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ESTUDO BÁSICO RELIGIOSO

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ESTUDO BÁSICO RELIGIOSO

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Templo de Umbanda e Candomblé filhos de

Boiadeiro Lajedo Grande, Caboclo Sultão das Matas

e Caboclo Tupynambá

CONSIDERAÇÕES SOBRE A UMBANDA

"O nome de Umbanda, que foi dado a um vigoroso movimento de luz, ordenado

pelo Astral Superior, através dos Caboclos e Pretos Velhos, é termo litúrgico, sagrado,

vibrado, que significa num sentido mais profundo, o conjunto das leis de Deus."

W. W. da Matta e Silva

"A doutrina da Umbanda é um sistema religioso inspirado nas leis divinas. Sua

interpretação é feita pelos Guias Espirituais que a transmitem por via das

comunicações mediúnicas. A lógica, a justiça e a razão são as bases dos conceitos

emitidos pelas Entidades em torno de tudo o que nos rodeia na vida terrena. A doutrina

umbandista é uma via de reformação humana, de espiritualização autêntica para

transformar em realidade o almejado sonho de fraternidade entre os homens. Não é

falsa asserção, pois é notório o resultado obtido com a doutrina ininterruptamente feita

pelos espíritos missionários que se apresentam como Pretos Velhos ou Caboclos".

João de Freitas

“Não cobrar, não matar, usar o branco, evangelizar e utilizar as forças da

natureza - eis a Umbanda".

Moab Caldas

“Os conceitos emitidos através da mediunidade de Zélio de Moraes

determinaram uma linha de trabalho que será, mais hoje, mais amanhã, aquela que

definirá os rumos verdadeiros da Umbanda".

Floriano Manoel da Fonseca

"Estamos vivendo uma religião para o futuro e não para o momento presente; o

conteúdo doutrinário e a orientação filosófica devem ser estudados e apreciados de

modo seguro e preciso, porque o proselitismo é o meio visado para propagar as idéias

e estas devem estar desenvolvidas, permitindo o raciocínio em função da época

científica em que vivemos. Umbanda é o ponto de convergência ritual na fusão de raças

e crenças, como processo evolutivo num sentido de espiritualização. É o resultado da

evolução do polissincretismo religioso existente no Brasil, no qual influíram motivações

diversas, inclusive de ordem social, originando um novo culto de feição brasileira, num

aspecto de síntese para o futuro. Estratificadas as bases reais e concretas, caminhando

para uma definição ritual e litúrgica, será, como qualquer religião, sublime em seus

postulados, edificante em seus princípios, respeitável em seus propósitos, reconfortante

para os sofredores, compreensiva com os pecadores e justa em suas leis". "A Umbanda,

esteira de luz a iluminar os filhos de Deus nos caminhos das trevas, chama a si todas as

doutrinas evolucionistas que proclamam o Amor Universal, a imortalidade da alma e a

vida futura, consagrando-se como verdadeira religião de caráter nacional".

J. Alves de Oliveira

“Se a nossa missão é Umbanda, nosso dever primordial é cultuá-la com

absoluta convicção, respeitando seus princípios, estudando seus fundamentos a fim de

compreender os seus fins. Respeitemos as outras crenças, as deixamos a cargo

daqueles que a praticam. Não é certo misturar crenças e rituais. Estudemos a

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e Caboclo Tupynambá

Umbanda, pura, simples e bela, para que possamos praticá-la conscientemente,

elevando-a ao nível que merece. “Umbanda é religião e ciência admirável, que

apaixona quem a ela se dedica”.

Atila Nunes

“Religião de raízes antiqüíssimas, cujas origens remontam a eras anteriores ao

Cristianismo, sua liturgia encontra-se a cada passo do Velho e do Novo Testamento,

nos templos do Egito e da Índia e na própria Igreja Católica. Por mais remota que seja

uma religião, nela encontraremos os vestígios da Umbanda, ou seja, sob outro ponto de

vista, de cada uma delas a Umbanda dos nossos dias colheu uma contribuição para

consolidar a sua própria liturgia. Mas assim como a velha religião mosaica, à qual

pertenciam os homens que falavam face a face com o próprio Deus, teve de ser

expurgada por Jesus de todo rito impuro, a Umbanda deixou para trás a seita que os

cientistas classificavam de animismo fetichista e, libertada dos rituais complexos,

pesados e, por vezes, contrários às normas de bondade, caridade e perdão, passou a

ser o caminho mais simples e acessível para o homem se aproximar do Criador".

José Álvares Pessoa

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MENSAGEM AOS MÉDIUNS DE UMBANDA

"Por ser atributo do ser espiritual a mediunidade é faculdade que o acompanhará

onde quer que este se encontre. O médium não só o é nos dias e instantes que antecedem

o fenômeno durante as sessões de um terreiro – essa condição se faz presente vida a

fora, dia-a-dia. Muitos filhos se esquecem dessa particularidade e quando saem do

terreiro não se lembram dos ensinamentos repassados pelas entidades. Se um médium é

dócil, gentil, educado, fraterno em suas atitudes não o deixará de ser após as sessões; da

mesma forma que se a hostilidade lhe molda a personalidade em seu cotidiano, essa

característica apresentar-se-á na sua conduta como médium, muito embora conte com

toda amorosidade, disciplina e seriedade de sua Banda. É comum vermos na lida diária

a despreocupação dos médiuns em cultivar a serenidade, a paz interior e a gentileza

natural. E aí o que acontece?

Acontece que muitas entidades que lhe seguiram os passos após a sessão,

precisando de seus exemplos no bem, a fim de entenderem o significado da palavra

caridade de forma materializada, verão ruir por terra toda aquela aparência de bom

moço e então na próxima sessão o médium chegará ao terreiro não se sentindo bem e

normalmente alegará que está com algum "encosto" a lhe perturbar e que precisa de

ajuda da corrente, pois na última semana nada em sua vida deu certo. Também pudera!

Esqueceu que seu compromisso não é só no terreiro e se permitiu envolver com energias

densas em ambientes não tão saudáveis a sua manutenção de bem-estar. E o que é pior:

ainda fala que a culpa foi de seu Exu ou de sua Pomba Gira que não o protegeu! Como

coisa que sejamos babás de plantão e não tenhamos serviços a executar. Há ainda alguns

que dizem: "mas eu faço tudo certinho tomo meus banhos, acendo minhas velas, firmo

minha Banda e só vivo atrapalhado!"

Afirmamos que assim esse médium continuará até que perceba que a Umbanda

faz caridade e não milagres! Que a Umbanda mostra o roteiro, porém quem tem que

trilhar são os filhos. Que nela não há facilitações muito embora não existam

impossibilidades – desde que se queira melhorar – afinal de contas por que vocês

médiuns estão na Terra em um corpo físico? Já pararam para pensar nisso? Não pensem

vocês que estou querendo colocá-los numa postura de santidade. De forma alguma! Pois

lugar de Santo é no Céu e lá a lotação já está pra lá de esgotada ou então em oratório. Só

estou querendo mostrar que nada passa despercebido à lei do Todo Poderoso e que não

adianta colocar máscara de bonzinho porque com o tempo essas se desfazem. Não

passem a culpa de seus mal-estares às entidades. Não coloquem vossas

responsabilidades em nossos ombros e façam a vossa parte, porque a nossa já o

fazemos. Ou vocês duvidam disso?

E então meu filho em qual Encruzilhada iremos nos encontrar? Em qual delas

vou te buscar? Saravá aos filhos dessa Banda!”

Autoria Espiritual: Maria Padilha das 7 Encruzilhadas

Transcritor: Mãe Luzia Nascimento

Local: Centro Espiritualista Luz de Aruanda

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POR QUE DEVEMOS ESTUDAR A UMBANDA?

Sabemos que cada terreiro de Umbanda tem seus fundamentos, sua direção, sua

liderança, seus princípios, sua história e suas particularidades tanto quanto nos rituais de

culto quanto nas doutrinas professadas. Sabemos também que não existe uma doutrina

única da Umbanda, mas podemos afirmar que ela tem suas raízes fundamentadas nos

cultos de nação, indígena, espírita e cristão, abrindo assim um leque de diversidades

onde se justificam todas essas diferenças. Então, devemos começar por respeitar essas

diferenças, pois para entendermos essas particularidades se faz necessário um estudo

detalhado das origens de cada casa. Hoje com o avanço da ciência e da tecnologia, o

homem mudou muito seus conceitos em relação ao mundo onde vive, sobre si mesmo e

o sobrenatural. Podemos ao simples toque de uma tecla, acessar vários materiais

divulgados nos diversos meios de mídias, onde vemos cada vez mais exposto as

particularidades de cada terreiro.

A facilidade a esse conteúdo, muita das vezes, faz com que um terreiro acabe,

mesmo que subjetivamente, influenciando um ao outro, havendo assim uma troca de

experiências e de conhecimentos, o que de certo modo vem sendo muito importante

para o crescimento da Umbanda. Esse diálogo através da mídia vem se fundamentando

cada vez mais, tornando-se raros os grupos que se fecham não procurando estudar e

aprender com essas diversidades. Acreditamos que através desse diálogo e de um debate

aberto, se possa chegar a um consenso quanto a Doutrina da Umbanda e o respeito

mútuo entre seus praticantes. Os dirigentes de terreiros, que ainda não o fazem,

deveriam começar a dar a devida importância também aos estudos doutrinários, para

que o novo adepto tenha uma base sólida e bem desenvolvida, assim ele próprio poderá

discernir quanto o que é "certo" e o dito ”errado”. Sem esse estudo, o adepto ficará sem

fundamentos, sem bases, o que alimentará ainda mais a ignorância e discórdia entre os

umbandistas. Em muitos terreiros ainda não existe um estudo teórico e fundamentado da

religião. O que impera, infelizmente, é que este estudo é desnecessário e que devemos

apenas seguir as orientações recebidas dentro do terreiro, essas que em sua maioria são

somente práticas, onde o adepto aprende através da vivência e da observação no dia-a-

dia de seus trabalhos na casa, ou conversando e tirando suas dúvidas com os outros

filhos do terreiro. Não se permite também, de forma alguma, que um médium visite

outro terreiro, justificado muita das vezes, pelo dirigente, pelas demandas que

enfrentarão. Assim vemos muitos terreiros ainda fechados a preceitos antigos.

Deixamos claro aqui que até concordamos em parte com essa proibição, quando é pela

falta de preparo do médium e/ou por ele ainda está em fase de desenvolvimento. Por

isso se faz necessário o estudo aprofundado da Doutrina Umbandista, não como

imposição, mas como um diálogo aberto. O adepto deve sim seguir as orientações da

casa, seus fundamentos, mas nada impede que ele como forma de estudo pesquise todas

as correntes, suas literaturas e rituais. Essa pesquisa deve ser vista como forma de

enriquecimento do saber, o que certamente servirá para agregar valores aos

fundamentos do médium e da própria casa.

Vemos, na maioria das vezes, a Umbanda sendo abordada em debates por dois

aspectos: Razão e Emoção. Quando é abordada pela Emoção utilizam-se a fé e a

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afinidade de pensamentos, se fechando assim a outras abordagens e explicações tanto

para os fenômenos quanto para os rituais. Por outro lado quando ela é abordada pela

Razão se utilizam somente do conceito lógico e científico para buscar essas explicações.

As duas formas são necessárias, mas se levadas ao extremo podem acarretar grandes

problemas. Por exemplo: quando nos deixamos levar somente pela Emoção, agimos de

forma cega e não admitimos ser contrariados, nos fechando a um fundamento e isto é

suficiente. O grande perigo é a proliferação do fanatismo religioso, onde pela ignorância

podemos ser levados ao erro, e só fazemos isso ou aquilo quando o dirigente ou o

mentor da casa disser para fazer. Em prática, isso nos leva ao ostracismo, a obtusação e

a nos tornar marionetes ou meros fantoches nas mãos de pretensos sábios e donos da

verdade. Mas também pode ser muito perigoso agirmos somente com a Razão, levando

em consideração somente a lógica, o pensamento científico e a pesquisa aprofundada na

busca de uma explicação dos assuntos, pois levada ao extremo, nos tornará materialistas

e pretensos donos da verdade. É preciso então, procurar um ponto de equilíbrio entre

ambas, Razão e Emoção, sempre buscando, com bom senso, as explicações e

fundamentos com a cabeça aberta ao diálogo e ao novo.

A Doutrina da Umbanda deve ser baseada nesse equilíbrio, facilitando o

conhecimento dos temas abordados e solidificando a cada dia seus fundamentos. Não

devemos estudar a Umbanda sem levar em consideração todas as suas raízes, nos

limitando somente a prática da incorporação mediúnica, muito menos perder tempo

discutindo os rituais utilizados por este ou aquele terreiro. Devemos deixar esta questão

para outro estagio e nos aprofundarmos nas suas origens para assim construirmos

convicções sólidas baseadas na verdade, no amor e na caridade, pois só assim veremos

os rituais se modificando por si próprios.

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RELIGIÃO

QUE É E O PORQUÊ DAS DIFERENTES PRÁTICAS E RITUAIS

Sabendo que as práticas e rituais das diversas seitas e religiões existentes são

completamente diferentes, nos pegamos com as seguintes questões:

Os evangélicos? Os espíritas? Os umbandistas? Os candomblecistas?

Quem de nós ainda não se fez uma dessas perguntas um dia? Afinal, qual

seguimento religioso é o mais correto? Podemos afirmar que, mesmo dentro dos

templos de uma mesma religião, sempre há diversidades em suas práticas e rituais. Para

entendermos um pouco o porquê dessas diferenças começaremos explicando o que é

“RELIGIÃO”. Dentro do que se define como religião podemos encontrar muitas

crenças e filosofias diferentes entre si, porém ainda assim é possível estabelecer uma

característica em comum entre todas elas, que é o fato de todas possuírem um sistema

em crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades ou deuses, e que

também costumam possuir relatos sobre a origem do universo, da terra, do homem e

sobre o que acontece após a morte. A idéia de religião, com muita freqüência,

contempla que essas divindades ou seres superiores, que geralmente pertencem a um

sistema hierárquico, teriam influência e o poder de determinação no destino do ser

humano.

Eles são conhecidos como anjos, demônios, elementais, deuses e semideuses.

Outras definições mais amplas dispensam a idéia dessas divindades e focalizam suas

doutrinas nos papéis de desenvolvimento de valores morais, de códigos de conduta e no

senso cooperativo em uma comunidade. Buscando mais a fundo, veremos que religião

pode ser definida como um conjunto de crenças naquilo que conhecemos como

sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e

códigos morais que derivam dessas mesmas crenças. Sendo assim, podemos determinar

que Religião é a religação, pouco importando por que caminhos sejam da criação, o ser,

com suas raízes criadoras. Então, desde que um grupo qualquer, em qualquer lugar do

mundo, esteja trabalhando para alcançar novos níveis de conhecimentos com práticas

que os levem na direção do Criador, não importando a doutrina que seguir, ele estará

praticando Religião. Por outro lado, se as práticas e rituais do grupo visam muito mais a

busca dos valores materiais que dos espirituais, a prática deixa de ser considerada

Religião, pois não procura a religação da criação com seu Criador e sim da criatura com

a matéria. Visto por esse lado, podemos afirmar que todas as reuniões e cultos, sejam

elas Espíritas, de Umbanda, os Cultos de Nação Africana, os Cultos Evangélicos, ou as

missas Católicas, podem ser consideradas Religião desde que cumpram o objetivo de

tentar religar seus adeptos ao Poder Criador, ou a Energia Criadora, ou simplesmente

DEUS. Nessa busca por Deus, são várias as doutrinas ou cartilhas que podem ser

adotadas, mas sejam elas quais forem deverão sempre conduzir seu seguidor através de

praticas e rituais que o elevem a níveis superiores de consciência, pois somente através

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da elevação da consciência ele estará no caminho de encontrar-se com seu CRIADOR

ou seu DEUS.

Podemos observar, por essa seqüência lógica, que não basta estarmos reunidos e

falando de Deus, qualquer que seja o nome que Lhe queira dar, que estaremos

praticando religião. Há algo muito mais profundo no sentido dessa palavra, que

infelizmente é esquecido por muitos: só estaremos realmente praticando religião quando

nos predispusermos a "sair de dentro de nossa casca" e abrirmos nossos corações para o

mundo buscando, seja lá por que caminhos escolhermos, nossa elevação e se possível a

de outros seres com menos compreensão. Isso explica porque a maioria das religiões

prega tanto a chamada CARIDADE, que na sua essência não deixa de ser uma prática

onde a pessoa se esquece de seu "mundinho", por alguns instantes que seja no sentido

de fazer um bem ao outro.

E só pelo fato de se desprender de suas atribulações e agir com amor ao próximo

por alguns instantes já faz com que naqueles breves momentos esteja se religando. É

importante que se diga, no entanto, que se a caridade não for feita de boa vontade, com

a verdadeira intenção de auxílio e com o conseqüente desprendimento de si mesmo, ela

não estará funcionando como religação ou religião. É o caso daqueles que acham que,

por darem esmolas nas ruas comprarão o afeto de DEUS, mas na verdade estarão é

acostumando o ser ali presente ao dinheiro fácil. Caridade fizesse, se o levassem lhe

dessem bons tratos e orientação para que encontrasse seu caminho na vida. A verdadeira

caridade é aquela que dá a vara de pescar e, com amor, ensina seu uso.

Dar o peixe saciaria a fome momentaneamente, mas o aprendizado do uso da

vara dará ao aflito a condição de conseguir, após a aprendizagem de seu uso, muitos

outros peixes com o que se alimentará. Já em relação às práticas e rituais utilizados

pelos diferentes grupos ditos religiosos, podemos dizer que essas diversidades

acontecem mais pela interpretação que os dirigentes de cada templo dão aos

ensinamentos que lhe foram passados por quem lhes ensinou a doutrina que professam,

e ainda continuam sendo passados intuitivamente por seu acompanhamento espiritual. É

isso mesmo! Não é porque o dirigente não é espírita que não recebe parte de seu

aprendizado de entidades espirituais, a esses ensinamentos eles dão às vezes o nome de

"sopro divino" ou dizem que foi por "inspiração do espírito santo". O que importa

realmente é sabermos que mesmo que leiam e preguem pela mesma cartilha, você

sempre observará, devido a essa interpretação do dirigente, variações nos cultos e

missas, mesmo nos templos da mesma religião.

Veja só como exemplo os Cultos Cristãos, seja ele Católico ou Protestante, se

eles que têm como livro de consulta padrão apenas um, a Bíblia, variam seus cultos,

como é que religiosos de outras linhas, que não têm um livro padrão por onde se

guiarem podem executar rituais exatamente iguais? Agora em se tratando de grupos

espíritas ou espiritualistas, essa diferença acaba sendo ainda maior, pois eles têm um

contato mais efetivo com entidades astrais, que os transmitem com muito mais

freqüência esses ensinamentos e normalmente adaptados à condição de cada grupo de

trabalho, ou pela interpretação do mediador ou pelo grau de evolução da entidade que o

estiver passando.

Agora já dá para respondermos as questões do início deste tema. Sendo simples

a resposta a elas: TODOS ESTARÃO CORRETOS ENQUANTO SUAS PRÁTICAS E

RITUAIS ESTIVEREM DIRECIONANDO SEUS ADEPTOS A RELIGAÇÃO COM

SEU CRIADOR. Já os Rituais, na verdade, são meramente protocolos e rotinas criados

ou intuídos pelos Dirigentes, que visam colocar os adeptos em sintonia com o ambiente

e conseqüentemente com a “agrégora” local.

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Para se começar qualquer tipo de reunião religiosa, seja em que grupo for

sempre há, primeiramente, um ritual de preparação que pode ser desde o mais simples

até os mais complexos, onde são inseridos diversos artifícios como: cânticos,

defumações, pregações, orações e palestras. Se em qualquer um dos casos o Dirigente

conseguir fazer com que representantes e assistentes entrem em sintonia com as

vibrações que se pretende buscar, então o ritual cumpriu o seu papel e poderá ser

considerado correto para aquele fim. Então se você quiser classificar em níveis de

correção um determinado ritual será preciso verificar o quanto esse ritual cumpriu seu

objetivo, o que poderá ser percebido pela força da agrégora que vai se formando, se

você for um médium vidente, ou no nível de participação de todos os presentes, pois

quando há respeito, atenção e participação ativa de todos certamente a egrégora é forte e

o objetivo pôde ser alcançado. Encarando por esse ângulo você poderá, até dentro de um

mesmo grupo, classificar o ritual utilizado ora como mais correto ora como menos

correto.

Observemos agora, o que normalmente acontece em um Terreiro de Umbanda:

Primeiro abrem-se os trabalhos com os rituais próprios de cada casa: firmeza de velas

para as entidades guias do terreiro, pontos de defumação, defumação, às vezes algumas

orações; começam então os cânticos ou pontos de chamada para as entidades dirigentes,

as saudações aos Orixás; até aí tudo bem, todos participando e atentos.

Então, passando essa “abertura” começam os cânticos para a chegada das

entidades de trabalho e a partir daí é que a seção começa se tornar um "deus nos acuda",

porque geralmente a assistência vira platéia e quem antes estava atento, normalmente

pela curiosidade, começa a disputar melhor ângulo de visão; ou a conversar com o

vizinho ressaltando esse ou aquele caso em que esteve envolvido; ou julgando os

melhores e piores médiuns ali presentes, isso quando não podem sair do ambiente e ir lá

para fora falar dos mais variados assuntos, nada relacionados aos trabalhos que estão

sendo realizados.

Pois bem, qual é a conseqüência disto no plano astral:

1º. A egrégora, por mais bem feita que tenha sido no início, antes mesmo de

conseguir atrair uma boa quantidade de energia de igual teor começa a desmontar. Se o

corpo mediúnico permanecer em estado de concentração, a energia ou corrente de

energia se centralizará sobre eles e se nutrirá das energias que eles gerarem, causando

um desgaste desnecessário;

2º. Havendo pessoas realmente necessitadas na assistência, ao serem atendidas,

servirão como "ralos" por onde se escoará toda a energia do ambiente, que por sua vez,

para que se mantenha em um nível aceitável, deverá ser constantemente revitalizada

pelo esforço desses mesmos médiuns, causando mais desgaste;

3º. Não raramente, podemos observar também, no comportamento dos próprios

médiuns e cambônos e apoiadores atitudes semelhantes às dos assistentes quando,

estando ali incorporada a entidade chefe ou algumas entidades, os que não estão

atuando, incorporados ou auxiliando, acham-se no direito de conversarem entre si ou

com a assistência, quando não ficam "de orelha em pé" para poderem escutar o que uma

entidade está falando para um consulente. Nesse caso, o foco de energia ambiental

diminui ainda mais em quantidade e qualidade sendo que o pouco que é gerado, o é

apenas por aqueles que estão ativos, incorporados ou auxiliando.

Agora preste atenção em seu grupo. Veja se durante todo o tempo de reunião

todos estão atentos e com suas mentes realmente voltadas para o sucesso dos trabalhos.

E aí o que constatou? Se você ou seu grupo se encaixa nas citações acima, comece então

fazendo sua parte, mude sua postura e seus atos, não é porque você não é um médium

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de incorporação, que não é importante para o desenvolvimento dos trabalhos, você

também é um doador de energia. Também não adianta ser hipócrita e "deixar a coisa

rolar", achando que não é sua obrigação, ou que isso é responsabilidade do Dirigente, ou

“que se o fulano faz, eu também posso fazer”, pois certamente mais cedo ou mais tarde

os problemas começarão a acontecer em decorrência dessa sobrecarga. Mas que

problemas? Os mais diversos, sendo que quase sempre começam pelo abalo da saúde

física e às vezes até mental de certos médiuns, passando pelas dificuldades financeiras,

problemas familiares e outros mais, sem que para isso tenha necessariamente havido

ação de qualquer entidade malfeitora.

Bastando que haja por algum tempo um desequilíbrio entre dar e receber

energias positivas para que a absorção de energias de baixo teor se faça e atraia consigo

os mais diversos tipos de problemas. Você duvida disso? A lei mais importante para os

que lidam com a manipulação desse tipo de energia é A LEI DAS AFINIDADES, que

diz: "OS IGUAIS SE ATRAEM". E ao se imantarem com energias negativas, seja pela

sobrecarga gerada em uma seção ou pela sua conduta moral, os médiuns passam a ser,

cada vez mais, focos de atração também para Entidades do Baixo-Astral, que

sintonizam bem com essas energias e vão logo aproximando e aproveitando a

oportunidade para aumentarem seu sofrimento.

Aí logo nos perguntamos: Onde estão os Protetores? Onde estão os Guias? Eles

não deveriam fazer alguma coisa? Mas quem disse que não fazem, ou pelo menos não

tentam fazer. É preciso que fique bem claro que os processos de deterioração na vida de

um médium, ou de qualquer pessoa, não acontecem da noite para o dia e até que se

estabeleça essa deterioração, tenha certeza de que muitos avisos são dados, isso é claro,

quando há entidades verdadeiramente positivas atuando junto ao grupo.

Se um grupo, no entanto não é disciplinado e principalmente não sabe ou não

quer passar aos assistentes a necessidade dessa disciplina, fatalmente correrá o risco de

amanhã estar envolvido com os mesmos problemas daqueles que hoje os procuram para

pedir ajuda. Então, para uma participação efetiva em qualquer ritual religioso é preciso

que o conceito de DISCIPLINA esteja vivo na consciência de todos. Devemos parar de

cometer um mundo de insanidades e começar a assumir as besteiras que fazemos antes

de sair pondo a culpa por tudo que acontece em nossas vidas na Religião ou na

espiritualidade.

E você se for uma pessoa consciente e de bons princípios, como umbandista ou

praticante de qualquer outra corrente espiritualista, tem a obrigação de ser pelo menos

honesto aos seus princípios e procurar fazer sua parte. Não devemos também ficar

combatendo e atacando, mesmo que por defesa, essa ou aquela religião, pois não é com

combate a outros grupos religiosos que vamos fazer da nossa Umbanda, ou qualquer

outra religião, um exemplo a ser seguido. Muito pelo contrário, se nós umbandistas, ou

os espíritas, ou militantes dos Cultos de Nação, pretendemos ver nossos "santuários e

doutrinas" respeitados, devemos começar primeiramente respeitando nós mesmos

nossas próprias doutrinas, estudando-as e praticando-as honestamente. Não seria, de

forma alguma, combatendo grupos e doutrinas que se faria vigorar a nossa como a dona

da verdade, já que nenhuma delas o é na totalidade. É preciso que se observe em cada

uma, o que há de realmente positivo e para melhor analisarmos é necessário que

comecemos antes por "arrumar a nossa própria casa".

Sejamos conscientes de que essa grande diversidade de religiões e seitas que

existem no Brasil e no mundo, são frutos das diversas correntes filosóficas espirituais

existentes também no Mundo Astral e se formam na Terra em virtude da maior ou

menor aceitação dos seres encarnados que a elas vão se achegando, de acordo com o

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que julgam ser melhor para cada um, através da Lei da Afinidade. Continuemos sempre

em busca do verdadeiro caminho, seja ele qual for, tendo a certeza de que NINGUÉM É

DONO DA VERDADE e o principal objetivo de uma religião deva ser sempre a

evolução de seus adeptos, independentemente de sua doutrina, suas práticas e seus

rituais.

SINCRETISMO RELIGIOSO E SUAS ORIGENS NO BRASIL

Sincretismo é a fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças

religiosas quanto nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de

concepções religiosas diferentes ou a influência exercida por uma religião nas práticas

de outra. No Brasil o sincretismo religioso é uma prática bastante comum. Mas tudo

começou a partir do ano de 1500, quando o território brasileiro tornou-se palco para o

encontro de três grandes tradições culturais: a ameríndia, nativa da terra; a européia,

trazida pelos colonizadores portugueses e mais tarde a africana, trazida pelos escravos

bantos e sudaneses.

Um encontro que foi, desde o início, marcado pela imposição da cultura

européia às populações indígenas e africanas, refletida, principalmente, na imposição da

cultura cristã da Igreja Católica Apostólica Romana a esses dois grupos. Para se viver

no Brasil, nesta época, o índio e o negro mesmo como escravo, e principalmente depois,

sendo livre, era indispensável antes de tudo, ser católico. Por isso eles que cultuavam

seus deuses e tinham suas bases religiosas bem estruturadas, no Brasil se diziam

católicos e se comportavam como tais, além de praticarem os rituais de seus ancestrais,

freqüentavam os ritos católicos. Há antropólogos que insistem que a assimilação entre

os Santos e os Orixás era aparente e, inicialmente, serviu para encobrir a verdadeira

devoção aos seus deuses, pelo fato dos cânticos nesses rituais terem sido efetuados em

língua nativa e que ninguém os entendia. Um fato histórico que pode opor-se a este

pensamento é a criação das confrarias de negros, como exemplo temos a Irmandade de

Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na Bahia, que era totalmente composta

por negros que haviam realmente se convertido ao Cristianismo e não eram apenas uma

fachada.

Essa tentativa forçada de aculturação

sempre encontrou resistência, o que acabou

resultando em várias tentativas feitas por

indígenas e africanos de conciliar os princípios de

suas culturas e, por conseqüência, de suas

tradições religiosas, a doutrina cultural e religiosa

que lhes eram impostas.

Na tentativa de preservação dos princípios

e práticas religiosas indígenas e africanas, por

meio da conciliação com os princípios e práticas

católicas, acabaram levando ao nascimento de

várias manifestações sincréticas em solo brasileiro,

únicas no mundo, algumas delas existentes até os

dias de hoje. Mas infelizmente existem poucos

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estudos sobre a grande maioria delas, o que veremos aqui, é uma pequena idéia de como

eram as bases dessas duas culturas religiosas, o sincretismo entre elas e os processos

que as levaram a dar origem a outras.

O início de tudo se deu com a religiosidade Tupi, embora várias nações

indígenas habitassem o território brasileiro durante os primeiros anos da colonização

européia, nenhum grupo foi tão influenciado pelos portugueses quanto os tupis, que no

século XVI dominava quase todo o litoral brasileiro e era formada pelas tribos:

Potiguar, Tremembé, Tabajara, Caeté, Tupinambá, Aimoré, Tupiniquim, Temiminó,

Tamoio, e Carijó.

É muito difícil tentar reconstruir com detalhes as tradições religiosas e crenças

tupis na época do descobrimento do Brasil, pois o que sabemos sobre elas deve-se aos

relatos feitos por europeus que se estabeleceram aqui no início do período colonial, os

quais não se preocuparam em estudar e deixar registros detalhados das mesmas. O que

podemos apreender dos relatos dos primeiros colonizadores sobre a religiosidade tupi

foi que seu ponto central era o culto à natureza deificada ou divinizada. O pajé e o

feiticeiro, ou xamã, eram os que tinham acesso ao mundo dos mortos e dos espíritos da

floresta, e geralmente a eles competiam realizar rituais de cura de doenças, expulsarem

maus espíritos que se alojavam nos corpos das pessoas e desfazer feitiços mandados

pelos inimigos.

A ingestão de alimentos e bebidas fermentadas em muitos grupos tinha uma

função ritualística. Mesmo a antropofagia que caracterizou os tupinambás se revestia de

um tom sagrado, pois acreditavam que, comendo a carne dos seus inimigos,

apoderavam-se de sua valentia e coragem.

Os tupis possuíam uma divindade suprema do bem que denominavam

Nhanderuvuçu, deus da criação e da luz e a quem competia o ato divino do sopro da

vida. Nhanderuvuçu teria sua morada no Sol, manifestava-se nas tempestades através de

sua voz, na forma de Tupã Cinunga e de seu reflexo, na forma de Tupã Beraba.

Segundo Câmara Cascudo e Osvaldo Orico, grandes historiadores e estudiosos da

cultura brasileira, somente com o trabalho da catequese, e com a confusão feita pelos

jesuítas, que Nhanderuvuçu passou a ser chamado de Tupã, em virtude das formas como

essa divindade se manifestava durante as tempestades.

Os tupis acreditavam também em outras divindades, como Guaraci (o deus do

sol), Jaci (deusa da lua), Caapora (deus da floresta), Uirapuru (deus dos pássaros),

Iara (deusa das águas) e em uma entidade civilizadora denominada Iurupari , filho da

virgem Chiuci, que teria sido mandado à terra por Guaraci para reformar os costumes

dos seres humanos. Segundo Diamantino Trindade essa crença que lembrava muito a

história de Jesus Cristo, teria deixado os jesuítas apavorados. Como forma de tornar a

religião católica mais fácil de ser assimilada pelos indígenas, os jesuítas associou ao seu

deus e santos os nomes de algumas divindades tupis. Foi assim, por exemplo, que

Nhanderuvuçu passou a ser chamado de Tupã e foi transformado em Deus/Pai.

Entretanto, na maioria dos casos, os jesuítas associaram os deuses indígenas aos

demônios da doutrina católica.

Foi o caso, por exemplo, de Iurupari, que teve sua imagem totalmente invertida e

acabou sendo associado ao próprio diabo, embora sua história lembrasse muito a de

Jesus. Isso tudo acabou gerando a primeira religião sincrética surgida no Brasil da

junção da Religiosidade Tupi e do Catolicismo, que ficou conhecida como

SANTIDADE, nome criado por Manoel da Nóbrega, em 1549, quando viu um pajé em

transe pregando a outros indígenas.

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Os adeptos da Santidade cultuavam um ídolo de pedra, chamado de Tupanaçu,

que acreditavam possuir poderes sagrados, rezavam usando cruzes, terços e rosários,

construíam “igrejas” e colocavam tábuas com desenhos de símbolos sagradas nelas,

cultuavam alguns santos católicos e entoavam cantos em honra aos mesmos, faziam um

ritual semelhante ao batismo e realizavam procissões. Neste mesmo período, com o

início dos trabalhos de catequese na região amazônica, a partir da cidade de São Luís do

Maranhão, iniciou-se um processo de sincretismo entre a religiosidade ameríndia local e

o catolicismo, semelhante ao que ocorrera no litoral, levando ao surgimento da religião

sincrética conhecida pelo nome de PAJELANÇA.

Embora o termo pajelança acabe sendo usado também para designar todo e

qualquer ritual ameríndio, ele aqui designa a religião sincrética de caráter mágico-

curativa que ainda existe nos dias de hoje na região amazônica, sobretudo nos estados

do Pará e do Amazonas. A exemplo da Santidade, nos rituais da Pajelança são

encontrados o uso de trajes nativos (pena, arco, flecha, colares, máscaras), cantos e

danças, a fumaça derivada da queima do tabaco e o consumo de bebidas fermentadas,

que permitem ao pajé entrar em transe místico e ter visões e incorporar espíritos.

Em algumas Pajelanças pode-se encontrar também a devoção aos santos

católicos. Uma característica marcante da Pajelança é que além de incorporarem os

espíritos dos antepassados das tribos e de antigos chefes do culto, os pajés também

incorporam espíritos animais, sejam eles reais como: jacarés, botos, cavalos-marinhos,

cobras ou imaginários como: mãe d'água, cobra-grande, e por meio dos quais

descobriam a causa das doenças de seus consulentes e os remédios para eles.

A partir do século XV inicia-se uma das maiores migrações forçadas da história

da humanidade, na qual milhões de africanos que haviam sido capturados em seus

territórios ancestrais, na maioria das vezes por outros africanos de tribos rivais, foram

levados para o litoral e vendidos como escravos para os europeus e brasileiros em

portos específicos na África e trazidos nessas condições para o Brasil.

No final do século XVI ao final do século XVIII, a principal etnia trazida para o

Brasil foi a dos Bantos, povo que durante o período colonial brasileiro ocupava a maior

parte do continente africano situado ao sul do equador, na região onde hoje está

localizado o Congo, a República Democrática do Congo, Angola e Moçambique, entre

outros. Parece que a grande maioria dos Bantos que foram trazidos para o Brasil

cultuava um deus supremo chamado de Nzambi, Nzambi Mpungu ou Anganga Nzambi,

ou simplesmente Zambi como é conhecido hoje, e a natureza deificada que era

personificada nas divindades chamadas Nkises.

Assim que chegavam ao Brasil, os africanos escravizados eram logo submetidos

à aculturação portuguesa, traduzida principalmente na catequese católica: eram

batizados e recebiam um nome “cristão”, pelo qual seriam conhecidos a partir daquele

momento. Assim como os tupis, os bantos também tentando preservar suas tradições

religiosas no Brasil, adaptaram suas crenças às condições de escravidão que estavam

submetidos.

A principal forma encontrada por eles, como foi feito também pelos tupis

décadas antes, foi associar os santos católicos aos seus deuses, no caso aqui os Nkises,

de acordo com as características ou arquétipos que ambos possuíam em comum. Foi a

partir deste sincretismo, ocorrido no interior das senzalas a partir do final do século

XVI, que nasceu a primeira manifestação sincrética da religiosidade banto/católica no

Brasil: o CALUNDU. Seu nome foi originado da palavra banto Kilundu, que até o

século XVIII foi utilizada para designar genericamente a manifestação de práticas

africanas relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de

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percussão, nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e

curas por meio de rituais de magia.

O que nos chama a atenção são os relatos da aparente tolerância manifestada

pelos proprietários de escravos ao Calundu. Muito provavelmente essa atitude devia-se

a crença de que com essa prática os africanos manteriam vivas, pelo menos dentro da

senzala, as rivalidades tribais existentes na África, o que dificultaria a formação de

rebeliões ou fugas.

É importante ressaltar que, apesar dessa tolerância, os aspectos ritualísticos do

Calundu ligados a magia e a incorporação de espíritos eram freqüentemente combatidos

por serem considerados coisas malignas, surgindo daí a expressão magia negra para

designar a magia voltada para o mal, que na mentalidade da época era “coisa de negro”.

Ao longo de todo o período de escravidão negra no Brasil, inúmeras foram as tentativas

bem sucedidas de fugas das senzalas empreendidas pelos africanos.

Os relatos dos inúmeros quilombos existentes no país ao longo dos períodos

colonial e imperial são a prova mais marcante disso. Entretanto, no início, antes do

surgimento dos primeiros quilombos, os africanos que conseguiam sucesso em suas

fugas só conseguiam abrigo nas aldeias indígenas do interior. Mais do que abrigar os

primeiros africanos bantos fugidos das senzalas, as aldeias indígenas abrigariam toda a

cultura e religiosidade deles, que acabaria por influenciar sua própria cultura e

religiosidade.

Muito provavelmente no nordeste do século XVII, onde uma pequena parcela de

religiosidade dos bantos acabou se misturando ao sincretismo ameríndio-católico do

interior, levando ao surgimento da primeira religião sincrética brasileira, o CATIMBÓ,

surgida da fusão religiosa dos três povos formadores do país, também conhecido como

CULTO À JUREMA, resistente até os dias de hoje em todo o nordeste brasileiro.

Apesar de existirem a incorporação de Caboclos no Catimbó, seu culto baseia-se

principalmente nas entidades conhecidas como Mestres da Jurema ou apenas Mestres, e

é através deles que se realiza o principal trabalho das entidades do Catimbó, a cura de

doenças e a receita de remédios para os males físicos, podendo também ocorrer

trabalhos para solucionar alguns problemas materiais e amorosos. Cabe também aos

Mestres e aos Caboclos realizar a limpeza espiritual dos adeptos e a expulsar maus

espíritos das pessoas.

Os Mestres são entidades que se especializam em determinada erva ou raiz e que

guardam muito do comportamento e personalidade de sua última encarnação, o que os

torna muito naturais e espontâneos, além de possuírem uma forte ligação com a sua

caracterização física. Uma característica que chama a atenção é que não existem

Mestres do bem ou do mal: eles tanto podem trabalhar para um quanto para o outro,

dependendo da orientação do local de culto e do médium. Ao longo dos séculos XVII e

XVIII cresce consideravelmente o número de cidades em todo o país, devido a esse fato,

surge uma situação completamente nova em todo o território colonial: o aumento do

número de negros e mulatos alforriados, livres, e de escravos circulando com relativa

liberdade nessas áreas urbanas.

A partir das residências desses negros e mulatos livres, localizadas em sua

grande maioria em casebres e cortiços, que as manifestações religiosas de origem

africana encontraram condições mínimas para se desenvolverem, onde poderiam

realizar suas festas com certa freqüência, construírem e preservarem seus altares com os

recipientes consagrados aos seus deuses. São nessas residências que surgem em fins do

século XVIII e início do século XIX, uma nova manifestação sincrética brasileira, que

ficou conhecida na Bahia como CASAS DE CANDOMBLÉ.

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O Candomblé surge então com base no fortalecimento das tradições religiosas

dos bantos preservadas no sincretismo com o Calundu e a assimilação de algumas

poucas práticas indígenas que sobreviviam nos quilombos e nas aldeias indígenas dos

arredores deles. Pelo fato de servirem como moradia e também como locais de culto, as

Casas de Candomblé se estruturavam com base em famílias-de-santo, que estabelecia

entre seus adeptos uma espécie de parentesco religioso, característica que foi um

importante legado a outras religiões sincréticas que se originaram a partir dele. Já a

partir da década de 1840 intensifica-se o tráfico de escravos da etnia sudanesa através da

“Rota da Mina”, que tinha como origem os portos africanos de Lagos, Calabar e,

principalmente São Jorge da Mina, superando no período todas as demais em termos de

escravos trazidos ao Brasil. A etnia sudanesa era originada principalmente da África

Ocidental, na região onde hoje está localizado a Nigéria, Benin, Togo e Gana, e é

formada pelos povos Iorubá, Ewe, Fon e Mahin, entre outros.

Apesar de inicialmente muitos terem ficado conhecidos apenas como mina, ao

longo do século XIX os escravos da etnia sudanesa passaram a ser conhecidos sobre

outra nomenclatura, devido a rivalidade e a diferença cultural existente entre os povos

Iorubá e Ewe/Fon, que foi transportada da África para o Brasil junto com eles. Dessa

forma, o povo Yorubá passou a ser conhecido no Brasil como mina-nagô ou nagô,

enquanto os povos Ewe, Fon e Mahin ficaram conhecidos como mina-jeje ou jeje, termo

que advém do iorubá adjeje que significa estrangeiro ou forasteiro, e era usada de forma

pejorativa pelos yorubás para designar as pessoas que habitavam a leste de seu

território.

Os nagôs que foram trazidos para o Brasil cultuavam um deus supremo chamado

de Olorun ou Olodumaré e a natureza também deificada e personificada nas divindades

chamadas Orixás. Apesar de na África existirem cerca de 400 Orixás, a grande maioria

deles era cultuada em apenas uma cidade, aldeia ou tribo, sendo poucos os que

possuíam um culto em várias localidades.

Assim como ocorreu com os bantos, os escravos sudaneses trouxeram para o

Brasil parte de sua cultura e de suas crenças religiosas, que foram pouco a pouco

levadas para dentro de algumas manifestações sincréticas aqui existentes, devido aos

escravos fugidos que buscavam refúgio nos quilombos e depois aos negros já

alforriados, levando ao aparecimento de diversas religiões sincréticas em solo brasileiro

no século XIX, muitas delas com base nas Casas de Candomblé. Com a intensificação

da adição de elementos sudaneses às Casas de Candomblés no séc. XIX estas acabaram

por darem origem a uma nova religião sincrética brasileira conhecida como

CANDOMBLÉ DE NAÇÃO, ao qual agrega dentro de si três modelos de culto

relacionados às principais etnias e povos trazidos como escravos para o Brasil: os

bantos, os sudaneses nagôs e os sudaneses jeje. Vejamos então como são esses modelos

existentes:

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1º- Os Candomblés de Nação Angola, Congo e Muxicongo cultuam um deus

supremo chamado Nzambi ou Zambi (também conhecido como Nzambi Mpungu ou

Zambiapongo) e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Nkises.

Apesar de na África existirem cerca de 450 Voduns, e a exemplo do que ocorre com os

Orixás, a grande maioria deles era cultuada em apenas uma cidade, aldeia ou tribo,

sendo também poucos os que possuíam um culto em várias localidades. Vejamos no

quadro abaixo os principais Nkises cultuados nesses Candomblés:

NKISES ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES

Nzambi ou Zambi Deus supremo Mpungu (todo poderoso) e

muambi (criador) são

qualidades de Nzambi

Lembá Nkise da paz, conectado à criação do mundo

Kaitumbá,

Kokueto e Mikaiá

Nkise dos mares e oceanos

Nkosi Nkise da guerra, senhor dos caminhos,

das estradas e da metalurgia

Mukumbe, Biolê e Buré são

qualidades desse Nkise

Teleku-Mpensu Nkise da pesca

Gongobira Nkise da caça e da pesca

Kabila Nkise do pastoreio e da caça

Mutakalambo Nkise da caça e da comida abundante

Katende Nkise das folhas e dos segredos das ervas medicinais

Nvunji Nkise da justiça, da felicidade da juventude e do nascimento das crianças

Nzazi ou Zazi Nkise dos raios e da entrega de justiça aos humanos

Luango Nkise dos trovões e auxiliar de Nvunji no nascimento de crianças

Kaiangu Nkise guerreira dos ventos, das

tempestades e que possui domínio sobre

os espíritos dos mortos

Matamba, Bamburussenda,

Nunvurucemavula são

qualidades desse Nkise

Kitembo ou

Tempo

Nkise do tempo e das estações Patrono da nação Angola,

representado por um mastro

com uma bandeira branca

Nzumbarandá ou

Zumbaradá

Nkise da terra molhada, da água turva dos pântanos, ligada à morte e a

mais velha dos Inquices

Kisimbi, Samba

Nkise

Nkise de lagos e rios, a grande mãe

Ndanda-Lunda Nkise da água potável, das águas calmas, da lua e da fertilidade

Hongolo ou

Angorô

Nkise do arco-íris auxilia na

comunicação entre os humanos e os

outros Inquices

Na sua manifestação feminina

é chamado de Hongolo Meia

ou Angoroméa. Representado

por uma cobra

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Kafungê e

Kaviungo ou

Kavungo

Nkise da varíola, das doenças, da saúde e da morte

Nsumbu Nkise da terra Nação Angola

Ntoto Nkise da terra Nação Congo

Aluvaiá, Vangira,

Pambu Njila e

Bombo Njila

Nkise mensageiro, guardião das encruzilhadas e da entrada das casas e

templos

2º- Os Candomblés de Nação Ketu, Efon e Ijexá cultuam um deus supremo

chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades

chamadas Orixás. Um fato que chama a atenção é que algumas divindades que

originalmente eram Voduns na África foram adicionadas ao panteão nagô e passaram a

fazer parte do ritual, sendo inclusive consideradas no Brasil como Orixás. Vejamos

então no quadro abaixo alguns Orixás cultuados nesses Candomblés:

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3º- Os Candomblés de Nação Jeje-Fon e Jeje-Mahin cultuam uma deusa

suprema chamada de Mawu e a natureza deificada, personificada nas divindades

chamadas Voduns. Tais divindades são agrupadas em famílias (Savaluno, Dambirá,

Davice, Hevioso, etc.), as quais se subdividem em linhagens, interligadas entre si por

comportamentos, costumes, gostos e atitudes. Apesar de existir na África cerca de 450

Voduns, a grande maioria não é cultuada aqui no Brasil. Os que aqui são cultuados,

ORIXÁS ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES

Olorum ou

Olodumaré

Deus supremo

Oxaguiã Orixá da criação da cultura

material e da sobrevivência

Considerado a manifestação jovem

de Oxalá (ou Obatalá).

Originalmente, na África, é filho de

Oxalufã e neto de Obatalá.

Oxalufã Orixá da criação da

humanidade, do sopro da vida

Considerado a manifestação idosa de

Oxalá (ou Obatalá). Originalmente,

na África, é o filho de Obatalá.

Yemanjá Orixá das grandes águas, do mar e do oceano, da maternidade, da

família e da saúde mental

Ogum Orixá da metalurgia, da agricultura, da tecnologia, das estradas e da

guerra

Xangô Orixá do trovão e da justiça

Oxóssi Orixá da fauna, da caça e da

fartura de alimentos

É também conhecido como Odé.

Ossaim Orixá da vegetação e da flora, da eficácia dos remédios e da medicina

Nanã Orixá da lama do fundo das

águas, dos pântanos, da

educação, da velhice e da

morte

Originalmente, na África, era um

Vodum e não um Orixá.

Ewá Orixá das fontes, nascentes e

riachos e da harmonia

doméstica

Originalmente, na África, era um

Vodum e não um Orixá.

Logun Edé Orixá dos rios que correm nas florestas

Obá Orixá dos rios, dos trabalhos domésticos e do poder da mulher

Oyá Orixá do relâmpago, da

sensualidade e dona dos

espíritos dos mortos

É também chamada de Iansã.

Oxum Orixá da água doce, do amor, da fertilidade, da gestação, dos metais

preciosos e da vaidade

Oxumarê Orixá do arco-íris e da riqueza que provém das colheitas

Obaluaiê Orixá da varíola, pragas,

doenças e da cura de doenças

físicas

É também chamado de Omulu ou

Xapanã. Originalmente, na África,

Obaluaiê e Omulu é,

respectivamente, a manifestação

jovem e velha do Vodum Xapanã.

Orunmilá-Ifá Orixá do destino

Exu Orixá mensageiro, da transformação e da potência sexual, guardião

das encruzilhadas e da entrada das casas

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somente alguns chegam a ter culto a nível nacional, ficando a maioria restrita a nível

regional. Uma característica dessa Nação é que quando estão incorporados, os Voduns

mantêm os olhos abertos e conversam com a assistência, dando bênçãos, conselhos e

recados. Vejamos então no quadro abaixo, alguns Voduns cultuados no Candomblé de

Nação Jeje-Fon e Jeje-Mahin:

Dentre todos os Candomblés de Nação, sejam eles do modelo de culto banto,

sudanês nagô ou sudanês jeje, o que apresenta maior projeção nacional é o Candomblé

de Nação Ketu. Tal projeção tem provocado, atualmente, um fenômeno de assimilação

das práticas rituais dessa nação pelas demais, como o idioma e as cantigas utilizadas, a

forma como os atabaques são tocados e o culto as divindades. Sobre este aspecto, é

interessante notar o sincretismo que tem surgido atualmente dos Nkises e dos Voduns

com as lendas, histórias, domínios, cores e símbolos dos Orixás da nação Ketu, como se

aqueles fossem estes com nomes diferentes.

Nos Candomblés de Nação do modelo nagô existe ainda o culto aos eguns, ou

espíritos dos ancestrais, que ocorre no quarto de balê, um recinto separado do local onde

se cultua os Orixás, e que possui um sacerdote próprio, chamado de Baba Ojé,

preparado especialmente para este tipo de culto. Atualmente um fenômeno interessante

que parece ter surgido no Candomblé de Nação Ketu, e dele se espalhado para as

demais nações, é o movimento de recuperação das raízes africanas, o qual vem

rejeitando o sincretismo com o catolicismo e com as práticas indígenas buscando o

aprendizado da língua nativa e a redescoberta dos ritos, histórias e lendas das divindades

que se perderam ao longo do tempo, contando, inclusive, com viagem de sacerdotes do

Brasil até a Nigéria e o Benin a fim de realizarem pesquisas “in loco” 11 em aldeias e

templos na África para aprenderem os rituais que foram perdidos nas brumas do tempo

VODUNS ATRIBUTOS OBSERVAÇÕES

Nanã

Buluku

A grande mãe universal, senhora da lama Mãe de Mawu e Lissá

Mawu Deusa suprema

Lissá Vodum masculino co-responsável pela criação junto com Mawu

Loko Primogênito dos Voduns

Agassu Vodum que representa a linhagem real do Reino do Daomé

Agbê Vodum dono dos mares

Gu Vodum dos metais, da guerra, do fogo e da tecnologia.

Agué Vodum da caça e protetor das florestas

Aguê Vodum que representa a terra firme

Ayizan Vodum dona da crosta terrestre e dos mercados

Aziri Vodum das águas doces

Dan Vodum da riqueza Representado pela

serpente e pelo arco-íris

Eku Vodum da morte, da feitiçaria e da clarividência

Fa Vodum da adivinhação e do destino

Hevioso Vodum dos raios e relâmpagos

Possun Vodum do pó e da terra seca Representado pelo tigre

Sakpatá Vodum da varíola

Legba Vodum das entradas e das saídas e da

sexualidade

O filho caçula de Mawu

e Lissá

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da escravidão. No final do século XIX e início do século XX, tradições religiosas da

etnia sudanesa foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-

ameríndio existentes também no Rio de Janeiro, levando ao surgimento dos

sincretismos conhecidos como ZUNGU e MACUMBA.

Parece que os termos Zungu e Macumba foram usados indistintamente no Rio de

Janeiro para designar quaisquer manifestações sincréticas de práticas africanas

relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de percussão,

nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por

meio de rituais de magia, englobando uma grande variedade de cerimônias que

associavam elementos africanos (Nkises, Orixás, atabaques, transe mediúnico, trajes

rituais, banho de ervas, sacrifícios de animais), católicos (cruzes, crucifixos, anjos e

santos) e, mais raramente, indígenas (banho de ervas, fumo).

A diferença básica entre eles parece ser apenas o período em que estes termos

foram utilizados: zungu, em meados do século XIX e macumba, no final do século XIX

e início do século XX substituindo o termo zungu. Na Macumba o chefe de culto e o

seu ajudante eram chamados, respectivamente, de embanda e cambone, embora este

último também pudesse ser chamado de cambono. Parece que os iniciados na Macumba

eram chamados de filhos(as)-de-santo ou médiuns.

O que se sabe sobre os rituais da Macumba é que as entidades como os orixás,

Nkises, caboclos e os santos católicos eram agrupados por falanges ou linhas como a

linha da Costa, de Umbanda, de Quimbanda, de Mina, de Cabinda, do Congo, do Mar,

de Caboclo, linha Cruzada, etc; e que quanto maior o número de linhas cultuadas pelo

embanda, mais poderoso ele era considerado, uma vez que isso era tido como sinal de

maior conhecimento sobre o mundo dos espíritos. E assim como em outros sincretismos

brasileiros, o Zungu e a Macumba eram organizados basicamente em torno de seu chefe

de culto, fazendo de cada unidade de culto algo único, diferindo dos demais por um ou

mais elementos ritualísticos.

Devido a grande penetração que a Macumba tinha na população mais pobre e

marginalizada do Rio de Janeiro de fins do século XIX, principalmente os afro

descendentes recém libertos pela Lei Áurea, seu nome acabou se popularizando por

todo o país e até hoje ainda é usado para designar pejorativamente qualquer religião

afro-brasileira ou ritual que envolva magia. É provável que a Macumba tenha

desaparecido do cenário religioso carioca devido ao aparecimento mais tarde da

Umbanda e a sua rápida expansão no estado do Rio de Janeiro, principalmente na então

capital federal, que teria atraído para si um expressivo número de adeptos da Macumba

e a influenciado de tal forma que levaram muitas casas de Macumba a se transformarem

em tendas de Umbanda ou em casas de Omolokô para fugirem da repressão que se tinha

a esses cultos.

Mudanças na estrutura de algumas casas de Macumba do Rio de Janeiro, então

capital do país, neste mesmo período, acabam levando ao surgimento de duas religiões

sincréticas o OMOLOKÔ e “ALMAS E ANGOLA”, que guardam muitas semelhanças

com algumas vertentes da Umbanda, inclusive existindo muitas casas que se

reconhecem como sendo de “Umbanda Omolokô” ou Umbanda em “Almas e Angola”.

No Omolokô que é praticado hoje em dia o ritual recebeu forte influência das obras

daquele que é considerado o seu organizador: Tatá Ti Nkise Tancredo da Silva Pinto.

Segundo ele, o Omolokô tem como origem as práticas religiosas dos bantos das tribos

Quiôcos, das províncias de Lunda Norte e Lunda Sul, situadas na região oriental de

Angola e que também pode ser encontrados em parte da República Democrática do

Congo e da Zâmbia. O Omolokô cultua um deus supremo chamado Nzambi ou Zambi

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(também conhecido como Nzambi Mpungu ou Zambiapongo), a natureza deificada

personificada nos Orixás e nas entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos,

Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pomba-giras.

Originalmente o termo utilizado no Omolokô para designar a natureza deificada

era Bacuro. Os Bacuros possuíam um correspondente nas divindades dos Quiôcos, que

parecem terem ficado conhecidas aqui no Brasil como Lunda. Atualmente o termo

Bacuro e o nome das divindades Quiôcos foram substituídos, respectivamente, pelo

termo Orixá e pelo nome das divindades do panteão nagô que possuem os mesmos

atributos ou arquétipos. É importante ressaltar que, no Omolokô, o termo Orixá é

utilizado também para designar alguns Nkises que foram incorporados ao seu panteão,

provavelmente por influência dos Candomblés de Nação do modelo de culto banto.

Vejamos então no quadro abaixo como é a correspondência entre as divindades

Lunda, Bacuros e os Orixás no Omolokô:

Lunda (divindades dos

Quiôcos)

Bacuro (nome original no

Omolokô)

Orixá (nome atual no

Omolokô)

Dundu Kianguim Aluvaiá Exu

Angorô Oxumarê

Dandu Kindelé Burunguça Omulu

Caculu ou Cabasa Ibeiji

Cuiganga Ewá

Anili Kindelé Dandalunda Yemanjá

Kindele Ferimã Oxalá

Uisu Kukusuka Inhapopô Iansã

Kianguim Kindelé Jambangurim Xangô

Mulombe Kamba Lassinda Oxum

Kianguim Uisu Kangira Ogum

Karamocê Obá

Katendê Ossaim

Uisi Madé Oxóssi

Diambanganga Pagauô Irôko

Numba Kindelé Querequerê Nanã

Teleku-Mpensu Logun Edé

Kitembu Tempo

Uma possível influência da Umbanda sobre o Omolokô é a existência de uma

separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Os Orixás

Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia emanada de Zambi

e, portanto nunca passaram pelo processo de encarnação. São os responsáveis pelo

movimento da natureza e pela formação e manutenção da vida. São considerados

onipresentes e únicos.

Os Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos que passaram

pelo processo de reencarnação e que alcançaram uma grande elevação espiritual e que

por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos Orixás Maiores, sendo

considerados os intermediários entre estes últimos e os demais espíritos. Por este

motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao qual estão subordinados seguidos de

um sobrenome, chamado de Dijina, por exemplo: Ogum Beira Mar, Seria um Orixá

Menor subordinado do Orixá maior Ogum.

No Omolokô não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas dos Orixás

Menores e dos espíritos chamados de eguns. Os eguns aqui espíritos que já possuem

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certa compreensão espiritual, porém ainda não alcançaram a elevação dos Orixás

Menores. São considerados eguns: os Caboclos, os Preto-Velhos, as Crianças, os Exus e

as Pombas-gira. Existe ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou

kiumbas, que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram uma

compreensão das coisas espirituais.

Já a religião sincrética conhecida como “ALMAS E ANGOLA”, que apesar de

ser originária da capital fluminense, atualmente não é mais praticado nesse estado, hoje

em dia podemos encontrá-la quase que exclusivamente na região da grande

Florianópolis, em Santa Catarina. A religião “Almas e Angola” guarda muita

semelhança com o Omolokô e com algumas vertentes da Umbanda, ela cultua um deus

supremo chamado Zambi, mas em algumas casas também é chamado de Olorum, a

natureza deificada personificada nos Orixás e as entidades conhecidas como Orixás

Menores, Caboclos, Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pombas-gira. O Orixá Obaluaiê é

considerado a força maior do ritual de “Almas e Angola”, tendo destaque nos altares

dessa religião. Podemos aqui conhecer, de uma forma bem sintetizada, um pouco sobre

a história do sincretismo religioso no Brasil Podemos também conhecer suas origens,

observar a evolução e a influencia de uma religião sobre outra.

A ORIGEM DA UMBANDA

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A história nos mostra que os negros foram tirados a força de sua terra natal, na

África, e trazidos para o Brasil com rancor e ódio em seus corações. Feridos em sua

dignidade e distantes da pátria que amavam, muitas das vezes, enganados, feitos

prisioneiros e escravos, o que resultou em muitos anos de lutas e dores. Eles tentavam

manter seus costumes na cultura e na religião, que se baseava na evocação das forças da

natureza, deificadas e personificadas em divindades, que eram uma espécie de deuses, a

que cultuavam com todo fervor de suas vidas.

Com o tempo aprenderam a se vingar de seus senhores e déspotas através de

pactos com entidades trevosas através da magia negra, que não era outra coisa se não as

energias magnéticas da natureza empregadas de forma equivocada. Dessa maneira o

culto inicial as divindades da natureza foi se transformando em métodos de vingança e

em pactos com essas entidades que assumiam a forma dessas mesmas divindades. Um

mistério envolvia de tal forma essas manifestações religiosas, que se tornava difícil para

um leigo saber sua origem e seu significado. Seus rituais eram tão misteriosos, que o

povo com seu misticismo natural era constantemente explorado por aqueles que nenhum

escrúpulos tinham em relação à fé alheia. Esses cultos acabaram se tornando, na

verdade, num disfarce para uma série de atividades menos dignas no campo da magia, o

que com o tempo acabou gerando uma atmosfera psíquica indesejável no campo áureo

do Brasil.

A psicosfera no ambiente espiritual da nação estava sendo afetada de tal forma

pelas energias negativas, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento encarnavam e

desencarnavam conservando assim o ódio em seus corações. Dessa forma a magia negra

foi se espalhando em forma de culto pelas terras brasileiras, de norte a sul do país onde

as oferendas eram entregues pelos adeptos desses cultos, que se multiplicavam a cada

dia, aumentando ainda mais a crosta mental negativa que vinha se formando sobre os

céus da nação. No Mundo Espiritual reuniram-se então, entidades de alta hierarquia com

o objetivo de encontrar uma solução para desfazer essa agrégora negativa que vinha se

formando na psicosfera do país.

A magia negra teria de ser combatida e seus efeitos destrutivos haveriam de ser

desmanchados, de maneira a transformar os próprios cultos degradantes em lugares que

irradiassem o Amor e a Caridade, essa era a única forma de modificar o panorama

sombrio que vinha sendo criado. Havia então a necessidade de que os próprios espíritos,

mais evoluídos e esclarecidos, se manifestassem para realizar tal cometimento, e assim

foram se apresentando, uma a uma, aquelas entidades iluminadas modificando suas

formas perispirituais, assumindo assim, a conformação das próprias divindades e de

entidades como Preto-velhos e Caboclos, levando a mensagem da Caridade, com o

objetivo inicial de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações dos

homens. Essas entidades seriam o elo de ligação com o Alto, penetraria aos poucos nos

redutos da magia negra, os quais ainda se mantinham enganados quanto as Leis do

Amor e da Caridade, e iria então transformando, com as palavras e os ensinamentos das

entidades, os sentimentos das pessoas.

Para isso foi necessário que elevados companheiros da vida maior renunciassem

certos métodos de trabalho, considerados por eles mais elevados, para se dedicarem às

atividades que aqueles cultos se propunham. A essas entidades, se juntaram a antigos

espíritos de escravos e índios, que em sua simplicidade e boa vontade, se propuseram a

trabalhar para mostrar aos homens suas lições sagradas, auxiliando assim na cura de

doenças e na transmissão das mensagens de Amor e Caridade. Nas sessões espíritas, da

época, essas entidades não foram aceitas, pois identificadas sob essas conformidades,

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preto-velhos e caboclos, eram considerados espíritos atrasados e suas mensagens não

mereciam nem mesmo uma análise.

Mas com o campo áureo do país mais preparado, mesmo não conseguindo

muitas alterações nos cultos, vemos em uma seção espírita surgir então a UMBANDA,

anunciada em 15 de novembro de 1908, em Neves, subúrbio de Niterói, no Rio de

Janeiro, pelo espírito que se identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”,

através do médium Zélio Fernandino de Moraes, então com dezessete anos de idade,

usando pela primeira vez o vocábulo “Umbanda” como designação de culto e religião,

definindo assim o novo movimento religioso como: “uma manifestação do espírito para

Caridade”.

Tudo começou quando Zélio Fernandino de Moraes, nascido em 10 de abril de

1891, no bairro de Neves, município de Niterói, no Rio de Janeiro, aos seus dezessete

anos estava se preparando para servir as Forças Armadas, através da Marinha, se

acometeu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente

da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. De princípio, a família achou

que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou a seu tio, Dr. Epaminondas de

Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande.

Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em

nenhuma literatura médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que

fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse

possuído pelo demônio. Procuraram então um padre, também da família, que após fazer

ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado Tempos depois Zélio foi

acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram

encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu

leito e declarou: "Amanhã estarei curado".

No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum

médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes,

levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde

morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Tio

Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da

mediunidade e deveria trabalhar com a caridade. O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim

Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do

espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita e no dia 15 de novembro

de 1908, por sugestão de um amigo, levou Zélio a Federação Espírita de Niterói.

Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela

Instituição, se sentaram à mesa, onde logo em seguida, contrariando as normas do culto

realizado, Zélio se levantou e disse que ali faltava uma flor, foi até o jardim apanhou

uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho. Iniciando

uma estranha confusão no local, pelo fato ocorrido, ele incorporou um espírito e

simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e

pretos velhos, sendo advertidas pelo dirigente do trabalho. Então a entidade incorporada

no rapaz perguntou: "- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer

se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"

Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou: "- Porque o irmão

fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que,

pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que

fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste

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branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?" Ele responde: "- Se

julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo lhes dizer que amanhã estarei na

casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar

sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma

religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos

os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este:

Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim." O

vidente ainda pergunta: "- Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?”

Novamente ele responde: "- Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como

porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei." No dia seguinte, 16 de novembro

de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, Niterói, aproximando-se das 20:00

horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e

vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente às 20:00

horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e iniciou o culto usando as

seguintes palavras:

"- Aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos,

que haviam sido escravos, que desencarnaram e não encontram campo de ação nos

remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente

para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em

benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição

social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal

deste culto, que terá base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo".

Nessa reunião, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS estabeleceu as

normas do culto, sendo que:

horas, para atendimento público, totalmente gratuito, passes e recuperação de

obsedados.

permitiria retribuição financeira pelo atendimento ou pelos trabalhos

realizados.

A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome de

UMBANDA e declarou fundado o primeiro templo para a sua prática, com a

denominação de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, justificando o nome pelas

seguintes palavras: "assim como Maria acolhe em seus braços o Filho; a Tenda

acolheria os que a ela recorressem, nas horas de aflição". Através de Zélio manifestou-

se nessa mesma noite, um Preto Velho, Pai Antônio, para completar as curas de

enfermos iniciadas pelo Caboclo.

A partir dessa data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de enfermos,

crentes, descrentes e curiosos. Os enfermos eram curados; os descrentes assistiam a

provas irrefutáveis; os curiosos constatavam a presença de uma força superior; e os

crentes aumentavam, dia a dia. Cinco anos mais tarde, manifestou-se o Orixá Malet14

exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra.

Vejamos então cronologicamente os principais acontecimentos da UMBANDA a partir

de sua anunciação:

1. 15 de novembro de 1908 - Advento da UMBANDA e fundação do primeiro

Terreiro de Umbanda, por Zélio de Moraes, em Neves, subúrbio de Niterói;

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2. Novembro de 1918 - O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à fundação

de sete Tendas de Umbanda no Rio de Janeiro;

3. 1920 - A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas

Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre;

4. 1924 - O advento do Caboclo Mirim - Manifestou-se no Rio de Janeiro, em

um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, denominada Caboclo Mirim,

que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento para a Umbanda;

5. 1939 - Os Templos fundados pelo Caboclo das Sete encruzilhadas reuniram-

se, criando a Federação Espírita de Umbanda do Brasil, posteriormente denominada

União Espiritualista de Umbanda do Brasil, incorporando dezenas de outros terreiros

fundados por inspiração de "entidades" de Umbanda que trabalhavam ativamente no

astral sob a orientação do fundador da Umbanda.

6. Outubro de 1941 - Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de

Umbanda. Outros Congressos havidos posteriormente retiraram acertadamente o nome

espiritismo que, de fato, pertence aos espíritas brasileiros, os quais seguem a respeitável

doutrina codificada por Alan Kardec. Em suma, o espírita pratica o espiritismo e o

umbandista pratica a umbanda ou umbandismo. Neste Congresso foi também

apresentada tese pela Tenda São Jerônimo, propondo a descriminalização da prática dos

rituais de Umbanda. O autor, Dr. Jayme Madruga, a par de um minucioso estudo de

todas as constituições já colocadas em vigência no Brasil, busca também em projetos

como o da Constituição Farroupilha e nos códigos penais até então vigentes e no que

haveria de vigorar após 01de janeiro de 1942. Os argumentos mostravam que o caminho

da Umbanda começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscarem acelerar o

processo com declarações e resoluções, partindo daquele congresso, em prol da

descriminalização da prática da Umbanda.

7. 1944 - Vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares, políticos,

intelectuais e jornalistas, apresentam ao então Presidente Getúlio Vargas um documento

intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei" e consegue daquela autoridade a

descriminalização da Umbanda. Este fato, apesar de ter sido extremamente positivo,

trouxe como subproduto uma perda de identidade muito grande por parte de nossa

religião, uma vez que todos terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes

a palavra Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião não

tinha um rito claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que gera uma

hierarquia, ela acabou ficando à mercê dessa deturpação; outro fato que fortaleceu essa

descaracterização foi que, sendo um período de crescimento, não se buscava a qualidade

dos Terreiros que se filiavam à Federação, ou à União que lhe sucedeu;

8. 12 de setembro de 1971 - Foi criado na cidade do Rio de Janeiro, o Conselho

Nacional Deliberativo de Umbanda - CONDU, que congrega as Federações de

Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando com mais de 46

Federações, de norte a sul do país, reunindo representantes de mais de 40.000 Terreiros

de Umbanda;

9. Em 1972, em mensagem psicografada por Omolubá, enviada pelo poeta

Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do médium Zélio

de Moraes;

10. Em 1977, o CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem da

Umbanda no Brasil;

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11. Novembro de 1978 - Surge o livro "Fundamentos de Umbanda, Revelação

Religiosa", de Israel Cisneiros e Omolubá, que aborda a questão da origem da

Umbanda, através de mensagens do astral, trazendo, por fim, após 70 anos de existência

da Umbanda, as primeiras bases teológicas e norteadoras da doutrina umbandista, com

fundamentos integrais da nova religião e sua verdadeira origem. Após este momento

podemos definir como sendo o início desse novo período; assume-se a Umbanda como

religião brasileira e começa o primeiro movimento consistente para dar a ela uma base

teológica e a criação de uma hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental

para a manutenção das bases ritualísticas e conceituais.

Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil, compreendidos

entre 1908/1978, passou este curto espaço de tempo, porém significativo, a ser

conhecido entre os estudiosos da causa como Período de Propagação da genuína força

de credo, nascida no século XX, em terras brasileiras. Embora a Umbanda ainda se

apresente, muitas das vezes, uma tanto desfigurada, com nuanças religiosas,

reconhecemos que isso decorra desse período de propagação, onde no afã de conquistar

almas se respeitaram os ambientes regionais, criando assim as adversidades que vemos

hoje em dia.

Mesmo assim ela nunca deixou, através de seus verdadeiros guias, de oferecer

amparo prático, ajuda e orientação, apontando sempre a eterna chama da esperança em

dias melhores, calcados, naturalmente, na ação correta á cada instante, na cordura15, no

companheirismo e na fraternidade. Os mentores da Umbanda, sediados em Aruanda,

cidade localizada no plano astral, já haviam determinado sabiamente o procedimento

normativo, religioso para os setenta anos posteriores, 1979/2049, como sendo o período

de Afirmação Doutrinária.

Obviamente, a doutrina de Umbanda ficará como ponto essencial para a

estabilidade desse movimento, no estudo constante e no esforço sincero de cada devoto,

no sentido de conduzir-la no plano físico á um merecido status de religião organizada, a

serviço da comunidade religiosa nacional. Em 1980 o CONDU publica o livro “Noções

elementares de Umbanda” contendo as deliberações do conselho quanto aos

fundamentos da Umbanda e outros temas. Hoje o movimento religioso da Umbanda

estende-se por todo o Brasil, professado com humildade as leis da Caridade e do amor

ao próximo, sem proselitismo, sem explorações do povo, e sem mistérios mistificantes.

A Umbanda nada mais é que o retorno à simplicidade de cultuar Deus, onde o

templo de Umbanda é o local destinado a esse culto, que tem como base a Caridade,

usando para isso todos os recursos das forças da natureza, personificadas nas divindades

Nagôs, os Orixás, que são representados pelos nossos mentores espirituais, ou como nós

os chamamos, nossos guias, espíritos evoluídos que representam essas divindades e suas

várias formas de atuação no mundo espiritual e material em favor ao próximo. Existem

várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes das bases iniciais e

outras que absorveram características de outras religiões já existentes, mas que mantém

a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé. As

mais conhecidas são:

- Que era praticada antes de Zélio e conhecida como

Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo

associando Santos Católicos aos Orixás Africanos;

- Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;

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- Com um cunho espírita muito expressivo.

Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos, nem o

trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo,

imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como

caboclos, preto-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros

espíritas como fonte doutrinária;

- Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto.

Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos

Guias;

- Onde existe uma diferenciação entre

Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para

o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões

são feitas em dias e horários diferentes;

- É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de

Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que

intitulam a Umbanda como a “Aumbhandan: conjunto de leis divinas";

- É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada

pelo Mestre Rivas Neto (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma

convergência doutrinária, sete ritos, e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de

Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em

termos de mantras indianos e utilização do sânscrito;

- influência da cultura indígena brasileira com seu foco

principal nas entidades conhecidas como "Caboclos";

Umbanda de Preto-velhos - influência da cultura Africana, onde podemos

encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos

preto-velhos;

Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada, diferenciam-

se das outras por diversos aspectos peculiares. A Umbanda por ser uma religião

sincrética se utiliza de um vasto simbolismo em seus trabalhos, e ela tem nesse

simbolismo um de seus maiores fundamentos, que se aplica na identificação das

entidades e na sustentação das linhas de trabalhos espirituais, cada qual com seu nível

vibratório. Esse simbolismo também identifica o campo vibratório a qual a entidade

desenvolve seu trabalho, e sob qual Orixá, ou força da natureza, é regido.

Podemos observar esse simbolismo desde sua anunciação onde grande mentor

espiritual, que teve a missão de rasgar o véu da ignorância e estabelecer os fundamentos

da Umbanda como religião e culto, se manifestou na forma perispiritual e se identificou

como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, nome este totalmente simbólico, pois

“Caboclo” era a palavra destinada às pessoas mestiças, e “Sete Encruzilhadas”, que são

as sete linhas de trabalhos da Umbanda, os sete caminhos, que são regidos pelo Orixá

maior “Oxalá”. Assim concluímos que a Umbanda é uma religião sem distinção de

raças e credos e que através da fé e da humildade tem o objetivo de levar a mensagem

da Caridade e do Amor ao próximo.

Com isso a espiritualidade vem conseguindo seu intento e aos poucos vemos

sumir dos corações oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor, os cultos antes

deturpados vem se transformando em sua essência, auxiliando assim no progresso

daqueles que sintonizam com tais expressões religiosas, modificando seu aspecto e os

transformando gradativamente em uma religião mais espiritualizada.

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Onde na palavra das entidades, a Lei da causa e efeito é ensinada por meio de

“Xangô”, que simboliza a justiça, a reencarnação quando falam de sua outra vida e da

oportunidade de voltar a Terra, em um novo corpo, para corrigir erros do passado e

ajudar seus filhos, as forças das matas e das ervas, são ensinadas na fala dos Caboclos

de “Oxóssi”, o Amor é personificado em “Oxum”, e a força de transformação e a

energia da vitalidade se apresentam personificados em “Ogum”.

Mas ainda há muito que fazer muito trabalho a realizar, nossa explicação não

esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda, que guarda suas raízes em

épocas muito distantes do tempo, e que apesar de ser uma religião nova, com um século

de existência, vem crescendo e ganhando forças a cada dia. Uma pena, muitos dirigentes

de terreiros não serem conscientes de tudo isso, e é essa ignorância a maior responsável

pela visão errada que a maioria das pessoas tem em relação aos rituais sagrados da

Umbanda. Por isso é que devemos nos instruir cada vez mais sobre os fundamentos e

raízes de nossa religião, e que através desse estudo e da experiência que vivenciarmos

na prática dentro do terreiro, possamos corrigir todos esses equívocos.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA UMBANDA

Muitos ignoram certas verdades sobre a Umbanda e a julgam apressadamente,

sem conhecer seus ideais, gerando todas as dificuldades e o preconceito que ela vem

enfrentando, isso por culpa de alguns dirigentes de terreiros que por também, muitas das

vezes, não conhecerem estas verdades, manipulam e enganam seus seguidores e a si

mesmos, julgando estarem praticando a Umbanda quando na realidade são meros

instrumentos de "entidades" ou espíritos que não tem o mínimo de conhecimento das

questões espirituais.

Quando também não se deixam levar por sua vaidade pessoal e na maioria das

vezes são mal informados sobre a origem e a verdadeira natureza da Umbanda, o que os

leva a confundi-la com os Cultos de Nação ou com o Espiritismo. O próprio umbandista

acaba sendo também um dos grandes culpados por isso. A Umbanda por manifestar-se

na maioria das vezes por pessoas simples, de uma fé menos exigente, acaba

contribuindo para que se tornem com mais facilidade, vítimas dos pretensos sábios e

donos da verdade.

O adepto não buscando esse conhecimento mais aprofundado sobre sua religião

foi deixando que ela recebesse essa marca, esse rótulo, contribuindo para o aumento do

preconceito contra seus rituais, seu vocabulário e seus costumes. Também devido às

grandes manifestações de sectaristas religiosos, que preferem julgar antes e, talvez,

conhecer depois, víamos e ainda vemos o crescimento desse preconceito, A Umbanda é

um movimento muito forte no mundo espiritual, e seus mistérios vêm sendo revelados

de forma velada, aonde o adepto vai tomando conhecimento sobre os mesmos através de

seus mentores espirituais, os Orixás, aos quais devemos dedicar todo o mérito dos

trabalhos, e também no dia-a-dia de sua dedicação, desenvolvendo e solidificando seus

conhecimentos sempre baseados na Lei da Verdade, do Amor e da Caridade.

Os fundamentos da Umbanda variam de acordo coma vertente que a pratique,

mas existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim

podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de

Umbanda. São eles:

Olorum ou Zambi;

com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas

necessidades, construções de vida e sobrevivência;

manifestado de diferentes formas;

ritos ainda em processo de

evolução, para exercerem o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns,

organizados em planos e/ou linhas de evolução;

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cada casa de forma variada e diferenciada, de acordo com suas raízes, que existe para

nortear seus trabalhos;

pelos trabalhos, não matar e não utilizar o sacrifício de animais

sicos dos valores humanos, como:

fraternidade, caridade e respeito ao próximo e por si mesmo. Sendo a caridade uma

máxima encontrada em todas as manifestações existentes;

Devido a Umbanda ser uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o

Catolicismo, o Esoterismo, justifica o fato de haver entre ela diferenças essenciais entre

seus templos, que lhe dão características próprias. É resultante natural da fusão

espiritual das raças branca, índia e negra.

Podemos observar em conversas entre Umbandistas é que muitos querem impor

seu culto aos outros, achando que somente a sua Umbanda está correta. Alguns querem

enfiar o africanismo goela abaixo dos demais, outros querem a todo o custo impor que o

Espiritismo é a base mais correta, alguns querem convencer os demais que a Umbanda

de Saraceni é a correta ou ainda que a Umbanda de Zélio é a única e verdadeira.

Querem transformar a religião num grande campeonato onde um grupo é melhor

que o outro e a paixão elimina a razão. Devemos tentar ver a umbanda como uma

religião criada pelo mundo espiritual, onde se aproveita os bons exemplos das diversas

religiões, que com o passar do tempo vem se aperfeiçoando, por isso cada vez mais

vemos a aglutinação de novos adeptos justamente por ela seguir os ensinamentos dos

grandes mestres da humanidade que pregaram o amor, a caridade, a tolerância, a

humildade e o fazer o bem sem importar-se a quem.

Nossa Religião foi cuidadosamente desenvolvida pelo Mundo Espiritual para

trazer evolução aos médiuns participantes e um alento aos seres encarnados que

necessitam de uma palavra amiga, um consolo de paz, de esperança e perseverança.

Nunca uma Entidade nos transmitiu qual a Umbanda é a correta, qual a Umbanda é a

mais eficiente, qual a Umbanda é a verdadeira, sempre nos dizem que devemos ser

médiuns dedicados e que devemos sempre estarmos preparados para ajudar ao próximo,

buscando zelar pelo bom nome de nossa Religião, sem esperarmos retribuições de

quaisquer formas que não sejam o reconhecimento do mundo espiritual.

Acreditamos que todas as Umbandas são corretas desde que sejam praticadas

com dedicação, amor e humildade. Umbanda é uma só, ela é a religião do presente e do

futuro e a medida que os não simpatizantes vão conhecendo sua beleza e sua

simplicidade, seus corações serão envoltos pela magia do amor, da caridade, da

humildade e da fé, dissipando assim todas as discriminações que hoje ela ainda sofre.

Devemos estar sempre atentos e continuar buscando o máximo de conhecimento, para

podermos nos esclarecer e assim ajudar tirar essa visão deturpada que a maioria das

pessoas tem em relação aos rituais sagrados da Umbanda. Só assim estaremos dando

mais um passo para o crescimento e o fortalecimento de nossa religião.

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AS LINHAS VIBRACIONAIS DA UMBANDA

A Umbanda, como já vimos, tem no simbolismo um de seus fundamentos mais

importantes e tem recorrido a ele desde sua fundação. O simbolismo está tão visível,

que todas as entidades que trabalham na Umbanda são evocadas através de nomes

simbólicos. Baseados também neste simbolismo os campos de trabalho são divididos

em linhas vibracionais, conhecidas como “As Sete Linhas da Umbanda”.

Todas as Escolas Iniciáticas sempre consideraram o sete como um número

cabalístico e sagrado, por isso ele está sempre presente em toda sua simbologia. O Sete

também é considerado o número da “expansão e centralização” da unidade, pois é

formado da soma do ternário com o quaternário, resultando no “Setenário Sagrado”.

Para entender um pouco mais a Umbanda devemos conhecer suas linhas ou campos

vibracionais, que são na verdade sete irradiações divinas onde cada qual flui em um

grau vibratório próprio e dá sustentação a vida.

Mas para isso comecemos por esquecer de conformar DEUS a um senhor de

barbas, e vê-lo simplesmente como “a forma energética primeira” da qual se formaram

todas as coisas e seres existentes. Tudo no Universo é energia em estado de maior ou

menor densidade e com diferentes formas de montagens de seus átomos e moléculas.

Após a chamada Criação, o DEUS UNIVERSAL, ou essa energia primária, continuou a

se desdobrar em uma infinidade de energias que circulam por todo o Universo criado e

não só pelo planeta Terra, que não é nem nunca foi seu centro.

Se uma energia mãe se desdobra, sempre há as primeiras energias que partem

dela e que depois também vão se desdobrando, interagindo e formando outros tipos de

energia. Para você entender melhor visualize o gráfico abaixo:

Podemos observar que se trata de um gráfico que representa a refração da luz

solar através de um prisma, onde ao passar pelo prisma, a luz, anteriormente branca, se

decompõe em diversas outras cores sendo que as sete visíveis para nós estão aqui

representadas. As três primeiras cores que se formam são as que conhecemos como

cores primárias, indivisíveis, que são o AZUL, o AMARELO e o VERMELHO. Todas

as outras se formam pela ação dessas três cores umas sobre as outras. Dessa forma o

VERDE é composto pelo amarelo com o azul, o LARANJA é formado pela soma do

amarelo com o vermelho, o VIOLETA é formado pelo vermelho com o azul.

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Assim como a luz ou a energia do Sol supõe-se que essa energia mãe em seu

processo de desdobramento decompõe-se primeiramente em três energias primárias que

posteriormente por interações geram mais quatro energias que voltam a interagir entre si

e entre as primárias gerando outras energias. Tudo isso é para que você entenda o que é

um Orixá e como ele é visto pela Umbanda. Se fizermos uma analogia entre as cores da

refração solar e as energias primeiras que se supõe serem geradas pelo Criador, as sete

primeiras energias seriam os “Sete Primeiros Orixás” gerados, ou os “Sete Raios” como

são chamados em outras filosofias, ou as “Sete Vibrações Originais”.

Cada Linha ou Vibração, ali representada, equivale a um grande exército de

espíritos afins que rendem “obediência” a um “Chefe” ou um Líder, o qual representa

para nós um Orixá ou Energia da Natureza, e cabe a ele uma grande missão no espaço.

Esse verdadeiro exército se subdivide em sete grandes Legiões, que por sua vez se

divide em sete Falanges, que se subdivide em sete subfalanges e assim por diante,

sempre cada qual com seu respectivo “comandante”.

Este assunto, como a maioria na Umbanda, é muito controverso, pois como

sabemos, a Umbanda é formada por diversas correntes de pensamento, cada qual com

sua Doutrina e Fundamentos bem específicos. Todavia, na sua manifestação mais

popular sabemos que os “Falangeiros” ou “Chefes das Falanges” são espíritos evoluídos

que representam diretamente os Orixás, suas forças são a emanação pura de suas

energias. Sendo assim, quando incorporados, mostram sua presença e sua força através

de uma roupagem fluídica que os representem. Suas irradiações divinas alteram nossos

sentimentos e nosso padrão vibratório, estimulando em nós sentimentos nobres e

virtuosos.

Os “Falangeiros” se agrupam em Linhas ou Falanges que são conhecidas como

as Sete Linhas da Umbanda, onde temos:

1ª - Linha de Oxalá: Que representa o princípio a Fé, o reflexo de Deus, o

verbo solar. É a luz refletida que coordena ou se desdobra nas demais vibrações em suas

manifestações na terra, por tanto não temos incorporações de falangeiros de Oxalá na

Umbanda, pois todos somos filhos Dele. Suas irradiações da Fé nos estimulam a

Religiosidade.

2ª - Linha de Yemanjá ou Linha do Povo D’água: Representa o Amor e a

Geração. Também trabalham nesta Linha as Orixás Oxum e Nanã (Originalmente um

Nkise que foi incorporada no panteão dos orixás iorubás aqui no Brasil). Suas

irradiações de geração e de amor nos estimulam a maternidade, a fecundação e as

uniões tanto carnais quanto materiais.

3ª - Linha de Oxóssi: Representa o Conhecimento, a Fartura e o Trabalho. Suas

irradiações do conhecimento nos estimulam o raciocínio. Suas falanges trabalham na

doutrinação dos irmãos sofredores e na cura através da medicina herbanária.

4ª - Linha de Xangô: Representa a Justiça. É a linha que coordena as Leis

Kármicas. Suas irradiações da Justiça nos estimulam a razão.

5ª - Linha de Ogum: Representa a Lei. É a linha mediadora que controla os

choques conseqüentes da Lei do Karma e as demandas da fé, das aflições, das lutas e

batalhas da vida. Suas irradiações da Lei nos estimulam a Ordem.

6ª - Linha de Omulú/Obaluayê ou Linha do Oriente: Representa a Evolução e

a Saúde. Suas irradiações da Evolução e da Saúde nos estimulam o equilíbrio. Nem

todos os espíritos que trabalham nesta Linha são oriundos do povo oriental, ela abriga as

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mais diversas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora da

Umbanda, a falange dos Médicos é um exemplo delas.

7ª - Linha de Iansã ou Linha das Almas: Representa a Maturidade, Humildade

e a Bondade. É comandada por Iansã auxiliada por Omulú. Esta linha, como os próprios

valores expressam, é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater

o mal em todas as suas manifestações. Eles são a Doutrina e a Filosofia, em

fundamentos e ensinamentos. São os senhores da magia e da experiência adquirida

através de seculares encarnações. Temos também o cruzamento dessas Falanges, onde

temos determinadas as qualidades dos “Falangeiros”. Vejamos alguns exemplos:

Oxalá;

-Mar, Ogum Sete Ondas, Ogum Iara são Falangeiros de Ogum

que trabalham na Linha das Águas;

Linha das Almas;

nha de

Oxóssi.

Esses nomes simbólicos são um recurso utilizado pelas entidades na Umbanda

para identificar qual nível vibracional atuam cada um desses espíritos e por qual Orixá

ele é regido. Assim temos Falangeiros e entidades trabalhando em todas as Linhas, cada

qual com seu nome e simbolismo próprio.

Podemos observar várias entidades se identificando como: Caboclo Rompe

Mato, Caboclo Pena Branca, Caboclo Cobra Coral, isso não quer dizer que é a mesma

entidade ou o mesmo espírito, e sim entidades que trabalham em um mesmo campo

vibracional. Em alguns terreiros, por falta de conhecimento e vaidade, é corriqueiro

acontecer de no templo já ter um Caboclo, ou um Preto Velho, ou um Exú

manifestando-se com um determinado nome e caso um novo médium manifeste uma

entidade que se identifique com o mesmo nome, o médium mais velho reage negando a

veracidade da nova manifestação, pois se sente o “dono” de tal entidade, chegando as

vezes a expulsar o novo guia tachando-o de mistificador, quiumba ou até mesmo um

impostor. Na Umbanda, os Falangeiros, guias ou protetores, e todas as entidades que

fazem parte de sua corrente astral que trabalham dentro das Sete Linhas também são

divididos em Linhas de Trabalho conhecidas como Linha da Direita e Linha da

Esquerda, onde temos:

Linha de Direita: Os Falangeiros dos Orixás, os Pretos-Velhos, os Caboclos,

os Boiadeiros, as Crianças, os Marinheiros, os Baianos e os Orientais.

Linha de Esquerda: O Povo de Rua, espíritos guardiões, que são os Exus,

Pomba-giras, Ciganos e Malandros.

A Umbanda por ser considerada no Astral um Ritual de ação positiva à

humanidade atrai milhares de espíritos sedentos para trabalhar em suas searas em

beneficio do próximo. Esses espíritos são doutrinados e dirigidos a uma das linhas de

trabalho de acordo com seu campo vibracional, segundo a Lei das Afinidades. Sendo

assim, nem todas as entidades que manifestam nos Terreiros como Pretos Velhos, por

exemplo, foram necessariamente negros e escravos, como nem todos os Caboclos foram

necessariamente índios, são apenas uma roupagem fluídica simbólica, uma homenagem

a esses povos que contribuíram para a formação do povo brasileiro. Os espíritos se

utilizam desse simbolismo nas manifestações para afastar a vaidade dos médiuns, pois a

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eles, entidades, só interessam a caridade e o amor ao próximo, e não quem foram ou o

que fizeram, ou até mesmo que título tiveram em suas encarnações passadas.

Não se incomodam em manifestar-se de uma forma humilde e simples. Nesses

grupos de espíritos não há distinção de raças, origem religiosa ou títulos terrenos, neles

o que impera é a beleza da Alma, o valor do caráter. Amam a todos e sabem que a carne

é somente um veículo transitório. Uma gíra de Umbanda é uma verdadeira aula de

humildade e desprendimento, o que a nós deve interessar saber é que todos tem algo a

nos ensinar, independente de sua origem. Devemos ter a consciência de que eles nos

auxiliam no que for permitido pela Lei Maior e no que for de nosso merecimento e não

para suprir nossas futilidades.

AS FONTES ENERGÉTICAS DA UMBANDA

Muitas pessoas necessitam, ainda, de algo que funcione como muletas

psicológicas, a fim de desenvolverem seu potencial. Mas na Umbanda o que acontece é

bem diferente, o altar ou “congá”, os objetos de culto e todo o simbolismo são utilizados

visando compor o que as entidades chamam de “bateria magnética”, uma espécie de

bateria psíquica que concentra as energias para as tarefas a serem realizadas. A

Umbanda como já vimos, lida com fluidos, às vezes, muito pesados, com magnetismo

elementar e uma grande quantidade de pessoas que vem em busca desses recursos e

devido à falta de informação não conseguem compreender seu verdadeiro objetivo e sua

responsabilidade quanto a manutenção delas.

O “gongá” é uma verdadeira concentração de energia, nele são concentrados

seus pensamentos, suas orações, suas criações mentais mais sutis. Então quando os

mentores espirituais precisam de uma cota de energia maior para a realização de

determinadas atividades, recorrem a esse “depósito de energia”, mas o gongá é também

um imenso reservatório de ectoplasma, força nervosa grandemente utilizada devido à

natureza dos trabalhos.

Os cânticos ou “pontos cantados” também têm um profundo significado dentro

dos rituais da Umbanda, usados não só para a invocação dos “guias”, ou mentores

espirituais, e para a identificação dos mesmos quando estes se manifestam, servem

também como condensadores de energia, é uma espécie de mantra, palavras

consagradas por seu alto potencial de captação energética, e de acordo com o ponto

cantado, uma imensa quantidade de energia vai se formando e se aglutinando na

psicosfera ambiente, esta que depois é absorvida pela aura dos que ali se encontram,

além de se agregarem em torno do gongá. Seguindo o mesmo processo, também temos

os chamados “banhos de descarrego”, tão receitados pelas entidades, sabemos bem do

poder das ervas e de seu magnetismo, que quando utilizados adequadamente podem

operar verdadeiros prodígios, gerando equilíbrio e harmonia.

As plantas guardam, em seu estado de evolução, muita energia e vitalidade, os

raios do sol que são absorvidos no processo da fotossíntese, formam uma aura particular

em cada família do reino vegetal, que se associa ao próprio quimismo da planta, que

quando são colocadas em infusão transmitem à água todo o seu potencial energético,

curador e reconstituinte. Quando o adepto toma o banho com a mistura de determinadas

ervas, todo o magnetismo que ali está associado provoca em alguns casos, um choque

energético ou uma reconstituição das camadas mais externas de sua aura. Na verdade,

isso não tem nada a ver com o misticismo, é puramente científico.

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Sob a influência abençoada das ervas, muitos benefícios tem sido alcançados por

inúmeras pessoas. Na atualidade, muitos cientistas deram sua contribuição com a

descoberta dos florais, que obedecem ao mesmo princípio terapêutico dos chás e banhos

de ervas. Nas defumações, empregadas na Umbanda, o princípio é o mesmo, mas em

lugar de empregar as ervas em infusão, elas são queimadas, e na queima, suas

propriedades terapêuticas são transmitidas e utilizadas de forma energicamente pura, ou

seja, o fogo, a combustão, transforma a matéria em energia, isto é a lei da física, e

quando determinada erva é queimada, sua parte fluídica ou etérea se concentra aliando-

se ao seu potencial próprio o potencial da parte física que se transforma em energia no

momento da combustão, o produto obtido aí, aliado ao fluido energético dos espíritos

que sabem manipular tais recursos. Neste caso, também não se trata de misticismo, mas

de puro conhecimento de certas propriedades dos elementos vegetais, animais e

minerais a serviço do bem.

Podemos observar que todas essas energias são utilizadas para desestruturar as

criações mentais inferiores que se encontram nas auras dos adeptos. Mas para muitos,

tudo isso significa apenas uma forma de adorar ou de se prestar culto às forças da

natureza, ou um elo de ligação e união com os guias e mentores espirituais.

Por isso que nós umbandistas temos a necessidade de cada vez mais nos

esclarecer sobre as questões de nossa religião para compreendermos as leis que regem

as atividades da espiritualidade e para não continuarmos na ignorância do que ocorre

transformando tudo em misticismo.

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AS OFERENDAS NA UMBANDA

Desde a mais longínqua antigüidade o ser humano sempre tentou alcançar as

benesses de seres superiores, seus deuses, através de presentes que julgavam ser do

agrado destes. Sem entrar muito profundamente na história de cada religião, podemos

ver alusões a oferendas, inclusive com matança de animais até mesmo no chamado

Antigo Testamento, tendo sido inclusive o fato de Jeová não ter aceito a oferenda de

Caim tão bem quanto aceitou a de Abel o que desencadeou no ciúme, inveja e posterior

assassinato de um pelo outro.

É certo também que com o passar dos tempos, muitos hábitos antes tidos como

fundamentais, foram se modificando em todas as Religiões e Seitas, baseados na

pressuposição de que não teriam real fundamento porque o Deus que procuravam não

poderia mais ser ligado a presentes materiais como os que então eram oferecidos.

Aprendemos que se entidades que não chegam a serem deuses, por não terem alcançado

um nível evolutivo maior, já não se prendem às coisas materiais, que dirá um Deus ou

mesmo um "Orixá", seja ele quem for. Por que então as oferendas na Umbanda? Por

acaso não seria para alcançar as benesses dos Orixás e do próprio DEUS? Sabendo que

os Orixás são irradiações puras do criador e não necessitam dessas oferendas, então

quem realmente as recebe? Quem as recebe são entidades conhecidas como Elementais

da Natureza, também conhecidos por Espíritos da Natureza.

Os Elementais podem ser compreendidos, sob uma definição laica, como seres,

criaturas físicas ou espirituais, que habitam os quatro reinos da natureza (água, fogo,

terra e ar) e podem exercer influência sobre os seres vivos. Elementais também é o

nome dado em algumas religiões a todo e qualquer espírito existente na natureza

segundo a crença no “Animismo” Também são conhecidos como personagens fictícios,

que representam a natureza e que seriam capazes de controlar seus elementos e os

representar. São eles:

Silfos - os elementais do ar;

Salamandra - os elementais do fogo;

Ondinas - os elementais da água;

Gnomos - os elementais da terra.

O trato com Elementais pode ser perigosíssimo para os que não sabem se

precaver, e é por isso mesmo que na Umbanda, o trato com esses seres é feito através

daqueles que realmente sabem e podem, com segurança, determinar junto a eles as

diretrizes desse ou daquele trabalho.

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Não é que seja tão difícil entrar em contato com eles, o problema está,

principalmente, na tendência dos humanos quererem fazer desses seres os seus

"geninhos particulares", pensando que são mais inteligentes e podem comprá-los com

as oferendas que colocam em certos lugares sem se preocuparem com mais nada. Em

casos assim eles podem transformar-se em obsessores difíceis de serem afastados.

Que fique bem claro que os Elementais são amplamente utilizados em trabalhos

de magia tanto positiva quanto negativamente por entidades astrais. Quando uma

entidade pede uma oferenda para a realização deste ou daquele trabalho, pode estar

certo de que a menos que ela seja um "quiumba", um espírito elementar em evolução,

estará solicitando a mesma para que possa atrair e comandar certos elementais que têm

ação direta sobre o tipo de trabalho a ser executado. Que fique bem claro que Entidade

espiritual que já passou por um processo evolutivo não precisa comer nem beber, muito

menos de sangue de animais sacrificados, já os Elementais e certos Espíritos

Elementares (quiumbas e certos obsessores) sim, pois pertencem a um nível astral quase

que igual ao nosso e na verdade o que fazem é absorver a energia que emana desses

elementos a eles oferecidos e não da matéria propriamente dita.

Quanto às oferendas utilizadas na Umbanda são oferecidas exatamente na

intenção de liberarem ou como forma de canalizarem certas energias, que por sua vez

serão absorvidas e usadas para a realização do trabalho proposto.

Sabemos que essas oferendas podem ser representativas ou “votivas”. Nós

umbandistas não somos contra as oferendas, mas sim com o tipo e o excesso delas. Pois

existem médiuns e assistentes dentro da Umbanda que acreditam piamente que só

através de oferendas é que conseguirão os seus objetivos e fazem isto com tanto

freqüência e fé que acabam “viciando” nesta prática a si mesmo e a entidade ou

entidades oferendadas.

Deveriam saber que com uma simples oração, conseguiriam seu intento, mas não

o consegue por não estar habituado a fazer as coisas de maneira simples e

espiritualizada, ou seja, precisa da matéria, de uma muleta psíquica para canalizar sua

fé. É claro que em determinados momentos elas são necessárias, mas não devem fazer

parte do dia-a-dia do médium ou do consulente. Devem ser orientadas, explicadas e

justificadas.

Antes de qualquer coisa, um verdadeiro umbandista deve sempre se preocupar

em não poluir os reinos da natureza, considerar sempre a lógica e não esquecer de que a

Umbanda considera a natureza como manifestação de Deus na terra, por tanto tem o

dever preservá-la. Um grande Caboclo dirigente de um terreiro de Umbanda ao sempre

se deparar com médiuns e assistência lhe perguntando sobre qual oferenda se deveria

entregar no dia de determinado Orixá, resolveu então passar uma receita básica que

pode ser utilizada para qualquer Orixá ou Entidade. Vamos a ela:

“Material necessário:

01 pacote de amor, em pó, para que qualquer brisa possa espalhar entre as

pessoas que estiverem perto ou longe de você;

01 pedaço (bem generoso) de fé, em estado rochoso, para que ela seja

inabalável;

Algumas páginas de estudo doutrinário, para que você possa entender as

intuições que recebe;

01 pacote de desejo de fazer caridade desinteressada, em retribuição, para

não "desandar" a massa.

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Modo de Preparo: Junte tudo isto num alguidar feito com o barro da resignação

e determinação e venha para o terreiro. Coloque em frente ao Gongá e reze a seguinte

prece: "Pai, recebe esta humilde oferenda dada com a totalidade da minha alma e

revigora o meu físico para que eu possa ser um perfeito veículo dos teus enviados.

Amém." Pronto! Você acabou de fazer a maior oferenda que qualquer Orixá, Guia ou

Entidade pode desejar ou precisar: Você se dispôs a ser um MÉDIUM!”

“Foi, não há muito tempo atrás, que essa história aconteceu. Contada aqui de

uma forma romanceada, mas que trás em sua essência uma verdadeira mensagem para

os umbandistas. Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os

pelos do corpo. Realmente o Sol tinha se escondido nesse dia e a Lua, tímida, teimava

em não iluminar com seus encantadores raios brilhosos como fios de prata, a morada

dos Orixás. Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das “guerras”, saiu do alto ponto onde

guarda todos os caminhos e dirigiu–se ao mar. Lá chegando, as sereias começaram a

cantar e os seres aquáticos agitaram–se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e

corajoso.

Yemanjá que tem nele um filho querido, logo abriu um sorriso, aqueles de mãe

“coruja” quando revê um filho que há tempos partiu de sua casa, mas nunca de sua

eterna morada dentro do coração: - Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo! Você

podia vir visitar mais vezes sua mãe, não é mesmo? - ralhou Yemanjá, com aquele tom

típico de contrariedade. - Desculpe, sabe, ando meio ocupado - Respondeu um triste

Ogum. - Mas, o que aconteceu? Sinto que estás triste. - É, vim até aqui para “desabafar”

com você “mãezinha”. Estou cansado! Estou cansado de muitas coisas que os

encarnados fazem em meu nome. Estou cansado com o que eles fazem com a “espada

da Lei” que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda. Estou muito mais

cansado das “supostas” demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um

deles… Estou cansado… Ogum retirou seu elmo, e por de trás de seu bonito capacete,

um rosto belo e de traços fortes pôde ser visto.

Ele chorava. Chorava uma dor que carregava há tempos. Chorava por ser tão mal

compreendido pelos filhos de Umbanda. Chorava por ninguém entender, que se ele era

daquele jeito, protetor e austero, era porque em seu peito a chama da compaixão

brilhava. E se existe um Orixá leal, fiel e companheiro, esse Orixá é Ogum. Ele daria a

própria vida por cada pessoa da humanidade, não apenas pelos filhos de fé. Não! Ogum

amava a humanidade, amava a Vida. Mas infelizmente suas atribuições não eram

realmente entendidas. As pessoas não viam em sua espada, a força que corta as trevas

do ego e logo a transformavam em um instrumento de guerra. Não vinham nele a

potência e a força de vencer os abismos profundos, que criam verdadeiros vales de

trevas na alma de todos.

Não vinham em sua lança, à direção que aponta para o autoconhecimento, para

iluminação interna e eterna. Não! Infelizmente ele era entendido como o “Orixá da

Guerra”, um homem impiedoso que se utiliza de sua espada para resolver qualquer

situação. E logo, inspirados por isso, lá iam os filhos de fé esquecer os trabalhos de

assistência a espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura,

esqueciam do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer trabalho

espiritual, para apenas realizaram “quebras e cortes” de demandas, muitas das quais

nem mesmo existem, ou quando existem muita das vezes são apenas reflexos do próprio

estado de espírito de cada um. E mais, normalmente, tudo isso se torna uma guerra de

vaidade, um show “pirotécnico” de forças ocultas.

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Muita “espada”, muito “tridente”, muitas “armas”, pouco coração, pensamento

elevado e crescimento espiritual. Isso magoava Ogum. Como magoava. Continuou

Ogum: - Ah, filhos de Umbanda, por que vocês esquecem que Umbanda é pura e

simplesmente amor e caridade? A minha espada sempre protege o justo, o correto,

aquele que trabalha pela luz, fiando seu coração em Olorum.

Por que esquecem que a Espada da Lei só pode ser manuseada pela mão direita

do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberba, do poder

transitório, da ira, da ilusão, transformando–a em apenas mais uma espada semeadora

de tormentos e destruição. Então, Ogum começou a retirar sua armadura, que

representava a proteção e firmeza no caminho espiritual que esse Orixá traz para nossa

vida. E totalmente nu ficou frente à Iemanjá. Cravou sua espada no solo. Não queria

mais lutar, não daquele jeito. Estava cansado…

Logo um estrondo foi ouvido e o querido, mas também temido Tatá Omulú

apareceu. E por incrível que pareça o mesmo aconteceu. Ele não agüentava mais ser

visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia como ele, o

guardião da Vida podia ser invocado para atentar contra ela. Magoava-se por sua

falange da morte, que é o princípio que a tudo destrói, para que então a mudança e a

renovação aconteçam ser tão temida e mal compreendida pelos homens.

Ele também deixou sua Falange aos pés de Iemanjá, e retirou seu manto escuro

como a noite. Logo se via o mais lindo dos Orixás, aquele que usa uma cobertura para

não cegar os seus filhos com a imensa luz de amor e paz que se irradia de todo seu ser.

A luz que cura, a luz que pacifica aquela que recolhe todas as almas que se perderam na

senda do Criador. Infelizmente os filhos de fé esquecem-se disso. Mas o mais incrível

estava por acontecer. Uma tempestade começou a desabar aumentando ainda mais o

aspecto incrível e tenebroso daquela estranha noite.

E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo, começarem também

a despir-se de suas vestimentas sagradas, além de as deixarem ao pé de Yemanjá suas

armas e ferramentas simbólicas. Faziam isso em respeito a Ogum e Omulú, dois Orixás

muito mal compreendidos pelos umbandistas. Faziam isso por si próprios. Iansã queria

que as pessoas entendessem que seus ventos sagrados são o sopro de Olorum, que

espalha as sementes de luz do seu amor. Oxóssi queria ser reverenciado como aquele

que, com flechas douradas de conhecimento, rasga as trevas da ignorância. Egunitá

apagou seu fogo encantador, afinal, ninguém se lembrava da chama que intensifica a fé

e a espiritualidade. Apenas daquele que devora e destrói. Os vícios dos outros, é claro.

Um a um, todos foram despindo-se e pensando quanto os filhos de Umbanda

compreendiam erroneamente os Orixás. Yemanjá, totalmente surpresa e sem reação,

não sabia o que fazer. Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente. Era Exú.

O controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava

para a reunião, acompanhado pela Pomba-gira, sua companheira eterna de jornada. Mas

os dois estavam muito diferentes de como normalmente apresentam-se. Andavam

curvados, como que segurando um grande peso nas costas. Tinham na face, a expressão

do cansaço. Mas, mesmo assim, gargalhavam muito.

Eles nunca perdiam o senso de humor! E os dois também repetiram aquilo que

todos os Orixás foram fazer na casa de Yemanjá. Despiram–se de tudo. Exu e Pomba-

gira, sem dúvida, eram os que mais razões tinham de ali estarem. Inúmeros eram os

absurdos cometidos por encarnados em nome deles. Sem contar o preconceito, que o

próprio umbandista ajudou a criar, dentro da sociedade, associando-o a figura do Diabo:

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- Há, há, há, lamentável essa situação, há, há, há, lamentável! - Exu chorava, mas Exu

continuava a sorrir. Essa era a natureza desse querido Orixá.

Yemanjá estava desesperada! Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto. Mas

nem mesmo a encantadora Rainha do Mar sabia o que fazer: - Espere! - pensou

Yemanjá - Oxalá, Oxalá não está aqui! Ele com certeza saberá como resolver essa

situação.

E logo Yemanjá colocou-se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei

entre os Orixás. Oxalá apresentou–se na frente de todos. Trazia seu opaxorô, o cajado

que sustenta o mundo. Cravou na Terra, ao lado da espada de Ogum. Também se despiu

de sua roupa sagrada, pra igualar-se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro cantos do

Orun:

- Olorum manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos queridos! Ele diz

para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem, aqueles que

assim o fazem, não medem esforços para disseminar essas verdades divinas. Fechem os

olhos e vejam, que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nossos

nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado e colhido, por mãos de

sérios e puros trabalhadores nesse, às vezes triste, mas abençoado planeta Terra. Esses

verdadeiros filhos de fé que lutam por uma Umbanda séria, sem os absurdos que por aí

acontecem. Esses que muito além de “apenas” prestarem o socorro espiritual, plantam

as sementes do amor dentro do coração de milhares de pessoas.

Esses que passam por cima das dificuldades materiais, e das pressões espirituais,

realizando um trabalho magnífico, atendendo milhares na matéria, mas também,

milhões no astral, construindo verdadeiras “bases de luz” na crosta, onde a

espiritualidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se. Esses que realmente nos

compreendem e nos buscam dentro do coração espiritual, pois é lá que o verdadeiro

Orun reside e existe. Esses incríveis filhos de umbanda, que não colocam as

responsabilidades da vida deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende

exclusivamente deles mesmos.

Esses fantásticos trabalhadores anônimos, soltos pelo Brasil, que honram e

enchem a Umbanda de alegria, fazendo a filhinha mais nova de Olorum brilhar e

sorrir… Quando Oxalá calou-se os Orixás estavam mudados. Todos eles tinham suas

esperanças recuperadas, realmente viram que se poucos eram os que os compreendiam,

grande era o trabalho que estava sendo realizado, e talvez, daqui algum tempo, muitos

outros se juntariam nesse ideal.

E aquilo os alegrou tanto que todos começaram a assumir suas verdadeiras

formas, de luzes fulgurantes e indescritíveis. E lá, do plano celeste, brilharam e

derramaram-se em amor e compaixão pela humanidade. Em Aruanda, os caboclos,

preto-velhos e crianças, o mesmo fizeram. Largaram tudo, também se despiram e

manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos

Orixás. Na Terra, baianos, marinheiros, boiadeiros, ciganos e todos os povos de

Umbanda, sorriam. Aquelas luzes que vinham lá do alto os saudavam e abençoavam

seus abnegados e difíceis trabalhos. Uma alegria e bem-aventurança incríveis invadiram

seus corações. Largaram suas armas.

Apenas sorriam e se abraçavam. O alto os abençoava… Mas, uma ação dos

Orixás nunca fica limitada, pois é divina, alcançando assim, a tudo e a todos. E lá no

baixo astral, aqueles guardiões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados

pelas luzes Deles, os Senhores do Alto. Largaram as armas, as capas, e lavaram suas

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sofridas almas com aquele banho de luz. Lavaram seus corações, magoados por tanta

tolice dita e cometida em nome deles. Exus e Pomba-giras, naquele dia foram tocados

pelo amor dos Orixás, e com certeza, aquilo daria força para mais muitos milênios de

lutas insaciáveis pela Luz. Miríades de espíritos foram retiradas do baixo-astral, e pela

vibração dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda que leva ao Criador.

E na matéria toda a humanidade foi abençoada. Aos tolos que pensam que

Orixás pertencem a uma única religião ou a um povo e tradição, um alerta. Os Orixás

amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente. Aquela noite que tinha

tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou-se benção na vida de

todos. Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as egrégoras de paz e luz deram-se

as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orun, a morada

celestial dos Orixás.

Vocês, filhos de Umbanda, pensem bem! Não transformem a Umbanda em um

campo de guerra, onde os Orixás são vistos como “armas” para vocês acertarem suas

contas terrenas. Muito menos se esqueçam do amor e compaixão, chaves de acesso ao

mistério de qualquer um deles. Umbanda é simples, é puro sentimento, alegria e razão.

Lembrem-se disso. E quanto a todos aqueles que lutam por uma Umbanda séria,

esclarecida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem-se das palavras de

Oxalá ditas linhas acima. Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem

por aqueles que não têm olhos para ver o brilho da verdadeira espiritualidade.

Lembrem-se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de alegria e esperança.

A todos, que lutam pela Umbanda nessa Terra de Orixás, esse texto é dedicado.

Os honrem. Sejam luz, assim como Eles! Axé ê o babá.”

Autoria Espiritual: Vovó Maria Conga

Transcritor: Humilde e desconhecido

Local: Algum terreiro da Bahia

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OS ORIXÁS - DIVINDADES DA UMBANDA

A Umbanda foi formada com bases na simplicidade em que os antigos povos

cultuavam Deus, para eles, Ele era o sol que germinava as sementes lançadas na terra,

era a própria terra que alimentava e dava vida às sementes, era a chuva bendita que

vinha do céu para molhar a terra fazendo crescer as plantações e matar a sede enchendo

seus poços de água. Conseqüentemente, com isso para eles a natureza era sagrada,

encontravam Deus em todos os lugares e toda a manifestação da natureza era uma

manifestação divina.

Os Orixás, divindades da Umbanda, representam essas forças da natureza, são as

personificações de seus elementos cósmicos. Nem os índios nativos nem os povos

africanos adoravam a natureza em si, mas sim as potências energéticas associadas aos

muitos aspectos desta natureza viva, por exemplo: “Yemanjá” não é a água do mar, mas

a concretização em nível físico de sua energia.

As entidades que se manifestam nos Terreiros de Umbanda não são essas

potências energéticas da natureza, mas espíritos evoluídos que atuam no plano

vibracional de cada uma destas potências ou elementos. Os Orixás, na Umbanda sendo

agentes divinos que regem e manipulam cada uma dessas energias têm seu ponto de

força ou santuário natural, onde devemos evocá-los e entrar em contato mediúnico para

buscarmos forças para o desenvolvimento de nossos trabalhos e estender os laços de

união que nos unem a eles, nossos guias espirituais.

O mar é o ponto de força de Yemanjá, as cachoeiras de Oxum, as matas de

Oxóssi, as pedreiras de Xangô e Iansã, os campos abertos de Oxalá, os caminhos de

Ogum, os jardins a beira-mar e cachoeiras dos Erês, os cemitérios de Omulú e as

encruzilhadas dos Exús; aqui enumeramos os principais pontos de força dos Orixás e de

algumas das entidades que trabalham na Umbanda. A Umbanda é um movimento

espiritual que sempre esteve ativo, muitas das vezes com nomes diferentes, mas sempre

ativo. Cultuar os Orixás na natureza, nada mais é do que reconhecer a onde a árvore da

vida dá seus melhores frutos.

Os Orixás que se manifestam na umbanda são os regentes e ativadores das forças

que habitam a natureza, o adepto é seu intermediário. O Orixá regente vai abrindo, de

forma gradual, a cada mediador a cortina sobre seu poder de atuação no mundo

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espiritual e material, pois ainda não é o tempo de se levantar o véu de luz que oculta os

grandes mistérios sagrados. A origem do culto dos Orixás na Umbanda provém dos

Negros Africanos que foram presos e trazidos escravizados para o Brasil.

Devemos lembrar que a África não é um País e sim um continente e que os

Negros em questão vieram de diferentes Nações Africanas, que tinham suas

particularidades quanto aos cultos a seus "deuses". Podemos citar os Nagôs ou Yorubás

que habitavam regiões da atual Nigéria, Benin, Togo e Gana com o culto aos Orixás; os

Bantos, trazidos da região do Congo e Angola com o culto aos Nkises e os Jeje (Fon)

vindos da atual República Popular do Benin com o culto aos Voduns. Eles aqui, de certa

forma, unificaram sua cultura e reorganizaram os cultos originais ao novo ambiente e

situação, ficando mais difundida a cultura e religião dos Yorubas, devido o fato desses

terem sidos escravizados nos períodos mais brandos da colonização Portuguesa, tendo

assim mais liberdade quanto sua cultura e religião.

Estudos mostram que no continente Africano existiam de 600 a 1700 Orixás e

que para o Brasil vieram cerca de 50 Orixás, onde apenas 16 sobreviveram nos Cultos

de Nação, Candomblé.

Vejamos como eram divididos os dias da semana na Nação Yorubá/Nagô:

1º dia: Ojó Awo - é o dia da consulta a Ifá.

2º dia: Ojó Ogún - é o dia das conquistas e lutas.

3º dia: Ojó Jàkúta - é o dia da justiça.

4º dia: Ojó Obàtálá - é o dia de reverência a Oxalá.

Na maioria dos terreiros de Umbanda segue-se um modelo que foi adaptado

pelos Negros Africanos, já que seu calendário era diferente do nosso, e apesar de

algumas mudanças pela influencia de outras Nações, ficou um modelo meio que padrão

que teve uma tendência há modificar um pouco mais com o surgimento das sete linhas

de Umbanda, conforme a fundamentação e as raízes de cada Terreiro.

Ficando então os Orixás e as linhas de trabalho distribuídos da seguinte forma:

Segunda - Omulú, Almas, Pretos Velhos, Exus e Malandros

Terça - Ogum

Quarta - Xangô, Iansã e Baianos

Quinta – Oxóssi, Caboclos e Boiadeiros

Sexta - Oxalá

Sábado - Oxum, Iansã, Yemanjá, Marinheiros e Ciganos

Domingo - Ibeji (Erês/Crianças), Yemanjá

Com um estudo mais aprofundado, observamos que muitos como a cultura

greco-romana, os povos do Egito, da Babilônia e Mesopotâmia, assim como os Maias,

Astecas e Incas na América, observavam os astros errantes e também cultuavam Deus

em suas manifestações através das forças da natureza e associavam esse potencial a

esses astros, os nomeando pelos nomes dos seus "deuses".

A Astrologia e a Ciência vieram mais tarde fundamentar esses cultos, nos

mostrando as reais influências dos astros na natureza, onde podemos citar como

exemplo a influência da Lua nas marés, provando assim que o Universo se interage num

tudo. Seguindo essa linha de raciocínio e admitindo que uma dessas "verdades

universais" é que Deus é único e que se apresenta diferentemente para cada povo de

acordo com sua cultura, seu grau de evolução e entendimento, podemos observar que as

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características, arquétipos de cada Orixá e das várias divindades de outras culturas são

muito parecidas se diferenciando apenas nos nomes e nas formas de culto.

Os gregos criaram um período de sete dias para seus sete planetas/deuses,

período que hoje conhecemos como semana.

Então oremos e peçamos a Oxalá que permita a cada mediador dentro do ritual

da Umbanda, procurar elevar-se moralmente buscando expandir seus conhecimentos,

sempre fortalecendo o elo de comunicação com seu mentor espiritual, manifestado e

personificado na forma de um Orixá, se integrando cada vez mais com ele, podendo

assim, através dele, irradiar a luz e a força de Deus, transmitindo suas energias

reparadoras e mensagens de amor através da Caridade.

OLORUM - DEUS, O CRIADOR

"Olorum, meu Deus, criador de tudo e de todos. Poderoso é o vosso nome e

grandiosa e vossa misericórdia. Em nome de Oxalá, recorro a vós, nesse momento,

para pedir-Te a benção durante meu caminhar rumo a Vossa vontade. Que Vossa

divina luz incida sobre tudo que criaste. Com Vossas mãos, retire todo mal, todos os

problemas e todos os perigos que estejam em meu caminhar. Que as forças negativas

que me abatem e que me entristecem, se desfaçam ao sopro de Vossas bênçãos. Que o

Vosso poder destrua todas as barreiras que impedem meu progresso rumo a Tua

verdade. E que Vossas virtudes penetrem e meu espírito dando-me paz, saúde e

prosperidade. Abra Senhor os meus caminhos, que meus passos sejam dirigidos por

Vós para que não tropece em minha caminhada. Assim seja! Salve Olorum!”

“Olorum”, ou “Olodumaré”, ou Zambi, é o criador do Universo, é o próprio

princípio criador em eterno movimento, fonte de tudo o que somos e de tudo o que

nossos sentidos possam perceber. Se quisermos encontrar Olorum, temos que procurá-lo

primeiramente em nós mesmos, Ele é o princípio que rege tudo e todos, é infinito em

suas perfeições, é eterno, imutável, imaterial e único. É todo poderoso porque é único, e

é sobre tudo, soberanamente justo e bom.

Para acreditar em Deus, Olorum, basta o homem lançar os olhos sobre as obras

de sua criação. Duvidar de sua existência seria negar que todo efeito tivesse uma causa,

e admitir que o nada possa fazer alguma coisa. Deus, Olorum, não é uma força ordenada

pelo homem, muito pelo contrário, por mais sábio que seja o homem, uma religião, ou a

própria humanidade, jamais conseguirá penetrar em seus mistérios. Esse “saber”, seus

mistérios ou qualquer que seja o nome que lhes dê: Jeová, Alá, Brahama, Zambi, pouco

significa perante o criador, são apenas formas diferentes para expressar a mesma coisa.

Quando adquirimos conhecimentos a respeito dos muitos meios que Olorum se

utiliza para comunicar-se conosco, vamos a busca de Sabedoria, esta que nos revela

seus mistérios ocultos e sagrados, e quando nos tornamos sábios, procuramos nos guiar

pela Razão ou pelo Raciocínio, este que nos ensina a usar o que a Sabedoria nos

revelou: seus mistérios divinos, sua força ativa e sua razão de ser.

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A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, este equilíbrio nos diz o que é

certo e o que é errado na vida, e é isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu

equilíbrio e se tornaram conhecedores da Lei, se sacrifiquem em beneficio de seu

semelhante, sem nada esperar em troca, e quando alguém se torna um “equilibrador” de

seus semelhantes, baseado sempre na Caridade pura, que é a Lei maior ensinada pelo

Mestre Jesus ou “Oxalá” , como nós o chamamos, é porque descobriu o verdadeiro

sentido da vida, adquirindo uma fé indestrutível no criador, Olorum.

Essa Fé nos faz perceber a grandeza da força de Olorum, nos faz também

transbordar em Amor, e quando amamos a nós mesmos como obras de Olorum,

conseguimos amar e respeitar a vida de nossos semelhantes e a natureza como a nossa

própria vida, percebendo assim nas coisas mais simples a essência do criador, vendo

que uma simples pedra não é menos importante que uma montanha, pois tudo é obra de

Deus, Olorum. Poderíamos falar Muito mais a respeito de Olorum, mas ainda não

estamos preparados para conhecermos todos os seus mistérios, por isso é que devemos

buscar cada vez mais esclarecer-nos e elevar-nos moralmente para que no seu devido

tempo, possamos ter o merecimento de obter todas as respostas a respeito de Olorum,

Deus, o criador de tudo e de todos.

OXALÁ - O EQUILÍBRIO E A FÉ

"Oxalá, divina manifestação do bem, Senhor da perfeita sabedoria e do bendito

amor. Oh Pai! Vós que recebestes o poder do supremo doador para tudo e todos

protegei-me das ciladas ilusórias do mundo enganador e despertai-me para a realidade

da vida imortal. Sois a imaculada irradiação do altíssimo, Vosso nome é maravilhoso e

compassivo, me guie com ternura e esperança para Aruanda, cidade da Luz. Eu venho

a Vós, preso na mais grosseira materialidade e afogado em sentimentos inferiores,

arrependido rogo-te pela salvação de minha consciência. Junto a Vós, trilho por

caminhos iluminados, porque Sois a divina pureza acolhedora e misericordiosa. Santo

nome envolva-me em sentimentos fraternos de real amor, afim de que chegue até Vós.

Oxalá, meu pai, tende pena e compaixão de mim. Êpa, Babá! Salve Oxalá!”

Falar de Oxalá é falar de algo que é para ser sentido, não tocado, pois Ele é a luz

que equilibra tudo e todos. É o maior dos Orixás da Umbanda, e o único a manifestar-se

fisicamente aos homens, na conformação de Jesus Cristo, com a missão de esclarecer as

Leis do Criador e reequilibrar a humanidade através das Leis do Amor e da Caridade. A

Ele só importa o que fazemos e o que pensamos, pois é a Ele a quem devemos prestar

contas de nossos atos, porque Ele é a própria lei de Deus em execução. Por ser o maior

dos orixás, não tem um ponto de força específico, seu poder se manifesta em todos os

lugares, mas muitos o associam a energia solar e a dos demais astros. É representado

pela estrela de seis pontas, sua cor é a branca e seu dia da semana é a sexta-feira e sua

saudação é "Epá, Babá!".

É sempre invocado nos Rituais da Umbanda para reequilibrar as manifestações

ou para devolver o equilíbrio tanto do espírito quanto do corpo físico. Por isso é que

quanto mais puros são os nossos ideais e procurarmos cada vez mais nos elevarmos

moralmente, mais próximos Dele estaremos.

Na Umbanda os trabalhos que são realizados sob a regência de Oxalá são sempre

doutrinadores, e as entidades que são regidas por Ele, trabalham na linha da Fé, mas

para que possam chegar a esse nível de elevação, é necessário que tenham passado por

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todas as linhas de força dentro dos rituais da Umbanda, e que também conheçam todos

os pontos de força da natureza e seus campos de atuação no mundo material e espiritual.

Essas entidades são de um equilíbrio maravilhoso, suas palavras transmitem toda a

sabedoria que foi sedimentada com o tempo e a experiência nos trabalhos.

Poderíamos falar muito a respeito das linhas de trabalho que atuam sob a

regência de Oxalá, mas muito ainda nos é oculto, seus mistérios não são totalmente

revelados. Podemos apenas dizer que Oxalá é luz, é vida e que seu poder só se revela

quando somos guiados pela fé, esta que é o atributo mais apreciado por Ele, a

humildade é o que mais exige de nós, a bondade é a melhor forma de nos apresentarmos

a Ele.

Pureza, humildade e bondade são a sua essência. Oxalá é a fé que nos ampara

nas horas difíceis, nos devolvendo o equilíbrio tanto físico quanto psicológico, é

também a fé que nos faz acreditar que existe algo maior, um Deus maravilhoso que

sempre está disposto a nos ouvir e que sempre se faz presente em nossa vida, através de

pequenos gestos e ações.

As pessoas que buscam por em prática os atributos de Oxalá, se tornam

predominantemente bondosas, perfeccionistas, cultivam a liberdade e se sobressaem por

uma autoridade ponderada. Mas quando se deixam levar pelo o ego, se destacam pela

inveja, pela vaidade, pela maledicência se tornando assim, autoritários e

temperamentais.

Para que possamos descobrir mais sobre os mistérios de Oxalá, que comecemos

adquirindo os seus quatro atributos essenciais: a pureza, a bondade, a humildade e a

simplicidade, seguindo seus exemplos e praticando a caridade sempre baseados em sua

Lei Maior: "Amar ao próximo como a si mesmo", fazendo aos outros somente o que

queiramos que nos façam, buscando sempre termos fé e confiança, para com isso

alcançarmos os objetivos que nos são propostos pelo Criador e para que no decorrer

desta caminhada possamos ser sempre amparados por Ele.

OXALÁ (Oxa:luz; Alá:branca)

Sincretismo Jesus Cristo

Reino na Natureza Ar, a Criação.

Linha de Vibração Pureza/ Paz/ Fé / Religiosidade

Símbolo Páxôrô (cajado de metal), Irinlê (pombo branco)

Saudação Èpa Bàbá! (“Salve pai!”)

Cor Branco

Dia Comemorativo 25 de dezembro

Dia da Semana Sexta-feira ou domingo

Ervas para Banho Poejo, Camomila, Chapéu de Couro, Erva de Bicho, Cravo,

Coentro, Gerânio Branco, Arruda, Erva Cidreira, Erva de São

João, Alecrim do Mato, Hortelã, Alevante, Erva de Oxalá

(Boldo), Folhas de Girassol, Folhas de Bambu e Rosa Branca

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OGUM - O EQUILÍBRIO

"Ogum meu pai, que minhas palavras e pensamentos cheguem a Vós em forma

de prece. Que esta prece corra o mundo e chegue aos necessitados em forma de

conforto a suas dores. Que corra os quatro cantos da terra e chegue aos meus inimigos

em forma de brado de advertência, pois sei que sendo seu filho e nada tenho a temer.

Ogum, Padroeiro dos Agricultores, fazei com que minhas ações sejam sempre férteis,

como o trigo que cresce e alimenta a humanidade. Ogum, Senhor das Estradas, fazei de

mim um verdadeiro andarilho, que eu seja sempre um fiel caminheiro seguidor de seu

exército e que em minhas caminhadas só haja vitórias. Que, mesmo quando

aparentemente derrotado, eu seja vitorioso, sendo Vosso filho conheço as batalhas, e

sei que ao Seu lado a minha vitória será certa. Ogum, meu grande pai e protetor, fazei

que meu dia de amanhã seja tão bom quanto o de ontem e hoje; que minhas estradas

sejam sempre abertas; que eu trabalhe para que em meu jardim só hajam flores; que

meus pensamentos sejam sempre bons e aquele que me procurar consiga sempre o

remédio para seus males. Senhor dê luz aos meus inimigos, pois me perseguem porque

vivem nas trevas. Pai livre-me das pragas, das doenças, da inveja, da mentira e da

vaidade, que só me levam a destruição. Ogum Iê! Sarava Ogum!"

Ogum é o Orixá guardião do ponto de força que mantêm o equilíbrio entre a Luz

e as Trevas, entre o Positivo e o Negativo, a Paz e as Discórdias, por isso é chamado “O

Senhor das Demandas” e é conhecido como Orixá da guerra. Sabemos que tudo no

mundo gira em torno do equilíbrio entre o Bem e o Mal, e como não é possível termos

uma posição passiva no desenrolar da vida, temos sempre que ter Ogum como guia

nesta viagem, pois Ele sempre nos avisa quando saímos dessa linha de equilíbrio.

Sabemos também que tudo é regido pela Lei imutável do Criador, quando não

nos mantemos equilibrados e ultrapassamos os limites dessa Lei encontramos Ogum,

pois Ele é o Orixá que vigia a execução dos Kármas e que tem sob a sua regência e

controle tanto as forças da Luz quanto as Trevas. É também o Orixá que vigia os

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caminhos que nos levam tanto para o bem quanto para o mal, por isso sem Ogum a

Justiça de Xangô não seria executada e o equilíbrio não seria restabelecido.

O campo de ação de Ogum é composto pelo impulso que nos move para alguma

direção, impulso este que nos faz lutar por alguém ou alguma coisa, e quando lutamos

em auxílio de alguém O temos como guardião, porém quando odiamos ou atrapalhamos

alguém, O temos a nossa frente para nos bloquear.

Ogum é o Orixá mais cultuado e de maior devoção dentro dos Rituais da

Umbanda, Ele atua no equilíbrio entre os sete elementos fundamentais do nosso planeta:

a Água, o Fogo, a Terra, o Ar, o Cristal, o Mineral e o Vegetal, fazendo assim cumprir

as Leis do Criador levando o equilíbrio e a ordem entre as energias geradas por estes

elementos. Sua cor é a vermelha e o branco, seu dia da semana é Terça-feira e sua

saudação é "Ogum Nhê". Seu campo de ação se estende também aos sentidos e

sentimentos humanos, Ele é o equilibrador destes sentimentos e sentidos.

Por isso é que quando alimentamos nossos sentimentos negativos, deixando

assim que os mesmos se sobressaem, é aí que entra Ogum, anotando todas as nossas

ações para uma posterior cobrança e reequilibro. Ele também é o Orixá que controla o

impulso que nos move para alguma direção, impulso este que nos dá a garra e a força

necessárias para lutarmos pelos nossos objetivos e ideais, e quando utilizamos esta força

para o Bem ou lutamos em auxílio de alguém, O temos como guardião, nos amparando

e nos defendendo, porém quando usamos essas forças para o mal, O temos a nossa

frente nos bloqueando e nos fazendo voltar ao caminho certo.

As pessoas que são regidas por Ogum são leais, persistentes e sinceras, se

sobressaem pela coragem, são destemidas, não se deixam intimidar pelos obstáculos, e

sempre guiados por uma emoção forte e verdadeira, não medem esforços para

alcançarem seus ideais, impondo assim a Lei e a Ordem. Mas quando se deixam levar

pelo ego se tornam indisciplinados, arrogantes, ciumentos, covardes e egocêntricos, são

também muito teimosas e quando magoadas não perdoam facilmente. Isso tudo é

Ogum, o Orixá que nos dá a força necessária para não recuarmos diante dos obstáculos

que temos que superar em nossas vidas, nos equilibrando e vigiando sempre nossos

atos. E quando somos guiados pela Verdade e pelo Bem,

Ele é o guerreiro que abre nossos caminhos e que nunca nos abandona. Assim

sendo, que possamos estar sempre vigilantes de nossos atos, conscientes de que Ogum

estará sempre ao nosso lado, com sua força carmica, colocando em prática as Leis do

Criador, mantendo assim o equilíbrio e a ordem sobre todas as coisas.

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YEMANJÁ - A VIDA

"Yemanjá, grandiosa mãe, que os movimentos das ondas transmitam sua paz e

seu amor. Derramai seus fluidos vitais sobre mim purificando meu espírito e meu

corpo, para que quando estiver fraco, me sinta protegido no aconchego de vossos

braços. Quando estiver afogado em meu orgulho e arrogância, me torne humilde e

benevolente perante sua bondade e grandeza. Que os doentes recebam de vós, minha

Santa Rainha, a cura através das emanações de vossas vibrações vitais. Que a força de

vosso reino seja para mim, um escudo contra as más influências. Que o vosso sagrado

manto agasalhe e traga calor a todos os necessitados. Senhora tende piedade de tantos,

que como eu, vos invocamos nesse momento, que vossa misericórdia se estenda a todos

os reinos de Olorum. Odo Yá! Salve Yemanjá."

Yemanjá é a Orixá doadora da vida, é a guardiã do Ponto de força da natureza, o

Mar, para onde tudo é levado para ser purificado, por isso Ela é por excelência um

princípio do Criador, o grande doador da vida. A gênese bíblica nos revela que Deus

OGUM (Gun: guerra)

Sincretismo São Jorge

Reino na Natureza Caminhos abertos, estrada de ferro

Linha de Vibração Ordem / Equilíbrio / Demandas

Símbolo Ofange (Espada), Corrente de Ferro

Saudação Ogum Nhê! (“Olá, Ogum!”)

Cor Vermelho/ Branco (Umbanda) / Azul Marinho (Candomblé)

Dia Comemorativo 23 de abril

Dia da Semana Terça-feira

Ervas Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém

Pode, Folhas de Romã, Espada de S. Jorge, Flecha de Ogum,

Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.

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modelou o homem com a terra, mas para fazê-lo certamente usou a água, e Yemanjá é

isso, a água que nos dá a vida. Podemos observar que o próprio planeta Terra e todos os

seres que nele habitam, são constituídos por uma porção muito maior de água, por isso é

que somos regidos e sofremos uma maior influência das energias geradas pela água,

pois quando não há água não há vida, e sem vida nada existe.

Yemanjá é um princípio da vida, é dos Orixás a que tem o maior ponto de força

da natureza, Ela é um princípio do Criador por excelência, pois é do mar que saem as

irradiações energéticas que purificam e regeneram tudo em nosso planeta. E como já

vimos tudo em nosso planeta gira em torno das energias geradas pelos elementos

fundamentais da natureza e como somos seus dependentes direto, manifestamos suas

influências em nossa própria maneira de ser, sendo assim podemos observar que as

pessoas que habitam as regiões onde há muita água são mais emotivas e criativas do que

as que habitam as regiões mais desérticas.

Yemanjá na Umbanda tem sob sua regência milhares de falanges de espíritos

que desenvolvem seus trabalhos sob os domínios de sua energia. As pessoas que são

regidas por Yemanjá se destacam por sua magnitude, são serenas, extremamente

destemidas e criativas, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam rudez, cruéis,

insensíveis, orgulhosas e com uma fobia, um medo excessivo das coisas. Yemanjá tem

como elemento fundamental a água, e por isso é regente de toda a fonte do elemento

líquido do nosso planeta, onde podemos citar os mares e oceanos, os rios, lagos,

córregos e cachoeiras.

É representada pela figura da Lua, sua cor é o Azul-claro, o cristal, o verde água

entre outras, seu dia da semana é Sábado e sua saudação é "Odò Iyá!". Yemanjá é a

mais respeitada dos Orixás, dificilmente encontramos entidades utilizando o lado

negativo de sua energia, pois como sabem que Ela é uma mãe protetora e ciumenta,

também sabem que Ela não perdoa, sendo rígida com aqueles que vão a seu ponto de

força para fazerem o mal.

Sendo assim, desejamos que todos que se interessam pelo mar e os outros

mananciais aquáticos de nosso planeta, comecem a olhá-lo com mais respeito, para que

possam ser merecedores de seus fluidos revitalizadores, fluidos estes que nos

transmitem as energias regeneradoras necessárias para melhor seguirmos nessa grande

viagem, que é a vida. E que possamos também buscar conhecer melhor Yemanjá, que é

uma grande mãe amorosa, pois assim estaremos conhecendo um dos próprios princípios

do Criador, pois Yemanjá é a manifestação física do princípio da vida, que é derramado

sobre nós. Isso tudo é Yemanjá, a Rainha do mar, o princípio gerador da vida, a guardiã

do ponto de força da natureza, o Mar.

YEMANJÁ (Iya: mãe; Omo: filho; Eja: Peixe)

Sincretismo N. S. da Glória (Rio de Janeiro); N. S. dos Navegantes (Sul e

Bahia)

Reino na Natureza Mar

Linha de Vibração Geração / Maternidade / Família

Símbolo Abebe (espelho), Peixe e Lua

Saudação Odò Iyá! (Odo: rio)

Cor Cristal, Azul Claro, Verde Água

Dia Comemorativo 15 de agosto (RJ); 02 de Fevereiro (Sul e Bahia)

Dia da Semana Sábado

Ervas Folhas de Lágrima de Nossa Senhora, Erva Quaresma, Trevo e

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chapéu de couro, Alfazema.

OXOSSI - O Conhecimento

"Meu Pai Oxóssi, vós que recebestes de Oxalá o domínio das Matas, de onde

tiramos o oxigênio necessário à manutenção de nossas vidas. Inundai meu corpo com

vossa energia curando meus males. Vós, que sois protetor dos Caboclos, dai-lhes a

vossa força, para que possam me transmitir toda pujança e a coragem necessária para

suportar as dificuldades a serem superadas. Dai-me paciência, paz de espírito e

tranqüilidade para superar todas as ingratidões e calúnias. Dai-me a sabedoria

necessária para transmitir uma palavra de alento e conforto à todos aqueles que

estejam sofrendo as enfermidades e aflições deste mundo. Dai-me vossa proteção

através de seus Caboclos, que num gesto de humildade, baixam até nós, trazendo toda

vossa vibração. Okê Arô! Sarava Oxóssi!”

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Quando falamos em natureza, logo nos vem em mente, as matas e as florestas,

ou seja, tudo o que é puro e ainda não foi destruído pelas ações do homem, que é um ser

racional, mas um predador por excelência. Oxóssi é isso, uma essência pura do criador,

que atua através do ponto de força da natureza, as matas.

A ciência nos revela que as árvores são purificadoras do ar, mas elas também são

grandes emissoras de fluidos etéreos vivificantes, que são absorvidos pelos seres vivos

através do oxigênio, pela respiração, e isso é Oxóssi, a irradiação das energias benéficas

das matas que regeneram e purificam toda a vida na crosta Terrestre. Oxóssi também é

considerado o Orixá da caça e da fartura, protetor dos caçadores, pois através deste

processo de purificação e regeneração do planeta tem como missão garantir a vida dos

animais e plantas, para que estes sirvam de alimento aos homens e aos demais animais

na cadeia alimentar.

Oxóssi é o responsável pelo campo de força da natureza, as Matas, seu elemento

fundamental é o ar e todos os gases existentes no universo, representado por um aço e

uma flecha, sua cor é a verde, seu dia da semana é quinta-feira e sua saudação é "Okê

Arô". Os homens que tem como orixá regente Oxóssi se destacam pelo companheirismo

e por sua sensibilidade, cultuam a liberdade e são aventureiros, doam o máximo de si

em favor do próximo, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam irresponsáveis,

vingativos, mesquinhos e miseráveis.

Nos rituais da Umbanda existem milhares de falanges que trabalham sob a

regência de Oxóssi, são nelas que trabalham os Caboclos, entidades que têm a missão

de transmitir suas lições e também serem o elo entre o médium e seu Orixá regente. Os

trabalhos que são desenvolvidos sob a regência de Oxóssi, são todos doutrinadores,

estes espíritos também têm a missão de resgatarem seus irmãos sofredores e ignorantes,

e com os ensinamentos e as energias regeneradoras de Oxóssi, reequilibram suas

energias, curando-os e doutrinando-os, para que depois possam ser encaminhados às

linhas de força, para aí cumprirem as missões as quais foram destinados pelo grande Pai

e Criador.

Assim podemos observar quão importante é a sua missão, pois quantas entidades

se manifestam nos Terreiros como Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e Exus que foram

doutrinados pelos Caboclos, que são espíritos de alta hierarquia, humildes, simples e

nobres. Muitos pensam que os Caboclos são só espíritos de índios, mas eles são na

realidade oriundos de vários povos e regiões, e plasmam esta conformação perispiritual

para apresentar a simplicidade desses povos, e pela afinidade com a natureza dos

trabalhos que são realizados.

Se as outras religiões o quisessem poderiam aprender muito com os Rituais

Sagrados da Umbanda, que pelos ensinamentos de Oxóssi nos ensinam a reverenciar

toda a criação Divina e que através da Caridade podemos auxiliar e reequilibrar as

pessoas. Caridade esta que não tem preço e nem recompensas materiais, e não se

implica na conversão religiosa das pessoas, pois pouco importa para nós Umbandistas

sua Raça, seu Credo, ou sua Origem, o que realmente importa é o motivo que as trazem

aqui, a sua Fé e a vontade de querer melhorar-se, isto sim é algo que todos deveríamos

saber, para assim podermos respeitar a Umbanda e seus Rituais Sagrados.

Com isso desejamos sempre que Oxóssi através de seus caboclos, que atuam

espalhados pelas sete linhas de força da Umbanda com humildade e harmonia com os

reinos elementares da natureza, possam estar sempre nos orientando e absorvendo as

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cargas negativas de nosso corpo carnal e espiritual, para que com isso possamos melhor

caminhar rumo aos objetivos que o grande Doador e Criador, Olorum, nos propõe.

LOGUNEDE

Logunedé ou Logun Ede, do iorubá Lógunède, é um orixá africano que na

maioria dos mitos costuma ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e Oxóssi

Ibualama, do iorubá Ibùalámo. Segundo as lendas, vive seis meses nas matas caçando

com Oxóssi e seis meses nos rios pescando com Oxum. É cultuado na nação Ijexá como

sua mãe, mas também nas nações Ketu e Efan, sendo o seu culto muito difundido no

Rio de Janeiro.

No entanto, existem outras versões acerca de sua filiação. Se na maioria dos

mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e Oxóssi, em outros, um pouco mais raros,

aparece como filho de Ogun e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de

OXÓSSI (oxó: caçador, ossi: noturno)

Sincretismo São Sebastião

Reino na Natureza Matas e caça

Linha de Vibração Conhecimento / Fartura / Trabalho

Símbolo Ofá (Arco e Flecha), Erukere (Enxota moscas)

Saudação O Kiarô! (okaaro: “bom dia”)

Cor Verde

Dia Comemorativo 20 de Janeiro

Dia da Semana Quinta-feira

Ervas Malva Rosa, Mil Folhas, Sete Sangrias, Folhas de Aroeira,

Folhas de fava de Quebrante, Folhas de Samambaia, Folhas

de Palmeira, Folhas de Laranjeira, Erva Cidreira, Folhas de

Jurema, Folhas de Maracujá, Folhas de Palmito, Folhas de

Abacateiro, Capim Limão, Guiné.

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Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o como nada mais, nada

menos que uma representação dos Orixás Gêmeos, Ibeji.

Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum

e Oxóssi que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá

que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi. Se

Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a

prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do

conhecimento.

Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi, muitas

vezes o leva a ser representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente,

formando mais uma tríade sagrada na História das religiões. Com Logunedé, completa-

se o triângulo iorubá pai, mãe e filho que também se repete nas trilogias católica (Pai,

Mãe e Espírito Santo), egípcia (Ísis, Osíris e Hórus), hindu e tantas outras.

Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é visto como um ser

andrógino. Ao contrário do que muitos pensam, Logun Ede não é de características

masculina e feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande relação com

Òsun, sua mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo consigo a personalidade desses dois

Òrìsà e algumas características marcantes, mas nada que o transforme em um

hermafrodita que durante seis meses é Oboró e seis meses Ìyábá como algumas pessoas

assim o dizem e usam deste artifício para denotações homossexuais.

Existem templos para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de origem, onde em alguns

itans é citado como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é

relacionada a de um leopardo. Casado com três esposas. De culto diferenciado e

totalmente ligado ao culto a Oxum, é um Orisa de extremo bom gosto. Seus objetos

devem permanecem junto aos assentos de Osun e sempre quando agradado devemos

agradar sua mãe. Tem predileção ao dourado, é um Orisa muito vaidoso, é considerado

o mais elegante de todos os Orixas.

De Oxum, sua mãe, Logun Ede herdou o lado belo e vaidoso. Pois Òsun lança

mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais

reverenciada. Deusa da fertilidade, na Nigéria é dela o rio que leva o seu nome e no

Brasil dela são as águas doces dos lagos, fontes e rios. Água que mata a sede dos

humanos e da terra, que assim se torna fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida.

Òsun menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a senhora protetora, Òsun é

sempre dona de uma personalidade forte, que não aceita ser relegada a segundo plano,

afirmando-se em todas circunstâncias da vida. Com seus atributos, ela dribla os

obstáculos para satisfazer seus desejos.

De Erinlé, seu pai, Herdou o dom da caça pois Erinlé é da família dos Ode e seu

símbolo é o ofá, a lança de caça e o ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento

do homem, conhece os segredos da caça, também símbolo de prosperidade e formação

de comunidades. Ele busca o alimento com coragem e é considerado o guerreiro das

matas, é corajoso, viril e Logun-odé tem estas características, é um Òrìsà guerreiro. Mas

se, em várias tradições, ele é considerado um orixá masculino, em algumas é

confundido com a homossexualidade ou a bissexualidade, o que ocorre quando se

interpreta ao pé da letra o mito que afirma viver Logunedé seis meses como homem e

seis meses como mulher. Na verdade, a interpretação mais aceita seria que essa se trata

de uma metáfora para falar dos axés herdados por ele de seus pais, Oxum e Oxóssi.

Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele as artes da guerra e

da metalurgia. É coroado por Iansã como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de

Yewá, seriam eles os Orixás que se complementam, considerados o par perfeito.

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Num mito raro, Logunedé se perde no caminho entre as casas de Oxum e

Oxóssi, é encontrado pelo velho Omolu que o ampara e protege. Com Omolu,

Logunedé aprende a arte da cura e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil

se mesclou ao segundo, Edé, nome da cidade iorubá na qual o seu culto se fortaleceu,

formando Logunedé. Logun pode ser uma abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer

dizer feiticeiro.

Então, feiticeiro, caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses são alguns títulos,

alguns epítetos dados à Logunedé. Para Mãe Menininha, "Logun é santo menino que

velho respeita".

XANGÔ - A JUSTIÇA

"Meu Pai Xangô, o Senhor que é Rei da Justiça, faça valer sempre a vontade

Divina, purifique minha alma nas águas de sua cachoeira. Se errei, conceda-me a luz

do perdão. Faça de seu peito largo e forte meu escudo para que os olhos de meus

inimigos não me encontrem. Empresta-me sua força de guerreiro para combater a

injustiça e a cobiça. Que seja feita a justiça para todo o sempre. Conceda-me a graça

de receber sua luz e sua proteção. Minha devoção te ofereço. Kawô Kabecile! Salve

Xangô!”

LOGUN EDE (Príncipe aclamado)

Sincretismo Santo Expedito

Reino na Natureza Matas/ Cachoeiras

Linha de Vibração Beleza/ Magia / Fartura / Trabalho

Símbolo Ofá(Arco e Flecha), Abebê (Espelho)

Saudação Loci Loci, Logum! (“Grita, grita seu brado de guerra,

príncipe guerreiro)

Cor Azul turquesa e Dourado ou Verde e Dourado

Dia Comemorativo 19 de abril

Dia da Semana Quinta-feira

Ervas Piperegum. Folhas de Oxossi e de Oxum.

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Xangô é o Orixá guardião do ponto de força da justiça, é o senhor do fogo e

como tal age quando decide punir os que afrontam a Lei do Criador, lei esta que é como

a rocha que esmaga e aniquila a todos que carregam seu peso sobre os ombros. Mas

Xangô esta sempre disposto a nos ouvir, se nossa demanda for justiça, nos

acompanhará, e se for injustiça, nos esclarecerá e se mesmo assim não o ouvirmos,

seremos então submetidos as rigores da Lei, que são o seu reverso. Sua Luz é o amparo,

seu fogo é a purificação, pois somente pelo fogo o minério bruto e imperfeito é fundido

e temperado, assim eliminando toda sua impureza se tornando perfeito.

Como já vimos tudo na vida tem seu dois lados: o positivo e o negativo, a Luz e

a Escuridão, o Bem e o Mal. Sendo assim todos os homens também tem estes dois lados

e a facilidade de ir de um para o outro, de acordo com a situação que vivencie, temos

então que buscar o equilíbrio entre eles, não sendo omissos em respeito aos nossos atos,

sabendo admitir nossos erros, procurando corrigi-los e sendo humildes em recuar a uma

situação onde o mal esteja prevalecendo, buscando o conhecimento e as forças

necessárias para melhor combatê-lo, pois assim permaneceremos sempre em uma escala

ascendente de evolução e não afundados em nossa própria arrogância.

Quem compreende o verdadeiro sentido das leis do equilíbrio e a ela se submete,

estará sempre por ela amparado. Mas quem ousar a desafiá-la e tentar fugir dela, por ela

será castigado e abandonado. Por outro lado quem se redimir e reconhecer seus erros e

se curvar a ela, a terá de volta ao seu lado.

Que ninguém use os mistérios Divinos pra prejudicar ninguém, senão irá passar

pela balança de Xangô, e o peso da lei o atirará nas trevas. De todos os orixás da

Umbanda, Xangô apesar de rígido, sério e calado, é o que mais gosta de falar da lei, e se

todos que o procurarem tiverem a paciência e a humildade necessária para entendê-lo,

serão lentamente envolvidos por seus fluidos energéticos equilibradores, se

restabelecendo. Podemos observar que as pessoas que são regidas por Xangô se

destacam pela obstinação, pela inteligência, por serem ponderadas, e por honrarem sua

dignidade e seu brio, mas quando se deixam levar pelo ego se tornam mesquinhos,

extremamente vaidosos, conservadores, intolerantes e orgulhosos.

Xangô é o Orixá da Justiça, o Senhor dos Raios e Trovões, é aquele que

coordena todas as leis cósmicas do Criador, seu elemento fundamental é o Fogo e a

Terra, sua cor é o marrom, seu dia da semana é quarta-feira, seu ponto de força e

vibração são os raios e trovões, são as pedreiras nas montanhas, rios cachoeiras e mares

e sua saudação é "Kawô Kabecile". Alguns descrevem sua força de atuação dizendo que

o Xangô da Pedra Branca ampara, enquanto o Xangô da Pedra Negra executa. O das

cachoeiras e mares purificam, assim também como o do fogo que queima tudo o que há

de ruim em nós.

O Xangô da Terra ampara os que caíram e aguarda que despertem de sua

ignorância, o dos raios é o que traz as Leis Divinas do Alto para a Terra, e o do tempo é

o que julga a duração das penas da Lei. Se todos pudessem buscar conhecer os mistérios

de Xangô, agiriam com mais equilíbrio, se policiando para que não sejam submetidos

aos rigores da lei. Que ninguém desafie as Leis Divinas, se não, encontraram muitas

pedras em seu caminho, todas colocadas por Xangô, o Orixá da Justiça e do Fogo

purificador.

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IANSÃ - A LEI EM AÇÃO

"Iansã, grande guerreira, Orixá dos raios e dos ventos, ajude-me com sua

energia a vencer as lutas e as dificuldades. Oyá, senhora dos ventos e das tempestades,

coloco em tuas mãos minhas ações, meus desejos e preocupações. Em tua Luz,

consagro todos os minutos e horas do meu dia, para que eu compreenda todo bem que

XANGÔ (aquele que se destaca pela força e revela seus segredos)

Sincretismo São Jerônimo, São João Batista e São Pedro

Reino na Natureza Pedreiras

Linha de Vibração Justiça / Razão

Símbolo Oxê (Machado de lâmina dupla), Xere (Chocalho)

Saudação Kawô Kabecile! (“Venham ver nascer sobre o chão”)

Cor Marrom

Dia Comemorativo 30 de setembro, 24 de junho, 29 de junho

Dia da Semana Quarta-feira

Ervas Folhas de Limoeiro, Erva Moura, Erva Lírio, Folhas de

Café, Folhas de Mangueira, Erva de Xangô, Alevante,

Quebra-Pedra, Alfavaca Roxa, Musgo de Pedra

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precise fazer, e tenha força para não ceder ao mal que venha bater em minha porta.

Que eu seja mais fraterno, compreensivo e capaz de perdoar. Guie meus passos no

caminho do bem e do amor; e que hoje, mais que ontem, possa contar com suas

orientações e bênçãos. Com sua espada haverei de cortar a inveja e a falsidade de

meus inimigos. Retirai as vendas que me impedem de enxergar a verdade. Com a força

de seus raios, peço que acenda a chama da vida aos desenganados e dê a força

necessária para que continuem lutando na busca da cura de seus males. Êpa, Hei!

Sarava Iansã!”

Iansã é a rainha das tempestades e ventos, Senhora da Justiça, a Orixá do tempo,

responsável juntamente com Ogum na execução dos carmas na Linha da lei onde Xangô

é o Juiz. É representada na Umbanda pelo símbolo de um raio, seu dia da semana é

quarta-feira, sua cor é o Coral e sua saudação é "Epa Hey". Seu campo de atuação é o

tempo, este que é a execução da Lei para aqueles que subverteram seus princípios

básicos, ele age de forma imperceptível sobre as almas daqueles que deixaram o corpo e

vagam a procura de seu plano vibratório, conduzindo-as conforme os desígnios dos

executores do carma, pois o tempo é a própria sentença da Lei em execução, tanto na

forma de castigo como na de recompensa.

Quando temos pesados débitos para saldar e aceitamos passivos e humildes a

execução da lei, o tempo é generoso, mas quando nos revoltamos contra a lei o tempo se

torna eterno, nos fazendo perder o contato com a própria realidade. Iansã como Orixá do

tempo é implacável, mas justa em sua execução. O tempo é o meio entre o Alto e o

Baixo, seu reino não pertence nem a Luz nem as Trevas e como age tanto na Luz quanto

nas trevas não temos como escaparmos de suas malhas, pois ele não tem limites. Iansã

também é um Orixá da lei, que tem junto com Ogum a função de levar a todos os planos

as mensagens de xangô, que é o guardião das Leis.

A Ela compete agir com o rigor exigido para o reequilíbrio astral dos espíritos.

Ela distribui aos eguns, espíritos desencarnados, o fluido que sacia sua sede de

clemência diante da lei, purificando-os antes de encaminhá-los á seus planos para lá

cumprirem seus carmas. Ela também é encarregada de executar a justiça dentro do

campo Santo, ou cemitério, onde Ela é a própria espada da Justiça, agindo de forma

rigorosa sobre aqueles que lá ficaram presos pelos débitos adquiridos em sua passagem

na carne e para isso tem como colaboradores os Exus de Lei e eguns redimidos, que ao

servirem-na procuram apagar as marcas da lei. Iansã também atua através do Ar, e por

isso não tem um ponto de força específico, pois o ar se encontra em qualquer lugar. Sua

força é a própria força do ar em movimento e seu poder é imenso, sua manifestação é

gélida, causando tremores a quem dela se aproxima.

Quando alguém vai a busca de seu auxílio e está com a justiça ao seu lado, tem a

mais poderosa força a sua disposição, pois quando Iansã volta a sua face luminosa para

alguém justo, este é amparado por onde passar. As pessoas que são regidas por Iansã

são leais, determinadas, distintas, resistentes, dominadoras, corajosas e extremamente

sedutoras, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem pela falsidade, pela

luxúria, pelo ciúme exagerado, se tornando violentos e fúteis e cultivando hábitos

viciosos. Isto é Iansã, a Orixá dos ventos e das tempestades, aquela que executa as

sentenças carmicas. Se todos a conhecessem realmente, não a invocariam por motivos

fúteis, pois como a Lei, Ela é rigorosa em sua cobrança e imparcial em sua execução.

Infeliz daqueles que caírem sob seu poder na execução da justiça.

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Conscientes disto possamos sempre estar atentos aos nossos atos para que

possamos sempre contar com Iansã ao nosso lado, com seu imenso poder de atuação e

com sua espada que é o símbolo da justiça e da execução do carma.

OXUM - O AMOR DIVINO

IANSÃ

Sincretismo Santa Bárbara

Reino na Natureza Ar / Vento

Linha de Vibração Justiça / Execução Kármica / Maturidade

Símbolo Ofange (Espada), Eruexim (Enxota Moscas) e Raio

Saudação Epa Hei! (“Olá! jovial e alegre”)

Cor Coral, marrom, vermelho, rosa e branco

Dia Comemorativo 04 de dezembro

Dia da Semana Quarta-feira

Ervas Catinga de mulata, Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou

vermelho, Açucena, Folhas de Rosa Branca , Erva de Santa Bárbara,

Cravo da Índia, Louro, Espada de Iansã.

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e Caboclo Tupynambá

"Salve Oxum, dourada senhora da pele de ouro, bendita são tuas águas que

lavam meu ser e me livram do mal. Oxum, divina rainha, bela Orixá, venha a mim,

caminhando na lua cheia, trazendo em suas mãos os lírios do amor de paz.

Torna-me doce, suave e sedutor como tua és. Oh! Mamãe Oxum, poteja-me, faça que o

amor seja constante em minha vida, e que eu possa amar toda a criação de Olorum.

Proteja-me de todas as mandingas e feitiçarias. Dai-me o néctar de sua doçura e que

eu consiga tudo o que desejo: a serenidade para agir de forma consciente e

equilibrada. Que eu seja como suas águas doces que seguem desbravadoras no curso

dos rios, entrecortando pedras e se precipitando as cachoeiras, sem parar nem ter

como voltar a traz, apenas seguindo meu caminho. Purifique minha alma e meu corpo

com suas lágrimas de alento. Inunda-me com sua beleza, sua bondade e seu amor,

enchendo minha vida de prosperidade. Ora iêiê ô! Sarava Oxum!”

Quando falamos de Oxum, falamos em Amor, pois Oxum é o próprio Amor de

Deus em ação, e logo nos vem em mente uma mãe amorosa, porém ciumenta e geniosa.

Oxum atua no ser humano através do amor, representados pelas águas que caem e

seguem seu curso, é a lágrima incontida nos momentos de provação, pois através das

lágrimas liberamos nossa emoção negativa que nos magoa, angustia e nos sufoca e

assim podemos continuar nossa caminhada.

São dela os fluidos curadores do astral que agem sobre os espíritos arrependidos

dos erros do passado. Oxum é dona do Campo de Força da Natureza os Rios e

Cachoeiras, é fonte de energias purificadoras. É cultuada como uma mãe afetuosa que

ampara seus filhos com seus fluidos regeneradores, através das quedas d’água ela libera

esses fluidos regenerando e equilibrando seus filhos.

Oxum quando ampara seus filhos é uma fonte de energia purificadora, mas

quando contrariada, é uma fonte desestabilizadora. Na queda das águas há uma

liberação de energia e na queda de uma alma também há uma liberação de energia

através dos sentimentos e ações que a fizeram cair. Quando percebemos essa queda nos

desesperamos e muitas das vezes choramos. Eis aí a força cômica de Oxum agindo

sobre os sentimentos humanos sob forma de lágrimas purificadoras.

Quem conhece Oxum não se torna árido porque sabe que as lágrimas são o

remédio mais eficaz na purificação dos fluidos negativos, por isso alguns dizem que as

cachoeiras são as lágrimas de Olorum para nos purificar. Toda vez que uma cachoeira é

devastada o planeta adoece, pois uma fonte natural de purificação e energização é

destruída. Mas Oxum também é a força que quando atua no negativo dos seres pode

desestabilizar emocionalmente quem for seu alvo de ação.

Geralmente o uso dessa energia é mais para desfazer trabalhos que para fazê-los,

pois quem vai atrás de sua força para fazer o mal sabem que um dia irão chorar para

lavar com suas lágrimas todo mal que fizer. Mas aí já será Xangô julgando aqueles

devem ao Criador pelo mau uso das Forças da Natureza.

Oxum não executa, ela apenas nega a quem erra o fluido vital emanado de seu

campo de força. As pessoas que são regidas por Oxum são sensíveis, dóceis, muito

amigos e extremamente sedutores, mas quando se deixam levar pelo ego se sobressaem

pela falsidade, pela luxúria, pelo sentimento de posse, são volúveis e inconstantes.

Na Umbanda seu dia da semana é no Sábado, sua cor é o amarelo-ouro e sua

saudação é “Ora iêiê ô!” Tudo isso é Oxum, é a Orixá do amor, da prosperidade e da

beleza, é a padroeira da gestação e da fecundidade, é responsável pelas uniões amorosas

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e financeiras e pela purificação e fortalecimento do nosso espírito e energização de

nosso corpo.

OXUM

Sincretismo Nossa Senhora da Conceição/ N. S. Aparecida

Reino na Natureza Rios e Cachoeiras

Linha de Vibração Purificação / Amor / União

Símbolo Abebe (Espelho), Coração, Peixe

Saudação Ora iêiê ô! (“Brincar nas águas”)

Cor Dourado

Dia Comemorativo 08 de dezembro

Dia da Semana Sábado

Ervas Erva Cidreira, Gengibre, Camomila, Camará,

Arnica,Trevo Azedo ou Grande,Chuva de Ouro,

Manjericão, Erva Sta. Maria, Gengibre, Calêndula,

Alfazema.

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OMULÚ - O PRINCÍPIO CURADOR

“Oh, Omulú, Mestre da Vida! Proteja seus filhos para que suas vidas sejam

marcadas pela saúde. Eu te suplico, mestre! Me ajoelho diante de Teu poder imenso,

pois meu corpo está enfermo, minha alma está imersa na amargura de um sofrimento

que me destrói lentamente. Tome meu corpo e minha alma em teus braços, vós que és o

limitador das enfermidades, que és médico dos corpos terrenos e das almas eternas.

Suplico sua misericórdia aos males que me afetam. Que suas chagas abriguem minhas

dores e sofrimentos. Se achares porém, que ainda não terminou minha missão nesta

encarnação, encoraja-me com o exemplo da tua humildade e da tua resignação.

Revigora meu espírito para que possa enfrentar e me curar todos os males e infortúnios

da matéria. Alivia meus sofrimentos, para que levante deste leito e volte a caminhar.

Atotô meu Pai! Salve Omulú.”

Omulú é o orixá que rege a morte, ou no instante da passagem do plano material

para o plano espiritual, o desencarne. È dono do Campo de Força da Natureza a Terra e

os Campos Santos, os Cemitérios. É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos

umbandistas quando é mencionado o nome do nosso amado Pai Omulú. E no entanto

descobrimos que este medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos

ancestrais semeadores dos orixás em solo brasileiro, pois difundiram só os dois

extremos do mais caridoso dos orixás, já que Omulú é o guardião divino dos espíritos

caídos.

O orixá Omulú guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante

sua jornada carnal e entregaram-se a vivencia de seus vícios emocionais. Mas ele não

pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina, que também não

pune ou castiga, ela apenas conduz cada um ao seu devido lugar após o desencarne. E se

alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal, mas amparado pela própria

Lei, que o recolhe a um dos de seus domínios.

Tatá Omulú é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência,

enquanto divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação

a todas as manifestações da vida. Esta qualidade divina de Omulú, interpretada de forma

incorreta ou incompleta, foi definido no decorrer dos séculos como um dos orixás mais

"perigosos" de se lidar, ou um dos mais intolerantes, sempre implacável nas suas

punições. Mas Tatá Omulú você pode descobrir o grande amor de Olorum, pois é por

puro amor que uma divindade consagra-se por inteiro ao amparo dos espíritos caídos e é

por amor a nós que ele assumiu a incumbência de nos paralisar em seus domínios,

sempre que começássemos a atentar contra os princípios da vida.

Temos a capacidade de gerar muitas coisas, geramos idéias, projetos,

conhecimentos, inventos, doutrinas, anseios, desejos, angústias, depressões, fobias,

preceitos e princípios. E se o que gerarmos estiver de acordo com os princípios

sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda recebe o nome de "linha da

Geração" ou "sétima linha de Umbanda", então estamos sob a irradiação da divina mãe

Yemanjá, que nos estimula.

Mas, se em nossas "gerações", atentarmos contra os princípios da vida, então já

estaremos sob a irradiação do divino pai Omulú, que nos paralisará e começará a atuar

em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos defender de nós mesmos, já que

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sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes ela nos atingirá, nos ferindo,

colocando-nos em um de seus sombrios domínios.

Omulú é o princípio curador divino pois acolhe em seus domínios todos os

espíritos que se feriram quando, por egoísmo pensaram em atingir seus semelhantes. Ele

nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos tenhamos nos curado

para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos os espíritos amantes da vida e

multiplicadores de suas benesses.

Também como curador divino ele tanto cura a alma ferida, quanto nosso corpo

doente. Se orarmos a ele quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo carnal

e espiritual, e tanto poderá curar-nos quanto nos conduzir a cura. Omulú, enquanto força

cósmica, é a energia que se condensa em torno do fio de prata que une o espírito e ao

nosso corpo físico, e o dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano

para o outro.

Ele atua em todos os seres humanos, independente de qual, seja a sua religião,

através de, uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela que fluem as

irradiações divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de "Mistério da

Morte".é conhecido como "Anjo da Morte" ou "Senhor dos Mortos". O culto a Tatá

Omulu surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo Egito, onde era muito

cultuado e difundido, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas

e religião. Com o tempo ele alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e

às doenças.

As pessoas regidas por Omulú são independentes, sóbrias, muito caridosas e

generosas, demonstram um senso de justiça muito pessoal e com uma grande resistência

as doenças, mas quando se deixam levar pelo ego são muito geniosas, teimosas,

vingativas e extremamente inseguras quanto a sua aparência. Geralmente são reservadas

e caseiras, o que é seu é seu não admitem que nada lhe é tomado. Na Umbanda seu dia

da semana é na segunda-feira, sua cor é preto e branco e sua saudação é “Atotô

Omulú!”.

Esse é Omulú orixá da transformação intima, responsável pela passagem entre

vida e a morte princípio curador que nos ampara e nos acolhe quando nos entregamos as

mazelas da vida.

OMULÚ (“rei”, “Senhor da terra”)

Sincretismo São Lázaro

Reino na Natureza Cemitério / Terra

Linha de Vibração Cura/ Transformação / Evolução

Símbolo Xaxará (Vassoura de palha da costa) ou uma Cruz Grega

Negra com pedestal

Saudação Atotô ! (Oto, “Silêncio”)

Cor Preto e Branco

Dia Comemorativo 27 de março

Dia da Semana Segunda

Ervas Alamanda, Barba-de-pau, Cipó cabeludo, Erva-de-bicho,

Carqueja, Carquejinha, Quebra-tudo, Folha do Abacateiro,

Folha de Café, Gameleira Preta, Funcho, Folha de Bananeira,

Hortelã Brava, Jenipapo.

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OXUMARE

É a cobra-arco-íris em nagô, é a mobilidade, a atividade, uma de suas funções é

a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado.

O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta,

sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da

boa conservação dessa árvore.

Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados

no mundo dos iorubás. Em alguns pontos se confunde com o Vodun Dan da região dos

Mahi.

É o símbolo da continuidade e da permanência, algumas vezes, é representado

por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente

masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea, porém o

orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ewá sua irmã gêmea que tem dominios

parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desagregar. Rege

o príncipio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos.

De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado

de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.

É o segundo filho de Nanã, irmão de Osanyin, Ewá e Obaluayê, que são

vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios

entrelaçados formando as escamas de uma serpente que tem o nome de Brajá, usam

também o Lagdigbá como Nanã e Omolu.

No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumarê usam colares (fio-de-contas) de

missangas ou contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana que lhe

é consagrado. Seus iniciados usam Brajá - longos colares de búzios, enfiados de

maneira a parecer escamas de serpente, e trazem à mão um ibiri, espécie de vassoura

feita com nervuras das folhas de palmeiras. Quando dançam levam nas mãos pequenas

serpentes de metal, apontam o dedo indicador para o céu e para a terra, num movimento

alternado. A Suas oferendas são feitas de patos, feijão, milho e camarões cozidos no

azeite de dendê

Na Bahia, Oxumarê é sincretizado com São Bartolomeu e festejado no dia 24 de

agosto. Certa lenda conta que ele era, outrora, um Babalao (adivinho), "filho de

proprietário-da-estola-de-cores-brilhantes". Em outra lenda o mesmo tema aparece:

"Este mesmo Babalawo Oxumarê vivia explorado por Olofin-Odudúa, o rei de Ifé, seu

principal cliente". Oxumarê consultava-lhe a sorte de quatro em quatro dias.

Sua nação é o Jeje, onde é considerado como Dan, e tido como rei do povos

Djedje (jeje) é uma palavra de origem yorubá que significa estrangeiro, forasteiro e

estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos

conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Na nação Jeje, sua cor é o amarelo e

preto de miçangas rajadas. Já no Ketu, suas cores são o verde e amarelo intercaladas.

Porém essas cores definem apenas o fio-de-contas, pois todas as cores do arco-íris lhe

pertencem.

Seus filhos, assim como conta a lenda de Oxumarê, em sua maioria no início

passam por muitas dificuldades, quase miseráveis, porém mais tarde, dando a grande

volta em seu caminho, se tornando ricos, poderosos, e muitas vezes orgulhosos. Porém,

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nunca se negam a ajudar quando alguém realmente precisa deles. E não raro, é ver um

filho de Oxumarê se desfazer de algo seu, em favor do necessitado, com a maior

facilidade. Contrapondo seu estado de orgulho e ostentaçao, a exibir sua riqueza.

São pessoas de temperamento fácil de se lidar estando calmas, porém, se torna

terrível quando com raiva, representando nesse estado a Serpente, que vem trazendo o

lado negativo de oxumarê, o seu lado mais perigoso.

Oxumarê dentro do candomblé, se divide em duas qualidades : - Oxumarê

macho, representado pelo arco-íris Oxumarê fêmea, chamado de FREKUEM,

representado pela Serpente.

OXUMARÉ (Aquele que se desloca com a chuva e retém o fogo nos seus punhos)

Sincretismo São Bartolomeu

Reino na Natureza Arco-Íris

Linha de Vibração Transformação / Renovação

Símbolo Serpente

Saudação Arruboboi! (gbogbo, “contínuo”)

Cor Amarelo e Verde

Dia da Semana Terça-feira

Ervas Mesmas de Oxum.

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OSSAIM

Ossaim é a entidade das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas,

identificado no jogo do merindilogun pelo odu iká e representado materialmente e

imaterial pela cultura Jeje-Nago, através do assentamento sagrado denominado igba

ossaim. Sua importância é primordial. Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua

interferência. O seu sacerdote é o Babá Olosayin.

É o detentor do axé (força, poder, vitalidade), de que nem mesmo os Orixás

podem privar-se. Esse axe encontra-se em folhas e ervas específicas. O nome dessas

folhas e o seu emprego é a parte mais secreta do ritual do culto dos Orixá, Vodun e

Inkice.

O símbolo de Osanyin é uma haste de ferro de cuja extremidade superior partem

sete pontas dirigidas para o alto. A do centro é encimada pela imagem de um pássaro.

Osanyin é o companheiro constante de Ifá. É representado por uma sineta de

ferro forjado, terminada por uma haste pontuda enfiada em uma grande semente. A

haste é fincada no chão, ao lado do osun (o asen dos fon) do babalawo. Por sua

presença, Osanyin traz a influência das folhas para as operações da adivinhação.

Ossaniyn, Ossaim, Ossãe, Ossain, (como se escreve habitualmente) ou Ossanha

(na Umbanda) que é o Orixá das ervas, no candomblé Jeje é chamado de Agué é o

Vodun da caça e das florestas e conhece os segredos das folhas, no Candomblé Bantu é

chamado de Katendê, Senhor das insabas (folhas). Seria de ambos os sexos assim como

Oxumarê, segundo alguns pesquisadores 6 meses seria homem e 6 meses seria mulher.

Ossaniyn, Oxumarê e Obaluayê são filhos de Nanã com Oxalá.

Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, chamada de folha sagrada que são

utilizada numa mistura especial chamada de abô, muitas vêzes é representado com uma

única perna. Cada Orixá tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos. E sem as

folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ela nenhuma cerimônia é possível.

Osanyin recebera de Olodumare o segredo das folhas. Ossanyin sabia que

algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a

miséria, as doenças e os acidente. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma

planta. Eles dependiam de Ossanyin para manter sua saúde ou para o sucesso de suas

iniciativas.

Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e impetuoso, irritado por esta

desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar Osanyin a propriedade das folhas.

Falou dos planos à sua esposa Iansã, Explicou-lhe que, em certos dias, Osanyin

pendurava, num galho de Iroko, uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas. --

Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias, disse-lhe Xangô. Iansã aceitou

a missão com muito gosto.

O vento soprou a grandes rajadas, levando o telhado das casas, arrancando

árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado, soltando a cabaça do galho

onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram.

Os Orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas,

mas Osanyin permaneceu "senhor/senhora do segredo" de suas virtudes e das palavras

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que devem ser pronunciadas para provocar sua ação. E assim, continuou a reinar sobre

as plantas como senhor absoluto. Graças ao poder (axé) que possui sobre elas.

OSSAIM (Luz divina)

Sincretismo São Francisco de Assis

Reino na Natureza Matas (florestas virgens, folhas e ervas)

Linha de Vibração Transformação/ Paz/ Medicina

Símbolo Haste metálica de sete pontas com um pássaro no centro

Saudação Ewê ô! (“Oh, folhas”)

Cor Verde e Branco

Dia da Semana Terça e Quinta-feira

Ervas Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro,

café. (Em algumas casas: alfavaca, coco de dendê, folha do

juízo, hortelã, jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de

jardim, vassourinha, verbena).

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NANÃ

Nanã Buruku (ou Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã

Borodo, Anamburucu, Nanã Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das

chuvas, dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e

responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Identificado

no jogo do merindilogun pelos odu ejilobon e representado materialmente pelo

candomblé através do assentamento sagrado denominado igba nanã.

Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da

qual desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omulu, por ter nascido com várias

doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o

numa praia, Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se

fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá

condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (Oxumarê, Ewá e Ossaim), e

a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio,

lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu filho

morreria mais rápido.

Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos

quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças

cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omulu. Protetora dos idosos,

desabrigados, doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores,

originário de Dassa-Zoumé, é uma velha divindade das águas. Pierre Verger encontrou

um Templo Dassa-Zoumé e o sacerdote do seu culto.

A área que abrange seu culto é muito vasta e parece estender-se de leste, além do

rio Níger, até a região Tapá, a oeste, além do rio Volta, nas regiões dos "guang", ao

nordeste dos Ashanti.

Entre os fon e mahi ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a

Mawu e Lissá, aos quais teria dado origem em associação com a "serpente do Universo"

Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é às vezes vista como um vodun masculino

(Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.

Nanã Buruku é cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé

Ketu como um orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada,

lama e considerada a mãe dos orixás Obaluaiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.

Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como

uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o

Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra

Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à deusa greco-

romana Deméter-Ceres-Cíbele.

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A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à

descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos

cortantes de metal.

O baobá ("Adansonia digitata L.", em iorubá ossê e em Fon akpassatin) é sua

árvore sagrada. No sincretismo afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na

Umbanda, é equiparada à Sant'Ana.

NANÃ

Sincretismo Sant’Ana

Reino na Natureza Águas paradas, lama e pântanos

Linha de Vibração Vida e morte, saúde e maternidade, Terceira visão e Sabedoria

Símbolo Ibiri (instrumento de palha)

Saudação Saluba Nanã! (“Dona do pote da Terra”)

Cor Lilás

Dia Comemorativo 26 de Julho

Dia da Semana Sábado

Ervas Colônia, Manjericão Roxo, Taioba (não serve para banho), Ipê

Roxo, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Folha da

Quaresma, Jarrinha, Parioba, Golfo Redondo, Canela de

velho, Salsa da Praia, Manacá. (Em algumas casas: assa peixe,

cipreste, erva macaé, dália vermelho escura, folha de

berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa vermelho escura,

tradescância).

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MENSAGEM - MEDIUNIDADE NÃO É SINÔNIMO DE "MÁGICA"

Um Caboclo em Terras brasileiras Mensagem recebida em 28/09/2006, por Mãe

Luzia Nascimento Dirigente do Centro Espiritualista Luz de Aruanda.

Todo Guia de Umbanda tem um compromisso firmado no Astral Superior de

desenvolver em seus médiuns e tutelados, as condições necessárias para que ambos

exerçam suas tarefas no plano físico. Todo médium de Umbanda, muito embora faça

parte de uma coletividade, passa por um aprendizado individual e um aprimoramento

constante, a fim de assumir as responsabilidades com seus Guias e Protetores com

outorga desse mesmo Astral Superior.

Para que haja uma boa sintonia e um bom aprendizado, o médium deve buscar

ser dedicado, assíduo, perseverante e paciente. Através da dedicação ao trabalho o

médium ampliará a sua faixa de sintonia com os seus Guias e Dirigentes Espirituais da

Casa que faz parte, colocando-se à disposição para o serviço que não começa e nem

tampouco termina no momento do transe mediúnico. A questão da assiduidade firmará

no médium a disciplina, que é elemento indispensável na execução dos trabalhos.

Quando o médium age com assiduidade a Espiritualidade sabe que sempre terá com

quem contar.

A perseverança fará o médium compreender que aconteça o que acontecer, ele,

o médium deve permanecer na caminhada abraçada independentemente da compreensão

de outras pessoas. Embora muitas vezes esteja rodeado de outros irmãos o médium vai

se sentir sozinho, pois ele tem um caminho interior a trilhar cabendo só a ele escalar as

etapas que se sucederem, bem como as montanhas da "calúnia", da "inveja", e do

"comodismo alheio".

A paciência auxiliará ao médium na busca da serenidade, renunciando assim a

irritação e ao imediatismo mediúnico que tanto prejudicará o bom andamento do seu

aprendizado. Mediunidade não é sinônimo de "mágica" e, portanto, o médium não sabe

tudo. Claro que há os mais experientes por terem começado sua caminhada nos

primeiros toques dos clarins, tendo já vivenciado alguns ensinamentos, porém sempre

estarão aprendendo. Ainda vemos hoje, muitos irmãos se perguntado: por que meus

Guias não se apresentam logo? Porque não riscam seu ponto?

Porque não me mostram logo tudo? Porque que eu que estou a mais tempo na

Casa não sinto e nem percebo o que esse irmão que tem menos tempo sente e percebe?

E assim seguem fazendo mais umas tantas perguntas... Mas será que ao invés de só

perguntarem, esses médiuns buscam responder para si mesmos como está o seu

procedimento ou sua conduta como médium? Guias e médiuns trabalham em parceria.

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A época do "guiísmo" já passou. E assim como as Entidades esperam o tempo dos

médiuns, estes devem aprender o significado do silêncio por parte de seus Guias. Que

Oxalá abençoe a todos os filhos de Umbanda!

A UMBANDA E O ESPIRITISMO

Algumas pessoas, por falta de esclarecimento e ignorância dos fatos,

infelizmente classificam, erroneamente e de maneira pejorativa, a Umbanda como

“baixo espiritismo” ou mesmo como parte do próprio espiritismo. Podemos afirmar que

o que as duas doutrinas têm em comum é o desejo de ser útil ao mesmo Senhor, embora

com formas de trabalhos que na experiência são diferentes, mas no fundo, se integram

na ação fraterna.

A Umbanda, em seus fundamentos, não tem nada a ver com o espiritismo, o que

não é bem esclarecido nos meios umbandistas e espíritas. Começa aí a confusão, toma-

se o nome “Espírita” como se ele designasse todas as expressões de mediunismo, e

assim foi se descaracterizando muito a Umbanda. Por outro lado, Espíritos têm baixado

ao mundo com a missão de esclarecer, e de certa forma, dar um corpo doutrinário a

Umbanda, mas são ignorados por muitos adeptos.

A Caridade é a Lei Universal, e nós que trabalhamos nas searas umbandistas,

devemos ter nela um guia infalível para o desenvolvimento de nossas atividades, assim

como todos os Centros Espíritas que dizem adotar a codificação de Kardec não são, na

realidade, espíritas, também muitas Tendas e Terreiros não representam os verdadeiros

conceitos da Umbanda. Podemos notar que muitos umbandistas permanecem ainda

ignorantes das verdades e dos fundamentos de sua religião, baseados nisso temos que

trabalhar unidos pelo bem e esperar, que o tempo haverá de corrigir todos os equívocos

através da experiência que vivenciamos no dia-a-dia. Há de se lembrar que o mundo

espiritual é habitado pelos espíritos, seres inteligentes da criação, imateriais, que

mantêm sua individualidade e assim têm formas de pensar diferentes, formando então,

grupos de afins.

Mesmo assim, podemos observar espíritos, de diversos grupos, trabalharem em

conjunto, unidos nos trabalhos de cura e desobseção, mas o fato de trabalharem juntos

não os faz robôs, como já dissemos, eles não pensam de maneiras iguais, guardam

sempre a sua opção íntima. Nisso está a verdadeira fraternidade, que nos amemos uns

aos outros e respeitemos as convicções pessoais, pois se os métodos de trabalhos se

multiplicam ao infinito, o senhor da vinha permanece um só, Jesus, ou como nós o

chamamos “Oxalá”.

O espiritismo é a doutrina codificada por Allan Kardec e inaugurada na Terra em

18 de abril de 1857, na França, e que tem o objetivo de estudar as Leis Espirituais que

regem os dois mundos, e os princípios superiores da vida. Esse estudo forneceu a chave

que explicou cientificamente, tanto a religião nativa quanto os cultos africanos, pois

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explicou a possessão como incorporação dos Espíritos em pessoas dotadas de tal

faculdade mediúnica.

A Umbanda embora seja uma religião de caráter mediúnico, não é espiritismo,

nem alto e muito menos baixo, assim como não podemos dizer que a Umbanda e o

Candomblé sejam a mesma coisa, mesmo assim alguns umbandistas se denominam

“Médiuns Espíritas tal” ou falam “Tenda Espírita tal”. Sabemos que a palavra “Espírita”

ou “Espiritismo” foi criada por Kardec para designar a Doutrina Codificada pelos

Espíritos, no entanto aqui no Brasil, talvez por falta de orientação, as pessoas tomaram

emprestado o termo “Espírita” e passaram associá-lo e designá-lo a toda manifestação

mediúnica, essa confusão se estabeleceu por causa da desinformação por parte do povo,

que devida à divulgação da Doutrina Espírita, aproveitaram e tentaram unir as duas

expressões “Umbanda” e “Espírita”, embora sejam distintas uma da outra.

A Umbanda é uma religião sincrética, pois fundiu quatro culturas religiosas,

criando uma quinta bem distinta, pois não podemos dizer que a Umbanda é “Culto de

Nação”, ela também não é “Pajelança”, não é “Espiritismo” e tão pouco “Cristianismo”,

é simplesmente Umbanda, é uma religião criada e arquitetada para combater o mau uso

das forças negativas, a magia negra, e com bases sólidas na Caridade, esclarecer e

instruir os homens, e para isso cultua e trabalha utilizando todos os recursos oferecidos

pelas energias magnéticas das forças da natureza, personificadas e representadas através

dos Orixás, seus médiuns utilizam roupas brancas, como uniformes, colares em alguns

casos, banhos energéticos, e todo um instrumental para canalizar essas energias

psíquicas em seus trabalhos.

Embora trabalhem com expressões do mundo espiritual, seus métodos de

trabalho se diferem, pois se baseiam em ensinamentos diferentes, mesmo que, algumas

vezes, os umbandistas recomendem os livros espíritas, que servem somente para um

esclarecimento sobre as questões do Mundo Espiritual e suas relações com o Mundo

Material, suas doutrinas e bases são distintas, contudo, reina as Leis do Amor, do

Respeito e da Caridade, as quais devem ser sempre a base para reger as relações entre a

grande família espiritual.

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MEDIUNIDADE

Todo ser humano, de alguma forma, é intermediário das inteligências

desencarnadas, ou seja, dos espíritos. O que acontece é que, muitos julgam por

mediunidade apenas as questões relativas aos fenômenos mais aflorados, mas segundo a

concepção espírita, todos somos, invariavelmente, médiuns, pois de alguma forma

sofremos as influencias externas, ou influenciamos alguém.

Nos templos de Umbanda é comum encontrarmos médiuns de todos os graus,

todos dando muita atenção ao dom oracular, ou seja, o dom da incorporação,

incorporando um mentor espiritual e através de seus conselhos e ensinamentos podendo

então, ajudar seus semelhantes. Mas as manifestações mediúnicas não se restringem

somente as incorporações, vejamos então, algumas das principais formas de

manifestação mediúnica:

Médiuns Sensitivos ou Impressionáveis: São chamadas assim as pessoas

suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos, por uma vaga impressão a qual nem

sempre sabem explicar, essa faculdade mediúnica é indispensável para o

desenvolvimento das outras. Esta sensibilidade é derivada da glândula pineal que fica

localizada no mesocéfalo, na junção entre o celebro e a espinha dorsal.

Médiuns de Efeito Físico: São aqueles particularmente aptos a produzirem

fenômenos materiais como, o movimento de corpos inertes, a produção de ruídos, etc...

São divididos em Facultativos, aqueles que têm a consciência de sua mediunidade e

produz os fenômenos por sua vontade e os involuntários ou naturais, são aqueles que a

mediunidade exerce sem que eles saibam, eles não têm consciência dos fenômenos que

ocorrem.

Médiuns Audientes: São aqueles que ouvem a voz dos espíritos, que às vezes

se fazem ouvir como uma voz interior e em outras como uma voz exterior, clara e

distinta, qual a de uma pessoa encarnada.

Médiuns Falantes: Neles o Espírito atua nos órgãos da palavra, geralmente o

médium falante se exprime sem ter a consciência do que diz, embora se ache

perfeitamente acordado e em seu estado normal, e outros em estado sonambúlico ou

próximo ao sonambulismo. Essa faculdade mediúnica, quase sempre, é efeito de uma

crise passageira, por isso há de se ter muito cuidado para não confundi-la com a

imaginação.

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Médiuns Videntes: São aqueles que têm a faculdade de ver os espíritos.Essa

faculdade é raramente permanente, quase sempre é efeito de uma crise momentânea e

passageira. Eles acreditam ver com os olhos, mas na realidade é a alma quem os

enxerga, e é por isso que ele vê tão bem tanto com os olhos abertos ou fechados.

Médiuns Escreventes ou Psicógrafos: São aqueles que têm aptidão para

obter a escrita direta dos espíritos, de todos os meios de comunicação espírita, esse é

considerado pelos espíritas o mais simples e mais cômodo.

No movimento umbandista, as entidades normalmente se manifestam pela

Incorporação ou pela Radiação Intuitiva, onde o médium recebe as mensagens das

entidades por meio da intuição, sem a necessidade da incorporação, sedo a incorporação

a modalidade mediúnica mais utilizada. Isso porque trazem as comunicações da “boca”

dos próprios espíritos, ou seja, eles estão presentes no momento das manifestações,

próximos aos médiuns, dando mais confiabilidade nas comunicações, já que podemos

“ver” o espírito manifestado, reconhecendo-o através de seus próprios movimentos,

ações, voz, etc, que se diferem totalmente das do médium, mostrando assim sua

individualidade, o que possibilita o fortalecimento dos laços entre o espírito e o

consulente.

As incorporações dividem-se em Inconsciente e Semiconscientes, isso de

acordo com o grau de intervenção do médium. Na Incorporação Inconsciente, o espírito

do médium se afasta e deixa que o espírito comunicante “assuma” o seu corpo físico,

assim o médium não interfere na comunicação, mesmo seu espírito estando às vezes,

consciente no plano astral. Já na Incorporação semiconsciente, o espírito do médium se

afasta um pouco do corpo, mas mantém ligação consciente com ele, enquanto que o

espírito comunicante assume as funções motoras do corpo físico do médium.

A semiconsciência pode variar de intensidade, ou seja, o médium pode ter desde

um grande grau de inconsciência ate um grau quase total de consciência. O médium,

neste caso, tem enquanto dura a manifestação, alguns lampejos de consciência, mesmo

assim, na maioria das vezes, após a manifestação ele não se lembra de nenhum fato

ocorrido durante a mesma.

Há de se ressaltar um fato que é muito importante, na incorporação o espírito

comunicante não entra no corpo físico do médium, mas apenas toma as rédeas da

situação, controlando o corpo físico com ou sem intervenção do médium, o espírito se

aproxima do corpo, mas não o toma ou entra nele. As ligações mediúnicas entre o

espírito e o corpo físico do médium são efetuadas através do perispírito, ou corpo astral

do médium, e para isso usam os chacras correspondentes a sua linha de atuação.

Quando a entidade incorpora ou nos momentos pré-incorporativos, o médium

sente uma mudança no seu campo vibracional, e é assim que consegue, com o tempo e

experiência, distinguir uma entidade da outra, pois as vibrações energéticas de cada

entidade se diferenciam uma das outras. Em geral, a natureza das comunicações está

sempre relacionada com a natureza moral do espírito e do médium, trazendo aí o cunho

de sua elevação ou de sua inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância.

Também há de se observar que as comunicações de um espírito também são

mais ou menos perfeitas, por tal ou qual intermediário de acordo com suas simpatias,

baseados nisso, simplesmente é um erro querer obter, mesmo de um bom médium, boas

comunicações em todos os gêneros mediúnicos conhecidos. É bom certificar-se sempre

das qualidades morais do espírito que as transmitem, bem como das qualidades do

médium, visto que este é o instrumento do qual se serve o espírito.

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DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO

Aprendemos que todos são de certa forma médiuns, mas também que nem todos

sentem ou demonstram sua mediunidade; e há outros até que a encaram como caso de

doenças psicóticas. Então, você se acha um maluco por sentir, ou ver ou até mesmo

conversar com pessoas ou outras entidades que só você percebe? Seriam essas pessoas

que não têm essa percepção, mais “normais” que você? Digamos então que você

chegasse em uma cidade que só existam pessoas totalmente cegas e que nunca tivessem

tido contato com o restante do mundo.

Chegando lá, percebendo isso, você resolve falar a algum deles sobre a

maravilha que são as cores das flores, das árvores e do céu. O que deveria pensar esse

ser que nunca as viu ou verá? Que você é maluco, certo? Deu pra entender agora? Será

que por não se ver, pode-se afirmar que algo não acontece, que o mesmo não exista? E

as ondas AM ou as ondas FM provenientes de estações de rádio? E as de VHF e UHF

que nos trazem até as imagens da televisão?

Ah, mas aí a gente vê o efeito delas quando ligamos certos aparelhos, aqui no

caso o rádio e televisão. Então, mesmo não as vendo fica provado que elas existam,

certo? Imagina você, que até bem pouco tempo atrás, quem dissesse que seria possível a

transmissão e recepção a longas distâncias de ondas sonoras era considerado maluco. E

quando o rádio apareceu os “malucos” deixaram de sê-lo, se “curaram” e foram

chamados Cientistas.

A mediunidade, que cada ser humano traz consigo, faz na realidade com que ele

seja um transmissor e receptor de outros tipos de ondas energéticas que não só as

sonoras ou as elétricas e, dessa forma, cada ser humano com maior ou menor

capacidade de receber ou enviar essas ondas, pode perceber mais ou menos do que

acontece em Planos Vibratórios menos densos que o nosso. Aliás, os rádios e televisões

também sofrem essa restrição. Veja por exemplo que nem todos estão preparados para

receberem ondas curtas, no caso do rádio ou UHF no caso das televisões, necessitando

de aparelhagem ou circuitos adicionais para que o consigam.

Vamos esquecer nosso corpo físico por uns instantes, e encará-lo como um

receptor e transmissor de certos tipos de ondas que os aparelhos já fabricados, a não ser

a fotografia Kirlian, ainda não conseguiram captar, o que talvez as faça daqui a algum

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tempo mais, quem sabe? Se você conseguir ver ou imaginar que, além de ser um ser

pensante, que seu corpo é um aparelho que sofre as influências das mais diversas formas

de ondas energéticas como a luz, calor, ondas magnéticas, de televisão, de rádio e

muitas outras, inclusive estas que os aparelhos comuns não conseguem perceber, então

estará começando a entender.

Se entender também que esse corpo físico que está usando agora, nessa

encarnação, é como uma “vestimenta” para seu verdadeiro EU espiritual, então estará

entendendo ainda mais o que vamos tentar explicar. Agora veja bem, sabemos que em

nosso corpo existem vários Chakras e que na cabeça fica o Chakra Coronário que

funciona como se fosse uma ANTENA, certo? Só que essa antena, a despeito do que

possam afirmar, serve tanto para recepção como para transmissão de ondas em uma

faixa de freqüência não percebida ainda pelos aparelhos eletrônicos.

Então comecemos por aí a análise do seu corpo ou APARELHO MEDIÚNICO,

como algumas entidades o chamam. Olhe para seu corpo, de frente, e imagine, se não

puder ver, uma coroa de energia que se expande do centro da cabeça para cima e para os

lados, para frente e para trás. Essa energia que se irradia tem como base uma faixa

vibratória, digamos que vibre bem entre 1.000 e 1.500 ciclos por segundo, ou 1000hz a

1500hz, ou 1khz a 1,5kHz – não esqueça que é uma situação hipotética pois não

existem aparelhos para medir a vibração padrão de um Chakra – nesse caso,

entidades e/ou energias que vibrem ou atuem dentro desse padrão estarão afinadas com

esse Chakra e, num caso de incorporação, por exemplo, quase não afetarão o seu

sistema nervoso.

Se no entanto, se aproximarem de você, entidades que vibrem a menos de 1000

ciclos, faixa vibratória mais baixa que a sua, ou a mais que 1500 ciclos, padrão

vibratório mais alto que o seu, tentarem entrar em contato mental com você, ou terão

que elevar seu padrão vibratório, no primeiro caso, ou diminuí-lo, no segundo caso, para

que possam atuar dentro de sua faixa vibratória. Sabemos que no Astral há espíritos

mais evoluídos que você e menos também, e que em decorrência disto, estaremos

sempre recebendo influências energéticas maiores e menores, como esse Chakra de

nossa hipótese, que só consegue variar seu padrão entre 1000 e 1500 Hertz, ou ciclos

por segundo. Em estado normal ele não perceberá nem entidades que atuem a menos

nem a mais, para isso terá que passar por treinamentos a fim de poder expandir sua

FAIXA VIBRATÓRIA, freqüências entre a menor e a maior com as quais poderá

interagir, e com isso passar a alcançar, de acordo com os objetivos propostos, maiores e

menores freqüências. E qual seria o objetivo dessa expansão da Faixa Vibratória?

A expansão para baixo não é comum. Só serviria para que o médium começasse

a receber bem, as influências dos mais baixos astrais, mas a expansão para cima serviria

para que alcançasse a freqüência de energias e de entidades menos densas e mais

evoluídas, por conseguinte, que, como se sabe, são do mais alto Padrão Vibratório.

Essas diferenças entre as freqüências em que vibram as entidades espirituais e a do

encarnado em questão se explicam também, de certo modo, aos desconfortos que se

sentem às vezes quando há uma aproximação de certas entidades, mesmo não havendo

incorporação.

A simples presença de certas entidades de padrão vibratório muito diferente do

dele, causa como que um “choque vibratório”, fazendo com que seu sistema nervoso

sofra de alguma forma e produza sensações bastante desagradáveis. Mas não é só a

aproximação de entidades de baixo padrão vibratório, consideradas inferiores, que pode

causar esses danos não. Também a presença de “medalhões espirituais” o faz, porque

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não se trata de influência de baixa ou alta freqüência ou de entidades mais ou menos

evoluídas, mas do fato do encarnado em questão não estar preparado para ampliar ou

baixar seu próprio padrão e com isso evitar o CHOQUE DE VIBRAÇÃO, este sim o

causador de todo mal estar.

O que estamos afirmando aqui é que, embora as entidades espirituais sejam seres

que conosco se comunicam, elas o fazem sempre através da sintonia das freqüências

com que o médium está acostumado, ou seja, para que haja uma boa comunicação, uma

boa vidência ou uma boa clariaudiência por exemplo, será preciso que o médium saiba

ou possa ter sintonizadas as suas antenas, seus Chakras, para as freqüências em que

vivem ou vibrem essas entidades, caso contrário, você vai ficar dizendo que elas não

existem, entendeu? É tão grande o universo de energias que não podemos ver, ouvir e

mesmo sentir; esse número é tão maior que ficaria pasmo em saber o quanto somos

restritos em relação às diversidades de energias que nos circundam, isso em nosso

estado normal, hoje em dia uma grande parte delas já são relativamente conhecidas pela

Física.

A sensibilidade que promove o contato com energias e seres que vibram em

freqüências baixas e mais altas é o que chamamos de percepção extra-sensorial (PES),

esta a qual todos aqueles que tiveram sua mediunidade aflorada, seja por que meios

tenham sido, são portadores. Assim como temos percepções em vários níveis, podemos

dizer que temos mediunidade em vários níveis também. E mais ainda, que essa

percepção desde que tenha aflorado, pode ser trabalhada para que se sintonize com

Planos Vibracionais cada vez mais elevados, de onde se podem tirar realmente

ensinamentos mais e mais profundos em relação à nossa situação neste planeta e os

meios de alcançarmos melhores os objetivos em nosso rumo à EVOLUÇÃO.

Quando você age como um médium passivo, apenas deixando que as entidades o

dominem e façam seus trabalhos através de seu corpo físico e de sua mente, estará

funcionando apenas como “cavalo de guia”, não que isso seja um demérito para você ou

para qualquer um mas, agindo sempre assim, estará se acostumando a “funcionar”

apenas dentro de uma faixa vibratória específica às entidades que com você trabalham

ou que usam seu corpo para tal.

A menos que você tenha entre essas entidades, uma mais evoluída, que trabalhe

o seu “aparelho mediúnico” (Chakras) visando melhorar mais e mais sua percepção e

sensibilidade para outros Planos, você nunca vai perceber esses outros planos e as

entidades que existem nele, que não são percebidos nem pelas entidades de menor

vibração. Mas agora vamos dizer que você, entre as entidades que trabalham

naturalmente, tenha esse desenvolvedor e que ele pertença mesmo a planos mais

evoluídos de existência e que trabalhe, ainda sem que você perceba, nessa sua

mediunidade a fim de poder colocá-lo futuramente, em contato com VERDADEIROS

GUIAS e MENTORES espirituais, parabéns você é um médium de sorte. Mas, mesmo

assim, o que custa você lhe dar uma “mãozinha” e se esforçar um pouco por você

mesmo?

Se você percebeu o que mostramos até aqui e quer melhorar mesmo seus dons

mediúnicos, então comece pelo que faz ainda dentro do Terreiro. Primeiro ponto a ser

observado: Ao chegar no Terreiro para um dia de trabalho, isso depois da preparação

que deve ter sido feita antes, com banhos e etc., evite aquelas conversas sobre assuntos

do dia a dia, seus problemas, suas amarguras, ou mesmo as amarguras dos outros.

Busque desde a sua chegada entrar em contato com as energias que ali existem e que

foram criadas por todos que ali freqüentam. Para tal, prefira o silêncio aos papos

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desnecessários, a introspecção, observação de seus próprios processos mentais, ao invés

de ficar observando o comportamento alheio.

Cabe ao Dirigente verificar se estão ou não em acordo com o que pretende o

Terreiro e seus Mentores Espirituais. Nesse estado de introspecção, de preferência de

olhos fechados, o que ajuda bastante, tente ir sentindo, não o que ocorre a seu lado

fisicamente, mas “no ar”, espiritualmente. Relaxe o mais que puder e tente com isso,

abrir ou expandir sua Aura em volta de todo o seu corpo, para que a sensibilidade para

outros planos seja facilitada. Você pode, durante esse processo, já ir tentando contato

com suas entidades protetoras e guias, ainda que sem incorporações, através de orações

por exemplo, apenas para que elas se acheguem a você e estejam tão próximas quanto

possível durante todo o tempo de Gira.

Faça isso e, talvez não consiga na primeira ou segunda vez, mas chegará a um

ponto em que sentirá a presença deles quase que fisicamente, se bem que alguns

prefiram se fazer notar transmitindo-lhe mentalmente, ou seu Ponto Cantado ou alguma

coisa mais que os identifiquem. Só você é quem vai, na medida em que isso for sendo

“treinado”, sentindo mais e mais.

E veja bem: isso deve ser praticado antes mesmo de se iniciar a gira. Saber usar

a agrégora, energia padrão do Terreiro, com a finalidade de melhorar seus dons é coisa

que poucos fazem, acontece que essa agrégora, sendo forte, facilita esse intercâmbio

entre você e o Mundo Astral que circunda seu Terreiro através dos vínculos que essa

agrégora tem com todas as entidades que ali trabalham.

Não podemos aqui expressar em quanto tempo cada um vai sentir e/ou ver

melhor o que ocorre “do outro lado” ou mesmo “dar melhores incorporações” porque

isso vai depender de cada um e de seu próprio esforço nesse sentido, mas que essa

simples mudança de comportamento antes das seções pode melhorar acentuadamente

todos os seus processos mediúnicos, disso você pode ter certeza! Começando a Seção,

mantenha-se o mais possível, em estado de relaxamento mental, tentando mentalizar o

que cada Ponto Cantado diz.

Os Pontos Cantados têm, como objetivo primeiro o de desviar a atenção dos

médiuns dos problemas que o envolvem no dia a dia e concentrar suas mentes nos

rituais que vão se proceder. As letras dos Pontos Cantados, de uma forma geral, nos

induzem a imagens de seres,situações e locais que fortalecem nossas crenças e nos dão a

certeza de estarmos bem assistidos por nossos amigos e mensageiros, mas isso em se

tratando de Pontos Cantados mesmo, com fundamentos. Agora vamos expor as

vantagens desse trabalho mental voltando sempre sua mente para o que está ou deveria

estar acontecendo no Astral, dentro do Terreiro:

1º- Sua mente estará sempre ocupada com pensamentos e mentalizações

positivas, evitando se deixar levar pelo cotidiano ou mesmo por pensamentos e fixações

negativas;

2º- Sua mente estará criando condições que propiciem a criação de energias de

teor positivo que fatalmente agirão sobre ela, seu corpo físico e seu estado psíquico;

3º- Pelo efeito das duas vantagens anteriores, sua Aura estará sendo relaxada,

mais expandida, o que o fará mais propenso, pela sensibilidade nesse caso, tanto a

incorporações menos traumáticas, menos “sacolejadas”, como mais seguras, ocorrendo

o mesmo no caso de vidência e clariaudiência;

4º- Como sua mente vai estar voltada para criações de imagens de teor positivo,

mesmo com o relaxamento de sua Aura as entidades de menor evolução terão

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dificuldade ou mesmo ficarão impossibilitadas de nela penetrarem, o que por si só, já

será um filtro contra o Baixo Astral;

5º- Sua mente estará sendo trabalhada em cada sessão, por você mesmo, ainda

que não perceba de imediato, para focalizar planos e energias de cada vez mais alto teor

vibratório, o que equivale a dizer que estará ampliando seu Padrão Vibratório e, nesse

caso, sintonizando-o pouco a pouco com Energias e Entidades pertencentes a níveis

superiores de Evolução.

É claro que essa sintonia com os níveis superiores não se dará “da noite para o

dia” , como se costuma dizer, levará mais tempo ou menos tempo, de acordo com seu

próprio esforço. Mas nunca é tarde para se começar até porque, às vezes, mesmo sem o

sabermos, já estamos na metade do caminho, ou mais. A mediunidade de incorporação,

talvez seja a forma mais passiva de contato com entidades e energias do Plano Astral

porque, nessa técnica, para que a incorporação seja a melhor possível, o médium deve

basicamente focalizar sua mente na falange ou entidade que pretende que incorpore e

relaxe o máximo possível.

Todo o restante é feito pela entidade que chega e vai tomando os pontos a serem

comandados: respiração, pernas, braços, mente, voz e outros. Por ser uma forma de

contato passiva, o médium tem que confiar em si mesmo e na entidade que se aproxima

lhe entregando de corpo e mente. Com o passar do tempo e o melhoramento da

sensibilidade mediúnica, não só o desenvolvedor mas todas as entidades que com você

vierem a trabalhar, ao se achegarem emitirão sinais particulares para que você os possa

identificar. Por exemplo: algumas entidades chegam cantando seus Pontos ao seu

ouvido.

Já outras além do Ponto Cantado ou mesmo sem ele, se utilizam de sensações

específicas no corpo material do médium e, dessa forma, alguns lhes assobiam no

ouvido ou nos ouvidos, outros lhes dobram certo dedo da mão, outros lhe dão uma

pontada em outra região do corpo, enfim, se utilizam de sinais que para eles e o médium

se tornam característicos de suas presenças. O médium reconhecendo esses sinais

característicos, e neles confiando, passa a criar em si condições que propiciem à

entidade uma boa incorporação, relaxando e voltando sua atenção totalmente para

aquela que se achega.

Você deve saber que médiuns, principalmente os de mediunidade kármica,

costumam ter à sua volta um grupamento de espíritos e/ou elementais com os quais já se

comprometeu a trabalhar, antes mesmo do reencarne. Acontece que nesses casos,

quando o médium, ou está atrasado no cumprimento de seu Karma ou mesmo por

ansiedade dessas próprias entidades, ao chegar no Terreiro, é quase que “invadido” por

uma ou mais de uma entidade que “quer logo garantir seu lugar”.

Pode parecer brincadeira mas não é! Pode acontecer uma situação dessas, e há

vezes em que mais de uma entidade tenta “entrar” na faixa vibratória disponível desse

médium ao mesmo tempo. Como nem ele nem essas entidades têm ainda treinamento

para fazê-lo, acabam por provocarem esse choque de vibrações com violentos choques

na matéria, sacolejos e mesmo os tombos que acontecem, mesmo que você não acredite,

de ambos os lados (médium e entidades).

Nesse caso, as entidades praticamente se “trombam” na ânsia de assumirem um

lugar ou se definirem como presentes. Pela inexperiência dessas entidades em

flexibilizarem seus padrões vibratórios ou a densidade de seus Corpos Astrais, acabam

as duas, criando o choque de Auras que além de afetar o médium acaba por afetá-las da

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mesma forma. Em casos como esse, cabe ao Dirigente do Terreiro ou ao Chefe

Espiritual, a doutrinação dessas entidades no intuito de ensiná-las que não pode ser

dessa forma. Claro que médiuns que sofrem esse problema têm que ser melhor

assistidos pelo seu Dirigente até que a “demanda” do outro lado se resolva e todos

possam chegar em paz.

O problema maior, na maioria dos terreiros, às vezes, está na forma do

desenvolvimento das faculdades mediúnicas, pois constantemente vemos vários

dirigentes de terreiros induzirem pessoas portadoras de determinados desequilíbrios a

desenvolverem sua mediunidade. Esse conselho é muito utilizado por aqueles que não

têm um conhecimento estruturado sobre o assunto.

Nesses casos, a prudência aconselha que se faça um tratamento espiritual, com

afirmação em valores morais sólidos, afim de o companheiro em questão, possa se

fortalecer espiritualmente, pois sua mediunidade guarda a característica de ser

atormentada, se encontrando muitas das vezes, obsedado por espíritos que, em alguns

casos, querem se vingar de um passado onde tiveram experiências em comum. Sendo

assim, não se deve desenvolver algo que esteja enfermo, é preciso reequilibrar suas

energias, para depois assumir o compromisso na área mediúnica, se é que este realmente

exista. Outro problema é o costume de alguns dirigentes de terreiro, fazerem uma

espécie de preparação com seus “filhos”, raspando-lhes a cabeça ou firmando seu Santo

ou seu Orixá regente.

Esse costume se reporta mais aos cultos africanos e não propriamente dito a

Umbanda. Mas mesmo sabendo disso alguns companheiros, que guardam em seus

trabalhos raízes nesses cultos, continuam, algumas vezes, com alguns costumes. Nós

umbandistas devemos reconhecer que a verdadeira preparação para um bom

desenvolvimento mediúnico, é a elevação da nossa vida moral, esse sim é um dos

valores indispensáveis em qualquer caminho que um filho de Deus se encontre, e que

sempre baseados nas Leis da Caridade e do Amor, possamos seguir firmes nos objetivos

elevados propostos pelos mentores espirituais da Umbanda.

A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um

instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar

através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação

moral e espiritual, da aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, sempre

respeitando os guias e Orixás; ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade

em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma

prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.

Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou

vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, mas sim

como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e

expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser

encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma

oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade. Existem médiuns que acabam

distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de forma

leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de

Deus, dos Orixás e Guias.

Ter um comportamento moral e profissional dignos, ser honesto e íntegro em

suas atitudes, pois do contrário acabará atraindo forças negativas, obsessores ou

espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados

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desequilibrados e que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso,

desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e

regido através de um profundo estudo da religião seguido por conceitos morais e éticos.

Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial. As pessoas que são

médiuns e tem o trabalho mediúnico como missão, devem levar sempre isso muito a

sério, ter muito amor e dar valor ao que fazem, tendo sempre boa vontade nos trabalhos

de seu terreiro e na vida diária.

Mediunidade é coisa séria e participar de uma corrente mediúnica, mais ainda, é

preciso que entendam seus deveres e obrigações e faça cada um a sua parte, e que

sejamos conscientes de que nem todos somos médiuns de incorporação, e não é porque

não estamos trabalhando incorporados que não devemos ser atentos aos deveres que nos

competem. O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego

adequados aos seus Orixás e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa

sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com

alguma dúvida, problema espiritual ou material.

Bem, acreditamos que você agora já tenha uma idéia mais clara do que é e como

funciona a mediunidade, e passa também ver como é importante que você faça a sua

parte, buscando a cada dia, a cada seção, a cada aprendizado melhorar sua ligação

vibracional com o mundo astral.

UMBANDA - MITOS E REALIDADES

Podemos observar que as pessoas que procuram a Umbanda o fazem, em sua

maioria, para resolverem problemas de ordem material, exigindo um resultado

imediato,e quando não encontram creditam no Terreiro ou ao Dirigente e Médiuns,

quando não a própria Umbanda, o motivo do seu fracasso.

Por que isso acontece? Acreditamos que a culpa disso seja dos próprios

umbandistas que não esclarecem que a Umbanda é uma religião digna e nobre como

todas as outras, se omitem ou são os primeiros a dar “oferendas” para obterem favores

materiais das Entidades. Por outro lado, sabemos que a Umbanda lida com vários

elementos e uma variedade enorme de espíritos, e também que ela tem a capacidade de

penetração nos mais variados campos do Astral, conseqüentemente, havendo

merecimento e empenho, muito problemas acabam realmente por ter uma “solução mais

rápida”, mas somente aos que merecem e o fazem por merecer.

Qual é o mistério da Umbanda? Amor e Caridade, pura e simplesmente. A

ritualística que cada terreiro de Umbanda segue, somente serve como um leque de

possibilidades para os diversos anseios de culto de cada um. Na verdade, quem procura

um Terreiro de Umbanda deveria apenas se preocupar se ela é séria, se não cobra

consultas e trabalhos e se tem como objetivo principal a caridade e o Amor ao próximo.

Essa é a verdadeira Umbanda. Sabendo que temos por obrigação sempre buscar o “por

que” das coisas e não ficarmos satisfeitos com repostas do tipo “isso é assim porque é”

ou “isso é um mistério da fé”, vamos aqui tentar elucidar algumas dúvidas que

encontramos por parte da maioria dos freqüentadores e alguns médiuns de Umbanda.

Serão perguntas e respostas que escutamos freqüentemente nos terreiros ou fará

deles. Não julguem a qualidade das perguntas, porque se pra você a pergunta é simples

ou boba, para outro poderá não ser. As respostas sim são simples porque assim é a

Umbanda. Então vamos lá:

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1. Pode uma pessoa praticar o mal sob influencia de espíritos?

Sim pode, tanto quanto pode praticar o bem, também influenciada pelos

espíritos. Mas estejam certos de que para que as influencias negativas ou positivas

atuem em nossas vidas devemos estar sintonizados com tais vibrações. Portanto orai e

vigiai. Você tem seu livre arbítrio e é o único responsável pelas companhias que atrair,

tanto carnais como espirituais, e que permitir atuar em sua vida.

2. Todos somos médiuns?

Todos nós somos sensitivos, mas alguns em um grau mais elevado que o outro.

Esses diferentes níveis de sensibilidade podem ser compreendidos com diversas formas

de mediunidade que está liga a missão que o individua tem aqui na terra. Alguns são

médiuns de incorporação, outros intuitivos, videntes, audientes, de efeitos físicos, de

pisocofonia e de psicografia, todos passíveis de desenvolvimento de acordo com o livre

arbítrio de cada um.

3. O Médium quando está incorporado sabe tudo o que está acontecendo e o que a

pessoa está falando com a Entidade?

Normalmente sim. A grande maioria dos médiuns é consciente ou

semiconsciente como falam, ou seja sabem o que está acontecendo mas não tem

controle sobre as atitudes da entidade. Normalmente logo após a consulta o médium

ainda lembra de alguma coisa, que vem como “flash”, mas logo depois vão esquecendo

aos poucos. Somente médiuns inconscientes é que não sabem o que se passou durante

uma consulta, mas é muito raro este tipo de mediunidade. Mas se a sua preocupação é se

você pode conversar qualquer assunto com a entidade que o médium não vai contar pra

ninguém, isso aí dependerá da índole do médium e da Casa que ele trabalhe, mas não se

preocupe, pois o princípio básico de uma casa de Umbanda séria é o sigilo em respeito

às consultas e o respeito com os problemas de cada um.

4. Se uma pessoa tem que trabalhar mediunicamente e se a mesma não entrar para

um Centro ela poderá receber um guia ou entidades na rua, em casa, no trabalho

ou em outro lugar?

Não. Uma Entidade Guia ou Protetora “de Luz” não irá de forma alguma expor a

pessoa ao ridículo ou a situações constrangedoras incorporando em lugares públicos. O

fato é que se a pessoa é médium, e tem como missão trabalhar mediunicamente e opta

por não desenvolver sua mediunidade isso não faz com que ela deixe de ser médium.

O que acontece é que sua mediunidade ficará embrutecida e desamparada

expondo a ação de espíritos trevosos que poderão, esses sim, manifestarem em locais

públicos colocando a pessoa em situações embaraçosas e de risco. A Umbanda ou outra

religião qualquer serve para nosso crescimento moral e espiritual e como um elo de

religação com Deus, freqüentar ou participar ativamente de uma deve ser uma opção

particular de cada um e não uma imposição.

Devemos saber que pelo fato de termos uma mediunidade mais aflorada nos

torna imãs, atraindo toda e qualquer energia que estiver nos ambientes aos quais

freqüentarmos, o desenvolvimento dessa mediunidade, se faz necessário para

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e Caboclo Tupynambá

aprendermos a lidar com essas energias e controlar as manifestações e termos a

oportunidade através do trabalho mediúnico de resgatarmos nossos kármas e

compromissos assumidos antes de reencarnarmos. Negar e fugir disso não nos levará a

nada, é claro que existem outras formas de praticarmos a Caridade, trabalhar

mediunicamente deve ser uma opção e não uma imposição. Cada um com seu Kárma,

missão e vontade.

5. É verdade que a pessoa que entra para trabalhar na Umbanda não pode mais

sair, porque atrasa a vida?

Não, não é verdade. Como também não é verdade que a vida da pessoa em

questão vai pra frente se ela entrar para a Umbanda. O que ocorre é que ao entrar para a

corrente de um terreiro de Umbanda a pessoa passa a dar vazão e a desenvolver sua

mediunidade, assume compromissos e responsabilidades, se tranqüiliza e se harmoniza

vibracionalmente e evolutivamente, ou pelo menos deveria.

O “atraso na vida” da pessoa ocorre porque ela deixa de se equilibrar, evoluir e

fazer caridade. Conseqüentemente ela deixa de ter tranqüilidade para resolver até o mais

simples dos problemas. Mas isso ocorre porque a pessoa saiu do Terreiro, mas não

deixou de ser médium e continua recebendo influência do Astral. E se ela não continuar

com suas responsabilidades em ter uma vida regrada, de conduta ilibata e não praticar a

caridade de alguma forma, receberá maior influencia do Astral inferior, segundo a Lei

das afinidades.

Que fique bem claro que não é o ingresso da pessoa ou a sua permanência na

Umbanda, ou qualquer outra religião, que fará com que a vida da pessoa “ande pra

frente” ou que todos os problemas dela se resolverão. Temos que ter a consciência de

que é a sua conduta moral, seu desejo de praticar a caridade, de ajudar ao próximo, de

buscar sua evolução é que será determinante se ela vai melhorar ou não, é uma questão

de merecimento pessoal. A Umbanda através de um Terreiro sério lhe dará a

oportunidade, o conhecimento e o meio, cabe a pessoa abraçar ou não.

6. É, mas uma vez eu ouvi um médium dizer que se ele abandonasse as entidades o

castigariam? Isso é verdade?

Não, a entidade não faria isso. Certamente era o médium que em suas limitações

de conhecimento entendia assim. Na verdade o que muito provavelmente aconteceria, se

fosse em um Terreiro sério e com entidades sérias, a Entidade faria era aconselhar e

alertar o médium quanto ao perigo que ele estaria sujeito ao abandonar a Umbanda ou

seu compromisso mediúnico.

Como dito anteriormente, o médium ao se afastar do seu compromisso

mediúnico ou do terreiro, não deixa de ser médium por isso, de acordo com o que faça

da sua vida a partir daí é o que vai justificar sua nova condição, se fizer coisas boas

continuará recebendo boas influências, mas se levar uma vida desregrada receberá

influências negativas ou ruins. A Umbanda, tão pouco seus guias e protetores, não têm

função de nos punir e sim de orientar e amparar.

7. O que é um “guia de frente”?

É a entidade que chefia a coroa do médium, é representante direto de seu Orixá

Regente. É responsável em comandar todas as entidades e guias que trabalhem na coroa

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do médium ela traz as orientações e ordens diretas do Orixá Regente. São também

conhecidas como mentores. Em alguns terreiros pode ser também um Preto-velho ou

um Caboclo.

8. Pode duas ou mais pessoas receber entidades com o mesmo nome?

Certamente que sim. Aliás isso é bastante comum de acontecer da mesma

maneira que encontramos pessoas com o mesmo nome. Podemos observar várias

entidades se identificando como: Caboclo Rompe Mato, por exemplo, isso não quer

dizer que é a mesma entidade ou o mesmo espírito, e sim entidades que trabalham em

um mesmo campo vibracional. Na verdade se paramos para pensar realmente, o nome é

o menos deve importar, mas sim o grau de comprometimento com a caridade.

9. Como é o desenvolvimento de um médium Umbandista?

Embora esta questão seja bastante específica e a resposta varie de terreiro para

terreiro, como a maioria das questões sobre ritualística e fundamentos, vejamos alguns

pontos que devem ser observados.

a) É fundamental uma avaliação minuciosa do médium com relação a Umbanda

e suas próprias aspirações. É de suma importância que ele esteja certo de que é isso que

deseja para si e para sua vida, que entenda que a Umbanda é uma religião que o ajudará

na sua evolução através da Caridade e não é para resolver seus problemas.

b) A casa que ele escolher para realizar este empreendimento deve estar o mais

próximo do que ele acredite, entenda e queira para si. É fundamental que seja uma casa

séria e comprometida com a caridade, ou seja, que seja realmente de Umbanda.

c) As diferentes ritualísticas da Umbanda servem exatamente para atender as

diversas aspirações. Por isso antes de qualquer coisa ele deve freqüentar a assistência

assiduamente, observar, envolver-se e estudar até ter certeza que ali é o seu lugar.

d) Cada casa tem um critério para se fazer parte da corrente, procure saber qual

é. Ao entrar para a corrente deverá seguir rigorosamente as orientações do Dirigente e

da Entidade chefe ou das pessoas a sua ordem.

e) Entender que não será umbandista dos portões para dentro do terreiro, mas

sim de coração, corpo e alma. Deverá dedicar-se, educar-se, doutrinar-se seguindo as

orientações recebidas, que sua conduta moral deverá ser constantemente vigiada.

f) Participar de todas as seções que esteja, abertas aos médiuns novos, estudar e

se dedicar com afinco, buscando sempre melhorar seus pensamentos, desejos e

vontades. Buscar constantemente a evolução espiritual e moral, para assim poder

preparar o seu corpo e mente para ser um bom instrumento para as Entidades Protetoras

e Guias.

Buscar tudo isso irá facilitar a incorporação e o desenvolvimento de sua

mediunidade, se entregue de corpo e alma, sem medo. É essencial lembrar que é um

momento de adaptação, onde tanto médium quanto entidade estarão se afinizando. Não

tenha pressa, o tempo que você levará para incorporar, dar passes, dar consultas, só

dependerá de você mesmo, de sua dedicação empenho e preparo seguindo as

orientações que lhe forem passadas.

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10. É verdade que homens que trabalham com entidades femininas são Gays ou

podem se tornar?

Não, não é verdade. O que determina a preferência sexual de uma pessoa é ela

mesma e não a entidade, aliás ninguém tem ingerência sobre este assunto, isso é um

pensamento machista e preconceituoso, a Umbanda não coaduna com pensamentos

retrógrados. Ninguém vira ou se torna homossexual, ou ela é ou não é, isso é uma

característica dela e deve ser respeitado O médium é um medianeiro, um aparelho para a

espiritualidade trabalhar pela expansão da caridade, assim sendo a entidade não interfere

na personalidade do médium, senão todos que incorporarem Ogum serão guerreiros, e

quem trabalha com todas as linhas sofre de personalidades múltiplas. Então se for assim

mulheres também não podem trabalhar com entidades masculinas pois se tornarão

lésbicas.

Temos que mudar esta mentalidade e acabar com o preconceito dentro dos

Terreiros. A Umbanda tem lógica e coerência, o que deve realmente interessar não é a

preferência sexual do indivíduo, mas o quanto de caridade e amor a pessoa tem para

fazer e dar, o quão dedicado a espiritualidade ela o é, e o quão envolvido com o astral

superior ela esteja.

11. Como funciona a hierarquia dentro de um terreiro de Umbanda?

Dentro de um terreiro de Umbanda deve existir organização e disciplina. E para

manter essa organização e disciplina deve existir também um sistema hierárquico.

Alguns Terreiros dividem-se em parte administrativa e espiritual. A parte administrativa

funciona como uma associação normal, com Presidente, Tesoureiro, Secretários e outros

cargos que possam vir a serem úteis na composição de seu estatuto. Já a parte espiritual

é comum ser dividida da seguinte forma:

a) Babalorixá e Ialorixá: São os Dirigentes do terreiro, o Sacerdote

(Babalorixá) ou a Sacerdotisa (Ialorixá). É o Responsável espiritual por tudo que

acontece nas gírias, antes, durante e depois. São também chamados de pais e mães-de-

santo. Eles têm a função de cuidar e zelar espiritualmente do Terreiro e dos médiuns,

orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados ao público. São os responsáveis em

fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo astral superior.

b) Pai Pequeno e Mãe Pequena: São as segundas pessoas na hierarquia de um

terreiro. Tem como função auxiliar e substituir quando necessário o Babalorixá e a

Ialorixá. Outras funções específicas variam de terreiro para terreiro.

c) Médiuns de Trabalho: São os médiuns que trabalham incorporados, cujas

entidades já dão consulta e já passaram por todos os preceitos do terreiro, que também

variam de Terreiro para Terreiro.

d) Médiuns em Desenvolvimento: São Médiuns que como o nome já diz, estão

em desenvolvimento, ainda não passaram por todos os preceitos da casa. Em alguns

Terreiros ele podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha de trabalho, mas não

são autorizados a dar consultas. Estão sendo preparados para tornarem médiuns de

Trabalho. Ajudam no auxílio as entidades incorporadas.

e) Cambono: São os responsáveis para auxiliar as entidades, esclarecer a

assistência quanto as obrigações passadas, coordenar a entrada da assistência nas

consultas e passes.

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f) Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã: É a pessoa responsável pela puxada dos

pontos cantados e bater ou tocar o atabaque, quando utilizados pelo Terreiro. Sua

função é a de ajudar na evocação das entidades e auxiliar a manter a agrégora positiva

da Casa durante as seções.

Deixemos bem claro que todas as funções são importantes dentro da organização

de um Terreiro e nenhuma é melhor ou pior que a outra, o respeito e a disciplina deve

sempre ser elementos básicos da convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado

com a vaidade e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e

qualquer umbandista.

12. O que pode ou não dentro dos rituais praticados nos Terreiros serem

considerados de Umbanda?

Podemos observar a enorme confusão que as pessoas fazem em relação ao que

faz ou não parte dos rituais da Umbanda e o que faz um terreiro serem considerados de

Umbanda. Em primeiro lugar a premissa básica para que se determine que um terreiro

seja UMBANDA é a caridade que se pratica no local. Não podemos confundir

fundamentos com elementos de rito ou culto. Em primeiro lugar é fundamental

estabelecermos algumas premissas básicas para o perfeito entendimento a respeito da

diferenciação do que seja “fundamento” de “elemento de rito”.

Fundamento: é tudo que existe velado ou não, dentro do terreiro que

“fundamenta” e direciona seus trabalhos. Estabelece suas linhas de força trabalhada e

cultuada, assim como a missão da Casa. Ou seja, interfere e determina o resultado final

dos trabalhos realizados. É estabelecido pelos Dirigentes espirituais. Exemplo: firmezas

ou pontos de força estabelecidos no Gongá.

Elemento de Rito: é tudo que existe, velado ou não, presente ou não, que não

interfere no resultado final dos trabalhos e nem na missão da Casa. É estabelecido pelo

sacerdote.

Entendido isso vejamos então o que determina realmente se um terreiro é de

Umbanda ou não?

a) Na umbanda o atabaque é elemento de rito, ou seja, a presença ou não do

atabaque NÃO interfere no RESULTADO final do trabalho. A gira pode ficar, e fica

mesmo, mais alegre, mais “vibrante”, mas o resultado final é o mesmo. As entidades

incorporam e fazem seu trabalho da mesma maneira.

b) As roupas (saias rodadas, etc.) são elemento de rito, o fato de serem brancas é

que é fundamento, ou seja, se as mulheres trabalham com “baianas” rodadas ou sem

roda, ou de jalecos não interfere no resultado final do trabalho. As roupas coloridas

podem ser usadas em giras específicas. Vai da preferência do sacerdote.

c) Sacrifício de animal não é fundamento e muito menos elemento de rito da

umbanda, entretanto é e tem fundamento em outras religiões.

Esses simples exemplos servem apenas para ilustrar, pois é tão fácil e simples

saber ou detectar se um terreiro é de umbanda ou não. Há caridade? Não há cobrança

por trabalhos, consultas ou passes? Então é umbanda. Fácil, não? O resto, ou quase

tudo, é elemento de rito.

13. Qual a necessidade ou a importância do uso de roupas brancas?

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A “Roupa Branca” usada pelos médiuns nos rituais de Umbanda, deve ser

tratada de maneira especial e usada exclusivamente para este fim. Ela representa a

pureza e a simplicidade, além do branco ser uma cor que absorve a vibrações mas não

as retém.

14. Qual o objetivo dos banhos de ervas?

Tem ervas que são para descarrego, outras para energização e outras com ambas

as funções, outras simplesmente preparatórias para algum tipo de trabalho. Dependendo

da necessidade o médium ou o consulente, tomará seu banho de ervas objetivando

sempre uma boa harmonização com as forças da natureza, para a consecução dos

objetivos propostos. Os banhos de ervas necessitam de uma ritualística preparatória e

não devem ser tomados indiscriminadamente, só devem ser tomados sob orientação da

Entidade ou do Dirigente do Terreiro ou de pessoas a sua ordem, pois sem o

conhecimento específico do problema e do objetivo a ser alcançado, o banho pode ter

efeito contrário. Por exemplo se a pessoa tiver agitada demais não deverá tomar banho

de ervas Ogum ou Iansã, pois poderá ficar mais agitada ainda.

15. Porque batemos a cabeça no gongá?

O “bater a cabeça” é um gestual que representa humildade e respeito, é um ato

de oferecimento de seu Ori (coroa), de reverencia e agradecimento à Coroa Regente da

Casa e de pedido de benção.

16. E os colares na Umbanda?

Os “colares”, os quais chamamos de “guias”, são utilizados para auxiliar fixação

da vibração do Orixá e tem a função de atração ou proteção. Utilizar ou não, a

quantidade de contas e quanto o tipo varia de Terreiro para Terreiro conforme a

orientação da Entidade Chefe ou do Dirigente. Mas elas não devem ser compradas, pois

devem ser preparadas pela própria pessoa segundo os preceitos de cada casa.

17. Porque fazer firmeza para Exús e Pombas-gira?

Exús e Pomba-giras são nossos guardiões e defensores dos ataques do astral

inferior. Ao fazermos firmeza para eles estamos fornecendo pontos de energização e

fixação de energia que visam a facilitar este trabalho.

18. Como é o trabalho de um Exú e uma Pomba-gira?

Como já vimos Exús e Pombas-gira trabalham para nossa defesa e proteção.

Atuam nas regiões umbralinas ou onde sua presença se fizer necessária. São verdadeiros

soldados do astral envolvendo os trabalhos de defesa com sua energia equilibradora.

19. Qual é a importância de uma gira de Exús?

As giras de exus servem para expurgar, descarregar, encaminhar, limpeza do

terreiro, dos médiuns e de todos os trabalhos de desobsessão do período. Servem

também para oportunizar a estas entidades maravilhosas, através da incorporação e da

consulta, sua evolução e na busca de conselhos de assuntos mais de terra. Não podemos

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esquecer que eles é que dão o primeiro combate contra as forças trevosas, são eles que

nos defendem, que representam e levam as ordens dos enviados de orixás aos níveis

mais baixos da crosta, são eles os executores dos kármas, que limpam, descarregam e

atuam como elementos magísticos no desmanche de trabalhos de magia negra.

20. Porque algumas entidades na Umbanda bebem e fumam?

A Umbanda, seus médiuns, os espíritos que nela trabalham e, em particular, os

espíritos que trabalham na linha de Exu são alvos de muitas críticas devido ao uso da

bebida alcoólica e do fumo durante seus trabalhos. Essas críticas baseiam-se no

conhecimento, com o qual concordamos plenamente, de que o vício e a mediunidade

responsável são incompatíveis.

Por isso, a Umbanda é comumente associada a espíritos ainda muito apegados à

matéria e/ou a médiuns despreparados e de precária estrutura moral. É claro que temos

entidades que por estarem em um plano ainda próximo ao da terra guardam os vícios de

uma encarnação recente, bem como médiuns que se utilizam das entidades para se

embriagarem. Mas isso não é regra, não é porque uma entidade bebe e fuma que ela é

um espírito inferior, o fumo e a bebida também fazem parte da caracterização da

entidade e ajuda na comunicação entre a entidade e consulentes que associando, por

exemplo, um preto-velho que fuma cachimbo ou um Exu que bebe marafo como

legítimos e, portanto, dignos de confiança e respeito.

Muita das vezes, mesmo pessoas cultas podem levantar dúvidas quanto à

legitimidade da comunicação mediúnica quando ela não envolve o uso desses

instrumentos de caracterização da entidade (nos quais se incluem, também, a mudança

de voz ou de postura física do médium, embora esses elementos tenham suas devidas

funções, como se explicará melhor em outra oportunidade). Essa caracterização das

entidades é fundamentada em processos culturais desenvolvidos desde os tempos

antigos e presentes no surgimento da Umbanda e facilitam que o médium iniciante

reconheça e assimile a personalidade da entidade, permitindo que a entidade se expresse

sem maior influência da sua personalidade, já que o médium se torna mais flexível a

uma realidade psíquica estranha à sua.

Dentro do conceito Elemental, o fumo é uma defumação direcionada, que traz

além do vegetal, os quatro elementos básicos (terra, água, ar e fogo) para trabalhos de

magia prática. O Sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espirituais muito valorosos e

eficazes nos trabalhos de cura e limpeza, que somado ao poder das ervas é

potencializado muitas vezes em resultados largamente vistos durante os trabalhos de

Umbanda.

Já o Álcool é do elemento água, provindo de um vegetal (a cana), que se sustenta

na terra, altamente volátil no ar e considerado o "Fogo líquido", de fácil combustão.

Tanto o Fumo quanto o Álcool são utilizados para desagregar energia negativa, queimar

larvas e miasmas astrais, e no caso do Álcool para desinfetar e limpar no externo e no

interno já que pode ser ingerido. O fumo, Tabaco, o álcool são considerados um

"Elemento de Poder", usados há milênios pelos povos indígenas, considerado sagrado

com larga utilização em seus trabalhos de cura.

Tudo que é sagrado traz o divino e as virtudes para nossas vidas, sempre que

profanamos algo sagrado atraímos a dor e o vicio. Assim o mesmo tabaco e o álcool que

cura em seu aspecto sagrado também vicia e traz a dor quando utilizado de forma

profana.

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OS GUIAS PROTETORES

Os Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, que fazem parte da chamada Corrente

Astral de Umbanda, trabalham dentro de uma das Linhas de Umbanda: Oxalá, Ogum,

Oxossi, Xangô, Almas(Obaluaie, Nanã e Oxumarê), Ayabás (Yemanja, Oxum e Yansã)

e Ibejis.

Os Pretos-Velhos são da Linha das Almas;

E as Crianças da Linha de Ibejis.

Cada linha se divide hierarquicamente em vários graus.

Nos terreiros, em geral trabalha-se com Protetores de 5º, 6º e 7º Grau. Para se

trabalhar com Guia (4º Grau) é exigida muita experiência e devoção por parte do

médium.

Os espíritos militantes da Umbanda só usam os mesmos nomes dos seus Chefes

Principais, até quando são do 4º Grau, quer dizer, até quando são Guias (Chefes de

Grupamento). Daí para baixo, até 7º Grau não seguem esta regra, variando seus nomes

mas tendo a mesma ligação afim.

Veja como se organiza uma linha:

Categoria Quantidade Grau Denominação

Orixá Maior 1 -

Orixá Menor 7 (1º Grau) Chefe de Legião

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A cada grau que a hierarquia vai descendo a quantidade de entidades vai se

multiplicando por sete, pois cada entidade, dentro de sua hierarquia delega ordenações

para mais sete.

Cada linha compõe-se de sete legiões, tendo cada legião o seu chefe. Cada legião

divide-se em sete grandes falanges, que por sua vez também tem um chefe e cada

falange divide-se em sete sub-falanges e assim por diante, obedecendo a um critério

lógico.

Agora apresentaremos as linhas e seus Orixás com os seus respectivos chefes de

legiões:

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Oxalá:

Caboclo Urubatão Da Guia Representante da vibração espiritual

Caboclo Guaracy intermediário para Ogum

Caboclo Guarani intermediário para Oxossi

Caboclo Aymoré intermediário para Xangô

Caboclo Tupy intermediário para as Almas

Caboclo Ubiratan intermediário para Ibejis

Caboclo Ubirajara intermediário para Ayabás

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Oxossi:

Caboclo Arranca-Toco Representante Da Vibração Espiritual

Caboclo Araribóia Intermediário Para Ogum

Caboclo Arruda Intermediário Para Oxalá

Caboclo Cobra-Coral Intermediário Para Xangô

Caboclo Tupinambá intermediário para as Almas

Cabocla Jurema intermediário para Ibejis

Caboclo Pena-Branca intermediário para Ayabás

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Ogum:

Caboclo Ogum Dilê Representante da Vibração Espiritual

Caboclo Ogum Matinata intermediário para Oxalá

Caboclo Ogum Rompe-Mato intermediário para Oxossi

Caboclo Ogum Beira-Mar intermediário para Xangô

Caboclo Ogum De Malé intermediário para as Almas

Caboclo Ogum Megê intermediário para Ibejis

Caboclo Ogum Yara intermediário para Ayabás

Orixá Menor 49 (2º Grau) Chefe de Falange

Orixá Menor 343 (3º Grau) Chefe de Sub-Falange

Guia 2401 (4º Grau) Chefe de Grupamento

Protetor 16807 (5º Grau) Chefe Integrante de Grupamento

Protetor 117649 (6º Grau) Sub Chefe de Grupamento

Protetor 823543 (7º Grau) Integrante de Grupamento

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Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Xangô:

Caboclo Xangô Kaô Representante da vibração espiritual

Caboclo Xangô Pedra-Branca intermediário para Oxalá

Caboclo Xangô Agodô intermediário para Oxossi

Caboclo Xangô Sete Montanhas intermediário para Ogum

Caboclo Xangô Sete Cachoeiras intermediário para as Almas

Caboclo Xangô Pedra-Preta intermediário para Ibejis

Caboclo Xangô Sete Pedreiras intermediário para Ayabás

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual das Almas:

Pai Guiné Representante da vibração espiritual

Pai Tomé intermediário para Oxalá

Pai Joaquim intermediário para Oxossi

Pai Benedito intermediário para Ogum

Vovó Maria Conga intermediário para Xangô

Pai Congo D'aruanda intermediário para Ibejis

Pai Arruda intermediário para Ayabás

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Ibejis:

Tupanzinho Representante da vibração espiritual

Ori intermediário para Oxalá

Damião intermediário para Oxossi

Yari intermediário para Ogum

Doum intermediário para Xangô

Cosme intermediário para Almas

Yariri intermediário para Ayabás

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Ayabás:

Cabocla Yara Representante da vibração espiritual

Cabocla Estrela Do Mar intermediário para Oxalá

Cabocla Indaiá intermediário para Oxossi

Cabocla Do Mar intermediário para Ogum

Cabocla Iansan intermediário para Xangô

Cabocla Nanã Burukun intermediário para Almas

Cabocla Oxum intermediário para Ibejis

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OS CABOCLOS

São os nossos amados Caboclos os legítimos representantes da

Umbanda, eles se dividem em diversas tribos, de diversos lugares

formando aldeias, eles vem de todos os lugares para nos trazer paz e

saúde, pois através de seus passes, de suas ervas santas conseguem curar

diversos males materiais e espirituais. A morada dos caboclos é a mata,

onde recebem suas oferendas, sua cor é o verde transparente para as

Caboclas e verde leitoso para os Caboclos, gostam de todas as frutas, de

milho, da Jurema (bebida preparada com vinho tinto).

Existem falanges de caçadores, de guerreiros, de feiticeiros, de justiceiros; são

eles trabalhadores de Umbanda e chefes de terreiros. Às vezes os caboclos são

confundidos com o Orixá Oxossi, mas eles são simplesmente trabalhadores da umbanda

que pertencem à linha de Oxossi, embora sua irradiação possa ser de outro Orixá.

A sessão de caboclos é muito alegre, lembra as festas da tribo. Eles cantam em

volta do axé da casa como se estivessem em volta da fogueira sagrada, como faziam em

suas aldeias. Tudo para os caboclos é motivo de festa como casamento, batizado, dia de

caçar, reconhecimento de mais um guerreiro, a volta de uma caçada.

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e Caboclo Tupynambá

Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham

"incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua

elevação espiritual.

Estão sempre em busca de uma missão, de vencer mais uma demanda, de ajudar

mais um irmão de fé. São de pouco falar, mais de muito agir, pensam muito antes de

tomar uma decisão, por esse motivo eles são conselheiros e responsáveis.

Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na Espiritualidade Maior,

chegam até nós com alta e sublime missão de desempenhar tarefa da mais alta

importância, por serem espíritos muito adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos

que foram médicos na Terra, cientistas, sábios, professores, enfim, pertenceram a

diversas classes sociais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos nossos

irmãos enfermos, quer espiritualmente, quer materialmente. Por essas razões, na maior

parte dos casos, os Caboclos são escolhidos por Oxalá para serem os Guias-Chefes dos

médiuns, ou melhor, representar o Orixá de cabeça do médium Umbandista (em alguns

casos os Pretos-Velhos assumem esse papel).

Na Umbanda não existe demanda de um Caboclo para Caboclo, a demanda

poderá existir de um Caboclo, entidade de luz, para com um "kiumba" ou até mesmo

contra um Exu, de pouca luz espiritual.

A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de branco com

índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclos são as almas de

todos os índios antes e depois do descobrimento e da miscigenação.

Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de

desenvolvimento mediúnico, curas (através de ervas e simpatias), desobsessões, solução

de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de

outros serviços e atividades executados nos templos.

Os caboclos não trabalham somente nos terreiros como alguns pensam. Eles

prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas sessões de "mesa branca". No

panorama espiritual rente à Terra predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros,

semelhantes aos nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios,

que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são utilizados pelos

espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da agressão e da bagunça. São também

utilizados pelos guias, nos casos de desobsessão, pois pegam o obsessor contumaz,

impertinente e teimoso, "amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o

para outra região.

Os caboclos são espíritos de muita luz que assumem a forma de "índios",

prestando uma homenagem à esse povo que foi massacrado pelos colonizadores. São

exímios caçadores e tem profundo conhecimento das ervas e seus princípios ativos, e

muitas vezes, suas receitas produzem curas inesperadas.

Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos

são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da

terra, além de sua utilização.

Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás

para a parte física, ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, que

limpam a nossa aura e proporcionam uma energia e força que irá nos auxiliar para que

consigamos o objetivo que desejamos, não existem trabalhos de magia que concedam

empregos e favores, isso não é verdade. O trabalho que eles desenvolvem é o de

encorajar o nosso espírito e prepará-lo para que nós consigamos o nosso objetivo.

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A magia praticada pelos espíritos de caboclos e pretos velhos é sempre positiva,

não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário, a Umbanda trabalha

para desfazer a magia negativa

Os caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua simplicidade

passam credibilidade e confiança a todos que os procuram, nos seus trabalhos de magia

costumam usar pemba, velas, essências, flores, ervas, frutas e fumos.

Quase sempre os caboclos vêm na irradiação do Orixá masculino da coroa do

médium e as caboclas vêm na irradiação do Orixá feminino da coroa do médium; mas,

eles(as) podem vir também na Irradiação do seu próprio Orixá de quando encarnados e

até mesmo na irradiação do povo do Oriente.

ONDE VIVEM OS CABOCLOS ?

Muitos já ouviram falar que os Caboclos quando se despedem do terreiro, onde

atuam incorporados em seus médiuns, dizem que vão para a cidade de Juremá. Outros

falam subir para o Humaitá, e assim por diante.

Sabemos, no entanto, que os Caboclos não voltam para as florestas como

ordinariamente voltam os que lá habitam.

No espaço, onde se situam as esferas vibratórias, vivem os Caboclos agrupados,

segundo a faixa vibracional de atuação, junto a psico-esfera da Terra. São verdadeiras

cidades onde se cumpre o mandato que Oxalá assim determinou, colaborando com a

humanidade.

É para as cidades espirituais que os Caboclos responsáveis pelos diversos

terreiros levam os médiuns, dirigentes e demais trabalhadores, para aprenderem um

pouco mais sobre a Umbanda.

Estas moradas possuem grandes núcleos de trabalhos diversos, onde o Caboclo

faz sua evolução, contrariando o que muitos encarnados pensam (que Caboclo tudo

pode, tudo sabe e tudo faz).

Os Orixás, que são emanações do pensamento do Deus-Pai, que está além da

personalidade humana que lhe queiram dar as culturas terrenas, fazem descer a mais

pura energia-matéria ser trabalhada pelos Caboclos no espaço-tempo das esferas que

compreendem a Terra, morada provisória de alguns espíritos em evolução.

Lá, na morada de luz dos Caboclos, existem outros espíritos aprendendo o

manejo das energias, das forças que estabelecerão um padrão vibratório de equilíbrio

para os consulentes que vêm às tendas de caridade em busca de um conforto espiritual.

Estas "aldeias" se locomovem entre as esferas, ora estão em zonas próximas às

trevas, socorrendo espíritos dementados, ora estão sobre algumas cidades do plano

visível, etéreas, ou sobre o que resta de florestas preservadas pelo Homem. De lá

extraem, com a ajuda dos Elementais, os remédios para a cura dos males do corpo.

Quando Incorporados, fumam charutos ou cigarrilhas e, em algumas casas,

costumam usar durante as giras, penachos, arcos e flechas, lanças, etc... Falam de forma

rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas

danças muita beleza, própria dessa linha.

Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles,

representam quase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas

usando esses sons.

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Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem

pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:

Caboclos Da Mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram

contato com elas.

Caboclos Da Mata Virgem - Esses viveram mais interiorizados nas matas, sem

nenhum contato com outros povos.

Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.

Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para

compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as

particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.

A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros,

guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.

A segunda é diferença criada pela irradiação que os rege. É o Orixá para quem

eles trabalham.

Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia,

estamos nos referindo a sua forma de trabalho.

A "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem",

"especialidade" e irradiação que o rege.

E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos. Assim como os

Pretos-velhos, eles podem dar passe, consulta ou participarem de descarrego, contudo

sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação (preparo de remédios

feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral).

Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico

das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia.

Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer

remédios naturais.

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Formas Incorporativas E Especialidade Dos Caboclos:

CABOCLOS DE OXUM

Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece

principalmente através do chacra cardíaco. Trabalham mais para ajuda de doenças

psíquicas, como: depressão, desânimo entre outras. Dão bastante passe tanto de

dispersão quanto de energização. Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam

pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.

CABOCLOS DE OGUM

Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam.

Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são

na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.

CABOCLOS DE YEMANJÁ

Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam

muito, chegando a deixar o médium tonto. Trabalham geralmente para desmanchar

trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.

CABOCLOS DE XANGÔ

São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no

chão. Trabalham para: emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional. Dão

também muito passe de dispersão. São diretos para falar.

CABOCLOS DE NANÃ

Assim como os Pretos-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham

aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão passes onde levam eguns

que estão próximos. Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.

CABOCLOS DE IANSÃ

São rápidos e deslocam muito o médium. São diretos para falar e rápidos

também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa. Geralmente trabalham para

empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. No

entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego). Podem ainda trabalhar

para várias finalidades, dependendo da necessidade.

CABOCLOS DE OXALÁ

Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização. São

"compactados" para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem

deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.

CABOCLOS DE OXOSSI

São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito. Trabalham com

banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas

finalidades. Esses caboclos geralmente são chefes de linha.

CABOCLOS DE OBALUAIÊ

São espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham

incorporados, e quando o fazem, escolhem médiuns que tenham Obaluaiê como

primeiro Orixá. Sua incorporação parece um Preto-velho, em algumas casas

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locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia,

para vários fins.

ATRIBUIÇÕES DOS CABOCLOS

São entidades, que trabalham na caridade como verdadeiros conselheiros, nos

ensinando a amar ao próximo e a natureza, são entidades que tem como missão

principal o ensinamento da espiritualidade e o encorajamento da fé, pois é através da fé

que tudo se consegue.

ASSOBIOS E BRADOS

Quem nunca viu caboclos assobiarem ou darem aqueles brados maravilhosos,

que parecem despertar alguma coisa em nós?

Muitos pensam que são apenas uma repetição dos chamados que davam nas

matas, para se comunicarem com os companheiros de tribo, quando ainda vivos. Mas

não é só isso. Os assobios traduzem sons básicos das forcas da natureza. Estes sons

precipitam assim como o estalar dos dedos, um impulso no corpo Astral do médium

para direcioná-lo corretamente, afim de liberá-lo de certas cargas que se agregam, tais

como larvas astrais, etc.

Os assobios, assim como os brados, assemelham-se à mantras; cada entidade

emite um som de acordo com seu trabalho, para ajustar condições especificas que

facilitem a incorporação, ou para liberarem certos bloqueios nos consulentes ou nos

médiuns.

O ESTALAR DE DEDOS

Por que as entidades estalam os dedos, quando incorporadas ?

Esta é uma das coisas que vemos e geralmente não nos perguntamos, talvez por

parecer algo de importância mínima.Nossa mãos possuem uma quantidade enorme de

terminais nervosos, que se comunicam com cada um dos chacras de nosso corpo.

O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (parte gordinha da mão) e

dentre as funções conhecidas pelas entidades, está a retomada de rotação e freqüência

do corpo astral; e a, descarga de energias negativas.

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PRETOS-VELHOS

HISTÓRIA

As grandes metrópoles do período colonial: Portugal,

Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas,

fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.

Os negros africanos foram levados a diversas colônias

espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul

de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.

Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas

para poder arrematar os negros:

Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que

viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.

Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo

que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo financiando as

guerras e fazendo dos vencidos escravos.

No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI

e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII. Os primeiros grupos que vieram para

essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá; minas e

malês.

A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro;

em quatro séculos, do XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75

milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.

Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses

homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar.

Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em

troca de seu trabalho os negros recebiam três "pes": Pau, Pano e Pão. E reagiam a tantos

tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato

e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. Os

seus rituais eram, e ainda são, rituais de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas,

batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A

resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde

os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o

Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi

(protegido de Ogum).

Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas

mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na

casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou

pelas leis do Sexagenário, do Ventre livre e, enfim, pela Lei Áurea.

A Legião de espíritos chamados "Pretos-Velhos" foi formada no Brasil, devido a

esse torpe comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África.

Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira

precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e

tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos

costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo,

sua cultura e sua religião.

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Idosos mesmo, poucos vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e

fortes, tanto para resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego.

Porém, foi esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a

ciência e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de

ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe natureza.

Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços

logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz sobre

o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece, apenas

amadurece.

Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se a nata da

sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente destruidor,

como sempre acontece.

O ato final da peça que encarnamos no vale de lágrimas que é o planeta Terra é a

morte. Mas eles voltaram. A sua missão não estava ainda cumprida. Precisavam evoluir

gradualmente no plano espiritual. Muitos ainda, usando seu linguajar característico,

praticando os sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais,

manifestaram-se em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua

ascendência (linhagem), costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência

intrínseca da civilização que se aprimorou após incontáveis anos de vivência.

FORMAÇÃO DA FALANGE DOS PRETOS-VELHOS NA UMBANDA

Depois de mortos, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para

se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos

das tribos a que pertenciam.

Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores. Usam branco ou preto

e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos,

lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria.

Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha

dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se

encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.

O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a

data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).

OS NOMES DOS PRETOS-VELHOS

Há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto-Velho ser uma

miscelânea de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que

cognominamos "A Idade das Trevas" no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas e

quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à

influência portuguesa) não permitiam a seus escravos a liberdade de culto. Eram

obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles seguiram a

velha norma: contra a força não há resistência, só a inteligência vence. Faziam seus

rituais às ocultas, deixando que os déspotas em miniatura acreditassem estar eles

doutrinados para o catolicismo, cujas cerimônias assistiam forçados.

As crianças escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A

primeira, ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de

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acordo com a seita. A segunda vez, na pia batismal católica, sendo esta obrigatória e

nela a criança recebia o primeiro nome dado pelo seu senhor, sendo o sobrenome

composto de cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Ex.: Antônio da Coroa

Grande), ou então da região africana de onde vieram (Ex.: Joaquim D'Angola).

O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando

pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa

pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência,

compreensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.

No mundo espiritual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é

o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente dizemos que são os "Psicólogos

da Umbanda".

Eis aqui, como exemplo, o nome de alguns Pretos-Velhos:

Pai Cambinda (ou Cambina), Pai Roberto, Pai Cipriano, Pai João ,Pai Congo,

Pai José D'Angola, Pai Benguela, Pai Jerônimo, Pai Francisco, Pai Guiné, Pai Joaquim,

Pai Antônio, Pai Serafim, Pai Firmino D'Angola, Pai Serapião, Pai Fabrício das Almas,

Pai Benedito, Pai Julião, Pai Jobim, Pai Jobá, Pai Jacó, Pai Caetano, Pai Tomaz, Pai

Tomé, Pai Malaquias, Pai Dindó, Vovó Maria Conga, Vovó Manuela, Vovó Chica,

Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Ana, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó

Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra,

Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita.

Obs: Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais

“velhos” do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia).

ATRIBUIÇÕES

Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o

amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam:

curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas

humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.

Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e

ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São

extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os

conceitos de karma e ensinar-lhes resignação

Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os

mesmos Pretos-Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação

passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos,

pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou

foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem

negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo-forma.

Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram as formas de um

Pretos-Velhos. Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio

confusas: "então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece?"

Esses espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita

comunicação com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda.

O espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é

energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles

tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares

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como um médico e em outros como um Preto-Velho ou até mesmo um caboclo ou exu.

Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar

ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa

sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.

Por isso, se você for falar com um Preto-Velho, tenha humildade e saiba escutar,

não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica,

entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite

em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.

Para muitos os Pretos-Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus

caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para

outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de

fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também

combatem as forças negativas (o mal), espíritos obssessores e kiumbas.

A MENSAGEM DOS PRETOS-VELHOS

A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de

humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que

possamos evoluir espiritualmente.

Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com

um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente

interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os

trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando

estavam com outros problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e

respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são

escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas

que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão

vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui

buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".

Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos...

Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender

e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que

o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade

e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o

espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus

problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do

dharma e da causa e efeito.

Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça

espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente

o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero

enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com

que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os

acontecimentos de sua vida:

"Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade.

Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que

deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando

o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado

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passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor,

na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai

Cipriano).

CARACTERÍSTICAS:

Linha e Irradiação

Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na

irradiação de um Orixá diferente.

Fios de Contas (Guias)

Muitos dos Pretos-Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário de Nossa

Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda.

Roupas

Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às vezes usam

lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu de palha.

Bebida

Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam

ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).

Dia da semana: Segunda-feira

Chakra atuante: básico ou sacro

Planeta regente: Saturno

Cor representativa: preto e branco;

Saudação: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com “Adorei as Almas”)

Fumo: cachimbos ou cigarros de palha.

Obs: Os Pretos-Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.

COZINHA RITUALÍSTICA

*TUTU DE FEIJÃO PRETO

*BOLO DE FUBÁ

*MINGAU DAS ALMAS

É um mingau feito de maizena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem

açúcar ou sal, colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita

de fitas pretas sobre esse mingau, antes de entregá-lo na natureza.

*BOLINHOS DE TAPIOCA

Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água

quente (ou leite de coco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os

bolinhos em forma de croquete e passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha.

Colocar os bolinhos em prato de louça branca podendo acrescentar arruda,

rapadura, fumo de rolo, etc.

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Obs: Nas sessões festivas de Pretos-Velhos, é usual servir a tradicional feijoada

completa, feita de feijão preto, miúdos e carne salgada de boi, acompanhada de couve à

mineira e farofa.

FORMAS INCORPORATIVAS E ESPECIALIDADE DOS PRETOS-VELHOS:

Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração

começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés

fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações

necessárias (atabaque, gongá, etc...) e depois sentam e praticam sua caridade (Podemos

encontrar alguns que se mantém em pé).

É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, e apenas

com movimentos dos ombros quando sentados. Essa simplicidade se expande, tanto na

sua maneira de ser e de falar. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas.

A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mas diferenças

ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma

de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.

Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de

trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:

PRETOS-VELHOS DE OGUM

São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o

médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.

São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as

vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no

fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.

São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando

segurança para aqueles indecisos e "medrosos". É fácil pensar nessa característica pois

Ogum é um Orixá considerado corajoso.

PRETOS-VELHOS DE OXUM

São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma

serenidade inconfundível.Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa

para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a

finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está

sendo falado.

São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho

de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. As vezes é comum sair até

mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.

PRETOS-VELHOS DE XANGÔ

Sua incorporação é rápida como as de Ogum.

Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade

sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais.Passam

seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.

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PRETOS-VELHOS DE IANSÃ

São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não

possuem também muita paciência para com as pessoas.Essa rapidez é facilmente

entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma

grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe

dentro desse único Orixá.

Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de

pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para

alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.

Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o

ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes

e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo

muito próximos dessas pessoas.

PRETOS-VELHOS DE OXOSSI

São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas.

Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo.

Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma,

assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc... São

verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos

do maior "químico" - Oxossi.

PRETOS-VELHOS DE NANÃ

São raros, sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda.

Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada.

Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e

prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta

como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de

santo.Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes. Seu

julgamento é severo. Não admite injustiça.

Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca". Mais

prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu

médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.É difícil a relação com

esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a

negociação no momento da consulta.

São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso

karma, pois isso sem dúvida é a sua função. Atuam também como os de Inhasã e

Obaluaiê, conduzindo Eguns.

PRETOS-VELHOS DE OBALUAIÊ

São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns,

tanto na postura quanto na moral.Defendem quem é certo ou quem está certo,

independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.

Agarram-se a seus "filhos" com total dedicação e carinho, não deixando no

entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de

amar.Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam

transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos-

Velhos.

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Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a

precisão do momento.Como trabalha para Obaluaiê, e este é o "dono das almas", esses

Pretos-Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para

trabalhar para vários assuntos.

Sua "visão" é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de

traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como

profissional e até espiritual.

Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos

não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo tudo

que lhes for pedido, apenas confiando nesses Pretos-Velhos.Gostam de contar histórias

para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.

PRETOS-VELHOS DE YEMANJÁ

São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade.

Sua fala é doce e meiga.Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços

espirituais e familiares.

Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente

para as mulheres que desejam engravidar. Utilizando o movimento das ondas do mar,

são excelentes para descarregos e passes.

PRETOS-VELHOS DE OXALÁ

São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela

simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é

dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos.

Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática

de caridade, bom corpontamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios,

humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.

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AS CRIANÇAS

São a alegria que contagia a Umbanda. Descem nos terreiros simbolizando a

pureza, a inocência e a singeleza. Seus trabalhos se resumem em brincadeiras e

divertimentos. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas,

fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos

dessa natureza.

São espíritos que já estiveram encarnados na Terra ou não, e que optaram por

continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em

médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram

com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação,

como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.

Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também têm funções bem

específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás, sendo extremamente

respeitados pelos caboclos e pelos pretos-velhos.

É uma falange de espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade

infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa,

tem sempre que ser tutelada. É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, como

(ÊRES ou IBEJI). Na representação nos pontos riscados, Ibeji é livre para utilizar o que

melhor lhe aprouver. A linha de Ibeji é tão independente quanto à linha de Exu.

Ibeijada, Erês, Dois-Dois, Crianças, Ibejis, são esses vários nomes para essas

entidades que se apresentam de maneira infantil. No Candomblé, o Erê, tem uma função

muito importante. Como o Orixá não fala, é ele quem vem para dar os recados do pai. É

normalmente muito irrequieto, barulhento, às vezes brigão, não gosta de tomar banho, e

nas festas se não for contido pode literalmente botar fogo no oceano. Ainda no

Candomblé, o Erê tem muitas outras funções, o Yaô, virado no Erê, pode fazer tudo o

que o Orixá não pode, até mesmo as funções fisiológicas do médium, ele pode fazer.

Os Erês tem normalmente nomes ligados ao dono da coroa do médium. Para os

filhos de Obaluaiê, Pipocão, Formigão, para os de Oxossi, Pingo Verde, Folinha Verde,

para os de Oxum, Rosinha, para os de Yemanjá, Conchinha Dourada e por ai vai.

As Crianças da Umbanda tem os nomes relacionados normalmente a nomes

comums, normalmente brasileiros. Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho,

Cosminho, etc...

As crianças de Umbanda comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente

guaraná e frutas, os Erês do Candomblé além desses, comem frangos e outras comidas

ritualisticas como o Caruru, etc... Isso não quer dizer que uma Criança de Umbanda não

poderá comer Caruru, por exemplo.

Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer

brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium

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(consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser

transmitida.

Os "meninos" são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas"

são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros

descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas características, que às

vezes nos passam despercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função

específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.

Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de

maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos

também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido

for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido

pode não ser tão "engraçada" assim.

Poucos são aqueles que dão importância devida às giras das vibrações infantis. A

exteriorização da mediunidade é apresentada nesta gira sempre em atitudes infantis. O

fato, entretanto, é que uma gira de criança não deve ser interpretada como uma diversão,

embora normalmente seja realizada em dias festivos, e às vezes não consigamos conter

os risos diante das palavras e atitudes que as crianças tomam.

Mesmo com tantas diferenças é possível notar-se a maior características de

todos, que é mesmo a atitude infantil, o apego a brinquedos, bonecas, chupetas,

carrinhos e bolas, como os quais fazem as festas nos terreiros, com as crianças comuns

que lá vão a busca de tais brinquedos e guloseimas nos dias apropriados. A festa de

Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, à 27 de Setembro é muito

concorrida em quase todos os terreiros do pais.

Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma

igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e

ainda existe.

As festas para Ibeiji, tem duração de um mês, iniciando a 27 de setembro

(Cosme e Damião) e terminando a 25 de outubro, devido a ligação espiritual que há

entre Crispim e Crispiniano com aqueles gêmeos, pela sincretização que houve destes

santos católicos com os "ibejis" ou ainda "erês" (nome dado pelos nagôs aos santos-

meninos que têm as mesmas missões.

Nas festas de ibeiji, que tiveram origem na Lei do ventre-Livre, desde aquela

época até nossos dias, são servidos às crianças um "aluá" ou água com açúcar (ou

refrigerantes adocicados no dia de hoje), bem como o caruru (também nas Nações de

Candomblés).

Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as

consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o

consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada

de energia do corpo humano.

Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito

rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois

nos alertam sobre eles.

Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito

amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério,

o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas

à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.

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MAGIA DA CRIANÇA

Todos são os elementos e as forças da natureza correspondente a Ibeji, pois ele

poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam

as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios

Orixás que os regem.

Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa

forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu

objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais

procurados para os casos de família e gravidez.

A Falange das Crianças é uma das poucas falanges que consegue dominar a

magia. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu

trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários

conhecimentos.

Imaginem uma criança com menos de sete anos possuir a experiência e a

vivência de um homem velho e ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A

entidade conhecida na umbanda por erê é assim. Faz tipo de criança, pedindo como

material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas

águas de bolinhas -o refrigerante e trata a todos como tio e vô. Os erês são, via de regra,

responsáveis pela limpeza espiritual do terreiro.

ORIGEM DE "DOUM"

Este personagem material e espiritual surgiu nos cultos Afros quando uma

macamba (denominação de mulher, na seita Cabula) dava a luz a dois gêmeos e, caso

houvesse no segundo parto o nascimento de um outro menino, era este considerado

"Doum", que veio ao mundo para fazer companhia a seus irmãos gêmeos.

Foram sincretizados com os santos que foram gêmeos e médicos, tem sua razão

na semelhança das imagens e missões idênticas com os "erês" da África, mas como

faltava "doum", colocaram-no junto a seus irmãos, com seus pequenos bastões de pau,

obedecendo à semelhança dos santos católicos, formando assim a trindade da

irmanação.

Dizem também, que na imagem original de S. Cosme e S. Damião, entre eles

(adultos) havia a imagem de uma criança a qual eles estavam tratando, daí para

sincretizarem Doum com essa criança, foi um pulo...

ONDE MORAM AS CRIANÇAS

A respeito das crianças desencarnadas, passamos a adaptar um interessante texto

de Leadbeater, do seu livro "O que há além da Morte".

"A vida das crianças no mundo espiritual é de extrema felicidade. O espírito que

se desprende de seu corpo físico com apenas alguns meses de idade, não se acostumou a

esse e aos demais veículos inferiores, e assim a curta existência que tenha nos mundos

astral e mental lhe será praticamente inconsciente. Mas o menino que tenha tido alguns

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anos de existência, quando já é capaz de gozos e prazeres inocentes, encontrará

plenamente nos planos espirituais as coisas que deseje. A população infantil do mundo

espiritual é vasta e feliz, a ponto de nenhum de seus membros sentir o tempo passar. As

almas bondosas que amaram seus filhos continuam a amá-los ali, embora as crianças já

não tenham corpo físico, e acompanham-nas em seus brinquedos ou em adverti-las a

evitar aproximarem-se de quadros pouco agradáveis do mundo astral."

"Quando nossos corpos físicos adormecem, acordamos no mundo das crianças e

com elas falamos como antigamente, de modo que a única diferença real é que nossa

noite se tornou dia para elas, quando nos encontram e falam, ao passo que nosso dia

lhes parece uma noite durante a qual estamos temporariamente separados delas, tal qual

os amigos se separam quando se recolhem à noite para os seus dormitórios. Assim, as

crianças jamais acham falta do seu pai ou mãe, de seus amigos ou animais de estimação,

que durante o sono estão sempre em sua companhia como antes, e mesmo estão em

relações mais íntimas e atraentes, por descobrirem muito mais da natureza de todos eles

e os conhecerem melhor que antes. E podemos estar certos de que durante o dia elas

estão cheias de companheiros novos de divertimento e de amigos adultos que velam

socialmente por elas e suas necessidades, tomando-as intensamente felizes."

Assim é a vida espiritual das crianças que desencarnaram e aguardam, sempre

felizes, acompanhadas e protegidas, uma nova encarnação. É claro que essas crianças,

existindo dessa maneira, sentem-se profundamente entristecidas e constrangidas ao

depararem-se com seus pais, amigos e parentes lamentando suas mortes físicas com

gritos de desespero e manifestações de pesar ruidosas que a nada conduzem. O

conhecimento da vida espiritual nos mostra que devemos nos controlar e nos apresentar

sempre tranqüilos e seguros às crianças que amamos e que deixaram a vida física. Isso

certamente as fará mais felizes e despreocupadas.

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BAIANOS

Na década de 50, época que a Umbanda se consolida em São Paulo,

houve um enorme fluxo migratório para esta região, pois estava sendo

esculpida uma das maiores metrópoles do mundo, tornando-se um grande

canteiro de obras.

Com a quantidade de pessoas vindas de diversas partes do país era

enorme, destacando-se os nordestinos, que vieram na maioria para trabalhar

nas obras de construção civil, como “peões” urbanos, assim como nos mais

diferentes ramos da indústria automobilística, então também em total

expansão, especialmente ocupando os postos de trabalho não qualificado.

No imaginário popular dessa cidade, o nordestino foi portanto associado ao

trabalho duro, à pobreza, ao analfabetismo, aos bairros periféricos, à vida precária, de

um modo genérico, a tudo que é considerado inferior ou brega. Com o inchaço

populacional e os crescentes problemas, inerentes ao processo de metropolização, o

senso comum, marcado pelo preconceito, passa a procurar o “culpado” pelo ônibus

lotado, pela falta de emprego, enfim pelas mazelas da cidade. E a culpa é

recorrentemente atribuída ao “intruso”, o “cabeça chata ignorante”, o nordestino.

Assim como o oriental é indiscriminadamente rotulado de “japonês”, o

nordestino é o “baiano”. Na vida cotidiana da cidade se percebe o caráter negativo dessa

designação: “isso é coisa de baiano”, “que baianada você fez” etc. Ainda que elementos

culturais originários da Bahia e do Nordeste tenham sido valorizados pela mídia (no

carnaval, na música popular), fenômeno de alguma forma expresso na proliferação dos

candomblés em São Paulo, o termo “baiano” (nordestinos, em geral) ainda continua

sendo pejorativo. Não obstante, o baiano alcançou grande popularidade na Umbanda.

A Umbanda caracterizou-se por cultuar figuras nacionais associadas à natureza,

à marginalidade, à condição subalterna em relação ao padrão branco ocidental. O

nordestino é o “subalterno” da metrópole, o tipo social “inferior” e “atrasado”, e por

isso objeto de ridicularização, mas também de admiração, pois igualmente representa

aquele que resiste firmemente diante das adversidades.

O Baiano representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na "escola

da vida" e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e

irreverência do nordestino migrante parece ser responsável pelo fato de os baianos

terem se tornado uma entidade de grande freqüência e importância nas giras paulistas e

de todo o país, nos últimos anos.

Os baianos da Umbanda são pouco presentes na literatura umbandista. Povo de

fácil relacionamento, comumente aparece em giras de Caboclos e pretos velhos, sua fala

é mais fácil de se entender que a fala dos caboclos. Conhecem de tudo um pouco,

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inclusive a Quimbanda, por isso podem trabalhar tanto na direita desfazendo feitiços,

quanto na esquerda.

Quando se referem aos Exus usam o termo "Meu Cumpadre", com quem tem

grande afinidade e proximidade, costumam trazer recados do povo da rua, alguns

costumam adentrar na Tronqueira para algum "trabalho". Enfrentam os invasores

(kiumbas, obsessores) de frente, chamando para si toda a carga com falas do gênero

"venha me enfrentar, vamos vê se tu pode!

CARACTERÍSTICAS DOS BAIANOS

Comidas: Coco, cocada, farofa com carne seca.

Bebem: Água de coco, cachaça, batida de coco.

Fumam: Cigarro e cigarros de palha.

Trabalham: Desmanchando trabalhos de magia negra, dando passes, etc,. São

portadores de fortes orações e rezas. Alguns trabalham benzendo com água e dendê.

Cor: Marrom, laranja ou qual for definida pela entidade

Apresentação: Usam chapéu de palha ou de couro e falam com sotaque

característico nordestino. Geralmente usam roupas de couro.

Nomes De Alguns Baianos: Severino, Zé Do Coco, Sete Ponteiros, Mané

Baiano, Zé Do Berimbau, Maria Do Alto Do Morro, Zé Do Trilho Verde, Maria Bonita,

Gentilero, Maria Do Balaio, Maria Baiana, Maria Dos Remédios, Zé Do Prado,

Chiquinho Cangaceiro, Zé Pelintra (que trabalham também na linha de Malandros).

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OS BOIADEIROS

São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o

gado, em fazendas por todo o Brasil, estas entidades trabalham da

mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda.

Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o

gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o

trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal

elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que

consigamos uma vida melhor e farta.

Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os

fins. O Caboclo Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne

queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o

seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio

do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia

intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando

bravamente com os bois.

Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel

de abelha, que eles chamam de meladinha, mas também bebem vinho. Fumam cigarro,

cigarro de palha e charutos. Seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito

com feijão de corda ou feijão cavalo. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com

farofa de torresmo. Em oferendas é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo

e cigarro de palha.

No Terreiro os Boiadeiros vêm "descendo em seus aparelhos" como estivessem

laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e

vibração. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e

descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo dentro

da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes

protetores, assim como os Exus.

Quando o médium é mulher, freqüentemente, a entidade pede para que seja

colocado um pano de cor, bem apertado, cobrindo o formato os seios. Estes panos

acabam, por vezes, como um identificador da entidade, e até da sua linha mais forte de

atuação, pela sua cor ou composição de cores.

Alguns usam chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de

bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos.

Nomes de alguns boiadeiros: Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo,

Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro de

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Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro,

Boiadeiro do Chapadão, etc.

Sua saudação: “Getruá Boiadeiro”, “Xetro Marrumbaxêtro”.

Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora,

romântica, simples e persistente do homem do sertão, "o caboclo sertanejo". São os

Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro,

filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.

Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo

brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. Ao amanhecer o dia, o

Boiadeiro arrumava seu cavalo e levava seu gado para o pasto, somente voltava com o

cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas tocava seu

berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que ficava na janela

do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitiam a mistura de empregados

com a patroa.

É tal e qual se poderia presenciar do homem rude do campo. Durante o dia

debaixo do calor intenso do sol ele segue, tocando a boiada, marcando seu gados e

território. À noite ao voltar para casa, o churrasco com os amigos e a família, um bom

papo, ponteado por um gole de aguardente e um bom palheiro, e nas festas muita

alegria, nas danças e comemorações.

Sofreram preconceitos, como os "sem raça", sem definição de sua origem.

Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e

aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro:

seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião (posteriormente

misturada com a do índio e a do negro) e sua língua, entre outras coisas.

Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, os

Boiadeiros representam a força de vontade, a liberdade e a determinação que existe no

homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre

de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.

O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso,

valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se

possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o

cavalo a andar nas pastagens. Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e

de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.

Os Boiadeiros vêm dentro da linha de Oxossi. Mas também são regidos por

Iansã, tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que

conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e

trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do

resto da boiada (o caminho do bem).

SOBRE NOSSOS CABOCLOS BOIADEIROS

Os Caboclos Boiadeiros são entidades fortes, viris. Alguns têm algumas

dificuldades de se expressar em nossa língua, sendo normalmente auxiliados pelos

cambonos. São sérios, mas gostam de festas e fartura. Gostam de música, cantam toadas

que falam em seus bois e suas andanças por essas terras de meu Deus. Os Boiadeiros

também são conhecidos como "Encantados",pois segundo algumas lendas, eles não

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teriam morrido para se espiritualizarem, mas sim se encantados e transformados em

entidades especiais.

Os Boiadeiros também apresentam bastante diversidade de manifestações.

Boiadeiro menino, Boiadeiro da Campina, Boiadeiro Bugre e muitos outros tipos de

Boiadeiros, sendo que alguns até trabalham muito próximos aos Exus.

Suas cantigas normalmente são muito alegres, tocadas num ritmo gostoso e

vibrante. São grandes trabalhadores, e defendem a todos das influências negativas com

muita garra e força espiritual. Possuem enorme poder espiritual e grande autoridade

sobre os espíritos menos evoluídos, sendo tais espíritos subjugados por eles com muita

facilidade.

Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na

Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade

são bem diferentes em suas funções. Formam uma linha mais recente de espíritos, pois

já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos.

Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do

ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra.

Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito

para diferenciarmos dos caboclos. São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes

e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é a consulta como os Pretos-velhos,

nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o

"dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância

essa função pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas

e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local

(entrada de espíritos).

Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a

espíritos que entraram no local a se retirar, assim "limpam" o ambiente para que a

prática da caridade continue sem alterações. Esses espíritos atendem aos boiadeiros pela

demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais

próprios de doutrina.

Em grande parte, o trabalho dos Boiadeiros ''e no descarrego e no preparo dos médiuns.

Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo a portas para a entrada dos outros guias

e tornando-se grandes protetores, como os Exus.

Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de

um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes. Costumam proteger demais

seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e “castigam” quem

prejudica um médium que ele goste. "Gostar" para um boiadeiro, é ver no seu médium

coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele "filho". Pois ser filho de

boiadeiro não é só tê-lo na coroa.

Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade

de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, um

boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Xangô,

apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo, no entanto as

características deles.

Dentro dessa linha a diversidade encontra-se na idade dos boiadeiros. Existem

boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais

diferentes, como regiões, por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc.

Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo

brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé.

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MALANDROS

Os malandros têm como principal característica de

identificação, a malandragem, o amor pela noite, pela música, pelo

jogo, pela boemia e uma atração pelas mulheres(principalmente

pelas prostitutas, mulheres da noite, etc...). Isso quer dizer que em

vários lugares de culturas e características regionais completamente

diferentes, sempre haverá um malandro. O malandro de

Pernambuco, dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró; no

Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noites

na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, mas que marcam

exatamente a figura do malandro.

No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo do antigo malandro da Lapa,

contado em histórias, músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam se

vestem a caráter. Terno e gravata brancos. Mas a maioria, gosta mesmo é de roupas

leves, camisas de seda, e justificam o gosto lembrando que: “a seda, a navalha não

corta”. Navalha esta que levavam no bolso, e quando brigavam, jogavam capoeira

(rabos-de-arraia, pernadas), às vezes arrancavam os sapatos e prendiam a navalha entre

os dedos do pé, visando atingir o inimigo. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky,

fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto. São cordiais,

alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo

Panamá.

Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual

bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem

proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em

suas sessões ou festas.

Existem também as manifestações femininas da malandragem, Maria Navalha é

um bom exemplo. Manifesta-se como características semelhantes aos malandros, dança,

samba, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita

feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente

vermelhas e vestem-se sempre muito bem.

Ainda que tratado muitas vezes como Exu, os Malandros não são Exus. Essa

idéia existe porque quando não são homenageados em festas ou sessões particulares,

manifestam-se tranqüilamente nas sessões de Exu e parecem um deles. Os Malandros

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são espíritos em evolução, que após um determinado tempo podem (caso o desejem) se

tornarem Exus. Mas, desde o início trabalham dentro da linha dos Exus.

Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os

quais são compostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro,

simples, amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara

sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador,

do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos mais fracos. Salve a

Malandragem!

Na Umbanda o malandro pode vir na linha dos Exus, com sua tradicional

vestimenta: Calça Branca, sapato branco(ou branco e vermelho), seu terno branco, sua

gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e

finalmente sua bengala.

Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, ter sua roupa completa, é

muito vaidoso, tem duas características marcantes:

Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, gosta muito da presença

de mulheres, gosta de elogiá-las ,etc...

Outra é ficar mais sério, parado num canto assim como sua imagem, gosta de

observar o movimento ao seu redor mas sem perder suas características.

Às vezes muda um pouco, pede uma outra roupa, um terno preto, calças e

sapatos também pretos, gravata vermelha e às vezes até cartola. Em alguns terreiros ele

usa até uma capa preta.

E outra característica dele é continuar com a mesma roupa da direita, com um

sapato de cor diferente, fuma cigarros, cigarilhas ou até charutos, bebe batidas, pinga de

coquinho, marafo, conhaque e uísque, rabo-de-galo; é sempre muito brincalhão,

extrovertido.

Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em

cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na

linha dos pretos velhos e exus. Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos

terreiros, pois ele também toma conta das portas, das entradas, etc.

É muito conhecido por sua irreverência, suas guias podem ser de vários tipos,

desde coquinhos com olho de Exu, até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e

branco.

História de Zé Pilintra

José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil,

grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e

enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Os policiais já

sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sózinhos, sempre em

grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das

pendengas em que se envolviam.

Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso, principalmente com

as mulheres, as quais tratava como rainhas.

Sua vida era a noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida, a farra, as

mulheres e por que não, as brigas. Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os

incautos, estes sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse dar uns

cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, os que se achavam mais capazes

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no manuseio das cartas e dos dados, a estes enganava o quanto podia e os considerava

os verdadeiros otários. Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando as apostas

ainda eram baixas e os limpando completamente ao final das partidas. Isso bebendo

aguardente, cerveja, vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.

Zé Pilintra no Catimbó

No Nordeste do Pais, mas precisamente em Recife (na religião que conhecemos como

Catimbó), ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pelintra, tem uma

conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor, é curador, é Mestre e é muito

respeitado. Em poucas reuniões não aparece seu Zé.

O reino espiritual chamado “Jurema”, é o local sagrado onde vivem os Mestres

do Catimbó, religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda, mas que

mantém suas características bem independentes. Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor

conotação de Exu, a não ser quando a reunião é de esquerda, por que o Mestre tem essa

capacidade. Tanto pode vir na direita ou na esquerda. Quando vem na esquerda, não é

que venha para praticar o mal, é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de

energia para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar mais facilmente aos

que vem lhe rogar ajuda.

No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado, fuma cachimbo

e bebe cachaça. Dança côco, Baião e Xaxado, sorri para as mulheres, abençoa a todos,

que o abraçam e o chamam de padrinho.

Nomes de Alguns Malandros e Malandras: Zé Pilintra, Zé Malandro, Zé do Coco, Zé

da Luz, Zé de Légua, Zé Moreno, Zé Pereira, Zé Pretinho, Malandrinho, Camisa

Listrada, 7 Navalhadas, Maria do Cais, Maria Navalha.

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MARINHEIROS

Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga e

chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão.

São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar. Os

Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relacionaram

com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos.

Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em

tempos de grande paz ou de penosas guerras. Os Marinheiros

trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d'áqua), e trazem uma

mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o

desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e

trabalho unido, em grupo.

Seu trabalho é realizado em descarrego, consultas, passes, no desenvolvimento

dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Em muito, seu

trabalho é parecido com o dos Exus. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre

alguns marinheiros e os Exus na ora da gira, pois alguns Exus vêm com todos os

trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível.

Linha ou falange dos marinheiros tem sua origem na linha de Iemanjá e são

chefiados por uma entidade conhecida por Tarimá. São espíritos de pessoas que em vida

foram marinheiros.

São muito brincalhões e normalmente bebem muito durante os trabalhos, por

esse motivo a sua evocação não é muito freqüente, o plano espiritual superior os evoca

para descarga pesada do templo, desta forma a eles podemos pedir coisas simples, eles

não são muito dados a falar ou dar consultas.

A descarga de um terreiro uma vez efetuada será enviada ao fundo mar com

todos os fluidos nocivos que dela provem. Os marinheiros são destruidores de feitiços,

cortam ou anulam todo mal e embaraço que possa estar dentro de um templo, ou ainda,

próximo aos seus freqüentadores. Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se

em legiões, fazendo valer o principio de que a união faz a força, o que os torna

imbatíveis nesse sentido. Alguns representantes mais conhecidos: Maria do Cais, Chico

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do Mar, Zé Pescador, Seu Marinheiro Japonês, Seu Iriande, Seu Gererê, Seu Martim

Pescador.

Da linha do Povo D'água ou de Iemanjá, geralmente baixam para beber e brincar

podem-lhe ser pedidos coisas simples. Não é muito aconselhável a incorporação dessas

entidades, devido a quantidade de bebida que ingerem. Com doutrinação, porém, eles

não bebem em excesso.

Vem com seus bonés, calças, camisa e jaleco, em cores brancas de marinheiros e

azul marinho de capitães de barco. Nunca se oferece a eles conchas, estrelas do mar ou

outros objetos do mar, pois como Marinheiros que são, consideram que ter objetos

pertenecentes ao mar traz má sorte, a exceçao dos búzios (que não consideram como

adornos, e sim como símbolo de dinheiro). Este povo recebe as oferendas na orla do

mar em lugar seco sobre a areia.

A gira de marinheiro e bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e

animados, não tem tempo ruim para esta falange. Com palavras macias e diretas eles

vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. A marujada coloca seus

bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho,

Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam charuto, cigarro, cigarrilha e outros

fumos diversos.

Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito

amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em

procura de alguém, de um "porto seguro". A gira de marinheiro, em muito, parece uma

grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande

compromisso e responsabilidade no trabalho que é feito.

Seus integrantes se apresentam com a aparência de marinheiros e pescadores,

gente acostumada a navegar. Representam o homem do mar, bebedor, mulherengo, que

gosta de beber com os amigos nos bares e cantar alguma canção. São alegres e encaram

os problemas de um ponto de vista simples. Caminham balançando-se de um lado para

o outro, como se estivessem mareados. Bebem de tudo, pois na hora de beber nada

recusam, fumam também de tudo: cigarros de palha, cigarros, cigarrilhas e até

cachimbo.

Se relacionam com os amores ilícitos, passageiros e encontros esporádicos com

amantes. Também se pede a eles que nos protejam nas viajens pelo mar e que nada de

mal nos ocorra. Como qualquer outra entidade de umbanda dão conselhos.

As mulheres deste povo representam as mulheres que trabalham nas cercanias

dos portos exercendo a prostituição e servindo bebidas nos bares, onde se juntavam para

beber os Marinheiros, Malandros e Ciganos, realizando seus negócios e muitas vezes

comprando o contrabando trazido nos barcos.

Quase sempre se apresentam bêbados, e tem em suas danças o balanço das ondas

do mar. Suas cores são o branco e azul, vem quase sempre vestidos de marujos, tem no

peixe o seu símbolo máximo, comem todos os tipos de frutos do mar. Sua saudação é

Trunfê, Trunfá Trunfá Reá, A Costa Marujada!!!

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CIGANOS

Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da

Umbanda. Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo

imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos

mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, preservando os

costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de

ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam

no universo astral seu paradeiro. O povo cigano designado ao encarne na

Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então,

conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste

contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços

de maior evolução espiritual.

Existe uma argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não

ciganos, ou por médiuns não ciganos; e, que se assim o fizessem, deveriam fazê-lo no

idioma próprio de seu povo. Isso é totalmente descabido e está em desarranjo total com

os ensinamentos da espiritualidade e sua doutrina evangélica, limitações que se pretende

implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano, pretendendo carregar

para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que levaria

grande prepotência discriminatória.

Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios

magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e

falanges. Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes

preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mal e

trazendo uma contribuição inesgotável aos Homens, claro que dentro do critério de

merecimento. Tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem

dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por

não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.

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Aqueles que trabalham na vibração de Exu, são os Exus Ciganos e as Pombo-

Gira Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, cada um com

seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na

atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e

trabalhadores.

Embora encontremos no plano positivo falanges chefiadas por ciganos em

planos de atuação diversos, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm

dentro de algumas características gerais.

Trabalham dentro da parte espiritual da Umbanda com uma vibração oriental

com seus trajes típicos e graciosos, com sua cultura de adivinhações através das cartas,

leituras das mãos, numerologia, bola de cristal e as runas. Dentro os mais conhecidos,

podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, , Juan, Pedrovick, Ramirez, Artemio, Hiago,

Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carmem,

Salomé, Carmencita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana,

Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também.

É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória e de axé dos espíritos

ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os

incensos, prática muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus

trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor

de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Os incensos são sempre utilizados

em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.

Quando se tratar de espírito cigano, com certeza ele indicará o incenso de sua

preferência ou de sua necessidade naquele momento, regra geral o incenso mantêm

sempre correspondência com a área de atuação dele ou dela ou do trabalho que estará

sendo levado a efeito. Quando se tratar de oferendas e já não estiver estipulado o

incenso certo para acompanhar e houver sua necessidade solicitada, bem como nas

consagrações o incenso que deve acompanhar deverá sempre ser o de maior

correspondência com o próprio cigano ou cigana. No caso de uma oferenda normal e tão

somente necessária para manutenção, agrado ou tratamento sugere-se o incenso

espiritual ou de rosa, que mantém efeito de evocação de leveza, de elevação ou mesmo

de louvação espiritual.

Para o cigano de trabalho, se possível, deve-se manter um altar separado do altar

geral, o que não quer dizer que não se possa cultuá-lo no altar normal. Devendo esse

altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho,

mantendo a pedra da cor de preferência do cigano, fazendo oferendas periódicas para

ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca ou da cor referenciada. Da

mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce (ou

outra bebida de sua preferência).

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com

bastante frutas, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher

jarras de vinho tinto. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, muitas flores silvestres,

rosas, velas de todas as cores e incensos.

As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o

punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre

instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com

seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando

por dentro das pessoas e dos seus olhos.

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É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as

cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco,

tacho de cobre, de prata, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes

e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua..."

Religião

Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas divindades. Eles possuíam

na sua língua apenas uma palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram

facilmente às religiões dos países onde permaneceram. No mundo bizantino, tornaram-

se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o rito grego. Nos países

conquistados pelos turcos, muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto que outros

renderam-se ao Islã. Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam

ser cristãos e se conduziam como peregrinos.

A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é

a de Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França). Antigamente era

chamada de Notres-Dames-de-la-Mer. Mas não foi provado que, sob o Antigo Regime,

os ciganos tenham tomado parte na grande peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão

popular desde a descoberta no tempo do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e

de Santa Maria Salomé, que surgiram milagrosamente em uma praia vizinha.

Nem que já venerassem a serva das santas Marias, Santa Sara a Egípcia, que eles

anexarão mais tarde como sua compatriota e padroeira. A origem do culto de Santa Sara

permanece um mistério e foi provavelmente na primeira metade do século XIX que os

Boêmios criaram o hábito da grande peregrinação anual à Camargue.

Muitas ciganas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido

de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no Sul

da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um

Diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova

que muitas ciganas receberam esta graça.

Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo

festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio. Segundo o livro oráculo (único escrito

por uma verdadeira cigana) "Lilá Romai: Cartas Ciganas", escrito por Mirian Stanescon

- Rorarni, princesa do clã Kalderash, deve ter nascido deste gesto de Sara Kali a

tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do

seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma

cigana se diz: "Dalto chucar diklô" (Te darei um bonito lenço). Além de trazer saúde e

prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da

dificuldade de engravidar.

Santa Sara Kali

Sara é um referencial de fé e de amor. É uma mensageira de Jesus Cristo. É um

farol de luz para aqueles que estão perdidos. É o perfume que segue os ciganos na

liberdade das estradas. É a Padroeira dos ciganos nos quatro cantos do mundo.

O Santuário de Santa Sara Kali está localizado na Igreja de Notre Dame de La

Mer, cidade provençal de Saint-Marie-de-La-Mer, no sul da França. Todos os anos,

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ciganos do mundo inteiro peregrinam às margens do mar Mediterrâneo para louvar

Santa Sara, nos dias 24 e 25 de maio.

Existem várias versões com as lendas de Santa Sara Kali. Entre os anos 44 e 45,

por causa das perseguições cristãs, pela ira do Rei Herodes Agippa, alguns discípulos de

Jesus Cristo foram colocados em embarcações, entregues à própria sorte. Em uma

dessas embarcações estavam Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de

Arimatéia e Trofino que, junto com Sara uma cigana escrava, foram atirados ao mar.

Milagrosamente a barca, sem rumo, atravessou o oceano e aportou em Petit-Rhône, hoje

Saint-Marie-de-La-Mer, na França.

Segundo a lenda, as três Marias, em desespero em alto mar, sem esperanças de

sobreviver, choravam e rezavam o tempo todo. Sara, ao ver o sofrimento das amigas,

retirou o diklô (lenço) da cabeça e chamou por Kristesko (Jesus Cristo), fazendo um

juramento ao Mestre, no qual Sara tinha fervorosa fé. A cigana prometeu que, se todos

se salvassem, ela seria escrava do Senhor e jamais andaria com a cabeça descoberta, em

sinal de respeito.

O diklô é um simbolismo forte entre os ciganos. Significa a aliança da mulher

casada em sinal de respeito e fidelidade. Santa Sara protege as mulheres que querem ser

mães e sente dificuldades em engravidar. Protege, também, os partos difíceis. Basta ter

fé na sua energia.

Armiana

Salada de alface (em rodelas) com champignon; queijo de cabra,

cenoura, beterraba (em pedaços) e beringela frita (em tiras).

Enfeitada com uvas-passas, raminhos de hortelã e pétalas de

flores.

Assados

Pernil de carneiro (Bakró); Pernil de leitão (Baló); Cabrito frito

com arroz e brócolis (ou lentilha ou nozes); e/ou roletes de carne

bovina ou frango com pedaços de cebola, pimentão (verde e

amarelo) e tomate.

Brynza Queijo de cabra (cru ou frito).

Chivuiza Destilado à base de trigo (espécie de aguardente).

Civiaco Torta salgada ou doce.

Manouche

Feijões vermelhos grandes, pedaços de carne e de ossos de pernil

de porco, alhos-porós em pedaços, salsão com as folhas em

pedaços, alhos comuns inteiros com casca, cenouras e batatas

cortadas em pedaços grandes, sal e pimenta-do-reino (moída na

hora) à gosto; arroz branco que deve ser incorporado na última

etapa do cozimento.

Goulash Cozido de arroz, batata, pedaços de carne bovina e páprica ardida.

Malay Pão de milho.

Manrô/Lolako Pão redondo de Farinha de Trigo.

Mamalyga Polenta.

Naut Grão de Bico com lingüiça.

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Comidas Ciganas

EXUS

Exus são espíritos que já encarnaram na terra. Na sua maioria,

tiveram vida difícil como mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré,

etc. Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da

prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito

amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas

gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como

os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás.

Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao "Diabo" medieval

(herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados à prática

do "Mal", pois como são servidores dos Orixás, todos têm funções específicas e seguem

as ordens de seus "patrões". Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a

abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores

durante a gira ou obrigações.

Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exus"

dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc. de

seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos,

Crianças e Orixás), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser

praticada.

Exú é Mau?

Paprikach

Costela defumada (bovina ou suína) e bacon ao molho vermelho

de tomate e pimentão com batatas pequenas, cozidas (na casca) e

páprica doce.

Papuchá Pirão de Milho.

Sifrite Ponche de Frutas com Champanhe, Vinho e/ou refrigerante.

Enfeitar com pétalas de rosa

Sarmá Arroz com lentilha, carne seca desfiada e nozes.

Sarmy/Salmava

Charutos ou Rolinhos feitos em folhas de repolho recheados com

lombo ou carne bovina moída, azeitonas, bacon e molho dourado;

e/ou em folha de uva com recheio de bacalhau.

Varensky Pastel cozido podendo ser doce (recheado com uva) ou salgado

(recheado com batata ou queijo de cabra).

Tchaio/Kavi

Chá Cigano feito com Chá Preto ou Mate com pedaços de frutas

(maçã: felicidade; uva fresca: prosperidade; uva passa ou ameixa:

progresso; morango: amor; damasco: sensualidade; pêssego:

equilíbrio pessoal; limão: energia positiva e purificação da alma).

Fazer o chá em água fervente e deixar amornar. Colocar as frutas

maceradas, misturar bem, coar e beber.

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Muitos acreditam que nossos amigos Exus são demônios, maus, ruins, perversos,

que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar. Mas por que

esta entidade, animado, gozador, alegre, extrovertido, sincero e, sobretudo amigo é

comparado com demônios das profundezas macabras dos Infernos? Bem, para conhecer

esta história vamos viajar para 6.000 anos atrás, até a antiga Mesopotâmia.

A Demonologia Mesopotâmica influenciou diversos povos: Hebreus, Gregos,

Romanos, Cristãos e outros. Sobrevive até hoje nos rituais Satânicos que muitos já

devem ter escutado e visto notícias na televisão e lido nos jornais, principalmente na

Europa e EUA.

Na Mesopotâmia os males da vida que não constituíssem catástrofes naturais

eram atribuídos aos demônios (No mundo atual as pessoas continuam a fazer isso). Os

Bruxos, para combater as forças do mal tinham que conhecer o nome dos demônios e

perfaziam enormes listas, quase intermináveis.

O demônio mau era conhecido genericamente como UTUKKU. O grupo de 7

(sete) demônios maus é com freqüência encontrado em encantamentos antigos. Se

dividiam em machos e fêmeas. Tinham a forma de meio humano e meio animal: Cabeça

e tronco de homem ou mulher, cintura e pernas de cabra e garras nas mãos. Com sede

de sangue, de preferência humano, mas aceitavam de outros animais. Os demônios

freqüentavam os túmulos, caminhos (encruzilhadas), lugares ermos, desertos,

especialmente à noite.

Nem todos eram maus, havia os demônios bons que eram evocados para

combater os maus. Demônios benignos são representados como gênios guardiões, em

número de 7 (sete), que guardam as porteiras, portas dos templos, cemitérios,

encruzilhadas, casas e palácios.

Os negros africanos em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos achavam

que eram a forma deles saudarem os santos, incorporavam alguns Exus, com seu brado

e jeito maroto e extrovertido, assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os

médiuns dizendo que eles estavam possuídos por demônios.

Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que

os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de

incorporação era devido a demônios. As cores de Exu, também reafirmaram os medos e

fascinação que rondavam as pessoas mais sensíveis.

Mas Então Quem É Exu?

Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário

entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem

mandar recado.

Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e

que representa o vigor, a energia que gira em espiral. No Brasil, os senhores conhecidos

como Exus, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exu, e tanto assim, em

todo o resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação.

Preservando e atuando dentro do mistério Exu.

Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos

representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo

o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo

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atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre

a humanidade.

Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia

negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando

os espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que possam

cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.

Seu dia é a Segunda-feira, seu patrono é Santo Antônio, em cuja data

comemorativa tem também sua comemoração. Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la

tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e branca, ou conter outras

cores, dependendo da irradiação a qual correspondem. Completa a vestimenta o uso de

cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e até mesmo bengalas e punhais em alguns

casos.

A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o seu grau evolutivo, função,

missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme

adequado. Seu aspecto tem sempre a função de amedrontar e intimidar. Suas emanações

vibratórias são pesadas, perturbadoras. Suas irradiações magnéticas causam sensações

mórbidas e de pavor.

É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa.

Em centros espíritas, podem aparecer como "guardas". Em caravanas espirituais, como

lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos,

chapéus, etc.

Eles têm grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres

horrendos, animais grotescos, etc. Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre,

honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exú.

Algumas palavras sobre os exus:

Tem palavra e a honram;

Buscam evoluir;

Por sua função cármica de Guardião, sofrem com os constantes choques

energéticos a que estão expostos;

Afastam-se daqueles que atrasam a sua evolução;

Estas Entidades mostram-se sempre justas, dificilmente demonstrando

emotividade, dando-nos a impressão de serem mais "Duras" que as demais

Entidades;

São caridosas e trabalham nas suas consultas, mais com os assuntos Terra a

Terra;

Sempre estão nos lugares mais perigosos para a Alma Humana;

Quando não estão em missão ou em trabalhos, demonstram o imenso Amor e

compaixão que sentem pelos encarnados e desencarnados;

Exús X Kiumbas – O Combate

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Os espíritos trevosos ou obsessores(kiumbas) são espíritos que se encontram

desajustados perante a Lei. Provocam os mais variados distúrbios morais e mentais nas

pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos

que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças,

calcadas no ódio doentio.

Aguardam, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível

(voluntária ou involuntariamente). São conhecidos, pelos umbandistas, como kiumbas.

Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas.

Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e

atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões,

ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe,

alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem

mais fortalecidos.

O baixo astral, mesmo sendo um imenso caos, tem diversas organizações,

fortemente esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes

prodigiosas, táticas de guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem aparelhados e

treinados, compõe o quadro destas organizações.

Muitas delas agem na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina,

onde confundem a Lei da Ação e Reação com o "olho por olho, dente por dente".

Vingam-se pensando que fazem a coisa certa.

Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto a

vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus "inimigos". Acham que não

plantam o mal, nem que a reação se voltará mais cedo ou mais tarde.

Cada mal praticado por um espírito, o leva a cada vez mais para "baixo". As

quedas são freqüentes e provocam mais e mais revoltas. Alguns espíritos caem tanto

que perdem a consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos

astrais (perispíritos) em verdadeiras feras, animais, bestas e assim são usados por outros

espíritos como tais. Alguns se transformam em lobos, cães, cobras, lagartos, aves, etc.

Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as características

humanas, transformando os seus perispíritos em ovóides. Esta queda provoca além da

perda de energias, a perda da consciência; ficando, com isso subjugados por outros

espíritos.

Apesar de todo este quadro, pouco esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que

no nosso orbe o mal prevalece sobre o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem.

E este lado é ainda mais organizado que as organizações das trevas.

Existem, também, diversas organizações, com variados trabalhos e ações, mas

com um único objetivo de resgatar das trevas e do mal, os espíritos "caídos".

Vemos colônias espirituais, hospitais no astral, postos avançados da Luz nos

Umbrais, caravanas de tarefeiros, correntes de cura, socorristas, etc., afeitos e afinizados

aos trabalhos dos centros espíritas. Vemos também, outros trabalhadores espirituais,

ligados aos cultos afros.

Especificamente, na Umbanda, vemos através das Sete Linhas, vários Orixás

hierarquizados. Existem vários níveis na hierarquia dos Orixás. Começando pelos mais

altos espíritos, que estão próximos do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários

(aqueles que são ligados e responsáveis por cada orbe, pela sua evolução).

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Abaixo destes Orixás, estão os chefes de legiões e suas hierarquias, Estes

espíritos "chefes" usam as três roupagens básicas: Caboclos, Pretos-Velhos e

Crianças.Outras entidades tais como: baianos, boiadeiros, marinheiros, etc., são

espíritos que compõe as sub-linhas afeitas e subordinadas às sete linhas e aos chefes de

legiões. Alguns caboclos, crianças ou pretos-velhos, às vezes, usam algumas destas

roupagens para determinados trabalhos ou missões.

Como em nosso Universo (Astral) as manifestações se dividem em duas e

manifestam-se como pares: positivo-negativo, ativo-passivo, masculino-feminino, etc.

A Umbanda, que é paralela ativa, tem como par passivo a Kimbanda (não

confundir com a kiumbanda, que é a manifestação das trevas).

Os Exus são os "mensageiros" dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os

Orixás podem se manifestar nas trevas. Os exus são considerados como "policiais” que

agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado. As "equipes" de Exus sempre

estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela. Passam a maior parte do tempo nela,

mas, não fazem parte dela. Devido a esta característica, os Exus, são confundidos com

os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá.

São os Exus que freiam as ações malévolas dos obsessores que atormentam os humanos

no dia-a-dia. São os vigilantes ostensivos, a tropa de choque que está alerta contra os

kiumbas, prendendo-os e encaminhando-os à Colônias de Regeneração ou Prisões

Astrais.

Em algumas ocasiões baixam em templos de Umbanda, ou mesmo em templos

de outras religiões, espíritos que tumultuam o ambiente, promovendo espetáculos

circenses, galhofas, e se comportando de maneira deselegante para com os presentes,

xingando-os e proferindo palavras de baixo calão. Comportamento como estes não

devem ser imputados aos Exus, e sim aos Kiumbas, espíritos moralmente atrofiados e

que ainda não compreenderam a imutável Lei de Evolução, apegados que estão aos

vícios, desejos e sentimentos humanos.

Os Kiumbas, para penetrarem nos terreiros, fingem ser Caboclos, Pretos-Velhos,

Exus, Crianças etc., cabendo ao Guia-chefe da Casa estar sempre vigilante ante a

determinadas condutas, como palavrões, exibições bizarras, ameaças etc.

Método e Atuação dos Exus

A maneira dos Exus atuarem, às vezes nos choca, pois achamos que eles devem

ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal?

Os exus usam as ferramentas que sabem usar: a força, o medo, as magias, as capturas,

etc. Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem "amor", mas eles sabem como

agir quando necessitam que a Lei chegue às trevas.

Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam aqueles que

querem "cair" nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, Eles a executam da melhor

maneira possível doa a quem doer.

Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de

maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, como se

fosse a picada de uma cobra venenosa. Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos

com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar: Uma pessoa quando está desequilibrada

no campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela, após muitas

quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu

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desequilíbrio, com outro desequilíbrio: a falta de fé com o fanatismo. Parece um

paradoxo? Sim, parece, mas é extremamente necessário.

Outro exemplo é o vicio as drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar

este vicio: ou a prisão, a morte, uma doença, etc. A Lei é sempre justa, às vezes somente

um tratamento de choque remove um espírito do mau caminho. E são os exus que

aplicam o antídoto para os diversos venenos.

Os Exus estão ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra

(dinheiro, disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, Eles atendem aos diversos

pedidos materiais dos encarnados.

Os Exus tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em: sangue,

cadáveres, esperma, etc. Por isso, seus campos de atuação são: cemitérios, matadouros,

prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão, porque frenam (bloqueiam) as

investidas dos kiumbas e espíritos endurecidos que se comprazem nos vícios e na

matéria.

Os kiumbas, seres astutos, conseguem se manifestar como um Exu, num terreiro

muito preso às magias negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se

manifestarem, pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores

fúteis. Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcóolicas e fumo.

Mas, e os verdadeiros exus deixam isso acontecer?

É uma pergunta que comumente fazemos, quando estes disparates ocorrem. Os

exus permitem isso, para darem lição nestes falsos chefes de terreiros ou médiuns.

Como foi dito, os métodos dos exus, para fazer com que a Lei se cumpra, são variados.

Muitas vezes, também, a obsessão é tão grande e profunda que os exus, não podem

separar de uma só vez obsedado e obsessor, pois isso causaria a ambos um prejuízo

enorme.

Outras vezes, os exus, deixam que isso aconteça, para criar "armadilhas" contra

os kiumbas, que uma vez instalados nos terreiros, são facilmente capturados e assim,

após um interrogatório, podem revelar segredos de suas organizações, que logo em

seguida, são desmanteladas.

Existem algumas coisas com as quais um guia da direita (caboclo, preto-velho e

criança) não lida, mas quando se pede a um Exu, ele vai até essa sujeira, entra e tira a

pessoa do apuro.

Se tiver alguém para te assaltar ou te matar, os Exus te ajudam a se livrar de tais

problemas, desviando o bandido do seu caminho, da mesma forma a Pomba-Gira, não

rouba homem ou traz mulher para ninguém, são espíritos que conhecem o coração e os

sentimentos dos seres humanos e podem ajudar a resolver problemas conjugais e

sentimentais.

Para finalizar, se você vier pedir a um Exú de Lei (de verdade) para prejudicar

alguém, pode estar certo que você será o primeiro a levar a execução da Justiça. Mas, se

você não estiver em um centro sério, e a entidade travestida ou disfarçada de Exú aceitar

o seu pedido... Bom, quando esta vida terminar, e você for para o outro lado... Você será

apenas cobrado!

Devemos oferendar aos exus?

Os exus, como já foi dito, atuam intensamente no submundo astral. Grandes

batalhas são travadas entre o bem e o mal. Muita energia é despendida nestas investidas

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e os exus, por atuarem assim, acabam gastando enormemente as suas reservas

energéticas.

Depois de vários "dias" trabalhando, eles se recolhem em seus "quartéis" e

repõem parte destas energias e aproveitam e estudam, discutem novas táticas, etc.

Quando fazemos alguma oferenda para os Exus, eles "capturam" as energias dos

elementos oferendados, ou a parte etérica e "recarregam as suas baterias".

Mas, se o exu é um espírito, porque ele precisa de oferendas materiais ?

Como eles estão ligados ao terra-a-terra e ao sub-mundo astral que é muito

denso, os exus precisam retirar dos elementos materiais a energia que gastaram em seus

trabalhos.

Quais elementos podemos oferendar ?

Devemos tomar muito cuidado com o que oferendamos, pois, os elementos mais

densos (sangue, carne, etc.), são atratores de espíritos malígnos, que sentem necessidade

desses elementos. Portanto, é melhor manipular elementos sutis nas oferendas (frutas,

incensos, ervas, velas, etc.)

O que você sente ao ser incorporado pelo teu Exú?

Pense. O que você sente não é uma poderosa força neutra que te retesa o corpo e

as mãos. Você não sente ódio, rancor, maldade, perversidade, desejo de vingança,

enfim, nada da caracterização de um ser monstruoso que alguns pensam ser nossos

irmãos Exus. Não se esqueça que Exú muitas vezes é chamado de ”Compadre”, ou seja,

aquele em quem você confia tanto, a ponto de dar seu filho para batizar.

Observe que, comportamentos negativos como a agressividade e sensualidade

exageradas demonstradas em determinadas incorporações podem ser derivadas do

próprio médium. Se forem, o médium deve buscar conhecer e resolver o próprio

problema.

Basicamente existem três correntes de pensamento, que tentam explicar o

nascedouro do vocábulo “Exu”.

A primeira corrente afirma que a palavra Exu seria uma corruptela ou distorção

dos nomes Esseiá/Essuiá, significando lado oposto ou outro lado da margem,

nomenclatura dada a espíritos desgarrados que foram arrebanhados para a Lemúria,

continente que teria existido no planeta Terra.

A Segunda corrente assevera que o nome Exu seria uma variante do termo

Yrshu, nome do filho mais moço do imperador Ugra, na Índia antiga. Yrshu, aspirando

ao poder, rebelou-se contra os ensinamentos e preceitos preconizados pelos Magos

Brancos do império. Foi totalmente dominado e banido com seus seguidores do

território indiano. Daí adveio a relação Yrshu / Exu, como sinônimo de povo banido,

expatriado. Saliente-se que entre os hebreus encontramos o termo Exud, originário do

sânscrito, significando também povo banido.

A terceira corrente afirma que o nome Exu é de origem africana e quer dizer

Esfera.

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Em realidade os Exus constituem-se em uma notável falange de abnegados

espíritos combatentes de nossa Umbanda. São hierarquicamente organizados e realizam

tarefas atinentes à sua faixa vibratória. São os elementos de execução e auxiliares dos

Orixás, Guias e Protetores, tendo, entre outras tarefas, a de serem as sentinelas das casas

de Umbanda, de policiarem o baixo astral e anularem trabalhos de baixa magia. Ao

contrário do que pensam alguns, têm noção exata de Bem e Mal. São justos, ajudando a

cada um segundo ordens superiores e merecimento daquele que pede auxílio.

Um outro aspecto importante que merece ser suscitado diz respeito a alguns

"médiuns" infiltrados no movimento umbandista. Despidos das qualidades nobres que o

ser humano necessita buscar para seu progresso espiritual, contaminam e desarmonizam

os locais de trabalhos espirituais. “Tentam impressionar os menos esclarecidos com

gracejos, malabarismos, convites imorais, encharcados de aguardente.”

“Desincorporados”, atribuem aos Exus e Pombo-giras tais comportamentos.

Fatos como estes são afetos a pessoas sem escrúpulos, moral ou ética, pessoas

perniciosas que aproveitam a imagem distorcida de Exu para exteriorizarem o seu

verdadeiro "eu". Estes "médiuns", não raras vezes, acabando caindo no ridículo, ficam

desacreditados, dando margem, segundo a Lei de Afinidades, a aproximação e posterior

tormento por parte dos obsessores.

É bem verdade que em seu estágio inicial os Exus ainda têm um comportamento

às vezes instável, cabendo aos verdadeiros umbandistas o dever de não deixar que se

desvirtuem de seu avanço espiritual. Alguns maus-Umbandistas, que se não agem por

má-fé, o fazem por falta de vontade de estudar a respeito, difundem esta visão negativa

de Exu, fazendo com que os iniciantes no culto fiquem temerosos quando um Exu se

manifesta.

Estes elementos prestam um desserviço à religião, promovendo o terror, a

obscuridade, o conflito, a confusão. Diminuem os Exus à condição de espíritos

interesseiros, astutos e cruéis; que são maus para uns e bons para outros, dependendo

dos agrados ou presentes que recebam; de moral duvidosa, fumando os melhores

charutos e bebendo os melhores uísques.

A que ponto pode chegar a ignorância humana em visualizar estes seres

espirituais como meros negociantes ilícitos, fazendo dos terreiros balcão de negócios,

em total dissonância com o bom senso e a Lei Suprema. “Lamentável!!! Profundamente

lamentável!!!”

Esta é uma das expressões que mais passam pela mente dos verdadeiros e

estudiosos umbandistas ao percorrerem alguns terreiros e verificar quão distorcido é o

conceito sobre a figura dos Exus. Espíritos mal compreendidos, mas que, apesar disto,

continuam a contribuir eficazmente para os trabalhos de Umbanda, como humildes

trabalhadores espirituais, que não medem esforços para minorar o sofrimento humano.

As Pombo-Giras

O termo Pombo-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que

significa em Nagô, Exu. A origem do termo Pomba-Gira, também é

encontrada na história.

No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem

iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a

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iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-

vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e

foi uma ordem formada em sua maioria por mulheres, daí a associação.

Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pomba-

Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é

mulher de Sete Exus! As distorções e preconceitos são características dos seres

humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar

conceitos abstratos, distorcendo-os.

Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade, dos Sete Exus Chefes de Legião,

apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que

a Pombo-gira é mulher de Sete Exus e, por isso, prostituta.

É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas, em alguma

encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que as pombo-giras

tenham sido todas prostitutas e que assim agem.

A função das pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas bloqueiam os

desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e

evitam as destruições. A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que

destroem o homem: a volúpia. Este vicio é alimentado tanto pelos encarnados, quanto

pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem

neste campo emocional.

As pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São,

como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma.

Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é

extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão a ele "overdoses" de sexo, para

esgotá-lo de uma vez por todas.

Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa

que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para

"descarregar" o ambiente deste tipo de energia negativa. São espíritos alegres e gostam

de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.

Devemos conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do

lado da Lei e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como bichos-

papões. Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma conversa franca,

honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles.

CLASSIFICAÇÃO PELOS PONTOS DE VIBRAÇÃO DOS EXUS

EXUS DO CEMITÉRIO:

São Exus que, em sua maioria, servem à Obaluaiê. Durante as consultas são

sérios, reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza

(descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente em

obrigações, trabalhos e descarregos.

EXUS DA ENCRUZILHADA:

São Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da

estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar

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consulta e também participam em obrigações, trabalhos e descarregos. Alguns deles se

aproximam muito (em suas características) dos Exus do cemitério, enquanto outros se

aproximam mais dos Exus da estrada.

EXUS DA ESTRADA:

São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas

gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia

incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem

partir SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em

uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar

consulta a várias pessoas ao mesmo tempo.

ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DOS EXUS:

Os Exus, estão também, divididos em hierarquias. Onde temos desde Exus muito

ligados aos Orixás até aqueles Exus ligados aos trabalhos mais próximos às áreas mais

baixas. Os exus dividem-se hierarquicamente, em três planos ou três ciclos e em sete

graus e a divisão está formada "de cima para baixo”:

TERCEIRO CICLO

Contém o Sétimo, Sexto e Quinto graus.

Neste Ciclo encontramos os chamados Exus Coroados. São aqueles que tem

grande evolução, já estão nas funções de mando. São os chefes das falanges. Recebem

as ordens diretas dos chefes de legiões da Umbanda. Poucos são aqueles que se

manifestam em algum médium. Apenas alguns médiuns, bem preparados, com enorme

missão aqui na Terra, tem um Exu Coroado como o seu guardião pessoal. São os

guardiões chefes de terreiro. Não mais reencarnam, já esgotaram há tempos os seus

karmas.

Sétimo Grau - Estão os Exus Chefe de Legião e para cada Linha da Umbanda,

temos Um Exu no Sétimo Grau, portanto, temos Sete Exus Chefes de Legião

Sexto Grau - Estão os Exus Chefes de Falange. São Sete Exus Chefes de

Falange subordinados a cada Exu Chefe de Legião, portanto, temos 49 Exus Chefes de

Falange.

Quinto Grau - Estão os Exus Chefes de Sub-Falange. São Sete Exus Chefes de

Sub-Falange subordinados a cada Exu Chefe de Falange, portanto, são 343 Exus Chefes

de Sub-Falange.

SEGUNDO CICLO

Contém o Quarto Grau.

Neste Ciclo encontramos os chamados Exus Cruzados ou Batizados. São

subordinados dos Exus Coroados. Já tem a noção do bem e do mal. São os exus mais

comuns que se manifestam nos terreiros. Também, tem funções de subchefes. Fazem

parte da segurança de um terreiro. O campo de atuação destes exus está nas sombras

(entre a Luz e as Trevas). Estão ainda nos ciclos de reencarnações.

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Quarto Grau - Estão os Exus

Chefes de

Agrupamento. São

Sete Exus Chefes de

Agrupamento e estão

subordinados a cada

Exu Chefe de Sub-

Falange, portanto, são 2401 Exus Chefes de Agrupamento.

PRIMEIRO CICLO

Contém o Terceiro, Segundo e Primeiro Graus.

Temos dois tipos de Exus neste ciclo :

Exus Espadados - São subordinados do Exus Cruzados. O seu campo de

atuação encontra-se entre as sombras e as trevas.

Exus Pagãos (Kiumbas) - São subordinados aos exus de nível acima. São

aqueles que não tem distinção exata entre o bem e o mal. São conhecidos, também

como "rabos-de-encruza". Aceitam qualquer tipo de trabalho, desde que se pague bem.

Não são confiáveis, por isso.

São comandados de maneira intensiva pelos Exus de hierarquias superiores.

Quando fazem algo errado, são castigados pelos seus chefes, e querem vingar-se de

quem os mandou fazer a coisa errada. São kiumbas, capturados e depois adaptados aos

trabalhos dos Exus.

O campo de atuação dos Exus Pagãos, é as trevas. Conseguem se infiltrar

facilmente nas organizações das trevas. São muito usados pelos Exus dos níveis acima,

devido esta facilidade de penetração nas trevas.

Terceiro Grau - Estão os Exus Chefes de Coluna. São Sete Exus Chefes de

Coluna e estão subordinados a cada Exus Chefes de Agrupamento, portanto, são 16807

Exus Chefes de Coluna.

Segundo Grau - Estão os Exus Chefes de Sub-Coluna. São Sete Exus Chefes de

Sub-Coluna e estão subordinados a cada Exu Chefe de Coluna, portanto, são 117649

Exus Chefes de Sub-Coluna.

Primeiro Grau - Estão os Exus Integrantes de Sub-Colunas e são milhares de

espíritos nesta função.

Os Exus, em geral, não são bons nem ruins, são apenas executores da Lei.

Ogum, responsável pela execução da Lei, determina as execuções aos Exus.

7º Grau 7 - Chefes de Legião

6º Grau 49 - Chefes de Falange

5º Grau 343 - Chefes de Sub-Falange

4º Grau 2401 - Chefes de Grupamento

3º Grau 16807 - Chefes de Coluna

Exus Coroados

Exus Cruzados ou Batizados

Exus Espadados e Pagãos

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Além destes aspectos já abordados, vale à pena mencionar os diversos níveis

vibracionais, onde os espíritos ligados à Terra, habitam.Estes níveis são e foram criados

de acordo com cada grau evolutivo. Os níveis estão mais relacionados com o mundo da

consciência do que com o mundo físico, ou seja, são mais estados de consciência do que

um lugar fisicamente localizado.

Como são níveis gerados por espíritos ligados de alguma forma com a evolução

da Terra, estes níveis estão vinculados ao próprio planeta. Portanto, quando vemos

descrições de camadas umbralinas localizadas em abismos sob a crosta terrestre,

devemos entender que embora elas estejam localizadas com estes espaços físicos, elas

estão no lado espiritual deste plano físico.

Temos então, Sete Camadas Concêntricas Superiores e Sete Camadas

Concêntricas Inferiores.A divisão está sempre formada "de cima para baixo" :

CAMADAS CONCÊNTRICAS SUPERIORES

SÉTIMA, SEXTA E QUINTA CAMADAS - ZONAS LUMINOSAS

Seres iluminados, isentos das reencarnações. Cumprem missões no planeta.

Estão se libertando deste planeta, muitos já estagiam em outros mundos superiores.

QUARTA CAMADA - ZONA DE TRANSIÇÃO

Espíritos elevados, que colaboram com a evolução dos irmãos menores.

TERCEIRA, SEGUNDA E PRIMEIRA CAMADAS - ZONAS FRACAMENTE ILUMINADAS

A maioria dos espíritos que desencarnam, estão nestas camadas. Estão em

reparações e aprendizados para novas reencarnações.

SUPERFÍCIE

Espíritos encarnados

CAMADAS CONCÊNTRICAS INFERIORES

SÉTIMA CAMADA - ZONA SUB-CROSTAL SUPERIOR

2º Grau 117649 - Chefes de Sub-Coluna

1º Grau ? - Integrantes de Coluna

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Espíritos sofredores de um modo geral que serão em seguida socorridos e

encaminhados a planos mais elevados para adaptação e aprendizado, antes de

reencarnarem.

SEXTA, QUINTA E QUARTA CAMADAS - ZONA DAS SOMBRAS, ZONA PURGATORIAIS OU DE

REGENERAÇÃO

Espíritos sofredores purgando parte de seus karmas, e que serão encaminhados o

mais rápido possível à reencarnação para novas provas e expiações.

QUARTA CAMADA - ZONA DE TRANSIÇÃO

Entre as sombras e as trevas. Zona de seres revoltados e dementados.

TERCEIRA, SEGUNDA E PRIMEIRA CAMADAS - ZONA DAS TREVAS OU ZONA SUB-CROSTAL

INFERIOR

Estes espíritos estão em estágio de insubmissos, renitentes e rebelados às Leis

Divinas. Não reconhecem Deus como o Ser mais superior.

A atuação dos Exus, está praticamente em todas as camadas inferiores, com

exceção das Terceira, Segunda e Primeira Camadas, que eventualmente eles "descem"

para missões especiais ou mandam os rabos-de-encruza, pois estão mais "ambientados"

com as baixas e perniciosas vibrações. Não que os Exus não possam "descer" até lá,

mas porque é desnecessário criar uma guerra com os seres infernais, apenas porque se

invadiu aquelas zonas.

A maioria dos livros espíritas, que tratam do assunto dos níveis vibracionais, não

chega sequer a mencionar algo além das camadas intermediárias ou médio e alto

umbral. Descrevem na maioria das vezes as camadas que ficam as sombras e não as

trevas, pois os espíritos que fazem tais incursões não podem ou não devem “baixar”

mais, pois somente cabe aos exus, espíritos especializados “descer” tanto.

CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS EXUS E AS DIFERENTES

IRRADIAÇÕES DOS ORIXÁS

Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Oxalá:

EXÚ SETE ENCRUZILHADAS Comando negativo da linha

EXÚ SETE CHAVES intermediário para Ogum

Exú Sete Capas intermediário para Oxossi

EXÚ SETE POEIRAS intermediário para Xangô

Exú Sete Cruzes intermediário para Almas

Exú Sete Ventanias intermediário para Ibejis

Exú Sete Pembas intermediário para Ayabás

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Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ayabás:

POMBO GIRA RAINHA Comando negativo da linha

EXÚ SETE NANGUÊ intermediário para Ogum

Maria Mulambo intermediário para Oxossi

EXÚ SETE CARANGOLA intermediário para Xangô

Exú Maria Padilha intermediário para Almas

Exú Má-Canjira intermediário para Ibejis

Exú Maré intermediário para Oxalá

Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ibeiji:

EXÚ TIRIRI Comando negativo da linha

EXÚ TOQUIMHO intermediário para Ogum

Exú Mirim intermediário para Oxossi

EXÚ LALU intermediário para Xangô

Exú Ganga intermediário para Almas

Exú Veludinho intermediário para Oxalá

Exú Manguinho intermediário para Ayabás

Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Xangô:

EXÚ GIRA MUNDO Comando negativo da linha

EXÚ MEIA-NOITE intermediário para Ogum

Exú Mangueira intermediário para Oxossi

EXÚ PEDREIRA intermediário para Oxalá

Exú Ventania intermediário para as Almas

Exú Corcunda intermediário para Ibejis

Exú Calunga intermediário para Ayabás

Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ogum:

EXÚ TRANCA-RUAS Comando negativo da linha

EXÚ TIRA-TEIMAS intermediário para Oxalá

Exú Veludo intermediário para Oxossi

EXÚ TRANCA-GIRA intermediário para Xangô

Exú Porteira intermediário para as Almas

Exú Limpa-Trilhos intermediário para Ibejis

Exú Arranca-Toco intermediário para Ayabás

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Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Oxossi:

EXÚ MARABÔ Comando negativo da linha

EXÚ PEMBA intermediário para Ogum

Exú Da Campina intermediário para Oxalá

EXÚ CAPA PRETA intermediário para Xangô

Exú Das Matas intermediário para as Almas

Exú Lonan intermediário para Ibejis

Exú Bauru intermediário para Ayabás

Os Setes Exus Chefes de Falange da Vibração Espiritual das Almas:

EXÚ CAVEIRA Comando negativo da linha

EXÚ DO LODO intermediário para Ogum

Exú Brasa intermediário para Oxossi

EXÚ COME-FOGO intermediário para Xangô

Exú Pinga-Fogo intermediário para Oxalá

Exú Bára intermediário para Ibejo

Exú Alebá intermediário para Ayabás

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VELAS

* A vela branca pode substituir qualquer uma das acima mencionadas.

ORIXÁS

EXU Preta e Vermelha/ Preta/ Branca

IANSÃ Rosa/ Marrom/ Branca

IBEJIS Azul com Rosa

LOGUM EDÉ Azul Celeste com Amarelo/ Verde com Amarelo

NANA Lilás

OBALUAIÊ Preta e Branca

OGUM Vermelha com Branca

OSSAIM Verde e Branca

OXALÁ Branca

OXAGUIÃ Branca com Azul

OXOSSI Verde

OXUM Amarelo/ Dourado

OXUMARÊ Verde com Amarela

XANGÔ Marrom

YEMANJÁ Azul claro

GUIAS PROTETORES

BAIANOS Marrom/ Branca

BOIADEIROS Marrom/ Laranja/ Branca

CABOCLOS Verde/ Branca

ERÊS Azul e Rosa

EXU/ P.G./ E. MIRIM Preta e Vermelha/ Preta/ Branca

CIGANOS Velas Coloridas

MALANDROS Vermelha e Branca

MARINHEIROS Azul com Branco

PRETOS VELHOS Preta e Branca

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ERVAS

EXU Pimenta, capim tiririca, urtiga. Arruda, salsa, hortelã. (Em algumas

Casas: Brinco de Princesa, Fedegoso).

IANSÃ Cana do Brejo, Erva Prata, Espada de Iansã (não serve para banho),

Folha de Louro (não serve para banho), Erva de Santa Bárbara,

Folha de Fogo, Colônia, Mutamba, Folha da Canela, Folha de Alho,

Alfavaquinha, Erva Tostão, Peregum amarelo, Catinga de Mulata,

Parietária, Para Raio. (Em algumas casas: Catinga de mulata,

Cordão de frade, Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Açucena,

Folhas de Rosa Branca).

IBEIJI Jasmim, alecrim, rosa.

LOGUM EDÉ As mesmas de Oxum e Oxossi.

NANA Colônia, Manjericão Roxo, Taioba (não serve para banho), Ipê

Roxo, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Folha da Quaresma,

Jarrinha, Parioba, Golfo Redondo, Canela de velho, Salsa da Praia,

Manacá. (Em algumas casas: assa peixe, cipreste, erva macaé, dália

vermelho escura, folha de berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa

vermelho escura, tradescância).

OBÁ Candeia, nega mina, folha de amendoeira, ipoméia, mangueira,

manjericão, rosa branca.

OBALUAIÊ Canela de Velho, Barba de Velho, Erva de Passarinho, Cinco

Chagas, Fortuna, Hera, Folha de Loko, Taioba (não serve para

banho), Erva de Bicho, Barba de Milho. (Em algumas casas: cuféia

-sete sangrias, erva-de-passarinho, canela de velho, quitoco, Zínia).

OGUM Peregum (verde), São Gonçalinho, Quitoco, Mariô, Lança de Ogum

(não serve para banho), Coroa de Ogum (não serve para banho),

Espada de Ogum (não serve para banho), Canela de Macaco, Folha

de Mangueira, Erva Grossa, Parietária, Língua de Vaca, Mutamba,

Palmeira do Dendê, Taioba (não serve para banho), Alfavaquinha,

Bredo, Cipó Chumbo. (Em algumas casas: Aroeira, Pata de Vaca,

Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Flecha

de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba).

OSSAIM Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro, café.

(Em algumas casas: alfavaca, coco de dendê, folha do juízo,

hortelã, jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de jardim,

vassourinha, verbena).

OXALÁ Tapete de Oxalá (Boldo), Saião, Sândalo, Malva Branca, Colônia,

Patchouli, Alfazema, Manjericão Branco, Folha do Cravo da Índia,

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Neve Branca, Folha de Algodoeiro, Salsa da Praia, Folha de

Parreira, Rosa Branca, Folha de Laranjeira. (Em algumas casas:

poejo, camomila, chapéu de couro, coentro, gerânio branco, arruda,

erva cidreira, alecrim do mato, hortelã, folhas de girassol, agapanto

branco, aguapé (golfo de flor branca), alecrim da horta, alecrim de

tabuleiro, baunilha, camélia, carnaubeira, cravo da índia, fava

pichuri, fava de tonca, maracujá (flores), macela, palmas de

Jerusalém, umbuzeiro, salsa da praia).

OXOSSI Alecrim, Guiné, Vence Demanda, Abre Caminho, Peregum (verde),

Taioba (não serve para banho), Espinheira Santa, Jurema,

Jureminha, Folha de Mangueira, Couve, Jurubeba, Bredo sem

Espinho, Capela, Jarrinha, Desata Nó. (Em algumas casas: Erva de

Oxossi, Erva da Jurema, Alfavaca, Caiçara, Eucalipto).

OXUM Colônia, Macaçá, Oriri, Oripepê, Macaçá, Jasmim, Pingo D’água,

Agrião, Dinheiro em Penca, Manjericão Branco, Calêndula,

Narciso, Alfavaquinha, Malva Branca, Folha de Fortuna, Rama de

Leite, Folha de Vintém; Vassourinha e Erva de Santa Luzia (não

servem para banho). (Em algumas casas: Erva Cidreira, Gengibre,

Camomila, Arnica, Trevo Azedo ou grande, Chuva de Ouro,

Manjericona, Erva Sta. Maria).

OXUMARÊ Mesmas de Oxum.

XANGÔ Erva de São João, Erva de Xangô, Nega Mina, Erva de Santa

Maria, Jarrinha, Beti, Elevante, Cheiroso, Elevante, Cordão de

Frade, Jarrinha, Erva de Bicho, Erva Tostão, Bico de Papagaio,

Alfavaquinha, Mutamba, Mal-me-quer Branco Caruru, Para raio,

Umbaúba. (Em algumas casas: Xequelê, Manjericão Roxo).

YEMANJÁ Colônia, Golfo de Baronesa, Pata de Vaca, Rama de Leite, Jarrinha,

Abebê, Bredo sem Espinho, Alfavaquinha, Malva Branca, Capela,

Folha de Neve Branca, Manjericão Branco, Embaúba. (Em algumas

casas: aguapé, lágrima de nossa, araçá da praia, flor de laranjeira,

guabiroba, jasmim, jasmim de cabo, jequitibá rosa, malva branca,

marianinha - trapoeraba azul, musgo marinho, nenúfar, rosa branca,

folha de leite).

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FIOS DE CONTAS

Comprimento: 4 dedos abaixo do umbigo

Conhecidas também como "Cordão de Santo", "Colar de Santo" ou "Guias", são

ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a tônica vibracional de

quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam.

São compostas de certo número de elementos (contas de cristal ou louça, búzios,

Lágrimas de Nossa Senhora, dentes, palha da costa, etc.), distribuídos em um fio,

obedecendo a uma numerologia e uma cromologia adequada; ou ainda, de acordo com

as determinações de uma entidade em particular.

As contas de louça lembram, por sua composição, a mistura de água e barro,

material usado para criar o mundo e os homens, por isso são as mais usadas.

Para que servem?

Têm poder de elevação mental. Se utilizadas durante um trabalho espiritual, tem

função de servir como ponto de atração e identificação da vibração principal e/ou

falange em particular, atuante naquele trabalho, servindo assim como elemento

facilitador da sintonia para o médium incorporado. Elas nos auxiliam em nossas

incorporações, pois estas atraem a "energia" particular de cada entidade, captando e

emitindo bons fluidos, formando assim, um círculo de vibrações benéficas ao redor do

médium que as usa.

Servem como pára-raios. Se há uma carga grande, ao invés desta carga chegar

diretamente no médium, ela é descarregada nas guias, e se estas não agüentarem,

arrebentam.

Que Fios de Conta Utilizar:

A necessidade e cores, serão determinadas pelo guia chefe da casa. Devemos

entender que a proteção maior, encontra-se na guia de Oxalá e do orixá da Coroa do

médium; guias estas, normalmente as primeiras a serem consagradas ao médium, feitas

basicamente para nossa proteção.

As guias devem ser tratadas pelos médiuns com todo carinho e o máximo de

respeito, pois elas representam o Orixá, o Guia protetor e a segurança do médium.

Confecção

Dependendo o ritual de cada terreiro deve ser feita uma firmeza (acendendo uma

vela, por exemplo) antes de montar a guia.

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Para montar uma guia, deve-se estar em silêncio, com respeito. As contas,

miçangas, etc. são enfiadas uma a uma no fio. Toda guia deve ser fechada e cruzada

pelo chefe de terreiro, seja pela Mãe/Pai de Santo ou pelos Guias Espirituais Chefes de

seu terreiro. As guias podem ser cruzadas com pemba, defumação ou com um amaci

com as ervas do Orixá

Ter uma guia no pescoço, sem esta estar consagrada e imantada não representa

nada, energeticamente falando, seria apenas mais um colar.

Abaixo, os materiais, contas e cores principais dos Orixás e guias protetores:

Normalmente as guias são confeccionadas seguindo um "padrão da Casa”.

ORIXÁS

Oxalá Contas brancas (leitosa)

Oxossi Contas verdes

Xangô Contas marrons

Ogum Contas vermelhas com contas brancas

Logum Edé Contas azul celeste com contas douradas

Ossaim Contas verdes com contas brancas

Oxumaré Contas amarelas com contas verdes

Yemanjá Contas transparentes/ azul claras/ verde água

Oxum Contas de cristal douradas

Yansã Contas coral (alaranjadas)

Nanã Contas lilás ou contas brancas rajadas de azul

Obaluayê Contas pretas com contas brancas

GUIAS PROTETORES

Pretos Velhos Contas pretas com contas brancas, lágrimas de Nossa Senhora

Sementes, cruzes, figas (arruda, guiné, etc.)

Crianças Contas rosa, contas azuis, (podem incluir diversas cores em

tonalidades claras), chupetas, etc.

Caboclos Contas verdes (podem incluir outras cores), sementes, dentes, penas,

etc.

Boiadeiros Contas verdes (podem incluir outras cores), olho de boi, sementes,

dentes, pedaços de couro, etc.

Marinheiro Contas de cristal transparente ou leitosas, azuis, brancas.

Baianos Idem aos boiadeiros.

Exu/Pombo

Gira

Contas pretas com contas vermelhas; ou contas pretas com contas

brancas; além de instrumentos de ferro, aço, etc.

Malandros Contas vermelhas com contas brancas; além de instrumentos de ferro,

aço, etc.

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Depois de colocada no pescoço a Guia deve alcançar até 4 dedos abaixo do

umbigo.

Cuidados no Manuseio e Uso

São elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser

manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam.

Deve-se observar que cada indivíduo e cada ambiente, possuem um campo magnético e

uma tônica vibracional própria e individual. A manipulação das guias por outras pessoas, ou

ainda, seu uso, em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual,

fatalmente acarretará uma "contaminação" ou interferência vibracional.

O Pai/Mãe de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogâs podem eventualmente ceder sua guia

para uso de algum médium durante uma sessão específica, caso o mesmo encontre-se sem sua

própria guia.

Enquanto estamos usando as guias devemos observar algumas recomendações:

Não se alimentar (exceto em ritual).

Não ingerir bebidas alcoólicas (exceto em ritual).

Não fumar (exceto em ritual).

Não ir ao banheiro

Não tomar banho.

Em qualquer destes casos, deve-se retirar a guia e guardar, ou entregá-la para o Pai/Mãe

de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogâs para que tomem conta das mesmas.

Como vimos as guias são elementos ritualísticos muito sérios e como tal que devem ser

respeitados e cuidados. Seu uso deve se restringir ao trabalho espiritual, ao ambiente cerimonial

(terreiro) e aos momentos de extrema necessidade por parte do médium. Utilizar a guia em

ambientes ou situações dissonantes com o trabalho espiritual, ou por mera vaidade e

exibicionismo, é no mínimo um desrespeito para com a vibração a qual representam.

Devem ser sempre limpas e guardadas no terreiro ou em algum lugar longe do alcance e

visão dos curiosos. Lembre-se que as guias são objetos sagrados e como tal devem ser tratadas.

Um detalhe importante é de tempos em tempos, descarregarmos nossas guias com água

do mar ou da chuva, e depois energizá-las com amaci, buscando sempre o aconselhamento de

um dos dirigentes sobre como proceder.

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PEQUENO DICIONÁRIO DA UMBANDA

A ABAÇÁ - Templo, tenda, terreiro de Umbanda

ABACÊ - Cozinheira que prepara as comidas de Santo, no culto Jêje.

ABADÁ - É o nome dado a uma túnica larga e de mangas compridas, usada nos

terreiros pelos homens.

ABALÁ - Comida muito semelhante ao acarajé.

ABAÔ - Quer dizer um iniciando do sexo masculino, desenvolvendo-se

mediunicamente no terreiro de Umbanda.

ABARÁ - Comida dos pretos africanos como seja bolo de feijão, que vem enrolando em

folha de bananeira.

ABEBE- Espelho (Oxum e Yemanja)

ABEDÊ - É o leque de Oxum, quando feito de latão.

ABÔ dos AXÉS - Água contendo ervas maceradas, não cozidas, e sangue de animas

sacrificados no terreiro.

ABRIR A GIRA - Significa o início ou abertura dos trabalhos nos terreiros de

Umbanda.

ABROQUE - É um manto usando somente pelas mulheres durante uma sessão.

ACAÇÁ - Comida originária da África, com aparência de bolo de angu de arroz.

ACARAJÉ - Comida de santo feita à base de feijão fradinho com pimenta malagueta e

outros temperos. Comida de Iansã.

ACENDE CANDEIA - Planta muito utilizada para banhos conhecida também como

Candeia-Mucerengue.

ACHOCHÔ - Nome dado à uma comida de Oxossi.

ADARRUM - É o toque feito seguidamente pelos atabaques quando da invocação dos

protetores para incorporarem nos médiuns.

ADÊ- Coroa das Ayabás

ADEJÁ - É uma campainha (sino) usada nas cerimônias de terreiro.

ADIÉ- Galinha

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AGÔ - Significa pedir licença ou permissão, em outros momentos em que este termo

traduz perdão e proteção pelo que se está fazendo.

AGURÊ - Toque em ritmo muito lento para chamar Iansã

AIA - Toalha branca para uso em terreiro

AIDÓ- Banheiro

AINA- Vela

AIOCÁ - Referente a Iemanjá e ao fundo do mar. Ver AIUKÁ.

AIUKÁ - Fundo do mar. Também se diz os domínios de Iemanjá (Rainha do Aiuká).

AJUCÁ - É a festa da Cabocla Jurema entre os capangueiros. Nessa festa há

defumações no terreiro, bebidas e comidas, tudo com a finalidade de duplicar a proteção

no terreiro e gerar mais fartura nas casas dos filhos de fé.

ALDEIA - Povoado de índios. Tratando-se de terreiros, esta palavra quer dizer a

moradia dos espíritos de caboclos na Aruanda.

ALGUIDAR - Bacia de barro usada para entregas, ascender velas, deposito de banhos,

entrega de comidas e defumação.

AMACI - Líquido preparado com o suco de diversas plantas, não cozidas, e que tem

muita aplicação na firmeza de cabeça dos médiuns. O principal banho para a o ritual da

“lavagem de cabeça”.

AMACI-NI-ORY - Cerimônia da lavagem (feitura) de cabeça dos médiuns (ritual

equivalente a raspagem de cabeça no Candomblé).

AMALÁ - Comida de Santo. Também se denomina a todo ritual que o umbandista ao

manipular alimento deve dispensar atenção, amor e especial carinho, fazendo por

completo a Homenagem ao Orixá.

AMOLOCÔ - Comida de Oxum.

AMPARO - Chicote sagrado usado especialmente para afastar espíritos atrasados e

maléficos.

ANGOMBA - É a designação para um segundo atabaque.

APARELHO- Médium

APERE/ APOTI- Banquinho

ARAUANÃ - Dança ritual africanista para quebrar demandas e trazer alegrias.

ARIAXÉ - Banho preparado com ervas e folhas. Esse banho consta mais de 21

diferentes espécies de vegetais. Preparado somente pelo próprio chefe de terreiro.

ARIMBÁ - Pote de barro para guardar o azeite-de-dendê ARIPÓ - Panela muito

semelhante ao alguidar de barro

ARUANDA - Céu, Nirvana ou Firmamento significam a mesma coisa, isto é, a moradia

daquele que é Criador de todos os mundos e de todas as coisas. Plano Espiritual

Elevado.

ARUÊ - Espírito desencarnado

ASSENTAMENTO DE ORIXÁ - E o lugar no pegi onde é colocada a representação de

Orixá, ou do seu fetiche, ponto riscado, etc.

ASSENTO - Termo utilizado para um local preparado para um Orixá ou Exu. Santuário

exclusivo.

ATIM- Preparado de Pemba ralada e especiarias

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ATORI- Vara de marmelo/café ou goiabeira usado por Oxaguiã e para tocar atabaques

no Candomblé (Ketu).

AXÉ - É a força mágica do terreiro representada pelo segredo composto de diversos

objetos pertencentes as linhas e falanges. Força bendita e divina.

AXEXÊ - Cerimônia fúnebre iorubana. Semelhança com a missa de 7º dia católica.

AXÓ- Roupa

AXOGUM - Nome dado ao encarregado de sacrificar animais quando não é feito pelo

Chefe do Terreiro. Muito comum nos cultos de candomblé nagô.

AYABÁS- Orixás femininos

AZÊ - Capuz de palha. Ornamento da roupa de Omulú

AZEITE-DE-DENDÊ - Óleo baiano extraído do dendezeiro, sendo muito utilizado na

culinária dos Orixás.

B BABALAÔ - Pai-de-santo. Chefe de terreiro. (masculino)

BABUGEM - Restos de comidas e bebidas que sobram no terreiro. Estes restos devem

ser jogados sobre o telhado do terreiro ou despachado em alguidares, dependendo do

ritual.

BACURO DE PEMBA - Filho de Santo.

BAIXAR - Termo que quer dizer incorporação das Entidades/Orixás nos médiuns. Esse

termo designa que toda entidade que vem do Céu, ou seja, de Aruanda, baixe do céu

para a Terra.

BALANGANDÃ - Enfeites e ornamentos. Podem também ser amuletos.

BALÊ - Casa dos Espíritos mortos (desencarnados)

BANDA - Termo utilizado para dizer em qual linhagem está ligado a Entidade.

BARRACÃO - Local de ritual, terreno, o terreiro fisicamente propriamente dito. O

lugar principal do terreiro.

BASTÃO-DE-OGUM - Espécie vegetal de espada-de-São-Jorge, também conhecida

como Lança de São Jorge.

BATER-CABEÇA - Ritual que quer dizer cumprimentar respeitosamente e

humildemente. Consiste em abaixar-se aos pés do congá (altar) ou a uma Entidade

Espiritual e tocar sua cabeça ao chão, aos seus pés. Representa respeito e humildade.

BATER PARA O SANTO - ato de percutir os atabaques usando o ritmo especial de

determinado orixá.

BEJA - Cerveja branca.

BENTINHOS - Escapulário que traz pendurado no pescoço e contêm orações, rezas e

figuras de santos. Patuá.

BETULÉ - Machado feito de pedra e de bambu para designação de Xangô.

BILONGO - Amuleto muito usado por caçadores para proteção BOLAR NO SANTO -

início incompleto de transe que ocorre com os médiuns não preparados. BOMBO-GIRA

- O mesmo que exu Pomba-Gira. Denominação de Pomba-Gira em Congo. BORÍ - ato

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pelo qual filho de santo oferece sua cabeça ao orixá. Termo usado também cujo

significado é cabeça.

BOTAR NA MESA - Quando um médium atente particularmente um consulente e

através de um oráculo (principalmente as cartas) procede a consulta e a orientação

espiritual.

BUCHA- Pão

BUNDA AMARELA- Na linguagem dos Erês significa Laranja (fruta)

C CABAÇA - Vaso feito do fruto maduro do cabaceiro depois de esvaziado o miolo.

Utilizado também como moringa de bebida (água).

CABAIA - Assim é denominado uma túnica de mangas largas utilizada por médiuns

e/ou cambones.

CABEÇA-FEITA - Denominação do médium desenvolvido e que já foi cruzado no

terreiro, tendo já definido seu Orixá de cabeça. Médium que já passou pelo ritual do

amaci.

CAIR NO SANTO - Transe mediúnico de quem ainda não está preparado para

incorporar.

CALUNGA – Cemitério

CALUNGA GRANDE - Oceano, mar.

CAMBONO ou CAMBONE - Auxiliar de Médiuns de Incorporação e o Servidor dos

Orixás. O cambone é o médium que teve o necessário desenvolvimento para poder

auxiliar e entender os Guias nas necessidades das sessões. Auxiliar de culto.

CAMOLETE - Lenço branco de tamanho grande colocado na cabeça dos médiuns

durante alguns rituais CAMUCITÊ - Nome dado ao altar, congá ou pegi.

CANJIRA - Lugar onde são realizados algumas danças religiosas.

CANZUÁ ou CAZUÁ de QUIMBÉ - Terreiro, casa, tenda espiritual.

CASA GRANDE - Cemitério

CATERETÊ - Designação de um ritual do Estado do Maranhão

CATULÁ - Termo usado em sessão que significa anular um trabalho maléfico.

CAVALO - Médium dos Guias de Umbanda.

CENTRO - terreiro, tenda de Umbanda, caso.

CHEFE DE CABEÇA - É um dos nomes como é designado o Guia-Chefe do médium

de terreiro que tenha sido desenvolvido e cruzado no mesmo.

COISA FEITA - Quer dizer trabalho feito para levar o mal a alguém, despacho

maléfico, feitiço, bruxaria.

COITÉ- Espécie de recipiente feito com a casca do coco

CONGAR - Altar, pegi

COQUEM- Galinha d’Angola

CORPO FECHADO - Nenhum espírito maléfico pode incorporar no médium, ou

nenhum espírito pode trazer o mal a pessoa que tem o corpo fechado.

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CORREDOR DE GIRAS - Freqüentador que passa por vários terreiros, sem ter firmado

compromisso espiritual com nenhum deles.

CREDO-EM-CRUZ - Interjeição que traduz espanto, admiração e repulsa.

CURIAU - Comida de Santo, despacho.

CURIMBA - Conjunto de instrumentos musicais do terreiro. Os instrumentos que

compõe uma curimba podem ser atabaques, tambor, agogôs, chocalhos, berimbau,

violões, etc. Curimba é a orquestra de um terreiro.

D DANDÁ - Vegetal, espécie de capim, que exsuda um odor, muito usado em trabalhos,

como banho e defumações em ritual de Umbanda.

DANDALUNDA - Outro nome dado a Janaína, Iemanjá, ou Mãe Dandá.

DAR COMIDA AO SANTO - Quer dizer o oferecimento de alimentos aos orixás, seja

como parte do ritual, como pagamento de algum favor recebido.

DECÁ - Bracelete ritual que o filho-de-santo recebe após sete anos de sua primeira

saída da camarinha (Candomblé)

DESCIDA - quando as Entidades Espirituais vão incorporar no médium

DESMACHE - Espécie de muleta usada em alguns terreiros como instrumento de

Xangô

DESMANCHAR TRABALHOS - É tornar livre uma pessoa dos efeitos de trabalho de

enfeitiçamento, como também beneficiar alguém que tenha sido vítima de magia negra.

DESPACHAR - Entregar ao Orixá o que é do Orixá. Despachar também é um termo

usado para tudo que é sagrado, seja comida de santo, seja qualquer objeto sacro seja

entregue num local adequado a cada Orixá.

DESPACHO - Anular um trabalho, desmanchar trabalhos de magia negra.

DIA DE OBRIGAÇÃO - É o dia de sessão quando os médiuns e os consulentes

observam certos atos do ritual umbandista e cumprem tudo quanto lhes é determinado

pelos Guias.

DILONGA - Prato que representa uma das ferramentas, ou melhor, um dos utensílios de

Ogum.

DOBALÊ - É assim chamada a saudação dos médiuns que possuem guias femininos.

DOLOGUM ou DILOGUM - Guia com 16 fios

DUNDUM- Preto

E EBAME ou EBAMI - Filha de Santo com mais de 7 anos.

EBI - Serpente que é representada por um ferro retorcido, fazendo parte da ferramenta

de Xangô, colocada junto com o machado.

EBIANGÔ - Planta muito usada pelos negros em amuletos e que é tida como portadora

de virtudes mágicas, como por exemplo, afastar espíritos maléficos. EBIRI - Símbolo de

Oxumaré

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EBÔ - Despacho. Presente para Exu. Oferta que se oferece em encruzilhadas ou em

qualquer outro local.

EBÓ - Líquido com vários vegetais não fermentados, sendo preparado para diversos

casos: Banhos, banhos para a cabeça, limpeza de ambiente, etc.. Cada ebó tem um

preparo diferente para cada situação diferente. Antes de ser usado, é benzido (cruzado)

por um Guia.

EBOMIM - Designação do médium feminino quando conta mais de 7 anos

desenvolvimento.

EGUNGUN - Materialização de encarnados. Aparição. Evocação de Ancestrais e

Espíritos Protetores.

EGUNS - Espíritos desencarnados. Almas.

EJÁ- Peixe (Símbolo de Yemanja e Oxum)

EJILÉ - Pomba que é destinada ao sacrifício com a finalidade de ser empregada em

algum trabalho.

EKEDI ou EQUÉDE - São as auxiliares femininas das Mães-Pequenas. Ekedis não

incorporam, mas tem autoridade sobre as Entidades como uma Mãe Pequena.

ELEDÁ - Anjo da Guarda

ELEGBÁ - Espírito Maléfico

ENCANTADO - Ser que não morreu, foi arrebatada.

ENCOSTO - Espírito que consciente ou inconsciente, aproxima-se das pessoas vivas,

prejudicando em diversos setores da sua vida (econômica, saúde, pessoal, familiar,

amorosa).

ENCRUZAR - Ritual umbandista no início de um período ou sessão, consistindo em

fazer uma cruz com a pemba na nuca, na palma da mão, na testa do médium e na sola

do pé. Isso fecharia o corpo do médium e protegeria, fortificaria sua mediunidade e

ajuda também a estabelecer uma ligação mais firme com os Guias Espirituais. No

encruzamento dos médiuns é entoado um canto próprio para a ocasião

ENDÁ - Diz-se a coroa imaterial que acompanha o médium em desenvolvimento após a

iniciação. Sinônimo de aura.

ERÊ - Espírito infantil. Criança

ERÓ - Segredos e Ensinamentos revelados aos médiuns no terreiro em seu

desenvolvimento.

ERUEXIM - Rabo de cavalo, espanta moscas usado por Iansã (pelos escuros).

ERUKERE- Rabo de cavalo, espanta moscas usado por Oxossi (pelos claros).

ESPIRITISMO DE LINHA - Designação dada a Umbanda e as sessões no terreiro.

ESPIRITISMO DE MESA - Designação dada a Umbanda nas sessões de cura por

médicos incorporados.

EXÊS - Partes dos animais sacrificados para serem oferecidos aos Orixás.

F FALANGE - Falange em Umbanda significa a subdivisão de Linhas onde cada falange

é composta de um número incalculável de espíritos orientados por um Guia chefe da

mesma.

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FALANGEIRO - Chefe de falange. Guia Chefe.

FAZER MESA - Abrir a sessão, abrir a gira.

FAZER OSSÊ - Cerimônia semanal que consiste no oferecimento de alimento e/ou

bebida preferida dos Orixás.

FECHAR A GIRA - Encerrar os trabalhos no terreiro.

FECHAR A TRONQUEIRA - Ato de defumar e cruzar o terreiro - os quatro cantos do

terreiro - evitando que espíritos perturbadores ou zombeteiros atrapalhem o culto.

FEITO - É o médium masculino desenvolvido dentro do terreiro.

FEITO DE SANTO - Iniciação do desenvolvimento de um médium.

FEITA (O) NO SANTO - Médium que teve o cerimonial de firmeza de cabeça por

haver completado seu desenvolvimento mediúnico.

FELEBÉ- dinheiro

FILHO DE FÉ - Denominação para adeptos da Umbanda

FILHO OU FILHA DE SANTO - Médium que se submeteu a doutrina e todo ritual.

FIRMAR A PORTEIRA - É a segurança para os trabalhos da sessão que será realizada.

Esse trabalho pode ser simbolizado por um ponto riscado na tronqueira, uma vela acesa,

conforme critério do terreiro.

FIRMAR O PONTO - Concentração coletiva que se consegue cantando um ponto

puxado pelo Guia responsável pelos trabalhos. O Ponto Firmado pode ser apenas

cantado como também riscado ou a combinação de ambos. Significa também quando o

Guia dá seu ponto cantado e/ou riscado, como prova de identidade.

FUNDANGA- Pólvora/ Fogo

FUN FUN- Branco

G GANZÁ - Instrumento musical.

GARRAFADA - Remédio preparado por Pai/Mãe de Santo, o qual consiste numa

maceração de vegetais em aguardente. A preparação dos ingredientes é puramente

natural.

GIRA - Corrente espiritual. Caminho.

GONGÁ - O mesmo que congá. Altar dos santos católicos e orixás africanos. GUIA -

conta de miçangas ou de cristal ou mesmo de porcelana, da cor especial do Orixá ou

Entidade Espiritual que representa e identifica. Pode também significar o próprio orixá,

quando se trata de um preto-velho, caboclo, baiano, boiadeiro ou marinheiro. Maneira

de se chamar as Entidades de Umbanda.

H HALO - Luminosidade que envolve um espírito de grande elevação.

HOMEM DAS ENCRUZILHADAS – Exú

HUMULUCU - Comida Africana feita de feijão fradinho, azeite-de-dendê e diversos

temperos. Também conhecida como Omolocum.

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I IABÁ - Cozinheira que conhece e prepara as comidas dos Orixás. Cozinheira do culto.

Orixás Femininas.

IALORIXÁ - Designação dada a qualquer mãe-de-santo.

IAÔ - Médium feminino no primeiro grau de desenvolvimento do terreiro.

IBIRI- Instrumento feito de palha da costa carregado por Nanã

IJEXÁ - Ritual africano. Os adeptos do Ijexá temem os mortos e apressam-se em

expulsá-los dos terreiros.

ILÊ- Casa

INDACA- Língua

INDACA TI AFOFO – Fofoqueiro

INDACA MAVULA- Mentiroso

IORUBÁS - Negros africanos que falam a linguagem nagô.

IR PARA A RODA - Uma frase que traduz o desenvolvimento da mediunidade na

corrente.

ITABA- Cigarro

ITÁ DE XANGÔ - Pedra caída junto com o raio.

J JABONAN - Assim chamada a auxiliar da Babá.

JACULATÓRIA - Oração curta. Reza resumida e fervorosa.

JACUTÁ - Denominação de altar. Casa do santo.

JIBONAN - Designação do fiscal de trabalhos do terreiro.

JUREMA - Uma das caboclas de Oxossi, chefe de falange. Local onde todos os

caboclos ficam espiritualmente.

K KAÔ - Saudação de Xangô. Salve! Viva!

KARDECISMO - Um dos pontos básicos em que se fundamentam todas as teorias

espiritualistas. Decodificação do Espiritismo por Alan Kardec, de onde originaria o

nome Kardecismo.

KARMA - É a conseqüência de vidas passadas, as quais dirigem a presente e organizam

as futuras encarnações.

KAURIS - Búzios, utilizados no jogo do delogum. Outrora também serviram de

dinheiro na África.

KIBANDA ou KIMBANDA - No termo, significa KIM (gênio do mal) para BANDA

(lado), ou seja, Kimbanda ou Kibanda significa o Lado do Mal. Também conhecido

como culto de magia negra, neles trabalham exus-zombeteiros, espíritos vingativos,

enfim todos os espíritos que não aceitam Doutrinação Divina e estão ainda ligados ao

lado material.

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KIUMBA - Espírito maléfico e obssessor. Espírito atrasado e sem nenhuma luz.

Zombeteiro.

KIZILA (Quizila – do Banto) ou EHÒ (Èwò – do Yorubá) - Dá-se o nome Kizila ou

Ehò, a série de interdições (proibição) imposta aos “Filhos de Orixás”. Estas interdições

podem ser temporárias, breves ou passageiras e, outras, são definitivas, eternas.

L LAÇAR O COBRERO - É assim chamada a oração que se escreve com tinta em volta

do “cobreiro” para fins curativos.

LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA - Além do capim e da miçanga, assim também

são conhecidas as contas de semente dessa planta para confecção de terços, guias e

outros objetos, também conhecida como Contas de Lágrimas.

LANCATÉ DE VOVÔ - É o mesmo nome por que é conhecida a igreja Nosso Senhor

do Bonfim, em Salvador - Bahia.

LAVAGEM DE CABEÇA - A lavagem de cabeça é feita derramando-se o Amaci

(banho preparado especialmente para essa cerimônia) sobre a cabeça do médium,

enquanto se entoa um ponto de caboclo. A confirmação do Guia de Cabeça verifica-se

após a lavagem de cabeça, quando o Guia incorpora e risca seu ponto em frente ao

congá.

LINHA - União das falanges, sendo que cada um tem seu chefe.

LINHA BRANCA - Linha de Guias que não cruzam com a linha da esquerda.

LINHA CRUZADA - É quando se unem duas ou mais linhas com o fim de tornar mais

forte um trabalho no terreiro. Normalmente esse cruzamento se dá com um guia da

direita com um da esquerda.

M MACAIÁ- Mato

MACAIO - Coisa ruim e sem nenhum valor.

MACUMBA - Termo antigo que se denominava aos cultos dos escravos nas senzalas.

Candomblé. Depois esse termo passou a ser vulgar e tornou-se como feitiço ou culto de

feiticeiros.

MACUMBADO – enfeitiçado MADRINHA - O mesmo que Mãe de Santo, Babá.

MÃE D’ÁGUA - Yemanjá.

MÃE de SANTO - Médium feminino chefe ou dirigente de terreiro, Madrinha, Babá.

MÃE PEQUENA - Médium feminina desenvolvida e que substitui a Mãe de Santo.

Auxiliar das iniciadas (iaôs) durante o seu desenvolvimento mediúnico.

MAIANGA- Banho

MALEME ou MALEIME - Pedido de socorro, de clemência, de auxílio ou ajuda, de

misericórdia. Podem vir em forma de cânticos ou preces pedindo perdão.

MANIFESTAÇÃO - Quando o corpo do médium é tomado por um Guia. Conhecido

também como transe mediúnico, incorporação.

MARAFA ou MARAFO - aguardente, cachaça.

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MAU OLHADO - Quebranto, feitiço. Doença ou mal estar causado por um olhar mau,

invejado.

MERUIN- Mel

MESA BRANCA - Trabalhos no terreiro quando há incorporação apenas de médicos e

enfermeiras.

MEISINHA - Despacho, mandinga, trabalho.

MIRONGA - Feitiço, segredo, feitiço feito pelos Espíritos Nagôs.

MISTIFICAÇÃO - É o mais importante dos casos do falso espiritismo, pois constitui

um recurso muito empregado por falsos médiuns, ou pessoas de má fé, com a finalidade

de auferirem vantagens pecuniárias e aumentarem sua fama e sua vaidade.

MITORO- Xixi

MONA- Mulher

MUCAMBA - O mesmo que cambone.

MUZAMBÊ - Forte, vigoroso.

N NAGÔ - Nome dado aos escravos originários do Sudão, na África. Considera-se nagô

como a religião do antigo reino de Iorubá.

NENA- Fezes

NIFÉ - Fé, crença na língua iorubá

NILA OTIM- Champagne

NOMINA - Oração que é guardada num saquinho e pendurada no pescoço como

amuleto para proteção. Patuá.

NURIMBA - Bondade, amor e caridade.

O OBASSABÁ - O mesmo que abençoar, benzer.

OBASSALÉA - O mesmo que obassabá.

OBATALÁ - Céu. Abóbada celeste. Deus

OBÉ- Faca

OBÉ FARI- Navalha

OBERÉ- Alguidar

OBORÓ- Orixás masculinos

OBRIGAÇÕES - Festas em homenagem aos Guias ou Orixás. São também as

determinações feitas aos médiuns ou consulentes pelos Guias com o objetivo de auxilio

ou como parte de um ritual do desenvolvimento mediúnico.

OBSEDIAR - Perseguir. Ação pela qual os espíritos perturbados que prejudicam as

pessoas levando a situações econômicas difíceis, loucura, etc.

OBSSESSOR - Espírito perturbador ou zombeteiro que prejudica as pessoas.

OCÓ- Homem

ODÉ - Oxossi. Oxossi mais velho.

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ODÔ, IÁ - Saudação de Yemanjá

OFÁ- Arco e flechas

OFÃ - Médium responsável pela colheita e seleção das ervas nos rituais.

OGÃ - Auxiliar nas sessões do terreiro. Ogã pode ser um protetor de Terreiro ou como

um Chefe das Curimbas. Ambos têm o mesmo grau hierárquico.

OGÓ- Falo carregado pelo Orixá Exú

OFANGE- Espada

OIÁ - Outro nome conhecido por Iansã

OJÚ- Olho

OKÊ - Saudação aos Caboclos. Diz-se assim : Okê Caboclo! Okê Oxossi.

OLHO-DE-BOI - Semente de Tucumã, gozando de propriedades protetoras contra

cargas negativas como feitiços, mau-olhado, inveja. Tem muitas utilidades no terreiro,

desde patuás até guia (colar).

OLHO GRANDE - Mau Olhado, inveja, malefício, quebranto.

OLORUM - Deus Supremo.

OMIN- Água

OMIN DUNDUM- Café

OMIN TORÔ- Água de Canjica

OMOLOCÔ - Culto de origem angolense.

OPELÊ DE IFÁ - Rosário feito de pequenos búzios e que é utilizado para ler o futuro.

ORAÇÃO FORTE - Patuá que consiste em uma oração escrita em pequeno pedaço de

papel, que a pessoa preserva em seu poder, quer guardado no bolso, ou dentro de um

pano em forma de saquinho pendurado no pescoço a fim de proteger-se ou livrá-la de

todos os males.

ORIXÁ - Divindades africanas que representam as forças do Universo Infinito. Espírito

puro. Santo.

OTÁ - pedra ritual, elemento e objeto sagrado e secreto do culto.

OTIM- Cachaça

OTIMBÉ- Cerveja

OXÊ- Machado de dois lados usado por Xangô

P PADÊ - Despacho para Exú no início das sessões ou festas, constando alimentos,

bebidas, velas, flores e outras oferendas, a fim de que os mesmos afastem as

perturbações nas cerimônias.

PADRINHO - pai-de-santo, Chefe de Terreiro.

PAI-DE-SANTO - Zelador do Santo, Chefe de Gira, Chefe de Mesa, Chefe do Terreiro.

Médium e conhecedor perfeito de todos os detalhes para o bom andamento de uma

sessão. PALINÓ - Cântico ou poema em louvor a Iemanjá

PÃO BENTO - Pão ázimo ou qualquer outro tipo de pão, ao qual se dota de forças

mágicas. É utilizado em inúmeros trabalhos para diversas finalidades. Há trabalhos com

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pão e vela benta para se localizar num rio ou no mar o corpo de uma pessoa afogada,

por exemplo.

PARAMENTO(s) - Roupas e objetos utilizados em cerimônias do ritual religioso.

PATUÁ - Amuleto que é colocado num saquitel (pedaço de pano costurado em forma

de saquinho) e é pendurado no pescoço, ou se prende na roupa de uso.

PAXORÔ - Instrumento simbólico de Oxalá usado pelos pais-de-santo em trabalhos.

PEDRA-DE-RAIO - Meteorito, Fetiche de Xangô , itá.

PEJI - altar, congá.

PEMBA - Espécie de giz em forma cônico-arredondada, em diversas cores, como seja :

branco, vermelho, amarelo, rosa, roxo, azul, marrom, verde e preto, servindo para riscar

pontos e outras determinações ordenadas pelos Guias, sendo que conforme a cor

trabalhada com pemba, pode se identificar a Linha a que pertence a Entidade, ou a

Linha que trabalhará naquele ponto.

PERU DE VELHO- Na linguagem dos Erês significa Banana

PIPOCA - comida de Omulu/Obaluaê. Grão de milho arrebentado na areia quente para

ser utilizado em descarrego. Descarrego de Pipoca.

PIRIGUAIA - Variedade de búzio.

PONTOS CANTADOS - Os pontos cantados na Umbanda são preces e a invocação das

falanges e Linhas, chamando-as ao convívio das reuniões e no auxilio dos que buscam

caridade. Assim, como toda a religião tem seus cânticos, a Umbanda usa seus pontos

cantados, dos quais, não se deve abusar. Esses hinos representam e atraem forças das

Falanges, para trabalhos de descarrego e desenvolvimento mediúnico. Pontos cantados

não devem ser deturpados, ou modificados, para que sua força não se altere, uma vez

alterado o efeito não será o mesmo, podendo até ser prejudicial.

PONTOS RISCADOS - São identificações dos Guias. Cada Guia e cada Orixá têm seu

ponto riscado. Os pontos são riscados com pemba. Mas o ponto não se resume apenas a

identificação de um guia, linha, falange ou Orixá; ele pode fechar o corpo de um

médium, pois a escrita sagrada se utiliza de magia para que qualquer espírito perturbado

não se aproxime.

PORTEIRA - Entrada de terreiro.

Q QUARÔ - Flor chamada Resedá possuidora de notáveis virtudes mágicas e

grandemente empregada em banhos e defumações.

QUEBRANTO - Mau olhado, feitiço, coisa feita. Normalmente atinge mais crianças

pagãs, mas pode atingir também crianças batizadas e adultos. O quebranto é cortado

com benzimento.

QUEBRAR DEMANDA ou QUEBRAR AS FORÇAS - É anular, desmanchar o efeito

de um trabalho para prejudicar ou perturbar uma pessoa.

QUEBRAR PRECEITO - Desrespeitar as regras e hábitos estabelecidos no ritual do

desenvolvimento ou dos trabalhos.

QUEZILA, QUEZÍLIA - Aversão, antipatia, repugnância, alergia a alguma coisa.

QUIUMBA - Espírito obssessor e perturbador. Zombeteiro.

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R RAÚRA - Cambone. Auxiliar nos trabalhos do terreiro.

RECEBER O SANTO - incorporar. Entrar em estado de transe com o Guia ou Orixá

REINOS - Uma das divisões dos mundos espirituais. Domínios dos Orixás. Alguns

exemplos: Jurema, Pedreiras, Fundo do Mar, Humaitá, etc.

RESPONSO - Oração em latim para determinado santo para se conseguir uma graça.

ROÇA - terreiro, centro.

S SACUDIMENTO - Ato de realizar limpeza, lavagem e varredura do terreiro e/ou seus

filhos. Descarrego.

SAÍDA de IAÔ - cerimônia de iniciação do filho-de-santo no candomblé ou no culto

Omolokô.

SANTERIA - nome da religião na América Latina. Religião irmã do Candomblé.

SAL (GROSSO) - Empregado sob diversas modalidades nos terreiros, principalmente

como banho de descarrego. Ou como descarrego do local com um copo de água e sal

atrás da porta.

SALUBÁ - Saudação de Nanã

SARAVÁ - Saudação umbandista que corresponde a Salve! Viva!

SEREIA DO MAR - Janaína, princesa d’água. Pode representar também como Iemanjá

dentro de um contexto.

SINCRETISMO - Fenômeno de identificação dos orixás com os Santos Católicos.

SITARRA- Espada

T TABATINGA- Argila

U URUPIM- Cabelo

X XANÃ- Cigarro

XAXARÁ- Vassoura feita de palha da costa usada por Obaluaie/ Omolu

XERE- Chocalho usado por Xangô

Y YÓ- Sal