosidade, disciplina e seriedade de sua Banda. É comum vermos na lida diária
a despreocupação dos médiuns em cultivar a serenidade, a paz interior e a gentileza
natural. E aí o que acontece?
Acontece que muitas entidades que lhe seguiram os passos após a sessão,
precisando de seus exemplos no bem, a fim de entenderem o significado da palavra
caridade de forma materializada, verão ruir por terra toda aquela aparência de bom
moço e então na próxima sessão o médium chegará ao terreiro não se sentindo bem e
normalmente alegará que está com algum "encosto" a lhe perturbar e que precisa de
ajuda da corrente, pois na última semana nada em sua vida deu certo. Também pudera!
Esqueceu que seu compromisso não é só no terreiro e se permitiu envolver com energias
densas em ambientes não tão saudáveis a sua manutenção de bem-estar. E o que é pior:
ainda fala que a culpa foi de seu Exu ou de sua Pomba Gira que não o protegeu! Como
coisa que sejamos babás de plantão e não tenhamos serviços a executar. Há ainda alguns
que dizem: "mas eu faço tudo certinho tomo meus banhos, acendo minhas velas, firmo
minha Banda e só vivo atrapalhado!"
Afirmamos que assim esse médium continuará até que perceba que a Umbanda
faz caridade e não milagres! Que a Umbanda mostra o roteiro, porém quem tem que
trilhar são os filhos. Que nela não há facilitações muito embora não existam
impossibilidades – desde que se queira melhorar – afinal de contas por que vocês
médiuns estão na Terra em um corpo físico? Já pararam para pensar nisso? Não pensem
vocês que estou querendo colocá-los numa postura de santidade. De forma alguma! Pois
lugar de Santo é no Céu e lá a lotação já está pra lá de esgotada ou então em oratório. Só
estou querendo mostrar que nada passa despercebido à lei do Todo Poderoso e que não
adianta colocar máscara de bonzinho porque com o tempo essas se desfazem. Não
passem a culpa de seus mal-estares às entidades. Não coloquem vossas
responsabilidades em nossos ombros e façam a vossa parte, porque a nossa já o
fazemos. Ou vocês duvidam disso?
E então meu filho em qual Encruzilhada iremos nos encontrar? Em qual delas
vou te buscar? Saravá aos filhos dessa Banda!”
Autoria Espiritual: Maria Padilha das 7 Encruzilhadas
Transcritor: Mãe Luzia Nascimento
Local: Centro Espiritualista Luz de Aruanda
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POR QUE DEVEMOS ESTUDAR A UMBANDA?
Sabemos que cada terreiro de Umbanda tem seus fundamentos, sua direção, sua
liderança, seus princípios, sua história e suas particularidades tanto quanto nos rituais de
culto quanto nas doutrinas professadas. Sabemos também que não existe uma doutrina
única da Umbanda, mas podemos afirmar que ela tem suas raízes fundamentadas nos
cultos de nação, indígena, espírita e cristão, abrindo assim um leque de diversidades
onde se justificam todas essas diferenças. Então, devemos começar por respeitar essas
diferenças, pois para entendermos essas particularidades se faz necessário um estudo
detalhado das origens de cada casa. Hoje com o avanço da ciência e da tecnologia, o
homem mudou muito seus conceitos em relação ao mundo onde vive, sobre si mesmo e
o sobrenatural. Podemos ao simples toque de uma tecla, acessar vários materiais
divulgados nos diversos meios de mídias, onde vemos cada vez mais exposto as
particularidades de cada terreiro.
A facilidade a esse conteúdo, muita das vezes, faz com que um terreiro acabe,
mesmo que subjetivamente, influenciando um ao outro, havendo assim uma troca de
experiências e de conhecimentos, o que de certo modo vem sendo muito importante
para o crescimento da Umbanda. Esse diálogo através da mídia vem se fundamentando
cada vez mais, tornando-se raros os grupos que se fecham não procurando estudar e
aprender com essas diversidades. Acreditamos que através desse diálogo e de um debate
aberto, se possa chegar a um consenso quanto a Doutrina da Umbanda e o respeito
mútuo entre seus praticantes. Os dirigentes de terreiros, que ainda não o fazem,
deveriam começar a dar a devida importância também aos estudos doutrinários, para
que o novo adepto tenha uma base sólida e bem desenvolvida, assim ele próprio poderá
discernir quanto o que é "certo" e o dito ”errado”. Sem esse estudo, o adepto ficará sem
fundamentos, sem bases, o que alimentará ainda mais a ignorância e discórdia entre os
umbandistas. Em muitos terreiros ainda não existe um estudo teórico e fundamentado da
religião. O que impera, infelizmente, é que este estudo é desnecessário e que devemos
apenas seguir as orientações recebidas dentro do terreiro, essas que em sua maioria são
somente práticas, onde o adepto aprende através da vivência e da observação no dia-a-
dia de seus trabalhos na casa, ou conversando e tirando suas dúvidas com os outros
filhos do terreiro. Não se permite também, de forma alguma, que um médium visite
outro terreiro, justificado muita das vezes, pelo dirigente, pelas demandas que
enfrentarão. Assim vemos muitos terreiros ainda fechados a preceitos antigos.
Deixamos claro aqui que até concordamos em parte com essa proibição, quando é pela
falta de preparo do médium e/ou por ele ainda está em fase de desenvolvimento. Por
isso se faz necessário o estudo aprofundado da Doutrina Umbandista, não como
imposição, mas como um diálogo aberto. O adepto deve sim seguir as orientações da
casa, seus fundamentos, mas nada impede que ele como forma de estudo pesquise todas
as correntes, suas literaturas e rituais. Essa pesquisa deve ser vista como forma de
enriquecimento do saber, o que certamente servirá para agregar valores aos
fundamentos do médium e da própria casa.
Vemos, na maioria das vezes, a Umbanda sendo abordada em debates por dois
aspectos: Razão e Emoção. Quando é abordada pela Emoção utilizam-se a fé e a
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afinidade de pensamentos, se fechando assim a outras abordagens e explicações tanto
para os fenômenos quanto para os rituais. Por outro lado quando ela é abordada pela
Razão se utilizam somente do conceito lógico e científico para buscar essas explicações.
As duas formas são necessárias, mas se levadas ao extremo podem acarretar grandes
problemas. Por exemplo: quando nos deixamos levar somente pela Emoção, agimos de
forma cega e não admitimos ser contrariados, nos fechando a um fundamento e isto é
suficiente. O grande perigo é a proliferação do fanatismo religioso, onde pela ignorância
podemos ser levados ao erro, e só fazemos isso ou aquilo quando o dirigente ou o
mentor da casa disser para fazer. Em prática, isso nos leva ao ostracismo, a obtusação e
a nos tornar marionetes ou meros fantoches nas mãos de pretensos sábios e donos da
verdade. Mas também pode ser muito perigoso agirmos somente com a Razão, levando
em consideração somente a lógica, o pensamento científico e a pesquisa aprofundada na
busca de uma explicação dos assuntos, pois levada ao extremo, nos tornará materialistas
e pretensos donos da verdade. É preciso então, procurar um ponto de equilíbrio entre
ambas, Razão e Emoção, sempre buscando, com bom senso, as explicações e
fundamentos com a cabeça aberta ao diálogo e ao novo.
A Doutrina da Umbanda deve ser baseada nesse equilíbrio, facilitando o
conhecimento dos temas abordados e solidificando a cada dia seus fundamentos. Não
devemos estudar a Umbanda sem levar em consideração todas as suas raízes, nos
limitando somente a prática da incorporação mediúnica, muito menos perder tempo
discutindo os rituais utilizados por este ou aquele terreiro. Devemos deixar esta questão
para outro estagio e nos aprofundarmos nas suas origens para assim construirmos
convicções sólidas baseadas na verdade, no amor e na caridade, pois só assim veremos
os rituais se modificando por si próprios.
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RELIGIÃO
QUE É E O PORQUÊ DAS DIFERENTES PRÁTICAS E RITUAIS
Sabendo que as práticas e rituais das diversas seitas e religiões existentes são
completamente diferentes, nos pegamos com as seguintes questões:
Os evangélicos? Os espíritas? Os umbandistas? Os candomblecistas?
Quem de nós ainda não se fez uma dessas perguntas um dia? Afinal, qual
seguimento religioso é o mais correto? Podemos afirmar que, mesmo dentro dos
templos de uma mesma religião, sempre há diversidades em suas práticas e rituais. Para
entendermos um pouco o porquê dessas diferenças começaremos explicando o que é
“RELIGIÃO”. Dentro do que se define como religião podemos encontrar muitas
crenças e filosofias diferentes entre si, porém ainda assim é possível estabelecer uma
característica em comum entre todas elas, que é o fato de todas possuírem um sistema
em crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades ou deuses, e que
também costumam possuir relatos sobre a origem do universo, da terra, do homem e
sobre o que acontece após a morte. A idéia de religião, com muita freqüência,
contempla que essas divindades ou seres superiores, que geralmente pertencem a um
sistema hierárquico, teriam influência e o poder de determinação no destino do ser
humano.
Eles são conhecidos como anjos, demônios, elementais, deuses e semideuses.
Outras definições mais amplas dispensam a idéia dessas divindades e focalizam suas
doutrinas nos papéis de desenvolvimento de valores morais, de códigos de conduta e no
senso cooperativo em uma comunidade. Buscando mais a fundo, veremos que religião
pode ser definida como um conjunto de crenças naquilo que conhecemos como
sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e
códigos morais que derivam dessas mesmas crenças. Sendo assim, podemos determinar
que Religião é a religação, pouco importando por que caminhos sejam da criação, o ser,
com suas raízes criadoras. Então, desde que um grupo qualquer, em qualquer lugar do
mundo, esteja trabalhando para alcançar novos níveis de conhecimentos com práticas
que os levem na direção do Criador, não importando a doutrina que seguir, ele estará
praticando Religião. Por outro lado, se as práticas e rituais do grupo visam muito mais a
busca dos valores materiais que dos espirituais, a prática deixa de ser considerada
Religião, pois não procura a religação da criação com seu Criador e sim da criatura com
a matéria. Visto por esse lado, podemos afirmar que todas as reuniões e cultos, sejam
elas Espíritas, de Umbanda, os Cultos de Nação Africana, os Cultos Evangélicos, ou as
missas Católicas, podem ser consideradas Religião desde que cumpram o objetivo de
tentar religar seus adeptos ao Poder Criador, ou a Energia Criadora, ou simplesmente
DEUS. Nessa busca por Deus, são várias as doutrinas ou cartilhas que podem ser
adotadas, mas sejam elas quais forem deverão sempre conduzir seu seguidor através de
praticas e rituais que o elevem a níveis superiores de consciência, pois somente através
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da elevação da consciência ele estará no caminho de encontrar-se com seu CRIADOR
ou seu DEUS.
Podemos observar, por essa seqüência lógica, que não basta estarmos reunidos e
falando de Deus, qualquer que seja o nome que Lhe queira dar, que estaremos
praticando religião. Há algo muito mais profundo no sentido dessa palavra, que
infelizmente é esquecido por muitos: só estaremos realmente praticando religião quando
nos predispusermos a "sair de dentro de nossa casca" e abrirmos nossos corações para o
mundo buscando, seja lá por que caminhos escolhermos, nossa elevação e se possível a
de outros seres com menos compreensão. Isso explica porque a maioria das religiões
prega tanto a chamada CARIDADE, que na sua essência não deixa de ser uma prática
onde a pessoa se esquece de seu "mundinho", por alguns instantes que seja no sentido
de fazer um bem ao outro.
E só pelo fato de se desprender de suas atribulações e agir com amor ao próximo
por alguns instantes já faz com que naqueles breves momentos esteja se religando. É
importante que se diga, no entanto, que se a caridade não for feita de boa vontade, com
a verdadeira intenção de auxílio e com o conseqüente desprendimento de si mesmo, ela
não estará funcionando como religação ou religião. É o caso daqueles que acham que,
por darem esmolas nas ruas comprarão o afeto de DEUS, mas na verdade estarão é
acostumando o ser ali presente ao dinheiro fácil. Caridade fizesse, se o levassem lhe
dessem bons tratos e orientação para que encontrasse seu caminho na vida. A verdadeira
caridade é aquela que dá a vara de pescar e, com amor, ensina seu uso.
Dar o peixe saciaria a fome momentaneamente, mas o aprendizado do uso da
vara dará ao aflito a condição de conseguir, após a aprendizagem de seu uso, muitos
outros peixes com o que se alimentará. Já em relação às práticas e rituais utilizados
pelos diferentes grupos ditos religiosos, podemos dizer que essas diversidades
acontecem mais pela interpretação que os dirigentes de cada templo dão aos
ensinamentos que lhe foram passados por quem lhes ensinou a doutrina que professam,
e ainda continuam sendo passados intuitivamente por seu acompanhamento espiritual. É
isso mesmo! Não é porque o dirigente não é espírita que não recebe parte de seu
aprendizado de entidades espirituais, a esses ensinamentos eles dão às vezes o nome de
"sopro divino" ou dizem que foi por "inspiração do espírito santo". O que importa
realmente é sabermos que mesmo que leiam e preguem pela mesma cartilha, você
sempre observará, devido a essa interpretação do dirigente, variações nos cultos e
missas, mesmo nos templos da mesma religião.
Veja só como exemplo os Cultos Cristãos, seja ele Católico ou Protestante, se
eles que têm como livro de consulta padrão apenas um, a Bíblia, variam seus cultos,
como é que religiosos de outras linhas, que não têm um livro padrão por onde se
guiarem podem executar rituais exatamente iguais? Agora em se tratando de grupos
espíritas ou espiritualistas, essa diferença acaba sendo ainda maior, pois eles têm um
contato mais efetivo com entidades astrais, que os transmitem com muito mais
freqüência esses ensinamentos e normalmente adaptados à condição de cada grupo de
trabalho, ou pela interpretação do mediador ou pelo grau de evolução da entidade que o
estiver passando.
Agora já dá para respondermos as questões do início deste tema. Sendo simples
a resposta a elas: TODOS ESTARÃO CORRETOS ENQUANTO SUAS PRÁTICAS E
RITUAIS ESTIVEREM DIRECIONANDO SEUS ADEPTOS A RELIGAÇÃO COM
SEU CRIADOR. Já os Rituais, na verdade, são meramente protocolos e rotinas criados
ou intuídos pelos Dirigentes, que visam colocar os adeptos em sintonia com o ambiente
e conseqüentemente com a “agrégora” local.
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Para se começar qualquer tipo de reunião religiosa, seja em que grupo for
sempre há, primeiramente, um ritual de preparação que pode ser desde o mais simples
até os mais complexos, onde são inseridos diversos artifícios como: cânticos,
defumações, pregações, orações e palestras. Se em qualquer um dos casos o Dirigente
conseguir fazer com que representantes e assistentes entrem em sintonia com as
vibrações que se pretende buscar, então o ritual cumpriu o seu papel e poderá ser
considerado correto para aquele fim. Então se você quiser classificar em níveis de
correção um determinado ritual será preciso verificar o quanto esse ritual cumpriu seu
objetivo, o que poderá ser percebido pela força da agrégora que vai se formando, se
você for um médium vidente, ou no nível de participação de todos os presentes, pois
quando há respeito, atenção e participação ativa de todos certamente a egrégora é forte e
o objetivo pôde ser alcançado. Encarando por esse ângulo você poderá, até dentro de um
mesmo grupo, classificar o ritual utilizado ora como mais correto ora como menos
correto.
Observemos agora, o que normalmente acontece em um Terreiro de Umbanda:
Primeiro abrem-se os trabalhos com os rituais próprios de cada casa: firmeza de velas
para as entidades guias do terreiro, pontos de defumação, defumação, às vezes algumas
orações; começam então os cânticos ou pontos de chamada para as entidades dirigentes,
as saudações aos Orixás; até aí tudo bem, todos participando e atentos.
Então, passando essa “abertura” começam os cânticos para a chegada das
entidades de trabalho e a partir daí é que a seção começa se tornar um "deus nos acuda",
porque geralmente a assistência vira platéia e quem antes estava atento, normalmente
pela curiosidade, começa a disputar melhor ângulo de visão; ou a conversar com o
vizinho ressaltando esse ou aquele caso em que esteve envolvido; ou julgando os
melhores e piores médiuns ali presentes, isso quando não podem sair do ambiente e ir lá
para fora falar dos mais variados assuntos, nada relacionados aos trabalhos que estão
sendo realizados.
Pois bem, qual é a conseqüência disto no plano astral:
1º. A egrégora, por mais bem feita que tenha sido no início, antes mesmo de
conseguir atrair uma boa quantidade de energia de igual teor começa a desmontar. Se o
corpo mediúnico permanecer em estado de concentração, a energia ou corrente de
energia se centralizará sobre eles e se nutrirá das energias que eles gerarem, causando
um desgaste desnecessário;
2º. Havendo pessoas realmente necessitadas na assistência, ao serem atendidas,
servirão como "ralos" por onde se escoará toda a energia do ambiente, que por sua vez,
para que se mantenha em um nível aceitável, deverá ser constantemente revitalizada
pelo esforço desses mesmos médiuns, causando mais desgaste;
3º. Não raramente, podemos observar também, no comportamento dos próprios
médiuns e cambônos e apoiadores atitudes semelhantes às dos assistentes quando,
estando ali incorporada a entidade chefe ou algumas entidades, os que não estão
atuando, incorporados ou auxiliando, acham-se no direito de conversarem entre si ou
com a assistência, quando não ficam "de orelha em pé" para poderem escutar o que uma
entidade está falando para um consulente. Nesse caso, o foco de energia ambiental
diminui ainda mais em quantidade e qualidade sendo que o pouco que é gerado, o é
apenas por aqueles que estão ativos, incorporados ou auxiliando.
Agora preste atenção em seu grupo. Veja se durante todo o tempo de reunião
todos estão atentos e com suas mentes realmente voltadas para o sucesso dos trabalhos.
E aí o que constatou? Se você ou seu grupo se encaixa nas citações acima, comece então
fazendo sua parte, mude sua postura e seus atos, não é porque você não é um médium
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de incorporação, que não é importante para o desenvolvimento dos trabalhos, você
também é um doador de energia. Também não adianta ser hipócrita e "deixar a coisa
rolar", achando que não é sua obrigação, ou que isso é responsabilidade do Dirigente, ou
“que se o fulano faz, eu também posso fazer”, pois certamente mais cedo ou mais tarde
os problemas começarão a acontecer em decorrência dessa sobrecarga. Mas que
problemas? Os mais diversos, sendo que quase sempre começam pelo abalo da saúde
física e às vezes até mental de certos médiuns, passando pelas dificuldades financeiras,
problemas familiares e outros mais, sem que para isso tenha necessariamente havido
ação de qualquer entidade malfeitora.
Bastando que haja por algum tempo um desequilíbrio entre dar e receber
energias positivas para que a absorção de energias de baixo teor se faça e atraia consigo
os mais diversos tipos de problemas. Você duvida disso? A lei mais importante para os
que lidam com a manipulação desse tipo de energia é A LEI DAS AFINIDADES, que
diz: "OS IGUAIS SE ATRAEM". E ao se imantarem com energias negativas, seja pela
sobrecarga gerada em uma seção ou pela sua conduta moral, os médiuns passam a ser,
cada vez mais, focos de atração também para Entidades do Baixo-Astral, que
sintonizam bem com essas energias e vão logo aproximando e aproveitando a
oportunidade para aumentarem seu sofrimento.
Aí logo nos perguntamos: Onde estão os Protetores? Onde estão os Guias? Eles
não deveriam fazer alguma coisa? Mas quem disse que não fazem, ou pelo menos não
tentam fazer. É preciso que fique bem claro que os processos de deterioração na vida de
um médium, ou de qualquer pessoa, não acontecem da noite para o dia e até que se
estabeleça essa deterioração, tenha certeza de que muitos avisos são dados, isso é claro,
quando há entidades verdadeiramente positivas atuando junto ao grupo.
Se um grupo, no entanto não é disciplinado e principalmente não sabe ou não
quer passar aos assistentes a necessidade dessa disciplina, fatalmente correrá o risco de
amanhã estar envolvido com os mesmos problemas daqueles que hoje os procuram para
pedir ajuda. Então, para uma participação efetiva em qualquer ritual religioso é preciso
que o conceito de DISCIPLINA esteja vivo na consciência de todos. Devemos parar de
cometer um mundo de insanidades e começar a assumir as besteiras que fazemos antes
de sair pondo a culpa por tudo que acontece em nossas vidas na Religião ou na
espiritualidade.
E você se for uma pessoa consciente e de bons princípios, como umbandista ou
praticante de qualquer outra corrente espiritualista, tem a obrigação de ser pelo menos
honesto aos seus princípios e procurar fazer sua parte. Não devemos também ficar
combatendo e atacando, mesmo que por defesa, essa ou aquela religião, pois não é com
combate a outros grupos religiosos que vamos fazer da nossa Umbanda, ou qualquer
outra religião, um exemplo a ser seguido. Muito pelo contrário, se nós umbandistas, ou
os espíritas, ou militantes dos Cultos de Nação, pretendemos ver nossos "santuários e
doutrinas" respeitados, devemos começar primeiramente respeitando nós mesmos
nossas próprias doutrinas, estudando-as e praticando-as honestamente. Não seria, de
forma alguma, combatendo grupos e doutrinas que se faria vigorar a nossa como a dona
da verdade, já que nenhuma delas o é na totalidade. É preciso que se observe em cada
uma, o que há de realmente positivo e para melhor analisarmos é necessário que
comecemos antes por "arrumar a nossa própria casa".
Sejamos conscientes de que essa grande diversidade de religiões e seitas que
existem no Brasil e no mundo, são frutos das diversas correntes filosóficas espirituais
existentes também no Mundo Astral e se formam na Terra em virtude da maior ou
menor aceitação dos seres encarnados que a elas vão se achegando, de acordo com o
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que julgam ser melhor para cada um, através da Lei da Afinidade. Continuemos sempre
em busca do verdadeiro caminho, seja ele qual for, tendo a certeza de que NINGUÉM É
DONO DA VERDADE e o principal objetivo de uma religião deva ser sempre a
evolução de seus adeptos, independentemente de sua doutrina, suas práticas e seus
rituais.
SINCRETISMO RELIGIOSO E SUAS ORIGENS NO BRASIL
Sincretismo é a fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças
religiosas quanto nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de
concepções religiosas diferentes ou a influência exercida por uma religião nas práticas
de outra. No Brasil o sincretismo religioso é uma prática bastante comum. Mas tudo
começou a partir do ano de 1500, quando o território brasileiro tornou-se palco para o
encontro de três grandes tradições culturais: a ameríndia, nativa da terra; a européia,
trazida pelos colonizadores portugueses e mais tarde a africana, trazida pelos escravos
bantos e sudaneses.
Um encontro que foi, desde o início, marcado pela imposição da cultura
européia às populações indígenas e africanas, refletida, principalmente, na imposição da
cultura cristã da Igreja Católica Apostólica Romana a esses dois grupos. Para se viver
no Brasil, nesta época, o índio e o negro mesmo como escravo, e principalmente depois,
sendo livre, era indispensável antes de tudo, ser católico. Por isso eles que cultuavam
seus deuses e tinham suas bases religiosas bem estruturadas, no Brasil se diziam
católicos e se comportavam como tais, além de praticarem os rituais de seus ancestrais,
freqüentavam os ritos católicos. Há antropólogos que insistem que a assimilação entre
os Santos e os Orixás era aparente e, inicialmente, serviu para encobrir a verdadeira
devoção aos seus deuses, pelo fato dos cânticos nesses rituais terem sido efetuados em
língua nativa e que ninguém os entendia. Um fato histórico que pode opor-se a este
pensamento é a criação das confrarias de negros, como exemplo temos a Irmandade de
Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na Bahia, que era totalmente composta
por negros que haviam realmente se convertido ao Cristianismo e não eram apenas uma
fachada.
Essa tentativa forçada de aculturação
sempre encontrou resistência, o que acabou
resultando em várias tentativas feitas por
indígenas e africanos de conciliar os princípios de
suas culturas e, por conseqüência, de suas
tradições religiosas, a doutrina cultural e religiosa
que lhes eram impostas.
Na tentativa de preservação dos princípios
e práticas religiosas indígenas e africanas, por
meio da conciliação com os princípios e práticas
católicas, acabaram levando ao nascimento de
várias manifestações sincréticas em solo brasileiro,
únicas no mundo, algumas delas existentes até os
dias de hoje. Mas infelizmente existem poucos
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
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estudos sobre a grande maioria delas, o que veremos aqui, é uma pequena idéia de como
eram as bases dessas duas culturas religiosas, o sincretismo entre elas e os processos
que as levaram a dar origem a outras.
O início de tudo se deu com a religiosidade Tupi, embora várias nações
indígenas habitassem o território brasileiro durante os primeiros anos da colonização
européia, nenhum grupo foi tão influenciado pelos portugueses quanto os tupis, que no
século XVI dominava quase todo o litoral brasileiro e era formada pelas tribos:
Potiguar, Tremembé, Tabajara, Caeté, Tupinambá, Aimoré, Tupiniquim, Temiminó,
Tamoio, e Carijó.
É muito difícil tentar reconstruir com detalhes as tradições religiosas e crenças
tupis na época do descobrimento do Brasil, pois o que sabemos sobre elas deve-se aos
relatos feitos por europeus que se estabeleceram aqui no início do período colonial, os
quais não se preocuparam em estudar e deixar registros detalhados das mesmas. O que
podemos apreender dos relatos dos primeiros colonizadores sobre a religiosidade tupi
foi que seu ponto central era o culto à natureza deificada ou divinizada. O pajé e o
feiticeiro, ou xamã, eram os que tinham acesso ao mundo dos mortos e dos espíritos da
floresta, e geralmente a eles competiam realizar rituais de cura de doenças, expulsarem
maus espíritos que se alojavam nos corpos das pessoas e desfazer feitiços mandados
pelos inimigos.
A ingestão de alimentos e bebidas fermentadas em muitos grupos tinha uma
função ritualística. Mesmo a antropofagia que caracterizou os tupinambás se revestia de
um tom sagrado, pois acreditavam que, comendo a carne dos seus inimigos,
apoderavam-se de sua valentia e coragem.
Os tupis possuíam uma divindade suprema do bem que denominavam
Nhanderuvuçu, deus da criação e da luz e a quem competia o ato divino do sopro da
vida. Nhanderuvuçu teria sua morada no Sol, manifestava-se nas tempestades através de
sua voz, na forma de Tupã Cinunga e de seu reflexo, na forma de Tupã Beraba.
Segundo Câmara Cascudo e Osvaldo Orico, grandes historiadores e estudiosos da
cultura brasileira, somente com o trabalho da catequese, e com a confusão feita pelos
jesuítas, que Nhanderuvuçu passou a ser chamado de Tupã, em virtude das formas como
essa divindade se manifestava durante as tempestades.
Os tupis acreditavam também em outras divindades, como Guaraci (o deus do
sol), Jaci (deusa da lua), Caapora (deus da floresta), Uirapuru (deus dos pássaros),
Iara (deusa das águas) e em uma entidade civilizadora denominada Iurupari , filho da
virgem Chiuci, que teria sido mandado à terra por Guaraci para reformar os costumes
dos seres humanos. Segundo Diamantino Trindade essa crença que lembrava muito a
história de Jesus Cristo, teria deixado os jesuítas apavorados. Como forma de tornar a
religião católica mais fácil de ser assimilada pelos indígenas, os jesuítas associou ao seu
deus e santos os nomes de algumas divindades tupis. Foi assim, por exemplo, que
Nhanderuvuçu passou a ser chamado de Tupã e foi transformado em Deus/Pai.
Entretanto, na maioria dos casos, os jesuítas associaram os deuses indígenas aos
demônios da doutrina católica.
Foi o caso, por exemplo, de Iurupari, que teve sua imagem totalmente invertida e
acabou sendo associado ao próprio diabo, embora sua história lembrasse muito a de
Jesus. Isso tudo acabou gerando a primeira religião sincrética surgida no Brasil da
junção da Religiosidade Tupi e do Catolicismo, que ficou conhecida como
SANTIDADE, nome criado por Manoel da Nóbrega, em 1549, quando viu um pajé em
transe pregando a outros indígenas.
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
Os adeptos da Santidade cultuavam um ídolo de pedra, chamado de Tupanaçu,
que acreditavam possuir poderes sagrados, rezavam usando cruzes, terços e rosários,
construíam “igrejas” e colocavam tábuas com desenhos de símbolos sagradas nelas,
cultuavam alguns santos católicos e entoavam cantos em honra aos mesmos, faziam um
ritual semelhante ao batismo e realizavam procissões. Neste mesmo período, com o
início dos trabalhos de catequese na região amazônica, a partir da cidade de São Luís do
Maranhão, iniciou-se um processo de sincretismo entre a religiosidade ameríndia local e
o catolicismo, semelhante ao que ocorrera no litoral, levando ao surgimento da religião
sincrética conhecida pelo nome de PAJELANÇA.
Embora o termo pajelança acabe sendo usado também para designar todo e
qualquer ritual ameríndio, ele aqui designa a religião sincrética de caráter mágico-
curativa que ainda existe nos dias de hoje na região amazônica, sobretudo nos estados
do Pará e do Amazonas. A exemplo da Santidade, nos rituais da Pajelança são
encontrados o uso de trajes nativos (pena, arco, flecha, colares, máscaras), cantos e
danças, a fumaça derivada da queima do tabaco e o consumo de bebidas fermentadas,
que permitem ao pajé entrar em transe místico e ter visões e incorporar espíritos.
Em algumas Pajelanças pode-se encontrar também a devoção aos santos
católicos. Uma característica marcante da Pajelança é que além de incorporarem os
espíritos dos antepassados das tribos e de antigos chefes do culto, os pajés também
incorporam espíritos animais, sejam eles reais como: jacarés, botos, cavalos-marinhos,
cobras ou imaginários como: mãe d'água, cobra-grande, e por meio dos quais
descobriam a causa das doenças de seus consulentes e os remédios para eles.
A partir do século XV inicia-se uma das maiores migrações forçadas da história
da humanidade, na qual milhões de africanos que haviam sido capturados em seus
territórios ancestrais, na maioria das vezes por outros africanos de tribos rivais, foram
levados para o litoral e vendidos como escravos para os europeus e brasileiros em
portos específicos na África e trazidos nessas condições para o Brasil.
No final do século XVI ao final do século XVIII, a principal etnia trazida para o
Brasil foi a dos Bantos, povo que durante o período colonial brasileiro ocupava a maior
parte do continente africano situado ao sul do equador, na região onde hoje está
localizado o Congo, a República Democrática do Congo, Angola e Moçambique, entre
outros. Parece que a grande maioria dos Bantos que foram trazidos para o Brasil
cultuava um deus supremo chamado de Nzambi, Nzambi Mpungu ou Anganga Nzambi,
ou simplesmente Zambi como é conhecido hoje, e a natureza deificada que era
personificada nas divindades chamadas Nkises.
Assim que chegavam ao Brasil, os africanos escravizados eram logo submetidos
à aculturação portuguesa, traduzida principalmente na catequese católica: eram
batizados e recebiam um nome “cristão”, pelo qual seriam conhecidos a partir daquele
momento. Assim como os tupis, os bantos também tentando preservar suas tradições
religiosas no Brasil, adaptaram suas crenças às condições de escravidão que estavam
submetidos.
A principal forma encontrada por eles, como foi feito também pelos tupis
décadas antes, foi associar os santos católicos aos seus deuses, no caso aqui os Nkises,
de acordo com as características ou arquétipos que ambos possuíam em comum. Foi a
partir deste sincretismo, ocorrido no interior das senzalas a partir do final do século
XVI, que nasceu a primeira manifestação sincrética da religiosidade banto/católica no
Brasil: o CALUNDU. Seu nome foi originado da palavra banto Kilundu, que até o
século XVIII foi utilizada para designar genericamente a manifestação de práticas
africanas relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de
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percussão, nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e
curas por meio de rituais de magia.
O que nos chama a atenção são os relatos da aparente tolerância manifestada
pelos proprietários de escravos ao Calundu. Muito provavelmente essa atitude devia-se
a crença de que com essa prática os africanos manteriam vivas, pelo menos dentro da
senzala, as rivalidades tribais existentes na África, o que dificultaria a formação de
rebeliões ou fugas.
É importante ressaltar que, apesar dessa tolerância, os aspectos ritualísticos do
Calundu ligados a magia e a incorporação de espíritos eram freqüentemente combatidos
por serem considerados coisas malignas, surgindo daí a expressão magia negra para
designar a magia voltada para o mal, que na mentalidade da época era “coisa de negro”.
Ao longo de todo o período de escravidão negra no Brasil, inúmeras foram as tentativas
bem sucedidas de fugas das senzalas empreendidas pelos africanos.
Os relatos dos inúmeros quilombos existentes no país ao longo dos períodos
colonial e imperial são a prova mais marcante disso. Entretanto, no início, antes do
surgimento dos primeiros quilombos, os africanos que conseguiam sucesso em suas
fugas só conseguiam abrigo nas aldeias indígenas do interior. Mais do que abrigar os
primeiros africanos bantos fugidos das senzalas, as aldeias indígenas abrigariam toda a
cultura e religiosidade deles, que acabaria por influenciar sua própria cultura e
religiosidade.
Muito provavelmente no nordeste do século XVII, onde uma pequena parcela de
religiosidade dos bantos acabou se misturando ao sincretismo ameríndio-católico do
interior, levando ao surgimento da primeira religião sincrética brasileira, o CATIMBÓ,
surgida da fusão religiosa dos três povos formadores do país, também conhecido como
CULTO À JUREMA, resistente até os dias de hoje em todo o nordeste brasileiro.
Apesar de existirem a incorporação de Caboclos no Catimbó, seu culto baseia-se
principalmente nas entidades conhecidas como Mestres da Jurema ou apenas Mestres, e
é através deles que se realiza o principal trabalho das entidades do Catimbó, a cura de
doenças e a receita de remédios para os males físicos, podendo também ocorrer
trabalhos para solucionar alguns problemas materiais e amorosos. Cabe também aos
Mestres e aos Caboclos realizar a limpeza espiritual dos adeptos e a expulsar maus
espíritos das pessoas.
Os Mestres são entidades que se especializam em determinada erva ou raiz e que
guardam muito do comportamento e personalidade de sua última encarnação, o que os
torna muito naturais e espontâneos, além de possuírem uma forte ligação com a sua
caracterização física. Uma característica que chama a atenção é que não existem
Mestres do bem ou do mal: eles tanto podem trabalhar para um quanto para o outro,
dependendo da orientação do local de culto e do médium. Ao longo dos séculos XVII e
XVIII cresce consideravelmente o número de cidades em todo o país, devido a esse fato,
surge uma situação completamente nova em todo o território colonial: o aumento do
número de negros e mulatos alforriados, livres, e de escravos circulando com relativa
liberdade nessas áreas urbanas.
A partir das residências desses negros e mulatos livres, localizadas em sua
grande maioria em casebres e cortiços, que as manifestações religiosas de origem
africana encontraram condições mínimas para se desenvolverem, onde poderiam
realizar suas festas com certa freqüência, construírem e preservarem seus altares com os
recipientes consagrados aos seus deuses. São nessas residências que surgem em fins do
século XVIII e início do século XIX, uma nova manifestação sincrética brasileira, que
ficou conhecida na Bahia como CASAS DE CANDOMBLÉ.
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e Caboclo Tupynambá
O Candomblé surge então com base no fortalecimento das tradições religiosas
dos bantos preservadas no sincretismo com o Calundu e a assimilação de algumas
poucas práticas indígenas que sobreviviam nos quilombos e nas aldeias indígenas dos
arredores deles. Pelo fato de servirem como moradia e também como locais de culto, as
Casas de Candomblé se estruturavam com base em famílias-de-santo, que estabelecia
entre seus adeptos uma espécie de parentesco religioso, característica que foi um
importante legado a outras religiões sincréticas que se originaram a partir dele. Já a
partir da década de 1840 intensifica-se o tráfico de escravos da etnia sudanesa através da
“Rota da Mina”, que tinha como origem os portos africanos de Lagos, Calabar e,
principalmente São Jorge da Mina, superando no período todas as demais em termos de
escravos trazidos ao Brasil. A etnia sudanesa era originada principalmente da África
Ocidental, na região onde hoje está localizado a Nigéria, Benin, Togo e Gana, e é
formada pelos povos Iorubá, Ewe, Fon e Mahin, entre outros.
Apesar de inicialmente muitos terem ficado conhecidos apenas como mina, ao
longo do século XIX os escravos da etnia sudanesa passaram a ser conhecidos sobre
outra nomenclatura, devido a rivalidade e a diferença cultural existente entre os povos
Iorubá e Ewe/Fon, que foi transportada da África para o Brasil junto com eles. Dessa
forma, o povo Yorubá passou a ser conhecido no Brasil como mina-nagô ou nagô,
enquanto os povos Ewe, Fon e Mahin ficaram conhecidos como mina-jeje ou jeje, termo
que advém do iorubá adjeje que significa estrangeiro ou forasteiro, e era usada de forma
pejorativa pelos yorubás para designar as pessoas que habitavam a leste de seu
território.
Os nagôs que foram trazidos para o Brasil cultuavam um deus supremo chamado
de Olorun ou Olodumaré e a natureza também deificada e personificada nas divindades
chamadas Orixás. Apesar de na África existirem cerca de 400 Orixás, a grande maioria
deles era cultuada em apenas uma cidade, aldeia ou tribo, sendo poucos os que
possuíam um culto em várias localidades.
Assim como ocorreu com os bantos, os escravos sudaneses trouxeram para o
Brasil parte de sua cultura e de suas crenças religiosas, que foram pouco a pouco
levadas para dentro de algumas manifestações sincréticas aqui existentes, devido aos
escravos fugidos que buscavam refúgio nos quilombos e depois aos negros já
alforriados, levando ao aparecimento de diversas religiões sincréticas em solo brasileiro
no século XIX, muitas delas com base nas Casas de Candomblé. Com a intensificação
da adição de elementos sudaneses às Casas de Candomblés no séc. XIX estas acabaram
por darem origem a uma nova religião sincrética brasileira conhecida como
CANDOMBLÉ DE NAÇÃO, ao qual agrega dentro de si três modelos de culto
relacionados às principais etnias e povos trazidos como escravos para o Brasil: os
bantos, os sudaneses nagôs e os sudaneses jeje. Vejamos então como são esses modelos
existentes:
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1º- Os Candomblés de Nação Angola, Congo e Muxicongo cultuam um deus
supremo chamado Nzambi ou Zambi (também conhecido como Nzambi Mpungu ou
Zambiapongo) e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Nkises.
Apesar de na África existirem cerca de 450 Voduns, e a exemplo do que ocorre com os
Orixás, a grande maioria deles era cultuada em apenas uma cidade, aldeia ou tribo,
sendo também poucos os que possuíam um culto em várias localidades. Vejamos no
quadro abaixo os principais Nkises cultuados nesses Candomblés:
NKISES ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES
Nzambi ou Zambi Deus supremo Mpungu (todo poderoso) e
muambi (criador) são
qualidades de Nzambi
Lembá Nkise da paz, conectado à criação do mundo
Kaitumbá,
Kokueto e Mikaiá
Nkise dos mares e oceanos
Nkosi Nkise da guerra, senhor dos caminhos,
das estradas e da metalurgia
Mukumbe, Biolê e Buré são
qualidades desse Nkise
Teleku-Mpensu Nkise da pesca
Gongobira Nkise da caça e da pesca
Kabila Nkise do pastoreio e da caça
Mutakalambo Nkise da caça e da comida abundante
Katende Nkise das folhas e dos segredos das ervas medicinais
Nvunji Nkise da justiça, da felicidade da juventude e do nascimento das crianças
Nzazi ou Zazi Nkise dos raios e da entrega de justiça aos humanos
Luango Nkise dos trovões e auxiliar de Nvunji no nascimento de crianças
Kaiangu Nkise guerreira dos ventos, das
tempestades e que possui domínio sobre
os espíritos dos mortos
Matamba, Bamburussenda,
Nunvurucemavula são
qualidades desse Nkise
Kitembo ou
Tempo
Nkise do tempo e das estações Patrono da nação Angola,
representado por um mastro
com uma bandeira branca
Nzumbarandá ou
Zumbaradá
Nkise da terra molhada, da água turva dos pântanos, ligada à morte e a
mais velha dos Inquices
Kisimbi, Samba
Nkise
Nkise de lagos e rios, a grande mãe
Ndanda-Lunda Nkise da água potável, das águas calmas, da lua e da fertilidade
Hongolo ou
Angorô
Nkise do arco-íris auxilia na
comunicação entre os humanos e os
outros Inquices
Na sua manifestação feminina
é chamado de Hongolo Meia
ou Angoroméa. Representado
por uma cobra
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e Caboclo Tupynambá
Kafungê e
Kaviungo ou
Kavungo
Nkise da varíola, das doenças, da saúde e da morte
Nsumbu Nkise da terra Nação Angola
Ntoto Nkise da terra Nação Congo
Aluvaiá, Vangira,
Pambu Njila e
Bombo Njila
Nkise mensageiro, guardião das encruzilhadas e da entrada das casas e
templos
2º- Os Candomblés de Nação Ketu, Efon e Ijexá cultuam um deus supremo
chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades
chamadas Orixás. Um fato que chama a atenção é que algumas divindades que
originalmente eram Voduns na África foram adicionadas ao panteão nagô e passaram a
fazer parte do ritual, sendo inclusive consideradas no Brasil como Orixás. Vejamos
então no quadro abaixo alguns Orixás cultuados nesses Candomblés:
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3º- Os Candomblés de Nação Jeje-Fon e Jeje-Mahin cultuam uma deusa
suprema chamada de Mawu e a natureza deificada, personificada nas divindades
chamadas Voduns. Tais divindades são agrupadas em famílias (Savaluno, Dambirá,
Davice, Hevioso, etc.), as quais se subdividem em linhagens, interligadas entre si por
comportamentos, costumes, gostos e atitudes. Apesar de existir na África cerca de 450
Voduns, a grande maioria não é cultuada aqui no Brasil. Os que aqui são cultuados,
ORIXÁS ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES
Olorum ou
Olodumaré
Deus supremo
Oxaguiã Orixá da criação da cultura
material e da sobrevivência
Considerado a manifestação jovem
de Oxalá (ou Obatalá).
Originalmente, na África, é filho de
Oxalufã e neto de Obatalá.
Oxalufã Orixá da criação da
humanidade, do sopro da vida
Considerado a manifestação idosa de
Oxalá (ou Obatalá). Originalmente,
na África, é o filho de Obatalá.
Yemanjá Orixá das grandes águas, do mar e do oceano, da maternidade, da
família e da saúde mental
Ogum Orixá da metalurgia, da agricultura, da tecnologia, das estradas e da
guerra
Xangô Orixá do trovão e da justiça
Oxóssi Orixá da fauna, da caça e da
fartura de alimentos
É também conhecido como Odé.
Ossaim Orixá da vegetação e da flora, da eficácia dos remédios e da medicina
Nanã Orixá da lama do fundo das
águas, dos pântanos, da
educação, da velhice e da
morte
Originalmente, na África, era um
Vodum e não um Orixá.
Ewá Orixá das fontes, nascentes e
riachos e da harmonia
doméstica
Originalmente, na África, era um
Vodum e não um Orixá.
Logun Edé Orixá dos rios que correm nas florestas
Obá Orixá dos rios, dos trabalhos domésticos e do poder da mulher
Oyá Orixá do relâmpago, da
sensualidade e dona dos
espíritos dos mortos
É também chamada de Iansã.
Oxum Orixá da água doce, do amor, da fertilidade, da gestação, dos metais
preciosos e da vaidade
Oxumarê Orixá do arco-íris e da riqueza que provém das colheitas
Obaluaiê Orixá da varíola, pragas,
doenças e da cura de doenças
físicas
É também chamado de Omulu ou
Xapanã. Originalmente, na África,
Obaluaiê e Omulu é,
respectivamente, a manifestação
jovem e velha do Vodum Xapanã.
Orunmilá-Ifá Orixá do destino
Exu Orixá mensageiro, da transformação e da potência sexual, guardião
das encruzilhadas e da entrada das casas
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somente alguns chegam a ter culto a nível nacional, ficando a maioria restrita a nível
regional. Uma característica dessa Nação é que quando estão incorporados, os Voduns
mantêm os olhos abertos e conversam com a assistência, dando bênçãos, conselhos e
recados. Vejamos então no quadro abaixo, alguns Voduns cultuados no Candomblé de
Nação Jeje-Fon e Jeje-Mahin:
Dentre todos os Candomblés de Nação, sejam eles do modelo de culto banto,
sudanês nagô ou sudanês jeje, o que apresenta maior projeção nacional é o Candomblé
de Nação Ketu. Tal projeção tem provocado, atualmente, um fenômeno de assimilação
das práticas rituais dessa nação pelas demais, como o idioma e as cantigas utilizadas, a
forma como os atabaques são tocados e o culto as divindades. Sobre este aspecto, é
interessante notar o sincretismo que tem surgido atualmente dos Nkises e dos Voduns
com as lendas, histórias, domínios, cores e símbolos dos Orixás da nação Ketu, como se
aqueles fossem estes com nomes diferentes.
Nos Candomblés de Nação do modelo nagô existe ainda o culto aos eguns, ou
espíritos dos ancestrais, que ocorre no quarto de balê, um recinto separado do local onde
se cultua os Orixás, e que possui um sacerdote próprio, chamado de Baba Ojé,
preparado especialmente para este tipo de culto. Atualmente um fenômeno interessante
que parece ter surgido no Candomblé de Nação Ketu, e dele se espalhado para as
demais nações, é o movimento de recuperação das raízes africanas, o qual vem
rejeitando o sincretismo com o catolicismo e com as práticas indígenas buscando o
aprendizado da língua nativa e a redescoberta dos ritos, histórias e lendas das divindades
que se perderam ao longo do tempo, contando, inclusive, com viagem de sacerdotes do
Brasil até a Nigéria e o Benin a fim de realizarem pesquisas “in loco” 11 em aldeias e
templos na África para aprenderem os rituais que foram perdidos nas brumas do tempo
VODUNS ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES
Nanã
Buluku
A grande mãe universal, senhora da lama Mãe de Mawu e Lissá
Mawu Deusa suprema
Lissá Vodum masculino co-responsável pela criação junto com Mawu
Loko Primogênito dos Voduns
Agassu Vodum que representa a linhagem real do Reino do Daomé
Agbê Vodum dono dos mares
Gu Vodum dos metais, da guerra, do fogo e da tecnologia.
Agué Vodum da caça e protetor das florestas
Aguê Vodum que representa a terra firme
Ayizan Vodum dona da crosta terrestre e dos mercados
Aziri Vodum das águas doces
Dan Vodum da riqueza Representado pela
serpente e pelo arco-íris
Eku Vodum da morte, da feitiçaria e da clarividência
Fa Vodum da adivinhação e do destino
Hevioso Vodum dos raios e relâmpagos
Possun Vodum do pó e da terra seca Representado pelo tigre
Sakpatá Vodum da varíola
Legba Vodum das entradas e das saídas e da
sexualidade
O filho caçula de Mawu
e Lissá
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da escravidão. No final do século XIX e início do século XX, tradições religiosas da
etnia sudanesa foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-
ameríndio existentes também no Rio de Janeiro, levando ao surgimento dos
sincretismos conhecidos como ZUNGU e MACUMBA.
Parece que os termos Zungu e Macumba foram usados indistintamente no Rio de
Janeiro para designar quaisquer manifestações sincréticas de práticas africanas
relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de percussão,
nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por
meio de rituais de magia, englobando uma grande variedade de cerimônias que
associavam elementos africanos (Nkises, Orixás, atabaques, transe mediúnico, trajes
rituais, banho de ervas, sacrifícios de animais), católicos (cruzes, crucifixos, anjos e
santos) e, mais raramente, indígenas (banho de ervas, fumo).
A diferença básica entre eles parece ser apenas o período em que estes termos
foram utilizados: zungu, em meados do século XIX e macumba, no final do século XIX
e início do século XX substituindo o termo zungu. Na Macumba o chefe de culto e o
seu ajudante eram chamados, respectivamente, de embanda e cambone, embora este
último também pudesse ser chamado de cambono. Parece que os iniciados na Macumba
eram chamados de filhos(as)-de-santo ou médiuns.
O que se sabe sobre os rituais da Macumba é que as entidades como os orixás,
Nkises, caboclos e os santos católicos eram agrupados por falanges ou linhas como a
linha da Costa, de Umbanda, de Quimbanda, de Mina, de Cabinda, do Congo, do Mar,
de Caboclo, linha Cruzada, etc; e que quanto maior o número de linhas cultuadas pelo
embanda, mais poderoso ele era considerado, uma vez que isso era tido como sinal de
maior conhecimento sobre o mundo dos espíritos. E assim como em outros sincretismos
brasileiros, o Zungu e a Macumba eram organizados basicamente em torno de seu chefe
de culto, fazendo de cada unidade de culto algo único, diferindo dos demais por um ou
mais elementos ritualísticos.
Devido a grande penetração que a Macumba tinha na população mais pobre e
marginalizada do Rio de Janeiro de fins do século XIX, principalmente os afro
descendentes recém libertos pela Lei Áurea, seu nome acabou se popularizando por
todo o país e até hoje ainda é usado para designar pejorativamente qualquer religião
afro-brasileira ou ritual que envolva magia. É provável que a Macumba tenha
desaparecido do cenário religioso carioca devido ao aparecimento mais tarde da
Umbanda e a sua rápida expansão no estado do Rio de Janeiro, principalmente na então
capital federal, que teria atraído para si um expressivo número de adeptos da Macumba
e a influenciado de tal forma que levaram muitas casas de Macumba a se transformarem
em tendas de Umbanda ou em casas de Omolokô para fugirem da repressão que se tinha
a esses cultos.
Mudanças na estrutura de algumas casas de Macumba do Rio de Janeiro, então
capital do país, neste mesmo período, acabam levando ao surgimento de duas religiões
sincréticas o OMOLOKÔ e “ALMAS E ANGOLA”, que guardam muitas semelhanças
com algumas vertentes da Umbanda, inclusive existindo muitas casas que se
reconhecem como sendo de “Umbanda Omolokô” ou Umbanda em “Almas e Angola”.
No Omolokô que é praticado hoje em dia o ritual recebeu forte influência das obras
daquele que é considerado o seu organizador: Tatá Ti Nkise Tancredo da Silva Pinto.
Segundo ele, o Omolokô tem como origem as práticas religiosas dos bantos das tribos
Quiôcos, das províncias de Lunda Norte e Lunda Sul, situadas na região oriental de
Angola e que também pode ser encontrados em parte da República Democrática do
Congo e da Zâmbia. O Omolokô cultua um deus supremo chamado Nzambi ou Zambi
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
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e Caboclo Tupynambá
(também conhecido como Nzambi Mpungu ou Zambiapongo), a natureza deificada
personificada nos Orixás e nas entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos,
Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pomba-giras.
Originalmente o termo utilizado no Omolokô para designar a natureza deificada
era Bacuro. Os Bacuros possuíam um correspondente nas divindades dos Quiôcos, que
parecem terem ficado conhecidas aqui no Brasil como Lunda. Atualmente o termo
Bacuro e o nome das divindades Quiôcos foram substituídos, respectivamente, pelo
termo Orixá e pelo nome das divindades do panteão nagô que possuem os mesmos
atributos ou arquétipos. É importante ressaltar que, no Omolokô, o termo Orixá é
utilizado também para designar alguns Nkises que foram incorporados ao seu panteão,
provavelmente por influência dos Candomblés de Nação do modelo de culto banto.
Vejamos então no quadro abaixo como é a correspondência entre as divindades
Lunda, Bacuros e os Orixás no Omolokô:
Lunda (divindades dos
Quiôcos)
Bacuro (nome original no
Omolokô)
Orixá (nome atual no
Omolokô)
Dundu Kianguim Aluvaiá Exu
Angorô Oxumarê
Dandu Kindelé Burunguça Omulu
Caculu ou Cabasa Ibeiji
Cuiganga Ewá
Anili Kindelé Dandalunda Yemanjá
Kindele Ferimã Oxalá
Uisu Kukusuka Inhapopô Iansã
Kianguim Kindelé Jambangurim Xangô
Mulombe Kamba Lassinda Oxum
Kianguim Uisu Kangira Ogum
Karamocê Obá
Katendê Ossaim
Uisi Madé Oxóssi
Diambanganga Pagauô Irôko
Numba Kindelé Querequerê Nanã
Teleku-Mpensu Logun Edé
Kitembu Tempo
Uma possível influência da Umbanda sobre o Omolokô é a existência de uma
separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Os Orixás
Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia emanada de Zambi
e, portanto nunca passaram pelo processo de encarnação. São os responsáveis pelo
movimento da natureza e pela formação e manutenção da vida. São considerados
onipresentes e únicos.
Os Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos que passaram
pelo processo de reencarnação e que alcançaram uma grande elevação espiritual e que
por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos Orixás Maiores, sendo
considerados os intermediários entre estes últimos e os demais espíritos. Por este
motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao qual estão subordinados seguidos de
um sobrenome, chamado de Dijina, por exemplo: Ogum Beira Mar, Seria um Orixá
Menor subordinado do Orixá maior Ogum.
No Omolokô não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas dos Orixás
Menores e dos espíritos chamados de eguns. Os eguns aqui espíritos que já possuem
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
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certa compreensão espiritual, porém ainda não alcançaram a elevação dos Orixás
Menores. São considerados eguns: os Caboclos, os Preto-Velhos, as Crianças, os Exus e
as Pombas-gira. Existe ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou
kiumbas, que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram uma
compreensão das coisas espirituais.
Já a religião sincrética conhecida como “ALMAS E ANGOLA”, que apesar de
ser originária da capital fluminense, atualmente não é mais praticado nesse estado, hoje
em dia podemos encontrá-la quase que exclusivamente na região da grande
Florianópolis, em Santa Catarina. A religião “Almas e Angola” guarda muita
semelhança com o Omolokô e com algumas vertentes da Umbanda, ela cultua um deus
supremo chamado Zambi, mas em algumas casas também é chamado de Olorum, a
natureza deificada personificada nos Orixás e as entidades conhecidas como Orixás
Menores, Caboclos, Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pombas-gira. O Orixá Obaluaiê é
considerado a força maior do ritual de “Almas e Angola”, tendo destaque nos altares
dessa religião. Podemos aqui conhecer, de uma forma bem sintetizada, um pouco sobre
a história do sincretismo religioso no Brasil Podemos também conhecer suas origens,
observar a evolução e a influencia de uma religião sobre outra.
A ORIGEM DA UMBANDA
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A história nos mostra que os negros foram tirados a força de sua terra natal, na
África, e trazidos para o Brasil com rancor e ódio em seus corações. Feridos em sua
dignidade e distantes da pátria que amavam, muitas das vezes, enganados, feitos
prisioneiros e escravos, o que resultou em muitos anos de lutas e dores. Eles tentavam
manter seus costumes na cultura e na religião, que se baseava na evocação das forças da
natureza, deificadas e personificadas em divindades, que eram uma espécie de deuses, a
que cultuavam com todo fervor de suas vidas.
Com o tempo aprenderam a se vingar de seus senhores e déspotas através de
pactos com entidades trevosas através da magia negra, que não era outra coisa se não as
energias magnéticas da natureza empregadas de forma equivocada. Dessa maneira o
culto inicial as divindades da natureza foi se transformando em métodos de vingança e
em pactos com essas entidades que assumiam a forma dessas mesmas divindades. Um
mistério envolvia de tal forma essas manifestações religiosas, que se tornava difícil para
um leigo saber sua origem e seu significado. Seus rituais eram tão misteriosos, que o
povo com seu misticismo natural era constantemente explorado por aqueles que nenhum
escrúpulos tinham em relação à fé alheia. Esses cultos acabaram se tornando, na
verdade, num disfarce para uma série de atividades menos dignas no campo da magia, o
que com o tempo acabou gerando uma atmosfera psíquica indesejável no campo áureo
do Brasil.
A psicosfera no ambiente espiritual da nação estava sendo afetada de tal forma
pelas energias negativas, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento encarnavam e
desencarnavam conservando assim o ódio em seus corações. Dessa forma a magia negra
foi se espalhando em forma de culto pelas terras brasileiras, de norte a sul do país onde
as oferendas eram entregues pelos adeptos desses cultos, que se multiplicavam a cada
dia, aumentando ainda mais a crosta mental negativa que vinha se formando sobre os
céus da nação. No Mundo Espiritual reuniram-se então, entidades de alta hierarquia com
o objetivo de encontrar uma solução para desfazer essa agrégora negativa que vinha se
formando na psicosfera do país.
A magia negra teria de ser combatida e seus efeitos destrutivos haveriam de ser
desmanchados, de maneira a transformar os próprios cultos degradantes em lugares que
irradiassem o Amor e a Caridade, essa era a única forma de modificar o panorama
sombrio que vinha sendo criado. Havia então a necessidade de que os próprios espíritos,
mais evoluídos e esclarecidos, se manifestassem para realizar tal cometimento, e assim
foram se apresentando, uma a uma, aquelas entidades iluminadas modificando suas
formas perispirituais, assumindo assim, a conformação das próprias divindades e de
entidades como Preto-velhos e Caboclos, levando a mensagem da Caridade, com o
objetivo inicial de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações dos
homens. Essas entidades seriam o elo de ligação com o Alto, penetraria aos poucos nos
redutos da magia negra, os quais ainda se mantinham enganados quanto as Leis do
Amor e da Caridade, e iria então transformando, com as palavras e os ensinamentos das
entidades, os sentimentos das pessoas.
Para isso foi necessário que elevados companheiros da vida maior renunciassem
certos métodos de trabalho, considerados por eles mais elevados, para se dedicarem às
atividades que aqueles cultos se propunham. A essas entidades, se juntaram a antigos
espíritos de escravos e índios, que em sua simplicidade e boa vontade, se propuseram a
trabalhar para mostrar aos homens suas lições sagradas, auxiliando assim na cura de
doenças e na transmissão das mensagens de Amor e Caridade. Nas sessões espíritas, da
época, essas entidades não foram aceitas, pois identificadas sob essas conformidades,
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preto-velhos e caboclos, eram considerados espíritos atrasados e suas mensagens não
mereciam nem mesmo uma análise.
Mas com o campo áureo do país mais preparado, mesmo não conseguindo
muitas alterações nos cultos, vemos em uma seção espírita surgir então a UMBANDA,
anunciada em 15 de novembro de 1908, em Neves, subúrbio de Niterói, no Rio de
Janeiro, pelo espírito que se identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”,
através do médium Zélio Fernandino de Moraes, então com dezessete anos de idade,
usando pela primeira vez o vocábulo “Umbanda” como designação de culto e religião,
definindo assim o novo movimento religioso como: “uma manifestação do espírito para
Caridade”.
Tudo começou quando Zélio Fernandino de Moraes, nascido em 10 de abril de
1891, no bairro de Neves, município de Niterói, no Rio de Janeiro, aos seus dezessete
anos estava se preparando para servir as Forças Armadas, através da Marinha, se
acometeu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente
da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. De princípio, a família achou
que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou a seu tio, Dr. Epaminondas de
Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande.
Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em
nenhuma literatura médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que
fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse
possuído pelo demônio. Procuraram então um padre, também da família, que após fazer
ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado Tempos depois Zélio foi
acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram
encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu
leito e declarou: "Amanhã estarei curado".
No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum
médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes,
levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde
morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Tio
Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da
mediunidade e deveria trabalhar com a caridade. O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim
Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do
espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita e no dia 15 de novembro
de 1908, por sugestão de um amigo, levou Zélio a Federação Espírita de Niterói.
Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela
Instituição, se sentaram à mesa, onde logo em seguida, contrariando as normas do culto
realizado, Zélio se levantou e disse que ali faltava uma flor, foi até o jardim apanhou
uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho. Iniciando
uma estranha confusão no local, pelo fato ocorrido, ele incorporou um espírito e
simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e
pretos velhos, sendo advertidas pelo dirigente do trabalho. Então a entidade incorporada
no rapaz perguntou: "- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer
se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou: "- Porque o irmão
fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que,
pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que
fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste
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branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?" Ele responde: "- Se
julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo lhes dizer que amanhã estarei na
casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar
sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma
religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos
os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este:
Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim." O
vidente ainda pergunta: "- Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?”
Novamente ele responde: "- Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como
porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei." No dia seguinte, 16 de novembro
de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, Niterói, aproximando-se das 20:00
horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e
vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente às 20:00
horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e iniciou o culto usando as
seguintes palavras:
"- Aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos,
que haviam sido escravos, que desencarnaram e não encontram campo de ação nos
remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente
para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em
benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição
social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal
deste culto, que terá base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo".
Nessa reunião, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS estabeleceu as
normas do culto, sendo que:
horas, para atendimento público, totalmente gratuito, passes e recuperação de
obsedados.
permitiria retribuição financeira pelo atendimento ou pelos trabalhos
realizados.
A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome de
UMBANDA e declarou fundado o primeiro templo para a sua prática, com a
denominação de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, justificando o nome pelas
seguintes palavras: "assim como Maria acolhe em seus braços o Filho; a Tenda
acolheria os que a ela recorressem, nas horas de aflição". Através de Zélio manifestou-
se nessa mesma noite, um Preto Velho, Pai Antônio, para completar as curas de
enfermos iniciadas pelo Caboclo.
A partir dessa data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de enfermos,
crentes, descrentes e curiosos. Os enfermos eram curados; os descrentes assistiam a
provas irrefutáveis; os curiosos constatavam a presença de uma força superior; e os
crentes aumentavam, dia a dia. Cinco anos mais tarde, manifestou-se o Orixá Malet14
exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra.
Vejamos então cronologicamente os principais acontecimentos da UMBANDA a partir
de sua anunciação:
1. 15 de novembro de 1908 - Advento da UMBANDA e fundação do primeiro
Terreiro de Umbanda, por Zélio de Moraes, em Neves, subúrbio de Niterói;
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2. Novembro de 1918 - O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à fundação
de sete Tendas de Umbanda no Rio de Janeiro;
3. 1920 - A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas
Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre;
4. 1924 - O advento do Caboclo Mirim - Manifestou-se no Rio de Janeiro, em
um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, denominada Caboclo Mirim,
que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento para a Umbanda;
5. 1939 - Os Templos fundados pelo Caboclo das Sete encruzilhadas reuniram-
se, criando a Federação Espírita de Umbanda do Brasil, posteriormente denominada
União Espiritualista de Umbanda do Brasil, incorporando dezenas de outros terreiros
fundados por inspiração de "entidades" de Umbanda que trabalhavam ativamente no
astral sob a orientação do fundador da Umbanda.
6. Outubro de 1941 - Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de
Umbanda. Outros Congressos havidos posteriormente retiraram acertadamente o nome
espiritismo que, de fato, pertence aos espíritas brasileiros, os quais seguem a respeitável
doutrina codificada por Alan Kardec. Em suma, o espírita pratica o espiritismo e o
umbandista pratica a umbanda ou umbandismo. Neste Congresso foi também
apresentada tese pela Tenda São Jerônimo, propondo a descriminalização da prática dos
rituais de Umbanda. O autor, Dr. Jayme Madruga, a par de um minucioso estudo de
todas as constituições já colocadas em vigência no Brasil, busca também em projetos
como o da Constituição Farroupilha e nos códigos penais até então vigentes e no que
haveria de vigorar após 01de janeiro de 1942. Os argumentos mostravam que o caminho
da Umbanda começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscarem acelerar o
processo com declarações e resoluções, partindo daquele congresso, em prol da
descriminalização da prática da Umbanda.
7. 1944 - Vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares, políticos,
intelectuais e jornalistas, apresentam ao então Presidente Getúlio Vargas um documento
intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei" e consegue daquela autoridade a
descriminalização da Umbanda. Este fato, apesar de ter sido extremamente positivo,
trouxe como subproduto uma perda de identidade muito grande por parte de nossa
religião, uma vez que todos terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes
a palavra Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião não
tinha um rito claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que gera uma
hierarquia, ela acabou ficando à mercê dessa deturpação; outro fato que fortaleceu essa
descaracterização foi que, sendo um período de crescimento, não se buscava a qualidade
dos Terreiros que se filiavam à Federação, ou à União que lhe sucedeu;
8. 12 de setembro de 1971 - Foi criado na cidade do Rio de Janeiro, o Conselho
Nacional Deliberativo de Umbanda - CONDU, que congrega as Federações de
Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando com mais de 46
Federações, de norte a sul do país, reunindo representantes de mais de 40.000 Terreiros
de Umbanda;
9. Em 1972, em mensagem psicografada por Omolubá, enviada pelo poeta
Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do médium Zélio
de Moraes;
10. Em 1977, o CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem da
Umbanda no Brasil;
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11. Novembro de 1978 - Surge o livro "Fundamentos de Umbanda, Revelação
Religiosa", de Israel Cisneiros e Omolubá, que aborda a questão da origem da
Umbanda, através de mensagens do astral, trazendo, por fim, após 70 anos de existência
da Umbanda, as primeiras bases teológicas e norteadoras da doutrina umbandista, com
fundamentos integrais da nova religião e sua verdadeira origem. Após este momento
podemos definir como sendo o início desse novo período; assume-se a Umbanda como
religião brasileira e começa o primeiro movimento consistente para dar a ela uma base
teológica e a criação de uma hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental
para a manutenção das bases ritualísticas e conceituais.
Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil, compreendidos
entre 1908/1978, passou este curto espaço de tempo, porém significativo, a ser
conhecido entre os estudiosos da causa como Período de Propagação da genuína força
de credo, nascida no século XX, em terras brasileiras. Embora a Umbanda ainda se
apresente, muitas das vezes, uma tanto desfigurada, com nuanças religiosas,
reconhecemos que isso decorra desse período de propagação, onde no afã de conquistar
almas se respeitaram os ambientes regionais, criando assim as adversidades que vemos
hoje em dia.
Mesmo assim ela nunca deixou, através de seus verdadeiros guias, de oferecer
amparo prático, ajuda e orientação, apontando sempre a eterna chama da esperança em
dias melhores, calcados, naturalmente, na ação correta á cada instante, na cordura15, no
companheirismo e na fraternidade. Os mentores da Umbanda, sediados em Aruanda,
cidade localizada no plano astral, já haviam determinado sabiamente o procedimento
normativo, religioso para os setenta anos posteriores, 1979/2049, como sendo o período
de Afirmação Doutrinária.
Obviamente, a doutrina de Umbanda ficará como ponto essencial para a
estabilidade desse movimento, no estudo constante e no esforço sincero de cada devoto,
no sentido de conduzir-la no plano físico á um merecido status de religião organizada, a
serviço da comunidade religiosa nacional. Em 1980 o CONDU publica o livro “Noções
elementares de Umbanda” contendo as deliberações do conselho quanto aos
fundamentos da Umbanda e outros temas. Hoje o movimento religioso da Umbanda
estende-se por todo o Brasil, professado com humildade as leis da Caridade e do amor
ao próximo, sem proselitismo, sem explorações do povo, e sem mistérios mistificantes.
A Umbanda nada mais é que o retorno à simplicidade de cultuar Deus, onde o
templo de Umbanda é o local destinado a esse culto, que tem como base a Caridade,
usando para isso todos os recursos das forças da natureza, personificadas nas divindades
Nagôs, os Orixás, que são representados pelos nossos mentores espirituais, ou como nós
os chamamos, nossos guias, espíritos evoluídos que representam essas divindades e suas
várias formas de atuação no mundo espiritual e material em favor ao próximo. Existem
várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes das bases iniciais e
outras que absorveram características de outras religiões já existentes, mas que mantém
a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé. As
mais conhecidas são:
- Que era praticada antes de Zélio e conhecida como
Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo
associando Santos Católicos aos Orixás Africanos;
- Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;
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- Com um cunho espírita muito expressivo.
Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos, nem o
trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo,
imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como
caboclos, preto-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros
espíritas como fonte doutrinária;
- Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto.
Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos
Guias;
- Onde existe uma diferenciação entre
Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para
o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões
são feitas em dias e horários diferentes;
- É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de
Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que
intitulam a Umbanda como a “Aumbhandan: conjunto de leis divinas";
- É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada
pelo Mestre Rivas Neto (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma
convergência doutrinária, sete ritos, e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de
Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em
termos de mantras indianos e utilização do sânscrito;
- influência da cultura indígena brasileira com seu foco
principal nas entidades conhecidas como "Caboclos";
Umbanda de Preto-velhos - influência da cultura Africana, onde podemos
encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos
preto-velhos;
Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada, diferenciam-
se das outras por diversos aspectos peculiares. A Umbanda por ser uma religião
sincrética se utiliza de um vasto simbolismo em seus trabalhos, e ela tem nesse
simbolismo um de seus maiores fundamentos, que se aplica na identificação das
entidades e na sustentação das linhas de trabalhos espirituais, cada qual com seu nível
vibratório. Esse simbolismo também identifica o campo vibratório a qual a entidade
desenvolve seu trabalho, e sob qual Orixá, ou força da natureza, é regido.
Podemos observar esse simbolismo desde sua anunciação onde grande mentor
espiritual, que teve a missão de rasgar o véu da ignorância e estabelecer os fundamentos
da Umbanda como religião e culto, se manifestou na forma perispiritual e se identificou
como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, nome este totalmente simbólico, pois
“Caboclo” era a palavra destinada às pessoas mestiças, e “Sete Encruzilhadas”, que são
as sete linhas de trabalhos da Umbanda, os sete caminhos, que são regidos pelo Orixá
maior “Oxalá”. Assim concluímos que a Umbanda é uma religião sem distinção de
raças e credos e que através da fé e da humildade tem o objetivo de levar a mensagem
da Caridade e do Amor ao próximo.
Com isso a espiritualidade vem conseguindo seu intento e aos poucos vemos
sumir dos corações oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor, os cultos antes
deturpados vem se transformando em sua essência, auxiliando assim no progresso
daqueles que sintonizam com tais expressões religiosas, modificando seu aspecto e os
transformando gradativamente em uma religião mais espiritualizada.
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Onde na palavra das entidades, a Lei da causa e efeito é ensinada por meio de
“Xangô”, que simboliza a justiça, a reencarnação quando falam de sua outra vida e da
oportunidade de voltar a Terra, em um novo corpo, para corrigir erros do passado e
ajudar seus filhos, as forças das matas e das ervas, são ensinadas na fala dos Caboclos
de “Oxóssi”, o Amor é personificado em “Oxum”, e a força de transformação e a
energia da vitalidade se apresentam personificados em “Ogum”.
Mas ainda há muito que fazer muito trabalho a realizar, nossa explicação não
esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda, que guarda suas raízes em
épocas muito distantes do tempo, e que apesar de ser uma religião nova, com um século
de existência, vem crescendo e ganhando forças a cada dia. Uma pena, muitos dirigentes
de terreiros não serem conscientes de tudo isso, e é essa ignorância a maior responsável
pela visão errada que a maioria das pessoas tem em relação aos rituais sagrados da
Umbanda. Por isso é que devemos nos instruir cada vez mais sobre os fundamentos e
raízes de nossa religião, e que através desse estudo e da experiência que vivenciarmos
na prática dentro do terreiro, possamos corrigir todos esses equívocos.
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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA UMBANDA
Muitos ignoram certas verdades sobre a Umbanda e a julgam apressadamente,
sem conhecer seus ideais, gerando todas as dificuldades e o preconceito que ela vem
enfrentando, isso por culpa de alguns dirigentes de terreiros que por também, muitas das
vezes, não conhecerem estas verdades, manipulam e enganam seus seguidores e a si
mesmos, julgando estarem praticando a Umbanda quando na realidade são meros
instrumentos de "entidades" ou espíritos que não tem o mínimo de conhecimento das
questões espirituais.
Quando também não se deixam levar por sua vaidade pessoal e na maioria das
vezes são mal informados sobre a origem e a verdadeira natureza da Umbanda, o que os
leva a confundi-la com os Cultos de Nação ou com o Espiritismo. O próprio umbandista
acaba sendo também um dos grandes culpados por isso. A Umbanda por manifestar-se
na maioria das vezes por pessoas simples, de uma fé menos exigente, acaba
contribuindo para que se tornem com mais facilidade, vítimas dos pretensos sábios e
donos da verdade.
O adepto não buscando esse conhecimento mais aprofundado sobre sua religião
foi deixando que ela recebesse essa marca, esse rótulo, contribuindo para o aumento do
preconceito contra seus rituais, seu vocabulário e seus costumes. Também devido às
grandes manifestações de sectaristas religiosos, que preferem julgar antes e, talvez,
conhecer depois, víamos e ainda vemos o crescimento desse preconceito, A Umbanda é
um movimento muito forte no mundo espiritual, e seus mistérios vêm sendo revelados
de forma velada, aonde o adepto vai tomando conhecimento sobre os mesmos através de
seus mentores espirituais, os Orixás, aos quais devemos dedicar todo o mérito dos
trabalhos, e também no dia-a-dia de sua dedicação, desenvolvendo e solidificando seus
conhecimentos sempre baseados na Lei da Verdade, do Amor e da Caridade.
Os fundamentos da Umbanda variam de acordo coma vertente que a pratique,
mas existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim
podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de
Umbanda. São eles:
Olorum ou Zambi;
com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas
necessidades, construções de vida e sobrevivência;
manifestado de diferentes formas;
ritos ainda em processo de
evolução, para exercerem o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns,
organizados em planos e/ou linhas de evolução;
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cada casa de forma variada e diferenciada, de acordo com suas raízes, que existe para
nortear seus trabalhos;
pelos trabalhos, não matar e não utilizar o sacrifício de animais
sicos dos valores humanos, como:
fraternidade, caridade e respeito ao próximo e por si mesmo. Sendo a caridade uma
máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
Devido a Umbanda ser uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o
Catolicismo, o Esoterismo, justifica o fato de haver entre ela diferenças essenciais entre
seus templos, que lhe dão características próprias. É resultante natural da fusão
espiritual das raças branca, índia e negra.
Podemos observar em conversas entre Umbandistas é que muitos querem impor
seu culto aos outros, achando que somente a sua Umbanda está correta. Alguns querem
enfiar o africanismo goela abaixo dos demais, outros querem a todo o custo impor que o
Espiritismo é a base mais correta, alguns querem convencer os demais que a Umbanda
de Saraceni é a correta ou ainda que a Umbanda de Zélio é a única e verdadeira.
Querem transformar a religião num grande campeonato onde um grupo é melhor
que o outro e a paixão elimina a razão. Devemos tentar ver a umbanda como uma
religião criada pelo mundo espiritual, onde se aproveita os bons exemplos das diversas
religiões, que com o passar do tempo vem se aperfeiçoando, por isso cada vez mais
vemos a aglutinação de novos adeptos justamente por ela seguir os ensinamentos dos
grandes mestres da humanidade que pregaram o amor, a caridade, a tolerância, a
humildade e o fazer o bem sem importar-se a quem.
Nossa Religião foi cuidadosamente desenvolvida pelo Mundo Espiritual para
trazer evolução aos médiuns participantes e um alento aos seres encarnados que
necessitam de uma palavra amiga, um consolo de paz, de esperança e perseverança.
Nunca uma Entidade nos transmitiu qual a Umbanda é a correta, qual a Umbanda é a
mais eficiente, qual a Umbanda é a verdadeira, sempre nos dizem que devemos ser
médiuns dedicados e que devemos sempre estarmos preparados para ajudar ao próximo,
buscando zelar pelo bom nome de nossa Religião, sem esperarmos retribuições de
quaisquer formas que não sejam o reconhecimento do mundo espiritual.
Acreditamos que todas as Umbandas são corretas desde que sejam praticadas
com dedicação, amor e humildade. Umbanda é uma só, ela é a religião do presente e do
futuro e a medida que os não simpatizantes vão conhecendo sua beleza e sua
simplicidade, seus corações serão envoltos pela magia do amor, da caridade, da
humildade e da fé, dissipando assim todas as discriminações que hoje ela ainda sofre.
Devemos estar sempre atentos e continuar buscando o máximo de conhecimento, para
podermos nos esclarecer e assim ajudar tirar essa visão deturpada que a maioria das
pessoas tem em relação aos rituais sagrados da Umbanda. Só assim estaremos dando
mais um passo para o crescimento e o fortalecimento de nossa religião.
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AS LINHAS VIBRACIONAIS DA UMBANDA
A Umbanda, como já vimos, tem no simbolismo um de seus fundamentos mais
importantes e tem recorrido a ele desde sua fundação. O simbolismo está tão visível,
que todas as entidades que trabalham na Umbanda são evocadas através de nomes
simbólicos. Baseados também neste simbolismo os campos de trabalho são divididos
em linhas vibracionais, conhecidas como “As Sete Linhas da Umbanda”.
Todas as Escolas Iniciáticas sempre consideraram o sete como um número
cabalístico e sagrado, por isso ele está sempre presente em toda sua simbologia. O Sete
também é considerado o número da “expansão e centralização” da unidade, pois é
formado da soma do ternário com o quaternário, resultando no “Setenário Sagrado”.
Para entender um pouco mais a Umbanda devemos conhecer suas linhas ou campos
vibracionais, que são na verdade sete irradiações divinas onde cada qual flui em um
grau vibratório próprio e dá sustentação a vida.
Mas para isso comecemos por esquecer de conformar DEUS a um senhor de
barbas, e vê-lo simplesmente como “a forma energética primeira” da qual se formaram
todas as coisas e seres existentes. Tudo no Universo é energia em estado de maior ou
menor densidade e com diferentes formas de montagens de seus átomos e moléculas.
Após a chamada Criação, o DEUS UNIVERSAL, ou essa energia primária, continuou a
se desdobrar em uma infinidade de energias que circulam por todo o Universo criado e
não só pelo planeta Terra, que não é nem nunca foi seu centro.
Se uma energia mãe se desdobra, sempre há as primeiras energias que partem
dela e que depois também vão se desdobrando, interagindo e formando outros tipos de
energia. Para você entender melhor visualize o gráfico abaixo:
Podemos observar que se trata de um gráfico que representa a refração da luz
solar através de um prisma, onde ao passar pelo prisma, a luz, anteriormente branca, se
decompõe em diversas outras cores sendo que as sete visíveis para nós estão aqui
representadas. As três primeiras cores que se formam são as que conhecemos como
cores primárias, indivisíveis, que são o AZUL, o AMARELO e o VERMELHO. Todas
as outras se formam pela ação dessas três cores umas sobre as outras. Dessa forma o
VERDE é composto pelo amarelo com o azul, o LARANJA é formado pela soma do
amarelo com o vermelho, o VIOLETA é formado pelo vermelho com o azul.
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Assim como a luz ou a energia do Sol supõe-se que essa energia mãe em seu
processo de desdobramento decompõe-se primeiramente em três energias primárias que
posteriormente por interações geram mais quatro energias que voltam a interagir entre si
e entre as primárias gerando outras energias. Tudo isso é para que você entenda o que é
um Orixá e como ele é visto pela Umbanda. Se fizermos uma analogia entre as cores da
refração solar e as energias primeiras que se supõe serem geradas pelo Criador, as sete
primeiras energias seriam os “Sete Primeiros Orixás” gerados, ou os “Sete Raios” como
são chamados em outras filosofias, ou as “Sete Vibrações Originais”.
Cada Linha ou Vibração, ali representada, equivale a um grande exército de
espíritos afins que rendem “obediência” a um “Chefe” ou um Líder, o qual representa
para nós um Orixá ou Energia da Natureza, e cabe a ele uma grande missão no espaço.
Esse verdadeiro exército se subdivide em sete grandes Legiões, que por sua vez se
divide em sete Falanges, que se subdivide em sete subfalanges e assim por diante,
sempre cada qual com seu respectivo “comandante”.
Este assunto, como a maioria na Umbanda, é muito controverso, pois como
sabemos, a Umbanda é formada por diversas correntes de pensamento, cada qual com
sua Doutrina e Fundamentos bem específicos. Todavia, na sua manifestação mais
popular sabemos que os “Falangeiros” ou “Chefes das Falanges” são espíritos evoluídos
que representam diretamente os Orixás, suas forças são a emanação pura de suas
energias. Sendo assim, quando incorporados, mostram sua presença e sua força através
de uma roupagem fluídica que os representem. Suas irradiações divinas alteram nossos
sentimentos e nosso padrão vibratório, estimulando em nós sentimentos nobres e
virtuosos.
Os “Falangeiros” se agrupam em Linhas ou Falanges que são conhecidas como
as Sete Linhas da Umbanda, onde temos:
1ª - Linha de Oxalá: Que representa o princípio a Fé, o reflexo de Deus, o
verbo solar. É a luz refletida que coordena ou se desdobra nas demais vibrações em suas
manifestações na terra, por tanto não temos incorporações de falangeiros de Oxalá na
Umbanda, pois todos somos filhos Dele. Suas irradiações da Fé nos estimulam a
Religiosidade.
2ª - Linha de Yemanjá ou Linha do Povo D’água: Representa o Amor e a
Geração. Também trabalham nesta Linha as Orixás Oxum e Nanã (Originalmente um
Nkise que foi incorporada no panteão dos orixás iorubás aqui no Brasil). Suas
irradiações de geração e de amor nos estimulam a maternidade, a fecundação e as
uniões tanto carnais quanto materiais.
3ª - Linha de Oxóssi: Representa o Conhecimento, a Fartura e o Trabalho. Suas
irradiações do conhecimento nos estimulam o raciocínio. Suas falanges trabalham na
doutrinação dos irmãos sofredores e na cura através da medicina herbanária.
4ª - Linha de Xangô: Representa a Justiça. É a linha que coordena as Leis
Kármicas. Suas irradiações da Justiça nos estimulam a razão.
5ª - Linha de Ogum: Representa a Lei. É a linha mediadora que controla os
choques conseqüentes da Lei do Karma e as demandas da fé, das aflições, das lutas e
batalhas da vida. Suas irradiações da Lei nos estimulam a Ordem.
6ª - Linha de Omulú/Obaluayê ou Linha do Oriente: Representa a Evolução e
a Saúde. Suas irradiações da Evolução e da Saúde nos estimulam o equilíbrio. Nem
todos os espíritos que trabalham nesta Linha são oriundos do povo oriental, ela abriga as
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mais diversas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora da
Umbanda, a falange dos Médicos é um exemplo delas.
7ª - Linha de Iansã ou Linha das Almas: Representa a Maturidade, Humildade
e a Bondade. É comandada por Iansã auxiliada por Omulú. Esta linha, como os próprios
valores expressam, é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater
o mal em todas as suas manifestações. Eles são a Doutrina e a Filosofia, em
fundamentos e ensinamentos. São os senhores da magia e da experiência adquirida
através de seculares encarnações. Temos também o cruzamento dessas Falanges, onde
temos determinadas as qualidades dos “Falangeiros”. Vejamos alguns exemplos:
Oxalá;
-Mar, Ogum Sete Ondas, Ogum Iara são Falangeiros de Ogum
que trabalham na Linha das Águas;
Linha das Almas;
nha de
Oxóssi.
Esses nomes simbólicos são um recurso utilizado pelas entidades na Umbanda
para identificar qual nível vibracional atuam cada um desses espíritos e por qual Orixá
ele é regido. Assim temos Falangeiros e entidades trabalhando em todas as Linhas, cada
qual com seu nome e simbolismo próprio.
Podemos observar várias entidades se identificando como: Caboclo Rompe
Mato, Caboclo Pena Branca, Caboclo Cobra Coral, isso não quer dizer que é a mesma
entidade ou o mesmo espírito, e sim entidades que trabalham em um mesmo campo
vibracional. Em alguns terreiros, por falta de conhecimento e vaidade, é corriqueiro
acontecer de no templo já ter um Caboclo, ou um Preto Velho, ou um Exú
manifestando-se com um determinado nome e caso um novo médium manifeste uma
entidade que se identifique com o mesmo nome, o médium mais velho reage negando a
veracidade da nova manifestação, pois se sente o “dono” de tal entidade, chegando as
vezes a expulsar o novo guia tachando-o de mistificador, quiumba ou até mesmo um
impostor. Na Umbanda, os Falangeiros, guias ou protetores, e todas as entidades que
fazem parte de sua corrente astral que trabalham dentro das Sete Linhas também são
divididos em Linhas de Trabalho conhecidas como Linha da Direita e Linha da
Esquerda, onde temos:
Linha de Direita: Os Falangeiros dos Orixás, os Pretos-Velhos, os Caboclos,
os Boiadeiros, as Crianças, os Marinheiros, os Baianos e os Orientais.
Linha de Esquerda: O Povo de Rua, espíritos guardiões, que são os Exus,
Pomba-giras, Ciganos e Malandros.
A Umbanda por ser considerada no Astral um Ritual de ação positiva à
humanidade atrai milhares de espíritos sedentos para trabalhar em suas searas em
beneficio do próximo. Esses espíritos são doutrinados e dirigidos a uma das linhas de
trabalho de acordo com seu campo vibracional, segundo a Lei das Afinidades. Sendo
assim, nem todas as entidades que manifestam nos Terreiros como Pretos Velhos, por
exemplo, foram necessariamente negros e escravos, como nem todos os Caboclos foram
necessariamente índios, são apenas uma roupagem fluídica simbólica, uma homenagem
a esses povos que contribuíram para a formação do povo brasileiro. Os espíritos se
utilizam desse simbolismo nas manifestações para afastar a vaidade dos médiuns, pois a
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eles, entidades, só interessam a caridade e o amor ao próximo, e não quem foram ou o
que fizeram, ou até mesmo que título tiveram em suas encarnações passadas.
Não se incomodam em manifestar-se de uma forma humilde e simples. Nesses
grupos de espíritos não há distinção de raças, origem religiosa ou títulos terrenos, neles
o que impera é a beleza da Alma, o valor do caráter. Amam a todos e sabem que a carne
é somente um veículo transitório. Uma gíra de Umbanda é uma verdadeira aula de
humildade e desprendimento, o que a nós deve interessar saber é que todos tem algo a
nos ensinar, independente de sua origem. Devemos ter a consciência de que eles nos
auxiliam no que for permitido pela Lei Maior e no que for de nosso merecimento e não
para suprir nossas futilidades.
AS FONTES ENERGÉTICAS DA UMBANDA
Muitas pessoas necessitam, ainda, de algo que funcione como muletas
psicológicas, a fim de desenvolverem seu potencial. Mas na Umbanda o que acontece é
bem diferente, o altar ou “congá”, os objetos de culto e todo o simbolismo são utilizados
visando compor o que as entidades chamam de “bateria magnética”, uma espécie de
bateria psíquica que concentra as energias para as tarefas a serem realizadas. A
Umbanda como já vimos, lida com fluidos, às vezes, muito pesados, com magnetismo
elementar e uma grande quantidade de pessoas que vem em busca desses recursos e
devido à falta de informação não conseguem compreender seu verdadeiro objetivo e sua
responsabilidade quanto a manutenção delas.
O “gongá” é uma verdadeira concentração de energia, nele são concentrados
seus pensamentos, suas orações, suas criações mentais mais sutis. Então quando os
mentores espirituais precisam de uma cota de energia maior para a realização de
determinadas atividades, recorrem a esse “depósito de energia”, mas o gongá é também
um imenso reservatório de ectoplasma, força nervosa grandemente utilizada devido à
natureza dos trabalhos.
Os cânticos ou “pontos cantados” também têm um profundo significado dentro
dos rituais da Umbanda, usados não só para a invocação dos “guias”, ou mentores
espirituais, e para a identificação dos mesmos quando estes se manifestam, servem
também como condensadores de energia, é uma espécie de mantra, palavras
consagradas por seu alto potencial de captação energética, e de acordo com o ponto
cantado, uma imensa quantidade de energia vai se formando e se aglutinando na
psicosfera ambiente, esta que depois é absorvida pela aura dos que ali se encontram,
além de se agregarem em torno do gongá. Seguindo o mesmo processo, também temos
os chamados “banhos de descarrego”, tão receitados pelas entidades, sabemos bem do
poder das ervas e de seu magnetismo, que quando utilizados adequadamente podem
operar verdadeiros prodígios, gerando equilíbrio e harmonia.
As plantas guardam, em seu estado de evolução, muita energia e vitalidade, os
raios do sol que são absorvidos no processo da fotossíntese, formam uma aura particular
em cada família do reino vegetal, que se associa ao próprio quimismo da planta, que
quando são colocadas em infusão transmitem à água todo o seu potencial energético,
curador e reconstituinte. Quando o adepto toma o banho com a mistura de determinadas
ervas, todo o magnetismo que ali está associado provoca em alguns casos, um choque
energético ou uma reconstituição das camadas mais externas de sua aura. Na verdade,
isso não tem nada a ver com o misticismo, é puramente científico.
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Sob a influência abençoada das ervas, muitos benefícios tem sido alcançados por
inúmeras pessoas. Na atualidade, muitos cientistas deram sua contribuição com a
descoberta dos florais, que obedecem ao mesmo princípio terapêutico dos chás e banhos
de ervas. Nas defumações, empregadas na Umbanda, o princípio é o mesmo, mas em
lugar de empregar as ervas em infusão, elas são queimadas, e na queima, suas
propriedades terapêuticas são transmitidas e utilizadas de forma energicamente pura, ou
seja, o fogo, a combustão, transforma a matéria em energia, isto é a lei da física, e
quando determinada erva é queimada, sua parte fluídica ou etérea se concentra aliando-
se ao seu potencial próprio o potencial da parte física que se transforma em energia no
momento da combustão, o produto obtido aí, aliado ao fluido energético dos espíritos
que sabem manipular tais recursos. Neste caso, também não se trata de misticismo, mas
de puro conhecimento de certas propriedades dos elementos vegetais, animais e
minerais a serviço do bem.
Podemos observar que todas essas energias são utilizadas para desestruturar as
criações mentais inferiores que se encontram nas auras dos adeptos. Mas para muitos,
tudo isso significa apenas uma forma de adorar ou de se prestar culto às forças da
natureza, ou um elo de ligação e união com os guias e mentores espirituais.
Por isso que nós umbandistas temos a necessidade de cada vez mais nos
esclarecer sobre as questões de nossa religião para compreendermos as leis que regem
as atividades da espiritualidade e para não continuarmos na ignorância do que ocorre
transformando tudo em misticismo.
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AS OFERENDAS NA UMBANDA
Desde a mais longínqua antigüidade o ser humano sempre tentou alcançar as
benesses de seres superiores, seus deuses, através de presentes que julgavam ser do
agrado destes. Sem entrar muito profundamente na história de cada religião, podemos
ver alusões a oferendas, inclusive com matança de animais até mesmo no chamado
Antigo Testamento, tendo sido inclusive o fato de Jeová não ter aceito a oferenda de
Caim tão bem quanto aceitou a de Abel o que desencadeou no ciúme, inveja e posterior
assassinato de um pelo outro.
É certo também que com o passar dos tempos, muitos hábitos antes tidos como
fundamentais, foram se modificando em todas as Religiões e Seitas, baseados na
pressuposição de que não teriam real fundamento porque o Deus que procuravam não
poderia mais ser ligado a presentes materiais como os que então eram oferecidos.
Aprendemos que se entidades que não chegam a serem deuses, por não terem alcançado
um nível evolutivo maior, já não se prendem às coisas materiais, que dirá um Deus ou
mesmo um "Orixá", seja ele quem for. Por que então as oferendas na Umbanda? Por
acaso não seria para alcançar as benesses dos Orixás e do próprio DEUS? Sabendo que
os Orixás são irradiações puras do criador e não necessitam dessas oferendas, então
quem realmente as recebe? Quem as recebe são entidades conhecidas como Elementais
da Natureza, também conhecidos por Espíritos da Natureza.
Os Elementais podem ser compreendidos, sob uma definição laica, como seres,
criaturas físicas ou espirituais, que habitam os quatro reinos da natureza (água, fogo,
terra e ar) e podem exercer influência sobre os seres vivos. Elementais também é o
nome dado em algumas religiões a todo e qualquer espírito existente na natureza
segundo a crença no “Animismo” Também são conhecidos como personagens fictícios,
que representam a natureza e que seriam capazes de controlar seus elementos e os
representar. São eles:
Silfos - os elementais do ar;
Salamandra - os elementais do fogo;
Ondinas - os elementais da água;
Gnomos - os elementais da terra.
O trato com Elementais pode ser perigosíssimo para os que não sabem se
precaver, e é por isso mesmo que na Umbanda, o trato com esses seres é feito através
daqueles que realmente sabem e podem, com segurança, determinar junto a eles as
diretrizes desse ou daquele trabalho.
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Não é que seja tão difícil entrar em contato com eles, o problema está,
principalmente, na tendência dos humanos quererem fazer desses seres os seus
"geninhos particulares", pensando que são mais inteligentes e podem comprá-los com
as oferendas que colocam em certos lugares sem se preocuparem com mais nada. Em
casos assim eles podem transformar-se em obsessores difíceis de serem afastados.
Que fique bem claro que os Elementais são amplamente utilizados em trabalhos
de magia tanto positiva quanto negativamente por entidades astrais. Quando uma
entidade pede uma oferenda para a realização deste ou daquele trabalho, pode estar
certo de que a menos que ela seja um "quiumba", um espírito elementar em evolução,
estará solicitando a mesma para que possa atrair e comandar certos elementais que têm
ação direta sobre o tipo de trabalho a ser executado. Que fique bem claro que Entidade
espiritual que já passou por um processo evolutivo não precisa comer nem beber, muito
menos de sangue de animais sacrificados, já os Elementais e certos Espíritos
Elementares (quiumbas e certos obsessores) sim, pois pertencem a um nível astral quase
que igual ao nosso e na verdade o que fazem é absorver a energia que emana desses
elementos a eles oferecidos e não da matéria propriamente dita.
Quanto às oferendas utilizadas na Umbanda são oferecidas exatamente na
intenção de liberarem ou como forma de canalizarem certas energias, que por sua vez
serão absorvidas e usadas para a realização do trabalho proposto.
Sabemos que essas oferendas podem ser representativas ou “votivas”. Nós
umbandistas não somos contra as oferendas, mas sim com o tipo e o excesso delas. Pois
existem médiuns e assistentes dentro da Umbanda que acreditam piamente que só
através de oferendas é que conseguirão os seus objetivos e fazem isto com tanto
freqüência e fé que acabam “viciando” nesta prática a si mesmo e a entidade ou
entidades oferendadas.
Deveriam saber que com uma simples oração, conseguiriam seu intento, mas não
o consegue por não estar habituado a fazer as coisas de maneira simples e
espiritualizada, ou seja, precisa da matéria, de uma muleta psíquica para canalizar sua
fé. É claro que em determinados momentos elas são necessárias, mas não devem fazer
parte do dia-a-dia do médium ou do consulente. Devem ser orientadas, explicadas e
justificadas.
Antes de qualquer coisa, um verdadeiro umbandista deve sempre se preocupar
em não poluir os reinos da natureza, considerar sempre a lógica e não esquecer de que a
Umbanda considera a natureza como manifestação de Deus na terra, por tanto tem o
dever preservá-la. Um grande Caboclo dirigente de um terreiro de Umbanda ao sempre
se deparar com médiuns e assistência lhe perguntando sobre qual oferenda se deveria
entregar no dia de determinado Orixá, resolveu então passar uma receita básica que
pode ser utilizada para qualquer Orixá ou Entidade. Vamos a ela:
“Material necessário:
01 pacote de amor, em pó, para que qualquer brisa possa espalhar entre as
pessoas que estiverem perto ou longe de você;
01 pedaço (bem generoso) de fé, em estado rochoso, para que ela seja
inabalável;
Algumas páginas de estudo doutrinário, para que você possa entender as
intuições que recebe;
01 pacote de desejo de fazer caridade desinteressada, em retribuição, para
não "desandar" a massa.
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Modo de Preparo: Junte tudo isto num alguidar feito com o barro da resignação
e determinação e venha para o terreiro. Coloque em frente ao Gongá e reze a seguinte
prece: "Pai, recebe esta humilde oferenda dada com a totalidade da minha alma e
revigora o meu físico para que eu possa ser um perfeito veículo dos teus enviados.
Amém." Pronto! Você acabou de fazer a maior oferenda que qualquer Orixá, Guia ou
Entidade pode desejar ou precisar: Você se dispôs a ser um MÉDIUM!”
“Foi, não há muito tempo atrás, que essa história aconteceu. Contada aqui de
uma forma romanceada, mas que trás em sua essência uma verdadeira mensagem para
os umbandistas. Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os
pelos do corpo. Realmente o Sol tinha se escondido nesse dia e a Lua, tímida, teimava
em não iluminar com seus encantadores raios brilhosos como fios de prata, a morada
dos Orixás. Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das “guerras”, saiu do alto ponto onde
guarda todos os caminhos e dirigiu–se ao mar. Lá chegando, as sereias começaram a
cantar e os seres aquáticos agitaram–se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e
corajoso.
Yemanjá que tem nele um filho querido, logo abriu um sorriso, aqueles de mãe
“coruja” quando revê um filho que há tempos partiu de sua casa, mas nunca de sua
eterna morada dentro do coração: - Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo! Você
podia vir visitar mais vezes sua mãe, não é mesmo? - ralhou Yemanjá, com aquele tom
típico de contrariedade. - Desculpe, sabe, ando meio ocupado - Respondeu um triste
Ogum. - Mas, o que aconteceu? Sinto que estás triste. - É, vim até aqui para “desabafar”
com você “mãezinha”. Estou cansado! Estou cansado de muitas coisas que os
encarnados fazem em meu nome. Estou cansado com o que eles fazem com a “espada
da Lei” que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda. Estou muito mais
cansado das “supostas” demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um
deles… Estou cansado… Ogum retirou seu elmo, e por de trás de seu bonito capacete,
um rosto belo e de traços fortes pôde ser visto.
Ele chorava. Chorava uma dor que carregava há tempos. Chorava por ser tão mal
compreendido pelos filhos de Umbanda. Chorava por ninguém entender, que se ele era
daquele jeito, protetor e austero, era porque em seu peito a chama da compaixão
brilhava. E se existe um Orixá leal, fiel e companheiro, esse Orixá é Ogum. Ele daria a
própria vida por cada pessoa da humanidade, não apenas pelos filhos de fé. Não! Ogum
amava a humanidade, amava a Vida. Mas infelizmente suas atribuições não eram
realmente entendidas. As pessoas não viam em sua espada, a força que corta as trevas
do ego e logo a transformavam em um instrumento de guerra. Não vinham nele a
potência e a força de vencer os abismos profundos, que criam verdadeiros vales de
trevas na alma de todos.
Não vinham em sua lança, à direção que aponta para o autoconhecimento, para
iluminação interna e eterna. Não! Infelizmente ele era entendido como o “Orixá da
Guerra”, um homem impiedoso que se utiliza de sua espada para resolver qualquer
situação. E logo, inspirados por isso, lá iam os filhos de fé esquecer os trabalhos de
assistência a espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura,
esqueciam do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer trabalho
espiritual, para apenas realizaram “quebras e cortes” de demandas, muitas das quais
nem mesmo existem, ou quando existem muita das vezes são apenas reflexos do próprio
estado de espírito de cada um. E mais, normalmente, tudo isso se torna uma guerra de
vaidade, um show “pirotécnico” de forças ocultas.
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Muita “espada”, muito “tridente”, muitas “armas”, pouco coração, pensamento
elevado e crescimento espiritual. Isso magoava Ogum. Como magoava. Continuou
Ogum: - Ah, filhos de Umbanda, por que vocês esquecem que Umbanda é pura e
simplesmente amor e caridade? A minha espada sempre protege o justo, o correto,
aquele que trabalha pela luz, fiando seu coração em Olorum.
Por que esquecem que a Espada da Lei só pode ser manuseada pela mão direita
do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberba, do poder
transitório, da ira, da ilusão, transformando–a em apenas mais uma espada semeadora
de tormentos e destruição. Então, Ogum começou a retirar sua armadura, que
representava a proteção e firmeza no caminho espiritual que esse Orixá traz para nossa
vida. E totalmente nu ficou frente à Iemanjá. Cravou sua espada no solo. Não queria
mais lutar, não daquele jeito. Estava cansado…
Logo um estrondo foi ouvido e o querido, mas também temido Tatá Omulú
apareceu. E por incrível que pareça o mesmo aconteceu. Ele não agüentava mais ser
visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia como ele, o
guardião da Vida podia ser invocado para atentar contra ela. Magoava-se por sua
falange da morte, que é o princípio que a tudo destrói, para que então a mudança e a
renovação aconteçam ser tão temida e mal compreendida pelos homens.
Ele também deixou sua Falange aos pés de Iemanjá, e retirou seu manto escuro
como a noite. Logo se via o mais lindo dos Orixás, aquele que usa uma cobertura para
não cegar os seus filhos com a imensa luz de amor e paz que se irradia de todo seu ser.
A luz que cura, a luz que pacifica aquela que recolhe todas as almas que se perderam na
senda do Criador. Infelizmente os filhos de fé esquecem-se disso. Mas o mais incrível
estava por acontecer. Uma tempestade começou a desabar aumentando ainda mais o
aspecto incrível e tenebroso daquela estranha noite.
E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo, começarem também
a despir-se de suas vestimentas sagradas, além de as deixarem ao pé de Yemanjá suas
armas e ferramentas simbólicas. Faziam isso em respeito a Ogum e Omulú, dois Orixás
muito mal compreendidos pelos umbandistas. Faziam isso por si próprios. Iansã queria
que as pessoas entendessem que seus ventos sagrados são o sopro de Olorum, que
espalha as sementes de luz do seu amor. Oxóssi queria ser reverenciado como aquele
que, com flechas douradas de conhecimento, rasga as trevas da ignorância. Egunitá
apagou seu fogo encantador, afinal, ninguém se lembrava da chama que intensifica a fé
e a espiritualidade. Apenas daquele que devora e destrói. Os vícios dos outros, é claro.
Um a um, todos foram despindo-se e pensando quanto os filhos de Umbanda
compreendiam erroneamente os Orixás. Yemanjá, totalmente surpresa e sem reação,
não sabia o que fazer. Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente. Era Exú.
O controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava
para a reunião, acompanhado pela Pomba-gira, sua companheira eterna de jornada. Mas
os dois estavam muito diferentes de como normalmente apresentam-se. Andavam
curvados, como que segurando um grande peso nas costas. Tinham na face, a expressão
do cansaço. Mas, mesmo assim, gargalhavam muito.
Eles nunca perdiam o senso de humor! E os dois também repetiram aquilo que
todos os Orixás foram fazer na casa de Yemanjá. Despiram–se de tudo. Exu e Pomba-
gira, sem dúvida, eram os que mais razões tinham de ali estarem. Inúmeros eram os
absurdos cometidos por encarnados em nome deles. Sem contar o preconceito, que o
próprio umbandista ajudou a criar, dentro da sociedade, associando-o a figura do Diabo:
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- Há, há, há, lamentável essa situação, há, há, há, lamentável! - Exu chorava, mas Exu
continuava a sorrir. Essa era a natureza desse querido Orixá.
Yemanjá estava desesperada! Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto. Mas
nem mesmo a encantadora Rainha do Mar sabia o que fazer: - Espere! - pensou
Yemanjá - Oxalá, Oxalá não está aqui! Ele com certeza saberá como resolver essa
situação.
E logo Yemanjá colocou-se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei
entre os Orixás. Oxalá apresentou–se na frente de todos. Trazia seu opaxorô, o cajado
que sustenta o mundo. Cravou na Terra, ao lado da espada de Ogum. Também se despiu
de sua roupa sagrada, pra igualar-se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro cantos do
Orun:
- Olorum manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos queridos! Ele diz
para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem, aqueles que
assim o fazem, não medem esforços para disseminar essas verdades divinas. Fechem os
olhos e vejam, que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nossos
nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado e colhido, por mãos de
sérios e puros trabalhadores nesse, às vezes triste, mas abençoado planeta Terra. Esses
verdadeiros filhos de fé que lutam por uma Umbanda séria, sem os absurdos que por aí
acontecem. Esses que muito além de “apenas” prestarem o socorro espiritual, plantam
as sementes do amor dentro do coração de milhares de pessoas.
Esses que passam por cima das dificuldades materiais, e das pressões espirituais,
realizando um trabalho magnífico, atendendo milhares na matéria, mas também,
milhões no astral, construindo verdadeiras “bases de luz” na crosta, onde a
espiritualidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se. Esses que realmente nos
compreendem e nos buscam dentro do coração espiritual, pois é lá que o verdadeiro
Orun reside e existe. Esses incríveis filhos de umbanda, que não colocam as
responsabilidades da vida deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende
exclusivamente deles mesmos.
Esses fantásticos trabalhadores anônimos, soltos pelo Brasil, que honram e
enchem a Umbanda de alegria, fazendo a filhinha mais nova de Olorum brilhar e
sorrir… Quando Oxalá calou-se os Orixás estavam mudados. Todos eles tinham suas
esperanças recuperadas, realmente viram que se poucos eram os que os compreendiam,
grande era o trabalho que estava sendo realizado, e talvez, daqui algum tempo, muitos
outros se juntariam nesse ideal.
E aquilo os alegrou tanto que todos começaram a assumir suas verdadeiras
formas, de luzes fulgurantes e indescritíveis. E lá, do plano celeste, brilharam e
derramaram-se em amor e compaixão pela humanidade. Em Aruanda, os caboclos,
preto-velhos e crianças, o mesmo fizeram. Largaram tudo, também se despiram e
manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos
Orixás. Na Terra, baianos, marinheiros, boiadeiros, ciganos e todos os povos de
Umbanda, sorriam. Aquelas luzes que vinham lá do alto os saudavam e abençoavam
seus abnegados e difíceis trabalhos. Uma alegria e bem-aventurança incríveis invadiram
seus corações. Largaram suas armas.
Apenas sorriam e se abraçavam. O alto os abençoava… Mas, uma ação dos
Orixás nunca fica limitada, pois é divina, alcançando assim, a tudo e a todos. E lá no
baixo astral, aqueles guardiões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados
pelas luzes Deles, os Senhores do Alto. Largaram as armas, as capas, e lavaram suas
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sofridas almas com aquele banho de luz. Lavaram seus corações, magoados por tanta
tolice dita e cometida em nome deles. Exus e Pomba-giras, naquele dia foram tocados
pelo amor dos Orixás, e com certeza, aquilo daria força para mais muitos milênios de
lutas insaciáveis pela Luz. Miríades de espíritos foram retiradas do baixo-astral, e pela
vibração dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda que leva ao Criador.
E na matéria toda a humanidade foi abençoada. Aos tolos que pensam que
Orixás pertencem a uma única religião ou a um povo e tradição, um alerta. Os Orixás
amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente. Aquela noite que tinha
tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou-se benção na vida de
todos. Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as egrégoras de paz e luz deram-se
as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orun, a morada
celestial dos Orixás.
Vocês, filhos de Umbanda, pensem bem! Não transformem a Umbanda em um
campo de guerra, onde os Orixás são vistos como “armas” para vocês acertarem suas
contas terrenas. Muito menos se esqueçam do amor e compaixão, chaves de acesso ao
mistério de qualquer um deles. Umbanda é simples, é puro sentimento, alegria e razão.
Lembrem-se disso. E quanto a todos aqueles que lutam por uma Umbanda séria,
esclarecida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem-se das palavras de
Oxalá ditas linhas acima. Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem
por aqueles que não têm olhos para ver o brilho da verdadeira espiritualidade.
Lembrem-se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de alegria e esperança.
A todos, que lutam pela Umbanda nessa Terra de Orixás, esse texto é dedicado.
Os honrem. Sejam luz, assim como Eles! Axé ê o babá.”
Autoria Espiritual: Vovó Maria Conga
Transcritor: Humilde e desconhecido
Local: Algum terreiro da Bahia
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OS ORIXÁS - DIVINDADES DA UMBANDA
A Umbanda foi formada com bases na simplicidade em que os antigos povos
cultuavam Deus, para eles, Ele era o sol que germinava as sementes lançadas na terra,
era a própria terra que alimentava e dava vida às sementes, era a chuva bendita que
vinha do céu para molhar a terra fazendo crescer as plantações e matar a sede enchendo
seus poços de água. Conseqüentemente, com isso para eles a natureza era sagrada,
encontravam Deus em todos os lugares e toda a manifestação da natureza era uma
manifestação divina.
Os Orixás, divindades da Umbanda, representam essas forças da natureza, são as
personificações de seus elementos cósmicos. Nem os índios nativos nem os povos
africanos adoravam a natureza em si, mas sim as potências energéticas associadas aos
muitos aspectos desta natureza viva, por exemplo: “Yemanjá” não é a água do mar, mas
a concretização em nível físico de sua energia.
As entidades que se manifestam nos Terreiros de Umbanda não são essas
potências energéticas da natureza, mas espíritos evoluídos que atuam no plano
vibracional de cada uma destas potências ou elementos. Os Orixás, na Umbanda sendo
agentes divinos que regem e manipulam cada uma dessas energias têm seu ponto de
força ou santuário natural, onde devemos evocá-los e entrar em contato mediúnico para
buscarmos forças para o desenvolvimento de nossos trabalhos e estender os laços de
união que nos unem a eles, nossos guias espirituais.
O mar é o ponto de força de Yemanjá, as cachoeiras de Oxum, as matas de
Oxóssi, as pedreiras de Xangô e Iansã, os campos abertos de Oxalá, os caminhos de
Ogum, os jardins a beira-mar e cachoeiras dos Erês, os cemitérios de Omulú e as
encruzilhadas dos Exús; aqui enumeramos os principais pontos de força dos Orixás e de
algumas das entidades que trabalham na Umbanda. A Umbanda é um movimento
espiritual que sempre esteve ativo, muitas das vezes com nomes diferentes, mas sempre
ativo. Cultuar os Orixás na natureza, nada mais é do que reconhecer a onde a árvore da
vida dá seus melhores frutos.
Os Orixás que se manifestam na umbanda são os regentes e ativadores das forças
que habitam a natureza, o adepto é seu intermediário. O Orixá regente vai abrindo, de
forma gradual, a cada mediador a cortina sobre seu poder de atuação no mundo
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espiritual e material, pois ainda não é o tempo de se levantar o véu de luz que oculta os
grandes mistérios sagrados. A origem do culto dos Orixás na Umbanda provém dos
Negros Africanos que foram presos e trazidos escravizados para o Brasil.
Devemos lembrar que a África não é um País e sim um continente e que os
Negros em questão vieram de diferentes Nações Africanas, que tinham suas
particularidades quanto aos cultos a seus "deuses". Podemos citar os Nagôs ou Yorubás
que habitavam regiões da atual Nigéria, Benin, Togo e Gana com o culto aos Orixás; os
Bantos, trazidos da região do Congo e Angola com o culto aos Nkises e os Jeje (Fon)
vindos da atual República Popular do Benin com o culto aos Voduns. Eles aqui, de certa
forma, unificaram sua cultura e reorganizaram os cultos originais ao novo ambiente e
situação, ficando mais difundida a cultura e religião dos Yorubas, devido o fato desses
terem sidos escravizados nos períodos mais brandos da colonização Portuguesa, tendo
assim mais liberdade quanto sua cultura e religião.
Estudos mostram que no continente Africano existiam de 600 a 1700 Orixás e
que para o Brasil vieram cerca de 50 Orixás, onde apenas 16 sobreviveram nos Cultos
de Nação, Candomblé.
Vejamos como eram divididos os dias da semana na Nação Yorubá/Nagô:
1º dia: Ojó Awo - é o dia da consulta a Ifá.
2º dia: Ojó Ogún - é o dia das conquistas e lutas.
3º dia: Ojó Jàkúta - é o dia da justiça.
4º dia: Ojó Obàtálá - é o dia de reverência a Oxalá.
Na maioria dos terreiros de Umbanda segue-se um modelo que foi adaptado
pelos Negros Africanos, já que seu calendário era diferente do nosso, e apesar de
algumas mudanças pela influencia de outras Nações, ficou um modelo meio que padrão
que teve uma tendência há modificar um pouco mais com o surgimento das sete linhas
de Umbanda, conforme a fundamentação e as raízes de cada Terreiro.
Ficando então os Orixás e as linhas de trabalho distribuídos da seguinte forma:
Segunda - Omulú, Almas, Pretos Velhos, Exus e Malandros
Terça - Ogum
Quarta - Xangô, Iansã e Baianos
Quinta – Oxóssi, Caboclos e Boiadeiros
Sexta - Oxalá
Sábado - Oxum, Iansã, Yemanjá, Marinheiros e Ciganos
Domingo - Ibeji (Erês/Crianças), Yemanjá
Com um estudo mais aprofundado, observamos que muitos como a cultura
greco-romana, os povos do Egito, da Babilônia e Mesopotâmia, assim como os Maias,
Astecas e Incas na América, observavam os astros errantes e também cultuavam Deus
em suas manifestações através das forças da natureza e associavam esse potencial a
esses astros, os nomeando pelos nomes dos seus "deuses".
A Astrologia e a Ciência vieram mais tarde fundamentar esses cultos, nos
mostrando as reais influências dos astros na natureza, onde podemos citar como
exemplo a influência da Lua nas marés, provando assim que o Universo se interage num
tudo. Seguindo essa linha de raciocínio e admitindo que uma dessas "verdades
universais" é que Deus é único e que se apresenta diferentemente para cada povo de
acordo com sua cultura, seu grau de evolução e entendimento, podemos observar que as
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características, arquétipos de cada Orixá e das várias divindades de outras culturas são
muito parecidas se diferenciando apenas nos nomes e nas formas de culto.
Os gregos criaram um período de sete dias para seus sete planetas/deuses,
período que hoje conhecemos como semana.
Então oremos e peçamos a Oxalá que permita a cada mediador dentro do ritual
da Umbanda, procurar elevar-se moralmente buscando expandir seus conhecimentos,
sempre fortalecendo o elo de comunicação com seu mentor espiritual, manifestado e
personificado na forma de um Orixá, se integrando cada vez mais com ele, podendo
assim, através dele, irradiar a luz e a força de Deus, transmitindo suas energias
reparadoras e mensagens de amor através da Caridade.
OLORUM - DEUS, O CRIADOR
"Olorum, meu Deus, criador de tudo e de todos. Poderoso é o vosso nome e
grandiosa e vossa misericórdia. Em nome de Oxalá, recorro a vós, nesse momento,
para pedir-Te a benção durante meu caminhar rumo a Vossa vontade. Que Vossa
divina luz incida sobre tudo que criaste. Com Vossas mãos, retire todo mal, todos os
problemas e todos os perigos que estejam em meu caminhar. Que as forças negativas
que me abatem e que me entristecem, se desfaçam ao sopro de Vossas bênçãos. Que o
Vosso poder destrua todas as barreiras que impedem meu progresso rumo a Tua
verdade. E que Vossas virtudes penetrem e meu espírito dando-me paz, saúde e
prosperidade. Abra Senhor os meus caminhos, que meus passos sejam dirigidos por
Vós para que não tropece em minha caminhada. Assim seja! Salve Olorum!”
“Olorum”, ou “Olodumaré”, ou Zambi, é o criador do Universo, é o próprio
princípio criador em eterno movimento, fonte de tudo o que somos e de tudo o que
nossos sentidos possam perceber. Se quisermos encontrar Olorum, temos que procurá-lo
primeiramente em nós mesmos, Ele é o princípio que rege tudo e todos, é infinito em
suas perfeições, é eterno, imutável, imaterial e único. É todo poderoso porque é único, e
é sobre tudo, soberanamente justo e bom.
Para acreditar em Deus, Olorum, basta o homem lançar os olhos sobre as obras
de sua criação. Duvidar de sua existência seria negar que todo efeito tivesse uma causa,
e admitir que o nada possa fazer alguma coisa. Deus, Olorum, não é uma força ordenada
pelo homem, muito pelo contrário, por mais sábio que seja o homem, uma religião, ou a
própria humanidade, jamais conseguirá penetrar em seus mistérios. Esse “saber”, seus
mistérios ou qualquer que seja o nome que lhes dê: Jeová, Alá, Brahama, Zambi, pouco
significa perante o criador, são apenas formas diferentes para expressar a mesma coisa.
Quando adquirimos conhecimentos a respeito dos muitos meios que Olorum se
utiliza para comunicar-se conosco, vamos a busca de Sabedoria, esta que nos revela
seus mistérios ocultos e sagrados, e quando nos tornamos sábios, procuramos nos guiar
pela Razão ou pelo Raciocínio, este que nos ensina a usar o que a Sabedoria nos
revelou: seus mistérios divinos, sua força ativa e sua razão de ser.
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A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, este equilíbrio nos diz o que é
certo e o que é errado na vida, e é isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu
equilíbrio e se tornaram conhecedores da Lei, se sacrifiquem em beneficio de seu
semelhante, sem nada esperar em troca, e quando alguém se torna um “equilibrador” de
seus semelhantes, baseado sempre na Caridade pura, que é a Lei maior ensinada pelo
Mestre Jesus ou “Oxalá” , como nós o chamamos, é porque descobriu o verdadeiro
sentido da vida, adquirindo uma fé indestrutível no criador, Olorum.
Essa Fé nos faz perceber a grandeza da força de Olorum, nos faz também
transbordar em Amor, e quando amamos a nós mesmos como obras de Olorum,
conseguimos amar e respeitar a vida de nossos semelhantes e a natureza como a nossa
própria vida, percebendo assim nas coisas mais simples a essência do criador, vendo
que uma simples pedra não é menos importante que uma montanha, pois tudo é obra de
Deus, Olorum. Poderíamos falar Muito mais a respeito de Olorum, mas ainda não
estamos preparados para conhecermos todos os seus mistérios, por isso é que devemos
buscar cada vez mais esclarecer-nos e elevar-nos moralmente para que no seu devido
tempo, possamos ter o merecimento de obter todas as respostas a respeito de Olorum,
Deus, o criador de tudo e de todos.
OXALÁ - O EQUILÍBRIO E A FÉ
"Oxalá, divina manifestação do bem, Senhor da perfeita sabedoria e do bendito
amor. Oh Pai! Vós que recebestes o poder do supremo doador para tudo e todos
protegei-me das ciladas ilusórias do mundo enganador e despertai-me para a realidade
da vida imortal. Sois a imaculada irradiação do altíssimo, Vosso nome é maravilhoso e
compassivo, me guie com ternura e esperança para Aruanda, cidade da Luz. Eu venho
a Vós, preso na mais grosseira materialidade e afogado em sentimentos inferiores,
arrependido rogo-te pela salvação de minha consciência. Junto a Vós, trilho por
caminhos iluminados, porque Sois a divina pureza acolhedora e misericordiosa. Santo
nome envolva-me em sentimentos fraternos de real amor, afim de que chegue até Vós.
Oxalá, meu pai, tende pena e compaixão de mim. Êpa, Babá! Salve Oxalá!”
Falar de Oxalá é falar de algo que é para ser sentido, não tocado, pois Ele é a luz
que equilibra tudo e todos. É o maior dos Orixás da Umbanda, e o único a manifestar-se
fisicamente aos homens, na conformação de Jesus Cristo, com a missão de esclarecer as
Leis do Criador e reequilibrar a humanidade através das Leis do Amor e da Caridade. A
Ele só importa o que fazemos e o que pensamos, pois é a Ele a quem devemos prestar
contas de nossos atos, porque Ele é a própria lei de Deus em execução. Por ser o maior
dos orixás, não tem um ponto de força específico, seu poder se manifesta em todos os
lugares, mas muitos o associam a energia solar e a dos demais astros. É representado
pela estrela de seis pontas, sua cor é a branca e seu dia da semana é a sexta-feira e sua
saudação é "Epá, Babá!".
É sempre invocado nos Rituais da Umbanda para reequilibrar as manifestações
ou para devolver o equilíbrio tanto do espírito quanto do corpo físico. Por isso é que
quanto mais puros são os nossos ideais e procurarmos cada vez mais nos elevarmos
moralmente, mais próximos Dele estaremos.
Na Umbanda os trabalhos que são realizados sob a regência de Oxalá são sempre
doutrinadores, e as entidades que são regidas por Ele, trabalham na linha da Fé, mas
para que possam chegar a esse nível de elevação, é necessário que tenham passado por
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todas as linhas de força dentro dos rituais da Umbanda, e que também conheçam todos
os pontos de força da natureza e seus campos de atuação no mundo material e espiritual.
Essas entidades são de um equilíbrio maravilhoso, suas palavras transmitem toda a
sabedoria que foi sedimentada com o tempo e a experiência nos trabalhos.
Poderíamos falar muito a respeito das linhas de trabalho que atuam sob a
regência de Oxalá, mas muito ainda nos é oculto, seus mistérios não são totalmente
revelados. Podemos apenas dizer que Oxalá é luz, é vida e que seu poder só se revela
quando somos guiados pela fé, esta que é o atributo mais apreciado por Ele, a
humildade é o que mais exige de nós, a bondade é a melhor forma de nos apresentarmos
a Ele.
Pureza, humildade e bondade são a sua essência. Oxalá é a fé que nos ampara
nas horas difíceis, nos devolvendo o equilíbrio tanto físico quanto psicológico, é
também a fé que nos faz acreditar que existe algo maior, um Deus maravilhoso que
sempre está disposto a nos ouvir e que sempre se faz presente em nossa vida, através de
pequenos gestos e ações.
As pessoas que buscam por em prática os atributos de Oxalá, se tornam
predominantemente bondosas, perfeccionistas, cultivam a liberdade e se sobressaem por
uma autoridade ponderada. Mas quando se deixam levar pelo o ego, se destacam pela
inveja, pela vaidade, pela maledicência se tornando assim, autoritários e
temperamentais.
Para que possamos descobrir mais sobre os mistérios de Oxalá, que comecemos
adquirindo os seus quatro atributos essenciais: a pureza, a bondade, a humildade e a
simplicidade, seguindo seus exemplos e praticando a caridade sempre baseados em sua
Lei Maior: "Amar ao próximo como a si mesmo", fazendo aos outros somente o que
queiramos que nos façam, buscando sempre termos fé e confiança, para com isso
alcançarmos os objetivos que nos são propostos pelo Criador e para que no decorrer
desta caminhada possamos ser sempre amparados por Ele.
OXALÁ (Oxa:luz; Alá:branca)
Sincretismo Jesus Cristo
Reino na Natureza Ar, a Criação.
Linha de Vibração Pureza/ Paz/ Fé / Religiosidade
Símbolo Páxôrô (cajado de metal), Irinlê (pombo branco)
Saudação Èpa Bàbá! (“Salve pai!”)
Cor Branco
Dia Comemorativo 25 de dezembro
Dia da Semana Sexta-feira ou domingo
Ervas para Banho Poejo, Camomila, Chapéu de Couro, Erva de Bicho, Cravo,
Coentro, Gerânio Branco, Arruda, Erva Cidreira, Erva de São
João, Alecrim do Mato, Hortelã, Alevante, Erva de Oxalá
(Boldo), Folhas de Girassol, Folhas de Bambu e Rosa Branca
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OGUM - O EQUILÍBRIO
"Ogum meu pai, que minhas palavras e pensamentos cheguem a Vós em forma
de prece. Que esta prece corra o mundo e chegue aos necessitados em forma de
conforto a suas dores. Que corra os quatro cantos da terra e chegue aos meus inimigos
em forma de brado de advertência, pois sei que sendo seu filho e nada tenho a temer.
Ogum, Padroeiro dos Agricultores, fazei com que minhas ações sejam sempre férteis,
como o trigo que cresce e alimenta a humanidade. Ogum, Senhor das Estradas, fazei de
mim um verdadeiro andarilho, que eu seja sempre um fiel caminheiro seguidor de seu
exército e que em minhas caminhadas só haja vitórias. Que, mesmo quando
aparentemente derrotado, eu seja vitorioso, sendo Vosso filho conheço as batalhas, e
sei que ao Seu lado a minha vitória será certa. Ogum, meu grande pai e protetor, fazei
que meu dia de amanhã seja tão bom quanto o de ontem e hoje; que minhas estradas
sejam sempre abertas; que eu trabalhe para que em meu jardim só hajam flores; que
meus pensamentos sejam sempre bons e aquele que me procurar consiga sempre o
remédio para seus males. Senhor dê luz aos meus inimigos, pois me perseguem porque
vivem nas trevas. Pai livre-me das pragas, das doenças, da inveja, da mentira e da
vaidade, que só me levam a destruição. Ogum Iê! Sarava Ogum!"
Ogum é o Orixá guardião do ponto de força que mantêm o equilíbrio entre a Luz
e as Trevas, entre o Positivo e o Negativo, a Paz e as Discórdias, por isso é chamado “O
Senhor das Demandas” e é conhecido como Orixá da guerra. Sabemos que tudo no
mundo gira em torno do equilíbrio entre o Bem e o Mal, e como não é possível termos
uma posição passiva no desenrolar da vida, temos sempre que ter Ogum como guia
nesta viagem, pois Ele sempre nos avisa quando saímos dessa linha de equilíbrio.
Sabemos também que tudo é regido pela Lei imutável do Criador, quando não
nos mantemos equilibrados e ultrapassamos os limites dessa Lei encontramos Ogum,
pois Ele é o Orixá que vigia a execução dos Kármas e que tem sob a sua regência e
controle tanto as forças da Luz quanto as Trevas. É também o Orixá que vigia os
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caminhos que nos levam tanto para o bem quanto para o mal, por isso sem Ogum a
Justiça de Xangô não seria executada e o equilíbrio não seria restabelecido.
O campo de ação de Ogum é composto pelo impulso que nos move para alguma
direção, impulso este que nos faz lutar por alguém ou alguma coisa, e quando lutamos
em auxílio de alguém O temos como guardião, porém quando odiamos ou atrapalhamos
alguém, O temos a nossa frente para nos bloquear.
Ogum é o Orixá mais cultuado e de maior devoção dentro dos Rituais da
Umbanda, Ele atua no equilíbrio entre os sete elementos fundamentais do nosso planeta:
a Água, o Fogo, a Terra, o Ar, o Cristal, o Mineral e o Vegetal, fazendo assim cumprir
as Leis do Criador levando o equilíbrio e a ordem entre as energias geradas por estes
elementos. Sua cor é a vermelha e o branco, seu dia da semana é Terça-feira e sua
saudação é "Ogum Nhê". Seu campo de ação se estende também aos sentidos e
sentimentos humanos, Ele é o equilibrador destes sentimentos e sentidos.
Por isso é que quando alimentamos nossos sentimentos negativos, deixando
assim que os mesmos se sobressaem, é aí que entra Ogum, anotando todas as nossas
ações para uma posterior cobrança e reequilibro. Ele também é o Orixá que controla o
impulso que nos move para alguma direção, impulso este que nos dá a garra e a força
necessárias para lutarmos pelos nossos objetivos e ideais, e quando utilizamos esta força
para o Bem ou lutamos em auxílio de alguém, O temos como guardião, nos amparando
e nos defendendo, porém quando usamos essas forças para o mal, O temos a nossa
frente nos bloqueando e nos fazendo voltar ao caminho certo.
As pessoas que são regidas por Ogum são leais, persistentes e sinceras, se
sobressaem pela coragem, são destemidas, não se deixam intimidar pelos obstáculos, e
sempre guiados por uma emoção forte e verdadeira, não medem esforços para
alcançarem seus ideais, impondo assim a Lei e a Ordem. Mas quando se deixam levar
pelo ego se tornam indisciplinados, arrogantes, ciumentos, covardes e egocêntricos, são
também muito teimosas e quando magoadas não perdoam facilmente. Isso tudo é
Ogum, o Orixá que nos dá a força necessária para não recuarmos diante dos obstáculos
que temos que superar em nossas vidas, nos equilibrando e vigiando sempre nossos
atos. E quando somos guiados pela Verdade e pelo Bem,
Ele é o guerreiro que abre nossos caminhos e que nunca nos abandona. Assim
sendo, que possamos estar sempre vigilantes de nossos atos, conscientes de que Ogum
estará sempre ao nosso lado, com sua força carmica, colocando em prática as Leis do
Criador, mantendo assim o equilíbrio e a ordem sobre todas as coisas.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
YEMANJÁ - A VIDA
"Yemanjá, grandiosa mãe, que os movimentos das ondas transmitam sua paz e
seu amor. Derramai seus fluidos vitais sobre mim purificando meu espírito e meu
corpo, para que quando estiver fraco, me sinta protegido no aconchego de vossos
braços. Quando estiver afogado em meu orgulho e arrogância, me torne humilde e
benevolente perante sua bondade e grandeza. Que os doentes recebam de vós, minha
Santa Rainha, a cura através das emanações de vossas vibrações vitais. Que a força de
vosso reino seja para mim, um escudo contra as más influências. Que o vosso sagrado
manto agasalhe e traga calor a todos os necessitados. Senhora tende piedade de tantos,
que como eu, vos invocamos nesse momento, que vossa misericórdia se estenda a todos
os reinos de Olorum. Odo Yá! Salve Yemanjá."
Yemanjá é a Orixá doadora da vida, é a guardiã do Ponto de força da natureza, o
Mar, para onde tudo é levado para ser purificado, por isso Ela é por excelência um
princípio do Criador, o grande doador da vida. A gênese bíblica nos revela que Deus
OGUM (Gun: guerra)
Sincretismo São Jorge
Reino na Natureza Caminhos abertos, estrada de ferro
Linha de Vibração Ordem / Equilíbrio / Demandas
Símbolo Ofange (Espada), Corrente de Ferro
Saudação Ogum Nhê! (“Olá, Ogum!”)
Cor Vermelho/ Branco (Umbanda) / Azul Marinho (Candomblé)
Dia Comemorativo 23 de abril
Dia da Semana Terça-feira
Ervas Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém
Pode, Folhas de Romã, Espada de S. Jorge, Flecha de Ogum,
Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.
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e Caboclo Tupynambá
modelou o homem com a terra, mas para fazê-lo certamente usou a água, e Yemanjá é
isso, a água que nos dá a vida. Podemos observar que o próprio planeta Terra e todos os
seres que nele habitam, são constituídos por uma porção muito maior de água, por isso é
que somos regidos e sofremos uma maior influência das energias geradas pela água,
pois quando não há água não há vida, e sem vida nada existe.
Yemanjá é um princípio da vida, é dos Orixás a que tem o maior ponto de força
da natureza, Ela é um princípio do Criador por excelência, pois é do mar que saem as
irradiações energéticas que purificam e regeneram tudo em nosso planeta. E como já
vimos tudo em nosso planeta gira em torno das energias geradas pelos elementos
fundamentais da natureza e como somos seus dependentes direto, manifestamos suas
influências em nossa própria maneira de ser, sendo assim podemos observar que as
pessoas que habitam as regiões onde há muita água são mais emotivas e criativas do que
as que habitam as regiões mais desérticas.
Yemanjá na Umbanda tem sob sua regência milhares de falanges de espíritos
que desenvolvem seus trabalhos sob os domínios de sua energia. As pessoas que são
regidas por Yemanjá se destacam por sua magnitude, são serenas, extremamente
destemidas e criativas, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam rudez, cruéis,
insensíveis, orgulhosas e com uma fobia, um medo excessivo das coisas. Yemanjá tem
como elemento fundamental a água, e por isso é regente de toda a fonte do elemento
líquido do nosso planeta, onde podemos citar os mares e oceanos, os rios, lagos,
córregos e cachoeiras.
É representada pela figura da Lua, sua cor é o Azul-claro, o cristal, o verde água
entre outras, seu dia da semana é Sábado e sua saudação é "Odò Iyá!". Yemanjá é a
mais respeitada dos Orixás, dificilmente encontramos entidades utilizando o lado
negativo de sua energia, pois como sabem que Ela é uma mãe protetora e ciumenta,
também sabem que Ela não perdoa, sendo rígida com aqueles que vão a seu ponto de
força para fazerem o mal.
Sendo assim, desejamos que todos que se interessam pelo mar e os outros
mananciais aquáticos de nosso planeta, comecem a olhá-lo com mais respeito, para que
possam ser merecedores de seus fluidos revitalizadores, fluidos estes que nos
transmitem as energias regeneradoras necessárias para melhor seguirmos nessa grande
viagem, que é a vida. E que possamos também buscar conhecer melhor Yemanjá, que é
uma grande mãe amorosa, pois assim estaremos conhecendo um dos próprios princípios
do Criador, pois Yemanjá é a manifestação física do princípio da vida, que é derramado
sobre nós. Isso tudo é Yemanjá, a Rainha do mar, o princípio gerador da vida, a guardiã
do ponto de força da natureza, o Mar.
YEMANJÁ (Iya: mãe; Omo: filho; Eja: Peixe)
Sincretismo N. S. da Glória (Rio de Janeiro); N. S. dos Navegantes (Sul e
Bahia)
Reino na Natureza Mar
Linha de Vibração Geração / Maternidade / Família
Símbolo Abebe (espelho), Peixe e Lua
Saudação Odò Iyá! (Odo: rio)
Cor Cristal, Azul Claro, Verde Água
Dia Comemorativo 15 de agosto (RJ); 02 de Fevereiro (Sul e Bahia)
Dia da Semana Sábado
Ervas Folhas de Lágrima de Nossa Senhora, Erva Quaresma, Trevo e
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
chapéu de couro, Alfazema.
OXOSSI - O Conhecimento
"Meu Pai Oxóssi, vós que recebestes de Oxalá o domínio das Matas, de onde
tiramos o oxigênio necessário à manutenção de nossas vidas. Inundai meu corpo com
vossa energia curando meus males. Vós, que sois protetor dos Caboclos, dai-lhes a
vossa força, para que possam me transmitir toda pujança e a coragem necessária para
suportar as dificuldades a serem superadas. Dai-me paciência, paz de espírito e
tranqüilidade para superar todas as ingratidões e calúnias. Dai-me a sabedoria
necessária para transmitir uma palavra de alento e conforto à todos aqueles que
estejam sofrendo as enfermidades e aflições deste mundo. Dai-me vossa proteção
através de seus Caboclos, que num gesto de humildade, baixam até nós, trazendo toda
vossa vibração. Okê Arô! Sarava Oxóssi!”
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
Quando falamos em natureza, logo nos vem em mente, as matas e as florestas,
ou seja, tudo o que é puro e ainda não foi destruído pelas ações do homem, que é um ser
racional, mas um predador por excelência. Oxóssi é isso, uma essência pura do criador,
que atua através do ponto de força da natureza, as matas.
A ciência nos revela que as árvores são purificadoras do ar, mas elas também são
grandes emissoras de fluidos etéreos vivificantes, que são absorvidos pelos seres vivos
através do oxigênio, pela respiração, e isso é Oxóssi, a irradiação das energias benéficas
das matas que regeneram e purificam toda a vida na crosta Terrestre. Oxóssi também é
considerado o Orixá da caça e da fartura, protetor dos caçadores, pois através deste
processo de purificação e regeneração do planeta tem como missão garantir a vida dos
animais e plantas, para que estes sirvam de alimento aos homens e aos demais animais
na cadeia alimentar.
Oxóssi é o responsável pelo campo de força da natureza, as Matas, seu elemento
fundamental é o ar e todos os gases existentes no universo, representado por um aço e
uma flecha, sua cor é a verde, seu dia da semana é quinta-feira e sua saudação é "Okê
Arô". Os homens que tem como orixá regente Oxóssi se destacam pelo companheirismo
e por sua sensibilidade, cultuam a liberdade e são aventureiros, doam o máximo de si
em favor do próximo, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam irresponsáveis,
vingativos, mesquinhos e miseráveis.
Nos rituais da Umbanda existem milhares de falanges que trabalham sob a
regência de Oxóssi, são nelas que trabalham os Caboclos, entidades que têm a missão
de transmitir suas lições e também serem o elo entre o médium e seu Orixá regente. Os
trabalhos que são desenvolvidos sob a regência de Oxóssi, são todos doutrinadores,
estes espíritos também têm a missão de resgatarem seus irmãos sofredores e ignorantes,
e com os ensinamentos e as energias regeneradoras de Oxóssi, reequilibram suas
energias, curando-os e doutrinando-os, para que depois possam ser encaminhados às
linhas de força, para aí cumprirem as missões as quais foram destinados pelo grande Pai
e Criador.
Assim podemos observar quão importante é a sua missão, pois quantas entidades
se manifestam nos Terreiros como Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e Exus que foram
doutrinados pelos Caboclos, que são espíritos de alta hierarquia, humildes, simples e
nobres. Muitos pensam que os Caboclos são só espíritos de índios, mas eles são na
realidade oriundos de vários povos e regiões, e plasmam esta conformação perispiritual
para apresentar a simplicidade desses povos, e pela afinidade com a natureza dos
trabalhos que são realizados.
Se as outras religiões o quisessem poderiam aprender muito com os Rituais
Sagrados da Umbanda, que pelos ensinamentos de Oxóssi nos ensinam a reverenciar
toda a criação Divina e que através da Caridade podemos auxiliar e reequilibrar as
pessoas. Caridade esta que não tem preço e nem recompensas materiais, e não se
implica na conversão religiosa das pessoas, pois pouco importa para nós Umbandistas
sua Raça, seu Credo, ou sua Origem, o que realmente importa é o motivo que as trazem
aqui, a sua Fé e a vontade de querer melhorar-se, isto sim é algo que todos deveríamos
saber, para assim podermos respeitar a Umbanda e seus Rituais Sagrados.
Com isso desejamos sempre que Oxóssi através de seus caboclos, que atuam
espalhados pelas sete linhas de força da Umbanda com humildade e harmonia com os
reinos elementares da natureza, possam estar sempre nos orientando e absorvendo as
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cargas negativas de nosso corpo carnal e espiritual, para que com isso possamos melhor
caminhar rumo aos objetivos que o grande Doador e Criador, Olorum, nos propõe.
LOGUNEDE
Logunedé ou Logun Ede, do iorubá Lógunède, é um orixá africano que na
maioria dos mitos costuma ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e Oxóssi
Ibualama, do iorubá Ibùalámo. Segundo as lendas, vive seis meses nas matas caçando
com Oxóssi e seis meses nos rios pescando com Oxum. É cultuado na nação Ijexá como
sua mãe, mas também nas nações Ketu e Efan, sendo o seu culto muito difundido no
Rio de Janeiro.
No entanto, existem outras versões acerca de sua filiação. Se na maioria dos
mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e Oxóssi, em outros, um pouco mais raros,
aparece como filho de Ogun e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de
OXÓSSI (oxó: caçador, ossi: noturno)
Sincretismo São Sebastião
Reino na Natureza Matas e caça
Linha de Vibração Conhecimento / Fartura / Trabalho
Símbolo Ofá (Arco e Flecha), Erukere (Enxota moscas)
Saudação O Kiarô! (okaaro: “bom dia”)
Cor Verde
Dia Comemorativo 20 de Janeiro
Dia da Semana Quinta-feira
Ervas Malva Rosa, Mil Folhas, Sete Sangrias, Folhas de Aroeira,
Folhas de fava de Quebrante, Folhas de Samambaia, Folhas
de Palmeira, Folhas de Laranjeira, Erva Cidreira, Folhas de
Jurema, Folhas de Maracujá, Folhas de Palmito, Folhas de
Abacateiro, Capim Limão, Guiné.
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Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o como nada mais, nada
menos que uma representação dos Orixás Gêmeos, Ibeji.
Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum
e Oxóssi que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá
que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi. Se
Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a
prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do
conhecimento.
Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi, muitas
vezes o leva a ser representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente,
formando mais uma tríade sagrada na História das religiões. Com Logunedé, completa-
se o triângulo iorubá pai, mãe e filho que também se repete nas trilogias católica (Pai,
Mãe e Espírito Santo), egípcia (Ísis, Osíris e Hórus), hindu e tantas outras.
Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é visto como um ser
andrógino. Ao contrário do que muitos pensam, Logun Ede não é de características
masculina e feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande relação com
Òsun, sua mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo consigo a personalidade desses dois
Òrìsà e algumas características marcantes, mas nada que o transforme em um
hermafrodita que durante seis meses é Oboró e seis meses Ìyábá como algumas pessoas
assim o dizem e usam deste artifício para denotações homossexuais.
Existem templos para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de origem, onde em alguns
itans é citado como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é
relacionada a de um leopardo. Casado com três esposas. De culto diferenciado e
totalmente ligado ao culto a Oxum, é um Orisa de extremo bom gosto. Seus objetos
devem permanecem junto aos assentos de Osun e sempre quando agradado devemos
agradar sua mãe. Tem predileção ao dourado, é um Orisa muito vaidoso, é considerado
o mais elegante de todos os Orixas.
De Oxum, sua mãe, Logun Ede herdou o lado belo e vaidoso. Pois Òsun lança
mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais
reverenciada. Deusa da fertilidade, na Nigéria é dela o rio que leva o seu nome e no
Brasil dela são as águas doces dos lagos, fontes e rios. Água que mata a sede dos
humanos e da terra, que assim se torna fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida.
Òsun menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a senhora protetora, Òsun é
sempre dona de uma personalidade forte, que não aceita ser relegada a segundo plano,
afirmando-se em todas circunstâncias da vida. Com seus atributos, ela dribla os
obstáculos para satisfazer seus desejos.
De Erinlé, seu pai, Herdou o dom da caça pois Erinlé é da família dos Ode e seu
símbolo é o ofá, a lança de caça e o ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento
do homem, conhece os segredos da caça, também símbolo de prosperidade e formação
de comunidades. Ele busca o alimento com coragem e é considerado o guerreiro das
matas, é corajoso, viril e Logun-odé tem estas características, é um Òrìsà guerreiro. Mas
se, em várias tradições, ele é considerado um orixá masculino, em algumas é
confundido com a homossexualidade ou a bissexualidade, o que ocorre quando se
interpreta ao pé da letra o mito que afirma viver Logunedé seis meses como homem e
seis meses como mulher. Na verdade, a interpretação mais aceita seria que essa se trata
de uma metáfora para falar dos axés herdados por ele de seus pais, Oxum e Oxóssi.
Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele as artes da guerra e
da metalurgia. É coroado por Iansã como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de
Yewá, seriam eles os Orixás que se complementam, considerados o par perfeito.
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Num mito raro, Logunedé se perde no caminho entre as casas de Oxum e
Oxóssi, é encontrado pelo velho Omolu que o ampara e protege. Com Omolu,
Logunedé aprende a arte da cura e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil
se mesclou ao segundo, Edé, nome da cidade iorubá na qual o seu culto se fortaleceu,
formando Logunedé. Logun pode ser uma abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer
dizer feiticeiro.
Então, feiticeiro, caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses são alguns títulos,
alguns epítetos dados à Logunedé. Para Mãe Menininha, "Logun é santo menino que
velho respeita".
XANGÔ - A JUSTIÇA
"Meu Pai Xangô, o Senhor que é Rei da Justiça, faça valer sempre a vontade
Divina, purifique minha alma nas águas de sua cachoeira. Se errei, conceda-me a luz
do perdão. Faça de seu peito largo e forte meu escudo para que os olhos de meus
inimigos não me encontrem. Empresta-me sua força de guerreiro para combater a
injustiça e a cobiça. Que seja feita a justiça para todo o sempre. Conceda-me a graça
de receber sua luz e sua proteção. Minha devoção te ofereço. Kawô Kabecile! Salve
Xangô!”
LOGUN EDE (Príncipe aclamado)
Sincretismo Santo Expedito
Reino na Natureza Matas/ Cachoeiras
Linha de Vibração Beleza/ Magia / Fartura / Trabalho
Símbolo Ofá(Arco e Flecha), Abebê (Espelho)
Saudação Loci Loci, Logum! (“Grita, grita seu brado de guerra,
príncipe guerreiro)
Cor Azul turquesa e Dourado ou Verde e Dourado
Dia Comemorativo 19 de abril
Dia da Semana Quinta-feira
Ervas Piperegum. Folhas de Oxossi e de Oxum.
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Xangô é o Orixá guardião do ponto de força da justiça, é o senhor do fogo e
como tal age quando decide punir os que afrontam a Lei do Criador, lei esta que é como
a rocha que esmaga e aniquila a todos que carregam seu peso sobre os ombros. Mas
Xangô esta sempre disposto a nos ouvir, se nossa demanda for justiça, nos
acompanhará, e se for injustiça, nos esclarecerá e se mesmo assim não o ouvirmos,
seremos então submetidos as rigores da Lei, que são o seu reverso. Sua Luz é o amparo,
seu fogo é a purificação, pois somente pelo fogo o minério bruto e imperfeito é fundido
e temperado, assim eliminando toda sua impureza se tornando perfeito.
Como já vimos tudo na vida tem seu dois lados: o positivo e o negativo, a Luz e
a Escuridão, o Bem e o Mal. Sendo assim todos os homens também tem estes dois lados
e a facilidade de ir de um para o outro, de acordo com a situação que vivencie, temos
então que buscar o equilíbrio entre eles, não sendo omissos em respeito aos nossos atos,
sabendo admitir nossos erros, procurando corrigi-los e sendo humildes em recuar a uma
situação onde o mal esteja prevalecendo, buscando o conhecimento e as forças
necessárias para melhor combatê-lo, pois assim permaneceremos sempre em uma escala
ascendente de evolução e não afundados em nossa própria arrogância.
Quem compreende o verdadeiro sentido das leis do equilíbrio e a ela se submete,
estará sempre por ela amparado. Mas quem ousar a desafiá-la e tentar fugir dela, por ela
será castigado e abandonado. Por outro lado quem se redimir e reconhecer seus erros e
se curvar a ela, a terá de volta ao seu lado.
Que ninguém use os mistérios Divinos pra prejudicar ninguém, senão irá passar
pela balança de Xangô, e o peso da lei o atirará nas trevas. De todos os orixás da
Umbanda, Xangô apesar de rígido, sério e calado, é o que mais gosta de falar da lei, e se
todos que o procurarem tiverem a paciência e a humildade necessária para entendê-lo,
serão lentamente envolvidos por seus fluidos energéticos equilibradores, se
restabelecendo. Podemos observar que as pessoas que são regidas por Xangô se
destacam pela obstinação, pela inteligência, por serem ponderadas, e por honrarem sua
dignidade e seu brio, mas quando se deixam levar pelo ego se tornam mesquinhos,
extremamente vaidosos, conservadores, intolerantes e orgulhosos.
Xangô é o Orixá da Justiça, o Senhor dos Raios e Trovões, é aquele que
coordena todas as leis cósmicas do Criador, seu elemento fundamental é o Fogo e a
Terra, sua cor é o marrom, seu dia da semana é quarta-feira, seu ponto de força e
vibração são os raios e trovões, são as pedreiras nas montanhas, rios cachoeiras e mares
e sua saudação é "Kawô Kabecile". Alguns descrevem sua força de atuação dizendo que
o Xangô da Pedra Branca ampara, enquanto o Xangô da Pedra Negra executa. O das
cachoeiras e mares purificam, assim também como o do fogo que queima tudo o que há
de ruim em nós.
O Xangô da Terra ampara os que caíram e aguarda que despertem de sua
ignorância, o dos raios é o que traz as Leis Divinas do Alto para a Terra, e o do tempo é
o que julga a duração das penas da Lei. Se todos pudessem buscar conhecer os mistérios
de Xangô, agiriam com mais equilíbrio, se policiando para que não sejam submetidos
aos rigores da lei. Que ninguém desafie as Leis Divinas, se não, encontraram muitas
pedras em seu caminho, todas colocadas por Xangô, o Orixá da Justiça e do Fogo
purificador.
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IANSÃ - A LEI EM AÇÃO
"Iansã, grande guerreira, Orixá dos raios e dos ventos, ajude-me com sua
energia a vencer as lutas e as dificuldades. Oyá, senhora dos ventos e das tempestades,
coloco em tuas mãos minhas ações, meus desejos e preocupações. Em tua Luz,
consagro todos os minutos e horas do meu dia, para que eu compreenda todo bem que
XANGÔ (aquele que se destaca pela força e revela seus segredos)
Sincretismo São Jerônimo, São João Batista e São Pedro
Reino na Natureza Pedreiras
Linha de Vibração Justiça / Razão
Símbolo Oxê (Machado de lâmina dupla), Xere (Chocalho)
Saudação Kawô Kabecile! (“Venham ver nascer sobre o chão”)
Cor Marrom
Dia Comemorativo 30 de setembro, 24 de junho, 29 de junho
Dia da Semana Quarta-feira
Ervas Folhas de Limoeiro, Erva Moura, Erva Lírio, Folhas de
Café, Folhas de Mangueira, Erva de Xangô, Alevante,
Quebra-Pedra, Alfavaca Roxa, Musgo de Pedra
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precise fazer, e tenha força para não ceder ao mal que venha bater em minha porta.
Que eu seja mais fraterno, compreensivo e capaz de perdoar. Guie meus passos no
caminho do bem e do amor; e que hoje, mais que ontem, possa contar com suas
orientações e bênçãos. Com sua espada haverei de cortar a inveja e a falsidade de
meus inimigos. Retirai as vendas que me impedem de enxergar a verdade. Com a força
de seus raios, peço que acenda a chama da vida aos desenganados e dê a força
necessária para que continuem lutando na busca da cura de seus males. Êpa, Hei!
Sarava Iansã!”
Iansã é a rainha das tempestades e ventos, Senhora da Justiça, a Orixá do tempo,
responsável juntamente com Ogum na execução dos carmas na Linha da lei onde Xangô
é o Juiz. É representada na Umbanda pelo símbolo de um raio, seu dia da semana é
quarta-feira, sua cor é o Coral e sua saudação é "Epa Hey". Seu campo de atuação é o
tempo, este que é a execução da Lei para aqueles que subverteram seus princípios
básicos, ele age de forma imperceptível sobre as almas daqueles que deixaram o corpo e
vagam a procura de seu plano vibratório, conduzindo-as conforme os desígnios dos
executores do carma, pois o tempo é a própria sentença da Lei em execução, tanto na
forma de castigo como na de recompensa.
Quando temos pesados débitos para saldar e aceitamos passivos e humildes a
execução da lei, o tempo é generoso, mas quando nos revoltamos contra a lei o tempo se
torna eterno, nos fazendo perder o contato com a própria realidade. Iansã como Orixá do
tempo é implacável, mas justa em sua execução. O tempo é o meio entre o Alto e o
Baixo, seu reino não pertence nem a Luz nem as Trevas e como age tanto na Luz quanto
nas trevas não temos como escaparmos de suas malhas, pois ele não tem limites. Iansã
também é um Orixá da lei, que tem junto com Ogum a função de levar a todos os planos
as mensagens de xangô, que é o guardião das Leis.
A Ela compete agir com o rigor exigido para o reequilíbrio astral dos espíritos.
Ela distribui aos eguns, espíritos desencarnados, o fluido que sacia sua sede de
clemência diante da lei, purificando-os antes de encaminhá-los á seus planos para lá
cumprirem seus carmas. Ela também é encarregada de executar a justiça dentro do
campo Santo, ou cemitério, onde Ela é a própria espada da Justiça, agindo de forma
rigorosa sobre aqueles que lá ficaram presos pelos débitos adquiridos em sua passagem
na carne e para isso tem como colaboradores os Exus de Lei e eguns redimidos, que ao
servirem-na procuram apagar as marcas da lei. Iansã também atua através do Ar, e por
isso não tem um ponto de força específico, pois o ar se encontra em qualquer lugar. Sua
força é a própria força do ar em movimento e seu poder é imenso, sua manifestação é
gélida, causando tremores a quem dela se aproxima.
Quando alguém vai a busca de seu auxílio e está com a justiça ao seu lado, tem a
mais poderosa força a sua disposição, pois quando Iansã volta a sua face luminosa para
alguém justo, este é amparado por onde passar. As pessoas que são regidas por Iansã
são leais, determinadas, distintas, resistentes, dominadoras, corajosas e extremamente
sedutoras, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem pela falsidade, pela
luxúria, pelo ciúme exagerado, se tornando violentos e fúteis e cultivando hábitos
viciosos. Isto é Iansã, a Orixá dos ventos e das tempestades, aquela que executa as
sentenças carmicas. Se todos a conhecessem realmente, não a invocariam por motivos
fúteis, pois como a Lei, Ela é rigorosa em sua cobrança e imparcial em sua execução.
Infeliz daqueles que caírem sob seu poder na execução da justiça.
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Conscientes disto possamos sempre estar atentos aos nossos atos para que
possamos sempre contar com Iansã ao nosso lado, com seu imenso poder de atuação e
com sua espada que é o símbolo da justiça e da execução do carma.
OXUM - O AMOR DIVINO
IANSÃ
Sincretismo Santa Bárbara
Reino na Natureza Ar / Vento
Linha de Vibração Justiça / Execução Kármica / Maturidade
Símbolo Ofange (Espada), Eruexim (Enxota Moscas) e Raio
Saudação Epa Hei! (“Olá! jovial e alegre”)
Cor Coral, marrom, vermelho, rosa e branco
Dia Comemorativo 04 de dezembro
Dia da Semana Quarta-feira
Ervas Catinga de mulata, Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou
vermelho, Açucena, Folhas de Rosa Branca , Erva de Santa Bárbara,
Cravo da Índia, Louro, Espada de Iansã.
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"Salve Oxum, dourada senhora da pele de ouro, bendita são tuas águas que
lavam meu ser e me livram do mal. Oxum, divina rainha, bela Orixá, venha a mim,
caminhando na lua cheia, trazendo em suas mãos os lírios do amor de paz.
Torna-me doce, suave e sedutor como tua és. Oh! Mamãe Oxum, poteja-me, faça que o
amor seja constante em minha vida, e que eu possa amar toda a criação de Olorum.
Proteja-me de todas as mandingas e feitiçarias. Dai-me o néctar de sua doçura e que
eu consiga tudo o que desejo: a serenidade para agir de forma consciente e
equilibrada. Que eu seja como suas águas doces que seguem desbravadoras no curso
dos rios, entrecortando pedras e se precipitando as cachoeiras, sem parar nem ter
como voltar a traz, apenas seguindo meu caminho. Purifique minha alma e meu corpo
com suas lágrimas de alento. Inunda-me com sua beleza, sua bondade e seu amor,
enchendo minha vida de prosperidade. Ora iêiê ô! Sarava Oxum!”
Quando falamos de Oxum, falamos em Amor, pois Oxum é o próprio Amor de
Deus em ação, e logo nos vem em mente uma mãe amorosa, porém ciumenta e geniosa.
Oxum atua no ser humano através do amor, representados pelas águas que caem e
seguem seu curso, é a lágrima incontida nos momentos de provação, pois através das
lágrimas liberamos nossa emoção negativa que nos magoa, angustia e nos sufoca e
assim podemos continuar nossa caminhada.
São dela os fluidos curadores do astral que agem sobre os espíritos arrependidos
dos erros do passado. Oxum é dona do Campo de Força da Natureza os Rios e
Cachoeiras, é fonte de energias purificadoras. É cultuada como uma mãe afetuosa que
ampara seus filhos com seus fluidos regeneradores, através das quedas d’água ela libera
esses fluidos regenerando e equilibrando seus filhos.
Oxum quando ampara seus filhos é uma fonte de energia purificadora, mas
quando contrariada, é uma fonte desestabilizadora. Na queda das águas há uma
liberação de energia e na queda de uma alma também há uma liberação de energia
através dos sentimentos e ações que a fizeram cair. Quando percebemos essa queda nos
desesperamos e muitas das vezes choramos. Eis aí a força cômica de Oxum agindo
sobre os sentimentos humanos sob forma de lágrimas purificadoras.
Quem conhece Oxum não se torna árido porque sabe que as lágrimas são o
remédio mais eficaz na purificação dos fluidos negativos, por isso alguns dizem que as
cachoeiras são as lágrimas de Olorum para nos purificar. Toda vez que uma cachoeira é
devastada o planeta adoece, pois uma fonte natural de purificação e energização é
destruída. Mas Oxum também é a força que quando atua no negativo dos seres pode
desestabilizar emocionalmente quem for seu alvo de ação.
Geralmente o uso dessa energia é mais para desfazer trabalhos que para fazê-los,
pois quem vai atrás de sua força para fazer o mal sabem que um dia irão chorar para
lavar com suas lágrimas todo mal que fizer. Mas aí já será Xangô julgando aqueles
devem ao Criador pelo mau uso das Forças da Natureza.
Oxum não executa, ela apenas nega a quem erra o fluido vital emanado de seu
campo de força. As pessoas que são regidas por Oxum são sensíveis, dóceis, muito
amigos e extremamente sedutores, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem
pela falsidade, pela luxúria, pelo sentimento de posse, são volúveis e inconstantes.
Na Umbanda seu dia da semana é no Sábado, sua cor é o amarelo-ouro e sua
saudação é “Ora iêiê ô!” Tudo isso é Oxum, é a Orixá do amor, da prosperidade e da
beleza, é a padroeira da gestação e da fecundidade, é responsável pelas uniões amorosas
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e financeiras e pela purificação e fortalecimento do nosso espírito e energização de
nosso corpo.
OXUM
Sincretismo Nossa Senhora da Conceição/ N. S. Aparecida
Reino na Natureza Rios e Cachoeiras
Linha de Vibração Purificação / Amor / União
Símbolo Abebe (Espelho), Coração, Peixe
Saudação Ora iêiê ô! (“Brincar nas águas”)
Cor Dourado
Dia Comemorativo 08 de dezembro
Dia da Semana Sábado
Ervas Erva Cidreira, Gengibre, Camomila, Camará,
Arnica,Trevo Azedo ou Grande,Chuva de Ouro,
Manjericão, Erva Sta. Maria, Gengibre, Calêndula,
Alfazema.
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OMULÚ - O PRINCÍPIO CURADOR
“Oh, Omulú, Mestre da Vida! Proteja seus filhos para que suas vidas sejam
marcadas pela saúde. Eu te suplico, mestre! Me ajoelho diante de Teu poder imenso,
pois meu corpo está enfermo, minha alma está imersa na amargura de um sofrimento
que me destrói lentamente. Tome meu corpo e minha alma em teus braços, vós que és o
limitador das enfermidades, que és médico dos corpos terrenos e das almas eternas.
Suplico sua misericórdia aos males que me afetam. Que suas chagas abriguem minhas
dores e sofrimentos. Se achares porém, que ainda não terminou minha missão nesta
encarnação, encoraja-me com o exemplo da tua humildade e da tua resignação.
Revigora meu espírito para que possa enfrentar e me curar todos os males e infortúnios
da matéria. Alivia meus sofrimentos, para que levante deste leito e volte a caminhar.
Atotô meu Pai! Salve Omulú.”
Omulú é o orixá que rege a morte, ou no instante da passagem do plano material
para o plano espiritual, o desencarne. È dono do Campo de Força da Natureza a Terra e
os Campos Santos, os Cemitérios. É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos
umbandistas quando é mencionado o nome do nosso amado Pai Omulú. E no entanto
descobrimos que este medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos
ancestrais semeadores dos orixás em solo brasileiro, pois difundiram só os dois
extremos do mais caridoso dos orixás, já que Omulú é o guardião divino dos espíritos
caídos.
O orixá Omulú guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante
sua jornada carnal e entregaram-se a vivencia de seus vícios emocionais. Mas ele não
pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina, que também não
pune ou castiga, ela apenas conduz cada um ao seu devido lugar após o desencarne. E se
alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal, mas amparado pela própria
Lei, que o recolhe a um dos de seus domínios.
Tatá Omulú é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência,
enquanto divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação
a todas as manifestações da vida. Esta qualidade divina de Omulú, interpretada de forma
incorreta ou incompleta, foi definido no decorrer dos séculos como um dos orixás mais
"perigosos" de se lidar, ou um dos mais intolerantes, sempre implacável nas suas
punições. Mas Tatá Omulú você pode descobrir o grande amor de Olorum, pois é por
puro amor que uma divindade consagra-se por inteiro ao amparo dos espíritos caídos e é
por amor a nós que ele assumiu a incumbência de nos paralisar em seus domínios,
sempre que começássemos a atentar contra os princípios da vida.
Temos a capacidade de gerar muitas coisas, geramos idéias, projetos,
conhecimentos, inventos, doutrinas, anseios, desejos, angústias, depressões, fobias,
preceitos e princípios. E se o que gerarmos estiver de acordo com os princípios
sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda recebe o nome de "linha da
Geração" ou "sétima linha de Umbanda", então estamos sob a irradiação da divina mãe
Yemanjá, que nos estimula.
Mas, se em nossas "gerações", atentarmos contra os princípios da vida, então já
estaremos sob a irradiação do divino pai Omulú, que nos paralisará e começará a atuar
em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos defender de nós mesmos, já que
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes ela nos atingirá, nos ferindo,
colocando-nos em um de seus sombrios domínios.
Omulú é o princípio curador divino pois acolhe em seus domínios todos os
espíritos que se feriram quando, por egoísmo pensaram em atingir seus semelhantes. Ele
nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos tenhamos nos curado
para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos os espíritos amantes da vida e
multiplicadores de suas benesses.
Também como curador divino ele tanto cura a alma ferida, quanto nosso corpo
doente. Se orarmos a ele quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo carnal
e espiritual, e tanto poderá curar-nos quanto nos conduzir a cura. Omulú, enquanto força
cósmica, é a energia que se condensa em torno do fio de prata que une o espírito e ao
nosso corpo físico, e o dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano
para o outro.
Ele atua em todos os seres humanos, independente de qual, seja a sua religião,
através de, uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela que fluem as
irradiações divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de "Mistério da
Morte".é conhecido como "Anjo da Morte" ou "Senhor dos Mortos". O culto a Tatá
Omulu surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo Egito, onde era muito
cultuado e difundido, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas
e religião. Com o tempo ele alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e
às doenças.
As pessoas regidas por Omulú são independentes, sóbrias, muito caridosas e
generosas, demonstram um senso de justiça muito pessoal e com uma grande resistência
as doenças, mas quando se deixam levar pelo ego são muito geniosas, teimosas,
vingativas e extremamente inseguras quanto a sua aparência. Geralmente são reservadas
e caseiras, o que é seu é seu não admitem que nada lhe é tomado. Na Umbanda seu dia
da semana é na segunda-feira, sua cor é preto e branco e sua saudação é “Atotô
Omulú!”.
Esse é Omulú orixá da transformação intima, responsável pela passagem entre
vida e a morte princípio curador que nos ampara e nos acolhe quando nos entregamos as
mazelas da vida.
OMULÚ (“rei”, “Senhor da terra”)
Sincretismo São Lázaro
Reino na Natureza Cemitério / Terra
Linha de Vibração Cura/ Transformação / Evolução
Símbolo Xaxará (Vassoura de palha da costa) ou uma Cruz Grega
Negra com pedestal
Saudação Atotô ! (Oto, “Silêncio”)
Cor Preto e Branco
Dia Comemorativo 27 de março
Dia da Semana Segunda
Ervas Alamanda, Barba-de-pau, Cipó cabeludo, Erva-de-bicho,
Carqueja, Carquejinha, Quebra-tudo, Folha do Abacateiro,
Folha de Café, Gameleira Preta, Funcho, Folha de Bananeira,
Hortelã Brava, Jenipapo.
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OXUMARE
É a cobra-arco-íris em nagô, é a mobilidade, a atividade, uma de suas funções é
a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado.
O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta,
sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da
boa conservação dessa árvore.
Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados
no mundo dos iorubás. Em alguns pontos se confunde com o Vodun Dan da região dos
Mahi.
É o símbolo da continuidade e da permanência, algumas vezes, é representado
por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente
masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea, porém o
orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ewá sua irmã gêmea que tem dominios
parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desagregar. Rege
o príncipio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos.
De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado
de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.
É o segundo filho de Nanã, irmão de Osanyin, Ewá e Obaluayê, que são
vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios
entrelaçados formando as escamas de uma serpente que tem o nome de Brajá, usam
também o Lagdigbá como Nanã e Omolu.
No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumarê usam colares (fio-de-contas) de
missangas ou contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana que lhe
é consagrado. Seus iniciados usam Brajá - longos colares de búzios, enfiados de
maneira a parecer escamas de serpente, e trazem à mão um ibiri, espécie de vassoura
feita com nervuras das folhas de palmeiras. Quando dançam levam nas mãos pequenas
serpentes de metal, apontam o dedo indicador para o céu e para a terra, num movimento
alternado. A Suas oferendas são feitas de patos, feijão, milho e camarões cozidos no
azeite de dendê
Na Bahia, Oxumarê é sincretizado com São Bartolomeu e festejado no dia 24 de
agosto. Certa lenda conta que ele era, outrora, um Babalao (adivinho), "filho de
proprietário-da-estola-de-cores-brilhantes". Em outra lenda o mesmo tema aparece:
"Este mesmo Babalawo Oxumarê vivia explorado por Olofin-Odudúa, o rei de Ifé, seu
principal cliente". Oxumarê consultava-lhe a sorte de quatro em quatro dias.
Sua nação é o Jeje, onde é considerado como Dan, e tido como rei do povos
Djedje (jeje) é uma palavra de origem yorubá que significa estrangeiro, forasteiro e
estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos
conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Na nação Jeje, sua cor é o amarelo e
preto de miçangas rajadas. Já no Ketu, suas cores são o verde e amarelo intercaladas.
Porém essas cores definem apenas o fio-de-contas, pois todas as cores do arco-íris lhe
pertencem.
Seus filhos, assim como conta a lenda de Oxumarê, em sua maioria no início
passam por muitas dificuldades, quase miseráveis, porém mais tarde, dando a grande
volta em seu caminho, se tornando ricos, poderosos, e muitas vezes orgulhosos. Porém,
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nunca se negam a ajudar quando alguém realmente precisa deles. E não raro, é ver um
filho de Oxumarê se desfazer de algo seu, em favor do necessitado, com a maior
facilidade. Contrapondo seu estado de orgulho e ostentaçao, a exibir sua riqueza.
São pessoas de temperamento fácil de se lidar estando calmas, porém, se torna
terrível quando com raiva, representando nesse estado a Serpente, que vem trazendo o
lado negativo de oxumarê, o seu lado mais perigoso.
Oxumarê dentro do candomblé, se divide em duas qualidades : - Oxumarê
macho, representado pelo arco-íris Oxumarê fêmea, chamado de FREKUEM,
representado pela Serpente.
OXUMARÉ (Aquele que se desloca com a chuva e retém o fogo nos seus punhos)
Sincretismo São Bartolomeu
Reino na Natureza Arco-Íris
Linha de Vibração Transformação / Renovação
Símbolo Serpente
Saudação Arruboboi! (gbogbo, “contínuo”)
Cor Amarelo e Verde
Dia da Semana Terça-feira
Ervas Mesmas de Oxum.
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OSSAIM
Ossaim é a entidade das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas,
identificado no jogo do merindilogun pelo odu iká e representado materialmente e
imaterial pela cultura Jeje-Nago, através do assentamento sagrado denominado igba
ossaim. Sua importância é primordial. Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua
interferência. O seu sacerdote é o Babá Olosayin.
É o detentor do axé (força, poder, vitalidade), de que nem mesmo os Orixás
podem privar-se. Esse axe encontra-se em folhas e ervas específicas. O nome dessas
folhas e o seu emprego é a parte mais secreta do ritual do culto dos Orixá, Vodun e
Inkice.
O símbolo de Osanyin é uma haste de ferro de cuja extremidade superior partem
sete pontas dirigidas para o alto. A do centro é encimada pela imagem de um pássaro.
Osanyin é o companheiro constante de Ifá. É representado por uma sineta de
ferro forjado, terminada por uma haste pontuda enfiada em uma grande semente. A
haste é fincada no chão, ao lado do osun (o asen dos fon) do babalawo. Por sua
presença, Osanyin traz a influência das folhas para as operações da adivinhação.
Ossaniyn, Ossaim, Ossãe, Ossain, (como se escreve habitualmente) ou Ossanha
(na Umbanda) que é o Orixá das ervas, no candomblé Jeje é chamado de Agué é o
Vodun da caça e das florestas e conhece os segredos das folhas, no Candomblé Bantu é
chamado de Katendê, Senhor das insabas (folhas). Seria de ambos os sexos assim como
Oxumarê, segundo alguns pesquisadores 6 meses seria homem e 6 meses seria mulher.
Ossaniyn, Oxumarê e Obaluayê são filhos de Nanã com Oxalá.
Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, chamada de folha sagrada que são
utilizada numa mistura especial chamada de abô, muitas vêzes é representado com uma
única perna. Cada Orixá tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos. E sem as
folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ela nenhuma cerimônia é possível.
Osanyin recebera de Olodumare o segredo das folhas. Ossanyin sabia que
algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a
miséria, as doenças e os acidente. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma
planta. Eles dependiam de Ossanyin para manter sua saúde ou para o sucesso de suas
iniciativas.
Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e impetuoso, irritado por esta
desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar Osanyin a propriedade das folhas.
Falou dos planos à sua esposa Iansã, Explicou-lhe que, em certos dias, Osanyin
pendurava, num galho de Iroko, uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas. --
Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias, disse-lhe Xangô. Iansã aceitou
a missão com muito gosto.
O vento soprou a grandes rajadas, levando o telhado das casas, arrancando
árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado, soltando a cabaça do galho
onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram.
Os Orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas,
mas Osanyin permaneceu "senhor/senhora do segredo" de suas virtudes e das palavras
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que devem ser pronunciadas para provocar sua ação. E assim, continuou a reinar sobre
as plantas como senhor absoluto. Graças ao poder (axé) que possui sobre elas.
OSSAIM (Luz divina)
Sincretismo São Francisco de Assis
Reino na Natureza Matas (florestas virgens, folhas e ervas)
Linha de Vibração Transformação/ Paz/ Medicina
Símbolo Haste metálica de sete pontas com um pássaro no centro
Saudação Ewê ô! (“Oh, folhas”)
Cor Verde e Branco
Dia da Semana Terça e Quinta-feira
Ervas Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro,
café. (Em algumas casas: alfavaca, coco de dendê, folha do
juízo, hortelã, jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de
jardim, vassourinha, verbena).
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NANÃ
Nanã Buruku (ou Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã
Borodo, Anamburucu, Nanã Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das
chuvas, dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e
responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Identificado
no jogo do merindilogun pelos odu ejilobon e representado materialmente pelo
candomblé através do assentamento sagrado denominado igba nanã.
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da
qual desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omulu, por ter nascido com várias
doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o
numa praia, Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se
fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá
condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (Oxumarê, Ewá e Ossaim), e
a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio,
lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu filho
morreria mais rápido.
Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos
quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças
cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omulu. Protetora dos idosos,
desabrigados, doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores,
originário de Dassa-Zoumé, é uma velha divindade das águas. Pierre Verger encontrou
um Templo Dassa-Zoumé e o sacerdote do seu culto.
A área que abrange seu culto é muito vasta e parece estender-se de leste, além do
rio Níger, até a região Tapá, a oeste, além do rio Volta, nas regiões dos "guang", ao
nordeste dos Ashanti.
Entre os fon e mahi ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a
Mawu e Lissá, aos quais teria dado origem em associação com a "serpente do Universo"
Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é às vezes vista como um vodun masculino
(Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.
Nanã Buruku é cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé
Ketu como um orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada,
lama e considerada a mãe dos orixás Obaluaiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.
Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como
uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o
Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra
Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à deusa greco-
romana Deméter-Ceres-Cíbele.
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A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à
descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos
cortantes de metal.
O baobá ("Adansonia digitata L.", em iorubá ossê e em Fon akpassatin) é sua
árvore sagrada. No sincretismo afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na
Umbanda, é equiparada à Sant'Ana.
NANÃ
Sincretismo Sant’Ana
Reino na Natureza Águas paradas, lama e pântanos
Linha de Vibração Vida e morte, saúde e maternidade, Terceira visão e Sabedoria
Símbolo Ibiri (instrumento de palha)
Saudação Saluba Nanã! (“Dona do pote da Terra”)
Cor Lilás
Dia Comemorativo 26 de Julho
Dia da Semana Sábado
Ervas Colônia, Manjericão Roxo, Taioba (não serve para banho), Ipê
Roxo, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Folha da
Quaresma, Jarrinha, Parioba, Golfo Redondo, Canela de
velho, Salsa da Praia, Manacá. (Em algumas casas: assa peixe,
cipreste, erva macaé, dália vermelho escura, folha de
berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa vermelho escura,
tradescância).
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MENSAGEM - MEDIUNIDADE NÃO É SINÔNIMO DE "MÁGICA"
Um Caboclo em Terras brasileiras Mensagem recebida em 28/09/2006, por Mãe
Luzia Nascimento Dirigente do Centro Espiritualista Luz de Aruanda.
Todo Guia de Umbanda tem um compromisso firmado no Astral Superior de
desenvolver em seus médiuns e tutelados, as condições necessárias para que ambos
exerçam suas tarefas no plano físico. Todo médium de Umbanda, muito embora faça
parte de uma coletividade, passa por um aprendizado individual e um aprimoramento
constante, a fim de assumir as responsabilidades com seus Guias e Protetores com
outorga desse mesmo Astral Superior.
Para que haja uma boa sintonia e um bom aprendizado, o médium deve buscar
ser dedicado, assíduo, perseverante e paciente. Através da dedicação ao trabalho o
médium ampliará a sua faixa de sintonia com os seus Guias e Dirigentes Espirituais da
Casa que faz parte, colocando-se à disposição para o serviço que não começa e nem
tampouco termina no momento do transe mediúnico. A questão da assiduidade firmará
no médium a disciplina, que é elemento indispensável na execução dos trabalhos.
Quando o médium age com assiduidade a Espiritualidade sabe que sempre terá com
quem contar.
A perseverança fará o médium compreender que aconteça o que acontecer, ele,
o médium deve permanecer na caminhada abraçada independentemente da compreensão
de outras pessoas. Embora muitas vezes esteja rodeado de outros irmãos o médium vai
se sentir sozinho, pois ele tem um caminho interior a trilhar cabendo só a ele escalar as
etapas que se sucederem, bem como as montanhas da "calúnia", da "inveja", e do
"comodismo alheio".
A paciência auxiliará ao médium na busca da serenidade, renunciando assim a
irritação e ao imediatismo mediúnico que tanto prejudicará o bom andamento do seu
aprendizado. Mediunidade não é sinônimo de "mágica" e, portanto, o médium não sabe
tudo. Claro que há os mais experientes por terem começado sua caminhada nos
primeiros toques dos clarins, tendo já vivenciado alguns ensinamentos, porém sempre
estarão aprendendo. Ainda vemos hoje, muitos irmãos se perguntado: por que meus
Guias não se apresentam logo? Porque não riscam seu ponto?
Porque não me mostram logo tudo? Porque que eu que estou a mais tempo na
Casa não sinto e nem percebo o que esse irmão que tem menos tempo sente e percebe?
E assim seguem fazendo mais umas tantas perguntas... Mas será que ao invés de só
perguntarem, esses médiuns buscam responder para si mesmos como está o seu
procedimento ou sua conduta como médium? Guias e médiuns trabalham em parceria.
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A época do "guiísmo" já passou. E assim como as Entidades esperam o tempo dos
médiuns, estes devem aprender o significado do silêncio por parte de seus Guias. Que
Oxalá abençoe a todos os filhos de Umbanda!
A UMBANDA E O ESPIRITISMO
Algumas pessoas, por falta de esclarecimento e ignorância dos fatos,
infelizmente classificam, erroneamente e de maneira pejorativa, a Umbanda como
“baixo espiritismo” ou mesmo como parte do próprio espiritismo. Podemos afirmar que
o que as duas doutrinas têm em comum é o desejo de ser útil ao mesmo Senhor, embora
com formas de trabalhos que na experiência são diferentes, mas no fundo, se integram
na ação fraterna.
A Umbanda, em seus fundamentos, não tem nada a ver com o espiritismo, o que
não é bem esclarecido nos meios umbandistas e espíritas. Começa aí a confusão, toma-
se o nome “Espírita” como se ele designasse todas as expressões de mediunismo, e
assim foi se descaracterizando muito a Umbanda. Por outro lado, Espíritos têm baixado
ao mundo com a missão de esclarecer, e de certa forma, dar um corpo doutrinário a
Umbanda, mas são ignorados por muitos adeptos.
A Caridade é a Lei Universal, e nós que trabalhamos nas searas umbandistas,
devemos ter nela um guia infalível para o desenvolvimento de nossas atividades, assim
como todos os Centros Espíritas que dizem adotar a codificação de Kardec não são, na
realidade, espíritas, também muitas Tendas e Terreiros não representam os verdadeiros
conceitos da Umbanda. Podemos notar que muitos umbandistas permanecem ainda
ignorantes das verdades e dos fundamentos de sua religião, baseados nisso temos que
trabalhar unidos pelo bem e esperar, que o tempo haverá de corrigir todos os equívocos
através da experiência que vivenciamos no dia-a-dia. Há de se lembrar que o mundo
espiritual é habitado pelos espíritos, seres inteligentes da criação, imateriais, que
mantêm sua individualidade e assim têm formas de pensar diferentes, formando então,
grupos de afins.
Mesmo assim, podemos observar espíritos, de diversos grupos, trabalharem em
conjunto, unidos nos trabalhos de cura e desobseção, mas o fato de trabalharem juntos
não os faz robôs, como já dissemos, eles não pensam de maneiras iguais, guardam
sempre a sua opção íntima. Nisso está a verdadeira fraternidade, que nos amemos uns
aos outros e respeitemos as convicções pessoais, pois se os métodos de trabalhos se
multiplicam ao infinito, o senhor da vinha permanece um só, Jesus, ou como nós o
chamamos “Oxalá”.
O espiritismo é a doutrina codificada por Allan Kardec e inaugurada na Terra em
18 de abril de 1857, na França, e que tem o objetivo de estudar as Leis Espirituais que
regem os dois mundos, e os princípios superiores da vida. Esse estudo forneceu a chave
que explicou cientificamente, tanto a religião nativa quanto os cultos africanos, pois
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explicou a possessão como incorporação dos Espíritos em pessoas dotadas de tal
faculdade mediúnica.
A Umbanda embora seja uma religião de caráter mediúnico, não é espiritismo,
nem alto e muito menos baixo, assim como não podemos dizer que a Umbanda e o
Candomblé sejam a mesma coisa, mesmo assim alguns umbandistas se denominam
“Médiuns Espíritas tal” ou falam “Tenda Espírita tal”. Sabemos que a palavra “Espírita”
ou “Espiritismo” foi criada por Kardec para designar a Doutrina Codificada pelos
Espíritos, no entanto aqui no Brasil, talvez por falta de orientação, as pessoas tomaram
emprestado o termo “Espírita” e passaram associá-lo e designá-lo a toda manifestação
mediúnica, essa confusão se estabeleceu por causa da desinformação por parte do povo,
que devida à divulgação da Doutrina Espírita, aproveitaram e tentaram unir as duas
expressões “Umbanda” e “Espírita”, embora sejam distintas uma da outra.
A Umbanda é uma religião sincrética, pois fundiu quatro culturas religiosas,
criando uma quinta bem distinta, pois não podemos dizer que a Umbanda é “Culto de
Nação”, ela também não é “Pajelança”, não é “Espiritismo” e tão pouco “Cristianismo”,
é simplesmente Umbanda, é uma religião criada e arquitetada para combater o mau uso
das forças negativas, a magia negra, e com bases sólidas na Caridade, esclarecer e
instruir os homens, e para isso cultua e trabalha utilizando todos os recursos oferecidos
pelas energias magnéticas das forças da natureza, personificadas e representadas através
dos Orixás, seus médiuns utilizam roupas brancas, como uniformes, colares em alguns
casos, banhos energéticos, e todo um instrumental para canalizar essas energias
psíquicas em seus trabalhos.
Embora trabalhem com expressões do mundo espiritual, seus métodos de
trabalho se diferem, pois se baseiam em ensinamentos diferentes, mesmo que, algumas
vezes, os umbandistas recomendem os livros espíritas, que servem somente para um
esclarecimento sobre as questões do Mundo Espiritual e suas relações com o Mundo
Material, suas doutrinas e bases são distintas, contudo, reina as Leis do Amor, do
Respeito e da Caridade, as quais devem ser sempre a base para reger as relações entre a
grande família espiritual.
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MEDIUNIDADE
Todo ser humano, de alguma forma, é intermediário das inteligências
desencarnadas, ou seja, dos espíritos. O que acontece é que, muitos julgam por
mediunidade apenas as questões relativas aos fenômenos mais aflorados, mas segundo a
concepção espírita, todos somos, invariavelmente, médiuns, pois de alguma forma
sofremos as influencias externas, ou influenciamos alguém.
Nos templos de Umbanda é comum encontrarmos médiuns de todos os graus,
todos dando muita atenção ao dom oracular, ou seja, o dom da incorporação,
incorporando um mentor espiritual e através de seus conselhos e ensinamentos podendo
então, ajudar seus semelhantes. Mas as manifestações mediúnicas não se restringem
somente as incorporações, vejamos então, algumas das principais formas de
manifestação mediúnica:
Médiuns Sensitivos ou Impressionáveis: São chamadas assim as pessoas
suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos, por uma vaga impressão a qual nem
sempre sabem explicar, essa faculdade mediúnica é indispensável para o
desenvolvimento das outras. Esta sensibilidade é derivada da glândula pineal que fica
localizada no mesocéfalo, na junção entre o celebro e a espinha dorsal.
Médiuns de Efeito Físico: São aqueles particularmente aptos a produzirem
fenômenos materiais como, o movimento de corpos inertes, a produção de ruídos, etc...
São divididos em Facultativos, aqueles que têm a consciência de sua mediunidade e
produz os fenômenos por sua vontade e os involuntários ou naturais, são aqueles que a
mediunidade exerce sem que eles saibam, eles não têm consciência dos fenômenos que
ocorrem.
Médiuns Audientes: São aqueles que ouvem a voz dos espíritos, que às vezes
se fazem ouvir como uma voz interior e em outras como uma voz exterior, clara e
distinta, qual a de uma pessoa encarnada.
Médiuns Falantes: Neles o Espírito atua nos órgãos da palavra, geralmente o
médium falante se exprime sem ter a consciência do que diz, embora se ache
perfeitamente acordado e em seu estado normal, e outros em estado sonambúlico ou
próximo ao sonambulismo. Essa faculdade mediúnica, quase sempre, é efeito de uma
crise passageira, por isso há de se ter muito cuidado para não confundi-la com a
imaginação.
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Médiuns Videntes: São aqueles que têm a faculdade de ver os espíritos.Essa
faculdade é raramente permanente, quase sempre é efeito de uma crise momentânea e
passageira. Eles acreditam ver com os olhos, mas na realidade é a alma quem os
enxerga, e é por isso que ele vê tão bem tanto com os olhos abertos ou fechados.
Médiuns Escreventes ou Psicógrafos: São aqueles que têm aptidão para
obter a escrita direta dos espíritos, de todos os meios de comunicação espírita, esse é
considerado pelos espíritas o mais simples e mais cômodo.
No movimento umbandista, as entidades normalmente se manifestam pela
Incorporação ou pela Radiação Intuitiva, onde o médium recebe as mensagens das
entidades por meio da intuição, sem a necessidade da incorporação, sedo a incorporação
a modalidade mediúnica mais utilizada. Isso porque trazem as comunicações da “boca”
dos próprios espíritos, ou seja, eles estão presentes no momento das manifestações,
próximos aos médiuns, dando mais confiabilidade nas comunicações, já que podemos
“ver” o espírito manifestado, reconhecendo-o através de seus próprios movimentos,
ações, voz, etc, que se diferem totalmente das do médium, mostrando assim sua
individualidade, o que possibilita o fortalecimento dos laços entre o espírito e o
consulente.
As incorporações dividem-se em Inconsciente e Semiconscientes, isso de
acordo com o grau de intervenção do médium. Na Incorporação Inconsciente, o espírito
do médium se afasta e deixa que o espírito comunicante “assuma” o seu corpo físico,
assim o médium não interfere na comunicação, mesmo seu espírito estando às vezes,
consciente no plano astral. Já na Incorporação semiconsciente, o espírito do médium se
afasta um pouco do corpo, mas mantém ligação consciente com ele, enquanto que o
espírito comunicante assume as funções motoras do corpo físico do médium.
A semiconsciência pode variar de intensidade, ou seja, o médium pode ter desde
um grande grau de inconsciência ate um grau quase total de consciência. O médium,
neste caso, tem enquanto dura a manifestação, alguns lampejos de consciência, mesmo
assim, na maioria das vezes, após a manifestação ele não se lembra de nenhum fato
ocorrido durante a mesma.
Há de se ressaltar um fato que é muito importante, na incorporação o espírito
comunicante não entra no corpo físico do médium, mas apenas toma as rédeas da
situação, controlando o corpo físico com ou sem intervenção do médium, o espírito se
aproxima do corpo, mas não o toma ou entra nele. As ligações mediúnicas entre o
espírito e o corpo físico do médium são efetuadas através do perispírito, ou corpo astral
do médium, e para isso usam os chacras correspondentes a sua linha de atuação.
Quando a entidade incorpora ou nos momentos pré-incorporativos, o médium
sente uma mudança no seu campo vibracional, e é assim que consegue, com o tempo e
experiência, distinguir uma entidade da outra, pois as vibrações energéticas de cada
entidade se diferenciam uma das outras. Em geral, a natureza das comunicações está
sempre relacionada com a natureza moral do espírito e do médium, trazendo aí o cunho
de sua elevação ou de sua inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância.
Também há de se observar que as comunicações de um espírito também são
mais ou menos perfeitas, por tal ou qual intermediário de acordo com suas simpatias,
baseados nisso, simplesmente é um erro querer obter, mesmo de um bom médium, boas
comunicações em todos os gêneros mediúnicos conhecidos. É bom certificar-se sempre
das qualidades morais do espírito que as transmitem, bem como das qualidades do
médium, visto que este é o instrumento do qual se serve o espírito.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
Aprendemos que todos são de certa forma médiuns, mas também que nem todos
sentem ou demonstram sua mediunidade; e há outros até que a encaram como caso de
doenças psicóticas. Então, você se acha um maluco por sentir, ou ver ou até mesmo
conversar com pessoas ou outras entidades que só você percebe? Seriam essas pessoas
que não têm essa percepção, mais “normais” que você? Digamos então que você
chegasse em uma cidade que só existam pessoas totalmente cegas e que nunca tivessem
tido contato com o restante do mundo.
Chegando lá, percebendo isso, você resolve falar a algum deles sobre a
maravilha que são as cores das flores, das árvores e do céu. O que deveria pensar esse
ser que nunca as viu ou verá? Que você é maluco, certo? Deu pra entender agora? Será
que por não se ver, pode-se afirmar que algo não acontece, que o mesmo não exista? E
as ondas AM ou as ondas FM provenientes de estações de rádio? E as de VHF e UHF
que nos trazem até as imagens da televisão?
Ah, mas aí a gente vê o efeito delas quando ligamos certos aparelhos, aqui no
caso o rádio e televisão. Então, mesmo não as vendo fica provado que elas existam,
certo? Imagina você, que até bem pouco tempo atrás, quem dissesse que seria possível a
transmissão e recepção a longas distâncias de ondas sonoras era considerado maluco. E
quando o rádio apareceu os “malucos” deixaram de sê-lo, se “curaram” e foram
chamados Cientistas.
A mediunidade, que cada ser humano traz consigo, faz na realidade com que ele
seja um transmissor e receptor de outros tipos de ondas energéticas que não só as
sonoras ou as elétricas e, dessa forma, cada ser humano com maior ou menor
capacidade de receber ou enviar essas ondas, pode perceber mais ou menos do que
acontece em Planos Vibratórios menos densos que o nosso. Aliás, os rádios e televisões
também sofrem essa restrição. Veja por exemplo que nem todos estão preparados para
receberem ondas curtas, no caso do rádio ou UHF no caso das televisões, necessitando
de aparelhagem ou circuitos adicionais para que o consigam.
Vamos esquecer nosso corpo físico por uns instantes, e encará-lo como um
receptor e transmissor de certos tipos de ondas que os aparelhos já fabricados, a não ser
a fotografia Kirlian, ainda não conseguiram captar, o que talvez as faça daqui a algum
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tempo mais, quem sabe? Se você conseguir ver ou imaginar que, além de ser um ser
pensante, que seu corpo é um aparelho que sofre as influências das mais diversas formas
de ondas energéticas como a luz, calor, ondas magnéticas, de televisão, de rádio e
muitas outras, inclusive estas que os aparelhos comuns não conseguem perceber, então
estará começando a entender.
Se entender também que esse corpo físico que está usando agora, nessa
encarnação, é como uma “vestimenta” para seu verdadeiro EU espiritual, então estará
entendendo ainda mais o que vamos tentar explicar. Agora veja bem, sabemos que em
nosso corpo existem vários Chakras e que na cabeça fica o Chakra Coronário que
funciona como se fosse uma ANTENA, certo? Só que essa antena, a despeito do que
possam afirmar, serve tanto para recepção como para transmissão de ondas em uma
faixa de freqüência não percebida ainda pelos aparelhos eletrônicos.
Então comecemos por aí a análise do seu corpo ou APARELHO MEDIÚNICO,
como algumas entidades o chamam. Olhe para seu corpo, de frente, e imagine, se não
puder ver, uma coroa de energia que se expande do centro da cabeça para cima e para os
lados, para frente e para trás. Essa energia que se irradia tem como base uma faixa
vibratória, digamos que vibre bem entre 1.000 e 1.500 ciclos por segundo, ou 1000hz a
1500hz, ou 1khz a 1,5kHz – não esqueça que é uma situação hipotética pois não
existem aparelhos para medir a vibração padrão de um Chakra – nesse caso,
entidades e/ou energias que vibrem ou atuem dentro desse padrão estarão afinadas com
esse Chakra e, num caso de incorporação, por exemplo, quase não afetarão o seu
sistema nervoso.
Se no entanto, se aproximarem de você, entidades que vibrem a menos de 1000
ciclos, faixa vibratória mais baixa que a sua, ou a mais que 1500 ciclos, padrão
vibratório mais alto que o seu, tentarem entrar em contato mental com você, ou terão
que elevar seu padrão vibratório, no primeiro caso, ou diminuí-lo, no segundo caso, para
que possam atuar dentro de sua faixa vibratória. Sabemos que no Astral há espíritos
mais evoluídos que você e menos também, e que em decorrência disto, estaremos
sempre recebendo influências energéticas maiores e menores, como esse Chakra de
nossa hipótese, que só consegue variar seu padrão entre 1000 e 1500 Hertz, ou ciclos
por segundo. Em estado normal ele não perceberá nem entidades que atuem a menos
nem a mais, para isso terá que passar por treinamentos a fim de poder expandir sua
FAIXA VIBRATÓRIA, freqüências entre a menor e a maior com as quais poderá
interagir, e com isso passar a alcançar, de acordo com os objetivos propostos, maiores e
menores freqüências. E qual seria o objetivo dessa expansão da Faixa Vibratória?
A expansão para baixo não é comum. Só serviria para que o médium começasse
a receber bem, as influências dos mais baixos astrais, mas a expansão para cima serviria
para que alcançasse a freqüência de energias e de entidades menos densas e mais
evoluídas, por conseguinte, que, como se sabe, são do mais alto Padrão Vibratório.
Essas diferenças entre as freqüências em que vibram as entidades espirituais e a do
encarnado em questão se explicam também, de certo modo, aos desconfortos que se
sentem às vezes quando há uma aproximação de certas entidades, mesmo não havendo
incorporação.
A simples presença de certas entidades de padrão vibratório muito diferente do
dele, causa como que um “choque vibratório”, fazendo com que seu sistema nervoso
sofra de alguma forma e produza sensações bastante desagradáveis. Mas não é só a
aproximação de entidades de baixo padrão vibratório, consideradas inferiores, que pode
causar esses danos não. Também a presença de “medalhões espirituais” o faz, porque
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não se trata de influência de baixa ou alta freqüência ou de entidades mais ou menos
evoluídas, mas do fato do encarnado em questão não estar preparado para ampliar ou
baixar seu próprio padrão e com isso evitar o CHOQUE DE VIBRAÇÃO, este sim o
causador de todo mal estar.
O que estamos afirmando aqui é que, embora as entidades espirituais sejam seres
que conosco se comunicam, elas o fazem sempre através da sintonia das freqüências
com que o médium está acostumado, ou seja, para que haja uma boa comunicação, uma
boa vidência ou uma boa clariaudiência por exemplo, será preciso que o médium saiba
ou possa ter sintonizadas as suas antenas, seus Chakras, para as freqüências em que
vivem ou vibrem essas entidades, caso contrário, você vai ficar dizendo que elas não
existem, entendeu? É tão grande o universo de energias que não podemos ver, ouvir e
mesmo sentir; esse número é tão maior que ficaria pasmo em saber o quanto somos
restritos em relação às diversidades de energias que nos circundam, isso em nosso
estado normal, hoje em dia uma grande parte delas já são relativamente conhecidas pela
Física.
A sensibilidade que promove o contato com energias e seres que vibram em
freqüências baixas e mais altas é o que chamamos de percepção extra-sensorial (PES),
esta a qual todos aqueles que tiveram sua mediunidade aflorada, seja por que meios
tenham sido, são portadores. Assim como temos percepções em vários níveis, podemos
dizer que temos mediunidade em vários níveis também. E mais ainda, que essa
percepção desde que tenha aflorado, pode ser trabalhada para que se sintonize com
Planos Vibracionais cada vez mais elevados, de onde se podem tirar realmente
ensinamentos mais e mais profundos em relação à nossa situação neste planeta e os
meios de alcançarmos melhores os objetivos em nosso rumo à EVOLUÇÃO.
Quando você age como um médium passivo, apenas deixando que as entidades o
dominem e façam seus trabalhos através de seu corpo físico e de sua mente, estará
funcionando apenas como “cavalo de guia”, não que isso seja um demérito para você ou
para qualquer um mas, agindo sempre assim, estará se acostumando a “funcionar”
apenas dentro de uma faixa vibratória específica às entidades que com você trabalham
ou que usam seu corpo para tal.
A menos que você tenha entre essas entidades, uma mais evoluída, que trabalhe
o seu “aparelho mediúnico” (Chakras) visando melhorar mais e mais sua percepção e
sensibilidade para outros Planos, você nunca vai perceber esses outros planos e as
entidades que existem nele, que não são percebidos nem pelas entidades de menor
vibração. Mas agora vamos dizer que você, entre as entidades que trabalham
naturalmente, tenha esse desenvolvedor e que ele pertença mesmo a planos mais
evoluídos de existência e que trabalhe, ainda sem que você perceba, nessa sua
mediunidade a fim de poder colocá-lo futuramente, em contato com VERDADEIROS
GUIAS e MENTORES espirituais, parabéns você é um médium de sorte. Mas, mesmo
assim, o que custa você lhe dar uma “mãozinha” e se esforçar um pouco por você
mesmo?
Se você percebeu o que mostramos até aqui e quer melhorar mesmo seus dons
mediúnicos, então comece pelo que faz ainda dentro do Terreiro. Primeiro ponto a ser
observado: Ao chegar no Terreiro para um dia de trabalho, isso depois da preparação
que deve ter sido feita antes, com banhos e etc., evite aquelas conversas sobre assuntos
do dia a dia, seus problemas, suas amarguras, ou mesmo as amarguras dos outros.
Busque desde a sua chegada entrar em contato com as energias que ali existem e que
foram criadas por todos que ali freqüentam. Para tal, prefira o silêncio aos papos
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desnecessários, a introspecção, observação de seus próprios processos mentais, ao invés
de ficar observando o comportamento alheio.
Cabe ao Dirigente verificar se estão ou não em acordo com o que pretende o
Terreiro e seus Mentores Espirituais. Nesse estado de introspecção, de preferência de
olhos fechados, o que ajuda bastante, tente ir sentindo, não o que ocorre a seu lado
fisicamente, mas “no ar”, espiritualmente. Relaxe o mais que puder e tente com isso,
abrir ou expandir sua Aura em volta de todo o seu corpo, para que a sensibilidade para
outros planos seja facilitada. Você pode, durante esse processo, já ir tentando contato
com suas entidades protetoras e guias, ainda que sem incorporações, através de orações
por exemplo, apenas para que elas se acheguem a você e estejam tão próximas quanto
possível durante todo o tempo de Gira.
Faça isso e, talvez não consiga na primeira ou segunda vez, mas chegará a um
ponto em que sentirá a presença deles quase que fisicamente, se bem que alguns
prefiram se fazer notar transmitindo-lhe mentalmente, ou seu Ponto Cantado ou alguma
coisa mais que os identifiquem. Só você é quem vai, na medida em que isso for sendo
“treinado”, sentindo mais e mais.
E veja bem: isso deve ser praticado antes mesmo de se iniciar a gira. Saber usar
a agrégora, energia padrão do Terreiro, com a finalidade de melhorar seus dons é coisa
que poucos fazem, acontece que essa agrégora, sendo forte, facilita esse intercâmbio
entre você e o Mundo Astral que circunda seu Terreiro através dos vínculos que essa
agrégora tem com todas as entidades que ali trabalham.
Não podemos aqui expressar em quanto tempo cada um vai sentir e/ou ver
melhor o que ocorre “do outro lado” ou mesmo “dar melhores incorporações” porque
isso vai depender de cada um e de seu próprio esforço nesse sentido, mas que essa
simples mudança de comportamento antes das seções pode melhorar acentuadamente
todos os seus processos mediúnicos, disso você pode ter certeza! Começando a Seção,
mantenha-se o mais possível, em estado de relaxamento mental, tentando mentalizar o
que cada Ponto Cantado diz.
Os Pontos Cantados têm, como objetivo primeiro o de desviar a atenção dos
médiuns dos problemas que o envolvem no dia a dia e concentrar suas mentes nos
rituais que vão se proceder. As letras dos Pontos Cantados, de uma forma geral, nos
induzem a imagens de seres,situações e locais que fortalecem nossas crenças e nos dão a
certeza de estarmos bem assistidos por nossos amigos e mensageiros, mas isso em se
tratando de Pontos Cantados mesmo, com fundamentos. Agora vamos expor as
vantagens desse trabalho mental voltando sempre sua mente para o que está ou deveria
estar acontecendo no Astral, dentro do Terreiro:
1º- Sua mente estará sempre ocupada com pensamentos e mentalizações
positivas, evitando se deixar levar pelo cotidiano ou mesmo por pensamentos e fixações
negativas;
2º- Sua mente estará criando condições que propiciem a criação de energias de
teor positivo que fatalmente agirão sobre ela, seu corpo físico e seu estado psíquico;
3º- Pelo efeito das duas vantagens anteriores, sua Aura estará sendo relaxada,
mais expandida, o que o fará mais propenso, pela sensibilidade nesse caso, tanto a
incorporações menos traumáticas, menos “sacolejadas”, como mais seguras, ocorrendo
o mesmo no caso de vidência e clariaudiência;
4º- Como sua mente vai estar voltada para criações de imagens de teor positivo,
mesmo com o relaxamento de sua Aura as entidades de menor evolução terão
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dificuldade ou mesmo ficarão impossibilitadas de nela penetrarem, o que por si só, já
será um filtro contra o Baixo Astral;
5º- Sua mente estará sendo trabalhada em cada sessão, por você mesmo, ainda
que não perceba de imediato, para focalizar planos e energias de cada vez mais alto teor
vibratório, o que equivale a dizer que estará ampliando seu Padrão Vibratório e, nesse
caso, sintonizando-o pouco a pouco com Energias e Entidades pertencentes a níveis
superiores de Evolução.
É claro que essa sintonia com os níveis superiores não se dará “da noite para o
dia” , como se costuma dizer, levará mais tempo ou menos tempo, de acordo com seu
próprio esforço. Mas nunca é tarde para se começar até porque, às vezes, mesmo sem o
sabermos, já estamos na metade do caminho, ou mais. A mediunidade de incorporação,
talvez seja a forma mais passiva de contato com entidades e energias do Plano Astral
porque, nessa técnica, para que a incorporação seja a melhor possível, o médium deve
basicamente focalizar sua mente na falange ou entidade que pretende que incorpore e
relaxe o máximo possível.
Todo o restante é feito pela entidade que chega e vai tomando os pontos a serem
comandados: respiração, pernas, braços, mente, voz e outros. Por ser uma forma de
contato passiva, o médium tem que confiar em si mesmo e na entidade que se aproxima
lhe entregando de corpo e mente. Com o passar do tempo e o melhoramento da
sensibilidade mediúnica, não só o desenvolvedor mas todas as entidades que com você
vierem a trabalhar, ao se achegarem emitirão sinais particulares para que você os possa
identificar. Por exemplo: algumas entidades chegam cantando seus Pontos ao seu
ouvido.
Já outras além do Ponto Cantado ou mesmo sem ele, se utilizam de sensações
específicas no corpo material do médium e, dessa forma, alguns lhes assobiam no
ouvido ou nos ouvidos, outros lhes dobram certo dedo da mão, outros lhe dão uma
pontada em outra região do corpo, enfim, se utilizam de sinais que para eles e o médium
se tornam característicos de suas presenças. O médium reconhecendo esses sinais
característicos, e neles confiando, passa a criar em si condições que propiciem à
entidade uma boa incorporação, relaxando e voltando sua atenção totalmente para
aquela que se achega.
Você deve saber que médiuns, principalmente os de mediunidade kármica,
costumam ter à sua volta um grupamento de espíritos e/ou elementais com os quais já se
comprometeu a trabalhar, antes mesmo do reencarne. Acontece que nesses casos,
quando o médium, ou está atrasado no cumprimento de seu Karma ou mesmo por
ansiedade dessas próprias entidades, ao chegar no Terreiro, é quase que “invadido” por
uma ou mais de uma entidade que “quer logo garantir seu lugar”.
Pode parecer brincadeira mas não é! Pode acontecer uma situação dessas, e há
vezes em que mais de uma entidade tenta “entrar” na faixa vibratória disponível desse
médium ao mesmo tempo. Como nem ele nem essas entidades têm ainda treinamento
para fazê-lo, acabam por provocarem esse choque de vibrações com violentos choques
na matéria, sacolejos e mesmo os tombos que acontecem, mesmo que você não acredite,
de ambos os lados (médium e entidades).
Nesse caso, as entidades praticamente se “trombam” na ânsia de assumirem um
lugar ou se definirem como presentes. Pela inexperiência dessas entidades em
flexibilizarem seus padrões vibratórios ou a densidade de seus Corpos Astrais, acabam
as duas, criando o choque de Auras que além de afetar o médium acaba por afetá-las da
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mesma forma. Em casos como esse, cabe ao Dirigente do Terreiro ou ao Chefe
Espiritual, a doutrinação dessas entidades no intuito de ensiná-las que não pode ser
dessa forma. Claro que médiuns que sofrem esse problema têm que ser melhor
assistidos pelo seu Dirigente até que a “demanda” do outro lado se resolva e todos
possam chegar em paz.
O problema maior, na maioria dos terreiros, às vezes, está na forma do
desenvolvimento das faculdades mediúnicas, pois constantemente vemos vários
dirigentes de terreiros induzirem pessoas portadoras de determinados desequilíbrios a
desenvolverem sua mediunidade. Esse conselho é muito utilizado por aqueles que não
têm um conhecimento estruturado sobre o assunto.
Nesses casos, a prudência aconselha que se faça um tratamento espiritual, com
afirmação em valores morais sólidos, afim de o companheiro em questão, possa se
fortalecer espiritualmente, pois sua mediunidade guarda a característica de ser
atormentada, se encontrando muitas das vezes, obsedado por espíritos que, em alguns
casos, querem se vingar de um passado onde tiveram experiências em comum. Sendo
assim, não se deve desenvolver algo que esteja enfermo, é preciso reequilibrar suas
energias, para depois assumir o compromisso na área mediúnica, se é que este realmente
exista. Outro problema é o costume de alguns dirigentes de terreiro, fazerem uma
espécie de preparação com seus “filhos”, raspando-lhes a cabeça ou firmando seu Santo
ou seu Orixá regente.
Esse costume se reporta mais aos cultos africanos e não propriamente dito a
Umbanda. Mas mesmo sabendo disso alguns companheiros, que guardam em seus
trabalhos raízes nesses cultos, continuam, algumas vezes, com alguns costumes. Nós
umbandistas devemos reconhecer que a verdadeira preparação para um bom
desenvolvimento mediúnico, é a elevação da nossa vida moral, esse sim é um dos
valores indispensáveis em qualquer caminho que um filho de Deus se encontre, e que
sempre baseados nas Leis da Caridade e do Amor, possamos seguir firmes nos objetivos
elevados propostos pelos mentores espirituais da Umbanda.
A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um
instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar
através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação
moral e espiritual, da aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, sempre
respeitando os guias e Orixás; ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade
em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma
prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.
Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou
vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, mas sim
como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e
expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser
encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma
oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade. Existem médiuns que acabam
distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de forma
leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de
Deus, dos Orixás e Guias.
Ter um comportamento moral e profissional dignos, ser honesto e íntegro em
suas atitudes, pois do contrário acabará atraindo forças negativas, obsessores ou
espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados
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desequilibrados e que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso,
desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e
regido através de um profundo estudo da religião seguido por conceitos morais e éticos.
Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial. As pessoas que são
médiuns e tem o trabalho mediúnico como missão, devem levar sempre isso muito a
sério, ter muito amor e dar valor ao que fazem, tendo sempre boa vontade nos trabalhos
de seu terreiro e na vida diária.
Mediunidade é coisa séria e participar de uma corrente mediúnica, mais ainda, é
preciso que entendam seus deveres e obrigações e faça cada um a sua parte, e que
sejamos conscientes de que nem todos somos médiuns de incorporação, e não é porque
não estamos trabalhando incorporados que não devemos ser atentos aos deveres que nos
competem. O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego
adequados aos seus Orixás e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa
sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com
alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Bem, acreditamos que você agora já tenha uma idéia mais clara do que é e como
funciona a mediunidade, e passa também ver como é importante que você faça a sua
parte, buscando a cada dia, a cada seção, a cada aprendizado melhorar sua ligação
vibracional com o mundo astral.
UMBANDA - MITOS E REALIDADES
Podemos observar que as pessoas que procuram a Umbanda o fazem, em sua
maioria, para resolverem problemas de ordem material, exigindo um resultado
imediato,e quando não encontram creditam no Terreiro ou ao Dirigente e Médiuns,
quando não a própria Umbanda, o motivo do seu fracasso.
Por que isso acontece? Acreditamos que a culpa disso seja dos próprios
umbandistas que não esclarecem que a Umbanda é uma religião digna e nobre como
todas as outras, se omitem ou são os primeiros a dar “oferendas” para obterem favores
materiais das Entidades. Por outro lado, sabemos que a Umbanda lida com vários
elementos e uma variedade enorme de espíritos, e também que ela tem a capacidade de
penetração nos mais variados campos do Astral, conseqüentemente, havendo
merecimento e empenho, muito problemas acabam realmente por ter uma “solução mais
rápida”, mas somente aos que merecem e o fazem por merecer.
Qual é o mistério da Umbanda? Amor e Caridade, pura e simplesmente. A
ritualística que cada terreiro de Umbanda segue, somente serve como um leque de
possibilidades para os diversos anseios de culto de cada um. Na verdade, quem procura
um Terreiro de Umbanda deveria apenas se preocupar se ela é séria, se não cobra
consultas e trabalhos e se tem como objetivo principal a caridade e o Amor ao próximo.
Essa é a verdadeira Umbanda. Sabendo que temos por obrigação sempre buscar o “por
que” das coisas e não ficarmos satisfeitos com repostas do tipo “isso é assim porque é”
ou “isso é um mistério da fé”, vamos aqui tentar elucidar algumas dúvidas que
encontramos por parte da maioria dos freqüentadores e alguns médiuns de Umbanda.
Serão perguntas e respostas que escutamos freqüentemente nos terreiros ou fará
deles. Não julguem a qualidade das perguntas, porque se pra você a pergunta é simples
ou boba, para outro poderá não ser. As respostas sim são simples porque assim é a
Umbanda. Então vamos lá:
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e Caboclo Tupynambá
1. Pode uma pessoa praticar o mal sob influencia de espíritos?
Sim pode, tanto quanto pode praticar o bem, também influenciada pelos
espíritos. Mas estejam certos de que para que as influencias negativas ou positivas
atuem em nossas vidas devemos estar sintonizados com tais vibrações. Portanto orai e
vigiai. Você tem seu livre arbítrio e é o único responsável pelas companhias que atrair,
tanto carnais como espirituais, e que permitir atuar em sua vida.
2. Todos somos médiuns?
Todos nós somos sensitivos, mas alguns em um grau mais elevado que o outro.
Esses diferentes níveis de sensibilidade podem ser compreendidos com diversas formas
de mediunidade que está liga a missão que o individua tem aqui na terra. Alguns são
médiuns de incorporação, outros intuitivos, videntes, audientes, de efeitos físicos, de
pisocofonia e de psicografia, todos passíveis de desenvolvimento de acordo com o livre
arbítrio de cada um.
3. O Médium quando está incorporado sabe tudo o que está acontecendo e o que a
pessoa está falando com a Entidade?
Normalmente sim. A grande maioria dos médiuns é consciente ou
semiconsciente como falam, ou seja sabem o que está acontecendo mas não tem
controle sobre as atitudes da entidade. Normalmente logo após a consulta o médium
ainda lembra de alguma coisa, que vem como “flash”, mas logo depois vão esquecendo
aos poucos. Somente médiuns inconscientes é que não sabem o que se passou durante
uma consulta, mas é muito raro este tipo de mediunidade. Mas se a sua preocupação é se
você pode conversar qualquer assunto com a entidade que o médium não vai contar pra
ninguém, isso aí dependerá da índole do médium e da Casa que ele trabalhe, mas não se
preocupe, pois o princípio básico de uma casa de Umbanda séria é o sigilo em respeito
às consultas e o respeito com os problemas de cada um.
4. Se uma pessoa tem que trabalhar mediunicamente e se a mesma não entrar para
um Centro ela poderá receber um guia ou entidades na rua, em casa, no trabalho
ou em outro lugar?
Não. Uma Entidade Guia ou Protetora “de Luz” não irá de forma alguma expor a
pessoa ao ridículo ou a situações constrangedoras incorporando em lugares públicos. O
fato é que se a pessoa é médium, e tem como missão trabalhar mediunicamente e opta
por não desenvolver sua mediunidade isso não faz com que ela deixe de ser médium.
O que acontece é que sua mediunidade ficará embrutecida e desamparada
expondo a ação de espíritos trevosos que poderão, esses sim, manifestarem em locais
públicos colocando a pessoa em situações embaraçosas e de risco. A Umbanda ou outra
religião qualquer serve para nosso crescimento moral e espiritual e como um elo de
religação com Deus, freqüentar ou participar ativamente de uma deve ser uma opção
particular de cada um e não uma imposição.
Devemos saber que pelo fato de termos uma mediunidade mais aflorada nos
torna imãs, atraindo toda e qualquer energia que estiver nos ambientes aos quais
freqüentarmos, o desenvolvimento dessa mediunidade, se faz necessário para
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aprendermos a lidar com essas energias e controlar as manifestações e termos a
oportunidade através do trabalho mediúnico de resgatarmos nossos kármas e
compromissos assumidos antes de reencarnarmos. Negar e fugir disso não nos levará a
nada, é claro que existem outras formas de praticarmos a Caridade, trabalhar
mediunicamente deve ser uma opção e não uma imposição. Cada um com seu Kárma,
missão e vontade.
5. É verdade que a pessoa que entra para trabalhar na Umbanda não pode mais
sair, porque atrasa a vida?
Não, não é verdade. Como também não é verdade que a vida da pessoa em
questão vai pra frente se ela entrar para a Umbanda. O que ocorre é que ao entrar para a
corrente de um terreiro de Umbanda a pessoa passa a dar vazão e a desenvolver sua
mediunidade, assume compromissos e responsabilidades, se tranqüiliza e se harmoniza
vibracionalmente e evolutivamente, ou pelo menos deveria.
O “atraso na vida” da pessoa ocorre porque ela deixa de se equilibrar, evoluir e
fazer caridade. Conseqüentemente ela deixa de ter tranqüilidade para resolver até o mais
simples dos problemas. Mas isso ocorre porque a pessoa saiu do Terreiro, mas não
deixou de ser médium e continua recebendo influência do Astral. E se ela não continuar
com suas responsabilidades em ter uma vida regrada, de conduta ilibata e não praticar a
caridade de alguma forma, receberá maior influencia do Astral inferior, segundo a Lei
das afinidades.
Que fique bem claro que não é o ingresso da pessoa ou a sua permanência na
Umbanda, ou qualquer outra religião, que fará com que a vida da pessoa “ande pra
frente” ou que todos os problemas dela se resolverão. Temos que ter a consciência de
que é a sua conduta moral, seu desejo de praticar a caridade, de ajudar ao próximo, de
buscar sua evolução é que será determinante se ela vai melhorar ou não, é uma questão
de merecimento pessoal. A Umbanda através de um Terreiro sério lhe dará a
oportunidade, o conhecimento e o meio, cabe a pessoa abraçar ou não.
6. É, mas uma vez eu ouvi um médium dizer que se ele abandonasse as entidades o
castigariam? Isso é verdade?
Não, a entidade não faria isso. Certamente era o médium que em suas limitações
de conhecimento entendia assim. Na verdade o que muito provavelmente aconteceria, se
fosse em um Terreiro sério e com entidades sérias, a Entidade faria era aconselhar e
alertar o médium quanto ao perigo que ele estaria sujeito ao abandonar a Umbanda ou
seu compromisso mediúnico.
Como dito anteriormente, o médium ao se afastar do seu compromisso
mediúnico ou do terreiro, não deixa de ser médium por isso, de acordo com o que faça
da sua vida a partir daí é o que vai justificar sua nova condição, se fizer coisas boas
continuará recebendo boas influências, mas se levar uma vida desregrada receberá
influências negativas ou ruins. A Umbanda, tão pouco seus guias e protetores, não têm
função de nos punir e sim de orientar e amparar.
7. O que é um “guia de frente”?
É a entidade que chefia a coroa do médium, é representante direto de seu Orixá
Regente. É responsável em comandar todas as entidades e guias que trabalhem na coroa
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e Caboclo Tupynambá
do médium ela traz as orientações e ordens diretas do Orixá Regente. São também
conhecidas como mentores. Em alguns terreiros pode ser também um Preto-velho ou
um Caboclo.
8. Pode duas ou mais pessoas receber entidades com o mesmo nome?
Certamente que sim. Aliás isso é bastante comum de acontecer da mesma
maneira que encontramos pessoas com o mesmo nome. Podemos observar várias
entidades se identificando como: Caboclo Rompe Mato, por exemplo, isso não quer
dizer que é a mesma entidade ou o mesmo espírito, e sim entidades que trabalham em
um mesmo campo vibracional. Na verdade se paramos para pensar realmente, o nome é
o menos deve importar, mas sim o grau de comprometimento com a caridade.
9. Como é o desenvolvimento de um médium Umbandista?
Embora esta questão seja bastante específica e a resposta varie de terreiro para
terreiro, como a maioria das questões sobre ritualística e fundamentos, vejamos alguns
pontos que devem ser observados.
a) É fundamental uma avaliação minuciosa do médium com relação a Umbanda
e suas próprias aspirações. É de suma importância que ele esteja certo de que é isso que
deseja para si e para sua vida, que entenda que a Umbanda é uma religião que o ajudará
na sua evolução através da Caridade e não é para resolver seus problemas.
b) A casa que ele escolher para realizar este empreendimento deve estar o mais
próximo do que ele acredite, entenda e queira para si. É fundamental que seja uma casa
séria e comprometida com a caridade, ou seja, que seja realmente de Umbanda.
c) As diferentes ritualísticas da Umbanda servem exatamente para atender as
diversas aspirações. Por isso antes de qualquer coisa ele deve freqüentar a assistência
assiduamente, observar, envolver-se e estudar até ter certeza que ali é o seu lugar.
d) Cada casa tem um critério para se fazer parte da corrente, procure saber qual
é. Ao entrar para a corrente deverá seguir rigorosamente as orientações do Dirigente e
da Entidade chefe ou das pessoas a sua ordem.
e) Entender que não será umbandista dos portões para dentro do terreiro, mas
sim de coração, corpo e alma. Deverá dedicar-se, educar-se, doutrinar-se seguindo as
orientações recebidas, que sua conduta moral deverá ser constantemente vigiada.
f) Participar de todas as seções que esteja, abertas aos médiuns novos, estudar e
se dedicar com afinco, buscando sempre melhorar seus pensamentos, desejos e
vontades. Buscar constantemente a evolução espiritual e moral, para assim poder
preparar o seu corpo e mente para ser um bom instrumento para as Entidades Protetoras
e Guias.
Buscar tudo isso irá facilitar a incorporação e o desenvolvimento de sua
mediunidade, se entregue de corpo e alma, sem medo. É essencial lembrar que é um
momento de adaptação, onde tanto médium quanto entidade estarão se afinizando. Não
tenha pressa, o tempo que você levará para incorporar, dar passes, dar consultas, só
dependerá de você mesmo, de sua dedicação empenho e preparo seguindo as
orientações que lhe forem passadas.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
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10. É verdade que homens que trabalham com entidades femininas são Gays ou
podem se tornar?
Não, não é verdade. O que determina a preferência sexual de uma pessoa é ela
mesma e não a entidade, aliás ninguém tem ingerência sobre este assunto, isso é um
pensamento machista e preconceituoso, a Umbanda não coaduna com pensamentos
retrógrados. Ninguém vira ou se torna homossexual, ou ela é ou não é, isso é uma
característica dela e deve ser respeitado O médium é um medianeiro, um aparelho para a
espiritualidade trabalhar pela expansão da caridade, assim sendo a entidade não interfere
na personalidade do médium, senão todos que incorporarem Ogum serão guerreiros, e
quem trabalha com todas as linhas sofre de personalidades múltiplas. Então se for assim
mulheres também não podem trabalhar com entidades masculinas pois se tornarão
lésbicas.
Temos que mudar esta mentalidade e acabar com o preconceito dentro dos
Terreiros. A Umbanda tem lógica e coerência, o que deve realmente interessar não é a
preferência sexual do indivíduo, mas o quanto de caridade e amor a pessoa tem para
fazer e dar, o quão dedicado a espiritualidade ela o é, e o quão envolvido com o astral
superior ela esteja.
11. Como funciona a hierarquia dentro de um terreiro de Umbanda?
Dentro de um terreiro de Umbanda deve existir organização e disciplina. E para
manter essa organização e disciplina deve existir também um sistema hierárquico.
Alguns Terreiros dividem-se em parte administrativa e espiritual. A parte administrativa
funciona como uma associação normal, com Presidente, Tesoureiro, Secretários e outros
cargos que possam vir a serem úteis na composição de seu estatuto. Já a parte espiritual
é comum ser dividida da seguinte forma:
a) Babalorixá e Ialorixá: São os Dirigentes do terreiro, o Sacerdote
(Babalorixá) ou a Sacerdotisa (Ialorixá). É o Responsável espiritual por tudo que
acontece nas gírias, antes, durante e depois. São também chamados de pais e mães-de-
santo. Eles têm a função de cuidar e zelar espiritualmente do Terreiro e dos médiuns,
orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados ao público. São os responsáveis em
fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo astral superior.
b) Pai Pequeno e Mãe Pequena: São as segundas pessoas na hierarquia de um
terreiro. Tem como função auxiliar e substituir quando necessário o Babalorixá e a
Ialorixá. Outras funções específicas variam de terreiro para terreiro.
c) Médiuns de Trabalho: São os médiuns que trabalham incorporados, cujas
entidades já dão consulta e já passaram por todos os preceitos do terreiro, que também
variam de Terreiro para Terreiro.
d) Médiuns em Desenvolvimento: São Médiuns que como o nome já diz, estão
em desenvolvimento, ainda não passaram por todos os preceitos da casa. Em alguns
Terreiros ele podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha de trabalho, mas não
são autorizados a dar consultas. Estão sendo preparados para tornarem médiuns de
Trabalho. Ajudam no auxílio as entidades incorporadas.
e) Cambono: São os responsáveis para auxiliar as entidades, esclarecer a
assistência quanto as obrigações passadas, coordenar a entrada da assistência nas
consultas e passes.
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f) Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã: É a pessoa responsável pela puxada dos
pontos cantados e bater ou tocar o atabaque, quando utilizados pelo Terreiro. Sua
função é a de ajudar na evocação das entidades e auxiliar a manter a agrégora positiva
da Casa durante as seções.
Deixemos bem claro que todas as funções são importantes dentro da organização
de um Terreiro e nenhuma é melhor ou pior que a outra, o respeito e a disciplina deve
sempre ser elementos básicos da convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado
com a vaidade e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e
qualquer umbandista.
12. O que pode ou não dentro dos rituais praticados nos Terreiros serem
considerados de Umbanda?
Podemos observar a enorme confusão que as pessoas fazem em relação ao que
faz ou não parte dos rituais da Umbanda e o que faz um terreiro serem considerados de
Umbanda. Em primeiro lugar a premissa básica para que se determine que um terreiro
seja UMBANDA é a caridade que se pratica no local. Não podemos confundir
fundamentos com elementos de rito ou culto. Em primeiro lugar é fundamental
estabelecermos algumas premissas básicas para o perfeito entendimento a respeito da
diferenciação do que seja “fundamento” de “elemento de rito”.
Fundamento: é tudo que existe velado ou não, dentro do terreiro que
“fundamenta” e direciona seus trabalhos. Estabelece suas linhas de força trabalhada e
cultuada, assim como a missão da Casa. Ou seja, interfere e determina o resultado final
dos trabalhos realizados. É estabelecido pelos Dirigentes espirituais. Exemplo: firmezas
ou pontos de força estabelecidos no Gongá.
Elemento de Rito: é tudo que existe, velado ou não, presente ou não, que não
interfere no resultado final dos trabalhos e nem na missão da Casa. É estabelecido pelo
sacerdote.
Entendido isso vejamos então o que determina realmente se um terreiro é de
Umbanda ou não?
a) Na umbanda o atabaque é elemento de rito, ou seja, a presença ou não do
atabaque NÃO interfere no RESULTADO final do trabalho. A gira pode ficar, e fica
mesmo, mais alegre, mais “vibrante”, mas o resultado final é o mesmo. As entidades
incorporam e fazem seu trabalho da mesma maneira.
b) As roupas (saias rodadas, etc.) são elemento de rito, o fato de serem brancas é
que é fundamento, ou seja, se as mulheres trabalham com “baianas” rodadas ou sem
roda, ou de jalecos não interfere no resultado final do trabalho. As roupas coloridas
podem ser usadas em giras específicas. Vai da preferência do sacerdote.
c) Sacrifício de animal não é fundamento e muito menos elemento de rito da
umbanda, entretanto é e tem fundamento em outras religiões.
Esses simples exemplos servem apenas para ilustrar, pois é tão fácil e simples
saber ou detectar se um terreiro é de umbanda ou não. Há caridade? Não há cobrança
por trabalhos, consultas ou passes? Então é umbanda. Fácil, não? O resto, ou quase
tudo, é elemento de rito.
13. Qual a necessidade ou a importância do uso de roupas brancas?
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A “Roupa Branca” usada pelos médiuns nos rituais de Umbanda, deve ser
tratada de maneira especial e usada exclusivamente para este fim. Ela representa a
pureza e a simplicidade, além do branco ser uma cor que absorve a vibrações mas não
as retém.
14. Qual o objetivo dos banhos de ervas?
Tem ervas que são para descarrego, outras para energização e outras com ambas
as funções, outras simplesmente preparatórias para algum tipo de trabalho. Dependendo
da necessidade o médium ou o consulente, tomará seu banho de ervas objetivando
sempre uma boa harmonização com as forças da natureza, para a consecução dos
objetivos propostos. Os banhos de ervas necessitam de uma ritualística preparatória e
não devem ser tomados indiscriminadamente, só devem ser tomados sob orientação da
Entidade ou do Dirigente do Terreiro ou de pessoas a sua ordem, pois sem o
conhecimento específico do problema e do objetivo a ser alcançado, o banho pode ter
efeito contrário. Por exemplo se a pessoa tiver agitada demais não deverá tomar banho
de ervas Ogum ou Iansã, pois poderá ficar mais agitada ainda.
15. Porque batemos a cabeça no gongá?
O “bater a cabeça” é um gestual que representa humildade e respeito, é um ato
de oferecimento de seu Ori (coroa), de reverencia e agradecimento à Coroa Regente da
Casa e de pedido de benção.
16. E os colares na Umbanda?
Os “colares”, os quais chamamos de “guias”, são utilizados para auxiliar fixação
da vibração do Orixá e tem a função de atração ou proteção. Utilizar ou não, a
quantidade de contas e quanto o tipo varia de Terreiro para Terreiro conforme a
orientação da Entidade Chefe ou do Dirigente. Mas elas não devem ser compradas, pois
devem ser preparadas pela própria pessoa segundo os preceitos de cada casa.
17. Porque fazer firmeza para Exús e Pombas-gira?
Exús e Pomba-giras são nossos guardiões e defensores dos ataques do astral
inferior. Ao fazermos firmeza para eles estamos fornecendo pontos de energização e
fixação de energia que visam a facilitar este trabalho.
18. Como é o trabalho de um Exú e uma Pomba-gira?
Como já vimos Exús e Pombas-gira trabalham para nossa defesa e proteção.
Atuam nas regiões umbralinas ou onde sua presença se fizer necessária. São verdadeiros
soldados do astral envolvendo os trabalhos de defesa com sua energia equilibradora.
19. Qual é a importância de uma gira de Exús?
As giras de exus servem para expurgar, descarregar, encaminhar, limpeza do
terreiro, dos médiuns e de todos os trabalhos de desobsessão do período. Servem
também para oportunizar a estas entidades maravilhosas, através da incorporação e da
consulta, sua evolução e na busca de conselhos de assuntos mais de terra. Não podemos
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esquecer que eles é que dão o primeiro combate contra as forças trevosas, são eles que
nos defendem, que representam e levam as ordens dos enviados de orixás aos níveis
mais baixos da crosta, são eles os executores dos kármas, que limpam, descarregam e
atuam como elementos magísticos no desmanche de trabalhos de magia negra.
20. Porque algumas entidades na Umbanda bebem e fumam?
A Umbanda, seus médiuns, os espíritos que nela trabalham e, em particular, os
espíritos que trabalham na linha de Exu são alvos de muitas críticas devido ao uso da
bebida alcoólica e do fumo durante seus trabalhos. Essas críticas baseiam-se no
conhecimento, com o qual concordamos plenamente, de que o vício e a mediunidade
responsável são incompatíveis.
Por isso, a Umbanda é comumente associada a espíritos ainda muito apegados à
matéria e/ou a médiuns despreparados e de precária estrutura moral. É claro que temos
entidades que por estarem em um plano ainda próximo ao da terra guardam os vícios de
uma encarnação recente, bem como médiuns que se utilizam das entidades para se
embriagarem. Mas isso não é regra, não é porque uma entidade bebe e fuma que ela é
um espírito inferior, o fumo e a bebida também fazem parte da caracterização da
entidade e ajuda na comunicação entre a entidade e consulentes que associando, por
exemplo, um preto-velho que fuma cachimbo ou um Exu que bebe marafo como
legítimos e, portanto, dignos de confiança e respeito.
Muita das vezes, mesmo pessoas cultas podem levantar dúvidas quanto à
legitimidade da comunicação mediúnica quando ela não envolve o uso desses
instrumentos de caracterização da entidade (nos quais se incluem, também, a mudança
de voz ou de postura física do médium, embora esses elementos tenham suas devidas
funções, como se explicará melhor em outra oportunidade). Essa caracterização das
entidades é fundamentada em processos culturais desenvolvidos desde os tempos
antigos e presentes no surgimento da Umbanda e facilitam que o médium iniciante
reconheça e assimile a personalidade da entidade, permitindo que a entidade se expresse
sem maior influência da sua personalidade, já que o médium se torna mais flexível a
uma realidade psíquica estranha à sua.
Dentro do conceito Elemental, o fumo é uma defumação direcionada, que traz
além do vegetal, os quatro elementos básicos (terra, água, ar e fogo) para trabalhos de
magia prática. O Sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espirituais muito valorosos e
eficazes nos trabalhos de cura e limpeza, que somado ao poder das ervas é
potencializado muitas vezes em resultados largamente vistos durante os trabalhos de
Umbanda.
Já o Álcool é do elemento água, provindo de um vegetal (a cana), que se sustenta
na terra, altamente volátil no ar e considerado o "Fogo líquido", de fácil combustão.
Tanto o Fumo quanto o Álcool são utilizados para desagregar energia negativa, queimar
larvas e miasmas astrais, e no caso do Álcool para desinfetar e limpar no externo e no
interno já que pode ser ingerido. O fumo, Tabaco, o álcool são considerados um
"Elemento de Poder", usados há milênios pelos povos indígenas, considerado sagrado
com larga utilização em seus trabalhos de cura.
Tudo que é sagrado traz o divino e as virtudes para nossas vidas, sempre que
profanamos algo sagrado atraímos a dor e o vicio. Assim o mesmo tabaco e o álcool que
cura em seu aspecto sagrado também vicia e traz a dor quando utilizado de forma
profana.
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OS GUIAS PROTETORES
Os Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, que fazem parte da chamada Corrente
Astral de Umbanda, trabalham dentro de uma das Linhas de Umbanda: Oxalá, Ogum,
Oxossi, Xangô, Almas(Obaluaie, Nanã e Oxumarê), Ayabás (Yemanja, Oxum e Yansã)
e Ibejis.
Os Pretos-Velhos são da Linha das Almas;
E as Crianças da Linha de Ibejis.
Cada linha se divide hierarquicamente em vários graus.
Nos terreiros, em geral trabalha-se com Protetores de 5º, 6º e 7º Grau. Para se
trabalhar com Guia (4º Grau) é exigida muita experiência e devoção por parte do
médium.
Os espíritos militantes da Umbanda só usam os mesmos nomes dos seus Chefes
Principais, até quando são do 4º Grau, quer dizer, até quando são Guias (Chefes de
Grupamento). Daí para baixo, até 7º Grau não seguem esta regra, variando seus nomes
mas tendo a mesma ligação afim.
Veja como se organiza uma linha:
Categoria Quantidade Grau Denominação
Orixá Maior 1 -
Orixá Menor 7 (1º Grau) Chefe de Legião
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A cada grau que a hierarquia vai descendo a quantidade de entidades vai se
multiplicando por sete, pois cada entidade, dentro de sua hierarquia delega ordenações
para mais sete.
Cada linha compõe-se de sete legiões, tendo cada legião o seu chefe. Cada legião
divide-se em sete grandes falanges, que por sua vez também tem um chefe e cada
falange divide-se em sete sub-falanges e assim por diante, obedecendo a um critério
lógico.
Agora apresentaremos as linhas e seus Orixás com os seus respectivos chefes de
legiões:
Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Oxalá:
Caboclo Urubatão Da Guia Representante da vibração espiritual
Caboclo Guaracy intermediário para Ogum
Caboclo Guarani intermediário para Oxossi
Caboclo Aymoré intermediário para Xangô
Caboclo Tupy intermediário para as Almas
Caboclo Ubiratan intermediário para Ibejis
Caboclo Ubirajara intermediário para Ayabás
Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Oxossi:
Caboclo Arranca-Toco Representante Da Vibração Espiritual
Caboclo Araribóia Intermediário Para Ogum
Caboclo Arruda Intermediário Para Oxalá
Caboclo Cobra-Coral Intermediário Para Xangô
Caboclo Tupinambá intermediário para as Almas
Cabocla Jurema intermediário para Ibejis
Caboclo Pena-Branca intermediário para Ayabás
Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Ogum:
Caboclo Ogum Dilê Representante da Vibração Espiritual
Caboclo Ogum Matinata intermediário para Oxalá
Caboclo Ogum Rompe-Mato intermediário para Oxossi
Caboclo Ogum Beira-Mar intermediário para Xangô
Caboclo Ogum De Malé intermediário para as Almas
Caboclo Ogum Megê intermediário para Ibejis
Caboclo Ogum Yara intermediário para Ayabás
Orixá Menor 49 (2º Grau) Chefe de Falange
Orixá Menor 343 (3º Grau) Chefe de Sub-Falange
Guia 2401 (4º Grau) Chefe de Grupamento
Protetor 16807 (5º Grau) Chefe Integrante de Grupamento
Protetor 117649 (6º Grau) Sub Chefe de Grupamento
Protetor 823543 (7º Grau) Integrante de Grupamento
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Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Xangô:
Caboclo Xangô Kaô Representante da vibração espiritual
Caboclo Xangô Pedra-Branca intermediário para Oxalá
Caboclo Xangô Agodô intermediário para Oxossi
Caboclo Xangô Sete Montanhas intermediário para Ogum
Caboclo Xangô Sete Cachoeiras intermediário para as Almas
Caboclo Xangô Pedra-Preta intermediário para Ibejis
Caboclo Xangô Sete Pedreiras intermediário para Ayabás
Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual das Almas:
Pai Guiné Representante da vibração espiritual
Pai Tomé intermediário para Oxalá
Pai Joaquim intermediário para Oxossi
Pai Benedito intermediário para Ogum
Vovó Maria Conga intermediário para Xangô
Pai Congo D'aruanda intermediário para Ibejis
Pai Arruda intermediário para Ayabás
Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Ibejis:
Tupanzinho Representante da vibração espiritual
Ori intermediário para Oxalá
Damião intermediário para Oxossi
Yari intermediário para Ogum
Doum intermediário para Xangô
Cosme intermediário para Almas
Yariri intermediário para Ayabás
Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Ayabás:
Cabocla Yara Representante da vibração espiritual
Cabocla Estrela Do Mar intermediário para Oxalá
Cabocla Indaiá intermediário para Oxossi
Cabocla Do Mar intermediário para Ogum
Cabocla Iansan intermediário para Xangô
Cabocla Nanã Burukun intermediário para Almas
Cabocla Oxum intermediário para Ibejis
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OS CABOCLOS
São os nossos amados Caboclos os legítimos representantes da
Umbanda, eles se dividem em diversas tribos, de diversos lugares
formando aldeias, eles vem de todos os lugares para nos trazer paz e
saúde, pois através de seus passes, de suas ervas santas conseguem curar
diversos males materiais e espirituais. A morada dos caboclos é a mata,
onde recebem suas oferendas, sua cor é o verde transparente para as
Caboclas e verde leitoso para os Caboclos, gostam de todas as frutas, de
milho, da Jurema (bebida preparada com vinho tinto).
Existem falanges de caçadores, de guerreiros, de feiticeiros, de justiceiros; são
eles trabalhadores de Umbanda e chefes de terreiros. Às vezes os caboclos são
confundidos com o Orixá Oxossi, mas eles são simplesmente trabalhadores da umbanda
que pertencem à linha de Oxossi, embora sua irradiação possa ser de outro Orixá.
A sessão de caboclos é muito alegre, lembra as festas da tribo. Eles cantam em
volta do axé da casa como se estivessem em volta da fogueira sagrada, como faziam em
suas aldeias. Tudo para os caboclos é motivo de festa como casamento, batizado, dia de
caçar, reconhecimento de mais um guerreiro, a volta de uma caçada.
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Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham
"incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua
elevação espiritual.
Estão sempre em busca de uma missão, de vencer mais uma demanda, de ajudar
mais um irmão de fé. São de pouco falar, mais de muito agir, pensam muito antes de
tomar uma decisão, por esse motivo eles são conselheiros e responsáveis.
Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na Espiritualidade Maior,
chegam até nós com alta e sublime missão de desempenhar tarefa da mais alta
importância, por serem espíritos muito adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos
que foram médicos na Terra, cientistas, sábios, professores, enfim, pertenceram a
diversas classes sociais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos nossos
irmãos enfermos, quer espiritualmente, quer materialmente. Por essas razões, na maior
parte dos casos, os Caboclos são escolhidos por Oxalá para serem os Guias-Chefes dos
médiuns, ou melhor, representar o Orixá de cabeça do médium Umbandista (em alguns
casos os Pretos-Velhos assumem esse papel).
Na Umbanda não existe demanda de um Caboclo para Caboclo, a demanda
poderá existir de um Caboclo, entidade de luz, para com um "kiumba" ou até mesmo
contra um Exu, de pouca luz espiritual.
A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de branco com
índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclos são as almas de
todos os índios antes e depois do descobrimento e da miscigenação.
Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de
desenvolvimento mediúnico, curas (através de ervas e simpatias), desobsessões, solução
de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de
outros serviços e atividades executados nos templos.
Os caboclos não trabalham somente nos terreiros como alguns pensam. Eles
prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas sessões de "mesa branca". No
panorama espiritual rente à Terra predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros,
semelhantes aos nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios,
que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são utilizados pelos
espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da agressão e da bagunça. São também
utilizados pelos guias, nos casos de desobsessão, pois pegam o obsessor contumaz,
impertinente e teimoso, "amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o
para outra região.
Os caboclos são espíritos de muita luz que assumem a forma de "índios",
prestando uma homenagem à esse povo que foi massacrado pelos colonizadores. São
exímios caçadores e tem profundo conhecimento das ervas e seus princípios ativos, e
muitas vezes, suas receitas produzem curas inesperadas.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos
são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da
terra, além de sua utilização.
Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás
para a parte física, ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, que
limpam a nossa aura e proporcionam uma energia e força que irá nos auxiliar para que
consigamos o objetivo que desejamos, não existem trabalhos de magia que concedam
empregos e favores, isso não é verdade. O trabalho que eles desenvolvem é o de
encorajar o nosso espírito e prepará-lo para que nós consigamos o nosso objetivo.
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A magia praticada pelos espíritos de caboclos e pretos velhos é sempre positiva,
não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário, a Umbanda trabalha
para desfazer a magia negativa
Os caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua simplicidade
passam credibilidade e confiança a todos que os procuram, nos seus trabalhos de magia
costumam usar pemba, velas, essências, flores, ervas, frutas e fumos.
Quase sempre os caboclos vêm na irradiação do Orixá masculino da coroa do
médium e as caboclas vêm na irradiação do Orixá feminino da coroa do médium; mas,
eles(as) podem vir também na Irradiação do seu próprio Orixá de quando encarnados e
até mesmo na irradiação do povo do Oriente.
ONDE VIVEM OS CABOCLOS ?
Muitos já ouviram falar que os Caboclos quando se despedem do terreiro, onde
atuam incorporados em seus médiuns, dizem que vão para a cidade de Juremá. Outros
falam subir para o Humaitá, e assim por diante.
Sabemos, no entanto, que os Caboclos não voltam para as florestas como
ordinariamente voltam os que lá habitam.
No espaço, onde se situam as esferas vibratórias, vivem os Caboclos agrupados,
segundo a faixa vibracional de atuação, junto a psico-esfera da Terra. São verdadeiras
cidades onde se cumpre o mandato que Oxalá assim determinou, colaborando com a
humanidade.
É para as cidades espirituais que os Caboclos responsáveis pelos diversos
terreiros levam os médiuns, dirigentes e demais trabalhadores, para aprenderem um
pouco mais sobre a Umbanda.
Estas moradas possuem grandes núcleos de trabalhos diversos, onde o Caboclo
faz sua evolução, contrariando o que muitos encarnados pensam (que Caboclo tudo
pode, tudo sabe e tudo faz).
Os Orixás, que são emanações do pensamento do Deus-Pai, que está além da
personalidade humana que lhe queiram dar as culturas terrenas, fazem descer a mais
pura energia-matéria ser trabalhada pelos Caboclos no espaço-tempo das esferas que
compreendem a Terra, morada provisória de alguns espíritos em evolução.
Lá, na morada de luz dos Caboclos, existem outros espíritos aprendendo o
manejo das energias, das forças que estabelecerão um padrão vibratório de equilíbrio
para os consulentes que vêm às tendas de caridade em busca de um conforto espiritual.
Estas "aldeias" se locomovem entre as esferas, ora estão em zonas próximas às
trevas, socorrendo espíritos dementados, ora estão sobre algumas cidades do plano
visível, etéreas, ou sobre o que resta de florestas preservadas pelo Homem. De lá
extraem, com a ajuda dos Elementais, os remédios para a cura dos males do corpo.
Quando Incorporados, fumam charutos ou cigarrilhas e, em algumas casas,
costumam usar durante as giras, penachos, arcos e flechas, lanças, etc... Falam de forma
rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas
danças muita beleza, própria dessa linha.
Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles,
representam quase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas
usando esses sons.
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Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem
pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos Da Mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram
contato com elas.
Caboclos Da Mata Virgem - Esses viveram mais interiorizados nas matas, sem
nenhum contato com outros povos.
Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para
compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as
particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros,
guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
A segunda é diferença criada pela irradiação que os rege. É o Orixá para quem
eles trabalham.
Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia,
estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
A "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem",
"especialidade" e irradiação que o rege.
E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos. Assim como os
Pretos-velhos, eles podem dar passe, consulta ou participarem de descarrego, contudo
sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação (preparo de remédios
feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral).
Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico
das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia.
Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer
remédios naturais.
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
Formas Incorporativas E Especialidade Dos Caboclos:
CABOCLOS DE OXUM
Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece
principalmente através do chacra cardíaco. Trabalham mais para ajuda de doenças
psíquicas, como: depressão, desânimo entre outras. Dão bastante passe tanto de
dispersão quanto de energização. Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam
pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.
CABOCLOS DE OGUM
Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam.
Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são
na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.
CABOCLOS DE YEMANJÁ
Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam
muito, chegando a deixar o médium tonto. Trabalham geralmente para desmanchar
trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.
CABOCLOS DE XANGÔ
São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no
chão. Trabalham para: emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional. Dão
também muito passe de dispersão. São diretos para falar.
CABOCLOS DE NANÃ
Assim como os Pretos-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham
aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão passes onde levam eguns
que estão próximos. Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.
CABOCLOS DE IANSÃ
São rápidos e deslocam muito o médium. São diretos para falar e rápidos
também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa. Geralmente trabalham para
empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. No
entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego). Podem ainda trabalhar
para várias finalidades, dependendo da necessidade.
CABOCLOS DE OXALÁ
Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização. São
"compactados" para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem
deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.
CABOCLOS DE OXOSSI
São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito. Trabalham com
banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas
finalidades. Esses caboclos geralmente são chefes de linha.
CABOCLOS DE OBALUAIÊ
São espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham
incorporados, e quando o fazem, escolhem médiuns que tenham Obaluaiê como
primeiro Orixá. Sua incorporação parece um Preto-velho, em algumas casas
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locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia,
para vários fins.
ATRIBUIÇÕES DOS CABOCLOS
São entidades, que trabalham na caridade como verdadeiros conselheiros, nos
ensinando a amar ao próximo e a natureza, são entidades que tem como missão
principal o ensinamento da espiritualidade e o encorajamento da fé, pois é através da fé
que tudo se consegue.
ASSOBIOS E BRADOS
Quem nunca viu caboclos assobiarem ou darem aqueles brados maravilhosos,
que parecem despertar alguma coisa em nós?
Muitos pensam que são apenas uma repetição dos chamados que davam nas
matas, para se comunicarem com os companheiros de tribo, quando ainda vivos. Mas
não é só isso. Os assobios traduzem sons básicos das forcas da natureza. Estes sons
precipitam assim como o estalar dos dedos, um impulso no corpo Astral do médium
para direcioná-lo corretamente, afim de liberá-lo de certas cargas que se agregam, tais
como larvas astrais, etc.
Os assobios, assim como os brados, assemelham-se à mantras; cada entidade
emite um som de acordo com seu trabalho, para ajustar condições especificas que
facilitem a incorporação, ou para liberarem certos bloqueios nos consulentes ou nos
médiuns.
O ESTALAR DE DEDOS
Por que as entidades estalam os dedos, quando incorporadas ?
Esta é uma das coisas que vemos e geralmente não nos perguntamos, talvez por
parecer algo de importância mínima.Nossa mãos possuem uma quantidade enorme de
terminais nervosos, que se comunicam com cada um dos chacras de nosso corpo.
O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (parte gordinha da mão) e
dentre as funções conhecidas pelas entidades, está a retomada de rotação e freqüência
do corpo astral; e a, descarga de energias negativas.
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PRETOS-VELHOS
HISTÓRIA
As grandes metrópoles do período colonial: Portugal,
Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas,
fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.
Os negros africanos foram levados a diversas colônias
espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul
de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.
Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas
para poder arrematar os negros:
Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que
viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.
Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo
que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo financiando as
guerras e fazendo dos vencidos escravos.
No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI
e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII. Os primeiros grupos que vieram para
essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá; minas e
malês.
A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro;
em quatro séculos, do XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75
milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.
Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses
homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar.
Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em
troca de seu trabalho os negros recebiam três "pes": Pau, Pano e Pão. E reagiam a tantos
tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato
e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. Os
seus rituais eram, e ainda são, rituais de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas,
batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A
resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde
os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o
Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi
(protegido de Ogum).
Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas
mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na
casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou
pelas leis do Sexagenário, do Ventre livre e, enfim, pela Lei Áurea.
A Legião de espíritos chamados "Pretos-Velhos" foi formada no Brasil, devido a
esse torpe comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África.
Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira
precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e
tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos
costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo,
sua cultura e sua religião.
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Idosos mesmo, poucos vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e
fortes, tanto para resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego.
Porém, foi esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a
ciência e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de
ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe natureza.
Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços
logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz sobre
o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece, apenas
amadurece.
Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se a nata da
sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente destruidor,
como sempre acontece.
O ato final da peça que encarnamos no vale de lágrimas que é o planeta Terra é a
morte. Mas eles voltaram. A sua missão não estava ainda cumprida. Precisavam evoluir
gradualmente no plano espiritual. Muitos ainda, usando seu linguajar característico,
praticando os sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais,
manifestaram-se em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua
ascendência (linhagem), costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência
intrínseca da civilização que se aprimorou após incontáveis anos de vivência.
FORMAÇÃO DA FALANGE DOS PRETOS-VELHOS NA UMBANDA
Depois de mortos, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para
se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos
das tribos a que pertenciam.
Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores. Usam branco ou preto
e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos,
lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria.
Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha
dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se
encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.
O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a
data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).
OS NOMES DOS PRETOS-VELHOS
Há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto-Velho ser uma
miscelânea de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que
cognominamos "A Idade das Trevas" no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas e
quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à
influência portuguesa) não permitiam a seus escravos a liberdade de culto. Eram
obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles seguiram a
velha norma: contra a força não há resistência, só a inteligência vence. Faziam seus
rituais às ocultas, deixando que os déspotas em miniatura acreditassem estar eles
doutrinados para o catolicismo, cujas cerimônias assistiam forçados.
As crianças escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A
primeira, ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de
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acordo com a seita. A segunda vez, na pia batismal católica, sendo esta obrigatória e
nela a criança recebia o primeiro nome dado pelo seu senhor, sendo o sobrenome
composto de cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Ex.: Antônio da Coroa
Grande), ou então da região africana de onde vieram (Ex.: Joaquim D'Angola).
O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando
pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa
pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência,
compreensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.
No mundo espiritual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é
o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente dizemos que são os "Psicólogos
da Umbanda".
Eis aqui, como exemplo, o nome de alguns Pretos-Velhos:
Pai Cambinda (ou Cambina), Pai Roberto, Pai Cipriano, Pai João ,Pai Congo,
Pai José D'Angola, Pai Benguela, Pai Jerônimo, Pai Francisco, Pai Guiné, Pai Joaquim,
Pai Antônio, Pai Serafim, Pai Firmino D'Angola, Pai Serapião, Pai Fabrício das Almas,
Pai Benedito, Pai Julião, Pai Jobim, Pai Jobá, Pai Jacó, Pai Caetano, Pai Tomaz, Pai
Tomé, Pai Malaquias, Pai Dindó, Vovó Maria Conga, Vovó Manuela, Vovó Chica,
Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Ana, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó
Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra,
Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita.
Obs: Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais
“velhos” do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia).
ATRIBUIÇÕES
Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o
amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam:
curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas
humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e
ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São
extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os
conceitos de karma e ensinar-lhes resignação
Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os
mesmos Pretos-Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação
passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos,
pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou
foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem
negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo-forma.
Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram as formas de um
Pretos-Velhos. Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio
confusas: "então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece?"
Esses espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita
comunicação com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda.
O espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é
energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles
tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares
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como um médico e em outros como um Preto-Velho ou até mesmo um caboclo ou exu.
Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar
ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa
sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
Por isso, se você for falar com um Preto-Velho, tenha humildade e saiba escutar,
não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica,
entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite
em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
Para muitos os Pretos-Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus
caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para
outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de
fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também
combatem as forças negativas (o mal), espíritos obssessores e kiumbas.
A MENSAGEM DOS PRETOS-VELHOS
A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de
humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que
possamos evoluir espiritualmente.
Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com
um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente
interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os
trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando
estavam com outros problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e
respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são
escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas
que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão
vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui
buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".
Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos...
Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender
e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que
o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade
e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o
espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus
problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do
dharma e da causa e efeito.
Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça
espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente
o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero
enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com
que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os
acontecimentos de sua vida:
"Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade.
Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que
deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando
o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado
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passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor,
na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai
Cipriano).
CARACTERÍSTICAS:
Linha e Irradiação
Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na
irradiação de um Orixá diferente.
Fios de Contas (Guias)
Muitos dos Pretos-Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário de Nossa
Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda.
Roupas
Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às vezes usam
lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu de palha.
Bebida
Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam
ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).
Dia da semana: Segunda-feira
Chakra atuante: básico ou sacro
Planeta regente: Saturno
Cor representativa: preto e branco;
Saudação: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com “Adorei as Almas”)
Fumo: cachimbos ou cigarros de palha.
Obs: Os Pretos-Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.
COZINHA RITUALÍSTICA
*TUTU DE FEIJÃO PRETO
*BOLO DE FUBÁ
*MINGAU DAS ALMAS
É um mingau feito de maizena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem
açúcar ou sal, colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita
de fitas pretas sobre esse mingau, antes de entregá-lo na natureza.
*BOLINHOS DE TAPIOCA
Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água
quente (ou leite de coco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os
bolinhos em forma de croquete e passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha.
Colocar os bolinhos em prato de louça branca podendo acrescentar arruda,
rapadura, fumo de rolo, etc.
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Obs: Nas sessões festivas de Pretos-Velhos, é usual servir a tradicional feijoada
completa, feita de feijão preto, miúdos e carne salgada de boi, acompanhada de couve à
mineira e farofa.
FORMAS INCORPORATIVAS E ESPECIALIDADE DOS PRETOS-VELHOS:
Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração
começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés
fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações
necessárias (atabaque, gongá, etc...) e depois sentam e praticam sua caridade (Podemos
encontrar alguns que se mantém em pé).
É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, e apenas
com movimentos dos ombros quando sentados. Essa simplicidade se expande, tanto na
sua maneira de ser e de falar. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas.
A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mas diferenças
ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma
de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.
Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de
trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:
PRETOS-VELHOS DE OGUM
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o
médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.
São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as
vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no
fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.
São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando
segurança para aqueles indecisos e "medrosos". É fácil pensar nessa característica pois
Ogum é um Orixá considerado corajoso.
PRETOS-VELHOS DE OXUM
São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma
serenidade inconfundível.Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa
para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a
finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está
sendo falado.
São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho
de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. As vezes é comum sair até
mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.
PRETOS-VELHOS DE XANGÔ
Sua incorporação é rápida como as de Ogum.
Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade
sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais.Passam
seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.
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PRETOS-VELHOS DE IANSÃ
São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não
possuem também muita paciência para com as pessoas.Essa rapidez é facilmente
entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma
grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe
dentro desse único Orixá.
Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de
pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para
alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.
Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o
ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes
e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo
muito próximos dessas pessoas.
PRETOS-VELHOS DE OXOSSI
São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas.
Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo.
Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma,
assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc... São
verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos
do maior "químico" - Oxossi.
PRETOS-VELHOS DE NANÃ
São raros, sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda.
Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada.
Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e
prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta
como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de
santo.Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes. Seu
julgamento é severo. Não admite injustiça.
Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca". Mais
prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu
médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.É difícil a relação com
esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a
negociação no momento da consulta.
São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso
karma, pois isso sem dúvida é a sua função. Atuam também como os de Inhasã e
Obaluaiê, conduzindo Eguns.
PRETOS-VELHOS DE OBALUAIÊ
São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns,
tanto na postura quanto na moral.Defendem quem é certo ou quem está certo,
independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.
Agarram-se a seus "filhos" com total dedicação e carinho, não deixando no
entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de
amar.Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam
transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos-
Velhos.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
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Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a
precisão do momento.Como trabalha para Obaluaiê, e este é o "dono das almas", esses
Pretos-Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para
trabalhar para vários assuntos.
Sua "visão" é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de
traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como
profissional e até espiritual.
Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos
não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo tudo
que lhes for pedido, apenas confiando nesses Pretos-Velhos.Gostam de contar histórias
para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.
PRETOS-VELHOS DE YEMANJÁ
São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade.
Sua fala é doce e meiga.Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços
espirituais e familiares.
Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente
para as mulheres que desejam engravidar. Utilizando o movimento das ondas do mar,
são excelentes para descarregos e passes.
PRETOS-VELHOS DE OXALÁ
São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela
simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é
dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos.
Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática
de caridade, bom corpontamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios,
humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
AS CRIANÇAS
São a alegria que contagia a Umbanda. Descem nos terreiros simbolizando a
pureza, a inocência e a singeleza. Seus trabalhos se resumem em brincadeiras e
divertimentos. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas,
fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos
dessa natureza.
São espíritos que já estiveram encarnados na Terra ou não, e que optaram por
continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em
médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram
com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação,
como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.
Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também têm funções bem
específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás, sendo extremamente
respeitados pelos caboclos e pelos pretos-velhos.
É uma falange de espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade
infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa,
tem sempre que ser tutelada. É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, como
(ÊRES ou IBEJI). Na representação nos pontos riscados, Ibeji é livre para utilizar o que
melhor lhe aprouver. A linha de Ibeji é tão independente quanto à linha de Exu.
Ibeijada, Erês, Dois-Dois, Crianças, Ibejis, são esses vários nomes para essas
entidades que se apresentam de maneira infantil. No Candomblé, o Erê, tem uma função
muito importante. Como o Orixá não fala, é ele quem vem para dar os recados do pai. É
normalmente muito irrequieto, barulhento, às vezes brigão, não gosta de tomar banho, e
nas festas se não for contido pode literalmente botar fogo no oceano. Ainda no
Candomblé, o Erê tem muitas outras funções, o Yaô, virado no Erê, pode fazer tudo o
que o Orixá não pode, até mesmo as funções fisiológicas do médium, ele pode fazer.
Os Erês tem normalmente nomes ligados ao dono da coroa do médium. Para os
filhos de Obaluaiê, Pipocão, Formigão, para os de Oxossi, Pingo Verde, Folinha Verde,
para os de Oxum, Rosinha, para os de Yemanjá, Conchinha Dourada e por ai vai.
As Crianças da Umbanda tem os nomes relacionados normalmente a nomes
comums, normalmente brasileiros. Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho,
Cosminho, etc...
As crianças de Umbanda comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente
guaraná e frutas, os Erês do Candomblé além desses, comem frangos e outras comidas
ritualisticas como o Caruru, etc... Isso não quer dizer que uma Criança de Umbanda não
poderá comer Caruru, por exemplo.
Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer
brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium
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(consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser
transmitida.
Os "meninos" são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas"
são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros
descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas características, que às
vezes nos passam despercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função
específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.
Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de
maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos
também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido
for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido
pode não ser tão "engraçada" assim.
Poucos são aqueles que dão importância devida às giras das vibrações infantis. A
exteriorização da mediunidade é apresentada nesta gira sempre em atitudes infantis. O
fato, entretanto, é que uma gira de criança não deve ser interpretada como uma diversão,
embora normalmente seja realizada em dias festivos, e às vezes não consigamos conter
os risos diante das palavras e atitudes que as crianças tomam.
Mesmo com tantas diferenças é possível notar-se a maior características de
todos, que é mesmo a atitude infantil, o apego a brinquedos, bonecas, chupetas,
carrinhos e bolas, como os quais fazem as festas nos terreiros, com as crianças comuns
que lá vão a busca de tais brinquedos e guloseimas nos dias apropriados. A festa de
Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, à 27 de Setembro é muito
concorrida em quase todos os terreiros do pais.
Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma
igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e
ainda existe.
As festas para Ibeiji, tem duração de um mês, iniciando a 27 de setembro
(Cosme e Damião) e terminando a 25 de outubro, devido a ligação espiritual que há
entre Crispim e Crispiniano com aqueles gêmeos, pela sincretização que houve destes
santos católicos com os "ibejis" ou ainda "erês" (nome dado pelos nagôs aos santos-
meninos que têm as mesmas missões.
Nas festas de ibeiji, que tiveram origem na Lei do ventre-Livre, desde aquela
época até nossos dias, são servidos às crianças um "aluá" ou água com açúcar (ou
refrigerantes adocicados no dia de hoje), bem como o caruru (também nas Nações de
Candomblés).
Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as
consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o
consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada
de energia do corpo humano.
Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito
rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois
nos alertam sobre eles.
Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito
amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério,
o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas
à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.
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MAGIA DA CRIANÇA
Todos são os elementos e as forças da natureza correspondente a Ibeji, pois ele
poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam
as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios
Orixás que os regem.
Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa
forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu
objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais
procurados para os casos de família e gravidez.
A Falange das Crianças é uma das poucas falanges que consegue dominar a
magia. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu
trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários
conhecimentos.
Imaginem uma criança com menos de sete anos possuir a experiência e a
vivência de um homem velho e ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A
entidade conhecida na umbanda por erê é assim. Faz tipo de criança, pedindo como
material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas
águas de bolinhas -o refrigerante e trata a todos como tio e vô. Os erês são, via de regra,
responsáveis pela limpeza espiritual do terreiro.
ORIGEM DE "DOUM"
Este personagem material e espiritual surgiu nos cultos Afros quando uma
macamba (denominação de mulher, na seita Cabula) dava a luz a dois gêmeos e, caso
houvesse no segundo parto o nascimento de um outro menino, era este considerado
"Doum", que veio ao mundo para fazer companhia a seus irmãos gêmeos.
Foram sincretizados com os santos que foram gêmeos e médicos, tem sua razão
na semelhança das imagens e missões idênticas com os "erês" da África, mas como
faltava "doum", colocaram-no junto a seus irmãos, com seus pequenos bastões de pau,
obedecendo à semelhança dos santos católicos, formando assim a trindade da
irmanação.
Dizem também, que na imagem original de S. Cosme e S. Damião, entre eles
(adultos) havia a imagem de uma criança a qual eles estavam tratando, daí para
sincretizarem Doum com essa criança, foi um pulo...
ONDE MORAM AS CRIANÇAS
A respeito das crianças desencarnadas, passamos a adaptar um interessante texto
de Leadbeater, do seu livro "O que há além da Morte".
"A vida das crianças no mundo espiritual é de extrema felicidade. O espírito que
se desprende de seu corpo físico com apenas alguns meses de idade, não se acostumou a
esse e aos demais veículos inferiores, e assim a curta existência que tenha nos mundos
astral e mental lhe será praticamente inconsciente. Mas o menino que tenha tido alguns
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anos de existência, quando já é capaz de gozos e prazeres inocentes, encontrará
plenamente nos planos espirituais as coisas que deseje. A população infantil do mundo
espiritual é vasta e feliz, a ponto de nenhum de seus membros sentir o tempo passar. As
almas bondosas que amaram seus filhos continuam a amá-los ali, embora as crianças já
não tenham corpo físico, e acompanham-nas em seus brinquedos ou em adverti-las a
evitar aproximarem-se de quadros pouco agradáveis do mundo astral."
"Quando nossos corpos físicos adormecem, acordamos no mundo das crianças e
com elas falamos como antigamente, de modo que a única diferença real é que nossa
noite se tornou dia para elas, quando nos encontram e falam, ao passo que nosso dia
lhes parece uma noite durante a qual estamos temporariamente separados delas, tal qual
os amigos se separam quando se recolhem à noite para os seus dormitórios. Assim, as
crianças jamais acham falta do seu pai ou mãe, de seus amigos ou animais de estimação,
que durante o sono estão sempre em sua companhia como antes, e mesmo estão em
relações mais íntimas e atraentes, por descobrirem muito mais da natureza de todos eles
e os conhecerem melhor que antes. E podemos estar certos de que durante o dia elas
estão cheias de companheiros novos de divertimento e de amigos adultos que velam
socialmente por elas e suas necessidades, tomando-as intensamente felizes."
Assim é a vida espiritual das crianças que desencarnaram e aguardam, sempre
felizes, acompanhadas e protegidas, uma nova encarnação. É claro que essas crianças,
existindo dessa maneira, sentem-se profundamente entristecidas e constrangidas ao
depararem-se com seus pais, amigos e parentes lamentando suas mortes físicas com
gritos de desespero e manifestações de pesar ruidosas que a nada conduzem. O
conhecimento da vida espiritual nos mostra que devemos nos controlar e nos apresentar
sempre tranqüilos e seguros às crianças que amamos e que deixaram a vida física. Isso
certamente as fará mais felizes e despreocupadas.
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BAIANOS
Na década de 50, época que a Umbanda se consolida em São Paulo,
houve um enorme fluxo migratório para esta região, pois estava sendo
esculpida uma das maiores metrópoles do mundo, tornando-se um grande
canteiro de obras.
Com a quantidade de pessoas vindas de diversas partes do país era
enorme, destacando-se os nordestinos, que vieram na maioria para trabalhar
nas obras de construção civil, como “peões” urbanos, assim como nos mais
diferentes ramos da indústria automobilística, então também em total
expansão, especialmente ocupando os postos de trabalho não qualificado.
No imaginário popular dessa cidade, o nordestino foi portanto associado ao
trabalho duro, à pobreza, ao analfabetismo, aos bairros periféricos, à vida precária, de
um modo genérico, a tudo que é considerado inferior ou brega. Com o inchaço
populacional e os crescentes problemas, inerentes ao processo de metropolização, o
senso comum, marcado pelo preconceito, passa a procurar o “culpado” pelo ônibus
lotado, pela falta de emprego, enfim pelas mazelas da cidade. E a culpa é
recorrentemente atribuída ao “intruso”, o “cabeça chata ignorante”, o nordestino.
Assim como o oriental é indiscriminadamente rotulado de “japonês”, o
nordestino é o “baiano”. Na vida cotidiana da cidade se percebe o caráter negativo dessa
designação: “isso é coisa de baiano”, “que baianada você fez” etc. Ainda que elementos
culturais originários da Bahia e do Nordeste tenham sido valorizados pela mídia (no
carnaval, na música popular), fenômeno de alguma forma expresso na proliferação dos
candomblés em São Paulo, o termo “baiano” (nordestinos, em geral) ainda continua
sendo pejorativo. Não obstante, o baiano alcançou grande popularidade na Umbanda.
A Umbanda caracterizou-se por cultuar figuras nacionais associadas à natureza,
à marginalidade, à condição subalterna em relação ao padrão branco ocidental. O
nordestino é o “subalterno” da metrópole, o tipo social “inferior” e “atrasado”, e por
isso objeto de ridicularização, mas também de admiração, pois igualmente representa
aquele que resiste firmemente diante das adversidades.
O Baiano representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na "escola
da vida" e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e
irreverência do nordestino migrante parece ser responsável pelo fato de os baianos
terem se tornado uma entidade de grande freqüência e importância nas giras paulistas e
de todo o país, nos últimos anos.
Os baianos da Umbanda são pouco presentes na literatura umbandista. Povo de
fácil relacionamento, comumente aparece em giras de Caboclos e pretos velhos, sua fala
é mais fácil de se entender que a fala dos caboclos. Conhecem de tudo um pouco,
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inclusive a Quimbanda, por isso podem trabalhar tanto na direita desfazendo feitiços,
quanto na esquerda.
Quando se referem aos Exus usam o termo "Meu Cumpadre", com quem tem
grande afinidade e proximidade, costumam trazer recados do povo da rua, alguns
costumam adentrar na Tronqueira para algum "trabalho". Enfrentam os invasores
(kiumbas, obsessores) de frente, chamando para si toda a carga com falas do gênero
"venha me enfrentar, vamos vê se tu pode!
CARACTERÍSTICAS DOS BAIANOS
Comidas: Coco, cocada, farofa com carne seca.
Bebem: Água de coco, cachaça, batida de coco.
Fumam: Cigarro e cigarros de palha.
Trabalham: Desmanchando trabalhos de magia negra, dando passes, etc,. São
portadores de fortes orações e rezas. Alguns trabalham benzendo com água e dendê.
Cor: Marrom, laranja ou qual for definida pela entidade
Apresentação: Usam chapéu de palha ou de couro e falam com sotaque
característico nordestino. Geralmente usam roupas de couro.
Nomes De Alguns Baianos: Severino, Zé Do Coco, Sete Ponteiros, Mané
Baiano, Zé Do Berimbau, Maria Do Alto Do Morro, Zé Do Trilho Verde, Maria Bonita,
Gentilero, Maria Do Balaio, Maria Baiana, Maria Dos Remédios, Zé Do Prado,
Chiquinho Cangaceiro, Zé Pelintra (que trabalham também na linha de Malandros).
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OS BOIADEIROS
São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o
gado, em fazendas por todo o Brasil, estas entidades trabalham da
mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda.
Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o
gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o
trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal
elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que
consigamos uma vida melhor e farta.
Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os
fins. O Caboclo Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne
queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o
seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio
do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia
intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando
bravamente com os bois.
Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel
de abelha, que eles chamam de meladinha, mas também bebem vinho. Fumam cigarro,
cigarro de palha e charutos. Seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito
com feijão de corda ou feijão cavalo. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com
farofa de torresmo. Em oferendas é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo
e cigarro de palha.
No Terreiro os Boiadeiros vêm "descendo em seus aparelhos" como estivessem
laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e
vibração. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e
descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo dentro
da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes
protetores, assim como os Exus.
Quando o médium é mulher, freqüentemente, a entidade pede para que seja
colocado um pano de cor, bem apertado, cobrindo o formato os seios. Estes panos
acabam, por vezes, como um identificador da entidade, e até da sua linha mais forte de
atuação, pela sua cor ou composição de cores.
Alguns usam chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de
bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos.
Nomes de alguns boiadeiros: Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo,
Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro de
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Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro,
Boiadeiro do Chapadão, etc.
Sua saudação: “Getruá Boiadeiro”, “Xetro Marrumbaxêtro”.
Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora,
romântica, simples e persistente do homem do sertão, "o caboclo sertanejo". São os
Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro,
filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.
Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo
brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. Ao amanhecer o dia, o
Boiadeiro arrumava seu cavalo e levava seu gado para o pasto, somente voltava com o
cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas tocava seu
berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que ficava na janela
do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitiam a mistura de empregados
com a patroa.
É tal e qual se poderia presenciar do homem rude do campo. Durante o dia
debaixo do calor intenso do sol ele segue, tocando a boiada, marcando seu gados e
território. À noite ao voltar para casa, o churrasco com os amigos e a família, um bom
papo, ponteado por um gole de aguardente e um bom palheiro, e nas festas muita
alegria, nas danças e comemorações.
Sofreram preconceitos, como os "sem raça", sem definição de sua origem.
Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e
aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro:
seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião (posteriormente
misturada com a do índio e a do negro) e sua língua, entre outras coisas.
Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, os
Boiadeiros representam a força de vontade, a liberdade e a determinação que existe no
homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre
de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.
O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso,
valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se
possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o
cavalo a andar nas pastagens. Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e
de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.
Os Boiadeiros vêm dentro da linha de Oxossi. Mas também são regidos por
Iansã, tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que
conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e
trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do
resto da boiada (o caminho do bem).
SOBRE NOSSOS CABOCLOS BOIADEIROS
Os Caboclos Boiadeiros são entidades fortes, viris. Alguns têm algumas
dificuldades de se expressar em nossa língua, sendo normalmente auxiliados pelos
cambonos. São sérios, mas gostam de festas e fartura. Gostam de música, cantam toadas
que falam em seus bois e suas andanças por essas terras de meu Deus. Os Boiadeiros
também são conhecidos como "Encantados",pois segundo algumas lendas, eles não
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teriam morrido para se espiritualizarem, mas sim se encantados e transformados em
entidades especiais.
Os Boiadeiros também apresentam bastante diversidade de manifestações.
Boiadeiro menino, Boiadeiro da Campina, Boiadeiro Bugre e muitos outros tipos de
Boiadeiros, sendo que alguns até trabalham muito próximos aos Exus.
Suas cantigas normalmente são muito alegres, tocadas num ritmo gostoso e
vibrante. São grandes trabalhadores, e defendem a todos das influências negativas com
muita garra e força espiritual. Possuem enorme poder espiritual e grande autoridade
sobre os espíritos menos evoluídos, sendo tais espíritos subjugados por eles com muita
facilidade.
Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na
Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade
são bem diferentes em suas funções. Formam uma linha mais recente de espíritos, pois
já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos.
Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do
ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra.
Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito
para diferenciarmos dos caboclos. São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes
e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é a consulta como os Pretos-velhos,
nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o
"dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância
essa função pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas
e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local
(entrada de espíritos).
Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a
espíritos que entraram no local a se retirar, assim "limpam" o ambiente para que a
prática da caridade continue sem alterações. Esses espíritos atendem aos boiadeiros pela
demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais
próprios de doutrina.
Em grande parte, o trabalho dos Boiadeiros ''e no descarrego e no preparo dos médiuns.
Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo a portas para a entrada dos outros guias
e tornando-se grandes protetores, como os Exus.
Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de
um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes. Costumam proteger demais
seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e “castigam” quem
prejudica um médium que ele goste. "Gostar" para um boiadeiro, é ver no seu médium
coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele "filho". Pois ser filho de
boiadeiro não é só tê-lo na coroa.
Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade
de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, um
boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Xangô,
apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo, no entanto as
características deles.
Dentro dessa linha a diversidade encontra-se na idade dos boiadeiros. Existem
boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais
diferentes, como regiões, por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc.
Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo
brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé.
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MALANDROS
Os malandros têm como principal característica de
identificação, a malandragem, o amor pela noite, pela música, pelo
jogo, pela boemia e uma atração pelas mulheres(principalmente
pelas prostitutas, mulheres da noite, etc...). Isso quer dizer que em
vários lugares de culturas e características regionais completamente
diferentes, sempre haverá um malandro. O malandro de
Pernambuco, dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró; no
Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noites
na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, mas que marcam
exatamente a figura do malandro.
No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo do antigo malandro da Lapa,
contado em histórias, músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam se
vestem a caráter. Terno e gravata brancos. Mas a maioria, gosta mesmo é de roupas
leves, camisas de seda, e justificam o gosto lembrando que: “a seda, a navalha não
corta”. Navalha esta que levavam no bolso, e quando brigavam, jogavam capoeira
(rabos-de-arraia, pernadas), às vezes arrancavam os sapatos e prendiam a navalha entre
os dedos do pé, visando atingir o inimigo. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky,
fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto. São cordiais,
alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo
Panamá.
Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual
bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem
proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em
suas sessões ou festas.
Existem também as manifestações femininas da malandragem, Maria Navalha é
um bom exemplo. Manifesta-se como características semelhantes aos malandros, dança,
samba, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita
feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente
vermelhas e vestem-se sempre muito bem.
Ainda que tratado muitas vezes como Exu, os Malandros não são Exus. Essa
idéia existe porque quando não são homenageados em festas ou sessões particulares,
manifestam-se tranqüilamente nas sessões de Exu e parecem um deles. Os Malandros
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são espíritos em evolução, que após um determinado tempo podem (caso o desejem) se
tornarem Exus. Mas, desde o início trabalham dentro da linha dos Exus.
Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os
quais são compostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro,
simples, amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara
sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador,
do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos mais fracos. Salve a
Malandragem!
Na Umbanda o malandro pode vir na linha dos Exus, com sua tradicional
vestimenta: Calça Branca, sapato branco(ou branco e vermelho), seu terno branco, sua
gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e
finalmente sua bengala.
Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, ter sua roupa completa, é
muito vaidoso, tem duas características marcantes:
Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, gosta muito da presença
de mulheres, gosta de elogiá-las ,etc...
Outra é ficar mais sério, parado num canto assim como sua imagem, gosta de
observar o movimento ao seu redor mas sem perder suas características.
Às vezes muda um pouco, pede uma outra roupa, um terno preto, calças e
sapatos também pretos, gravata vermelha e às vezes até cartola. Em alguns terreiros ele
usa até uma capa preta.
E outra característica dele é continuar com a mesma roupa da direita, com um
sapato de cor diferente, fuma cigarros, cigarilhas ou até charutos, bebe batidas, pinga de
coquinho, marafo, conhaque e uísque, rabo-de-galo; é sempre muito brincalhão,
extrovertido.
Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em
cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na
linha dos pretos velhos e exus. Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos
terreiros, pois ele também toma conta das portas, das entradas, etc.
É muito conhecido por sua irreverência, suas guias podem ser de vários tipos,
desde coquinhos com olho de Exu, até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e
branco.
História de Zé Pilintra
José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil,
grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e
enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Os policiais já
sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sózinhos, sempre em
grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das
pendengas em que se envolviam.
Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso, principalmente com
as mulheres, as quais tratava como rainhas.
Sua vida era a noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida, a farra, as
mulheres e por que não, as brigas. Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os
incautos, estes sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse dar uns
cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, os que se achavam mais capazes
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
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no manuseio das cartas e dos dados, a estes enganava o quanto podia e os considerava
os verdadeiros otários. Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando as apostas
ainda eram baixas e os limpando completamente ao final das partidas. Isso bebendo
aguardente, cerveja, vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.
Zé Pilintra no Catimbó
No Nordeste do Pais, mas precisamente em Recife (na religião que conhecemos como
Catimbó), ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pelintra, tem uma
conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor, é curador, é Mestre e é muito
respeitado. Em poucas reuniões não aparece seu Zé.
O reino espiritual chamado “Jurema”, é o local sagrado onde vivem os Mestres
do Catimbó, religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda, mas que
mantém suas características bem independentes. Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor
conotação de Exu, a não ser quando a reunião é de esquerda, por que o Mestre tem essa
capacidade. Tanto pode vir na direita ou na esquerda. Quando vem na esquerda, não é
que venha para praticar o mal, é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de
energia para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar mais facilmente aos
que vem lhe rogar ajuda.
No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado, fuma cachimbo
e bebe cachaça. Dança côco, Baião e Xaxado, sorri para as mulheres, abençoa a todos,
que o abraçam e o chamam de padrinho.
Nomes de Alguns Malandros e Malandras: Zé Pilintra, Zé Malandro, Zé do Coco, Zé
da Luz, Zé de Légua, Zé Moreno, Zé Pereira, Zé Pretinho, Malandrinho, Camisa
Listrada, 7 Navalhadas, Maria do Cais, Maria Navalha.
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MARINHEIROS
Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga e
chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão.
São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar. Os
Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relacionaram
com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos.
Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em
tempos de grande paz ou de penosas guerras. Os Marinheiros
trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d'áqua), e trazem uma
mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o
desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e
trabalho unido, em grupo.
Seu trabalho é realizado em descarrego, consultas, passes, no desenvolvimento
dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Em muito, seu
trabalho é parecido com o dos Exus. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre
alguns marinheiros e os Exus na ora da gira, pois alguns Exus vêm com todos os
trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível.
Linha ou falange dos marinheiros tem sua origem na linha de Iemanjá e são
chefiados por uma entidade conhecida por Tarimá. São espíritos de pessoas que em vida
foram marinheiros.
São muito brincalhões e normalmente bebem muito durante os trabalhos, por
esse motivo a sua evocação não é muito freqüente, o plano espiritual superior os evoca
para descarga pesada do templo, desta forma a eles podemos pedir coisas simples, eles
não são muito dados a falar ou dar consultas.
A descarga de um terreiro uma vez efetuada será enviada ao fundo mar com
todos os fluidos nocivos que dela provem. Os marinheiros são destruidores de feitiços,
cortam ou anulam todo mal e embaraço que possa estar dentro de um templo, ou ainda,
próximo aos seus freqüentadores. Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se
em legiões, fazendo valer o principio de que a união faz a força, o que os torna
imbatíveis nesse sentido. Alguns representantes mais conhecidos: Maria do Cais, Chico
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do Mar, Zé Pescador, Seu Marinheiro Japonês, Seu Iriande, Seu Gererê, Seu Martim
Pescador.
Da linha do Povo D'água ou de Iemanjá, geralmente baixam para beber e brincar
podem-lhe ser pedidos coisas simples. Não é muito aconselhável a incorporação dessas
entidades, devido a quantidade de bebida que ingerem. Com doutrinação, porém, eles
não bebem em excesso.
Vem com seus bonés, calças, camisa e jaleco, em cores brancas de marinheiros e
azul marinho de capitães de barco. Nunca se oferece a eles conchas, estrelas do mar ou
outros objetos do mar, pois como Marinheiros que são, consideram que ter objetos
pertenecentes ao mar traz má sorte, a exceçao dos búzios (que não consideram como
adornos, e sim como símbolo de dinheiro). Este povo recebe as oferendas na orla do
mar em lugar seco sobre a areia.
A gira de marinheiro e bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e
animados, não tem tempo ruim para esta falange. Com palavras macias e diretas eles
vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. A marujada coloca seus
bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho,
Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam charuto, cigarro, cigarrilha e outros
fumos diversos.
Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito
amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em
procura de alguém, de um "porto seguro". A gira de marinheiro, em muito, parece uma
grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande
compromisso e responsabilidade no trabalho que é feito.
Seus integrantes se apresentam com a aparência de marinheiros e pescadores,
gente acostumada a navegar. Representam o homem do mar, bebedor, mulherengo, que
gosta de beber com os amigos nos bares e cantar alguma canção. São alegres e encaram
os problemas de um ponto de vista simples. Caminham balançando-se de um lado para
o outro, como se estivessem mareados. Bebem de tudo, pois na hora de beber nada
recusam, fumam também de tudo: cigarros de palha, cigarros, cigarrilhas e até
cachimbo.
Se relacionam com os amores ilícitos, passageiros e encontros esporádicos com
amantes. Também se pede a eles que nos protejam nas viajens pelo mar e que nada de
mal nos ocorra. Como qualquer outra entidade de umbanda dão conselhos.
As mulheres deste povo representam as mulheres que trabalham nas cercanias
dos portos exercendo a prostituição e servindo bebidas nos bares, onde se juntavam para
beber os Marinheiros, Malandros e Ciganos, realizando seus negócios e muitas vezes
comprando o contrabando trazido nos barcos.
Quase sempre se apresentam bêbados, e tem em suas danças o balanço das ondas
do mar. Suas cores são o branco e azul, vem quase sempre vestidos de marujos, tem no
peixe o seu símbolo máximo, comem todos os tipos de frutos do mar. Sua saudação é
Trunfê, Trunfá Trunfá Reá, A Costa Marujada!!!
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CIGANOS
Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da
Umbanda. Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo
imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos
mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, preservando os
costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de
ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam
no universo astral seu paradeiro. O povo cigano designado ao encarne na
Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então,
conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste
contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços
de maior evolução espiritual.
Existe uma argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não
ciganos, ou por médiuns não ciganos; e, que se assim o fizessem, deveriam fazê-lo no
idioma próprio de seu povo. Isso é totalmente descabido e está em desarranjo total com
os ensinamentos da espiritualidade e sua doutrina evangélica, limitações que se pretende
implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano, pretendendo carregar
para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que levaria
grande prepotência discriminatória.
Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios
magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e
falanges. Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes
preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mal e
trazendo uma contribuição inesgotável aos Homens, claro que dentro do critério de
merecimento. Tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem
dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por
não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.
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Aqueles que trabalham na vibração de Exu, são os Exus Ciganos e as Pombo-
Gira Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, cada um com
seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na
atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e
trabalhadores.
Embora encontremos no plano positivo falanges chefiadas por ciganos em
planos de atuação diversos, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm
dentro de algumas características gerais.
Trabalham dentro da parte espiritual da Umbanda com uma vibração oriental
com seus trajes típicos e graciosos, com sua cultura de adivinhações através das cartas,
leituras das mãos, numerologia, bola de cristal e as runas. Dentro os mais conhecidos,
podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, , Juan, Pedrovick, Ramirez, Artemio, Hiago,
Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carmem,
Salomé, Carmencita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana,
Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também.
É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória e de axé dos espíritos
ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os
incensos, prática muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus
trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor
de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Os incensos são sempre utilizados
em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.
Quando se tratar de espírito cigano, com certeza ele indicará o incenso de sua
preferência ou de sua necessidade naquele momento, regra geral o incenso mantêm
sempre correspondência com a área de atuação dele ou dela ou do trabalho que estará
sendo levado a efeito. Quando se tratar de oferendas e já não estiver estipulado o
incenso certo para acompanhar e houver sua necessidade solicitada, bem como nas
consagrações o incenso que deve acompanhar deverá sempre ser o de maior
correspondência com o próprio cigano ou cigana. No caso de uma oferenda normal e tão
somente necessária para manutenção, agrado ou tratamento sugere-se o incenso
espiritual ou de rosa, que mantém efeito de evocação de leveza, de elevação ou mesmo
de louvação espiritual.
Para o cigano de trabalho, se possível, deve-se manter um altar separado do altar
geral, o que não quer dizer que não se possa cultuá-lo no altar normal. Devendo esse
altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho,
mantendo a pedra da cor de preferência do cigano, fazendo oferendas periódicas para
ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca ou da cor referenciada. Da
mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce (ou
outra bebida de sua preferência).
Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com
bastante frutas, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher
jarras de vinho tinto. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, muitas flores silvestres,
rosas, velas de todas as cores e incensos.
As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o
punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre
instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com
seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando
por dentro das pessoas e dos seus olhos.
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É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as
cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco,
tacho de cobre, de prata, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes
e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua..."
Religião
Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas divindades. Eles possuíam
na sua língua apenas uma palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram
facilmente às religiões dos países onde permaneceram. No mundo bizantino, tornaram-
se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o rito grego. Nos países
conquistados pelos turcos, muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto que outros
renderam-se ao Islã. Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam
ser cristãos e se conduziam como peregrinos.
A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é
a de Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França). Antigamente era
chamada de Notres-Dames-de-la-Mer. Mas não foi provado que, sob o Antigo Regime,
os ciganos tenham tomado parte na grande peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão
popular desde a descoberta no tempo do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e
de Santa Maria Salomé, que surgiram milagrosamente em uma praia vizinha.
Nem que já venerassem a serva das santas Marias, Santa Sara a Egípcia, que eles
anexarão mais tarde como sua compatriota e padroeira. A origem do culto de Santa Sara
permanece um mistério e foi provavelmente na primeira metade do século XIX que os
Boêmios criaram o hábito da grande peregrinação anual à Camargue.
Muitas ciganas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido
de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no Sul
da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um
Diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova
que muitas ciganas receberam esta graça.
Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo
festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio. Segundo o livro oráculo (único escrito
por uma verdadeira cigana) "Lilá Romai: Cartas Ciganas", escrito por Mirian Stanescon
- Rorarni, princesa do clã Kalderash, deve ter nascido deste gesto de Sara Kali a
tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do
seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma
cigana se diz: "Dalto chucar diklô" (Te darei um bonito lenço). Além de trazer saúde e
prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da
dificuldade de engravidar.
Santa Sara Kali
Sara é um referencial de fé e de amor. É uma mensageira de Jesus Cristo. É um
farol de luz para aqueles que estão perdidos. É o perfume que segue os ciganos na
liberdade das estradas. É a Padroeira dos ciganos nos quatro cantos do mundo.
O Santuário de Santa Sara Kali está localizado na Igreja de Notre Dame de La
Mer, cidade provençal de Saint-Marie-de-La-Mer, no sul da França. Todos os anos,
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ciganos do mundo inteiro peregrinam às margens do mar Mediterrâneo para louvar
Santa Sara, nos dias 24 e 25 de maio.
Existem várias versões com as lendas de Santa Sara Kali. Entre os anos 44 e 45,
por causa das perseguições cristãs, pela ira do Rei Herodes Agippa, alguns discípulos de
Jesus Cristo foram colocados em embarcações, entregues à própria sorte. Em uma
dessas embarcações estavam Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de
Arimatéia e Trofino que, junto com Sara uma cigana escrava, foram atirados ao mar.
Milagrosamente a barca, sem rumo, atravessou o oceano e aportou em Petit-Rhône, hoje
Saint-Marie-de-La-Mer, na França.
Segundo a lenda, as três Marias, em desespero em alto mar, sem esperanças de
sobreviver, choravam e rezavam o tempo todo. Sara, ao ver o sofrimento das amigas,
retirou o diklô (lenço) da cabeça e chamou por Kristesko (Jesus Cristo), fazendo um
juramento ao Mestre, no qual Sara tinha fervorosa fé. A cigana prometeu que, se todos
se salvassem, ela seria escrava do Senhor e jamais andaria com a cabeça descoberta, em
sinal de respeito.
O diklô é um simbolismo forte entre os ciganos. Significa a aliança da mulher
casada em sinal de respeito e fidelidade. Santa Sara protege as mulheres que querem ser
mães e sente dificuldades em engravidar. Protege, também, os partos difíceis. Basta ter
fé na sua energia.
Armiana
Salada de alface (em rodelas) com champignon; queijo de cabra,
cenoura, beterraba (em pedaços) e beringela frita (em tiras).
Enfeitada com uvas-passas, raminhos de hortelã e pétalas de
flores.
Assados
Pernil de carneiro (Bakró); Pernil de leitão (Baló); Cabrito frito
com arroz e brócolis (ou lentilha ou nozes); e/ou roletes de carne
bovina ou frango com pedaços de cebola, pimentão (verde e
amarelo) e tomate.
Brynza Queijo de cabra (cru ou frito).
Chivuiza Destilado à base de trigo (espécie de aguardente).
Civiaco Torta salgada ou doce.
Manouche
Feijões vermelhos grandes, pedaços de carne e de ossos de pernil
de porco, alhos-porós em pedaços, salsão com as folhas em
pedaços, alhos comuns inteiros com casca, cenouras e batatas
cortadas em pedaços grandes, sal e pimenta-do-reino (moída na
hora) à gosto; arroz branco que deve ser incorporado na última
etapa do cozimento.
Goulash Cozido de arroz, batata, pedaços de carne bovina e páprica ardida.
Malay Pão de milho.
Manrô/Lolako Pão redondo de Farinha de Trigo.
Mamalyga Polenta.
Naut Grão de Bico com lingüiça.
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Comidas Ciganas
EXUS
Exus são espíritos que já encarnaram na terra. Na sua maioria,
tiveram vida difícil como mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré,
etc. Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da
prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito
amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas
gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como
os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás.
Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao "Diabo" medieval
(herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados à prática
do "Mal", pois como são servidores dos Orixás, todos têm funções específicas e seguem
as ordens de seus "patrões". Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a
abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores
durante a gira ou obrigações.
Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exus"
dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc. de
seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos,
Crianças e Orixás), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser
praticada.
Exú é Mau?
Paprikach
Costela defumada (bovina ou suína) e bacon ao molho vermelho
de tomate e pimentão com batatas pequenas, cozidas (na casca) e
páprica doce.
Papuchá Pirão de Milho.
Sifrite Ponche de Frutas com Champanhe, Vinho e/ou refrigerante.
Enfeitar com pétalas de rosa
Sarmá Arroz com lentilha, carne seca desfiada e nozes.
Sarmy/Salmava
Charutos ou Rolinhos feitos em folhas de repolho recheados com
lombo ou carne bovina moída, azeitonas, bacon e molho dourado;
e/ou em folha de uva com recheio de bacalhau.
Varensky Pastel cozido podendo ser doce (recheado com uva) ou salgado
(recheado com batata ou queijo de cabra).
Tchaio/Kavi
Chá Cigano feito com Chá Preto ou Mate com pedaços de frutas
(maçã: felicidade; uva fresca: prosperidade; uva passa ou ameixa:
progresso; morango: amor; damasco: sensualidade; pêssego:
equilíbrio pessoal; limão: energia positiva e purificação da alma).
Fazer o chá em água fervente e deixar amornar. Colocar as frutas
maceradas, misturar bem, coar e beber.
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Muitos acreditam que nossos amigos Exus são demônios, maus, ruins, perversos,
que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar. Mas por que
esta entidade, animado, gozador, alegre, extrovertido, sincero e, sobretudo amigo é
comparado com demônios das profundezas macabras dos Infernos? Bem, para conhecer
esta história vamos viajar para 6.000 anos atrás, até a antiga Mesopotâmia.
A Demonologia Mesopotâmica influenciou diversos povos: Hebreus, Gregos,
Romanos, Cristãos e outros. Sobrevive até hoje nos rituais Satânicos que muitos já
devem ter escutado e visto notícias na televisão e lido nos jornais, principalmente na
Europa e EUA.
Na Mesopotâmia os males da vida que não constituíssem catástrofes naturais
eram atribuídos aos demônios (No mundo atual as pessoas continuam a fazer isso). Os
Bruxos, para combater as forças do mal tinham que conhecer o nome dos demônios e
perfaziam enormes listas, quase intermináveis.
O demônio mau era conhecido genericamente como UTUKKU. O grupo de 7
(sete) demônios maus é com freqüência encontrado em encantamentos antigos. Se
dividiam em machos e fêmeas. Tinham a forma de meio humano e meio animal: Cabeça
e tronco de homem ou mulher, cintura e pernas de cabra e garras nas mãos. Com sede
de sangue, de preferência humano, mas aceitavam de outros animais. Os demônios
freqüentavam os túmulos, caminhos (encruzilhadas), lugares ermos, desertos,
especialmente à noite.
Nem todos eram maus, havia os demônios bons que eram evocados para
combater os maus. Demônios benignos são representados como gênios guardiões, em
número de 7 (sete), que guardam as porteiras, portas dos templos, cemitérios,
encruzilhadas, casas e palácios.
Os negros africanos em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos achavam
que eram a forma deles saudarem os santos, incorporavam alguns Exus, com seu brado
e jeito maroto e extrovertido, assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os
médiuns dizendo que eles estavam possuídos por demônios.
Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que
os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de
incorporação era devido a demônios. As cores de Exu, também reafirmaram os medos e
fascinação que rondavam as pessoas mais sensíveis.
Mas Então Quem É Exu?
Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário
entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem
mandar recado.
Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e
que representa o vigor, a energia que gira em espiral. No Brasil, os senhores conhecidos
como Exus, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exu, e tanto assim, em
todo o resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação.
Preservando e atuando dentro do mistério Exu.
Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos
representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo
o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo
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atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre
a humanidade.
Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia
negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando
os espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que possam
cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
Seu dia é a Segunda-feira, seu patrono é Santo Antônio, em cuja data
comemorativa tem também sua comemoração. Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la
tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e branca, ou conter outras
cores, dependendo da irradiação a qual correspondem. Completa a vestimenta o uso de
cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e até mesmo bengalas e punhais em alguns
casos.
A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o seu grau evolutivo, função,
missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme
adequado. Seu aspecto tem sempre a função de amedrontar e intimidar. Suas emanações
vibratórias são pesadas, perturbadoras. Suas irradiações magnéticas causam sensações
mórbidas e de pavor.
É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa.
Em centros espíritas, podem aparecer como "guardas". Em caravanas espirituais, como
lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos,
chapéus, etc.
Eles têm grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres
horrendos, animais grotescos, etc. Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre,
honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exú.
Algumas palavras sobre os exus:
Tem palavra e a honram;
Buscam evoluir;
Por sua função cármica de Guardião, sofrem com os constantes choques
energéticos a que estão expostos;
Afastam-se daqueles que atrasam a sua evolução;
Estas Entidades mostram-se sempre justas, dificilmente demonstrando
emotividade, dando-nos a impressão de serem mais "Duras" que as demais
Entidades;
São caridosas e trabalham nas suas consultas, mais com os assuntos Terra a
Terra;
Sempre estão nos lugares mais perigosos para a Alma Humana;
Quando não estão em missão ou em trabalhos, demonstram o imenso Amor e
compaixão que sentem pelos encarnados e desencarnados;
Exús X Kiumbas – O Combate
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Os espíritos trevosos ou obsessores(kiumbas) são espíritos que se encontram
desajustados perante a Lei. Provocam os mais variados distúrbios morais e mentais nas
pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos
que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças,
calcadas no ódio doentio.
Aguardam, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível
(voluntária ou involuntariamente). São conhecidos, pelos umbandistas, como kiumbas.
Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas.
Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e
atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões,
ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe,
alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem
mais fortalecidos.
O baixo astral, mesmo sendo um imenso caos, tem diversas organizações,
fortemente esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes
prodigiosas, táticas de guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem aparelhados e
treinados, compõe o quadro destas organizações.
Muitas delas agem na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina,
onde confundem a Lei da Ação e Reação com o "olho por olho, dente por dente".
Vingam-se pensando que fazem a coisa certa.
Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto a
vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus "inimigos". Acham que não
plantam o mal, nem que a reação se voltará mais cedo ou mais tarde.
Cada mal praticado por um espírito, o leva a cada vez mais para "baixo". As
quedas são freqüentes e provocam mais e mais revoltas. Alguns espíritos caem tanto
que perdem a consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos
astrais (perispíritos) em verdadeiras feras, animais, bestas e assim são usados por outros
espíritos como tais. Alguns se transformam em lobos, cães, cobras, lagartos, aves, etc.
Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as características
humanas, transformando os seus perispíritos em ovóides. Esta queda provoca além da
perda de energias, a perda da consciência; ficando, com isso subjugados por outros
espíritos.
Apesar de todo este quadro, pouco esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que
no nosso orbe o mal prevalece sobre o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem.
E este lado é ainda mais organizado que as organizações das trevas.
Existem, também, diversas organizações, com variados trabalhos e ações, mas
com um único objetivo de resgatar das trevas e do mal, os espíritos "caídos".
Vemos colônias espirituais, hospitais no astral, postos avançados da Luz nos
Umbrais, caravanas de tarefeiros, correntes de cura, socorristas, etc., afeitos e afinizados
aos trabalhos dos centros espíritas. Vemos também, outros trabalhadores espirituais,
ligados aos cultos afros.
Especificamente, na Umbanda, vemos através das Sete Linhas, vários Orixás
hierarquizados. Existem vários níveis na hierarquia dos Orixás. Começando pelos mais
altos espíritos, que estão próximos do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários
(aqueles que são ligados e responsáveis por cada orbe, pela sua evolução).
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
Abaixo destes Orixás, estão os chefes de legiões e suas hierarquias, Estes
espíritos "chefes" usam as três roupagens básicas: Caboclos, Pretos-Velhos e
Crianças.Outras entidades tais como: baianos, boiadeiros, marinheiros, etc., são
espíritos que compõe as sub-linhas afeitas e subordinadas às sete linhas e aos chefes de
legiões. Alguns caboclos, crianças ou pretos-velhos, às vezes, usam algumas destas
roupagens para determinados trabalhos ou missões.
Como em nosso Universo (Astral) as manifestações se dividem em duas e
manifestam-se como pares: positivo-negativo, ativo-passivo, masculino-feminino, etc.
A Umbanda, que é paralela ativa, tem como par passivo a Kimbanda (não
confundir com a kiumbanda, que é a manifestação das trevas).
Os Exus são os "mensageiros" dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os
Orixás podem se manifestar nas trevas. Os exus são considerados como "policiais” que
agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado. As "equipes" de Exus sempre
estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela. Passam a maior parte do tempo nela,
mas, não fazem parte dela. Devido a esta característica, os Exus, são confundidos com
os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá.
São os Exus que freiam as ações malévolas dos obsessores que atormentam os humanos
no dia-a-dia. São os vigilantes ostensivos, a tropa de choque que está alerta contra os
kiumbas, prendendo-os e encaminhando-os à Colônias de Regeneração ou Prisões
Astrais.
Em algumas ocasiões baixam em templos de Umbanda, ou mesmo em templos
de outras religiões, espíritos que tumultuam o ambiente, promovendo espetáculos
circenses, galhofas, e se comportando de maneira deselegante para com os presentes,
xingando-os e proferindo palavras de baixo calão. Comportamento como estes não
devem ser imputados aos Exus, e sim aos Kiumbas, espíritos moralmente atrofiados e
que ainda não compreenderam a imutável Lei de Evolução, apegados que estão aos
vícios, desejos e sentimentos humanos.
Os Kiumbas, para penetrarem nos terreiros, fingem ser Caboclos, Pretos-Velhos,
Exus, Crianças etc., cabendo ao Guia-chefe da Casa estar sempre vigilante ante a
determinadas condutas, como palavrões, exibições bizarras, ameaças etc.
Método e Atuação dos Exus
A maneira dos Exus atuarem, às vezes nos choca, pois achamos que eles devem
ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal?
Os exus usam as ferramentas que sabem usar: a força, o medo, as magias, as capturas,
etc. Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem "amor", mas eles sabem como
agir quando necessitam que a Lei chegue às trevas.
Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam aqueles que
querem "cair" nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, Eles a executam da melhor
maneira possível doa a quem doer.
Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de
maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, como se
fosse a picada de uma cobra venenosa. Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos
com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar: Uma pessoa quando está desequilibrada
no campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela, após muitas
quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu
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desequilíbrio, com outro desequilíbrio: a falta de fé com o fanatismo. Parece um
paradoxo? Sim, parece, mas é extremamente necessário.
Outro exemplo é o vicio as drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar
este vicio: ou a prisão, a morte, uma doença, etc. A Lei é sempre justa, às vezes somente
um tratamento de choque remove um espírito do mau caminho. E são os exus que
aplicam o antídoto para os diversos venenos.
Os Exus estão ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra
(dinheiro, disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, Eles atendem aos diversos
pedidos materiais dos encarnados.
Os Exus tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em: sangue,
cadáveres, esperma, etc. Por isso, seus campos de atuação são: cemitérios, matadouros,
prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão, porque frenam (bloqueiam) as
investidas dos kiumbas e espíritos endurecidos que se comprazem nos vícios e na
matéria.
Os kiumbas, seres astutos, conseguem se manifestar como um Exu, num terreiro
muito preso às magias negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se
manifestarem, pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores
fúteis. Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcóolicas e fumo.
Mas, e os verdadeiros exus deixam isso acontecer?
É uma pergunta que comumente fazemos, quando estes disparates ocorrem. Os
exus permitem isso, para darem lição nestes falsos chefes de terreiros ou médiuns.
Como foi dito, os métodos dos exus, para fazer com que a Lei se cumpra, são variados.
Muitas vezes, também, a obsessão é tão grande e profunda que os exus, não podem
separar de uma só vez obsedado e obsessor, pois isso causaria a ambos um prejuízo
enorme.
Outras vezes, os exus, deixam que isso aconteça, para criar "armadilhas" contra
os kiumbas, que uma vez instalados nos terreiros, são facilmente capturados e assim,
após um interrogatório, podem revelar segredos de suas organizações, que logo em
seguida, são desmanteladas.
Existem algumas coisas com as quais um guia da direita (caboclo, preto-velho e
criança) não lida, mas quando se pede a um Exu, ele vai até essa sujeira, entra e tira a
pessoa do apuro.
Se tiver alguém para te assaltar ou te matar, os Exus te ajudam a se livrar de tais
problemas, desviando o bandido do seu caminho, da mesma forma a Pomba-Gira, não
rouba homem ou traz mulher para ninguém, são espíritos que conhecem o coração e os
sentimentos dos seres humanos e podem ajudar a resolver problemas conjugais e
sentimentais.
Para finalizar, se você vier pedir a um Exú de Lei (de verdade) para prejudicar
alguém, pode estar certo que você será o primeiro a levar a execução da Justiça. Mas, se
você não estiver em um centro sério, e a entidade travestida ou disfarçada de Exú aceitar
o seu pedido... Bom, quando esta vida terminar, e você for para o outro lado... Você será
apenas cobrado!
Devemos oferendar aos exus?
Os exus, como já foi dito, atuam intensamente no submundo astral. Grandes
batalhas são travadas entre o bem e o mal. Muita energia é despendida nestas investidas
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e os exus, por atuarem assim, acabam gastando enormemente as suas reservas
energéticas.
Depois de vários "dias" trabalhando, eles se recolhem em seus "quartéis" e
repõem parte destas energias e aproveitam e estudam, discutem novas táticas, etc.
Quando fazemos alguma oferenda para os Exus, eles "capturam" as energias dos
elementos oferendados, ou a parte etérica e "recarregam as suas baterias".
Mas, se o exu é um espírito, porque ele precisa de oferendas materiais ?
Como eles estão ligados ao terra-a-terra e ao sub-mundo astral que é muito
denso, os exus precisam retirar dos elementos materiais a energia que gastaram em seus
trabalhos.
Quais elementos podemos oferendar ?
Devemos tomar muito cuidado com o que oferendamos, pois, os elementos mais
densos (sangue, carne, etc.), são atratores de espíritos malígnos, que sentem necessidade
desses elementos. Portanto, é melhor manipular elementos sutis nas oferendas (frutas,
incensos, ervas, velas, etc.)
O que você sente ao ser incorporado pelo teu Exú?
Pense. O que você sente não é uma poderosa força neutra que te retesa o corpo e
as mãos. Você não sente ódio, rancor, maldade, perversidade, desejo de vingança,
enfim, nada da caracterização de um ser monstruoso que alguns pensam ser nossos
irmãos Exus. Não se esqueça que Exú muitas vezes é chamado de ”Compadre”, ou seja,
aquele em quem você confia tanto, a ponto de dar seu filho para batizar.
Observe que, comportamentos negativos como a agressividade e sensualidade
exageradas demonstradas em determinadas incorporações podem ser derivadas do
próprio médium. Se forem, o médium deve buscar conhecer e resolver o próprio
problema.
Basicamente existem três correntes de pensamento, que tentam explicar o
nascedouro do vocábulo “Exu”.
A primeira corrente afirma que a palavra Exu seria uma corruptela ou distorção
dos nomes Esseiá/Essuiá, significando lado oposto ou outro lado da margem,
nomenclatura dada a espíritos desgarrados que foram arrebanhados para a Lemúria,
continente que teria existido no planeta Terra.
A Segunda corrente assevera que o nome Exu seria uma variante do termo
Yrshu, nome do filho mais moço do imperador Ugra, na Índia antiga. Yrshu, aspirando
ao poder, rebelou-se contra os ensinamentos e preceitos preconizados pelos Magos
Brancos do império. Foi totalmente dominado e banido com seus seguidores do
território indiano. Daí adveio a relação Yrshu / Exu, como sinônimo de povo banido,
expatriado. Saliente-se que entre os hebreus encontramos o termo Exud, originário do
sânscrito, significando também povo banido.
A terceira corrente afirma que o nome Exu é de origem africana e quer dizer
Esfera.
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Em realidade os Exus constituem-se em uma notável falange de abnegados
espíritos combatentes de nossa Umbanda. São hierarquicamente organizados e realizam
tarefas atinentes à sua faixa vibratória. São os elementos de execução e auxiliares dos
Orixás, Guias e Protetores, tendo, entre outras tarefas, a de serem as sentinelas das casas
de Umbanda, de policiarem o baixo astral e anularem trabalhos de baixa magia. Ao
contrário do que pensam alguns, têm noção exata de Bem e Mal. São justos, ajudando a
cada um segundo ordens superiores e merecimento daquele que pede auxílio.
Um outro aspecto importante que merece ser suscitado diz respeito a alguns
"médiuns" infiltrados no movimento umbandista. Despidos das qualidades nobres que o
ser humano necessita buscar para seu progresso espiritual, contaminam e desarmonizam
os locais de trabalhos espirituais. “Tentam impressionar os menos esclarecidos com
gracejos, malabarismos, convites imorais, encharcados de aguardente.”
“Desincorporados”, atribuem aos Exus e Pombo-giras tais comportamentos.
Fatos como estes são afetos a pessoas sem escrúpulos, moral ou ética, pessoas
perniciosas que aproveitam a imagem distorcida de Exu para exteriorizarem o seu
verdadeiro "eu". Estes "médiuns", não raras vezes, acabando caindo no ridículo, ficam
desacreditados, dando margem, segundo a Lei de Afinidades, a aproximação e posterior
tormento por parte dos obsessores.
É bem verdade que em seu estágio inicial os Exus ainda têm um comportamento
às vezes instável, cabendo aos verdadeiros umbandistas o dever de não deixar que se
desvirtuem de seu avanço espiritual. Alguns maus-Umbandistas, que se não agem por
má-fé, o fazem por falta de vontade de estudar a respeito, difundem esta visão negativa
de Exu, fazendo com que os iniciantes no culto fiquem temerosos quando um Exu se
manifesta.
Estes elementos prestam um desserviço à religião, promovendo o terror, a
obscuridade, o conflito, a confusão. Diminuem os Exus à condição de espíritos
interesseiros, astutos e cruéis; que são maus para uns e bons para outros, dependendo
dos agrados ou presentes que recebam; de moral duvidosa, fumando os melhores
charutos e bebendo os melhores uísques.
A que ponto pode chegar a ignorância humana em visualizar estes seres
espirituais como meros negociantes ilícitos, fazendo dos terreiros balcão de negócios,
em total dissonância com o bom senso e a Lei Suprema. “Lamentável!!! Profundamente
lamentável!!!”
Esta é uma das expressões que mais passam pela mente dos verdadeiros e
estudiosos umbandistas ao percorrerem alguns terreiros e verificar quão distorcido é o
conceito sobre a figura dos Exus. Espíritos mal compreendidos, mas que, apesar disto,
continuam a contribuir eficazmente para os trabalhos de Umbanda, como humildes
trabalhadores espirituais, que não medem esforços para minorar o sofrimento humano.
As Pombo-Giras
O termo Pombo-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que
significa em Nagô, Exu. A origem do termo Pomba-Gira, também é
encontrada na história.
No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem
iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a
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iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-
vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e
foi uma ordem formada em sua maioria por mulheres, daí a associação.
Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pomba-
Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é
mulher de Sete Exus! As distorções e preconceitos são características dos seres
humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar
conceitos abstratos, distorcendo-os.
Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade, dos Sete Exus Chefes de Legião,
apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que
a Pombo-gira é mulher de Sete Exus e, por isso, prostituta.
É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas, em alguma
encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que as pombo-giras
tenham sido todas prostitutas e que assim agem.
A função das pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas bloqueiam os
desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e
evitam as destruições. A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que
destroem o homem: a volúpia. Este vicio é alimentado tanto pelos encarnados, quanto
pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem
neste campo emocional.
As pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São,
como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma.
Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é
extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão a ele "overdoses" de sexo, para
esgotá-lo de uma vez por todas.
Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa
que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para
"descarregar" o ambiente deste tipo de energia negativa. São espíritos alegres e gostam
de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.
Devemos conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do
lado da Lei e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como bichos-
papões. Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma conversa franca,
honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles.
CLASSIFICAÇÃO PELOS PONTOS DE VIBRAÇÃO DOS EXUS
EXUS DO CEMITÉRIO:
São Exus que, em sua maioria, servem à Obaluaiê. Durante as consultas são
sérios, reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza
(descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente em
obrigações, trabalhos e descarregos.
EXUS DA ENCRUZILHADA:
São Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da
estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar
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consulta e também participam em obrigações, trabalhos e descarregos. Alguns deles se
aproximam muito (em suas características) dos Exus do cemitério, enquanto outros se
aproximam mais dos Exus da estrada.
EXUS DA ESTRADA:
São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas
gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia
incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem
partir SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em
uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar
consulta a várias pessoas ao mesmo tempo.
ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DOS EXUS:
Os Exus, estão também, divididos em hierarquias. Onde temos desde Exus muito
ligados aos Orixás até aqueles Exus ligados aos trabalhos mais próximos às áreas mais
baixas. Os exus dividem-se hierarquicamente, em três planos ou três ciclos e em sete
graus e a divisão está formada "de cima para baixo”:
TERCEIRO CICLO
Contém o Sétimo, Sexto e Quinto graus.
Neste Ciclo encontramos os chamados Exus Coroados. São aqueles que tem
grande evolução, já estão nas funções de mando. São os chefes das falanges. Recebem
as ordens diretas dos chefes de legiões da Umbanda. Poucos são aqueles que se
manifestam em algum médium. Apenas alguns médiuns, bem preparados, com enorme
missão aqui na Terra, tem um Exu Coroado como o seu guardião pessoal. São os
guardiões chefes de terreiro. Não mais reencarnam, já esgotaram há tempos os seus
karmas.
Sétimo Grau - Estão os Exus Chefe de Legião e para cada Linha da Umbanda,
temos Um Exu no Sétimo Grau, portanto, temos Sete Exus Chefes de Legião
Sexto Grau - Estão os Exus Chefes de Falange. São Sete Exus Chefes de
Falange subordinados a cada Exu Chefe de Legião, portanto, temos 49 Exus Chefes de
Falange.
Quinto Grau - Estão os Exus Chefes de Sub-Falange. São Sete Exus Chefes de
Sub-Falange subordinados a cada Exu Chefe de Falange, portanto, são 343 Exus Chefes
de Sub-Falange.
SEGUNDO CICLO
Contém o Quarto Grau.
Neste Ciclo encontramos os chamados Exus Cruzados ou Batizados. São
subordinados dos Exus Coroados. Já tem a noção do bem e do mal. São os exus mais
comuns que se manifestam nos terreiros. Também, tem funções de subchefes. Fazem
parte da segurança de um terreiro. O campo de atuação destes exus está nas sombras
(entre a Luz e as Trevas). Estão ainda nos ciclos de reencarnações.
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Quarto Grau - Estão os Exus
Chefes de
Agrupamento. São
Sete Exus Chefes de
Agrupamento e estão
subordinados a cada
Exu Chefe de Sub-
Falange, portanto, são 2401 Exus Chefes de Agrupamento.
PRIMEIRO CICLO
Contém o Terceiro, Segundo e Primeiro Graus.
Temos dois tipos de Exus neste ciclo :
Exus Espadados - São subordinados do Exus Cruzados. O seu campo de
atuação encontra-se entre as sombras e as trevas.
Exus Pagãos (Kiumbas) - São subordinados aos exus de nível acima. São
aqueles que não tem distinção exata entre o bem e o mal. São conhecidos, também
como "rabos-de-encruza". Aceitam qualquer tipo de trabalho, desde que se pague bem.
Não são confiáveis, por isso.
São comandados de maneira intensiva pelos Exus de hierarquias superiores.
Quando fazem algo errado, são castigados pelos seus chefes, e querem vingar-se de
quem os mandou fazer a coisa errada. São kiumbas, capturados e depois adaptados aos
trabalhos dos Exus.
O campo de atuação dos Exus Pagãos, é as trevas. Conseguem se infiltrar
facilmente nas organizações das trevas. São muito usados pelos Exus dos níveis acima,
devido esta facilidade de penetração nas trevas.
Terceiro Grau - Estão os Exus Chefes de Coluna. São Sete Exus Chefes de
Coluna e estão subordinados a cada Exus Chefes de Agrupamento, portanto, são 16807
Exus Chefes de Coluna.
Segundo Grau - Estão os Exus Chefes de Sub-Coluna. São Sete Exus Chefes de
Sub-Coluna e estão subordinados a cada Exu Chefe de Coluna, portanto, são 117649
Exus Chefes de Sub-Coluna.
Primeiro Grau - Estão os Exus Integrantes de Sub-Colunas e são milhares de
espíritos nesta função.
Os Exus, em geral, não são bons nem ruins, são apenas executores da Lei.
Ogum, responsável pela execução da Lei, determina as execuções aos Exus.
7º Grau 7 - Chefes de Legião
6º Grau 49 - Chefes de Falange
5º Grau 343 - Chefes de Sub-Falange
4º Grau 2401 - Chefes de Grupamento
3º Grau 16807 - Chefes de Coluna
Exus Coroados
Exus Cruzados ou Batizados
Exus Espadados e Pagãos
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e Caboclo Tupynambá
Além destes aspectos já abordados, vale à pena mencionar os diversos níveis
vibracionais, onde os espíritos ligados à Terra, habitam.Estes níveis são e foram criados
de acordo com cada grau evolutivo. Os níveis estão mais relacionados com o mundo da
consciência do que com o mundo físico, ou seja, são mais estados de consciência do que
um lugar fisicamente localizado.
Como são níveis gerados por espíritos ligados de alguma forma com a evolução
da Terra, estes níveis estão vinculados ao próprio planeta. Portanto, quando vemos
descrições de camadas umbralinas localizadas em abismos sob a crosta terrestre,
devemos entender que embora elas estejam localizadas com estes espaços físicos, elas
estão no lado espiritual deste plano físico.
Temos então, Sete Camadas Concêntricas Superiores e Sete Camadas
Concêntricas Inferiores.A divisão está sempre formada "de cima para baixo" :
CAMADAS CONCÊNTRICAS SUPERIORES
SÉTIMA, SEXTA E QUINTA CAMADAS - ZONAS LUMINOSAS
Seres iluminados, isentos das reencarnações. Cumprem missões no planeta.
Estão se libertando deste planeta, muitos já estagiam em outros mundos superiores.
QUARTA CAMADA - ZONA DE TRANSIÇÃO
Espíritos elevados, que colaboram com a evolução dos irmãos menores.
TERCEIRA, SEGUNDA E PRIMEIRA CAMADAS - ZONAS FRACAMENTE ILUMINADAS
A maioria dos espíritos que desencarnam, estão nestas camadas. Estão em
reparações e aprendizados para novas reencarnações.
SUPERFÍCIE
Espíritos encarnados
CAMADAS CONCÊNTRICAS INFERIORES
SÉTIMA CAMADA - ZONA SUB-CROSTAL SUPERIOR
2º Grau 117649 - Chefes de Sub-Coluna
1º Grau ? - Integrantes de Coluna
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Espíritos sofredores de um modo geral que serão em seguida socorridos e
encaminhados a planos mais elevados para adaptação e aprendizado, antes de
reencarnarem.
SEXTA, QUINTA E QUARTA CAMADAS - ZONA DAS SOMBRAS, ZONA PURGATORIAIS OU DE
REGENERAÇÃO
Espíritos sofredores purgando parte de seus karmas, e que serão encaminhados o
mais rápido possível à reencarnação para novas provas e expiações.
QUARTA CAMADA - ZONA DE TRANSIÇÃO
Entre as sombras e as trevas. Zona de seres revoltados e dementados.
TERCEIRA, SEGUNDA E PRIMEIRA CAMADAS - ZONA DAS TREVAS OU ZONA SUB-CROSTAL
INFERIOR
Estes espíritos estão em estágio de insubmissos, renitentes e rebelados às Leis
Divinas. Não reconhecem Deus como o Ser mais superior.
A atuação dos Exus, está praticamente em todas as camadas inferiores, com
exceção das Terceira, Segunda e Primeira Camadas, que eventualmente eles "descem"
para missões especiais ou mandam os rabos-de-encruza, pois estão mais "ambientados"
com as baixas e perniciosas vibrações. Não que os Exus não possam "descer" até lá,
mas porque é desnecessário criar uma guerra com os seres infernais, apenas porque se
invadiu aquelas zonas.
A maioria dos livros espíritas, que tratam do assunto dos níveis vibracionais, não
chega sequer a mencionar algo além das camadas intermediárias ou médio e alto
umbral. Descrevem na maioria das vezes as camadas que ficam as sombras e não as
trevas, pois os espíritos que fazem tais incursões não podem ou não devem “baixar”
mais, pois somente cabe aos exus, espíritos especializados “descer” tanto.
CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS EXUS E AS DIFERENTES
IRRADIAÇÕES DOS ORIXÁS
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Oxalá:
EXÚ SETE ENCRUZILHADAS Comando negativo da linha
EXÚ SETE CHAVES intermediário para Ogum
Exú Sete Capas intermediário para Oxossi
EXÚ SETE POEIRAS intermediário para Xangô
Exú Sete Cruzes intermediário para Almas
Exú Sete Ventanias intermediário para Ibejis
Exú Sete Pembas intermediário para Ayabás
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Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ayabás:
POMBO GIRA RAINHA Comando negativo da linha
EXÚ SETE NANGUÊ intermediário para Ogum
Maria Mulambo intermediário para Oxossi
EXÚ SETE CARANGOLA intermediário para Xangô
Exú Maria Padilha intermediário para Almas
Exú Má-Canjira intermediário para Ibejis
Exú Maré intermediário para Oxalá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ibeiji:
EXÚ TIRIRI Comando negativo da linha
EXÚ TOQUIMHO intermediário para Ogum
Exú Mirim intermediário para Oxossi
EXÚ LALU intermediário para Xangô
Exú Ganga intermediário para Almas
Exú Veludinho intermediário para Oxalá
Exú Manguinho intermediário para Ayabás
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Xangô:
EXÚ GIRA MUNDO Comando negativo da linha
EXÚ MEIA-NOITE intermediário para Ogum
Exú Mangueira intermediário para Oxossi
EXÚ PEDREIRA intermediário para Oxalá
Exú Ventania intermediário para as Almas
Exú Corcunda intermediário para Ibejis
Exú Calunga intermediário para Ayabás
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ogum:
EXÚ TRANCA-RUAS Comando negativo da linha
EXÚ TIRA-TEIMAS intermediário para Oxalá
Exú Veludo intermediário para Oxossi
EXÚ TRANCA-GIRA intermediário para Xangô
Exú Porteira intermediário para as Almas
Exú Limpa-Trilhos intermediário para Ibejis
Exú Arranca-Toco intermediário para Ayabás
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Oxossi:
EXÚ MARABÔ Comando negativo da linha
EXÚ PEMBA intermediário para Ogum
Exú Da Campina intermediário para Oxalá
EXÚ CAPA PRETA intermediário para Xangô
Exú Das Matas intermediário para as Almas
Exú Lonan intermediário para Ibejis
Exú Bauru intermediário para Ayabás
Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual das Almas:
EXÚ CAVEIRA Comando negativo da linha
EXÚ DO LODO intermediário para Ogum
Exú Brasa intermediário para Oxossi
EXÚ COME-FOGO intermediário para Xangô
Exú Pinga-Fogo intermediário para Oxalá
Exú Bára intermediário para Ibejo
Exú Alebá intermediário para Ayabás
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
VELAS
* A vela branca pode substituir qualquer uma das acima mencionadas.
ORIXÁS
EXU Preta e Vermelha/ Preta/ Branca
IANSÃ Rosa/ Marrom/ Branca
IBEJIS Azul com Rosa
LOGUM EDÉ Azul Celeste com Amarelo/ Verde com Amarelo
NANA Lilás
OBALUAIÊ Preta e Branca
OGUM Vermelha com Branca
OSSAIM Verde e Branca
OXALÁ Branca
OXAGUIÃ Branca com Azul
OXOSSI Verde
OXUM Amarelo/ Dourado
OXUMARÊ Verde com Amarela
XANGÔ Marrom
YEMANJÁ Azul claro
GUIAS PROTETORES
BAIANOS Marrom/ Branca
BOIADEIROS Marrom/ Laranja/ Branca
CABOCLOS Verde/ Branca
ERÊS Azul e Rosa
EXU/ P.G./ E. MIRIM Preta e Vermelha/ Preta/ Branca
CIGANOS Velas Coloridas
MALANDROS Vermelha e Branca
MARINHEIROS Azul com Branco
PRETOS VELHOS Preta e Branca
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ERVAS
EXU Pimenta, capim tiririca, urtiga. Arruda, salsa, hortelã. (Em algumas
Casas: Brinco de Princesa, Fedegoso).
IANSÃ Cana do Brejo, Erva Prata, Espada de Iansã (não serve para banho),
Folha de Louro (não serve para banho), Erva de Santa Bárbara,
Folha de Fogo, Colônia, Mutamba, Folha da Canela, Folha de Alho,
Alfavaquinha, Erva Tostão, Peregum amarelo, Catinga de Mulata,
Parietária, Para Raio. (Em algumas casas: Catinga de mulata,
Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Açucena,
Folhas de Rosa Branca).
IBEIJI Jasmim, alecrim, rosa.
LOGUM EDÉ As mesmas de Oxum e Oxossi.
NANA Colônia, Manjericão Roxo, Taioba (não serve para banho), Ipê
Roxo, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Folha da Quaresma,
Jarrinha, Parioba, Golfo Redondo, Canela de velho, Salsa da Praia,
Manacá. (Em algumas casas: assa peixe, cipreste, erva macaé, dália
vermelho escura, folha de berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa
vermelho escura, tradescância).
OBÁ Candeia, nega mina, folha de amendoeira, ipoméia, mangueira,
manjericão, rosa branca.
OBALUAIÊ Canela de Velho, Barba de Velho, Erva de Passarinho, Cinco
Chagas, Fortuna, Hera, Folha de Loko, Taioba (não serve para
banho), Erva de Bicho, Barba de Milho. (Em algumas casas: cuféia
-sete sangrias, erva-de-passarinho, canela de velho, quitoco, Zínia).
OGUM Peregum (verde), São Gonçalinho, Quitoco, Mariô, Lança de Ogum
(não serve para banho), Coroa de Ogum (não serve para banho),
Espada de Ogum (não serve para banho), Canela de Macaco, Folha
de Mangueira, Erva Grossa, Parietária, Língua de Vaca, Mutamba,
Palmeira do Dendê, Taioba (não serve para banho), Alfavaquinha,
Bredo, Cipó Chumbo. (Em algumas casas: Aroeira, Pata de Vaca,
Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Flecha
de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba).
OSSAIM Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro, café.
(Em algumas casas: alfavaca, coco de dendê, folha do juízo,
hortelã, jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de jardim,
vassourinha, verbena).
OXALÁ Tapete de Oxalá (Boldo), Saião, Sândalo, Malva Branca, Colônia,
Patchouli, Alfazema, Manjericão Branco, Folha do Cravo da Índia,
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Neve Branca, Folha de Algodoeiro, Salsa da Praia, Folha de
Parreira, Rosa Branca, Folha de Laranjeira. (Em algumas casas:
poejo, camomila, chapéu de couro, coentro, gerânio branco, arruda,
erva cidreira, alecrim do mato, hortelã, folhas de girassol, agapanto
branco, aguapé (golfo de flor branca), alecrim da horta, alecrim de
tabuleiro, baunilha, camélia, carnaubeira, cravo da índia, fava
pichuri, fava de tonca, maracujá (flores), macela, palmas de
Jerusalém, umbuzeiro, salsa da praia).
OXOSSI Alecrim, Guiné, Vence Demanda, Abre Caminho, Peregum (verde),
Taioba (não serve para banho), Espinheira Santa, Jurema,
Jureminha, Folha de Mangueira, Couve, Jurubeba, Bredo sem
Espinho, Capela, Jarrinha, Desata Nó. (Em algumas casas: Erva de
Oxossi, Erva da Jurema, Alfavaca, Caiçara, Eucalipto).
OXUM Colônia, Macaçá, Oriri, Oripepê, Macaçá, Jasmim, Pingo D’água,
Agrião, Dinheiro em Penca, Manjericão Branco, Calêndula,
Narciso, Alfavaquinha, Malva Branca, Folha de Fortuna, Rama de
Leite, Folha de Vintém; Vassourinha e Erva de Santa Luzia (não
servem para banho). (Em algumas casas: Erva Cidreira, Gengibre,
Camomila, Arnica, Trevo Azedo ou grande, Chuva de Ouro,
Manjericona, Erva Sta. Maria).
OXUMARÊ Mesmas de Oxum.
XANGÔ Erva de São João, Erva de Xangô, Nega Mina, Erva de Santa
Maria, Jarrinha, Beti, Elevante, Cheiroso, Elevante, Cordão de
Frade, Jarrinha, Erva de Bicho, Erva Tostão, Bico de Papagaio,
Alfavaquinha, Mutamba, Mal-me-quer Branco Caruru, Para raio,
Umbaúba. (Em algumas casas: Xequelê, Manjericão Roxo).
YEMANJÁ Colônia, Golfo de Baronesa, Pata de Vaca, Rama de Leite, Jarrinha,
Abebê, Bredo sem Espinho, Alfavaquinha, Malva Branca, Capela,
Folha de Neve Branca, Manjericão Branco, Embaúba. (Em algumas
casas: aguapé, lágrima de nossa, araçá da praia, flor de laranjeira,
guabiroba, jasmim, jasmim de cabo, jequitibá rosa, malva branca,
marianinha - trapoeraba azul, musgo marinho, nenúfar, rosa branca,
folha de leite).
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FIOS DE CONTAS
Comprimento: 4 dedos abaixo do umbigo
Conhecidas também como "Cordão de Santo", "Colar de Santo" ou "Guias", são
ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a tônica vibracional de
quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam.
São compostas de certo número de elementos (contas de cristal ou louça, búzios,
Lágrimas de Nossa Senhora, dentes, palha da costa, etc.), distribuídos em um fio,
obedecendo a uma numerologia e uma cromologia adequada; ou ainda, de acordo com
as determinações de uma entidade em particular.
As contas de louça lembram, por sua composição, a mistura de água e barro,
material usado para criar o mundo e os homens, por isso são as mais usadas.
Para que servem?
Têm poder de elevação mental. Se utilizadas durante um trabalho espiritual, tem
função de servir como ponto de atração e identificação da vibração principal e/ou
falange em particular, atuante naquele trabalho, servindo assim como elemento
facilitador da sintonia para o médium incorporado. Elas nos auxiliam em nossas
incorporações, pois estas atraem a "energia" particular de cada entidade, captando e
emitindo bons fluidos, formando assim, um círculo de vibrações benéficas ao redor do
médium que as usa.
Servem como pára-raios. Se há uma carga grande, ao invés desta carga chegar
diretamente no médium, ela é descarregada nas guias, e se estas não agüentarem,
arrebentam.
Que Fios de Conta Utilizar:
A necessidade e cores, serão determinadas pelo guia chefe da casa. Devemos
entender que a proteção maior, encontra-se na guia de Oxalá e do orixá da Coroa do
médium; guias estas, normalmente as primeiras a serem consagradas ao médium, feitas
basicamente para nossa proteção.
As guias devem ser tratadas pelos médiuns com todo carinho e o máximo de
respeito, pois elas representam o Orixá, o Guia protetor e a segurança do médium.
Confecção
Dependendo o ritual de cada terreiro deve ser feita uma firmeza (acendendo uma
vela, por exemplo) antes de montar a guia.
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Para montar uma guia, deve-se estar em silêncio, com respeito. As contas,
miçangas, etc. são enfiadas uma a uma no fio. Toda guia deve ser fechada e cruzada
pelo chefe de terreiro, seja pela Mãe/Pai de Santo ou pelos Guias Espirituais Chefes de
seu terreiro. As guias podem ser cruzadas com pemba, defumação ou com um amaci
com as ervas do Orixá
Ter uma guia no pescoço, sem esta estar consagrada e imantada não representa
nada, energeticamente falando, seria apenas mais um colar.
Abaixo, os materiais, contas e cores principais dos Orixás e guias protetores:
Normalmente as guias são confeccionadas seguindo um "padrão da Casa”.
ORIXÁS
Oxalá Contas brancas (leitosa)
Oxossi Contas verdes
Xangô Contas marrons
Ogum Contas vermelhas com contas brancas
Logum Edé Contas azul celeste com contas douradas
Ossaim Contas verdes com contas brancas
Oxumaré Contas amarelas com contas verdes
Yemanjá Contas transparentes/ azul claras/ verde água
Oxum Contas de cristal douradas
Yansã Contas coral (alaranjadas)
Nanã Contas lilás ou contas brancas rajadas de azul
Obaluayê Contas pretas com contas brancas
GUIAS PROTETORES
Pretos Velhos Contas pretas com contas brancas, lágrimas de Nossa Senhora
Sementes, cruzes, figas (arruda, guiné, etc.)
Crianças Contas rosa, contas azuis, (podem incluir diversas cores em
tonalidades claras), chupetas, etc.
Caboclos Contas verdes (podem incluir outras cores), sementes, dentes, penas,
etc.
Boiadeiros Contas verdes (podem incluir outras cores), olho de boi, sementes,
dentes, pedaços de couro, etc.
Marinheiro Contas de cristal transparente ou leitosas, azuis, brancas.
Baianos Idem aos boiadeiros.
Exu/Pombo
Gira
Contas pretas com contas vermelhas; ou contas pretas com contas
brancas; além de instrumentos de ferro, aço, etc.
Malandros Contas vermelhas com contas brancas; além de instrumentos de ferro,
aço, etc.
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Depois de colocada no pescoço a Guia deve alcançar até 4 dedos abaixo do
umbigo.
Cuidados no Manuseio e Uso
São elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser
manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam.
Deve-se observar que cada indivíduo e cada ambiente, possuem um campo magnético e
uma tônica vibracional própria e individual. A manipulação das guias por outras pessoas, ou
ainda, seu uso, em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual,
fatalmente acarretará uma "contaminação" ou interferência vibracional.
O Pai/Mãe de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogâs podem eventualmente ceder sua guia
para uso de algum médium durante uma sessão específica, caso o mesmo encontre-se sem sua
própria guia.
Enquanto estamos usando as guias devemos observar algumas recomendações:
Não se alimentar (exceto em ritual).
Não ingerir bebidas alcoólicas (exceto em ritual).
Não fumar (exceto em ritual).
Não ir ao banheiro
Não tomar banho.
Em qualquer destes casos, deve-se retirar a guia e guardar, ou entregá-la para o Pai/Mãe
de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogâs para que tomem conta das mesmas.
Como vimos as guias são elementos ritualísticos muito sérios e como tal que devem ser
respeitados e cuidados. Seu uso deve se restringir ao trabalho espiritual, ao ambiente cerimonial
(terreiro) e aos momentos de extrema necessidade por parte do médium. Utilizar a guia em
ambientes ou situações dissonantes com o trabalho espiritual, ou por mera vaidade e
exibicionismo, é no mínimo um desrespeito para com a vibração a qual representam.
Devem ser sempre limpas e guardadas no terreiro ou em algum lugar longe do alcance e
visão dos curiosos. Lembre-se que as guias são objetos sagrados e como tal devem ser tratadas.
Um detalhe importante é de tempos em tempos, descarregarmos nossas guias com água
do mar ou da chuva, e depois energizá-las com amaci, buscando sempre o aconselhamento de
um dos dirigentes sobre como proceder.
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PEQUENO DICIONÁRIO DA UMBANDA
A ABAÇÁ - Templo, tenda, terreiro de Umbanda
ABACÊ - Cozinheira que prepara as comidas de Santo, no culto Jêje.
ABADÁ - É o nome dado a uma túnica larga e de mangas compridas, usada nos
terreiros pelos homens.
ABALÁ - Comida muito semelhante ao acarajé.
ABAÔ - Quer dizer um iniciando do sexo masculino, desenvolvendo-se
mediunicamente no terreiro de Umbanda.
ABARÁ - Comida dos pretos africanos como seja bolo de feijão, que vem enrolando em
folha de bananeira.
ABEBE- Espelho (Oxum e Yemanja)
ABEDÊ - É o leque de Oxum, quando feito de latão.
ABÔ dos AXÉS - Água contendo ervas maceradas, não cozidas, e sangue de animas
sacrificados no terreiro.
ABRIR A GIRA - Significa o início ou abertura dos trabalhos nos terreiros de
Umbanda.
ABROQUE - É um manto usando somente pelas mulheres durante uma sessão.
ACAÇÁ - Comida originária da África, com aparência de bolo de angu de arroz.
ACARAJÉ - Comida de santo feita à base de feijão fradinho com pimenta malagueta e
outros temperos. Comida de Iansã.
ACENDE CANDEIA - Planta muito utilizada para banhos conhecida também como
Candeia-Mucerengue.
ACHOCHÔ - Nome dado à uma comida de Oxossi.
ADARRUM - É o toque feito seguidamente pelos atabaques quando da invocação dos
protetores para incorporarem nos médiuns.
ADÊ- Coroa das Ayabás
ADEJÁ - É uma campainha (sino) usada nas cerimônias de terreiro.
ADIÉ- Galinha
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AGÔ - Significa pedir licença ou permissão, em outros momentos em que este termo
traduz perdão e proteção pelo que se está fazendo.
AGURÊ - Toque em ritmo muito lento para chamar Iansã
AIA - Toalha branca para uso em terreiro
AIDÓ- Banheiro
AINA- Vela
AIOCÁ - Referente a Iemanjá e ao fundo do mar. Ver AIUKÁ.
AIUKÁ - Fundo do mar. Também se diz os domínios de Iemanjá (Rainha do Aiuká).
AJUCÁ - É a festa da Cabocla Jurema entre os capangueiros. Nessa festa há
defumações no terreiro, bebidas e comidas, tudo com a finalidade de duplicar a proteção
no terreiro e gerar mais fartura nas casas dos filhos de fé.
ALDEIA - Povoado de índios. Tratando-se de terreiros, esta palavra quer dizer a
moradia dos espíritos de caboclos na Aruanda.
ALGUIDAR - Bacia de barro usada para entregas, ascender velas, deposito de banhos,
entrega de comidas e defumação.
AMACI - Líquido preparado com o suco de diversas plantas, não cozidas, e que tem
muita aplicação na firmeza de cabeça dos médiuns. O principal banho para a o ritual da
“lavagem de cabeça”.
AMACI-NI-ORY - Cerimônia da lavagem (feitura) de cabeça dos médiuns (ritual
equivalente a raspagem de cabeça no Candomblé).
AMALÁ - Comida de Santo. Também se denomina a todo ritual que o umbandista ao
manipular alimento deve dispensar atenção, amor e especial carinho, fazendo por
completo a Homenagem ao Orixá.
AMOLOCÔ - Comida de Oxum.
AMPARO - Chicote sagrado usado especialmente para afastar espíritos atrasados e
maléficos.
ANGOMBA - É a designação para um segundo atabaque.
APARELHO- Médium
APERE/ APOTI- Banquinho
ARAUANÃ - Dança ritual africanista para quebrar demandas e trazer alegrias.
ARIAXÉ - Banho preparado com ervas e folhas. Esse banho consta mais de 21
diferentes espécies de vegetais. Preparado somente pelo próprio chefe de terreiro.
ARIMBÁ - Pote de barro para guardar o azeite-de-dendê ARIPÓ - Panela muito
semelhante ao alguidar de barro
ARUANDA - Céu, Nirvana ou Firmamento significam a mesma coisa, isto é, a moradia
daquele que é Criador de todos os mundos e de todas as coisas. Plano Espiritual
Elevado.
ARUÊ - Espírito desencarnado
ASSENTAMENTO DE ORIXÁ - E o lugar no pegi onde é colocada a representação de
Orixá, ou do seu fetiche, ponto riscado, etc.
ASSENTO - Termo utilizado para um local preparado para um Orixá ou Exu. Santuário
exclusivo.
ATIM- Preparado de Pemba ralada e especiarias
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ATORI- Vara de marmelo/café ou goiabeira usado por Oxaguiã e para tocar atabaques
no Candomblé (Ketu).
AXÉ - É a força mágica do terreiro representada pelo segredo composto de diversos
objetos pertencentes as linhas e falanges. Força bendita e divina.
AXEXÊ - Cerimônia fúnebre iorubana. Semelhança com a missa de 7º dia católica.
AXÓ- Roupa
AXOGUM - Nome dado ao encarregado de sacrificar animais quando não é feito pelo
Chefe do Terreiro. Muito comum nos cultos de candomblé nagô.
AYABÁS- Orixás femininos
AZÊ - Capuz de palha. Ornamento da roupa de Omulú
AZEITE-DE-DENDÊ - Óleo baiano extraído do dendezeiro, sendo muito utilizado na
culinária dos Orixás.
B BABALAÔ - Pai-de-santo. Chefe de terreiro. (masculino)
BABUGEM - Restos de comidas e bebidas que sobram no terreiro. Estes restos devem
ser jogados sobre o telhado do terreiro ou despachado em alguidares, dependendo do
ritual.
BACURO DE PEMBA - Filho de Santo.
BAIXAR - Termo que quer dizer incorporação das Entidades/Orixás nos médiuns. Esse
termo designa que toda entidade que vem do Céu, ou seja, de Aruanda, baixe do céu
para a Terra.
BALANGANDÃ - Enfeites e ornamentos. Podem também ser amuletos.
BALÊ - Casa dos Espíritos mortos (desencarnados)
BANDA - Termo utilizado para dizer em qual linhagem está ligado a Entidade.
BARRACÃO - Local de ritual, terreno, o terreiro fisicamente propriamente dito. O
lugar principal do terreiro.
BASTÃO-DE-OGUM - Espécie vegetal de espada-de-São-Jorge, também conhecida
como Lança de São Jorge.
BATER-CABEÇA - Ritual que quer dizer cumprimentar respeitosamente e
humildemente. Consiste em abaixar-se aos pés do congá (altar) ou a uma Entidade
Espiritual e tocar sua cabeça ao chão, aos seus pés. Representa respeito e humildade.
BATER PARA O SANTO - ato de percutir os atabaques usando o ritmo especial de
determinado orixá.
BEJA - Cerveja branca.
BENTINHOS - Escapulário que traz pendurado no pescoço e contêm orações, rezas e
figuras de santos. Patuá.
BETULÉ - Machado feito de pedra e de bambu para designação de Xangô.
BILONGO - Amuleto muito usado por caçadores para proteção BOLAR NO SANTO -
início incompleto de transe que ocorre com os médiuns não preparados. BOMBO-GIRA
- O mesmo que exu Pomba-Gira. Denominação de Pomba-Gira em Congo. BORÍ - ato
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pelo qual filho de santo oferece sua cabeça ao orixá. Termo usado também cujo
significado é cabeça.
BOTAR NA MESA - Quando um médium atente particularmente um consulente e
através de um oráculo (principalmente as cartas) procede a consulta e a orientação
espiritual.
BUCHA- Pão
BUNDA AMARELA- Na linguagem dos Erês significa Laranja (fruta)
C CABAÇA - Vaso feito do fruto maduro do cabaceiro depois de esvaziado o miolo.
Utilizado também como moringa de bebida (água).
CABAIA - Assim é denominado uma túnica de mangas largas utilizada por médiuns
e/ou cambones.
CABEÇA-FEITA - Denominação do médium desenvolvido e que já foi cruzado no
terreiro, tendo já definido seu Orixá de cabeça. Médium que já passou pelo ritual do
amaci.
CAIR NO SANTO - Transe mediúnico de quem ainda não está preparado para
incorporar.
CALUNGA – Cemitério
CALUNGA GRANDE - Oceano, mar.
CAMBONO ou CAMBONE - Auxiliar de Médiuns de Incorporação e o Servidor dos
Orixás. O cambone é o médium que teve o necessário desenvolvimento para poder
auxiliar e entender os Guias nas necessidades das sessões. Auxiliar de culto.
CAMOLETE - Lenço branco de tamanho grande colocado na cabeça dos médiuns
durante alguns rituais CAMUCITÊ - Nome dado ao altar, congá ou pegi.
CANJIRA - Lugar onde são realizados algumas danças religiosas.
CANZUÁ ou CAZUÁ de QUIMBÉ - Terreiro, casa, tenda espiritual.
CASA GRANDE - Cemitério
CATERETÊ - Designação de um ritual do Estado do Maranhão
CATULÁ - Termo usado em sessão que significa anular um trabalho maléfico.
CAVALO - Médium dos Guias de Umbanda.
CENTRO - terreiro, tenda de Umbanda, caso.
CHEFE DE CABEÇA - É um dos nomes como é designado o Guia-Chefe do médium
de terreiro que tenha sido desenvolvido e cruzado no mesmo.
COISA FEITA - Quer dizer trabalho feito para levar o mal a alguém, despacho
maléfico, feitiço, bruxaria.
COITÉ- Espécie de recipiente feito com a casca do coco
CONGAR - Altar, pegi
COQUEM- Galinha d’Angola
CORPO FECHADO - Nenhum espírito maléfico pode incorporar no médium, ou
nenhum espírito pode trazer o mal a pessoa que tem o corpo fechado.
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CORREDOR DE GIRAS - Freqüentador que passa por vários terreiros, sem ter firmado
compromisso espiritual com nenhum deles.
CREDO-EM-CRUZ - Interjeição que traduz espanto, admiração e repulsa.
CURIAU - Comida de Santo, despacho.
CURIMBA - Conjunto de instrumentos musicais do terreiro. Os instrumentos que
compõe uma curimba podem ser atabaques, tambor, agogôs, chocalhos, berimbau,
violões, etc. Curimba é a orquestra de um terreiro.
D DANDÁ - Vegetal, espécie de capim, que exsuda um odor, muito usado em trabalhos,
como banho e defumações em ritual de Umbanda.
DANDALUNDA - Outro nome dado a Janaína, Iemanjá, ou Mãe Dandá.
DAR COMIDA AO SANTO - Quer dizer o oferecimento de alimentos aos orixás, seja
como parte do ritual, como pagamento de algum favor recebido.
DECÁ - Bracelete ritual que o filho-de-santo recebe após sete anos de sua primeira
saída da camarinha (Candomblé)
DESCIDA - quando as Entidades Espirituais vão incorporar no médium
DESMACHE - Espécie de muleta usada em alguns terreiros como instrumento de
Xangô
DESMANCHAR TRABALHOS - É tornar livre uma pessoa dos efeitos de trabalho de
enfeitiçamento, como também beneficiar alguém que tenha sido vítima de magia negra.
DESPACHAR - Entregar ao Orixá o que é do Orixá. Despachar também é um termo
usado para tudo que é sagrado, seja comida de santo, seja qualquer objeto sacro seja
entregue num local adequado a cada Orixá.
DESPACHO - Anular um trabalho, desmanchar trabalhos de magia negra.
DIA DE OBRIGAÇÃO - É o dia de sessão quando os médiuns e os consulentes
observam certos atos do ritual umbandista e cumprem tudo quanto lhes é determinado
pelos Guias.
DILONGA - Prato que representa uma das ferramentas, ou melhor, um dos utensílios de
Ogum.
DOBALÊ - É assim chamada a saudação dos médiuns que possuem guias femininos.
DOLOGUM ou DILOGUM - Guia com 16 fios
DUNDUM- Preto
E EBAME ou EBAMI - Filha de Santo com mais de 7 anos.
EBI - Serpente que é representada por um ferro retorcido, fazendo parte da ferramenta
de Xangô, colocada junto com o machado.
EBIANGÔ - Planta muito usada pelos negros em amuletos e que é tida como portadora
de virtudes mágicas, como por exemplo, afastar espíritos maléficos. EBIRI - Símbolo de
Oxumaré
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EBÔ - Despacho. Presente para Exu. Oferta que se oferece em encruzilhadas ou em
qualquer outro local.
EBÓ - Líquido com vários vegetais não fermentados, sendo preparado para diversos
casos: Banhos, banhos para a cabeça, limpeza de ambiente, etc.. Cada ebó tem um
preparo diferente para cada situação diferente. Antes de ser usado, é benzido (cruzado)
por um Guia.
EBOMIM - Designação do médium feminino quando conta mais de 7 anos
desenvolvimento.
EGUNGUN - Materialização de encarnados. Aparição. Evocação de Ancestrais e
Espíritos Protetores.
EGUNS - Espíritos desencarnados. Almas.
EJÁ- Peixe (Símbolo de Yemanja e Oxum)
EJILÉ - Pomba que é destinada ao sacrifício com a finalidade de ser empregada em
algum trabalho.
EKEDI ou EQUÉDE - São as auxiliares femininas das Mães-Pequenas. Ekedis não
incorporam, mas tem autoridade sobre as Entidades como uma Mãe Pequena.
ELEDÁ - Anjo da Guarda
ELEGBÁ - Espírito Maléfico
ENCANTADO - Ser que não morreu, foi arrebatada.
ENCOSTO - Espírito que consciente ou inconsciente, aproxima-se das pessoas vivas,
prejudicando em diversos setores da sua vida (econômica, saúde, pessoal, familiar,
amorosa).
ENCRUZAR - Ritual umbandista no início de um período ou sessão, consistindo em
fazer uma cruz com a pemba na nuca, na palma da mão, na testa do médium e na sola
do pé. Isso fecharia o corpo do médium e protegeria, fortificaria sua mediunidade e
ajuda também a estabelecer uma ligação mais firme com os Guias Espirituais. No
encruzamento dos médiuns é entoado um canto próprio para a ocasião
ENDÁ - Diz-se a coroa imaterial que acompanha o médium em desenvolvimento após a
iniciação. Sinônimo de aura.
ERÊ - Espírito infantil. Criança
ERÓ - Segredos e Ensinamentos revelados aos médiuns no terreiro em seu
desenvolvimento.
ERUEXIM - Rabo de cavalo, espanta moscas usado por Iansã (pelos escuros).
ERUKERE- Rabo de cavalo, espanta moscas usado por Oxossi (pelos claros).
ESPIRITISMO DE LINHA - Designação dada a Umbanda e as sessões no terreiro.
ESPIRITISMO DE MESA - Designação dada a Umbanda nas sessões de cura por
médicos incorporados.
EXÊS - Partes dos animais sacrificados para serem oferecidos aos Orixás.
F FALANGE - Falange em Umbanda significa a subdivisão de Linhas onde cada falange
é composta de um número incalculável de espíritos orientados por um Guia chefe da
mesma.
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FALANGEIRO - Chefe de falange. Guia Chefe.
FAZER MESA - Abrir a sessão, abrir a gira.
FAZER OSSÊ - Cerimônia semanal que consiste no oferecimento de alimento e/ou
bebida preferida dos Orixás.
FECHAR A GIRA - Encerrar os trabalhos no terreiro.
FECHAR A TRONQUEIRA - Ato de defumar e cruzar o terreiro - os quatro cantos do
terreiro - evitando que espíritos perturbadores ou zombeteiros atrapalhem o culto.
FEITO - É o médium masculino desenvolvido dentro do terreiro.
FEITO DE SANTO - Iniciação do desenvolvimento de um médium.
FEITA (O) NO SANTO - Médium que teve o cerimonial de firmeza de cabeça por
haver completado seu desenvolvimento mediúnico.
FELEBÉ- dinheiro
FILHO DE FÉ - Denominação para adeptos da Umbanda
FILHO OU FILHA DE SANTO - Médium que se submeteu a doutrina e todo ritual.
FIRMAR A PORTEIRA - É a segurança para os trabalhos da sessão que será realizada.
Esse trabalho pode ser simbolizado por um ponto riscado na tronqueira, uma vela acesa,
conforme critério do terreiro.
FIRMAR O PONTO - Concentração coletiva que se consegue cantando um ponto
puxado pelo Guia responsável pelos trabalhos. O Ponto Firmado pode ser apenas
cantado como também riscado ou a combinação de ambos. Significa também quando o
Guia dá seu ponto cantado e/ou riscado, como prova de identidade.
FUNDANGA- Pólvora/ Fogo
FUN FUN- Branco
G GANZÁ - Instrumento musical.
GARRAFADA - Remédio preparado por Pai/Mãe de Santo, o qual consiste numa
maceração de vegetais em aguardente. A preparação dos ingredientes é puramente
natural.
GIRA - Corrente espiritual. Caminho.
GONGÁ - O mesmo que congá. Altar dos santos católicos e orixás africanos. GUIA -
conta de miçangas ou de cristal ou mesmo de porcelana, da cor especial do Orixá ou
Entidade Espiritual que representa e identifica. Pode também significar o próprio orixá,
quando se trata de um preto-velho, caboclo, baiano, boiadeiro ou marinheiro. Maneira
de se chamar as Entidades de Umbanda.
H HALO - Luminosidade que envolve um espírito de grande elevação.
HOMEM DAS ENCRUZILHADAS – Exú
HUMULUCU - Comida Africana feita de feijão fradinho, azeite-de-dendê e diversos
temperos. Também conhecida como Omolocum.
Templo de Umbanda e Candomblé filhos de
Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
I IABÁ - Cozinheira que conhece e prepara as comidas dos Orixás. Cozinheira do culto.
Orixás Femininas.
IALORIXÁ - Designação dada a qualquer mãe-de-santo.
IAÔ - Médium feminino no primeiro grau de desenvolvimento do terreiro.
IBIRI- Instrumento feito de palha da costa carregado por Nanã
IJEXÁ - Ritual africano. Os adeptos do Ijexá temem os mortos e apressam-se em
expulsá-los dos terreiros.
ILÊ- Casa
INDACA- Língua
INDACA TI AFOFO – Fofoqueiro
INDACA MAVULA- Mentiroso
IORUBÁS - Negros africanos que falam a linguagem nagô.
IR PARA A RODA - Uma frase que traduz o desenvolvimento da mediunidade na
corrente.
ITABA- Cigarro
ITÁ DE XANGÔ - Pedra caída junto com o raio.
J JABONAN - Assim chamada a auxiliar da Babá.
JACULATÓRIA - Oração curta. Reza resumida e fervorosa.
JACUTÁ - Denominação de altar. Casa do santo.
JIBONAN - Designação do fiscal de trabalhos do terreiro.
JUREMA - Uma das caboclas de Oxossi, chefe de falange. Local onde todos os
caboclos ficam espiritualmente.
K KAÔ - Saudação de Xangô. Salve! Viva!
KARDECISMO - Um dos pontos básicos em que se fundamentam todas as teorias
espiritualistas. Decodificação do Espiritismo por Alan Kardec, de onde originaria o
nome Kardecismo.
KARMA - É a conseqüência de vidas passadas, as quais dirigem a presente e organizam
as futuras encarnações.
KAURIS - Búzios, utilizados no jogo do delogum. Outrora também serviram de
dinheiro na África.
KIBANDA ou KIMBANDA - No termo, significa KIM (gênio do mal) para BANDA
(lado), ou seja, Kimbanda ou Kibanda significa o Lado do Mal. Também conhecido
como culto de magia negra, neles trabalham exus-zombeteiros, espíritos vingativos,
enfim todos os espíritos que não aceitam Doutrinação Divina e estão ainda ligados ao
lado material.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
KIUMBA - Espírito maléfico e obssessor. Espírito atrasado e sem nenhuma luz.
Zombeteiro.
KIZILA (Quizila – do Banto) ou EHÒ (Èwò – do Yorubá) - Dá-se o nome Kizila ou
Ehò, a série de interdições (proibição) imposta aos “Filhos de Orixás”. Estas interdições
podem ser temporárias, breves ou passageiras e, outras, são definitivas, eternas.
L LAÇAR O COBRERO - É assim chamada a oração que se escreve com tinta em volta
do “cobreiro” para fins curativos.
LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA - Além do capim e da miçanga, assim também
são conhecidas as contas de semente dessa planta para confecção de terços, guias e
outros objetos, também conhecida como Contas de Lágrimas.
LANCATÉ DE VOVÔ - É o mesmo nome por que é conhecida a igreja Nosso Senhor
do Bonfim, em Salvador - Bahia.
LAVAGEM DE CABEÇA - A lavagem de cabeça é feita derramando-se o Amaci
(banho preparado especialmente para essa cerimônia) sobre a cabeça do médium,
enquanto se entoa um ponto de caboclo. A confirmação do Guia de Cabeça verifica-se
após a lavagem de cabeça, quando o Guia incorpora e risca seu ponto em frente ao
congá.
LINHA - União das falanges, sendo que cada um tem seu chefe.
LINHA BRANCA - Linha de Guias que não cruzam com a linha da esquerda.
LINHA CRUZADA - É quando se unem duas ou mais linhas com o fim de tornar mais
forte um trabalho no terreiro. Normalmente esse cruzamento se dá com um guia da
direita com um da esquerda.
M MACAIÁ- Mato
MACAIO - Coisa ruim e sem nenhum valor.
MACUMBA - Termo antigo que se denominava aos cultos dos escravos nas senzalas.
Candomblé. Depois esse termo passou a ser vulgar e tornou-se como feitiço ou culto de
feiticeiros.
MACUMBADO – enfeitiçado MADRINHA - O mesmo que Mãe de Santo, Babá.
MÃE D’ÁGUA - Yemanjá.
MÃE de SANTO - Médium feminino chefe ou dirigente de terreiro, Madrinha, Babá.
MÃE PEQUENA - Médium feminina desenvolvida e que substitui a Mãe de Santo.
Auxiliar das iniciadas (iaôs) durante o seu desenvolvimento mediúnico.
MAIANGA- Banho
MALEME ou MALEIME - Pedido de socorro, de clemência, de auxílio ou ajuda, de
misericórdia. Podem vir em forma de cânticos ou preces pedindo perdão.
MANIFESTAÇÃO - Quando o corpo do médium é tomado por um Guia. Conhecido
também como transe mediúnico, incorporação.
MARAFA ou MARAFO - aguardente, cachaça.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
MAU OLHADO - Quebranto, feitiço. Doença ou mal estar causado por um olhar mau,
invejado.
MERUIN- Mel
MESA BRANCA - Trabalhos no terreiro quando há incorporação apenas de médicos e
enfermeiras.
MEISINHA - Despacho, mandinga, trabalho.
MIRONGA - Feitiço, segredo, feitiço feito pelos Espíritos Nagôs.
MISTIFICAÇÃO - É o mais importante dos casos do falso espiritismo, pois constitui
um recurso muito empregado por falsos médiuns, ou pessoas de má fé, com a finalidade
de auferirem vantagens pecuniárias e aumentarem sua fama e sua vaidade.
MITORO- Xixi
MONA- Mulher
MUCAMBA - O mesmo que cambone.
MUZAMBÊ - Forte, vigoroso.
N NAGÔ - Nome dado aos escravos originários do Sudão, na África. Considera-se nagô
como a religião do antigo reino de Iorubá.
NENA- Fezes
NIFÉ - Fé, crença na língua iorubá
NILA OTIM- Champagne
NOMINA - Oração que é guardada num saquinho e pendurada no pescoço como
amuleto para proteção. Patuá.
NURIMBA - Bondade, amor e caridade.
O OBASSABÁ - O mesmo que abençoar, benzer.
OBASSALÉA - O mesmo que obassabá.
OBATALÁ - Céu. Abóbada celeste. Deus
OBÉ- Faca
OBÉ FARI- Navalha
OBERÉ- Alguidar
OBORÓ- Orixás masculinos
OBRIGAÇÕES - Festas em homenagem aos Guias ou Orixás. São também as
determinações feitas aos médiuns ou consulentes pelos Guias com o objetivo de auxilio
ou como parte de um ritual do desenvolvimento mediúnico.
OBSEDIAR - Perseguir. Ação pela qual os espíritos perturbados que prejudicam as
pessoas levando a situações econômicas difíceis, loucura, etc.
OBSSESSOR - Espírito perturbador ou zombeteiro que prejudica as pessoas.
OCÓ- Homem
ODÉ - Oxossi. Oxossi mais velho.
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ODÔ, IÁ - Saudação de Yemanjá
OFÁ- Arco e flechas
OFÃ - Médium responsável pela colheita e seleção das ervas nos rituais.
OGÃ - Auxiliar nas sessões do terreiro. Ogã pode ser um protetor de Terreiro ou como
um Chefe das Curimbas. Ambos têm o mesmo grau hierárquico.
OGÓ- Falo carregado pelo Orixá Exú
OFANGE- Espada
OIÁ - Outro nome conhecido por Iansã
OJÚ- Olho
OKÊ - Saudação aos Caboclos. Diz-se assim : Okê Caboclo! Okê Oxossi.
OLHO-DE-BOI - Semente de Tucumã, gozando de propriedades protetoras contra
cargas negativas como feitiços, mau-olhado, inveja. Tem muitas utilidades no terreiro,
desde patuás até guia (colar).
OLHO GRANDE - Mau Olhado, inveja, malefício, quebranto.
OLORUM - Deus Supremo.
OMIN- Água
OMIN DUNDUM- Café
OMIN TORÔ- Água de Canjica
OMOLOCÔ - Culto de origem angolense.
OPELÊ DE IFÁ - Rosário feito de pequenos búzios e que é utilizado para ler o futuro.
ORAÇÃO FORTE - Patuá que consiste em uma oração escrita em pequeno pedaço de
papel, que a pessoa preserva em seu poder, quer guardado no bolso, ou dentro de um
pano em forma de saquinho pendurado no pescoço a fim de proteger-se ou livrá-la de
todos os males.
ORIXÁ - Divindades africanas que representam as forças do Universo Infinito. Espírito
puro. Santo.
OTÁ - pedra ritual, elemento e objeto sagrado e secreto do culto.
OTIM- Cachaça
OTIMBÉ- Cerveja
OXÊ- Machado de dois lados usado por Xangô
P PADÊ - Despacho para Exú no início das sessões ou festas, constando alimentos,
bebidas, velas, flores e outras oferendas, a fim de que os mesmos afastem as
perturbações nas cerimônias.
PADRINHO - pai-de-santo, Chefe de Terreiro.
PAI-DE-SANTO - Zelador do Santo, Chefe de Gira, Chefe de Mesa, Chefe do Terreiro.
Médium e conhecedor perfeito de todos os detalhes para o bom andamento de uma
sessão. PALINÓ - Cântico ou poema em louvor a Iemanjá
PÃO BENTO - Pão ázimo ou qualquer outro tipo de pão, ao qual se dota de forças
mágicas. É utilizado em inúmeros trabalhos para diversas finalidades. Há trabalhos com
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pão e vela benta para se localizar num rio ou no mar o corpo de uma pessoa afogada,
por exemplo.
PARAMENTO(s) - Roupas e objetos utilizados em cerimônias do ritual religioso.
PATUÁ - Amuleto que é colocado num saquitel (pedaço de pano costurado em forma
de saquinho) e é pendurado no pescoço, ou se prende na roupa de uso.
PAXORÔ - Instrumento simbólico de Oxalá usado pelos pais-de-santo em trabalhos.
PEDRA-DE-RAIO - Meteorito, Fetiche de Xangô , itá.
PEJI - altar, congá.
PEMBA - Espécie de giz em forma cônico-arredondada, em diversas cores, como seja :
branco, vermelho, amarelo, rosa, roxo, azul, marrom, verde e preto, servindo para riscar
pontos e outras determinações ordenadas pelos Guias, sendo que conforme a cor
trabalhada com pemba, pode se identificar a Linha a que pertence a Entidade, ou a
Linha que trabalhará naquele ponto.
PERU DE VELHO- Na linguagem dos Erês significa Banana
PIPOCA - comida de Omulu/Obaluaê. Grão de milho arrebentado na areia quente para
ser utilizado em descarrego. Descarrego de Pipoca.
PIRIGUAIA - Variedade de búzio.
PONTOS CANTADOS - Os pontos cantados na Umbanda são preces e a invocação das
falanges e Linhas, chamando-as ao convívio das reuniões e no auxilio dos que buscam
caridade. Assim, como toda a religião tem seus cânticos, a Umbanda usa seus pontos
cantados, dos quais, não se deve abusar. Esses hinos representam e atraem forças das
Falanges, para trabalhos de descarrego e desenvolvimento mediúnico. Pontos cantados
não devem ser deturpados, ou modificados, para que sua força não se altere, uma vez
alterado o efeito não será o mesmo, podendo até ser prejudicial.
PONTOS RISCADOS - São identificações dos Guias. Cada Guia e cada Orixá têm seu
ponto riscado. Os pontos são riscados com pemba. Mas o ponto não se resume apenas a
identificação de um guia, linha, falange ou Orixá; ele pode fechar o corpo de um
médium, pois a escrita sagrada se utiliza de magia para que qualquer espírito perturbado
não se aproxime.
PORTEIRA - Entrada de terreiro.
Q QUARÔ - Flor chamada Resedá possuidora de notáveis virtudes mágicas e
grandemente empregada em banhos e defumações.
QUEBRANTO - Mau olhado, feitiço, coisa feita. Normalmente atinge mais crianças
pagãs, mas pode atingir também crianças batizadas e adultos. O quebranto é cortado
com benzimento.
QUEBRAR DEMANDA ou QUEBRAR AS FORÇAS - É anular, desmanchar o efeito
de um trabalho para prejudicar ou perturbar uma pessoa.
QUEBRAR PRECEITO - Desrespeitar as regras e hábitos estabelecidos no ritual do
desenvolvimento ou dos trabalhos.
QUEZILA, QUEZÍLIA - Aversão, antipatia, repugnância, alergia a alguma coisa.
QUIUMBA - Espírito obssessor e perturbador. Zombeteiro.
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Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas
e Caboclo Tupynambá
R RAÚRA - Cambone. Auxiliar nos trabalhos do terreiro.
RECEBER O SANTO - incorporar. Entrar em estado de transe com o Guia ou Orixá
REINOS - Uma das divisões dos mundos espirituais. Domínios dos Orixás. Alguns
exemplos: Jurema, Pedreiras, Fundo do Mar, Humaitá, etc.
RESPONSO - Oração em latim para determinado santo para se conseguir uma graça.
ROÇA - terreiro, centro.
S SACUDIMENTO - Ato de realizar limpeza, lavagem e varredura do terreiro e/ou seus
filhos. Descarrego.
SAÍDA de IAÔ - cerimônia de iniciação do filho-de-santo no candomblé ou no culto
Omolokô.
SANTERIA - nome da religião na América Latina. Religião irmã do Candomblé.
SAL (GROSSO) - Empregado sob diversas modalidades nos terreiros, principalmente
como banho de descarrego. Ou como descarrego do local com um copo de água e sal
atrás da porta.
SALUBÁ - Saudação de Nanã
SARAVÁ - Saudação umbandista que corresponde a Salve! Viva!
SEREIA DO MAR - Janaína, princesa d’água. Pode representar também como Iemanjá
dentro de um contexto.
SINCRETISMO - Fenômeno de identificação dos orixás com os Santos Católicos.
SITARRA- Espada
T TABATINGA- Argila
U URUPIM- Cabelo
X XANÃ- Cigarro
XAXARÁ- Vassoura feita de palha da costa usada por Obaluaie/ Omolu
XERE- Chocalho usado por Xangô
Y YÓ- Sal