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12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA - DEFESA DO CONSUMIDOR Rua 23, Esq. com Av. Fued José Sebba, Qd. A-6 – Térreo – Sl.T- 22 – Jardim Goiás Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100 Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito da ____ Vara Cível da Comarca de Goiânia-GO. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, ora representado pelo Promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, infra-assinado e que recebe intimações de estilo, pessoalmente, na Rua 23 esquina com a avenida Fued José Sebba, quadra: 06, lote: 15/24, Jardim Goiás, sala T-22, Goiânia-GO, com fundamento no artigo 129, II, III e IX da Constituição Federal, somado aos artigos 1º, II, 2º, 3º, 5º, caput, 11, 12, da Lei n° 7.347, de 24.07.85, que disciplina a Ação Civil Pública, e, ainda, nos artigos 6º, VI; 81, parágrafo único e incisos I, II e III; 82, I; 83, 84, caput e parágrafos 3º e 4º; 87 e 91 do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078, de 11.09.90) propõe a presente: AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR Contra a CELGPar – Companhia CELG de Participações –, pessoa jurídica de direito privado, no formato de sociedade de economia mista, que controla a Celg Distribuição S.A. (Celg D) e a Celg Geração e Transmissão S.A. (Celg G&T), criada aos 19 de agosto de 1955 pela Lei Estadual n. 1087, inscrita no CNPJ 08.560.444/0001-93 e localizada na Rua 2, Qd. A-37, n. 505, Edifício Gileno Godói, Jardim Goiás, CEP 74805180, Goiânia, Goiás, pelas razões de fato e de direito que passa a expor. RESUMO DA PRETENSÃO

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12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA - DEFESA DO CONSUMIDOR

Rua 23, Esq. com Av. Fued José Sebba, Qd. A-6 – Térreo – Sl.T- 22 – Jardim Goiás

Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito da ____ Vara Cível da Comarca de Goiânia-GO.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, ora representado

pelo Promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, infra-assinado e que recebe

intimações de estilo, pessoalmente, na Rua 23 esquina com a avenida Fued José

Sebba, quadra: 06, lote: 15/24, Jardim Goiás, sala T-22, Goiânia-GO, com fundamento

no artigo 129, II, III e IX da Constituição Federal, somado aos artigos 1º, II, 2º, 3º, 5º,

caput, 11, 12, da Lei n° 7.347, de 24.07.85, que disciplina a Ação Civil Pública, e, ainda,

nos artigos 6º, VI; 81, parágrafo único e incisos I, II e III; 82, I; 83, 84, caput e

parágrafos 3º e 4º; 87 e 91 do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078, de

11.09.90) propõe a presente:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR

Contra a CELGPar – Companhia CELG de Participações –, pessoa

jurídica de direito privado, no formato de sociedade de economia mista, que controla a

Celg Distribuição S.A. (Celg D) e a Celg Geração e Transmissão S.A. (Celg G&T),

criada aos 19 de agosto de 1955 pela Lei Estadual n. 1087, inscrita no CNPJ

08.560.444/0001-93 e localizada na Rua 2, Qd. A-37, n. 505, Edifício Gileno Godói,

Jardim Goiás, CEP 74805180, Goiânia, Goiás, pelas razões de fato e de direito que

passa a expor.

RESUMO DA PRETENSÃO

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12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA - DEFESA DO CONSUMIDOR

Rua 23, Esq. com Av. Fued José Sebba, Qd. A-6 – Térreo – Sl.T- 22 – Jardim Goiás

Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100

Tem a presente ação civil pública a seguinte pretensão:I – Demonstrar que a CELG cobra de seus consumidores o serviço de religação – a

denominada “taxa de religação” – sempre que, quando interrompido o fornecimento de energia por

inadimplência do consumidor e após este quitar o débito, reestabelece o serviço de fornecimento de

energia elétrica ao mesmo;

II – Demonstrar que é prática abusiva do fornecedor a cobrança da “taxa de religação”, por

constituir bis in idem, vez que o consumidor inadimplente já é punido por pagamento de juros e multa,

além do corte propriamente dito da energia elétrica, não podendo, além disso, ser também prejudicado

com a cobrança da referida “tarifa”;

III – Demonstrar que o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás já apreciou a matéria, quando

do julgamento da Apelação Cível n. 285572-70.2003.8.09.0110 (200392855720), em que ficou acordado

que “em havendo pagamento após o corte no fornecimento dos serviços é obrigação da concessionária o

pronto restabelecimento dos serviço, sem que para isso, se veja o consumidor obrigado a pagar qualquer

taxa extra”;

IV – Demonstrar que esta prática abusiva causou ao longo dos anos e causa até hoje dano

moral coletivo;

Os pedidos contidos nesta ação civil pública são:I – Na defesa dos direitos e interesses difusos, seja condenado a ré a pagar indenização por

dano moral coletivo pela prática abusiva no valor de R$ 5.000,000,00 (cinco milhões de reais) a ser

destinado ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, criado pela lei 12.207 de 20 de dezembro de

1.993;

II – Que na defesa dos direitos e interesses coletivos em sentido estrito que a demandada

se abstenha imediatamente de cobrar “taxa” de religação quando do restabelecimento do serviço,

impondo-se multa, conforme consta do artigo 11 da Lei n. 7.347/85, no valor de R$10.000,00 (Dez mil

reais), por cada infração identificada, a ser destinado ao Fundo de Defesa do Consumidor, criado pela Lei

12.207, de 20 de dezembro de 1.993;

III - que na defesa dos direitos e interesses coletivos em sentido estrito, seja impelida a ré à

obrigação de não fazer, qual seja, não cobrar a denominada “taxa de religação”, devendo reestabelecer o

serviço de energia assim que comprovada a quitação do débito do consumidor, num prazo máximo de 24

(vinte e quatro) horas para unidade consumidora em área urbana e 48 (quarenta e oito) horas para

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Rua 23, Esq. com Av. Fued José Sebba, Qd. A-6 – Térreo – Sl.T- 22 – Jardim Goiás

Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100

unidade consumidora em área rural, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por cada caso em que

se identificar desrespeito aos prazos máximos, multas que serão destinadas ao Fundo Estadual de

Defesa do Consumidor, criado pela Lei Estadual n° 12.207/1993;

1 - DOS FATOS

O Ministério Público de Goiás instaurou Inquérito Civil n° 223 (n°

201200438829), a partir da Representação n° 006/2009, para investigar conduta

abusiva da CELG, em cobrar “tarifa de religação” dos serviços de energia elétrica.

Ficou constatado que a CELG cobra a religação da energia elétrica, nos

casos de corte de energia por inadimplemento, após o consumidor quitar o débito, em

duas opções de serviço para o consumidor: religação normal e religação de urgência, a

primeira realizada em 24 horas para domicílio urbano e 48 horas para domicílio rural, e

a segunda realizada em 4 horas para domicílio urbano e 8 horas para domicílio rural

(IC: f. 43-46). Os valores são sempre cobrados na fatura seguinte, e em 2008, variavam

de R$ 4,14 a R$ 17,13, se a religação fosse normal, e de R$ 20,77 a R$ 51,95, se a

religação fosse de urgência (IC: f. 21).

De acordo com a empresa, sua conduta tem fundamento jurídico no

artigo 102 da Resolução n. 414/2012 da ANEEL (IC: f. f. 43-46). No entanto, o Código

de Defesa do Consumidor, que lhe é hierarquicamente superior, proíbe a cobrança da

mesma, conforme se verá na fundamentação.

Juntou-se acórdão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (IC: f. 06-17),

em que ficou a empresa de energia daquele Estado proibida de cobrar a taxa de

religação, por ser abusiva. Juntou-se também acórdão do Tribunal de Justiça de Goiás

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Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100

acerca da matéria (IC: f. 32-41), referente a apelação cível n. 285572-

70.2003.8.09.0110 (200392855720), uma ação civil pública movida pelo Ministério

Público de Mozarlândia, em que o Tribunal assentou entendimento de que “em havendo

pagamento após o corte no fornecimento dos serviços é obrigação da concessionária o

pronto restabelecimento dos serviço, sem que para isso, se veja o consumidor obrigado

a pagar qualquer taxa extra”, proibindo a CELG de cobrar a referida taxa apenas

naquele Município.

Por se tratar de conduta abusiva, que fere os direitos do consumidor,

propõe o Ministério Público esta Ação Civil Pública, para, em defesa de todos os

consumidores goianos, proibir a CELG de continuar lesando indevidamente os

consumidores deste estado.

2 – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A DEFESA DE DIREITOS COLETIVOS

A Constituição Federal legitima a atuação do Ministério Público, em seu

artigo 127, caput, para atuar em defesa dos interesses sociais e individuais

indisponíveis. O Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90) em seu artigo 81,

parágrafo único, esclarece a concepção constitucional de interesses sociais e

individuais indisponíveis, dizendo que a defesa coletiva será exercida quando se tratar

de “interesses ou direitos difusos, interesses ou direitos coletivos ou interesses ou

direitos individuais homogêneos”. De idêntica maneira estabelece a Lei Orgânica

Nacional do Ministério Público, Lei n° 8.625/93, em seu artigo 25.

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Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100

Pois bem. No caso em questão, temos que o Ministério Público atua

protegendo todas as três categorias: interesses ou direitos difusos, direitos coletivos em

sentido estrito e direito individuais homogêneos de relevância social, conforme artigo

81, parágrafo único, incisos I, II e III, verbis:“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos

consumidores e das vítimas poderá ser exercida em

juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida

quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos,

para efeitos deste código, os transindividuais, de

natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas

indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim

entendidos, para efeitos deste código, os

transindividuais, de natureza indivisível de que seja

titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas

entre si ou com a parte contrária por uma relação

jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos,

assim entendidos os decorrentes de origem comum”

É possível defender, numa mesma ação civil pública, todos os direitos

coletivos, conforme jurisprudência majoritária, que segue.ADMINISTRATIVO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -

INTERDEPENDÊNCIA CAUSAL - POSSIBILIDADE DE VIOLAÇÃO

SIMULTÂNEA A MAIS DE UMA ESPÉCIE DE INTERESSE

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COLETIVO - DIREITOS DIFUSOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

- RELEVANTE INTERESSE SOCIAL – LEGITIMIDADE.

1. Conforme se observa no acórdão recorrido, o caso dos autos ultrapassa a órbita dos direitos patrimoniais da população diretamente afetada e atinge interesses metaindividuais, como o meio

ambiente ecologicamente equilibrado e a uma vida

saudável.

2. É um erro acreditar que uma mesma situação fática não possa resultar em violação a interesses difusos, coletivos e individuais simultaneamente. A separação, ou melhor, a categorização dos interesses coletivos

lato sensu em três espécies diferentes é apenas

metodológica.

3. No mundo fenomenológico as relações causais estão

tão intimamente ligadas que um único fato pode gerar

consequências de diversas ordens, de modo que é

possível que dele advenham interesses múltiplos. É o

caso, por exemplo, de um acidente ecológico que

resulta em danos difusos ao meio ambiente, à saúde

pública e, ao mesmo tempo, em danos individuais

homogêneos aos moradores da região.

4. Ademais, ainda que o caso presente tratasse

unicamente de direitos individuais homogêneos

disponíveis, isso não afasta a relevância social dos

interesses em jogo, o que é bastante para que se

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autorize o manejo de ação civil pública pelo

agravado.

Agravo regimental improvido.

(STJ, AgRg no REsp 1154747/SP, Rel. Ministro HUMBERTO

MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/04/2010, DJe

16/04/2010)

Vejamos, pois, em subitens, os interesses defendidos nesta ação.2.1. DEFESA DE DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO

O doutrinador Fredie Didier Jr. aponta que, sobre os direitos coletivos

estrito senso, “essa relação jurídica base pode dar-se entre os membros do grupo ou

pela sua ligação com a parte contrária”¹ e, citando exemplos das duas hipóteses, diz

“[...] entre os associados de uma determinada associação, os acionistas da sociedade

[no primeiro caso] ou contribuintes do mesmo tributo, estudantes de uma mesma

escola, contratantes de seguro com um mesmo tipo de seguro [no segundo caso] etc.”1

No caso em comento, temos que de um lado estão os consumidores da

CELG, os cidadãos responsáveis pelas unidades consumidoras, que pagam

mensalmente as faturas. Do outro, está a parte contrária, a CELG, sociedade de

economia mista concessionária do serviço de energia elétrica. Entre elas, flui a relação

jurídica de prestação de serviço de energia elétrica, relação jurídica base comum a

todos que se desequilibra com a prática abusiva do fornecedor em cobrar a “taxa de

religação”.

1 Idem. Ibidem.

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Dispõe Hugo Mazzilli que a indivisibilidade, característica dos direitos

coletivos stricto senso, pode ser exemplificada com uma ação civil pública que vise à

nulificação de cláusula abusiva em contrato de adesão:

“No caso, a sentença de procedência não vai conferir

um bem divisível aos integrantes do grupo lesado. O

interesse em ver reconhecida a ilegalidade da

cláusula é compartilhado pelos integrantes do grupo

de forma não quantificável e, portanto, indivisível:

a ilegalidade da cláusula não será maior para quem

tenha dois ou mais contratos em vez de apenas um: a

ilegalidade será igual para todos eles (interesse

coletivo, em sentido estrito)”2

Por isso, essa ação atende ao interesse coletivo stricto senso, já que

possibilitará a condenação da CELG na obrigação de não cobrar mais a abusiva “taxa

de religação”, constituindo tal determinação judicial, na prática, em uma alteração no

contrato de consumo, para extirpar-lhe a cláusula abusiva, o que constitui bem de

natureza indivisível, cujos titulares são categoria de pessoas (consumidores da CELG)

ligadas com a parte contrária por uma relação jurídica base: o contrato de consumo de

energia.

Vejamos jurisprudência seguinte, para fechar este subitem:“Processual civil. Recurso especial. Ação civil

pública. Ministério Público. Legitimidade. Planos de

2 3 MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. Editora Saraiva. 15ª Edição. 2002. São Paulo.

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saúde. O Ministério Público detém legitimidade para a propositura de ação civil pública com o fito de obter pronunciamento judicial acerca da legalidade de cláusulas constantes de contrato de plano de saúde. A legitimação extraordinária justifica-se pelo

relevante interesse social e pela importância do bem

jurídico a ser tutelado.” (STJ, REsp 208.068/SC, Rel.

Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em

08/10/2001, DJ 08/04/2002, p. 208)

2.2. DEFESA DE DIREITOS DIFUSOS

Esta ação civil pública, no entanto, extrapola o interesse dos

consumidores do plano, porque atende aos interesses de toda a população, já que a as

práticas abusivas perpetradas afetam não só seus consumidores, como prejudica seus

familiares, por dizer respeito a um bem de fundamental importância nos dias de hoje: a

energia elétrica.

De acordo com Fredie Didier, os direitos difusos são aqueles

pertencentes a uma coletividade, de natureza indivisível (só podem ser considerados

como um todo), e cujos titulares sejam pessoas indeterminadas (impossibilidade de

determinação dos sujeitos), ligadas por circunstâncias de fato.

Quem poderá mensurar os danos causados pela conduta abusiva da

CELG? Em determinando a obrigatoriedade da cobrança da taxa de religação, pode ela

impedir que famílias menos abastadas voltem a usufruir da energia elétrica. Sem

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energia, não há alimentos conservados, não há luz, não há aparelhos elétricos. E em se

tratando de casas comerciais? Quantos danos não podem advir da falta de energia?

Não é possível calcular a extensão dos danos nem os bens jurídicos que poderão ser

afetados com tal conduta, embora saibamos que são enormes os malefícios.

Trata-se de um serviço público essencial, tanto que o Ordenamento

Jurídico conferiu à Administração Pública exclusividade no oferecimento deste serviço,

diretamente ou, no caso, mediante concessão.

Assim, a continuidade na prática abusiva afetará um número imenso de

pessoas, as quais não podem ser determinadas (pessoas indeterminadas ligadas por

uma circunstância de fato), em razão de o bem protegido – a energia elétrica – ser de

natureza indivisível.

Ademais, o Código de Defesa do Consumidor estabelece princípios que

devem nortear as relações de consumo, princípios estes que definem direitos difusos,

quais sejam, a boa-fé e lealdade contratuais, a transparência, a informação, a igualdade

e isonomia contratuais. São bens de natureza transindividual, já que não dizem respeito

apenas a um ou outro consumidor: dizem respeito à sociedade de consumo, que preza

tal círculo de valores. O desrespeito praticado pela CELG afeta todo o agrupamento

social, porque gera uma crise cujas dimensões extrapola o das partes, criando um

alvoroço que, aliás, só pode ser devidamente reparado mediante condenação em dano

moral coletivo, como se falará mais a frente.

Por isso, o direito do consumidor, ramo especializado e novo, em

comparação aos outros ramos do direito, surge, ao lado por exemplo do direito

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ambiental, com uma concepção de proteção e tutela jurídica a bens essencialmente

difusos.

2.3. DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS DE RELEVÂNCIA SOCIAL

Por fim, cristalina é a proteção, nesta ação, aos direitos individuais dos

consumidores da CELG, direitos que, no entanto, em razão de sua homogeneidade, por

decorrerem de um fato comum, atingem todos os consumidores, merecendo amparo do

Ministério Público por intermédio desta ação.

De acordo com Fredie Didier Junior e Hermes Zaneti Junior,

“A importância prática desta categoria [direitos

individuais homogêneos] é cristalina. Sem sua criação

pelo direito positivo nacional não existiria

possibilidade de tutela coletiva de direitos

individuais com natural dimensão coletiva em razão de

sua homogeneidade, decorrente da

massificação/padronização das relações jurídicas e

das lesões daí decorrentes”.

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Dessa forma, ainda que o julgador não vislumbre direito difuso, é

impossível negar que os consumidores da CELG estão sendo lesados individualmente,

já que a taxa de religação é abusiva e prejudica economicamente todos os

consumidores.

Estes direitos individuais são relevantes socialmente, no entanto, por se

tratar (a taxa de religação) de um ônus sobre um serviço essencial. Razão pela qual

fica o Ministério Público legitimado para atuar em sua defesa.

PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO

MINISTÉRIO PÚBLICO. DIREITOS DO CONSUMIDOR. CONTRATO

DE LEASING. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. O acórdão

recorrido prestou, inequivocamente, jurisdição, sem

violar os princípios do devido processo legal, do

contraditório e da ampla defesa, tendo enfrentado as

questões que lhe foram postas. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que o Ministério Público tem legitimidade ad causam para propor ação civil pública quando a controvérsia envolver a defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores. Agravo regimental desprovido" (STF, AI 606.235-AgR,

Rel. Min. Joquim Barbosa, Segunda Turma, Dje

22.6.2012). [grifo nosso]

2.4. – DA IMPORTÂNCIA DA AÇÃO COLETIVA

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Não é demais lembrar que a tutela coletiva tem por finalidade discutir em

juízo questões de interesse de muitas pessoas, assim evitando que os cidadãos

lesados abarrotem o Judiciário com ações individuais.

Além disso, possibilita uma uniformização da decisão, dando

credibilidade ao Judiciário, que não emitirá decisões divergentes. É a nova tendência

processualística que nasceu com a massificação dos conflitos e que se aprimora

década pós década. Interessante trecho do acórdão da lavra do Ministro Herman

Benjamin:“Se a regra do Ancien Régime era a jurisdição

prestada individualmente, a conta-gotas, na sociedade

pós-industrial, até por razões pragmáticas de

eficiência e de sobrevivência do aparelho judicial,

tem-se no acesso coletivo a única possibilidade de

resposta à massificação dos conflitos, que se

organizam em torno de direitos e interesses difusos,

coletivos stricto sensu e individuais homogêneos

(art. 81, do CDC). Além de beneficiar as vítimas, que

vêem suas demandas serem resolvidas de maneira

uniforme e com suporte institucional, a legitimação ad causam do Ministério Público e das ONGs para a propositura de Ação Civil Pública prestigia e favorece o próprio Judiciário, que, por essa via, sem deixar de cumprir sua elevada missão constitucional, evita o dreno de centenas, milhares e até milhões de litígios individuais.” Ministro Herman Benjamin, REsp

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347752 / SP, julgado em 08/05/2007, DJe 04/11/2009

[grifo nosso]

Assim, a ação coletiva atende aos interesses sociais e racionaliza o

Judiciário, motivo pelo qual deve ser prestigiada pelos magistrados.

3 – DA COMPETÊNCIA DO FORO DE GOIÂNIA PARA AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE INTERESSE REGIONAL

Como a causa versa sobre interesse coletivo dos consumidores da

CELG, é de abrangência de todo o estado de Goiás e, em assim sendo, é a Promotoria

de Justiça do Consumidor em Goiânia a legitimada para a propositura desta ação, bem

como o foro da comarca de Goiânia o legitimado para julgá-la.

É assim que dispõe o Código de Defesa do Consumidor, verbis:Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal,

é competente para a causa a justiça local:

(...)

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. [grifo nosso]

4 – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL: DA DESNECESSIDADE DE A ANEEL PARTICIPAR DO PLEITO

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A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL – é o órgão federal

fiscalizador do serviço de concessão do sistema energético, responsável pela

normatização e regulação deste serviço essencial à população. Não é necessário, no

entanto, que a autarquia figure nas ações judiciais propostas contra as empresas por

ela fiscalizadas.

Na verdade, em todas as modalidades de intervenção judicial, seja

como parte ou assistente litisconsorcial, faz-se imprescindível o interesse jurídico. E, no

caso em comento, não há interesse algum que possa justificar a sua intervenção no

feito, seja no polo passivo, já que não é responsável pela prática abusiva (a relação

jurídica que se desequilibra é a de consumo, entre os consumidores e o fornecedor),

muito menos no pólo ativo, haja vista a competência fiscalizatória exclusivamente

administrativa dessa autarquia.

O Superior Tribunal de Justiça, há muito tempo, já assentou

entendimento de que inexiste interesse jurídico da ANEEL que justifique sua inclusão

nas demandas existentes entre as concessionárias do serviço público de fornecimento

de energia elétrica e os respectivos usuários, e da mesma forma, entendem os

Tribunais de Justiça estaduais Brasil afora.

PROCESSUAL CIVIL – TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA – MAJORAÇÃO – PORTARIAS DNAEE 38 E 45/86 – ILEGALIDADE – ANEEL (SUCESSORA DA UNIÃO FEDERAL) – ILEGITIMIDADE PASSIVA – FORO COMPETENTE – JUSTIÇA ESTADUAL –

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VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL NÃO CONFIGURADA – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COMPROVADA – PRECEDENTES.- É pacífica a jurisprudência desta eg. Corte no sentido de que a União, sucedida pela ANEEL, é parte ilegítima para figurar no pólo passivo das ações relativas às majorações de tarifas de energia elétrica.- Compete à Justiça Estadual processar e julgar as ações promovidas contra concessionárias de serviço público.- Na interposição do recurso especial fundado na letra "a" do autorizativo constitucional, é necessária a particularização do preceito legal violado e a sustentação da tese esposada pelo recorrente, a fim de possibilitar ao julgador o perfeito entendimento da controvérsia a ser dirimida.- Recurso especial conhecido pela letra "c" e provido.(STJ, REsp 280.225/SP, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 26.11.2002, DJ 10.03.2003 p. 146). [grifo nosso]

PLANO DE EXPANSÃO DE REDE DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO DE VALORES DESPENDIDOS. SÚMULA 16. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. INTERESSE DA ANEEL.

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1. A concessionária de energia elétrica que sucedeu a CEEE [Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica] no processo de privatização é quem ostenta legitimidade, com exclusividade, para ser demandada no presente feito, pois incorporou as melhorias custeadas pelos consumidores ao seu patrimônio.2. Não há interesse da agência reguladora (ANEEL) na demandada, pois esta é fulcrada na relação contratual entre o consumidor e a concessionária.3. Direto do autor de receber a quantia desembolsada.(...)6. RECURSO DESPROVIDO.(TJRS, Recurso Inominado n. 71003441326, Rel. Des. Maria Claudia Mercio Cachapuz, Segunda Turma, julgado em 14/03/2012) [grifo nosso]

Assim, não há razão para o deslocamento da ação para a Justiça

Federal (o que seria imperioso, caso figurasse uma autarquia federal como parte,

conforme artigo 109, I, CF), permanecendo a Justiça Comum com competência para

dizer o direito.

Ressalte-se que a Súmula 150 do STJ, que dispõe que “compete à

Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a

presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas” refere-se

apenas a aqueles casos em que ente sujeito à jurisdição da Justiça Federal manifesta o

seu interesse em participar do processo. Caso contrário, ter-se-ia que encaminhar à

Justiça Federal todo e qualquer invocação formulada por réu submisso à competência

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da Justiça Estadual quanto a, por exemplo, chamamento ao processo da União

Federal, o que abre portas para atitudes protelatórias e de má-fé processual.

Além disso, não se pode obrigar a todo juiz estadual deslocar a

competência quando o réu requerer a presença no processo de entidades federais, sem

poder fazer, antes, uma mínima avaliação quanto ao interesse jurídico destas, já que

em muitos casos é patente a falta de interesse, mormente quando o próprio Superior

Tribunal de Justiça apresenta jurisprudência desfavorável para a intervenção, o que é o

caso. Deslocar o processo, neste caso, seria deliberadamente retardar o seu

julgamento.

5 – DA NÃO INCIDÊNCIA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 1º DA LEI N. 7.347 NO CASO EM QUESTÃO

A Lei n. 7.347/85, que trata da ação civil pública, estabelece, em seu

artigo 1º, parágrafo único, que não será cabível ação civil pública para veicular

pretensões que envolvam tributos.

Não é, no entanto, o caso em comento. Embora esteja-se falando em

cobrança indevida de “taxa” de religação, e taxa é uma espécie de tributo, não se trata, em verdade, de taxa, mas sim de tarifa.

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De acordo com Ricardo Alexandre, ambos (taxa e tarifa) possuem

caráter contraprestacional, remunerando uma atividade prestada pelo Estado, mas as

taxas, por serem tributos, estão submetida ao regime tributário, tipicamente de direito

público, enquanto que as tarifas (ou preços públicos) ao regime contratual,

iledudivelmente de direito privado. Além disso, as taxas são exclusivamente praticadas

por pessoas jurídicas de direito público, enquanto que as tarifas (preços públicos),

pessoas jurídica de direito privado de serviços delegados por concessão, permissão ou

autorização, como os serviços de água, esgoto e energia elétrica.

Razão pela qual, por não ser um tributo, não está impedida de ser

questionada pela presente ação. Bom que se diga, aliás, que a restrição disposta no

parágrafo primeiro tem sido mitigada nos últimos anos, conforme entendimento do

Superior Tribunal de Justiça (IC: f. 04-10).

6 – DA CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE A CELG E SEUS USUÁRIOS

O Código de Defesa do Consumidor – Lei n° 8078/90 – abrange as

relações jurídicas de consumo, sendo estas definidas como as que, de um lado, figura

fornecedor de produtos ou serviços (CDC, art. 3º, caput); do outro, o consumidor destes

produtos ou serviços como destinatário final (art. 2º); e entre eles, a relação jurídica de

consumo, cujo objeto são os produtos ou serviços mencionados (art. 3º, parágrafos).

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A CELG é fornecedora, porque oferece, mediante contraprestação, o

serviço de energia elétrica, e seus clientes são consumidores, porque adquirem o

serviço como destinatários finais, sendo a parte vulnerável ou hipossuficiente,

merecedora portanto do amparo especial do Código de Defesa do Consumidor. Sobre a

presença da relação jurídica de consumo, dipensa-se maiores comentários, devendo

apenas ser lembrado que o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor determina

que as concessionárias de serviços públicos devem prestá-los com eficiência,

segurança e de modo contínuo, o que, no caso, indica haver relação de consumo entre

concessionárias e usuários.

Por se tratar de relação de consumo, o fornecedor deve respeitar os

direitos do consumidor e não incidir em práticas abusivas. O tópico seguinte

apresentará a razão pela qual a cobrança da “taxa de religação” é abusiva e fere os

direitos consumeristas.

7 – DA ABUSIVIDADE DA COBRANÇA DA TAXA DE RELIGAÇÃO

De acordo com a política nacional das relações de consumo devemos

reconhecer, desde logo, a vulnerabilidade do consumidor (CDC, art., I), tendo em vista

sua hipossuficiência, marcadamente presente nesse tipo de contrato, que é de adesão,

caracterizado pela transação instantânea, completa, rápida e impessoal, no qual o

consumidor mantém vínculo de dependência com o fornecedor.

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Nesse particular, observa-se na descrição dos fatos, o quanto a

requerida está se aproveitando da vulnerabilidade dos consumidores ao impor-lhes a

cobrança de uma taxa de religação após ter promovido o corte no fornecimento do

produto, diga-se de passagem essencial para a vida humana.

Na verdade, a cobrança desta religação consiste em cláusula penal

disfarçada de tarifa, já que, juntamente com o corte no fornecimento de energia e com

os encargos defluentes da inadimplência (multa contratual e juros de mora, IC: f. 43-

46), tem finalidade precipuamente punitiva. Constitui, à evidência, bis in idem de

natureza penal, atingindo o consumidor de forma ilegal e abusiva. Ao ser interrompida a

prestação de energia elétrica, por inadimplência do consumidor, é conseqüência lógica

que, com o pagamento, ocorra o restabelecimento do fornecimento, pela

concessionária, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, artigo 22, que

determina, in verbis:

“Art. 22 – Os órgãos públicos, por si ou por suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.”[Grifo nosso]

Além disso, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é

considerada prática abusiva do fornecedor exigir vantagem manifestamente exagerada

do consumidor (art. 39, V e art. 51, IV, pois tal conduta restringe direitos ou obrigações

inerentes ao contrato, ameaçando o seu objeto e equilíbrio contratual (art. 51, §1º) e

onerando o consumidor (art. 51, §2º). Ora, em assim agindo, o fornecedor realiza

prática que acaba impedindo o próprio objeto contratual, o serviço de fornecimento de

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energia elétrica, já que condiciona a religação da energia ao pagamento de uma taxa, e

nem sempre os consumidores (mormente os de baixa renda) vão conseguir pagá-la

sem imensos sacrifícios, onerando excessivamente. Bom lembrar que os consumidores

de baixa renda possuem tarifas mensais em que variam de R$ 5,00 a R$ 30,00, como é

cediço, e a taxa de religação, como consta do Inquérito, pode atingir o valor de mais de

R$ 50,00!

Ainda, a alegação de que a religação é um serviço que envolve o

deslocamento de funcionários e que deve ser remunerado não prospera, haja vista que

o serviço contratado – que é o fornecimento de energia elétrica – pressupõe, por óbvio,

todas as atividades acessórias que colaborem para a concretização desse serviço,

dentre elas, a existência de usinas produtoras, uma boa rede de transmissão, aparelhos

receptores em bons estados, sendo que tudo isso pressupõe inúmeros serviços de

manutenção, poda de árvores, etc. As religações, após cortes de energia, devem, por

isso mesmo, também estarem incluídos dentre os serviços acessórios ao objeto

contratual, que é a prestação de energia elétrica. Caso contrário, estar-se-ia diante de

hipótese de venda casada, ou seja, estar-se-ia condicionando o fornecimento um

produto ou serviço (energia elétrica) a compra de um outro produto ou serviço

(religação), o que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 39,

inciso I.

Ou seja, incide a CELG em duas práticas abusivas: exige do

consumidor vantagem manifestamente excessiva, ao estabelecer cláusula penal

disfarçada de tarifa, e que ameaça o seu próprio objeto e equilíbrio contratual por

onerar em demasia o consumidor; e promove a venda casada, ao associar a venda do

serviço de energia ao da religação.

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Além disso, não pode a autarquia arvorar-se de normas secundárias,

produzidas pela Administração, quais as Resoluções da ANEEL, para ferir o Código de

Defesa do Consumidor, que é lei federal aprovada pelo Congresso Nacional. As normas

emitidas pelos órgãos de fiscalização e normatização, produzidas pelo Poder Executivo,

embora imprescindíveis para regrar de forma específica determinadas atividades, não

podem solapar as normas primárias, que são produzidas pelo Poder Legislativo. Na

verdade, estas normas (secundárias) se fundamentam nas leis, devendo afirmá-las,

determinar-lhes os contornos, e nunca solapá-las. O caráter específico que

normalmente possui uma norma regulamentar não tem o condão de derroga a lei geral,

qual por exemplo o Código de Defesa do Consumidor. Bom lembrar que o lex specialis

derogat generali, em hermenêutica jurídica, só é apreciado após o lex superior derogat

legi inferiori. Ou seja, para resolver antinomia de normas é preciso, antes do critério da

especialidade, verificar o critério da hierarquia entre elas.

Ademais, é mister citar um excerto de uma sentença da juíza Eulice

Jaqueline da Costa Silva Cherulli em uma Ação Civil Pública que tramitou na justiça

mato-grossense:“(...)

Em havendo o pagamento após o corte no fornecimento dos serviços é obrigação do concessionário o pronto restabelecimento do serviço, sem que para isso, se veja o consumidor obrigado a pagar qualquer taxa extra, além daquelas já mencionadas.Ora, ao religar o fornecimento, a empresa não está fazendo favor ao consumidor. Pelo contrário! Tem o

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dever, repito, de, uma vez pago o consumo, restabelecer, de imediato, o fornecimento.Como bem registrou o subscritor da peça inicial, a

religação, além de tudo, é ato que beneficia a

própria empresa. Estando restabelecido, o

fornecimento, o consumidor voltará a consumir

energia. Produto caríssimo, aliás. Então, nessa

lógica, por que deve o consumidor arcar com tão

pesado ônus?

(...)”

(CHERULLI, Eulice Jaqueline da Costa Silva. Taxa de

religação de energia elétrica é abusiva. Jus

Navigandi, Teresina, ano 6, n. 51, 1 out. 2001.

Disponível em:

<http://jus.com.br/jurisprudencia/16399>. Acesso em:

13 jul. 2014.) [Grifo nosso]

Em sua portaria de nº 04 de 1998 a Secretaria de Direito Econômico do

Ministério da Justiça estabeleceu como abusivas as cláusulas que:

“3. não restabeleçam integralmente os direitos do consumidor a partir da purgação da mora;(...)6. estabeleçam sanções, em caso de atraso ou descumprimento da obrigação, somente em desfavor do consumidor;

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(...)”

Após a leitura do conteúdo da referida Portaria fica ainda mais evidente

o caráter abusivo da chamada “taxa de religação”

Destarte, meritíssimo juiz, a Ré vem há anos lesando vilmente os

direitos consumeristas e apropriando-se indevidamente do dinheiro dos consumidores,

devendo, portanto, a aludida empresa cessar imediatamente tal prática e indenizar pelo

dano moral coletivo.

8 – DA SUPERIORIDADE HIERÁRQUICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO À RESOLUÇÃO 414/10 DA ANEEL

As empresas do ramo de fornecimento de energia elétrica geralmente

utilizam o argumento de que a cobrança da taxa de religação é amparada pela

Resolução Normativa nº 414/10, que em seu artigo 102 permite a cobrança de tal taxa.

Entretanto, tal argumentação não deve prosperar, pois o Código de

Defesa do Consumidor é hierarquicamente superior à supracitada resolução normativa,

sendo o referido Código norma infraconstitucional e a resolução normativa da ANEEL

norma infralegal.

Consonante é o entendimento jurisprudencial:

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“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. DPVAT. COMPLEMENTAÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR MORTE. INDEXAÇÃO AO SALÁRIO-MÍNIMO. POSSIBILIDADE. HIERARQUIA DAS LEIS. RESOLUÇÃO NÃO PREVALECE SOBRE LEI. INTELIGÊNCIA DO ART. 3º, LETRA A DA LEI Nº 6.194/74. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO PAGAMENTO A MENOR. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (1). As resoluções do CNSP estão em ordem hierarquicamente inferior à Lei n.º 6194/74, ferindo frontalmente o princípio constitucional da hierarquia das leis se aquelas prevalecerem sobre estas. (2). O valor de cobertura do seguro obrigatório de responsabilidade civil de veículo automotor (DPVAT)é de quarenta salários mínimos, assim fixados consoante critério legal específico, não havendo incompatibilidade entre a norma especial da Lei n. 6.194/74 e aquelas que vedam o uso do salário-mínimo como parâmetro de correção monetária. (3). A incidência da correção monetária, por se tratar de seguro obrigatório instituído por Lei, deve ser a partir do pagamento a menor, ou seja, da data em que foi efetuado o pagamento incompleto da indenização, como forma de restaurar a moeda corroída pela inflação. (4) Os juros moratórios devem incidir a partir do pagamento efetuado a menor pela seguradora, observado o percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês até a entrada em vigor da Lei n.º

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10.406/02, 11.01.03, e de 1% (um por cento) após, a teor dos artigos 406 do CC e 161 § 1º, do CTN. (5). Pelo seu alcance social, as modificações introduzidas pela Lei 8441/92, atingem fatos pretéritos.”(TJ-PR - AC: 4268320 PR 0426832-0, Relator: Antonio Ivair Reinaldin, Data de Julgamento: 29/11/2007, 9ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 7512)[Grifo nosso]

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. PLANO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA. INTERNAÇÃO SUBSEQUENTE. NEGATIVA DE COBERTURA. RESOLUÇÃO 13/98 DO CONSELHO DE SAÚDE SUPLEMENTAR. RESTRIÇÕES QUE NÃO PREVALECEM EM FACE DA LEI 9.656/98 E DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DIREITO À COBERTURA INTEGRAL. I. AS RELAÇÕES JURÍDICAS ENTRE AS OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE E OS CONTRATANTES DOS SERVIÇOS SÃO REGIDAS PELA LEI 9.656/98 E, SUBSIDIARIAMENTE, PELO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. II. NÃO SE SUBMETEM A PRAZOS DE CARÊNCIA ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS EM QUE HÁ CONCRETO RISCO DE MORTE OU DE LESÕES IRREPARÁVEIS AO CONSUMIDOR, CONSOANTE PRESCREVEM OS ARTIGOS 12, INCISO V, E 35-C DA LEI 9.656/98. III. DENTRO DO SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR, RESOLUÇÕES POSSUEM PAPEL DE MERA REGULAMENTAÇÃO, AINDA ASSIM DENTRO DOS TERMOS ADMITIDOS NA LEI 9.656/98. IV. RESOLUÇÕES DO ÓRGÃO

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REGULAMENTADOR NÃO PODEM CRIAR DIREITOS E OBRIGAÇÕES ESTRANHOS À DISCIPLINA LEGAL E, MUITO MENOS, LIMITAR OU SUPRIMIR PRERROGATIVAS ASSEGURADAS NA LEI DE REGÊNCIA. V. NÃO PODE PREVALECER NORMA REGULAMENTAR QUE ABREVIA O DIREITO AO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA OU QUE EXCLUI DA COBERTURA A INTERNAÇÃO QUE DELE ADVÉM. VI. RAIARIA POR INDISFARÇÁVEL AFRONTA À LEI 9.656/98, QUE GARANTE INDISTINTA E INCONDICIONALMENTE A COBERTURA DE ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS INDEPENDENTEMENTE DE PRAZO DE CARÊNCIA, E AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, QUE RESGUARDA AS LEGÍTIMAS EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR QUANTO A ESSE TIPO DE COBERTURA, A PREPONDERÂNCIA DA LIMITAÇÃO DE 12 HORAS CONTIDA NA RESOLUÇÃO Nº 13, DO CONSELHO DE SAÚDE SUPLEMENTAR. VII. SE O ATENDIMENTO SE QUALIFICA COMO DE EMERGÊNCIA, A INTERNAÇÃO QUE LHE SUCEDE NÃO PODE SER CONSIDERADA AUTÔNOMA PARA O FIM DE SER EXCLUÍDA DA COBERTURA CONTRATUAL. VIII. A LEI DE REGÊNCIA NÃO AUTORIZA A DISSOCIAÇÃO ENTRE O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA E A INTERNAÇÃO QUE DELE DECORRE, MUITO MENOS A LEGISLAÇÃO PROTECIONISTA CONSENTE QUE O CONTRATO SEJA INTERPRETADO DE FORMA A DESVALORIZAR A PROTEÇÃO LEGITIMAMENTE ESPERADA DO CONSUMIDOR. IX. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

(TJ-DF - APC: 20130110182975 DF 0005272-49.2013.8.07.0001, Relator: JAMES EDUARDO OLIVEIRA,

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Data de Julgamento: 11/12/2013, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 14/01/2014 . Pág.: 95)

9 – DO PEDIDO LIMINAR “INAUDITA ALTERA PARS”

Consoante o disposto no art. 12 da Lei n. 7.347/85, é cabível a

concessão de medida liminar, com ou sem justificação prévia, nos próprios autos da

ação civil pública, sem a necessidade de se ajuizar ação cautelar (neste sentido, veja-

se RJTJSP 113/312), além de haver permissão expressa no próprio Código de Defesa

do Consumidor no sentido de que “sendo relevante o fundamento da demanda e

havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a

tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu”.3

É imperiosa a concessão da liminar, pois o aguardo pelo deslinde do

processo poderá ocasionar danos de difícil reparação aos consumidores, já que a

prática levada a efeito pela ré coloca em risco a saúde e dignidade das pessoas que se

vêem tolhidas de um serviço público essencial para a vida moderna, compelidas ainda

ao pagamento de taxa de religação ilegal, motivo pelo qual impõe-se a concessão da

ordem inaudita altera parts.

Os requisitos para a liminar, obrigando a parte ré a sustar sua atividade

ilegal, sob pena do pagamento de multa diária a que se refere o artigo 11 da Lei da

Ação Civil Pública nº 7.347/85, facilmente se vislumbram do já exposto.

3 Artigo 84, § 3º.

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O fumus boni juris se consubstancia em um juízo de probabilidade,

demonstrado à saciedade pela legislação citada.

Não há como negar, de outra parte, o periculum in mora. A se esperar

a decisão final de mérito, prejuízos irreparáveis e irreversíveis já terão sido suportados

pelos consumidores, submetendo-os a constrangimento e ameaça vedados por lei, bem

como do pagamento da taxa de religação.

O pedido de liminar é deferido pelo Poder Judiciário quando presentes

os requisitos da fumaça do bom direito (fumus boni iuris) e do perigo da demora

(periculum im mora) e encontra amparo legal no artigo 12 da lei 7.347/85 e no artigo 84

§ 3 º do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), in verbis:

“Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia em decisão sujeita a agravo.”

“Art. 84 Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 3º. Sendo relevante o fundamento da damanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela

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liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.”No caso em tela, há plausibilidade do direito em razão de toda a

argumentação jurídica expendida nos tópicos anteriores. Há prova inequívoca, pelos

documentos acostados à inicial e por fato que, em verdade, é público e notório.

Segundo o narrado na causa de pedir remota da incial e provado com a

documentação acostada, a ré tem se aproveitado da vulnerabilidade dos consumidores

ao impor-lhes a cobrança de uma taxa de religação após ter promovido o corte no

fornecimento do produto, reitera-se, produto essencial a vida humana.

O periculum in mora está presente, já que a tarifa de religação

constitui um óbice abusivo a um bem precioso nos dias de hoje: a energia elétrica. Em

sendo deferido o pedido apenas em sede de mérito, o que pode levar anos, continuarão

os consumidores a sofrerem as graves consequências da cobraça dessa taxa. Não se

trata apenas de um pequeno prejuízo econômico, porque, para inúmeras famílias de

baixa renda, cada real é importantíssimo, seja para a alimentação, para o transporte,

para a água. Em não conseguindo pagá-la a tempo, como ocorre muitas vezes –

porque, como já foi dito, o consumidor inadimplente, para ver reestabelecido seu

serviço, precisa pagar a tarifa de energia com multa e juros – permanece o consumidor

sem o usufruto do serviço de energia elétrica, e uma família ou um comércio que não

possua energia elétrica é incapaz de viver, pois não se tem luz, nem geladeira, nem

aparelhos elétricos.

É impossível calcular quantos prejuízos podem advir da conduta

abusiva da ré, embora saibamos que sejam muitos. Urge, assim, a concessão dessa

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liminar, para que se impeça, desde logo, que a concessionária coloque a abusiva tarifa

de religação como condição para o consumo da energia elétrica.

Como fornecedora única e exclusiva do serviço de energia elétrica no

Estado, caracterizando plenamente a hipossuficiência do consumidor dada a sua

vulnerabilidade diante do monopólio da ré, aguarda o Ministério Público com a

justificada urgência, a concessão de mandado liminar, sob pena de diariamente

continuarem as interrupções de serviço essencial de energia elétrica, em flagrante

afronta aos direitos mais fundamentais do ser humano.

Os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora estão

presentes e justificam a concessão da liminar por parte do Poder Judiciário para coibir

esta prática abusiva perpetradas pelos réus.

9.1 – DA MULTA NO CASO DE DESCUMPRIMENTO DA LIMINAR OU DA SENTENÇA

Para que as decisões judiciais (liminares ou de mérito) sejam

cumpridas, notadamente, tratando-se de obrigação de fazer e não fazer, faz-se

necessário a aplicação de multa. Trata-se de uma coação de caráter econômico, com

objetivo de dissuadir o devedor inadimplente a fim de que este cumpra a obrigação.

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Em verdade, a imposição de obrigação de fazer (ou não fazer) só tem efetividade

prática com a imposição de multa.

O fundamento legal da imposição pecuniária encontra-se no artigo 287

do Código de Processo Civil, in verbis:

“Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela.”

Assim, para que o Estado-Juiz não fique desmoralizado em razão de

eventual não cumprimento da liminar ou da sentença, faz-se necessária a fixação de

multa pecuniária para o efetivo cumprimento dos pedidos.

9.2 – DA DESTINAÇÃO DA MULTA – FUNDO ESTADUAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

A Lei 7.347/85 no seu artigo 1 º versa a idéia que a proteção do

consumidor ocorre no âmbito patrimonial e moral e no seu artigo 13 prevê a existência

de um fundo de Defesa do Consumidor.

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O FUNDO ESTADUAL DO CONSUMIDOR é gerido por órgãos de

defesa do consumidor do Estado de Goiás e tem por finalidade gerar PROGAMAS DE

EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO EM TODO O ESTADO DE GOIÁS e aparelhar órgãos

(Procons Municipais, Delegacias de Defesa do Consumidor, Procon Estadual, entre

outros) de defesa do consumidor. Os valores oriundos de multas aolicadas por

descumprimento de decisões judiciais em favor dos consumidores deverão ser

carreados para o FUNDO ESTADUAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR, pois somente a

aplicação destes recursos na defesa da própria sociedade de consumo será capaz de

minimizar os danos sofridos pela comunidade de consumidores goianos e inibir os

fornecedores a perpetrarem novas práticas abusivas.

O Código de Defesa do Consumidor reza no seu artigo 4º, inciso VI, in

verbis:

“Art. 4 º A política Nacional das Relações de Consumidor tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de eventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais

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e signos distintivos, que possam causar prejuízo aos consumidores” (grifo nosso)

O princípio da coibição do abuso deve ser eficientemente aplicado para

fazer cessar a prática abusiva da ré, pois a aplicação de multa em caso de

descumprimento de decisão e o direcionamento dos referidos valores ao Fundo

Estadual de Defesa do Consumidor é a melhor atitude para cessar a prática abusiva e

ressarcir a sociedade lesada, mantendo-se intangíveis as decisões judiciais.

10– DO DANO MORAL COLETIVO

O dano moral coletivo constitui, segundo Carlos Alberto Bittar Filho, “a

injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou seja, é a violação

antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos”4.

Somente a condenação da autora em dano moral coletivo poderá coibir

os abusos que esta autarquia recorrentemente pratica perante seus consumidores.

4 BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Dano moral coletivo. Revista de Direito do Consumidor, n. 12

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O Código de Defesa do Consumidor estabelece princípios que devem

nortear as relações de consumo, princípios estes que definem direitos difusos, quais

sejam, a boa-fé e lealdade contratuais, a transparência, a informação, a igualdade e

isonomia contratuais. São bens de natureza transindividual, já que não dizem respeito

apenas a um ou outro consumidor: dizem respeito à sociedade de consumo, que preza

tal círculo de valores. O desrespeito aos direitos dos consumidores e dos princípios

acima destacados afeta todo o agrupamento social, porque gera uma crise cujas

dimensões extrapola o das partes, criando um alvoroço que só pode ser devidamente

reparado mediante condenação em dano moral coletivo.

O reconhecimento constitucional dos direitos coletivos é fruto das

transformações operadas nos principais sistemas jurídicos contemporâneos, de modo

que o modelo individualista foi cedendo espaço para uma visão coletiva do fenômeno

jurídico, não só no que diz respeito aos direitos e interesses, como também fenômeno

da violação a estes direitos e interesses (dano moral coletivo). Nesta esteira, Héctor

Valverde Santana alega que:“A coletividade é titular de valores materiais e

imateriais protegidos pelo sistema jurídico, mas que

não se confundem com o patrimônio material ou moral

dos indivíduos que a compõe. Existem valores próprios

da coletividade, tais como a dignidade, honra, bom

nome, reputação, tradição, paz, tranquilidade,

liberdade, dentre outros aspectos relacionados aos

direitos da personalidade. O reconhecimento legal da

coletividade como titular de bens imateriais valiosos

conduz à afirmação de que o sistema jurídico tem

mecanismos próprios de prevenção e reparação das

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lesões aos mesmos, admitindo-se, portanto, a busca da

reparação dos danos morais coletivos.”5

Por ferir um círculo de valores coletivos,

“Dispensa-se a prova direta do dano moral coletivo,

porquanto não se configura apenas com a verificação

da dor da coletividade, mas presume-se em razão da

demonstração do fato violador dos valores coletivos”.

Por estar robustamente provado a prática abusiva, faz-se necessário a

condenação da empresa em dano moral coletivo, para que a conduta abusiva à

coletividade, já de longa data, seja, de certa forma, reparada, já que o montante é

revertido ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, fundo criado pela Lei Estadual

n° 12.207/93. Tal fundo é gerido por órgãos de defesa do consumidor do Estado de

Goiás e tem por finalidade gerar programas de educação para o consumo em todo o

Estado de Goiás e aparelhar órgãos de defesa do consumidor (Procons Municipais,

Delegacias de Defesa do Consumidor, Procon Estadual, entre outros). Somente a

aplicação destes recursos na defesa da própria sociedade de consumo será capaz de

minimizar os danos morais sofridos pela comunidade de consumidores goianos ao

longo destes anos e inibir o fornecedor a perpetrar novas práticas abusivas.

5 SANTANA, Héctor Valverde. Dano moral no Direito do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.SANTANA, Héctor Valverde. Dano moral no Direito do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

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Neste diapasão entende o Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL - DANO MORAL COLETIVO - CABIMENTO -

ARTIGO 6º, VI, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -

REQUISITOS - RAZOÁVEL SIGNIFICÂNCIA E REPULSA SOCIAL

- OCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE - CONSUMIDORES COM

DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO - EXIGÊNCIA DE SUBIR LANCES

DE ESCADAS PARA ATENDIMENTO - MEDIDA DESPROPORCIONAL

E DESGASTANTE - INDENIZAÇÃO - FIXAÇÃO PROPORCIONAL -

DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - AUSÊNCIA DE

DEMONSTRAÇÃO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.

I - A dicção do artigo 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor é clara ao possibilitar o cabimento de indenização por danos morais aos consumidores, tanto de ordem individual quanto coletivamente.II - Todavia, não é qualquer atentado aos interesses

dos consumidores que pode acarretar dano moral

difuso. É preciso que o fato transgressor seja de

razoável significância e desborde os limites da

tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para

produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade

social e alterações relevantes na ordem

extrapatrimonial coletiva.

Ocorrência, na espécie.

III - Não é razoável submeter aqueles que já possuem

dificuldades de locomoção, seja pela idade, seja por

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deficiência física, ou por causa transitória, à

situação desgastante de subir lances de escadas,

exatos 23 degraus, em agência bancária que possui

plena capacidade e condições de propiciar melhor

forma de atendimento a tais consumidores.

IV - Indenização moral coletiva fixada de forma

proporcional e razoável ao dano, no importe de R$

50.000,00 (cinquenta mil reais).

V - Impõe-se reconhecer que não se admite recurso

especial pela alínea "c" quando ausente a

demonstração, pelo recorrente, das circunstâncias que

identifiquem os casos confrontados.

VI - Recurso especial improvido.

(REsp 1221756/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA,

TERCEIRA TURMA, julgado em 02/02/2012, DJe

10/02/2012) (grifo nosso)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL COLETIVA.

INTERRUPÇÃO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.

OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.

LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NEXO DE

CAUSALIDADE. SÚMULA 7/STJ. DANO MORAL COLETIVO. DEVER

DE INDENIZAR.

1. Cuida-se de Recursos Especiais que debatem, no

essencial, a legitimação para agir do Ministério

Público na hipótese de interesse individual homogêneo

e a caracterização de danos patrimoniais e morais

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coletivos, decorrentes de frequentes interrupções no

fornecimento de energia no Município de Senador

Firmino, culminando com a falta de eletricidade nos

dias 31 de maio, 1º e 2 de junho de 2002. Esse evento

causou, entre outros prejuízos materiais e morais,

perecimento de gêneros alimentícios nos

estabelecimentos comerciais e nas residências;

danificação de equipamentos elétricos; suspensão do

atendimento no hospital municipal; cancelamento de

festa junina; risco de fuga dos presos da cadeia

local; e sentimento de impotência diante de

fornecedor que presta com exclusividade serviço

considerado essencial.

(...)

5. O dano moral coletivo atinge interesse não patrimonial de classe específica ou não de pessoas, uma afronta ao sentimento geral dos titulares da relação jurídica-base.6. O acórdão estabeleceu, à luz da prova dos autos,

que a interrupção no fornecimento de energia

elétrica, em virtude da precária qualidade da

prestação do serviço, tem o condão de afetar o

patrimônio moral da comunidade. Fixado o cabimento do

dano moral coletivo, a revisão da prova da sua

efetivação no caso concreto e da quantificação

esbarra na Súmula 7/STJ.

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7. O cotejo do conteúdo do acórdão com as disposições

do CDC remete à sistemática padrão de condenação

genérica e liquidação dos danos de todos os munícipes

que se habilitarem para tanto, sem limitação àqueles

que apresentaram elementos de prova nesta demanda

(Boletim de Ocorrência). Não há, pois, omissão a

sanar.

8. Recursos Especiais não providos.

(REsp 1197654/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,

SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 08/03/2012)

(grifo nosso)

Ademais, dispõe o Código Civil:

“Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,

negligência ou imprudência, violar direito, ou causar

dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete

ato ilícito.

Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e

187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados

em lei, ou quando a atividade normalmente

desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua

natureza, risco para os direitos de outrem.”

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Conforme se percebe, por expressa disposição legal, todo àquele que

causar dano moral a outrem tem o dever de indenizar.

Nesse sentido, vejamos o que diz Cláudia Lima Marques ao apresentar

o livro de Héctor Valverde Santana:“O Brasil tem se caracterizado por indenizações

pífias que não possuem efeito pedagógico nenhum,

quanto mais punitivo, tanto que as ações envolvendo

danos morais aos consumidores abarrotam o Judiciário,

reclamações extremamente iguais e contra o mesmo tipo

de prática comercial, que não muda apesar da

constante condenação justamente porque é mais

“lucrativo” causar danos a todos a “ressarcir

pifiamente” aos poucos consumidores que entram com

ações e ganham!...

(...)

E ainda pior, esta falta de solidariedade (e de

efetividade) na sanção – uma sanção reduzida e para

poucos – (que aqui estou chamando de sanção pífia) do

dano moral, acaba por criar uma lógica totalmente

invertida, que os consumidores, que lutam

judicialmente por seus direitos estariam

“organizados” em uma chama “indústria do dano moral”

e de que aqueles que ficam passivos, estes sim,

seriam os consumidores corretos ou ideais, pois

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“aceitam” ou suportam o dano moral sem recorrer ou

usar as estruturas do acesso à justiça.” (G.N)

As sábias palavras da mestra do Direito do Consumidor deixam claro

que devemos aplicar a Teoria do punitive damages, que é a doutrina americana que

prega que devemos dar ao dano moral um caráter punitivo e não meramente

compensatório.

Nessa mesma linha de raciocino, nós temos a doutrina de Héctor

Valverde Santana:“...para se alcançar o valor global da reparação dos

danos morais, o juiz deverá necessariamente

considerar também a finalidade punitiva da sanção,

não se esquecendo de que, nesse particular, a reação

do direito deve estar voltada para a censura do autor

do ato atentatório ao direitos de personalidade de

outrem. Não se exige na esfera civil que a punição do

infrator siga os princípios e regras específicas do

direito penal, a exemplo do princípio da legalidade

estrita, a preexistência de tipos penais fechados,

entre outros”

Destarte, o valor do Dano Moral deve ser elevado, para, assim, poder

se fazer sentir e ter alguma utilidade, nesse mesmo sentido voltamos a citar a doutrina

de Héctor Santana:

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“A função punitiva da reparação do dano moral apresenta-se de forma inquestionável em razão da necessidade de o juiz considerar o grau de culpa e a condição econômica do ofensor para fixar o valor em dinheiro da indenização” (G.N.)

Além da função compensatória e punitiva, o dano moral deve ter ainda

outra função, qual seja: a preventiva.Expliquemos: uma indenização em um valor

elevado a título de dano moral terá uma função preventiva específica, pois inibirá o

ofensor a continuar agindo da mesma forma.

A Indenização também deve ter uma função preventiva geral, pois

servirá como exemplo para as demais pessoas não cometerem o mesmo ilícito.

Enfim, o dano moral não deve apenas suprir o prejuízo causado, mas

impedir novos danos, de modo a ampliar a sua utilidade para toda a sociedade.É

necessário, portanto, que seja um valor que represente algo para o imenso patrimônio

do RÉU. A indenização pelo dano moral coletivo tem que ser fixada em R$5.000.000,00

(cinco milhões de reais).

Diante do exposto, a condenação da ré em dano moral coletivo é

imprescindível para a efetiva defesa do consumidor.

11 – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

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O Código de Defesa do Consumidor, art. 6º, inc. VIII, prevê a inversão

do ônus da prova para qualquer ação fundada nas relações de consumo, bastando para

tanto que haja hipossuficiência do consumidor ou seja verossímil as alegações do autor.

“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos,

inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu

favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,

for verossímil a alegação ou quando for ele

hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de

experiência”

Trata-se de aplicação do princípio constitucional da isonomia

(tratar desigualmente os desiguais), pois o consumidor, como parte reconhecidamente

mais fraca e vulnerável na relação de consumo, tem de ser tratado de forma diferente, a

fim de que seja alcançada a igualdade real entre os partícipes da relação de consumo.

Neste sentido é a doutrina do Professor Nelson Nery Júnior:

“A inversão pode ocorrer em duas situações distintas:

a) quando o consumidor for hipossuficiente; b) quando

for verossímil sua alegação. As hipóteses são

alternativas, como claramente indica a conjunção ou

expressa na norma ora comentada. A hipossuficiência

respeita tanto à dificuldade econômica quanto à

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técnica do consumidor em poder desincumbir-se do ônus

de provar os fatos constitutivos de seu direito”6.

Na relação contratual entre a fornecedora e seus consumidores, estes

se encontram em estado de hipossuficiência jurídica e fática, visto que estão em

situação de extrema desvantagem. Sobre o momento da inversão do ônus da prova é

por oportuno colacionar a doutrina do Professor Nelson Nery Jr.:

“O juiz, ao receber os autos para proferir sentença,

verificando que seria o caso de inverter o ônus da

prova em favor do consumidor, não poderá baixar os

autos em diligência e determinar que o fornecedor

faça a prova, pois o momento processual para a

produção desta prova já terá sido ultrapassado.

Caberá ao fornecedor agir, durante a fase

instrutória, no sentido de procurar demonstrar a

inexistência de alegado direito do consumidor, bem

como a existência de circunstâncias extintivas,

impeditivas ou modificativas do direito do

consumidor, caso pretenda vencer a demanda. Nada

impede que o juiz, na oportunidade de preparação para

a fase instrutória (saneamento do processo),

verificando a possibilidade de inversão do ônus da

6 NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado. 4ª edição. Editora Saraiva. 1999. p. 1806.

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prova em favor do consumidor, alvitre a possibilidade

de assim agir, de sorte a alertar o fornecedor de que

deve desincumbir-se do referido ônus, sob pena de

ficar em situação de desvantagem processual quando do

julgamento da causa”7

Posto isto, por se tratar de relação de consumo a inversão do ônus da

prova é corolário lógico, cabendo à parte ré desconstituir as alegações fáticas e

jurídicas consignadas nesta inicial.

E não se alegue que, por estarem os consumidores aqui representados

pelo Ministério Público, desaparece, só por isso, a hipossuficiência. A hipossuficiência

decorre da relação de consumo e continua a existir, não decorrendo de parte

processual, até porque o Ministério Público não está tutelando direitos para ele próprio,

mas para os consumidores, que precisam da maior proteção possível para fazer valer

seus direitos. É assim que entende o Código de Defesa do Consumidor e é como tem

entendido o Superior Tribunal de Justiça:“CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. JULGAMENTO

MONOCRÁTICO. LEGALIDADE. ART. 557 DO CPC.

POSSIBILIDADE DE AGRAVO INTERNO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE.

7 Idem. Ibidem.

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1. Não há óbice a que seja invertido o ônus da prova em ação coletiva - providência que, em realidade, beneficia a coletividade consumidora -, ainda que se cuide de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público.2. Deveras, "a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas" - a qual deverá sempre ser facilitada, por exemplo, com a inversão do ônus da prova - "poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo" (art. 81 do CDC).3. Recurso especial improvido.”

(REsp 951.785/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,

QUARTA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 18/02/2011)

[Grifo nosso]

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART.

535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

ABUSIVIDADE NA COMERCIALIZAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS.

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A FAVOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. TUTELA DE DIREITOS E DE SEUS TITULARES, E NÃO PROPRIAMENTE DAS PARTES DA AÇÃO.1. Trata-se, na origem, de ação civil pública movida

pelo recorrido em face da recorrente em que se

discute abusividade na comercialização de

combustíveis. Houve, em primeiro grau, inversão do

ônus da prova a favor do Ministério Público,

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considerando a natureza consumerista da demanda. Esta

conclusão foi mantida no agravo de instrumento

interposto no Tribunal de Justiça.

2. Nas razões recursais, sustenta a recorrente ter

havido violação aos arts. 535 do Código de Processo

Civil (CPC), ao argumento de que o acórdão recorrido

é omisso, e 6º, inc. VIII, do Código de Defesa do

Consumidor (CDC), pois o Ministério Público não é

hipossuficiente a fim de que lhe se permita a

inversão do ônus da prova. Quanto a este último

ponto, aduz, ainda, haver dissídio jurisprudencial a

ser sanado.

3. Em primeiro lugar, é de se destacar que os órgãos

julgadores não estão obrigados a examinar todas as

teses levantadas pelo jurisdicionado durante um

processo judicial, bastando que as decisões

proferidas estejam devida e coerentemente

fundamentadas, em obediência ao que determina o art.

93, inc. IX, da Constituição da República vigente.

Isto não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.

Precedentes.

4. Em segundo lugar, pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual o Ministério Público, no âmbito de ação consumerista, faz jus à inversão do ônus da prova, a considerar que o mecanismo previsto no art. 6º, inc. VIII, do CDC busca concretizar a melhor tutela processual possível dos direitos

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difusos, coletivos ou individuais homogêneos e de seus titulares - na espécie, os consumidores -, independentemente daqueles que figurem como autores ou réus na ação. Precedentes.5. Recurso especial não provido.

(REsp 1253672/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL

MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/08/2011, DJe

09/08/2011)[Grifo nosso]

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA.MINISTÉRIO PÚBLICO. INVERSÃO DO ÔNUS DA

PROVA. DIREITO DOCONSUMIDOR. - A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no entendimento de que o Ministério Público, no âmbito de ação consumerista, faz jus à inversão do ônus da prova. Agravo regimental improvido.”(STJ, Relator: Ministro CESAR ASFOR ROCHA, Data de

Julgamento: 03/05/2012, T2 - SEGUNDA TURMA)[Grifo

nosso]

12– DOS PEDIDOS

12.1 – DOS PEDIDOS EM SEDE DE LIMINAR.

Ante o exposto, o Ministério Público requer em sede de liminar:

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12.1.1 – a concessão de liminar inaudita altera pars, a fim de que a

DEMANDADA se abstenha imediatamente de cobrar taxa de religação quando do

restabelecimento do serviço, impondo-se multa liminar, conforme consta do artigo 11 da

Lei n. 7.347/85, no valor de R$10.000,00 (Dez mil reais), por cada infração identificada,

a ser destinado ao Fundo de Defesa do Consumidor, criado pela Lei 12.207, de 20 de

dezembro de 1.993;

12.1.2 - que na defesa dos direitos e interesses coletivos em sentido estrito, seja concedida liminar e impelida a ré à obrigação de não fazer, qual

seja, não cobrar a denominada “taxa de religação”, devendo reestabelecer o serviço de

energia assim que comprovada a quitação do débito do consumidor, num prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas para unidade consumidora em área urbana e 48 (quarenta e oito) horas para unidade consumidora em área rural, sob pena de

multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por cada caso em que se identificar desrespeito aos

prazos máximos, multas que serão destinadas ao Fundo Estadual de Defesa do

Consumidor, criado pela Lei Estadual n° 12.207/1993;

12.2 – DOS PEDIDOS EM SEDE DE MÉRITO.

Ante o exposto, o Ministério Público requer em sede de mérito:

12.2.1 – O recebimento da presente petição;

12.2.2 – A isenção de custas e emolumentos e outros encargos, nos

termos do artigo 87 do Código de Defesa do consumidor e artigo 18 da Lei de Ação

Civil Pública;

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12.2.3. – A citação da ré: CELGPar – Companhia Energética de Goiás de Participações, Sociedade de Economia Mista, inscrita no CNPJ:

08.560.444/0001-93, localizada na rua 02, s/n, quadra: A-37, Edifício Gileno Godoi,

Jardim Goiás, CEP: 74.820-180, autorizada a funcionar como empresa de energia

elétrica pelo Decreto Federal n ˚ 38.868, de 13 de março de 1.956, na pessoa de seu

representante legal;

12.2.4 – A confirmação dos pedidos feitos em sede de liminar no item

8.1, quais sejam:

“12.1.1 – a concessão de liminar inaudita altera pars, a fim de que a DEMANDADA se abstenha imediatamente de cobrar taxa de religação quando do restabelecimento do serviço, impondo-se multa liminar, conforme consta do artigo 11 da Lei n. 7.347/85, no valor de R$10.000,00 (Dez mil reais), por cada infração identificada, a ser destinado ao Fundo de Defesa do Consumidor, criado pela Lei 12.207, de 20 de dezembro de 1.993;

12.1.2 - que na defesa dos direitos e interesses coletivos em sentido estrito, seja concedida liminar e impelida a ré à obrigação de não fazer, qual seja, não cobrar a denominada “taxa de religação”, devendo reestabelecer o serviço de energia assim que comprovada a quitação do débito do consumidor, num prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas para unidade consumidora em área urbana e 48 (quarenta e oito) horas para unidade consumidora em área rural, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por cada caso em que se identificar desrespeito aos prazos máximos, multas que serão destinadas ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, criado pela Lei Estadual n° 12.207/1993;”

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12.2.5 – Na defesa dos direitos e interesses difusos, seja condenado

a ré a pagar indenização por dano moral coletivo pela prática abusiva no valor de R$

5.000,000,00 (cinco milhões de reais) a ser destinado ao Fundo Estadual de Defesa

do Consumidor, criado pela lei 12.207 de 20 de dezembro de 1.993;

12.2.6 – A inversão do ônus da prova a favor do consumidor nos termos do artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor, ressaltando-se que este pedido deve ser deferido o quanto antes, até no máximo antes da fase de instrução;

12.2.7 – A intimação pessoal do autor – mediante entrega dos autos – nas Promotorias de Justiça do Consumidor (12 º e 70 º) situadas no edifício sede do Ministério Público salas t-29 e t-31, localizado na rua 23, lote 15/24, esquina com a avenida B, Jardim Goiás, Goiânia-GO, de conformidade com o que prescreve o artigo 41, inciso IV, da lei 8.625/93;

12.2.8 – Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente, depoimento pessoal dos dirigentes da requerida, oitiva de testemunhas, juntada de documentos, perícias, sem prejuízo dos meios que eventualmente se fizer necessário à completa elucidação dos fatos articulados nessa petição;

Dá-se a causa, para todos os fins, o valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

Goiânia, 15 de outubro de 2014.

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Murilo de Morais e Miranda Goiamilton Antônio Machado Promotor de Justiça Promotor de Justiça