12ª edição - o espectro

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O ESPECTRO Núcleo de Ciência Política - ISCSP UL 12ª EDIÇÃO - 07 de Julho de 2014 Para que Portugal consiga aumentar a sua taxa de natalidade, subsídios de incentivo serao uma soluçao insuficiente para se conseguir alcançar metas significativas. Este problema apenas pode ser resolvido com o aumento dos rendimentos provenientes do trabalho das famílias o que, para se materializar teria de encontrar a imposiçao de medidas que corrigissem situaçoes sociais gravosas e ainda outro aspeto muito importante da desigualdade no mercado de trabalho entre homens e mulheres, situaçao em que muitas vezes o genero e colocado acima do merito profissional. NATALIDADE PARA A SUSTENTABILIDADE Política Interna, 4 PENÍNSULA ÍBE RÍCA As portas que a Ibéria abriu Política Interna, 6 PARTÍDO SOCÍALÍSTA A Festa Socialista já começou Política Interna, 5 CRÍTÍCA LÍTERA RÍA Endgame Coluna Ex Libris, 3 PORTUGAL Estranho Caso de Espírito Santon Coluna Ex Libris, 3 OBSERVATÓRIO POLÍTICO OBSERVATÓRIO POLÍTICO OBSERVATÓRIO POLÍTICO www.observatoriopolico.pt ÍSLAMOFOBÍA EM FRANÇA Globo, 6

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Page 1: 12ª Edição - O Espectro

O ESPECTRO Núcleo de Ciência Política - ISCSP UL 12ª EDIÇÃO - 07 de Julho de 2014

Para que Portugal consiga aumentar a sua taxa de natalidade, subsí dios de incentivo sera o uma soluça o insuficiente para se conseguir alcançar metas significativas. Este problema apenas pode ser resolvido

com o aumento dos rendimentos provenientes do trabalho das famí lias o que, para se materializar teria de encontrar a imposiça o de medidas que corrigissem situaço es sociais gravosas e

ainda outro aspeto muito importante da desigualdade no mercado de trabalho entre homens e mulheres, situaça o em que muitas vezes o ge nero e colocado acima do me rito profissional.

NATALIDADE PARA

A SUSTENTABILIDADE Política Interna, 4

PENÍ NSULA

ÍBE RÍCA

As portas que

a Ibéria abriu

Política Interna, 6

PARTÍDO

SOCÍALÍSTA

A Festa

Socialista já

começou

Política Interna, 5

CRÍ TÍCA

LÍTERA RÍA

Endgame

Coluna Ex Libris, 3

PORTUGAL

Estranho Caso

de Espírito

Santon

Coluna Ex Libris, 3

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ÍSLAMOFOBÍA

EM FRANÇA Globo, 6

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02 | 09 Junho 2014

O ESPECTRO

EDITORIAL

O Nu cleo de Cie ncia Polí tica (NCP), principal impulsionador do projecto “O Espectro”, elegeu recentemente os seus novos o rga os diretivos. Como candidato a Presidente da Direcça o, foi com orgulho e sentido de responsabilidade que vi a Lista A vencer estas eleiço es nucleares apo s a apresentaça o de um programa ambicioso mas realista, assente, principalmente, no objetivo de dinamizar e divulgar cada vez mais e melhor as atividades do NCP bem como na ambiça o de aproximar e integrar todos os alunos de Cie ncia Polí tica dando corpo a muitas das preocupaço es existentes na nossa a rea. Tenho conscie ncia que tempos exigentes se avizinham. Todo o ensino superior tera que ultrapassar novos desafios e Cie ncia Polí tica na o sera exceça o. E por esta raza o que, mais do que nunca, o NCP deve representar e salvaguardar os interesses dos alunos que representa. No entanto, para que esse dever se cumpra, o NCP na o conta so comigo mas sim com um conjunto de jovens estudantes com ambiça o, responsabilidade e vontade de fazer mais pelo seu curso. Sa o estas pessoas que certamente levara o Cie ncia Polí tica mais longe. Uma nota final para o projecto “O Espectro”. Este jornal acade mico, lançado no u ltimo mandato, e algo que deve ser motivo de orgulho para todos os seus intervenientes, para todo o Nu cleo de Cie ncia Polí tica e para todos os seus alunos. Como tal, e inconcebí vel na o lhe dar continuidade depois de tudo o que ja conquistou e que tem ainda por conquistar. Nesta u ltima ediça o antes das fe rias, os nossos leitores podera o continuar a contar com artigos de grande qualidade sobre temas bastante atuais pois tambe m no s estamos sempre em cima do acontecimento.

Presidente do Núcleo de Ciência Política, João Louro

FICHA TÉCNICA

Coordenação Ísa Rafael Vice-Coordenação Andre Cabral Revisão Andre Cabral e Ana Beatriz Bagarra o Editor Ísa Rafael Plataformas de Comunicação Daniela Nascimento, Joa o Miguel Silva e Joa o Cunha Cartaz Cultural Ísa Rafael Redação Gonçalo Serpa Ísa Rafael Joa o Louro Joa o Pedro Rodrigues Rui Coelho Rui Sousa Tiago Sousa Santos

CONTACTOS

Facebook: facebook.com/OEspectro Correio electrónico: [email protected] Twitter: twitter.com/O_Espectro

Page 3: 12ª Edição - O Espectro

07 Julho 2014 | 03

O ESPECTRO

POLÍ TÍCA ÍNTERNA

O P I N I ÃO d e R U I S O U SA

E s t ra n h o C a s o d e E s p i r i t o S a n t o n

O almoço termina com a sobremesa. Ouve-se o burburinho de tiramisu , com cheirinho, acrescentam os adultos, exibindo a dentadura ja gasta de tantas refeiço es. Os herdeiros passam a sala de estar, pedindo licença delicadamente. Monopo lio e o jogo escolhido. Entre tabuleiros de cha e bolachas de manteiga, os jogadores escolhem os peo es. Uns mais bonitos que outros, mas o importante na o e o fantoche refere o filho mais velho, que, por andar nesta terra ha mais tempo, ja apreende alguns ensinamentos. O banqueiro e ao mesmo tempo um jogador de campo, e sendo o jogo uma diversa o de famí lia, os seus companheiros esta o mais que selecionados. As regras esta o presentes mas a ansiedade da partida e de tal ordem que as normas podem ficar para outra Primavera. Como em qualquer jogo existe um regulador. Neste caso, o pai de uns e tio de outros vai espreitando o que se esta a passar mas sempre com ar conivente, pois no fim de contas eles sa o ca dos meus, sangue do meu sangue e qualquer problema que possa acontecer faz parte - pensa ele debruçando o queixo sobre a palma da ma o. As coisas na o esta o a correr bem ao dono do jogo. E nem com a

assunça o da titularidade da banca o jogador consegue sustentar as suas propriedades, consolidar a sua liquidez ou humilhar os seus concorrentes. Tem presente como qualquer "player" a casa da prisa o, quer por azar, quer por indicaça o que pretende evitar a todo o custo. Com uma manobra discreta, esconde o dinheiro que lhe restava nos calço es azuis turquesa que a tia do Alentejo lhe tinha oferecido e acusa os parentes de roubo. Furto, alia s. Estala a gritaria na divisa o da casa como se de um banco numa crise financeira desagrada vel se tratasse. Para po r a gua na fervura, um familiar pede ao senhor convidado que intervenha face a impote ncia das aço es da famí lia. Levanta-se um sujeito da mesa, alto, com boa estampa fisica e fecha o jogo num gesto u nico como se esta brincadeira tivesse ido longe demais. O indiví duo reputado passa a comandar as operaço es e tem como intença o credibilizar o ambiente que ja tem um odor a vicio. Diz a sabedoria popular que quem conta um conto acrescenta um ponto. Na o podendo voltar ao tempo do escudo, resta-nos contar os pontos e acrescentar os euros em falta.

CRÍTICA LITERÁRIA, por Rui Coelho

Endgame

Derrick Jensen

COLUNA EX LIBRIS

Empenhado nos movimentos ambientalistas e alterglobalistas ao longo da de cada de 90, Derrick Jensen tem-se dedicado a elaboraça o de um olhar crí tico aprofundado sobre temas como a conservaça o ambiental, civilizaça o industrial e culturas indí genas. Os dois volumes de Endgame, publicados em 2006, oferecem uma articulada crí tica anti-civilizacionista acompanhada por uma provocante proposta de acça o polí tica. A civilizaça o, entendida como o modo de vida sedenta rio e urbano, e para o autor uma loucura. Antes de mais, devido a sua insustentabilidade. A exige ncia contí nua de crescentes volumes de energia e recursos na o pode ser satisfeita num planeta finito, como se pode comprovar pela acelerada destruiça o ambiental que tem acompanhado o desenvolvimento de tal configuraça o social. Jensen acusa ainda a

civilizaça o de assentar no exercí cio de viole ncia em larga escala. Assim, genocí dios das populaço es indí genas, sweatshops, indu stria alimentar, terrorismo e repressa o polí tica na o seriam acidentes, mas sim, expresso es da lo gica intrí nseca ao corrente sistema. Perante tais ameaças a vida na Terra, o autor propo e uma contraofensiva violenta que, atrave s da destruiça o de infraestruturas industriais fundamentais (como barragens e oleodutos), acelere o inevita vel colapso civilizacional, minimizando os danos sociais e ambientais do mesmo. Apesar dos va rios defeitos que podem ser apontados ao raciocí nio de Endgame (viole ncia, extremismo, misantropia), a obra oferece uma consistente crí tica a civilizaça o, chamando a atença o do leitor para a insustentabilidade e desumanidade do nosso modo de vida. Provoca assim, uma urgente reflexa o e, quem sabe, mudança.

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POLÍ TÍCA ÍNTERNA

04 | 07 Julho 2014

O ESPECTRO

O P I N I ÃO d e J O ÃO P E D R O R O D R I G U E S

A s m e t a s d o d é f i c e

O chumbo do Tribunal Constitucional, sobre o qual ja me pronunciei na ediça o passada, abriu mais um “buraco” orçamental nas contas do estado no valor de 860 milho es de euros. As medidas declaradas inconstitucionais previam a reduça o de despesa corrente atrave s dos habituais grupos sociais – funciona rios pu blicos e pensionistas – aos quais o governo pretendia, respectivamente, cortar sala rios e penso es de sobrevive ncia e ainda a tributaça o dos subsí dios de desemprego e doença. Praticamente uma legislatura volvida, o governo continua espartano na aplicaça o cega do rigor contabilí stico no acto governativo e os resultados pra ticos continuam imuta veis na sua insubstancialidade. Numa altura em que importantes indicadores macroecono micos apresentam uma evoluça o positiva, como e caso do consumo e investimento, o governo pretendia aplicar medidas contra rias a recuperaça o econo mica ao aplicar uma “machadada” ao rendimento disponí vel das famí lias, admitindo comprometer o ciclo virtuoso que tenuemente se afigurava para atingir,

forçosamente, a meta convictamente estipulada. Devido ao chumbo por parte do Tribunal Constitucional, as metas do de fice para 2014 (4% do PIB) e 2015 (2,5%) esta o em risco, uma vez que no primeiro trimestre deste ano a economia portuguesa registou um saldo negativo de 6% (importa notar que o TC na o aplicou retroactividade na decisa o de inconstitucionalidade) e que o Ministro da Economia, Pires de Lima, na tradicional reto rica eleitoral a que estamos habituados, rejeita um aumento de impostos no ano vindouro. Ora, num exercí cio puramente inge nuo, de credulidade plena no discurso ministerial, e difí cil descortinar uma melhoria deste indicador sem admitir aumentos significativos da receita fiscal ou reduço es acentuadas nas funço es atuais do estado. Existem ainda outros factores de pressa o, como as medidas relativas a nova Contribuiça o Extraordina ria de Solidariedade e o aumento dos descontos para a ADSE e ADM, que ainda esta o em apreciaça o no Tribunal Constitucional, bem como a taxa de cobertura das exportaço es no primeiro

trimestre deste ano que diminui 0,6 pontos percentuais para 84,1% e o velho fantasma da elevadí ssima dí vida pu blica, que por um qualquer factor exo geno ao paí s, suficientemente catalisador de incerteza, pode lançar uma nova subida das taxas de juro que inviabilizem as metas fixadas. Ainda assim, a Unidade Te cnica de Apoio Orçamental na o preve o incumprimento inevita vel para este ano, dado que tradicionalmente os de fices orçamentais sa o superiores no primeiro trimestre e que, no perí odo homo logo de 2013, o governo partiu de um de fice de 10% para atingir a meta de 5% na globalidade do ano transacto. No entanto, o desafio que se afigura ao governo e í mpar, ou seja, melhorar o saldo orçamental num panorama de de bil crescimento, ordinariamente incapacitado para reduzir consumos interme dios e aumentar a eficie ncia dos custos contratuais com entidades privadas, num quadro de constitucionalidade. A falta de dia logo europeu, perpetuada e estimulada pelo sile ncio dos governantes

portugueses, tornam forçosamente verdadeira a imperiosa premissa de que a polí tica este ril de austeridade, caracterizada pelo rigor orçamental perigosamente acelerado, e a u nica alternativa a seguir. Espera-se por isso, ao contra rio dos desejos de Pires de Lima, que o governo apresente um agravamento da carga fiscal começando, provavelmente, por um aumento do ÍVA.

O P I N I ÃO d e G O N Ç A L O S E R PA

N a t a l i d a d e p a ra S u s t e n t a b i l i d a d e

No passado dia 5 de Julho, numa visita aos concelhos de Arouca e Cinfa es, o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, discursou acerca das estrate gias que Portugal tem de assumir para resolver problemas como o desemprego e a baixa natalidade. Como soluça o

pediu “entendimento e compromisso” aos agentes polí ticos, econo micos e sociais, apelando aos valores nacionais. E de comum conhecimento que Portugal atravessa uma grande crise social. Atualmente o nu mero de reformados que beneficiam

de penso es e altamente superior ao nu mero de empregados a descontar para as mesmas, o que consequentemente gera uma situaça o insustenta vel que se torna impossí vel de controlar e que agrava com as sucessivas quedas acentuadas na taxa de

natalidade, devidas em grande parte ao desemprego que se alastra e cada vez mais afeta a populaça o jovem. Sa o problemas diferentes mas que se encontram interligados, assim sendo as suas resoluço es tornam-se dependentes. A fraca natalidade gera as dificuldades

DR

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07 Julho 2014 | 05

O ESPECTRO

O P I N I ÃO d e J O ÃO P E D R O L O U R O

A Fe s t a S o c i a l i s t a j á c o m e ç o u

de cara cter social a que assistimos, faz com que existam grandes clivagens nas

faixas eta rias e agrava a insustentabilidade do serviço de segurança social que tem vindo a ser alvo de constantes

e sucessivos cortes por este motivo. Para que Portugal consiga

aumentar a sua taxa de natalidade, subsí dios de incentivo sera o uma soluça o insuficiente para se

conseguir alcançar metas significativas. Este problema apenas pode ser resolvido com o aumento dos rendimentos provenientes do trabalho das famí lias o que, para se materializar teria de encontrar a imposiça o de medidas que corrigissem situaço es sociais gravosas como a diminuiça o do desemprego, melhoria das condiço es salariais e ainda outro aspeto muito importante que e o da desigualdade no mercado de trabalho entre homens e mulheres, situaça o em que muitas vezes o ge nero e colocado acima do me rito profissional. Fazendo uma pequena comparaça o com um caso

recente, Passos Coelho tera de fazer a mesma missa o que Paulo Bento tem a sua frente na selecça o nacional de futebol. Tem de conceder mais e melhores oportunidades aos jovens para se poderem sentir incentivados e motivados a ajudar os mais velhos e ja consagrados de forma a realizar uma renovaça o sustentada e com resultados positivos. So assim se consegue progredir tanto a ní vel social como no caso desportivo. Este tipo de discurso que Passos Coelho tem vindo a proferir e muito bonito, mas e necessa rio concretizar estrate gias e para isso e inevita vel mudar inu meras coisas, para melhor.

Recentemente, a Comissa o para a Promoça o de Boas Pra ticas (CPBP) da Ca mara Municipal de Lisboa (CML) revelou os nu meros despendidos pela CML em adjudicaço es de empreitadas e aquisiça o de bens e serviços em 2013. Segundo o relato rio desta Comissa o, disponí vel no website do Municí pio, o executivo municipal liderado pelo socialista Anto nio Costa despendeu, no u ltimo ano, cerca de 127 milho es de euros apenas com este encargo. Os valores apresentados ate podiam ser naturais para quem na o tem a mí nima noça o de um orçamento de uma Ca mara Municipal como e a de Lisboa. Todavia, essa naturalidade acaba por esvair-se quando, em 2012, as ru bricas referentes a adjudicaça o de empreitadas e aquisiça o de bens e serviços, apenas simbolizaram cerca de 38 milho es de euros. Comparando estes dois anos em questa o, e possí vel compreender que os gastos relativos a estas a reas subiram

cerca de 235%. Esta diferença escandalosa do ano de 2012 para o ano de 2013 esta longe de ser injustifica vel. Anto nio Costa tinha que ser reeleito. Se tinha que ser reeleito, tinha de mostrar trabalho, mostrar mudanças em Lisboa, e

certamente na o nos podemos esquecer que tinha de mostrar obras. Claro que este tipo de postura e , para mim, o tipo de postura que descredibiliza a polí tica. E descredibiliza porque o “cidada o comum” exige mais

da sua classe polí tica, exige trabalho dia rio e na o apenas de 4 em 4 anos quando ha eleiço es. Na o quero com isto dizer que as Ca maras Municipais devem gastar dinheiros pu blicos de forma absurda em obras pu blicas como aconteceu em Lisboa

no u ltimo ano. Bem pelo contra rio! Num momento em que o paí s atravessa um perí odo de contença o de despesa, acho ate desonesto um gasto ta o excessivo neste tipo de a reas. Contudo, na o e algo que me

surpreenda. Afinal, Anto nio Costa faz lembrar um ex-Primeiro-Ministro que levou Portugal a bancarrota, refiro-me a Jose So crates. Curiosamente, o Presidente da Ca mara Municipal de Lisboa deseja agora ser chefe de governo de Portugal. Com o descalabro de contas como as que mencionei acima, cada vez tenho menos du vidas que, se Costa chegar ao poder, festas como a do Parque Escolar e das auto-estradas sem carros voltara o. Continuo assim convicto de que mais investimento pu blico na o e soluça o, e os portugueses sabem disso. Ha cerca de 3 anos que os portugueses pagam o custo das ma s opço es polí ticas direccionadas para o investimento pu blico. No entanto, se Anto nio Costa ganhar as eleiço es internas a Anto nio Jose Seguro e seguidamente as eleiço es legislativas do pro ximo ano, a festa socialista voltara . Mas desta vez, a festa sera maior visto que, em Lisboa, a festa ja começou.

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DR

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06 | 07 Julho 2014

O ESPECTRO

POLÍ TÍCA ÍNTERNA

O P I N I ÃO d e T I AG O S O U S A S A N TO S

A s p o r t a s q u e a I b é r i a a b r i u

No passado, Portugal, um paí s relegado a um territo rio com uma u nica fronteira terrestre, teve na vizinha Espanha um histo rico rival e uma constante fonte de ameaças. Desde sem-pre o povo luso se encontrou condicionado pelas vontades polí ticas de "nuestros her-manos", vivendo sob todos os pontos de vista numa con-stante incerteza face ao perigo espanhol. Esta pressa o conti-nental serviu de modelador a polí tica externa portuguesa, obrigando Portugal a voltar-se para o mar, onde sempre teve os seus principais aliados. Primeiro a "velha aliança" brita nica e as proví ncias ultra-marinas, depois a NATO e os Estados Unidos da Ame rica, mas, sempre numa lo gica de proteça o quer dos territo rios ale m-mar, quer da sua fron-teira terrestre. As diferenças entre os regimes portugue s e espanhol, que no decurso dos se culos conviveram va rias vezes com diverge ncias insana veis, tornaram

impossí vel qualquer tentativa de aproximaça o, que, so durante as ditaduras vigentes nos dois Estados e no perí odo que sucedeu a democratizaça o se vislumbrou de uma forma mais veemente. Com a queda de Salazar e, quase imediatamente, de Franco, as relaço es bilaterais entre os dois paí ses da Pení nsula Íbe rica rapidamente ganharam peso para as aspiraço es exteriores dos dois Estados e seus respetivos governos. Nesta altura o futuro era ainda incerto e um escalar da amizade entre Portugal e Espanha foi uma conseque ncia lo gica da conjuntura de enta o que teve o seu pina culo na entrada conjunta nas Comunidades Europeias em 1986. Nesse mesmo ano, Saramago publicava a sua obra, Jangada de Pedra, que, para um leitor mais atento trata-se de um livro com um enorme pendor

polí tico, no qual o autor advoga uma unia o ibe rica, longe dos auspí cios da Europa que começava enta o a alargar-se tal era a proximidade das relaço es. Felizmente este "Íberismo" na o passou do papel. Uma possí vel federaça o ibe rica ou a anexaça o do territo rio portugue s pelas forças espanholas ditariam o fim de uma histo ria de va rios se culos, cujos triunfos ainda hoje se enaltecem. Em contrapartida optou-se pela Europa. Para o bem de Portugal aquele que outrora fora um dos seus principais rivais, encontrava-se agora obrigado a manter uma relaça o de igualdade para com o vizinho ibe rico e a partir desse momento a importa ncia desta mesma relaça o cresceu exponencialmente, sendo que, atualmente, a Espanha e um dos principais parceiros polí ticos e econo micos do nosso paí s. A pressa o

territorial na o mais existe, o histo rico rival passou a principal aliado e esta afirmaça o foi hoje corroborada ao ter sido Lisboa a cidade escolhida pela famí lia real espanhola para a sua segunda visita oficial desde que Felipe foi coroado. O encontro entre Aní bal Cavaco Silva e o agora rei de Espanha, aguça a curiosidade face ao futuro das relaço es entre os dois paí ses que devera o passar essencialmente por uma parceria nas ligaço es ferrovia rias com ligaça o direta aos principais portos portugueses e aos restantes caminhos-de-ferro europeus, o que, para este paí s a beira mar plantado, representaria um salto qualitativo e quantitativo nas relaço es comerciais com o resto da Europa, a s quais se acrescentaria a posiça o geoecono mica do nosso paí s enquanto principal porta para o "velho continente".

Portugal pode crescer!

O P I N I ÃO d e I S A R A FA E L

I s l a m o f o b i a e m F ra n ç a

GLOBO

A lei aprovada em França, de cariz bastante discriminato rio, que proí be o uso do ve u isla mico foi declarada pelo Tribunal dos Direitos Humanos como legí tima, no entanto, contraria os direitos humanos e a pro pria Constituiça o francesa. O direito a liberdade de expressa o e a igualdade entre todos os cidada os “sem distinça o de origem, raça ou religia o” e ainda o respeito por “todas as crenças”, estabelecem-se logo no primeiro artigo do documento. Ora, num paí s onde se

estipulam estes direitos e por outro lado se impossibilita o uso de um ve u, sí mbolo especí fico do islamismo, torna-se noto ria a segregaça o e o desrespeito face a esta mesma religia o, a principal e a u nica a ser prejudicada na situaça o. Em vez de se criarem formas de convive ncia pací ficas e em vez de se fomentar o respeito entre as diferentes crenças presentes em França, tal como especificado na Constituiça o, pelo contra rio, condenam-se e proí bem-se os costumes de uma so , o que,

consequentemente, resultara no acirrar de conflitos e levara ao afastamento dos cidada os praticantes do islamismo dos demais. A maior conseque ncia desta lei sera o aumento da discriminaça o uma vez que as geraço es posteriores nascera o no meio desta “islamofobia” que contribuira , por sua vez, para um maior sentimento de o dio e repu dio em relaça o ao islamismo em geral, criando uma mentalidade mais fechada e menos sensí vel relativamente a este assunto.

Deste modo, a aprovaça o desta lei na o foi a opça o mais sensata do governo france s, uma vez que esta perpetuara a marginalizaça o que se verifica ja presente e enraí zada na sociedade francesa.

DR

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Núcleo de Ciência Política Universidade de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

M E O O U T JA Z Z Julho a Agosto

Vá r i a s zo n a s d e L i s b o a

CARLOS DO CARMO: 50 ANOS -

EXPOSIÇÕES

Até 28 SETEMBRO

Galeria do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional

C I N E M A a o A R L I V R E

7 Julho a 25 Agosto (todas as segundas) Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, Lisboa

E S C R E V E R E S C R E V E RE S C R E V E R E S C R E V E R LITERATURALITERATURA

Rua do Alecrim, Lisboa

JULHO 2014

07 Julho 2014 | 07

O ESPECTRO

CARTAZ CULTURAL